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proporcionando acesso à informação e<br />
ao conhecimento para conquistarem<br />
seu espaço como cidadão. Quando a<br />
gente vinha ao Brasil de férias, eu e<br />
minha esposa, Fernanda Mello, a gente<br />
via muitas crianças com tempo vago e<br />
vimos o quanto um projeto assim<br />
poderia somar na vida delas e me senti<br />
na obrigação de dividir com eles um<br />
pouco da minha experiência.<br />
Quais são as bases artísticas e sociais<br />
do Quabales?<br />
Quabales une arte ao social. Usamos a<br />
música, a arte e a cultura como<br />
ferramentas de transformação,<br />
inclusão social e educação. A arte toca a<br />
alma das pessoas e não tem barreiras.<br />
Oferecemos aulas de canto, violão,<br />
percussão e percussão performática.<br />
Agora com nosso próprio Centro<br />
Cultural Quabales vamos poder<br />
expandir as atividades em <strong>2019</strong>.<br />
No grupo artístico, o Quabales Show, a<br />
gente mistura a percussão baiana, a<br />
performance, o canto, o hip-hop, a MPB,<br />
o eletrônico com a linguagem do Stomp.<br />
Qual é o principal diferencial do<br />
projeto?<br />
Acho que além da própria linguagem de<br />
inclusão e da transformação de<br />
material reciclável em instrumentos, o<br />
que incentiva a criatividade e traz a<br />
importância da conscientização da<br />
reciclagem, o fato de terem no próprio<br />
Quabales referências de pessoas que<br />
vieram da mesma realidade deles e<br />
conquistaram e estão conquistando<br />
seu próprio espaço, como o próprio<br />
Quabales Show, é uma referência muito<br />
positiva e muito importante para a nova<br />
geração.<br />
O projeto Quabales completou sete<br />
anos em janeiro de <strong>2019</strong> e há pouco<br />
mais de três anos surgiu o Quabales<br />
Show que já teve a oportunidade de<br />
tocar em lugares e dividir o palco com<br />
artistas renoma<strong>dos</strong>, participar de vídeo<br />
clipes, shows que jamais imaginávamos<br />
como tocar no Rock in Rio por exemplo.<br />
Com isso servimos de exemplo para<br />
outras gerações mostrando sim que é<br />
possível, através de muito estudo e<br />
disciplina ser da comunidade e<br />
conquistar seu espaço, ser respeitado e<br />
ter fala e reconhecimento. Isso é<br />
cidadania, isso é inclusão.<br />
Além de educar pela arte, o Quabales<br />
também uma forte atividade social.<br />
Poderia citar algumas das ações<br />
realizadas com os jovens que integram<br />
o projeto?<br />
Acho que a ação social quando<br />
realizada pelo próprio beneficiado para<br />
outros é uma das melhores formas de<br />
aprendizagem. Aprendem o quanto<br />
importante eles são e o quanto podem<br />
somar na vida de outros, além de<br />
aprenderem sobre a necessidade do<br />
próximo. Além do Quabales participar<br />
de várias atividades sociais nas escolas<br />
do próprio bairro, participamos<br />
também de várias ações em escolas e<br />
faculdades públicas e particulares, em<br />
asilos, na Fundac, participamos da<br />
Caravana do Esporte e das Artes em<br />
Pirajá, fizemos ações com Seja<br />
Semente, fizemos uma troca de<br />
conhecimentos com a Orquestra de<br />
Cordas da Grota no Rio de Janeiro entre<br />
outras experiências.<br />
O que o projeto Quabales representa<br />
para a sociedade e em especial, para o<br />
Nordeste de Amaralina?<br />
A valorização do ser humano, do<br />
cidadão. Há sete anos o Nordeste vivia<br />
um momento muito difícil por causa da<br />
violência e das guerras de facções. A<br />
chegada do Quabales trouxe outro tipo<br />
de atenção ao bairro. Repórteres nos<br />
agradeciam por estarem indo lá cobrir<br />
notícias positivas e culturais.<br />
Hoje o Quabales representa e divulga o<br />
Nordeste de Amaralina por to<strong>dos</strong> os<br />
lugares que passa. Temos visitantes<br />
estrangeiros e do Brasil todo que vem<br />
conhecer o bairro por causa do<br />
Quabales. Por onde passamos falamos<br />
do bairro e incentivamos que to<strong>dos</strong><br />
venham conhecer.<br />
Hoje to<strong>dos</strong> sabem que o Nordeste tem<br />
muitas coisas positivas para oferecer,<br />
não só notícias negativas. Tentamos<br />
mostrar o poder da educação através<br />
da arte e a comunidade se orgulha<br />
nisso.<br />
O grupo percussivo inaugurou o Centro<br />
Cultural no Nordeste de Amaralina. O<br />
que esse espaço representa para a<br />
comunidade?<br />
Esse espaço representa vitória dentro<br />
de um lugar que teria tudo para dar<br />
errado. Aí e vem um projeto e fala que<br />
sim podemos ter esperança sim, que<br />
podemos ser um cidadão do bem com<br />
oportunidades e acesso à informação<br />
mesmo vindo de um bairro periférico.<br />
Um projeto social dessa magnitude, a<br />
gente imagina que não seja de fácil<br />
manutenção. É possível a sociedade<br />
ajudar nesse processo? De que forma?<br />
Sim é possível e necessário. Nós<br />
começamos o projeto na cara e na<br />
coragem, e graças a Deus tomou uma<br />
dimensão incrível e com isso os sonhos<br />
e planos não param de crescer. To<strong>dos</strong><br />
são muito bem vin<strong>dos</strong> e podem ajudar<br />
da maneira que estiver no alcance de<br />
cada um. Doando seu tempo, dividindo<br />
seus conhecimentos, suas experiências,