Jubileu: 50 estudos sobre pobreza e justiça

ESTUDO 7
REFLEXÃO:
Uma missão de uma geração
Lucas 4:18–21
JEAN VALERY VITAL-HERNE
Ele tem 30 anos e cresceu sem a presença
do pai. Sua mãe mal sabia ler, mas fez tudo
o que pôde para que frequentasse a escola
com a pequena renda que conseguia com
a venda de balas e doces. Embora tenha
passado toda a sua vida na pobreza, ele tem
o otimismo de que tudo vai acabar bem
para ele e para a sua mãe. Ele tem muita
esperança, mas se preocupa com o fato de
que há menos de 15 minutos da sua casa
há uma grande riqueza, mas que é acessível
a poucas pessoas. Além disso, com tanta
violência e tantos casos de gravidez entre
adolescentes por conta de estupros, e a
influência de traficantes de drogas em sua
vizinhança, ele não consegue compreender
porque os conceitos de justiça e liberdade,
que vêm sendo estudados e conversados
na escola, não se aplicam ao seu contexto.
Contudo, ele continua buscando um futuro
melhor, mesmo que às vezes tal futuro
pareça incerto.
Esse sonho de ter um futuro melhor
pertence a Alberto. Ele vive em Jalousie,
uma comunidade carente em Pétion Ville,
uma das cidades mais abastadas do Haiti,
mas seu sonho não é diferente dos sonhos
de muitas pessoas que viviam na nação de
Israel no primeiro século.
Um jovem da idade de Alberto vivia em um
contexto de considerável dor e expectativa
de melhorias. As pessoas eram vítimas da
exploração econômica e experimentavam
um estranho tipo de paz, conhecida como
Pax Romana (ou Paz Romana), na qual
populações inteiras eram sitiadas contra sua
vontade pelo poder romano e forçadas a
se tornarem leais ao imperador. O sistema
religioso e moral às vezes entrava em
conluio com Roma para que seus privilégios
fossem mantidos. Aqueles que viviam
nessa situação podiam se sentir tentados
a dizer: “Se o Senhor está conosco, por
que aconteceu tudo isso?” (Juízes 6:13).
No entanto, nesse mar revolto com tanta
impotência e tanto desespero, a esperança
era constantemente soprada sobre a nação,
pois o Messias, o libertador de Israel, era
esperado para trazer liberdade.
Foi nesse ambiente conturbado que o jovem
Jesus recebeu o texto contido no livro de
Isaías, o profeta. Jesus leu naquele texto
sobre a proclamação das Boas Novas para
os pobres, sobre a libertação dos presos,
sobre a recuperação da vista para os cegos,
sobre a libertação para os oprimidos e
sobre a proclamação do ano aceitável,
favorável e acolhedor do Senhor. Uma das
mais impressionantes declarações foi feita
por esse homem, Jesus: “Hoje se cumpriu
a Escritura que vocês acabaram de ouvir”.
Ou seja, a libertação havia chegado. O
tão esperado Salvador havia entrado na
história humana para promover um modo
de vida contrário ao sistema daquela
época, no qual as pessoas pobres e aflitas
podiam encontrar a segurança pela qual
ansiavam. As pessoas oprimidas pela Pax
Romana podiam experimentar o verdadeiro
Shalom, ou seja, “uma revelação divina,
quando o céu se manifesta à condição
humana e se torna visível” – esta descrição
incrível foi retirada de um material de
treinamento da Street Psalms, conhecido
como Incarnational Training Framework
(ou Sistema de Treinamento Incarnacional,
em tradução livre). As pessoas cegas no
âmbito intelectual, físico, econômico e
espiritual seriam capazes de ver a luz e
seguir caminhos de retidão. Este Jubileu traz
abundância, em vez de escassez, bem como
exuberância ao coração, em vez de lágrimas
e tristeza.
Mais da metade da população haitiana
tem menos de 35 anos de idade, e as
palavras lidas por Jesus refletem o que as
pessoas anseiam por verem em sua vida
diária: a liberdade verdadeira que desfaça
os grilhões da pobreza sistêmica que
atravessa gerações; a liberdade para ser
jovem e acolhido; a libertação do medo
de não conseguir um emprego ou de ser
explorado sexual ou politicamente por
conta da sua juventude. Elas anseiam por
morarem em cidades onde a felicidade
esteja presente, onde inimigos se abracem
como amigos, onde guetos se transformem
em lugares de esperança e onde as
armas sejam substituídas por livros e
alimentos. Elas anseiam por um sistema
econômico que lhes permita permanecer
em seu país, em vez de arriscarem suas
vidas em um mundo desconhecido por
conta do desespero. Elas desejam muito
a liberdade para que possam explorar a
profundidade da graça de Deus, acabando
com as barreiras que separam as igrejas.
Elas anseiam por experimentarem o amor
abundante de Cristo a partir das lentes da
rica diversidade do cristianismo, sabendo
que o Deus que trabalhou no coração do
apóstolo DISCUSSÃO
que alcançou o povo judeu é o
mesmo Deus que abençoou o trabalho do
apóstolo que alcançou o povo gentio.
Elas têm também a ambição de
experimentarem o verdadeiro Jubileu.
PERGUNTAS
Qual seria a melhor maneira dos jovens
cultivarem um espírito de Jubileu em suas
comunidades?
Como as igrejas podem incentivar os
jovens a abraçarem sua fé de uma
maneira holística?
O que os adultos podem fazer para
integrar os jovens à sociedade?
(Dê três exemplos.)
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