11.12.2019 Views

RCIA - ED. 70 - MAIO 2011

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ARTIGO

Felicidade

* Luiz Carlos Bedran

Espero ver minha mãe completar 99

anos em junho, torcendo para sempre poder

vê-la completar mais um aniversário.

Ela não está doente, não tem nada. Só

tem uma coisa: a velhice. Mas como Terêncio

dizia, “ipsa senectus morbus est”,

a própria velhice é uma doença.

Pois ela, já há algum tempo, deixou

de interessar-se pelas coisas mundanas.

Tenho a impressão até de que ela

acha que não vale mais a pena preocupar-se

com o mundo que gira ao seu redor,

nem com os grandes, muito menos

com os pequenos problemas que costumam

atormentar os mais jovens. Talvez

seja essa uma forma de se ir desligando

aos pouquinhos da vida. É triste

dizer isso, mas parece que para ela nada

mais vale a pena.

Mas observa tudo; suponho que

compreende, às vezes, o que se passa

ao seu redor. Quase não anda, não fala,

ouve bem, mas ainda folheia algumas

revistas de amenidades sem se importar

muito com o escrito, justo ela que lia

e escrevia bastante (era jornalista). Costurava,

fazia suas próprias roupas - e as

dos filhos, aproveitando outras, econômica

que era -, lavava, passava, até

com aquele antigo ferro à brasa; rachava

lenha para fazer comida no fogão próprio,

cuidava dos três filhos e de seus

deveres escolares, não tinha preguiça.

A mínima preguiça. E nas horas vagas

ainda cuidava da pequena horta no quintal,

irrigando-a com carinho no fim das

tardes. Isso sem contar com as galinhas

que criava, quando naquele tempo,

na cidade, isso ainda era permitido.

E, é claro, sempre cuidando do marido,

mais na rua do que na casa.

Sua infância foi difícil. Perdeu a mãe

quando tinha uns sete anos, vítima da

gripe espanhola. Até cuidou dos irmãos

pequenos, com muito amor e carinho e

dos filhos de sua madrasta quando esta

faleceu prematuramente. Passou a vida

a trabalhar, a lutar incansavelmente.

Uma vencedora sobrevivente de quase

um século. Passou por todas as grandes

transformações do século 20: as duas

guerras mundiais, os inventos, domésticos

ou não, que facilitaram a vida

moderna: geladeira, fogão a gás, rádio,

tevê, computador, celular.

E sempre disse que não gostaria de

morrer na época do frio. Torço para que

isso não aconteça. Os amigos dizemme

que sou uma pessoa feliz porque

ainda tenho minha mãe. Eles têm razão,

mesmo porque, embora possa

imaginar como seria sua perda, a tristeza

de seu desaparecimento, espero

que essa experiência pessoal seja protelada

ao máximo possível.

É por isso que me considero uma

pessoa privilegiada em poder vê-la todos

os dias, beijá-la todos os dias, abraçá-la

todos os dias. Porque todos os

dias são os das mães e não somente o

convencional Dia das Mães.

Muitos nunca conseguiram isso porque

as perderam muito cedo na vida.

Felizes daqueles que ainda conseguem

conviver com elas, que ainda recebem

seus carinhos e abraços. Infelizes

daqueles que não as conheceram,

ou que ainda as têm, mas que não as

desfrutam, pois como já disse um autor,

“não há nada pior do que não ter mãe,

sem ser órfão”.

Ela está bem velhinha. Seu olhar de

compreensão quando vê os filhos, diz

tudo. Nem precisaria falar nada. Será

que ela pensa que está sendo um pesado

fardo para eles? Que quer ir embora

logo? Espero que não, pois ela nunca

será um fardo, nem mesmo levíssimo.

É verdade que a qualidade de vida que

tem não é a que se poderia esperar.

Mas, fazer o quê? Temos de compreender

que a vida que se leva nem sempre

é aquela que se deseja, mesmo porque

nem tudo são alegrias, nem para os idosos,

nem para os jovens.

Essa é a minha mãe; essa é a minha

homenagem ao seu dia, que também seja

extensivo a todas as mães de todo

mundo, jovens e idosas, atuais e futuras.

Com muito amor e muito carinho.

* Luiz Carlos Bedran

é sociólogo, jornalista e colaborador

da Revista Comércio & Indústria

BAILE DAS

MÃES

Local:

Vendas de Convites no

Melusa Clube somente

às segundas-feiras,

das 20h às 21h30

Informações 3336-1953

GRUPO

DA MELHOR

IDADE

19/MAIO

quinta-feira - 20h30 à 1h

MELUSA CLUBE

Totalmente reformado

Animação:

BANDA PREMIUM

(DE SÃO PAULO)

Um grande musical para dança de casais

(não é a mesma banda que

animará o baile do outro grupo)

Traje: Passeio social

Reserva de lugares

Dias: 09 e 16/maio

ACIA - NOVOS ASSOCIADOS EM ABRIL

RAZÃO SOCIAL

Casa de Carnes Rei do Filé Ltda - Me

Panfletos SS Ltda - Me

Ceproara - Centro Prof. Araraquara Ltda - Me

NOME FANTASIA

Casa De Carnes Rei do Filé

Panfletos & Cia

Ceproara

Seja nosso associado e desfrute de grandes benefícios. Informações: 3322.3633

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!