Edição 13 - Revista Winner
Nesta edição temos a matéria especial com Marcelo Demoliner. Um dos principais duplistas do Brasil. Também falamos um pouco sobre os torneios organizados pela equipe da Revista Winner em parceria com Edson Santos (na Copa Winner Infantil) e Marcelo Bastos (na Inter Equipes de Tênis - Copa Natu's).
Nesta edição temos a matéria especial com Marcelo Demoliner. Um dos principais duplistas do Brasil. Também falamos um pouco sobre os torneios organizados pela equipe da Revista Winner em parceria com Edson Santos (na Copa Winner Infantil) e Marcelo Bastos (na Inter Equipes de Tênis - Copa Natu's).
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REVISTA DE TÊNIS
Distribuição gratuita
ANO 4 • EDIÇÃO 13 • OUT. / NOV. / DEZ. 2019
Duplista
camaleão
Entre os melhores do mundo,
Demoliner dividiu a quadra
com 26 parceiros diferentes
desde 2018 e aperfeiçoou jogo
na rede de fenômeno russo
Revista Winner | 1
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Direção de arte e diagramação
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Foto Capa
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Editoração e comercialização
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Impressão
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Tiragem desta edição
3.000 exemplares
Os artigos publicados nesta revista
expressam exclusivamente a opinião
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O jogo por equipes
Na matéria de capa desta edição, Marcelo Demoliner defende a organização de mais
eventos por equipes. Nas palavras do duplista, um dos três brasileiros consolidado
entre os melhores do mundo no tênis, “nesse tipo de competição se aprende valores e
outros fatores que nos torneios individuais não têm, tais como o espírito de equipe e a
busca de um objetivo em comum”. O depoimento de Demo se fortalece com o sucesso
da última Laver Cup (como esquecermos das conversas ao pé do ouvido entre Roger
Federer e Rafael Nadal), assim como, em cenário local, da 1ª edição da Copa Natu’s
Inter Equipes - que lançou o tênis do ABC a um novo patamar.
O jogo por equipes deveria reclassificar as características da modalidade, vista e falada
como individualista com certa dose de razão. Se o calendário fosse repleto de campeonatos
com o formato de uma Laver Cup, por exemplo, a pressão e cobrança por resultados
poderia ser dividida e amenizada, talvez reduzindo a predisposição para se disseminar
a depressão no tênis, tema do nosso quadro saúde.
Com o formato por equipes, a Copa Natu’s estimulou o respeito e união entre os
participantes, que vivenciaram uma experiência com o tênis em clima de confraternização.
O espírito coletivo ficou nítido até na postura dos atletas em disputar o último set
mesmo com o confronto definido.
A despeito dos 26 parceiros diferentes nesses dois últimos anos, foi com essa pegada
que Demoliner conseguiu obter vitórias e se firmar entre os tops do mundo nas duplas.
Aqui fica o convite para a leitura da matéria de capa que traz uma história deliciosa de
Demo com a sensação russa Daniil Medvedev, que só evoluiu o jogo de rede com a
ajuda do brasileiro. Afinal, como diz Demo, para se sair bem nos confrontos por equipes
no estilo de uma Copa Davis é necessário o tripé empatia, companheirismo e liderança.
É o pensamento em conjunto, com nomes importantes do tênis envolvidos, que faz a
Copa Winner Infantil chegar ao ponto de ter uma transmissão ao vivo por um canal de TV.
No fim, todo o nosso conteúdo só sai do planejamento para o papel dessa maneira, com
cabeças atuando de forma coordenada e as pautas se justificando pela eficácia de um
trabalho em equipe, como dos tenistas da região que já se transformam em espelho
para crianças, sem falar da forma integrada de se analisar o tênis presente nas colunas
dos competentes André Lima e Ricardo Coelho.
E tem muito mais nessa edição da Winner, muito mais. Seguimos juntos, combinado?
Boa leitura.
EQUIPE WINNER
Revista Winner | 3
SUMÁRIO
05
FALA LEITOR:
MINHA EXPERIÊNCIA EM
WIMBLEDON
06
Abraçada, 3ª Copa Winner
estreia com sucesso
transmissão ao vivo
08
COPA NATU’S - INTER EQUIPES:
Uma experiência diferente
com o tênis
10
Tênis do ABC tem
representatividade em todas
as categorias
12
ESPECIAL: MARCELO DEMOLINER
Não importa o parceiro
16
COLUNA: ANDRÉ LIMA
COMPRAR RAQUETE USADA
VALE A PENA?
18 SAÚDE:
PENSAMENTO X DEPRESSÃO
20
LESÃO: Já ouviu falar
em terapia por ondas de
choque?
22
COLUNA: RICARDO COELHO
Treinos qualitativos
na fase de formação
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REDAÇÃO@REVISTAWINNER.COM.BR
MINHA
EXPERIÊNCIA EM
WIMBLEDON
© Fotojump
Lourival Franchi – Especial para a Winner
Sério que estamos aqui
dentro? Pois foi o que pensei
naquele momento, há cerca
de dois anos, na bilheteria
que dava acesso ao All
England Club. Olhando sem
acreditar para a minha
esposa, parecia até um
sonho que não desejava que
acabasse.
Tudo começou sem muita expectativa. Em
viagem a turismo na cidade de Londres
justamente no início do torneio de
Wimbledon, colhi informações nada animadoras
entre amigos e pessoas do meio do tênis sobre
ingressos para o Grand Slam. Para piorar, eu
só teria um dia para ver algum jogo, se é que
fosse possível. O pessoal comentava ser quase
impossível, pois se tratava de um clube privado
e que os valores ainda seriam exorbitantes.
Mas, como todo bom brasileiro, pensei: ‘vou
até lá na raça e seja o que Deus quiser’. Entrar
no local já seria motivo de glória. Seria a minha
primeira vez em um evento internacional e
logo o mais charmoso.
Fomos à Europa em dois casais, meu irmão
também estava presente com a esposa.
Começamos pela Itália e subimos para Londres
na sequência, quando fomos a um pub londrino e
encontramos uma amiga do colégio que mora lá
desde 2010. Perguntei sobre a possibilidade de
estar em Wimbledon e o seu marido respondeu:
‘é possível, sim, vocês conseguirem nesse início
(de torneio), mas é melhor vocês irem para o
final da tarde’. Então, no dia seguinte, visitamos
pontos turísticos e buscamos rumar para
Wimbledon depois do almoço. Nos perdemos e
fomos para um outro local, distante, chegando
ao destino planejado por volta das 16h. Muitas
ruas na região estavam fechadas e o acesso se
dava apenas a pé, com uma boa caminhada.
Passamos por um forte esquema de segurança e
acompanhamos o fluxo das pessoas, sem saber
nada sobre ingresso.
Voltas e voltas depois nos deparamos com
várias entradas e guichês. Paramos em um
desses acessos e questionamos se seria
possível entrar. “Sim”, disse o rapaz. “Não
querem assistir algum jogo?”. Na hora pensei
que estivesse brincando, mas era real. O
homem tinha ingressos de algumas quadras
disponíveis, com exceção da central. Então,
logo pegamos os bilhetes para as quadras 1
e 2, que também nos permitiam visitar outras
menores e circular pelo clube. Melhor ainda,
com valor abaixo do que é oferecido aos sócios
- 25 libras. Jesus, quase cai duro para trás. Não
estava acreditando naquilo. Olhei atônito para
minha esposa e em menos de cinco minutos
estava lá dentro. Segundo testemunhamos,
não há venda de ingressos do lado de fora do
complexo pelo fato de eles serem destinados
aos sócios, como se fosse uma debênture.
As flores lilás, os arranjos, os detalhes, a
limpeza, o placar de madeira com todos os
jogos e nomes dos tenistas. Não lembro de ter
vivido tal emoção, parecia surreal, impossível.
Mais do que um sonho. Tivemos o privilégio
de assistir o menino, à época, Dominic Thiem
contra o experiente Gilles Simon e ainda a
Angelique kerber. Era a segunda rodada. Isso
sem falar do famoso morango com chantilly e
o quiosque de sorvetes da Haagen-Dazs.
Eu e meu irmão nos separamos, em função
dos números marcados nos ingressos (cada
sócio tem sua cadeira, como no caso desse
que comercializou a entrada conosco). Ficamos
distantes. Após o término desses jogos, ele
ainda conseguiu ver a majestade Federer, pois
lá dentro ainda tem um outro guichê que vende
lugares vagos na quadra central por apenas 10
libras. A organização é tão eficiente, que, se
um sócio/torcedor não retira o seu ingresso ou
vai embora durante a partida, as vagas logo se
abrem na bilheteria - os espectadores que saem
antes do término do jogo deixam os cobiçados
canhotos de entrada na cabine de venda.
A bateria do meu celular havia acabado e,
sem comunicação com meu irmão, não fiquei
sabendo da possibilidade de desfrutar desse
momento com o Federer em ação. Porém, junto
da minha esposa, assisti ainda o jogo de Jack
Sock na quadra 17, a menos de dois metros
da linha. Fiquei passado com a velocidade da
bola e dos jogadores, em um nível de tênis
jamais visto de perto e de tamanha qualidade.
Naquele instante, já era perto das 22h e a
penumbra da noite pairava sobre a quadra.
Posso dizer que foi uma das melhores, senão a
melhor surpresa da viagem e que marcou nossas
vidas. Ainda sonho em voltar para Wimbledon.
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Revista Winner | 5
3ª COPA WINNER
Antonio Kurazumi
Copa Winner
amplia
sucesso com
transmissão
ao vivo
3ª edição do torneio dá visibilidade nacional aos jovens
com jogos mostrados pela TVILA na internet
Com envolvimento da comunidade
tenística do ABC e a participação de
quase 100 crianças, a 3ª Copa Winner
Infantil apresentou novidade que valorizou ainda
mais o evento: jogos mostrados ao vivo pela
TVILA na internet.
A transmissão na academia Tênis & Cia, em
Santo André, foi considerada um sucesso pela
audiência alcançada nas dezenas de partidas
exibidas em âmbito nacional, mas principalmente
por incentivar o tênis entre as crianças - grande
objetivo dos organizadores do torneio.
Com origem no futebol amador, a TVILA se
identifica com o aspecto social presente no
tênis e na Copa, daí surgiu a motivação para
desenvolver a parceria com a Winner ABC que
deve se estender para as edições seguintes,
ampliando trabalho que já contempla um
programa semanal toda segunda-feira.
A transmissão dos
jogos vai de encontro ao
principal objetivo dos
organizadores: incentivar
a prática do tênis entre as
crianças
da Capital, nos dois dias de disputas no fim de
outubro.
A parte social, aliás, se mostrou presente pela
participação de crianças de quatro projetos
(Ace pela Vida, Raquete na Mão, CESA e PEC
São Caetano). Como os demais inscritos, todos
ganharam brindes e jogaram pelo menos duas
partidas. Isaac, do Raquete na Mão, se consagrou
tricampeão da Copa Winner.
Consolidado por ter justamente seu papel de
inclusão ao tênis reconhecido, o evento na Tênis
& Cia juntou na sua 3ª edição professores, alunos
e praticantes de diversas academias, inclusive
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Organização
Patrocínio
Apoio Revista Winner | 6
“É sempre um desafio muito grande
organizar a copa winner porque envolve
muita responsabilidade, já que estamos
influenciando o futuro e os sonhos das
crianças. Agradecemos a todos que
colaboraram e aqueles que estiveram
presentes. em abril tem mais”, comentou o
diretor da revista winner, rodrigo rocha.
COPA NATU’S - INTER EQUIPES
Uma experiência diferente com o tênis
Antonio Kurazumi
Copa Natu’s - Inter
equipes APRESENTA novas
ideias à modalidade e
atrai profissionais já
na 1ª edição, sem deixar
de valorizar todos os
participantes
O
tênis do ABC respira ares de evolução
depois da 1ª edição da Copa Natu’s -
Inter Equipes, realizada em setembro
na Tênis & Cia, em Santo André. Com proposta
nova ao esporte na região, os organizadores -
entre eles a Winner ABC - receberam elogios
de jogadores profissionais e houve interesse
até de pessoas envolvidas com a modalidade
na Capital.
Dentre os pontos altos, destaque para a
transmissão ao vivo das partidas pela internet
e o formato inovador de disputa, além da
valorização de todos os inscritos.
“Quando criamos o torneio, pensamos em um
interclubes e percebemos que existe universo
muito maior de pessoas, que jogam em
condomínios, universidades, do relacionamento
da gente e que queriam participar. Mudamos
o nome para Inter Equipes e nos planejamos
para um campeonato diferente e estruturado,
o que custa dinheiro, daí corremos atrás dos
patrocinadores”, explicou Marcelo Bastos, da
MB Gestão. “Procuramos fazer parecido com
o que vemos na televisão, com transmissão
ao vivo, juiz de cadeira, bolinhas premium,
brindes e premiação para todos os ganhadores,
independente do nível de categoria. Ou seja,
buscamos um ambiente mais próximo de
evento, que depende de ranking e taxas de
cadastro que estávamos fugindo. Queríamos
fazer algo voltado para confraternização,
até por isso a ideia de equipes, para fugir do
individualismo e proporcionar uma experiência
diferente”, detalhou o organizador, de longa
vivência no tênis.
O foco na experiência inovadora em se tratando
da modalidade no ABC passou pelo formato de
disputa, começando com um set de duplas e só
depois as simples. Após as dificuldades iniciais
no entendimento, os inscritos gostaram e esse
acabou sendo um dos diferenciais.
“Nós fizemos ao contrário do que geralmente
é feito nesse tipo de torneio. O mais incrível
é que todos quiserem jogar o terceiro set,
mesmo com o confronto definido”, frisou o
diretor da Revista Winner, Rodrigo Rocha.
Nesse contexto, foi criada uma chave dos
perdedores também com bastante aceitação.
Organização:
REVISTA DE TÊNIS
Segundo os organizadores e quem esteve
presente na Tênis & Cia, a transmissão
pelo youtube e pelas redes sociais (de
responsabilidade da empresa TVILA) causaram
grande impacto. Eric Gomes, que já foi 270
do mundo, jogou na Categoria Especial - com
premiação em dinheiro e partidas de simples.
Um dos principais nomes do tênis brasileiro,
o veterano aprovou a valorização a todos os
tenistas, sem se olhar para nome.
“Me chamou a atenção a preocupação e cuidado
dos organizadores com todo mundo. Em alguns
casos, a estrutura e a transmissão na TV ficam
totalmente voltadas para os que jogam bem e
se esquece daqueles que apresentam nível de
jogo inferior”, afirmou Gomes, que ficou com o
título na Especial depois de derrotar Enrique
Bogo na final, em duelo acirrado que entregou
uma outra experiência memorável aos inscritos
nas demais categorias. “Busco partidas com
caras assim (igual a Bogo), que treinam para
jogar e me desafiam a esse nível, duro. O fato
de ele ser cerca de uma década mais novo pesa
também”, comentou o ex-tenista profissional
que treina atletas de competição no clube
Helvetia, em São Paulo.
Marcelo Bastos admitiu que o evento superou
as expectativas, pela aceitação e inclusive
pelo fato de a Copa Natu’s - Inter Equipes
adquirir confiança de empresas e jogadores
importantes para a 1ª edição mesmo sem um
histórico. “Agora, para a 2ª etapa, se cria uma
expectativa absurda. Já tivemos clubes de São
Paulo nos convidando para fazer apresentação
do projeto, houve até clubes da Capital
que colocaram o torneio para ser assistido
pelos sócios. Percebemos que o projeto foi
mais longe do que pensávamos, que era
reconhecimento de amigos e clubes do ABC”,
descreveu, já pensando em ajustes e melhoras
para o próximo encontro do Inter Equipes
em fevereiro, no São Bernardo Tênis Clube.
“Queremos seguir por essa linha, planejando
evento nunca pensado anteriormente.”
Eric Gomes defenderá o título, desta vez
nas desafiadoras quadras cobertas de saibro.
“O tênis é carente desse tipo de estrutura e
pessoas, que se preocupam com a modalidade.
Eles (organizadores) têm ideias semelhantes
as minhas, por isso me coloquei à disposição.
Estou a favor do tênis.”
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A C A D E M I A S E M P E S O S
Revista Winner | 9
NACIONAL
Tênis do ABC tem representatividade em
todas as categorias
Antonio Kurazumi
Em meio a uma
modalidade que gera
dúvidas pela falta de
apoio, eles compartilham
os desafios, lutas pelo
Brasil afora e sonhos
concretizados
Os cinco já estamparam as páginas da
Winner ABC em edições anteriores,
mas amadureceram desde outrora
e se transformaram em representantes do
tênis da região pelo mundo, em diferentes
categorias. Na condição de exemplos para os
jovens, Vinicius Rodrigues, Nicolas Zanellato,
Igor Gimenez, Thaísa Pedretti e Enrique Bogo
- apresentados por ordem de idade - abordam
os desafios e incertezas da modalidade e
compartilham sonhos alcançados, a despeito
de ainda não terem “explodido” a nível mundial.
Jogar uma categoria acima da idade é
prática comum para os mais novos, basta
pegar como exemplo Rodrigues. Segundo
o tenista da academia Juninho Tennis,
que é da geração de 2003 e já joga os ITF
Juniors, nesse tipo de campeonato não
adianta apenas passar a bola para o outro
lado da quadra e aguardar por um erro do
adversário. Os tenistas suportam a pressão
e, se o andreense vacila por um instante, a
partida vai embora rapidinho sem dar chance
de recuperação.
“A dificuldade que atravesso no momento
é uma fase de poucas vitórias, mas tenho
acumulado bagagem e aprendizado grande
para o futuro. É difícil se motivar após uma gira
de torneios que caio nas primeiras rodadas,
chegar com aquela vontade extrema de
treinar, mas volto ao Brasil com uma cabeça
bem melhor na tomada de decisões dentro de
quadra que me surpreende”, revela Vini, que
tem como uma das qualidades a capacidade
de se adaptar ao estilo do adversário, inclusive
com jogo de rede sólido.
E a pressão, quase um sinônimo que define
o tênis de alto nível? Na transição para
iniciar a disputa de eventos profissionais,
Nicolas Zanellato adota estratégias para
não pecar mentalmente. “Continuo na linha
de não me pressionar e buscar jogar o mais
solto possível. Percebo que quando consigo
atuar com menos pressão, os resultados
são satisfatórios”, explica o jovem, motivado
por ter colecionado bons resultados na
temporada. “Hoje vejo que com os altos
e baixos que um tenista passa, preciso ter
paciência para acabar não atrapalhando o
foco, nem ficar muito feliz quando venço e
nem desanimar quando perco. Tenho que
achar o equilíbrio nas derrotas e nas vitórias,
é nisso que tenho focado.”
Revista Winner | 10
Fotos: Vinicius Rodrigues (Luiz Press) - Nicolas Zanellato (Thiago Parmalat) - Igor Gimenez (Nelson Toledo - Fotojump) - Thaisa Pedretti (Rafael Pignataro)
- Enrique Bogo (Adilson Martins)
A temporada de Zanellato só não é melhor
por causa de problemas físicos, aspecto
que atrapalha justamente a carreira de Igor
Gimenez. Todos os atletas já passaram ou
vão atravessar dificuldades do tipo em função
das necessidades de se jogar bastante: para
adquirir rodagem, atrair patrocinadores, ter
bom ranking para entrar em torneios, entre
outros.
“Estou com problemas nos dois joelhos desde
julho do ano passado, ainda não cheguei a
um diagnóstico completo sobre o que tenho.
Não sai em nenhuma ressonância, os demais
exames não apontaram nada de errado. O
único sintoma é muita dor. O tênis, muitas
vezes, leva ao extremo e tem que tomar
muito cuidado para não acabar acarretando
em problemas maiores”, orienta Gimenez,
destaque brasileiro no Australian Open Juvenil
de 2018. “Treinar por um longo período para
competir, mas chega uma hora que as dores
ficam muito fortes e aí preciso parar. Só estive
em um future nesse ano, em São José do Rio
Preto”, lamentou.
Amizade com Cibulkova
Nessa gangorra que é o tênis, o principal
nome da atualidade no ABC é Thaísa Pedretti.
Firmando-se cada vez mais no profissionalismo,
a bernardense ostenta até um grupo de fãs que
costuma acompanhá-la em torneios. A jovem
tenista afirma viver a melhor fase da carreira,
confirmada com três títulos recentes em
Cancún, no México, além de fazer final de um
torneio com premiação de 25 mil dólares nos
Estados Unidos, superando tenistas top 300.
“O Juninho (Nascimento, treinador) tem me
ajudado muito, tudo isso que estou passando
devo a ele, que dá força e trabalha duro
comigo diariamente”, elogiou Thaísa, que volta
e meia costuma bater bola nos treinamentos
com Vinicius Rodrigues.
Em 2019, a tenista do ABC realizou o sonho
de ser convocada para a Fed Cup, competição
por seleções, em confronto com a Eslováquia.
A potente equipe adversária teve entre suas
integrantes Dominika Cibulkova, ex-top 10 do
ranking mundial, e com quem Thaísa iniciou
uma amizade.
“Foi uma experiência incrível, entrar no ginásio
lotado, carregando a flâmula e ouvir o hino
nacional. A Cibulkova é uma grande tenista que
gosto bastante pela sua entrega e pela pessoa
que é. Vê-la ao vivo foi incrível, a intensidade
que coloca em quadra”, descreveu ela, que
chegou a conversar e tirar fotos com a eslovaca.
“Sigo com tanta intensidade
por unir minha profissão a
um propósito”
depoimento de Enrique Bogo,
tenista profissional
Meu momento atual é um pouco complicado,
pois estou na faixa de 1.200 do ranking ATP,
mas meu nível já é de 800 ou 900. Isso não
sou eu quem falo e sim os próprios caras que
estão dentro dos 800. Essa situação acontece
com bastante tenista da minha geração aqui
na América do Sul. No cenário atual do tênis
brasileiro, fica muito duro para um garoto se
sustentar na carreira, tem que realmente ter
muito amor pelo o que se faz. Outra questão
para seguir com tanta intensidade e evolução
é unir minha profissão à missão de vida,
propósito, ou o que quer que seja. Por mais
que a sociedade diga que só os 100 primeiros
que são bons e o restante são todos fracos, sei
que muitos dariam tudo para estar onde estou,
chegar onde cheguei, sei que tem pessoas que
investiram rios de dinheiro e não vão conseguir
chegar aqui, então esse privilégio que eu tenho
de conviver com grandes do esporte, de viajar
o circuito (circuito que a TV não mostra), eu
posso usá-lo para compartilhar os aprendizados
e trazer para as pessoas, fazer essa ponte que é
tão difícil aqui no país.
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JÁ IMAGINOU TER UM TORNEIO COM
TRANSMISSÃO AO VIVO?
• Página exclusiva no portal da Revista Winner
• Inscrições online • Transmissão ao vivo dos jogos
• Narrador • Comentarista • Entrevistas
PARCERIA:
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Revista Winner | 12
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Não importa o parceiro
Antonio Kurazumi
Entre os
melhores
duplistas do
mundo, Marcelo
Demoliner dividiu
a quadra com
26 tenistas
diferentes
desde 2018 e
jamais perdeu a
regularidade
Pelas dificuldades impostas a quem joga
duplas profissionalmente, Marcelo
Demoliner não desfrutou de um parceiro
fixo nesses dois últimos anos. No período, dividiu
a quadra com 26 tenistas em torneios ATP e
Copa Davis - a lista só “estabilizou” no final da
temporada atual, com um título e um vice com
o holandês Matwe Middelkoop e a oficialização
da dupla para 2020. É natural até para um top
10 sofrer com as mudanças, mas o brasileiro
mantém o alto nível e se adapta rápido aos
variados estilos, servindo de exemplo para quem
disputa campeonatos por equipes.
O título da reportagem especial de capa visa
enfatizar essa capacidade rara de adaptação do
gaúcho, sem ignorar, obviamente, a importância
do parceiro. Afinal, quando se fala em duplas,
associamos a um jogo coletivo e que tira a
individualidade tão presente no tênis.
“Sempre me relaciono de forma bastante aberta
e profissional nas duplas. A questão do teu
parceiro não estar em um bom dia ou perder uma
bola fácil no match point (como já ocorreu com
o jogador), por exemplo, faz parte e vai acontecer
muitas vezes. E não só com ele, comigo também
pode passar. Para minimizar, a gente sempre
tenta montar e combinar o plano de jogo com
os pontos fortes e fracos de cada um. O técnico
ajuda bastante nessa formatação com treinos
específicos”, ensina Demoliner que, junto dos
compatriotas Marcelo Melo e Bruno Soares,
apresenta qualidade de tênis para derrotar
qualquer dupla no mundo.
Sobre a adaptação imediata após as trocas, ele
diz que busca deixar o parceiro confortável e
que percebe facilidades nesse processo em
razão do autoconhecimento - de si mesmo e
do próprio jogo. E dá a receita para um tenista
se sair bem nos confrontos por equipes, como
uma Copa Davis. “Empatia, companheirismo e
liderança. É saber se comunicar com precisão
em certos momentos, seja com o parceiro ou
com o time”, enumerou Demoliner.
“Acredito que o jogo por
equipes, não especificamente só
as duplas, mas a competição
em si, é algo raro hoje em dia
e que eu acho que deveria ter
mais. Nesse tipo de evento se
aprende valores e outros
fatores que nos torneios
individuais não têm, como o
espírito de equipe e a busca de
um objetivo em comum”
Revista Winner | 13
As variáveis com relação ao ranking
atrapalharam os planos do atleta, no sentido de
se firmar com um parceiro. Tenistas que estão
entre os números 1 e 30 têm garantia de entrar
em todos os torneios, situação oposta a quem
não faz parte desse grupo - até o fechamento
desta reportagem, Marcelo Demoliner era o
47º e Middelkoop, 54º. Por isso, muitas vezes,
é preciso alterar a dupla para ter a somatória do
ranking suficiente e assim fazer parte da chave
de um ATP 500 ou Masters 1000.
“É uma questão complicada, mas a ATP
dificilmente vai mudar esse formato pois os
jogadores no topo do ranking de simples
atraem bastante público quando participam (das
duplas)”, explicou o jogador da Tennis Route,
academia que fica no Rio de Janeiro. “A minha
opinião sempre foi de abrir espaço na chave
de duplas para os simplistas, porém de forma
reduzida. Um que está entre 30 e 60 do mundo
não causa o mesmo impacto que os famosos
e com essa regra eles tiram lugar de quem se
dedica exclusivamente nas duplas”, criticou.
O currículo de Demoliner é de respeito, com
vitórias em cima de todos os nomes que figuram
entre os dez primeiros do mundo nas duplas.
Mas ele quer mais. “Preciso ter constância
nos resultados em torneios grandes. Quando
encaixar uma boa parceria, acho que vou dar
um salto legal. Sei do meu potencial. Ainda não
tive oportunidade de jogar com algum duplista
top ao meu lado, mas vou continuar trabalhando
duro para conseguir meus sonhos e objetivos”,
assegura o gaúcho, colocando em prática todo
o aprendizado adquirido ao longo da carreira.
“Tenho que ter paciência e fé nesse processo.”
A tática da paciência, aliás, se mostrou
Revista Winner | 14
acertada. Antes do ATP 250 de Moscou, na
Rússia, carregava um retrospecto negativo em
finais e que gerou um desabafo na entrevista
exclusiva à Winner ABC, feito na véspera desse
campeonato que impulsionou o tenista de 30
anos. Até esse evento-chave, acumulava dez
decisões de ATP e apenas um título conquistado
ao lado do mexicano Santiago González na
grama de Antalya, no ano passado. “Claro que
incomoda. Sou muito competitivo e odeio
perder até no par ou ímpar. Joguei muito bem
em 80% das finais, mas não depende só de mim,
é um esporte por equipe e também tem outra
dupla forte do outro lado. É manter o trabalho,
pois tenho certeza que coisas boas virão”. A
declaração, de fato, era uma profecia. O título na
Rússia logo na sequência confirmou o momento
positivo com Middelkoop e a convicção - em
um novo depoimento - de que a parceria deve
se manter firme, com exceção dos torneios em
que o ranking não permitir.
“Eu já vinha sondando ele desde o início da
temporada. Estava buscando alguém que
complementasse com o meu jogo. Esse ano
foi difícil de achar, todos que eu queria estavam
comprometidos. Depois do US Open, tive outra
conversa com o Middelkoop e conseguimos
encaixar de atuar juntos. A ideia sempre foi de
achar um parceiro fixo, mas não é tão fácil como
as pessoas imaginam. Sentimos que a dupla tem
futuro nos cinco campeonatos que disputamos e
decidimos levar adiante”, revelou Demoliner, que
planeja atuar em alto nível por mais uma década
pela longevidade que as duplas proporcionam.
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Foto: Abbie Parr
“A lesão antes do Pan (de
Lima) foi bastante doída,
porque tenho satisfação
enorme em competições
que defendemos nossa
bandeira. A superação
e vontade de querer
conquistar meus sonhos
e objetivos sempre foram
maiores que as lesões”
Marketing
próprio
Em 2017, quando alcançou o melhor
ranking (34º), Demoliner declarou
em outras entrevistas que era pouco
conhecido. Os investimentos das
empresas ficavam direcionados à dupla
mais famosa do país e inspiração para
o próprio gaúcho, Marcelo Melo e
Bruno Soares. Para cortar caminhos, o
atleta da Tennis Route se graduou em
marketing e passou a captar os próprios
patrocinadores.
“Esse cenário mudou um pouco por
estar me mantendo em um nível legal
esses anos, jogando mais e mais torneios
grandes e ficando no ‘bolo’. Tenho
dificuldades ainda, não sou hipócrita.
Mas no fundo, isso só vai depender de
mim e dos resultados. Empresas querem
vitórias e o conhecimento do marketing
ajuda bastante”, argumentou, destacando
a importância do pai que ajuda no
gerenciamento da carreira. “Depois que
me formei comecei a ver o tênis com um
olhar diferente e mais maduro.”
Divulgação
Lista de parceiros de
Marcelo Demoliner
nos dois últimos anos:
Parceiro ilustre: Demo melhorou
jogo na rede de Medvedev
Na entrevista exclusiva à Winner ABC,
Marcelo Demoliner revelou um pouco
dos detalhes da dupla com Daniil
Medvedev, sensação atual do tênis mundial.
Se o russo tem um jogo sólido, parte desse
crédito pode ficar com o gaúcho. Eles jogaram
juntos nesta temporada em três torneios.
“Começamos a fazer uma amizade no começo
do ano no ATP de Brisbane, na Austrália, e ele
tinha muita dificuldade no jogo de rede. O
Medvedev e seu coach viram em mim alguém
que poderia ajudá-lo nesse fundamento”,
recorda o brasileiro, que disputou dois Masters
1000 com o top 5 no ranking de simples, em
Monte Carlo e Madri.
“De maneira inteligente, ele usou as duplas
para melhorar na rede, pois já almejava coisas
grandes na simples”, acrescentou Demoliner,
fazendo questão de elogiar o russo por outro
aspecto importante. “O Medvedev é um cara
muito trabalhador e humilde, que escuta o
treinador, algo raro hoje em dia.”
Aproveitando o gancho, mas sem colocar
Medvedev no contexto, perguntamos a Demo,
como é conhecido, o por que de muitos tenistas
de primeiro nível em simples não repetirem o
desempenho nas duplas. Segundo ele, são
“dois esportes completamente diferentes”.
“Digo em relação à estratégia, posicionamento
e instinto na rede, é muito mais rápido.
Realmente, são poucos os simplistas que se
destacam nas duplas atualmente, por conta
desse fato”, opinou, mas também fazendo
um adendo. “Obviamente, quando jogam
concentrados são perigosos. Todo mundo joga
bem tênis hoje em dia.”
Devido a problemas físicos, Demoliner fez a
transição definitiva para as duplas há cerca de
cinco anos. O fato de sempre ter atuado de
forma agressiva nas simples, buscando com
frequência a rede, encurtou a adaptação.
“Um ponto nas duplas normalmente dura
menos de quatro bolas. Então, os treinos são
baseados nessa rapidez do ponto, intensidade.
Um treino de duplas é muito atrativo para
quem assiste. A dinâmica está presente e as
atividades que exigem reflexo são constantes,
assim como no jogo”, explicou Demo.
Michael Venus
Treat Huey
Marcelo Melo
Purav Raja
Guillermo Garcia-Lopez
Gael Monfils
Sam Querrey
Daniel Nestor
Roman Jebavy
Robert Lindstedt
Santiago Gonzalez
Feliciano Lopez
Leonardo Mayer
David Vega Hernandez
Luke Bambridge
Marcus Daniell
Gonzalo Escobar
Andres Molteni
Daniil Medvedev
Hugo Nys
Frederik Nielsen
Miomir Kecmanovic
Divij Sharan
Nicolas Jarry
Dominic Inglot
Matwe Middelkoop
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André Lima - Colunista
Amigos do tênis, quanto tempo, não?
Aqui estou trazendo mais informação sobre
seu equipamento e nesta edição vou escrever
sobre um tema que parece manjado, mas nem
tanto: RAQUETES USADAS - O que preciso
saber ANTES de comprar?
Falei com alguns dos grandes nomes
referenciais, tais como lojistas, encordoadores,
entre outros, e a contribuição deles foi
fundamental para que eu traga informações
ainda mais valiosas sobre o assunto.
As informações são tão importantes que
resolvi dividir em duas partes. Então, seguirei
com o mesmo tema na próxima edição.
Antes de tudo, SEMPRE faça a pergunta
a seguir para si mesmo: “preciso mesmo
comprar uma raquete?” Por diversas razões,
devemos sempre ter certeza que uma compra
é necessária, seja para a finalidade que for.
Bom, já definiu que precisa de raquete e não
será nova. Porque está sem grana ou porque
prefere pegar uma raquete com estado de
conservação próximo ao da sua, por exemplo
(e isso faz uma baita diferença para jogadores
avançados, como falarei adiante), ou até
porque será uma sobressalente, para ficar na
bag se quebrar corda. Tem muitas razões para
a escolha de raquete usada. Só quis pontuar
exemplos práticos.
Pronto para comprar? O mais óbvio ainda
nesse começo é que busque PROCEDÊNCIA
da pretensa raquete. Não dá para correr risco
de comprar raquete roubada, por exemplo, né?
Já deu uma checada nas coisas mais
preliminares e agora precisa ver a raquete
de alguma forma. Pode ser foto? Claro! Mas
quanto mais fotos, das mais variadas posições,
melhor. Fotos em macro, aquele modo onde o
zoom é explorado ao máximo, principalmente
no coração da raquete e protetor de cabeça
original (aquele plástico que recobre o topo da
cabeça), contarão mais ou menos pontos em
favor da compra. Protetor surrado, coração
com pequenas trincas, mesmo que pareçam
apenas pintura, já desvalorizam bastante. Se
quiser comprar assim mesmo, não aceite pagar
o valor médio do mercado. Tem que ser mais
barato nesses contextos, ok?
Ah, a raquete tem um protetor adesivo,
impedindo de ver o protetor original? Peça que
o vendedor o retire e faça fotos sem o mesmo.
Você não compraria um carro com uma capa
por cima, concorda?
Já vi lojista cobrindo marcas no aro com
tinta, obviamente para esconder pancadas
no aro. Por menores que sejam, deveriam ser
reveladas, não escondidas. Se o camarada
revela os pequenos “problemas”, você só tem
razões para acreditar na honestidade dele.
Desconfie de quem pretende esconder coisas.
Ainda sobre uma pintura “estranha”, já te
ocorreu que pode estar prestes a comprar uma
raquete que foi restaurada, isto é, quebrou e foi
recondicionada? Eu não pagaria 1/3 do valor
de mercado em uma raquete dessa. Aliás, não
compraria jamais assim, por diversas razões.
Passou todas essas fases e já sabe o fabricante,
linha e modelo certinho que está comprando?
Sim? TEM CERTEZA? Muita, mas muita gente
compra raquete olhando suas cores sem, no
entanto, checar se o modelo tem o peso que
busca, por exemplo. Daí compra a versão
“pro” quando queria uma raquete mais leve
ou vice-versa, pegou? Ou que o padrão de
encordoamento é 18x20, quando deveria ser
16x19.
E quando está tudo certinho e descobre que
o CABO é muito mais fino ou grosso do que o
padrão que precisa? Se não for de uma marca
que permita a troca do cabo, ou não tiver
um profissional por perto que domine boas
técnicas para engrossar ou afinar este, terá
que fazer gambiarras monstruosas para que
seu jogo não seja prejudicado.
Viu aí quantos problemas só nessa primeira
parte? Pois é. Acho, apenas acho, que vale a
pena considerar essas coisinhas para não fazer
mau negócio.
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André Lima atua como professor de tênis desde 1995. Assessorou a parte técnica de eventos como o Challenger de Belo Horizonte por quase 10 anos e foi Árbitro
da CBT /Juiz de Cadeira certificado como White Badge da ITF. Além disso atuou por 5 anos na HEAD Brasil, à frente da Coordenação de Patrocínios e como especialista
em equipamento. É atualmente Diretor de Conteúdo do CONATÊNIS – Congresso Nacional Online de Tênis e Criador do Canal Speak On TENNIS do YouTube
Revista Winner | 16
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SAÚDE
Foto: Marcelo Zormann/Divulgação
Pensamento depressão
X
Antonio Kurazumi
Doença que atinge quase
12 milhões de brasileiros
também está presente no
tênis, modalidade em que o
atleta fica mais vulnerável
Diante do componente de cobranças
públicas e necessidade de resultados,
a depressão enraizou-se no esporte e
não é de hoje. No tênis nacional, o sinal de
alerta acendeu depois que vieram à tona os
casos de Marcelo Zormann e Igor Marcondes,
promessas da modalidade. Os dois foram
vítimas da doença, que tem uma espécie de
predisposição para se disseminar no tênis.
“Por ser um jogo solitário e com pouca
comunicação durante a partida pelas normas
disciplinares, com privação do contato
entre técnico e atletas, o tênis está entre os
esportes que podem desencadear estados
depressivos pelo fato de o jogador ficar
vulnerável aos seus próprios pensamentos,
que são destrutíveis e muitas vezes vemos o
tenista se auto sabotando, se xingando ou até
mesmo quebrando a raquete”, explica Heitor
Cozza, referência no tema e com experiência
na modalidade.
Segundo o doutor em neuropsicologia e
psicologia do esporte, o segredo para evitar
as armadilhas que afetam quase 12 milhões
de brasileiros, diversos no esporte, é trabalhar
justamente o controle do pensamento
automático - por meio de técnicas passadas
por especialistas.
“As técnicas de treinamento psicológico ajudam
para que o tenista tenha o foco de atenção
exclusiva no adversário, para se manter no
momento presente de forma total, sem pensar
no próximo game ou set”, argumenta Cozza,
que atende atletas da modalidade na Juninho
Tennis, no Paulistano e no Pinheiros. É comum,
principalmente entre os tenistas em formação,
a velha história de “remoer” os erros do
passado, que influenciam até na concentração
em rallys longos.
Campeão de Wimbledon no juvenil, Marcelo
Zormann se afastou do tênis competitivo há
cerca de um ano. Depois de não alcançar
metas que tinha no esporte, enxergava a dura
rotina de treinos como uma obrigação. Muitas
vezes sozinho, situação inerente à modalidade,
descobriu que estava com depressão ao se
abrir para familiares e especialistas.
“Para ser grande no tênis há todo um processo.
Você tem que buscar seu melhor nível nos
Revista Winner | 18
jogos e, ao mesmo tempo, tem a pressão de
vencer pela vitória e pelo dinheiro. Então, é
uma linha muito tênue onde você tem que
acreditar demais em si próprio, que está no
caminho correto para chegar onde deseja”,
aconselhou o tenista, em entrevista à Winner
ABC. “Uma outra dica que é confiar muito nas
pessoas que trabalham com você, acreditar e
tentar de alguma forma aproveitar o processo.
“O mais importante é
aceitar e enfrentar esse
problema que é muito
difícil de lidar, mas que
também é mais comum do
que imaginamos”
Fotos: João Pires - Fotojump
O perigo do bornout
Com vivência no tênis competitivo, Heitor
Cozza alerta para o bornout na fase de
formação, que é um dos últimos estágios
antes da depressão. “Alguns técnicos colocam
a criança em um patamar de desenvolvimento
psicológico e fisiológico sem respeitar a
maturação, que pode gerar uma sequência
de treinamentos acentuados que causam
o estresse e, posteriormente, o estado de
bornout (esgotamento total)”, lamenta o
psicólogo, citando o exemplo como uma das
variáveis que pode gerar a depressão e até a
desistência da carreira, entre outras.
Se descoberta no início, a depressão é possível de
ser controlada ou suprimida com o auxílio de um
profissional da área. Esse especialista costuma
trabalhar com ações de aconselhamento em
consultas. Se não houver melhora depois de seis
sessões, o tenista é encaminhado ao psicólogo.
A depressão em grau maior necessita de
medicamentos, além de se indicar o afastamento
do esporte em alto rendimento.
Zormann diz que ainda está superando
a depressão com terapia e remédios.
Recentemente, exerceu a função de jornalista
no challenger de Campinas e em outros
torneios importantes no país convidado pelo
Instituto Sports. Gostou tanto que voltou a
sentir saudades do tênis e cogita o regresso
em 2020. Por enquanto, dá aulas para matar
um pouco da vontade.
“O mais importante é aceitar e enfrentar esse
problema que é algo muito difícil de lidar, mas
que também é muito mais comum do que
imaginamos”. Esse jogo ele está vencendo.
Cuidado com a ansiedade
Pioneiro na Medicina do Estilo de Vida no
Brasil, o doutor Fábio César dos Santos
apresenta outro viés importante ao enfatizar
que a depressão pode ter origem na ansiedade.
“Apesar de toda a alegria no Brasil, somos
campeões mundiais de ansiedade. Costumo
falar que o ansioso de hoje é o depressivo de
amanhã e o demente do futuro. A ansiedade
começa a inflamar o cérebro, que, ansioso,
pode causar a perda de cognição”, descreve.
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Revista Winner | 19
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LESÃO
Já ouviu falar
em terapia
por ondas de
choque?
Tratamento adotado por
Rafael Nadal é ideal para
lesões comuns ao tênis
e pode evitar cirurgias,
otimizando tempo de
recuperação
Antonio Kurazumi
Foi com a ajuda da terapia por ondas de
choque que o espanhol Rafael Nadal
tratou problema no joelho e, contrariando
algumas previsões, prolongou a carreira em
alto nível. Aplicada de forma simples por
equipamentos com tecnologia avançada,
essa energia mecânica é indicada para
recuperar tenistas com tendinopatias, doenças
recorrentes à modalidade e que afetam os
tendões - em especial no próprio joelho,
ombro e cotovelo, assim como na região do pé.
A maioria das tendinopatias são causadas
por esforço repetitivo, daí a preocupação
de fisioterapeutas e médicos com antiinflamatórios
e gelo, que apresentam risco
de piorar o quadro da lesão. Nesse caso,
o tratamento com ondas de choque é
fundamental, principalmente se associado
com exercícios terapêuticos e correções
biomecânicas prescritos pelo especialista em
conjunto com o treinador. Conforme frisa o
coordenador do Centro de Reabilitação da
CORD (Clínica de Ortopedia e Recuperação
Esportiva), Alexandre Alcaide, a abordagem
deve ser “multimodal”, olhando para a soma de
fatores que acarretaram na lesão.
“A terapia por ondas de choque visa a reparação
das microlesões, buscando regeneração e
cicatrização do tecido (afetado) e cuidando
da dor, mas sem ser o mote principal.
Tratamos as causas, não os sintomas”, explica
o fisioterapeuta, uma das referências nesse
método. “As tendinopatias nunca têm apenas
um fator para o desenvolvimento, é uma
rede de motivos que provoca a degeneração.
As ondas de choque melhoram os tecidos,
mas não alteram a biomecânica que também
colaborou para o problema.”
Alcaide afirma que, na fase inicial da lesão,
a fisioterapia pode tratar as causas sem
necessidade das ondas de choque. Porém, se
as tendinopatias não forem cuidadas desde
o início, ocorre degeneração no tendão que
transforma a doença em uma tendinose -
processo avançado em relação à tendinite
porque já não existe mais um processo
inflamatório. Nesse caso, o tenista precisa
fazer sessões com ondas de choque para
reparar as fibras dos tendões.
“O tempo de recuperação (com a terapia por
ondas de choque) é muito mais rápido do que
“A recuperação do tenista
é muito mais rápida com
terapia por ondas de choque.
O tratamento cirúrgico só
deve ser uma escolha depois
da falha na fisioterapia e
nas ondas”
Fotos: Divulgação
Revista Winner | 20
Nadal agradece
Com um 2019 brilhante, Rafael Nadal está com a saúde em dia, mas passou por momentos difíceis
com o joelho solucionados justamente com o auxílio da terapia por ondas de choque, conforme
recorda Alexandre Alcaide. “As tendinopatias patelar, no joelho, são comuns em tenistas e fez o
Nadal sofrer muito, reduzindo a força de arranque dele, assim como a força propulsora”, lembra.
“Com o tratamento através das terapias por ondas de choque e da prescrição de exercícios pelo
fisioterapeuta que o acompanha, ele apresentou evolução da biomecânica dos movimentos dos
membros inferiores. Isso permitiu longevidade esportiva em alto nível competitivo até os dias
de hoje”, argumentou Alcaide.
estender uma fisioterapia. Tem pacientes que
fazem fisioterapia que não é bem escolhida,
sem um profissional esportivo por perto e
realizam até 40 sessões com pouca evolução.
Então, fica um resquício de dor, de sintoma,
que volta quando o atleta joga e estimula
aquele tendão”, compara o especialista do
CORD, que tem quadro de tenistas entre os
pacientes na clínica esportiva.
Pela experiência com o tratamento, Alcaide diz
que a terapia não é invasiva, além de ser feita
diretamente em um consultório e o melhor:
reduz a dor e cura a lesão em 70 a 80% dos
casos. “Principalmente se acompanhada
de exercícios específicos que melhoram a
biomecânica do atleta, diminuindo o fator
de causa. Ou seja, fatores ligados a forma
de pisar, aterrisagem após o salto e posturas
dinâmicas de corrida que fazem o tenista
ter predisposição ao desgaste de tecidos
tendíneos e fasciais.”
Baseando-se em uma modalidade que exige
intensidade quase diária dos jogadores, seja
nos treinos ou nos jogos, a terapia por ondas
de choque também pode evitar cirurgias e
afasta o risco de infecções, além de otimizar
o tempo de recuperação. A operação apenas
é indicada quando falhar o tratamento com
fisioterapia e as ondas.
Vilão dos amadores, cotovelo é
tratado com ondas e correção da
biomecânica
Conhecido popularmente como cotovelo
de tenista, o problema físico nesse local
do corpo incomoda muito tenistas
amadores e é aí que se recomenda a terapia
por ondas de choque. O tratamento ajuda na
regeneração do tecido que conecta os músculos
extensores do punho à região do cotovelo,
essenciais para o movimento associado à prática
do tênis.
“É mais comum em amadores porque o
movimento da técnica, muitas vezes, não é
adequado e isso causa fator de sobrecarga maior
nessa musculatura”, aponta o fisioterapeuta do
CORD, Alexandre Alcaide. “A onda de choque
auxilia para a maior circulação sanguínea e
cicatrização desses tecidos, bem ligados ao
osso e à região da epicondilalgia (cotovelo de
tenista), da dor”, enumerou.
“Temos que lembrar que o sangue é essencial
para levar os fatores de crescimento para os
tecidos, pois são irrigados com oxigênio. Então,
nunca restringir a vascularização e chegada
de sangue é o tratamento ideal”, acrescentou
Alcaide.
“Se o tratamento seguir
conforme o planejado, o
fisioterapeuta vai fazer
orientação quanto ao volume
e intensidade dos treinos. O
repouso total não é indicado
na maioria do tratamento das
tendinopatias”
Para resolver definitivamente o incômodo,
porém, é importante que se trabalhe em cima
da melhora da biomecânica, assim como o
movimento do backhand e verificar a tensão da
raquete, quesitos associados a todo o processo
de causa da epicondilalgia.
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Revista Winner | 21
COLUNA
Treinos qualitativos
na fase de formação
Ricardo Coelho
Com a ideia de apresentar elementos
para qualificar o treinamento na fase
de formação e desenvolvimento do
tenista, vou tratar nessa coluna da forma que
trabalho com esses jovens jogadores que já
iniciaram a disputa de competições. Todos os
exercícios devem ser transmitidos por meio
do jogo, com situações e adversidades que se
aproximam da realidade.
O primeiro ponto que gosto de estimular é o
controle (que é aliado à consistência), sem esse
aspecto é difícil jogar tênis. Há várias formas
de trabalhar o controle e destaco a marcação,
que é onde você (na condição de técnico)
quer que a bola caia. No início, as dificuldades
são normais, mas com o tempo fica natural.
É importante ao treinador cobrar a técnica
e mostrar porque o tenista está errando.
O controle também pode ser trabalhado
com quantidade de bolas determinada para
executar.
Eu também gosto de usar o que chamamos de
intenção no tênis, palavra que vai de encontro
ao que o técnico quer melhorar no jogo do
atleta. Ele vai criando aspectos táticos, no
início trabalha com os drills, depois com as
bolas vivas. Como o exercício é de intenção, o
treinador cria uma jogada, como por exemplo
uma bola profunda, seguida de outra no ângulo
e a última na paralela. Essa sequência faz com
que o jovem grave as jogadas - se a criança
não consegue enxergar onde tem dificuldade,
esse estímulo serve para corrigir.
Nesse trabalho com tenistas em formação,
gosto de trabalhar a movimentação das pernas
utilizando as mãos. Quando entra na bola viva,
é essencial ao menino bater em movimento.
A velocidade da bola, assim como a trajetória
e efeitos, são estímulos importantes que
os técnicos devem repetir. O exercício de
movimentação também pode ser realizado
com drills por meio de uma sequência,
buscando ter situação real de jogo.
Importante frisar, com os trabalhos táticos
desde pequeno as jogadas saem com
mais facilidade, proporcionando melhor
entendimento do jogo e fixação do que é
treinado.
Uma outra situação é com o saque e a
devolução. Estimulo o menino a sacar aberto,
fazer uma primeira bola aberta e depois matar
o ponto ou então, na outra situação, ao receber
ao receber o saque aberto, o jogador devolve
no contrapé. São vários “joguinhos” que dá
para implementar nesse tipo de treinamento.
Velocidade e controle
Gosto de trabalhar com as crianças a
velocidade e o controle de bola,
dosando a força. Vou compartilhar
uma situação:
1
2
3
Bola número 1,
30 a 40% da velocidade que
costuma colocar na bola;
Bola número 2,
60 a 70% da velocidade;
Bola número 3,
80 a 90% da velocidade;
Com esse trabalho, o jogador vai aprendendo a
como bater na bola, como conduzir a velocidade
que quer golpear a redonda e também a bater
nesses tipos de bolas. Faço esses exercícios
duas vezes por semana, priorizando jovens de
10 a 12 anos. Quando eles chegarem aos 16
anos, tendem a não apresentar dificuldades ao
conduzir a velocidade e controle.
Falei de situações que todos nós, treinadores,
devemos ter em mente. É sempre bom frisar
que a neurociência tem evoluído muito nos
treinos de tênis, lá fora se usa essa abordagem.
No Brasil, é trabalhada bastante no futebol e no
vôlei.
Fiz uma atualização recentemente que me
reforçou a importância de implementar no
treino, trabalhar 15 minutos por treino já
ajudará e depois de um tempo você notará a
diferença.
São trabalhos cognitivos e de tomadas de
decisão. O tênis tem esses aspectos enraizados
no jogo e quanto mais cedo começar, melhor,
seja para seu atleta ou filho.
Até a próxima.
Ricardo Coelho é coordenador técnico
da Hebraica. Na função de técnico,
viajou para três torneios Grand Slam
com Júlio Silva, Rogério Dutra Silva e
a argentina Maria Argeri. Formou-se
em biomecânica aplicada ao tênis, em
curso internacional da ATP e nos cursos
de níveis 1, 2, 3 e 4 da CBT e ITF
Revista Winner | 22
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Revista Winner | 24
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