RCIA - ED. 70 - MAIO 2011
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ARTIGO
Felicidade
* Luiz Carlos Bedran
Espero ver minha mãe completar 99
anos em junho, torcendo para sempre poder
vê-la completar mais um aniversário.
Ela não está doente, não tem nada. Só
tem uma coisa: a velhice. Mas como Terêncio
dizia, “ipsa senectus morbus est”,
a própria velhice é uma doença.
Pois ela, já há algum tempo, deixou
de interessar-se pelas coisas mundanas.
Tenho a impressão até de que ela
acha que não vale mais a pena preocupar-se
com o mundo que gira ao seu redor,
nem com os grandes, muito menos
com os pequenos problemas que costumam
atormentar os mais jovens. Talvez
seja essa uma forma de se ir desligando
aos pouquinhos da vida. É triste
dizer isso, mas parece que para ela nada
mais vale a pena.
Mas observa tudo; suponho que
compreende, às vezes, o que se passa
ao seu redor. Quase não anda, não fala,
ouve bem, mas ainda folheia algumas
revistas de amenidades sem se importar
muito com o escrito, justo ela que lia
e escrevia bastante (era jornalista). Costurava,
fazia suas próprias roupas - e as
dos filhos, aproveitando outras, econômica
que era -, lavava, passava, até
com aquele antigo ferro à brasa; rachava
lenha para fazer comida no fogão próprio,
cuidava dos três filhos e de seus
deveres escolares, não tinha preguiça.
A mínima preguiça. E nas horas vagas
ainda cuidava da pequena horta no quintal,
irrigando-a com carinho no fim das
tardes. Isso sem contar com as galinhas
que criava, quando naquele tempo,
na cidade, isso ainda era permitido.
E, é claro, sempre cuidando do marido,
mais na rua do que na casa.
Sua infância foi difícil. Perdeu a mãe
quando tinha uns sete anos, vítima da
gripe espanhola. Até cuidou dos irmãos
pequenos, com muito amor e carinho e
dos filhos de sua madrasta quando esta
faleceu prematuramente. Passou a vida
a trabalhar, a lutar incansavelmente.
Uma vencedora sobrevivente de quase
um século. Passou por todas as grandes
transformações do século 20: as duas
guerras mundiais, os inventos, domésticos
ou não, que facilitaram a vida
moderna: geladeira, fogão a gás, rádio,
tevê, computador, celular.
E sempre disse que não gostaria de
morrer na época do frio. Torço para que
isso não aconteça. Os amigos dizemme
que sou uma pessoa feliz porque
ainda tenho minha mãe. Eles têm razão,
mesmo porque, embora possa
imaginar como seria sua perda, a tristeza
de seu desaparecimento, espero
que essa experiência pessoal seja protelada
ao máximo possível.
É por isso que me considero uma
pessoa privilegiada em poder vê-la todos
os dias, beijá-la todos os dias, abraçá-la
todos os dias. Porque todos os
dias são os das mães e não somente o
convencional Dia das Mães.
Muitos nunca conseguiram isso porque
as perderam muito cedo na vida.
Felizes daqueles que ainda conseguem
conviver com elas, que ainda recebem
seus carinhos e abraços. Infelizes
daqueles que não as conheceram,
ou que ainda as têm, mas que não as
desfrutam, pois como já disse um autor,
“não há nada pior do que não ter mãe,
sem ser órfão”.
Ela está bem velhinha. Seu olhar de
compreensão quando vê os filhos, diz
tudo. Nem precisaria falar nada. Será
que ela pensa que está sendo um pesado
fardo para eles? Que quer ir embora
logo? Espero que não, pois ela nunca
será um fardo, nem mesmo levíssimo.
É verdade que a qualidade de vida que
tem não é a que se poderia esperar.
Mas, fazer o quê? Temos de compreender
que a vida que se leva nem sempre
é aquela que se deseja, mesmo porque
nem tudo são alegrias, nem para os idosos,
nem para os jovens.
Essa é a minha mãe; essa é a minha
homenagem ao seu dia, que também seja
extensivo a todas as mães de todo
mundo, jovens e idosas, atuais e futuras.
Com muito amor e muito carinho.
* Luiz Carlos Bedran
é sociólogo, jornalista e colaborador
da Revista Comércio & Indústria
BAILE DAS
MÃES
Local:
Vendas de Convites no
Melusa Clube somente
às segundas-feiras,
das 20h às 21h30
Informações 3336-1953
GRUPO
DA MELHOR
IDADE
19/MAIO
quinta-feira - 20h30 à 1h
MELUSA CLUBE
Totalmente reformado
Animação:
BANDA PREMIUM
(DE SÃO PAULO)
Um grande musical para dança de casais
(não é a mesma banda que
animará o baile do outro grupo)
Traje: Passeio social
Reserva de lugares
Dias: 09 e 16/maio
ACIA - NOVOS ASSOCIADOS EM ABRIL
RAZÃO SOCIAL
Casa de Carnes Rei do Filé Ltda - Me
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