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Nova Trento em Traços e Cores


2


Sumário<br />

Os autores ................................................................ 04<br />

Apresentação Prof. Carlos ......................................... 05<br />

Agradecimentos ....................................................... 06<br />

A imigração italiana no Vale do rio Tijucas .............. 07<br />

O município de Nova Trento .................................... 11<br />

Localização............................................................... 15<br />

Capela Santa Ágata .................................................. 16<br />

Igreja Matriz São Virgílio .......................................... 18<br />

Residência Família Tomazoni ................................... 20<br />

Residência Família Gessele ...................................... 22<br />

Residência Família Tell ............................................ 24<br />

Salamanca, atual Residência da Família Sgrott .......... 26<br />

Residência Família Giacomelli ................................. 28<br />

Santuário Nossa Senhora do Bom Socorro ................ 30<br />

Oratório de São José ................................................. 32<br />

Oratório de São Roque ............................................. 34<br />

Antiga Escola Paroquial ............................................ 36<br />

Casarão da Família Archer ....................................... 38<br />

Atual Pousada Portal do Vígolo ................................ 40<br />

Chafariz da Praça Getúlio Vargas ............................. 42<br />

Igreja Nossa Senhora de Lourdes............................... 44<br />

Santuário Santa Paulina ............................................ 46<br />

Oratório Santo Antonin ............................................ 48<br />

Referências Bibliográficas ......................................... 50<br />

3


Autores<br />

Alessandra Devitte, Me.<br />

Arquiteta e Urbanista pela Univali, Mestre em<br />

Arquitetura, Urbanismo e História da Cidade pela<br />

UFSC.<br />

Cecília Maria Serra Garcia, Esp.<br />

Arquiteta e Urbanista pela UFSC, Especialização em<br />

Planejamento Urbano Regional e Ambiental pela<br />

Universidade do Oeste de Santa Catarina.<br />

Diva de Mello Rossini, Dra.<br />

Arquiteta e Urbanista pela Univali, Mestre em<br />

Engenharia de Produção pela UFSC, Doutora em<br />

Administração e Turismo pela Univali e Pós-doutora em<br />

Arquitetura pela Universidade de Lisboa.<br />

Giselle Carvalho Leal, Me.<br />

Arquiteta e Urbanista pela Univali, Mestre em<br />

Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade pela<br />

UFSC, Doutoranda do Pós Arq/UFSC.<br />

Timóteo Schroeder, Me.<br />

Arquiteto e Urbanista pela Univali, Mestre em<br />

Arquitetura e Urbanismo pela mesma UFSC,<br />

Doutorando do Pós Arq/UFSC.<br />

O Artista: Rudi Sacaranto Dazzi, Me.<br />

Arquiteto e Urbanista pela PUC/PR, Pós graduado em<br />

Administração, Concentração em Turismo e Hotelaria<br />

pela UFSC. Mestre em Turismo e Hotelaria pela<br />

Univali. Frequentou cursos artísticos na Scuola Lorenzo<br />

D’Medici (Florença/IT). Expôs e lançou livro em 2000<br />

no IBRIT- Instituto Brasil – Itália em Milão, onde foi<br />

Lançada a segunda edição do livro bilíngue<br />

"Reminiscenza", aquarelas e arquitetura. Participou de<br />

inúmeras mostras, eventos e curadorias em galerias de<br />

arte. Possui obras em acervos oficiais e privados no<br />

Brasil e exterior. Suas aquarelas são repletas de sutileza,<br />

de liberdade e compostas de linhas que se dissolvem<br />

em manchas. O resultado de seu trabalho está<br />

impregnado de uma ternura pela terra catarinense e de<br />

sua vontade de compartilhar o olhar.<br />

4


Apresentação: Prof. Carlos<br />

5


Agradecimentos (sugestão)<br />

6


A imigração italiana no Vale do rio Tijucas<br />

De acordo com Nildo Lage: “A cultura de um povo é o<br />

seu maior patrimônio. Preservá-la é resgatar a história,<br />

perpetuar valores, é permitir que as novas gerações não<br />

vivam sob as trevas do anonimato”.<br />

Santa Catarina é um estado que possui um vasto<br />

patrimônio artístico e arquitetônico, com vinte e dois<br />

conjuntos tombados pelo IPHAN, além de<br />

tombamentos estaduais e municipais. Sua cultura<br />

apresenta uma grande influência trazida pelos<br />

imigrantes que se instalaram nas diferentes regiões do<br />

estado a partir do século XIX. Como consequência da<br />

imigração, fazem parte dos bens tombados diversos<br />

exemplares dessas diferentes influências arquitetônicas.<br />

Características alemãs, açorianas e italianas estão<br />

presentes nesse patrimônio e na grande quantidade de<br />

equipamentos, ferramentas, vestimentas, móveis e<br />

objetos espalhados em dezenas de museus históricos.<br />

Além disso, o estado também possui importantes sítios<br />

pré-históricos, a maior parte deles situados no litoral.<br />

Segundo o site de Turismo do governo do estado de<br />

Santa Catarina, cerca de 45% da população catarinense<br />

é descendente de italianos. A arquitetura típica, a farta<br />

culinária e outras tradições ainda são encontradas na<br />

região.<br />

Entretanto, a imigração no estado envolve uma série de<br />

acontecimentos e circunstâncias históricas, sociais,<br />

culturais, econômicas e políticas relacionadas ao<br />

contexto mundial do século XIX. Ao contrário de outros<br />

estados brasileiros, a imigração em Santa Catarina foi<br />

dirigida por companhias colonizadoras após a criação<br />

da Lei n° 11, de maio de 1835, que estabeleceu duas<br />

colônias no Rio Itajaí-mirim, a Colônia São Pedro de<br />

Alcântara (alemães), e a Colônia de Nova Itália<br />

(italianos da Ilha Sardenha), comercializada pela<br />

empresa Demaria e Schutel. Outras leis criadas<br />

posteriormente, como a n° 79 de 1837 e nº 142 de<br />

1840 também se referem à colonização estadual.<br />

7


A imigração italiana no Vale do rio Tijucas<br />

Somente com a aprovação da Lei de Terras do governo<br />

imperial, em 1850, as regras para demarcação, posse e<br />

usufruto de terras devolutas, ficaram mais claras, além da<br />

fixação do envolvimento de particulares e empresas<br />

privadas no projeto colonizador. Foi nessa época, então,<br />

que a Colônia Blumenau foi fundada, seguida, menos de<br />

um ano depois, pela Colônia Dona Francisca e, em<br />

1860, pela Colônia Itajahy-Brusque.<br />

Visto que as colônias existentes, principalmente de<br />

Blumenau e Brusque, não comportavam a demanda de<br />

imigrantes italianos que chegavam ao estado a partir do<br />

final de 1874, foram criadas novas colônias. Formadas<br />

predominantemente por italianos, se estabeleceram nas<br />

margens do Rio Tijucas e no sul catarinense.<br />

Conforme frisa Piazza (1994), a imigração italiana<br />

contribuiu largamente para o povoamento de grande<br />

parte dos municípios catarinenses. Estima-se, portanto,<br />

que sua influência, ainda pouco estudada, marca<br />

significativamente boa parte da paisagem rural e urbana<br />

deste estado.<br />

Para o planejamento urbano e territorial das regiões de<br />

fixação desses imigrantes, visando a preservação da<br />

identidade e do patrimônio histórico e cultural, a<br />

caracterização dessas áreas é de extrema importância.<br />

Sendo assim, é necessário o conhecimento da implantação<br />

urbana das antigas colônias, sua relação com o território, a<br />

organização nos lotes e a arquitetura, já que podem<br />

indicar parâmetros de caracterização .<br />

A cultura de origem italiana se sobressai por<br />

apresentar maior expressão cultural, seja<br />

pelo número de núcleos quanto pelos<br />

testemunhos deixados pelos primeiros<br />

colonizadores. Deixou traços na arquitetura<br />

civil e religiosa, na indumentária, na<br />

música, nas danças e na culinária e nos<br />

últimos anos, o interesse nacional pela<br />

preservação dos conjuntos históricos da<br />

imigração Europeia em Santa Catarina tem<br />

crescido.<br />

(SANTIAGO, Alina G.; LUCA, Virgínia<br />

Gomes de 2007, p.210)<br />

Na arquitetura da região é possível identificar a<br />

experiência e habilidade dos construtores imigrantes, a<br />

diversidade étnica e a maneira como se adaptaram ao<br />

8


A imigração italiana no Vale do rio Tijucas<br />

novo espaço, usando conhecimentos de gerações e<br />

fontes locais de matéria prima. Estes traços culturais estão<br />

evidenciados nas inúmeras edificações existentes na<br />

região e únicas no contexto nacional.<br />

Na região do Itajaí-Mirim, o contato maior<br />

era com os luso-brasileiros de Tijucas e<br />

como consequência, são comuns os<br />

sobrados cobertos com telhas capa e<br />

canal, alguns construídos dentro de<br />

proporções clássicas. Praticamente não há<br />

tijolo à vista, embora também não se<br />

registre cantaria. Os jardins frontais são<br />

menos presentes do que no Vale do Itajaí e<br />

as casas tendem a aproximarem-se dos<br />

alinhamentos prediais.<br />

(SPRICIGO, Sílvia B., 2008, p.97)<br />

É possível observar nas residências a predominância de<br />

plantas simétricas, a presença de cimalhas e cobertura de<br />

quatro águas, apresentando no segundo pavimento pé<br />

direito com dimensões inferiores ao do andar térreo,<br />

conferindo, assim, particularidade ao volume da<br />

construção. Além disso, a maioria das construções são<br />

em tijolos, entretanto não apresentam referência com a<br />

arquitetura teuto-brasileira.<br />

Para Floriano (1990), como em Santa Catarina os<br />

imigrantes italianos se instalaram em contexto<br />

previamente estruturado, isso resultou em influências nas<br />

soluções técnicas e formais em parte das arquiteturas<br />

produzidas.<br />

Tendo em vista a notável religiosidade dos imigrantes, o<br />

trabalho da construção civil especializou-se na<br />

construção de edifícios de função religiosa.<br />

Especificamente em Nova Trento, os pedreiros,<br />

conhecidos pela dedicação e capricho no ofício, tradição<br />

herdada de pai para filho desde a Itália, edificaram uma<br />

grande quantidade de igrejas, capelas, oratórios e<br />

santuários na cidade.<br />

É bem verdade que os italianos vieram de um país que<br />

passou pela Idade Média e tem toda uma tradição<br />

religiosa ligada à Igreja Católica. A Itália que deixaram<br />

vivia, na época a efervescência do conflito entre liberais<br />

e clericais que obrigava à Igreja Católica a criar<br />

estratégias simbólicas, discursivas e práticas para se<br />

manter enquanto instituição forte. (MARQUES, Ana<br />

Maria, 2000, pg. 78)<br />

(MARQUES, Ana Maria, 2000, pg. 21)<br />

9


A imigração italiana no Vale do rio Tijucas<br />

Havia uma inegável tradição que, por sua vez, não<br />

formava um bloco homogêneo, e nas colônias, houve um<br />

trabalho intenso por parte das Ordens Religiosas no<br />

sentido de capturar o imaginário religioso para afirmar o<br />

projeto restaurador da Igreja romanizada. (MARQUES,<br />

Ana Maria, 2000, pg. 78)<br />

Contudo, este modelo institucional não anulou a tradição<br />

popular religiosa. Ambos conviveram, experimentaramse,<br />

divergiram-se e concordaram na defesa de seus<br />

interesses. Ora assimilando coisas de um ou de outro, ora<br />

repetindo ou criando algo novo. (MARQUES, Ana Maria,<br />

2000, pg. 78)<br />

Como já foi ressaltado por outros estudiosos da<br />

colonização italiana no estado, não era o sentimento de<br />

pátria que os unia, mas sim a religião católica (De Boni,<br />

1980). Era ela que ordenava seu mundo e lhes permitia<br />

encontrar significado na experiência pela qual estavam<br />

passando, apesar das dificuldades encontradas. Segundo<br />

Borges Pereira (1974:120), que estudou um processo<br />

migratório italiano posterior, a instituição religiosa seria<br />

uma faixa de segurança para os colonos italianos que,<br />

ainda sem as balizas de referência para pautarem seus<br />

esquemas de pensamento e de ação, necessitariam dela<br />

para se apoiarem enquanto passavam de sua cultura de<br />

origem para uma nova realidade. Segundo Santin e Isaia<br />

(1990:18), para o imigrante italiano, a prática religiosa<br />

nada mais seria do que a confirmação de seu trabalho,<br />

de suas aspirações e de sua vida, dependentes do cultivo<br />

da terra. (ZANINI, Maria Catarina C., 2007, pg. 528-529)<br />

De modo geral, as capelas eram muito mais bonitas e<br />

elaboradas do que as casas dos imigrantes italianos. Isto<br />

porque eles mesmos investiam na sua construção e na de<br />

igrejas, estabelecendo estruturas de significado em torno<br />

destas instituições e do poder simbólico delas. Ou seja,<br />

quanto mais belas eram as edificações religiosas, mais<br />

abençoado seria aquele povo.<br />

10


O município de Nova Trento<br />

Situado no Vale do Rio do Braço, afluente do Rio Tijucas,<br />

o município de Nova Trento, limita-se ao norte com os<br />

municípios de Botuverá e Major Gercino; ao sul com<br />

Major Gercino e São João Batista; ao leste com<br />

Canelinha e São João Batista; ao oeste com Leoberto Leal<br />

e Vidal Ramos.<br />

De acordo com SANTOS, R. I. C.; SILVA, R.;<br />

CRISTOFOLINI, D. (2003), Nova Trento possui uma área<br />

total de 431 Km², equivalentes a 6,07% do total da área<br />

da Grande Florianópolis da qual o município faz parte.<br />

Possui uma população de aproximadamente 10.000<br />

habitantes, sendo que 60% estão na zona urbana e 40%<br />

na rural.<br />

Dentro da colônia Itajaí-Brusque, mas na<br />

bacia do rio Tijucas, no vale do rio do<br />

Braço, foi criado o distrito colonial “Nova<br />

Trento”, em 1875. Em junho desse mesmo<br />

ano ali se localizaram as primeiras vinte<br />

famílias, originárias de Valsugana, no alto<br />

vale do Brenta, no Trentino, e de Monza,<br />

província de Milão, que se estabeleceram<br />

a 16 quilômetros de Brusque.<br />

(SPRICIGO, Sílvia B., 2008, p.86)<br />

Para Piazza (1994) “A partir dos seus lotes, em 1876,<br />

auxiliaram a abertura de uma picada em direção ao vale<br />

do rio do Braço, e sucessivamente, vão chegando a esta<br />

picada novos imigrantes”. Em março 1876, 416<br />

imigrantes trentinos foram destinados à Itajaí-Brusque.<br />

Em setembro do mesmo ano juntaram-se a estes outros<br />

700 italianos de diversas procedências. Até 1880, perto<br />

de 11.000 pessoas chegaram ao distrito colonial de Nova<br />

Trento. Entretanto, fatos de várias origens fizeram com<br />

que muitos migrassem para outras regiões de SC, para<br />

outros países como a Argentina ou procurassem retornar<br />

à pátria. (SPRICIGO, Sílvia B., 2008, p.86)<br />

O núcleo de Nova Trento surgiu a partir<br />

da introdução do elemento italiano na<br />

Colônia Brusque, a partir de 1875.<br />

Povoada inicialmente por trentinos e<br />

milaneses, prosperou e até 1880, cerca de<br />

11.000 pessoas chegaram à localidade.<br />

Mesmo assim, muitos foram os imigrantes<br />

que rumaram para outros núcleos do<br />

estado, ou mesmo para outros estados e<br />

países.<br />

(WEISSHEIMER, Maria Regina; VIEIRA F.,<br />

Dalmo, 2011, p.89)<br />

11


O município de Nova Trento<br />

Em 1879 a Companhia de Jesus estabeleceu residência<br />

em Nova Trento. Dessa forma, os jesuítas atuaram<br />

significativamente nos momentos em que a Igreja<br />

estabelecia novas táticas de evangelização para a<br />

reafirmação de sua força.<br />

Em 1892, Nova Trento emancipou-se e tornou-se<br />

município. (MARQUES, Ana Maria, 2000, pg.29)<br />

Uma forma de canalizar fé e obras para desbaratar as<br />

tantas devoções particulares era o investimento da Igreja<br />

na construção de santuários em pontos altos de algumas<br />

cidades. A virada do século foi marcada pelo projeto<br />

romanizador aos moldes europeus com o coroamento de<br />

uma cruz em pontos estrategicamente altos e visíveis de<br />

várias cidades, a exemplo de Nova Trento. (MARQUES,<br />

Ana Maria, 2000, pg. 73)<br />

Está claro que a cultura religiosa construída no espaço<br />

cotidiano trazia uma forte ligação com as tradições<br />

italianas vindas com os imigrantes. Entretanto, esta<br />

construção passou pelos processos de afirmação e<br />

negação, educação e transformação, próprios das<br />

dialéticas culturais. (MARQUES, Ana Maria, 2000, pg.<br />

30)<br />

Pensando nessa perspectiva, observa-se como antigas<br />

práticas religiosas foram sendo modificadas em Nova<br />

Trento. Não só modificadas, mas também foram alvo de<br />

estratégias de poder, de conflitos, de educação,<br />

reeducação e de transformação. (MARQUES, Ana Maria,<br />

2000, pg. 30)<br />

Segundo Floriano (1990 apud DE BONI, 1990), Nova<br />

Trento apresenta grande acervo construtivo,<br />

principalmente no setor religioso, com inúmeros<br />

exemplares de capelas, igrejas e santuários do final do<br />

século ainda preservados. Destacando-se até os dias de<br />

hoje a tradição de fornecer para todo o território<br />

catarinense mestres-pedreiros com profundo<br />

conhecimento, especializados em construções religiosas.<br />

(SPRICIGO, Sílvia B. 2008, p.96)<br />

A religiosidade impregna a organização espacial da<br />

cidade, de 11 mil habitantes, aproximadamente, tendo<br />

como marco principal a igreja matriz, do padroeiro São<br />

Virgílio (trazido pelos imigrantes no século passado), a<br />

partir da qual, estende-se a praça com o coreto, que<br />

serviu para as apresentações da Banda Musical Padre<br />

Sabbatini. Depois, o salão paroquial, bancos, fábricas,<br />

12


O município de Nova Trento<br />

correio, residências, terrenos e prédios de Irmãs e padres.<br />

O conjunto formado por inúmeras igrejas, capelas,<br />

oratórios, santuários e grutinhas, constituem o cenário<br />

arquitetônico. (FLORES, Maria Bernadete R. pg. 14 e 15)<br />

A construção da cultura religiosa em Nova Trento não<br />

prescinde da tradição italiana ressaltada na historiografia.<br />

Mas, esta construção, no entanto, não se explica tão<br />

somente pela “herança religiosa”. O cotidiano dos<br />

imigrantes mostra que há conflitos. A religiosidade não se<br />

mantém pela herança. Há o trabalho apostólico dos<br />

padres. Há práticas de sobrevivências culturais<br />

reinventadas ou reforçadas na nova pátria. (FLORES,<br />

Maria Bernadete R. pg. 16)<br />

A construção de oratórios era uma forma<br />

de homenagear e/ou agradecer graças<br />

recebidas ou, ainda, de demonstrar uma<br />

devoção particular. Os capitéis eram<br />

construídos próximos às casas ou beirando<br />

estradas, geralmente em lugares de maior<br />

visibilidade ou de destaque.<br />

(MARQUES, Ana Maria, 2000, pg. 76)<br />

Em Nova Trento, na vida cotidiana constitui-se uma<br />

cultura religiosa na tensa fusão entre o que as pessoas<br />

eram, como viviam na Itália, e como passaram a ser e<br />

viver nesta cidade. (FLORES, Maria Bernadete R. pg. 17)<br />

Atualmente, Nova Trento é uma cidade onde o turismo<br />

religioso é responsável por parte de sua renda,<br />

contribuindo com a economia local, pois ocorrem<br />

peregrinações para suas igrejas, capelas e oratórios. No<br />

centro desta cidade, permanecem edificações cujas<br />

tipologias são características das colônias italianas em<br />

Santa Catarina.<br />

Outro motivo para a forte religiosidade do local é a<br />

beatificação da Madre Paulina, fundadora da<br />

Consagração das Irmãzinhas da Imaculada Conceição na<br />

cidade de Nova Trento, realizada em 1991. Hoje a<br />

cidade vem sempre associada à figura da madre, além<br />

disso sua beatificação influenciou no turismo da região,<br />

trazendo pessoas de vários lugares do mundo.<br />

Havia ali uma cultura religiosa vivida no cotidiano, nas<br />

relações sociais, familiares e comunitárias, presentes nos<br />

vários espaços da socialização: casa, rua, escola, igreja,<br />

que favorecia o crescimento de congregações e<br />

devoções. (FLORES, Maria Bernadete R. pg. 14)<br />

13


O município de Nova Trento<br />

As casas das congregações além de um espeço de<br />

clausura e recolhimento, assumiam um papel social, que<br />

envolvia assistência, formação e trabalho.<br />

A autenticidade da paisagem da região de Nova Trento<br />

diferencia-se das demais que que estão presentes no Vale<br />

do Itajaí, pois seus sobrados revelam traços da<br />

arquitetura popular italiana, especialmente daquelas<br />

típicas de área rural.<br />

Este e outros fatos, já apontados neste referencial teórico,<br />

revelam a necessidade de investigar e registrar as<br />

peculiaridades arquitetônicas destas edificações,<br />

oportunizando assim, a divulgação deste material, o qual<br />

poderá ser utilizado para nortear a elaboração de<br />

políticas públicas preservacionistas e também<br />

movimentos populares em prol da conservação deste<br />

bem material.<br />

14


Localização<br />

9<br />

13<br />

15<br />

16<br />

8<br />

1. Capela Santa Ágata<br />

2. Igreja Matriz São Virgílio<br />

3. Residência Família Tomazoni<br />

4. Residência Família Gesselle<br />

5. Residência Família Tell<br />

10<br />

14<br />

6 7<br />

4<br />

3<br />

1<br />

17<br />

6. Salamanca, atual Residência Família Sgrott<br />

7. Residência Família Giacomelli<br />

8. Santuário Nossa Senhora do Bom Socorro<br />

9. Oratório São José<br />

10.Oratório São Roque<br />

11.Antiga Escola Paroquial<br />

12.Casarão da Família Archer<br />

13.Atual Pousada Portal do Vígolo<br />

14.Chafariz da Praça Getúlio Vargas<br />

5<br />

2<br />

15.Igreja Nossa Senhora de Lourdes<br />

16.Santuário Santa Paulina<br />

17.Oratório Santo Antonin<br />

11<br />

12<br />

15


Capela Santa Ágata<br />

16


De acordo com SANTOS, R. I. C.; SILVA, R. ;<br />

CRISTOFOLINI, D. (2003), construída no ano de 1881 é<br />

a igreja mais antiga de Nova Trento, onde foram<br />

realizados os primeiros atos religiosos no núcleo<br />

colonial. Pela Lei Provincial de 1884, foi declarada<br />

primeira Igreja Matriz do município.<br />

Os antepassados batizaram a primeira igrejinha com o<br />

nome “Santa Ágata”, cujo quadro que está em seu<br />

interior, foi trazido pelos próprios imigrantes italianos<br />

oriundos de Besenello, que também dá nome ao bairro<br />

Neotrentino.<br />

A porta da nave central, reproduz os princípios do<br />

sistema trilítico, largamente empregado pela arquitetura<br />

grega, a abertura da torre sineira e todas as aberturas<br />

visualizadas são coroadas por arcos plenos,<br />

elementoconstrutivo de origem romana (ALONSO<br />

PEREIRA, 2010).<br />

A capela foi restaurada de forma completa, e pela<br />

primeira vez, em 1982. Posteriormente, recebeu uma<br />

segunda restauração através da Lei Estadual de Incentivo<br />

à Cultura.<br />

https://otrentino.com.br/capela-santa-agata-pede-socorro/<br />

17


Igreja Matriz São Virgílio<br />

18


Em 1876 era erguida uma Capela dedicada a São<br />

Virgílio, construída de tabique e coberta de palha, que<br />

durou até 1883. A escolha de São Virgílio como<br />

Padroeiro se deveu ao fato de ter sido este Mártir, Bispo<br />

de Milão, Diocese de onde partiram os imigrantes<br />

italianos vindos para Nova Trento. A Igreja Matriz São<br />

Virgílio foi construída entre os anos de 1940 a 1942. Para<br />

a época foi uma construção executada em tempo recorde<br />

devido à sua envergadura. Foi construída com o equipes<br />

de mão de obra voluntária da comunidade neotrentina.<br />

Assim como a Capela Santa Agatha, esta igreja<br />

demonstra influência do historicismo europeu no Brasil,<br />

momento em que muitos estilos são resgatados e<br />

tipologias associadas.<br />

Em ambos os edifícios é possível observar que as<br />

descendem de plantas retangulares, simétricas, originária<br />

dos templos gregos. Estas plantas foram coroadas por<br />

frontões e cimalhas, ladeadas por naves laterais,<br />

originárias das basílicas, arrematadas por torres sineiras,<br />

que estão cobertas por abobadas de aresta, elementos<br />

construtivos romanos.<br />

Estas as naves laterais e suas torres podiam ser<br />

construídas em tempos diferentes, originando edifícios<br />

com uma ou duas torres, pois o plano financeiro das<br />

paróquias é que determinavam o surgimento destes<br />

anexos. Floriano destaca que as construções religiosas<br />

dessa região apresentam grande apuro formal: planta de<br />

nave única e altar-mor, apresentam variações em relação<br />

à torre do sino, que pode estar isolada ou no centro da<br />

construção. (VIEIRA, Sílvia Bittencourt Spricigo, 2008,<br />

pg. 96.)<br />

19


Residência Família Tomazoni<br />

20


Segundo a proprietária, a residência foi comprada na<br />

década de 70, e a única intervenção sofrida após reforma<br />

realizada pelos atuais proprietários foi colocação de<br />

porcelanato em seu interior em substituição ao piso<br />

original.<br />

Trata-se de uma edificação urbana térrea com cobertura<br />

de duas águas, telha tipo francesa e beiral paralelo às<br />

fachadas laterais.<br />

As portas principais apresentam bandeiras vazadas e<br />

estão elevadas do nível da rua. O material presente nas<br />

esquadrias é a madeira e o vidro e a moldura dos vãos<br />

das janelas em argamassa.<br />

A fachada paralela à rua apresenta cunhais nas<br />

extremidades(esquinas) bem como janelas em ritmo e<br />

ornamentadas na parte superior da moldura, nessa<br />

mesma fachada, a janela destinada ao sótão está<br />

emoldurada por ornamentos de motivos florais. Cozinha<br />

localizada nos fundos, anexada ao volume principal da<br />

casa e com telhado de independente.<br />

21


Residência Família Gesselle<br />

22


Esta residência foi construída no ano de 1949, sendo<br />

utilizados apenas tijolos maciços, de acordo com seu<br />

proprietário.<br />

Localizada em área urbana, apresenta um destaque para<br />

a cornija que envolve as fachadas frontal e laterais.<br />

Todas as aberturas apresentam bandeiras e o material que<br />

compõem as portas e janelas são a madeira e o vidro,<br />

com exceção para a janela destinada ao sótão que<br />

apresenta taipa de madeira.<br />

O telhado é de duas águas com telha tipo francesa e o<br />

beiral é levemente ajustado de forma paralela às paredes<br />

laterais da edificação, não se observa o acabamento com<br />

cimalhas.<br />

As molduras presentes em todas as aberturas possuem um<br />

desenho mais geométrico, apresentando um detalhe<br />

escalonado. Foram incluídos cunhais evidenciando as<br />

esquinas da residência. Cozinha localizada nos fundos,<br />

anexada ao volume principal da casa e com telhado<br />

independente.<br />

23


Residência Família Tell<br />

24


No térreo desta edificação era localizado o Bar Central,<br />

do Sr. Bernardo Tell. Atualmente seus filhos residem<br />

nesta edificação que em seu térreo abriga uma padaria<br />

da família. (Al Fero)<br />

Sobrado de características mais austeras, originalmente<br />

destinado à comércio na parte do térreo e residência no<br />

nível superior. Possui planta retangular e cobertura em<br />

quatro águas e beirais avantajados.<br />

Apresenta cunhais em todas as extremidades das<br />

fachadas e sequência de aberturas de vergas retas que se<br />

intercalam entre portas e janelas.<br />

As aberturas são feitas em madeira e vidro formando<br />

caixilhos nas janelas e em madeira maciça almofadada<br />

nas portas. Possui uma cornija entre os pavimentos<br />

evidenciando a divisão dos mesmos. O pé direito do<br />

térreo é mais alto em relação ao superior.<br />

25


Salamanca, atual Residência Família Sgrott<br />

26


Salamanca foi uma das primeiras construções realizadas<br />

em Nova Trento. Construída pela família Trainotti em<br />

1980, foi alugada para funcionamento de uma pensão,<br />

com quartos para alugar e como casa de diversão para<br />

realização de bailes.<br />

O que a tornou mais conhecida foi o fato de que em<br />

1896, Madre Paulina, necessitando de espaço, alugou a<br />

casa para o desenvolvimento da catequese, da assistência<br />

aos doentes, aceitação de órfãs e senhoras idosas sem<br />

teto e deficientes físicos. A casa foi benta pelo Padre<br />

Rossi, sendo denominada Externato Imaculada<br />

Conceição. O Padre ainda a apelidou como a casa onde<br />

falta o sal.<br />

Na década de vinte (1920), os herdeiros venderam a casa<br />

para a família Sgrott. Desde então abrigou os mais<br />

diversos usos, e a partir de 1969, o atual proprietário e<br />

sua família utilizam o primeiro andar como morada.<br />

Esta edificação de planta retangular e cobertura em<br />

quatro águas está situada em área urbana e possui<br />

fachadas adornadas por molduras que acompanham<br />

todas as aberturas, atribuindo-lhe um caráter mais<br />

sofisticado.<br />

Estas molduras apresentam um coroamento das aberturas<br />

com elementos em forma de volutas. Apresenta em suas<br />

quatros extremidades cunhais reforçados na sua base<br />

através de apoio com largura maior e detalhes de frisos.<br />

A distribuição das janelas do pavimento superior ocorre<br />

de forma regular e ritmada, porém há destaque para a<br />

porta no térreo da fachada principal, a qual apresenta<br />

largura maior que as demais.<br />

https://turismo.novatrento.sc.gov.br/equipamento/index<br />

/codEquipamento/9428<br />

27


Residência Família Giacomelli<br />

28


Na atual residência Giacomelli, funcionava o Hotel<br />

Viviane, no qual havia quartos de aluguel, bar e sinuca.<br />

Esta edificação foi adquirida em 1978 pelos atuais<br />

proprietários e atualmente abriga a sorveteria<br />

Giacomelli. (Al Fero)<br />

Em período mais recente, sofreu ampliações através de<br />

uma área anexada aos fundos da edificação principal, no<br />

qual há uma loja.<br />

É uma edificação de planta retangular que apresenta<br />

destaque para a fachada principal em virtude da<br />

aplicação de ornamentos sobre a parede, coroando as<br />

três principais aberturas presentes no térreo da fachada e<br />

envolvendo as duas janelas do sótão, resultando em<br />

desenhos triangulares ajustados à inclinação do telhado.<br />

Os desenhos desses ornamentos estão em relevo e<br />

apresentam detalhes florais.<br />

As aberturas são em madeira e vidro, apresentando o<br />

detalhe da bandeira. Das três portas da fachada principal,<br />

duas se mantém originais e uma terceira sofreu<br />

intervenção. Possui cobertura em duas águas com telha<br />

tipo francesa e beiral com cimalha.<br />

Uma cornija envolve as paredes frontal e laterais e<br />

apresenta além dos cunhais nas extremidades uma<br />

marcação da centralidade da fachada principal através<br />

de dois elementos verticais aplicados sobre a parede<br />

evolvendo a porta central.<br />

29


Santuário Nossa Senhora do Bom Socorro<br />

30


O Santuário Nossa Senhora do Bom Socorro, foi<br />

construído entre 1899 e 1912 em meio as montanhas de<br />

Nova Trento, também conhecido como Morro da Cruz.<br />

Sua história de fundação teve início quando o Padre<br />

Rossi decidiu erguer cruzes nas partes mais altas da<br />

cidade para comemorar a passagem do século e seu<br />

auxiliar, Padre Alfredo Russel, prometeu levantar um<br />

monumento a Nossa Senhora do Bom Socorro junto a<br />

cruz mais alta.<br />

O acesso ao local está situado no centro da cidade, que<br />

compreende um percurso de 525 metros de altitude.<br />

Durante o trajeto, o visitante tem a oportunidade de<br />

apreciar uma vista panorâmica da cidade e também dos<br />

municípios vizinhos.<br />

No caminho há 14 capitéis que formam a Via Sacra e<br />

uma fonte de água potável e natural. O Santuário abriga<br />

diversas relíquias centenárias entre elas uma cruz que foi<br />

implantada em 1899 e está localizada atrás da Igreja na<br />

parte mais alta do morro.<br />

A estátua de Nossa Senhora do Bom Socorro, que veio da<br />

França, apenas foi erguida ao monumento do morro em<br />

nove de junho de 1912. A escadaria junto ao acesso<br />

principal da igreja lembra as escadarias que compunham<br />

a arquitetura barroca, cujo objetivo era difundir o caráter<br />

cenográfico, com os respectivos significados sacro ou<br />

profano.<br />

Os adornos, balaustrada e pinhas são originarias do<br />

ecletismo, enquanto que as aberturas ora ogivais, ora em<br />

arco sugerem a realização de sucessivas alterações na<br />

morfologia do edifício. Já a torre translucida sugere a<br />

busca pela luz, proposta arquitetônica oriunda dos vitrais<br />

das catedrais góticas. (ALONSO PEREIRA, 2010).<br />

http://arquifln.org.br/santuarios/<br />

31


Oratório de São José<br />

32


De acordo com SANTOS, R. I. C.; SILVA, R. ;<br />

CRISTOFOLINI, D. (2003), existe um total de 28<br />

oratórios, capelas e grutas dispostas em todo o município<br />

de Nova Trento. Nestas encontram-se diversas e raras<br />

obras sacras, muitas trazidas da Europa, no período<br />

inicial da colonização, sendo marco da história da<br />

cidade.<br />

Segundo MARQUES, Ana Maria (2000, p.76) a<br />

construção de oratórios era uma forma de homenagear<br />

e/ou agradecer graças recebidas ou demonstrar uma<br />

devoção particular.<br />

O Oratório de São José foi construído em 1926, segundo<br />

registro incrustado no próprio edifício. Estes oratórios<br />

eram destinados à oração solitária para os católicos,<br />

eram cenários de representação da vida de Cristo,<br />

também considerado lugar de fixação e refúgio de<br />

devoções muito antigas, medievais e, simultaneamente,<br />

como o lugar de contemplação dos mistérios da Fé em<br />

Cristo Morto, que ressuscitou para redenção da<br />

humanidade, conforme orientação da Igreja Católica<br />

Reformada (BRANCO, 2015).<br />

A tipologia arquitetônica do edifício se assemelha aos<br />

templos religiosos gregos, com cobertura em duas águas<br />

e cimalhas que adornam o frontão e simulam colunatas,<br />

soluções utilizadas pelo ecletismo (ALONSO PEREIRA,<br />

2010).<br />

33


Oratório de São Roque<br />

34


Na fachada do oratório, sobre a porta encontra-se o ano<br />

de sua construção, em algarismos romanos, 1896.<br />

Construído por Attílio Muraro, o oratório encontra-se<br />

pendurado em um barranco de um morro de mata densa.<br />

As famílias Bottamedi que trouxeram a devoção a São<br />

Roque da região de Nave di San Rocco, no Tirol austroitaliano,<br />

e de Ândalo, na Província de Trento-Alto Ádige,<br />

e fizeram construir esse oratório, ao virem como<br />

imigrantes para o Brasil.<br />

O acesso ao oratório se dá por uma larga escadaria,<br />

ladeada em ambos os lados, por cinco patamares, que<br />

foram construídos como para segurar o alto barranco. No<br />

alto da escadaria, entra-se por uma ampla porta<br />

arqueada.<br />

No interior está a estátua de gesso que representa São<br />

Roque. (Antigamente, havia uma estátua de madeira, mas<br />

que se desgastou e foi substituída pela de gesso).<br />

No frontispício do altar, um belo e bem conservado<br />

emblema IHS, encimado por uma pequena cruz.<br />

Aos lados do altar, dois nichos adornados na parede,<br />

onde estão pequenas imagens do Sagrado Coração de<br />

Jesus e do Imaculado Coração de Maria. Todo o<br />

conjunto, interno, externo e as escadarias, está pintado<br />

de branco e azul celeste. Nas paredes, internas e<br />

externas, e na escadaria, observa-se a presença de<br />

enfeites geométricos circulares em relevo, como também<br />

floreiras.<br />

35


Antiga Escola Paroquial<br />

36


Localizado no bairro do Salto, o edifício que abrigava a<br />

escola paroquial, foi construído na década de 1940, teve<br />

vários outros usos, como salão para dança, facção e<br />

atualmente sedia alguns eventos da paróquia. Neste<br />

edifício, originalmente, havia uma varanda junto à<br />

fachada frontal.<br />

Devido à entrada de um grande número de imigrantes<br />

italianos, no final do século XIX, escolas foram<br />

construídas, com intuito de educar os colonos aos<br />

moldes da cultura sul rio-grandense, evitando a<br />

adulteração da cultura local (BOBBIO, 1998).<br />

Acredita-se que este tipo de inquietação deva ter gerado<br />

também nas cidades catarinenses, a necessidade da<br />

criação de espaços que abrigassem funções educativas.<br />

De acordo com Posenato (1983), a arquitetura da<br />

imigração possuía linguagem própria, distinguindo-se das<br />

demais expressões arquitetônicas brasileiras de todas as<br />

épocas. Essa particularidade se deu através da<br />

combinação de materiais e técnicas construtivas que<br />

resultaram em uma notável expressão plástica que tendia<br />

à simetria e simplicidade, limitando somente ao<br />

essencial os elementos construtivos por meio de uma<br />

ornamentação discreta.<br />

A forma de construir adotada pelos imigrantes italianos<br />

tornou-se uma característica marcante da arquitetura da<br />

imigração, pois o método construtivo adotado variava de<br />

acordo com a disponibilidade de materiais que o local<br />

oferecia.<br />

Este edifício apresenta traços do estilo arquitetônico<br />

neoclássico, marcação de um pórtico com frontão, eixo<br />

de simetria e ritmo na distribuição das aberturas com<br />

desenhos diversificados, modelo que veio para o Brasil<br />

junto com a corte portuguesa, consolidou-se e expandiu<br />

através da sistematização de seu ensino com a<br />

inauguração da Imperial Academia de Belas Artes, em<br />

1826 (MIRANDA et al., 1995).<br />

Estas características neoclássicas estiveram presentes em<br />

todo o Brasil por todo o século XIX, sendo que após a<br />

Proclamação da Independência a arquitetura firmou-se<br />

em duas tipologias, a versão neoclássica da corte e a<br />

provinciana simplificada, feita por escravos (REIS FILHO,<br />

1976).<br />

37


Casarão da Família Archer<br />

38


Localizado no bairro do Salto, este casarão pertenceu à<br />

família Archer, foi o principal ponto comércio no bairro<br />

Salto e abastecia as famílias do ribeirão Mesquita Alto<br />

Salto, Bonito e São Valentim. Era ponto de troca de<br />

mercadorias com todo o interior do município e<br />

atualmente pertence à família Minatti, servindo de<br />

depósito de mercadorias do comércio que funciona ao<br />

lado. (Al Fero)<br />

Importante sobrado pela sua volumetria, situado em área<br />

rural. Cobertura em duas águas com cumeeira paralela a<br />

fachada principal e beiral com cimalha. O telhado é<br />

interrompido por uma mansarda (água furtada) de onde<br />

se destacam duas aberturas do sótão coroadas por um<br />

óculo.<br />

Apresenta ritmo nas aberturas, porém há destaque para o<br />

eixo central da fachada principal que acompanha a<br />

largura da mansarda e apresenta portas com balcões no<br />

pavimento superior, diferenciando-se assim das demais<br />

janelas.<br />

Os requadros das aberturas são de tijolo recoberto por<br />

argamassa, bem como o jogo de elementos verticais que<br />

acompanham todas as fachadas simulando um conjunto<br />

de colunas. Apresenta cornija na parte superior do<br />

Apresenta ritmo nas aberturas, porém há destaque para o<br />

eixo central da fachada principal que acompanha a<br />

largura da mansarda e apresenta portas com balcões no<br />

pavimento superior, diferenciando-se assim das demais<br />

janelas.<br />

Os requadros das aberturas são de tijolo recoberto por<br />

argamassa, bem como o jogo de elementos verticais que<br />

acompanham todas as fachadas simulando um conjunto<br />

de colunas. Apresenta cornija na parte superior do<br />

segundo pavimento.<br />

39


Atual Pousada Portal do Vígolo<br />

40


Este edifício foi construído em 1932 com o intuito de<br />

servir como moradia para os funcionários da Fábrica de<br />

Tecidos Renaux. Os edifícios construídos no século XIX<br />

sofreram influencia da Missão Francesa e da Academia<br />

de Belas Artes, momento em que as construções<br />

passaram a ter mais refinamento.<br />

Surgiu à tipologia habitacional com porão alto, uma<br />

transição entre os velhos sobrados e as casas térreas.<br />

Neste momento houve a difusão da arquitetura<br />

neoclássica, composta por escadas, colunas e frontões<br />

que ornam, com frequência, as fachadas dos principais<br />

edifícios, ostentando também um refinamento técnico.<br />

(HERSCHMANN, KOPF E NUNES, 1996; PEREIRA,<br />

2005).<br />

Segundo Sousa (1994) o neoclassicismo, no Brasil, foi<br />

caracterizado por uma repetição de fórmulas, sendo que<br />

uma das mais comuns era a marcação de um pórtico<br />

com frontão e colunas no eixo da fachada principal,<br />

elemento que poderia projetar-se com maior ou menor<br />

intensidade na edificação.<br />

Segundo Bertussi (1997), a simetria e a composição de<br />

ritmos são características significativas dessa arquitetura,<br />

onde muitas vezes um eixo central demarcava o acesso<br />

da edificação através da distribuição das esquadrias, da<br />

composição dos volumes dessas construções que primam<br />

pela simetria, assim como, também por uma hierarquia<br />

de volumes que diferencia o uso das edificações.<br />

Acréscimos discretos de sacadas e alpendres surgem<br />

coma finalidade de ornamentação e funcionalidade.<br />

Após anos e abandono, o casarão foi reformado e novas<br />

edificações foram construídas. Toda a estrutura foi<br />

desenvolvida pensando em gerações futuras, objetivando<br />

a sustentabilidade. Em 2003, foi inaugurada a Pousada<br />

Portal do Vígolo, que funciona até hoje.<br />

http://www.portaldovigolo.com.br/<br />

41


Chafariz da Praça Getúlio Vargas<br />

42


Construído na gestão do ex-prefeito Sr. Santino Ludovino<br />

Voltolini, que governou Nova Trento entre os anos de<br />

1970 a 1973 e posteriormente de 1977 a 1983.<br />

Localizado na atual Praça Getúlio Vargas, que até 1964<br />

era a Praça Galileu Galilei e foi o primeiro centro da<br />

cidade, onde estava a igreja antiga de São Virgílio.<br />

Atualmente nesta praça está o busto do fundador da<br />

cidade José Boiteaux, e o monumento aos 75 anos de<br />

imigração italiana. (Jonas Cadorin)<br />

Projetado pelo arquiteto Alfredo Cadorin há menos de<br />

quatro décadas, foi reformado juntamente com a praça<br />

no ano de 2011.<br />

Voltou a funcionar no ano de 2017, após passar anos<br />

desativado.<br />

43


Igreja Nossa Senhora de Lourdes<br />

44


No período de 1876 a 1879, foi construída pelos<br />

moradores da localidade, a capela de São Jorge, benta<br />

pelo Padre Servanzi durante uma de suas missões. Antes<br />

mesmo de concluir a obra de construção da capela, os<br />

moradores planejaram a construção de uma Igreja e mais<br />

tarde, com o apoio do Pe. Marcello Rochi iniciaram a<br />

construção da mesma.<br />

Por motivação e devoção do sacerdote, a nova Igreja foi<br />

dedicada a Nossa Senhora de Lourdes. Em 1895 foi feita<br />

sua benção.<br />

No ano de 1888, chegou da França a imagem da Virgem<br />

de Lourdes, que ficou na Igreja de Nova Trento até o dia<br />

11 de fevereiro de 1889. “Em 11 de fevereiro de 1890,<br />

depois de um tríduo de preparação inaugura-se a Gruta e<br />

colocaram nela a Imagem da Virgem Imaculada de<br />

Lourdes” (Cf. Madre Doroteia, Ic. P.22).<br />

Neste mesmo período que se inaugura a gruta, é<br />

demolida a capelinha de São Jorge, e em seu lugar é<br />

erguido o pequeno santuário. “Após poucos anos,<br />

conseguiram levantar o Santuário dedicado a Nossa<br />

Senhora de Lourdes”. (Cf. Madre Doroteia, Ic. P.22)<br />

No dia 19 de outubro do ano de 1991, um dia após a<br />

beatificação de Madre Paulina, é colocada a imagem da<br />

beata, e o lugar histórico passa a receber muitos romeiros<br />

que chegavam a Vígolo para agradecer a Deus pela<br />

intercessão de Madre Paulina e para fazer seus pedidos.<br />

Dom Eusébio Oscar Scheid, então Arcebispo de<br />

Florianópolis, no dia 09 de julho de 1998, data<br />

comemorativa da festa litúrgica de Madre Paulina, tornou<br />

público a Igreja de Vígolo, como Santuário Madre<br />

Paulina, até ser construído o novo Santuário em honra<br />

abem aventurada Madre Paulina.<br />

A Capela Nossa Senhora de Lourdes, em Vígolo, onde<br />

viveu Amábile Visenteiner, que, a 12 de julho de 1890,<br />

com mais duas moças da localidade, fundaram a<br />

Congregação das irmãzinhas da Imaculada Conceição,<br />

adotando, a partir de então o nome de Madre Paulina do<br />

Coração Agonizante de Jesus. Em sua visita a<br />

Florianópolis, no dia 18 de outubro de 1981, o Papa João<br />

Paulo II presidiu a Cerimônia de Beatificação de Madre<br />

Paulina. A partir de então o local tornou-se ainda mais<br />

visitado por Romeiros.<br />

https://www.santuariosantapaulina.org.br/santuario/ambi<br />

entes/<br />

http://paroquiasaovirgilio.com/site/sobre-nos/<br />

45


Santuário Santa Paulina<br />

46


Após a beatificação de Madre Paulina, em 1991, pelo<br />

Papa Joao Paulo II, por ocasião da sua segunda visita ao<br />

Brasil, peregrinos de todo o país começaram a visitar o<br />

bairro de Vígolo em Nova Trento, terra onde Santa<br />

Paulina começou a obra da Imaculada.<br />

Com o fluxo cada dia maior de pessoas, a infraestrutura<br />

tornou-se uma exigência básica. Dessa forma, em 2002,<br />

as Irmãzinhas decidiram construir o Santuário.<br />

O Santuário Santa Paulina é um parque ecológico que<br />

oferece aos visitantes mais de 20 recantos para oração,<br />

momentos devocionais e de contemplação. Tudo isso,<br />

em meio a beleza das flores, cachoeiras, pássaros, belas<br />

trilhas e áreas verdes. Além dos espaços religiosos, o<br />

santuário também oferece restaurante, hospedagem e<br />

uma loja.<br />

Suas obras iniciaram em outubro de 2003. O Santuário<br />

foi construído em 926 dias, sem nenhum acidente, sendo<br />

dedicado à Santa Paulina, no dia 22 de janeiro de 2006.<br />

Atualmente recebe cerca de 70 mil fiéis por mês,<br />

aumentando ainda mais esse fluxo, no período de alta<br />

temporada.<br />

http://arquifln.org.br/santuarios/<br />

https://www.santuariosantapaulina.org.br/santuario/<br />

47


Oratório Santo Antonin<br />

48


Pesquisa de Bento Marchiori (fonte: relatos orais de<br />

pessoas da comunidade) – Novembro 2011 – Nova<br />

Trento – SC<br />

No ano de 1920 o senhor Domingos Zandonai, de<br />

origem italiana, já tinha conseguido formar uma família<br />

de sete filhos, todos trabalhavam para o sustento no meio<br />

da agricultura.<br />

Certo dia, uma de suas filhas, Maria, adoeceu e não<br />

havia hospitais ou médicos na região, o mais próximo era<br />

em Blumenau.<br />

Após uma longa viagem, devido as condições de<br />

transporte da época, as irmãs do hospital de Blumenau<br />

acolheram pai e filha, informando que não tinha médico<br />

no momento, mas que estaria para chegar um no dia<br />

seguinte. As irmãs acomodaram seu Domingos e a filha,<br />

dando a ela alguns medicamentos.<br />

No dia o médico consultou Maria e, percebendo a<br />

gravidade do caso, fez logo uma cirurgia em sua cabeça,<br />

retirando um coagulo de sangue. Não entendiam como<br />

ela teria resistido até este momento.<br />

Para complicar ainda mais a situação, durante a noite o<br />

médico que havia feito a cirurgia e cuidava de Maria,<br />

faleceu de morte súbita. Com isso, só um milagre salvaria<br />

Maria, assim, seu Domingos caiu de joelhos e como<br />

sempre fora muito devoto de Santo Antonio, fez a ele o<br />

pedido de cura para sua filha, prometendo que se<br />

atendido fosse, construiria uma capela de agradecimento<br />

em sua honra.<br />

Maria muito lentamente foi se recuperando a cada dia.<br />

Após oito meses sob os cuidados das irmãs, ela voltou<br />

para casa curada.<br />

Seu Domingos não esqueceu a promessa que havia feito<br />

ao seu Santo Antonio, já havia encontrado o local para<br />

construir a capela. Morava no local o Senhor Antonio<br />

Maffezoli, que possuía um terreno na rua Florianópolis e<br />

ficou muito feliz em poder doar um pedaço de terra.<br />

Com o local pronto para construção, seu Domingos fez<br />

contato com o Senhor Atílio Muraro, que já tinha certa<br />

pratica em construir igrejas. Com a ajuda de mais<br />

pessoas da comunidade, Domingos conseguiu cumprir<br />

sua promessa, ficando concluída a obra no final do ano<br />

de 1921.<br />

Por muitos anos ficou conhecida como Capela de Santo<br />

Antonin, talvez devido ao tamanho tanto da capela<br />

quanto da imagem de Santo Antonio que é pequena.<br />

Com o passar do tempo se estende para Oratório de<br />

Santo Antonin até os dias de hoje.<br />

Este oratório passou por várias restaurações, porém<br />

sempre foram mantidas as características originais.<br />

https://alfero.com.br/tag/santo-antonin/<br />

49


Referências Bibliográficas:<br />

BITTENCOURT SPRICIGO VIEIRA, Sílvia. Panorama da Implantação Urbana e Arquitetônica das Colônias de Imigração Italiana em Santa Catarina.<br />

Florianópolis, 19 de dezembro de 2008. 135 p. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Programa de Pós-graduação em Urbanismo, História e<br />

Arquitetura da Cidade, UFSC, 2008.<br />

LUCA, Virgínia Gomes de. O Patrimônio Arquitetônico e a Paisagem Cultural em Sítios Históricos Rurais de Imigração Italiana. Florianópolis, 30 de maio de<br />

2007. 134 p. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Programa de Pós Graduação, UFSC, 2007.<br />

SILVA, Renata. Turismo Religioso Transformações Sócio-Culturais Em Nova Trento – SC. Balneário Camboriú, 2004. 183 p. Dissertação (Mestrado em Turismo<br />

e Hotelaria) – Programa de Pós-graduação Strictu Sensu em Turismo e Hotelaria, UNIVALI, 2004.<br />

WEISSHEIMER, Maria Regina, VIEIRA F., Dalmo. Roteiros Nacionais de Imigração, vol.1. , IPHAN, 2011.<br />

Referências Digitais:<br />

Casa Salamanca: http://www.novatrento.sc.gov.br/turismo/guia/detalhe/16484<br />

Santuário Bom Socorro: http://www.novatrento.sc.gov.br/turismo/item/detalhe/663<br />

Oratório de São Roque: https://otrentino.com.br/a-originalidade-de-oratorio-sao-roque-na-rua-do-salto/<br />

Al Fero: https://alfero.com.br<br />

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