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Revista Kids+ - Edição 16 Maringá

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Criança não é adulto<br />

em miniatura<br />

Psicologia<br />

E<br />

sta parece ser uma afirmação óbvia, contudo, no<br />

dia a dia não é a constatação que observamos. A<br />

compaixão para com a compreensão da criança<br />

e do universo infantil são cada vez mais escassos. Vemos<br />

a busca por filhos brilhantes, filhos que se destacam<br />

dentre os demais. Filhos para mostrarmos aos<br />

outros, ao meio. Mas, a criança não tem essa função,<br />

e, na verdade ela não pode tentar ocupar essa função<br />

ou papel.<br />

Os pequenos estão com as agendas hiperlotadas. Inúmeros<br />

são os compromissos e, junto com a maioria<br />

desses compromissos, várias tarefas que se somam<br />

àquelas já pedidas pelas escolas regulares. Muitos<br />

afazeres e pouco tempo para a tomada de consciência<br />

sobre quem ele é, do que gosta, ou o que proporciona,<br />

de fato, prazer nesse curto período de vida que<br />

é a infância.<br />

Muitas exigências e um vocabulário inadequado<br />

sendo usado para lidar com uma cabecinha em desenvolvimento,<br />

para uma visão sendo estabilizada, e<br />

para uma audição aprendendo a lidar com a realidade<br />

externa. “Você precisa aprender mais de duas línguas,<br />

pense no seu futuro”, “você precisa ser bom em<br />

matemática, um médico precisa disso o tempo todo”,<br />

“você precisa de disciplina, seu corpo precisa de condicionamento,<br />

precisa de ballet, de natação, de aula<br />

de tênis, de aula de capoeira” dentre tantas outras<br />

coisas ofertadas ao mundo infantil. Vejo os pais falando<br />

isso para aqueles seres pequeninos que olham<br />

para eles e se questionam: “O que é futuro? Será que<br />

tá longe?” “Quando eu for grande eu precisarei ser o<br />

melhor em tudo?”.<br />

Mas muitas vezes, nem tempo para questionar, essas<br />

crianças conseguem. Chegam até as clínicas de psicoterapia<br />

cansadas, têm receio de falar que não estão<br />

contentes com tantas atividades, pois afinal, precisam<br />

delas para o futuro. Quando essas crianças percebem<br />

que no ambiente da clínica psicológica não há julgamento,<br />

aprendem que ali podem falar sobre o que as<br />

incomoda e expressam a dor no brincar. Descobrem<br />

que podem simplesmente ser crianças, sem comparações<br />

e qualificações com mais ninguém. Custam a<br />

aceitar o fim do tempo de sessão justamente por isso,<br />

pois ali podem ser aquilo que querem: médicas, enfermeiras,<br />

professoras, modelos, e acreditem... alguns<br />

querem ser apenas uma “uma ambulância”. E por que<br />

não permitir?<br />

É esse respeito que pedimos aos cuidadores, respeito<br />

ao tempo de cada criança, o respeito à faixa etária e<br />

aos sonhos que ela carrega em seu pequeno mundo.<br />

E antes de pensarmos no futuro das crianças, o<br />

qual precisa sim ser ponderado, precisamos pensar<br />

no presente, no agora o qual a criança presentifica<br />

o tempo todo. Ela está sempre inteira naquilo que<br />

faz, por isso, ela ama brincar, ama fantasiar, ama rir. A<br />

criança saudável apenas ‘é’, é inteira, plena e sensível<br />

naquilo que faz. A criança saudável é feliz. E entendemos<br />

que a criança feliz hoje é o adulto realizado<br />

de amanhã.<br />

Pense nisso, seu filho não é uma miniatura de você.<br />

Ele é criança, e criança veio ao mundo para dar trabalho.<br />

E que trabalho maravilhoso que dão! E passa<br />

rápido... muito rápido.<br />

Até a próxima!<br />

06.<br />

46

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