O Segundo Messias (Christopher Knight & Robert Lomas)
O Segundo Messias (Christopher Knight & Robert Lomas)
O Segundo Messias (Christopher Knight & Robert Lomas)
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O SEGUNDO MESSIAS<br />
Os Templários, O Sudário de Turim E O<br />
Grande Segredo da Maçonaria<br />
<strong>Christopher</strong> <strong>Knight</strong> & <strong>Robert</strong> <strong>Lomas</strong><br />
Tradução: Fábio Rogério Pedra Cyrino<br />
1997
À minha esposa e nossos três filhos.<br />
R.L.<br />
À minha esposa Susan e nossas três filhas Kathryn, Lucy e Sophie.<br />
C.K.<br />
<strong>Christopher</strong> <strong>Knight</strong> nasceu em 1950 e em 1971 concluiu seus estudos<br />
formando-se em publicidade e desenho gráfico. Ele sempre<br />
demonstrou um forte interesse no comportamento social e no sistema<br />
de crenças tendo por muitos anos atuado como analista de consumo<br />
envolvido no planejamento de novos produtos e suas estratégias de<br />
vendas. Em 1976 tornou-se Maçom e atualmente é presidente de uma<br />
agência de publicidade e marketing.<br />
Dr. <strong>Robert</strong> <strong>Lomas</strong> nasceu em 1947 e graduou-se com honra em<br />
engenharia elétrica, iniciando-se após isso em pesquisas no campo de<br />
física dos estados sólidos. Mais tarde trabalhou no sistema de<br />
direcionamento para os mísseis Cruise e esteve envolvido no<br />
desenvolvimento de computadores pessoais mantendo sempre o seu<br />
interesse sobre história da ciência. Ele atualmente leciona no Centro<br />
de Administração da Universidade de Bradford. Em 1976 tornou-se<br />
Maçom e rapidamente tornou-se um conceituado palestrante sobre a<br />
história da Maçonaria nas Lojas da região de West Yorkshire.<br />
Seu primeiro livro foi o recordista de vendas A Chave de Hiram<br />
publicado em 1996 pela Century Books e publicado no Brasil em 2003<br />
pela Editora Landmark.<br />
Introdução<br />
Índice<br />
1. A Morte de uma Nação<br />
Uma Nova Luz sobre Velhas Crenças.<br />
Os Anos Perdidos.
Conclusão<br />
2. Os Segredos de Rosslyn<br />
Os Nove Cavaleiros.<br />
Um Santuário Templário.<br />
Uma Linha de Conhecimento.<br />
Os Cavaleiros da Cruz Vermelha da Passagem da Babilônia.<br />
Os Segredos das Pedras.<br />
Conclusão<br />
3. A História Perdida da Maçonaria<br />
Os Segredos da Maçonaria.<br />
O Poder e a Glória.<br />
Os Anos Primordiais.<br />
O Primeiro Grão-Mestre da Escócia.<br />
Os Graus Ocultos.<br />
Conclusão<br />
4. O Retorno dos Reis de Deus<br />
Mil Anos de Escuridão.<br />
O Motivo Revelado.<br />
A Hipótese dos Rex Deus.<br />
O Tarô e os Templários.<br />
Conclusão<br />
5. O Santo Graal dos Templários<br />
As Origens do Rei Arthur.<br />
O Significado Oculto.<br />
O Surgimento do Santo Graal.<br />
Conclusão<br />
6. O Nascimento do <strong>Segundo</strong> <strong>Messias</strong><br />
As Últimas Cruzadas.<br />
Os Problemas de Filipe IV.
A Batalha pelas Finanças da Igreja.<br />
Um Papa Francês.<br />
O Último Grão-Mestre dos Templários.<br />
Conclusão<br />
7. O Enigma Feito em Linho<br />
A Fé é Cega.<br />
A História do Sudário.<br />
O que é o Sudário?<br />
Algumas Teorias de Origem.<br />
Uma Imagem fora do Comum.<br />
Reproduzindo a Face<br />
A Evidência em Sangue.<br />
Conclusão<br />
8. O Sangue e as Chamas<br />
A Santa Inquisição.<br />
O Interrogatório no Templo<br />
A Confissão de Jacques de Molay.<br />
A Negação Final.<br />
Conclusão<br />
9. O Culto ao <strong>Segundo</strong> <strong>Messias</strong><br />
Um Tempo para Profecias.<br />
O Mundo Cristão em Necessidade<br />
A Batalha pela Imagem Sagrada<br />
Os Templários Sobrevivem.<br />
Conclusão<br />
10. O Grande Segredo da Maçonaria<br />
Uma Religião para os Rex Deus<br />
Os Rituais Perdidos<br />
O Grande Segredo Reconstruído<br />
Nossas Questões Respondidos
O Fim do Enigma do Sudário<br />
A Topologia do Passado<br />
Apêndice I:<br />
A Linha de Tempo.<br />
Apêndice II:<br />
A Carta de Direitos de Transmissão de J. M. Larmenius.<br />
Apêndice III:<br />
O Processo Químico que Criou a Imagem do Sudário de Turim<br />
O VINHO É FORTE.<br />
UM REI É MAIS FORTE.<br />
AS MULHERES SÃO AINDA MAIS FORTES.<br />
MAS A VERDADE CONQUISTARÁ A TODOS.<br />
- O LIVRO DE ESDRAS -<br />
Agradecimentos<br />
Os autores gostariam de agradecer às seguintes pessoas por sua<br />
ajuda e apoio durante a realização deste livro: Resp. Ir. Alan Atkins,<br />
Resp. Ir. John Barlow; Russell Barnes, Dr. Frank Bartells, Barão Saint<br />
Clair Bonde, Mark Booth, <strong>Robert</strong> Brydon, Reverendo Gerrard Crane,<br />
Reverenda Senhora Pam Crane, Greg Clark, Professor Philip Davies,<br />
Judy Fisken, Resp. Ir. Edgar Harborne, Jacques Huyghebaert, Resp.<br />
Ir. Arthur Issat, Reverendo Hugh Lawrence, Dr. Jack Miller, Dr. Alan<br />
Mills, Dr. Graham Phillips, Bárbara Pickard, Tessa Ransford, Liz<br />
Rowlinson, Dr. Neil Sellors, Ian Sinclair, Niven Sinclair, <strong>Robert</strong> Temple,
Tony Thorne, Roy Vickery, Bridget de Villiers, John Wade, Dr. Tim<br />
Wallace-Murphy, a equipe da Capela de Rosslyn, os mantenedores da<br />
Capela de Rosslyn, a Biblioteca de Poesia Escocesa, o Museu<br />
Nacional de História Natural, a Grande Loja dos Maçons Antigos,<br />
Livres e Aceitos da Escócia.<br />
Nós também gostaríamos especialmente de registrar nossos<br />
agradecimentos ao nosso agente Sr. Bill Hamilton da empresa A. M.<br />
Heath Ltda. por sua valiosa orientação e encorajamento durante a<br />
realização deste livro.<br />
Introdução<br />
Em nosso livro anterior, A Chave de Hiram, nós desvelamos as<br />
origens da Maçonaria que mostraram como os modernos rituais<br />
maçônicos foram desenvolvidos a partir daqueles utilizados pela Igreja<br />
de Jerusalém e mais tarde adotados pelos famosos cruzados da<br />
ordem dos Cavaleiros Templários. Estes monges guerreiros tiveram<br />
uma estranha trajetória que começou com a escavação durante nove<br />
anos nas ruínas do Templo de Herodes, logo após a Primeira Cruzada<br />
e terminou, aproximadamente duzentos anos mais tarde, com a prisão<br />
destes, acusados de heresia.<br />
Nossas descobertas foram controversas, mas bem recebidas por<br />
muitos estudiosos da Bíblia, dos Templários e da Maçonaria, assim<br />
como, por diversos padres católicos.<br />
Nos meses seguintes à publicação, nós encontramos centenas de<br />
Maçons por toda a Inglaterra, Escócia e País de Gales e recebemos<br />
diversos cumprimentos e congratulações por partes destes.<br />
A notável exceção a esta recepção foi a da Grande Loja Unida da<br />
Inglaterra, que nem mesmo agradeceu o envio da cópia do livro que<br />
encaminhamos a eles. A impressão a ser considerada é a de que,<br />
como Maçons, nós havíamos cometido o pecado de conduzir<br />
pesquisas independentes além do ano dourado de 1717 (O ano de
fundação da Grande Loja de Londres, em 24 de junho de 1717). Nós<br />
não transgredimos qualquer regra da Ordem, mas tomamos<br />
conhecimento de uma carta encaminhada pela Grande Loja às<br />
Grandes Lojas Provinciais da Inglaterra e de Gales, fornecendo uma<br />
curta e extremamente desonrosa explicação a respeito de nossas<br />
descobertas.<br />
Mais tarde, o Venerável Mestre de uma famosa Loja maçônica<br />
compareceu a uma de nossas palestras com a intenção de obter<br />
evidências contra nós, mas ao final desta, este nos congratulou,<br />
adquirindo uma cópia de nosso livro e pedindo-nos para autografá-lo.<br />
Continuamos a receber cartas de pessoas de todo mundo, muitas<br />
delas nos fornecendo novas evidências. Alguns Maçons foram<br />
extremamente lisonjeiros: por sua vez, David Sinclair Bouschor, Past<br />
Grão-Mestre de Minessota, foi amável ao dizer:<br />
A Chave de Hiram pode ter iniciado uma reforma no pensamento<br />
cristão e uma reconsideração dos fatos que temos cegamente<br />
aceitado e perpetuado por gerações. Este livro é obrigatório para os<br />
livres pensadores.<br />
Outro norte-americano, um Doutor da Divindade, que tomamos a<br />
liberdade de não citar o nome, escreveu-nos dizendo:<br />
Eu sou um Maçom do grau 32° do Rito Escocês, Venerável Mestre de<br />
minha Loja por três vezes, Artezata de um Capítulo Rosa-Cruz,<br />
membro da Ordem de Amaranth e um membro do Shrine, além de ter<br />
me ordenado ministro na Igreja Batista Reformada. Toda esta<br />
experiência e instrução não me prepararam para o material contido em<br />
seu livro. Se eu não estivesse pesquisando nossas antigas origens e<br />
tivesse a coragem de olhar além dos dogmas estabelecidos, talvez eu<br />
não tivesse terminado a leitura d'A Chave de Hiram, entretanto eu<br />
acredito que suas informações são totalmente aceitáveis. Este livro<br />
me levou a acreditar que talvez haja alguma verdade nas acusações
levantadas contra a Maçonaria e que "somente os altos graus<br />
(superiores) conhecem a verdade".<br />
Este último comentário foi particularmente fascinante, pois, como bem<br />
sabemos, existe somente um grau superior ao 32° grau a qual este<br />
cavalheiro pertence. Poderia haver um segredo tão grande que<br />
somente alguns Maçons conheceriam? Talvez, acreditamos, este<br />
grande segredo tenha sido perdido e agora necessitamos redescobrilos.<br />
A situação era muito intrigante para ser ignorada. Nós sabemos com<br />
certeza que a Maçonaria havia desenvolvido seus rituais a partir<br />
daqueles usados pela Igreja de Jerusalém e pelos Cavaleiros<br />
Templários e parecia certamente que a Grande Loja Unida da<br />
Inglaterra tinha perdido contato com suas próprias origens ou estava<br />
deliberadamente ocultando algum fato muito importante - mesmo para<br />
os seus próprios oficiais. Sua determinação em prevenir discussões a<br />
respeito de qualquer assunto fora de sua doutrina oficial era de fato<br />
muito diferente da posição empregada por outras Grandes Lojas que<br />
nós conhecíamos, sendo que a partir disto que decidimos a<br />
continuidade de nossas pesquisas.<br />
Nós determinamos em nossa busca a solução de seis questões<br />
chaves que apresentamos a seguir:<br />
1. Os rituais maçônicos foram deliberadamente alterados ou<br />
suprimidos?<br />
2. Existe um grande segredo da Maçonaria que foi perdido ou foi<br />
simplesmente escondido?<br />
3. Quem está por trás da formação dos Cavaleiros Templários?<br />
4. Por que os Templários decidiram escavar as ruínas do Templo de<br />
Herodes?<br />
5. Quais eram as crenças que levaram à destruição dos Templários,<br />
através da acusação de heresia?<br />
6. Podem os rituais mais antigos da Maçonaria lançar novas luzes<br />
sobre as origens do Cristianismo?
Nós sabíamos que as perguntas não seriam facilmente respondidas,<br />
mas à medida que nossas pesquisas progrediam, nós descobrimos a<br />
resposta de uma das mais importantes questões que nem sequer<br />
havíamos pensado em formular: qual é a origem definitiva do Sudário<br />
de Turim?<br />
Nós havíamos previamente especulado que poderia ter existido uma<br />
conexão dos Templários com esta relíquia única, mas nós não<br />
estávamos preparados para a magnitude de seu papel na história e a<br />
importância do homem cuja imagem nele está retratada.<br />
1<br />
A Morte de uma Nação<br />
Aquele que controla o passado controla o futuro. Aquele que controla<br />
o presente controla o passado.<br />
George Orwell: 1984.<br />
Uma Nova Luz sobre Velhas Crenças.<br />
Costuma-se dizer que mais informação foi produzida nos últimos trinta<br />
anos que em todos os últimos cinco mil. Graças às modernas técnicas<br />
de investigação e ao advento dos poderosos bancos de dados e<br />
sistemas de buscas, todos nós podemos ter acesso a uma quantidade<br />
enorme de informações. Nós podemos agora entender muito mais<br />
sobre o mundo no qual vivemos, seu passado e seu futuro potencial<br />
do que jamais havíamos sonhado ter sido possível, mesmo há uma<br />
geração atrás.<br />
Grande parte da população tem se acostumado com a idéia de uma<br />
avalanche de inovações sem-fim; todas as coisas, do creme dental<br />
aos motores de carros, tornam-se mais desenvolvidos ano a ano. A<br />
maioria de nós agora acredita que ser novo significa ser melhor,<br />
embora mesmo que novas coisas possam mudar de aparência,
antigas idéias ainda permanecem e as "verdades" que foram postas<br />
em nossas mentes quando crianças permanecem inalteradas. Como<br />
nós sabemos que Colombo descobriu a América? Por que nós<br />
acreditamos que Jesus transformou água em vinho? Nós acreditamos<br />
que nós conhecemos as respostas de ambas as questões porque<br />
alguém nos contou que estas eram assim e nós nunca tivemos<br />
ocasião de alterar estas certezas culturalmente aceitas.<br />
A História nada mais é do que um registro dos eventos passados, um<br />
mero catálogo das crenças preferidas expostas por pessoas com<br />
interesses específicos. Como George Orwell bem observou em seu<br />
romance 1984, a História é sempre escrita pelos vitoriosos e quem<br />
controla a escrita dos livros de História controla o passado. Sem<br />
dúvida alguma, a mais consistente e poderosa força no mundo<br />
ocidental nos últimos dois mil anos tem sido a Igreja Católica Romana<br />
e conseqüentemente a História tem freqüentemente o que ela deseja<br />
que esta seja.<br />
A Igreja tem sido a provedora das 'verdades' culturais ocidentais, mas<br />
quanto mais evidências surgem, mais ela tem admitido que o papado<br />
não é tão infalível quanto uma vez ela proclamou. Por exemplo,<br />
Galileu foi sentenciado a viver aprisionado e sua obra foi queimada<br />
quando argumentou que a Terra movia-se no espaço e somente em<br />
1992 que uma comissão papal reconheceu o erro do Vaticano opor-se<br />
a ele. No século XIX, a teoria da evolução de Charles Darwin foi<br />
vorazmente atacada pela Igreja, mas em 1996 o Vaticano uma vez<br />
mais admitiu que estava errado.<br />
Em tempos passados a Igreja proveu as respostas aos enigmas da<br />
vida quando não havia uma melhor solução, mas à medida que a<br />
ciência avançava as necessidades dos mitos diminuía. Entretanto,<br />
enquanto o Vaticano move-se devagar e cautelosamente quando<br />
repensa o papel da humanidade na criação, quando se refere à<br />
interpretação dos eventos descritos no Novo Testamento ele<br />
simplesmente não se move, apesar das consideráveis e novas<br />
evidências históricas.
Uma boa ilustração de este histórico poder ocorreu em Novembro<br />
de 1996 quando o Papa João Paulo II encontrou-se com o Arcebispo<br />
de Canterbury, o chefe da Igreja da Inglaterra. Neste encontro entre os<br />
dois líderes religiosos, o Papa sentiu ser necessário relembrar aos<br />
ingleses de sua absoluta superioridade ao reafirmar seu status<br />
histórico como o sucessor direto de São Pedro, no qual, como se<br />
costuma dizer, Cristo entronizou sua Igreja.<br />
Esta reivindicação de poder baseada em uma herança direta do<br />
próprio Jesus Cristo, conhecida como 'Sucessão Apostólica', é<br />
baseada em uma versão Católica Romana da história que tem se<br />
tornado amplamente desacreditada na medida em que os modernos<br />
estudiosos reexaminam as circunstâncias da Igreja de Jerusalém. O<br />
peso da evidência agora fortemente indica que Jesus comandou uma<br />
facção inteiramente judaica e que não foi sucedido por Pedro, mas sim<br />
por seu irmão mais jovem, Tiago, o primeiro Bispo de Jerusalém.<br />
O papel de Tiago, o irmão de Jesus, tem sempre sido visto como o de<br />
uma ameaça à Igreja Católica Romana e desde os tempos mais<br />
remotos a Igreja tem controlado a história a fim de remover qualquer<br />
informação a respeito desta figura sumamente importante. Ainda em<br />
1996, o Papa João Paulo II emitiu uma declaração onde afirmava que<br />
Jesus era o filho único de Maria e que, por isso, Tiago não era seu<br />
irmão. O Pontífice realizou esta declaração estranha e completamente<br />
sem fundamento apesar das evidências bíblicas e das várias opiniões<br />
de estudiosos em contrário.<br />
O peso da evidência que agora existe demonstra que mesmo que<br />
Pedro possa ter sido um líder do movimento cristão em Roma entre 42<br />
e 67 d.C., ele certamente não era o líder da Igreja. O líder supremo de<br />
toda a Igreja naqueles dias era Tiago, o irmão de Jesus, o Bispo de<br />
Jerusalém. Nós sabemos que nenhum estudioso da Bíblia duvida<br />
deste fato e S.G.F.Brandon coloca-se mais claramente quando afirma:<br />
... O fato da supremacia da Igreja de Jerusalém e seu caráter<br />
essencialmente judaico emergem claramente de sérias dúvidas e<br />
deste mesmo modo à única liderança de Tiago, o irmão do Senhor.
Tiago foi um refinado sucessor de seu irmão crucificado e apresentouse<br />
como uma forte liderança para a comunidade que conhecemos por<br />
Igreja de Jerusalém e para os judeus da Diáspora (a dispersão pelo<br />
mundo greco-romano), assim como para as comunidades de Efésios,<br />
na Turquia, de Alexandria e da própria Roma.<br />
Três anos após a morte de Jesus, Paulo, um judeu da Diáspora,<br />
natural da cidade do sudeste da Turquia, Tarsos, chegou em Israel.<br />
Devido à falsa história que é difundida atualmente, muitas pessoas<br />
acreditam que este homem chamava-se 'Saulo' enquanto perseguia<br />
os cristãos e que se converteu a 'Paulo' quando repentinamente<br />
tornou-se um cristão após ter ficado cego no caminho de Damasco.<br />
A realidade é um pouco diferente. Para começar, não havia cristãos<br />
àquela época; a Igreja de Jerusalém era judaica e o culto chamado<br />
Cristianismo iniciou-se muitos anos após, a partir de uma concepção<br />
completamente romana. O homem que deu força a esta nova religião<br />
mudou seu nome do hebraico 'Saulo' para o romano 'Paulo' ao tornarse<br />
um cidadão romano quando jovem, pois desejava um nome que<br />
soasse familiar ao seu nome original.<br />
Foi-nos ensinado que Paulo era zeloso pela Lei Judaica e esta o levou<br />
a perseguir a Igreja de Jerusalém, considerando-a uma facção judaica<br />
que não era leal à Lei e, deste modo, deveria ser destruída. Ele<br />
mesmo admitia ter estado envolvido com o apedrejamento de Santo<br />
Estevão, o primeiro mártir cristão. Esta, entretanto, não pode ser vista<br />
como uma questão de sectarismo judaico, uma vez que a Igreja de<br />
Jerusalém liderada por Tiago era completamente judaica e não havia<br />
nenhuma sugestão nesta época de que Jesus não era nada além de<br />
um mártir judeu que havia morrido na tentativa de estabelecer uma<br />
nova regra para seu povo.<br />
Em algum momento, Paulo tornou-se fascinado pela idéia da natureza<br />
sacrifical da morte de Jesus e opôs-se a Tiago por este não aceitar<br />
que seu irmão era um deus. Em sua Epístola aos Gálatas, ele<br />
encontra-se em grande aflição ao apontar que, durante seu período de<br />
conversão, ele encontrava-se completamente independente da Igreja
de Jerusalém ou de qualquer outro agente humano e, deste modo,<br />
coloca suas pitorescas idéias sob a direta intervenção de Deus. Paulo<br />
diz:<br />
Mas, quando aprouve àquele que me reservou desde o seio de minha<br />
mãe e me chamou por sua graça, para revelar seu Filho em minha<br />
pessoa, a fim de que o tornasse conhecido entre os gentios.<br />
As idéias que Paulo gerou e que posteriormente os evangelistas<br />
construíram, vieram unicamente de sua imaginação. O estudioso<br />
cristão, S.G.F.Brandon escreveu:<br />
A frase 'para revelar seu Filho em minha pessoa' é reconhecidamente<br />
curiosa, mas claramente possui um grande significado para os nossos<br />
entendimentos sobre a interpretação pessoal dos propósitos de Deus<br />
para Paulo... Quando cuidadosamente considerada como uma<br />
declaração de fato, as palavras realmente constituem uma tremenda,<br />
mesmo irracional aclamação para qualquer homem desenvolver, mais<br />
especialmente um homem com os antecedentes de Paulo. Elas<br />
significam literalmente que na pessoa de Paulo, Deus revelara seu<br />
Filho para o propósito de Paulo 'difundir o Seu evangelho' entre os<br />
Gentios... O que a declaração de Paulo implica é uma nova revelação<br />
de Seu Filho, para que fosse propiciada uma nova apreensão de<br />
Jesus que era, até o momento, desconhecida na Igreja... A posição<br />
que nós descobrimos então era a de que Paulo é o expoente de uma<br />
interpretação da fé cristã da qual ele mesmo julga como<br />
essencialmente diversa da interpretação que pode ser mais bem<br />
descrita como a tradicional ou a histórica.<br />
Se a avaliação dada por Paulo e seus seguidores é uma distorção das<br />
verdadeiras crenças da Igreja de Jerusalém, a questão permanece:<br />
quais eram suas idéias originais?<br />
Em nosso último livro, nós desenvolvemos um complexo, mas, assim<br />
esperamos, bem razoável argumento de que a Igreja de Jerusalém<br />
utilizava-se de cerimônias de 'ressurreição em vida' para iniciar
pessoas em seus mais altos níveis dentro da comunidade. Nestas<br />
cerimônias o candidato representava uma morte simbólica e era<br />
envolto em um sudário antes de ser ressuscitado, exatamente como<br />
os Maçons hoje em dia. É conhecido através de documentos<br />
contemporâneos, incluindo os Manuscritos do Mar Morto, que era uma<br />
prática normal para os judeus naquele tempo chamar as pessoas de<br />
dentro da facção de 'os vivos' e os de fora de 'os mortos'.<br />
Após estudar a terminologia usada pela população da Jerusalém do<br />
primeiro século, chegamos à conclusão de que não há absolutamente<br />
nenhuma razão para atribuir significados sobrenaturais às ações de<br />
Jesus Cristo. Seus supostos milagres, incluindo-se a 'ressurreição dos<br />
mortos', possa ter sido um simples desentendimento dos vários<br />
eventos mundanos realizados posteriormente por indivíduos que<br />
possuíam um ponto de vista diverso dos judeus. Outras frases malentendidas<br />
incluem termos como 'transformar água em vinho' que<br />
simplesmente significa elevar a população comum a uma posição<br />
mais alta na vida. Hoje, os Maçons ainda utilizavam um ritual de<br />
ressurreição estilizada para elevar o candidato de seu 'sepulcro' de<br />
modo a torná-lo um Mestre Maçom completo e preparado. Esta é<br />
realizada nas trevas, diante de Boaz e Jachin, os dois pilares orientais<br />
que se encontravam na entrada do Templo de Jerusalém.<br />
Após Paulo estar convencido de que possuía uma nova interpretação<br />
da morte de Jesus (baseada em sua má interpretação da terminologia<br />
de Jerusalém), ele sabia que teria problemas com Tiago, o chefe da<br />
Igreja de Jerusalém. Seu embaraço quando da explicação de seu<br />
evangelho a Tiago é visível no segundo capítulo de sua Epístola aos<br />
Gálatas, quando diz:<br />
Subi em virtude de uma revelação e apresentei o Evangelho, que<br />
prego entre os gentios...<br />
Pelo contrário, viram que a mim fora confiada a evangelização dos<br />
gentios, como a Pedro tinha sido confiada a evangelização dos<br />
judeus.
Pois aquele que incentivou Pedro ao apostolado entre os<br />
circuncidados, incentivou também a mim para o dos gentios.<br />
Tiago, Cefas e João, que são considerados as colunas, reconhecendo<br />
a graça que me foi dada, deram as mãos a mim e a Barnabé em sinal<br />
de pleno acordo: nós iríamos aos pagãos e eles aos circuncidados.<br />
Alguns observadores cristãos têm declarado que o 'evangelho dos<br />
gentios' de Paulo era meramente um acordo geográfico, onde Paulo<br />
tomava para si a responsabilidade de pregação aos gentios fora da<br />
nação judaica, mas este é um argumento inconsistente. Em sua<br />
Segunda Epístola aos Coríntios, Paulo claramente alerta para aqueles<br />
que estão pregando 'um outro Jesus' e 'outro espírito', enquanto que<br />
ao mesmo tempo declara à sua audiência para não aceitar qualquer<br />
explicação diferente da sua. Enquanto estamos certos de que Tiago<br />
não aceitava o evangelho pregado por Paulo, alguns estudiosos do<br />
Novo Testamento têm demonstrado evidências de que alguns rabinos<br />
na Palestina realmente aceitavam que era necessário apresentar o<br />
Judaísmo de uma forma diferente que poderia ser apreciada por<br />
aqueles educados nas tradições da cultura greco-romana.<br />
Poucas pessoas tomam a tarefa de ler as descobertas dos estudiosos<br />
bíblicos e deste modo eles permanecem abertos ao dogma padrão da<br />
Igreja Católica que sustenta a visão de Paulo como real, apesar desta<br />
não possuir base na Igreja de Jerusalém. Um desses estudiosos<br />
apresentou a seguinte situação:<br />
O valor que pode ser atribuído à evidência cristã liga-se à razão do<br />
porquê desta literatura ter sido criada e as circunstâncias que deram<br />
origem ao seu nascimento. Inicialmente, entretanto, esta é suspeita,<br />
pois se ressente de provas que agora são sabidas serem impossíveis.<br />
Os Evangelhos demonstram uma crença ou afirmação que proclamam<br />
que Jesus era um ser semi-divino que nasceu violando as leis da<br />
natureza e que venceu a morte. Esta não era a crença dos seguidores<br />
originais de Jesus, nem dele mesmo em suas declarações.
As cartas de Paulo são os documentos mais antigos, cristãos ou não,<br />
a relatar as origens do Cristianismo que chegou aos nossos dias;<br />
ainda assim elas são as menos úteis no estabelecimento de fatos a<br />
respeito de Jesus... É significante que elas demonstram uma marcada<br />
falta de interesse a respeito do Jesus histórico e do<br />
fundador proverbial da fé.<br />
Paulo inventou uma crença herética que é essencialmente não-judaica<br />
e a confronta com uma estrutura teológica que sempre colocou um<br />
abismo absoluto entre Deus e o homem, e o estranho evangelho de<br />
Paulo, criado para os gentios, é completamente sem paralelo em<br />
todos os registros do pensamento judaico. Se estivermos certos de<br />
que o Jesus dos ensinamentos de Paulo era completamente diferente<br />
daquele do de Tiago e da Igreja em Jerusalém, a questão que<br />
precisamos responder é: por que esta forma herética sobreviveu e a<br />
verdadeira Igreja desapareceu?<br />
Para procurar esta resposta é necessário revelar e entender a visão<br />
de Tiago, o irmão de Jesus, que era conhecido como 'o Justo'. É<br />
sabido através dos registros sobreviventes que os judeus da Igreja de<br />
Jerusalém possuíam uma considerável desconfiança em relação aos<br />
judeus da Diáspora e que possuíam pouco ou nenhum interesse na<br />
conversão dos gentios.<br />
Tiago, o Justo, foi Bispo de Jerusalém e havia sido estabelecido como<br />
um sumo sacerdote oficial pelos Zelotes em direta oposição aos sumo<br />
sacerdotes saduceus e boetusianos pró-romanos.<br />
É nos demonstrado no registro fornecido nos capítulos 66 e 70 dos<br />
Reconhecimentos Clementinos que Tiago realizou uma palestra<br />
pública no Templo a respeito da verdadeira doutrina de seu irmão<br />
Jesus, onde os famosos rabino Gamaliel e Caifás o questionavam. A<br />
eloqüência e a lógica de Tiago foram ganhando o total apoio da<br />
audiência convidada quando um inimigo (acreditado por muitos<br />
estudiosos como sendo Paulo) causou uma grande confusão que<br />
resultou no lançamento de Tiago escada a baixo e em sua morte.
Eusébio, um historiador da Igreja do terceiro século, fornece-nos um<br />
registro da morte de Tiago que provem uma versão muito mais<br />
compreensiva do que o breve relato registrado por Josephus. Tiago é<br />
descrito como um asceta de grande popularidade que possuí algumas<br />
curiosas práticas religiosas e que é detido no Templo por Ananias que<br />
convence o Sinédrio de que Tiago havia quebrado a Lei. Lá lhe é feita<br />
uma estranha questão que nenhum estudioso conseguiu entender:<br />
Ó Justo, a quem todos nós somos obrigados a confiar, anuncia-nos o<br />
que é o portão da salvação. (Sha'ar há-yeshu'ah).<br />
Esta faria perfeitamente sentido se Ananias tivesse ouvido os rumores<br />
a respeito do paradigma dos dois pilares gêmeos, que era tão<br />
importante para os Nazoreanos, estes os membros mais antigos da<br />
Igreja de Jerusalém, e desse modo pedisse a Tiago para explicá-lo.<br />
Os pilares gêmeos Boaz e Jachin eram aqueles que se encontravam<br />
lado a lado na entrada do 'Santo dos Santos' - o santuário interior do<br />
Templo de Yahweh - e representavam os messias monárquico e<br />
sacerdotal de Israel. A salvação para o povo judeu somente seria<br />
estabelecida quando ambos os pilares estivessem no lugar - o que<br />
seria requerido para remover a ocupação romana e o controle de suas<br />
marionetes, os Saduceus.<br />
Tiago não poderia explicar suas crenças a estes judeus inferiores e<br />
sendo assim, respondeu com uma declaração que aparentemente não<br />
fazia sentido para seus inquisidores. Eles então atiraram Tiago pela<br />
muralha do Templo, apedrejaram-no e finalmente executaram-no com<br />
um golpe de espada diante do Templo.<br />
A liderança da Igreja de Jerusalém era mais monárquica que<br />
eclesiástica, pois logo após o assassinato de Tiago, em 62 d.C., um<br />
primo de Jesus, Simão, filho de Cleofás, tornou-se o novo líder da<br />
Igreja. Ele também foi mais tarde assassinado; executado pelos<br />
romanos como um pretendente ao trono de David. O fato de ter Jesus<br />
assumido a liderança completa após o assassínio de seu primo João<br />
Batista, seguido por ser irmão Tiago e então pelo próximo membro
homem da família, tem conduzido muitos analistas a observar que a<br />
Igreja de Jerusalém era estruturada como uma monarquia hereditária.<br />
Exatamente como se poderia esperar da linhagem real de David.<br />
Acredita-se que ambos Tiago e Paulo tiveram mortes violentas e<br />
alguns estudiosos têm sugerido que Paulo possa ter sido executado<br />
pelos Zelotes por sua participação no assassínio de Tiago. A questão<br />
que permanece é o porquê da prosperidade da religião de Paulo,<br />
enquanto que a de Tiago desapareceu.<br />
Por que não há nenhuma evidência documental da sobrevivência da<br />
Igreja de Jerusalém?<br />
Nós acreditamos que ela ainda sobrevive até os nossos dias atuais,<br />
mas, do mesmo modo que os Manuscritos do Mar Morto que foram<br />
encontrados em Qumran, os manuscritos da Igreja de Jerusalém<br />
foram escondidos para protegê-lo da contaminação dos gentios. Para<br />
entender o que aconteceu a estes importantes documentos nós<br />
devemos retornar a um terrível período da história judaica.<br />
Os Anos Perdidos<br />
Os cristãos hoje lêem a Bíblia em busca de inspiração nos<br />
ensinamentos de Jesus e de seus seguidores que procuravam<br />
estabelecer o reino dos céus na terra há aproximadamente dois mil<br />
anos. De acordo com a versão da Bíblia do Rei Jaime, todas as<br />
histórias contadas nos quatro Evangelhos concluem-se com a<br />
crucificação e a ressurreição no ano de 33 d.C., embora o ano de 36<br />
d.C. seja a data mais aceita como provável. O Novo Testamento então<br />
passa para a narração contida no Livro dos Atos, em algum ponto em<br />
torno do ano de 62 d.C. Outros livros como os de Timóteo e as<br />
Epístolas de Pedro referem-se aos anos posteriores a 66 d.C., mas a<br />
partir desta data em diante, nada é mencionado até a Primeira<br />
Epístola de João, que é datada do ano de 90 d.C.<br />
Embora os quatro evangelhos do Novo Testamento tratem<br />
exclusivamente do período da vida de Jesus, o mais antigo deles, o de<br />
Marcos, é amplamente aceito como tendo sido copilado de um outro
desconhecido mais antigo, que apresentava uma variedade de<br />
tradições, durante o período compreendido entre os anos de 70 e 80<br />
d.C. Embora ninguém saiba ao certo, acredita-se que Paulo tenha sido<br />
executado em Roma no ano de 65 d.C.<br />
Muitos cristãos quase que certamente nunca repararam nesta lacuna<br />
na cronologia cristã de aproximadamente dez a quinze anos entre os<br />
textos contemporâneos de Paulo e aqueles retrospectivos ao de<br />
Marcos e dos outros autores dos Evangelhos, ainda que estes anos<br />
perdidos sejam de uma importância sem paralelos.<br />
O reino dos céus não chegou como a Igreja de Jerusalém esperava -<br />
mas o reino dos infernos certamente sim.<br />
Por volta de 65 d.C. muitas coisas erradas aconteciam com o país. A<br />
taxação por parte de Roma era excessiva, os oficiais eram<br />
incrivelmente corruptos e em Jerusalém dezoito mil homens perdiam<br />
seus empregos com a conclusão dos trabalhos do Templo.<br />
Descontentes - alguns patriotas, outros nada além de bandoleiros -<br />
coletavam seus próprios tributos sobre a população local no que<br />
poderia ser considerável como 'proteção por meio de extorsão'. A<br />
inquietação crescia quase que diariamente e o historiador Josephus<br />
conta-nos que embora ele possuísse uma pequena simpatia com o<br />
fanatismo político-religioso dos Zelotes e sua disposição em lançar<br />
sua nação em uma guerra sem esperanças contra Roma, ele<br />
acreditava que os romanos eram totalmente insensíveis à cultura<br />
judaica. Um dos exemplos mais inflamatórios dessa insensibilidade foi<br />
empreendido pelo imperador homicida Calígula que possuía uma<br />
estátua sua erigida dentro do Templo em Jerusalém. Naturalmente,<br />
este fato causou uma enorme ofensa aos judeus em toda parte e pode<br />
ter sido um fator que contribuiu no assassinato de Calígula logo após.<br />
Não eram somente os romanos que tornavam a vida difícil; as famílias<br />
sacerdotais-chefes de Jerusalém também instigavam a violência<br />
contra todo aquele que não os agradassem. De acordo com Josephus,<br />
o início do fim ocorreu em Cesárea quando o procurador Gessius<br />
Florus deliberadamente estimulou a população judaica em uma<br />
insurreição na esperança de que seus próprios e recentes delitos não
fossem notados em Roma devido a uma sucessiva desordem. As<br />
notícias de uma rebelião em larga escala em Cesárea rapidamente<br />
espalharam-se por todo o país e os Zelotes de Jerusalém atacaram os<br />
líderes judeus da cidade e as guarnições romanas, massacrando<br />
todos aqueles que poderiam cair em suas mãos. Mesmo os<br />
Samaritanos, que nunca foram muito próximos aos judeus, aliaram-se<br />
aos Zelotes quando a revolta intensificou-se.<br />
As notícias da destruição das guarnições romanas em Jerusalém<br />
tiveram desastrosas conseqüências para os judeus de Cesárea, que<br />
era o quartel-general do procurador. Enraivecidos pela perda de<br />
amigos e familiares em Jerusalém, os soldados romanos iniciaram um<br />
sistemático massacre de toda a população. Como é da natureza da<br />
guerra, este por sua vez revoltou os judeus que imediatamente<br />
atacaram as cidades dos gentios de Filadélfia, Sebonitis, Gerasa,<br />
Pella, Scytópolis, Gabara, Hippos, Kedesa, Ptolemais e Gaba, onde<br />
numerosos gentios pereceram como vítimas do fanatismo judaico.<br />
Os judeus perceberam afinal que seu dia finalmente chegara e,<br />
enquanto não demonstravam haver uma organização central nesta<br />
época, a intensidade de seus ataques aos romanos e a todos os<br />
gentios era tal que a inteira nação parecia ter sido lançada<br />
irresistivelmente em um frenesi de religiosidade exultante. Josephus<br />
registra que o desejo pela batalha estendeu-se a Tiro, a Alexandria e a<br />
diversas cidades da Síria, incluindo Damasco.<br />
À medida que líderes emergiam, eles tomavam conhecimento de que<br />
sua causa era sem esperança, uma vez que era apenas uma questão<br />
de tempo até que Roma enviasse seu poder total para sufocar a frágil<br />
província. Entretanto, os Zelotes não tomaram em armas por<br />
acreditarem que pudessem ser mais fortes que os romanos; sua<br />
motivação era a crença de que Deus proviria um milagre para salvar<br />
seu povo escolhido, do mesmo modo como Ele havia realizado antes<br />
quando os israelitas triunfaram sobre o poder dos egípcios. Tal era<br />
sua fé nos favores de Deus que novas moedas foram lançadas<br />
portando a inscrição: 'O primeiro ano da redenção de Israel'.
Os Zelotes eram inflexíveis, matando qualquer membro do clero que<br />
eles acreditavam estar em oposição a eles. Eles aprisionavam todos<br />
aqueles que não demonstravam força suficiente no apoio a sua causa.<br />
O ataque esperado pelos romanos demorou a vir, mas quando chegou<br />
foi poderosamente desferido. Cestius Gallus entrou na Palestina com<br />
uma forte força de legionários e tropas auxiliares que encontraram<br />
pouca resistência dos judeus desorganizados à medida que<br />
marchavam em direção à Jerusalém. As tropas concentraram seu<br />
ataque na tentativa de romper as muralhas do Templo, quando, sem<br />
nenhuma razão aparente, ele ordenou a retirada de suas tropas antes<br />
do ataque final e moveu-se para a região norte da cidade. Os judeus,<br />
que esperavam os romanos sobre eles a qualquer hora, ficaram<br />
atônitos ao verem os seus inimigos mudarem de idéia diante da<br />
iminente vitória. Inicialmente eles pensaram que fosse um subterfúgio<br />
dentro da estratégia de batalha romana, mas quando eles perceberam<br />
que estes simplesmente tinham se retirado da batalha, os judeus<br />
rejubilaram-se.<br />
Neste ponto faz-se necessário recorrer a um documento que deveria<br />
estar na mente de todo judeu que justamente defendia o Templo de<br />
Yahweh.<br />
Conhecido como A Ascensão de Moisés, este estranho documento<br />
possuí um tema apocalíptico e descreve eventos imaginários como a<br />
ocasião na qual o arcanjo Miguel escavava uma sepultura para Moisés<br />
e o demônio aparecia para reivindicar o corpo, o que foi prontamente<br />
recusado. Acreditava-se que o documento fora escrito anteriormente à<br />
crucificação, mas parece cobrir um período posterior, incluindo-se aí a<br />
Guerra Judaica. Também este se refere a uma misteriosa figura,<br />
conhecida pelo nome de 'Taxo' que exortou seus filhos a morrer a<br />
serem desleais para com sua fé e a partir de suas mortes nós<br />
passaríamos a esperar a intervenção de Deus na batalha para o<br />
estabelecimento de Seu reino. Muitos estudiosos têm identificado a<br />
figura de Taxo com a do Mestre da Retidão descrito nos Manuscritos<br />
do Mar Morto, que identificamos com Tiago, o Bispo de Jerusalém.
A Ascensão de Moisés determina que o reino de Deus será<br />
estabelecido através de uma grande destruição de homens e nações,<br />
mas o triunfo final trará o derradeiro fim ao reino de Satã. Uma<br />
passagem prediz:<br />
E então o Seu reino aparecerá por toda Sua criação.<br />
E então Satã não mais existirá.<br />
E toda a dor partirá com ele...<br />
Pois o Divino levantar-se-á de Seu trono real<br />
E governará a partir de Sua Sagrada Morada.<br />
A 'Sagrada Morada' de Yahweh somente pode se referir ao santuário<br />
interior do Templo, pelo qual os judeus estavam lutando defender. A<br />
passagem continua:<br />
Com indignação e ira sobre o número de Seus filhos...<br />
Pois o Altíssimo surgirá, o único Deus Eterno,<br />
E surgirá para punir os Gentios,<br />
E destruirá todos os seus ídolos,<br />
E deste modo, Israel prosperará.<br />
Este documento registra que aos judeus, ao lutarem sua batalha,<br />
fora requerido que se enterrassem todos os seus manuscritos e<br />
tesouros mais preciosos o mais próximo possível do Santo dos<br />
Santos, onde eles estariam sob a proteção segura de Deus. Nós<br />
estamos certos de que estes itens foram secretamente colocados<br />
embaixo do Templo, pois o 'Manuscrito de Cobre' (assim chamado<br />
devido ao metal onde este fora confeccionado) confirma que estas<br />
instruções foram seguidas.
Este registro em metal demonstra que pelo menos vinte e quatro<br />
manuscritos foram secretamente colocados sob o Templo, incluindo<br />
um outro manuscrito de cobre que contém as mesmas informações do<br />
manuscrito de Qumran - além de outras. Um total de sessenta e uma<br />
localizações codificadas é fornecido onde estes preciosos itens foram<br />
ocultos, sendo que o último registro diz:<br />
No Poço, junto ao norte em um buraco aberto em direção ao norte, e<br />
enterrado em sua entrada: uma cópia deste documento com uma<br />
explicação e suas medidas, bem como um inventário de cada item,<br />
entre outras coisas.<br />
John AlIegro, que cuidadosamente analisou o manuscrito, afirma<br />
sobre seu propósito:
O Manuscrito de Cobre e sua cópia (ou cópias) foram confeccionados<br />
para contar aos sobreviventes judeus da guerra, então em curso, onde<br />
este sagrado material encontrava-se enterrado, pois se qualquer um<br />
deles fossem encontrados, nunca fossem dessacralizados através de<br />
uso profano. Também serviria como um guia para a descoberta do<br />
tesouro, que fora necessário carregar durante a guerra.<br />
A Igreja de Jerusalém havia decidido esconder seus documentos e<br />
consignar seus tesouros a guarda de Deus, durante a primavera do<br />
ano de 68 d.C., mas em Junho do mesmo ano, Qumran foi destruída<br />
pelos romanos. Os judeus tiveram tempo suficiente, antes deles<br />
chegarem, para cortar a maioria de seus manuscritos, de modo a<br />
prevenir que os gentios os lessem. Foi essa atitude que faz com que a<br />
reconstrução dos Manuscritos do Mar Morto seja tão difícil para os<br />
estudiosos modernos. Os mais sagrados dos manuscritos escaparam<br />
de tal tratamento, pois foram colocados sob o Templo para serem<br />
defendidos até o fim.<br />
Os jubilantes defensores de Jerusalém acreditavam, quando os<br />
romanos retiraram-se, que o milagre da fuga dos egípcios havia se<br />
repetido e que Yahweh de algum modo misterioso tinha salvado Seu<br />
santuário sagrado dos inimigos de Seu povo. Certos da convicção de<br />
que a intervenção divina havia triunfado, os judeus perseguiram os<br />
romanos e Josephus registra que eles procuraram matar nada menos<br />
que seis mil soldados das colunas em retirada antes que a legião<br />
escapasse para além das fronteiras da Palestina.<br />
Esta derrota, quando comparada com as perdas similares na Bretanha<br />
e na Armênia, seriamente minaram o prestígio imperial o que levou<br />
provavelmente os judeus a considerarem a guerra como ganha.<br />
Então, na primavera do ano de 67 d.C., um novo oponente conhecido<br />
por Vespasiano ingressou na Palestina com três legiões e um grande<br />
corpo de tropas auxiliares ocupando várias áreas provinciais da nação<br />
judaica antes de atacar a própria Jerusalém. Esta provou ser uma<br />
tarefa mais difícil do que esperada, uma vez que os judeus retiraramse<br />
para as suas cidades fortificadas onde lutaram com uma coragem
fanática que se igualava à disciplina e às ciências militares dos<br />
romanos. Eles infligiram aos romanos enormes perdas, mas<br />
inevitavelmente cidade após cidade caiu e os vingativos atacantes<br />
massacravam a população que sobrevivia às batalhas. Ao término de<br />
um ano, Gabara, Jotapata, Jafa, Tariquéia, Gischalá, Gamala e Jopa<br />
eram cidades fantasmas e os romanos possuíam total controle sobre a<br />
Galiléia, a Samaria e o litoral ocidental da Judéia. No ano seguinte,<br />
Vespasiano continuou com sua estratégia e as cidades de Antipatris,<br />
Lydda, Emaús, Jericó e Adida caíram, deixando as fortalezas de<br />
Herodium, Macário, Massada e Jerusalém ainda para serem<br />
ocupadas.<br />
Inesperadamente, a guerra interrompeu-se neste ponto quando<br />
Vespasiano fora proclamado imperador e uma vez mais os judeus<br />
viram esta mudança na sorte como um ato da intervenção divina.<br />
Entretanto, alguns dias antes da Páscoa, durante a primavera do ano<br />
de 70 d.C., Tito, o filho do imperador, reuniu suas forças fora das<br />
muralhas de Jerusalém para os preparativos do ataque final. Seu<br />
exército era mais forte do que qualquer um que os judeus já tivessem<br />
visto, com quatro legiões e um grande número de auxiliares.<br />
O cerco que se seguiu tem sido descrito como um dos mais terríveis<br />
da História. Os comandantes unificados dos judeus, João de Gischalá<br />
e Simão Ben Gorias, conduziram suas forças com grande habilidade,<br />
assim como Tito e seus homens. A cidade não poderia ser tomada em<br />
um simples ataque, pois esta era dividida em três locações defensivas<br />
separadas, conhecidas como a Fortaleza Antônia, o Palácio de<br />
Herodes e o próprio Templo. Isto significava que uma vez que as<br />
muralhas fossem rompidas, as lutas continuariam em espaços<br />
restritos, que era um tipo de conflito que proporcionaria mais às táticas<br />
de guerrilha dos judeus do que as formações de batalha romanas.<br />
Inevitavelmente, os judeus foram recuando até que somente o Templo<br />
permanecesse intocado, sendo a personificação de tudo o que os<br />
judeus desejavam. Eles acreditavam que o pátio exterior do Templo<br />
de fato pudesse ser destruído sob os pés dos gentios, mas que seu
santuário nunca poderia ser tocado, pois Yahweh nunca permitiria a<br />
dessacralização de Sua Sagrada Morada por parte de pagãos.<br />
Nós podemos perceber algo da expectativa dos judeus, à medida que<br />
defendiam sua cidade sagrada, a partir de passagens contidas no<br />
<strong>Segundo</strong> Livro Apócrifo de Esdras, que foi escrito um pouco antes da<br />
queda do Templo. As palavras nos demonstram uma visão da<br />
esperada intervenção messiânica:<br />
E todos eles foram colocados juntos; a rajada de fogo, a brisa<br />
flamejante e a grande tempestade; e caíram com violência sobre a<br />
multidão que estava preparada para lutar e queimaram a todos, e que<br />
foi tão repentino que de multidão inumerável nada foi percebido, a não<br />
ser pó e o odor de fumaça: quando isto eu vi, cobri-me de temor. Ouvi,<br />
vós que sois o Meu amado – disseste o Senhor: contemplai; os dias<br />
de atribulação chegaram, mas Eu o libertarei dos mesmos.<br />
Sabendo em seus corações que a intervenção de Yahweh estava<br />
próxima, eles perceberam que a ação de ter encaminhado seus mais<br />
preciosos manuscritos e seus tesouros para dentro do Templo era a<br />
vontade de Deus. Os maiores segredos dos judeus seriam salvos pelo<br />
próprio Yahweh em pessoa, assim que Ele surgisse para golpear os<br />
Seus inimigos diante dos dois pilares gêmeos na entrada de Sua<br />
sagrada câmara.<br />
Mas Yahweh estava dormindo.<br />
Após uma batalha que durou centro e trinta e nove dias, os<br />
pagãos violentaram o Templo e corromperam seu santuário interior.<br />
Eles incendiaram a casa de Yahweh, mas ainda assim Ele não<br />
respondeu aos clamores de Seu povo, e Seu messias não surgiu,<br />
como muitos esperavam, para destruir os ímpios invasores com o<br />
sopro sagrado de seus pulmões.<br />
A imagem do Templo em chamas levou os judeus remanescentes a<br />
desanimarem, sendo rapidamente massacrados pela ferocidade dos<br />
legionários. A cidade lançava-se em ruínas, seus habitantes mortos.<br />
Os romanos então prosseguiram para destruir as três fortalezas
emanescentes de Herodium, Macário e Massada. A população de<br />
Massada resistiu ainda por três anos até que toda a esperança tivesse<br />
desaparecido e então cometessem suicídio em massa.<br />
Entretanto, mesmo após o Templo ter sido completamente destruído,<br />
Josephus conta-nos que o labirinto subterrâneo de túneis proveu<br />
esconderijos para alguns dos guerreiros judeus:<br />
Este Simão (bar Giora), durante o cerco de Jerusalém, ocupou a<br />
cidade alta; mas enquanto o exército romano ingressava além das<br />
muralhas e saqueava toda a cidade, ele, acompanhado por seus mais<br />
fiéis amigos, entre eles alguns cortadores de pedra, trazendo as<br />
ferramentas necessárias para seu ofício e provisões suficientes para<br />
muitos dias, lançou-se acompanhado por seus partidários dentro das<br />
passagens secretas. Por tanto quanto as antigas escavações<br />
prolongavam-se eles prosseguiram; mas quando eles encontraram<br />
terra sólida, eles começaram a escavar, esperando serem capazes de<br />
prosseguir adiante, emergindo em segurança e deste modo escapar.<br />
Mas a experiência da tarefa provou-se ser esta esperança ilusória; os<br />
mineradores avançaram vagarosamente e com dificuldade e as<br />
provisões, embora centenas, foram rapidamente consumidas. Por<br />
causa disto, Simão, imaginando que pudesse dialogar com os<br />
romanos, criando espanto, vestiu-se com túnicas brancas e<br />
enfeitando-se com um manto púrpuro, surgiu do solo no exato ponto<br />
onde o Templo costumava estar. Os espectadores primeiramente<br />
ficaram assombrados e permaneceram imóveis; posteriormente, eles<br />
se aproximaram e inquiriram sobre quem era ele. Este Simão recusouse<br />
a dizê-lo a não ser a um general. Concordando com isto, eles<br />
prontamente correram para atendê-lo e, Terentius Rufus, que havia<br />
sido deixado no comando da força, apareceu. Ele, após ouvir de<br />
Simão toda a verdade, aprisionou-o e informou a César do modo de<br />
sua captura... Seu surgimento do subterrâneo levou, além disso, à<br />
descoberta durante aqueles dias de um grande número de outros<br />
rebeldes nas passagens subterrâneas. No retorno de César à<br />
Cesárea, Simão foi trazido até ele agrilhoado, e este ordenou que o
prisioneiro fosse mantido para o triunfo que ele estava preparando<br />
para ser celebrado em Roma.<br />
Esta história interessa-nos por numerosas razões. Ela certamente<br />
fornece uma vívida impressão da escala dos labirintos que ainda<br />
devem existir sob as ruínas do Templo e leva-nos a perguntar o que<br />
esses guerreiros estavam fazendo com túnicas brancas e mantos<br />
púrpuras em circunstâncias que os levaram a ingressar nestas<br />
câmaras subterrâneas para escapar da morte iminente.<br />
A única explicação para a presença de túnicas brancas é que estes<br />
últimos combatentes sobreviventes eram Essênios que sempre se<br />
vestiam de branco e que nós os associamos aos Nazoreanos e à<br />
Igreja de Jerusalém. O uso do branco era considerado como um<br />
símbolo de ter passado pelo processo de ressurreição. O fato de eles<br />
possuírem um manto púrpuro com eles é de considerável interesse,<br />
pois tal paramento somente poderia indicar uma conexão real e<br />
pareceria sugerir que o rei dos judeus, na forma de Simão, filho de<br />
Cleofás, tinha sido envolvido na defesa do Templo. Se ele esteve,<br />
certamente escapou, pois é conhecido o registro de que fora<br />
crucificado em uma data posterior pelos romanos.<br />
Quando a guerra terminou, a nação dos judeus simplesmente deixou<br />
de existir e somente uma fé permaneceu: uma fé que tinha perdido a<br />
morada de Deus e sua raison d'être. O Judaísmo encontrou um novo<br />
elo de união no estudo da Lei e na veneração da sinagoga; o livro<br />
talmúdico tomou o lugar do Templo e, por sua vez, tornou-se o<br />
símbolo vivo do espírito da raça de Israel. Os judeus sobreviventes, a<br />
maioria deles da Diáspora (muitos sendo gentios convertidos),<br />
reinventaram-se através de uma versão altamente diluída de sua fé,<br />
uma vez que os judeus radicais haviam desaparecido.<br />
Entre os anos de 66 e 70 d.C., uma enorme parcela da população da<br />
Palestina foi passada a fio da espada. De acordo com os cálculos<br />
realizados a partir dos diversos relatos de Josephus,<br />
aproximadamente 1.350.000 homens, mulheres e crianças foram<br />
massacradas - já o Novo Testamento falha ao fornecer mesmo uma
eve menção do genocídio infligido sobre o povo que é o coração da<br />
história dos cristãos, muitos dos quais devem ter sido<br />
testemunhas oculares do batismo, dos sermões e da crucificação de<br />
Jesus!<br />
Por quê?<br />
Porque os cristãos gentios da Diáspora tendo sido ensinados pelas<br />
estranhas interpretações de Paulo sobre a vida e morte de Jesus, não<br />
tinham mais ninguém para corrigir suas interpretações errôneas. Eles<br />
rejeitavam a circuncisão e logo em seguida deixariam de pensar em si<br />
mesmos como uma facção judaica. Tendo absorvido a história do<br />
'povo escolhido de Deus' como sua herança, eles voltaram suas<br />
costas para a nação dos judeus, mesmo falsamente mantendo-os<br />
responsáveis pelo assassinato de seu próprio messias pertencente à<br />
casa de David.<br />
Os únicos registros detalhados da Guerra dos Judeus são aqueles de<br />
Josephus, um homem que começou na guerra como um líder militar<br />
judeu e terminou-a lutando do outro lado como um soldado romano.<br />
Nenhum registro da guerra sob o ponto de vista da Igreja de<br />
Jerusalém é sabido já ter existido; de fato, todos os seus registros<br />
desapareceram. Muitos estudiosos cristãos têm considerado como<br />
altamente significativo que a Igreja dos gentios instantaneamente<br />
perdesse todo o conhecimento de seus antepassados em Jerusalém:<br />
O fato de que a tradição cristã não tenha preservado nenhum registro<br />
do destino da Igreja Mãe de Jerusalém, a não ser aquelas,<br />
obviamente imprecisas, fornecidas por Eusébio e Epifânio, deve<br />
certamente significar que o que fosse conhecido das passagens<br />
daquela famosa Igreja, nada fosse encontrado que pudesse ser<br />
convenientemente utilizado no crescente gosto pela hagiografia<br />
(veneração dos santos). Tal silêncio, haja vista a antiga e única<br />
autoridade, bem como o prestígio da Igreja de Jerusalém, é<br />
significativo, e, quando visto no contexto do conhecimento que nós<br />
temos descoberto da natureza e da imagem da Cristandade judaica, a<br />
conclusão que surge de modo razoável e necessário é que a Igreja de
Jerusalém caiu junto com a nação judaica na catástrofe do ano 70<br />
d.C..<br />
Deste modo em tão curto espaço de tempo, esta florescente Igreja<br />
Cristã Judaica, com a reverenda companhia dos discípulos e<br />
testemunhas de Jerusalém e seus membros vigorosos nos distritos do<br />
país, foi tão fatalmente massacrada pela destruição da guerra que<br />
esta desapareceu quase completamente da vida da Igreja Católica.<br />
Acreditamos que há uma referência à queda de Jerusalém no Novo<br />
Testamento que usualmente permanece irreconhecível. O Livro das<br />
Revelações contém impenetráveis visões apocalípticas que parecem<br />
ser uma lembrança da destruição de Jerusalém. Ele foi escrito por um<br />
judeu desconhecido convertido ao Cristianismo aproximadamente<br />
quarenta anos após a queda do Templo e descreve a criação da Nova<br />
Jerusalém. No capítulo vinte, o autor visionário descreve como estes<br />
mártires que haviam morrido defendendo Jerusalém da besta (os<br />
romanos) estariam junto a Cristo por mil anos a partir do tempo que<br />
eles fossem ressuscitados. Ao término do primeiro milênio, conta-nos<br />
ele, que o reinado de Cristo e de sua 'amada cidade' seria atacada por<br />
nações ímpias, lideradas por Gog e Magog.<br />
Jerusalém foi arrasada pelos romanos em 70 d.C.; mil anos e<br />
alguns meses após, os turcos seljúcidas chegaram e devastaram a<br />
cidade.<br />
Nós acreditamos que este acurado desempenho de profecia é apenas<br />
uma estranha coincidência, mas, como demonstraremos, os<br />
governantes da Europa medieval certamente a levaram muito a sério.<br />
Conclusão<br />
O papel de Tiago, o irmão de Jesus, foi deliberadamente apagado<br />
pela Igreja Católica Romana e a importância de Pedro e Paulo foi<br />
enfatizada para assegurar que os papas romanos fossem vistos como<br />
tendo uma linha direta de autoridade oriunda diretamente do próprio<br />
Cristo.
Paulo chegou em Jerusalém e proclamou que ele havia<br />
experimentado uma mensagem especial de Deus que lhe dava um<br />
único evangelho que era completamente diferente daquele pregado<br />
por Tiago e outros que tinham conhecido Jesus pessoalmente. Ele<br />
então viajou para fora de Israel e da Judéia para converter os gentios<br />
para sua versão 'revelada' dos eventos que incluíam ocorrências<br />
sobrenaturais. Paulo nunca foi aceito pela Igreja de Jerusalém. Ele<br />
não compreendia a teologia judaica deles e concentrou-se em um<br />
culto voltado para os cidadãos romanos.<br />
Paulo não compreendia o uso da 'ressurreição em vida' utilizada pela<br />
Igreja de Jerusalém e, deste modo, ele e seus seguidores paulinos<br />
erroneamente acreditavam que Jesus fazia com que os mortos<br />
retornassem à vida.<br />
Após o assassinato de Tiago, os judeus ingressaram em uma guerra<br />
contra Roma que resultou na destruição do Templo e de uma grande<br />
proporção da nação judaica, incluindo quase todos aqueles que eram<br />
ligados à Igreja de Jerusalém. Nesta época, por sua vez, Paulo<br />
também estava morto e uma nova safra de cristãos gentios estava<br />
livre para desenvolver um culto que pouco tinha em comum com os<br />
ensinamentos de seus fundadores.<br />
Antes que o Templo fosse destruído, os mais preciosos manuscritos e<br />
tesouros da Igreja de Jerusalém foram enterrados embaixo das ruínas<br />
do Templo de Herodes. A verdade a respeito de Jesus e de seus<br />
rituais secretos permaneceram adormecidas, mas não estavam<br />
perdidas: os Templários eventualmente descobriram os segredos<br />
perdidos.<br />
Nossa próxima tarefa é considerar como os eventos do ano de 70 d.C.<br />
em Jerusalém poderia ser conectados à Maçonaria. Para tal, nós<br />
precisamos procurar mais apuradamente em Rosslyn, a reconstrução<br />
medieval do Templo de Jerusalém construída pelos descendentes dos<br />
Cavaleiros Templários.
2<br />
Os Segredos de Rosslyn<br />
Os Nove Cavaleiros<br />
A pequena vila de Roslin localiza-se a aproximadamente quinze<br />
quilômetros ao sul de Edimburgo através da estrada para Penicuik.<br />
Ela é famosa por três razões: uma fazenda estatal experimental que<br />
tem produzido pares de ovelhas geneticamente clonados; as ruínas de<br />
um castelo que foi destruído pelo Exército dos Roundheads quando a<br />
Guerra Civil Inglesa espalhou-se até a Escócia; e uma não muito usual<br />
capela medieval. A Capela de Rosslyn foi iniciada em 1440 e tem<br />
demonstrado ser o mais antigo monumento que possui claras<br />
conexões com a Maçonaria moderna, os Cavaleiros Templários e a<br />
Jerusalém do primeiro século.<br />
Para compreender Rosslyn nós temos que compreender os Cavaleiros<br />
Templários que eram, sem dúvida, a mais famosa ordem de guerreiros<br />
cristãos surgida no período medieval ou em qualquer outro. Estes<br />
monges guerreiros possuíam uma improvável concepção, uma<br />
existência controversa e um legado espetacular; todas essas<br />
características asseguraram que eles encontrassem seu lugar dentro<br />
de mais de uma lenda. Fatos extraordinários a respeito das façanhas<br />
dos Templários têm produzido todo tipo de românticos e de charlatões<br />
séculos a fora e, devido a isto, diversos estudiosos conceituados<br />
tornam-se imediatamente cépticos a qualquer teoria que mencione<br />
pelo nome.<br />
Do mesmo modo que é completamente verdadeiro que muito de<br />
absurdo tem sido escrito a respeito dos Templários, seria absurdo<br />
admitir que eles eram apenas uma ordem comum que apenas surgiu<br />
para captar a imaginação de um número sem fim de tipos esotéricos.<br />
No mínimo, os Templários seriam qualquer coisa, menos comuns.<br />
De acordo com avaliações aceitas, esta bem sucedida e enorme<br />
ordem surgiu quase que por acidente em 1118, logo após a morte do
primeiro rei cristão de Jerusalém, Balduíno I, e a sucessão por seu<br />
primo, Balduíno lI. Costuma-se dizer que este novo rei foi procurado<br />
por nove Cavaleiros franceses que aparentemente informou-o que<br />
eles desejavam ser voluntários como uma audaciosa força de defesa<br />
para proteger os peregrinos dos bandidos e assassinos que havia nas<br />
estradas da Terra Santa. A história registra que o recém empossado<br />
rei imediatamente alojou-os no sítio do Templo de Salomão e pagou o<br />
seu sustento por nove anos completos. Em 1128, apesar do fato do<br />
grupo nunca ter se afastado do Monte do Templo, eles foram elevados<br />
à categoria de Ordem Santa pelo Papa por seus valorosos serviços na<br />
proteção dos peregrinos por toda uma década. Foi neste ponto<br />
preciso, que eles formalmente adotaram o nome de Ordem dos<br />
Pobres Soldados de Cristo e do Templo de Salomão, ou<br />
simplesmente, 'os Cavaleiros Templários'. Este minúsculo grupo de<br />
homens medievais foi repentinamente posicionado como o exército de<br />
defesa oficial da Igreja Romana na Terra Santa. As hostes sarracenas<br />
devem ter se divertido muito com isto!<br />
As coisas mudaram rapidamente. Dentro de poucos anos, o bando de<br />
maltrapilhos que havia acampado nas ruínas do Templo dos judeus,<br />
miraculosamente transformou-se em uma esplendorosa, fabulosa e<br />
saudável Ordem que se tornaria os banqueiros dos reis da Europa.<br />
Nós realmente acreditamos que os registros dos livros de História<br />
sobre o surgimento dos Cavaleiros Templários eram muito simplórios<br />
e, deste modo, precisávamos descobrir o que realmente ocorreu na<br />
segunda década após a Primeira Cruzada.<br />
Em nosso último livro, chegamos à conclusão de que os Templários<br />
não haviam protegido nenhum peregrino, pois eles gastaram todo o<br />
seu tempo escavando embaixo do Templo arruinado, a procura de<br />
algo, possivelmente o tesouro de Salomão. De fato, outros chegaram<br />
a conclusões similares antes de nós:<br />
A verdadeira tarefa dos nove Cavaleiros era empreender buscas na<br />
área, de modo a obter certas relíquias e manuscritos que contivessem
a essência da tradição secreta do Judaísmo e do antigo Egito, alguns<br />
dos quais provavelmente remontassem à época de Moisés.<br />
* O Exército dos Roundheads era a força militar dos partidários<br />
puritanos de Sir Oliver Cromwell, lorde protetor da Grã Bretanha e<br />
Irlanda, quando da Revolução que depôs a casa real dos Stuart do<br />
trono inglês, em 1649. Cromwell instituiu uma república, baseada nos<br />
conceitos reformadores da Igreja Puritana da Inglaterra,<br />
permanecendo no governo da Grã Bretanha até o ano de 1658. (N. T.)<br />
Em 1894, quase oitocentos anos após os Templários terem iniciado a<br />
escavação sob as ruínas do Templo de Jerusalém, seus túneis<br />
secretos foram novamente sondados, nesta época por um contingente<br />
do exército britânico liderado pelo tenente Charles Wilson, membro<br />
dos Engenheiros Reais. Eles nada descobriram dos tesouros<br />
escondidos pela Igreja de Jerusalém, mas nos túneis cavados séculos<br />
antes, eles encontraram parte de uma espada templária, uma espora,<br />
restos de uma lança e uma pequena cruz templária, Todos esses<br />
artefatos estão agora em poder de <strong>Robert</strong> Brydon, um arquivista<br />
templário na Escócia, cujo avô fora amigo de um certo Capitão Parker<br />
que tomou parte nesta e em outras expedições que escavaram abaixo<br />
do sítio do Templo de Herodes. Em uma correspondência escrita ao<br />
avô de <strong>Robert</strong> Brydon em 1912, Parker relata a descoberta de uma<br />
câmara secreta abaixo do Monte do Templo com uma passagem que<br />
ligava à Mesquita de Omar. Ao surgirem dentro da mesquita, o oficial<br />
do exército britânico teve que fugir dos irados sacerdotes e fiéis para<br />
não morrer.<br />
Não há dúvida de que os Templários de fato realizaram<br />
escavações maiores em Jerusalém e a única questão que nós<br />
precisávamos considerar era: o que os levou a empreenderem tal<br />
enorme projeto e o que precisamente eles descobriram? Quando<br />
estávamos escrevendo nosso último livro, embora estivéssemos<br />
certos em saber o que eles tinham descoberto, nós apenas podíamos<br />
especular que a motivação para toda esta aventura deveria ter sido<br />
uma caça ao tesouro oportunista.
Nós novamente consideramos o mútuo juramento de aliança que os<br />
nove Cavaleiros estabeleceram no início de sua escavação, dez anos<br />
antes que eles se estabelecessem como a Ordem dos Cavaleiros<br />
Templários. Diversos livros sobre os Templários usualmente<br />
estabelecem que o compromisso era uma promessa de 'castidade,<br />
obediência e pobreza' - que soa mais como um voto para monges do<br />
que para um pequeno grupo independente de Cavaleiros. Entretanto,<br />
quando o juramento é analisado em sua origem latina, este é<br />
traduzido por 'castidade, obediência e manutenção de toda<br />
propriedade em comum'.<br />
Existe uma clara diferença entre jurar nada possuir e jurar<br />
compartilhar toda a prosperidade em comum - e prosperidade é o que<br />
eles obtiveram em pouquíssimo tempo!<br />
Nós, entretanto, permanecemos intrigados pela natureza muito<br />
religiosa deste mútuo juramento. Outros observadores têm comentado<br />
sobre isto, pois sabem com certeza que os Templários, de fato, se<br />
tornaram uma ordem de monges guerreiros, mas como estes nove<br />
Cavaleiros saberiam o que ocorreria dez anos mais tarde? Muitas<br />
questões precisavam ser respondidas:<br />
1. Por que eles precisavam abraçar a 'castidade' em uma época em<br />
que os padres católicos romanos não o faziam?<br />
2. Por que um pequeno grupo de homens completamente<br />
independente precisou realizar um juramento de obediência e a quem<br />
eles estavam planejando serem obedientes?<br />
3. Se eles eram meros caçadores de tesouros, por que eles<br />
pretenderiam compartilhar toda a propriedade em comum quando o<br />
método usual seria o de dividir o espólio?<br />
Para responder apropriadamente a estas questões, nós precisaríamos<br />
conhecer um pouco mais a respeito das circunstâncias deste pequeno<br />
grupo de cavaleiros que se reunira em Jerusalém em 1118. Nós
certamente sentimos que algo estava errado aqui e nosso principal<br />
temor era que a verdade pudesse ter se perdido ao longo dos séculos<br />
e que nós nunca esclareceríamos as motivações destes homens.<br />
Nós sentíamos que a conclusão razoável a respeito da segunda<br />
questão sobre a necessidade de 'obediência' fortemente sugeria que<br />
outras pessoas deveriam estar envolvidas e que deveria haver um<br />
plano mais elaborado do que uma simples caça ao tesouro. Os três<br />
votos quando colocados juntos serviam mais aos padres do que aos<br />
Cavaleiros. Nós relembramos rapidamente do estilo de vida dos<br />
homens da comunidade dos Essênios descritos nos Manuscritos do<br />
Mar Morto: uma existência ascética que igualmente aplicava-se aos<br />
líderes da Igreja original de Jerusalém que originalmente havia<br />
enterrado os manuscritos e os tesouros que os Templários<br />
descobriram.<br />
A partir de nossas pesquisas prévias, nós acreditamos que os<br />
manuscritos removidos pelos Templários agora residem abaixo da<br />
Capela de Rosslyn na Escócia.<br />
Um Santuário Templário<br />
A Capela de Rosslyn está protegida por uma pequena estrada lateral<br />
passando por entre duas excelentes estalagens que somente pode ser<br />
notada por aqueles que se aventuram pela vila de Roslin. É difícil ver<br />
muito da edificação à primeira vista, uma vez que ela está obstruída<br />
por árvores e altos muros ao longo do lado norte, mas que<br />
estranhamente proporciona uma rápida visão da parede ocidental com<br />
suas duas bases de colunas no ponto mais alto.<br />
A entrada é realizada através de uma pequena cabana, onde<br />
lembranças podem ser compradas e onde é servido chá com<br />
biscoitos. Assim que se cruza a porta dos fundos da cabana, o<br />
esplendor desta curiosa e única capelinha é imediatamente óbvio e<br />
leva-se nada menos que alguns minutos para se perceber que esta é<br />
nada menos que um texto medieval escrito em pedra.
A proeza artística de William St Clair não é semelhante a nada que<br />
nós já tenhamos visto anteriormente e nunca havíamos nos encantado<br />
tanto com a aura gerada no interior e exterior celestialmente<br />
esculpidos. Como uma obra arquitetônica, ela não é particularmente<br />
graciosa, nem as suas dimensões físicas impressionam, mas mesmo<br />
assim instintivamente sente-se que este é um lugar muito especial.<br />
Nós nada encontramos de cristão nesta assim chamada 'capela', uma<br />
observação que tem sido realizada por muitos observadores<br />
conhecidos por nós, desde então. Há uma estátua de Maria com um<br />
menino Jesus, um batistério com fonte, alguns vitrais com alegorias<br />
cristãs, mas tudo isto são intrusões vitorianas ocorridas quando a<br />
capela foi consagrada pela primeira vez. Estes atos de 'vandalismo'<br />
foram muito significativos, mas mal concebidos, uma vez que eles não<br />
puderam retirar a magnificência anterior da celestial edificação<br />
originariamente esculpida.<br />
Esta construção cuidadosamente planejada não foi somente<br />
construída sem um batistério, ela não possuía nenhum espaço para<br />
um altar em seu lado oriental e uma mesa de madeira hoje em dia<br />
serve para esse propósito no centro de um simples salão. A História<br />
registra que não foi consagrada até que a Rainha Victoria a visitasse e<br />
sugerisse que a mesma fosse transformada em uma igreja.<br />
Construída entre os anos de 1440 e 1490, a estrutura é coberta por<br />
uma combinação de motivos celtas e templários que são<br />
instantaneamente reconhecidos pelos modernos Maçons. Preparados<br />
com um detalhado senso das antigas origens da Maçonaria, nós<br />
começamos a perceber que existem pistas precisas e secretas<br />
impressas na construção da edificação que estabelecem uma ligação<br />
sem qualquer dúvida entre o Templo de Herodes e esta maravilha<br />
medieval.<br />
Há apenas dois salões: um salão principal e uma cripta que é<br />
acessada via uma escadaria no lado oriental. O salão possui quatorze<br />
pilares, doze dos quais são iguais, mas os localizados no sudeste e no<br />
nordeste são únicos, ambos esplendorosamente esculpidos com<br />
diferentes desenhos. Freqüentemente tem sido dito que estes pilares
epresentam aqueles que existiam no átrio interior do Templo de<br />
Jerusalém chamados de Boaz e Jachin, que são hoje em dia muito<br />
importantes para os Maçons.<br />
Um exame mais atento revela-nos que a parede ocidental e a<br />
totalidade do piso foram projetados como uma cópia das ruínas do<br />
Templo de Salomão e a superestrutura acima do pavimento térreo e<br />
além da parede ocidental era uma interpretação da visão sobre a<br />
Jerusalém Celeste feita pelo profeta Ezequiel.<br />
Os pilares principais - Boaz e Jachin - são posicionados precisamente<br />
do mesmo modo que aqueles existentes em Jerusalém. Nós sabíamos<br />
que o ritual do grau maçônico conhecido como Santo Real Arco<br />
descreve a escavação das ruínas do Templo de Salomão e<br />
claramente estabelece que deveriam haver dois esplendorosos pilares<br />
no lado oriental e mais doze de concepção idêntica exatamente como<br />
encontramos em Rosslyn.<br />
Nós, então percebemos, que o layout dos pilares formava um<br />
perfeito tríplice Tau (três formas de 'T' unidos), exatamente como o<br />
descrito no ritual maçônico. Além do mais, de acordo com o grau do<br />
Santo Real Arco, também deveria haver um 'Selo de Salomão'<br />
(idêntico à Estrela de David) fixado ao tríplice Tau e uma inspeção<br />
mais acurada revelou que toda a geometria da edificação era de fato<br />
construída em torno desse desenho.<br />
Quando construiu Rosslyn, William St Clair inseriu estas pistas e<br />
colocou o significado da decodificação deles dentro dos então rituais<br />
secretos do grau do Santo Real Arco. Através do ritual maçônico, ele<br />
explicou anos mais tarde o que ele estava tentando dizer:<br />
O tríplice Tau significa, entre outros significados ocultos, Templum<br />
Hierosolyma - o Templo de Jerusalém. Ele também significa Clavis ad<br />
Thesaurum - uma chave para um tesouro - e Theca ubi res pretiosa<br />
deponitur - Um lugar onde algo precioso está oculto - ou Res ipsa<br />
pretiosa - A própria coisa preciosa.
Esta era uma profunda confirmação de nossa tese de que Rosslyn era<br />
uma reconstrução do Templo de Herodes. Nós imediatamente<br />
imaginamos se este ritual da Maçonaria continha essas palavras para<br />
o único propósito de revelar o significado de Rosslyn ou se Rosslyn<br />
havia sido projetada neste formato para confrontar-se com os<br />
conhecimentos mais antigos? Nesse momento isto não importava,<br />
pois estava claro para nós que William St Clair era o homem que tinha<br />
estado envolvido com ambos. A definição maçônica do 'Selo de<br />
Salomão' segue a seguir:<br />
A Jóia de Companheiro do Real Arco é um triângulo duplo, muitas<br />
vezes chamado de Selo de Salomão, inscrito em um círculo de ouro;<br />
na base há um rolo de pergaminho onde constam as seguintes<br />
palavras Nil nisi clavis deest - Nada é desejada a não ser a chave - e<br />
no círculo aparece escrito, Si tatlia jungere possis sit tibi scire posse -<br />
Se vós pudestes compreender estas coisas, vós conhecestes o<br />
suficiente.<br />
William St Clair havia cuidadosamente escondido esta escrita secreta<br />
dentro dos rituais da Maçonaria, que devem ter existido anteriormente<br />
a 1440. Neste ponto, nós sabíamos que era certo que o arquiteto<br />
deste 'Templo de Yahweh' escocês tinha inserido as suas próprias<br />
definições para estes antigos símbolos para que alguém em um futuro<br />
distante pudesse 'virar a chave' e descobrir os segredos de Rosslyn.<br />
Os nove Cavaleiros originais que cavaram abaixo dos escombros<br />
do Templo de Herodes cuidadosamente mapearam as fundações<br />
abaixo do solo, mas eles não possuíam nenhuma condição de saber<br />
como a principal superestrutura se parecia, exceto pela seção da<br />
parede ocidental que ainda existia de pé aquele tempo. As principais<br />
paredes de Rosslyn equiparavam-se exatamente com a linha de<br />
paredes do Templo de Herodes descobertos pela expedição do<br />
exército britânico liderada pelo tenente Wilson e pelo tenente Warren,<br />
membros dos Engenheiros Reais.
Plano de Rosslyn
Wilson iniciou um levantamento de toda a cidade de Jerusalém para a<br />
padronização do Levantamento de Artilharia em 1865 e, em Fevereiro<br />
de 1867, o tenente Warren chegou para empreender uma escavação<br />
dentro das galerias abaixo da área do Templo. Um dos diversos<br />
diagramas produzidos por Warren Ilustra o grau de dificuldade que<br />
eles encararam e ajuda a explicar o porquê dos Cavaleiros Templários<br />
terem levado nove anos para conduzir suas escavações.<br />
A maior parte da edificação de Rosslyn foi projetada como uma<br />
interpretação da visão de Ezequiel da Jerusalém reconstruída ou<br />
'celeste' com suas muitas torres e pináculos. Uma das partes da<br />
edificação que é claramente diferente é a parede ocidental que foi<br />
construída em proporções maiores. A explicação oficial para esta<br />
escala maior é a de que a própria 'capela' seria somente uma capela<br />
lateral de uma igreja colegiada muito maior. Os atuais guardiões de<br />
Rosslyn admitem que esta explicação é uma suposição, uma vez que<br />
não existem evidências de que esta fosse a intenção de William St<br />
Clair. Certamente, qualquer parede que permanecesse sozinha<br />
poderia ser parte de uma edificação que tenha sido praticamente<br />
demolida. Neste caso há uma terceira opção: de que a parede seja<br />
uma réplica de uma edificação praticamente demolida, deste modo,<br />
nunca haveria uma outra parte - nem atual, nem pretendida.<br />
Inicialmente, parecia ser assim, embora fosse impossível encerrar de<br />
modo conclusivo o debate.<br />
Após a publicação de nosso livro anterior, nós estivemos em contato<br />
com um grande número de pessoas, muitas das quais possuíam<br />
informações para nós ou estavam em posição de oferecer assistência.<br />
Entre estas pessoas encontrava-se Edgar Harborne que é um<br />
conceituado Maçom, sendo um Past Grande Mestre de Cerimônias<br />
Assistente da Grande Loja Unida da Inglaterra.<br />
Edgar é também um estatístico e integrava uma sociedade de<br />
pesquisa na Universidade de Cambridge, onde era patrocinado pelo<br />
Ministro da Defesa para analisar a rendição e os pontos cruciais dos<br />
campos de batalha. Ele foi capaz de confirmar que nossa tese a<br />
respeito da morte de Seqenenre Tao, o rei da décima sétima dinastia
do Antigo Egito, era altamente plausível devido aos ferimentos que<br />
não eram totalmente típicos daqueles encontrados em antigas<br />
batalhas.<br />
Edgar foi perspicaz ao visitar Rosslyn em companhia de seu bom<br />
amigo Dr. Jack Millar que é um diretor de estudos de uma famosa<br />
universidade. Felizmente para nós, Jack é um geólogo de<br />
considerável fama, com aproximadamente duzentas publicações<br />
acadêmicas em seu nome.
No inicio de Agosto de 1996, Edgar e Jack voaram à Edimburgo onde<br />
nós nos encontramos, em uma sexta-feira à tarde, e imediatamente<br />
nos dirigimos para Rosslyn para uma avaliação do terreno como<br />
precursora de uma investigação de solo mais profunda. Lá, nós nos<br />
encontramos com Stuart Beattie, o diretor de projeto de Rosslyn, que<br />
gentilmente nos abriu o edifício. Edgar e Jack passaram algumas<br />
horas absortos pela beleza e complexidade da obra de arte,e então<br />
nos retiramos para o hotel para discutir nosso plano de ação para o<br />
dia seguinte. Ambos os homens estavam muito excitados e todos nós<br />
conversamos muito sobre o que havíamos visto. Entretanto, Jack<br />
esperou até o café da manhã do dia seguinte para nos contar que ele<br />
havia notado algo sobre a parede ocidental que ele acreditava que<br />
acharíamos interessante. Quando nós retornamos a Rosslyn ele nos<br />
explicou. .<br />
'Este debate sobre se a parede ocidental é uma réplica de uma ruína<br />
ou uma seção inacabada de uma edificação muito maior...', disse<br />
Jack, apontando para o lado do noroeste. 'Bem, há somente uma<br />
única possibilidade - e eu posso assegurar-lhes que vocês estão<br />
corretos. Aquela parede ocidental é um disparate'.<br />
Nós ouvimos atentamente as razões que poderiam provar os nossos<br />
argumentos. 'Há duas razões do porquê de eu poder assegurar que<br />
isto é um disparate. Inicialmente, enquanto aqueles suportes possuem<br />
uma integridade visual, os mesmos não possuem nenhuma<br />
integridade estrutural; a cantaria não está presa completamente à<br />
seção central principal. Qualquer tentativa de construir além teria<br />
resultado em um colapso estrutural... E o povo que construiu esta<br />
'capela' não era tolo. Eles simplesmente nunca pretenderam ir além'.<br />
Nós olhamos para onde Jack estava apontando e pudemos ver que<br />
ele estava absolutamente certo.<br />
Ele continuou: 'Ainda mais, venham até aqui e dêem uma olhada nas<br />
pedras de canto'. Jack andou até o canto e nós o seguimos, de modo<br />
que todos estivéssemos diante das desiguais paredes arruinadas que<br />
possuíam pedras projetando-se na direção do ocidente. 'Se os<br />
construtores tivessem interrompido o trabalho por causa da falta de
dinheiro ou apenas para completarem posteriormente, eles teriam<br />
deixado um trabalho de cantaria perfeitamente esquadrinhado, mas<br />
estas pedras tinham sido deliberadamente trabalhadas para aparentar<br />
estarem danificadas - exatamente como uma ruína. Estas pedras não<br />
foram expostas às intempéries como aquela... Elas foram cortadas<br />
para parecerem com uma parede arruinada'.<br />
A explicação de Jack foi brilhantemente simples.<br />
No início daquele ano, nós havíamos trazido o Professor Philip<br />
Davies, do Departamento de Estudos Bíblicos da Universidade de<br />
Sheffield e o Dr. Neil Sellors, um colega de Chris, até a Escócia onde<br />
fomos convidados do Barão St Clair Bonde, um descendente direto de<br />
William St Clair e um dos mantenedores da Capela de Rosslyn.<br />
Nós nos dirigimos à inacreditavelmente bela moradia do Barão em Fife<br />
onde nós fomos muito bem recebidos por ele e por sua esposa sueca,<br />
Christina, e aonde nos foi apresentada uma esplêndida refeição sueca<br />
onde nos foi apresentado um outro dos mantenedores, Andrew<br />
Russell e sua esposa Trish.<br />
Na manhã seguinte, nós todos fomos visitar Rosslyn onde o Professor<br />
Davies havia arranjado um encontro com seu velho amigo o Professor<br />
Graham Auld, o Reitor da Divindade da Universidade de Edimburgo.<br />
Os dois pesquisadores bíblicos estudaram a edificação por dentro e<br />
por fora e então se dirigiram ao longo do vale para vê-Ia de uma certa<br />
distância. Ambos os homens conheciam muito bem Jerusalém e de<br />
fato concluíram que a construção era um notável remanescente do<br />
estilo herodiano.<br />
Olhando a partir do exterior da parede norte, Philip repetiu suas<br />
impressões: 'Este não se parece com qualquer lugar de veneração<br />
cristã. A impressão esmagadora é a de que foi construída para abrigar<br />
algum grande segredo medieval'.<br />
Pondo junto à evidência desses conceituados acadêmicos das<br />
universidades de Cambridge, Sheffield e Edimburgo, parece que nós<br />
havíamos provado nosso argumento de que Rosslyn foi projetada<br />
como uma réplica do Templo de Herodes.
O Barão St Clair apontou que mais de cinqüenta por cento do grande<br />
número de figuras esculpidas na edificação estão portando rolos de<br />
pergaminhos ou livros e um pequeno friso é arrematado com uma<br />
cena que parece mostrar algo como rolos de pergaminhos sendo<br />
colocados em caixas de madeira com uma sentinela colocada e<br />
portando uma chave encimada com um esquadro. O esquadro é uma<br />
peça fundamental do simbolismo maçônico. Esta e outras evidências a<br />
partir das esculturas convenceram-nos de que os manuscritos dos<br />
Nazoreanos que nós já sabíamos terem sido removidos debaixo do<br />
Templo de Herodes pelos Cavaleiros Templários estavam aqui em<br />
Rosslyn.<br />
Uma Linha de Conhecimento<br />
Sempre nos impressionou, como uma forte curiosidade, que o nome<br />
da 'capela' é escrita como Rosslyn, enquanto que o da vila em torno<br />
desta é escrita como Roslin. Ao pesquisarmos sobre esta diferença,<br />
foi-nos dito que se passou a escrever o nome com um duplo 's' e com<br />
'y' somente a partir da década de 1950 como uma forma de tornar o<br />
lugar um pouco mais celta.<br />
Nós sabemos que os lugares com nomes celtas sempre possuem um<br />
significado, mesmo sendo estes muito cumpridos, como a vila gaulesa<br />
de Llanfairpwllgwyngethgogerwyllyndrobwllllantisiliogogogoch, e que<br />
contém uma completa descrição do lugar. (esta última significa: A<br />
Igreja de Santa Maria próxima ao rápido moinho d'água ao lado da<br />
côncava aveleira branca oposta à caverna vermelha de São Sílio).<br />
Entretanto, ficamos curiosos sobre o significado gaélico de 'Roslin' que<br />
freqüentemente tem sido explicada como uma queda d'água ou<br />
promotório, apesar desta não descrever o local nem agora e nem em<br />
qualquer época passada. As palavras comuns em gaélicos para<br />
promontório são roinn, rubha, maoil ou ceanntire e para queda d'água<br />
são eas ou leum-uisge. Um significado adicional para Ross, ocorrendo<br />
apenas em nomes de origem irlandesa, é promontório de madeira,<br />
que somente se o nome possuísse conexões irlandesas (ou se os
pesquisadores anteriores tivessem usado um dicionário gaélicoirlandês<br />
por engano) se poderia formá-lo usando-se esta definição.<br />
Com fluência em gaélico, <strong>Robert</strong> sabia que o som fonético 'Roslin'<br />
poderia ser escrito como 'Rhos Llyn' que significa 'lago acima do<br />
pântano'. Sem ser surpreendente, entretanto, estas palavras oriundas<br />
de Gales não descrevem o lugar de forma melhor que as irlandesas e,<br />
deste modo, procuramos as duas sílabas em um dicionário gaélicoescocês<br />
que nos forneceu a seguinte definição:<br />
Ros: um substantivo que significa conhecimento.<br />
Linn: um substantivo que significa geração.<br />
Parece que em gaélico, Roslinn poderia ser traduzido por<br />
conhecimento das gerações.<br />
Nós estamos certos de que confiar em dicionários sempre resulta em<br />
traduções curiosas e sendo assim, decidimos recorrer a alguém que<br />
realmente conhecesse a língua gaélica (corretamente conhecida por<br />
gaélica e nunca como gaulesa).<br />
Durante uma visita à Grande Loja da Escócia em 1996, nós fomos<br />
apresentados à Tessa Ransford, a diretora da Biblioteca de Poesia<br />
Escocesa em Edimburgo. Nós ficamos extremamente lisonjeados em<br />
descobrir que ela, uma notável poetisa escocesa, havia escrito um<br />
poema para louvar o nosso livro anterior. Um dos propósitos principais<br />
da Biblioteca é tornar acessível ao público a poesia da Escócia em<br />
qualquer língua que tenha sido escrita; isto significa que Tessa, que é<br />
casada com uma pessoa fluente em gaélico, reunia-se regularmente<br />
com um grande número de pessoas que possuíam um conhecimento<br />
detalhado da língua.<br />
Nós contatamos Tessa e perguntamos se ela poderia verificar se a<br />
nossa interpretação do nome Roslin estava correta e ela gentilmente<br />
concordou em discuti-Ia com especialistas nesta língua. Alguns dias<br />
mais tarde, ela nos procurou dizendo-nos que a nossa tradução não<br />
havia considerado uma significante pista contida na palavra 'Ros' que<br />
mais corretamente carrega um significado que a faz ser mais
especificamente ser 'antigo conhecimento'; deste modo, a tradução<br />
que ela confirmava era mais precisamente: antigo conhecimento<br />
passado ao longo das gerações.<br />
Tessa e seus colegas estavam realmente excitados e nós estarrecidos<br />
com esta ainda mais poderosa interpretação que aparentava encaixarse<br />
perfeitamente com o propósito de Rosslyn ser considerada como<br />
um santuário de antigos manuscritos.<br />
A próxima questão era: quando a palavra 'Roslin' ou 'Roslinn' (uma<br />
vez que não havia uma padronização da escrita naqueles dias) foi<br />
usada inicialmente? Nós sabíamos que ela era anterior à construção<br />
da 'capela' de William St Clair, o que poderia indicar que os<br />
manuscritos removidos debaixo do Templo de Herodes haviam sido<br />
mantidos no castelo antes da 'capela' ter sido construída.<br />
Através de uma breve investigação, nós rapidamente descobrimos<br />
que a história dos St Clair, na Escócia, iniciara com um cavaleiro<br />
chamado William St Clair que popularmente era conhecido como<br />
William, o Gracioso. William era natural da Normandia e sua família<br />
era conhecida oponente do Rei Guilherme I, o normando que<br />
conquistou a Inglaterra em 1066. William St Clair considerava que ele<br />
possuía um bom motivo para reivindicar o trono da Inglaterra através<br />
de sua mãe Helena, que era filha do quinto Duque da Normandia, uma<br />
vez que Guilherme, o Conquistador, era o filho ilegítimo de <strong>Robert</strong>o,<br />
Duque da Normandia, com a filha de um curtidor que se chamava<br />
Arletta. A família St Clair ainda refere-se ao Rei Guilherme I<br />
simplesmente como Guilherme, o Bastardo.<br />
William, o Gracioso, foi o primeiro St Clair a mudar-se da Normandia e<br />
naturalmente falava apenas o francês, mas seu filho Henri foi educado<br />
sob a forte regra celta de Donald Bran e, deste modo, falava o gaélico<br />
tão bem como o francês normando (assim como todos os St Clair<br />
posteriores até o tempo de Sir William, o construtor da 'capela'). Nós<br />
descobrimos que foi este Henri St Clair que primeiro portou o título de<br />
Barão de Roslin, logo após seu retorno da Primeira Cruzada.
Esta data foi um grande desapontamento para nós uma vez que ela<br />
desestruturou a nossa bela teoria. Henri teria retornado da Cruzada<br />
por volta do ano 1100, oito anos antes dos Templários iniciarem suas<br />
escavações, e deste modo o nome Roslin (antigo conhecimento<br />
passado ao longo das gerações) não poderia ser uma referência aos<br />
manuscritos que nem ainda haviam sido descobertos. Entretanto,<br />
como nós refletimos e pensamos que nós havíamos descoberto algo<br />
novo e muito importante para as nossa pesquisa. Nós recusávamos a<br />
acreditar que seria uma mera coincidência o fato de Henri ter usado<br />
um nome de tal significado para o seu novo título e, sendo assim,<br />
começamos a pesquisar em busca de novas pistas.<br />
Nós logo após descobrimos que Henri St Clair havia lutado nas<br />
Cruzadas e marchado para Jerusalém ao lado de Hugues de Payen, o<br />
fundador dos Cavaleiros Templários. Além disso, logo após Henri ter<br />
escolhido 'Roslin' como seu título, Hugues de Payen casou-se com a<br />
sobrinha de Henri e foram dadas terras na Escócia como um dote. As<br />
conexões estavam além da controvérsia, mas o que elas<br />
significavam? Henri estava, através da escolha de seu título,<br />
sinalizando que possuía um conhecimento especial da antiga tradição,<br />
ou era, talvez, apenas uma peça pregada por Henri para seu próprio<br />
divertimento? Parece que a nossa intuição de que os nove Cavaleiros<br />
que formavam os Templários sabiam o que estavam procurando<br />
estava correta, mas nós não poderíamos imaginar como eles<br />
poderiam saber o que estava enterrado sob o Templo de Herodes.<br />
Talvez, um melhor estudo da edificação revelaria alguma pista.<br />
Os Cavaleiros da Cruz Vermelha da Passagem da<br />
Babilônia<br />
Nossa descoberta de que Rosslyn possuía conexões incontestáveis<br />
com os graus da Maçonaria moderna causou muito interesse após a<br />
publicação d'A Chave de Hiram e muito pesquisadores nos<br />
procuraram. Um deles era um historiador maçônico da Bélgica<br />
chamado Jacques Huyghebaert. Jacques enviou-nos um e-mail
perguntando-nos sobre a origem da inscrição em latim gravada no<br />
arco da Capela de Rosslyn que havíamos mencionado em nosso livro.<br />
Traduzida ela significa:<br />
O VINHO É FORTE,<br />
UM REI É MAIS FORTE,<br />
AS MULHERES SÃO AINDA MAIS FORTES.<br />
MAS A VERDADE CONQUISTARA A TODOS.<br />
Este estranho lema é a única inscrição original em toda construção<br />
e era claramente de muita importância para William St Clair na década<br />
de 1440.<br />
A mensagem eletrônica de Jacques dizia:<br />
Vocês poderiam me fornecer a versão original em latim desta inscrição<br />
que está esculpida no Santuário de Rosslyn? Vocês seriam capazes<br />
de datá-la?<br />
... Vocês conhecem um grau [maçônico] complementar que se ocupa<br />
da relação entre Vinho, Reis, Mulheres e a Verdade?<br />
Este grau é chamado de 'Ordem dos Cavaleiros da Cruz Vermelha da<br />
Babilônia' ou da 'Ordem do Caminho da Babilônia' e na Inglaterra está<br />
intimamente relacionado ao Real Arco.<br />
... Seu ritual é baseado no Livro de Esdras e os eventos que<br />
ocorreram durante o Cativeiro da Babilônia... De acordo com a lenda<br />
maçônica deste grau, Zorobabel, o Príncipe de Judá, solicitou uma<br />
audiência no Palácio na Babilônia, de modo a obter permissão para<br />
reconstruir o Templo do Altíssimo em Jerusalém.<br />
O Rei da Pérsia, demonstrando sua boa vontade sobre esta<br />
permissão, disse 'que tem sido um costume desde tempos imemoriais,<br />
entre os Reis e os Soberanos desta região, em ocasiões como esta<br />
propor certas questões'. A questão que Zorobabel deveria responder<br />
era: 'Qual delas é a mais forte, a Força do Vinho, a Força dos Reis ou<br />
a Força das Mulheres?'
Nós estávamos muito empolgados com as boas novas e respondemos<br />
a Jacques, dizendo que a existência desta inscrição em Rosslyn e o<br />
seu uso em um alto grau da Maçonaria deve estar além da<br />
coincidência. Ele nos respondeu:<br />
Como vocês disseram, isto deve estar além da coincidência.<br />
Entretanto, eu recomendaria sermos cautelosos... Vocês poderiam<br />
verificar se esta inscrição não foi esculpida por um 'espertinho' no<br />
século XIX ou XX, que tinha conhecimento deste grau, e a adicionou<br />
discretamente durante um recente trabalho de restauração?<br />
Se, entretanto, por uma chance a inscrição em latim em Rosslyn<br />
provar-se ser mais ANTIGA do que 1700 não haverá dúvida de que<br />
vocês fizeram uma GRANDE DESCOBERTA, pois esta seria a<br />
primeira prova irrefutável de que os rituais dos altos graus eram<br />
trabalhados na Escócia tempos antes de seu lugar geralmente aceito<br />
e do seu período de criação: em França, após o ‘Discurso' do<br />
Chevalier Ramsay, isto é, a partir da década de 1740.<br />
Nós imediatamente contatamos Judy Fisken, que era a curador de<br />
Rosslyn àquela época, para estabelecer a origem da inscrição. Judy<br />
nos informou que a pedra na qual a inscrição encontrava-se gravada<br />
era uma parte intrínseca da estrutura da edificação e que ela estava<br />
certa de que as palavras gravadas datavam da construção da 'capela'<br />
nos meados de 1400. Deste modo, escrevemos para Jacques:<br />
As chances da inscrição em latim ser uma adição posterior são iguais<br />
a zero. Nenhuma área do interior foi deixada sem ser esculpida e<br />
estas palavras não foram certamente sobrescritas a qualquer outra<br />
existente. O tipo de fonte certamente corresponde a do século XV.<br />
Também até 1835, a conexão maçônica com o edifício não era ainda<br />
amplamente conhecida para que alguém tivesse embocado sobre<br />
o pilar Jachin, fazendo parecer exatamente como os demais pilares,<br />
de modo que o significado maçônico dos pilares gêmeos fosse<br />
escondido.
* André-Michel Romsay, conhecido por Cavaleiro de Ramsay (Ayr,<br />
Escócia, 1686 - Saint Germain em Laye, 1743): Ramsay, protestante<br />
convertido ao catolicismo, iniciou sua carreira maçônica entre os anos<br />
de 1725 e 1726, sendo iniciado em uma Loja francesa quando este<br />
retornava de Roma. Importante escritor e pesquisador de fIlosofia e<br />
política, tornou-se rapidamente membro da administração da Grande<br />
Loja de França, sendo seu Grande Chanceler. Sua carreira maçônica<br />
é freqüentemente associada ao seu famoso Discurso, pronunciado à<br />
Loja de Saint-Thomas, onde este exaltava a necessidade da criação<br />
de altos graus maçônicos para o aperfeiçoamento da fIlosofia da<br />
Maçonaria e ligava esta última aos Pobres Cavaleiros do Templo de<br />
Salomão, ou os Cavaleiros Templários. (N. T.)<br />
Uma noite, nós discutimos esta abordagem com Philip Davies e na<br />
manhã seguinte nos dirigimos ao escritório de Chris com uma<br />
fotocópia dos dois Livros de Esdras que fazem parte apócrifa da<br />
Bíblia. Nós mantivemos Jacques a par de nossas pesquisas:<br />
O Professor Philip Davies veio junto a nós com uma tradução<br />
completa do Livro de Esdras. A parte que nos interessou não é muito<br />
extensa, mas muito curiosa! Acredita-se que no texto original não<br />
havia o termo a 'verdade' que fora adicionado posteriormente por autor<br />
judeu.<br />
O Rei havia pedido à sua guarda pessoal para dizer o que era a coisa<br />
mais forte e contou-lhes que aquele que fornecesse a resposta mais<br />
sábia tornar-se-ia um igual ao Rei e desfrutaria de grandes riquezas.<br />
O homem que disse 'a verdade é a mais forte' é feito nobre e então diz<br />
ao Rei:<br />
'Lembrai de vosso juramento que fizestes um dia quando vós vos<br />
tornastes Rei, construir Jerusalém, e que enviaria de volta todos os<br />
vasos sagrados que foram tomados de Jerusalém que Ciro havia<br />
protegido quanto destruiu Babilônia e que prometera enviar para lá.
Vós também jurastes construir o Templo que os Edomitas queimaram<br />
quando a Judéia caiu diante dos Caldeus’.<br />
Isto era importante para William St Clair, pois Rosslyn era a sua<br />
reconstrução do Templo, baseada no modelo do Templo de Herodes e<br />
na visão de Ezequiel da Nova Jerusalém.<br />
Como você disse, tudo isso não pode ser coincidência.<br />
Neste meio tempo, nós havíamos inquirido os nossos companheiros<br />
Maçons por qualquer informação sobre o ritual dos Cavaleiros da<br />
Passagem da Babilônia e descobrimos nossa primeira referência em<br />
uma publicação maçônica.<br />
Cruz Vermelha da Babilônia: O mais profundo e místico dos Graus<br />
Maçônicos<br />
Associados, este grau é similar aos graus 15º (Cavaleiro da Espada<br />
ou do Oriente), 16º (Príncipe de Jerusalém) e 17º (Cavaleiro do<br />
Oriente e do Ocidente) do Rito Escocês Antigo e Aceito. Os três<br />
pontos ou partes da cerimônia descendem de três dos graus<br />
praticados nos meados do século XVIII. Parte da cerimônia é<br />
semelhante à Passagem dos Véus dos ritos escoceses e do Campo<br />
de Balduíno... Para ser um membro dos Graus Maçônicos Associados<br />
você deve ter sido tanto um Maçom do Real Arco, como um Mestre<br />
Maçom da Marca.<br />
Agora que sabíamos que o grau existia sob os auspícios do Grande<br />
Capítulo nós rapidamente localizamos o ritual e este era uma<br />
fascinante leitura. O 'Campo de Balduíno', inicialmente pensamos,<br />
parecia ser uma referência ao acampamento dos Cavaleiros<br />
Templários no terreno arruinado do Templo de Herodes sob os<br />
auspícios do Rei Balduíno de Jerusalém, mas logo aprendemos que<br />
estava associado com um antigo grupo de Maçons de Bristol.<br />
O título completo do grau é Cavaleiro da Cruz Vermelha da Babilônia<br />
ou da Passagem da Babilônia. Ele consiste de três dramas
itualísticos, ou pontos, que narram três incidentes retirados dos<br />
capítulos 1-6 do Livro de Ezra, dos capítulos 2-7 do Livro de Esdras e<br />
dos capítulos 1-4 do Livro 11 d'As Antiguidades dos Judeus, de<br />
Josephus.<br />
Este grau narra detalhadamente os motivos e os propósitos da<br />
reconstrução do Templo de Jerusalém. O líder do grau, conhecido<br />
como Mui Excelente Chefe, marca o exato ponto na abertura do grau<br />
quando ele propõe a seguinte questão:<br />
Excelente Primeiro Vigilante, que horas são?<br />
Ele recebe a seguinte resposta:<br />
A hora da reconstrução do Templo.<br />
O ritual prossegue dizendo que Dario concordou em apoiar Zorobabel,<br />
o Príncipe de Judá, e emite um edito que permite a reconstrução do<br />
Templo e 'ainda mais, os vasos de ouro e prata que Nabucodonosor<br />
havia tomado serão restaurados e colocados em seus devidos<br />
lugares'. Neste ponto da cerimônia, Dario nomeia o candidato, que faz<br />
o papel de Zorobabel, um cavaleiro do Oriente, e lhe dá uma fita verde<br />
ornada com ouro o que significa a iniciação nos mistérios secretos.<br />
Antes de ser permitido a Zorobabel deixar a corte de Dario e retomar a<br />
sua tarefa de reconstrução do Templo, a ele, em companhia de dois<br />
outros, é colocado um enigma por parte Dario, cuja resposta correta o<br />
cobrirá de grande prestígio e honra:<br />
O grande Rei faz através de mim conhecido o seu contentamento e<br />
deste modo cada um de vós três dará a sua opinião em resposta a<br />
questão. O que é mais forte, o Vinho, o Rei ou as Mulheres?<br />
O ritual então nos conta as três respostas que foram dadas ao<br />
enigma de Dario. O primeiro jovem disse que o vinho era o mais forte<br />
porque ele podia alterar a mente e o humor de qualquer um que bebêlo;<br />
o segundo jovem disse que o Rei era o mais forte, pois, mesmo os
soldados eram obrigados a obedecer lhe. Na vez do candidato<br />
Zorobabel falar, o ritual coloca as seguintes palavras em sua boca:<br />
Ó, Senhores, é verdade que o vinho é forte, bem como os homens e o<br />
Rei; mas quem controla a todos? Certamente, as Mulheres. O Rei é o<br />
presente de uma mulher. As mulheres são as mães daqueles que<br />
trabalham nos vinhedos que produzem os vinhos. Sem as mulheres,<br />
os homens não podem existir. Um homem faz de fato coisas tolas pelo<br />
amor de uma mulher; dá a ela valiosos presentes e, algumas vezes,<br />
mesmo vende-se a si mesmo à escravidão por sua saúde. Um homem<br />
deixará o lar, o país e os títulos de nobreza pelo seu bem.<br />
Ó, Senhores, não são as mulheres fortes, haja visto o que elas podem<br />
fazer?<br />
Mas nem as Mulheres, o Rei ou o Vinho são comparável à poderosa<br />
força da Verdade. Como todas as outras coisas, eles são mortais e<br />
transitórias; mas somente a Verdade é imutável e eterna. Os<br />
benefícios que dela recebemos não variam com o tempo e com a<br />
fortuna. Em seu julgamento não há a injustiça; e ela é a sabedoria, a<br />
força, o poder e a majestade de todas as épocas.<br />
Abençoado seja o Deus da Verdade.<br />
Grande é a Verdade e poderosa é sobre todas as coisas!<br />
Em face de tal evidência, ninguém pode negar que William St Clair era<br />
conhecedor deste grau maçônico que, até o presente momento,<br />
acreditava-se inicialmente ter sido praticado após 1740. Ele é pelo<br />
menos trezentos anos mais antigo - e nós brevemente descobriríamos<br />
evidências que o dataria de mais longe ainda.<br />
O Segredo das Pedras<br />
Tendo descoberto irrefutáveis evidências que um alto grau da<br />
Maçonaria era conhecido por William St Clair, nós começamos a olhar<br />
mais atentamente do que antes os mínimos detalhes do intrincado<br />
interior e exterior esculpido de Rosslyn. Uma pequena, porém
fantástica descoberta, era a gravação de dois homens, lado a lado.<br />
Apesar desta escultura exterior estar danificada pelas intempéries e<br />
possuir aproximadamente trinta centímetros de altura, nós pudemos<br />
observar muito bem, a maior parte de seus detalhes. Ela mostra um<br />
homem vendado com vestimentas medievais, ajoelhado e segurando<br />
com sua mão direita um livro com uma cruz na capa, seus pés<br />
colocados de modo a formar um esquadro. Em torno do pescoço do<br />
homem há um nó corrediço, sendo a ponta deste segurada por um<br />
segundo homem que estava vestindo um manto templário com a cruz<br />
distintiva mostrada em seu peito.
Quando descobrimos esta pequena gravação, nós procuramos Edgar<br />
Harborne, uma autoridade da Grande Loja Unida da Inglaterra.<br />
Somados, tínhamos aproximadamente setenta anos de experiência<br />
maçônica e sabíamos exatamente o que estávamos olhando. Edgar<br />
estava empolgado e surpreso, assim como nós, pois não havia<br />
qualquer dúvida; esta era a imagem de um candidato à Maçonaria<br />
durante o processo de sua iniciação no ponto crítico de seu juramento<br />
de obrigação. A forma dos pés, o cordame, a venda, o volume da<br />
lei sagrada - esta imagem mostra um homem sendo admitido na<br />
Maçonaria cinco séculos e meio atrás! Ainda mais, esta pequena<br />
estátua era a primeira representação visual de um Templário<br />
conduzindo uma cerimônia que nós agora consideramos ser<br />
unicamente maçônica.<br />
O fato de ela apresentar um Templário conduzindo um candidato<br />
implica que a escultura estava demonstrando um evento histórico que<br />
datava do período templário, deste modo ela poderia estar mostrandonos<br />
uma cerimônia maçônica de setecentos anos de idade.<br />
Dentro da edificação, nós analisamos cada uma das pequenas<br />
esculturas. Isto era difícil, devido, em algum ponto do passado<br />
recente, a alguma alma caridosa que cobrira completamente o interior<br />
com uma massa de areia e cal em uma mal sucedida tentativa de<br />
proteger o trabalho de cantaria, o que obscureceu os pequenos<br />
detalhes.<br />
No alto de dois meio pilares construídos na parede meridional, com<br />
uma altura de aproximadamente três metros, nós descobrimos<br />
pequenas representações que eram extremamente interessantes.<br />
Uma destas com apenas alguns centímetros de altura mostra um<br />
grupo de figuras com uma pessoa portando uma peça de tecido na<br />
qual havia no centro a face de um homem barbado e com cabelos<br />
longos. A figura que porta o tecido teve sua cabeça perdida e, uma<br />
vez que há poucos danos ao edifício, parece, como pensamos, que<br />
ela foi deliberadamente removida. Isto fez-nos olhar para outras<br />
cabeças e ficamos impressionados pela distintiva aparência de cada<br />
uma delas. As faces não são amenas ou anônimas, como
normalmente se vêem em edifícios semelhantes; elas dão a<br />
impressão de que eram deliberadamente semelhantes a indivíduos<br />
conhecidos - quase como máscaras mortuárias em miniatura.<br />
Só nos restava especular: esta pequena estatueta representa alguém<br />
segurando o Sudário de Turim?<br />
Só existem duas explicações para tal imagem: é o Sudário de Turim<br />
que está sendo portado ou é aquilo que conhecemos por 'Verônica'.<br />
A lenda não-bíblica de Santa Verônica narra como uma mulher<br />
(freqüentemente associada à Maria Madalena) deu o seu manto (em<br />
algumas versões o seu véu) a Jesus para enxugar sua face quando<br />
ele estava deixando o Templo ou no caminho do Calvário portando<br />
sua cruz. Quando esta tomou o manto de volta, neste havia a imagem<br />
da face miraculosamente impressa no tecido. Estudiosos modernos<br />
acreditam que o nome 'Verônica' é derivado do latim vera e do grego<br />
eikon, significando 'a verdadeira imagem'. O nome e a idéia são um<br />
tanto suspeitos, uma vez que a Igreja Católica Romana não reconhece<br />
uma santa chamada Verônica. Apesar desta negação de beatificação,<br />
o 'manto original' pode ser encontrado na Basílica de São Pedro na<br />
Cidade do Vaticano.<br />
Isabel Piczek, uma artista que tem estudado o Sudário de Turim e que<br />
provou que este não poderia ser uma pintura, esteve em uma visita<br />
não oficial para ver a Verônica na Basílica de São Pedro. Ela<br />
descreveu esta experiência ao pesquisador do Sudário, Ian Wilson:<br />
Sobre ele estava um pedaço de tafetá colorido do tamanho de uma<br />
cabeça, do mesmo tipo do sudário, levemente acastanhado. Ele não<br />
parecia estar remendado, apenas uma mancha de cor ferrugem<br />
acastanhada. Parecia um pouco desigual, exceto por algumas<br />
descolorações trançadas... Mesmo com a melhor das imaginações,<br />
você não é capaz de deslumbrar qualquer rosto ou imagem dele, nem<br />
mesmo a mais leve sugestão disto.<br />
Estávamos cientes que esta antes inexpressiva relíquia 'sagrada', ou<br />
a idéia por trás dela, possa ser anterior ao advento do Sudário, mas
não era certamente logo após as exibições públicas do Sudário de<br />
Turim em Lirey que a popularidade de uma imagem do rosto sagrado<br />
cresceu. Padre Thurston, um historiador cristão, categoricamente<br />
estabelece que a lenda da Verônica, como apresentada na atual<br />
Estações da Via Dolorosa, não pode ser datada de antes do final do<br />
século XIV. Tal datação significaria que a lenda surgiu após a<br />
primeira exibição pública do Sudário de Turim em 1357.<br />
A cabeça de Cristo tem sempre sido representado nos ícones<br />
tendo longos cabelos repartidos ao meio e com uma barba espessa e<br />
quando um pedaço de tecido surgiu com tal representação poderia ter<br />
difundido a idéia de uma 'Verônica'.<br />
A coluna seguinte em Rosslyn possui uma cena igualmente<br />
pequena que mostra uma pessoa sendo crucificada, mas<br />
estranhamente, uma vez mais a cabeça foi removida. Os únicos danos<br />
aparentemente deliberados que nós conhecemos na edificação são as<br />
das cabeças portando o rosto no tecido e da pessoa crucificada. É<br />
como se alguém sentisse a necessidade de ocultar a identidade por<br />
detrás destas imagens. As demais faces nas miniaturas gravadas<br />
são certamente muito distintas - ainda embora elas parecessem com<br />
pessoas reais. Nós imaginamos se a pessoa que encobriu o pilar de<br />
Jachin com gesso também removeu as cabeças dessas figuras<br />
chaves.<br />
Se estes eram uma simples Verônica e uma representação padrão<br />
de Jesus na cruz, não haveria necessidade de desfigurar os principais<br />
rostos.<br />
A figura crucificada não está pregada em uma idéia normal da<br />
cruz cristã, onde a parte superior continuava afim da trave horizontal,<br />
mas a uma cruz na forma de um Tau judaico que possuí a forma de<br />
um T. As representações cristãs medievais freqüentemente mostram<br />
uma segunda trave representando a placa que com zombaria,<br />
proclamava Jesus como sendo o Rei dos Judeus - mas nunca mostra<br />
uma cruz Tau.<br />
'Tau' é a última letra do alfabeto hebraico e, como a letra grega<br />
'Omega', representa o fim de algo, especialmente a vida. É também
verdade que a maioria das crucificações romanas eram conduzidas<br />
em estruturas com este formato, mas nenhum construtor do século XV<br />
teria condições de saber isto. Parece que o criador desta pequena<br />
gravação ou era muito bem informado a respeito da metodologia das<br />
crucificações romanas ou estava deliberadamente utilizando-se da<br />
simbologia judaica para a morte. Quando da pesquisa para nosso livro<br />
anterior, nós havíamos trabalhado com a idéia de que a imagem do<br />
Sudário de Turim poderia ser a do último Grão-Mestre dos Templários<br />
e, se nossas suspeitas de que o Sudário de Turim é a imagem de<br />
Jacques de Molay estiver correta, nós poderíamos esperar que<br />
William St Clair estivesse atento a este fato, uma vez que sua família<br />
esteve intimamente envolvida com os Templários que haviam fugido<br />
para a Escócia após a queda da Ordem - mas por que ele está<br />
representado desta forma? Talvez o Sudário provaria ser muito mais<br />
importante do que havíamos pensado.<br />
O corpo governante da Maçonaria Inglesa e Gaulesa, a Grande Loja<br />
Unida da Inglaterra, é enfático sobre o fato de nada ser conhecido ao<br />
certo sobre a história da organização anterior à fundação da Grande<br />
Loja de Londres em 1717. Tem sido crítico para nós sugerir que há<br />
uma história a ser descoberta para aqueles que escolheram procurar,<br />
e aqui, em Rosslyn, nós possuíamos provas positivas de que os rituais<br />
maçônicos são pelo menos duzentos e setenta e cinco anos mais<br />
antigos do que a história oficial da Maçonaria, como definida pela<br />
Grande Loja Unida da Inglaterra.<br />
Nosso próximo estágio de pesquisa era olhar atentamente em como e<br />
por que a Maçonaria Inglesa perdeu contato com seu passado e<br />
estabelecer o que está sendo escondido, se for o caso, por detrás de<br />
uma cega recusa em conhecer qualquer história anterior a 1717.<br />
Conclusão<br />
Parece que os Cavaleiros Templários conheciam o que eles estavam<br />
procurando quando iniciaram sua escavação de nove anos e o seu
voto de obediência fortemente sugere que outros estavam envolvidos<br />
por detrás disto tudo.<br />
Rosslyn é uma cópia deliberada das ruínas do Templo de Herodes<br />
com um projeto que é inspirado na visão de Ezequiel da nova<br />
'Jerusalém Celeste'. As pistas para a compreensão da edificação<br />
estavam colocadas dentro do então secreto ritual do Grau do Santo<br />
Real Arco da Maçonaria. William St Clair utilizou este método para<br />
contar-nos que a edificação é 'o Templo de Jerusalém', 'uma chave<br />
para um tesouro' e 'um lugar onde algo precioso está oculto', ou<br />
'a própria coisa preciosa'.<br />
A grande parede ocidental de Rosslyn pode ser conclusivamente<br />
encarada como uma reconstrução de parte do Templo de Herodes, e<br />
o nome 'Roslin' possui o surpreendente significado 'o antigo<br />
conhecimento passado ao longo de gerações', quando compreendido<br />
a partir do gaélico. A razão para este nome não está clara, mas Henri<br />
St Clair de Roslin era excepcionalmente íntimo de Hugues de Payen,<br />
o líder dos primeiros Templários.<br />
Uma gravação no exterior claramente mostra um candidato sendo<br />
iniciado na 'Maçonaria' por um homem usando um traje templário, e<br />
uma inscrição dentro da edificação demonstra que os construtores<br />
eram familiarizados com um dos altos graus da Maçonaria, trezentos<br />
anos antes da data anteriormente aceita de sua origem.<br />
Uma gravação dentro da edificação parece mostrar o Sudário de<br />
Turim sendo portado por alguém e uma outra que mostra a<br />
crucificação de uma pessoa sem cabeça em uma cruz Tau judaica.<br />
Talvez o Sudário de Turim esteja diretamente conectado à história que<br />
Rosslyn narra em pedra.
3<br />
A História Perdida da Maçonaria<br />
Os Segredos da Maçonaria<br />
Pergunte a qualquer homem ou mulher nas ruas sobre a Maçonaria<br />
e uma das primeiras palavras que serão mencionadas será 'segredo',<br />
A impressão de um culto secreto tem sempre sido a mais óbvia<br />
característica da Maçonaria e tem causado à organização os seus<br />
maiores problemas, pois a natureza humana faz com que as pessoas<br />
suspeitem o pior quando algo parece ser oculto deliberadamente.<br />
A muralha de silêncio que costuma circundar a Ordem tem<br />
sistematicamente desaparecido nos anos mais recentes, mas uma<br />
percepção pública de segredo é ainda tão forte quanto antes, gerando<br />
teorias onde 'conspiradores' da Maçonaria são imaginados agindo em<br />
seus próprios interesses em detrimento ao público em geral. A idéia<br />
contínua de que há um segredo muito importante oculto no seio da<br />
Maçonaria era claramente demonstrado em 1995 por um colunista do<br />
Daily Telegraph, publicado em Londres:<br />
A Maçonaria gera considerável tensão ao encorajar altos níveis de<br />
moralidade entre os seus membros. Mas é surpreendente que uma<br />
sociedade que se vale de cumprimentos, sinais e linguagem secretas<br />
para o mútuo reconhecimento de seus membros, seja suspeita de<br />
possuir mais uma influência para o mal do que para o bem. Por que se<br />
valer de tais métodos, se não somente para esconder a verdade? Por<br />
que esconder, se não há nada a esconder?<br />
A lógica é difícil de contestar. Se não há nada a esconder por que<br />
há segredos?<br />
Para o Maçom comum, a aura de segredo é um maravilhoso modo<br />
de não ter de discutir os curiosos rituais que são informados de<br />
geração em geração usados nas iniciações e nas elevações dos
candidatos a outros graus. É difícil explicar para as pessoas o que<br />
você faz quando você mesmo não compreende isto. Nós estamos<br />
agora certos de que muitos Maçons hoje são vítimas de sua própria<br />
mitologia, acreditando que tudo ou quase tudo que eles fazem é um<br />
segredo inviolável, apesar da Grande Loja da Inglaterra ser<br />
perfeitamente clara em determinar que somente os meios de<br />
reconhecimento devam ser ocultos do mundo como um todo. Estes<br />
sinais de reconhecimento não são usados em situações comerciais<br />
para formar uniões fraternais com pessoas completamente estranhas,<br />
como as pessoas suspeitam. Eles são simplesmente um meio de<br />
restringir o comparecimento às reuniões das Lojas somente às<br />
pessoas qualificadas; exatamente como um cartão de ingresso a uma<br />
associação ou um sistema de código de acesso.<br />
A grande questão que é perguntada por muitos concerne à possível<br />
existência de algum grande e profundo segredo dentro do seio da<br />
Maçonaria que é oculto de todos, menos de algumas grandes<br />
autoridades maçônicas. Este tipo de especulação poderia ser<br />
encarado como uma paranóia de anti-Maçons, mas quando a questão<br />
é levantada por importantes e tradicionais Maçons, a possibilidade não<br />
pode ser ignorada. Uma dessas pessoas é o Doutor da Divindade que,<br />
como demonstramos na introdução deste livro, é um Maçom do grau<br />
32º que tem acreditado que talvez haja alguma verdade nas<br />
acusações que somente aqueles que se encontram no topo da<br />
Maçonaria conhecem a real verdade.<br />
Se este tal grande segredo existe nós estávamos determinados a<br />
encontrá-lo. Nossas suspeitas de que havia algo escondido tinham<br />
certamente crescido devido à silenciosa reação obstrutiva às nossas<br />
pesquisas anteriores, inesperadamente gerada a partir da Grande Loja<br />
Unida da Inglaterra. Nossa obra anterior havia sido bem recebida por<br />
outras Grandes Lojas e por outros pesquisadores maçônicos pelo<br />
mundo todo, ainda que não tenhamos recebido nenhum<br />
agradecimento ou mesmo resposta direta à cópia de nosso livro que<br />
encaminhamos à sede da Maçonaria Inglesa. Entretanto, nós<br />
certamente ficamos atentos aos ataques negativos a partir das ações
de outros. Por sua vez, nós não acreditamos que a Grande Loja Unida<br />
da Inglaterra faça nada contra nós, mas é possível que certos<br />
indivíduos possam tomar isto como mau exemplo e agirem<br />
desonestamente em 'defesa' de seus clubes de cavalheiros.<br />
Nós realizamos diversas apresentações em livrarias por todo o país -<br />
e estranhamente aquelas previstas em Londres foram canceladas no<br />
último minuto. Lojas por todo lado estavam extremamente<br />
interessadas em nosso trabalho e muitas delas solicitaram a<br />
apresentação de nossas descobertas a seus membros, mas diversas<br />
palestras foram canceladas devido à pressão oriunda de algum lugar<br />
acima, Mesmo as nossas correspondências, endereçadas aos<br />
secretários das Lojas, eram ilegalmente interceptadas em inúmeras<br />
ocasiões antes que pudessem chegar aos seus destinatários.<br />
Uma pessoa conseguiu interceptar nove cartas antes delas serem<br />
encaminhadas para os endereços e prudentemente ocultaram o nome<br />
da Loja por trinta e oito vezes ao todo antes de serem devolvidas para<br />
nós. Nós escrevemos a esta Loja, que nos reservamos o direito de<br />
não nomeá-la, perguntando se eles sugeririam como o nome<br />
maculado de sua Loja poderia ser restaurado, mas não obtivemos<br />
resposta.<br />
Um grande número de pessoas parecia determinado que deveríamos<br />
nos ser negado o direito de sermos ouvidos.<br />
O Poder e a Glória<br />
Estima-se que haja pelo menos cinco milhões de homens Maçons no<br />
mundo hoje e um desconhecido, porém, bem pequeno, número de<br />
mulheres Maçons. A Grande Loja Unida da Inglaterra atualmente<br />
governa aproximadamente trezentos e sessenta mil membros na<br />
Inglaterra e em Gales e é universalmente conhecida como sendo a<br />
primeira obediência maçônica no mundo.<br />
De acordo com a atual constituição deste corpo regular, o Grão-<br />
Mestre deve ser sempre um príncipe de sangue real e o atual<br />
mandatário deste cargo é Sua Alteza Real, o Duque de Kent. Para se
evitar qualquer acesso de um comum a este posto, o segundo em<br />
comando, o Grão-Mestre Adjunto, somente pode ser um membro da<br />
nobreza.<br />
Esta regra a favor da aristocracia parece-nos contradizer a história da<br />
Maçonaria que era originalmente uma organização altamente<br />
democrática e republicana. Apesar desta regra impositiva,<br />
demoraram-se sessenta e cinco anos para a Maçonaria Inglesa ter o<br />
seu primeiro Grão-Mestre de sangue real, o Duque de Cumberland.<br />
Nós procuramos verificar como a organização está estruturada hoje e<br />
descobrimos que este preeminente corpo governamental da<br />
Maçonaria é uma companhia privada limitada, normalmente avaliada<br />
em 6,6 milhões de libras, com quatro diretores incluindo o Grande<br />
Secretário que é o efetivo 'diretor administrativo'. A sede na Great<br />
Queen Street, em Londres, abriga um considerável negócio que<br />
consome algo em torno de 2,7 milhões de libras anualmente somente<br />
com os custos com pessoal. Nós fomos incapazes de determinar<br />
quem é o proprietário desta companhia privada.<br />
Há setenta e nove tipos de oficiais dentro dos quadros da Grande Loja<br />
Inglesa e milhares de homens possuem estes títulos honoríficos. Os<br />
novos oficiais são escolhidos a partir das Lojas da Inglaterra e Gales,<br />
mas diferentemente do sistema escocês, estas elevações são<br />
realizadas mais por indicação do que por eleição. Este processo de<br />
seleção imprevisível e imutável cria um meio onde aquele que aspira<br />
um alto cargo deva se conformar aos editos e dogmas da Grande Loja<br />
por temer que estes sejam usados contra ele. Geralmente é entendido<br />
que aquele que expressa fortemente um pensamento herético<br />
maçônico muito provavelmente não será convidado para unir-se à<br />
Grande Loja, não importando quão grande sejam suas contribuições<br />
para a Maçonaria.<br />
O potencial debate sobre o papel da Grande Loja é ainda sufocado<br />
pela exigência de todo Venerável Mestre (o oficial que 'governa' uma<br />
Loja pelo período de doze meses) em comprometer sua lealdade<br />
pessoal a este corpo governante. Esta pequena, e a primeira vista<br />
inócua exigência, atualmente altera dramaticamente a face da
Maçonaria. O sistema original possuía células individuais chamadas<br />
Lojas que operavam independentemente, dividindo uma herança<br />
comum com a Igreja Celta que concordava que todos os seus<br />
sacerdotes tinham acesso igual e direto a Deus. A Maçonaria Inglesa<br />
hoje está estruturada tal como a Igreja Católica Romana com uma<br />
pirâmide hierárquica nomeada que canaliza uma inquestionável<br />
autoridade em direção aos bispos e aos cardeais e finalmente a um<br />
único homem.<br />
Parece-nos que o propósito da Maçonaria havia sucumbido a sua<br />
própria burocracia.<br />
Logo após a publicação de nosso livro anterior, o Grande Bibliotecário<br />
da Grande Loja Unida da Inglaterra disse a respeito de nossa obra (e<br />
o Grande Secretário repeti-o em uma correspondência publicada em<br />
nosso jornal local) que: 'Os historiadores Maçons estarão entristecidos<br />
com a atitude arrogante dos autores frente às pesquisas maçônicas<br />
das últimas centenas de anos'. Nós não fomos capazes de entender<br />
porque seria 'arrogante' investigar e publicar novas atitudes e<br />
questionar um dogma padrão que está aparentemente errado.<br />
Entretanto, apesar da impressão que a Grande Loja tem tentado criar,<br />
nós não estamos sozinhos sobre o questionamento desta história<br />
oficial da Maçonaria. Muitos outros pesquisadores maçônicos das<br />
últimas centenas de anos têm também descoberto que fazer<br />
questionamentos incorre na ira dos poderes estabelecidos da Great<br />
Queen Street.<br />
... Se a Maçonaria for mais antiga do que a Grande Loja de Londres,<br />
certamente a origem de nosso ritual deve ser procurada muito mais<br />
atrás... Ainda hoje há homens, muitos dos quais são proeminentes no<br />
campo da pesquisa maçônica, que são tão mistificados que se<br />
recusam a ver a luz do dia e atualmente usam de sua influência para<br />
obstruir aqueles que podem ver um pouco mais além deles mesmos.<br />
Eles apresentam um patético espetáculo ao revirar as relíquias dos<br />
trabalhos maçônicos, sem, contudo, descobrir para o que eles estão<br />
olhando, a verdadeira Maçonaria esotérica do passado.
Assim escreveu o respeitado historiador maçônico, o Reverendo<br />
Castells, em 1931. Como nós mesmos, e diversos outros<br />
pesquisadores, que preferiram investigar verdades a simplesmente<br />
repetir os dogmas requeridos da Grande Loja Inglesa, o Reverendo<br />
Castells foi atacado pelos Grandes Secretários. Nós notamos uma<br />
similaridade com os nossos próprios pensamentos quando lemos seu<br />
apelo para que o senso comum prevalecesse:<br />
Não é nada bom ser vingativo contra os irmãos que muito<br />
desinteressadamente e absolutamente sem ajuda estão tentando<br />
reconstruir a história da Maçonaria. Deixai-nos sermos honestos e<br />
admiti que em 1717 a Grande Loja de Londres não possuía o<br />
monopólio da sabedoria e que na Irlanda, assim como na Inglaterra,<br />
ela havia sido precedida a muito por outros movimentos intelectuais.<br />
Ele está absolutamente certo. Na época em que a Grande Loja de<br />
Londres foi estabelecida, as grandes realizações da Franco-Maçonaria<br />
na Inglaterra estavam terminadas e a Maçonaria que permanecia era<br />
realmente constituída apenas por jantares onde cavalheiros<br />
construíam sua credibilidade sobre a reputação de muitos e famosos<br />
homens que tinham existido anteriormente.<br />
A reação deste corpo governante da Maçonaria Inglesa contra a<br />
investigação parece pouco consistente. Nós estávamos conversando<br />
com um veterano Maçom sobre nossas observações sobre a<br />
exagerada posição da Grande Loja Unida com relação à discussão da<br />
Maçonaria de outrora, quando ele comentou que há vinte anos ele<br />
havia procurado o pessoal da Biblioteca da Grande Loja Unida para<br />
requisitar acesso às cópias de antigos rituais. Eles perguntaram o<br />
porquê deste pedido e quando ele explicou que pretendia realizar uma<br />
demonstração de uma típica sessão de Loja do século XVIII, o acesso<br />
ao material solicitado foi recusado. Eles disseram-lhe que a Grande<br />
Loja Unida da Inglaterra não queria encorajar o estudo do ritual, uma<br />
vez que este havia sido substituído por um material mais 'adequado'.
O corpo governante da Maçonaria Simbólica Inglesa (os três graus<br />
básicos) tem mesmo alterado sua própria história de modo a<br />
acomodar a idéia preferida de que a Maçonaria surgiu do nada na<br />
Londres de 1717. O Livro do Ano Maçônico, publicado pela Grande<br />
Loja Unida da Inglaterra, costuma registrar que Sir <strong>Christopher</strong> Wren,<br />
o arquiteto da Catedral de São Paulo, havia sido um Grão-Mestre<br />
antes de 1717, mas em 1914 este registro simplesmente<br />
desapareceu. Em sua época, Wren havia sido um famoso e respeitado<br />
Franco-Maçom e há um considerável volume de evidências para<br />
provar tal afirmação, incluindo registros de jornais contemporâneos a<br />
ele e o próprio Livro das Constituições da Grande Loja criada por seu<br />
historiador oficial, Dr. Anderson, que a elaborou em 1738:<br />
Wren continuou como Grão-Mestre até 1708 quando sua negligência<br />
com o ofício levou as Lojas a serem cada vez menos utilizadas.<br />
Parece que estes manipuladores 'orwellianos' da História não<br />
encontraram um lugar para ele ou para qualquer um anterior ao ano<br />
mágico escolhido. Nós esperamos que o atual Grande Bibliotecário da<br />
Grande Loja Unida da Inglaterra não nos acuse novamente de outro<br />
'erro' ao reproduzir esta bem documentada observação.<br />
Se Wren foi ou não um Maçom não é importante para nossa obra,<br />
mas serve para ilustrar a estranha cobertura que parece ter sido<br />
oriundo de Londres em algum tempo considerável.<br />
Quando de nossa visita à sede da Grande Loja Unida da Inglaterra na<br />
Great Queen Street, em Londres, em 1996, nós nos deparamos com<br />
uma exibição pública sobre a História da Maçonaria Inglesa. Assim<br />
que ingressamos no primeiro salão de exibição nós lemos uma<br />
explicação que declarava, uma vez mais, que nada é conhecido das<br />
origens da Maçonaria anterior ao ano mágico de 1717.<br />
Eles poderiam ter escolhido 1817 ou 1917, ou mesmo qualquer outra<br />
data arbitrária; se uma organização decide ignorar evidências<br />
históricas contemporâneas e bem documentadas, pois são anteriores<br />
as suas próprias existências, ela inevitavelmente concluirá que é a
primaz. Enquanto a Maçonaria na Escócia não estava estabelecida<br />
sob o poder de uma Grande Loja até 1736, há abundantes evidências<br />
de que a Maçonaria Operativa existia, de fato, muitos anos anteriores.<br />
Mesmo pondo de lado, nossa nova evidência a respeito de Rosslyn,<br />
existem registros de atas ainda existentes das sessões das Lojas<br />
escocesas datando de antes de 1598 e há registros de Jaime VI da<br />
Escócia (Jaime I da Inglaterra) sendo iniciado em uma Loja de Scoon<br />
(Scone) e Perth em 1601, apenas dois anos antes deste viver em<br />
Londres.<br />
Enquanto que a Grande Loja Unida da Inglaterra afirma desconhecer<br />
sua própria história, ela se contradiz ao realizar uma declaração muito<br />
clara sobre quais graus são ou não são originais. Hoje, quando um<br />
Maçom Inglês recebe sua agenda sobre suas próximas reuniões, ele<br />
encontrará a seguinte nota de rodapé retirada do Livro das<br />
Constituições estabelecida pela Grande Loja Unida da Inglaterra:<br />
A pura e antiga Maçonaria consiste de três graus e nada mais, a<br />
saber, os de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom, incluindo a<br />
Suprema Ordem do Santo Real Arco.<br />
A declaração é ambígua. Ela declara que todos os outros graus da<br />
Maçonaria não são 'graus puros e antigos'; por dedução ou eles são<br />
criações recentes ou foram adulterados em algum momento. Uma vez<br />
que a Grande Loja afirma nada conhecer sobre suas próprias origens<br />
anteriores a 1717, nós temos que admitir que ou as pessoas sabem<br />
mais do que elas admitem ou os primórdios do século XVIII são agora<br />
considerados 'Antigos'.<br />
O que fazemos então com a inscrição do século XV em Rosslyn que<br />
demonstra o uso do grau da 'Ordem dos Cavaleiros da Cruz Vermelha<br />
da Babilônia'? Por que, nós nos perguntamos, a Grande Loja Inglesa<br />
não aceita que outros graus a precedam em séculos? Nós<br />
necessitamos pesquisar atentamente em como a Maçonaria iniciou na<br />
Inglaterra e verificar se houve mudanças nos rituais desde então.
A declaração feita pelos ingleses de que eles são a primeira<br />
organização maçônica no mundo é baseada na afirmação de que a<br />
Grande Loja de Londres foi o primeiro corpo oficialmente a se autodeclarar<br />
como representante de um pequeno grupo de Lojas.<br />
Entretanto, um corpo que eventualmente se auto-aclamava a 'Grande<br />
Loja de Toda a Inglaterra' foi formado na cidade de York doze anos<br />
antes da de Londres se estabelecer. A Grande Loja Unida da<br />
Inglaterra não existiu até 10 de Dezembro de 1813, após a unificação<br />
das duas Grandes Lojas fortemente opositoras, ambas baseadas em<br />
Londres, ambas lideradas por um príncipe real, e ambas declarando<br />
serem a verdadeira mantenedora da tradição maçônica.<br />
A versão oficial de que a Maçonaria Inglesa iniciou-se como um clube<br />
de cavalheiros em Londres não pode ser correta, pois sabemos que a<br />
primeira iniciação à Maçonaria documentada em solo inglês foi a de<br />
Sir <strong>Robert</strong> Moray em Newcastle em 1641. Há registros de Elias<br />
Ashmole sendo feito Maçom em Warrington, Inglaterra, em 1646 e de<br />
Abram Moses sendo feito Maçom em uma Loja em Rhode Island, nas<br />
colônias americanas, em 1656. O importante trabalho pioneiro sobre o<br />
estudo da natureza e das ciências realizado por Maçons, entre os<br />
quais Sir <strong>Robert</strong> Moray e Elias Ashmole, resultou na criação da<br />
Sociedade Real para o Avanço da Ciência que iniciou uma nova era<br />
de descoberta tecnológica.<br />
Em uma época onde estes visionários Maçons estavam encorajando a<br />
ciência experimental, a Inquisição estava pondo Galileu em prisão<br />
domiciliar por ousar observar que os céus não poderiam ter sido<br />
construídos do modo que a Igreja acreditava. O direito de pensar e<br />
publicar são dificilmente conquistados e facilmente perdidos e a<br />
Maçonaria era a campeã da liberdade democrática e científica no<br />
século XVII.<br />
Como Maçons, iniciados em apenas cinco graus, nós estamos<br />
conscientes de que há muitos outros graus na Maçonaria que podem<br />
conter igualmente material adicional que poderia nos ajudar a<br />
entender o desenvolvimento da Maçonaria moderna. Por que, nós nos<br />
perguntamos, estes altos graus, muitos dos quais de origem
escocesa, são deliberadamente subestimados pela Grande Loja Unida<br />
da Inglaterra?<br />
Os Anos Primordiais<br />
A virtual negação de toda a história anterior à Grande Loja de Londres<br />
em 1717 começou a fazer sentido quando estudamos mais<br />
atentamente as circunstâncias políticas daquele período. O ano em<br />
questão estava no cerne de um período conturbado da História<br />
britânica, concernente ao relacionamento entre os reinos da Escócia e<br />
da Inglaterra. As duas Coroas encontravam-se unificadas desde 1603<br />
quando o Rei Maçom, Jaime VI da Escócia, sucedeu à Rainha<br />
Elizabeth, tornando-se Jaime I da Inglaterra.<br />
Nesta época, ambos os países eram oficialmente protestantes, apesar<br />
dos escoceses serem predominantemente presbiterianos (eles não<br />
aceitavam a autoridade dos bispos ou arcebispos) enquanto que os<br />
ingleses seguiam a tradição episcopal da Igreja da Inglaterra. Os<br />
escoceses consideravam o Episcopalianismo muito próximo aos<br />
ensinamentos da Igreja Católica Romana e desejavam se afastar de<br />
um sistema controlado por bispos e arcebispos, uma vez que,<br />
estavam aliados à tradição escocesa que havia sido estabelecida pela<br />
Igreja Celta.<br />
A relação entre os dois países continuou de certa forma delicada até<br />
que, durante o reinado de Carlos I, uma carta de direitos foi redigida e<br />
assinada em Greyfriars' Kirkyard, em Edimburgo pelos presbiterianos.<br />
Este documento, conhecido simplesmente como 'a Aliança', foi<br />
assinado por todos que se reuniram em assembléia 'para defender o<br />
culto de seus antepassados contra o Rei'.<br />
Inicialmente, estes Aliados escoceses por duas vezes marcharam em<br />
direção ao sul contra o Rei e foi durante a segunda destas incursões<br />
que Sir <strong>Robert</strong> Moray foi iniciado na Maçonaria, através da liderança<br />
dos Aliados que atuavam na Autoridade da Loja de Santa Maria de<br />
Edimburgo. Finalmente, o Rei Carlos I veio a Edimburgo para firmar a
paz com os escoceses e tentar formar uma aliança contra seu novo<br />
oponente, Oliver Cromwell, e o Parlamento Inglês.<br />
Após Carlos I ter perdido tanto a guerra quanto sua cabeça, os<br />
escoceses ofereceram a coroa da Escócia a seu filho, também<br />
chamado Carlos, sob a condição de que ele assinaria a Aliança, o que<br />
relutantemente o fez a 21 de Maio de 1650. Oliver Cromwell<br />
respondeu a este fato enviando seu exército à Escócia para punir os<br />
Aliados e seu Rei. Com o apoio dos generais Monck e Wade,<br />
Cromwell apoderou-se da Escócia e arrasou os castelos dos<br />
patrocinadores da Aliança, incluindo o Castelo de Roslin. Foi nesta<br />
época que ele visitou a Capela de Rosslyn, mas, como sendo ele<br />
próprio um Maçom, nenhum dano a ela produziu.<br />
Após a morte de Cromwell, Monck ofereceu a Carlos o trono da<br />
Inglaterra e Carlos tornou-se Rei da Escócia, Irlanda e Inglaterra. Os<br />
escoceses então encaminharam o Reverendo Sharp, um ministro<br />
prebisteriano, à Londres para lembrar ao Rei de que este assinara a<br />
Aliança. Entretanto, o ministro retornou à Escócia como Arcebispo<br />
Sharp de Santo André e, de acordo com o zelo de seu novo poder<br />
conquistado, nomeou bispos para forçar as práticas episcopais aos<br />
consternados Aliados presbiterianos. Em 1679, doze Aliados<br />
assassinaram Sharp por sua traição e uma vez mais os escoceses<br />
marcharam contra os ingleses. Após vencerem a Batalha de Loundon<br />
Hill, eles foram derrotados pelo Duque de Monmouth em Bothwell<br />
Bridge e pelos próximos cinco meses, milhares de Aliados foram feitos<br />
prisioneiros pelos ingleses em Greyfriars' Kirkyard, onde a Aliança<br />
havia sido assinada. As condições eram aterradoras e muitos deles<br />
morreram. Outros foram vendidos como escravos na América.<br />
Quando Carlos II morreu em 1685, ele foi sucedido por seu irmão<br />
Jaime VII (lI da Inglaterra), um Católico Romano que tentou converter<br />
à força os escoceses e os ingleses ao Catolicismo Romano. Este<br />
causou um verdadeiro escândalo na Inglaterra, e em Julho de 1688, o<br />
'Parlamento Inglês convidou o Governador dos Países Baixos,<br />
Guilherme de Orange e sua esposa Maria a tomar o trono da<br />
Inglaterra. Eles aceitaram e assinaram a Declaração dos Direitos
emitida pelo Parlamento a 22 de Janeiro de 1689 que limitava os<br />
poderes do monarca sobre a religião estatal e assegurava uma<br />
sucessão protestante ao trono. O Parlamento Escocês aceitou-os<br />
como governantes da Escócia, mas a Irlanda Católica Romana teve<br />
de ser subjugada à força na Batalha de Boyne, que ainda é celebrada<br />
pela Marcha da Ordem Laranja de Ulster.<br />
Quando Guilherme morreu, a coroa passou à Ana, a filha de Jaime VI,<br />
que era casada com um príncipe alemão de Hanover. Então em 1706,<br />
houve um movimento para unificar os Parlamentos da Escócia e da<br />
Inglaterra e mais uma vez os presbiterianos temeram que os<br />
episcopais tentariam impor suas crenças aos escoceses. No ano<br />
seguinte, os ingleses forçaram a união e a Escócia encaminhou<br />
quarenta e cinco membros para ocupar assento na Câmara dos<br />
Comuns e dezesseis para a Câmara dos Lordes. Esta concessão para<br />
a combinação dos dois Parlamentos foi acertada através de um<br />
acordo onde se ficava estabelecida que a Escócia manteria suas<br />
antigas leis e o culto plesbiteriano.<br />
Ironicamente, com a Aliança agora garantida por ambos os<br />
Parlamentos, a última reserva restante sobre o retorno da casa real<br />
dos Stuart havia sido removida pelos escoceses. Isto se tornou um<br />
importante fator quando os ingleses tiveram um rei alemão em<br />
Londres.<br />
Embora Jaime VII tivesse morrido em França, seu filho Jaime VIII<br />
ainda estava vivendo quando a rainha Ana morreu e Jorge I (o filho de<br />
Sofia, a neta de Jaime VI) tornou-se rei. Os aliados de Jaime VIII eram<br />
conhecidos como Jacobitas e não gostaram nada da idéia de ter um<br />
rei alemão que nem mesmo falava inglês. Eles chamavam Jorge<br />
Hanover de 'o pequenino alemão ensebado' e planejaram o retorno do<br />
'Rei de Além-mar', como Jaime VIII era conhecido. Este<br />
descontentamento aflorou quando o Conde de Mar organizou uma<br />
reunião em Braemar, onde este convidou os nobres da Escócia a<br />
tomarem em armas a favor de 'Jaime VIII da Escócia'.<br />
A 06 de Setembro de 1715, eles estenderam o seu estandarte e<br />
marcharam contra os ingleses de modo a restaurar o reino da Escócia
a um rei escocês e libertá-la do julgo do Rei da Inglaterra da Casa de<br />
Hanover. A primeira batalha, em Sheriffmuir in Perthshire, foi<br />
inconclusiva, mas Jaime VIII não era propriamente um herói e retirouse<br />
para França onde permaneceu pelo resto de sua vida.<br />
A Maçonaria instalou-se em Londres pelo menos por volta de 1603<br />
com Jaime VI. Do mesmo modo, que ela pode ter tido contato com os<br />
Maçons operativos em Londres, ela manteve seu forte sabor jacobita e<br />
escocês, mas após a maior batalha contra os escoceses em 1715, os<br />
Maçons de Londres ficaram preocupados. Havia um clima de caça às<br />
bruxas logo após o embate entre o exército escocês de Jaime VIII e<br />
qualquer um que simpatizasse com as idéias jacobitas era suspeito de<br />
deslealdade ao Rei Jorge I de Hanover, que não possuía nenhuma<br />
ligação com a Maçonaria. Alarmados com o perigo de serem<br />
reconhecidos como Maçons, na Londres Hanoveriana, muitos<br />
abandonaram a Ordem e tornou-se claro que se a Maçonaria<br />
desejasse continuar, seus membros teriam de assegurar-se que<br />
purgariam o movimento de suas perigosas associações jacobitas.<br />
Outra entrada constante do primeiro Livro das Constituições, escrito<br />
pelo Dr. James Anderson em 1738, aponta o desconforto que a<br />
campanha jacobita de 1715 havia causado aos Maçons à época,<br />
levando até ao afastamento de seu Grão-Mestre anterior:<br />
O Rei Jorge I ingressou em Londres magnificamente a 20 de setembro<br />
de 1724. E após o término da rebelião – a.D. 1716 – as poucas Lojas<br />
de Londres, achando-se elas mesmas negligenciadas por <strong>Christopher</strong><br />
Wren, pensaram em se unir sob o poder de um Grão-Mestre, criando<br />
um centro de união e harmonia, sendo as Lojas que se reuniam:<br />
1. Na Cervejaria do Ganso e da Grelha, no adro da Catedral de São<br />
Paulo;<br />
2. Na Cervejaria da Coroa, na rua Parker, próximo à rua Drury;<br />
3. Na Taverna da Macieira, na rua Carlos, em Covent Garden;<br />
4. Na Taverna do Copázio e das Uvas, na travessa do Canal, em<br />
Westminster.
Elas e alguns outros Irmãos veteranos encontraram-se na chamada<br />
Taverna da Macieira e tendo empossado o mais velho Mestre Maçom<br />
dentre eles, constituíram-se como uma Grande Loja pro tempore em<br />
sua forma, e imediatamente re-estabeleceram a Comunicação<br />
Quinzenal dos Oficiais das Lojas (conhecida por Grande Loja),<br />
resolveram convocar uma Assembléia Anual e realizar um Grande<br />
Banquete, onde escolheriam um Grão-Mestre dentre eles, até que<br />
eles tivessem a Honra de possuir um Irmão Nobre como seu Líder.<br />
A escolha de palavras constantes do registro do Dr. Anderson<br />
claramente sugere que a campanha jacobita havia lançado a<br />
Maçonaria londrina de joelhos e esta reunião foi uma tentativa de eles<br />
se restabelecerem como súditos leais ao Rei de Hanover. O uso de<br />
palavras tais como 're-estabeleceram' em referência à comunicação<br />
quinzenal torna certo que estes expedientes haviam sido normais<br />
anteriormente, mas estavam em desuso. O objetivo declarado deles,<br />
uma vez que eles pretendiam retornar a uma época quando eles<br />
possuíam um 'irmão nobre' como líder, parece sugerir que isto deveria<br />
ter sido uma regra, que sabemos ser o caso - Jaime I havia estado à<br />
liderança da Ordem um século antes.<br />
É interessante notar que duas Lojas londrinas recusaram-se se juntar<br />
a este pretendido sistema de apoio aos Hanover, pois um antigo livro<br />
conhecido por Multa Pacis (que o historiador J. S. M. Ward descobriu<br />
e reproduziu) afirma que eram seis as Lojas nesta reunião e não<br />
quatro. Este é outro fato que a Grande Loja da Inglaterra prefere não<br />
discutir.<br />
Estas Lojas londrinas não inventaram a Maçonaria e elas, e suas<br />
precursoras, tiveram que obter seus rituais de algum lugar.<br />
Anteriormente a 1646, os únicos corpos que expediam as cartas<br />
constitutivas para a formação de Lojas eram as Lojas escocesas que<br />
retiravam sua autoridade dos Estatutos Schaw, datados de 1602<br />
(solicitados por Jaime VI da Escócia, antes dele se tornar Jaime I da<br />
Inglaterra). Se as quatro Lojas londrinas restantes eram legítimas<br />
Lojas Maçônicas, elas deveriam ter agido de acordo com as garantias
asseguradas pelas Lojas escocesas de Schaw, a única fonte legítima<br />
de autoridade maçônica. E deste modo parece que a Grande Loja<br />
Unida da Inglaterra deveria ser considerada como oriunda da Grande<br />
Loja da Escócia, que atualmente representa as Lojas de Schaw.<br />
Para os aliados dos Hanover, o conhecimento disto deve ter sido um<br />
fato incrivelmente perturbador. Eles deveriam saber que muitos anos<br />
antes da campanha jacobita de 1715, as Lojas escocesas haviam<br />
mantido um fundo para o qual os candidatos contribuíam para<br />
providenciar a aquisição de armas que eram usadas contra os<br />
ingleses - 'mantido e reservado para a defesa da verdadeira religião<br />
protestante, do Rei e da nação e para a defesa das antigas cidades e<br />
de seus privilégios herdados' - e eles eram obrigados a 'sacrificar suas<br />
vidas e fortunas em defesa de um ou de todos'.<br />
Os Maçons londrinos não desejavam ser associados a estes<br />
sentimentos, que poderiam ser encarados como traição às<br />
autoridades de Hanover, mas elas tinham o problema de possuírem<br />
suas autorizações para atuarem como Maçons, originadas das Lojas<br />
de Schaw da Escócia obviamente jacobitas. Sua solução era curiosa,<br />
mas sem dúvida, ilegítima do ponto de vista maçônico. Eles<br />
necessitavam de uma fonte de autoridade alternativa para suas<br />
atividades, que eles criaram unificando quatro das Lojas<br />
remanescentes de Londres de modo a constituir uma Grande Loja que<br />
apoiava os Hanover, imediatamente negando-se suas origens<br />
escocesas.<br />
Este instantâneo abandono de sua verdadeira história por razões<br />
políticas legou-os o problema em explicar de onde eles vieram. Sua<br />
solução foi simplesmente afirmar 'ninguém sabe ao certo' - o que nos<br />
traz de volta à atual posição da Grande Loja Unida da Inglaterra.<br />
Tendo alterado os livros de história ao remover toda a lembrança de<br />
suas verdadeiras origens, os ingleses tentaram se igualar à verdadeira<br />
herança da Maçonaria escocesas cortejando a Família Real de<br />
Hanover, encorajando-os a unirem-se e eventualmente a liderar a<br />
Maçonaria londrina. Dentro de quatro anos eles tinham um membro da<br />
nobreza, um Duque, como seu Grão-Mestre e dentro de sessenta e
cinco anos eles teriam uma numerosa quantidade de príncipes de<br />
Hanover como seus líderes. O preço a ser pago por esta aceitação era<br />
a eliminação de todo traço de suas raízes escocesas e deste modo,<br />
sua compreensão a respeito dos propósitos originais por detrás da<br />
Maçonaria.<br />
A decisão deste pequeno grupo de cavalheiros Maçons de Londres<br />
em se estabelecer unilateralmente como o corpo controlador de toda a<br />
Maçonaria em 1717 não universalmente aceita e logo ocasionou uma<br />
resposta de outros grupos de Maçons que se recusavam a reconhecer<br />
sua autoridade. Logo após a formação de uma Grande Loja de<br />
Londres em 1717, Grandes Lojas foram declaradamente abertas em<br />
York e na Irlanda em 1725, embora elas provavelmente já existissem<br />
anteriormente a esta data.<br />
Os aliados dos Hanover tinham bons motivos para se preocuparem<br />
com os aliados dos Stuart. Apesar de Jaime VIII ter se mostrado como<br />
um líder fraco, seu filho possuía grande coragem e temperamento;<br />
Charles Edward Stuart, Carlos III, conhecido como o 'Bom Príncipe<br />
Charlie' estava pronto para arriscar tudo no resgate de sua coroa,<br />
usada pelo Rei Jorge II.<br />
Para evitar que o País de Gales formasse sua própria Grande Loja<br />
nacional, fora de seu controle, a Grande Loja de Londres persuadiu<br />
um Maçom chamado Hugh Warburton a estabelecer seu país como<br />
uma 'província' da Inglaterra, de modo que este se tornou o primeiro<br />
Grão-Mestre Provincial de Gales do Norte (um estranho acordo que é<br />
ainda contestado por muitos Maçons Gauleses).<br />
Um sistema de controle e apoio foi rapidamente desenvolvido para<br />
assegurar que todas as Lojas concordassem com os editos dos<br />
Maçons londrinos. Em 1734, o Grão-Mestre da Maçonaria londrina era<br />
um Maçom escocês, o Conde de Crawford, e igualmente a ele foi<br />
proposto se tornar o primeiro Grão-Mestre Provincial da Escócia, o<br />
que significaria a redução de uma segunda nação celta ao estado de<br />
uma 'província' da Inglaterra.<br />
As Lojas de Kilwinning e Scoon e Perth não acreditavam ser este um<br />
acordo sério, mas as Lojas de Edimburgo levaram-no a sério o
suficiente para tomarem uma solução. Eles propuseram eleger a sua<br />
própria Grande Loja para administrar seus negócios, emitir as cartas<br />
constitutivas e proteger os seus interesses. Para darem início ao seu<br />
plano, eles precisavam de um Grão-Mestre Maçom, uma vez que os<br />
Estatutos Schaw não os apresentavam outra opção.<br />
O Primeiro Grão-Mestre Maçom da Escócia<br />
A Maçonaria inglesa é muito diferente da Maçonaria que se<br />
desenvolveu e ainda existe na Escócia. Quando as Lojas escocesas<br />
decidiram eleger uma Grande Loja para administrá-las, elas<br />
retornaram à sua lealdade tradicional e concordaram que Sir William<br />
Sinclair de Roslin seria seu Grão-Mestre hereditário. Ele era um<br />
descendente homem direto de Lorde William St Clair que havia<br />
construído Rosslyn.<br />
O único problema com este plano era o fato de Sir William Sinclair não<br />
ser um Maçom! Antes de ele se tornar Grão-Mestre Maçom da<br />
Escócia, ele teria que ser iniciado, e entre Maio e Dezembro de 1736<br />
ele rapidamente progrediu através dos cinco graus mínimos que<br />
fazem parte da Maçonaria Simbólica na Escócia. Uma vez indicado,<br />
seu primeiro ato foi renunciar e abdicar por escrito de seus direitos<br />
hereditários e instituir o sistema de eleição de oficiais da nova Grande<br />
Loja que ainda protege os direitos e privilégios dos Maçons escoceses<br />
hoje em dia.Curiosamente, ele vendeu o Castelo Roslin e a Capela<br />
assim que ele se tornou Maçom; talvez, ele sentisse que os desejos<br />
de seus ancestrais tivessem sido atingidos. Mesmo Gould, o mestre<br />
dos dogmas da Maçonaria inglesa, ressentidamente comentou:<br />
... A oportuna renúncia de William St Clair foi... Calculada para dar a<br />
todo negócio um tipo de legalidade que era desejada quando da<br />
instituição da Grande Loja da Inglaterra.<br />
Logo surgiram outros desentendimentos com a nova Maçonaria da<br />
Inglaterra, Logo após a formação da Grande Loja de Londres, dois
grupos de Maçons, conhecidos como 'os Antigos' e 'os Modernos'<br />
surgiram. Estes grupos discordavam sobre a natureza e a forma dos<br />
rituais e, os Antigos, que eram conhecidos como a Grande Loja de<br />
Atholl, devido às origens escocesas de seu líder, o Duque de Atholl,<br />
acusaram os Modernos de introduzirem mudanças nos rituais que eles<br />
não pretendiam seguir. Suas diferenças tornaram-se tão grandes que<br />
os Maçons Ingleses eventualmente se dividiriam em duas Grandes<br />
Lojas separadas sob dois diferentes Grão-Mestres, e por um longo<br />
período nenhum lado reconhecia o ritual do outro como válido.<br />
O divisor de águas se estabeleceu quando Lawrence Dermott, um<br />
Maçom educado na tradição irlandesa, mudou-se para Londres em<br />
1748 e uniu-se a uma Loja londrina. Ele ficou tão chocado com as<br />
mudanças que esta auto proclamada Grande Loja havia<br />
unilateralmente realizado nos rituais da Maçonaria que tomou uma<br />
atitude, tornando-se o primeiro Grande Secretário dos 'Antigos'. A<br />
respeito dele foi dito:<br />
Como polêmico, ele era sarcástico, amargo, intransigente e no todo<br />
não era nem sincero, nem verdadeiro. Mas no alcance intelectual, ele<br />
não era inferior a nenhum de seus adversários e em uma apreciação<br />
filosófica da característica da Instituição Maçônica, ele estava à frente<br />
de seu tempo.<br />
Ele falava hebraico e latim e, sendo um bem preparado estudante da<br />
história maçônica, rapidamente detectou que a Maçonaria londrina<br />
havia se afastado de suas antigas raízes em suas tentativas de se<br />
distanciar das origens jacobitas.<br />
Os apoiadores dos Hanover, membros da Grande Loja de Londres,<br />
estavam descontentes com o sucesso dos Antigos em preservar a<br />
herança jacobita e estavam conscientes da ameaça que isto implicava<br />
ao apoio desprendido pela Casa de Hanover. A solução foi incentivar<br />
o Patrocínio Real a encorajar a união das duas tradições e aprovar um<br />
Ato do Parlamento que pretendia banir a Maçonaria dos Antigos como<br />
uma sociedade subversiva. O Príncipe de Gales já era o Grão-Mestre
dos Modernos quando, em 1799, o Ato das Sociedades Desleais foi<br />
aprovado por William Pitt para a 'supressão efetiva das Sociedades<br />
estabelecidas nos propósitos de Sedição e Traição'. O líder deste<br />
movimento era o Príncipe Eduardo, o Duque de Kent, que havia<br />
previamente ingressado em ambas as Grandes Lojas. Sem o apoio da<br />
Família Real da Inglaterra, os Antigos estavam sob a ameaça de<br />
serem considerados ilegais. A cláusula que eximia todas as Lojas dos<br />
Maçons, tanto às dos Antigos quanto às dos Modernos, foi finalmente<br />
acertada, mas o preço deveria ser pago mais adiante.<br />
Os Antigos aceitaram os termos da rendição e a 08 de Novembro de<br />
1813, o Duque de Atholl renunciou a favor do Duque de Kent. A esta<br />
época, escritores maçônicos oriundos de outras tradições alertaram<br />
sobre os perigos deste ato no Freemason's Quaterly:<br />
Nem os escritores ingleses nem os leitores ingleses podem manter-se<br />
à parte da tendência egoísta insular de olhar para a Inglaterra como o<br />
ponto central de todo um sistema de eventos pelo mundo a fora.<br />
Para se evitar constrangimentos com a Coroa durante o processo de<br />
aproximação com os Antigos com a Abolição do Ato do Parlamento, o<br />
Príncipe de Gales indicou o Conde de Moira como Grão-Mestre<br />
Adjunto. O historiador maçônico Gould comentou:<br />
Os Maçons da Inglaterra possuem uma grande dívida de gratidão com<br />
a Família Real de seu país. Sua imunidade ao Ato das Sociedades<br />
Secretas de 1799 foi devida em grande parte, à circunstância do<br />
herdeiro do trono ser o líder da Grande Loja de Londres [os Modernos]<br />
e mais tarde sob a influência combinada dos Príncipes Reais as<br />
opiniões discrepantes foram transformadas em um compromisso<br />
harmonioso.<br />
O Príncipe de Gales e seu irmão, o Duque de Kent, haviam forçado os<br />
Antigos a passarem ao controle dos Modernos, mas a tarefa de
eescrever a história das origens da Maçonaria foi deixada para outro<br />
irmão real, o Duque de Sussex.<br />
No ano seguinte, as duas constituições foram combinadas e a atual<br />
Grande Loja Unida da Inglaterra foi formada sob o Grão Mestrado do<br />
Duque de Sussex. Os Modernos haviam ganhado a batalha sobre o<br />
ritual e sua visão não poderia jamais ser desafiada pelos Maçons<br />
ingleses, pois eles introduziram em seu ritual de instalação de<br />
Venerável Mestre de todas as Lojas que, antes de ser empossado, o<br />
Mestre deve declarar em Loja aberta que ele aceita incondicional e<br />
completamente todas as ordens e editos da Grande Loja Unida. Como<br />
uma salvaguarda adicional, de modo a evitar questionamentos, todos<br />
os Oficiais da Grande Loja Unida devem ser indicados e não eleitos.<br />
Com seu sistema de controle firmemente estabelecido, a Grande Loja<br />
Unida tem sobrevivido sem questionamentos até o presente dia.<br />
A Grande Loja Unida negava a história dos Altos Graus Maçônicos e<br />
deste modo, um Supremo Conselho para a Inglaterra foi formado para<br />
administrar os graus do Rito Escocês que eram largamente praticados<br />
pelos Maçons da época. Ele foi estabelecido em 1819 e, desde sua<br />
formação, mantinha fortes laços com a recém formada Grande Loja<br />
Unida da Inglaterra, cujos Oficiais eram todos os seus membros. Sob<br />
o novo acordo, o Duque de Sussex estava entre os primeiros a ser<br />
iniciado nos altos graus pelo Almirante Sir William Smyth e ele ficou<br />
tão ofendido pelo o que eles continham que tomou todas as<br />
providências necessárias para evitar que outros fossem iniciados. Ele<br />
era tão completamente contra aos trabalhos que se utilizou sua<br />
influência como Grão-Mestre da Grande Loja Unida da Inglaterra para<br />
apagar completamente trechos inteiros de seus conteúdos da<br />
lembrança maçônica.<br />
O problema do Duque aparenta ter sido o conteúdo cristão que havia<br />
sido introduzido aos rituais originais que eram distintamente nãocristão.<br />
Como cristão e Maçom, ele percebeu que antigos trechos<br />
'pagãos' estavam em conflito com os novos elementos cristãos e<br />
decidiu neutralizar esta situação através da remoção de todos<br />
ensinamentos cristãos e de todos os aspectos que ele considerava
'estranhos'. Desta feita, ele castrou a Maçonaria, eliminando tudo<br />
aquilo que se referia ou conflitava com os ensinamentos da Igreja.<br />
Esta atitude removeu qualquer chance de entendimento do significado<br />
original da Maçonaria, mas trouxe o benefício de abrir a organização<br />
aos homens de outras crenças monoteístas.<br />
Os Graus Ocultos<br />
William St Clair construiu Rosslyn para estabelecer uma Nova<br />
Jerusalém na verdejante e agradável Escócia, para que ela pudesse<br />
abrigar os manuscritos que haviam sido descobertos no Monte do<br />
Templo. Quanto mais nós observávamos, mais nós descobríamos que<br />
os rituais da Maçonaria estavam ligados a esta edificação e talvez,<br />
acreditávamos, havia mais a ser descoberto entre os rituais que foram<br />
abandonados.<br />
As tradições da Maçonaria afirmam que os membros de vários graus<br />
não comentam o conteúdo dos rituais com outros a menos que estes<br />
sejam membros destes graus. Provavelmente é verdade que a grande<br />
maioria dos Maçons não têm a mínima idéia das estruturas que<br />
existem dentro da Maçonaria, uma vez que poucos compreendem o<br />
que realmente ocorre.<br />
Se a outrora Maçonaria herdou um conhecimento especial passado a<br />
partir da Igreja de Jerusalém original, então os criadores da ordem<br />
eram muito sábios em proteger o conhecimento com um complexo<br />
sistema de células secretas, cada qual com seu próprio juramento de<br />
segredo. William St Clair teve a visão e o cuidado de preservar sua<br />
mensagem em pedra e no ritual maçônico até o tempo em que o<br />
poder de supressão da Igreja Romana se tornasse limitado.<br />
Quando os ingleses sem motivo aparente resolveram mudar o ritual<br />
maçônico por razões políticas, eles lançaram fora todo um completo<br />
propósito da organização. Nós estávamos cada vez mais certos de<br />
que eles haviam transformado toda a coisa em um ritual sem sentido<br />
que era uma mera paródia do original. Um trabalho de bastidor<br />
rapidamente mostrou-nos o que todos os nomes dos graus da
Maçonaria significavam, mas obter o conhecimento do que uma vez<br />
continham era uma tarefa mais difícil, quiçá impossível, após tantos<br />
anos de esquecimento.<br />
Os primeiros três graus da Maçonaria são:<br />
• Aprendiz Maçom (a primeira iniciação na Maçonaria);<br />
• Companheiro Maçom;<br />
• Mestre Maçom (o grau padrão ao qual os Maçons normalmente<br />
alcançam).<br />
Há um grupo de graus que possuem distintas características cristãs e<br />
parecem ser criações bem recentes:<br />
• Cavaleiro Templário (sem qualquer conexão com os Cavaleiros<br />
Templários originais);<br />
• Cavaleiro da Passagem do Mediterrâneo;<br />
• Cavaleiro de São João de Malta;<br />
• Cruz Púrpura da Ordem Real da Escócia;<br />
• Heredom da Ordem Real da Escócia;<br />
• Irmão de São Lourenço Mártir;<br />
• Cruz Vermelha de Constantino;<br />
• Cavaleiro do Santo Sepulcro;<br />
• Cavaleiro de São João;<br />
• Os Nove Graus da Sociedade Rosacruciana;<br />
• Cavaleiro de Constantinopla;<br />
• Rosa Cruz.<br />
Alguns graus mais recentes são:<br />
• Supervisor Secreto;<br />
• Os Sete Graus do Cordão Escarlate;<br />
• Ilustre Ordem da Luz;<br />
• Rito Antigo e Aceito da Escócia.
O mais interessante do arranjo destes graus para nós são aqueles que<br />
pertencentes ao Rito Escocês Antigo e Aceito, controlado pelo<br />
Supremo Conselho do Grau 33º em Edimburgo. É ao 16° grau deste<br />
sistema ao qual a inscrição em Rosslyn se refere. Este sistema inicia<br />
com os mesmos três graus de toda a Maçonaria:<br />
1. Aprendiz Maçom;<br />
2. Companheiro Maçom;<br />
3. Mestre Maçom;<br />
4. Mestre Secreto;<br />
5. Mestre Perfeito;<br />
6. Secretário Íntimo;<br />
7. Preboste e Juiz;<br />
8. Intendente dos Edifícios;<br />
9. Eleito dos Nove;<br />
10. Eleito dos Quinze;<br />
11. Sublime Eleito;<br />
12. Grão-Mestre Arquiteto;<br />
13. Real Arco (de Enoch);<br />
14. Cavaleiro Escocês da Perfeição;<br />
15. Cavaleiro da Espada ou do Oriente;<br />
16. Príncipe de Jerusalém;<br />
17. Cavaleiro do Oriente e do Ocidente;<br />
18. Cavaleiro do Pelicano e da Águia e Soberano Príncipe Rosa Cruz;<br />
19. Grande Pontífice;<br />
20. Venerável Grão-Mestre;<br />
21. Patriarca Noaquita;<br />
22. Príncipe do Líbano;<br />
23. Chefe do Tabernáculo;<br />
24. Príncipe do Tabernáculo;<br />
25. Cavaleiro da Serpente de Bronze;<br />
26. Príncipe da Misericórdia;<br />
27. Comandante do Templo;<br />
28. Cavaleiro do Sol;
29. Cavaleiro de Santo André;<br />
30. Grande Eleito Cavaleiro da Águia Branca e Preta;<br />
31. Grande Inspetor, Comandante Inquisidor;<br />
32. Sublime Príncipe do Real Segredo;<br />
33. Grande Inspetor Geral.<br />
Nós descobrimos que o mais antigo registro a que se referem a estes<br />
graus escoceses ocorreu em França durante o período de trinta anos<br />
entre as duas campanhas jacobitas de 1715 e 1745, quando por duas<br />
vezes os escoceses invadiram a Inglaterra. Em França, os Maçons<br />
costumavam usar estes graus que eram conhecidos como 'Maitres<br />
Ecossais' (Mestres Escoceses). Estes Altos Graus eram conhecidos<br />
como graus escoceses e eram associados ao Chevalier Ramsay que<br />
nasceu em Ayr em 1686. Diz-se que ele havia desenvolvido os graus<br />
do Rito Escocês em França quando era tutor dos dois filhos de Jaime<br />
VIII da Escócia, que vivia no exílio em França.<br />
Um destes filhos era o jovem 'Bom Príncipe Charlie' que comandou<br />
uma expedição para recuperar o trono da Escócia vinte e um anos<br />
depois. Em 1730, Ramsay visitou a Inglaterra, com a permissão de<br />
Jorge II, e foi feito Membro da Sociedade Real por Isaac Newton, seu<br />
então presidente. Obviamente ele não possuía nenhuma qualificação<br />
científica, mas era sabido ser o mesmo um Maçom em França e<br />
quando em Inglaterra, filiou-se à Loja Horn (hoje conhecida como Loja<br />
da Casa Real de Somerset e Inverness n° 04). Em 1737, ele publicou<br />
um discurso no L'Almanach de Cocus onde explanava sobre uma<br />
união entre a Maçonaria e os Cavaleiros de São João de Jerusalém<br />
que datava do tempo das Cruzadas. Ele também descreveu uma Loja<br />
em Kilwinning, da qual Jaime, Lorde Comissário da Escócia, fora<br />
Venerável Mestre em 1286.<br />
Ramsay era um jacobita durante o período em que fora tutor do 'Bom<br />
Príncipe Charlie' e pode muito bem ter pertencido à Loja que havia<br />
sido fundada em França em 1725 pelo Conde de Derwentwater, este<br />
que fugira para França com Jaime VII. Esta Loja, conhecida como Loja
de São Tomé, reunia-se na Taverna Hure, na Rue des Boucheries, em<br />
Paris.<br />
Em 1761, a Grande Loja de França emitiu uma patente a Etienne<br />
Morin para a difusão do Rito Escocês na América. Ele foi feito Grande<br />
Inspetor do Novo Mundo e autorizado a criar inspetorias nos lugares<br />
onde estes graus ainda não estavam estabelecidos, sugerindo que o<br />
Rito Escocês já pudesse ser praticado na América. A 31 de Maio de<br />
1801, foi criado o 'Supremo Conselho do Grau 33° para os Estados<br />
Unidos da América', em Charleston, Carolina do Sul. No ano seguinte,<br />
o Supremo Conselho emitiu uma circular a todas as Grande Lojas do<br />
mundo, datando a origem da Maçonaria no início do mundo e, após a<br />
descrição de seu desenvolvimento até a sua formação, declarou-se<br />
guardião das Constituições Secretas que existiam desde Tempos<br />
Imemoriais.<br />
Em 1857, o Supremo Conselho para a Inglaterra orgulhosamente<br />
anunciou que o grau 30° havia sido concedido 'sem o auxilio de ritual'.<br />
No ano seguinte o Supremo Conselho para a Inglaterra decidiu romper<br />
a aliança com o Supremo Conselho para a Escócia e todos os corpos<br />
subordinados foram ordenados a não manter contato com membros<br />
dos corpos subordinados ao Supremo Conselho escocês.<br />
Nós descobrimos que hoje o primeiro grau dado após o 4° é o 18°,<br />
sendo os do 5° ao 17° graus dados por comunicação somente, sem a<br />
necessidade de seguirem um ritual. Do mesmo modo, os graus do 19°<br />
ao 29° são por comunicação antes do 30° ser conferido.<br />
Sendo assim, os Maçons que obtêm o 30° grau podem muito bem<br />
nada saber sobre o conteúdo dos vinte e quatro graus que<br />
supostamente deveriam conhecer.<br />
O que quer que fosse o que se encontrava neste cerimonial que havia<br />
ofendido o Duque de Sussex, seu sistema de apoio controlado e sua<br />
negação deliberada haviam prosperado na quase destruição do<br />
mesmo. O então líder dos Maçons americanos, Albert Pike, falando ao<br />
Grande Supremo Conselho da Jurisdição Meridional (EUA), sem<br />
constrangimento algum de sua espantosa ignorância e arrogância<br />
afirmou em 1878:
A verdade é que o Rito nada mais era que um monte de lixo sem valor<br />
e os Rituais nada valiam até 1855.<br />
Parece que Pike considerava os rituais como uma massa caótica e<br />
heterogênea. Sua total falha em compreendê-los levou-o a abandonálos,<br />
descrevendo-os como 'um dialeto incoerente e sem sentido;<br />
alguns desses graus são um nada absoluto - sendo propositalmente<br />
construídos para ocultar seu significado'. Pike então provou ser um<br />
valoroso sucessor do Duque de Sussex quando do auxílio ao<br />
Supremo Conselho da Inglaterra na tarefa de supressão dos rituais.<br />
Assim ele escreveu:<br />
O Supremo Conselho para a Jurisdição Meridional dos Estados<br />
Unidos ao tomar a indispensável e inadiável tarefa de revisão e<br />
reforma dos trabalhos e Rituais dos trinta e três graus e de todos os<br />
meios pelos quais os membros reconhecem uns aos outros, tem<br />
procurado e desenvolvido a idéia principal de que cada grau,<br />
rejeitadas as puerilidades e absurdos com os quais muitos deles foram<br />
desfigurados, e transformando-os em um sistema de instrução<br />
conectado à moral, à religiosidade e á filosofia. Não recusando<br />
nenhum credo, foi ainda pensado não ser apropriado utilizar-se de<br />
velhas alegorias, baseadas em ocorrências detalhadas nos livros<br />
hebraicos e cristãos, mas sim extraí-Ias dos Antigos Mistérios do<br />
Egito, Pérsia, Grécia, Índia, dos Druidas e dos Essênios como<br />
veículos de comunicação das Grandes Verdades Maçônicas; assim<br />
como retiradas das lendas dos Cruzados e das Cerimônias das<br />
Ordens dos Cavaleiros.<br />
Entretanto, o trabalho de destruição ainda não estava concluído, pois<br />
o Reverendo Whitaker ainda não estava satisfeito com as alterações.<br />
Assim ele comentou sobre outras alterações das quais ele não estava<br />
pronto a especificar:<br />
Um parêntese na oração da câmara do meio é a total antítese dos<br />
ensinamentos de Cristo; alguns trechos do ritual são simplesmente
sem sentido. De grande valia seria se um pequeno comitê de<br />
estudiosos em teologia empreendessem a revisão do ritual. A maior<br />
parte dele é tão belo que é uma pena permitir que tais manchas<br />
continuem a obliterar os sentimentos daqueles que refletem e pensam.<br />
Fica claro que a partir deste estudo da história do Rito Escocês dos<br />
trinta e três graus que o que quer que tenha sido o ritual, este foi<br />
deliberadamente alterado de modo a adaptar-se aos preconceitos<br />
pessoais do Duque de Sussex, o Primeiro Grão-Mestre da Grande<br />
Loja Unida da Inglaterra, e do Soberano Grande Inspetor Geral Albert<br />
Pike do Supremo Conselho da Jurisdição Meridional dos EUA. Nós<br />
apenas podemos imaginar o que haviam sido os graus escoceses<br />
jacobitas que tanto ofenderam estes conceituados Maçons para que<br />
estes decidissem ignorar suas próprias responsabilidades com a<br />
Maçonaria que havia lhes ensinado que nenhum poder de qualquer<br />
homem ou corpo de homens poderia realizar alterações no cerimonial<br />
da Maçonaria.<br />
Nos protocolos do Supremo Conselho da Inglaterra de Abril de 1909, o<br />
sistema dos graus que até então eram chamados de Rito Escocês foi<br />
renomeado para Rito Antigo e Aceito. As atas registram: 'foi decidido<br />
omitir a palavra 'Escocês' de todos os certificados, etc.<br />
Um colunista do jornal Masonic News à época comentou que isto era<br />
uma tola resolução: 'O Rito tem sido chamado de Rito Escocês desde<br />
a formação do primeiro Supremo Conselho em 1801 e tem sido assim<br />
conhecido em cada canto do mundo. Ter realizado tal mudança<br />
demonstra uma completa ignorância da história maçônica'.<br />
Nós observamos que o cerimonial era conhecido como Rito Escocês<br />
antes da formação da Grande Loja Unida e sua alto declarada<br />
sociedade. Nós também sabíamos que, em 1908, somente aos<br />
Maçons que pertenciam ao Alto Estafe da Grande Loja Unida era<br />
permitido tornar-se membros deste Supremo Conselho para a<br />
Inglaterra. Olhando para a história dos 33 graus, nós chegamos a<br />
descobrir uma espantosa história de destruição deliberada de uma<br />
herança verbal que datava do tempo dos Templários.
Tendo descoberto que há uma história escondida e um cerimonial<br />
deliberadamente oculto por trás da Maçonaria Inglesa, nós tínhamos<br />
que tentar e descobrimos o que estes graus são e o que havia sido<br />
removido dos rituais. Parece-nos que eles continham algo muito<br />
importante, uma vez que estes foram suprimidos tão completamente.<br />
Nós estabelecemos que os antigos segredos que nós estávamos<br />
procurando por terem sido eliminados pelos fundadores da Grande<br />
Loja Unida da Inglaterra quando esta foi formada; agora, nós<br />
imaginamos se a resistência a qual nós experimentamos pelos atuais<br />
servidores da ordem foi para dissuadirmos a investigação ou apenas o<br />
resultado de egos magoados.<br />
Neste balanço, nós duvidamos muito que eles saibam quaisquer<br />
segredos retidos por outros Maçons, e quase certamente conhecem<br />
pouco ou nada dos rituais perdidos. Por outro lado, é provável que<br />
uma tradição cultural de obstruir os pesquisadores de livre<br />
pensamento tenha se perpetuado desde 1813 e os presentes<br />
encarregados estão simplesmente respondendo do único modo que<br />
eles conhecem.<br />
Mesmo que estes auto-nomeados censores e reformadores possam<br />
ocultar este material, eles não podem esconder tudo. É interessante<br />
notar que a Grande Loja da Inglaterra foi estabelecida no Dia de São<br />
João de 1813. Existem dois dias dedicados a São João por ano,<br />
ambos os dois muito importantes para a Maçonaria, e mesmo que isto<br />
possa parecer ser uma observação cristã, é atualmente encarado<br />
como um retorno ao antigo (possivelmente egípcio) culto ao sol. Estes<br />
dias sagrados correspondem aos festivais de solstícios de verão e<br />
inverno de um culto solar que foi absorvido pelo calendário cristão. O<br />
fato de ambos serem significativos para a Maçonaria indica uma<br />
origem que há muito se perdeu na memória.<br />
Sem dúvida alguma, a Maçonaria é culpada por ocultar algum<br />
grande segredo. Infelizmente, pode ser que ninguém que ainda esteja<br />
vivo o conheça!<br />
A partir deste ponto, nós percebemos que precisávamos retornar às<br />
circunstâncias que levaram à formação dos Templários e tentar
compreender o que é que estava por detrás de sua missão e quais<br />
segredos foram transmitidos para a Maçonaria antes de eles estarem<br />
perdidos.<br />
Talvez através do estudo desta história proibida até o seu fim é que<br />
possamos encontrar a verdade perdida em seu meio.<br />
Conclusão<br />
A primeira Grande Loja do mundo foi estabelecida em Londres<br />
em 1717 com uma tentativa dos aliados dos Hanover em negar as<br />
origens escocesas que eram muito próximas as dos jacobitas para o<br />
gosto inglês. Desde o início, ela negou sua própria história e quando a<br />
Grande Loja Unida da Inglaterra foi formada em 1813, os rituais da<br />
Ordem foram praticamente destruídos. Mesmo hoje, ela ainda declara<br />
que nada anteriormente a 1717 pode ser conhecido ao certo.<br />
A partir dos trabalhos de outros pesquisadores e de nossa própria<br />
experiência, nós compreendemos que é política da Grande Loja<br />
reprimir qualquer investigação sobre a Maçonaria anterior àquela data.<br />
Isto fortemente sugere que algo está sendo escondido mesmo dos<br />
Maçons.<br />
A Grande Loja de Londres empreendeu alterações nos rituais<br />
tornando-os mais inócuos, que foram contestadas pelos<br />
tradicionalistas, o que levou a um maior distanciamento entre duas<br />
Grandes Lojas opostas conhecidas como a dos 'Antigos' e a dos<br />
'Modernos'.<br />
Os Modernos possuíam o apoio da Coroa de Hanover e do<br />
Parlamento e abusaram de seu poder para forçar uma unificação da<br />
Maçonaria inglesa sob os seus próprios termos. Em 1813, a Grande<br />
Loja Unida da Inglaterra foi formada e uma completa destruição dos<br />
rituais maçônicos foi empreendida. Quando o Duque de Sussex<br />
tornou-se o primeiro Grão-Mestre da Grande Loja Unida da Inglaterra,<br />
ele foi iniciado em todos os 33 graus do Rito Escocês Antigo e Aceito
e este ficou tão ofendido com o seu conteúdo que ele decidiu que<br />
estes deveriam ser alterados sem demora, Estes rituais destes graus<br />
foram terrivelmente alterados e, pior ainda, vinte e quatro dos trinta e<br />
três graus são agora concedidos na Inglaterra sem que qualquer<br />
cerimônia seja realizada.<br />
Estas mudanças, realizadas por homens que nada compreendiam do<br />
real significado da Maçonaria, removeram mensagens secretas que<br />
foram cuidadosamente implantadas no ritual escocês original por<br />
William St Clair e por outros descendentes dos Cavaleiros Templários.<br />
4<br />
O Retorno dos Reis de Deus<br />
Mil Anos de Escuridão<br />
Nós agora possuíamos a resposta para uma de nossas questões<br />
essenciais iniciais: os rituais da Maçonaria foram alterados e<br />
suprimidos de modo a ocultar algum material que se tornara muito<br />
perigoso ou difícil para ser permitido existir. Apesar de séculos de<br />
negação pela Grande Loja Unida da Inglaterra, nós fomos capazes de<br />
estabelecer que o centro da moderna Maçonaria desenvolveu-se na<br />
Escócia logo após a dissolução dos Cavaleiros Templários<br />
que haviam baseado suas crenças nos ensinamentos da Igreja de<br />
Jerusalém original. Todas as evidências apontavam para manuscritos<br />
secretos descobertos pelos Templários que foram enterrados pelos<br />
judeus nos meses anteriores à sua destruição e à do Templo pelos<br />
romanos em 70 d.C.<br />
Nós agora precisávamos descobrir quem estava por trás dos<br />
Cavaleiros Templários antes que pudesse progredir na tentativa de<br />
reconstrução dos segredos perdidos da Maçonaria.
Os fatos dos Cavaleiros Templários terem jurado cumprir<br />
'castidade, obediência e manutenção de toda a propriedade em<br />
comum', antes de eles terem iniciado as escavações, nos causava<br />
estranheza e nos apresentava certas questões que ainda<br />
precisávamos responder. A exigência de uma 'obediência' era<br />
particularmente interessante, pois isto fortemente sugeria o<br />
envolvimento de uma autoridade controladora superior.<br />
Outra questão sedutora que surgiu a partir de nossa investigação era<br />
a adoção do nome de Roslin pelo cruzado Henri St Clair. O significado<br />
de 'Roslinn' - 'antigo conhecimento passado ao longo das gerações' -<br />
é anterior às possíveis descobertas dos manuscritos do Templo em<br />
pelo menos dezoito anos o que parece sugerir que Henri St Clair<br />
estava completamente envolvido com os Templários e que estes<br />
últimos sabiam o que estavam procurando desde o início. Nós agora<br />
precisávamos tentar compreender a motivação destes Cruzados e<br />
então reconstruir o que realmente ocorreu no início do século XII em<br />
Jerusalém.<br />
Conseqüentemente à destruição de Jerusalém pelos romanos, um<br />
pequeno grupo sobrevivente de judeus, que escapou da ira dos<br />
invasores logo após a batalha final pela cidade, viram-se lançados à<br />
escravidão. Parece improvável, entretanto, que muitos dos<br />
Nazoreanos tenham se permitido serem capturados vivos. Assim<br />
como os ossos dos cristãos judeus retornaram ao pó, seus preciosos<br />
artefatos permaneceram intocáveis e esquecidos sob as ruínas do<br />
arrasado Templo de Herodes.<br />
Em 135 d.C., o Imperador Adriano reconstruiu a cidade, chamando-a<br />
de Aelia Capitolina, e rebatizando a província como Síria-Palestina.<br />
Para assegurar-se de que o fervor nacionalista dos judeus estaria<br />
contido, ele baniu todos os judeus de sua cidade sagrada e, deste<br />
modo, não houve comunidades judaicas permanentes em Jerusalém<br />
nos cinco séculos após sua queda.
Em Roma, os cristãos gentios fundiram os mitos de seus antigos<br />
deuses ao culto concebido por Paulo, criando uma religião híbrida que<br />
possuía um grande apelo para um grande número de pessoas. A 20<br />
de Maio de 325 d.C., o Imperador não-cristão, Constantino, convocou<br />
o Concilio de Nicéia e uma votação foi realizada para se determinar se<br />
Jesus era ou não uma divindade. Os debates foram vigorosos, mas ao<br />
término do dia foi decidido que o líder judeu do primeiro século era, de<br />
fato, um deus.<br />
O estabelecimento de uma era cristã romanizada marcou o início da<br />
Idade das Trevas: o período da história ocidental quando as luzes se<br />
afastaram de todo o aprendizado e a superstição substituiu o<br />
conhecimento. Este período durou até o poder da Igreja Romana ter<br />
sido minado pela Reforma Protestante.<br />
A perseguição da ignorância cresceu até tornar-se altamente<br />
estruturada e um dia, os cristãos liderados pelo Bispo Teófilo<br />
incendiaram a maior biblioteca sobre o conhecimento humano do<br />
mundo, em Alexandria. O Patriarca de Constantinopla à época, São<br />
João Crisóstomo (seu nome ironicamente significa 'boca dourada'),<br />
realizou o seguinte comentário sobre o 'grande ato' de destruição das<br />
velhas idéias:<br />
Todo traço da velha filosofia e literatura do mundo antigo desapareceu<br />
da face da terra.<br />
O progresso intelectual e moral rapidamente entrou em declínio e a<br />
civilização ocidental regressou a um estado de cruel barbárie. A Igreja<br />
baniu a instrução de base, pois a 'difusão do conhecimento' somente<br />
poderia servir ao encorajamento da heresia. A nova Igreja sabia que<br />
era apenas um palácio construído sobre areia e temia que a liberdade<br />
permitida de pensamento pudesse somente servir para revelar a sua<br />
falta de fundamentação e causar sua ruína através de uma onda de<br />
pensamento racional, A literatura espalhada pelo Império Romano
apidamente foi praticamente suprimida, a ciência voltou-se à<br />
superstição e a avançada engenharia dos primeiros anos do Império<br />
foi esquecida, Tudo que era bom e próspero foi desprezado e todos os<br />
ramos da realização humana foram ignorados em nome de Jesus<br />
Cristo. A arte, a filosofia, a literatura secular, a astronomia, a<br />
matemática, a medicina e mesmo o sexo tornaram-se temas<br />
proibidos.<br />
O sexo, como decretado pela Igreja, deveria ser apenas para a<br />
procriação, declarando-se que uma mulher não poderia conceber se<br />
ela desfrutasse do ato sexual e que um homem que tentasse dar<br />
prazer a uma mulher enquanto copulasse estaria 'amando Satã'.<br />
As estranhas idéias estrangeiras dos gentios alteraram, além de todo<br />
o reconhecimento, o culto que havia nascido da morte do líder judeu<br />
messiânico, As maiores adições ainda aconteceriam ao longo do<br />
século XIII quando o teólogo Tomás de Aquino afirmou que o pão<br />
consagrado da Eucaristia e o vinho passariam por uma transformação<br />
miraculosa, transformando-se realmente na carne e no sangue de<br />
Cristo, ao ser consumido pela congregação. Este conceito de<br />
canibalismo da 'transubstanciação', como é eufemisticamente<br />
conhecido, é baseado na idéia que pode ser remetido à análise de<br />
Aristóteles sobre a natureza da matéria. Nós acreditamos que<br />
qualquer membro da Igreja de Jerusalém original repugnaria<br />
completamente a sugestão de que Deus permitiria que tal milagre<br />
canibalesco fosse executado milhões de vezes todos os dias. A<br />
crença na realidade física da 'transubstanciação' permanece ainda<br />
como um ensinamento oficial da Igreja Católica Romana desde a<br />
Idade Média.<br />
Seiscentos anos após a destruição do Templo, a história de um novo<br />
profeta surgiu por todo o Oriente Médio, e Jerusalém tornou-se uma<br />
cidade sagrada para uma terceira religião. Maomé foi elevado ao céu<br />
a partir de uma rocha, onde Abraão preparou-se para sacrificar o seu<br />
filho, Isaac - a rocha que se situa no centro do Santo dos Santos que
havia sido o santuário mais interior do Templo de Jerusalém. Em 691<br />
d.C., os muçulmanos construíram uma bela edificação conhecida<br />
como o 'Domo da Rocha' no alto do sítio do Templo dos judeus,<br />
Em 1071, a cidade foi tomada pelos turcos seljúcidas que a<br />
arrasaram. Vinte e oito anos mais tarde, em uma sexta-feira, a 15 de<br />
Julho de 1099, a Cidade vislumbrou um novo demônio dançando ao<br />
longo de suas ruas. O exército ‘Cruzado' dos cristãos capturou<br />
Jerusalém e, com uma eficiência não vista desde os tempos dos<br />
romanos, massacrou em nome de Deus cada homem, mulher e<br />
criança da população judaica e muçulmana.<br />
A idéia da realização de uma Cruzada sagrada originou-se com o<br />
Papa Urbano II que, conforme apuramos, estava preocupado com o<br />
tratamento despendido aos peregrinos cristãos na Terra Santa. Em<br />
uma terça-feira, a 27 de Novembro de 1095, em um campo ao lado<br />
das muralhas da cidade francesa de Clermont-Ferrand, ele chamou às<br />
armas o clero que comparecera a um concílio da Igreja. Ele propôs um<br />
plano onde os Cavaleiros cristãos formariam um grande exército que<br />
asseguraria a Terra Santa como um reino cristão, A resposta foi<br />
positiva e impressionante, sendo que os bispos retornaram às suas<br />
cidades para alistarem outros nesta grande Cruzada. Os grandes<br />
senhores da Europa estavam seduzidos pela oferta de salvação e pela<br />
oportunidade de saquearem o que eles encontrassem como<br />
recompensa pelo auxilio ao trabalho de Deus.
Em breve, o Papa Urbano tinha o apoio que precisava e esquematizou<br />
sua estratégia.<br />
Os grupos individuais de Cruzados começaram sua jornada em<br />
Agosto de 1096. De cada grupo, era esperado que se auto financiasse<br />
e que seguisse seu próprio líder, uma vez que eles seguiram por vias<br />
separadas até a capital bizantina de Constantinopla, onde seriam<br />
reunidos em uma força combinada de ataque. A partir de lá, eles<br />
lançariam um ataque contra os conquistadores seljúcidas da Anatólia,<br />
em conjunto com o Imperador Bizantino e seu exército. Uma vez<br />
estando a região sob o controle cristão, os Cruzados empreenderiam<br />
campanhas contra os muçulmanos na Síria e na Palestina, sendo<br />
Jerusalém o seu último objetivo.<br />
Os exércitos dos nobres cruzados chegaram em Constantinopla em<br />
Novembro de 1096 e, em Maio seguinte, eles atacaram o seu primeiro<br />
grande alvo: a capital turca da Anatólia, Nicéia - a cidade onde o<br />
Cristianismo foi formalizado. Os Cruzados rapidamente tiveram<br />
sucesso e logo após encontraram uma pequena resistência durante o<br />
resto de sua campanha pela Ásia Menor. O próximo grande obstáculo<br />
era a cidade de Antioquia no norte da Síria que foi sitiada por quase<br />
oito meses até sua rendição a 03 de Junho de 1098. Em Maio de<br />
1099, os Cruzados atingiram as fronteiras setentrionais da Palestina;<br />
ao anoitecer do dia 07 de Junho, eles acamparam dentro do campo de<br />
visão das muralhas da cidade santa de Jerusalém.<br />
Com a ajuda de reforços provenientes de Gênova e com a ajuda das<br />
mais recém criadas máquinas de cerco, eles atacaram Jerusalém e<br />
jubilosamente, conduziram um massacre sistemático sobre todos os<br />
seus habitantes. Os Cruzados estavam satisfeitos por purificarem a<br />
cidade com o sangue dos infiéis, inimigos de Cristo.<br />
Uma semana mais tarde, os Cruzados escolheram Godofredo de<br />
Bouillion, Duque da Baixa Lorraine, para governar a recém<br />
conquistada cidade. Sob sua liderança, o exército então partiu para<br />
sua última campanha, atacando o exército egípcio em Ascalão. Com o<br />
trabalho de Deus plenamente completado, a grande maioria dos<br />
Cruzados retornou para a Europa, deixando Godofredo com uma
pequena força remanescente da original para manter a lei e a ordem.<br />
Curiosamente, Godofredo, que contava com apenas 39 anos de idade,<br />
morreu no preciso momento de triunfo, sendo que logo após, seu<br />
irmão foi coroado Rei de Jerusalém, sob o título de Balduíno I, no ano<br />
de 1100.<br />
O Motivo Revelado<br />
Os nove Cavaleiros que tomaram o mútuo juramento de 'castidade,<br />
obediência e manutenção de toda a propriedade em comum'<br />
chegaram à Jerusalém exatamente quando Balduíno I tornou-se o<br />
primeiro rei cristão. Nós precisávamos conhecer os fatos existentes<br />
sobre estes homens e cuidadosamente estudamos os eventos da<br />
época. Estes primeiros Templários eram:<br />
Hugues de Payen - um lorde vassalo de Hugues de Champagne;<br />
Geoffroy de Saint-Omer - filho de Hugues de Saint-Omer;<br />
André de Montbard - um lorde vassalo de Hugues de Champagne e tio<br />
de Bernardo de Clairvaux;<br />
Payen de Montdidier - um parente dos governantes de Flandres;<br />
Achambaud de Saint-Amand - um parente dos governantes de<br />
Flandres;<br />
Gondmare - nenhum detalhe conhecido;<br />
Rosal - nenhum detalhe conhecido;<br />
Godefroy - nenhum detalhe conhecido;<br />
Godofredo Bisol - nenhum detalhe conhecido.<br />
Acredita-se que os cavaleiros que se conhecem pouco sejam<br />
representantes das famílias governantes da Champagne, Gisors e<br />
Flandres.<br />
O líder dos Templários era Hugues de Payen, um nobre de meia idade<br />
da região de Champagne que se casara com Catarina St Clair, a<br />
sobrinha de seu companheiro cruzado, o Barão Henri St Clair de<br />
Roslin, em 1101. Três anos mais tarde, Hugues deixou sua esposa e
seu pequeno filho, Teobaldo, para viajar para Jerusalém com Hugues<br />
de Champagne, por razões desconhecidas. Também se registra que<br />
ele retornou à Jerusalém uma vez mais em 1114 e, quando da morte<br />
de Balduíno I em 1118, ele formou seu grupo de nove Cavaleiros e<br />
apresentou-se diante do novo rei, Balduíno lI.<br />
Nós começamos a mapear os movimentos destes e colocamos os<br />
eventos em uma seqüência temporal para verificar que tipo de modelo<br />
surgiria. A primeira pessoa que nós consideramos foi o Papa Urbano II<br />
que primeiro clamou por uma Cruzada em 1095 e morreu logo após a<br />
conquista da cidade santa de Jerusalém.<br />
Isto leva-nos a uma estranha coincidência, uma vez que as duas<br />
figuras chaves da Primeira Cruzada morreram no mesmo instante em<br />
que Jerusalém era conquistada. Teriam o chefe guerreiro, Godofredo<br />
de Bouillion, e o líder espiritual, Urbano lI, servido ao seu propósito, e<br />
calmamente eliminados? Se a resposta for sim, quem teria planejado<br />
tal ato e por quê?<br />
Urbano II nasceu Odo de Lagery, em França, e estudou em Reims<br />
antes de ingressar no monastério beneditino de Cluny, do qual tornouse<br />
prior em 1073. Em 1078, ele foi elevado ao cargo de Bispo Cardeal<br />
de Óstia pelo Papa Gregório VII que eventualmente sucederia.<br />
A Ordem Beneditina, a qual Odo unira-se, foi fundada no século VI e,<br />
o que foi interessante descobrir foi que enquanto por séculos eles têm<br />
usado os hábitos negros, eles originalmente vestiam um longo hábito<br />
e gorro de um branco puro, exatamente como os Essênios e os líderes<br />
da Igreja de Jerusalém usavam.<br />
Outra importante figura da Igreja no período pós-Cruzada era<br />
Bernardo de Clairvaux, o jovem que foi pessoalmente responsável em<br />
obter uma 'regra' papal para os Templários em 1128. Ele fazia parte<br />
da Ordem Cisterciense, bem como da Beneditina, e assim nós<br />
pesquisamos a história das duas ordens para verificar se havia<br />
alguma conexão entre elas. E havia.<br />
Curiosamente, nós descobrimos que a Ordem Cisterciense havia sido<br />
fundada em 1098 por um grupo de monges beneditinos da Abadia de<br />
Molesme, alguns meses antes da tomada de Jerusalém e da morte de
Urbano lI. Muitos fatos estranhos parecem ter ocorrido de uma vez só<br />
para serem ignorados como um mero acaso.<br />
Os monges cistercienses originais declaravam que pretendiam<br />
retornar aos ensinamentos mais puros e originais de São Benedito<br />
que havia fundado a Ordem Beneditina nos primórdios do século VI e<br />
tornara-se conhecido como o pai do monasticismo ocidental. Este<br />
santo, que tanto os cistercienses admiravam, havia nascido em uma<br />
distinta família de Nursia na Itália central e, após passar vários anos<br />
estudando em Roma, foi viver em uma caverna por três anos.<br />
Benedito estabeleceu o que ele chamava como sendo uma regra de<br />
vida que mais tarde tornou-se um requerimento para todas as ordens<br />
monásticas. Ela ressaltava a importância da vida comunal e do<br />
trabalho físico, proibia que seus membros tivessem propriedades<br />
pessoais, exigia que todas as refeições fossem tomadas em comum e<br />
que toda conversa desnecessária fosse evitada. Esta visão soava<br />
exatamente como a dos Essênios que exigiam que se passasse três<br />
anos na localidade desértica da Comunidade de Qumran, de modo a<br />
percorrer os três graus de treinamento, concluídos com a cerimônia da<br />
'ressurreição em vida'.<br />
Mais estranho ainda era o fato dos monges cistercienses serem<br />
chamados de 'Monges Brancos' devido ao hábito branco que eles<br />
usavam sobre seus escapulários negros. Adiciona-se a este, o fato de<br />
que o manto original dos Cavaleiros Templários era também de um<br />
puro branco (a famosa cruz vermelha foi adicionada posteriormente) e<br />
sendo deste modo, nos perguntávamos: haveria algum antigo<br />
conhecimento oriundo da tênue conexão entre os valores Nazoreanos<br />
e o uso do branco? Os Nazoreanos que haviam lutado e morrido<br />
durante a queda de Jerusalém em 70 d.C. vestiam o branco como um<br />
símbolo da ressurreição, e mais de mil anos após houve um retorno à<br />
Jerusalém e o uso de túnicas brancas inesperadamente parecia ter se<br />
tornado muito importante. Isto poderia estar relacionado com a<br />
profecia do Livro das Revelações que dizia que os mártires de<br />
Jerusalém ressuscitariam após mil anos?
Estranhos fatos parecem ter começado ocasionalmente ao mesmo<br />
tempo e nós descobrimos que a ascensão de São Bernardo foi tão<br />
incomum quanto o surgimento dos próprios Templários. Ele nasceu<br />
em uma localidade próxima a Dijon em 1090 e com a idade de vinte e<br />
três anos, ele anunciou sua decisão de tornar-se sacerdote e unir-se a<br />
ainda muito jovem Ordem Cisterciense. Sua decisão encontrou<br />
considerável oposição de seu irmão mais velho, o Conde de Fontaine,<br />
que ficou horrorizado com a decisão de Bernardo em se tornar um<br />
monge. Entretanto, algo muito espetacular deve ter ocorrido para<br />
mudar sua opinião, pois dentro de um ano após, o próprio Conde uniuse<br />
à Ordem Cisterciense - junto com nada menos do que trinta e um<br />
membros da família Fontaine!<br />
Algo muito, mas muito incomum estava ocorrendo aqui e quanto mais<br />
procurávamos, mais encontrávamos.<br />
Primeiro Bernardo é criticado por sua família por tornar-se um<br />
cisterciense; meses mais tarde sua família une-se à mesma; então,<br />
dentro de um ano, Bernardo, com vinte e cinco anos, é feito Abade de<br />
uma nova abadia em Clairvaux - construída especialmente para ele<br />
por Hugues de Champagne: o mesmo homem que havia visitado<br />
Jerusalém com seu vassalo, Hugues de Payen.<br />
Ainda hoje uma modesta abadia levaria dois anos para ser construída<br />
sendo assim, parece razoável concluir que Hugues de Champagne<br />
encomendou uma abadia na mesma época em que Bernardo tornarase<br />
noviço. Se nós estivermos certos, Bernardo deve ter sido 'colocado'<br />
nesta posição chave, ridiculamente cedo, como parte de um grande<br />
plano.<br />
Adiciona-se a tudo isto, o fato de que este jovem 'superstar' da Igreja<br />
era o sobrinho de André de Montbard, um dos nove Templários<br />
originais, e a teoria do 'grande plano' começa realmente a fazer<br />
sentido. Henri St Clair, Hugues de Champagne e Bernardo de<br />
Clairvaux estavam certos e completamente envolvidos com Hugues de<br />
Payen, Geoffroy de Saint-Omer, André de Montbard e outros<br />
Templários fundadores em um plano para resgatar os manuscritos<br />
e tesouros que se encontravam abaixo do Templo. Era também
extremamente provável que o Rei Balduíno II de Jerusalém era um<br />
membro deste consórcio.<br />
Foram os peões, o Papa Urbano II e Godofredo de Bouillion,<br />
removidos do tabuleiro, uma vez que sua utilidade havia se esgotado?<br />
À época de sua misteriosa morte, Bouillion havia sido um jovem que<br />
havia sobrevivido a duros campos de batalha, e o Papa era um<br />
saudável homem de cinqüenta anos quando morreu no preciso<br />
momento de sua vitória em 1099.<br />
A questão que nós ainda não podíamos responder era: como essas<br />
pessoas sabiam o que procurar? Foi aí que nós descobrimos um<br />
atalho neste caminho!<br />
Como nós estávamos lidando com muitos fatos, onde não<br />
poderíamos apenas deduzir o que estava ocorrendo, <strong>Robert</strong> telefonou<br />
para o historiador e escritor Dr. Tim Wallace-Murphy, em busca de<br />
mais detalhes a respeito de uma data em particular. Nós havíamos<br />
encontrado Tim quando estávamos nos estágios finais da conclusão<br />
d'A Chave de Hiram e ele ficou interessado em ouvir um pouco mais<br />
de nossa atual pesquisa. <strong>Robert</strong> explicou como nós construímos todo<br />
um panorama baseado no plano de um grupo de nobres franceses<br />
de escavar as ruínas do Templo de Herodes e como nós agora<br />
acreditávamos que este grupo sabia exatamente o que estavam<br />
procurando.<br />
Tim ouviu atentamente e então disse: 'Eu sei que vocês estão no<br />
caminho certo, pois ele se encaixa com uma estranha informação com<br />
a qual me deparo de vez em quando. Apenas deixem de lado os seus<br />
ceticismos usuais por um momento e ouçam, do mesmo modo que eu<br />
fiz, uma história que vou lhes contar, pois ela é muito atraente, mas,<br />
para os padrões normais também é fantástica .<br />
<strong>Robert</strong> era todo ouvidos.<br />
Tim contou-nos que ele havia acabado de realizar uma palestra em<br />
Londres alguns anos antes quando um distinto homem de idade<br />
avançada o procurou e apresentou-se em francês, uma língua na qual<br />
Tim é fluente. Ele declarou que era um descendente direto de um líder<br />
templário, Hugues de Payen, e que acreditava ser apropriado
transmitir algumas informações que poderiam ser úteis. Tim<br />
intuitivamente acreditou que este homem não era um charlatão e<br />
decidiu ouvi-lo. Suas primeiras impressões foram confirmadas pelo<br />
estilo de falar claro e despretensioso do cavalheiro e sua clara<br />
abordagem de um tema que poucos compreendiam em detalhe.<br />
Eis a estranha história que Tim ouviu.<br />
Quando este homem atingiu a idade de vinte e um anos, seu pai<br />
chamou-o para uma conversa particular e informou-o que ele estava<br />
pronto para compartilhar de um conhecimento secreto que ele deveria<br />
passar a seu próprio fIlho quando este atingisse a mesma idade. Ele<br />
ouviu que lá existe uma antiga tradição verbal que tinha sido passada<br />
adiante de pai para filho em sua família e certamente em outras<br />
famílias, por milhares de anos.<br />
O francês afirmou que ele não havia ficado surpreso, pois seu pai<br />
procurou deixar claro e muito naturalmente que sua família pertencia a<br />
uma antiga linhagem. A próxima parte da história, ele confessou,<br />
chocou-o do mesmo modo que o surpreendeu.<br />
Em uma época anterior ao nascimento de Jesus, os sacerdotes do<br />
Templo de Jerusalém dividiam-se em duas escolas: uma para<br />
meninos e outra para meninas. Os sacerdotes eram conhecidos pelos<br />
nomes de anjos, tais como Miguel, Mazaldek e Gabriel. Este era o<br />
modo pelo qual eles preservavam a linhagem pura de Levi e de David.<br />
Quando cada uma das garotas escolhidas ingressa na puberdade, um<br />
dos sacerdotes a impregnaria com o sêmen da sagrada linhagem e,<br />
uma vez grávida, ela se casaria com um respeitável homem para<br />
educar a criança. Era costume de que quando estas crianças<br />
atingissem a idade de sete anos, elas seriam encaminhadas às<br />
escolas do Templo para serem educadas pelos sacerdotes.<br />
Deste modo, afirmou o francês, havia uma virgem chamada Maria que<br />
foi visitada por um sacerdote conhecido como o 'Anjo Gabriel' que com<br />
ela teve uma criança. Ela então se casou com José, que era um<br />
homem muito mais velho que ela.<br />
De acordo com esta tradição verbal, Maria achava muito difícil viver ao<br />
lado de José, seu primeiro marido, pois ele era muito mais velho do
que ela, mas, com o passar dos anos, ela aprendeu a amá-lo e teve<br />
outros quatro meninos e três meninas.<br />
Após a crucificação de Jesus, o principal pilar da Igreja de Jerusalém<br />
era Tiago, o Justo, apoiado por Pedro e João, o discípulo amado. (Um<br />
fato confirmado na Epístola de Paulo aos Gálatas). Eles formavam um<br />
triunvirato, que era o meio essênio tradicional de governo.<br />
Quando Jesus foi morto não houve comoção pública, uma vez que<br />
ele não era popular com as massas, mas quando Tiago foi morto, toda<br />
a cidade Ievantou-se em uma revolução, iniciando a terrível guerra<br />
judaica contra os romanos.<br />
O francês contou como Tiago havia se tornado uma figura muito<br />
mais importante do que Jesus na Igreja de Jerusalém. Após a morte<br />
de Tiago, e antes da destruição do Templo, alguns sacerdotes<br />
Nazoreanos partiram para a Grécia, de onde então se espalharam<br />
através da Europa. Eles rapidamente retornaram para a cidade<br />
destruída para recuperar o corpo de alguém que eles conheciam como<br />
'o salvador' e levaram este à Grécia, de onde em 600 d.C. retornaram<br />
e enterraram os ossos sob o Templo, o lugar mais seguro para<br />
escondê-lo, uma vez que a ninguém era permitido ser enterrado nos<br />
confins do Templo. Sob as ruínas do Templo, diziam-se haver várias<br />
câmaras e em uma das paredes dessas câmaras estava escrita a<br />
genealogia dos filhos dos sacerdotes do Templo, traçando suas<br />
linhagens até David e Aarão.<br />
O grupo dos sobreviventes se auto-designou como 'Rex Deus' (Reis<br />
de Deus) e sobreviveram à perseguição aos judeus adotando as<br />
práticas religiosas das terras onde estavam estabelecidos, com a<br />
condição de que somente seria exigido a expressa crença no único<br />
Deus verdadeiro. Eles acreditavam que estavam preservando a<br />
linhagem dos dois <strong>Messias</strong>, a de David e a de Aarão, que um dia<br />
chegariam e estabeleceriam o reino de Deus na Terra.<br />
Esta então é a história que foi contada por um homem que declarou<br />
ser um membro de uma família dos Rex Deus. Ele havia dito que<br />
deveria ter passado isto a um filho escolhido, mas como ele não<br />
possuía filhos, a ele foi impossível fazer isto. Ele havia também
contado que ele poderia ser contatado por outros membros dos Rex<br />
Deus, e que ele os conheceria através das genealogias que todos<br />
possuem. Entretanto, ele afirmou que ninguém jamais o havia<br />
procurado a respeito dos Rex Deus.<br />
'É uma história fantástica, mas muito interessante', disse <strong>Robert</strong>.<br />
'Sim, eu sabia que você se interessaria por ela'.<br />
'Está registrada em algum lugar?', perguntou <strong>Robert</strong>.<br />
'Eu a mencionarei em um novo livro que estou co-escrevendo'.<br />
<strong>Robert</strong> agradeceu a Tim e imediatamente telefonou a Chris para<br />
compartilhar esta assombrosa notícia.<br />
Nós não havíamos chegado a estes fatos básicos por nós<br />
mesmos, mesmo porque nós nunca acreditaríamos em uma<br />
declaração tão estranha, mas a história se encaixava em todas as<br />
coisas que nós sabíamos, tanto que nós não poderíamos deixar de<br />
considerá-la. Esta explicação sobre os Rex Deus era uma sensacional<br />
reviravolta... Se esta for verdade.<br />
Parecia-nos que a probabilidade deste idoso francês ter inventado<br />
algo tão curioso era improvável por si só e, uma vez que isto<br />
precisamente encaixa-se nos fatos que nós havíamos coletado, nós<br />
tínhamos que adotar como nossa hipótese de trabalho. Se nós<br />
pudéssemos encontrar mais alguma evidência para apoiar esta<br />
afirmação, ligando os eventos na Jerusalém do primeiro século com<br />
os Cavaleiros Templários do século XII, nós estaríamos no caminho<br />
de algo muito grande de fato. Entretanto, nós também tínhamos a<br />
consciência de que nós teríamos que nos preparar para abandonar a<br />
idéia se ela não conferisse com a descoberta de mais evidências.<br />
O panorama que foi surgindo era de um grupo das nobres famílias<br />
européia, descendentes das linhagens judaicas de David e Aarão que<br />
haviam escapado de Jerusalém um pouco antes, ou possivelmente<br />
mesmo após, a queda do Templo. Eles haviam passado o<br />
conhecimento dos artefatos ocultos abaixo do Templo para um filho<br />
escolhido (não necessariamente o mais velho) de cada família.<br />
Algumas das famílias envolvidas eram os Condes de Champagne, os<br />
Lordes de Gisors, os Lordes de Payen, os Condes de Fontaine, os
Condes de Anjou, de Bouillion, St Clair de Roslin, Brienne, Joinville,<br />
Chaumont, St Clair de Gisor, St Clair de Neg e os Habsburgo.<br />
A primeira vista, esta idéia parecia similar às afirmações feitas por<br />
Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln em seu livro A<br />
Linhagem Sagrada e o Santo Graal, onde afirmavam ter identificado<br />
uma organização chamada de Priorado de Sião. Baigent e seus<br />
colegas acreditam que Jesus havia sobrevivido à cruz e ido morar em<br />
França, onde constituiu uma família e sua linhagem originou os reis<br />
Merovíngios e os Duques de Lorraine, tendo sido preservada por este<br />
obscuro Priorado de Sião. Eles afirmavam que esta organização foi<br />
criada por Godofredo de Bouillion que era um descendente de Jesus e<br />
preservara sua linhagem intacta até os dias modernos.<br />
A hipótese dos Rex Deus é um pouco menos pura, com uma íntima<br />
conexão com Jesus, mas sem uma linhagem conhecida. A partir do<br />
que nós descobrimos, Godofredo de Bouillion estava morto, talvez<br />
assassinado, antes dos Templários estarem formados. Por razões<br />
detalhadas em nosso último livro, nós ainda permanecemos<br />
convencidos de que Jesus realmente morreu na cruz; o discurso<br />
realizado por Tiago após a crucificação confirma isto.<br />
Se o grupo dos Rex Deus realmente existiu, é fácil verificar como a<br />
Primeira Cruzada proveu a estas famílias uma oportunidade como<br />
uma 'graça divina' para retornar a seu Templo Sagrado para recuperar<br />
o tesouro que era seu por direito - e seria feito exatamente no tempo<br />
previsto pelo escritor do Evangelho de São João! As famílias dos Rex<br />
Deus estavam à frente da Primeira e mesmo de outras Cruzadas. Os<br />
estudiosos medievais têm sempre se perguntado sobre o porquê das<br />
mesmas famílias terem comandado todas as Cruzadas por toda a sua<br />
duração, e agora nós tínhamos uma resposta possível.<br />
Uma vez que os exércitos cristãos haviam conquistado Jerusalém,<br />
os líderes que não pertenciam ao Rex Deus foram rapidamente<br />
removidos e as famílias infiltraram-se na monarquia de Jerusalém e na<br />
Igreja para assegurar que elas não seriam bloqueadas no santo<br />
esforço dos 'Reis de Deus' em obter o que seus ancestrais haviam<br />
lhes deixado.
A Hipótese dos Rex Deus<br />
A história das famílias dos Rex Deus explica como um bando de<br />
cavaleiros cristãos sabia exatamente o que estavam dispostos a<br />
encontrar, e o significado de Roslin agora fazia perfeitamente sentido.<br />
Henri St Clair tomou o título que expressava sua excitação ao obter o<br />
'antigo conhecimento passado ao longo das gerações'.<br />
Logo após a queda de Jerusalém, um contingente de anciãos<br />
oriundos da Igreja de Jerusalém escapou à carnificina e dirigiu-se para<br />
Alexandria, que havia, em muitos modos, se tornado a segunda<br />
cidade para os judeus. Aqui, o pequeno grupo tomou ciência de sua<br />
posição e decidiram dirigir-se para outras cidades européias. Eles<br />
adotaram a religião de suas novas terras e foram absorvidos dentro<br />
das comunidades adotadas, tomando nomes que parecessem menos<br />
estrangeiros. Eles eram um povo altamente inteligente, descendentes<br />
da aristocracia judaica e muito prósperos. À medida que as gerações<br />
vinham e iam, a lembrança de sua origem esvaia-se, mas um filho era<br />
escolhido e, quando este atingia o estado de completa maioridade,<br />
era-lhe revelado seu estranho direito de nascença e os segredos do<br />
Templo. Ao longo do tempo, algumas das famílias individuais perdiam<br />
contato com outras, mas os filhos escolhidos sabiam que as outras<br />
existiam e como reconhecê-las se procurados.<br />
Em 1095, os membros do grupo dos Rex Deus estavam<br />
praticamente quase todos cristianizados, ainda que cada uma das<br />
famílias devesse ter pelo menos um membro masculino que mantinha<br />
a história tradicional de suas bem-nascidas raízes judaicas próxima<br />
aos seus corações. Sem dúvida que eles se viam como 'super<br />
cristãos' e que compartilhavam o maior segredo deste lado do céu.<br />
Eles eram uma elite silenciosa - 'os Reis de Deus'.<br />
Eles acreditavam que a tomada de Jerusalém pelos turcos seljúcidas<br />
foi o ataque de Gog e Magog previsto anteriormente e eles utilizaram<br />
suas consideráveis influências para plantar a idéia de uma grande<br />
cruzada cristã na mente do Papa Urbano lI. Eles lhe contaram que a<br />
profecia de São João havia se tornado realidade e que seria seu
grande papel liderar a Cristandade ao resgate da Cidade Santa dos<br />
bárbaros invasores. De fato, os livros de história registram que sua<br />
liderança marcou a ascensão do papado frente à liderança da<br />
Cristandade ocidental.<br />
Naturalmente, as famílias dos Rex Deus foram as primeiras a jurar<br />
fidelidade à causa cruzada, e o Papa Urbano II deve ter se<br />
surpreendido por tornar-se tão influente repentinamente. Até aquele<br />
tempo, seus seis anos de pontificado não haviam sido inspiradores e<br />
ele havia sido afastado de Roma pelo antipapa, Clemente III. Agora,<br />
ele era 'o homem do momento'.<br />
Desenvolvendo este cenário, nós poderíamos imaginar a situação em<br />
Jerusalém nos primeiros meses de 1100. Deve ter havido um pequeno<br />
contingente de membros dos Rex Deus presente, onde analisaram o<br />
problema que à frente deles se apresentava. Cada um deles possuía<br />
uma história ligeiramente diferente, pois o tempo muda as coisas, não<br />
importa quanto pessoas tentem manter uma tradição oral<br />
completamente pura. Eles uniram os seus conhecimentos dos pontos<br />
secretos de entrada no topo do arruinado Monte do Templo,<br />
entretanto, estes não deveriam fazer muito sentido uma vez que a<br />
Mesquita do Domo - o Domo da Rocha - estava ocultando o sítio do<br />
Templo interior. Meses de prospecção em busca das marcas de<br />
escavação nada produziram, e agora outros estavam ficando<br />
desconfiados.<br />
Nós podíamos imaginar que deveria existir uma brecha nas ruínas.<br />
Alguns queriam encaminhar uma equipe de trabalhadores para<br />
escavar imediatamente, mas outros viam perigo em qualquer atividade<br />
pública; como eles poderiam explicar tais ações? O Vaticano<br />
rapidamente se interessaria por qualquer escavação realizada neste<br />
solo sagrado. Como rei recentemente coroado de Jerusalém, Balduíno<br />
não desejava nada que trouxessem as suspeitas papais sobre ele<br />
mesmo, rapidamente aliou-se aos cautelosos, enfatizando que eles<br />
haviam retomado o controle do Templo uma vez mais e que isto era o<br />
mais importante. Os tesouros, ele lamentava, estavam enterrados<br />
abaixo de toneladas de toneladas de rocha e, como eles não
possuíam nenhuma pista de onde iniciar a escavação, seria melhor<br />
não apressar as coisas.<br />
De volta à França, as famílias dos Rex Deus encontraram-se para<br />
analisar sua posição. Eles ouviram descrições dos problemas em<br />
Jerusalém e consultaram desenhos feitos pelos visitantes.<br />
Obviamente, as coisas eram muito mais complicadas do que eles<br />
pensavam e seu próprio povo estava agora barrando o acesso aos<br />
tesouros de seus antepassados.<br />
Vários membros mais antigos tentaram usar sua influência em<br />
persuadir Balduíno a permitir uma escavação, mas sem sucesso; ele<br />
argumentou que ele mesmo estava sob observação e que seria<br />
impossível agir em segredo e seria desastroso vir a público com suas<br />
intenções. Em 1104, Hugues de Payen realizou sua primeira visita<br />
registrada à Jerusalém, acompanhado por Hugues de Champagne,<br />
eles reviram o sítio em detalhes. Eles consultaram Balduíno e partiram<br />
para a Europa com um cuidadoso registro documentado da área do<br />
Templo que lhes permitia desenvolver um plano de ação.<br />
Os anos passaram e Balduíno ainda não mostrava sinais de ter<br />
mudado de idéia. Em 1113, entretanto, algo ocorreu que criou uma<br />
nova oportunidade. Um grupo de cavaleiros cristãos reuniu-se em uma<br />
nova ordem, chamada por eles de 'Soberana Ordem Militar do<br />
Hospital de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta', ou, como<br />
eles eram geralmente conhecidos, os Cavaleiros Hospitalários. Eles<br />
se estabeleceram como os protetores do hospital construído em<br />
Jerusalém antes da Primeira Cruzada por Gerard, sendo que os<br />
irmãos juraram espontaneamente auxiliar na defesa de Jerusalém.<br />
Esta iniciativa plantou uma nova idéia nas mentes do grupo dos<br />
Rex Deus e Hugues de Champagne e Hugues de Payen realizaram<br />
uma segunda visita à Jerusalém em 1114 para apresentar um novo<br />
plano a Balduíno, do qual estavam convencidos que este último<br />
aceitaria. Eles lhe apresentaram que desejavam formar um pequeno<br />
contingente de cavaleiros em Jerusalém que realizariam algumas<br />
escavações exploratórias sob o pretexto de ser uma ordem tal qual a<br />
dos Hospitalários; o pretexto era de eles serem os guardiões das
estradas para os peregrinos. Eles propuseram que esta nova 'ordem'<br />
deveria estar acampada no local dos estábulos de Herodes, onde<br />
estariam escondidos das vistas públicas, e, estando eles em um nível<br />
mais baixo, poderiam ter acesso horizontal para escavar diretamente<br />
dentro das abóbadas subterrâneas onde o tesouro estaria localizado.<br />
Infelizmente, o Rei não se convenceu e simplesmente rejeitou o<br />
novo plano de uma vez. Os dois cavaleiros retornaram para casa<br />
rejeitados.<br />
Eles sentiram que Balduíno era um caso sem esperanças e deste<br />
modo voltaram sua atenção ao primo do Rei que poderia, um dia,<br />
tornar-se seu sucessor. Este rei potencial, também chamado Balduíno,<br />
havia sido prisioneiro dos muçulmanos por quatro anos e tinha<br />
algumas idéias um pouco mais radicais sobre o que precisava ser<br />
feito. Em 1118, Balduíno I morreu com a idade de sessenta anos<br />
(presumidamente de causas naturais) e seu primo rapidamente era<br />
coroado como Rei Balduíno II de Jerusalém.<br />
Dentro de algumas semanas, os noves Cavaleiros franceses<br />
estavam acampados nos estábulos de Herodes que agora fazia parte<br />
do palácio adjunto à antiga Mesquita de AI Aqsa, sob a proteção de<br />
Balduíno II. Ao mundo foi explicado que sua missão era salvaguardar<br />
os peregrinos cristos dos demoníacos bandidos muçulmanos, mas sua<br />
verdadeira missão era localizar e resgatar os manuscritos e tesouros<br />
da Igreja de Jerusalém.<br />
O trabalho deve ter sido extremamente difícil e os dias longos.<br />
Cortar um novo túnel através de rocha sólida com ferramentas de mão<br />
requeria enorme esforço e levou muitos meses para conectar-se com<br />
uma passagem original que os levava até abaixo do 'Haram', a<br />
gigantesca base sob a qual o Templo havia sido construído. Uma vez<br />
dentro do labirinto, o progresso pareceu acelerar-se.<br />
Inicialmente, eles devem ter encontrado um pequeno pote de<br />
moedas, próximo de diversos vasos de ouro e pratas, então uma caixa<br />
de madeira contendo um manuscrito e outra caixa com um outro<br />
manuscrito. Os preciosos objetos de metal foram rapidamente polidos<br />
revelando um deslumbrante esplendor, mas os manuscritos nada
significavam para um iletrado grupo que nem sequer podia reconhecer<br />
nada mais que algumas poucas palavras em francês, ainda mais estes<br />
textos em aramaico e grego.<br />
A equipe de arqueólogos primitivos começou a se sentir altamente<br />
responsável por seus achados e Geoffroy de Saint-Omer, o segundo<br />
em comando, foi enviado de volta à França para que os manuscritos<br />
fossem traduzidos. Ele os levou ao letrado Lamberto de Saint-Omer<br />
que foi capaz de entender tudo que seus descrentes olhos lhe<br />
revelaram. Ele pediu que os manuscritos fossem deixados com ele e,<br />
sem comunicar a Geoffroy, realizou uma rápida cópia de um deles,<br />
uma descrição visual da Jerusalém Celeste. Nós suspeitamos<br />
fortemente que o idoso clérigo morreu nas mãos de Geoffroy de Saint-<br />
Omer quando foi descoberto que ele havia copiado um dos<br />
manuscritos sem permissão. Entretanto, o cavaleiro não podia saber<br />
onde estava escondida a cópia do manuscrito da Jerusalém Celeste,<br />
sendo que ainda hoje ele permanece na biblioteca da Universidade de<br />
Ghent.<br />
Como resultado das primeiras descobertas, um Conde conhecido<br />
pelo nome de Foulques de Anjou foi à Jerusalém em 1121 para<br />
verificar os progressos. Somente após realizar o mesmo juramento<br />
que os demais, ele pode realizar uma vistoria nos trabalhos, tornandose<br />
um irmão entre eles. Foulques que mais tarde tornou-se Rei de<br />
Jerusalém, doou uma anuidade de trinta libras de Angevin e então<br />
retornou a Anjou.<br />
Bernardo de Fontaine (que se tornaria Abade de Clairvaux) foi<br />
ativado para construir sua reputação como um dos líderes da Igreja,<br />
de modo que ele elaborasse seus estatutos e persuadisse o Papa<br />
Calisto II de que uma ordem militar deveria ser formalmente<br />
estabelecida para apoiar o reinado de Jerusalém. O real motivo do<br />
grupo dos Rex Deus era manter suas atividades em segredo, apesar<br />
de todas as idas e vindas de importantes membros do grupo, e<br />
seria brevemente necessário um convincente pretexto para a<br />
considerável prosperidade que se tornaria evidente.
O próximo a chegar em Jerusalém foi, uma vez mais, Hugues de<br />
Champagne em 1124. Nesta viagem, ele tomou o seu juramento e<br />
tornou-se um Templário, sendo que agora havia onze membros.<br />
Como nós dissemos anteriormente, nós não podíamos compreender a<br />
quem este pequeno grupo estava jurando 'obediência', mas se era a<br />
Hugues de Payen, então este último lorde ingresso havia apenas<br />
anunciado que estava preparado a ser subserviente a seu próprio<br />
vassalo - uma ocorrência muito estranha que ou demonstra a<br />
existência de uma febre do tesouro ou que todos eles estavam jurando<br />
obedecer a um conselho de membros dos Rex Deus.<br />
Uma equipe manteve-se escavando até o Natal de 1127 quando eles<br />
acreditavam ter localizado cada resto de tesouro e cada manuscrito.<br />
Uma semana mais tarde, Payen partiu em viagem à cidade de Troyes<br />
onde ele recebeu o rascunho da Regra, escrita por Bernardo, mas<br />
apresentada a eles pelo Cardeal de Albano. Ele então partiu em uma<br />
viagem de recrutamento pela Europa, aproveitando esta viagem para<br />
manter informados os membros dos Rex Deus en route. É nesta<br />
viagem que ele dirige-se ao lar da família de sua esposa na Escócia,<br />
mais precisamente para depositar os preciosos manuscritos em um<br />
lugar seguro. Este era o ponto mais distante de Roma a qual eles<br />
tinham acesso e, sendo assim, o lugar mais seguro para estes<br />
documentos heréticos, pois nestes manuscritos eles haviam<br />
encontrado registros da vida de Jesus e de Tiago que contavam mais<br />
da história dos combatentes da liberdade judaica do que da chegada<br />
do Filho de Deus na terra.<br />
Eles haviam encontrado os registros do Novo Testamento que<br />
anunciariam a chegada da regra de Deus e estavam maravilhados<br />
pelas descrições das cerimônias de iniciação de importantes recrutas<br />
que envolviam uma 'ressurreição em vida'. A evidência sugere que o<br />
conhecimento da existência destes documentos estava restrito aos<br />
membros mais velhos da nova Ordem Templária e à família St Clair<br />
que era agora os guardiões deste antigo conhecimento.<br />
Ao término da viagem de Hugues de Payen, ele retornou à Jerusalém<br />
com trezentos cavaleiros para ser ordenado como o primeiro Grão-
Mestre dos Templários. Ele também possuía a promessa de um apoio<br />
financeiro e o presente de vários Estados que seria um pretexto<br />
perfeito para explicar sua inesperada posse de muitos e valiosos<br />
tesouros.<br />
As famílias dos Rex Deus agora tinham os seus tesouros e<br />
controlavam Jerusalém e seu Templo pela primeira vez em<br />
praticamente mil anos. Entretanto, havia um outro risco a ser vencido,<br />
a sucessão de Balduíno II que não possuía herdeiros homens. Isto foi<br />
resolvido com o casamento do viúvo Foulques de Anjou com a filha de<br />
Balduíno, Melissandra, para assegurar a sucessão do grupo.<br />
A teoria dos Rex Deus que nós apresentamos aqui tem muitos<br />
atrativos, mas nós não tínhamos nada a não ser a palavra de um<br />
homem de que a organização já existira. Então, algo pequeno, mas<br />
muito interessante ocorreu. Nós havíamos recebido uma grande<br />
quantidade de cartas dos leitores de nosso livro anterior, muitas das<br />
quais desejavam transmitir informações que eles acreditavam ser de<br />
nosso interesse e, de fato, muitas delas foram realmente úteis.<br />
Em um outro caso descoberto por acaso, nós abrimos uma carta que<br />
em qualquer outro época pareceria trivial, mas neste ponto em<br />
particular foi muito reveladora.<br />
Russell Barnes apresentou a seguinte história breve que claramente<br />
lhe fazia pouco sentido, mas que de algum modo parecia significante.<br />
Ele assim escreveu:<br />
Alguns anos atrás, eu estive em contato com o autor Sinclair Traill,<br />
pois nós compartilhávamos um interesse comum sobre jazz e músicos<br />
de jazz. Ele morreu em torno de quinze anos ou mais atrás e estava,<br />
acredito, com aproximadamente oitenta anos.<br />
Ele usava um vistoso anel de ouro - similar a um anel de sinete. Em<br />
uma face havia um motivo muito incomum que a primeira vista parecia<br />
ser uma 'coluna’. Ele disse que o anel e seu motivo estavam<br />
associados historicamente com seus antepassados, os Sinclair [St<br />
Clair], um nome preservado pelo uso como seu nome cristão.<br />
O motivo estava ligado a uma antiga construção na Escócia.
Minha lembrança desta conversa já não é tão boa, mas o desenho era<br />
similar aos Pilares reproduzidos em seu livro. Eu gostaria de poder<br />
lembrar o que ele significa com mais clareza.<br />
Nascida na cidade de Blandford, sua família possuía e residia em uma<br />
grande casa (agora demolida para um melhoramento moderno) com<br />
um grande terreno circundando-a. A aproximadamente oito<br />
quilômetros de distância desta edificação encontra-se a Capela<br />
abandonada de São Leonardo, que fora uma casa de repouso<br />
controlada por uma ordem religiosa. Esta capela erguida nos<br />
primórdios do século XIII possuía claras raízes que remontavam à<br />
Abadia de Fontevrault, França. A Abadia era protegida pelos Condes<br />
de Anjou (aparentados com os primeiros reis da Inglaterra) e é onde<br />
Ricardo I (Coração de Leão) está enterrado. Como uma casa<br />
de repouso ela pode ter tido ligações com os Cavaleiros Templários<br />
de Templecombe, Somerset - a aproximadamente trinta quilômetros<br />
dos limites do condado de Dorset. Há uns doze anos atrás - mais ou<br />
menos - eu encontrei-me casualmente com um homem (aqui em<br />
Dorset) quando notei que ele estava portando um anel idêntico<br />
ao anterior. Ele recusou-se a discutir sobre ele comigo, dizendo que<br />
eu estaria enganado e que não poderia ter visto um igual<br />
anteriormente. Logo após, ele encerrou nossa conversa de pronto.<br />
Uma óbvia questão surgiu em nossas mentes: este era um anel dos<br />
Rex Deus? Mantendo-se dentro da hipótese de nosso trabalho atual,<br />
não pareceria improvável que existissem dois ramos do grupo dos Rex<br />
Deus - aqueles com uma genealogia que se remetia à linhagem real<br />
de David e outra que se remetia até a linhagem sacerdotal. O primeiro<br />
grupo de famílias representaria o pilar Mishpat de Boaz e o segundo<br />
grupo o pilar Tsedeq de Jachin. Se este raciocínio estiver correto, de<br />
fato deveriam existir dois anéis que recordariam ao portador sua<br />
herança como uma das metades do santo portão de Yahweh.<br />
Chris telefonou ao autor da carta para verificar se alguma luz a mais<br />
poderia ser lançada sobre a situação.
Russell Barnes atendeu ao telefone e em seu suave sotaque de<br />
Dorset ele explicou que era um ex-policial e oficial de condicional que<br />
agora gastava o seu tempo em suas paixões gêmeas: o jazz e a<br />
ópera. Ele havia lido nosso livro anterior, recomendado por um amigo,<br />
e o episódio do anel de Sinclair Traill voltou a sua mente. Ele disse<br />
que ele tinha visto o segundo homem com um anel idêntico quando<br />
ele esteve um dia no tribunal; o portador, ele relembrou, era um<br />
advogado que pareceu muito alarmado com o fato de alguém ter<br />
notado o emblema que ele usava em seu dedo.<br />
Russell relembrou que ambos os desenhos eram idênticos, um<br />
quadrado na base com o que parecia, à primeira vista, com uma<br />
chaminé encimada sobre ela, mas em uma inspeção mais atenta<br />
poderia ser um pilar decorativo. Ele havia perguntado a Sinclair Traill<br />
se era um anel maçônico e ele recebeu como resposta o seguinte:<br />
'Não, ele não é de todo maçônico', demonstrando que ele estava de<br />
algum modo ligado indiretamente à Maçonaria.<br />
Isto sugere que havia duas explicações possíveis para estes anéis<br />
que não requereriam a existência de uma organização secreta como a<br />
proposta dos Rex Deus. Primeiramente, eles poderiam simplesmente<br />
serem cópias de um anel desenhado com a imagem, do assim<br />
chamado, 'Pilar do Aprendiz' de Rosslyn, ou poderia possivelmente<br />
ser um paramento usado pelos modernos Cavaleiros Templários na<br />
Escócia, que são uma ordem ao estilo da Maçonaria que declaram<br />
possuir uma ligação direta com a Ordem original da qual eles tomaram<br />
seu nome. Ambas as possibilidades poderiam ser facilmente<br />
verificadas através de um telefonema para <strong>Robert</strong> Brydon, o arquivista<br />
templário para a Escócia e um homem que provavelmente conhece<br />
mais sobre a história de Rosslyn do que qualquer pessoa viva hoje.<br />
Sua resposta foi curta e clara. Que ele conhecesse, nenhum anel<br />
semelhante já foi sequer usado pela moderna Ordem dos Cavaleiros<br />
Templários, nem produzido em ligação com a Capela Rosslyn. A<br />
história dos anéis permanece sem ser explicada.<br />
Tendo percorrido toda a hipótese dos Rex Deus por este caminho, nós<br />
acreditávamos que não é razoável negar que houve um grande
planejamento na operação e que os Templários não eram apenas<br />
caçadores de tesouros, escavando na esperança de encontrar algo de<br />
valor. Muito tempo, energia e dinheiro foi despendido por pessoas<br />
muito importantes para que tudo fosse um simples e oportunista saque<br />
de um sítio histórico. Mesmo considerando que teorias conspiratórias<br />
não são convencionalmente aceitas, não significa que a maioria das<br />
conspirações não ocorra. Quando grandes quantidades de dinheiro ou<br />
poder estão acessíveis, as pessoas fazem as coisas mais incomuns<br />
para obter o que elas acreditam estar disponível.<br />
A Ordem Templária continuou existindo, mesmo após atingir os seus<br />
propósitos originais, quase certamente como o resultado da<br />
documentação que fora descoberta sob o Templo. Em poucos anos,<br />
os rumores de estranhas cerimônias estavam circulando sobre a<br />
Ordem e fabulosas histórias eram contadas sobre as façanhas dos<br />
templários. Os manuscritos dos Nazoreanos, que haviam sido<br />
traduzidos por eles, contavam uma história completamente diversa<br />
sobre Jesus e sobre a Igreja de Jerusalém daquela a que eles foram<br />
levados a acreditar. Eles aprenderam que Jesus era um líder real e<br />
não um deus, e a "ressurreição havia sido um mal entendido por parte<br />
de Paulo. Os rituais realizados por Jesus e seus seguidores eram<br />
antigos, mesmo para eles, e consistiam de iniciações de candidatos<br />
dentro de seu grupo através da realização de uma 'ressurreição em<br />
vida', onde se submetiam a uma morte figurada e eram cobertos por<br />
um sudário branco. Eles eram então elevados de suas tumbas através<br />
de um ritual sagrado e os indivíduos 'ressuscitados' tornavam-se um<br />
irmão entre eles, do mesmo modo que os novos 'soldados do Templo',<br />
seguindo as pegadas daqueles que haviam morrido defendendo a<br />
Cidade Santa em 70 d.C.”<br />
Os Cavaleiros Templários sempre atraíram muita atenção e muitos<br />
escritores da atualidade fizeram muito da reputação da Ordem a<br />
respeito da posse de cabeças humanas e a veneração de algo<br />
conhecido por 'Baphomet'. Como Maçons, nós não ficamos de todo<br />
surpresos pelo fato dos Templários possuírem cabeças humanas, pois
crânios e ossos cruzados são ainda utilizados na cerimônia de<br />
ressurreição em vida maçônica que possui origem templária.<br />
Se algum Maçom for hoje inquirido se ele pertence a um culto que<br />
venera cabeças humanas ele pensaria que o questionador<br />
enlouquecera, mesmo que um rápido cálculo leve-nos a acreditar que<br />
a Maçonaria no mundo todo provavelmente possua um total<br />
aproximado de cinqüenta mil crânios! Os Templários realizavam o<br />
mesmo ritual como o utilizado no 3º. grau da Maçonaria, e eles devem<br />
possuir um suprimento de crânios e de longos sudários brancos nos<br />
quais eram envoltos os candidatos.<br />
A veneração de Baphomet foi explicada por Hugh Schonfield, que<br />
localizou um código judaico do primeiro século chamado Código de<br />
Atbash que era utilizado para ocultar os nomes das pessoas. Este<br />
código aparece nos Manuscritos do Mar Morto e na moderna<br />
Maçonaria, e quando aplicado à palavra templária 'Baphomet', revelase<br />
a palavra 'Sofia' - a palavra grega para sabedoria.<br />
Do mesmo modo que os Templários seguiram o seu próprio<br />
caminho após 1128, quem quer que esteja por detrás de sua formação<br />
continuava envolvido e participava com eles do grande período da<br />
arquitetura européia. Pelos próximos dezessete anos, mais de<br />
noventa monastérios foram fundados por Bernardo de Clairvaux, e os<br />
Templários continuavam envolvidos no projeto e construção de igrejas<br />
e preceptórios por toda a Europa assim como oitenta grandes<br />
catedrais, sendo a mais famosa delas a bela Catedral de Notre Dame<br />
em Chartres.<br />
O Tarô e os Templários<br />
A este ponto, nós nos encontrávamos realmente muito empolgados.<br />
Nós havíamos identificado as pessoas envolvidas na formação dos<br />
Cavaleiros Templários e descobrimos exatamente como eles sabiam o<br />
que estava oculto abaixo das ruínas do Templo de Herodes. Nós<br />
agora precisávamos estudar e desenvolver quais crenças eles<br />
adotaram à época que eventualmente levou-os a serem destruídos,
acusados de praticarem um culto herético secreto. Tal informação<br />
como a existente sobre os Templários havia sido discutida por<br />
várias pessoas ao longo dos anos e como nós estendemos a nossa<br />
teia em busca de todas as fontes possíveis de novas abordagens, nós<br />
nos encontramos com uma sugestão de que as cartas do Tarô<br />
possuem uma ligação com os Templários. Nenhum de nós tinha<br />
interesse em Tarô e nós praticamente ignorávamos o assunto, mas<br />
nós acreditávamos que devíamos investigar, pois coisas muito<br />
estranhas já tinham acontecido.<br />
Brevemente nós descobriríamos que o tempo que nós havíamos<br />
investido no estudo destas cartas usadas por adivinhos em<br />
quermesses, havia sido bem empregado.<br />
É bem conhecido que os Templários adotaram uma técnica oriental<br />
de transmissão de histórias com cartas que poderiam ter de diversas<br />
versões, de pendendo como as cartas eram embaralhadas e<br />
descritas. Algumas pessoas declaram que as cartas do Tarô<br />
originaram-se na China ou na Índia, mas estas eram completamente<br />
diferentes em formato e desenho e não eram as mesmas que eram<br />
utilizadas na Europa. Diversos estudiosos tem argumentado que os<br />
Templários criaram o Tarô e quando nós começamos a estudar o<br />
significado dado a estas cartas, nós concluímos que elas poderiam ter<br />
sido criadas por qualquer um deles.<br />
Os Templários indiscutivelmente sabiam que os sarracenos<br />
utilizavam-se de cartas desenhadas desde o século VIII, mas as<br />
cartas dos Templários foram desenhadas para possuírem dois níveis<br />
de significados, fazendo-as um método seguro para transmitir material<br />
de treinamento sem o perigo de serem descobertos por espectadores<br />
mal-intencionados. Os desenhos das cartas cuidadosamente pintados<br />
originalmente expunham a história dos Templários pronta para serem<br />
recontadas, mas eles estavam destinados a tornarem-se o meio de<br />
comércio dos adivinhos por todo o mundo.
O Tarô consiste de cinqüenta e seis cartas conhecidas como Arcanos<br />
Menores e vinte e duas cartas ilustradas conhecidas como Arcanos<br />
Maiores. Foi os Arcanos Menores que se tornaram a base das cartas<br />
de baralho moderno, consistindo de naipes de paus (trevos), copas<br />
(corações), espadas e ouros (pentágonos). Originalmente cada naipe<br />
possuía quatorze cartas: quatro cartas representando a corte - rei (K),<br />
rainha (Q), cavaleiro e valete (J) - mais dez cartas numeradas do ás<br />
ao dez. As quatro cartas que foram perdidas do atual baralho de<br />
cinqüenta e duas cartas são os cavaleiros de cada naipe. Estas cartas<br />
repentinamente desapareceram assim que os Cavaleiros Templários<br />
foram declarados hereges e a Igreja determinou que toda a lembrança<br />
da Ordem fosse esquecida.<br />
Os Arcanos Maiores consistem de vinte e duas cartas ilustradas<br />
numeradas. Todos eles, exceto uma das cartas, misteriosamente<br />
desapareceram em torno da mesma época que as cartas dos<br />
cavaleiros dos Arcanos Menores, pois a Igreja considerava-as como<br />
sendo 'degraus de uma escada que conduziam ao inferno' e o<br />
'breviário do diabo'. A partir disto, nós deduzimos que após os<br />
Templários terem sido aprisionados como hereges alguns deles<br />
confessaram o verdadeiro propósito destas cardas como símbolos<br />
codificados que comunicariam ensinamentos secretos bem embaixo<br />
do nariz da Igreja, sem levantar suspeitas. Os Arcanos Maiores<br />
também eram conhecidos por naipe de Trunfos ou dos Segredos<br />
Maiores, e somente o Tolo escapou à censura, sobrevivendo hoje em<br />
dia como o Coringa do baralho. Afirmava-se que o Coringa<br />
representava o noviço no início de sua jornada em direção ao<br />
esclarecimento.
Os clérigos cristãos procuraram remover as outras vinte e uma<br />
cartas dos 'Segredos Maiores', pois eles estavam convictos que eles<br />
ocultavam uma mensagem herética odiada pela Igreja. O nome<br />
alternativo, Trunfos, é originário do desfile realizado no mundo antigo<br />
chamado em Latim a triunfo que era centrado na história de um rei<br />
sagrado, ou outro herói apoteótico, e que tinha fortes ligações com a<br />
deusa Ishtar e seu consorte morto e ressuscitado, Tammuz. Uma vez<br />
que o naipe dos Trunfos foi removido, o povo passou a usar as
cartas designando um dos quatro naipes restantes como trunfos<br />
temporários para muitos dos jogos de carteado.<br />
A carta que era mais ofensiva à Igreja era a da Sumo Sacerdotisa que<br />
é conhecida também como a Papisa - o feminino de Papa.<br />
Isto parece estranho, mas é sabido que houve uma crença nos<br />
primórdios da Igreja Cristã que o primeiro Papa não era São Pedro,<br />
mas sim Santa Maria Madalena, que recebeu sua autoridade espiritual<br />
diretamente de Jesus. No Evangelho de Filipe, ela é descrita como<br />
aquela que Jesus amava acima de todos os seus seguidores:<br />
... A companheira do [Salvador é] Maria Madalena. [Cristo amava] a<br />
mais do que [a todos] os discípulos (e) costumava beijá-la<br />
(freqüentemente) em sua [boca].<br />
O resto dos [discípulos ficaram ofendidos com isso..]. Eles lhe diziam,<br />
'Por que vós a amais mais do que a nós’? O Salvador respondia e<br />
dizia-lhes, 'Por que eu não os amaria tanto quanto [a ela]’?<br />
O Evangelho de Maria conta-nos que ela foi favorecida com visões<br />
e aparições que eram superiores as de Pedro. Outro documento, o<br />
Diálogo do Salvador, descreve-a como o apóstolo que era superior a<br />
todos os outros... ' Uma mulher que conhecia o Todo'. Os Evangelhos<br />
que se referem à igualdade de mulheres foram rejeitados pela Igreja<br />
Romana sob a falsa acusação de serem Gnósticos, mas nestas<br />
versões fica claro que havia uma clara e forte divergência entre Pedro<br />
e Maria Madalena. Em um documento chamado 'Pistis Sophia', Pedro<br />
queixa-se de que Maria estaria dominando a conversa com Jesus e<br />
deslocando a prioridade justa de Pedro e de outros apóstolos homens.<br />
Pedro pede a Jesus para silenciá-la, mas ele rapidamente o censura.<br />
Maria Madalena mais tarde admite a Jesus que ela quase não ousa<br />
falar com Pedro, pois: 'Pedro faz-me hesitar; eu o temo, pois ele odeia<br />
o gênero feminino'. Jesus responde que quem quer que o Espírito<br />
Santo inspire está divinamente autorizado a falar, sendo este<br />
homem ou mulher.
É fácil verificar o porquê de, mil anos após o Concílio de Nicéia<br />
ter estabelecido sua crença romana, a última coisa que a Igreja<br />
desejava era informações que minassem sua afirmação da tradicional<br />
sucessão apostólica através de Pedro. A Igreja Católica Romana foi<br />
estruturada em torno da idéia da dominação das mulheres pelos<br />
homens. Mesmo agora, a crescente liberalização de outras Igrejas que<br />
estão admitindo sacerdotes mulheres parece causar um grande malestar<br />
no Vaticano.<br />
Nós sabíamos que os primeiros ensinamentos cristãos que não<br />
tinham vindo através de Roma possuíam um diferente ponto de vista<br />
sobre o papel das mulheres. A Igreja Celta, que possuía suas raízes<br />
no Cristianismo oriundo de Alexandria e estendeu-se pela Irlanda,<br />
Escócia, Gales e norte da Inglaterra, acreditava que as mulheres<br />
possuíam direitos iguais para o sacerdócio e, deste modo, manteve<br />
seu ponto de vista até esta ser absorvida pela Igreja Católica<br />
Romana em 625 d.C., no Sínodo de Whitby. Registrou-se que os<br />
primeiros padres da Igreja reconheciam a autoridade de Maria, mas<br />
mais tarde os historiadores da Igreja ressaltaram sua reputação como<br />
uma meretriz.<br />
Sabe-se que a absolvição utilizada pela Ordem dos Templários<br />
era distintamente não ortodoxa. Um preceptor templário, Radulphus<br />
de Gisisco, declarou que a absolvição era dada ocasionalmente em<br />
francês e não em latim:<br />
Eu rogo a Deus para que Ele possa perdoar os nossos pecados,<br />
assim como Ele perdoou os de Santa Maria Madalena...<br />
Parece que ainda que Maria Madalena, a meretriz que se tornou<br />
sumo sacerdotisa era o interesse central dos Templários.<br />
Neste ponto desta pesquisa nós nos encontramos com um pequeno,<br />
mas muito significativo desvio na história concernente ao papel de<br />
Maria Madalena. O jovem Bernardo de Clairvaux era totalmente<br />
fascinado pela história deste primeiro Papa e acreditava no culto da<br />
Virgem Negra que confirma que Maria Madalena era negra e que era
a Noiva de Cristo. Bernardo pessoalmente escreveu trezentos<br />
sermões devotados ao Cântico dos Cânticos, em uma pequena<br />
referencia feita por Salomão, em 1:5 onde se lê:<br />
Sou morena, porém graciosa, ó filhas de Jerusalém.<br />
Este culto estabelecido por Bernardo criou uma nova visão sobre<br />
as mulheres no século XII, quando elas tornaram-se respeitadas e as<br />
regras do amor cortês foram estabelecidas pela primeira vez.<br />
Duzentos anos após Bernardo, durante a época em que a Igreja<br />
estava removendo a carta da Papisa, começou a circular histórias de<br />
que houve uma papisa em tempos recentes conhecida como a Papisa<br />
Joana. Aparentemente, Joana nasceu de pais ingleses e apaixonou-se<br />
por um monge beneditino com o qual ela mudou-se para Atenas,<br />
disfarçada como homem. Após a morte de seu amante, ela novamente<br />
fingiu ser um homem e ingressou no sacerdócio, chegando ao status<br />
de Cardeal e então sendo eleita como o Papa João VIII. Embaraçando<br />
a todos que se encontravam junto a ela, a Papisa morreu em um parto<br />
durante uma procissão papal.<br />
Embora não haja evidências que possam provar que a história seja<br />
verdadeira, ela é completamente reconhecida pela própria Igreja e<br />
pelo público em geral. Ela ainda aparece no rol de bustos papais na<br />
Catedral de Siena designada como 'Johannes VII, femina ex Anglia'<br />
(papa João VIII, uma mulher inglesa).<br />
O Vaticano deve ter ficado perturbado com esta história, pois<br />
introduziu medidas para assegurar que tal escândalo nunca ocorresse<br />
novamente. A todos os cardeais que se tornassem candidatos a Papa,<br />
era exigido que estes se sentassem nus sob suas vestes, em um<br />
assento especialmente construído que era elevado e aberto como um<br />
assento de banheiro, onde suas genitálias pudessem ser<br />
inspecionadas por seus pares. Um veredicto formal tinha que ser<br />
declarado: Testículos habet et bene pendentes - Ele possui testículos<br />
e estão bem presos!
A carta da Papisa era muitas vezes conhecida por 'Joana', mas a<br />
existência desta carta antes que as histórias de Joana estivessem em<br />
circulação indicou-nos que os Templários poderiam ter acesso a uma<br />
documentação mais antiga que identificava Maria Madalena como o<br />
primeiro Papa verdadeiro. Em algumas versões do baralho do Tarô,<br />
ela é mostrada sentada com um manuscrito em suas mãos e com dois<br />
pilares ladeando-a; o pilar esquerdo é negro e marcado com a letra 'B'<br />
e o direito com um ‘J'. Este claramente identifica a Sumo Sacerdotisa,<br />
ou a Papisa, como estando diretamente ligada aos dois pilares - Boaz<br />
e Jachin - que ficavam localizados na entrada do Templo interior de<br />
Yahweh em Jerusalém, e que agora adornam todo Templo maçônico.<br />
O mecanismo que organiza os Arcanos Maiores é uma faixa de<br />
Möbius: uma simples estrutura que curiosamente é uma estrutura<br />
bidimensional que tem somente um lado. Uma faixa de Möbius pode<br />
ser formada tomando-se uma longa tira de papel, torcendo uma das<br />
pontas em cento e oitenta graus e então unindo esta ponta com a<br />
outra, produzindo uma superfície única. Como esta superfície não tem<br />
fim, esta figura, com uma estrutura em forma de oito, tem sido<br />
associada ao símbolo da morte e da ressurreição, e em um uso<br />
moderno, significando o infinito.<br />
A história que estas cartas contam, quando tiradas nesta forma, é<br />
profundamente oposta aos dogmas do Cristianismo ortodoxo. O Tarô<br />
ensina as crenças judaicas e templárias onde o Tolo (que representa o<br />
noviço) pode atingir a salvação através de suas próprias ações,<br />
independentemente de Cristo ou de sua Igreja, mesmo que a Igreja<br />
ensine que o povo não pode receber sozinho as graças de Deus<br />
através da fé em Jesus Cristo.<br />
O primeiro círculo é a esfera solar da luz do dia e possui cartas desde<br />
o Tolo (número O) até o Eremita (número 9) que se move em direção<br />
horário por fora do anel, significando o mundo normal percebido por<br />
todo o mundo. A décima carta, a Roda da Fortuna, cruza-se sobre o<br />
segundo círculo ou esfera lunar onde as cartas são deitadas por<br />
dentro, representando a parte mais interior dos ensinamentos ocultos,<br />
e percorrendo desde a Justiça até o Julgamento. A carta final do
Mundo (número 21) liga-se novamente ao primeiro círculo ilustrando<br />
como os ocultos ensinamentos relacionam-se com a vida normal.
Nós descobrimos que a quarta e a décima segunda cartas do baralho<br />
do Tarô são particularmente dignas de nota, onde ambas mostram<br />
homens com uma perna cruzada sobre a outra. Embora isto possa<br />
não parecer reconhecível à primeira vista, nós estávamos muito<br />
curiosos ao descobrir que a postura de uma perna cruzada sobre uma<br />
perna esticada é descrita pelos estudiosos como 'crucial' no<br />
simbolismo do Tarô. Esta forma da postura das pernas aparece<br />
na carta do Imperador e do Enforcado - uma figura suspensa pelo pé<br />
direito em uma cruz, com sua perna esquerda presa por detrás da<br />
perna direita. Esta pose era tão crucial para os Templários que todo<br />
cavaleiro era sepultado em sua tumba com suas pernas cruzadas<br />
exatamente da mesma maneira. As pernas cruzadas formam um 'x',<br />
que é a das representações do Tau, a última letra do alfabeto<br />
hebraico, que significa a morte. As lápides mais elaboradas dos<br />
principais Cavaleiros Templários eram gravadas com uma imagem<br />
mostrando essa pose, ou com uma efígie esculpida mostrando o<br />
falecido nesta posição incomum.<br />
Quando ao noviço (o Tolo) é dada instrução, é lhe contado que<br />
cada carta dentro do círculo terreno possui uma correspondência<br />
direta com a carta do círculo secreto. Estas relações são reconhecidas<br />
pelo fato de todas as cartas unidas se somam a vinte para que a carta<br />
conhecida como o Hierofante ou o Papa (número 5) seja associado ao<br />
Diabo (número 15). Mesmo que esta conexão seja praticamente não<br />
intencional ao insultar o papado, é de se imaginar que a Igreja<br />
quisesse destruir estas cartas quando ela descobriu estes tipos de<br />
relacionamentos ocultos no Tarô.<br />
Do mesmo modo que a carta da Papisa, o Papa ou o Hierofante<br />
mostra uma figura monárquica sentada entre dois pilares que nada<br />
suportam. Bárbara Walker, que é uma pesquisadora séria e<br />
conceituada de Tarô, afirma sobre a figura mostrada nesta carta:<br />
Ela certamente não se relaciona com a ortodoxia cristã. Apenas<br />
alguns estudiosos a relacionam com o Papa de Roma, mesmo assim<br />
com algumas reservas.
Outro ponto interessante é que, de acordo com Bárbara Walker, um<br />
nome alternativo para esta figura é o 'Grão-Mestre', e fortemente<br />
sugere que esta carta poderia representar o Grão-Mestre Templário.<br />
Ela de fato se parece com isso quando nos lembramos que hoje em<br />
dia o Grão-Mestre da Maçonaria ainda senta-se em uma espécie de<br />
trono ladeado por dois pilares que nada suportam. Estes pilares<br />
maçônicos representam aqueles que existiam no pórtico do santuário
interior do Templo de Jerusalém - a edificação que era o lar dos<br />
Cavaleiros Templários. Nós sabíamos através de nossas pesquisas<br />
anteriores que a Maçonaria havia herdado sua estrutura e principal<br />
ritual dos Cavaleiros Templários da Escócia, e era de se esperar que<br />
uma representação do Grão-Mestre Templário mostrasse-o sentado<br />
entre dois pilares.<br />
Ao desenvolvermos essa idéia sobre a carta do Hierofante, outra<br />
importante conexão veio à mente. Tiago, o irmão de Jesus, tornou-se<br />
o Sumo Sacerdote da Igreja de Jerusalém (o movimento Nazoreano)<br />
após a crucificação - uma posição que muitos estudiosos da Igreja têm<br />
reconhecido denominando-o o primeiro 'Mebakker' ou Bispo de<br />
Jerusalém. É sabido que Tiago usava uma mitra de Bispo que era<br />
derivada da coroa de Amon Rá, o deus criador de Tebas, a cidade que<br />
havia fornecido ao antigo Judaísmo os dogmas centrais de sua<br />
teologia. O antigo hieróglifo egípcio para a representação do deus<br />
Amon Rá mostra como o paramento dos bispos cristãos originou-se<br />
de Tebas através de Jerusalém.
O nome 'Hierofante' é definido pelo Chambers English Dictionary<br />
como significando 'aquele que revela as coisas sagradas' -<br />
exatamente o que o Mestre Templário teria feito ao iniciar novos<br />
membros.<br />
A única conclusão a que poderíamos chegar é que os Cavaleiros<br />
Templários se viam como sumo sacerdotes 'ressuscitados' e<br />
pretendiam continuar a lutar para construir um mundo ideal para o<br />
Verdadeiro e Altíssimo Deus Vivente que governaria a todos. Aqui, no<br />
lugar menos provável, estava a evidência de que eles reconstruíram o<br />
antigo culto davídico do Templo Sagrado e que eles provavelmente<br />
consideravam como muito importantes o Judaísmo Rabínico e o<br />
Cristianismo, nas formas corrompidas de veneração de Yahweh.<br />
Como os novos Sumos Sacerdotes de Yahweh, os Grão-<br />
Mestres Templários sentavam-se sobre um trono com os dois antigos<br />
pilares judaicos de Mishpat (Boaz) e Tsedeq (Jachin) representando a<br />
união do poder sacerdotal e secular na Terra sob a regra celestial de<br />
Yahweh. Sob suas cabeças, eles usavam uma coroa de Mebakker, o<br />
mesmo que Tiago utilizava há mil e cem anos antes. Os 'Reis de<br />
Deus' retomaram o papel do messias unificado que tinha inicialmente<br />
se manifestado sobre a única pessoa de Jesus. O Hierofante ou a<br />
carta do Grão-Mestre do Tarô deve ser uma precisa descrição do<br />
ofício de Grão Mestre Templário!<br />
Como os Templários haviam reconstruído sua própria e antiga<br />
religião, sua obediência ao papado era apenas aparente, rejeitando<br />
secretamente a autoridade papal e negando a divindade de seu<br />
ancestral hereditário, Jesus Cristo, mas provavelmente aceitando-o<br />
como um profeta martirizado.<br />
Ao término de tudo, os Templários foram acusados de renegarem o<br />
Cristianismo, foram destruídos como ordem em 1307 e suas cartas<br />
de ensinamento lentamente tornaram-se disponíveis ao mundo em<br />
geral. Qualquer um que olhe para a carta do Grão-Mestre veria a mitra<br />
e equivocadamente assumiria que ela devesse representar o Papa. A<br />
Igreja Católica Romana quase certamente sabia desses significados<br />
secretos que existem no Tarô e compreensivelmente ela tentou banir
todos aqueles que possuíssem alguma relação com eles.<br />
Interessantemente, eles foram proscritos apenas nove anos após a<br />
primeira exibição pública do Sudário de Turim, primeiro em Florença,<br />
depois na Alemanha, Marselha, Paris e logo em seguida por toda a<br />
Europa.<br />
Confirmando-se o que nós considerávamos como um grande<br />
passo em direção à confirmação do real propósito dos Cavaleiros<br />
Templários, nós nos voltamos para o restante do baralho do Tarô para<br />
verificar quais outras informações poderiam ser obtidas destas cartas<br />
históricas que agora haviam se tornado brinquedos. Nós descobrimos<br />
que os naipes originais - Espadas, Paus, Copas e Ouros - tinham sido<br />
associados às lendas do Graal, representando Espadas, Lanças,<br />
Taças e Travessas.<br />
Agora, ocorreu-nos que estas designações poderiam ser conectadas<br />
aos artefatos que os Templários teriam descoberto abaixo das ruínas<br />
do Templo de Herodes. Espadas e lanças teriam certamente sido<br />
levadas pelos defensores judeus quando a batalha estava sendo<br />
perdida, e nós já relatamos a descrição de Josephus de como Simão<br />
bar Giora e seus homens haviam se escondido nas passagens<br />
secretas. Nós também sabíamos que as taças e as travessas<br />
sacerdotais haviam sido escondidas abaixo do Templo, pois elas<br />
foram listadas no Manuscrito de Cobre encontrado em Qumran.<br />
Inicialmente, nós duvidávamos que haveria alguma ligação entre as<br />
lendas do Graal do Rei Arthur e os Cavaleiros Templários, mas<br />
rapidamente mudamos de idéia. Uma ligação muito interessante entre<br />
o Graal e o Tarô surgiu no que é descrito como as 'quatro cortes do<br />
Graal'. Os estudiosos arthurianos afirmam que isto demonstra uma<br />
teia de linhagem e sucessão:<br />
CORTE SETENTRIONAL: Corte do Disco e da Casa de Benwick.<br />
CORTE OCIDENTAL: Corte do Graal e da Casa de Pellinor.<br />
CORTE ORIENTAL: Corte da Espada e da Casa de Pendragon.<br />
CORTE MERIDIONAL: Corte da Lança e da Casa de Lothian e<br />
Orkney.
TARÔ BARALHO DE CARTEADO GRAAL<br />
Espadas Espadas Espadas<br />
Trevos Paus Lanças<br />
Taças Copas Graal<br />
Pentágonos Ouros Travessas<br />
Foi a Corte Meridional que imediatamente sobressaiu-se, pois a<br />
Casa de Lothian e Orkney somente poderia se referir à família St Clair<br />
(hoje Sinclair) que foram os últimos príncipes de Orkney e cujo<br />
Castelo de Roslin encontra-se em Lothian. Henri St Clair esteve<br />
envolvido na Primeira Cruzada ao lado de Hugues de Payen, e sua<br />
sobrinha, Catarina, casou-se com este último, recebendo as terras de<br />
Blancradock próximas a Edimburgo, agora conhecidas como o<br />
Templo, como dote. A família foi certamente crucial no<br />
estabelecimento dos Cavaleiros Templários e tornaram-se guardiões<br />
dos manuscritos que foram retirados do Templo de Jerusalém, que<br />
mais tarde, seriam re-enterrados sob a 'Capela' Rosslyn - a réplica das<br />
ruínas do Templo de Herodes.<br />
Conclusão<br />
A Idade das Trevas chegou com a invenção da Igreja Romana e o<br />
avanço humano andou em marcha ré. Jerusalém havia sido tomada<br />
pelos Turcos, mil anos após a destruição da cidade e seu Templo, e a<br />
Primeira Cruzada havia sido organizada para liberá-la das hostes<br />
bárbaras. A partir do estudo das circunstâncias a respeito desta<br />
cruzada e da formação dos Templários, nós identificamos um grupo<br />
de pessoas atual nos bastidores que estavam envolvidas em um<br />
plano de escavação das ruínas do Templo. Nós estávamos cientes de<br />
um grupo de famílias, conhecido coletivamente como 'Rex Deus', que<br />
afirmavam serem os descendentes dos sacerdotes sobreviventes do<br />
Templo de Jerusalém, e todos esses fatos fazem sentido com os<br />
estranhos eventos dos primórdios do século XII que nós já havíamos<br />
descoberto.
Os Templários escavaram sob o Templo por nove anos e<br />
removeram os tesouros e pelo menos vinte e quatro manuscritos.<br />
Nestes manuscritos eles descobriram os detalhes a respeito da Igreja<br />
de Jerusalém. Eles organizaram-se como um novo culto do Templo<br />
com o seu Grão-Mestre como um messias unificado de Israel,<br />
combinando os pilares de Mishpat (Boaz) e Tsedeq (Jachin), assim<br />
como seus ascendentes, Jesus e Tiago, haviam sido. Os rituais<br />
secretos da ressurreição em vida descritos nos manuscritos foram<br />
adotados como os meios de iniciação neste culto ressuscitado do<br />
'sacerdócio do Templo', seguindo os passos daqueles que serviam a<br />
Yahweh e morreram defendendo a Cidade Santa em 70 d.C.<br />
O culto dos Templários secretamente, negava a autoridade do Papa e<br />
de sua Igreja, entendendo Jesus como sendo um profeta martirizado,<br />
não um deus.<br />
O baralho do Tarô foi criado pelos Templários como os meios de<br />
instruir os noviços, sem se levantar suspeitas por parte da Igreja, e<br />
deste modo foi proscrito pela Igreja após a queda da Ordem. Nós<br />
então descobrimos que o Tarô e os Templários pareciam ter algum<br />
tipo de ligação com as histórias do Graal do Rei Arthur e que os St<br />
Clair de Roslin estavam provavelmente envolvidos.<br />
5<br />
O Santo Graal dos Templários<br />
As Origens do Rei Arthur<br />
Embora por muitas vezes, nós duvidássemos que seria possível<br />
encontrar a resposta para a terceira questão de nossa busca, nós<br />
agora sabíamos quem estava por detrás do desenvolvimento dos<br />
Cavaleiros Templários, e a informação que nós recebemos sobre as<br />
famílias dos Rex Deus encurtou o caminho de nossas pesquisas e nos<br />
forneceu uma provável resposta à quarta questão: por que os<br />
Templários decidiram escavar sob o Templo? Sua missão era a de
descobrir os tesouros e os manuscritos que eles sabiam que seus<br />
ancestrais haviam-lhes deixado.<br />
As cartas do Tarô haviam provado ser uma fonte extraordinária de<br />
informações a respeito dos Templários quando vistas no contexto de<br />
nossas outras descobertas. Embora nós consideremos as cartas de<br />
Tarô completamente sem valor como meios de vislumbrar o futuro,<br />
elas têm sido um fantástico mecanismo de auxílio quando utilizadas<br />
para iluminar o passado. As pessoas hoje freqüentemente expõem os<br />
seus pensamentos interiores sobre o mundo de diversas maneiras,<br />
utilizando-se desde de livros autobiográficos a documentários, e os<br />
estudantes da história recente podem prontamente construir uma<br />
figura compreensiva das atitudes e aspirações de qualquer grupo ou<br />
indivíduo aos quais se proponham a examinar. Qualquer estudo sobre<br />
o período medieval é muito difícil de ser realizado, pois os poucos e<br />
preciosos documentos que existem expressam sentimentos humanos<br />
relacionados às crenças e idéias não convencionais.<br />
Desde os meados do século XII ao início do século XIV, os Cavaleiros<br />
Templários eram a mais influente e próspera ordem que se reportava<br />
diretamente ao Papa, e teria sido suicídio permitir que alguém<br />
descobrisse que eles possuíam pensamentos 'alternativos'. Eles não<br />
poderiam registrar abertamente suas opiniões, mas eles podiam fazêlo<br />
secretamente; e este é o motivo do porquê do baralho do Tarô ser<br />
considerado como um valioso 'documento' histórico.<br />
O uso templário das cartas do Tarô parece estar conectado com a<br />
lenda do Santo Graal e nós agora necessitávamos investigar estas<br />
histórias para verificar que tipo de ligação existia. Talvez as histórias<br />
do Graal fossem uma cobertura melhor para os significados dos<br />
registros secretos das idéias e crenças dos Templários. Havia uma<br />
boa razão para mantermos tal esperança, pois nós tínhamos<br />
descoberto que a família St Clair estava associada às imagens como a<br />
Corte Meridional da Lança, e Pendragon, encontrada na Corte Oriental<br />
da Espada, era o nome do pai do Rei Arthur.<br />
Recentemente, muitas pessoas têm declarado ter identificado algum<br />
artefato obscuro como sendo o 'verdadeiro' Santo Graal, geralmente
associado com a taça usada por Jesus na Última Ceia. Entretanto,<br />
após considerarmos todas as evidências, pareceu-nos que não há o<br />
'verdadeiro' Santo Graal, como tem sido descrito. Esta idéia do Graal<br />
tornou-se uma metáfora para uma tarefa impossível, praticamente tão<br />
fútil quanto procurar o pote de ouro no final de um arco-íris, e tem sido<br />
identificada com muitas coisas diferentes por aqueles que têm escrito<br />
sobre ela nos últimos oitocentos anos.<br />
De acordo com a melhor tradição conhecida, o Graal era a sagrada<br />
taça usada por Jesus na Última Ceia que havia sido mantida por José<br />
de Arimatéia após este ter coletado o sangue do corpo do Cristo<br />
crucificado. Esta lenda conta-nos que ele logo em seguida trouxe o<br />
artefato sagrado para as Ilhas Britânicas, onde este foi transmitido de<br />
geração a geração por seus descendentes. Expor-se ao Graal pode<br />
fazer bem ou mal, dependendo dos méritos do observador. Aqueles<br />
que não possuíssem pecados seriam providos com comida, mas os<br />
impuros de coração seriam prontamente cegados e perderiam<br />
definitivamente o poder da fala.<br />
Esta versão da história é interessante, pois levanta a sugestão de que<br />
há uma sucessão apostólica alternativa através de José de Arimatéia<br />
e sua família. Além disso, afirma-se que esta linhagem é detentora de<br />
conhecimentos secretos, desconhecidos da Igreja estabelecida. Isto<br />
parece ser altamente imaginário, mas se encaixaria perfeitamente com<br />
a teoria dos Rex Deus, sendo que a linhagem de José de Arimatéia<br />
poderia ser facilmente um dos grupos que viria à Europa com seus<br />
conhecimentos secretos.<br />
Outras definições do Santo Graal incluem 'a pedra sobre a qual reis<br />
são feitos', e, interessantemente, um livro que contém os<br />
ensinamentos secretos de Jesus.<br />
Parece que o Santo Graal possa ser quase que qualquer coisa que<br />
você desejar que ele seja. Então, nós realmente tínhamos que<br />
descobrir as origens de cada interpretação de modo que pudéssemos<br />
estabelecer uma cronologia e obter alguma compreensão do propósito<br />
dessas histórias. As primeiras referências ao Santo Graal aparecem<br />
na lenda arthuriana que é conhecida por várias pessoas, graças a
filmes como Excalibur, Lancelot - O Primeiro Cavaleiro ou Rei Arthur<br />
e os Cavaleiros da Távola Redonda. A maioria das pessoas<br />
provavelmente acredita que estas histórias derivam-se do folclore e<br />
que se refere à época quando Inglaterra e Gales ainda consistiam de<br />
uma série de pequenos reinos, o que significariam que elas são<br />
anteriores aos Templários em muitos séculos.<br />
De acordo com a versão mais comum da lenda, Arthur era o filho<br />
ilegítimo de Igerna, esposa do Duque da Cornualha, que foi raptada<br />
por Uther Pendragon, enquanto estava sob o encantamento de um<br />
mago chamado Merlim.<br />
Quando jovem Arthur provou que era o rei por direito da Britânia<br />
retirando a espada Excalibur, imóvel para outros, da pedra onde havia<br />
sido colocada pelo rei anterior.<br />
Uma vez rei, ele casou-se com Guinevere e fundou sua Távola<br />
Redonda, um grupo de corajosos cavaleiros que ajudaram-no a fazer<br />
o reino estável e cumpridor das leis. Os relacionamentos na história<br />
são sempre complexos e os de Arthur não eram uma exceção,<br />
especialmente quando ele torna-se pai de um filho ilegítimo, Mordred,<br />
após ser magicamente enfeitiçado e seduzido por sua meio-irmã,<br />
Morgana. Quando o menino cresceu e tornou-se adulto, ele apareceu<br />
na Corte de Arthur, em Camelot, e desafiou-o por seu reino. Enquanto<br />
isso, Lancelot, um de seus cavaleiros, tinha um romance com<br />
Guinevere que se afastara de Arthur durante muitos anos. A Távola<br />
Redonda entrou em declínio e rompeu-se, quando o próprio Arthur<br />
adoeceu e o reino tornou-se uma terra devastada. Foi dito que a terra<br />
somente poderia ser salva através da descoberta do Santo Graal e<br />
deste modo, o doente Arthur enviou todos os cavaleiros<br />
remanescentes em sua busca.<br />
Sir Lancelot teve sucesso na busca do Graal e retornou até Arthur<br />
bem a tempo de curá-lo e apoiá-lo na última grande batalha contra seu<br />
filho Mordred. Tanto Arthur quanto Mordred morreram durante os<br />
combates que se seguiram. Arthur foi mortalmente ferido, embora a<br />
lenda afirme que ele não morreu, mas sim navegou em direção ao<br />
oeste para a terra de Avalon, lá sendo curado de suas feridas, pronto
para retornar para seu país em algum tempo futuro de necessidade.<br />
Sua espada, Excalibur, foi lançada em um lago onde foi<br />
apanhada pelo braço da Dama do Lago que a manteve sob seus<br />
cuidados até o dia em que ela será necessária novamente.<br />
O que era mais importante para nós era descobrir quão antiga era<br />
esta história e se esta possuía alguma ligação com os Cavaleiros<br />
Templários? A uma primeira vista, ela parecia ser bem mais antiga<br />
que os Templários, mas brevemente descobriríamos que não era<br />
verdade.<br />
Certamente, as primeiras referências conhecidas de uma<br />
personagem com as características de Arthur vêm de um monge do<br />
século V chamado Gildas que registrou uma mal-sucedida batalha<br />
contra os invasores anglo-saxões comandada por comandante militar<br />
conhecido como Aurelius Ambrosianus na Britânia Ocidental.<br />
Quatrocentos anos mais tarde, outro monge, conhecido pelo nome de<br />
Nennius de Bangor, escreveu uma história da Britânia onde ele<br />
denominou este comandante militar como 'Arthur' e declarou que o<br />
término desta batalha perdida havia sido lutado em um lugar<br />
conhecido como Mons Badonicus em 500 d.C.<br />
Entretanto, esta primeira referência a um comandante militar histórico<br />
chamado Arthur descreve uma personagem muito diferente da lenda<br />
moderna. A primeira referência ao Rei Arthur que nós descobrimos<br />
apareceu, inesperadamente, em 1136 - apenas oito anos após a<br />
formação da Ordem dos Cavaleiros Templários e no ano em que<br />
Hugues de Payen morreu!<br />
A história era intitulada como Sobre os Assuntos da Britânia e foi<br />
escrita na cidade de Oxford por um cônego secular chamado Geoffrey<br />
de Monmouth. Aqui, pela primeira vez, Arthur é descrito como uma<br />
espécie de um salvador messiânico de seu povo que se originou do<br />
encontro de Igerna com Uther Pendragon. Geoffrey identifica o reino<br />
de Arthur como estando localizado em um lugar que ele chama de<br />
Caerleon, iniciando-se no ano de 505 d.C. e terminando quando o rei<br />
foi levado em direção ao oeste para a sagrada ilha de Avalon, onde<br />
ele repousa até o tempo em que ele ressuscitará e retornará
triunfante. Sua espada mágica é aqui chamada de Caliburn, que ecoa<br />
até a espada conhecida como Caladcholg, sendo este um dos Beatos<br />
da Irlanda na lenda irlandesa.<br />
Diferentemente dos contos arthurianos posteriores, a primeira versão<br />
de Geoffrey de Monmouth não faz nenhuma referência ao Santo<br />
Graal, ao Lancelot ou à Távola Redonda. A narrativa em latim<br />
produzida por Geoffrey tornou-se extremamente popular e foi<br />
rapidamente traduzida para o gaélico por um escriba desconhecido,<br />
para o francês por Wace de Jersey e para o anglo-saxão por<br />
Layamon. A história espalhou-se por toda a Europa e por vários<br />
séculos o povo a considerou como sendo um fato histórico.<br />
Nós agora sabíamos que o momento estava identificado através de<br />
uma conexão direta com os fundadores dos Templários, mas nós<br />
imaginávamos o porquê de Geoffrey de Monmouth ter sido motivado a<br />
escrever sobre este obscuro rei guerreiro da outrora Britânia neste<br />
período particular da história. A data da elaboração da história e o fato<br />
da lenda de Arthur ter se espalhado pela Cristandade no tempo<br />
preciso que as histórias das práticas secretas dos Templários eram<br />
abundantes, podem ser inteiramente coincidentes. Havia alguma<br />
ligação entre Geoffrey e os Templários e o que poderia isto significar<br />
se esta houvesse?<br />
A História registra que Geoffrey era um gaulês, nascido em 1100<br />
em Gwent, tendo sua família vindo para a Britânia uma geração antes<br />
na época da Conquista Normanda. Ele foi um cônego secular em<br />
Oxford por muitos anos antes de tornar-se um Arcebispo de<br />
Monmouth e finalmente, Bispo de St. Asaph (em Gaulês Setentrional)<br />
em 1152.<br />
Em nenhum momento Geoffrey afirmou ter inventado a história<br />
de Arthur, preferindo construir um efeito dramático através da<br />
informação aos seus admiradores de que ele teria traduzido-a a partir<br />
de um 'antigo documento' entregue a ele por seu tio. Muitos livros<br />
sobre o tema registram que o tio de Geoffrey era Walter Map, o<br />
Arcebispo de Oxford, mas o único Walter Map que nós encontramos<br />
não havia nascido até um ano após ter Geoffrey publicado sua
primeira versão sobre o Rei Arthur, e tornou-se Arcebispo de<br />
Oxford mais de quarenta anos após a morte de Geoffrey. Talvez<br />
houvesse dois Walter Map, mas de qualquer modo, muitos estudiosos<br />
têm declinado da crença sobre a existência deste documento<br />
desconhecido. Se ele não existiu por que Geoffrey nunca o<br />
reproduziu?<br />
Esta situação parecia-nos cada vez mais curiosa.<br />
O livro de Geoffrey foi um completo sucesso, então por que ele<br />
simplesmente não levou os créditos por uma grande obra de ficção<br />
baseada em alguns mitos obscuros? Ao invés disto, ele insistia que a<br />
história era baseada em fatos que haviam sido retirados de um antigo<br />
documento não-identificado que ele não podia reproduzir, e que ele<br />
falhou em fornecer uma explicação satisfatória de como ele, um<br />
gaulês de origem bretã, vivendo em Oxford, havia obtido<br />
este documento.<br />
Nós sentíamos que algo em tudo isto estava errado e que estava<br />
intimamente ligada à história que Geoffrey havia escrito.<br />
O Significado Oculto<br />
Um trecho particularmente interessante da história de Geoffrey<br />
encontrava-se em seu fim onde Arthur era mortalmente ferido, mas ao<br />
invés de falecer, ele foi levado para a terra de Avalon, uma terra<br />
perfeita localizada além do mar a oeste. Lá ele aguardaria por um<br />
tempo no futuro quando ele surgiria novamente e tornar-se-ia o<br />
salvador de seu povo.<br />
Nós já havíamos nos deparado com uma crença em uma terra perfeita<br />
que se encontrava além do grande mar a oeste, através de dois<br />
caminhos interconectados.<br />
Josephus registra que os Essênios (e do mesmo modo, a Igreja de<br />
Jerusalém) acreditavam que as almas boas residiam além do oceano<br />
ao oeste, em uma região que não era oprimida com tempestades de<br />
chuva, neve ou de intenso calor, mas sim refrescada com mornas<br />
brisas.
Esta também é a descrição dada por um povo conhecido por<br />
Mandaenos que têm vivido no Iraque Meridional desde que deixaram<br />
Jerusalém logo após a crucificação de Jesus, de modo a escapar da<br />
perseguição empreendida por Paulo. Estes judeus deixaram<br />
Jerusalém no primeiro século da era atual e, de acordo com sua<br />
história tradicional, João, o Batista era o primeiro líder dos<br />
Nazoreanos e Jesus era o líder subseqüente que havia traído alguns<br />
segredos especiais que lhe haviam sido confiados.<br />
Os Mandaenos ainda realizam o batismo no rio, possuindo apertos<br />
de mãos especiais e praticando rituais que se remetem àqueles<br />
utilizados pela moderna Maçonaria. Para eles esta maravilhosa terra<br />
além mar era restrita aos espíritos mais puros, sendo tão perfeita que<br />
os olhos mortais não podiam vê-Ia.<br />
Este lugar maravilhoso é marcado por uma estrela chamada de Mérica<br />
que permanece no céu sobre ela.<br />
Nós acreditamos que esta estrela e a terra mística sob ela eram<br />
conhecidas pelos Cavaleiros Templários a partir dos manuscritos que<br />
eles descobriram e que eles navegaram em busca da Ia Mérica, ou<br />
como nós conhecemos atualmente, América, imediatamente após a<br />
ordem ter sido proscrita. (Nossa explicação sobre a origem do nome<br />
América foi recebida com braços abertos por uma ampla quantidade<br />
de estudiosos que não estavam satisfeitos com a explicação<br />
anteriormente errônea atribuída a Amerigo Vespucci).<br />
Interessantemente, a árvore é um importante símbolo religioso da<br />
vida divina na crença dos Mandaenos, e as almas de seu povo<br />
freqüentemente são representadas refugiando-se em vinhas ou<br />
árvores. Esta imagem da árvore da vida e dos poderes da vegetação<br />
densa é também comum às lendas celtas e às histórias de Arthur.<br />
Assim que refletimos sobre o mítico rei guerreiro que Geoffrey<br />
de Monmouth havia descrito, nós pudemos vislumbrar uma história<br />
que já havíamos ouvido antes.<br />
Retornando a sua essência, a lenda arthuriana afirma que embora ser<br />
a mãe de Arthur já casada, ela engravidou de outro homem sem,<br />
contudo, cair em desgraça, pois ela havia copulado sobre a influência
de um mago. Arthur cresceu para ser um campeão e o verdadeiro rei<br />
de seu povo. Ele então se uniu a doze cavaleiros, seus principais<br />
seguidores, e liderou seu povo em uma guerra contra os inimigos<br />
invasores, sendo eventualmente ferido de morte. Entretanto, ele não<br />
estava verdadeiramente morto, e dirigiu-se para uma terra perfeita a<br />
oeste até chegar o tempo em que retornaria para ser o salvador de<br />
seu povo. Após sua partida, a terra entrou em decadência e ruína.<br />
Esta lenda poderia ser vista como a história dos Rex Deus sobre os<br />
sacerdotes Nazoreanos, re-implantada em um contexto celta. A<br />
história da concepção de Arthur possui de fato uma forte ressonância<br />
com as versões dos Rex Deus sobre como as virgens, como Maria,<br />
tornavam-se ritualmente engravidadas pelos sumo sacerdotes antes<br />
de casar-se com outro homem. Sua ascensão ao poder com seus<br />
doze cavaleiros poderia representar as doze tribos de Israel. A terrível<br />
batalha final onde todos, incluindo Arthur, morrem é a narração da<br />
queda de Jerusalém em 70 d.C. Exatamente como o reino de Arthur, a<br />
terra de Israel foi lançada na corrupção e decadência que foi seguida<br />
à batalha mortal quando tudo estava perdido. Entretanto, no momento<br />
em que os sacerdotes Nazoreanos do Templo de Jerusalém haviam<br />
quase perecido, alguns deles escaparam e navegaram em direção ao<br />
oeste até a Grécia, onde de lá se espalharam pela Europa e<br />
esperaram pelo dia em que poderiam retornar e restaurar seu reino<br />
em sua glória anterior.<br />
Aquele momento de glória havia acabado de ocorrer com o retorno<br />
dos Cavaleiros à Jerusalém. Após mil anos, eles haviam retornado em<br />
uma grande cruzada contra Gog e Magog.<br />
Nós olhamos intimamente no que estava ocorrendo com os Cavaleiros<br />
Templários nos anos em que Geoffrey deve ter escrito seu livro em<br />
Oxford - e nós descobrimos nossa ligação!<br />
Payen de Montdidier, um dos nove Cavaleiros originais que haviam<br />
escavado sob o Templo de Jerusalém e fundador dos Cavaleiros<br />
Templários, tornou-se Grão-Mestre da Inglaterra em 1128. Ele estava<br />
encarregado de estabelecer um certo número de preceptórios, sendo<br />
que um dos mais importantes deles encontrava-se em Oxford,
construído nas terras doadas pela Princesa Matilda, a filha do Rei<br />
Henrique I e neta de Guilherme, o Conquistador.<br />
Oxford era uma pequena, mas importante cidade durante o século<br />
XII e a construção de um preceptório templário teria sido um grande<br />
evento. Sendo um cônego de alta projeção nos primórdios do século<br />
XIII, seria surpreendente se Geoffrey não se encontrasse com Payen<br />
de Montdidier em diversas ocasiões, e a mente inquisitiva e<br />
imaginativa de Geoffrey deve ter se preenchido com as histórias que<br />
este veterano Templário tinha a relatar.<br />
Payen de Montdidier provavelmente não era tão indiscreto a ponto de<br />
comentar com qualquer um fora da Ordem sobre a existência dos<br />
manuscritos e dos tesouros que ele e seus companheiros tinham<br />
descoberto, mas parece que ele satisfazia-se em discutir tudo o mais,<br />
incluindo alguns dos eventos que haviam sido aprendidos dos<br />
manuscritos. Não parece ser um exagerado e ambicioso exercício de<br />
lógica deduzir que a nova fonte de inspiração de Geoffrey não era o<br />
seu tio ainda não nascido Walter, mas os lábios de Payen de<br />
Montdidier, um dos fundadores dos Templários que faziam referências<br />
a certos 'documentos antigos'.<br />
Para melhor continuarmos com nossas investigações, nós<br />
precisávamos descobrir um pouco mais sobre o objeto visionário que<br />
repentinamente tornou-se tão popular na primeira metade do século<br />
XII.<br />
O Surgimento do Santo Graal<br />
Geoffrey de Monmouth não fez nenhuma referência em sua história ao<br />
Santo Graal, e deste modo nós estávamos muito interessados em<br />
conhecer quem o havia introduzido e porquê.<br />
Nós descobrimos que a primeira referência ao Graal foi, sem dúvida,<br />
realizada pela pena de Guilherme de Malmesbury, um monge e<br />
historiador da Abadia de Malmesbury. Ele compôs sua saga por volta<br />
do término de seus dias em torno de 1140, apenas quatro anos após<br />
Geoffrey ter publicado seu livro Sobre os Assuntos da Britânia. Foi
Guilherme quem primeiro proclamou que José de Arimatéia havia<br />
chegado a Glastonbury em 73 d.C., trazendo consigo o Santo Graal e<br />
um Espinheiro Santo que ele plantou lá.<br />
A Abadia de Malmesbury situa-se entre Oxford e Bristol e encontra-se<br />
a nada menos de quarenta quilômetros de um dos primeiros<br />
preceptórios de Payen de Montdidier conhecido como Temple Guiting,<br />
próximo de Cheltenham. Parece que Guilherme de Malmesbury foi um<br />
importante historiador em sua época e era bem conhecido por obras<br />
como Gesta Regum Anglorum, uma crônica dos reis da Inglaterra<br />
desde a invasão saxão até 1126; Historia Novella, que cobre o período<br />
dos monarcas até 1143; e Gesta Pontificum Anglorum, uma história<br />
dos bispos e dos chefes dos monastérios da Inglaterra.<br />
Nós nos surpreendemos quando descobrimos que Guilherme tinha<br />
sido um crítico notório da obra de Geoffrey e que ele não fez nenhuma<br />
referência ao Rei Arthur, ou a qualquer outra parte da lenda criada por<br />
Geoffrey de Monmouth, em sua primeira versão da história do GraaI.<br />
As duas histórias foram somente unificadas anos mais tarde.<br />
A História não registra tais detalhes, como um encontro entre<br />
Guilherme e Payen de Montdidier, mas como um bibliotecário,<br />
preceptor e cronista da Igreja de seu tempo, Guilherme teria se<br />
interessado pelo preceptório dos Templários e pelo programa de<br />
construção de igrejas. Parece muito razoável assumir que ele teria<br />
procurado Payen de Montdidier, uma vez que ele encontrava-se a<br />
apenas quarenta quilômetros de distância, e ouvido suas histórias.<br />
Não foi surpreendente descobrir que poucas pessoas interessaram-se<br />
em pesquisar a política dos homens envolvidos na criação da lenda<br />
moderna do Rei Arthur e do Santo Graal, mas quando nós olhamos<br />
mais de perto, um interessante panorama surgiu.<br />
Uma batalha verbal surgiu em torno destes novos contos românticos,<br />
com acusações e contra-acusações a respeito da validade das fontes.<br />
Aqui nós verificamos uma situação onde Geoffrey de Monmouth tinha<br />
escrito uma história inofensiva sobre um fantástico rei bretão e que no<br />
período de três anos após a publicação ele foi atacado, na maioria das<br />
vezes de forma agressiva, por três outros autores que negavam que
ele possuísse informações confiáveis. Guilherme de Malmesbury,<br />
Caradoc de Llancarfan e Henry de Huntingdon escreveram novas<br />
histórias sobre Arthur e cada uma foi acusada por Geoffrey de serem<br />
falsos trabalhos, pois ele tinha tido acesso a um 'antigo documento'<br />
que registrava a verdadeira história.<br />
Nós nos surpreendemos ao descobrir que todos os três autores desta<br />
segunda leva estavam sob proteção direta de um homem chamado<br />
<strong>Robert</strong>o de Gloucester, que veria ser o filho ilegítimo de Henrique I e<br />
meio-irmã de Matilda, que havia doado as terras para o preceptório<br />
Templário em Oxford. Poderia ser que Payen de Montdidier havia sido<br />
muito indiscreto ao fornecer a um 'estanho' os detalhes da história dos<br />
Rex Deus/Templários, e deste modo haveria um cuidadoso plano para<br />
retomar o controle destas histórias de volta ao seu círculo?<br />
Um padrão estava surgindo sobre o que deveriam ser eventos sem<br />
relação. Muitas pessoas pareciam estar envolvidas na criação das<br />
histórias do Rei Arthur e do Santo Graal, e deste modo nós<br />
resolvemos investigar a rede de influências e as bases da família.<br />
O primeiro fato que surpreendeu-nos foi como quão<br />
inacreditavelmente inexatos eram alguns dos mais populares livros<br />
que se referiam sobre este tópico, com relacionamentos<br />
completamente mal identificados. Nossa segunda surpresa foi<br />
exatamente como quão envolvidos eram os parentescos reais, e quão<br />
significante era a relação da Princesa Matilda com uma série de<br />
eventos acontecidos em Jerusalém, Alemanha, Inglaterra e Escócia.<br />
Henrique I assumiu o trono da Inglaterra em 1100, no mesmo ano<br />
em que Balduíno I tornou-se o primeiro Rei de Jerusalém. Henrique<br />
era o terceiro filho do invasor normando da Inglaterra, Guilherme, o<br />
Conquistador, e era casado com Edith, a fIlha de Malcolm III da<br />
Escócia (o homem que assassinou Macbeth em vingança pelo<br />
assassinato de seu pai, como registrado na peça de Shakespeare) e<br />
da Rainha Margarida (mais tarde Santa Margarida da Escócia). A mãe<br />
de Edith era um membro da família real anglo-saxão no exílio e seu<br />
pai era um rei escocês que fundou a dinastia de Canmore, e, deste
modo, quando ela deu à luz a sua filha Matilda, a criança era o fruto<br />
das linhagens reais anglo-normandas, anglo-saxão e escocesa.<br />
No ano no qual Hugues de Payen e seus companheiros Cavaleiros<br />
iniciaram as escavações sob o Templo de Herodes, Matilda, com<br />
dezesseis anos, casou-se com Henrique V; Rei da Alemanha e chefe<br />
do Sacro Império Romano, que possuía duas vezes a sua idade. O<br />
novo marido de Matilda tinha uma reputação de ser especialmente<br />
fraco, mas logo após seu casamento Henrique nomeou o seu próprio<br />
Papa em lugar do ofIcialmente indicado, Galasius II. Este antipapa,<br />
conhecido por Gregório III, governou por três anos até 1121.<br />
Em 1125, Henrique V da Alemanha morreu e dois anos mais tarde,<br />
Matilda resolveu retornar para o seio de sua família na Inglaterra. O<br />
ano seguinte, 1128, foi particularmente signifIcante, com a ocorrência<br />
dos seguintes eventos:<br />
1. Bernardo de Clairvaux obteve uma regra papal para os Templários,<br />
tornando-a uma Ordem santa.<br />
2. Matilda casou-se com Godofredo IV de Anjou, o neto do Rei<br />
Balduíno II de Jerusalém (o patrocinador original dos Templários), e o<br />
filho do Conde Foulques V de Anjou, o homem que havia apoiado<br />
fInanceiramente os Templários por sete anos e que foi destinado a ser<br />
o próximo Rei de Jerusalém em 1131.<br />
3. O Grão-Mestre Templário, Hugues de Payen, visitou a Inglaterra e a<br />
Escócia.<br />
4. Payen de Montdidier foi feito Grão-Mestre Templário da Inglaterra.<br />
5. Matilda doa as terras para o preceptório de Oxford a Payen de<br />
Montdidier.<br />
Tudo o que foi cuidadosamente planejado por praticamente trinta<br />
anos, foi unifIcado neste ano para o grupo, e sem dúvida a jovem<br />
Matilda, com vinte e seis anos, estava completamente envolvida neste<br />
plano.<br />
Em Dezembro de 1135, Henrique I morreu Matilda estava prestes a<br />
ser proclamada rainha da Inglaterra quando um determinado número
de influentes barões, que se opunham a ela e a seu belicoso marido,<br />
Godofredo, elegeram seu primo, Estevão de Blois como Rei, apesar<br />
do voto de lealdade à Matilda que este último anteriormente tinha<br />
realizado.<br />
Por três anos, o Rei Estevão continuou no poder através do<br />
contínuo apoio de seus barões e da construção de um forte<br />
relacionamento com a Igreja, mas em 1138, uma guerra civil irrompeu<br />
quando Matilda e seu meio-irmão, o poderoso <strong>Robert</strong>o, Conde de<br />
Gloucester, pretenderam tomar o trono. A contenda continuou e,<br />
embora Matilda nunca viesse a ser rainha, ela eventualmente viria a<br />
se tornar conhecida como a 'Dama da Inglaterra'. Foi precisamente<br />
nessa época que Guilherme de Malmesbury, Caradoc de Llancarfan e<br />
Henry de Huntingdon escreveram as suas versões da lenda arthuriana<br />
e acusaram Geoffrey de Monmouth de divulgar uma obra falsa. Sendo<br />
Matilda, seu marido Godofredo de Anjou e seu meio-irmão, <strong>Robert</strong>o de<br />
Gloucester haviam sido proscritos por Estevão, esta foi a primeira<br />
oportunidade de combater a versão não-ofIcial da história que eles<br />
desejavam combater.<br />
Se foram os Rex Deus que planejaram a captura de Jerusalém e o<br />
estabelecimento dos Cavaleiros Templários como os escavadores do<br />
tesouro do Templo, então podemos estar certos que a sua linhagem<br />
foi estendida para a Família Real inglesa na forma de Henrique lI, o<br />
primeiro rei da dinastia Plantageneta que permaneceria no poder<br />
pelos próximos trezentos anos até o reinado de Ricardo III. Henrique,<br />
o filho de Matilda e de Godofredo IV Conde de Anjou, tomou o nome<br />
'Plantageneta' do apelido de seu pai que era derivado das palavras em<br />
latim planta (ramo) e genista (giesta), em referência ao ramo que<br />
Godofredo habitualmente usava em seu chapéu.<br />
A linhagem de sua mãe deu a Henrique II uma impecável genealogia.<br />
Através de duas linhas separadas, ele era o bisneto de Guilherme, o<br />
Conquistador, e de Santa Margarida da Escócia (filha do Rei Edgar<br />
Ironside e de uma princesa anglo-saxã), bem como primo em segundo<br />
grau do Rei dominante da Escócia, Malcom IV. Era, entretanto, a<br />
linhagem de seu pai que o ligava aos novos reis de Jerusalém e os
fundadores dos Templários. Quando Henrique foi coroado Rei da<br />
Inglaterra, seu tio era Balduíno III, o rei governante de Jerusalém.<br />
Foi o filho de Henrique - Ricardo Coração de Leão - que se tornou o<br />
mais famoso cruzado entre todos quando liderou a Terceira Cruzada<br />
em resposta à conquista de Jerusalém empreendida por Saladino em<br />
1187.<br />
Agora que nós havíamos reconstruído os fatos ocorridos nos vinte e<br />
cinco anos após 1118, nós pudemos verificar que as histórias de<br />
Arthur e do Santo Graal não ocorreram aleatoriamente, mas sim, eram<br />
produtos oriundos das poderosas famílias da Europa, particularmente<br />
daquelas diretamente ligadas com os Templários e as ruínas do<br />
Templo de Herodes em Jerusalém.<br />
Estas histórias foram construídas sobre a idéia de uma antiga<br />
linhagem que ligavam Jesus com a Europa medieval. O pesquisador<br />
do Graal Graham Phillips observou:<br />
Em cada romance, o Graal, ou os Graais, é mantido pela família de<br />
Percival, os descendentes diretos de José de Arimatéia. Os autores<br />
levam um considerável tempo dentro da narrativa para explicar esta<br />
linhagem e seu significado - José é indicado como o guardião do Graal<br />
pelo próprio Jesus. Aqui reside a importância do Graal - é um símbolo<br />
visível e tangível de uma alternativa sucessão apostólica.<br />
Nós contatamos Graham Phillips e tivemos acesso em primeira<br />
mão ao seu trabalho. Ele não possuía nenhum conhecimento de um<br />
grupo como o dos Rex Deus, nem em interesse particular nos<br />
Templários, nem tão pouco nenhuma teoria pessoal quanto ao projeto,<br />
e ainda assim, ele claramente havia detectado um importante aspecto<br />
de todo impulso das lendas do GraaI. Ele continuou:<br />
Nos romances do Graal, entretanto, nós verificamos que não foi a<br />
Pedro, mas sim, a José de Arimatéia a quem é dada a taça que Cristo<br />
usou na realização da Última Ceia - a primeira missa genuína. Para as<br />
autoridades da Igreja da Idade Média, tal noção seria a mais pura das
heresias. Certamente, se a taça tivesse que ser dada a alguém, este<br />
alguém seria São Pedro, e ainda estaria nas mãos dos Papas.<br />
Nós não tínhamos mais nenhuma dúvida de que este era o tema<br />
inicial dos romances, como nas versões de Didcot e Vulgata da<br />
história onde Cristo instrui José nas 'palavras secretas de Jesus’.<br />
... O que os romances do Graal claramente implicam é que<br />
supostamente existiu uma linha apostólica de sucessão alternativa<br />
através de José de Arimatéia e de Sua família. Além disso, declara-se<br />
que esta linhagem possuía algum tipo de conhecimento secreto,<br />
desconhecido da Igreja estabelecida.<br />
Nós acreditamos que talvez, entre os seiscentos e dezenove vasos<br />
feitos de prata e de ouro que o Manuscrito de Cobre conta-nos que<br />
estavam escondidos embaixo do Templo, um tenha sido<br />
particularmente impressionante e os Templários o mantiveram por<br />
possuir um significado especial. Enquanto os demais vasos foram<br />
distribuídos para as famílias que tinham facilitado a redescoberta e<br />
alguns foram derretidos com propósito de retorno financeiro, pelo<br />
menos um foi identificado como possuindo uma importância particular.<br />
Este artefato, combinado à história dos descendentes de José de<br />
Arimatéia, criou uma noção de um Santo Graal: um único artefato que<br />
era a personificação da necessidade judaico-cristã de uma ligação<br />
com Deus.<br />
Como nós já sabíamos, o Santo Graal não pode ser associado a um<br />
único artefato e a confusão provavelmente deriva da complexidade da<br />
mensagem que era fundada desde o início. Um trabalho de origem<br />
desconhecida, chamado O Graal de Lancelot, narra uma visão do<br />
aparecimento de Cristo que diz a um eremita:<br />
Este é o livro de vossa descendência.<br />
Aqui se inicia o Livro do Santo Graal;<br />
Aqui se iniciam os terrores;<br />
Aqui se iniciam as maravilhas.
Este múltiplo papel do Graal tem sido evidente para a maioria das<br />
pessoas que tem pesquisado o tema:<br />
Embora através do século XIV, o Graal tenha se tornado meramente a<br />
taça da Última Ceia, nós podemos claramente verificar que a palavra<br />
não se aplicava exclusivamente à uma relíquia em particular quando<br />
os primeiros romances do Graal foram compostos.<br />
Talvez o mais conhecido de todos os primeiros autores do Graal seja<br />
Chrétien de Troyes, mas observadores modernos entendem que ele<br />
não possui uma figura definitiva. Uma questão que tem ocupado o<br />
entusiasmo dos estudiosos do Graal mais do que qualquer outra é<br />
justamente onde Chrétien descobriu o material original para sua<br />
inspiração, uma vez que, enquanto autores posteriores obviamente<br />
inspiraram-se no poeta francês, muitas das óbvias variações sugerem<br />
que haveria uma narrativa original comum compartilhada por todos,<br />
que por alguma razão desconhecida perdeu-se. Os autores<br />
posteriores a Chrétien freqüentemente esforçam-se para assegurar ao<br />
leitor as diversas credenciais de suas fontes, geralmente aludindo a<br />
documentos misteriosos e secretos que eram por diversas maneiras<br />
declarados como sendo diretamente transcritas do próprio Cristo.<br />
Chrétien de Troyes escreveu Perceval ou Le Conte du Graal em 1180,<br />
dedicando-o a Filipe d' AIsácia, Conde de Flandres, de quem ele dizia<br />
ter ouvido a história. Neste ponto, nós lembramos que uma das<br />
poucas coisas que é conhecida sobre Payen de Montdidier é que ele<br />
era aparentado com os Condes de Flandres. Através de uma melhor<br />
pesquisa, nós descobrimos que o pai de Filipe d'Alsácia era um primo<br />
deste fundador dos Templários que nós acreditamos ter inspirado<br />
Geoffrey de Monmouth.<br />
Se Payen de Montdidier havia contado histórias a seu primo, o<br />
Conde de Flandres, que tinha por sua vez floreado e repetido para seu<br />
filho Filipe, então Chrétien poderia muito bem estar dizendo a verdade<br />
quando afirmava que de primeiro tinha ouvido estas histórias de Filipe<br />
d'Alsácia. Chrétien tinha inicialmente se associado intimamente à
Corte de Champagne, e à Maria, a Condessa de Champagne, que<br />
tinha sido sua benfeitora, ele dedicou muito dos seus primeiros<br />
romances.<br />
O outro grande escrito de um romance do Graal foi Wolfram<br />
von Eschenbach que criou seu épico, Parzival, em torno de 1210,<br />
após ter visitado Jerusalém e se hospedado com os Templários da<br />
época. Embora a história aparente ser um desenvolvimento do<br />
trabalho de Chrétien de Troyes, muitos estudiosos argumentam que<br />
as histórias não estão ligadas. Em Parzival, Wolfram apresenta o herói<br />
dividido entre a natureza espontânea e a rigidez da fé cristã em Deus,<br />
separada e superior à natureza. Ele também descreve a natural interrelação<br />
entre o bem e o mal, o preto e o branco...<br />
O que é certo é que as histórias originais de Arthur e do Santo<br />
Graal eram completamente diferentes com os ensinamentos da Igreja<br />
e era apenas uma questão de tempo antes que o indesejado material<br />
fosse suprimido.<br />
A Igreja sempre possuía métodos eficientes de supressão de idéias<br />
indesejáveis com o poder de aprisionar a imaginação dos temas: ela<br />
ataca as idéias como sendo heréticas (nos tempos modernos, uma<br />
vez que a fogueira não é mais uma resposta adequada, esta<br />
freqüentemente é encarada como uma idéia sem fundamento), ou ela<br />
adota a idéia estrangeira, depurando-a e a integrando dentro de seus<br />
próprios ensinamentos. Um dos primeiros exemplos foi como a Igreja<br />
Católica adotou os eremitas da Igreja Celta como santos. Pessoas<br />
como os santos Colombo, Brendan, Asaph, Rhwydrws e Patrício<br />
provavelmente ficariam chocados quando eles soubessem que suas<br />
memórias foram absorvidas dentro da fé estrangeira de Roma.<br />
A solução para a Igreja foi a criação do Ciclo da Vulgata que é uma<br />
forma cristianizada da história, desenvolvida por um grupo de monges<br />
cistercianos. Eles tomaram as referências suspeitas da lenda do Graal<br />
e transformou-a em uma respeitável história cristã transformando<br />
todos os cavaleiros celtas de outrora em bons católicos romanos,<br />
apesar do fato de que se eles realmente terem existido eles teriam
sido cristãos celtas. Deste modo, a história e a linhagem da Igreja<br />
Romana absorveu uma história potencialmente perigosa.<br />
No devido tempo, este Ciclo da Vulgata foi desenvolvido por outros<br />
escritores posteriores, tais como Thomas Malory em seu romance<br />
arthuriano, Le Morte d'Arthur, escrito por volta de 1469. Por agora, o<br />
mito foi bem estabelecido e atingiu o seu presente estágio com, por<br />
exemplo, os textos de Tennyson, as pinturas dos Pré-Rafaelitas e o<br />
Movimento Arts and Crafts de William Morris durante a era vitoriana.<br />
Entretanto, o verdadeiro problema para a Igreja estava ainda por vir,<br />
pois durante os meados do século XIV quando seu poder diminuía<br />
incrivelmente, as histórias do Graal tornar-se-iam ligadas à lembrança<br />
dos Templários, que seriam conhecidos como sendo os guardiões do<br />
Santo Graal.<br />
Como nós poderíamos verificar, a Igreja estava a ponto para lutar por<br />
sua sobrevivência.<br />
Conclusão<br />
As lendas do Rei Arthur e do Santo Graal surgiram de diferentes<br />
autores que podem estar ligados aos Templários e aos reis de<br />
Jerusalém. Payen de Montdidier, um dos nove Cavaleiros que<br />
escavaram sob o Templo de Jerusalém, tornou-se Grão-Mestre da<br />
Inglaterra e forneceu a Geoffrey de Monmouth informações que ele<br />
não deveria ter divulgado. Dentro de três anos após este fato, sua<br />
história se difundiu por toda a Europa e uma amarga discussão surgiu<br />
entre Geoffrey de Monmouth e três outros autores financiados por<br />
<strong>Robert</strong>o de Gloucester, onde cada um deles afirmava ter o único<br />
acesso à genuína fonte da lenda.<br />
A história de Arthur aparenta ser uma descrição da história dos<br />
Rex Deus e o Santo Graal representa uma linha separada da<br />
sucessão apostólica surgida a partir de José de Arimatéia que possuía<br />
preferência sobre a linhagem constituída pelo Vaticano através de São<br />
Pedro.
6<br />
O Nascimento “<strong>Segundo</strong> <strong>Messias</strong>”<br />
As Últimas Cruzadas<br />
Nós havíamos descoberto que a Ordem dos Cavaleiros Templários foi<br />
fundada através dos esforços conjuntos dos membros da Rex Deus<br />
que se infiltraram em posições chaves para assegurar que seus<br />
grandes planos de redescobrir os artefatos que se encontravam<br />
embaixo das ruínas do Templo de Herodes não seriam bloqueados,<br />
Eles obtiveram sucesso no estabelecimento dos Templários e da<br />
Ordem rapidamente cresceu em fama e fortuna. À época da morte do<br />
primeiro Grão-Mestre - Hugues de Payen - os Templários já estavam<br />
construindo seus preceptórios e igrejas redondas ao longo de toda a<br />
Europa e, assim que sua reputação se espalhou, era dito que eram os<br />
guardiões do Santo Graal.<br />
Tendo descoberto os princípios de suas crenças através do Tarô, e<br />
tendo detectado fortes ligações entre elas e os autores das lendas<br />
arthurianas, nós precisávamos estudar o período de seu fim mais<br />
intimamente.<br />
A Primeira Cruzada em 1096 levou à captura da Terra Santa pelos<br />
cristãos e o estabelecimento de um reino latino de Jerusalém.<br />
Entretanto, os exércitos muçulmanos não ficaram apenas sentados e<br />
quando eles retomaram as regiões de Edessa, uma Segunda Cruzada<br />
foi lançada em 1147, sob o comando de Luís VII da França e do<br />
Imperador Conrado II. Esta iniciativa falhou em repetir as glórias da<br />
Primeira Cruzada, sendo apenas bem sucedida quando da captura de<br />
Lisboa, em Portugal, pelos Cruzados ingleses e frísios em seu<br />
caminho para a Terra Santa por mar. Uma Terceira Cruzada foi<br />
lançada pelos bem-conhecidos reis cruzados, Ricardo I (Coração de<br />
Leão) da Inglaterra, Frederico I (Barba-Roxa) da Alemanha e Filipe II<br />
(Augustus) da França - mas eles também falharam em produzir<br />
qualquer resultado significativo. Frederico afogou-se em Cilícia no
caminho para a Terra Santa e ainda distante do ponto de batalha, a<br />
missão começou a desintegrar com Ricardo e Luís tentando seguir os<br />
seus próprios caminhos ao invés de trabalharem em conjunto.<br />
Eventualmente, os portos de Acre e Jafa estavam assegurados, mas o<br />
exército cristão alcançou poucas conquistas além desses.<br />
Durante a Quarta Cruzada de 1202-4, a cidade cristã de Zara na<br />
Dalmácia foi atacada e Constantinopla foi tomada e saqueada de seus<br />
tesouros e relíquias antes de Balduíno, Conde de Flandres, ser<br />
instalado como o novo imperador latino de Constantinopla. A Quinta<br />
Cruzada viu Frederico II ser coroado Rei de Jerusalém em 1229<br />
somente para ser deposto pelos Tártaros quatorze anos mais tarde.<br />
Logo após a perda de Jerusalém para os muçulmanos em 1244,<br />
uma grande expedição para o Oriente Médio foi planejada e financiada<br />
pelo Rei Luís IX de França que levou quatro anos na preparação de<br />
um ambicioso plano. No final de Agosto de 1248, ele partiu por mar<br />
com seu exército para Chipre, onde passou o inverno realizando os<br />
arranjos finais para a conquista da Terra Santa. Seguindo a mesma<br />
estratégia da Quinta Cruzada, Luís aportou no Egito e no dia seguinte<br />
capturou Damieta sem dificuldade. Seu próximo ataque foi seguir para<br />
o Cairo, na primavera seguinte, mas este se demonstrou ser um<br />
completo desastre. As Cruzadas falharam em guarnecer os seus<br />
flancos e os egípcios abriram as comportas dos reservatórios de água<br />
ao longo do Nilo, criando enchentes que aprisionaram todo o exército<br />
cruzado e deixando Luís com nada menos do que a opção da<br />
rendição. Após o pagamento de um enorme resgate de 167.000 libras<br />
e capitulando Damieta, o Rei navegou para a Palestina onde<br />
passou quatro anos construindo fortificações antes de retornar com<br />
seu exército para França na primavera de 1254.<br />
Estevão de Otricourt, o comandante da força Templário que havia<br />
acompanhado Luís e sofrera enormes perdas na tentativa de<br />
salvamento da mal-concebida empreitada, havia sido coagido a pagar<br />
o resgate. Um sentimento estava começando a crescer entre os<br />
nobres da Europa de que as Cruzadas tinha perdido sua utilidade e o<br />
desastre de Luís confirmou isto. Sua cruzada falhou, entretanto,
deixou-lhe com mais tempo para devotar-se a organizar os problemas<br />
de seu próprio reino. Pelo menos, ele poderia cuidar do<br />
interminável problema de relacionamento entre França e os ingleses<br />
que controlava grandes extensões de terra no reino francês.<br />
Para estabelecer as boas relações com Henrique III da Inglaterra,<br />
Luís convidou-o para visitar Paris em 1254, sendo que o rei inglês e<br />
sua comitiva foram acomodados no Templo de Paris que era a única<br />
construção grande e ampla o suficiente para tal. O resultado desta<br />
festiva reunião foi a elaboração do Tratado de Paris de 1259, que<br />
restaurou o direito do rei inglês sobre a Gasconha, que se encontrava<br />
sobre o governo do rei de França.<br />
Tendo assegurado suas fronteiras, Luís anunciou sua intenção em<br />
liderar outra Cruzada, apesar da forte oposição de seus nobres.<br />
Durante este período de extraordinárias exigências militares em<br />
França, o Papa garantiu a Luís o direito de cobrar impostos sobre a<br />
Igreja francesa, uma concessão que seu neto tomaria como de direito.<br />
O embarque da nova força de batalha cristã foi atrasado, devido à<br />
doença que se abatera sobre o rei. Embora ele tivesse melhorado o<br />
suficiente para embaraçar, ele logo após sofreu uma grande recaída e<br />
viria a falecer em Tunis, antes que seu exército empreendesse<br />
qualquer ação militar satisfatória. Suas entranhas foram enterradas<br />
em Monreale e seus ossos foram levados para Saint Denis, onde<br />
foram enterrados em 1271. Lá, suas relíquias tornaram-se o foco de<br />
um culto crescente que, de modo não oficial, reconheceu o falecido<br />
Rei como 'São Luís', mesmo alguns anos antes de sua verdadeira<br />
canonização.<br />
Parece que em França naquele mesmo período, ocorreu um<br />
fenômeno comum de adoração em torno de relíquias sagradas. Em<br />
uma época que pouco se conhecia sobre a ciência, quase todo mundo<br />
era dirigido pela superstição e as partes dos corpos de pessoas<br />
famosas e as relíquias ligadas a eles, eram freqüentemente<br />
consideradas santas e acreditava-se que eram capazes de operar<br />
curas miraculosas. Os centros de devoção heterotáxicos que se<br />
espalham de tempos em tempo em torno de relíquias místicas de
pessoas uma vez poderosas freqüentemente apresentam-se como um<br />
grande problema para a Igreja, pois a população poderia<br />
repentinamente voltar a sua fé em direção dos ícones e das idéias que<br />
se encontram fora do controle da Igreja.<br />
A Igreja sempre tem respondido contra as novas crenças que se<br />
encontram em novas terras ou que se espalharam em seu próprio<br />
território, através de um processo constituído por três etapas:<br />
1. Ridicularização: Primeiro a Igreja zomba e critica as idéias<br />
indesejáveis. Se isto se mostrar sem eficiência ou simplesmente falhar<br />
por completo em obter qualquer resultado, ela dirige-se para o<br />
próximo estágio.<br />
2. Absorção: Ela simplesmente apodera-se das crenças existentes e<br />
as cristianiza. Hoje, os sacerdotes católicos romanos que não podem<br />
se casar e que atuam em regiões da África, casam-se com várias<br />
esposas, pois os velhos costumes tribais tornaram-se parte do 'novo'<br />
caminho cristão para Deus. Se este processo de absorção falhar, a<br />
Igreja dirige-se para um estágio final.<br />
3. Destruição; A Igreja torturou, mutilou e assassinou as pessoas que<br />
não se rendiam às idéias do Vaticano.<br />
Nos primórdios do século XIII, a Igreja havia mostrado como lidava<br />
com aqueles que não se rendiam aos dogmas papais durante a assim<br />
chamada Cruzada Albigense que devastou grande parte de França<br />
em um processo de limpeza teológica. Em uma primeira etapa, ela<br />
tentou re-converter os hereges albigenses através de meios pacíficos,<br />
mas quando estes falharam, o Papa Inocêncio III ordenou uma<br />
Cruzada armada que em vinte anos exterminou centenas de milhares<br />
de pessoas e que deixou apenas alguns poucos grupos de albigenses<br />
que se esconderam em áreas isoladas. Estas infortunadas<br />
pessoas ainda foram caçadas pela Inquisição até o término do século<br />
XIV: O massacre realizado por Simão de Montfort contra os habitantes<br />
de Beziers durante esta ímpia Cruzada demonstrou a crueldade que<br />
os hereges receberam da Igreja Romana como sendo algo natural. Foi<br />
durante esta ocasião, quando perguntado como diferenciar um herege
de um cristão que Montfort emitiu sua infâmia resposta: 'Mate a todos.<br />
Deus saberá quem é quem’.<br />
Esta Cruzada doméstica causou grande derramamento de sangue<br />
entre os albigenses, bem como a cristãos inocentes, mesmo que após<br />
toda esta ferocidade a Igreja tenha falhado em manter os albigenses<br />
sob o seu controle.<br />
Em tempos de grande penúria, tais como um longo período de<br />
fome ou de pragas terríveis, o povo volta-se para a Igreja em busca de<br />
auxílio e se ela, depois de um tempo, falha em fornecer este auxílio, é<br />
da natureza humana procurar por novas idéias e tentar descobrir uma<br />
solução. O filologista e observador da psicologia da religião John<br />
Allegro comenta que:<br />
A religião serve à função necessária de exorcizar os demônios da<br />
estafa acumulada, a aparente e inevitável acompanhante da vida<br />
diária.<br />
Ele também afirmava que como a desproporção das autoridades<br />
tradicionais tornara-se incrivelmente óbvia, ocorreu uma tendência<br />
natural em procurar novas fontes de poder. As relíquias capazes de<br />
realizar intervenções mágicas no comportamento de seus devotos<br />
eram justamente as novas fontes de poder. Deste modo, quando o<br />
culto das relíquias de Luís IX tornou-se tão forte, uma fonte de força<br />
para os reis de França, em uma tentativa de diluir o seu poder, o Papa<br />
Bonifácio VIII absorveu a nova ameaça através da aceitação de uma<br />
petição oriunda dos fiéis de Saint Denis e imediatamente tornou<br />
Luís IX um santo da Igreja Católica Romana.<br />
O filho de Luís, Filipe III, não parecia ter percebido que os dias<br />
efetivos das Cruzadas haviam acabado quando tomou parte em uma<br />
Cruzada aragonesa, fadada ao fracasso desde o início, que lhe custou<br />
a própria vida e a seu país a soma de 1.229.000 libras, uma<br />
verdadeira fortuna naqueles dias. A aventura sem medidas de Filipe III<br />
por fim liquidou a economia francesa além dos limites a qual ela<br />
normalmente poderia se recuperar através das fontes usuais da
arrecadação real. A arrecadação anual da coroa francesa então era de<br />
656.000 libras e as despesas normais do estado eram algo em torno<br />
de 652.000 libras. O custo da fracassada Cruzada de Filipe deixou um<br />
débito sem precedentes que produziria consideráveis repercussões<br />
tanto para o Estado quanto para a Igreja. Foi sobre a demonstração<br />
final de seu filho, Filipe, o Belo, que os dias das Cruzadas, e das<br />
ordens militares cristãs criadas para elas, chegaram ao fim.<br />
As Preocupações de Filipe IV<br />
Filipe IV, conhecido como 'o Belo', tinha apenas três anos de idade<br />
quando Luís IX morreu, deste modo embora ele nunca tenha<br />
conhecido realmente seu santificado avô, ele cresceu sob a sombra<br />
de suas pias realizações. Ele lembrava-se com amargura da relutância<br />
dos Templários em pagar o resgate de seu avô após a derrota da<br />
Cruzada, e eventualmente citaria aquele incidente durante o seu<br />
ataque à Ordem. Com a coroação do jovem Filipe impôs-se a tradição<br />
de um avô santificado para venerar e uma nação virtualmente falida<br />
para liderar. Ele tornou-se devoto ao culto de São Luís, pois, para ele,<br />
este representava a monarquia francesa no ápice de seu poder,<br />
combinando os papéis de rei e sacerdote em um só indivíduo.<br />
Filipe foi educado por Giles de Colonna, logo após este se tornar o<br />
Arcebispo de Burguês, que era uma poderosa personalidade com<br />
fortes opiniões sobre os deveres e responsabilidades da monarquia.<br />
Quando Filipe tornou-se rei aos dezessete anos, ele havia<br />
desenvolvido um poderoso senso de auto importância a partir da<br />
crença desenvolvida a partir das palavras de seu mentor que lhe dizia:<br />
Jesus Cristo não forneceu nenhum domínio temporal a sua igreja e o<br />
Rei de França possuía sua autoridade emanada do próprio Deus.<br />
Ser o neto de um santo era muito importante para Filipe e a instrução<br />
que ele recebeu de Giles de Colonna criou um monarca que não se
curvaria a nenhum homem e não seria subserviente à vontade da<br />
Igreja.<br />
Filipe IV herdou três coisas de seu pai: um reino falido<br />
economicamente, um casamento arranjado e o amor pela caça.<br />
Quando ele tornou-se Rei em 1285, o jovem Filipe, com seus<br />
dezessete anos, calculou que para pagar os débitos contraídos por<br />
seu pai, levar-se-ia trezentos anos - mesmo se ele disponibilizasse de<br />
toda a arrecadação disponível, mesmo sem o pagamento dos juros - e<br />
ele não estava disposto a aceitar viver na penúria.<br />
Aos vinte e seis anos, Filipe estava em guerra contra Eduardo I<br />
da Inglaterra, o que significava que ele possuía extraordinárias
despesas para pagar, além dos seus débitos herdados. Ele<br />
urgentemente precisava de outras fontes de arrecadação e tinha que<br />
utilizar todos os meios de geração de fundos a seu dispor. Quando<br />
estes ainda não foram suficientes, ele precisou procurar por outras<br />
fontes de liquidez para permanecer solvente. Seu pai propôs a<br />
idéia de cobrar taxas extraordinárias sobre os judeus em 1284, e Filipe<br />
continuou com esta tradição familiar em 1292 e em 1303. Então, como<br />
não houve protestos contra, ele implantou a idéia de um imposto de<br />
cem por cento sobre as possessões judaicas. Em 1306, Filipe, o Belo,<br />
ordenou o confisco de todas as propriedades judaicas e a deportação<br />
de toda a comunidade judaica. Também, seguindo o exemplo<br />
inspirado de seu pai, ele instigou a criação de uma extorsiva taxa<br />
sobre os banqueiros lombardos e florentinos (em 1295, este imposto<br />
arrecadou a quantia de 65.000 libras), mas estas medidas arbitrárias e<br />
extraordinárias ainda não proveram os fundos suficientes.<br />
As despesas diárias de Filipe corriam em torno de 4.000 libras e,<br />
deste modo, para ter os meios monetários suficientes para cobrir os<br />
seus débitos ele foi forçado a desvalorizar a moeda; seu pai e seu avô<br />
tinham se utilizado dos serviços financeiros dos Cavaleiros Templários<br />
em Paris para honrar as suas obrigações monetárias de Estado, mas<br />
Filipe decidiu afastar seu tesouro da influência moderadora de Jean de<br />
Tours, o tesoureiro templário em Paris, e instalar sua própria equipe<br />
do tesouro no Louvre.<br />
Ele recolheu toda a moeda circulante, derreteu-a e então cunhou<br />
novas moedas com o mesmo valor nominal, mas com muito menos<br />
metal precioso em sua composição. Esta ação foi uma das primeiras<br />
medidas de desvalorização monetária registradas. A inflação não era<br />
um problema comum no período medieval, mas em 1303 o poder de<br />
compra do marco francês foi reduzida praticamente à metade,<br />
comparado com os valores registrados em 1290. Através da<br />
sistemática desvalorização da moeda, a coroa elevou sua<br />
arrecadação para 1.200.000 libras entre 1298 e 1299, e 185.000 libras<br />
em 1301.
Alguns historiadores acreditam que Filipe estava obcecado com as<br />
atividades cruzadas de seu avô, Luís IX, e que o declínio das duas<br />
maiores ordens cruzadas, os Templários e os Hospitalários, forneceulhe<br />
a oportunidade para tentar combiná-las sob um novo líder, um<br />
papel ideal para ele próprio. Foi mesmo sugerido que Filipe pudesse<br />
vir renunciar ao trono de França e tornar-se um novo Rei de<br />
Jerusalém à frente de uma nova ordem combinada. Não acreditamos<br />
que isto fosse verdade, pois suas ações não demonstraram que esta<br />
idéia era muito importante para ele: em nenhum momento de seus<br />
vinte e nove anos de reinado ele tentou de fato tomar parte em uma<br />
Cruzada. Entretanto, as ações de Filipe relativas ao tesouro da Ordem<br />
Templária em Paris parecem confirmar um motivo financeiro.<br />
Para colocar as finanças francesas novamente dentro de uma firme<br />
base, ele necessitava de uma nova fonte de metais preciosos<br />
disponível para cunhagem. O tesouro dos Templários era a tal fonte.<br />
Jean de Tours era o segundo tesoureiro consecutivo com o mesmo<br />
nome no Templo de Paris. Ele foi indicado em 1302 e os fragmentos<br />
dos registros sobreviventes mostram que ele utilizava um controle de<br />
duplas entradas, muito sofisticado, aliás, para a época. Os tesoureiros<br />
templários haviam desenvolvido métodos de administração para<br />
financiar as Cruzadas. Estas técnicas envolviam o depósito seguro de<br />
testamentos e certificados de propriedades, a manutenção de valores<br />
e de contas de pagamento para o gerenciamento de propriedades.<br />
Eles providenciavam os meios para um governo maximizar as coletas<br />
de impostos. Os reis da Europa rapidamente perceberam que os<br />
Templários possuíam uma infra-estrutura financeira que lhes faltavam<br />
e os Templários, confiantes de sua independência temporal, estavam<br />
felizes em cooperar no fornecimento das primeiras facilidades<br />
bancárias do mundo.<br />
Sua rede financeira e de prosperidade provava ser uma atração fatal<br />
para Filipe, mas ele tinha um problema: os Templários não<br />
respondiam a seu poder, mas unicamente ao do Papa em pessoa.
A Batalha pelas Finanças da Igreja<br />
O Papa havia garantido ao avô de Filipe o direito de criar uma<br />
extraordinária taxação sobre a Igreja e controle da comunidade em<br />
tempos de guerra, de modo a suprir as necessidades do estado e<br />
defender o reino. Filipe re-estabeleceu a tradição e taxou a Igreja<br />
como uma outra fonte conveniente e regular de arrecadação para a<br />
redução de seus débitos. Para impedir Filipe de continuar a fazer isto<br />
para pagar as suas expedições militares, o Papa Bonifácio VIII emitiu<br />
uma bula, em 1302, proibindo o clero de fornecer qualquer subsídio<br />
financeiro aos poderes constituídos sem a prévia permissão de Roma.<br />
A rápida resposta de Filipe foi brusca e imediata. Ele emitiu uma<br />
ordem proibindo a exportação de ouro, prata e mercadorias oriundas<br />
de França, de modo a prevenir que os fundos fossem retirados de seu<br />
país e encaminhado ao Vaticano, e cortar uma grande fonte de<br />
recursos papal de um golpe só.<br />
Isto atingiu o Vaticano em cheio, mas pouco ajudou a já inflacionada<br />
economia francesa e não pode evitar a maior crise monetária que viria<br />
a ocorrer em 1303 onde houve um extenso chamado para o<br />
recolhimento monetário dos valores cunhados no dia de São Luís.<br />
Como resultado do ataque de Filipe sobre a arrecadação papal,<br />
Bonifácio emitiu um decreto declarando que todos os príncipes eram<br />
sujeitos às suas ordens, tanto em questões temporárias quanto<br />
espirituais. Filipe possuía um ponto de vista muito diferente e recusouse<br />
a ser controlado por editos seculares emitidos pelo Papa, emitindo<br />
uma resposta a Bonifácio que deixava poucas dúvidas a respeito de<br />
seus sentimentos em relação à matéria:<br />
Filipe, pela graça de Deus, Rei de França, a Bonifácio, no cargo de<br />
supremo pontífice, pouca ou nenhuma saudação. Deixai vossa<br />
extrema tolice saber que em questões temporárias, nós não nos<br />
sujeitamos a ninguém.
Para assegurar-se que sua rejeição à autoridade papal estava<br />
perfeitamente clara para todos, Filipe publicamente queimou a bula<br />
papal acompanhada por uma poderosa fanfarra de trompetes.<br />
Era politicamente impossível para Bonifácio negligenciar este<br />
grosseiro ato de rebelião contra sua autoridade e, deste modo, ele<br />
convocou todo o clero de França à Roma para discutir como ele<br />
poderia preservar as liberdades tradicionais da Igreja contra a<br />
obstinação deste grandioso jovem Rei. Filipe, por sua vez, convocou<br />
uma assembléia nacional em Paris com a presença de todo o clero e<br />
dos representantes dos terceiro estado, onde ele manipulou a<br />
assembléia para que aprovassem uma resolução de apoio a seu<br />
monarca, em defesa de seus direitos. Tal era a força da personalidade<br />
de Filipe que mesmo o clero presente negou a jurisdição temporal do<br />
pontífice. Filipe não desejava que Bonifácio, ou seus servos, não<br />
entendesse a extensão de sua determinação acerca de seus direitos<br />
temporais, assim ele ordenou o confisco e a apreensão das terras<br />
e propriedades de todos os clérigos que haviam obedecido ao edito do<br />
Papa para dirigirem-se a Roma.<br />
A audácia de Filipe feriu Bonifácio que respondeu com a publicação<br />
da bula Unam Sanctam. Esta declarava que não somente todo ser<br />
humano estava sujeito à regra papal, como também deveriam<br />
comparecer em Roma se assim fosse ordenado. A batalha de egos<br />
estava realmente atingindo altos níveis.<br />
Para auxiliar-lhe no governo de França, Filipe possuía um oficial chefe<br />
de estado, Guilherme de Norgaret, um homem que não era nada<br />
simpático com a Igreja Romana, uma vez que seus pais haviam sido<br />
queimados como hereges durante a Cruzada Albigense. Norgaret que<br />
foi o principal conselheiro de Filipe entre 1303 e 1313, descreveu o<br />
Rei como:<br />
... Cheio de graça, caridade, piedade e misericórdia, sempre atento à<br />
justiça e à verdade, nunca sendo maledicente, fervoroso na fé,<br />
religioso em sua vida, construindo basílicas e comprometendo-se com<br />
os trabalhos da Piedade.
Bonifácio VIII, ainda quando era conhecido como o Cardeal<br />
Benedito Gaetani, possuía uma curiosa história de aventuras sexuais,<br />
e Norgaret estava atento a este passado quando ele acusou-o, entre<br />
outras coisas, de possuir uma grosseira conduta sexual.<br />
O Papa era bissexual, e certamente católico em seus gostos<br />
sexuais, tendo mantido uma mulher casada e sua filha como suas<br />
companheiras de cama, do mesmo modo, tentando seduzir inúmeros<br />
belos jovens, aparentemente com grande sucesso. Ele adotava como<br />
lema que o ato sexual era 'tão pecaminoso quanto unir as mãos em<br />
oração’. Bonifácio certamente praticou adultério e sodomia, mas<br />
parece improvável que ele tenha ido tão longe quanto Norgaret<br />
sugeriu quando o chanceler reuniu-se com os Estados Gerais, ele<br />
acusou o Papa de praticar a simonia, feitiçaria e especialmente de<br />
manter um pequeno demônio domesticado em seu anel, que aparecia<br />
todas as noites e comandava depravações inenarráveis com o<br />
pontífice no leito papal.<br />
Sem recuar diante de tal ataque imaginativo, Bonifácio enviou<br />
comissários à França para exigir a obediência do clero francês<br />
conforme suas instruções, e parece que algumas vigorosas<br />
discussões ocorreram diante do Rei, sua esposa e seu filho que<br />
publicamente comprometeram-se em apoiar todos os clérigos que<br />
apoiassem a independência de França contra a usurpação papal.<br />
Neste ponto, os procedimentos tornaram-se cômicos, como quando o<br />
Rei interceptou a bula papal que deveria tê-lo excomungado, mas que<br />
acabou não se concretizando, pois sua publicação foi impedida. A esta<br />
altura das discussões, o autocontrole de Bonifácio parecia ter se<br />
rompido completamente e, contando com a Doação de Constantino,<br />
que lhe dava o poder de criar e destruir reis, ele ofereceu o trono de<br />
França a Alberto, o imperador da Áustria.<br />
Esta querela estava agora extremamente séria e nenhum dos lados<br />
pretendia recuar, entretanto Filipe utilizou-se de um golpe magistral<br />
contra o pontífice de oitenta e quatro anos. Trabalhando com a<br />
premissa de que qualquer inimigo de seu inimigo deve ser um aliado,<br />
Filipe deu asilo aos membros da família Colonna, que eram os
inimigos pessoais de Bonifácio. Norgaret partiu para a Itália com<br />
Scairra Colonna e uma força de trezentos cavaleiros e na manhã de<br />
07 de Setembro de 1303, grandes contingentes de 'franceses<br />
patriotas' estavam contratados e prontos para irromper os portes<br />
externos do palácio do Papa em Anagni.<br />
Um serviçal papal corrupto convenientemente abriu os portões e<br />
permitiu que os 'patriotas' ingressassem, onde eles apressaram-se a<br />
gritar 'Viva o Rei de França, morra Bonifácio'. Afastados desta<br />
manifestação, Colonna e suas forças italianas forçaram seu caminho<br />
até a presença de Bonifácio que, vestido com as vestes pontificais,<br />
encontrava-se de joelhos diante do altar, esperando para morrer. O<br />
temor dos italianos era muito forte para lhes permitir assassinar o<br />
Papa, mas eles mantiveram-no prisioneiro por três dias, durante os<br />
quais eles o submeteram-no a consideráveis abusos físicos. Ele<br />
finalmente foi libertado pela população de Anagni que eventualmente<br />
expulsou as forças francesas.<br />
Apesar do fato de ele não ter conseguido capturar o Papa, Filipe ainda<br />
convocou uma reunião dos Estados Gerais, em Paris, para julgar<br />
Bonifácio in absentia. As acusações incluíam heresia, a falta de fé em<br />
uma vida após a morte e o assassinato de seu predecessor, o Papa<br />
Celestino V, bem como das acusações anteriormente citadas.<br />
Infelizmente, Bonifácio morreu de um derrame provavelmente<br />
provocado pela fadiga oriunda de sua prisão, apenas algumas<br />
semanas após o seu retorno a Roma, e sendo assim as acusações<br />
nunca foram levadas de fato a um tribunal.<br />
Um Papa Francês<br />
Quando Bonifácio morreu, a Igreja encontrava-se diante de uma<br />
desordem espiritual e política de enormes proporções. A Igreja<br />
Católica Romana sempre havia considerado que ela possuía o direito<br />
de controlar os assuntos temporais do mundo, uma vez que sua<br />
hierarquia representava o reino de Cristo na terra. Ela argumentava<br />
que os bispos e os sacerdotes deveriam exercer a soberania de Cristo
nos assuntos de todas as nações e que o Papa era o supremo<br />
governante do mundo, sendo a supremacia pontifical o artigo<br />
fundamental da religião Católica Romana.<br />
O excesso do controle eclesiástico e uma crescente consciência da<br />
corrupção associada a ele iniciaram um grande questionamento do<br />
papel da Igreja, que por sua vez, estava tornando a Igreja suscetível<br />
às heresias - ou em outras palavras qualquer ponto de vista não<br />
emanado do Vaticano. Havia uma crescente dissensão doutrinal<br />
dentro da Igreja e um grande número de desastres naturais<br />
estranhamente pareciam estar atormentando o mundo, o que<br />
começava a construir uma visão entre a população em geral de que<br />
Deus não estava mais ao lado da Igreja.<br />
Em tempos como estes, cultos de relíquias e uma nostalgia dos<br />
tempos de prosperidade tornaram-se uma grande fonte de conforto<br />
para o povo comum que tinha perdido a confiança naqueles que<br />
geralmente deveriam apoiar e guiar. As Cruzadas da Igreja haviam<br />
reduzido diversos reinos à pobreza sem, contudo, resgatar a Terra<br />
Santa, e no início do século XIV, as primeiras ondas epidêmicas da<br />
Peste Negra estavam se espalhando por toda parte como se fossem<br />
oriundas do próprio Inferno. Se a responsabilidade pela má vontade<br />
divina não poderia ser associada à Igreja, então outros bodes<br />
expiatórios teriam que ser encontrados. Os judeus, como já<br />
mencionado, já tinha sido perseguidos, mas em breve outras vítimas<br />
seriam necessárias.<br />
O substituto de Bonifácio, o Papa Benedito XI, inicialmente encontrou<br />
a aprovação de Filipe quando rapidamente removeu a sentença de<br />
excomunhão que Bonifácio havia expedido contra o rei francês.<br />
Entretanto, assim que Benedito fixou-se no papado, ele viu-se<br />
obrigado a agir para restaurar a autoridade da Santa Sé, que Bonifácio<br />
havia falhado em manter. Filipe não tinha nenhuma intenção em<br />
reabrir a batalha pela supremacia temporal que acreditava que<br />
Bonifácio havia perdido e assim ele viu-se dentro de um<br />
desnecessário e indesejável debate por ter providenciado o
envenenamento de Benedito. Este deixou o papado vago, mas houve<br />
uma considerável dificuldade em selecionar um novo Papa.<br />
As sugestões dos cardeais franceses contra-balancearam àquelas<br />
emitidas pelos cardeais italianos e o impasse prosseguiu dentro do<br />
conclave durante dez meses. Para eliminar este impasse, os agentes<br />
de Filipe sugeriram que um dos lados deveria selecionar três<br />
candidatos dos quais o outro lado deveria escolher um Papa. Bertrand<br />
de Gotte, o Arcebispo de Bordeaux, um homem que possuía diversas<br />
razões para odiar Filipe e seu irmão, Carlos de Valois, foi selecionado<br />
como o candidato de consenso de ambos os lados. O Cardeal de<br />
Prato aconselhou Filipe que Bertrand possuía uma personalidade<br />
ambiciosa e maleável que poderia servir aos propósitos do rei e, se o<br />
rei viesse a falar com ele, poderia verificar onde os seus próprios<br />
interesses poderiam se encaixar.<br />
Filipe imediatamente arranjou um encontro particular com Bertrand na<br />
abadia de Saint Jean d'Angely na Gasconha, onde ele afirmou ao<br />
ambicioso prelado que estava dentro de seu poder torná-lo papa, e<br />
assim ele faria se seis pré-condições fossem acordadas. Os favores<br />
que Filipe requeria em troca do trono de Pedro eram:<br />
1. Uma perfeita reconciliação entre ele mesmo e a Igreja.<br />
2. Admissão à comunhão para ele e seus indicados.<br />
3. Os dízimos do clero de França durante cinco anos para o<br />
pagamento da guerra em Flandres.<br />
4. A perseguição e destruição da lembrança do Papa Bonifácio VIII.<br />
5. Giacomo e Pietro Colonna seriam feitos cardeais.<br />
A sexta condição que Filipe declinou de nomear, era:<br />
O sexto favor é grande e secreto e reservo-me em fazê-lo em tempo e<br />
lugar futuros.<br />
Qual teria sido este último favor 'grande e secreto' que não poderia ser<br />
nomeado por este insolente rei? Filipe não tinha mostrado ser tímido
em declarar o que ele desejava, ainda que houvesse algo em sua<br />
mente que ele não ousasse declarar até se atingir o tempo certo. Nós<br />
acreditamos que este último comprometimento que ele exigia do Papa<br />
teria sido impossível revelar, pois o segredo absoluto era a chave de<br />
seu diabólico plano que ainda levada dois anos para ser posto em<br />
prática.<br />
As últimas ações de Filipe revelam que este favor secreto pode<br />
somente ter sido de que o Papa deveria apoiar o seu direto em<br />
prender os Cavaleiros Templários devido à heresia e permitir-lhe<br />
apoderar-se dos fundos do tesouro francês. Como os Templários<br />
somente reportavam-se ao Papa, Filipe sabia que ele não poderia dar<br />
continuidade a sua pretensa pirataria se ele não estivesse agindo com<br />
a benção papal.<br />
O Rei e o Arcebispo não confiavam e gostavam um do outro, mas<br />
Bertrand era um homem ambicioso e concordou com os termos de<br />
Filipe, que incluíam a condição de que Bertrand permanecesse dentro<br />
do território de França. O trono papal tinha que ser re-alocado e<br />
Bertrand foi coroado como o Papa Clemente V em Lion em 17 de<br />
Dezembro de 1305. Ao concordar com as condições de Filipe, o novo<br />
pontífice comprometia a autoridade do papado pelos próximos<br />
cinqüenta anos, o 'Período de Avignon', e foi comparado pela Igreja<br />
Romana ao Cativeiro Babilônico dos judeus.<br />
O primeiro ato do novo Papa foi nomear doze dos seguidores de Filipe<br />
cardeais, incluindo os irmãos Colonna, e rapidamente dedicou todos<br />
os seus favores a Filipe - com exceção à destruição da lembrança do<br />
Papa Bonifácio que o Cardeal de Prato convenceu Filipe a retirar. Em<br />
contra-partida e para demonstrar seu apoio a Filipe em suas<br />
dificuldades financeiras, Clemente forneceu a aprovação papal ao Rei<br />
para banir todos os judeus de seu reino e confiscar suas propriedades<br />
para o seu tesouro falido.<br />
Há este tempo, houve uma aceitação generalizada entre a nobreza da<br />
Europa de que eles não eram mais capazes de dominar os<br />
muçulmanos do Oriente através do embate de forças de seus<br />
exércitos e, deste modo, começaram a questionar a necessidade das
ordens militares, uma vez que as mesmas não conseguiam manter a<br />
Terra Santa. De volta a 1274, em conseqüência da Sexta Cruzada, o<br />
segundo conselho de Lion discutiu a unificação dos Cavaleiros<br />
Templários e Hospitalários em uma única ordem militar. Os líderes de<br />
ambas as Ordens rejeitaram com todas as suas forças a idéia de<br />
desistir de sua prosperidade e status individuais e utilizaram sua<br />
considerável influência para assegurar que tal união não ocorresse.<br />
Entretanto, tal sugestão nunca foi deixada de lado por completo, do<br />
mesmo modo que muitas pessoas invejavam os privilégios que os<br />
Templários e os Hospitalários gozavam, incluindo suas isenções de<br />
impostos e pagamento de dízimo.<br />
Durante a primavera de 1291, o porto de Acre caiu diante dos<br />
muçulmanos e o Grão-Mestre morreu ao lado de um grande número<br />
de seus Cavaleiros. O mundo cristão havia perdido seu último baluarte<br />
na Terra Santa e, uma vez que os Templários fugiram para Chipre,<br />
eles tinham que considerar seu futuro mais cuidadosamente, pois eles<br />
sabiam que as declarações para a reorganização e reconsideração<br />
brevemente tornar-se-iam mais potentes.
A posição pública dos Templários era agora muito difícil. Por<br />
muitos anos, eles haviam vivido em abundância através do<br />
crescimento das lendas de suas habilidades quase sobrenaturais de<br />
batalha; eles haviam se deleitado com a importância refletida de suas<br />
ligações lendárias com os guardiões místicos do Graal, e estavam<br />
satisfeitos em serem vistos como os derradeiros cavaleiros da Távola<br />
Redonda. De fato, entre 1190 e 1212, eles tinham promovido uma<br />
versão da lenda do Graal, conhecida como Perlesvaus, que foi escrita<br />
por de seus próprios membros e claramente descreve os Templários<br />
como os guardiões do Graal e os sucessores de Arthur. Agora,<br />
todavia, a festa parecia ter chegado ao fim. Expulsos da Terra Santa<br />
pelos muçulmanos, eles agora estavam vivendo como convidados<br />
indesejados no reino de Henrique de Chipre, e brevemente eles teriam<br />
que fazer uma auto-avaliação completa ou encarar a<br />
possibilidade exigida pelas crescentes manifestações de união com os<br />
Hospitalários. Estes tempos difíceis exigiam um Grão-Mestre vigoroso<br />
e visionário, um valoroso sucessor para as tradições de liderança de<br />
Hugues de Payen, de modo a revitalizar e repensar a Ordem nestes<br />
tempos de necessidade. Logo após a morte do Grão Mestre,<br />
Guilherme de Beaujeu, em Acre, Teobaldo Gaudin foi eleito para<br />
tomar o seu lugar, mas ele morreu alguns meses após. Neste ponto,<br />
todos esperavam que o homem que era o segundo em comando,<br />
Hugues de Pairaud, seria eleito para liderar a Ordem, mas ao invés<br />
disso, um cavaleiro de um vilarejo próximo a Besançon no leste de<br />
França tornou-se o último Grão-Mestre dos Cavaleiros Templários -<br />
um homem que se tornaria temido pela Igreja, após sua morte, por ser<br />
encarado como o <strong>Segundo</strong> <strong>Messias</strong>.<br />
O Último Grão-Mestre dos Templários<br />
Jacques de Molay nasceu em uma família de nobres menores em<br />
1244 e foi iniciado na Ordem do Templo, aos vinte e um anos, na<br />
idade de Beaune, em Cote-d'Or. Sua cerimônia de iniciação foi<br />
conduzida por Humberto de Pairaud, o Grão-Mestre do Templo da
Inglaterra, com o auxílio de Aimery de La Roche, o Grão-Mestre do<br />
Templo em França. O jovem Templário foi servir no Oriente sob o<br />
Grão-Mestre, Guilherme de Beaujeu, e chegou precisamente no<br />
Ultramar (como as terras orientais eram chamadas) após o Conselho<br />
de Lion em 1275, quando ele contava com trinta anos de idade. Ele<br />
visitou a Inglaterra e alguns historiadores acreditam que ele tornou-se<br />
o Grão-Mestre do Templo na Inglaterra, antes de tornar-se o Grão-<br />
Mestre de toda a Ordem.<br />
O historiador, Malcolm Barbour, uma autoridade sobre os Templários,<br />
fixa as possíveis datas da eleição de Jacques de Molay para o Grão-<br />
Mestrado entre Abril de 1292 e 08 de Dezembro de 1293. Barbour<br />
comenta que Molay é conhecido por ter obtido o Grão-Mestrado<br />
através de subterfúgios, em uma competição contra Hugues de<br />
Pairaud. A única evidência de um relacionamento duvidoso foi dada<br />
em testemunho pelo Templário Hugues Le Fleur, durante o<br />
julgamento, quando a história poderia ter sido parte de uma<br />
propaganda anti-Templária, com os propósitos de desacreditar o<br />
Grão-Mestrado de Molay. Entretanto, esta história de subterfúgio é<br />
também relatada com um pouco mais de profundidade em um livro<br />
publicado anonimamente na Inglaterra no século XVIII, intitulado As<br />
Sociedades Secretas da Idade Média:<br />
Quando a Ordem estabeleceu seu quartel-general na ilha de Chipre,<br />
Jacques de Molay, um nativo de Besançon, em Franc-Comté, foi eleito<br />
Grão-Mestre. A personalidade de Molay parece ter sido muitas vezes<br />
nobre e estimável, mas se nós dermos crédito à declaração de um<br />
cavaleiro de nome Hugues de Travaux, ele atingiu sua dignidade<br />
através de artifício não muito distinto daquele empregado por Sisto I<br />
para obter o papado. O Capítulo não chegava a um acordo, sendo<br />
uma parte favorável a Molay e a outra, maior e mais forte, a Hugues<br />
de Peyraud. Molay, vendo que tinha poucas chances de sucesso,<br />
afirmou que ele não desejava o ofício, e até mesmo votaria em seu<br />
competidor. Crentes desta afirmação, eles de bom grado fizeram-no<br />
seu grão-prior. Seu tom agora se alterou. Já que agora o manto está
terminado, mantenham-no coberto. Vós me fizestes grão-prior e,<br />
desejando-vos ou não eu serei o Grão-Mestre também. Os atordoados<br />
Cavaleiros instantaneamente o escolheram.<br />
É difícil avaliar a verdade sobre esta história, mas Molay provou não<br />
ser um brilhante estrategista militar nem um particular e astuto político,<br />
assim a história pode ser encarada como um caso de sentimentos<br />
feridos e o privilégio de podermos em retrospecto analisar sua queda<br />
a associação com os problemas dos Templários nos primórdios do<br />
século XIV.<br />
Logo após sua eleição, Molay visitou o recém instalado Papa<br />
Bonifácio VIII em Roma. Os Templários haviam arcado com<br />
tremendas perdas com a queda de Acre e o Grão-Mestre estava<br />
obviamente interessado em obter o apoio do Papa no fortalecimento<br />
da enfraquecida posição da Ordem. O futuro da Ordem foi discutido e<br />
o Papa apresentou a questão da possibilidade da unificação dos<br />
Templários com os Hospitalários. Quando Filipe, o Belo, mais tarde,<br />
levantou a mesma questão, Molay assegurou que Bonifácio havia<br />
rejeitado totalmente a idéia. Após esta visita, Bonifácio emitiu uma<br />
bula papal garantindo aos Templários os mesmos direitos em Chipre<br />
que eles possuíam na Terra Santa, o que parece confirmar a<br />
declaração de Molay. Após sua visita ao Papa, Molay viajou para a<br />
Inglaterra e França, desesperadamente buscando apoio para uma<br />
Cruzada para a retomada da Terra Santa o que restabeleceria a<br />
legitimidade de sua Ordem.<br />
Em seu caminho para Londres onde se reuniria com Eduardo I da<br />
Inglaterra, Molay hospedou-se no Templo de Paris, onde ele<br />
encontrava-se obviamente com um bom relacionamento com o rei<br />
francês, uma vez que ele foi o padrinho de batismo de <strong>Robert</strong>o, o filho<br />
de Filipe. Molay manteve-se em contato com os monarcas europeus<br />
com quem se reuniu nesta viagem, pois é sabido que ele recebeu uma<br />
correspondência escrita por Eduardo I em Stirling, datada de 13 de<br />
Maio de 1304, recomendando o Grão-Mestre do Templo na Inglaterra<br />
aos favores de Molay e indicando que em alguma data futura não
especificada, Eduardo possivelmente empreenderia uma Cruzada<br />
para libertar a Terra Santa. Infelizmente, Eduardo nunca foi capaz de<br />
livrar-se tempo suficiente dos ataques de Gales e da Escócia para<br />
empreender tão pio desejo.<br />
Molay permaneceu em Chipre até 1306, mas mesmo esta ilha era<br />
incrivelmente difícil de proteger; com os piratas sarracenos atacando<br />
Limassol praticamente à vontade, a única resposta do Grão-Mestre<br />
era resgatar os cativos que eles aprisionavam. Molay tornou-se muito<br />
impopular, e à Ordem também, quando ele apoiou um golpe mal<br />
sucedido contra Henrique, Rei de Chipre, empreendido por um irmão<br />
mais jovem, Amauri.<br />
Molay tinha que acreditar na reconquista da Terra Santa, pois esta era<br />
a única maneira que ele via de assegurar qualquer futuro para os<br />
Templários, mas os políticos de França estavam movimentando-se
sem piedade contra ele que se apresentava como um grande<br />
adversário contra a monarquia dos Capetos.<br />
Em 1306, os Hospitalários retomando os seus ataques na ilha de<br />
Rodes que finalmente resultaram na expulsão dos Turcos, e quando<br />
os Cavaleiros Teutônicos transferiram seu foco principal de atenção<br />
para a Rússia, os Cavaleiros Templários tornaram-se a única Ordem<br />
inativa. Molay e seus homens ainda estavam sofrendo ataques em<br />
sua base em Chipre e o Grão-Mestre chegou a considerar uma<br />
completa retirada para França. Entretanto, uma vez que o Rei de<br />
França estava em conflito com o papado, tal ação poderia ter sido<br />
considerada como uma forma de intimidação a Filipe, uma vez que os<br />
Templários ainda representavam uma séria força militar aliada do<br />
Papa.<br />
Nós acreditamos que Filipe informou ao seu Papa manipulável de sua<br />
exigência secreta apenas seis meses após a coroação de Clemente,<br />
pois, em 06 de Junho de 1306, o Papa escreveu a Guilherme de<br />
Villaret, o Grão-Mestre do Hospital, e a Jacques de Molay, exigindo<br />
que ambos se encontrassem com ele em França para se discutir a<br />
unificação das duas ordens. Ele determinou que eles 'viajassem o<br />
mais secretamente possível e com uma pequena comitiva uma vez<br />
que vós encontrareis diversos de vossos cavaleiros deste lado do<br />
mar’.<br />
Villaret respondeu que ele não poderia comparecer, informando que<br />
ele estava no meio de um grande ataque na ilha de Rodes, e embora<br />
nós não possamos afirmar, concluímos que o Papa Clemente e o Rei<br />
Filipe sabiam perfeitamente bem que os Hospitalários não seriam<br />
capazes de interromper sua campanha ofensiva. Molay, por sua vez,<br />
estava fazendo um pouco mais do que repelir os rotineiros ataques<br />
muçulmanos em Limassol e, deste modo, ele não possuía uma<br />
desculpa convincente para não comparecer. O Grão-Mestre Templário<br />
provavelmente ficou feliz de se afastar do contínuo combate e assim,<br />
partiu para o porto francês de La Rochelle com uma frota de dezoito<br />
navios.
Um único navio teria sido mais do que suficiente e deve ter havido<br />
algum propósito oculto por detrás de tal êxodo. A idéia de Molay de<br />
'uma pequena comitiva' parece de fato muito curiosa, consistindo de<br />
sessenta dos mais distintos cavaleiros, 150.000 florins de ouro e doze<br />
animais de carga, repletos com prata ainda não cunhada. A conclusão<br />
inevitável é a de que Molay sabia que o Papa Clemente dançava<br />
conforme a música tocada por Filipe e que se as discussões<br />
caminhassem mal, ele esperava comprar os favores do Rei e ainda<br />
evitar a indesejável unificação de sua ordem.<br />
A frota ancorou em La Rochelle e Molay e seu séqüito seguiram para<br />
o Templo de Paris. Quando a comitiva chegou em Paris, o Rei saudou<br />
o Grão-Mestre recebendo-o e a seu tesouro com um grande<br />
espetáculo de pompa e cerimônia. Molay depositou os cofres portáteis<br />
do tesouro dentro dos recintos do Templo, observado pelo falido e<br />
mal-intencionado Rei.<br />
Nós havíamos descoberto que Filipe já se encontrava profundamente<br />
em débito com os Templários, como esta passagem da obra de<br />
Curzon La Maison du Temple de Paris demonstra:<br />
Filipe, o Belo, mais do que qualquer outro homem era muito eficaz em<br />
obter grandes quantidades de dinheiro através de vários meios<br />
[emprestando-as do Tesouro dos Templários de Paris] para ele<br />
mesmo, mas mostrava-se menos escrupuloso quando deveria pagálas.<br />
A 29 de Maio de 1297 ele tomou emprestado 2.500 libras dos<br />
quais ele concordou em ser cobrado pelos Templários. Mais tarde ele<br />
obteve do tesouro do Templo a soma de duzentos mil florins, sendo<br />
que este empréstimo adicional tinha sido realizado sem o<br />
conhecimento do Grão-Mestre Jacques de Molay, sendo que<br />
o tesoureiro foi dispensado da Ordem, mesmo com a insistência do<br />
Rei em obter-lhe o perdão novamente.<br />
Molay provavelmente sentia que tinha Filipe, o Belo, onde ele<br />
desejava, capturado por seus débitos, e se a cobrança dos débitos<br />
falhassem, ele poderia obter a cooperação do Rei com uma generosa
aplicação de mais dinheiro na forma de um novo empréstimo. Com um<br />
lance aberto em sua última grande batalha, Molay produziu um<br />
Memorando, endereçado ao Papa Clemente, que listava as razões do<br />
porquê os Templários serem contra a unificação com a Ordem do<br />
Hospital. As seis razões que ele citou eram:<br />
1. O que é novo não necessariamente é melhor; que as Ordens,<br />
como se encontravam, haviam realizado bons serviços na Palestina e,<br />
resumindo, ele utilizou o velho argumento dos anti-reformistas:<br />
Funcionando-se bem...<br />
2. As Ordens eram ao mesmo tempo espirituais e temporais e como<br />
muitos deles haviam ingressado visando à redenção de suas<br />
almas, poderia ser um problema de indiferença permitir que se<br />
deixasse uma das Ordens e ingressar em outra.<br />
3. Poderia haver uma certa discórdia, pois cada Ordem desejaria<br />
manter sua própria influência e riqueza, e procuraria obter o grãomestrado<br />
através de suas próprias regras e disciplina.<br />
4. Os Templários eram generosos com seus bens, enquanto que<br />
os Hospitalários eram ansiosos quanto à acumulação de bens -<br />
uma diferença que poderia produzir divergências.<br />
5. Como os Templários recebiam mais doações e apoio da<br />
laicidade que os Hospitalários, eles sairiam perdendo ou pelo menos<br />
seriam invejados por seus associados.<br />
6. Provavelmente, haveria uma disputa entre os superiores sobre<br />
a indicação das dignidades da nova ordem.<br />
Molay não podia dar a verdadeira razão do porquê dos Templários<br />
não se unirem aos Hospitalários - que eles eram os sacerdotes<br />
secretamente restaurados do Templo de Jerusalém. Após algumas<br />
outras discussões, sobre uma possível Cruzada no Oriente, que ele<br />
acreditava que seria sem propósito, sem um esforço simultâneo de<br />
todas as forças cristãs, Molay pediu autorização ao Papa para se<br />
retirar e retornar à Paris.
Na primavera do ano seguinte, Molay começou a se preocupar sobre<br />
vagos rumores de sérias conseqüências, a respeito dos Templários,<br />
que estavam circulando pela França, e assim decidiu fazer uma visita<br />
ao Papa Clemente. Na companhia dos Preceptores da Aquitânia,<br />
França e Ultramar, o Grão-Mestre dirigiu-se à Poitiers para se<br />
encontrar com o Papa. Clemente informou aos Templários que sérias<br />
acusações de vários crimes haviam sido feitas contra a Ordem, o que<br />
havia sido relatado por ele por seu chefe de gabinete, o Cardeal<br />
Cantilupo. O Papa parecia estar satisfeito com as negações destes<br />
Templários veteranos; o Grão-Mestre, em companhia de seus oficiais,<br />
retornou à Paris, acreditando que eles tinham afastado as suspeitas<br />
sobre sua lealdade e boas intenções.<br />
O povo de França estava sofrendo com o aumento de impostos e<br />
desvalorização das moedas realizadas por Filipe, e por diversas vezes<br />
o país esteve à beira da rebelião. Em uma ocasião, dois homens<br />
incitaram uma enorme multidão a se rebelar em Paris a ponto de que<br />
a vida do Rei Filipe esteve sob ameaça. Ele foi somente salvo da<br />
multidão quando os Templários lhe forneceram refúgio dentro da<br />
fortificação do Templo de Paris onde ele permaneceu por três dias até<br />
que a revolta fosse completamente debelada.<br />
Os dois líderes, Squin Flexian e seu cúmplice Noffo Dei, foram<br />
capturados e confessaram, quando foram levados para a prisão, que<br />
eles eram antigos Templários. Quando o Rei ouviu que estes<br />
criminosos uma vez haviam sido membros dos Cavaleiros Templários,<br />
instruiu seu chanceler a descobrir mais sobre os seus passados. O<br />
Chanceler Norgaret relatou que Squin Flexian era natural de Beziers e<br />
que havia sido um Templário e Prior de Mantfauçon, antes de ser<br />
expulso da Ordem. Noffo Dei, um florentino, era um companheiro<br />
desagradável descrito por um escritor contemporâneo a ele como 'um<br />
homem repleto de iniqüidade'.<br />
Se o Rei sugeriu um acordo, ou se os dois prisioneiros sugeriram isto,<br />
nós nunca saberemos, mas repentinamente Filipe tinha dois ex-<br />
Templários que estavam desejosos em acusar a Ordem de heresia e<br />
indulgência em troca de suas liberdades. A dupla foi imediatamente
emovida de Paris e trazida diante do Rei, a quem eles relataram uma<br />
série de crimes perpetrados pela Ordem dos Cavaleiros Templários:<br />
1. Cada Templário, quando de sua admissão, jurava nunca abandonar<br />
a Ordem; e promover os seus interesses, estando estes certos ou<br />
errados.<br />
2. Os líderes da Ordem eram aliados dos Sarracenos: e tinham<br />
mais da infidelidade muçulmana do que da fé cristã; como prova disto,<br />
eles faziam com que cada noviço cuspisse e pisassem na cruz de<br />
Cristo, e blasfemasse sua fé de diversas maneiras.<br />
3. Os líderes da Ordem eram homens hereges, cruéis e sacrílegos.<br />
Se algum noviço, ao descobrir a iniqüidade da Ordem, tentasse<br />
desistir dela, eles o levariam à morte e o enterrariam durante a noite<br />
secretamente. Eles ensinavam aos líderes que às mulheres que<br />
estavam grávidas deles como atingir o aborto e secretamente<br />
assassinavam os bebês recém nascidos.<br />
4. Os Templários estavam infectados com todos os erros dos Fraticelli;<br />
eles desprezavam o Papa e a autoridade da Igreja; eles atentaram<br />
contra os sacramentos, especialmente aos da penitência e confissão.<br />
Eles fingiam obedecer aos ritos da Igreja apenas para escapar da<br />
prisão.<br />
5. Seus superiores eram dedicados aos mais infames excessos de<br />
indulgência; a estes, se alguém expressasse repugnância, era punido<br />
com a prisão perpétua.<br />
6. As sedes dos templos eram os receptáculos de toda sorte de<br />
crimes e abominações que poderiam ser cometidos.<br />
7. A Ordem trabalhou para por a Terra Santa nas mãos dos<br />
Sarracenos e os favoreciam mais do que aos cristãos.<br />
8. A instalação do Grão-Mestre era realizada secretamente e poucos<br />
dos irmãos mais jovens estavam presentes. Lá, havia uma forte<br />
suspeita de que ele negava a fé cristã ou prometia tal, ou ainda<br />
fazia algo contrário à justiça.
9. Muitas estátuas da Ordem são ilegais, profanas e contrárias à<br />
religião cristã; os membros, entretanto, eram proibidos, sob pena<br />
de confinamento perpétuo, revelá-los a alguém.<br />
10. Nenhum vício ou crime cometido por honra ou em benefício<br />
da Ordem pode ser encarado como sendo um pecado.<br />
O circo estava armado. Filipe, o Belo, tinha a bênção do Papa para<br />
confiscar o tesouro dos Cavaleiros Templários, que era o prêmio mais<br />
rico da Cristandade.<br />
Ao investigar a prisão dos Templários, nós teríamos a oportunidade e<br />
estávamos prontos para resolver um dos maiores mistérios do<br />
passado; a origem do Sudário de Turim.<br />
Conclusão<br />
A visão romântica de heróicas proezas e de cavaleiros com<br />
qualidades praticamente mágicas começou a entrar em declínio ao<br />
longo do século XIII e, nos primórdios do século XIV; a Cristandade<br />
estava próxima do caos. Apesar de terem consumido enormes gastos<br />
em vidas e dinheiro, os exércitos da Europa foram rechaçados pelos<br />
muçulmanos e o papado tornou-se cativo de um falido rei francês. Em<br />
França, os tempos eram difíceis, o dinheiro estava curto, doenças se<br />
alastravam e a Igreja estava falhando em liderar ou inspirar as<br />
massas.<br />
Com a Terra Santa perdida para sempre, os Cavaleiros Templários<br />
tornaram-se uma Ordem sem propósito. Eles ainda possuíam rituais<br />
secretos e grande fortuna, mas o último de seus Grão-Mestres estava<br />
agora lutando uma batalha para a sobrevivência contra um Papa fraco<br />
e um rei ganancioso.
7<br />
O Enigma Feito em Linho<br />
A Fé é Cega<br />
Apesar de vivermos em uma era construída sobre o racionalismo, todo<br />
homem e mulher que tenha descoberto uma rota para Deus através<br />
do sofrimento de Jesus Cristo compreende completamente que sua<br />
inquestionável fé na realidade de sua ressurreição física é a essência<br />
de seu relacionamento com o seu criador. Ter uma prova absoluta de<br />
que o Filho de Deus havia morrido por eles, os faria crer mais<br />
facilmente, pelo resto de suas vidas: bem demarcado e sem dúvidas<br />
de qualquer tipo.<br />
Toda espiritualidade requer um forte elemento de mistério e<br />
ambigüidade, pois se não for assim, a lógica esterilizaria a alma<br />
humana e as certezas tornariam a esperança impossível. Ainda, em<br />
nossas vidas diárias, a maioria de nós tem aprendido a confiar nas<br />
evidências de nossos olhos e as crenças religiosas fazem com que<br />
vivamos com a difícil contradição entre as regras do mundo palpável e<br />
aquelas do mundo invisível.<br />
Colocando-se simplesmente: os milagres negam a ciência e a ciência<br />
nega os milagres.<br />
Muito ocasionalmente, entretanto, algo ocorre que parece ser capaz<br />
de romper este impasse, quando a 'ciência' - a velha arquiinimiga da<br />
religião parece poder apoiar a racionalidade da fé cristã. Um dos<br />
maiores exemplos desta rara ocorrência foi a comprovada por um<br />
pequeno pedaço de linho desbotado, atualmente localizado em uma<br />
capela lateral da catedral do século XV de São João Batista na cidade<br />
italiana de Turim.<br />
O que torna este particular pedaço de tecido tão especial é a<br />
esmaecida imagem que está inexplicavelmente presente sobre a<br />
superfície das fibras. Ele mostra uma visão completa do corpo frontal<br />
e dorsal de um homem que aparenta ter sido brutalmente espancado
e crucificado. Os ferimentos correspondem exatamente com aqueles<br />
das versões bíblicas da crucificação de Jesus Cristo, exatamente as<br />
marcas do flagelo, os ferimentos nas unhas, cabeça e um ferimento de<br />
lança em sua lateral.<br />
Este é o famoso Sudário de Turim. Um artefato que muitos<br />
acreditam ser a prova conclusiva da verdade histórica da ressurreição<br />
de Jesus Cristo.<br />
Nossas pesquisas anteriores levaram-nos a especular que este<br />
famoso Sudário teria sido originado a partir da extinção dos Cavaleiros<br />
Templários, mas nós estávamos prontos para descobrir fortes<br />
evidências que explicariam completamente tal imagem.<br />
Tendo determinado que o Rei francês Filipe IV tinha planos bem<br />
elaborados para roubar a fortuna dos Templários, nós também<br />
descobrimos que ele havia obtido a confissão de dois ex-Templários<br />
que lhe forneceram a desculpa perfeita para atacá-los. Antes de<br />
prosseguirmos com a investigação sobre os detalhes da prisão dos<br />
Cavaleiros Templários, nós precisávamos considerar uma questão<br />
que não havíamos originalmente pretendido responder: a imagem do<br />
Sudário de Turim é a de Jacques de Molay, o último Grão-Mestre dos<br />
Cavaleiros Templários?<br />
A História do Sudário<br />
Apesar dos protestos de vários pesquisadores cristãos, não há<br />
nenhuma evidência absoluta de que o Sudário existisse antes de ter<br />
sido colocado em exibição pública em uma pequena igreja na cidade<br />
francesa de Lirey em 1357. O tecido, com a aparente imagem do<br />
Cristo crucificado, foi emprestado para a igreja local por Jeanne de<br />
Vergy, a viúva de Geoffroy de Charney, um nobre menor que havia<br />
morrido no mês anterior de Setembro. O povo de Lirey não demorou a<br />
perceber a importância desta grande relíquia e a ocasião foi honrada<br />
com a impressão de uma medalha especial, portando os brasões de<br />
Geoffroy e Jeanne.
Nenhuma explicação foi dada na ocasião, ou realizada desde então,<br />
de como a família Charney veio a possuir tal artefato aparentemente<br />
milagroso.<br />
O Sudário provou ser um sucesso absoluto, atraindo grande número<br />
de peregrinos, e a até então obscura igreja rapidamente tornou-se<br />
famosa por toda França. Por muitos meses as coisas correram bem,<br />
mas repentinamente a exibição pública chegou abruptamente ao fim<br />
quando Henrique de Poitiers, que era o Bispo de Troyes, proibiu-a e<br />
ordenou que o Sudário fosse destruído. De algum modo, Jeanne<br />
conseguiu evitar que esta ordem fosse cumprida e o Sudário foi<br />
escondido por praticamente trinta anos, até que outro membro da<br />
família Charney, novamente chamado Geoffroy, reiniciou as exibições<br />
em 1389.<br />
Este Geoffroy de Charney morreu em 1398 e o Sudário passou para a<br />
guarda de sua filha, Margaret, e seu marido Humberto, Conde de La<br />
Roche, que manteve a relíquia a salvo no castelo de Montfort.<br />
Cinqüenta e cinco anos depois, a idosa Margaret vendeu o Sudário ao<br />
Duque Luís de Sabóia (o filho do Papa Félix V) em troca de dois<br />
castelos. A família Sabóia mais tarde participou de todos os reinos da<br />
Itália e controlou o Sudário desde 1453. Ele ainda é propriedade da<br />
família Sabóia e eles o têm mantido presente na Capela do Santo<br />
Sudário, na Catedral de São João Batista em Turim por<br />
aproximadamente trezentos anos.<br />
Em 1898, a recém criada nação italiana decidiu celebrar o décimo<br />
quinto aniversário do Estatuto, a constituição da Sardenha da qual as<br />
leis da terra foram baseadas. Nós achamos interessante notar que a<br />
família Sabóia havia se tornado monarca da Sardenha em 1720 e foi<br />
peça fundamental no estabelecimento da constituição italiana. Em um<br />
típico costume italiano, toda cidade ao longo do país estava<br />
competindo para ultrapassar todas as outras através da realização dos<br />
mais coloridos e impressionantes eventos para marcar a ocasião.<br />
Sendo a maior cidade da região do antigo Piemonte, Turim estava<br />
planejando inúmeros eventos, incluindo a exposição da mais sagrada<br />
das relíquias: a mortalha ou o sudário de Jesus Cristo.
O Barão Antonio Manno foi indicado presidente do Comitê para a Arte<br />
Sacra que era o coordenador das exibições e dos espetáculos,<br />
incluindo a mais importante maravilha sagrada, o tecido de linho que<br />
os fiéis acreditavam ter envolvido o corpo de Cristo em sua tumba.<br />
Ocorreu a alguns que esta poderia ser uma grande oportunidade para<br />
fotografar o Sudário e, apesar de muitas controvérsias, um fotógrafo<br />
amador chamado Secondo Pia foi autorizado a realizar algumas<br />
fotografias a 28 de Maio de 1898.<br />
Pia ficou deslumbrado quando ele viu as chapas reveladas, pois estas<br />
mostravam uma imagem um pouco mais clara e mais viva do que a<br />
que já tinha sido vista anteriormente. Sobre a experiência, mais tarde<br />
ele escreveu:<br />
Fechado em minha sala escura, concentrado em meu trabalho, eu<br />
experimentei uma forte emoção quando, durante a revelação, eu pude<br />
ver pela primeira vez a Face Sagrada aparecendo sobre a chapa, com<br />
tal clareza que cheguei a perder a fala. Ela era a maior das glórias e<br />
eu fiquei pasmo com o que eu tinha acabado de ver.<br />
As duas chapas fotográficas produzidas por Pia eram negativos que<br />
inverteram os tons, produzindo uma imagem 'natural' com áreas mais<br />
altas do corpo estando mais claras e as mais baixas, como as da<br />
região dos olhos, estando mais escuras. Este novo meio de ver a<br />
imagem do Sudário apoderou-se da imaginação do mundo todo e o<br />
debate sobre sua autenticidade como sendo a imagem de Jesus<br />
Cristo tem se prolongado desde então.<br />
O Que é o Sudário?<br />
As características físicas do Sudário são fáceis de se definir, mas a<br />
causa da formação da imagem nunca foi compreendida.<br />
O tipo do tecido é um padrão relativamente sofisticado em forma<br />
de 'espinha de peixe' ou ziguezague com linhas diagonais na<br />
proporção de 3:1 que veio a ser usado na Europa em torno do início
do século XIV. Esta última data tem causado alguns problemas<br />
aqueles que acreditam que ele seja uma relíquia cristã. Não é<br />
absolutamente impossível que tal peça de linho tenha sido tecido no<br />
século I, mas é extremamente improvável. Mesmo alguns escritores<br />
que afirmam que o Sudário é a imagem de Jesus admitem que este<br />
tipo de trama é o ponto fraco de seu caso.<br />
Uma outra fonte de informação sobre a origem e a história do Sudário<br />
tem sido os traços de pólen de planta capturados pelas fibras do<br />
tecido. Ocorreu ao Dr Max Frei-Sulzer, um investigador forense suíço,<br />
que poderia ser possível determinar em quais áreas do mundo, o<br />
Sudário havia visitado através do exame dos depósitos de polens<br />
existentes no tecido. A análise do Dr Frei-Sulzer demonstrou que o<br />
Sudário de fato possuía grandes quantidades de polens presentes,<br />
mas nenhuma delas oriundas das oliveiras o que totalmente exclui<br />
sua origem na Terra Santa, pois Israel sempre teve grande número<br />
destas plantas.<br />
Este resultado foi mais tarde confirmado por diversos cientistas<br />
israelenses.<br />
Por muitos anos, o mais importante de todos os testes foi negado<br />
aqueles envolvidos no debate, pois ele envolvia a destruição de parte<br />
do Sudário. A técnica conhecida como datação de rádio-carbono tinha<br />
sido rejeitada, pois a quantidade de material requerido era grande<br />
demais. Todavia, como a metodologia evoluiu, o dano potencial ao<br />
Sudário reduziu-se a um ponto completamente aceitável. Em Outubro<br />
de 1986, um artigo publicado na Nature, a mais conceituada revista de<br />
ciência do mundo, anunciou que a famosa peça de linho foi finalmente<br />
cientificamente datada:<br />
A Igreja Católica Romana está pronta para autorizar que uma das<br />
mais famosas relíquias seja submetida a óbvios testes: pedaços do<br />
sudário de Turim foram encaminhados a sete laboratórios do mundo<br />
todo para serem realizadas as datações de rádio-carbono. Em virtude<br />
da sensibilidade das técnicas atuais, menos que cinco miligramas do<br />
tecido podem produzir a datação com uma precisão de
aproximadamente sessenta anos ou mais. Agrupando-se todos os<br />
resultados dos laboratórios, as estatísticas deverão ser<br />
consideravelmente melhores...<br />
O método de datação reside no fato de que todo material vivo absorve<br />
dióxido de carbono, um gás que contém um átomo de carbono para<br />
dois átomos de oxigênio. A maioria dos átomos de carbono possui um<br />
núcleo com uma massa atômica de doze prótons, sendo esta forma<br />
comum conhecida como carbono 12, mas existem outras formas deste<br />
elemento. Em níveis mais altos da atmosfera da Terra, os elementos<br />
são quebrados pelos raios cósmicos, que são formados por nêutrons<br />
altamente energizados, assim criando uma forma radioativa do<br />
carbono com quatorze prótons em seu núcleo. Este carbono 14 é um<br />
isótopo radioativo instável que, através dos tempos, perde os seus<br />
prótons extras, tornando-se um carbono normal. A taxa em que isto<br />
acontece tem sido estudada desde 1950, quando Willard Libby propôs<br />
pela primeira vez o uso deste material como um meio de datar aquelas<br />
substâncias que uma vez estiveram vivas.<br />
Todas as plantas verdes alimentam-se através da absorção da luz do<br />
sol em um processo conhecido como fotossíntese e, como parte deste<br />
processo, elas absorvem o dióxido de carbono e o convertem em<br />
açúcar e oxigênio. No dióxido de carbono que elas absorvem<br />
encontram-se pequenas quantidades deste carbono 14 altamente<br />
energizado e, enquanto a planta permanecer viva a quantidade de<br />
carbono 14 permanece constante. Quando a planta morre, o<br />
carbono 14 acumulado começa a declinar em uma velocidade precisa<br />
conhecida.<br />
Deste modo, é possível calcular a data em que a planta parou de<br />
viver. O mesmo cálculo pode ser aplicado aos animais, pois eles<br />
absorvem o carbono 14 através da ingestão de plantas verdes. A atual<br />
datação é estabelecida quando os cientistas medem o carbono 14<br />
restante e o comparam contra resultados de gráficos padrões,<br />
conhecidos como curvas de calibração. Estes fornecem a data que o<br />
objeto parou de estar vivo, mas, devido a possíveis e pequenos erros
no processo de medição, os cientistas criaram uma 'janela temporal'<br />
dentro da qual a data identificada pode ser incluída.<br />
Tendo-se decidido pela aplicação deste método de teste ao Sudário, o<br />
Museu Britânico foi consultado no sentido de auxiliar na certificação<br />
das amostras e a produzir a análise estatística dos resultados. Três<br />
laboratórios localizados em Oxford, Zurique e Arizona foram<br />
escolhidos e, logo após uma reunião realizada no Museu Britânico em<br />
Janeiro de 1988, foi proposto um método experimental ao Arcebispo<br />
de Turim, que o aprovou.<br />
Havia uma extensa desconfiança sobre os verdadeiros motivos do<br />
Vaticano, principalmente dos membros da indústria da investigação do<br />
Sudário, sendo que essa divergência atingiu as páginas da Nature<br />
através de uma correspondência do Comitê Norte-Americano para a<br />
Investigação Científica das Atividades Para-normais que levantava a<br />
seguinte questão:<br />
Como os observadores independentes poderão saber se qualquer<br />
uma das amostras que os laboratórios de teste receberam faz de fato<br />
parte do tecido de linho do Sudário? Nós vamos simplesmente aceitar<br />
a palavra do Vaticano sobre isso?<br />
A resposta elaborada pelo Dr. Tite do Museu Britânico foi publicada na<br />
Nature no mês seguinte, e assegurou a qualquer interessado que o<br />
papel do Museu Britânico era assegurar que a cadeia de evidências<br />
permanecesse inviolável. Ele deixou perfeitamente claro o seu papel<br />
como um observador imparcial do experimento:<br />
Eu posso assegurar a Dutton que se os procedimentos propostos<br />
puderem apresentar uma possibilidade de manipulação das amostras,<br />
o Museu Britânico declinaria em atuar como uma instituição<br />
certificadora.<br />
Ele foi além ao publicar em Abril do ano seguinte os procedimentos<br />
completos que seriam utilizados na realização do experimento, e
também anunciou que um ensaio científico completo seria publicado<br />
na Nature em seu devido tempo, relatando todo o experimento. Isto<br />
satisfez a maioria da comunidade científica, embora uma<br />
correspondência que foi publicada na Nature que especulava que se o<br />
Sudário houvesse de fato envolvido Cristo, então ele poderia ter sido<br />
irradiado por nêutrons durante o santo processo de ressurreição, com<br />
a sugestão implícita que tal fato poderia invalidar a taxa de carbono<br />
14. Como o autor sabia que o presumido processo espiritual da<br />
ressurreição envolvia uma forte emissão de um fluxo de nêutrons não<br />
foi explicado em sua correspondência.<br />
As amostras foram removidas do Sudário a 21 de Abril de 1988 diante<br />
da presença de um grande número de respeitáveis testemunhas. A<br />
partir daí eles foram encaminhadas em conjunto com três amostras de<br />
controle para três diferentes laboratórios localizados no Arizona,<br />
Oxford e Zurique. As amostras de controle não foram identificadas<br />
para os laboratórios que as testariam, de modo que o apuro dos<br />
resultados pudesse ser comparado contra amostras de linho de idades<br />
conhecidas. Duas das amostras de exemplo eram peças de tecido e a<br />
terceira consistia de tecidos diversos. As amostras utilizadas eram:<br />
Amostra Um: um fragmento retirado do Sudário de Turim.<br />
Amostra Dois: um fragmento de linho retirado de uma tumba cristã<br />
em Qasr Obrim, no Egito, datado do século XI ou XII.<br />
Amostra Três: um fragmento de linho retirado de uma tumba em<br />
Tebas que fora datado de aproximadamente do ano 75 d.C.<br />
Amostra Quatro: fios retirados do manto de asperges de São Luís<br />
d'Anjou oriundos da Basílica de São Máximo, datado dos meados do<br />
século XIII.<br />
Os três laboratórios concordaram em não comparar os resultados até<br />
que eles tivessem confirmado suas descobertas pelo Museu Britânico.
O Sudário havia sido exposto a uma ampla gama de diferentes<br />
contaminações ao longo de sua existência e assim os laboratórios<br />
utilizaram diferentes processos de limpeza química e mecânica para<br />
eliminar o máximo possível de influência de contaminação. Quando<br />
todas as medidas foram completadas, os resultados de cinco<br />
experimentos individuais distribuídos em três locais de teste foram<br />
fornecidos ao Museu Britânico que então empreendeu a análise<br />
estatística da evidência.<br />
Os detalhes de cálculos e da curva de datação utilizada foram<br />
publicados em artigo na Nature, para que qualquer dúvida pudesse<br />
ser checada através da metodologia e do apuro dos cálculos. Os<br />
resultados foram bem conclusivos e demonstravam que, com 95 por<br />
cento de certeza, as plantas de linho que foram utilizadas para<br />
produzir o tecido do Sudário tinha cessado de ser entidades vivas<br />
entre 1260 e 1390 d.C.<br />
Esta datação está, certamente, localizada dentro do período de<br />
perseguição aos Cavaleiros Templários e a prisão de Jacques de<br />
Molay.<br />
Os resultados para as amostras retiradas do manto de São Luís,<br />
quando submetidas às mesmas análises, forneceram um resultado<br />
com noventa e cinco por cento de acerto de 1263-1283 d.C., que era<br />
altamente preciso com a data de morte do santo em 1270 com a idade<br />
de cinqüenta e seis. As outras amostras foram igualmente precisas<br />
quando os resultados de rádio-carbono foram comparados com as<br />
datas determinadas por outros métodos.<br />
Os resultados não deram nenhum espaço para dúvidas sobre a idade<br />
do linho do Sudário. As conclusões da equipe de medição foram:<br />
Estes resultados, portanto representam a evidência conclusiva de que<br />
o linho do Sudário de Turim é medieval.<br />
Esta sólida evidência científica das origens medievais do Sudário<br />
causou grande problema para a maioria dos sindonologistas (como se<br />
autodenominam os estudiosos das origens do Sudário). A maioria das
obras sobre as origens tentou provar sua autenticidade como o<br />
sudário de Jesus, e muitas ingênuas justificativas costumavam<br />
extrapolar a conhecida história pregressa para demonstrar outros<br />
artefatos que poderiam ter sido o Sudário. Todos estes trabalhos<br />
foram desacreditados pelos resultados do rádio-carbono e nenhuma<br />
teoria do Sudário parece encaixar-se com os fatos conhecidos.<br />
A datação do rádio-carbono deveria ter colocado um fim ao debate,<br />
mas aqueles que desesperadamente desejavam que a imagem no<br />
Sudário fosse a de seu Salvador não estavam preparados para<br />
permitir que a mera ciência determinasse o seu caminho.<br />
Várias pessoas têm atacado a datação, entre as quais Holger Kersten<br />
e Elmar Gruber que escreveram um livro que sugere que os três<br />
laboratórios de rádio-carbono, o Museu Britânico e a Igreja Católica<br />
Romana haviam conspirado deliberadamente para iludir o público ao<br />
substituir as amostras retiradas do Sudário pelas as do manto de São<br />
Luís. Eles mencionam vulgares panfletos de fontes radicais católicas,<br />
realizando acusações de fraude injustificadas e insustentáveis contra<br />
o Dr Michael Tite do Museu Britânico. Seus argumentos parecem ser<br />
de que a Igreja desejava preservar o segredo da origem do Sudário,<br />
pois ele somente poderia ter sido criado por um corpo ainda vivo. Eles<br />
acreditavam que isto seria a evidência de que Jesus estava vivo após<br />
a crucificação, um fato que a Igreja Romana não desejava que fosse<br />
conhecido. Entretanto, esta linha de argumentação causou-lhes<br />
grandes dificuldades quando eles tentaram explicar o porquê de três<br />
laboratórios acadêmicos, com reputação mundial, arriscariam essa<br />
mesma reputação comportando-se de tal maneira não-profissional.<br />
Algumas Teorias de Origem<br />
Escritores têm surgido com teorias que embora sejam cientificamente<br />
possíveis não parecem críveis o suficiente para terem acontecido. Dr<br />
Nicholas Allen da Universidade de Durban-Westville na África do Sul<br />
publicou uma análise teórica detalhada de como a imagem do Sudário<br />
poderia ter sido produzida através de uma forma primitiva de fotografia
usando nitrato de prata ou sulfato prata. Sua detalhada análise<br />
química é certamente precisa e seus experimentos práticos com uma<br />
câmera obscura que produziu excelentes resultados. Entretanto, o<br />
processo era complicado e muito demorado, requerendo muitas horas<br />
de exposição usando luz solar e, embora a explicação científica fosse<br />
impecável, Dr Allen não realizou nenhuma tentativa de tentar expor<br />
um motivo ou oportunidade para explicar como a imagem tenha sido<br />
produzida. Ele também falhou ao associar seus processos químicos<br />
com as conhecidas condições da superfície do Sudário. Ele concluiu<br />
seu trabalho afirmando:<br />
Parece, entretanto, [...] que a hipotética técnica fotográfica [...] é a<br />
única explicação plausível para a formação da imagem do Sudário [...]<br />
e indica que a população do final do século XIII e dos primórdios do<br />
século XIV estava de fato particularmente interessada em tecnologia<br />
fotográfica que se acreditava desconhecida até então.<br />
Que grande quantidade de falta de lógica!<br />
Fazendo uso da plausibilidade científica do argumento sobre<br />
fotografia do Dr. Allen, um casal britânico, Lynn Picket e Clive Prince,<br />
publicaram um livro que 'provava' através de experimentos que teria<br />
sido possível para Leonardo da Vinci ter produzido o Sudário através<br />
de uma técnica científica, utilizando-se somente os materiais<br />
disponíveis no século XV. Esta teoria de origem apresenta<br />
dificuldades extras uma vez que a primeira aparição pública do<br />
Sudário ocorreu praticamente cem anos antes de Leonardo ter<br />
nascido. O fato de uma técnica hoje em dia poder ser realizada,<br />
utilizando-se antigos materiais, não implica que um personagem<br />
histórico estivesse inclinado ou ser capaz de realizá-la. Nenhum<br />
motivo plausível foi apresentado para explicar o porquê de Leonardo<br />
da Vinci ter desejado criar tal imagem e então encarar o problema de<br />
substituir o verdadeiro Sudário por sua cópia. A própria substituição<br />
seria um suficiente e complicado exercício, pois o Sudário foi vendido
à família Sabóia quando Leonardo possuía um ano de idade e esta<br />
história é completamente documentada.<br />
À parte da improbabilidade de Leonardo ter trocado o verdadeiro<br />
Sudário por um auto-retrato instantâneo, é muito simples demonstrar<br />
que o sudário não é uma fotografia.<br />
Picket e Prince dirigiram suas atenções para a imagem da cabeça do<br />
Sudário, uma vez que ela possuía cabelos e barba longos...<br />
Exatamente como Leonardo possuía. Se eles tivessem se demorado<br />
um pouco mais no estudo da posição do corpo, eles teriam descoberto<br />
que não houve uma redução da perspectiva, exatamente como ocorre<br />
com uma fotografia como nós veremos brevemente.<br />
A outra teoria principal sobre a origem do Sudário é a dele ser uma<br />
pintura criada por artista medieval altamente habilidoso. Isto é algo<br />
que não pode ser encarada como uma teoria inicial por três<br />
fundamentais razões:<br />
1. Nenhum artista medieval pintava em tal estilo realista, devido às<br />
influências das convenções da arte. Existem distorções na imagem do<br />
Sudário, mas elas não são devidas à interpretação artística.<br />
2. Os pintores medievais não teriam pintado uma imagem em<br />
negativo, o que não era cogitado antes da invenção da fotografia.<br />
3. Todas as pinturas medievais conhecidas mostram Jesus Cristo<br />
sendo crucificado com cravos atravessando as palmas das mãos, não<br />
através dos pulsos como no Sudário.<br />
A artista e cientista Isabel Piczek produziu uma análise detalhada da<br />
imagem na qual ela declara que:<br />
O Sudário possivelmente não pode ser uma pintura, uma vez que<br />
enquanto o Sudário mostra uma continua e ininterrupta imagem<br />
visível, ele não mostra um continuo e visível filme médio danificado.<br />
Piczek argumenta que as partículas de pigmentos encontrados no<br />
tecido são o resultado da realização de diversas cópias pintadas ao<br />
longo dos anos, indicando que cinqüenta e duas pinturas conhecidas
foram realizadas. Ela demonstrou a racionalidade desta sugestão<br />
através de experimentações e continuou a analisar a perspectiva da<br />
imagem do Sudário, concluindo que:<br />
... A exata posição do corpo nele [no Sudário] somente pode ser vista<br />
em um modelo vivo a partir de uma distância acima de<br />
aproximadamente quatro metros e meio.<br />
Ela observa que a imagem é a de um corpo que curvado no centro,<br />
descrevendo em detalhes como ela deduziu isto através de estudos<br />
ao vivo. Ela não expressa nenhum ponto de vista de como o Sudário<br />
veio a ser criado, mas declara muito claramente que não é possível<br />
que ele tenha sido uma pintura. Seu artigo é bem construído e<br />
ilustrado com fotografias detalhadas e desenhos que apóiam à sua<br />
causa, mas enquanto ela diz claramente que ele não é, ela não lança<br />
nenhuma luz sobre como ele veio a ser criado e o porquê disto.<br />
A realidade é a de que não há nenhuma teoria publicada que inclua a<br />
criação física e química da imagem no Sudário que combine com as<br />
evidências conhecidas. A datação de rádio-carbono tem provado que<br />
o Sudário não é muito mais velho do que seus registros históricos,<br />
iniciados em 1357. Qualquer teoria que envolva sua criação deve levar<br />
em conta se está sendo crível.<br />
Uma Imagem Fora do Comum<br />
A imagem do homem do Sudário apresenta numerosas características<br />
curiosas que alguma teoria sobre sua criação deveria explicar.<br />
A figura está nua, possui barba e longos cabelos à altura dos ombros<br />
e parece ter estado ou morto ou em um estado de profunda<br />
inconsciência sem movimentos durante a formação da imagem. Os<br />
ferimentos que a vítima recebeu são absolutamente consistentes com<br />
o tipo de injurias físicas que teria sido infringido por um torturador<br />
altamente profissional.
Durante séculos, a imagem tem sido amplamente aceita como sendo<br />
a de Jesus Cristo e as características da face têm sido copiadas por<br />
artistas por toda parte quando representam o messias cristão em suas<br />
obras.<br />
Nós decidimos que o único meio de realmente compreender o<br />
Sudário era tentar reproduzi-lo.<br />
Inicialmente nós colocamos um lençol de linho branco no chão. Então<br />
nós cobrimos completamente um modelo nu com tinta preta à base de<br />
água e o deitamos sobre o lençol, de modo que pudéssemos cobri-lo<br />
completamente com a parte superior do lençol, desde a cabeça até os<br />
pés. Isto nos forneceu uma imagem tosca que imediatamente revelou<br />
interessantes inconsistências com o Sudário original:<br />
1. Não havia nenhuma imagem virtual das pernas entre as nádegas<br />
e as panturrilhas em nosso modelo reconstituído.<br />
2. A parte estreita das costas não produziu nenhuma imagem.<br />
3. A mão direita do modelo parecia estar localizada a quinze<br />
centímetros mais alta que o corpo do que o representado pela imagem<br />
no sudário.<br />
4. Não havia nenhuma imagem das solas dos pés, salvo as pontas<br />
dos calcanhares.<br />
5. Diferentemente ao Sudário, ambos os ombros pareciam estar<br />
na mesma altura.
O resultado foi particularmente interessante considerando-se à<br />
imagem dorsal, que demonstrou que o corpo somente toca o tecido<br />
em cinco pontos principais: cabeça, ombros, nádegas, panturrilhas e<br />
calcanhares. Entre estes pontos nenhuma imagem é produzida,<br />
apesar do fato do modelo estar lavado com tinta. O fluído escorreu<br />
pelo corpo nos pontos de contato onde ele estava apoiado.<br />
Embora um método de formação de imagem através de condução de<br />
calor de transferência pudesse explicar a imagem frontal, nenhum<br />
processo de convecção poderia funcionar na formação da imagem<br />
dorsal que tinha que ser formada por contato. Apesar de todos os<br />
esforços feitos pelo modelo para deitar completa e horizontalmente<br />
imóvel, uma imagem completa das costas não foi produzida.<br />
Este resultado causou-nos inicialmente alguns problemas para<br />
compreender e explicar o que tinha acontecido, mas na medida em
que nos detínhamos em estudá-lo, era-nos apresentado somente uma<br />
conclusão possível. O homem que havia sido embrulhado no Sudário<br />
não estava deitado sobre uma superfície completamente dura e<br />
horizontal... Ele tinha sido colocado sobre um colchão macio que<br />
apoiava todo o seu corpo.<br />
Corpos mortos não são colocados sobre camas com superfícies<br />
macias, deste modo parece extremamente provável que a imagem<br />
não é a de um cadáver, mas de uma pessoa viva que havia sido<br />
horrivelmente torturada.<br />
Por ter sido a vítima embrulhada em um sudário, a maioria dos<br />
investigadores foi levada a acreditar que a pessoa estava morta e,<br />
deste modo, tinha sido colocado sobre uma lápide. Muitos afirmam<br />
terem conduzido experimentos, mesmo pessoas como Kersten e<br />
Gruber apresentaram diagramas do Sudário sendo colocado em torno<br />
de uma figura sobre uma completa superfície horizontal, salvo por um<br />
pequeno apoio sobre a cabeça. Mesmo assim, é praticamente<br />
impossível reproduzir qualquer coisa como as relações de ferimentos<br />
vistos na imagem do Sudário quando o modelo está colocado nesta<br />
posição.<br />
Assim que nós nos deparamos com um resultado tosco e estudamos a<br />
imagem do Sudário sob um outro ponto de vista, nós descobrimos um<br />
importante fato que havia passado despercebido totalmente. Enquanto<br />
a imagem frontal da figura representada no Sudário é delicada e<br />
precisa com um efeito praticamente vivo, a visão posterior é<br />
relativamente rude e não possui tons em dégradé. Parece até que dois<br />
processos diferentes criaram as duas metades do Sudário!<br />
Nós rapidamente percebemos que a teoria da 'cama macia' também<br />
explicaria o aparentemente impossível cumprimento dos braços que<br />
descansam muito mais abaixo do que em uma figura deitada de<br />
costas. Os investigadores da NASA notaram que o ângulo de projeção<br />
desta distorção do antebraço esquerdo parece ser de<br />
aproximadamente dezesseis graus. Um simples cálculo trigonométrico<br />
revela que para produzir este ângulo com um braço com cinqüenta<br />
centímetros de cumprimento, seria necessário que a diferença na
altura entre a parte mais baixa da pélvis direita e o ombro esquerdo<br />
fosse de aproximadamente quatorze centímetros. Isto é exatamente o<br />
que aconteceria se a vítima tivesse sido colocada em uma cama com<br />
travesseiros atrás da cabeça e dos ombros, elevando a parte superior<br />
do torso com relação aos quadris e empurrando as mãos para baixo<br />
em direção ao corpo.<br />
De modo a testar este hipótese da 'cama macia', nós construímos um<br />
segundo experimento com o modelo sobre um colchão com a cabeça<br />
elevada quinze centímetros mais alta que a pélvis e suporte embaixo<br />
dos pés. Os resultados foram extraordinários.<br />
Ambos nossos experimentos produziram imagens que eram toscas e<br />
nem evidentes, mas havia evidências suficientes para desenvolvermos<br />
diversas e importantes conclusões:<br />
1. Uma imagem completa do dorso somente é possível sobre uma<br />
superfície macia.<br />
2. Elevando-se a altura dos ombros em aproximadamente quinze<br />
centímetros em relação aos quadris faz com que as mãos caiam na<br />
posição demonstrada pelo Sudário (desde que a parte superior do<br />
braço também esteja apoiada por travesseiros).<br />
3. A sola dos pés só produz uma impressão se os pés estiverem<br />
contra travesseiros.<br />
4. O ângulo da cabeça em relação ao torso é insignificante; uma vez<br />
que o Sudário percorre o contorno do corpo, a face sempre apareceria<br />
ser igual para o observador. Quanto mais a cabeça estiver voltada<br />
para trás, mais ela simplesmente causa o efeito de produzir ao<br />
pescoço na imagem aparecer progressivamente mais longo.<br />
5. Enquanto se esperaria que o cabelo estivesse caído por trás da<br />
face em uma superfície horizontal, parece razoável esperar que ele<br />
seria capaz de produzir uma moldura em torno da face se a cabeça<br />
estivesse descansada sobre travesseiros macios.<br />
Nossa tentativa de reproduzir a imagem do rosto através de impressão<br />
por contato mostra uma considerável distorção
Estes experimentos demonstraram que se colocando o corpo sobre<br />
uma superfície macia ou sobre uma série de travesseiros, todas as<br />
características incomuns da imagem original do Sudário podem ser<br />
completamente explicadas. A única conclusão lógica parece ser a de<br />
que o homem cuja imagem está retratada no Sudário não estava<br />
morto e não estava em vias de morrer. Ele tinha sido colocado em<br />
uma cama macia com sua cabeça e ombros elevados em uma<br />
posição de modo a facilitar sua respiração tão logo ele foi retirado da<br />
cruz. Parece que alguém pretendia restabelecer sua consciência. Isto<br />
levanta a questão do porquê alguém açoitaria e crucificaria um<br />
homem, para então o colocar sobre uma cama com um sudário<br />
envolvendo-o verticalmente seu corpo.
Uma resposta óbvia seria a de que a vítima havia sido terrivelmente<br />
torturada nesta paródia da crucificação de Jesus de modo a extrair<br />
uma confissão de algum crime contra os dogmas da Igreja, mas<br />
sobrevivido de modo a participar de um julgamento por heresia.<br />
Nenhum francês do inicio do século XIV se adequaria a esta descrição<br />
melhor do que Jacques de Molay.
Reproduzindo a Face<br />
A face no Sudário é muito detalhada e nós tentamos verificar se uma<br />
imagem do rosto com uma certa qualidade razoável poderia ser<br />
produzida a partir do contato com o tecido. A face do modelo foi<br />
pintada com tinta cinza à base de água com camadas extras de cinza<br />
escuro pintadas sobre os pontos mais altos da face onde o suor<br />
poderia acumular. Permitimos que a tinta secasse e um pedaço de<br />
linho foi ensopado, torcido e então colocado sobre a face e levemente<br />
pressionado. A tinta transferiu-se para o tecido úmido formando uma<br />
imagem.<br />
A imagem parecia de fato muito tosca, mas quando nós a<br />
digitalizamos para o computador e a transformamos em uma imagem<br />
negativa, ela apresentou um notável efeito fotográfico. Entretanto, ela<br />
não possuía a qualidade da imagem do Sudário. A espessura do<br />
tecido havia produzido uma certa quantidade de dobras e, deste<br />
modo, áreas sem imagem, e nós notamos também que a face estava<br />
distorcida em sua largura.
Este diagrama mostra o porquê de termos obtido uma distorção de<br />
largura em nosso experimento com a face. Quando uma imagem é<br />
produzida por impressão de contato o tecido circunda as laterais da<br />
face e quando removida e vista sobre uma superfície plana, há um<br />
considerável aumento na largura aparente. O Sudário não mostra tal<br />
distorção e assim nós poderíamos estar certos de que a imagem não<br />
foi criada nem por contato nem por processo de radiação, pois ambos<br />
produziriam este efeito extra com relação à largura.<br />
A única explicação para isto parece ser a de que a imagem havia sido<br />
formada por um processo semelhante ao de condução de calor<br />
vertical. Em tal processo, uma transferência seria o único meio de<br />
produzir a imagem do Sudário, mas nós estávamos completamente<br />
perdidos com relação ao processo físico que poderia ter ocorrido.<br />
Simplesmente, não havia nenhuma ciência que nós conhecíamos que<br />
poderia criar a imagem deste modo.<br />
Apesar de termos admitidos nossa derrota com relação ao processo<br />
químico, nós de fato apresentamos uma melhor conclusão para o<br />
nosso simples experimento, e esta conclusão demonstra que a<br />
imagem do Sudário não poderia ser o resultado de um processo<br />
fotográfico.<br />
Uma imagem formada por um processo fotográfico produziria um<br />
resultado com uma perspectiva reduzida, com a figura parecendo<br />
estar inclinada e tendo as pernas e o torso reduzido. A figura no<br />
Sudário é, entretanto, levemente distorcida na direção oposta,<br />
aparentando, de modo estranho, longos braços. Isto ocorre devido ao<br />
fato de que, embora a figura esteja levemente inclinada permitindo<br />
que as mãos movam-se em direção aos quadris, ela aparente<br />
estar deitada sobre uma superfície plana, uma vez que toda a sua<br />
altura está registrada. Isto poderia somente ser o resultado de uma<br />
transferência por um processo semelhante ao de convecção vertical,<br />
onde o Sudário seguiria os contornos do modelo, e quando o Sudário<br />
é visto sobre uma superfície plana, ele apresenta o comprimento total<br />
do modelo, mas registrando as marcas produzidas pelos ossos das<br />
costelas de uma pessoa inclinada. Isto é um processo de registro
de imagem que nunca havia sido visto anteriormente entre os<br />
fotógrafos ou artistas e que produz proporções que são únicas.<br />
Uma vez que compreendemos este princípio simples, não<br />
podíamos imaginar como que algo tão óbvio poderia ter passado<br />
desapercebido por nós e por todos os demais investigadores do<br />
Sudário anteriores a nós.<br />
A Evidência em Sangue<br />
As cicatrizes que aparecem na imagem do Sudário são consistentes<br />
com a vítima tendo sido torturada, mas nenhum pesquisador anterior<br />
do Sudário, que nós tínhamos conhecimento, investigou estas marcas<br />
com algum grau de seriedade. Uma cuidadosa inspeção das marcas<br />
permitiu-nos determinar que existiam discretos agrupamentos de<br />
cicatrizes, cada uma dos quais indicando uma diferente posição do<br />
atacante com relação à vítima.<br />
Ao invés de compreender como estes grupos de aparentes<br />
lacerações na pele ocorreram, nós tentamos reproduzi-los usando um<br />
chicote que foi projetado para não causar dor em nosso receoso<br />
modelo. Nós atamos pequenas esferas de chumbo às extremidades<br />
das correias e repetidamente as mergulhamos em tinta preta para<br />
verificar como nós poderíamos simular a distribuição do padrão<br />
encontrado no Sudário.<br />
Nós logo descobrimos que as marcas nas costas do modelo<br />
haviam sido deliberadamente feitas por um homem estando de pé<br />
diante da vítima, e não por detrás como geralmente presumido. Não<br />
há nenhuma dúvida de que o Sudário é a imagem de um homem que<br />
havia sido espancado com um chicote de múltiplas correias, uma vez<br />
que teria sido completamente impossível produzir estas marcas<br />
através de modos fraudulentos - a melhor evidência de que ele<br />
não poderia ser o trabalho de um pintor medieval ou de uma fotografia<br />
realizada por Leonardo da Vinci!
A vítima estava completamente nua e tinha seus braços atados em<br />
uma posição estendida a aproximadamente noventa graus com<br />
relação ao torso.<br />
Tendo compreendido como a flagelação havia ocorrido, nós voltamos<br />
nossa atenção ao derramamento de sangue dos braços, na esperança<br />
de que eles poderiam nos contar mais do que a natureza da<br />
crucificação desta pessoa. Nós não nos desapontamos.<br />
Em 1932, um cirurgião parisiense chamado Pierre Barbet utilizou-se<br />
de membros amputados de cadáveres para calcular o que havia<br />
acontecido quando a vítima vista no Sudário estava crucificada, e ele<br />
descobriu claramente evidências de que houve dois distintos<br />
derramamentos de sangue a partir dos pulsos, com dez graus de<br />
diferença.
Nós pudemos verificar que a direção geral do fluxo de sangue localizase<br />
ao longo do braço a partir do pulso em direção ao cotovelo. Nós<br />
realizamos um experimento simples para verificar em qual posição os<br />
braços poderia ter estado, ficamos muito surpresos com o que<br />
descobrimos. Usando papel transparente, nós cuidadosamente<br />
copiamos os braços da vítima, traçando as marcas do fluxo<br />
sanguíneo, e então viramos o papel para que as áreas<br />
ensangüentadas ficassem como elas teriam estado. Nós então<br />
penduramos o papel de modo que o derramamento de sangue ficasse<br />
para baixo. Este processo forneceu-nos dois resultados, nenhum dos<br />
quais compatível com a técnica romana de crucificação no qual os<br />
braços ficavam estendidos lateralmente para produzir grandes<br />
dificuldades de respiração à vítima.
Em ambos os casos, a distância máxima entre os dois cravos é<br />
aproximadamente de noventa e dois centímetros, mas somente um<br />
deles poderia ter estado em uma posição compatível com uma<br />
crucificação. Nós concluímos que a vítima representada no Sudário foi<br />
pregada com o seu braço direito acima de sua cabeça e seu braço<br />
esquerdo para o lado de fora lateralmente. Isto sugere que os<br />
perpetradores desta agressão física ou não conheciam corretamente<br />
a técnica ou simplesmente não se importavam com ela.<br />
Esta posição também explicaria o porquê de tantos observadores<br />
terem concluído que o braço direito da vítima aparenta estar<br />
deslocado de seu ombro. Com um braço pregado verticalmente, a<br />
junta do ombro teria sofrido grande estresse e o deslocamento teria<br />
ocorrido facilmente.<br />
Todas as nossas pesquisas sobre o que pode ser conhecido a partir<br />
dos estudos do Sudário e sua história registrada indicou-nos que<br />
nossa hipótese sobre Molay poderia estar correta, uma vez que as<br />
evidências conhecidas e nossa nova informação eram muito bem<br />
compatíveis. Nós possuíamos muitas respostas, mas um grande<br />
problema ainda permanecia insolúvel: o processo químico ainda nos<br />
tirava o sono.<br />
Inicialmente nós acreditávamos que o sangue rico em ácido láctico<br />
havia reagido com os agentes branqueadores com carbonato de cálcio<br />
para queimar a imagem sobre a superfície das fibras do Sudário, mas<br />
nossos experimentos mostraram que o Sudário não foi impresso por<br />
contato.<br />
Estes experimentos estavam desordenados, mas tinham nos<br />
tranqüilizado um pouco, e nossas reconstruções eram nada mais que<br />
imitações limitadas do processo original. Nós tínhamos tido pouca<br />
dificuldade em reproduzir algo similar à imagem das costas, mas a<br />
imagem frontal do Sudário possuía sutilezas que eram difíceis de<br />
reproduzir.<br />
Durante muitos meses, havíamos nos resignados e estávamos<br />
prontos em admitir a derrota, mas então a resposta chegou através de<br />
outras vias mais etéreas.
Chris estava retornando de carro para casa uma noite e ouvindo o<br />
rádio. Uma entrevista estava sendo transmitida e as palavras que ele<br />
ouviu o fizeram ficar com os cabelos em pé:<br />
É possível que os Sarracenos tenham crucificado um prisioneiro<br />
cruzado exatamente de acordo com as versões do evangelho como<br />
um meio de zombar de forma cruel de sua fé.<br />
A voz no rádio estava dizendo exatamente o que havia suspeitado por<br />
um tempo, mas o narrador havia chegado a conclusões similares<br />
através de evidências um pouco diferentes.<br />
A pessoa que estava sendo entrevistada era o Dr. Alan Mills, um<br />
estudioso do solo marciano que trabalhava no Departamento de Física<br />
e Astronomia na Universidade de Leicester, e que possuía grande<br />
interesse no processo que havia criado a imagem no Sudário de<br />
Turim. Em 1995, ele publicou os resultados de seu trabalho que<br />
apresentavam uma nova explicação da química do processo de<br />
criação da imagem. Na transmissão da BBC, ele explicou rapidamente<br />
como ele havia realizado uma pesquisa muito cuidadosa sobre a<br />
literatura a respeito do Sudário e então concluiu com uma explicação<br />
sobre as características encontradas nele.<br />
Nós entramos em contato com Dr Mills, que explicou seu trabalho<br />
mais detalhadamente. Ele nos encaminhou uma cópia de sua<br />
pesquisa mais recente e gentilmente nos forneceu a permissão para<br />
citá-lo.<br />
As características da imagem que ele julgou necessário serem<br />
explicadas eram:<br />
1. A falta de grandes distorções que se esperaria de um processo de<br />
formação de imagem por contato.<br />
2. A densidade da imagem ocorre em uma razão inversa entre a<br />
distância do tecido e a pele, com a saturação do processo a uma<br />
distância de quatro centímetros.<br />
3. Não há marcas de pincel detectáveis na imagem.
4. O processo afeta somente a superfície das fibras e não penetra até<br />
o lado inverso do tecido.<br />
5. As variações na densidade da imagem são produzidas pelas<br />
alterações na densidade das fibras amareladas por unidade de área,<br />
não por alterações no grau de amarelamento.<br />
6. O sangue coagulado protegeu o linho das reações de<br />
amarelamento.<br />
Em nossos próprios experimentos, nós havíamos provado que a<br />
formação da imagem frontal não poderia ser realizada pelo processo<br />
de contato e nós acreditamos que o amarelamento das fibras foi<br />
causado por uma reação de ácido láctico de algo tipo.<br />
Dr Mills havia notado dois outros processo que produzem tipos de<br />
imagens similares. Antigos espécimes botânicos que haviam sido<br />
mantidos secos produzem marcas de um amarelo amarronzado sobre<br />
a celulose que revela notáveis detalhes em uma imagem negativa de<br />
um azul filtrado. Ele descobriu excelentes exemplos deste efeito sobre<br />
papel emoldurado nas amostras armazenadas no herbário da<br />
Universidade de Leicester desde 1888. Estas marcas, conhecidas<br />
como padrões de Volckringer, foram produzidas através de uma<br />
reação de ácido láctico. Dr. Mills comentou sobre o processo:<br />
As 'imagens de plantas' oferecem uma fonte acessível de imagens<br />
produzindo fibras para investigações preliminares. Não há nenhuma<br />
conexão religiosa e ninguém tem se obrigado a explicá-las como<br />
artefatos produzidos pelos homens.<br />
Outro fenômeno relacionado que ele tinha notado era um que havia<br />
causado problemas aos primeiros fabricantes de chapas fotográficas,<br />
quando eles descobriram que imagens poderiam ser produzidas em<br />
total escuridão através da proximidade de vários materiais tais como<br />
papel de imprensa, madeiras resinosas, alumínio e óleos vegetais.<br />
Conhecido como 'Efeito Russel', era geralmente aceito que o processo<br />
estava ligado com a liberação de peróxido de hidrogênio. Por volta da
década de 1890, os fabricantes de filmes descobriram como produzir<br />
emulsões que não sofriam deste efeito e o interesse neste estranho<br />
processo de produção de imagem, que não necessitava de luz<br />
desapareceu.<br />
Dr. Mills descobriu claras evidências de que um homem nu mantido<br />
sob ar confinado produziria correntes de ar através de condução de<br />
calor laminar (não-turbulenta) em torno de uma distância de 80<br />
centímetros, e a partir disto ele calculou que uma partícula formadora<br />
de imagem levaria aproximadamente um segundo para percorrer os<br />
quatro centímetros de distância que haveria entre a superfície do<br />
corpo e o tecido. Assim ele descreveu a chave do processo:<br />
Somente se o princípio ativo estiver altamente instável o suave<br />
transporte vertical produziria uma imagem modulada.<br />
Em termos legais esta sentença significaria algo mais ou menos<br />
assim:<br />
As partículas que causaram o descoloramento das fibras do linho<br />
devem ter estado dentro de condições quimicamente instáveis,<br />
enquanto que suavemente se elevavam do corpo para o linho criando<br />
uma imagem reconhecível produzida em tons graduados.<br />
Dr. Mills está aqui descrevendo um processo pouco compreendido<br />
que é sabido produzir uma imagem com gradações claras e escuras<br />
exatamente como uma fotografia, mas utilizando para isso partículas<br />
moleculares de algum elemento ao invés de fótons de luz. Uma<br />
possível partícula instável que poderia resultar no amarelamento das<br />
fibras de linho é um tipo de radical livre conhecido como oxigênio<br />
reativo intermediário. Uma completa descrição deste processo de<br />
formação de imagem é apresentada no Anexo III.<br />
O processo, conhecido como auto-oxidação, é uma reação muito<br />
vagarosa, levando um grande número de anos para atingir a<br />
saturação, após o qual a imagem começará muito lentamente a<br />
desaparecer. A teoria do Dr. Mills prevê que a imagem do Sudário
tornar-se-á lentamente mais esmaecida, o que tem sido relatado ser o<br />
caso, e eventualmente desaparecerá.<br />
Suas conclusões eram fascinantes:<br />
Embora imagens dessa natureza associadas com espécimes<br />
botânicos prensados em papel não sejam incomuns, parece que o<br />
Sudário de Turim parece ser único, devido à necessidade da<br />
combinação de circunstâncias altamente incomuns que não são<br />
individualmente exigidas, entre elas:<br />
. Um longo manto mortuário de puro linho.<br />
. A rapidez em envolver um corpo recentemente falecido (não limpo)<br />
de um homem torturado em um lugar confinado e termicamente<br />
estável.<br />
. Remoção aproximadamente após 30 horas.<br />
. Armazenamento em um lugar seco e escuro por décadas ou séculos.<br />
Como nós veremos no Capítulo 8, todas estas circunstâncias<br />
combinam com nossa hipótese, mas nós acreditamos que a pessoa,<br />
Jacques de Molay, estava em coma, não morta. Este fato auxiliaria o<br />
processo uma vez que o corpo continuaria quente durante o mesmo,<br />
enquanto estivesse envolto no sudário.<br />
Sabendo que todas as evidências conhecidas ajustavam-se<br />
precisamente com a nossa teoria (ver Anexo 03) nós agora<br />
precisávamos continuar com a nossa reconstrução dos eventos de<br />
Outubro de 1307, de modo a verificar se o motivo, a oportunidade e as<br />
circunstâncias confirmariam a hipótese de Molay.<br />
Conclusão<br />
A datação de carbono conclusivamente demonstrou que o Sudário de<br />
Turim data de entre 1260 e 1380, precisamente como nós<br />
esperaríamos se ele fosse a imagem de Jacques de Molay. Não há<br />
nenhuma outra teoria que combine os fatos cientificamente
estabelecidos. Através de experimentos, nós sabemos que a figura no<br />
Sudário estava em cama macia de algum tipo o que fortemente sugere<br />
que a vítima não estava morta e que se esperava a sua recuperação.<br />
A imagem no Sudário foi explicada em detalhes pelo Dr. Alan Mills<br />
que, independentemente, identificou as circunstâncias extremamente<br />
usuais que nós já havíamos descrito em detalhes. Ele mesmo sugeriu<br />
que a vítima possa ter sido um cruzado.
Ma figura acima, nossa primeira tentativa de reconstruir uma imagem<br />
em um sudário sobre uma superfície plana e dura, usando um modelo.<br />
A imagem frontal nada mostra das sutilezas de uma imagem de<br />
Volckringer e também não mostra a distorção de perspectiva tão óbvia<br />
no Sudário de Turim.<br />
A imagem posterior mostra claramente como o corpo do modelo tocou<br />
o Sudário em apenas cinco pontos: a cabeça, ombros, panturrilhas e<br />
calcanhares. Somente através da utilização de uma superfície macia é<br />
possível criar uma imagem completa através de impressão por<br />
contato.<br />
8<br />
O Sangue e as Chamas<br />
A Santa Inquisição<br />
No outono de 1307, o quase falido Filipe IV de França estava pronto<br />
para solicitar o sexto e último favor que ele havia extraído do eventual<br />
Papa Clemente V; em compensação à elevação do prelado ao trono<br />
de São Pedro. Muito em breve a prosperidade da Ordem dos<br />
Cavaleiros Templários resolveria as preocupações financeiras do Rei.<br />
Jacque de Molay deve ter acreditado que ele tinha vencido sua<br />
batalha contra Filipe e o Papa Clemente protelando a unificação dos<br />
Templários com os Hospitalários. Ele assegurou-se que o falido Rei<br />
tivesse visto a fortuna que ele tinha trazido com ele e depositado no<br />
Templo de Paris, dando a si mesmo o senso de poder que um gerente<br />
de banco sente quando confrontado por alguém que ele sabe que está<br />
pronto para solicitar um empréstimo. Pelo tamanho da delegação que<br />
acompanhou o Grão-Mestre, nós acreditamos que é<br />
altamente provável que Molay pretendia permanecer em França para<br />
reconstruir a influência templária e controlar o surgimento do<br />
indesejável debate. Infelizmente para ele, entretanto, ele falhou<br />
totalmente em compreender a total brutalidade de seu desesperado
adversário, sendo que ele pagou um terrível preço por seu erro de<br />
cálculo.<br />
Não há outra imagem de uma figura humana que seja pictórica ou<br />
quimicamente semelhante ao Sudário, e nós sabíamos através do<br />
trabalho do Dr. Mills que as circunstâncias de sua criação devem ter<br />
sido de fato muito incomuns. A avareza de Filipe, o Belo, criou aquelas<br />
circunstâncias únicas, os membros da Inquisição de Paris<br />
providenciaram os mecanismos e o infeliz Jacques de Molay tornou-se<br />
o modelo para uma imagem que intrigaria o mundo por séculos.<br />
A Inquisição era uma 'corte de justiça' fundada pela Igreja<br />
Católica Romana para o propósito expresso de erradicar todas as<br />
interpretações da escritura que desviasse da linha oficial do Vaticano;<br />
isto geralmente era obtido através da mutilação e assassinato de<br />
alguém suspeito de sustentar tais pontos de vista. Em 382 d.C., a<br />
Igreja decretou que qualquer pessoa convicta de heresia deveria ser<br />
executada, mas, assim que o Cristianismo tornou-se firmemente<br />
estabelecido e seus oponentes, tais como os vários professores<br />
gnósticos, eram silenciados, a perseguição daqueles que não<br />
interpretavam as escrituras da maneira aprovada continuou menos<br />
vigorosa. Durante um certo tempo, a Igreja contentava-se<br />
simplesmente em excomungar os hereges, mas isto conduziu a<br />
questionamentos intelectuais sobre as crenças sobrenaturais da<br />
Igreja, o que levou uma vez mais à necessidade de medidas cruéis<br />
para por um fim a este indesejável status quo. Para se assegurar que<br />
os indivíduos acusados não fossem por demais tímidos quanto à<br />
confissão de suas visões não autorizadas, à Inquisição era permitida<br />
aplicar quantidades ilimitadas de intensa dor física a qualquer um que<br />
fosse suspeito. Esta prática foi formalmente aprovada pelo<br />
inapropriadamente denominado Papa Inocêncio IV em 1252 d.C.<br />
Pouco antes do amanhecer do dia 14 de Outubro de 1307, uma sextafeira,<br />
os senescais de França lançaram-se sobre quinze mil Cavaleiros<br />
Templários que tinham ido dormir como os mais respeitados membros<br />
da santa ordem, mas eram agora brutalmente acordados como<br />
hereges acusados.
Na capital, Filipe IV observava à uma distância segura como os seus<br />
oficiais apoderaram-se do Templo de Paris e de seu conteúdo, junto<br />
com os Preceptores da Aquitânia, o Prior da Normandia e o próprio<br />
Grão-Mestre Jacques de Molay. Não houve resistência por parte dos<br />
Templários, mesmo tendo seus edifícios sido projetados para serem<br />
completamente defensíveis. Filipe considerava o Templo, que se<br />
localizava além das muralhas de sua capital, tão importante que ele<br />
compareceu em pessoa, quando este estava totalmente dominado.<br />
Interessante se faz notar que a maioria dos membros veteranos da<br />
Ordem não tenha recebido nenhum aviso da armadilha que foi<br />
lançada contra eles. Considerando que muitos secretários e oficiais<br />
devem ter visto inúmeras cópias das instruções, ou eles eram<br />
totalmente leais ao Rei ou tinham medo das represálias se<br />
divulgassem qualquer fato. As acusações de heresia teriam ajudado a<br />
preservar o segredo, pois apoiar abertamente os acusados hereges<br />
teria atraído a atenção não só dos soldados de Filipe, mas também<br />
dos sacerdotes da Inquisição que estavam encarregados do<br />
interrogatório dos membros da Ordem.<br />
Entretanto, nem tudo estava a favor de Filipe.<br />
Deve ter havido uma brecha na segurança em La Rochelle, pois<br />
um significativo número de combatentes da Ordem, e toda sua frota,<br />
desapareceu justamente na hora em que os senescais do Rei<br />
chegavam ao porto. A frota zarpou encoberta pela escuridão da noite<br />
e nunca mais foi vista novamente.<br />
Não temos nenhuma dúvida de que a maioria dos fugitivos foi parar na<br />
Escócia sob a proteção do já excomungado réu, <strong>Robert</strong> Bruce,<br />
embora acreditemos que outros navegaram em direção ao oeste em<br />
busca da terra por eles conhecida como Ia Mérica.<br />
Guilherme Imbert, o Inquisidor-Mor da França (também conhecido<br />
como Guilherme de Paris), era o confessor pessoal de Filipe, o Belo,<br />
conhecido como 'profundamente versado em todas as artes e práticas<br />
inquisitoriais’. Ele foi encarregado pelo Rei com a tarefa de extrair a<br />
confissão imediata de Jacques de Molay, através de todos os meios<br />
que ele considerasse serem apropriados.
Um Templário, chamado Jean de Foligny, rapidamente admitiu sob<br />
persuasão da Inquisição, que as cerimônias particulares dos<br />
Templários ocorriam em um oratório na pequena capela do Templo de<br />
Paris, que se localizava dentro da torre principal que também abrigava<br />
a tesouraria. Ele descreveu esta capela como um 'lugar secreto', e nós<br />
acreditamos que este era um salão sem janelas, virtualmente idêntico<br />
ao moderno Templo maçônico. Nós não fomos capazes de descobrir<br />
algum registro da decoração usada neste 'salão secreto', mas quase<br />
certamente ele possuía um pavimento quadriculado em branco e<br />
preto, paredes adornadas com símbolos não-cristãos e uma estrela<br />
presa ao teto com a letra 'G' em seu centro.<br />
Dentro deste Templo interior, possivelmente dentro de uma pequena<br />
arca de madeira, estavam quatro itens. Um crânio humano, dois<br />
fêmures e um sudário branco; exatamente como esperaríamos<br />
encontrar hoje em um Templo maçônico. Como a Igreja de Jerusalém<br />
antes deles, e a Maçonaria após eles, os Templários mantinham<br />
sudários de linho branco para envolver os candidatos para a<br />
associação principal, onde eles se submeteriam a uma morte<br />
ritualística e uma ressurreição para uma nova vida como irmãos<br />
completos dentro da comunidade a qual eles aspiravam se juntar.<br />
Das dez acusações realizadas contra os Templários, a mais ofensiva<br />
para a Inquisição deve seguramente ter sido:<br />
Eles exigiam que todo noviço cuspisse e pisasse na cruz de Cristo.<br />
A cruz, como um símbolo da ressurreição do Cristo morto, era, e ainda<br />
é, a essência primordial da fé cristã e qualquer tentativa de zombar ou<br />
diminuir sua importância teria ultrajado os sacerdotes da Inquisição de<br />
Paris. Quando eles perceberam que o Grão-Mestre da mais heróica<br />
das ordens cristãs havia pisado a cruz, sua fúria certamente não teria<br />
limites. Para Imbert, esta terrível traição a Jesus Cristo e à sua santa<br />
Igreja teria que ser vingada do modo mais forte possível. Ele havia<br />
sido autorizado através de uma bula papal a usar tortura contra todos<br />
os hereges onde e quando fosse necessário, salvo algumas exceções,
entretanto a Ordem dos Cavaleiros Templários era uma dessas<br />
poucas exceções.<br />
Jacques de Molay e seus seguidores respondiam apenas ao Papa e<br />
Imbert sabia que, sem instruções papais diretas, sua autoridade<br />
terminaria no instante momento em que apresentasse ao Grão-Mestre<br />
Templário 'a Questão'. Entretanto, Filipe esclareceu a Imbert que<br />
como Rei de França ele estava autorizado a ordenar a tortura dos<br />
principais oficiais dos Templários sob os termos da diretiva papal que<br />
ordenou a todos os príncipes cristãos 'fornecer todo o auxílio possível<br />
ao Santo Ofício da Inquisição'. Imbert agora estava satisfeito, pois ele<br />
havia sido legalmente autorizado pelo Rei a utilizar todos os meios<br />
que desejasse para obter a confissão deste Grão-Mestre herege,<br />
Jacques de Molay.<br />
Quando submetidos à tortura através de um hábil profissional, os<br />
prisioneiros, muitas das vezes quase todos, confessavam qualquer<br />
coisa que o inquisidor desejasse ouvir, mesmo quando as vítimas<br />
sabiam que tal confissão resultaria em sua imediata execução. De<br />
fato, em tais circunstâncias, a morte pode tornar-se a única ambição<br />
dos desafortunados suspeitos.<br />
O Interrogatório no Templo<br />
Tão logo o Templo de Paris foi fechado, Imbert iniciou o interrogatório<br />
do Grão-Mestre.<br />
O Templo de Paris era o centro financeiro da cidade, e assim suas<br />
celas não continham uma câmara de tortura, deste modo os<br />
instrumentos usuais de persuasão como as pranchas e as polias não<br />
estavam realmente disponíveis. Imbert, entretanto, era um homem de<br />
recursos e veio preparado com os materiais necessários para a tarefa<br />
a qual ele estava planejando, incluindo cordas, chicotes e cravos de<br />
diversos tamanhos.<br />
Nós agora descreveremos o que nós acreditamos ter acontecido com<br />
Molay nas mãos da Inquisição, e logo em seguida a linha de<br />
evidências que a apóiam.
Uma vez que ele estava ultrajado pelo uso de um cerimonial de<br />
ressurreição por parte dos Templários, que insultavam a 'verdadeira'<br />
ressurreição de Cristo, nós acreditamos que Imbert tinha a verdadeira<br />
intenção de forçar Molay a sofrer a mesma tortura que Jesus tinha<br />
sofrido. Muito provavelmente isto ocorreu no 'salão secreto' onde os<br />
Templários conduziam suas cerimônias 'obscenas', e onde Imbert<br />
havia descoberto a arca contendo o sudário, o crânio e os fêmures<br />
utilizados na cerimônia de ressurreição dos Templários. Ele sabia para<br />
o que eles eram utilizados, pois seus informantes já tinham lhe<br />
informado de uma cerimônia que envolvia o candidato, representando<br />
o papel de vítima durante a re-interpretação de um assassinato,<br />
somente para ser ressuscitado de um 'túmulo' ritual.<br />
Horrorizado e enojado, Imbert decidiu a forma de tortura que ele<br />
usaria contra Molay, que viveria para lamentar sua negação da cruz e<br />
o odioso uso destes objetos profanos.<br />
Como preliminares a qualquer tipo de tortura empreendida pela<br />
Inquisição, a vítima era desnudada, como pode ser verificado através<br />
deste comentário contemporâneo:<br />
O desnudamento é realizado sem respeito à humanidade ou à honra...<br />
Para isto eles desnudavam as pessoas por completo, até suas roupas<br />
de baixo, que mais tarde também eram retiradas mostrando-se até,<br />
com o devido perdão da expressão, seus órgãos genitais.<br />
Molay foi preso por duas cordas atadas aos seus punhos e Imbert<br />
procedeu com a tortura de sua vítima, espancando-o com um chicote<br />
de múltiplas correias, possivelmente arrematados com fragmentos de<br />
ossos.<br />
Uma coroa construída com objetos pontiagudos foi empurrada com<br />
grande força contra a cabeça do Grão-Mestre, cortando seu couro<br />
cabeludo e sua testa.<br />
É sabido que a Inquisição regularmente pregava pessoas a postes ou<br />
outros convenientes objetos como uma forma de tortura e isto é o que<br />
precisamente nós acreditamos que tenha ocorrido no Templo de Paris
naquele dia. Com a utilização de apenas três cravos, os inquisidores<br />
de Molay valeram-se de meios altamente efetivos de se extrair uma<br />
confissão.<br />
Molay foi arrastado para o objeto disponível mais próximo, talvez uma<br />
seção de um painel de madeira ou, mais provavelmente, uma grande<br />
porta de madeira. Ele foi colocado em pé em algo parecido com um<br />
escabelo e seu braço direito foi levantado, quase verticalmente, sobre<br />
sua cabeça e então pregado em um ponto localizado entre os ossos<br />
rádio e ulna no pulso, cuidadosamente evitando-se as veias. A<br />
violência do impacto do cravo na estrutura interna do braço direito de<br />
Molay fez com que seu polegar se deslocasse em direção à palma da<br />
mão tão violentamente que a junta deslocou-se e a unha do polegar<br />
alojou-se dentro da carne de sua palma da mão.<br />
Após isto, seu braço esquerdo foi estendido lateralmente e para o alto<br />
e pregado à porta em um nível mais baixo que o anterior. Feito isto, o<br />
escabelo foi retirado e seu pé direito foi pregado com um cravo<br />
colocado entre o segundo e terceiro osso metatarso. Uma vez<br />
colocado assim, o pé direito de Molay foi posto sobre o esquerdo, de<br />
modo que ambos os pés pudessem ser fixados com um único cravo.<br />
Ele não estava pendurado de uma maneira simétrica, mas em uma<br />
linha praticamente reta que partia de seu pulso ao seu pé direito, com<br />
o braço esquerdo estendido para fora. Seu ombro direito deslocou-se<br />
quase que imediatamente.<br />
A perda de sangue era mínima e ele permaneceu completamente<br />
consciente, embora ele deva ter sofrido terríveis dores.<br />
Os sacerdotes da Inquisição eram homens extremamente hábeis e<br />
eles adoravam manter um preciso controle sobre as suas<br />
desafortunadas vítimas. A prancha era um equipamento muito<br />
popular, pois a dor podia ser aplicada com aumentos consideráveis,<br />
mas os três cravos negavam-lhes este grau de requinte. Entretanto, a<br />
escolha de uma porta onde a vítima era pregada, provinha excelentes<br />
meios de um aumento instantâneo sobre os meios de persuasão. O<br />
simples ato de se abrir a porta, movimentá-la e ocasionalmente batê-la
ispidamente, teria produzido horríveis ondas de choque em direção à<br />
debilitada vítima.<br />
Esta descrição dos eventos é consistente com o deslocamento do<br />
polegar e do ombro direito que já foi identificada por peritos médicos<br />
que estudaram o Sudário. Ela também explica as direções dos fluxos<br />
sanguíneos vistos nos antebraços da imagem do Sudário.<br />
O velho Templário com seus 63 anos de idade havia conhecido<br />
uma vida de dignidade e admiração e neste instante ele se via<br />
degradado e quase destruído. Somente um homem muito forte de fato<br />
não contaria à Inquisição qualquer coisa que eles desejassem ouvir.<br />
O trauma infligido ao corpo de Molay levou à produção de grandes<br />
quantidades de ácido láctico em sua corrente sanguínea, levando ao<br />
que é conhecido como 'acidose metabólica', uma condição<br />
freqüentemente vista em atletas levados à exaustão. Esta condição<br />
produz diversos espasmos ou contrações musculares, o que foi ainda<br />
agravado pelo aumento do dióxido de carbono que ocorreu quando
Molay não pode respirar com a mesma eficiência, levando à 'acidose<br />
respiratória'. Assim que sua luta por sobreviver atingiu seu clímax,<br />
a temperatura de seu corpo subiu e o suor vertia abundantemente,<br />
seus músculos paralisaram em uma contração permanente, sua<br />
pressão sanguínea caiu e seu coração batia rapidamente - mas Imbert<br />
não pretendia deixá-lo morrer. No momento exato em que o Grão-<br />
Mestre pensava não ser possível resistir, Imbert ordenou que este<br />
fosse retirado do suplício.<br />
Agora era o momento de mostrar a Molay que o seu ridículo uso de<br />
um sudário não havia passado desapercebido pela Santa Inquisição.<br />
Assim que ele foi retirado, seus torturadores o lançaram sobre um<br />
tecido e a seção restante foi colocada sobre sua cabeça para cobrir a<br />
parte frontal de seu corpo fumegante.<br />
Molay então foi colocado sobre a mesma cama macia da qual fora<br />
retirado anteriormente naquela manhã. Sua cabeça e ombros estavam<br />
apoiados para auxiliá-lo com a respiração e os fluídos mórbidos de um<br />
homem ferido suor e sangue com altas doses de ácido láctico -<br />
corriam livremente sobre todo o seu corpo.<br />
O sudário entrou em total contato com as costas do corpo de<br />
Molay, sendo que o sangue o suor produziram uma imagem grosseira<br />
no tecido abaixo dele. O tecido sobre a frente do corpo entrou em<br />
contato com os pontos mais altos do mesmo e a evaporação do suor<br />
atravessou o sudário. Estando em uma cama macia com travesseiros<br />
que garantiam que sua cabeça estivesse elevada e seus quadris e<br />
joelhos dobrados, as mãos foram trazidas para baixo em direção ao<br />
quadril.<br />
Imbert recebeu ordens precisas de não matar o Grão-Mestre<br />
dos Templários, mas ele não tinha nenhuma intenção de tratar de um<br />
herege confesso, fazendo com que o mesmo se restabelecesse.<br />
Molay não possuía nenhum familiar na região que pudesse cuidar<br />
dele, mas seu braço direito, o Preceptor Templário da Normandia, que<br />
também estava sendo interrogado no Templo de Paris na mesma<br />
época. Nós acreditamos que a família do irmão de Geoffroy de<br />
Charney, Jean de Charney, foi chamada para tratar de ambos, estes
que estavam destinados a morrer juntos sete anos mais tarde, quando<br />
ambos foram lentamente queimados sobre uma fogueira por sua<br />
reincidência na 'heresia'.<br />
A família Charney removeu o sudário e curou suas feridas. Eles<br />
devem ter levado muitas semanas para restabelecer a Molay algo<br />
aproximado com uma condição saudável, mas suas cicatrizes nunca<br />
curaram, uma vez que dois anos mais tarde ele removeu sua camisa<br />
para mostrar aos representantes do Papa a extensão de sua tortura. O<br />
sudário estava rígido devido ao sangue e ao suor, mas, como uma<br />
peça de tecido útil, ele foi lavado, não dispensado, e o tecido de linho<br />
branco foi então dobrado e mantido na família sem maiores<br />
preocupações.<br />
A Confissão de Jacques de Molay<br />
Muitos livros sobre os Templários casualmente informam que Jacques<br />
de Molay realizou uma confissão completa, logo após sua prisão, sob<br />
ameaça de tortura. A impressão que a maioria das pessoas tem obtido<br />
através da leitura dos livros disponíveis mais comuns sobre o tema é a<br />
de que Molay forneceu uma 'confissão completa', segundo a qual ele<br />
traiu sua Ordem a Filipe, de modo a obter um pouco mais de tempo<br />
para si mesmo. Entretanto, nós descobrimos que há algumas versões<br />
mais detalhadas desta confissão que lançam uma luz muito diferente<br />
sobre a questão.<br />
Uma vez que o Grão-Mestre estava bem novamente, ele ditou sua<br />
'confissão' em uma carta que foi encaminhada para todo Cavaleiro<br />
Templário, solicitando que os mesmos fizessem o mesmo, declarando<br />
que: 'eles estavam iludidos por antigos erros'.<br />
Entretanto, embora ele admitisse a negação de Cristo, ele<br />
firmemente recusou-se a admitir o que ele se referia como: 'permissão<br />
para a prática do vício.<br />
Analisando-se isto, foi uma resposta muito curiosa para um sacerdote<br />
e líder de uma poderosa Ordem cristã. Ele estava pronto para admitir<br />
heresia, pela qual ele poderia ser queimado até a morte e passar a
eternidade no Inferno, mas negava absolutamente os atos<br />
homossexuais, que como nós descobrimos a partir de um comentário<br />
de Bonifácio VIII, eram considerados 'tão pecaminosos quanto unir as<br />
mãos em oração'.<br />
Esperaria-se mesmo de sacerdotes perseverantes que confessassem<br />
sob tortura algo tão trivial como um ato de desvio sexual, mesmo que<br />
não fosse verdadeiro, mas eles certamente morreriam em agonia<br />
antes de falsamente admitir que eles haviam negado Cristo.<br />
Entretanto, a confissão é inteiramente consistente de se ouvir de um<br />
homem que sabia que Jesus era apenas um messias judeu e não um<br />
deus. Isto também se liga aos comentários de um Templário inglês,<br />
John de Stoke, que afirmou que Molay havia-lhe dito para acreditar em<br />
um único Deus onipotente, que criou o céu e a terra, e não na<br />
Crucificação.<br />
Sob tortura, o Grão-Mestre confessou a metade das acusações que o<br />
conduziriam à sua morte, parecendo muito provável que o mesmo<br />
tivesse contado a verdade. Os Templários não praticavam<br />
homossexualidade, assim ele negou, mas ele admitiu que ele não<br />
acreditava que Jesus ou qualquer outro homem fosse um deus, uma<br />
vez que há somente um Deus - e sendo assim, ele rejeitou a cruz<br />
como um símbolo.<br />
Registra-se que Molay tenha realizado sua primeira confissão verbal<br />
diante da Universidade de Paris, no domingo, 15 de Outubro. Isto<br />
ocorreu somente dois dias após sua prisão e, se esta versão for<br />
correta, Imbert deve tê-lo persuadido a confessar rapidamente,<br />
provavelmente no dia de sua prisão, uma vez que ele não teria se<br />
restabelecido suficientemente de sua tortura para ser capaz de falar.<br />
Foram dez dias mais tarde que Molay escreveu sua declaração de<br />
confissão onde ele admitia a negação de Cristo e da cruz, mas<br />
veementemente negava as outras acusações de atividades<br />
homossexuais. A próxima etapa do processo de confissão ocorreu no<br />
início do ano seguinte quando Molay e os Grão-Priores da Aquitânia e<br />
da Normandia foram levados à cidade de Chinon para uma audiência<br />
com o Papa Clemente, onde uma vez mais confessou a negação de
Cristo e da cruz. Clemente refere-se a esta reunião em uma carta<br />
particular que ele escreveu a Filipe, datada de 30 de Dezembro de<br />
1308, na época em que ele mantinha o Rei completamente informado<br />
dos procedimentos contra os Templários.<br />
Clemente agindo de acordo com a 'sexta condição' exigida por Filipe<br />
IV; publicamente admitiu que o rei francês havia atuado dentro de<br />
seus direitos legais, sob os termos da diretiva papal que ordenou a<br />
todos os príncipes cristãos 'fornecer todo o auxilio possível ao Santo<br />
Ofício da Inquisição'. O ataque aos Templários foi dirigido contra os<br />
interesses de Clemente e demonstrou ao mundo que Filipe não<br />
precisa do consentimento do Papa para proceder contra uma ordem<br />
que estava diretamente sob a proteção papal. Não há dúvida de que o<br />
hábil Rei havia se cercado de todos os meios de chantagem para<br />
persuadir o Papa a concordar com a sexta condição secreta de Filipe.<br />
Para confirmar sua posição, Filipe reuniu a Assembléia de Estado em<br />
Tours em 1308, e obteve deste encontro uma declaração de seu<br />
direito real de punir hereges notórios sem a necessidade do<br />
consentimento do Papa. Parece que Clemente tentou resistir ao<br />
consentimento da prisão dos Templários realizado por Filipe, pois é<br />
sabido que ele tentou escapar de Roma, através de Bordeaux, mas<br />
infelizmente sua comitiva, seus tesouros e sua santa pessoa foram<br />
impedidos pelas tropas reais e o Papa tornou-se um prisioneiro virtual<br />
de Filipe desde então.<br />
Clemente requereu a formação de uma comissão papal para<br />
investigar a culpa da Ordem e, em uma quarta-feira, 26 de Novembro<br />
de 1309, Molay foi trazido diante desta comissão em Viena. Cartas<br />
foram escritas para ele que afirmavam que ele previamente havia<br />
realizado uma confissão completa de todas as acusações colocadas<br />
contra ele. O Grão-Mestre imediatamente explodiu com raiva,<br />
veementemente negando que ele tivesse confessado as acusações de<br />
práticas homossexuais. A resposta de Molay foi tão agressiva que os<br />
bispos da comissão exigiram que ele moderasse o seu tom. Ele não<br />
negava sua confissão a respeito de sua rejeição de Cristo como um<br />
deus em forma humana.
No dia seguinte, quando ele havia recuperado sua compostura, Molay<br />
realizou esta declaração à comissão:<br />
Se eu mesmo ou outros Cavaleiros produzimos confissões diante do<br />
Bispo de Paris, ou de qualquer outro, nós traímos a verdade - nós<br />
recuamos diante do medo, do perigo e da violência. Nós fomos<br />
torturados por nossos inimigos.<br />
Ele removeu sua camisa e mostrou à assembléia de bispos as<br />
marcas que a tortura havia produzido em seu corpo.<br />
A 28 de Março de 1310, após uma acusação pública, centenas de<br />
Templários em Paris exigiram serem trazidos diante do Papa, mas<br />
esta audiência foi negada por Filipe.<br />
O Papa redigiu, neste momento, um ato de acusação contra os<br />
Templários que declarava que, quando de seus ingressos, aos<br />
iniciados ao Templarismo era exigido a negação do nascimento<br />
virginal e afirmação de que Cristo não era o verdadeiro Deus, mas um<br />
profeta que foi crucificado por seus próprios crimes e não pela<br />
redenção do mundo. Era declarado também que eles cuspiam e<br />
pisoteavam a cruz, especialmente na Sexta-Feira Santa.<br />
Quando ele não podia mais utilizar a desculpa de coleta de evidências<br />
para atrasar o processo, Clemente convocou uma reunião do conselho<br />
geral em Viena. A 10 de Outubro de 1311, o Papa Clemente e cento e<br />
quatorze bispos reuniram-se para decidir o destino dos Templários. A<br />
maioria dos bispos de fora de França se recusou a aceitar a culpa dos<br />
Templários, e deste modo Clemente encerrou o concilio e continuou a<br />
fazer nada. Quatro anos mais tarde, Filipe encontrou-se com<br />
Clemente e tiveram 'uma conversa particular', sendo que logo após, a<br />
22 de Março de 1313, Clemente aboliu a Ordem valendo-se de sua<br />
própria autoridade, sem declará-la culpada ou inocente. O concilio<br />
geral foi reconvocado a 03 de Abril e, na presença do Rei e de sua<br />
guarda real, o Papa leu sua Bula de Abolição. A 02 de Maio, a bula foi<br />
publicada e a Ordem dos Cavaleiros Templários oficialmente deixou<br />
de existir.
Clemente, permitiu que Filipe cobrasse as despesas de tudo contra o<br />
espólio dos Templários, de modo a cobrir os custos de suas<br />
investigações e o aprisionamento dos suspeitos. Estes 'custos<br />
legítimos' rapidamente absorveram as posses da Ordem em França.<br />
A Negação Final<br />
Filipe, o Belo, nunca pretendeu dar aos Templários um julgamento<br />
justo. Em 1308, o Rei levou Clemente a publicar uma bula papal a 12<br />
de Agosto que fornecia os resultados do exame e das confissões de<br />
vários Templários que nem mesmo haviam sido interrogados até 17<br />
de Agosto! Então em 1310, quando Clemente conclamou a Ordem a<br />
se defender e mostrar a boa causa do porquê ela não deveria ser<br />
suprimida, registrou-se que quinhentos e trinta e seis Cavaleiros<br />
Templários apresentaram-se com a promessa de Filipe de que eles<br />
não estariam em perigo.<br />
Quando eles se apresentaram diante da comissão papal em Paris,<br />
eles contaram como eles haviam sido terrivelmente torturados; um<br />
cavaleiro chamado Bernardo de Vardo mostrou aos comissários uma<br />
caixa contendo ossos escurecidos que tinham caído de seus pés<br />
quando eles foram colocados sobre um braseiro.<br />
Tendo reunido todos os Templários, o Rei quebrou sua promessa e<br />
então os aprisionou e os processou. Muitos deles confessaram<br />
previamente sob tortura, e sua tentativa de defesa diante da comissão<br />
papal foi encarada como recaída na heresia - a penalidade para tal era<br />
ser condenado à fogueira. Os Templários foram traídos pelo fato de se<br />
declararem inocentes. O Rei os encaminhou à fogueira em grupos; em<br />
uma só ocasião, quando cinqüenta e quatro Cavaleiros morreram nas<br />
chamas de uma fogueira sob o controle de Filipe de Marigni, o<br />
Arcebispo de Sens, registrou-se que as vítimas gritavam em agonia,<br />
mas nenhum deles admitiu sua culpa.<br />
O ódio de Filipe contra os Templários não conhecia limites, mas ele<br />
mesmo se sobrepujou quando foi ordenado que os restos mortais do<br />
antigo tesoureiro da Ordem, morto há aproximadamente um século,
que não tinha garantido o resgate do avô do Rei, deveriam ser<br />
desenterrados e queimados.<br />
A lista final de acusações contra os Templários era mais específica do<br />
que a original. A afirmações contra eles eram as seguintes:<br />
1. A negação de Cristo e a maculação da cruz.<br />
2. A adoração de um ídolo.<br />
3. A realização de Sacramentos pervertidos.<br />
4. Assassinatos rituais.<br />
5. A utilização de uma corda com significados heréticos.<br />
6. O beijo ritual.<br />
7. Alteração do cerimonial da Missa e a adoção de uma forma pouco<br />
ortodoxa de absolvição.<br />
8. Imoralidade.<br />
9. Traição às outras divisões das forças cristãs.<br />
De acordo com o historiador templário, Bothwell Gosse, eles<br />
provavelmente eram culpados da primeira, quinta, sexta e sétima<br />
acusações. Ele concluiu que pode haver algo de verdadeiro na oitava<br />
acusação, mas eles eram totalmente inocentes da segunda, quarta e<br />
nona (ele não fez nenhum comentário a respeito da terceira).<br />
A acusação de que eles utilizavam uma corda com significados<br />
heréticos imediatamente nos traz à mente a corda ou o laço que todo<br />
candidato à Maçonaria tem que usar em sua iniciação. Nós havíamos<br />
descoberto uma escultura em Rosslyn com um Templário barbado<br />
segurando uma corda semelhante em torno do pescoço de um<br />
candidato. A acusação de assassinatos rituais também poderia ser<br />
verdadeira se for enfatizada a palavra 'rituais' e nós tomamo-la como<br />
se referindo à morte simbólica de todo candidato ao Templarismo/<br />
Maçonaria, anteriormente à sua ressurreição.<br />
Jacques de Molay, o Grão-Mestre, Geoffroy de Charney, Preceptor da<br />
Normandia, Hugues de Peyraud e Guy de Auvergne foram mantidos<br />
aprisionados antes mesmo de Clemente instituir uma comissão papal,<br />
formada pelo Bispo de Alba e dois outros cardeais, não para ouvir os
prisioneiros, mas, tomando suas culpas como certas, para pronunciarlhes<br />
suas sentenças. Filipe queria o máximo de publicidade para a<br />
divulgação das sentenças dos comandantes templários e ordenou<br />
uma demonstração pública dos culpados. O Arcebispo de Sens e os<br />
três comissários papais tomaram seus lugares em um palco<br />
especialmente construído a 18 de Março de 1314, diante de uma<br />
enorme multidão que havia comparecido para ver o destino dos quatro<br />
Templários. Um grande silêncio cobriu toda a praça assim que os<br />
distintos prisioneiros foram trazidos de seus calabouços para a<br />
plataforma. O Bispo de Alba fez a leitura de suas alegadas confissões<br />
e pronunciou a sentença de prisão perpétua, mas no momento em que<br />
ele se preparava para explicar a razão dos crimes, ele foi interrompido<br />
pelo Grão-Mestre que insistia em falar para a multidão reunida. Parece<br />
provável que Molay tenha dito ao Bispo que ele estava preparado para<br />
se levantar e confessar seus pecados pessoalmente à multidão. Foilhe<br />
permitido falar:<br />
É justo que em um dia tão terrível e nos últimos momentos de minha<br />
vida, eu tenha descoberto toda a iniqüidade da falsidade, e faça a<br />
verdade triunfar. Eu declaro, então, frente aos céus e à terra, e<br />
reconheço, apesar de minha vergonha eterna, que eu tenho cometido<br />
o maior dos crimes, mas...<br />
Sem dúvida, Molay interrompeu o tom de seu discurso neste momento<br />
para pegar de surpresa seus perseguidores.<br />
... Este tem sido de conhecimento daqueles que têm estado tão<br />
ilicitamente acusado a Ordem. Eu atesto - e a verdade me obriga a<br />
atestar - de que ela é inocente! Eu declarei em contrário somente para<br />
suspender a excessiva dor infligida pela tortura e para tranqüilizar<br />
aqueles que me fizeram tolerá-los. Eu conheço as punições que têm<br />
sido infligidas a todos os Cavaleiros que tiveram a coragem de revogar<br />
uma confissão similar; mas o terrível espetáculo que me é<br />
apresentado não é capaz de fazer-me confirmar uma mentira através
de outra. A vida que me é oferecida sob tão infames termos eu<br />
abandono sem pesar.<br />
Não havia, é claro, jornalistas no meio da multidão aquele dia e<br />
certamente não havia nenhum roteiro escrito, então nós temos que<br />
aceitar que as palavras registradas devem ser baseadas nas<br />
memórias de algumas das pessoas um pouco mais letradas presentes<br />
à ocasião. Embora os detalhes não possam ser completamente<br />
corretos, é razoável presumir que as palavras chaves foram ditas e<br />
que o sentimento geral esteja praticamente intacto.<br />
Molay parece ter provocado seus torturadores um pouco mais além do<br />
que eles pensavam, pois enquanto se pensava que ele estaria<br />
acomodado com suas acusações e pretenderia continuar vivo, ele<br />
então muito espertamente transforma sua aparente confissão em uma<br />
negação de culpa. A parte mais interessante do discurso, entretanto, é<br />
aquela que não foi dita!<br />
O Grão-Mestre declara que a verdade o obriga a atestar que os<br />
Templários são inocentes. Eles eram de fato e verdadeiramente uma<br />
boa e devotada ordem, mas não uma ordem cristã, pois em nenhum<br />
lugar das cento e três palavras pronunciadas por Molay é mencionado<br />
Jesus Cristo. Seria de se esperar que o líder sacerdotal desta<br />
aparente organização cristã utilizar-se-ia desta última oportunidade<br />
para reafirmar seu amor a Cristo se ele estivesse tentando provar que<br />
as declarações sob tortura de que ele negava o salvador eram<br />
inverídicas. Por que ele não disse algo como: 'A Ordem é inocente e<br />
eu solenemente expresso o meu amor e devoção a Jesus Cristo, o<br />
salvador do mundo'?<br />
Dentro de sua capacidade como o último Sumo Sacerdote de Yahweh,<br />
Molay afirmou que a Ordem era 'inocente'; que em seu ponto de vista<br />
certamente o era... Mas, ele não se referiu à principal acusação contra<br />
ela e anunciara que: 'A Ordem é inocente da negação de Cristo'.<br />
Este Grão-Mestre dos Rex Deus e seus seguidores fizeram muitas<br />
referências a Deus, mas nós não conhecemos nenhuma referência<br />
qualquer que fosse a Jesus Cristo - mesmo neste discurso de partida
de inocência. A partir do tom das palavras proferidas por Molay, nós<br />
apreendemos que, uma vez que ele tinha abertamente confessado a<br />
rejeição da Ordem a Jesus como o Filho de Deus, ele tinha sido<br />
forçado a dizer que ele aceitava aquele comportamento iníquo e que<br />
todos os Templários eram, portanto, pecadores. Diante da multidão<br />
em Notre Dame, ele apresentava o registro correto; eles não eram<br />
pecadores e eles eram detentores da maior das verdades. Jesus<br />
Cristo como 'o Filho de Deus' simplesmente não era aceita por ela.<br />
A reação de Molay causou grandes manifestações de apoio e<br />
Geoffroy de Charney permaneceu ombro a ombro com ele. Os<br />
comissários pararam os procedimentos para relatar a terrível situação<br />
a Filipe. Sua resposta foi imediata; sem buscar a autoridade papal<br />
Filipe, sem hesitar, condenou ambos os Templários às chamas. No dia<br />
seguinte, em uma pequena ilha do rio Sena, chamada Íle des Javiaux,<br />
os dois Templários foram finalmente levados à morte, um após o<br />
outro. Os registros nos contam que Jacques de Molay e Geoffroy de<br />
Charney foram vagarosamente queimados, primeiro em seus pés e<br />
então em suas genitálias, para assegurar que o sofrimento durasse o<br />
máximo possível. Enquanto sua carne era queimada vagarosamente,<br />
Molay amaldiçoou tanto Clemente quanto Felipe, convocando-os a<br />
comparecer diante do Juiz Supremo (Deus) dentro de um ano.<br />
Quando a morte finalmente chegou, afirmou-se que muitos<br />
espectadores derramavam lágrimas diante da bravura dos dois<br />
Templários e durante a noite suas cinzas foram secretamente<br />
coletadas e preservadas como relíquias.<br />
As mortes de Molay e Charney foram registradas em uma crônica<br />
popular em verso de autoria de Godofredo de Paris que diz que Molay<br />
insistiu que suas mãos não fossem amarradas para que ele pudesse<br />
uni-Ias em oração durante seus momentos finais. O último comentário<br />
de Molay sobre os seus acusadores foi:<br />
Deixai o mal rapidamente atingir aqueles que tão fortemente nos<br />
condenou - Deus vingará nossas mortes.
Relata-se que Charney completou as seguintes palavras enquanto o<br />
corpo de Molay queimava - palavras estas que rapidamente se<br />
difundiram por toda França:<br />
Eu seguirei o caminho de meu Mestre, como um mártir vós o<br />
assassinaram. Isto vós fizestes e nada mais sabeis. O desejo de<br />
Deus, neste dia, é que eu morra como ele na Ordem.<br />
Nós já citamos em diversas ocasiões um intrigante livro anônimo<br />
que narra certos aspectos dos Templários detalhadamente. Do porquê<br />
uma pessoa escreveria um livro como Sociedades Secretas da Idade<br />
Média e permaneceria anônimo, não conseguimos entender. O<br />
indivíduo pode ter sido uma pessoa bem conhecida, talvez um político<br />
ou mesmo um clérigo, mas de tudo o que fomos capazes de checar,<br />
ele certamente estava bem informado. Pois tudo que foi possível ser<br />
checado tem se mostrado muito preciso, deste modo nós nos<br />
preparamos para aceitar seriamente outros fatos que ele apresentou.<br />
Eis as suas palavras:<br />
Nós não fomos capazes de negar que ao tempo da supressão da<br />
Ordem do Templo houvesse uma doutrina secreta existente, e que a<br />
queda do poder papal com sua idolatria, superstição e impiedade, foi o<br />
objeto declarado por aqueles que a organizavam, e que a Maçonaria<br />
possa possivelmente ser aquela mesma doutrina apenas sob outro<br />
nome.<br />
Infelizmente, o autor (que claramente não era um Maçom) não<br />
desenvolve este ponto. Nossas próprias pesquisas estabeleceram<br />
uma linhagem direta entre os Templários que fugiram para a Escócia e<br />
a Maçonaria, há praticamente nenhuma dúvida de que as formas<br />
presbiterianas e mais tarde episcopais da Maçonaria opuseram-se ao<br />
poder católico na Inglaterra. Desde a unificação da Maçonaria Inglesa<br />
em 1813, a Grande Loja Unida da Inglaterra e todas as outras<br />
Grandes Lojas tem sido escrupulosa ao evitar a emissão de qualquer<br />
opinião política ou religiosa.
Conclusão<br />
Jacques de Molay foi preso no Templo de Paris na manhã de 13 de<br />
Outubro de 1307, enquanto o Rei observava de uma distância segura.<br />
Os Templários não ofereceram resistência e o Grão-Mestre foi<br />
torturado em busca de uma confissão. Ele admitiu a negação de Cristo<br />
pela Ordem, mas firmemente recusou em admitir que os Templários<br />
entregavam-se às práticas homossexuais.<br />
Nossa teoria de que Molay foi crucificado e que era sua a imagem<br />
representada no Sudário tem sido sustentada pelos seguintes fatos<br />
conhecidos:<br />
1. A data coincidia com a datação de carbono do tecido do Sudário.<br />
2. Nós possuíamos uma explicação do porquê um sudário estaria<br />
disponível. (Utilizado para as cerimônias de ressurreição. Os Maçons<br />
ainda utilizam tais sudários hoje em dia).<br />
3. Nós possuíamos dois motivos para uma crucificação (A Inquisição<br />
tinha que se valer de uma forma de tortura que não necessitasse de<br />
grandes equipamentos, e Imbert sabia que os Templários haviam<br />
negado Cristo e 'zombado' de sua ressurreição através de cerimônias<br />
heréticas, tal era a poética da justiça).<br />
4. Nós sabíamos que as vítimas da Inquisição eram freqüentemente<br />
desnudas e que a Inquisição tinha como reputação o fato de pregar<br />
pessoas a convenientes objetos.<br />
5. Nós sabíamos através da evidência da imagem que a vítima estava<br />
certamente ainda viva, pois ela foi colocada em uma cama e não<br />
sobre uma lousa de pedra.<br />
6. Nós sabíamos que Molay apresentou suas feridas em uma data<br />
posterior.<br />
O caso para a hipótese de Molay estava bem estruturado, mas<br />
ainda precisávamos de mais evidências antes que pudéssemos estar<br />
certos.
Jacques de Molay morreu na fogueira após repudiar sua confissão de<br />
que a Ordem havia pecado, mas ele conspicuamente negou que<br />
Cristo fosse o Filho de Deus.<br />
9<br />
O Culto ao <strong>Segundo</strong> <strong>Messias</strong><br />
Um Tempo de Profecias<br />
Nos primórdios do século XII, o Judaísmo como religião estava em um<br />
estado de declínio praticamente terminal. O conceito dirigente da<br />
religião era a idéia do povo escolhido e o messias que os lideraria até<br />
o seu destino.<br />
Os judeus acreditavam que a chegada do messias seria anunciada<br />
através do retorno do profeta Elias quando os 'Últimos Dias' da antiga<br />
ordem chegariam e o espírito de Elias apareceria como um pregador<br />
judeu e assim, anunciaria o novo Rei. Estes ensinamentos<br />
encorajaram os eruditos judeus a procurar pelos 'sinais dos Tempos' e<br />
tentar prever o 'Fim dos Dias'.<br />
Sete anos após os Templários terem fundado sua nova Ordem do<br />
Templo, uma criança judia chamada Moisés Ben Mainon nasceu em<br />
Córdoba, que fazia parte então da Espanha Mourisca e um dos<br />
poucos lugares onde os judeus eram respeitados e seus<br />
ensinamentos aceitos. Seu nascimento coincidiu com o aniversário da<br />
morte de Jesus: a véspera da Páscoa Judaica no ano de 4895, que no<br />
calendário cristão correspondia a 30 de Março de 1135.<br />
Embora ele tenha nascido com o nome Maimon, ele tornou-se<br />
conhecido como Moisés Maimonides. Ele cresceu em uma civilização<br />
mourisca islâmica que atingiu o pico de seu desenvolvimento e,<br />
diferentemente da Europa cristã, a intelectualidade foi encorajada e<br />
admirada como qualidade. Sua educação religiosa inspirou-o a<br />
estudar a completa herança do povo judaico que é, certamente, muito
mais do apenas uma religião, como a Lei contida nas regras de viver<br />
que fazem parte da existência do povo.<br />
Escrevendo para um colega rabino ele dizia:<br />
Embora desde minha infância a Torah faça parte de mim e continue a<br />
morar em meu coração como a esposa de minha juventude, em cujo<br />
amor eu descobri constante deleite, estranhas mulheres que eu vi pela<br />
primeira vez como criadas em meu lar, tornaram-se suas rivais e<br />
tomam muito do meu tempo.<br />
Essas outras rivais de sua afeição eram as ciências em geral e a<br />
ciência da medicina em particular, que o levaram a tornar-se um<br />
respeitado médico logo seria elevado ao cargo de médico da corte de<br />
Saladino. Ele era um brilhante cientista médico e seus livros sobre o<br />
tema tornaram-no uma figura notória através de todo o mundo erudito.<br />
Estes livros eram de uso geral; eles não continham nada de ofensivo<br />
às visões religiosas dos muçulmanos ou dos cristãos, e por isso foram<br />
largamente difundidos, sendo até traduzidos para o latim por monges<br />
cristãos.<br />
O interesse sobre trabalhos médicos de Maimonides freqüentemente<br />
tem levado os leitores a procurar os seus pensamentos a respeito de<br />
outras matérias, e ele tornou-se um dos mais respeitados e bemconhecidos<br />
rabinos judaicos do mundo medieval. Ele escreveu em<br />
diversas línguas e em um trabalho em árabe, chamado Guia à<br />
Perplexidade, ele harmonizou a fé e a razão através da reconciliação<br />
dos dogmas do Judaísmo rabínico com o racionalismo da filosofia<br />
aristotélica. Aqui ele se debateu com conceitos complexos como a<br />
natureza de Deus e a Criação, o livre arbítrio e o problema de se<br />
definir o bem e o mal. Seu sofisticado e ainda claro pensamento serviu<br />
de influência aos principais filósofos cristãos, tais como São Tomás de<br />
Aquino e São Alberto Magno.<br />
Quando os judeus do Iêmen tiveram um sério problema religioso, era<br />
natural que eles consultassem Maimonides atrás de sua orientação.<br />
Em sua resposta, o rabino contou-lhes que a força da profecia
etornaria a Israel em 1210 d.C. - após o que o messias retornaria.<br />
Não sendo de maneira surpreendente, ele também solicitou que esta<br />
informação fosse mantida longe do público comum.<br />
Em 1170, o Shiite Mahdi, governante do Iêmen, surpreendente exigiu<br />
que todos os judeus, que viviam lá desde a Diáspora, tornassem-se<br />
muçulmanos imediatamente ou morreriam. Nesta época, um<br />
renascimento do movimento messiânico judaico iniciou-se no Iêmen e<br />
foi difundido por outras terras, criando uma crença geral que a<br />
chegada prometida do messias estava por acontecer. Muitos judeus<br />
ortodoxos começar a repensarem os seus pecados, desfazendo-se de<br />
suas propriedades e dando-as aos pobres. A comoção messiânica<br />
parece ter piorado a situação dos judeus no Iêmen, tanto que Jacob al<br />
Fayumi escreveu a Maimonides, o sábio de Fostat, em busca de<br />
conselho. A resposta de Maimonides encontra-se em uma famosa<br />
carta aos judeus do Iêmen conhecida como Iggert Teman.<br />
Nesta carta, que se tornou bem conhecida nos centros europeus de<br />
ensinamento, ele também realizou comentários sobre a vinda do<br />
messias judeu, baseados em seu extenso estudo da literatura judaica<br />
que afirmava que o messias estaria escondido na Grande Sé de<br />
Roma.<br />
Esta profecia declarava muito claramente que o novo messias<br />
apareceria como um membro da Igreja Romana, mas que<br />
secretamente seria o novo messias de Yahweh!<br />
Ao escrever aos judeus do Iêmen, ele sumarizou esta seguinte<br />
tradição popular e reafirmou o seu significado contemporâneo:<br />
O Rei <strong>Messias</strong> surgirá e restaurará o reinado de David a seu estado<br />
original. O <strong>Messias</strong> será um mortal que morrerá e será sucedido por<br />
seus herdeiros que reinaram após ele... 'Então o Senhor vosso Deus<br />
tornará ao vosso cativeiro e reunir-vos-ão.<br />
Nós achamos a escolha das palavras utilizadas por Maimonides muito<br />
interessante. Ele associa a palavra 'messias' com a palavra 'rei' o que<br />
indica que ele estava consciente de que havia também um messias
sacerdotal. Ele também afirmou por sua vez que aquilo que todo judeu<br />
apreciaria que este rei messiânico surgiria para re-estabelecer a<br />
linhagem real de David: uma dinastia monárquica ao invés de um<br />
homem-deus como os cristãos acreditam ter encontrado.<br />
Esta profecia, difundida através do maior erudito judeu dos tempos<br />
medievais, foi estudada pelos eruditos cristãos por toda a Europa. Ela<br />
era muito importante para a Igreja de Roma, que obviamente possuía<br />
um interesse velado em não encontrar nenhum tipo de segundo<br />
messias aparecendo, uma vez que tal idéia poderia minar sua<br />
autoridade que era derivada do primeiro messias. Muitas pessoas bem<br />
informadas estavam conscientes de que um dos mais importantes<br />
pregadores judeus a aparecer por muitos anos havia previsto a<br />
chegada iminente de um messias - que poderia estar ligado à Igreja<br />
Romana.<br />
Outro homem, que como Maimonides nascera em 1135, foi também<br />
uma peça fundamental no desenvolvimento de uma crença sobre a<br />
chegada de um novo messias. Seu nome era Joachim de Fiore e ele<br />
tornou-se um abade calabrês que tinha visões apocalípticas do futuro,<br />
baseadas em um estranho, mas altamente desenvolvido sistema<br />
numérico de análise bíblico, Assim como os Arcanos Maiores e<br />
Menores do baralho do Tarô possuíam um método numérico de<br />
ligação das cartas com o mundo interior para com o mundo exterior,<br />
os cálculos de Joachim relacionavam os eventos do Antigo<br />
Testamento com aqueles ocorridos no Novo Testamento.<br />
Ele calculou que a 'Era do Filho' estava se aproximando do fim e que a<br />
'Era do Espírito' brevemente surgiria. Ele acreditava que existiram<br />
quarenta e duas gerações entre Adão e Jesus e, para ele, a nova era<br />
iniciaria a exatamente quarenta e duas gerações após Jesus, que,<br />
segundo ele, começaria por volta do ano de 1260. O abade afirmou<br />
que isto não seria uma transição tranqüila uma extensa batalha contra<br />
o Anti-Cristo deveria ser lutada e vencida, antes que a maravilhosa<br />
nova era pudesse se iniciar.<br />
Após sua morte, as idéias de Joachim rapidamente tornaram-se de<br />
conhecimento público e logo após foram desenvolvidas por outros
pensadores em diversos modos. Alguns, que fundaram um grupo no<br />
derradeiro ano de 1260, se auto-proclamavam de Irmãos Apostólicos<br />
e iniciaram uma resistência armada contra a Igreja de Roma. Eles<br />
acreditavam que Deus havia retirado sua autoridade do Papa e todo o<br />
seu clero seria muito em breve destruído em uma eminente batalha<br />
que conduziria à 'Era do Espírito'. Em 1304, os Irmãos Apostólicos<br />
tomaram o caminho dos altiplanos dos vales alpinos para esperarem<br />
pelo fim do mundo - que para eles, exatamente como para os<br />
Templários, chegaria em 1307 quando foram sufocados pelas tropas<br />
da Igreja no Monte Rebello.<br />
Para a população da Europa, a aurora do século XIV foi uma época<br />
terrível. A Igreja estava falhando para com o seu povo e o esperado<br />
messias ainda não tinha chegado. A visão apocalíptica de Joachim<br />
rapidamente tornou-se muito real no exato momento em que a Peste<br />
Negra começou a envolver mortalmente a totalidade do mundo cristão.<br />
O Mundo Cristão em Necessidade<br />
No momento em que Jacques de Molay era sacrificado na fogueira,<br />
ele havia amaldiçoado Filipe IV e o Papa Clemente. Dentro do período<br />
de três meses ambos estavam mortos.<br />
Filipe, que tinha uma grande paixão pela caça, caiu de seu cavalo<br />
durante uma caçada e morreu logo em seguida. Clemente morreu de<br />
febre, que alguns afirmam ter se originado do vinho da cerimônia<br />
eucarística que estaria envenenado e que teria sido trazido por um de<br />
seus próprios sacerdotes durante a celebração da Missa, mas,<br />
provavelmente, ele tenha sucumbido a um câncer de intestino que o<br />
havia invalidado dois anos antes.<br />
O que era mais significativo para a supersticiosa população européia<br />
do século XIV foi o apropriado e assustador destino do corpo de<br />
Clemente após sua morte. Seu cadáver estava sendo velado em<br />
público quando uma tempestade surgiu durante a noite e um<br />
relâmpago atingiu a igreja e transformou o edifício em uma bola de
fogo. Antes de o incêndio ser extinto, o corpo de Clemente tinha sido<br />
completamente incinerado.<br />
Para muitos parecia que o Juiz Supremo havia dado o seu veredicto<br />
sobre o verdadeiro culpado.<br />
Outro Templário ao ser sacrificado na fogueira intimou o principal<br />
seguidor do Rei, Guilherme de Norgaret, a comparecer com ele diante<br />
do trono de deus dentro de oito dias. Parece provável que Norgaret<br />
possa ter tido uma ajuda para marcar este compromisso, pois, dentro<br />
de uma semana, ele também estava morto.<br />
A história das mortes dos inimigos do Grão-Mestre difundiu-se por<br />
toda França, rapidamente construiu uma reputação de que o espírito<br />
de Molay continuava vivo, e tinha o poder de invocar a ira de Deus<br />
contra os seus perseguidores. A lenda cresceu e, mesmo à época da<br />
Revolução Francesa, afirmava-se que um dos espectadores da<br />
decapitação de Luís XVI mergulhou suas mãos no sangue do Rei e<br />
respingou-o na coroa gritando: Jacques de Molay, vós fostes vingado!<br />
Para que alguém seja considerado um grande herói cultural, o<br />
principal pré-requisito é que esteja morto. Do próprio Jesus aos mais<br />
recentes e menos importantes ícones como Che Guevara, James<br />
Dean ou Buddy Holy, a lenda que sobrevive a eles se sobrepõe a<br />
qualquer fama que eles possam ter desfrutado durante suas vidas. Se<br />
as circunstâncias do falecimento são extraordinariamente poderosas<br />
ou chocantes - ainda melhor. Jacques de Molay morreu de um modo<br />
terrível e através de uma morte pública que representou não somente<br />
o término de uma ordem de cruzados uma vez importante, mas<br />
também a morte de um glorioso período de orgulho do Ocidente, onde<br />
cavaleiros pareciam possuir poderes praticamente mágicos na batalha<br />
para o estabelecimento da luz sobre as trevas. Nos meados do século<br />
XIV, a Igreja estava em um período de declínio e diversas<br />
circunstâncias estavam surgindo que poderiam produzir resultados<br />
desastrosos para ela.<br />
Mais de quarenta e três anos após a morte de Molay, as lembranças e<br />
as lendas a respeito dele tinham as necessárias qualificações para<br />
transformá-lo na figura fundadora de um culto ameaçador. A
expectativa sobre um segundo escolhido encontrava-se em toda parte,<br />
graças às bem conhecidas profecias de Maimonides, e o povo<br />
acreditava que a praga e outros desastres eram o início das primeiras<br />
manifestações apocalípticas da chegada do <strong>Messias</strong>. Os dois<br />
principais inimigos de Molay haviam rapidamente morrido em<br />
estranhas circunstâncias que tinham elevado-o ao posto de uma<br />
grande figura e, como já sabíamos, suas cinzas e seus ossos<br />
carbonizados foram considerados como sendo relíquias praticamente<br />
sagradas.<br />
Uma geração após a morte de Molay, a Europa sofria numerosos<br />
desastres. Em 1345, Roma foi atingida por uma grande inundação;<br />
dois anos mais tarde houve uma revolução; e dois anos mais tarde<br />
novamente um terremoto de proporções consideráveis danificou<br />
pesadamente todas as três grandes basílicas. Após tudo isto, o maior<br />
dos horrores de todos os tempos aconteceu.<br />
A Peste Negra, uma forma da peste bubônica, é causada pela bactéria<br />
Yersina pestis, e é transmitida aos seres humanos através de pulgas e<br />
ratos infectados. As vítimas normalmente apresentavam febre,<br />
nódulos linfáticos dolorosos, inchados e hemorrágicos que ficavam<br />
negros: por isso o nome comum desta terrível doença. Ela é<br />
facilmente transmitida através da saliva quando a pessoa tosse ou<br />
espirra.<br />
Acredita-se que a Peste Negra começou como uma epidemia no<br />
Deserto de Gobi na década de 1320 e espalhou-se para a China, onde<br />
ela matou praticamente uma em cada três pessoas, rapidamente<br />
reduzindo a população em estarrecedores trinta e cinco milhões. Ela<br />
foi então transmitida ao longo das rotas comerciais em direção à Índia,<br />
ao Oriente Médio e à Europa. Em 1349, a praga havia matado um<br />
terço da população do mundo islâmico. Dois anos antes, os<br />
Kipchacks, nômades das estepes euro-asiáticas, deliberadamente<br />
infectaram a comunidade européia com a doença, catapultando<br />
corpos infectados dentro de um posto comercial genovês situado na<br />
Criméia. A partir da Criméia, os genoveses inadvertidamente<br />
trouxeram a doença para a Sicília em um navio carregando ratos
infectados, e em 1347, a Peste Negra difundiu-se através da Sicília,<br />
Norte da África, Itália, França e Espanha. Em 1349, ela havia<br />
devastado a Hungria, Áustria, Suíça, Inglaterra, Alemanha, Holanda,<br />
Bélgica e Dinamarca e em 1350 ela atingiu a Suécia e a Noruega<br />
onde matou mais pessoas do que deixou sobreviver.<br />
Os noruegueses então levaram a doença até a distante Islândia e daí<br />
à Groenlândia, onde a praga pode ter precipitado o fim dos<br />
assentamentos viquingues. De acordo com um proprietário de uma<br />
linha de navegação norueguesa, Fred Olsen, que é um dos principais<br />
confidentes do pesquisador Thor Heyerdabl, há uma razão para<br />
acreditar que a doença foi também levada a regiões das Américas por<br />
comerciantes europeus pré-colombianos, onde ela desolou o que é<br />
agora o sudeste dos Estados Unidos e a inteira civilização dos<br />
Toltecas, deixando suas cidades vazias para serem ocupadas pelos<br />
membros da nação apache que nós conhecemos como Astecas.<br />
Pelo menos vinte e cinco milhões de europeus morreram na<br />
primeira epidemia da Peste Negra antes dela retornar novamente em<br />
1361-3, 1369-71, 1374-5,1390 e 1400. No total, a Peste Negra matou<br />
a maior parte da população do mundo mais do que qualquer outro<br />
desastre conhecido, antes ou após ela.<br />
A aparência social de toda a Cristandade estava transformada pela<br />
doença, que se acredita tenha matado aproximadamente um terço da<br />
população em quatro anos entre 1347 e 1351. Os eventos<br />
apocalípticos levaram a estranhas formas de práticas religiosas,<br />
incluindo uma na qual os flagelantes tentavam apaziguar a ira de seu<br />
Deus vingativo usando crucifixos e açoitando-se ritualisticamente por<br />
onde que eles fossem. Como sempre, alguém procurou bodes<br />
expiatórios e em Estrasburgo e em Bruxelas milhares de judeus foram<br />
massacrados.<br />
A Igreja também estava sendo responsabilizada, apesar do fato de<br />
grande número de sacerdotes e monges pereceram na nobre tentativa<br />
de auxiliar os doentes. Em 1351, o clero foi mais do que dizimado pela<br />
doença, a economia da Europa foi arrasada e a população<br />
sobrevivente estava em franca rebelião contra a Igreja e o Estado.
Como nós mostraremos, como exatamente todo mundo mais, os<br />
remanescentes dos Templários e seus principais apoiadores estavam<br />
esperando por um segundo escolhido. Jacques de Molay foi<br />
rapidamente transformado em um super-herói e o povo imaginava se<br />
ele poderia ter sido o <strong>Messias</strong>, morto novamente. Aqueles que sabiam<br />
que o Grão-Mestre havia sido crucificado convenceram-se disto e a<br />
história deve ter se difundido a ponto de alarmar a Igreja. Após a<br />
crucificação de Jesus, a Terra Santa havia sido arrasada e a<br />
população da terra praticamente destruída. Agora isto estava<br />
novamente acontecendo.<br />
A última cosa que a Igreja precisava era de uma imagem miraculosa<br />
de um Jacques de Molay crucificado que inesperadamente surgia -<br />
mas era exatamente isto o que estava acontecendo!<br />
A Batalha pela Imagem Sagrada<br />
Em Junho de 1353, o Rei João II conhecido como 'o Bom', concedeu a<br />
Geoffroy de Charney permissão para fundar uma igreja colegiada na<br />
cidade de Lirey. Nós acreditamos que este Geoffroy de Charney era o<br />
neto de Jean e Charney, o irmão do Preceptor Templário da<br />
Normandia que havia morrido na fogueira ao lado de Jacques de<br />
Molay. Ele era um talentoso e ambicioso cavaleiro que havia se<br />
aproximado do Rei. Em 1355, Geoffroy foi nomeado porta-estandarte<br />
do Rei João e parece ele pretendia ser algo a mais do que um mero<br />
cortesão real.<br />
A 28 de Maio de 1356, Henrique de Poitiers, o Bispo de Troyes,<br />
consagrou a nova igreja de Geoffroy em Lirey e nós verificamos que<br />
nenhuma menção foi feita a respeito de um sudário nos<br />
assentamentos da igreja.<br />
Quatro meses mais tarde, a 19 de Setembro. Geoffroy estava lutando<br />
na Batalha de Poitiers ao lado do Rei João quando as coisas<br />
começaram a correr mal para as tropas francesas. À medida que as<br />
tropas inglesas avançavam, Geoffroy encontrava-se<br />
desesperadamente defendendo o seu Rei, mas infelizmente morreu
durante a tentativa e o Rei foi tomado como refém por Eduardo, o<br />
Príncipe Negro, aprisionado na Inglaterra e um imenso resgate de<br />
3.000.000 de coroas foi exigido por sua libertação.<br />
Com seu marido morto, e nenhum Rei para garantir-lhe uma pensão<br />
real, a jovem viúva de Geoffroy, Jeanne de Vergy, deparou-se com<br />
difíceis circunstâncias financeiras e, semanas após ter recebido tais<br />
notícias, ela foi apelar ao regente, o filho de João, Carlos, para que<br />
este a ajudasse. Ela tinha um pequeno filho, também chamado<br />
Geoffroy de Charney, e pouco dinheiro, mas Carlos também tinha<br />
grandes problemas financeiros e não poderia oferecer-lhe muita coisa.<br />
Como seria normal em tais circunstâncias, Jeanne começou a se<br />
desfazer das posses de Geoffroy. Entre estes itens que foram listados<br />
em uma inspeção, encontrava-se uma grande peça de linho,<br />
devidamente dobrada, mas machada por causa da idade. Ele foi<br />
aberto para que o seu valor pudesse ser avaliado e, para grande<br />
surpresa de Jeanne, ela pode ver uma esmaecida, embora distinta,<br />
imagem de um rosto marcada no tecido. Uma vez que ela foi<br />
completamente aberta, ela pode ver claramente duas imagens<br />
completas de um homem: uma da parte frontal e outra da dorsal. Esta<br />
estranha aparição aparentava-se, como todo o mundo pode ver, com<br />
a imagem de Jesus Cristo após sua crucificação.<br />
Inicialmente, nós não estávamos certos se a família tinha<br />
conhecimento ou não sobre o que havia ocorrido com Jacques de<br />
Molay, há duas gerações. Cinqüenta anos é muito tempo, mas todas<br />
as evidências nos mostram que Jeanne era uma mulher muito<br />
inteligente e, no balanço das probabilidades, nós acreditamos que ela<br />
provavelmente imaginou que o tecido era aquele que havia envolvido<br />
o último Grão-Mestre dos Templários após ter sido crucificado pela<br />
Inquisição. A medida em que nós nos detivemos mais amiúde sobre<br />
as suas últimas ações, nós fomos capazes de afirmar com certeza que<br />
ela sabia exatamente o que ela tinha em mãos.<br />
Jeanne de Vergy vislumbrou neste sudário esmaecido um modo de<br />
sair de suas dificuldades financeiras. Ela persuadiu os cônegos da<br />
nova igreja em Lirey a exibi-lo como uma relíquia sagrada e, sendo ela
uma talentosa mulher de marketing, investiu um pouco dos seus<br />
parcos fundos na confecção de um medalhão comemorativo para ser<br />
oferecido aos visitantes para compra, com um lucro considerável.<br />
Um grande número de peregrinos acorreram ao local. Os negócios<br />
que envolviam relíquias sagradas eram um sólido investimento para<br />
qualquer um no século XIV, e a Igreja tendia a encorajar tais coisas,<br />
pois ajudavam a fortalecer a superstição do povo de um modo que<br />
beneficiava a autoridade da Igreja. O Bispo Henrique de Poitiers<br />
pouco tempo depois acordou para este influxo de visitantes à Lirey e<br />
quando ele próprio viu o Sudário, ele resolveu realizar algumas<br />
investigações a respeito de sua origem.<br />
Nós acreditamos que Henrique de Poitiers deve ter encontrado<br />
algumas pessoas que sabiam que Jacques de Molay havia sido<br />
torturado através da crucificação e ele descobriu que a família<br />
Charney mantinha o sudário que envolvera o famoso Templário. Isto<br />
teria alarmado o Bispo, pois a morte de Molay tinha-o tornado um<br />
mártir de grande consideração e se fosse revelado que ele tinha sido<br />
crucificado por ordem do Rei Filipe, com uma coroa de espinhos em<br />
sua cabeça, a imaginação do público não conheceria limites.<br />
Um novo messias estava sendo esperado e esta seria uma história<br />
que incendiaria toda a Cristandade se fosse divulgada. O fato de<br />
Molay ter deixado uma imagem miraculosa sobre a superfície de um<br />
sudário aterrorizou o Bispo, não tanto por temer o poder da morte do<br />
Grão-Mestre, mas sim, porque ele sabia que a Igreja não sobreviveria<br />
à maré de emoções que um novo culto produziria. A Igreja pode ter se<br />
sentido mais ameaçada por este pequeno artefato do que por todas as<br />
hordas muçulmanas na Terra Santa.<br />
Os Templários já acreditavam amplamente que eram os guardiões do<br />
próprio Graal, devido ao patrocínio pelos Templários da versão da<br />
lenda do Graal, Perlesvaus. O interesse na figura messiânica do Rei<br />
Arthur e a restauração dos nobres valores dos Cavaleiros<br />
continuavam a crescer desde a extinção da Ordem, cujos membros<br />
tinham se auto-promovido como os sucessores do rei salvador. Na<br />
Inglaterra, neste exato momento, o Rei Eduardo III estava construindo
uma nova Távola Redonda em Winchester, com as pretensões de se<br />
estabelecer uma nova ordem de Cavaleiros baseada na dos<br />
Templários. Qualquer milagre atribuído a Molay, como sua imagem<br />
reconhecível aparecendo à guisa de Cristo, poderia facilmente pender<br />
a balança contra a Igreja e fazer com que os sobreviventes dos<br />
Templários fossem os discípulos do <strong>Segundo</strong> <strong>Messias</strong>.<br />
A similaridade entre a morte de Jesus e a de Molay já havia sido<br />
notada antes. O poeta do mesmo período, Dante, escreveu um poema<br />
descrevendo Filipe, o Belo, como o 'Pôncio Pilatos' da ruína dos<br />
Templários. Se o sudário na igreja de Lirey fosse reconhecido como o<br />
que ele realmente era, o mundo teria o seu <strong>Segundo</strong> <strong>Messias</strong>.<br />
O Sudário teria que ser destruído antes que destruísse a Igreja.<br />
Henrique de Poitiers respondeu rapidamente declarando que ele<br />
tinha localizado o homem que o havia produzido, e ordenou que o<br />
Sudário fosse destruído - instruções que ele registrou nos arquivos da<br />
Diocese de Troyes. Ele havia de fato identificado este 'homem'<br />
responsável por sua criação, como se esperaria se o sudário fosse<br />
simplesmente uma farsa.<br />
O Sudário foi devidamente retirado da exibição pública, mas Jeanne<br />
escondeu-o, de modo a se evitar a sua destruição. Ela deve ter<br />
percebido a magnitude da situação, pois por toda a sua vida ela tentou<br />
retomar as exibições públicas do Sudário. Parece provável que foi dito<br />
a Henrique que o Sudário havia sido destruído, pois ele manteve<br />
excelentes relações com a família Charney pelo resto de sua vida.<br />
Jeanne ainda era jovem e ela casou-se novamente com o próspero<br />
nobre Aymon de Genevainto. Ele era um membro de uma família que<br />
tinha grande influência dentro da Igreja - tanto que em 1378, ela<br />
tornou-se a tia do novo Papa, Clemente VII.<br />
Para uma viúva de um cavaleiro obscuro lançar-se em tal posição de<br />
influência parece mesmo ser notável e mesmo até além de uma mera<br />
coincidência. Um desenvolvimento interessante neste interminável<br />
drama é o fato de que o filho de Jeanne, Geoffroy, casou-se com a<br />
sobrinha do Bispo Henrique de Poitiers, o homem que havia ordenado<br />
a destruição do Sudário.
Jeanne e seu filho claramente tinham outros planos que mais uma vez<br />
envolviam a obtenção de dinheiro através das exibições do Sudário<br />
como Uma relíquia sagrada em Lirey. As exibições do Sudário reiniciaram<br />
em 1389.<br />
A importância da pequena igreja de Lirey crescia rapidamente na<br />
medida em que a mesma atraía mais e mais peregrinos, mas este<br />
sucesso repentino rapidamente atraiu o interesse do Bispo local à<br />
época, um jurista da Igreja chamado Pierre d'Arcis. Ele recebeu<br />
relatórios sobre o crescimento do culto do Sudário de Lirey e, do<br />
mesmo modo que Henrique de Poitiers trinta e dois anos antes,<br />
decidiu ele mesmo investigar sua origem. Analisando os registros de<br />
Henrique, ele rapidamente descobriu os achados da investigação<br />
anterior e ficou alarmado. Henrique havia registrado que o Sudário<br />
não era a imagem de Cristo, mas teria sido muito perigoso registrar o<br />
verdadeiro e terrível segredo para que um leitor futuro pudesse ver. Ao<br />
invés disto, ele simplesmente escreveu que ele era falso e que<br />
conhecia o 'responsável' pela falsificação. Ele não apresentou Imbert,<br />
o inquisidor de Molay, como este 'responsável' mas a partir de sua<br />
relutância em identificar este criador do Sudário, ou em explicar o que<br />
ele sabia, nos levou firmemente a acreditar que este era a quem ele<br />
se referia.<br />
Alarmado com o ressurgimento desta 'fraude', o Bispo instruiu o<br />
Diácono de Lirey a interromper a exibição imediatamente, mas a<br />
resposta que ele recebeu não foi exatamente o que d'Arcis esperava.<br />
O diácono disse-lhe que ele possuía uma permissão superior que o<br />
autorizava a exibir o tecido, e que a relíquia estava sob a jurisdição da<br />
Coroa. Ainda mais, d'Arcis foi informado que o atual benfeitor,<br />
Geoffroy de Charney, havia retomado a posse legal sobre o tecido e<br />
que tinha obtido do próprio Rei a permissão para colocar uma<br />
guarda militar de honra em torno da relíquia, em caso do Bispo tentar<br />
levá-la à força. Pierre d'Arcis estava ultrajado, bloqueado e sitiado,<br />
mas ele ainda tinha o último recurso de um clérigo para utilizar: a<br />
diplomacia.
Com toda a humildade que ele poderia mostrar, d' Arcis peticionou<br />
Geoffroy a pelo menos suspender as exibições públicas até que uma<br />
autorização papal pudesse ser obtida de modo a se evitar possíveis<br />
danos às almas dos simplórios peregrinos. Entretanto, Geoffroy não<br />
estava preparado para desistir de seus objetivos; as lucrativas<br />
exibições públicas continuaram como se nenhum apelo tivesse sido<br />
feito.<br />
O Bispo d'Arcis era um jurista muito bem experimentado e<br />
rapidamente foi queixar-se com o Rei. À luz dos razoáveis pedidos de<br />
d'Arcis para que as exibições fossem suspensas até que uma<br />
autorização papal fosse obtida, o Rei apoio-o a sua petição legal.<br />
Assim ele ordenou que o tecido ficasse sob a guarda do Bispo d' Arcis<br />
e autorizou ao oficial da corte de Troyes a confiscá-lo - mas o oficial<br />
retornou de sua missão de mãos vazias, pois Geoffroy simplesmente<br />
recusou-se lhe entregar o sudário.<br />
Este impasse durou até o verão de 1389, após o qual foi quebrado da<br />
maneira mais inesperada possível. Geoffroy de Charney marcou uma<br />
reunião com o Papa no palácio papal em Avignon e, sem consultar<br />
d'Arcis, o Papa Clemente autorizou que as exibições poderiam<br />
continuar, embora ele tenha imposto uma nova condição dirigida para<br />
aplacar a ira do Bispo. Ele ordenou aos sacerdotes de Lirey que estes<br />
deveriam declarar, em alto e bom tom, que o tecido era uma 'cópia ou<br />
representação' do sudário de Cristo e não admiti-lo como genuíno.<br />
O Bispo d'Arcis não podia acreditar que o Papa tivesse tomado tal<br />
decisão, apesar dos fatos materiais sobre a questão lhe darem razão.<br />
Ele deve ter genuinamente acreditado que o Diácono de Lirey, aliado<br />
a Geoffroy de Charney, estavam agindo com 'intenções fraudulentas e<br />
com o propósito de ganho'. As almas de seu rebanho eram mais<br />
importantes para d'Arcis do que a decisão papal sobre a discussão e<br />
deste modo, ele decidiu realizar um relatório detalhado para Clemente<br />
VII, narrando-lhe tudo o que ele sabia sobre a origem do tecido, com o<br />
propósito de convencer-lhe a rever sua decisão a favor de Geoffroy.<br />
O relatório do Bispo d' Arcis escrito em latim ao Papa Clemente VII em<br />
1389 foi reservado na Bibliotheque Nationale em Paris.
Ao estudar este relatório, o leitor não pode duvidar da honestidade e<br />
convicção de d'Arcis. Ele era um homem que viu o que ele percebeu<br />
ser uma grande e errada tomada de posição e, após apelar à<br />
autoridade superior para apoiar a interrupção da exploração de<br />
simples peregrinos, ele se deparou como o que parecia uma atitude<br />
que o impedia de tomar qualquer ação que ele via como certa. Ele<br />
acreditava que o Papa não sabia a terrível verdade que se escondia<br />
por detrás do sudário e estava determinado a contar-lhe:<br />
De fato, é surpreendente que todos aqueles que conhecem os fatos<br />
do caso cuja oposição que me impedes nestes procedimentos sejam<br />
da própria Igreja, de cuja misericórdia eu deveria ter procurado atrás<br />
de um apoio vigoroso, e não ter esperado a punição se eu tivesse<br />
mostrado-me indolente ou negligente...<br />
Referindo-se à investigação original de Henrique de Poitiers, o Bispo<br />
atual disse:<br />
... Eventualmente, após uma diligente investigação e exame, ele<br />
descobriu a fraude e como o referido tecido tinha sido artificialmente<br />
feito por mãos humanas, a verdade sendo atestada por um mestre de<br />
ofício que o tinha criado, para testemunhar que ele era um trabalho do<br />
intelecto humano e não miraculosamente criado ou produzido...<br />
... Eu estou convencido de que eu não posso completa ou<br />
suficientemente expressar por escrito a dolorosa natureza do<br />
escândalo, o conteúdo trazido contra a Igreja e a jurisdição<br />
eclesiástica e o perigo para as almas.<br />
Clemente não realizou as suas próprias investigações, ou mesmo<br />
consultou melhor àquelas realizadas por d' Arcis, sendo que ao invés<br />
disso, a 06 de Janeiro de 1390, ele publicou três documentos que<br />
encerraram a querela - mas de um modo que satisfazia d' Arcis ou, de<br />
fato, respondia qualquer uma das alegações que ele tinha realizado<br />
em seu relatório.
A Geoffroy de Charney, seu meio-primo, o Papa encaminhou uma<br />
carta reafirmando sua decisão anterior e expressando novamente a<br />
condição para que o tecido fosse exibido, anunciando-se que ele era<br />
uma 'figura ou representação'.<br />
Ao Bispo Pierre d'Arcis ele encaminhou uma carta, que ignora<br />
totalmente as descobertas constantes do memorando do Bispo e que<br />
impunha uma sanção de silêncio perpétuo sobre ele, alertando-o que<br />
se ele pronunciasse novamente sobre esta questão ele seria<br />
imediatamente excomungado.<br />
Aos principais clérigos da área de Troyes e Lirey, ele encaminhou uma<br />
carta confirmando sua orientação e ordenando-lhes a garantir que<br />
suas instruções sobre a matéria fossem seguidas à risca. Com o envio<br />
destas três cartas, os registros a respeito do memorando de d'Arcis<br />
terminam abruptamente. Pierre d'Arcis morreu cinco anos mais tarde,<br />
sem mencionar a questão novamente em sua vida.<br />
Henrique de Poitiers tinha investigado o Sudário e rapidamente ele<br />
deve ter descoberto as ligações deste com o último Grão-Mestre dos<br />
Templários. Ele de fato descobriu o homem que o tinha criado: Imbert<br />
- o homem que tinha crucificado Molay e envolvido-o em seu sudário.<br />
Na época da investigação de Henrique, Imbert ainda estava vivo com<br />
seus setenta anos, mas se solicitado ele poderia ter sido capaz de<br />
fornecer todos os detalhes daquele evento ao horrorizado Bispo.<br />
Infelizmente, os registros que ele deixou, que Pierre d'Arcis menciona<br />
em seu relatório ao Papa, desapareceram logo depois.<br />
Nós sabíamos que o Sudário havia passado da família Charney à<br />
família Sabóia em 1453, quando ele foi comprado por Luiz, o segundo<br />
Duque, e sendo assim, decidimos investigar um pouco melhor esta<br />
família para verificar se nós poderíamos descobrir alguma razão<br />
específica do porquê oferecer dois castelos para se tornarem os<br />
mantenedores deste pedaço de linho.<br />
A História registra que a Casa de Sabóia é uma das mais antigas<br />
dinastias da Europa e que governou a Itália desde a sua fundação<br />
como nação em 1861 até tornar-se uma república em 1946. Afirma-se<br />
que a dinastia foi fundada por um nobre borgonhês que possuía o
curioso nome de 'Humberto Mãos-Brancas' que morreu em torno de<br />
1048. O filho de Humberto, Oddone, tornou-se o segundo Conde de<br />
Sabóia e estendeu os seus domínios quando se casou com Adelaide,<br />
a herdeira de Turim na região do Piemonte. (Nós notamos neste ponto<br />
que o próprio Jacques de Molay era um nobre menor da Borgonha, o<br />
que pode ou não ter sido mera coincidência).<br />
Pelos próximos três séculos, as possessões e influência da família<br />
cresceram rapidamente em França, na Itália peninsular e na Suíça, e,<br />
em 1416, o Conde Amadeu VIII de Sabóia foi elevado a Duque de<br />
Sabóia, em troca de seu apoio ao Imperador do Sacro Império<br />
Romano, Sigismundo. Nós ficamos fascinados em descobrir que aos<br />
cinqüenta e um anos, em 1434, Amadeu inesperadamente decidiu<br />
transferir o seu título a seu filho Luiz e dirigiu-se para uma ordem<br />
semi-monástica na costa do lago Genebra, onde ele viveu a vida de<br />
um eremita. Cinco anos mais tarde, ele foi indicado pelo Concílio da<br />
Basiléia para suceder ao Papa deposto Eugênio IV e foi coroado como<br />
Papa Felix V em 1440. Alguns monarcas europeus continuaram<br />
reconhecendo Eugênio como o verdadeiro Papa e em 1449 Amadeu<br />
voluntariamente renunciou ao papado em favor do Papa Nicolau V,<br />
sendo que logo após ele tomou o titulo de vice-vigário geral da Casa<br />
de Sabóia e logo após tornou-se Cardeal.<br />
Amadeu possuía uma vida movimentada e quando ele morreu em<br />
1451, ele deixou atrás de si uma poderosa dinastia que eventualmente<br />
forneceria à Itália os seus futuros monarcas. Foi após dois anos da<br />
morte de Amadeu que seu filho Luiz comprou o sudário de Margarida,<br />
a filha de Geoffroy de Charney.<br />
Parecia-nos muito curioso que a mãe de Geoffroy de Charney,<br />
Jeanne, acabou ingressando na família do antipapa Clemente VII<br />
através de um novo casamento. Jeanne não possuía especificamente<br />
nenhum talento em especial e se encontrava praticamente sem<br />
dinheiro após a morte em batalha de seu primeiro marido. Portanto,<br />
ela não seria exatamente a escolha mais óbvia como esposa de um<br />
próspero e bem posicionado nobre como era Aymon de Genevainto.
Teria ele se casado com ela simplesmente por ela ser a detentora do<br />
Sudário?<br />
Quando o Sudário mudou de mãos um século mais tarde, ele passou<br />
para o filho de um outro antipapa - um descendente de uma família<br />
borgonhesa que tinha sido fundada no século XI e cujos membros<br />
provavelmente estiveram envolvidos na Primeira Cruzada.<br />
Parece muito provável que a família Sabóia conhecia o segredo do<br />
Sudário e a pergunta que surgia em nossas mentes era: a família<br />
Sabóia era membro dos Rex Deus?<br />
Os Templários Sobrevivem<br />
Quando Filipe, o Belo, atacou os Templários a 13 de Outubro de 1307,<br />
a frota Templária escapou e muitos dos membros da ordem acusada<br />
dirigiram-se para a Escócia onde <strong>Robert</strong> the Bruce já era<br />
excomungado e, deste modo, ofereceu-lhes abrigo. Estes<br />
consideráveis remanescentes dos Templários foram bem recebidos<br />
pelas famílias dos Rex Deus da Escócia tais como os St Clair, e suas<br />
crenças continuaram a formar as bases do que hoje conhecemos<br />
como a Maçonaria, sendo que a Capela Rosslyn apresenta a ligação<br />
entre estas duas tradições.<br />
Entretanto, os Templários eram constituídos de três classes de<br />
membros: os Cavaleiros, os Sacerdotes e os Irmãos Serventes, sendo<br />
que somente os Cavaleiros é que foram perseguidos. Os Irmãos<br />
Serventes estavam divididos em duas classes: os homens-de-armas e<br />
os artesãos - e, uma vez que os Templários tinham sido os maiores<br />
construtores de preceptórios, igrejas e maravilhosas catedrais, os<br />
mais comuns artesãos entre eles eram os pedreiros-livres. Portanto é<br />
completamente provável que alguns elementos ou ecos das<br />
cerimônias dos Templários possam ser encontrados de algum modo<br />
nas guildas dos pedreiros do continente, e mesmo nas menos formais<br />
associações de pedreiros da Inglaterra.<br />
Nem todos os Templários franceses fugiram para a Escócia. Um<br />
grande número deles morreu nas mãos da Inquisição, mas muitos
sobreviveram e, de acordo com uma importante evidência, a Ordem<br />
dos Templários continuou existindo em completo segredo em França,<br />
até pelo menos 1804. Um documento conhecido como Charta<br />
Transmissionis parece conter uma lista de todos os Grão-Mestres dos<br />
Templários após a morte de Jacques de Molay.<br />
Este documento foi redigido inicialmente por um tal de João Marcos<br />
Larmenius que foi o sucessor de Molay, escolhido pelo Grão-Mestre<br />
enquanto este aguardava sua execução. Quando Larmenius<br />
envelheceu, ele transmitiu seu poder a um homem chamado Teobaldo<br />
e ele, e os sucessivos Grão-Mestres posteriores, anexou o seu aceite<br />
no documento original, progredindo até o último detentor desta<br />
importante posição, Bernard Raymond em 1804.<br />
A Carta foi escrita em latim cifrado, apresentado em duas colunas em<br />
uma grande folha de papel, devidamente ornamenta com desenhos de<br />
arquitetura. A chave do texto é a seguinte:<br />
Uma completa transcrição desta Carta, que foi traduzida inicialmente<br />
do latim cifrado para o latim corrente e depois para o inglês, pode ser<br />
encontrada no Anexo II.
O modo incomum que Larmenius se refere a Molay que é<br />
particularmente interessante. Ele começa dizendo:<br />
Eu, Irmão João Marcos Larmenius, de Jerusalém, através da Graça de<br />
Deus e dos mais secretos decretos do venerável e mais santo dos<br />
Mártires, o Supremo Mestre dos Cavaleiros do Templo (a quem honra<br />
e glória são dadas), confirmado pelo Conselho Comum dos Irmãos,<br />
sendo decorado com o mais alto e supremo Mestrado de toda a<br />
Ordem do Templo, a aquém veja estas cartas de decreto, [desejo]<br />
saúde, saúde, saúde.<br />
Continuando, Larmenius novamente refere-se a Molay, interrompendo<br />
sua apresentação para descrevê-lo com estas palavras:<br />
... O santíssimo e acima de tudo Venerável e abençoado Mestre, o<br />
Mártir, a quem honramos e glorificamos. Amém.<br />
Estas palavras parecem descrever alguém mais sagrado do que um<br />
mero Grão-Mestre: para nós parece mais uma forma de referência que<br />
alguém daria a uma figura messiânica.<br />
Outro aspecto interessante deste documento é o ódio demonstrado<br />
por Larmenius não somente contra a Ordem dos Hospitalários, mas<br />
também contra os Templários que fugiram para a Escócia,<br />
abandonando o seu Grão-Mestre aos abusos de Filipe, o Belo:<br />
Eu, por último, através do decreto da Assembléia Suprema, através da<br />
Suprema autoridade a mim investida, afirmo e ordeno que os<br />
Templários escoceses desertores da Ordem sejam amaldiçoados por<br />
um anátema e que eles e os irmãos de São João de Jerusalém,<br />
espoliados dos domínios da Ordem de Cavaleiros (a quem Deus tem<br />
sido misericordioso), sejam afastados do círculo do Templo, agora e<br />
no futuro.
Se o documento for genuíno, e os pesquisadores acreditam que seja,<br />
então deve ter existido duas tradições templárias que foram<br />
provavelmente reunidas pelo Chevalier Ramsay quando ele trouxe o<br />
Rito Escocês dos Antigos à Paris, onde o 'Bom Príncipe Charlie'<br />
estava exilado.<br />
Nós agora estávamos convencidos que os últimos oficiais templários<br />
eram adoradores de Jacques de Molay, e que se algum culto surgiu<br />
entre eles, como a Maçonaria, se deveria ter conhecimento desta<br />
veneração do Grão-Mestre crucificado. Nossa tarefa agora era coletar<br />
toda fonte possível de informação nos primeiros rituais da Maçonaria<br />
para verificar se nós poderíamos ligar a história dos Rex Deus, os<br />
Templários e o martirizado Molay.<br />
Conclusão<br />
Todas as evidências fortemente sugerem que Jacques de Molay foi<br />
considerado por muitos como sendo um mártir santo e por outros<br />
como sendo o <strong>Segundo</strong> <strong>Messias</strong> que tinha, mais uma vez, sido<br />
assassinado pela instituição romana (a Igreja deste tempo no lugar de<br />
um exército imperial) e a devastação que se seguiu por toda a<br />
Cristandade foi encarada como a ira de Deus exatamente como havia<br />
ocorrido anteriormente. Exatamente como a Igreja de Jerusalém, os<br />
seguidores de Molay foram perseguidos e a verdade tinha de ser<br />
levada embora para um lugar seguro.<br />
Uma vez que a Peste Negra castigava a Cristandade, a Igreja temia<br />
que uma imagem miraculosa de Jacques de Molay que havia surgido<br />
no Sudário revelasse o terrível segredo de que eles também o haviam<br />
crucificado. Eles tinham que manter a identidade da imagem do<br />
Sudário escondida ou eles seriam golpeados por um novo culto a<br />
Molay, do mesmo modo que o culto a Jesus havia sido criado<br />
anteriormente. O problema foi finalmente solucionado através da<br />
aceitação da Igreja da realização de exibições públicas do Sudário e<br />
do encorajamento do povo a acreditar que aquela era a imagem de<br />
Cristo, mesmo que inicialmente eles tenham negado isto.
O conhecimento secreto foi mantido embaixo dos panos.<br />
As indicações são as de que o Templarismo continuou em França e<br />
na Escócia e em ambos os lugares venerava-se Molay. Larmenius, o<br />
Grão-Mestre francês que sucedeu a Molay, poderia não saber sobre a<br />
imagem do Sudário, pois as exibições públicas só ocorreram muito<br />
tempo após sua morte. Entretanto, os últimos descendentes dos<br />
Templários não poderiam desconhecer o significado da imagem.<br />
Os atuais proprietários do Sudário, a família Sabóia, o possuíam<br />
desde o século XV e parece provável que eles também conheciam a<br />
verdadeira origem da imagem.<br />
Nossa teoria de que a imagem de Jacques de Molay é a que está no<br />
Sudário é ainda apoiada pelo fato de que o artefato foi colocado em<br />
exibição pública pela primeira vez por um descendente de Geoffroy de<br />
Charney, o Preceptor dos Templários da Normandia, que foi preso e<br />
morto ao lado de Jacques de Molay.<br />
10<br />
O Grande Segredo da Maçonaria<br />
Uma Religião para os Rex Deus<br />
Quando a Grande Loja de Londres foi fundada em 1717, os seus<br />
membros descartaram suas origens escocesas, pois elas eram<br />
jacobitas demais para os então partidários políticos dos Hanover.<br />
Quase um século mais tarde, a Grande Loja Unida da Inglaterra foi<br />
formada e os rituais dos trinta e três graus do Rito Escocês Antigo e<br />
Aceito foram considerados ultrajantes pelo novo Grão-Mestre, o<br />
Duque de Sussex, que não mediu esforços para alterá-los e sufocálos.<br />
Nós aprendemos através de nossa própria experiência e através dos<br />
escritos de muitos pesquisadores da Maçonaria anteriores a 1717, que<br />
é política da Grande Loja Unida da Inglaterra desencorajar
investigações sobre as origens da organização. Isto fortemente sugere<br />
que algo estava sendo escondido, mesmo dos próprios Maçons.<br />
Nossa tarefa agora era tentar descobrir as peças destes graus<br />
desaparecidos para que pudéssemos remontar o segredo perdido da<br />
Maçonaria que definitivamente acreditávamos que estivesse<br />
relacionado com as crenças e a história dos Rex Deus e o martírio de<br />
Jacques de Molay. Não havia um ponto de partido claro, então nós<br />
começamos a coletar todo tipo de livro antigo que se relacionasse com<br />
os rituais da Maçonaria que encontrássemos. Nada do que nos<br />
chegava às mãos parecia combinar com os rituais eliminados que nós<br />
procurávamos e começamos a acreditar que os censores tinham mais<br />
influência do que nós esperávamos.<br />
Enquanto nos perdíamos atrás de vários volumes maçônicos, Tim<br />
Wallace-Murphy nos telefonou e contou-nos que o seu informante Rex<br />
Deus havia feito contato. Durante a conversa, Tim contou-lhe sobre as<br />
nossas pesquisas e que ele respondeu que estava interessado e que<br />
poderia esclarecer algumas das idéias que estávamos desenvolvendo.<br />
Tim perguntou ao francês se ele já tinha ouvido falar a respeito de um<br />
edifício chamado Rosslyn. Ele respondeu-lhe que não, então Tim<br />
perguntou-lhe se ele já tinha ouvido falar sobre uma reconstrução<br />
medieval do Templo de Herodes, construída na Europa. Ele<br />
respondeu-lhe que tal idéia parecia-lhe bastante provável e<br />
espontaneamente afirmou que se descobríssemos tal edificação<br />
deveríamos concentrar as nossas investigações sobre a muralha<br />
ocidental. Quando pressionado por Tim para explicar o porquê da<br />
muralha ocidental ser tão importante, ele disse-lhe que ele não sabia<br />
ao certo a razão, mas que ele se lembrava de uma declaração que<br />
seu pai sempre fazia que 'a muralha ocidental era a chave'.<br />
Se era uma coincidência, ela era muito estranha, pois é a muralha<br />
ocidental de Rosslyn que tem sido confirmada como sendo uma<br />
réplica da ruína herodiana de Jerusalém.<br />
Tim então perguntou ao seu contato se ele já tinha ouvido falar de um<br />
anel dos Rex Deus (como aquele que nos foi contato por Russell<br />
Barnes). A resposta que ele recebeu era de que havia dois anéis, um
onde constavam os dois pilares e outro com somente um dos pilares,<br />
mas que possuía uma serpente enrolada nele.<br />
Tim não havia contato nada ao seu contato sobre a importância dos<br />
pilares para a nossa história e para ele ter descrito os anéis deste<br />
modo é de suma importância. O pilar único com a cobra enrolada em<br />
torno dele, parece similar ao pilar Boaz existente em Rosslyn, que<br />
possuí uma videira que se espirala em torno dele. Nossa primeira<br />
presunção de que deveriam ser dois os anéis parecia estar correta,<br />
mas nós estávamos enganados sobre em cada um deles estar<br />
representado um pilar. Nós presumimos que o anel com um único pilar<br />
representa a casa de David, a linhagem real, e o anel com os dois<br />
pilares representa o messianismo unificado.<br />
Este membro dos Rex Deus contou uma outra informação muito<br />
interessante:<br />
. As cores da casa de David são o verde e o dourado.<br />
. A dinastia dos Stuart era membro dos Rex Deus.<br />
. Guilherme I da Inglaterra (Guilherme, o Bastardo) pertencia aos Rex<br />
Deus e seu filho, Guilherme II, foi assassinado quando planejava<br />
substituir o Catolicismo romano pelas crenças dos Rex Deus como<br />
religião oficial da Inglaterra.<br />
Sobre este último ponto, Tim perguntou-lhe sobre o significado de<br />
'crenças dos rex Deus'. Ele contou-lhe que elas diziam respeito de<br />
algo muito similar ao Cristianismo celta. Esta resposta encaixa<br />
perfeitamente o que nós esperaríamos, pois nós já sabíamos que a<br />
Igreja Celta foi construída a partir das crenças judaico-cristãs,<br />
incluindo a rejeição da idéia de que Jesus era um deus. A partir de<br />
nossas pesquisas, nós tínhamos toda razão para acreditar que os<br />
fundadores desta Igreja na Irlanda e na Escócia - São Patrício e São<br />
Colombo eram eles mesmos de origem judaica.<br />
Se Guilherme II considerou em estabelecer uma religião baseada<br />
nas crenças dos Rex Deus na Inglaterra, teria sido muito desastroso<br />
para a missão em Jerusalém, pois o Vaticano aniquilaria todos os
suspeitos de manterem contato com a heresia. Guilherme foi morto a<br />
02 de Agosto de 1100, enquanto caçava na Floresta Nova em<br />
Hampshire e tem-se freqüentemente especulado ele foi assassinado<br />
por razões desconhecidas. Nós notamos que ele, o Papa Urbano II - o<br />
promotor da Primeira Cruzada - e Geoffroy de Bouillion - o vitorioso da<br />
Primeira Cruzada - morreram com um intervalo de poucos meses<br />
entre eles. Poderia existir um 'esquadro de extermínio' para assegurar<br />
que a missão em Jerusalém não fosse colocada em perigo?<br />
Que os Stuart pertenciam aos Rex Deus não nos surpreendeu,<br />
pois, quando Jaime VI da Escócia dirigiu-se para Londres para tornarse<br />
Jaime I da Inglaterra, ele também trouxe a Maçonaria com ele, que<br />
é uma forma da 'doutrina' dos Rex Deus e que conta a história da<br />
reconstrução do Templo Sagrado. A Bíblia Anglicana é a versão do<br />
Rei Jaime, que retirou os dois últimos livros do Antigo Testamento, os<br />
Livros dos Macabeus, pois estes eram anti-Nazoreanos. Jaime Stuart<br />
era também notoriamente contra a Igreja Católica Romana,<br />
como pode ser visto nas palavras que ele utilizou para apresenta a<br />
sua versão da Bíblia:<br />
... Assim se, por um lado, nós somos caluniados pelos emissários<br />
papais em nosso país ou no exterior, que nos atacam, pois somos os<br />
pobres instrumentos da santa Verdade de Deus que trazem-na cada<br />
vez mais ao conhecimento do povo, a quem eles desejam ainda<br />
manter na ignorância e na obscuridade...<br />
A informação dada pelo contato de Tim certamente pareceu-nos muito<br />
verossímil, pois os comentários realizados pelo francês encaixam-se<br />
muito bem com os fatos que nós pudemos confirmar.<br />
Os Rituais Perdidos<br />
Ao lermos diversos textos que poderiam ser interessantes para<br />
nossas pesquisas, nós nos deparamos com uma estranha, mas
fascinante declaração dada em uma palestra intitulada 'Maçonaria e<br />
Catolicismo' em Maio de 1940:<br />
Cristo divulgou a palavra secreta da Maçonaria... Ao povo, e ele<br />
proclamou-a em Jerusalém, mas revelando a palavra oculta ao povo,<br />
ele estava a frente de seu tempo... Deixem os Maçons receberem<br />
Cristo de volta à Maçonaria... Maçonaria tem sido a expressão do<br />
Cristianismo nos últimos 2000 anos.<br />
De fato palavras poderosas, e acreditamos que algumas delas sejam<br />
corretas. Jesus, como o messias monárquico oriundo da linhagem real<br />
de David, havia sido iniciado nos altos graus da ordem do movimento<br />
nazoreano que envolviam um cerimonial onde o candidato<br />
representava em uma morte figurativa antes de ser ressuscitado para<br />
uma nova vida dentro da ordem. Jesus sabia que o tempo era curto e<br />
deste modo ele 'transformou água em vinho' (transformou o povo<br />
impuro em um povo pio) através do batismo e nós acreditamos que<br />
ele fornecia aos seus principais seguidores o segredo da ressurreição<br />
em vida que ainda é utilizada pelos Maçons hoje em dia.<br />
O nome do palestrante nada significava para nós e deste modo nós<br />
tentamos descobrir um pouco mais sobre ele.<br />
O homem que proferiu aquelas palavras era Dimitrije Mitrinovic, um<br />
estudioso oriundo da região dos Bálcãs, da Bósnia-Herzegovina, que<br />
veio viver em Londres por volta da Primeira Guerra Mundial. Ele<br />
tornou-se uma figura de destaque no 'Grupo de Bloomsbury' que era<br />
uma reunião de intelectuais em sua maioria de origem inglesa. Este<br />
grupo apropriou-se do nome de um distrito próximo ao Museu<br />
Britânico na região central de Londres onde a maioria dos membros<br />
vivia e produziu um grande número de proeminentes pensadores que<br />
eram conhecidos individualmente por suas contribuições às artes ou<br />
às ciências sociais. Em seu círculo incluía-se pessoas como Virginia<br />
Woolf e seu marido, Leonard; o economista John Maynard Keynes e o<br />
romancista e ensaísta E. M. Forster.
Tínhamos levado sete anos de ampla pesquisa, incluindo<br />
conhecimento maçônico específico, para chegarmos a este ponto,<br />
então como Mitrinovic chegou a esta mesma conclusão? Nós não<br />
conseguimos descobrir nada mais que tenha sido escrito por Mitrinovic<br />
e nós já estávamos prontos a desistir quando nos deparamos com o<br />
fato de que ele tinha formado uma considerável biblioteca pessoal que<br />
poderia ter-lhe sobrevivido.<br />
Nós pesquisamos em todas os lugares óbvios, mas não encontramos<br />
sequer traços desta coleção desaparecida que acreditávamos poder<br />
conter a informação que precisávamos. Telefonemas após<br />
telefonemas nos mergulhavam em um completo vazio - mas nossa<br />
persistência seria recompensada.<br />
Uma ligação para uma universidade, que não era a primeira de<br />
nossa lista de possíveis mantenedoras de tal coleção, a princípio nos<br />
deu a resposta de costume:<br />
'Desculpe-me', disse uma senhora de uma maneira gentil, 'não há<br />
nada aqui classificado com este nome'.<br />
Nós estávamos prontos para agradecê-la por seu auxílio e nos<br />
dirigirmos para uma outra opção de nossa lista, quando ela nos<br />
apresentou repentinamente uma esperança:<br />
'Oh, espere um momento. Eu quero perguntar a meu colega sobre<br />
uma coleção que ainda não foi catalogada. Eu me lembro que ela<br />
possuía um nome de origem da Europa oriental'.<br />
Nós ouvimos o som do fone sendo colocado sobre a mesa e<br />
então esperamos em silêncio por alguns minutos antes dela retornar.<br />
‘Você disse que o nome da pessoa era Mitrinovic, soletra-se M-I-T-R-I-<br />
N-O-V-I-C, não? Bem, você está com sorte - a coleção está aqui, mas<br />
ainda não foi catalogada'.<br />
Finalmente nós nos encontramos com a biblioteca pessoal de<br />
Mitrinovic, e agora nós precisávamos descobrir se ele tinha coletado<br />
livros que combinariam com o que estávamos procurando.<br />
Logo em seguida, nós obtemos permissão para estudar a coleção e<br />
descobrimos que ele tinha de fato reunido um grande número de livros<br />
raros e importantes sobre a Maçonaria, incluindo alguns antigos e
inalterados rituais de diversos graus. Assim que nos detivemos sobre<br />
os diversos volumes, não nos desapontamos. A soberba coleção de<br />
livros de pesquisadores maçônicos do século XIX e do princípio do XX<br />
de Dimitrije Mitrinovic permitiu-nos construir uma imagem reveladora<br />
dos principais pontos dos rituais destes altos graus 'perdidos' da<br />
Maçonaria.<br />
O que nós encontramos foi simplesmente estarrecedor.<br />
Nós utilizamos diversos livros para reconstruir os elementos<br />
chaves destes graus danificados, sendo o mais significante o livro<br />
Freemasonry and the Ancient Gods, escrito por J. S. M. Ward e<br />
publicado em 1921. Diferentemente da maioria dos pesquisadores e<br />
escritores maçônicos de sua época, Ward possuía um estilo de escrita<br />
interessante e era aberto a novas idéias. Ele era membro de diversas<br />
Sociedades Reais, incluindo a Sociedade Real de Antropologia, foi<br />
premiado pelo Trinity Hall, de Cambridge, e era um Maçom dos mais<br />
qualificados. O livro que chegou às nossas mãos era o resultado de<br />
quatorze anos de pesquisa, estimulados pelos mesmos sentimentos<br />
de dúvida que nós experimentamos quando nós olhamos para a<br />
história oficial da Maçonaria.<br />
Ward era um estudioso rigoroso e sem preconceitos que analisou<br />
clinicamente o trabalho de pesquisadores anteriores, algumas vezes<br />
apontando erros em seus julgamentos e algumas vezes aceitando as<br />
suas evidências, mesmo que possa ter rejeitado suas conclusões. Nós<br />
sabemos que teríamos gostado deste homem e que estávamos<br />
agradecidos por ele ter sido encorajado pelos Maçons de sua época a<br />
publicar suas descobertas. Ele educadamente demonstra onde os<br />
notórios e aceitos da história maçônica como Gould erram seriamente<br />
quando tentaram seguir uma linha rígida de pensamento, assumindo<br />
que o dogma oficial estava correto e somente precisava ser iluminado.<br />
Alguns dos graus perdidos ou danificados parecem muito comuns,<br />
mas outros contam uma história que fazem os nossos olhos saltarem,<br />
pois conhecíamos muito bem.<br />
O quarto grau é chamado 'Mestre Secreto' e diz respeito ao velório da<br />
morte de alguém não especificado. A Loja está decorada em negro e
iluminada por oitenta e uma velas; a jóia do grau ostenta a letra 'Z',<br />
que se afirma referir a Sadok.<br />
Durante a realização do ritual, o significado dos tesouros do Templo,<br />
tais como o Altar dos Incensos, o Candelabro Dourado e a Mesa dos<br />
Pães Propiciais, é apresentado e explicado. O candidato é orientado a<br />
não desejar nada do qual ele é merecedor e que ele deve obedecer ao<br />
chamado do 'dever inexorável como o Destino'. O cerimonial do grau<br />
ocorre na época onde todo o trabalho no Templo havia sido suspenso<br />
devido a uma certa tragédia. As lições do grau são para relembrar ao<br />
candidato da importância do Dever e da Discrição.<br />
Este ritual nos chamou muito a atenção. Nós havíamos determinado<br />
que os Cavaleiros Templários escavaram abaixo das ruínas do<br />
Templo de Herodes, muito provavelmente em busca dos tesouros<br />
colocados lá por seus ancestrais um pouco antes da queda de<br />
Jerusalém em 70 d.C. De acordo com a lenda judaica, Sadok foi o<br />
primeiro Sumo Sacerdote de Jerusalém. Ele ungiu Salomão como rei<br />
e, deste modo, foi um fundador dos Rex Deus. Entre os Manuscritos<br />
do Mar Morto, descobertos em Qumran em 1947, encontra-se um dos<br />
mais importantes de todos, o Manuscrito de Cobre, que lista onde os<br />
tesouros e os manuscritos sagrados foram escondidos embaixo do<br />
Templo de Herodes e das áreas ao redor. Este manuscrito também<br />
afirma que uma cópia dele mesmo, com mais informações, foi<br />
colocado embaixo do Templo. A entrada 52 afirma:<br />
Abaixo do canto meridional do Pórtico na Tumba de Sadok, sob a<br />
plataforma de êxedra: vasos para os despojos do dízimo, dízimos<br />
corrompidos e dentro deles, moedas cunhadas.<br />
Este Pórtico é uma arcada dupla localizada na extremidade oriental do<br />
Templo e o canto meridional é o pináculo de onde Tiago, o irmão de<br />
Jesus, foi atirado. Além disso,John Allegro, um especialista no<br />
Manuscrito de Cobre, acreditava que esta Tumba não poderia ser a do<br />
primeiro Sumo Sacerdote, que se encontraria fora das muralhas. Ele<br />
afirma que esta poderia ser facilmente uma referência à tumba do
irmão de Jesus, Tiago, o Justo, que possui uma fachada ornamentada<br />
com dois pilares diante de um pórtico coberto ou êxedra.<br />
Tiago era conhecido como o Justo (em hebraico, 'Sadok') ou como o<br />
Mestre da Retidão (em hebraico, 'Moreh-zedok'). Após ele ter sido<br />
atirado do pináculo, ele foi apedrejado e finalmente decapitado, no<br />
ponto onde se localiza a sua tumba hoje em dia. Isto ocorreu em 62<br />
d.C. um pouco antes da conclusão do Templo e é certo que os<br />
trabalhadores judeus teriam paralisado os trabalhos como uma forma<br />
de respeito ao seu líder espiritual.<br />
A palavra hebraica 'Sadok' é exatamente a mesma que 'Tsedeq' que<br />
era o pilar sacerdotal que formava par com o pilar monárquico de<br />
'Mishpat'.<br />
Os Manuscritos do Mar Morto, e outro antigo documento encontrado<br />
nos primórdios do século XII, conta-nos que um grupo chamado Os<br />
Filhos de Sadok surgiu e tornou-se a comunidade de Qumran que<br />
redigiu os Manuscritos do Mar Morto. Isto significaria que 'Os Filhos de<br />
Sadok' era o título hebraico/aramaico para os descendentes da linha<br />
sacerdotal que viria a ser conhecida como os rex deus em algum<br />
momento após a queda do Templo em 70 d.C.<br />
O termo 'Os Filhos de Sadok' é repetido em todos os Manuscritos do<br />
Mar Morto, e outras denominações são dadas a este grupo, tais como<br />
'a Semente da Retidão' e 'os Filhos da Luz'. Isto nos traz à mente a<br />
transmissão hereditária da santidade e o fato de que, desde os<br />
tempos dos reis do Antigo Egito, a ressurreição sempre tem ocorrido<br />
durante a aurora com o surgimento da estrela da manhã. Os Maçons<br />
hoje em dia são ritualisticamente 'ressuscitados' sob a luz da estrela<br />
da manhã.<br />
O próximo grau, conhecido como 'Mestre Perfeito' refere-se à<br />
descoberta e o sepultamento do corpo de Hiram Abiff, uma<br />
personagem que se afirma ter sido morto por um golpe na cabeça,<br />
exatamente antes da conclusão do primeiro Templo em Jerusalém.<br />
E importante neste ponto mencionar a técnica chamada 'pesher' que<br />
foi extremamente significante para o povo de Jerusalém no primeiro<br />
século, e está presente ao longo dos Manuscritos do Mar Morto. A
técnica envolvia a procura de eventos registrados ao longo da história<br />
passada judaica e a análise deles, sendo que logo após se afirmava,<br />
'O pesher disto é...' Eles então descreveriam os eventos em sua<br />
própria época que aparentava ser descrito muito tempo antes por<br />
homens sagrados.<br />
A morte de Tiago, o Justo, poderia facilmente ter sido considerada<br />
um pesher da morte do homem que os Maçons hoje conhecem como<br />
Hiram Abiff ('o Rei que estava perdido'). Hiram Abiff foi morto por um<br />
golpe em sua cabeça, a revelar um segredo que havia lhe sido<br />
confiado. Isto ocorreu exatamente antes da conclusão do Templo de<br />
Salomão, quase exatamente mil anos antes de Tiago, o Justo, ser<br />
morto por um golpe em sua cabeça, por ter se recusado a responder a<br />
uma questão que era secreta, logo antes da conclusão do Templo de<br />
Herodes. Desta forma, o pesher da história de Hiram Abiff é a morte<br />
de Tiago, o messias unificado dos judeus.<br />
Para este grau, a Loja está decorada em verde e iluminada por<br />
dezesseis velas, quatro em cada ponto cardeal. A história narra que,<br />
com a morte de Hiram Abiff, Salomão estava ansioso para render a<br />
devida homenagem ao seu amigo e para tal ele ordenou que<br />
Adoniram construísse uma sepultura para o corpo. Após nove dias,<br />
uma esplendida sepultura foi construída com um obelisco de mármore<br />
branco e preto decorando-a. Igualmente à tumba de Tiago, a entrada<br />
é colocada entre dois pilares que apóiam uma pedra quadrada com a<br />
inicial 'J' gravada nela.<br />
Os rituais do sexto ao décimo segundo grau do Rito Escocês Antigo e<br />
Aceito contêm algumas referências interessantes, mas nada<br />
diretamente reveladora para as nossas pesquisas. O décimo terceiro<br />
grau é 'O Real Arco de Enoch' ou 'O Mestre do Nono Arco' e a<br />
narrativa ocorre na época da construção do Templo de Salomão, há<br />
três mil anos. Ele é uma espécie de 'pesher' do Grau do Santo Real<br />
Arco, que é a história dos Cavaleiros Templários removendo uma<br />
pedra-chave nas ruínas do Templo de Herodes e descendo até uma<br />
abóbada subterrânea que contém um antigo manuscrito.
O grau conta como, em uma época muito anterior a Moisés e Abraão,<br />
o antigo personagem Enoch previu que o mundo seria acometido a um<br />
desastre apocalíptico através do fogo ou de um dilúvio, e assim ele<br />
determinou preservar pelo menos um pouco do conhecimento então<br />
sabido pelo homem, para que este pudesse ser transmitido às futuras<br />
civilizações de sobreviventes. Ele deste modo grava valendo-se de<br />
hieróglifos os grandes segredos da ciência e da arte de construir em<br />
dois pilares: um construído de tijolos e outro de pedra.<br />
A lenda maçônica continua a contar como estes pilares foram quase<br />
destruídos como trechos deles sobreviveram ao Dilúvio e que foram<br />
subseqüentemente descobertos - um pelos judeus, o outro pelos<br />
egípcios - para que a civilização pudesse ser reconstruída a partir dos<br />
segredos que estavam gravados neles. Fragmentos de um dos pilares<br />
foram descobertos pelos trabalhadores durante as escavações para<br />
as fundações do Templo do Rei Salomão. Enquanto preparavam o<br />
terreno em Jerusalém três mil anos atrás, a parte superior de uma<br />
abóbada ou de um arco foi descoberta e um dos pedreiros foi<br />
abaixado dentro da abóbada onde ele descobriu as relíquias do<br />
grande pilar do conhecimento.<br />
Isto tem a marca de uma antiga lenda judaica que se esperaria ser<br />
transmitida através das gerações dos 'Filhos de Sadok' ou, utilizandose<br />
sua denominação atual, as famílias dos Rex Deus. Nós<br />
acreditamos que isto é uma tentativa de se explicar como os judeus<br />
acreditam que eles vieram a obter a posse de grandes segredos que<br />
também eram conhecidos dos antigos egípcios.<br />
O grau seguinte, 'Cavaleiro Escocês da Perfeição', é realizado em um<br />
salão que possui em seu centro os fragmentos do Pilar de Enoch<br />
novamente reunidos, inscritos com os hieróglifos. Afirma-se que o Rei<br />
Salomão criou uma 'Loja de Perfeição' para controlar os treze graus<br />
inferiores, e os seus membros realizaram a sua primeira reunião na<br />
abóbada sagrada de Enoch embaixo do Templo de Salomão<br />
parcialmente construído.<br />
Isto se parece muito com a descrição da fundação dos Rex Deus.<br />
A lenda afirma que o Templo de Salomão foi construído utilizando-se
antigos conhecimentos que tinham sido transmitidos aos judeus a<br />
partir de uma civilização previamente destruída no dilúvio. Em nosso<br />
último livro, nós detectamos que a história dos pilares de fato precede<br />
a do dilúvio e fora transmitida ao Antigo Egito a partir da terra dos<br />
Sumérios que é a mais antiga civilização conhecida.<br />
Em cima de um pedestal, neste grau, existem três coisas: pão, vinho e<br />
um anel de ouro para os irmãos recém admitidos! De repente, no grau<br />
que parece se referir à fundação dos Rex deus, nós nos deparamos<br />
com a descrição de um anel que é utilizado por todos os iniciados. Isto<br />
poderia explicar a idéia de um anel dos Rex Deus como nós<br />
suspeitávamos?<br />
O ritual prossegue contando como outros mestres tornaram-se<br />
ciumentos das honras conferidos aos membros da Loja de Perfeição e<br />
exigiram as mesmas honras. O Rei Salomão recusou-se a deixar que<br />
os segredos fossem transmitidos e contou-lhes que aqueles que<br />
tinham avançado no Grau de Perfeição tinham lavrado no difícil e<br />
perigoso trabalho nas antigas ruínas, tinham penetrado nas entranhas<br />
da terra e tinha trazido tesouros para adornar o Templo. Os mestres<br />
descontentes tentam ingressar na Abóbada Sagrada e todos vieram a<br />
morrer, não restando qualquer traço de suas existências.<br />
A história tradicional deste grau conta a história da traição de Salomão<br />
a Yahweh quando, nos últimos anos de sua vida, o Rei construiu<br />
templos em honra de outros deuses, alegando para tal que satisfazia<br />
às muitas esposas que possuía. Os Mestres Perfeitos ficaram muito<br />
preocupados com esta conduta, mas, embora eles tivessem mantido<br />
sua fé pura, eles não foram capazes de impedir a ira de Deus que<br />
conduziria à destruição do Templo.<br />
O ritual então toma um particular e interessante caminho.<br />
Afirma-se que algum tempo depois, os descendentes destes<br />
Perfeitos Maçons acompanharam os príncipes cristãos em suas<br />
Cruzadas à Terra Santa, onde algum tempo depois, estes<br />
descendentes dos sacerdotes de Salomão elegeram o seu próprio<br />
Líder. Os seus valores trouxeram rapidamente a admiração de todos<br />
os príncipes cristãos de Jerusalém e alguns destes últimos,
acreditando que seus ritos misteriosos inspirava-os com coragem e<br />
virtude, pediram para serem iniciados. Seus pedidos eram aceitos e<br />
eventualmente os seus segredos difundiram-se entre a nobreza da<br />
Europa através da Maçonaria.<br />
Aqui, no décimo quarto grau do Rito Escocês Antigo da Maçonaria,<br />
reside uma confirmação incontestável da existência conhecida de um<br />
grupo dentro das forças da Primeira Cruzada que eram descendentes<br />
dos judeus que escaparam de Jerusalém após o ano 70 d.C. O<br />
conceito de que eles rapidamente iniciaram novos membros dentro da<br />
ordem dos Rex Deus pode ser uma verdade literal, ou pode ser uma<br />
descrição do modo que mais tarde evoluiria para uma ampla<br />
organização que se tornaria a Maçonaria.<br />
O informante de Tim Wallace-Murphy já havia apresentado esta<br />
genealogia e aqui estava um obscuro ritual do Rito Escocês que<br />
confirmava tal ligação! Mais além, ele parece contar-nos que como<br />
uma recompensa a eles (os Cavaleiros Templários) foi permitida,<br />
pelos novos príncipes cristãos de Jerusalém (Balduíno), a eleger o seu<br />
próprio Uder (Grão-Mestre) e que estes príncipes cristãos foram<br />
inspirados a unirem-se às fIleiras da ordem que eventualmente se<br />
tornou a Maçonaria.<br />
Este único grau da Maçonaria confirmou toda a estrutura de nossa<br />
hipótese: havia um antigo e hereditário sacerdócio em Jerusalém que<br />
iniciou na época do Rei Salomão; estes sacerdotes vieram a ter na<br />
Europa e seus descendentes retornaram com os exércitos dos<br />
cruzados para retomar a cidade perdida; eles re-estabeleceram os<br />
antigos rituais e eventualmente permitiram que não-descendentes<br />
ingressassem no grupo; estes rituais que foram utilizados em<br />
Jerusalém há mil anos, anteriores à destruição do Templo no ano de<br />
70 d.C. sobreviveram como a Maçonaria.<br />
O grau quinze, 'Cavaleiro da Espada e Cavaleiro do Oriente',<br />
corresponde à primeira parte dos Graus Maçônicos Associados do<br />
Cavaleiro da Cruz Vermelha da Babilônia que nós já tínhamos<br />
discutido em detalhes no Capítulo 02, como ele se apresenta nas<br />
esculturas de Rosslyn na forma da citação a respeito da força da
verdade comparada com mulheres, reis e vinho. O grau apresenta a<br />
reconstrução do Templo de Zorobabel após o Cativeiro dos Judeus na<br />
Babilônia e a câmara é iluminada por setenta velas em memória de<br />
cada ano de cativeiro. Ele narra o retorno dos judeus exilados à<br />
Jerusalém em grandes detalhes que deve ter sido transmitidos através<br />
das gerações pelas famílias dos Rex Deus. A cor da faixa usada neste<br />
grau é verde com uma franja dourada: muito apropriadamente as<br />
cores da casa de David.<br />
O grau seguinte é uma continuação do Grau Maçônico Associado do<br />
Cavaleiro da Cruz Vermelha da Babilônia. As duas personagens<br />
chaves são intituladas como Mui Justo Mestre e Soberano Príncipe e<br />
Sumo Sacerdote, e um dos oficiais menores é intitulado Valoroso<br />
Guarda dos Selos e dos Arquivos. Este é seguido por um grau<br />
chamado de 'Cavaleiro do Oriente e do Ocidente' que conclui os<br />
Graus Maçônicos Associados do Cavaleiro da Cruz Vermelha da<br />
Babilônia.<br />
Enquanto todos os graus anteriores se focaram no Antigo Testamento,<br />
este faz uma relação com o que é narrado com o Livro das<br />
Revelações, mencionando os 'setes selos' e a 'ira do cordeiro'. Tudo<br />
isto de fato era extremamente interessante, mas o que nós<br />
descobriríamos a seguir nos deixou estarrecido!<br />
O ritual narra que o grau foi organizado pelos Cavaleiros engajados<br />
nas Cruzadas no ano de 1118, quando onze Cavaleiros tomaram os<br />
votos de segredo, amizade e discrição nas mãos do Patriarca de<br />
Jerusalém.<br />
Esta é uma referência irrefutável aos Cavaleiros Templários que foram<br />
fundados em 1118!<br />
lnacreditavelmente, muitas pessoas que se apresentam como<br />
historiadores maçônicos nada sabem dos detalhes destes graus e<br />
outros têm contestado o porquê do grau apresentar onze Cavaleiros e<br />
não nove como sendo os fundadores dos Cavaleiros Templários.<br />
Alguns têm, inacreditavelmente, tentado se utilizar desta discrepância<br />
numérica para argumentar que isto deve ser uma referência a um
outro (embora não registrado) grupo de Cavaleiros formado em<br />
Jerusalém em 1118.<br />
A realidade é muito mais simples. Nós já tínhamos identificado os<br />
onze homens que tramaram escavar debaixo do Templo de Herodes,<br />
sendo eles:<br />
1. Hugues de Payen;<br />
2. Geoffroy de Saint-Omer;<br />
3. André de Montbard;<br />
4. Payen de Montdidier;<br />
5. Achambaud de Saint-Amand;<br />
6. Gondmare;<br />
7. Rosal;<br />
8. Godefroy;<br />
9. Godofredo Bisol.<br />
Estes eram os nove Cavaleiros originais. A eles, então, uniram-se:<br />
10. Foulques de Anjou;<br />
11. Hugues de Champagne.<br />
O oficial presidente é chamado 'Mui Justo Mestre e Soberano<br />
Príncipe', apoiado pelo Sumo Sacerdote. Imaginamos que o Sumo<br />
Sacerdote poderia ter sido o Grão-Mestre da Ordem dos Templários,<br />
desde Hugues de Payen até Jacques de Molay, e a pessoa mais<br />
antiga era provavelmente um membro dos Rex Deus a quem os<br />
Templários juraram obediência, possivelmente aos reis de Jerusalém<br />
de Balduíno II em diante.<br />
A câmara é decorada em vermelha, repleta com estrelas douradas. No<br />
oriente, sob um dossel, encontra-se um trono elevado sobre sete<br />
degraus e suportado pelas imagens de quatro leões e quatro águias<br />
entre as quais está uma águia com seis asas. Em um dos lados do<br />
trono localiza-se uma pira acesa, representando o sol ao meio-dia, e<br />
do outro lado uma imagem da lua. No oriente encontram-se dois
vasos, um para perfumes e outro para água. (Nós descobrimos<br />
através de nossas pesquisas anteriores sobre as práticas de<br />
ressurreição dos antigos egípcios que em todas as tumbas de faraós<br />
eram sempre encontrados dois vasos vazios e, ninguém hoje em dia,<br />
sabe o que eles já contiveram).<br />
Sobre um pedestal no oriente encontra-se uma Bíblia grande na qual<br />
sete selos estão presos. No piso há representado um heptágono<br />
inscrito em um círculo, em cujos ângulos aparecem certas inscrições e<br />
no centro encontra-se a figura de um homem com barbas brancas,<br />
vestido de branco com uma faixa dourada em torno de sua cintura. Em<br />
suas mãos estendidas ele segura sete estrelas que representam as<br />
qualidades que deveriam distinguir um irmão: amizade, união,<br />
submissão, discrição, fidelidade, prudência e temperança. Há ainda na<br />
estranha aparição uma auréola em torno de sua cabeça, uma espada<br />
de dois gumes saindo de sua boca e sete candelabros colocados em<br />
torno dele.<br />
Neste ponto, nós percebíamos que esta inegável ligação templária era<br />
a prova de tudo que já tínhamos reconstruído a partir de outras<br />
evidências, mas muito mais ainda estava por vir.<br />
O grau vinte conhecido como 'Grão-Mestre' refere-se à construção do<br />
Quarto Templo, em sua representação espiritual. A exposição histórica<br />
deste grau narra a destruição do Terceiro Templo pelos romanos sob<br />
o comando de Tito no ano de 70 d.C., e como os Irmãos que estavam<br />
na Palestina durante este terrível período foram acometidos de grande<br />
pesar por sua perda. Eles deixaram a Terra Santa e decidiram erguer<br />
um Quarto Templo que seria um edifício espiritual. É nos contado que<br />
estas pessoas que de algum modo escaparam do massacre em<br />
massa de Jerusalém dividiram-se em um número de Lojas e<br />
dispersaram-se através da Europa.<br />
Não poderia existir um registro mais claro a respeito da história dos<br />
Rex Deus do que este! Aqui estava a evidência de um grau,<br />
provavelmente medieval, que afirma que os sobreviventes da batalha<br />
de Jerusalém do ano de 70 d.C. de fato dispersaram-se pela Europa,<br />
exatamente como o informante dos Rex Deus havia afirmado.
O grau prossegue afirmando que um desses grupos eventualmente<br />
chegaram à Escócia, estabelecendo uma Loja em Kilwinning. A<br />
descrição de que um grupo 'eventualmente' chegou à Escócia é muito<br />
precisa, uma vez que a família St Clair não chegou aquele país antes<br />
do término do século XI.<br />
É nos contado, então, que foi em Kilwinning que estas pessoas<br />
levaram os registros de sua ordem para serem mantidas em uma<br />
abadia construída em 1140. O pesquisador maçônico, J. S. M. Ward,<br />
afirma que parece haver um problema nesta passagem, observando:<br />
Um grupo chegou à Escócia e fundou uma Loja em Kilwinning e lá<br />
depositaram os registros da Ordem em uma abadia que eles<br />
construíram lá. Neste ponto o primeiro obstáculo histórico surge, pois<br />
a abadia não foi construída até o ano de 1140 e a lenda não<br />
demonstra onde eles estavam durante o período entre os anos de 70<br />
d.C. e 1140.<br />
Este fato deve ter causado alguma confusão a Ward em 1921, mas<br />
ele agora é esclarecedor para nós. Nós sabíamos precisamente onde<br />
eles estavam entre estas datas: os registros estavam escondidos<br />
embaixo das ruínas do Templo de Herodes, antes de serem<br />
removidos entre os anos de 1118 e 1128 pelos Cavaleiros Templários!<br />
Nós também tínhamos fortes suspeitas para acreditar que estes<br />
antigos documentos foram descobertos para serem re-enterrados<br />
em Rosslyn em 1140.<br />
A existência deste grau produziu um monumental impacto em<br />
tudo aquilo que nós descobrimos anteriormente. Descrito como 'Grão-<br />
Mestre de todas as Lojas Simbólicas' este ritual possui uma exposição<br />
que narra a queda dos Nazoreanos no ano de 70 d.C. e como os<br />
progenitores da Maçonaria deixaram Jerusalém àquela época para<br />
espalharem-se pela Europa; exatamente como o informante dos Rex<br />
Deus havia afirmado! Um grupo afirma-se que seguiu para a Escócia<br />
para fundar uma Loja em Kilwinning, o primeiro lar da família St Clair!
O ritual do grau vinte e um volta no tempo para contar a história<br />
da Torre de Babel e de seu arquiteto, Peleg. Ele narra como Deus<br />
tornou Peleg mudo por tentar construir uma torre para alcançar os<br />
céus e como, logo após, ele vagou pela Europa, até atingir as florestas<br />
da Prússia onde ele construiu uma casa triangular. Lá ele se lamenta<br />
por sua soberba e passa os seus dias em oração ao Todo-Poderoso<br />
que finalmente o perdoa e devolve-lhe o poder da fala.<br />
A lição especial deste grau é a humildade. Afirma-se que Peleg é um<br />
descendente de Noé (a Bíblia sugere que ele também era um<br />
ancestral de Jesus Cristo); sua descendência de Noé sendo via Ham,<br />
o neto de Noé, que a lenda afirma ser o primeiro rei do Egito,<br />
adotando o título de 'Osíris' - que literalmente significa 'Príncipe que<br />
Ievantou dos mortos'.<br />
Em nosso livro anterior, nós tínhamos reconstruído o cerimonial<br />
perdido de coroação do Antigo Egito e perseguido a trilha do rito de<br />
ressurreição desde Tebas até Jerusalém. Nós chegamos à conclusão<br />
de que o ritual secreto que Jesus 'traíra' referia-se a Osíris e Horus e<br />
que Jesus era o próprio 'Príncipe que levantou dos mortos', através da<br />
realização da cerimônia da ressurreição em vida.<br />
Nós descobrimos que no próximo grau, 'Príncipe do Líbano', todos<br />
portam uma espada e o ritual faz com que o candidato seja um<br />
membro da Távola Redonda. Este ritual afirma a existência de dois<br />
salões e que os obreiros conduziam os seus trabalhos em um<br />
pequeno salão subterrâneo, exatamente como nós sabíamos ser o<br />
caso de Rosslyn nos meados do século XV. Outra ligação interessante<br />
entre a Távola Redonda e Rosslyn é o fato dos cavaleiros da lenda<br />
arthuriana serem sepultados com suas armaduras, prontos para<br />
retornarem a defender o reinado em tempos de necessidade, e<br />
acredita-se que os St Clair foram sepultados com suas armaduras<br />
abaixo de Rosslyn, para retornarem quando um sino fosse tocado<br />
chamando-os de volta.<br />
O grau chamado 'Chefe do Tabernáculo' é o seguinte e explica como<br />
a Ordem do Sacerdócio foi fundada por Aarão e seus filhos Eleazar e<br />
Itamar. Os membros do grau são chamados de Levitas, a antiga
linhagem dos sacerdotes judeus, e vestem-se de branco, debruados<br />
em vermelho. O candidato é feito sacerdote e entra em uma câmara<br />
interior que está forrada de preto e contém um altar e uma banqueta<br />
na qual estão três crânios e um esqueleto completo. Na câmara<br />
encontra-se uma inscrição onde se lê: 'Se vós temeis, recuais, pois;<br />
não é permitido aos homens que não podem ser valentes recuar do<br />
perigo sem abandonar a virtude'. Neste grau há dois Sumo Sacerdotes<br />
que portam uma mitra dourada - sendo esta a 'coroa' do deus criador<br />
de Tebas, Amon Rá, e a de Tiago, o primeiro Bispo de Jerusalém.<br />
Acreditamos ser possível que o Sumo Sacerdote de Yahweh sempre<br />
usou esta 'coroa', desde a época de Moisés, pois há registros de que<br />
Tiago, o irmão de Jesus, usava o peitoral e a mitra de Sumo<br />
Sacerdote quando ingressou no Templo.<br />
Em seguida, nós descobrimos um grau que conta como Moisés foi<br />
instruído por Deus a construir o Tabernáculo, ou tenda sagrada, para<br />
abrigar a Arca da Aliança. Chamado de 'Príncipe do Tabernáculo' ele<br />
explica como, através da construção de um tabernáculo para Deus,<br />
Moisés estabeleceu a linhagem real dos judeus.<br />
O candidato neste grau é feito um Sumo Sacerdote e é-lhe contado<br />
que agora lhe é permitido adorar o Altíssimo sob o nome de Jeová<br />
(uma interpretação alternativa de Yahweh), afirmando-se ser esta<br />
denominação muito mais expressiva do que Adonai. É dito-lhe que em<br />
seu progresso através dos graus, ele tem recebido a Ciência<br />
Maçônica por ser um descendente do Rei Salomão e revivido pelos<br />
Cavaleiros Templários.<br />
Nós não podíamos acreditar no que víamos! Nós tínhamos uma<br />
referência específica aos Cavaleiros Templários como o povo que<br />
restabelecera o conhecimento perdido dos judeus.<br />
Tudo o que nós havíamos deduzido a partir dos nossos estudos foi<br />
confirmado aqui em um antigo e obscuro ritual maçônico. Os rituais da<br />
Maçonaria atualmente registram o que nós tínhamos reconstruído a<br />
partir de nossas próprias fontes, desde as cartas do Tarô até às<br />
lendas arthurianas. Os Cavaleiros Templários de fato tinham se autoproclamados<br />
como os novos sacerdotes de Yahweh, e que para tal
eles deveriam ser os descendentes dos sacerdotes originais. Nosso<br />
anônimo amigo dos Rex Deus estava correto.<br />
Este ritual então prossegue afirmando que ao recém nomeado Sumo-<br />
Sacerdote é contado a história da Arte Real da Maçonaria que é<br />
traçada a partir da Criação desde Noé, Abraão, Moisés e Salomão, e<br />
outras importantes personagens, até Hugues de Payen, fundador dos<br />
Templários, e a partir daí até a trágica figura de Jacques de Molay,<br />
seu último Grão-Mestre. Todos os Grão-Mestres Templários estavam<br />
claramente listados como Sumo-Sacerdotes de Yahweh.<br />
Uma vez nomeado Sumo-Sacerdote, a Grande Palavra lhe é revelada<br />
e a ele é afirmado que ela fora descoberta pelos Cavaleiros<br />
Templários quando em Jerusalém. Até agora, nós não fomos capazes<br />
de descobrir esta Grande Palavra perdida, como se ela nunca tivesse<br />
sido escrita. Pelo contexto, ela deve ser um dos outros nomes de<br />
Deus, mas a infame destruição dos antigos rituais pelo Duque de<br />
Sussex negou-nos qualquer que fosse a versão do conhecimento que<br />
esta palavra possa ter possuído. A lenda afirma que quando cavavam<br />
sob o sítio onde o Santo dos Santos localizava-se no coração do<br />
Monte Moriá, os Templários descobriram três pedras, em uma das<br />
quais esta palavra estava gravada. Quando eles tiveram que deixar a<br />
Palestina, eles levaram estas relíquias com eles e as utilizaram como<br />
as pedras fundamentais de sua primeira Loja na Escócia, evento qual<br />
que foi realizado no dia de Santo André. Este segredo tem sido desde<br />
então transmitido aos seus sucessores que então são intitulados como<br />
os conhecidos Sumos-Sacerdotes de Jeová. Talvez o Duque de<br />
Sussex possa ainda ser impedido em sua tentativa de destruir a<br />
Verdade, se esta pedra provar ser uma das relíquias enterradas nos<br />
subterrâneos de Rosslyn.<br />
O historiador maçônico Arthur Waite observou que há uma tradição<br />
maçônica que afirma ter Jesus sido educado em um conhecimento<br />
especial e que ele conferiu-o através de iniciação aos seus apóstolos<br />
e discípulos, dividindo-os em diversas ordens e colocando-os sob a<br />
autoridade geral de São João. Esta doutrina, contendo o<br />
conhecimento das iniciações místicas e hierárquicas do Egito, do
mesmo modo que foi transmitida a Cristo, foi confiada à proteção de<br />
Hugues de Payen, o primeiro Grão-Mestre do Novo Templo em 1118,<br />
que foi então investido com os poderes apostólicos e patriarcais,<br />
tornando-se através deles o sucessor legal do Cristianismo Joanino.<br />
Esta tradição era uma lembrança remota nos primeiros anos deste<br />
século, mas parece certo que ela foi uma vez o tema central da crença<br />
maçônica. A idéia que a verdadeira sucessão apostólica residia não<br />
com o Papa, mas sim com o Grão-Mestre dos Cavaleiros Templários<br />
parece clara uma vez que a carta do Tarô do Hierofante era<br />
confundida com a imagem do Papa. Ela também explica o porquê dos<br />
primeiros Maçons ingleses ficaram horrorizados com o conteúdo<br />
destes graus, e a razão de suas supressões torna-se clara.<br />
Para nós este grau era uma confirmação, uma prova positiva de nossa<br />
hipótese central. Hugues de Payen é identificado como o Sumo<br />
Sacerdote restaurado de Yahweh (Jeová) e o ofício é transmitido aos<br />
Grão-Mestres Templários até Jacques de Molay - e aos Cavaleiros<br />
Templários é creditado a descoberta de segredos enquanto<br />
escavavam sob o Templo arruinado, levando-os para a Escócia!<br />
Tudo o que nós havíamos coletado em nosso livro anterior estava<br />
sendo revelado pelo conteúdo destes obscuros e quase destruídos<br />
rituais. Nos continuamos a pesquisar o próximo grau com uma<br />
excitação crescente.<br />
O grau foi fundado na Palestina, ao tempo das Cruzadas, por uma<br />
ordem militar e monástica. Ele alude às virtudes da cura e da salvação<br />
da 'serpente de bronze' entre os israelitas, por isso fazia parte do<br />
juramento dos cavaleiros tratar de viajantes feridos e protegê-los dos<br />
infiéis. A serpente é utilizada na Maçonaria Simbólica para unir as tiras<br />
do avental. Isto apresenta toda a sorte de repercussões: a serpente<br />
enrolada em torno do pilar dos Rex Deus, e o fato dos Essênios serem<br />
famosos curandeiros e seu símbolo de ofício, uma serpente enrolada,<br />
ter sido adotado como o emblema da moderna medicina.<br />
O próximo grau, 'Príncipe da Misericórdia', não possuía grande<br />
significado para nós, mas o grau vinte e sete, 'Supremo Comandante<br />
do Templo' era de fato impressionante. Este é um grau militar e de
cavalaria onde o corpo que confere o grau é chamado de 'Corte' e<br />
seus membros sentam-se em torno de uma mesa redonda em torno<br />
do candidato para o interrogar. O ritual expõe a falsa condenação dos<br />
Cavaleiros Templários e a importância da negação da cruz.<br />
Nós descobrimos poucos detalhes a respeito dele, mas Arthur Waite<br />
notou algo que ele julgou repulsivo. Nós, entretanto, o julgamos<br />
completamente eletrizante. Ele observou que a cruz utilizada neste<br />
grau costumava ser inscrita com dois grupos de iniciais: JN e JBM. O<br />
chocado historiador maçônico afirmava que estas iniciais<br />
correspondiam a Jesus Nazareno e Jacques Burgundus Molay.<br />
Era muito bom para ser verdade. Nós esperávamos ser capazes de<br />
encontrar algum material nestes antigos rituais que apoiassem nossa<br />
hipótese principal, mas nós nunca sonhávamos que descobriríamos a<br />
confirmação tão dramática e decisivamente soletrada. O primeiro e o<br />
segundo messias crucificados, acomodados na mesma cruz!
A cruz usada no ritual maçônico que porta as iniciais do primeiro e<br />
segundo messias.<br />
Sem dúvida, os últimos Templários e os fundadores da Maçonaria<br />
deve ter considerado Jacques de Molay como sendo o <strong>Segundo</strong><br />
<strong>Messias</strong>.<br />
A Maçonaria deixou de ser um culto secreto quando ela se converteu<br />
em um respeitável clube de cavalheiros na Londres dos primórdios do<br />
século XVIII, e agora entendíamos o porquê dos Maçons desejarem<br />
eliminar a antiga tradição, convertendo-a em algo que fosse<br />
teologicamente menos controverso. Felizmente, como a maioria dos<br />
censores, eles não foram cem por cento eficazes e falharam ao<br />
apagar completamente todo o traço do antigo conhecimento que eles<br />
desprezavam.<br />
Os graus do Rito Escocês Antigo e Aceito produziram muito mais do<br />
que nós ousávamos esperar. Nós poderíamos esperar nada mais do<br />
que uma boa leitura, mas nós descobrimos muitas evidências que<br />
apóiam nossas primeiras deduções. O grau vinte e oito, 'Cavaleiro do<br />
Sol', afirma ser a Chave da Maçonaria. Ele ensina as doutrinas da<br />
religião natural do 'Único Deus Verdadeiro' que é a parte essencial dos<br />
antigos mistérios e cerimônias.<br />
Esta idéia do 'Único Deus Verdadeiro' é central na Maçonaria,<br />
mas freqüentemente está em colisão com a distinta e arrogante<br />
crença da maioria dos cristãos que descrevem os deuses de outras<br />
religiões como falsos e sem sustentação. A Maçonaria é baseada na<br />
idéia de que deus sempre existiu e sempre existirá. Ele simplesmente<br />
tem adotado muitos nomes à medida que era diferentemente<br />
compreendido pelo povo, incluindo Marduk, Amon Rá, Yahweh e Alá.<br />
O grau descreve todos os símbolos maçônicos e o propósito de todos<br />
estes é dado como um meio de incutir a verdade. Uma palestra sobre<br />
a verdade é apresentada em partes por nove oficiais que são<br />
chamados de Três Vezes Perfeito Pai Adão, Irmão da Verdade,<br />
Miguel, Gabriel, Rafael, Zafriel, Camael, Azrael e Uriel. Sobre a<br />
entrada da câmara onde o grau é conferido está escrito: "Senão<br />
sentes a força de vencer as tuas paixões, fuja deste santuário".
Os últimos sete nomes utilizados neste grau são os dos anjos<br />
maiores.<br />
O francês que contara a história das duas escolas de Jerusalém ao<br />
tempo de Jesus afirmou que os sumo sacerdotes de Yahweh<br />
utilizavam estes mesmos nomes. Talvez como o novo alto sacerdócio<br />
de Yahweh, os Cavaleiros Templários também se utilizavam destes<br />
nomes.<br />
A ênfase na 'verdade' trouxe-nos de volta à mente a única inscrição<br />
em Rosslyn que termina: '... a verdade conquistará a todos'.<br />
O grau vinte e nove possui três nomes possíveis: 'Cavaleiro de<br />
Santo André', 'Patriarca dos Cruzados' ou 'Grão-Mestre da Luz'. Ele<br />
explica que sua origem está na saída dos Cavaleiros Templários da<br />
Palestina, trazendo com eles as relíquias do Pilar de Enoch, e<br />
utilizando estas três pedras para formar a fundação da primeira Loja<br />
dos Cavaleiros Maçons na Escócia. O propósito deste grau era:<br />
Para perseguir as virtudes da caridade, filantropia, tolerância<br />
universal, a proteção do inocente, a busca da verdade, a defesa da<br />
justiça, reverência e obediência ao Divino, com a expiração do<br />
fanatismo e da intolerância.<br />
Apenas para relembrar que este ritual data do tempo quando a Igreja<br />
Católica Romana estava assassinando qualquer um e todo mundo que<br />
ousasse ter os seus próprios pensamentos e idéias em suas cabeças.<br />
Aqueles que praticavam este grau claramente queriam desafiar tal<br />
ignorância cega.<br />
O grau seguinte, 'Cavaleiro da Águia Branca e Negra', originalmente<br />
fornece os detalhes do destino de Jacques de Molay, mas infelizmente<br />
nós não fomos capazes de descobrir este. O ritual prossegue<br />
relatando que os Cavaleiros do grau tinham jurado vingança contra<br />
aqueles responsáveis por sua morte, e tomaram como dever a<br />
continuidade da reconstrução do Templo Espiritual na tradição dos<br />
Templários.
Nós não podíamos deixar de imaginar se foram os 'Cavaleiros da<br />
Águia Branca e Negra' que eliminaram o Rei Filipe, o Belo.<br />
O grau trinta e um, conhecido como 'Grande Inspetor Inquisidor<br />
Comandante', é um grau puramente administrativo, mas o penúltimo<br />
grau retorna ao tema de Jacques de Molay. O grau é conferido em<br />
uma assembléia chamada 'Grande Consistório' que é decorada em<br />
preto, e sobre as cortinas estão representados esqueletos, lágrimas e<br />
emblemas de mortalidade, gravados em prata. As letras JM em<br />
memória de Jacques de Molay estão colocadas sobre o pedestal do<br />
principal oficial chamado 'Três Vezes Ilustre Comandante'. Ao<br />
candidato é narrado algo conhecido como 'o Real Segredo da morte<br />
de Jacques de Molay'. Infelizmente, este Real Segredo parece nunca<br />
ter sido escrito.<br />
O uso da palavra 'real' fortemente sugere que Molay possa ser<br />
considerado como sendo o último da linhagem real do Rei David!<br />
Talvez este grau, em sua forma original, descrevesse a crucificação<br />
deste <strong>Segundo</strong> <strong>Messias</strong>.<br />
Como nós já sabíamos, o grau trinta e três, 'Soberano Grande Inspetor<br />
Geral', é o mais alto posto que um Maçom pode obter.<br />
As informações são esparsas, mas nós sabemos que a Loja é<br />
montada com um balcão com o nome de Yahweh em hebraico no<br />
oriente e no centro está localizado um pedestal quadrado no qual<br />
estão uma Bíblia e uma espada. No norte há um outro pedestal,<br />
mostrando um esqueleto que segura uma flecha em sua mão direita e<br />
o estandarte da Ordem na esquerda. No ocidente localiza-se um trono<br />
elevado sobre três degraus, diante de um altar triangular.<br />
Tudo o que sabemos ao certo deste derradeiro grau é que ele<br />
apresenta o segredo a respeito da fundação da Ordem e descreve<br />
suas antigas origens.<br />
A única pista do conteúdo deste grau veio de nosso amigo <strong>Robert</strong><br />
Temple, um multi-talentoso estudioso de Sânscrito que possui um<br />
conhecimento enciclopédico de física avançada e de antropologia. Ele<br />
é autor de muitos livros fascinantes, incluindo The Sirius Mystery que<br />
examinada à miúde as crenças dos antigos egípcios e que apresenta
uma razoável teoria de que eles eram particularmente interessados na<br />
estrela Sírius.<br />
Embora ele tenha vivido em Londres por muitos anos, <strong>Robert</strong> é um<br />
americano cuja família tem sido de Maçons desde os tempos de<br />
George Washington. Resumidamente, após <strong>Robert</strong> ter publicado The<br />
Sirius Mystery ele foi contactado por um antigo amigo de sua família<br />
que era um Maçom do grau 33. Este cavalheiro contou a <strong>Robert</strong> que<br />
seu livro estava mais correto do que ele provavelmente imaginava e<br />
que havia muito que ele queria lhe contar. Infelizmente, ele não pode,<br />
pois <strong>Robert</strong> teria que primeiro tornar-se um Maçom para receber estas<br />
informações.<br />
Ele sugeriu que <strong>Robert</strong> ingressasse à Maçonaria na Inglaterra, sendo<br />
que deste modo ele poderia aprender estes ensinamentos secretos<br />
aparentemente conectados com o Antigo Egito, mas infelizmente, este<br />
cavalheiro morreu antes de <strong>Robert</strong> atingir o grau de Mestre Maçom.<br />
Nós fomos levados a acreditar que este último grau derradeiro referese<br />
com o segredo da antiga fundação da Ordem, e esta pequena<br />
história de <strong>Robert</strong> Temple nos sugeriu que as origens da Maçonaria<br />
poderiam ter alguma ligação com o culto da estrela e da ressurreição<br />
dos antigos reis egípcios. Talvez um dia nós descobriremos por nós<br />
mesmos.<br />
O Grande Segredo Reconstruído<br />
Colocando todos estes trinta e três graus deste antigo rito maçônico<br />
juntos, nós obtemos uma história que nos conta como houve uma<br />
terrível inundação em um distante ponto no tempo quando os<br />
segredos dos construtores foram praticamente perdidos. Um homem<br />
chamado Enoch, de uma antiga e desconhecida civilização, decidiu<br />
passar este conhecimento a qualquer dos sobreviventes que<br />
restassem, capacitando-os a construir novas cidades e desenvolver<br />
novas culturas. Para isto ele gravou estes segredos em dois pilares<br />
projetados para sobreviver à destruição prevista. Os fundadores da<br />
civilização egípcia, que surgiu por volta do ano 3200 a.C., teriam
encontrado um deste pilares e o primeiro rei do Egito adotou o nome<br />
de 'Osíris', significando 'O Príncipe que levantou dos mortos'.<br />
Fragmentos do outro pilar foram descobertos algum tempo depois,<br />
pelos judeus, no local onde o Templo de Salomão foi construído a três<br />
mil anos atrás. Para nós, isto nos parecia ser uma racionalização dos<br />
primeiros judeus para explicar como eles vieram possuir o<br />
conhecimento secreto que era anterior a toda a história conhecida,<br />
mas que também tinha sido compartilhado pelos egípcios antes deles.<br />
Pode ter sido um modo conveniente de se evitar creditar aos egípcios<br />
a criação do misterioso culto de ressurreição que era tão importante<br />
para eles. Sabe-se que o simbolismo judaico de outrora era baseado<br />
em um estilo egípcio, sendo que o próprio nome Moisés possui raízes<br />
egípcias.<br />
Tal explicação combinaria com a tese de nosso livro anterior que<br />
conclui que a teologia da Jerusalém do primeiro século estava<br />
amplamente envolvida com as crenças e as lendas da antiga Tebas. É<br />
uma forte indicação que a história maçônica do assassinato de Hiram<br />
Abiff é um 'pesher' judaico do primeiro século do assassinato de<br />
Tiago, 'Sadok', o irmão de Jesus. É muito provável que a linha de<br />
sacerdotes que eram os ancestrais das famílias dos Rex Deus eram<br />
conhecidos desde antigas eras como os 'Filhos de Sadok'.<br />
A história maçônica então nos conta que Salomão de fato estabeleceu<br />
uma ordem sacerdotal especial que sobreviveu até a destruição do<br />
Templo em 70 d.C., quando então se dispersou pela Europa. Então<br />
muito mais tarde, os descendentes deste povo retornaram à<br />
Jerusalém com os 'príncipes cristãos' e estabeleceu uma nova ordem<br />
em 1118, quando onze Cavaleiros tomaram os votos de segredo,<br />
amizade e discrição. Nós agora sabemos que estes Cavaleiros eram<br />
os Cavaleiros Templários que removeram os fragmentos do Pilar de<br />
Enoch dos subterrâneos do Templo de Jerusalém, mantiveram com<br />
eles bem como os registros escritos de sua ordem, levando-os para<br />
Kilwinning na Escócia onde eles formaram a sua primeira 'Loja'.<br />
Nós também descobrimos a existência de um Conselho da Távola<br />
Redonda onde cada membro porta sua espada. Sabedores que os
Templários construíam igrejas redondas e preceptórios parece muito<br />
provável que tais encontros em torno de uma mesa redonda serviram<br />
de inspiração à lenda arthuriana dos Cavaleiros da Távola Redonda.<br />
A história destes rituais antigos confirma que o Sumo Sacerdócio de<br />
Yahweh foi re-estabelecido em Jerusalém pelos Cavaleiros<br />
Templários e que todo Grão-Mestre de Hugues de Payen a Jacques<br />
de Molay cumpriu este supremo ofício. Eles possivelmente portavam<br />
uma mitra dourada quando eles sentavam-se em seu trono entre dois<br />
pilares.<br />
Surpreendentemente, Jacques de Molay é colocado lado a lado<br />
com Jesus, o Nazoreano, em uma cruz, sugerindo que eles eram<br />
vistos como os primeiros e segundo messias. Como na história que<br />
nós havíamos ouvido sobre os Rex Deus, os nomes dos arcanjos são<br />
utilizados como as personagens principais, e que tudo a respeito da<br />
Maçonaria costuma ser afirmado ser a 'verdade'. Finalmente, nós<br />
descobrimos que existe algo que é descrito como o 'segredo real', a<br />
respeito da morte de Jacques de Molay, contido dentro destes antigos<br />
rituais maçônicos. Infelizmente, nós não conseguimos descobrir do<br />
que isto se trata.<br />
Poderia ser os detalhes do sofrimento de Molay e a história da<br />
imagem do Sudário?<br />
A mensagem subliminar contida nestes rituais é a de que a Maçonaria<br />
originou-se de uma fonte que era antiga mesmo para os primeiros<br />
judeus e que sua mensagem foi ensinada por Jesus e por seu irmão e<br />
herdeiro, Tiago. A partir deles ela foi transmitida aos Cavaleiros<br />
Templários que eventualmente a passaram à Maçonaria. No cerne<br />
deste ensinamento está o amor à verdade e a tolerância natural que<br />
reside em todas as religiões monoteístas como sendo parte da grande<br />
verdade divina.<br />
O maior e inesperado segredo, tão cuidadosamente oculto no seio da<br />
Maçonaria, é uma crença que houve um '<strong>Segundo</strong> <strong>Messias</strong>', um<br />
Sumo-Sacerdote de Yahweh, que foi crucificado e eventualmente<br />
morto, a partir de falsas acusações. Trinta e cinco anos após a morte<br />
de Jesus Cristo, a terra de seu nascimento foi abalada por um
desastre e uma grande parcela da população foi morta de forma<br />
horrenda. Trinta e cinco anos após a morte de Jacques de Molay, o<br />
mundo inteiro foi novamente abalado por uma grande tragédia, em<br />
uma escala nunca vista antes ou depois, onde novamente uma grande<br />
parte da população novamente sofreu uma morte horrenda.<br />
A estranha realidade é que os ensinamentos dos Essênios em geral, e<br />
os de Jesus em particular, desapareceram logo após a primeira<br />
crucificação, seguindo aproximadamente mil, duzentos e setenta e<br />
cinco anos de ignorância, o que nós chamamos de 'A Idade das<br />
Trevas'. Após a segunda crucificação, estes ensinamentos difundiramse<br />
novamente no mundo e houve um renascimento do avanço<br />
intelectual e científico e da tolerância espiritual.<br />
Isto não é uma coincidência. A ascensão da Igreja Romana anunciou<br />
a idade da ignorância e a ascensão da Maçonaria foi a força motora<br />
que despertou o mundo para os direitos científicos e da democracia<br />
social. Maçons, como Francis Bacon, Sir <strong>Robert</strong> Moray, Benjamin<br />
Franklin e George Washington, criaram uma nova ordem mundial. Os<br />
objetivos que eles buscavam eram baseados nas exigências oriundas<br />
da Maçonaria - verdade, justiça, conhecimento e tolerância.<br />
Deste modo, não é uma coincidência que as palavras dos Essênios<br />
que repetidamente ocorrem ao longo dos Manuscritos do Mar Morto<br />
sejam a verdade, a retidão, o julgamento, o conhecimento e a<br />
sabedoria.<br />
As palavras usadas por Dimitrije Mitrinovic, de que 'a Maçonaria tem<br />
sido a expressão do Cristianismo pelos últimos 2000 anos',<br />
mostraram-se ser inteiramente corretas.<br />
Nossas Questões Respondidas<br />
Quando nós começamos a nossa busca, originalmente nós<br />
colocamos seis questões. Nós duvidávamos que poderíamos<br />
respondê-las, mas acabamos obtendo mais sucesso do que nós<br />
jamais imaginávamos ser possível. Nossas questões agora estavam<br />
respondidas:
1. Os rituais maçônicos foram deliberadamente alterados ou<br />
suprimidos?<br />
Está além de qualquer dúvida que os rituais da Maçonaria<br />
estiveram sobre uma deliberada e substancial revisão, particularmente<br />
na Inglaterra entre 1717 e 1820. Estas alterações rapidamente se<br />
espalharam pelo mundo e foram feitas diversas tentativas de se<br />
remover qualquer evidência da prévia existência destes perigosos<br />
rituais.<br />
2. O grande segredo da Maçonaria perdeu-se ou foi deliberadamente<br />
escondido?<br />
Aquelas pessoas que têm acusado a Maçonaria de ocultar um<br />
grande segredo do resto da humanidade estavam completamente<br />
certas - embora os Maçons de hoje sejam completamente inocentes<br />
de qualquer conspiração, pois eles também tinham sido<br />
completamente alijados da verdade. Foi escondido no século XVIII e<br />
princípios do XIX por algumas pessoas, como o Duque de Sussex e<br />
Albert Pike.<br />
3. Quem estava por trás da formação dos Cavaleiros Templários?<br />
Nós tínhamos descoberto uma rede de pessoas influentes oriundas<br />
de um pequeno grupo de famílias que estavam envolvidas na tomada<br />
de Jerusalém e no estabelecimento da Ordem dos Cavaleiros<br />
Templários. Um homem que afirmava ser um descendente direto de<br />
Hugues de Payen declarou que este grupo do século XII eram todos<br />
descendentes do Sumo Sacerdócio de Yahweh que era hereditário,<br />
estabelecido pelo Rei Salomão, conhecidos como os Rex Deus os<br />
Reis de Deus. A partir dos nossos estudos das origens templárias do<br />
Tarô e das lendas arthurianas, nós fomos capazes de construir uma<br />
figura clara de como estes Cavaleiros re-estabeleceram o Sumo-<br />
Sacerdócio de Yahweh e reativaram a linha apostólica que foi<br />
interrompida por Roma no ano 70 d.C.
A gritante evidência dos danos causados aos graus da Maçonaria do<br />
Rito Escocês confirma completamente esta história e sugere que a<br />
ordem original possa ter sido chamada de 'Filhos de Sadok', que é<br />
uma das designações utilizadas por aqueles que escreveram os<br />
Manuscritos do Mar Morto.<br />
4. Por que os Templários decidiram escavar embaixo das ruínas do<br />
Templo de Herodes?<br />
Os Templários e os seus companheiros membros dos Rex Deus<br />
planejaram a retomadas de Jerusalém e a subseqüente escavação do<br />
arruinado Templo de Herodes, para redescobrir os artefatos que foram<br />
deixados lá por seus ancestrais no ano de 70 d.C. Estes incluíam<br />
fragmentos do Pilar de Enoch, grandes quantidades de moedas e<br />
objetos de ouro e prata, bem como manuscritos que, entre outras<br />
coisas, continham os antigos registros da Ordem.<br />
5. Quais eram as crenças que levaram à destruição dos Templários<br />
como hereges?<br />
A evidência de que a Ordem dos Templários (o Sumo-Sacerdócio<br />
de Yahweh) sabiam que Jesus era apenas um homem e não um deus<br />
é forte, e eles exigiam que seus membros dirigissem o seu amor a<br />
Deus e não na falsa idolatria da cruz. Eles também se consideravam<br />
como possuindo a verdadeira sucessão apostólica, sendo o Papa em<br />
Roma uma figura respeitável, mas inteiramente secundária.<br />
Qualquer uma destas crenças teria levado à destruição dos<br />
Templários pela Igreja Católica.<br />
6. Podem os rituais mais profundos da Maçonaria lançar uma nova luz<br />
sobre as origens do Cristianismo?<br />
A solução do mistério do Sudário de Turim não é nada comparável à<br />
importância que as nossas descobertas terão nos cristãos mais<br />
liberais. Entretanto, aqueles que se sentirem incapazes de abrirem as<br />
suas mentes contra-argumentarão que a mitologia criada pela
população do Império Romano que não conhecera Jesus e falhara em<br />
entender a teologia judaica que ele ensinou.<br />
Os antigos rituais da Maçonaria não ameaçam o Cristianismo, apenas<br />
a ignorância. Não se pode valer da verdade para sufocar o<br />
conhecimento e, deste modo, nós sugerimos que é hora de re-visitar<br />
as origens do Cristianismo para verificar se nós podemos reconstruir<br />
uma figura melhor daquela rudemente apresentada pelo Império<br />
Romano após a destruição da Igreja de Jerusalém no ano de 70 d.C.<br />
Diversos e importantes estudiosos envolveram-se com os primeiros<br />
séculos do Cristianismo, mas eles não tiveram acesso à evidência que<br />
agora nos está disponível.<br />
Talvez as palavras de David Sinclair Bouschor, Past Grão-Mestre de<br />
Minnesota, resume tudo quando ele afirmou, após ler o nosso trabalho<br />
anterior que nós tínhamos descoberto o que poderia ser:<br />
... O início da reforma no pensamento cristão e uma reconsideração<br />
dos ‘fatos' que nós tínhamos aceitado tão cegamente e perpetuado<br />
por gerações.<br />
O Fim do Enigma do Sudário<br />
Nada na história pode ser afirmado como sendo verdade sem que se<br />
apresente alguma dúvida. Apesar da maneira como a história<br />
convencional e as lendas religiosas são representadas como 'fato',<br />
pode-se ser prudente aceitar a solução mais provável como sendo a<br />
correta. Até agora, não há nenhuma 'solução provável' para a sétima<br />
questão que nos impusemos: qual é a origem definitiva do Sudário de<br />
Turim? Há somente algumas questões, todas estas que contradizem<br />
ora o senso comum, ora os fatos conhecidos.<br />
Neste momento, nós temos uma explicação para o Sudário que faz<br />
sentido completamente e combina com todos os fatos conhecidos,<br />
incluindo a toda importante datação de carbono. Nós tínhamos um<br />
motivo e uma oportunidade, assim como a descrição de um bizarro
grupo de circunstâncias que vão ao encontro das condições químicas<br />
ambientais essenciais para produzir esta imagem única, como definida<br />
pelo Dr. Mills da Universidade de Leicester.<br />
Resumindo, nós estamos tão convencidos quanto possível sobre os<br />
eventos históricos que produziram o Sudário de Turim como sendo a<br />
imagem do último Grão-Mestre dos Templários, pelas seguintes<br />
razões:<br />
1. Molay foi preso no Templo de Paris onde pelo menos um<br />
sudário era mantido para as cerimônias rituais, exatamente como<br />
ainda é hoje mantido em todos os templos maçônicos.<br />
2. Molay foi preso acusado de heresia, especificamente pela<br />
negação de Cristo e da cruz. Isto poderia ter induzido o seu Inquisidor<br />
a ver uma justiça poética na forma da tortura que imitaria o tratamento<br />
sofrido por Jesus.<br />
3. A Inquisição francesa possuía uma reputação consolidada de<br />
pregar pessoas no objeto mais próximo encontrado como uma tortura<br />
rápida e efetiva.<br />
4. A evidência de marcas de sangue indica que a vítima não foi<br />
pregada a uma cruz simétrica. Um dos braços parece ter sido erguido<br />
verticalmente acima da cabeça da vítima, o que poderia explicar<br />
o aparente deslocamento do ombro o que tem sido especulado<br />
por muitos anos.<br />
5. A evidência fisiológica da imagem sobre o Sudário mostra, sem<br />
dúvida alguma, que a vítima foi colocada sobre uma grande cama<br />
macia e não em uma laje de pedra. Isto indica que a vítima estava viva<br />
e esperava-se que a mesma se recuperasse.<br />
6. A vítima esteve em coma por pelo menos vinte e quatro horas antes<br />
do sudário ter sido removido, lavado e guardado por precisamente<br />
cinqüenta anos. Isto era um requerimento essencial para a<br />
química dos 'radicais livres' recentemente identificada como a causa<br />
da imagem.
7. O Sudário foi colocado em exibição pública pela primeira vez pela<br />
família Charney que eram os descendentes do homem que fora preso<br />
com Molay e mais tarde queimado vivo ao lado dele.<br />
8. A prisão e tortura de Molay ocorreu em Outubro de 1307, o<br />
que coincide dentro do período estabelecido pela datação de carbono<br />
14 determinado para o Sudário, que identificou que as fibras<br />
das plantas utilizadas para a produção do linho do Sudário deixaram<br />
de viver em alguma época entre os anos de 1260 e 1390.<br />
9. Nós sabemos que os Cavaleiros Templários usavam os seus<br />
cabelos e barbas ao estilo dos Nazoreanos, exatamente como Jesus<br />
usava. Isto significava que Molay tinha os cabelos à altura dos<br />
ombros e uma barba formada, exatamente como representado na<br />
imagem do Sudário. Embora a aparência física não sirva como uma<br />
evidência plausível, nós pudemos observar que as poucas<br />
representações de Molay parecem-se incrivelmente com a imagem do<br />
Sudário.<br />
10. Os rituais maçônicos do Rito Escocês Antigo e Aceito conta<br />
a história dos Templários e o surgimento em uma mesma cruz das<br />
iniciais que corresponderiam a Jesus Cristo e a Jacques de Molay<br />
sugere que existia um amplo conhecimento de que Molay foi<br />
crucificado.<br />
O mundo agora possui uma coerente e bem substanciada explicação<br />
para a estranha imagem que surgiu no Sudário de Turim. As<br />
conseqüências da aceitação das evidências serão dolorosas para<br />
muitas pessoas, pois elas lhes exigirão o reexame de suas crenças<br />
preferidas - mas nós confiamos que, no devido tempo, a verdade<br />
conquistará a todos.<br />
A Topologia do Passado<br />
Este é o nosso segundo livro que trata de nossa busca para o<br />
entendimento do passado. Nós primeiro iniciamos as nossas<br />
pesquisas como um pedaço de papel em branco, para verificar o que
nós poderíamos descobrir sobre as origens da Maçonaria. Nós<br />
viajamos muito e por todos os lados, e continuamos por um bom<br />
tempo, mais do que pretendíamos, mas nós aproveitamos a viagem, e<br />
o que nós descobrimos fizeram com que todos os nossos esforços<br />
fossem mais do que recompensados.<br />
Tendo descoberto que os mais íntimos segredos da Maçonaria<br />
tradicional confirmaram todas as nossas suspeitas, nós sentimos que<br />
tínhamos atingido o pico de uma grande montanha, após termos<br />
combatidos por muitos anos no meio de selvas impenetráveis e ter<br />
escalado as encostas rochosas que pareciam bloquear nosso<br />
caminho. Agora nós estávamos neste topo, nós podíamos ver a<br />
fantástica paisagem que se desvelava diante de nós.<br />
O caminho que nós seguimos é um dos mais antigos que foi<br />
negligenciado por muitos e caiu em ruínas - mas nós esperamos que<br />
outros agora possam ampliá-lo e segui-lo. De onde nós estamos<br />
agora, fica clara para nós que este caminho não é o único - existem<br />
vários. Nós pudemos verificar que a Maçonaria possuía muitas<br />
influências oriundas de um passado distante que ressurgiram séculos<br />
atrás. O Cristianismo também possui uma enorme e complexa história,<br />
com muitas trilhas e encruzilhadas e algumas vezes de ressurgimento.<br />
Alguns dos principais caminhos que são chamados de 'o caminho<br />
de Jesus' parecem ser oriundos de outros que não a Jerusalém do<br />
primeiro século, enquanto que outras rotas menos populares podem<br />
ser vistas dirigindo-se diretamente até os Nazoreanos.<br />
A partir do que nós pudemos ver, nenhum destes caminhos<br />
possui uma linha mais direta em direção à Jerusalém de Jesus e de<br />
Tiago do que a Maçonaria.<br />
Como estamos olhando a partir de nosso ponto mais elevado, nós<br />
podemos ver diversas outras montanhas; sobre o topo de algumas<br />
delas encontram-se algumas pessoas agrupadas com os seus olhos<br />
vendados. Eles estão todos voltados para dentro e repetindo as<br />
mesmas palavras: 'Este é o único promontório, não podendo existir<br />
outros'. Estas pessoas encontram-se de pé no que eles chamam de<br />
Catolicismo Romano, ou Maçonaria inglesa, ou milhares de outros
pensamentos institucionalizados e eles recusam-se a abrir os seus<br />
olhos em direção às outras gigantescas e maravilhosas paisagens de<br />
outros e complementarmente às verdades que os circundam. Eles<br />
temem o conhecimento, pois ele poderia mostrar-lhes que existem<br />
outros lugares válidos para se manterem, alguns deles podem mesmo<br />
ser melhores do que as seguros e familiares colinas que eles temiam<br />
examinar no contexto de toda a paisagem.<br />
A Maçonaria Tradicional mantinha os seus olhos abertos quando dizia:<br />
Nós devemos ser tolerantes com as posições religiosas de outros<br />
homens, pois todas as religiões têm muito de verdadeiro dentro delas,<br />
e nós devemos combater a ignorância da educação, a intolerância<br />
racial pela tolerância, e a tirania pelos ensinamentos da liberdade<br />
verdadeira.<br />
Tendo perseverado através das voltas e reviravoltas de nossa<br />
estranha jornada, gravada neste livro, nós esperamos que todos<br />
elevem suas vozes ao clamor de uma revisão do passado através de<br />
olhos abertos, particularmente ao que concerne às origens do<br />
Cristianismo.<br />
Para nós mesmos, nossa próxima tarefa é descobrir os antigos<br />
registros de Jerusalém, escavado pelos Templários e primeiro levados<br />
para Kilwinning em 1140 e, de acordo com nossas crenças, reenterrado<br />
novamente embaixo de Rosslyn.<br />
Quando Rosslyn for escavada a verdade conquistará a todos.<br />
a.C.<br />
Apêndice I:<br />
A Linha do Tempo<br />
972 - Salomão torna-se rei de Israel e constrói o Templo para Yahweh.
922 - Salomão morre deixando um caos religioso e financeiro por toda<br />
Israel.<br />
586 - A destruição final do Templo de Salomão.<br />
539 - Início da construção do Templo de Zorobabel.<br />
d.C.<br />
6 - Provável data de nascimento de Jesus.<br />
32 - João, o Batista, é morto;<br />
Jesus assume tanto o messianismo sacerdotal quanto monárquico.<br />
33 - Crucificação de Jesus.<br />
37 - Mandaenos dirigem-se à Mesopotâmia através de Saul.<br />
62 - Morte de Tiago, o Justo, no Templo.<br />
Simão, primo-irmão de Jesus é o novo líder da Igreja de Jerusalém.<br />
66 - A Revolta Judaica inicia.<br />
68 - Destruição de Qumran.<br />
70 - Destruição de Jerusalém e do Templo de Herodes por Tito.<br />
Concílio de Nicéia convocado pelo Imperador Constantino.<br />
1070 - Nascimento de Hugues de Payen.<br />
1090 - Nascimento de Bernardo de Clairvaux Hugues de Payen<br />
sucede a seu pai como Lorde de Payen.<br />
1095 - Início da Primeira Cruzada.
1099 - Jerusalém é tomada pelos Cruzados; Godofredo de Bouillion<br />
eleito chefe; Henri St Clair toma o título de Barão de Roslin; Morte do<br />
Papa Urbano II.<br />
1100 - Morte de Godofredo de Bouillion, primeiro rei de Jerusalém;<br />
Morte de Guilherme II da Inglaterra;<br />
Balduíno I torna-se rei de Jerusalém.<br />
1101 - Hugues de Payen casa-se com Catarina St Clair; recebendo<br />
Blancradock como dote.<br />
1104 - Hugues de Payen viaja à Jerusalém em companhia de Hugues<br />
de Champagne.<br />
1113 - Bernardo e a família Fontaine unem-se à Ordem Cisterciense.<br />
1114 - Hugues de Payen e Hugues de Champagne novamente visitam<br />
Jerusalém.<br />
1115 - Bernardo torna-se Abade de Clairvaux.<br />
1118 - Nove Cavaleiros sob a liderança de Hugues de Payen<br />
começam a escavar o Templo arruinado.<br />
1120 - Foulques de Anjou toma o seu juramento e une-se aos<br />
Templários.<br />
1125 - Hugues de Champagne toma o seu juramento em Jerusalém e<br />
torna-se o décimo primeiro Templário.<br />
1128 - Concílio de Troyes aprovam a Regra dos Templários;<br />
Hugues de Payen visita Roslin como parte de seu 'tour' pela Europa;<br />
Payen de Montdidier torna-se o Grão-Mestre dos Templários da
Inglaterra e empreende um grande programa de construção de<br />
preceptórios.<br />
1136 - Morte de Hugues de Payen; Geoffrey de Monmouth escreve<br />
Sobre os Assuntos da Britânia.<br />
1140 - Senhores de Payen tornam-se Condes de Champagne;<br />
Templários levam as relíquias do Templo para a Escócia;<br />
Guilherme de Malmesbury escreve a história do Santo Graal e de José<br />
de Arimatéia.<br />
1152 - Geoffrey de Monmouth torna-se o Bispo de St Asaph.<br />
1153 - Morte de Bernardo de Clairvaux.<br />
1174 - Bernardo de Monmouth é proclamado santo.<br />
1180 - Chrétien de Troyes escreve Le Conte du Graal.<br />
1190 - Um Templário anônimo escreve Perlesvaus.<br />
1210 - Wolfram von Eschenbach escreve Parzival<br />
1285 - Filipe IV; o Belo, sucede a seu pai com a idade de dezessete<br />
anos.<br />
1292/3 - Jacques de Molay é eleito o último Grão-Mestre dos<br />
Templários.<br />
1294 - Bonifácio VIII é eleito Papa.<br />
1296 - Bonifácio emite a bula Clericis Laicos isentando o clero do<br />
pagamento de impostos.
1297 - Luís IX canonizado por Bonifácio.<br />
1299 - Filipe recusa-se a apoiar Bonifácio em uma Cruzada contra<br />
Aragão.<br />
1300 - Templários derrotados em Tortosa e alguns são levados como<br />
prisioneiros para o Egito;<br />
Molay retoma à Chipre e considera uma retirada para a Europa.<br />
1302 - Bonifácio VIII emite a bula papal Unam Sanctam proclamando<br />
o Supremo Poder Papal sobre os reis;<br />
Guilherme de Norgaret indicado como o principal conselheiro de Filipe;<br />
Filipe IV publicamente queima as bulas e confisca as terras<br />
dos prelados leais ao Papa;<br />
Bonifácio oferece o trono de França a Alberto, imperador da Áustria.<br />
1303 - Norgaret ataca Bonifácio em Anagni;<br />
Bonifácio morre vítima de um derrame;<br />
Eduardo I da Inglaterra firma a paz com Filipe.<br />
1304 - Benedito XI é envenenado por agentes de Filipe após dez anos<br />
no ofício.<br />
1305 - Filipe oferece ao seu velho inimigo, Bertrand de Gotte,<br />
Arcebispo de Bordeaux, o papado em troca de seis favores;<br />
Bertrand de Gotte coroado Papa como Clemente V em Lion;<br />
<strong>Robert</strong> the Bruce é excomungado.<br />
1306 - O Papa convoca os Grão-Mestres dos Templários e dos<br />
Hospitalários à França para discutir a unificação das Ordens.<br />
Molay viaja à Paris com uma comitiva de doze cavalos carregados de<br />
tesouros para serem oferecidos a Filipe.<br />
Molay viaja à Poitiers para se encontrar com Clemente e apresentar<br />
as razões para a não-unificação das Ordens.
Os Hospitalários tomam Rodes.<br />
<strong>Robert</strong> the Bruce coroado rei da Escócia.<br />
Prisão de todos os judeus em França.<br />
1307 - Molay viaja novamente à Poitiers para discutir as ações contra<br />
a Ordem com Clemente.<br />
A 13 de Outubro, uma sexta-feira, Filipe o Belo ordena a prisão dos<br />
Templários.<br />
Jacques de Molay crucificado, mas não morto, e o Sudário de Turim é<br />
criado.<br />
A Universidade se reúne no Templo de Paris e registra a confissão do<br />
Grão-Mestre.<br />
1308 - O Papa tenta fugir de Bordeaux, mas retorna à Poitiers por<br />
ordens de Filipe.<br />
Os Templários são trazidos diante de Filipe e Clemente em Poitiers;<br />
Filipe somente ouve as confissões contra os Templários.<br />
Clemente autoriza a Comissão de Paris a inquirir sobre as acusações<br />
contra os Templários.<br />
1309 - A Comissão de Paris convoca os Templários a comparecerem<br />
diante dela em Novembro.<br />
Molay trazido diante da Comissão de Paris relata que foi torturado<br />
para que confessasse.<br />
Clemente estabelece o Papado de Avignon.<br />
1310 - 536 Templários reunidos em Poitiers para defender a Ordem.<br />
Relatos de testemunhas contra a Ordem iniciam-se em Paris.<br />
Concilio de Sens condena 54 Templários à fogueira em Paris.<br />
Arcebispo de Reims condena à fogueira nove Templários.<br />
Arcebispo de Sens condena à fogueira quatro Templários.<br />
A Comissão Papal retoma os depoimentos sem qualquer presença de<br />
defesa.
1311 - A Comissão Papal termina o seu inquérito.<br />
O Papa chega à Viena para o Concilio Geral.<br />
O Concilio Geral não se opõe aos Templários.<br />
1313 - Filipe vai para Viena.<br />
Clemente publica bula abolindo os Templários sem imputar-lhes culpa.<br />
1314 - Molay declara a inocência da Ordem publicamente e<br />
novamente relata ter sido torturado.<br />
Filipe convoca seu conselho secular para condenar Molay à fogueira.<br />
A 19 de Março, Jacques de Molay e Geoffroy de Charney são<br />
queimados em Paris.<br />
Filipe e Clemente morrem.<br />
Batalha de Bannockburn vencida através da intervenção de uma força<br />
de batalha templária.<br />
1328 - Inglaterra reconhece a Escócia como uma nação independente.<br />
Primeira referência às cartas de Tarô através do Manuscrito de<br />
Renaud le Contrefait.<br />
1329 - A 13 de Junho, o Papa reconhece <strong>Robert</strong> I e seus sucessores<br />
como Reis da Escócia.<br />
1330 - William St Clair morre quando levava o coração de <strong>Robert</strong> I<br />
para Jerusalém.<br />
1348 - A Peste Negra atinge a França, através de Marselha.<br />
1350 - Um terço da população de França morre vítima da Peste<br />
Negra.<br />
1353 - Geoffroy de Charney II recebe autorização para fundar uma<br />
igreja em Lirey.
1356 - Rei João II de França é feito prisioneiro em Poitiers.<br />
1357 - Primeira exposição pública do Sudário de Turim;<br />
Henrique de Poitiers proíbe as exposições do Sudário;<br />
1361-72 - Nova epidemia de Peste Negra.<br />
1376 - As cartas de Tarô são proibidas em Florença.<br />
1378 - Clemente VII, sobrinho de Jeanne de Charney, é feito Papa.<br />
1382-88 - Nova epidemia de Peste Negra.<br />
1389 - Geoffroy de Charney II reinicia as exposições públicas do<br />
Sudário;<br />
Memorando de Pierre d'Arcis.<br />
1390 - Pierre d'Arcis condenado ao silêncio sobre o assunto do<br />
Sudário.<br />
1440-90 - Edificação de uma reconstrução do Templo de Herodes<br />
arruinado, em Roslin.<br />
1534 - A Inglaterra rompe com a Igreja Católica Romana.<br />
1578 - Sudário é levado para a Catedral de Turim.<br />
1598 - Primeiros registros documentados de uma Loja maçônica.<br />
1601 - Jaime VI da Escócia é feito Maçom na Loja de Scoon e Perth.<br />
1602 - Estatutos de Schaw, Carta de St Clair.<br />
1603 - Jaime VI torna-se Jaime I da Inglaterra.
1625 - Carlos I torna-se rei.<br />
1637 - Novo Livro de Oração Inglês imposto à Escócia.<br />
1638 - A 'Aliança' assinada em Greyfriars' Kirkyard.<br />
1641 - Sir <strong>Robert</strong> Moray iniciado na Maçonaria em Newcastle.<br />
1643 - Início da Guerra Civil Inglesa.<br />
1646 - Final da primeira fase da Guerra Civil Inglesa em Oxford;<br />
Elias Ashmole iniciado na Loja Warrington.<br />
1649 - Carlos I executado;<br />
A coroa da Escócia é oferecida a Carlos II somente se este assinar<br />
a 'Aliança'.<br />
A 'Commonwealth' da Inglaterra é fundada;<br />
1650 - Conde de Montrose é executado;<br />
Carlos II assina a 'Aliança'.<br />
1658 - Morte de Oliver Cromwell.<br />
1660 - Carlos II, rei da Inglaterra.<br />
1679 - Arcebispo Sharp de Santo André é assassinado.<br />
Membros da 'Aliança' são derrotados e aprisionados em<br />
Greyfriars' Kirkyard.<br />
1684 - As Lojas escocesas estabelecem fundos para a compra de<br />
armas.<br />
1685 - Morte de Carlos II;
Jaime VII, Rei.<br />
1689 - Guilherme de Orange e Maria assinam a Declaração de<br />
Direitos e passam a governar em conjunto.<br />
1690 - Jaime VII derrotado na Batalha de Boyne.<br />
1702 - Morte de Guilherme de Orange.<br />
Ana torna-se Rainha.<br />
1706 - Ato da Divisão Sucessória aprovado pelo Parlamento escocês.<br />
1707 - Unificação dos Parlamentos inglês e escocês.<br />
1714 - Primeiros registros conhecidos da Grande Loja de York.<br />
1715 - Primeira campanha jacobita para restaurar a linha de sucessão<br />
dos Stuart.<br />
1717 - Formação da Grande Loja de Londres.<br />
1724 - Ramsay é nomeado tutor dos filhos do 'Bom Príncipe Charlie'.<br />
1725 - Formação da Grande Loja Irlandesa.<br />
Loja de São Tomé fundada em Paris.<br />
1730 - Ramsay visita a Inglaterra.<br />
1736 - Formação da Grande Loja Escocesa.<br />
1745 - Segunda campanha jacobita para a restauração da linha de<br />
sucessão dos Stuart.<br />
1748 - Dermott une-se aos Maçons de Londres.
1752 - Grande Loja dos Antigos fundada por Dermott.<br />
1761 - Grande Loja de França emite patentes para a difusão do Rito<br />
Escocês na América.<br />
1799 - O Ato das Sociedades Desleais é aprovado por William Pitt.<br />
1801 - O Supremo Conselho dos Trinta e Três Graus para os Estados<br />
Unidos da América é formado.<br />
1813 - Formação da Grande Loja Unida da Inglaterra.<br />
1819 - Supremo Conselho para a Inglaterra é formado;<br />
Duque de Sussex é iniciado nos 33 graus pelo Almirante Smyth;<br />
Revisão dos rituais maçônicos iniciada pelo Duque de Sussex.<br />
1830 - Todos os rituais da Maçonaria Simbólica são re-escritos.<br />
1845 - Supremo Conselho para a Escócia é formado.<br />
1855 - Albert Pike inicia a revisão dos rituais do Rito Escocês.<br />
1876 - Inglaterra rompe com o Supremo Conselho para a Escócia.<br />
1881 - O Acampamento de Baldwyn protesta contra o poder excessivo<br />
do Supremo Conselho para a Inglaterra sobre os rituais.<br />
1898 - Primeira imagem fotográfica do Sudário.<br />
1947 - Descoberta do local do esconderijo dos evangelhos gnósticos<br />
de Nag Hammadi e dos Manuscritos do Mar Morto em Qumran.<br />
1951 - Iniciam-se as escavações em Qumran.
1955 - O Manuscrito de Cobre é aberto e decifrado como sendo um<br />
inventário de tesouros ocultos.<br />
1988 - A datação de carbono do Sudário determina como sua possível<br />
origem a data de 1260.<br />
1991 - Primeiro acesso público à coleção completa dos Manuscritos<br />
do Mar Morto.<br />
Apêndice II:<br />
A Carta de Direitos de Transmissão de J. M.<br />
Larmenius<br />
Decifrada e traduzida por J. S. M. Ward.
Eu, Irmão João Marcos Larmenius, de Jerusalém, pela Graça de Deus<br />
e pelo mais alto grau de honra e pelo mais santo dos Mártires, o<br />
Supremo Grão-Mestre dos Cavaleiros do Templo (a quem honramos e<br />
glorificamos), confirmado pelo Concílio Comum dos Irmãos, sendo<br />
agraciado com o mais alto e Supremo Mestrado sobre toda a Ordem<br />
do Templo, a quem vislumbrar estas cartas decretais, [desejo] saúde,<br />
saúde, saúde.<br />
Que seja conhecido a todos no presente e no futuro que, tendo<br />
minhas forças diminuídas devido à extrema idade, tendo tomado todos<br />
os procedimentos relativos à perplexidade dos negócios e ao peso do<br />
governo, para a maior glória de Deus, e a proteção e segurança da<br />
Ordem, dos irmãos e dos Estatutos, Eu, o humilde Grão-Mestre dos<br />
Cavaleiros do Templo, determino que o Supremo Mestrado recaia<br />
sobre mãos mais fortes.<br />
Por isso, com a ajuda de Deus, e com o completo consentimento da<br />
Suprema Assembléia dos Cavaleiros, eu conferi e através do presente<br />
decreto, de fato, confiro de forma vitalícia ao eminente Comandante e<br />
meu caríssimo Irmão Teobaldo de Alexandria o Supremo Mestrado da<br />
Ordem do Templo, com suas autoridades e privilégios, com o poder de<br />
acordo com as condições de tempo e negócios de conferir a um outro<br />
irmão, tendo este a mais alta distinção em nobreza de origem e de<br />
realização e a honrável personalidade, o mais alto e Supremo<br />
Mestrado da Ordem do Templo e a sua mais alta autoridade. Que<br />
possa estar disposto a preservar a perpetuação do Mestrado, a série<br />
ininterrupta de sucessores e a integridade dos Estatutos. Eu ordeno,<br />
entretanto, que o Mestrado não pode ser transferido sem o<br />
consentimento da Assembléia Geral do Templo, assim como que a<br />
Suprema Assembléia deverá resolver em conjunto, e, quando esta se<br />
reunir, deixará um sucessor para ser escolhido pelo voto dos<br />
cavalheiros.<br />
Mas, de modo que as funções do Supremo Ofício não sejam<br />
negligenciadas, deixo agora e continuamente quatro Vigários do<br />
Supremo Mestrado, guardando supremos poderes, eminência e<br />
autoridade sobre toda a Ordem, resguardando-se o direito do
Supremo Mestre; que os Vigários sejam eleitos entre os Veteranos da<br />
Ordem, de acordo com a ordem de profissão. Que o Estatuto esteja de<br />
acordo com o juramento (ordenando a mim e aos irmãos) do mais<br />
sagrado e mui Venerável e mui abençoado Grão-Mestre, o Mártir, a<br />
quem honramos e glorificamos. Amém.<br />
Eu, finalmente, através do decreto da Suprema Assembléia, através<br />
da suprema autoridade a mim concedida, afirmo e ordeno que os<br />
Templários escoceses, desertores da Ordem, sejam marcados por um<br />
anátema, e que eles e os irmãos de São João de Jerusalém,<br />
espoliados das benesses da Ordem (a que Deus tenha misericórdia),<br />
sejam excluídos do círculo do Templo, hoje e para sempre.<br />
Eu ainda indico sinais desconhecidos, e que estes sejam<br />
desconhecidos dos falsos irmãos, que sejam entregues oralmente aos<br />
nossos Cavaleiros Companheiros; desta maneira já os dei<br />
conhecimento à Suprema Assembléia. Mas estes sinais somente<br />
devem ser revelados após o devido juramento de fidelidade e<br />
consagração dos Cavaleiros, de acordo com os Estatutos, direitos e<br />
usos da Ordem dos Cavaleiros do Templo que encaminho por meu<br />
intermédio ao acima mencionado eminente Comandante, do mesmo<br />
modo que eu os recebi pelas mãos do Venerável e mui abençoado<br />
Grão-Mestre, o Mártir, a quem honramos e glorificamos. Assim seja<br />
feito, como eu determinei. Amém.<br />
Eu, João Marcos Larmenius chancelo este em 18 de Fev. de 1324.<br />
Eu, Teobaldo, recebi o Supremo Mestrado, com a ajuda de Deus, no<br />
ano do Cristo, 1324.<br />
Eu, Arnaldo de Braque, recebi o Supremo Mestrado com a ajuda de<br />
Deus. 1340 Anno Domini.<br />
Eu, João de Clermont, recebi o Supremo Mestrado com a ajuda de<br />
Deus. 1349 Anno Domini.
Eu, Bertrand Guselin &e., no ano do Cristo, 1357.<br />
Eu, Irmão João de L'Armagnac &c, no ano do Cristo, 1381.<br />
Eu, o humilde Irmão Bernardo de L'Armagnac &c. no ano do Cristo,<br />
1392.<br />
Eu, João de L'Armagnac &c, no ano do Cristo, 1418.<br />
Eu, João Croviacensis [de Croy] &c, no ano do Cristo, 1451.<br />
Eu, <strong>Robert</strong>o de Lenoncoud &c. Anno Domini, 1478.<br />
Eu, Gáleas Salazar, um humilde Irmão do Templo &c no ano do<br />
Cristo, 1496.<br />
Eu, Filipe de Chabot ... Anno Christi 1516.<br />
Eu, Gaspar Cesinia [?] Salsis de Chobaune &c. Anno Domini, 1544.<br />
Eu, Henrique Montmorency [?]... Anno Christi 1574.<br />
Eu, Carlos Valasius [de Valois] ... Anno Domini, 1615.<br />
Eu, Jacques Rufelius [de] Grancey... Anno Domini, 1651.<br />
Eu, João de Durfort de Thonass... Anno Domini, 1681.<br />
Eu, Filipe de Orleans ... Anno Domini, 1705.<br />
Eu, Luís Augusto Bourbon de Maine ... Anno Domini, 1724.<br />
Eu, Bourbon-Conde ... Anno Domini 1787 [em diversos lugares é<br />
chamado Condate].
Eu, Luís Francisco Bourbon-Conty... Anno Domini, 1741.<br />
Eu, de Cosse-Brissac (Luís Hércules Timoleon)... Anno Domini, 1776.<br />
Eu, Cláudio Mateus Radix-de-Chevillon, senhor Vigário-Mestre do<br />
Templo, sendo atacado por diversas doenças, na presença dos<br />
Irmãos Próspero Miguel Charpentier de Saintot, Bernardo Raimundo<br />
Fabre, Vigários-Mestres do Templo, e João Batista Augusto de<br />
Courchant, Supremo Preceptor, tendo entregado [este] decreto,<br />
confiado a mim em tempos infelizes por Luís Timeleon de Cosse-<br />
Brissac, Supremo Mestre do Templo, ao Irmão Jacque Philippe Ledru,<br />
Vigário-Mestre Geral do Templo de Messines [? Misseniacum] que<br />
estas cartas sejam com o devido tempo mantidas na memória<br />
perpétua de nossa Ordem, de acordo com o rito Oriental. 10 de Junho<br />
de 1804.<br />
Eu, Bernardo Raimundo Fabre Cardeal de Albi, de acordo com o voto<br />
de meus Colegas, os Vigários-Mestres e os Irmãos Companheiros<br />
Cavaleiros, aceito o Supremo Mestrado em 04 de Novembro de 1804.<br />
Anexo III<br />
O Processo Químico que Criou a Imagem do Sudário<br />
de Turim<br />
Nós agradecemos ao Dr Alan Mills por dar-nos a permissão de citar o<br />
seu recente trabalho que explica como a imagem do Sudário poderia<br />
ter ocorrido. Nós esperamos que ele nos perdoe por transformar sua<br />
explicação científica do processo químico em um texto<br />
consideravelmente mais leve para o benefício de nossos leitores.<br />
As características da imagem que o Dr. Mills achou necessário serem<br />
explicadas eram:
1. A falta de grandes distorções.<br />
Se a imagem foi produzida através de um contato do linho com o<br />
corpo coberto de sangue e suor ela deveria apresentar um tipo<br />
distorção evidente quando nós fizemos uma impressão por contato<br />
com o rosto de Chris. O efeito é de uma dramática distorção<br />
apresentada devido à imagem da lateral da face parecer estar na<br />
frente. O Sudário não exibe tal efeito. Os traços do rosto do Sudário<br />
estão normais e deste se infere que ele não pode ter sido criado<br />
através do linho estando em contato com o rosto.<br />
2. Que a densidade da imagem está inversamente proporcional à<br />
distância do tecido com relação à pele, com o processo de saturação<br />
estando em uma distância de quatro centímetros.<br />
Quanto mais perto da pele da vítima que o linho do Sudário<br />
estivesse, mais escura a imagem. Há um decréscimo da escala de<br />
cinza até a distância de quatro centímetros, quando a imagem<br />
desaparece.<br />
3. A falta de marcas detectáveis de Pincel na imagem.<br />
Se a imagem tivesse sido pintada com algum pincel as marcas<br />
deste seriam detectáveis.<br />
4. Que o processo afeta somente a superfície das fibras e não penetra<br />
para o lado inverso do tecido.<br />
Se a imagem tivesse sido produzida com pigmentos de qualquer tipo<br />
(sangue e/ou tinta) as fibras teriam absorvido-os e as manchas teriam<br />
atravessado para o outro lado.<br />
5. Que as variações na densidade da imagem são produzidas pelas<br />
mudanças na densidade das fibras amareladas por unidade de área, e<br />
não por mudanças no grau de amarelamento.<br />
A imagem aparece como tendo sido criada por um processo<br />
'digital' onde a escala tonal é uma ilusão criada pelo número de pontos<br />
de impressão descoloridos por centímetro quadrado.
6. Que o tecido manchado de sangue havia protegido o linho das<br />
reações de amarelamento.<br />
Dr. Mills notou que todos os antigos espécimes botânicos que tinham<br />
sido desidratados produziram marcas marrom-amareladas sobre a<br />
celulose, apresentando uma quantidade notável de detalhes quando<br />
vistas em uma imagem negativa com filtro azul. Ele descobriu<br />
excelentes exemplos deste efeito sobre papel em diversos exemplos<br />
mantidos no herbário da Universidade de Leicester a partir de 1888.<br />
Sabe-se que estas marcas, conhecidas como padrões de Volckringer,<br />
são causadas pela reação de ácido láctico.<br />
O outro fenômeno relacionado que ele teve notícia foi aquele que tinha<br />
causado problemas aos fabricantes de chapas fotográficas quando<br />
eles descobriram imagens que poderiam ser produzidas em total<br />
escuridão através da proximidade de vários materiais tais como papel<br />
de imprensa, resina de madeira, alumínio e óleos vegetais. Conhecido<br />
como 'Efeito Russel', ele foi geralmente aceito como sendo parte do<br />
processo que se relacionava com a liberação de peróxido de<br />
hidrogênio. Na década de 1890, os fabricantes de filmes descobriram<br />
como produzir emulsões que não sofriam deste efeito e o interesse<br />
neste estranho processo de produção de imagens, que não<br />
necessitava de luz, foi deixado de lado.<br />
Dr. Mills descobriu claras evidências de que um homem nu colocado<br />
sob ar confinado produzirá convenção de ar laminar (não turbulento)<br />
através de correntes até uma distância de 80 centímetros e a partir<br />
disto ele concluiu que qualquer partícula formadora de imagem levaria<br />
aproximadamente um segundo para viajar os quatro centímetros que<br />
separam a superfície do corpo da do tecido. Assim ele descreveu a<br />
chave do processo:<br />
Somente se o princípio ativo estiver altamente instável o seu suave<br />
transporte vertical viria a produzir uma imagem modulada.
Uma partícula possivelmente instável poderia resultar no<br />
amarelamento das fibras de linho que é um tipo de radical livre<br />
conhecido como oxigênio reativo intermediário.<br />
Um radical livre é um átomo que possuí elétrons extras que não<br />
combinam com nenhuma partícula positivamente carregada em seu<br />
núcleo. Estes elétrons extras não possuem correspondentes e dão à<br />
molécula uma carga negativa. A ocorrência mais comum de uma<br />
molécula de oxigênio possui dois elétrons adicionais (dois átomos de<br />
oxigênio combinam-se para produzir uma única molécula de oxigênio<br />
conhecida como O2 o que demonstra esta ter sido produzida com dois<br />
átomos).<br />
Estes elétrons podem se transformar em energia para a partir disto<br />
formar uma molécula instável que pode, sob certas circunstâncias,<br />
difundir sua energia. Seria como carregar uma bateria de níquel e<br />
então liberar repentinamente tal fonte de energia. A vida útil dessas<br />
moléculas instáveis de oxigênios, conhecidas como partícula isolada<br />
de oxigênio, não carregam nenhuma carga, mas de fato possuem<br />
energia armazenada em seus elétrons. Ela não pode existir durante<br />
muito tempo neste estado 'excitado' e rapidamente entra em<br />
colapso retomando ao seu estado normal, liberando assim a energia<br />
extra.<br />
Quando esta partícula isolada de oxigênio é criada na forma de um<br />
gás, sua duração é um pouco maior, observada sob termos químicos.<br />
O modo pelo qual a taxa de declínio em direção ao oxigênio normal é<br />
medido leva-se em conta o número de partículas isoladas de oxigênio<br />
e considera o tempo que levaria para metade delas decair até o seu<br />
estado normal; isto então é conhecido como 'meia vida'. Dr. Mills<br />
calculou que a meia vida desta partícula isolada de oxigênio como<br />
sendo de 80 mili-segundos e demonstrou que o choque de acidez do<br />
sangue ou a fadiga oxidativa resultante da formação do ácido láctico<br />
durante o trauma da crucificação resultaria na liberação das partículas<br />
isoladas de oxigênio pelas células da superfície do corpo.<br />
Estes átomos de oxigênio seriam levados em linha reta até a<br />
superfície do sudário através de correntes de condução de calor
laminar e teriam decaído ao seu estado natural em um tempo<br />
suficiente para que eles tivessem percorrido uma distância máxima de<br />
quatro centímetros. Quanto mais próximo o tecido estivesse do corpo<br />
maior seria a concentração das partículas isoladas de oxigênio em<br />
contato com a superfície do tecido neste ponto.<br />
Este tipo de liberação de energia armazenada através da<br />
intermediação de oxigênio reativo causaria o amarelamento das fibras<br />
de celulose e o processo tem sido um problema contínuo para os<br />
curadores dos museus, solucionado apenas através da exibição<br />
destes em níveis muitos baixos de luz. Dr. Mills demonstra que o<br />
processo de liberação das partículas isoladas de oxigênio sob<br />
condições particulares causaria o amarelamento das fibras de linho<br />
que se chocavam com estas moléculas instáveis de oxigênio. As<br />
moléculas são tão instáveis que eles seriam rapidamente absorvidas<br />
assim que elas atingissem a superfície do tecido, assim formando uma<br />
imagem real do objeto abaixo. Quanto mais próxima a pele<br />
traumatizada estivesse do tecido mais as fibras seriam descoloradas e<br />
mais escurecida a marca seria.<br />
Um ponto muito interessante é que a descoloração não ocorreria<br />
instantaneamente. Uma vez que a molécula isolada de oxigênio<br />
liberasse a sua energia para a trama do linho, o amarelamento<br />
continuaria por muito tempo. Esta liberação de energia atua como um<br />
catalisador que inicia um processo que é extremamente lento em sua<br />
atuação. Se o tecido fosse mantido em um local seco e protegido da<br />
luz com um bom suprimento de oxigênio, o escurecimento da imagem<br />
continuaria até que a reação em cadeia atingisse a totalidade das<br />
fibras afetadas. Este processo, conhecido como auto-oxigenação, é<br />
uma reação muito lenta que leva muitos anos para atingir a sua<br />
saturação, após a qual a imagem desaparecia muito lentamente.<br />
A teoria do Dr. Mills prevê que a imagem no Sudário se tornará cada<br />
vez mais esmaecida e que eventualmente ela desaparecerá.<br />
Recentemente foi noticiado que a imagem do Sudário está<br />
misteriosamente se esmaecendo.<br />
Suas conclusões eram fascinantes:
Embora as imagens deste tipo associadas com os espécimes<br />
botânicos impressos em papel não sejam incomuns, àquela presente<br />
no Sudário de Turim parece ser única devido à necessidade de uma<br />
combinação altamente incomum de circunstâncias que não são<br />
individualmente exigidas, sendo estas:<br />
. Um longo sudário tecido de puro linho;<br />
. A colocação apressada sobre um corpo recém falecido (não lavado?)<br />
de um homem torturado, mantido em um local termicamente estável;<br />
. A remoção após trinta horas aproximadamente;<br />
. A manutenção deste tecido em um local seco e protegido da luz por<br />
décadas ou séculos..<br />
1. As marcas de sangue presentes no Sudário têm sido mostradas<br />
como sendo partículas de metahemoglobinas limitadas às fibras<br />
através de um filme protéico derivado de soro sanguíneo. Quando<br />
alguns deste materiais foram removidos, descobriu-se que o sangue<br />
havia protegido o linho abaixo deste do processo de amarelamento,<br />
exatamente como a teoria do Dr. Mills prevê.<br />
2. A abrangência de circunstâncias 'que não individualmente exigidas'<br />
pode ser demonstrada como tendo ocorrido provavelmente diante do<br />
cenário que nós descrevemos no Capítulo 08.<br />
. Um longo sudário tecido de puro linho. Os Templários utilizavam a<br />
mesma cerimônia de ressurreição que ainda é utilizada pelos Maçons<br />
nos dias de hoje e esta cerimônia ainda se vale de um longo sudário<br />
tecido em puro linho, sendo provável que um sudário cerimonial se<br />
encontrassem no Templo de Paris.<br />
. A colocação apressada sobre um corpo recém falecido (não lavado?)<br />
de um homem torturado, mantido em um local termicamente estável. A<br />
colocação do Sudário sobre o corpo de Molay foi um último toque de
ironia perpetuado por Imbert após Molay ter ficado inconsciente e ter<br />
sido colocado em uma cama para se recuperar.<br />
. A remoção após trinta horas aproximadamente. Ele foi deixado em<br />
coma por um tempo considerado, talvez até a manhã de domingo,<br />
quando ele foi acordado e levado diante da Universidade de Paris<br />
para ouvir a proclamação de sua culpa.<br />
. A manutenção deste tecido em um local seco e protegido da luz por<br />
décadas ou séculos. O Sudário foi exibido pelos descendentes de<br />
Geoffroy de Charney aproximadamente cinqüenta anos após Molay ter<br />
sido torturado. A imagem pode ter continuado a se reforçar até a<br />
época quando a mesma foi fotografada em 1898.<br />
Nós havíamos descoberto a primeira explicação completa da criação<br />
do Sudário que demonstrava todos os fatores conhecidos referentes a<br />
sua criação e que combina exatamente com os resultados da datação<br />
de carbono.<br />
3. O trabalho do Dr. Mills apresenta uma peça final do quebracabeças.<br />
A imagem revelou-se lentamente ao longo dos cinqüenta<br />
anos nos quais permaneceu guardada e foi somente a desesperada<br />
busca por uma fonte de recursos de Jeanne que finalmente a trouxe à<br />
luz.
O relatório do Dr. Mills explica como a imagem foi criada:<br />
Embora oxigênio seja um elemento único, seus átomos individuais não<br />
existem normalmente em um estado que não o seja em pares. O<br />
oxigênio que nós respiramos possui dois átomos gêmeos e é<br />
chamado de O2.
O nível de ácido láctico na pele causa a divisão dos dois átomos de<br />
oxigênio e os átomos individualmente absorvem uma parcela de<br />
energia deste processo. Eles então se elevam a partir da suave<br />
condução de calor de ar oriunda do corpo aquecido. Esta condição do<br />
átomo isolado é instável e cada átomo se unificará com o primeiro<br />
átomo de oxigênio isolado que atravessar o seu caminho, retornando<br />
assim ao estado duplicado original da molécula. Quando eles tiverem<br />
percorrido quatro centímetros, praticamente todos eles terão se<br />
estabilizado (ver figura 02).<br />
Assim que os átomos isolados ressurgem como átomos de oxigênio<br />
na superfície das fibras de linho, o acúmulo de energia que eles<br />
absorveram ao se separarem é liberado e a fibra altera sua coloração.<br />
É efetivamente queimado até a profundidade de uma molécula (ver<br />
figura 03). Como o átomo isolado de oxigênio toma um outro átomo<br />
para se unir com ele, ele 'rouba' o parceiro de um outro átomo de<br />
oxigênio, criando um outro átomo 'viúvo', que por sua vez toma o<br />
próximo átomo de oxigênio disponível, iniciando uma reação em<br />
cadeia que não termina até que o suprimento de oxigênio se esgote. A<br />
cada transferência de um átomo, outro acúmulo de energia é<br />
transferido, causando uma outra queimadura no tecido (ver figura 04).<br />
O número de átomos 'viúvos' instáveis decai com a distância quanto<br />
mais e mais eles encontram um novo parceiro. Deste modo, à<br />
distância de quatro centímetros a maioria dos átomos se reagruparam<br />
novamente e relativamente haverá poucas cargas de energia colidindo<br />
com a superfície das fibras, produzindo menos descoloração e deste<br />
modo criando uma tonalidade mais clara. Uma vez que os átomos<br />
estão se movendo em uma corrente de ar não turbulenta e laminar, a<br />
queima que ocorre sobre as fibras do Sudário produz o que seria em<br />
efeito uma imagem digital em baixo relevo do objeto (uma fibra está ou<br />
completamente descolorada ou não está afetada em seu todo), com<br />
trechos mais escuros nos pontos mais próximos da pele e tons mais<br />
claros quanto mais distantes do Sudário estiver. Isto produzirá uma<br />
'fotografia' produzida com átomos instáveis de oxigênio, ao invés de<br />
fótons de luz (ver figura 05).
Este processo produz uma imagem negativa, exatamente como a que<br />
nós encontramos no Sudário.