Amostra | O Sol da Sabedoria

Prefácio da tradutora
Os ensinamentos budistas sempre me inspiraram por serem
extremamente poéticos. Conversei sobre isso com um amigo,
poeta, também budista há muitos anos. Ele me explicou: os
termos são poéticos porque têm significado múltiplo. É o caso
da natureza do vazio.
A natureza do vazio tem grande conotação emocional. Gosto
do exemplo da rosca, o biscoito em formato de argola. Em geral,
quando mencionamos seu aspecto vazio, pensamos no centro.
No budismo, porém, o vazio é a rosca.
Quanto a seu significado múltiplo, ela possui três. O primeiro
é que tudo existe somente como causa de algo que existiu
anteriormente. O segundo, que tudo é composto, uma combinação
de diversos elementos ou de partes diferentes. E o terceiro,
tudo passa. O conjunto dessas três qualidades é o que chamamos
de natureza do vazio.
Ela não significa que não existimos. Pelo contrário, significa
que somos tudo o mais, além do que pensamos ser. Se
considerarmos que nossas fabricações mentais nos limitam,
compreenderemos conceitos como “...a natureza genuína
não constitui algo e também não constitui o nada”.
Os termos “Caminho do Meio” e “natureza do vazio” são
sinô nimos. Eles serão usados alternadamente ao longo deste
livro para demonstrar como sua validade foi constatada pelo
filósofo Nagarjuna (séc. II ou III), por meio de vários raciocínios
e da lógica filosófica.
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