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n.º 22 | bimestral
fevereiro 2020
_sumário
Diretora: Isabel Manique
Editores: Rita Simões
Diretora de Arte: Rita Dias
Redação: Paula Mouta,
Angelina Sales, Natalia Elnaga,
Katarina Fortunato, Henda
Claro, Estefânia Farias, Sherly
Freitas, Aldemira Rafael
Projeto gráfico
e paginação: Rita Dias
Colaboraram nesta edição:
Mayra Silva (Maquilhadora)
e Thiago Teotonio (fotógrafo)
Departamento Comercial:
Mauro Leandro
Impressão: online
03 Editorial
08 Dossier Viver
Coronovírus
18 Cidadania
20 75 anos de libertação
de Auschwitz
26 Grande entrevista
com Benazir Djoco
34 Projeto Afrolink
38 Pelo Mundo – Israel
48 Beleza “cabelos ao vento”
50 Desporto – Faia
54 ExpoDubai 2020
_editorial
Ser mulher nunca foi fácil. Deixar a
mulher falar mais difícil ainda.
Quando pensei neste projeto,
carregava comigo, e na primeira
pessoa, a mulher que a vida
ensinou a superar-se.
Herdei erros e aprendizados que
me pesavam a alma, pois os havia
saltado com o que Deus me tinha
dado de melhor - “a minha vida”.
Escolhas que me tinham levado a
caminhos tortuosos, como se de
uma bússola avariada se tratasse.
Medos, angústias, incertezas que
de tempos a tempo afogavam-me a
razão.
Antes mesmo que o século XXI
e as suas mudanças se fizessem
sentir, dei por mim numa realidade
inegável. De facto, eu era mais uma
empreendedora, mais uma que
sentia a necessidade e importância
de impactar vidas, mais uma
que queria dar a conhecer
a força desta mulher, em
particular da africana. Mais
uma cujo sonho era dar a
conhecer ao Mundo que
somos MULHERES, do
quanto somos capazes,
do quanto já fizemos,
fazemos e vamos
fazer.
Ceo Fundadora
Isabel Flores
_colaborações
especiais
Nome: Paula Mouta
Naturalidade: Lobito
Profissão: Nutrigenética,
nutrição oncológica
Nome: Henda Claro
Naturalidade: Namibe
Profissão: Psicóloga
e consultora de negócios
Nome: Angelina Sales
Naturalidade: Lobito
Profissão: Nutricionista
mulher africana 2 fevereiro 2020
mulher africana 3 fevereiro 2020
_curtas
_agenda
O que não nos mata,
nos torna mais fortes!
Que o mundo anda de candeias às avessas, já todos demos conta.
Os temas quentes giram em torno de um vírus que ainda não
se sabe de onde vem, que há até quem diga que apareceu para
desviar o assunto “Isabel dos Santos”, e que este só serviu para
abafar este e outros casos. Temas como o racismo, a xenofobia
e as mortes de dois estudantes voltaram a incendiar as relações
de amor/ódio que sempre existiram e continuarão a existir
entre Angola e Portugal. E o povo espicaça mais, utilizando as
redes sociais para dar resposta a agressões e ameaças. “Nunca
se deram mal, nem sei porque agora se querem dar bem!” E
quem fica de fora a assistir às duras trocas de mimos, percebe
que somos marionetas nas mãos de gigantes de cordas esticadas.
Somos o sumo espremido de todas as laranjas que eles e “ela”
têm nas suas cestas sem fundo. E não fiquem com gaguez
repentina… porque a Joacine Katar Moreira também é gaga e
tem tido problemas lá na Assembleia, só porque propôs entregar
“o quê ao seu dono”. Tudo isto é triste, mas imaginem vocês que
temos um mundo de coisas bonitas, arte, música, livros, pratos
pela frente e de sol, que quando brilha, é para todos! Aproveitem
a luz, nem que seja ao fundo do túnel. E no fim das contas… o
Óscar foi para o filme “parasitas”.
Nada Abdul Maksoud
A comunidade internacional continua a mostrar-se chocada com as
práticas culturais africanas de mutilação genital feminina. Desta vez a
vítima foi uma menina de 12 anos, cujos próprios familiares levaram ao
médico para proceder ao corte genital, de modo a manter a tradição
de impedir as mulheres de ter prazer sexual. Este procedimento é,
habitualmente, realizado sem anestesia e, com fraca assistência médica,
o que resulta, muitas vezes em fatalidade para quem é vítima desta
prática, dita cultural. Apesar de estar proibida, a mutilação genital
continua a acontecer e, só no Egipto, 9 em 10 mulheres, morrem à luz
de uma tradição difícil de travar. In Jornal Sol (06/2/2020)
É mais um furacão
a saltar para a
ribalta da música
africana. Soraia
Ramos apresenta
o álbum de
estreia “Cocktail”,
Capitólio, em
Lisboa, no próximo
dia 4 de abril. Entre
outros temas já
conhecidos, a
cantora portuguesa
de origem caboverdiana
quer
deixar a sua marca
com os seus hits
de maior sucesso
“I Love You Too”,
“Bai” e “Agora
Penso Por Mim”
que fazem parte
do álbum que
agora apresenta.O
concerto começa
às 21h30 e o
bilhete custa 18€.
A produção é do
Grupo Chiado.
Com a chegada
de mais um Dia
Internacional
da Mulher,
damos ao nosso
mês de Março
um calendário
exclusivamente
feminino
8 de Março
A Lisboa
no feminino
Que heranças femininas
ajudam a contar a história da
capital portuguesa? O próximo
dia 8 de Março reserva-nos
várias respostas, inseridas
num passeio temático no qual
as vidas de personalidades
ilustres, como Dona Maria II
ou Dona Luísa de Gusmão, se
entrelaçam com os percursos
de mulheres e mães sufragistas,
e de figuras populares como
a fadista Severa ou as Manas
Perliquitetes.
Para conhecer das 10 às 13h,
por preços que variam entre
os 5 (até 12 anos) e os 12 euros
(adultos), e mediante inscrição
através do email geral@
timetravellers.pt
9 de Março
O futuro
é feminino?
A Rede Conexão Mulher
realiza, entre as 18h30 e as
21h30, em Lisboa, um debate
sobre a intervenção feminina
na sociedade, com preços
entre os 12 e os 15 euros. O
evento assinala não apenas o
Dia Internacional da Mulher,
mas os dois anos da Rede,
apresentada como uma aliança
de empreendedorismo social.
12 de Março
Conferência:
“A erradicação da
violência contra as
mulheres: Políticas
públicas e desafios para
o futuro”
A espanhola Blanca
Hernández Olivier, especialista
em violência de género, vai
dar uma conferência no
Instituto de Ciências Sociais
de Lisboa (sala 2), intitulada
“A erradicação da violência
contra as mulheres: Políticas
públicas e desafios para o
futuro”.
A oradora traz na bagagem
a experiência de Espanha,
país que é visto como uma
referência em termos da
moldura penal aplicada para
combater a violência contra as
mulheres.
17 de Março
As feministas
odeiam
os homens?
Esta e outras questões que
habitualmente acompanham
as conversas sobre o feminismo
vão estar em debate no Com
Calma - Espaço Cultural
(Benfica), a partir das 21h30.
A discussão enquadra-se na
iniciativa CONVERSAS
#nuncamais, promovida
pela Academia Cidadã para
derrubar estereótipos. No
caso do femininismo, para
além do clássico “ódio aos
homens”, sobressaem outras
distorções. Nomeadamente:
“Feminismo é o contrário
de machismo. As feministas
andam de tronco nu e nunca
se depilam. As feministas
odeiam crianças e não querem
ter família. As feministas são
mulheres mal amadas, que
nunca conseguiram conquistar
um homem. As feministas são
lésbicas”. Desconstruamos!
29 de Março
Corrida
sempre
Mulher
A Praça dos Restauradores,
em Lisboa, acolhe mais uma
edição da “Corrida sempre
Mulher”. A iniciativa, com
início às 10h30, inclui um
percurso de cinco quilómetros,
que pode ser realizado a
caminhar ou a correr. Os
preços da participação variam
entre os 12 e os 21 euros,
consoante a data de inscrição,
e o valor reverte para a
Associação Portuguesa de
Apoio à Mulher com Cancro
da Mama.
Para mais informações podem
contactar a organização via
info.corridasempremulher@
gmail.com
mulher africana 4 fevereiro 2020
mulher africana 5 fevereiro 2020
_dixit
vencedora do Óscar para
melhor Banda Sonora
original, Filme Joker. A
cerimónia dos Óscares 2020
trouxe muitas críticas à política
norte-americana, à união dos
povos e à salvação do Planeta.
Depois houve tempo para a
exaltação das mulheres e do seu
papel na sociedade.
Hildur Gudnadottir
Para as raparigas,
as mulheres, as mães,
as filhas que ouvem
a música a borbulhar
por dentro: por favor,
façam ouvir a vossa voz,
precisamos de vos ouvir
Francisca Van
Dunem
Ministra da Justiça, de
Portugal. A deputada do partido
Livre (que deixou de ser livre para
Joacine) levou ao Parlamento uma
proposta para devolver às excolónias,
todo o seu património
cultural. Não faltou a chuva de
críticas e também de advogados de
defesa…
Joacine foi convidada a ir
para a sua terra, como se
esta não fosse a terra da
deputada, que foi eleita
pelo povo português para
o parlamento deste país
Ana Dias
Lourenço
In Jornal de Angola (10/02/2020).
Foi na 24ª Assembleia Geral da
Organização das Primeiras-Damas
Africanas, que Ana Dias Lourenço,
demonstrou a sua preocupação
sobre a Igualdade do Género
e Empoderamento da Mulher:
o caminho para a África que
queremos.
Deve-se potenciar
o desenvolvimento
económico e social, a
difusão da inovação,
a criação de emprego
e a sustentabilidade
ambiental (...) a defesa
da igualdade de género
e empoderamento da
mulher (…)
Marisa Liz
Vocalista dos Amor Electro.
As cantoras portuguesas Áurea
e Marisa Liz decidiram separarse
dos respetivos companheiros
no mesmo dia, e as redes sociais
explodiram a encontrar respostas
para a coincidência…
A letra fala disso, de nós
expressarmos aquilo
que sentimos. Acho que
estamos a viver uma
época que parece mais
ditadora do que há 50
anos a nível sexual e
emocional. As pessoas
já não podem expressar
o que sentem, sem
toda a gente pensar
que têm uma relação
qualquer que ultrapassa
a amizade.
Joacine Katar
Moreira
Deputada, ex-partido Livre.
A polémica em torno de Joacine
continua… Uns dizem que a
deputada gaga, outros dizem que
finge muito bem…
Enquanto a minha
gaguez não desaparecer
na Assembleia, eu não
saio de lá também
mulher africana 7 fevereiro 2020
_viver
Rita Simões,
editora
Corona Virus
Coronavírus é a mais
recente ameaça mundial à
saúde pública. Pairam no ar
ainda muitas dúvidas quanto à
sua proveniência. Desde doença
transmitida pelos morcegos
(iguaria muito apreciada na
China), a um vírus produzido
num laboratório, já ouvimos
um pouco de tudo. Certo é
que se espalha em grande
escala e continua a matar
descontroladamente.
Macau Photo Agency/Unsplash
mulher africana 9 fevereiro 2020
_dossiê
É difícil falar em números,
quando os mesmos sobem
todos os dias, desde o
final do ano. Começou na
China, em 2019 e já infetou
perto de 80 mil pessoas, só
naquele país. O seu nome
comum é Coronavírus e
manifesta-se nos seres
humanos através de
problemas respiratórios,
febres, constipação e dores
generalizadas. As causas
reais da contaminação
ainda não estão totalmente
clarificadas, mas há fortes
suspeitas de que o vírus
tenha sido transmitidos
através de um animal.
Por Rita Simões
mulher africana
10 fevereiro 2020
mulher africana 11 fevereiro 2020
_dossiê
Ninguém está a salvo!
NOs Coronavírus
são uma família de vírus (Síndrome respiratória do Médio Oriente
MERS-CoV e Síndrome respiratória aguda grave SARS-CoV),
a que agora se junta o 2019-nCov. Este último tem um tempo de
transmissão muito mais rápido do que as anteriores. O período de
incubação é de 2 a 14 dias, e é facilmente confundido com uma
gripe normal.
Ninguém está a salvo. A propagação é rápida e circula descontroladamente
entre as pessoas, quer na China, quer um pouco por
todo o mundo. A cidade de Wuhan foi o epicentro da primeira
manifestação do vírus, mas vários países, além da China já registaram
as primeiras vítimas mortais.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta o mundo para
que se prepare para uma pandemia.
Sintomas, contágio
e prevenção
Aparentemente não passa de uma gripe. Provoca febre, tosse e insuficiência
respiratória aguda. Este cenário evolui para uma pneumonia,
insuficiência renal e diarreia. Podendo levar à morte.
Sem certezas, o Coronavírus pode propagar-se entre as pessoas,
a uma distância de 2 metros, e poderá manter-se vivo em
várias superfícies. O vírus mantém-se ativo ao encontrar um
hóspede, usando as suas células vivas para se reproduzir. Ao
invadir um hóspede, o vírus entra nas suas células e apodera-
-se do sistema de produção natural das mesmas para se multiplicar.
Este processo ainda pode dar origem, por erro, a outras
variantes do vírus.
O contágio pode evitar-se mantendo-se afastado de pessoas que
apresentam infeções respiratórias, tosse e espirros, proteger a boca
e o nariz enquanto se tosse ou espirra, lavar frequentemente as
mãos, evitar contacto desnecessário com animais selvagens ou de
quintas, cozinhar bem os alimentos (carne e ovos) e evitar viagens
para locais de contágio.
Viajar pode ser um
problema?
Não havendo certezas quanto à sua origem, nem, por enquanto,
uma vacina capaz de travar os seus avanços, o 2019-nCov tem
a capacidade de transmissão muito mais rápida do que era de esperar.
Apesar deste contexto, os cidadãos da China e não só continuam
a fazer a sua vida normal, procurando apenas de alguma
forma proteger-se do contágio. Viajar tem sido uma das principais
dores de cabeça para controlar a propagação do vírus, que se tem
transferido de cidade em cidade e de país em país.
A Organização Mundial da Saúde declarou que estamos perante
uma emergência internacional e que, em muitos casos, a
quarentena, pode reduzir os riscos de contágio. Perante um vírus
que pode vir a ser mais ameaçador do que a gripe A, o coronavírus
já entrou na Europa e Itália é um dos países que regista maior
número de vítimas mortais (até à data, oito). Os países mais afetados
pelo vírus Macau, Hong Kong, Tailândia, Japão, Coreia do
Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, França,
Alemanha, Austrália e Canadá.
Com serviços
de saúde destacados
nas fronteiras
e aeroportos,
o Ministério da Saúde
de Moçambique
previne-se para
potenciais casos
de coronavírus e
assegura que o rastreio
de cidadãos suspeitos
de contrair o vírus serão
mantidos em quarentena,
os 14 dias exigíveis, quer
para quem apresente
sintomas quer para quem
venha de zonas de risco.
2620
À data de fecho
da presente
edição, o número
oficial de vítimas
mortais, devido
ao Corona vírus,
já ultrapassava os
2000.
60 milhões
é o número de
pessoas que já
foram evacuadas
das cidades
chinesas que
se mantêm em
quarentena.
Números
80 mil
Infetados na China
e cerca de 1000 no
resto do mundo.
691
Número de
infetados, de várias
nacionalidades,
incluindo um
cidadão português,
no Cruzeiro
“Diamond
Princess”, atracado
no Japão. Já
perderam a vida,
três pessoas a
bordo.
mulher africana
12 fevereiro 2020
mulher africana 13 fevereiro 2020
_dossiê
Lutar contra o tempo
ou contra o regime?
A propagação do coronavírus tem vindo a crescer diariamente e,
como em outras circunstâncias, a necessidade de mascarar números
e estatísticas reais sobre o verdadeiro impacto desta epidemia
pode estar a contribuir para um significativo atraso na procura da
cura ou do controle da doença, quer na China, quer no resto do
mundo.
Já foram divulgadas várias informações, vídeos e mensagens
(não oficiais) de que o governo chinês tem “mascarado” estatísticas
para atenuar a gravidade da situação. O mesmo já teria acontecido
em 2002, com a gripe A.
A luta contra o tempo devia ser no sentido de encontrar uma
vacina para controlar, com a maior brevidade possível, o vírus.
Mas parece existir também uma dualidade de opiniões e informações
sobre o tema do momento. O desconhecimento de causa
pode ser mais um entrave para a população mundial e, para uma
propagação rápida, mas silenciosa.
Como reage África
ao Coronavírus?
O Egipto foi o primeiro país africano a confirmar um infetado com
o COVID-2019, ainda que não tenha registado qualquer morte.
E, conhecendo as grandes dificuldades sanitárias e de cuidados
de saúde que muitos países africanos apresentam, a questão que
se coloca é: estará África preparada para o Coronavírus? E a resposta
é vaga, sendo que, de uma maneira geral, nenhum país, no
mundo está preparado para um vírus de propagação fácil e rápida,
por causas desconhecidas, ainda fora do controle da comunidade
médica e científica.
Para reforçar o apoio nesta fase de propagação do CO-
VID-2019, os ministros da Saúde dos países que integram a Comunidade
Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO
- Benim, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia,
Gana, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal, Serra
Leoa, Togo e Guiné-Conacri) estão unidos numa estreita cooperação
para enfrentar as dificuldades que a evolução do vírus em
África possa trazer.
Ano do Rato
Começou a 25 de janeiro, o ano do Rato
(de metal), na China. Disse o horóscopo
chinês que 2020 seria um ano de
abundância, com novas oportunidades
à vista e bons projetos para concretizar,
com a economia mundial a crescer.
O Rato é o pri meiro do ciclo de doze
animais que completam a astrologia
chinesa e, contrariamente ao cenário
que a China enfrenta neste momento as
previsões seriam bem mais animadoras.
Por enquanto, o ano de prosperidade e
bons momentos está ensombrado pela
propagação, a um ritmo alucinante, do
coronavírus.
Cabo verde admite
fragilidades
O diretor nacional da saúde de Cabo Verde, admite que o país
não está preparado para o coronavírus. Nem sequer para a fase
de diagnóstico.
Artur Correia admite que as fragilidades de Cabo Verde,
quanto ao Coronavírus são imensas. O ministério da Saúde tem
acompanhado a evolução do vírus, na China e criou as condições
necessárias para que as amostras de potenciais casos possam ser
encaminhadas para o Instituto Pasteur, em Dakar, e para o Instituto
Ricardo Jorge, em Portugal.
Como os outros países, também Cabo Verde está em alerta máximo.
E, dentro do que for possível fazer. Em caso de dúvida ou
sintomas, a população pode recorrer ao número de emergência
médica, aos hospitais e centros de saúde ou à proteção Civil.
Angola também se previne
A grande afluência de chineses e angolanos que traçam rota entre
os dois países, levou Angola a definir estratégias para se prevenir
da epidemia que é o coronavírus.
O Ministério da Saúde angolano decretou o estado de quarentena
de 14 dias para todos os cidadãos com proveniência da China,
ou que tivessem estado em contato com quem chegou daquele
país. Vivem, neste momento, em Angola, mais de 50 mil chineses.
Todos os que viajarem ao seu país de origem e não só, ficarão
de quarentena e privados de receber visitas, uma vez que estará vedado
o acesso público das áreas de vigilância médica.
Nesta fase, será muito importante informar as autoridades médico-sanitárias
de possíveis casos ou sintomas semelhantes aos de
uma gripe. O que no caso de alguns países de África torna-se ainda
mais complicado, porque os mesmos sintomas também ser provenientes
da malária.
O MINSA acrescentou ainda que está em permanente contacto
com a comunidade angolana a viver na china e com os representantes
diplomáticos em território chinês.
Moçambique aposta no rastreio
Com serviços de saúde destacados nas fronteiras e aeroportos,
o Ministério da Saúde de Moçambique previne-se para potenciais
casos de coronavírus e assegura que o rastreio de cidadãos suspeitos
de contrair o vírus serão mantidos em quarentena, os 14 dias
exigíveis, quer para quem apresente sintomas quer para quem venha
de zonas de risco.
Já foram divulgadas
várias informações,
vídeos e mensagens
(não oficiais) de que
o governo chinês tem
“mascarado” estatísticas
para atenuar a gravidade
da situação. O mesmo
já teria acontecido em
2002, com a gripe A.
Estudantes africanos
na China
África, como outros continentes tem estudantes deslocados na China.
São cerca de 5.000, os estudantes africanos só na cidade chinesa de
Wuhan. Os receios de contágio vão crescendo à medida que o tempo
passa. O desejo de regresso aos países de origem começa a ser evidente.
No entanto, a grande questão prende-se com o regresso, de forma
controlada e sob quarentena, de todas as pessoas que abandonam o
território chinês. O contato com as embaixadas na China vai servindo
como ponte para esclarecimentos de dúvidas e eventuais pedidos de
regresso ao país de origem, de forma a que não deixem de ser cumpridas
as regras de controlo sanitário decretadas.
Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé
e Príncipe, Nigéria e Etiópia são alguns dos países de origem destes
estudantes que já vêm a sua vida condicionada pelas restrições
aplicadas como medidas de prevenção. O risco de contágio tem
aumentado muito rapidamente. A maioria destes estudantes têm
estado fechados em casa, e só saem, com máscara, para ir ao supermercado.
Apesar da vontade de regressar, o desejo de muitos estudantes
fica em “suspenso” porque, a realidade das condições de acesso
à saúde em África, também não inspiram a confiança necessária
para considerar que estão mais seguros.
São Tomé e Príncipe criou uma linha de comunicação diária
para manter contato com os seus estudantes, em território chinês.
Disponibilizando também uma verba para apoiar a sua comunidade
escolar, de forma a minimizar as suas dificuldades que já
atravessam, no momento.
O “caso” português
Adriano Maranhão é, até à presente data o único cidadão português
infetado com o coronavírus. Trabalha no navio de cruzeiro
Diamond Princess, atracado no Japão por ter a bordo centenas de
casos de cidadãos de várias nacionalidades portadores do vírus e
de alguns, que perderam a vida no local. Em contato com as autoridades
chinesas e japonesas, o português foi transferido para
um hospital no japão, após o agravamento do seu estado de saúde
e, dos constantes apelos da família e amigos, através das redes sociais.
Todos os outros casos suspeitos, em Portugal, deram resultado
negativo.
mulher africana 14 fevereiro 2020
mulher africana 15 fevereiro 2020
_opinião
Crie a realidade
que você deseja
Shírley
Freitas
Coach, Educadora
Financeira,
Palestrante e
Consultora
www.shirleyfreitas.
com.br
Linda mulher, eu quero te mostrar nestas linhas a importância de potencializar
com inteligência a realização de seus desejos, utilizando técnicas básicas sobre
o entendimento de como gerir todo dinheiro que passa pela sua mão, eu disse
todo o dinheiro e não importa quanto. Eu precisei fazer muitas mudanças em
mim e principalmente no meu entendimento sobre meus ganhos, foi quando eu percebi
que o meu salário acabava no mesmo dia em que eu recebia, e logo, advinha? Eu colocava
a culpa no valor que eu ganhava. Mas a minha grande descoberta foi descobrir que
não importava quanto eu recebia no fim do mês, mas sim como eu estava lidando com o
meu dinheiro. Isso foi libertador.
E é isso que quero compartilhar:
Não limite a realização do que você mais deseja por achar que o que você tem hoje
1 é pouco, quero que aprenda a valorizar o pouco e faça cálculo anual do pouco “que
acha que tem”, comece a pensar com abundância. O livro Os Segredos da Mente Milionária,
traz o seguinte ensinamento: O primeiro passo para qualquer mudança é a conscientização.
Dê o primeiro passo, e que seja agora, no momento que está lendo isso. Quero que
2 identifique um sonho, algo que deseja adquirir e vem adiando há meses. Agora responda
em silêncio, se deseja mesmo, porque está adiando tanto? Você sabe quanto custa?
E se estivesse guardando o mínimo todos estes meses para este sonho, quanto teria hoje?
Faça você, não espere que alguém vá fazer por você. Se o sonho é seu, se o dinheiro
3 é seu, de quem é a responsabilidade de cuidar dele? Muitas vezes deixamos os sonhos
nas mãos do outro, por medo, insegurança, por achar que não sabe fazer, por medo arriscar
ou de fracassar. E está tudo certo.
Bem vinda a realidade. A maioria das pessoas passam por estes momentos de questionamento.
Reflita sobre a sua vulnerabilidade e avance.
Se o sonho é seu,
se o dinheiro
é seu, de
quem é a
responsabilidade
de cuidar dele?
Muitas vezes
deixamos os
sonhos nas
mãos do outro,
por medo,
insegurança, por
achar que não
sabe fazer, por
medo arriscar
ou de fracassar
(…) Reflita
sobre a sua
vulnerabilidade
e avance.
Meu desejo é que comece, mas comece mesmo. Acredite, a partir destes passos, você já
pode ter clareza de como vem agindo com seu dinheiro. O dinheiro expande a partir do
momento em que você dá mais valor a ele, quando você passa a saber onde vai gastar
cada centavo e se está dentro de um planejamento.
Napoleon Hill, no livro Mais esperto que o Diabo diz que, só perde quem desiste.
Abra espaço para a prosperidade na sua vida. Ela está em você, nas suas ações e seus pensamentos.
Feliz vida abundante!
Mulheres que fazem acontecer
w w w . r e v i s t a m u l h e r a f r i c a n a . c o m
mulher africana 16 fevereiro 2020
_cidadania
É EDUCADORA E CHEFE TRIBAL DE UM DISTRITO
DO MALAWI PAÍS ONDE MAIS DE METADE DAS MULHERES CASA
ANTES DOS 18 ANOS.
THERESA KACHINDAMOTO
“Abolir os
casamentos
infantis forçados”
Theresa Kachindamoto é educadora e chefe tribal de um distrito do Malawi,
país onde mais de metade das mulheres casa antes dos 18 anos. Defender a
igualdade do género, abolir os casamentos infantis forçados e devolver milhares
de meninas à escola é a luta que Theresa vem desenvolvendo há mais de 30
anos. O seu lema é: “Se elas forem educadas podem ser o que quiserem”.
Mais de dois mil casamentos infantis forçados foram anulados só nos últimos 3 anos,
milhares de meninas voltaram à escola e no seu distrito foi instituída a maioridade de 18
anos para uniões civis. Uma batalha árdua e constante num país onde este assunto é tabu
e onde é comum ver meninas de 12 anos grávidas.
O problema do casamento infantil no Malawi não está relacionado só com aspectos
culturais. A causa principal é a pobreza extrema das famílias, com muitos filhos, que vêem
no casamento precoce das meninas uma oportunidade de diminuir as despesas e conseguir
mesmo algum lucro, sobretudo casando-as com homens mais velhos.
Theresa Kachindamoto, que já foi por várias vezes ameaçada de morte pela sua luta
em prol dos direitos das mulheres, mantém-se firme no propósito de implantar políticas
públicas capazes de transformar a vida das mulheres no Malawi.
A situação é mais grave do que se possa pensar. Segundo a UNICEF “a menos que os
progressos sejam acelerados, o fim do casamento infantil na África Ocidental e Central
levará mais de 100 anos, com consequências profundas para milhões de meninas e forte
impacto na prosperidade da região”.
teresa
18
mulher africana fevereiro 2020
mulher africana 19 fevereiro 2020
_nós na política
Promover a participação
das mulheres nos lugares
de
liderança
Por Natália Elnaga
“a desigualdade
de género continua
a ser um problema
fundamental
no mundo, em
debate, uma vez
que não pode haver
desenvolvimento
duma sociedade
sem a participação
de ambos os sexos:
masculino
e feminino”.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD), tem vindo a desenvolver actividades
e programas, com vista a incentivar a participação das
mulheres na política. Isso porque, dizem, “Quando a
diversidade na tomada de decisões não existe, é provável
que os interesses públicos sejam traduzidos em políticas
que representem apenas um grupo em detrimento
de outros, gerando desconfiança e distanciamento
do sistema democrático”.
O que se pretende é promover a participação política
das mulheres por meio de acções que lhes permitam
ocupar posições de liderança e representação
de modo a poderem influenciar o desenvolvimento da
sociedade.
Nos últimos anos, a luta pelos direitos das mulheres
vem progredindo em todo o mundo. Discutem-se
publicamente questões como maternidade, aborto, assédio
e carreira, conquistou-se o direito ao voto e o
direito das mulheres de serem eleitas, mas quanto à
representatividade das mulheres na política ainda estamos
muito longe do desejado.
A deputada angolana Serafina Pinto, numa dissertação
de Estudos sobre o Género, apresentada para a
obtenção do grau de mestre em Psicologia Social, refere
no seu texto introdutório que “desde os anais da
Humanidade que a mulher vem enfrentando problemas
difíceis, especificamente de âmbito discriminatório,
considerada como pessoa de pouco valor e que não
tinha voz onde houvesse homens. O seu lugar limitava-se
à cozinha, à lavra e à procriação, sendo os filhos
servidos como mão-de-obra barata para cuidar das lavras
e dos produtos agrícolas da família”. No entanto
– prossegue – “com o seu esforço e dedicação pelo trabalho
e formação académica, a mulher angolana foi
ganhando espaço, notabilizando-se em todas as esferas
da sociedade, emancipou-se e hoje luta para a sua plena
igualdade de direitos, apesar de ter ainda um longo
“Quando a
diversidade
na tomada de
decisões não
existe, é provável
que os interesses
públicos sejam
traduzidos em
políticas que
representem
apenas um grupo
em detrimento de
outros, gerando
desconfiança e
distanciamento
do sistema
democrático”.
caminho a percorrer”. Referindo-se à análise das Nações
Unidas, sobre os objectivos do milénio e ao comprometimento
dos países na aprovação da declaração
com 17 objectivos do desenvolvimento sustentável a
deputada diz que “a declaração estabelece claramente
a missão de cada Estado-membro, que consiste em
cumprir e proteger escrupulosamente “os direitos humanos,
a igualdade de género, bem como a promoção
do empoderamento das mulheres e meninas. Que reconheçam
a possibilidade e a capacidade de todas as
mulheres e meninas, compreendendo que elas gozem
de plena igualdade a par dos homens, removendo todas
as barreiras ao seu empoderamento nas sociedades,
por um lado e, por outro, recomenda igualmente
aos Estados-membro que reconheçam que a desigualdade
de género continua a ser um problema fundamental
no mundo, em debate, uma vez que não pode
haver desenvolvimento duma sociedade sem a participação
de ambos os sexos: masculino e feminino”.
Empresas
e cargos públicos
Dados apurados em 2017 pela ONU Mulheres, nos
193 países reconhecidos pelas Nações Unidas, apontam
que países como a Bulgária, França e Nicarágua
lideram o ranking de mulheres com cargos em ministérios
o que corresponde a uma taxa superior a 50 por
cento. O Ruanda, a Dinamarca e a África do Sul alcançaram,
respectivamente, a sétima, oitava e nona
posições na lista.
Recentemente, a revista Forbes Portugal revelou a
lista das 20 mulheres mais poderosas no mundo empresarial
português, mas a conclusão é que “as mulheres
continuam a ser uma minoria na liderança das
empresas”.
Educação é a chave
No mercado de trabalho, na rua, dentro de casa: as mulheres
ainda sofrem com restrições, violência e preconceito.
Para ajudar a mudar esse cenário, Angelina Jolie, actriz
e enviada especial da Agência para os Refugiados da
Organização das Nações Unidas, inaugurou na Escola de
Economia e Ciência Política de Londres o Centro para
Mulheres, Paz e Segurança. Uma escola que se propõe
formar profissionais que pensem sobre o empoderamento
da mulher. Com foco na educação, especialistas apontam
que o ambiente académico é uma das chaves para
trabalhar a emancipação feminina - desde a educação infantil,
até à universidade.
mulher africana 20 fevereiro 2020
mulher africana 21 fevereiro 2020
_efeméride
Os 75 anos de libertação
de
Auschwitz
Passe o tempo que passar, a História, e um dos mais marcantes e negros
períodos da vida do Homem ficará para sempre registada nos livros, nos
documentos e, acima de tudo na mente das pessoas. O fim de Auschwitz e
dos campos de concentração nazi terminaram há 75 anos.
Por Rita Simões
Não podemos nem devemos esquecer um dos marcos
mais negros da história da Humanidade – O Holocausto.
Quando a 1 de setembro de 1939, as forças armadas
alemãs, comandadas por Adolf Hitler, invadiram a Polónia,
ninguém imaginaria o que a seguir iria acontecer. A guerra durou
até Maio de 1945, mas as feridas, a dor e a revolta durarão para
sempre.
Assinalou-se em 2019, a passagem dos 75 anos da libertação de
Auschwitz, onde durante cerca de 6 anos, as Forças Armadas da
Alemanha mantiveram em cativeiro milhares de pessoas, sobretudo
judeus, vítimas do nazismo.
Desde 1996 que o dia 27 de janeiro se tornou a data que lembra
e homenageia todas as pessoas, torturadas e mortas nos campos
de concentração criados por Hitler. Dia Internacional da
Memória das Vítimas do Holocausto. A importância de relembrar
este dia, esta data e este período da história da Humanidade serve
para que cada um de nós imagine toda a dor ali sofrida e para que
todos os dias, cada um de nós se lembre de quão violento, agressivo
e opressor pode ser o Ser Humano, quando tem demasiado
poder depositado em si.
No capítulo em que
África fez parte da
história da Segunda
Guerra Mundial
Desconhecido por uma boa parte da população, ficou o capítulo
em que mais de um milhão de soldados africanos participaram
nos combates da II Guerra Mundial e deram o seu contributo
para pôr termo ao fascismo, na Europa. Poucos sobreviveram e,
tal como as memórias foram-se desvanecendo entre os parágrafos
dos livros.
Quando em 1939, os aliados (França e Grã-Bretanha) declararam
guerra à Alemanha, foram recrutados “à força” nas colónias,
meio milhão de soldados e operários africanos. Que não só combaterem
contra a Alemanha e Itália, em África, como também
contra os japoneses, na Ásia e no Pacífico.
E, segundo reza a história Hitler também tinha planos para
África, que incluíam criar um império colonial. Quando chegou
mulher africana 22 fevereiro 2020
mulher africana 23 fevereiro 2020
_efeméride
_psicologia
Merenda escolar
com fruta, campos
mais produtivos
Por Henda Claro
(…) cada um de nós se
lembre de quão violento,
agressivo e opressor
pode ser o Ser Humano,
quando tem demasiado
poder depositado em si.
ao poder, em 1933, a Alemanha já não tinha colónias. Estas tinham
sido divididas entre os vencedores da I Guerra Mundial,
Reino Unido, França e Bélgica. A África do Sul passou a governar
a Namíbia.
Muito embora, não fosse África o caminho para o seu domínio,
um ano depois de assumir o poder, Hitler criou o seu próprio departamento
de política colonial – o Kolonialpolitisches Amt com a
intenção de reaver as suas colónias de volta, de olho nos lucros que
podia fazer em África – Um mercado novo e rico em matérias-primas
e recursos naturais.
Com a resistência da União Soviética (1943), o recém-criado
departamento de política colonial alemão foi extinto e, dois anos
mais tarde, a Alemanha perdia a II Guerra Mundial.
Yolocaust – uma sátira
a quem um memorial de
guerra
Shahak Shapira é um artista, comediante, autor e músico, alemão
de origem israelita que decidiu criar um projeto onde questiona
o comportamento das pessoas que visitam o Memorial dos
Judeus mortos durante o Holocausto. Após uma longa pesquisa,
fez montagens em Photoshop, colocando as fotografias originais
de judeus mortos no campo de concentração de Auschwitz, como
se quem tirou selfies em cima de túmulos, e nas várias zonas de
possível visita desse mesmo memorial. As fotografias ficaram chocantes,
quase reais como se os turistas estivessem a espezinhar as
vítimas ou a partilhar espaços de tortura com as mesmas. O projeto
tornou-se um sucesso e as fotos virais. O seu único objetivo era
fazer as pessoas entenderem que os seus comportamentos não estavam
corretos.
E explica o projeto assim:
“Querida Internet,
na semana passada lancei um projeto chamado Yolocaust, que
explora a nossa cultura comemorativa de combinar selfies tiradas
no Memorial do Holocausto, em Berlim, com pegadas nos campos
de extermínio nazis. As selfies foram encontradas no Facebook,
Instagram, Tinder e Grindr e os comentários, hashtgas e
likes encontrados junto delas. A página foi visitada por mais de
2,5 milhões de pessoas. O mais incrível do projeto foi ter alcançado
as 12 pessoas cujas selfies foram publicadas. Quase todos compreenderam
a mensagem, pediram desculpa e comprometeram-se
a apagar as fotografias dos seus perfis do Facebook e Instagram.
Além disso, recebi um enorme retorno de vários pesquisadores sobre
o Holocausto, pessoas que já trabalharam no memorial, pessoas
que perderam familiares durante o Holocausto, professores
que querem usar o projeto em aulas, e pessoas más que mandaram
fotografias de amigos e familiares para eu adaptar ao Photoshop.
Podem ver o feedback que eu tive. Mas a resposta mais interessante,
veio de um jovem rapaz também fotografado com Photoshop,
na primeira foto deste projeto a saltar em cima de um túmulo de
judeus mortos. Mandou-me um email que penso ser uma boa forma
de acabar este projeto”:
“Eu sou o tipo que te inspirou a fazer o Yolocaust, pelo menos
li. Eu sou o que salta em… eu nem consigo escrever, fico doente
só de olhar. Não quis ofender ninguém. Agora, continuo a ver as
minhas palavras nos cabeçalhos e títulos. Eu vi que tipo de impacto
aquelas palavras têm e é de loucos e não era o que eu queria.
A fotografia foi para os meus amigos como uma piada. Eu estou
agora a deixar de fazer piadas online, piadas estupidas, piadas sarcásticas.
E eles entenderam. Se me conhecesse, também entenderias.
Mas quando é partilhado, e chega até estranhos que não têm
ideia de quem eu sou, eles apenas vêm alguém a desrespeitar alguma
coisa importante para outra pessoa ou para eles mesmos.
Essa não foi a minha intenção. E peço desculpa. Verdadeiramente.
Com isso na cabeça”
http://Yolocaust.de
Quantos de nós já não vimos ou não tiramos selfies em sítios
inusitados? Dá que pensar e fazer-nos não perder o respeito pelo
próximo.
E se utilizássemos a fruta que é produzida em Angola para
enriquecer a merenda escolar das nossas crianças?
Há anos que debatemos a questão da Merenda Escolar
Angolana. A mesma merenda que desapareceu, deixando
um rasto de gastos desnecessários, na sua implementação…
Se sucesso nem continuidade. Quanto a mim, um
crime tão punível como outro qualquer.
A Organização das Nações Unidas considera a merenda
escolar uma obrigação, porque faz parte do Plano de Luta
contra a Pobreza. E na Realidade, em muitos casos, a entrega
de uma merenda é a única motivação que muitos pais pobres
têm para incentivar os seus filhos a frequentar a escola.
Muitos países africanos são exemplo de que gastar dinheiro
a construir escolas somente não é suficiente para
as pessoas que vivem em extrema pobreza se motivarem
a estudar. E é por isso, que muitos milhões gastos em infraestruturas
acabam por ser em vão, sendo que algumas
escolas ficam fechadas e paulatinamente se vão degradando.
E com as escolas degradas, os resultados são os que já
por todos nós são conhecidos.
E se, no meio de tanta pobreza tomássemos a iniciativa
de comprar as produções dos agricultores nacionais, e utilizássemos
a fruta como merenda escolar? Com esta fruta
nutriríamos as crianças, alegraríamos as vidas deles e não
matávamos o agronegócio.
Seria um casamento perfeito. Temos de fazer com que
a merenda escolar entre novamente para o sistema académico
angolano, em todo o território Nacional. Não podemos
permitir que se repita a história dos anos 80, em
que as adolescentes angolanas trocavam favores sexuais
por uma peça de fruta.
Ninguém pode negar que a beleza de uma peça de
fruta para uma criança que não a pode alcançar, habitualmente,
se torna uma arma, que a qualquer momento
pode disparar a mente da mesma para a querer tocar.
Teremos nós noção de quantas crianças angolanas nunca
provaram uma peça de fruta, por ter um preço que não alcança
os bolsos dos seus progenitores? Imagino que muitos
vão discordar. Mas seria bom olhar para este lado com
alguma simpatia. Nós frequentamos lojas e sabemos que
há frutas caríssimas que não se pode nem pensar comprar,
como o pêssego, as ameixas, os morangos e as uvas. E isto
faz sim com que uma criança se prostitua ou dê o corpo
em troca. Há quem diga que se os prisioneiros têm as três
refeições diárias, porque não as terão as crianças?
Quanto custa uma merenda escolar paga a cada angolanito?
mulher africana 24 fevereiro 2020
mulher africana 25 fevereiro 2020
_entrevista
É a Guiné-Bissau representada no Brasil. Benazir Djoco junta
o útil ao agradável e, enquanto frequenta o seu Mestrado,
no Brasil, trabalha como voluntária em várias instituições e
representa a ONG, África no Coração, que auxilia imigrantes
africanos a adaptar-se à realidade brasileira. Modelo e ex-miss,
a guineense é a mais recente embaixadora da Revista Mulher
Africana, para a diversidade no ambiente de trabalho, pela
inclusão, tolerância e multiculturalidade
benazira
Fotos: Thiago Teotonio; Maquilahem: Mayra Silva, Instagram - may_mayrasilva
26
mulher africana fevereiro 2020
27
mulher africana fevereiro 2020
_entrevista
Nome: Benazira Djoco
Naturalidade: Guiné-Bissau
Profissão: Atriz, modelo, estudante
de mestrado, voluntária em algumas
instituições e embaixadora da ONG
Africa no Coração
U
“Um olhar sobre a África
que existe no Brasil”
Revista Mulher
Africana: Quem é a
Benazira Djoco?
Benazira Djoco: Sou natural da Guiné-Bissau, país situado na
costa ocidental da África. Benazira foi uma miúda que ainda préadolescente
saiu de casa (país natal), com zero experiência de vida
ou sequer ter a experiência de fazer uma viagem internacional.
Vim para o Brasil em busca de uma vida melhor tanto para mim
como para a minha família. No Brasil terminei o colegial e hoje
sou formada. Atriz e engajada com os projetos sociais. Trabalhei
como modelo e miss, e cheguei a representar o Estado da Paraíba
no concurso de Miss Mundo. Com grande bagagem cultural, hoje
sou estudante de mestrado, voluntária em algumas instituições e
embaixadora da ONG, Africa do Coração, que auxilia imigrantes
africanos na luta pelos Direitos Humanos e na adaptação ao Brasil.
Entre outras atividades, também fui um dos destaques do samba
enredo da escola que exaltava a força da mulher, no carnaval 2019.
E este ano de 2020 estarei no sambódromo do Anhembi para mais
um desfile de carnaval.
RMA Porque aceitou o convite da Revista Mulher
Africana para Embaixadora da Revista no Brasil, na área
da diversidade?
BD É sempre uma honra poder juntar forças para fazer o
bem principalmente no que diz respeito a dar mais espaço
para diferentes vozes. Ser a embaixadora da revista no Brasil,
principalmente na área da diversidade. A diversidade no ambiente
de trabalho é um fator que merece bastante atenção e que pode
gerar uma série de benefícios, entre os dois países. Isso significa
acolher os colaboradores nas suas diferenças e apoiar a inclusão e a
tolerância com as multiplicidades culturais. A política de respeito e
tolerância estimulam a capacidade de escuta e de busca de acordos
dos profissionais.
RMA Sabemos que dentro dos seus projetos, existe a
grande responsabilidade social, que dá lugar a apoio
às mulheres presidiárias, a valorização da mulher
empreendedora da favela, defesa do imigrante, luta
contra a fome, proteção à criança e violência contra a
mulher. O que a move para tantos projetos?
BD É necessário pensar na visão de um todo, no que interessa
causar impacto positivo à sua volta. Afinal, responsablidade social
visa o bem-estar de todos. E acaba movendo uma boa prática,
como por exemplo promover encontros para discutir estes assuntos
e, também criar a consciência, é fundamental para promover
estas e outras iniciativas. É positivo fazer um bem maior a estes
indivíduos e até mesmo doar algumas horas do nosso tempo para
promover uma vida melhor para os menos privilegiados.
RMA Que instituições e pessoas normalmente envolve
para a execução destes projetos, tem algum equipa
formada?
BD Eu trabalho com várias instituições, entre elas a Cruz
Vermelha, Credpaz, Fiesp, Acnor, Bompar, Virada Feminina,
LIBRA, Grupo Patricia Pena, entre outras. E trabalho também
com algumas pessoas, a quem carinhosamente chamo de anjos, o
sociólogo Miguel De Barros, pela colaboração no desenvolvimento
e discussão das minhas ideias e por sua atuação como facilitador
“O continente africano
é muito rico. Na Guiné-
Bissau há muita coisa
que se pode fazer junto
dos órgãos competentes.
O meu trabalho como
académica incidiu,
precisamente no
desenvolvimento de
estratégias de marketing,
para promover o meu
país de origem como
destino de turismo.
A Guiné-Bissau é um
destino turístico pouco
desenvolvido.
mulher africana 28 fevereiro 2020
mulher africana 29 fevereiro 2020
_entrevista
para a realização. A Rossana Perrotti, Marta Livia Suplicy e a
empresária e atriz Luiza Brunet, etc. Sobre a equipa de trabalho,
também trabalho com um grupo de voluntários e protocolos que
são um grande suporte.
RMA Qual tem sido o seu maior desafio?
BD Enquanto criança, enfrentei muitas barreiras e vários desafios.
Na minha adolescência, já num país diferente e distante (Brasil),
conheci o preconceito, xenofobia, o alto preço que se paga, com a
referência, os desafios, viver longe de casa, da família e dos amigos,
ter que dividir o pensamento entre o pesadelo da saudade e o
sonho de realização e naquele momento de solidão relacionada
a tudo na vida. Como “fuga” investi nos meus melhores amigos,
os livros. Neles aprendi a enfrentar todos os desafios. Aprendi que
para combater os desafios devemos usar como arma a “palavra”
e o “verbo”. Nenhum desafio é maior que o conhecimento. E isso
eu tenho em diversas áreas. O meu maior e único desafio é passar
isso para meus futuros filhos/as, amigos, colegas, etc. Hoje, quando
posso compro um livro e dou de presente, principalmente a um
estudante estrangeiro.
Como dizia Paulo Freire: “Educação não transforma o mundo.
Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo”.
Nesse momento é viver, porque tenho de lidar o tempo todo com
resistência e ser forte.
RMA O que a levaria ao sucesso ou a sentir-se realizada?
A si ou a qualquer mulher...
BD O sucesso, para mim tem a ver com continuidade. Se dou
continuação ao que fui, sinto-me realizada. E a continuidade está
em várias esferas. O filósofo sente-se feliz com o seu pensamento
registado em livros e na continuidade do seu pensamento
transmitido à Humanidade. Assim, também o pintor em suas
obras, o inventor na sua colaboração com a Ciência e o professor
quando vê aquela criança que foi sua aluna transformar-se em
um “doutor”. O meu sucesso como mulher está bem longe
dos diplomas que já conquistei. Está bem longe das prosas e
projetos que escrevi. O meu sucesso e realização pessoal estão
na continuidade do meu “eu” como Ser Humano, ou seja, está
nos meus futuros filhos, que darão continuidade ao que sou. Isso
é muito pessoal. Há casais ou pessoas, por exemplo, que tomam
a opção de não ter filhos. Preferem se dedicar a um animal de
estimação ou a uma causa nobre. O sucesso é ser feliz ao que você
se propõe. No meu caso está ligado à causa social e à minha família.
RMA A Benazira tem um leque de atividades sociais
realizadas e participadas por si, na luta contra a
violência, a mulher, na defesa dos imigrantes e na luta
contra discriminação dos moradores de favela. Esta
defesa, pressupõe a julgar pela ausência de políticas
inserção e melhorias?
BD Trata-se de uma tarefa muito difícil, mas não impossível. Esses
problemas estão obviamente associados de forma agravada entre
a enorme desigualdade de inserção no sistema, por exemplo criar
políticas públicas para melhor atender esta demanda. A maioria
dos políticos tem um hábito de pensar que para resolver estes
problemas é fazer o básico, sem instrução. O caráter claramente
utópico de muitas das nossas políticas, ao fato de não terem sido
associadas a uma política social, penso que precisa ser enfrentada
para construção de um sistema favorável de boa qualidade.
Falar de turismo na
Guiné-Bissau é falar do
arquipélago dos Bijagós,
o principal destino
procurado em todo o
território. As ações de
Marketing contribuirão
para o fomento do
turismo, além de outros
pontos importantes
para o planejamento
estratégico da Guiné-
Bissau como destino
para o desenvolvimento
da cultura e da
hospitalidade junto
da comunidade
internacional”.
RMA Um cidadão culturalmente bem-educado, poderá
dar num cidadão profissionalmente bem-sucedido?
BD Obviamente. A educação sempre foi considerada um bem em
si, pelas oportunidades que oferece de enriquecimento cultural.
E essa questão varia muito do ponto de vista de realidade de
cada indivíduo, porque ser bem-educado não significa que pode
ser um cidadão bem-sucedido profissionalmente, e vice-versa.
Neste contexto, entra os privilégios e os desafios que cada cidadão
encontrar, buscar sempre, aprender e acreditar em si, ser humilde
e ter determinação, ter a vontade de fazer, principalmente usar a
disciplina e ter equilíbrio na vida. Para sermos grandes e termos
sucesso temos de fazer escolhas. Gosto muito de olhar para trás e
ver as escolhas que fiz e as que abri mão, no lugar de outras. Sim, a
educação transforma, e a transformação traz o sucesso profissional.
RMA O que é para si o empoderamento feminino?
BD Empoderamento feminino é uma consequência do
movimento feminista criado para definir ações e iniciativas à
consciência coletiva, expressada por ações para fortalecer as
mulheres e desenvolver a equidade de género. Quando falamos
de empoderamento feminino, não estamos a falar somente de dar
espaço, na sociedade, às mulheres, mas também falamos de como é
importante encorajar desde criança a serem o que quiserem, a ter
autoestima em diversos aspectos de vida e a repassar esse suporte a
outras mulheres que possam precisar.
RMA As mulheres costumam ter relações deveras
difíceis entre elas e na valorização, implementação das
suas ideias a nível estatal. Como avalia esta situação e o
networking entre as mulheres, hoje?
BD A competição existe em qualquer área. Se a população de
mulher africana 30 fevereiro 2020
mulher africana 31 fevereiro 2020
_entrevista
mulheres no Brasil é maior do que a de homens e a oportunidade
de trabalho é o inverso para essa realidade isso é compreensível.
Na selva, o animal que se alimenta e vive mais é o que também
corre mais. Na selva de pedra das grandes metrópoles a única
forma de se quebrar essa corrente também é a Educação. Avalio
que a situação de network entre as mulheres atualmente, é igual às
demais categorias. Funciona por camadas. A categoria de mulheres
lésbicas nem sempre é apoiada pela “não lésbica”. A categoria
de mulheres feministas nem sempre recebe apoio da categoria das
mulheres liberais. Cada um se relaciona conforme o seu nicho,
infelizmente. Razão pela qual não se chega a um diagnóstico social
de 100%. Quem “sobe” nem sempre se lembra de quem deixou
pra trás, nas empresas. Ou seja, tudo é do “humano” de cada um.
RMA Nos seus próprios negócios, como costumam
funcionar estas redes?
BD Redes sociais são facilitadores de conexões sociais entre
pessoas, grupos ou organizações que compartilham dos mesmos
valores ou interesses.
RMA Inovação ainda é um termo muito distante do
quotidiano de milhões de pequenas empresárias. Como
é possível inovar sem recorrer a grandes parcerias? Que
recomendação deixa a essas pequenas empresárias?
BD ão as pequenas empresas que hoje dominam o mercado e
geram emprego. Hoje uma pequena empresa consegue dar um
atendimento mais humanizado que as grandes empresas não dão.
Pois, em grandes empresas somos só um número. A inovação pode
acontecer sempre. Possuímos uma ferramenta barata e de fácil
acesso que são as redes sociais. Então, precisamos aprender a usála
mais para ter inovação nas pequenas empresas.
RMA A mulher começa a empreender na idade em que
tem de se afirmar no seu relacionamento amoroso e
constituir a sua família. Em África, por exemplo, sabemos
ainda da existência em algumas culturas onde se pratica
o casamento de menores de idade. Que impacto sente
que isso tem para o desenvolvimento económico de
África?
BD É muito triste e lamentável pensar que ainda existe esta prática
de casamentos de menores de idade, o mais absurdo é aceitar
que gera impacto no desenvolvimento económico do continente
africano. Independentemente de ser ou não cultural, penso que,
e como tenho acompanhado pelas notícias de alguns países
africanos, a luta para acabar com esta práticas, implica ter leis
severas e lembrando que os Direitos das Crianças foi declarado e
aprovado pelas Nações Unidas no ano de 1959. Deve-se criar mais
pautas para discutir e conscientizar as pessoas que defendem esta
cultura, criar mecanismos que protejam ainda mais as crianças,
com base na Declaração Universal dos seus direitos, para garantir
o seu desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral e social. No
seu processo de desenvolvimento como Ser Humano.
RMA Sobre os rituais de puberdade da mulher africana,
acha que abala a auto-estima da mulher ou atrapalha o
sucesso no empreendedorismo?
BD Muitas mulheres africanas empreendedoras sabem que para
ter o sucesso em nossa jornada precisamos de muito empenho
e dedicação, e ainda desenvolver vários papéis. Também somos
cobradas e isso às vezes acaba por afetar a nossa auto-estima.
Acho que a purberdade da mulher africana, por mais que se inicie
ainda menina, não tem quase relevo nas sociedades matrilineares.
Por exemplo, em alguns países, acontece quando lhes aparece a
primeira menstruação ou antes e, noutros, depois de passar anos
ou mais. Falo sempre que no continente africano, as mulheres
já nascem com dupla jornada, cuidar da casa, dos interesses da
família, do seu próprio negócio e pela empresa onde trabalha, e
às vezes não temos tempo de cuidar de nós, da nossa aparência,
e é por este motivo que a maioria acaba sofrendo por baixa
autoestima. A nossa competência é questionada constantemente.
A dica que dou às mulheres é reservar um tempinho na semana
para se cuidarem melhor, ter essa consciência sempre de que, em
primeiro lugar temos de estar bem e só assim podemos passar isso
para as pessoas.
RMA Fale-nos sobre a sua mãe?
BD Me emociono sempre que falo da minha mãe, porque se sou
o que sou hoje é fruto dela. Paro para pensar em cada coisa que
aprendi através das suas ações. Vim de uma família muito humilde
e simples, mas com princípios. Ainda criança, a minha mãe
ensinou-me os quatros valores da vida, humildade, determinação,
garra e disciplina. Também me ensinou a ter equilíbrio emocional
e lembrar-me sempre de onde vim e olhar para onde pretendo
ir e chegar. Nunca esquecer da minha descendência e acreditar
em mim. É com muito orgulho que digo que sou filha de Fatima
Indjai Djoco, minha mãe, amiga, colega companheira, a dona do
meu sorriso mais lindo do mundo, rainha do meu reino, minha
fortaleza, meu luxo, conforto. Faltam-me palavras para descrever
o que sinto, gratidão pelos seus ensinamentos e conselhos mesmo
a longa distância. Amo-a todos os dias, por toda minha vida. É o
meu maior motivo para manter a cabeça erguida.
Enquanto criança,
enfrentei muitas
barreiras e vários
desafios. Na minha
adolescência, já num
país diferente e distante
(Brasil), conheci o
preconceito, xenofobia,
o alto preço que se paga,
com a referência, os
desafios, viver longe
de casa, da família e dos
amigos, ter que dividir
o pensamento entre o
pesadelo (..) e o sonho.
RMA Faz parte da agenda da VIRADA FEMININA, a
educação e reeducação dos meninos no que concerne
ao respeito pela mulher. Fale-nos sobre isso, o que é a
virada feminina?
BD A VIRADA FEMININA é o olhar e a voz do feminino sobre
os atuais desafios da Humanidade: educação, política, economia,
empreendedorismo, segurança, meio ambiente, cultura, saúde e
arte. Serão horas que se multiplicarão por anos, com ressonância
no setor privado, setor público, sociedade civil organizada e
cidadãos, com uma agenda de intenções intersetoriais e de
compromisso com o ODS 5 – Igualdade de género – AGENDA
2030/ONU – Organização das Nações Unidas/ODS Objetivos
do Desenvolvimento Sustentável.
RMA Qual é o propósito deste projeto?
BD Propondo a inclusão da Virada Feminina no Calendário de
Eventos da Cidade de São Paulo, o principal propósito é iniciar
um Movimento Nacional e Internacional de fortalecimento
e conexão de iniciativas de empoderamento feminino. Serão
horas de atividades e atendimentos às mulheres. Em 2019, fui
responsável pelo GT DIVERSIDADE, com o tema: mulheres
invisíveis, onde os refugiados e imigrantes foram protagonistas.
Nesse evento foram incluídas palestras, uma feira cultural, evento
de culinária, desfile de moda, entre outras.
RMA Que opinião tem sobre a educação, cultura do
machismo, muita das vezes transmitidas pelas próprias
mulheres?
BD Penso que as nossas leis estão ultrapassadas. A constituição
precisa ser renovada, tal como o código penal, que permitem que
um homem que espanca a sua esposa é liberto no mesmo dia e
sai pela porta da frente. Temos alguns governantes que acham
indevido ensinar nas escolas aulas de educação sexual. Que
“barram” um livro, porque esse tem em suas páginas um beijo
gay. Nenhuma mulher reproduz a cultura do machismo. Elas
apenas praticam o que aprendem do mesmo Estado. Para mudar
a mentalidade de uma geração é preciso dar a ela conhecimento
sobre as coisas. Sobre seus direitos e deveres.
RMA O empoderamento e a esta mudança de visão e
postura na educação de meninas e meninos existirá
apenas para as mulheres da cidade e moradores de
favelas? Ou o programa estende-se às mulheres rurais,
indígenas e etc?
BD A Educação está em toda a parte. Conheço casos de
catadoras de papel que acham livros no lixão e levam para o
seu filho e o vê passando no vestibular. Já li sobre a história de
um morador de rua que achou no lixo um jogo de apostilas
de um famoso cursinho preparatório e passou em primeiro
lugar em um concurso do Banco do Brasil. Como inspiração
aconselho a conhecer a história do professor Roberto Carlos
Ramos que dá palestras em todo país. Que vindo de uma
família muito pobre, viveu como interno na Fundação Casa
(FEBEM), se relacionou com drogas, foi considerado pela
FEBEM como irrecuperável, mas com o tempo foi adotado
por uma cidadã de nacionalidade francesa que o levou para
seu país e lá aprendeu francês. Ao retornar ao Brasil, passou
no vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais.
Voltou a FEBEM onde chegou a adotar 13 filhos. Hoje é autor
de vários livros infantis, condecorado com vários prémios e a
sua história virou um importante filme que inspirou milhares
de outros brasileiros e brasileiras iguais a mim.
RMA Todos podem ter oportunidades?
BD Não existem meninas ou meninas da cidade ou de favela
quando se tem um banco de escola e a oportunidade de está ali.
O conhecimento, eu repito é maior que tudo isso. Eu mesma sou
um exemplo disso. Meus pais não tinham nem a 4 série e mesmo
sendo de família humilde, eu concluí. E graças ao conhecimento,
me encontro em situação melhor do que as mulheres de minha
família, no passado. Hoje o que chamam de empoderamento não
está “em ter” um ótimo carro, ou lar ou milhares de seguidores
em redes sociais. O empoderamento está em minha mente. Um
ladrão pode roubar a minha carteira. Meu conhecimento ele
não rouba. E este programa estende-se às mulheres indígenas,
kilombolas e das favelas.
RMA Acredita ser possível atingirmos o respeito não só
pela igualdade, mas pela diversidade de género?
BD Acredito que o respeito é a fonte para qualquer questão.
O problema é conseguir que nesses tempos sombrios o respeito
venha realmente a acontecer.
RMA E como Africana que é, como avalia a participação
das mulheres africanas, de forma a causar impacto
positivo na vida de outras pessoas?
BD Neste contexto, falo da minha vivência no Brasil. Vejo
mobilização entre as mulheres no sentido, de uma empoderar
a outra. As ações afirmativas não vêm necessariamente de uma
avaliação acerca do impacto específico das iniciativas. Aos
poucos, este cenário vai mudar, mas é preciso ter paciência para
criar mecanismos e mostrar a importância e contributo que uma
mulher tem na influência e na dependência da outra, sempre.
RMA Tenciona levar a África que existe no Brasil, para
África. Como tenciona fazer isso?
BD Colaborar com a melhor visibilidade da Guiné Bissau nos
media brasileira, para que as suas ofertas, nas áreas de turismo
e trade sejam destacadas possibilitando uma maior expansão no
relacionamento entre os dois países. As notícias sobre os países do
continente africano, veiculadas nos media tradicionais, são mais
sensacionalistas do que educativas e motivadoras para abertura
de novas oportunidades de estreitar relacionamentos culturais,
científicos e económicos.
RMA Queria que nos deixasse o seu ponto de vista sobre
as mais diversas iniciativas de apoio e empoderamento
feminino e suas grandes manifestações.
BD A minha visão sobre este assunto vai muito além de aumento
das mulheres e meninas no empoderamento. Esta iniciativa veio
para agregar valor. As mulheres são uma parte importante da
cadeia global da Economia. Para ser empoderada é preciso ter
o conhecimento sobre os seus direitos e deveres, perante a sua
categoria como mulher. É de extrema importância na era que
vivemos hoje. Esta luta vem ganhando espaço e força no século
atual e é por este motivo que temos que contar com diversas
iniciativas para fortalecer mais a rede. Com a criação das redes
sociais esse poder de interação se multiplicou ainda mais.
mulher africana 32 fevereiro 2020
mulher africana 33 fevereiro 2020
_projeto
Lançado em Setembro de 2019,
o Afrolink é um projecto online
que junta profissionais africanos
e afrodescendentes residentes
em Portugal - ou com laços
ao país -, com o propósito de
partilhar experiências, valorizar
competências, criar alianças,
divulgar e suportar negócios.
Esta “embaixada” da força
de trabalho afro em território
português pretende promover uma
maior representatividade negra
no mercado laboral, e favorecer
um maior conhecimento sobre
a diversidade étnico-racial que
o compõe. A missão, liderada
pela jornalista Paula Cardoso,
desenvolve-se no Facebook através
de um grupo privado, preparandose
para, até ao final do primeiro
trimestre deste ano, ocupar o
seu próprio site. Pelo caminho, o
Afrolink aceitou o convite da Revista
Mulher Africana, para, a cada
edição, dar a conhecer algumas das
histórias que lhe dão vida. Esta é
uma delas.
O que vamos
fazer aos
miúdos?
Os pais têm pouco tempo para estar
com os filhos, nas escolas faltam
recursos, nomeadamente professores
com novas abordagens pedagógicas,
e, enquanto estas necessidades se
manifestam, que atenção estamos
a dar às crianças? Mais do que
problematizar a questão, Georgina
Angélica, formadora e consultora
educacional, propõe soluções.
Por Paula Cardoso
Contar números, identificar letras, reconhecer cores, desenhar
formas... à medida que as crianças crescem, habituamo-nos
a avaliar as suas competências cognitivas
como quem cronometra quilómetros numa maratona,
e nem nos lembramos de examinar o desgaste emocional causado
pela corrida. No entanto, deveríamos, avisa Georgina Angélica,
formadora e consultora educacional.
“A aprendizagem no sentido mais técnico é importante, mas a
criança não se vai recordar do educador pelo alfabeto que aprendeu
com ele. O que vai ficar nas suas recordações é a forma como
a fez sentir”, explica a especialista, enquanto introduz o conceito
de diferenciação pedagógica.
“Trata-se de reconhecer a individualidade de cada um, porque
não podemos ter as mesmas estratégias para todas as crianças”.
O apelo à abordagem diferenciada é um dos pilares da intervenção
desta profissional, estrategicamente focada na primeira infância.
“Se a fase crítica do desenvolvimento infantil acontece dos zero
aos seis anos, não se percebe que continuemos a apostar no ensino
apenas a partir da primária”, aponta, defendendo um maior investimento
no sistema pré-escolar.
mulher africana 34 fevereiro 2020
mulher africana 35 fevereiro 2020
_projeto
Mudar
o mundo com
Justiça Social
e Educação
Vive na cidade lusa do Seixal, trabalha entre Portugal
e Angola, país onde já assentou morada, também teve
residência em Inglaterra, mas é em Cabo Verde que
estão fincadas as raízes familiares.
Nascida 1976, Georgina Angélica apresenta-se como
“uma educadora, formadora, conciliadora e agente de
mudança, apaixonada por justiça social e educação”,
áreas que vê como fulcrais para construirmos
“sociedades mais justas, qualificadas e felizes”.
Formada em Educação Infantil em Inglaterra,
pela London Metropolitan University, Georgina é
também licenciada em Sociologia do Trabalho, com
especialização em Politícas de Recursos Humanos, pelo
Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade
Técnica de Lisboa.
A sua formação académica inclui ainda uma Pósgraduação
em Intervenção Social com Crianças e Jovens
em Risco pela Universidade de Serviço Social de Lisboa.
Aos Estudos Superiores, a consultora junta vários cursos
e seminários internacionais. Com destaque, entre outros,
para os ensinamentos sobre a Pedagogia de Reggio
Emilia (Itália), o Papel das Artes na Educação (Nova
Iorque), a Educação Pré-escolar (Miami) e as formações
online em Princípios de Mindfulness e Fundações para a
Felicidade no Trabalho.
C E R T I F I C A D O D E P A R T I C I P A Ç Ã O
Número de horas
Participou da formação
: 4 horas presenciais
Realizado no Colégio Elisângela Filomena
28 de Janeiro de 2020
Luanda - Angola
Diferenciação Pedagógica
GEORGINA ANGÉLICA
Formadora certificada
EDF 27563/2002
Para começar, a consultora sublinha a necessidade de se valorizar
o educador de infância, afastando-se a ideia de que o seu papel
é acessório, porque “apenas” brinca.
“A importância das brincadeiras como estímulo à aprendizagem
é reconhecida até mesmo ao nível das neurociências”, nota
Georgina, lamentando que esta continue a ser uma realidade ignorada,
desde logo pelos pais, que, com a entrada dos filhos no
pré-escolar, descarregam uma série de pressões nos educadores.
“Já sabe o alfabeto? Já está a ler? Já está a escrever?”.
Segundo a formadora educacional, “é preciso passar a informação
de que não se saltam etapas”, demonstrando-se que “aprendemos
melhor se nos estiveremos a divertir”.
Capacitação técnica
e desenvolvimento
emocional
Ainda assim, “mesmo que os profissionais tenham consciência disso,
muitas vezes deixam-se levar pelos pais”, observa a consultora,
determinada em contrariar essa tendência com a oferta de formações
que vão além da capacitação técnica.
“Trabalhar o desenvolvimento emocional é fundamental, porque
sei - pelos meus estudos e pela minha experiência pessoal - que
as emoções têm impacto em tudo na nossa vida”.
No caso da Educação Infantil, esse efeito torna-se ainda mais
preponderante porque influencia outras histórias, ainda por cima
em processo de construção.
“Por isso não basta focar na parte profissional. É preciso perceber
como a pessoa se sente, como se desenvolveu emocionalmente,
como viveu a infância, aquilo que teve impacto menos positivo
nessa fase, aquilo que lhe foi dito pelos adultos à sua volta, e como
eles se comportavam”, descreve Georgina, explicando que esse
exercício retrospectivo é vital para um educador reconhecer as implicações
de ter menores ao seu cuidado.
“Promover estratégias que ajudam as crianças a se auto-conhecerem,
a lidarem com as suas emoções, a aceitar o outro, a respeitar
opiniões e escolhas diferentes das suas, parte de um trabalho
que nós adultos e educadores temos de fazer connosco mesmos”.
Porém, reconhece a formadora, nem todos os profissionais têm
abertura para trabalhar o desenvolvimento pessoal.
“Ainda há quem pense: ‘Se foi isto que estudei na universidade,
é este o caminho´. Mas estamos numa era em que precisamos de
estar abertos a novas abordagens, até mesmo de tudo aquilo que
já foi estudado”, frisa Georgina.
A abertura que vem
de Luanda
Apesar de identificar algumas resistências no terreno, a especialista
destaca o acolhimento que tem recebido em Angola, onde, há
cerca de um ano presta os seus serviços de consultoria e formação.
“Felizmente tenho encontrado educadores com uma mente
mais aberta”, congratula-se a consultora, depois de uma viagem
a Luanda, onde, no início do ano, liderou uma acção de formação
no Colégio Elizângela Filomena.
É preciso educar os
novos pais, que vão ter
crianças cada vez mais
desafiadoras, que vão
questionar cada vez mais
o sistema e as suas
regras. Sinto que estão
super assustados
com esse papel. Acho
que isso acontece
porque têm excesso
de informação e depois
ficam bloqueados.
Querem tudo muito
perfeito
“Encontrei uma coordenadora completamente consciente da importância
do brincar, de não saltar etapas, de mexer no espaço em
que a criança circula e aprende”, salienta Georgina, sem esquecer o
contributo dos colaboradores.
“Vi uma equipa a expressar-se sem medo, e receptiva para trabalhar
um tema em relação ao qual eu estava receosa: gestão das emoções
com técnicas de mindfulness”.
Mas não basta mobilizar as escolas, é essencial envolver as famílias,
reforça a consultora.
“É preciso educar os novos pais, que vão ter crianças cada vez mais
desafiadoras, que vão questionar cada vez mais o sistema e as suas regras”,
antecipa, referindo-se à geração que está agora nos 30.
“Sinto que estão super assustados com esse papel. Acho que isso
acontece porque têm excesso de informação e depois ficam bloqueados.
Querem tudo muito perfeito, querem fazer tudo tão bem que
não dão espaço para deixar fluir, para irem aprendendo com a criança,
para deixá-la cair e frustrar-se, para perceber que também é necessário
que a criança aprenda a lidar com a frustração, em vez de ter,
constantemente, a solução para os desafios dada de bandeja”.
Para tornar a parentalidade uma experiência ainda mais exigente,
os horários de trabalho estão cada vez menos compatíveis com dinâmicas
familiares.
“Os pais estão a sair de casa a que horas? E entram quando? O que
vemos é que estamos a correr cada vez mais atrás do ter, em vez de nos
preocuparmos com o ser. Por isso, quando chegam as férias os casais
entram em pânico com a pergunta: “O que vamos fazer aos miúdos?”.
Georgina Angélica prepara uma resposta a longo prazo: a criação de
uma escola que tenha como centro a família e o aluno. Com recursos à
medida de cada necessidade. O autor escreve segundo o antigo acordo ortográfico.
mulher africana 36 fevereiro 2020
mulher africana 37 fevereiro 2020
Sander Crombach/Unsplash
_pelo mundo
Israel é um país
do Médio Oriente
situado junto ao Mar
Mediterrâneo. A “Terra
Santa” é o único estado
de maioria judia, no
mundo. A capital é
Jerusalém, e Telavive
é o centro financeiro
do país, reconhecido
como Estado em 1948.
O complexo do Monte
do Templo, o Domo
da Rocha, o Muro
das Lamentações, a
Mesquita de Al-Aqsa e a
Igreja do Santo Sepulcro
são os pontos de maior
interesse a visitar.
Por Estefânia Farias
mulher africana 38 fevereiro 2020
mulher africana 39 fevereiro 2020
_pelo mundo
Uma viagem ao sagrado
Melhor começar pelo começo
ou pelo que faz mais
sentido! O que faz sentir o frio na barriga ao chegar a outro país,
dessa vez um país islâmico.
Israel, um país conhecido pela sua história religiosa e pelas suas
guerras territoriais. E também com muitas belezas naturais.
Foi um momento de celebração quando finalmente passei pela
porta do aeroporto.
E estava lá a respirar o ar da terra mensageiro Jesus. Comecei
a questionar-me. Creio que seja normal este questionamento interno.
Jesus. Muitas coisas não estavam claras ainda...
A história escrita de maneira diferente por causa dele onde, ele
passou fez sua parte como Ser Humano e divino ao mesmo tempo.
Espalhou a sua mensagem de amor pelo planeta, agiu de maneira
diferente, falou a verdade e viveu a sua vida aqui nessa terra
abençoada.
E agora me coloco no lugar dele vivendo a minha própria história
e escrevendo sobre ela vou me encontrando com mais fragmentos
da minha alma.
A alegria de me conectar com as pessoas resplandece em meu
olhar. Me comunicando energicamente com meus irmãos hebreus.
Vou me alinhando para viver minha experiência aqui.
Tantos amigos que relembrei no coração e recebi cura e conhecimento
e de pessoas que parecia mesmo estranhas, mas não
eram.
Apenas mensageiros. Somos todos um, nesse planeta. Hebreus,
palestinos, europeus, brasileiros, chineses, japoneses entre outras
nacionalidades.
Vivemos apenas diferentes realidades, mas somos todos filhos
do mesmo sentimento de esperança que pulsa em nossos corações.
A história que eu conhecia de anos atrás se mistura com a realidade
atual.
Tenho um maior envolvimento com a realidade de Jesus e sua
morte por nós, por ser diferente por viver a sua verdade e fazer
milagres por aí.
Eu vivo a minha verdade me movendo de um lugar para outro
com a energia do amor incondicional em meu peito apenas para
seguir na luz, viver os ensinamentos de Jesus mas de maneira clara
e consciente nessa jornada que é a vida, após Jesus.
Depois de visitar mais esse lugar levo para vida toda mais felicidade,
mais amor, gratidão e perdão.
Que são elementos essenciais para evolução humana.
Sabia que…
Israel foi criado como pátria para o povo judeu e por isso, é
muitas vezes referido como estado judeu. A sua Lei do retorno
concede a todos os nativos ou de linhagem a obter a cidadania israelita.
75,5% da população são judeus, de várias origens. 68%
nasceram no país e o restante são imigrantes espalhados pelo resto
do Mundo.
O país tem duas línguas: o hebraico e o árabe. Mas também se
fala inglês.
Sendo um país pequeno, Israel tem cerca de 9 021 milhões de
habitantes, numa área total de 27 800km2 e, faz fronteira com o
Líbano, a Síria, a Jordânia, o Egipto e o Mar Mediterrâneo. Além
das suas áreas montanhosas, também é muito conhecido pelas suas
maravilhosas praias e uma culinária típica muito especial.
Roxanne Desgagnés/Unsplash
A alegria de me conectar
com as pessoas
resplandece em meu
olhar. Me comunicando
energicamente com
meus irmãos hebreus.
Vou me alinhando para
viver minha experiência
aqui. Tantos amigos
que relembrei no
coração e recebi cura
e conhecimento e de
pessoas que parecia
mesmo estranhas, mas
não eram.
Vai visitar Israel?
Então não se esqueça
Dependendo do país de origem, será necessário visto
Passaporte com validade de 6 meses
Levar boletim de vacinas
Se for no Inverno, é melhor agasalhar-se bem
Entre no espírito e experimente as iguarias e os pratos típicos
É hábito deixar gorjeta
Aproveite os transportes e os tours organizados
A moeda oficial é o New Israeli ou Shekel
Shabat significa descanso e, entre sexta e sábado, o povo não trabalha
Leve máquina fotográfica mas tenha atenção ao amigo do alheio.
Sander Crombach/Unsplash
mulher africana 40 fevereiro 2020
mulher africana 41 fevereiro 2020
_conversas
com saúde
Dr.ª Paula Mouta, Presidente do WMS e Diretora
do Observatório da Saúde dos Povos
Gratitude
Dezembro sempre teve um
sabor agridoce. É aquele mês
de festa e celebração para quem
tornou o seu ano especial.
Mas, para quem ficou aquém
das suas expectativas talvez
seja um momento mais de
reflexão e menos de emoção.
Eu tenho, um ritual anual
onde defino algumas coisas que
me acompanham no resto do
ano. Tenho uma agenda onde
defino algumas estratégias para
cumprir ao longo do ano.
mulher africana 42 fevereiro 2020
mulher africana 43 fevereiro 2020
_conversas com saúde
1
Palavra do ano - qual é a palavra
que quero que seja subjacente a
todas as minhas ações? No passado
tive: disciplina, consistência,
apontar mais alto. Gosto de ter esta
palavra que me guia.
2
Três sonhos para este ano
- quais são. Isto é apenas
uma frase. O mais curto e direto
possível.
3
Sonhos em objetivos - perguntas
concretas para converter este
sonho em ações realizáveis. Caso
contrário é apenas um sonho, uma
ideia que dificilmente se concretiza.
Qual o sonho
Porque é que tenho este sonho
Quem me pode ajudar
Que recursos preciso
Quantas horas vou dedicar
4
Formações para o ano - uma
formação por mês que pode ser
online ou presencial. Coloco preços,
localizações bem como todas as
informações acerca das mesmas.
Não tenho de fazer uma todos os
meses.
510 livros que
quero ler
6
Tríade mensal - Sítios que quero
ir, experiências que quero ter e
coisas que quero comprar. Tenho
estes três tópicos e por mês escolho
um deles. Também não tem de ser
todos os meses, mas sendo, “obrigame”
a ter uma disciplina constante.
Estes seis passos ajudam-me a ter uma visão do que é
realmente importante. Ajuda-me a ter uma visão 360
das coisas que são fundamentais para que me sinta
realizada naquele ano.
Não sou pessoa de acreditar que se deva ter tudo
super estruturado sem margem para alterações. Mas acredito que
ter um caminho delineado e ter uma visão consistente é fundamental
para que se possam tomar decisões estratégicas.
É impossível chegar onde quer, se nunca definir o destino. Porque
é que usa um mapa quando quer ir a algum sítio? Porque
precisa de definir qual o melhor caminho para chegar lá. E tome
nota, eu disse o melhor caminho, não quer dizer que seja o mais
rápido. Deve ser o melhor para si. Se quiser ver alguns monumentos,
parar num café. Enfim, a sua viagem, a sua escolha.
Seja qual for o objetivo, pare e invista um pouco do seu tempo
a definir.
Que esta nova década, seja ainda mais especial!
“O ideal é juntarmos
a sabedoria, o prazer
e a prevenção, tudo
em união na mesma
mesa, ao longo do dia,
e com isso sentirmos
que estamos a cuidar
de nós e da saúde
da nossa família”
Alimentos nutracêuticos:
o antivírus do ser humano
Sendo o nosso corpo uma máquina complexa, ele precisa de adaptação
e cuidados em cada estação, quer na forma como nos alimentamos,
quer na forma como nos vestimos e socializamos.
O hipotálamo é o nosso relógio principal e é ele quem aciona
o comando da ativação hormonal (cortisol), composto por quatro
picos, sendo eles o despertar, às 12horas, às 16horas e às 20 horas,
que corresponde às secreções diárias das diversas hormonas.
Ao longo das 24 horas, recebemos através da retina do olho a informação
que leva o nosso corpo a reagir influenciado pelos sincronizadores
sociais e pelo estímulo de luz, que vão gerar novos fatores
epigenéticos. Durante o ciclo de luz, as células prepararam-se para o
gasto energético, na fase que corresponde entre as 05h e as 17horas, e
para a fase da regeneração, entre as 17h e as 05 horas.
A ativação celular dá-se como resposta às diversas necessidades
do organismo. São elas musculares ou energéticas, correspondendo
ao gasto energético da célula no ciclo dia, ou deverá regenerar-
-se e multiplicar-se de acordo com a rotação das 24horas, no ciclo
noite, onde se desenvolve o armazenamento dos micronutrientes.
A ativação neuropsíquica dá-se através da produção da melatonina
e da serotonina, ou “neuromediadores”, sendo estes acionados
pela fase do despertar e do sono. Tal como os nossos computadores,
também a “máquina” do corpo humano precisa de ter um sofisticado
antivírus, que são os alimentos nutracêuticos. São eles que nos vão
manter em estado de alerta contra os invasores.
Com mais ou menos conhecimento, todos nós temos acesso a
esses alimentos tão funcionais no equilíbrio e na boa manutenção
da nossa saúde.
O ideal é juntarmos a sabedoria, o prazer e a prevenção, tudo
em união na mesma mesa ao longo do dia, e com isso sentirmos
que estamos a cuidar de nós e da saúde da nossa família.
Vejamos como podemos tornar um nutracêutico num alimento
funcional, equilibrado e saboroso. Por exemplo, prepare após o seu
despertar um batido cheio de vida, energia e cor, mas antes tome 1
copo de água com 5 gotas de limão. Enquanto prepara o seu batido,
coma 2 quadrados de chocolate negro “cientistas da Universidade de
Georgetown, nos Estados Unidos, divulgaram que este alimento contém
propriedades que protegem as células intestinais das degenerações
dos tumores”. Após 30 minutos pode tomar o seu batido, “VIDA
FELIZ”, do qual consta o seguinte: 3 rodelas de gengibre, 2 colheres
de sopa de aveia em flocos crua, folhas verdes a gosto (couve ou
agrião) 1 laranja ou 2 kiwis, ou se preferir frutos silvestres, 1 copo de
água natural, 1 colher de sopa de mel de rosmaninho, ou urze, meia
colher de sopa de farinha de clorela e raspa da casca de 1 limão amarelo.
Triture no processador e no seu copo adicione sementes de linhaça
dourada, de girassol e de papoila.
Com esta vacina antivírus, não só faz uma prevenção imunológica,
como se alimenta, combate o cansaço, a falta de energia, osteoporose,
fibromialgia, dores de garganta, resfriados e sobretudo
está a consumir alimentos de combate aos radicais livres, como é o
caso do limonelo, presente no limão e dos ácidos nucleicos da clorela,
que reforçam a regeneração da célula e do controle imunitário,
entre outros benefícios contidos nos outros alimentos.
Ao longo do seu dia, coma pelo menos 3 peças de frutas, saladas
coloridas e ricas em frutos oleaginosos. Além de perder peso, fica sem
fome e protegido. Para uma noite de sono reparadora do corpo e da
mente, prepare um chá bem aromático e saboroso: prepare 1 litro de
água, deixe levantar fervura e retire do lume; adicione 1 pé de hortelã,
2 rodelas de gengibre, 1 pimenta malagueta vermelha, seca ou fresca,
2 cascas de limão amarelo ou verde, 1 cravinho da India, folhas de alecrim
ou de alfazema, deixe repousar por 15 minutos e tome todas as
noites, adicionando 1 colher de sobremesa de mel de abelha.
Além do bem-estar irá ter um sono tranquilo, porque toda a sua
família e você estão no caminho da saúde com vitalidade. Se consumir
estes alimentos com regularidade, irá passar pelas estações
da chuva e do frio em paz absoluta.
Atreva-se a ser.
mulher africana 44 fevereiro 2020
mulher africana 45 fevereiro 2020
_opinião
_conversas com saúde
Tratamento
da dor emocional
O que é dor?
“Dor é uma experiência sensorial ou emocional
desagradável que ocorre em diferentes graus
de intensidade – do desconforto leve à agonia
–, podendo resultar da estimulação do nervo
em decorrência de lesão, doença ou distúrbio
emocional.”
Dor Emocional
“98% das doenças do ser humano vêm de origem emocional.
O restante, vêm de traumas físicos. Os sintomas físicos são
apenas consequência daquilo que acontece internamente dentro
de nós!”
As sete emoções básicas relacionadas às funções
orgânicas são: raiva, medo, choque, amargura,
alegria, tristeza e preocupação. É normal e saudável
ter respostas emocionais.
No entanto, quando as reações são graves e/ou
prolongadas, pode danificar órgãos e torná-los mais
vulneráveis a doenças. Cada órgão corresponde a
uma emoção e o desequilíbrio dessa emoção pode
afetar a função do órgão.
A Medicina Tradicional Chinesa (da qual a
Acupuntura é uma das vertentes) trata a pessoa
como um todo, a origem dos problemas, e não
apenas um sintoma específico. A Acupuntura revelase
eficaz pois promove o equilíbrio físico e mental,
aumentando a produção de endorfina e serotonina,
responsáveis pela sensação de bem-estar, sem
agredir o corpo e a mente.
Ivana Correia,
Medicina
Tradicional Chinesa
Cada órgão
corresponde
a uma emoção
e o desequilíbrio
dessa emoção
pode afetar
a função do órgão
Alho no nosso
dia-a-dia
Por Angelina Sales
Muitas são as orientações em relação ao melhor horário
em que devemos consumir o alho crú para melhor
aproveitarmos os seus benefícios. A orientação que vem
em primeiro lugar é a de que o mesmo deve ser consumido
em jejum e é sim, verdade, mas nem todo o mundo
se vai adaptar a este horário numa primeira fase e
tenho experienciado isso na minha prática clínica como
nutricionista. Alguns pacientes ao consumiram o alho
em jejum têm um nível de flatulência enorme acrescido
de gases principalmente naqueles que já tiveram algum
quadro de gastrite ou sofrem de gastrite. Nesses casos é
melhor que a pessoa consuma o alho logo após as refeições
do almoço e jantar que são as refeições onde existe
uma maior variedade de alimentos e o alho vai ajudar
na digestão desses alimentos e em pessoas com dificuldades
de digestão e de arrotar ele será uma mais valia.
Após uns dois meses usando o alho depois das refeições
a pessoa pode experimentar tomar ele em jejum e isso
será um indicativo de melhoramento intestinal pois se
a pessoa que antes não conseguia usar o alho em jejum
depois consegue isso quer dizer que o seu intestino esta a
melhorar com o tempo e também é necessário que essa
prática seja acompanhada de uma mudança alimentar
optando por uma alimentação saudável para melhores
resultados no benefício do consumo do alho. Outra coisa
que também faz com que muitas pessoas optem por
não consumir o alho crú é o facto de terem de o mastigar
e isso deixa aquele hálito que desagrada a muitos.
Então, uma dica para que isso não aconteça é descascar
o alho, colocar o alho em um pires e com a ajuda de
uma colher esmagar o alho e depois colocar o alho esmagado
na boca e tomar uns goles de água como se estivéssemos
a tomar um comprimido e já esta. O alho não
teve contacto com os dentes e ele não vai deixar aquele
hálito desagradável J.
Benefícios do Consumo do Alho: é fonte de mais de
100 componentes activos, vitaminas e minerais. Apresenta
uma boa concentração das vitaminas A, C, B6 e
B1, e dos minerais selênio, manganês, ferro, magnésio,
fósforo, cobre e potássio. É pobre em calorias, e é fonte
de fibras e proteínas e por esse motivo pode ser usado
para emagrecer. Além de ser uma ótima opção para
dar sabor às receitas sem precisar recorrer à gordura
e ao sódio, o alho serve para estimular o metabolismo,
fortalecer o sistema imunológico, aumentar os níveis
de testosterona, combater infecções, controlar o colesterol,
diminuir a pressão arterial, desintoxicar o organismo,
ajudar no emagrecimento e no ganho de massa
magra. Combate o resfriado, controla o açúcar no sangue
e fortalece os ossos.
mulher africana 46 fevereiro 2020
mulher africana 47 fevereiro 2020
_beleza
cabelos
ao vento
A beleza é viva e única, cada pessoa tem a sua
forma de perceber o que é belo, e mais; cada um tem
a liberdade de manifestar o seu belo
Por Aldemira Rafael
Moda ou Identidade?
Chegámos aos
dias em que temos
mais liberdade
para fazer o que quisermos e viver
como queremos, mas, ainda existem
aqueles que por alguma razão
não conseguem expressar de forma
livre a sua identidade.
Nos dias de hoje temos visto
muitos a usar o cabelo crespo, dos
mais enrolados aos m ais lisos, de
todo o tipo de cores, das mais vivas
às menos coloridas, alguns soltos
(black power) e outros amarrados
(o famoso puff), e a pergunta que
fica no ar é:
Será uma nova moda? Elas cansaram
de alisar o cabelo? Já não
querem mais cortá-lo? Ou elas estão
firmes a assumir a sua verdadeira
Identidade?
Poucas pessoas percebem ou
não vêm o preconceito capilar que
há em nossa sociedade, principalmente
para aqueles que se reconhecem
como negros e querem
usar os seus cabelos crespos de forma
livre. Existem sempre aqueles
comentários desagradáveis, e infelizmente
esses comentários vêm
de pessoas próximas, colegas, professores,
amigos e até mesmo familiares,
que são aqueles em quem
devíamos encontrar forças ou inspiração.
A menina não tem pente em
casa? ou O que se passa com o teu
cabelo, não tem dinheiro para o salão?
Ou ainda porquê que não cortas
o cabelo? Porque esse cabelo lhe
deixa com a aparência de marginal.
Alisa o cabelo, esse tipo de cabelo
não te fica bem.
Em relação a esse tipo de perguntas
e comentários sinto uma
necessidade de dizer e quem sabe
gritar para que mais pessoas nesta
situação como eu possam ouvir e
acreditar que: o cabelo crespo não
é uma moda e sim uma identidade.
Que não vem de uma onda e
sim da aceitação do meu eu, que
mesmo que esse modismo passe eu
continuarei com os meus cabelos
ao vento pois é ele que me define,
e essa definição vai muito além do
que achamos, aparentamos ou do
valor monetário que possuímos.
Padrões para cabelos? Não deviam
existir porque eles são e fazem
parte de quem somos. Dizer
não ao padrão imposto é dizer sim
à sua identidade, é viver a sua diferença
e reconhecer aquilo que lhe
torna único, reafirmando quem
você é.
Deste modo, tiremos de nós essa
versão deturpada sobre cabelos
crespos e cacheados sendo usado
como modismo, seja crespo ou cacheado,
cabelo curto ou longo, alto
ou liso, preto ou azul, use-o, tenha
ele como coroa e não dê ouvidos a
uma sociedade q ue negligencie a
sua natureza.
Empondere-se, enrole-se, encrespe-se
ou cacheia-se, não por
causa de modismo, mas por fazer
parte de si, da sua identidade.
Seja autêntico, seja você por
você e diga;
Meu cabelo não é moda, meu
cabelo é minha identidade.
mulher africana 48 fevereiro 2020
mulher africana 49 fevereiro 2020
_desporto
Toninha. Maria de Fátima
Soares Moreira. FAIA. Da
bola de futebol ao tatame,
procurou incessantemente
mostrar o seu talento. Do
Karaté ao judo, passando
pelo kickboxing, treinava às
escondidas da mãe e das
críticas de uma sociedade
demasiado vincada nas
ditas “modalidades para
homens”. Treinou, lutou,
suou e conseguiu. Contra
tudo e quase todos. Mas
a família e os amigos
apoiaram e hoje é a judoca
angolana mais medalhada
e respeitada no circuito
internacional de Judo.
Por Catarina Fortunato com Rita Simões
mulher africana 50 fevereiro 2020
mulher africana 51 fevereiro 2020
_desporto
_curtas
A campeã
Esta é uma daquelas histórias de amor com o final feliz. Apesar de
todos os obstáculos e percalços, nem o tempo nem as circunstâncias
a conseguiram vencer. Todas as dificuldades ficaram no tapete
da vida.
Maria de Fátima Soares Moreira, de 37 anos de idade, natural
de Luanda, instrutora policial e atleta é a super woman angolana
que teve uma infância feliz, recheada de coisas boas e más. E foi
na infância onde aprendeu as bases para a vida. Essas mesmas bases
que hoje a fazem campeã. Ter autoestima, respeitar o próximo,
sobretudo, os mais velhos.
Em 1992, com apenas 12 anos, a atleta mais conhecida por
FAIA começou a treinar karaté, embora jogar futebol, fosse sempre
o seu grande sonho. Quatro anos mais tarde, ainda experimentou
o kickboxing, inspirada nos combates do Mike Tyson, e foi
nessa altura que encontrou as bases para crescer enquanto atleta.
Só precisava acertar com a modalidade que a levasse aos pódios.
Começava a germinar o amor pelas artes marciais.
- No principio não tinha sonhos... Apenas queria lutar como
nos filmes… Apostei com um vizinho, que um dia seria uma grande
lutadora. Fui uma das primeiras mulheres em Angola, nas artes
marciais. As pessoas começaram a acreditar mais, embora no
princípio nem os meus pais o permitiam... Foi graças aos conselhos
das minhas tias e avós que eles acabaram por aceitar. Conta
a atleta.
A persistência é talvez o melhor substantivo para definir FAIA,
pois na luta para a conquista dos seus sonhos, sempre foi perseverante,
firme e constante.
Títulos
9ºlugar nos jogos olímpicos de Atenas (2004).
Bi campeã africana de judo (2005, 2014, 2015).
4 vezes sub campeã africana (2004, 2011, 2012).
7º lugar no Mundial de judo (2013).
Medalha de bronze no campeonato da Mongólia.
3º lugar no campeonato da Roménia.
Bi campeã dos jogos da lusofonia (2009-2014).
Em 1998, participou num combate contra um atleta do sexo
masculino. E venceu. Um ano mais tarde ingressava na seleção
nacional de judo.
- Representei Angola e as portas começaram a abrir-se. Tive
de ganhar maturidade, responsabilidade e experiência. Pois tive
de carregar Angola nas minhas costas... Levantei o nome do judo
nacional mas sofri, passei por várias humilhações. Por causa deste
compromisso com o meu país, adiei os meus sonhos, parei de estudar,
aprendi a gerir as perdas e as saudades, treinando a minha
força interior e o autocontrole. Nem a falta de apoios me fez desistir...
Aprendi com os erros dos outros atletas de várias modalidades
e consegui encontrar um caminho pós carreira, Em Angola não há
reforma para os atletas.
FAIA reconhece que hoje as mulheres têm mais oportunidades,
e acrescentou que o velho ditado “por trás de um grande homem...”
foi reescrito “Ao lado de um grande homem, há sempre
uma grande mulher...”.
O fato de ter apostado numa carreira desportiva, afastou a atleta
de outros sonhos e brincadeiras de menina.
- Sinto saudades das brincadeiras infantis, a nossa geração foi a
última geração feliz. Com uma educação de berço. Éramos mesmo
crianças... A infância atual é mais complicada, mais virada
para o lado adulto. Adultos precoces. Perdeu-se o medo dos país, e
das pessoas em geral, e os vícios cada vez mais vão tomando conta
da vida destas crianças. A ponte entre as crianças e adultos foi
destruída. E em consequência disso a mulher de valor vai se extinguindo...
Aquela mulher que é batalhadora e que sabe que na vida
nada é fácil, luta todos os dias pelos seus direitos e é determinada.
Podium recheado
Este nome que desde cedo tem elevado a bandeira de Angola a
muitos pódios, sente ainda o peso da resposnabilidade, quer desportiva,
quer social. Qualificou-se para os Jogos Olímpicos de Atenas
e veio da Grécia com um dignissimo 9º lugar. Um dos momentos
mais altos da sua carreira. Quando em 2009, venceu o
campeonato africano de judo, FAIA passou a ter uma importância
crescente no desporto e na vida das pessoas que passaram a fazer
dela um exemplo a seguir. De tal forma que decidiu criar a Associação
de Judo de Angola para dar o seu contributo na formação
de outros atletas e, proporcionar-lhes um futuro melhor. Mesmo
tendo ingressado na polícia, é como instrutora de judo, também
no 1º D´Agosto, que se sente realizada. Voltou a estudar e hoje
vive numa posição bem mais confortável do que aquela que recorda
com gratidão.
-Nunca reclamei da vida. Tudo o que tenho conquistei por mérito
próprio, passei fome cheguei até a vender água para sobreviver,
mas as dificuldades fizeram-me crescer mais rápido.... Era tão
focada que as pessoas sentiam medo de mim... Tive de aprender
a descontrair…
A atlteta deixa um conselho a todos os leitores da Revista Mulher
Africana:
Não desistam dos vossos sonhos, uma vez o meu treinador disse-me
algo que nunca esquecerei; Se me um dia me vires a comer
no lixo, não foi porque nunca sonhei, mas sim porque os meus sonhos
não se realizaram... Sonhar e ter atitude de ir atrás... Organiza
os teus objetivos, se não der certo a 100% dará 50%. Busque,
batalhe e seja responsável.
Campeonato Zonal
Africano de natação
Apesar de não ter subido ao pódio, a seleção angolana de natação
regressou a casa com sete medalhas conquistadas no Campeonato
Zonal Africano de Natação.
A cidade de Tswanesa de Gaberone, no Botswana acolheu a prova
e arrecadou o terceiro lugar, seguido do Zimbabwe (1º lugar) e da
Namíbia (2º lugar).
Angola conquistou duas medalhas de ouro, duas de prata, duas de
ouro e o prémio Fairplay, destacando-se entre 24 países.
Maria Freitas foi a nadadora angolana em maior destaque, conquistando
a medalha de ouro nos 100 metros bruços (1min:24segs.73decs)
e nos 200 metros bruços (3:2.3) e ainda a medalha de
bronze nos 50 metros bruços (33 segs.84) e nos 200 metros costas
(2:44.1).
No setor masculino, Filipe Freitas conquistou duas medalhas de
prata nos 200 metros bruços (2:44.4) e 200 metros estilos ( 2:30.68),
e Rafael Bredel garantiu a prata nos 50 metros mariposa (31.42).
Primeiro torneio internacional
A seleção de futebol feminino de Cabo Verde participa pela primeira
vez num torneio internacional.
A estreia da equipa feminina acontece durante o mês de fevereiro,
no Torneio das Federações Oeste Africanas (UFOA), no Estádio
Bo City, diante da seleção da Serra Leoa, anfitriã da competição.
O segundo jogo será frente ao Senegal e já em março, frente
à Guiné Conacri. Neste Torneio participam ainda Cabo Verde,
Mali, Gâmbia, Libéria e Guiné-Bissau.
A selecionadora Silvéria Nédio 'Nita', convocou para representar
Cabo Verde: Rosângela Ramos (Benz Taxi), Yarin Mendes (CS
Mindelense), Edna Montero (Seven Stars), Eleonora Mendes (Seven
Stars), Ruth Duarte (Seven Stars), Melanie Fortes (FC Llana),
Dara Centeio (Seven Stars), Sheila Gonçalves (Seven Stars), Irlanda
Lopes (Seven Stars), Joseane Fernandes (Seven Stars), Vanea
Moreira (Seven Stars), Varsenia da Luz (Seven Stars), Wendi Fonseca
(CS Mindelense), Mara Santos (CS Mindelense), Lariza Rodrigues
(FC Llana), Silvania dos Santos (FC Llana), Daniela Levi
(FC Llana), Neusa Fonseca (FC Dorense), Romina Rosário (FC
Dorense) e Dirvania Teixeira (CS Mindelense).
Andebol feminino rumo
aos Jogos Olímpicos
A seleção feminina sénior angolana de andebol apurou-se para os Jogos
Olímpicos 2020. Esta será a sétima participação da equipa feminina
nas olimpíadas, este ano organizadas em Tóquio, no Japão.
Após a vitória, em Dakar, frente ao Senegal por 22-14, no torneio
pré-olímpico, a equipa feminina sénior de andebol de Angola carimbou
o passaporte e garantiu mais uma vez a presença na maior
prova do desporto mundial.
Depois de Atlanta'1996, Sydney'2000, Atenas'2004, Pequim'2008,
Londres'2012 e Rio de Janeiro'2016, Japão é o país que segue na
rota da comitiva angolana.
Cabo Verde vai
expor no Dubai
2020 (…) participar
na Expo 2020, será
uma oportunidade
“ímpar de projeção
de Cabo Verde
enquanto país
seguro, rentável,
acolhedor e destino
de negócios e
turismo (…) Assim,
o tema “Conectar
mentes, criar
futuro” a Expo
Dubai 2020 será
uma plataforma
para promover
a criatividade,
inovação e
colaboração total.
A Expo 2020
decorrerá de 20
Outubro de 2020 a
10 de Abril de 2021,
com a presença de
192 países de todos
os continentes,
espera-se receber
25 milhões de
visitantes, dos
quais, pelo menos,
20 milhões de fora
do Médio Oriente.
Notícias do Norte, CV
mulher africana 52 fevereiro 2020
mulher africana 53 fevereiro 2020
_consumo
ExpoDubai 2020
um mundo de possibilidades
A ExpoDubai2020, decorre no Dubai, país dos
Emirados Árabes Unidos, entre 20 de Outubro
de 2020 e 10 de Abril de 2021.
Reúne pavilhões e representações de dezenas
de países, que ali irão expor as suas vertentes
comerciais, culturais e artísticas, com o
principal objetivo de promover o turismo, o
empreendedorismo, o desenvolvimento de
parcerias e estratégias que contribuem para o
seu crescimento enquanto nação.
O tema desta exposição, à escala mundial
é “Um mundo de possibilidades”. O que
representa procurar, em cada país, o que de
melhor pode oferecer ao mundo e, o que mais
pode desenvolver para crescer e ganhar maior
visibilidade, perante os restantes.
Serão 173 dias de animação, exposições,
conferências e, entendimento e partilha
mundial, em que o Dubai pretende exibir
todo o seu poder económico e político, e
para isso está a criar a maior plataforma do
mundo. Uma smart city (cidade inteligente)
com primazia para a utilização de novas
tecnologias, energias renováveis e alternativas
para um mundo mais sustentável.
Está a nascer uma cidade no meio do deserto
e África, como não poderia deixar de ser, terá
o seu espaço reservado.
Por Rita Simões
Cabo
Verde
“Precioso e oportuno
para a promoção e
divulgação da imagem
de Cabo Verde (…)
Para a concretização
deste desiderato e
dessa forma potenciar
a participação de
Cabo Verde na Expo
2020 Dubai, vamos
desenvolver um
conjunto de actividades
que contribuam para
posicionar Cabo
Verde como um
país acolhedor e de
morabeza, onde se
cruzam culturas e se
constroem parcerias
para o desenvolvimento
de novos projetos”.
Comissária-geral de
Cabo Verde para a
Expo 2020 Dubai, Ana
Barber
Angola
Será a nona
participação do país
numa exposição
mundial desta
natureza, e já como
presença integrante da
Comissão Internacional
da exposição. É
uma trajetória que
tem vindo a evoluir
e, a elevar o nome
de Angola a altos
patamares, quer pela
sua cultura quer pelo
seu posicionamento
político e como
produtor, perante
a comunidade
internacional.
Exibição de arte
Se há riqueza cultural e artística no mundo, ela está sem
dúvida em África. E, a ExpoDubai 2020 será um palco
aberto ao público para dar a conhecer aquilo que de melhor
e mais artístico se faz no continente africano.
No âmbito da ExpoDubai 2020, decorrerá, o The african
Artistry Expo que consiste num festival de três dias em
que são apresentados talentos, artistas, produtos e tudo o
que de bom se faz em África, nesta área.
O festival contará com palestras, exposições, desfiles
de moda, espaços dedicados à beleza, entretenimento,
estreia de filmes e até entrega de prémios.
Neste espaço será possível contatar com os grandes
nomes da moda, do design, da pintura, criativos,
artistas, empreendedores, fabricantes, comerciantes,
consumidores, agências, conselhos de negócios entre
muitos outros grupos envolvidos neste compromisso que é
fazer chegar a todo o mundo o que é a arte africana.
É possível participar neste evento, através de uma
inscrição que pode ser feita online no https://www.
africanartistryexpo.com/.
mulher africana 54 fevereiro 2020
mulher africana 55 fevereiro 2020