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ESPECIAL

FRANCIS FORD COPPOLA

CINEMA

MAGAZINE

ANO X | NÚMERO Y

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COPPOLA

EDITORIAL

Para esta edição exclusiva, a redacção da CUT teve que escolher

um dos seus realizadores preferidos e uma das suas

obras. Tendo em conta o único membro da redacção, as

suas escolhas, que recaíram sobre o realizador Francis Ford

Coppola e a sua obra emblemática “O Padrinho”, acabaram

por prevalecer com maioria absoluta. Ou será que foi tudo

engendrado por uma família mafiosa? Não se sabe. Só se

sabe que esta edição da CUT também seria digna de ser

contrabandeada durante a Lei Seca.

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SUMÁRIO:

02 Editorial

07 O Padrinho

10 Francis Ford Coppola

15 Sugestões

FICHA TÉCNICA:

Edição:

Filipe Ferreira

Coordenação Editorial:

Fernanda Antunes

Impressão:

Gráfica X

Periodicidade:

Única

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O PADRINHO

“THE GODFATHER” - 1972

Filme norte-americano de 1972, dirigido por Francis Ford

Coppola, baseado no livro homónimo escrito por Mario Puzo.

O filme é protagonizado por Marlon Brando, Al Pacino, James

Caan, Robert Duvall, Diane Keaton, Richard S. Castellano,

John Cazale, Talia Shire e Abe Vigoda. O filme conta a história

da família mafiosa Corleone, de 1945 até 1955. Teve duas

sequelas: The Godfather: Part II, em 1974; e The Godfather:

Part III em 1990.

Foi indicado a dez Óscars e venceu nas categorias de Melhor

Filme, Melhor Argumento Adaptado (Coppola e Puzo) e Melhor

Actor (Brando). É considerado culturalmente, historicamente

e esteticamente significante e foi seleccionado pela Biblioteca

do Congresso para ser preservado no National Film Registry.

O American Film Institute apontou-o como o melhor filme de

gangsters de todos os tempos e o segundo melhor filme da

história na Lista dos melhores filmes americanos.

A obra literária de Mario Puzo, de 1969, providenciou a narrativa

de dez anos sobre a família Corleone, uma família mafiosa

Ítalo-Americana, liderada pelo seu patriarca Don Vito Corleone,

brilhantemente desempenhado por Marlon Brando na sua

última grande prestação da carreira. A influência de Luchino

Visconti, aclamado realizador italiano, é notável em Coppola na

encenação de sequências como a do casamento, que serve para

introduzir a audiência ao mundo insular da família Corleone.

O filho de Vito Corleone, Michael, interpretado por Al Pacino,

respeita os valores da família e as regras de conduta mas sofre

de um conflito interno derivado à sua participação no mundo

do crime da família, até que, um ataque à vida do pai traz o seu

sentido de responsabilidade ao de cima. Ideais de tradição e

de lealdade familiar associadas a um complexo mundo criminal

característico dos anos dos gangsters americanos, abrigam a

audiência numa atmosfera de envolvimento incondicional.

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A influência d’O Padrinho tem sido tão grande ao longo dos anos

que alguns dos seus elementos podem ser encontrados em quase

todos os filmes sobre crime organizado e, nas comédias em que

existe uma personagem gangster, esta apresenta uma enorme

semelhança à imagem do filme. O velho mafioso Ítalo-Americano

Don Vito Corleone, tornou-se numa das figuras mais bem

estabelecidas na imaginação do público.

Mas dizer que O Padrinho é simplesmente “influente”, é menosprezar

as suas verdadeiras qualidades, tal como descrevê-lo

simplesmente como “um filme sobre gangsters”. A Máfia é certamente

o foco principal em que a história se desenvolve, apesar

do facto dessa palavra nunca ser referida. Embora o filme nunca

tente inserir forçadamente assuntos separados, contém uma

quantidade de sub-contextos psicológicos e sociais que não

podem ser desprezados. Considerações de como o ambiente

social nos muda, como valores morais parecem diferentes dependendo

do ponto de vista, como a violência pode destruir a

alma humana e como o poder pode corromper um indivíduo,

estão profundamente integradas numa história que se mantém

praticamente sempre fiel à realidade.

Por muito boas que a realização e a história sejam, seria injusto

não considerar a importância que as performances dos actores

tiveram no triunfo cinemático que foi O Padrinho. Considerado

por muitos a melhor selecção de actores a aparecer num filme

americano, todo o elenco do filme é bem sucedido ao representar

personagens complexos sem vacilar. Os papéis excepcionais

de Don Vito e Michael Corleone, por Marlon Brando e Al Pacino

respectivamente, as performances de Robert Duvall, James Caan e

Diane Keaton como Tom Hagen, Santino Corleone e Kay Adams,

tal como o cruel Sollozzo desempenhado por Al Lettieri, são perfeitas

para o filme, e todas elas nos conseguem fazer acreditar

que são pessoas reais, e não apenas actores.

Não vemos um personagem principal e umas quantas figuras

incompletas que giram à sua volta: embora Michael Corleone

seja o personagem que apareça mais tempo, toda a gente é o

centro do mundo à sua maneira. O filme torna possível que os

espectadores se identifiquem com diferentes personagens e que

observem como a sua personalidade e história se encaixam, e

fá-lo melhor que muitos dos filmes com múltiplas storylines que

vieram a sair mais tarde.

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A obra pode ser vista sabendo a história de antemão e ainda

assim ser uma experiência fenomenal, embora a experiência de o

ver pela primeira vez e desfrutar dos seus múltiplos climaxes seja

única. Existe muita especulação em volta da narrativa original,

de Mario Puzo, e da sua possível ligação a factos reais. Muitos

acreditam que a personagem de Johnny Fontane, por exemplo,

foi baseada na vida de Frank Sinatra, e que muitos dos outros

personagens foram também baseados em pessoas reais.

A cinematografia é escura e apetitosa, as cores são usadas na

perfeição para transmitir o feeling da era em que se insere.

Existe alguma violência embora raramente gratuita. O Padrinho

não precisa, definitivamente, de recomendação. O filme

em si é considerado um dos melhores de todos os tempos

e o preferido de muitos. Uma obra-prima que é, realmente,

impossível de recusar.

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FRANCIS FORD COPPOLA

REALIZADOR - PRODUTOR - ARGUMENTISTA

Francis Ford Coppola nasceu em Detroit a 7 de Abril de 1939

e é um realizador, produtor e argumentista norte-americano.

Coppola é mais reconhecido internacionalmente por dirigir uma

das mais aclamadas trilogias da história do cinema, The Godfather.

É pai da também cineasta Sofia Coppola, avô da também

cineasta Gia Coppola e tio do actor Nicolas Cage. Já foi indicado

14 vezes ao Oscar e venceu por 5 vezes.

Nascido em Detroit, numa família ítalo-americana, Coppola

cresceu no bairro de Queens em Nova Iorque, para onde a família

se mudou após o seu nascimento. O pai, Carmine Coppola,

era músico e compositor (uma canção sua surge em Tucker: Um

Homem e o Seu Sonho, 1988) e a mãe actriz. Quando tinha nove

anos contraiu poliomielite. Coppola estudou cinema na UCLA e

enquanto por lá fez inúmeros pequenos filmes. Nos fins da década

de 60, começou a sua carreira profissional realizando filmes

de baixo orçamento com Roger Corman e escrevendo roteiros.

Logo a seguir à realização do seu primeiro filme “You’re a Big Boy

Now”, foi oferecida a Coppola a direcção da versão para cinema

do musical da Broadway, “Finian’s Rainbow”, protagonizado

por Petula Clark, no que era o seu primeiro filme nos Estados

Unidos, e pelo veterano Fred Astaire. O produtor Jack Warner,

mal impressionado com o aspecto hippie de Coppola, deixou-o

entregue a si mesmo. Coppola pegou no elenco e foi para Napa

Valley rodar os exteriores, mas as diferenças entre estas filmagens

e as gravadas em estúdio eram enormes, o que resultou num

filme pouco homogéneo. Sendo feito com material obsoleto,

o sucesso não foi grande, mas sem dúvida o seu trabalho com

Petula Clark contribuiu para a sua nomeação para o Globos de

Ouro como melhor actriz. Em 1971 Coppola ganhou um Oscar

pelo seu argumento em “Patton”. No entanto foi em 1972 que

Coppola conseguiu ser reconhecido mundialmente por dirigir

um dos clássicos mais aclamados do cinema “O Padrinho”, Coppola

adaptou do livro homónimo escrito por Mario Puzo. O

filme venceu o Oscar de melhor filme e Coppola foi indicado a

melhor director e venceu junto com Puzo na categoria de melhor

argumento adaptado. Em 1974 Coppola deu sequência a The

Godfather com The Godfather: Part II que se tornaria a primeira

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sequência a ganhar o Oscar de melhor filme, The Godfather: Part

II venceu em outras cinco categorias, incluindo melhor director e

melhor argumento adaptado para Coppola. Durante este período

escreveu o argumento para “The Great Gatsby”, estrelado por

Mia Farrow e Robert Redford, que foi um desastre completo em

nível comercial e da crítica, e produziu o segundo (o primeiro foi

“THX 1138”) filme de George Lucas, “American Graffiti”.

Após o sucesso dos dois The Godfather, Coppola dedicou-se a

um projecto ambicioso, Apocalypse Now, baseado em Heart of

Darkness de Joseph Conrad. A realização do filme foi marcada

por inúmeros problemas, desde tufões, e abuso de drogas, até

ao ataque de coração de Martin Sheen e à aparência inchada

de Marlon Brando, que Coppola tentou esconder, filmando-o

na sombra. O filme foi adiado tantas vezes, que chegou a ser

alcunhado de “Apocalypse Whenever”. Quando finalmente estreou,

o filme foi amado e odiado pela crítica e os seus elevados

custos quase levaram ao colapso da American Zoetrope, o estúdio

recém criado de Coppola. No documentário de 1991, Hearts of

Darkness: A Filmmaker’s Apocalypse, dirigido pela esposa de

Coppola, Eleanor Coppola, Fax Bahr e George Hickenlooper relatam

as dificuldades que a equipa passou e mostra cenas dessas

dificuldades filmadas por Eleanor. Apesar dos contratempos e

problemas de saúde que Coppola sofreu durante a filmagem de

Apocalypse, continuou com os seus projectos. Em 1981 apresentou

a restauração do filme de 1927 “Napoléon”, editado nos

Estados Unidos pela Zoetrope. No entanto, somente em 1982

é que Francis voltou à realização, com o filme -”One From the

Heart”, que foi um fracasso enorme, tendo no entanto criado um

certo culto à sua volta anos depois. Esse filme deixou uma dívida

de 30 milhões de dólares. Isso, somado à falência do seu estúdio,

o American Zoetrope, fez com que o director entrasse num

período conturbado, em que teve que aceitar dirigir e associar o

seu nome a diversos trabalhos encomendados, que normalmente

não lhe despertariam interesse. Em 1986, Coppola e George Lucas

dirigiram o filme “Captain Eo”, com Michael Jackson, para os

parques temáticos da Disney, que até à altura tinha sido o filme

mais caro por minuto já feito. Em 1990 completou a série dos

“Godfather” com The Godfather: Part III que, apesar de não ter

sido tão aclamado pela crítica como os anteriores, foi um grande

sucesso de bilheteira e indicado a sete Oscares, incluindo Melhor

Director e Melhor Filme.

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A redacção da CUT, pelo estimo que tem aos seus leitores, conseguiu,

sabe-se lá como, uma entrevista exclusiva com Francis

Coppola. Fomos até ao bairro onde vive e fizemos-lhe umas

perguntas em relação à sua perspectiva do cinema hoje em dia

e da sua relação com o mesmo. Aqui fica:

Sr.Coppola, disse uma vez que é muito complicado ser um

artista se for rico. Ainda pensa da mesma maneira?

Hoje em dia, penso que é bom ser rico porque não vais ganhar

dinheiro a fazer filmes pessoais. (Risos) Ninguém os vai ver. Se

queres ganha dinheiro na indústria do cinema, tens que fazer

o tipo de filmes que a maioria da audiência quer ver, um filme

que seja como outros que já viram. É por isso que fazem tantas

sequelas. Para eles criarem apenas um filme, é um risco, e eles

não gostam de riscos. Nenhum negócio gosta.

Não é difícil lutar contra esta tendência?

É difícil quando pedes à audiência que embarque numa viagem

diferente daquela que já conhece. Posto isto, a indústria também

não quer financiar todo o filme que tente ser diferente. Querem

ser com a Coca-Cola. Experimentas e é Coca-Cola,gostas, e aí

eles fazem-no mais uma e outra vez e assim conseguem ganhar

dinheiro.

Qual a razão para este desinteresse pela arte?

Aconteceu há algum tempo atrás. Quando o cinema moderno

e o storytelling se tornaram realmente sofisticados na era dos

filmes mudos em Berlim, os alemães estavam a aprender como

aprender a contar uma história com imagens, mas surgiu o som

entretanto e os filmes tornaram-se peças. Murnau disse uma

vez que o som era inevitável mas que apareceu demasiado cedo

porque estávamos realmente a aprender a fazer cinema. Morreu

jovem mas fez muitos filmes lindos.

Qual a sua definição de sucesso, tendo em conta que já não

olha para o aspecto comercial da indústria cinematográfica?

Quando fazes jantar para dez pessoas, depois de comerem queres

que te digam “Oh, que jantar agradável.” e não “Odiei o jantar,

estava horrível.” Mas na indústria do cinema podes trabalhar durante

um ano e dizerem “Isso é estúpido, uma confusão, horrível.”

Ficarias destroçado se reagissem assim ao teu jantar. Então tu

queres que as pessoas desfrutem do jantar e que te sintas bem

contigo mesmo por teres conseguido fazê-lo, mas o sucesso é

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bastante ilusório e depende de quem o está a interpretar. O

dinheiro é, claro, tangível e é por isso que toda a gente o quer.

Eu tenho a sorte de ter ganho muito dinheiro.

Suficiente para se manter calmo se um dos seus trabalhos fracassar

nas bilheteiras?

Disse uma vez à minha mulher: “Temos tanto vinho que podíamos

beber dia e noite e mesmo assim quando morrermos ainda vai

haver suficiente para mais cem anos.” E o dinheiro é mais ou menos

como isso. Provavelmente conseguiria fazer um filme a cada

ano e meio e fracassar. Podia fazer isso durante algum tempo.

Alguma hipótese de que um cheque recheado o convença a

fazer um filme que não gosta?

Eu tenho que fazer filmes porque os adoro. É tanto trabalho. Tens

que gostar mais do filme do que apenas “Oh, estou a fazer uma

história sobre alguma coisa” E mesmo que o faças por dinheiro,

tens que encontrar algo significativo. É como uma prostituta -

tem que dormir com o tipo, então ela diz “Bem, ele tem um bom

cabelo, é muito gentil e tem uma voz linda.” Encontras algo

interessante no que estás a fazer.

O que lhe interessa?

Quero aprender algo. Esse é o verdadeiro prazer, quando percebes

uma ideia ou respondes a uma pergunta. Quando era criança,

achava que podia ter as respostas para todas as perguntas. Eu

pensava que conseguia saber quem Deus é e que ele me responderia

porque me tinha feito. Pensas que vais ter essas respostas,

mas não as tens. (Risos)

Para terminar, diria que é menos motivado hoje que há trinta

anos atrás?

Estou menos ansioso por ter uma carreira de sucesso. Houveram

alturas em que estava ansioso porque tinha filhos pequenos,

tinha que os suportar e estava preocupado. Mesmo no passado,

as pessoas diziam “Tu fazes filmes de sucesso!” Mas os meus

filmes nunca foram bem sucedidos. “Apocalypse Now” foi uma

grande preocupação e demorou muito tempo. Até “O Padrinho”

teve uma avaliação terrível pela “Variety” que me incomodou e

assustou muito. Os meus filmes amadureceram com o tempo,

dez anos depois as pessoas disseram coisas melhores sobre eles.

Obrigado Sr.Coppola, foi um prazer.

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