biodiesel

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MATÉRIA ESPECIAL
Soja
por Ana Luiza Lodi
analuiza.lodi@intlfcstone.com
10 de junho de 2019
Atraso do B11 e menor crescimento do PIB devem impactar biodiesel
Governo afirma que mistura deve aumentar nos próximos meses
A mistura obrigatória de biodiesel no diesel atualmente se encontra em 10%, percentual
vigente desde março de 2018. Com a aprovação, pelo Conselho Nacional de Política Energética
(CNPE), de um novo marco para o desenvolvimento de biodiesel no Brasil, estava
previsto que a mistura de 11%, o B11, entrasse em vigor em junho de 2019, para, nos anos
seguintes, em março, haver um aumento de 1 p.p. na mistura de biodiesel no diesel, até se
chegar ao B15, em 2023.
Entretanto, ainda não houve a implementação do B11. Segundo o governo, estão sendo
realizados estudos de curta duração sobre o aumento da mistura, por parte do Instituto
Nacional de Tecnologia. Ressalta-se, também, que os resultados desse estudo precisarão
ser avaliados e confirmados pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A expectativa
é de que os testes sejam concluídos nos próximos dois meses e de que o aumento da
Gráfico 1: Importações anuais de diesel B (volume e valor)
FCStone do Brasil
Consultoria em Futuros e Commodities
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www.intlfcstone.com.br
Fontes: Comex Stat.
A comercialização de commodities apresenta risco e a FCStone não assume responsabilidade pelo uso de qualquer informação contida neste documento para este fim. Toda a informação contida neste relatório foi adquirida de fontes consideradas
confiáveis, mas não representam garantia de precisão. As informações e as opiniões aqui expressas não constituem solicitação de compra ou venda de futuros ou opções sobre futuros, ou qualquer derivativo. É proibida a reprodução de parte ou de
todo este relatório sem a expressa autorização por escrito da FCStone.

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MATÉRIA ESPECIAL DE GRÃOS
Gráfico 2: Produção de biodiesel e vendas de diesel
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Produção de biodiesel (mil m³)
mistura contribua para reduzir, em parte, a
dependência das importações de diesel.
Em 2018, foram importados quase 12 milhões
de m³ de diesel, a um custo de USD
6,3 bilhões. Destaca-se que esse volume foi
mais baixo que o recorde de importações,
alcançado em 2017, em 13,3 milhões de m³.
Contudo, esse volume de importações em
2017 teve um custo mais baixo, em USD 5,6
bilhões, o que ilustra como as compras brasileiras
do combustível fóssil ficam muito
sujeitas à cotação internacional do petróleo
e ao dólar.
De qualquer maneira, esse atraso na implementação
do B11 deve resultar em um consumo
e uma produção menor de biodiesel
em 2019. Ademais, como praticamente
100% do biocombustível é consumido por
meio da mistura obrigatória no diesel, um
aumento não tão considerável do consumo
do combustível fóssil no Brasil neste ano
também deve ter impactos negativos sobre
a produção de biodiesel. O consumo de
diesel anda lado a lado com o desempenho
da economia e, para 2019, as estimativas
para o crescimento do PIB vêm sendo reduzidas
constantemente. O Banco Central
trouxe, em seu boletim do dia 07/06, uma
previsão para o avanço do PIB neste ano
em 1%. Para 2020, as expectativas ficaram
em 2,23% e para 2021 e 2022, o Boletim
Focus trabalha com um percentual de 2,5%
Vendas de diesel (mil m³)
para o crescimento da economia.
Considerando que o aumento da mistura
para 11% acontecerá a partir de setembro e
mantendo-se o restante do calendário inalterado
nos anos seguintes, com o aumento
de 1p.p. por ano, em março, até se chegar a
um percentual de 15% de biodiesel no diesel
(B15), em 2023, o consumo do biocombustível
ainda deve crescer consideravelmente.
Estimativas do governo, anteriormente,
apontavam para um consumo de
biodiesel perto de 10 milhões de m³ em
2023, com o B15.
Entretanto, como não é somente o percentual
da mistura que impacta o consumo do
biocombustível. Um crescimento econômico
aquém do esperado em 2019 e 2020 e
em 2,5% por ano até 2023 (adotando-se o
percentual de 2,5% de crescimento do PIB
também em 2023) deve resultar em uma
demanda por diesel também um pouco menor.
Assim, considerando que o consumo de
diesel avançará acompanhando o crescimento
econômico, a demanda por biodiesel
em 2023 tenderia a ficar menor em relação
a previsão inicial do governo, quando da
aprovação do novo marco para o biocombustível
no Brasil, alcançando cerca 9,2 milhões
de m³. Destaca-se que esta estimativa
é conservadora, uma vez que em anos de
crescimento econômico mais acelerado, o
consumo de diesel e, consequentemente,
de biodiesel pode crescer acima do PIB,
com a grande dependência que o país tem
do modal rodoviário.
Assumindo-se que cerca de 70% do biodiesel
no Brasil continuará tendo como matéria-prima
o óleo de soja, a exemplo do que
ocorreu em 2018, segundo informações da
ANP, ao redor de 5,6 milhões de toneladas
de óleo de soja seriam necessárias para
atender a produção do biocombustível em
2023, considerando o volume de 9,2 milhões
de m³ de biodiesel. O esmagamento
de soja somente para atender essa demanda
de óleo para biodiesel ficaria em torno
de 31 milhões de toneladas.
Fontes: ANP; INTL FCStone. *Projetado.
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