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Nome da Faculdade
Os músicos de Bremen
(Adaptação)
Nome do curso
Págima de créditos da Turma
Era
uma vez um garoto que nasceu e foi criado em uma fazenda
na divisa entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais.Um menino
tranquilo que era chamado de Bento por sua mãe. Todos
os dias eles trabalhavam duro, e pacientemente ela esperava ele levar o
carrinho de mão até o galpão, ia e voltava desde o amanhecer até o cair
da noite, mesmo tendo uma pequena deficiência física, a mãe via Bento
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capaz, ela respeitava seus limites, e ele ajudava sua mãe. Até que ela já
muito debilitada, não aguentou o trabalho pesado e morreu.
Certa tarde, Bento ouviu o fazendeiro dizer à esposa:
— Esse garoto já está crescendo, é aleijado, vai precisar estudar na cidade
e não vai ser mais útil na roça, acho melhor entregá-lo para família do Tião,
lá a fazenda é menor. Podemos até negociar, quem sabe não ganharemos
algum dinheiro? Ele é trabalhador só que muito lento! o dinheiro do negócio
pode até não ser muito por ele ser doente, mas não custa nada tentar né?
Bento ouviu atrás da porta e ficou muito triste. Nesse momento, resolveu
fugir para o centro do Rio. Lá, tentaria de algum jeito ganhar dinheiro e realizar
seu sonho de ser cantor. Anoiteceu, os donos dormiram e Bento fugiu.
Bento já tinha andado bastante pela estrada de terra, quando encontrou
Caio cansado e ofegante.
— Puxa, você deve ter corrido muito para estar assim, sem fôlego — disse Bento.
— Fugi, pois escutei meus tios dizerem que iriam me levar para viver com
outros parentes porque estou dando muito trabalho — informou Caio.
— Não me fale mais nada! Comigo aconteceu algo parecido. É por isso que
estou indo para o centro do Rio, lá serei músico! Você não quer vir comigo?
Caio muito triste sentou um pouco e desabafou chorando: – meu pai era
policial e num conflito, levou um tiro e morreu! Não cheguei a conhecer
minha mãe e agora não quero sofrer tudo de novo! Eu vou com vc, lá pra
onde você tá indo devem aceitar dois garotos cantores né?
Como assim? – Perguntou Bento.
Ué? Eu canto também, só não fiz sucesso ainda porque ninguém me ouviu
cantar! Eles riram e seguiram à caminho do Centro. Passaram por momentos
difíceis como o medo e o futuro incerto. Com fome, Caio conseguiu
subir num pé de árvore e trouxe algumas frutas pra ele e pro seu amigo.
E ali surgiu uma grande amizade.
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Bento viu que podia contar com a lealdade de Caio que também tinha um
coração generoso e Caio sabia que nos momentos de aflição a tranquilidade
e confiança de Bento iriam lhe ajudar!
Mais adiante, encontraram um garoto desanimado, cantarolando baixinho
e triste. Tentaram ouvir o que ele falava mas não entenderam. Receoso o
garoto muito esperto, tentou se esquivar dos estranhos. Com jeito Bento
o acalmou e começaram a conversar. Descobriram que ele havia fugido
do seu País, e era um refugiado. Em casa, sua madrasta o maltratava
pelo fato dele não estar mais trazendo o dinheiro das balas vendidas no
sinal de trânsito para sustentar os vícios dela. Guido juntou-se a eles e
seguiram na direção do Centro do Rio. No caminho, os três cantavam para
espantar o sono e a fome.
Andaram um pouco mais e se depararam com Guilherme sobre a porteira
de uma chácara se balançando e cantando com toda a força que tinha.
— Garoto, por que canta com tanta força?
— Não interessa! Respondeu com arrogância.
Você não quer a nossa ajuda? Não! – Respondeu Guilherme.
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Tem certeza? – Perguntou Bento.
Não!!! Já disse que não!!!
Guido vendo a cena disse: – Que garoto teimoso! Não vê que só queremos
ajudar?! Todos pareciam ir embora quando Guilherme caiu no choro:
–Estou fugindo dos bandidos que destruíram minha família, roubaram a
mercearia dos meus pais e agora querem me matar porque eu vi tudo. Por
isso, canto enquanto posso, bem alto para esquecer a cena que assisti.
Tô com medo de acabar como meus pais!
–Todos se sentaram e fizeram silêncio. Cada um ali carregava no peito
uma tristeza causada por desprezo, violência, humilhação entendiam o
que Guilherme estava sentindo.
De repente :
— Vamos para o centro do Rio? Uma voz tão maneira como a sua com
certeza vai arrebentar. Exclamou Bento! Estamos indo pra lá em busca
de sucesso e muito dinheiro! Quer ir com a gente? Guilherme depois que
percebeu a intenção dos novos amigos, aceitou a proposta do grupo e
seguiu com eles.Andaram por muito tempo. Finalmente conseguiram
chegar até a Central do Brasil. Pararam para descansar pois já era bem
tarde da noite. Nem os trens funcionavam mais. Resolveram descansar
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um pouco e começaram a se distrair imitando, rindo, batucando, cantando
alto, cada um no seu estilo. Durante a madrugada, avistaram de longe um
barraco com uma claridade. Como estavam cansados, resolveram ir até
lá para descansar e continuar a andar no dia seguinte. Quando chegaram
perto do local, Bento, que era o mais alto, olhou e percebeu que aquele
barraco era um ponto de drogas e encontro dos garotos de rua da região.
—O que você está vendo lá dentro? — perguntou Caio mostrando ansiedade.
—Vejo alguns caras comendo e conversando.
—Como eu gostaria de estar lá dentro e comer também — suspirou Guido.
Bento teve uma ideia. Partiu para ver mais de perto, e com o barulho que
fizeram os garotos se assustaram e correram, outros viram que foram eles
e correu atrás. Bento socorreu Caio que se machucou e o colocou em suas
costas. Depois, pediu ao Guido que corresse o mais rápido que pudesse
com o Guilherme. Todos juntos começaram a gritar e a pedirem socorro!
Bento gritava, Caio falava alto, Guido e Guilherme berravam em alta voz.
Em seguida, Bento caiu numa ribanceira. Ao ver aquele amontoado de
crianças gritando e chorando, os garotos de rua imaginaram que a polícia
estivesse vindo e fugiram apavorados. Depois do susto, os quatro resolveram
entrar no barraco abandonado que encontraram e foram dormir,
exceto Guilherme que apavorado com a cena, ficou a noite em claro.
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pedaço de pau. Com muito medo, o garoto tentou alcançar a porta para
sair, mas, no meio da escuridão, Caio mordeu sua perna e o Bento acertou
com vários chutes, enquanto Guilherme não parava de gritar, assustando
o menino de rua.
O garoto correu até perder o fôlego e ao encontrar o grupo foi logo gritando:
—Estamos perdidos, deu ruim! Nosso barraco foi invadido. Meu rosto
foi arranhado, outro mordeu minha perna com dentes que cortou e levei
muitos chutes... tudo isso ao mesmo tempo... E ainda havia uns choros
Enquanto isso, os garotos de rua tremiam de frio escondidos no morro
próximo dali. Quando olharam para o barraco e viram tudo escuro, acreditaram
que não havia mais ninguém por lá. Tiraram a sorte e escolheram
o mais novo para averiguar se o perigo havia acabado.
Ao ver alguém se aproximando, Guilherme avisou aos amigos e estes acordaram.
O garoto que era pequeno entrou pela janela e tropeçou em algo
no escuro. Era Guido que com os olhos cheios d’água estava apavorado.
Quando o cara chegou mais perto, Guido arranhou o rosto dele com um
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e gritos. Não volto mais naquele barraco. Estou todo machucado. Os
meninos ficaram desesperados e perguntaram:
–Por que você não fez alguma coisa?
–Era muita gente no escuro gritando eu só iria gastar munição, preferir
não chamar atenção da polícia e me mandei. Acreditavam que era impossível
voltar ao barraco e recuperar o dinheiro e as drogas que haviam
escondido lá. Imaginavam que o local agora era ocupado por outra facção.
Para eles, melhor era sumir daquele lugar, e foi o que fizeram. Pois perder
a droga é morte na certa! Partiram naquela mesma noite e nunca mais
ninguém os viu.
Bento, Caio, Guido e Guilherme sentiam-se tão bem-instalados naquele
barraco abandonado que decidiram ficar por lá mesmo, desistindo de seguir
até ao Centro do Rio. Com o movimento estranho de quatro crianças
no barraco, a vizinhança chamou a Assistente Social da comunidade que
ajudava no morro. Em pouco tempo, ela procurou saber quem eram e quais
suas histórias, as crianças foram encaminhadas para uma instituição de
amparo ao menor.
Lá eles tiveram que se separar para averiguações mas juntos, passaram a
participar das atividades culturais do projeto, foram entregues para adoção
já que ninguém das famílias quis ficar com eles. Começaram a descobrir
seus talentos e seu amor pela música e voltaram a estudar.
Certo dia um professor de música casado com uma assistente social
que faziam parte de uma ONG que ajudava na manutenção da instituição,
resolveu se aproximar deles para ouvir o que cada um tinha para contar,
todos com história de vida sofrida mas com um sonho em comum.
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O tempo foi passando, as visitas eram mais frequentes, laços foram tomando
forma, amizade, respeito, carinho e muito companheirismo entre
os meninos, que foram chamando a atenção do casal que passou a quer
que ficassem para sempre juntos, e eles resolveram adotá-los. No dia
em que o juiz deu como encerrada a adoção, foi emocionante ver tantos
braços se envolvendo, tantas lágrimas e sorrisos, eles entenderam que a
vida deu a eles uma nova chance e a maior riqueza que poderiam encontrar,
uma nova família.
O tempo passou e o sonho de cantar também, porquê entenderam que a
música foi só um meio de uni-los. Juntos cresceram aprenderam a tocar
instrumentos e a cantar de verdade. Continuaram com os projetos sociais
através da música. E com dignidade e companheirismo entre eles seguiram
administrando a ONG, ajudando e resgatando crianças em situações de
perigo, tirando das drogas e dando um futuro digno.
Fim
Os musicos
de Bremen