relatorio-final-quintal-corrego-grande
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Programa GEDS – Gaia Education Design para Sustentabilidade<br />
Abril/2019<br />
Quintal Comunitário do Bairro<br />
Córrego Grande<br />
Isabela Parreira Gomes<br />
Jaylei Monteiro Gonçalves<br />
Matheus Vieira de Luca<br />
Nathacha Kare Gonçalves Silva
Estudo de Caso<br />
SUMÁRIO<br />
Introdução<br />
Parte I - Contexto do Quintal<br />
- Histórias de transformação................................................................ 03<br />
- O Local .............................................................................................. 05<br />
- Parceiros e Partes interessadas ........................................................ 07<br />
- O Programa PROSAS ......................................................................... 09<br />
- Visão, Missão e Valores .................................................................... 11<br />
- Análise do cenário: Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças . 13<br />
Parte II - Obejetivos do Quintal<br />
- Objetivos ........................................................................................... 14<br />
- Aumentar produtividade ................................................................... 15<br />
- Preservar o meio ambiente e neutralizar emissão de CO2 ............... 27<br />
- Desenvolver pessoas e unir comunidades ........................................ 35<br />
- Criar um projeto auto sustentável e inclusivo .................................. 41<br />
Conclusões ........................................................................................... 50<br />
Referências .......................................................................................... 51<br />
O estudo de caso apresentado neste relatório tem por objetivo analisar os caminhos<br />
seguidos, até o momento, pela proposta do Quintal Comunitário do Córrego Grande, a partir<br />
dos conhecimentos adquiridos pela equipe ao ter estado e estar em contato com as quatro<br />
dimensões do programa do Geds (Gaia Education Design para Sustentabilidade): Social,<br />
Econômica, Ecológica e Visão de Mundo.<br />
Esse programa é inovador por ir além do conhecido tripé da sustentabilidade (dimensões<br />
Social, Econômica e Ecológica) ao englobar a dimensão Visão de Mundo como um<br />
conceito holístico. A visão de mundo ou paradigma consiste em um fenômeno cultural e<br />
influencia nossa maneira de enxergar a realidade, bem como em nossas decisões e objetivos.<br />
No pensamento holístico procura-se ter uma visão do todo de forma a enxergar o que<br />
está ao redor como partes interconectadas. Pensamos que sob a ótica da Ecologia Profunda,<br />
na qual a natureza apresenta um valor intrínseco e não utilitarista, o Quintal pode também<br />
atuar como um laboratório de conexões com a natureza, fauna e flora.<br />
Este estudo de caso pretende também, além de analisar o projeto do Quintal do Córrego<br />
Grande sob a ótica 4D, propor soluções viáveis, ideias e sonhos possíveis, ainda que não<br />
sejam os que se fazem presentes no momento.<br />
“A melhor forma de prever o futuro é cria-lo”<br />
Buckminster Fuller<br />
02
Hoje o espaço conta com o cuidado de um grupo de moradores da comunidade do<br />
Jardim Albatroz e entorno, tendo como base de divulgação de ações o grupo de WhatsApp<br />
chamado “Quintal de Todos Nós” e com o Programa PROSAS.<br />
O Programa PROSAS (Programa de Sustentabilidade Ambiental e Social do Quintal do<br />
bairro Córrego Grande) foi idealizado por uma das colaboradoras e consiste na estruturação<br />
do trabalho realizado na horta urbana do Quintal do bairro Córrego Grande e também do<br />
próprio Quintal.<br />
Essa relação respeitosa entre comunidade e meio ambiente, em meio a um perímetro<br />
urbano, permite um novo olhar sobre o espaço, onde as pessoas aprendem junto à natureza<br />
valores como cuidado, contemplação e regeneração.<br />
Histórias de transformação<br />
“O Quintal Comunitário do Córrego Grande é um espaço de histórias, encontros e<br />
projetos, feito e mantido por quem gosta da natureza, o Quintal de Todos Nós.”<br />
“Hoje, com os novos canteiros de ervas e plantas medicinais, além dos seis<br />
canteiros da horta original, com a ocupação do espaço com mais mudas de árvores,<br />
a criação do novo lago de captação de água e outras possibilidades de uso<br />
do espaço, ou seja, tudo o que foi feito junto com os sonhos possíveis me remetem<br />
a uma história comunitária sendo contada. A história de vida dos vários colaboradores<br />
que os levaram até esse espaço.”<br />
Jaylei Monteiro Gonçalves<br />
A história do Quintal se junta à história da Suzana e de seu filho, quando em 2009, os<br />
dois pensaram em fazer uma pequena limpeza no espaço verde, ainda sem nome e normalmente<br />
destinado a restos de materiais de construção.<br />
A ideia era plantar algumas espécies de plantas com flores com a intenção de se ter<br />
um espaço com um aspecto mais bonito e cuidado para que se parasse de jogar lixo no local.<br />
Foi feita a primeira placa de identificação “Quintal Comunitário do Córrego Grande”.<br />
Antes um espaço reservado ao lixo e sem cuidado, teve um novo recomeço em sua<br />
história no ano de 2017 com a implantação da horta comunitária, com o apoio da Comcap,<br />
da assessoria técnica da FLORAM e da Secretaria de Pesca.<br />
Foi efetuada a roçada e limpeza do terreno e logo em seguida, colaboradores iniciaram<br />
o plantio de mudas de árvores frutíferas e espécies da Mata Atlântica ameaçadas de<br />
extinção, como a Jabuticabeira Paulista, Plinia cauliflora.<br />
Também foi criado um laguinho para captar a água da nascente advinda do morro acima<br />
do terreno. Atualmente, o lago é visitado por sapos, sabiás, lagartos, biguás, garças entre<br />
outras espécies que enchem o Quintal de vida.<br />
03 04
O Local<br />
O Quintal Comunitário Córrego Grande foi implantado em uma área verde de lazer,<br />
território que era um <strong>grande</strong> alagado, próximo ao condomínio Jardim Albatroz, localizado no<br />
Córrego Grande, na região central da ilha de Florianópolis.<br />
Florianópolis tem ao todo 25% de cobertura vegetal, concentrada na porção insular,<br />
com 424,4 km² de área territorial. As áreas verdes da cidade incluem florestas nativas, refúgios,<br />
várzeas, campos de altitude, mangues e restingas.<br />
O bioma prevalente da cidade é a Mata Atlântica, dos 67 mil hectares, 17 são Mata<br />
Atlântica. No entanto, existe uma <strong>grande</strong> concentração urbana, principalmente na parte continental<br />
e também na região central e norte da ilha.<br />
Apesar de <strong>grande</strong> parte da mata original ter sido desmatada até os anos 1970, de lá<br />
pra cá vem sendo feito um trabalho regenerativo, o que hoje torna Florianópolis a segunda<br />
capital brasileira com maior área de Mata Atlântica preservada.<br />
O clima é quente e temperado em Florianópolis. Existe uma pluviosidade significativa<br />
ao longo do ano. Mesmo no mês mais seco ainda há muita pluviosidade. De acordo com a<br />
Köppen e Geiger a classificação do clima é Cfa (Clima temperado, com verão ameno).<br />
Florianópolis tem uma temperatura média de 20,1 °C e a pluviosidade média anual é<br />
de 1462 mm.<br />
Córrego Grande é um bairro da cidade brasileira de Florianópolis, capital do estado de<br />
Santa Catarina. Está situado na porção central da ilha de Santa Catarina, ao centro do município,<br />
entre os bairros Pantanal, Trindade, Santa Mônica e Itacorubi.<br />
O nome do bairro Córrego Grande se deve ao rio de mesmo nome que cruza o bairro,<br />
juntando-se posteriormente ao Rio Itacorubi, tendo sua foz junto ao Manguezal do Itacorubi,<br />
na baía norte da Ilha de Santa Catarina.<br />
Localizado neste bairro está o Parque Ecológico do Córrego Grande, uma área de 21,3<br />
ha, que era antiga reserva florestal do IBDF, posteriormente do IBAMA, e hoje cedido ao município.<br />
Este parque possui ótima estrutura para passeios familiares e conta com mais de 100<br />
espécies de árvores identificadas.<br />
05 06
Parceiros e Partes Interessadas<br />
Listamos alguns dos principais parceiros e outras partes interessadas que fazem parte<br />
do Quintal do Córrego Grande atualmente, a fim de obter uma visão mais ampla que permita<br />
enxergar pessoas e instituições que se relacionam ou podem vir a se relacionar com o Quintal,<br />
de forma direta ou indireta.<br />
Moradores: são os principais beneficiados e, ao mesmo, aqueles de quem mais se depende.<br />
O projeto existe para e por eles. Existe um revezamento no trabalho de manutenção<br />
necessário e se espera que mensalmente dividam-se na cobertura dos gastos. Uma contribuição<br />
financeira mais determinante por financiamento coletivo (crowdfunding) é uma<br />
possibilidade sugerida conforme as demandas pontuais do projeto (exemplo, instalação do<br />
sistema de captação pluvial). O objetivo é que o senso de coletividade movimente o projeto<br />
financeiramente. Mais adiante, mediante maior consolidação do projeto, os moradores<br />
participantes poderão tornar-se educadores ambientais capacitados a difundir métodos e,<br />
dessa forma, além de divulgar o projeto Horta Urbana, ter algum retorno financeiro.<br />
Identificamos algumas das principais organizações e empresas da região do Córrego<br />
Grande, utilizando a ferramenta Google maps, com o objetivo de mostrar outros possíveis<br />
parceiros.<br />
Associação de Moradores do Jardim Albatroz (AJMA): é, atualmente,<br />
uma das maiores fontes financeiras do projeto. O<br />
que sugerimos é que sua atuação se dê também por uma frente<br />
social, na captação de moradores interessados e no reforço de<br />
uma pertença local. Porque, como já dito, essa é a <strong>grande</strong> garantia<br />
da continuidade das atividades.<br />
Fundação Municipal do Meio Ambiente (FLORAM): é a atual<br />
fornecedora do composto usado na horta. Também pode oferecer<br />
mudas de espécies nativas para serem plantadas na área.<br />
Autarquia de Melhoramentos da Capital (Comcap): é a atual<br />
fornecedora de cepilho para a compostagem. Espera-se que continue<br />
nesse papel com o eventual aumento da demanda.<br />
Além dos atuais parceiros do Quintal é importante identificar<br />
aqueles que se relacionam de alguma forma com o Quintal.<br />
Parques<br />
1- Parque Ecológico do Córrego Grande<br />
2- Parque Linear do Córrego Grande<br />
Escolas<br />
3- Centro de Ensino Guroo<br />
4- UFSC - Departamento de Engenharia Civil<br />
5 - Escola Yoga Luz Lazer<br />
6- Colégio Jardim Anchieta<br />
7- Escola Infantil Cubo Mágico<br />
8- CEMJ - Centro de Ensino Menino Jesus<br />
9- Escola da Ilha<br />
10 - Escola Sabor de Aprender<br />
Igrejas<br />
11- FHOP - Florianópolis House of Prayer<br />
12- Igreja Assembléia de Deus<br />
13- Igreja Puríssimo Coração de Maria<br />
Hospitais<br />
14- Ilha Hospital Maternidade<br />
15- H Universitário Polydoro Ernani de S. Thiago<br />
Restaurantes e Padarias<br />
16- Restaurante da Família<br />
17- Restaurante Simples e Natural<br />
18 - Padaria Super Pão<br />
19 - Restaurante Lenha e Oliva<br />
Comércio / Empresas<br />
20 - Macro Vita<br />
21 - Personal Training Studio<br />
22 - CONFIA - Conselho Comunitario Jardim<br />
Anchieta<br />
23 - Lumensul - Audio Vídeo e automação<br />
24 - Di20 Design e Arquitetura<br />
25 - Digilab Soluções para exibição de vídeo<br />
26 - BikeFit Floripa<br />
27 - Farmácia São João<br />
28 - Supermercado Imperatriz<br />
29 - Khomp Telecomunicações<br />
30- Puro Gelo Comércio<br />
07 08
O Programa PROSAS<br />
O PROSAS é o Programa de Sustentabilidade Ambiental e Social do Quintal do bairro<br />
Córrego Grande e consiste numa estruturação do trabalho realizado na Horta Urbana do<br />
Quintal do bairro Córrego Grande elaborado por Angela Corrêa, integrante do grupo do<br />
Quintal. Esse programa possui missão, princípios, valores e propõe alguns grupos de trabalho<br />
para a divisão das tarefas. O tipo de governança que propõe é participativa, não hierárquica,<br />
consistindo numa organização de centro vazio.<br />
Normalmente as comunicações e decisões são feitas por grupos de WhatsApp.<br />
Decisões urgentes e que envolvem questões administrativas e burocráticas com parceiros<br />
(AMJA, FLORAM, Comcap) são feitas por um grupo menor formado por pessoas mais participativas<br />
na manutenção da horta, grupo chamado de “Pensando no Quintal”.<br />
Quintal de Todos Nós<br />
Quando as decisões envolvem mais pessoas no trabalho específico da horta elas são<br />
levadas ao grupo maior chamado “Quintal de Todos Nós”. As decisões são regidas por consenso<br />
(as objeções são discutidas e não existem opiniões soberanas para uma decisão). As<br />
pessoas formam grupos de trabalhos autônomos e auto-geridos que atuam de forma independente,<br />
porém conectados com os demais grupos de trabalho, que são:<br />
GT da rega (responsável por regar as plantas);<br />
GT da compostagem (responsável pela compostagem);<br />
Pensando no Quintal<br />
GT limpeza dos canteiros (responsável pela retirada de ervas daninhas dos canteiros);<br />
GT da manutenção do <strong>quintal</strong> (responsável por podar, capinar e fazer canteiros);<br />
AMJA<br />
Associação de<br />
Moradores do<br />
J. Albatroz<br />
Missão<br />
Visão<br />
Valores<br />
Grupo de<br />
Trabalho<br />
PROSAS<br />
GT infraestrutura (responsável pelo fornecimento de materiais e assessoria técnica);<br />
GT orientação sobre as plantas (responsável pela elaboração de diretrizes para a utilização<br />
sustentável do Quintal);<br />
GT eventos (responsável pela promoção de eventos);<br />
GT comunicação social (responsável por entrar em contato com pessoas, empresas e instituições).<br />
Existe uma abertura para uma pessoa fazer parte de mais de um grupo de trabalho<br />
e não há um procedimento tal qual um protocolo de adesão para novos interessados em<br />
participar do trabalho no Quintal. Basta que a pessoa informe seu número de celular para<br />
ingressar no grupo de WhatsApp “Quintal de Todos Nós”.<br />
Reuniões presenciais são realizadas conforme necessidade e demanda (caso haja algum<br />
evento ou tópico longo a ser resolvido).<br />
09 10
Visão, Missão e Valores<br />
Uma Visão Comum para um projeto que se inicia é fundamental, alicerçando os planos<br />
que ganharão forma ao longo do tempo e desenhando a identidade coletiva do grupo<br />
engajado. Sabendo que a participação da comunidade local é um dos maiores desafios do<br />
projeto Horta Urbana, espera-se que o desenvolvimento de uma visão compartilhada aumente<br />
a capacidade de mobilização individual, magnetizada tanto por um movimento coeso<br />
na convergência de habilidades pessoais quanto numa visão de futuro partilhada. Isto é, o<br />
grupo deve ser um espaço onde cada um de seus membros tenha a oportunidade de colocar<br />
suas capacidades únicas num criar coletivo.<br />
Entendemos que a identificação das habilidades individuais advém do processo de autoconhecimento<br />
construído ao longo da vida, que se dá na relação com o outro. As pessoas<br />
que estão em nossa volta são nossos professores e os desafios que a vida proporciona nos<br />
estimula a desenvolver nossas habilidades.<br />
A Visão Comum vem, então, para delimitar campos de ação, servir de guia para nossos<br />
próximos passos e nos inspirar, por mais que tenhamos avançado. Ela nos lembra quem<br />
somos e, ao mesmo tempo, onde gostaríamos de estar. Continuamente. Porque, por ser uma<br />
resposta ao presente, não é um diálogo inalterável, e sim uma conversa aberta em eterna<br />
construção. Assim, fazemos propostas de textos para compor ou servir de inspiração para a<br />
Visão Comum do projeto do Quintal.<br />
Visão Comum para o projeto – 10 anos:<br />
Um grupo participativo de membros que possam se alternar nos cuidados com as<br />
áreas de cultivo e com as árvores frutíferas, além da administração do espaço físico do Quintal<br />
Comunitário.<br />
Suporte financeiro garantido pela própria comunidade e por entidades parceiras.<br />
Membros capacitados na difusão de conhecimentos e técnicas nas áreas de educação ambiental,<br />
sustentabilidade, plantio e cultivo.<br />
Ter excelência na sustentabilidade ambiental e social.<br />
Visão Comum para o projeto – 20 anos:<br />
Tornar a estrutura do Quintal Comunitário um modelo replicável em outras áreas da cidade.<br />
Captação de recursos adicionais pela comercialização de mudas e pela experiência técnica<br />
(criação e manejo de hortas, sistema de coleta pluvial, compostagem).<br />
Declaração de Visão:<br />
Através do envolvimento dos moradores do bairro Córrego Grande, criar uma identidade<br />
local e coletiva baseada no cultivar e na sustentabilidade.<br />
Missão para a concretização:<br />
Desenvolver um sentimento de pertença que desperte o engajamento ambiental dos moradores.<br />
O Quintal Comunitário é um projeto de envolvimento local que dialoga com, em última instância,<br />
a globalidade de nossa interconexão ecológica.<br />
Celebrar a vida por meio do cultivo coletivo e solidário de plantas sem agrotóxicos entre os<br />
moradores do bairro Córrego Grande.<br />
11 12
Análise do cenário:<br />
Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças<br />
O gráfico de análise SWOT (Strengths - Forças, Weaknesses - Fraquezas, Opportunities<br />
- Oportunidades e Threats - Ameaças) que segue abaixo nos permite uma visão mais ampla<br />
do Quintal do Córrego Grande, levando em consideração fatores internos, nos quadrantes<br />
forças e fraquezas, e também fatores externos nos quadrantes oportunidades e ameaças.<br />
Quadro 1 – Análise SWOT para o estudo do Quintal Comunitário.<br />
Fatores internos<br />
Objetivos<br />
O gráfico de análise SWOT (Strengths - Forças, Weaknesses - Fraquezas, Opportunities<br />
- Oportunidades e Threats - Ameaças) que segue abaixo nos permite uma visão mais ampla<br />
do Quintal do Córrego Grande, levando em consideração fatores internos, nos quadrantes<br />
forças e fraquezas, e também fatores externos nos quadrantes oportunidades e ameaças.<br />
Quadro 1 – Análise SWOT para o estudo do Quintal Comunitário.<br />
Objetivo 01<br />
Forças<br />
– grupo dedicado e com amor ao local<br />
– organização de centro vazio<br />
– presença de gaiano<br />
– assessoria técnica da Floram e Comcap<br />
– apoio financeiro da associação de moradores<br />
do Jardim Albatroz (AMJA)<br />
Oportunidades<br />
Fraquezas<br />
– pouca participação de pessoas da comunidade<br />
– dificuldade na manutenção dos canteiros<br />
– dificuldade na frequência da rega<br />
– dependência de recursos financeiros<br />
externos.<br />
Ameaças<br />
- Cuidar dos bens hídricos (conhecer o terreno e criar valas de infiltração; captar e armazenar<br />
água pluvial)<br />
- Trabalhar no solo (adubação verde; famílias e consórcios vegetais; compostagem Método<br />
UFSC e beneficiamento do composto)<br />
Objetivo 02<br />
- Cuidar dos bens hídricos (conhecer o terreno e criar valas de infiltração; captar e armazenar<br />
água pluvial)<br />
- Trabalhar no solo (adubação verde; famílias e consórcios vegetais; compostagem Método<br />
UFSC e beneficiamento do composto)<br />
– Atividades educacionais no espaço;<br />
– Plantio agroecológico;<br />
– Editais públicos / Patrocínios<br />
– desinteresse da comunidade;<br />
– falta de cuidado com o local;<br />
– desapropriação do terreno.<br />
Objetivo 03<br />
- Criação de atividades educacionais periódicas que difundam os valores ambientais<br />
trabalhados na Horta Urbana e atraiam a participação dos moradores.<br />
Fatores externos<br />
Após a confecção do gráfico SWOT ou FOFA foi possível destacar a dependência do<br />
Quintal Comunitário de uma participação mais efetiva da comunidade e de recursos financeiros.<br />
As oportunidades, no entanto, de utilizar o espaço como local para educação ambiental<br />
ou a submissão de projetos para editais públicos, pode gerar recursos para demandas<br />
como a irrigação por gotejamento, que diminuiria, por exemplo, a pressão sobre a maior participação<br />
da comunidade na atividade específica de rega. Isto evitaria, também, desperdício<br />
dos recursos físico e financeiro: a aquisição de mudas e plantio.<br />
Objetivo 04<br />
- Captação de recursos humanos e materiais para tornar o Quintal do Córrego Grande<br />
mais autossustentável e inclusivo.<br />
13 14
Objetivo 1 - Aumentar a produtividade<br />
O aumento da produtividade, em um primeiro momento, aparenta ser um objetivo<br />
óbvio, para não dizer esperado. Mas as propostas que desenvolvemos aqui pretendem ir<br />
além de simples resultados finais (como uma colheita mais abundante e diversificada), por<br />
mais válido que seja esse desejo. Buscamos ações que olhem para o futuro do Quintal, assegurem<br />
sua prosperidade e fortaleçam sua resiliência. Isso se dá em diferentes frentes: garantindo<br />
a captação e armazenamento d’água, executando um manejo que contribua com uma<br />
fertilidade crescente do solo e otimizando as práticas agrícolas pela ampliação dos conhecimentos.<br />
Não é por acaso que nos voltamos aos princípios da Permacultura. Como o próprio<br />
nome já indica, queremos semear culturas de permanência - ou seja, continuamente aprimorar<br />
e repensar modos de fazer para que nosso trabalho responda da melhor forma às<br />
questões pertinentes de cada momento específico. E para isso é preciso observação. Esse é<br />
o fundamento do design permacultural. A vivência no espaço durante um estendido período<br />
de tempo é o que nos possibilita conhecê-lo e pensá-lo. Outra premissa fundamental é a<br />
eficiência. A possibilidade de aproveitar ao máximo cada esforço direcionado ao Quintal não<br />
é só atrativa como inteligente. Mas isso requer estudo e planejamento.<br />
Dito isso, a seguir estão nossas propostas que visam o aumento da produtividade do Quintal<br />
Comunitário.<br />
Cuidando dos Bens Hídricos<br />
Curvas de Nível e Valas de Infiltração<br />
Conhecer a topografia do terreno é um dos primeiros passos para a tomada de escolhas<br />
acertadas em relação ao projeto. Seguindo-a conseguimos ter um maior aproveitamento do<br />
espaço porque compreendemos uma dinâmica fundamental do sistema: o comportamento<br />
da água. A delimitação das curvas de nível servirá para prever o fluxo d’água e trabalhá-lo da<br />
melhor forma possível.<br />
Com poucos materiais podemos criar um “pé de galinha”: uma ferramenta simples e barata<br />
que nos permite definir as curvas de nível, ou seja, as linhas niveladas do terreno.<br />
Materiais para um “Pé de Galinha”<br />
· Três ripas de madeira ou varas de bambu –<br />
duas de aproximadamente 1,8 m e outra de 1 m;<br />
· Pregos, parafusos, barbantes<br />
· Um peso que servirá de pêndulo<br />
O objetivo é criar uma armação em formato de “A”. As duas ripas maiores devem formar um<br />
triângulo equilátero (os três ângulos em 60°). Una a junção no topo com pregos ou parafusos.<br />
A ripa menor deverá ser posicionada horizontalmente e presa na mesma altura dos dois<br />
lados. Por fim, amarre o barbante já com o peso no topo, cruzando a forma. O pêndulo deve<br />
estar próximo, mas não tocar, a ripa horizontal. Teste a ferramenta numa superfície plana<br />
para se assegurar do seu equilíbrio. O pêndulo deve estar sem oscilação bem no meio do<br />
triângulo.<br />
É essa centralização pendular que irá nos mostrar as linhas do terreno. Posicione-o no espaço<br />
até encontrar o equilíbrio. Marque com estacas as pontas do “A”. Siga procurando o<br />
alinhamento sempre posicionando uma das bases da ferramenta na última estaca marcada.<br />
A trilha criada a partir das marcações com as estacas é a sua curva de nível!<br />
15 16
A delimitação da topografia é o que necessitamos para a construção de valas de infiltração<br />
(swales).<br />
Esse projeto permitiria armazenar uma quantidade diária entre 112 e 51 L por dia, uma<br />
média de 69 L por dia, como mostra o quadro abaixo.<br />
Quadro 1 – Média do Índice pluviométrico de Florianópolis nos últimos 30 anos<br />
Swales<br />
Essa técnica lida diretamente<br />
com a circulação dos bens hídricos<br />
no terreno, especialmente<br />
quando tratamos de chuva. Os<br />
canais freiam a passagem da água<br />
pela superfície, evitam erosão e<br />
propiciam maior infiltração.<br />
Área do telhado = 17m2<br />
O número das valas, seu tamanho e distância uma das outras dependem do tipo de<br />
solo e da declividade do terreno. Quanto mais plano, menor o número de valas e seus tamanhos.<br />
Solos mais argilosos podem ter valas mais próximas. Sua elaboração deve ser seguida<br />
de um plantio de árvores, especificamente na área abaixo dos canais: elas servirão para<br />
sustentar as escavações, auxiliar na absorção da água e na deposição de cobertura vegetal<br />
– o que torna os swales espaços de enorme fertilidade!<br />
Armazenamento de água<br />
Nossa primeira sugestão para a captação<br />
de água da chuva seria através do telhado do<br />
abrigo para armazenamento de resíduos do<br />
prédio ao lado do Quintal, com área de, aproximadamente,<br />
17 m2. A ideia é utilizar um “projeto<br />
experimental” de aproveitamento de água<br />
da chuva com a tecnologia da minicisterna para<br />
residência urbana, como referência para a construção,<br />
consute site sempresustentavel.com.br<br />
A diferença seria a construção de um<br />
armário para sustentar as bombonas em um<br />
local mais elevado, a fim de gerar uma maior<br />
pressão na saída da água. Esse armário serviria<br />
também para guardar o ferramental utilizado na<br />
manutenção do terreno.<br />
armário<br />
cisterna<br />
OBS: O cálculo efetuado para o volume captado segue a fórmula abaixo, considerando o<br />
parâmetro C igual a 1 por ser uma superfície plana e não um telhado inclinado.<br />
V = P x A x C<br />
Onde:<br />
V = volume do reservatório em litros<br />
P = Precipitação média mensal (mm)<br />
A = área do telhado em projeção (m2)<br />
C = Coeficiente de escoamento runoff (adimensional)<br />
Sistema de Gotejamento<br />
A segunda sugestão, como o terreno possui água advinda de uma nascente localizada morro<br />
acima (água já utilizada para a rega), seria de captar essa água, através de um carneiro hidráulico<br />
e armazená-la em bombonas e então fazer irrigação por gotejamento, o que diminuiria, quase por<br />
completo, a necessidade de rega manual.<br />
Para a irrigação por gotejamento, a altura<br />
necessária da plataforma para sustentar as bombonas<br />
teria que ser em torno de 4 m, com mangueiras de, no<br />
máximo, 150 m de comprimento e espaçamento entre<br />
os gotejadores de 30 a 50 cm, solo arenoso e argiloso,<br />
respectivamente, e de 20 cm de distância das mudas.<br />
Um vídeo simples explica como construir o sistema.<br />
17 18
Trabalhando no Solo<br />
Adubação verde<br />
A adubação verde é uma técnica que consiste no plantio e corte de uma cobertura<br />
vegetal específica, formando uma rica camada de matéria orgânica que será incorporada<br />
ao solo. O aumento da fertilidade já é por si só um resultado atraente para colocá-la em<br />
prática, mas há outras vantagens. As raízes das plantas se aprofundam no solo e melhoram<br />
sua estrutura, descompactando e aumentando a infiltração da água, disponibilizam mais<br />
nutrientes para a camada superficial do solo, ocupam o espaço que poderia ser tomado por<br />
ervas-daninhas e são convidativas a insetos benéficos.<br />
A tabela abaixo indica algumas espécies adequadas para a adubação verde. Sugere-se<br />
que seja feita uma mistura entre aquelas disponíveis. É interessante reparar a proeminência<br />
de leguminosas. Isso se dá por suas raízes fazerem associação com uma bactéria (Rhizobium),<br />
o que garante seu potencial como fixadoras de nitrogênio.<br />
Alfafa Aveia Azevém<br />
Centeio Calopogônio Crotalária<br />
Ervilhaca Feijão de porco Girassol<br />
Guandú Labe-labe Leucena<br />
Mamona Milheto Mostarda<br />
Mucuna Nabo forrageiro Soja<br />
Corte as plantas antes de seu desenvolvimento máximo e deixe que elas se decomponham<br />
no solo. É preciso esperar uma estação entre a adubação verde e o início da cultura<br />
desejada.<br />
Famílias e Consórcios<br />
As espécies vegetais escolhidas para compor um canteiro irão depender das condições<br />
climáticas regionais e da época em que pretendemos plantar. Sugerimos também uma<br />
periódica rotatividade das culturas, evitando a repetição de famílias vegetais. Dessa forma,<br />
evitam-se possíveis problemas como insetos e doenças, além da manutenção da fertilidade<br />
do solo, diminuindo o esgotamento nutricional.<br />
Fabaceas (leguminosas)<br />
Poaceas (gramíneas)<br />
Solanáceas<br />
Cucurbitáceas<br />
Euforbiaceas<br />
Araceas<br />
Convulvuláceas<br />
Brássicas<br />
Apiáceas<br />
Asteráceas<br />
Feijão, soja, amendoim, grão de bico, ervilha, vagem, guandu<br />
Milho, arroz, trigo, cana de açúcar, centeio, aveia<br />
Batata inglesa, tomate, jiló, berinjela, pimentas, pimentão<br />
Abóbora, melão, melancia, chuchu, pepino, bucha vegetal<br />
Mandioca, mamona, mamão, seringueira<br />
Inhame, cará, mangarito<br />
Batata doce<br />
Brócolis, couve, couve flor, repolho, rabanete, nabo, rúcula,<br />
agrião<br />
Cenoura, coentro, salsinha, mandioquinha, erva doce<br />
Alface, chicória, escarola, girassol, serralha, margaridão<br />
Aliaceae<br />
Quenopodiáceas<br />
Cebola, alho poró, cebolinha<br />
Beterraba, espinafre, amaranto, quinoa, caruru<br />
Zingiberáceae Gengibre, cúrcuma<br />
Lamiaceae<br />
Hortelã, manjericão, orégano, tomilho, alfavaca, chia<br />
19 20
Também é interessante planejar consórcios de plantas companheiras, associando<br />
diferentes espécies que criam maior equilíbrio ecológico. Elas podem trabalhar em conjunto,<br />
beneficiando suas vizinhas com aromas repelentes de insetos danosos, criando sombra,<br />
agindo como quebra-vento, oferecendo suporte natural, atuando como cobertura para evitar<br />
ervas daninhas... Isso deve ser feito tendo em conta seus portes (alturas distintas) e tempos<br />
de colheita.<br />
Plantas Companheiras Inimigas<br />
Abóbora<br />
Alface, milho, rabanete, Batata<br />
vagem, feijão, taioba<br />
Alface<br />
Cenoura, rabanete, morango, Salsa, girassol<br />
pepino, beterraba, cebolas,<br />
abóbora, milho, pimentão,<br />
repolho, tagete<br />
Batata<br />
Ervilha, berinjela, repolho,<br />
abobrinha, feijão, milho, tagete,<br />
Pepino, tomate, girassol, abóbora,<br />
aipo, alecrim<br />
amaranto<br />
Beterraba Cebola, alface, repolho Tomate, feijão, vagem<br />
Cebola<br />
Alface, beterraba, cenoura, Feijão, ervilha<br />
repolho, morango, tomate,<br />
brócolis, amaranto<br />
Cenoura<br />
Aipo, alface, cebola, ervilha, Endro<br />
tomate, feijão, cebolinha,<br />
sálvia, alecrim<br />
Couve Repolho, aipo Tomate, vagem<br />
Feijão arbusto<br />
Beterraba, cenoura, couveflor,<br />
Cebola, alho, cebolinha, funcho<br />
repolho, pepino, al-<br />
ho-poró, milho, girassol<br />
Milho<br />
Abobrinha, abóbora, pepino,<br />
rabanete, vagem, feijão<br />
Rabanete<br />
Ervilha, melão abobrinha,<br />
pepino, alface, capuchinha,<br />
cenoura, milho<br />
Compostagem: Método UFSC de Leiras Estáticas<br />
Atualmente uma das mais ativas frentes de trabalho desenvolvido dentro e pelo Quintal<br />
é a compostagem de resíduos sólidos orgânicos. Apesar dos envolvidos já estarem cientes<br />
do seu modo operacional e benefícios, há pontos interessantes a serem recordados.<br />
A compostagem é uma atividade humana que mimetiza o processo natural da decomposição,<br />
isto é, a ciclagem da matéria orgânica. Existem diferentes técnicas (e escalas) de<br />
como fazê-la, mas sua base é a criação de uma pilha equilibrada entre cobertura vegetal<br />
fresca (nitrogenada e úmida) e cobertura vegetal seca (carbônica): é a relação carbono-nitrogênio<br />
(C:N).<br />
Composto ≠ Húmus ≠ Matéria orgânica do solo<br />
Fatores-chave para o sucesso do processo de compostagem:<br />
Microbiologia Umidade (40-60%) Oxigenação<br />
Temperatura Relação C:N Tamanho da partícula<br />
Entre seus benefícios estão a diminuição significativa daquilo que é enviado para<br />
aterros e lixões (evitando a contaminação da matéria orgânica passível de ser compostada),<br />
a prevenção da infiltração de líquidos tóxicos tanto no solo quanto nos lençóis freáticos,<br />
o potencial na mitigação de emissões de gases do efeito estufa (especialmente o metano,<br />
20 vezes mais nocivo que o carbônico) e, claro, o próprio composto resultante! Que, além<br />
de nutricionalmente rico, é uma substância capaz de reter <strong>grande</strong>s quantidades de água e<br />
regenerar as condições do solo, podendo ser usado até para descontaminação de metais<br />
pesados (biorremediação).<br />
Repolho<br />
Beterraba, aipo, batata, alface,<br />
Feijão, alho, tomate<br />
espinafre, sálvia, hort-<br />
elã, orégano<br />
Rúcula Vagem Salsa<br />
21 22
Quanto mais o projeto do Quintal Comunitário se expande, maior será o número de moradores<br />
conscientes da importância da segregação dos resíduos em três frações: compostáveis,<br />
recicláveis e rejeitos. A adesão crescente deve andar de mãos dadas com um reforço constante<br />
que como separar de maneira adequada as sobras domésticas. Essa é a garantia de<br />
um processo de compostagem bem-feito e de um material resultante de alta qualidade.<br />
Também temos que olhar para o futuro. Atualmente as três leiras de bambu são o<br />
suficiente para atender os participantes ativos do projeto mas certamente não bastarão para<br />
suprir uma demanda em escalada. Por isso, o Método de Leiras Estáticas desenvolvido pela<br />
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) aparece como uma solução adequada. Seu<br />
manejo é prático, o processo é satisfatório para <strong>grande</strong>s quantidades residuais e o resultado<br />
é um composto <strong>final</strong> homogêneo e livre de qualquer contaminação por patógenos, dada às<br />
altas temperaturas atingidas.<br />
O Método das Leiras Estáticas foi projetado para a otimização da aeração natural.<br />
Enquanto outras técnicas de compostagem trabalham com uma massa indiscriminada de<br />
resíduos orgânicos e secos que é revolvida de dias em dias para a aeração efetiva (visto que<br />
ela se dá de maneira desigual, concentrando-se nas bordas), o Método UFSC é sequencial.<br />
Intercalam-se duas camadas: uma mistura úmida, resultado da soma dos restos alimentares<br />
domésticos com poda vegetal picada, e um estrato de apenas poda picada. Esse é o recheio.<br />
A delimitação da estrutura e a cobertura são feitas a partir de camadas de palha, que mantém<br />
o calor do sistema mas inoculam o odor do processo.<br />
A ênfase dessa compostagem deixa de ser o manejo e torna-se o projeto! Seu diferencial<br />
é a arquitetura. Como as camadas são deixadas para descansar, sem serem reviradas,<br />
a sequência de degradação da matéria ocorre com maior eficiência pois o calor é preservado<br />
(indo até mesmo aos 75°C). É essencial ter atenção durante sua montagem!<br />
Marque no solo: a largura da leira será sempre, no máximo, de 2 metros, já o comprimento<br />
pode variar de acordo com o espaço definido e a necessidade (uma leira de 2x8 m comporta<br />
até 10 toneladas de resíduos). Pense em como aproveitar melhor a área sabendo que as<br />
leiras devem ser separadas por 1 metro (passagem de equipamentos e manejo). Leve também<br />
em consideração que cada leira precisa de, no mínimo, 48 horas de descanso após uma<br />
alimentação!<br />
Hora da escavação: o solo precisa ser impermeabilizado! O líquido que vaza da leira não é<br />
chorume, ao contrário, é um poderoso biofertilizante líquido. Mas, em contato direto e prolongado<br />
com a terra, pode causar desequilíbrios ecológicos. Assim sendo, faça uma abertura<br />
em forma de “V” com uma pequena queda para a drenagem. Pode-se começar com uma<br />
lona de polietileno para garantir a impermeabilização, seguido por uma camada de brita e o<br />
posicionamento central de um dreno corrugado (para não se amassar com o peso da leira) –<br />
dando para uma caixa de acumulação. Por fim, envolva o cano com uma manta de absorção<br />
(tipo bidim) e <strong>final</strong>ize com uma cobertura de areia.<br />
Arquitetando: hora de montar a estrutura. Comece delimitando o formato com palha e criando<br />
o chão com uma boa base de poda em pedaços generosos – é a garantia da circulação<br />
de ar. Siga com mais uma camada de poda picada, dessa vez mais fina, e uma cobertura de<br />
composto já pronto. Ele dará o start no processo, é o inoculante, fornecendo os alguns dos<br />
microrganismos responsáveis pela decomposição.<br />
Alimentação: a leira está pronta! Alimente-a com um mix equilibrado entre os resíduos alimentares<br />
orgânicos e uma porção de poda picada ou serragem (garantindo o equilíbrio C:N).<br />
Adicione por cima outro nível de poda ou serragem. Cubra bem a leira com palha, certificando-se<br />
de que toda sua estrutura está revestida. Sempre que for alimentá-la use a cobertura<br />
para reforçar a estrutura e reponha a palha do topo.<br />
Algumas considerações: utilize a mesma leira até que ela atinja de 1,5 a 1,7 m, conforme a<br />
possibilidade de manejo em alturas mais elevadas. Na última alimentação, revire-a para criar<br />
homogeneidade e desconcentrar a matéria fresca do topo. Deixe a leira descoberta o menor<br />
tempo possível a cada manejo. Todo o processo de compostagem leva 3 meses, sendo 90<br />
dias de alimentação e 30 dias em repouso. Para se certificar que o composto está maduro,<br />
verifique se encontra-se em temperatura ambiente e conta com a presença de macrorganismos<br />
(insetos de jardim como tatu-bola e minhoca).<br />
Planejamento é imprescindível! Certifique-se de sempre ter um estoque de palha, poda picada<br />
e serragem, elas serão sempre usadas. Como será a recepção dos resíduos?<br />
Facilita se eles forem concentrados em bombonas e então levados para a área de compostagem.<br />
Quantos recipientes de armazenamento serão necessários por prédio para comportar a<br />
quantidade de resíduos segregados e mesmo assim serem viáveis de transporte até o espaço?<br />
Coletar matéria orgânica por mais de um dia é possível, mas não estenda essa espera,<br />
corre-se o risco de insalubridade.<br />
23 24
Para educar, inspirar e transformar<br />
O CEPAGRO Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo) é uma entidade<br />
também sediada e atuante em Florianópolis. Com a premissa de promover a agroecologia<br />
rural e urbana, são prestados serviços de consultoria para hortas, compostagem, gestão<br />
residual e educação ambiental. Periodicamente cursos e oficinas são oferecidos.<br />
A mais proeminente ação coordenada pelo Cepagro é, certamente, a Revolução dos<br />
Baldinhos. Menos de 20 quilômetros separam o Quintal Comunitário do Córrego Grande<br />
da comunidade Chico Mendes, localizada no bairro Monte Cristo. Em 2008, um surto de<br />
leptospirose foi o estopim para que moradores locais se articulassem na gestão autônoma<br />
dos resíduos orgânicos. Por um trabalho de conscientização porta a porta os habitantes<br />
aprendem a separar a matéria doméstica fresca, armazenando-a em baldes e bombonas,<br />
periodicamente recolhidos e levados para dois pátios de compostagem instalados na região.<br />
Ao utilizar o método USFC de Leiras Estáticas, a comunidade obteve mais do que qualidade<br />
de vida por ter um processamento eficiente e seguro de seus resíduos orgânicos. Uma cooperativa<br />
de educação, coleta e manejo foi montada. Após a <strong>final</strong>ização do ciclo, o composto<br />
resultante é ensacado e comercializado, sendo uma fonte de renda.<br />
Vale refletir qual é nossa responsabilidade individual sobre aquilo que consumimos e<br />
descartamos. Cerca de 50% da matéria domiciliar é de recicláveis orgânicos, isto é, conteúdo<br />
que poderia ser compostado! As redes de atendimento de nossas necessidades cotidianas<br />
(nesse caso a coleta e o transporte do chamado “lixo”) costumam passar despercebidas.<br />
Erroneamente são tomadas como pressupostos. E isso se reflete no nosso mecanismo autômato<br />
na hora de adquirir um produto novo e soltá-lo no primeiro lugar aparentemente<br />
adequado, quando muito. É nosso papel compartilhar esse dever de gestão com os governos<br />
locais. Sem dúvida, seguindo incentivos e exemplos top-down, mas também enxergando a<br />
importância de uma mobilização que parte da própria sociedade!<br />
O Pátio de Compostagem da Lapa, Zona Oeste de São Paulo, foi inaugurado em<br />
dezembro de 2015 e é um exemplo de um bom engajamento governamental. Contando com<br />
a assessoria do Cepagro, o espaço se tornou referência nacional na utilização do método<br />
UFSC de Leiras Estáticas para processar sobras de frutas, verduras e legumes de feiras locais,<br />
lidando diariamente com até 4 toneladas de resíduo. O composto consequente é oferecido<br />
aos próprios feirantes. Um dos pontos mais interessantes do Pátio é a dinâmica diferenciada<br />
no transporte e gerenciamento dos resíduos sólidos orgânicos. Essa logística de recolha e deposição<br />
é financeiramente custosa, seja pela delimitação dos trajetos, seja pela própria compra<br />
(e queima) de combustíveis fósseis. Em vez de caminhões percorrerem longos caminhos<br />
até as zonas destinadas aos aterros e lixões, a ciclagem daquilo que é coletado ocorre sem<br />
transtornos em meio à cidade, descentralizando o sistema. A própria população aprende,<br />
ganha ciência da viabilidade da compostagem e perde qualquer receio em relação à higiene<br />
e odores que creem inerentes ao ambiente.<br />
Composto, biofertilizantes e resiliência econômica<br />
Por fim, como já indicado nos exemplos anteriores, o beneficiamento e comercialização<br />
do composto são passos interessantes a serem seguidos. No futuro, seja o método<br />
sugerido seguido ou não, a venda do conteúdo resultante da compostagem tem o potencial<br />
de se tornar uma oportunidade contínua de captação de renda, visto que o processamento<br />
da matéria orgânica é uma necessidade permanente.<br />
Em outubro de 2017 o Conselho Nacional do Meio Ambiente, pela resolução 481, estabeleceu<br />
parâmetros claros a respeito do controle sanitário a ser seguido durante o fazer da compostagem.<br />
Desde que não façam venda indireta do produto, pequenos geradores de resíduos<br />
sólidos (menos de 120 litros diários) estão isentos de seu cumprimento. Entretanto, as linhas<br />
apontadas pela resolução CONAMA são pertinentes: visam a segurança ambiental e estipulam<br />
um controle de qualidade para o produto resultante.<br />
Dentre as diretrizes, destaca-se especialmente o período termofílico mínimo requerido<br />
para a sanitização de patógenos. A temperatura é a indicadora da atividade microbiana.<br />
Tanto o manejo que já ocorre no Quintal Comunitário quanto o método UFSC de Leiras Estáticas<br />
se enquadram em sistemas abertos, isso é, a céu aberto. Segue a tabela:<br />
Sistema de Compostagem Temperatura (°C) Tempo (dias)<br />
Sistemas abertos > 55 °C<br />
> 65 °C<br />
14<br />
3<br />
Sistemas fechados > 60 °C 3<br />
Os resíduos orgânicos segregados para a compostagem sofrem uma redução aproximada<br />
de 80% em massa e volume. O composto derivado, para atingir seu auge qualitativo,<br />
deve ainda passar por alguns cuidados de tratamento. Convém que passe por uma peneira<br />
(horizontal ou rotativa, manual ou mecânica) para homogeneização e separação das partículas.<br />
Deve também estar protegido de condições climáticas (muito sol, chuva) para que não<br />
perca suas propriedades. Se essa manipulação <strong>final</strong> não for possível de imediato, cubra o<br />
composto. Quanto aos excedentes líquidos capturados pelas caixas de armazenamento (biofertilizante),<br />
é imprescindível a diluição antes do uso. Para aplicação foliar, a proporção é de<br />
20:1 (relação água-biofertilizante). Já para o uso nas raízes, a proporção é de 10:1.<br />
25 26
Objetivo 2 - Preservar o meio ambiente<br />
e reduzir a emissão de CO2<br />
O Quintal Comunitário claramente consiste em uma iniciativa que atua na preservação<br />
ambiental. As ações realizadas de manutenção/ampliação de áreas verdes, a consciência<br />
de se ter plantios que cuidem da biodiversidade e a convivência harmônica com diferentes<br />
espécies animais que visitam e moram no local são os indicativos disso.<br />
O Quintal e a Horta Urbana tem o potencial de atuar como ambientes de minimização<br />
do impacto negativo humano na natureza numa microescala: as composteiras reduzem<br />
resíduos orgânicos dos lixões; verduras/legumes/frutas podem ser colhidas no próprio <strong>quintal</strong>,<br />
reduzindo o uso de transporte para moradores das redondezas; as áreas verdes auxiliam<br />
na purificação, umidade do ar e na manutenção do ciclo do carbono.<br />
Embora ações como a do Quintal Comunitário alcancem uma pequena escala, seus<br />
impactos podem ser multiplicados, uma vez que podem servir de exemplo e serem aplicadas<br />
em outros locais. Além de cultivar bons relacionamentos na comunidade, valorizar o local e<br />
minimizar a necessidade de buscar valor em locais distantes.<br />
Diante disso, nossas análises e propostas no âmbito ambiental visam somar com o<br />
que é feito hoje e fornecer perspectivas para possíveis projetos futuros. Iniciaremos o assunto<br />
expondo alguns dados a respeito do consumo de energia elétrica no Brasil, bem como o<br />
conceito de pegada de carbono.<br />
Pegada do Carbono<br />
Sabe-se que a matriz energética brasileira apresenta destaque no uso de energia<br />
renovável tendo em vista a contribuição significativa das usinas hidrelétricas. As principais<br />
fontes de energia elétrica no Brasil são a hidroeletricidade (61%), combustíveis fósseis (15%),<br />
biomassa (9%) e eólica (9%). Em Santa Catarina existem 16 usinas hidrelétricas gerenciadas<br />
pelas Celesc (Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A). No entanto, há de se considerar os impactos<br />
ambientais e sociais gerados na construção de usinas, tais como, inundação de áreas<br />
verdes, morte da fauna e da flora do local e deslocamento de pessoas de suas residências.<br />
Diante disso, as energias solar e eólica, ainda que incipientes pelo alto custo, consistem em<br />
formas alternativas de geração de energia elétrica com menor impacto ambiental.<br />
Um conceito importante que mede o nosso impacto no meio ambiente em termos de mudança<br />
climática é a pegada de carbono. Esta se relaciona com o quanto de gases de efeito<br />
estufa (exemplo: gás carbônico, metano, óxido nitroso) que são emitidos em decorrência das<br />
atividades diárias relacionadas a uma pessoa, empresa ou atividade. Geralmente mede-se a<br />
pegada de carbono em toneladas de dióxido de carbono equivalente por ano (t CO2 pa). A<br />
emissão de gases de efeito estufa pelo homem (fenômeno não natural) ocorre quando combustíveis<br />
fósseis (carvão, petróleo e gás natural) são queimados para transporte, geração de<br />
eletricidade e produção de calor. É fato que o uso de combustíveis fósseis trouxe progresso<br />
para a humanidade e um estilo de vida mais confortável. Em contrapartida, houve um custo<br />
ambiental envolvido.<br />
Os impactos negativos advindos da queima de fontes fósseis são a poluição local do<br />
ar, problemas políticos e econômicos ao redor do mundo e a emissão de gases de efeito<br />
estufa, o que gera preocupação por parte de estudiosos e ambientalistas com relação ao<br />
aquecimento global (aumento da temperatura média superficial do planeta). Algumas possíveis<br />
consequências de uma mudança climática são a queda de rendimentos na colheita, a<br />
extinção de espécies, o desaparecimento de geleiras, o aumento do nível do mar e o aumento<br />
de incidências de mudanças no clima abruptas.<br />
O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas estudou o fenômeno e estabeleceu<br />
com 95% de certeza que o atual aquecimento global é principalmente causado por<br />
atividades humanas (IPCC, 2014). Tendo em vista esse cenário, alternativas para o uso de<br />
combustíveis fósseis são bem vindas para a nossa saúde enquanto espécie humana e para<br />
a saúde planetária. Trata-se de delinear um progresso que respeita o planeta, ou seja, um<br />
desenvolvimento sustentável. Em 2015, as Nações Unidas estabeleceram os 17 Objetivos do<br />
Desenvolvimento Sustentável (ODSs) para serem implantados até 2030. Combater as mudanças<br />
climáticas e assegurar energia acessível e limpa são alguns desses objetivos.<br />
27 28
Vale pontuar que, em 1975, tendo em vista a crise do petróleo da década de 1970, o<br />
Brasil instituiu o Programa Nacional do Álcool (Proálcool) por meio do qual encorajou o uso<br />
de etanol da cana de açúcar como combustível automobilístico. Embora a força motriz para<br />
essa sanção governamental tenha tido interesse primariamente econômico, reverberou em<br />
um menor impacto ambiental por reduzir o consumo de combustíveis fósseis e, portanto, a<br />
emissão de gases de efeito estufa.<br />
Esse cenário foi traçado para percebermos que levamos uma vida moderna no meio<br />
urbano fortemente dependente da energia elétrica e, consequentemente, dos combustíveis<br />
fósseis, na maioria dos casos. Além disso, esses dados objetivam que reflitamos sobre a influência<br />
da espécie humana na natureza, que produziu e produz diversos impactos negativos<br />
advindos da exploração dos recursos naturais para moradia, alimentação, trabalho e lazer.<br />
Em se tratando de moradia, a história da humanidade foi marcada pelo desmatamento<br />
de florestas, pelo êxodo rural e pela habitação de centros urbanos. Estes, geralmente,<br />
contém prioritariamente construções em relação a áreas verdes. Com base nisso podemos<br />
pensar: estamos vivendo nas cidades harmonicamente com a natureza? Estamos cuidando<br />
dos ambientes com áreas verdes no meio urbano?<br />
Considerando a realidade do Quintal Comunitário, pode-se observar que o consumo<br />
energético é relativamente baixo comparado ao de uma casa comum: o uso de energia<br />
elétrica advém da iluminação do local à noite por uma lâmpada e da roçadeira utilizada para<br />
manejo do local, alimentada por baterias.<br />
No entanto, nossa pegada de carbono e consequente influência na mudança climática global<br />
operam também em níveis mais sutis, relacionados desde a casa em que vivemos, o transporte<br />
que usamos e nossos hábitos de consumo. Estes estão relacionados ao ciclo de vida<br />
dos produtos que usamos.<br />
Uso sustentável de energia<br />
Em face das mudanças climáticas, deve existir uma tendência para a diminuição do<br />
uso de combustíveis fósseis e a migração para a utilização de fontes renováveis de energia.<br />
Para minimizar o impacto no ambiente dos sistemas de energia que usamos é preciso que o<br />
uso da energia seja eficiente e eficaz.<br />
É importante cuidar para que os equipamentos<br />
usados ou a serem comprados para uso<br />
no Quintal sejam eficientes e de tamanho adequado<br />
em termos energéticos. Muitos aparelhos<br />
elétricos vêm acompanhados do Selo Procel<br />
mostrando a classificação de energia, o que permite<br />
uma escolha mais adequada do equipamento<br />
frente às opções de mercado.<br />
Minimizar a necessidade de transporte é outro ponto que influencia na redução de<br />
gases de efeito estufa emitidos. Desta forma, localizar as atividades dentro e nas proximidades<br />
do Quintal também é uma ação que está relacionada com as mudanças climáticas. O<br />
projeto do Quintal poderia também atuar num nível de conscientização da comunidade a<br />
respeito de opções de transporte mais sustentáveis até o local para que o consumo de combustíveis<br />
fósseis seja mínimo possível. Assim, as pessoas podem se deslocar por caronas no<br />
caso de carros movidos por combustíveis fósseis, podem utilizar de transporte público, bicicleta<br />
ou podem caminhar até o local. Esses conceitos podem ser expandidos para o hábito de<br />
transporte para outros locais.<br />
Por isso, soluções sustentáveis para os problemas ambientais decorrentes dos maus<br />
hábitos humanos encontram-se não apenas no âmbito dos sistemas de fornecimento energia,<br />
mas também nos sistemas de fornecimento de alimentos, de água e de materiais de construção.<br />
A ideia é criar padrões circulares, em vez de padrões lineares, de fluxos de materiais<br />
e de energia com o uso de fontes renováveis. Isso consiste em uma maneira de aprendermos<br />
com a natureza compreendendo os seus processos cíclicos (exemplos: ciclos biogeoquímicos,<br />
ciclo da água, ciclos climatológicos).<br />
29 30
Consumo sustentável de alimentos<br />
Os alimentos colhidos na Horta Comunitária estimulam o consumo local, além de<br />
criarem e fortalecerem as conexões entre as pessoas do bairro. Daí vem a importância e a<br />
necessidade de se valorizar os alimentos produzidos localmente no Quintal, em vez daqueles<br />
de origens distantes vendidos em supermercados. Os alimentos locais também poupam<br />
o uso de transporte, fortalecem cadeias de suprimentos mais localizadas e regionalizadas,<br />
reduzindo nossa pegada diária de carbono.<br />
Um tópico digno de nota consiste em se proibir o uso de substâncias tóxicas e de<br />
defensivos agrícolas no plantio da horta. Além dos males que causam para a saúde humana,<br />
essas substâncias percolam e contaminam o solo e as águas sob o solo superficial. O Quintal<br />
pode funcionar como um espaço onde os conceitos de agroecologia e de alimentação orgânica<br />
estejam vivos e sejam exemplos práticos.<br />
Uso sustentável da água<br />
A retenção, o armazenamento e o uso da água da chuva consistem em uma prática<br />
interessante para o aumento da produtividade do Quintal, conforme apresentado previamente.<br />
Sob outra perspectiva, essa prática também permite uma gestão sustentável das bacias<br />
hidrográficas em escala local e regional, pois em vez correr em direção a rios e de volta<br />
ao mar, a água potável armazenada pode ser usada ao longo de todo o ano para irrigação<br />
da Horta Comunitária. Esse processo caracteriza-se pelo fechamento do ciclo da água com a<br />
reutilização para irrigação.<br />
As superfícies construídas, em geral, são feitas com revestimentos impermeáveis (exemplo:<br />
asfalto, cimento), o que reduz a infiltração de água no solo.<br />
Nesse contexto, os espaços não construídos no Quintal Comunitário devem ser<br />
preservados e cobertos com vegetação, pois contribuem positivamente para a infiltração de<br />
água no solo.<br />
Sede da AMJA: uma possível construção sustentável<br />
Com relação às construções já feitas, pouco há que se fazer em termos de estrutura<br />
da construção, a não ser que caibam reformas. No que diz respeito a novas construções, podemos<br />
pensar em maneiras mais ecológicas de se construir.<br />
O impacto gerado pelas atuais formas não-sustentáveis de se construir é assustador.<br />
Cerca de 40% de todos os recursos gastos anualmente no mundo são direcionados para<br />
esse campo: 1/4 da madeira extraída, 2/5 da energia consumida, 1/6 da água potável. A<br />
construção natural não é apenas uma alternativa possível, é uma necessidade latente.<br />
Apresentamos, então, propostas para a construção da sede da AMJA, prevista para<br />
ocorrer no terreno adjacente ao Quintal Comunitário, para que possa servir de modelo sustentável<br />
para outras construções.<br />
Para que o projeto da construção seja sustentável em termos econômico e de planejamento,<br />
é indicado convidar arquitetos e construtores para participar do desenvolvimento do<br />
projeto e dos processos de construção, ao invés de contratá-los como prestadores de serviço.<br />
Ao envolver esses profissionais, a comunidade do Quintal poderá aprender com eles e o projeto<br />
será construído com um viés colaborativo.<br />
A Permacultura propõe maneiras de equilibrarmos o ambiente em que vivemos, por<br />
exemplo, através da bioconstrução. Esta técnica busca reaproveitar materiais e recursos<br />
disponíveis localmente (exemplo: terra, pedra, madeira) ou que tenham passado o mínimo<br />
possível por processos industriais. Podem ser reaproveitados também esquadrias (janelas,<br />
portas, portões) de outra construção antiga. A bioconstrução também estimula o crescimento<br />
de empresas e de pessoas ocupadas com as questões sustentáveis, assim como o comércio<br />
local, o que reduz a pegada de carbono.<br />
Sempre que possível devemos utilizar materiais retirados do próprio local onde vivemos.<br />
Terra, pedras, palha, madeira e/ou recicláveis tais como plástico e pneus usados são<br />
materiais de construção com baixo impacto ambiental e que poderiam ser usados para compor<br />
a sede da AMJA. Um mutirão com pessoas da comunidade com o auxílio de especialistas<br />
nessa área pode levantar a obra. Considerando o fato de que a comunidade é pequena e tem<br />
os seus compromissos no cotidiano, propomos que a construção seja feita dentro das possibilidades<br />
das pessoas e que esteja dentro da realidade da comunidade, ainda que não sejam<br />
usados os melhores materiais em termos de emissão de carbono neutro.<br />
31 32
Construção com solocimento<br />
Diante disso, sugerimos a técnica de solocimento, que consiste em um tijolo feito de<br />
areia, argila e cimento. O impacto ambiental dos tijolos de solocimento é menor que o dos<br />
tijolos comuns pois, ao contrário destes últimos, eles não são queimados e, portanto, não<br />
consomem combustíveis fósseis durante a sua fabricação.<br />
Estima-se que em 8 horas de trabalho, uma equipe de apenas 3 pessoas consegue<br />
confeccionar até 1500 tijolos de alta qualidade. A velocidade do processo construtivo é uma<br />
de suas principais vantagens. Congregar os moradores nessa atividade construtiva, apesar<br />
de trabalhoso, é bastante enriquecedor. Em primeiro lugar, pelo caráter educativo – o aprendizado<br />
de quais as possibilidades de edificações sustentáveis, como e por que fazê-las. Segundo,<br />
a movimentação da energia coletiva – a capacidade de criação quando esforços se<br />
unem, uma interação colaborativa que faz nascer uma ideia em comum.<br />
O tijolo de solocimento é regularizado pelas normas construtivas brasileiras. Para crialo,<br />
são necessárias algumas ferramentas:<br />
- Ferramentas para fazer o tijolo de solocimento:<br />
· Uma prensa manual ou pneumática;<br />
· Uma betoneira, para melhor homogeneização da mistura;<br />
· Colheres para limpar as fôrmas;<br />
· Matéria-prima: terra e cimento<br />
Podemos apontar algumas considerações. A cor do tijolo dependerá do tipo da terra<br />
(subsolo) usada. Convém que a terra escolhida seja composta de 30% de argila e que, antes<br />
do seu uso, seja peneirada – diminuindo o tamanho do grão e eliminando qualquer resquício<br />
de matéria orgânica. Assim, garantimos um tijolo resultante sólido e compacto.<br />
A proporção utilizada é de 1:10, isto é, uma parte de cimento para cada dez partes de<br />
terra. A água deve ser adicionada aos poucos à mistura para evitar que fique muito molhada.<br />
Atenção a mistura obtida é o ponto central, certificar-se de sua qualidade é evitar resultados<br />
indesejados.<br />
Se uma prensa manual for usada, uma dica é não empilhar os tijolos no primeiro dia<br />
e tocá-los o mínimo possível. Suas bordas ainda estão frágeis. Após 24 horas, já é possível<br />
empilhar. O tempo também deve ser respeitado durante a cura do tijolo: no mínimo uma<br />
semana onde serão molhados duas vezes por dia, evitando assim rachaduras.<br />
Um manual especializado de como fabricar esses tijolos pode ser encontrado aqui, bem<br />
como o detalhamento de outras técnicas de bioconstrução.<br />
Banheiro seco<br />
Quando um sanitário convencional é utilizado, a cada descarga, pelo menos 6 litros de<br />
água potável são poluídos e jogados fora. Estima-se que o uso da descarga equivalha a 1/3 da<br />
água gasta residencialmente. Uma alternativa para essa situação consiste em se utilizar um<br />
banheiro seco ou sanitário compostável. Ao se realizar a compostagem dos resíduos sólidos<br />
humanos, produz-se adubo orgânico que pode ser utilizado na agricultura. Este vídeo mostra<br />
um modelo de sanitário compostável que recomendamos por ser bem simples e por requerer<br />
pouco investimento financeiro. Para montá-lo, é preciso uma caixa de madeira, um balde<br />
<strong>grande</strong>, tampas para fechamento do sanitário e um balde com serragem para cobrir as fezes.<br />
Outra opção é uma estrutura mais elaborada.<br />
Esse sanitário compostável<br />
supre todos os níveis de higiene<br />
exigidos convencionalmente.<br />
Não há mau cheiro, não há uso<br />
de água para a descarga, não há<br />
transferência de patógenos para<br />
o solo. A sanitização dos dejetos<br />
é feita pela temperatura e pela<br />
passagem do tempo. Uma placa<br />
preta exterior ao sanitário é<br />
aquecida pela luz do sol e garante<br />
que a temperatura na câmara<br />
coletora suba. A seguir está uma<br />
ilustração que exemplifica a construção<br />
de forma simplificada:<br />
A câmara de compostagem está assinalada pela cor cinza. É necessário que ela esteja<br />
numa angulação de 45° e a uma altura de 80 cm em relação ao assento para garantir uma<br />
queda correta dos dejetos. Ela deve ser toda em preto para a manutenção da temperatura e<br />
completamente vedada para evitar insetos e animais. Bem como o topo da chaminé, coberta<br />
por uma tela para não permitir a entrada de moscas.<br />
Para sanitários de <strong>grande</strong> porte, constroem-se duas câmaras individuais, para que<br />
enquanto uma composta a outra seja utilizada. Para isso, um assento com duas quedas separadas<br />
é necessário. O que não está sendo utilizado deve ser sempre coberto. A serragem é<br />
usada a cada vez para inocular odores, um cesto sempre cheio tem que estar ao alcance das<br />
mãos.<br />
33 34
Objetivo 3 - Desenvolver pessoas e unir<br />
comunidades<br />
Entendemos que a sociedade, como um todo, precisa evoluir no sentido de respeitar<br />
a natureza, a fauna a flora e também a própria espécie. Por isso, acreditamos que o Quintal<br />
tem um papel importante nesse sentido: o de promover o desenvolvimento humano e social<br />
através de vivências e práticas socioeducativas, contribuindo na formação de pessoas mais<br />
conscientes, responsáveis e protagonistas de uma mudança positiva.<br />
Nossa proposta consiste em criar um espaço de partilha de conhecimento voltado à sustentabilidade,<br />
desenvolvimento humano e social, cidadania, empoderamento, comunidades<br />
resilientes e afins.<br />
Quando nos reunimos intencionalmente em volta de um tema, abrimos um campo<br />
onde a sabedoria do grupo pode se manifestar enquanto estreitamos laços de respeito,<br />
amizade e corresponsabilidade. Numa sociedade profundamente mergulhada no individualismo<br />
e na separação, movimentos que nos aproximam uns dos outros são uma questão de<br />
saúde. São lembranças de nossa inerente interdependência e interconexão – ultrapassando<br />
as relações humanas e nos lembrando de nosso lugar dentro de toda a teia da vida.<br />
Visualizamos o potencial do Quintal para abranger os três itens relacionados ao<br />
desenvolvimento de pessoas e deixamos a proposta que segue.<br />
Educação ambiental<br />
Propomos a criação de um grupo de trabalho dentro do Programa Prosas, exclusivo<br />
para a busca de interações com instituições de ensino, escolas-universidade:<br />
GTEDU (Grupo de Trabalho Educação).<br />
Tendo em vista as partes interessadas, como ilustrado na página 8, É possível pensar<br />
em parcerias público-privadas entre o espaço do Quintal e a comunidade em busca de<br />
um modelo de desenvolvimento coletivo, pois o Quintal possui espaço para observação de<br />
espécies, composteiras e minhocário, um pequeno córrego, canteiros, etc, que podem ser<br />
relacionados a diversas disciplinas como Biologia, Química, Matemática, Física, Educação<br />
Financeira entre outras.<br />
O desenvolvimento do grupo pode ser também pensado pelo GTEDU com o convite de pessoas<br />
com experiência em temas de interesse dos colaboradores e da comunidade.<br />
Deixamos algumas possibilidades de temas como Agricultura Sintrópica, uso de ervas medicinais,<br />
plantio e reconhecimento de PANCs (plantas alimentícias não convencionais).<br />
Oficina da Terra<br />
Exiete um belo trabalho socio-educativo, que vem sendo feito no Parque Ecológico do<br />
Córrego Grande, que pode servir de inspiração para o Quintal, há também a possibilidade de<br />
ser feita uma parceria.<br />
A Ong Autonomia em parceria com<br />
a Floram e o Parque Ecológico do<br />
Córrego Grande, oferece uma nova<br />
disciplina: a Oficina da Terra. O<br />
tempo despendido neste espaço<br />
será para a prática de horticultura<br />
e interação com a natureza para as<br />
crianças em suas diversas formas de<br />
existir, com seus limites, potências<br />
e particularidades, em conjunto<br />
com suas famílias e mediadores.<br />
disciplinas como Biologia, Química,<br />
Matemática, Física, Educação Financeira<br />
entre outras.<br />
35 36
Protagonismo e Liderança<br />
Sugerimos que as qualidades de liderança e o empoderamento pessoal sejam<br />
estimulados em cada participante do grupo do Quintal do Córrego Grande, para que assim<br />
todos possam sentir-se parte importante do grupo e exerçam o poder de transformação que<br />
existe dentro de si.<br />
Manter-se como grupo comunitário é complexo, comunidades são como organismos<br />
vivos que estão em constante movimento. Assim como a vida das pessoas, entende-se que<br />
os conflitos serão uma constante no grupo. Portanto, para que o Grupo do Quintal seja mais<br />
bem sucedido e próspero, é importante que algumas habilidades de liderança sejam desenvolvidas<br />
individualmente e coletivamente<br />
Observamos que as atividades desenvolvidas no Quintal possibilitam o desenvolvimento<br />
de habilidades de liderança e fizemos uma adaptação dos quatro quadrantes (4Qs),<br />
da Teoria Integral, para facilitar no desenvolvimento dos integrantes do Quintal e no grupo,<br />
como um todo.<br />
Desenvolver para com o grupo<br />
Neste quadrante pretende-se abordar habilidades para alcançar melhores resultados em<br />
grupos e organizações. É primordial considerar a visão, missão e valores do Quintal.<br />
Para o sucesso na execução de cada projeto, é importante que seja definido um plano de<br />
ação com objetivos e metas que sejam específicos, mensuráveis, atingíveis, relevantes e<br />
que tenham prazos, como sugere o modelo SMART.<br />
Desenvolver para com o todo<br />
O objetivo neste quadrante é desenvolver uma visão mais sistêmica e entender o grupo<br />
em um contexto mais amplo. Como as ações do grupo dependem e também influenciam<br />
o todo?<br />
Criamos este gráfico que poderá auxiliar no desenvolvimento do grupo e também no<br />
desenvolvimento de cada indivíduo.<br />
Entendemos que há demanda de uma liderança holística baseada nos 4Qs e, por esse<br />
motivo, partimos de uma perspectiva pessoal para uma visão mais global.<br />
Desenvolver para consigo<br />
O quadrante do EU está votada ao nosso desenvolvimento pessoal.<br />
Como nós lidamos com nossas emoções, como enxergamos o mundo e nos relacionamos<br />
com ele?<br />
Quando buscamos um equilíbrio e cuidamos da nossa saúde física, mental, espiritual<br />
e até mesmo financeira, temos mais condições para nos doar à causas com as quais<br />
acreditamos.<br />
Portanto, se queremos fazer o bem ao próximo, é muito importante fazermos o bem a<br />
nós mesmos e cuidar da nossa autoestima.<br />
Desenvolver para com o outro<br />
A forma como nos relacionamos com o outro é determinante para vivermos em ambientes<br />
mais agradáveis, pacíficos, prósperos e criativos. Neste quadrante, as habilidades em<br />
questão são a comunicação e a escuta.<br />
A comunicação compassiva ou CNV (comunicação não violenta) é uma importante ferramenta<br />
para aprimorarmos nossa escuta, nos permitindo escutar ao outro com mais empatia,<br />
e também escutarmos a nós mesmos. Desse modo, conseguimos entender nossas<br />
reais necessidades, expressando-as de forma clara, sem precisar agir de forma violenta.<br />
Nossa cultura é baseada na dominação, quando se fala em Poder logo se pensa em<br />
posse, “Poder sobre”. Porém, o poder é também uma ação que tem mais força quando<br />
praticada coletivamente, “Poder com”.<br />
Pensando dessa forma, podemos estabelecer relações em que todos saem ganhando.<br />
37 38
Rodas de conversa e Celebração<br />
Numa sociedade profundamente mergulhada no individualismo e na separação,<br />
movimentos que nos aproximam uns dos outros são uma questão de saúde! É uma lembrança<br />
de nossa inerente interdependência e interconexão – ultrapassando as relações<br />
humanas e nos lembrando de nosso lugar dentro de toda a teia da vida.<br />
Momentos que marcam fases importantes da vida podem ser honrados por uma<br />
celebração ou ritual. Não há formas pré-determinadas de fazê-los. O valioso é nosso nível de<br />
presença e integridade nas ações, independente de seus tamanhos. Nosso objetivo é alimentar<br />
um senso de pertença, estreitar os lados e formar redes de apoio mútuo.<br />
Observamos que algumas rodas de conversa já foram realizadas pelo grupo do Quintal.<br />
Mas como não existe periodicidade nesses encontros, pode ocorrer uma menor responsabilização<br />
nas atividades por parte de alguns integrantes. Diante disso, sugerimos que seja<br />
realizada uma reunião mensal ou bimestral entre os grupos de trabalho para que possam<br />
compartilhar os assuntos do Quintal e celebrar as atividades realizadas.<br />
Destacamos que celebrações são importantes para manter a conexão entre as pessoas<br />
da comunidade e para estimular uma espiritualidade socialmente engajada e, nesse sentido,<br />
deixamos indicada uma possível celebração: a Roda das Estações.<br />
Roda das Estações<br />
Nessa proposta tem-se a realização de momentos cerimoniais de acordo com as mudanças<br />
de estações. Achamos interessante conhecê-las, pois são essenciais para o processo<br />
de colheita e plantio, mas se pode ir além e percebê-las como convites: momentos favoráveis<br />
para a interiorização dos temas cíclicos da vida.<br />
As estações nos lembram da existência de uma ordem maior, uma na qual estamos inseridos<br />
e que não exercemos controle. Somos chamados a entrar em harmonia com o <strong>grande</strong><br />
fluxo da mudança: deixar o passado se desfazer para tornar-se composto rico e fértil, lugar<br />
propício para a germinação, crescimento e futura colheita do novo!<br />
Solstício de Inverno (entre 20 e 23 de Junho): a noite mais longa do ano<br />
trata de todas as transformações que ocorrem longe dos olhos. É a semente<br />
que eclode das profundezas escuras da terra, os planos que começam a se<br />
enraizar, o potencial que, aos poucos, desperta. Momento de trabalhar nossa<br />
fé naquilo que não enxergamos, mas conseguimos sentir. Naquilo que nasce,<br />
mas não temos ideia de como irá se desenvolver. É uma entrega à renovação.<br />
Equinócio da Primavera (entre 20 e 23 de Setembro): momento de<br />
equilíbrio entre dia e noite, pura celebração da abundância que começa a despontar<br />
aos nossos olhos. Comemora-se a fertilidade, os pequenos animais,<br />
os bebês, as flores: o que antes era promessa começa a tomar forma. Nossa<br />
visão pode se tornar realidade!<br />
Solstício de Verão (entre 20 e 23 de Dezembro): no dia mais longo do ano<br />
honramos a revelação máxima do nosso Sol interior. Estamos no auge de<br />
nossa expansão! É momento de perceber como nossas expressões pessoais<br />
em crescimento afetam os demais, e como mutuamente somos afetados.<br />
Que tipo de campo toma forma a partir de nossos encontros? Estamos interconectados,<br />
celebremos a comunidade da qual fazemos parte! Esse é o<br />
momento de viver o que foi imaginado durante o Solstício de Inverno, há seis<br />
meses.<br />
Equinócio do Outono (entre 20 e 23 de Março): mais uma vez, dia e noite<br />
em equilíbrio. Mas, ao contrário do tempo da Primavera, somos chamados<br />
para interiorizar, encontrar harmonia pessoal e realizar um autoexame –<br />
como estamos nos colocando no mundo? O que deve mudar? O que está<br />
chegando ao fim? O que devemos deixar ir? Somos confrontados com a inevitável<br />
impermanência que é existir. Analisamos nossas colheitas (emocional<br />
e material, com os planos que chegam ao fim) e agradecemos! A Roda das<br />
39 40
Objetivo 4 - Criar um projeto autossustentável<br />
Desenvolver uma resiliência econômica é imprescindível para a futura continuidade<br />
de um projeto. Mas como trabalhar de maneira diferente com um conceito – economia –<br />
que há tantos anos é usado para fomentar desigualdades estruturais? E que hoje, mais do<br />
que nunca, nos coloca de frente com o colapso ecológico, tornando nossa própria existência<br />
como espécie uma incerteza? Vivemos a disfuncionalidade de um imperativo do crescimento.<br />
Consumir mais, produzir mais, números cada vez maiores.<br />
A insustentabilidade entre a potencialidade planetária e o seu uso indiscriminado<br />
fadado à falência nos é conhecida. Há anos já existem testes (e sucessos!) com modelos<br />
econômicos alternativos. Cooperativas de crédito, CLTs (community land trust, trust de terras<br />
comunitárias), co-produções (onde as habilidades individuais são colocadas à serviço da coletividade),<br />
financiamentos coletivos, moedas complementares…<br />
Existem diversas estratégias para criar uma maior resiliência econômica – que, ao<br />
mesmo tempo, estreitam os laços locais. Além de maior independência de recursos externos<br />
alheios à comunidade, aprofunda-se o sentimento de pertença, baseado na autoestima crescente<br />
em perceber-se verdadeiramente útil na construção de uma coletividade.<br />
Além dos recursos já oferecidos pelas Partes Interessadas, como ilustrado na página<br />
07, e tendo em vista as oportunidades levantadas na análise SWOT (p. 13), oferecemos aqui<br />
propostas que visam tornar o projeto PROSAS e Quintal do Córrego Grande mais autossuficiente,<br />
sustentável e inclusivo, que incluem recursos humanos e também materiais.<br />
Recursos Humanos<br />
Fortalecimento de parcerias<br />
Sabendo que a AMJA (Associação de Moradores do Jardim Albatroz) é atualmente um<br />
dos principais apoios financeiros, propõe-se uma nova relação. Não há dúvida quanto à sua<br />
importância econômica na existência do projeto. Contudo, a garantia de sua continuidade<br />
depende da participação efetiva dos moradores beneficiados – que tanto se envolveriam nas<br />
atividades rotineiras de cuidado com o espaço quanto em sua viabilidade financeira. Assim,<br />
a AMJA poderia assumir um papel de ponte entre comunidade e projeto, tomando frente<br />
(em conjunto com os participantes regulares do projeto) na divulgação do conceito da Horta<br />
Urbana e de sua importância para a escala local.<br />
É muito importante que ambas as organizações se vejam como aliadas e não como adversárias.<br />
Para tanto, é importante que haja uma sintonia, que as divergências sejam respeitadas<br />
e trabalhadas de forma sadia.<br />
Sugerimos que os integrantes do Quintal de Todos Nós estejam mais envolvidos com<br />
os assuntos da AMJA e vice e versa. Se necessário, encontros podem ser convocados, para<br />
que assim haja um maior entendimento da visão e da missão de cada grupo e para que, em<br />
paralelo, ambas sejam atendidas e, assim, seja estimulada uma relação ganha-ganha, como<br />
citado no tópico de “Habilidades de Liderança e Empoderamento Pessoal”.<br />
Maior participação dos moradores<br />
O Quintal é um <strong>grande</strong> terreno que demanda muito trabalho. Além do cuidado do<br />
dia a dia como irrigação da horta, poda e compostagem, outros desafios vão surgindo com<br />
o tempo, como a chegada de pragas, mato alto, chuvas fortes, períodos de seca entre uma<br />
série de outros fenômenos que exigem um maior esforço e dedicação. Projetos de melhorias<br />
são propostos, porém, muitas vezes, faltam mãos e outros recursos para que estes sejam<br />
viabilizados.<br />
Para que o cuidado com o Quintal seja sustentável e para que os colaboradores não se<br />
sintam sobrecarregados é importante a participação de mais pessoas.<br />
Para uma maior participação dos moradores, sugerimos que seja criada uma agenda<br />
com eventos ao longo do ano. Além dos eventos educativos e de celebrações citados anteriormente,<br />
propomos eventos de trabalho coletivo e mutirões.<br />
Os mutirões são uma forma de convidar as pessoas da comunidade para fazerem parte<br />
das ações e, assim, sentirem-se parte importante do Quintal. Sugerimos que os mutirões<br />
sejam periódicos, por estações e também temáticos.<br />
41 42
Mutirões<br />
Os mutirões são uma forma de convidar as pessoas da comunidade para fazerem parte<br />
das ações e, assim, sentirem-se parte importante do Quintal. Sugerimos que os mutirões<br />
sejam periódicos, por estações e também temáticos.<br />
Mutirões periódicos<br />
Para garantir o cuidado frequente do <strong>quintal</strong>, sugerimos que seja feito um trabalho<br />
semanal para cuidado e reparo da horta e composteira, como já vem sendo feito.<br />
Mutirões das estações<br />
Cada estação do ano demanda um cuidado especial. Para um maior aproveitamento<br />
do solo e maior produção de vegetais é importante fazer uma manutenção que leve em consideração<br />
as condições climáticas. Por isso, sugerimos um calendário de mutirões que antecedem<br />
cada estação do ano, como sugerido abaixo.<br />
Solstício de Inverno (entre 20 e 23 de Junho)<br />
Equinócio da Primavera (entre 20 e 23 de Setembro)<br />
Solstício de Verão (entre 20 e 23 de Dezembro)<br />
Equinócio do Outono (entre 20 e 23 de Março)<br />
Mutirões especiais<br />
Sugerimos também mutirões temáticos para atender determinadas necessidades do<br />
Quintal, como por exemplo: mutirão para a construção da cisterna, mutirão para a instalação<br />
de sistema de irrigação, e assim por diante.<br />
Divulgação<br />
O envolvimento de um número maior de moradores pode acontecer através da divulgação<br />
das ações do Quintal e dos Mutirões. Para a divulgação poderão ser utilizadas ferramentas<br />
como o grupo de WhatsApp do Quintal de Todos Nós, folhetos para serem distribuídos<br />
aos moradores dos condomínios, cartazes que poderão ser afixados nos murais dos<br />
prédios, uma faixa <strong>grande</strong> de 3 m x 1,30 m que poderá ser editada de acordo com a data dos<br />
mutirões.<br />
Banco de talentos<br />
O banco de Talentos do Quintal do Córrego Grande que propomos consiste em um<br />
arquivo com nome, e-mail, telefone, dados e talento de todas as pessoas que participarem<br />
das ações do Quintal.<br />
Esse banco de talentos sempre poderá ser consultado quando for feito algum evento<br />
e/ou mutirão e for necessário o uso de recursos humanos para ajudar na realização do mesmo.<br />
A lista com nomes, e-mails e telefone também poderá ser utilizada para divulgar outras<br />
ações do Grupo do Quintal.<br />
Nome E-mail Endereço WhatsApp Talentos<br />
Joana jo.ana@email.com Córrego Grande (19) 998989898 Artesanato, Teatro<br />
Roberval ro10@email.com Córrego Grande (19) 997797979 Marcenaria, Cozinha<br />
43 44
Recursos Materiais<br />
Boa parte dos investimentos no Quintal são financiados pelos próprios colaboradores,<br />
que acontecem através de doações e vaquinhas para compra de materiais, como por exemplo<br />
a bombona e a torneira hidraulica.<br />
Pretendemos aqui mostrar outros meios de financiamento, além do já existente, para<br />
que o projeto possa funcionar de forma mais autossuficiente.<br />
Kickante<br />
Fundado em 2013, o Kickante é o site recorde de arrecadação de crowdfunding na América<br />
Latina, com mais de 72 mil campanhas lançadas, captando mais de R$ 57 milhões em colaborações.<br />
A plataforma tem como objetivo apoiar diversas campanhas com metas variadas e<br />
traz a possibilidade de pagamento de contribuição diversificado, como a contribuição parcelada.<br />
Tipos de campanha: “campanha flexível”, “tudo ou nada” e a campanha recorrente.<br />
Serviços e taxas: A iniciativa oferece assessoria gratuita e cobra 12% para os projetos que alcançarem<br />
ou superarem sua meta (flexível ou tudo ou nada), mas se a campanha for flexível<br />
e a meta não for atingida, a taxa é de 17,5%.<br />
Site: www.kickante.com.br<br />
Campanha de financiamento coletivo<br />
Sugerimos realizar financiamentos coletivos (crowdfunding) na captação de recursos<br />
para demandas mais pontuais e custosas.<br />
O Crowdfunding ou Financiamento Coletivo é uma forma de captar recursos através de doações<br />
na Internet. Em outras palavras o Crowdfunding é um espécie de vaquinha online.<br />
Hoje existem uma série de empresas e plataformas voltadas para esse tipo de atividade.<br />
A melhor escolha vai depender do tipo de campanha que se pretende fazer e a meta a<br />
ser alcançada. Cada site possui um sistema de taxa diferenciado, alguns deles são isentos de<br />
taxa.<br />
Basicamente existem três tipos de campanhas:<br />
A Campanha Tudo ou Nada, em que caso a meta não seja atingida, o dinheiro voltará para as<br />
pessoas que investiram na ideia e não é revertido para o projeto.<br />
A Campanha flexível, em que todo o dinheiro arrecadado na campanha é revertido para o<br />
projeto, independentemente de a meta ser alcançada ou não.<br />
E a Campanha Recorrente, onde o usuário pode arrecadar continuamente para seus projetos.<br />
Vamos listar a seguir os principais sites de vaquinha online e as principais características e,<br />
em seguida, falaremos de algumas práticas que devem ser feitas para que a campanha tenha<br />
um resultado satisfatório.<br />
Catarse<br />
Fundado em 2011, o Catarse tem como objetivo realizar variados projetos por meio da colaboração<br />
financeira direta de pessoas que se identificam com eles. A iniciativa apoia projetos<br />
que vão desde os mais simples até os mais elaborados.<br />
Tipos de campanha: “tudo ou nada”, “flexível”<br />
Serviços e taxas: O Catarse já financiou 3.300 ideias, com um total de 50 milhões de reais levantados<br />
e cobra uma taxa de 13% do valor arrecadado. Caso a meta não for atingida, a taxa<br />
é de 17,5%.<br />
Site: www.catarse.me<br />
Benfeitoria<br />
Criada em 2011, a Benfeitoria é a primeira plataforma de mobilização e realização colaborativa<br />
a não cobrar comissão no mundo, e está focada em projetos de impacto cultural, social,<br />
econômico e ambiental.<br />
Tipos de campanha: “tudo ou nada” e “campanha recorrente”<br />
Serviços e taxas: A plataforma não cobra taxa dos projetos e o realizador paga apenas pela<br />
taxa referente à transação financeira, que pode chegar de 1,3% a 4,9% mais R$ 0,39 sobre o<br />
valor de cada contribuição.<br />
Site: www.benfeitoria.com<br />
Juntos com você<br />
Fundada em 2012, a Juntos.com.vc já arrecadou mais de 6 milhões de reais em doações,<br />
apoiou quase 400 projetos, entre eles projetos do Guerreiros Sem Armas e também do Gaia<br />
Education. É a única plataforma de crowdfunding exclusiva para projetos sociais.<br />
Tipos de Campanha: “tudo ou nada”<br />
Serviços e Taxas: A iniciativa não cobra para que as campanhas sejam lançadas e foca em<br />
projetos direcionados aos direitos humanos, educação e desenvolvimento social.<br />
Site: juntos.com.vc<br />
45 46
Busca de patrocínios e editais públicos<br />
Para participar de editais públicos é necessário que seja aberta uma empresa social,<br />
no caso uma ONG ou OSC, e que os objetivos desta versem com os editais públicos em<br />
questão.<br />
Para a captação de recursos, sugerimos uma opção menos burocrática, como a busca<br />
por patrocinadores públicos e/ou privados em sites e plataformas que facilitam o encontro<br />
entre financiadores e financiados.<br />
O que fazer para obter sucesso na campanha de financiamento coletivo.<br />
Primeiramente é importante definir qual o objetivo e meta que você quer alcançar<br />
com sua campanha de financiamento coletivo. Por exemplo: Financiar sistema de irrigação<br />
para o Quintal do Córrego Grande, atingindo a meta de R$5.000,00. É importante que seja<br />
uma meta atingível, principalmente no caso de campanhas “tudo ou nada”. Também tenha<br />
sempre em vista a taxa que será cobrada pelo serviço.<br />
Escolha o tipo de campanha, se será uma campanha flexível ou uma campanha Tudo<br />
ou Nada. Embora a campanha Flexível permita o resgate em qualquer situação, ela geralmente<br />
cobra uma taxa maior.<br />
Sugerimos a utilização da plataforma Prosas prosas.com.br para buscar patrocinadores.<br />
O Prosas, embora tenha o mesmo nome, não está diretamente ligada ao Programa<br />
do Quintal. Se trata de uma plataforma que facilita o acesso à oportunidades de captação de<br />
recursos para o Setor Social.<br />
Ao cadastrar o projeto do Quintal no Prosas, além de ganhar mais visibilidade, podese<br />
ampliar as possibilidades de captação de recursos financeiros.<br />
Para fazer o cadastro dos seus projetos, é necessário criar um perfil empreendedor no<br />
Prosas, quanto mais detalhado for o perfil melhor.<br />
Após a criação do perfil de empreendedor será preciso buscar o editais que atendam<br />
as necessidades do projeto do Quintal e responder aos formulários específicos.<br />
Ofereça uma recompensa, as recompensas são muito importantes para que as pessoas<br />
tenham a sensação de estar sendo retribuídas pelo gesto de ajuda, quanto mais atrativa<br />
for a recompensa maior serão as chances de arrecadar. Sugerimos que tenha ao menos três<br />
tipos de recompensas, começando com uma recompensa básica de 10 ou 20 reais, e terminando<br />
com uma recompensa VIP para empresas ou filantropistas de plantão que doem<br />
valores mais altos.<br />
Escreva um bom texto para a campanha. O texto deve ser também objetivo e convencer.<br />
Por que contribuirei com a sua campanha e não com outra?<br />
Divulgue, um dos principais meios de divulgação são as redes sociais por permitirem<br />
uma maior interação e uma alta propagação em um curto período de tempo. Para que a divulgação<br />
seja bem sucedida, vale a criatividade e o poder de persuasão dos comunicadores,<br />
fotos, imagens e vídeos são muito bem vindos.<br />
As redes sociais mais utilizadas atualmente para esse tipo de campanha são: Facebook, Instagram<br />
e YouTube.<br />
47 48
Conclusões<br />
Após mais de um ano de estudo em torno do GEDS, encerrar este ciclo com a criação<br />
de uma proposta de design foi, no mínimo, especial. A começar pelo encontro que nos foi<br />
proporcionado como grupo. A oportunidade de nos conhecermos, de dividirmos nossos<br />
distintos conhecimentos e experiências de vida, de unir esforços em torno de um objetivo<br />
em comum, já representa por si só uma enorme recompensa. Essa conexão humana é o que<br />
torna tudo possível e o que faz tudo valer a pena.<br />
Feira Comunitária do Quintal<br />
Trimestralmente pretende-se criar um espaço de feira em que a comunidade será<br />
convidada para experimentar pratos feitos com alimentos produzidos na horta, como yaksoba<br />
e chás variados.<br />
A idéia apresentada pelo PROSAS é de <strong>grande</strong> valor, pois estimula um espaço preciso<br />
de troca entre pessoas da comunidade.<br />
O Espaço pode ser utilizado para comercialização de parte da produção dos orgânicos,<br />
e também dos compostos e biofertilizantes, como sugerido no objetivo 3.<br />
Para comercialização dos produtos do Quintal do Córrego Grande será necessário um<br />
planejamento de longo prazo, sugerimos que sejam adotadas ações que possam aumentar a<br />
produtividade do Quintal.<br />
Outra sugestão é fazer venda de produtos de segunda mão, como um brechó<br />
solidário, dessa forma estendendo a vida útil de produtos não mais utilizados e também gerando<br />
retorno financeiro ao Quintal.<br />
O espaço da feira pode também ser aberto para outros moradores que queiram expor<br />
trabalhos como artesanato, culinaria e até mesmo serviços, fortalecendo assim o comércio<br />
local.<br />
De igual maneira, ter como tema de projeto o Quintal Comunitário do Córrego Grande<br />
trouxe um sentimento muito forte de pertença ao espaço e à comunidade de moradores.<br />
Mesmo com a distância geográfica de 3 dos 4 membros do grupo, houve uma ligação afetiva<br />
à realidade local, às dinâmicas existentes, às atividades que lá se desenvolvem. A responsabilidade<br />
de desenhar soluções coerentes para a área deixou de ser unicamente uma tarefa formativa<br />
– tornou-se o desejo genuíno de contribuir com a prosperidade qualitativa e temporal<br />
do Quintal.<br />
Dessa forma, dentre as diversas possibilidades disponíveis, selecionamos e elaboramos<br />
aquelas que nos pareceram mais pertinentes ao que já ocorre no projeto. Nos comprometemos<br />
em responder às necessidades atuais ao mesmo tempo em que sonhamos o<br />
futuro. A intenção fundamental foi, definitivamente, garantir a resiliência dos trabalhos no<br />
Quintal Comunitário. Isso é, colaborar com a sua permanência e progressiva expansão.<br />
Tendo em vista o contexto ecológico global, movimentos como esse se tornam cada<br />
vez mais urgentes: eles nos relembram de nossa verdadeira essência de interconexão. Voltamos<br />
a um ritmo mais lento, cíclico, desapegado de gratificações imediatas e profundamente<br />
conectado com o prazer de simplesmente estar presente. Com os demais, com nós mesmos,<br />
com a Natureza – que deixa de ser um conceito estático em relação ao “exterior” e se transforma<br />
numa troca contínua entre o “eu” e o “todo”.<br />
Ansiamos que o conteúdo dessa produção possa não só inspirar como também ser,<br />
mesmo que em partes, concretizado. Torcemos para que o número de moradores engajados<br />
nas atividades cresça mais e mais. Estar próximo a um espaço como esse é um privilégio.<br />
Esperamos que cada vez mais pessoas enxerguem e sintam essa oportunidade.<br />
Vida longa ao Quintal Comunitário do Córrego Grande!<br />
Inclusão Social<br />
A parte social do Programa PROSAS (Programa de Sustentabilidade Ambiental e Social)<br />
pode assumir um caráter inclusivo, no sentido de trazer pessoas para o Quintal, fortalecendo<br />
a comunidade. Além disso, programas de educação ambiental realizados no local.<br />
49 50
Referências<br />
Dinâmica do Espiral<br />
http://imagomundi.com.br/psicologia/dinamica_espiral.pdf<br />
Communicating Sustainability<br />
http://nextstepintegral.org/wp-content/uploads/2011/04/Communicating-Sustainability-Barrett-Brown.pdf<br />
Livro - Psicologia Integral<br />
https://books.google.com.br/books?id=-uKCZKYAFgMC&lpg=PA62&dq=vmeme%20dinamica%20da%20espiral%20integral&hl=pt-BR&pg=PP1#v=onepage&q=vmeme%20dinamica%20<br />
da%20espiral%20integral&f=false<br />
Aqui tem mata - SOS Mata Atlântica<br />
https://aquitemmata.org.br/#/busca/sc/Santa%20Catarina/Florian%C3%B3polis<br />
ND Mais - Florianópolis é a segunda capital brasileira com maior área de mata atlântica<br />
preservada<br />
https://ndonline.com.br/noticias/florianopolis-e-a-segunda-capital-brasileira-com-maior-area-de-mata-atlantica-preservada/<br />
Watherspark<br />
https://pt.weatherspark.com/y/30020/Clima-caracter%C3%ADstico-em-Florian%C3%B3polis-Brasil-durante-o-ano<br />
Climatempo<br />
https://www.climatempo.com.br/noticia/2019/01/04/novo-recorde-historico-de-calor-em-florianopolis-0685<br />
Aneel - Matriz de energia elétrica<br />
http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/OperacaoCapacidadeBrasil.cfm<br />
“Manual de Compostagem Doméstica, Comunitária e Institucional de Resíduos Orgânicos”<br />
desenvolvido pelo Cepagro, SESC Santa Catarina e Ministério do Meio Ambiente em 2017:<br />
http://www.mma.gov.br/images/arquivo/80058/Compostagem-ManualOrientacao_<br />
MMA_2017-06-20.pdf<br />
Página do Cepagro:<br />
https://cepagroagroecologia.wordpress.com/<br />
Resolução CONAMA 481:<br />
http://www.agencia.baciaspcj.org.br/docs/resolucoes/resolucao-conama-481-17.pdf<br />
5 dicas para criar uma campanha de financiamento coletivo bem sucedida<br />
https://colunistas.kickante.com.br/candice-pascoal/5-dicas-para-criar-uma-campanha-de-financiamento-coletivo-bem-sucedida/<br />
5 Sites para promover campanhas de financiamento coletivo<br />
https://observatorio3setor.org.br/carrossel/5-sites-para-promover-campanhas-de-financiamento-coletivo/<br />
PROSAS<br />
http://blog.prosas.com.br/como-cadastrar-seu-projeto/<br />
Legan, Lucy - Soluções Sustentáveis - Permacultura na Agricultura Familiar<br />
Legan, Lucy - Soluções Sustentáveis - Uso da Água na Permacultura<br />
Soares, André - Soluções Sustentáveis - Construção Natural<br />
Marrow, Rosemary - Permacultura Passo a Passo<br />
Hemenway, Toby - Gaia’s Garden - A Guide to Home-Scale Permaculture<br />
“Climate Change 2014: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the<br />
Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate<br />
Change,” IPCC, 2014.<br />
Vídeo “A Revolução dos Baldinhos”:<br />
https://www.youtube.com/watch?v=wJwTJ4CyDBc&t=<br />
Permacultura<br />
http://permaculturaceara.org.br/2015/06/21/sistemas-agroflorestais-e-agrofloresta/<br />
Método da UFSC de Compostagem<br />
http://www.naturezaeconservacao.eco.br/2017/07/conheca-o-metodo-ufsc-de-compostagem-de.html<br />
51 52