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Cadeia de união

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Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Capa<br />

1


Rizzardo da Camino<br />

Dados do Livro<br />

Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Ao Casal Corina e Luiz Fernando<br />

Rodrigues Torres, ofereço com<br />

sincera amiza<strong>de</strong> e admiração.<br />

Exemplar nº 0144<br />

Para uso exclusivo <strong>de</strong><br />

Ama<strong>de</strong>u Olivier Pires Falcão<br />

Permitida apenas uma cópia, em arquivo<br />

ou papel, para uso próprio e segurança.<br />

© RIZZARDO DA CAMINO – Todos os direitos reservados<br />

Reprodução Autorizada para Livraria Maçônica Paulo Fuchs<br />

São Paulo, SP – 11 5510-0370 internet: www.livrariamaconica.com.br<br />

Fevereiro <strong>de</strong> 2002.<br />

2


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Indice<br />

Capa<br />

Dados do Livro<br />

Sobre Rizzardo da Camino<br />

A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União -<br />

Adauto Barreto Nen<br />

A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

O Caminho para Dentro<br />

A Palavra Semestral<br />

Posição Hierárquica<br />

O Balandrau<br />

O Templo<br />

Três Fatores<br />

A Luminosida<strong>de</strong><br />

O Som<br />

O Perfume<br />

O Livro Sagrado<br />

A Postura<br />

O Cruzamento dos Braços<br />

O Aperto das Mãos<br />

A Mente<br />

A Respiração<br />

Prana<br />

Os Olhos<br />

A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> Mental<br />

Indice<br />

O Rosário<br />

A Formação I<strong>de</strong>al da<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

O Compasso<br />

A Saudação<br />

O Mestre <strong>de</strong> Cerimônias<br />

A Comunhão com Deus<br />

Conclusão<br />

3


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Sobre Rizzardo da Camino<br />

Da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira Maçônica <strong>de</strong> Letras<br />

EX-LIBRIS<br />

Rizzardo da Camino<br />

Rizzardo da Camino é brasileiro, nasceu em Garibaldi, estado do Rio Gran<strong>de</strong> do<br />

Sul, a 5 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1918. Bacharel em ciências jurídicas e sociais pela<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, em 1945. Ingressou na Magistratura<br />

Riogran<strong>de</strong>nse em 1949, aposentando-se, posteriormente. Jornalista profissional<br />

e advogado militante. Iniciado na Maçonaria em 1946, na Loja Electra n° 21, em<br />

Porto Alegre. Foi Venerável <strong>de</strong> sua Loja. Membro fundador da Aca<strong>de</strong>mia Maçônica<br />

Brasileira. Colaborador constante <strong>de</strong> jornais e revistas Maçônicas. No filosofismo<br />

atingiu o Grau 33, fazendo parte do Consistório “Dr. Moreira Sampaio” <strong>de</strong> Porto<br />

Alegre. Membro efetivo do Supremo Conselho para a República Fe<strong>de</strong>rativa do<br />

Brasil, pertencendo ao Sacro Colégio. Inspetor Litúrgico da Região do Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul. Membro honorífico da Muito Respeitável Gran<strong>de</strong> Loja do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

e da Muito Respeitável Gran<strong>de</strong> Loja <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

4


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União - Adauto Barreto Nen<br />

Braço direito sobre o esquerdo colocado,<br />

mãos enlaçadas com firmeza e com amor;<br />

corpo em coluna retamente transformado,<br />

torno-me um elo da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> do Esplendor.<br />

Coro:<br />

Está formada a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong><br />

da nossa <strong>união</strong> fraternal,<br />

e o amor noss’alma incen<strong>de</strong>ia<br />

no concerto universal.<br />

Meu pensamento se ergue vivo como a chama<br />

do altar da Fé que pren<strong>de</strong> o Irmão a cada Irmão;<br />

e, no Infinito, como bênção, se <strong>de</strong>rrama<br />

a luz do amor que enche <strong>de</strong> paz o coração.<br />

Fortes, unidos, paladinos da Verda<strong>de</strong>,<br />

agora e sempre conservemos a esperança<br />

<strong>de</strong> que haverá, para os Irmãos, Fraternida<strong>de</strong>, Saú<strong>de</strong>,<br />

e mais, Sabedoria e Segurança.<br />

Encho a minh’alma dos mais puros sentimentos;<br />

sinto que o Irmão, junto <strong>de</strong> mim, também o faz.<br />

E este po<strong>de</strong>r que sai dos nossos pensamentos<br />

produz o Amor, gera a Harmonia e forma a Paz.<br />

5


Rizzardo da Camino<br />

A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Um ponto <strong>de</strong> partida para a compreensão do que se convencionou<br />

<strong>de</strong>nominar <strong>de</strong> <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, sem dúvida, é <strong>de</strong>finir a própria expressão<br />

simbólica.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong>, no enten<strong>de</strong>r dos dicionários não passa <strong>de</strong> “uma corrente<br />

<strong>de</strong> anéis <strong>de</strong> metal”, mas em Maçonaria <strong>de</strong>vemos consi<strong>de</strong>rá-la apenas como<br />

uma “corrente” que “une”.<br />

O símbolo formado por múltiplos anéis interligados entre si, sem<br />

princípio nem fim, evi<strong>de</strong>ncia a <strong>união</strong> perfeita, igual e imutável daqueles que<br />

aceitaram unir-se por laços fraternos.<br />

E a “corrente” vem sendo formada pelos seres humanos, <strong>de</strong>ntro<br />

dos Templos, entrelaçados os braços, unidos os corpos e as mentes, numa<br />

<strong>de</strong>monstração e confirmação <strong>de</strong> bons propósitos.<br />

A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União é símbolo quando representada per uma<br />

“corrente <strong>de</strong> anéis <strong>de</strong> metal”, mas <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> ser símbolo quando em execução,<br />

para ser perfeita <strong>união</strong>.<br />

A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União formada <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um Templo não simboliza a<br />

<strong>união</strong> fraterna; ela, é realmente a própria fraternida<strong>de</strong>.<br />

O símbolo apresenta, sempre, duas idéias: uma estática quando<br />

reproduzido por matéria e dinâmica quando exercido pelo ser humano.<br />

As próprias “marchas” <strong>de</strong>ntro do Templo, nos três graus, obe<strong>de</strong>cem<br />

à orientação dos seus símbolos: Régua, Esquadro e Compasso. Todo<br />

pensamento e movimento humanos po<strong>de</strong>m ser reproduzidos por símbolos.<br />

Estes surgem mercê o po<strong>de</strong>r criativo do homem; como símbolos são as letras<br />

<strong>de</strong> um alfabeto, as notas musicais, as figuras do Zodíaco, a nomenclatura<br />

dos componentes químicos, dos metais, enfim, daquilo que precisa ser<br />

materializado e composto. Exemplo melhor não teríamos do que os próprios<br />

números; apenas alguns símbolos tornam possível uma infinita escala <strong>de</strong><br />

operações matemáticas.<br />

Portanto, o ponto <strong>de</strong> partida para uma ação, é o símbolo; indicada<br />

a ação, o símbolo <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> existir.<br />

Qual é o símbolo existente <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um Templo representativo da<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União?<br />

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Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

São diversos: em torno do piso <strong>de</strong> mosaico; os colares ostentados<br />

pelas Luzes; a re<strong>de</strong> que <strong>de</strong>veria cobrir o topo <strong>de</strong> cada Coluna, a própria marcha<br />

<strong>de</strong>ntro do Templo, etc..<br />

A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União vem representada como sendo uma corrente,<br />

ou um colar, ou seja um seguimento <strong>de</strong> elos entrelaçados.<br />

No entanto, na <strong>de</strong>scrição que se encontra no Primeiro Livro dos<br />

Reis, capítulo 7 e versículo 17, Hiram Abif dispôs “re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> malhas, e<br />

grinaldas <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias, para os capitéis que estavam sobre o alto das<br />

colunas”.<br />

E mais adiante lemos: “Fez as colunas, e havia duas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong><br />

romãs ao redor por cima duma re<strong>de</strong> para cobrir os capitéis que estavam<br />

no alto das colunas”. “Perto da parte globular, próximo à re<strong>de</strong>, os capitéis<br />

que estavam em cima sobre as duas colunas tinham duzentas romãs,<br />

dispostas em or<strong>de</strong>ns ao redor sobre um e outro capitel”.<br />

As re<strong>de</strong>s, obviamente, são formadas, também, <strong>de</strong> elos; as romãs e<br />

os lírios enfileirados uns ao lado dos outros, dão idéia <strong>de</strong> corrente, <strong>de</strong><br />

continuida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> <strong>união</strong>.<br />

Não esclareceu Hiram-Abif e não explicam as Sagradas Escrituras<br />

o porque daqueles símbolos e, sobretudo, os motivos que levaram Salomão a<br />

empregar re<strong>de</strong>s, correntes, romãs e a infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> objetos <strong>de</strong>scritos no 1º<br />

livro dos Reis.<br />

A re<strong>de</strong> formada <strong>de</strong> elos representa a <strong>união</strong> <strong>de</strong> todos os irmãos<br />

cobrindo o mundo. Uma corrente fechada em círculo representa a <strong>união</strong> <strong>de</strong><br />

um <strong>de</strong>terminado grupo <strong>de</strong> irmãos.<br />

A origem da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União querem muitos que provenham dos<br />

mistérios egípcios; afirmar que a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União Maçônica e a “<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União Egípcia” se i<strong>de</strong>ntificam, seria fundirmos os mistérios egípcios com os<br />

mistérios maçônicos.<br />

Julgamos, porém, que o homem primitivo, sentado em torno da<br />

fogueira, em forma <strong>de</strong> círculo para melhor aproveitamento do calor, tenha<br />

constituído a primeira oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se organizar socialmente.<br />

Próximo um do outro, evi<strong>de</strong>ntemente, contando, apenas, a sexo<br />

masculino, iniciaram os atos <strong>de</strong> comunicação, quando e isto, especialmente,<br />

à noite, tinham a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, <strong>de</strong>scansando fazerem as comunicações<br />

sobre as suas aventuras e conquistas, obtendo dos mais velhos, os conselhos<br />

necessários e os que <strong>de</strong>tinham autorida<strong>de</strong>, as or<strong>de</strong>ns que <strong>de</strong>veriam cumprir.<br />

7


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Paralelamente, passariam a consi<strong>de</strong>rar os aspectos místicos que<br />

recém <strong>de</strong>spertavam, como o próprio culto ao Fogo.<br />

Às reuniões em torno da fogueira, aspirando o “perfume” da ma<strong>de</strong>ira<br />

queimando, envolvidos na fumaça, qual incenso rudimentar, sentiam o “som”<br />

que o crepitar das chamas produzia, os efeitos da re<strong>união</strong>.<br />

O hábito, a satisfação da re<strong>união</strong>, o bem estar da situação, fazia<br />

com que a amiza<strong>de</strong> fosse sincera e cultivada; eram, quiçá, os primeiros elos<br />

ao culto da fraternida<strong>de</strong>.<br />

Naquela situação peculiar, po<strong>de</strong>riam cantar, bater palmas, produzir<br />

sons compassados por meio <strong>de</strong> pedras, escutar o sibilar do vento, enfim,<br />

toda uma série <strong>de</strong> fatores que muito mais tar<strong>de</strong>, sugeririam, seja a Egípcios<br />

ou outros povos, a transformação daqueles atos naturais, em liturgia.<br />

União.<br />

A <strong>união</strong> entre irmãos não <strong>de</strong>ve ser confundida com a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

Os livros maçônicos não nos instruem sobre a origem da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União, aliás, parece que o termo é recente: Karl Dittmar, em seu opúsculo<br />

“Das Katena”, diz da dificulda<strong>de</strong> que teve para encontrar essas origens e<br />

apresenta suas dúvidas <strong>de</strong> que a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União seja, realmente, um símbolo<br />

maçônico.<br />

Nos símbolos relacionados por F. C. Endres não figura a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União. Informa Dittmar: “o termo ’<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União’ tornou-se conhecido<br />

internacionalmente somente após a fundação do Escritório Universal<br />

da Maçonaria, originalmente como uma entida<strong>de</strong> privada do Irmão<br />

Eduard Quartier la Tente, Grão Mestre suíço, em 1902".<br />

Um dos argumentos mais sérios e a ser consi<strong>de</strong>rado resi<strong>de</strong> no fato<br />

<strong>de</strong> que a Gran<strong>de</strong> Loja da Inglaterra não pratica a formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União em suas cerimônias.<br />

Funk escreveu em 1861: “Em 28 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1778, o Duque<br />

Ferdinand <strong>de</strong> Braunschweg instruiu os irmãos do oriente <strong>de</strong> Mag<strong>de</strong>burg<br />

a formarem a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União por ocasião do restabelecimento<br />

ritualístico das colunas da Loja Ferdinand o Venturoso”.<br />

Em 1758 foi instituída uma Confraria: a Or<strong>de</strong>m do Colar dos<br />

Peregrinos. Eis sua origem: “Três cavaleiros viajavam <strong>de</strong> carruagem,<br />

quando o veículo sofre um aci<strong>de</strong>nte e é avariado. De uma granja próxima<br />

aparece socorro em forma <strong>de</strong> uma corrente que auxiliou no conserto da<br />

carruagem, permitindo o prosseguimento da viagem. Em<br />

8


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

reconhecimento, os três cavaleiros propõem-se formar uma Or<strong>de</strong>m (1) e<br />

jurar amor fraterno. O emblema da Or<strong>de</strong>m consistia em três letras<br />

entrelaçadas em círculo: Fahigkeit, Bestandigkeit e Stillschweigen”<br />

(Disposição, Perseverança e Discrição). Abaixo do monograma pendiam<br />

três argolas entrelaçadas. Quando era admitido um novo membro na<br />

Or<strong>de</strong>m, faziam referência a: ‘ferrar um elo na corrente’”.<br />

Em 1616 o aventureiro Kotteus da Silésia tivera algumas visões, e<br />

uma <strong>de</strong>las representava três homens sentados em torno <strong>de</strong> uma mesa<br />

triangular, <strong>de</strong> mãos dadas em ca<strong>de</strong>ia.<br />

Quando da construção das primeiras igrejas em solo germânico, os<br />

pedreiros tinham o costume <strong>de</strong> colocar uma pesada corrente em torno da<br />

construção, existindo, ainda, hoje em dia, em algumas <strong>de</strong>las. A origem da<br />

colocação daquelas correntes remonta ao “mártir algemado” São Leonardo,<br />

que teria falecido em 559.<br />

Sobre S. Leonardo há outra versão diferente, a <strong>de</strong> que conseguira<br />

<strong>de</strong> Clodoveu I, rei dos francos, a libertação <strong>de</strong> inocentes prisioneiros<br />

algemados, tornando-se, assim, o santo protetor dos prisioneiros e dos animais<br />

acorrentados.<br />

Outra versão apresentada por Dittmar (obra citada) e que teria sido<br />

narrada por K. Künstle em sua Iconografia dos Santos diz:<br />

“Conforme uma biografia escrita no século XI, São Leonardo<br />

pertencia à nobreza e foi educado na corte real. Quando adulto<br />

tornou-se monge, sendo consi<strong>de</strong>rado um santo. No início da<br />

Ida<strong>de</strong> Média, o culto a São Leonardo passou a sobrepujar as<br />

crenças sobre as forças da natureza, especialmente na Baviera.<br />

Posteriormente, ampliou-se a sua área <strong>de</strong> influência. Uma lenda<br />

<strong>de</strong> época posterior faz referências a um prisioneiro do Con<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Limousin: em seu <strong>de</strong>sespero, o prisioneiro implorou a São<br />

Leonardo e este lhe apareceu trajando longas vestes brancas<br />

e lhe or<strong>de</strong>nou que “erguesse” a pesada corrente e a<br />

transportasse ao Templo. Tal aconteceu. Posteriormente,<br />

inúmeros presos, inclusive insanos mentais que na Ida<strong>de</strong> Média<br />

eram acorrentados, “ergueram” suas correntes e as<br />

transportaram ao Templo em sinal <strong>de</strong> gratidão pela liberda<strong>de</strong><br />

adquirida. Todos eram atendidos pelo Santo e as correntes<br />

votivas que se acumulavam nas Igrejas foram reunidas numa<br />

só, para, então, circundar os Templos.”<br />

_________________________________________________________________________________________________________<br />

(1)<br />

Na época, todo motivo era pretexto para fundar uma “Or<strong>de</strong>m”.<br />

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Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

A corrente como atributo milagroso está ligada a mais cinco santos,<br />

conforme informa Künstle. O po<strong>de</strong>r curativo da corrente nos aparece na lenda<br />

<strong>de</strong> Santa Balbina, uma virgem romana do II século, cuja ferida no pescoço<br />

somente sarara quando o Papa Alexandre lhe colocou, à guisa <strong>de</strong> colar, uma<br />

corrente com a qual ele próprio fora acorrentado quando prisioneiro.<br />

Ama<strong>de</strong>us Wolfgang Mozart (1756-1791), compositor austríaco, foi<br />

iniciado na Loja “A Beneficência” no ano <strong>de</strong> 1784, quando já celebrida<strong>de</strong> no<br />

campo da música. Além das inúmeras obras maçônicas on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>staca a<br />

“Flauta Mágica”, compôs, já quase no leito <strong>de</strong> morte, o cântico: “Irmãos,<br />

colocai as mãos na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União”, constituindo-se, ainda hoje, o hino<br />

da Or<strong>de</strong>m Maçônica Alemã.<br />

Desejam alguns autores atribuir a origem da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, às<br />

danças <strong>de</strong> roda infantis, comuns a todos os povos e em todas épocas.<br />

As nossas “cirandas” dos tempos escolares.<br />

As tribos africanas e as religiões tipo “folclóricas” mantêm em seus<br />

cultos à dança, culminando, sempre, na formação <strong>de</strong> círculos; temos exemplos<br />

nos antigos filmes <strong>de</strong> “faroeste”, nas cenas on<strong>de</strong> os índios peles-vermelhas<br />

executavam as danças festivas ou guerreiras, sempre em círculo.<br />

No Universo tudo transcorre em círculo e ca<strong>de</strong>ia. O sistema solar,<br />

com a rotação dos astros e da própria Terra, obe<strong>de</strong>ce a leis simples, claras e<br />

harmônicas, movimentando-se em círculos; até o viajante, perdido no <strong>de</strong>serto,<br />

caminha em círculos.<br />

O Termo <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

O termo <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União compõe-se <strong>de</strong> duas palavras, “ca<strong>de</strong>ia” e<br />

“<strong>união</strong>” (2) .<br />

Vamos analisá-las para melhor compreensão e entendimento.<br />

O significado comum <strong>de</strong> “ca<strong>de</strong>ia” já foi dado no início; cumpre, agora,<br />

conhecermos o significado “maçônico”.<br />

Dentro do Templo, notamos no “pavimento <strong>de</strong> mosaicos” a “orla<br />

<strong>de</strong>ntada” que circunda e que expressa o mesmo símbolo <strong>de</strong> <strong>união</strong>.<br />

____________________________________________________________________________________________________________<br />

(2)<br />

A ciência que estuda a origem das palavras, a Filologia, constitui meio caminho andado<br />

para a Filosofia; no estudo dos símbolos, a “dissecação” dos vocábulos equivale a um estudo<br />

filológico.<br />

10


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

No “Manual <strong>de</strong> Paramentos e Jóias” adotado pela Maçonaria<br />

Simbólica Regular do Brasil (edição 1956) vemos que o Grão Mestre usa um<br />

colar metálico composto <strong>de</strong> 13 chapas e 7 estrelas. Não passa <strong>de</strong> uma “ca<strong>de</strong>ia”<br />

simbólica, usada pela autorida<strong>de</strong> máxima do simbolismo. Traz em si, como<br />

<strong>de</strong>terminação externa, o propósito <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> espiritual dos que se encontram<br />

sob seu “Malhete”.<br />

Os colares sempre foram altamente simbólicos, usam-nos quase<br />

todas as seitas religiosas do oriente e do oci<strong>de</strong>nte; uns, colocando-os no<br />

pescoço, outros os manuseando constantemente; exemplo dos mais comuns<br />

o temos no “rosário”, composto <strong>de</strong> contas que conduzem os fervorosos a uma<br />

oração constante.<br />

Em diplomas, figuras, “ex-libris”, encontramos “colares” que<br />

expressam “ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> <strong>união</strong>”, simbolicamente <strong>de</strong>senhadas; os brasões dos<br />

papas, car<strong>de</strong>ais e bispos, sempre contêm, ou elos dispersos, ou colares,<br />

expressando <strong>união</strong>.<br />

A “Orla Dentada”, ou o “Bor<strong>de</strong> Festonado”, ou “Franja Festonada”,<br />

é construída <strong>de</strong> diversas formas, mas ultimamente se a coloca no próprio<br />

piso <strong>de</strong> forma a mais simples possível, em pequenos triângulos. A forma não<br />

altera o seu significado.<br />

Em princípios do século XIX, os símbolos maçônicos eram<br />

<strong>de</strong>senhados com giz ou carvão, no assoalho e em terno era colocada uma<br />

corda.<br />

Não se confunda com a corda dos 81 nós que circunda o Templo,<br />

ao redor do teto, pois essa corda não é contínua; em suas extremida<strong>de</strong>s<br />

pen<strong>de</strong>m duas franjas. O seu simbolismo é muito diverso do da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União.<br />

A “Orla Dentada” simboliza, outrossim, o círculo que os planetas<br />

formam ao redor do Sol em suas diversas evoluções.<br />

Simboliza a “muralha” protetora da humanida<strong>de</strong> formada pelos<br />

espíritos evoluídos que, com sua força mental, equilibram o ser humano,<br />

salvando-o da miséria e aflição.<br />

Curioso é referir que a “<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong>” formada pela “Orla Dentada” toma<br />

o formato <strong>de</strong> um quadrilátero e não <strong>de</strong> um círculo, pois representa os quatro<br />

elementos: Terra, Água, Ar e Fogo.<br />

Uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong>ve ser um “todo”, pois os seus “componentes”<br />

isolados, não atuam como tal.<br />

11


Rizzardo da Camino<br />

12<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Porém, na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, os “componentes”, ou “elos”, têm a<br />

peculiarida<strong>de</strong>, por serem “seres humanos”, <strong>de</strong> atuarem em separado.<br />

Cada Maçom constitui-se em “elo” da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União e, fora <strong>de</strong><br />

sua formação, são “elos em expectativa” para, reunidos, atuarem como<br />

conjunto.<br />

Os <strong>de</strong>mais símbolos a que aludimos, como a “Orla Dentada”, a<br />

“Corda dos 81 Nós”, as “Re<strong>de</strong>s” sobre as Colunas, os “Colares”, tudo o que<br />

possa representar “Círculo”, são estáticos e só valem quando se constituem<br />

em “todo”.<br />

Por exemplo, não será símbolo um fragmento <strong>de</strong> uma Jóia, <strong>de</strong> um<br />

Instrumento, <strong>de</strong> uma Página do Livro Sagrado; <strong>de</strong> um Nó da Corda <strong>de</strong> 21<br />

Nós, <strong>de</strong> um elo <strong>de</strong> um Colar.<br />

O Cordão do Avental só será “<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong>” e símbolo quando atado à<br />

cintura do Maçom; isolado, estático, nada representa.<br />

O “elo” da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, isolado, por ser um “ser”, atua<br />

misticamente, como <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong>, se com o pensamento se une aos <strong>de</strong>mais “elos”<br />

da Loja.<br />

Há uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União em cada Loja; há uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

em cada Jurisdição (uma Jurisdição compreen<strong>de</strong> as Lojas <strong>de</strong> um Estado da<br />

União); há uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União em cada País; há uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

sobre a Terra e há uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União Universal.<br />

Cada “elo” constitui um “elo” da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União <strong>de</strong> sua própria<br />

Loja, mas também, <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>mais “<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong>s <strong>de</strong> União” mencionadas.<br />

A “<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União Universal” abrange os “seres” humanos e os<br />

“exclusivamente espirituais”, se assim pu<strong>de</strong>rmos classificar as próprias Hostes<br />

Celestiais, e os “espíritos” dos que “morreram”.<br />

O “contato” mental é instantâneo; portanto, a “formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong><br />

<strong>de</strong> União Mental” é instantânea.<br />

Nenhum “elo” permanecerá isolado e fora do “todo”, após ter<br />

participado <strong>de</strong> uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />

Porém, e isto está impregnado <strong>de</strong> esoterismo, o que faz a formação<br />

mental é a “Palavra Semestral”, que tem o dom mágico <strong>de</strong> unir os “Elos”<br />

esparsos.<br />

Faz-se, portanto, necessário, pelo menos uma aproximação entre<br />

os “elos”, semestralmente.


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Se a “palavra <strong>de</strong> <strong>união</strong>”, não fosse alterada semestralmente e fosse<br />

mantida por período mais longo, a sua função, evi<strong>de</strong>ntemente, seria<br />

prolongada; se inalterada, seria permanente.<br />

Muitos confun<strong>de</strong>m a Corda dos 81 Nós com a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União,<br />

confundindo “elos” com “nós”.<br />

Um “elo” é um elemento que une dois outros “elos”, mantendo-os,<br />

porém, isolados e livres.<br />

Os “nós” são formados por uma só “Corda”, que se “entrelaça” e<br />

prossegue; portanto, o “nó” não une. Falta à “Corda”, a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “unir”.<br />

A Corda dos 81 Nós circunda o Templo, dividindo a “Abóbada<br />

Celeste”, qual linha do Horizonte, da Terra.<br />

Sendo a Loja um “quadrilongo”, a Corda dos 81 Nós, não se<br />

apresenta circular. A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União forma um círculo, sem princípio ou<br />

fim; a Corda dos 81 Nós termina em duas extremida<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> são colocadas<br />

duas borlas que atingem o solo; não é, portanto, uma “<strong>união</strong>” <strong>de</strong> “elos”, mas<br />

simplesmente, um símbolo estático, com função muito diferente, formado <strong>de</strong><br />

“nós”.<br />

Em muitos Templos se vêem “Cordas” que possuem 81 “laçadas”<br />

ao invés <strong>de</strong> “nós”.<br />

A “laçada” ou o “laço” é, indubitavelmente, um “nó” em formação;<br />

bastará “esticar” a corda, para transformar o “laço” em “nó”.<br />

A função da Corda dos 81 Nós é “expelir”, <strong>de</strong> cima para baixo e <strong>de</strong><br />

fora para <strong>de</strong>ntro, as “energias elétricas”, sobre os Obreiros, atuando os “nós”,<br />

como “acumuladores” <strong>de</strong> energia.<br />

A Corda dos 81 Nós possui 81 elementos <strong>de</strong>finitivos; não se os<br />

po<strong>de</strong>m suprimir nem acrescentar.<br />

A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União é formada por tantos “elos” quantos Maçons<br />

presentes. Os “nós” da Corda não o são dispersos; os “elos”, sim.<br />

O termo “<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong>” sugere “prisão”, porque era costume cruel e antigo<br />

acorrentarem-se os prisioneiros.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> e prisão são sinônimas; portanto, quem participa <strong>de</strong> uma<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União constitui-se em “prisioneiro”, no sentido <strong>de</strong> “<strong>união</strong>”; um<br />

“prisioneiro” do amor fraterno universal.<br />

Os Maçons encontram-se “presos” aos seus Irmãos <strong>de</strong> Loja, na<br />

solidarieda<strong>de</strong> do bem comum e do crescimento espiritual.<br />

13


Rizzardo da Camino<br />

14<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Quando os Maçons formam a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, colocam-se um ao<br />

lado do outro, <strong>de</strong> pé, formando círculo. Porque estão parados e <strong>de</strong> pé e prestes<br />

a iniciarem um ato litúrgico, <strong>de</strong>verão colocar-se “à or<strong>de</strong>m”; após, cruzam os<br />

braços e se transformam em “elos simbólicos”, materializadas; dadas as mãos,<br />

surge uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União estática, o mais belo dos símbolos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

uma Loja.<br />

É a “<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong>”, em direção à “União”.<br />

Os termos <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> e Corrente, maçonicamente, são sinônimos, pois<br />

seu significado etimológico é igual, até se consi<strong>de</strong>rarmos os efeitos da “corrente<br />

elétrica”, que circula na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União já formada.<br />

No entanto, não só porque assim a <strong>de</strong>nominam os Rituais, como<br />

mantém a tradição, mas porque, a origem situa-se exatamente no termo<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong>, com o significado <strong>de</strong> “prisão”.<br />

A outra palavra, União, a encontramos no sentido maçônico, no<br />

salmo 133, embora cada versão apresente certas peculiarida<strong>de</strong>s que vale a<br />

pena referir.<br />

Na tradução mais comum, <strong>de</strong> João Ferreira <strong>de</strong> Almeida, edição<br />

revisada e atualizada no Brasil pela Socieda<strong>de</strong> Bíblica do Brasil, assim<br />

apresenta o primeiro versículo do referido salmo:<br />

“Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos.”<br />

A tradução mais antiga, revista e corrigida na grafia simplificada<br />

do mesmo João Ferreira <strong>de</strong> Almeida, da Imprensa Bíblica Brasileira, assim<br />

diz:<br />

“Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em <strong>união</strong>.”<br />

A tradução brasileira dos originais hebraico e grego, das Socieda<strong>de</strong>s<br />

Bíblicas Unidas, apresenta:<br />

“Eis quão bom e quão agradável é habitarem juntos os irmãos!”<br />

A versão apresentada pela Vulgata, <strong>de</strong> autoria do padre Matos<br />

Soares, não difere das <strong>de</strong>mais:<br />

“Oh! Quão bom e quão suave é viverem os irmãos em <strong>união</strong>!”<br />

A tradução dos textos originais pelo Pontifício Instituto Bíblico <strong>de</strong><br />

Roma, apresenta:<br />

“Oh! Como é belo, como é prazenteiro o convívio <strong>de</strong> muitos<br />

irmãos juntos!”


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Nessa tradução chama a atenção a aparente redundância:<br />

“o convívio <strong>de</strong> muitos irmãos e <strong>de</strong> irmãos juntos”. Convívio <strong>de</strong> muitos<br />

irmãos juntos tem significado diverso.<br />

O convívio importa em re<strong>união</strong>, em agrupamento. Irmãos juntos<br />

tem o significado <strong>de</strong> unidos.<br />

informa:<br />

O convívio <strong>de</strong> irmãos unificados, em um só corpo, mente e espírito.<br />

“Ler Santa Bíblia”, versão italiana <strong>de</strong> Diodati, edição <strong>de</strong> 1891, assim<br />

“Quant’ é buono che fratelli dimorino insieme!”<br />

Ler “Santa Bíblia”, antiga versão espanhola <strong>de</strong> Cipriano <strong>de</strong> Valera,<br />

publicada em Madrid, diz:<br />

“Mirad cuán bueno y cuán <strong>de</strong>licioso es habitar los hermanos<br />

igualmente en uno!”<br />

E assim, cada tradução, seja em que língua for escrita, revelará,<br />

sempre, o espírito do Salmista que diz afirmar que a <strong>união</strong> entre os irmãos os<br />

faz uma só pessoa.<br />

Cremos que o ponto <strong>de</strong> partida <strong>de</strong> nosso estudo <strong>de</strong>ve ser fixado,<br />

exatamente, na fonte escrita, inquestionavelmente pura, que é o texto sagrado<br />

do Livro da Lei usado em nossas Lojas.<br />

A <strong>união</strong> dos Maçons não po<strong>de</strong>ria ser mais bem executada que<br />

através <strong>de</strong> um símbolo: a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União!<br />

É a universalida<strong>de</strong> em ca<strong>de</strong>ia. Na era nuclear em que estamos<br />

vivendo há décadas, ficou assentado que uma série <strong>de</strong> átomos ligados entre<br />

si formam uma ca<strong>de</strong>ia.<br />

Dentro da universalida<strong>de</strong> maçônica, o indivíduo representa esses<br />

átomos, pois, tanto no microcosmo como no macrocosmo, o Universo é<br />

encontrado, quer filosófica, quer cientificamente.<br />

O próprio vocábulo “Universo”, quer dizer, diversos em “um”. Uma<br />

ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> maçons forma um só símbolo: o homem universal.<br />

Os elos da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União são os mesmos elos <strong>de</strong> uma ca<strong>de</strong>ia<br />

comum, <strong>de</strong> metal, isto é, elos interligados entre si, embora individualmente<br />

soltos. Cada elemento conserva a sua personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> modo que em ca<strong>de</strong>ia,<br />

sentem-se unidos, sem estarem “soldados” entre si.<br />

15


Rizzardo da Camino<br />

16<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

O objetivo primário da Maçonaria é unir os Irmãos <strong>de</strong> tal forma que<br />

<strong>de</strong>vem e possam parecer um só corpo, uma só vonta<strong>de</strong>, um só espírito. Um<br />

Templo compacto, coeso, uma massa só, posto composta <strong>de</strong> partes<br />

heterogêneas, formando um todo, uma Instituição. Esse todo não diminui<br />

nem absorve as personalida<strong>de</strong>s isoladas. Como o Universo que subsiste como<br />

um todo, porém, tem perfeitamente individualizado cada parcela, cada átomo<br />

<strong>de</strong> que é composto.<br />

O Maçom unido pela <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União não é absorvido e diluído,<br />

mas unido através da soma das forças físicas e mentais, existindo<br />

individualmente no todo. Admira que a instituição da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União tenha<br />

seu nascedouro em era tão próxima, <strong>de</strong> vez que já os Templários a praticavam<br />

e em torno do Salmo 133 e da “<strong>união</strong>” invocada, a perseguição <strong>de</strong> Felipe o<br />

Belo e da Igreja através do pusilânime papa Clemente V.<br />

Michelet, na sua obra “Processo dos Templários”, tomo I, pág. 278,<br />

citado por A<strong>de</strong>lino <strong>de</strong> Figueiredo Lima, transcreve o Salmo 133 em latim:<br />

“Ecce quam bonum et quam jucundum habitare fratres in<br />

unum”.<br />

O objetivo do Salmo seria simplesmente a justificação do<br />

“homossexualismo”, prática a que se <strong>de</strong>dicariam os Templários; os noviços<br />

excitariam os veteranos com práticas obscenas e con<strong>de</strong>náveis:<br />

“In ore, in umbilico seu in ventre nudo, et in ano seu spina<br />

dorsi. Item aliquando in umbilico. Item aliquando in fine spine<br />

dorsi. Item, aliquando in virga virili.”<br />

Tal procedimento visaria preservar os segredos da Or<strong>de</strong>m, suprindo<br />

a falta <strong>de</strong> contato sexual heterogêneo, cuja incontinência <strong>de</strong> linguagem<br />

assustava os Templários:<br />

“Si habert calorem et motos carnales, poterant ad incivem<br />

carnaliter commixeri, si volebant, quia medius erat quod hoc<br />

facerent inter se, ne ordo vituperaretur, quam si acce<strong>de</strong>rent<br />

ad mulieris”.<br />

As perseguições contra a Maçonaria incluíram as fantasiosas e<br />

maldosas imputações feitas aos Templários e, talvez, a partir daí é que<br />

houvesse certa restrição ao uso da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União e da leitura em voz alta<br />

do Salmo 133.<br />

Nem sempre a leitura do Livro Sagrado fixou-se para a abertura<br />

dos trabalhos em sessão <strong>de</strong> Aprendiz, no Salmo 133, e ainda, hoje, muitos<br />

autores discutem a valida<strong>de</strong> da escolha daquele trecho, temerosos <strong>de</strong> que<br />

pu<strong>de</strong>sse haver, novamente, interpretação maldosa.


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

A União, obviamente, será física no sentido da “fraternida<strong>de</strong>”, mas<br />

jamais uma <strong>união</strong> “carnal”; a “União” “mental”, “espiritual” é <strong>de</strong> muito mais<br />

eficácia que a <strong>união</strong> física.<br />

O símbolo não se presta a dúbias interpretações, pois um dos pontos<br />

básicos da Maçonaria e o seu alicerce mais sólido é a Moral!<br />

A Teoria Atômica<br />

A teoria atômica do astrofísico Bethe, consoante o esquema por ele<br />

apresentado, dá uma <strong>de</strong>monstração evi<strong>de</strong>nte da obediência à lei natural.<br />

O que é um átomo?<br />

Em torno <strong>de</strong> uns corpos centrais, comparáveis ao Sol, e que se<br />

<strong>de</strong>nominam núcleo, giram como planetas em trajetórias <strong>de</strong> vários diâmetros,<br />

partículas menores <strong>de</strong>nominadas elétrons.<br />

A semelhança com nosso Sistema Solar, certamente, não constitui<br />

mero acaso; pelo contrário, permite que se conclua que on<strong>de</strong> no Universo se<br />

agrupam gran<strong>de</strong>s massas, esse agrupamento aparece como um “sistema<br />

solar”.<br />

Agrupando-se massas minúsculas, elas aparecem como “átomos”.<br />

Em ambos os casos, a massa principal acumula-se no centro como “Sol” e<br />

pequenas partículas dispersam ro<strong>de</strong>iam esse centro como “planetas”. A<br />

diferença entre as dimensões é <strong>de</strong> importância relativa.<br />

O Sistema Solar é o átomo do mundo, do macrocosmo, e o átomo é<br />

o sistema solar do pequeno mundo, do microcosmo. Os planetas do sistema<br />

atômico chamam-se elétrons.<br />

Ninguém, ainda, sabe exatamente o que seja um elétron. Demócrito,<br />

há mais <strong>de</strong> 2000 anos, já havia <strong>de</strong>duzido pela lógica que haviam <strong>de</strong> existir os<br />

átomos.<br />

Em 1625, o matemático francês Descartes - portanto, 300 anos<br />

antes da <strong>de</strong>scoberta dos elétrons - <strong>de</strong>duzira, à base <strong>de</strong> raciocínios matemáticos,<br />

que, além dos átomos, havia <strong>de</strong> existir uma partícula primitiva da matéria,<br />

muito menor ainda; <strong>de</strong>dução esta que hoje também se acha plenamente<br />

confirmada. E, o que é mais surpreen<strong>de</strong>nte ainda: Descartes <strong>de</strong>senhara aquela<br />

partícula primitiva <strong>de</strong> acordo com nossos conceitos atuais, como sendo um<br />

“REMOINHO” que borbulhava do éter celeste, o qual então se presumia existir,<br />

como “REMOINHO ETÉREO”.<br />

17


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

As ca<strong>de</strong>ias e os remoinhos não passam <strong>de</strong> círculos. Fácil se torna<br />

compreen<strong>de</strong>r que tudo se passa <strong>de</strong> idêntica forma, tanto para um átomo<br />

como para um homem.<br />

ca<strong>de</strong>ia.<br />

Po<strong>de</strong>mos, portanto, fazer uma afirmação: tudo em nós vive em<br />

Esta é a razão da importância vital que a formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União, se torna imperativa, como conseqüência lógica <strong>de</strong> que o homem <strong>de</strong>ve<br />

obe<strong>de</strong>cer às leis da natureza e às leis espirituais.<br />

O resultado das reações em ca<strong>de</strong>ia dos átomos é a energia. Energia<br />

idêntica gera uma ca<strong>de</strong>ia formada pelo entrelaçamento tríplice do maçom.<br />

Não há diferença entre o Universo <strong>de</strong> “fora” com o Universo <strong>de</strong> “<strong>de</strong>ntro”.<br />

A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União nada mais é que a repetição <strong>de</strong> leis que regem<br />

a Natureza; é preciso, porém, entendê-las e conscientizarem-se, todos, <strong>de</strong>sta<br />

verda<strong>de</strong>.<br />

Eis, portanto, uma das razões do porque da formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União <strong>de</strong>ntro dos Templos Maçônicos.<br />

Na Natureza tudo ocorre em “círculo”, ou seja, em “ca<strong>de</strong>ia” - e mesmo<br />

em “ca<strong>de</strong>ia” e mesmo em “corrente”.<br />

Agora, <strong>de</strong>monstraremos o que seja a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União e como <strong>de</strong>ve<br />

ser executada.<br />

Permuta<br />

O corpo humano, através do seu sistema nervoso, registra as<br />

excitações que lhes vêm do mundo exterior; os seus órgãos e os seus músculos<br />

dão a estas a resposta apropriada.<br />

É tanto com a sua consciência como com o seu corpo que o homem<br />

luta pela existência. Este seria o homem “receptivo”, ao seu lado existirá um<br />

corpo “doador”. Não haveria “receptivida<strong>de</strong>” sem “doação!”<br />

A <strong>união</strong> <strong>de</strong>stas duas “forças” completa o ciclo da Natureza, e nada<br />

mais a<strong>de</strong>quado e importante que ser feita a “troca” <strong>de</strong>ntro da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União.<br />

O corpo humano possui um “sistema central’’ que compreen<strong>de</strong> o<br />

cérebro, o cerebelo, o bulbo e a medula. O “sistema central” age diretamente<br />

sobre os nervos dos músculos e, indiretamente, sobre os dos órgãos.<br />

18


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Esta substância, por meio dos nervos sensitivos, recebe as<br />

“mensagens” que emanam da superfície do corpo e dos órgãos dos sentidos.<br />

Estas “mensagens” são enviadas para todos os órgãos através do sistema<br />

simpático: uma quase infinita quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “fibras nervosas” percorre o<br />

organismo em todas as direções. As suas ramificações microscópicas<br />

insinuam-se entre as células da pele, em volta das glândulas, dos canais <strong>de</strong><br />

secreção, nas túnicas das artérias e das veias, nos invólucros contráteis do<br />

estômago e do intestino, na superfície das fibras musculares etc (3) ..<br />

Os corpos humanos, unidos em <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União submetem-se a<br />

uma constante troca através da excitação dos toques: estes toques são feitos<br />

pelas mãos e pelos pés. Contudo, dada a proximida<strong>de</strong> dos corpos, há os<br />

toques mentais, eis que as células nrrvosas “captam” a curta ou longa<br />

distância, as “doações”.<br />

“Recepções” e “doações” não passam <strong>de</strong> “permutas” havendo, <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado lapso <strong>de</strong> tempo, e unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> respiração, um perfeito<br />

equilíbrio. Ninguém mais terá a dar e nem a receber; haverá uma só i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />

É a “vida em <strong>união</strong>” do Salmista, ou a compreensão exata das palavras do<br />

Divino Mestre Jesus: “Eu e o Pai somos um”.<br />

São os “vasos comunicantes”, sendo os “condutores”, as mãos que<br />

se firmam num estreitamento fraterno. As “permutas” não são, meramente,<br />

psicológicas; elas são <strong>de</strong> conteúdo físico, pois a “energia” que se <strong>de</strong>spren<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> uma mão, produz “calor”.<br />

O “toque”, tão usado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os mistérios egípcios, aos fatos narrados<br />

nas Sagradas Escrituras, o “po<strong>de</strong>r’’ do Cristo e a “terapêutica” das massagens,<br />

enfim, a “transmissão”, quer através das ondas sonoras, quer através do<br />

contato direto, é uma “realida<strong>de</strong>” e que cabe experimentada. Ainda não<br />

chegamos ao conhecimento perfeito <strong>de</strong>stes aspectos misteriosos e mágicos,<br />

mas estamos caminhando para uma abertura maior, quando o ser humano<br />

po<strong>de</strong>rá, em laboratório, <strong>de</strong>finir estas qualida<strong>de</strong>s que lhe são inerentes.<br />

Pensando no terreno difícil e às vezes incompreensível da mística,<br />

notamos que o efeito <strong>de</strong> uma oração surge quando a mente pe<strong>de</strong>, não para si,<br />

mas para outrem. Pedindo, com <strong>de</strong>sprendimento, um benefício para o<br />

“próximo”, aquele benefício vem para nós.<br />

Os estados <strong>de</strong> consciência produzidos pelo trabalho mental refletem<br />

no organismo. Bastaria lembrarmos que o prazer faz corar a face; a cólera e<br />

o medo fazem empali<strong>de</strong>cer; uma notícia trágica po<strong>de</strong> provocar a contração<br />

das artérias, a anemia do coração e a morte repentina.<br />

_______________________________________________________________________<br />

(3)<br />

Vi<strong>de</strong> “O Simbolismo do Segundo Grau”, do mesmo Autor.<br />

19


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

O terror enfraquece as pernas, dobra os joelhos e causa<br />

<strong>de</strong>sfalecimentos. A visão <strong>de</strong> um alimento apetitoso provoca a salivação; uma<br />

mulher, a ereção; a ofensa dilata os vasos das glândulas supra-renais<br />

segregando adrenalina, preparando o organismo para o ataque. O terror<br />

embranquece os cabelos em poucas horas; a angústia causa o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

suicídio.<br />

O controle <strong>de</strong> tudo isto po<strong>de</strong> ser realizado através <strong>de</strong> uma simples<br />

“meditação”! O relaxamento muscular, a divagação, a fuga dos problemas<br />

pela substituição <strong>de</strong> novos quadros e pensamentos dirigidos, conduz à<br />

meditação e esta ao equilíbrio e ao estado normal.<br />

União.<br />

É a função fisiológica do corpo humano por meio da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

Se a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União possui este “dom” e esta faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

modificar o metabolismo e comportamento humanos, que dizer <strong>de</strong> sua ação<br />

espiritual?<br />

A Meditação<br />

Se a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União contribui para esta mensagem e comunicação<br />

entre os homens, como o condão <strong>de</strong> equilibrar emoções e normalizar<br />

organismos, está claro que para a obtenção do resultado almejado, ela <strong>de</strong>verá<br />

ser construída com perfeição.<br />

Hoje em dia, a prática da “concentração” está con<strong>de</strong>nada e superada,<br />

pela prática simples da “meditação”. Concentração exige esforço, recolhimento<br />

e isolamento; meditação atua <strong>de</strong> forma diversa; é suave, sem concentração<br />

ou isolamento. Basta fixar um elemento <strong>de</strong>ntro da mente, com ele ocupar o<br />

pensamento. Uma palavra, um som, um odor, uma cor!<br />

Para a formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União é contraproducente a<br />

concentração.<br />

A meditação, diz Eknath Easwaran, “po<strong>de</strong> ser acertadamente<br />

<strong>de</strong>finida cosmo a função mais dinâmica, criadora e importante da qual<br />

o homem é capaz, porque, ao extinguir nele tudo que é egoísta, leva-o<br />

para aquele estado impessoal <strong>de</strong> Consciência Crística, <strong>de</strong>nominado<br />

“CHIT” pelos sábios hindus”.<br />

De um modo geral, o Venerável, ao dirigir a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, pe<strong>de</strong><br />

concentração; isto está errado, porque concentração conduz a isolamento,<br />

quando os irmãos reunidos não <strong>de</strong>vem isolar-se, mas sim, aproximar-se um<br />

do outro.<br />

20


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

A perfeição po<strong>de</strong> ser alcançada através <strong>de</strong> dois caminhos: o do<br />

isolamento e o da comunhão. O isolamento conduz à renúncia. A comunhão<br />

é ação que conquista; a resultante da comunicação.<br />

Ambos os caminhos são válidos para a busca da perfeição, porém o<br />

caminho da comunhão alcança beneficiar o próximo, enquanto o caminho<br />

do isolamento satisfaz apenas a um.<br />

Tanto para o que medita isolado, como para os que meditam em<br />

grupo (4) , há necessida<strong>de</strong> que esta meditação alcance certa profundida<strong>de</strong>. A<br />

natureza humana possui a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, em meditação, produzir efeitos<br />

oriundos <strong>de</strong> agentes provocadores (5) , um <strong>de</strong>les é o som.<br />

Não se po<strong>de</strong> isolar o ato meditativo <strong>de</strong> um som, porque este é o<br />

fornecedor <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada “freqüência” que influencia a mente <strong>de</strong> todos<br />

os que tomam parte na corrente.<br />

A soma <strong>de</strong>stas influências produz harmonia e prosperida<strong>de</strong>. O que<br />

medita isoladamente alcança sucesso através do silêncio. Os que meditam<br />

em comunhão alcançam sucesso com sua ativida<strong>de</strong>. Daí o fato da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União apresentar “movimento” (6) enquanto o meditante isolado, silente em<br />

sua postura e sentado embora esteja se beneficiando, não alcança sucesso<br />

em sua vida.<br />

O maçom que medita isolado habitua-se e não sente atração pela<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União. O contrário acontece para os que encontram na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União o sucesso almejado.<br />

A fim <strong>de</strong> penetrarmos com mais facilida<strong>de</strong> na explanação,<br />

exemplifiquemos, atribuindo ao meditante isolado a personificação <strong>de</strong> um<br />

monge e ao grupo formado em ca<strong>de</strong>ia, a <strong>de</strong> uma família.<br />

O “monge”, para meditar, não possui o “som” que a “família” exercita.<br />

A diferença <strong>de</strong> influência das duas meditações resi<strong>de</strong> na influência<br />

dos sons emitidos. Toda Palavra que pronunciamos transmite-se em onda<br />

sonora que vai <strong>de</strong> encontro a todo obstáculo representado pelas coisas<br />

pertencentes à criação.<br />

Todo som, por sua vez, chega a nós e há o choque com os seus<br />

efeitos; ou as ondas que emitimos pelas palavras que pronunciamos<br />

conservam a vida ou a <strong>de</strong>stroem e danificam. As ondas sonoras não cessam,<br />

elas continuam.<br />

________________________________________________________________________________________________(<br />

(4)<br />

Terapia em grupo.<br />

(5)<br />

Os agentes provocadores existem na Natureza exterior e na Natureza interior, <strong>de</strong>ntro do<br />

homem.<br />

21


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

(6)<br />

A Corda dos 81 nós é estática, logo um Símbolo diverso da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />

Uma vez que as palavras são pronunciadas, não po<strong>de</strong>m ser<br />

“recolhidas”, porque seu <strong>de</strong>stino é o <strong>de</strong> se propagarem. Uma vez que a palavra<br />

é pronunciada, as suas vibrações espelham-se em todas as direções e<br />

alcançam os quatro cantos da terra (7) .<br />

Por isto todo o cuidado é pouco sobre o que pensamos, falamos ou<br />

fazemos. Difícil é saber o que é certo e o que é errada. O acertar ou errar<br />

tornam-se tarefas complexas. A Natureza é tão complexa, a vida é tão<br />

complexa, e a mente humana tão limitada por falta <strong>de</strong> conhecimento, que se<br />

torna realmente impossível compreen<strong>de</strong>r todo campo do certo e do errado.<br />

Eis porque <strong>de</strong>vemos nos esforçar em sintonizar nossa mente com o<br />

próximo para que a “força” que surge possa nos beneficiar e ser para nós, o<br />

certo. Selecionar o que está certo e o que está errado seria obe<strong>de</strong>cermos à<br />

risca os Dez Mandamentos <strong>de</strong> Moisés, com os seus “não” e os seus “farás”.<br />

As religiões catalogam os “sim” e os “não” e a pureza da vida ou o<br />

pecado, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rão da observância <strong>de</strong>sses “sim” e o afastamento <strong>de</strong>sses<br />

“não”.<br />

Mas, por mais que alguém seja religioso, asceta, meditante tipo<br />

“monge”, não acertará jamais. Ou dimensiona milimetricamente suas ações,<br />

transformando-se em maníaco observador da Lei, per<strong>de</strong>ndo assim, o prazer<br />

<strong>de</strong> viver, ou se une com outros para sintonizar a Inteligência Cósmica,<br />

permitindo que a natureza da mente seja transformada pela Luz da Verda<strong>de</strong><br />

e passar a viver a vida normal que o Gran<strong>de</strong> Arquiteto do Universo nos<br />

proporcionou.<br />

Uma vida correta por natureza.<br />

Uma técnica <strong>de</strong> vida.<br />

O “monge” tem o seu som apropriado à sua maneira <strong>de</strong> vida e a<br />

“família” tem seu som apropriado à sua maneira <strong>de</strong> vida. O “som” que propicia<br />

a meditação, para o maçom, são as palavras sagradas que recebe, <strong>de</strong>ntro dos<br />

seus graus. Mas, para a formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, há um “som”,<br />

constituído <strong>de</strong> uma palavra sagrada recebida “semestralmente”, pelo Po<strong>de</strong>r<br />

Superior da Instituição.<br />

Insistem, Autores e maçons antigos, em afirmar que a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União visa exclusivamente, a transmissão da Palavra Sagrada, com a<br />

finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> regularização, ou seja, do Membro <strong>de</strong> uma Loja estar a par <strong>de</strong><br />

seis em seis meses, <strong>de</strong> que a Palavra <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>m mudou, confirmando, assim,<br />

a sua assiduida<strong>de</strong>.<br />

_________________________________________________________________<br />

22


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

(7)<br />

E jamais po<strong>de</strong>rão ser recolhidas.<br />

Este aspecto é meramente administrativo, esquecendo-se os<br />

“opositores” do papel que representa na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União a “Palavra Semestral”<br />

e do valor <strong>de</strong> quem a emite, portador <strong>de</strong> uma autorida<strong>de</strong> inconteste e que se<br />

torna respeitado pelo que significa a sua “contribuição” esotérica, <strong>de</strong>ntro do<br />

concerto das Lojas Maçônicas.<br />

Quando em ca<strong>de</strong>ia, é transmitida a “palavra semestral”; esta propicia<br />

a meditação, não importando ser ela prolongada ou curta. Não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar<br />

<strong>de</strong> referir que a “palavra semestral” <strong>de</strong>verá ser fornecida por um “Po<strong>de</strong>r<br />

Regular”, ou seja, uma “potência” reconhecida por outras “potências” face o<br />

preenchimento dos requisitos que lhe propiciam esse reconhecimento<br />

internacional.<br />

Caso contrário, será um “som” ina<strong>de</strong>quado e sem os efeitos <strong>de</strong>sejados<br />

e esperados.<br />

A “regularida<strong>de</strong>” maçônica é fator <strong>de</strong> relevante importância, pois os<br />

benefícios vindos <strong>de</strong> um ato litúrgico envolvem um aspecto moral. A<br />

irregularida<strong>de</strong> nada mais é que uma “oposição”; os corpos maçônicos que<br />

surgem irregularmente, ou são produto <strong>de</strong> dissensões, quando um grupo se<br />

separa <strong>de</strong> uma Potência, ou quando um grupo enten<strong>de</strong> criar, sem a necessária<br />

cobertura, um corpo espúrio.<br />

Não basta a alegação <strong>de</strong> que os Rituais usados são os mesmos e<br />

provindos <strong>de</strong> uma só fonte; não basta a alegação <strong>de</strong> que os membros ingressam<br />

na organização irregular, <strong>de</strong>sconhecendo a situação; não basta que o pretenso<br />

“Irmão” seja pessoa portadora das mais nobres virtu<strong>de</strong>s e qualida<strong>de</strong>s.<br />

O erro é <strong>de</strong> base.<br />

A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União formada com “elos” irregulares produzirá efeitos<br />

negativos.<br />

A meditação comum, a que <strong>de</strong>nominamos <strong>de</strong> “profana”,<br />

indubitavelmente, produzirá bons efeitos. Há, contudo, meditação profana e<br />

meditação maçônica. A técnica não é a mesma, porque a meditação maçônica<br />

é feita <strong>de</strong>ntro da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União. Os sons emitidos em uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União formada por maçons regulares serão misticamente a<strong>de</strong>quados.<br />

O po<strong>de</strong>r do som aumenta uma vez que o mesmo é reduzido durante<br />

a meditação. Sabemos que quando entramos nos estados sutis da criação, o<br />

po<strong>de</strong>r aumenta. Se atirássemos uma pedra em alguém, po<strong>de</strong>ríamos feri-lo,<br />

seria uma ação dirigida a um indivíduo tão somente, mas se pudéssemos<br />

23


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

entrar na sutileza da pedra e excitar o átomo, ele bombar<strong>de</strong>aria toda a<br />

atmosfera.<br />

O po<strong>de</strong>r é imenso nos estados da criação; o po<strong>de</strong>r é infinitamente<br />

maior nos estados sutis do pensamento. Quando reduzimos um pensamento<br />

a um estado muito sutil, ele fica consi<strong>de</strong>ravelmente mais po<strong>de</strong>roso do que<br />

quando antes no plano grosseiro da mente.<br />

Quando o pensamento está prestes a <strong>de</strong>saparecer no seu estado<br />

mais sutil, a “força-pensamento’’ criada chega a um máximo. Assim, quando<br />

um pensamento é reduzido durante a meditação, o efeito aumenta. O valor<br />

da meditação está em reduzir o pensamento até que ele seja reduzido ao<br />

nada.<br />

Portanto, a influência física daquele som específico é intensificada<br />

à sua capacida<strong>de</strong> máxima até que ele alcança o seu limite absoluto <strong>de</strong><br />

intensida<strong>de</strong> quando sua influência permeia todo o campo da criação.<br />

Na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, o efeito <strong>de</strong>sejado será a “paz interior”, a<br />

“felicida<strong>de</strong> interior”, maior “criativida<strong>de</strong>”, maior “sabedoria”, maior “soli<strong>de</strong>z<br />

da vida” e a integração <strong>de</strong> “valores”, em todas as campas da existência.<br />

Paz interior e ativida<strong>de</strong> externa com sucesso são as necessida<strong>de</strong>s<br />

do chefe <strong>de</strong> família. Este efeito <strong>de</strong> aumentar a paz interior e ter sucesso<br />

externo, com toda a harmonia, é adquirido pelo efeito <strong>de</strong> um som especial<br />

próprio para o momento em que irmãos se unem, para como se fossem um<br />

só, receberem o “som” que um “Po<strong>de</strong>r Superior” fornece. Este “Po<strong>de</strong>r Superior”,<br />

no sentido hierárquico.<br />

Formar a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União apenas semestralmente, com a finalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> transmitir a Palavra Semestral, seria proporcionar ao Membro <strong>de</strong> uma<br />

Loja escassa ativida<strong>de</strong> espiritual, restringir ao máximo o “direito” que todos<br />

adquiriram <strong>de</strong> usufruir a “força” que representa a “União em <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong>”, do<br />

benefício da meditação e do fortalecimento íntimo através da dádiva da Paz.<br />

O Caminho para Dentro<br />

O homem sonha em sair <strong>de</strong> si mesmo e atingir mundo: ignotos,<br />

viajar, como o fazem os astronautas pelo firmamento em busca do<br />

<strong>de</strong>sconhecido, numa espécie <strong>de</strong> “levitação”, anseio muito comum e<br />

proclamado, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros alvores da civilização.<br />

24<br />

Hoje, o processo inverte-se, porque o homem ten<strong>de</strong> percorrer um


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

“caminho para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si”, usando processos técnicos e conseguindo<br />

penetrar no insondável mistério <strong>de</strong> si mesmo, on<strong>de</strong> existe uma consciência<br />

que não conhece, um Universo que não percebe.<br />

O “caminho para <strong>de</strong>ntro” é simples e natural, quase espontâneo,<br />

partindo da periferia grosseira e atingindo o “centro” sutil, o seu mundo <strong>de</strong><br />

percepção. A percepção do interior é tão normal como a percepção do exterior.<br />

Para “ver” o mundo externo, valemo-nos dos olhos normais, <strong>de</strong> um dos cinco<br />

sentidos do corpo; para “ver’’ e mundo sutil, valemo-nos da “terceira visão”,<br />

dos sentidos da percepção interna. Os efeitos e os métodos são diversos.<br />

A percepção <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro para fora exige rumor e dinamismo. A<br />

percepção interna é silenciosa, serena e estática. A percepção para o exterior<br />

<strong>de</strong>spen<strong>de</strong> energias, e para o interior, acumula energias. A percepção para<br />

<strong>de</strong>ntro, ou para o interior, resulta da diminuição das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> nosso<br />

sistema nervoso, gradativamente, até a sua paralisação completa, até<br />

encontrar um estado maravilhoso <strong>de</strong> silêncio. Ao contrário do que muitos<br />

po<strong>de</strong>riam julgar, o silêncio não é paralisação e morte, mas sim, um estado <strong>de</strong><br />

“alerta” que põe em “movimento” outros fatores. “Movimento”, aqui empregado<br />

<strong>de</strong> forma peculiar, por ser “movimento-estático”, uma forma paradoxal,<br />

embora.<br />

A ativida<strong>de</strong> mental é reduzida ao <strong>de</strong>scanso total, ao “ponto <strong>de</strong><br />

agulha”, como diriam os “rishis” <strong>de</strong> outrora. Ponto que se situa na fonte do<br />

pensamento, que é cósmica e pura.<br />

Chegamos ao “centro da vida”, que é a divinda<strong>de</strong> em nós, e segundo<br />

a linguagem evangélica, o Cristo em nós.<br />

Toda figura geométrica possui um “centro” e a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União,<br />

por ser um círculo, o possui também. Daí a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União ser formada com a observação <strong>de</strong> ser circular, procurando os Irmãos<br />

manter a forma geométrica, com capricho, marcando, quando possível, no<br />

piso, alguns pontos <strong>de</strong> referência.<br />

Não <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> anotar que no “centro” da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

está situado, sempre que possível, o Ara, ou seja, o Altar dos Juramentos,<br />

on<strong>de</strong> o Livro Sagrado é mantido aberto (8) .<br />

O “Centro’’ da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União será a “Palavra do Senhor” ou, em<br />

linguagem maçônica, a “Prancheta” do Gran<strong>de</strong> Arquiteto do Universo, on<strong>de</strong><br />

está consignado o “traçado” da Gran<strong>de</strong> Edificação do Universo.<br />

_____________________________________________________________________________________________________<br />

(8)<br />

A formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União <strong>de</strong>ve ser feita antes do encerramento da sessão, para que<br />

o “Livro <strong>de</strong> Lei” permaneça aberto.<br />

25


Rizzardo da Camino<br />

26<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Cada participante da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União no início é um elo, mas logo<br />

passa a ser “corrente” plena, e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada um dos seus participantes, no<br />

seu “centro”, se encontrará nos “centros” dos <strong>de</strong>mais, e sem o perceber,<br />

formará um “centro” único. O “centro da vida” verda<strong>de</strong>ira. Diz o Maharishi<br />

Mahesh Yogi:<br />

“Devemos afirmar que dirigir a mente para o mundo<br />

interior, para o campo transcen<strong>de</strong>ntal, acaba por fazê-la<br />

chegar ao Campo do Absoluto Transcen<strong>de</strong>ntal, ao Campo<br />

Cósmico do Imanifestado. Quando aí, penetra, eis que a<br />

mente e a consciência se saturam-se impregnam da Energia,<br />

ou do Po<strong>de</strong>r do Eu Supremo, o Po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Ser Eterno. Eis que<br />

encontra então a plenitu<strong>de</strong> da Felicida<strong>de</strong>, da Beatitu<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />

qual Gran<strong>de</strong> Plenitu<strong>de</strong> somos her<strong>de</strong>iros. Está, pois,<br />

impregnada, saturada <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong> Felicida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> Plenitu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Felicida<strong>de</strong>. Equivale a um mergulho, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> vários<br />

mergulhos <strong>de</strong> exercício, e prática, todos profundos, on<strong>de</strong><br />

nesse mergulho encontrou a ‘Fonte Cósmica da Plenitu<strong>de</strong>’”.<br />

É evi<strong>de</strong>nte que a “meditação” instantânea e mesmo fugaz; tem seu<br />

fim e nós voltamos à realida<strong>de</strong>, trazendo conosco os resultados do mergulho<br />

dado, da viagem percorrida.<br />

A mente humana, quando retorna, vem banhada <strong>de</strong> luz porque<br />

esteve em contato com Deus. Volta para o mundo. Mas já o mundo faz-se<br />

notar como “ser”, e nós passamos a “amaro mundo”, a respeitar a Natureza,<br />

a admirar a obra da Criação e <strong>de</strong>sejamos um mundo melhor para os nossos<br />

semelhantes. O mundo será melhor porque nós estamos melhorando.<br />

Sentiremos uma inclinação mais acentuada para as coisas do<br />

espírito; buscaremos meditar em outras oportunida<strong>de</strong>s e retornarmos àquele<br />

“contato” que nos <strong>de</strong>u tanta felicida<strong>de</strong>!<br />

Se os maçons se propusessem, em <strong>união</strong>, como “elos”, envolver<br />

toda Humanida<strong>de</strong>, a Paz reinaria sobre todos.<br />

Precisamos conscientizar os maçons <strong>de</strong> que são uma força<br />

prepon<strong>de</strong>rante e que po<strong>de</strong>m melhorar o “meio ambiente” on<strong>de</strong> gravitam.<br />

A falha da Maçonaria resi<strong>de</strong> no fato dos maçons <strong>de</strong>dicarem o melhor<br />

<strong>de</strong> suas intenções apenas enquanto presentes nos Templos, esquecendo que<br />

a Natureza é o maior Templo e que a Fraternida<strong>de</strong> Universal, abrange a<br />

todos, sem distinção <strong>de</strong> conceitos, posição social, raça ou cor.<br />

Cada Loja Maçônica constitui-se em “sementeira <strong>de</strong> Paz”, e basta<br />

lançar mão <strong>de</strong>stas “sementes” para multiplicá-las em terreno fértil, amainado<br />

por nós mesmos.


Rizzardo da Camino<br />

A Palavra Semestral<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Sem, ainda, entrarmos na “mecânica’’ da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, tornase<br />

preciso dizer que a formação da ca<strong>de</strong>ia sem a transmissão da “palavra<br />

semestral” não encontrará objetivida<strong>de</strong>.<br />

A “palavra semestral” po<strong>de</strong>ria ser transmitida por escrito; então,<br />

embora ao lê-la a mente receba o “po<strong>de</strong>r” que ela emana, os resultados que o<br />

“som” po<strong>de</strong>ria produzir não são exercidos.<br />

Portanto, um dos elementos fundamentais da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União é o<br />

“som” produzido pelo “sussurro” da passagem da “palavra semestral”<br />

transmitida <strong>de</strong> ouvido a ouvido.<br />

Antes <strong>de</strong> qualquer coisa, quem <strong>de</strong>ve participar <strong>de</strong> uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União? Todos os membros do quadro; todos os maçons presentes; qualquer<br />

maçom mesmo os que estão no “Oriente Eterno”?<br />

Uma resposta singela seria a fornecida pelos Regulamentos: aquele<br />

que está capacitado a receber a “palavra semestral”. A “palavra semestral”<br />

possui várias finalida<strong>de</strong>s: da regularida<strong>de</strong>; permitir a entrada nos Templos;<br />

fornecer o “som” para a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União e evi<strong>de</strong>nciar a existência <strong>de</strong> uma<br />

Autorida<strong>de</strong> Central.<br />

A “palavra semestral”, obviamente, é mudada <strong>de</strong> seis em seis meses,<br />

correspon<strong>de</strong>ndo às passagens dos equinócios e solstícios, ou seja, na entrada<br />

do verão e na entrada do inverno.<br />

Consiste o equinócio da entrada do Sol em qualquer dos pontos<br />

<strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> equinociais e que são no princípio <strong>de</strong> Áries e Libra, em cujo<br />

tempo as noites e os dias são iguais.<br />

Consistem os solstícios na época em que o Sol entra nos signos <strong>de</strong><br />

Câncer e Capricórnio. Portanto, a palavra “semestral”, <strong>de</strong>veria ser fornecida<br />

na entrada do verão e na entrada do inverno; nem sempre, contudo, isto é<br />

observado.<br />

A função dos signos zodiacais assume importância na formação da<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, seja porque os signos se representam em círculo, seja<br />

porque a posição <strong>de</strong> cada componente da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong>ve obe<strong>de</strong>cer à posição<br />

das constelações representadas na “abóbada celeste” (9) .<br />

__________________________________________________________________________________________________________________<br />

(9)<br />

Aspecto, porém, muito difícil <strong>de</strong> ser observado. Na Santa Ceia do Senhor, o pintor Leonardo<br />

da Vinci colocou cada Discípulo em uma posição Zodiacal. O assunto convida ao estudo.<br />

27


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Os membros do quadro <strong>de</strong> uma Loja Maçônica divi<strong>de</strong>m-se em ativos<br />

e inativos. Merecem ambos os grupos participarem da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União?<br />

Cremos que a resposta <strong>de</strong>ve ser afirmativa porque, enquanto os<br />

membros do quadro não forem por qualquer motivo <strong>de</strong>sligados, pertencem<br />

ao quadro e merecem receber os benefícios que a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União lhes po<strong>de</strong><br />

proporcionar.<br />

Não se po<strong>de</strong> afastar dos Regulamentos o fato <strong>de</strong> que todo maçom é<br />

um iniciado. A iniciação é uma ressurreição precedida <strong>de</strong> uma morte simbólica<br />

ocorrida na Câmara das Reflexões.<br />

O iniciado é um resurrecto que penetra no Templo com sua<br />

“inocência” <strong>de</strong> quem ainda não pecou, porque recém renascido.<br />

As palavras do Nazareno, quando exigia que <strong>de</strong>vessem nascer <strong>de</strong><br />

novo aqueles que aspiravam o Reino, encobertas sempre por <strong>de</strong>nso véu, po<strong>de</strong>m<br />

aplicar-se à iniciação. O “ventre materno” po<strong>de</strong>, perfeitamente, ser simbolizado<br />

pela “Câmara <strong>de</strong> Reflexões”. (10)<br />

O iniciado é maçom “in aeternum”, neste placo físico e também no<br />

“Oriente Eterno”. E todo maçom merece os benefícios que a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

proporciona.<br />

É óbvio que, sendo a “palavra semestral” usada para outras<br />

finalida<strong>de</strong>s, como comprovar a regularida<strong>de</strong>, encontra o iniciado inativo,<br />

“adormecido”, gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> para assistir a uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />

É uso <strong>de</strong> muitas Lojas não permitir que o maçom “visitante” participe<br />

da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, mesmo que comprove a sua regularida<strong>de</strong>. O costume<br />

não pe<strong>de</strong> ser criticado, mas o visitante merecia receber e dar a contribuição<br />

pessoal <strong>de</strong> sua meditação.<br />

O maçom expulso por mau comportamento, o maçom <strong>de</strong>sligado a<br />

pedido do quadro, o maçom enfermo, estes po<strong>de</strong>m participar da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União?<br />

Finalmente, não se po<strong>de</strong> afastar a participação dos maçons que se<br />

encontram em outro plano e que se <strong>de</strong>nominam <strong>de</strong> Irmãos que estão no<br />

Oriente Eterno, ou seja, dos que já morreram. Não vai aqui confirmação <strong>de</strong><br />

teoria espírita, ou convicção <strong>de</strong> que no “astral” morem espíritos <strong>de</strong>sencarnados.<br />

__________________________________________________________________________________________________________________<br />

(10)<br />

Po<strong>de</strong>r-se-ia formar uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma “Câmara <strong>de</strong> Reflexões”? Seria a<br />

“Câmara do Meio”, do Grau 3, a mesma “Câmara das Reflexões”? A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União é<br />

formada apenas no Grau 1?<br />

28


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

O objetivo não diz respeito ao crer ou não crer, aceitar ou repelir.<br />

Trata-se <strong>de</strong> um aspecto normal e comum e que tem suscitado <strong>de</strong>bates <strong>de</strong>ntro<br />

das tertúlias maçônicas.<br />

Vi<strong>de</strong>ntes têm dado seu testemunho <strong>de</strong> que, do lado <strong>de</strong> fora <strong>de</strong> uma<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, viram formar-se outra, composta <strong>de</strong> “maçons” em estado<br />

fluídico, sendo alguns reconhecidos como pertencentes, outrora, ao quadro.<br />

Po<strong>de</strong>ríamos afirmar que os maçons que habitam no “Oriente Eterno,<br />

participam da mesma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União a que nós formamos? Os múltiplos<br />

aspectos que uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União suscita, dá margem a estudos<br />

aprofundados e que merecem todo nosso interesse, se não científico, pelo<br />

menos, perquiritivo. A participação em uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, como afirmamos<br />

acima, exige ser o participante, maçom regular.<br />

Se, porém, surge na Loja, a título <strong>de</strong> visitante, um maçom<br />

pertencente à Maçonaria Mista, ou <strong>de</strong> Adoção, ou Feminina, será imprópria<br />

a presença, pelo fato do “elo” ser mulher?<br />

Opinamos que o fato <strong>de</strong> ser mulher não impediria a participação,<br />

porque em nada diminuiria os efeitos, psicológicos, místicos, mágicos ou físicos<br />

e mesmo espirituais. Porém, a Maçonaria conhecida por “Feminina”, não é<br />

regular, não é reconhecida pelas Potências Internacionais Regulares e,<br />

somente por este fato, a sua participação, não só é <strong>de</strong>saconselhável, como<br />

impeditiva.<br />

Posição Hierárquica<br />

Como formar a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União? Simplesmente unindo-se os<br />

Irmãos em torno do “ARA”, dando-se as mãos?<br />

A posição por or<strong>de</strong>m hierárquica tem a sua influência esotérica. O<br />

Venerável Mestre com as costas voltadas para o Trono <strong>de</strong> on<strong>de</strong> <strong>de</strong>sceu; os<br />

Vigilantes, cada um ao lado e à frente da sua Coluna, formando com o<br />

Venerável Mestre um Triângulo. O Guarda do Templo <strong>de</strong> costas à porta <strong>de</strong><br />

entrada, la<strong>de</strong>ado pelos Diáconos. Ao lado do Venerável Mestre, à direita, o<br />

Guarda da Lei; à esquerda, o Secretário.<br />

A posição hierárquica tem gran<strong>de</strong> relevância, pois as “Luzes” da<br />

Loja - Venerável Mestre e Vigilantes -, e <strong>de</strong>mais Oficiais, são eleitos como os<br />

mais capacitados para dirigirem, durante o ano, os <strong>de</strong>stinos da Loja; são<br />

compromissados e juramentados, neles <strong>de</strong>positando todos os Obreiros do<br />

Quadro plena confiança.<br />

29


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> direção, quer no sentido administrativo, quer<br />

litúrgico, como Oficiante, quer Espiritual, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um “dom” divino<br />

e, portanto, um “privilégio”; todos os Obreiros <strong>de</strong>monstrarão respeito para<br />

com os Dirigentes.<br />

Distribuídos as Luzes e Oficiais, no Circulo que forma a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União, proporcionarão o “equilíbrio”, distribuindo as “forças espirituais”, eis<br />

que, indubitavelmente, a “Autorida<strong>de</strong> Maçônica” é portadora <strong>de</strong> uma soma<br />

maior <strong>de</strong> potência energética.<br />

Este equilíbrio é conveniente, porque evitará que um <strong>de</strong>terminado<br />

Obreiro se “<strong>de</strong>sgaste” mais que outro, dando <strong>de</strong> si maior quantida<strong>de</strong>.<br />

A posição hierárquica, obviamente, importa na presença do titular<br />

do cargo e não <strong>de</strong> seu eventual substituto.<br />

O Titular do cargo prestou o compromisso sagrado ao ser<br />

empossado (11) , o que não acontece com o substituto eventual. A distribuição<br />

<strong>de</strong> Cargos na Loja obe<strong>de</strong>ce simbolicamente à criação do Universo.<br />

O Gran<strong>de</strong> Arquiteto do Universo dispôs, com autorida<strong>de</strong> e perfeição,<br />

<strong>de</strong> forma <strong>de</strong>finitiva e, portanto, permanente, com equilíbrio e Justiça, todas<br />

as coisas criadas, concluindo com a criação do Homem.<br />

Ao compor a Loja, o Mestre <strong>de</strong> Cerimônias, concluída a sua tarefa,<br />

anunciará que a “Loja está composta e os Cargos preenchidos”.<br />

Caso suceda a ausência <strong>de</strong> um Titular, o Mestre <strong>de</strong> Cerimônias<br />

colocará o Obreiro que melhor lhe pareça servir.<br />

Porém, se, já abertos os trabalhos, chegar tardiamente o Titular <strong>de</strong><br />

um cargo, então este não po<strong>de</strong>rá assumir o seu posto, porque, simbolicamente,<br />

causará o caos, eis que a obra perfeita não suporta substituições.<br />

Assim, na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, os Equilibradores serão os Obreiros<br />

que se encontram, naquela sessão, ocupando cargo, sejam ou não Titulares,<br />

com exclusão do Venerável Mestre.<br />

O cargo em si reveste o ocupante <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>; é ao ocupar o seu<br />

lugar, que o Titular “<strong>de</strong>spren<strong>de</strong>” autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> si. Fora da Loja, a Autorida<strong>de</strong><br />

cessa, com exclusão da do Venerável Mestre, porque este é “instalado” através<br />

<strong>de</strong> um cerimonial próprio.<br />

_<br />

_______________________________________________________________________________<br />

(11)<br />

Vi<strong>de</strong> ritual do Mestre Instalado.<br />

30


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

O Venerável Mestre será o dirigente da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União e quem<br />

<strong>de</strong>verá preparar os “elos” para a “Postura” <strong>de</strong> “Meditação”; contudo, po<strong>de</strong>rá<br />

<strong>de</strong>legar a tarefa a uma das Luzes ou Oficiais.<br />

A “Meditação” oral, que po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>nominar <strong>de</strong> “Prece”, po<strong>de</strong>rá ser<br />

dirigida por qualquer Obreiro, porém, a mando do Venerável Mestre.<br />

Po<strong>de</strong>rá ocorrer, porém, a ausência do Venerável Mestre e que, por<br />

se encontrar enfermo, solicitou a seu favor, a formação <strong>de</strong> uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União. O seu substituto “legal” será o 1º Vigilante, e isto por força <strong>de</strong> um<br />

Landmark; no caso, a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, ligando espiritualmente a si o<br />

Venerável Mestre ausente, cumprirá sua tarefa esotérica.<br />

O Balandrau<br />

É o traje antigo usado pelos maçons com formato <strong>de</strong> “opa” ou capote<br />

longo, com mangas compridas e capuz, hoje, simplificado como simples capa.<br />

Quando do movimento da Inconfidência Mineira, mencionam os<br />

documentos a existência <strong>de</strong> certos “encapuzados”, que nada mais eram que<br />

maçons vestindo o “Balandrau”.<br />

O traje serve para unificar a vestimenta <strong>de</strong> todos para,<br />

simbolicamente, igualar o rico com o pobre.<br />

Tem, porém, outra função, igual à da “toga” usada pelos magistrados,<br />

para significar que o juiz está sob o manto da Justiça e que julga em nome<br />

<strong>de</strong>la e não individualmente.<br />

Quem veste o “balandrau” está sob o manto da Maçonaria; não é o<br />

maçom individual que ali está, mas sim, um membro da Maçonaria.<br />

Na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, o participante <strong>de</strong>verá usar o “balandrau”?<br />

Como o uso do “balandrau” não está regulamentado e nem é oficial, cremos<br />

que seu uso será facultativo, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do momento em que se forma a<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União; caso os elementos os estiverem usando, então é <strong>de</strong> todo<br />

conveniente participarem da “corrente” na forma como se encontram.<br />

Se o uso do avental, dos colares, das jóias, dos paramentos, das<br />

próprias luvas; não impe<strong>de</strong> a formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União o uso do<br />

“balandrau” também não será motivo impeditivo.<br />

31


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Também, conforme o grau em que a Loja estiver trabalhando, será<br />

observado o uso do “balandrau”, e então será mais prático e <strong>de</strong> todo<br />

conveniente conservá-lo para a formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />

O “balandrau” clássico é <strong>de</strong> “cor” negra; contudo, po<strong>de</strong> ser usada<br />

na “cor” branca; uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União formada com os seus componentes<br />

trajados com “balandrau” branco, <strong>de</strong>vidamente encapuzados, resulta <strong>de</strong> um<br />

misticismo forte, emprestando à cerimônia um <strong>de</strong>staque tão brilhante que os<br />

seus participantes sentirão indizível prazer na cerimônia.<br />

O “balandrau” encobre os Aventais, <strong>de</strong>ixando assim <strong>de</strong> “revelar” a<br />

presença <strong>de</strong> “Graus”, mas tão somente <strong>de</strong> Obreiros. Conhecem-se as<br />

Autorida<strong>de</strong>s Maçônicas pela posição que assumem <strong>de</strong>ntro da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />

Sob o “balandrau”, colocam-se os Aventais, as Colares e as Jóias.<br />

Na época em que era permitido aos Obreiros portadores <strong>de</strong> graus<br />

superiores ao <strong>de</strong> Mestre apresentarem-se revestidos com as suas insígnias,<br />

Faixas e Aventais, o “balandrau” nivelava a todos; assim, <strong>de</strong>ntro da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong><br />

<strong>de</strong> União, o valor era o do Maçom e não o do portador <strong>de</strong> Graus superiores,<br />

<strong>de</strong>nominados, também, <strong>de</strong> “filosóficos”, ou “vermelhos”.<br />

Não comporta o presente “estudo” analisar a formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong><br />

<strong>de</strong> União nos graus acima do 3°, posto o Rito Escocês Antigo e Aceito seja<br />

composto <strong>de</strong> 33 Graus.<br />

O estudo visa, apenas, o <strong>de</strong>nominado “simbolismo”, isto é, os 3<br />

primeiros Graus do Rito. E, ainda, nos restringimos, ao Grau <strong>de</strong> Aprendiz,<br />

pois a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, além do que neste livro se esclarece, apresenta<br />

novas “nuances” e efeitos nos <strong>de</strong>mais Graus; assim, po<strong>de</strong>mos afirmar que há<br />

para o Rito Escocês Antigo e Aceito 33 funções diversas, mas jamais<br />

divergentes.<br />

O Templo<br />

Templo?<br />

A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União <strong>de</strong>ve ser formada exclusivamente <strong>de</strong>ntro do<br />

A concepção Templo não limita o conceito convencional; um Templo<br />

não se traduz em quatro pare<strong>de</strong>s, mas sim on<strong>de</strong> se cultua a Deus (13) .<br />

_<br />

_______________________________________________________________________________<br />

(13)<br />

Ou ao Gran<strong>de</strong> Arquiteto do Universo.<br />

32


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

O Evangelho esclarece com palavras exatas o verda<strong>de</strong>iro significado<br />

do conceito Templo:<br />

“Em seguida, <strong>de</strong>sceu a Cafarnaum, em companhia <strong>de</strong> sua mãe,<br />

seus irmãos e seus discípulos; <strong>de</strong>moraram-se aí uns poucos<br />

dias. Estava próxima a festa pascal dos ju<strong>de</strong>us; e Jesus subiu<br />

a Jerusalém. No Templo encontrou gente a ven<strong>de</strong>r bois, ovelhas<br />

e pombos; e cambistas, que lá se tinham estabelecido. Fez um<br />

azorrague <strong>de</strong> cordas e expulsou-os todos do Templo, juntamente<br />

com as ovelhas e os bois; arrojou ao chão o dinheiro dos<br />

cambistas e <strong>de</strong>rrubou-lhes as mesas. Aos ven<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> pombos<br />

disse: ‘Tirai daqui essas coisas e não façais da casa <strong>de</strong> meu<br />

Pai casa <strong>de</strong> mercado’. Recolheram-se então os discípulos do<br />

que diz a escritura - ‘O zelo pela tua Casa me <strong>de</strong>vora’. Os ju<strong>de</strong>us,<br />

porém, protestaram, dizendo-lhe: ‘Com que feito po<strong>de</strong>roso<br />

provas que tens autorida<strong>de</strong> para fazer isto?’ Respon<strong>de</strong>u-lhes<br />

Jesus: ‘Destruí este Templo, e em três dias o reedificarei’”.<br />

Disseram os ju<strong>de</strong>us: ‘Quarenta e seis anos levou a construção<br />

<strong>de</strong>ste Templo, e tu preten<strong>de</strong>s reedificá-lo em três dias?’ Ele,<br />

porém, se referia ao Templo <strong>de</strong> seu corpo. Depois <strong>de</strong><br />

ressuscitado <strong>de</strong>ntre os mortos, lembraram-se os Discípulos do<br />

que dissera, e creram na Escritura e nas palavras que Jesus<br />

proferira”. (S. João cap. 2-21)<br />

Logo, o conceito Templo assume vários aspectos, po<strong>de</strong>ndo ser,<br />

inclusive o “corpo”, a “alma” e a “mente”. O “corpo místico da Loja” é um<br />

Templo todo espiritual que assume importância muito maior que seu sentido<br />

material.<br />

São Paulo, na sua sabedoria cristã e através das espetaculares<br />

cartas dirigidas aos povos e às Igrejas, escrevendo aos Coríntios (1º Coríntios:<br />

6-12 a 29), assim pontifica:<br />

“Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é<br />

permitido, mas não convém que eu me <strong>de</strong>ixe escravizar por<br />

coisa alguma. As comidas são para o estômago e o estômago<br />

para as comidas; e Deus <strong>de</strong>ixará perecer um e outro. O espírito,<br />

porém, não é para o corpo. Deus ressuscitou o Senhor, há <strong>de</strong><br />

também ressuscitar-nos a nós pelo seu po<strong>de</strong>r. Não sabeis que<br />

os vossos corpos são membros <strong>de</strong> Cristo, e eu tomaria os<br />

membros <strong>de</strong> Cristo e os faria membros <strong>de</strong> uma meretriz? Nunca!<br />

Ou ignorais que quem se entrega a uma meretriz se torna um<br />

só corpo com ela?<br />

33


Rizzardo da Camino<br />

34<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Pois foi dito que serão dois em uma só carne. Mas, quem se<br />

entrega ao Senhor fica um só espírito com ele. Fugi da luxúria!<br />

Todo o outro pecado que o homem comete não lhe atinge o<br />

corpo; apenas quem se entrega à luxúria peca contra seu<br />

próprio corpo. Não sabeis que vosso corpo é Templo do Espírito<br />

Santo, que habita em vós e que <strong>de</strong> Deus o recebeste? De maneira<br />

que já não pertenceis a vós mesmos? Fostes comprados por<br />

alto preço; pelo que glorifica a”. Deus no vosso corpo.”<br />

A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União po<strong>de</strong>rá ser também uma “<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> Exemplos”,<br />

Templos Crísticos, no conceito espiritual <strong>de</strong> um “estado <strong>de</strong> consciência”<br />

superior cristã, pelo menos, no oci<strong>de</strong>nte, on<strong>de</strong> a maioria dos povos se intitula<br />

cristã.<br />

Ainda, São Paulo, agora, em sua 2ª carta dirigida aos Coríntios<br />

(cap. 6: 11-18) assim se expressa:<br />

“Não vos sujeiteis ao mesmo jugo que os incrédulos. Pois que<br />

tem que ver a justiça com a iniqüida<strong>de</strong>? Que há <strong>de</strong> comum<br />

entre a luz e as trevas? Em que se harmonizam Cristo e Belial?<br />

Que partilha tem o crente com e <strong>de</strong>scrente? Como se coaduna<br />

o Templo <strong>de</strong> Deus com os ídolos? Pois que somos Templo <strong>de</strong><br />

Deus vivo, e Deus disse: “Hei <strong>de</strong> habitar e andar no meio <strong>de</strong>les;<br />

serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Por isso, retirai-vos<br />

do meio <strong>de</strong>les, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisa<br />

impura! Então vos hei <strong>de</strong> receber e serei vosso Pai, e vós me<br />

sereis filhos e filhas, diz o Senhor o Onipotente.”<br />

“Templo <strong>de</strong> Deus vivo” constitui uma expressão muito diversas <strong>de</strong><br />

um simples “Templo <strong>de</strong> Deus”. Afoitamente, os homens entregam-se a<br />

ativida<strong>de</strong>s maçônicas sem consi<strong>de</strong>rar este aspecto <strong>de</strong> servir a um Deus vivo,<br />

contentando-se em atuar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um Templo repleto <strong>de</strong> símbolos inertes,<br />

<strong>de</strong> um Gran<strong>de</strong> Arquiteto do Universo estampado, como se fora tão-somente<br />

um ídolo estático.<br />

Idólatra não é quem adora imagens e sim, que se une a símbolos<br />

para sentir com eles unia satisfação egocêntrica Idólatra po<strong>de</strong> ser quem supõe<br />

adorar apenas a Deus, sem preocupar-se se este Deus é realmente o “Deus<br />

vivo” que habita no Templo! Templo crístico; Templo interior e espiritual.<br />

No livro do Apocalipse, que significa revelação secreta, é o único<br />

livro do Novo Testamento que se po<strong>de</strong> chamar <strong>de</strong> profético. Verda<strong>de</strong> é que<br />

também nos Evangelhos e nas Epístolas encontramos disseminadas, aqui e<br />

acolá, algumas predições sobre o futuro, mas em reduzido número, enquanto<br />

no Apocalipse há o anúncio <strong>de</strong> eventos vindouros.


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Predomina a linguagem figurativa, insinuam-se coisas futuras por<br />

meio <strong>de</strong> símbolos e <strong>de</strong> visões. No capítulo 3, versículos 12 e 13, encontramos:<br />

“Ao vencedor fa-lo-ei Coluna <strong>de</strong> Templo <strong>de</strong> meu Deus, e daí não<br />

sairá mais; nela escreverei o nome <strong>de</strong> meu Deus e o nome da<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> meu Deus, da nova Jerusalém, que <strong>de</strong>sceu do céu,<br />

da parte <strong>de</strong> Deus; e também o meu novo nome. Quem tem<br />

ouvidos ouça o que o Espírito diz às Igrejas.”<br />

A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União po<strong>de</strong>rá representar, ao invés dos convencionais<br />

“elos”, uma corrente formada <strong>de</strong> “colunas’’, já que o símbolo “coluna” é dos<br />

mais citados e se presta a linguagem maçônica.<br />

Surge outro aspecto que não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sprezado e diz respeito ao<br />

“nome simbólico” que cada maçom <strong>de</strong>veria receber após a sua iniciação.<br />

Quando o recipiendário sai da “Câmara das Reflexões”, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixou<br />

as “coisas” <strong>de</strong> seu velho corpo, ingressa no Templo com novo corpo, novas<br />

vestes e novo nome. A última frase é um convite feito pelo Anjo que escreve a<br />

sexta mensagem: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às Igrejas”,<br />

reforça o que dissemos acima, que a “palavra semestral” circula <strong>de</strong> ouvido a<br />

ouvido, conduzindo sua mensagem. Uma única palavra, sempre igual durante<br />

seis meses, mas que traz em si, uma mensagem diferente para cada “coluna”,<br />

até que, todas equilibradas, recebem a mensagem unificada, que é lenitivo,<br />

encorajamento, solução.<br />

A <strong>de</strong>scrição que o Apocalipse faz da “nova Jerusalém”, algo <strong>de</strong><br />

sublime e tradicional, em <strong>de</strong>terminado período, assim encontramos (cap. 21,<br />

vers. 22).<br />

“... Não vi Templo nela. Deus, o Senhor, o Onipotente, o Cor<strong>de</strong>iro,<br />

é que são o seu Templo. A cida<strong>de</strong> não necessita da luz do Sol<br />

nem da Lua. A glória <strong>de</strong> Deus é que lhe dá clarida<strong>de</strong>. A sua luz<br />

é o Cor<strong>de</strong>iro. Anda os povos ao seu fulgor, e os reis da Terra<br />

entram nela com as suas magnificências. Não se fecham os<br />

seus portais <strong>de</strong> dia. E noite lá não existe. Serão nela<br />

introduzidos a magnificência e os tesouros dos povos. Mas não<br />

entrará nenhuma coisa impura, nem ímpio nem mentiroso,<br />

senão somente aqueles que estão escritos no Livro da Vida do<br />

Cor<strong>de</strong>iro.”<br />

Dizem os rituais maçônicos que há quatro elementos: a terra, o ar,<br />

a água e o fogo. Como vimos acima, a luz da Nova Jerusalém é o Cor<strong>de</strong>iro.<br />

35


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

On<strong>de</strong> está Ele, há clarida<strong>de</strong>, sendo <strong>de</strong>snecessária a presença cia<br />

luz-matéria. Sabemos da existência <strong>de</strong> mais dois elementos, que a título <strong>de</strong><br />

revelação, diremos ser o sexto o “esplendor” e o sétimo “a Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus”.<br />

O Templo po<strong>de</strong> ser perfeitamente dispensado, consi<strong>de</strong>rando-se que<br />

a soma dos elos <strong>de</strong> uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União formam um novo Templo, espiritual.<br />

Daí, respon<strong>de</strong>rmos, agora, à pergunta inicial <strong>de</strong> que não se faz<br />

necessário formar a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um Templo convencional<br />

para a obtenção do resultado almejado.<br />

Três Fatores<br />

A Luminosida<strong>de</strong><br />

Para que possa haver um ambiente propício à meditação e à<br />

realização da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, outros fatores são <strong>de</strong> relevante importância,<br />

como a luminosida<strong>de</strong>, o som e o perfume.<br />

Quando o Sol está por nascer ou em seu ocaso, quando a terra<br />

começa a iluminar-se ou a escurecer, os pássaros calando ou iniciando seus<br />

trinados, as flores e folhas a fechar suas corolas ou unirem-se aos seus ramos,<br />

ou <strong>de</strong>sabrochar e quando a Natureza toda inicia sua dança <strong>de</strong> agitação ou<br />

seu período <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso, aproxima-se a hora propícia para meditação.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente, não se po<strong>de</strong>rá preten<strong>de</strong>r que os maçons realizem<br />

os seus trabalhos em horas tão difíceis, e é por isto que <strong>de</strong>ve ser criado<br />

artificialmente, o ambiente <strong>de</strong> luminosida<strong>de</strong> a conduzir à meditação, ao silêncio<br />

e à introspecção.<br />

Em absoluto, não se exige que a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União seja formada no<br />

escuro. (14) A luminosida<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá ser guardada <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> com o<br />

interesse da pessoa encarregada <strong>de</strong> regulá-la: o Arquiteto, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong><br />

sua sensibilida<strong>de</strong> ou da orientação do Venerável da Loja.<br />

Muitas Lojas usam tão-somente a luz dos três can<strong>de</strong>labros <strong>de</strong> vela;<br />

outras adotam a luz <strong>de</strong> uma pira que ar<strong>de</strong> alimentada a álcool. Luz elétrica,<br />

luz <strong>de</strong> vela, ou chama a álcool, não se estabelecem regras rígidas.<br />

_____________________________________<br />

(14) Dentro <strong>de</strong> nós mesmos não é “escuro”. Há luz abundante.<br />

36


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Po<strong>de</strong>ríamos, outrossim, nos ater ao significado da luz espiritual<br />

que emana dos próprios elementos formadores da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União que viriam<br />

iluminar o ambiente, com suficiência e proprieda<strong>de</strong>.<br />

O corpo humano po<strong>de</strong> gerar luminosida<strong>de</strong>; trata-se <strong>de</strong> um fenômeno<br />

raro em nossos dias, mas já os antigos pintores aplicavam às figuras <strong>de</strong><br />

santos uma auréola que simbolizava essa luz proveniente do interior da alma.<br />

si.<br />

Todas as divinda<strong>de</strong>s são representadas com um “halo” em torno <strong>de</strong><br />

Há um Provérbio <strong>de</strong> Salomão que diz: “Pois o ensino é uma<br />

lâmpada, e a lei uma luz”.<br />

De qualquer forma, a luz é e sempre será algo material que se<br />

me<strong>de</strong>, se pesa e se vê. O próprio ensino, o conhecimento, a lei po<strong>de</strong>m ser<br />

medidos e analisados.<br />

Muitos conceitos do Velho Testamento em torno da luz que ilumina<br />

o dia encontram, posteriormente, novas concepções diante do caso que ocorre<br />

nos Pólos, quando o sol ilumina durante seis meses, não havendo,<br />

propriamente, noite, e esta, por sua vez, dura também seis meses, posto não<br />

exista lá uma noite negra como suce<strong>de</strong> entre nós; trata-se <strong>de</strong> uma noite<br />

cujas sombras assemelham-se ao crepúsculo dos nossos países sulamericanos.<br />

O Novo Testamento nos dá mais “luzes” a respeito do porquê foi<br />

tomado o termo “luz” como um símbolo sagrado marcando <strong>de</strong> uma forma<br />

carinhosa e convincente a presença <strong>de</strong> Deus no homem.<br />

“Vós sois a luz do mundo. Não po<strong>de</strong> permanecer oculta uma<br />

cida<strong>de</strong> no monte. Nem se acen<strong>de</strong> uma luz e se põe <strong>de</strong>baixo do<br />

alqueire, e sim sobre o can<strong>de</strong>labro para alumiar a todos os<br />

que estão em casa. Assim brilha diante dos homens a vossa<br />

luz, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso<br />

Pai celeste”. (Mateus 5: 14-16)<br />

“E o Senhor reconheceu que o feitor <strong>de</strong>sonesto proce<strong>de</strong>ra com<br />

tino. É que os filhos <strong>de</strong>ste mundo são mais atilados, em sua<br />

própria geração, do que os filhos da luz”. (Lucas 16:8)<br />

“Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens e a luz<br />

brilhava nas trevas, mas as trevas não a pren<strong>de</strong>ram”. (João<br />

1:4)<br />

“Era a luz verda<strong>de</strong>ira, que ilumina a todo homem que vem ao<br />

mundo”. (João 1:9)<br />

37


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Há nestas frases princípios filosóficos a serem consi<strong>de</strong>rados. Uma<br />

distinção entre duas luzes: a verda<strong>de</strong>ira e a falsa. São Paulo, na sua 2ª carta<br />

escrita aos Coríntios diz:<br />

“Pu<strong>de</strong>ra não! Pois se o próprio Satanás se apresenta como<br />

anjo <strong>de</strong> luz”.<br />

Satanás, aqui, não é o diabo, <strong>de</strong>mônio ou espírito do mal, mas sim<br />

o “opositor”, o que nega a Verda<strong>de</strong>. (14)<br />

Luz.<br />

É evi<strong>de</strong>nte que a sua luz, embora luminosa, não será a Verda<strong>de</strong>ira<br />

A importância da Luz, seja em que sentido se a tome, transcen<strong>de</strong> à<br />

compreensão do homem comum, do profano e do maçom primário. (15)<br />

E, porque a luz tem seu gran<strong>de</strong> significado, precisamos tê-la sob<br />

controle. Como?<br />

A resposta continua um motivo <strong>de</strong> pesquisa.<br />

O Som<br />

O som é um elemento que conduz por caminho natural e suave à<br />

meditação.<br />

Quando mencionamos o som, nos chega imediatamente à<br />

compreensão a música; um fundo musical propício. Hoje, o conceito música<br />

se torna um tanto difícil <strong>de</strong> ser expresso, mormente se atentarmos ao que se<br />

vê, ouve em funções litúrgicas religiosas, <strong>de</strong>ntro do ambiente o mais<br />

convencional possível, sons <strong>de</strong> guitarras elétricas e o frenesi da música<br />

<strong>de</strong>nominada “jovem”, com os seus “sons” diferentes, nem sempre harmoniosos<br />

ou pelo menos agradáveis aos ouvidos menos acostumados.<br />

Temos assistido a missas solenes <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> Igrejas Católicas<br />

Romanas, tanto aqui como visto em filmes, em outros países, jovens usando<br />

as suas vestes características e multicoloridas, emitindo sons e cantando<br />

estranhos ritos; ao som da música “jovem”, o sacerdote impassível, cumprindo<br />

seu cerimonial.<br />

Nesse misto que <strong>de</strong>nominamos <strong>de</strong> som “jovem”, há, também muito<br />

<strong>de</strong> folclore. Um curioso é a “Missa Crioula” (Misa Criolla) composta por Ariel<br />

Ramirez.<br />

38


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Ramirez é natural <strong>de</strong> Santa Fé, Argentina, tendo-se especializado<br />

em temas folclóricos após estudos profundos, buscando-os em suas<br />

verda<strong>de</strong>iras origens. Não se limitou ao seu País, mas buscou elementos na<br />

Europa, obtendo um título universitário no Instituto <strong>de</strong> Cultura Hispânica<br />

<strong>de</strong> Madrid.<br />

Em 1952 realizou na Rádio Vaticano um concerto <strong>de</strong> música e ritmos<br />

argentinos, aon<strong>de</strong>, quiçá, lhe veio a inspiração <strong>de</strong> compor sua “Missa Crioula”.<br />

Sua idéia <strong>de</strong> realizar uma missa cantada com temas exclusivamente<br />

folclóricos encontrou estímulo e assessoramento <strong>de</strong> parte <strong>de</strong> alguns sacerdotes<br />

da Basílica do Socorro.<br />

Compôs uma obra para solistas, coro e orquestra, elementos<br />

necessários para abranger a riqueza <strong>de</strong> sua composição. Os instrumentos<br />

também não po<strong>de</strong>riam ser exclusivamente convencionais. A percussão,<br />

formada por bombos, bateria, tumbadora, gongos, cocos, sinceros<br />

instrumentos típicos <strong>de</strong> cada região, <strong>de</strong>ram muito colorido e expressão latino--<br />

americanos à obra.<br />

A “Missa Crioula” inicia-se com o “Kyrie”, concebido sobre dois<br />

ritmos: “vidala” e “baguala” aptos para expressar a profunda súplica da litanía.<br />

O “Gloria” é <strong>de</strong>marcado com o ritmo <strong>de</strong> uma das danças mais<br />

populares da Argentina, o “carnavalito”, urna forma popular eleita para traduzir<br />

o júbilo da glória ao Senhor.<br />

Um dos momentos mais difíceis é sem dúvida, o do “Credo”, pela<br />

extensão do seu tema e pelo ritmo escolhido, a “chacareca trunca”, melodia<br />

muito popular em Santiago <strong>de</strong>l Estero.<br />

O ritmo é obsessionante, quase exasperado <strong>de</strong> uma formosura<br />

“nervosa”. O “Sanctus” foi composto sobre um dos ritmos bolivianos, o carnaval<br />

<strong>de</strong> Cochabamba, <strong>de</strong> compasso batido, apropriado à aclamação que enche os<br />

céus e a terra.<br />

O “Agnus Dei” é dito num estilo “pampeano íntimo”, terno e solene.<br />

Diz o comentarista que a “Missa Crioula” é uma síntese e um convite:<br />

“Abre os braços ao homem para dizer-lhe: vem à Igreja com<br />

tudo o que há em sua carne e em seu sangue; com sua cultura<br />

e seus ritmos, com sua forma <strong>de</strong> expressão e suas paisagens.<br />

A Igreja não quer que no Templo se fale uma língua estranha.<br />

Sua linguagem é a do Pentecostes, língua materna que o homem<br />

apren<strong>de</strong>u no contato áspero e vital com seu próprio solo. Venha<br />

39


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

à dança e ao compasso; venha à terra mesmo. É que a Igreja<br />

está enamorada da terra porque ela é criatura <strong>de</strong> Deus. A<br />

terra assumirá seu próprio Espírito, integrará seu próprio tino<br />

e o transformará em veículo <strong>de</strong> expressão para Deus. E o homem<br />

sentir-se-á na casa do Pai como se estivesse em sua própria<br />

casa”.<br />

Se compararmos a “Missa Crioula” com a música da páscoa em<br />

canto gregoriano, com seu responsório “Christus resurgens”, a “Paschoa<br />

nostrum”, o “Salve festa dies”, com as suas antífonas, evi<strong>de</strong>ntemente não<br />

saberíamos o que dizer.<br />

E se também comparássemos a música “jovem” ao som das guitarras<br />

elétricas e sintetizadores, ritmadas pelas características dos ex-Beatles, ou<br />

dos nossos Caetano Veloso, Caymmi, Roberto Carlos ou Jobim, muito menos<br />

saberíamos o que dizer.<br />

Mas po<strong>de</strong>ríamos dizer da proprieda<strong>de</strong> ou da improprieda<strong>de</strong> dos<br />

ritmos jovens <strong>de</strong>ntro da liturgia maçônica!<br />

É evi<strong>de</strong>nte que se <strong>de</strong>ve distinguir entre música jovem apropriada e<br />

ritmo inapropriado.<br />

Julgamos que o som <strong>de</strong>va conduzir à meditação; por isto, qualquer<br />

som será apropriado, mesmo que não seja melódico; uma simples nota, algo<br />

uníssono, sempre igual, porém que conduza a mente aos “páramos” celestes.<br />

Um som vibrante, seja em ritmo popular, clássico, tudo é indiferente. O valor<br />

do som não está na melodia nem no ritmo.<br />

Nas Lojas Maçônicas atuais a música é apresentada por meio <strong>de</strong><br />

discos ou fitas, sendo selecionada com total preferência para as peças<br />

tradicionais clássicas.<br />

Raríssimas Lojas conservam o órgão e, se algumas ainda os<br />

possuem, falta o organista.<br />

O som <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma Loja, entregue à responsabilida<strong>de</strong> do “Mestre<br />

<strong>de</strong> Harmonia”, não significa parcela muito importante, mas o “som” enquanto<br />

se forma a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União adquire importância relevante e total.<br />

Por isto faz-se necessário muito cuidado na escolha do som. Ou<br />

música jovem, clássica, <strong>de</strong> câmara, popular, folclórica, ou qualquer outra,<br />

primitiva ou requintada, tudo será válido, uma vez que produza os efeitos<br />

necessários para a “comunhão” que há <strong>de</strong> realizar, no cruzamento dos braços<br />

e na <strong>união</strong> das mentes.<br />

40


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

E se por acaso não houver a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se obter um “som”<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma Loja?<br />

Bastará que um membro do Quadro, fora da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União,<br />

emita uma melodia, a mais simples possível; caso haja quem possa cantar,<br />

um cântico apropriado, aceito por todos e que produza o efeito necessário.<br />

Ultimamente tem sido ouvida com freqüência a música eletrônica<br />

que é uma notação musical inteiramente diferente da tradicional, estranha e<br />

dissonante. Ou extremamente harmoniosa e calmante como a música<br />

chamada new-age. Novos métodos, novas técnicas e novos sons, nos conduzem<br />

a novos conceitos, e novas aplicações que sempre serão válidos.<br />

Surgiu há alguns anos, na Inglaterra, um novo ídolo para os jovens:<br />

Richard Wakeman que apresenta temas antigos como os “Cavaleiros da Távola<br />

Redonda”, “Henrique VIII”, “Viagem ao Centro da Terra”, as “Lendas do Rei<br />

Arthur”, envolvendo os personagens da Ida<strong>de</strong> Média, suspeitando-se <strong>de</strong> uma<br />

influência maçônica talvez através <strong>de</strong> seu pai, também músico, Cyril<br />

Wakeman.<br />

Sua música é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> Rock sinfônico, pois tira efeitos dos<br />

clássicos através <strong>de</strong> compassos autenticamente mo<strong>de</strong>rnos, no sentido vibrante<br />

que caracteriza a música jovem. Utiliza-se dos sons os mais sofisticados,<br />

reunindo órgãos, pianos, instrumentos <strong>de</strong> percussão, corda e sopro, tudo<br />

super-amplificado através <strong>de</strong> alto-falantes po<strong>de</strong>rosos, sendo necessários<br />

gran<strong>de</strong>s ambientes, como salões <strong>de</strong> esporte, campos <strong>de</strong> futebol e catedrais<br />

imensas, para que os sintetizadores emitam a sua potência total.<br />

Quem teve a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistir a orquestra <strong>de</strong> Rick Wakeman,<br />

que esteve entre nós, terá sentido momentos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> ternura e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

nervosismo.<br />

Imaginando-se em <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União aqueles sons tão estranhos,<br />

muito elevados para a nossa conceituação maçônica além <strong>de</strong> qualquer<br />

imaginação, talvez não se consiga um recolhimento a ponto <strong>de</strong> meditar.<br />

Porém, é uma experiência válida porque não sabemos o que nos<br />

reserva o dia <strong>de</strong> amanhã, em “sons” musicais; se a música acompanhar a<br />

evolução tecnológica, teremos surpresas e será <strong>de</strong> todo conveniente que não<br />

nos “apanhem” <strong>de</strong> surpresa, mas que tenhamos nossos ouvidos “adaptados”<br />

às conseqüências que po<strong>de</strong>rão sobrevir.<br />

Enfim, o Maçom <strong>de</strong> hoje <strong>de</strong>ve estar pronto à adaptação porque <strong>de</strong>ve<br />

acompanhar o que “vai à frente”, para que não estacione em algum ponto<br />

fixo e <strong>de</strong> lá não se possa mover.<br />

41


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Quando do lançamento da primeira edição <strong>de</strong> A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União,<br />

proferimos várias palestras, fixando-nos no tema da música e levando para<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> vetustos Templos a música jovem, nativa e os estranhos sons<br />

eletrônicos, produto <strong>de</strong> sintetizadores, sem a interferência humana.<br />

Procuramos, após uma longa explanação, percorrer o campo<br />

experimental, induzindo os assistentes (na ocasião foram convidadas as<br />

famílias dos maçons) a exercícios meditativos, com o intuito <strong>de</strong> selecionar as<br />

músicas capazes <strong>de</strong> conduzir à meditação.<br />

A experiência foi muito proveitosa e emocionante, pois ninguém<br />

jamais po<strong>de</strong>ria ter imaginado que “alguém” ousasse fugir ac convencionalismo<br />

e romper as barreiras <strong>de</strong> tradições arraigadas, fazendo vibrar os velhos<br />

símbolos, ao compasso frenético ou lânguido da música popular.<br />

Também na Maçonaria há oportunida<strong>de</strong> para, em campo<br />

experimental, chegar a conclusões necessárias para saber fazer seleção, não<br />

a “priori”, mas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> viver a experiência na própria carne.<br />

O Perfume<br />

42<br />

O terceiro elemento é o perfume.<br />

Po<strong>de</strong>rá parecer tarefa singela, especialmente, seguindo o uso já<br />

consagrado <strong>de</strong> se acen<strong>de</strong>r um “<strong>de</strong>fumador”. Defumadores os há, em múltiplos<br />

aspectos; com perfumes os mais exóticos, nacionais e estrangeiros.<br />

Defumadores preparados, compactados, bastando acendê-los para que sa<br />

<strong>de</strong>svaneçam, lentamente, perfumando o ambiente com sua tênue <strong>de</strong> fumo (16) .<br />

Todos os povos, em suas cerimônias religiosas, usaram e continuam<br />

a usar substâncias aromáticas, à guisa <strong>de</strong> perfume em seus cultos.<br />

A Maçonaria, por sua vez, não po<strong>de</strong>ria apresentar-se como exceção;<br />

sempre o usou e continua a fazê-lo.<br />

A melhor das fontes escritas, a mais antiga que temos, e que com<br />

extrema facilida<strong>de</strong> todos po<strong>de</strong>m consultá-la é, sem dúvida, a História Sagrada.<br />

Lemos no livro do “Êxodo”, no capítulo 3º, o seguinte, sobre o<br />

“incenso santo”:<br />

“Disse mais Jeová a Moisés: toma especiarias<br />

aromáticas; estoraque (resina odorífera extraída da árvore do<br />

mesmo nome e conhecida entre nós com o nome <strong>de</strong> “jenjoeiro”),<br />

onicha, ou onyque, (resina mais conhecida como “unha odorífera”)


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

e gálbano (planta umbelífera, sempre ver<strong>de</strong> que fornece uma resina<br />

medicinal); especiarias aromáticas com incenso puro. Cada<br />

uma <strong>de</strong>las será <strong>de</strong> igual peso; e <strong>de</strong>las farás um incenso, um<br />

perfume segundo a arte do perfumista, temperado com al,<br />

puro e santo. Uma parte <strong>de</strong>le reduzirás a pó e o porás diante<br />

do testemunho na Tenda da Revelação, on<strong>de</strong> virei ti; será<br />

para vós santíssimo. O incenso que fareis, segundo a<br />

composição <strong>de</strong>ste, não o fareis para vós mesmos; consi<strong>de</strong>ralo-eis<br />

sagrado a Jeová. O homem que fizer tal como este<br />

para cheirar, será exterminado do meio do seu povo.”<br />

Desta passagem do Êxodo <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>-se que o “incenso”<br />

especialmente preparado segundo as indicações <strong>de</strong> Jeová, teria duas<br />

finalida<strong>de</strong>s. Atrair através <strong>de</strong> seu fumo e perfume a presença espiritual <strong>de</strong><br />

Deus; evitar que o “homem” o cheirasse, sob pena <strong>de</strong> extermínio.<br />

O “incenso”, consi<strong>de</strong>rado como <strong>de</strong>fumador, tem o seu sentido <strong>de</strong><br />

provocar “ataraxia” nas pessoas. Diríamos hoje, um entorpecente alucinógeno.<br />

“Ataraxia”, termo grego, é o estado feliz em que a serenida<strong>de</strong> mental<br />

combina com o bem estar físico uma síntese equilibrada, livre daquelas<br />

violentas subidas e <strong>de</strong>scidas que <strong>de</strong>sarmonizam a vida emocional.<br />

Não se po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar os gregos os únicos a <strong>de</strong>sejarem a felicida<strong>de</strong><br />

como condição suprema da vida. A firmeza, a calma interior e a harmonia<br />

foram e têm sido exaltadas por todos os sistemas religiosos: o Cristianismo, o<br />

Budismo, o Taoísmo, o Vedantismo; não há necessida<strong>de</strong> da pessoa ser santa<br />

ou filósofa para ansiar por essa tranqüilida<strong>de</strong> interior. O <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> semelhante<br />

estado é natural pois, sem ele, a felicida<strong>de</strong> se torna impossível.<br />

Hoje, o homem mo<strong>de</strong>rno, preocupado e ocupado, sem tempo para<br />

notar o “sinal vermelho” <strong>de</strong> que <strong>de</strong>ve parar, tem ânsia muito maior por essa<br />

paz íntima.<br />

Houve nos tempos idos, e ainda em raros casos suce<strong>de</strong> que a prática<br />

da religião e a da filosofia conduziam a esse estado <strong>de</strong> paz interior. Ambos,<br />

porém, exigiam autodisciplina e muita <strong>de</strong>dicação, o que equivale ao uso <strong>de</strong><br />

“tempo”, hoje consi<strong>de</strong>rado tão precioso.<br />

Eis que o homem buscou, mesmo <strong>de</strong>ntro da religião, um caminho<br />

mais rápido, posto totalmente con<strong>de</strong>nável: o entorpecente.<br />

Teria sido o incenso <strong>de</strong>scrito no “Êxodo” um caminho mais fácil<br />

para a aproximação <strong>de</strong> Deus, ou pelo menos, para que o homem assim<br />

julgasse? A proibição sob pena <strong>de</strong> extermínio nos faz suspeitar que sim.<br />

Louis Lewin, famoso toxicólogo alemão, em 1924 classificou a ação<br />

das “drogas” em seu livro “Phantastica”, em cinco classes: “Eufórica, fantástica,<br />

inebriante, hipnótica e excitante (euphorica, phantastica, inebriantia, hypnotica<br />

e excitatia).<br />

43


Rizzardo da Camino<br />

44<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Hoje os termos empregados são um pouco diferentes: em lugar <strong>de</strong><br />

fantástica, chamamos <strong>de</strong> “alucinógenas” as drogas capazes <strong>de</strong> produzir<br />

alucinações: sendo exemplo disso o LSD-25 e a mescalina. A série hipnótica,<br />

drogas que produzem sono como os barbitúricos, nos referimos mais<br />

comumente, agora, como sedativos.<br />

Dispomos <strong>de</strong> um novo grupo: os “ataráxicos”, que tranqüilizam sem<br />

produzir letargia. Por fim, a série “excitatia”, classe que inclui estimulantes<br />

do sistema nervoso gomo a cocaína ou a benzedrina, ou que também são<br />

conhecidos como “analépticos”, pois têm uma ação oposta à dos sedativos,<br />

<strong>de</strong>spertando e estimulando ao invés <strong>de</strong> acalmar e serenar.<br />

As “drogas” foram por muito tempo empregadas nos serviços<br />

religiosos. O “peiot” era sagrado para os Aztecas, a “coca” para os Incas; os<br />

<strong>de</strong>uses, nos Vedas bebiam “soma”, ao passo que a “Ambrósia” era o manjar<br />

das divinda<strong>de</strong>s. Homero elogiava o “nepenthe” como “po<strong>de</strong>roso aniquilador<br />

do sofrimento”, e o “cânhamo” (17) com a sua resina “charas” era <strong>de</strong>scrito pelos<br />

sábios da fedia como “propiciador <strong>de</strong> <strong>de</strong>lícias”.<br />

Por não ter sido proibido por Maomé o uso das drogas, as<br />

maometanos entregaram-se ao consumo do “haxixe”, um <strong>de</strong>rivado do<br />

“cânhamo”, cujos efeitos foram elogiados por Bau<strong>de</strong>laire que fundou o<br />

tristemente célebre “Le Club <strong>de</strong>s Hachischins”, e que corretamente observou<br />

que o “haxixe serve apenas para engran<strong>de</strong>cer aquilo que já se acha<br />

presente na alma do homem e que cada qual recebe a visão que a sua<br />

própria natureza lhe dita”.<br />

As experiências suce<strong>de</strong>ram-se e continuam, tendo, há bem poucos<br />

anos, Aldous Huxley, em seu livro “As portas da percepção, o céu e o inferno”,<br />

<strong>de</strong>monstrado, com o seu estilo <strong>de</strong> emérito escritor, a <strong>de</strong>scrição fantástica do<br />

mundo visto através da ação do ácido lisérgico, mescalina e “Peiote”.<br />

Há algumas décadas tivemos os “hippies” que se reuniam para<br />

consumir drogas a fim <strong>de</strong> viverem o irreal.<br />

Levando em conta os efeitos <strong>de</strong> qualquer droga, é que a mente<br />

“po<strong>de</strong>” reagir aos efeitos <strong>de</strong> um “<strong>de</strong>fumador”; quando em estado <strong>de</strong> meditação,<br />

busca o “algo mais” <strong>de</strong>sconhecido, mas que anseia.<br />

Estamos no limiar <strong>de</strong> um novo estudo neste sentido: o resultado na<br />

formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, do ambiente externo, provocado pela<br />

luminosida<strong>de</strong>, som e incenso. (18)<br />

Chegaremos a conclusões satisfatórias, após o período <strong>de</strong><br />

experiências e análises. Para cada re<strong>união</strong> maçônica, um novo estudo é um<br />

novo resultado.


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

A queima do incenso <strong>de</strong>verá ser feita no início dos trabalhos como<br />

ação preparatória.<br />

E po<strong>de</strong>rá continuar até o encerramento ou ser suspensa e reiniciada<br />

no momento da formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />

O Livro Sagrado<br />

A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União será formada ao redor do “Ara” on<strong>de</strong> está<br />

colocado a “Livro Sagrado”, o “Esquadro” e o “Compasso”.<br />

O “Livro Sagrado” <strong>de</strong>verá permanecer aberto no trecho apropriado<br />

ao grau. Muito se tem discutido a respeito da presença do “Livro Sagrado”<br />

<strong>de</strong>ntro dos Templos e o Rito Mo<strong>de</strong>rno Francês, que já foi entusiasticamente<br />

adotado anos atrás quando o Positivismo encontrava ambiente propício,<br />

durante a primeira década da República, omitia a presença do “Livro Sagrado”,<br />

o que causou celeuma e combate <strong>de</strong> parte da Maçonaria Regular, aliás com<br />

razão.<br />

Todos os povos têm na presença <strong>de</strong> “um Livro Sagrado” o símbolo<br />

da presença da Divinda<strong>de</strong>. A Maçonaria não exige este ou aquele livro, mas<br />

sim, um “Livro Sagrado” e, obviamente, cada região terá interesse em abrir<br />

o livro que catalise mais atenção e respeito; assim, no oci<strong>de</strong>nte será a “Bíblia”,<br />

no oriente o “Alcorão”, na Índia os “Vedas” e tantos outros.<br />

Porque a presença <strong>de</strong> um livro sagrado? Os hebreus tinham vários<br />

livros: O “Livro da Aliança”, o “Livro das Batalhas do Senhor”, o “Livro da<br />

Lei”, o “Livro do Direito”, o “Livro das Memórias”, o “Livro <strong>de</strong> Moisés”, o<br />

“Livro da Vida”, o “Livro do Cor<strong>de</strong>iro”, mas todos eles, reunidos, constituem<br />

o “Livro Sagrado”, que para nós os cristãos, se <strong>de</strong>nomina “Bíblia”, ou seja,<br />

coletânea <strong>de</strong> livros sagrados.<br />

O livro é a presença simbólica da Lei.<br />

Qualquer lei subjuga o homem, por mais altivo e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte que<br />

possa ser. É a presença <strong>de</strong> uma autorida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>seja ser respeitada e o<br />

homem sente a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> respeitar a alguém.<br />

A presença do “Livro Sagrado” faz notar a existência <strong>de</strong> alguém<br />

superior, que no caso há <strong>de</strong> ser o Gran<strong>de</strong> Geômetra, ou seja, Deus.<br />

45


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Não basta a “presença” <strong>de</strong> um livro, mas que este livro tenha sido<br />

lido para que as palavras pronunciadas permaneçam vivas e na mente <strong>de</strong><br />

todos, pelo som emitido.<br />

No grau <strong>de</strong> Aprendiz, que é o primeiro grau <strong>de</strong> trabalho maçônico,<br />

o mais usual e apropriado, o “Livro Sagrado” <strong>de</strong>verá estar aberto na parte<br />

que evoca a recomendação <strong>de</strong> os irmãos unirem-se, o que dá origem à própria<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />

A abertura do “Livro Sagrado”, bem como o seu fechamento, exige<br />

um cerimonial prescrito nos rituais. Não se abrirá um “Livro Sagrado” pelo<br />

simples fato <strong>de</strong> que <strong>de</strong>va ser aberto; os cuidados serão observados<br />

<strong>de</strong>talhadamente, <strong>de</strong>ntro do mesmo ambiente e preparação que prece<strong>de</strong>m os<br />

gran<strong>de</strong>s atos litúrgicos.<br />

A “luz”, o “som” e o “incenso” também hão <strong>de</strong> ser a<strong>de</strong>quados à<br />

cerimônia; aquele a quem está afeto a abertura do Livro (15) <strong>de</strong>verá merecer a<br />

honra da elevada função; não há, propriamente, dispositivos rígidos a respeito;<br />

cada Loja terá sua regulamentação e suas razões para dispor sobre a<br />

cerimônia.<br />

Abrindo-se o “Livro Sagrado”, apresenta-se aos Irmãos o Espírito<br />

Divino. É a presença realmente simbólica, não só do Gran<strong>de</strong> Arquiteto do<br />

Universo, mas do que Ele tem representado para a Humanida<strong>de</strong>. A certeza<br />

<strong>de</strong> seu amparo, da sua atualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> que a promessa vindoura se cumprirá.<br />

É o momento <strong>de</strong> fé <strong>de</strong>ntro dos Templos.<br />

A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União é um círculo, e consi<strong>de</strong>rando-se que toda figura<br />

geométrica possui um centro, o “Livro Sagrado” será o ponto central da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong><br />

<strong>de</strong> União.<br />

A abertura do Livro da Lei está prescrita nos Rituais, porém, não<br />

há uniformida<strong>de</strong> a respeitar, pois dada a “autonomia das Lojas”, cada qual,<br />

seguindo sua própria tradição e costumes, adota uma regra. Num sentido<br />

geral, quem abre o Livro da Lei é o “Past-Master”, ou seja, o Venerável Mestre<br />

que passou; na sua ausência, é dada a função ao Experto ou ao Orador.<br />

Opinamos que <strong>de</strong>veria ser sempre o Experto o Oficiante, eis que o<br />

Experto representa na Loja <strong>de</strong> Aprendiz o “intercessor”; para conciliar os<br />

hábitos, costumes, praxe e tradição das Lojas; <strong>de</strong>veria ser eleito para ocupar<br />

o cargo <strong>de</strong> Experto quem foi Venerável Mestre; assim, não haveria conflitos.<br />

________________________________________________________________________________<br />

(15<br />

O Oficiante.<br />

46


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Dos atos litúrgicos, o mais importante, é, numa Loja <strong>de</strong> Aprendiz, a<br />

abertura do Livro da Lei.<br />

Algumas Lojas prece<strong>de</strong>m esta abertura com outra cerimônia, a do<br />

acendimento das velas que ornam o Ara. Porém, é costume que, ao entrar-se<br />

em Templo, as velas já se encontrem acesas; também não é uniformemente<br />

observada a cerimônia ao apagar das velas.<br />

Não há, nos Rituais, uma uniformida<strong>de</strong>, em todo Brasil. Posto<br />

tenhamos as Gran<strong>de</strong>s Lojas estaduais, os Gran<strong>de</strong>s Orientes Estaduais, o<br />

Gran<strong>de</strong> Oriente do Brasil, os Gran<strong>de</strong> Orientes In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, cada vez menos<br />

conflitantes entre si por questões <strong>de</strong> regularização, po<strong>de</strong>rá em breve, e isto<br />

será útil, existir uma uniformida<strong>de</strong> ritualística.<br />

A Postura<br />

Para a formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, os seus componentes <strong>de</strong>verão<br />

assumir uma postura correta.<br />

Os pés em Esquadro, com os calcanhares unidos e as pontas tocando<br />

as dos que lhe estão ao lado.<br />

0s braços cruzados, passando o direito sobre o esquerdo, <strong>de</strong> modo<br />

que a mão direita <strong>de</strong> um aperte a mão esquerda do outro.<br />

As mentes unidas por meio da “palavra semestral”. Portanto, cada<br />

“elo” <strong>de</strong>verá comunicar-se com o outro através <strong>de</strong> três pontos.<br />

O Esquadro, na antiguida<strong>de</strong>, era representado por um quadrado<br />

geométrico, porém foi per<strong>de</strong>ndo sua forma primitiva até transformar-se em<br />

apenas um ângulo <strong>de</strong> 90º. Temos hoje seu estado primitivo nos quadrados<br />

que formam o “pavimento <strong>de</strong> mosaicos”.<br />

O maçom jamais se completará conservando a individualida<strong>de</strong>; fazse<br />

necessário “unir-se” a um outro para que encontre a “si mesmo”. Os seus<br />

pés em ângulo <strong>de</strong> 90º buscam e seu irmão ao lhe tocar o pé, formando,<br />

assim, o quadrado perfeito e <strong>de</strong>monstrando o seu amor fraterno. Sozinho<br />

nada é; junto a um irmão, não só encontrará a “si mesmo”, como proporcionará<br />

a que seu irmão, por sua vez, realize idêntico mistério.<br />

O “marchar” em Esquadro tem o seu significado, mas não interfere<br />

com a posição em Esquadro para a formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />

47


Rizzardo da Camino<br />

48<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Um será o significado do Esquadro como instrumento, e outro o<br />

formado pela posição dos pés.<br />

Originado do latim “ex-cuadrare”, é um instrumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho,<br />

ou seja, <strong>de</strong> trabalho, indispensável para uma edificação; as figuras geométricas<br />

não o dispensam para existir. Trata-se <strong>de</strong> um dos instrumentos mais usados<br />

e mais característicos, mormente quando entrelaçado por um Compasso,<br />

formando assim o “escudo” da Maçonaria.<br />

Símbolo da retidão, transforma-se em jóia para o Venerável e<br />

Vigilantes, porque estas Luzes <strong>de</strong>vem ser os maçons mais “retos” e “justos”<br />

da Loja.<br />

O Esquadro representa a Terra. O Compasso, o Céu, por isto é<br />

usada a expressão <strong>de</strong> que o maçom se encontra “entre o Céu e a Terra”.<br />

O Esquadro, junto com o Prumo, faz do maçom um homem justo e<br />

eqüitativo; ao lado do Compasso, forma a trilogia que o iniciado <strong>de</strong>ve<br />

contemplar.<br />

É o símbolo por excelência do Aprendiz. Sua posição <strong>de</strong> “or<strong>de</strong>m”<br />

forma quatro Esquadros que, na interpretação da Astronomia, significa a<br />

posição on<strong>de</strong> a Terra é dividida em quatro partes, nos diâmetros do círculo<br />

zodiacal, correspon<strong>de</strong>ndo cada parte a uma estação do ano, <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong><br />

com a inclinação do Sol em seu giro.<br />

O Esquadro é instrumento e também jóia móvel, presente em todos<br />

os graus da Maçonaria.<br />

O Esquadro é a primeira das figuras geométricas que nos dá a<br />

noção exata <strong>de</strong> uma medida aplicável em toda obra humana e que nos ensina<br />

a limitar as nossas ações através das leis naturais para o cumprimento dos<br />

nossos <strong>de</strong>veres para “conosco e para com os nossos semelhantes”.<br />

Nada nos convence mais <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>mos dominar o Mundo do que<br />

quando nossos pés estão bem firmados sobre a Terra. Outros motivos temos<br />

para que nossos pés estejam em Esquadro <strong>de</strong>ntro da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União. Com<br />

o movimento dos pés, estaremos “abrindo” as “colunas” que encobrem o órgão<br />

<strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>, expondo-o simbolicamente, na intenção <strong>de</strong> “crescermos” e<br />

criarmos o “mundo melhor” que <strong>de</strong>sejamos.<br />

Toda postura tem sua razão <strong>de</strong> ser; em Maçonaria nada é feito em<br />

vão. A postura <strong>de</strong>ve ser feita com perfeição para que atinja o seu objetivo.<br />

Infelizmente, assistimos muitos maçons não se preocuparem, em<br />

absoluto, com sua posição, quer <strong>de</strong> “pé e à or<strong>de</strong>m”, quer sentados, ou<br />

genuflexos ao prestarem um juramento.


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

As posturas maçônicas têm origem antiga e estamos inclinados a<br />

afirmar que proce<strong>de</strong>nte da Índia.<br />

Eis a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> um “yogi” que faz a saudação ao Sol: <strong>de</strong> pé, olhos<br />

fechados, voltado para o nascente, pés unidos, junta as mãos à altura do<br />

peito, como em oração. Limpa os pulmões, exalando todo o ar e encolhendo o<br />

abdômen.<br />

À medida que lentamente inspira, eleva os braços acima e atrás da<br />

cabeça, como que procurando atingir com a ponta dos <strong>de</strong>dos o mais distante<br />

possível. Sente um estimulante estiramento nos músculos.<br />

Enquanto expira, abaixa o tronco, braços esticados, com a cabeça<br />

entre eles, até atingir o solo com as palmas das mãos, as quais chegam ao<br />

ponto mais próximo das pés. A cabeça está pen<strong>de</strong>nte e a respiração presa.<br />

A perna esquerda é conduzida para trás, com o joelho tocando o<br />

chão. Flexiona a perna direita até que o joelho encoste-se ao peito. Levanta<br />

ao máximo o queixo. O pulmão ainda vazio.<br />

A perna direita vai para trás até ficar apoiada sobre as palmas das<br />

mãos e sobre a ponta dos pés, como se fora uma tábua com o corpo. Braços<br />

esticados. Inicia a respiração.<br />

Flexiona os braços e toca o solo com a fronte, com o peito, os joelhos<br />

e as pontas dos pés, tendo as ná<strong>de</strong>gas levantadas.<br />

Seu abdômen abaixa bem como as pernas, apoiando-se sobre o<br />

solo, enquanto os braços se esticam, mantendo o tronco na vertical. Seu<br />

queixo atinge o ponto mais alto possível.<br />

Conservando cheio o pulmão, sem <strong>de</strong>scolar os pés e as mãos, eleva<br />

as ná<strong>de</strong>gas, ficando a cabeça entre os braços.<br />

Começa a expirar, ao mesmo tempo em que flexiona a perna direita<br />

e, sempre mantendo alto o queixo, o pé vai colocar-se próximo das mãos e<br />

entre elas.<br />

Tendo o pulmão vazio, leva o pé esquerdo para junto do direito e,<br />

com a cabeça o mais perto possível dos joelhos, estica as pernas, reproduzindo<br />

o movimento inicial.<br />

Nova inspiração, lenta e profunda, levantando o tronco e conduzindo<br />

as mãos para o alto e para trás da cabeça. As mãos voltam ao ponto inicial.<br />

Seus olhos mantêm-se fechados e já nota o brilho do Sol que acaba <strong>de</strong> nascer.<br />

49


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

O “yogi” não saudou o Sol apenas por reverência. Ele obteve<br />

resultado: “o sistema nervoso lhe foi regularizado, o cérebro <strong>de</strong>sanuviado<br />

e toda a face se iluminou <strong>de</strong> santida<strong>de</strong>”.<br />

Para que a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União tenha eficácia, a postura se torna um<br />

elemento vital. Faz-se necessário que os pés se unam em Esquadria e toquem<br />

o do irmão ao lado.<br />

Os antigos egípcios faziam a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União mais aperfeiçoada,<br />

porque usavam apenas o “avental”. Seus pés uniam-se “fisicamente”; seus<br />

calcanhares tocavam-se, e os nervos sensitivos que os gregos apelidaram <strong>de</strong><br />

“calcanhar <strong>de</strong> Aquiles”, para <strong>de</strong>monstrar um ponto frágil do organismo se<br />

fortaleciam e protegiam. Suas irradiações eram mais fortes porque, além do<br />

toque das mãos, havia o toque dos pés, ao natural.<br />

Não preten<strong>de</strong>mos que, em nossos dias, a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União se faça<br />

com os pés <strong>de</strong>scalços.<br />

As “pontas” <strong>de</strong> todos os <strong>de</strong>dos, tanta dos pés como das mãos, são<br />

veículos <strong>de</strong> irradiação. Tanto o são os <strong>de</strong>dos os das mãos como o são os dos<br />

pés.<br />

O homem civilizado não sabe usar os <strong>de</strong>dos dos pés, conservados<br />

em sapatos; Deus os criou para alguma função e o homem ludibriou a criação<br />

<strong>de</strong> Deus.<br />

Os <strong>de</strong>dos dos pés e suas plantas têm as mesmas características<br />

das mãos.<br />

A datiloscopia po<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar o indivíduo tanto pelas mãos como<br />

pelos pés.<br />

Po<strong>de</strong>-se dizer que a “História Sagrada”, também traz as origens da<br />

datiloscopia.<br />

No Livro <strong>de</strong> Jó, capítulo 37, versículo 7, lemos: “Deus põe um selo<br />

na mão <strong>de</strong> cada homem, para que o conheçam todos os homens”.<br />

Alguns povos primitivos marcariam com impressões digitais seus<br />

produtos <strong>de</strong> cerâmica. Des<strong>de</strong> o século XII da nossa era, os chineses analfabetos<br />

autenticavam com o <strong>de</strong>do os documentos <strong>de</strong> divórcio. Posteriormente, o ato<br />

se esten<strong>de</strong>u ao assinalamento <strong>de</strong> criminosos e ao dos documentos <strong>de</strong> compra<br />

e venda.<br />

Coréia e Japão também conheciam tal uso.<br />

50


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

João <strong>de</strong> Barros publicava em 1563 um livro que diz em <strong>de</strong>terminado<br />

trecho: “Usam <strong>de</strong>ste modo <strong>de</strong> sinal... por ser natural da pessoa, e mais<br />

certo e verda<strong>de</strong>iro que os artificiais que po<strong>de</strong>m falsificar”.<br />

O inglês Grew, em 1684, apresentou à Real Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Londres<br />

um trabalho em que <strong>de</strong>screvia os <strong>de</strong>senhos papilares da mão.<br />

No Brasil foi instituído o uso da datiloscopia em 1905. Até hoje não<br />

foram encontrados dois indivíduos com os mesmos <strong>de</strong>senhos papilares.<br />

O exame datiloscópico dos <strong>de</strong>dos e da planta dos pés ainda não<br />

está em uso como método <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação ou complementação, a não ser<br />

nos hospitais-maternida<strong>de</strong> que obtém dos recém-nascidos os <strong>de</strong>senhos dos<br />

pés para uma perfeita e total i<strong>de</strong>ntificação em suas fichas.<br />

Também não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar passar <strong>de</strong>spercebido que a “orla<br />

<strong>de</strong>ntada” não passa da reprodução do Esquadro formado pelos pés, que unidos<br />

representam o “ziguezague” em círculo que se coloca ao redor do “pavimento<br />

<strong>de</strong> mosaicos”, como um sinal permanente da existência da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />

O Cruzamento dos Braços<br />

O cruzamento dos braços é a segunda postura que o maçom <strong>de</strong>ve<br />

observar <strong>de</strong>ntro da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, para que o braço esquerdo permaneça<br />

junto ao corpo.<br />

Esta postura abrange dois “chakras”, o “Mampura Chakra” e o<br />

“Anahata Chakra”.<br />

Os “Chakras” são “acumuladores e transformadores <strong>de</strong> energia”;<br />

os principais são em nº <strong>de</strong> 7.<br />

Dos que são abrangidos pelo cruzamento dos braços, um está<br />

situado à altura do umbigo e rege a vida vegetativa, por intermédio, do sistema<br />

vago-simpático. Controla a respiração. É o criador do <strong>de</strong>sejo da realização<br />

espiritual.<br />

O segundo situa-se ao nível do coração e rege os sistemas<br />

circulatório-sangüíneo; é o “prânico”. Desperta o amor universal.<br />

As posturas maçônicas <strong>de</strong>vem ser observadas, mas também<br />

conhecidos os seus efeitos.<br />

51


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

O sinal “gutural” controla a função glandular das tireói<strong>de</strong>s e<br />

paratireói<strong>de</strong>s, isto é, domina as emoções. É on<strong>de</strong> se situa outro “chakra” o<br />

“Vishudha Chakra”.<br />

Um sinal “gutural” mal feito importará numa postura, senão inócua,<br />

prejudicial.<br />

O sentar com as pernas abertas e os braços e mãos sem pousar<br />

nos joelhos criará dificulda<strong>de</strong>s.<br />

Dissemos que os principais “Chakras” são sete. Referimo-nos aos<br />

centrais e os <strong>de</strong> mais importância, porque na realida<strong>de</strong> o seu número é quase<br />

infinito.<br />

As glândulas no organismo também são inúmeras, mas as principal<br />

também são sete; hipófise ou pituitária, tirói<strong>de</strong>s, paratireói<strong>de</strong>s, timo, pâncreas,<br />

supra-renais e sexuais, ou gônadas.<br />

O complexo “chakras” e “glândulas” <strong>de</strong>ve ser cuidadosamente<br />

observado e regulado. Se o “chakra” é um centro <strong>de</strong> força, a “glândula” é um<br />

laboratório químico.<br />

A posição do corpo “disciplina”; influi sobremodo na perfeita função<br />

do organismo.<br />

Na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, com o cruzar dos braços, teremos um exercício<br />

apropriado para <strong>de</strong>senvolver os dois “chakras” já referidos que, <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong><br />

com a “individualida<strong>de</strong>” <strong>de</strong> cada um, fornecerão energia suficiente para “doar”<br />

e distribuir” entre todos os participantes da “corrente”. (16)<br />

O cruzar dos braços sobre o peito restringe o volume da respiração,<br />

obrigando a uma respiração mais “curta” e, portanto, mais rápida. Isto<br />

proporcionará maior resistência para a postura que se apresenta um tanto<br />

“sacrificada” e acelerará o curso do sangue na corrente sanguínea.<br />

Os povos orientais cruzam os braços e inclinam o tronco para frente,<br />

em sinal <strong>de</strong> elevado respeito. Na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União inicialmente, haverá um<br />

movimento <strong>de</strong> “vai e vem”, <strong>de</strong> trás para frente, inclinando o corpo, em sinal<br />

<strong>de</strong> respeito ao “Ponto Central”, que é o Livro da Lei que se encontra aberto<br />

pobre o Ara.<br />

________________________________________________________________________________<br />

(16)<br />

O cruzar dos braços constitui no Grau 18 um sinal <strong>de</strong> reconhecimento.<br />

52


Rizzardo da Camino<br />

O Aperto das Mãos<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

As mãos se unem num aperto solene <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> e afeto.<br />

Um simples apertar <strong>de</strong> mãos, consola, alivia, traduz sentimentos.<br />

Foi sempre o gesto das mãos que trouxe cura para os enfermos.<br />

Nenhum ritual se <strong>de</strong>senvolve sem os movimentos a<strong>de</strong>quados das mãos. Jesus<br />

usou muito o toque para as suas curas.<br />

Na “corrente” o estreitar das mãos <strong>de</strong>ve ser forte e sentir através<br />

<strong>de</strong>ste aperto, a passagem <strong>de</strong> energia. Nos cultos, as mãos têm função mística,<br />

seja no gesto <strong>de</strong> uma extrema-unção ou no símbolo <strong>de</strong> uma bênção.<br />

O Aprendiz maçom <strong>de</strong>ve usar suas mãos para <strong>de</strong>sbastar a pedra<br />

bruta, com gestos precisos, posto primários. Paulatinamente, educando-as,<br />

apren<strong>de</strong> a dar a cada mão uma tarefa diferente, usando-as ao mesmo tempo;<br />

com o buril em uma <strong>de</strong>las, na outra o malho, apren<strong>de</strong> a dar forma estética à<br />

obra, até que abandona as ferramentas para <strong>de</strong>dicar-se ao polimento, quando<br />

usará toda arte e paciência.<br />

A energia é transmitida em gran<strong>de</strong> parcela através das mãos, saída<br />

das forças advindas <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r central; aquele que se empenha em “doar”<br />

receberá em proporção maior. Não se trata, apenas, <strong>de</strong> uma “troca”. Não é<br />

uma singela “comunicação”, mas um real contato dinâmico, distribuindo<br />

equilíbrio.<br />

O acumulador não pe<strong>de</strong> tão somente acumular energias, sob pena<br />

<strong>de</strong> explodir. As forças contidas no ser humano não po<strong>de</strong>m ser, apenas,<br />

armazenadas; torna-se preciso distribuí-las para que haja maior produção e<br />

criativida<strong>de</strong>.<br />

O “calor” fraterno se expressa através do aperto das mãos. Entre<br />

nós, os oci<strong>de</strong>ntais, o aperto das mãos traduz um cumprimento, muitas vezes<br />

polido e convencional, <strong>de</strong> respeito e mesmo intimida<strong>de</strong>; contudo há povos<br />

que se cumprimentam <strong>de</strong> modo diverso, até esfregando os próprios narizes<br />

como fazem os esquimós.<br />

Mas na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, aqui ou em qualquer lugar, haverá o<br />

aperto <strong>de</strong> mãos traduzindo a distribuição <strong>de</strong> energia e o sentimento <strong>de</strong> <strong>união</strong><br />

fraterna.<br />

53


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Se o toque dos pés produz o primeiro “contato”, o aperto das mãos<br />

ultrapassa o simples toque, porque há um entrelaçamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>dos e uma<br />

função <strong>de</strong> “garras” que afirma os músculos como que exigindo a passagem<br />

<strong>de</strong> “energia”. Para, <strong>de</strong>pois se realizar o terceiro toque imaterial, através da<br />

mente.<br />

Qual o “toque” <strong>de</strong> maior importância? Evi<strong>de</strong>ntemente todos os três,<br />

porque cada um <strong>de</strong>les possui a sua função e executa a sua missão peculiar.<br />

Os três <strong>de</strong>verão atuar uníssonos, por isso a exigência da perfeição.<br />

As mãos “unem” <strong>de</strong> uma forma mais evi<strong>de</strong>nte e serão elas que<br />

formarão a corrente, unindo os elos.<br />

A expressão maçônica <strong>de</strong> que a mão direita não saiba o que a<br />

esquerda faz, na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, assume o seu real significado, pois a mão<br />

direita irá apertar a mão do irmão que está colocado à esquerda e a mão<br />

esquerda a do irmão que está colocado a direita. Sendo a função igual, haverá<br />

porém, distribuição <strong>de</strong> energia para dois pólos totalmente diversos.<br />

Quem po<strong>de</strong>rá medir e pesar a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia dada e recebida,<br />

do irmão da direita ou do irmão da esquerda?<br />

A distribuição não é uniforme e nem o recebimento. A mão direita<br />

não saberá o que a esquerda recebe ou fornece!<br />

A mão traduz po<strong>de</strong>r. Lemos no livre do Êxodo, capítulo 7, versículo<br />

4: “Colocarei a minha mão sobre o Egito”, disse Jeová.<br />

E mais adiante: “Quando Moisés erguia sua mão, os Israelitas<br />

venciam”.<br />

digo...”<br />

E no Livro <strong>de</strong> Deuteronômio (cap. 32:40) “Eu ergo a mão ao Céu, e<br />

O profeta Zacarias (cap. 14:13), assim <strong>de</strong>screve o Reino universal<br />

<strong>de</strong> Jeová: “Naquele dia haverá <strong>de</strong> parte <strong>de</strong> Jeová um gran<strong>de</strong> tumulto<br />

entre eles; pegarão cada um na mão <strong>de</strong> seu próximo...”<br />

O “Messias” fez séria advertência: “E, se tua, mão direita for<br />

ocasião <strong>de</strong> pecado, corta-a e lança-a <strong>de</strong> ti; porque melhor te é perecer<br />

um dos teus membros do que ir todo o teu corpo para o inferno”. (Mateus,<br />

5: 30)<br />

A mão po<strong>de</strong> simbolizar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> física, da pessoa como vemos<br />

na expressão do “Nazareno”: “Mas eis que a mão do meu traidor está<br />

comigo sobre a mesa”. (Lucas 22:1)<br />

54


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

No livro do Apocalipse: “Fez com que todos, pequenos e gran<strong>de</strong>s,<br />

ricos e pobres, livres e escravos, levassem uma marca na mão direita”.<br />

(Cap. 13 :16)<br />

O Salmista canta no salmo 14: “Quem subirá ao mente <strong>de</strong> Jeová?<br />

E quem estará no seu santo lugar? Aquele que é limpo <strong>de</strong> mãos e puro<br />

<strong>de</strong> coração”.<br />

A expressão maçônica “livre e <strong>de</strong> bons costumes” encontra no salmo<br />

acima transcrito toda sua plenitu<strong>de</strong>. “Livre” <strong>de</strong> qualquer mácula, produto <strong>de</strong><br />

obra <strong>de</strong> suas mãos; os “bons costumes” advindos <strong>de</strong> um puro coração!<br />

O profeta Isaías, <strong>de</strong>screvendo a futura felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sião diz:<br />

“Confortai as mãos fracas, e firmai os joelhos que vacilam; dizei aos<br />

tímidos <strong>de</strong> coração: se<strong>de</strong> fortes, não temais”. (Cap. 35:3)<br />

“Sião” é a “corrente” <strong>de</strong>scrita com perfeição, com os seus benéficos<br />

resultados!<br />

A Mente<br />

Paul Brunton escreveu que “o homem, separado <strong>de</strong> sua carne,<br />

converte-se em mente”.<br />

Para po<strong>de</strong>rmos subir além do pensamento e penetrarmos no<br />

Universo, precisamos ser simples “mente”, mesmo que por alguns instantes,<br />

apenas.<br />

Dean Inge assim se expressou: “Des<strong>de</strong> o ponto <strong>de</strong> vista<br />

astronômico somos somente criaturas <strong>de</strong> um dia”.<br />

O tempo é fugaz. Um instante <strong>de</strong>ntro da eternida<strong>de</strong>. O contrário do<br />

tempo é a eternida<strong>de</strong>, como o contrário do movimento é a quietu<strong>de</strong>.<br />

tempo”.<br />

No livro do Apocalipse (capítulo X:7) está, escrito: “Não há mais o<br />

Mahatma Ramalingan, no século XIX, disse: “O tempo é uma<br />

invenção da mente”.<br />

A unificação mental <strong>de</strong>ntro da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União mesmo que dure<br />

uma fração <strong>de</strong> tempo, esse “intervalo místico” será suficiente para criar um<br />

estado <strong>de</strong> consciência superior. O valor não está no tempo, mas no ato.<br />

55


Rizzardo da Camino<br />

56<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Dentro <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>si<strong>de</strong>rato, faz-se necessário preparar as mentes para<br />

que se esvaziem e sejam ocupadas por novos pensamentos a<strong>de</strong>quados ao<br />

momento - para atingir o alvo perseguido.<br />

Para atingir esse esvaziamento, será preciso lançarmos mão <strong>de</strong> um<br />

“mantra”.<br />

“Mantra” é uma expressão hindu, sem tradução em nosso vernáculo,<br />

muito usada para conduzir à meditação e que, trazida, pela tradição da Índia<br />

até nós, executa os mesmos efeitos.<br />

A própria Maçonaria encontra seus “filamentos” na expressão <strong>de</strong><br />

Teillard du Chardin, na lendária Índia, não nas “brumas ou noite do<br />

passado”, mas sim, na “luz do passado!”<br />

“Mantra” é uma palavra criada para um efeito esotérico, uma palavra<br />

sagrada. Uma palavra que tem o dom <strong>de</strong> esvaziar a mente e ao mesmo tempo,<br />

ocupá-la pelo “som” que emite.<br />

Os pensamentos emitem “sons”, isto também é cientificamente<br />

pacífico. O po<strong>de</strong>r do “som” conduz à unificação das mentes. Os yoguis usam<br />

os “mantras” e obtêm toda sorte <strong>de</strong> vantagens.<br />

A meditação, por sua, vez, po<strong>de</strong> ser um estado <strong>de</strong> consciência muito<br />

rápido <strong>de</strong> alcançar. Traz o seu resultado instantâneo, como a oração.<br />

O <strong>de</strong>voto religioso encontra satisfação pelo singelo fato <strong>de</strong> penetrar<br />

em um Templo, ajoelhar-se e rezar.<br />

O que medita, porém, retira-se <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si mesmo e <strong>de</strong>scobre que<br />

seu coração já é o seu lugar sagrado habitado por Deus. Permuta a imagem<br />

material <strong>de</strong> um Deus que anteriormente adorava por uma imagem mental,<br />

que agora adora em sua mente. Substitui a “pedra” por seu próprio coração,<br />

a “escritura” por seu próprio espírito e ao “sacerdote” por seu próprio<br />

pensamento.<br />

A meditação é, portanto, superior à oração, no sentido <strong>de</strong> que o<br />

maçom capaz <strong>de</strong> praticá-la possui uma capacida<strong>de</strong> mental superior porque<br />

já não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da matéria.<br />

A meditação é <strong>de</strong>spertada pelo “som” do “mantra”. Chegado este ao<br />

seu ouvido, <strong>de</strong>sperta a criação <strong>de</strong> uma oração muda.<br />

Ao penetrar na “Alma <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro”, no “Universo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro”, no<br />

“Templo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro”, o maçom encontra o seu verda<strong>de</strong>iro mundo on<strong>de</strong> sentirá<br />

a felicida<strong>de</strong>.


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Imerge num oceano <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong> jamais alcançado sem a meditação.<br />

É evi<strong>de</strong>nte que cada “corrente” “orienta <strong>de</strong> uma forma diferente,<br />

usando métodos todos seus, para que o homem possa entrar em meditação.<br />

A Maçonaria, que não é uma religião, pelo menos no sentido<br />

convencional, criou e estabeleceu seu método <strong>de</strong> meditação, através da prática<br />

da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, fugindo violentamente do convencionalismo e do usual.<br />

O profano não aceita que através do “sussurro” <strong>de</strong> um “mantra”,<br />

possa a pessoa cair em meditação e realizar-se.<br />

válidas.<br />

Se a Maçonaria criou este sistema é porque as suas bases são<br />

O “mantra” maçônico é a “palavra semestral” emitida pela<br />

Autorida<strong>de</strong> Maçônica Superior.<br />

A “palavra semestral”, aparentemente, uma palavra comum que se<br />

altera <strong>de</strong> seis em seis meses, que em si, nada significa.<br />

A função da Autorida<strong>de</strong> Maçônica, inconsciente e administrativa,<br />

emitida com efeitos esotéricos e místicos. Aparentemente ela surge ao acaso,<br />

uma palavra sonora, ligada aos nossos símbolos e linguajar característicos,<br />

mas, na realida<strong>de</strong>, surgida no momento certo, justo e a<strong>de</strong>quado, que concilia<br />

no tempo e espaço as diversificações existentes. É a vonta<strong>de</strong> do Gran<strong>de</strong><br />

Arquiteto do Universo manifestada naquele que foi escolhido para exercer a<br />

autorida<strong>de</strong> maçônica.<br />

O “mantra” ao ser “ouvido” produz o “contato” que <strong>de</strong>sperta na<br />

mente a função meditativa que conduz, por sua vez, ao “Universo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro”<br />

e forma o “milagre” que é <strong>de</strong>sconhecido da maioria dos próprios maçons: a<br />

unificação das mentes dos que participam da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />

Então, <strong>de</strong> “elo” em “elo”, o “mantra” produz seu efeito e, ao retornar<br />

após percorrer a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União <strong>de</strong> um lado e <strong>de</strong> outro, terá cumprido sua<br />

missão mística.<br />

O participante da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União <strong>de</strong>verá preparar-se para receber<br />

o “mantra”.<br />

Não é recomendável que o Venerável Mestre, logo que a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União esteja formada, passe a “Palavra Semestral”, sem uma a<strong>de</strong>quada<br />

preparação.<br />

57


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Deverá sempre esclarecer os efeitos da “Palavra Semestral” e referir<br />

que o “ouvido” <strong>de</strong>ve estar preparado para receber o “som que <strong>de</strong>la emana” e<br />

que este “som” é benéfico porque, penetrando por meio dos nervos sensitivos<br />

no cérebro, beneficia todo o organismo.<br />

Qualquer “mensagem” <strong>de</strong>ve cair em terreno amainado, como suce<strong>de</strong><br />

com a boa semente: terreno ina<strong>de</strong>quado, pedregoso, cheio <strong>de</strong> espinhos e<br />

ervas daninhas, evi<strong>de</strong>ntemente não será propício para a germinação.<br />

Assim é a Palavra do Senhor, a sua Mensagem, resumida em um<br />

“som”, vindo <strong>de</strong> uma palavra ou frase que semestralmente, a maior Autorida<strong>de</strong><br />

Maçônica envia <strong>de</strong> forma escrita.<br />

Ao ser lida a Palavra Semestral, silenciosamente, apenas com os<br />

olhos, vai <strong>de</strong>positada na “memória” sem nada produzir; no momento em que<br />

o Venerável Mestre a “sussurra”, a “Palavra Semestral” ativa-se, cria Vida e<br />

produz o “Som”, mágico, místico e apropriado para criar benefícios.<br />

A Respiração<br />

A preparação para a meditação consiste em um rápido exercício<br />

respiratório, comandada pelo Venerável, para que a inspiração e a<br />

expiração passem a ser ritmadas.<br />

O ritmo é necessário para que o participante, preocupado em<br />

observar o movimento respiratório, “limpe” sua mente, esvaziando-a do<br />

pensamento que a ocupa naquele instante.<br />

58<br />

A respiração, além do mais, “purifica” a mente e todo organismo.<br />

As Sagradas Escrituras nos ensinam que o homem que não<br />

respirasse seria, apenas, um punhado <strong>de</strong> terra inerte, pois o Criador o fez <strong>de</strong><br />

terra e lhe “soprou” no rosto o “sopro” da vida.<br />

Através da respiração, Adão, o homem simbólico, <strong>de</strong>spertou para a<br />

existência terrena.<br />

vida.<br />

Com o primeiro “sopro”, integra-se o recém-nascido no ritmo da<br />

Com o seu inspirar e expirar, entra a sentir fluxo vital em suas<br />

fases alternadamente positiva e negativa, que pulsa <strong>de</strong>ntro em si como corrente<br />

alternada.


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

A vida é uma “ca<strong>de</strong>ia” ininterrupta <strong>de</strong> sopros rítmicos, tiara fora e<br />

para <strong>de</strong>ntro, até que, com o sopro final, o homem “expira”, fechando o elo<br />

final da “corrente”.<br />

Diziam os nossos velhos filósofos:<br />

“Somos feitos <strong>de</strong> terra, <strong>de</strong> sorte que comemos<br />

alimentos sólidos; fomos amassados com água e por isso<br />

bebemos líquidos; o espírito sensibiliza a massa inerte,<br />

portanto respiramos o ar; e com o fogo divino o espírito<br />

anima o conjunto, <strong>de</strong> sorte que este se converte no homem”.<br />

A respiração é <strong>de</strong> capital importância, porque po<strong>de</strong>mos jejuar, nos<br />

abster <strong>de</strong> líquidos, mas respirar, apenas po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fazê-lo por alguns<br />

minutos.<br />

De acordo com a filosofia hindu,<br />

“a cada indivíduo é dado apenas <strong>de</strong>terminado<br />

número <strong>de</strong> respirações para cada encarnação. Aquele que<br />

respira açodada e precipitadamente morre mais <strong>de</strong>pressa,<br />

porque não po<strong>de</strong> respirar mais do que o número prescrito<br />

<strong>de</strong> vezes. Por outro lado, aquele que vive tranqüilamente e<br />

respira <strong>de</strong>vagar economiza a reserva,:<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e tem vida<br />

longa sobre a terra. A gente do Oriente não se excita com<br />

facilida<strong>de</strong>, porque – muito sabiamente – prefere empregar<br />

a existência terrena na busca do progresso espiritual. E<br />

abana a cabeça quando vê os seus irmãos do Oci<strong>de</strong>nte<br />

encurtarem o divino dom da vida com uma ativida<strong>de</strong><br />

febricitante, conseqüentemente um respirar acelerado e<br />

superficial.”<br />

E o esporte? A prática: da Yoga, que: em última análise é um, porque<br />

fortalece e <strong>de</strong>senvolve os músculos, é feita lentamente, para não acelerar a<br />

respiração. Há exercícios <strong>de</strong> hata-yoga que prolongam o, ritmo da respiração<br />

para um minuto.<br />

No mundo civilizado <strong>de</strong> hoje, <strong>de</strong>ntro das cida<strong>de</strong>s gran<strong>de</strong>s, há a<br />

“poluição do ar”, que contamina os nossos pulmões e afeta o nosso organismo<br />

com reflexo na mente.<br />

O homem não tem tempo! O homem corre! O homem respira ácidos!<br />

Pobre do homem!<br />

59


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Mas se o homem apren<strong>de</strong>sse a respirar usando todo volume <strong>de</strong><br />

seus pulmões (usa apenas uma terça parte), fazendo-o lentamente, estaria a<br />

ele assegurada vida mais longa.<br />

A respiração i<strong>de</strong>al é a respiração profunda. Para executá-la <strong>de</strong>ve<br />

ser lenta.<br />

Nós respiramos quinze a vinte vezes por minuto e em cada respiração<br />

inalamos cerca <strong>de</strong> meio litro <strong>de</strong> ar. O ar “residual” que permanece <strong>de</strong>ntro dos<br />

pulmões é cerca <strong>de</strong> um litro e meio.<br />

Para obtermos uma vida saudável, precisamos três litros e meio<br />

em cada inspiração!<br />

Os homens <strong>de</strong> hoje, e muito mais, as mulheres, encontram no cigarro<br />

um meio fatal para encurtar as suas vidas e abrigar enfermida<strong>de</strong>s,<br />

especialmente as dos pulmões, criando ambiente propício ao câncer.<br />

O povo hindu, exemplo <strong>de</strong> povo meditativo, não fuma; não confundir<br />

o “incenso” com o fumo, pois o “incenso” é feito <strong>de</strong> substâncias aromáticas e<br />

é aspirado em ocasiões quase raras, sem que possa causar qualquer prejuízo.<br />

Como vimos no capítulo <strong>de</strong>stinado ao “incenso”, apesar <strong>de</strong> constituir<br />

um “entorpecente”, pouco penetra nos pulmões, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> ser nocivo,<br />

quando aplicado somente nos atos litúrgicos.<br />

Prana<br />

O que respiramos? Prana.Outro termo hindu sem tradução, pois<br />

“prana” não significa propriamente “ar”.<br />

60<br />

No Evangelho escrito por São João, lemos:<br />

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com<br />

Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.<br />

Todas as coisas foram feitas por intermédio <strong>de</strong>le, e sem ele<br />

nada do que foi feito se fez. A vida estava nele, e a vida era<br />

a luz dos homens”.<br />

O “Verbo” <strong>de</strong> São João era o “prana”, ou seja, a essência da vida;<br />

seja sob o aspecto material, como espiritual. Logo, quando respiramos,<br />

precisamos respirar vida! Toda força se, baseia no “prana”; a força da<br />

gravida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> atração, <strong>de</strong> repulsão, <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong>, da radioativida<strong>de</strong>, ou<br />

qualquer outra que possa surgir.


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Sem “prana” não há vida, pois o “prana” é a alma <strong>de</strong> toda força e <strong>de</strong><br />

toda energia.<br />

Sem ser “ar”, está no ar. Sem ser “alimento” está nos alimentos.<br />

Sem ser “água” está na água; sem ser “fogo’’: está no fogo. Sem ser “luz”, está<br />

na luz. Sem ser “luminosida<strong>de</strong>” está na luminosida<strong>de</strong>. Sem ser “vonta<strong>de</strong>”<br />

está na Vonta<strong>de</strong> do Criador.<br />

Ao respirarmos com ritmo, enchendo a<strong>de</strong>quadamente os pulmões,<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, e seu misticismo, estaremos verda<strong>de</strong>iramente<br />

ingerindo “prana”, ou seja, essa força vital <strong>de</strong> que necessitamos para<br />

regularizar todas as células do organismo e mentalizar a presença do Criador.<br />

O “prana” purifica a alma e o pensamento libertando o homem e<br />

tornando-o “livre e <strong>de</strong> bons costumes”, pois não estará ocupando a mente<br />

com pensamentos iníquos.<br />

Em “Hatha Yoga”, o exercício que conduz à meditação <strong>de</strong>nominase<br />

<strong>de</strong> “praianama”.<br />

Portanto, o exercício preparatório, <strong>de</strong>ntro da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União e<br />

antes <strong>de</strong> ser transmitida a “palavra semestral”, tem função e conseqüências<br />

quase que científicas, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seu misticismo.<br />

A função respiratória in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossa vonta<strong>de</strong>, eis que é<br />

constituída <strong>de</strong> movimentos naturais; ao nascermos, nosso primeiro ato é<br />

respirar; porém, a respiração ritmada, para ingerir “prana”, mormente <strong>de</strong>ntro<br />

da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, com a preocupação <strong>de</strong> acompanhar o ritmo geral, faz<br />

com que, o pensamento se fixe no ato respiratório.<br />

Afastados os pensamentos dos problemas que o homem carrega<br />

consigo, há uma libertação <strong>de</strong> células que se mantinham tensas e preocupadas<br />

apenas naqueles pensamentos; com isto, será exercitada uma “higiene mental”<br />

<strong>de</strong> tal forma que os pensamentos a<strong>de</strong>quados ao ato litúrgico surgirão<br />

purificados e indubitavelmente, produzirão os melhores efeitos.<br />

Os Olhos<br />

Ao ser transmitida a “palavra semestral”, o participante da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong><br />

<strong>de</strong> União conservará seus olhos fechados.<br />

61


Rizzardo da Camino<br />

62<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

O olhar é uma das ações do organismo que mais <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>m<br />

energias. O simples olhar para alguém, a leitura, a contemplação da Natureza,<br />

a divagação para a linha do horizonte ou para o infinito estelar, produzem no<br />

organismo um <strong>de</strong>sgaste.<br />

Fechando os olhos, a energia que está fluindo para fora,<br />

permanecerá em <strong>de</strong>pósito e será carregada para a mente. Fechar os olhos<br />

não significa nada enxergar, mas quando cerramos as pálpebras, ainda vemos<br />

muito. A terceira visão não necessita <strong>de</strong> um órgão semelhante aos nossos<br />

olhos.<br />

O que são os nossos olhos senão um aparelho semelhante à máquina<br />

fotográfica? A fotografia é batida, mas só veremos a imagem <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> revelado<br />

o filme. A imagem é fixada na retina, mas só a “veremos” <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> interpretada<br />

pela mente. Logo, quem vê propriamente é a mente.<br />

O excesso <strong>de</strong> visão cansa os olhos, enfraquece-os e obriga o uso <strong>de</strong><br />

lentes. O repouso natural que seria o sono não é mais suficiente, porque o<br />

esforço que fazemos diariamente não po<strong>de</strong> ser compensado por oito ou menos<br />

horas <strong>de</strong> sono.<br />

Mas, se nos <strong>de</strong>temos, fechamos os olhos e meditamos, então<br />

estaremos <strong>de</strong>scansando <strong>de</strong> forma acertada e os benefícios se farão notar.<br />

A “tensão” que a civilização nos impõe como tributo à tecnologia é<br />

um <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> energia. A tensão ocular que passa <strong>de</strong>spercebida enfraquece<br />

todo o organismo.<br />

A meditação disciplinada, praticada diariamente, dirigida para o<br />

propósito <strong>de</strong> recuperar as forças perdidas, é a solução mais racional que se<br />

conhece.<br />

A meditação “instantânea” <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União produz<br />

idênticos efeitos, porque o meditante soma o seu “instante” com o coparticipante,<br />

e o efeito se multiplicará. É a lição da corda dos 81 nós, que se<br />

apresenta resistente a qualquer pressão face o princípio consagrado na<br />

Maçonaria <strong>de</strong> que a “<strong>união</strong> faz a força”.<br />

Os olhos fechados “enxergam” através da mente e não é raro maçons<br />

“verem” manifestações espirituais e vislumbrarem até seres extraterrenos.<br />

Cessando a função <strong>de</strong> um “sentido” os <strong>de</strong>mais recebem forças.<br />

A “terceira visão” somente atua quando as <strong>de</strong>mais cessam.<br />

Os cegos têm do mundo um conceito muito mais lógico e tranqüilo<br />

que o nosso. Sua mente age livremente e se sentem superiores aos que<br />

enxergam.


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Mesmo aquele que suplica uma esmola, porque é cego, está numa<br />

posição superior, acumulando energias e gastando-as em outros setores e<br />

ativida<strong>de</strong>s.<br />

Ainda não chegamos ao pleno conhecimento do porquê <strong>de</strong> cegos<br />

serem vistos com pieda<strong>de</strong>, quando possuem, pela sua cegueira, gran<strong>de</strong><br />

vantagem sobre os que vêem.<br />

Com os olhos fechados, a respiração ritmada, as mentes vazias, a<br />

postura a<strong>de</strong>quada, está o maçom preparado para receber a “palavra semestral”<br />

e transmiti-la ao irmão que está ao seu lado.<br />

A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> Mental<br />

Sobre cada cabeça dos participantes da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União forma-se<br />

uma “auréola” que se entrelaça com as <strong>de</strong>mais, formando uma “ca<strong>de</strong>ia mental”.<br />

Os pintores antigos colocavam ao redor das cabeças dos Santos<br />

um aro dourado, simbolizando a santida<strong>de</strong>.<br />

Essa “auréola”, todos os indivíduos humanos a possuem, ora com<br />

luminosida<strong>de</strong>, ora opaca, sem expressão.<br />

Quanto mais espiritualizada a criatura humana, mais luminosa a<br />

sua “aura”.<br />

Assim, os “elos” mentais formam uma segunda “corrente”, com seu<br />

alto significado espiritual.<br />

Esta segunda <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União torna-se a verda<strong>de</strong>ira <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União, que irradia para toda Fraternida<strong>de</strong> Maçônica os seus benefícios.<br />

Os pintores antigos, ao pintarem os santos, colocavam em torno <strong>de</strong><br />

suas cabeças o “halo” luminoso para expressar a sua “santida<strong>de</strong> mental”; e<br />

ao Cristo, o “halo” envolvia todo o seu corpo.<br />

Leonardo da Vinci pintou a Santa Ceia, criando em torno <strong>de</strong> cada<br />

discípulo uma característica zodiacal, sendo Cristo o símbolo do Sol.<br />

Eram doze os Discípulos e, na mesa, formavam a sua <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União, pois aquilo que nós julgamos não passa <strong>de</strong> uma concepção humana.<br />

63


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Várias vezes os discípulos ro<strong>de</strong>avam a seu Mestre e juntos oraram,<br />

isto é, formaram a sua “corrente”, cujos benefícios eram manifestos, até que,<br />

ao se retirar Jesus, já no horto do Gethsêmani, para meditar após recomendar<br />

a todos que se reunissem em oração, estes caíram em sonolência, <strong>de</strong>ixando<br />

<strong>de</strong> obe<strong>de</strong>cer ao que lhes fora <strong>de</strong>terminado. A “corrente” não se formara e os<br />

resultados foram funestos.<br />

Aquilo que não está escrito, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ter existido; apenas não<br />

houve referência a certos fatos, mas as conclusões surgem pelos fatos ocorridos<br />

e pelo que a tradição nos trouxe.<br />

No tempo do Messias, cuja evangelização durou três anos, muito e<br />

muito suce<strong>de</strong>u; obviamente, um Evangelho <strong>de</strong> poucas páginas não po<strong>de</strong>ria<br />

ter relatado todas as passagens herméticas.<br />

Por outro lado, muitos acontecimentos não podiam ser<br />

compreendidos pelos próprios Discípulos; somente mais tar<strong>de</strong> com o raciocínio<br />

e <strong>de</strong>senvolvimento é que surgiram as interpretações.<br />

Há uma razão para a formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União e esta razão<br />

possui raízes, “filamentos”, ou hermetismo.<br />

O Rosário<br />

Os dicionários o <strong>de</strong>finem como sendo um conjunto <strong>de</strong> contas<br />

enfiadas, que se fazem passar entre os <strong>de</strong>dos, enquanto se vão recitando<br />

Padres-Nossos a Ave-Marias.<br />

O Rosário compõe-se <strong>de</strong> quinze mistérios ou <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> contas<br />

menores que representam as Ave-Marias. Cada conta é precedida <strong>de</strong> uma<br />

maior, que representa o Padre-Nosso.<br />

O Rosário usa-se da seguinte maneira: reza-se um Padre-Nosso e o<br />

Gloria Patri para cada conta mais grossa; para cada conta menor reza-se a<br />

Ave-Maria. Um Rosário compõe-se <strong>de</strong> cinco <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> Ave-Marias separadas<br />

pelo Pater e Gloria Patri; um Rosário compreen<strong>de</strong> três terços.<br />

É obrigatório trazer o Rosário à cinta em certas or<strong>de</strong>ns religiosas,<br />

tais como a dos Dominicanos e as irmãs <strong>de</strong> São Vicente <strong>de</strong> Paulo.<br />

As contas do Rosário são ordinariamente <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira torneada e<br />

escavada e geralmente enfiadas numa “corrente”. Outras religiões usam o<br />

“colar <strong>de</strong> reza”, como os Muçulmanos, que o tem com 99 contas, cada uma<br />

das quais representa um dos atributos do Ser Divino.<br />

64


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Na Índia, quase todas as seitas usam um colar, seja para<br />

simplesmente manuseá-lo, seja para rezar.<br />

Foi São Domingos quem instituiu o uso do Rosário, inspirado na<br />

lenda <strong>de</strong> que por ocasião da batalha <strong>de</strong> Lepanto, quando D. João da Áustria<br />

venceu os turcos em 1571, na cida<strong>de</strong> marítima da Grécia (província da<br />

Arcanânia e Etólia) junto ao estreito <strong>de</strong> Lepanto, apareceu Nossa Senhora<br />

que ofereceu um Rosário como talismã, propiciando, assim, a vitória marítima.<br />

No Museu Real <strong>de</strong> Madrid encontra-se um quadro pintado por Ticiano, quando<br />

este tinha 94 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, reproduzindo a batalha <strong>de</strong> Lepanto.<br />

O culto do Rosário é muito difundido nos paises católicos e muitas<br />

Igrejas são <strong>de</strong>dicadas a N. S. do Rosário. Além <strong>de</strong>sta parte histórica e lendária,<br />

há em torno ao Rosário símbolos que evocam a existência <strong>de</strong> uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

União já naquele século.<br />

Se tomarmos o círculo, cuja soma dos ângulos internos é <strong>de</strong> 360º e<br />

o multiplicarmos pelos quatro elementos (terra, água, fogo e ar) teremos 1.440<br />

minutos. Igualmente, se multiplicarmos as 24 horas do dia por 60 minutos,<br />

teremos a mesmo resultado.<br />

Ora, dividindo-se os dias do ano, 365, pelos 12 meses, teremos o<br />

grau si<strong>de</strong>ral, ou seja, o mês composto <strong>de</strong> 30 dias. Dividindo-se o mês por 12,<br />

encontramos 2 graus e 30 minutos, que equivalem a 150 minutos. 150<br />

minutos divididos pelos ternários, teremos 50 minutos que correspon<strong>de</strong>m ao<br />

número <strong>de</strong> contas do Rosário.<br />

Se multiplicarmos 12 x 12 x 3, teremos 432 que, acrescidos <strong>de</strong> 7<br />

zeros, segundo a concepção dos hindus, equivale a um dia <strong>de</strong> Brama.<br />

Estes cálculos conduzem à meditação profunda e teremos o Rosário<br />

como “coroamento” espiritual, unidas as suas contas através <strong>de</strong> uma corrente,<br />

para “proteção” da humanida<strong>de</strong>.<br />

Tudo tem sua razão numérica e, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta concepção, vamos<br />

também encontrar que os Salmos <strong>de</strong> David são 150. Como símbolo, o Rosário<br />

encerra admirável lição: é <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União e <strong>de</strong>sempenha função esotérica.<br />

65


Rizzardo da Camino<br />

A Formação I<strong>de</strong>al da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

A Maçonaria “hermética” concebe a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União construída<br />

apenas por doze elementos, dispondo-se os <strong>de</strong>mais em forma <strong>de</strong> triângulo<br />

cujo vértice dirige-se para o oriente.<br />

Os doze maçons serão escolhidos, selecionados ou, simplesmente,<br />

chamados pelo Venerável Mestre.<br />

Consi<strong>de</strong>ra a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União como o “coroamento da obra”, daí a<br />

exigência dos doze elementos que, somados, formam os 78 “arcanos do Tarô”.<br />

Os sacerdotes <strong>de</strong> Memfis, no antigo Egito, possuíam um livro<br />

composto <strong>de</strong> 78 folhas soltas, <strong>de</strong> que a tradição dizia que o seu autor, o mago<br />

Hermes Thot, a tinha escrito, ou antes, gravado, em lâminas <strong>de</strong> ouro.<br />

Esse livro era a chave universal das artes mágicas, a chave da<br />

Cabala e <strong>de</strong> todos os dogmas religiosos.<br />

Cada lâmina ou folha continha uma figura simbólica, um número e<br />

uma letra, e a significação <strong>de</strong>stes elementos constituía os “Arcanos”.<br />

O original <strong>de</strong>ste livro hermético per<strong>de</strong>u-se, mas suas reproduções<br />

se conservam numa coleção <strong>de</strong> cartas, chamadas “Tarô”. Esta chave das<br />

coisas ocultas compõe-se <strong>de</strong> 22 “Arcanos Maiores” e 56 “Arcanos Menores”.<br />

A formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União com número superior a doze, <strong>de</strong>ixa<br />

a <strong>de</strong>scoberto a proteção individual, po<strong>de</strong>ndo os seus componentes “receber”<br />

manifestações estranhas e, mesmo, caírem em transe, apesar <strong>de</strong> isto<br />

raramente acontecer.<br />

O trabalho “i<strong>de</strong>al” <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma Loja Maçônica nem sempre é<br />

possível executar e muito menos será viável numa obra como a presente,<br />

compor um “manual” completo, hermético e ao mesmo tempo ao alcance da<br />

maioria dos maçons que são Aprendizes, como orientação <strong>de</strong>finitiva e completa<br />

para a formação <strong>de</strong> uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />

Para <strong>de</strong>monstrar que, ainda, há muito para ser dito e escrito, é que<br />

fizemos a referência acima, em capítulo à parte. A “Cabala”, o conhecimento<br />

profundo do alfabeto hebraico, a astrologia, o próprio mistério que cerca os<br />

números, são elementos que forçosamente se entrelaçam para o<br />

esclarecimento total do que significa uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />

66


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Isto vem <strong>de</strong>monstrar a relevante importância <strong>de</strong> uma “corrente”<br />

feita <strong>de</strong>ntro dos Templos, “corrente” que emite “luz” no sentido também<br />

material (luz como matéria que se me<strong>de</strong>, pesa, colore, divi<strong>de</strong> etc.) cujos efeitos<br />

penetram no mundo on<strong>de</strong> vivemos, consi<strong>de</strong>rando o mundo como um “ser’’,<br />

isto <strong>de</strong>ntro da concepção filosófica mais recente e ainda não totalmente<br />

<strong>de</strong>finida.<br />

A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União conduz a um caminho sedutor que <strong>de</strong>scortina<br />

novos conhecimentos, daí, ao encerrá-la, inclinam--se os seus componentes,<br />

como reverenciando a “Terra”, sobre a qual os seus pés se firmam em Esquadro<br />

“justo e perfeito”.<br />

Meditemos.<br />

O Compasso<br />

O Compasso é uma das três gran<strong>de</strong>s jóias da Loja, ao lado do Livro<br />

Sagrado e do Esquadro.<br />

medidos.<br />

Representa a Justiça com que os atos dos homens <strong>de</strong>vem ser<br />

É com esta jóia que se traça o Círculo e por isso tem ligação estreita<br />

com a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União que é formada em Círculo.<br />

O Círculo fatalmente possui um centro que é a ponta, representado<br />

na natureza pela linha do Equador e a estrela Polar, lembrando o seu traçado,<br />

o olho que tudo vê.<br />

São os círculos individuais que formam a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União mental,<br />

unindo-se um ao outro.<br />

Por ser o traçado mais perfeito, o círculo representa a Criação do<br />

Universo. A circunferência, a “alma universal”. A humanida<strong>de</strong> o usa como<br />

símbolo <strong>de</strong> <strong>união</strong> entre os sexos: a aliança, que não passa <strong>de</strong> um círculo <strong>de</strong><br />

ouro feito anel.<br />

O povo hebreu comemorava a aliança entre Deus e os homens<br />

através da “circuncisão”, que consistia na retirada do prepúcio, em forma <strong>de</strong><br />

anel.<br />

67


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

A “taça sagrada”, o “cálice” usado em cerimônias maçônicas, estão<br />

construídas simbolizando o circulo (17) .<br />

A Saudação<br />

Finda a cerimônia ritualística da formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, os<br />

maçons, antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfazê-la, cumprimentam-se, apertando as mãos, que<br />

ainda se encontram entrelaçadas, com mais força e por 3 vezes repetem em<br />

voz alta: “saú<strong>de</strong>”, “força” e “<strong>união</strong>”.<br />

São votos solenes. Votos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> física e mental; votos <strong>de</strong> “força”,<br />

no sentido realizado e “<strong>união</strong>” para recordar a finalida<strong>de</strong> da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />

A tríplice proclamação diz respeito às três Luzes da Loja: o Venerável<br />

e os dois Vigilantes.<br />

A “saú<strong>de</strong>” correspon<strong>de</strong> à coluna da “beleza”, a “força” à coluna do<br />

Norte e a “<strong>união</strong>” a Sabedoria que a Coluna do Venerável representa.<br />

A confirmação solene <strong>de</strong> que todos <strong>de</strong>sejam dar o melhor <strong>de</strong> si para<br />

a seu próximo.<br />

E o distribuem <strong>de</strong> forma materializada e pública, proferindo as<br />

palavras, retornando à matéria; após o “giro” dado em sua parte íntima e<br />

espiritual.<br />

Os votos não se dirigem tão-somente aos participante da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong><br />

<strong>de</strong> União; eles ultrapassam os limites da Loja e vão atingir a própria direção<br />

da Obediência.<br />

São “setas” que, disparadas com força, atingem o alvo. Alguém irá<br />

beneficiar-se após a realização <strong>de</strong> uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, benefício nem sempre<br />

manifestado e notado, mas nem por isto inexistente.<br />

Nada se faz em vão na Maçonaria; nada é <strong>de</strong>sperdiçado. Ao findar a<br />

tríplice saudação, comandados pelo Venerável, todos erguem o braço direito<br />

dirigido ao centro qual raios convergindo ao ponto central; e dizem em voz<br />

alta “segredo”! O “segredo” não é o silêncio a respeito dos assuntos maçônicos,<br />

o “segredo” do ato, do místico, do resultado da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />

_<br />

_______________________________________________________________________________<br />

(17)<br />

Vi<strong>de</strong> obra do mesmo Autor: “O Simbolismo do 1° Grau”.<br />

68


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Em Maçonaria não existe o “segredo”, mas a discrição, o sigilo, o<br />

recato e tudo o que não profane os sagrados princípios milenares da<br />

Instituição, para que o vulgo não iniciado não dê interpretação improvisada<br />

e açodada.<br />

A saudação é uma homenagem à Natureza e o agra<strong>de</strong>cimento ao<br />

Gran<strong>de</strong> Arquiteto do Universo pelas dádivas recebidas. Enviando em voz forte<br />

e <strong>de</strong> forma uníssona as nossas melhores vibrações a todos os Irmãos do<br />

Quadro ausentes, aqueles que jamais esquecemos, porque são participantes<br />

vivos <strong>de</strong> nossos trabalhos.<br />

Ninguém se preocupa em enviar saudações e votos aos que já<br />

partiram, por consi<strong>de</strong>rarem, quiçá, um absurdo; porém, neste mundo pleno<br />

<strong>de</strong> mistério, uma disposição benéfica <strong>de</strong> nossa alma há <strong>de</strong> atingir todos aqueles<br />

a quem jamais <strong>de</strong>ixaremos <strong>de</strong> amar; os eternamente ausentes, no conceito<br />

simplista <strong>de</strong> nossas acanhadas concepções.<br />

Erguendo os braços, na separação das mãos unidas, dirigimos nossa<br />

mão direita, <strong>de</strong> forma horizontal, ao centro ao círculo, on<strong>de</strong> ainda, se conserva<br />

aberto o Livro Sagrado.<br />

“Segredo”, dizemos, num <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>spedir e na ânsia sempre<br />

crescente <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rmos penetrar no Verda<strong>de</strong>iro Segredo que o Senhor dos<br />

Senhores encerra em sua Palavra.<br />

O Mestre <strong>de</strong> Cerimônias<br />

Na formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União participam o Venerável Mestre,<br />

dando as costas ao Oriente, e o Mestre <strong>de</strong> Cerimônias, colocando-se à frente<br />

do Venerável.Quando o Venerável passa a “Palavra Semestral” aos ouvidos<br />

dos que lhe estão à direita e à esquerda, a palavra chega aos ouvidos do<br />

Mestre <strong>de</strong> Cerimônias.<br />

Se em ambos chega a mesma palavra, obviamente chegou exata,<br />

mas se chega palavra diversa, então o Mestre <strong>de</strong> Cerimônias avisa em voz<br />

alta ao Venerável que a repete.<br />

Chegando certa, o Mestre <strong>de</strong> Cerimônias limita-se a inclinar<br />

levemente a cabeça.<br />

69


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

O hábito do Mestre <strong>de</strong> Cerimônias retirar-se da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União e<br />

repetir a palavra aos ouvidos do Venerável como confirmação, está errado,<br />

pois o seu <strong>de</strong>sligamento interromperá a “corrente” e a sua passagem pelo<br />

centro do Círculo causará abalo espiritual.<br />

Se todas as forças mentais são dirigidas ao centro <strong>de</strong> on<strong>de</strong> retornam<br />

reforçadas, equilibradas a fim <strong>de</strong> serem redistribuídas eqüitativamente, a<br />

interrupção provocada pelo Mestre <strong>de</strong> Cerimônias interromperá o efeito.<br />

Competirá ao Mestre <strong>de</strong> Cerimônias colocar os Irmãos na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong><br />

<strong>de</strong> União, harmonizando-os.<br />

Como dissemos em capítulo à parte, a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> i<strong>de</strong>al <strong>de</strong>veria comporse<br />

apenas <strong>de</strong> doze elementos, sendo os restantes irmãos colocados em forma<br />

triangular com o vértice para o Oriente.<br />

Cumprirá ao Venerável Mestre escolher os doze elementos e ao<br />

Mestre <strong>de</strong> Cerimônias distribuí-los pela “corrente”.<br />

Terminada a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, os maçons dispersam-se lentamente,<br />

<strong>de</strong>ixando que o Venerável retorne ao seu trono e as <strong>de</strong>mais Luzes ocupem os<br />

seus lugares. Os que não estiverem ocupando cargos serão os últimos a<br />

saírem da posição em que se encontravam.<br />

Caso a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União seja formada como fecho da sessão, então<br />

o Venerável se retirará e pela mesma or<strong>de</strong>m os <strong>de</strong>mais membros. Dentro do<br />

Templo não se conversa ou cumprimenta. Na sala dos passos perdidos é o<br />

local apropriado para tanto.<br />

A Comunhão com Deus<br />

A comunhão com Deus é ato espontâneo do homem e se manifesta<br />

freqüentemente em sua vida.<br />

A infância, porque o menino é facilmente conduzido, é um período<br />

em que há uma busca <strong>de</strong> comunhão; a criança sente-se feliz e tranqüila<br />

<strong>de</strong>ntro dos Templos.<br />

Surge o período <strong>de</strong> libertação, quando todo jovem quer ir em direção<br />

ao mundo, livre e bisonho. Ë o tempo do filho pródigo da parábola.<br />

Seu retorno ao lar paterno na maturida<strong>de</strong> faz com que, novamente,<br />

busque a comunhão com Deus, quando se preocupa com o conhecimento e a<br />

evolução.<br />

70


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Esmorece um pouco, mas se reafirma na velhice, quando se integra<br />

<strong>de</strong>finitivamente à religião.<br />

A comunhão com Deus é o termo final da nossa jornada evolutiva,<br />

a mais alta perfeição do ser humano consi<strong>de</strong>rado em sua plenitu<strong>de</strong>.<br />

Os homens verda<strong>de</strong>iramente felizes foram aqueles que<br />

experimentaram a comunhão com Deus.<br />

A primeira vista, os homens julgam que não po<strong>de</strong>m “servir a dois<br />

senhores”, aos interesses do mundo e à comunhão com Deus.<br />

Deus não exige o sacrifício supremo <strong>de</strong> abandonar as “coisas do<br />

mundo”, porque o homem está no mundo, faz parte <strong>de</strong>le e seria incongruente<br />

se tanto fosse exigido.<br />

Andar na “presença <strong>de</strong> Deus” não é incompatível com uma vida<br />

normalmente humana e com as ativida<strong>de</strong>s profissionais comuns.<br />

Já não po<strong>de</strong>mos conceber a existência <strong>de</strong> homens que se isolam,<br />

se enclausuram, como os antigos monges, habitando cavernas e alimentandose<br />

apenas com o que encontram, sofrendo toda sorte <strong>de</strong> privações. O castigar<br />

o corpo não fortalece o espírito.<br />

A horizontalida<strong>de</strong> da vida não é incompatível com a verticalida<strong>de</strong><br />

espiritual.<br />

O que é um Esquadro, senão o encontro <strong>de</strong>ssas duas linhas, a<br />

horizontal e a vertical?<br />

vertical.<br />

O homem <strong>de</strong>ve buscar o equilíbrio; nem tanto horizontal, nem tanto<br />

O homem meditativo do Oriente exagera na verticalida<strong>de</strong>, ao passo<br />

que o homem oci<strong>de</strong>ntal exagera na horizontalida<strong>de</strong>; faz-se necessário buscar<br />

o meio termo.<br />

Quando o homem <strong>de</strong>scobrir que a Terra, também é um “ser” criado<br />

por Deus, compreen<strong>de</strong>rá quão agradável lhe será amar o mundo.<br />

É obvio que o “ser” Terra não possui as características <strong>de</strong> um ser<br />

vivente <strong>de</strong>ntro da concepção humana do comum a todos os seres viventes.<br />

O afastamento do convencional não significa que <strong>de</strong>vam <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />

existir “seres” diversos da concepção convencional a que estamos habituados.<br />

A Terra, como “ser”, chegando o seu <strong>de</strong>vido tempo, há <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar<br />

e sacudir <strong>de</strong> sua “crosta” o que lhe é prejudicial, numa purificação tão real,<br />

que apenas os homens que com ela possam se i<strong>de</strong>ntificar e comungar, possam<br />

subsistir...<br />

71


Rizzardo da Camino<br />

72<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Nós alar<strong>de</strong>amos a existência <strong>de</strong> um “mundo real”, porque nos<br />

colocamos sobre ele, mas não imaginamos o quão longe estamos <strong>de</strong>le!<br />

Logo, como po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um mundo espiritual<br />

que não vemos?<br />

A intensa comunhão com Deus não tem outra finalida<strong>de</strong> senão a<br />

<strong>de</strong> levar o homem ao ângulo da realida<strong>de</strong> que é suprema “beleza” e inefável<br />

beatitu<strong>de</strong>.<br />

Local mais apropriado para esta comunhão e, portanto, plena<br />

sintonia com Deus, será <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um Templo.<br />

Templo material, ou Templo espiritual, não importa, porque aqui<br />

não existem dimensões. Por mais difícil que pareça, a princípio, essa<br />

submersão no Oceano divino, esse “banho” <strong>de</strong> luz e força em Deus, vale a<br />

pena praticá-la intensamente, ainda que seja apenas durante uma fração <strong>de</strong><br />

minuto.<br />

Para Deus o tempo não conta, porque ele regula e disciplina o tempo.<br />

Dentro do “circuito” <strong>de</strong> uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União há “tempo suficiente” para<br />

meditar e submergir nesse Oceano <strong>de</strong> beatitu<strong>de</strong> e divinda<strong>de</strong>.<br />

A comunhão com Deus purifica os pensamentos e o mundo necessita<br />

<strong>de</strong> purificação. Um homem “purificado” em seus pensamentos será um centro<br />

<strong>de</strong> irradiação benéfica para toda Humanida<strong>de</strong>.<br />

O certo é que a ciência, afinal, nos <strong>de</strong>u plena segurança <strong>de</strong> que o<br />

pensamento é matéria.<br />

“Quão bom e agradável é o homem viver em <strong>união</strong>”, porque em<br />

<strong>união</strong> po<strong>de</strong>rá estar em comunhão com Deus.<br />

A mente humana isolada é muito frágil para propiciar o acendimento<br />

<strong>de</strong> uma luz; a energia é pouca, mas se a somarmos, então a lâmpada acen<strong>de</strong>.<br />

O mundo é conjunto. A fraternida<strong>de</strong> conquista a força necessária<br />

para a busca da felicida<strong>de</strong>.<br />

O cultivo do amor fraterno tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formar o esforço<br />

conjunto que há <strong>de</strong> encontrar a fórmula exata para a solução dos múltiplos<br />

problemas humanos.<br />

A redistribuição das forças irá equilibrar a força <strong>de</strong> cada componente<br />

da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />

Após o minuto <strong>de</strong> comunhão com Deus, cada ser equilibrado<br />

receberá sua dose igual e exata “eduzida” do próprio homem, <strong>de</strong> “sua vonta<strong>de</strong><br />

divina”, ou na linguagem evangélica, <strong>de</strong> seu Cristo interior.


Rizzardo da Camino<br />

Conclusão<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

O fecho <strong>de</strong> uma obra, mesmo mo<strong>de</strong>sta como a que submetemos á<br />

apreciação dos Irmãos Leitores, <strong>de</strong>verá ser, sempre, o retoque final <strong>de</strong> bom<br />

acabamento para que haja um pouco <strong>de</strong> beleza na realização.<br />

Seríamos injustos para com os Maçons se elogiássemos a Maçonaria<br />

atual, se disséssemos que as Lojas abrigam os homens <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque nos<br />

campos da ciência, arte, da filosofia.<br />

Temos pouco elementos catalisadores e se os mestres são escassos,<br />

obviamente, os discípulos não aparecem.<br />

Não importa que o mundo se apresente em evolução extraordinária;<br />

o que importa para o homem é saber se ele se sente feliz.<br />

A Maçonaria no passado influenciou sobre tudo: política, arte,<br />

religião e mesmo tecnologia.<br />

Construiu catedrais, monumentos que resistem ao tempo e produziu<br />

pensadores e artistas.<br />

Hoje, ela continua imutável nos seus métodos, ciosa em zelar seus<br />

princípios e rituais.<br />

mudou.<br />

Mesmo assim, ela esqueceu um pequeno pormenor: que o homem<br />

O pensamento foi-se ampliando. Quem duvidava da redon<strong>de</strong>za da<br />

terra e que girava em torno <strong>de</strong> si mesma e do Sol, hoje percorre o Universo,<br />

distanciando-se da Terra em busca <strong>de</strong> aventuras cósmicas.<br />

Este é o homem que atualmente freqüenta as Lojas Maçônicas, e<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta nova concepção a Maçonaria vê-se forçada a abandonar o<br />

convencional para proporcionar aos seus membros o ambiente capaz <strong>de</strong> os<br />

atrair.<br />

A freqüência às Lojas Maçônicas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, ainda e sempre, da<br />

mesma condição: proporcionar ao homem a felicida<strong>de</strong>.<br />

Para que a Maçonaria possa exercer influência marcan-te sobre os<br />

Maçons, <strong>de</strong>ve preparar Mestres capazes <strong>de</strong> catalisarem em torno <strong>de</strong> si o<br />

interesse dos seus Aprendizes.<br />

E os Mestres se preparam <strong>de</strong> múltiplas maneiras, <strong>de</strong>ntre as quais,<br />

com escritos como este que estamos apresentando.<br />

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Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

Nada, absolutamente nada <strong>de</strong> novo, dissemos; apenas juntamos<br />

em um só livro aquilo que nos pareceu apropriado em torno <strong>de</strong> um assunto<br />

que julgávamos, no princípio, árido, mas que po<strong>de</strong>rá vir a ser muito mais<br />

enriquecido através das discussões que ele fatalmente propiciará e do que<br />

vier a ser aduzido por maçons mais capazes e ilustrados.<br />

A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União não será a solução para todos os problemas das<br />

Lojas, mas será o ponto <strong>de</strong> partida, ou o “coroamento da obra”, que<br />

proporcionará a todos alguns momentos <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>.<br />

O que o autor almeja e visa alcançar com seu trabalho é comprovar<br />

aos Maçons que <strong>de</strong>vem buscar na “síntese dos símbolos” a “porta” que dê<br />

ingresso no Templo da Sabedoria. Então, o Maçom <strong>de</strong>scobrirá on<strong>de</strong> está a<br />

felicida<strong>de</strong>.<br />

Sem qualquer dúvida, a felicida<strong>de</strong> não se fixa exclusivamente na<br />

esfera espiritual.<br />

Para o homem ser feliz lhe é necessário, também, viver sem<br />

enfermida<strong>de</strong>s: “Mens sana in corpore sano”. Orientamos os Maçons no<br />

sentido <strong>de</strong> “aspirar” Prana, para a renovação do ar que circula em seus<br />

pulmões.<br />

Hoje, o mundo é “químico”; os alimentos que ingerimos encontramse<br />

envenenados dado o complemento à guisa <strong>de</strong> adubo que dão à Terra para<br />

melhor frutificar; o inseticida para exterminar os insetos, muitas vezes úteis<br />

no seu ciclo natural.<br />

O ar que respiramos é poluído; o alimento que ingerimos,<br />

envenenado.<br />

Vamos encontrar, também, outras “poluições”; as sonoras, as<br />

visuais, as olfativas, as tácteis, enfim, os homens se <strong>de</strong>ixaram cercar <strong>de</strong><br />

artificialismo periculoso.<br />

Séculos atrás, a Alquimia surgia promissoramente; hoje esta mesma<br />

Alquimia mata.<br />

A Maçonaria também se preocupa em retornar à época da pureza e<br />

da felicida<strong>de</strong>.<br />

Neste pequeno compêndio, lições primárias, pensamentos simples,<br />

sugestões fáceis, tivemos a preocupação <strong>de</strong> incentivar, pelo menos um pouco,<br />

ao <strong>de</strong>spertar, alertando que o Mundo iniciou uma “corrida” muito perigosa<br />

em direção ao <strong>de</strong>sconhecido e à interrogação.<br />

74


Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

A Ecologia, nova ciência que <strong>de</strong>ve atrair os Maçons e <strong>de</strong>vemos ajustar<br />

às nossas “Escadas” simbólicas mais um <strong>de</strong>grau para fixar a <strong>de</strong>fesa da<br />

Natureza.<br />

A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União conduz a este <strong>de</strong>spertar, purificando o Maçom<br />

em todos os sentidos.<br />

Que as Lojas; que os Corpos Filosóficos; que todos os Dirigentes e<br />

Obreiros sintam a sua parcela <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>. Recebam, também, os<br />

leitores, este mo<strong>de</strong>sto trabalho com humilda<strong>de</strong> e profunda meditação, pois<br />

nossa mensagem visa atingir espaços vazios para preenchê-los com o bom<br />

senso, a Virtu<strong>de</strong> e o culto à Fraternida<strong>de</strong>.<br />

.·.<br />

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Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

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Rizzardo da Camino<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />

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