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Feira Artesanato_2019

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06 Sexta-feira, 09 de agosto de <strong>2019</strong> FEIRA DE ARTESANATO/ROMARIAS<br />

> MARTA SILVA CRIOU MAIOR PEÇA ARTESANAL DA MOSTRA DE ARTESANATO DE BARCELOS<br />

“Fiz um Galo de Barcelos<br />

com 3350 rosas feitas à mão”<br />

Trabalha em flores desde<br />

os 14 anos e, este ano,<br />

decidiu fazer a maior<br />

peça de todas, um Galo<br />

de Barcelos. Feito com<br />

3350 rosas feitas à mão e<br />

com quase sete metros<br />

de altura, a peça de<br />

Marta Silva vai estar na<br />

entrada da 37ª Mostra de<br />

<strong>Artesanato</strong> e Cerâmica<br />

de Barcelos de 2 a 15 de<br />

agosto e, depois, quem<br />

sabe…<br />

DANIEL MONTEIRO<br />

“Tinha este projeto em mente<br />

há um ano, mas só em maio<br />

comecei a trabalhar, mas é uma<br />

peça brilhante” começou por desvendar<br />

Marta Silva, artesã de Vilar<br />

de Figos. “A peça é um Galo de<br />

Barcelos que se divide em vários<br />

processos, pois primeiro foi feito<br />

na serralharia, em ferro, depois<br />

foi coberto com uma rede para<br />

Marta Silva, artesã<br />

eu poder fazer a aplicação das flores,<br />

depois tem madeira que faz<br />

o suporte para segurar as patas e<br />

o resto do corpo” explicou. Com<br />

o objetivo de “ser bonito e de ser<br />

uma peça que as pessoas gostem,<br />

que tenha valor e que digam que<br />

em Barcelos também há artesãos<br />

com peças bonitas e que não formas<br />

colocadas num computador”,<br />

Marta Silva garante que o futuro do<br />

galo pode passar por vários locais,<br />

mas a responsabilidade cabe ao<br />

“Município de Barcelos que tem<br />

de olhar para nós, do concelho”.<br />

Contudo, antes de chegar até<br />

aos dias de hoje temos de recuar<br />

quase 30 anos para conhecer<br />

Galo de Barcelos feito de flores artesanais<br />

a história da artesã. “Comecei a<br />

trabalhar nas flores com 14 anos,<br />

para a tradicional Festa das Rosas<br />

de Vilar de Figos e ganhei o<br />

gosto por fazer diferente e procurar<br />

materiais diferentes para<br />

elaborar flores, o gosto de fazer<br />

criação da própria flor natural e<br />

fazer uma criação mais próxima<br />

do natural possível” contou. O<br />

grande salto da altura para a jovem<br />

Marta Silva foi o de criar “ fl o -<br />

res que mesmo chovendo não se<br />

estragassem a arte que nós tínhamos<br />

nas flores, porque as artistas<br />

daquele tempo ficavam sempre<br />

sem as flores, que não davam<br />

para outro ano”, e que acabou por<br />

conseguir, diga-se de passagem.<br />

Para os mais curiosos, fica a<br />

questão de como se consegue fazer<br />

uma peça deste tamanho com<br />

folhas de papel. O que é certo é<br />

que a artesã usa “fitas acetinadas,<br />

rolhas de cortiça, botões, arames<br />

e fio, bem como o recente tape”.<br />

Em termos de expansão, Marta<br />

Silva já chega também a decorar<br />

várias coisas em Vila Nova de<br />

Famalicão, na Póvoa de Varzim e<br />

Vila do Conde, para além da habitual<br />

procissão de Vilar de Figos e<br />

três anos na Mostra de <strong>Artesanato</strong><br />

e Cerâmica de Barcelos. Por último,<br />

a artesã transmitiu a mensagem<br />

que as pessoas “olhem para<br />

um artesão com respeito e que<br />

admirem aquilo que as pessoas<br />

fazem”.<br />

> MANUEL MACEDO, ARTESÃO DE GALEGOS SANTA MARIA ESTÁ NA MOSTRA DE ARTESANATO<br />

“Gosto de retratar os trajes tradicionais e a agricultura”<br />

Participou em todas as edições<br />

da Mostra de <strong>Artesanato</strong> e Cerâmica<br />

de Barcelos e tem visto gente<br />

com muito talento. Com gosto pelo<br />

que é tradicional e pelas minhotas,<br />

Manuel Macedo já trabalha na arte<br />

desde muito novo, tendo-se dedicado<br />

a 100% ao Figurado de Barcelos.<br />

Com gosto pelo tradicional e<br />

pelo Figurado de Barcelos, Manuel<br />

Macedo nasceu no seio de uma família<br />

de barristas. “O meu pai trabalhava<br />

no barro e a minha mãe<br />

também e é irmã da Baraça” relembrou.<br />

Já habituado às andanças,<br />

visto “antigamente trabalhava-se<br />

na roda e depois trabalhei nos<br />

moldes, em formas, em que eu fazia<br />

através de uma fotografia, que<br />

as fábricas entregavam e diziam<br />

o tamanho, para se produzir em<br />

série”. Contudo, ao início Manuel<br />

dedicava-se à venda das feiras no<br />

Porto e em Matosinhos e “lançávamos<br />

aos meses em pavilhões,<br />

porque era um trabalho dos meus<br />

Manuel Macedo, artesão<br />

pais e depois fiquei com ele, mas<br />

tive de abandonar”. Nesse trabalho,<br />

o artesão foi visto ao longo dos<br />

tempos que o Figurado de Barcelos<br />

tinha saída e, numa altura, decidiu<br />

“colocar na montra pecinhas pequeninas”<br />

e vendeu tudo.<br />

Posto isto, começou por deixar<br />

as feiras e dedicou-se a 100% à<br />

cerâmica. “Considero que é uma<br />

arte que se perde, embora haja<br />

pessoas a aparecer interessadas,<br />

a exigência é muita, tanto que<br />

na minha família não vai haver<br />

continuidade, infelizmente”<br />

disse Manuel Macedo. Com muito<br />

admiração pelas suas peças, o<br />

artesão garante que às vezes fica<br />

“bloqueado, mas sento-me e<br />

meia-hora depois começa-me<br />

a surgir coisas e aponto tudo<br />

num caderno, para depois me<br />

basear nisso”. Para o barcelense<br />

a peça que lhe deu mais gozo e<br />

gosto de fazer foi “uma que era<br />

para o meu museu e outra que<br />

que demorou 15 dias a fazer”.<br />

Pensou, na altura, “vou fazer<br />

uma peça à minha maneira e<br />

então fiz um presépio grande”.<br />

Visto ter demorado muito tempo<br />

e estando tudo perfeitinho, era<br />

certo que a peça era mais cara,<br />

tanto que Manuel Macedo nunca<br />

pensou vendê-la. Porém, numa<br />

“feira em Santo Tirso, apareceu<br />

e perguntou-me pela peça, que<br />

a queria para leva-la para um<br />

sítio onde milhões a iriam ver,<br />

o Museu dos Presépios de Fátima,<br />

e logo a vendi por 850€ e,<br />

por isso, é uma peça que me dá<br />

muito gozo, porque fiz tudo à<br />

perfeição e tudo natural”.<br />

Com uma rotina já montada,<br />

Manuel Macedo participou em<br />

cada uma das 37 edições da Mostra<br />

de <strong>Artesanato</strong> e Cerâmica de<br />

Barcelos. Para o artesão, o evento<br />

tem melhorado cada vez mais e<br />

tem “aparecido gente com muito<br />

talento”. Para além do certame do<br />

concelho, o artesão esteve ainda<br />

em Coimbra. Quanto às suas obras,<br />

Manuel vende muitas “minhotas,<br />

porque gosto muito de retratar os<br />

trajes tradicionais, a agricultura,<br />

o que é o antigo e quando as pessoas<br />

vinham a Barcelos e traziam<br />

as coisas à cabeça”. Por último,<br />

Manuel Macedo deixou o pedido a<br />

todos que “comprem e que valorizem<br />

o artesanato”.<br />

DANIEL MONTEIRO

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