Revista 92 Festa Agosto 2018 edicao 129

Os Santos do Arraiá
Os Santos do Arraiá
Se tem uma coisa que brasileiro gosta mesmo, é de fazer festa.
A gente faz festa por tradição, por devoção, por diversão, comemoração
e até por obrigação- veja as festas cívicas e patrióticas, por exemplo.
Como o caipira costuma dizer:
“Eita, povo festeiro, meu Deus!”
Tradição e Religião
Sabia que os festejos juninos são
bem mais antigos do que a gente
pensa?
Os povos da Antiguidade
organizavam rituais pagãos para
pedir fartura e fertilidade. Eles
eram tão populares e difíceis de
proibir na era Cristã, que a Igreja
decidiu dar um sentido cristão aos
festejos, dando nomes de Santos, a
eles. Curioso é que no Brasil não
foi muito diferente. Quando os
Jesuítas chegaram, descobriram
que os índios também faziam festa
da fertilidade em Junho e a folia
durava o mês todo, avançando
até para o mês seguinte. Para
fortalecer a fé, os padres decidiram
homenagear os santos católicos
e ao mesmo tempo organizar o
início e o fim das comemorações.
Folia e Devoção
Ótima idéia, porque superando
os cultos por fertilidade, Viva
Santo Antônio- “o casamenteiro”-
assim conhecido porque em
vida, ajudava moças humildes
a conseguirem um dote e um
enxoval para o casamento. Então,
13 de Junho o dia é só dele!-, na
folia e na farta partilha do “pão do
Santo”.
Dia 24, palmas pra São João
Batista, o mais festejado! É tão
amado que antigamente, as
festas eram chamadas Joaninas.
Até a fogueira, que já existia
nas celebrações dos pagãos e
indígenas, entre nós ganhou uma
explicação cristã: Santa Isabel
(mãe de São João Batista) disse
à Virgem Maria (mãe de Jesus)
que quando São João nascesse
acenderia uma fogueira para
avisá-la. Maria viu as chamas
de longe e foi visitar o recémnascido.
Bonito, né?
Fechando as homenagens do
mês em 29 de Junho, abram
alas para São Pedro- celebrado
apóstolo de Jesus Cristo, guardião
das portas do céu e o primeiro
papa da Igreja Católica. Pescador
humilde, é considerado o protetor
dos pescadores de peixes e dos
pescadores de almas- fartura
material e como “nem só de pão
vive o homem”- fartura espiritual!
Verdade seja dita: estas
comemorações, novenas e rezas,
são uma inspiração para a fértil
Canto, Dança,
Foguetório,
Comilança
criatividade de nossa gente. Os
resultados estão aí, nas mais
divertidas expressões culturais:
a cantoria nos sons e ritmos
regionais, o bailado de salão
francês, que pegou nosso jeito
e virou dança de quadrilha, nas
simpatias, correios elegantes,
paus de sebo, casório caipira- tudo
faz parte.
O que poucos sabem é que tanto
a queima dos foguetes criados na
China, quanto os nossos balões
e comidas típicas da roça, têm o
mesmo significado: são formas de
louvor e agradecimento a Deus,
pela realização dos pedidos e
fartura das colheitas.
Então, viva os Santos! Viva as
Festas! Faça bom proveito das
Juninas, porque como o povo diz:
“quem entra na Festança, ou se
diverte ou dança.”
Cida Godoy- Pastoral Afro
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