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O Segundo Messias (Christopher Knight & Robert Lomas)

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O SEGUNDO MESSIAS<br />

Os Templários, O Sudário de Turim E O<br />

Grande Segredo da Maçonaria<br />

<strong>Christopher</strong> <strong>Knight</strong> & <strong>Robert</strong> <strong>Lomas</strong><br />

Tradução: Fábio Rogério Pedra Cyrino<br />

1997


À minha esposa e nossos três filhos.<br />

R.L.<br />

À minha esposa Susan e nossas três filhas Kathryn, Lucy e Sophie.<br />

C.K.<br />

<strong>Christopher</strong> <strong>Knight</strong> nasceu em 1950 e em 1971 concluiu seus estudos<br />

formando-se em publicidade e desenho gráfico. Ele sempre<br />

demonstrou um forte interesse no comportamento social e no sistema<br />

de crenças tendo por muitos anos atuado como analista de consumo<br />

envolvido no planejamento de novos produtos e suas estratégias de<br />

vendas. Em 1976 tornou-se Maçom e atualmente é presidente de uma<br />

agência de publicidade e marketing.<br />

Dr. <strong>Robert</strong> <strong>Lomas</strong> nasceu em 1947 e graduou-se com honra em<br />

engenharia elétrica, iniciando-se após isso em pesquisas no campo de<br />

física dos estados sólidos. Mais tarde trabalhou no sistema de<br />

direcionamento para os mísseis Cruise e esteve envolvido no<br />

desenvolvimento de computadores pessoais mantendo sempre o seu<br />

interesse sobre história da ciência. Ele atualmente leciona no Centro<br />

de Administração da Universidade de Bradford. Em 1976 tornou-se<br />

Maçom e rapidamente tornou-se um conceituado palestrante sobre a<br />

história da Maçonaria nas Lojas da região de West Yorkshire.<br />

Seu primeiro livro foi o recordista de vendas A Chave de Hiram<br />

publicado em 1996 pela Century Books e publicado no Brasil em 2003<br />

pela Editora Landmark.<br />

Introdução<br />

Índice<br />

1. A Morte de uma Nação<br />

Uma Nova Luz sobre Velhas Crenças.<br />

Os Anos Perdidos.


Conclusão<br />

2. Os Segredos de Rosslyn<br />

Os Nove Cavaleiros.<br />

Um Santuário Templário.<br />

Uma Linha de Conhecimento.<br />

Os Cavaleiros da Cruz Vermelha da Passagem da Babilônia.<br />

Os Segredos das Pedras.<br />

Conclusão<br />

3. A História Perdida da Maçonaria<br />

Os Segredos da Maçonaria.<br />

O Poder e a Glória.<br />

Os Anos Primordiais.<br />

O Primeiro Grão-Mestre da Escócia.<br />

Os Graus Ocultos.<br />

Conclusão<br />

4. O Retorno dos Reis de Deus<br />

Mil Anos de Escuridão.<br />

O Motivo Revelado.<br />

A Hipótese dos Rex Deus.<br />

O Tarô e os Templários.<br />

Conclusão<br />

5. O Santo Graal dos Templários<br />

As Origens do Rei Arthur.<br />

O Significado Oculto.<br />

O Surgimento do Santo Graal.<br />

Conclusão<br />

6. O Nascimento do <strong>Segundo</strong> <strong>Messias</strong><br />

As Últimas Cruzadas.<br />

Os Problemas de Filipe IV.


A Batalha pelas Finanças da Igreja.<br />

Um Papa Francês.<br />

O Último Grão-Mestre dos Templários.<br />

Conclusão<br />

7. O Enigma Feito em Linho<br />

A Fé é Cega.<br />

A História do Sudário.<br />

O que é o Sudário?<br />

Algumas Teorias de Origem.<br />

Uma Imagem fora do Comum.<br />

Reproduzindo a Face<br />

A Evidência em Sangue.<br />

Conclusão<br />

8. O Sangue e as Chamas<br />

A Santa Inquisição.<br />

O Interrogatório no Templo<br />

A Confissão de Jacques de Molay.<br />

A Negação Final.<br />

Conclusão<br />

9. O Culto ao <strong>Segundo</strong> <strong>Messias</strong><br />

Um Tempo para Profecias.<br />

O Mundo Cristão em Necessidade<br />

A Batalha pela Imagem Sagrada<br />

Os Templários Sobrevivem.<br />

Conclusão<br />

10. O Grande Segredo da Maçonaria<br />

Uma Religião para os Rex Deus<br />

Os Rituais Perdidos<br />

O Grande Segredo Reconstruído<br />

Nossas Questões Respondidos


O Fim do Enigma do Sudário<br />

A Topologia do Passado<br />

Apêndice I:<br />

A Linha de Tempo.<br />

Apêndice II:<br />

A Carta de Direitos de Transmissão de J. M. Larmenius.<br />

Apêndice III:<br />

O Processo Químico que Criou a Imagem do Sudário de Turim<br />

O VINHO É FORTE.<br />

UM REI É MAIS FORTE.<br />

AS MULHERES SÃO AINDA MAIS FORTES.<br />

MAS A VERDADE CONQUISTARÁ A TODOS.<br />

- O LIVRO DE ESDRAS -<br />

Agradecimentos<br />

Os autores gostariam de agradecer às seguintes pessoas por sua<br />

ajuda e apoio durante a realização deste livro: Resp. Ir. Alan Atkins,<br />

Resp. Ir. John Barlow; Russell Barnes, Dr. Frank Bartells, Barão Saint<br />

Clair Bonde, Mark Booth, <strong>Robert</strong> Brydon, Reverendo Gerrard Crane,<br />

Reverenda Senhora Pam Crane, Greg Clark, Professor Philip Davies,<br />

Judy Fisken, Resp. Ir. Edgar Harborne, Jacques Huyghebaert, Resp.<br />

Ir. Arthur Issat, Reverendo Hugh Lawrence, Dr. Jack Miller, Dr. Alan<br />

Mills, Dr. Graham Phillips, Bárbara Pickard, Tessa Ransford, Liz<br />

Rowlinson, Dr. Neil Sellors, Ian Sinclair, Niven Sinclair, <strong>Robert</strong> Temple,


Tony Thorne, Roy Vickery, Bridget de Villiers, John Wade, Dr. Tim<br />

Wallace-Murphy, a equipe da Capela de Rosslyn, os mantenedores da<br />

Capela de Rosslyn, a Biblioteca de Poesia Escocesa, o Museu<br />

Nacional de História Natural, a Grande Loja dos Maçons Antigos,<br />

Livres e Aceitos da Escócia.<br />

Nós também gostaríamos especialmente de registrar nossos<br />

agradecimentos ao nosso agente Sr. Bill Hamilton da empresa A. M.<br />

Heath Ltda. por sua valiosa orientação e encorajamento durante a<br />

realização deste livro.<br />

Introdução<br />

Em nosso livro anterior, A Chave de Hiram, nós desvelamos as<br />

origens da Maçonaria que mostraram como os modernos rituais<br />

maçônicos foram desenvolvidos a partir daqueles utilizados pela Igreja<br />

de Jerusalém e mais tarde adotados pelos famosos cruzados da<br />

ordem dos Cavaleiros Templários. Estes monges guerreiros tiveram<br />

uma estranha trajetória que começou com a escavação durante nove<br />

anos nas ruínas do Templo de Herodes, logo após a Primeira Cruzada<br />

e terminou, aproximadamente duzentos anos mais tarde, com a prisão<br />

destes, acusados de heresia.<br />

Nossas descobertas foram controversas, mas bem recebidas por<br />

muitos estudiosos da Bíblia, dos Templários e da Maçonaria, assim<br />

como, por diversos padres católicos.<br />

Nos meses seguintes à publicação, nós encontramos centenas de<br />

Maçons por toda a Inglaterra, Escócia e País de Gales e recebemos<br />

diversos cumprimentos e congratulações por partes destes.<br />

A notável exceção a esta recepção foi a da Grande Loja Unida da<br />

Inglaterra, que nem mesmo agradeceu o envio da cópia do livro que<br />

encaminhamos a eles. A impressão a ser considerada é a de que,<br />

como Maçons, nós havíamos cometido o pecado de conduzir<br />

pesquisas independentes além do ano dourado de 1717 (O ano de


fundação da Grande Loja de Londres, em 24 de junho de 1717). Nós<br />

não transgredimos qualquer regra da Ordem, mas tomamos<br />

conhecimento de uma carta encaminhada pela Grande Loja às<br />

Grandes Lojas Provinciais da Inglaterra e de Gales, fornecendo uma<br />

curta e extremamente desonrosa explicação a respeito de nossas<br />

descobertas.<br />

Mais tarde, o Venerável Mestre de uma famosa Loja maçônica<br />

compareceu a uma de nossas palestras com a intenção de obter<br />

evidências contra nós, mas ao final desta, este nos congratulou,<br />

adquirindo uma cópia de nosso livro e pedindo-nos para autografá-lo.<br />

Continuamos a receber cartas de pessoas de todo mundo, muitas<br />

delas nos fornecendo novas evidências. Alguns Maçons foram<br />

extremamente lisonjeiros: por sua vez, David Sinclair Bouschor, Past<br />

Grão-Mestre de Minessota, foi amável ao dizer:<br />

A Chave de Hiram pode ter iniciado uma reforma no pensamento<br />

cristão e uma reconsideração dos fatos que temos cegamente<br />

aceitado e perpetuado por gerações. Este livro é obrigatório para os<br />

livres pensadores.<br />

Outro norte-americano, um Doutor da Divindade, que tomamos a<br />

liberdade de não citar o nome, escreveu-nos dizendo:<br />

Eu sou um Maçom do grau 32° do Rito Escocês, Venerável Mestre de<br />

minha Loja por três vezes, Artezata de um Capítulo Rosa-Cruz,<br />

membro da Ordem de Amaranth e um membro do Shrine, além de ter<br />

me ordenado ministro na Igreja Batista Reformada. Toda esta<br />

experiência e instrução não me prepararam para o material contido em<br />

seu livro. Se eu não estivesse pesquisando nossas antigas origens e<br />

tivesse a coragem de olhar além dos dogmas estabelecidos, talvez eu<br />

não tivesse terminado a leitura d'A Chave de Hiram, entretanto eu<br />

acredito que suas informações são totalmente aceitáveis. Este livro<br />

me levou a acreditar que talvez haja alguma verdade nas acusações


levantadas contra a Maçonaria e que "somente os altos graus<br />

(superiores) conhecem a verdade".<br />

Este último comentário foi particularmente fascinante, pois, como bem<br />

sabemos, existe somente um grau superior ao 32° grau a qual este<br />

cavalheiro pertence. Poderia haver um segredo tão grande que<br />

somente alguns Maçons conheceriam? Talvez, acreditamos, este<br />

grande segredo tenha sido perdido e agora necessitamos redescobrilos.<br />

A situação era muito intrigante para ser ignorada. Nós sabemos com<br />

certeza que a Maçonaria havia desenvolvido seus rituais a partir<br />

daqueles usados pela Igreja de Jerusalém e pelos Cavaleiros<br />

Templários e parecia certamente que a Grande Loja Unida da<br />

Inglaterra tinha perdido contato com suas próprias origens ou estava<br />

deliberadamente ocultando algum fato muito importante - mesmo para<br />

os seus próprios oficiais. Sua determinação em prevenir discussões a<br />

respeito de qualquer assunto fora de sua doutrina oficial era de fato<br />

muito diferente da posição empregada por outras Grandes Lojas que<br />

nós conhecíamos, sendo que a partir disto que decidimos a<br />

continuidade de nossas pesquisas.<br />

Nós determinamos em nossa busca a solução de seis questões<br />

chaves que apresentamos a seguir:<br />

1. Os rituais maçônicos foram deliberadamente alterados ou<br />

suprimidos?<br />

2. Existe um grande segredo da Maçonaria que foi perdido ou foi<br />

simplesmente escondido?<br />

3. Quem está por trás da formação dos Cavaleiros Templários?<br />

4. Por que os Templários decidiram escavar as ruínas do Templo de<br />

Herodes?<br />

5. Quais eram as crenças que levaram à destruição dos Templários,<br />

através da acusação de heresia?<br />

6. Podem os rituais mais antigos da Maçonaria lançar novas luzes<br />

sobre as origens do Cristianismo?


Nós sabíamos que as perguntas não seriam facilmente respondidas,<br />

mas à medida que nossas pesquisas progrediam, nós descobrimos a<br />

resposta de uma das mais importantes questões que nem sequer<br />

havíamos pensado em formular: qual é a origem definitiva do Sudário<br />

de Turim?<br />

Nós havíamos previamente especulado que poderia ter existido uma<br />

conexão dos Templários com esta relíquia única, mas nós não<br />

estávamos preparados para a magnitude de seu papel na história e a<br />

importância do homem cuja imagem nele está retratada.<br />

1<br />

A Morte de uma Nação<br />

Aquele que controla o passado controla o futuro. Aquele que controla<br />

o presente controla o passado.<br />

George Orwell: 1984.<br />

Uma Nova Luz sobre Velhas Crenças.<br />

Costuma-se dizer que mais informação foi produzida nos últimos trinta<br />

anos que em todos os últimos cinco mil. Graças às modernas técnicas<br />

de investigação e ao advento dos poderosos bancos de dados e<br />

sistemas de buscas, todos nós podemos ter acesso a uma quantidade<br />

enorme de informações. Nós podemos agora entender muito mais<br />

sobre o mundo no qual vivemos, seu passado e seu futuro potencial<br />

do que jamais havíamos sonhado ter sido possível, mesmo há uma<br />

geração atrás.<br />

Grande parte da população tem se acostumado com a idéia de uma<br />

avalanche de inovações sem-fim; todas as coisas, do creme dental<br />

aos motores de carros, tornam-se mais desenvolvidos ano a ano. A<br />

maioria de nós agora acredita que ser novo significa ser melhor,<br />

embora mesmo que novas coisas possam mudar de aparência,


antigas idéias ainda permanecem e as "verdades" que foram postas<br />

em nossas mentes quando crianças permanecem inalteradas. Como<br />

nós sabemos que Colombo descobriu a América? Por que nós<br />

acreditamos que Jesus transformou água em vinho? Nós acreditamos<br />

que nós conhecemos as respostas de ambas as questões porque<br />

alguém nos contou que estas eram assim e nós nunca tivemos<br />

ocasião de alterar estas certezas culturalmente aceitas.<br />

A História nada mais é do que um registro dos eventos passados, um<br />

mero catálogo das crenças preferidas expostas por pessoas com<br />

interesses específicos. Como George Orwell bem observou em seu<br />

romance 1984, a História é sempre escrita pelos vitoriosos e quem<br />

controla a escrita dos livros de História controla o passado. Sem<br />

dúvida alguma, a mais consistente e poderosa força no mundo<br />

ocidental nos últimos dois mil anos tem sido a Igreja Católica Romana<br />

e conseqüentemente a História tem freqüentemente o que ela deseja<br />

que esta seja.<br />

A Igreja tem sido a provedora das 'verdades' culturais ocidentais, mas<br />

quanto mais evidências surgem, mais ela tem admitido que o papado<br />

não é tão infalível quanto uma vez ela proclamou. Por exemplo,<br />

Galileu foi sentenciado a viver aprisionado e sua obra foi queimada<br />

quando argumentou que a Terra movia-se no espaço e somente em<br />

1992 que uma comissão papal reconheceu o erro do Vaticano opor-se<br />

a ele. No século XIX, a teoria da evolução de Charles Darwin foi<br />

vorazmente atacada pela Igreja, mas em 1996 o Vaticano uma vez<br />

mais admitiu que estava errado.<br />

Em tempos passados a Igreja proveu as respostas aos enigmas da<br />

vida quando não havia uma melhor solução, mas à medida que a<br />

ciência avançava as necessidades dos mitos diminuía. Entretanto,<br />

enquanto o Vaticano move-se devagar e cautelosamente quando<br />

repensa o papel da humanidade na criação, quando se refere à<br />

interpretação dos eventos descritos no Novo Testamento ele<br />

simplesmente não se move, apesar das consideráveis e novas<br />

evidências históricas.


Uma boa ilustração de este histórico poder ocorreu em Novembro<br />

de 1996 quando o Papa João Paulo II encontrou-se com o Arcebispo<br />

de Canterbury, o chefe da Igreja da Inglaterra. Neste encontro entre os<br />

dois líderes religiosos, o Papa sentiu ser necessário relembrar aos<br />

ingleses de sua absoluta superioridade ao reafirmar seu status<br />

histórico como o sucessor direto de São Pedro, no qual, como se<br />

costuma dizer, Cristo entronizou sua Igreja.<br />

Esta reivindicação de poder baseada em uma herança direta do<br />

próprio Jesus Cristo, conhecida como 'Sucessão Apostólica', é<br />

baseada em uma versão Católica Romana da história que tem se<br />

tornado amplamente desacreditada na medida em que os modernos<br />

estudiosos reexaminam as circunstâncias da Igreja de Jerusalém. O<br />

peso da evidência agora fortemente indica que Jesus comandou uma<br />

facção inteiramente judaica e que não foi sucedido por Pedro, mas sim<br />

por seu irmão mais jovem, Tiago, o primeiro Bispo de Jerusalém.<br />

O papel de Tiago, o irmão de Jesus, tem sempre sido visto como o de<br />

uma ameaça à Igreja Católica Romana e desde os tempos mais<br />

remotos a Igreja tem controlado a história a fim de remover qualquer<br />

informação a respeito desta figura sumamente importante. Ainda em<br />

1996, o Papa João Paulo II emitiu uma declaração onde afirmava que<br />

Jesus era o filho único de Maria e que, por isso, Tiago não era seu<br />

irmão. O Pontífice realizou esta declaração estranha e completamente<br />

sem fundamento apesar das evidências bíblicas e das várias opiniões<br />

de estudiosos em contrário.<br />

O peso da evidência que agora existe demonstra que mesmo que<br />

Pedro possa ter sido um líder do movimento cristão em Roma entre 42<br />

e 67 d.C., ele certamente não era o líder da Igreja. O líder supremo de<br />

toda a Igreja naqueles dias era Tiago, o irmão de Jesus, o Bispo de<br />

Jerusalém. Nós sabemos que nenhum estudioso da Bíblia duvida<br />

deste fato e S.G.F.Brandon coloca-se mais claramente quando afirma:<br />

... O fato da supremacia da Igreja de Jerusalém e seu caráter<br />

essencialmente judaico emergem claramente de sérias dúvidas e<br />

deste mesmo modo à única liderança de Tiago, o irmão do Senhor.


Tiago foi um refinado sucessor de seu irmão crucificado e apresentouse<br />

como uma forte liderança para a comunidade que conhecemos por<br />

Igreja de Jerusalém e para os judeus da Diáspora (a dispersão pelo<br />

mundo greco-romano), assim como para as comunidades de Efésios,<br />

na Turquia, de Alexandria e da própria Roma.<br />

Três anos após a morte de Jesus, Paulo, um judeu da Diáspora,<br />

natural da cidade do sudeste da Turquia, Tarsos, chegou em Israel.<br />

Devido à falsa história que é difundida atualmente, muitas pessoas<br />

acreditam que este homem chamava-se 'Saulo' enquanto perseguia<br />

os cristãos e que se converteu a 'Paulo' quando repentinamente<br />

tornou-se um cristão após ter ficado cego no caminho de Damasco.<br />

A realidade é um pouco diferente. Para começar, não havia cristãos<br />

àquela época; a Igreja de Jerusalém era judaica e o culto chamado<br />

Cristianismo iniciou-se muitos anos após, a partir de uma concepção<br />

completamente romana. O homem que deu força a esta nova religião<br />

mudou seu nome do hebraico 'Saulo' para o romano 'Paulo' ao tornarse<br />

um cidadão romano quando jovem, pois desejava um nome que<br />

soasse familiar ao seu nome original.<br />

Foi-nos ensinado que Paulo era zeloso pela Lei Judaica e esta o levou<br />

a perseguir a Igreja de Jerusalém, considerando-a uma facção judaica<br />

que não era leal à Lei e, deste modo, deveria ser destruída. Ele<br />

mesmo admitia ter estado envolvido com o apedrejamento de Santo<br />

Estevão, o primeiro mártir cristão. Esta, entretanto, não pode ser vista<br />

como uma questão de sectarismo judaico, uma vez que a Igreja de<br />

Jerusalém liderada por Tiago era completamente judaica e não havia<br />

nenhuma sugestão nesta época de que Jesus não era nada além de<br />

um mártir judeu que havia morrido na tentativa de estabelecer uma<br />

nova regra para seu povo.<br />

Em algum momento, Paulo tornou-se fascinado pela idéia da natureza<br />

sacrifical da morte de Jesus e opôs-se a Tiago por este não aceitar<br />

que seu irmão era um deus. Em sua Epístola aos Gálatas, ele<br />

encontra-se em grande aflição ao apontar que, durante seu período de<br />

conversão, ele encontrava-se completamente independente da Igreja


de Jerusalém ou de qualquer outro agente humano e, deste modo,<br />

coloca suas pitorescas idéias sob a direta intervenção de Deus. Paulo<br />

diz:<br />

Mas, quando aprouve àquele que me reservou desde o seio de minha<br />

mãe e me chamou por sua graça, para revelar seu Filho em minha<br />

pessoa, a fim de que o tornasse conhecido entre os gentios.<br />

As idéias que Paulo gerou e que posteriormente os evangelistas<br />

construíram, vieram unicamente de sua imaginação. O estudioso<br />

cristão, S.G.F.Brandon escreveu:<br />

A frase 'para revelar seu Filho em minha pessoa' é reconhecidamente<br />

curiosa, mas claramente possui um grande significado para os nossos<br />

entendimentos sobre a interpretação pessoal dos propósitos de Deus<br />

para Paulo... Quando cuidadosamente considerada como uma<br />

declaração de fato, as palavras realmente constituem uma tremenda,<br />

mesmo irracional aclamação para qualquer homem desenvolver, mais<br />

especialmente um homem com os antecedentes de Paulo. Elas<br />

significam literalmente que na pessoa de Paulo, Deus revelara seu<br />

Filho para o propósito de Paulo 'difundir o Seu evangelho' entre os<br />

Gentios... O que a declaração de Paulo implica é uma nova revelação<br />

de Seu Filho, para que fosse propiciada uma nova apreensão de<br />

Jesus que era, até o momento, desconhecida na Igreja... A posição<br />

que nós descobrimos então era a de que Paulo é o expoente de uma<br />

interpretação da fé cristã da qual ele mesmo julga como<br />

essencialmente diversa da interpretação que pode ser mais bem<br />

descrita como a tradicional ou a histórica.<br />

Se a avaliação dada por Paulo e seus seguidores é uma distorção das<br />

verdadeiras crenças da Igreja de Jerusalém, a questão permanece:<br />

quais eram suas idéias originais?<br />

Em nosso último livro, nós desenvolvemos um complexo, mas, assim<br />

esperamos, bem razoável argumento de que a Igreja de Jerusalém<br />

utilizava-se de cerimônias de 'ressurreição em vida' para iniciar


pessoas em seus mais altos níveis dentro da comunidade. Nestas<br />

cerimônias o candidato representava uma morte simbólica e era<br />

envolto em um sudário antes de ser ressuscitado, exatamente como<br />

os Maçons hoje em dia. É conhecido através de documentos<br />

contemporâneos, incluindo os Manuscritos do Mar Morto, que era uma<br />

prática normal para os judeus naquele tempo chamar as pessoas de<br />

dentro da facção de 'os vivos' e os de fora de 'os mortos'.<br />

Após estudar a terminologia usada pela população da Jerusalém do<br />

primeiro século, chegamos à conclusão de que não há absolutamente<br />

nenhuma razão para atribuir significados sobrenaturais às ações de<br />

Jesus Cristo. Seus supostos milagres, incluindo-se a 'ressurreição dos<br />

mortos', possa ter sido um simples desentendimento dos vários<br />

eventos mundanos realizados posteriormente por indivíduos que<br />

possuíam um ponto de vista diverso dos judeus. Outras frases malentendidas<br />

incluem termos como 'transformar água em vinho' que<br />

simplesmente significa elevar a população comum a uma posição<br />

mais alta na vida. Hoje, os Maçons ainda utilizavam um ritual de<br />

ressurreição estilizada para elevar o candidato de seu 'sepulcro' de<br />

modo a torná-lo um Mestre Maçom completo e preparado. Esta é<br />

realizada nas trevas, diante de Boaz e Jachin, os dois pilares orientais<br />

que se encontravam na entrada do Templo de Jerusalém.<br />

Após Paulo estar convencido de que possuía uma nova interpretação<br />

da morte de Jesus (baseada em sua má interpretação da terminologia<br />

de Jerusalém), ele sabia que teria problemas com Tiago, o chefe da<br />

Igreja de Jerusalém. Seu embaraço quando da explicação de seu<br />

evangelho a Tiago é visível no segundo capítulo de sua Epístola aos<br />

Gálatas, quando diz:<br />

Subi em virtude de uma revelação e apresentei o Evangelho, que<br />

prego entre os gentios...<br />

Pelo contrário, viram que a mim fora confiada a evangelização dos<br />

gentios, como a Pedro tinha sido confiada a evangelização dos<br />

judeus.


Pois aquele que incentivou Pedro ao apostolado entre os<br />

circuncidados, incentivou também a mim para o dos gentios.<br />

Tiago, Cefas e João, que são considerados as colunas, reconhecendo<br />

a graça que me foi dada, deram as mãos a mim e a Barnabé em sinal<br />

de pleno acordo: nós iríamos aos pagãos e eles aos circuncidados.<br />

Alguns observadores cristãos têm declarado que o 'evangelho dos<br />

gentios' de Paulo era meramente um acordo geográfico, onde Paulo<br />

tomava para si a responsabilidade de pregação aos gentios fora da<br />

nação judaica, mas este é um argumento inconsistente. Em sua<br />

Segunda Epístola aos Coríntios, Paulo claramente alerta para aqueles<br />

que estão pregando 'um outro Jesus' e 'outro espírito', enquanto que<br />

ao mesmo tempo declara à sua audiência para não aceitar qualquer<br />

explicação diferente da sua. Enquanto estamos certos de que Tiago<br />

não aceitava o evangelho pregado por Paulo, alguns estudiosos do<br />

Novo Testamento têm demonstrado evidências de que alguns rabinos<br />

na Palestina realmente aceitavam que era necessário apresentar o<br />

Judaísmo de uma forma diferente que poderia ser apreciada por<br />

aqueles educados nas tradições da cultura greco-romana.<br />

Poucas pessoas tomam a tarefa de ler as descobertas dos estudiosos<br />

bíblicos e deste modo eles permanecem abertos ao dogma padrão da<br />

Igreja Católica que sustenta a visão de Paulo como real, apesar desta<br />

não possuir base na Igreja de Jerusalém. Um desses estudiosos<br />

apresentou a seguinte situação:<br />

O valor que pode ser atribuído à evidência cristã liga-se à razão do<br />

porquê desta literatura ter sido criada e as circunstâncias que deram<br />

origem ao seu nascimento. Inicialmente, entretanto, esta é suspeita,<br />

pois se ressente de provas que agora são sabidas serem impossíveis.<br />

Os Evangelhos demonstram uma crença ou afirmação que proclamam<br />

que Jesus era um ser semi-divino que nasceu violando as leis da<br />

natureza e que venceu a morte. Esta não era a crença dos seguidores<br />

originais de Jesus, nem dele mesmo em suas declarações.


As cartas de Paulo são os documentos mais antigos, cristãos ou não,<br />

a relatar as origens do Cristianismo que chegou aos nossos dias;<br />

ainda assim elas são as menos úteis no estabelecimento de fatos a<br />

respeito de Jesus... É significante que elas demonstram uma marcada<br />

falta de interesse a respeito do Jesus histórico e do<br />

fundador proverbial da fé.<br />

Paulo inventou uma crença herética que é essencialmente não-judaica<br />

e a confronta com uma estrutura teológica que sempre colocou um<br />

abismo absoluto entre Deus e o homem, e o estranho evangelho de<br />

Paulo, criado para os gentios, é completamente sem paralelo em<br />

todos os registros do pensamento judaico. Se estivermos certos de<br />

que o Jesus dos ensinamentos de Paulo era completamente diferente<br />

daquele do de Tiago e da Igreja em Jerusalém, a questão que<br />

precisamos responder é: por que esta forma herética sobreviveu e a<br />

verdadeira Igreja desapareceu?<br />

Para procurar esta resposta é necessário revelar e entender a visão<br />

de Tiago, o irmão de Jesus, que era conhecido como 'o Justo'. É<br />

sabido através dos registros sobreviventes que os judeus da Igreja de<br />

Jerusalém possuíam uma considerável desconfiança em relação aos<br />

judeus da Diáspora e que possuíam pouco ou nenhum interesse na<br />

conversão dos gentios.<br />

Tiago, o Justo, foi Bispo de Jerusalém e havia sido estabelecido como<br />

um sumo sacerdote oficial pelos Zelotes em direta oposição aos sumo<br />

sacerdotes saduceus e boetusianos pró-romanos.<br />

É nos demonstrado no registro fornecido nos capítulos 66 e 70 dos<br />

Reconhecimentos Clementinos que Tiago realizou uma palestra<br />

pública no Templo a respeito da verdadeira doutrina de seu irmão<br />

Jesus, onde os famosos rabino Gamaliel e Caifás o questionavam. A<br />

eloqüência e a lógica de Tiago foram ganhando o total apoio da<br />

audiência convidada quando um inimigo (acreditado por muitos<br />

estudiosos como sendo Paulo) causou uma grande confusão que<br />

resultou no lançamento de Tiago escada a baixo e em sua morte.


Eusébio, um historiador da Igreja do terceiro século, fornece-nos um<br />

registro da morte de Tiago que provem uma versão muito mais<br />

compreensiva do que o breve relato registrado por Josephus. Tiago é<br />

descrito como um asceta de grande popularidade que possuí algumas<br />

curiosas práticas religiosas e que é detido no Templo por Ananias que<br />

convence o Sinédrio de que Tiago havia quebrado a Lei. Lá lhe é feita<br />

uma estranha questão que nenhum estudioso conseguiu entender:<br />

Ó Justo, a quem todos nós somos obrigados a confiar, anuncia-nos o<br />

que é o portão da salvação. (Sha'ar há-yeshu'ah).<br />

Esta faria perfeitamente sentido se Ananias tivesse ouvido os rumores<br />

a respeito do paradigma dos dois pilares gêmeos, que era tão<br />

importante para os Nazoreanos, estes os membros mais antigos da<br />

Igreja de Jerusalém, e desse modo pedisse a Tiago para explicá-lo.<br />

Os pilares gêmeos Boaz e Jachin eram aqueles que se encontravam<br />

lado a lado na entrada do 'Santo dos Santos' - o santuário interior do<br />

Templo de Yahweh - e representavam os messias monárquico e<br />

sacerdotal de Israel. A salvação para o povo judeu somente seria<br />

estabelecida quando ambos os pilares estivessem no lugar - o que<br />

seria requerido para remover a ocupação romana e o controle de suas<br />

marionetes, os Saduceus.<br />

Tiago não poderia explicar suas crenças a estes judeus inferiores e<br />

sendo assim, respondeu com uma declaração que aparentemente não<br />

fazia sentido para seus inquisidores. Eles então atiraram Tiago pela<br />

muralha do Templo, apedrejaram-no e finalmente executaram-no com<br />

um golpe de espada diante do Templo.<br />

A liderança da Igreja de Jerusalém era mais monárquica que<br />

eclesiástica, pois logo após o assassinato de Tiago, em 62 d.C., um<br />

primo de Jesus, Simão, filho de Cleofás, tornou-se o novo líder da<br />

Igreja. Ele também foi mais tarde assassinado; executado pelos<br />

romanos como um pretendente ao trono de David. O fato de ter Jesus<br />

assumido a liderança completa após o assassínio de seu primo João<br />

Batista, seguido por ser irmão Tiago e então pelo próximo membro


homem da família, tem conduzido muitos analistas a observar que a<br />

Igreja de Jerusalém era estruturada como uma monarquia hereditária.<br />

Exatamente como se poderia esperar da linhagem real de David.<br />

Acredita-se que ambos Tiago e Paulo tiveram mortes violentas e<br />

alguns estudiosos têm sugerido que Paulo possa ter sido executado<br />

pelos Zelotes por sua participação no assassínio de Tiago. A questão<br />

que permanece é o porquê da prosperidade da religião de Paulo,<br />

enquanto que a de Tiago desapareceu.<br />

Por que não há nenhuma evidência documental da sobrevivência da<br />

Igreja de Jerusalém?<br />

Nós acreditamos que ela ainda sobrevive até os nossos dias atuais,<br />

mas, do mesmo modo que os Manuscritos do Mar Morto que foram<br />

encontrados em Qumran, os manuscritos da Igreja de Jerusalém<br />

foram escondidos para protegê-lo da contaminação dos gentios. Para<br />

entender o que aconteceu a estes importantes documentos nós<br />

devemos retornar a um terrível período da história judaica.<br />

Os Anos Perdidos<br />

Os cristãos hoje lêem a Bíblia em busca de inspiração nos<br />

ensinamentos de Jesus e de seus seguidores que procuravam<br />

estabelecer o reino dos céus na terra há aproximadamente dois mil<br />

anos. De acordo com a versão da Bíblia do Rei Jaime, todas as<br />

histórias contadas nos quatro Evangelhos concluem-se com a<br />

crucificação e a ressurreição no ano de 33 d.C., embora o ano de 36<br />

d.C. seja a data mais aceita como provável. O Novo Testamento então<br />

passa para a narração contida no Livro dos Atos, em algum ponto em<br />

torno do ano de 62 d.C. Outros livros como os de Timóteo e as<br />

Epístolas de Pedro referem-se aos anos posteriores a 66 d.C., mas a<br />

partir desta data em diante, nada é mencionado até a Primeira<br />

Epístola de João, que é datada do ano de 90 d.C.<br />

Embora os quatro evangelhos do Novo Testamento tratem<br />

exclusivamente do período da vida de Jesus, o mais antigo deles, o de<br />

Marcos, é amplamente aceito como tendo sido copilado de um outro


desconhecido mais antigo, que apresentava uma variedade de<br />

tradições, durante o período compreendido entre os anos de 70 e 80<br />

d.C. Embora ninguém saiba ao certo, acredita-se que Paulo tenha sido<br />

executado em Roma no ano de 65 d.C.<br />

Muitos cristãos quase que certamente nunca repararam nesta lacuna<br />

na cronologia cristã de aproximadamente dez a quinze anos entre os<br />

textos contemporâneos de Paulo e aqueles retrospectivos ao de<br />

Marcos e dos outros autores dos Evangelhos, ainda que estes anos<br />

perdidos sejam de uma importância sem paralelos.<br />

O reino dos céus não chegou como a Igreja de Jerusalém esperava -<br />

mas o reino dos infernos certamente sim.<br />

Por volta de 65 d.C. muitas coisas erradas aconteciam com o país. A<br />

taxação por parte de Roma era excessiva, os oficiais eram<br />

incrivelmente corruptos e em Jerusalém dezoito mil homens perdiam<br />

seus empregos com a conclusão dos trabalhos do Templo.<br />

Descontentes - alguns patriotas, outros nada além de bandoleiros -<br />

coletavam seus próprios tributos sobre a população local no que<br />

poderia ser considerável como 'proteção por meio de extorsão'. A<br />

inquietação crescia quase que diariamente e o historiador Josephus<br />

conta-nos que embora ele possuísse uma pequena simpatia com o<br />

fanatismo político-religioso dos Zelotes e sua disposição em lançar<br />

sua nação em uma guerra sem esperanças contra Roma, ele<br />

acreditava que os romanos eram totalmente insensíveis à cultura<br />

judaica. Um dos exemplos mais inflamatórios dessa insensibilidade foi<br />

empreendido pelo imperador homicida Calígula que possuía uma<br />

estátua sua erigida dentro do Templo em Jerusalém. Naturalmente,<br />

este fato causou uma enorme ofensa aos judeus em toda parte e pode<br />

ter sido um fator que contribuiu no assassinato de Calígula logo após.<br />

Não eram somente os romanos que tornavam a vida difícil; as famílias<br />

sacerdotais-chefes de Jerusalém também instigavam a violência<br />

contra todo aquele que não os agradassem. De acordo com Josephus,<br />

o início do fim ocorreu em Cesárea quando o procurador Gessius<br />

Florus deliberadamente estimulou a população judaica em uma<br />

insurreição na esperança de que seus próprios e recentes delitos não


fossem notados em Roma devido a uma sucessiva desordem. As<br />

notícias de uma rebelião em larga escala em Cesárea rapidamente<br />

espalharam-se por todo o país e os Zelotes de Jerusalém atacaram os<br />

líderes judeus da cidade e as guarnições romanas, massacrando<br />

todos aqueles que poderiam cair em suas mãos. Mesmo os<br />

Samaritanos, que nunca foram muito próximos aos judeus, aliaram-se<br />

aos Zelotes quando a revolta intensificou-se.<br />

As notícias da destruição das guarnições romanas em Jerusalém<br />

tiveram desastrosas conseqüências para os judeus de Cesárea, que<br />

era o quartel-general do procurador. Enraivecidos pela perda de<br />

amigos e familiares em Jerusalém, os soldados romanos iniciaram um<br />

sistemático massacre de toda a população. Como é da natureza da<br />

guerra, este por sua vez revoltou os judeus que imediatamente<br />

atacaram as cidades dos gentios de Filadélfia, Sebonitis, Gerasa,<br />

Pella, Scytópolis, Gabara, Hippos, Kedesa, Ptolemais e Gaba, onde<br />

numerosos gentios pereceram como vítimas do fanatismo judaico.<br />

Os judeus perceberam afinal que seu dia finalmente chegara e,<br />

enquanto não demonstravam haver uma organização central nesta<br />

época, a intensidade de seus ataques aos romanos e a todos os<br />

gentios era tal que a inteira nação parecia ter sido lançada<br />

irresistivelmente em um frenesi de religiosidade exultante. Josephus<br />

registra que o desejo pela batalha estendeu-se a Tiro, a Alexandria e a<br />

diversas cidades da Síria, incluindo Damasco.<br />

À medida que líderes emergiam, eles tomavam conhecimento de que<br />

sua causa era sem esperança, uma vez que era apenas uma questão<br />

de tempo até que Roma enviasse seu poder total para sufocar a frágil<br />

província. Entretanto, os Zelotes não tomaram em armas por<br />

acreditarem que pudessem ser mais fortes que os romanos; sua<br />

motivação era a crença de que Deus proviria um milagre para salvar<br />

seu povo escolhido, do mesmo modo como Ele havia realizado antes<br />

quando os israelitas triunfaram sobre o poder dos egípcios. Tal era<br />

sua fé nos favores de Deus que novas moedas foram lançadas<br />

portando a inscrição: 'O primeiro ano da redenção de Israel'.


Os Zelotes eram inflexíveis, matando qualquer membro do clero que<br />

eles acreditavam estar em oposição a eles. Eles aprisionavam todos<br />

aqueles que não demonstravam força suficiente no apoio a sua causa.<br />

O ataque esperado pelos romanos demorou a vir, mas quando chegou<br />

foi poderosamente desferido. Cestius Gallus entrou na Palestina com<br />

uma forte força de legionários e tropas auxiliares que encontraram<br />

pouca resistência dos judeus desorganizados à medida que<br />

marchavam em direção à Jerusalém. As tropas concentraram seu<br />

ataque na tentativa de romper as muralhas do Templo, quando, sem<br />

nenhuma razão aparente, ele ordenou a retirada de suas tropas antes<br />

do ataque final e moveu-se para a região norte da cidade. Os judeus,<br />

que esperavam os romanos sobre eles a qualquer hora, ficaram<br />

atônitos ao verem os seus inimigos mudarem de idéia diante da<br />

iminente vitória. Inicialmente eles pensaram que fosse um subterfúgio<br />

dentro da estratégia de batalha romana, mas quando eles perceberam<br />

que estes simplesmente tinham se retirado da batalha, os judeus<br />

rejubilaram-se.<br />

Neste ponto faz-se necessário recorrer a um documento que deveria<br />

estar na mente de todo judeu que justamente defendia o Templo de<br />

Yahweh.<br />

Conhecido como A Ascensão de Moisés, este estranho documento<br />

possuí um tema apocalíptico e descreve eventos imaginários como a<br />

ocasião na qual o arcanjo Miguel escavava uma sepultura para Moisés<br />

e o demônio aparecia para reivindicar o corpo, o que foi prontamente<br />

recusado. Acreditava-se que o documento fora escrito anteriormente à<br />

crucificação, mas parece cobrir um período posterior, incluindo-se aí a<br />

Guerra Judaica. Também este se refere a uma misteriosa figura,<br />

conhecida pelo nome de 'Taxo' que exortou seus filhos a morrer a<br />

serem desleais para com sua fé e a partir de suas mortes nós<br />

passaríamos a esperar a intervenção de Deus na batalha para o<br />

estabelecimento de Seu reino. Muitos estudiosos têm identificado a<br />

figura de Taxo com a do Mestre da Retidão descrito nos Manuscritos<br />

do Mar Morto, que identificamos com Tiago, o Bispo de Jerusalém.


A Ascensão de Moisés determina que o reino de Deus será<br />

estabelecido através de uma grande destruição de homens e nações,<br />

mas o triunfo final trará o derradeiro fim ao reino de Satã. Uma<br />

passagem prediz:<br />

E então o Seu reino aparecerá por toda Sua criação.<br />

E então Satã não mais existirá.<br />

E toda a dor partirá com ele...<br />

Pois o Divino levantar-se-á de Seu trono real<br />

E governará a partir de Sua Sagrada Morada.<br />

A 'Sagrada Morada' de Yahweh somente pode se referir ao santuário<br />

interior do Templo, pelo qual os judeus estavam lutando defender. A<br />

passagem continua:<br />

Com indignação e ira sobre o número de Seus filhos...<br />

Pois o Altíssimo surgirá, o único Deus Eterno,<br />

E surgirá para punir os Gentios,<br />

E destruirá todos os seus ídolos,<br />

E deste modo, Israel prosperará.<br />

Este documento registra que aos judeus, ao lutarem sua batalha,<br />

fora requerido que se enterrassem todos os seus manuscritos e<br />

tesouros mais preciosos o mais próximo possível do Santo dos<br />

Santos, onde eles estariam sob a proteção segura de Deus. Nós<br />

estamos certos de que estes itens foram secretamente colocados<br />

embaixo do Templo, pois o 'Manuscrito de Cobre' (assim chamado<br />

devido ao metal onde este fora confeccionado) confirma que estas<br />

instruções foram seguidas.


Este registro em metal demonstra que pelo menos vinte e quatro<br />

manuscritos foram secretamente colocados sob o Templo, incluindo<br />

um outro manuscrito de cobre que contém as mesmas informações do<br />

manuscrito de Qumran - além de outras. Um total de sessenta e uma<br />

localizações codificadas é fornecido onde estes preciosos itens foram<br />

ocultos, sendo que o último registro diz:<br />

No Poço, junto ao norte em um buraco aberto em direção ao norte, e<br />

enterrado em sua entrada: uma cópia deste documento com uma<br />

explicação e suas medidas, bem como um inventário de cada item,<br />

entre outras coisas.<br />

John AlIegro, que cuidadosamente analisou o manuscrito, afirma<br />

sobre seu propósito:


O Manuscrito de Cobre e sua cópia (ou cópias) foram confeccionados<br />

para contar aos sobreviventes judeus da guerra, então em curso, onde<br />

este sagrado material encontrava-se enterrado, pois se qualquer um<br />

deles fossem encontrados, nunca fossem dessacralizados através de<br />

uso profano. Também serviria como um guia para a descoberta do<br />

tesouro, que fora necessário carregar durante a guerra.<br />

A Igreja de Jerusalém havia decidido esconder seus documentos e<br />

consignar seus tesouros a guarda de Deus, durante a primavera do<br />

ano de 68 d.C., mas em Junho do mesmo ano, Qumran foi destruída<br />

pelos romanos. Os judeus tiveram tempo suficiente, antes deles<br />

chegarem, para cortar a maioria de seus manuscritos, de modo a<br />

prevenir que os gentios os lessem. Foi essa atitude que faz com que a<br />

reconstrução dos Manuscritos do Mar Morto seja tão difícil para os<br />

estudiosos modernos. Os mais sagrados dos manuscritos escaparam<br />

de tal tratamento, pois foram colocados sob o Templo para serem<br />

defendidos até o fim.<br />

Os jubilantes defensores de Jerusalém acreditavam, quando os<br />

romanos retiraram-se, que o milagre da fuga dos egípcios havia se<br />

repetido e que Yahweh de algum modo misterioso tinha salvado Seu<br />

santuário sagrado dos inimigos de Seu povo. Certos da convicção de<br />

que a intervenção divina havia triunfado, os judeus perseguiram os<br />

romanos e Josephus registra que eles procuraram matar nada menos<br />

que seis mil soldados das colunas em retirada antes que a legião<br />

escapasse para além das fronteiras da Palestina.<br />

Esta derrota, quando comparada com as perdas similares na Bretanha<br />

e na Armênia, seriamente minaram o prestígio imperial o que levou<br />

provavelmente os judeus a considerarem a guerra como ganha.<br />

Então, na primavera do ano de 67 d.C., um novo oponente conhecido<br />

por Vespasiano ingressou na Palestina com três legiões e um grande<br />

corpo de tropas auxiliares ocupando várias áreas provinciais da nação<br />

judaica antes de atacar a própria Jerusalém. Esta provou ser uma<br />

tarefa mais difícil do que esperada, uma vez que os judeus retiraramse<br />

para as suas cidades fortificadas onde lutaram com uma coragem


fanática que se igualava à disciplina e às ciências militares dos<br />

romanos. Eles infligiram aos romanos enormes perdas, mas<br />

inevitavelmente cidade após cidade caiu e os vingativos atacantes<br />

massacravam a população que sobrevivia às batalhas. Ao término de<br />

um ano, Gabara, Jotapata, Jafa, Tariquéia, Gischalá, Gamala e Jopa<br />

eram cidades fantasmas e os romanos possuíam total controle sobre a<br />

Galiléia, a Samaria e o litoral ocidental da Judéia. No ano seguinte,<br />

Vespasiano continuou com sua estratégia e as cidades de Antipatris,<br />

Lydda, Emaús, Jericó e Adida caíram, deixando as fortalezas de<br />

Herodium, Macário, Massada e Jerusalém ainda para serem<br />

ocupadas.<br />

Inesperadamente, a guerra interrompeu-se neste ponto quando<br />

Vespasiano fora proclamado imperador e uma vez mais os judeus<br />

viram esta mudança na sorte como um ato da intervenção divina.<br />

Entretanto, alguns dias antes da Páscoa, durante a primavera do ano<br />

de 70 d.C., Tito, o filho do imperador, reuniu suas forças fora das<br />

muralhas de Jerusalém para os preparativos do ataque final. Seu<br />

exército era mais forte do que qualquer um que os judeus já tivessem<br />

visto, com quatro legiões e um grande número de auxiliares.<br />

O cerco que se seguiu tem sido descrito como um dos mais terríveis<br />

da História. Os comandantes unificados dos judeus, João de Gischalá<br />

e Simão Ben Gorias, conduziram suas forças com grande habilidade,<br />

assim como Tito e seus homens. A cidade não poderia ser tomada em<br />

um simples ataque, pois esta era dividida em três locações defensivas<br />

separadas, conhecidas como a Fortaleza Antônia, o Palácio de<br />

Herodes e o próprio Templo. Isto significava que uma vez que as<br />

muralhas fossem rompidas, as lutas continuariam em espaços<br />

restritos, que era um tipo de conflito que proporcionaria mais às táticas<br />

de guerrilha dos judeus do que as formações de batalha romanas.<br />

Inevitavelmente, os judeus foram recuando até que somente o Templo<br />

permanecesse intocado, sendo a personificação de tudo o que os<br />

judeus desejavam. Eles acreditavam que o pátio exterior do Templo<br />

de fato pudesse ser destruído sob os pés dos gentios, mas que seu


santuário nunca poderia ser tocado, pois Yahweh nunca permitiria a<br />

dessacralização de Sua Sagrada Morada por parte de pagãos.<br />

Nós podemos perceber algo da expectativa dos judeus, à medida que<br />

defendiam sua cidade sagrada, a partir de passagens contidas no<br />

<strong>Segundo</strong> Livro Apócrifo de Esdras, que foi escrito um pouco antes da<br />

queda do Templo. As palavras nos demonstram uma visão da<br />

esperada intervenção messiânica:<br />

E todos eles foram colocados juntos; a rajada de fogo, a brisa<br />

flamejante e a grande tempestade; e caíram com violência sobre a<br />

multidão que estava preparada para lutar e queimaram a todos, e que<br />

foi tão repentino que de multidão inumerável nada foi percebido, a não<br />

ser pó e o odor de fumaça: quando isto eu vi, cobri-me de temor. Ouvi,<br />

vós que sois o Meu amado – disseste o Senhor: contemplai; os dias<br />

de atribulação chegaram, mas Eu o libertarei dos mesmos.<br />

Sabendo em seus corações que a intervenção de Yahweh estava<br />

próxima, eles perceberam que a ação de ter encaminhado seus mais<br />

preciosos manuscritos e seus tesouros para dentro do Templo era a<br />

vontade de Deus. Os maiores segredos dos judeus seriam salvos pelo<br />

próprio Yahweh em pessoa, assim que Ele surgisse para golpear os<br />

Seus inimigos diante dos dois pilares gêmeos na entrada de Sua<br />

sagrada câmara.<br />

Mas Yahweh estava dormindo.<br />

Após uma batalha que durou centro e trinta e nove dias, os<br />

pagãos violentaram o Templo e corromperam seu santuário interior.<br />

Eles incendiaram a casa de Yahweh, mas ainda assim Ele não<br />

respondeu aos clamores de Seu povo, e Seu messias não surgiu,<br />

como muitos esperavam, para destruir os ímpios invasores com o<br />

sopro sagrado de seus pulmões.<br />

A imagem do Templo em chamas levou os judeus remanescentes a<br />

desanimarem, sendo rapidamente massacrados pela ferocidade dos<br />

legionários. A cidade lançava-se em ruínas, seus habitantes mortos.<br />

Os romanos então prosseguiram para destruir as três fortalezas


emanescentes de Herodium, Macário e Massada. A população de<br />

Massada resistiu ainda por três anos até que toda a esperança tivesse<br />

desaparecido e então cometessem suicídio em massa.<br />

Entretanto, mesmo após o Templo ter sido completamente destruído,<br />

Josephus conta-nos que o labirinto subterrâneo de túneis proveu<br />

esconderijos para alguns dos guerreiros judeus:<br />

Este Simão (bar Giora), durante o cerco de Jerusalém, ocupou a<br />

cidade alta; mas enquanto o exército romano ingressava além das<br />

muralhas e saqueava toda a cidade, ele, acompanhado por seus mais<br />

fiéis amigos, entre eles alguns cortadores de pedra, trazendo as<br />

ferramentas necessárias para seu ofício e provisões suficientes para<br />

muitos dias, lançou-se acompanhado por seus partidários dentro das<br />

passagens secretas. Por tanto quanto as antigas escavações<br />

prolongavam-se eles prosseguiram; mas quando eles encontraram<br />

terra sólida, eles começaram a escavar, esperando serem capazes de<br />

prosseguir adiante, emergindo em segurança e deste modo escapar.<br />

Mas a experiência da tarefa provou-se ser esta esperança ilusória; os<br />

mineradores avançaram vagarosamente e com dificuldade e as<br />

provisões, embora centenas, foram rapidamente consumidas. Por<br />

causa disto, Simão, imaginando que pudesse dialogar com os<br />

romanos, criando espanto, vestiu-se com túnicas brancas e<br />

enfeitando-se com um manto púrpuro, surgiu do solo no exato ponto<br />

onde o Templo costumava estar. Os espectadores primeiramente<br />

ficaram assombrados e permaneceram imóveis; posteriormente, eles<br />

se aproximaram e inquiriram sobre quem era ele. Este Simão recusouse<br />

a dizê-lo a não ser a um general. Concordando com isto, eles<br />

prontamente correram para atendê-lo e, Terentius Rufus, que havia<br />

sido deixado no comando da força, apareceu. Ele, após ouvir de<br />

Simão toda a verdade, aprisionou-o e informou a César do modo de<br />

sua captura... Seu surgimento do subterrâneo levou, além disso, à<br />

descoberta durante aqueles dias de um grande número de outros<br />

rebeldes nas passagens subterrâneas. No retorno de César à<br />

Cesárea, Simão foi trazido até ele agrilhoado, e este ordenou que o


prisioneiro fosse mantido para o triunfo que ele estava preparando<br />

para ser celebrado em Roma.<br />

Esta história interessa-nos por numerosas razões. Ela certamente<br />

fornece uma vívida impressão da escala dos labirintos que ainda<br />

devem existir sob as ruínas do Templo e leva-nos a perguntar o que<br />

esses guerreiros estavam fazendo com túnicas brancas e mantos<br />

púrpuras em circunstâncias que os levaram a ingressar nestas<br />

câmaras subterrâneas para escapar da morte iminente.<br />

A única explicação para a presença de túnicas brancas é que estes<br />

últimos combatentes sobreviventes eram Essênios que sempre se<br />

vestiam de branco e que nós os associamos aos Nazoreanos e à<br />

Igreja de Jerusalém. O uso do branco era considerado como um<br />

símbolo de ter passado pelo processo de ressurreição. O fato de eles<br />

possuírem um manto púrpuro com eles é de considerável interesse,<br />

pois tal paramento somente poderia indicar uma conexão real e<br />

pareceria sugerir que o rei dos judeus, na forma de Simão, filho de<br />

Cleofás, tinha sido envolvido na defesa do Templo. Se ele esteve,<br />

certamente escapou, pois é conhecido o registro de que fora<br />

crucificado em uma data posterior pelos romanos.<br />

Quando a guerra terminou, a nação dos judeus simplesmente deixou<br />

de existir e somente uma fé permaneceu: uma fé que tinha perdido a<br />

morada de Deus e sua raison d'être. O Judaísmo encontrou um novo<br />

elo de união no estudo da Lei e na veneração da sinagoga; o livro<br />

talmúdico tomou o lugar do Templo e, por sua vez, tornou-se o<br />

símbolo vivo do espírito da raça de Israel. Os judeus sobreviventes, a<br />

maioria deles da Diáspora (muitos sendo gentios convertidos),<br />

reinventaram-se através de uma versão altamente diluída de sua fé,<br />

uma vez que os judeus radicais haviam desaparecido.<br />

Entre os anos de 66 e 70 d.C., uma enorme parcela da população da<br />

Palestina foi passada a fio da espada. De acordo com os cálculos<br />

realizados a partir dos diversos relatos de Josephus,<br />

aproximadamente 1.350.000 homens, mulheres e crianças foram<br />

massacradas - já o Novo Testamento falha ao fornecer mesmo uma


eve menção do genocídio infligido sobre o povo que é o coração da<br />

história dos cristãos, muitos dos quais devem ter sido<br />

testemunhas oculares do batismo, dos sermões e da crucificação de<br />

Jesus!<br />

Por quê?<br />

Porque os cristãos gentios da Diáspora tendo sido ensinados pelas<br />

estranhas interpretações de Paulo sobre a vida e morte de Jesus, não<br />

tinham mais ninguém para corrigir suas interpretações errôneas. Eles<br />

rejeitavam a circuncisão e logo em seguida deixariam de pensar em si<br />

mesmos como uma facção judaica. Tendo absorvido a história do<br />

'povo escolhido de Deus' como sua herança, eles voltaram suas<br />

costas para a nação dos judeus, mesmo falsamente mantendo-os<br />

responsáveis pelo assassinato de seu próprio messias pertencente à<br />

casa de David.<br />

Os únicos registros detalhados da Guerra dos Judeus são aqueles de<br />

Josephus, um homem que começou na guerra como um líder militar<br />

judeu e terminou-a lutando do outro lado como um soldado romano.<br />

Nenhum registro da guerra sob o ponto de vista da Igreja de<br />

Jerusalém é sabido já ter existido; de fato, todos os seus registros<br />

desapareceram. Muitos estudiosos cristãos têm considerado como<br />

altamente significativo que a Igreja dos gentios instantaneamente<br />

perdesse todo o conhecimento de seus antepassados em Jerusalém:<br />

O fato de que a tradição cristã não tenha preservado nenhum registro<br />

do destino da Igreja Mãe de Jerusalém, a não ser aquelas,<br />

obviamente imprecisas, fornecidas por Eusébio e Epifânio, deve<br />

certamente significar que o que fosse conhecido das passagens<br />

daquela famosa Igreja, nada fosse encontrado que pudesse ser<br />

convenientemente utilizado no crescente gosto pela hagiografia<br />

(veneração dos santos). Tal silêncio, haja vista a antiga e única<br />

autoridade, bem como o prestígio da Igreja de Jerusalém, é<br />

significativo, e, quando visto no contexto do conhecimento que nós<br />

temos descoberto da natureza e da imagem da Cristandade judaica, a<br />

conclusão que surge de modo razoável e necessário é que a Igreja de


Jerusalém caiu junto com a nação judaica na catástrofe do ano 70<br />

d.C..<br />

Deste modo em tão curto espaço de tempo, esta florescente Igreja<br />

Cristã Judaica, com a reverenda companhia dos discípulos e<br />

testemunhas de Jerusalém e seus membros vigorosos nos distritos do<br />

país, foi tão fatalmente massacrada pela destruição da guerra que<br />

esta desapareceu quase completamente da vida da Igreja Católica.<br />

Acreditamos que há uma referência à queda de Jerusalém no Novo<br />

Testamento que usualmente permanece irreconhecível. O Livro das<br />

Revelações contém impenetráveis visões apocalípticas que parecem<br />

ser uma lembrança da destruição de Jerusalém. Ele foi escrito por um<br />

judeu desconhecido convertido ao Cristianismo aproximadamente<br />

quarenta anos após a queda do Templo e descreve a criação da Nova<br />

Jerusalém. No capítulo vinte, o autor visionário descreve como estes<br />

mártires que haviam morrido defendendo Jerusalém da besta (os<br />

romanos) estariam junto a Cristo por mil anos a partir do tempo que<br />

eles fossem ressuscitados. Ao término do primeiro milênio, conta-nos<br />

ele, que o reinado de Cristo e de sua 'amada cidade' seria atacada por<br />

nações ímpias, lideradas por Gog e Magog.<br />

Jerusalém foi arrasada pelos romanos em 70 d.C.; mil anos e<br />

alguns meses após, os turcos seljúcidas chegaram e devastaram a<br />

cidade.<br />

Nós acreditamos que este acurado desempenho de profecia é apenas<br />

uma estranha coincidência, mas, como demonstraremos, os<br />

governantes da Europa medieval certamente a levaram muito a sério.<br />

Conclusão<br />

O papel de Tiago, o irmão de Jesus, foi deliberadamente apagado<br />

pela Igreja Católica Romana e a importância de Pedro e Paulo foi<br />

enfatizada para assegurar que os papas romanos fossem vistos como<br />

tendo uma linha direta de autoridade oriunda diretamente do próprio<br />

Cristo.


Paulo chegou em Jerusalém e proclamou que ele havia<br />

experimentado uma mensagem especial de Deus que lhe dava um<br />

único evangelho que era completamente diferente daquele pregado<br />

por Tiago e outros que tinham conhecido Jesus pessoalmente. Ele<br />

então viajou para fora de Israel e da Judéia para converter os gentios<br />

para sua versão 'revelada' dos eventos que incluíam ocorrências<br />

sobrenaturais. Paulo nunca foi aceito pela Igreja de Jerusalém. Ele<br />

não compreendia a teologia judaica deles e concentrou-se em um<br />

culto voltado para os cidadãos romanos.<br />

Paulo não compreendia o uso da 'ressurreição em vida' utilizada pela<br />

Igreja de Jerusalém e, deste modo, ele e seus seguidores paulinos<br />

erroneamente acreditavam que Jesus fazia com que os mortos<br />

retornassem à vida.<br />

Após o assassinato de Tiago, os judeus ingressaram em uma guerra<br />

contra Roma que resultou na destruição do Templo e de uma grande<br />

proporção da nação judaica, incluindo quase todos aqueles que eram<br />

ligados à Igreja de Jerusalém. Nesta época, por sua vez, Paulo<br />

também estava morto e uma nova safra de cristãos gentios estava<br />

livre para desenvolver um culto que pouco tinha em comum com os<br />

ensinamentos de seus fundadores.<br />

Antes que o Templo fosse destruído, os mais preciosos manuscritos e<br />

tesouros da Igreja de Jerusalém foram enterrados embaixo das ruínas<br />

do Templo de Herodes. A verdade a respeito de Jesus e de seus<br />

rituais secretos permaneceram adormecidas, mas não estavam<br />

perdidas: os Templários eventualmente descobriram os segredos<br />

perdidos.<br />

Nossa próxima tarefa é considerar como os eventos do ano de 70 d.C.<br />

em Jerusalém poderia ser conectados à Maçonaria. Para tal, nós<br />

precisamos procurar mais apuradamente em Rosslyn, a reconstrução<br />

medieval do Templo de Jerusalém construída pelos descendentes dos<br />

Cavaleiros Templários.


2<br />

Os Segredos de Rosslyn<br />

Os Nove Cavaleiros<br />

A pequena vila de Roslin localiza-se a aproximadamente quinze<br />

quilômetros ao sul de Edimburgo através da estrada para Penicuik.<br />

Ela é famosa por três razões: uma fazenda estatal experimental que<br />

tem produzido pares de ovelhas geneticamente clonados; as ruínas de<br />

um castelo que foi destruído pelo Exército dos Roundheads quando a<br />

Guerra Civil Inglesa espalhou-se até a Escócia; e uma não muito usual<br />

capela medieval. A Capela de Rosslyn foi iniciada em 1440 e tem<br />

demonstrado ser o mais antigo monumento que possui claras<br />

conexões com a Maçonaria moderna, os Cavaleiros Templários e a<br />

Jerusalém do primeiro século.<br />

Para compreender Rosslyn nós temos que compreender os Cavaleiros<br />

Templários que eram, sem dúvida, a mais famosa ordem de guerreiros<br />

cristãos surgida no período medieval ou em qualquer outro. Estes<br />

monges guerreiros possuíam uma improvável concepção, uma<br />

existência controversa e um legado espetacular; todas essas<br />

características asseguraram que eles encontrassem seu lugar dentro<br />

de mais de uma lenda. Fatos extraordinários a respeito das façanhas<br />

dos Templários têm produzido todo tipo de românticos e de charlatões<br />

séculos a fora e, devido a isto, diversos estudiosos conceituados<br />

tornam-se imediatamente cépticos a qualquer teoria que mencione<br />

pelo nome.<br />

Do mesmo modo que é completamente verdadeiro que muito de<br />

absurdo tem sido escrito a respeito dos Templários, seria absurdo<br />

admitir que eles eram apenas uma ordem comum que apenas surgiu<br />

para captar a imaginação de um número sem fim de tipos esotéricos.<br />

No mínimo, os Templários seriam qualquer coisa, menos comuns.<br />

De acordo com avaliações aceitas, esta bem sucedida e enorme<br />

ordem surgiu quase que por acidente em 1118, logo após a morte do


primeiro rei cristão de Jerusalém, Balduíno I, e a sucessão por seu<br />

primo, Balduíno lI. Costuma-se dizer que este novo rei foi procurado<br />

por nove Cavaleiros franceses que aparentemente informou-o que<br />

eles desejavam ser voluntários como uma audaciosa força de defesa<br />

para proteger os peregrinos dos bandidos e assassinos que havia nas<br />

estradas da Terra Santa. A história registra que o recém empossado<br />

rei imediatamente alojou-os no sítio do Templo de Salomão e pagou o<br />

seu sustento por nove anos completos. Em 1128, apesar do fato do<br />

grupo nunca ter se afastado do Monte do Templo, eles foram elevados<br />

à categoria de Ordem Santa pelo Papa por seus valorosos serviços na<br />

proteção dos peregrinos por toda uma década. Foi neste ponto<br />

preciso, que eles formalmente adotaram o nome de Ordem dos<br />

Pobres Soldados de Cristo e do Templo de Salomão, ou<br />

simplesmente, 'os Cavaleiros Templários'. Este minúsculo grupo de<br />

homens medievais foi repentinamente posicionado como o exército de<br />

defesa oficial da Igreja Romana na Terra Santa. As hostes sarracenas<br />

devem ter se divertido muito com isto!<br />

As coisas mudaram rapidamente. Dentro de poucos anos, o bando de<br />

maltrapilhos que havia acampado nas ruínas do Templo dos judeus,<br />

miraculosamente transformou-se em uma esplendorosa, fabulosa e<br />

saudável Ordem que se tornaria os banqueiros dos reis da Europa.<br />

Nós realmente acreditamos que os registros dos livros de História<br />

sobre o surgimento dos Cavaleiros Templários eram muito simplórios<br />

e, deste modo, precisávamos descobrir o que realmente ocorreu na<br />

segunda década após a Primeira Cruzada.<br />

Em nosso último livro, chegamos à conclusão de que os Templários<br />

não haviam protegido nenhum peregrino, pois eles gastaram todo o<br />

seu tempo escavando embaixo do Templo arruinado, a procura de<br />

algo, possivelmente o tesouro de Salomão. De fato, outros chegaram<br />

a conclusões similares antes de nós:<br />

A verdadeira tarefa dos nove Cavaleiros era empreender buscas na<br />

área, de modo a obter certas relíquias e manuscritos que contivessem


a essência da tradição secreta do Judaísmo e do antigo Egito, alguns<br />

dos quais provavelmente remontassem à época de Moisés.<br />

* O Exército dos Roundheads era a força militar dos partidários<br />

puritanos de Sir Oliver Cromwell, lorde protetor da Grã Bretanha e<br />

Irlanda, quando da Revolução que depôs a casa real dos Stuart do<br />

trono inglês, em 1649. Cromwell instituiu uma república, baseada nos<br />

conceitos reformadores da Igreja Puritana da Inglaterra,<br />

permanecendo no governo da Grã Bretanha até o ano de 1658. (N. T.)<br />

Em 1894, quase oitocentos anos após os Templários terem iniciado a<br />

escavação sob as ruínas do Templo de Jerusalém, seus túneis<br />

secretos foram novamente sondados, nesta época por um contingente<br />

do exército britânico liderado pelo tenente Charles Wilson, membro<br />

dos Engenheiros Reais. Eles nada descobriram dos tesouros<br />

escondidos pela Igreja de Jerusalém, mas nos túneis cavados séculos<br />

antes, eles encontraram parte de uma espada templária, uma espora,<br />

restos de uma lança e uma pequena cruz templária, Todos esses<br />

artefatos estão agora em poder de <strong>Robert</strong> Brydon, um arquivista<br />

templário na Escócia, cujo avô fora amigo de um certo Capitão Parker<br />

que tomou parte nesta e em outras expedições que escavaram abaixo<br />

do sítio do Templo de Herodes. Em uma correspondência escrita ao<br />

avô de <strong>Robert</strong> Brydon em 1912, Parker relata a descoberta de uma<br />

câmara secreta abaixo do Monte do Templo com uma passagem que<br />

ligava à Mesquita de Omar. Ao surgirem dentro da mesquita, o oficial<br />

do exército britânico teve que fugir dos irados sacerdotes e fiéis para<br />

não morrer.<br />

Não há dúvida de que os Templários de fato realizaram<br />

escavações maiores em Jerusalém e a única questão que nós<br />

precisávamos considerar era: o que os levou a empreenderem tal<br />

enorme projeto e o que precisamente eles descobriram? Quando<br />

estávamos escrevendo nosso último livro, embora estivéssemos<br />

certos em saber o que eles tinham descoberto, nós apenas podíamos<br />

especular que a motivação para toda esta aventura deveria ter sido<br />

uma caça ao tesouro oportunista.


Nós novamente consideramos o mútuo juramento de aliança que os<br />

nove Cavaleiros estabeleceram no início de sua escavação, dez anos<br />

antes que eles se estabelecessem como a Ordem dos Cavaleiros<br />

Templários. Diversos livros sobre os Templários usualmente<br />

estabelecem que o compromisso era uma promessa de 'castidade,<br />

obediência e pobreza' - que soa mais como um voto para monges do<br />

que para um pequeno grupo independente de Cavaleiros. Entretanto,<br />

quando o juramento é analisado em sua origem latina, este é<br />

traduzido por 'castidade, obediência e manutenção de toda<br />

propriedade em comum'.<br />

Existe uma clara diferença entre jurar nada possuir e jurar<br />

compartilhar toda a prosperidade em comum - e prosperidade é o que<br />

eles obtiveram em pouquíssimo tempo!<br />

Nós, entretanto, permanecemos intrigados pela natureza muito<br />

religiosa deste mútuo juramento. Outros observadores têm comentado<br />

sobre isto, pois sabem com certeza que os Templários, de fato, se<br />

tornaram uma ordem de monges guerreiros, mas como estes nove<br />

Cavaleiros saberiam o que ocorreria dez anos mais tarde? Muitas<br />

questões precisavam ser respondidas:<br />

1. Por que eles precisavam abraçar a 'castidade' em uma época em<br />

que os padres católicos romanos não o faziam?<br />

2. Por que um pequeno grupo de homens completamente<br />

independente precisou realizar um juramento de obediência e a quem<br />

eles estavam planejando serem obedientes?<br />

3. Se eles eram meros caçadores de tesouros, por que eles<br />

pretenderiam compartilhar toda a propriedade em comum quando o<br />

método usual seria o de dividir o espólio?<br />

Para responder apropriadamente a estas questões, nós precisaríamos<br />

conhecer um pouco mais a respeito das circunstâncias deste pequeno<br />

grupo de cavaleiros que se reunira em Jerusalém em 1118. Nós


certamente sentimos que algo estava errado aqui e nosso principal<br />

temor era que a verdade pudesse ter se perdido ao longo dos séculos<br />

e que nós nunca esclareceríamos as motivações destes homens.<br />

Nós sentíamos que a conclusão razoável a respeito da segunda<br />

questão sobre a necessidade de 'obediência' fortemente sugeria que<br />

outras pessoas deveriam estar envolvidas e que deveria haver um<br />

plano mais elaborado do que uma simples caça ao tesouro. Os três<br />

votos quando colocados juntos serviam mais aos padres do que aos<br />

Cavaleiros. Nós relembramos rapidamente do estilo de vida dos<br />

homens da comunidade dos Essênios descritos nos Manuscritos do<br />

Mar Morto: uma existência ascética que igualmente aplicava-se aos<br />

líderes da Igreja original de Jerusalém que originalmente havia<br />

enterrado os manuscritos e os tesouros que os Templários<br />

descobriram.<br />

A partir de nossas pesquisas prévias, nós acreditamos que os<br />

manuscritos removidos pelos Templários agora residem abaixo da<br />

Capela de Rosslyn na Escócia.<br />

Um Santuário Templário<br />

A Capela de Rosslyn está protegida por uma pequena estrada lateral<br />

passando por entre duas excelentes estalagens que somente pode ser<br />

notada por aqueles que se aventuram pela vila de Roslin. É difícil ver<br />

muito da edificação à primeira vista, uma vez que ela está obstruída<br />

por árvores e altos muros ao longo do lado norte, mas que<br />

estranhamente proporciona uma rápida visão da parede ocidental com<br />

suas duas bases de colunas no ponto mais alto.<br />

A entrada é realizada através de uma pequena cabana, onde<br />

lembranças podem ser compradas e onde é servido chá com<br />

biscoitos. Assim que se cruza a porta dos fundos da cabana, o<br />

esplendor desta curiosa e única capelinha é imediatamente óbvio e<br />

leva-se nada menos que alguns minutos para se perceber que esta é<br />

nada menos que um texto medieval escrito em pedra.


A proeza artística de William St Clair não é semelhante a nada que<br />

nós já tenhamos visto anteriormente e nunca havíamos nos encantado<br />

tanto com a aura gerada no interior e exterior celestialmente<br />

esculpidos. Como uma obra arquitetônica, ela não é particularmente<br />

graciosa, nem as suas dimensões físicas impressionam, mas mesmo<br />

assim instintivamente sente-se que este é um lugar muito especial.<br />

Nós nada encontramos de cristão nesta assim chamada 'capela', uma<br />

observação que tem sido realizada por muitos observadores<br />

conhecidos por nós, desde então. Há uma estátua de Maria com um<br />

menino Jesus, um batistério com fonte, alguns vitrais com alegorias<br />

cristãs, mas tudo isto são intrusões vitorianas ocorridas quando a<br />

capela foi consagrada pela primeira vez. Estes atos de 'vandalismo'<br />

foram muito significativos, mas mal concebidos, uma vez que eles não<br />

puderam retirar a magnificência anterior da celestial edificação<br />

originariamente esculpida.<br />

Esta construção cuidadosamente planejada não foi somente<br />

construída sem um batistério, ela não possuía nenhum espaço para<br />

um altar em seu lado oriental e uma mesa de madeira hoje em dia<br />

serve para esse propósito no centro de um simples salão. A História<br />

registra que não foi consagrada até que a Rainha Victoria a visitasse e<br />

sugerisse que a mesma fosse transformada em uma igreja.<br />

Construída entre os anos de 1440 e 1490, a estrutura é coberta por<br />

uma combinação de motivos celtas e templários que são<br />

instantaneamente reconhecidos pelos modernos Maçons. Preparados<br />

com um detalhado senso das antigas origens da Maçonaria, nós<br />

começamos a perceber que existem pistas precisas e secretas<br />

impressas na construção da edificação que estabelecem uma ligação<br />

sem qualquer dúvida entre o Templo de Herodes e esta maravilha<br />

medieval.<br />

Há apenas dois salões: um salão principal e uma cripta que é<br />

acessada via uma escadaria no lado oriental. O salão possui quatorze<br />

pilares, doze dos quais são iguais, mas os localizados no sudeste e no<br />

nordeste são únicos, ambos esplendorosamente esculpidos com<br />

diferentes desenhos. Freqüentemente tem sido dito que estes pilares


epresentam aqueles que existiam no átrio interior do Templo de<br />

Jerusalém chamados de Boaz e Jachin, que são hoje em dia muito<br />

importantes para os Maçons.<br />

Um exame mais atento revela-nos que a parede ocidental e a<br />

totalidade do piso foram projetados como uma cópia das ruínas do<br />

Templo de Salomão e a superestrutura acima do pavimento térreo e<br />

além da parede ocidental era uma interpretação da visão sobre a<br />

Jerusalém Celeste feita pelo profeta Ezequiel.<br />

Os pilares principais - Boaz e Jachin - são posicionados precisamente<br />

do mesmo modo que aqueles existentes em Jerusalém. Nós sabíamos<br />

que o ritual do grau maçônico conhecido como Santo Real Arco<br />

descreve a escavação das ruínas do Templo de Salomão e<br />

claramente estabelece que deveriam haver dois esplendorosos pilares<br />

no lado oriental e mais doze de concepção idêntica exatamente como<br />

encontramos em Rosslyn.<br />

Nós, então percebemos, que o layout dos pilares formava um<br />

perfeito tríplice Tau (três formas de 'T' unidos), exatamente como o<br />

descrito no ritual maçônico. Além do mais, de acordo com o grau do<br />

Santo Real Arco, também deveria haver um 'Selo de Salomão'<br />

(idêntico à Estrela de David) fixado ao tríplice Tau e uma inspeção<br />

mais acurada revelou que toda a geometria da edificação era de fato<br />

construída em torno desse desenho.<br />

Quando construiu Rosslyn, William St Clair inseriu estas pistas e<br />

colocou o significado da decodificação deles dentro dos então rituais<br />

secretos do grau do Santo Real Arco. Através do ritual maçônico, ele<br />

explicou anos mais tarde o que ele estava tentando dizer:<br />

O tríplice Tau significa, entre outros significados ocultos, Templum<br />

Hierosolyma - o Templo de Jerusalém. Ele também significa Clavis ad<br />

Thesaurum - uma chave para um tesouro - e Theca ubi res pretiosa<br />

deponitur - Um lugar onde algo precioso está oculto - ou Res ipsa<br />

pretiosa - A própria coisa preciosa.


Esta era uma profunda confirmação de nossa tese de que Rosslyn era<br />

uma reconstrução do Templo de Herodes. Nós imediatamente<br />

imaginamos se este ritual da Maçonaria continha essas palavras para<br />

o único propósito de revelar o significado de Rosslyn ou se Rosslyn<br />

havia sido projetada neste formato para confrontar-se com os<br />

conhecimentos mais antigos? Nesse momento isto não importava,<br />

pois estava claro para nós que William St Clair era o homem que tinha<br />

estado envolvido com ambos. A definição maçônica do 'Selo de<br />

Salomão' segue a seguir:<br />

A Jóia de Companheiro do Real Arco é um triângulo duplo, muitas<br />

vezes chamado de Selo de Salomão, inscrito em um círculo de ouro;<br />

na base há um rolo de pergaminho onde constam as seguintes<br />

palavras Nil nisi clavis deest - Nada é desejada a não ser a chave - e<br />

no círculo aparece escrito, Si tatlia jungere possis sit tibi scire posse -<br />

Se vós pudestes compreender estas coisas, vós conhecestes o<br />

suficiente.<br />

William St Clair havia cuidadosamente escondido esta escrita secreta<br />

dentro dos rituais da Maçonaria, que devem ter existido anteriormente<br />

a 1440. Neste ponto, nós sabíamos que era certo que o arquiteto<br />

deste 'Templo de Yahweh' escocês tinha inserido as suas próprias<br />

definições para estes antigos símbolos para que alguém em um futuro<br />

distante pudesse 'virar a chave' e descobrir os segredos de Rosslyn.<br />

Os nove Cavaleiros originais que cavaram abaixo dos escombros<br />

do Templo de Herodes cuidadosamente mapearam as fundações<br />

abaixo do solo, mas eles não possuíam nenhuma condição de saber<br />

como a principal superestrutura se parecia, exceto pela seção da<br />

parede ocidental que ainda existia de pé aquele tempo. As principais<br />

paredes de Rosslyn equiparavam-se exatamente com a linha de<br />

paredes do Templo de Herodes descobertos pela expedição do<br />

exército britânico liderada pelo tenente Wilson e pelo tenente Warren,<br />

membros dos Engenheiros Reais.


Plano de Rosslyn


Wilson iniciou um levantamento de toda a cidade de Jerusalém para a<br />

padronização do Levantamento de Artilharia em 1865 e, em Fevereiro<br />

de 1867, o tenente Warren chegou para empreender uma escavação<br />

dentro das galerias abaixo da área do Templo. Um dos diversos<br />

diagramas produzidos por Warren Ilustra o grau de dificuldade que<br />

eles encararam e ajuda a explicar o porquê dos Cavaleiros Templários<br />

terem levado nove anos para conduzir suas escavações.<br />

A maior parte da edificação de Rosslyn foi projetada como uma<br />

interpretação da visão de Ezequiel da Jerusalém reconstruída ou<br />

'celeste' com suas muitas torres e pináculos. Uma das partes da<br />

edificação que é claramente diferente é a parede ocidental que foi<br />

construída em proporções maiores. A explicação oficial para esta<br />

escala maior é a de que a própria 'capela' seria somente uma capela<br />

lateral de uma igreja colegiada muito maior. Os atuais guardiões de<br />

Rosslyn admitem que esta explicação é uma suposição, uma vez que<br />

não existem evidências de que esta fosse a intenção de William St<br />

Clair. Certamente, qualquer parede que permanecesse sozinha<br />

poderia ser parte de uma edificação que tenha sido praticamente<br />

demolida. Neste caso há uma terceira opção: de que a parede seja<br />

uma réplica de uma edificação praticamente demolida, deste modo,<br />

nunca haveria uma outra parte - nem atual, nem pretendida.<br />

Inicialmente, parecia ser assim, embora fosse impossível encerrar de<br />

modo conclusivo o debate.<br />

Após a publicação de nosso livro anterior, nós estivemos em contato<br />

com um grande número de pessoas, muitas das quais possuíam<br />

informações para nós ou estavam em posição de oferecer assistência.<br />

Entre estas pessoas encontrava-se Edgar Harborne que é um<br />

conceituado Maçom, sendo um Past Grande Mestre de Cerimônias<br />

Assistente da Grande Loja Unida da Inglaterra.<br />

Edgar é também um estatístico e integrava uma sociedade de<br />

pesquisa na Universidade de Cambridge, onde era patrocinado pelo<br />

Ministro da Defesa para analisar a rendição e os pontos cruciais dos<br />

campos de batalha. Ele foi capaz de confirmar que nossa tese a<br />

respeito da morte de Seqenenre Tao, o rei da décima sétima dinastia


do Antigo Egito, era altamente plausível devido aos ferimentos que<br />

não eram totalmente típicos daqueles encontrados em antigas<br />

batalhas.<br />

Edgar foi perspicaz ao visitar Rosslyn em companhia de seu bom<br />

amigo Dr. Jack Millar que é um diretor de estudos de uma famosa<br />

universidade. Felizmente para nós, Jack é um geólogo de<br />

considerável fama, com aproximadamente duzentas publicações<br />

acadêmicas em seu nome.


No inicio de Agosto de 1996, Edgar e Jack voaram à Edimburgo onde<br />

nós nos encontramos, em uma sexta-feira à tarde, e imediatamente<br />

nos dirigimos para Rosslyn para uma avaliação do terreno como<br />

precursora de uma investigação de solo mais profunda. Lá, nós nos<br />

encontramos com Stuart Beattie, o diretor de projeto de Rosslyn, que<br />

gentilmente nos abriu o edifício. Edgar e Jack passaram algumas<br />

horas absortos pela beleza e complexidade da obra de arte,e então<br />

nos retiramos para o hotel para discutir nosso plano de ação para o<br />

dia seguinte. Ambos os homens estavam muito excitados e todos nós<br />

conversamos muito sobre o que havíamos visto. Entretanto, Jack<br />

esperou até o café da manhã do dia seguinte para nos contar que ele<br />

havia notado algo sobre a parede ocidental que ele acreditava que<br />

acharíamos interessante. Quando nós retornamos a Rosslyn ele nos<br />

explicou. .<br />

'Este debate sobre se a parede ocidental é uma réplica de uma ruína<br />

ou uma seção inacabada de uma edificação muito maior...', disse<br />

Jack, apontando para o lado do noroeste. 'Bem, há somente uma<br />

única possibilidade - e eu posso assegurar-lhes que vocês estão<br />

corretos. Aquela parede ocidental é um disparate'.<br />

Nós ouvimos atentamente as razões que poderiam provar os nossos<br />

argumentos. 'Há duas razões do porquê de eu poder assegurar que<br />

isto é um disparate. Inicialmente, enquanto aqueles suportes possuem<br />

uma integridade visual, os mesmos não possuem nenhuma<br />

integridade estrutural; a cantaria não está presa completamente à<br />

seção central principal. Qualquer tentativa de construir além teria<br />

resultado em um colapso estrutural... E o povo que construiu esta<br />

'capela' não era tolo. Eles simplesmente nunca pretenderam ir além'.<br />

Nós olhamos para onde Jack estava apontando e pudemos ver que<br />

ele estava absolutamente certo.<br />

Ele continuou: 'Ainda mais, venham até aqui e dêem uma olhada nas<br />

pedras de canto'. Jack andou até o canto e nós o seguimos, de modo<br />

que todos estivéssemos diante das desiguais paredes arruinadas que<br />

possuíam pedras projetando-se na direção do ocidente. 'Se os<br />

construtores tivessem interrompido o trabalho por causa da falta de


dinheiro ou apenas para completarem posteriormente, eles teriam<br />

deixado um trabalho de cantaria perfeitamente esquadrinhado, mas<br />

estas pedras tinham sido deliberadamente trabalhadas para aparentar<br />

estarem danificadas - exatamente como uma ruína. Estas pedras não<br />

foram expostas às intempéries como aquela... Elas foram cortadas<br />

para parecerem com uma parede arruinada'.<br />

A explicação de Jack foi brilhantemente simples.<br />

No início daquele ano, nós havíamos trazido o Professor Philip<br />

Davies, do Departamento de Estudos Bíblicos da Universidade de<br />

Sheffield e o Dr. Neil Sellors, um colega de Chris, até a Escócia onde<br />

fomos convidados do Barão St Clair Bonde, um descendente direto de<br />

William St Clair e um dos mantenedores da Capela de Rosslyn.<br />

Nós nos dirigimos à inacreditavelmente bela moradia do Barão em Fife<br />

onde nós fomos muito bem recebidos por ele e por sua esposa sueca,<br />

Christina, e aonde nos foi apresentada uma esplêndida refeição sueca<br />

onde nos foi apresentado um outro dos mantenedores, Andrew<br />

Russell e sua esposa Trish.<br />

Na manhã seguinte, nós todos fomos visitar Rosslyn onde o Professor<br />

Davies havia arranjado um encontro com seu velho amigo o Professor<br />

Graham Auld, o Reitor da Divindade da Universidade de Edimburgo.<br />

Os dois pesquisadores bíblicos estudaram a edificação por dentro e<br />

por fora e então se dirigiram ao longo do vale para vê-Ia de uma certa<br />

distância. Ambos os homens conheciam muito bem Jerusalém e de<br />

fato concluíram que a construção era um notável remanescente do<br />

estilo herodiano.<br />

Olhando a partir do exterior da parede norte, Philip repetiu suas<br />

impressões: 'Este não se parece com qualquer lugar de veneração<br />

cristã. A impressão esmagadora é a de que foi construída para abrigar<br />

algum grande segredo medieval'.<br />

Pondo junto à evidência desses conceituados acadêmicos das<br />

universidades de Cambridge, Sheffield e Edimburgo, parece que nós<br />

havíamos provado nosso argumento de que Rosslyn foi projetada<br />

como uma réplica do Templo de Herodes.


O Barão St Clair apontou que mais de cinqüenta por cento do grande<br />

número de figuras esculpidas na edificação estão portando rolos de<br />

pergaminhos ou livros e um pequeno friso é arrematado com uma<br />

cena que parece mostrar algo como rolos de pergaminhos sendo<br />

colocados em caixas de madeira com uma sentinela colocada e<br />

portando uma chave encimada com um esquadro. O esquadro é uma<br />

peça fundamental do simbolismo maçônico. Esta e outras evidências a<br />

partir das esculturas convenceram-nos de que os manuscritos dos<br />

Nazoreanos que nós já sabíamos terem sido removidos debaixo do<br />

Templo de Herodes pelos Cavaleiros Templários estavam aqui em<br />

Rosslyn.<br />

Uma Linha de Conhecimento<br />

Sempre nos impressionou, como uma forte curiosidade, que o nome<br />

da 'capela' é escrita como Rosslyn, enquanto que o da vila em torno<br />

desta é escrita como Roslin. Ao pesquisarmos sobre esta diferença,<br />

foi-nos dito que se passou a escrever o nome com um duplo 's' e com<br />

'y' somente a partir da década de 1950 como uma forma de tornar o<br />

lugar um pouco mais celta.<br />

Nós sabemos que os lugares com nomes celtas sempre possuem um<br />

significado, mesmo sendo estes muito cumpridos, como a vila gaulesa<br />

de Llanfairpwllgwyngethgogerwyllyndrobwllllantisiliogogogoch, e que<br />

contém uma completa descrição do lugar. (esta última significa: A<br />

Igreja de Santa Maria próxima ao rápido moinho d'água ao lado da<br />

côncava aveleira branca oposta à caverna vermelha de São Sílio).<br />

Entretanto, ficamos curiosos sobre o significado gaélico de 'Roslin' que<br />

freqüentemente tem sido explicada como uma queda d'água ou<br />

promotório, apesar desta não descrever o local nem agora e nem em<br />

qualquer época passada. As palavras comuns em gaélicos para<br />

promontório são roinn, rubha, maoil ou ceanntire e para queda d'água<br />

são eas ou leum-uisge. Um significado adicional para Ross, ocorrendo<br />

apenas em nomes de origem irlandesa, é promontório de madeira,<br />

que somente se o nome possuísse conexões irlandesas (ou se os


pesquisadores anteriores tivessem usado um dicionário gaélicoirlandês<br />

por engano) se poderia formá-lo usando-se esta definição.<br />

Com fluência em gaélico, <strong>Robert</strong> sabia que o som fonético 'Roslin'<br />

poderia ser escrito como 'Rhos Llyn' que significa 'lago acima do<br />

pântano'. Sem ser surpreendente, entretanto, estas palavras oriundas<br />

de Gales não descrevem o lugar de forma melhor que as irlandesas e,<br />

deste modo, procuramos as duas sílabas em um dicionário gaélicoescocês<br />

que nos forneceu a seguinte definição:<br />

Ros: um substantivo que significa conhecimento.<br />

Linn: um substantivo que significa geração.<br />

Parece que em gaélico, Roslinn poderia ser traduzido por<br />

conhecimento das gerações.<br />

Nós estamos certos de que confiar em dicionários sempre resulta em<br />

traduções curiosas e sendo assim, decidimos recorrer a alguém que<br />

realmente conhecesse a língua gaélica (corretamente conhecida por<br />

gaélica e nunca como gaulesa).<br />

Durante uma visita à Grande Loja da Escócia em 1996, nós fomos<br />

apresentados à Tessa Ransford, a diretora da Biblioteca de Poesia<br />

Escocesa em Edimburgo. Nós ficamos extremamente lisonjeados em<br />

descobrir que ela, uma notável poetisa escocesa, havia escrito um<br />

poema para louvar o nosso livro anterior. Um dos propósitos principais<br />

da Biblioteca é tornar acessível ao público a poesia da Escócia em<br />

qualquer língua que tenha sido escrita; isto significa que Tessa, que é<br />

casada com uma pessoa fluente em gaélico, reunia-se regularmente<br />

com um grande número de pessoas que possuíam um conhecimento<br />

detalhado da língua.<br />

Nós contatamos Tessa e perguntamos se ela poderia verificar se a<br />

nossa interpretação do nome Roslin estava correta e ela gentilmente<br />

concordou em discuti-Ia com especialistas nesta língua. Alguns dias<br />

mais tarde, ela nos procurou dizendo-nos que a nossa tradução não<br />

havia considerado uma significante pista contida na palavra 'Ros' que<br />

mais corretamente carrega um significado que a faz ser mais


especificamente ser 'antigo conhecimento'; deste modo, a tradução<br />

que ela confirmava era mais precisamente: antigo conhecimento<br />

passado ao longo das gerações.<br />

Tessa e seus colegas estavam realmente excitados e nós estarrecidos<br />

com esta ainda mais poderosa interpretação que aparentava encaixarse<br />

perfeitamente com o propósito de Rosslyn ser considerada como<br />

um santuário de antigos manuscritos.<br />

A próxima questão era: quando a palavra 'Roslin' ou 'Roslinn' (uma<br />

vez que não havia uma padronização da escrita naqueles dias) foi<br />

usada inicialmente? Nós sabíamos que ela era anterior à construção<br />

da 'capela' de William St Clair, o que poderia indicar que os<br />

manuscritos removidos debaixo do Templo de Herodes haviam sido<br />

mantidos no castelo antes da 'capela' ter sido construída.<br />

Através de uma breve investigação, nós rapidamente descobrimos<br />

que a história dos St Clair, na Escócia, iniciara com um cavaleiro<br />

chamado William St Clair que popularmente era conhecido como<br />

William, o Gracioso. William era natural da Normandia e sua família<br />

era conhecida oponente do Rei Guilherme I, o normando que<br />

conquistou a Inglaterra em 1066. William St Clair considerava que ele<br />

possuía um bom motivo para reivindicar o trono da Inglaterra através<br />

de sua mãe Helena, que era filha do quinto Duque da Normandia, uma<br />

vez que Guilherme, o Conquistador, era o filho ilegítimo de <strong>Robert</strong>o,<br />

Duque da Normandia, com a filha de um curtidor que se chamava<br />

Arletta. A família St Clair ainda refere-se ao Rei Guilherme I<br />

simplesmente como Guilherme, o Bastardo.<br />

William, o Gracioso, foi o primeiro St Clair a mudar-se da Normandia e<br />

naturalmente falava apenas o francês, mas seu filho Henri foi educado<br />

sob a forte regra celta de Donald Bran e, deste modo, falava o gaélico<br />

tão bem como o francês normando (assim como todos os St Clair<br />

posteriores até o tempo de Sir William, o construtor da 'capela'). Nós<br />

descobrimos que foi este Henri St Clair que primeiro portou o título de<br />

Barão de Roslin, logo após seu retorno da Primeira Cruzada.


Esta data foi um grande desapontamento para nós uma vez que ela<br />

desestruturou a nossa bela teoria. Henri teria retornado da Cruzada<br />

por volta do ano 1100, oito anos antes dos Templários iniciarem suas<br />

escavações, e deste modo o nome Roslin (antigo conhecimento<br />

passado ao longo das gerações) não poderia ser uma referência aos<br />

manuscritos que nem ainda haviam sido descobertos. Entretanto,<br />

como nós refletimos e pensamos que nós havíamos descoberto algo<br />

novo e muito importante para as nossa pesquisa. Nós recusávamos a<br />

acreditar que seria uma mera coincidência o fato de Henri ter usado<br />

um nome de tal significado para o seu novo título e, sendo assim,<br />

começamos a pesquisar em busca de novas pistas.<br />

Nós logo após descobrimos que Henri St Clair havia lutado nas<br />

Cruzadas e marchado para Jerusalém ao lado de Hugues de Payen, o<br />

fundador dos Cavaleiros Templários. Além disso, logo após Henri ter<br />

escolhido 'Roslin' como seu título, Hugues de Payen casou-se com a<br />

sobrinha de Henri e foram dadas terras na Escócia como um dote. As<br />

conexões estavam além da controvérsia, mas o que elas<br />

significavam? Henri estava, através da escolha de seu título,<br />

sinalizando que possuía um conhecimento especial da antiga tradição,<br />

ou era, talvez, apenas uma peça pregada por Henri para seu próprio<br />

divertimento? Parece que a nossa intuição de que os nove Cavaleiros<br />

que formavam os Templários sabiam o que estavam procurando<br />

estava correta, mas nós não poderíamos imaginar como eles<br />

poderiam saber o que estava enterrado sob o Templo de Herodes.<br />

Talvez, um melhor estudo da edificação revelaria alguma pista.<br />

Os Cavaleiros da Cruz Vermelha da Passagem da<br />

Babilônia<br />

Nossa descoberta de que Rosslyn possuía conexões incontestáveis<br />

com os graus da Maçonaria moderna causou muito interesse após a<br />

publicação d'A Chave de Hiram e muito pesquisadores nos<br />

procuraram. Um deles era um historiador maçônico da Bélgica<br />

chamado Jacques Huyghebaert. Jacques enviou-nos um e-mail


perguntando-nos sobre a origem da inscrição em latim gravada no<br />

arco da Capela de Rosslyn que havíamos mencionado em nosso livro.<br />

Traduzida ela significa:<br />

O VINHO É FORTE,<br />

UM REI É MAIS FORTE,<br />

AS MULHERES SÃO AINDA MAIS FORTES.<br />

MAS A VERDADE CONQUISTARA A TODOS.<br />

Este estranho lema é a única inscrição original em toda construção<br />

e era claramente de muita importância para William St Clair na década<br />

de 1440.<br />

A mensagem eletrônica de Jacques dizia:<br />

Vocês poderiam me fornecer a versão original em latim desta inscrição<br />

que está esculpida no Santuário de Rosslyn? Vocês seriam capazes<br />

de datá-la?<br />

... Vocês conhecem um grau [maçônico] complementar que se ocupa<br />

da relação entre Vinho, Reis, Mulheres e a Verdade?<br />

Este grau é chamado de 'Ordem dos Cavaleiros da Cruz Vermelha da<br />

Babilônia' ou da 'Ordem do Caminho da Babilônia' e na Inglaterra está<br />

intimamente relacionado ao Real Arco.<br />

... Seu ritual é baseado no Livro de Esdras e os eventos que<br />

ocorreram durante o Cativeiro da Babilônia... De acordo com a lenda<br />

maçônica deste grau, Zorobabel, o Príncipe de Judá, solicitou uma<br />

audiência no Palácio na Babilônia, de modo a obter permissão para<br />

reconstruir o Templo do Altíssimo em Jerusalém.<br />

O Rei da Pérsia, demonstrando sua boa vontade sobre esta<br />

permissão, disse 'que tem sido um costume desde tempos imemoriais,<br />

entre os Reis e os Soberanos desta região, em ocasiões como esta<br />

propor certas questões'. A questão que Zorobabel deveria responder<br />

era: 'Qual delas é a mais forte, a Força do Vinho, a Força dos Reis ou<br />

a Força das Mulheres?'


Nós estávamos muito empolgados com as boas novas e respondemos<br />

a Jacques, dizendo que a existência desta inscrição em Rosslyn e o<br />

seu uso em um alto grau da Maçonaria deve estar além da<br />

coincidência. Ele nos respondeu:<br />

Como vocês disseram, isto deve estar além da coincidência.<br />

Entretanto, eu recomendaria sermos cautelosos... Vocês poderiam<br />

verificar se esta inscrição não foi esculpida por um 'espertinho' no<br />

século XIX ou XX, que tinha conhecimento deste grau, e a adicionou<br />

discretamente durante um recente trabalho de restauração?<br />

Se, entretanto, por uma chance a inscrição em latim em Rosslyn<br />

provar-se ser mais ANTIGA do que 1700 não haverá dúvida de que<br />

vocês fizeram uma GRANDE DESCOBERTA, pois esta seria a<br />

primeira prova irrefutável de que os rituais dos altos graus eram<br />

trabalhados na Escócia tempos antes de seu lugar geralmente aceito<br />

e do seu período de criação: em França, após o ‘Discurso' do<br />

Chevalier Ramsay, isto é, a partir da década de 1740.<br />

Nós imediatamente contatamos Judy Fisken, que era a curador de<br />

Rosslyn àquela época, para estabelecer a origem da inscrição. Judy<br />

nos informou que a pedra na qual a inscrição encontrava-se gravada<br />

era uma parte intrínseca da estrutura da edificação e que ela estava<br />

certa de que as palavras gravadas datavam da construção da 'capela'<br />

nos meados de 1400. Deste modo, escrevemos para Jacques:<br />

As chances da inscrição em latim ser uma adição posterior são iguais<br />

a zero. Nenhuma área do interior foi deixada sem ser esculpida e<br />

estas palavras não foram certamente sobrescritas a qualquer outra<br />

existente. O tipo de fonte certamente corresponde a do século XV.<br />

Também até 1835, a conexão maçônica com o edifício não era ainda<br />

amplamente conhecida para que alguém tivesse embocado sobre<br />

o pilar Jachin, fazendo parecer exatamente como os demais pilares,<br />

de modo que o significado maçônico dos pilares gêmeos fosse<br />

escondido.


* André-Michel Romsay, conhecido por Cavaleiro de Ramsay (Ayr,<br />

Escócia, 1686 - Saint Germain em Laye, 1743): Ramsay, protestante<br />

convertido ao catolicismo, iniciou sua carreira maçônica entre os anos<br />

de 1725 e 1726, sendo iniciado em uma Loja francesa quando este<br />

retornava de Roma. Importante escritor e pesquisador de fIlosofia e<br />

política, tornou-se rapidamente membro da administração da Grande<br />

Loja de França, sendo seu Grande Chanceler. Sua carreira maçônica<br />

é freqüentemente associada ao seu famoso Discurso, pronunciado à<br />

Loja de Saint-Thomas, onde este exaltava a necessidade da criação<br />

de altos graus maçônicos para o aperfeiçoamento da fIlosofia da<br />

Maçonaria e ligava esta última aos Pobres Cavaleiros do Templo de<br />

Salomão, ou os Cavaleiros Templários. (N. T.)<br />

Uma noite, nós discutimos esta abordagem com Philip Davies e na<br />

manhã seguinte nos dirigimos ao escritório de Chris com uma<br />

fotocópia dos dois Livros de Esdras que fazem parte apócrifa da<br />

Bíblia. Nós mantivemos Jacques a par de nossas pesquisas:<br />

O Professor Philip Davies veio junto a nós com uma tradução<br />

completa do Livro de Esdras. A parte que nos interessou não é muito<br />

extensa, mas muito curiosa! Acredita-se que no texto original não<br />

havia o termo a 'verdade' que fora adicionado posteriormente por autor<br />

judeu.<br />

O Rei havia pedido à sua guarda pessoal para dizer o que era a coisa<br />

mais forte e contou-lhes que aquele que fornecesse a resposta mais<br />

sábia tornar-se-ia um igual ao Rei e desfrutaria de grandes riquezas.<br />

O homem que disse 'a verdade é a mais forte' é feito nobre e então diz<br />

ao Rei:<br />

'Lembrai de vosso juramento que fizestes um dia quando vós vos<br />

tornastes Rei, construir Jerusalém, e que enviaria de volta todos os<br />

vasos sagrados que foram tomados de Jerusalém que Ciro havia<br />

protegido quanto destruiu Babilônia e que prometera enviar para lá.


Vós também jurastes construir o Templo que os Edomitas queimaram<br />

quando a Judéia caiu diante dos Caldeus’.<br />

Isto era importante para William St Clair, pois Rosslyn era a sua<br />

reconstrução do Templo, baseada no modelo do Templo de Herodes e<br />

na visão de Ezequiel da Nova Jerusalém.<br />

Como você disse, tudo isso não pode ser coincidência.<br />

Neste meio tempo, nós havíamos inquirido os nossos companheiros<br />

Maçons por qualquer informação sobre o ritual dos Cavaleiros da<br />

Passagem da Babilônia e descobrimos nossa primeira referência em<br />

uma publicação maçônica.<br />

Cruz Vermelha da Babilônia: O mais profundo e místico dos Graus<br />

Maçônicos<br />

Associados, este grau é similar aos graus 15º (Cavaleiro da Espada<br />

ou do Oriente), 16º (Príncipe de Jerusalém) e 17º (Cavaleiro do<br />

Oriente e do Ocidente) do Rito Escocês Antigo e Aceito. Os três<br />

pontos ou partes da cerimônia descendem de três dos graus<br />

praticados nos meados do século XVIII. Parte da cerimônia é<br />

semelhante à Passagem dos Véus dos ritos escoceses e do Campo<br />

de Balduíno... Para ser um membro dos Graus Maçônicos Associados<br />

você deve ter sido tanto um Maçom do Real Arco, como um Mestre<br />

Maçom da Marca.<br />

Agora que sabíamos que o grau existia sob os auspícios do Grande<br />

Capítulo nós rapidamente localizamos o ritual e este era uma<br />

fascinante leitura. O 'Campo de Balduíno', inicialmente pensamos,<br />

parecia ser uma referência ao acampamento dos Cavaleiros<br />

Templários no terreno arruinado do Templo de Herodes sob os<br />

auspícios do Rei Balduíno de Jerusalém, mas logo aprendemos que<br />

estava associado com um antigo grupo de Maçons de Bristol.<br />

O título completo do grau é Cavaleiro da Cruz Vermelha da Babilônia<br />

ou da Passagem da Babilônia. Ele consiste de três dramas


itualísticos, ou pontos, que narram três incidentes retirados dos<br />

capítulos 1-6 do Livro de Ezra, dos capítulos 2-7 do Livro de Esdras e<br />

dos capítulos 1-4 do Livro 11 d'As Antiguidades dos Judeus, de<br />

Josephus.<br />

Este grau narra detalhadamente os motivos e os propósitos da<br />

reconstrução do Templo de Jerusalém. O líder do grau, conhecido<br />

como Mui Excelente Chefe, marca o exato ponto na abertura do grau<br />

quando ele propõe a seguinte questão:<br />

Excelente Primeiro Vigilante, que horas são?<br />

Ele recebe a seguinte resposta:<br />

A hora da reconstrução do Templo.<br />

O ritual prossegue dizendo que Dario concordou em apoiar Zorobabel,<br />

o Príncipe de Judá, e emite um edito que permite a reconstrução do<br />

Templo e 'ainda mais, os vasos de ouro e prata que Nabucodonosor<br />

havia tomado serão restaurados e colocados em seus devidos<br />

lugares'. Neste ponto da cerimônia, Dario nomeia o candidato, que faz<br />

o papel de Zorobabel, um cavaleiro do Oriente, e lhe dá uma fita verde<br />

ornada com ouro o que significa a iniciação nos mistérios secretos.<br />

Antes de ser permitido a Zorobabel deixar a corte de Dario e retomar a<br />

sua tarefa de reconstrução do Templo, a ele, em companhia de dois<br />

outros, é colocado um enigma por parte Dario, cuja resposta correta o<br />

cobrirá de grande prestígio e honra:<br />

O grande Rei faz através de mim conhecido o seu contentamento e<br />

deste modo cada um de vós três dará a sua opinião em resposta a<br />

questão. O que é mais forte, o Vinho, o Rei ou as Mulheres?<br />

O ritual então nos conta as três respostas que foram dadas ao<br />

enigma de Dario. O primeiro jovem disse que o vinho era o mais forte<br />

porque ele podia alterar a mente e o humor de qualquer um que bebêlo;<br />

o segundo jovem disse que o Rei era o mais forte, pois, mesmo os


soldados eram obrigados a obedecer lhe. Na vez do candidato<br />

Zorobabel falar, o ritual coloca as seguintes palavras em sua boca:<br />

Ó, Senhores, é verdade que o vinho é forte, bem como os homens e o<br />

Rei; mas quem controla a todos? Certamente, as Mulheres. O Rei é o<br />

presente de uma mulher. As mulheres são as mães daqueles que<br />

trabalham nos vinhedos que produzem os vinhos. Sem as mulheres,<br />

os homens não podem existir. Um homem faz de fato coisas tolas pelo<br />

amor de uma mulher; dá a ela valiosos presentes e, algumas vezes,<br />

mesmo vende-se a si mesmo à escravidão por sua saúde. Um homem<br />

deixará o lar, o país e os títulos de nobreza pelo seu bem.<br />

Ó, Senhores, não são as mulheres fortes, haja visto o que elas podem<br />

fazer?<br />

Mas nem as Mulheres, o Rei ou o Vinho são comparável à poderosa<br />

força da Verdade. Como todas as outras coisas, eles são mortais e<br />

transitórias; mas somente a Verdade é imutável e eterna. Os<br />

benefícios que dela recebemos não variam com o tempo e com a<br />

fortuna. Em seu julgamento não há a injustiça; e ela é a sabedoria, a<br />

força, o poder e a majestade de todas as épocas.<br />

Abençoado seja o Deus da Verdade.<br />

Grande é a Verdade e poderosa é sobre todas as coisas!<br />

Em face de tal evidência, ninguém pode negar que William St Clair era<br />

conhecedor deste grau maçônico que, até o presente momento,<br />

acreditava-se inicialmente ter sido praticado após 1740. Ele é pelo<br />

menos trezentos anos mais antigo - e nós brevemente descobriríamos<br />

evidências que o dataria de mais longe ainda.<br />

O Segredo das Pedras<br />

Tendo descoberto irrefutáveis evidências que um alto grau da<br />

Maçonaria era conhecido por William St Clair, nós começamos a olhar<br />

mais atentamente do que antes os mínimos detalhes do intrincado<br />

interior e exterior esculpido de Rosslyn. Uma pequena, porém


fantástica descoberta, era a gravação de dois homens, lado a lado.<br />

Apesar desta escultura exterior estar danificada pelas intempéries e<br />

possuir aproximadamente trinta centímetros de altura, nós pudemos<br />

observar muito bem, a maior parte de seus detalhes. Ela mostra um<br />

homem vendado com vestimentas medievais, ajoelhado e segurando<br />

com sua mão direita um livro com uma cruz na capa, seus pés<br />

colocados de modo a formar um esquadro. Em torno do pescoço do<br />

homem há um nó corrediço, sendo a ponta deste segurada por um<br />

segundo homem que estava vestindo um manto templário com a cruz<br />

distintiva mostrada em seu peito.


Quando descobrimos esta pequena gravação, nós procuramos Edgar<br />

Harborne, uma autoridade da Grande Loja Unida da Inglaterra.<br />

Somados, tínhamos aproximadamente setenta anos de experiência<br />

maçônica e sabíamos exatamente o que estávamos olhando. Edgar<br />

estava empolgado e surpreso, assim como nós, pois não havia<br />

qualquer dúvida; esta era a imagem de um candidato à Maçonaria<br />

durante o processo de sua iniciação no ponto crítico de seu juramento<br />

de obrigação. A forma dos pés, o cordame, a venda, o volume da<br />

lei sagrada - esta imagem mostra um homem sendo admitido na<br />

Maçonaria cinco séculos e meio atrás! Ainda mais, esta pequena<br />

estátua era a primeira representação visual de um Templário<br />

conduzindo uma cerimônia que nós agora consideramos ser<br />

unicamente maçônica.<br />

O fato de ela apresentar um Templário conduzindo um candidato<br />

implica que a escultura estava demonstrando um evento histórico que<br />

datava do período templário, deste modo ela poderia estar mostrandonos<br />

uma cerimônia maçônica de setecentos anos de idade.<br />

Dentro da edificação, nós analisamos cada uma das pequenas<br />

esculturas. Isto era difícil, devido, em algum ponto do passado<br />

recente, a alguma alma caridosa que cobrira completamente o interior<br />

com uma massa de areia e cal em uma mal sucedida tentativa de<br />

proteger o trabalho de cantaria, o que obscureceu os pequenos<br />

detalhes.<br />

No alto de dois meio pilares construídos na parede meridional, com<br />

uma altura de aproximadamente três metros, nós descobrimos<br />

pequenas representações que eram extremamente interessantes.<br />

Uma destas com apenas alguns centímetros de altura mostra um<br />

grupo de figuras com uma pessoa portando uma peça de tecido na<br />

qual havia no centro a face de um homem barbado e com cabelos<br />

longos. A figura que porta o tecido teve sua cabeça perdida e, uma<br />

vez que há poucos danos ao edifício, parece, como pensamos, que<br />

ela foi deliberadamente removida. Isto fez-nos olhar para outras<br />

cabeças e ficamos impressionados pela distintiva aparência de cada<br />

uma delas. As faces não são amenas ou anônimas, como


normalmente se vêem em edifícios semelhantes; elas dão a<br />

impressão de que eram deliberadamente semelhantes a indivíduos<br />

conhecidos - quase como máscaras mortuárias em miniatura.<br />

Só nos restava especular: esta pequena estatueta representa alguém<br />

segurando o Sudário de Turim?<br />

Só existem duas explicações para tal imagem: é o Sudário de Turim<br />

que está sendo portado ou é aquilo que conhecemos por 'Verônica'.<br />

A lenda não-bíblica de Santa Verônica narra como uma mulher<br />

(freqüentemente associada à Maria Madalena) deu o seu manto (em<br />

algumas versões o seu véu) a Jesus para enxugar sua face quando<br />

ele estava deixando o Templo ou no caminho do Calvário portando<br />

sua cruz. Quando esta tomou o manto de volta, neste havia a imagem<br />

da face miraculosamente impressa no tecido. Estudiosos modernos<br />

acreditam que o nome 'Verônica' é derivado do latim vera e do grego<br />

eikon, significando 'a verdadeira imagem'. O nome e a idéia são um<br />

tanto suspeitos, uma vez que a Igreja Católica Romana não reconhece<br />

uma santa chamada Verônica. Apesar desta negação de beatificação,<br />

o 'manto original' pode ser encontrado na Basílica de São Pedro na<br />

Cidade do Vaticano.<br />

Isabel Piczek, uma artista que tem estudado o Sudário de Turim e que<br />

provou que este não poderia ser uma pintura, esteve em uma visita<br />

não oficial para ver a Verônica na Basílica de São Pedro. Ela<br />

descreveu esta experiência ao pesquisador do Sudário, Ian Wilson:<br />

Sobre ele estava um pedaço de tafetá colorido do tamanho de uma<br />

cabeça, do mesmo tipo do sudário, levemente acastanhado. Ele não<br />

parecia estar remendado, apenas uma mancha de cor ferrugem<br />

acastanhada. Parecia um pouco desigual, exceto por algumas<br />

descolorações trançadas... Mesmo com a melhor das imaginações,<br />

você não é capaz de deslumbrar qualquer rosto ou imagem dele, nem<br />

mesmo a mais leve sugestão disto.<br />

Estávamos cientes que esta antes inexpressiva relíquia 'sagrada', ou<br />

a idéia por trás dela, possa ser anterior ao advento do Sudário, mas


não era certamente logo após as exibições públicas do Sudário de<br />

Turim em Lirey que a popularidade de uma imagem do rosto sagrado<br />

cresceu. Padre Thurston, um historiador cristão, categoricamente<br />

estabelece que a lenda da Verônica, como apresentada na atual<br />

Estações da Via Dolorosa, não pode ser datada de antes do final do<br />

século XIV. Tal datação significaria que a lenda surgiu após a<br />

primeira exibição pública do Sudário de Turim em 1357.<br />

A cabeça de Cristo tem sempre sido representado nos ícones<br />

tendo longos cabelos repartidos ao meio e com uma barba espessa e<br />

quando um pedaço de tecido surgiu com tal representação poderia ter<br />

difundido a idéia de uma 'Verônica'.<br />

A coluna seguinte em Rosslyn possui uma cena igualmente<br />

pequena que mostra uma pessoa sendo crucificada, mas<br />

estranhamente, uma vez mais a cabeça foi removida. Os únicos danos<br />

aparentemente deliberados que nós conhecemos na edificação são as<br />

das cabeças portando o rosto no tecido e da pessoa crucificada. É<br />

como se alguém sentisse a necessidade de ocultar a identidade por<br />

detrás destas imagens. As demais faces nas miniaturas gravadas<br />

são certamente muito distintas - ainda embora elas parecessem com<br />

pessoas reais. Nós imaginamos se a pessoa que encobriu o pilar de<br />

Jachin com gesso também removeu as cabeças dessas figuras<br />

chaves.<br />

Se estes eram uma simples Verônica e uma representação padrão<br />

de Jesus na cruz, não haveria necessidade de desfigurar os principais<br />

rostos.<br />

A figura crucificada não está pregada em uma idéia normal da<br />

cruz cristã, onde a parte superior continuava afim da trave horizontal,<br />

mas a uma cruz na forma de um Tau judaico que possuí a forma de<br />

um T. As representações cristãs medievais freqüentemente mostram<br />

uma segunda trave representando a placa que com zombaria,<br />

proclamava Jesus como sendo o Rei dos Judeus - mas nunca mostra<br />

uma cruz Tau.<br />

'Tau' é a última letra do alfabeto hebraico e, como a letra grega<br />

'Omega', representa o fim de algo, especialmente a vida. É também


verdade que a maioria das crucificações romanas eram conduzidas<br />

em estruturas com este formato, mas nenhum construtor do século XV<br />

teria condições de saber isto. Parece que o criador desta pequena<br />

gravação ou era muito bem informado a respeito da metodologia das<br />

crucificações romanas ou estava deliberadamente utilizando-se da<br />

simbologia judaica para a morte. Quando da pesquisa para nosso livro<br />

anterior, nós havíamos trabalhado com a idéia de que a imagem do<br />

Sudário de Turim poderia ser a do último Grão-Mestre dos Templários<br />

e, se nossas suspeitas de que o Sudário de Turim é a imagem de<br />

Jacques de Molay estiver correta, nós poderíamos esperar que<br />

William St Clair estivesse atento a este fato, uma vez que sua família<br />

esteve intimamente envolvida com os Templários que haviam fugido<br />

para a Escócia após a queda da Ordem - mas por que ele está<br />

representado desta forma? Talvez o Sudário provaria ser muito mais<br />

importante do que havíamos pensado.<br />

O corpo governante da Maçonaria Inglesa e Gaulesa, a Grande Loja<br />

Unida da Inglaterra, é enfático sobre o fato de nada ser conhecido ao<br />

certo sobre a história da organização anterior à fundação da Grande<br />

Loja de Londres em 1717. Tem sido crítico para nós sugerir que há<br />

uma história a ser descoberta para aqueles que escolheram procurar,<br />

e aqui, em Rosslyn, nós possuíamos provas positivas de que os rituais<br />

maçônicos são pelo menos duzentos e setenta e cinco anos mais<br />

antigos do que a história oficial da Maçonaria, como definida pela<br />

Grande Loja Unida da Inglaterra.<br />

Nosso próximo estágio de pesquisa era olhar atentamente em como e<br />

por que a Maçonaria Inglesa perdeu contato com seu passado e<br />

estabelecer o que está sendo escondido, se for o caso, por detrás de<br />

uma cega recusa em conhecer qualquer história anterior a 1717.<br />

Conclusão<br />

Parece que os Cavaleiros Templários conheciam o que eles estavam<br />

procurando quando iniciaram sua escavação de nove anos e o seu


voto de obediência fortemente sugere que outros estavam envolvidos<br />

por detrás disto tudo.<br />

Rosslyn é uma cópia deliberada das ruínas do Templo de Herodes<br />

com um projeto que é inspirado na visão de Ezequiel da nova<br />

'Jerusalém Celeste'. As pistas para a compreensão da edificação<br />

estavam colocadas dentro do então secreto ritual do Grau do Santo<br />

Real Arco da Maçonaria. William St Clair utilizou este método para<br />

contar-nos que a edificação é 'o Templo de Jerusalém', 'uma chave<br />

para um tesouro' e 'um lugar onde algo precioso está oculto', ou<br />

'a própria coisa preciosa'.<br />

A grande parede ocidental de Rosslyn pode ser conclusivamente<br />

encarada como uma reconstrução de parte do Templo de Herodes, e<br />

o nome 'Roslin' possui o surpreendente significado 'o antigo<br />

conhecimento passado ao longo de gerações', quando compreendido<br />

a partir do gaélico. A razão para este nome não está clara, mas Henri<br />

St Clair de Roslin era excepcionalmente íntimo de Hugues de Payen,<br />

o líder dos primeiros Templários.<br />

Uma gravação no exterior claramente mostra um candidato sendo<br />

iniciado na 'Maçonaria' por um homem usando um traje templário, e<br />

uma inscrição dentro da edificação demonstra que os construtores<br />

eram familiarizados com um dos altos graus da Maçonaria, trezentos<br />

anos antes da data anteriormente aceita de sua origem.<br />

Uma gravação dentro da edificação parece mostrar o Sudário de<br />

Turim sendo portado por alguém e uma outra que mostra a<br />

crucificação de uma pessoa sem cabeça em uma cruz Tau judaica.<br />

Talvez o Sudário de Turim esteja diretamente conectado à história que<br />

Rosslyn narra em pedra.


3<br />

A História Perdida da Maçonaria<br />

Os Segredos da Maçonaria<br />

Pergunte a qualquer homem ou mulher nas ruas sobre a Maçonaria<br />

e uma das primeiras palavras que serão mencionadas será 'segredo',<br />

A impressão de um culto secreto tem sempre sido a mais óbvia<br />

característica da Maçonaria e tem causado à organização os seus<br />

maiores problemas, pois a natureza humana faz com que as pessoas<br />

suspeitem o pior quando algo parece ser oculto deliberadamente.<br />

A muralha de silêncio que costuma circundar a Ordem tem<br />

sistematicamente desaparecido nos anos mais recentes, mas uma<br />

percepção pública de segredo é ainda tão forte quanto antes, gerando<br />

teorias onde 'conspiradores' da Maçonaria são imaginados agindo em<br />

seus próprios interesses em detrimento ao público em geral. A idéia<br />

contínua de que há um segredo muito importante oculto no seio da<br />

Maçonaria era claramente demonstrado em 1995 por um colunista do<br />

Daily Telegraph, publicado em Londres:<br />

A Maçonaria gera considerável tensão ao encorajar altos níveis de<br />

moralidade entre os seus membros. Mas é surpreendente que uma<br />

sociedade que se vale de cumprimentos, sinais e linguagem secretas<br />

para o mútuo reconhecimento de seus membros, seja suspeita de<br />

possuir mais uma influência para o mal do que para o bem. Por que se<br />

valer de tais métodos, se não somente para esconder a verdade? Por<br />

que esconder, se não há nada a esconder?<br />

A lógica é difícil de contestar. Se não há nada a esconder por que<br />

há segredos?<br />

Para o Maçom comum, a aura de segredo é um maravilhoso modo<br />

de não ter de discutir os curiosos rituais que são informados de<br />

geração em geração usados nas iniciações e nas elevações dos


candidatos a outros graus. É difícil explicar para as pessoas o que<br />

você faz quando você mesmo não compreende isto. Nós estamos<br />

agora certos de que muitos Maçons hoje são vítimas de sua própria<br />

mitologia, acreditando que tudo ou quase tudo que eles fazem é um<br />

segredo inviolável, apesar da Grande Loja da Inglaterra ser<br />

perfeitamente clara em determinar que somente os meios de<br />

reconhecimento devam ser ocultos do mundo como um todo. Estes<br />

sinais de reconhecimento não são usados em situações comerciais<br />

para formar uniões fraternais com pessoas completamente estranhas,<br />

como as pessoas suspeitam. Eles são simplesmente um meio de<br />

restringir o comparecimento às reuniões das Lojas somente às<br />

pessoas qualificadas; exatamente como um cartão de ingresso a uma<br />

associação ou um sistema de código de acesso.<br />

A grande questão que é perguntada por muitos concerne à possível<br />

existência de algum grande e profundo segredo dentro do seio da<br />

Maçonaria que é oculto de todos, menos de algumas grandes<br />

autoridades maçônicas. Este tipo de especulação poderia ser<br />

encarado como uma paranóia de anti-Maçons, mas quando a questão<br />

é levantada por importantes e tradicionais Maçons, a possibilidade não<br />

pode ser ignorada. Uma dessas pessoas é o Doutor da Divindade que,<br />

como demonstramos na introdução deste livro, é um Maçom do grau<br />

32º que tem acreditado que talvez haja alguma verdade nas<br />

acusações que somente aqueles que se encontram no topo da<br />

Maçonaria conhecem a real verdade.<br />

Se este tal grande segredo existe nós estávamos determinados a<br />

encontrá-lo. Nossas suspeitas de que havia algo escondido tinham<br />

certamente crescido devido à silenciosa reação obstrutiva às nossas<br />

pesquisas anteriores, inesperadamente gerada a partir da Grande Loja<br />

Unida da Inglaterra. Nossa obra anterior havia sido bem recebida por<br />

outras Grandes Lojas e por outros pesquisadores maçônicos pelo<br />

mundo todo, ainda que não tenhamos recebido nenhum<br />

agradecimento ou mesmo resposta direta à cópia de nosso livro que<br />

encaminhamos à sede da Maçonaria Inglesa. Entretanto, nós<br />

certamente ficamos atentos aos ataques negativos a partir das ações


de outros. Por sua vez, nós não acreditamos que a Grande Loja Unida<br />

da Inglaterra faça nada contra nós, mas é possível que certos<br />

indivíduos possam tomar isto como mau exemplo e agirem<br />

desonestamente em 'defesa' de seus clubes de cavalheiros.<br />

Nós realizamos diversas apresentações em livrarias por todo o país -<br />

e estranhamente aquelas previstas em Londres foram canceladas no<br />

último minuto. Lojas por todo lado estavam extremamente<br />

interessadas em nosso trabalho e muitas delas solicitaram a<br />

apresentação de nossas descobertas a seus membros, mas diversas<br />

palestras foram canceladas devido à pressão oriunda de algum lugar<br />

acima, Mesmo as nossas correspondências, endereçadas aos<br />

secretários das Lojas, eram ilegalmente interceptadas em inúmeras<br />

ocasiões antes que pudessem chegar aos seus destinatários.<br />

Uma pessoa conseguiu interceptar nove cartas antes delas serem<br />

encaminhadas para os endereços e prudentemente ocultaram o nome<br />

da Loja por trinta e oito vezes ao todo antes de serem devolvidas para<br />

nós. Nós escrevemos a esta Loja, que nos reservamos o direito de<br />

não nomeá-la, perguntando se eles sugeririam como o nome<br />

maculado de sua Loja poderia ser restaurado, mas não obtivemos<br />

resposta.<br />

Um grande número de pessoas parecia determinado que deveríamos<br />

nos ser negado o direito de sermos ouvidos.<br />

O Poder e a Glória<br />

Estima-se que haja pelo menos cinco milhões de homens Maçons no<br />

mundo hoje e um desconhecido, porém, bem pequeno, número de<br />

mulheres Maçons. A Grande Loja Unida da Inglaterra atualmente<br />

governa aproximadamente trezentos e sessenta mil membros na<br />

Inglaterra e em Gales e é universalmente conhecida como sendo a<br />

primeira obediência maçônica no mundo.<br />

De acordo com a atual constituição deste corpo regular, o Grão-<br />

Mestre deve ser sempre um príncipe de sangue real e o atual<br />

mandatário deste cargo é Sua Alteza Real, o Duque de Kent. Para se


evitar qualquer acesso de um comum a este posto, o segundo em<br />

comando, o Grão-Mestre Adjunto, somente pode ser um membro da<br />

nobreza.<br />

Esta regra a favor da aristocracia parece-nos contradizer a história da<br />

Maçonaria que era originalmente uma organização altamente<br />

democrática e republicana. Apesar desta regra impositiva,<br />

demoraram-se sessenta e cinco anos para a Maçonaria Inglesa ter o<br />

seu primeiro Grão-Mestre de sangue real, o Duque de Cumberland.<br />

Nós procuramos verificar como a organização está estruturada hoje e<br />

descobrimos que este preeminente corpo governamental da<br />

Maçonaria é uma companhia privada limitada, normalmente avaliada<br />

em 6,6 milhões de libras, com quatro diretores incluindo o Grande<br />

Secretário que é o efetivo 'diretor administrativo'. A sede na Great<br />

Queen Street, em Londres, abriga um considerável negócio que<br />

consome algo em torno de 2,7 milhões de libras anualmente somente<br />

com os custos com pessoal. Nós fomos incapazes de determinar<br />

quem é o proprietário desta companhia privada.<br />

Há setenta e nove tipos de oficiais dentro dos quadros da Grande Loja<br />

Inglesa e milhares de homens possuem estes títulos honoríficos. Os<br />

novos oficiais são escolhidos a partir das Lojas da Inglaterra e Gales,<br />

mas diferentemente do sistema escocês, estas elevações são<br />

realizadas mais por indicação do que por eleição. Este processo de<br />

seleção imprevisível e imutável cria um meio onde aquele que aspira<br />

um alto cargo deva se conformar aos editos e dogmas da Grande Loja<br />

por temer que estes sejam usados contra ele. Geralmente é entendido<br />

que aquele que expressa fortemente um pensamento herético<br />

maçônico muito provavelmente não será convidado para unir-se à<br />

Grande Loja, não importando quão grande sejam suas contribuições<br />

para a Maçonaria.<br />

O potencial debate sobre o papel da Grande Loja é ainda sufocado<br />

pela exigência de todo Venerável Mestre (o oficial que 'governa' uma<br />

Loja pelo período de doze meses) em comprometer sua lealdade<br />

pessoal a este corpo governante. Esta pequena, e a primeira vista<br />

inócua exigência, atualmente altera dramaticamente a face da


Maçonaria. O sistema original possuía células individuais chamadas<br />

Lojas que operavam independentemente, dividindo uma herança<br />

comum com a Igreja Celta que concordava que todos os seus<br />

sacerdotes tinham acesso igual e direto a Deus. A Maçonaria Inglesa<br />

hoje está estruturada tal como a Igreja Católica Romana com uma<br />

pirâmide hierárquica nomeada que canaliza uma inquestionável<br />

autoridade em direção aos bispos e aos cardeais e finalmente a um<br />

único homem.<br />

Parece-nos que o propósito da Maçonaria havia sucumbido a sua<br />

própria burocracia.<br />

Logo após a publicação de nosso livro anterior, o Grande Bibliotecário<br />

da Grande Loja Unida da Inglaterra disse a respeito de nossa obra (e<br />

o Grande Secretário repeti-o em uma correspondência publicada em<br />

nosso jornal local) que: 'Os historiadores Maçons estarão entristecidos<br />

com a atitude arrogante dos autores frente às pesquisas maçônicas<br />

das últimas centenas de anos'. Nós não fomos capazes de entender<br />

porque seria 'arrogante' investigar e publicar novas atitudes e<br />

questionar um dogma padrão que está aparentemente errado.<br />

Entretanto, apesar da impressão que a Grande Loja tem tentado criar,<br />

nós não estamos sozinhos sobre o questionamento desta história<br />

oficial da Maçonaria. Muitos outros pesquisadores maçônicos das<br />

últimas centenas de anos têm também descoberto que fazer<br />

questionamentos incorre na ira dos poderes estabelecidos da Great<br />

Queen Street.<br />

... Se a Maçonaria for mais antiga do que a Grande Loja de Londres,<br />

certamente a origem de nosso ritual deve ser procurada muito mais<br />

atrás... Ainda hoje há homens, muitos dos quais são proeminentes no<br />

campo da pesquisa maçônica, que são tão mistificados que se<br />

recusam a ver a luz do dia e atualmente usam de sua influência para<br />

obstruir aqueles que podem ver um pouco mais além deles mesmos.<br />

Eles apresentam um patético espetáculo ao revirar as relíquias dos<br />

trabalhos maçônicos, sem, contudo, descobrir para o que eles estão<br />

olhando, a verdadeira Maçonaria esotérica do passado.


Assim escreveu o respeitado historiador maçônico, o Reverendo<br />

Castells, em 1931. Como nós mesmos, e diversos outros<br />

pesquisadores, que preferiram investigar verdades a simplesmente<br />

repetir os dogmas requeridos da Grande Loja Inglesa, o Reverendo<br />

Castells foi atacado pelos Grandes Secretários. Nós notamos uma<br />

similaridade com os nossos próprios pensamentos quando lemos seu<br />

apelo para que o senso comum prevalecesse:<br />

Não é nada bom ser vingativo contra os irmãos que muito<br />

desinteressadamente e absolutamente sem ajuda estão tentando<br />

reconstruir a história da Maçonaria. Deixai-nos sermos honestos e<br />

admiti que em 1717 a Grande Loja de Londres não possuía o<br />

monopólio da sabedoria e que na Irlanda, assim como na Inglaterra,<br />

ela havia sido precedida a muito por outros movimentos intelectuais.<br />

Ele está absolutamente certo. Na época em que a Grande Loja de<br />

Londres foi estabelecida, as grandes realizações da Franco-Maçonaria<br />

na Inglaterra estavam terminadas e a Maçonaria que permanecia era<br />

realmente constituída apenas por jantares onde cavalheiros<br />

construíam sua credibilidade sobre a reputação de muitos e famosos<br />

homens que tinham existido anteriormente.<br />

A reação deste corpo governante da Maçonaria Inglesa contra a<br />

investigação parece pouco consistente. Nós estávamos conversando<br />

com um veterano Maçom sobre nossas observações sobre a<br />

exagerada posição da Grande Loja Unida com relação à discussão da<br />

Maçonaria de outrora, quando ele comentou que há vinte anos ele<br />

havia procurado o pessoal da Biblioteca da Grande Loja Unida para<br />

requisitar acesso às cópias de antigos rituais. Eles perguntaram o<br />

porquê deste pedido e quando ele explicou que pretendia realizar uma<br />

demonstração de uma típica sessão de Loja do século XVIII, o acesso<br />

ao material solicitado foi recusado. Eles disseram-lhe que a Grande<br />

Loja Unida da Inglaterra não queria encorajar o estudo do ritual, uma<br />

vez que este havia sido substituído por um material mais 'adequado'.


O corpo governante da Maçonaria Simbólica Inglesa (os três graus<br />

básicos) tem mesmo alterado sua própria história de modo a<br />

acomodar a idéia preferida de que a Maçonaria surgiu do nada na<br />

Londres de 1717. O Livro do Ano Maçônico, publicado pela Grande<br />

Loja Unida da Inglaterra, costuma registrar que Sir <strong>Christopher</strong> Wren,<br />

o arquiteto da Catedral de São Paulo, havia sido um Grão-Mestre<br />

antes de 1717, mas em 1914 este registro simplesmente<br />

desapareceu. Em sua época, Wren havia sido um famoso e respeitado<br />

Franco-Maçom e há um considerável volume de evidências para<br />

provar tal afirmação, incluindo registros de jornais contemporâneos a<br />

ele e o próprio Livro das Constituições da Grande Loja criada por seu<br />

historiador oficial, Dr. Anderson, que a elaborou em 1738:<br />

Wren continuou como Grão-Mestre até 1708 quando sua negligência<br />

com o ofício levou as Lojas a serem cada vez menos utilizadas.<br />

Parece que estes manipuladores 'orwellianos' da História não<br />

encontraram um lugar para ele ou para qualquer um anterior ao ano<br />

mágico escolhido. Nós esperamos que o atual Grande Bibliotecário da<br />

Grande Loja Unida da Inglaterra não nos acuse novamente de outro<br />

'erro' ao reproduzir esta bem documentada observação.<br />

Se Wren foi ou não um Maçom não é importante para nossa obra,<br />

mas serve para ilustrar a estranha cobertura que parece ter sido<br />

oriundo de Londres em algum tempo considerável.<br />

Quando de nossa visita à sede da Grande Loja Unida da Inglaterra na<br />

Great Queen Street, em Londres, em 1996, nós nos deparamos com<br />

uma exibição pública sobre a História da Maçonaria Inglesa. Assim<br />

que ingressamos no primeiro salão de exibição nós lemos uma<br />

explicação que declarava, uma vez mais, que nada é conhecido das<br />

origens da Maçonaria anterior ao ano mágico de 1717.<br />

Eles poderiam ter escolhido 1817 ou 1917, ou mesmo qualquer outra<br />

data arbitrária; se uma organização decide ignorar evidências<br />

históricas contemporâneas e bem documentadas, pois são anteriores<br />

as suas próprias existências, ela inevitavelmente concluirá que é a


primaz. Enquanto a Maçonaria na Escócia não estava estabelecida<br />

sob o poder de uma Grande Loja até 1736, há abundantes evidências<br />

de que a Maçonaria Operativa existia, de fato, muitos anos anteriores.<br />

Mesmo pondo de lado, nossa nova evidência a respeito de Rosslyn,<br />

existem registros de atas ainda existentes das sessões das Lojas<br />

escocesas datando de antes de 1598 e há registros de Jaime VI da<br />

Escócia (Jaime I da Inglaterra) sendo iniciado em uma Loja de Scoon<br />

(Scone) e Perth em 1601, apenas dois anos antes deste viver em<br />

Londres.<br />

Enquanto que a Grande Loja Unida da Inglaterra afirma desconhecer<br />

sua própria história, ela se contradiz ao realizar uma declaração muito<br />

clara sobre quais graus são ou não são originais. Hoje, quando um<br />

Maçom Inglês recebe sua agenda sobre suas próximas reuniões, ele<br />

encontrará a seguinte nota de rodapé retirada do Livro das<br />

Constituições estabelecida pela Grande Loja Unida da Inglaterra:<br />

A pura e antiga Maçonaria consiste de três graus e nada mais, a<br />

saber, os de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom, incluindo a<br />

Suprema Ordem do Santo Real Arco.<br />

A declaração é ambígua. Ela declara que todos os outros graus da<br />

Maçonaria não são 'graus puros e antigos'; por dedução ou eles são<br />

criações recentes ou foram adulterados em algum momento. Uma vez<br />

que a Grande Loja afirma nada conhecer sobre suas próprias origens<br />

anteriores a 1717, nós temos que admitir que ou as pessoas sabem<br />

mais do que elas admitem ou os primórdios do século XVIII são agora<br />

considerados 'Antigos'.<br />

O que fazemos então com a inscrição do século XV em Rosslyn que<br />

demonstra o uso do grau da 'Ordem dos Cavaleiros da Cruz Vermelha<br />

da Babilônia'? Por que, nós nos perguntamos, a Grande Loja Inglesa<br />

não aceita que outros graus a precedam em séculos? Nós<br />

necessitamos pesquisar atentamente em como a Maçonaria iniciou na<br />

Inglaterra e verificar se houve mudanças nos rituais desde então.


A declaração feita pelos ingleses de que eles são a primeira<br />

organização maçônica no mundo é baseada na afirmação de que a<br />

Grande Loja de Londres foi o primeiro corpo oficialmente a se autodeclarar<br />

como representante de um pequeno grupo de Lojas.<br />

Entretanto, um corpo que eventualmente se auto-aclamava a 'Grande<br />

Loja de Toda a Inglaterra' foi formado na cidade de York doze anos<br />

antes da de Londres se estabelecer. A Grande Loja Unida da<br />

Inglaterra não existiu até 10 de Dezembro de 1813, após a unificação<br />

das duas Grandes Lojas fortemente opositoras, ambas baseadas em<br />

Londres, ambas lideradas por um príncipe real, e ambas declarando<br />

serem a verdadeira mantenedora da tradição maçônica.<br />

A versão oficial de que a Maçonaria Inglesa iniciou-se como um clube<br />

de cavalheiros em Londres não pode ser correta, pois sabemos que a<br />

primeira iniciação à Maçonaria documentada em solo inglês foi a de<br />

Sir <strong>Robert</strong> Moray em Newcastle em 1641. Há registros de Elias<br />

Ashmole sendo feito Maçom em Warrington, Inglaterra, em 1646 e de<br />

Abram Moses sendo feito Maçom em uma Loja em Rhode Island, nas<br />

colônias americanas, em 1656. O importante trabalho pioneiro sobre o<br />

estudo da natureza e das ciências realizado por Maçons, entre os<br />

quais Sir <strong>Robert</strong> Moray e Elias Ashmole, resultou na criação da<br />

Sociedade Real para o Avanço da Ciência que iniciou uma nova era<br />

de descoberta tecnológica.<br />

Em uma época onde estes visionários Maçons estavam encorajando a<br />

ciência experimental, a Inquisição estava pondo Galileu em prisão<br />

domiciliar por ousar observar que os céus não poderiam ter sido<br />

construídos do modo que a Igreja acreditava. O direito de pensar e<br />

publicar são dificilmente conquistados e facilmente perdidos e a<br />

Maçonaria era a campeã da liberdade democrática e científica no<br />

século XVII.<br />

Como Maçons, iniciados em apenas cinco graus, nós estamos<br />

conscientes de que há muitos outros graus na Maçonaria que podem<br />

conter igualmente material adicional que poderia nos ajudar a<br />

entender o desenvolvimento da Maçonaria moderna. Por que, nós nos<br />

perguntamos, estes altos graus, muitos dos quais de origem


escocesa, são deliberadamente subestimados pela Grande Loja Unida<br />

da Inglaterra?<br />

Os Anos Primordiais<br />

A virtual negação de toda a história anterior à Grande Loja de Londres<br />

em 1717 começou a fazer sentido quando estudamos mais<br />

atentamente as circunstâncias políticas daquele período. O ano em<br />

questão estava no cerne de um período conturbado da História<br />

britânica, concernente ao relacionamento entre os reinos da Escócia e<br />

da Inglaterra. As duas Coroas encontravam-se unificadas desde 1603<br />

quando o Rei Maçom, Jaime VI da Escócia, sucedeu à Rainha<br />

Elizabeth, tornando-se Jaime I da Inglaterra.<br />

Nesta época, ambos os países eram oficialmente protestantes, apesar<br />

dos escoceses serem predominantemente presbiterianos (eles não<br />

aceitavam a autoridade dos bispos ou arcebispos) enquanto que os<br />

ingleses seguiam a tradição episcopal da Igreja da Inglaterra. Os<br />

escoceses consideravam o Episcopalianismo muito próximo aos<br />

ensinamentos da Igreja Católica Romana e desejavam se afastar de<br />

um sistema controlado por bispos e arcebispos, uma vez que,<br />

estavam aliados à tradição escocesa que havia sido estabelecida pela<br />

Igreja Celta.<br />

A relação entre os dois países continuou de certa forma delicada até<br />

que, durante o reinado de Carlos I, uma carta de direitos foi redigida e<br />

assinada em Greyfriars' Kirkyard, em Edimburgo pelos presbiterianos.<br />

Este documento, conhecido simplesmente como 'a Aliança', foi<br />

assinado por todos que se reuniram em assembléia 'para defender o<br />

culto de seus antepassados contra o Rei'.<br />

Inicialmente, estes Aliados escoceses por duas vezes marcharam em<br />

direção ao sul contra o Rei e foi durante a segunda destas incursões<br />

que Sir <strong>Robert</strong> Moray foi iniciado na Maçonaria, através da liderança<br />

dos Aliados que atuavam na Autoridade da Loja de Santa Maria de<br />

Edimburgo. Finalmente, o Rei Carlos I veio a Edimburgo para firmar a


paz com os escoceses e tentar formar uma aliança contra seu novo<br />

oponente, Oliver Cromwell, e o Parlamento Inglês.<br />

Após Carlos I ter perdido tanto a guerra quanto sua cabeça, os<br />

escoceses ofereceram a coroa da Escócia a seu filho, também<br />

chamado Carlos, sob a condição de que ele assinaria a Aliança, o que<br />

relutantemente o fez a 21 de Maio de 1650. Oliver Cromwell<br />

respondeu a este fato enviando seu exército à Escócia para punir os<br />

Aliados e seu Rei. Com o apoio dos generais Monck e Wade,<br />

Cromwell apoderou-se da Escócia e arrasou os castelos dos<br />

patrocinadores da Aliança, incluindo o Castelo de Roslin. Foi nesta<br />

época que ele visitou a Capela de Rosslyn, mas, como sendo ele<br />

próprio um Maçom, nenhum dano a ela produziu.<br />

Após a morte de Cromwell, Monck ofereceu a Carlos o trono da<br />

Inglaterra e Carlos tornou-se Rei da Escócia, Irlanda e Inglaterra. Os<br />

escoceses então encaminharam o Reverendo Sharp, um ministro<br />

prebisteriano, à Londres para lembrar ao Rei de que este assinara a<br />

Aliança. Entretanto, o ministro retornou à Escócia como Arcebispo<br />

Sharp de Santo André e, de acordo com o zelo de seu novo poder<br />

conquistado, nomeou bispos para forçar as práticas episcopais aos<br />

consternados Aliados presbiterianos. Em 1679, doze Aliados<br />

assassinaram Sharp por sua traição e uma vez mais os escoceses<br />

marcharam contra os ingleses. Após vencerem a Batalha de Loundon<br />

Hill, eles foram derrotados pelo Duque de Monmouth em Bothwell<br />

Bridge e pelos próximos cinco meses, milhares de Aliados foram feitos<br />

prisioneiros pelos ingleses em Greyfriars' Kirkyard, onde a Aliança<br />

havia sido assinada. As condições eram aterradoras e muitos deles<br />

morreram. Outros foram vendidos como escravos na América.<br />

Quando Carlos II morreu em 1685, ele foi sucedido por seu irmão<br />

Jaime VII (lI da Inglaterra), um Católico Romano que tentou converter<br />

à força os escoceses e os ingleses ao Catolicismo Romano. Este<br />

causou um verdadeiro escândalo na Inglaterra, e em Julho de 1688, o<br />

'Parlamento Inglês convidou o Governador dos Países Baixos,<br />

Guilherme de Orange e sua esposa Maria a tomar o trono da<br />

Inglaterra. Eles aceitaram e assinaram a Declaração dos Direitos


emitida pelo Parlamento a 22 de Janeiro de 1689 que limitava os<br />

poderes do monarca sobre a religião estatal e assegurava uma<br />

sucessão protestante ao trono. O Parlamento Escocês aceitou-os<br />

como governantes da Escócia, mas a Irlanda Católica Romana teve<br />

de ser subjugada à força na Batalha de Boyne, que ainda é celebrada<br />

pela Marcha da Ordem Laranja de Ulster.<br />

Quando Guilherme morreu, a coroa passou à Ana, a filha de Jaime VI,<br />

que era casada com um príncipe alemão de Hanover. Então em 1706,<br />

houve um movimento para unificar os Parlamentos da Escócia e da<br />

Inglaterra e mais uma vez os presbiterianos temeram que os<br />

episcopais tentariam impor suas crenças aos escoceses. No ano<br />

seguinte, os ingleses forçaram a união e a Escócia encaminhou<br />

quarenta e cinco membros para ocupar assento na Câmara dos<br />

Comuns e dezesseis para a Câmara dos Lordes. Esta concessão para<br />

a combinação dos dois Parlamentos foi acertada através de um<br />

acordo onde se ficava estabelecida que a Escócia manteria suas<br />

antigas leis e o culto plesbiteriano.<br />

Ironicamente, com a Aliança agora garantida por ambos os<br />

Parlamentos, a última reserva restante sobre o retorno da casa real<br />

dos Stuart havia sido removida pelos escoceses. Isto se tornou um<br />

importante fator quando os ingleses tiveram um rei alemão em<br />

Londres.<br />

Embora Jaime VII tivesse morrido em França, seu filho Jaime VIII<br />

ainda estava vivendo quando a rainha Ana morreu e Jorge I (o filho de<br />

Sofia, a neta de Jaime VI) tornou-se rei. Os aliados de Jaime VIII eram<br />

conhecidos como Jacobitas e não gostaram nada da idéia de ter um<br />

rei alemão que nem mesmo falava inglês. Eles chamavam Jorge<br />

Hanover de 'o pequenino alemão ensebado' e planejaram o retorno do<br />

'Rei de Além-mar', como Jaime VIII era conhecido. Este<br />

descontentamento aflorou quando o Conde de Mar organizou uma<br />

reunião em Braemar, onde este convidou os nobres da Escócia a<br />

tomarem em armas a favor de 'Jaime VIII da Escócia'.<br />

A 06 de Setembro de 1715, eles estenderam o seu estandarte e<br />

marcharam contra os ingleses de modo a restaurar o reino da Escócia


a um rei escocês e libertá-la do julgo do Rei da Inglaterra da Casa de<br />

Hanover. A primeira batalha, em Sheriffmuir in Perthshire, foi<br />

inconclusiva, mas Jaime VIII não era propriamente um herói e retirouse<br />

para França onde permaneceu pelo resto de sua vida.<br />

A Maçonaria instalou-se em Londres pelo menos por volta de 1603<br />

com Jaime VI. Do mesmo modo, que ela pode ter tido contato com os<br />

Maçons operativos em Londres, ela manteve seu forte sabor jacobita e<br />

escocês, mas após a maior batalha contra os escoceses em 1715, os<br />

Maçons de Londres ficaram preocupados. Havia um clima de caça às<br />

bruxas logo após o embate entre o exército escocês de Jaime VIII e<br />

qualquer um que simpatizasse com as idéias jacobitas era suspeito de<br />

deslealdade ao Rei Jorge I de Hanover, que não possuía nenhuma<br />

ligação com a Maçonaria. Alarmados com o perigo de serem<br />

reconhecidos como Maçons, na Londres Hanoveriana, muitos<br />

abandonaram a Ordem e tornou-se claro que se a Maçonaria<br />

desejasse continuar, seus membros teriam de assegurar-se que<br />

purgariam o movimento de suas perigosas associações jacobitas.<br />

Outra entrada constante do primeiro Livro das Constituições, escrito<br />

pelo Dr. James Anderson em 1738, aponta o desconforto que a<br />

campanha jacobita de 1715 havia causado aos Maçons à época,<br />

levando até ao afastamento de seu Grão-Mestre anterior:<br />

O Rei Jorge I ingressou em Londres magnificamente a 20 de setembro<br />

de 1724. E após o término da rebelião – a.D. 1716 – as poucas Lojas<br />

de Londres, achando-se elas mesmas negligenciadas por <strong>Christopher</strong><br />

Wren, pensaram em se unir sob o poder de um Grão-Mestre, criando<br />

um centro de união e harmonia, sendo as Lojas que se reuniam:<br />

1. Na Cervejaria do Ganso e da Grelha, no adro da Catedral de São<br />

Paulo;<br />

2. Na Cervejaria da Coroa, na rua Parker, próximo à rua Drury;<br />

3. Na Taverna da Macieira, na rua Carlos, em Covent Garden;<br />

4. Na Taverna do Copázio e das Uvas, na travessa do Canal, em<br />

Westminster.


Elas e alguns outros Irmãos veteranos encontraram-se na chamada<br />

Taverna da Macieira e tendo empossado o mais velho Mestre Maçom<br />

dentre eles, constituíram-se como uma Grande Loja pro tempore em<br />

sua forma, e imediatamente re-estabeleceram a Comunicação<br />

Quinzenal dos Oficiais das Lojas (conhecida por Grande Loja),<br />

resolveram convocar uma Assembléia Anual e realizar um Grande<br />

Banquete, onde escolheriam um Grão-Mestre dentre eles, até que<br />

eles tivessem a Honra de possuir um Irmão Nobre como seu Líder.<br />

A escolha de palavras constantes do registro do Dr. Anderson<br />

claramente sugere que a campanha jacobita havia lançado a<br />

Maçonaria londrina de joelhos e esta reunião foi uma tentativa de eles<br />

se restabelecerem como súditos leais ao Rei de Hanover. O uso de<br />

palavras tais como 're-estabeleceram' em referência à comunicação<br />

quinzenal torna certo que estes expedientes haviam sido normais<br />

anteriormente, mas estavam em desuso. O objetivo declarado deles,<br />

uma vez que eles pretendiam retornar a uma época quando eles<br />

possuíam um 'irmão nobre' como líder, parece sugerir que isto deveria<br />

ter sido uma regra, que sabemos ser o caso - Jaime I havia estado à<br />

liderança da Ordem um século antes.<br />

É interessante notar que duas Lojas londrinas recusaram-se se juntar<br />

a este pretendido sistema de apoio aos Hanover, pois um antigo livro<br />

conhecido por Multa Pacis (que o historiador J. S. M. Ward descobriu<br />

e reproduziu) afirma que eram seis as Lojas nesta reunião e não<br />

quatro. Este é outro fato que a Grande Loja da Inglaterra prefere não<br />

discutir.<br />

Estas Lojas londrinas não inventaram a Maçonaria e elas, e suas<br />

precursoras, tiveram que obter seus rituais de algum lugar.<br />

Anteriormente a 1646, os únicos corpos que expediam as cartas<br />

constitutivas para a formação de Lojas eram as Lojas escocesas que<br />

retiravam sua autoridade dos Estatutos Schaw, datados de 1602<br />

(solicitados por Jaime VI da Escócia, antes dele se tornar Jaime I da<br />

Inglaterra). Se as quatro Lojas londrinas restantes eram legítimas<br />

Lojas Maçônicas, elas deveriam ter agido de acordo com as garantias


asseguradas pelas Lojas escocesas de Schaw, a única fonte legítima<br />

de autoridade maçônica. E deste modo parece que a Grande Loja<br />

Unida da Inglaterra deveria ser considerada como oriunda da Grande<br />

Loja da Escócia, que atualmente representa as Lojas de Schaw.<br />

Para os aliados dos Hanover, o conhecimento disto deve ter sido um<br />

fato incrivelmente perturbador. Eles deveriam saber que muitos anos<br />

antes da campanha jacobita de 1715, as Lojas escocesas haviam<br />

mantido um fundo para o qual os candidatos contribuíam para<br />

providenciar a aquisição de armas que eram usadas contra os<br />

ingleses - 'mantido e reservado para a defesa da verdadeira religião<br />

protestante, do Rei e da nação e para a defesa das antigas cidades e<br />

de seus privilégios herdados' - e eles eram obrigados a 'sacrificar suas<br />

vidas e fortunas em defesa de um ou de todos'.<br />

Os Maçons londrinos não desejavam ser associados a estes<br />

sentimentos, que poderiam ser encarados como traição às<br />

autoridades de Hanover, mas elas tinham o problema de possuírem<br />

suas autorizações para atuarem como Maçons, originadas das Lojas<br />

de Schaw da Escócia obviamente jacobitas. Sua solução era curiosa,<br />

mas sem dúvida, ilegítima do ponto de vista maçônico. Eles<br />

necessitavam de uma fonte de autoridade alternativa para suas<br />

atividades, que eles criaram unificando quatro das Lojas<br />

remanescentes de Londres de modo a constituir uma Grande Loja que<br />

apoiava os Hanover, imediatamente negando-se suas origens<br />

escocesas.<br />

Este instantâneo abandono de sua verdadeira história por razões<br />

políticas legou-os o problema em explicar de onde eles vieram. Sua<br />

solução foi simplesmente afirmar 'ninguém sabe ao certo' - o que nos<br />

traz de volta à atual posição da Grande Loja Unida da Inglaterra.<br />

Tendo alterado os livros de história ao remover toda a lembrança de<br />

suas verdadeiras origens, os ingleses tentaram se igualar à verdadeira<br />

herança da Maçonaria escocesas cortejando a Família Real de<br />

Hanover, encorajando-os a unirem-se e eventualmente a liderar a<br />

Maçonaria londrina. Dentro de quatro anos eles tinham um membro da<br />

nobreza, um Duque, como seu Grão-Mestre e dentro de sessenta e


cinco anos eles teriam uma numerosa quantidade de príncipes de<br />

Hanover como seus líderes. O preço a ser pago por esta aceitação era<br />

a eliminação de todo traço de suas raízes escocesas e deste modo,<br />

sua compreensão a respeito dos propósitos originais por detrás da<br />

Maçonaria.<br />

A decisão deste pequeno grupo de cavalheiros Maçons de Londres<br />

em se estabelecer unilateralmente como o corpo controlador de toda a<br />

Maçonaria em 1717 não universalmente aceita e logo ocasionou uma<br />

resposta de outros grupos de Maçons que se recusavam a reconhecer<br />

sua autoridade. Logo após a formação de uma Grande Loja de<br />

Londres em 1717, Grandes Lojas foram declaradamente abertas em<br />

York e na Irlanda em 1725, embora elas provavelmente já existissem<br />

anteriormente a esta data.<br />

Os aliados dos Hanover tinham bons motivos para se preocuparem<br />

com os aliados dos Stuart. Apesar de Jaime VIII ter se mostrado como<br />

um líder fraco, seu filho possuía grande coragem e temperamento;<br />

Charles Edward Stuart, Carlos III, conhecido como o 'Bom Príncipe<br />

Charlie' estava pronto para arriscar tudo no resgate de sua coroa,<br />

usada pelo Rei Jorge II.<br />

Para evitar que o País de Gales formasse sua própria Grande Loja<br />

nacional, fora de seu controle, a Grande Loja de Londres persuadiu<br />

um Maçom chamado Hugh Warburton a estabelecer seu país como<br />

uma 'província' da Inglaterra, de modo que este se tornou o primeiro<br />

Grão-Mestre Provincial de Gales do Norte (um estranho acordo que é<br />

ainda contestado por muitos Maçons Gauleses).<br />

Um sistema de controle e apoio foi rapidamente desenvolvido para<br />

assegurar que todas as Lojas concordassem com os editos dos<br />

Maçons londrinos. Em 1734, o Grão-Mestre da Maçonaria londrina era<br />

um Maçom escocês, o Conde de Crawford, e igualmente a ele foi<br />

proposto se tornar o primeiro Grão-Mestre Provincial da Escócia, o<br />

que significaria a redução de uma segunda nação celta ao estado de<br />

uma 'província' da Inglaterra.<br />

As Lojas de Kilwinning e Scoon e Perth não acreditavam ser este um<br />

acordo sério, mas as Lojas de Edimburgo levaram-no a sério o


suficiente para tomarem uma solução. Eles propuseram eleger a sua<br />

própria Grande Loja para administrar seus negócios, emitir as cartas<br />

constitutivas e proteger os seus interesses. Para darem início ao seu<br />

plano, eles precisavam de um Grão-Mestre Maçom, uma vez que os<br />

Estatutos Schaw não os apresentavam outra opção.<br />

O Primeiro Grão-Mestre Maçom da Escócia<br />

A Maçonaria inglesa é muito diferente da Maçonaria que se<br />

desenvolveu e ainda existe na Escócia. Quando as Lojas escocesas<br />

decidiram eleger uma Grande Loja para administrá-las, elas<br />

retornaram à sua lealdade tradicional e concordaram que Sir William<br />

Sinclair de Roslin seria seu Grão-Mestre hereditário. Ele era um<br />

descendente homem direto de Lorde William St Clair que havia<br />

construído Rosslyn.<br />

O único problema com este plano era o fato de Sir William Sinclair não<br />

ser um Maçom! Antes de ele se tornar Grão-Mestre Maçom da<br />

Escócia, ele teria que ser iniciado, e entre Maio e Dezembro de 1736<br />

ele rapidamente progrediu através dos cinco graus mínimos que<br />

fazem parte da Maçonaria Simbólica na Escócia. Uma vez indicado,<br />

seu primeiro ato foi renunciar e abdicar por escrito de seus direitos<br />

hereditários e instituir o sistema de eleição de oficiais da nova Grande<br />

Loja que ainda protege os direitos e privilégios dos Maçons escoceses<br />

hoje em dia.Curiosamente, ele vendeu o Castelo Roslin e a Capela<br />

assim que ele se tornou Maçom; talvez, ele sentisse que os desejos<br />

de seus ancestrais tivessem sido atingidos. Mesmo Gould, o mestre<br />

dos dogmas da Maçonaria inglesa, ressentidamente comentou:<br />

... A oportuna renúncia de William St Clair foi... Calculada para dar a<br />

todo negócio um tipo de legalidade que era desejada quando da<br />

instituição da Grande Loja da Inglaterra.<br />

Logo surgiram outros desentendimentos com a nova Maçonaria da<br />

Inglaterra, Logo após a formação da Grande Loja de Londres, dois


grupos de Maçons, conhecidos como 'os Antigos' e 'os Modernos'<br />

surgiram. Estes grupos discordavam sobre a natureza e a forma dos<br />

rituais e, os Antigos, que eram conhecidos como a Grande Loja de<br />

Atholl, devido às origens escocesas de seu líder, o Duque de Atholl,<br />

acusaram os Modernos de introduzirem mudanças nos rituais que eles<br />

não pretendiam seguir. Suas diferenças tornaram-se tão grandes que<br />

os Maçons Ingleses eventualmente se dividiriam em duas Grandes<br />

Lojas separadas sob dois diferentes Grão-Mestres, e por um longo<br />

período nenhum lado reconhecia o ritual do outro como válido.<br />

O divisor de águas se estabeleceu quando Lawrence Dermott, um<br />

Maçom educado na tradição irlandesa, mudou-se para Londres em<br />

1748 e uniu-se a uma Loja londrina. Ele ficou tão chocado com as<br />

mudanças que esta auto proclamada Grande Loja havia<br />

unilateralmente realizado nos rituais da Maçonaria que tomou uma<br />

atitude, tornando-se o primeiro Grande Secretário dos 'Antigos'. A<br />

respeito dele foi dito:<br />

Como polêmico, ele era sarcástico, amargo, intransigente e no todo<br />

não era nem sincero, nem verdadeiro. Mas no alcance intelectual, ele<br />

não era inferior a nenhum de seus adversários e em uma apreciação<br />

filosófica da característica da Instituição Maçônica, ele estava à frente<br />

de seu tempo.<br />

Ele falava hebraico e latim e, sendo um bem preparado estudante da<br />

história maçônica, rapidamente detectou que a Maçonaria londrina<br />

havia se afastado de suas antigas raízes em suas tentativas de se<br />

distanciar das origens jacobitas.<br />

Os apoiadores dos Hanover, membros da Grande Loja de Londres,<br />

estavam descontentes com o sucesso dos Antigos em preservar a<br />

herança jacobita e estavam conscientes da ameaça que isto implicava<br />

ao apoio desprendido pela Casa de Hanover. A solução foi incentivar<br />

o Patrocínio Real a encorajar a união das duas tradições e aprovar um<br />

Ato do Parlamento que pretendia banir a Maçonaria dos Antigos como<br />

uma sociedade subversiva. O Príncipe de Gales já era o Grão-Mestre


dos Modernos quando, em 1799, o Ato das Sociedades Desleais foi<br />

aprovado por William Pitt para a 'supressão efetiva das Sociedades<br />

estabelecidas nos propósitos de Sedição e Traição'. O líder deste<br />

movimento era o Príncipe Eduardo, o Duque de Kent, que havia<br />

previamente ingressado em ambas as Grandes Lojas. Sem o apoio da<br />

Família Real da Inglaterra, os Antigos estavam sob a ameaça de<br />

serem considerados ilegais. A cláusula que eximia todas as Lojas dos<br />

Maçons, tanto às dos Antigos quanto às dos Modernos, foi finalmente<br />

acertada, mas o preço deveria ser pago mais adiante.<br />

Os Antigos aceitaram os termos da rendição e a 08 de Novembro de<br />

1813, o Duque de Atholl renunciou a favor do Duque de Kent. A esta<br />

época, escritores maçônicos oriundos de outras tradições alertaram<br />

sobre os perigos deste ato no Freemason's Quaterly:<br />

Nem os escritores ingleses nem os leitores ingleses podem manter-se<br />

à parte da tendência egoísta insular de olhar para a Inglaterra como o<br />

ponto central de todo um sistema de eventos pelo mundo a fora.<br />

Para se evitar constrangimentos com a Coroa durante o processo de<br />

aproximação com os Antigos com a Abolição do Ato do Parlamento, o<br />

Príncipe de Gales indicou o Conde de Moira como Grão-Mestre<br />

Adjunto. O historiador maçônico Gould comentou:<br />

Os Maçons da Inglaterra possuem uma grande dívida de gratidão com<br />

a Família Real de seu país. Sua imunidade ao Ato das Sociedades<br />

Secretas de 1799 foi devida em grande parte, à circunstância do<br />

herdeiro do trono ser o líder da Grande Loja de Londres [os Modernos]<br />

e mais tarde sob a influência combinada dos Príncipes Reais as<br />

opiniões discrepantes foram transformadas em um compromisso<br />

harmonioso.<br />

O Príncipe de Gales e seu irmão, o Duque de Kent, haviam forçado os<br />

Antigos a passarem ao controle dos Modernos, mas a tarefa de


eescrever a história das origens da Maçonaria foi deixada para outro<br />

irmão real, o Duque de Sussex.<br />

No ano seguinte, as duas constituições foram combinadas e a atual<br />

Grande Loja Unida da Inglaterra foi formada sob o Grão Mestrado do<br />

Duque de Sussex. Os Modernos haviam ganhado a batalha sobre o<br />

ritual e sua visão não poderia jamais ser desafiada pelos Maçons<br />

ingleses, pois eles introduziram em seu ritual de instalação de<br />

Venerável Mestre de todas as Lojas que, antes de ser empossado, o<br />

Mestre deve declarar em Loja aberta que ele aceita incondicional e<br />

completamente todas as ordens e editos da Grande Loja Unida. Como<br />

uma salvaguarda adicional, de modo a evitar questionamentos, todos<br />

os Oficiais da Grande Loja Unida devem ser indicados e não eleitos.<br />

Com seu sistema de controle firmemente estabelecido, a Grande Loja<br />

Unida tem sobrevivido sem questionamentos até o presente dia.<br />

A Grande Loja Unida negava a história dos Altos Graus Maçônicos e<br />

deste modo, um Supremo Conselho para a Inglaterra foi formado para<br />

administrar os graus do Rito Escocês que eram largamente praticados<br />

pelos Maçons da época. Ele foi estabelecido em 1819 e, desde sua<br />

formação, mantinha fortes laços com a recém formada Grande Loja<br />

Unida da Inglaterra, cujos Oficiais eram todos os seus membros. Sob<br />

o novo acordo, o Duque de Sussex estava entre os primeiros a ser<br />

iniciado nos altos graus pelo Almirante Sir William Smyth e ele ficou<br />

tão ofendido pelo o que eles continham que tomou todas as<br />

providências necessárias para evitar que outros fossem iniciados. Ele<br />

era tão completamente contra aos trabalhos que se utilizou sua<br />

influência como Grão-Mestre da Grande Loja Unida da Inglaterra para<br />

apagar completamente trechos inteiros de seus conteúdos da<br />

lembrança maçônica.<br />

O problema do Duque aparenta ter sido o conteúdo cristão que havia<br />

sido introduzido aos rituais originais que eram distintamente nãocristão.<br />

Como cristão e Maçom, ele percebeu que antigos trechos<br />

'pagãos' estavam em conflito com os novos elementos cristãos e<br />

decidiu neutralizar esta situação através da remoção de todos<br />

ensinamentos cristãos e de todos os aspectos que ele considerava


'estranhos'. Desta feita, ele castrou a Maçonaria, eliminando tudo<br />

aquilo que se referia ou conflitava com os ensinamentos da Igreja.<br />

Esta atitude removeu qualquer chance de entendimento do significado<br />

original da Maçonaria, mas trouxe o benefício de abrir a organização<br />

aos homens de outras crenças monoteístas.<br />

Os Graus Ocultos<br />

William St Clair construiu Rosslyn para estabelecer uma Nova<br />

Jerusalém na verdejante e agradável Escócia, para que ela pudesse<br />

abrigar os manuscritos que haviam sido descobertos no Monte do<br />

Templo. Quanto mais nós observávamos, mais nós descobríamos que<br />

os rituais da Maçonaria estavam ligados a esta edificação e talvez,<br />

acreditávamos, havia mais a ser descoberto entre os rituais que foram<br />

abandonados.<br />

As tradições da Maçonaria afirmam que os membros de vários graus<br />

não comentam o conteúdo dos rituais com outros a menos que estes<br />

sejam membros destes graus. Provavelmente é verdade que a grande<br />

maioria dos Maçons não têm a mínima idéia das estruturas que<br />

existem dentro da Maçonaria, uma vez que poucos compreendem o<br />

que realmente ocorre.<br />

Se a outrora Maçonaria herdou um conhecimento especial passado a<br />

partir da Igreja de Jerusalém original, então os criadores da ordem<br />

eram muito sábios em proteger o conhecimento com um complexo<br />

sistema de células secretas, cada qual com seu próprio juramento de<br />

segredo. William St Clair teve a visão e o cuidado de preservar sua<br />

mensagem em pedra e no ritual maçônico até o tempo em que o<br />

poder de supressão da Igreja Romana se tornasse limitado.<br />

Quando os ingleses sem motivo aparente resolveram mudar o ritual<br />

maçônico por razões políticas, eles lançaram fora todo um completo<br />

propósito da organização. Nós estávamos cada vez mais certos de<br />

que eles haviam transformado toda a coisa em um ritual sem sentido<br />

que era uma mera paródia do original. Um trabalho de bastidor<br />

rapidamente mostrou-nos o que todos os nomes dos graus da


Maçonaria significavam, mas obter o conhecimento do que uma vez<br />

continham era uma tarefa mais difícil, quiçá impossível, após tantos<br />

anos de esquecimento.<br />

Os primeiros três graus da Maçonaria são:<br />

• Aprendiz Maçom (a primeira iniciação na Maçonaria);<br />

• Companheiro Maçom;<br />

• Mestre Maçom (o grau padrão ao qual os Maçons normalmente<br />

alcançam).<br />

Há um grupo de graus que possuem distintas características cristãs e<br />

parecem ser criações bem recentes:<br />

• Cavaleiro Templário (sem qualquer conexão com os Cavaleiros<br />

Templários originais);<br />

• Cavaleiro da Passagem do Mediterrâneo;<br />

• Cavaleiro de São João de Malta;<br />

• Cruz Púrpura da Ordem Real da Escócia;<br />

• Heredom da Ordem Real da Escócia;<br />

• Irmão de São Lourenço Mártir;<br />

• Cruz Vermelha de Constantino;<br />

• Cavaleiro do Santo Sepulcro;<br />

• Cavaleiro de São João;<br />

• Os Nove Graus da Sociedade Rosacruciana;<br />

• Cavaleiro de Constantinopla;<br />

• Rosa Cruz.<br />

Alguns graus mais recentes são:<br />

• Supervisor Secreto;<br />

• Os Sete Graus do Cordão Escarlate;<br />

• Ilustre Ordem da Luz;<br />

• Rito Antigo e Aceito da Escócia.


O mais interessante do arranjo destes graus para nós são aqueles que<br />

pertencentes ao Rito Escocês Antigo e Aceito, controlado pelo<br />

Supremo Conselho do Grau 33º em Edimburgo. É ao 16° grau deste<br />

sistema ao qual a inscrição em Rosslyn se refere. Este sistema inicia<br />

com os mesmos três graus de toda a Maçonaria:<br />

1. Aprendiz Maçom;<br />

2. Companheiro Maçom;<br />

3. Mestre Maçom;<br />

4. Mestre Secreto;<br />

5. Mestre Perfeito;<br />

6. Secretário Íntimo;<br />

7. Preboste e Juiz;<br />

8. Intendente dos Edifícios;<br />

9. Eleito dos Nove;<br />

10. Eleito dos Quinze;<br />

11. Sublime Eleito;<br />

12. Grão-Mestre Arquiteto;<br />

13. Real Arco (de Enoch);<br />

14. Cavaleiro Escocês da Perfeição;<br />

15. Cavaleiro da Espada ou do Oriente;<br />

16. Príncipe de Jerusalém;<br />

17. Cavaleiro do Oriente e do Ocidente;<br />

18. Cavaleiro do Pelicano e da Águia e Soberano Príncipe Rosa Cruz;<br />

19. Grande Pontífice;<br />

20. Venerável Grão-Mestre;<br />

21. Patriarca Noaquita;<br />

22. Príncipe do Líbano;<br />

23. Chefe do Tabernáculo;<br />

24. Príncipe do Tabernáculo;<br />

25. Cavaleiro da Serpente de Bronze;<br />

26. Príncipe da Misericórdia;<br />

27. Comandante do Templo;<br />

28. Cavaleiro do Sol;


29. Cavaleiro de Santo André;<br />

30. Grande Eleito Cavaleiro da Águia Branca e Preta;<br />

31. Grande Inspetor, Comandante Inquisidor;<br />

32. Sublime Príncipe do Real Segredo;<br />

33. Grande Inspetor Geral.<br />

Nós descobrimos que o mais antigo registro a que se referem a estes<br />

graus escoceses ocorreu em França durante o período de trinta anos<br />

entre as duas campanhas jacobitas de 1715 e 1745, quando por duas<br />

vezes os escoceses invadiram a Inglaterra. Em França, os Maçons<br />

costumavam usar estes graus que eram conhecidos como 'Maitres<br />

Ecossais' (Mestres Escoceses). Estes Altos Graus eram conhecidos<br />

como graus escoceses e eram associados ao Chevalier Ramsay que<br />

nasceu em Ayr em 1686. Diz-se que ele havia desenvolvido os graus<br />

do Rito Escocês em França quando era tutor dos dois filhos de Jaime<br />

VIII da Escócia, que vivia no exílio em França.<br />

Um destes filhos era o jovem 'Bom Príncipe Charlie' que comandou<br />

uma expedição para recuperar o trono da Escócia vinte e um anos<br />

depois. Em 1730, Ramsay visitou a Inglaterra, com a permissão de<br />

Jorge II, e foi feito Membro da Sociedade Real por Isaac Newton, seu<br />

então presidente. Obviamente ele não possuía nenhuma qualificação<br />

científica, mas era sabido ser o mesmo um Maçom em França e<br />

quando em Inglaterra, filiou-se à Loja Horn (hoje conhecida como Loja<br />

da Casa Real de Somerset e Inverness n° 04). Em 1737, ele publicou<br />

um discurso no L'Almanach de Cocus onde explanava sobre uma<br />

união entre a Maçonaria e os Cavaleiros de São João de Jerusalém<br />

que datava do tempo das Cruzadas. Ele também descreveu uma Loja<br />

em Kilwinning, da qual Jaime, Lorde Comissário da Escócia, fora<br />

Venerável Mestre em 1286.<br />

Ramsay era um jacobita durante o período em que fora tutor do 'Bom<br />

Príncipe Charlie' e pode muito bem ter pertencido à Loja que havia<br />

sido fundada em França em 1725 pelo Conde de Derwentwater, este<br />

que fugira para França com Jaime VII. Esta Loja, conhecida como Loja


de São Tomé, reunia-se na Taverna Hure, na Rue des Boucheries, em<br />

Paris.<br />

Em 1761, a Grande Loja de França emitiu uma patente a Etienne<br />

Morin para a difusão do Rito Escocês na América. Ele foi feito Grande<br />

Inspetor do Novo Mundo e autorizado a criar inspetorias nos lugares<br />

onde estes graus ainda não estavam estabelecidos, sugerindo que o<br />

Rito Escocês já pudesse ser praticado na América. A 31 de Maio de<br />

1801, foi criado o 'Supremo Conselho do Grau 33° para os Estados<br />

Unidos da América', em Charleston, Carolina do Sul. No ano seguinte,<br />

o Supremo Conselho emitiu uma circular a todas as Grande Lojas do<br />

mundo, datando a origem da Maçonaria no início do mundo e, após a<br />

descrição de seu desenvolvimento até a sua formação, declarou-se<br />

guardião das Constituições Secretas que existiam desde Tempos<br />

Imemoriais.<br />

Em 1857, o Supremo Conselho para a Inglaterra orgulhosamente<br />

anunciou que o grau 30° havia sido concedido 'sem o auxilio de ritual'.<br />

No ano seguinte o Supremo Conselho para a Inglaterra decidiu romper<br />

a aliança com o Supremo Conselho para a Escócia e todos os corpos<br />

subordinados foram ordenados a não manter contato com membros<br />

dos corpos subordinados ao Supremo Conselho escocês.<br />

Nós descobrimos que hoje o primeiro grau dado após o 4° é o 18°,<br />

sendo os do 5° ao 17° graus dados por comunicação somente, sem a<br />

necessidade de seguirem um ritual. Do mesmo modo, os graus do 19°<br />

ao 29° são por comunicação antes do 30° ser conferido.<br />

Sendo assim, os Maçons que obtêm o 30° grau podem muito bem<br />

nada saber sobre o conteúdo dos vinte e quatro graus que<br />

supostamente deveriam conhecer.<br />

O que quer que fosse o que se encontrava neste cerimonial que havia<br />

ofendido o Duque de Sussex, seu sistema de apoio controlado e sua<br />

negação deliberada haviam prosperado na quase destruição do<br />

mesmo. O então líder dos Maçons americanos, Albert Pike, falando ao<br />

Grande Supremo Conselho da Jurisdição Meridional (EUA), sem<br />

constrangimento algum de sua espantosa ignorância e arrogância<br />

afirmou em 1878:


A verdade é que o Rito nada mais era que um monte de lixo sem valor<br />

e os Rituais nada valiam até 1855.<br />

Parece que Pike considerava os rituais como uma massa caótica e<br />

heterogênea. Sua total falha em compreendê-los levou-o a abandonálos,<br />

descrevendo-os como 'um dialeto incoerente e sem sentido;<br />

alguns desses graus são um nada absoluto - sendo propositalmente<br />

construídos para ocultar seu significado'. Pike então provou ser um<br />

valoroso sucessor do Duque de Sussex quando do auxílio ao<br />

Supremo Conselho da Inglaterra na tarefa de supressão dos rituais.<br />

Assim ele escreveu:<br />

O Supremo Conselho para a Jurisdição Meridional dos Estados<br />

Unidos ao tomar a indispensável e inadiável tarefa de revisão e<br />

reforma dos trabalhos e Rituais dos trinta e três graus e de todos os<br />

meios pelos quais os membros reconhecem uns aos outros, tem<br />

procurado e desenvolvido a idéia principal de que cada grau,<br />

rejeitadas as puerilidades e absurdos com os quais muitos deles foram<br />

desfigurados, e transformando-os em um sistema de instrução<br />

conectado à moral, à religiosidade e á filosofia. Não recusando<br />

nenhum credo, foi ainda pensado não ser apropriado utilizar-se de<br />

velhas alegorias, baseadas em ocorrências detalhadas nos livros<br />

hebraicos e cristãos, mas sim extraí-Ias dos Antigos Mistérios do<br />

Egito, Pérsia, Grécia, Índia, dos Druidas e dos Essênios como<br />

veículos de comunicação das Grandes Verdades Maçônicas; assim<br />

como retiradas das lendas dos Cruzados e das Cerimônias das<br />

Ordens dos Cavaleiros.<br />

Entretanto, o trabalho de destruição ainda não estava concluído, pois<br />

o Reverendo Whitaker ainda não estava satisfeito com as alterações.<br />

Assim ele comentou sobre outras alterações das quais ele não estava<br />

pronto a especificar:<br />

Um parêntese na oração da câmara do meio é a total antítese dos<br />

ensinamentos de Cristo; alguns trechos do ritual são simplesmente


sem sentido. De grande valia seria se um pequeno comitê de<br />

estudiosos em teologia empreendessem a revisão do ritual. A maior<br />

parte dele é tão belo que é uma pena permitir que tais manchas<br />

continuem a obliterar os sentimentos daqueles que refletem e pensam.<br />

Fica claro que a partir deste estudo da história do Rito Escocês dos<br />

trinta e três graus que o que quer que tenha sido o ritual, este foi<br />

deliberadamente alterado de modo a adaptar-se aos preconceitos<br />

pessoais do Duque de Sussex, o Primeiro Grão-Mestre da Grande<br />

Loja Unida da Inglaterra, e do Soberano Grande Inspetor Geral Albert<br />

Pike do Supremo Conselho da Jurisdição Meridional dos EUA. Nós<br />

apenas podemos imaginar o que haviam sido os graus escoceses<br />

jacobitas que tanto ofenderam estes conceituados Maçons para que<br />

estes decidissem ignorar suas próprias responsabilidades com a<br />

Maçonaria que havia lhes ensinado que nenhum poder de qualquer<br />

homem ou corpo de homens poderia realizar alterações no cerimonial<br />

da Maçonaria.<br />

Nos protocolos do Supremo Conselho da Inglaterra de Abril de 1909, o<br />

sistema dos graus que até então eram chamados de Rito Escocês foi<br />

renomeado para Rito Antigo e Aceito. As atas registram: 'foi decidido<br />

omitir a palavra 'Escocês' de todos os certificados, etc.<br />

Um colunista do jornal Masonic News à época comentou que isto era<br />

uma tola resolução: 'O Rito tem sido chamado de Rito Escocês desde<br />

a formação do primeiro Supremo Conselho em 1801 e tem sido assim<br />

conhecido em cada canto do mundo. Ter realizado tal mudança<br />

demonstra uma completa ignorância da história maçônica'.<br />

Nós observamos que o cerimonial era conhecido como Rito Escocês<br />

antes da formação da Grande Loja Unida e sua alto declarada<br />

sociedade. Nós também sabíamos que, em 1908, somente aos<br />

Maçons que pertenciam ao Alto Estafe da Grande Loja Unida era<br />

permitido tornar-se membros deste Supremo Conselho para a<br />

Inglaterra. Olhando para a história dos 33 graus, nós chegamos a<br />

descobrir uma espantosa história de destruição deliberada de uma<br />

herança verbal que datava do tempo dos Templários.


Tendo descoberto que há uma história escondida e um cerimonial<br />

deliberadamente oculto por trás da Maçonaria Inglesa, nós tínhamos<br />

que tentar e descobrimos o que estes graus são e o que havia sido<br />

removido dos rituais. Parece-nos que eles continham algo muito<br />

importante, uma vez que estes foram suprimidos tão completamente.<br />

Nós estabelecemos que os antigos segredos que nós estávamos<br />

procurando por terem sido eliminados pelos fundadores da Grande<br />

Loja Unida da Inglaterra quando esta foi formada; agora, nós<br />

imaginamos se a resistência a qual nós experimentamos pelos atuais<br />

servidores da ordem foi para dissuadirmos a investigação ou apenas o<br />

resultado de egos magoados.<br />

Neste balanço, nós duvidamos muito que eles saibam quaisquer<br />

segredos retidos por outros Maçons, e quase certamente conhecem<br />

pouco ou nada dos rituais perdidos. Por outro lado, é provável que<br />

uma tradição cultural de obstruir os pesquisadores de livre<br />

pensamento tenha se perpetuado desde 1813 e os presentes<br />

encarregados estão simplesmente respondendo do único modo que<br />

eles conhecem.<br />

Mesmo que estes auto-nomeados censores e reformadores possam<br />

ocultar este material, eles não podem esconder tudo. É interessante<br />

notar que a Grande Loja da Inglaterra foi estabelecida no Dia de São<br />

João de 1813. Existem dois dias dedicados a São João por ano,<br />

ambos os dois muito importantes para a Maçonaria, e mesmo que isto<br />

possa parecer ser uma observação cristã, é atualmente encarado<br />

como um retorno ao antigo (possivelmente egípcio) culto ao sol. Estes<br />

dias sagrados correspondem aos festivais de solstícios de verão e<br />

inverno de um culto solar que foi absorvido pelo calendário cristão. O<br />

fato de ambos serem significativos para a Maçonaria indica uma<br />

origem que há muito se perdeu na memória.<br />

Sem dúvida alguma, a Maçonaria é culpada por ocultar algum<br />

grande segredo. Infelizmente, pode ser que ninguém que ainda esteja<br />

vivo o conheça!<br />

A partir deste ponto, nós percebemos que precisávamos retornar às<br />

circunstâncias que levaram à formação dos Templários e tentar


compreender o que é que estava por detrás de sua missão e quais<br />

segredos foram transmitidos para a Maçonaria antes de eles estarem<br />

perdidos.<br />

Talvez através do estudo desta história proibida até o seu fim é que<br />

possamos encontrar a verdade perdida em seu meio.<br />

Conclusão<br />

A primeira Grande Loja do mundo foi estabelecida em Londres<br />

em 1717 com uma tentativa dos aliados dos Hanover em negar as<br />

origens escocesas que eram muito próximas as dos jacobitas para o<br />

gosto inglês. Desde o início, ela negou sua própria história e quando a<br />

Grande Loja Unida da Inglaterra foi formada em 1813, os rituais da<br />

Ordem foram praticamente destruídos. Mesmo hoje, ela ainda declara<br />

que nada anteriormente a 1717 pode ser conhecido ao certo.<br />

A partir dos trabalhos de outros pesquisadores e de nossa própria<br />

experiência, nós compreendemos que é política da Grande Loja<br />

reprimir qualquer investigação sobre a Maçonaria anterior àquela data.<br />

Isto fortemente sugere que algo está sendo escondido mesmo dos<br />

Maçons.<br />

A Grande Loja de Londres empreendeu alterações nos rituais<br />

tornando-os mais inócuos, que foram contestadas pelos<br />

tradicionalistas, o que levou a um maior distanciamento entre duas<br />

Grandes Lojas opostas conhecidas como a dos 'Antigos' e a dos<br />

'Modernos'.<br />

Os Modernos possuíam o apoio da Coroa de Hanover e do<br />

Parlamento e abusaram de seu poder para forçar uma unificação da<br />

Maçonaria inglesa sob os seus próprios termos. Em 1813, a Grande<br />

Loja Unida da Inglaterra foi formada e uma completa destruição dos<br />

rituais maçônicos foi empreendida. Quando o Duque de Sussex<br />

tornou-se o primeiro Grão-Mestre da Grande Loja Unida da Inglaterra,<br />

ele foi iniciado em todos os 33 graus do Rito Escocês Antigo e Aceito


e este ficou tão ofendido com o seu conteúdo que ele decidiu que<br />

estes deveriam ser alterados sem demora, Estes rituais destes graus<br />

foram terrivelmente alterados e, pior ainda, vinte e quatro dos trinta e<br />

três graus são agora concedidos na Inglaterra sem que qualquer<br />

cerimônia seja realizada.<br />

Estas mudanças, realizadas por homens que nada compreendiam do<br />

real significado da Maçonaria, removeram mensagens secretas que<br />

foram cuidadosamente implantadas no ritual escocês original por<br />

William St Clair e por outros descendentes dos Cavaleiros Templários.<br />

4<br />

O Retorno dos Reis de Deus<br />

Mil Anos de Escuridão<br />

Nós agora possuíamos a resposta para uma de nossas questões<br />

essenciais iniciais: os rituais da Maçonaria foram alterados e<br />

suprimidos de modo a ocultar algum material que se tornara muito<br />

perigoso ou difícil para ser permitido existir. Apesar de séculos de<br />

negação pela Grande Loja Unida da Inglaterra, nós fomos capazes de<br />

estabelecer que o centro da moderna Maçonaria desenvolveu-se na<br />

Escócia logo após a dissolução dos Cavaleiros Templários<br />

que haviam baseado suas crenças nos ensinamentos da Igreja de<br />

Jerusalém original. Todas as evidências apontavam para manuscritos<br />

secretos descobertos pelos Templários que foram enterrados pelos<br />

judeus nos meses anteriores à sua destruição e à do Templo pelos<br />

romanos em 70 d.C.<br />

Nós agora precisávamos descobrir quem estava por trás dos<br />

Cavaleiros Templários antes que pudesse progredir na tentativa de<br />

reconstrução dos segredos perdidos da Maçonaria.


Os fatos dos Cavaleiros Templários terem jurado cumprir<br />

'castidade, obediência e manutenção de toda a propriedade em<br />

comum', antes de eles terem iniciado as escavações, nos causava<br />

estranheza e nos apresentava certas questões que ainda<br />

precisávamos responder. A exigência de uma 'obediência' era<br />

particularmente interessante, pois isto fortemente sugeria o<br />

envolvimento de uma autoridade controladora superior.<br />

Outra questão sedutora que surgiu a partir de nossa investigação era<br />

a adoção do nome de Roslin pelo cruzado Henri St Clair. O significado<br />

de 'Roslinn' - 'antigo conhecimento passado ao longo das gerações' -<br />

é anterior às possíveis descobertas dos manuscritos do Templo em<br />

pelo menos dezoito anos o que parece sugerir que Henri St Clair<br />

estava completamente envolvido com os Templários e que estes<br />

últimos sabiam o que estavam procurando desde o início. Nós agora<br />

precisávamos tentar compreender a motivação destes Cruzados e<br />

então reconstruir o que realmente ocorreu no início do século XII em<br />

Jerusalém.<br />

Conseqüentemente à destruição de Jerusalém pelos romanos, um<br />

pequeno grupo sobrevivente de judeus, que escapou da ira dos<br />

invasores logo após a batalha final pela cidade, viram-se lançados à<br />

escravidão. Parece improvável, entretanto, que muitos dos<br />

Nazoreanos tenham se permitido serem capturados vivos. Assim<br />

como os ossos dos cristãos judeus retornaram ao pó, seus preciosos<br />

artefatos permaneceram intocáveis e esquecidos sob as ruínas do<br />

arrasado Templo de Herodes.<br />

Em 135 d.C., o Imperador Adriano reconstruiu a cidade, chamando-a<br />

de Aelia Capitolina, e rebatizando a província como Síria-Palestina.<br />

Para assegurar-se de que o fervor nacionalista dos judeus estaria<br />

contido, ele baniu todos os judeus de sua cidade sagrada e, deste<br />

modo, não houve comunidades judaicas permanentes em Jerusalém<br />

nos cinco séculos após sua queda.


Em Roma, os cristãos gentios fundiram os mitos de seus antigos<br />

deuses ao culto concebido por Paulo, criando uma religião híbrida que<br />

possuía um grande apelo para um grande número de pessoas. A 20<br />

de Maio de 325 d.C., o Imperador não-cristão, Constantino, convocou<br />

o Concilio de Nicéia e uma votação foi realizada para se determinar se<br />

Jesus era ou não uma divindade. Os debates foram vigorosos, mas ao<br />

término do dia foi decidido que o líder judeu do primeiro século era, de<br />

fato, um deus.<br />

O estabelecimento de uma era cristã romanizada marcou o início da<br />

Idade das Trevas: o período da história ocidental quando as luzes se<br />

afastaram de todo o aprendizado e a superstição substituiu o<br />

conhecimento. Este período durou até o poder da Igreja Romana ter<br />

sido minado pela Reforma Protestante.<br />

A perseguição da ignorância cresceu até tornar-se altamente<br />

estruturada e um dia, os cristãos liderados pelo Bispo Teófilo<br />

incendiaram a maior biblioteca sobre o conhecimento humano do<br />

mundo, em Alexandria. O Patriarca de Constantinopla à época, São<br />

João Crisóstomo (seu nome ironicamente significa 'boca dourada'),<br />

realizou o seguinte comentário sobre o 'grande ato' de destruição das<br />

velhas idéias:<br />

Todo traço da velha filosofia e literatura do mundo antigo desapareceu<br />

da face da terra.<br />

O progresso intelectual e moral rapidamente entrou em declínio e a<br />

civilização ocidental regressou a um estado de cruel barbárie. A Igreja<br />

baniu a instrução de base, pois a 'difusão do conhecimento' somente<br />

poderia servir ao encorajamento da heresia. A nova Igreja sabia que<br />

era apenas um palácio construído sobre areia e temia que a liberdade<br />

permitida de pensamento pudesse somente servir para revelar a sua<br />

falta de fundamentação e causar sua ruína através de uma onda de<br />

pensamento racional, A literatura espalhada pelo Império Romano


apidamente foi praticamente suprimida, a ciência voltou-se à<br />

superstição e a avançada engenharia dos primeiros anos do Império<br />

foi esquecida, Tudo que era bom e próspero foi desprezado e todos os<br />

ramos da realização humana foram ignorados em nome de Jesus<br />

Cristo. A arte, a filosofia, a literatura secular, a astronomia, a<br />

matemática, a medicina e mesmo o sexo tornaram-se temas<br />

proibidos.<br />

O sexo, como decretado pela Igreja, deveria ser apenas para a<br />

procriação, declarando-se que uma mulher não poderia conceber se<br />

ela desfrutasse do ato sexual e que um homem que tentasse dar<br />

prazer a uma mulher enquanto copulasse estaria 'amando Satã'.<br />

As estranhas idéias estrangeiras dos gentios alteraram, além de todo<br />

o reconhecimento, o culto que havia nascido da morte do líder judeu<br />

messiânico, As maiores adições ainda aconteceriam ao longo do<br />

século XIII quando o teólogo Tomás de Aquino afirmou que o pão<br />

consagrado da Eucaristia e o vinho passariam por uma transformação<br />

miraculosa, transformando-se realmente na carne e no sangue de<br />

Cristo, ao ser consumido pela congregação. Este conceito de<br />

canibalismo da 'transubstanciação', como é eufemisticamente<br />

conhecido, é baseado na idéia que pode ser remetido à análise de<br />

Aristóteles sobre a natureza da matéria. Nós acreditamos que<br />

qualquer membro da Igreja de Jerusalém original repugnaria<br />

completamente a sugestão de que Deus permitiria que tal milagre<br />

canibalesco fosse executado milhões de vezes todos os dias. A<br />

crença na realidade física da 'transubstanciação' permanece ainda<br />

como um ensinamento oficial da Igreja Católica Romana desde a<br />

Idade Média.<br />

Seiscentos anos após a destruição do Templo, a história de um novo<br />

profeta surgiu por todo o Oriente Médio, e Jerusalém tornou-se uma<br />

cidade sagrada para uma terceira religião. Maomé foi elevado ao céu<br />

a partir de uma rocha, onde Abraão preparou-se para sacrificar o seu<br />

filho, Isaac - a rocha que se situa no centro do Santo dos Santos que


havia sido o santuário mais interior do Templo de Jerusalém. Em 691<br />

d.C., os muçulmanos construíram uma bela edificação conhecida<br />

como o 'Domo da Rocha' no alto do sítio do Templo dos judeus,<br />

Em 1071, a cidade foi tomada pelos turcos seljúcidas que a<br />

arrasaram. Vinte e oito anos mais tarde, em uma sexta-feira, a 15 de<br />

Julho de 1099, a Cidade vislumbrou um novo demônio dançando ao<br />

longo de suas ruas. O exército ‘Cruzado' dos cristãos capturou<br />

Jerusalém e, com uma eficiência não vista desde os tempos dos<br />

romanos, massacrou em nome de Deus cada homem, mulher e<br />

criança da população judaica e muçulmana.<br />

A idéia da realização de uma Cruzada sagrada originou-se com o<br />

Papa Urbano II que, conforme apuramos, estava preocupado com o<br />

tratamento despendido aos peregrinos cristãos na Terra Santa. Em<br />

uma terça-feira, a 27 de Novembro de 1095, em um campo ao lado<br />

das muralhas da cidade francesa de Clermont-Ferrand, ele chamou às<br />

armas o clero que comparecera a um concílio da Igreja. Ele propôs um<br />

plano onde os Cavaleiros cristãos formariam um grande exército que<br />

asseguraria a Terra Santa como um reino cristão, A resposta foi<br />

positiva e impressionante, sendo que os bispos retornaram às suas<br />

cidades para alistarem outros nesta grande Cruzada. Os grandes<br />

senhores da Europa estavam seduzidos pela oferta de salvação e pela<br />

oportunidade de saquearem o que eles encontrassem como<br />

recompensa pelo auxilio ao trabalho de Deus.


Em breve, o Papa Urbano tinha o apoio que precisava e esquematizou<br />

sua estratégia.<br />

Os grupos individuais de Cruzados começaram sua jornada em<br />

Agosto de 1096. De cada grupo, era esperado que se auto financiasse<br />

e que seguisse seu próprio líder, uma vez que eles seguiram por vias<br />

separadas até a capital bizantina de Constantinopla, onde seriam<br />

reunidos em uma força combinada de ataque. A partir de lá, eles<br />

lançariam um ataque contra os conquistadores seljúcidas da Anatólia,<br />

em conjunto com o Imperador Bizantino e seu exército. Uma vez<br />

estando a região sob o controle cristão, os Cruzados empreenderiam<br />

campanhas contra os muçulmanos na Síria e na Palestina, sendo<br />

Jerusalém o seu último objetivo.<br />

Os exércitos dos nobres cruzados chegaram em Constantinopla em<br />

Novembro de 1096 e, em Maio seguinte, eles atacaram o seu primeiro<br />

grande alvo: a capital turca da Anatólia, Nicéia - a cidade onde o<br />

Cristianismo foi formalizado. Os Cruzados rapidamente tiveram<br />

sucesso e logo após encontraram uma pequena resistência durante o<br />

resto de sua campanha pela Ásia Menor. O próximo grande obstáculo<br />

era a cidade de Antioquia no norte da Síria que foi sitiada por quase<br />

oito meses até sua rendição a 03 de Junho de 1098. Em Maio de<br />

1099, os Cruzados atingiram as fronteiras setentrionais da Palestina;<br />

ao anoitecer do dia 07 de Junho, eles acamparam dentro do campo de<br />

visão das muralhas da cidade santa de Jerusalém.<br />

Com a ajuda de reforços provenientes de Gênova e com a ajuda das<br />

mais recém criadas máquinas de cerco, eles atacaram Jerusalém e<br />

jubilosamente, conduziram um massacre sistemático sobre todos os<br />

seus habitantes. Os Cruzados estavam satisfeitos por purificarem a<br />

cidade com o sangue dos infiéis, inimigos de Cristo.<br />

Uma semana mais tarde, os Cruzados escolheram Godofredo de<br />

Bouillion, Duque da Baixa Lorraine, para governar a recém<br />

conquistada cidade. Sob sua liderança, o exército então partiu para<br />

sua última campanha, atacando o exército egípcio em Ascalão. Com o<br />

trabalho de Deus plenamente completado, a grande maioria dos<br />

Cruzados retornou para a Europa, deixando Godofredo com uma


pequena força remanescente da original para manter a lei e a ordem.<br />

Curiosamente, Godofredo, que contava com apenas 39 anos de idade,<br />

morreu no preciso momento de triunfo, sendo que logo após, seu<br />

irmão foi coroado Rei de Jerusalém, sob o título de Balduíno I, no ano<br />

de 1100.<br />

O Motivo Revelado<br />

Os nove Cavaleiros que tomaram o mútuo juramento de 'castidade,<br />

obediência e manutenção de toda a propriedade em comum'<br />

chegaram à Jerusalém exatamente quando Balduíno I tornou-se o<br />

primeiro rei cristão. Nós precisávamos conhecer os fatos existentes<br />

sobre estes homens e cuidadosamente estudamos os eventos da<br />

época. Estes primeiros Templários eram:<br />

Hugues de Payen - um lorde vassalo de Hugues de Champagne;<br />

Geoffroy de Saint-Omer - filho de Hugues de Saint-Omer;<br />

André de Montbard - um lorde vassalo de Hugues de Champagne e tio<br />

de Bernardo de Clairvaux;<br />

Payen de Montdidier - um parente dos governantes de Flandres;<br />

Achambaud de Saint-Amand - um parente dos governantes de<br />

Flandres;<br />

Gondmare - nenhum detalhe conhecido;<br />

Rosal - nenhum detalhe conhecido;<br />

Godefroy - nenhum detalhe conhecido;<br />

Godofredo Bisol - nenhum detalhe conhecido.<br />

Acredita-se que os cavaleiros que se conhecem pouco sejam<br />

representantes das famílias governantes da Champagne, Gisors e<br />

Flandres.<br />

O líder dos Templários era Hugues de Payen, um nobre de meia idade<br />

da região de Champagne que se casara com Catarina St Clair, a<br />

sobrinha de seu companheiro cruzado, o Barão Henri St Clair de<br />

Roslin, em 1101. Três anos mais tarde, Hugues deixou sua esposa e


seu pequeno filho, Teobaldo, para viajar para Jerusalém com Hugues<br />

de Champagne, por razões desconhecidas. Também se registra que<br />

ele retornou à Jerusalém uma vez mais em 1114 e, quando da morte<br />

de Balduíno I em 1118, ele formou seu grupo de nove Cavaleiros e<br />

apresentou-se diante do novo rei, Balduíno lI.<br />

Nós começamos a mapear os movimentos destes e colocamos os<br />

eventos em uma seqüência temporal para verificar que tipo de modelo<br />

surgiria. A primeira pessoa que nós consideramos foi o Papa Urbano II<br />

que primeiro clamou por uma Cruzada em 1095 e morreu logo após a<br />

conquista da cidade santa de Jerusalém.<br />

Isto leva-nos a uma estranha coincidência, uma vez que as duas<br />

figuras chaves da Primeira Cruzada morreram no mesmo instante em<br />

que Jerusalém era conquistada. Teriam o chefe guerreiro, Godofredo<br />

de Bouillion, e o líder espiritual, Urbano lI, servido ao seu propósito, e<br />

calmamente eliminados? Se a resposta for sim, quem teria planejado<br />

tal ato e por quê?<br />

Urbano II nasceu Odo de Lagery, em França, e estudou em Reims<br />

antes de ingressar no monastério beneditino de Cluny, do qual tornouse<br />

prior em 1073. Em 1078, ele foi elevado ao cargo de Bispo Cardeal<br />

de Óstia pelo Papa Gregório VII que eventualmente sucederia.<br />

A Ordem Beneditina, a qual Odo unira-se, foi fundada no século VI e,<br />

o que foi interessante descobrir foi que enquanto por séculos eles têm<br />

usado os hábitos negros, eles originalmente vestiam um longo hábito<br />

e gorro de um branco puro, exatamente como os Essênios e os líderes<br />

da Igreja de Jerusalém usavam.<br />

Outra importante figura da Igreja no período pós-Cruzada era<br />

Bernardo de Clairvaux, o jovem que foi pessoalmente responsável em<br />

obter uma 'regra' papal para os Templários em 1128. Ele fazia parte<br />

da Ordem Cisterciense, bem como da Beneditina, e assim nós<br />

pesquisamos a história das duas ordens para verificar se havia<br />

alguma conexão entre elas. E havia.<br />

Curiosamente, nós descobrimos que a Ordem Cisterciense havia sido<br />

fundada em 1098 por um grupo de monges beneditinos da Abadia de<br />

Molesme, alguns meses antes da tomada de Jerusalém e da morte de


Urbano lI. Muitos fatos estranhos parecem ter ocorrido de uma vez só<br />

para serem ignorados como um mero acaso.<br />

Os monges cistercienses originais declaravam que pretendiam<br />

retornar aos ensinamentos mais puros e originais de São Benedito<br />

que havia fundado a Ordem Beneditina nos primórdios do século VI e<br />

tornara-se conhecido como o pai do monasticismo ocidental. Este<br />

santo, que tanto os cistercienses admiravam, havia nascido em uma<br />

distinta família de Nursia na Itália central e, após passar vários anos<br />

estudando em Roma, foi viver em uma caverna por três anos.<br />

Benedito estabeleceu o que ele chamava como sendo uma regra de<br />

vida que mais tarde tornou-se um requerimento para todas as ordens<br />

monásticas. Ela ressaltava a importância da vida comunal e do<br />

trabalho físico, proibia que seus membros tivessem propriedades<br />

pessoais, exigia que todas as refeições fossem tomadas em comum e<br />

que toda conversa desnecessária fosse evitada. Esta visão soava<br />

exatamente como a dos Essênios que exigiam que se passasse três<br />

anos na localidade desértica da Comunidade de Qumran, de modo a<br />

percorrer os três graus de treinamento, concluídos com a cerimônia da<br />

'ressurreição em vida'.<br />

Mais estranho ainda era o fato dos monges cistercienses serem<br />

chamados de 'Monges Brancos' devido ao hábito branco que eles<br />

usavam sobre seus escapulários negros. Adiciona-se a este, o fato de<br />

que o manto original dos Cavaleiros Templários era também de um<br />

puro branco (a famosa cruz vermelha foi adicionada posteriormente) e<br />

sendo deste modo, nos perguntávamos: haveria algum antigo<br />

conhecimento oriundo da tênue conexão entre os valores Nazoreanos<br />

e o uso do branco? Os Nazoreanos que haviam lutado e morrido<br />

durante a queda de Jerusalém em 70 d.C. vestiam o branco como um<br />

símbolo da ressurreição, e mais de mil anos após houve um retorno à<br />

Jerusalém e o uso de túnicas brancas inesperadamente parecia ter se<br />

tornado muito importante. Isto poderia estar relacionado com a<br />

profecia do Livro das Revelações que dizia que os mártires de<br />

Jerusalém ressuscitariam após mil anos?


Estranhos fatos parecem ter começado ocasionalmente ao mesmo<br />

tempo e nós descobrimos que a ascensão de São Bernardo foi tão<br />

incomum quanto o surgimento dos próprios Templários. Ele nasceu<br />

em uma localidade próxima a Dijon em 1090 e com a idade de vinte e<br />

três anos, ele anunciou sua decisão de tornar-se sacerdote e unir-se a<br />

ainda muito jovem Ordem Cisterciense. Sua decisão encontrou<br />

considerável oposição de seu irmão mais velho, o Conde de Fontaine,<br />

que ficou horrorizado com a decisão de Bernardo em se tornar um<br />

monge. Entretanto, algo muito espetacular deve ter ocorrido para<br />

mudar sua opinião, pois dentro de um ano após, o próprio Conde uniuse<br />

à Ordem Cisterciense - junto com nada menos do que trinta e um<br />

membros da família Fontaine!<br />

Algo muito, mas muito incomum estava ocorrendo aqui e quanto mais<br />

procurávamos, mais encontrávamos.<br />

Primeiro Bernardo é criticado por sua família por tornar-se um<br />

cisterciense; meses mais tarde sua família une-se à mesma; então,<br />

dentro de um ano, Bernardo, com vinte e cinco anos, é feito Abade de<br />

uma nova abadia em Clairvaux - construída especialmente para ele<br />

por Hugues de Champagne: o mesmo homem que havia visitado<br />

Jerusalém com seu vassalo, Hugues de Payen.<br />

Ainda hoje uma modesta abadia levaria dois anos para ser construída<br />

sendo assim, parece razoável concluir que Hugues de Champagne<br />

encomendou uma abadia na mesma época em que Bernardo tornarase<br />

noviço. Se nós estivermos certos, Bernardo deve ter sido 'colocado'<br />

nesta posição chave, ridiculamente cedo, como parte de um grande<br />

plano.<br />

Adiciona-se a tudo isto, o fato de que este jovem 'superstar' da Igreja<br />

era o sobrinho de André de Montbard, um dos nove Templários<br />

originais, e a teoria do 'grande plano' começa realmente a fazer<br />

sentido. Henri St Clair, Hugues de Champagne e Bernardo de<br />

Clairvaux estavam certos e completamente envolvidos com Hugues de<br />

Payen, Geoffroy de Saint-Omer, André de Montbard e outros<br />

Templários fundadores em um plano para resgatar os manuscritos<br />

e tesouros que se encontravam abaixo do Templo. Era também


extremamente provável que o Rei Balduíno II de Jerusalém era um<br />

membro deste consórcio.<br />

Foram os peões, o Papa Urbano II e Godofredo de Bouillion,<br />

removidos do tabuleiro, uma vez que sua utilidade havia se esgotado?<br />

À época de sua misteriosa morte, Bouillion havia sido um jovem que<br />

havia sobrevivido a duros campos de batalha, e o Papa era um<br />

saudável homem de cinqüenta anos quando morreu no preciso<br />

momento de sua vitória em 1099.<br />

A questão que nós ainda não podíamos responder era: como essas<br />

pessoas sabiam o que procurar? Foi aí que nós descobrimos um<br />

atalho neste caminho!<br />

Como nós estávamos lidando com muitos fatos, onde não<br />

poderíamos apenas deduzir o que estava ocorrendo, <strong>Robert</strong> telefonou<br />

para o historiador e escritor Dr. Tim Wallace-Murphy, em busca de<br />

mais detalhes a respeito de uma data em particular. Nós havíamos<br />

encontrado Tim quando estávamos nos estágios finais da conclusão<br />

d'A Chave de Hiram e ele ficou interessado em ouvir um pouco mais<br />

de nossa atual pesquisa. <strong>Robert</strong> explicou como nós construímos todo<br />

um panorama baseado no plano de um grupo de nobres franceses<br />

de escavar as ruínas do Templo de Herodes e como nós agora<br />

acreditávamos que este grupo sabia exatamente o que estavam<br />

procurando.<br />

Tim ouviu atentamente e então disse: 'Eu sei que vocês estão no<br />

caminho certo, pois ele se encaixa com uma estranha informação com<br />

a qual me deparo de vez em quando. Apenas deixem de lado os seus<br />

ceticismos usuais por um momento e ouçam, do mesmo modo que eu<br />

fiz, uma história que vou lhes contar, pois ela é muito atraente, mas,<br />

para os padrões normais também é fantástica .<br />

<strong>Robert</strong> era todo ouvidos.<br />

Tim contou-nos que ele havia acabado de realizar uma palestra em<br />

Londres alguns anos antes quando um distinto homem de idade<br />

avançada o procurou e apresentou-se em francês, uma língua na qual<br />

Tim é fluente. Ele declarou que era um descendente direto de um líder<br />

templário, Hugues de Payen, e que acreditava ser apropriado


transmitir algumas informações que poderiam ser úteis. Tim<br />

intuitivamente acreditou que este homem não era um charlatão e<br />

decidiu ouvi-lo. Suas primeiras impressões foram confirmadas pelo<br />

estilo de falar claro e despretensioso do cavalheiro e sua clara<br />

abordagem de um tema que poucos compreendiam em detalhe.<br />

Eis a estranha história que Tim ouviu.<br />

Quando este homem atingiu a idade de vinte e um anos, seu pai<br />

chamou-o para uma conversa particular e informou-o que ele estava<br />

pronto para compartilhar de um conhecimento secreto que ele deveria<br />

passar a seu próprio fIlho quando este atingisse a mesma idade. Ele<br />

ouviu que lá existe uma antiga tradição verbal que tinha sido passada<br />

adiante de pai para filho em sua família e certamente em outras<br />

famílias, por milhares de anos.<br />

O francês afirmou que ele não havia ficado surpreso, pois seu pai<br />

procurou deixar claro e muito naturalmente que sua família pertencia a<br />

uma antiga linhagem. A próxima parte da história, ele confessou,<br />

chocou-o do mesmo modo que o surpreendeu.<br />

Em uma época anterior ao nascimento de Jesus, os sacerdotes do<br />

Templo de Jerusalém dividiam-se em duas escolas: uma para<br />

meninos e outra para meninas. Os sacerdotes eram conhecidos pelos<br />

nomes de anjos, tais como Miguel, Mazaldek e Gabriel. Este era o<br />

modo pelo qual eles preservavam a linhagem pura de Levi e de David.<br />

Quando cada uma das garotas escolhidas ingressa na puberdade, um<br />

dos sacerdotes a impregnaria com o sêmen da sagrada linhagem e,<br />

uma vez grávida, ela se casaria com um respeitável homem para<br />

educar a criança. Era costume de que quando estas crianças<br />

atingissem a idade de sete anos, elas seriam encaminhadas às<br />

escolas do Templo para serem educadas pelos sacerdotes.<br />

Deste modo, afirmou o francês, havia uma virgem chamada Maria que<br />

foi visitada por um sacerdote conhecido como o 'Anjo Gabriel' que com<br />

ela teve uma criança. Ela então se casou com José, que era um<br />

homem muito mais velho que ela.<br />

De acordo com esta tradição verbal, Maria achava muito difícil viver ao<br />

lado de José, seu primeiro marido, pois ele era muito mais velho do


que ela, mas, com o passar dos anos, ela aprendeu a amá-lo e teve<br />

outros quatro meninos e três meninas.<br />

Após a crucificação de Jesus, o principal pilar da Igreja de Jerusalém<br />

era Tiago, o Justo, apoiado por Pedro e João, o discípulo amado. (Um<br />

fato confirmado na Epístola de Paulo aos Gálatas). Eles formavam um<br />

triunvirato, que era o meio essênio tradicional de governo.<br />

Quando Jesus foi morto não houve comoção pública, uma vez que<br />

ele não era popular com as massas, mas quando Tiago foi morto, toda<br />

a cidade Ievantou-se em uma revolução, iniciando a terrível guerra<br />

judaica contra os romanos.<br />

O francês contou como Tiago havia se tornado uma figura muito<br />

mais importante do que Jesus na Igreja de Jerusalém. Após a morte<br />

de Tiago, e antes da destruição do Templo, alguns sacerdotes<br />

Nazoreanos partiram para a Grécia, de onde então se espalharam<br />

através da Europa. Eles rapidamente retornaram para a cidade<br />

destruída para recuperar o corpo de alguém que eles conheciam como<br />

'o salvador' e levaram este à Grécia, de onde em 600 d.C. retornaram<br />

e enterraram os ossos sob o Templo, o lugar mais seguro para<br />

escondê-lo, uma vez que a ninguém era permitido ser enterrado nos<br />

confins do Templo. Sob as ruínas do Templo, diziam-se haver várias<br />

câmaras e em uma das paredes dessas câmaras estava escrita a<br />

genealogia dos filhos dos sacerdotes do Templo, traçando suas<br />

linhagens até David e Aarão.<br />

O grupo dos sobreviventes se auto-designou como 'Rex Deus' (Reis<br />

de Deus) e sobreviveram à perseguição aos judeus adotando as<br />

práticas religiosas das terras onde estavam estabelecidos, com a<br />

condição de que somente seria exigido a expressa crença no único<br />

Deus verdadeiro. Eles acreditavam que estavam preservando a<br />

linhagem dos dois <strong>Messias</strong>, a de David e a de Aarão, que um dia<br />

chegariam e estabeleceriam o reino de Deus na Terra.<br />

Esta então é a história que foi contada por um homem que declarou<br />

ser um membro de uma família dos Rex Deus. Ele havia dito que<br />

deveria ter passado isto a um filho escolhido, mas como ele não<br />

possuía filhos, a ele foi impossível fazer isto. Ele havia também


contado que ele poderia ser contatado por outros membros dos Rex<br />

Deus, e que ele os conheceria através das genealogias que todos<br />

possuem. Entretanto, ele afirmou que ninguém jamais o havia<br />

procurado a respeito dos Rex Deus.<br />

'É uma história fantástica, mas muito interessante', disse <strong>Robert</strong>.<br />

'Sim, eu sabia que você se interessaria por ela'.<br />

'Está registrada em algum lugar?', perguntou <strong>Robert</strong>.<br />

'Eu a mencionarei em um novo livro que estou co-escrevendo'.<br />

<strong>Robert</strong> agradeceu a Tim e imediatamente telefonou a Chris para<br />

compartilhar esta assombrosa notícia.<br />

Nós não havíamos chegado a estes fatos básicos por nós<br />

mesmos, mesmo porque nós nunca acreditaríamos em uma<br />

declaração tão estranha, mas a história se encaixava em todas as<br />

coisas que nós sabíamos, tanto que nós não poderíamos deixar de<br />

considerá-la. Esta explicação sobre os Rex Deus era uma sensacional<br />

reviravolta... Se esta for verdade.<br />

Parecia-nos que a probabilidade deste idoso francês ter inventado<br />

algo tão curioso era improvável por si só e, uma vez que isto<br />

precisamente encaixa-se nos fatos que nós havíamos coletado, nós<br />

tínhamos que adotar como nossa hipótese de trabalho. Se nós<br />

pudéssemos encontrar mais alguma evidência para apoiar esta<br />

afirmação, ligando os eventos na Jerusalém do primeiro século com<br />

os Cavaleiros Templários do século XII, nós estaríamos no caminho<br />

de algo muito grande de fato. Entretanto, nós também tínhamos a<br />

consciência de que nós teríamos que nos preparar para abandonar a<br />

idéia se ela não conferisse com a descoberta de mais evidências.<br />

O panorama que foi surgindo era de um grupo das nobres famílias<br />

européia, descendentes das linhagens judaicas de David e Aarão que<br />

haviam escapado de Jerusalém um pouco antes, ou possivelmente<br />

mesmo após, a queda do Templo. Eles haviam passado o<br />

conhecimento dos artefatos ocultos abaixo do Templo para um filho<br />

escolhido (não necessariamente o mais velho) de cada família.<br />

Algumas das famílias envolvidas eram os Condes de Champagne, os<br />

Lordes de Gisors, os Lordes de Payen, os Condes de Fontaine, os


Condes de Anjou, de Bouillion, St Clair de Roslin, Brienne, Joinville,<br />

Chaumont, St Clair de Gisor, St Clair de Neg e os Habsburgo.<br />

A primeira vista, esta idéia parecia similar às afirmações feitas por<br />

Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln em seu livro A<br />

Linhagem Sagrada e o Santo Graal, onde afirmavam ter identificado<br />

uma organização chamada de Priorado de Sião. Baigent e seus<br />

colegas acreditam que Jesus havia sobrevivido à cruz e ido morar em<br />

França, onde constituiu uma família e sua linhagem originou os reis<br />

Merovíngios e os Duques de Lorraine, tendo sido preservada por este<br />

obscuro Priorado de Sião. Eles afirmavam que esta organização foi<br />

criada por Godofredo de Bouillion que era um descendente de Jesus e<br />

preservara sua linhagem intacta até os dias modernos.<br />

A hipótese dos Rex Deus é um pouco menos pura, com uma íntima<br />

conexão com Jesus, mas sem uma linhagem conhecida. A partir do<br />

que nós descobrimos, Godofredo de Bouillion estava morto, talvez<br />

assassinado, antes dos Templários estarem formados. Por razões<br />

detalhadas em nosso último livro, nós ainda permanecemos<br />

convencidos de que Jesus realmente morreu na cruz; o discurso<br />

realizado por Tiago após a crucificação confirma isto.<br />

Se o grupo dos Rex Deus realmente existiu, é fácil verificar como a<br />

Primeira Cruzada proveu a estas famílias uma oportunidade como<br />

uma 'graça divina' para retornar a seu Templo Sagrado para recuperar<br />

o tesouro que era seu por direito - e seria feito exatamente no tempo<br />

previsto pelo escritor do Evangelho de São João! As famílias dos Rex<br />

Deus estavam à frente da Primeira e mesmo de outras Cruzadas. Os<br />

estudiosos medievais têm sempre se perguntado sobre o porquê das<br />

mesmas famílias terem comandado todas as Cruzadas por toda a sua<br />

duração, e agora nós tínhamos uma resposta possível.<br />

Uma vez que os exércitos cristãos haviam conquistado Jerusalém,<br />

os líderes que não pertenciam ao Rex Deus foram rapidamente<br />

removidos e as famílias infiltraram-se na monarquia de Jerusalém e na<br />

Igreja para assegurar que elas não seriam bloqueadas no santo<br />

esforço dos 'Reis de Deus' em obter o que seus ancestrais haviam<br />

lhes deixado.


A Hipótese dos Rex Deus<br />

A história das famílias dos Rex Deus explica como um bando de<br />

cavaleiros cristãos sabia exatamente o que estavam dispostos a<br />

encontrar, e o significado de Roslin agora fazia perfeitamente sentido.<br />

Henri St Clair tomou o título que expressava sua excitação ao obter o<br />

'antigo conhecimento passado ao longo das gerações'.<br />

Logo após a queda de Jerusalém, um contingente de anciãos<br />

oriundos da Igreja de Jerusalém escapou à carnificina e dirigiu-se para<br />

Alexandria, que havia, em muitos modos, se tornado a segunda<br />

cidade para os judeus. Aqui, o pequeno grupo tomou ciência de sua<br />

posição e decidiram dirigir-se para outras cidades européias. Eles<br />

adotaram a religião de suas novas terras e foram absorvidos dentro<br />

das comunidades adotadas, tomando nomes que parecessem menos<br />

estrangeiros. Eles eram um povo altamente inteligente, descendentes<br />

da aristocracia judaica e muito prósperos. À medida que as gerações<br />

vinham e iam, a lembrança de sua origem esvaia-se, mas um filho era<br />

escolhido e, quando este atingia o estado de completa maioridade,<br />

era-lhe revelado seu estranho direito de nascença e os segredos do<br />

Templo. Ao longo do tempo, algumas das famílias individuais perdiam<br />

contato com outras, mas os filhos escolhidos sabiam que as outras<br />

existiam e como reconhecê-las se procurados.<br />

Em 1095, os membros do grupo dos Rex Deus estavam<br />

praticamente quase todos cristianizados, ainda que cada uma das<br />

famílias devesse ter pelo menos um membro masculino que mantinha<br />

a história tradicional de suas bem-nascidas raízes judaicas próxima<br />

aos seus corações. Sem dúvida que eles se viam como 'super<br />

cristãos' e que compartilhavam o maior segredo deste lado do céu.<br />

Eles eram uma elite silenciosa - 'os Reis de Deus'.<br />

Eles acreditavam que a tomada de Jerusalém pelos turcos seljúcidas<br />

foi o ataque de Gog e Magog previsto anteriormente e eles utilizaram<br />

suas consideráveis influências para plantar a idéia de uma grande<br />

cruzada cristã na mente do Papa Urbano lI. Eles lhe contaram que a<br />

profecia de São João havia se tornado realidade e que seria seu


grande papel liderar a Cristandade ao resgate da Cidade Santa dos<br />

bárbaros invasores. De fato, os livros de história registram que sua<br />

liderança marcou a ascensão do papado frente à liderança da<br />

Cristandade ocidental.<br />

Naturalmente, as famílias dos Rex Deus foram as primeiras a jurar<br />

fidelidade à causa cruzada, e o Papa Urbano II deve ter se<br />

surpreendido por tornar-se tão influente repentinamente. Até aquele<br />

tempo, seus seis anos de pontificado não haviam sido inspiradores e<br />

ele havia sido afastado de Roma pelo antipapa, Clemente III. Agora,<br />

ele era 'o homem do momento'.<br />

Desenvolvendo este cenário, nós poderíamos imaginar a situação em<br />

Jerusalém nos primeiros meses de 1100. Deve ter havido um pequeno<br />

contingente de membros dos Rex Deus presente, onde analisaram o<br />

problema que à frente deles se apresentava. Cada um deles possuía<br />

uma história ligeiramente diferente, pois o tempo muda as coisas, não<br />

importa quanto pessoas tentem manter uma tradição oral<br />

completamente pura. Eles uniram os seus conhecimentos dos pontos<br />

secretos de entrada no topo do arruinado Monte do Templo,<br />

entretanto, estes não deveriam fazer muito sentido uma vez que a<br />

Mesquita do Domo - o Domo da Rocha - estava ocultando o sítio do<br />

Templo interior. Meses de prospecção em busca das marcas de<br />

escavação nada produziram, e agora outros estavam ficando<br />

desconfiados.<br />

Nós podíamos imaginar que deveria existir uma brecha nas ruínas.<br />

Alguns queriam encaminhar uma equipe de trabalhadores para<br />

escavar imediatamente, mas outros viam perigo em qualquer atividade<br />

pública; como eles poderiam explicar tais ações? O Vaticano<br />

rapidamente se interessaria por qualquer escavação realizada neste<br />

solo sagrado. Como rei recentemente coroado de Jerusalém, Balduíno<br />

não desejava nada que trouxessem as suspeitas papais sobre ele<br />

mesmo, rapidamente aliou-se aos cautelosos, enfatizando que eles<br />

haviam retomado o controle do Templo uma vez mais e que isto era o<br />

mais importante. Os tesouros, ele lamentava, estavam enterrados<br />

abaixo de toneladas de toneladas de rocha e, como eles não


possuíam nenhuma pista de onde iniciar a escavação, seria melhor<br />

não apressar as coisas.<br />

De volta à França, as famílias dos Rex Deus encontraram-se para<br />

analisar sua posição. Eles ouviram descrições dos problemas em<br />

Jerusalém e consultaram desenhos feitos pelos visitantes.<br />

Obviamente, as coisas eram muito mais complicadas do que eles<br />

pensavam e seu próprio povo estava agora barrando o acesso aos<br />

tesouros de seus antepassados.<br />

Vários membros mais antigos tentaram usar sua influência em<br />

persuadir Balduíno a permitir uma escavação, mas sem sucesso; ele<br />

argumentou que ele mesmo estava sob observação e que seria<br />

impossível agir em segredo e seria desastroso vir a público com suas<br />

intenções. Em 1104, Hugues de Payen realizou sua primeira visita<br />

registrada à Jerusalém, acompanhado por Hugues de Champagne,<br />

eles reviram o sítio em detalhes. Eles consultaram Balduíno e partiram<br />

para a Europa com um cuidadoso registro documentado da área do<br />

Templo que lhes permitia desenvolver um plano de ação.<br />

Os anos passaram e Balduíno ainda não mostrava sinais de ter<br />

mudado de idéia. Em 1113, entretanto, algo ocorreu que criou uma<br />

nova oportunidade. Um grupo de cavaleiros cristãos reuniu-se em uma<br />

nova ordem, chamada por eles de 'Soberana Ordem Militar do<br />

Hospital de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta', ou, como<br />

eles eram geralmente conhecidos, os Cavaleiros Hospitalários. Eles<br />

se estabeleceram como os protetores do hospital construído em<br />

Jerusalém antes da Primeira Cruzada por Gerard, sendo que os<br />

irmãos juraram espontaneamente auxiliar na defesa de Jerusalém.<br />

Esta iniciativa plantou uma nova idéia nas mentes do grupo dos<br />

Rex Deus e Hugues de Champagne e Hugues de Payen realizaram<br />

uma segunda visita à Jerusalém em 1114 para apresentar um novo<br />

plano a Balduíno, do qual estavam convencidos que este último<br />

aceitaria. Eles lhe apresentaram que desejavam formar um pequeno<br />

contingente de cavaleiros em Jerusalém que realizariam algumas<br />

escavações exploratórias sob o pretexto de ser uma ordem tal qual a<br />

dos Hospitalários; o pretexto era de eles serem os guardiões das


estradas para os peregrinos. Eles propuseram que esta nova 'ordem'<br />

deveria estar acampada no local dos estábulos de Herodes, onde<br />

estariam escondidos das vistas públicas, e, estando eles em um nível<br />

mais baixo, poderiam ter acesso horizontal para escavar diretamente<br />

dentro das abóbadas subterrâneas onde o tesouro estaria localizado.<br />

Infelizmente, o Rei não se convenceu e simplesmente rejeitou o<br />

novo plano de uma vez. Os dois cavaleiros retornaram para casa<br />

rejeitados.<br />

Eles sentiram que Balduíno era um caso sem esperanças e deste<br />

modo voltaram sua atenção ao primo do Rei que poderia, um dia,<br />

tornar-se seu sucessor. Este rei potencial, também chamado Balduíno,<br />

havia sido prisioneiro dos muçulmanos por quatro anos e tinha<br />

algumas idéias um pouco mais radicais sobre o que precisava ser<br />

feito. Em 1118, Balduíno I morreu com a idade de sessenta anos<br />

(presumidamente de causas naturais) e seu primo rapidamente era<br />

coroado como Rei Balduíno II de Jerusalém.<br />

Dentro de algumas semanas, os noves Cavaleiros franceses<br />

estavam acampados nos estábulos de Herodes que agora fazia parte<br />

do palácio adjunto à antiga Mesquita de AI Aqsa, sob a proteção de<br />

Balduíno II. Ao mundo foi explicado que sua missão era salvaguardar<br />

os peregrinos cristos dos demoníacos bandidos muçulmanos, mas sua<br />

verdadeira missão era localizar e resgatar os manuscritos e tesouros<br />

da Igreja de Jerusalém.<br />

O trabalho deve ter sido extremamente difícil e os dias longos.<br />

Cortar um novo túnel através de rocha sólida com ferramentas de mão<br />

requeria enorme esforço e levou muitos meses para conectar-se com<br />

uma passagem original que os levava até abaixo do 'Haram', a<br />

gigantesca base sob a qual o Templo havia sido construído. Uma vez<br />

dentro do labirinto, o progresso pareceu acelerar-se.<br />

Inicialmente, eles devem ter encontrado um pequeno pote de<br />

moedas, próximo de diversos vasos de ouro e pratas, então uma caixa<br />

de madeira contendo um manuscrito e outra caixa com um outro<br />

manuscrito. Os preciosos objetos de metal foram rapidamente polidos<br />

revelando um deslumbrante esplendor, mas os manuscritos nada


significavam para um iletrado grupo que nem sequer podia reconhecer<br />

nada mais que algumas poucas palavras em francês, ainda mais estes<br />

textos em aramaico e grego.<br />

A equipe de arqueólogos primitivos começou a se sentir altamente<br />

responsável por seus achados e Geoffroy de Saint-Omer, o segundo<br />

em comando, foi enviado de volta à França para que os manuscritos<br />

fossem traduzidos. Ele os levou ao letrado Lamberto de Saint-Omer<br />

que foi capaz de entender tudo que seus descrentes olhos lhe<br />

revelaram. Ele pediu que os manuscritos fossem deixados com ele e,<br />

sem comunicar a Geoffroy, realizou uma rápida cópia de um deles,<br />

uma descrição visual da Jerusalém Celeste. Nós suspeitamos<br />

fortemente que o idoso clérigo morreu nas mãos de Geoffroy de Saint-<br />

Omer quando foi descoberto que ele havia copiado um dos<br />

manuscritos sem permissão. Entretanto, o cavaleiro não podia saber<br />

onde estava escondida a cópia do manuscrito da Jerusalém Celeste,<br />

sendo que ainda hoje ele permanece na biblioteca da Universidade de<br />

Ghent.<br />

Como resultado das primeiras descobertas, um Conde conhecido<br />

pelo nome de Foulques de Anjou foi à Jerusalém em 1121 para<br />

verificar os progressos. Somente após realizar o mesmo juramento<br />

que os demais, ele pode realizar uma vistoria nos trabalhos, tornandose<br />

um irmão entre eles. Foulques que mais tarde tornou-se Rei de<br />

Jerusalém, doou uma anuidade de trinta libras de Angevin e então<br />

retornou a Anjou.<br />

Bernardo de Fontaine (que se tornaria Abade de Clairvaux) foi<br />

ativado para construir sua reputação como um dos líderes da Igreja,<br />

de modo que ele elaborasse seus estatutos e persuadisse o Papa<br />

Calisto II de que uma ordem militar deveria ser formalmente<br />

estabelecida para apoiar o reinado de Jerusalém. O real motivo do<br />

grupo dos Rex Deus era manter suas atividades em segredo, apesar<br />

de todas as idas e vindas de importantes membros do grupo, e<br />

seria brevemente necessário um convincente pretexto para a<br />

considerável prosperidade que se tornaria evidente.


O próximo a chegar em Jerusalém foi, uma vez mais, Hugues de<br />

Champagne em 1124. Nesta viagem, ele tomou o seu juramento e<br />

tornou-se um Templário, sendo que agora havia onze membros.<br />

Como nós dissemos anteriormente, nós não podíamos compreender a<br />

quem este pequeno grupo estava jurando 'obediência', mas se era a<br />

Hugues de Payen, então este último lorde ingresso havia apenas<br />

anunciado que estava preparado a ser subserviente a seu próprio<br />

vassalo - uma ocorrência muito estranha que ou demonstra a<br />

existência de uma febre do tesouro ou que todos eles estavam jurando<br />

obedecer a um conselho de membros dos Rex Deus.<br />

Uma equipe manteve-se escavando até o Natal de 1127 quando eles<br />

acreditavam ter localizado cada resto de tesouro e cada manuscrito.<br />

Uma semana mais tarde, Payen partiu em viagem à cidade de Troyes<br />

onde ele recebeu o rascunho da Regra, escrita por Bernardo, mas<br />

apresentada a eles pelo Cardeal de Albano. Ele então partiu em uma<br />

viagem de recrutamento pela Europa, aproveitando esta viagem para<br />

manter informados os membros dos Rex Deus en route. É nesta<br />

viagem que ele dirige-se ao lar da família de sua esposa na Escócia,<br />

mais precisamente para depositar os preciosos manuscritos em um<br />

lugar seguro. Este era o ponto mais distante de Roma a qual eles<br />

tinham acesso e, sendo assim, o lugar mais seguro para estes<br />

documentos heréticos, pois nestes manuscritos eles haviam<br />

encontrado registros da vida de Jesus e de Tiago que contavam mais<br />

da história dos combatentes da liberdade judaica do que da chegada<br />

do Filho de Deus na terra.<br />

Eles haviam encontrado os registros do Novo Testamento que<br />

anunciariam a chegada da regra de Deus e estavam maravilhados<br />

pelas descrições das cerimônias de iniciação de importantes recrutas<br />

que envolviam uma 'ressurreição em vida'. A evidência sugere que o<br />

conhecimento da existência destes documentos estava restrito aos<br />

membros mais velhos da nova Ordem Templária e à família St Clair<br />

que era agora os guardiões deste antigo conhecimento.<br />

Ao término da viagem de Hugues de Payen, ele retornou à Jerusalém<br />

com trezentos cavaleiros para ser ordenado como o primeiro Grão-


Mestre dos Templários. Ele também possuía a promessa de um apoio<br />

financeiro e o presente de vários Estados que seria um pretexto<br />

perfeito para explicar sua inesperada posse de muitos e valiosos<br />

tesouros.<br />

As famílias dos Rex Deus agora tinham os seus tesouros e<br />

controlavam Jerusalém e seu Templo pela primeira vez em<br />

praticamente mil anos. Entretanto, havia um outro risco a ser vencido,<br />

a sucessão de Balduíno II que não possuía herdeiros homens. Isto foi<br />

resolvido com o casamento do viúvo Foulques de Anjou com a filha de<br />

Balduíno, Melissandra, para assegurar a sucessão do grupo.<br />

A teoria dos Rex Deus que nós apresentamos aqui tem muitos<br />

atrativos, mas nós não tínhamos nada a não ser a palavra de um<br />

homem de que a organização já existira. Então, algo pequeno, mas<br />

muito interessante ocorreu. Nós havíamos recebido uma grande<br />

quantidade de cartas dos leitores de nosso livro anterior, muitas das<br />

quais desejavam transmitir informações que eles acreditavam ser de<br />

nosso interesse e, de fato, muitas delas foram realmente úteis.<br />

Em um outro caso descoberto por acaso, nós abrimos uma carta que<br />

em qualquer outro época pareceria trivial, mas neste ponto em<br />

particular foi muito reveladora.<br />

Russell Barnes apresentou a seguinte história breve que claramente<br />

lhe fazia pouco sentido, mas que de algum modo parecia significante.<br />

Ele assim escreveu:<br />

Alguns anos atrás, eu estive em contato com o autor Sinclair Traill,<br />

pois nós compartilhávamos um interesse comum sobre jazz e músicos<br />

de jazz. Ele morreu em torno de quinze anos ou mais atrás e estava,<br />

acredito, com aproximadamente oitenta anos.<br />

Ele usava um vistoso anel de ouro - similar a um anel de sinete. Em<br />

uma face havia um motivo muito incomum que a primeira vista parecia<br />

ser uma 'coluna’. Ele disse que o anel e seu motivo estavam<br />

associados historicamente com seus antepassados, os Sinclair [St<br />

Clair], um nome preservado pelo uso como seu nome cristão.<br />

O motivo estava ligado a uma antiga construção na Escócia.


Minha lembrança desta conversa já não é tão boa, mas o desenho era<br />

similar aos Pilares reproduzidos em seu livro. Eu gostaria de poder<br />

lembrar o que ele significa com mais clareza.<br />

Nascida na cidade de Blandford, sua família possuía e residia em uma<br />

grande casa (agora demolida para um melhoramento moderno) com<br />

um grande terreno circundando-a. A aproximadamente oito<br />

quilômetros de distância desta edificação encontra-se a Capela<br />

abandonada de São Leonardo, que fora uma casa de repouso<br />

controlada por uma ordem religiosa. Esta capela erguida nos<br />

primórdios do século XIII possuía claras raízes que remontavam à<br />

Abadia de Fontevrault, França. A Abadia era protegida pelos Condes<br />

de Anjou (aparentados com os primeiros reis da Inglaterra) e é onde<br />

Ricardo I (Coração de Leão) está enterrado. Como uma casa<br />

de repouso ela pode ter tido ligações com os Cavaleiros Templários<br />

de Templecombe, Somerset - a aproximadamente trinta quilômetros<br />

dos limites do condado de Dorset. Há uns doze anos atrás - mais ou<br />

menos - eu encontrei-me casualmente com um homem (aqui em<br />

Dorset) quando notei que ele estava portando um anel idêntico<br />

ao anterior. Ele recusou-se a discutir sobre ele comigo, dizendo que<br />

eu estaria enganado e que não poderia ter visto um igual<br />

anteriormente. Logo após, ele encerrou nossa conversa de pronto.<br />

Uma óbvia questão surgiu em nossas mentes: este era um anel dos<br />

Rex Deus? Mantendo-se dentro da hipótese de nosso trabalho atual,<br />

não pareceria improvável que existissem dois ramos do grupo dos Rex<br />

Deus - aqueles com uma genealogia que se remetia à linhagem real<br />

de David e outra que se remetia até a linhagem sacerdotal. O primeiro<br />

grupo de famílias representaria o pilar Mishpat de Boaz e o segundo<br />

grupo o pilar Tsedeq de Jachin. Se este raciocínio estiver correto, de<br />

fato deveriam existir dois anéis que recordariam ao portador sua<br />

herança como uma das metades do santo portão de Yahweh.<br />

Chris telefonou ao autor da carta para verificar se alguma luz a mais<br />

poderia ser lançada sobre a situação.


Russell Barnes atendeu ao telefone e em seu suave sotaque de<br />

Dorset ele explicou que era um ex-policial e oficial de condicional que<br />

agora gastava o seu tempo em suas paixões gêmeas: o jazz e a<br />

ópera. Ele havia lido nosso livro anterior, recomendado por um amigo,<br />

e o episódio do anel de Sinclair Traill voltou a sua mente. Ele disse<br />

que ele tinha visto o segundo homem com um anel idêntico quando<br />

ele esteve um dia no tribunal; o portador, ele relembrou, era um<br />

advogado que pareceu muito alarmado com o fato de alguém ter<br />

notado o emblema que ele usava em seu dedo.<br />

Russell relembrou que ambos os desenhos eram idênticos, um<br />

quadrado na base com o que parecia, à primeira vista, com uma<br />

chaminé encimada sobre ela, mas em uma inspeção mais atenta<br />

poderia ser um pilar decorativo. Ele havia perguntado a Sinclair Traill<br />

se era um anel maçônico e ele recebeu como resposta o seguinte:<br />

'Não, ele não é de todo maçônico', demonstrando que ele estava de<br />

algum modo ligado indiretamente à Maçonaria.<br />

Isto sugere que havia duas explicações possíveis para estes anéis<br />

que não requereriam a existência de uma organização secreta como a<br />

proposta dos Rex Deus. Primeiramente, eles poderiam simplesmente<br />

serem cópias de um anel desenhado com a imagem, do assim<br />

chamado, 'Pilar do Aprendiz' de Rosslyn, ou poderia possivelmente<br />

ser um paramento usado pelos modernos Cavaleiros Templários na<br />

Escócia, que são uma ordem ao estilo da Maçonaria que declaram<br />

possuir uma ligação direta com a Ordem original da qual eles tomaram<br />

seu nome. Ambas as possibilidades poderiam ser facilmente<br />

verificadas através de um telefonema para <strong>Robert</strong> Brydon, o arquivista<br />

templário para a Escócia e um homem que provavelmente conhece<br />

mais sobre a história de Rosslyn do que qualquer pessoa viva hoje.<br />

Sua resposta foi curta e clara. Que ele conhecesse, nenhum anel<br />

semelhante já foi sequer usado pela moderna Ordem dos Cavaleiros<br />

Templários, nem produzido em ligação com a Capela Rosslyn. A<br />

história dos anéis permanece sem ser explicada.<br />

Tendo percorrido toda a hipótese dos Rex Deus por este caminho, nós<br />

acreditávamos que não é razoável negar que houve um grande


planejamento na operação e que os Templários não eram apenas<br />

caçadores de tesouros, escavando na esperança de encontrar algo de<br />

valor. Muito tempo, energia e dinheiro foi despendido por pessoas<br />

muito importantes para que tudo fosse um simples e oportunista saque<br />

de um sítio histórico. Mesmo considerando que teorias conspiratórias<br />

não são convencionalmente aceitas, não significa que a maioria das<br />

conspirações não ocorra. Quando grandes quantidades de dinheiro ou<br />

poder estão acessíveis, as pessoas fazem as coisas mais incomuns<br />

para obter o que elas acreditam estar disponível.<br />

A Ordem Templária continuou existindo, mesmo após atingir os seus<br />

propósitos originais, quase certamente como o resultado da<br />

documentação que fora descoberta sob o Templo. Em poucos anos,<br />

os rumores de estranhas cerimônias estavam circulando sobre a<br />

Ordem e fabulosas histórias eram contadas sobre as façanhas dos<br />

templários. Os manuscritos dos Nazoreanos, que haviam sido<br />

traduzidos por eles, contavam uma história completamente diversa<br />

sobre Jesus e sobre a Igreja de Jerusalém daquela a que eles foram<br />

levados a acreditar. Eles aprenderam que Jesus era um líder real e<br />

não um deus, e a "ressurreição havia sido um mal entendido por parte<br />

de Paulo. Os rituais realizados por Jesus e seus seguidores eram<br />

antigos, mesmo para eles, e consistiam de iniciações de candidatos<br />

dentro de seu grupo através da realização de uma 'ressurreição em<br />

vida', onde se submetiam a uma morte figurada e eram cobertos por<br />

um sudário branco. Eles eram então elevados de suas tumbas através<br />

de um ritual sagrado e os indivíduos 'ressuscitados' tornavam-se um<br />

irmão entre eles, do mesmo modo que os novos 'soldados do Templo',<br />

seguindo as pegadas daqueles que haviam morrido defendendo a<br />

Cidade Santa em 70 d.C.”<br />

Os Cavaleiros Templários sempre atraíram muita atenção e muitos<br />

escritores da atualidade fizeram muito da reputação da Ordem a<br />

respeito da posse de cabeças humanas e a veneração de algo<br />

conhecido por 'Baphomet'. Como Maçons, nós não ficamos de todo<br />

surpresos pelo fato dos Templários possuírem cabeças humanas, pois


crânios e ossos cruzados são ainda utilizados na cerimônia de<br />

ressurreição em vida maçônica que possui origem templária.<br />

Se algum Maçom for hoje inquirido se ele pertence a um culto que<br />

venera cabeças humanas ele pensaria que o questionador<br />

enlouquecera, mesmo que um rápido cálculo leve-nos a acreditar que<br />

a Maçonaria no mundo todo provavelmente possua um total<br />

aproximado de cinqüenta mil crânios! Os Templários realizavam o<br />

mesmo ritual como o utilizado no 3º. grau da Maçonaria, e eles devem<br />

possuir um suprimento de crânios e de longos sudários brancos nos<br />

quais eram envoltos os candidatos.<br />

A veneração de Baphomet foi explicada por Hugh Schonfield, que<br />

localizou um código judaico do primeiro século chamado Código de<br />

Atbash que era utilizado para ocultar os nomes das pessoas. Este<br />

código aparece nos Manuscritos do Mar Morto e na moderna<br />

Maçonaria, e quando aplicado à palavra templária 'Baphomet', revelase<br />

a palavra 'Sofia' - a palavra grega para sabedoria.<br />

Do mesmo modo que os Templários seguiram o seu próprio<br />

caminho após 1128, quem quer que esteja por detrás de sua formação<br />

continuava envolvido e participava com eles do grande período da<br />

arquitetura européia. Pelos próximos dezessete anos, mais de<br />

noventa monastérios foram fundados por Bernardo de Clairvaux, e os<br />

Templários continuavam envolvidos no projeto e construção de igrejas<br />

e preceptórios por toda a Europa assim como oitenta grandes<br />

catedrais, sendo a mais famosa delas a bela Catedral de Notre Dame<br />

em Chartres.<br />

O Tarô e os Templários<br />

A este ponto, nós nos encontrávamos realmente muito empolgados.<br />

Nós havíamos identificado as pessoas envolvidas na formação dos<br />

Cavaleiros Templários e descobrimos exatamente como eles sabiam o<br />

que estava oculto abaixo das ruínas do Templo de Herodes. Nós<br />

agora precisávamos estudar e desenvolver quais crenças eles<br />

adotaram à época que eventualmente levou-os a serem destruídos,


acusados de praticarem um culto herético secreto. Tal informação<br />

como a existente sobre os Templários havia sido discutida por<br />

várias pessoas ao longo dos anos e como nós estendemos a nossa<br />

teia em busca de todas as fontes possíveis de novas abordagens, nós<br />

nos encontramos com uma sugestão de que as cartas do Tarô<br />

possuem uma ligação com os Templários. Nenhum de nós tinha<br />

interesse em Tarô e nós praticamente ignorávamos o assunto, mas<br />

nós acreditávamos que devíamos investigar, pois coisas muito<br />

estranhas já tinham acontecido.<br />

Brevemente nós descobriríamos que o tempo que nós havíamos<br />

investido no estudo destas cartas usadas por adivinhos em<br />

quermesses, havia sido bem empregado.<br />

É bem conhecido que os Templários adotaram uma técnica oriental<br />

de transmissão de histórias com cartas que poderiam ter de diversas<br />

versões, de pendendo como as cartas eram embaralhadas e<br />

descritas. Algumas pessoas declaram que as cartas do Tarô<br />

originaram-se na China ou na Índia, mas estas eram completamente<br />

diferentes em formato e desenho e não eram as mesmas que eram<br />

utilizadas na Europa. Diversos estudiosos tem argumentado que os<br />

Templários criaram o Tarô e quando nós começamos a estudar o<br />

significado dado a estas cartas, nós concluímos que elas poderiam ter<br />

sido criadas por qualquer um deles.<br />

Os Templários indiscutivelmente sabiam que os sarracenos<br />

utilizavam-se de cartas desenhadas desde o século VIII, mas as<br />

cartas dos Templários foram desenhadas para possuírem dois níveis<br />

de significados, fazendo-as um método seguro para transmitir material<br />

de treinamento sem o perigo de serem descobertos por espectadores<br />

mal-intencionados. Os desenhos das cartas cuidadosamente pintados<br />

originalmente expunham a história dos Templários pronta para serem<br />

recontadas, mas eles estavam destinados a tornarem-se o meio de<br />

comércio dos adivinhos por todo o mundo.


O Tarô consiste de cinqüenta e seis cartas conhecidas como Arcanos<br />

Menores e vinte e duas cartas ilustradas conhecidas como Arcanos<br />

Maiores. Foi os Arcanos Menores que se tornaram a base das cartas<br />

de baralho moderno, consistindo de naipes de paus (trevos), copas<br />

(corações), espadas e ouros (pentágonos). Originalmente cada naipe<br />

possuía quatorze cartas: quatro cartas representando a corte - rei (K),<br />

rainha (Q), cavaleiro e valete (J) - mais dez cartas numeradas do ás<br />

ao dez. As quatro cartas que foram perdidas do atual baralho de<br />

cinqüenta e duas cartas são os cavaleiros de cada naipe. Estas cartas<br />

repentinamente desapareceram assim que os Cavaleiros Templários<br />

foram declarados hereges e a Igreja determinou que toda a lembrança<br />

da Ordem fosse esquecida.<br />

Os Arcanos Maiores consistem de vinte e duas cartas ilustradas<br />

numeradas. Todos eles, exceto uma das cartas, misteriosamente<br />

desapareceram em torno da mesma época que as cartas dos<br />

cavaleiros dos Arcanos Menores, pois a Igreja considerava-as como<br />

sendo 'degraus de uma escada que conduziam ao inferno' e o<br />

'breviário do diabo'. A partir disto, nós deduzimos que após os<br />

Templários terem sido aprisionados como hereges alguns deles<br />

confessaram o verdadeiro propósito destas cardas como símbolos<br />

codificados que comunicariam ensinamentos secretos bem embaixo<br />

do nariz da Igreja, sem levantar suspeitas. Os Arcanos Maiores<br />

também eram conhecidos por naipe de Trunfos ou dos Segredos<br />

Maiores, e somente o Tolo escapou à censura, sobrevivendo hoje em<br />

dia como o Coringa do baralho. Afirmava-se que o Coringa<br />

representava o noviço no início de sua jornada em direção ao<br />

esclarecimento.


Os clérigos cristãos procuraram remover as outras vinte e uma<br />

cartas dos 'Segredos Maiores', pois eles estavam convictos que eles<br />

ocultavam uma mensagem herética odiada pela Igreja. O nome<br />

alternativo, Trunfos, é originário do desfile realizado no mundo antigo<br />

chamado em Latim a triunfo que era centrado na história de um rei<br />

sagrado, ou outro herói apoteótico, e que tinha fortes ligações com a<br />

deusa Ishtar e seu consorte morto e ressuscitado, Tammuz. Uma vez<br />

que o naipe dos Trunfos foi removido, o povo passou a usar as


cartas designando um dos quatro naipes restantes como trunfos<br />

temporários para muitos dos jogos de carteado.<br />

A carta que era mais ofensiva à Igreja era a da Sumo Sacerdotisa que<br />

é conhecida também como a Papisa - o feminino de Papa.<br />

Isto parece estranho, mas é sabido que houve uma crença nos<br />

primórdios da Igreja Cristã que o primeiro Papa não era São Pedro,<br />

mas sim Santa Maria Madalena, que recebeu sua autoridade espiritual<br />

diretamente de Jesus. No Evangelho de Filipe, ela é descrita como<br />

aquela que Jesus amava acima de todos os seus seguidores:<br />

... A companheira do [Salvador é] Maria Madalena. [Cristo amava] a<br />

mais do que [a todos] os discípulos (e) costumava beijá-la<br />

(freqüentemente) em sua [boca].<br />

O resto dos [discípulos ficaram ofendidos com isso..]. Eles lhe diziam,<br />

'Por que vós a amais mais do que a nós’? O Salvador respondia e<br />

dizia-lhes, 'Por que eu não os amaria tanto quanto [a ela]’?<br />

O Evangelho de Maria conta-nos que ela foi favorecida com visões<br />

e aparições que eram superiores as de Pedro. Outro documento, o<br />

Diálogo do Salvador, descreve-a como o apóstolo que era superior a<br />

todos os outros... ' Uma mulher que conhecia o Todo'. Os Evangelhos<br />

que se referem à igualdade de mulheres foram rejeitados pela Igreja<br />

Romana sob a falsa acusação de serem Gnósticos, mas nestas<br />

versões fica claro que havia uma clara e forte divergência entre Pedro<br />

e Maria Madalena. Em um documento chamado 'Pistis Sophia', Pedro<br />

queixa-se de que Maria estaria dominando a conversa com Jesus e<br />

deslocando a prioridade justa de Pedro e de outros apóstolos homens.<br />

Pedro pede a Jesus para silenciá-la, mas ele rapidamente o censura.<br />

Maria Madalena mais tarde admite a Jesus que ela quase não ousa<br />

falar com Pedro, pois: 'Pedro faz-me hesitar; eu o temo, pois ele odeia<br />

o gênero feminino'. Jesus responde que quem quer que o Espírito<br />

Santo inspire está divinamente autorizado a falar, sendo este<br />

homem ou mulher.


É fácil verificar o porquê de, mil anos após o Concílio de Nicéia<br />

ter estabelecido sua crença romana, a última coisa que a Igreja<br />

desejava era informações que minassem sua afirmação da tradicional<br />

sucessão apostólica através de Pedro. A Igreja Católica Romana foi<br />

estruturada em torno da idéia da dominação das mulheres pelos<br />

homens. Mesmo agora, a crescente liberalização de outras Igrejas que<br />

estão admitindo sacerdotes mulheres parece causar um grande malestar<br />

no Vaticano.<br />

Nós sabíamos que os primeiros ensinamentos cristãos que não<br />

tinham vindo através de Roma possuíam um diferente ponto de vista<br />

sobre o papel das mulheres. A Igreja Celta, que possuía suas raízes<br />

no Cristianismo oriundo de Alexandria e estendeu-se pela Irlanda,<br />

Escócia, Gales e norte da Inglaterra, acreditava que as mulheres<br />

possuíam direitos iguais para o sacerdócio e, deste modo, manteve<br />

seu ponto de vista até esta ser absorvida pela Igreja Católica<br />

Romana em 625 d.C., no Sínodo de Whitby. Registrou-se que os<br />

primeiros padres da Igreja reconheciam a autoridade de Maria, mas<br />

mais tarde os historiadores da Igreja ressaltaram sua reputação como<br />

uma meretriz.<br />

Sabe-se que a absolvição utilizada pela Ordem dos Templários<br />

era distintamente não ortodoxa. Um preceptor templário, Radulphus<br />

de Gisisco, declarou que a absolvição era dada ocasionalmente em<br />

francês e não em latim:<br />

Eu rogo a Deus para que Ele possa perdoar os nossos pecados,<br />

assim como Ele perdoou os de Santa Maria Madalena...<br />

Parece que ainda que Maria Madalena, a meretriz que se tornou<br />

sumo sacerdotisa era o interesse central dos Templários.<br />

Neste ponto desta pesquisa nós nos encontramos com um pequeno,<br />

mas muito significativo desvio na história concernente ao papel de<br />

Maria Madalena. O jovem Bernardo de Clairvaux era totalmente<br />

fascinado pela história deste primeiro Papa e acreditava no culto da<br />

Virgem Negra que confirma que Maria Madalena era negra e que era


a Noiva de Cristo. Bernardo pessoalmente escreveu trezentos<br />

sermões devotados ao Cântico dos Cânticos, em uma pequena<br />

referencia feita por Salomão, em 1:5 onde se lê:<br />

Sou morena, porém graciosa, ó filhas de Jerusalém.<br />

Este culto estabelecido por Bernardo criou uma nova visão sobre<br />

as mulheres no século XII, quando elas tornaram-se respeitadas e as<br />

regras do amor cortês foram estabelecidas pela primeira vez.<br />

Duzentos anos após Bernardo, durante a época em que a Igreja<br />

estava removendo a carta da Papisa, começou a circular histórias de<br />

que houve uma papisa em tempos recentes conhecida como a Papisa<br />

Joana. Aparentemente, Joana nasceu de pais ingleses e apaixonou-se<br />

por um monge beneditino com o qual ela mudou-se para Atenas,<br />

disfarçada como homem. Após a morte de seu amante, ela novamente<br />

fingiu ser um homem e ingressou no sacerdócio, chegando ao status<br />

de Cardeal e então sendo eleita como o Papa João VIII. Embaraçando<br />

a todos que se encontravam junto a ela, a Papisa morreu em um parto<br />

durante uma procissão papal.<br />

Embora não haja evidências que possam provar que a história seja<br />

verdadeira, ela é completamente reconhecida pela própria Igreja e<br />

pelo público em geral. Ela ainda aparece no rol de bustos papais na<br />

Catedral de Siena designada como 'Johannes VII, femina ex Anglia'<br />

(papa João VIII, uma mulher inglesa).<br />

O Vaticano deve ter ficado perturbado com esta história, pois<br />

introduziu medidas para assegurar que tal escândalo nunca ocorresse<br />

novamente. A todos os cardeais que se tornassem candidatos a Papa,<br />

era exigido que estes se sentassem nus sob suas vestes, em um<br />

assento especialmente construído que era elevado e aberto como um<br />

assento de banheiro, onde suas genitálias pudessem ser<br />

inspecionadas por seus pares. Um veredicto formal tinha que ser<br />

declarado: Testículos habet et bene pendentes - Ele possui testículos<br />

e estão bem presos!


A carta da Papisa era muitas vezes conhecida por 'Joana', mas a<br />

existência desta carta antes que as histórias de Joana estivessem em<br />

circulação indicou-nos que os Templários poderiam ter acesso a uma<br />

documentação mais antiga que identificava Maria Madalena como o<br />

primeiro Papa verdadeiro. Em algumas versões do baralho do Tarô,<br />

ela é mostrada sentada com um manuscrito em suas mãos e com dois<br />

pilares ladeando-a; o pilar esquerdo é negro e marcado com a letra 'B'<br />

e o direito com um ‘J'. Este claramente identifica a Sumo Sacerdotisa,<br />

ou a Papisa, como estando diretamente ligada aos dois pilares - Boaz<br />

e Jachin - que ficavam localizados na entrada do Templo interior de<br />

Yahweh em Jerusalém, e que agora adornam todo Templo maçônico.<br />

O mecanismo que organiza os Arcanos Maiores é uma faixa de<br />

Möbius: uma simples estrutura que curiosamente é uma estrutura<br />

bidimensional que tem somente um lado. Uma faixa de Möbius pode<br />

ser formada tomando-se uma longa tira de papel, torcendo uma das<br />

pontas em cento e oitenta graus e então unindo esta ponta com a<br />

outra, produzindo uma superfície única. Como esta superfície não tem<br />

fim, esta figura, com uma estrutura em forma de oito, tem sido<br />

associada ao símbolo da morte e da ressurreição, e em um uso<br />

moderno, significando o infinito.<br />

A história que estas cartas contam, quando tiradas nesta forma, é<br />

profundamente oposta aos dogmas do Cristianismo ortodoxo. O Tarô<br />

ensina as crenças judaicas e templárias onde o Tolo (que representa o<br />

noviço) pode atingir a salvação através de suas próprias ações,<br />

independentemente de Cristo ou de sua Igreja, mesmo que a Igreja<br />

ensine que o povo não pode receber sozinho as graças de Deus<br />

através da fé em Jesus Cristo.<br />

O primeiro círculo é a esfera solar da luz do dia e possui cartas desde<br />

o Tolo (número O) até o Eremita (número 9) que se move em direção<br />

horário por fora do anel, significando o mundo normal percebido por<br />

todo o mundo. A décima carta, a Roda da Fortuna, cruza-se sobre o<br />

segundo círculo ou esfera lunar onde as cartas são deitadas por<br />

dentro, representando a parte mais interior dos ensinamentos ocultos,<br />

e percorrendo desde a Justiça até o Julgamento. A carta final do


Mundo (número 21) liga-se novamente ao primeiro círculo ilustrando<br />

como os ocultos ensinamentos relacionam-se com a vida normal.


Nós descobrimos que a quarta e a décima segunda cartas do baralho<br />

do Tarô são particularmente dignas de nota, onde ambas mostram<br />

homens com uma perna cruzada sobre a outra. Embora isto possa<br />

não parecer reconhecível à primeira vista, nós estávamos muito<br />

curiosos ao descobrir que a postura de uma perna cruzada sobre uma<br />

perna esticada é descrita pelos estudiosos como 'crucial' no<br />

simbolismo do Tarô. Esta forma da postura das pernas aparece<br />

na carta do Imperador e do Enforcado - uma figura suspensa pelo pé<br />

direito em uma cruz, com sua perna esquerda presa por detrás da<br />

perna direita. Esta pose era tão crucial para os Templários que todo<br />

cavaleiro era sepultado em sua tumba com suas pernas cruzadas<br />

exatamente da mesma maneira. As pernas cruzadas formam um 'x',<br />

que é a das representações do Tau, a última letra do alfabeto<br />

hebraico, que significa a morte. As lápides mais elaboradas dos<br />

principais Cavaleiros Templários eram gravadas com uma imagem<br />

mostrando essa pose, ou com uma efígie esculpida mostrando o<br />

falecido nesta posição incomum.<br />

Quando ao noviço (o Tolo) é dada instrução, é lhe contado que<br />

cada carta dentro do círculo terreno possui uma correspondência<br />

direta com a carta do círculo secreto. Estas relações são reconhecidas<br />

pelo fato de todas as cartas unidas se somam a vinte para que a carta<br />

conhecida como o Hierofante ou o Papa (número 5) seja associado ao<br />

Diabo (número 15). Mesmo que esta conexão seja praticamente não<br />

intencional ao insultar o papado, é de se imaginar que a Igreja<br />

quisesse destruir estas cartas quando ela descobriu estes tipos de<br />

relacionamentos ocultos no Tarô.<br />

Do mesmo modo que a carta da Papisa, o Papa ou o Hierofante<br />

mostra uma figura monárquica sentada entre dois pilares que nada<br />

suportam. Bárbara Walker, que é uma pesquisadora séria e<br />

conceituada de Tarô, afirma sobre a figura mostrada nesta carta:<br />

Ela certamente não se relaciona com a ortodoxia cristã. Apenas<br />

alguns estudiosos a relacionam com o Papa de Roma, mesmo assim<br />

com algumas reservas.


Outro ponto interessante é que, de acordo com Bárbara Walker, um<br />

nome alternativo para esta figura é o 'Grão-Mestre', e fortemente<br />

sugere que esta carta poderia representar o Grão-Mestre Templário.<br />

Ela de fato se parece com isso quando nos lembramos que hoje em<br />

dia o Grão-Mestre da Maçonaria ainda senta-se em uma espécie de<br />

trono ladeado por dois pilares que nada suportam. Estes pilares<br />

maçônicos representam aqueles que existiam no pórtico do santuário


interior do Templo de Jerusalém - a edificação que era o lar dos<br />

Cavaleiros Templários. Nós sabíamos através de nossas pesquisas<br />

anteriores que a Maçonaria havia herdado sua estrutura e principal<br />

ritual dos Cavaleiros Templários da Escócia, e era de se esperar que<br />

uma representação do Grão-Mestre Templário mostrasse-o sentado<br />

entre dois pilares.<br />

Ao desenvolvermos essa idéia sobre a carta do Hierofante, outra<br />

importante conexão veio à mente. Tiago, o irmão de Jesus, tornou-se<br />

o Sumo Sacerdote da Igreja de Jerusalém (o movimento Nazoreano)<br />

após a crucificação - uma posição que muitos estudiosos da Igreja têm<br />

reconhecido denominando-o o primeiro 'Mebakker' ou Bispo de<br />

Jerusalém. É sabido que Tiago usava uma mitra de Bispo que era<br />

derivada da coroa de Amon Rá, o deus criador de Tebas, a cidade que<br />

havia fornecido ao antigo Judaísmo os dogmas centrais de sua<br />

teologia. O antigo hieróglifo egípcio para a representação do deus<br />

Amon Rá mostra como o paramento dos bispos cristãos originou-se<br />

de Tebas através de Jerusalém.


O nome 'Hierofante' é definido pelo Chambers English Dictionary<br />

como significando 'aquele que revela as coisas sagradas' -<br />

exatamente o que o Mestre Templário teria feito ao iniciar novos<br />

membros.<br />

A única conclusão a que poderíamos chegar é que os Cavaleiros<br />

Templários se viam como sumo sacerdotes 'ressuscitados' e<br />

pretendiam continuar a lutar para construir um mundo ideal para o<br />

Verdadeiro e Altíssimo Deus Vivente que governaria a todos. Aqui, no<br />

lugar menos provável, estava a evidência de que eles reconstruíram o<br />

antigo culto davídico do Templo Sagrado e que eles provavelmente<br />

consideravam como muito importantes o Judaísmo Rabínico e o<br />

Cristianismo, nas formas corrompidas de veneração de Yahweh.<br />

Como os novos Sumos Sacerdotes de Yahweh, os Grão-<br />

Mestres Templários sentavam-se sobre um trono com os dois antigos<br />

pilares judaicos de Mishpat (Boaz) e Tsedeq (Jachin) representando a<br />

união do poder sacerdotal e secular na Terra sob a regra celestial de<br />

Yahweh. Sob suas cabeças, eles usavam uma coroa de Mebakker, o<br />

mesmo que Tiago utilizava há mil e cem anos antes. Os 'Reis de<br />

Deus' retomaram o papel do messias unificado que tinha inicialmente<br />

se manifestado sobre a única pessoa de Jesus. O Hierofante ou a<br />

carta do Grão-Mestre do Tarô deve ser uma precisa descrição do<br />

ofício de Grão Mestre Templário!<br />

Como os Templários haviam reconstruído sua própria e antiga<br />

religião, sua obediência ao papado era apenas aparente, rejeitando<br />

secretamente a autoridade papal e negando a divindade de seu<br />

ancestral hereditário, Jesus Cristo, mas provavelmente aceitando-o<br />

como um profeta martirizado.<br />

Ao término de tudo, os Templários foram acusados de renegarem o<br />

Cristianismo, foram destruídos como ordem em 1307 e suas cartas<br />

de ensinamento lentamente tornaram-se disponíveis ao mundo em<br />

geral. Qualquer um que olhe para a carta do Grão-Mestre veria a mitra<br />

e equivocadamente assumiria que ela devesse representar o Papa. A<br />

Igreja Católica Romana quase certamente sabia desses significados<br />

secretos que existem no Tarô e compreensivelmente ela tentou banir


todos aqueles que possuíssem alguma relação com eles.<br />

Interessantemente, eles foram proscritos apenas nove anos após a<br />

primeira exibição pública do Sudário de Turim, primeiro em Florença,<br />

depois na Alemanha, Marselha, Paris e logo em seguida por toda a<br />

Europa.<br />

Confirmando-se o que nós considerávamos como um grande<br />

passo em direção à confirmação do real propósito dos Cavaleiros<br />

Templários, nós nos voltamos para o restante do baralho do Tarô para<br />

verificar quais outras informações poderiam ser obtidas destas cartas<br />

históricas que agora haviam se tornado brinquedos. Nós descobrimos<br />

que os naipes originais - Espadas, Paus, Copas e Ouros - tinham sido<br />

associados às lendas do Graal, representando Espadas, Lanças,<br />

Taças e Travessas.<br />

Agora, ocorreu-nos que estas designações poderiam ser conectadas<br />

aos artefatos que os Templários teriam descoberto abaixo das ruínas<br />

do Templo de Herodes. Espadas e lanças teriam certamente sido<br />

levadas pelos defensores judeus quando a batalha estava sendo<br />

perdida, e nós já relatamos a descrição de Josephus de como Simão<br />

bar Giora e seus homens haviam se escondido nas passagens<br />

secretas. Nós também sabíamos que as taças e as travessas<br />

sacerdotais haviam sido escondidas abaixo do Templo, pois elas<br />

foram listadas no Manuscrito de Cobre encontrado em Qumran.<br />

Inicialmente, nós duvidávamos que haveria alguma ligação entre as<br />

lendas do Graal do Rei Arthur e os Cavaleiros Templários, mas<br />

rapidamente mudamos de idéia. Uma ligação muito interessante entre<br />

o Graal e o Tarô surgiu no que é descrito como as 'quatro cortes do<br />

Graal'. Os estudiosos arthurianos afirmam que isto demonstra uma<br />

teia de linhagem e sucessão:<br />

CORTE SETENTRIONAL: Corte do Disco e da Casa de Benwick.<br />

CORTE OCIDENTAL: Corte do Graal e da Casa de Pellinor.<br />

CORTE ORIENTAL: Corte da Espada e da Casa de Pendragon.<br />

CORTE MERIDIONAL: Corte da Lança e da Casa de Lothian e<br />

Orkney.


TARÔ BARALHO DE CARTEADO GRAAL<br />

Espadas Espadas Espadas<br />

Trevos Paus Lanças<br />

Taças Copas Graal<br />

Pentágonos Ouros Travessas<br />

Foi a Corte Meridional que imediatamente sobressaiu-se, pois a<br />

Casa de Lothian e Orkney somente poderia se referir à família St Clair<br />

(hoje Sinclair) que foram os últimos príncipes de Orkney e cujo<br />

Castelo de Roslin encontra-se em Lothian. Henri St Clair esteve<br />

envolvido na Primeira Cruzada ao lado de Hugues de Payen, e sua<br />

sobrinha, Catarina, casou-se com este último, recebendo as terras de<br />

Blancradock próximas a Edimburgo, agora conhecidas como o<br />

Templo, como dote. A família foi certamente crucial no<br />

estabelecimento dos Cavaleiros Templários e tornaram-se guardiões<br />

dos manuscritos que foram retirados do Templo de Jerusalém, que<br />

mais tarde, seriam re-enterrados sob a 'Capela' Rosslyn - a réplica das<br />

ruínas do Templo de Herodes.<br />

Conclusão<br />

A Idade das Trevas chegou com a invenção da Igreja Romana e o<br />

avanço humano andou em marcha ré. Jerusalém havia sido tomada<br />

pelos Turcos, mil anos após a destruição da cidade e seu Templo, e a<br />

Primeira Cruzada havia sido organizada para liberá-la das hostes<br />

bárbaras. A partir do estudo das circunstâncias a respeito desta<br />

cruzada e da formação dos Templários, nós identificamos um grupo<br />

de pessoas atual nos bastidores que estavam envolvidas em um<br />

plano de escavação das ruínas do Templo. Nós estávamos cientes de<br />

um grupo de famílias, conhecido coletivamente como 'Rex Deus', que<br />

afirmavam serem os descendentes dos sacerdotes sobreviventes do<br />

Templo de Jerusalém, e todos esses fatos fazem sentido com os<br />

estranhos eventos dos primórdios do século XII que nós já havíamos<br />

descoberto.


Os Templários escavaram sob o Templo por nove anos e<br />

removeram os tesouros e pelo menos vinte e quatro manuscritos.<br />

Nestes manuscritos eles descobriram os detalhes a respeito da Igreja<br />

de Jerusalém. Eles organizaram-se como um novo culto do Templo<br />

com o seu Grão-Mestre como um messias unificado de Israel,<br />

combinando os pilares de Mishpat (Boaz) e Tsedeq (Jachin), assim<br />

como seus ascendentes, Jesus e Tiago, haviam sido. Os rituais<br />

secretos da ressurreição em vida descritos nos manuscritos foram<br />

adotados como os meios de iniciação neste culto ressuscitado do<br />

'sacerdócio do Templo', seguindo os passos daqueles que serviam a<br />

Yahweh e morreram defendendo a Cidade Santa em 70 d.C.<br />

O culto dos Templários secretamente, negava a autoridade do Papa e<br />

de sua Igreja, entendendo Jesus como sendo um profeta martirizado,<br />

não um deus.<br />

O baralho do Tarô foi criado pelos Templários como os meios de<br />

instruir os noviços, sem se levantar suspeitas por parte da Igreja, e<br />

deste modo foi proscrito pela Igreja após a queda da Ordem. Nós<br />

então descobrimos que o Tarô e os Templários pareciam ter algum<br />

tipo de ligação com as histórias do Graal do Rei Arthur e que os St<br />

Clair de Roslin estavam provavelmente envolvidos.<br />

5<br />

O Santo Graal dos Templários<br />

As Origens do Rei Arthur<br />

Embora por muitas vezes, nós duvidássemos que seria possível<br />

encontrar a resposta para a terceira questão de nossa busca, nós<br />

agora sabíamos quem estava por detrás do desenvolvimento dos<br />

Cavaleiros Templários, e a informação que nós recebemos sobre as<br />

famílias dos Rex Deus encurtou o caminho de nossas pesquisas e nos<br />

forneceu uma provável resposta à quarta questão: por que os<br />

Templários decidiram escavar sob o Templo? Sua missão era a de


descobrir os tesouros e os manuscritos que eles sabiam que seus<br />

ancestrais haviam-lhes deixado.<br />

As cartas do Tarô haviam provado ser uma fonte extraordinária de<br />

informações a respeito dos Templários quando vistas no contexto de<br />

nossas outras descobertas. Embora nós consideremos as cartas de<br />

Tarô completamente sem valor como meios de vislumbrar o futuro,<br />

elas têm sido um fantástico mecanismo de auxílio quando utilizadas<br />

para iluminar o passado. As pessoas hoje freqüentemente expõem os<br />

seus pensamentos interiores sobre o mundo de diversas maneiras,<br />

utilizando-se desde de livros autobiográficos a documentários, e os<br />

estudantes da história recente podem prontamente construir uma<br />

figura compreensiva das atitudes e aspirações de qualquer grupo ou<br />

indivíduo aos quais se proponham a examinar. Qualquer estudo sobre<br />

o período medieval é muito difícil de ser realizado, pois os poucos e<br />

preciosos documentos que existem expressam sentimentos humanos<br />

relacionados às crenças e idéias não convencionais.<br />

Desde os meados do século XII ao início do século XIV, os Cavaleiros<br />

Templários eram a mais influente e próspera ordem que se reportava<br />

diretamente ao Papa, e teria sido suicídio permitir que alguém<br />

descobrisse que eles possuíam pensamentos 'alternativos'. Eles não<br />

poderiam registrar abertamente suas opiniões, mas eles podiam fazêlo<br />

secretamente; e este é o motivo do porquê do baralho do Tarô ser<br />

considerado como um valioso 'documento' histórico.<br />

O uso templário das cartas do Tarô parece estar conectado com a<br />

lenda do Santo Graal e nós agora necessitávamos investigar estas<br />

histórias para verificar que tipo de ligação existia. Talvez as histórias<br />

do Graal fossem uma cobertura melhor para os significados dos<br />

registros secretos das idéias e crenças dos Templários. Havia uma<br />

boa razão para mantermos tal esperança, pois nós tínhamos<br />

descoberto que a família St Clair estava associada às imagens como a<br />

Corte Meridional da Lança, e Pendragon, encontrada na Corte Oriental<br />

da Espada, era o nome do pai do Rei Arthur.<br />

Recentemente, muitas pessoas têm declarado ter identificado algum<br />

artefato obscuro como sendo o 'verdadeiro' Santo Graal, geralmente


associado com a taça usada por Jesus na Última Ceia. Entretanto,<br />

após considerarmos todas as evidências, pareceu-nos que não há o<br />

'verdadeiro' Santo Graal, como tem sido descrito. Esta idéia do Graal<br />

tornou-se uma metáfora para uma tarefa impossível, praticamente tão<br />

fútil quanto procurar o pote de ouro no final de um arco-íris, e tem sido<br />

identificada com muitas coisas diferentes por aqueles que têm escrito<br />

sobre ela nos últimos oitocentos anos.<br />

De acordo com a melhor tradição conhecida, o Graal era a sagrada<br />

taça usada por Jesus na Última Ceia que havia sido mantida por José<br />

de Arimatéia após este ter coletado o sangue do corpo do Cristo<br />

crucificado. Esta lenda conta-nos que ele logo em seguida trouxe o<br />

artefato sagrado para as Ilhas Britânicas, onde este foi transmitido de<br />

geração a geração por seus descendentes. Expor-se ao Graal pode<br />

fazer bem ou mal, dependendo dos méritos do observador. Aqueles<br />

que não possuíssem pecados seriam providos com comida, mas os<br />

impuros de coração seriam prontamente cegados e perderiam<br />

definitivamente o poder da fala.<br />

Esta versão da história é interessante, pois levanta a sugestão de que<br />

há uma sucessão apostólica alternativa através de José de Arimatéia<br />

e sua família. Além disso, afirma-se que esta linhagem é detentora de<br />

conhecimentos secretos, desconhecidos da Igreja estabelecida. Isto<br />

parece ser altamente imaginário, mas se encaixaria perfeitamente com<br />

a teoria dos Rex Deus, sendo que a linhagem de José de Arimatéia<br />

poderia ser facilmente um dos grupos que viria à Europa com seus<br />

conhecimentos secretos.<br />

Outras definições do Santo Graal incluem 'a pedra sobre a qual reis<br />

são feitos', e, interessantemente, um livro que contém os<br />

ensinamentos secretos de Jesus.<br />

Parece que o Santo Graal possa ser quase que qualquer coisa que<br />

você desejar que ele seja. Então, nós realmente tínhamos que<br />

descobrir as origens de cada interpretação de modo que pudéssemos<br />

estabelecer uma cronologia e obter alguma compreensão do propósito<br />

dessas histórias. As primeiras referências ao Santo Graal aparecem<br />

na lenda arthuriana que é conhecida por várias pessoas, graças a


filmes como Excalibur, Lancelot - O Primeiro Cavaleiro ou Rei Arthur<br />

e os Cavaleiros da Távola Redonda. A maioria das pessoas<br />

provavelmente acredita que estas histórias derivam-se do folclore e<br />

que se refere à época quando Inglaterra e Gales ainda consistiam de<br />

uma série de pequenos reinos, o que significariam que elas são<br />

anteriores aos Templários em muitos séculos.<br />

De acordo com a versão mais comum da lenda, Arthur era o filho<br />

ilegítimo de Igerna, esposa do Duque da Cornualha, que foi raptada<br />

por Uther Pendragon, enquanto estava sob o encantamento de um<br />

mago chamado Merlim.<br />

Quando jovem Arthur provou que era o rei por direito da Britânia<br />

retirando a espada Excalibur, imóvel para outros, da pedra onde havia<br />

sido colocada pelo rei anterior.<br />

Uma vez rei, ele casou-se com Guinevere e fundou sua Távola<br />

Redonda, um grupo de corajosos cavaleiros que ajudaram-no a fazer<br />

o reino estável e cumpridor das leis. Os relacionamentos na história<br />

são sempre complexos e os de Arthur não eram uma exceção,<br />

especialmente quando ele torna-se pai de um filho ilegítimo, Mordred,<br />

após ser magicamente enfeitiçado e seduzido por sua meio-irmã,<br />

Morgana. Quando o menino cresceu e tornou-se adulto, ele apareceu<br />

na Corte de Arthur, em Camelot, e desafiou-o por seu reino. Enquanto<br />

isso, Lancelot, um de seus cavaleiros, tinha um romance com<br />

Guinevere que se afastara de Arthur durante muitos anos. A Távola<br />

Redonda entrou em declínio e rompeu-se, quando o próprio Arthur<br />

adoeceu e o reino tornou-se uma terra devastada. Foi dito que a terra<br />

somente poderia ser salva através da descoberta do Santo Graal e<br />

deste modo, o doente Arthur enviou todos os cavaleiros<br />

remanescentes em sua busca.<br />

Sir Lancelot teve sucesso na busca do Graal e retornou até Arthur<br />

bem a tempo de curá-lo e apoiá-lo na última grande batalha contra seu<br />

filho Mordred. Tanto Arthur quanto Mordred morreram durante os<br />

combates que se seguiram. Arthur foi mortalmente ferido, embora a<br />

lenda afirme que ele não morreu, mas sim navegou em direção ao<br />

oeste para a terra de Avalon, lá sendo curado de suas feridas, pronto


para retornar para seu país em algum tempo futuro de necessidade.<br />

Sua espada, Excalibur, foi lançada em um lago onde foi<br />

apanhada pelo braço da Dama do Lago que a manteve sob seus<br />

cuidados até o dia em que ela será necessária novamente.<br />

O que era mais importante para nós era descobrir quão antiga era<br />

esta história e se esta possuía alguma ligação com os Cavaleiros<br />

Templários? A uma primeira vista, ela parecia ser bem mais antiga<br />

que os Templários, mas brevemente descobriríamos que não era<br />

verdade.<br />

Certamente, as primeiras referências conhecidas de uma<br />

personagem com as características de Arthur vêm de um monge do<br />

século V chamado Gildas que registrou uma mal-sucedida batalha<br />

contra os invasores anglo-saxões comandada por comandante militar<br />

conhecido como Aurelius Ambrosianus na Britânia Ocidental.<br />

Quatrocentos anos mais tarde, outro monge, conhecido pelo nome de<br />

Nennius de Bangor, escreveu uma história da Britânia onde ele<br />

denominou este comandante militar como 'Arthur' e declarou que o<br />

término desta batalha perdida havia sido lutado em um lugar<br />

conhecido como Mons Badonicus em 500 d.C.<br />

Entretanto, esta primeira referência a um comandante militar histórico<br />

chamado Arthur descreve uma personagem muito diferente da lenda<br />

moderna. A primeira referência ao Rei Arthur que nós descobrimos<br />

apareceu, inesperadamente, em 1136 - apenas oito anos após a<br />

formação da Ordem dos Cavaleiros Templários e no ano em que<br />

Hugues de Payen morreu!<br />

A história era intitulada como Sobre os Assuntos da Britânia e foi<br />

escrita na cidade de Oxford por um cônego secular chamado Geoffrey<br />

de Monmouth. Aqui, pela primeira vez, Arthur é descrito como uma<br />

espécie de um salvador messiânico de seu povo que se originou do<br />

encontro de Igerna com Uther Pendragon. Geoffrey identifica o reino<br />

de Arthur como estando localizado em um lugar que ele chama de<br />

Caerleon, iniciando-se no ano de 505 d.C. e terminando quando o rei<br />

foi levado em direção ao oeste para a sagrada ilha de Avalon, onde<br />

ele repousa até o tempo em que ele ressuscitará e retornará


triunfante. Sua espada mágica é aqui chamada de Caliburn, que ecoa<br />

até a espada conhecida como Caladcholg, sendo este um dos Beatos<br />

da Irlanda na lenda irlandesa.<br />

Diferentemente dos contos arthurianos posteriores, a primeira versão<br />

de Geoffrey de Monmouth não faz nenhuma referência ao Santo<br />

Graal, ao Lancelot ou à Távola Redonda. A narrativa em latim<br />

produzida por Geoffrey tornou-se extremamente popular e foi<br />

rapidamente traduzida para o gaélico por um escriba desconhecido,<br />

para o francês por Wace de Jersey e para o anglo-saxão por<br />

Layamon. A história espalhou-se por toda a Europa e por vários<br />

séculos o povo a considerou como sendo um fato histórico.<br />

Nós agora sabíamos que o momento estava identificado através de<br />

uma conexão direta com os fundadores dos Templários, mas nós<br />

imaginávamos o porquê de Geoffrey de Monmouth ter sido motivado a<br />

escrever sobre este obscuro rei guerreiro da outrora Britânia neste<br />

período particular da história. A data da elaboração da história e o fato<br />

da lenda de Arthur ter se espalhado pela Cristandade no tempo<br />

preciso que as histórias das práticas secretas dos Templários eram<br />

abundantes, podem ser inteiramente coincidentes. Havia alguma<br />

ligação entre Geoffrey e os Templários e o que poderia isto significar<br />

se esta houvesse?<br />

A História registra que Geoffrey era um gaulês, nascido em 1100<br />

em Gwent, tendo sua família vindo para a Britânia uma geração antes<br />

na época da Conquista Normanda. Ele foi um cônego secular em<br />

Oxford por muitos anos antes de tornar-se um Arcebispo de<br />

Monmouth e finalmente, Bispo de St. Asaph (em Gaulês Setentrional)<br />

em 1152.<br />

Em nenhum momento Geoffrey afirmou ter inventado a história<br />

de Arthur, preferindo construir um efeito dramático através da<br />

informação aos seus admiradores de que ele teria traduzido-a a partir<br />

de um 'antigo documento' entregue a ele por seu tio. Muitos livros<br />

sobre o tema registram que o tio de Geoffrey era Walter Map, o<br />

Arcebispo de Oxford, mas o único Walter Map que nós encontramos<br />

não havia nascido até um ano após ter Geoffrey publicado sua


primeira versão sobre o Rei Arthur, e tornou-se Arcebispo de<br />

Oxford mais de quarenta anos após a morte de Geoffrey. Talvez<br />

houvesse dois Walter Map, mas de qualquer modo, muitos estudiosos<br />

têm declinado da crença sobre a existência deste documento<br />

desconhecido. Se ele não existiu por que Geoffrey nunca o<br />

reproduziu?<br />

Esta situação parecia-nos cada vez mais curiosa.<br />

O livro de Geoffrey foi um completo sucesso, então por que ele<br />

simplesmente não levou os créditos por uma grande obra de ficção<br />

baseada em alguns mitos obscuros? Ao invés disto, ele insistia que a<br />

história era baseada em fatos que haviam sido retirados de um antigo<br />

documento não-identificado que ele não podia reproduzir, e que ele<br />

falhou em fornecer uma explicação satisfatória de como ele, um<br />

gaulês de origem bretã, vivendo em Oxford, havia obtido<br />

este documento.<br />

Nós sentíamos que algo em tudo isto estava errado e que estava<br />

intimamente ligada à história que Geoffrey havia escrito.<br />

O Significado Oculto<br />

Um trecho particularmente interessante da história de Geoffrey<br />

encontrava-se em seu fim onde Arthur era mortalmente ferido, mas ao<br />

invés de falecer, ele foi levado para a terra de Avalon, uma terra<br />

perfeita localizada além do mar a oeste. Lá ele aguardaria por um<br />

tempo no futuro quando ele surgiria novamente e tornar-se-ia o<br />

salvador de seu povo.<br />

Nós já havíamos nos deparado com uma crença em uma terra perfeita<br />

que se encontrava além do grande mar a oeste, através de dois<br />

caminhos interconectados.<br />

Josephus registra que os Essênios (e do mesmo modo, a Igreja de<br />

Jerusalém) acreditavam que as almas boas residiam além do oceano<br />

ao oeste, em uma região que não era oprimida com tempestades de<br />

chuva, neve ou de intenso calor, mas sim refrescada com mornas<br />

brisas.


Esta também é a descrição dada por um povo conhecido por<br />

Mandaenos que têm vivido no Iraque Meridional desde que deixaram<br />

Jerusalém logo após a crucificação de Jesus, de modo a escapar da<br />

perseguição empreendida por Paulo. Estes judeus deixaram<br />

Jerusalém no primeiro século da era atual e, de acordo com sua<br />

história tradicional, João, o Batista era o primeiro líder dos<br />

Nazoreanos e Jesus era o líder subseqüente que havia traído alguns<br />

segredos especiais que lhe haviam sido confiados.<br />

Os Mandaenos ainda realizam o batismo no rio, possuindo apertos<br />

de mãos especiais e praticando rituais que se remetem àqueles<br />

utilizados pela moderna Maçonaria. Para eles esta maravilhosa terra<br />

além mar era restrita aos espíritos mais puros, sendo tão perfeita que<br />

os olhos mortais não podiam vê-Ia.<br />

Este lugar maravilhoso é marcado por uma estrela chamada de Mérica<br />

que permanece no céu sobre ela.<br />

Nós acreditamos que esta estrela e a terra mística sob ela eram<br />

conhecidas pelos Cavaleiros Templários a partir dos manuscritos que<br />

eles descobriram e que eles navegaram em busca da Ia Mérica, ou<br />

como nós conhecemos atualmente, América, imediatamente após a<br />

ordem ter sido proscrita. (Nossa explicação sobre a origem do nome<br />

América foi recebida com braços abertos por uma ampla quantidade<br />

de estudiosos que não estavam satisfeitos com a explicação<br />

anteriormente errônea atribuída a Amerigo Vespucci).<br />

Interessantemente, a árvore é um importante símbolo religioso da<br />

vida divina na crença dos Mandaenos, e as almas de seu povo<br />

freqüentemente são representadas refugiando-se em vinhas ou<br />

árvores. Esta imagem da árvore da vida e dos poderes da vegetação<br />

densa é também comum às lendas celtas e às histórias de Arthur.<br />

Assim que refletimos sobre o mítico rei guerreiro que Geoffrey<br />

de Monmouth havia descrito, nós pudemos vislumbrar uma história<br />

que já havíamos ouvido antes.<br />

Retornando a sua essência, a lenda arthuriana afirma que embora ser<br />

a mãe de Arthur já casada, ela engravidou de outro homem sem,<br />

contudo, cair em desgraça, pois ela havia copulado sobre a influência


de um mago. Arthur cresceu para ser um campeão e o verdadeiro rei<br />

de seu povo. Ele então se uniu a doze cavaleiros, seus principais<br />

seguidores, e liderou seu povo em uma guerra contra os inimigos<br />

invasores, sendo eventualmente ferido de morte. Entretanto, ele não<br />

estava verdadeiramente morto, e dirigiu-se para uma terra perfeita a<br />

oeste até chegar o tempo em que retornaria para ser o salvador de<br />

seu povo. Após sua partida, a terra entrou em decadência e ruína.<br />

Esta lenda poderia ser vista como a história dos Rex Deus sobre os<br />

sacerdotes Nazoreanos, re-implantada em um contexto celta. A<br />

história da concepção de Arthur possui de fato uma forte ressonância<br />

com as versões dos Rex Deus sobre como as virgens, como Maria,<br />

tornavam-se ritualmente engravidadas pelos sumo sacerdotes antes<br />

de casar-se com outro homem. Sua ascensão ao poder com seus<br />

doze cavaleiros poderia representar as doze tribos de Israel. A terrível<br />

batalha final onde todos, incluindo Arthur, morrem é a narração da<br />

queda de Jerusalém em 70 d.C. Exatamente como o reino de Arthur, a<br />

terra de Israel foi lançada na corrupção e decadência que foi seguida<br />

à batalha mortal quando tudo estava perdido. Entretanto, no momento<br />

em que os sacerdotes Nazoreanos do Templo de Jerusalém haviam<br />

quase perecido, alguns deles escaparam e navegaram em direção ao<br />

oeste até a Grécia, onde de lá se espalharam pela Europa e<br />

esperaram pelo dia em que poderiam retornar e restaurar seu reino<br />

em sua glória anterior.<br />

Aquele momento de glória havia acabado de ocorrer com o retorno<br />

dos Cavaleiros à Jerusalém. Após mil anos, eles haviam retornado em<br />

uma grande cruzada contra Gog e Magog.<br />

Nós olhamos intimamente no que estava ocorrendo com os Cavaleiros<br />

Templários nos anos em que Geoffrey deve ter escrito seu livro em<br />

Oxford - e nós descobrimos nossa ligação!<br />

Payen de Montdidier, um dos nove Cavaleiros originais que haviam<br />

escavado sob o Templo de Jerusalém e fundador dos Cavaleiros<br />

Templários, tornou-se Grão-Mestre da Inglaterra em 1128. Ele estava<br />

encarregado de estabelecer um certo número de preceptórios, sendo<br />

que um dos mais importantes deles encontrava-se em Oxford,


construído nas terras doadas pela Princesa Matilda, a filha do Rei<br />

Henrique I e neta de Guilherme, o Conquistador.<br />

Oxford era uma pequena, mas importante cidade durante o século<br />

XII e a construção de um preceptório templário teria sido um grande<br />

evento. Sendo um cônego de alta projeção nos primórdios do século<br />

XIII, seria surpreendente se Geoffrey não se encontrasse com Payen<br />

de Montdidier em diversas ocasiões, e a mente inquisitiva e<br />

imaginativa de Geoffrey deve ter se preenchido com as histórias que<br />

este veterano Templário tinha a relatar.<br />

Payen de Montdidier provavelmente não era tão indiscreto a ponto de<br />

comentar com qualquer um fora da Ordem sobre a existência dos<br />

manuscritos e dos tesouros que ele e seus companheiros tinham<br />

descoberto, mas parece que ele satisfazia-se em discutir tudo o mais,<br />

incluindo alguns dos eventos que haviam sido aprendidos dos<br />

manuscritos. Não parece ser um exagerado e ambicioso exercício de<br />

lógica deduzir que a nova fonte de inspiração de Geoffrey não era o<br />

seu tio ainda não nascido Walter, mas os lábios de Payen de<br />

Montdidier, um dos fundadores dos Templários que faziam referências<br />

a certos 'documentos antigos'.<br />

Para melhor continuarmos com nossas investigações, nós<br />

precisávamos descobrir um pouco mais sobre o objeto visionário que<br />

repentinamente tornou-se tão popular na primeira metade do século<br />

XII.<br />

O Surgimento do Santo Graal<br />

Geoffrey de Monmouth não fez nenhuma referência em sua história ao<br />

Santo Graal, e deste modo nós estávamos muito interessados em<br />

conhecer quem o havia introduzido e porquê.<br />

Nós descobrimos que a primeira referência ao Graal foi, sem dúvida,<br />

realizada pela pena de Guilherme de Malmesbury, um monge e<br />

historiador da Abadia de Malmesbury. Ele compôs sua saga por volta<br />

do término de seus dias em torno de 1140, apenas quatro anos após<br />

Geoffrey ter publicado seu livro Sobre os Assuntos da Britânia. Foi


Guilherme quem primeiro proclamou que José de Arimatéia havia<br />

chegado a Glastonbury em 73 d.C., trazendo consigo o Santo Graal e<br />

um Espinheiro Santo que ele plantou lá.<br />

A Abadia de Malmesbury situa-se entre Oxford e Bristol e encontra-se<br />

a nada menos de quarenta quilômetros de um dos primeiros<br />

preceptórios de Payen de Montdidier conhecido como Temple Guiting,<br />

próximo de Cheltenham. Parece que Guilherme de Malmesbury foi um<br />

importante historiador em sua época e era bem conhecido por obras<br />

como Gesta Regum Anglorum, uma crônica dos reis da Inglaterra<br />

desde a invasão saxão até 1126; Historia Novella, que cobre o período<br />

dos monarcas até 1143; e Gesta Pontificum Anglorum, uma história<br />

dos bispos e dos chefes dos monastérios da Inglaterra.<br />

Nós nos surpreendemos quando descobrimos que Guilherme tinha<br />

sido um crítico notório da obra de Geoffrey e que ele não fez nenhuma<br />

referência ao Rei Arthur, ou a qualquer outra parte da lenda criada por<br />

Geoffrey de Monmouth, em sua primeira versão da história do GraaI.<br />

As duas histórias foram somente unificadas anos mais tarde.<br />

A História não registra tais detalhes, como um encontro entre<br />

Guilherme e Payen de Montdidier, mas como um bibliotecário,<br />

preceptor e cronista da Igreja de seu tempo, Guilherme teria se<br />

interessado pelo preceptório dos Templários e pelo programa de<br />

construção de igrejas. Parece muito razoável assumir que ele teria<br />

procurado Payen de Montdidier, uma vez que ele encontrava-se a<br />

apenas quarenta quilômetros de distância, e ouvido suas histórias.<br />

Não foi surpreendente descobrir que poucas pessoas interessaram-se<br />

em pesquisar a política dos homens envolvidos na criação da lenda<br />

moderna do Rei Arthur e do Santo Graal, mas quando nós olhamos<br />

mais de perto, um interessante panorama surgiu.<br />

Uma batalha verbal surgiu em torno destes novos contos românticos,<br />

com acusações e contra-acusações a respeito da validade das fontes.<br />

Aqui nós verificamos uma situação onde Geoffrey de Monmouth tinha<br />

escrito uma história inofensiva sobre um fantástico rei bretão e que no<br />

período de três anos após a publicação ele foi atacado, na maioria das<br />

vezes de forma agressiva, por três outros autores que negavam que


ele possuísse informações confiáveis. Guilherme de Malmesbury,<br />

Caradoc de Llancarfan e Henry de Huntingdon escreveram novas<br />

histórias sobre Arthur e cada uma foi acusada por Geoffrey de serem<br />

falsos trabalhos, pois ele tinha tido acesso a um 'antigo documento'<br />

que registrava a verdadeira história.<br />

Nós nos surpreendemos ao descobrir que todos os três autores desta<br />

segunda leva estavam sob proteção direta de um homem chamado<br />

<strong>Robert</strong>o de Gloucester, que veria ser o filho ilegítimo de Henrique I e<br />

meio-irmã de Matilda, que havia doado as terras para o preceptório<br />

Templário em Oxford. Poderia ser que Payen de Montdidier havia sido<br />

muito indiscreto ao fornecer a um 'estanho' os detalhes da história dos<br />

Rex Deus/Templários, e deste modo haveria um cuidadoso plano para<br />

retomar o controle destas histórias de volta ao seu círculo?<br />

Um padrão estava surgindo sobre o que deveriam ser eventos sem<br />

relação. Muitas pessoas pareciam estar envolvidas na criação das<br />

histórias do Rei Arthur e do Santo Graal, e deste modo nós<br />

resolvemos investigar a rede de influências e as bases da família.<br />

O primeiro fato que surpreendeu-nos foi como quão<br />

inacreditavelmente inexatos eram alguns dos mais populares livros<br />

que se referiam sobre este tópico, com relacionamentos<br />

completamente mal identificados. Nossa segunda surpresa foi<br />

exatamente como quão envolvidos eram os parentescos reais, e quão<br />

significante era a relação da Princesa Matilda com uma série de<br />

eventos acontecidos em Jerusalém, Alemanha, Inglaterra e Escócia.<br />

Henrique I assumiu o trono da Inglaterra em 1100, no mesmo ano<br />

em que Balduíno I tornou-se o primeiro Rei de Jerusalém. Henrique<br />

era o terceiro filho do invasor normando da Inglaterra, Guilherme, o<br />

Conquistador, e era casado com Edith, a fIlha de Malcolm III da<br />

Escócia (o homem que assassinou Macbeth em vingança pelo<br />

assassinato de seu pai, como registrado na peça de Shakespeare) e<br />

da Rainha Margarida (mais tarde Santa Margarida da Escócia). A mãe<br />

de Edith era um membro da família real anglo-saxão no exílio e seu<br />

pai era um rei escocês que fundou a dinastia de Canmore, e, deste


modo, quando ela deu à luz a sua filha Matilda, a criança era o fruto<br />

das linhagens reais anglo-normandas, anglo-saxão e escocesa.<br />

No ano no qual Hugues de Payen e seus companheiros Cavaleiros<br />

iniciaram as escavações sob o Templo de Herodes, Matilda, com<br />

dezesseis anos, casou-se com Henrique V; Rei da Alemanha e chefe<br />

do Sacro Império Romano, que possuía duas vezes a sua idade. O<br />

novo marido de Matilda tinha uma reputação de ser especialmente<br />

fraco, mas logo após seu casamento Henrique nomeou o seu próprio<br />

Papa em lugar do ofIcialmente indicado, Galasius II. Este antipapa,<br />

conhecido por Gregório III, governou por três anos até 1121.<br />

Em 1125, Henrique V da Alemanha morreu e dois anos mais tarde,<br />

Matilda resolveu retornar para o seio de sua família na Inglaterra. O<br />

ano seguinte, 1128, foi particularmente signifIcante, com a ocorrência<br />

dos seguintes eventos:<br />

1. Bernardo de Clairvaux obteve uma regra papal para os Templários,<br />

tornando-a uma Ordem santa.<br />

2. Matilda casou-se com Godofredo IV de Anjou, o neto do Rei<br />

Balduíno II de Jerusalém (o patrocinador original dos Templários), e o<br />

filho do Conde Foulques V de Anjou, o homem que havia apoiado<br />

fInanceiramente os Templários por sete anos e que foi destinado a ser<br />

o próximo Rei de Jerusalém em 1131.<br />

3. O Grão-Mestre Templário, Hugues de Payen, visitou a Inglaterra e a<br />

Escócia.<br />

4. Payen de Montdidier foi feito Grão-Mestre Templário da Inglaterra.<br />

5. Matilda doa as terras para o preceptório de Oxford a Payen de<br />

Montdidier.<br />

Tudo o que foi cuidadosamente planejado por praticamente trinta<br />

anos, foi unifIcado neste ano para o grupo, e sem dúvida a jovem<br />

Matilda, com vinte e seis anos, estava completamente envolvida neste<br />

plano.<br />

Em Dezembro de 1135, Henrique I morreu Matilda estava prestes a<br />

ser proclamada rainha da Inglaterra quando um determinado número


de influentes barões, que se opunham a ela e a seu belicoso marido,<br />

Godofredo, elegeram seu primo, Estevão de Blois como Rei, apesar<br />

do voto de lealdade à Matilda que este último anteriormente tinha<br />

realizado.<br />

Por três anos, o Rei Estevão continuou no poder através do<br />

contínuo apoio de seus barões e da construção de um forte<br />

relacionamento com a Igreja, mas em 1138, uma guerra civil irrompeu<br />

quando Matilda e seu meio-irmão, o poderoso <strong>Robert</strong>o, Conde de<br />

Gloucester, pretenderam tomar o trono. A contenda continuou e,<br />

embora Matilda nunca viesse a ser rainha, ela eventualmente viria a<br />

se tornar conhecida como a 'Dama da Inglaterra'. Foi precisamente<br />

nessa época que Guilherme de Malmesbury, Caradoc de Llancarfan e<br />

Henry de Huntingdon escreveram as suas versões da lenda arthuriana<br />

e acusaram Geoffrey de Monmouth de divulgar uma obra falsa. Sendo<br />

Matilda, seu marido Godofredo de Anjou e seu meio-irmão, <strong>Robert</strong>o de<br />

Gloucester haviam sido proscritos por Estevão, esta foi a primeira<br />

oportunidade de combater a versão não-ofIcial da história que eles<br />

desejavam combater.<br />

Se foram os Rex Deus que planejaram a captura de Jerusalém e o<br />

estabelecimento dos Cavaleiros Templários como os escavadores do<br />

tesouro do Templo, então podemos estar certos que a sua linhagem<br />

foi estendida para a Família Real inglesa na forma de Henrique lI, o<br />

primeiro rei da dinastia Plantageneta que permaneceria no poder<br />

pelos próximos trezentos anos até o reinado de Ricardo III. Henrique,<br />

o filho de Matilda e de Godofredo IV Conde de Anjou, tomou o nome<br />

'Plantageneta' do apelido de seu pai que era derivado das palavras em<br />

latim planta (ramo) e genista (giesta), em referência ao ramo que<br />

Godofredo habitualmente usava em seu chapéu.<br />

A linhagem de sua mãe deu a Henrique II uma impecável genealogia.<br />

Através de duas linhas separadas, ele era o bisneto de Guilherme, o<br />

Conquistador, e de Santa Margarida da Escócia (filha do Rei Edgar<br />

Ironside e de uma princesa anglo-saxã), bem como primo em segundo<br />

grau do Rei dominante da Escócia, Malcom IV. Era, entretanto, a<br />

linhagem de seu pai que o ligava aos novos reis de Jerusalém e os


fundadores dos Templários. Quando Henrique foi coroado Rei da<br />

Inglaterra, seu tio era Balduíno III, o rei governante de Jerusalém.<br />

Foi o filho de Henrique - Ricardo Coração de Leão - que se tornou o<br />

mais famoso cruzado entre todos quando liderou a Terceira Cruzada<br />

em resposta à conquista de Jerusalém empreendida por Saladino em<br />

1187.<br />

Agora que nós havíamos reconstruído os fatos ocorridos nos vinte e<br />

cinco anos após 1118, nós pudemos verificar que as histórias de<br />

Arthur e do Santo Graal não ocorreram aleatoriamente, mas sim, eram<br />

produtos oriundos das poderosas famílias da Europa, particularmente<br />

daquelas diretamente ligadas com os Templários e as ruínas do<br />

Templo de Herodes em Jerusalém.<br />

Estas histórias foram construídas sobre a idéia de uma antiga<br />

linhagem que ligavam Jesus com a Europa medieval. O pesquisador<br />

do Graal Graham Phillips observou:<br />

Em cada romance, o Graal, ou os Graais, é mantido pela família de<br />

Percival, os descendentes diretos de José de Arimatéia. Os autores<br />

levam um considerável tempo dentro da narrativa para explicar esta<br />

linhagem e seu significado - José é indicado como o guardião do Graal<br />

pelo próprio Jesus. Aqui reside a importância do Graal - é um símbolo<br />

visível e tangível de uma alternativa sucessão apostólica.<br />

Nós contatamos Graham Phillips e tivemos acesso em primeira<br />

mão ao seu trabalho. Ele não possuía nenhum conhecimento de um<br />

grupo como o dos Rex Deus, nem em interesse particular nos<br />

Templários, nem tão pouco nenhuma teoria pessoal quanto ao projeto,<br />

e ainda assim, ele claramente havia detectado um importante aspecto<br />

de todo impulso das lendas do GraaI. Ele continuou:<br />

Nos romances do Graal, entretanto, nós verificamos que não foi a<br />

Pedro, mas sim, a José de Arimatéia a quem é dada a taça que Cristo<br />

usou na realização da Última Ceia - a primeira missa genuína. Para as<br />

autoridades da Igreja da Idade Média, tal noção seria a mais pura das


heresias. Certamente, se a taça tivesse que ser dada a alguém, este<br />

alguém seria São Pedro, e ainda estaria nas mãos dos Papas.<br />

Nós não tínhamos mais nenhuma dúvida de que este era o tema<br />

inicial dos romances, como nas versões de Didcot e Vulgata da<br />

história onde Cristo instrui José nas 'palavras secretas de Jesus’.<br />

... O que os romances do Graal claramente implicam é que<br />

supostamente existiu uma linha apostólica de sucessão alternativa<br />

através de José de Arimatéia e de Sua família. Além disso, declara-se<br />

que esta linhagem possuía algum tipo de conhecimento secreto,<br />

desconhecido da Igreja estabelecida.<br />

Nós acreditamos que talvez, entre os seiscentos e dezenove vasos<br />

feitos de prata e de ouro que o Manuscrito de Cobre conta-nos que<br />

estavam escondidos embaixo do Templo, um tenha sido<br />

particularmente impressionante e os Templários o mantiveram por<br />

possuir um significado especial. Enquanto os demais vasos foram<br />

distribuídos para as famílias que tinham facilitado a redescoberta e<br />

alguns foram derretidos com propósito de retorno financeiro, pelo<br />

menos um foi identificado como possuindo uma importância particular.<br />

Este artefato, combinado à história dos descendentes de José de<br />

Arimatéia, criou uma noção de um Santo Graal: um único artefato que<br />

era a personificação da necessidade judaico-cristã de uma ligação<br />

com Deus.<br />

Como nós já sabíamos, o Santo Graal não pode ser associado a um<br />

único artefato e a confusão provavelmente deriva da complexidade da<br />

mensagem que era fundada desde o início. Um trabalho de origem<br />

desconhecida, chamado O Graal de Lancelot, narra uma visão do<br />

aparecimento de Cristo que diz a um eremita:<br />

Este é o livro de vossa descendência.<br />

Aqui se inicia o Livro do Santo Graal;<br />

Aqui se iniciam os terrores;<br />

Aqui se iniciam as maravilhas.


Este múltiplo papel do Graal tem sido evidente para a maioria das<br />

pessoas que tem pesquisado o tema:<br />

Embora através do século XIV, o Graal tenha se tornado meramente a<br />

taça da Última Ceia, nós podemos claramente verificar que a palavra<br />

não se aplicava exclusivamente à uma relíquia em particular quando<br />

os primeiros romances do Graal foram compostos.<br />

Talvez o mais conhecido de todos os primeiros autores do Graal seja<br />

Chrétien de Troyes, mas observadores modernos entendem que ele<br />

não possui uma figura definitiva. Uma questão que tem ocupado o<br />

entusiasmo dos estudiosos do Graal mais do que qualquer outra é<br />

justamente onde Chrétien descobriu o material original para sua<br />

inspiração, uma vez que, enquanto autores posteriores obviamente<br />

inspiraram-se no poeta francês, muitas das óbvias variações sugerem<br />

que haveria uma narrativa original comum compartilhada por todos,<br />

que por alguma razão desconhecida perdeu-se. Os autores<br />

posteriores a Chrétien freqüentemente esforçam-se para assegurar ao<br />

leitor as diversas credenciais de suas fontes, geralmente aludindo a<br />

documentos misteriosos e secretos que eram por diversas maneiras<br />

declarados como sendo diretamente transcritas do próprio Cristo.<br />

Chrétien de Troyes escreveu Perceval ou Le Conte du Graal em 1180,<br />

dedicando-o a Filipe d' AIsácia, Conde de Flandres, de quem ele dizia<br />

ter ouvido a história. Neste ponto, nós lembramos que uma das<br />

poucas coisas que é conhecida sobre Payen de Montdidier é que ele<br />

era aparentado com os Condes de Flandres. Através de uma melhor<br />

pesquisa, nós descobrimos que o pai de Filipe d'Alsácia era um primo<br />

deste fundador dos Templários que nós acreditamos ter inspirado<br />

Geoffrey de Monmouth.<br />

Se Payen de Montdidier havia contado histórias a seu primo, o<br />

Conde de Flandres, que tinha por sua vez floreado e repetido para seu<br />

filho Filipe, então Chrétien poderia muito bem estar dizendo a verdade<br />

quando afirmava que de primeiro tinha ouvido estas histórias de Filipe<br />

d'Alsácia. Chrétien tinha inicialmente se associado intimamente à


Corte de Champagne, e à Maria, a Condessa de Champagne, que<br />

tinha sido sua benfeitora, ele dedicou muito dos seus primeiros<br />

romances.<br />

O outro grande escrito de um romance do Graal foi Wolfram<br />

von Eschenbach que criou seu épico, Parzival, em torno de 1210,<br />

após ter visitado Jerusalém e se hospedado com os Templários da<br />

época. Embora a história aparente ser um desenvolvimento do<br />

trabalho de Chrétien de Troyes, muitos estudiosos argumentam que<br />

as histórias não estão ligadas. Em Parzival, Wolfram apresenta o herói<br />

dividido entre a natureza espontânea e a rigidez da fé cristã em Deus,<br />

separada e superior à natureza. Ele também descreve a natural interrelação<br />

entre o bem e o mal, o preto e o branco...<br />

O que é certo é que as histórias originais de Arthur e do Santo<br />

Graal eram completamente diferentes com os ensinamentos da Igreja<br />

e era apenas uma questão de tempo antes que o indesejado material<br />

fosse suprimido.<br />

A Igreja sempre possuía métodos eficientes de supressão de idéias<br />

indesejáveis com o poder de aprisionar a imaginação dos temas: ela<br />

ataca as idéias como sendo heréticas (nos tempos modernos, uma<br />

vez que a fogueira não é mais uma resposta adequada, esta<br />

freqüentemente é encarada como uma idéia sem fundamento), ou ela<br />

adota a idéia estrangeira, depurando-a e a integrando dentro de seus<br />

próprios ensinamentos. Um dos primeiros exemplos foi como a Igreja<br />

Católica adotou os eremitas da Igreja Celta como santos. Pessoas<br />

como os santos Colombo, Brendan, Asaph, Rhwydrws e Patrício<br />

provavelmente ficariam chocados quando eles soubessem que suas<br />

memórias foram absorvidas dentro da fé estrangeira de Roma.<br />

A solução para a Igreja foi a criação do Ciclo da Vulgata que é uma<br />

forma cristianizada da história, desenvolvida por um grupo de monges<br />

cistercianos. Eles tomaram as referências suspeitas da lenda do Graal<br />

e transformou-a em uma respeitável história cristã transformando<br />

todos os cavaleiros celtas de outrora em bons católicos romanos,<br />

apesar do fato de que se eles realmente terem existido eles teriam


sido cristãos celtas. Deste modo, a história e a linhagem da Igreja<br />

Romana absorveu uma história potencialmente perigosa.<br />

No devido tempo, este Ciclo da Vulgata foi desenvolvido por outros<br />

escritores posteriores, tais como Thomas Malory em seu romance<br />

arthuriano, Le Morte d'Arthur, escrito por volta de 1469. Por agora, o<br />

mito foi bem estabelecido e atingiu o seu presente estágio com, por<br />

exemplo, os textos de Tennyson, as pinturas dos Pré-Rafaelitas e o<br />

Movimento Arts and Crafts de William Morris durante a era vitoriana.<br />

Entretanto, o verdadeiro problema para a Igreja estava ainda por vir,<br />

pois durante os meados do século XIV quando seu poder diminuía<br />

incrivelmente, as histórias do Graal tornar-se-iam ligadas à lembrança<br />

dos Templários, que seriam conhecidos como sendo os guardiões do<br />

Santo Graal.<br />

Como nós poderíamos verificar, a Igreja estava a ponto para lutar por<br />

sua sobrevivência.<br />

Conclusão<br />

As lendas do Rei Arthur e do Santo Graal surgiram de diferentes<br />

autores que podem estar ligados aos Templários e aos reis de<br />

Jerusalém. Payen de Montdidier, um dos nove Cavaleiros que<br />

escavaram sob o Templo de Jerusalém, tornou-se Grão-Mestre da<br />

Inglaterra e forneceu a Geoffrey de Monmouth informações que ele<br />

não deveria ter divulgado. Dentro de três anos após este fato, sua<br />

história se difundiu por toda a Europa e uma amarga discussão surgiu<br />

entre Geoffrey de Monmouth e três outros autores financiados por<br />

<strong>Robert</strong>o de Gloucester, onde cada um deles afirmava ter o único<br />

acesso à genuína fonte da lenda.<br />

A história de Arthur aparenta ser uma descrição da história dos<br />

Rex Deus e o Santo Graal representa uma linha separada da<br />

sucessão apostólica surgida a partir de José de Arimatéia que possuía<br />

preferência sobre a linhagem constituída pelo Vaticano através de São<br />

Pedro.


6<br />

O Nascimento “<strong>Segundo</strong> <strong>Messias</strong>”<br />

As Últimas Cruzadas<br />

Nós havíamos descoberto que a Ordem dos Cavaleiros Templários foi<br />

fundada através dos esforços conjuntos dos membros da Rex Deus<br />

que se infiltraram em posições chaves para assegurar que seus<br />

grandes planos de redescobrir os artefatos que se encontravam<br />

embaixo das ruínas do Templo de Herodes não seriam bloqueados,<br />

Eles obtiveram sucesso no estabelecimento dos Templários e da<br />

Ordem rapidamente cresceu em fama e fortuna. À época da morte do<br />

primeiro Grão-Mestre - Hugues de Payen - os Templários já estavam<br />

construindo seus preceptórios e igrejas redondas ao longo de toda a<br />

Europa e, assim que sua reputação se espalhou, era dito que eram os<br />

guardiões do Santo Graal.<br />

Tendo descoberto os princípios de suas crenças através do Tarô, e<br />

tendo detectado fortes ligações entre elas e os autores das lendas<br />

arthurianas, nós precisávamos estudar o período de seu fim mais<br />

intimamente.<br />

A Primeira Cruzada em 1096 levou à captura da Terra Santa pelos<br />

cristãos e o estabelecimento de um reino latino de Jerusalém.<br />

Entretanto, os exércitos muçulmanos não ficaram apenas sentados e<br />

quando eles retomaram as regiões de Edessa, uma Segunda Cruzada<br />

foi lançada em 1147, sob o comando de Luís VII da França e do<br />

Imperador Conrado II. Esta iniciativa falhou em repetir as glórias da<br />

Primeira Cruzada, sendo apenas bem sucedida quando da captura de<br />

Lisboa, em Portugal, pelos Cruzados ingleses e frísios em seu<br />

caminho para a Terra Santa por mar. Uma Terceira Cruzada foi<br />

lançada pelos bem-conhecidos reis cruzados, Ricardo I (Coração de<br />

Leão) da Inglaterra, Frederico I (Barba-Roxa) da Alemanha e Filipe II<br />

(Augustus) da França - mas eles também falharam em produzir<br />

qualquer resultado significativo. Frederico afogou-se em Cilícia no


caminho para a Terra Santa e ainda distante do ponto de batalha, a<br />

missão começou a desintegrar com Ricardo e Luís tentando seguir os<br />

seus próprios caminhos ao invés de trabalharem em conjunto.<br />

Eventualmente, os portos de Acre e Jafa estavam assegurados, mas o<br />

exército cristão alcançou poucas conquistas além desses.<br />

Durante a Quarta Cruzada de 1202-4, a cidade cristã de Zara na<br />

Dalmácia foi atacada e Constantinopla foi tomada e saqueada de seus<br />

tesouros e relíquias antes de Balduíno, Conde de Flandres, ser<br />

instalado como o novo imperador latino de Constantinopla. A Quinta<br />

Cruzada viu Frederico II ser coroado Rei de Jerusalém em 1229<br />

somente para ser deposto pelos Tártaros quatorze anos mais tarde.<br />

Logo após a perda de Jerusalém para os muçulmanos em 1244,<br />

uma grande expedição para o Oriente Médio foi planejada e financiada<br />

pelo Rei Luís IX de França que levou quatro anos na preparação de<br />

um ambicioso plano. No final de Agosto de 1248, ele partiu por mar<br />

com seu exército para Chipre, onde passou o inverno realizando os<br />

arranjos finais para a conquista da Terra Santa. Seguindo a mesma<br />

estratégia da Quinta Cruzada, Luís aportou no Egito e no dia seguinte<br />

capturou Damieta sem dificuldade. Seu próximo ataque foi seguir para<br />

o Cairo, na primavera seguinte, mas este se demonstrou ser um<br />

completo desastre. As Cruzadas falharam em guarnecer os seus<br />

flancos e os egípcios abriram as comportas dos reservatórios de água<br />

ao longo do Nilo, criando enchentes que aprisionaram todo o exército<br />

cruzado e deixando Luís com nada menos do que a opção da<br />

rendição. Após o pagamento de um enorme resgate de 167.000 libras<br />

e capitulando Damieta, o Rei navegou para a Palestina onde<br />

passou quatro anos construindo fortificações antes de retornar com<br />

seu exército para França na primavera de 1254.<br />

Estevão de Otricourt, o comandante da força Templário que havia<br />

acompanhado Luís e sofrera enormes perdas na tentativa de<br />

salvamento da mal-concebida empreitada, havia sido coagido a pagar<br />

o resgate. Um sentimento estava começando a crescer entre os<br />

nobres da Europa de que as Cruzadas tinha perdido sua utilidade e o<br />

desastre de Luís confirmou isto. Sua cruzada falhou, entretanto,


deixou-lhe com mais tempo para devotar-se a organizar os problemas<br />

de seu próprio reino. Pelo menos, ele poderia cuidar do<br />

interminável problema de relacionamento entre França e os ingleses<br />

que controlava grandes extensões de terra no reino francês.<br />

Para estabelecer as boas relações com Henrique III da Inglaterra,<br />

Luís convidou-o para visitar Paris em 1254, sendo que o rei inglês e<br />

sua comitiva foram acomodados no Templo de Paris que era a única<br />

construção grande e ampla o suficiente para tal. O resultado desta<br />

festiva reunião foi a elaboração do Tratado de Paris de 1259, que<br />

restaurou o direito do rei inglês sobre a Gasconha, que se encontrava<br />

sobre o governo do rei de França.<br />

Tendo assegurado suas fronteiras, Luís anunciou sua intenção em<br />

liderar outra Cruzada, apesar da forte oposição de seus nobres.<br />

Durante este período de extraordinárias exigências militares em<br />

França, o Papa garantiu a Luís o direito de cobrar impostos sobre a<br />

Igreja francesa, uma concessão que seu neto tomaria como de direito.<br />

O embarque da nova força de batalha cristã foi atrasado, devido à<br />

doença que se abatera sobre o rei. Embora ele tivesse melhorado o<br />

suficiente para embaraçar, ele logo após sofreu uma grande recaída e<br />

viria a falecer em Tunis, antes que seu exército empreendesse<br />

qualquer ação militar satisfatória. Suas entranhas foram enterradas<br />

em Monreale e seus ossos foram levados para Saint Denis, onde<br />

foram enterrados em 1271. Lá, suas relíquias tornaram-se o foco de<br />

um culto crescente que, de modo não oficial, reconheceu o falecido<br />

Rei como 'São Luís', mesmo alguns anos antes de sua verdadeira<br />

canonização.<br />

Parece que em França naquele mesmo período, ocorreu um<br />

fenômeno comum de adoração em torno de relíquias sagradas. Em<br />

uma época que pouco se conhecia sobre a ciência, quase todo mundo<br />

era dirigido pela superstição e as partes dos corpos de pessoas<br />

famosas e as relíquias ligadas a eles, eram freqüentemente<br />

consideradas santas e acreditava-se que eram capazes de operar<br />

curas miraculosas. Os centros de devoção heterotáxicos que se<br />

espalham de tempos em tempo em torno de relíquias místicas de


pessoas uma vez poderosas freqüentemente apresentam-se como um<br />

grande problema para a Igreja, pois a população poderia<br />

repentinamente voltar a sua fé em direção dos ícones e das idéias que<br />

se encontram fora do controle da Igreja.<br />

A Igreja sempre tem respondido contra as novas crenças que se<br />

encontram em novas terras ou que se espalharam em seu próprio<br />

território, através de um processo constituído por três etapas:<br />

1. Ridicularização: Primeiro a Igreja zomba e critica as idéias<br />

indesejáveis. Se isto se mostrar sem eficiência ou simplesmente falhar<br />

por completo em obter qualquer resultado, ela dirige-se para o<br />

próximo estágio.<br />

2. Absorção: Ela simplesmente apodera-se das crenças existentes e<br />

as cristianiza. Hoje, os sacerdotes católicos romanos que não podem<br />

se casar e que atuam em regiões da África, casam-se com várias<br />

esposas, pois os velhos costumes tribais tornaram-se parte do 'novo'<br />

caminho cristão para Deus. Se este processo de absorção falhar, a<br />

Igreja dirige-se para um estágio final.<br />

3. Destruição; A Igreja torturou, mutilou e assassinou as pessoas que<br />

não se rendiam às idéias do Vaticano.<br />

Nos primórdios do século XIII, a Igreja havia mostrado como lidava<br />

com aqueles que não se rendiam aos dogmas papais durante a assim<br />

chamada Cruzada Albigense que devastou grande parte de França<br />

em um processo de limpeza teológica. Em uma primeira etapa, ela<br />

tentou re-converter os hereges albigenses através de meios pacíficos,<br />

mas quando estes falharam, o Papa Inocêncio III ordenou uma<br />

Cruzada armada que em vinte anos exterminou centenas de milhares<br />

de pessoas e que deixou apenas alguns poucos grupos de albigenses<br />

que se esconderam em áreas isoladas. Estas infortunadas<br />

pessoas ainda foram caçadas pela Inquisição até o término do século<br />

XIV: O massacre realizado por Simão de Montfort contra os habitantes<br />

de Beziers durante esta ímpia Cruzada demonstrou a crueldade que<br />

os hereges receberam da Igreja Romana como sendo algo natural. Foi<br />

durante esta ocasião, quando perguntado como diferenciar um herege


de um cristão que Montfort emitiu sua infâmia resposta: 'Mate a todos.<br />

Deus saberá quem é quem’.<br />

Esta Cruzada doméstica causou grande derramamento de sangue<br />

entre os albigenses, bem como a cristãos inocentes, mesmo que após<br />

toda esta ferocidade a Igreja tenha falhado em manter os albigenses<br />

sob o seu controle.<br />

Em tempos de grande penúria, tais como um longo período de<br />

fome ou de pragas terríveis, o povo volta-se para a Igreja em busca de<br />

auxílio e se ela, depois de um tempo, falha em fornecer este auxílio, é<br />

da natureza humana procurar por novas idéias e tentar descobrir uma<br />

solução. O filologista e observador da psicologia da religião John<br />

Allegro comenta que:<br />

A religião serve à função necessária de exorcizar os demônios da<br />

estafa acumulada, a aparente e inevitável acompanhante da vida<br />

diária.<br />

Ele também afirmava que como a desproporção das autoridades<br />

tradicionais tornara-se incrivelmente óbvia, ocorreu uma tendência<br />

natural em procurar novas fontes de poder. As relíquias capazes de<br />

realizar intervenções mágicas no comportamento de seus devotos<br />

eram justamente as novas fontes de poder. Deste modo, quando o<br />

culto das relíquias de Luís IX tornou-se tão forte, uma fonte de força<br />

para os reis de França, em uma tentativa de diluir o seu poder, o Papa<br />

Bonifácio VIII absorveu a nova ameaça através da aceitação de uma<br />

petição oriunda dos fiéis de Saint Denis e imediatamente tornou<br />

Luís IX um santo da Igreja Católica Romana.<br />

O filho de Luís, Filipe III, não parecia ter percebido que os dias<br />

efetivos das Cruzadas haviam acabado quando tomou parte em uma<br />

Cruzada aragonesa, fadada ao fracasso desde o início, que lhe custou<br />

a própria vida e a seu país a soma de 1.229.000 libras, uma<br />

verdadeira fortuna naqueles dias. A aventura sem medidas de Filipe III<br />

por fim liquidou a economia francesa além dos limites a qual ela<br />

normalmente poderia se recuperar através das fontes usuais da


arrecadação real. A arrecadação anual da coroa francesa então era de<br />

656.000 libras e as despesas normais do estado eram algo em torno<br />

de 652.000 libras. O custo da fracassada Cruzada de Filipe deixou um<br />

débito sem precedentes que produziria consideráveis repercussões<br />

tanto para o Estado quanto para a Igreja. Foi sobre a demonstração<br />

final de seu filho, Filipe, o Belo, que os dias das Cruzadas, e das<br />

ordens militares cristãs criadas para elas, chegaram ao fim.<br />

As Preocupações de Filipe IV<br />

Filipe IV, conhecido como 'o Belo', tinha apenas três anos de idade<br />

quando Luís IX morreu, deste modo embora ele nunca tenha<br />

conhecido realmente seu santificado avô, ele cresceu sob a sombra<br />

de suas pias realizações. Ele lembrava-se com amargura da relutância<br />

dos Templários em pagar o resgate de seu avô após a derrota da<br />

Cruzada, e eventualmente citaria aquele incidente durante o seu<br />

ataque à Ordem. Com a coroação do jovem Filipe impôs-se a tradição<br />

de um avô santificado para venerar e uma nação virtualmente falida<br />

para liderar. Ele tornou-se devoto ao culto de São Luís, pois, para ele,<br />

este representava a monarquia francesa no ápice de seu poder,<br />

combinando os papéis de rei e sacerdote em um só indivíduo.<br />

Filipe foi educado por Giles de Colonna, logo após este se tornar o<br />

Arcebispo de Burguês, que era uma poderosa personalidade com<br />

fortes opiniões sobre os deveres e responsabilidades da monarquia.<br />

Quando Filipe tornou-se rei aos dezessete anos, ele havia<br />

desenvolvido um poderoso senso de auto importância a partir da<br />

crença desenvolvida a partir das palavras de seu mentor que lhe dizia:<br />

Jesus Cristo não forneceu nenhum domínio temporal a sua igreja e o<br />

Rei de França possuía sua autoridade emanada do próprio Deus.<br />

Ser o neto de um santo era muito importante para Filipe e a instrução<br />

que ele recebeu de Giles de Colonna criou um monarca que não se


curvaria a nenhum homem e não seria subserviente à vontade da<br />

Igreja.<br />

Filipe IV herdou três coisas de seu pai: um reino falido<br />

economicamente, um casamento arranjado e o amor pela caça.<br />

Quando ele tornou-se Rei em 1285, o jovem Filipe, com seus<br />

dezessete anos, calculou que para pagar os débitos contraídos por<br />

seu pai, levar-se-ia trezentos anos - mesmo se ele disponibilizasse de<br />

toda a arrecadação disponível, mesmo sem o pagamento dos juros - e<br />

ele não estava disposto a aceitar viver na penúria.<br />

Aos vinte e seis anos, Filipe estava em guerra contra Eduardo I<br />

da Inglaterra, o que significava que ele possuía extraordinárias


despesas para pagar, além dos seus débitos herdados. Ele<br />

urgentemente precisava de outras fontes de arrecadação e tinha que<br />

utilizar todos os meios de geração de fundos a seu dispor. Quando<br />

estes ainda não foram suficientes, ele precisou procurar por outras<br />

fontes de liquidez para permanecer solvente. Seu pai propôs a<br />

idéia de cobrar taxas extraordinárias sobre os judeus em 1284, e Filipe<br />

continuou com esta tradição familiar em 1292 e em 1303. Então, como<br />

não houve protestos contra, ele implantou a idéia de um imposto de<br />

cem por cento sobre as possessões judaicas. Em 1306, Filipe, o Belo,<br />

ordenou o confisco de todas as propriedades judaicas e a deportação<br />

de toda a comunidade judaica. Também, seguindo o exemplo<br />

inspirado de seu pai, ele instigou a criação de uma extorsiva taxa<br />

sobre os banqueiros lombardos e florentinos (em 1295, este imposto<br />

arrecadou a quantia de 65.000 libras), mas estas medidas arbitrárias e<br />

extraordinárias ainda não proveram os fundos suficientes.<br />

As despesas diárias de Filipe corriam em torno de 4.000 libras e,<br />

deste modo, para ter os meios monetários suficientes para cobrir os<br />

seus débitos ele foi forçado a desvalorizar a moeda; seu pai e seu avô<br />

tinham se utilizado dos serviços financeiros dos Cavaleiros Templários<br />

em Paris para honrar as suas obrigações monetárias de Estado, mas<br />

Filipe decidiu afastar seu tesouro da influência moderadora de Jean de<br />

Tours, o tesoureiro templário em Paris, e instalar sua própria equipe<br />

do tesouro no Louvre.<br />

Ele recolheu toda a moeda circulante, derreteu-a e então cunhou<br />

novas moedas com o mesmo valor nominal, mas com muito menos<br />

metal precioso em sua composição. Esta ação foi uma das primeiras<br />

medidas de desvalorização monetária registradas. A inflação não era<br />

um problema comum no período medieval, mas em 1303 o poder de<br />

compra do marco francês foi reduzida praticamente à metade,<br />

comparado com os valores registrados em 1290. Através da<br />

sistemática desvalorização da moeda, a coroa elevou sua<br />

arrecadação para 1.200.000 libras entre 1298 e 1299, e 185.000 libras<br />

em 1301.


Alguns historiadores acreditam que Filipe estava obcecado com as<br />

atividades cruzadas de seu avô, Luís IX, e que o declínio das duas<br />

maiores ordens cruzadas, os Templários e os Hospitalários, forneceulhe<br />

a oportunidade para tentar combiná-las sob um novo líder, um<br />

papel ideal para ele próprio. Foi mesmo sugerido que Filipe pudesse<br />

vir renunciar ao trono de França e tornar-se um novo Rei de<br />

Jerusalém à frente de uma nova ordem combinada. Não acreditamos<br />

que isto fosse verdade, pois suas ações não demonstraram que esta<br />

idéia era muito importante para ele: em nenhum momento de seus<br />

vinte e nove anos de reinado ele tentou de fato tomar parte em uma<br />

Cruzada. Entretanto, as ações de Filipe relativas ao tesouro da Ordem<br />

Templária em Paris parecem confirmar um motivo financeiro.<br />

Para colocar as finanças francesas novamente dentro de uma firme<br />

base, ele necessitava de uma nova fonte de metais preciosos<br />

disponível para cunhagem. O tesouro dos Templários era a tal fonte.<br />

Jean de Tours era o segundo tesoureiro consecutivo com o mesmo<br />

nome no Templo de Paris. Ele foi indicado em 1302 e os fragmentos<br />

dos registros sobreviventes mostram que ele utilizava um controle de<br />

duplas entradas, muito sofisticado, aliás, para a época. Os tesoureiros<br />

templários haviam desenvolvido métodos de administração para<br />

financiar as Cruzadas. Estas técnicas envolviam o depósito seguro de<br />

testamentos e certificados de propriedades, a manutenção de valores<br />

e de contas de pagamento para o gerenciamento de propriedades.<br />

Eles providenciavam os meios para um governo maximizar as coletas<br />

de impostos. Os reis da Europa rapidamente perceberam que os<br />

Templários possuíam uma infra-estrutura financeira que lhes faltavam<br />

e os Templários, confiantes de sua independência temporal, estavam<br />

felizes em cooperar no fornecimento das primeiras facilidades<br />

bancárias do mundo.<br />

Sua rede financeira e de prosperidade provava ser uma atração fatal<br />

para Filipe, mas ele tinha um problema: os Templários não<br />

respondiam a seu poder, mas unicamente ao do Papa em pessoa.


A Batalha pelas Finanças da Igreja<br />

O Papa havia garantido ao avô de Filipe o direito de criar uma<br />

extraordinária taxação sobre a Igreja e controle da comunidade em<br />

tempos de guerra, de modo a suprir as necessidades do estado e<br />

defender o reino. Filipe re-estabeleceu a tradição e taxou a Igreja<br />

como uma outra fonte conveniente e regular de arrecadação para a<br />

redução de seus débitos. Para impedir Filipe de continuar a fazer isto<br />

para pagar as suas expedições militares, o Papa Bonifácio VIII emitiu<br />

uma bula, em 1302, proibindo o clero de fornecer qualquer subsídio<br />

financeiro aos poderes constituídos sem a prévia permissão de Roma.<br />

A rápida resposta de Filipe foi brusca e imediata. Ele emitiu uma<br />

ordem proibindo a exportação de ouro, prata e mercadorias oriundas<br />

de França, de modo a prevenir que os fundos fossem retirados de seu<br />

país e encaminhado ao Vaticano, e cortar uma grande fonte de<br />

recursos papal de um golpe só.<br />

Isto atingiu o Vaticano em cheio, mas pouco ajudou a já inflacionada<br />

economia francesa e não pode evitar a maior crise monetária que viria<br />

a ocorrer em 1303 onde houve um extenso chamado para o<br />

recolhimento monetário dos valores cunhados no dia de São Luís.<br />

Como resultado do ataque de Filipe sobre a arrecadação papal,<br />

Bonifácio emitiu um decreto declarando que todos os príncipes eram<br />

sujeitos às suas ordens, tanto em questões temporárias quanto<br />

espirituais. Filipe possuía um ponto de vista muito diferente e recusouse<br />

a ser controlado por editos seculares emitidos pelo Papa, emitindo<br />

uma resposta a Bonifácio que deixava poucas dúvidas a respeito de<br />

seus sentimentos em relação à matéria:<br />

Filipe, pela graça de Deus, Rei de França, a Bonifácio, no cargo de<br />

supremo pontífice, pouca ou nenhuma saudação. Deixai vossa<br />

extrema tolice saber que em questões temporárias, nós não nos<br />

sujeitamos a ninguém.


Para assegurar-se que sua rejeição à autoridade papal estava<br />

perfeitamente clara para todos, Filipe publicamente queimou a bula<br />

papal acompanhada por uma poderosa fanfarra de trompetes.<br />

Era politicamente impossível para Bonifácio negligenciar este<br />

grosseiro ato de rebelião contra sua autoridade e, deste modo, ele<br />

convocou todo o clero de França à Roma para discutir como ele<br />

poderia preservar as liberdades tradicionais da Igreja contra a<br />

obstinação deste grandioso jovem Rei. Filipe, por sua vez, convocou<br />

uma assembléia nacional em Paris com a presença de todo o clero e<br />

dos representantes dos terceiro estado, onde ele manipulou a<br />

assembléia para que aprovassem uma resolução de apoio a seu<br />

monarca, em defesa de seus direitos. Tal era a força da personalidade<br />

de Filipe que mesmo o clero presente negou a jurisdição temporal do<br />

pontífice. Filipe não desejava que Bonifácio, ou seus servos, não<br />

entendesse a extensão de sua determinação acerca de seus direitos<br />

temporais, assim ele ordenou o confisco e a apreensão das terras<br />

e propriedades de todos os clérigos que haviam obedecido ao edito do<br />

Papa para dirigirem-se a Roma.<br />

A audácia de Filipe feriu Bonifácio que respondeu com a publicação<br />

da bula Unam Sanctam. Esta declarava que não somente todo ser<br />

humano estava sujeito à regra papal, como também deveriam<br />

comparecer em Roma se assim fosse ordenado. A batalha de egos<br />

estava realmente atingindo altos níveis.<br />

Para auxiliar-lhe no governo de França, Filipe possuía um oficial chefe<br />

de estado, Guilherme de Norgaret, um homem que não era nada<br />

simpático com a Igreja Romana, uma vez que seus pais haviam sido<br />

queimados como hereges durante a Cruzada Albigense. Norgaret que<br />

foi o principal conselheiro de Filipe entre 1303 e 1313, descreveu o<br />

Rei como:<br />

... Cheio de graça, caridade, piedade e misericórdia, sempre atento à<br />

justiça e à verdade, nunca sendo maledicente, fervoroso na fé,<br />

religioso em sua vida, construindo basílicas e comprometendo-se com<br />

os trabalhos da Piedade.


Bonifácio VIII, ainda quando era conhecido como o Cardeal<br />

Benedito Gaetani, possuía uma curiosa história de aventuras sexuais,<br />

e Norgaret estava atento a este passado quando ele acusou-o, entre<br />

outras coisas, de possuir uma grosseira conduta sexual.<br />

O Papa era bissexual, e certamente católico em seus gostos<br />

sexuais, tendo mantido uma mulher casada e sua filha como suas<br />

companheiras de cama, do mesmo modo, tentando seduzir inúmeros<br />

belos jovens, aparentemente com grande sucesso. Ele adotava como<br />

lema que o ato sexual era 'tão pecaminoso quanto unir as mãos em<br />

oração’. Bonifácio certamente praticou adultério e sodomia, mas<br />

parece improvável que ele tenha ido tão longe quanto Norgaret<br />

sugeriu quando o chanceler reuniu-se com os Estados Gerais, ele<br />

acusou o Papa de praticar a simonia, feitiçaria e especialmente de<br />

manter um pequeno demônio domesticado em seu anel, que aparecia<br />

todas as noites e comandava depravações inenarráveis com o<br />

pontífice no leito papal.<br />

Sem recuar diante de tal ataque imaginativo, Bonifácio enviou<br />

comissários à França para exigir a obediência do clero francês<br />

conforme suas instruções, e parece que algumas vigorosas<br />

discussões ocorreram diante do Rei, sua esposa e seu filho que<br />

publicamente comprometeram-se em apoiar todos os clérigos que<br />

apoiassem a independência de França contra a usurpação papal.<br />

Neste ponto, os procedimentos tornaram-se cômicos, como quando o<br />

Rei interceptou a bula papal que deveria tê-lo excomungado, mas que<br />

acabou não se concretizando, pois sua publicação foi impedida. A esta<br />

altura das discussões, o autocontrole de Bonifácio parecia ter se<br />

rompido completamente e, contando com a Doação de Constantino,<br />

que lhe dava o poder de criar e destruir reis, ele ofereceu o trono de<br />

França a Alberto, o imperador da Áustria.<br />

Esta querela estava agora extremamente séria e nenhum dos lados<br />

pretendia recuar, entretanto Filipe utilizou-se de um golpe magistral<br />

contra o pontífice de oitenta e quatro anos. Trabalhando com a<br />

premissa de que qualquer inimigo de seu inimigo deve ser um aliado,<br />

Filipe deu asilo aos membros da família Colonna, que eram os


inimigos pessoais de Bonifácio. Norgaret partiu para a Itália com<br />

Scairra Colonna e uma força de trezentos cavaleiros e na manhã de<br />

07 de Setembro de 1303, grandes contingentes de 'franceses<br />

patriotas' estavam contratados e prontos para irromper os portes<br />

externos do palácio do Papa em Anagni.<br />

Um serviçal papal corrupto convenientemente abriu os portões e<br />

permitiu que os 'patriotas' ingressassem, onde eles apressaram-se a<br />

gritar 'Viva o Rei de França, morra Bonifácio'. Afastados desta<br />

manifestação, Colonna e suas forças italianas forçaram seu caminho<br />

até a presença de Bonifácio que, vestido com as vestes pontificais,<br />

encontrava-se de joelhos diante do altar, esperando para morrer. O<br />

temor dos italianos era muito forte para lhes permitir assassinar o<br />

Papa, mas eles mantiveram-no prisioneiro por três dias, durante os<br />

quais eles o submeteram-no a consideráveis abusos físicos. Ele<br />

finalmente foi libertado pela população de Anagni que eventualmente<br />

expulsou as forças francesas.<br />

Apesar do fato de ele não ter conseguido capturar o Papa, Filipe ainda<br />

convocou uma reunião dos Estados Gerais, em Paris, para julgar<br />

Bonifácio in absentia. As acusações incluíam heresia, a falta de fé em<br />

uma vida após a morte e o assassinato de seu predecessor, o Papa<br />

Celestino V, bem como das acusações anteriormente citadas.<br />

Infelizmente, Bonifácio morreu de um derrame provavelmente<br />

provocado pela fadiga oriunda de sua prisão, apenas algumas<br />

semanas após o seu retorno a Roma, e sendo assim as acusações<br />

nunca foram levadas de fato a um tribunal.<br />

Um Papa Francês<br />

Quando Bonifácio morreu, a Igreja encontrava-se diante de uma<br />

desordem espiritual e política de enormes proporções. A Igreja<br />

Católica Romana sempre havia considerado que ela possuía o direito<br />

de controlar os assuntos temporais do mundo, uma vez que sua<br />

hierarquia representava o reino de Cristo na terra. Ela argumentava<br />

que os bispos e os sacerdotes deveriam exercer a soberania de Cristo


nos assuntos de todas as nações e que o Papa era o supremo<br />

governante do mundo, sendo a supremacia pontifical o artigo<br />

fundamental da religião Católica Romana.<br />

O excesso do controle eclesiástico e uma crescente consciência da<br />

corrupção associada a ele iniciaram um grande questionamento do<br />

papel da Igreja, que por sua vez, estava tornando a Igreja suscetível<br />

às heresias - ou em outras palavras qualquer ponto de vista não<br />

emanado do Vaticano. Havia uma crescente dissensão doutrinal<br />

dentro da Igreja e um grande número de desastres naturais<br />

estranhamente pareciam estar atormentando o mundo, o que<br />

começava a construir uma visão entre a população em geral de que<br />

Deus não estava mais ao lado da Igreja.<br />

Em tempos como estes, cultos de relíquias e uma nostalgia dos<br />

tempos de prosperidade tornaram-se uma grande fonte de conforto<br />

para o povo comum que tinha perdido a confiança naqueles que<br />

geralmente deveriam apoiar e guiar. As Cruzadas da Igreja haviam<br />

reduzido diversos reinos à pobreza sem, contudo, resgatar a Terra<br />

Santa, e no início do século XIV, as primeiras ondas epidêmicas da<br />

Peste Negra estavam se espalhando por toda parte como se fossem<br />

oriundas do próprio Inferno. Se a responsabilidade pela má vontade<br />

divina não poderia ser associada à Igreja, então outros bodes<br />

expiatórios teriam que ser encontrados. Os judeus, como já<br />

mencionado, já tinha sido perseguidos, mas em breve outras vítimas<br />

seriam necessárias.<br />

O substituto de Bonifácio, o Papa Benedito XI, inicialmente encontrou<br />

a aprovação de Filipe quando rapidamente removeu a sentença de<br />

excomunhão que Bonifácio havia expedido contra o rei francês.<br />

Entretanto, assim que Benedito fixou-se no papado, ele viu-se<br />

obrigado a agir para restaurar a autoridade da Santa Sé, que Bonifácio<br />

havia falhado em manter. Filipe não tinha nenhuma intenção em<br />

reabrir a batalha pela supremacia temporal que acreditava que<br />

Bonifácio havia perdido e assim ele viu-se dentro de um<br />

desnecessário e indesejável debate por ter providenciado o


envenenamento de Benedito. Este deixou o papado vago, mas houve<br />

uma considerável dificuldade em selecionar um novo Papa.<br />

As sugestões dos cardeais franceses contra-balancearam àquelas<br />

emitidas pelos cardeais italianos e o impasse prosseguiu dentro do<br />

conclave durante dez meses. Para eliminar este impasse, os agentes<br />

de Filipe sugeriram que um dos lados deveria selecionar três<br />

candidatos dos quais o outro lado deveria escolher um Papa. Bertrand<br />

de Gotte, o Arcebispo de Bordeaux, um homem que possuía diversas<br />

razões para odiar Filipe e seu irmão, Carlos de Valois, foi selecionado<br />

como o candidato de consenso de ambos os lados. O Cardeal de<br />

Prato aconselhou Filipe que Bertrand possuía uma personalidade<br />

ambiciosa e maleável que poderia servir aos propósitos do rei e, se o<br />

rei viesse a falar com ele, poderia verificar onde os seus próprios<br />

interesses poderiam se encaixar.<br />

Filipe imediatamente arranjou um encontro particular com Bertrand na<br />

abadia de Saint Jean d'Angely na Gasconha, onde ele afirmou ao<br />

ambicioso prelado que estava dentro de seu poder torná-lo papa, e<br />

assim ele faria se seis pré-condições fossem acordadas. Os favores<br />

que Filipe requeria em troca do trono de Pedro eram:<br />

1. Uma perfeita reconciliação entre ele mesmo e a Igreja.<br />

2. Admissão à comunhão para ele e seus indicados.<br />

3. Os dízimos do clero de França durante cinco anos para o<br />

pagamento da guerra em Flandres.<br />

4. A perseguição e destruição da lembrança do Papa Bonifácio VIII.<br />

5. Giacomo e Pietro Colonna seriam feitos cardeais.<br />

A sexta condição que Filipe declinou de nomear, era:<br />

O sexto favor é grande e secreto e reservo-me em fazê-lo em tempo e<br />

lugar futuros.<br />

Qual teria sido este último favor 'grande e secreto' que não poderia ser<br />

nomeado por este insolente rei? Filipe não tinha mostrado ser tímido


em declarar o que ele desejava, ainda que houvesse algo em sua<br />

mente que ele não ousasse declarar até se atingir o tempo certo. Nós<br />

acreditamos que este último comprometimento que ele exigia do Papa<br />

teria sido impossível revelar, pois o segredo absoluto era a chave de<br />

seu diabólico plano que ainda levada dois anos para ser posto em<br />

prática.<br />

As últimas ações de Filipe revelam que este favor secreto pode<br />

somente ter sido de que o Papa deveria apoiar o seu direto em<br />

prender os Cavaleiros Templários devido à heresia e permitir-lhe<br />

apoderar-se dos fundos do tesouro francês. Como os Templários<br />

somente reportavam-se ao Papa, Filipe sabia que ele não poderia dar<br />

continuidade a sua pretensa pirataria se ele não estivesse agindo com<br />

a benção papal.<br />

O Rei e o Arcebispo não confiavam e gostavam um do outro, mas<br />

Bertrand era um homem ambicioso e concordou com os termos de<br />

Filipe, que incluíam a condição de que Bertrand permanecesse dentro<br />

do território de França. O trono papal tinha que ser re-alocado e<br />

Bertrand foi coroado como o Papa Clemente V em Lion em 17 de<br />

Dezembro de 1305. Ao concordar com as condições de Filipe, o novo<br />

pontífice comprometia a autoridade do papado pelos próximos<br />

cinqüenta anos, o 'Período de Avignon', e foi comparado pela Igreja<br />

Romana ao Cativeiro Babilônico dos judeus.<br />

O primeiro ato do novo Papa foi nomear doze dos seguidores de Filipe<br />

cardeais, incluindo os irmãos Colonna, e rapidamente dedicou todos<br />

os seus favores a Filipe - com exceção à destruição da lembrança do<br />

Papa Bonifácio que o Cardeal de Prato convenceu Filipe a retirar. Em<br />

contra-partida e para demonstrar seu apoio a Filipe em suas<br />

dificuldades financeiras, Clemente forneceu a aprovação papal ao Rei<br />

para banir todos os judeus de seu reino e confiscar suas propriedades<br />

para o seu tesouro falido.<br />

Há este tempo, houve uma aceitação generalizada entre a nobreza da<br />

Europa de que eles não eram mais capazes de dominar os<br />

muçulmanos do Oriente através do embate de forças de seus<br />

exércitos e, deste modo, começaram a questionar a necessidade das


ordens militares, uma vez que as mesmas não conseguiam manter a<br />

Terra Santa. De volta a 1274, em conseqüência da Sexta Cruzada, o<br />

segundo conselho de Lion discutiu a unificação dos Cavaleiros<br />

Templários e Hospitalários em uma única ordem militar. Os líderes de<br />

ambas as Ordens rejeitaram com todas as suas forças a idéia de<br />

desistir de sua prosperidade e status individuais e utilizaram sua<br />

considerável influência para assegurar que tal união não ocorresse.<br />

Entretanto, tal sugestão nunca foi deixada de lado por completo, do<br />

mesmo modo que muitas pessoas invejavam os privilégios que os<br />

Templários e os Hospitalários gozavam, incluindo suas isenções de<br />

impostos e pagamento de dízimo.<br />

Durante a primavera de 1291, o porto de Acre caiu diante dos<br />

muçulmanos e o Grão-Mestre morreu ao lado de um grande número<br />

de seus Cavaleiros. O mundo cristão havia perdido seu último baluarte<br />

na Terra Santa e, uma vez que os Templários fugiram para Chipre,<br />

eles tinham que considerar seu futuro mais cuidadosamente, pois eles<br />

sabiam que as declarações para a reorganização e reconsideração<br />

brevemente tornar-se-iam mais potentes.


A posição pública dos Templários era agora muito difícil. Por<br />

muitos anos, eles haviam vivido em abundância através do<br />

crescimento das lendas de suas habilidades quase sobrenaturais de<br />

batalha; eles haviam se deleitado com a importância refletida de suas<br />

ligações lendárias com os guardiões místicos do Graal, e estavam<br />

satisfeitos em serem vistos como os derradeiros cavaleiros da Távola<br />

Redonda. De fato, entre 1190 e 1212, eles tinham promovido uma<br />

versão da lenda do Graal, conhecida como Perlesvaus, que foi escrita<br />

por de seus próprios membros e claramente descreve os Templários<br />

como os guardiões do Graal e os sucessores de Arthur. Agora,<br />

todavia, a festa parecia ter chegado ao fim. Expulsos da Terra Santa<br />

pelos muçulmanos, eles agora estavam vivendo como convidados<br />

indesejados no reino de Henrique de Chipre, e brevemente eles teriam<br />

que fazer uma auto-avaliação completa ou encarar a<br />

possibilidade exigida pelas crescentes manifestações de união com os<br />

Hospitalários. Estes tempos difíceis exigiam um Grão-Mestre vigoroso<br />

e visionário, um valoroso sucessor para as tradições de liderança de<br />

Hugues de Payen, de modo a revitalizar e repensar a Ordem nestes<br />

tempos de necessidade. Logo após a morte do Grão Mestre,<br />

Guilherme de Beaujeu, em Acre, Teobaldo Gaudin foi eleito para<br />

tomar o seu lugar, mas ele morreu alguns meses após. Neste ponto,<br />

todos esperavam que o homem que era o segundo em comando,<br />

Hugues de Pairaud, seria eleito para liderar a Ordem, mas ao invés<br />

disso, um cavaleiro de um vilarejo próximo a Besançon no leste de<br />

França tornou-se o último Grão-Mestre dos Cavaleiros Templários -<br />

um homem que se tornaria temido pela Igreja, após sua morte, por ser<br />

encarado como o <strong>Segundo</strong> <strong>Messias</strong>.<br />

O Último Grão-Mestre dos Templários<br />

Jacques de Molay nasceu em uma família de nobres menores em<br />

1244 e foi iniciado na Ordem do Templo, aos vinte e um anos, na<br />

idade de Beaune, em Cote-d'Or. Sua cerimônia de iniciação foi<br />

conduzida por Humberto de Pairaud, o Grão-Mestre do Templo da


Inglaterra, com o auxílio de Aimery de La Roche, o Grão-Mestre do<br />

Templo em França. O jovem Templário foi servir no Oriente sob o<br />

Grão-Mestre, Guilherme de Beaujeu, e chegou precisamente no<br />

Ultramar (como as terras orientais eram chamadas) após o Conselho<br />

de Lion em 1275, quando ele contava com trinta anos de idade. Ele<br />

visitou a Inglaterra e alguns historiadores acreditam que ele tornou-se<br />

o Grão-Mestre do Templo na Inglaterra, antes de tornar-se o Grão-<br />

Mestre de toda a Ordem.<br />

O historiador, Malcolm Barbour, uma autoridade sobre os Templários,<br />

fixa as possíveis datas da eleição de Jacques de Molay para o Grão-<br />

Mestrado entre Abril de 1292 e 08 de Dezembro de 1293. Barbour<br />

comenta que Molay é conhecido por ter obtido o Grão-Mestrado<br />

através de subterfúgios, em uma competição contra Hugues de<br />

Pairaud. A única evidência de um relacionamento duvidoso foi dada<br />

em testemunho pelo Templário Hugues Le Fleur, durante o<br />

julgamento, quando a história poderia ter sido parte de uma<br />

propaganda anti-Templária, com os propósitos de desacreditar o<br />

Grão-Mestrado de Molay. Entretanto, esta história de subterfúgio é<br />

também relatada com um pouco mais de profundidade em um livro<br />

publicado anonimamente na Inglaterra no século XVIII, intitulado As<br />

Sociedades Secretas da Idade Média:<br />

Quando a Ordem estabeleceu seu quartel-general na ilha de Chipre,<br />

Jacques de Molay, um nativo de Besançon, em Franc-Comté, foi eleito<br />

Grão-Mestre. A personalidade de Molay parece ter sido muitas vezes<br />

nobre e estimável, mas se nós dermos crédito à declaração de um<br />

cavaleiro de nome Hugues de Travaux, ele atingiu sua dignidade<br />

através de artifício não muito distinto daquele empregado por Sisto I<br />

para obter o papado. O Capítulo não chegava a um acordo, sendo<br />

uma parte favorável a Molay e a outra, maior e mais forte, a Hugues<br />

de Peyraud. Molay, vendo que tinha poucas chances de sucesso,<br />

afirmou que ele não desejava o ofício, e até mesmo votaria em seu<br />

competidor. Crentes desta afirmação, eles de bom grado fizeram-no<br />

seu grão-prior. Seu tom agora se alterou. Já que agora o manto está


terminado, mantenham-no coberto. Vós me fizestes grão-prior e,<br />

desejando-vos ou não eu serei o Grão-Mestre também. Os atordoados<br />

Cavaleiros instantaneamente o escolheram.<br />

É difícil avaliar a verdade sobre esta história, mas Molay provou não<br />

ser um brilhante estrategista militar nem um particular e astuto político,<br />

assim a história pode ser encarada como um caso de sentimentos<br />

feridos e o privilégio de podermos em retrospecto analisar sua queda<br />

a associação com os problemas dos Templários nos primórdios do<br />

século XIV.<br />

Logo após sua eleição, Molay visitou o recém instalado Papa<br />

Bonifácio VIII em Roma. Os Templários haviam arcado com<br />

tremendas perdas com a queda de Acre e o Grão-Mestre estava<br />

obviamente interessado em obter o apoio do Papa no fortalecimento<br />

da enfraquecida posição da Ordem. O futuro da Ordem foi discutido e<br />

o Papa apresentou a questão da possibilidade da unificação dos<br />

Templários com os Hospitalários. Quando Filipe, o Belo, mais tarde,<br />

levantou a mesma questão, Molay assegurou que Bonifácio havia<br />

rejeitado totalmente a idéia. Após esta visita, Bonifácio emitiu uma<br />

bula papal garantindo aos Templários os mesmos direitos em Chipre<br />

que eles possuíam na Terra Santa, o que parece confirmar a<br />

declaração de Molay. Após sua visita ao Papa, Molay viajou para a<br />

Inglaterra e França, desesperadamente buscando apoio para uma<br />

Cruzada para a retomada da Terra Santa o que restabeleceria a<br />

legitimidade de sua Ordem.<br />

Em seu caminho para Londres onde se reuniria com Eduardo I da<br />

Inglaterra, Molay hospedou-se no Templo de Paris, onde ele<br />

encontrava-se obviamente com um bom relacionamento com o rei<br />

francês, uma vez que ele foi o padrinho de batismo de <strong>Robert</strong>o, o filho<br />

de Filipe. Molay manteve-se em contato com os monarcas europeus<br />

com quem se reuniu nesta viagem, pois é sabido que ele recebeu uma<br />

correspondência escrita por Eduardo I em Stirling, datada de 13 de<br />

Maio de 1304, recomendando o Grão-Mestre do Templo na Inglaterra<br />

aos favores de Molay e indicando que em alguma data futura não


especificada, Eduardo possivelmente empreenderia uma Cruzada<br />

para libertar a Terra Santa. Infelizmente, Eduardo nunca foi capaz de<br />

livrar-se tempo suficiente dos ataques de Gales e da Escócia para<br />

empreender tão pio desejo.<br />

Molay permaneceu em Chipre até 1306, mas mesmo esta ilha era<br />

incrivelmente difícil de proteger; com os piratas sarracenos atacando<br />

Limassol praticamente à vontade, a única resposta do Grão-Mestre<br />

era resgatar os cativos que eles aprisionavam. Molay tornou-se muito<br />

impopular, e à Ordem também, quando ele apoiou um golpe mal<br />

sucedido contra Henrique, Rei de Chipre, empreendido por um irmão<br />

mais jovem, Amauri.<br />

Molay tinha que acreditar na reconquista da Terra Santa, pois esta era<br />

a única maneira que ele via de assegurar qualquer futuro para os<br />

Templários, mas os políticos de França estavam movimentando-se


sem piedade contra ele que se apresentava como um grande<br />

adversário contra a monarquia dos Capetos.<br />

Em 1306, os Hospitalários retomando os seus ataques na ilha de<br />

Rodes que finalmente resultaram na expulsão dos Turcos, e quando<br />

os Cavaleiros Teutônicos transferiram seu foco principal de atenção<br />

para a Rússia, os Cavaleiros Templários tornaram-se a única Ordem<br />

inativa. Molay e seus homens ainda estavam sofrendo ataques em<br />

sua base em Chipre e o Grão-Mestre chegou a considerar uma<br />

completa retirada para França. Entretanto, uma vez que o Rei de<br />

França estava em conflito com o papado, tal ação poderia ter sido<br />

considerada como uma forma de intimidação a Filipe, uma vez que os<br />

Templários ainda representavam uma séria força militar aliada do<br />

Papa.<br />

Nós acreditamos que Filipe informou ao seu Papa manipulável de sua<br />

exigência secreta apenas seis meses após a coroação de Clemente,<br />

pois, em 06 de Junho de 1306, o Papa escreveu a Guilherme de<br />

Villaret, o Grão-Mestre do Hospital, e a Jacques de Molay, exigindo<br />

que ambos se encontrassem com ele em França para se discutir a<br />

unificação das duas ordens. Ele determinou que eles 'viajassem o<br />

mais secretamente possível e com uma pequena comitiva uma vez<br />

que vós encontrareis diversos de vossos cavaleiros deste lado do<br />

mar’.<br />

Villaret respondeu que ele não poderia comparecer, informando que<br />

ele estava no meio de um grande ataque na ilha de Rodes, e embora<br />

nós não possamos afirmar, concluímos que o Papa Clemente e o Rei<br />

Filipe sabiam perfeitamente bem que os Hospitalários não seriam<br />

capazes de interromper sua campanha ofensiva. Molay, por sua vez,<br />

estava fazendo um pouco mais do que repelir os rotineiros ataques<br />

muçulmanos em Limassol e, deste modo, ele não possuía uma<br />

desculpa convincente para não comparecer. O Grão-Mestre Templário<br />

provavelmente ficou feliz de se afastar do contínuo combate e assim,<br />

partiu para o porto francês de La Rochelle com uma frota de dezoito<br />

navios.


Um único navio teria sido mais do que suficiente e deve ter havido<br />

algum propósito oculto por detrás de tal êxodo. A idéia de Molay de<br />

'uma pequena comitiva' parece de fato muito curiosa, consistindo de<br />

sessenta dos mais distintos cavaleiros, 150.000 florins de ouro e doze<br />

animais de carga, repletos com prata ainda não cunhada. A conclusão<br />

inevitável é a de que Molay sabia que o Papa Clemente dançava<br />

conforme a música tocada por Filipe e que se as discussões<br />

caminhassem mal, ele esperava comprar os favores do Rei e ainda<br />

evitar a indesejável unificação de sua ordem.<br />

A frota ancorou em La Rochelle e Molay e seu séqüito seguiram para<br />

o Templo de Paris. Quando a comitiva chegou em Paris, o Rei saudou<br />

o Grão-Mestre recebendo-o e a seu tesouro com um grande<br />

espetáculo de pompa e cerimônia. Molay depositou os cofres portáteis<br />

do tesouro dentro dos recintos do Templo, observado pelo falido e<br />

mal-intencionado Rei.<br />

Nós havíamos descoberto que Filipe já se encontrava profundamente<br />

em débito com os Templários, como esta passagem da obra de<br />

Curzon La Maison du Temple de Paris demonstra:<br />

Filipe, o Belo, mais do que qualquer outro homem era muito eficaz em<br />

obter grandes quantidades de dinheiro através de vários meios<br />

[emprestando-as do Tesouro dos Templários de Paris] para ele<br />

mesmo, mas mostrava-se menos escrupuloso quando deveria pagálas.<br />

A 29 de Maio de 1297 ele tomou emprestado 2.500 libras dos<br />

quais ele concordou em ser cobrado pelos Templários. Mais tarde ele<br />

obteve do tesouro do Templo a soma de duzentos mil florins, sendo<br />

que este empréstimo adicional tinha sido realizado sem o<br />

conhecimento do Grão-Mestre Jacques de Molay, sendo que<br />

o tesoureiro foi dispensado da Ordem, mesmo com a insistência do<br />

Rei em obter-lhe o perdão novamente.<br />

Molay provavelmente sentia que tinha Filipe, o Belo, onde ele<br />

desejava, capturado por seus débitos, e se a cobrança dos débitos<br />

falhassem, ele poderia obter a cooperação do Rei com uma generosa


aplicação de mais dinheiro na forma de um novo empréstimo. Com um<br />

lance aberto em sua última grande batalha, Molay produziu um<br />

Memorando, endereçado ao Papa Clemente, que listava as razões do<br />

porquê os Templários serem contra a unificação com a Ordem do<br />

Hospital. As seis razões que ele citou eram:<br />

1. O que é novo não necessariamente é melhor; que as Ordens,<br />

como se encontravam, haviam realizado bons serviços na Palestina e,<br />

resumindo, ele utilizou o velho argumento dos anti-reformistas:<br />

Funcionando-se bem...<br />

2. As Ordens eram ao mesmo tempo espirituais e temporais e como<br />

muitos deles haviam ingressado visando à redenção de suas<br />

almas, poderia ser um problema de indiferença permitir que se<br />

deixasse uma das Ordens e ingressar em outra.<br />

3. Poderia haver uma certa discórdia, pois cada Ordem desejaria<br />

manter sua própria influência e riqueza, e procuraria obter o grãomestrado<br />

através de suas próprias regras e disciplina.<br />

4. Os Templários eram generosos com seus bens, enquanto que<br />

os Hospitalários eram ansiosos quanto à acumulação de bens -<br />

uma diferença que poderia produzir divergências.<br />

5. Como os Templários recebiam mais doações e apoio da<br />

laicidade que os Hospitalários, eles sairiam perdendo ou pelo menos<br />

seriam invejados por seus associados.<br />

6. Provavelmente, haveria uma disputa entre os superiores sobre<br />

a indicação das dignidades da nova ordem.<br />

Molay não podia dar a verdadeira razão do porquê dos Templários<br />

não se unirem aos Hospitalários - que eles eram os sacerdotes<br />

secretamente restaurados do Templo de Jerusalém. Após algumas<br />

outras discussões, sobre uma possível Cruzada no Oriente, que ele<br />

acreditava que seria sem propósito, sem um esforço simultâneo de<br />

todas as forças cristãs, Molay pediu autorização ao Papa para se<br />

retirar e retornar à Paris.


Na primavera do ano seguinte, Molay começou a se preocupar sobre<br />

vagos rumores de sérias conseqüências, a respeito dos Templários,<br />

que estavam circulando pela França, e assim decidiu fazer uma visita<br />

ao Papa Clemente. Na companhia dos Preceptores da Aquitânia,<br />

França e Ultramar, o Grão-Mestre dirigiu-se à Poitiers para se<br />

encontrar com o Papa. Clemente informou aos Templários que sérias<br />

acusações de vários crimes haviam sido feitas contra a Ordem, o que<br />

havia sido relatado por ele por seu chefe de gabinete, o Cardeal<br />

Cantilupo. O Papa parecia estar satisfeito com as negações destes<br />

Templários veteranos; o Grão-Mestre, em companhia de seus oficiais,<br />

retornou à Paris, acreditando que eles tinham afastado as suspeitas<br />

sobre sua lealdade e boas intenções.<br />

O povo de França estava sofrendo com o aumento de impostos e<br />

desvalorização das moedas realizadas por Filipe, e por diversas vezes<br />

o país esteve à beira da rebelião. Em uma ocasião, dois homens<br />

incitaram uma enorme multidão a se rebelar em Paris a ponto de que<br />

a vida do Rei Filipe esteve sob ameaça. Ele foi somente salvo da<br />

multidão quando os Templários lhe forneceram refúgio dentro da<br />

fortificação do Templo de Paris onde ele permaneceu por três dias até<br />

que a revolta fosse completamente debelada.<br />

Os dois líderes, Squin Flexian e seu cúmplice Noffo Dei, foram<br />

capturados e confessaram, quando foram levados para a prisão, que<br />

eles eram antigos Templários. Quando o Rei ouviu que estes<br />

criminosos uma vez haviam sido membros dos Cavaleiros Templários,<br />

instruiu seu chanceler a descobrir mais sobre os seus passados. O<br />

Chanceler Norgaret relatou que Squin Flexian era natural de Beziers e<br />

que havia sido um Templário e Prior de Mantfauçon, antes de ser<br />

expulso da Ordem. Noffo Dei, um florentino, era um companheiro<br />

desagradável descrito por um escritor contemporâneo a ele como 'um<br />

homem repleto de iniqüidade'.<br />

Se o Rei sugeriu um acordo, ou se os dois prisioneiros sugeriram isto,<br />

nós nunca saberemos, mas repentinamente Filipe tinha dois ex-<br />

Templários que estavam desejosos em acusar a Ordem de heresia e<br />

indulgência em troca de suas liberdades. A dupla foi imediatamente


emovida de Paris e trazida diante do Rei, a quem eles relataram uma<br />

série de crimes perpetrados pela Ordem dos Cavaleiros Templários:<br />

1. Cada Templário, quando de sua admissão, jurava nunca abandonar<br />

a Ordem; e promover os seus interesses, estando estes certos ou<br />

errados.<br />

2. Os líderes da Ordem eram aliados dos Sarracenos: e tinham<br />

mais da infidelidade muçulmana do que da fé cristã; como prova disto,<br />

eles faziam com que cada noviço cuspisse e pisassem na cruz de<br />

Cristo, e blasfemasse sua fé de diversas maneiras.<br />

3. Os líderes da Ordem eram homens hereges, cruéis e sacrílegos.<br />

Se algum noviço, ao descobrir a iniqüidade da Ordem, tentasse<br />

desistir dela, eles o levariam à morte e o enterrariam durante a noite<br />

secretamente. Eles ensinavam aos líderes que às mulheres que<br />

estavam grávidas deles como atingir o aborto e secretamente<br />

assassinavam os bebês recém nascidos.<br />

4. Os Templários estavam infectados com todos os erros dos Fraticelli;<br />

eles desprezavam o Papa e a autoridade da Igreja; eles atentaram<br />

contra os sacramentos, especialmente aos da penitência e confissão.<br />

Eles fingiam obedecer aos ritos da Igreja apenas para escapar da<br />

prisão.<br />

5. Seus superiores eram dedicados aos mais infames excessos de<br />

indulgência; a estes, se alguém expressasse repugnância, era punido<br />

com a prisão perpétua.<br />

6. As sedes dos templos eram os receptáculos de toda sorte de<br />

crimes e abominações que poderiam ser cometidos.<br />

7. A Ordem trabalhou para por a Terra Santa nas mãos dos<br />

Sarracenos e os favoreciam mais do que aos cristãos.<br />

8. A instalação do Grão-Mestre era realizada secretamente e poucos<br />

dos irmãos mais jovens estavam presentes. Lá, havia uma forte<br />

suspeita de que ele negava a fé cristã ou prometia tal, ou ainda<br />

fazia algo contrário à justiça.


9. Muitas estátuas da Ordem são ilegais, profanas e contrárias à<br />

religião cristã; os membros, entretanto, eram proibidos, sob pena<br />

de confinamento perpétuo, revelá-los a alguém.<br />

10. Nenhum vício ou crime cometido por honra ou em benefício<br />

da Ordem pode ser encarado como sendo um pecado.<br />

O circo estava armado. Filipe, o Belo, tinha a bênção do Papa para<br />

confiscar o tesouro dos Cavaleiros Templários, que era o prêmio mais<br />

rico da Cristandade.<br />

Ao investigar a prisão dos Templários, nós teríamos a oportunidade e<br />

estávamos prontos para resolver um dos maiores mistérios do<br />

passado; a origem do Sudário de Turim.<br />

Conclusão<br />

A visão romântica de heróicas proezas e de cavaleiros com<br />

qualidades praticamente mágicas começou a entrar em declínio ao<br />

longo do século XIII e, nos primórdios do século XIV; a Cristandade<br />

estava próxima do caos. Apesar de terem consumido enormes gastos<br />

em vidas e dinheiro, os exércitos da Europa foram rechaçados pelos<br />

muçulmanos e o papado tornou-se cativo de um falido rei francês. Em<br />

França, os tempos eram difíceis, o dinheiro estava curto, doenças se<br />

alastravam e a Igreja estava falhando em liderar ou inspirar as<br />

massas.<br />

Com a Terra Santa perdida para sempre, os Cavaleiros Templários<br />

tornaram-se uma Ordem sem propósito. Eles ainda possuíam rituais<br />

secretos e grande fortuna, mas o último de seus Grão-Mestres estava<br />

agora lutando uma batalha para a sobrevivência contra um Papa fraco<br />

e um rei ganancioso.


7<br />

O Enigma Feito em Linho<br />

A Fé é Cega<br />

Apesar de vivermos em uma era construída sobre o racionalismo, todo<br />

homem e mulher que tenha descoberto uma rota para Deus através<br />

do sofrimento de Jesus Cristo compreende completamente que sua<br />

inquestionável fé na realidade de sua ressurreição física é a essência<br />

de seu relacionamento com o seu criador. Ter uma prova absoluta de<br />

que o Filho de Deus havia morrido por eles, os faria crer mais<br />

facilmente, pelo resto de suas vidas: bem demarcado e sem dúvidas<br />

de qualquer tipo.<br />

Toda espiritualidade requer um forte elemento de mistério e<br />

ambigüidade, pois se não for assim, a lógica esterilizaria a alma<br />

humana e as certezas tornariam a esperança impossível. Ainda, em<br />

nossas vidas diárias, a maioria de nós tem aprendido a confiar nas<br />

evidências de nossos olhos e as crenças religiosas fazem com que<br />

vivamos com a difícil contradição entre as regras do mundo palpável e<br />

aquelas do mundo invisível.<br />

Colocando-se simplesmente: os milagres negam a ciência e a ciência<br />

nega os milagres.<br />

Muito ocasionalmente, entretanto, algo ocorre que parece ser capaz<br />

de romper este impasse, quando a 'ciência' - a velha arquiinimiga da<br />

religião parece poder apoiar a racionalidade da fé cristã. Um dos<br />

maiores exemplos desta rara ocorrência foi a comprovada por um<br />

pequeno pedaço de linho desbotado, atualmente localizado em uma<br />

capela lateral da catedral do século XV de São João Batista na cidade<br />

italiana de Turim.<br />

O que torna este particular pedaço de tecido tão especial é a<br />

esmaecida imagem que está inexplicavelmente presente sobre a<br />

superfície das fibras. Ele mostra uma visão completa do corpo frontal<br />

e dorsal de um homem que aparenta ter sido brutalmente espancado


e crucificado. Os ferimentos correspondem exatamente com aqueles<br />

das versões bíblicas da crucificação de Jesus Cristo, exatamente as<br />

marcas do flagelo, os ferimentos nas unhas, cabeça e um ferimento de<br />

lança em sua lateral.<br />

Este é o famoso Sudário de Turim. Um artefato que muitos<br />

acreditam ser a prova conclusiva da verdade histórica da ressurreição<br />

de Jesus Cristo.<br />

Nossas pesquisas anteriores levaram-nos a especular que este<br />

famoso Sudário teria sido originado a partir da extinção dos Cavaleiros<br />

Templários, mas nós estávamos prontos para descobrir fortes<br />

evidências que explicariam completamente tal imagem.<br />

Tendo determinado que o Rei francês Filipe IV tinha planos bem<br />

elaborados para roubar a fortuna dos Templários, nós também<br />

descobrimos que ele havia obtido a confissão de dois ex-Templários<br />

que lhe forneceram a desculpa perfeita para atacá-los. Antes de<br />

prosseguirmos com a investigação sobre os detalhes da prisão dos<br />

Cavaleiros Templários, nós precisávamos considerar uma questão<br />

que não havíamos originalmente pretendido responder: a imagem do<br />

Sudário de Turim é a de Jacques de Molay, o último Grão-Mestre dos<br />

Cavaleiros Templários?<br />

A História do Sudário<br />

Apesar dos protestos de vários pesquisadores cristãos, não há<br />

nenhuma evidência absoluta de que o Sudário existisse antes de ter<br />

sido colocado em exibição pública em uma pequena igreja na cidade<br />

francesa de Lirey em 1357. O tecido, com a aparente imagem do<br />

Cristo crucificado, foi emprestado para a igreja local por Jeanne de<br />

Vergy, a viúva de Geoffroy de Charney, um nobre menor que havia<br />

morrido no mês anterior de Setembro. O povo de Lirey não demorou a<br />

perceber a importância desta grande relíquia e a ocasião foi honrada<br />

com a impressão de uma medalha especial, portando os brasões de<br />

Geoffroy e Jeanne.


Nenhuma explicação foi dada na ocasião, ou realizada desde então,<br />

de como a família Charney veio a possuir tal artefato aparentemente<br />

milagroso.<br />

O Sudário provou ser um sucesso absoluto, atraindo grande número<br />

de peregrinos, e a até então obscura igreja rapidamente tornou-se<br />

famosa por toda França. Por muitos meses as coisas correram bem,<br />

mas repentinamente a exibição pública chegou abruptamente ao fim<br />

quando Henrique de Poitiers, que era o Bispo de Troyes, proibiu-a e<br />

ordenou que o Sudário fosse destruído. De algum modo, Jeanne<br />

conseguiu evitar que esta ordem fosse cumprida e o Sudário foi<br />

escondido por praticamente trinta anos, até que outro membro da<br />

família Charney, novamente chamado Geoffroy, reiniciou as exibições<br />

em 1389.<br />

Este Geoffroy de Charney morreu em 1398 e o Sudário passou para a<br />

guarda de sua filha, Margaret, e seu marido Humberto, Conde de La<br />

Roche, que manteve a relíquia a salvo no castelo de Montfort.<br />

Cinqüenta e cinco anos depois, a idosa Margaret vendeu o Sudário ao<br />

Duque Luís de Sabóia (o filho do Papa Félix V) em troca de dois<br />

castelos. A família Sabóia mais tarde participou de todos os reinos da<br />

Itália e controlou o Sudário desde 1453. Ele ainda é propriedade da<br />

família Sabóia e eles o têm mantido presente na Capela do Santo<br />

Sudário, na Catedral de São João Batista em Turim por<br />

aproximadamente trezentos anos.<br />

Em 1898, a recém criada nação italiana decidiu celebrar o décimo<br />

quinto aniversário do Estatuto, a constituição da Sardenha da qual as<br />

leis da terra foram baseadas. Nós achamos interessante notar que a<br />

família Sabóia havia se tornado monarca da Sardenha em 1720 e foi<br />

peça fundamental no estabelecimento da constituição italiana. Em um<br />

típico costume italiano, toda cidade ao longo do país estava<br />

competindo para ultrapassar todas as outras através da realização dos<br />

mais coloridos e impressionantes eventos para marcar a ocasião.<br />

Sendo a maior cidade da região do antigo Piemonte, Turim estava<br />

planejando inúmeros eventos, incluindo a exposição da mais sagrada<br />

das relíquias: a mortalha ou o sudário de Jesus Cristo.


O Barão Antonio Manno foi indicado presidente do Comitê para a Arte<br />

Sacra que era o coordenador das exibições e dos espetáculos,<br />

incluindo a mais importante maravilha sagrada, o tecido de linho que<br />

os fiéis acreditavam ter envolvido o corpo de Cristo em sua tumba.<br />

Ocorreu a alguns que esta poderia ser uma grande oportunidade para<br />

fotografar o Sudário e, apesar de muitas controvérsias, um fotógrafo<br />

amador chamado Secondo Pia foi autorizado a realizar algumas<br />

fotografias a 28 de Maio de 1898.<br />

Pia ficou deslumbrado quando ele viu as chapas reveladas, pois estas<br />

mostravam uma imagem um pouco mais clara e mais viva do que a<br />

que já tinha sido vista anteriormente. Sobre a experiência, mais tarde<br />

ele escreveu:<br />

Fechado em minha sala escura, concentrado em meu trabalho, eu<br />

experimentei uma forte emoção quando, durante a revelação, eu pude<br />

ver pela primeira vez a Face Sagrada aparecendo sobre a chapa, com<br />

tal clareza que cheguei a perder a fala. Ela era a maior das glórias e<br />

eu fiquei pasmo com o que eu tinha acabado de ver.<br />

As duas chapas fotográficas produzidas por Pia eram negativos que<br />

inverteram os tons, produzindo uma imagem 'natural' com áreas mais<br />

altas do corpo estando mais claras e as mais baixas, como as da<br />

região dos olhos, estando mais escuras. Este novo meio de ver a<br />

imagem do Sudário apoderou-se da imaginação do mundo todo e o<br />

debate sobre sua autenticidade como sendo a imagem de Jesus<br />

Cristo tem se prolongado desde então.<br />

O Que é o Sudário?<br />

As características físicas do Sudário são fáceis de se definir, mas a<br />

causa da formação da imagem nunca foi compreendida.<br />

O tipo do tecido é um padrão relativamente sofisticado em forma<br />

de 'espinha de peixe' ou ziguezague com linhas diagonais na<br />

proporção de 3:1 que veio a ser usado na Europa em torno do início


do século XIV. Esta última data tem causado alguns problemas<br />

aqueles que acreditam que ele seja uma relíquia cristã. Não é<br />

absolutamente impossível que tal peça de linho tenha sido tecido no<br />

século I, mas é extremamente improvável. Mesmo alguns escritores<br />

que afirmam que o Sudário é a imagem de Jesus admitem que este<br />

tipo de trama é o ponto fraco de seu caso.<br />

Uma outra fonte de informação sobre a origem e a história do Sudário<br />

tem sido os traços de pólen de planta capturados pelas fibras do<br />

tecido. Ocorreu ao Dr Max Frei-Sulzer, um investigador forense suíço,<br />

que poderia ser possível determinar em quais áreas do mundo, o<br />

Sudário havia visitado através do exame dos depósitos de polens<br />

existentes no tecido. A análise do Dr Frei-Sulzer demonstrou que o<br />

Sudário de fato possuía grandes quantidades de polens presentes,<br />

mas nenhuma delas oriundas das oliveiras o que totalmente exclui<br />

sua origem na Terra Santa, pois Israel sempre teve grande número<br />

destas plantas.<br />

Este resultado foi mais tarde confirmado por diversos cientistas<br />

israelenses.<br />

Por muitos anos, o mais importante de todos os testes foi negado<br />

aqueles envolvidos no debate, pois ele envolvia a destruição de parte<br />

do Sudário. A técnica conhecida como datação de rádio-carbono tinha<br />

sido rejeitada, pois a quantidade de material requerido era grande<br />

demais. Todavia, como a metodologia evoluiu, o dano potencial ao<br />

Sudário reduziu-se a um ponto completamente aceitável. Em Outubro<br />

de 1986, um artigo publicado na Nature, a mais conceituada revista de<br />

ciência do mundo, anunciou que a famosa peça de linho foi finalmente<br />

cientificamente datada:<br />

A Igreja Católica Romana está pronta para autorizar que uma das<br />

mais famosas relíquias seja submetida a óbvios testes: pedaços do<br />

sudário de Turim foram encaminhados a sete laboratórios do mundo<br />

todo para serem realizadas as datações de rádio-carbono. Em virtude<br />

da sensibilidade das técnicas atuais, menos que cinco miligramas do<br />

tecido podem produzir a datação com uma precisão de


aproximadamente sessenta anos ou mais. Agrupando-se todos os<br />

resultados dos laboratórios, as estatísticas deverão ser<br />

consideravelmente melhores...<br />

O método de datação reside no fato de que todo material vivo absorve<br />

dióxido de carbono, um gás que contém um átomo de carbono para<br />

dois átomos de oxigênio. A maioria dos átomos de carbono possui um<br />

núcleo com uma massa atômica de doze prótons, sendo esta forma<br />

comum conhecida como carbono 12, mas existem outras formas deste<br />

elemento. Em níveis mais altos da atmosfera da Terra, os elementos<br />

são quebrados pelos raios cósmicos, que são formados por nêutrons<br />

altamente energizados, assim criando uma forma radioativa do<br />

carbono com quatorze prótons em seu núcleo. Este carbono 14 é um<br />

isótopo radioativo instável que, através dos tempos, perde os seus<br />

prótons extras, tornando-se um carbono normal. A taxa em que isto<br />

acontece tem sido estudada desde 1950, quando Willard Libby propôs<br />

pela primeira vez o uso deste material como um meio de datar aquelas<br />

substâncias que uma vez estiveram vivas.<br />

Todas as plantas verdes alimentam-se através da absorção da luz do<br />

sol em um processo conhecido como fotossíntese e, como parte deste<br />

processo, elas absorvem o dióxido de carbono e o convertem em<br />

açúcar e oxigênio. No dióxido de carbono que elas absorvem<br />

encontram-se pequenas quantidades deste carbono 14 altamente<br />

energizado e, enquanto a planta permanecer viva a quantidade de<br />

carbono 14 permanece constante. Quando a planta morre, o<br />

carbono 14 acumulado começa a declinar em uma velocidade precisa<br />

conhecida.<br />

Deste modo, é possível calcular a data em que a planta parou de<br />

viver. O mesmo cálculo pode ser aplicado aos animais, pois eles<br />

absorvem o carbono 14 através da ingestão de plantas verdes. A atual<br />

datação é estabelecida quando os cientistas medem o carbono 14<br />

restante e o comparam contra resultados de gráficos padrões,<br />

conhecidos como curvas de calibração. Estes fornecem a data que o<br />

objeto parou de estar vivo, mas, devido a possíveis e pequenos erros


no processo de medição, os cientistas criaram uma 'janela temporal'<br />

dentro da qual a data identificada pode ser incluída.<br />

Tendo-se decidido pela aplicação deste método de teste ao Sudário, o<br />

Museu Britânico foi consultado no sentido de auxiliar na certificação<br />

das amostras e a produzir a análise estatística dos resultados. Três<br />

laboratórios localizados em Oxford, Zurique e Arizona foram<br />

escolhidos e, logo após uma reunião realizada no Museu Britânico em<br />

Janeiro de 1988, foi proposto um método experimental ao Arcebispo<br />

de Turim, que o aprovou.<br />

Havia uma extensa desconfiança sobre os verdadeiros motivos do<br />

Vaticano, principalmente dos membros da indústria da investigação do<br />

Sudário, sendo que essa divergência atingiu as páginas da Nature<br />

através de uma correspondência do Comitê Norte-Americano para a<br />

Investigação Científica das Atividades Para-normais que levantava a<br />

seguinte questão:<br />

Como os observadores independentes poderão saber se qualquer<br />

uma das amostras que os laboratórios de teste receberam faz de fato<br />

parte do tecido de linho do Sudário? Nós vamos simplesmente aceitar<br />

a palavra do Vaticano sobre isso?<br />

A resposta elaborada pelo Dr. Tite do Museu Britânico foi publicada na<br />

Nature no mês seguinte, e assegurou a qualquer interessado que o<br />

papel do Museu Britânico era assegurar que a cadeia de evidências<br />

permanecesse inviolável. Ele deixou perfeitamente claro o seu papel<br />

como um observador imparcial do experimento:<br />

Eu posso assegurar a Dutton que se os procedimentos propostos<br />

puderem apresentar uma possibilidade de manipulação das amostras,<br />

o Museu Britânico declinaria em atuar como uma instituição<br />

certificadora.<br />

Ele foi além ao publicar em Abril do ano seguinte os procedimentos<br />

completos que seriam utilizados na realização do experimento, e


também anunciou que um ensaio científico completo seria publicado<br />

na Nature em seu devido tempo, relatando todo o experimento. Isto<br />

satisfez a maioria da comunidade científica, embora uma<br />

correspondência que foi publicada na Nature que especulava que se o<br />

Sudário houvesse de fato envolvido Cristo, então ele poderia ter sido<br />

irradiado por nêutrons durante o santo processo de ressurreição, com<br />

a sugestão implícita que tal fato poderia invalidar a taxa de carbono<br />

14. Como o autor sabia que o presumido processo espiritual da<br />

ressurreição envolvia uma forte emissão de um fluxo de nêutrons não<br />

foi explicado em sua correspondência.<br />

As amostras foram removidas do Sudário a 21 de Abril de 1988 diante<br />

da presença de um grande número de respeitáveis testemunhas. A<br />

partir daí eles foram encaminhadas em conjunto com três amostras de<br />

controle para três diferentes laboratórios localizados no Arizona,<br />

Oxford e Zurique. As amostras de controle não foram identificadas<br />

para os laboratórios que as testariam, de modo que o apuro dos<br />

resultados pudesse ser comparado contra amostras de linho de idades<br />

conhecidas. Duas das amostras de exemplo eram peças de tecido e a<br />

terceira consistia de tecidos diversos. As amostras utilizadas eram:<br />

Amostra Um: um fragmento retirado do Sudário de Turim.<br />

Amostra Dois: um fragmento de linho retirado de uma tumba cristã<br />

em Qasr Obrim, no Egito, datado do século XI ou XII.<br />

Amostra Três: um fragmento de linho retirado de uma tumba em<br />

Tebas que fora datado de aproximadamente do ano 75 d.C.<br />

Amostra Quatro: fios retirados do manto de asperges de São Luís<br />

d'Anjou oriundos da Basílica de São Máximo, datado dos meados do<br />

século XIII.<br />

Os três laboratórios concordaram em não comparar os resultados até<br />

que eles tivessem confirmado suas descobertas pelo Museu Britânico.


O Sudário havia sido exposto a uma ampla gama de diferentes<br />

contaminações ao longo de sua existência e assim os laboratórios<br />

utilizaram diferentes processos de limpeza química e mecânica para<br />

eliminar o máximo possível de influência de contaminação. Quando<br />

todas as medidas foram completadas, os resultados de cinco<br />

experimentos individuais distribuídos em três locais de teste foram<br />

fornecidos ao Museu Britânico que então empreendeu a análise<br />

estatística da evidência.<br />

Os detalhes de cálculos e da curva de datação utilizada foram<br />

publicados em artigo na Nature, para que qualquer dúvida pudesse<br />

ser checada através da metodologia e do apuro dos cálculos. Os<br />

resultados foram bem conclusivos e demonstravam que, com 95 por<br />

cento de certeza, as plantas de linho que foram utilizadas para<br />

produzir o tecido do Sudário tinha cessado de ser entidades vivas<br />

entre 1260 e 1390 d.C.<br />

Esta datação está, certamente, localizada dentro do período de<br />

perseguição aos Cavaleiros Templários e a prisão de Jacques de<br />

Molay.<br />

Os resultados para as amostras retiradas do manto de São Luís,<br />

quando submetidas às mesmas análises, forneceram um resultado<br />

com noventa e cinco por cento de acerto de 1263-1283 d.C., que era<br />

altamente preciso com a data de morte do santo em 1270 com a idade<br />

de cinqüenta e seis. As outras amostras foram igualmente precisas<br />

quando os resultados de rádio-carbono foram comparados com as<br />

datas determinadas por outros métodos.<br />

Os resultados não deram nenhum espaço para dúvidas sobre a idade<br />

do linho do Sudário. As conclusões da equipe de medição foram:<br />

Estes resultados, portanto representam a evidência conclusiva de que<br />

o linho do Sudário de Turim é medieval.<br />

Esta sólida evidência científica das origens medievais do Sudário<br />

causou grande problema para a maioria dos sindonologistas (como se<br />

autodenominam os estudiosos das origens do Sudário). A maioria das


obras sobre as origens tentou provar sua autenticidade como o<br />

sudário de Jesus, e muitas ingênuas justificativas costumavam<br />

extrapolar a conhecida história pregressa para demonstrar outros<br />

artefatos que poderiam ter sido o Sudário. Todos estes trabalhos<br />

foram desacreditados pelos resultados do rádio-carbono e nenhuma<br />

teoria do Sudário parece encaixar-se com os fatos conhecidos.<br />

A datação do rádio-carbono deveria ter colocado um fim ao debate,<br />

mas aqueles que desesperadamente desejavam que a imagem no<br />

Sudário fosse a de seu Salvador não estavam preparados para<br />

permitir que a mera ciência determinasse o seu caminho.<br />

Várias pessoas têm atacado a datação, entre as quais Holger Kersten<br />

e Elmar Gruber que escreveram um livro que sugere que os três<br />

laboratórios de rádio-carbono, o Museu Britânico e a Igreja Católica<br />

Romana haviam conspirado deliberadamente para iludir o público ao<br />

substituir as amostras retiradas do Sudário pelas as do manto de São<br />

Luís. Eles mencionam vulgares panfletos de fontes radicais católicas,<br />

realizando acusações de fraude injustificadas e insustentáveis contra<br />

o Dr Michael Tite do Museu Britânico. Seus argumentos parecem ser<br />

de que a Igreja desejava preservar o segredo da origem do Sudário,<br />

pois ele somente poderia ter sido criado por um corpo ainda vivo. Eles<br />

acreditavam que isto seria a evidência de que Jesus estava vivo após<br />

a crucificação, um fato que a Igreja Romana não desejava que fosse<br />

conhecido. Entretanto, esta linha de argumentação causou-lhes<br />

grandes dificuldades quando eles tentaram explicar o porquê de três<br />

laboratórios acadêmicos, com reputação mundial, arriscariam essa<br />

mesma reputação comportando-se de tal maneira não-profissional.<br />

Algumas Teorias de Origem<br />

Escritores têm surgido com teorias que embora sejam cientificamente<br />

possíveis não parecem críveis o suficiente para terem acontecido. Dr<br />

Nicholas Allen da Universidade de Durban-Westville na África do Sul<br />

publicou uma análise teórica detalhada de como a imagem do Sudário<br />

poderia ter sido produzida através de uma forma primitiva de fotografia


usando nitrato de prata ou sulfato prata. Sua detalhada análise<br />

química é certamente precisa e seus experimentos práticos com uma<br />

câmera obscura que produziu excelentes resultados. Entretanto, o<br />

processo era complicado e muito demorado, requerendo muitas horas<br />

de exposição usando luz solar e, embora a explicação científica fosse<br />

impecável, Dr Allen não realizou nenhuma tentativa de tentar expor<br />

um motivo ou oportunidade para explicar como a imagem tenha sido<br />

produzida. Ele também falhou ao associar seus processos químicos<br />

com as conhecidas condições da superfície do Sudário. Ele concluiu<br />

seu trabalho afirmando:<br />

Parece, entretanto, [...] que a hipotética técnica fotográfica [...] é a<br />

única explicação plausível para a formação da imagem do Sudário [...]<br />

e indica que a população do final do século XIII e dos primórdios do<br />

século XIV estava de fato particularmente interessada em tecnologia<br />

fotográfica que se acreditava desconhecida até então.<br />

Que grande quantidade de falta de lógica!<br />

Fazendo uso da plausibilidade científica do argumento sobre<br />

fotografia do Dr. Allen, um casal britânico, Lynn Picket e Clive Prince,<br />

publicaram um livro que 'provava' através de experimentos que teria<br />

sido possível para Leonardo da Vinci ter produzido o Sudário através<br />

de uma técnica científica, utilizando-se somente os materiais<br />

disponíveis no século XV. Esta teoria de origem apresenta<br />

dificuldades extras uma vez que a primeira aparição pública do<br />

Sudário ocorreu praticamente cem anos antes de Leonardo ter<br />

nascido. O fato de uma técnica hoje em dia poder ser realizada,<br />

utilizando-se antigos materiais, não implica que um personagem<br />

histórico estivesse inclinado ou ser capaz de realizá-la. Nenhum<br />

motivo plausível foi apresentado para explicar o porquê de Leonardo<br />

da Vinci ter desejado criar tal imagem e então encarar o problema de<br />

substituir o verdadeiro Sudário por sua cópia. A própria substituição<br />

seria um suficiente e complicado exercício, pois o Sudário foi vendido


à família Sabóia quando Leonardo possuía um ano de idade e esta<br />

história é completamente documentada.<br />

À parte da improbabilidade de Leonardo ter trocado o verdadeiro<br />

Sudário por um auto-retrato instantâneo, é muito simples demonstrar<br />

que o sudário não é uma fotografia.<br />

Picket e Prince dirigiram suas atenções para a imagem da cabeça do<br />

Sudário, uma vez que ela possuía cabelos e barba longos...<br />

Exatamente como Leonardo possuía. Se eles tivessem se demorado<br />

um pouco mais no estudo da posição do corpo, eles teriam descoberto<br />

que não houve uma redução da perspectiva, exatamente como ocorre<br />

com uma fotografia como nós veremos brevemente.<br />

A outra teoria principal sobre a origem do Sudário é a dele ser uma<br />

pintura criada por artista medieval altamente habilidoso. Isto é algo<br />

que não pode ser encarada como uma teoria inicial por três<br />

fundamentais razões:<br />

1. Nenhum artista medieval pintava em tal estilo realista, devido às<br />

influências das convenções da arte. Existem distorções na imagem do<br />

Sudário, mas elas não são devidas à interpretação artística.<br />

2. Os pintores medievais não teriam pintado uma imagem em<br />

negativo, o que não era cogitado antes da invenção da fotografia.<br />

3. Todas as pinturas medievais conhecidas mostram Jesus Cristo<br />

sendo crucificado com cravos atravessando as palmas das mãos, não<br />

através dos pulsos como no Sudário.<br />

A artista e cientista Isabel Piczek produziu uma análise detalhada da<br />

imagem na qual ela declara que:<br />

O Sudário possivelmente não pode ser uma pintura, uma vez que<br />

enquanto o Sudário mostra uma continua e ininterrupta imagem<br />

visível, ele não mostra um continuo e visível filme médio danificado.<br />

Piczek argumenta que as partículas de pigmentos encontrados no<br />

tecido são o resultado da realização de diversas cópias pintadas ao<br />

longo dos anos, indicando que cinqüenta e duas pinturas conhecidas


foram realizadas. Ela demonstrou a racionalidade desta sugestão<br />

através de experimentações e continuou a analisar a perspectiva da<br />

imagem do Sudário, concluindo que:<br />

... A exata posição do corpo nele [no Sudário] somente pode ser vista<br />

em um modelo vivo a partir de uma distância acima de<br />

aproximadamente quatro metros e meio.<br />

Ela observa que a imagem é a de um corpo que curvado no centro,<br />

descrevendo em detalhes como ela deduziu isto através de estudos<br />

ao vivo. Ela não expressa nenhum ponto de vista de como o Sudário<br />

veio a ser criado, mas declara muito claramente que não é possível<br />

que ele tenha sido uma pintura. Seu artigo é bem construído e<br />

ilustrado com fotografias detalhadas e desenhos que apóiam à sua<br />

causa, mas enquanto ela diz claramente que ele não é, ela não lança<br />

nenhuma luz sobre como ele veio a ser criado e o porquê disto.<br />

A realidade é a de que não há nenhuma teoria publicada que inclua a<br />

criação física e química da imagem no Sudário que combine com as<br />

evidências conhecidas. A datação de rádio-carbono tem provado que<br />

o Sudário não é muito mais velho do que seus registros históricos,<br />

iniciados em 1357. Qualquer teoria que envolva sua criação deve levar<br />

em conta se está sendo crível.<br />

Uma Imagem Fora do Comum<br />

A imagem do homem do Sudário apresenta numerosas características<br />

curiosas que alguma teoria sobre sua criação deveria explicar.<br />

A figura está nua, possui barba e longos cabelos à altura dos ombros<br />

e parece ter estado ou morto ou em um estado de profunda<br />

inconsciência sem movimentos durante a formação da imagem. Os<br />

ferimentos que a vítima recebeu são absolutamente consistentes com<br />

o tipo de injurias físicas que teria sido infringido por um torturador<br />

altamente profissional.


Durante séculos, a imagem tem sido amplamente aceita como sendo<br />

a de Jesus Cristo e as características da face têm sido copiadas por<br />

artistas por toda parte quando representam o messias cristão em suas<br />

obras.<br />

Nós decidimos que o único meio de realmente compreender o<br />

Sudário era tentar reproduzi-lo.<br />

Inicialmente nós colocamos um lençol de linho branco no chão. Então<br />

nós cobrimos completamente um modelo nu com tinta preta à base de<br />

água e o deitamos sobre o lençol, de modo que pudéssemos cobri-lo<br />

completamente com a parte superior do lençol, desde a cabeça até os<br />

pés. Isto nos forneceu uma imagem tosca que imediatamente revelou<br />

interessantes inconsistências com o Sudário original:<br />

1. Não havia nenhuma imagem virtual das pernas entre as nádegas<br />

e as panturrilhas em nosso modelo reconstituído.<br />

2. A parte estreita das costas não produziu nenhuma imagem.<br />

3. A mão direita do modelo parecia estar localizada a quinze<br />

centímetros mais alta que o corpo do que o representado pela imagem<br />

no sudário.<br />

4. Não havia nenhuma imagem das solas dos pés, salvo as pontas<br />

dos calcanhares.<br />

5. Diferentemente ao Sudário, ambos os ombros pareciam estar<br />

na mesma altura.


O resultado foi particularmente interessante considerando-se à<br />

imagem dorsal, que demonstrou que o corpo somente toca o tecido<br />

em cinco pontos principais: cabeça, ombros, nádegas, panturrilhas e<br />

calcanhares. Entre estes pontos nenhuma imagem é produzida,<br />

apesar do fato do modelo estar lavado com tinta. O fluído escorreu<br />

pelo corpo nos pontos de contato onde ele estava apoiado.<br />

Embora um método de formação de imagem através de condução de<br />

calor de transferência pudesse explicar a imagem frontal, nenhum<br />

processo de convecção poderia funcionar na formação da imagem<br />

dorsal que tinha que ser formada por contato. Apesar de todos os<br />

esforços feitos pelo modelo para deitar completa e horizontalmente<br />

imóvel, uma imagem completa das costas não foi produzida.<br />

Este resultado causou-nos inicialmente alguns problemas para<br />

compreender e explicar o que tinha acontecido, mas na medida em


que nos detínhamos em estudá-lo, era-nos apresentado somente uma<br />

conclusão possível. O homem que havia sido embrulhado no Sudário<br />

não estava deitado sobre uma superfície completamente dura e<br />

horizontal... Ele tinha sido colocado sobre um colchão macio que<br />

apoiava todo o seu corpo.<br />

Corpos mortos não são colocados sobre camas com superfícies<br />

macias, deste modo parece extremamente provável que a imagem<br />

não é a de um cadáver, mas de uma pessoa viva que havia sido<br />

horrivelmente torturada.<br />

Por ter sido a vítima embrulhada em um sudário, a maioria dos<br />

investigadores foi levada a acreditar que a pessoa estava morta e,<br />

deste modo, tinha sido colocado sobre uma lápide. Muitos afirmam<br />

terem conduzido experimentos, mesmo pessoas como Kersten e<br />

Gruber apresentaram diagramas do Sudário sendo colocado em torno<br />

de uma figura sobre uma completa superfície horizontal, salvo por um<br />

pequeno apoio sobre a cabeça. Mesmo assim, é praticamente<br />

impossível reproduzir qualquer coisa como as relações de ferimentos<br />

vistos na imagem do Sudário quando o modelo está colocado nesta<br />

posição.<br />

Assim que nós nos deparamos com um resultado tosco e estudamos a<br />

imagem do Sudário sob um outro ponto de vista, nós descobrimos um<br />

importante fato que havia passado despercebido totalmente. Enquanto<br />

a imagem frontal da figura representada no Sudário é delicada e<br />

precisa com um efeito praticamente vivo, a visão posterior é<br />

relativamente rude e não possui tons em dégradé. Parece até que dois<br />

processos diferentes criaram as duas metades do Sudário!<br />

Nós rapidamente percebemos que a teoria da 'cama macia' também<br />

explicaria o aparentemente impossível cumprimento dos braços que<br />

descansam muito mais abaixo do que em uma figura deitada de<br />

costas. Os investigadores da NASA notaram que o ângulo de projeção<br />

desta distorção do antebraço esquerdo parece ser de<br />

aproximadamente dezesseis graus. Um simples cálculo trigonométrico<br />

revela que para produzir este ângulo com um braço com cinqüenta<br />

centímetros de cumprimento, seria necessário que a diferença na


altura entre a parte mais baixa da pélvis direita e o ombro esquerdo<br />

fosse de aproximadamente quatorze centímetros. Isto é exatamente o<br />

que aconteceria se a vítima tivesse sido colocada em uma cama com<br />

travesseiros atrás da cabeça e dos ombros, elevando a parte superior<br />

do torso com relação aos quadris e empurrando as mãos para baixo<br />

em direção ao corpo.<br />

De modo a testar este hipótese da 'cama macia', nós construímos um<br />

segundo experimento com o modelo sobre um colchão com a cabeça<br />

elevada quinze centímetros mais alta que a pélvis e suporte embaixo<br />

dos pés. Os resultados foram extraordinários.<br />

Ambos nossos experimentos produziram imagens que eram toscas e<br />

nem evidentes, mas havia evidências suficientes para desenvolvermos<br />

diversas e importantes conclusões:<br />

1. Uma imagem completa do dorso somente é possível sobre uma<br />

superfície macia.<br />

2. Elevando-se a altura dos ombros em aproximadamente quinze<br />

centímetros em relação aos quadris faz com que as mãos caiam na<br />

posição demonstrada pelo Sudário (desde que a parte superior do<br />

braço também esteja apoiada por travesseiros).<br />

3. A sola dos pés só produz uma impressão se os pés estiverem<br />

contra travesseiros.<br />

4. O ângulo da cabeça em relação ao torso é insignificante; uma vez<br />

que o Sudário percorre o contorno do corpo, a face sempre apareceria<br />

ser igual para o observador. Quanto mais a cabeça estiver voltada<br />

para trás, mais ela simplesmente causa o efeito de produzir ao<br />

pescoço na imagem aparecer progressivamente mais longo.<br />

5. Enquanto se esperaria que o cabelo estivesse caído por trás da<br />

face em uma superfície horizontal, parece razoável esperar que ele<br />

seria capaz de produzir uma moldura em torno da face se a cabeça<br />

estivesse descansada sobre travesseiros macios.<br />

Nossa tentativa de reproduzir a imagem do rosto através de impressão<br />

por contato mostra uma considerável distorção


Estes experimentos demonstraram que se colocando o corpo sobre<br />

uma superfície macia ou sobre uma série de travesseiros, todas as<br />

características incomuns da imagem original do Sudário podem ser<br />

completamente explicadas. A única conclusão lógica parece ser a de<br />

que o homem cuja imagem está retratada no Sudário não estava<br />

morto e não estava em vias de morrer. Ele tinha sido colocado em<br />

uma cama macia com sua cabeça e ombros elevados em uma<br />

posição de modo a facilitar sua respiração tão logo ele foi retirado da<br />

cruz. Parece que alguém pretendia restabelecer sua consciência. Isto<br />

levanta a questão do porquê alguém açoitaria e crucificaria um<br />

homem, para então o colocar sobre uma cama com um sudário<br />

envolvendo-o verticalmente seu corpo.


Uma resposta óbvia seria a de que a vítima havia sido terrivelmente<br />

torturada nesta paródia da crucificação de Jesus de modo a extrair<br />

uma confissão de algum crime contra os dogmas da Igreja, mas<br />

sobrevivido de modo a participar de um julgamento por heresia.<br />

Nenhum francês do inicio do século XIV se adequaria a esta descrição<br />

melhor do que Jacques de Molay.


Reproduzindo a Face<br />

A face no Sudário é muito detalhada e nós tentamos verificar se uma<br />

imagem do rosto com uma certa qualidade razoável poderia ser<br />

produzida a partir do contato com o tecido. A face do modelo foi<br />

pintada com tinta cinza à base de água com camadas extras de cinza<br />

escuro pintadas sobre os pontos mais altos da face onde o suor<br />

poderia acumular. Permitimos que a tinta secasse e um pedaço de<br />

linho foi ensopado, torcido e então colocado sobre a face e levemente<br />

pressionado. A tinta transferiu-se para o tecido úmido formando uma<br />

imagem.<br />

A imagem parecia de fato muito tosca, mas quando nós a<br />

digitalizamos para o computador e a transformamos em uma imagem<br />

negativa, ela apresentou um notável efeito fotográfico. Entretanto, ela<br />

não possuía a qualidade da imagem do Sudário. A espessura do<br />

tecido havia produzido uma certa quantidade de dobras e, deste<br />

modo, áreas sem imagem, e nós notamos também que a face estava<br />

distorcida em sua largura.


Este diagrama mostra o porquê de termos obtido uma distorção de<br />

largura em nosso experimento com a face. Quando uma imagem é<br />

produzida por impressão de contato o tecido circunda as laterais da<br />

face e quando removida e vista sobre uma superfície plana, há um<br />

considerável aumento na largura aparente. O Sudário não mostra tal<br />

distorção e assim nós poderíamos estar certos de que a imagem não<br />

foi criada nem por contato nem por processo de radiação, pois ambos<br />

produziriam este efeito extra com relação à largura.<br />

A única explicação para isto parece ser a de que a imagem havia sido<br />

formada por um processo semelhante ao de condução de calor<br />

vertical. Em tal processo, uma transferência seria o único meio de<br />

produzir a imagem do Sudário, mas nós estávamos completamente<br />

perdidos com relação ao processo físico que poderia ter ocorrido.<br />

Simplesmente, não havia nenhuma ciência que nós conhecíamos que<br />

poderia criar a imagem deste modo.<br />

Apesar de termos admitidos nossa derrota com relação ao processo<br />

químico, nós de fato apresentamos uma melhor conclusão para o<br />

nosso simples experimento, e esta conclusão demonstra que a<br />

imagem do Sudário não poderia ser o resultado de um processo<br />

fotográfico.<br />

Uma imagem formada por um processo fotográfico produziria um<br />

resultado com uma perspectiva reduzida, com a figura parecendo<br />

estar inclinada e tendo as pernas e o torso reduzido. A figura no<br />

Sudário é, entretanto, levemente distorcida na direção oposta,<br />

aparentando, de modo estranho, longos braços. Isto ocorre devido ao<br />

fato de que, embora a figura esteja levemente inclinada permitindo<br />

que as mãos movam-se em direção aos quadris, ela aparente<br />

estar deitada sobre uma superfície plana, uma vez que toda a sua<br />

altura está registrada. Isto poderia somente ser o resultado de uma<br />

transferência por um processo semelhante ao de convecção vertical,<br />

onde o Sudário seguiria os contornos do modelo, e quando o Sudário<br />

é visto sobre uma superfície plana, ele apresenta o comprimento total<br />

do modelo, mas registrando as marcas produzidas pelos ossos das<br />

costelas de uma pessoa inclinada. Isto é um processo de registro


de imagem que nunca havia sido visto anteriormente entre os<br />

fotógrafos ou artistas e que produz proporções que são únicas.<br />

Uma vez que compreendemos este princípio simples, não<br />

podíamos imaginar como que algo tão óbvio poderia ter passado<br />

desapercebido por nós e por todos os demais investigadores do<br />

Sudário anteriores a nós.<br />

A Evidência em Sangue<br />

As cicatrizes que aparecem na imagem do Sudário são consistentes<br />

com a vítima tendo sido torturada, mas nenhum pesquisador anterior<br />

do Sudário, que nós tínhamos conhecimento, investigou estas marcas<br />

com algum grau de seriedade. Uma cuidadosa inspeção das marcas<br />

permitiu-nos determinar que existiam discretos agrupamentos de<br />

cicatrizes, cada uma dos quais indicando uma diferente posição do<br />

atacante com relação à vítima.<br />

Ao invés de compreender como estes grupos de aparentes<br />

lacerações na pele ocorreram, nós tentamos reproduzi-los usando um<br />

chicote que foi projetado para não causar dor em nosso receoso<br />

modelo. Nós atamos pequenas esferas de chumbo às extremidades<br />

das correias e repetidamente as mergulhamos em tinta preta para<br />

verificar como nós poderíamos simular a distribuição do padrão<br />

encontrado no Sudário.<br />

Nós logo descobrimos que as marcas nas costas do modelo<br />

haviam sido deliberadamente feitas por um homem estando de pé<br />

diante da vítima, e não por detrás como geralmente presumido. Não<br />

há nenhuma dúvida de que o Sudário é a imagem de um homem que<br />

havia sido espancado com um chicote de múltiplas correias, uma vez<br />

que teria sido completamente impossível produzir estas marcas<br />

através de modos fraudulentos - a melhor evidência de que ele<br />

não poderia ser o trabalho de um pintor medieval ou de uma fotografia<br />

realizada por Leonardo da Vinci!


A vítima estava completamente nua e tinha seus braços atados em<br />

uma posição estendida a aproximadamente noventa graus com<br />

relação ao torso.<br />

Tendo compreendido como a flagelação havia ocorrido, nós voltamos<br />

nossa atenção ao derramamento de sangue dos braços, na esperança<br />

de que eles poderiam nos contar mais do que a natureza da<br />

crucificação desta pessoa. Nós não nos desapontamos.<br />

Em 1932, um cirurgião parisiense chamado Pierre Barbet utilizou-se<br />

de membros amputados de cadáveres para calcular o que havia<br />

acontecido quando a vítima vista no Sudário estava crucificada, e ele<br />

descobriu claramente evidências de que houve dois distintos<br />

derramamentos de sangue a partir dos pulsos, com dez graus de<br />

diferença.


Nós pudemos verificar que a direção geral do fluxo de sangue localizase<br />

ao longo do braço a partir do pulso em direção ao cotovelo. Nós<br />

realizamos um experimento simples para verificar em qual posição os<br />

braços poderia ter estado, ficamos muito surpresos com o que<br />

descobrimos. Usando papel transparente, nós cuidadosamente<br />

copiamos os braços da vítima, traçando as marcas do fluxo<br />

sanguíneo, e então viramos o papel para que as áreas<br />

ensangüentadas ficassem como elas teriam estado. Nós então<br />

penduramos o papel de modo que o derramamento de sangue ficasse<br />

para baixo. Este processo forneceu-nos dois resultados, nenhum dos<br />

quais compatível com a técnica romana de crucificação no qual os<br />

braços ficavam estendidos lateralmente para produzir grandes<br />

dificuldades de respiração à vítima.


Em ambos os casos, a distância máxima entre os dois cravos é<br />

aproximadamente de noventa e dois centímetros, mas somente um<br />

deles poderia ter estado em uma posição compatível com uma<br />

crucificação. Nós concluímos que a vítima representada no Sudário foi<br />

pregada com o seu braço direito acima de sua cabeça e seu braço<br />

esquerdo para o lado de fora lateralmente. Isto sugere que os<br />

perpetradores desta agressão física ou não conheciam corretamente<br />

a técnica ou simplesmente não se importavam com ela.<br />

Esta posição também explicaria o porquê de tantos observadores<br />

terem concluído que o braço direito da vítima aparenta estar<br />

deslocado de seu ombro. Com um braço pregado verticalmente, a<br />

junta do ombro teria sofrido grande estresse e o deslocamento teria<br />

ocorrido facilmente.<br />

Todas as nossas pesquisas sobre o que pode ser conhecido a partir<br />

dos estudos do Sudário e sua história registrada indicou-nos que<br />

nossa hipótese sobre Molay poderia estar correta, uma vez que as<br />

evidências conhecidas e nossa nova informação eram muito bem<br />

compatíveis. Nós possuíamos muitas respostas, mas um grande<br />

problema ainda permanecia insolúvel: o processo químico ainda nos<br />

tirava o sono.<br />

Inicialmente nós acreditávamos que o sangue rico em ácido láctico<br />

havia reagido com os agentes branqueadores com carbonato de cálcio<br />

para queimar a imagem sobre a superfície das fibras do Sudário, mas<br />

nossos experimentos mostraram que o Sudário não foi impresso por<br />

contato.<br />

Estes experimentos estavam desordenados, mas tinham nos<br />

tranqüilizado um pouco, e nossas reconstruções eram nada mais que<br />

imitações limitadas do processo original. Nós tínhamos tido pouca<br />

dificuldade em reproduzir algo similar à imagem das costas, mas a<br />

imagem frontal do Sudário possuía sutilezas que eram difíceis de<br />

reproduzir.<br />

Durante muitos meses, havíamos nos resignados e estávamos<br />

prontos em admitir a derrota, mas então a resposta chegou através de<br />

outras vias mais etéreas.


Chris estava retornando de carro para casa uma noite e ouvindo o<br />

rádio. Uma entrevista estava sendo transmitida e as palavras que ele<br />

ouviu o fizeram ficar com os cabelos em pé:<br />

É possível que os Sarracenos tenham crucificado um prisioneiro<br />

cruzado exatamente de acordo com as versões do evangelho como<br />

um meio de zombar de forma cruel de sua fé.<br />

A voz no rádio estava dizendo exatamente o que havia suspeitado por<br />

um tempo, mas o narrador havia chegado a conclusões similares<br />

através de evidências um pouco diferentes.<br />

A pessoa que estava sendo entrevistada era o Dr. Alan Mills, um<br />

estudioso do solo marciano que trabalhava no Departamento de Física<br />

e Astronomia na Universidade de Leicester, e que possuía grande<br />

interesse no processo que havia criado a imagem no Sudário de<br />

Turim. Em 1995, ele publicou os resultados de seu trabalho que<br />

apresentavam uma nova explicação da química do processo de<br />

criação da imagem. Na transmissão da BBC, ele explicou rapidamente<br />

como ele havia realizado uma pesquisa muito cuidadosa sobre a<br />

literatura a respeito do Sudário e então concluiu com uma explicação<br />

sobre as características encontradas nele.<br />

Nós entramos em contato com Dr Mills, que explicou seu trabalho<br />

mais detalhadamente. Ele nos encaminhou uma cópia de sua<br />

pesquisa mais recente e gentilmente nos forneceu a permissão para<br />

citá-lo.<br />

As características da imagem que ele julgou necessário serem<br />

explicadas eram:<br />

1. A falta de grandes distorções que se esperaria de um processo de<br />

formação de imagem por contato.<br />

2. A densidade da imagem ocorre em uma razão inversa entre a<br />

distância do tecido e a pele, com a saturação do processo a uma<br />

distância de quatro centímetros.<br />

3. Não há marcas de pincel detectáveis na imagem.


4. O processo afeta somente a superfície das fibras e não penetra até<br />

o lado inverso do tecido.<br />

5. As variações na densidade da imagem são produzidas pelas<br />

alterações na densidade das fibras amareladas por unidade de área,<br />

não por alterações no grau de amarelamento.<br />

6. O sangue coagulado protegeu o linho das reações de<br />

amarelamento.<br />

Em nossos próprios experimentos, nós havíamos provado que a<br />

formação da imagem frontal não poderia ser realizada pelo processo<br />

de contato e nós acreditamos que o amarelamento das fibras foi<br />

causado por uma reação de ácido láctico de algo tipo.<br />

Dr Mills havia notado dois outros processo que produzem tipos de<br />

imagens similares. Antigos espécimes botânicos que haviam sido<br />

mantidos secos produzem marcas de um amarelo amarronzado sobre<br />

a celulose que revela notáveis detalhes em uma imagem negativa de<br />

um azul filtrado. Ele descobriu excelentes exemplos deste efeito sobre<br />

papel emoldurado nas amostras armazenadas no herbário da<br />

Universidade de Leicester desde 1888. Estas marcas, conhecidas<br />

como padrões de Volckringer, foram produzidas através de uma<br />

reação de ácido láctico. Dr. Mills comentou sobre o processo:<br />

As 'imagens de plantas' oferecem uma fonte acessível de imagens<br />

produzindo fibras para investigações preliminares. Não há nenhuma<br />

conexão religiosa e ninguém tem se obrigado a explicá-las como<br />

artefatos produzidos pelos homens.<br />

Outro fenômeno relacionado que ele tinha notado era um que havia<br />

causado problemas aos primeiros fabricantes de chapas fotográficas,<br />

quando eles descobriram que imagens poderiam ser produzidas em<br />

total escuridão através da proximidade de vários materiais tais como<br />

papel de imprensa, madeiras resinosas, alumínio e óleos vegetais.<br />

Conhecido como 'Efeito Russel', era geralmente aceito que o processo<br />

estava ligado com a liberação de peróxido de hidrogênio. Por volta da


década de 1890, os fabricantes de filmes descobriram como produzir<br />

emulsões que não sofriam deste efeito e o interesse neste estranho<br />

processo de produção de imagem, que não necessitava de luz<br />

desapareceu.<br />

Dr. Mills descobriu claras evidências de que um homem nu mantido<br />

sob ar confinado produziria correntes de ar através de condução de<br />

calor laminar (não-turbulenta) em torno de uma distância de 80<br />

centímetros, e a partir disto ele calculou que uma partícula formadora<br />

de imagem levaria aproximadamente um segundo para percorrer os<br />

quatro centímetros de distância que haveria entre a superfície do<br />

corpo e o tecido. Assim ele descreveu a chave do processo:<br />

Somente se o princípio ativo estiver altamente instável o suave<br />

transporte vertical produziria uma imagem modulada.<br />

Em termos legais esta sentença significaria algo mais ou menos<br />

assim:<br />

As partículas que causaram o descoloramento das fibras do linho<br />

devem ter estado dentro de condições quimicamente instáveis,<br />

enquanto que suavemente se elevavam do corpo para o linho criando<br />

uma imagem reconhecível produzida em tons graduados.<br />

Dr. Mills está aqui descrevendo um processo pouco compreendido<br />

que é sabido produzir uma imagem com gradações claras e escuras<br />

exatamente como uma fotografia, mas utilizando para isso partículas<br />

moleculares de algum elemento ao invés de fótons de luz. Uma<br />

possível partícula instável que poderia resultar no amarelamento das<br />

fibras de linho é um tipo de radical livre conhecido como oxigênio<br />

reativo intermediário. Uma completa descrição deste processo de<br />

formação de imagem é apresentada no Anexo III.<br />

O processo, conhecido como auto-oxidação, é uma reação muito<br />

vagarosa, levando um grande número de anos para atingir a<br />

saturação, após o qual a imagem começará muito lentamente a<br />

desaparecer. A teoria do Dr. Mills prevê que a imagem do Sudário


tornar-se-á lentamente mais esmaecida, o que tem sido relatado ser o<br />

caso, e eventualmente desaparecerá.<br />

Suas conclusões eram fascinantes:<br />

Embora imagens dessa natureza associadas com espécimes<br />

botânicos prensados em papel não sejam incomuns, parece que o<br />

Sudário de Turim parece ser único, devido à necessidade da<br />

combinação de circunstâncias altamente incomuns que não são<br />

individualmente exigidas, entre elas:<br />

. Um longo manto mortuário de puro linho.<br />

. A rapidez em envolver um corpo recentemente falecido (não limpo)<br />

de um homem torturado em um lugar confinado e termicamente<br />

estável.<br />

. Remoção aproximadamente após 30 horas.<br />

. Armazenamento em um lugar seco e escuro por décadas ou séculos.<br />

Como nós veremos no Capítulo 8, todas estas circunstâncias<br />

combinam com nossa hipótese, mas nós acreditamos que a pessoa,<br />

Jacques de Molay, estava em coma, não morta. Este fato auxiliaria o<br />

processo uma vez que o corpo continuaria quente durante o mesmo,<br />

enquanto estivesse envolto no sudário.<br />

Sabendo que todas as evidências conhecidas ajustavam-se<br />

precisamente com a nossa teoria (ver Anexo 03) nós agora<br />

precisávamos continuar com a nossa reconstrução dos eventos de<br />

Outubro de 1307, de modo a verificar se o motivo, a oportunidade e as<br />

circunstâncias confirmariam a hipótese de Molay.<br />

Conclusão<br />

A datação de carbono conclusivamente demonstrou que o Sudário de<br />

Turim data de entre 1260 e 1380, precisamente como nós<br />

esperaríamos se ele fosse a imagem de Jacques de Molay. Não há<br />

nenhuma outra teoria que combine os fatos cientificamente


estabelecidos. Através de experimentos, nós sabemos que a figura no<br />

Sudário estava em cama macia de algum tipo o que fortemente sugere<br />

que a vítima não estava morta e que se esperava a sua recuperação.<br />

A imagem no Sudário foi explicada em detalhes pelo Dr. Alan Mills<br />

que, independentemente, identificou as circunstâncias extremamente<br />

usuais que nós já havíamos descrito em detalhes. Ele mesmo sugeriu<br />

que a vítima possa ter sido um cruzado.


Ma figura acima, nossa primeira tentativa de reconstruir uma imagem<br />

em um sudário sobre uma superfície plana e dura, usando um modelo.<br />

A imagem frontal nada mostra das sutilezas de uma imagem de<br />

Volckringer e também não mostra a distorção de perspectiva tão óbvia<br />

no Sudário de Turim.<br />

A imagem posterior mostra claramente como o corpo do modelo tocou<br />

o Sudário em apenas cinco pontos: a cabeça, ombros, panturrilhas e<br />

calcanhares. Somente através da utilização de uma superfície macia é<br />

possível criar uma imagem completa através de impressão por<br />

contato.<br />

8<br />

O Sangue e as Chamas<br />

A Santa Inquisição<br />

No outono de 1307, o quase falido Filipe IV de França estava pronto<br />

para solicitar o sexto e último favor que ele havia extraído do eventual<br />

Papa Clemente V; em compensação à elevação do prelado ao trono<br />

de São Pedro. Muito em breve a prosperidade da Ordem dos<br />

Cavaleiros Templários resolveria as preocupações financeiras do Rei.<br />

Jacque de Molay deve ter acreditado que ele tinha vencido sua<br />

batalha contra Filipe e o Papa Clemente protelando a unificação dos<br />

Templários com os Hospitalários. Ele assegurou-se que o falido Rei<br />

tivesse visto a fortuna que ele tinha trazido com ele e depositado no<br />

Templo de Paris, dando a si mesmo o senso de poder que um gerente<br />

de banco sente quando confrontado por alguém que ele sabe que está<br />

pronto para solicitar um empréstimo. Pelo tamanho da delegação que<br />

acompanhou o Grão-Mestre, nós acreditamos que é<br />

altamente provável que Molay pretendia permanecer em França para<br />

reconstruir a influência templária e controlar o surgimento do<br />

indesejável debate. Infelizmente para ele, entretanto, ele falhou<br />

totalmente em compreender a total brutalidade de seu desesperado


adversário, sendo que ele pagou um terrível preço por seu erro de<br />

cálculo.<br />

Não há outra imagem de uma figura humana que seja pictórica ou<br />

quimicamente semelhante ao Sudário, e nós sabíamos através do<br />

trabalho do Dr. Mills que as circunstâncias de sua criação devem ter<br />

sido de fato muito incomuns. A avareza de Filipe, o Belo, criou aquelas<br />

circunstâncias únicas, os membros da Inquisição de Paris<br />

providenciaram os mecanismos e o infeliz Jacques de Molay tornou-se<br />

o modelo para uma imagem que intrigaria o mundo por séculos.<br />

A Inquisição era uma 'corte de justiça' fundada pela Igreja<br />

Católica Romana para o propósito expresso de erradicar todas as<br />

interpretações da escritura que desviasse da linha oficial do Vaticano;<br />

isto geralmente era obtido através da mutilação e assassinato de<br />

alguém suspeito de sustentar tais pontos de vista. Em 382 d.C., a<br />

Igreja decretou que qualquer pessoa convicta de heresia deveria ser<br />

executada, mas, assim que o Cristianismo tornou-se firmemente<br />

estabelecido e seus oponentes, tais como os vários professores<br />

gnósticos, eram silenciados, a perseguição daqueles que não<br />

interpretavam as escrituras da maneira aprovada continuou menos<br />

vigorosa. Durante um certo tempo, a Igreja contentava-se<br />

simplesmente em excomungar os hereges, mas isto conduziu a<br />

questionamentos intelectuais sobre as crenças sobrenaturais da<br />

Igreja, o que levou uma vez mais à necessidade de medidas cruéis<br />

para por um fim a este indesejável status quo. Para se assegurar que<br />

os indivíduos acusados não fossem por demais tímidos quanto à<br />

confissão de suas visões não autorizadas, à Inquisição era permitida<br />

aplicar quantidades ilimitadas de intensa dor física a qualquer um que<br />

fosse suspeito. Esta prática foi formalmente aprovada pelo<br />

inapropriadamente denominado Papa Inocêncio IV em 1252 d.C.<br />

Pouco antes do amanhecer do dia 14 de Outubro de 1307, uma sextafeira,<br />

os senescais de França lançaram-se sobre quinze mil Cavaleiros<br />

Templários que tinham ido dormir como os mais respeitados membros<br />

da santa ordem, mas eram agora brutalmente acordados como<br />

hereges acusados.


Na capital, Filipe IV observava à uma distância segura como os seus<br />

oficiais apoderaram-se do Templo de Paris e de seu conteúdo, junto<br />

com os Preceptores da Aquitânia, o Prior da Normandia e o próprio<br />

Grão-Mestre Jacques de Molay. Não houve resistência por parte dos<br />

Templários, mesmo tendo seus edifícios sido projetados para serem<br />

completamente defensíveis. Filipe considerava o Templo, que se<br />

localizava além das muralhas de sua capital, tão importante que ele<br />

compareceu em pessoa, quando este estava totalmente dominado.<br />

Interessante se faz notar que a maioria dos membros veteranos da<br />

Ordem não tenha recebido nenhum aviso da armadilha que foi<br />

lançada contra eles. Considerando que muitos secretários e oficiais<br />

devem ter visto inúmeras cópias das instruções, ou eles eram<br />

totalmente leais ao Rei ou tinham medo das represálias se<br />

divulgassem qualquer fato. As acusações de heresia teriam ajudado a<br />

preservar o segredo, pois apoiar abertamente os acusados hereges<br />

teria atraído a atenção não só dos soldados de Filipe, mas também<br />

dos sacerdotes da Inquisição que estavam encarregados do<br />

interrogatório dos membros da Ordem.<br />

Entretanto, nem tudo estava a favor de Filipe.<br />

Deve ter havido uma brecha na segurança em La Rochelle, pois<br />

um significativo número de combatentes da Ordem, e toda sua frota,<br />

desapareceu justamente na hora em que os senescais do Rei<br />

chegavam ao porto. A frota zarpou encoberta pela escuridão da noite<br />

e nunca mais foi vista novamente.<br />

Não temos nenhuma dúvida de que a maioria dos fugitivos foi parar na<br />

Escócia sob a proteção do já excomungado réu, <strong>Robert</strong> Bruce,<br />

embora acreditemos que outros navegaram em direção ao oeste em<br />

busca da terra por eles conhecida como Ia Mérica.<br />

Guilherme Imbert, o Inquisidor-Mor da França (também conhecido<br />

como Guilherme de Paris), era o confessor pessoal de Filipe, o Belo,<br />

conhecido como 'profundamente versado em todas as artes e práticas<br />

inquisitoriais’. Ele foi encarregado pelo Rei com a tarefa de extrair a<br />

confissão imediata de Jacques de Molay, através de todos os meios<br />

que ele considerasse serem apropriados.


Um Templário, chamado Jean de Foligny, rapidamente admitiu sob<br />

persuasão da Inquisição, que as cerimônias particulares dos<br />

Templários ocorriam em um oratório na pequena capela do Templo de<br />

Paris, que se localizava dentro da torre principal que também abrigava<br />

a tesouraria. Ele descreveu esta capela como um 'lugar secreto', e nós<br />

acreditamos que este era um salão sem janelas, virtualmente idêntico<br />

ao moderno Templo maçônico. Nós não fomos capazes de descobrir<br />

algum registro da decoração usada neste 'salão secreto', mas quase<br />

certamente ele possuía um pavimento quadriculado em branco e<br />

preto, paredes adornadas com símbolos não-cristãos e uma estrela<br />

presa ao teto com a letra 'G' em seu centro.<br />

Dentro deste Templo interior, possivelmente dentro de uma pequena<br />

arca de madeira, estavam quatro itens. Um crânio humano, dois<br />

fêmures e um sudário branco; exatamente como esperaríamos<br />

encontrar hoje em um Templo maçônico. Como a Igreja de Jerusalém<br />

antes deles, e a Maçonaria após eles, os Templários mantinham<br />

sudários de linho branco para envolver os candidatos para a<br />

associação principal, onde eles se submeteriam a uma morte<br />

ritualística e uma ressurreição para uma nova vida como irmãos<br />

completos dentro da comunidade a qual eles aspiravam se juntar.<br />

Das dez acusações realizadas contra os Templários, a mais ofensiva<br />

para a Inquisição deve seguramente ter sido:<br />

Eles exigiam que todo noviço cuspisse e pisasse na cruz de Cristo.<br />

A cruz, como um símbolo da ressurreição do Cristo morto, era, e ainda<br />

é, a essência primordial da fé cristã e qualquer tentativa de zombar ou<br />

diminuir sua importância teria ultrajado os sacerdotes da Inquisição de<br />

Paris. Quando eles perceberam que o Grão-Mestre da mais heróica<br />

das ordens cristãs havia pisado a cruz, sua fúria certamente não teria<br />

limites. Para Imbert, esta terrível traição a Jesus Cristo e à sua santa<br />

Igreja teria que ser vingada do modo mais forte possível. Ele havia<br />

sido autorizado através de uma bula papal a usar tortura contra todos<br />

os hereges onde e quando fosse necessário, salvo algumas exceções,


entretanto a Ordem dos Cavaleiros Templários era uma dessas<br />

poucas exceções.<br />

Jacques de Molay e seus seguidores respondiam apenas ao Papa e<br />

Imbert sabia que, sem instruções papais diretas, sua autoridade<br />

terminaria no instante momento em que apresentasse ao Grão-Mestre<br />

Templário 'a Questão'. Entretanto, Filipe esclareceu a Imbert que<br />

como Rei de França ele estava autorizado a ordenar a tortura dos<br />

principais oficiais dos Templários sob os termos da diretiva papal que<br />

ordenou a todos os príncipes cristãos 'fornecer todo o auxílio possível<br />

ao Santo Ofício da Inquisição'. Imbert agora estava satisfeito, pois ele<br />

havia sido legalmente autorizado pelo Rei a utilizar todos os meios<br />

que desejasse para obter a confissão deste Grão-Mestre herege,<br />

Jacques de Molay.<br />

Quando submetidos à tortura através de um hábil profissional, os<br />

prisioneiros, muitas das vezes quase todos, confessavam qualquer<br />

coisa que o inquisidor desejasse ouvir, mesmo quando as vítimas<br />

sabiam que tal confissão resultaria em sua imediata execução. De<br />

fato, em tais circunstâncias, a morte pode tornar-se a única ambição<br />

dos desafortunados suspeitos.<br />

O Interrogatório no Templo<br />

Tão logo o Templo de Paris foi fechado, Imbert iniciou o interrogatório<br />

do Grão-Mestre.<br />

O Templo de Paris era o centro financeiro da cidade, e assim suas<br />

celas não continham uma câmara de tortura, deste modo os<br />

instrumentos usuais de persuasão como as pranchas e as polias não<br />

estavam realmente disponíveis. Imbert, entretanto, era um homem de<br />

recursos e veio preparado com os materiais necessários para a tarefa<br />

a qual ele estava planejando, incluindo cordas, chicotes e cravos de<br />

diversos tamanhos.<br />

Nós agora descreveremos o que nós acreditamos ter acontecido com<br />

Molay nas mãos da Inquisição, e logo em seguida a linha de<br />

evidências que a apóiam.


Uma vez que ele estava ultrajado pelo uso de um cerimonial de<br />

ressurreição por parte dos Templários, que insultavam a 'verdadeira'<br />

ressurreição de Cristo, nós acreditamos que Imbert tinha a verdadeira<br />

intenção de forçar Molay a sofrer a mesma tortura que Jesus tinha<br />

sofrido. Muito provavelmente isto ocorreu no 'salão secreto' onde os<br />

Templários conduziam suas cerimônias 'obscenas', e onde Imbert<br />

havia descoberto a arca contendo o sudário, o crânio e os fêmures<br />

utilizados na cerimônia de ressurreição dos Templários. Ele sabia para<br />

o que eles eram utilizados, pois seus informantes já tinham lhe<br />

informado de uma cerimônia que envolvia o candidato, representando<br />

o papel de vítima durante a re-interpretação de um assassinato,<br />

somente para ser ressuscitado de um 'túmulo' ritual.<br />

Horrorizado e enojado, Imbert decidiu a forma de tortura que ele<br />

usaria contra Molay, que viveria para lamentar sua negação da cruz e<br />

o odioso uso destes objetos profanos.<br />

Como preliminares a qualquer tipo de tortura empreendida pela<br />

Inquisição, a vítima era desnudada, como pode ser verificado através<br />

deste comentário contemporâneo:<br />

O desnudamento é realizado sem respeito à humanidade ou à honra...<br />

Para isto eles desnudavam as pessoas por completo, até suas roupas<br />

de baixo, que mais tarde também eram retiradas mostrando-se até,<br />

com o devido perdão da expressão, seus órgãos genitais.<br />

Molay foi preso por duas cordas atadas aos seus punhos e Imbert<br />

procedeu com a tortura de sua vítima, espancando-o com um chicote<br />

de múltiplas correias, possivelmente arrematados com fragmentos de<br />

ossos.<br />

Uma coroa construída com objetos pontiagudos foi empurrada com<br />

grande força contra a cabeça do Grão-Mestre, cortando seu couro<br />

cabeludo e sua testa.<br />

É sabido que a Inquisição regularmente pregava pessoas a postes ou<br />

outros convenientes objetos como uma forma de tortura e isto é o que<br />

precisamente nós acreditamos que tenha ocorrido no Templo de Paris


naquele dia. Com a utilização de apenas três cravos, os inquisidores<br />

de Molay valeram-se de meios altamente efetivos de se extrair uma<br />

confissão.<br />

Molay foi arrastado para o objeto disponível mais próximo, talvez uma<br />

seção de um painel de madeira ou, mais provavelmente, uma grande<br />

porta de madeira. Ele foi colocado em pé em algo parecido com um<br />

escabelo e seu braço direito foi levantado, quase verticalmente, sobre<br />

sua cabeça e então pregado em um ponto localizado entre os ossos<br />

rádio e ulna no pulso, cuidadosamente evitando-se as veias. A<br />

violência do impacto do cravo na estrutura interna do braço direito de<br />

Molay fez com que seu polegar se deslocasse em direção à palma da<br />

mão tão violentamente que a junta deslocou-se e a unha do polegar<br />

alojou-se dentro da carne de sua palma da mão.<br />

Após isto, seu braço esquerdo foi estendido lateralmente e para o alto<br />

e pregado à porta em um nível mais baixo que o anterior. Feito isto, o<br />

escabelo foi retirado e seu pé direito foi pregado com um cravo<br />

colocado entre o segundo e terceiro osso metatarso. Uma vez<br />

colocado assim, o pé direito de Molay foi posto sobre o esquerdo, de<br />

modo que ambos os pés pudessem ser fixados com um único cravo.<br />

Ele não estava pendurado de uma maneira simétrica, mas em uma<br />

linha praticamente reta que partia de seu pulso ao seu pé direito, com<br />

o braço esquerdo estendido para fora. Seu ombro direito deslocou-se<br />

quase que imediatamente.<br />

A perda de sangue era mínima e ele permaneceu completamente<br />

consciente, embora ele deva ter sofrido terríveis dores.<br />

Os sacerdotes da Inquisição eram homens extremamente hábeis e<br />

eles adoravam manter um preciso controle sobre as suas<br />

desafortunadas vítimas. A prancha era um equipamento muito<br />

popular, pois a dor podia ser aplicada com aumentos consideráveis,<br />

mas os três cravos negavam-lhes este grau de requinte. Entretanto, a<br />

escolha de uma porta onde a vítima era pregada, provinha excelentes<br />

meios de um aumento instantâneo sobre os meios de persuasão. O<br />

simples ato de se abrir a porta, movimentá-la e ocasionalmente batê-la


ispidamente, teria produzido horríveis ondas de choque em direção à<br />

debilitada vítima.<br />

Esta descrição dos eventos é consistente com o deslocamento do<br />

polegar e do ombro direito que já foi identificada por peritos médicos<br />

que estudaram o Sudário. Ela também explica as direções dos fluxos<br />

sanguíneos vistos nos antebraços da imagem do Sudário.<br />

O velho Templário com seus 63 anos de idade havia conhecido<br />

uma vida de dignidade e admiração e neste instante ele se via<br />

degradado e quase destruído. Somente um homem muito forte de fato<br />

não contaria à Inquisição qualquer coisa que eles desejassem ouvir.<br />

O trauma infligido ao corpo de Molay levou à produção de grandes<br />

quantidades de ácido láctico em sua corrente sanguínea, levando ao<br />

que é conhecido como 'acidose metabólica', uma condição<br />

freqüentemente vista em atletas levados à exaustão. Esta condição<br />

produz diversos espasmos ou contrações musculares, o que foi ainda<br />

agravado pelo aumento do dióxido de carbono que ocorreu quando


Molay não pode respirar com a mesma eficiência, levando à 'acidose<br />

respiratória'. Assim que sua luta por sobreviver atingiu seu clímax,<br />

a temperatura de seu corpo subiu e o suor vertia abundantemente,<br />

seus músculos paralisaram em uma contração permanente, sua<br />

pressão sanguínea caiu e seu coração batia rapidamente - mas Imbert<br />

não pretendia deixá-lo morrer. No momento exato em que o Grão-<br />

Mestre pensava não ser possível resistir, Imbert ordenou que este<br />

fosse retirado do suplício.<br />

Agora era o momento de mostrar a Molay que o seu ridículo uso de<br />

um sudário não havia passado desapercebido pela Santa Inquisição.<br />

Assim que ele foi retirado, seus torturadores o lançaram sobre um<br />

tecido e a seção restante foi colocada sobre sua cabeça para cobrir a<br />

parte frontal de seu corpo fumegante.<br />

Molay então foi colocado sobre a mesma cama macia da qual fora<br />

retirado anteriormente naquela manhã. Sua cabeça e ombros estavam<br />

apoiados para auxiliá-lo com a respiração e os fluídos mórbidos de um<br />

homem ferido suor e sangue com altas doses de ácido láctico -<br />

corriam livremente sobre todo o seu corpo.<br />

O sudário entrou em total contato com as costas do corpo de<br />

Molay, sendo que o sangue o suor produziram uma imagem grosseira<br />

no tecido abaixo dele. O tecido sobre a frente do corpo entrou em<br />

contato com os pontos mais altos do mesmo e a evaporação do suor<br />

atravessou o sudário. Estando em uma cama macia com travesseiros<br />

que garantiam que sua cabeça estivesse elevada e seus quadris e<br />

joelhos dobrados, as mãos foram trazidas para baixo em direção ao<br />

quadril.<br />

Imbert recebeu ordens precisas de não matar o Grão-Mestre<br />

dos Templários, mas ele não tinha nenhuma intenção de tratar de um<br />

herege confesso, fazendo com que o mesmo se restabelecesse.<br />

Molay não possuía nenhum familiar na região que pudesse cuidar<br />

dele, mas seu braço direito, o Preceptor Templário da Normandia, que<br />

também estava sendo interrogado no Templo de Paris na mesma<br />

época. Nós acreditamos que a família do irmão de Geoffroy de<br />

Charney, Jean de Charney, foi chamada para tratar de ambos, estes


que estavam destinados a morrer juntos sete anos mais tarde, quando<br />

ambos foram lentamente queimados sobre uma fogueira por sua<br />

reincidência na 'heresia'.<br />

A família Charney removeu o sudário e curou suas feridas. Eles<br />

devem ter levado muitas semanas para restabelecer a Molay algo<br />

aproximado com uma condição saudável, mas suas cicatrizes nunca<br />

curaram, uma vez que dois anos mais tarde ele removeu sua camisa<br />

para mostrar aos representantes do Papa a extensão de sua tortura. O<br />

sudário estava rígido devido ao sangue e ao suor, mas, como uma<br />

peça de tecido útil, ele foi lavado, não dispensado, e o tecido de linho<br />

branco foi então dobrado e mantido na família sem maiores<br />

preocupações.<br />

A Confissão de Jacques de Molay<br />

Muitos livros sobre os Templários casualmente informam que Jacques<br />

de Molay realizou uma confissão completa, logo após sua prisão, sob<br />

ameaça de tortura. A impressão que a maioria das pessoas tem obtido<br />

através da leitura dos livros disponíveis mais comuns sobre o tema é a<br />

de que Molay forneceu uma 'confissão completa', segundo a qual ele<br />

traiu sua Ordem a Filipe, de modo a obter um pouco mais de tempo<br />

para si mesmo. Entretanto, nós descobrimos que há algumas versões<br />

mais detalhadas desta confissão que lançam uma luz muito diferente<br />

sobre a questão.<br />

Uma vez que o Grão-Mestre estava bem novamente, ele ditou sua<br />

'confissão' em uma carta que foi encaminhada para todo Cavaleiro<br />

Templário, solicitando que os mesmos fizessem o mesmo, declarando<br />

que: 'eles estavam iludidos por antigos erros'.<br />

Entretanto, embora ele admitisse a negação de Cristo, ele<br />

firmemente recusou-se a admitir o que ele se referia como: 'permissão<br />

para a prática do vício.<br />

Analisando-se isto, foi uma resposta muito curiosa para um sacerdote<br />

e líder de uma poderosa Ordem cristã. Ele estava pronto para admitir<br />

heresia, pela qual ele poderia ser queimado até a morte e passar a


eternidade no Inferno, mas negava absolutamente os atos<br />

homossexuais, que como nós descobrimos a partir de um comentário<br />

de Bonifácio VIII, eram considerados 'tão pecaminosos quanto unir as<br />

mãos em oração'.<br />

Esperaria-se mesmo de sacerdotes perseverantes que confessassem<br />

sob tortura algo tão trivial como um ato de desvio sexual, mesmo que<br />

não fosse verdadeiro, mas eles certamente morreriam em agonia<br />

antes de falsamente admitir que eles haviam negado Cristo.<br />

Entretanto, a confissão é inteiramente consistente de se ouvir de um<br />

homem que sabia que Jesus era apenas um messias judeu e não um<br />

deus. Isto também se liga aos comentários de um Templário inglês,<br />

John de Stoke, que afirmou que Molay havia-lhe dito para acreditar em<br />

um único Deus onipotente, que criou o céu e a terra, e não na<br />

Crucificação.<br />

Sob tortura, o Grão-Mestre confessou a metade das acusações que o<br />

conduziriam à sua morte, parecendo muito provável que o mesmo<br />

tivesse contado a verdade. Os Templários não praticavam<br />

homossexualidade, assim ele negou, mas ele admitiu que ele não<br />

acreditava que Jesus ou qualquer outro homem fosse um deus, uma<br />

vez que há somente um Deus - e sendo assim, ele rejeitou a cruz<br />

como um símbolo.<br />

Registra-se que Molay tenha realizado sua primeira confissão verbal<br />

diante da Universidade de Paris, no domingo, 15 de Outubro. Isto<br />

ocorreu somente dois dias após sua prisão e, se esta versão for<br />

correta, Imbert deve tê-lo persuadido a confessar rapidamente,<br />

provavelmente no dia de sua prisão, uma vez que ele não teria se<br />

restabelecido suficientemente de sua tortura para ser capaz de falar.<br />

Foram dez dias mais tarde que Molay escreveu sua declaração de<br />

confissão onde ele admitia a negação de Cristo e da cruz, mas<br />

veementemente negava as outras acusações de atividades<br />

homossexuais. A próxima etapa do processo de confissão ocorreu no<br />

início do ano seguinte quando Molay e os Grão-Priores da Aquitânia e<br />

da Normandia foram levados à cidade de Chinon para uma audiência<br />

com o Papa Clemente, onde uma vez mais confessou a negação de


Cristo e da cruz. Clemente refere-se a esta reunião em uma carta<br />

particular que ele escreveu a Filipe, datada de 30 de Dezembro de<br />

1308, na época em que ele mantinha o Rei completamente informado<br />

dos procedimentos contra os Templários.<br />

Clemente agindo de acordo com a 'sexta condição' exigida por Filipe<br />

IV; publicamente admitiu que o rei francês havia atuado dentro de<br />

seus direitos legais, sob os termos da diretiva papal que ordenou a<br />

todos os príncipes cristãos 'fornecer todo o auxilio possível ao Santo<br />

Ofício da Inquisição'. O ataque aos Templários foi dirigido contra os<br />

interesses de Clemente e demonstrou ao mundo que Filipe não<br />

precisa do consentimento do Papa para proceder contra uma ordem<br />

que estava diretamente sob a proteção papal. Não há dúvida de que o<br />

hábil Rei havia se cercado de todos os meios de chantagem para<br />

persuadir o Papa a concordar com a sexta condição secreta de Filipe.<br />

Para confirmar sua posição, Filipe reuniu a Assembléia de Estado em<br />

Tours em 1308, e obteve deste encontro uma declaração de seu<br />

direito real de punir hereges notórios sem a necessidade do<br />

consentimento do Papa. Parece que Clemente tentou resistir ao<br />

consentimento da prisão dos Templários realizado por Filipe, pois é<br />

sabido que ele tentou escapar de Roma, através de Bordeaux, mas<br />

infelizmente sua comitiva, seus tesouros e sua santa pessoa foram<br />

impedidos pelas tropas reais e o Papa tornou-se um prisioneiro virtual<br />

de Filipe desde então.<br />

Clemente requereu a formação de uma comissão papal para<br />

investigar a culpa da Ordem e, em uma quarta-feira, 26 de Novembro<br />

de 1309, Molay foi trazido diante desta comissão em Viena. Cartas<br />

foram escritas para ele que afirmavam que ele previamente havia<br />

realizado uma confissão completa de todas as acusações colocadas<br />

contra ele. O Grão-Mestre imediatamente explodiu com raiva,<br />

veementemente negando que ele tivesse confessado as acusações de<br />

práticas homossexuais. A resposta de Molay foi tão agressiva que os<br />

bispos da comissão exigiram que ele moderasse o seu tom. Ele não<br />

negava sua confissão a respeito de sua rejeição de Cristo como um<br />

deus em forma humana.


No dia seguinte, quando ele havia recuperado sua compostura, Molay<br />

realizou esta declaração à comissão:<br />

Se eu mesmo ou outros Cavaleiros produzimos confissões diante do<br />

Bispo de Paris, ou de qualquer outro, nós traímos a verdade - nós<br />

recuamos diante do medo, do perigo e da violência. Nós fomos<br />

torturados por nossos inimigos.<br />

Ele removeu sua camisa e mostrou à assembléia de bispos as<br />

marcas que a tortura havia produzido em seu corpo.<br />

A 28 de Março de 1310, após uma acusação pública, centenas de<br />

Templários em Paris exigiram serem trazidos diante do Papa, mas<br />

esta audiência foi negada por Filipe.<br />

O Papa redigiu, neste momento, um ato de acusação contra os<br />

Templários que declarava que, quando de seus ingressos, aos<br />

iniciados ao Templarismo era exigido a negação do nascimento<br />

virginal e afirmação de que Cristo não era o verdadeiro Deus, mas um<br />

profeta que foi crucificado por seus próprios crimes e não pela<br />

redenção do mundo. Era declarado também que eles cuspiam e<br />

pisoteavam a cruz, especialmente na Sexta-Feira Santa.<br />

Quando ele não podia mais utilizar a desculpa de coleta de evidências<br />

para atrasar o processo, Clemente convocou uma reunião do conselho<br />

geral em Viena. A 10 de Outubro de 1311, o Papa Clemente e cento e<br />

quatorze bispos reuniram-se para decidir o destino dos Templários. A<br />

maioria dos bispos de fora de França se recusou a aceitar a culpa dos<br />

Templários, e deste modo Clemente encerrou o concilio e continuou a<br />

fazer nada. Quatro anos mais tarde, Filipe encontrou-se com<br />

Clemente e tiveram 'uma conversa particular', sendo que logo após, a<br />

22 de Março de 1313, Clemente aboliu a Ordem valendo-se de sua<br />

própria autoridade, sem declará-la culpada ou inocente. O concilio<br />

geral foi reconvocado a 03 de Abril e, na presença do Rei e de sua<br />

guarda real, o Papa leu sua Bula de Abolição. A 02 de Maio, a bula foi<br />

publicada e a Ordem dos Cavaleiros Templários oficialmente deixou<br />

de existir.


Clemente, permitiu que Filipe cobrasse as despesas de tudo contra o<br />

espólio dos Templários, de modo a cobrir os custos de suas<br />

investigações e o aprisionamento dos suspeitos. Estes 'custos<br />

legítimos' rapidamente absorveram as posses da Ordem em França.<br />

A Negação Final<br />

Filipe, o Belo, nunca pretendeu dar aos Templários um julgamento<br />

justo. Em 1308, o Rei levou Clemente a publicar uma bula papal a 12<br />

de Agosto que fornecia os resultados do exame e das confissões de<br />

vários Templários que nem mesmo haviam sido interrogados até 17<br />

de Agosto! Então em 1310, quando Clemente conclamou a Ordem a<br />

se defender e mostrar a boa causa do porquê ela não deveria ser<br />

suprimida, registrou-se que quinhentos e trinta e seis Cavaleiros<br />

Templários apresentaram-se com a promessa de Filipe de que eles<br />

não estariam em perigo.<br />

Quando eles se apresentaram diante da comissão papal em Paris,<br />

eles contaram como eles haviam sido terrivelmente torturados; um<br />

cavaleiro chamado Bernardo de Vardo mostrou aos comissários uma<br />

caixa contendo ossos escurecidos que tinham caído de seus pés<br />

quando eles foram colocados sobre um braseiro.<br />

Tendo reunido todos os Templários, o Rei quebrou sua promessa e<br />

então os aprisionou e os processou. Muitos deles confessaram<br />

previamente sob tortura, e sua tentativa de defesa diante da comissão<br />

papal foi encarada como recaída na heresia - a penalidade para tal era<br />

ser condenado à fogueira. Os Templários foram traídos pelo fato de se<br />

declararem inocentes. O Rei os encaminhou à fogueira em grupos; em<br />

uma só ocasião, quando cinqüenta e quatro Cavaleiros morreram nas<br />

chamas de uma fogueira sob o controle de Filipe de Marigni, o<br />

Arcebispo de Sens, registrou-se que as vítimas gritavam em agonia,<br />

mas nenhum deles admitiu sua culpa.<br />

O ódio de Filipe contra os Templários não conhecia limites, mas ele<br />

mesmo se sobrepujou quando foi ordenado que os restos mortais do<br />

antigo tesoureiro da Ordem, morto há aproximadamente um século,


que não tinha garantido o resgate do avô do Rei, deveriam ser<br />

desenterrados e queimados.<br />

A lista final de acusações contra os Templários era mais específica do<br />

que a original. A afirmações contra eles eram as seguintes:<br />

1. A negação de Cristo e a maculação da cruz.<br />

2. A adoração de um ídolo.<br />

3. A realização de Sacramentos pervertidos.<br />

4. Assassinatos rituais.<br />

5. A utilização de uma corda com significados heréticos.<br />

6. O beijo ritual.<br />

7. Alteração do cerimonial da Missa e a adoção de uma forma pouco<br />

ortodoxa de absolvição.<br />

8. Imoralidade.<br />

9. Traição às outras divisões das forças cristãs.<br />

De acordo com o historiador templário, Bothwell Gosse, eles<br />

provavelmente eram culpados da primeira, quinta, sexta e sétima<br />

acusações. Ele concluiu que pode haver algo de verdadeiro na oitava<br />

acusação, mas eles eram totalmente inocentes da segunda, quarta e<br />

nona (ele não fez nenhum comentário a respeito da terceira).<br />

A acusação de que eles utilizavam uma corda com significados<br />

heréticos imediatamente nos traz à mente a corda ou o laço que todo<br />

candidato à Maçonaria tem que usar em sua iniciação. Nós havíamos<br />

descoberto uma escultura em Rosslyn com um Templário barbado<br />

segurando uma corda semelhante em torno do pescoço de um<br />

candidato. A acusação de assassinatos rituais também poderia ser<br />

verdadeira se for enfatizada a palavra 'rituais' e nós tomamo-la como<br />

se referindo à morte simbólica de todo candidato ao Templarismo/<br />

Maçonaria, anteriormente à sua ressurreição.<br />

Jacques de Molay, o Grão-Mestre, Geoffroy de Charney, Preceptor da<br />

Normandia, Hugues de Peyraud e Guy de Auvergne foram mantidos<br />

aprisionados antes mesmo de Clemente instituir uma comissão papal,<br />

formada pelo Bispo de Alba e dois outros cardeais, não para ouvir os


prisioneiros, mas, tomando suas culpas como certas, para pronunciarlhes<br />

suas sentenças. Filipe queria o máximo de publicidade para a<br />

divulgação das sentenças dos comandantes templários e ordenou<br />

uma demonstração pública dos culpados. O Arcebispo de Sens e os<br />

três comissários papais tomaram seus lugares em um palco<br />

especialmente construído a 18 de Março de 1314, diante de uma<br />

enorme multidão que havia comparecido para ver o destino dos quatro<br />

Templários. Um grande silêncio cobriu toda a praça assim que os<br />

distintos prisioneiros foram trazidos de seus calabouços para a<br />

plataforma. O Bispo de Alba fez a leitura de suas alegadas confissões<br />

e pronunciou a sentença de prisão perpétua, mas no momento em que<br />

ele se preparava para explicar a razão dos crimes, ele foi interrompido<br />

pelo Grão-Mestre que insistia em falar para a multidão reunida. Parece<br />

provável que Molay tenha dito ao Bispo que ele estava preparado para<br />

se levantar e confessar seus pecados pessoalmente à multidão. Foilhe<br />

permitido falar:<br />

É justo que em um dia tão terrível e nos últimos momentos de minha<br />

vida, eu tenha descoberto toda a iniqüidade da falsidade, e faça a<br />

verdade triunfar. Eu declaro, então, frente aos céus e à terra, e<br />

reconheço, apesar de minha vergonha eterna, que eu tenho cometido<br />

o maior dos crimes, mas...<br />

Sem dúvida, Molay interrompeu o tom de seu discurso neste momento<br />

para pegar de surpresa seus perseguidores.<br />

... Este tem sido de conhecimento daqueles que têm estado tão<br />

ilicitamente acusado a Ordem. Eu atesto - e a verdade me obriga a<br />

atestar - de que ela é inocente! Eu declarei em contrário somente para<br />

suspender a excessiva dor infligida pela tortura e para tranqüilizar<br />

aqueles que me fizeram tolerá-los. Eu conheço as punições que têm<br />

sido infligidas a todos os Cavaleiros que tiveram a coragem de revogar<br />

uma confissão similar; mas o terrível espetáculo que me é<br />

apresentado não é capaz de fazer-me confirmar uma mentira através


de outra. A vida que me é oferecida sob tão infames termos eu<br />

abandono sem pesar.<br />

Não havia, é claro, jornalistas no meio da multidão aquele dia e<br />

certamente não havia nenhum roteiro escrito, então nós temos que<br />

aceitar que as palavras registradas devem ser baseadas nas<br />

memórias de algumas das pessoas um pouco mais letradas presentes<br />

à ocasião. Embora os detalhes não possam ser completamente<br />

corretos, é razoável presumir que as palavras chaves foram ditas e<br />

que o sentimento geral esteja praticamente intacto.<br />

Molay parece ter provocado seus torturadores um pouco mais além do<br />

que eles pensavam, pois enquanto se pensava que ele estaria<br />

acomodado com suas acusações e pretenderia continuar vivo, ele<br />

então muito espertamente transforma sua aparente confissão em uma<br />

negação de culpa. A parte mais interessante do discurso, entretanto, é<br />

aquela que não foi dita!<br />

O Grão-Mestre declara que a verdade o obriga a atestar que os<br />

Templários são inocentes. Eles eram de fato e verdadeiramente uma<br />

boa e devotada ordem, mas não uma ordem cristã, pois em nenhum<br />

lugar das cento e três palavras pronunciadas por Molay é mencionado<br />

Jesus Cristo. Seria de se esperar que o líder sacerdotal desta<br />

aparente organização cristã utilizar-se-ia desta última oportunidade<br />

para reafirmar seu amor a Cristo se ele estivesse tentando provar que<br />

as declarações sob tortura de que ele negava o salvador eram<br />

inverídicas. Por que ele não disse algo como: 'A Ordem é inocente e<br />

eu solenemente expresso o meu amor e devoção a Jesus Cristo, o<br />

salvador do mundo'?<br />

Dentro de sua capacidade como o último Sumo Sacerdote de Yahweh,<br />

Molay afirmou que a Ordem era 'inocente'; que em seu ponto de vista<br />

certamente o era... Mas, ele não se referiu à principal acusação contra<br />

ela e anunciara que: 'A Ordem é inocente da negação de Cristo'.<br />

Este Grão-Mestre dos Rex Deus e seus seguidores fizeram muitas<br />

referências a Deus, mas nós não conhecemos nenhuma referência<br />

qualquer que fosse a Jesus Cristo - mesmo neste discurso de partida


de inocência. A partir do tom das palavras proferidas por Molay, nós<br />

apreendemos que, uma vez que ele tinha abertamente confessado a<br />

rejeição da Ordem a Jesus como o Filho de Deus, ele tinha sido<br />

forçado a dizer que ele aceitava aquele comportamento iníquo e que<br />

todos os Templários eram, portanto, pecadores. Diante da multidão<br />

em Notre Dame, ele apresentava o registro correto; eles não eram<br />

pecadores e eles eram detentores da maior das verdades. Jesus<br />

Cristo como 'o Filho de Deus' simplesmente não era aceita por ela.<br />

A reação de Molay causou grandes manifestações de apoio e<br />

Geoffroy de Charney permaneceu ombro a ombro com ele. Os<br />

comissários pararam os procedimentos para relatar a terrível situação<br />

a Filipe. Sua resposta foi imediata; sem buscar a autoridade papal<br />

Filipe, sem hesitar, condenou ambos os Templários às chamas. No dia<br />

seguinte, em uma pequena ilha do rio Sena, chamada Íle des Javiaux,<br />

os dois Templários foram finalmente levados à morte, um após o<br />

outro. Os registros nos contam que Jacques de Molay e Geoffroy de<br />

Charney foram vagarosamente queimados, primeiro em seus pés e<br />

então em suas genitálias, para assegurar que o sofrimento durasse o<br />

máximo possível. Enquanto sua carne era queimada vagarosamente,<br />

Molay amaldiçoou tanto Clemente quanto Felipe, convocando-os a<br />

comparecer diante do Juiz Supremo (Deus) dentro de um ano.<br />

Quando a morte finalmente chegou, afirmou-se que muitos<br />

espectadores derramavam lágrimas diante da bravura dos dois<br />

Templários e durante a noite suas cinzas foram secretamente<br />

coletadas e preservadas como relíquias.<br />

As mortes de Molay e Charney foram registradas em uma crônica<br />

popular em verso de autoria de Godofredo de Paris que diz que Molay<br />

insistiu que suas mãos não fossem amarradas para que ele pudesse<br />

uni-Ias em oração durante seus momentos finais. O último comentário<br />

de Molay sobre os seus acusadores foi:<br />

Deixai o mal rapidamente atingir aqueles que tão fortemente nos<br />

condenou - Deus vingará nossas mortes.


Relata-se que Charney completou as seguintes palavras enquanto o<br />

corpo de Molay queimava - palavras estas que rapidamente se<br />

difundiram por toda França:<br />

Eu seguirei o caminho de meu Mestre, como um mártir vós o<br />

assassinaram. Isto vós fizestes e nada mais sabeis. O desejo de<br />

Deus, neste dia, é que eu morra como ele na Ordem.<br />

Nós já citamos em diversas ocasiões um intrigante livro anônimo<br />

que narra certos aspectos dos Templários detalhadamente. Do porquê<br />

uma pessoa escreveria um livro como Sociedades Secretas da Idade<br />

Média e permaneceria anônimo, não conseguimos entender. O<br />

indivíduo pode ter sido uma pessoa bem conhecida, talvez um político<br />

ou mesmo um clérigo, mas de tudo o que fomos capazes de checar,<br />

ele certamente estava bem informado. Pois tudo que foi possível ser<br />

checado tem se mostrado muito preciso, deste modo nós nos<br />

preparamos para aceitar seriamente outros fatos que ele apresentou.<br />

Eis as suas palavras:<br />

Nós não fomos capazes de negar que ao tempo da supressão da<br />

Ordem do Templo houvesse uma doutrina secreta existente, e que a<br />

queda do poder papal com sua idolatria, superstição e impiedade, foi o<br />

objeto declarado por aqueles que a organizavam, e que a Maçonaria<br />

possa possivelmente ser aquela mesma doutrina apenas sob outro<br />

nome.<br />

Infelizmente, o autor (que claramente não era um Maçom) não<br />

desenvolve este ponto. Nossas próprias pesquisas estabeleceram<br />

uma linhagem direta entre os Templários que fugiram para a Escócia e<br />

a Maçonaria, há praticamente nenhuma dúvida de que as formas<br />

presbiterianas e mais tarde episcopais da Maçonaria opuseram-se ao<br />

poder católico na Inglaterra. Desde a unificação da Maçonaria Inglesa<br />

em 1813, a Grande Loja Unida da Inglaterra e todas as outras<br />

Grandes Lojas tem sido escrupulosa ao evitar a emissão de qualquer<br />

opinião política ou religiosa.


Conclusão<br />

Jacques de Molay foi preso no Templo de Paris na manhã de 13 de<br />

Outubro de 1307, enquanto o Rei observava de uma distância segura.<br />

Os Templários não ofereceram resistência e o Grão-Mestre foi<br />

torturado em busca de uma confissão. Ele admitiu a negação de Cristo<br />

pela Ordem, mas firmemente recusou em admitir que os Templários<br />

entregavam-se às práticas homossexuais.<br />

Nossa teoria de que Molay foi crucificado e que era sua a imagem<br />

representada no Sudário tem sido sustentada pelos seguintes fatos<br />

conhecidos:<br />

1. A data coincidia com a datação de carbono do tecido do Sudário.<br />

2. Nós possuíamos uma explicação do porquê um sudário estaria<br />

disponível. (Utilizado para as cerimônias de ressurreição. Os Maçons<br />

ainda utilizam tais sudários hoje em dia).<br />

3. Nós possuíamos dois motivos para uma crucificação (A Inquisição<br />

tinha que se valer de uma forma de tortura que não necessitasse de<br />

grandes equipamentos, e Imbert sabia que os Templários haviam<br />

negado Cristo e 'zombado' de sua ressurreição através de cerimônias<br />

heréticas, tal era a poética da justiça).<br />

4. Nós sabíamos que as vítimas da Inquisição eram freqüentemente<br />

desnudas e que a Inquisição tinha como reputação o fato de pregar<br />

pessoas a convenientes objetos.<br />

5. Nós sabíamos através da evidência da imagem que a vítima estava<br />

certamente ainda viva, pois ela foi colocada em uma cama e não<br />

sobre uma lousa de pedra.<br />

6. Nós sabíamos que Molay apresentou suas feridas em uma data<br />

posterior.<br />

O caso para a hipótese de Molay estava bem estruturado, mas<br />

ainda precisávamos de mais evidências antes que pudéssemos estar<br />

certos.


Jacques de Molay morreu na fogueira após repudiar sua confissão de<br />

que a Ordem havia pecado, mas ele conspicuamente negou que<br />

Cristo fosse o Filho de Deus.<br />

9<br />

O Culto ao <strong>Segundo</strong> <strong>Messias</strong><br />

Um Tempo de Profecias<br />

Nos primórdios do século XII, o Judaísmo como religião estava em um<br />

estado de declínio praticamente terminal. O conceito dirigente da<br />

religião era a idéia do povo escolhido e o messias que os lideraria até<br />

o seu destino.<br />

Os judeus acreditavam que a chegada do messias seria anunciada<br />

através do retorno do profeta Elias quando os 'Últimos Dias' da antiga<br />

ordem chegariam e o espírito de Elias apareceria como um pregador<br />

judeu e assim, anunciaria o novo Rei. Estes ensinamentos<br />

encorajaram os eruditos judeus a procurar pelos 'sinais dos Tempos' e<br />

tentar prever o 'Fim dos Dias'.<br />

Sete anos após os Templários terem fundado sua nova Ordem do<br />

Templo, uma criança judia chamada Moisés Ben Mainon nasceu em<br />

Córdoba, que fazia parte então da Espanha Mourisca e um dos<br />

poucos lugares onde os judeus eram respeitados e seus<br />

ensinamentos aceitos. Seu nascimento coincidiu com o aniversário da<br />

morte de Jesus: a véspera da Páscoa Judaica no ano de 4895, que no<br />

calendário cristão correspondia a 30 de Março de 1135.<br />

Embora ele tenha nascido com o nome Maimon, ele tornou-se<br />

conhecido como Moisés Maimonides. Ele cresceu em uma civilização<br />

mourisca islâmica que atingiu o pico de seu desenvolvimento e,<br />

diferentemente da Europa cristã, a intelectualidade foi encorajada e<br />

admirada como qualidade. Sua educação religiosa inspirou-o a<br />

estudar a completa herança do povo judaico que é, certamente, muito


mais do apenas uma religião, como a Lei contida nas regras de viver<br />

que fazem parte da existência do povo.<br />

Escrevendo para um colega rabino ele dizia:<br />

Embora desde minha infância a Torah faça parte de mim e continue a<br />

morar em meu coração como a esposa de minha juventude, em cujo<br />

amor eu descobri constante deleite, estranhas mulheres que eu vi pela<br />

primeira vez como criadas em meu lar, tornaram-se suas rivais e<br />

tomam muito do meu tempo.<br />

Essas outras rivais de sua afeição eram as ciências em geral e a<br />

ciência da medicina em particular, que o levaram a tornar-se um<br />

respeitado médico logo seria elevado ao cargo de médico da corte de<br />

Saladino. Ele era um brilhante cientista médico e seus livros sobre o<br />

tema tornaram-no uma figura notória através de todo o mundo erudito.<br />

Estes livros eram de uso geral; eles não continham nada de ofensivo<br />

às visões religiosas dos muçulmanos ou dos cristãos, e por isso foram<br />

largamente difundidos, sendo até traduzidos para o latim por monges<br />

cristãos.<br />

O interesse sobre trabalhos médicos de Maimonides freqüentemente<br />

tem levado os leitores a procurar os seus pensamentos a respeito de<br />

outras matérias, e ele tornou-se um dos mais respeitados e bemconhecidos<br />

rabinos judaicos do mundo medieval. Ele escreveu em<br />

diversas línguas e em um trabalho em árabe, chamado Guia à<br />

Perplexidade, ele harmonizou a fé e a razão através da reconciliação<br />

dos dogmas do Judaísmo rabínico com o racionalismo da filosofia<br />

aristotélica. Aqui ele se debateu com conceitos complexos como a<br />

natureza de Deus e a Criação, o livre arbítrio e o problema de se<br />

definir o bem e o mal. Seu sofisticado e ainda claro pensamento serviu<br />

de influência aos principais filósofos cristãos, tais como São Tomás de<br />

Aquino e São Alberto Magno.<br />

Quando os judeus do Iêmen tiveram um sério problema religioso, era<br />

natural que eles consultassem Maimonides atrás de sua orientação.<br />

Em sua resposta, o rabino contou-lhes que a força da profecia


etornaria a Israel em 1210 d.C. - após o que o messias retornaria.<br />

Não sendo de maneira surpreendente, ele também solicitou que esta<br />

informação fosse mantida longe do público comum.<br />

Em 1170, o Shiite Mahdi, governante do Iêmen, surpreendente exigiu<br />

que todos os judeus, que viviam lá desde a Diáspora, tornassem-se<br />

muçulmanos imediatamente ou morreriam. Nesta época, um<br />

renascimento do movimento messiânico judaico iniciou-se no Iêmen e<br />

foi difundido por outras terras, criando uma crença geral que a<br />

chegada prometida do messias estava por acontecer. Muitos judeus<br />

ortodoxos começar a repensarem os seus pecados, desfazendo-se de<br />

suas propriedades e dando-as aos pobres. A comoção messiânica<br />

parece ter piorado a situação dos judeus no Iêmen, tanto que Jacob al<br />

Fayumi escreveu a Maimonides, o sábio de Fostat, em busca de<br />

conselho. A resposta de Maimonides encontra-se em uma famosa<br />

carta aos judeus do Iêmen conhecida como Iggert Teman.<br />

Nesta carta, que se tornou bem conhecida nos centros europeus de<br />

ensinamento, ele também realizou comentários sobre a vinda do<br />

messias judeu, baseados em seu extenso estudo da literatura judaica<br />

que afirmava que o messias estaria escondido na Grande Sé de<br />

Roma.<br />

Esta profecia declarava muito claramente que o novo messias<br />

apareceria como um membro da Igreja Romana, mas que<br />

secretamente seria o novo messias de Yahweh!<br />

Ao escrever aos judeus do Iêmen, ele sumarizou esta seguinte<br />

tradição popular e reafirmou o seu significado contemporâneo:<br />

O Rei <strong>Messias</strong> surgirá e restaurará o reinado de David a seu estado<br />

original. O <strong>Messias</strong> será um mortal que morrerá e será sucedido por<br />

seus herdeiros que reinaram após ele... 'Então o Senhor vosso Deus<br />

tornará ao vosso cativeiro e reunir-vos-ão.<br />

Nós achamos a escolha das palavras utilizadas por Maimonides muito<br />

interessante. Ele associa a palavra 'messias' com a palavra 'rei' o que<br />

indica que ele estava consciente de que havia também um messias


sacerdotal. Ele também afirmou por sua vez que aquilo que todo judeu<br />

apreciaria que este rei messiânico surgiria para re-estabelecer a<br />

linhagem real de David: uma dinastia monárquica ao invés de um<br />

homem-deus como os cristãos acreditam ter encontrado.<br />

Esta profecia, difundida através do maior erudito judeu dos tempos<br />

medievais, foi estudada pelos eruditos cristãos por toda a Europa. Ela<br />

era muito importante para a Igreja de Roma, que obviamente possuía<br />

um interesse velado em não encontrar nenhum tipo de segundo<br />

messias aparecendo, uma vez que tal idéia poderia minar sua<br />

autoridade que era derivada do primeiro messias. Muitas pessoas bem<br />

informadas estavam conscientes de que um dos mais importantes<br />

pregadores judeus a aparecer por muitos anos havia previsto a<br />

chegada iminente de um messias - que poderia estar ligado à Igreja<br />

Romana.<br />

Outro homem, que como Maimonides nascera em 1135, foi também<br />

uma peça fundamental no desenvolvimento de uma crença sobre a<br />

chegada de um novo messias. Seu nome era Joachim de Fiore e ele<br />

tornou-se um abade calabrês que tinha visões apocalípticas do futuro,<br />

baseadas em um estranho, mas altamente desenvolvido sistema<br />

numérico de análise bíblico, Assim como os Arcanos Maiores e<br />

Menores do baralho do Tarô possuíam um método numérico de<br />

ligação das cartas com o mundo interior para com o mundo exterior,<br />

os cálculos de Joachim relacionavam os eventos do Antigo<br />

Testamento com aqueles ocorridos no Novo Testamento.<br />

Ele calculou que a 'Era do Filho' estava se aproximando do fim e que a<br />

'Era do Espírito' brevemente surgiria. Ele acreditava que existiram<br />

quarenta e duas gerações entre Adão e Jesus e, para ele, a nova era<br />

iniciaria a exatamente quarenta e duas gerações após Jesus, que,<br />

segundo ele, começaria por volta do ano de 1260. O abade afirmou<br />

que isto não seria uma transição tranqüila uma extensa batalha contra<br />

o Anti-Cristo deveria ser lutada e vencida, antes que a maravilhosa<br />

nova era pudesse se iniciar.<br />

Após sua morte, as idéias de Joachim rapidamente tornaram-se de<br />

conhecimento público e logo após foram desenvolvidas por outros


pensadores em diversos modos. Alguns, que fundaram um grupo no<br />

derradeiro ano de 1260, se auto-proclamavam de Irmãos Apostólicos<br />

e iniciaram uma resistência armada contra a Igreja de Roma. Eles<br />

acreditavam que Deus havia retirado sua autoridade do Papa e todo o<br />

seu clero seria muito em breve destruído em uma eminente batalha<br />

que conduziria à 'Era do Espírito'. Em 1304, os Irmãos Apostólicos<br />

tomaram o caminho dos altiplanos dos vales alpinos para esperarem<br />

pelo fim do mundo - que para eles, exatamente como para os<br />

Templários, chegaria em 1307 quando foram sufocados pelas tropas<br />

da Igreja no Monte Rebello.<br />

Para a população da Europa, a aurora do século XIV foi uma época<br />

terrível. A Igreja estava falhando para com o seu povo e o esperado<br />

messias ainda não tinha chegado. A visão apocalíptica de Joachim<br />

rapidamente tornou-se muito real no exato momento em que a Peste<br />

Negra começou a envolver mortalmente a totalidade do mundo cristão.<br />

O Mundo Cristão em Necessidade<br />

No momento em que Jacques de Molay era sacrificado na fogueira,<br />

ele havia amaldiçoado Filipe IV e o Papa Clemente. Dentro do período<br />

de três meses ambos estavam mortos.<br />

Filipe, que tinha uma grande paixão pela caça, caiu de seu cavalo<br />

durante uma caçada e morreu logo em seguida. Clemente morreu de<br />

febre, que alguns afirmam ter se originado do vinho da cerimônia<br />

eucarística que estaria envenenado e que teria sido trazido por um de<br />

seus próprios sacerdotes durante a celebração da Missa, mas,<br />

provavelmente, ele tenha sucumbido a um câncer de intestino que o<br />

havia invalidado dois anos antes.<br />

O que era mais significativo para a supersticiosa população européia<br />

do século XIV foi o apropriado e assustador destino do corpo de<br />

Clemente após sua morte. Seu cadáver estava sendo velado em<br />

público quando uma tempestade surgiu durante a noite e um<br />

relâmpago atingiu a igreja e transformou o edifício em uma bola de


fogo. Antes de o incêndio ser extinto, o corpo de Clemente tinha sido<br />

completamente incinerado.<br />

Para muitos parecia que o Juiz Supremo havia dado o seu veredicto<br />

sobre o verdadeiro culpado.<br />

Outro Templário ao ser sacrificado na fogueira intimou o principal<br />

seguidor do Rei, Guilherme de Norgaret, a comparecer com ele diante<br />

do trono de deus dentro de oito dias. Parece provável que Norgaret<br />

possa ter tido uma ajuda para marcar este compromisso, pois, dentro<br />

de uma semana, ele também estava morto.<br />

A história das mortes dos inimigos do Grão-Mestre difundiu-se por<br />

toda França, rapidamente construiu uma reputação de que o espírito<br />

de Molay continuava vivo, e tinha o poder de invocar a ira de Deus<br />

contra os seus perseguidores. A lenda cresceu e, mesmo à época da<br />

Revolução Francesa, afirmava-se que um dos espectadores da<br />

decapitação de Luís XVI mergulhou suas mãos no sangue do Rei e<br />

respingou-o na coroa gritando: Jacques de Molay, vós fostes vingado!<br />

Para que alguém seja considerado um grande herói cultural, o<br />

principal pré-requisito é que esteja morto. Do próprio Jesus aos mais<br />

recentes e menos importantes ícones como Che Guevara, James<br />

Dean ou Buddy Holy, a lenda que sobrevive a eles se sobrepõe a<br />

qualquer fama que eles possam ter desfrutado durante suas vidas. Se<br />

as circunstâncias do falecimento são extraordinariamente poderosas<br />

ou chocantes - ainda melhor. Jacques de Molay morreu de um modo<br />

terrível e através de uma morte pública que representou não somente<br />

o término de uma ordem de cruzados uma vez importante, mas<br />

também a morte de um glorioso período de orgulho do Ocidente, onde<br />

cavaleiros pareciam possuir poderes praticamente mágicos na batalha<br />

para o estabelecimento da luz sobre as trevas. Nos meados do século<br />

XIV, a Igreja estava em um período de declínio e diversas<br />

circunstâncias estavam surgindo que poderiam produzir resultados<br />

desastrosos para ela.<br />

Mais de quarenta e três anos após a morte de Molay, as lembranças e<br />

as lendas a respeito dele tinham as necessárias qualificações para<br />

transformá-lo na figura fundadora de um culto ameaçador. A


expectativa sobre um segundo escolhido encontrava-se em toda parte,<br />

graças às bem conhecidas profecias de Maimonides, e o povo<br />

acreditava que a praga e outros desastres eram o início das primeiras<br />

manifestações apocalípticas da chegada do <strong>Messias</strong>. Os dois<br />

principais inimigos de Molay haviam rapidamente morrido em<br />

estranhas circunstâncias que tinham elevado-o ao posto de uma<br />

grande figura e, como já sabíamos, suas cinzas e seus ossos<br />

carbonizados foram considerados como sendo relíquias praticamente<br />

sagradas.<br />

Uma geração após a morte de Molay, a Europa sofria numerosos<br />

desastres. Em 1345, Roma foi atingida por uma grande inundação;<br />

dois anos mais tarde houve uma revolução; e dois anos mais tarde<br />

novamente um terremoto de proporções consideráveis danificou<br />

pesadamente todas as três grandes basílicas. Após tudo isto, o maior<br />

dos horrores de todos os tempos aconteceu.<br />

A Peste Negra, uma forma da peste bubônica, é causada pela bactéria<br />

Yersina pestis, e é transmitida aos seres humanos através de pulgas e<br />

ratos infectados. As vítimas normalmente apresentavam febre,<br />

nódulos linfáticos dolorosos, inchados e hemorrágicos que ficavam<br />

negros: por isso o nome comum desta terrível doença. Ela é<br />

facilmente transmitida através da saliva quando a pessoa tosse ou<br />

espirra.<br />

Acredita-se que a Peste Negra começou como uma epidemia no<br />

Deserto de Gobi na década de 1320 e espalhou-se para a China, onde<br />

ela matou praticamente uma em cada três pessoas, rapidamente<br />

reduzindo a população em estarrecedores trinta e cinco milhões. Ela<br />

foi então transmitida ao longo das rotas comerciais em direção à Índia,<br />

ao Oriente Médio e à Europa. Em 1349, a praga havia matado um<br />

terço da população do mundo islâmico. Dois anos antes, os<br />

Kipchacks, nômades das estepes euro-asiáticas, deliberadamente<br />

infectaram a comunidade européia com a doença, catapultando<br />

corpos infectados dentro de um posto comercial genovês situado na<br />

Criméia. A partir da Criméia, os genoveses inadvertidamente<br />

trouxeram a doença para a Sicília em um navio carregando ratos


infectados, e em 1347, a Peste Negra difundiu-se através da Sicília,<br />

Norte da África, Itália, França e Espanha. Em 1349, ela havia<br />

devastado a Hungria, Áustria, Suíça, Inglaterra, Alemanha, Holanda,<br />

Bélgica e Dinamarca e em 1350 ela atingiu a Suécia e a Noruega<br />

onde matou mais pessoas do que deixou sobreviver.<br />

Os noruegueses então levaram a doença até a distante Islândia e daí<br />

à Groenlândia, onde a praga pode ter precipitado o fim dos<br />

assentamentos viquingues. De acordo com um proprietário de uma<br />

linha de navegação norueguesa, Fred Olsen, que é um dos principais<br />

confidentes do pesquisador Thor Heyerdabl, há uma razão para<br />

acreditar que a doença foi também levada a regiões das Américas por<br />

comerciantes europeus pré-colombianos, onde ela desolou o que é<br />

agora o sudeste dos Estados Unidos e a inteira civilização dos<br />

Toltecas, deixando suas cidades vazias para serem ocupadas pelos<br />

membros da nação apache que nós conhecemos como Astecas.<br />

Pelo menos vinte e cinco milhões de europeus morreram na<br />

primeira epidemia da Peste Negra antes dela retornar novamente em<br />

1361-3, 1369-71, 1374-5,1390 e 1400. No total, a Peste Negra matou<br />

a maior parte da população do mundo mais do que qualquer outro<br />

desastre conhecido, antes ou após ela.<br />

A aparência social de toda a Cristandade estava transformada pela<br />

doença, que se acredita tenha matado aproximadamente um terço da<br />

população em quatro anos entre 1347 e 1351. Os eventos<br />

apocalípticos levaram a estranhas formas de práticas religiosas,<br />

incluindo uma na qual os flagelantes tentavam apaziguar a ira de seu<br />

Deus vingativo usando crucifixos e açoitando-se ritualisticamente por<br />

onde que eles fossem. Como sempre, alguém procurou bodes<br />

expiatórios e em Estrasburgo e em Bruxelas milhares de judeus foram<br />

massacrados.<br />

A Igreja também estava sendo responsabilizada, apesar do fato de<br />

grande número de sacerdotes e monges pereceram na nobre tentativa<br />

de auxiliar os doentes. Em 1351, o clero foi mais do que dizimado pela<br />

doença, a economia da Europa foi arrasada e a população<br />

sobrevivente estava em franca rebelião contra a Igreja e o Estado.


Como nós mostraremos, como exatamente todo mundo mais, os<br />

remanescentes dos Templários e seus principais apoiadores estavam<br />

esperando por um segundo escolhido. Jacques de Molay foi<br />

rapidamente transformado em um super-herói e o povo imaginava se<br />

ele poderia ter sido o <strong>Messias</strong>, morto novamente. Aqueles que sabiam<br />

que o Grão-Mestre havia sido crucificado convenceram-se disto e a<br />

história deve ter se difundido a ponto de alarmar a Igreja. Após a<br />

crucificação de Jesus, a Terra Santa havia sido arrasada e a<br />

população da terra praticamente destruída. Agora isto estava<br />

novamente acontecendo.<br />

A última cosa que a Igreja precisava era de uma imagem miraculosa<br />

de um Jacques de Molay crucificado que inesperadamente surgia -<br />

mas era exatamente isto o que estava acontecendo!<br />

A Batalha pela Imagem Sagrada<br />

Em Junho de 1353, o Rei João II conhecido como 'o Bom', concedeu a<br />

Geoffroy de Charney permissão para fundar uma igreja colegiada na<br />

cidade de Lirey. Nós acreditamos que este Geoffroy de Charney era o<br />

neto de Jean e Charney, o irmão do Preceptor Templário da<br />

Normandia que havia morrido na fogueira ao lado de Jacques de<br />

Molay. Ele era um talentoso e ambicioso cavaleiro que havia se<br />

aproximado do Rei. Em 1355, Geoffroy foi nomeado porta-estandarte<br />

do Rei João e parece ele pretendia ser algo a mais do que um mero<br />

cortesão real.<br />

A 28 de Maio de 1356, Henrique de Poitiers, o Bispo de Troyes,<br />

consagrou a nova igreja de Geoffroy em Lirey e nós verificamos que<br />

nenhuma menção foi feita a respeito de um sudário nos<br />

assentamentos da igreja.<br />

Quatro meses mais tarde, a 19 de Setembro. Geoffroy estava lutando<br />

na Batalha de Poitiers ao lado do Rei João quando as coisas<br />

começaram a correr mal para as tropas francesas. À medida que as<br />

tropas inglesas avançavam, Geoffroy encontrava-se<br />

desesperadamente defendendo o seu Rei, mas infelizmente morreu


durante a tentativa e o Rei foi tomado como refém por Eduardo, o<br />

Príncipe Negro, aprisionado na Inglaterra e um imenso resgate de<br />

3.000.000 de coroas foi exigido por sua libertação.<br />

Com seu marido morto, e nenhum Rei para garantir-lhe uma pensão<br />

real, a jovem viúva de Geoffroy, Jeanne de Vergy, deparou-se com<br />

difíceis circunstâncias financeiras e, semanas após ter recebido tais<br />

notícias, ela foi apelar ao regente, o filho de João, Carlos, para que<br />

este a ajudasse. Ela tinha um pequeno filho, também chamado<br />

Geoffroy de Charney, e pouco dinheiro, mas Carlos também tinha<br />

grandes problemas financeiros e não poderia oferecer-lhe muita coisa.<br />

Como seria normal em tais circunstâncias, Jeanne começou a se<br />

desfazer das posses de Geoffroy. Entre estes itens que foram listados<br />

em uma inspeção, encontrava-se uma grande peça de linho,<br />

devidamente dobrada, mas machada por causa da idade. Ele foi<br />

aberto para que o seu valor pudesse ser avaliado e, para grande<br />

surpresa de Jeanne, ela pode ver uma esmaecida, embora distinta,<br />

imagem de um rosto marcada no tecido. Uma vez que ela foi<br />

completamente aberta, ela pode ver claramente duas imagens<br />

completas de um homem: uma da parte frontal e outra da dorsal. Esta<br />

estranha aparição aparentava-se, como todo o mundo pode ver, com<br />

a imagem de Jesus Cristo após sua crucificação.<br />

Inicialmente, nós não estávamos certos se a família tinha<br />

conhecimento ou não sobre o que havia ocorrido com Jacques de<br />

Molay, há duas gerações. Cinqüenta anos é muito tempo, mas todas<br />

as evidências nos mostram que Jeanne era uma mulher muito<br />

inteligente e, no balanço das probabilidades, nós acreditamos que ela<br />

provavelmente imaginou que o tecido era aquele que havia envolvido<br />

o último Grão-Mestre dos Templários após ter sido crucificado pela<br />

Inquisição. A medida em que nós nos detivemos mais amiúde sobre<br />

as suas últimas ações, nós fomos capazes de afirmar com certeza que<br />

ela sabia exatamente o que ela tinha em mãos.<br />

Jeanne de Vergy vislumbrou neste sudário esmaecido um modo de<br />

sair de suas dificuldades financeiras. Ela persuadiu os cônegos da<br />

nova igreja em Lirey a exibi-lo como uma relíquia sagrada e, sendo ela


uma talentosa mulher de marketing, investiu um pouco dos seus<br />

parcos fundos na confecção de um medalhão comemorativo para ser<br />

oferecido aos visitantes para compra, com um lucro considerável.<br />

Um grande número de peregrinos acorreram ao local. Os negócios<br />

que envolviam relíquias sagradas eram um sólido investimento para<br />

qualquer um no século XIV, e a Igreja tendia a encorajar tais coisas,<br />

pois ajudavam a fortalecer a superstição do povo de um modo que<br />

beneficiava a autoridade da Igreja. O Bispo Henrique de Poitiers<br />

pouco tempo depois acordou para este influxo de visitantes à Lirey e<br />

quando ele próprio viu o Sudário, ele resolveu realizar algumas<br />

investigações a respeito de sua origem.<br />

Nós acreditamos que Henrique de Poitiers deve ter encontrado<br />

algumas pessoas que sabiam que Jacques de Molay havia sido<br />

torturado através da crucificação e ele descobriu que a família<br />

Charney mantinha o sudário que envolvera o famoso Templário. Isto<br />

teria alarmado o Bispo, pois a morte de Molay tinha-o tornado um<br />

mártir de grande consideração e se fosse revelado que ele tinha sido<br />

crucificado por ordem do Rei Filipe, com uma coroa de espinhos em<br />

sua cabeça, a imaginação do público não conheceria limites.<br />

Um novo messias estava sendo esperado e esta seria uma história<br />

que incendiaria toda a Cristandade se fosse divulgada. O fato de<br />

Molay ter deixado uma imagem miraculosa sobre a superfície de um<br />

sudário aterrorizou o Bispo, não tanto por temer o poder da morte do<br />

Grão-Mestre, mas sim, porque ele sabia que a Igreja não sobreviveria<br />

à maré de emoções que um novo culto produziria. A Igreja pode ter se<br />

sentido mais ameaçada por este pequeno artefato do que por todas as<br />

hordas muçulmanas na Terra Santa.<br />

Os Templários já acreditavam amplamente que eram os guardiões do<br />

próprio Graal, devido ao patrocínio pelos Templários da versão da<br />

lenda do Graal, Perlesvaus. O interesse na figura messiânica do Rei<br />

Arthur e a restauração dos nobres valores dos Cavaleiros<br />

continuavam a crescer desde a extinção da Ordem, cujos membros<br />

tinham se auto-promovido como os sucessores do rei salvador. Na<br />

Inglaterra, neste exato momento, o Rei Eduardo III estava construindo


uma nova Távola Redonda em Winchester, com as pretensões de se<br />

estabelecer uma nova ordem de Cavaleiros baseada na dos<br />

Templários. Qualquer milagre atribuído a Molay, como sua imagem<br />

reconhecível aparecendo à guisa de Cristo, poderia facilmente pender<br />

a balança contra a Igreja e fazer com que os sobreviventes dos<br />

Templários fossem os discípulos do <strong>Segundo</strong> <strong>Messias</strong>.<br />

A similaridade entre a morte de Jesus e a de Molay já havia sido<br />

notada antes. O poeta do mesmo período, Dante, escreveu um poema<br />

descrevendo Filipe, o Belo, como o 'Pôncio Pilatos' da ruína dos<br />

Templários. Se o sudário na igreja de Lirey fosse reconhecido como o<br />

que ele realmente era, o mundo teria o seu <strong>Segundo</strong> <strong>Messias</strong>.<br />

O Sudário teria que ser destruído antes que destruísse a Igreja.<br />

Henrique de Poitiers respondeu rapidamente declarando que ele<br />

tinha localizado o homem que o havia produzido, e ordenou que o<br />

Sudário fosse destruído - instruções que ele registrou nos arquivos da<br />

Diocese de Troyes. Ele havia de fato identificado este 'homem'<br />

responsável por sua criação, como se esperaria se o sudário fosse<br />

simplesmente uma farsa.<br />

O Sudário foi devidamente retirado da exibição pública, mas Jeanne<br />

escondeu-o, de modo a se evitar a sua destruição. Ela deve ter<br />

percebido a magnitude da situação, pois por toda a sua vida ela tentou<br />

retomar as exibições públicas do Sudário. Parece provável que foi dito<br />

a Henrique que o Sudário havia sido destruído, pois ele manteve<br />

excelentes relações com a família Charney pelo resto de sua vida.<br />

Jeanne ainda era jovem e ela casou-se novamente com o próspero<br />

nobre Aymon de Genevainto. Ele era um membro de uma família que<br />

tinha grande influência dentro da Igreja - tanto que em 1378, ela<br />

tornou-se a tia do novo Papa, Clemente VII.<br />

Para uma viúva de um cavaleiro obscuro lançar-se em tal posição de<br />

influência parece mesmo ser notável e mesmo até além de uma mera<br />

coincidência. Um desenvolvimento interessante neste interminável<br />

drama é o fato de que o filho de Jeanne, Geoffroy, casou-se com a<br />

sobrinha do Bispo Henrique de Poitiers, o homem que havia ordenado<br />

a destruição do Sudário.


Jeanne e seu filho claramente tinham outros planos que mais uma vez<br />

envolviam a obtenção de dinheiro através das exibições do Sudário<br />

como Uma relíquia sagrada em Lirey. As exibições do Sudário reiniciaram<br />

em 1389.<br />

A importância da pequena igreja de Lirey crescia rapidamente na<br />

medida em que a mesma atraía mais e mais peregrinos, mas este<br />

sucesso repentino rapidamente atraiu o interesse do Bispo local à<br />

época, um jurista da Igreja chamado Pierre d'Arcis. Ele recebeu<br />

relatórios sobre o crescimento do culto do Sudário de Lirey e, do<br />

mesmo modo que Henrique de Poitiers trinta e dois anos antes,<br />

decidiu ele mesmo investigar sua origem. Analisando os registros de<br />

Henrique, ele rapidamente descobriu os achados da investigação<br />

anterior e ficou alarmado. Henrique havia registrado que o Sudário<br />

não era a imagem de Cristo, mas teria sido muito perigoso registrar o<br />

verdadeiro e terrível segredo para que um leitor futuro pudesse ver. Ao<br />

invés disto, ele simplesmente escreveu que ele era falso e que<br />

conhecia o 'responsável' pela falsificação. Ele não apresentou Imbert,<br />

o inquisidor de Molay, como este 'responsável' mas a partir de sua<br />

relutância em identificar este criador do Sudário, ou em explicar o que<br />

ele sabia, nos levou firmemente a acreditar que este era a quem ele<br />

se referia.<br />

Alarmado com o ressurgimento desta 'fraude', o Bispo instruiu o<br />

Diácono de Lirey a interromper a exibição imediatamente, mas a<br />

resposta que ele recebeu não foi exatamente o que d'Arcis esperava.<br />

O diácono disse-lhe que ele possuía uma permissão superior que o<br />

autorizava a exibir o tecido, e que a relíquia estava sob a jurisdição da<br />

Coroa. Ainda mais, d'Arcis foi informado que o atual benfeitor,<br />

Geoffroy de Charney, havia retomado a posse legal sobre o tecido e<br />

que tinha obtido do próprio Rei a permissão para colocar uma<br />

guarda militar de honra em torno da relíquia, em caso do Bispo tentar<br />

levá-la à força. Pierre d'Arcis estava ultrajado, bloqueado e sitiado,<br />

mas ele ainda tinha o último recurso de um clérigo para utilizar: a<br />

diplomacia.


Com toda a humildade que ele poderia mostrar, d' Arcis peticionou<br />

Geoffroy a pelo menos suspender as exibições públicas até que uma<br />

autorização papal pudesse ser obtida de modo a se evitar possíveis<br />

danos às almas dos simplórios peregrinos. Entretanto, Geoffroy não<br />

estava preparado para desistir de seus objetivos; as lucrativas<br />

exibições públicas continuaram como se nenhum apelo tivesse sido<br />

feito.<br />

O Bispo d'Arcis era um jurista muito bem experimentado e<br />

rapidamente foi queixar-se com o Rei. À luz dos razoáveis pedidos de<br />

d'Arcis para que as exibições fossem suspensas até que uma<br />

autorização papal fosse obtida, o Rei apoio-o a sua petição legal.<br />

Assim ele ordenou que o tecido ficasse sob a guarda do Bispo d' Arcis<br />

e autorizou ao oficial da corte de Troyes a confiscá-lo - mas o oficial<br />

retornou de sua missão de mãos vazias, pois Geoffroy simplesmente<br />

recusou-se lhe entregar o sudário.<br />

Este impasse durou até o verão de 1389, após o qual foi quebrado da<br />

maneira mais inesperada possível. Geoffroy de Charney marcou uma<br />

reunião com o Papa no palácio papal em Avignon e, sem consultar<br />

d'Arcis, o Papa Clemente autorizou que as exibições poderiam<br />

continuar, embora ele tenha imposto uma nova condição dirigida para<br />

aplacar a ira do Bispo. Ele ordenou aos sacerdotes de Lirey que estes<br />

deveriam declarar, em alto e bom tom, que o tecido era uma 'cópia ou<br />

representação' do sudário de Cristo e não admiti-lo como genuíno.<br />

O Bispo d'Arcis não podia acreditar que o Papa tivesse tomado tal<br />

decisão, apesar dos fatos materiais sobre a questão lhe darem razão.<br />

Ele deve ter genuinamente acreditado que o Diácono de Lirey, aliado<br />

a Geoffroy de Charney, estavam agindo com 'intenções fraudulentas e<br />

com o propósito de ganho'. As almas de seu rebanho eram mais<br />

importantes para d'Arcis do que a decisão papal sobre a discussão e<br />

deste modo, ele decidiu realizar um relatório detalhado para Clemente<br />

VII, narrando-lhe tudo o que ele sabia sobre a origem do tecido, com o<br />

propósito de convencer-lhe a rever sua decisão a favor de Geoffroy.<br />

O relatório do Bispo d' Arcis escrito em latim ao Papa Clemente VII em<br />

1389 foi reservado na Bibliotheque Nationale em Paris.


Ao estudar este relatório, o leitor não pode duvidar da honestidade e<br />

convicção de d'Arcis. Ele era um homem que viu o que ele percebeu<br />

ser uma grande e errada tomada de posição e, após apelar à<br />

autoridade superior para apoiar a interrupção da exploração de<br />

simples peregrinos, ele se deparou como o que parecia uma atitude<br />

que o impedia de tomar qualquer ação que ele via como certa. Ele<br />

acreditava que o Papa não sabia a terrível verdade que se escondia<br />

por detrás do sudário e estava determinado a contar-lhe:<br />

De fato, é surpreendente que todos aqueles que conhecem os fatos<br />

do caso cuja oposição que me impedes nestes procedimentos sejam<br />

da própria Igreja, de cuja misericórdia eu deveria ter procurado atrás<br />

de um apoio vigoroso, e não ter esperado a punição se eu tivesse<br />

mostrado-me indolente ou negligente...<br />

Referindo-se à investigação original de Henrique de Poitiers, o Bispo<br />

atual disse:<br />

... Eventualmente, após uma diligente investigação e exame, ele<br />

descobriu a fraude e como o referido tecido tinha sido artificialmente<br />

feito por mãos humanas, a verdade sendo atestada por um mestre de<br />

ofício que o tinha criado, para testemunhar que ele era um trabalho do<br />

intelecto humano e não miraculosamente criado ou produzido...<br />

... Eu estou convencido de que eu não posso completa ou<br />

suficientemente expressar por escrito a dolorosa natureza do<br />

escândalo, o conteúdo trazido contra a Igreja e a jurisdição<br />

eclesiástica e o perigo para as almas.<br />

Clemente não realizou as suas próprias investigações, ou mesmo<br />

consultou melhor àquelas realizadas por d' Arcis, sendo que ao invés<br />

disso, a 06 de Janeiro de 1390, ele publicou três documentos que<br />

encerraram a querela - mas de um modo que satisfazia d' Arcis ou, de<br />

fato, respondia qualquer uma das alegações que ele tinha realizado<br />

em seu relatório.


A Geoffroy de Charney, seu meio-primo, o Papa encaminhou uma<br />

carta reafirmando sua decisão anterior e expressando novamente a<br />

condição para que o tecido fosse exibido, anunciando-se que ele era<br />

uma 'figura ou representação'.<br />

Ao Bispo Pierre d'Arcis ele encaminhou uma carta, que ignora<br />

totalmente as descobertas constantes do memorando do Bispo e que<br />

impunha uma sanção de silêncio perpétuo sobre ele, alertando-o que<br />

se ele pronunciasse novamente sobre esta questão ele seria<br />

imediatamente excomungado.<br />

Aos principais clérigos da área de Troyes e Lirey, ele encaminhou uma<br />

carta confirmando sua orientação e ordenando-lhes a garantir que<br />

suas instruções sobre a matéria fossem seguidas à risca. Com o envio<br />

destas três cartas, os registros a respeito do memorando de d'Arcis<br />

terminam abruptamente. Pierre d'Arcis morreu cinco anos mais tarde,<br />

sem mencionar a questão novamente em sua vida.<br />

Henrique de Poitiers tinha investigado o Sudário e rapidamente ele<br />

deve ter descoberto as ligações deste com o último Grão-Mestre dos<br />

Templários. Ele de fato descobriu o homem que o tinha criado: Imbert<br />

- o homem que tinha crucificado Molay e envolvido-o em seu sudário.<br />

Na época da investigação de Henrique, Imbert ainda estava vivo com<br />

seus setenta anos, mas se solicitado ele poderia ter sido capaz de<br />

fornecer todos os detalhes daquele evento ao horrorizado Bispo.<br />

Infelizmente, os registros que ele deixou, que Pierre d'Arcis menciona<br />

em seu relatório ao Papa, desapareceram logo depois.<br />

Nós sabíamos que o Sudário havia passado da família Charney à<br />

família Sabóia em 1453, quando ele foi comprado por Luiz, o segundo<br />

Duque, e sendo assim, decidimos investigar um pouco melhor esta<br />

família para verificar se nós poderíamos descobrir alguma razão<br />

específica do porquê oferecer dois castelos para se tornarem os<br />

mantenedores deste pedaço de linho.<br />

A História registra que a Casa de Sabóia é uma das mais antigas<br />

dinastias da Europa e que governou a Itália desde a sua fundação<br />

como nação em 1861 até tornar-se uma república em 1946. Afirma-se<br />

que a dinastia foi fundada por um nobre borgonhês que possuía o


curioso nome de 'Humberto Mãos-Brancas' que morreu em torno de<br />

1048. O filho de Humberto, Oddone, tornou-se o segundo Conde de<br />

Sabóia e estendeu os seus domínios quando se casou com Adelaide,<br />

a herdeira de Turim na região do Piemonte. (Nós notamos neste ponto<br />

que o próprio Jacques de Molay era um nobre menor da Borgonha, o<br />

que pode ou não ter sido mera coincidência).<br />

Pelos próximos três séculos, as possessões e influência da família<br />

cresceram rapidamente em França, na Itália peninsular e na Suíça, e,<br />

em 1416, o Conde Amadeu VIII de Sabóia foi elevado a Duque de<br />

Sabóia, em troca de seu apoio ao Imperador do Sacro Império<br />

Romano, Sigismundo. Nós ficamos fascinados em descobrir que aos<br />

cinqüenta e um anos, em 1434, Amadeu inesperadamente decidiu<br />

transferir o seu título a seu filho Luiz e dirigiu-se para uma ordem<br />

semi-monástica na costa do lago Genebra, onde ele viveu a vida de<br />

um eremita. Cinco anos mais tarde, ele foi indicado pelo Concílio da<br />

Basiléia para suceder ao Papa deposto Eugênio IV e foi coroado como<br />

Papa Felix V em 1440. Alguns monarcas europeus continuaram<br />

reconhecendo Eugênio como o verdadeiro Papa e em 1449 Amadeu<br />

voluntariamente renunciou ao papado em favor do Papa Nicolau V,<br />

sendo que logo após ele tomou o titulo de vice-vigário geral da Casa<br />

de Sabóia e logo após tornou-se Cardeal.<br />

Amadeu possuía uma vida movimentada e quando ele morreu em<br />

1451, ele deixou atrás de si uma poderosa dinastia que eventualmente<br />

forneceria à Itália os seus futuros monarcas. Foi após dois anos da<br />

morte de Amadeu que seu filho Luiz comprou o sudário de Margarida,<br />

a filha de Geoffroy de Charney.<br />

Parecia-nos muito curioso que a mãe de Geoffroy de Charney,<br />

Jeanne, acabou ingressando na família do antipapa Clemente VII<br />

através de um novo casamento. Jeanne não possuía especificamente<br />

nenhum talento em especial e se encontrava praticamente sem<br />

dinheiro após a morte em batalha de seu primeiro marido. Portanto,<br />

ela não seria exatamente a escolha mais óbvia como esposa de um<br />

próspero e bem posicionado nobre como era Aymon de Genevainto.


Teria ele se casado com ela simplesmente por ela ser a detentora do<br />

Sudário?<br />

Quando o Sudário mudou de mãos um século mais tarde, ele passou<br />

para o filho de um outro antipapa - um descendente de uma família<br />

borgonhesa que tinha sido fundada no século XI e cujos membros<br />

provavelmente estiveram envolvidos na Primeira Cruzada.<br />

Parece muito provável que a família Sabóia conhecia o segredo do<br />

Sudário e a pergunta que surgia em nossas mentes era: a família<br />

Sabóia era membro dos Rex Deus?<br />

Os Templários Sobrevivem<br />

Quando Filipe, o Belo, atacou os Templários a 13 de Outubro de 1307,<br />

a frota Templária escapou e muitos dos membros da ordem acusada<br />

dirigiram-se para a Escócia onde <strong>Robert</strong> the Bruce já era<br />

excomungado e, deste modo, ofereceu-lhes abrigo. Estes<br />

consideráveis remanescentes dos Templários foram bem recebidos<br />

pelas famílias dos Rex Deus da Escócia tais como os St Clair, e suas<br />

crenças continuaram a formar as bases do que hoje conhecemos<br />

como a Maçonaria, sendo que a Capela Rosslyn apresenta a ligação<br />

entre estas duas tradições.<br />

Entretanto, os Templários eram constituídos de três classes de<br />

membros: os Cavaleiros, os Sacerdotes e os Irmãos Serventes, sendo<br />

que somente os Cavaleiros é que foram perseguidos. Os Irmãos<br />

Serventes estavam divididos em duas classes: os homens-de-armas e<br />

os artesãos - e, uma vez que os Templários tinham sido os maiores<br />

construtores de preceptórios, igrejas e maravilhosas catedrais, os<br />

mais comuns artesãos entre eles eram os pedreiros-livres. Portanto é<br />

completamente provável que alguns elementos ou ecos das<br />

cerimônias dos Templários possam ser encontrados de algum modo<br />

nas guildas dos pedreiros do continente, e mesmo nas menos formais<br />

associações de pedreiros da Inglaterra.<br />

Nem todos os Templários franceses fugiram para a Escócia. Um<br />

grande número deles morreu nas mãos da Inquisição, mas muitos


sobreviveram e, de acordo com uma importante evidência, a Ordem<br />

dos Templários continuou existindo em completo segredo em França,<br />

até pelo menos 1804. Um documento conhecido como Charta<br />

Transmissionis parece conter uma lista de todos os Grão-Mestres dos<br />

Templários após a morte de Jacques de Molay.<br />

Este documento foi redigido inicialmente por um tal de João Marcos<br />

Larmenius que foi o sucessor de Molay, escolhido pelo Grão-Mestre<br />

enquanto este aguardava sua execução. Quando Larmenius<br />

envelheceu, ele transmitiu seu poder a um homem chamado Teobaldo<br />

e ele, e os sucessivos Grão-Mestres posteriores, anexou o seu aceite<br />

no documento original, progredindo até o último detentor desta<br />

importante posição, Bernard Raymond em 1804.<br />

A Carta foi escrita em latim cifrado, apresentado em duas colunas em<br />

uma grande folha de papel, devidamente ornamenta com desenhos de<br />

arquitetura. A chave do texto é a seguinte:<br />

Uma completa transcrição desta Carta, que foi traduzida inicialmente<br />

do latim cifrado para o latim corrente e depois para o inglês, pode ser<br />

encontrada no Anexo II.


O modo incomum que Larmenius se refere a Molay que é<br />

particularmente interessante. Ele começa dizendo:<br />

Eu, Irmão João Marcos Larmenius, de Jerusalém, através da Graça de<br />

Deus e dos mais secretos decretos do venerável e mais santo dos<br />

Mártires, o Supremo Mestre dos Cavaleiros do Templo (a quem honra<br />

e glória são dadas), confirmado pelo Conselho Comum dos Irmãos,<br />

sendo decorado com o mais alto e supremo Mestrado de toda a<br />

Ordem do Templo, a aquém veja estas cartas de decreto, [desejo]<br />

saúde, saúde, saúde.<br />

Continuando, Larmenius novamente refere-se a Molay, interrompendo<br />

sua apresentação para descrevê-lo com estas palavras:<br />

... O santíssimo e acima de tudo Venerável e abençoado Mestre, o<br />

Mártir, a quem honramos e glorificamos. Amém.<br />

Estas palavras parecem descrever alguém mais sagrado do que um<br />

mero Grão-Mestre: para nós parece mais uma forma de referência que<br />

alguém daria a uma figura messiânica.<br />

Outro aspecto interessante deste documento é o ódio demonstrado<br />

por Larmenius não somente contra a Ordem dos Hospitalários, mas<br />

também contra os Templários que fugiram para a Escócia,<br />

abandonando o seu Grão-Mestre aos abusos de Filipe, o Belo:<br />

Eu, por último, através do decreto da Assembléia Suprema, através da<br />

Suprema autoridade a mim investida, afirmo e ordeno que os<br />

Templários escoceses desertores da Ordem sejam amaldiçoados por<br />

um anátema e que eles e os irmãos de São João de Jerusalém,<br />

espoliados dos domínios da Ordem de Cavaleiros (a quem Deus tem<br />

sido misericordioso), sejam afastados do círculo do Templo, agora e<br />

no futuro.


Se o documento for genuíno, e os pesquisadores acreditam que seja,<br />

então deve ter existido duas tradições templárias que foram<br />

provavelmente reunidas pelo Chevalier Ramsay quando ele trouxe o<br />

Rito Escocês dos Antigos à Paris, onde o 'Bom Príncipe Charlie'<br />

estava exilado.<br />

Nós agora estávamos convencidos que os últimos oficiais templários<br />

eram adoradores de Jacques de Molay, e que se algum culto surgiu<br />

entre eles, como a Maçonaria, se deveria ter conhecimento desta<br />

veneração do Grão-Mestre crucificado. Nossa tarefa agora era coletar<br />

toda fonte possível de informação nos primeiros rituais da Maçonaria<br />

para verificar se nós poderíamos ligar a história dos Rex Deus, os<br />

Templários e o martirizado Molay.<br />

Conclusão<br />

Todas as evidências fortemente sugerem que Jacques de Molay foi<br />

considerado por muitos como sendo um mártir santo e por outros<br />

como sendo o <strong>Segundo</strong> <strong>Messias</strong> que tinha, mais uma vez, sido<br />

assassinado pela instituição romana (a Igreja deste tempo no lugar de<br />

um exército imperial) e a devastação que se seguiu por toda a<br />

Cristandade foi encarada como a ira de Deus exatamente como havia<br />

ocorrido anteriormente. Exatamente como a Igreja de Jerusalém, os<br />

seguidores de Molay foram perseguidos e a verdade tinha de ser<br />

levada embora para um lugar seguro.<br />

Uma vez que a Peste Negra castigava a Cristandade, a Igreja temia<br />

que uma imagem miraculosa de Jacques de Molay que havia surgido<br />

no Sudário revelasse o terrível segredo de que eles também o haviam<br />

crucificado. Eles tinham que manter a identidade da imagem do<br />

Sudário escondida ou eles seriam golpeados por um novo culto a<br />

Molay, do mesmo modo que o culto a Jesus havia sido criado<br />

anteriormente. O problema foi finalmente solucionado através da<br />

aceitação da Igreja da realização de exibições públicas do Sudário e<br />

do encorajamento do povo a acreditar que aquela era a imagem de<br />

Cristo, mesmo que inicialmente eles tenham negado isto.


O conhecimento secreto foi mantido embaixo dos panos.<br />

As indicações são as de que o Templarismo continuou em França e<br />

na Escócia e em ambos os lugares venerava-se Molay. Larmenius, o<br />

Grão-Mestre francês que sucedeu a Molay, poderia não saber sobre a<br />

imagem do Sudário, pois as exibições públicas só ocorreram muito<br />

tempo após sua morte. Entretanto, os últimos descendentes dos<br />

Templários não poderiam desconhecer o significado da imagem.<br />

Os atuais proprietários do Sudário, a família Sabóia, o possuíam<br />

desde o século XV e parece provável que eles também conheciam a<br />

verdadeira origem da imagem.<br />

Nossa teoria de que a imagem de Jacques de Molay é a que está no<br />

Sudário é ainda apoiada pelo fato de que o artefato foi colocado em<br />

exibição pública pela primeira vez por um descendente de Geoffroy de<br />

Charney, o Preceptor dos Templários da Normandia, que foi preso e<br />

morto ao lado de Jacques de Molay.<br />

10<br />

O Grande Segredo da Maçonaria<br />

Uma Religião para os Rex Deus<br />

Quando a Grande Loja de Londres foi fundada em 1717, os seus<br />

membros descartaram suas origens escocesas, pois elas eram<br />

jacobitas demais para os então partidários políticos dos Hanover.<br />

Quase um século mais tarde, a Grande Loja Unida da Inglaterra foi<br />

formada e os rituais dos trinta e três graus do Rito Escocês Antigo e<br />

Aceito foram considerados ultrajantes pelo novo Grão-Mestre, o<br />

Duque de Sussex, que não mediu esforços para alterá-los e sufocálos.<br />

Nós aprendemos através de nossa própria experiência e através dos<br />

escritos de muitos pesquisadores da Maçonaria anteriores a 1717, que<br />

é política da Grande Loja Unida da Inglaterra desencorajar


investigações sobre as origens da organização. Isto fortemente sugere<br />

que algo estava sendo escondido, mesmo dos próprios Maçons.<br />

Nossa tarefa agora era tentar descobrir as peças destes graus<br />

desaparecidos para que pudéssemos remontar o segredo perdido da<br />

Maçonaria que definitivamente acreditávamos que estivesse<br />

relacionado com as crenças e a história dos Rex Deus e o martírio de<br />

Jacques de Molay. Não havia um ponto de partido claro, então nós<br />

começamos a coletar todo tipo de livro antigo que se relacionasse com<br />

os rituais da Maçonaria que encontrássemos. Nada do que nos<br />

chegava às mãos parecia combinar com os rituais eliminados que nós<br />

procurávamos e começamos a acreditar que os censores tinham mais<br />

influência do que nós esperávamos.<br />

Enquanto nos perdíamos atrás de vários volumes maçônicos, Tim<br />

Wallace-Murphy nos telefonou e contou-nos que o seu informante Rex<br />

Deus havia feito contato. Durante a conversa, Tim contou-lhe sobre as<br />

nossas pesquisas e que ele respondeu que estava interessado e que<br />

poderia esclarecer algumas das idéias que estávamos desenvolvendo.<br />

Tim perguntou ao francês se ele já tinha ouvido falar a respeito de um<br />

edifício chamado Rosslyn. Ele respondeu-lhe que não, então Tim<br />

perguntou-lhe se ele já tinha ouvido falar sobre uma reconstrução<br />

medieval do Templo de Herodes, construída na Europa. Ele<br />

respondeu-lhe que tal idéia parecia-lhe bastante provável e<br />

espontaneamente afirmou que se descobríssemos tal edificação<br />

deveríamos concentrar as nossas investigações sobre a muralha<br />

ocidental. Quando pressionado por Tim para explicar o porquê da<br />

muralha ocidental ser tão importante, ele disse-lhe que ele não sabia<br />

ao certo a razão, mas que ele se lembrava de uma declaração que<br />

seu pai sempre fazia que 'a muralha ocidental era a chave'.<br />

Se era uma coincidência, ela era muito estranha, pois é a muralha<br />

ocidental de Rosslyn que tem sido confirmada como sendo uma<br />

réplica da ruína herodiana de Jerusalém.<br />

Tim então perguntou ao seu contato se ele já tinha ouvido falar de um<br />

anel dos Rex Deus (como aquele que nos foi contato por Russell<br />

Barnes). A resposta que ele recebeu era de que havia dois anéis, um


onde constavam os dois pilares e outro com somente um dos pilares,<br />

mas que possuía uma serpente enrolada nele.<br />

Tim não havia contato nada ao seu contato sobre a importância dos<br />

pilares para a nossa história e para ele ter descrito os anéis deste<br />

modo é de suma importância. O pilar único com a cobra enrolada em<br />

torno dele, parece similar ao pilar Boaz existente em Rosslyn, que<br />

possuí uma videira que se espirala em torno dele. Nossa primeira<br />

presunção de que deveriam ser dois os anéis parecia estar correta,<br />

mas nós estávamos enganados sobre em cada um deles estar<br />

representado um pilar. Nós presumimos que o anel com um único pilar<br />

representa a casa de David, a linhagem real, e o anel com os dois<br />

pilares representa o messianismo unificado.<br />

Este membro dos Rex Deus contou uma outra informação muito<br />

interessante:<br />

. As cores da casa de David são o verde e o dourado.<br />

. A dinastia dos Stuart era membro dos Rex Deus.<br />

. Guilherme I da Inglaterra (Guilherme, o Bastardo) pertencia aos Rex<br />

Deus e seu filho, Guilherme II, foi assassinado quando planejava<br />

substituir o Catolicismo romano pelas crenças dos Rex Deus como<br />

religião oficial da Inglaterra.<br />

Sobre este último ponto, Tim perguntou-lhe sobre o significado de<br />

'crenças dos rex Deus'. Ele contou-lhe que elas diziam respeito de<br />

algo muito similar ao Cristianismo celta. Esta resposta encaixa<br />

perfeitamente o que nós esperaríamos, pois nós já sabíamos que a<br />

Igreja Celta foi construída a partir das crenças judaico-cristãs,<br />

incluindo a rejeição da idéia de que Jesus era um deus. A partir de<br />

nossas pesquisas, nós tínhamos toda razão para acreditar que os<br />

fundadores desta Igreja na Irlanda e na Escócia - São Patrício e São<br />

Colombo eram eles mesmos de origem judaica.<br />

Se Guilherme II considerou em estabelecer uma religião baseada<br />

nas crenças dos Rex Deus na Inglaterra, teria sido muito desastroso<br />

para a missão em Jerusalém, pois o Vaticano aniquilaria todos os


suspeitos de manterem contato com a heresia. Guilherme foi morto a<br />

02 de Agosto de 1100, enquanto caçava na Floresta Nova em<br />

Hampshire e tem-se freqüentemente especulado ele foi assassinado<br />

por razões desconhecidas. Nós notamos que ele, o Papa Urbano II - o<br />

promotor da Primeira Cruzada - e Geoffroy de Bouillion - o vitorioso da<br />

Primeira Cruzada - morreram com um intervalo de poucos meses<br />

entre eles. Poderia existir um 'esquadro de extermínio' para assegurar<br />

que a missão em Jerusalém não fosse colocada em perigo?<br />

Que os Stuart pertenciam aos Rex Deus não nos surpreendeu,<br />

pois, quando Jaime VI da Escócia dirigiu-se para Londres para tornarse<br />

Jaime I da Inglaterra, ele também trouxe a Maçonaria com ele, que<br />

é uma forma da 'doutrina' dos Rex Deus e que conta a história da<br />

reconstrução do Templo Sagrado. A Bíblia Anglicana é a versão do<br />

Rei Jaime, que retirou os dois últimos livros do Antigo Testamento, os<br />

Livros dos Macabeus, pois estes eram anti-Nazoreanos. Jaime Stuart<br />

era também notoriamente contra a Igreja Católica Romana,<br />

como pode ser visto nas palavras que ele utilizou para apresenta a<br />

sua versão da Bíblia:<br />

... Assim se, por um lado, nós somos caluniados pelos emissários<br />

papais em nosso país ou no exterior, que nos atacam, pois somos os<br />

pobres instrumentos da santa Verdade de Deus que trazem-na cada<br />

vez mais ao conhecimento do povo, a quem eles desejam ainda<br />

manter na ignorância e na obscuridade...<br />

A informação dada pelo contato de Tim certamente pareceu-nos muito<br />

verossímil, pois os comentários realizados pelo francês encaixam-se<br />

muito bem com os fatos que nós pudemos confirmar.<br />

Os Rituais Perdidos<br />

Ao lermos diversos textos que poderiam ser interessantes para<br />

nossas pesquisas, nós nos deparamos com uma estranha, mas


fascinante declaração dada em uma palestra intitulada 'Maçonaria e<br />

Catolicismo' em Maio de 1940:<br />

Cristo divulgou a palavra secreta da Maçonaria... Ao povo, e ele<br />

proclamou-a em Jerusalém, mas revelando a palavra oculta ao povo,<br />

ele estava a frente de seu tempo... Deixem os Maçons receberem<br />

Cristo de volta à Maçonaria... Maçonaria tem sido a expressão do<br />

Cristianismo nos últimos 2000 anos.<br />

De fato palavras poderosas, e acreditamos que algumas delas sejam<br />

corretas. Jesus, como o messias monárquico oriundo da linhagem real<br />

de David, havia sido iniciado nos altos graus da ordem do movimento<br />

nazoreano que envolviam um cerimonial onde o candidato<br />

representava em uma morte figurativa antes de ser ressuscitado para<br />

uma nova vida dentro da ordem. Jesus sabia que o tempo era curto e<br />

deste modo ele 'transformou água em vinho' (transformou o povo<br />

impuro em um povo pio) através do batismo e nós acreditamos que<br />

ele fornecia aos seus principais seguidores o segredo da ressurreição<br />

em vida que ainda é utilizada pelos Maçons hoje em dia.<br />

O nome do palestrante nada significava para nós e deste modo nós<br />

tentamos descobrir um pouco mais sobre ele.<br />

O homem que proferiu aquelas palavras era Dimitrije Mitrinovic, um<br />

estudioso oriundo da região dos Bálcãs, da Bósnia-Herzegovina, que<br />

veio viver em Londres por volta da Primeira Guerra Mundial. Ele<br />

tornou-se uma figura de destaque no 'Grupo de Bloomsbury' que era<br />

uma reunião de intelectuais em sua maioria de origem inglesa. Este<br />

grupo apropriou-se do nome de um distrito próximo ao Museu<br />

Britânico na região central de Londres onde a maioria dos membros<br />

vivia e produziu um grande número de proeminentes pensadores que<br />

eram conhecidos individualmente por suas contribuições às artes ou<br />

às ciências sociais. Em seu círculo incluía-se pessoas como Virginia<br />

Woolf e seu marido, Leonard; o economista John Maynard Keynes e o<br />

romancista e ensaísta E. M. Forster.


Tínhamos levado sete anos de ampla pesquisa, incluindo<br />

conhecimento maçônico específico, para chegarmos a este ponto,<br />

então como Mitrinovic chegou a esta mesma conclusão? Nós não<br />

conseguimos descobrir nada mais que tenha sido escrito por Mitrinovic<br />

e nós já estávamos prontos a desistir quando nos deparamos com o<br />

fato de que ele tinha formado uma considerável biblioteca pessoal que<br />

poderia ter-lhe sobrevivido.<br />

Nós pesquisamos em todas os lugares óbvios, mas não encontramos<br />

sequer traços desta coleção desaparecida que acreditávamos poder<br />

conter a informação que precisávamos. Telefonemas após<br />

telefonemas nos mergulhavam em um completo vazio - mas nossa<br />

persistência seria recompensada.<br />

Uma ligação para uma universidade, que não era a primeira de<br />

nossa lista de possíveis mantenedoras de tal coleção, a princípio nos<br />

deu a resposta de costume:<br />

'Desculpe-me', disse uma senhora de uma maneira gentil, 'não há<br />

nada aqui classificado com este nome'.<br />

Nós estávamos prontos para agradecê-la por seu auxílio e nos<br />

dirigirmos para uma outra opção de nossa lista, quando ela nos<br />

apresentou repentinamente uma esperança:<br />

'Oh, espere um momento. Eu quero perguntar a meu colega sobre<br />

uma coleção que ainda não foi catalogada. Eu me lembro que ela<br />

possuía um nome de origem da Europa oriental'.<br />

Nós ouvimos o som do fone sendo colocado sobre a mesa e<br />

então esperamos em silêncio por alguns minutos antes dela retornar.<br />

‘Você disse que o nome da pessoa era Mitrinovic, soletra-se M-I-T-R-I-<br />

N-O-V-I-C, não? Bem, você está com sorte - a coleção está aqui, mas<br />

ainda não foi catalogada'.<br />

Finalmente nós nos encontramos com a biblioteca pessoal de<br />

Mitrinovic, e agora nós precisávamos descobrir se ele tinha coletado<br />

livros que combinariam com o que estávamos procurando.<br />

Logo em seguida, nós obtemos permissão para estudar a coleção e<br />

descobrimos que ele tinha de fato reunido um grande número de livros<br />

raros e importantes sobre a Maçonaria, incluindo alguns antigos e


inalterados rituais de diversos graus. Assim que nos detivemos sobre<br />

os diversos volumes, não nos desapontamos. A soberba coleção de<br />

livros de pesquisadores maçônicos do século XIX e do princípio do XX<br />

de Dimitrije Mitrinovic permitiu-nos construir uma imagem reveladora<br />

dos principais pontos dos rituais destes altos graus 'perdidos' da<br />

Maçonaria.<br />

O que nós encontramos foi simplesmente estarrecedor.<br />

Nós utilizamos diversos livros para reconstruir os elementos<br />

chaves destes graus danificados, sendo o mais significante o livro<br />

Freemasonry and the Ancient Gods, escrito por J. S. M. Ward e<br />

publicado em 1921. Diferentemente da maioria dos pesquisadores e<br />

escritores maçônicos de sua época, Ward possuía um estilo de escrita<br />

interessante e era aberto a novas idéias. Ele era membro de diversas<br />

Sociedades Reais, incluindo a Sociedade Real de Antropologia, foi<br />

premiado pelo Trinity Hall, de Cambridge, e era um Maçom dos mais<br />

qualificados. O livro que chegou às nossas mãos era o resultado de<br />

quatorze anos de pesquisa, estimulados pelos mesmos sentimentos<br />

de dúvida que nós experimentamos quando nós olhamos para a<br />

história oficial da Maçonaria.<br />

Ward era um estudioso rigoroso e sem preconceitos que analisou<br />

clinicamente o trabalho de pesquisadores anteriores, algumas vezes<br />

apontando erros em seus julgamentos e algumas vezes aceitando as<br />

suas evidências, mesmo que possa ter rejeitado suas conclusões. Nós<br />

sabemos que teríamos gostado deste homem e que estávamos<br />

agradecidos por ele ter sido encorajado pelos Maçons de sua época a<br />

publicar suas descobertas. Ele educadamente demonstra onde os<br />

notórios e aceitos da história maçônica como Gould erram seriamente<br />

quando tentaram seguir uma linha rígida de pensamento, assumindo<br />

que o dogma oficial estava correto e somente precisava ser iluminado.<br />

Alguns dos graus perdidos ou danificados parecem muito comuns,<br />

mas outros contam uma história que fazem os nossos olhos saltarem,<br />

pois conhecíamos muito bem.<br />

O quarto grau é chamado 'Mestre Secreto' e diz respeito ao velório da<br />

morte de alguém não especificado. A Loja está decorada em negro e


iluminada por oitenta e uma velas; a jóia do grau ostenta a letra 'Z',<br />

que se afirma referir a Sadok.<br />

Durante a realização do ritual, o significado dos tesouros do Templo,<br />

tais como o Altar dos Incensos, o Candelabro Dourado e a Mesa dos<br />

Pães Propiciais, é apresentado e explicado. O candidato é orientado a<br />

não desejar nada do qual ele é merecedor e que ele deve obedecer ao<br />

chamado do 'dever inexorável como o Destino'. O cerimonial do grau<br />

ocorre na época onde todo o trabalho no Templo havia sido suspenso<br />

devido a uma certa tragédia. As lições do grau são para relembrar ao<br />

candidato da importância do Dever e da Discrição.<br />

Este ritual nos chamou muito a atenção. Nós havíamos determinado<br />

que os Cavaleiros Templários escavaram abaixo das ruínas do<br />

Templo de Herodes, muito provavelmente em busca dos tesouros<br />

colocados lá por seus ancestrais um pouco antes da queda de<br />

Jerusalém em 70 d.C. De acordo com a lenda judaica, Sadok foi o<br />

primeiro Sumo Sacerdote de Jerusalém. Ele ungiu Salomão como rei<br />

e, deste modo, foi um fundador dos Rex Deus. Entre os Manuscritos<br />

do Mar Morto, descobertos em Qumran em 1947, encontra-se um dos<br />

mais importantes de todos, o Manuscrito de Cobre, que lista onde os<br />

tesouros e os manuscritos sagrados foram escondidos embaixo do<br />

Templo de Herodes e das áreas ao redor. Este manuscrito também<br />

afirma que uma cópia dele mesmo, com mais informações, foi<br />

colocado embaixo do Templo. A entrada 52 afirma:<br />

Abaixo do canto meridional do Pórtico na Tumba de Sadok, sob a<br />

plataforma de êxedra: vasos para os despojos do dízimo, dízimos<br />

corrompidos e dentro deles, moedas cunhadas.<br />

Este Pórtico é uma arcada dupla localizada na extremidade oriental do<br />

Templo e o canto meridional é o pináculo de onde Tiago, o irmão de<br />

Jesus, foi atirado. Além disso,John Allegro, um especialista no<br />

Manuscrito de Cobre, acreditava que esta Tumba não poderia ser a do<br />

primeiro Sumo Sacerdote, que se encontraria fora das muralhas. Ele<br />

afirma que esta poderia ser facilmente uma referência à tumba do


irmão de Jesus, Tiago, o Justo, que possui uma fachada ornamentada<br />

com dois pilares diante de um pórtico coberto ou êxedra.<br />

Tiago era conhecido como o Justo (em hebraico, 'Sadok') ou como o<br />

Mestre da Retidão (em hebraico, 'Moreh-zedok'). Após ele ter sido<br />

atirado do pináculo, ele foi apedrejado e finalmente decapitado, no<br />

ponto onde se localiza a sua tumba hoje em dia. Isto ocorreu em 62<br />

d.C. um pouco antes da conclusão do Templo e é certo que os<br />

trabalhadores judeus teriam paralisado os trabalhos como uma forma<br />

de respeito ao seu líder espiritual.<br />

A palavra hebraica 'Sadok' é exatamente a mesma que 'Tsedeq' que<br />

era o pilar sacerdotal que formava par com o pilar monárquico de<br />

'Mishpat'.<br />

Os Manuscritos do Mar Morto, e outro antigo documento encontrado<br />

nos primórdios do século XII, conta-nos que um grupo chamado Os<br />

Filhos de Sadok surgiu e tornou-se a comunidade de Qumran que<br />

redigiu os Manuscritos do Mar Morto. Isto significaria que 'Os Filhos de<br />

Sadok' era o título hebraico/aramaico para os descendentes da linha<br />

sacerdotal que viria a ser conhecida como os rex deus em algum<br />

momento após a queda do Templo em 70 d.C.<br />

O termo 'Os Filhos de Sadok' é repetido em todos os Manuscritos do<br />

Mar Morto, e outras denominações são dadas a este grupo, tais como<br />

'a Semente da Retidão' e 'os Filhos da Luz'. Isto nos traz à mente a<br />

transmissão hereditária da santidade e o fato de que, desde os<br />

tempos dos reis do Antigo Egito, a ressurreição sempre tem ocorrido<br />

durante a aurora com o surgimento da estrela da manhã. Os Maçons<br />

hoje em dia são ritualisticamente 'ressuscitados' sob a luz da estrela<br />

da manhã.<br />

O próximo grau, conhecido como 'Mestre Perfeito' refere-se à<br />

descoberta e o sepultamento do corpo de Hiram Abiff, uma<br />

personagem que se afirma ter sido morto por um golpe na cabeça,<br />

exatamente antes da conclusão do primeiro Templo em Jerusalém.<br />

E importante neste ponto mencionar a técnica chamada 'pesher' que<br />

foi extremamente significante para o povo de Jerusalém no primeiro<br />

século, e está presente ao longo dos Manuscritos do Mar Morto. A


técnica envolvia a procura de eventos registrados ao longo da história<br />

passada judaica e a análise deles, sendo que logo após se afirmava,<br />

'O pesher disto é...' Eles então descreveriam os eventos em sua<br />

própria época que aparentava ser descrito muito tempo antes por<br />

homens sagrados.<br />

A morte de Tiago, o Justo, poderia facilmente ter sido considerada<br />

um pesher da morte do homem que os Maçons hoje conhecem como<br />

Hiram Abiff ('o Rei que estava perdido'). Hiram Abiff foi morto por um<br />

golpe em sua cabeça, a revelar um segredo que havia lhe sido<br />

confiado. Isto ocorreu exatamente antes da conclusão do Templo de<br />

Salomão, quase exatamente mil anos antes de Tiago, o Justo, ser<br />

morto por um golpe em sua cabeça, por ter se recusado a responder a<br />

uma questão que era secreta, logo antes da conclusão do Templo de<br />

Herodes. Desta forma, o pesher da história de Hiram Abiff é a morte<br />

de Tiago, o messias unificado dos judeus.<br />

Para este grau, a Loja está decorada em verde e iluminada por<br />

dezesseis velas, quatro em cada ponto cardeal. A história narra que,<br />

com a morte de Hiram Abiff, Salomão estava ansioso para render a<br />

devida homenagem ao seu amigo e para tal ele ordenou que<br />

Adoniram construísse uma sepultura para o corpo. Após nove dias,<br />

uma esplendida sepultura foi construída com um obelisco de mármore<br />

branco e preto decorando-a. Igualmente à tumba de Tiago, a entrada<br />

é colocada entre dois pilares que apóiam uma pedra quadrada com a<br />

inicial 'J' gravada nela.<br />

Os rituais do sexto ao décimo segundo grau do Rito Escocês Antigo e<br />

Aceito contêm algumas referências interessantes, mas nada<br />

diretamente reveladora para as nossas pesquisas. O décimo terceiro<br />

grau é 'O Real Arco de Enoch' ou 'O Mestre do Nono Arco' e a<br />

narrativa ocorre na época da construção do Templo de Salomão, há<br />

três mil anos. Ele é uma espécie de 'pesher' do Grau do Santo Real<br />

Arco, que é a história dos Cavaleiros Templários removendo uma<br />

pedra-chave nas ruínas do Templo de Herodes e descendo até uma<br />

abóbada subterrânea que contém um antigo manuscrito.


O grau conta como, em uma época muito anterior a Moisés e Abraão,<br />

o antigo personagem Enoch previu que o mundo seria acometido a um<br />

desastre apocalíptico através do fogo ou de um dilúvio, e assim ele<br />

determinou preservar pelo menos um pouco do conhecimento então<br />

sabido pelo homem, para que este pudesse ser transmitido às futuras<br />

civilizações de sobreviventes. Ele deste modo grava valendo-se de<br />

hieróglifos os grandes segredos da ciência e da arte de construir em<br />

dois pilares: um construído de tijolos e outro de pedra.<br />

A lenda maçônica continua a contar como estes pilares foram quase<br />

destruídos como trechos deles sobreviveram ao Dilúvio e que foram<br />

subseqüentemente descobertos - um pelos judeus, o outro pelos<br />

egípcios - para que a civilização pudesse ser reconstruída a partir dos<br />

segredos que estavam gravados neles. Fragmentos de um dos pilares<br />

foram descobertos pelos trabalhadores durante as escavações para<br />

as fundações do Templo do Rei Salomão. Enquanto preparavam o<br />

terreno em Jerusalém três mil anos atrás, a parte superior de uma<br />

abóbada ou de um arco foi descoberta e um dos pedreiros foi<br />

abaixado dentro da abóbada onde ele descobriu as relíquias do<br />

grande pilar do conhecimento.<br />

Isto tem a marca de uma antiga lenda judaica que se esperaria ser<br />

transmitida através das gerações dos 'Filhos de Sadok' ou, utilizandose<br />

sua denominação atual, as famílias dos Rex Deus. Nós<br />

acreditamos que isto é uma tentativa de se explicar como os judeus<br />

acreditam que eles vieram a obter a posse de grandes segredos que<br />

também eram conhecidos dos antigos egípcios.<br />

O grau seguinte, 'Cavaleiro Escocês da Perfeição', é realizado em um<br />

salão que possui em seu centro os fragmentos do Pilar de Enoch<br />

novamente reunidos, inscritos com os hieróglifos. Afirma-se que o Rei<br />

Salomão criou uma 'Loja de Perfeição' para controlar os treze graus<br />

inferiores, e os seus membros realizaram a sua primeira reunião na<br />

abóbada sagrada de Enoch embaixo do Templo de Salomão<br />

parcialmente construído.<br />

Isto se parece muito com a descrição da fundação dos Rex Deus.<br />

A lenda afirma que o Templo de Salomão foi construído utilizando-se


antigos conhecimentos que tinham sido transmitidos aos judeus a<br />

partir de uma civilização previamente destruída no dilúvio. Em nosso<br />

último livro, nós detectamos que a história dos pilares de fato precede<br />

a do dilúvio e fora transmitida ao Antigo Egito a partir da terra dos<br />

Sumérios que é a mais antiga civilização conhecida.<br />

Em cima de um pedestal, neste grau, existem três coisas: pão, vinho e<br />

um anel de ouro para os irmãos recém admitidos! De repente, no grau<br />

que parece se referir à fundação dos Rex deus, nós nos deparamos<br />

com a descrição de um anel que é utilizado por todos os iniciados. Isto<br />

poderia explicar a idéia de um anel dos Rex Deus como nós<br />

suspeitávamos?<br />

O ritual prossegue contando como outros mestres tornaram-se<br />

ciumentos das honras conferidos aos membros da Loja de Perfeição e<br />

exigiram as mesmas honras. O Rei Salomão recusou-se a deixar que<br />

os segredos fossem transmitidos e contou-lhes que aqueles que<br />

tinham avançado no Grau de Perfeição tinham lavrado no difícil e<br />

perigoso trabalho nas antigas ruínas, tinham penetrado nas entranhas<br />

da terra e tinha trazido tesouros para adornar o Templo. Os mestres<br />

descontentes tentam ingressar na Abóbada Sagrada e todos vieram a<br />

morrer, não restando qualquer traço de suas existências.<br />

A história tradicional deste grau conta a história da traição de Salomão<br />

a Yahweh quando, nos últimos anos de sua vida, o Rei construiu<br />

templos em honra de outros deuses, alegando para tal que satisfazia<br />

às muitas esposas que possuía. Os Mestres Perfeitos ficaram muito<br />

preocupados com esta conduta, mas, embora eles tivessem mantido<br />

sua fé pura, eles não foram capazes de impedir a ira de Deus que<br />

conduziria à destruição do Templo.<br />

O ritual então toma um particular e interessante caminho.<br />

Afirma-se que algum tempo depois, os descendentes destes<br />

Perfeitos Maçons acompanharam os príncipes cristãos em suas<br />

Cruzadas à Terra Santa, onde algum tempo depois, estes<br />

descendentes dos sacerdotes de Salomão elegeram o seu próprio<br />

Líder. Os seus valores trouxeram rapidamente a admiração de todos<br />

os príncipes cristãos de Jerusalém e alguns destes últimos,


acreditando que seus ritos misteriosos inspirava-os com coragem e<br />

virtude, pediram para serem iniciados. Seus pedidos eram aceitos e<br />

eventualmente os seus segredos difundiram-se entre a nobreza da<br />

Europa através da Maçonaria.<br />

Aqui, no décimo quarto grau do Rito Escocês Antigo da Maçonaria,<br />

reside uma confirmação incontestável da existência conhecida de um<br />

grupo dentro das forças da Primeira Cruzada que eram descendentes<br />

dos judeus que escaparam de Jerusalém após o ano 70 d.C. O<br />

conceito de que eles rapidamente iniciaram novos membros dentro da<br />

ordem dos Rex Deus pode ser uma verdade literal, ou pode ser uma<br />

descrição do modo que mais tarde evoluiria para uma ampla<br />

organização que se tornaria a Maçonaria.<br />

O informante de Tim Wallace-Murphy já havia apresentado esta<br />

genealogia e aqui estava um obscuro ritual do Rito Escocês que<br />

confirmava tal ligação! Mais além, ele parece contar-nos que como<br />

uma recompensa a eles (os Cavaleiros Templários) foi permitida,<br />

pelos novos príncipes cristãos de Jerusalém (Balduíno), a eleger o seu<br />

próprio Uder (Grão-Mestre) e que estes príncipes cristãos foram<br />

inspirados a unirem-se às fIleiras da ordem que eventualmente se<br />

tornou a Maçonaria.<br />

Este único grau da Maçonaria confirmou toda a estrutura de nossa<br />

hipótese: havia um antigo e hereditário sacerdócio em Jerusalém que<br />

iniciou na época do Rei Salomão; estes sacerdotes vieram a ter na<br />

Europa e seus descendentes retornaram com os exércitos dos<br />

cruzados para retomar a cidade perdida; eles re-estabeleceram os<br />

antigos rituais e eventualmente permitiram que não-descendentes<br />

ingressassem no grupo; estes rituais que foram utilizados em<br />

Jerusalém há mil anos, anteriores à destruição do Templo no ano de<br />

70 d.C. sobreviveram como a Maçonaria.<br />

O grau quinze, 'Cavaleiro da Espada e Cavaleiro do Oriente',<br />

corresponde à primeira parte dos Graus Maçônicos Associados do<br />

Cavaleiro da Cruz Vermelha da Babilônia que nós já tínhamos<br />

discutido em detalhes no Capítulo 02, como ele se apresenta nas<br />

esculturas de Rosslyn na forma da citação a respeito da força da


verdade comparada com mulheres, reis e vinho. O grau apresenta a<br />

reconstrução do Templo de Zorobabel após o Cativeiro dos Judeus na<br />

Babilônia e a câmara é iluminada por setenta velas em memória de<br />

cada ano de cativeiro. Ele narra o retorno dos judeus exilados à<br />

Jerusalém em grandes detalhes que deve ter sido transmitidos através<br />

das gerações pelas famílias dos Rex Deus. A cor da faixa usada neste<br />

grau é verde com uma franja dourada: muito apropriadamente as<br />

cores da casa de David.<br />

O grau seguinte é uma continuação do Grau Maçônico Associado do<br />

Cavaleiro da Cruz Vermelha da Babilônia. As duas personagens<br />

chaves são intituladas como Mui Justo Mestre e Soberano Príncipe e<br />

Sumo Sacerdote, e um dos oficiais menores é intitulado Valoroso<br />

Guarda dos Selos e dos Arquivos. Este é seguido por um grau<br />

chamado de 'Cavaleiro do Oriente e do Ocidente' que conclui os<br />

Graus Maçônicos Associados do Cavaleiro da Cruz Vermelha da<br />

Babilônia.<br />

Enquanto todos os graus anteriores se focaram no Antigo Testamento,<br />

este faz uma relação com o que é narrado com o Livro das<br />

Revelações, mencionando os 'setes selos' e a 'ira do cordeiro'. Tudo<br />

isto de fato era extremamente interessante, mas o que nós<br />

descobriríamos a seguir nos deixou estarrecido!<br />

O ritual narra que o grau foi organizado pelos Cavaleiros engajados<br />

nas Cruzadas no ano de 1118, quando onze Cavaleiros tomaram os<br />

votos de segredo, amizade e discrição nas mãos do Patriarca de<br />

Jerusalém.<br />

Esta é uma referência irrefutável aos Cavaleiros Templários que foram<br />

fundados em 1118!<br />

lnacreditavelmente, muitas pessoas que se apresentam como<br />

historiadores maçônicos nada sabem dos detalhes destes graus e<br />

outros têm contestado o porquê do grau apresentar onze Cavaleiros e<br />

não nove como sendo os fundadores dos Cavaleiros Templários.<br />

Alguns têm, inacreditavelmente, tentado se utilizar desta discrepância<br />

numérica para argumentar que isto deve ser uma referência a um


outro (embora não registrado) grupo de Cavaleiros formado em<br />

Jerusalém em 1118.<br />

A realidade é muito mais simples. Nós já tínhamos identificado os<br />

onze homens que tramaram escavar debaixo do Templo de Herodes,<br />

sendo eles:<br />

1. Hugues de Payen;<br />

2. Geoffroy de Saint-Omer;<br />

3. André de Montbard;<br />

4. Payen de Montdidier;<br />

5. Achambaud de Saint-Amand;<br />

6. Gondmare;<br />

7. Rosal;<br />

8. Godefroy;<br />

9. Godofredo Bisol.<br />

Estes eram os nove Cavaleiros originais. A eles, então, uniram-se:<br />

10. Foulques de Anjou;<br />

11. Hugues de Champagne.<br />

O oficial presidente é chamado 'Mui Justo Mestre e Soberano<br />

Príncipe', apoiado pelo Sumo Sacerdote. Imaginamos que o Sumo<br />

Sacerdote poderia ter sido o Grão-Mestre da Ordem dos Templários,<br />

desde Hugues de Payen até Jacques de Molay, e a pessoa mais<br />

antiga era provavelmente um membro dos Rex Deus a quem os<br />

Templários juraram obediência, possivelmente aos reis de Jerusalém<br />

de Balduíno II em diante.<br />

A câmara é decorada em vermelha, repleta com estrelas douradas. No<br />

oriente, sob um dossel, encontra-se um trono elevado sobre sete<br />

degraus e suportado pelas imagens de quatro leões e quatro águias<br />

entre as quais está uma águia com seis asas. Em um dos lados do<br />

trono localiza-se uma pira acesa, representando o sol ao meio-dia, e<br />

do outro lado uma imagem da lua. No oriente encontram-se dois


vasos, um para perfumes e outro para água. (Nós descobrimos<br />

através de nossas pesquisas anteriores sobre as práticas de<br />

ressurreição dos antigos egípcios que em todas as tumbas de faraós<br />

eram sempre encontrados dois vasos vazios e, ninguém hoje em dia,<br />

sabe o que eles já contiveram).<br />

Sobre um pedestal no oriente encontra-se uma Bíblia grande na qual<br />

sete selos estão presos. No piso há representado um heptágono<br />

inscrito em um círculo, em cujos ângulos aparecem certas inscrições e<br />

no centro encontra-se a figura de um homem com barbas brancas,<br />

vestido de branco com uma faixa dourada em torno de sua cintura. Em<br />

suas mãos estendidas ele segura sete estrelas que representam as<br />

qualidades que deveriam distinguir um irmão: amizade, união,<br />

submissão, discrição, fidelidade, prudência e temperança. Há ainda na<br />

estranha aparição uma auréola em torno de sua cabeça, uma espada<br />

de dois gumes saindo de sua boca e sete candelabros colocados em<br />

torno dele.<br />

Neste ponto, nós percebíamos que esta inegável ligação templária era<br />

a prova de tudo que já tínhamos reconstruído a partir de outras<br />

evidências, mas muito mais ainda estava por vir.<br />

O grau vinte conhecido como 'Grão-Mestre' refere-se à construção do<br />

Quarto Templo, em sua representação espiritual. A exposição histórica<br />

deste grau narra a destruição do Terceiro Templo pelos romanos sob<br />

o comando de Tito no ano de 70 d.C., e como os Irmãos que estavam<br />

na Palestina durante este terrível período foram acometidos de grande<br />

pesar por sua perda. Eles deixaram a Terra Santa e decidiram erguer<br />

um Quarto Templo que seria um edifício espiritual. É nos contado que<br />

estas pessoas que de algum modo escaparam do massacre em<br />

massa de Jerusalém dividiram-se em um número de Lojas e<br />

dispersaram-se através da Europa.<br />

Não poderia existir um registro mais claro a respeito da história dos<br />

Rex Deus do que este! Aqui estava a evidência de um grau,<br />

provavelmente medieval, que afirma que os sobreviventes da batalha<br />

de Jerusalém do ano de 70 d.C. de fato dispersaram-se pela Europa,<br />

exatamente como o informante dos Rex Deus havia afirmado.


O grau prossegue afirmando que um desses grupos eventualmente<br />

chegaram à Escócia, estabelecendo uma Loja em Kilwinning. A<br />

descrição de que um grupo 'eventualmente' chegou à Escócia é muito<br />

precisa, uma vez que a família St Clair não chegou aquele país antes<br />

do término do século XI.<br />

É nos contado, então, que foi em Kilwinning que estas pessoas<br />

levaram os registros de sua ordem para serem mantidas em uma<br />

abadia construída em 1140. O pesquisador maçônico, J. S. M. Ward,<br />

afirma que parece haver um problema nesta passagem, observando:<br />

Um grupo chegou à Escócia e fundou uma Loja em Kilwinning e lá<br />

depositaram os registros da Ordem em uma abadia que eles<br />

construíram lá. Neste ponto o primeiro obstáculo histórico surge, pois<br />

a abadia não foi construída até o ano de 1140 e a lenda não<br />

demonstra onde eles estavam durante o período entre os anos de 70<br />

d.C. e 1140.<br />

Este fato deve ter causado alguma confusão a Ward em 1921, mas<br />

ele agora é esclarecedor para nós. Nós sabíamos precisamente onde<br />

eles estavam entre estas datas: os registros estavam escondidos<br />

embaixo das ruínas do Templo de Herodes, antes de serem<br />

removidos entre os anos de 1118 e 1128 pelos Cavaleiros Templários!<br />

Nós também tínhamos fortes suspeitas para acreditar que estes<br />

antigos documentos foram descobertos para serem re-enterrados<br />

em Rosslyn em 1140.<br />

A existência deste grau produziu um monumental impacto em<br />

tudo aquilo que nós descobrimos anteriormente. Descrito como 'Grão-<br />

Mestre de todas as Lojas Simbólicas' este ritual possui uma exposição<br />

que narra a queda dos Nazoreanos no ano de 70 d.C. e como os<br />

progenitores da Maçonaria deixaram Jerusalém àquela época para<br />

espalharem-se pela Europa; exatamente como o informante dos Rex<br />

Deus havia afirmado! Um grupo afirma-se que seguiu para a Escócia<br />

para fundar uma Loja em Kilwinning, o primeiro lar da família St Clair!


O ritual do grau vinte e um volta no tempo para contar a história<br />

da Torre de Babel e de seu arquiteto, Peleg. Ele narra como Deus<br />

tornou Peleg mudo por tentar construir uma torre para alcançar os<br />

céus e como, logo após, ele vagou pela Europa, até atingir as florestas<br />

da Prússia onde ele construiu uma casa triangular. Lá ele se lamenta<br />

por sua soberba e passa os seus dias em oração ao Todo-Poderoso<br />

que finalmente o perdoa e devolve-lhe o poder da fala.<br />

A lição especial deste grau é a humildade. Afirma-se que Peleg é um<br />

descendente de Noé (a Bíblia sugere que ele também era um<br />

ancestral de Jesus Cristo); sua descendência de Noé sendo via Ham,<br />

o neto de Noé, que a lenda afirma ser o primeiro rei do Egito,<br />

adotando o título de 'Osíris' - que literalmente significa 'Príncipe que<br />

Ievantou dos mortos'.<br />

Em nosso livro anterior, nós tínhamos reconstruído o cerimonial<br />

perdido de coroação do Antigo Egito e perseguido a trilha do rito de<br />

ressurreição desde Tebas até Jerusalém. Nós chegamos à conclusão<br />

de que o ritual secreto que Jesus 'traíra' referia-se a Osíris e Horus e<br />

que Jesus era o próprio 'Príncipe que levantou dos mortos', através da<br />

realização da cerimônia da ressurreição em vida.<br />

Nós descobrimos que no próximo grau, 'Príncipe do Líbano', todos<br />

portam uma espada e o ritual faz com que o candidato seja um<br />

membro da Távola Redonda. Este ritual afirma a existência de dois<br />

salões e que os obreiros conduziam os seus trabalhos em um<br />

pequeno salão subterrâneo, exatamente como nós sabíamos ser o<br />

caso de Rosslyn nos meados do século XV. Outra ligação interessante<br />

entre a Távola Redonda e Rosslyn é o fato dos cavaleiros da lenda<br />

arthuriana serem sepultados com suas armaduras, prontos para<br />

retornarem a defender o reinado em tempos de necessidade, e<br />

acredita-se que os St Clair foram sepultados com suas armaduras<br />

abaixo de Rosslyn, para retornarem quando um sino fosse tocado<br />

chamando-os de volta.<br />

O grau chamado 'Chefe do Tabernáculo' é o seguinte e explica como<br />

a Ordem do Sacerdócio foi fundada por Aarão e seus filhos Eleazar e<br />

Itamar. Os membros do grau são chamados de Levitas, a antiga


linhagem dos sacerdotes judeus, e vestem-se de branco, debruados<br />

em vermelho. O candidato é feito sacerdote e entra em uma câmara<br />

interior que está forrada de preto e contém um altar e uma banqueta<br />

na qual estão três crânios e um esqueleto completo. Na câmara<br />

encontra-se uma inscrição onde se lê: 'Se vós temeis, recuais, pois;<br />

não é permitido aos homens que não podem ser valentes recuar do<br />

perigo sem abandonar a virtude'. Neste grau há dois Sumo Sacerdotes<br />

que portam uma mitra dourada - sendo esta a 'coroa' do deus criador<br />

de Tebas, Amon Rá, e a de Tiago, o primeiro Bispo de Jerusalém.<br />

Acreditamos ser possível que o Sumo Sacerdote de Yahweh sempre<br />

usou esta 'coroa', desde a época de Moisés, pois há registros de que<br />

Tiago, o irmão de Jesus, usava o peitoral e a mitra de Sumo<br />

Sacerdote quando ingressou no Templo.<br />

Em seguida, nós descobrimos um grau que conta como Moisés foi<br />

instruído por Deus a construir o Tabernáculo, ou tenda sagrada, para<br />

abrigar a Arca da Aliança. Chamado de 'Príncipe do Tabernáculo' ele<br />

explica como, através da construção de um tabernáculo para Deus,<br />

Moisés estabeleceu a linhagem real dos judeus.<br />

O candidato neste grau é feito um Sumo Sacerdote e é-lhe contado<br />

que agora lhe é permitido adorar o Altíssimo sob o nome de Jeová<br />

(uma interpretação alternativa de Yahweh), afirmando-se ser esta<br />

denominação muito mais expressiva do que Adonai. É dito-lhe que em<br />

seu progresso através dos graus, ele tem recebido a Ciência<br />

Maçônica por ser um descendente do Rei Salomão e revivido pelos<br />

Cavaleiros Templários.<br />

Nós não podíamos acreditar no que víamos! Nós tínhamos uma<br />

referência específica aos Cavaleiros Templários como o povo que<br />

restabelecera o conhecimento perdido dos judeus.<br />

Tudo o que nós havíamos deduzido a partir dos nossos estudos foi<br />

confirmado aqui em um antigo e obscuro ritual maçônico. Os rituais da<br />

Maçonaria atualmente registram o que nós tínhamos reconstruído a<br />

partir de nossas próprias fontes, desde as cartas do Tarô até às<br />

lendas arthurianas. Os Cavaleiros Templários de fato tinham se autoproclamados<br />

como os novos sacerdotes de Yahweh, e que para tal


eles deveriam ser os descendentes dos sacerdotes originais. Nosso<br />

anônimo amigo dos Rex Deus estava correto.<br />

Este ritual então prossegue afirmando que ao recém nomeado Sumo-<br />

Sacerdote é contado a história da Arte Real da Maçonaria que é<br />

traçada a partir da Criação desde Noé, Abraão, Moisés e Salomão, e<br />

outras importantes personagens, até Hugues de Payen, fundador dos<br />

Templários, e a partir daí até a trágica figura de Jacques de Molay,<br />

seu último Grão-Mestre. Todos os Grão-Mestres Templários estavam<br />

claramente listados como Sumo-Sacerdotes de Yahweh.<br />

Uma vez nomeado Sumo-Sacerdote, a Grande Palavra lhe é revelada<br />

e a ele é afirmado que ela fora descoberta pelos Cavaleiros<br />

Templários quando em Jerusalém. Até agora, nós não fomos capazes<br />

de descobrir esta Grande Palavra perdida, como se ela nunca tivesse<br />

sido escrita. Pelo contexto, ela deve ser um dos outros nomes de<br />

Deus, mas a infame destruição dos antigos rituais pelo Duque de<br />

Sussex negou-nos qualquer que fosse a versão do conhecimento que<br />

esta palavra possa ter possuído. A lenda afirma que quando cavavam<br />

sob o sítio onde o Santo dos Santos localizava-se no coração do<br />

Monte Moriá, os Templários descobriram três pedras, em uma das<br />

quais esta palavra estava gravada. Quando eles tiveram que deixar a<br />

Palestina, eles levaram estas relíquias com eles e as utilizaram como<br />

as pedras fundamentais de sua primeira Loja na Escócia, evento qual<br />

que foi realizado no dia de Santo André. Este segredo tem sido desde<br />

então transmitido aos seus sucessores que então são intitulados como<br />

os conhecidos Sumos-Sacerdotes de Jeová. Talvez o Duque de<br />

Sussex possa ainda ser impedido em sua tentativa de destruir a<br />

Verdade, se esta pedra provar ser uma das relíquias enterradas nos<br />

subterrâneos de Rosslyn.<br />

O historiador maçônico Arthur Waite observou que há uma tradição<br />

maçônica que afirma ter Jesus sido educado em um conhecimento<br />

especial e que ele conferiu-o através de iniciação aos seus apóstolos<br />

e discípulos, dividindo-os em diversas ordens e colocando-os sob a<br />

autoridade geral de São João. Esta doutrina, contendo o<br />

conhecimento das iniciações místicas e hierárquicas do Egito, do


mesmo modo que foi transmitida a Cristo, foi confiada à proteção de<br />

Hugues de Payen, o primeiro Grão-Mestre do Novo Templo em 1118,<br />

que foi então investido com os poderes apostólicos e patriarcais,<br />

tornando-se através deles o sucessor legal do Cristianismo Joanino.<br />

Esta tradição era uma lembrança remota nos primeiros anos deste<br />

século, mas parece certo que ela foi uma vez o tema central da crença<br />

maçônica. A idéia que a verdadeira sucessão apostólica residia não<br />

com o Papa, mas sim com o Grão-Mestre dos Cavaleiros Templários<br />

parece clara uma vez que a carta do Tarô do Hierofante era<br />

confundida com a imagem do Papa. Ela também explica o porquê dos<br />

primeiros Maçons ingleses ficaram horrorizados com o conteúdo<br />

destes graus, e a razão de suas supressões torna-se clara.<br />

Para nós este grau era uma confirmação, uma prova positiva de nossa<br />

hipótese central. Hugues de Payen é identificado como o Sumo<br />

Sacerdote restaurado de Yahweh (Jeová) e o ofício é transmitido aos<br />

Grão-Mestres Templários até Jacques de Molay - e aos Cavaleiros<br />

Templários é creditado a descoberta de segredos enquanto<br />

escavavam sob o Templo arruinado, levando-os para a Escócia!<br />

Tudo o que nós havíamos coletado em nosso livro anterior estava<br />

sendo revelado pelo conteúdo destes obscuros e quase destruídos<br />

rituais. Nos continuamos a pesquisar o próximo grau com uma<br />

excitação crescente.<br />

O grau foi fundado na Palestina, ao tempo das Cruzadas, por uma<br />

ordem militar e monástica. Ele alude às virtudes da cura e da salvação<br />

da 'serpente de bronze' entre os israelitas, por isso fazia parte do<br />

juramento dos cavaleiros tratar de viajantes feridos e protegê-los dos<br />

infiéis. A serpente é utilizada na Maçonaria Simbólica para unir as tiras<br />

do avental. Isto apresenta toda a sorte de repercussões: a serpente<br />

enrolada em torno do pilar dos Rex Deus, e o fato dos Essênios serem<br />

famosos curandeiros e seu símbolo de ofício, uma serpente enrolada,<br />

ter sido adotado como o emblema da moderna medicina.<br />

O próximo grau, 'Príncipe da Misericórdia', não possuía grande<br />

significado para nós, mas o grau vinte e sete, 'Supremo Comandante<br />

do Templo' era de fato impressionante. Este é um grau militar e de


cavalaria onde o corpo que confere o grau é chamado de 'Corte' e<br />

seus membros sentam-se em torno de uma mesa redonda em torno<br />

do candidato para o interrogar. O ritual expõe a falsa condenação dos<br />

Cavaleiros Templários e a importância da negação da cruz.<br />

Nós descobrimos poucos detalhes a respeito dele, mas Arthur Waite<br />

notou algo que ele julgou repulsivo. Nós, entretanto, o julgamos<br />

completamente eletrizante. Ele observou que a cruz utilizada neste<br />

grau costumava ser inscrita com dois grupos de iniciais: JN e JBM. O<br />

chocado historiador maçônico afirmava que estas iniciais<br />

correspondiam a Jesus Nazareno e Jacques Burgundus Molay.<br />

Era muito bom para ser verdade. Nós esperávamos ser capazes de<br />

encontrar algum material nestes antigos rituais que apoiassem nossa<br />

hipótese principal, mas nós nunca sonhávamos que descobriríamos a<br />

confirmação tão dramática e decisivamente soletrada. O primeiro e o<br />

segundo messias crucificados, acomodados na mesma cruz!


A cruz usada no ritual maçônico que porta as iniciais do primeiro e<br />

segundo messias.<br />

Sem dúvida, os últimos Templários e os fundadores da Maçonaria<br />

deve ter considerado Jacques de Molay como sendo o <strong>Segundo</strong><br />

<strong>Messias</strong>.<br />

A Maçonaria deixou de ser um culto secreto quando ela se converteu<br />

em um respeitável clube de cavalheiros na Londres dos primórdios do<br />

século XVIII, e agora entendíamos o porquê dos Maçons desejarem<br />

eliminar a antiga tradição, convertendo-a em algo que fosse<br />

teologicamente menos controverso. Felizmente, como a maioria dos<br />

censores, eles não foram cem por cento eficazes e falharam ao<br />

apagar completamente todo o traço do antigo conhecimento que eles<br />

desprezavam.<br />

Os graus do Rito Escocês Antigo e Aceito produziram muito mais do<br />

que nós ousávamos esperar. Nós poderíamos esperar nada mais do<br />

que uma boa leitura, mas nós descobrimos muitas evidências que<br />

apóiam nossas primeiras deduções. O grau vinte e oito, 'Cavaleiro do<br />

Sol', afirma ser a Chave da Maçonaria. Ele ensina as doutrinas da<br />

religião natural do 'Único Deus Verdadeiro' que é a parte essencial dos<br />

antigos mistérios e cerimônias.<br />

Esta idéia do 'Único Deus Verdadeiro' é central na Maçonaria,<br />

mas freqüentemente está em colisão com a distinta e arrogante<br />

crença da maioria dos cristãos que descrevem os deuses de outras<br />

religiões como falsos e sem sustentação. A Maçonaria é baseada na<br />

idéia de que deus sempre existiu e sempre existirá. Ele simplesmente<br />

tem adotado muitos nomes à medida que era diferentemente<br />

compreendido pelo povo, incluindo Marduk, Amon Rá, Yahweh e Alá.<br />

O grau descreve todos os símbolos maçônicos e o propósito de todos<br />

estes é dado como um meio de incutir a verdade. Uma palestra sobre<br />

a verdade é apresentada em partes por nove oficiais que são<br />

chamados de Três Vezes Perfeito Pai Adão, Irmão da Verdade,<br />

Miguel, Gabriel, Rafael, Zafriel, Camael, Azrael e Uriel. Sobre a<br />

entrada da câmara onde o grau é conferido está escrito: "Senão<br />

sentes a força de vencer as tuas paixões, fuja deste santuário".


Os últimos sete nomes utilizados neste grau são os dos anjos<br />

maiores.<br />

O francês que contara a história das duas escolas de Jerusalém ao<br />

tempo de Jesus afirmou que os sumo sacerdotes de Yahweh<br />

utilizavam estes mesmos nomes. Talvez como o novo alto sacerdócio<br />

de Yahweh, os Cavaleiros Templários também se utilizavam destes<br />

nomes.<br />

A ênfase na 'verdade' trouxe-nos de volta à mente a única inscrição<br />

em Rosslyn que termina: '... a verdade conquistará a todos'.<br />

O grau vinte e nove possui três nomes possíveis: 'Cavaleiro de<br />

Santo André', 'Patriarca dos Cruzados' ou 'Grão-Mestre da Luz'. Ele<br />

explica que sua origem está na saída dos Cavaleiros Templários da<br />

Palestina, trazendo com eles as relíquias do Pilar de Enoch, e<br />

utilizando estas três pedras para formar a fundação da primeira Loja<br />

dos Cavaleiros Maçons na Escócia. O propósito deste grau era:<br />

Para perseguir as virtudes da caridade, filantropia, tolerância<br />

universal, a proteção do inocente, a busca da verdade, a defesa da<br />

justiça, reverência e obediência ao Divino, com a expiração do<br />

fanatismo e da intolerância.<br />

Apenas para relembrar que este ritual data do tempo quando a Igreja<br />

Católica Romana estava assassinando qualquer um e todo mundo que<br />

ousasse ter os seus próprios pensamentos e idéias em suas cabeças.<br />

Aqueles que praticavam este grau claramente queriam desafiar tal<br />

ignorância cega.<br />

O grau seguinte, 'Cavaleiro da Águia Branca e Negra', originalmente<br />

fornece os detalhes do destino de Jacques de Molay, mas infelizmente<br />

nós não fomos capazes de descobrir este. O ritual prossegue<br />

relatando que os Cavaleiros do grau tinham jurado vingança contra<br />

aqueles responsáveis por sua morte, e tomaram como dever a<br />

continuidade da reconstrução do Templo Espiritual na tradição dos<br />

Templários.


Nós não podíamos deixar de imaginar se foram os 'Cavaleiros da<br />

Águia Branca e Negra' que eliminaram o Rei Filipe, o Belo.<br />

O grau trinta e um, conhecido como 'Grande Inspetor Inquisidor<br />

Comandante', é um grau puramente administrativo, mas o penúltimo<br />

grau retorna ao tema de Jacques de Molay. O grau é conferido em<br />

uma assembléia chamada 'Grande Consistório' que é decorada em<br />

preto, e sobre as cortinas estão representados esqueletos, lágrimas e<br />

emblemas de mortalidade, gravados em prata. As letras JM em<br />

memória de Jacques de Molay estão colocadas sobre o pedestal do<br />

principal oficial chamado 'Três Vezes Ilustre Comandante'. Ao<br />

candidato é narrado algo conhecido como 'o Real Segredo da morte<br />

de Jacques de Molay'. Infelizmente, este Real Segredo parece nunca<br />

ter sido escrito.<br />

O uso da palavra 'real' fortemente sugere que Molay possa ser<br />

considerado como sendo o último da linhagem real do Rei David!<br />

Talvez este grau, em sua forma original, descrevesse a crucificação<br />

deste <strong>Segundo</strong> <strong>Messias</strong>.<br />

Como nós já sabíamos, o grau trinta e três, 'Soberano Grande Inspetor<br />

Geral', é o mais alto posto que um Maçom pode obter.<br />

As informações são esparsas, mas nós sabemos que a Loja é<br />

montada com um balcão com o nome de Yahweh em hebraico no<br />

oriente e no centro está localizado um pedestal quadrado no qual<br />

estão uma Bíblia e uma espada. No norte há um outro pedestal,<br />

mostrando um esqueleto que segura uma flecha em sua mão direita e<br />

o estandarte da Ordem na esquerda. No ocidente localiza-se um trono<br />

elevado sobre três degraus, diante de um altar triangular.<br />

Tudo o que sabemos ao certo deste derradeiro grau é que ele<br />

apresenta o segredo a respeito da fundação da Ordem e descreve<br />

suas antigas origens.<br />

A única pista do conteúdo deste grau veio de nosso amigo <strong>Robert</strong><br />

Temple, um multi-talentoso estudioso de Sânscrito que possui um<br />

conhecimento enciclopédico de física avançada e de antropologia. Ele<br />

é autor de muitos livros fascinantes, incluindo The Sirius Mystery que<br />

examinada à miúde as crenças dos antigos egípcios e que apresenta


uma razoável teoria de que eles eram particularmente interessados na<br />

estrela Sírius.<br />

Embora ele tenha vivido em Londres por muitos anos, <strong>Robert</strong> é um<br />

americano cuja família tem sido de Maçons desde os tempos de<br />

George Washington. Resumidamente, após <strong>Robert</strong> ter publicado The<br />

Sirius Mystery ele foi contactado por um antigo amigo de sua família<br />

que era um Maçom do grau 33. Este cavalheiro contou a <strong>Robert</strong> que<br />

seu livro estava mais correto do que ele provavelmente imaginava e<br />

que havia muito que ele queria lhe contar. Infelizmente, ele não pode,<br />

pois <strong>Robert</strong> teria que primeiro tornar-se um Maçom para receber estas<br />

informações.<br />

Ele sugeriu que <strong>Robert</strong> ingressasse à Maçonaria na Inglaterra, sendo<br />

que deste modo ele poderia aprender estes ensinamentos secretos<br />

aparentemente conectados com o Antigo Egito, mas infelizmente, este<br />

cavalheiro morreu antes de <strong>Robert</strong> atingir o grau de Mestre Maçom.<br />

Nós fomos levados a acreditar que este último grau derradeiro referese<br />

com o segredo da antiga fundação da Ordem, e esta pequena<br />

história de <strong>Robert</strong> Temple nos sugeriu que as origens da Maçonaria<br />

poderiam ter alguma ligação com o culto da estrela e da ressurreição<br />

dos antigos reis egípcios. Talvez um dia nós descobriremos por nós<br />

mesmos.<br />

O Grande Segredo Reconstruído<br />

Colocando todos estes trinta e três graus deste antigo rito maçônico<br />

juntos, nós obtemos uma história que nos conta como houve uma<br />

terrível inundação em um distante ponto no tempo quando os<br />

segredos dos construtores foram praticamente perdidos. Um homem<br />

chamado Enoch, de uma antiga e desconhecida civilização, decidiu<br />

passar este conhecimento a qualquer dos sobreviventes que<br />

restassem, capacitando-os a construir novas cidades e desenvolver<br />

novas culturas. Para isto ele gravou estes segredos em dois pilares<br />

projetados para sobreviver à destruição prevista. Os fundadores da<br />

civilização egípcia, que surgiu por volta do ano 3200 a.C., teriam


encontrado um deste pilares e o primeiro rei do Egito adotou o nome<br />

de 'Osíris', significando 'O Príncipe que levantou dos mortos'.<br />

Fragmentos do outro pilar foram descobertos algum tempo depois,<br />

pelos judeus, no local onde o Templo de Salomão foi construído a três<br />

mil anos atrás. Para nós, isto nos parecia ser uma racionalização dos<br />

primeiros judeus para explicar como eles vieram possuir o<br />

conhecimento secreto que era anterior a toda a história conhecida,<br />

mas que também tinha sido compartilhado pelos egípcios antes deles.<br />

Pode ter sido um modo conveniente de se evitar creditar aos egípcios<br />

a criação do misterioso culto de ressurreição que era tão importante<br />

para eles. Sabe-se que o simbolismo judaico de outrora era baseado<br />

em um estilo egípcio, sendo que o próprio nome Moisés possui raízes<br />

egípcias.<br />

Tal explicação combinaria com a tese de nosso livro anterior que<br />

conclui que a teologia da Jerusalém do primeiro século estava<br />

amplamente envolvida com as crenças e as lendas da antiga Tebas. É<br />

uma forte indicação que a história maçônica do assassinato de Hiram<br />

Abiff é um 'pesher' judaico do primeiro século do assassinato de<br />

Tiago, 'Sadok', o irmão de Jesus. É muito provável que a linha de<br />

sacerdotes que eram os ancestrais das famílias dos Rex Deus eram<br />

conhecidos desde antigas eras como os 'Filhos de Sadok'.<br />

A história maçônica então nos conta que Salomão de fato estabeleceu<br />

uma ordem sacerdotal especial que sobreviveu até a destruição do<br />

Templo em 70 d.C., quando então se dispersou pela Europa. Então<br />

muito mais tarde, os descendentes deste povo retornaram à<br />

Jerusalém com os 'príncipes cristãos' e estabeleceu uma nova ordem<br />

em 1118, quando onze Cavaleiros tomaram os votos de segredo,<br />

amizade e discrição. Nós agora sabemos que estes Cavaleiros eram<br />

os Cavaleiros Templários que removeram os fragmentos do Pilar de<br />

Enoch dos subterrâneos do Templo de Jerusalém, mantiveram com<br />

eles bem como os registros escritos de sua ordem, levando-os para<br />

Kilwinning na Escócia onde eles formaram a sua primeira 'Loja'.<br />

Nós também descobrimos a existência de um Conselho da Távola<br />

Redonda onde cada membro porta sua espada. Sabedores que os


Templários construíam igrejas redondas e preceptórios parece muito<br />

provável que tais encontros em torno de uma mesa redonda serviram<br />

de inspiração à lenda arthuriana dos Cavaleiros da Távola Redonda.<br />

A história destes rituais antigos confirma que o Sumo Sacerdócio de<br />

Yahweh foi re-estabelecido em Jerusalém pelos Cavaleiros<br />

Templários e que todo Grão-Mestre de Hugues de Payen a Jacques<br />

de Molay cumpriu este supremo ofício. Eles possivelmente portavam<br />

uma mitra dourada quando eles sentavam-se em seu trono entre dois<br />

pilares.<br />

Surpreendentemente, Jacques de Molay é colocado lado a lado<br />

com Jesus, o Nazoreano, em uma cruz, sugerindo que eles eram<br />

vistos como os primeiros e segundo messias. Como na história que<br />

nós havíamos ouvido sobre os Rex Deus, os nomes dos arcanjos são<br />

utilizados como as personagens principais, e que tudo a respeito da<br />

Maçonaria costuma ser afirmado ser a 'verdade'. Finalmente, nós<br />

descobrimos que existe algo que é descrito como o 'segredo real', a<br />

respeito da morte de Jacques de Molay, contido dentro destes antigos<br />

rituais maçônicos. Infelizmente, nós não conseguimos descobrir do<br />

que isto se trata.<br />

Poderia ser os detalhes do sofrimento de Molay e a história da<br />

imagem do Sudário?<br />

A mensagem subliminar contida nestes rituais é a de que a Maçonaria<br />

originou-se de uma fonte que era antiga mesmo para os primeiros<br />

judeus e que sua mensagem foi ensinada por Jesus e por seu irmão e<br />

herdeiro, Tiago. A partir deles ela foi transmitida aos Cavaleiros<br />

Templários que eventualmente a passaram à Maçonaria. No cerne<br />

deste ensinamento está o amor à verdade e a tolerância natural que<br />

reside em todas as religiões monoteístas como sendo parte da grande<br />

verdade divina.<br />

O maior e inesperado segredo, tão cuidadosamente oculto no seio da<br />

Maçonaria, é uma crença que houve um '<strong>Segundo</strong> <strong>Messias</strong>', um<br />

Sumo-Sacerdote de Yahweh, que foi crucificado e eventualmente<br />

morto, a partir de falsas acusações. Trinta e cinco anos após a morte<br />

de Jesus Cristo, a terra de seu nascimento foi abalada por um


desastre e uma grande parcela da população foi morta de forma<br />

horrenda. Trinta e cinco anos após a morte de Jacques de Molay, o<br />

mundo inteiro foi novamente abalado por uma grande tragédia, em<br />

uma escala nunca vista antes ou depois, onde novamente uma grande<br />

parte da população novamente sofreu uma morte horrenda.<br />

A estranha realidade é que os ensinamentos dos Essênios em geral, e<br />

os de Jesus em particular, desapareceram logo após a primeira<br />

crucificação, seguindo aproximadamente mil, duzentos e setenta e<br />

cinco anos de ignorância, o que nós chamamos de 'A Idade das<br />

Trevas'. Após a segunda crucificação, estes ensinamentos difundiramse<br />

novamente no mundo e houve um renascimento do avanço<br />

intelectual e científico e da tolerância espiritual.<br />

Isto não é uma coincidência. A ascensão da Igreja Romana anunciou<br />

a idade da ignorância e a ascensão da Maçonaria foi a força motora<br />

que despertou o mundo para os direitos científicos e da democracia<br />

social. Maçons, como Francis Bacon, Sir <strong>Robert</strong> Moray, Benjamin<br />

Franklin e George Washington, criaram uma nova ordem mundial. Os<br />

objetivos que eles buscavam eram baseados nas exigências oriundas<br />

da Maçonaria - verdade, justiça, conhecimento e tolerância.<br />

Deste modo, não é uma coincidência que as palavras dos Essênios<br />

que repetidamente ocorrem ao longo dos Manuscritos do Mar Morto<br />

sejam a verdade, a retidão, o julgamento, o conhecimento e a<br />

sabedoria.<br />

As palavras usadas por Dimitrije Mitrinovic, de que 'a Maçonaria tem<br />

sido a expressão do Cristianismo pelos últimos 2000 anos',<br />

mostraram-se ser inteiramente corretas.<br />

Nossas Questões Respondidas<br />

Quando nós começamos a nossa busca, originalmente nós<br />

colocamos seis questões. Nós duvidávamos que poderíamos<br />

respondê-las, mas acabamos obtendo mais sucesso do que nós<br />

jamais imaginávamos ser possível. Nossas questões agora estavam<br />

respondidas:


1. Os rituais maçônicos foram deliberadamente alterados ou<br />

suprimidos?<br />

Está além de qualquer dúvida que os rituais da Maçonaria<br />

estiveram sobre uma deliberada e substancial revisão, particularmente<br />

na Inglaterra entre 1717 e 1820. Estas alterações rapidamente se<br />

espalharam pelo mundo e foram feitas diversas tentativas de se<br />

remover qualquer evidência da prévia existência destes perigosos<br />

rituais.<br />

2. O grande segredo da Maçonaria perdeu-se ou foi deliberadamente<br />

escondido?<br />

Aquelas pessoas que têm acusado a Maçonaria de ocultar um<br />

grande segredo do resto da humanidade estavam completamente<br />

certas - embora os Maçons de hoje sejam completamente inocentes<br />

de qualquer conspiração, pois eles também tinham sido<br />

completamente alijados da verdade. Foi escondido no século XVIII e<br />

princípios do XIX por algumas pessoas, como o Duque de Sussex e<br />

Albert Pike.<br />

3. Quem estava por trás da formação dos Cavaleiros Templários?<br />

Nós tínhamos descoberto uma rede de pessoas influentes oriundas<br />

de um pequeno grupo de famílias que estavam envolvidas na tomada<br />

de Jerusalém e no estabelecimento da Ordem dos Cavaleiros<br />

Templários. Um homem que afirmava ser um descendente direto de<br />

Hugues de Payen declarou que este grupo do século XII eram todos<br />

descendentes do Sumo Sacerdócio de Yahweh que era hereditário,<br />

estabelecido pelo Rei Salomão, conhecidos como os Rex Deus os<br />

Reis de Deus. A partir dos nossos estudos das origens templárias do<br />

Tarô e das lendas arthurianas, nós fomos capazes de construir uma<br />

figura clara de como estes Cavaleiros re-estabeleceram o Sumo-<br />

Sacerdócio de Yahweh e reativaram a linha apostólica que foi<br />

interrompida por Roma no ano 70 d.C.


A gritante evidência dos danos causados aos graus da Maçonaria do<br />

Rito Escocês confirma completamente esta história e sugere que a<br />

ordem original possa ter sido chamada de 'Filhos de Sadok', que é<br />

uma das designações utilizadas por aqueles que escreveram os<br />

Manuscritos do Mar Morto.<br />

4. Por que os Templários decidiram escavar embaixo das ruínas do<br />

Templo de Herodes?<br />

Os Templários e os seus companheiros membros dos Rex Deus<br />

planejaram a retomadas de Jerusalém e a subseqüente escavação do<br />

arruinado Templo de Herodes, para redescobrir os artefatos que foram<br />

deixados lá por seus ancestrais no ano de 70 d.C. Estes incluíam<br />

fragmentos do Pilar de Enoch, grandes quantidades de moedas e<br />

objetos de ouro e prata, bem como manuscritos que, entre outras<br />

coisas, continham os antigos registros da Ordem.<br />

5. Quais eram as crenças que levaram à destruição dos Templários<br />

como hereges?<br />

A evidência de que a Ordem dos Templários (o Sumo-Sacerdócio<br />

de Yahweh) sabiam que Jesus era apenas um homem e não um deus<br />

é forte, e eles exigiam que seus membros dirigissem o seu amor a<br />

Deus e não na falsa idolatria da cruz. Eles também se consideravam<br />

como possuindo a verdadeira sucessão apostólica, sendo o Papa em<br />

Roma uma figura respeitável, mas inteiramente secundária.<br />

Qualquer uma destas crenças teria levado à destruição dos<br />

Templários pela Igreja Católica.<br />

6. Podem os rituais mais profundos da Maçonaria lançar uma nova luz<br />

sobre as origens do Cristianismo?<br />

A solução do mistério do Sudário de Turim não é nada comparável à<br />

importância que as nossas descobertas terão nos cristãos mais<br />

liberais. Entretanto, aqueles que se sentirem incapazes de abrirem as<br />

suas mentes contra-argumentarão que a mitologia criada pela


população do Império Romano que não conhecera Jesus e falhara em<br />

entender a teologia judaica que ele ensinou.<br />

Os antigos rituais da Maçonaria não ameaçam o Cristianismo, apenas<br />

a ignorância. Não se pode valer da verdade para sufocar o<br />

conhecimento e, deste modo, nós sugerimos que é hora de re-visitar<br />

as origens do Cristianismo para verificar se nós podemos reconstruir<br />

uma figura melhor daquela rudemente apresentada pelo Império<br />

Romano após a destruição da Igreja de Jerusalém no ano de 70 d.C.<br />

Diversos e importantes estudiosos envolveram-se com os primeiros<br />

séculos do Cristianismo, mas eles não tiveram acesso à evidência que<br />

agora nos está disponível.<br />

Talvez as palavras de David Sinclair Bouschor, Past Grão-Mestre de<br />

Minnesota, resume tudo quando ele afirmou, após ler o nosso trabalho<br />

anterior que nós tínhamos descoberto o que poderia ser:<br />

... O início da reforma no pensamento cristão e uma reconsideração<br />

dos ‘fatos' que nós tínhamos aceitado tão cegamente e perpetuado<br />

por gerações.<br />

O Fim do Enigma do Sudário<br />

Nada na história pode ser afirmado como sendo verdade sem que se<br />

apresente alguma dúvida. Apesar da maneira como a história<br />

convencional e as lendas religiosas são representadas como 'fato',<br />

pode-se ser prudente aceitar a solução mais provável como sendo a<br />

correta. Até agora, não há nenhuma 'solução provável' para a sétima<br />

questão que nos impusemos: qual é a origem definitiva do Sudário de<br />

Turim? Há somente algumas questões, todas estas que contradizem<br />

ora o senso comum, ora os fatos conhecidos.<br />

Neste momento, nós temos uma explicação para o Sudário que faz<br />

sentido completamente e combina com todos os fatos conhecidos,<br />

incluindo a toda importante datação de carbono. Nós tínhamos um<br />

motivo e uma oportunidade, assim como a descrição de um bizarro


grupo de circunstâncias que vão ao encontro das condições químicas<br />

ambientais essenciais para produzir esta imagem única, como definida<br />

pelo Dr. Mills da Universidade de Leicester.<br />

Resumindo, nós estamos tão convencidos quanto possível sobre os<br />

eventos históricos que produziram o Sudário de Turim como sendo a<br />

imagem do último Grão-Mestre dos Templários, pelas seguintes<br />

razões:<br />

1. Molay foi preso no Templo de Paris onde pelo menos um<br />

sudário era mantido para as cerimônias rituais, exatamente como<br />

ainda é hoje mantido em todos os templos maçônicos.<br />

2. Molay foi preso acusado de heresia, especificamente pela<br />

negação de Cristo e da cruz. Isto poderia ter induzido o seu Inquisidor<br />

a ver uma justiça poética na forma da tortura que imitaria o tratamento<br />

sofrido por Jesus.<br />

3. A Inquisição francesa possuía uma reputação consolidada de<br />

pregar pessoas no objeto mais próximo encontrado como uma tortura<br />

rápida e efetiva.<br />

4. A evidência de marcas de sangue indica que a vítima não foi<br />

pregada a uma cruz simétrica. Um dos braços parece ter sido erguido<br />

verticalmente acima da cabeça da vítima, o que poderia explicar<br />

o aparente deslocamento do ombro o que tem sido especulado<br />

por muitos anos.<br />

5. A evidência fisiológica da imagem sobre o Sudário mostra, sem<br />

dúvida alguma, que a vítima foi colocada sobre uma grande cama<br />

macia e não em uma laje de pedra. Isto indica que a vítima estava viva<br />

e esperava-se que a mesma se recuperasse.<br />

6. A vítima esteve em coma por pelo menos vinte e quatro horas antes<br />

do sudário ter sido removido, lavado e guardado por precisamente<br />

cinqüenta anos. Isto era um requerimento essencial para a<br />

química dos 'radicais livres' recentemente identificada como a causa<br />

da imagem.


7. O Sudário foi colocado em exibição pública pela primeira vez pela<br />

família Charney que eram os descendentes do homem que fora preso<br />

com Molay e mais tarde queimado vivo ao lado dele.<br />

8. A prisão e tortura de Molay ocorreu em Outubro de 1307, o<br />

que coincide dentro do período estabelecido pela datação de carbono<br />

14 determinado para o Sudário, que identificou que as fibras<br />

das plantas utilizadas para a produção do linho do Sudário deixaram<br />

de viver em alguma época entre os anos de 1260 e 1390.<br />

9. Nós sabemos que os Cavaleiros Templários usavam os seus<br />

cabelos e barbas ao estilo dos Nazoreanos, exatamente como Jesus<br />

usava. Isto significava que Molay tinha os cabelos à altura dos<br />

ombros e uma barba formada, exatamente como representado na<br />

imagem do Sudário. Embora a aparência física não sirva como uma<br />

evidência plausível, nós pudemos observar que as poucas<br />

representações de Molay parecem-se incrivelmente com a imagem do<br />

Sudário.<br />

10. Os rituais maçônicos do Rito Escocês Antigo e Aceito conta<br />

a história dos Templários e o surgimento em uma mesma cruz das<br />

iniciais que corresponderiam a Jesus Cristo e a Jacques de Molay<br />

sugere que existia um amplo conhecimento de que Molay foi<br />

crucificado.<br />

O mundo agora possui uma coerente e bem substanciada explicação<br />

para a estranha imagem que surgiu no Sudário de Turim. As<br />

conseqüências da aceitação das evidências serão dolorosas para<br />

muitas pessoas, pois elas lhes exigirão o reexame de suas crenças<br />

preferidas - mas nós confiamos que, no devido tempo, a verdade<br />

conquistará a todos.<br />

A Topologia do Passado<br />

Este é o nosso segundo livro que trata de nossa busca para o<br />

entendimento do passado. Nós primeiro iniciamos as nossas<br />

pesquisas como um pedaço de papel em branco, para verificar o que


nós poderíamos descobrir sobre as origens da Maçonaria. Nós<br />

viajamos muito e por todos os lados, e continuamos por um bom<br />

tempo, mais do que pretendíamos, mas nós aproveitamos a viagem, e<br />

o que nós descobrimos fizeram com que todos os nossos esforços<br />

fossem mais do que recompensados.<br />

Tendo descoberto que os mais íntimos segredos da Maçonaria<br />

tradicional confirmaram todas as nossas suspeitas, nós sentimos que<br />

tínhamos atingido o pico de uma grande montanha, após termos<br />

combatidos por muitos anos no meio de selvas impenetráveis e ter<br />

escalado as encostas rochosas que pareciam bloquear nosso<br />

caminho. Agora nós estávamos neste topo, nós podíamos ver a<br />

fantástica paisagem que se desvelava diante de nós.<br />

O caminho que nós seguimos é um dos mais antigos que foi<br />

negligenciado por muitos e caiu em ruínas - mas nós esperamos que<br />

outros agora possam ampliá-lo e segui-lo. De onde nós estamos<br />

agora, fica clara para nós que este caminho não é o único - existem<br />

vários. Nós pudemos verificar que a Maçonaria possuía muitas<br />

influências oriundas de um passado distante que ressurgiram séculos<br />

atrás. O Cristianismo também possui uma enorme e complexa história,<br />

com muitas trilhas e encruzilhadas e algumas vezes de ressurgimento.<br />

Alguns dos principais caminhos que são chamados de 'o caminho<br />

de Jesus' parecem ser oriundos de outros que não a Jerusalém do<br />

primeiro século, enquanto que outras rotas menos populares podem<br />

ser vistas dirigindo-se diretamente até os Nazoreanos.<br />

A partir do que nós pudemos ver, nenhum destes caminhos<br />

possui uma linha mais direta em direção à Jerusalém de Jesus e de<br />

Tiago do que a Maçonaria.<br />

Como estamos olhando a partir de nosso ponto mais elevado, nós<br />

podemos ver diversas outras montanhas; sobre o topo de algumas<br />

delas encontram-se algumas pessoas agrupadas com os seus olhos<br />

vendados. Eles estão todos voltados para dentro e repetindo as<br />

mesmas palavras: 'Este é o único promontório, não podendo existir<br />

outros'. Estas pessoas encontram-se de pé no que eles chamam de<br />

Catolicismo Romano, ou Maçonaria inglesa, ou milhares de outros


pensamentos institucionalizados e eles recusam-se a abrir os seus<br />

olhos em direção às outras gigantescas e maravilhosas paisagens de<br />

outros e complementarmente às verdades que os circundam. Eles<br />

temem o conhecimento, pois ele poderia mostrar-lhes que existem<br />

outros lugares válidos para se manterem, alguns deles podem mesmo<br />

ser melhores do que as seguros e familiares colinas que eles temiam<br />

examinar no contexto de toda a paisagem.<br />

A Maçonaria Tradicional mantinha os seus olhos abertos quando dizia:<br />

Nós devemos ser tolerantes com as posições religiosas de outros<br />

homens, pois todas as religiões têm muito de verdadeiro dentro delas,<br />

e nós devemos combater a ignorância da educação, a intolerância<br />

racial pela tolerância, e a tirania pelos ensinamentos da liberdade<br />

verdadeira.<br />

Tendo perseverado através das voltas e reviravoltas de nossa<br />

estranha jornada, gravada neste livro, nós esperamos que todos<br />

elevem suas vozes ao clamor de uma revisão do passado através de<br />

olhos abertos, particularmente ao que concerne às origens do<br />

Cristianismo.<br />

Para nós mesmos, nossa próxima tarefa é descobrir os antigos<br />

registros de Jerusalém, escavado pelos Templários e primeiro levados<br />

para Kilwinning em 1140 e, de acordo com nossas crenças, reenterrado<br />

novamente embaixo de Rosslyn.<br />

Quando Rosslyn for escavada a verdade conquistará a todos.<br />

a.C.<br />

Apêndice I:<br />

A Linha do Tempo<br />

972 - Salomão torna-se rei de Israel e constrói o Templo para Yahweh.


922 - Salomão morre deixando um caos religioso e financeiro por toda<br />

Israel.<br />

586 - A destruição final do Templo de Salomão.<br />

539 - Início da construção do Templo de Zorobabel.<br />

d.C.<br />

6 - Provável data de nascimento de Jesus.<br />

32 - João, o Batista, é morto;<br />

Jesus assume tanto o messianismo sacerdotal quanto monárquico.<br />

33 - Crucificação de Jesus.<br />

37 - Mandaenos dirigem-se à Mesopotâmia através de Saul.<br />

62 - Morte de Tiago, o Justo, no Templo.<br />

Simão, primo-irmão de Jesus é o novo líder da Igreja de Jerusalém.<br />

66 - A Revolta Judaica inicia.<br />

68 - Destruição de Qumran.<br />

70 - Destruição de Jerusalém e do Templo de Herodes por Tito.<br />

Concílio de Nicéia convocado pelo Imperador Constantino.<br />

1070 - Nascimento de Hugues de Payen.<br />

1090 - Nascimento de Bernardo de Clairvaux Hugues de Payen<br />

sucede a seu pai como Lorde de Payen.<br />

1095 - Início da Primeira Cruzada.


1099 - Jerusalém é tomada pelos Cruzados; Godofredo de Bouillion<br />

eleito chefe; Henri St Clair toma o título de Barão de Roslin; Morte do<br />

Papa Urbano II.<br />

1100 - Morte de Godofredo de Bouillion, primeiro rei de Jerusalém;<br />

Morte de Guilherme II da Inglaterra;<br />

Balduíno I torna-se rei de Jerusalém.<br />

1101 - Hugues de Payen casa-se com Catarina St Clair; recebendo<br />

Blancradock como dote.<br />

1104 - Hugues de Payen viaja à Jerusalém em companhia de Hugues<br />

de Champagne.<br />

1113 - Bernardo e a família Fontaine unem-se à Ordem Cisterciense.<br />

1114 - Hugues de Payen e Hugues de Champagne novamente visitam<br />

Jerusalém.<br />

1115 - Bernardo torna-se Abade de Clairvaux.<br />

1118 - Nove Cavaleiros sob a liderança de Hugues de Payen<br />

começam a escavar o Templo arruinado.<br />

1120 - Foulques de Anjou toma o seu juramento e une-se aos<br />

Templários.<br />

1125 - Hugues de Champagne toma o seu juramento em Jerusalém e<br />

torna-se o décimo primeiro Templário.<br />

1128 - Concílio de Troyes aprovam a Regra dos Templários;<br />

Hugues de Payen visita Roslin como parte de seu 'tour' pela Europa;<br />

Payen de Montdidier torna-se o Grão-Mestre dos Templários da


Inglaterra e empreende um grande programa de construção de<br />

preceptórios.<br />

1136 - Morte de Hugues de Payen; Geoffrey de Monmouth escreve<br />

Sobre os Assuntos da Britânia.<br />

1140 - Senhores de Payen tornam-se Condes de Champagne;<br />

Templários levam as relíquias do Templo para a Escócia;<br />

Guilherme de Malmesbury escreve a história do Santo Graal e de José<br />

de Arimatéia.<br />

1152 - Geoffrey de Monmouth torna-se o Bispo de St Asaph.<br />

1153 - Morte de Bernardo de Clairvaux.<br />

1174 - Bernardo de Monmouth é proclamado santo.<br />

1180 - Chrétien de Troyes escreve Le Conte du Graal.<br />

1190 - Um Templário anônimo escreve Perlesvaus.<br />

1210 - Wolfram von Eschenbach escreve Parzival<br />

1285 - Filipe IV; o Belo, sucede a seu pai com a idade de dezessete<br />

anos.<br />

1292/3 - Jacques de Molay é eleito o último Grão-Mestre dos<br />

Templários.<br />

1294 - Bonifácio VIII é eleito Papa.<br />

1296 - Bonifácio emite a bula Clericis Laicos isentando o clero do<br />

pagamento de impostos.


1297 - Luís IX canonizado por Bonifácio.<br />

1299 - Filipe recusa-se a apoiar Bonifácio em uma Cruzada contra<br />

Aragão.<br />

1300 - Templários derrotados em Tortosa e alguns são levados como<br />

prisioneiros para o Egito;<br />

Molay retoma à Chipre e considera uma retirada para a Europa.<br />

1302 - Bonifácio VIII emite a bula papal Unam Sanctam proclamando<br />

o Supremo Poder Papal sobre os reis;<br />

Guilherme de Norgaret indicado como o principal conselheiro de Filipe;<br />

Filipe IV publicamente queima as bulas e confisca as terras<br />

dos prelados leais ao Papa;<br />

Bonifácio oferece o trono de França a Alberto, imperador da Áustria.<br />

1303 - Norgaret ataca Bonifácio em Anagni;<br />

Bonifácio morre vítima de um derrame;<br />

Eduardo I da Inglaterra firma a paz com Filipe.<br />

1304 - Benedito XI é envenenado por agentes de Filipe após dez anos<br />

no ofício.<br />

1305 - Filipe oferece ao seu velho inimigo, Bertrand de Gotte,<br />

Arcebispo de Bordeaux, o papado em troca de seis favores;<br />

Bertrand de Gotte coroado Papa como Clemente V em Lion;<br />

<strong>Robert</strong> the Bruce é excomungado.<br />

1306 - O Papa convoca os Grão-Mestres dos Templários e dos<br />

Hospitalários à França para discutir a unificação das Ordens.<br />

Molay viaja à Paris com uma comitiva de doze cavalos carregados de<br />

tesouros para serem oferecidos a Filipe.<br />

Molay viaja à Poitiers para se encontrar com Clemente e apresentar<br />

as razões para a não-unificação das Ordens.


Os Hospitalários tomam Rodes.<br />

<strong>Robert</strong> the Bruce coroado rei da Escócia.<br />

Prisão de todos os judeus em França.<br />

1307 - Molay viaja novamente à Poitiers para discutir as ações contra<br />

a Ordem com Clemente.<br />

A 13 de Outubro, uma sexta-feira, Filipe o Belo ordena a prisão dos<br />

Templários.<br />

Jacques de Molay crucificado, mas não morto, e o Sudário de Turim é<br />

criado.<br />

A Universidade se reúne no Templo de Paris e registra a confissão do<br />

Grão-Mestre.<br />

1308 - O Papa tenta fugir de Bordeaux, mas retorna à Poitiers por<br />

ordens de Filipe.<br />

Os Templários são trazidos diante de Filipe e Clemente em Poitiers;<br />

Filipe somente ouve as confissões contra os Templários.<br />

Clemente autoriza a Comissão de Paris a inquirir sobre as acusações<br />

contra os Templários.<br />

1309 - A Comissão de Paris convoca os Templários a comparecerem<br />

diante dela em Novembro.<br />

Molay trazido diante da Comissão de Paris relata que foi torturado<br />

para que confessasse.<br />

Clemente estabelece o Papado de Avignon.<br />

1310 - 536 Templários reunidos em Poitiers para defender a Ordem.<br />

Relatos de testemunhas contra a Ordem iniciam-se em Paris.<br />

Concilio de Sens condena 54 Templários à fogueira em Paris.<br />

Arcebispo de Reims condena à fogueira nove Templários.<br />

Arcebispo de Sens condena à fogueira quatro Templários.<br />

A Comissão Papal retoma os depoimentos sem qualquer presença de<br />

defesa.


1311 - A Comissão Papal termina o seu inquérito.<br />

O Papa chega à Viena para o Concilio Geral.<br />

O Concilio Geral não se opõe aos Templários.<br />

1313 - Filipe vai para Viena.<br />

Clemente publica bula abolindo os Templários sem imputar-lhes culpa.<br />

1314 - Molay declara a inocência da Ordem publicamente e<br />

novamente relata ter sido torturado.<br />

Filipe convoca seu conselho secular para condenar Molay à fogueira.<br />

A 19 de Março, Jacques de Molay e Geoffroy de Charney são<br />

queimados em Paris.<br />

Filipe e Clemente morrem.<br />

Batalha de Bannockburn vencida através da intervenção de uma força<br />

de batalha templária.<br />

1328 - Inglaterra reconhece a Escócia como uma nação independente.<br />

Primeira referência às cartas de Tarô através do Manuscrito de<br />

Renaud le Contrefait.<br />

1329 - A 13 de Junho, o Papa reconhece <strong>Robert</strong> I e seus sucessores<br />

como Reis da Escócia.<br />

1330 - William St Clair morre quando levava o coração de <strong>Robert</strong> I<br />

para Jerusalém.<br />

1348 - A Peste Negra atinge a França, através de Marselha.<br />

1350 - Um terço da população de França morre vítima da Peste<br />

Negra.<br />

1353 - Geoffroy de Charney II recebe autorização para fundar uma<br />

igreja em Lirey.


1356 - Rei João II de França é feito prisioneiro em Poitiers.<br />

1357 - Primeira exposição pública do Sudário de Turim;<br />

Henrique de Poitiers proíbe as exposições do Sudário;<br />

1361-72 - Nova epidemia de Peste Negra.<br />

1376 - As cartas de Tarô são proibidas em Florença.<br />

1378 - Clemente VII, sobrinho de Jeanne de Charney, é feito Papa.<br />

1382-88 - Nova epidemia de Peste Negra.<br />

1389 - Geoffroy de Charney II reinicia as exposições públicas do<br />

Sudário;<br />

Memorando de Pierre d'Arcis.<br />

1390 - Pierre d'Arcis condenado ao silêncio sobre o assunto do<br />

Sudário.<br />

1440-90 - Edificação de uma reconstrução do Templo de Herodes<br />

arruinado, em Roslin.<br />

1534 - A Inglaterra rompe com a Igreja Católica Romana.<br />

1578 - Sudário é levado para a Catedral de Turim.<br />

1598 - Primeiros registros documentados de uma Loja maçônica.<br />

1601 - Jaime VI da Escócia é feito Maçom na Loja de Scoon e Perth.<br />

1602 - Estatutos de Schaw, Carta de St Clair.<br />

1603 - Jaime VI torna-se Jaime I da Inglaterra.


1625 - Carlos I torna-se rei.<br />

1637 - Novo Livro de Oração Inglês imposto à Escócia.<br />

1638 - A 'Aliança' assinada em Greyfriars' Kirkyard.<br />

1641 - Sir <strong>Robert</strong> Moray iniciado na Maçonaria em Newcastle.<br />

1643 - Início da Guerra Civil Inglesa.<br />

1646 - Final da primeira fase da Guerra Civil Inglesa em Oxford;<br />

Elias Ashmole iniciado na Loja Warrington.<br />

1649 - Carlos I executado;<br />

A coroa da Escócia é oferecida a Carlos II somente se este assinar<br />

a 'Aliança'.<br />

A 'Commonwealth' da Inglaterra é fundada;<br />

1650 - Conde de Montrose é executado;<br />

Carlos II assina a 'Aliança'.<br />

1658 - Morte de Oliver Cromwell.<br />

1660 - Carlos II, rei da Inglaterra.<br />

1679 - Arcebispo Sharp de Santo André é assassinado.<br />

Membros da 'Aliança' são derrotados e aprisionados em<br />

Greyfriars' Kirkyard.<br />

1684 - As Lojas escocesas estabelecem fundos para a compra de<br />

armas.<br />

1685 - Morte de Carlos II;


Jaime VII, Rei.<br />

1689 - Guilherme de Orange e Maria assinam a Declaração de<br />

Direitos e passam a governar em conjunto.<br />

1690 - Jaime VII derrotado na Batalha de Boyne.<br />

1702 - Morte de Guilherme de Orange.<br />

Ana torna-se Rainha.<br />

1706 - Ato da Divisão Sucessória aprovado pelo Parlamento escocês.<br />

1707 - Unificação dos Parlamentos inglês e escocês.<br />

1714 - Primeiros registros conhecidos da Grande Loja de York.<br />

1715 - Primeira campanha jacobita para restaurar a linha de sucessão<br />

dos Stuart.<br />

1717 - Formação da Grande Loja de Londres.<br />

1724 - Ramsay é nomeado tutor dos filhos do 'Bom Príncipe Charlie'.<br />

1725 - Formação da Grande Loja Irlandesa.<br />

Loja de São Tomé fundada em Paris.<br />

1730 - Ramsay visita a Inglaterra.<br />

1736 - Formação da Grande Loja Escocesa.<br />

1745 - Segunda campanha jacobita para a restauração da linha de<br />

sucessão dos Stuart.<br />

1748 - Dermott une-se aos Maçons de Londres.


1752 - Grande Loja dos Antigos fundada por Dermott.<br />

1761 - Grande Loja de França emite patentes para a difusão do Rito<br />

Escocês na América.<br />

1799 - O Ato das Sociedades Desleais é aprovado por William Pitt.<br />

1801 - O Supremo Conselho dos Trinta e Três Graus para os Estados<br />

Unidos da América é formado.<br />

1813 - Formação da Grande Loja Unida da Inglaterra.<br />

1819 - Supremo Conselho para a Inglaterra é formado;<br />

Duque de Sussex é iniciado nos 33 graus pelo Almirante Smyth;<br />

Revisão dos rituais maçônicos iniciada pelo Duque de Sussex.<br />

1830 - Todos os rituais da Maçonaria Simbólica são re-escritos.<br />

1845 - Supremo Conselho para a Escócia é formado.<br />

1855 - Albert Pike inicia a revisão dos rituais do Rito Escocês.<br />

1876 - Inglaterra rompe com o Supremo Conselho para a Escócia.<br />

1881 - O Acampamento de Baldwyn protesta contra o poder excessivo<br />

do Supremo Conselho para a Inglaterra sobre os rituais.<br />

1898 - Primeira imagem fotográfica do Sudário.<br />

1947 - Descoberta do local do esconderijo dos evangelhos gnósticos<br />

de Nag Hammadi e dos Manuscritos do Mar Morto em Qumran.<br />

1951 - Iniciam-se as escavações em Qumran.


1955 - O Manuscrito de Cobre é aberto e decifrado como sendo um<br />

inventário de tesouros ocultos.<br />

1988 - A datação de carbono do Sudário determina como sua possível<br />

origem a data de 1260.<br />

1991 - Primeiro acesso público à coleção completa dos Manuscritos<br />

do Mar Morto.<br />

Apêndice II:<br />

A Carta de Direitos de Transmissão de J. M.<br />

Larmenius<br />

Decifrada e traduzida por J. S. M. Ward.


Eu, Irmão João Marcos Larmenius, de Jerusalém, pela Graça de Deus<br />

e pelo mais alto grau de honra e pelo mais santo dos Mártires, o<br />

Supremo Grão-Mestre dos Cavaleiros do Templo (a quem honramos e<br />

glorificamos), confirmado pelo Concílio Comum dos Irmãos, sendo<br />

agraciado com o mais alto e Supremo Mestrado sobre toda a Ordem<br />

do Templo, a quem vislumbrar estas cartas decretais, [desejo] saúde,<br />

saúde, saúde.<br />

Que seja conhecido a todos no presente e no futuro que, tendo<br />

minhas forças diminuídas devido à extrema idade, tendo tomado todos<br />

os procedimentos relativos à perplexidade dos negócios e ao peso do<br />

governo, para a maior glória de Deus, e a proteção e segurança da<br />

Ordem, dos irmãos e dos Estatutos, Eu, o humilde Grão-Mestre dos<br />

Cavaleiros do Templo, determino que o Supremo Mestrado recaia<br />

sobre mãos mais fortes.<br />

Por isso, com a ajuda de Deus, e com o completo consentimento da<br />

Suprema Assembléia dos Cavaleiros, eu conferi e através do presente<br />

decreto, de fato, confiro de forma vitalícia ao eminente Comandante e<br />

meu caríssimo Irmão Teobaldo de Alexandria o Supremo Mestrado da<br />

Ordem do Templo, com suas autoridades e privilégios, com o poder de<br />

acordo com as condições de tempo e negócios de conferir a um outro<br />

irmão, tendo este a mais alta distinção em nobreza de origem e de<br />

realização e a honrável personalidade, o mais alto e Supremo<br />

Mestrado da Ordem do Templo e a sua mais alta autoridade. Que<br />

possa estar disposto a preservar a perpetuação do Mestrado, a série<br />

ininterrupta de sucessores e a integridade dos Estatutos. Eu ordeno,<br />

entretanto, que o Mestrado não pode ser transferido sem o<br />

consentimento da Assembléia Geral do Templo, assim como que a<br />

Suprema Assembléia deverá resolver em conjunto, e, quando esta se<br />

reunir, deixará um sucessor para ser escolhido pelo voto dos<br />

cavalheiros.<br />

Mas, de modo que as funções do Supremo Ofício não sejam<br />

negligenciadas, deixo agora e continuamente quatro Vigários do<br />

Supremo Mestrado, guardando supremos poderes, eminência e<br />

autoridade sobre toda a Ordem, resguardando-se o direito do


Supremo Mestre; que os Vigários sejam eleitos entre os Veteranos da<br />

Ordem, de acordo com a ordem de profissão. Que o Estatuto esteja de<br />

acordo com o juramento (ordenando a mim e aos irmãos) do mais<br />

sagrado e mui Venerável e mui abençoado Grão-Mestre, o Mártir, a<br />

quem honramos e glorificamos. Amém.<br />

Eu, finalmente, através do decreto da Suprema Assembléia, através<br />

da suprema autoridade a mim concedida, afirmo e ordeno que os<br />

Templários escoceses, desertores da Ordem, sejam marcados por um<br />

anátema, e que eles e os irmãos de São João de Jerusalém,<br />

espoliados das benesses da Ordem (a que Deus tenha misericórdia),<br />

sejam excluídos do círculo do Templo, hoje e para sempre.<br />

Eu ainda indico sinais desconhecidos, e que estes sejam<br />

desconhecidos dos falsos irmãos, que sejam entregues oralmente aos<br />

nossos Cavaleiros Companheiros; desta maneira já os dei<br />

conhecimento à Suprema Assembléia. Mas estes sinais somente<br />

devem ser revelados após o devido juramento de fidelidade e<br />

consagração dos Cavaleiros, de acordo com os Estatutos, direitos e<br />

usos da Ordem dos Cavaleiros do Templo que encaminho por meu<br />

intermédio ao acima mencionado eminente Comandante, do mesmo<br />

modo que eu os recebi pelas mãos do Venerável e mui abençoado<br />

Grão-Mestre, o Mártir, a quem honramos e glorificamos. Assim seja<br />

feito, como eu determinei. Amém.<br />

Eu, João Marcos Larmenius chancelo este em 18 de Fev. de 1324.<br />

Eu, Teobaldo, recebi o Supremo Mestrado, com a ajuda de Deus, no<br />

ano do Cristo, 1324.<br />

Eu, Arnaldo de Braque, recebi o Supremo Mestrado com a ajuda de<br />

Deus. 1340 Anno Domini.<br />

Eu, João de Clermont, recebi o Supremo Mestrado com a ajuda de<br />

Deus. 1349 Anno Domini.


Eu, Bertrand Guselin &e., no ano do Cristo, 1357.<br />

Eu, Irmão João de L'Armagnac &c, no ano do Cristo, 1381.<br />

Eu, o humilde Irmão Bernardo de L'Armagnac &c. no ano do Cristo,<br />

1392.<br />

Eu, João de L'Armagnac &c, no ano do Cristo, 1418.<br />

Eu, João Croviacensis [de Croy] &c, no ano do Cristo, 1451.<br />

Eu, <strong>Robert</strong>o de Lenoncoud &c. Anno Domini, 1478.<br />

Eu, Gáleas Salazar, um humilde Irmão do Templo &c no ano do<br />

Cristo, 1496.<br />

Eu, Filipe de Chabot ... Anno Christi 1516.<br />

Eu, Gaspar Cesinia [?] Salsis de Chobaune &c. Anno Domini, 1544.<br />

Eu, Henrique Montmorency [?]... Anno Christi 1574.<br />

Eu, Carlos Valasius [de Valois] ... Anno Domini, 1615.<br />

Eu, Jacques Rufelius [de] Grancey... Anno Domini, 1651.<br />

Eu, João de Durfort de Thonass... Anno Domini, 1681.<br />

Eu, Filipe de Orleans ... Anno Domini, 1705.<br />

Eu, Luís Augusto Bourbon de Maine ... Anno Domini, 1724.<br />

Eu, Bourbon-Conde ... Anno Domini 1787 [em diversos lugares é<br />

chamado Condate].


Eu, Luís Francisco Bourbon-Conty... Anno Domini, 1741.<br />

Eu, de Cosse-Brissac (Luís Hércules Timoleon)... Anno Domini, 1776.<br />

Eu, Cláudio Mateus Radix-de-Chevillon, senhor Vigário-Mestre do<br />

Templo, sendo atacado por diversas doenças, na presença dos<br />

Irmãos Próspero Miguel Charpentier de Saintot, Bernardo Raimundo<br />

Fabre, Vigários-Mestres do Templo, e João Batista Augusto de<br />

Courchant, Supremo Preceptor, tendo entregado [este] decreto,<br />

confiado a mim em tempos infelizes por Luís Timeleon de Cosse-<br />

Brissac, Supremo Mestre do Templo, ao Irmão Jacque Philippe Ledru,<br />

Vigário-Mestre Geral do Templo de Messines [? Misseniacum] que<br />

estas cartas sejam com o devido tempo mantidas na memória<br />

perpétua de nossa Ordem, de acordo com o rito Oriental. 10 de Junho<br />

de 1804.<br />

Eu, Bernardo Raimundo Fabre Cardeal de Albi, de acordo com o voto<br />

de meus Colegas, os Vigários-Mestres e os Irmãos Companheiros<br />

Cavaleiros, aceito o Supremo Mestrado em 04 de Novembro de 1804.<br />

Anexo III<br />

O Processo Químico que Criou a Imagem do Sudário<br />

de Turim<br />

Nós agradecemos ao Dr Alan Mills por dar-nos a permissão de citar o<br />

seu recente trabalho que explica como a imagem do Sudário poderia<br />

ter ocorrido. Nós esperamos que ele nos perdoe por transformar sua<br />

explicação científica do processo químico em um texto<br />

consideravelmente mais leve para o benefício de nossos leitores.<br />

As características da imagem que o Dr. Mills achou necessário serem<br />

explicadas eram:


1. A falta de grandes distorções.<br />

Se a imagem foi produzida através de um contato do linho com o<br />

corpo coberto de sangue e suor ela deveria apresentar um tipo<br />

distorção evidente quando nós fizemos uma impressão por contato<br />

com o rosto de Chris. O efeito é de uma dramática distorção<br />

apresentada devido à imagem da lateral da face parecer estar na<br />

frente. O Sudário não exibe tal efeito. Os traços do rosto do Sudário<br />

estão normais e deste se infere que ele não pode ter sido criado<br />

através do linho estando em contato com o rosto.<br />

2. Que a densidade da imagem está inversamente proporcional à<br />

distância do tecido com relação à pele, com o processo de saturação<br />

estando em uma distância de quatro centímetros.<br />

Quanto mais perto da pele da vítima que o linho do Sudário<br />

estivesse, mais escura a imagem. Há um decréscimo da escala de<br />

cinza até a distância de quatro centímetros, quando a imagem<br />

desaparece.<br />

3. A falta de marcas detectáveis de Pincel na imagem.<br />

Se a imagem tivesse sido pintada com algum pincel as marcas<br />

deste seriam detectáveis.<br />

4. Que o processo afeta somente a superfície das fibras e não penetra<br />

para o lado inverso do tecido.<br />

Se a imagem tivesse sido produzida com pigmentos de qualquer tipo<br />

(sangue e/ou tinta) as fibras teriam absorvido-os e as manchas teriam<br />

atravessado para o outro lado.<br />

5. Que as variações na densidade da imagem são produzidas pelas<br />

mudanças na densidade das fibras amareladas por unidade de área, e<br />

não por mudanças no grau de amarelamento.<br />

A imagem aparece como tendo sido criada por um processo<br />

'digital' onde a escala tonal é uma ilusão criada pelo número de pontos<br />

de impressão descoloridos por centímetro quadrado.


6. Que o tecido manchado de sangue havia protegido o linho das<br />

reações de amarelamento.<br />

Dr. Mills notou que todos os antigos espécimes botânicos que tinham<br />

sido desidratados produziram marcas marrom-amareladas sobre a<br />

celulose, apresentando uma quantidade notável de detalhes quando<br />

vistas em uma imagem negativa com filtro azul. Ele descobriu<br />

excelentes exemplos deste efeito sobre papel em diversos exemplos<br />

mantidos no herbário da Universidade de Leicester a partir de 1888.<br />

Sabe-se que estas marcas, conhecidas como padrões de Volckringer,<br />

são causadas pela reação de ácido láctico.<br />

O outro fenômeno relacionado que ele teve notícia foi aquele que tinha<br />

causado problemas aos fabricantes de chapas fotográficas quando<br />

eles descobriram imagens que poderiam ser produzidas em total<br />

escuridão através da proximidade de vários materiais tais como papel<br />

de imprensa, resina de madeira, alumínio e óleos vegetais. Conhecido<br />

como 'Efeito Russel', ele foi geralmente aceito como sendo parte do<br />

processo que se relacionava com a liberação de peróxido de<br />

hidrogênio. Na década de 1890, os fabricantes de filmes descobriram<br />

como produzir emulsões que não sofriam deste efeito e o interesse<br />

neste estranho processo de produção de imagens, que não<br />

necessitava de luz, foi deixado de lado.<br />

Dr. Mills descobriu claras evidências de que um homem nu colocado<br />

sob ar confinado produzirá convenção de ar laminar (não turbulento)<br />

através de correntes até uma distância de 80 centímetros e a partir<br />

disto ele concluiu que qualquer partícula formadora de imagem levaria<br />

aproximadamente um segundo para viajar os quatro centímetros que<br />

separam a superfície do corpo da do tecido. Assim ele descreveu a<br />

chave do processo:<br />

Somente se o princípio ativo estiver altamente instável o seu suave<br />

transporte vertical viria a produzir uma imagem modulada.


Uma partícula possivelmente instável poderia resultar no<br />

amarelamento das fibras de linho que é um tipo de radical livre<br />

conhecido como oxigênio reativo intermediário.<br />

Um radical livre é um átomo que possuí elétrons extras que não<br />

combinam com nenhuma partícula positivamente carregada em seu<br />

núcleo. Estes elétrons extras não possuem correspondentes e dão à<br />

molécula uma carga negativa. A ocorrência mais comum de uma<br />

molécula de oxigênio possui dois elétrons adicionais (dois átomos de<br />

oxigênio combinam-se para produzir uma única molécula de oxigênio<br />

conhecida como O2 o que demonstra esta ter sido produzida com dois<br />

átomos).<br />

Estes elétrons podem se transformar em energia para a partir disto<br />

formar uma molécula instável que pode, sob certas circunstâncias,<br />

difundir sua energia. Seria como carregar uma bateria de níquel e<br />

então liberar repentinamente tal fonte de energia. A vida útil dessas<br />

moléculas instáveis de oxigênios, conhecidas como partícula isolada<br />

de oxigênio, não carregam nenhuma carga, mas de fato possuem<br />

energia armazenada em seus elétrons. Ela não pode existir durante<br />

muito tempo neste estado 'excitado' e rapidamente entra em<br />

colapso retomando ao seu estado normal, liberando assim a energia<br />

extra.<br />

Quando esta partícula isolada de oxigênio é criada na forma de um<br />

gás, sua duração é um pouco maior, observada sob termos químicos.<br />

O modo pelo qual a taxa de declínio em direção ao oxigênio normal é<br />

medido leva-se em conta o número de partículas isoladas de oxigênio<br />

e considera o tempo que levaria para metade delas decair até o seu<br />

estado normal; isto então é conhecido como 'meia vida'. Dr. Mills<br />

calculou que a meia vida desta partícula isolada de oxigênio como<br />

sendo de 80 mili-segundos e demonstrou que o choque de acidez do<br />

sangue ou a fadiga oxidativa resultante da formação do ácido láctico<br />

durante o trauma da crucificação resultaria na liberação das partículas<br />

isoladas de oxigênio pelas células da superfície do corpo.<br />

Estes átomos de oxigênio seriam levados em linha reta até a<br />

superfície do sudário através de correntes de condução de calor


laminar e teriam decaído ao seu estado natural em um tempo<br />

suficiente para que eles tivessem percorrido uma distância máxima de<br />

quatro centímetros. Quanto mais próximo o tecido estivesse do corpo<br />

maior seria a concentração das partículas isoladas de oxigênio em<br />

contato com a superfície do tecido neste ponto.<br />

Este tipo de liberação de energia armazenada através da<br />

intermediação de oxigênio reativo causaria o amarelamento das fibras<br />

de celulose e o processo tem sido um problema contínuo para os<br />

curadores dos museus, solucionado apenas através da exibição<br />

destes em níveis muitos baixos de luz. Dr. Mills demonstra que o<br />

processo de liberação das partículas isoladas de oxigênio sob<br />

condições particulares causaria o amarelamento das fibras de linho<br />

que se chocavam com estas moléculas instáveis de oxigênio. As<br />

moléculas são tão instáveis que eles seriam rapidamente absorvidas<br />

assim que elas atingissem a superfície do tecido, assim formando uma<br />

imagem real do objeto abaixo. Quanto mais próxima a pele<br />

traumatizada estivesse do tecido mais as fibras seriam descoloradas e<br />

mais escurecida a marca seria.<br />

Um ponto muito interessante é que a descoloração não ocorreria<br />

instantaneamente. Uma vez que a molécula isolada de oxigênio<br />

liberasse a sua energia para a trama do linho, o amarelamento<br />

continuaria por muito tempo. Esta liberação de energia atua como um<br />

catalisador que inicia um processo que é extremamente lento em sua<br />

atuação. Se o tecido fosse mantido em um local seco e protegido da<br />

luz com um bom suprimento de oxigênio, o escurecimento da imagem<br />

continuaria até que a reação em cadeia atingisse a totalidade das<br />

fibras afetadas. Este processo, conhecido como auto-oxigenação, é<br />

uma reação muito lenta que leva muitos anos para atingir a sua<br />

saturação, após a qual a imagem desaparecia muito lentamente.<br />

A teoria do Dr. Mills prevê que a imagem no Sudário se tornará cada<br />

vez mais esmaecida e que eventualmente ela desaparecerá.<br />

Recentemente foi noticiado que a imagem do Sudário está<br />

misteriosamente se esmaecendo.<br />

Suas conclusões eram fascinantes:


Embora as imagens deste tipo associadas com os espécimes<br />

botânicos impressos em papel não sejam incomuns, àquela presente<br />

no Sudário de Turim parece ser única devido à necessidade de uma<br />

combinação altamente incomum de circunstâncias que não são<br />

individualmente exigidas, sendo estas:<br />

. Um longo sudário tecido de puro linho;<br />

. A colocação apressada sobre um corpo recém falecido (não lavado?)<br />

de um homem torturado, mantido em um local termicamente estável;<br />

. A remoção após trinta horas aproximadamente;<br />

. A manutenção deste tecido em um local seco e protegido da luz por<br />

décadas ou séculos..<br />

1. As marcas de sangue presentes no Sudário têm sido mostradas<br />

como sendo partículas de metahemoglobinas limitadas às fibras<br />

através de um filme protéico derivado de soro sanguíneo. Quando<br />

alguns deste materiais foram removidos, descobriu-se que o sangue<br />

havia protegido o linho abaixo deste do processo de amarelamento,<br />

exatamente como a teoria do Dr. Mills prevê.<br />

2. A abrangência de circunstâncias 'que não individualmente exigidas'<br />

pode ser demonstrada como tendo ocorrido provavelmente diante do<br />

cenário que nós descrevemos no Capítulo 08.<br />

. Um longo sudário tecido de puro linho. Os Templários utilizavam a<br />

mesma cerimônia de ressurreição que ainda é utilizada pelos Maçons<br />

nos dias de hoje e esta cerimônia ainda se vale de um longo sudário<br />

tecido em puro linho, sendo provável que um sudário cerimonial se<br />

encontrassem no Templo de Paris.<br />

. A colocação apressada sobre um corpo recém falecido (não lavado?)<br />

de um homem torturado, mantido em um local termicamente estável. A<br />

colocação do Sudário sobre o corpo de Molay foi um último toque de


ironia perpetuado por Imbert após Molay ter ficado inconsciente e ter<br />

sido colocado em uma cama para se recuperar.<br />

. A remoção após trinta horas aproximadamente. Ele foi deixado em<br />

coma por um tempo considerado, talvez até a manhã de domingo,<br />

quando ele foi acordado e levado diante da Universidade de Paris<br />

para ouvir a proclamação de sua culpa.<br />

. A manutenção deste tecido em um local seco e protegido da luz por<br />

décadas ou séculos. O Sudário foi exibido pelos descendentes de<br />

Geoffroy de Charney aproximadamente cinqüenta anos após Molay ter<br />

sido torturado. A imagem pode ter continuado a se reforçar até a<br />

época quando a mesma foi fotografada em 1898.<br />

Nós havíamos descoberto a primeira explicação completa da criação<br />

do Sudário que demonstrava todos os fatores conhecidos referentes a<br />

sua criação e que combina exatamente com os resultados da datação<br />

de carbono.<br />

3. O trabalho do Dr. Mills apresenta uma peça final do quebracabeças.<br />

A imagem revelou-se lentamente ao longo dos cinqüenta<br />

anos nos quais permaneceu guardada e foi somente a desesperada<br />

busca por uma fonte de recursos de Jeanne que finalmente a trouxe à<br />

luz.


O relatório do Dr. Mills explica como a imagem foi criada:<br />

Embora oxigênio seja um elemento único, seus átomos individuais não<br />

existem normalmente em um estado que não o seja em pares. O<br />

oxigênio que nós respiramos possui dois átomos gêmeos e é<br />

chamado de O2.


O nível de ácido láctico na pele causa a divisão dos dois átomos de<br />

oxigênio e os átomos individualmente absorvem uma parcela de<br />

energia deste processo. Eles então se elevam a partir da suave<br />

condução de calor de ar oriunda do corpo aquecido. Esta condição do<br />

átomo isolado é instável e cada átomo se unificará com o primeiro<br />

átomo de oxigênio isolado que atravessar o seu caminho, retornando<br />

assim ao estado duplicado original da molécula. Quando eles tiverem<br />

percorrido quatro centímetros, praticamente todos eles terão se<br />

estabilizado (ver figura 02).<br />

Assim que os átomos isolados ressurgem como átomos de oxigênio<br />

na superfície das fibras de linho, o acúmulo de energia que eles<br />

absorveram ao se separarem é liberado e a fibra altera sua coloração.<br />

É efetivamente queimado até a profundidade de uma molécula (ver<br />

figura 03). Como o átomo isolado de oxigênio toma um outro átomo<br />

para se unir com ele, ele 'rouba' o parceiro de um outro átomo de<br />

oxigênio, criando um outro átomo 'viúvo', que por sua vez toma o<br />

próximo átomo de oxigênio disponível, iniciando uma reação em<br />

cadeia que não termina até que o suprimento de oxigênio se esgote. A<br />

cada transferência de um átomo, outro acúmulo de energia é<br />

transferido, causando uma outra queimadura no tecido (ver figura 04).<br />

O número de átomos 'viúvos' instáveis decai com a distância quanto<br />

mais e mais eles encontram um novo parceiro. Deste modo, à<br />

distância de quatro centímetros a maioria dos átomos se reagruparam<br />

novamente e relativamente haverá poucas cargas de energia colidindo<br />

com a superfície das fibras, produzindo menos descoloração e deste<br />

modo criando uma tonalidade mais clara. Uma vez que os átomos<br />

estão se movendo em uma corrente de ar não turbulenta e laminar, a<br />

queima que ocorre sobre as fibras do Sudário produz o que seria em<br />

efeito uma imagem digital em baixo relevo do objeto (uma fibra está ou<br />

completamente descolorada ou não está afetada em seu todo), com<br />

trechos mais escuros nos pontos mais próximos da pele e tons mais<br />

claros quanto mais distantes do Sudário estiver. Isto produzirá uma<br />

'fotografia' produzida com átomos instáveis de oxigênio, ao invés de<br />

fótons de luz (ver figura 05).


Este processo produz uma imagem negativa, exatamente como a que<br />

nós encontramos no Sudário.

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