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Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Capa<br />
1
Rizzardo da Camino<br />
Dados do Livro<br />
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Ao Casal Corina e Luiz Fernando<br />
Rodrigues Torres, ofereço com<br />
sincera amiza<strong>de</strong> e admiração.<br />
Exemplar nº 0144<br />
Para uso exclusivo <strong>de</strong><br />
Ama<strong>de</strong>u Olivier Pires Falcão<br />
Permitida apenas uma cópia, em arquivo<br />
ou papel, para uso próprio e segurança.<br />
© RIZZARDO DA CAMINO – Todos os direitos reservados<br />
Reprodução Autorizada para Livraria Maçônica Paulo Fuchs<br />
São Paulo, SP – 11 5510-0370 internet: www.livrariamaconica.com.br<br />
Fevereiro <strong>de</strong> 2002.<br />
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Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Indice<br />
Capa<br />
Dados do Livro<br />
Sobre Rizzardo da Camino<br />
A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União -<br />
Adauto Barreto Nen<br />
A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
O Caminho para Dentro<br />
A Palavra Semestral<br />
Posição Hierárquica<br />
O Balandrau<br />
O Templo<br />
Três Fatores<br />
A Luminosida<strong>de</strong><br />
O Som<br />
O Perfume<br />
O Livro Sagrado<br />
A Postura<br />
O Cruzamento dos Braços<br />
O Aperto das Mãos<br />
A Mente<br />
A Respiração<br />
Prana<br />
Os Olhos<br />
A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> Mental<br />
Indice<br />
O Rosário<br />
A Formação I<strong>de</strong>al da<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
O Compasso<br />
A Saudação<br />
O Mestre <strong>de</strong> Cerimônias<br />
A Comunhão com Deus<br />
Conclusão<br />
3
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Sobre Rizzardo da Camino<br />
Da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira Maçônica <strong>de</strong> Letras<br />
EX-LIBRIS<br />
Rizzardo da Camino<br />
Rizzardo da Camino é brasileiro, nasceu em Garibaldi, estado do Rio Gran<strong>de</strong> do<br />
Sul, a 5 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1918. Bacharel em ciências jurídicas e sociais pela<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, em 1945. Ingressou na Magistratura<br />
Riogran<strong>de</strong>nse em 1949, aposentando-se, posteriormente. Jornalista profissional<br />
e advogado militante. Iniciado na Maçonaria em 1946, na Loja Electra n° 21, em<br />
Porto Alegre. Foi Venerável <strong>de</strong> sua Loja. Membro fundador da Aca<strong>de</strong>mia Maçônica<br />
Brasileira. Colaborador constante <strong>de</strong> jornais e revistas Maçônicas. No filosofismo<br />
atingiu o Grau 33, fazendo parte do Consistório “Dr. Moreira Sampaio” <strong>de</strong> Porto<br />
Alegre. Membro efetivo do Supremo Conselho para a República Fe<strong>de</strong>rativa do<br />
Brasil, pertencendo ao Sacro Colégio. Inspetor Litúrgico da Região do Rio Gran<strong>de</strong><br />
do Sul. Membro honorífico da Muito Respeitável Gran<strong>de</strong> Loja do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
e da Muito Respeitável Gran<strong>de</strong> Loja <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />
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Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União - Adauto Barreto Nen<br />
Braço direito sobre o esquerdo colocado,<br />
mãos enlaçadas com firmeza e com amor;<br />
corpo em coluna retamente transformado,<br />
torno-me um elo da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> do Esplendor.<br />
Coro:<br />
Está formada a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong><br />
da nossa <strong>união</strong> fraternal,<br />
e o amor noss’alma incen<strong>de</strong>ia<br />
no concerto universal.<br />
Meu pensamento se ergue vivo como a chama<br />
do altar da Fé que pren<strong>de</strong> o Irmão a cada Irmão;<br />
e, no Infinito, como bênção, se <strong>de</strong>rrama<br />
a luz do amor que enche <strong>de</strong> paz o coração.<br />
Fortes, unidos, paladinos da Verda<strong>de</strong>,<br />
agora e sempre conservemos a esperança<br />
<strong>de</strong> que haverá, para os Irmãos, Fraternida<strong>de</strong>, Saú<strong>de</strong>,<br />
e mais, Sabedoria e Segurança.<br />
Encho a minh’alma dos mais puros sentimentos;<br />
sinto que o Irmão, junto <strong>de</strong> mim, também o faz.<br />
E este po<strong>de</strong>r que sai dos nossos pensamentos<br />
produz o Amor, gera a Harmonia e forma a Paz.<br />
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Rizzardo da Camino<br />
A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Um ponto <strong>de</strong> partida para a compreensão do que se convencionou<br />
<strong>de</strong>nominar <strong>de</strong> <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, sem dúvida, é <strong>de</strong>finir a própria expressão<br />
simbólica.<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong>, no enten<strong>de</strong>r dos dicionários não passa <strong>de</strong> “uma corrente<br />
<strong>de</strong> anéis <strong>de</strong> metal”, mas em Maçonaria <strong>de</strong>vemos consi<strong>de</strong>rá-la apenas como<br />
uma “corrente” que “une”.<br />
O símbolo formado por múltiplos anéis interligados entre si, sem<br />
princípio nem fim, evi<strong>de</strong>ncia a <strong>união</strong> perfeita, igual e imutável daqueles que<br />
aceitaram unir-se por laços fraternos.<br />
E a “corrente” vem sendo formada pelos seres humanos, <strong>de</strong>ntro<br />
dos Templos, entrelaçados os braços, unidos os corpos e as mentes, numa<br />
<strong>de</strong>monstração e confirmação <strong>de</strong> bons propósitos.<br />
A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União é símbolo quando representada per uma<br />
“corrente <strong>de</strong> anéis <strong>de</strong> metal”, mas <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> ser símbolo quando em execução,<br />
para ser perfeita <strong>união</strong>.<br />
A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União formada <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um Templo não simboliza a<br />
<strong>união</strong> fraterna; ela, é realmente a própria fraternida<strong>de</strong>.<br />
O símbolo apresenta, sempre, duas idéias: uma estática quando<br />
reproduzido por matéria e dinâmica quando exercido pelo ser humano.<br />
As próprias “marchas” <strong>de</strong>ntro do Templo, nos três graus, obe<strong>de</strong>cem<br />
à orientação dos seus símbolos: Régua, Esquadro e Compasso. Todo<br />
pensamento e movimento humanos po<strong>de</strong>m ser reproduzidos por símbolos.<br />
Estes surgem mercê o po<strong>de</strong>r criativo do homem; como símbolos são as letras<br />
<strong>de</strong> um alfabeto, as notas musicais, as figuras do Zodíaco, a nomenclatura<br />
dos componentes químicos, dos metais, enfim, daquilo que precisa ser<br />
materializado e composto. Exemplo melhor não teríamos do que os próprios<br />
números; apenas alguns símbolos tornam possível uma infinita escala <strong>de</strong><br />
operações matemáticas.<br />
Portanto, o ponto <strong>de</strong> partida para uma ação, é o símbolo; indicada<br />
a ação, o símbolo <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> existir.<br />
Qual é o símbolo existente <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um Templo representativo da<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União?<br />
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Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
São diversos: em torno do piso <strong>de</strong> mosaico; os colares ostentados<br />
pelas Luzes; a re<strong>de</strong> que <strong>de</strong>veria cobrir o topo <strong>de</strong> cada Coluna, a própria marcha<br />
<strong>de</strong>ntro do Templo, etc..<br />
A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União vem representada como sendo uma corrente,<br />
ou um colar, ou seja um seguimento <strong>de</strong> elos entrelaçados.<br />
No entanto, na <strong>de</strong>scrição que se encontra no Primeiro Livro dos<br />
Reis, capítulo 7 e versículo 17, Hiram Abif dispôs “re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> malhas, e<br />
grinaldas <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias, para os capitéis que estavam sobre o alto das<br />
colunas”.<br />
E mais adiante lemos: “Fez as colunas, e havia duas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong><br />
romãs ao redor por cima duma re<strong>de</strong> para cobrir os capitéis que estavam<br />
no alto das colunas”. “Perto da parte globular, próximo à re<strong>de</strong>, os capitéis<br />
que estavam em cima sobre as duas colunas tinham duzentas romãs,<br />
dispostas em or<strong>de</strong>ns ao redor sobre um e outro capitel”.<br />
As re<strong>de</strong>s, obviamente, são formadas, também, <strong>de</strong> elos; as romãs e<br />
os lírios enfileirados uns ao lado dos outros, dão idéia <strong>de</strong> corrente, <strong>de</strong><br />
continuida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> <strong>união</strong>.<br />
Não esclareceu Hiram-Abif e não explicam as Sagradas Escrituras<br />
o porque daqueles símbolos e, sobretudo, os motivos que levaram Salomão a<br />
empregar re<strong>de</strong>s, correntes, romãs e a infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> objetos <strong>de</strong>scritos no 1º<br />
livro dos Reis.<br />
A re<strong>de</strong> formada <strong>de</strong> elos representa a <strong>união</strong> <strong>de</strong> todos os irmãos<br />
cobrindo o mundo. Uma corrente fechada em círculo representa a <strong>união</strong> <strong>de</strong><br />
um <strong>de</strong>terminado grupo <strong>de</strong> irmãos.<br />
A origem da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União querem muitos que provenham dos<br />
mistérios egípcios; afirmar que a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União Maçônica e a “<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União Egípcia” se i<strong>de</strong>ntificam, seria fundirmos os mistérios egípcios com os<br />
mistérios maçônicos.<br />
Julgamos, porém, que o homem primitivo, sentado em torno da<br />
fogueira, em forma <strong>de</strong> círculo para melhor aproveitamento do calor, tenha<br />
constituído a primeira oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se organizar socialmente.<br />
Próximo um do outro, evi<strong>de</strong>ntemente, contando, apenas, a sexo<br />
masculino, iniciaram os atos <strong>de</strong> comunicação, quando e isto, especialmente,<br />
à noite, tinham a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, <strong>de</strong>scansando fazerem as comunicações<br />
sobre as suas aventuras e conquistas, obtendo dos mais velhos, os conselhos<br />
necessários e os que <strong>de</strong>tinham autorida<strong>de</strong>, as or<strong>de</strong>ns que <strong>de</strong>veriam cumprir.<br />
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Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Paralelamente, passariam a consi<strong>de</strong>rar os aspectos místicos que<br />
recém <strong>de</strong>spertavam, como o próprio culto ao Fogo.<br />
Às reuniões em torno da fogueira, aspirando o “perfume” da ma<strong>de</strong>ira<br />
queimando, envolvidos na fumaça, qual incenso rudimentar, sentiam o “som”<br />
que o crepitar das chamas produzia, os efeitos da re<strong>união</strong>.<br />
O hábito, a satisfação da re<strong>união</strong>, o bem estar da situação, fazia<br />
com que a amiza<strong>de</strong> fosse sincera e cultivada; eram, quiçá, os primeiros elos<br />
ao culto da fraternida<strong>de</strong>.<br />
Naquela situação peculiar, po<strong>de</strong>riam cantar, bater palmas, produzir<br />
sons compassados por meio <strong>de</strong> pedras, escutar o sibilar do vento, enfim,<br />
toda uma série <strong>de</strong> fatores que muito mais tar<strong>de</strong>, sugeririam, seja a Egípcios<br />
ou outros povos, a transformação daqueles atos naturais, em liturgia.<br />
União.<br />
A <strong>união</strong> entre irmãos não <strong>de</strong>ve ser confundida com a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
Os livros maçônicos não nos instruem sobre a origem da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União, aliás, parece que o termo é recente: Karl Dittmar, em seu opúsculo<br />
“Das Katena”, diz da dificulda<strong>de</strong> que teve para encontrar essas origens e<br />
apresenta suas dúvidas <strong>de</strong> que a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União seja, realmente, um símbolo<br />
maçônico.<br />
Nos símbolos relacionados por F. C. Endres não figura a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União. Informa Dittmar: “o termo ’<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União’ tornou-se conhecido<br />
internacionalmente somente após a fundação do Escritório Universal<br />
da Maçonaria, originalmente como uma entida<strong>de</strong> privada do Irmão<br />
Eduard Quartier la Tente, Grão Mestre suíço, em 1902".<br />
Um dos argumentos mais sérios e a ser consi<strong>de</strong>rado resi<strong>de</strong> no fato<br />
<strong>de</strong> que a Gran<strong>de</strong> Loja da Inglaterra não pratica a formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União em suas cerimônias.<br />
Funk escreveu em 1861: “Em 28 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1778, o Duque<br />
Ferdinand <strong>de</strong> Braunschweg instruiu os irmãos do oriente <strong>de</strong> Mag<strong>de</strong>burg<br />
a formarem a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União por ocasião do restabelecimento<br />
ritualístico das colunas da Loja Ferdinand o Venturoso”.<br />
Em 1758 foi instituída uma Confraria: a Or<strong>de</strong>m do Colar dos<br />
Peregrinos. Eis sua origem: “Três cavaleiros viajavam <strong>de</strong> carruagem,<br />
quando o veículo sofre um aci<strong>de</strong>nte e é avariado. De uma granja próxima<br />
aparece socorro em forma <strong>de</strong> uma corrente que auxiliou no conserto da<br />
carruagem, permitindo o prosseguimento da viagem. Em<br />
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Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
reconhecimento, os três cavaleiros propõem-se formar uma Or<strong>de</strong>m (1) e<br />
jurar amor fraterno. O emblema da Or<strong>de</strong>m consistia em três letras<br />
entrelaçadas em círculo: Fahigkeit, Bestandigkeit e Stillschweigen”<br />
(Disposição, Perseverança e Discrição). Abaixo do monograma pendiam<br />
três argolas entrelaçadas. Quando era admitido um novo membro na<br />
Or<strong>de</strong>m, faziam referência a: ‘ferrar um elo na corrente’”.<br />
Em 1616 o aventureiro Kotteus da Silésia tivera algumas visões, e<br />
uma <strong>de</strong>las representava três homens sentados em torno <strong>de</strong> uma mesa<br />
triangular, <strong>de</strong> mãos dadas em ca<strong>de</strong>ia.<br />
Quando da construção das primeiras igrejas em solo germânico, os<br />
pedreiros tinham o costume <strong>de</strong> colocar uma pesada corrente em torno da<br />
construção, existindo, ainda, hoje em dia, em algumas <strong>de</strong>las. A origem da<br />
colocação daquelas correntes remonta ao “mártir algemado” São Leonardo,<br />
que teria falecido em 559.<br />
Sobre S. Leonardo há outra versão diferente, a <strong>de</strong> que conseguira<br />
<strong>de</strong> Clodoveu I, rei dos francos, a libertação <strong>de</strong> inocentes prisioneiros<br />
algemados, tornando-se, assim, o santo protetor dos prisioneiros e dos animais<br />
acorrentados.<br />
Outra versão apresentada por Dittmar (obra citada) e que teria sido<br />
narrada por K. Künstle em sua Iconografia dos Santos diz:<br />
“Conforme uma biografia escrita no século XI, São Leonardo<br />
pertencia à nobreza e foi educado na corte real. Quando adulto<br />
tornou-se monge, sendo consi<strong>de</strong>rado um santo. No início da<br />
Ida<strong>de</strong> Média, o culto a São Leonardo passou a sobrepujar as<br />
crenças sobre as forças da natureza, especialmente na Baviera.<br />
Posteriormente, ampliou-se a sua área <strong>de</strong> influência. Uma lenda<br />
<strong>de</strong> época posterior faz referências a um prisioneiro do Con<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Limousin: em seu <strong>de</strong>sespero, o prisioneiro implorou a São<br />
Leonardo e este lhe apareceu trajando longas vestes brancas<br />
e lhe or<strong>de</strong>nou que “erguesse” a pesada corrente e a<br />
transportasse ao Templo. Tal aconteceu. Posteriormente,<br />
inúmeros presos, inclusive insanos mentais que na Ida<strong>de</strong> Média<br />
eram acorrentados, “ergueram” suas correntes e as<br />
transportaram ao Templo em sinal <strong>de</strong> gratidão pela liberda<strong>de</strong><br />
adquirida. Todos eram atendidos pelo Santo e as correntes<br />
votivas que se acumulavam nas Igrejas foram reunidas numa<br />
só, para, então, circundar os Templos.”<br />
_________________________________________________________________________________________________________<br />
(1)<br />
Na época, todo motivo era pretexto para fundar uma “Or<strong>de</strong>m”.<br />
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Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
A corrente como atributo milagroso está ligada a mais cinco santos,<br />
conforme informa Künstle. O po<strong>de</strong>r curativo da corrente nos aparece na lenda<br />
<strong>de</strong> Santa Balbina, uma virgem romana do II século, cuja ferida no pescoço<br />
somente sarara quando o Papa Alexandre lhe colocou, à guisa <strong>de</strong> colar, uma<br />
corrente com a qual ele próprio fora acorrentado quando prisioneiro.<br />
Ama<strong>de</strong>us Wolfgang Mozart (1756-1791), compositor austríaco, foi<br />
iniciado na Loja “A Beneficência” no ano <strong>de</strong> 1784, quando já celebrida<strong>de</strong> no<br />
campo da música. Além das inúmeras obras maçônicas on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>staca a<br />
“Flauta Mágica”, compôs, já quase no leito <strong>de</strong> morte, o cântico: “Irmãos,<br />
colocai as mãos na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União”, constituindo-se, ainda hoje, o hino<br />
da Or<strong>de</strong>m Maçônica Alemã.<br />
Desejam alguns autores atribuir a origem da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, às<br />
danças <strong>de</strong> roda infantis, comuns a todos os povos e em todas épocas.<br />
As nossas “cirandas” dos tempos escolares.<br />
As tribos africanas e as religiões tipo “folclóricas” mantêm em seus<br />
cultos à dança, culminando, sempre, na formação <strong>de</strong> círculos; temos exemplos<br />
nos antigos filmes <strong>de</strong> “faroeste”, nas cenas on<strong>de</strong> os índios peles-vermelhas<br />
executavam as danças festivas ou guerreiras, sempre em círculo.<br />
No Universo tudo transcorre em círculo e ca<strong>de</strong>ia. O sistema solar,<br />
com a rotação dos astros e da própria Terra, obe<strong>de</strong>ce a leis simples, claras e<br />
harmônicas, movimentando-se em círculos; até o viajante, perdido no <strong>de</strong>serto,<br />
caminha em círculos.<br />
O Termo <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
O termo <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União compõe-se <strong>de</strong> duas palavras, “ca<strong>de</strong>ia” e<br />
“<strong>união</strong>” (2) .<br />
Vamos analisá-las para melhor compreensão e entendimento.<br />
O significado comum <strong>de</strong> “ca<strong>de</strong>ia” já foi dado no início; cumpre, agora,<br />
conhecermos o significado “maçônico”.<br />
Dentro do Templo, notamos no “pavimento <strong>de</strong> mosaicos” a “orla<br />
<strong>de</strong>ntada” que circunda e que expressa o mesmo símbolo <strong>de</strong> <strong>união</strong>.<br />
____________________________________________________________________________________________________________<br />
(2)<br />
A ciência que estuda a origem das palavras, a Filologia, constitui meio caminho andado<br />
para a Filosofia; no estudo dos símbolos, a “dissecação” dos vocábulos equivale a um estudo<br />
filológico.<br />
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Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
No “Manual <strong>de</strong> Paramentos e Jóias” adotado pela Maçonaria<br />
Simbólica Regular do Brasil (edição 1956) vemos que o Grão Mestre usa um<br />
colar metálico composto <strong>de</strong> 13 chapas e 7 estrelas. Não passa <strong>de</strong> uma “ca<strong>de</strong>ia”<br />
simbólica, usada pela autorida<strong>de</strong> máxima do simbolismo. Traz em si, como<br />
<strong>de</strong>terminação externa, o propósito <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> espiritual dos que se encontram<br />
sob seu “Malhete”.<br />
Os colares sempre foram altamente simbólicos, usam-nos quase<br />
todas as seitas religiosas do oriente e do oci<strong>de</strong>nte; uns, colocando-os no<br />
pescoço, outros os manuseando constantemente; exemplo dos mais comuns<br />
o temos no “rosário”, composto <strong>de</strong> contas que conduzem os fervorosos a uma<br />
oração constante.<br />
Em diplomas, figuras, “ex-libris”, encontramos “colares” que<br />
expressam “ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> <strong>união</strong>”, simbolicamente <strong>de</strong>senhadas; os brasões dos<br />
papas, car<strong>de</strong>ais e bispos, sempre contêm, ou elos dispersos, ou colares,<br />
expressando <strong>união</strong>.<br />
A “Orla Dentada”, ou o “Bor<strong>de</strong> Festonado”, ou “Franja Festonada”,<br />
é construída <strong>de</strong> diversas formas, mas ultimamente se a coloca no próprio<br />
piso <strong>de</strong> forma a mais simples possível, em pequenos triângulos. A forma não<br />
altera o seu significado.<br />
Em princípios do século XIX, os símbolos maçônicos eram<br />
<strong>de</strong>senhados com giz ou carvão, no assoalho e em terno era colocada uma<br />
corda.<br />
Não se confunda com a corda dos 81 nós que circunda o Templo,<br />
ao redor do teto, pois essa corda não é contínua; em suas extremida<strong>de</strong>s<br />
pen<strong>de</strong>m duas franjas. O seu simbolismo é muito diverso do da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União.<br />
A “Orla Dentada” simboliza, outrossim, o círculo que os planetas<br />
formam ao redor do Sol em suas diversas evoluções.<br />
Simboliza a “muralha” protetora da humanida<strong>de</strong> formada pelos<br />
espíritos evoluídos que, com sua força mental, equilibram o ser humano,<br />
salvando-o da miséria e aflição.<br />
Curioso é referir que a “<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong>” formada pela “Orla Dentada” toma<br />
o formato <strong>de</strong> um quadrilátero e não <strong>de</strong> um círculo, pois representa os quatro<br />
elementos: Terra, Água, Ar e Fogo.<br />
Uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong>ve ser um “todo”, pois os seus “componentes”<br />
isolados, não atuam como tal.<br />
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Rizzardo da Camino<br />
12<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Porém, na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, os “componentes”, ou “elos”, têm a<br />
peculiarida<strong>de</strong>, por serem “seres humanos”, <strong>de</strong> atuarem em separado.<br />
Cada Maçom constitui-se em “elo” da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União e, fora <strong>de</strong><br />
sua formação, são “elos em expectativa” para, reunidos, atuarem como<br />
conjunto.<br />
Os <strong>de</strong>mais símbolos a que aludimos, como a “Orla Dentada”, a<br />
“Corda dos 81 Nós”, as “Re<strong>de</strong>s” sobre as Colunas, os “Colares”, tudo o que<br />
possa representar “Círculo”, são estáticos e só valem quando se constituem<br />
em “todo”.<br />
Por exemplo, não será símbolo um fragmento <strong>de</strong> uma Jóia, <strong>de</strong> um<br />
Instrumento, <strong>de</strong> uma Página do Livro Sagrado; <strong>de</strong> um Nó da Corda <strong>de</strong> 21<br />
Nós, <strong>de</strong> um elo <strong>de</strong> um Colar.<br />
O Cordão do Avental só será “<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong>” e símbolo quando atado à<br />
cintura do Maçom; isolado, estático, nada representa.<br />
O “elo” da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, isolado, por ser um “ser”, atua<br />
misticamente, como <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong>, se com o pensamento se une aos <strong>de</strong>mais “elos”<br />
da Loja.<br />
Há uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União em cada Loja; há uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
em cada Jurisdição (uma Jurisdição compreen<strong>de</strong> as Lojas <strong>de</strong> um Estado da<br />
União); há uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União em cada País; há uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
sobre a Terra e há uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União Universal.<br />
Cada “elo” constitui um “elo” da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União <strong>de</strong> sua própria<br />
Loja, mas também, <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>mais “<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong>s <strong>de</strong> União” mencionadas.<br />
A “<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União Universal” abrange os “seres” humanos e os<br />
“exclusivamente espirituais”, se assim pu<strong>de</strong>rmos classificar as próprias Hostes<br />
Celestiais, e os “espíritos” dos que “morreram”.<br />
O “contato” mental é instantâneo; portanto, a “formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong><br />
<strong>de</strong> União Mental” é instantânea.<br />
Nenhum “elo” permanecerá isolado e fora do “todo”, após ter<br />
participado <strong>de</strong> uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />
Porém, e isto está impregnado <strong>de</strong> esoterismo, o que faz a formação<br />
mental é a “Palavra Semestral”, que tem o dom mágico <strong>de</strong> unir os “Elos”<br />
esparsos.<br />
Faz-se, portanto, necessário, pelo menos uma aproximação entre<br />
os “elos”, semestralmente.
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Se a “palavra <strong>de</strong> <strong>união</strong>”, não fosse alterada semestralmente e fosse<br />
mantida por período mais longo, a sua função, evi<strong>de</strong>ntemente, seria<br />
prolongada; se inalterada, seria permanente.<br />
Muitos confun<strong>de</strong>m a Corda dos 81 Nós com a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União,<br />
confundindo “elos” com “nós”.<br />
Um “elo” é um elemento que une dois outros “elos”, mantendo-os,<br />
porém, isolados e livres.<br />
Os “nós” são formados por uma só “Corda”, que se “entrelaça” e<br />
prossegue; portanto, o “nó” não une. Falta à “Corda”, a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “unir”.<br />
A Corda dos 81 Nós circunda o Templo, dividindo a “Abóbada<br />
Celeste”, qual linha do Horizonte, da Terra.<br />
Sendo a Loja um “quadrilongo”, a Corda dos 81 Nós, não se<br />
apresenta circular. A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União forma um círculo, sem princípio ou<br />
fim; a Corda dos 81 Nós termina em duas extremida<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> são colocadas<br />
duas borlas que atingem o solo; não é, portanto, uma “<strong>união</strong>” <strong>de</strong> “elos”, mas<br />
simplesmente, um símbolo estático, com função muito diferente, formado <strong>de</strong><br />
“nós”.<br />
Em muitos Templos se vêem “Cordas” que possuem 81 “laçadas”<br />
ao invés <strong>de</strong> “nós”.<br />
A “laçada” ou o “laço” é, indubitavelmente, um “nó” em formação;<br />
bastará “esticar” a corda, para transformar o “laço” em “nó”.<br />
A função da Corda dos 81 Nós é “expelir”, <strong>de</strong> cima para baixo e <strong>de</strong><br />
fora para <strong>de</strong>ntro, as “energias elétricas”, sobre os Obreiros, atuando os “nós”,<br />
como “acumuladores” <strong>de</strong> energia.<br />
A Corda dos 81 Nós possui 81 elementos <strong>de</strong>finitivos; não se os<br />
po<strong>de</strong>m suprimir nem acrescentar.<br />
A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União é formada por tantos “elos” quantos Maçons<br />
presentes. Os “nós” da Corda não o são dispersos; os “elos”, sim.<br />
O termo “<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong>” sugere “prisão”, porque era costume cruel e antigo<br />
acorrentarem-se os prisioneiros.<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> e prisão são sinônimas; portanto, quem participa <strong>de</strong> uma<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União constitui-se em “prisioneiro”, no sentido <strong>de</strong> “<strong>união</strong>”; um<br />
“prisioneiro” do amor fraterno universal.<br />
Os Maçons encontram-se “presos” aos seus Irmãos <strong>de</strong> Loja, na<br />
solidarieda<strong>de</strong> do bem comum e do crescimento espiritual.<br />
13
Rizzardo da Camino<br />
14<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Quando os Maçons formam a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, colocam-se um ao<br />
lado do outro, <strong>de</strong> pé, formando círculo. Porque estão parados e <strong>de</strong> pé e prestes<br />
a iniciarem um ato litúrgico, <strong>de</strong>verão colocar-se “à or<strong>de</strong>m”; após, cruzam os<br />
braços e se transformam em “elos simbólicos”, materializadas; dadas as mãos,<br />
surge uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União estática, o mais belo dos símbolos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />
uma Loja.<br />
É a “<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong>”, em direção à “União”.<br />
Os termos <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> e Corrente, maçonicamente, são sinônimos, pois<br />
seu significado etimológico é igual, até se consi<strong>de</strong>rarmos os efeitos da “corrente<br />
elétrica”, que circula na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União já formada.<br />
No entanto, não só porque assim a <strong>de</strong>nominam os Rituais, como<br />
mantém a tradição, mas porque, a origem situa-se exatamente no termo<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong>, com o significado <strong>de</strong> “prisão”.<br />
A outra palavra, União, a encontramos no sentido maçônico, no<br />
salmo 133, embora cada versão apresente certas peculiarida<strong>de</strong>s que vale a<br />
pena referir.<br />
Na tradução mais comum, <strong>de</strong> João Ferreira <strong>de</strong> Almeida, edição<br />
revisada e atualizada no Brasil pela Socieda<strong>de</strong> Bíblica do Brasil, assim<br />
apresenta o primeiro versículo do referido salmo:<br />
“Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos.”<br />
A tradução mais antiga, revista e corrigida na grafia simplificada<br />
do mesmo João Ferreira <strong>de</strong> Almeida, da Imprensa Bíblica Brasileira, assim<br />
diz:<br />
“Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em <strong>união</strong>.”<br />
A tradução brasileira dos originais hebraico e grego, das Socieda<strong>de</strong>s<br />
Bíblicas Unidas, apresenta:<br />
“Eis quão bom e quão agradável é habitarem juntos os irmãos!”<br />
A versão apresentada pela Vulgata, <strong>de</strong> autoria do padre Matos<br />
Soares, não difere das <strong>de</strong>mais:<br />
“Oh! Quão bom e quão suave é viverem os irmãos em <strong>união</strong>!”<br />
A tradução dos textos originais pelo Pontifício Instituto Bíblico <strong>de</strong><br />
Roma, apresenta:<br />
“Oh! Como é belo, como é prazenteiro o convívio <strong>de</strong> muitos<br />
irmãos juntos!”
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Nessa tradução chama a atenção a aparente redundância:<br />
“o convívio <strong>de</strong> muitos irmãos e <strong>de</strong> irmãos juntos”. Convívio <strong>de</strong> muitos<br />
irmãos juntos tem significado diverso.<br />
O convívio importa em re<strong>união</strong>, em agrupamento. Irmãos juntos<br />
tem o significado <strong>de</strong> unidos.<br />
informa:<br />
O convívio <strong>de</strong> irmãos unificados, em um só corpo, mente e espírito.<br />
“Ler Santa Bíblia”, versão italiana <strong>de</strong> Diodati, edição <strong>de</strong> 1891, assim<br />
“Quant’ é buono che fratelli dimorino insieme!”<br />
Ler “Santa Bíblia”, antiga versão espanhola <strong>de</strong> Cipriano <strong>de</strong> Valera,<br />
publicada em Madrid, diz:<br />
“Mirad cuán bueno y cuán <strong>de</strong>licioso es habitar los hermanos<br />
igualmente en uno!”<br />
E assim, cada tradução, seja em que língua for escrita, revelará,<br />
sempre, o espírito do Salmista que diz afirmar que a <strong>união</strong> entre os irmãos os<br />
faz uma só pessoa.<br />
Cremos que o ponto <strong>de</strong> partida <strong>de</strong> nosso estudo <strong>de</strong>ve ser fixado,<br />
exatamente, na fonte escrita, inquestionavelmente pura, que é o texto sagrado<br />
do Livro da Lei usado em nossas Lojas.<br />
A <strong>união</strong> dos Maçons não po<strong>de</strong>ria ser mais bem executada que<br />
através <strong>de</strong> um símbolo: a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União!<br />
É a universalida<strong>de</strong> em ca<strong>de</strong>ia. Na era nuclear em que estamos<br />
vivendo há décadas, ficou assentado que uma série <strong>de</strong> átomos ligados entre<br />
si formam uma ca<strong>de</strong>ia.<br />
Dentro da universalida<strong>de</strong> maçônica, o indivíduo representa esses<br />
átomos, pois, tanto no microcosmo como no macrocosmo, o Universo é<br />
encontrado, quer filosófica, quer cientificamente.<br />
O próprio vocábulo “Universo”, quer dizer, diversos em “um”. Uma<br />
ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> maçons forma um só símbolo: o homem universal.<br />
Os elos da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União são os mesmos elos <strong>de</strong> uma ca<strong>de</strong>ia<br />
comum, <strong>de</strong> metal, isto é, elos interligados entre si, embora individualmente<br />
soltos. Cada elemento conserva a sua personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> modo que em ca<strong>de</strong>ia,<br />
sentem-se unidos, sem estarem “soldados” entre si.<br />
15
Rizzardo da Camino<br />
16<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
O objetivo primário da Maçonaria é unir os Irmãos <strong>de</strong> tal forma que<br />
<strong>de</strong>vem e possam parecer um só corpo, uma só vonta<strong>de</strong>, um só espírito. Um<br />
Templo compacto, coeso, uma massa só, posto composta <strong>de</strong> partes<br />
heterogêneas, formando um todo, uma Instituição. Esse todo não diminui<br />
nem absorve as personalida<strong>de</strong>s isoladas. Como o Universo que subsiste como<br />
um todo, porém, tem perfeitamente individualizado cada parcela, cada átomo<br />
<strong>de</strong> que é composto.<br />
O Maçom unido pela <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União não é absorvido e diluído,<br />
mas unido através da soma das forças físicas e mentais, existindo<br />
individualmente no todo. Admira que a instituição da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União tenha<br />
seu nascedouro em era tão próxima, <strong>de</strong> vez que já os Templários a praticavam<br />
e em torno do Salmo 133 e da “<strong>união</strong>” invocada, a perseguição <strong>de</strong> Felipe o<br />
Belo e da Igreja através do pusilânime papa Clemente V.<br />
Michelet, na sua obra “Processo dos Templários”, tomo I, pág. 278,<br />
citado por A<strong>de</strong>lino <strong>de</strong> Figueiredo Lima, transcreve o Salmo 133 em latim:<br />
“Ecce quam bonum et quam jucundum habitare fratres in<br />
unum”.<br />
O objetivo do Salmo seria simplesmente a justificação do<br />
“homossexualismo”, prática a que se <strong>de</strong>dicariam os Templários; os noviços<br />
excitariam os veteranos com práticas obscenas e con<strong>de</strong>náveis:<br />
“In ore, in umbilico seu in ventre nudo, et in ano seu spina<br />
dorsi. Item aliquando in umbilico. Item aliquando in fine spine<br />
dorsi. Item, aliquando in virga virili.”<br />
Tal procedimento visaria preservar os segredos da Or<strong>de</strong>m, suprindo<br />
a falta <strong>de</strong> contato sexual heterogêneo, cuja incontinência <strong>de</strong> linguagem<br />
assustava os Templários:<br />
“Si habert calorem et motos carnales, poterant ad incivem<br />
carnaliter commixeri, si volebant, quia medius erat quod hoc<br />
facerent inter se, ne ordo vituperaretur, quam si acce<strong>de</strong>rent<br />
ad mulieris”.<br />
As perseguições contra a Maçonaria incluíram as fantasiosas e<br />
maldosas imputações feitas aos Templários e, talvez, a partir daí é que<br />
houvesse certa restrição ao uso da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União e da leitura em voz alta<br />
do Salmo 133.<br />
Nem sempre a leitura do Livro Sagrado fixou-se para a abertura<br />
dos trabalhos em sessão <strong>de</strong> Aprendiz, no Salmo 133, e ainda, hoje, muitos<br />
autores discutem a valida<strong>de</strong> da escolha daquele trecho, temerosos <strong>de</strong> que<br />
pu<strong>de</strong>sse haver, novamente, interpretação maldosa.
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
A União, obviamente, será física no sentido da “fraternida<strong>de</strong>”, mas<br />
jamais uma <strong>união</strong> “carnal”; a “União” “mental”, “espiritual” é <strong>de</strong> muito mais<br />
eficácia que a <strong>união</strong> física.<br />
O símbolo não se presta a dúbias interpretações, pois um dos pontos<br />
básicos da Maçonaria e o seu alicerce mais sólido é a Moral!<br />
A Teoria Atômica<br />
A teoria atômica do astrofísico Bethe, consoante o esquema por ele<br />
apresentado, dá uma <strong>de</strong>monstração evi<strong>de</strong>nte da obediência à lei natural.<br />
O que é um átomo?<br />
Em torno <strong>de</strong> uns corpos centrais, comparáveis ao Sol, e que se<br />
<strong>de</strong>nominam núcleo, giram como planetas em trajetórias <strong>de</strong> vários diâmetros,<br />
partículas menores <strong>de</strong>nominadas elétrons.<br />
A semelhança com nosso Sistema Solar, certamente, não constitui<br />
mero acaso; pelo contrário, permite que se conclua que on<strong>de</strong> no Universo se<br />
agrupam gran<strong>de</strong>s massas, esse agrupamento aparece como um “sistema<br />
solar”.<br />
Agrupando-se massas minúsculas, elas aparecem como “átomos”.<br />
Em ambos os casos, a massa principal acumula-se no centro como “Sol” e<br />
pequenas partículas dispersam ro<strong>de</strong>iam esse centro como “planetas”. A<br />
diferença entre as dimensões é <strong>de</strong> importância relativa.<br />
O Sistema Solar é o átomo do mundo, do macrocosmo, e o átomo é<br />
o sistema solar do pequeno mundo, do microcosmo. Os planetas do sistema<br />
atômico chamam-se elétrons.<br />
Ninguém, ainda, sabe exatamente o que seja um elétron. Demócrito,<br />
há mais <strong>de</strong> 2000 anos, já havia <strong>de</strong>duzido pela lógica que haviam <strong>de</strong> existir os<br />
átomos.<br />
Em 1625, o matemático francês Descartes - portanto, 300 anos<br />
antes da <strong>de</strong>scoberta dos elétrons - <strong>de</strong>duzira, à base <strong>de</strong> raciocínios matemáticos,<br />
que, além dos átomos, havia <strong>de</strong> existir uma partícula primitiva da matéria,<br />
muito menor ainda; <strong>de</strong>dução esta que hoje também se acha plenamente<br />
confirmada. E, o que é mais surpreen<strong>de</strong>nte ainda: Descartes <strong>de</strong>senhara aquela<br />
partícula primitiva <strong>de</strong> acordo com nossos conceitos atuais, como sendo um<br />
“REMOINHO” que borbulhava do éter celeste, o qual então se presumia existir,<br />
como “REMOINHO ETÉREO”.<br />
17
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
As ca<strong>de</strong>ias e os remoinhos não passam <strong>de</strong> círculos. Fácil se torna<br />
compreen<strong>de</strong>r que tudo se passa <strong>de</strong> idêntica forma, tanto para um átomo<br />
como para um homem.<br />
ca<strong>de</strong>ia.<br />
Po<strong>de</strong>mos, portanto, fazer uma afirmação: tudo em nós vive em<br />
Esta é a razão da importância vital que a formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União, se torna imperativa, como conseqüência lógica <strong>de</strong> que o homem <strong>de</strong>ve<br />
obe<strong>de</strong>cer às leis da natureza e às leis espirituais.<br />
O resultado das reações em ca<strong>de</strong>ia dos átomos é a energia. Energia<br />
idêntica gera uma ca<strong>de</strong>ia formada pelo entrelaçamento tríplice do maçom.<br />
Não há diferença entre o Universo <strong>de</strong> “fora” com o Universo <strong>de</strong> “<strong>de</strong>ntro”.<br />
A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União nada mais é que a repetição <strong>de</strong> leis que regem<br />
a Natureza; é preciso, porém, entendê-las e conscientizarem-se, todos, <strong>de</strong>sta<br />
verda<strong>de</strong>.<br />
Eis, portanto, uma das razões do porque da formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União <strong>de</strong>ntro dos Templos Maçônicos.<br />
Na Natureza tudo ocorre em “círculo”, ou seja, em “ca<strong>de</strong>ia” - e mesmo<br />
em “ca<strong>de</strong>ia” e mesmo em “corrente”.<br />
Agora, <strong>de</strong>monstraremos o que seja a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União e como <strong>de</strong>ve<br />
ser executada.<br />
Permuta<br />
O corpo humano, através do seu sistema nervoso, registra as<br />
excitações que lhes vêm do mundo exterior; os seus órgãos e os seus músculos<br />
dão a estas a resposta apropriada.<br />
É tanto com a sua consciência como com o seu corpo que o homem<br />
luta pela existência. Este seria o homem “receptivo”, ao seu lado existirá um<br />
corpo “doador”. Não haveria “receptivida<strong>de</strong>” sem “doação!”<br />
A <strong>união</strong> <strong>de</strong>stas duas “forças” completa o ciclo da Natureza, e nada<br />
mais a<strong>de</strong>quado e importante que ser feita a “troca” <strong>de</strong>ntro da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União.<br />
O corpo humano possui um “sistema central’’ que compreen<strong>de</strong> o<br />
cérebro, o cerebelo, o bulbo e a medula. O “sistema central” age diretamente<br />
sobre os nervos dos músculos e, indiretamente, sobre os dos órgãos.<br />
18
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Esta substância, por meio dos nervos sensitivos, recebe as<br />
“mensagens” que emanam da superfície do corpo e dos órgãos dos sentidos.<br />
Estas “mensagens” são enviadas para todos os órgãos através do sistema<br />
simpático: uma quase infinita quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “fibras nervosas” percorre o<br />
organismo em todas as direções. As suas ramificações microscópicas<br />
insinuam-se entre as células da pele, em volta das glândulas, dos canais <strong>de</strong><br />
secreção, nas túnicas das artérias e das veias, nos invólucros contráteis do<br />
estômago e do intestino, na superfície das fibras musculares etc (3) ..<br />
Os corpos humanos, unidos em <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União submetem-se a<br />
uma constante troca através da excitação dos toques: estes toques são feitos<br />
pelas mãos e pelos pés. Contudo, dada a proximida<strong>de</strong> dos corpos, há os<br />
toques mentais, eis que as células nrrvosas “captam” a curta ou longa<br />
distância, as “doações”.<br />
“Recepções” e “doações” não passam <strong>de</strong> “permutas” havendo, <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado lapso <strong>de</strong> tempo, e unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> respiração, um perfeito<br />
equilíbrio. Ninguém mais terá a dar e nem a receber; haverá uma só i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />
É a “vida em <strong>união</strong>” do Salmista, ou a compreensão exata das palavras do<br />
Divino Mestre Jesus: “Eu e o Pai somos um”.<br />
São os “vasos comunicantes”, sendo os “condutores”, as mãos que<br />
se firmam num estreitamento fraterno. As “permutas” não são, meramente,<br />
psicológicas; elas são <strong>de</strong> conteúdo físico, pois a “energia” que se <strong>de</strong>spren<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> uma mão, produz “calor”.<br />
O “toque”, tão usado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os mistérios egípcios, aos fatos narrados<br />
nas Sagradas Escrituras, o “po<strong>de</strong>r’’ do Cristo e a “terapêutica” das massagens,<br />
enfim, a “transmissão”, quer através das ondas sonoras, quer através do<br />
contato direto, é uma “realida<strong>de</strong>” e que cabe experimentada. Ainda não<br />
chegamos ao conhecimento perfeito <strong>de</strong>stes aspectos misteriosos e mágicos,<br />
mas estamos caminhando para uma abertura maior, quando o ser humano<br />
po<strong>de</strong>rá, em laboratório, <strong>de</strong>finir estas qualida<strong>de</strong>s que lhe são inerentes.<br />
Pensando no terreno difícil e às vezes incompreensível da mística,<br />
notamos que o efeito <strong>de</strong> uma oração surge quando a mente pe<strong>de</strong>, não para si,<br />
mas para outrem. Pedindo, com <strong>de</strong>sprendimento, um benefício para o<br />
“próximo”, aquele benefício vem para nós.<br />
Os estados <strong>de</strong> consciência produzidos pelo trabalho mental refletem<br />
no organismo. Bastaria lembrarmos que o prazer faz corar a face; a cólera e<br />
o medo fazem empali<strong>de</strong>cer; uma notícia trágica po<strong>de</strong> provocar a contração<br />
das artérias, a anemia do coração e a morte repentina.<br />
_______________________________________________________________________<br />
(3)<br />
Vi<strong>de</strong> “O Simbolismo do Segundo Grau”, do mesmo Autor.<br />
19
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
O terror enfraquece as pernas, dobra os joelhos e causa<br />
<strong>de</strong>sfalecimentos. A visão <strong>de</strong> um alimento apetitoso provoca a salivação; uma<br />
mulher, a ereção; a ofensa dilata os vasos das glândulas supra-renais<br />
segregando adrenalina, preparando o organismo para o ataque. O terror<br />
embranquece os cabelos em poucas horas; a angústia causa o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />
suicídio.<br />
O controle <strong>de</strong> tudo isto po<strong>de</strong> ser realizado através <strong>de</strong> uma simples<br />
“meditação”! O relaxamento muscular, a divagação, a fuga dos problemas<br />
pela substituição <strong>de</strong> novos quadros e pensamentos dirigidos, conduz à<br />
meditação e esta ao equilíbrio e ao estado normal.<br />
União.<br />
É a função fisiológica do corpo humano por meio da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
Se a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União possui este “dom” e esta faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
modificar o metabolismo e comportamento humanos, que dizer <strong>de</strong> sua ação<br />
espiritual?<br />
A Meditação<br />
Se a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União contribui para esta mensagem e comunicação<br />
entre os homens, como o condão <strong>de</strong> equilibrar emoções e normalizar<br />
organismos, está claro que para a obtenção do resultado almejado, ela <strong>de</strong>verá<br />
ser construída com perfeição.<br />
Hoje em dia, a prática da “concentração” está con<strong>de</strong>nada e superada,<br />
pela prática simples da “meditação”. Concentração exige esforço, recolhimento<br />
e isolamento; meditação atua <strong>de</strong> forma diversa; é suave, sem concentração<br />
ou isolamento. Basta fixar um elemento <strong>de</strong>ntro da mente, com ele ocupar o<br />
pensamento. Uma palavra, um som, um odor, uma cor!<br />
Para a formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União é contraproducente a<br />
concentração.<br />
A meditação, diz Eknath Easwaran, “po<strong>de</strong> ser acertadamente<br />
<strong>de</strong>finida cosmo a função mais dinâmica, criadora e importante da qual<br />
o homem é capaz, porque, ao extinguir nele tudo que é egoísta, leva-o<br />
para aquele estado impessoal <strong>de</strong> Consciência Crística, <strong>de</strong>nominado<br />
“CHIT” pelos sábios hindus”.<br />
De um modo geral, o Venerável, ao dirigir a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, pe<strong>de</strong><br />
concentração; isto está errado, porque concentração conduz a isolamento,<br />
quando os irmãos reunidos não <strong>de</strong>vem isolar-se, mas sim, aproximar-se um<br />
do outro.<br />
20
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
A perfeição po<strong>de</strong> ser alcançada através <strong>de</strong> dois caminhos: o do<br />
isolamento e o da comunhão. O isolamento conduz à renúncia. A comunhão<br />
é ação que conquista; a resultante da comunicação.<br />
Ambos os caminhos são válidos para a busca da perfeição, porém o<br />
caminho da comunhão alcança beneficiar o próximo, enquanto o caminho<br />
do isolamento satisfaz apenas a um.<br />
Tanto para o que medita isolado, como para os que meditam em<br />
grupo (4) , há necessida<strong>de</strong> que esta meditação alcance certa profundida<strong>de</strong>. A<br />
natureza humana possui a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, em meditação, produzir efeitos<br />
oriundos <strong>de</strong> agentes provocadores (5) , um <strong>de</strong>les é o som.<br />
Não se po<strong>de</strong> isolar o ato meditativo <strong>de</strong> um som, porque este é o<br />
fornecedor <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada “freqüência” que influencia a mente <strong>de</strong> todos<br />
os que tomam parte na corrente.<br />
A soma <strong>de</strong>stas influências produz harmonia e prosperida<strong>de</strong>. O que<br />
medita isoladamente alcança sucesso através do silêncio. Os que meditam<br />
em comunhão alcançam sucesso com sua ativida<strong>de</strong>. Daí o fato da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União apresentar “movimento” (6) enquanto o meditante isolado, silente em<br />
sua postura e sentado embora esteja se beneficiando, não alcança sucesso<br />
em sua vida.<br />
O maçom que medita isolado habitua-se e não sente atração pela<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União. O contrário acontece para os que encontram na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União o sucesso almejado.<br />
A fim <strong>de</strong> penetrarmos com mais facilida<strong>de</strong> na explanação,<br />
exemplifiquemos, atribuindo ao meditante isolado a personificação <strong>de</strong> um<br />
monge e ao grupo formado em ca<strong>de</strong>ia, a <strong>de</strong> uma família.<br />
O “monge”, para meditar, não possui o “som” que a “família” exercita.<br />
A diferença <strong>de</strong> influência das duas meditações resi<strong>de</strong> na influência<br />
dos sons emitidos. Toda Palavra que pronunciamos transmite-se em onda<br />
sonora que vai <strong>de</strong> encontro a todo obstáculo representado pelas coisas<br />
pertencentes à criação.<br />
Todo som, por sua vez, chega a nós e há o choque com os seus<br />
efeitos; ou as ondas que emitimos pelas palavras que pronunciamos<br />
conservam a vida ou a <strong>de</strong>stroem e danificam. As ondas sonoras não cessam,<br />
elas continuam.<br />
________________________________________________________________________________________________(<br />
(4)<br />
Terapia em grupo.<br />
(5)<br />
Os agentes provocadores existem na Natureza exterior e na Natureza interior, <strong>de</strong>ntro do<br />
homem.<br />
21
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
(6)<br />
A Corda dos 81 nós é estática, logo um Símbolo diverso da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />
Uma vez que as palavras são pronunciadas, não po<strong>de</strong>m ser<br />
“recolhidas”, porque seu <strong>de</strong>stino é o <strong>de</strong> se propagarem. Uma vez que a palavra<br />
é pronunciada, as suas vibrações espelham-se em todas as direções e<br />
alcançam os quatro cantos da terra (7) .<br />
Por isto todo o cuidado é pouco sobre o que pensamos, falamos ou<br />
fazemos. Difícil é saber o que é certo e o que é errada. O acertar ou errar<br />
tornam-se tarefas complexas. A Natureza é tão complexa, a vida é tão<br />
complexa, e a mente humana tão limitada por falta <strong>de</strong> conhecimento, que se<br />
torna realmente impossível compreen<strong>de</strong>r todo campo do certo e do errado.<br />
Eis porque <strong>de</strong>vemos nos esforçar em sintonizar nossa mente com o<br />
próximo para que a “força” que surge possa nos beneficiar e ser para nós, o<br />
certo. Selecionar o que está certo e o que está errado seria obe<strong>de</strong>cermos à<br />
risca os Dez Mandamentos <strong>de</strong> Moisés, com os seus “não” e os seus “farás”.<br />
As religiões catalogam os “sim” e os “não” e a pureza da vida ou o<br />
pecado, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rão da observância <strong>de</strong>sses “sim” e o afastamento <strong>de</strong>sses<br />
“não”.<br />
Mas, por mais que alguém seja religioso, asceta, meditante tipo<br />
“monge”, não acertará jamais. Ou dimensiona milimetricamente suas ações,<br />
transformando-se em maníaco observador da Lei, per<strong>de</strong>ndo assim, o prazer<br />
<strong>de</strong> viver, ou se une com outros para sintonizar a Inteligência Cósmica,<br />
permitindo que a natureza da mente seja transformada pela Luz da Verda<strong>de</strong><br />
e passar a viver a vida normal que o Gran<strong>de</strong> Arquiteto do Universo nos<br />
proporcionou.<br />
Uma vida correta por natureza.<br />
Uma técnica <strong>de</strong> vida.<br />
O “monge” tem o seu som apropriado à sua maneira <strong>de</strong> vida e a<br />
“família” tem seu som apropriado à sua maneira <strong>de</strong> vida. O “som” que propicia<br />
a meditação, para o maçom, são as palavras sagradas que recebe, <strong>de</strong>ntro dos<br />
seus graus. Mas, para a formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, há um “som”,<br />
constituído <strong>de</strong> uma palavra sagrada recebida “semestralmente”, pelo Po<strong>de</strong>r<br />
Superior da Instituição.<br />
Insistem, Autores e maçons antigos, em afirmar que a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União visa exclusivamente, a transmissão da Palavra Sagrada, com a<br />
finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> regularização, ou seja, do Membro <strong>de</strong> uma Loja estar a par <strong>de</strong><br />
seis em seis meses, <strong>de</strong> que a Palavra <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>m mudou, confirmando, assim,<br />
a sua assiduida<strong>de</strong>.<br />
_________________________________________________________________<br />
22
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
(7)<br />
E jamais po<strong>de</strong>rão ser recolhidas.<br />
Este aspecto é meramente administrativo, esquecendo-se os<br />
“opositores” do papel que representa na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União a “Palavra Semestral”<br />
e do valor <strong>de</strong> quem a emite, portador <strong>de</strong> uma autorida<strong>de</strong> inconteste e que se<br />
torna respeitado pelo que significa a sua “contribuição” esotérica, <strong>de</strong>ntro do<br />
concerto das Lojas Maçônicas.<br />
Quando em ca<strong>de</strong>ia, é transmitida a “palavra semestral”; esta propicia<br />
a meditação, não importando ser ela prolongada ou curta. Não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar<br />
<strong>de</strong> referir que a “palavra semestral” <strong>de</strong>verá ser fornecida por um “Po<strong>de</strong>r<br />
Regular”, ou seja, uma “potência” reconhecida por outras “potências” face o<br />
preenchimento dos requisitos que lhe propiciam esse reconhecimento<br />
internacional.<br />
Caso contrário, será um “som” ina<strong>de</strong>quado e sem os efeitos <strong>de</strong>sejados<br />
e esperados.<br />
A “regularida<strong>de</strong>” maçônica é fator <strong>de</strong> relevante importância, pois os<br />
benefícios vindos <strong>de</strong> um ato litúrgico envolvem um aspecto moral. A<br />
irregularida<strong>de</strong> nada mais é que uma “oposição”; os corpos maçônicos que<br />
surgem irregularmente, ou são produto <strong>de</strong> dissensões, quando um grupo se<br />
separa <strong>de</strong> uma Potência, ou quando um grupo enten<strong>de</strong> criar, sem a necessária<br />
cobertura, um corpo espúrio.<br />
Não basta a alegação <strong>de</strong> que os Rituais usados são os mesmos e<br />
provindos <strong>de</strong> uma só fonte; não basta a alegação <strong>de</strong> que os membros ingressam<br />
na organização irregular, <strong>de</strong>sconhecendo a situação; não basta que o pretenso<br />
“Irmão” seja pessoa portadora das mais nobres virtu<strong>de</strong>s e qualida<strong>de</strong>s.<br />
O erro é <strong>de</strong> base.<br />
A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União formada com “elos” irregulares produzirá efeitos<br />
negativos.<br />
A meditação comum, a que <strong>de</strong>nominamos <strong>de</strong> “profana”,<br />
indubitavelmente, produzirá bons efeitos. Há, contudo, meditação profana e<br />
meditação maçônica. A técnica não é a mesma, porque a meditação maçônica<br />
é feita <strong>de</strong>ntro da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União. Os sons emitidos em uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União formada por maçons regulares serão misticamente a<strong>de</strong>quados.<br />
O po<strong>de</strong>r do som aumenta uma vez que o mesmo é reduzido durante<br />
a meditação. Sabemos que quando entramos nos estados sutis da criação, o<br />
po<strong>de</strong>r aumenta. Se atirássemos uma pedra em alguém, po<strong>de</strong>ríamos feri-lo,<br />
seria uma ação dirigida a um indivíduo tão somente, mas se pudéssemos<br />
23
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
entrar na sutileza da pedra e excitar o átomo, ele bombar<strong>de</strong>aria toda a<br />
atmosfera.<br />
O po<strong>de</strong>r é imenso nos estados da criação; o po<strong>de</strong>r é infinitamente<br />
maior nos estados sutis do pensamento. Quando reduzimos um pensamento<br />
a um estado muito sutil, ele fica consi<strong>de</strong>ravelmente mais po<strong>de</strong>roso do que<br />
quando antes no plano grosseiro da mente.<br />
Quando o pensamento está prestes a <strong>de</strong>saparecer no seu estado<br />
mais sutil, a “força-pensamento’’ criada chega a um máximo. Assim, quando<br />
um pensamento é reduzido durante a meditação, o efeito aumenta. O valor<br />
da meditação está em reduzir o pensamento até que ele seja reduzido ao<br />
nada.<br />
Portanto, a influência física daquele som específico é intensificada<br />
à sua capacida<strong>de</strong> máxima até que ele alcança o seu limite absoluto <strong>de</strong><br />
intensida<strong>de</strong> quando sua influência permeia todo o campo da criação.<br />
Na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, o efeito <strong>de</strong>sejado será a “paz interior”, a<br />
“felicida<strong>de</strong> interior”, maior “criativida<strong>de</strong>”, maior “sabedoria”, maior “soli<strong>de</strong>z<br />
da vida” e a integração <strong>de</strong> “valores”, em todas as campas da existência.<br />
Paz interior e ativida<strong>de</strong> externa com sucesso são as necessida<strong>de</strong>s<br />
do chefe <strong>de</strong> família. Este efeito <strong>de</strong> aumentar a paz interior e ter sucesso<br />
externo, com toda a harmonia, é adquirido pelo efeito <strong>de</strong> um som especial<br />
próprio para o momento em que irmãos se unem, para como se fossem um<br />
só, receberem o “som” que um “Po<strong>de</strong>r Superior” fornece. Este “Po<strong>de</strong>r Superior”,<br />
no sentido hierárquico.<br />
Formar a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União apenas semestralmente, com a finalida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> transmitir a Palavra Semestral, seria proporcionar ao Membro <strong>de</strong> uma<br />
Loja escassa ativida<strong>de</strong> espiritual, restringir ao máximo o “direito” que todos<br />
adquiriram <strong>de</strong> usufruir a “força” que representa a “União em <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong>”, do<br />
benefício da meditação e do fortalecimento íntimo através da dádiva da Paz.<br />
O Caminho para Dentro<br />
O homem sonha em sair <strong>de</strong> si mesmo e atingir mundo: ignotos,<br />
viajar, como o fazem os astronautas pelo firmamento em busca do<br />
<strong>de</strong>sconhecido, numa espécie <strong>de</strong> “levitação”, anseio muito comum e<br />
proclamado, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros alvores da civilização.<br />
24<br />
Hoje, o processo inverte-se, porque o homem ten<strong>de</strong> percorrer um
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
“caminho para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si”, usando processos técnicos e conseguindo<br />
penetrar no insondável mistério <strong>de</strong> si mesmo, on<strong>de</strong> existe uma consciência<br />
que não conhece, um Universo que não percebe.<br />
O “caminho para <strong>de</strong>ntro” é simples e natural, quase espontâneo,<br />
partindo da periferia grosseira e atingindo o “centro” sutil, o seu mundo <strong>de</strong><br />
percepção. A percepção do interior é tão normal como a percepção do exterior.<br />
Para “ver” o mundo externo, valemo-nos dos olhos normais, <strong>de</strong> um dos cinco<br />
sentidos do corpo; para “ver’’ e mundo sutil, valemo-nos da “terceira visão”,<br />
dos sentidos da percepção interna. Os efeitos e os métodos são diversos.<br />
A percepção <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro para fora exige rumor e dinamismo. A<br />
percepção interna é silenciosa, serena e estática. A percepção para o exterior<br />
<strong>de</strong>spen<strong>de</strong> energias, e para o interior, acumula energias. A percepção para<br />
<strong>de</strong>ntro, ou para o interior, resulta da diminuição das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> nosso<br />
sistema nervoso, gradativamente, até a sua paralisação completa, até<br />
encontrar um estado maravilhoso <strong>de</strong> silêncio. Ao contrário do que muitos<br />
po<strong>de</strong>riam julgar, o silêncio não é paralisação e morte, mas sim, um estado <strong>de</strong><br />
“alerta” que põe em “movimento” outros fatores. “Movimento”, aqui empregado<br />
<strong>de</strong> forma peculiar, por ser “movimento-estático”, uma forma paradoxal,<br />
embora.<br />
A ativida<strong>de</strong> mental é reduzida ao <strong>de</strong>scanso total, ao “ponto <strong>de</strong><br />
agulha”, como diriam os “rishis” <strong>de</strong> outrora. Ponto que se situa na fonte do<br />
pensamento, que é cósmica e pura.<br />
Chegamos ao “centro da vida”, que é a divinda<strong>de</strong> em nós, e segundo<br />
a linguagem evangélica, o Cristo em nós.<br />
Toda figura geométrica possui um “centro” e a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União,<br />
por ser um círculo, o possui também. Daí a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União ser formada com a observação <strong>de</strong> ser circular, procurando os Irmãos<br />
manter a forma geométrica, com capricho, marcando, quando possível, no<br />
piso, alguns pontos <strong>de</strong> referência.<br />
Não <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> anotar que no “centro” da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
está situado, sempre que possível, o Ara, ou seja, o Altar dos Juramentos,<br />
on<strong>de</strong> o Livro Sagrado é mantido aberto (8) .<br />
O “Centro’’ da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União será a “Palavra do Senhor” ou, em<br />
linguagem maçônica, a “Prancheta” do Gran<strong>de</strong> Arquiteto do Universo, on<strong>de</strong><br />
está consignado o “traçado” da Gran<strong>de</strong> Edificação do Universo.<br />
_____________________________________________________________________________________________________<br />
(8)<br />
A formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União <strong>de</strong>ve ser feita antes do encerramento da sessão, para que<br />
o “Livro <strong>de</strong> Lei” permaneça aberto.<br />
25
Rizzardo da Camino<br />
26<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Cada participante da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União no início é um elo, mas logo<br />
passa a ser “corrente” plena, e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada um dos seus participantes, no<br />
seu “centro”, se encontrará nos “centros” dos <strong>de</strong>mais, e sem o perceber,<br />
formará um “centro” único. O “centro da vida” verda<strong>de</strong>ira. Diz o Maharishi<br />
Mahesh Yogi:<br />
“Devemos afirmar que dirigir a mente para o mundo<br />
interior, para o campo transcen<strong>de</strong>ntal, acaba por fazê-la<br />
chegar ao Campo do Absoluto Transcen<strong>de</strong>ntal, ao Campo<br />
Cósmico do Imanifestado. Quando aí, penetra, eis que a<br />
mente e a consciência se saturam-se impregnam da Energia,<br />
ou do Po<strong>de</strong>r do Eu Supremo, o Po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Ser Eterno. Eis que<br />
encontra então a plenitu<strong>de</strong> da Felicida<strong>de</strong>, da Beatitu<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />
qual Gran<strong>de</strong> Plenitu<strong>de</strong> somos her<strong>de</strong>iros. Está, pois,<br />
impregnada, saturada <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong> Felicida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> Plenitu<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Felicida<strong>de</strong>. Equivale a um mergulho, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> vários<br />
mergulhos <strong>de</strong> exercício, e prática, todos profundos, on<strong>de</strong><br />
nesse mergulho encontrou a ‘Fonte Cósmica da Plenitu<strong>de</strong>’”.<br />
É evi<strong>de</strong>nte que a “meditação” instantânea e mesmo fugaz; tem seu<br />
fim e nós voltamos à realida<strong>de</strong>, trazendo conosco os resultados do mergulho<br />
dado, da viagem percorrida.<br />
A mente humana, quando retorna, vem banhada <strong>de</strong> luz porque<br />
esteve em contato com Deus. Volta para o mundo. Mas já o mundo faz-se<br />
notar como “ser”, e nós passamos a “amaro mundo”, a respeitar a Natureza,<br />
a admirar a obra da Criação e <strong>de</strong>sejamos um mundo melhor para os nossos<br />
semelhantes. O mundo será melhor porque nós estamos melhorando.<br />
Sentiremos uma inclinação mais acentuada para as coisas do<br />
espírito; buscaremos meditar em outras oportunida<strong>de</strong>s e retornarmos àquele<br />
“contato” que nos <strong>de</strong>u tanta felicida<strong>de</strong>!<br />
Se os maçons se propusessem, em <strong>união</strong>, como “elos”, envolver<br />
toda Humanida<strong>de</strong>, a Paz reinaria sobre todos.<br />
Precisamos conscientizar os maçons <strong>de</strong> que são uma força<br />
prepon<strong>de</strong>rante e que po<strong>de</strong>m melhorar o “meio ambiente” on<strong>de</strong> gravitam.<br />
A falha da Maçonaria resi<strong>de</strong> no fato dos maçons <strong>de</strong>dicarem o melhor<br />
<strong>de</strong> suas intenções apenas enquanto presentes nos Templos, esquecendo que<br />
a Natureza é o maior Templo e que a Fraternida<strong>de</strong> Universal, abrange a<br />
todos, sem distinção <strong>de</strong> conceitos, posição social, raça ou cor.<br />
Cada Loja Maçônica constitui-se em “sementeira <strong>de</strong> Paz”, e basta<br />
lançar mão <strong>de</strong>stas “sementes” para multiplicá-las em terreno fértil, amainado<br />
por nós mesmos.
Rizzardo da Camino<br />
A Palavra Semestral<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Sem, ainda, entrarmos na “mecânica’’ da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, tornase<br />
preciso dizer que a formação da ca<strong>de</strong>ia sem a transmissão da “palavra<br />
semestral” não encontrará objetivida<strong>de</strong>.<br />
A “palavra semestral” po<strong>de</strong>ria ser transmitida por escrito; então,<br />
embora ao lê-la a mente receba o “po<strong>de</strong>r” que ela emana, os resultados que o<br />
“som” po<strong>de</strong>ria produzir não são exercidos.<br />
Portanto, um dos elementos fundamentais da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União é o<br />
“som” produzido pelo “sussurro” da passagem da “palavra semestral”<br />
transmitida <strong>de</strong> ouvido a ouvido.<br />
Antes <strong>de</strong> qualquer coisa, quem <strong>de</strong>ve participar <strong>de</strong> uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União? Todos os membros do quadro; todos os maçons presentes; qualquer<br />
maçom mesmo os que estão no “Oriente Eterno”?<br />
Uma resposta singela seria a fornecida pelos Regulamentos: aquele<br />
que está capacitado a receber a “palavra semestral”. A “palavra semestral”<br />
possui várias finalida<strong>de</strong>s: da regularida<strong>de</strong>; permitir a entrada nos Templos;<br />
fornecer o “som” para a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União e evi<strong>de</strong>nciar a existência <strong>de</strong> uma<br />
Autorida<strong>de</strong> Central.<br />
A “palavra semestral”, obviamente, é mudada <strong>de</strong> seis em seis meses,<br />
correspon<strong>de</strong>ndo às passagens dos equinócios e solstícios, ou seja, na entrada<br />
do verão e na entrada do inverno.<br />
Consiste o equinócio da entrada do Sol em qualquer dos pontos<br />
<strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> equinociais e que são no princípio <strong>de</strong> Áries e Libra, em cujo<br />
tempo as noites e os dias são iguais.<br />
Consistem os solstícios na época em que o Sol entra nos signos <strong>de</strong><br />
Câncer e Capricórnio. Portanto, a palavra “semestral”, <strong>de</strong>veria ser fornecida<br />
na entrada do verão e na entrada do inverno; nem sempre, contudo, isto é<br />
observado.<br />
A função dos signos zodiacais assume importância na formação da<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, seja porque os signos se representam em círculo, seja<br />
porque a posição <strong>de</strong> cada componente da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong>ve obe<strong>de</strong>cer à posição<br />
das constelações representadas na “abóbada celeste” (9) .<br />
__________________________________________________________________________________________________________________<br />
(9)<br />
Aspecto, porém, muito difícil <strong>de</strong> ser observado. Na Santa Ceia do Senhor, o pintor Leonardo<br />
da Vinci colocou cada Discípulo em uma posição Zodiacal. O assunto convida ao estudo.<br />
27
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Os membros do quadro <strong>de</strong> uma Loja Maçônica divi<strong>de</strong>m-se em ativos<br />
e inativos. Merecem ambos os grupos participarem da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União?<br />
Cremos que a resposta <strong>de</strong>ve ser afirmativa porque, enquanto os<br />
membros do quadro não forem por qualquer motivo <strong>de</strong>sligados, pertencem<br />
ao quadro e merecem receber os benefícios que a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União lhes po<strong>de</strong><br />
proporcionar.<br />
Não se po<strong>de</strong> afastar dos Regulamentos o fato <strong>de</strong> que todo maçom é<br />
um iniciado. A iniciação é uma ressurreição precedida <strong>de</strong> uma morte simbólica<br />
ocorrida na Câmara das Reflexões.<br />
O iniciado é um resurrecto que penetra no Templo com sua<br />
“inocência” <strong>de</strong> quem ainda não pecou, porque recém renascido.<br />
As palavras do Nazareno, quando exigia que <strong>de</strong>vessem nascer <strong>de</strong><br />
novo aqueles que aspiravam o Reino, encobertas sempre por <strong>de</strong>nso véu, po<strong>de</strong>m<br />
aplicar-se à iniciação. O “ventre materno” po<strong>de</strong>, perfeitamente, ser simbolizado<br />
pela “Câmara <strong>de</strong> Reflexões”. (10)<br />
O iniciado é maçom “in aeternum”, neste placo físico e também no<br />
“Oriente Eterno”. E todo maçom merece os benefícios que a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
proporciona.<br />
É óbvio que, sendo a “palavra semestral” usada para outras<br />
finalida<strong>de</strong>s, como comprovar a regularida<strong>de</strong>, encontra o iniciado inativo,<br />
“adormecido”, gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> para assistir a uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />
É uso <strong>de</strong> muitas Lojas não permitir que o maçom “visitante” participe<br />
da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, mesmo que comprove a sua regularida<strong>de</strong>. O costume<br />
não pe<strong>de</strong> ser criticado, mas o visitante merecia receber e dar a contribuição<br />
pessoal <strong>de</strong> sua meditação.<br />
O maçom expulso por mau comportamento, o maçom <strong>de</strong>sligado a<br />
pedido do quadro, o maçom enfermo, estes po<strong>de</strong>m participar da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União?<br />
Finalmente, não se po<strong>de</strong> afastar a participação dos maçons que se<br />
encontram em outro plano e que se <strong>de</strong>nominam <strong>de</strong> Irmãos que estão no<br />
Oriente Eterno, ou seja, dos que já morreram. Não vai aqui confirmação <strong>de</strong><br />
teoria espírita, ou convicção <strong>de</strong> que no “astral” morem espíritos <strong>de</strong>sencarnados.<br />
__________________________________________________________________________________________________________________<br />
(10)<br />
Po<strong>de</strong>r-se-ia formar uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma “Câmara <strong>de</strong> Reflexões”? Seria a<br />
“Câmara do Meio”, do Grau 3, a mesma “Câmara das Reflexões”? A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União é<br />
formada apenas no Grau 1?<br />
28
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
O objetivo não diz respeito ao crer ou não crer, aceitar ou repelir.<br />
Trata-se <strong>de</strong> um aspecto normal e comum e que tem suscitado <strong>de</strong>bates <strong>de</strong>ntro<br />
das tertúlias maçônicas.<br />
Vi<strong>de</strong>ntes têm dado seu testemunho <strong>de</strong> que, do lado <strong>de</strong> fora <strong>de</strong> uma<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, viram formar-se outra, composta <strong>de</strong> “maçons” em estado<br />
fluídico, sendo alguns reconhecidos como pertencentes, outrora, ao quadro.<br />
Po<strong>de</strong>ríamos afirmar que os maçons que habitam no “Oriente Eterno,<br />
participam da mesma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União a que nós formamos? Os múltiplos<br />
aspectos que uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União suscita, dá margem a estudos<br />
aprofundados e que merecem todo nosso interesse, se não científico, pelo<br />
menos, perquiritivo. A participação em uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, como afirmamos<br />
acima, exige ser o participante, maçom regular.<br />
Se, porém, surge na Loja, a título <strong>de</strong> visitante, um maçom<br />
pertencente à Maçonaria Mista, ou <strong>de</strong> Adoção, ou Feminina, será imprópria<br />
a presença, pelo fato do “elo” ser mulher?<br />
Opinamos que o fato <strong>de</strong> ser mulher não impediria a participação,<br />
porque em nada diminuiria os efeitos, psicológicos, místicos, mágicos ou físicos<br />
e mesmo espirituais. Porém, a Maçonaria conhecida por “Feminina”, não é<br />
regular, não é reconhecida pelas Potências Internacionais Regulares e,<br />
somente por este fato, a sua participação, não só é <strong>de</strong>saconselhável, como<br />
impeditiva.<br />
Posição Hierárquica<br />
Como formar a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União? Simplesmente unindo-se os<br />
Irmãos em torno do “ARA”, dando-se as mãos?<br />
A posição por or<strong>de</strong>m hierárquica tem a sua influência esotérica. O<br />
Venerável Mestre com as costas voltadas para o Trono <strong>de</strong> on<strong>de</strong> <strong>de</strong>sceu; os<br />
Vigilantes, cada um ao lado e à frente da sua Coluna, formando com o<br />
Venerável Mestre um Triângulo. O Guarda do Templo <strong>de</strong> costas à porta <strong>de</strong><br />
entrada, la<strong>de</strong>ado pelos Diáconos. Ao lado do Venerável Mestre, à direita, o<br />
Guarda da Lei; à esquerda, o Secretário.<br />
A posição hierárquica tem gran<strong>de</strong> relevância, pois as “Luzes” da<br />
Loja - Venerável Mestre e Vigilantes -, e <strong>de</strong>mais Oficiais, são eleitos como os<br />
mais capacitados para dirigirem, durante o ano, os <strong>de</strong>stinos da Loja; são<br />
compromissados e juramentados, neles <strong>de</strong>positando todos os Obreiros do<br />
Quadro plena confiança.<br />
29
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> direção, quer no sentido administrativo, quer<br />
litúrgico, como Oficiante, quer Espiritual, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um “dom” divino<br />
e, portanto, um “privilégio”; todos os Obreiros <strong>de</strong>monstrarão respeito para<br />
com os Dirigentes.<br />
Distribuídos as Luzes e Oficiais, no Circulo que forma a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União, proporcionarão o “equilíbrio”, distribuindo as “forças espirituais”, eis<br />
que, indubitavelmente, a “Autorida<strong>de</strong> Maçônica” é portadora <strong>de</strong> uma soma<br />
maior <strong>de</strong> potência energética.<br />
Este equilíbrio é conveniente, porque evitará que um <strong>de</strong>terminado<br />
Obreiro se “<strong>de</strong>sgaste” mais que outro, dando <strong>de</strong> si maior quantida<strong>de</strong>.<br />
A posição hierárquica, obviamente, importa na presença do titular<br />
do cargo e não <strong>de</strong> seu eventual substituto.<br />
O Titular do cargo prestou o compromisso sagrado ao ser<br />
empossado (11) , o que não acontece com o substituto eventual. A distribuição<br />
<strong>de</strong> Cargos na Loja obe<strong>de</strong>ce simbolicamente à criação do Universo.<br />
O Gran<strong>de</strong> Arquiteto do Universo dispôs, com autorida<strong>de</strong> e perfeição,<br />
<strong>de</strong> forma <strong>de</strong>finitiva e, portanto, permanente, com equilíbrio e Justiça, todas<br />
as coisas criadas, concluindo com a criação do Homem.<br />
Ao compor a Loja, o Mestre <strong>de</strong> Cerimônias, concluída a sua tarefa,<br />
anunciará que a “Loja está composta e os Cargos preenchidos”.<br />
Caso suceda a ausência <strong>de</strong> um Titular, o Mestre <strong>de</strong> Cerimônias<br />
colocará o Obreiro que melhor lhe pareça servir.<br />
Porém, se, já abertos os trabalhos, chegar tardiamente o Titular <strong>de</strong><br />
um cargo, então este não po<strong>de</strong>rá assumir o seu posto, porque, simbolicamente,<br />
causará o caos, eis que a obra perfeita não suporta substituições.<br />
Assim, na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, os Equilibradores serão os Obreiros<br />
que se encontram, naquela sessão, ocupando cargo, sejam ou não Titulares,<br />
com exclusão do Venerável Mestre.<br />
O cargo em si reveste o ocupante <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>; é ao ocupar o seu<br />
lugar, que o Titular “<strong>de</strong>spren<strong>de</strong>” autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> si. Fora da Loja, a Autorida<strong>de</strong><br />
cessa, com exclusão da do Venerável Mestre, porque este é “instalado” através<br />
<strong>de</strong> um cerimonial próprio.<br />
_<br />
_______________________________________________________________________________<br />
(11)<br />
Vi<strong>de</strong> ritual do Mestre Instalado.<br />
30
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
O Venerável Mestre será o dirigente da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União e quem<br />
<strong>de</strong>verá preparar os “elos” para a “Postura” <strong>de</strong> “Meditação”; contudo, po<strong>de</strong>rá<br />
<strong>de</strong>legar a tarefa a uma das Luzes ou Oficiais.<br />
A “Meditação” oral, que po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>nominar <strong>de</strong> “Prece”, po<strong>de</strong>rá ser<br />
dirigida por qualquer Obreiro, porém, a mando do Venerável Mestre.<br />
Po<strong>de</strong>rá ocorrer, porém, a ausência do Venerável Mestre e que, por<br />
se encontrar enfermo, solicitou a seu favor, a formação <strong>de</strong> uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União. O seu substituto “legal” será o 1º Vigilante, e isto por força <strong>de</strong> um<br />
Landmark; no caso, a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, ligando espiritualmente a si o<br />
Venerável Mestre ausente, cumprirá sua tarefa esotérica.<br />
O Balandrau<br />
É o traje antigo usado pelos maçons com formato <strong>de</strong> “opa” ou capote<br />
longo, com mangas compridas e capuz, hoje, simplificado como simples capa.<br />
Quando do movimento da Inconfidência Mineira, mencionam os<br />
documentos a existência <strong>de</strong> certos “encapuzados”, que nada mais eram que<br />
maçons vestindo o “Balandrau”.<br />
O traje serve para unificar a vestimenta <strong>de</strong> todos para,<br />
simbolicamente, igualar o rico com o pobre.<br />
Tem, porém, outra função, igual à da “toga” usada pelos magistrados,<br />
para significar que o juiz está sob o manto da Justiça e que julga em nome<br />
<strong>de</strong>la e não individualmente.<br />
Quem veste o “balandrau” está sob o manto da Maçonaria; não é o<br />
maçom individual que ali está, mas sim, um membro da Maçonaria.<br />
Na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, o participante <strong>de</strong>verá usar o “balandrau”?<br />
Como o uso do “balandrau” não está regulamentado e nem é oficial, cremos<br />
que seu uso será facultativo, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do momento em que se forma a<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União; caso os elementos os estiverem usando, então é <strong>de</strong> todo<br />
conveniente participarem da “corrente” na forma como se encontram.<br />
Se o uso do avental, dos colares, das jóias, dos paramentos, das<br />
próprias luvas; não impe<strong>de</strong> a formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União o uso do<br />
“balandrau” também não será motivo impeditivo.<br />
31
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Também, conforme o grau em que a Loja estiver trabalhando, será<br />
observado o uso do “balandrau”, e então será mais prático e <strong>de</strong> todo<br />
conveniente conservá-lo para a formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />
O “balandrau” clássico é <strong>de</strong> “cor” negra; contudo, po<strong>de</strong> ser usada<br />
na “cor” branca; uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União formada com os seus componentes<br />
trajados com “balandrau” branco, <strong>de</strong>vidamente encapuzados, resulta <strong>de</strong> um<br />
misticismo forte, emprestando à cerimônia um <strong>de</strong>staque tão brilhante que os<br />
seus participantes sentirão indizível prazer na cerimônia.<br />
O “balandrau” encobre os Aventais, <strong>de</strong>ixando assim <strong>de</strong> “revelar” a<br />
presença <strong>de</strong> “Graus”, mas tão somente <strong>de</strong> Obreiros. Conhecem-se as<br />
Autorida<strong>de</strong>s Maçônicas pela posição que assumem <strong>de</strong>ntro da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />
Sob o “balandrau”, colocam-se os Aventais, as Colares e as Jóias.<br />
Na época em que era permitido aos Obreiros portadores <strong>de</strong> graus<br />
superiores ao <strong>de</strong> Mestre apresentarem-se revestidos com as suas insígnias,<br />
Faixas e Aventais, o “balandrau” nivelava a todos; assim, <strong>de</strong>ntro da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong><br />
<strong>de</strong> União, o valor era o do Maçom e não o do portador <strong>de</strong> Graus superiores,<br />
<strong>de</strong>nominados, também, <strong>de</strong> “filosóficos”, ou “vermelhos”.<br />
Não comporta o presente “estudo” analisar a formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong><br />
<strong>de</strong> União nos graus acima do 3°, posto o Rito Escocês Antigo e Aceito seja<br />
composto <strong>de</strong> 33 Graus.<br />
O estudo visa, apenas, o <strong>de</strong>nominado “simbolismo”, isto é, os 3<br />
primeiros Graus do Rito. E, ainda, nos restringimos, ao Grau <strong>de</strong> Aprendiz,<br />
pois a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, além do que neste livro se esclarece, apresenta<br />
novas “nuances” e efeitos nos <strong>de</strong>mais Graus; assim, po<strong>de</strong>mos afirmar que há<br />
para o Rito Escocês Antigo e Aceito 33 funções diversas, mas jamais<br />
divergentes.<br />
O Templo<br />
Templo?<br />
A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União <strong>de</strong>ve ser formada exclusivamente <strong>de</strong>ntro do<br />
A concepção Templo não limita o conceito convencional; um Templo<br />
não se traduz em quatro pare<strong>de</strong>s, mas sim on<strong>de</strong> se cultua a Deus (13) .<br />
_<br />
_______________________________________________________________________________<br />
(13)<br />
Ou ao Gran<strong>de</strong> Arquiteto do Universo.<br />
32
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
O Evangelho esclarece com palavras exatas o verda<strong>de</strong>iro significado<br />
do conceito Templo:<br />
“Em seguida, <strong>de</strong>sceu a Cafarnaum, em companhia <strong>de</strong> sua mãe,<br />
seus irmãos e seus discípulos; <strong>de</strong>moraram-se aí uns poucos<br />
dias. Estava próxima a festa pascal dos ju<strong>de</strong>us; e Jesus subiu<br />
a Jerusalém. No Templo encontrou gente a ven<strong>de</strong>r bois, ovelhas<br />
e pombos; e cambistas, que lá se tinham estabelecido. Fez um<br />
azorrague <strong>de</strong> cordas e expulsou-os todos do Templo, juntamente<br />
com as ovelhas e os bois; arrojou ao chão o dinheiro dos<br />
cambistas e <strong>de</strong>rrubou-lhes as mesas. Aos ven<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> pombos<br />
disse: ‘Tirai daqui essas coisas e não façais da casa <strong>de</strong> meu<br />
Pai casa <strong>de</strong> mercado’. Recolheram-se então os discípulos do<br />
que diz a escritura - ‘O zelo pela tua Casa me <strong>de</strong>vora’. Os ju<strong>de</strong>us,<br />
porém, protestaram, dizendo-lhe: ‘Com que feito po<strong>de</strong>roso<br />
provas que tens autorida<strong>de</strong> para fazer isto?’ Respon<strong>de</strong>u-lhes<br />
Jesus: ‘Destruí este Templo, e em três dias o reedificarei’”.<br />
Disseram os ju<strong>de</strong>us: ‘Quarenta e seis anos levou a construção<br />
<strong>de</strong>ste Templo, e tu preten<strong>de</strong>s reedificá-lo em três dias?’ Ele,<br />
porém, se referia ao Templo <strong>de</strong> seu corpo. Depois <strong>de</strong><br />
ressuscitado <strong>de</strong>ntre os mortos, lembraram-se os Discípulos do<br />
que dissera, e creram na Escritura e nas palavras que Jesus<br />
proferira”. (S. João cap. 2-21)<br />
Logo, o conceito Templo assume vários aspectos, po<strong>de</strong>ndo ser,<br />
inclusive o “corpo”, a “alma” e a “mente”. O “corpo místico da Loja” é um<br />
Templo todo espiritual que assume importância muito maior que seu sentido<br />
material.<br />
São Paulo, na sua sabedoria cristã e através das espetaculares<br />
cartas dirigidas aos povos e às Igrejas, escrevendo aos Coríntios (1º Coríntios:<br />
6-12 a 29), assim pontifica:<br />
“Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é<br />
permitido, mas não convém que eu me <strong>de</strong>ixe escravizar por<br />
coisa alguma. As comidas são para o estômago e o estômago<br />
para as comidas; e Deus <strong>de</strong>ixará perecer um e outro. O espírito,<br />
porém, não é para o corpo. Deus ressuscitou o Senhor, há <strong>de</strong><br />
também ressuscitar-nos a nós pelo seu po<strong>de</strong>r. Não sabeis que<br />
os vossos corpos são membros <strong>de</strong> Cristo, e eu tomaria os<br />
membros <strong>de</strong> Cristo e os faria membros <strong>de</strong> uma meretriz? Nunca!<br />
Ou ignorais que quem se entrega a uma meretriz se torna um<br />
só corpo com ela?<br />
33
Rizzardo da Camino<br />
34<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Pois foi dito que serão dois em uma só carne. Mas, quem se<br />
entrega ao Senhor fica um só espírito com ele. Fugi da luxúria!<br />
Todo o outro pecado que o homem comete não lhe atinge o<br />
corpo; apenas quem se entrega à luxúria peca contra seu<br />
próprio corpo. Não sabeis que vosso corpo é Templo do Espírito<br />
Santo, que habita em vós e que <strong>de</strong> Deus o recebeste? De maneira<br />
que já não pertenceis a vós mesmos? Fostes comprados por<br />
alto preço; pelo que glorifica a”. Deus no vosso corpo.”<br />
A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União po<strong>de</strong>rá ser também uma “<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> Exemplos”,<br />
Templos Crísticos, no conceito espiritual <strong>de</strong> um “estado <strong>de</strong> consciência”<br />
superior cristã, pelo menos, no oci<strong>de</strong>nte, on<strong>de</strong> a maioria dos povos se intitula<br />
cristã.<br />
Ainda, São Paulo, agora, em sua 2ª carta dirigida aos Coríntios<br />
(cap. 6: 11-18) assim se expressa:<br />
“Não vos sujeiteis ao mesmo jugo que os incrédulos. Pois que<br />
tem que ver a justiça com a iniqüida<strong>de</strong>? Que há <strong>de</strong> comum<br />
entre a luz e as trevas? Em que se harmonizam Cristo e Belial?<br />
Que partilha tem o crente com e <strong>de</strong>scrente? Como se coaduna<br />
o Templo <strong>de</strong> Deus com os ídolos? Pois que somos Templo <strong>de</strong><br />
Deus vivo, e Deus disse: “Hei <strong>de</strong> habitar e andar no meio <strong>de</strong>les;<br />
serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Por isso, retirai-vos<br />
do meio <strong>de</strong>les, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisa<br />
impura! Então vos hei <strong>de</strong> receber e serei vosso Pai, e vós me<br />
sereis filhos e filhas, diz o Senhor o Onipotente.”<br />
“Templo <strong>de</strong> Deus vivo” constitui uma expressão muito diversas <strong>de</strong><br />
um simples “Templo <strong>de</strong> Deus”. Afoitamente, os homens entregam-se a<br />
ativida<strong>de</strong>s maçônicas sem consi<strong>de</strong>rar este aspecto <strong>de</strong> servir a um Deus vivo,<br />
contentando-se em atuar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um Templo repleto <strong>de</strong> símbolos inertes,<br />
<strong>de</strong> um Gran<strong>de</strong> Arquiteto do Universo estampado, como se fora tão-somente<br />
um ídolo estático.<br />
Idólatra não é quem adora imagens e sim, que se une a símbolos<br />
para sentir com eles unia satisfação egocêntrica Idólatra po<strong>de</strong> ser quem supõe<br />
adorar apenas a Deus, sem preocupar-se se este Deus é realmente o “Deus<br />
vivo” que habita no Templo! Templo crístico; Templo interior e espiritual.<br />
No livro do Apocalipse, que significa revelação secreta, é o único<br />
livro do Novo Testamento que se po<strong>de</strong> chamar <strong>de</strong> profético. Verda<strong>de</strong> é que<br />
também nos Evangelhos e nas Epístolas encontramos disseminadas, aqui e<br />
acolá, algumas predições sobre o futuro, mas em reduzido número, enquanto<br />
no Apocalipse há o anúncio <strong>de</strong> eventos vindouros.
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Predomina a linguagem figurativa, insinuam-se coisas futuras por<br />
meio <strong>de</strong> símbolos e <strong>de</strong> visões. No capítulo 3, versículos 12 e 13, encontramos:<br />
“Ao vencedor fa-lo-ei Coluna <strong>de</strong> Templo <strong>de</strong> meu Deus, e daí não<br />
sairá mais; nela escreverei o nome <strong>de</strong> meu Deus e o nome da<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> meu Deus, da nova Jerusalém, que <strong>de</strong>sceu do céu,<br />
da parte <strong>de</strong> Deus; e também o meu novo nome. Quem tem<br />
ouvidos ouça o que o Espírito diz às Igrejas.”<br />
A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União po<strong>de</strong>rá representar, ao invés dos convencionais<br />
“elos”, uma corrente formada <strong>de</strong> “colunas’’, já que o símbolo “coluna” é dos<br />
mais citados e se presta a linguagem maçônica.<br />
Surge outro aspecto que não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sprezado e diz respeito ao<br />
“nome simbólico” que cada maçom <strong>de</strong>veria receber após a sua iniciação.<br />
Quando o recipiendário sai da “Câmara das Reflexões”, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixou<br />
as “coisas” <strong>de</strong> seu velho corpo, ingressa no Templo com novo corpo, novas<br />
vestes e novo nome. A última frase é um convite feito pelo Anjo que escreve a<br />
sexta mensagem: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às Igrejas”,<br />
reforça o que dissemos acima, que a “palavra semestral” circula <strong>de</strong> ouvido a<br />
ouvido, conduzindo sua mensagem. Uma única palavra, sempre igual durante<br />
seis meses, mas que traz em si, uma mensagem diferente para cada “coluna”,<br />
até que, todas equilibradas, recebem a mensagem unificada, que é lenitivo,<br />
encorajamento, solução.<br />
A <strong>de</strong>scrição que o Apocalipse faz da “nova Jerusalém”, algo <strong>de</strong><br />
sublime e tradicional, em <strong>de</strong>terminado período, assim encontramos (cap. 21,<br />
vers. 22).<br />
“... Não vi Templo nela. Deus, o Senhor, o Onipotente, o Cor<strong>de</strong>iro,<br />
é que são o seu Templo. A cida<strong>de</strong> não necessita da luz do Sol<br />
nem da Lua. A glória <strong>de</strong> Deus é que lhe dá clarida<strong>de</strong>. A sua luz<br />
é o Cor<strong>de</strong>iro. Anda os povos ao seu fulgor, e os reis da Terra<br />
entram nela com as suas magnificências. Não se fecham os<br />
seus portais <strong>de</strong> dia. E noite lá não existe. Serão nela<br />
introduzidos a magnificência e os tesouros dos povos. Mas não<br />
entrará nenhuma coisa impura, nem ímpio nem mentiroso,<br />
senão somente aqueles que estão escritos no Livro da Vida do<br />
Cor<strong>de</strong>iro.”<br />
Dizem os rituais maçônicos que há quatro elementos: a terra, o ar,<br />
a água e o fogo. Como vimos acima, a luz da Nova Jerusalém é o Cor<strong>de</strong>iro.<br />
35
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
On<strong>de</strong> está Ele, há clarida<strong>de</strong>, sendo <strong>de</strong>snecessária a presença cia<br />
luz-matéria. Sabemos da existência <strong>de</strong> mais dois elementos, que a título <strong>de</strong><br />
revelação, diremos ser o sexto o “esplendor” e o sétimo “a Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus”.<br />
O Templo po<strong>de</strong> ser perfeitamente dispensado, consi<strong>de</strong>rando-se que<br />
a soma dos elos <strong>de</strong> uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União formam um novo Templo, espiritual.<br />
Daí, respon<strong>de</strong>rmos, agora, à pergunta inicial <strong>de</strong> que não se faz<br />
necessário formar a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um Templo convencional<br />
para a obtenção do resultado almejado.<br />
Três Fatores<br />
A Luminosida<strong>de</strong><br />
Para que possa haver um ambiente propício à meditação e à<br />
realização da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, outros fatores são <strong>de</strong> relevante importância,<br />
como a luminosida<strong>de</strong>, o som e o perfume.<br />
Quando o Sol está por nascer ou em seu ocaso, quando a terra<br />
começa a iluminar-se ou a escurecer, os pássaros calando ou iniciando seus<br />
trinados, as flores e folhas a fechar suas corolas ou unirem-se aos seus ramos,<br />
ou <strong>de</strong>sabrochar e quando a Natureza toda inicia sua dança <strong>de</strong> agitação ou<br />
seu período <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso, aproxima-se a hora propícia para meditação.<br />
Evi<strong>de</strong>ntemente, não se po<strong>de</strong>rá preten<strong>de</strong>r que os maçons realizem<br />
os seus trabalhos em horas tão difíceis, e é por isto que <strong>de</strong>ve ser criado<br />
artificialmente, o ambiente <strong>de</strong> luminosida<strong>de</strong> a conduzir à meditação, ao silêncio<br />
e à introspecção.<br />
Em absoluto, não se exige que a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União seja formada no<br />
escuro. (14) A luminosida<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá ser guardada <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> com o<br />
interesse da pessoa encarregada <strong>de</strong> regulá-la: o Arquiteto, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong><br />
sua sensibilida<strong>de</strong> ou da orientação do Venerável da Loja.<br />
Muitas Lojas usam tão-somente a luz dos três can<strong>de</strong>labros <strong>de</strong> vela;<br />
outras adotam a luz <strong>de</strong> uma pira que ar<strong>de</strong> alimentada a álcool. Luz elétrica,<br />
luz <strong>de</strong> vela, ou chama a álcool, não se estabelecem regras rígidas.<br />
_____________________________________<br />
(14) Dentro <strong>de</strong> nós mesmos não é “escuro”. Há luz abundante.<br />
36
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Po<strong>de</strong>ríamos, outrossim, nos ater ao significado da luz espiritual<br />
que emana dos próprios elementos formadores da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União que viriam<br />
iluminar o ambiente, com suficiência e proprieda<strong>de</strong>.<br />
O corpo humano po<strong>de</strong> gerar luminosida<strong>de</strong>; trata-se <strong>de</strong> um fenômeno<br />
raro em nossos dias, mas já os antigos pintores aplicavam às figuras <strong>de</strong><br />
santos uma auréola que simbolizava essa luz proveniente do interior da alma.<br />
si.<br />
Todas as divinda<strong>de</strong>s são representadas com um “halo” em torno <strong>de</strong><br />
Há um Provérbio <strong>de</strong> Salomão que diz: “Pois o ensino é uma<br />
lâmpada, e a lei uma luz”.<br />
De qualquer forma, a luz é e sempre será algo material que se<br />
me<strong>de</strong>, se pesa e se vê. O próprio ensino, o conhecimento, a lei po<strong>de</strong>m ser<br />
medidos e analisados.<br />
Muitos conceitos do Velho Testamento em torno da luz que ilumina<br />
o dia encontram, posteriormente, novas concepções diante do caso que ocorre<br />
nos Pólos, quando o sol ilumina durante seis meses, não havendo,<br />
propriamente, noite, e esta, por sua vez, dura também seis meses, posto não<br />
exista lá uma noite negra como suce<strong>de</strong> entre nós; trata-se <strong>de</strong> uma noite<br />
cujas sombras assemelham-se ao crepúsculo dos nossos países sulamericanos.<br />
O Novo Testamento nos dá mais “luzes” a respeito do porquê foi<br />
tomado o termo “luz” como um símbolo sagrado marcando <strong>de</strong> uma forma<br />
carinhosa e convincente a presença <strong>de</strong> Deus no homem.<br />
“Vós sois a luz do mundo. Não po<strong>de</strong> permanecer oculta uma<br />
cida<strong>de</strong> no monte. Nem se acen<strong>de</strong> uma luz e se põe <strong>de</strong>baixo do<br />
alqueire, e sim sobre o can<strong>de</strong>labro para alumiar a todos os<br />
que estão em casa. Assim brilha diante dos homens a vossa<br />
luz, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso<br />
Pai celeste”. (Mateus 5: 14-16)<br />
“E o Senhor reconheceu que o feitor <strong>de</strong>sonesto proce<strong>de</strong>ra com<br />
tino. É que os filhos <strong>de</strong>ste mundo são mais atilados, em sua<br />
própria geração, do que os filhos da luz”. (Lucas 16:8)<br />
“Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens e a luz<br />
brilhava nas trevas, mas as trevas não a pren<strong>de</strong>ram”. (João<br />
1:4)<br />
“Era a luz verda<strong>de</strong>ira, que ilumina a todo homem que vem ao<br />
mundo”. (João 1:9)<br />
37
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Há nestas frases princípios filosóficos a serem consi<strong>de</strong>rados. Uma<br />
distinção entre duas luzes: a verda<strong>de</strong>ira e a falsa. São Paulo, na sua 2ª carta<br />
escrita aos Coríntios diz:<br />
“Pu<strong>de</strong>ra não! Pois se o próprio Satanás se apresenta como<br />
anjo <strong>de</strong> luz”.<br />
Satanás, aqui, não é o diabo, <strong>de</strong>mônio ou espírito do mal, mas sim<br />
o “opositor”, o que nega a Verda<strong>de</strong>. (14)<br />
Luz.<br />
É evi<strong>de</strong>nte que a sua luz, embora luminosa, não será a Verda<strong>de</strong>ira<br />
A importância da Luz, seja em que sentido se a tome, transcen<strong>de</strong> à<br />
compreensão do homem comum, do profano e do maçom primário. (15)<br />
E, porque a luz tem seu gran<strong>de</strong> significado, precisamos tê-la sob<br />
controle. Como?<br />
A resposta continua um motivo <strong>de</strong> pesquisa.<br />
O Som<br />
O som é um elemento que conduz por caminho natural e suave à<br />
meditação.<br />
Quando mencionamos o som, nos chega imediatamente à<br />
compreensão a música; um fundo musical propício. Hoje, o conceito música<br />
se torna um tanto difícil <strong>de</strong> ser expresso, mormente se atentarmos ao que se<br />
vê, ouve em funções litúrgicas religiosas, <strong>de</strong>ntro do ambiente o mais<br />
convencional possível, sons <strong>de</strong> guitarras elétricas e o frenesi da música<br />
<strong>de</strong>nominada “jovem”, com os seus “sons” diferentes, nem sempre harmoniosos<br />
ou pelo menos agradáveis aos ouvidos menos acostumados.<br />
Temos assistido a missas solenes <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> Igrejas Católicas<br />
Romanas, tanto aqui como visto em filmes, em outros países, jovens usando<br />
as suas vestes características e multicoloridas, emitindo sons e cantando<br />
estranhos ritos; ao som da música “jovem”, o sacerdote impassível, cumprindo<br />
seu cerimonial.<br />
Nesse misto que <strong>de</strong>nominamos <strong>de</strong> som “jovem”, há, também muito<br />
<strong>de</strong> folclore. Um curioso é a “Missa Crioula” (Misa Criolla) composta por Ariel<br />
Ramirez.<br />
38
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Ramirez é natural <strong>de</strong> Santa Fé, Argentina, tendo-se especializado<br />
em temas folclóricos após estudos profundos, buscando-os em suas<br />
verda<strong>de</strong>iras origens. Não se limitou ao seu País, mas buscou elementos na<br />
Europa, obtendo um título universitário no Instituto <strong>de</strong> Cultura Hispânica<br />
<strong>de</strong> Madrid.<br />
Em 1952 realizou na Rádio Vaticano um concerto <strong>de</strong> música e ritmos<br />
argentinos, aon<strong>de</strong>, quiçá, lhe veio a inspiração <strong>de</strong> compor sua “Missa Crioula”.<br />
Sua idéia <strong>de</strong> realizar uma missa cantada com temas exclusivamente<br />
folclóricos encontrou estímulo e assessoramento <strong>de</strong> parte <strong>de</strong> alguns sacerdotes<br />
da Basílica do Socorro.<br />
Compôs uma obra para solistas, coro e orquestra, elementos<br />
necessários para abranger a riqueza <strong>de</strong> sua composição. Os instrumentos<br />
também não po<strong>de</strong>riam ser exclusivamente convencionais. A percussão,<br />
formada por bombos, bateria, tumbadora, gongos, cocos, sinceros<br />
instrumentos típicos <strong>de</strong> cada região, <strong>de</strong>ram muito colorido e expressão latino--<br />
americanos à obra.<br />
A “Missa Crioula” inicia-se com o “Kyrie”, concebido sobre dois<br />
ritmos: “vidala” e “baguala” aptos para expressar a profunda súplica da litanía.<br />
O “Gloria” é <strong>de</strong>marcado com o ritmo <strong>de</strong> uma das danças mais<br />
populares da Argentina, o “carnavalito”, urna forma popular eleita para traduzir<br />
o júbilo da glória ao Senhor.<br />
Um dos momentos mais difíceis é sem dúvida, o do “Credo”, pela<br />
extensão do seu tema e pelo ritmo escolhido, a “chacareca trunca”, melodia<br />
muito popular em Santiago <strong>de</strong>l Estero.<br />
O ritmo é obsessionante, quase exasperado <strong>de</strong> uma formosura<br />
“nervosa”. O “Sanctus” foi composto sobre um dos ritmos bolivianos, o carnaval<br />
<strong>de</strong> Cochabamba, <strong>de</strong> compasso batido, apropriado à aclamação que enche os<br />
céus e a terra.<br />
O “Agnus Dei” é dito num estilo “pampeano íntimo”, terno e solene.<br />
Diz o comentarista que a “Missa Crioula” é uma síntese e um convite:<br />
“Abre os braços ao homem para dizer-lhe: vem à Igreja com<br />
tudo o que há em sua carne e em seu sangue; com sua cultura<br />
e seus ritmos, com sua forma <strong>de</strong> expressão e suas paisagens.<br />
A Igreja não quer que no Templo se fale uma língua estranha.<br />
Sua linguagem é a do Pentecostes, língua materna que o homem<br />
apren<strong>de</strong>u no contato áspero e vital com seu próprio solo. Venha<br />
39
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
à dança e ao compasso; venha à terra mesmo. É que a Igreja<br />
está enamorada da terra porque ela é criatura <strong>de</strong> Deus. A<br />
terra assumirá seu próprio Espírito, integrará seu próprio tino<br />
e o transformará em veículo <strong>de</strong> expressão para Deus. E o homem<br />
sentir-se-á na casa do Pai como se estivesse em sua própria<br />
casa”.<br />
Se compararmos a “Missa Crioula” com a música da páscoa em<br />
canto gregoriano, com seu responsório “Christus resurgens”, a “Paschoa<br />
nostrum”, o “Salve festa dies”, com as suas antífonas, evi<strong>de</strong>ntemente não<br />
saberíamos o que dizer.<br />
E se também comparássemos a música “jovem” ao som das guitarras<br />
elétricas e sintetizadores, ritmadas pelas características dos ex-Beatles, ou<br />
dos nossos Caetano Veloso, Caymmi, Roberto Carlos ou Jobim, muito menos<br />
saberíamos o que dizer.<br />
Mas po<strong>de</strong>ríamos dizer da proprieda<strong>de</strong> ou da improprieda<strong>de</strong> dos<br />
ritmos jovens <strong>de</strong>ntro da liturgia maçônica!<br />
É evi<strong>de</strong>nte que se <strong>de</strong>ve distinguir entre música jovem apropriada e<br />
ritmo inapropriado.<br />
Julgamos que o som <strong>de</strong>va conduzir à meditação; por isto, qualquer<br />
som será apropriado, mesmo que não seja melódico; uma simples nota, algo<br />
uníssono, sempre igual, porém que conduza a mente aos “páramos” celestes.<br />
Um som vibrante, seja em ritmo popular, clássico, tudo é indiferente. O valor<br />
do som não está na melodia nem no ritmo.<br />
Nas Lojas Maçônicas atuais a música é apresentada por meio <strong>de</strong><br />
discos ou fitas, sendo selecionada com total preferência para as peças<br />
tradicionais clássicas.<br />
Raríssimas Lojas conservam o órgão e, se algumas ainda os<br />
possuem, falta o organista.<br />
O som <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma Loja, entregue à responsabilida<strong>de</strong> do “Mestre<br />
<strong>de</strong> Harmonia”, não significa parcela muito importante, mas o “som” enquanto<br />
se forma a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União adquire importância relevante e total.<br />
Por isto faz-se necessário muito cuidado na escolha do som. Ou<br />
música jovem, clássica, <strong>de</strong> câmara, popular, folclórica, ou qualquer outra,<br />
primitiva ou requintada, tudo será válido, uma vez que produza os efeitos<br />
necessários para a “comunhão” que há <strong>de</strong> realizar, no cruzamento dos braços<br />
e na <strong>união</strong> das mentes.<br />
40
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
E se por acaso não houver a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se obter um “som”<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma Loja?<br />
Bastará que um membro do Quadro, fora da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União,<br />
emita uma melodia, a mais simples possível; caso haja quem possa cantar,<br />
um cântico apropriado, aceito por todos e que produza o efeito necessário.<br />
Ultimamente tem sido ouvida com freqüência a música eletrônica<br />
que é uma notação musical inteiramente diferente da tradicional, estranha e<br />
dissonante. Ou extremamente harmoniosa e calmante como a música<br />
chamada new-age. Novos métodos, novas técnicas e novos sons, nos conduzem<br />
a novos conceitos, e novas aplicações que sempre serão válidos.<br />
Surgiu há alguns anos, na Inglaterra, um novo ídolo para os jovens:<br />
Richard Wakeman que apresenta temas antigos como os “Cavaleiros da Távola<br />
Redonda”, “Henrique VIII”, “Viagem ao Centro da Terra”, as “Lendas do Rei<br />
Arthur”, envolvendo os personagens da Ida<strong>de</strong> Média, suspeitando-se <strong>de</strong> uma<br />
influência maçônica talvez através <strong>de</strong> seu pai, também músico, Cyril<br />
Wakeman.<br />
Sua música é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> Rock sinfônico, pois tira efeitos dos<br />
clássicos através <strong>de</strong> compassos autenticamente mo<strong>de</strong>rnos, no sentido vibrante<br />
que caracteriza a música jovem. Utiliza-se dos sons os mais sofisticados,<br />
reunindo órgãos, pianos, instrumentos <strong>de</strong> percussão, corda e sopro, tudo<br />
super-amplificado através <strong>de</strong> alto-falantes po<strong>de</strong>rosos, sendo necessários<br />
gran<strong>de</strong>s ambientes, como salões <strong>de</strong> esporte, campos <strong>de</strong> futebol e catedrais<br />
imensas, para que os sintetizadores emitam a sua potência total.<br />
Quem teve a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistir a orquestra <strong>de</strong> Rick Wakeman,<br />
que esteve entre nós, terá sentido momentos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> ternura e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />
nervosismo.<br />
Imaginando-se em <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União aqueles sons tão estranhos,<br />
muito elevados para a nossa conceituação maçônica além <strong>de</strong> qualquer<br />
imaginação, talvez não se consiga um recolhimento a ponto <strong>de</strong> meditar.<br />
Porém, é uma experiência válida porque não sabemos o que nos<br />
reserva o dia <strong>de</strong> amanhã, em “sons” musicais; se a música acompanhar a<br />
evolução tecnológica, teremos surpresas e será <strong>de</strong> todo conveniente que não<br />
nos “apanhem” <strong>de</strong> surpresa, mas que tenhamos nossos ouvidos “adaptados”<br />
às conseqüências que po<strong>de</strong>rão sobrevir.<br />
Enfim, o Maçom <strong>de</strong> hoje <strong>de</strong>ve estar pronto à adaptação porque <strong>de</strong>ve<br />
acompanhar o que “vai à frente”, para que não estacione em algum ponto<br />
fixo e <strong>de</strong> lá não se possa mover.<br />
41
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Quando do lançamento da primeira edição <strong>de</strong> A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União,<br />
proferimos várias palestras, fixando-nos no tema da música e levando para<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> vetustos Templos a música jovem, nativa e os estranhos sons<br />
eletrônicos, produto <strong>de</strong> sintetizadores, sem a interferência humana.<br />
Procuramos, após uma longa explanação, percorrer o campo<br />
experimental, induzindo os assistentes (na ocasião foram convidadas as<br />
famílias dos maçons) a exercícios meditativos, com o intuito <strong>de</strong> selecionar as<br />
músicas capazes <strong>de</strong> conduzir à meditação.<br />
A experiência foi muito proveitosa e emocionante, pois ninguém<br />
jamais po<strong>de</strong>ria ter imaginado que “alguém” ousasse fugir ac convencionalismo<br />
e romper as barreiras <strong>de</strong> tradições arraigadas, fazendo vibrar os velhos<br />
símbolos, ao compasso frenético ou lânguido da música popular.<br />
Também na Maçonaria há oportunida<strong>de</strong> para, em campo<br />
experimental, chegar a conclusões necessárias para saber fazer seleção, não<br />
a “priori”, mas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> viver a experiência na própria carne.<br />
O Perfume<br />
42<br />
O terceiro elemento é o perfume.<br />
Po<strong>de</strong>rá parecer tarefa singela, especialmente, seguindo o uso já<br />
consagrado <strong>de</strong> se acen<strong>de</strong>r um “<strong>de</strong>fumador”. Defumadores os há, em múltiplos<br />
aspectos; com perfumes os mais exóticos, nacionais e estrangeiros.<br />
Defumadores preparados, compactados, bastando acendê-los para que sa<br />
<strong>de</strong>svaneçam, lentamente, perfumando o ambiente com sua tênue <strong>de</strong> fumo (16) .<br />
Todos os povos, em suas cerimônias religiosas, usaram e continuam<br />
a usar substâncias aromáticas, à guisa <strong>de</strong> perfume em seus cultos.<br />
A Maçonaria, por sua vez, não po<strong>de</strong>ria apresentar-se como exceção;<br />
sempre o usou e continua a fazê-lo.<br />
A melhor das fontes escritas, a mais antiga que temos, e que com<br />
extrema facilida<strong>de</strong> todos po<strong>de</strong>m consultá-la é, sem dúvida, a História Sagrada.<br />
Lemos no livro do “Êxodo”, no capítulo 3º, o seguinte, sobre o<br />
“incenso santo”:<br />
“Disse mais Jeová a Moisés: toma especiarias<br />
aromáticas; estoraque (resina odorífera extraída da árvore do<br />
mesmo nome e conhecida entre nós com o nome <strong>de</strong> “jenjoeiro”),<br />
onicha, ou onyque, (resina mais conhecida como “unha odorífera”)
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
e gálbano (planta umbelífera, sempre ver<strong>de</strong> que fornece uma resina<br />
medicinal); especiarias aromáticas com incenso puro. Cada<br />
uma <strong>de</strong>las será <strong>de</strong> igual peso; e <strong>de</strong>las farás um incenso, um<br />
perfume segundo a arte do perfumista, temperado com al,<br />
puro e santo. Uma parte <strong>de</strong>le reduzirás a pó e o porás diante<br />
do testemunho na Tenda da Revelação, on<strong>de</strong> virei ti; será<br />
para vós santíssimo. O incenso que fareis, segundo a<br />
composição <strong>de</strong>ste, não o fareis para vós mesmos; consi<strong>de</strong>ralo-eis<br />
sagrado a Jeová. O homem que fizer tal como este<br />
para cheirar, será exterminado do meio do seu povo.”<br />
Desta passagem do Êxodo <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>-se que o “incenso”<br />
especialmente preparado segundo as indicações <strong>de</strong> Jeová, teria duas<br />
finalida<strong>de</strong>s. Atrair através <strong>de</strong> seu fumo e perfume a presença espiritual <strong>de</strong><br />
Deus; evitar que o “homem” o cheirasse, sob pena <strong>de</strong> extermínio.<br />
O “incenso”, consi<strong>de</strong>rado como <strong>de</strong>fumador, tem o seu sentido <strong>de</strong><br />
provocar “ataraxia” nas pessoas. Diríamos hoje, um entorpecente alucinógeno.<br />
“Ataraxia”, termo grego, é o estado feliz em que a serenida<strong>de</strong> mental<br />
combina com o bem estar físico uma síntese equilibrada, livre daquelas<br />
violentas subidas e <strong>de</strong>scidas que <strong>de</strong>sarmonizam a vida emocional.<br />
Não se po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar os gregos os únicos a <strong>de</strong>sejarem a felicida<strong>de</strong><br />
como condição suprema da vida. A firmeza, a calma interior e a harmonia<br />
foram e têm sido exaltadas por todos os sistemas religiosos: o Cristianismo, o<br />
Budismo, o Taoísmo, o Vedantismo; não há necessida<strong>de</strong> da pessoa ser santa<br />
ou filósofa para ansiar por essa tranqüilida<strong>de</strong> interior. O <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> semelhante<br />
estado é natural pois, sem ele, a felicida<strong>de</strong> se torna impossível.<br />
Hoje, o homem mo<strong>de</strong>rno, preocupado e ocupado, sem tempo para<br />
notar o “sinal vermelho” <strong>de</strong> que <strong>de</strong>ve parar, tem ânsia muito maior por essa<br />
paz íntima.<br />
Houve nos tempos idos, e ainda em raros casos suce<strong>de</strong> que a prática<br />
da religião e a da filosofia conduziam a esse estado <strong>de</strong> paz interior. Ambos,<br />
porém, exigiam autodisciplina e muita <strong>de</strong>dicação, o que equivale ao uso <strong>de</strong><br />
“tempo”, hoje consi<strong>de</strong>rado tão precioso.<br />
Eis que o homem buscou, mesmo <strong>de</strong>ntro da religião, um caminho<br />
mais rápido, posto totalmente con<strong>de</strong>nável: o entorpecente.<br />
Teria sido o incenso <strong>de</strong>scrito no “Êxodo” um caminho mais fácil<br />
para a aproximação <strong>de</strong> Deus, ou pelo menos, para que o homem assim<br />
julgasse? A proibição sob pena <strong>de</strong> extermínio nos faz suspeitar que sim.<br />
Louis Lewin, famoso toxicólogo alemão, em 1924 classificou a ação<br />
das “drogas” em seu livro “Phantastica”, em cinco classes: “Eufórica, fantástica,<br />
inebriante, hipnótica e excitante (euphorica, phantastica, inebriantia, hypnotica<br />
e excitatia).<br />
43
Rizzardo da Camino<br />
44<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Hoje os termos empregados são um pouco diferentes: em lugar <strong>de</strong><br />
fantástica, chamamos <strong>de</strong> “alucinógenas” as drogas capazes <strong>de</strong> produzir<br />
alucinações: sendo exemplo disso o LSD-25 e a mescalina. A série hipnótica,<br />
drogas que produzem sono como os barbitúricos, nos referimos mais<br />
comumente, agora, como sedativos.<br />
Dispomos <strong>de</strong> um novo grupo: os “ataráxicos”, que tranqüilizam sem<br />
produzir letargia. Por fim, a série “excitatia”, classe que inclui estimulantes<br />
do sistema nervoso gomo a cocaína ou a benzedrina, ou que também são<br />
conhecidos como “analépticos”, pois têm uma ação oposta à dos sedativos,<br />
<strong>de</strong>spertando e estimulando ao invés <strong>de</strong> acalmar e serenar.<br />
As “drogas” foram por muito tempo empregadas nos serviços<br />
religiosos. O “peiot” era sagrado para os Aztecas, a “coca” para os Incas; os<br />
<strong>de</strong>uses, nos Vedas bebiam “soma”, ao passo que a “Ambrósia” era o manjar<br />
das divinda<strong>de</strong>s. Homero elogiava o “nepenthe” como “po<strong>de</strong>roso aniquilador<br />
do sofrimento”, e o “cânhamo” (17) com a sua resina “charas” era <strong>de</strong>scrito pelos<br />
sábios da fedia como “propiciador <strong>de</strong> <strong>de</strong>lícias”.<br />
Por não ter sido proibido por Maomé o uso das drogas, as<br />
maometanos entregaram-se ao consumo do “haxixe”, um <strong>de</strong>rivado do<br />
“cânhamo”, cujos efeitos foram elogiados por Bau<strong>de</strong>laire que fundou o<br />
tristemente célebre “Le Club <strong>de</strong>s Hachischins”, e que corretamente observou<br />
que o “haxixe serve apenas para engran<strong>de</strong>cer aquilo que já se acha<br />
presente na alma do homem e que cada qual recebe a visão que a sua<br />
própria natureza lhe dita”.<br />
As experiências suce<strong>de</strong>ram-se e continuam, tendo, há bem poucos<br />
anos, Aldous Huxley, em seu livro “As portas da percepção, o céu e o inferno”,<br />
<strong>de</strong>monstrado, com o seu estilo <strong>de</strong> emérito escritor, a <strong>de</strong>scrição fantástica do<br />
mundo visto através da ação do ácido lisérgico, mescalina e “Peiote”.<br />
Há algumas décadas tivemos os “hippies” que se reuniam para<br />
consumir drogas a fim <strong>de</strong> viverem o irreal.<br />
Levando em conta os efeitos <strong>de</strong> qualquer droga, é que a mente<br />
“po<strong>de</strong>” reagir aos efeitos <strong>de</strong> um “<strong>de</strong>fumador”; quando em estado <strong>de</strong> meditação,<br />
busca o “algo mais” <strong>de</strong>sconhecido, mas que anseia.<br />
Estamos no limiar <strong>de</strong> um novo estudo neste sentido: o resultado na<br />
formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, do ambiente externo, provocado pela<br />
luminosida<strong>de</strong>, som e incenso. (18)<br />
Chegaremos a conclusões satisfatórias, após o período <strong>de</strong><br />
experiências e análises. Para cada re<strong>união</strong> maçônica, um novo estudo é um<br />
novo resultado.
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
A queima do incenso <strong>de</strong>verá ser feita no início dos trabalhos como<br />
ação preparatória.<br />
E po<strong>de</strong>rá continuar até o encerramento ou ser suspensa e reiniciada<br />
no momento da formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />
O Livro Sagrado<br />
A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União será formada ao redor do “Ara” on<strong>de</strong> está<br />
colocado a “Livro Sagrado”, o “Esquadro” e o “Compasso”.<br />
O “Livro Sagrado” <strong>de</strong>verá permanecer aberto no trecho apropriado<br />
ao grau. Muito se tem discutido a respeito da presença do “Livro Sagrado”<br />
<strong>de</strong>ntro dos Templos e o Rito Mo<strong>de</strong>rno Francês, que já foi entusiasticamente<br />
adotado anos atrás quando o Positivismo encontrava ambiente propício,<br />
durante a primeira década da República, omitia a presença do “Livro Sagrado”,<br />
o que causou celeuma e combate <strong>de</strong> parte da Maçonaria Regular, aliás com<br />
razão.<br />
Todos os povos têm na presença <strong>de</strong> “um Livro Sagrado” o símbolo<br />
da presença da Divinda<strong>de</strong>. A Maçonaria não exige este ou aquele livro, mas<br />
sim, um “Livro Sagrado” e, obviamente, cada região terá interesse em abrir<br />
o livro que catalise mais atenção e respeito; assim, no oci<strong>de</strong>nte será a “Bíblia”,<br />
no oriente o “Alcorão”, na Índia os “Vedas” e tantos outros.<br />
Porque a presença <strong>de</strong> um livro sagrado? Os hebreus tinham vários<br />
livros: O “Livro da Aliança”, o “Livro das Batalhas do Senhor”, o “Livro da<br />
Lei”, o “Livro do Direito”, o “Livro das Memórias”, o “Livro <strong>de</strong> Moisés”, o<br />
“Livro da Vida”, o “Livro do Cor<strong>de</strong>iro”, mas todos eles, reunidos, constituem<br />
o “Livro Sagrado”, que para nós os cristãos, se <strong>de</strong>nomina “Bíblia”, ou seja,<br />
coletânea <strong>de</strong> livros sagrados.<br />
O livro é a presença simbólica da Lei.<br />
Qualquer lei subjuga o homem, por mais altivo e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte que<br />
possa ser. É a presença <strong>de</strong> uma autorida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>seja ser respeitada e o<br />
homem sente a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> respeitar a alguém.<br />
A presença do “Livro Sagrado” faz notar a existência <strong>de</strong> alguém<br />
superior, que no caso há <strong>de</strong> ser o Gran<strong>de</strong> Geômetra, ou seja, Deus.<br />
45
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Não basta a “presença” <strong>de</strong> um livro, mas que este livro tenha sido<br />
lido para que as palavras pronunciadas permaneçam vivas e na mente <strong>de</strong><br />
todos, pelo som emitido.<br />
No grau <strong>de</strong> Aprendiz, que é o primeiro grau <strong>de</strong> trabalho maçônico,<br />
o mais usual e apropriado, o “Livro Sagrado” <strong>de</strong>verá estar aberto na parte<br />
que evoca a recomendação <strong>de</strong> os irmãos unirem-se, o que dá origem à própria<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />
A abertura do “Livro Sagrado”, bem como o seu fechamento, exige<br />
um cerimonial prescrito nos rituais. Não se abrirá um “Livro Sagrado” pelo<br />
simples fato <strong>de</strong> que <strong>de</strong>va ser aberto; os cuidados serão observados<br />
<strong>de</strong>talhadamente, <strong>de</strong>ntro do mesmo ambiente e preparação que prece<strong>de</strong>m os<br />
gran<strong>de</strong>s atos litúrgicos.<br />
A “luz”, o “som” e o “incenso” também hão <strong>de</strong> ser a<strong>de</strong>quados à<br />
cerimônia; aquele a quem está afeto a abertura do Livro (15) <strong>de</strong>verá merecer a<br />
honra da elevada função; não há, propriamente, dispositivos rígidos a respeito;<br />
cada Loja terá sua regulamentação e suas razões para dispor sobre a<br />
cerimônia.<br />
Abrindo-se o “Livro Sagrado”, apresenta-se aos Irmãos o Espírito<br />
Divino. É a presença realmente simbólica, não só do Gran<strong>de</strong> Arquiteto do<br />
Universo, mas do que Ele tem representado para a Humanida<strong>de</strong>. A certeza<br />
<strong>de</strong> seu amparo, da sua atualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> que a promessa vindoura se cumprirá.<br />
É o momento <strong>de</strong> fé <strong>de</strong>ntro dos Templos.<br />
A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União é um círculo, e consi<strong>de</strong>rando-se que toda figura<br />
geométrica possui um centro, o “Livro Sagrado” será o ponto central da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong><br />
<strong>de</strong> União.<br />
A abertura do Livro da Lei está prescrita nos Rituais, porém, não<br />
há uniformida<strong>de</strong> a respeitar, pois dada a “autonomia das Lojas”, cada qual,<br />
seguindo sua própria tradição e costumes, adota uma regra. Num sentido<br />
geral, quem abre o Livro da Lei é o “Past-Master”, ou seja, o Venerável Mestre<br />
que passou; na sua ausência, é dada a função ao Experto ou ao Orador.<br />
Opinamos que <strong>de</strong>veria ser sempre o Experto o Oficiante, eis que o<br />
Experto representa na Loja <strong>de</strong> Aprendiz o “intercessor”; para conciliar os<br />
hábitos, costumes, praxe e tradição das Lojas; <strong>de</strong>veria ser eleito para ocupar<br />
o cargo <strong>de</strong> Experto quem foi Venerável Mestre; assim, não haveria conflitos.<br />
________________________________________________________________________________<br />
(15<br />
O Oficiante.<br />
46
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Dos atos litúrgicos, o mais importante, é, numa Loja <strong>de</strong> Aprendiz, a<br />
abertura do Livro da Lei.<br />
Algumas Lojas prece<strong>de</strong>m esta abertura com outra cerimônia, a do<br />
acendimento das velas que ornam o Ara. Porém, é costume que, ao entrar-se<br />
em Templo, as velas já se encontrem acesas; também não é uniformemente<br />
observada a cerimônia ao apagar das velas.<br />
Não há, nos Rituais, uma uniformida<strong>de</strong>, em todo Brasil. Posto<br />
tenhamos as Gran<strong>de</strong>s Lojas estaduais, os Gran<strong>de</strong>s Orientes Estaduais, o<br />
Gran<strong>de</strong> Oriente do Brasil, os Gran<strong>de</strong> Orientes In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, cada vez menos<br />
conflitantes entre si por questões <strong>de</strong> regularização, po<strong>de</strong>rá em breve, e isto<br />
será útil, existir uma uniformida<strong>de</strong> ritualística.<br />
A Postura<br />
Para a formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, os seus componentes <strong>de</strong>verão<br />
assumir uma postura correta.<br />
Os pés em Esquadro, com os calcanhares unidos e as pontas tocando<br />
as dos que lhe estão ao lado.<br />
0s braços cruzados, passando o direito sobre o esquerdo, <strong>de</strong> modo<br />
que a mão direita <strong>de</strong> um aperte a mão esquerda do outro.<br />
As mentes unidas por meio da “palavra semestral”. Portanto, cada<br />
“elo” <strong>de</strong>verá comunicar-se com o outro através <strong>de</strong> três pontos.<br />
O Esquadro, na antiguida<strong>de</strong>, era representado por um quadrado<br />
geométrico, porém foi per<strong>de</strong>ndo sua forma primitiva até transformar-se em<br />
apenas um ângulo <strong>de</strong> 90º. Temos hoje seu estado primitivo nos quadrados<br />
que formam o “pavimento <strong>de</strong> mosaicos”.<br />
O maçom jamais se completará conservando a individualida<strong>de</strong>; fazse<br />
necessário “unir-se” a um outro para que encontre a “si mesmo”. Os seus<br />
pés em ângulo <strong>de</strong> 90º buscam e seu irmão ao lhe tocar o pé, formando,<br />
assim, o quadrado perfeito e <strong>de</strong>monstrando o seu amor fraterno. Sozinho<br />
nada é; junto a um irmão, não só encontrará a “si mesmo”, como proporcionará<br />
a que seu irmão, por sua vez, realize idêntico mistério.<br />
O “marchar” em Esquadro tem o seu significado, mas não interfere<br />
com a posição em Esquadro para a formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />
47
Rizzardo da Camino<br />
48<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Um será o significado do Esquadro como instrumento, e outro o<br />
formado pela posição dos pés.<br />
Originado do latim “ex-cuadrare”, é um instrumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho,<br />
ou seja, <strong>de</strong> trabalho, indispensável para uma edificação; as figuras geométricas<br />
não o dispensam para existir. Trata-se <strong>de</strong> um dos instrumentos mais usados<br />
e mais característicos, mormente quando entrelaçado por um Compasso,<br />
formando assim o “escudo” da Maçonaria.<br />
Símbolo da retidão, transforma-se em jóia para o Venerável e<br />
Vigilantes, porque estas Luzes <strong>de</strong>vem ser os maçons mais “retos” e “justos”<br />
da Loja.<br />
O Esquadro representa a Terra. O Compasso, o Céu, por isto é<br />
usada a expressão <strong>de</strong> que o maçom se encontra “entre o Céu e a Terra”.<br />
O Esquadro, junto com o Prumo, faz do maçom um homem justo e<br />
eqüitativo; ao lado do Compasso, forma a trilogia que o iniciado <strong>de</strong>ve<br />
contemplar.<br />
É o símbolo por excelência do Aprendiz. Sua posição <strong>de</strong> “or<strong>de</strong>m”<br />
forma quatro Esquadros que, na interpretação da Astronomia, significa a<br />
posição on<strong>de</strong> a Terra é dividida em quatro partes, nos diâmetros do círculo<br />
zodiacal, correspon<strong>de</strong>ndo cada parte a uma estação do ano, <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong><br />
com a inclinação do Sol em seu giro.<br />
O Esquadro é instrumento e também jóia móvel, presente em todos<br />
os graus da Maçonaria.<br />
O Esquadro é a primeira das figuras geométricas que nos dá a<br />
noção exata <strong>de</strong> uma medida aplicável em toda obra humana e que nos ensina<br />
a limitar as nossas ações através das leis naturais para o cumprimento dos<br />
nossos <strong>de</strong>veres para “conosco e para com os nossos semelhantes”.<br />
Nada nos convence mais <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>mos dominar o Mundo do que<br />
quando nossos pés estão bem firmados sobre a Terra. Outros motivos temos<br />
para que nossos pés estejam em Esquadro <strong>de</strong>ntro da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União. Com<br />
o movimento dos pés, estaremos “abrindo” as “colunas” que encobrem o órgão<br />
<strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>, expondo-o simbolicamente, na intenção <strong>de</strong> “crescermos” e<br />
criarmos o “mundo melhor” que <strong>de</strong>sejamos.<br />
Toda postura tem sua razão <strong>de</strong> ser; em Maçonaria nada é feito em<br />
vão. A postura <strong>de</strong>ve ser feita com perfeição para que atinja o seu objetivo.<br />
Infelizmente, assistimos muitos maçons não se preocuparem, em<br />
absoluto, com sua posição, quer <strong>de</strong> “pé e à or<strong>de</strong>m”, quer sentados, ou<br />
genuflexos ao prestarem um juramento.
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
As posturas maçônicas têm origem antiga e estamos inclinados a<br />
afirmar que proce<strong>de</strong>nte da Índia.<br />
Eis a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> um “yogi” que faz a saudação ao Sol: <strong>de</strong> pé, olhos<br />
fechados, voltado para o nascente, pés unidos, junta as mãos à altura do<br />
peito, como em oração. Limpa os pulmões, exalando todo o ar e encolhendo o<br />
abdômen.<br />
À medida que lentamente inspira, eleva os braços acima e atrás da<br />
cabeça, como que procurando atingir com a ponta dos <strong>de</strong>dos o mais distante<br />
possível. Sente um estimulante estiramento nos músculos.<br />
Enquanto expira, abaixa o tronco, braços esticados, com a cabeça<br />
entre eles, até atingir o solo com as palmas das mãos, as quais chegam ao<br />
ponto mais próximo das pés. A cabeça está pen<strong>de</strong>nte e a respiração presa.<br />
A perna esquerda é conduzida para trás, com o joelho tocando o<br />
chão. Flexiona a perna direita até que o joelho encoste-se ao peito. Levanta<br />
ao máximo o queixo. O pulmão ainda vazio.<br />
A perna direita vai para trás até ficar apoiada sobre as palmas das<br />
mãos e sobre a ponta dos pés, como se fora uma tábua com o corpo. Braços<br />
esticados. Inicia a respiração.<br />
Flexiona os braços e toca o solo com a fronte, com o peito, os joelhos<br />
e as pontas dos pés, tendo as ná<strong>de</strong>gas levantadas.<br />
Seu abdômen abaixa bem como as pernas, apoiando-se sobre o<br />
solo, enquanto os braços se esticam, mantendo o tronco na vertical. Seu<br />
queixo atinge o ponto mais alto possível.<br />
Conservando cheio o pulmão, sem <strong>de</strong>scolar os pés e as mãos, eleva<br />
as ná<strong>de</strong>gas, ficando a cabeça entre os braços.<br />
Começa a expirar, ao mesmo tempo em que flexiona a perna direita<br />
e, sempre mantendo alto o queixo, o pé vai colocar-se próximo das mãos e<br />
entre elas.<br />
Tendo o pulmão vazio, leva o pé esquerdo para junto do direito e,<br />
com a cabeça o mais perto possível dos joelhos, estica as pernas, reproduzindo<br />
o movimento inicial.<br />
Nova inspiração, lenta e profunda, levantando o tronco e conduzindo<br />
as mãos para o alto e para trás da cabeça. As mãos voltam ao ponto inicial.<br />
Seus olhos mantêm-se fechados e já nota o brilho do Sol que acaba <strong>de</strong> nascer.<br />
49
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
O “yogi” não saudou o Sol apenas por reverência. Ele obteve<br />
resultado: “o sistema nervoso lhe foi regularizado, o cérebro <strong>de</strong>sanuviado<br />
e toda a face se iluminou <strong>de</strong> santida<strong>de</strong>”.<br />
Para que a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União tenha eficácia, a postura se torna um<br />
elemento vital. Faz-se necessário que os pés se unam em Esquadria e toquem<br />
o do irmão ao lado.<br />
Os antigos egípcios faziam a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União mais aperfeiçoada,<br />
porque usavam apenas o “avental”. Seus pés uniam-se “fisicamente”; seus<br />
calcanhares tocavam-se, e os nervos sensitivos que os gregos apelidaram <strong>de</strong><br />
“calcanhar <strong>de</strong> Aquiles”, para <strong>de</strong>monstrar um ponto frágil do organismo se<br />
fortaleciam e protegiam. Suas irradiações eram mais fortes porque, além do<br />
toque das mãos, havia o toque dos pés, ao natural.<br />
Não preten<strong>de</strong>mos que, em nossos dias, a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União se faça<br />
com os pés <strong>de</strong>scalços.<br />
As “pontas” <strong>de</strong> todos os <strong>de</strong>dos, tanta dos pés como das mãos, são<br />
veículos <strong>de</strong> irradiação. Tanto o são os <strong>de</strong>dos os das mãos como o são os dos<br />
pés.<br />
O homem civilizado não sabe usar os <strong>de</strong>dos dos pés, conservados<br />
em sapatos; Deus os criou para alguma função e o homem ludibriou a criação<br />
<strong>de</strong> Deus.<br />
Os <strong>de</strong>dos dos pés e suas plantas têm as mesmas características<br />
das mãos.<br />
A datiloscopia po<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar o indivíduo tanto pelas mãos como<br />
pelos pés.<br />
Po<strong>de</strong>-se dizer que a “História Sagrada”, também traz as origens da<br />
datiloscopia.<br />
No Livro <strong>de</strong> Jó, capítulo 37, versículo 7, lemos: “Deus põe um selo<br />
na mão <strong>de</strong> cada homem, para que o conheçam todos os homens”.<br />
Alguns povos primitivos marcariam com impressões digitais seus<br />
produtos <strong>de</strong> cerâmica. Des<strong>de</strong> o século XII da nossa era, os chineses analfabetos<br />
autenticavam com o <strong>de</strong>do os documentos <strong>de</strong> divórcio. Posteriormente, o ato<br />
se esten<strong>de</strong>u ao assinalamento <strong>de</strong> criminosos e ao dos documentos <strong>de</strong> compra<br />
e venda.<br />
Coréia e Japão também conheciam tal uso.<br />
50
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
João <strong>de</strong> Barros publicava em 1563 um livro que diz em <strong>de</strong>terminado<br />
trecho: “Usam <strong>de</strong>ste modo <strong>de</strong> sinal... por ser natural da pessoa, e mais<br />
certo e verda<strong>de</strong>iro que os artificiais que po<strong>de</strong>m falsificar”.<br />
O inglês Grew, em 1684, apresentou à Real Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Londres<br />
um trabalho em que <strong>de</strong>screvia os <strong>de</strong>senhos papilares da mão.<br />
No Brasil foi instituído o uso da datiloscopia em 1905. Até hoje não<br />
foram encontrados dois indivíduos com os mesmos <strong>de</strong>senhos papilares.<br />
O exame datiloscópico dos <strong>de</strong>dos e da planta dos pés ainda não<br />
está em uso como método <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação ou complementação, a não ser<br />
nos hospitais-maternida<strong>de</strong> que obtém dos recém-nascidos os <strong>de</strong>senhos dos<br />
pés para uma perfeita e total i<strong>de</strong>ntificação em suas fichas.<br />
Também não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar passar <strong>de</strong>spercebido que a “orla<br />
<strong>de</strong>ntada” não passa da reprodução do Esquadro formado pelos pés, que unidos<br />
representam o “ziguezague” em círculo que se coloca ao redor do “pavimento<br />
<strong>de</strong> mosaicos”, como um sinal permanente da existência da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />
O Cruzamento dos Braços<br />
O cruzamento dos braços é a segunda postura que o maçom <strong>de</strong>ve<br />
observar <strong>de</strong>ntro da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, para que o braço esquerdo permaneça<br />
junto ao corpo.<br />
Esta postura abrange dois “chakras”, o “Mampura Chakra” e o<br />
“Anahata Chakra”.<br />
Os “Chakras” são “acumuladores e transformadores <strong>de</strong> energia”;<br />
os principais são em nº <strong>de</strong> 7.<br />
Dos que são abrangidos pelo cruzamento dos braços, um está<br />
situado à altura do umbigo e rege a vida vegetativa, por intermédio, do sistema<br />
vago-simpático. Controla a respiração. É o criador do <strong>de</strong>sejo da realização<br />
espiritual.<br />
O segundo situa-se ao nível do coração e rege os sistemas<br />
circulatório-sangüíneo; é o “prânico”. Desperta o amor universal.<br />
As posturas maçônicas <strong>de</strong>vem ser observadas, mas também<br />
conhecidos os seus efeitos.<br />
51
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
O sinal “gutural” controla a função glandular das tireói<strong>de</strong>s e<br />
paratireói<strong>de</strong>s, isto é, domina as emoções. É on<strong>de</strong> se situa outro “chakra” o<br />
“Vishudha Chakra”.<br />
Um sinal “gutural” mal feito importará numa postura, senão inócua,<br />
prejudicial.<br />
O sentar com as pernas abertas e os braços e mãos sem pousar<br />
nos joelhos criará dificulda<strong>de</strong>s.<br />
Dissemos que os principais “Chakras” são sete. Referimo-nos aos<br />
centrais e os <strong>de</strong> mais importância, porque na realida<strong>de</strong> o seu número é quase<br />
infinito.<br />
As glândulas no organismo também são inúmeras, mas as principal<br />
também são sete; hipófise ou pituitária, tirói<strong>de</strong>s, paratireói<strong>de</strong>s, timo, pâncreas,<br />
supra-renais e sexuais, ou gônadas.<br />
O complexo “chakras” e “glândulas” <strong>de</strong>ve ser cuidadosamente<br />
observado e regulado. Se o “chakra” é um centro <strong>de</strong> força, a “glândula” é um<br />
laboratório químico.<br />
A posição do corpo “disciplina”; influi sobremodo na perfeita função<br />
do organismo.<br />
Na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, com o cruzar dos braços, teremos um exercício<br />
apropriado para <strong>de</strong>senvolver os dois “chakras” já referidos que, <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong><br />
com a “individualida<strong>de</strong>” <strong>de</strong> cada um, fornecerão energia suficiente para “doar”<br />
e distribuir” entre todos os participantes da “corrente”. (16)<br />
O cruzar dos braços sobre o peito restringe o volume da respiração,<br />
obrigando a uma respiração mais “curta” e, portanto, mais rápida. Isto<br />
proporcionará maior resistência para a postura que se apresenta um tanto<br />
“sacrificada” e acelerará o curso do sangue na corrente sanguínea.<br />
Os povos orientais cruzam os braços e inclinam o tronco para frente,<br />
em sinal <strong>de</strong> elevado respeito. Na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União inicialmente, haverá um<br />
movimento <strong>de</strong> “vai e vem”, <strong>de</strong> trás para frente, inclinando o corpo, em sinal<br />
<strong>de</strong> respeito ao “Ponto Central”, que é o Livro da Lei que se encontra aberto<br />
pobre o Ara.<br />
________________________________________________________________________________<br />
(16)<br />
O cruzar dos braços constitui no Grau 18 um sinal <strong>de</strong> reconhecimento.<br />
52
Rizzardo da Camino<br />
O Aperto das Mãos<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
As mãos se unem num aperto solene <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> e afeto.<br />
Um simples apertar <strong>de</strong> mãos, consola, alivia, traduz sentimentos.<br />
Foi sempre o gesto das mãos que trouxe cura para os enfermos.<br />
Nenhum ritual se <strong>de</strong>senvolve sem os movimentos a<strong>de</strong>quados das mãos. Jesus<br />
usou muito o toque para as suas curas.<br />
Na “corrente” o estreitar das mãos <strong>de</strong>ve ser forte e sentir através<br />
<strong>de</strong>ste aperto, a passagem <strong>de</strong> energia. Nos cultos, as mãos têm função mística,<br />
seja no gesto <strong>de</strong> uma extrema-unção ou no símbolo <strong>de</strong> uma bênção.<br />
O Aprendiz maçom <strong>de</strong>ve usar suas mãos para <strong>de</strong>sbastar a pedra<br />
bruta, com gestos precisos, posto primários. Paulatinamente, educando-as,<br />
apren<strong>de</strong> a dar a cada mão uma tarefa diferente, usando-as ao mesmo tempo;<br />
com o buril em uma <strong>de</strong>las, na outra o malho, apren<strong>de</strong> a dar forma estética à<br />
obra, até que abandona as ferramentas para <strong>de</strong>dicar-se ao polimento, quando<br />
usará toda arte e paciência.<br />
A energia é transmitida em gran<strong>de</strong> parcela através das mãos, saída<br />
das forças advindas <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r central; aquele que se empenha em “doar”<br />
receberá em proporção maior. Não se trata, apenas, <strong>de</strong> uma “troca”. Não é<br />
uma singela “comunicação”, mas um real contato dinâmico, distribuindo<br />
equilíbrio.<br />
O acumulador não pe<strong>de</strong> tão somente acumular energias, sob pena<br />
<strong>de</strong> explodir. As forças contidas no ser humano não po<strong>de</strong>m ser, apenas,<br />
armazenadas; torna-se preciso distribuí-las para que haja maior produção e<br />
criativida<strong>de</strong>.<br />
O “calor” fraterno se expressa através do aperto das mãos. Entre<br />
nós, os oci<strong>de</strong>ntais, o aperto das mãos traduz um cumprimento, muitas vezes<br />
polido e convencional, <strong>de</strong> respeito e mesmo intimida<strong>de</strong>; contudo há povos<br />
que se cumprimentam <strong>de</strong> modo diverso, até esfregando os próprios narizes<br />
como fazem os esquimós.<br />
Mas na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, aqui ou em qualquer lugar, haverá o<br />
aperto <strong>de</strong> mãos traduzindo a distribuição <strong>de</strong> energia e o sentimento <strong>de</strong> <strong>união</strong><br />
fraterna.<br />
53
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Se o toque dos pés produz o primeiro “contato”, o aperto das mãos<br />
ultrapassa o simples toque, porque há um entrelaçamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>dos e uma<br />
função <strong>de</strong> “garras” que afirma os músculos como que exigindo a passagem<br />
<strong>de</strong> “energia”. Para, <strong>de</strong>pois se realizar o terceiro toque imaterial, através da<br />
mente.<br />
Qual o “toque” <strong>de</strong> maior importância? Evi<strong>de</strong>ntemente todos os três,<br />
porque cada um <strong>de</strong>les possui a sua função e executa a sua missão peculiar.<br />
Os três <strong>de</strong>verão atuar uníssonos, por isso a exigência da perfeição.<br />
As mãos “unem” <strong>de</strong> uma forma mais evi<strong>de</strong>nte e serão elas que<br />
formarão a corrente, unindo os elos.<br />
A expressão maçônica <strong>de</strong> que a mão direita não saiba o que a<br />
esquerda faz, na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, assume o seu real significado, pois a mão<br />
direita irá apertar a mão do irmão que está colocado à esquerda e a mão<br />
esquerda a do irmão que está colocado a direita. Sendo a função igual, haverá<br />
porém, distribuição <strong>de</strong> energia para dois pólos totalmente diversos.<br />
Quem po<strong>de</strong>rá medir e pesar a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia dada e recebida,<br />
do irmão da direita ou do irmão da esquerda?<br />
A distribuição não é uniforme e nem o recebimento. A mão direita<br />
não saberá o que a esquerda recebe ou fornece!<br />
A mão traduz po<strong>de</strong>r. Lemos no livre do Êxodo, capítulo 7, versículo<br />
4: “Colocarei a minha mão sobre o Egito”, disse Jeová.<br />
E mais adiante: “Quando Moisés erguia sua mão, os Israelitas<br />
venciam”.<br />
digo...”<br />
E no Livro <strong>de</strong> Deuteronômio (cap. 32:40) “Eu ergo a mão ao Céu, e<br />
O profeta Zacarias (cap. 14:13), assim <strong>de</strong>screve o Reino universal<br />
<strong>de</strong> Jeová: “Naquele dia haverá <strong>de</strong> parte <strong>de</strong> Jeová um gran<strong>de</strong> tumulto<br />
entre eles; pegarão cada um na mão <strong>de</strong> seu próximo...”<br />
O “Messias” fez séria advertência: “E, se tua, mão direita for<br />
ocasião <strong>de</strong> pecado, corta-a e lança-a <strong>de</strong> ti; porque melhor te é perecer<br />
um dos teus membros do que ir todo o teu corpo para o inferno”. (Mateus,<br />
5: 30)<br />
A mão po<strong>de</strong> simbolizar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> física, da pessoa como vemos<br />
na expressão do “Nazareno”: “Mas eis que a mão do meu traidor está<br />
comigo sobre a mesa”. (Lucas 22:1)<br />
54
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
No livro do Apocalipse: “Fez com que todos, pequenos e gran<strong>de</strong>s,<br />
ricos e pobres, livres e escravos, levassem uma marca na mão direita”.<br />
(Cap. 13 :16)<br />
O Salmista canta no salmo 14: “Quem subirá ao mente <strong>de</strong> Jeová?<br />
E quem estará no seu santo lugar? Aquele que é limpo <strong>de</strong> mãos e puro<br />
<strong>de</strong> coração”.<br />
A expressão maçônica “livre e <strong>de</strong> bons costumes” encontra no salmo<br />
acima transcrito toda sua plenitu<strong>de</strong>. “Livre” <strong>de</strong> qualquer mácula, produto <strong>de</strong><br />
obra <strong>de</strong> suas mãos; os “bons costumes” advindos <strong>de</strong> um puro coração!<br />
O profeta Isaías, <strong>de</strong>screvendo a futura felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sião diz:<br />
“Confortai as mãos fracas, e firmai os joelhos que vacilam; dizei aos<br />
tímidos <strong>de</strong> coração: se<strong>de</strong> fortes, não temais”. (Cap. 35:3)<br />
“Sião” é a “corrente” <strong>de</strong>scrita com perfeição, com os seus benéficos<br />
resultados!<br />
A Mente<br />
Paul Brunton escreveu que “o homem, separado <strong>de</strong> sua carne,<br />
converte-se em mente”.<br />
Para po<strong>de</strong>rmos subir além do pensamento e penetrarmos no<br />
Universo, precisamos ser simples “mente”, mesmo que por alguns instantes,<br />
apenas.<br />
Dean Inge assim se expressou: “Des<strong>de</strong> o ponto <strong>de</strong> vista<br />
astronômico somos somente criaturas <strong>de</strong> um dia”.<br />
O tempo é fugaz. Um instante <strong>de</strong>ntro da eternida<strong>de</strong>. O contrário do<br />
tempo é a eternida<strong>de</strong>, como o contrário do movimento é a quietu<strong>de</strong>.<br />
tempo”.<br />
No livro do Apocalipse (capítulo X:7) está, escrito: “Não há mais o<br />
Mahatma Ramalingan, no século XIX, disse: “O tempo é uma<br />
invenção da mente”.<br />
A unificação mental <strong>de</strong>ntro da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União mesmo que dure<br />
uma fração <strong>de</strong> tempo, esse “intervalo místico” será suficiente para criar um<br />
estado <strong>de</strong> consciência superior. O valor não está no tempo, mas no ato.<br />
55
Rizzardo da Camino<br />
56<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Dentro <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>si<strong>de</strong>rato, faz-se necessário preparar as mentes para<br />
que se esvaziem e sejam ocupadas por novos pensamentos a<strong>de</strong>quados ao<br />
momento - para atingir o alvo perseguido.<br />
Para atingir esse esvaziamento, será preciso lançarmos mão <strong>de</strong> um<br />
“mantra”.<br />
“Mantra” é uma expressão hindu, sem tradução em nosso vernáculo,<br />
muito usada para conduzir à meditação e que, trazida, pela tradição da Índia<br />
até nós, executa os mesmos efeitos.<br />
A própria Maçonaria encontra seus “filamentos” na expressão <strong>de</strong><br />
Teillard du Chardin, na lendária Índia, não nas “brumas ou noite do<br />
passado”, mas sim, na “luz do passado!”<br />
“Mantra” é uma palavra criada para um efeito esotérico, uma palavra<br />
sagrada. Uma palavra que tem o dom <strong>de</strong> esvaziar a mente e ao mesmo tempo,<br />
ocupá-la pelo “som” que emite.<br />
Os pensamentos emitem “sons”, isto também é cientificamente<br />
pacífico. O po<strong>de</strong>r do “som” conduz à unificação das mentes. Os yoguis usam<br />
os “mantras” e obtêm toda sorte <strong>de</strong> vantagens.<br />
A meditação, por sua, vez, po<strong>de</strong> ser um estado <strong>de</strong> consciência muito<br />
rápido <strong>de</strong> alcançar. Traz o seu resultado instantâneo, como a oração.<br />
O <strong>de</strong>voto religioso encontra satisfação pelo singelo fato <strong>de</strong> penetrar<br />
em um Templo, ajoelhar-se e rezar.<br />
O que medita, porém, retira-se <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si mesmo e <strong>de</strong>scobre que<br />
seu coração já é o seu lugar sagrado habitado por Deus. Permuta a imagem<br />
material <strong>de</strong> um Deus que anteriormente adorava por uma imagem mental,<br />
que agora adora em sua mente. Substitui a “pedra” por seu próprio coração,<br />
a “escritura” por seu próprio espírito e ao “sacerdote” por seu próprio<br />
pensamento.<br />
A meditação é, portanto, superior à oração, no sentido <strong>de</strong> que o<br />
maçom capaz <strong>de</strong> praticá-la possui uma capacida<strong>de</strong> mental superior porque<br />
já não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da matéria.<br />
A meditação é <strong>de</strong>spertada pelo “som” do “mantra”. Chegado este ao<br />
seu ouvido, <strong>de</strong>sperta a criação <strong>de</strong> uma oração muda.<br />
Ao penetrar na “Alma <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro”, no “Universo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro”, no<br />
“Templo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro”, o maçom encontra o seu verda<strong>de</strong>iro mundo on<strong>de</strong> sentirá<br />
a felicida<strong>de</strong>.
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Imerge num oceano <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong> jamais alcançado sem a meditação.<br />
É evi<strong>de</strong>nte que cada “corrente” “orienta <strong>de</strong> uma forma diferente,<br />
usando métodos todos seus, para que o homem possa entrar em meditação.<br />
A Maçonaria, que não é uma religião, pelo menos no sentido<br />
convencional, criou e estabeleceu seu método <strong>de</strong> meditação, através da prática<br />
da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, fugindo violentamente do convencionalismo e do usual.<br />
O profano não aceita que através do “sussurro” <strong>de</strong> um “mantra”,<br />
possa a pessoa cair em meditação e realizar-se.<br />
válidas.<br />
Se a Maçonaria criou este sistema é porque as suas bases são<br />
O “mantra” maçônico é a “palavra semestral” emitida pela<br />
Autorida<strong>de</strong> Maçônica Superior.<br />
A “palavra semestral”, aparentemente, uma palavra comum que se<br />
altera <strong>de</strong> seis em seis meses, que em si, nada significa.<br />
A função da Autorida<strong>de</strong> Maçônica, inconsciente e administrativa,<br />
emitida com efeitos esotéricos e místicos. Aparentemente ela surge ao acaso,<br />
uma palavra sonora, ligada aos nossos símbolos e linguajar característicos,<br />
mas, na realida<strong>de</strong>, surgida no momento certo, justo e a<strong>de</strong>quado, que concilia<br />
no tempo e espaço as diversificações existentes. É a vonta<strong>de</strong> do Gran<strong>de</strong><br />
Arquiteto do Universo manifestada naquele que foi escolhido para exercer a<br />
autorida<strong>de</strong> maçônica.<br />
O “mantra” ao ser “ouvido” produz o “contato” que <strong>de</strong>sperta na<br />
mente a função meditativa que conduz, por sua vez, ao “Universo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro”<br />
e forma o “milagre” que é <strong>de</strong>sconhecido da maioria dos próprios maçons: a<br />
unificação das mentes dos que participam da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />
Então, <strong>de</strong> “elo” em “elo”, o “mantra” produz seu efeito e, ao retornar<br />
após percorrer a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União <strong>de</strong> um lado e <strong>de</strong> outro, terá cumprido sua<br />
missão mística.<br />
O participante da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União <strong>de</strong>verá preparar-se para receber<br />
o “mantra”.<br />
Não é recomendável que o Venerável Mestre, logo que a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União esteja formada, passe a “Palavra Semestral”, sem uma a<strong>de</strong>quada<br />
preparação.<br />
57
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Deverá sempre esclarecer os efeitos da “Palavra Semestral” e referir<br />
que o “ouvido” <strong>de</strong>ve estar preparado para receber o “som que <strong>de</strong>la emana” e<br />
que este “som” é benéfico porque, penetrando por meio dos nervos sensitivos<br />
no cérebro, beneficia todo o organismo.<br />
Qualquer “mensagem” <strong>de</strong>ve cair em terreno amainado, como suce<strong>de</strong><br />
com a boa semente: terreno ina<strong>de</strong>quado, pedregoso, cheio <strong>de</strong> espinhos e<br />
ervas daninhas, evi<strong>de</strong>ntemente não será propício para a germinação.<br />
Assim é a Palavra do Senhor, a sua Mensagem, resumida em um<br />
“som”, vindo <strong>de</strong> uma palavra ou frase que semestralmente, a maior Autorida<strong>de</strong><br />
Maçônica envia <strong>de</strong> forma escrita.<br />
Ao ser lida a Palavra Semestral, silenciosamente, apenas com os<br />
olhos, vai <strong>de</strong>positada na “memória” sem nada produzir; no momento em que<br />
o Venerável Mestre a “sussurra”, a “Palavra Semestral” ativa-se, cria Vida e<br />
produz o “Som”, mágico, místico e apropriado para criar benefícios.<br />
A Respiração<br />
A preparação para a meditação consiste em um rápido exercício<br />
respiratório, comandada pelo Venerável, para que a inspiração e a<br />
expiração passem a ser ritmadas.<br />
O ritmo é necessário para que o participante, preocupado em<br />
observar o movimento respiratório, “limpe” sua mente, esvaziando-a do<br />
pensamento que a ocupa naquele instante.<br />
58<br />
A respiração, além do mais, “purifica” a mente e todo organismo.<br />
As Sagradas Escrituras nos ensinam que o homem que não<br />
respirasse seria, apenas, um punhado <strong>de</strong> terra inerte, pois o Criador o fez <strong>de</strong><br />
terra e lhe “soprou” no rosto o “sopro” da vida.<br />
Através da respiração, Adão, o homem simbólico, <strong>de</strong>spertou para a<br />
existência terrena.<br />
vida.<br />
Com o primeiro “sopro”, integra-se o recém-nascido no ritmo da<br />
Com o seu inspirar e expirar, entra a sentir fluxo vital em suas<br />
fases alternadamente positiva e negativa, que pulsa <strong>de</strong>ntro em si como corrente<br />
alternada.
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
A vida é uma “ca<strong>de</strong>ia” ininterrupta <strong>de</strong> sopros rítmicos, tiara fora e<br />
para <strong>de</strong>ntro, até que, com o sopro final, o homem “expira”, fechando o elo<br />
final da “corrente”.<br />
Diziam os nossos velhos filósofos:<br />
“Somos feitos <strong>de</strong> terra, <strong>de</strong> sorte que comemos<br />
alimentos sólidos; fomos amassados com água e por isso<br />
bebemos líquidos; o espírito sensibiliza a massa inerte,<br />
portanto respiramos o ar; e com o fogo divino o espírito<br />
anima o conjunto, <strong>de</strong> sorte que este se converte no homem”.<br />
A respiração é <strong>de</strong> capital importância, porque po<strong>de</strong>mos jejuar, nos<br />
abster <strong>de</strong> líquidos, mas respirar, apenas po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fazê-lo por alguns<br />
minutos.<br />
De acordo com a filosofia hindu,<br />
“a cada indivíduo é dado apenas <strong>de</strong>terminado<br />
número <strong>de</strong> respirações para cada encarnação. Aquele que<br />
respira açodada e precipitadamente morre mais <strong>de</strong>pressa,<br />
porque não po<strong>de</strong> respirar mais do que o número prescrito<br />
<strong>de</strong> vezes. Por outro lado, aquele que vive tranqüilamente e<br />
respira <strong>de</strong>vagar economiza a reserva,:<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e tem vida<br />
longa sobre a terra. A gente do Oriente não se excita com<br />
facilida<strong>de</strong>, porque – muito sabiamente – prefere empregar<br />
a existência terrena na busca do progresso espiritual. E<br />
abana a cabeça quando vê os seus irmãos do Oci<strong>de</strong>nte<br />
encurtarem o divino dom da vida com uma ativida<strong>de</strong><br />
febricitante, conseqüentemente um respirar acelerado e<br />
superficial.”<br />
E o esporte? A prática: da Yoga, que: em última análise é um, porque<br />
fortalece e <strong>de</strong>senvolve os músculos, é feita lentamente, para não acelerar a<br />
respiração. Há exercícios <strong>de</strong> hata-yoga que prolongam o, ritmo da respiração<br />
para um minuto.<br />
No mundo civilizado <strong>de</strong> hoje, <strong>de</strong>ntro das cida<strong>de</strong>s gran<strong>de</strong>s, há a<br />
“poluição do ar”, que contamina os nossos pulmões e afeta o nosso organismo<br />
com reflexo na mente.<br />
O homem não tem tempo! O homem corre! O homem respira ácidos!<br />
Pobre do homem!<br />
59
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Mas se o homem apren<strong>de</strong>sse a respirar usando todo volume <strong>de</strong><br />
seus pulmões (usa apenas uma terça parte), fazendo-o lentamente, estaria a<br />
ele assegurada vida mais longa.<br />
A respiração i<strong>de</strong>al é a respiração profunda. Para executá-la <strong>de</strong>ve<br />
ser lenta.<br />
Nós respiramos quinze a vinte vezes por minuto e em cada respiração<br />
inalamos cerca <strong>de</strong> meio litro <strong>de</strong> ar. O ar “residual” que permanece <strong>de</strong>ntro dos<br />
pulmões é cerca <strong>de</strong> um litro e meio.<br />
Para obtermos uma vida saudável, precisamos três litros e meio<br />
em cada inspiração!<br />
Os homens <strong>de</strong> hoje, e muito mais, as mulheres, encontram no cigarro<br />
um meio fatal para encurtar as suas vidas e abrigar enfermida<strong>de</strong>s,<br />
especialmente as dos pulmões, criando ambiente propício ao câncer.<br />
O povo hindu, exemplo <strong>de</strong> povo meditativo, não fuma; não confundir<br />
o “incenso” com o fumo, pois o “incenso” é feito <strong>de</strong> substâncias aromáticas e<br />
é aspirado em ocasiões quase raras, sem que possa causar qualquer prejuízo.<br />
Como vimos no capítulo <strong>de</strong>stinado ao “incenso”, apesar <strong>de</strong> constituir<br />
um “entorpecente”, pouco penetra nos pulmões, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> ser nocivo,<br />
quando aplicado somente nos atos litúrgicos.<br />
Prana<br />
O que respiramos? Prana.Outro termo hindu sem tradução, pois<br />
“prana” não significa propriamente “ar”.<br />
60<br />
No Evangelho escrito por São João, lemos:<br />
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com<br />
Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.<br />
Todas as coisas foram feitas por intermédio <strong>de</strong>le, e sem ele<br />
nada do que foi feito se fez. A vida estava nele, e a vida era<br />
a luz dos homens”.<br />
O “Verbo” <strong>de</strong> São João era o “prana”, ou seja, a essência da vida;<br />
seja sob o aspecto material, como espiritual. Logo, quando respiramos,<br />
precisamos respirar vida! Toda força se, baseia no “prana”; a força da<br />
gravida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> atração, <strong>de</strong> repulsão, <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong>, da radioativida<strong>de</strong>, ou<br />
qualquer outra que possa surgir.
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Sem “prana” não há vida, pois o “prana” é a alma <strong>de</strong> toda força e <strong>de</strong><br />
toda energia.<br />
Sem ser “ar”, está no ar. Sem ser “alimento” está nos alimentos.<br />
Sem ser “água” está na água; sem ser “fogo’’: está no fogo. Sem ser “luz”, está<br />
na luz. Sem ser “luminosida<strong>de</strong>” está na luminosida<strong>de</strong>. Sem ser “vonta<strong>de</strong>”<br />
está na Vonta<strong>de</strong> do Criador.<br />
Ao respirarmos com ritmo, enchendo a<strong>de</strong>quadamente os pulmões,<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, e seu misticismo, estaremos verda<strong>de</strong>iramente<br />
ingerindo “prana”, ou seja, essa força vital <strong>de</strong> que necessitamos para<br />
regularizar todas as células do organismo e mentalizar a presença do Criador.<br />
O “prana” purifica a alma e o pensamento libertando o homem e<br />
tornando-o “livre e <strong>de</strong> bons costumes”, pois não estará ocupando a mente<br />
com pensamentos iníquos.<br />
Em “Hatha Yoga”, o exercício que conduz à meditação <strong>de</strong>nominase<br />
<strong>de</strong> “praianama”.<br />
Portanto, o exercício preparatório, <strong>de</strong>ntro da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União e<br />
antes <strong>de</strong> ser transmitida a “palavra semestral”, tem função e conseqüências<br />
quase que científicas, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seu misticismo.<br />
A função respiratória in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossa vonta<strong>de</strong>, eis que é<br />
constituída <strong>de</strong> movimentos naturais; ao nascermos, nosso primeiro ato é<br />
respirar; porém, a respiração ritmada, para ingerir “prana”, mormente <strong>de</strong>ntro<br />
da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, com a preocupação <strong>de</strong> acompanhar o ritmo geral, faz<br />
com que, o pensamento se fixe no ato respiratório.<br />
Afastados os pensamentos dos problemas que o homem carrega<br />
consigo, há uma libertação <strong>de</strong> células que se mantinham tensas e preocupadas<br />
apenas naqueles pensamentos; com isto, será exercitada uma “higiene mental”<br />
<strong>de</strong> tal forma que os pensamentos a<strong>de</strong>quados ao ato litúrgico surgirão<br />
purificados e indubitavelmente, produzirão os melhores efeitos.<br />
Os Olhos<br />
Ao ser transmitida a “palavra semestral”, o participante da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong><br />
<strong>de</strong> União conservará seus olhos fechados.<br />
61
Rizzardo da Camino<br />
62<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
O olhar é uma das ações do organismo que mais <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>m<br />
energias. O simples olhar para alguém, a leitura, a contemplação da Natureza,<br />
a divagação para a linha do horizonte ou para o infinito estelar, produzem no<br />
organismo um <strong>de</strong>sgaste.<br />
Fechando os olhos, a energia que está fluindo para fora,<br />
permanecerá em <strong>de</strong>pósito e será carregada para a mente. Fechar os olhos<br />
não significa nada enxergar, mas quando cerramos as pálpebras, ainda vemos<br />
muito. A terceira visão não necessita <strong>de</strong> um órgão semelhante aos nossos<br />
olhos.<br />
O que são os nossos olhos senão um aparelho semelhante à máquina<br />
fotográfica? A fotografia é batida, mas só veremos a imagem <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> revelado<br />
o filme. A imagem é fixada na retina, mas só a “veremos” <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> interpretada<br />
pela mente. Logo, quem vê propriamente é a mente.<br />
O excesso <strong>de</strong> visão cansa os olhos, enfraquece-os e obriga o uso <strong>de</strong><br />
lentes. O repouso natural que seria o sono não é mais suficiente, porque o<br />
esforço que fazemos diariamente não po<strong>de</strong> ser compensado por oito ou menos<br />
horas <strong>de</strong> sono.<br />
Mas, se nos <strong>de</strong>temos, fechamos os olhos e meditamos, então<br />
estaremos <strong>de</strong>scansando <strong>de</strong> forma acertada e os benefícios se farão notar.<br />
A “tensão” que a civilização nos impõe como tributo à tecnologia é<br />
um <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> energia. A tensão ocular que passa <strong>de</strong>spercebida enfraquece<br />
todo o organismo.<br />
A meditação disciplinada, praticada diariamente, dirigida para o<br />
propósito <strong>de</strong> recuperar as forças perdidas, é a solução mais racional que se<br />
conhece.<br />
A meditação “instantânea” <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União produz<br />
idênticos efeitos, porque o meditante soma o seu “instante” com o coparticipante,<br />
e o efeito se multiplicará. É a lição da corda dos 81 nós, que se<br />
apresenta resistente a qualquer pressão face o princípio consagrado na<br />
Maçonaria <strong>de</strong> que a “<strong>união</strong> faz a força”.<br />
Os olhos fechados “enxergam” através da mente e não é raro maçons<br />
“verem” manifestações espirituais e vislumbrarem até seres extraterrenos.<br />
Cessando a função <strong>de</strong> um “sentido” os <strong>de</strong>mais recebem forças.<br />
A “terceira visão” somente atua quando as <strong>de</strong>mais cessam.<br />
Os cegos têm do mundo um conceito muito mais lógico e tranqüilo<br />
que o nosso. Sua mente age livremente e se sentem superiores aos que<br />
enxergam.
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Mesmo aquele que suplica uma esmola, porque é cego, está numa<br />
posição superior, acumulando energias e gastando-as em outros setores e<br />
ativida<strong>de</strong>s.<br />
Ainda não chegamos ao pleno conhecimento do porquê <strong>de</strong> cegos<br />
serem vistos com pieda<strong>de</strong>, quando possuem, pela sua cegueira, gran<strong>de</strong><br />
vantagem sobre os que vêem.<br />
Com os olhos fechados, a respiração ritmada, as mentes vazias, a<br />
postura a<strong>de</strong>quada, está o maçom preparado para receber a “palavra semestral”<br />
e transmiti-la ao irmão que está ao seu lado.<br />
A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> Mental<br />
Sobre cada cabeça dos participantes da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União forma-se<br />
uma “auréola” que se entrelaça com as <strong>de</strong>mais, formando uma “ca<strong>de</strong>ia mental”.<br />
Os pintores antigos colocavam ao redor das cabeças dos Santos<br />
um aro dourado, simbolizando a santida<strong>de</strong>.<br />
Essa “auréola”, todos os indivíduos humanos a possuem, ora com<br />
luminosida<strong>de</strong>, ora opaca, sem expressão.<br />
Quanto mais espiritualizada a criatura humana, mais luminosa a<br />
sua “aura”.<br />
Assim, os “elos” mentais formam uma segunda “corrente”, com seu<br />
alto significado espiritual.<br />
Esta segunda <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União torna-se a verda<strong>de</strong>ira <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União, que irradia para toda Fraternida<strong>de</strong> Maçônica os seus benefícios.<br />
Os pintores antigos, ao pintarem os santos, colocavam em torno <strong>de</strong><br />
suas cabeças o “halo” luminoso para expressar a sua “santida<strong>de</strong> mental”; e<br />
ao Cristo, o “halo” envolvia todo o seu corpo.<br />
Leonardo da Vinci pintou a Santa Ceia, criando em torno <strong>de</strong> cada<br />
discípulo uma característica zodiacal, sendo Cristo o símbolo do Sol.<br />
Eram doze os Discípulos e, na mesa, formavam a sua <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União, pois aquilo que nós julgamos não passa <strong>de</strong> uma concepção humana.<br />
63
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Várias vezes os discípulos ro<strong>de</strong>avam a seu Mestre e juntos oraram,<br />
isto é, formaram a sua “corrente”, cujos benefícios eram manifestos, até que,<br />
ao se retirar Jesus, já no horto do Gethsêmani, para meditar após recomendar<br />
a todos que se reunissem em oração, estes caíram em sonolência, <strong>de</strong>ixando<br />
<strong>de</strong> obe<strong>de</strong>cer ao que lhes fora <strong>de</strong>terminado. A “corrente” não se formara e os<br />
resultados foram funestos.<br />
Aquilo que não está escrito, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ter existido; apenas não<br />
houve referência a certos fatos, mas as conclusões surgem pelos fatos ocorridos<br />
e pelo que a tradição nos trouxe.<br />
No tempo do Messias, cuja evangelização durou três anos, muito e<br />
muito suce<strong>de</strong>u; obviamente, um Evangelho <strong>de</strong> poucas páginas não po<strong>de</strong>ria<br />
ter relatado todas as passagens herméticas.<br />
Por outro lado, muitos acontecimentos não podiam ser<br />
compreendidos pelos próprios Discípulos; somente mais tar<strong>de</strong> com o raciocínio<br />
e <strong>de</strong>senvolvimento é que surgiram as interpretações.<br />
Há uma razão para a formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União e esta razão<br />
possui raízes, “filamentos”, ou hermetismo.<br />
O Rosário<br />
Os dicionários o <strong>de</strong>finem como sendo um conjunto <strong>de</strong> contas<br />
enfiadas, que se fazem passar entre os <strong>de</strong>dos, enquanto se vão recitando<br />
Padres-Nossos a Ave-Marias.<br />
O Rosário compõe-se <strong>de</strong> quinze mistérios ou <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> contas<br />
menores que representam as Ave-Marias. Cada conta é precedida <strong>de</strong> uma<br />
maior, que representa o Padre-Nosso.<br />
O Rosário usa-se da seguinte maneira: reza-se um Padre-Nosso e o<br />
Gloria Patri para cada conta mais grossa; para cada conta menor reza-se a<br />
Ave-Maria. Um Rosário compõe-se <strong>de</strong> cinco <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> Ave-Marias separadas<br />
pelo Pater e Gloria Patri; um Rosário compreen<strong>de</strong> três terços.<br />
É obrigatório trazer o Rosário à cinta em certas or<strong>de</strong>ns religiosas,<br />
tais como a dos Dominicanos e as irmãs <strong>de</strong> São Vicente <strong>de</strong> Paulo.<br />
As contas do Rosário são ordinariamente <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira torneada e<br />
escavada e geralmente enfiadas numa “corrente”. Outras religiões usam o<br />
“colar <strong>de</strong> reza”, como os Muçulmanos, que o tem com 99 contas, cada uma<br />
das quais representa um dos atributos do Ser Divino.<br />
64
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Na Índia, quase todas as seitas usam um colar, seja para<br />
simplesmente manuseá-lo, seja para rezar.<br />
Foi São Domingos quem instituiu o uso do Rosário, inspirado na<br />
lenda <strong>de</strong> que por ocasião da batalha <strong>de</strong> Lepanto, quando D. João da Áustria<br />
venceu os turcos em 1571, na cida<strong>de</strong> marítima da Grécia (província da<br />
Arcanânia e Etólia) junto ao estreito <strong>de</strong> Lepanto, apareceu Nossa Senhora<br />
que ofereceu um Rosário como talismã, propiciando, assim, a vitória marítima.<br />
No Museu Real <strong>de</strong> Madrid encontra-se um quadro pintado por Ticiano, quando<br />
este tinha 94 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, reproduzindo a batalha <strong>de</strong> Lepanto.<br />
O culto do Rosário é muito difundido nos paises católicos e muitas<br />
Igrejas são <strong>de</strong>dicadas a N. S. do Rosário. Além <strong>de</strong>sta parte histórica e lendária,<br />
há em torno ao Rosário símbolos que evocam a existência <strong>de</strong> uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />
União já naquele século.<br />
Se tomarmos o círculo, cuja soma dos ângulos internos é <strong>de</strong> 360º e<br />
o multiplicarmos pelos quatro elementos (terra, água, fogo e ar) teremos 1.440<br />
minutos. Igualmente, se multiplicarmos as 24 horas do dia por 60 minutos,<br />
teremos a mesmo resultado.<br />
Ora, dividindo-se os dias do ano, 365, pelos 12 meses, teremos o<br />
grau si<strong>de</strong>ral, ou seja, o mês composto <strong>de</strong> 30 dias. Dividindo-se o mês por 12,<br />
encontramos 2 graus e 30 minutos, que equivalem a 150 minutos. 150<br />
minutos divididos pelos ternários, teremos 50 minutos que correspon<strong>de</strong>m ao<br />
número <strong>de</strong> contas do Rosário.<br />
Se multiplicarmos 12 x 12 x 3, teremos 432 que, acrescidos <strong>de</strong> 7<br />
zeros, segundo a concepção dos hindus, equivale a um dia <strong>de</strong> Brama.<br />
Estes cálculos conduzem à meditação profunda e teremos o Rosário<br />
como “coroamento” espiritual, unidas as suas contas através <strong>de</strong> uma corrente,<br />
para “proteção” da humanida<strong>de</strong>.<br />
Tudo tem sua razão numérica e, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta concepção, vamos<br />
também encontrar que os Salmos <strong>de</strong> David são 150. Como símbolo, o Rosário<br />
encerra admirável lição: é <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União e <strong>de</strong>sempenha função esotérica.<br />
65
Rizzardo da Camino<br />
A Formação I<strong>de</strong>al da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
A Maçonaria “hermética” concebe a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União construída<br />
apenas por doze elementos, dispondo-se os <strong>de</strong>mais em forma <strong>de</strong> triângulo<br />
cujo vértice dirige-se para o oriente.<br />
Os doze maçons serão escolhidos, selecionados ou, simplesmente,<br />
chamados pelo Venerável Mestre.<br />
Consi<strong>de</strong>ra a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União como o “coroamento da obra”, daí a<br />
exigência dos doze elementos que, somados, formam os 78 “arcanos do Tarô”.<br />
Os sacerdotes <strong>de</strong> Memfis, no antigo Egito, possuíam um livro<br />
composto <strong>de</strong> 78 folhas soltas, <strong>de</strong> que a tradição dizia que o seu autor, o mago<br />
Hermes Thot, a tinha escrito, ou antes, gravado, em lâminas <strong>de</strong> ouro.<br />
Esse livro era a chave universal das artes mágicas, a chave da<br />
Cabala e <strong>de</strong> todos os dogmas religiosos.<br />
Cada lâmina ou folha continha uma figura simbólica, um número e<br />
uma letra, e a significação <strong>de</strong>stes elementos constituía os “Arcanos”.<br />
O original <strong>de</strong>ste livro hermético per<strong>de</strong>u-se, mas suas reproduções<br />
se conservam numa coleção <strong>de</strong> cartas, chamadas “Tarô”. Esta chave das<br />
coisas ocultas compõe-se <strong>de</strong> 22 “Arcanos Maiores” e 56 “Arcanos Menores”.<br />
A formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União com número superior a doze, <strong>de</strong>ixa<br />
a <strong>de</strong>scoberto a proteção individual, po<strong>de</strong>ndo os seus componentes “receber”<br />
manifestações estranhas e, mesmo, caírem em transe, apesar <strong>de</strong> isto<br />
raramente acontecer.<br />
O trabalho “i<strong>de</strong>al” <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma Loja Maçônica nem sempre é<br />
possível executar e muito menos será viável numa obra como a presente,<br />
compor um “manual” completo, hermético e ao mesmo tempo ao alcance da<br />
maioria dos maçons que são Aprendizes, como orientação <strong>de</strong>finitiva e completa<br />
para a formação <strong>de</strong> uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />
Para <strong>de</strong>monstrar que, ainda, há muito para ser dito e escrito, é que<br />
fizemos a referência acima, em capítulo à parte. A “Cabala”, o conhecimento<br />
profundo do alfabeto hebraico, a astrologia, o próprio mistério que cerca os<br />
números, são elementos que forçosamente se entrelaçam para o<br />
esclarecimento total do que significa uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />
66
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Isto vem <strong>de</strong>monstrar a relevante importância <strong>de</strong> uma “corrente”<br />
feita <strong>de</strong>ntro dos Templos, “corrente” que emite “luz” no sentido também<br />
material (luz como matéria que se me<strong>de</strong>, pesa, colore, divi<strong>de</strong> etc.) cujos efeitos<br />
penetram no mundo on<strong>de</strong> vivemos, consi<strong>de</strong>rando o mundo como um “ser’’,<br />
isto <strong>de</strong>ntro da concepção filosófica mais recente e ainda não totalmente<br />
<strong>de</strong>finida.<br />
A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União conduz a um caminho sedutor que <strong>de</strong>scortina<br />
novos conhecimentos, daí, ao encerrá-la, inclinam--se os seus componentes,<br />
como reverenciando a “Terra”, sobre a qual os seus pés se firmam em Esquadro<br />
“justo e perfeito”.<br />
Meditemos.<br />
O Compasso<br />
O Compasso é uma das três gran<strong>de</strong>s jóias da Loja, ao lado do Livro<br />
Sagrado e do Esquadro.<br />
medidos.<br />
Representa a Justiça com que os atos dos homens <strong>de</strong>vem ser<br />
É com esta jóia que se traça o Círculo e por isso tem ligação estreita<br />
com a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União que é formada em Círculo.<br />
O Círculo fatalmente possui um centro que é a ponta, representado<br />
na natureza pela linha do Equador e a estrela Polar, lembrando o seu traçado,<br />
o olho que tudo vê.<br />
São os círculos individuais que formam a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União mental,<br />
unindo-se um ao outro.<br />
Por ser o traçado mais perfeito, o círculo representa a Criação do<br />
Universo. A circunferência, a “alma universal”. A humanida<strong>de</strong> o usa como<br />
símbolo <strong>de</strong> <strong>união</strong> entre os sexos: a aliança, que não passa <strong>de</strong> um círculo <strong>de</strong><br />
ouro feito anel.<br />
O povo hebreu comemorava a aliança entre Deus e os homens<br />
através da “circuncisão”, que consistia na retirada do prepúcio, em forma <strong>de</strong><br />
anel.<br />
67
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
A “taça sagrada”, o “cálice” usado em cerimônias maçônicas, estão<br />
construídas simbolizando o circulo (17) .<br />
A Saudação<br />
Finda a cerimônia ritualística da formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, os<br />
maçons, antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfazê-la, cumprimentam-se, apertando as mãos, que<br />
ainda se encontram entrelaçadas, com mais força e por 3 vezes repetem em<br />
voz alta: “saú<strong>de</strong>”, “força” e “<strong>união</strong>”.<br />
São votos solenes. Votos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> física e mental; votos <strong>de</strong> “força”,<br />
no sentido realizado e “<strong>união</strong>” para recordar a finalida<strong>de</strong> da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />
A tríplice proclamação diz respeito às três Luzes da Loja: o Venerável<br />
e os dois Vigilantes.<br />
A “saú<strong>de</strong>” correspon<strong>de</strong> à coluna da “beleza”, a “força” à coluna do<br />
Norte e a “<strong>união</strong>” a Sabedoria que a Coluna do Venerável representa.<br />
A confirmação solene <strong>de</strong> que todos <strong>de</strong>sejam dar o melhor <strong>de</strong> si para<br />
a seu próximo.<br />
E o distribuem <strong>de</strong> forma materializada e pública, proferindo as<br />
palavras, retornando à matéria; após o “giro” dado em sua parte íntima e<br />
espiritual.<br />
Os votos não se dirigem tão-somente aos participante da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong><br />
<strong>de</strong> União; eles ultrapassam os limites da Loja e vão atingir a própria direção<br />
da Obediência.<br />
São “setas” que, disparadas com força, atingem o alvo. Alguém irá<br />
beneficiar-se após a realização <strong>de</strong> uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, benefício nem sempre<br />
manifestado e notado, mas nem por isto inexistente.<br />
Nada se faz em vão na Maçonaria; nada é <strong>de</strong>sperdiçado. Ao findar a<br />
tríplice saudação, comandados pelo Venerável, todos erguem o braço direito<br />
dirigido ao centro qual raios convergindo ao ponto central; e dizem em voz<br />
alta “segredo”! O “segredo” não é o silêncio a respeito dos assuntos maçônicos,<br />
o “segredo” do ato, do místico, do resultado da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />
_<br />
_______________________________________________________________________________<br />
(17)<br />
Vi<strong>de</strong> obra do mesmo Autor: “O Simbolismo do 1° Grau”.<br />
68
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Em Maçonaria não existe o “segredo”, mas a discrição, o sigilo, o<br />
recato e tudo o que não profane os sagrados princípios milenares da<br />
Instituição, para que o vulgo não iniciado não dê interpretação improvisada<br />
e açodada.<br />
A saudação é uma homenagem à Natureza e o agra<strong>de</strong>cimento ao<br />
Gran<strong>de</strong> Arquiteto do Universo pelas dádivas recebidas. Enviando em voz forte<br />
e <strong>de</strong> forma uníssona as nossas melhores vibrações a todos os Irmãos do<br />
Quadro ausentes, aqueles que jamais esquecemos, porque são participantes<br />
vivos <strong>de</strong> nossos trabalhos.<br />
Ninguém se preocupa em enviar saudações e votos aos que já<br />
partiram, por consi<strong>de</strong>rarem, quiçá, um absurdo; porém, neste mundo pleno<br />
<strong>de</strong> mistério, uma disposição benéfica <strong>de</strong> nossa alma há <strong>de</strong> atingir todos aqueles<br />
a quem jamais <strong>de</strong>ixaremos <strong>de</strong> amar; os eternamente ausentes, no conceito<br />
simplista <strong>de</strong> nossas acanhadas concepções.<br />
Erguendo os braços, na separação das mãos unidas, dirigimos nossa<br />
mão direita, <strong>de</strong> forma horizontal, ao centro ao círculo, on<strong>de</strong> ainda, se conserva<br />
aberto o Livro Sagrado.<br />
“Segredo”, dizemos, num <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>spedir e na ânsia sempre<br />
crescente <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rmos penetrar no Verda<strong>de</strong>iro Segredo que o Senhor dos<br />
Senhores encerra em sua Palavra.<br />
O Mestre <strong>de</strong> Cerimônias<br />
Na formação da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União participam o Venerável Mestre,<br />
dando as costas ao Oriente, e o Mestre <strong>de</strong> Cerimônias, colocando-se à frente<br />
do Venerável.Quando o Venerável passa a “Palavra Semestral” aos ouvidos<br />
dos que lhe estão à direita e à esquerda, a palavra chega aos ouvidos do<br />
Mestre <strong>de</strong> Cerimônias.<br />
Se em ambos chega a mesma palavra, obviamente chegou exata,<br />
mas se chega palavra diversa, então o Mestre <strong>de</strong> Cerimônias avisa em voz<br />
alta ao Venerável que a repete.<br />
Chegando certa, o Mestre <strong>de</strong> Cerimônias limita-se a inclinar<br />
levemente a cabeça.<br />
69
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
O hábito do Mestre <strong>de</strong> Cerimônias retirar-se da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União e<br />
repetir a palavra aos ouvidos do Venerável como confirmação, está errado,<br />
pois o seu <strong>de</strong>sligamento interromperá a “corrente” e a sua passagem pelo<br />
centro do Círculo causará abalo espiritual.<br />
Se todas as forças mentais são dirigidas ao centro <strong>de</strong> on<strong>de</strong> retornam<br />
reforçadas, equilibradas a fim <strong>de</strong> serem redistribuídas eqüitativamente, a<br />
interrupção provocada pelo Mestre <strong>de</strong> Cerimônias interromperá o efeito.<br />
Competirá ao Mestre <strong>de</strong> Cerimônias colocar os Irmãos na <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong><br />
<strong>de</strong> União, harmonizando-os.<br />
Como dissemos em capítulo à parte, a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> i<strong>de</strong>al <strong>de</strong>veria comporse<br />
apenas <strong>de</strong> doze elementos, sendo os restantes irmãos colocados em forma<br />
triangular com o vértice para o Oriente.<br />
Cumprirá ao Venerável Mestre escolher os doze elementos e ao<br />
Mestre <strong>de</strong> Cerimônias distribuí-los pela “corrente”.<br />
Terminada a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União, os maçons dispersam-se lentamente,<br />
<strong>de</strong>ixando que o Venerável retorne ao seu trono e as <strong>de</strong>mais Luzes ocupem os<br />
seus lugares. Os que não estiverem ocupando cargos serão os últimos a<br />
saírem da posição em que se encontravam.<br />
Caso a <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União seja formada como fecho da sessão, então<br />
o Venerável se retirará e pela mesma or<strong>de</strong>m os <strong>de</strong>mais membros. Dentro do<br />
Templo não se conversa ou cumprimenta. Na sala dos passos perdidos é o<br />
local apropriado para tanto.<br />
A Comunhão com Deus<br />
A comunhão com Deus é ato espontâneo do homem e se manifesta<br />
freqüentemente em sua vida.<br />
A infância, porque o menino é facilmente conduzido, é um período<br />
em que há uma busca <strong>de</strong> comunhão; a criança sente-se feliz e tranqüila<br />
<strong>de</strong>ntro dos Templos.<br />
Surge o período <strong>de</strong> libertação, quando todo jovem quer ir em direção<br />
ao mundo, livre e bisonho. Ë o tempo do filho pródigo da parábola.<br />
Seu retorno ao lar paterno na maturida<strong>de</strong> faz com que, novamente,<br />
busque a comunhão com Deus, quando se preocupa com o conhecimento e a<br />
evolução.<br />
70
Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Esmorece um pouco, mas se reafirma na velhice, quando se integra<br />
<strong>de</strong>finitivamente à religião.<br />
A comunhão com Deus é o termo final da nossa jornada evolutiva,<br />
a mais alta perfeição do ser humano consi<strong>de</strong>rado em sua plenitu<strong>de</strong>.<br />
Os homens verda<strong>de</strong>iramente felizes foram aqueles que<br />
experimentaram a comunhão com Deus.<br />
A primeira vista, os homens julgam que não po<strong>de</strong>m “servir a dois<br />
senhores”, aos interesses do mundo e à comunhão com Deus.<br />
Deus não exige o sacrifício supremo <strong>de</strong> abandonar as “coisas do<br />
mundo”, porque o homem está no mundo, faz parte <strong>de</strong>le e seria incongruente<br />
se tanto fosse exigido.<br />
Andar na “presença <strong>de</strong> Deus” não é incompatível com uma vida<br />
normalmente humana e com as ativida<strong>de</strong>s profissionais comuns.<br />
Já não po<strong>de</strong>mos conceber a existência <strong>de</strong> homens que se isolam,<br />
se enclausuram, como os antigos monges, habitando cavernas e alimentandose<br />
apenas com o que encontram, sofrendo toda sorte <strong>de</strong> privações. O castigar<br />
o corpo não fortalece o espírito.<br />
A horizontalida<strong>de</strong> da vida não é incompatível com a verticalida<strong>de</strong><br />
espiritual.<br />
O que é um Esquadro, senão o encontro <strong>de</strong>ssas duas linhas, a<br />
horizontal e a vertical?<br />
vertical.<br />
O homem <strong>de</strong>ve buscar o equilíbrio; nem tanto horizontal, nem tanto<br />
O homem meditativo do Oriente exagera na verticalida<strong>de</strong>, ao passo<br />
que o homem oci<strong>de</strong>ntal exagera na horizontalida<strong>de</strong>; faz-se necessário buscar<br />
o meio termo.<br />
Quando o homem <strong>de</strong>scobrir que a Terra, também é um “ser” criado<br />
por Deus, compreen<strong>de</strong>rá quão agradável lhe será amar o mundo.<br />
É obvio que o “ser” Terra não possui as características <strong>de</strong> um ser<br />
vivente <strong>de</strong>ntro da concepção humana do comum a todos os seres viventes.<br />
O afastamento do convencional não significa que <strong>de</strong>vam <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />
existir “seres” diversos da concepção convencional a que estamos habituados.<br />
A Terra, como “ser”, chegando o seu <strong>de</strong>vido tempo, há <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar<br />
e sacudir <strong>de</strong> sua “crosta” o que lhe é prejudicial, numa purificação tão real,<br />
que apenas os homens que com ela possam se i<strong>de</strong>ntificar e comungar, possam<br />
subsistir...<br />
71
Rizzardo da Camino<br />
72<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Nós alar<strong>de</strong>amos a existência <strong>de</strong> um “mundo real”, porque nos<br />
colocamos sobre ele, mas não imaginamos o quão longe estamos <strong>de</strong>le!<br />
Logo, como po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um mundo espiritual<br />
que não vemos?<br />
A intensa comunhão com Deus não tem outra finalida<strong>de</strong> senão a<br />
<strong>de</strong> levar o homem ao ângulo da realida<strong>de</strong> que é suprema “beleza” e inefável<br />
beatitu<strong>de</strong>.<br />
Local mais apropriado para esta comunhão e, portanto, plena<br />
sintonia com Deus, será <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um Templo.<br />
Templo material, ou Templo espiritual, não importa, porque aqui<br />
não existem dimensões. Por mais difícil que pareça, a princípio, essa<br />
submersão no Oceano divino, esse “banho” <strong>de</strong> luz e força em Deus, vale a<br />
pena praticá-la intensamente, ainda que seja apenas durante uma fração <strong>de</strong><br />
minuto.<br />
Para Deus o tempo não conta, porque ele regula e disciplina o tempo.<br />
Dentro do “circuito” <strong>de</strong> uma <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União há “tempo suficiente” para<br />
meditar e submergir nesse Oceano <strong>de</strong> beatitu<strong>de</strong> e divinda<strong>de</strong>.<br />
A comunhão com Deus purifica os pensamentos e o mundo necessita<br />
<strong>de</strong> purificação. Um homem “purificado” em seus pensamentos será um centro<br />
<strong>de</strong> irradiação benéfica para toda Humanida<strong>de</strong>.<br />
O certo é que a ciência, afinal, nos <strong>de</strong>u plena segurança <strong>de</strong> que o<br />
pensamento é matéria.<br />
“Quão bom e agradável é o homem viver em <strong>união</strong>”, porque em<br />
<strong>união</strong> po<strong>de</strong>rá estar em comunhão com Deus.<br />
A mente humana isolada é muito frágil para propiciar o acendimento<br />
<strong>de</strong> uma luz; a energia é pouca, mas se a somarmos, então a lâmpada acen<strong>de</strong>.<br />
O mundo é conjunto. A fraternida<strong>de</strong> conquista a força necessária<br />
para a busca da felicida<strong>de</strong>.<br />
O cultivo do amor fraterno tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formar o esforço<br />
conjunto que há <strong>de</strong> encontrar a fórmula exata para a solução dos múltiplos<br />
problemas humanos.<br />
A redistribuição das forças irá equilibrar a força <strong>de</strong> cada componente<br />
da <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União.<br />
Após o minuto <strong>de</strong> comunhão com Deus, cada ser equilibrado<br />
receberá sua dose igual e exata “eduzida” do próprio homem, <strong>de</strong> “sua vonta<strong>de</strong><br />
divina”, ou na linguagem evangélica, <strong>de</strong> seu Cristo interior.
Rizzardo da Camino<br />
Conclusão<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
O fecho <strong>de</strong> uma obra, mesmo mo<strong>de</strong>sta como a que submetemos á<br />
apreciação dos Irmãos Leitores, <strong>de</strong>verá ser, sempre, o retoque final <strong>de</strong> bom<br />
acabamento para que haja um pouco <strong>de</strong> beleza na realização.<br />
Seríamos injustos para com os Maçons se elogiássemos a Maçonaria<br />
atual, se disséssemos que as Lojas abrigam os homens <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque nos<br />
campos da ciência, arte, da filosofia.<br />
Temos pouco elementos catalisadores e se os mestres são escassos,<br />
obviamente, os discípulos não aparecem.<br />
Não importa que o mundo se apresente em evolução extraordinária;<br />
o que importa para o homem é saber se ele se sente feliz.<br />
A Maçonaria no passado influenciou sobre tudo: política, arte,<br />
religião e mesmo tecnologia.<br />
Construiu catedrais, monumentos que resistem ao tempo e produziu<br />
pensadores e artistas.<br />
Hoje, ela continua imutável nos seus métodos, ciosa em zelar seus<br />
princípios e rituais.<br />
mudou.<br />
Mesmo assim, ela esqueceu um pequeno pormenor: que o homem<br />
O pensamento foi-se ampliando. Quem duvidava da redon<strong>de</strong>za da<br />
terra e que girava em torno <strong>de</strong> si mesma e do Sol, hoje percorre o Universo,<br />
distanciando-se da Terra em busca <strong>de</strong> aventuras cósmicas.<br />
Este é o homem que atualmente freqüenta as Lojas Maçônicas, e<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta nova concepção a Maçonaria vê-se forçada a abandonar o<br />
convencional para proporcionar aos seus membros o ambiente capaz <strong>de</strong> os<br />
atrair.<br />
A freqüência às Lojas Maçônicas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, ainda e sempre, da<br />
mesma condição: proporcionar ao homem a felicida<strong>de</strong>.<br />
Para que a Maçonaria possa exercer influência marcan-te sobre os<br />
Maçons, <strong>de</strong>ve preparar Mestres capazes <strong>de</strong> catalisarem em torno <strong>de</strong> si o<br />
interesse dos seus Aprendizes.<br />
E os Mestres se preparam <strong>de</strong> múltiplas maneiras, <strong>de</strong>ntre as quais,<br />
com escritos como este que estamos apresentando.<br />
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Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
Nada, absolutamente nada <strong>de</strong> novo, dissemos; apenas juntamos<br />
em um só livro aquilo que nos pareceu apropriado em torno <strong>de</strong> um assunto<br />
que julgávamos, no princípio, árido, mas que po<strong>de</strong>rá vir a ser muito mais<br />
enriquecido através das discussões que ele fatalmente propiciará e do que<br />
vier a ser aduzido por maçons mais capazes e ilustrados.<br />
A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União não será a solução para todos os problemas das<br />
Lojas, mas será o ponto <strong>de</strong> partida, ou o “coroamento da obra”, que<br />
proporcionará a todos alguns momentos <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>.<br />
O que o autor almeja e visa alcançar com seu trabalho é comprovar<br />
aos Maçons que <strong>de</strong>vem buscar na “síntese dos símbolos” a “porta” que dê<br />
ingresso no Templo da Sabedoria. Então, o Maçom <strong>de</strong>scobrirá on<strong>de</strong> está a<br />
felicida<strong>de</strong>.<br />
Sem qualquer dúvida, a felicida<strong>de</strong> não se fixa exclusivamente na<br />
esfera espiritual.<br />
Para o homem ser feliz lhe é necessário, também, viver sem<br />
enfermida<strong>de</strong>s: “Mens sana in corpore sano”. Orientamos os Maçons no<br />
sentido <strong>de</strong> “aspirar” Prana, para a renovação do ar que circula em seus<br />
pulmões.<br />
Hoje, o mundo é “químico”; os alimentos que ingerimos encontramse<br />
envenenados dado o complemento à guisa <strong>de</strong> adubo que dão à Terra para<br />
melhor frutificar; o inseticida para exterminar os insetos, muitas vezes úteis<br />
no seu ciclo natural.<br />
O ar que respiramos é poluído; o alimento que ingerimos,<br />
envenenado.<br />
Vamos encontrar, também, outras “poluições”; as sonoras, as<br />
visuais, as olfativas, as tácteis, enfim, os homens se <strong>de</strong>ixaram cercar <strong>de</strong><br />
artificialismo periculoso.<br />
Séculos atrás, a Alquimia surgia promissoramente; hoje esta mesma<br />
Alquimia mata.<br />
A Maçonaria também se preocupa em retornar à época da pureza e<br />
da felicida<strong>de</strong>.<br />
Neste pequeno compêndio, lições primárias, pensamentos simples,<br />
sugestões fáceis, tivemos a preocupação <strong>de</strong> incentivar, pelo menos um pouco,<br />
ao <strong>de</strong>spertar, alertando que o Mundo iniciou uma “corrida” muito perigosa<br />
em direção ao <strong>de</strong>sconhecido e à interrogação.<br />
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Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
A Ecologia, nova ciência que <strong>de</strong>ve atrair os Maçons e <strong>de</strong>vemos ajustar<br />
às nossas “Escadas” simbólicas mais um <strong>de</strong>grau para fixar a <strong>de</strong>fesa da<br />
Natureza.<br />
A <strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União conduz a este <strong>de</strong>spertar, purificando o Maçom<br />
em todos os sentidos.<br />
Que as Lojas; que os Corpos Filosóficos; que todos os Dirigentes e<br />
Obreiros sintam a sua parcela <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>. Recebam, também, os<br />
leitores, este mo<strong>de</strong>sto trabalho com humilda<strong>de</strong> e profunda meditação, pois<br />
nossa mensagem visa atingir espaços vazios para preenchê-los com o bom<br />
senso, a Virtu<strong>de</strong> e o culto à Fraternida<strong>de</strong>.<br />
.·.<br />
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Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
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Rizzardo da Camino<br />
<strong>Ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> União<br />
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