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REVISTA MB RURAL Ed. 45

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VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA 2020?

CONSTRUA

PERFIL DE SOLO

GARANTA A SUA PRODUTIVIDADE










Wagner Pires

Engenheiro Agrônomo

wagner@circuitodapecuaria.com

www.circuitodapecuaria.com.br

PASTAGENS

VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA 2020?

O ano de 2019 foi muito bom para a nossa pecuária, e por que não dizer ótimo. O ano de 2020 começou a

todo vapor e a pergunta é: você está preparado para enfrentar bons ventos na pecuária e obter bons resultados

no seu negócio?

E se a resposta for sim, eu novamente

te pergunto, tem certeza??????

Eu insisto neste ponto, porque

muitos pecuaristas, acham que estão

ganhando dinheiro na pecuária,

quando na verdade estão perdendo.

Muitos acreditam que estão tendo

bons números quando estão

perdendo a corrida para muitos e

muitos pecuaristas.

Imagine você dando uma esticada

em um trecho de reta em uma

estrada vazia com seu carro e se

sentindo o bom da cocada. Agora

imagine você sendo um piloto de

formula 1 e competindo com os

melhores pilotos do mundo.

O momento que estamos

vivendo na nossa pecuária não

é de uma esticada e sim de uma

prova de Fórmula 1, o Brasil é

uma corrida de gente grande e na

pecuária o momento é de agirmos

como gente grande e evoluirmos

para uma gestão profissionais.

Estou querendo dizer a você

que não existe mais espaço para o

amadorismo e achismo, ou você é

ou não é.

Aquele pecuarista que acha que

seu gado está ganhando peso e

nem se quer pesa o gado, e acredita

que escutar um amigo ou agir por

conta própria é o suficiente, e não

ir a eventos para se atualizar ou

não buscar um consultor para lhe

orientar. Está correndo um grande

risco.

Achar que pode dividir suas pastagens

sem um mapa, aplicar calcário

e adubo sem ao menos fazer

análise de solo, controlar plantas

daninhas com roçadeira e achando

que está fazendo um excelente negócio,

com certeza está sendo riscado

da pecuária.

Em contrapartida o outro fazendeiro

que se acha o bom de conta

e não investe em máquinas e implementos

novos e acha que o boi

gosta de sol, água de má qualidade

de cacimba, aceita medicamentos

de qualquer preço. Já está riscado

da pecuária.

Se estamos vivendo um bom

momento, não se engane achando

que você é o cara, tamanho de fazenda

não significa nada, rebanho

grande muito menos, o negócio é o

resultado/ha/ano, @/há/ano, taxa

de desfrute, custo/animal/ano, retorno

do capital investido e ai vai.

Não se esqueça pecuarista Amigo,

o tempo do fazendeiro já foi

a muito tempo, agora obrigatoriamente

você tem que ser um empresário

da pecuária e as suas atitudes

devem obrigatoriamente serem diferentes

para alcançar o sucesso.

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Marcos Jean Vieira de Souza

Gerente Geral do Banco da Amazônia -

Agência de Guaraí /TO

marcos.souza@bancoamazonia.com.br

ECONOMIA

PERSPECTIVAS PARA O

AGRONEGÓCIO EM 2020

As perspectivas para 2020 que pareciam tão promissoras e com boas oportunidades para o setor agropecuário

brasileiro, com expectativas de aumento das exportações para os principais comodities produzidos, esperando-se

uma elevação do valor bruto da produção agropecuária em torno 9,8% em relação a 2019, com maior crescimento

por parte da atividade pecuária, agora pode enfrenta uma ameaça por conta especialmente em relação as

incertezas quanto ao futuro da economia chinesa e as consequências negativas que pode trazer para o agronegócio

mundial.

Uma das causas do otimismo

do setor pecuário para 2020

teve infelizmente como causa,

uma doença que afetou muito o

continente asiático, principalmente

a China, a peste suína africana, que

dizimou grande parte do rebanho

pecuário daquele País, favorecendo

a exportação de carne para

atender a demanda desses países.

No momento, a China também

aparece como principal ameaça

para as comodities ligadas ao

agronegócio, novamente por conta

de uma enfermidade que se abateu

sobre esse País, o coronavírus, que

já matou mais de 2.850 pessoas e

pode trazer consequências graves

para o comércio mundial.

O desconhecimento do processo

de transmissão do vírus, gera

especulações que podem trazer diminuição

no processo de importação

de commodities agrícolas pela

China, até que a situação esteja resolvida,

trazendo incertezas quanto

a demanda para aquele País, que

no momento é o principal importador

de grãos e carne do Brasil,

respondendo em 2019 por 79%

da soja exportada por nosso País e

26,7% da carne bovina. Felizmente

para minimizar essa situação, tivemos

neste início de ano a abertura

do mercado dos Estados Unidos

para carne bovina in natura, que

demonstra bom potencial, considerando

que outros países países

que adotam protocolos sanitários

semelhantes dos EUA, também venha

a abrir seus mercados para a

carne brasileira.

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EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020


Também entendemos que o setor

de alimentos possui maior relevância,

sendo em tese o último

a ser atingido por medida protecionistas

ocasionadas pelo coronavírus.

A taxa de câmbio elevada é favorável

ao setor de comodities,

pois o preço é definido em dólar

no mercado internacional, mas

considerando que essa condição

poderá não durar muito tempo,

importante o produtor ficar bem

atento e buscar efetuar as aquisições

dos insumos nas baixas e venda

nas altas de mercado, evitando

especular ganhos que fogem a realidade

do setor, sendo fundamental

buscar diminuir a previsão de

alta nos custos de produção.

A taxa Selic no patamar de

4,25% e controle da inflação no

Brasil, também são fatores positivos

para o agro, pois deve estimular

a concorrência entre as instituições

de crédito, favorecendo os

produtores.

Outro fato importante para o

agronegócio neste início de ano

é a aprovação no dia 04/03/2020

pelo Senado da MP 897/19, chamada

MP do Agro, considerada

importantíssima para o crédito

rural, por trazer regulamentação

que irá facilitar e dar segurança

para investidores. A MP traz diversas

situações que pode afetar

positivamente a vida dos produtores,

como fundo de garantia para

empréstimos, mudanças nas regras

de títulos rurais, possibilidade do

tomador de crédito rural oferecer

somente parte de sua propriedade

em garantia e não a propriedade

toda, subsídios para construção de

silos, prorrogação da possibilidade

de renegociação de dívidas rurais

com benefícios da Lei 13.340, que

concede prazos longos e descontos

para liquidação ou renegociação

de dívidas rurais, entre outras

previsões favoráveis ao cenário do

agro. A MP passa agora à sanção

presidencial.

Os produtores também devem

estar atentos para algumas situações

que podem afetar as atividades

agropecuárias, como por

exemplo a prorrogação do convênio

do Imposto sobre Operações

relativas à Circulação de Mercadorias

e Prestação de Serviços

(ICMS) nº 100/1997. O convênio

reduz a tributação incidente sobre

insumos agropecuários e o prazo

para encerramento do benefício é

30 de abril de 2020, que pelo cenário

fiscal deficiente enfrentado

por alguns entes da federação, poderá

haver dificuldade em prorrogar

esse benefício, impactando o

custo de produção, bem como o

desdobramento da guerra comercial

entre Estados Unidos e China,

emanando atenção em relação ao

mercado internacional.

No geral as perspectivas para o

agronegócios no Brasil são positivas,

mas requer atenção devido a

instabilidade do mercado, sendo

importante estar acompanhando

as informações que podem impactar

a atividade, tomando decisões

mas conscientes e tempestivas.

Também é importante que os nossos

produtores busquem melhorar

ainda mais seu sistema produtivo,

buscando o aumento da produtividade

e rentabilidade, melhorando

sua competitividade no comercial

internacional, melhor se apresentando

como alternativa para a demanda

que o comercial mundial

estar apresentando.

EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020 15


Reinaldo Gil

Engenheiro Agrônomo

Grupo MB Parceiro

reinaldo.gil@uol.com.br

SOLOS

CONSTRUÇÃO DE PERFIL DE SOLO

PARA ALTAS PRODUTIVIDADES

— Produtor, você sabe o que é um perfil de solo e qual a sua importância?

— Você empresário, conhece os perfis de solo de sua fazenda?

Pois bem, se conhece parabéns,

e com certeza está no caminho das

altas produtividades, agora se não

conhece e não sabe de sua importância,

tenha certeza também que

chegou o momento de trabalhar

neste sentido, para alcançar metas

mais desafiadoras e melhorar o resultado

financeiro do seu empreendimento.

Por isso não há como investir

e acreditar no sucesso de projetos

agrossilvopastoris de alta precisão

e rendimento sem conhecer perfeitamente

o seu maior patrimônio “

O SOLO ”. E para buscar as altas

produtividades nas atividades a

implantar, o primeiro passo para o

sucesso é trabalhar as propriedades

químicas, físicas e biológicas do

perfil do solo.

Como definição o perfil de solo

ideal para alta produtividade e estabilidade

da produção deve apresentar

uma estrutura aerada, portanto

não compactada, favorecendo a

respiração e a penetração das raízes

que deverão ser abundantes e profundas

para facilitar a absorção de

água e nutrientes, os quais deverão

estar disponíveis em quantidades

suficientes para suprir as exigências

nutricionais das culturas.

Utilizando de forma correta

este manejo, ou seja, com adubação

atendendo a recomendação (químico)

e o solo aerado (físico), em caso

de problemas climáticos, por exemplo

estiagem prolongada, a lavoura

suportará melhor esta adversidade,

tendo menos riscos de perda, de

produtividade e consequentemente

a não redução da receita.

Portanto, cuide bem do seu perfil

do solo, pois, todo seu esforço e

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EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020


investimento está depositado nestas

camadas superficiais do solo.

Por isso, quando do planejamento

das atividades uma das fases mais

importante é conhecer e melhorar

o solo nas suas três propriedades

ou características e não só na fertilidade,

pois, sabemos que um solo

com alta fertilidade nem sempre

terá altas produtividades, mas,

uma área com altas produtividades

necessariamente terá um solo

fértil.

A metodologia, ou o caminho

que poderá ser adotado para iniciar

a construção do perfil do solo

para altas produtividades é o mesmo

que está sendo utilizado para

o sistema de plantio direto, um

método simples, sem mistério e de

fácil acessibilidade, vejamos :

• Coleta e análise de solo-Banco

de dados/informação.

• Rotação de cultura diversificada

(soja, milho, gramínea).

• Produção de palhada (maior

que 10 toneladas por hectare

por ano).

• Correção adequada da acidez

do solo e redução do alumínio

tóxico através de gessagem e calagem.

• Adubação correta de acordo

com a necessidade nutricional

da cultura à serimplantada

• Descompactação do solo com

escarificador rompendo uma

camada de 30 cm.

Com este olhar voltado para o

solo concluo este breve mas importante

artigo que será o primeiro de

uma série de quatro artigos, sendo,

que na próxima edição escreveremos

sobre a importância das propriedades

químicas na formação e

manutenção da fertilidade do perfil

do solo, aonde abordaremos os

seguintes itens:

A CTC do solo, macro e micro

nutrientes, PH, matéria orgânica e

alumínio, e o seu papel e importância

para o sucesso e ganho de

produtividade das atividades implantadas.

Até lá...

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Rafael Mazão

Zootecnista

rafaelmazao@dstak.com

Uberaba (MG), Brasil

GESTÃO I

VIZINHO RICO, VIZINHO POBRE

EFICIÊNCIA NA GESTÃO DOS PROCESSOS DA PECUÁRIA

A pecuária como qualquer outra atividade empreendedora precisa se adequar às necessidades e realidades do

mercado.

A alguns anos a concorrência

não era expressiva, seja pelo mercado,

seja por aquele vizinho pecuarista

ineficiente ou seja por aquele

outro, agricultor que não pensava

em ampliar suas atividades.

Nos dias de hoje aqueles vizinhos

tradicionais mudaram, com

isso a tecnificação aumentou, e a

competitividade ainda maior pressiona

os produtores a se adequarem

a produzir mais, com maior

velocidade e com menor custo.

Já enxergou sua fazenda como

uma empresa?

Antes se pensava em pecuária

extrativista onde a rentabilidade,

não confunda com lucro, da atividade

por maior ou menor que fosse

sempre tinha a desculpa que a

terra estava valorizando, e muitos

só enxergavam esse benefício.

Pois sim, a terra valorizou, os

custos aumentaram, em tempos de

tecnologias “descartáveis” o pecuarista

moderno que não se adaptar a

velocidade dos processos e às necessidades

do mercado estará fadado

ao êxodo.

Quantos amigos pecuaristas

que você conhece que preferiram

arrendar suas propriedades pois

acharam “mais fácil” que gerir com

profissionalismo?

Uma empresa só é competitiva e

sustentável, quando se tem redução

de custos aliada com maximização

de resultados.

Mas como inovar?

Executar esta palavra “moderna”

que fundamenta: idéia + ação +

resultado, nos processos de gestão

da pecuária será sim o diferencial.

Uma complexa análise setorial

do sistema de produção é imprescindível.

Não que seja prioritária nessa

ordem, mas que seja analisado:

• Administração e recursos humanos;

• Planejamento dos investimentos;

• Planejamento do retorno financeiro

e fluxo de caixa;

• Desfrute;

• Indicadores de produtividade;

• Áreas de produção;

• Infra-estrutura;

• Nutrição;

• Manejos;

• Sanidade;

• Genética.

Já se viu um bom bezerro, por

mais que se tenha bom pasto, mineral

e sanidade adequada, se a

EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020 19


matriz não tiver boa habilidade

materna?

Ou um boi gordo chegar ao

abate com eficiência ao invernista,

mesmo sendo terminado no confinamento

com ótima nutrição, se

não der bom peso e alto rendimento

de carcaça?

Nada fará “fartura” sozinho ou

desalinhado, o sucesso depende do

conjunto das operações do negócio.

MAS QUEM É O RESPON-

SÁVEL PELO LUCRO DA FA-

ZENDA?

Se não souber responder esta

questão, ou se sua resposta foi

“acho”, você está com sérios problemas.

Todas as pessoas da fazenda fazem

parte de uma maneira ou de

outra no lucro dela. E é necessário

que estes profissionais tenham para

si esta responsabilidade, para que a

fazenda obtenha sucesso.

Por isso, observaram-se cinco

características em comum de fazendas

que não obtiveram bons resultados

financeiros em contraste

com as que obtiveram bons resultados.

CARACTERÍSTICAS DE FA-

ZENDAS QUE NÃO OBTIVE-

RAM BONS RESULTADOS:

1) Colocam a culpa em fatores externos,

como por exemplo, o

clima;

2) É comum a transferência de responsabilidade

entre integrantes

da equipe;

3) Têm dificuldade de mudança e

inovação;

4) Discurso “O que funciona para

os outros, não funciona para

mim”.

5) Não sabem o quanto produzem,

e nem tão pouco, conhecem o

custo de produção.

CARACTERISTICAS DE FA-

ZENDAS QUE OBTIVERAM

BONS RESULTADOS:

1) Conhecem os indicadores de sucesso

para aquele ano/safra;

2) Sabem executar suas funções

sem perder o foco;

3) Equipe com atitudes de dono;

4) Têm o negócio na palma da

mão.

5) Conhecem o sistema integralmente,

verticalizam a produção,

conhecem os riscos, mensuram

a produtividade e os custos.

Estamos perto ou longe das inovações

tecnológicas?

Há quem diga que “morreu o

hectare, e nasceu o metro quadrado”!

Fique parado e espere o vizinho

rico vir com a proposta, ou MÃOS

À OBRA!

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Pedro Renato Dias dos Santos

Coordenador – MB Agroanálises/

pedro@grupomb.agr.br

GESTÃO II

GESTÃO DE QUALIDADE

IMPLANTAÇÃO E APLICAÇÃO DO CONTROLE DE

QUALIDADE PARA O SUCESSO DO SEU NEGÓCIO

PARTE I

Quando se trata de produtividade de grãos, melhor desempenho da pecuária e retorno de investimento mais significativo,

muitos aparecem com alguma solução, direcionando o produtor com ferramentas que podem mudar sua

vida do dia para noite, mas o que muitos não falam é quais são os passos para essa mudança e como executar.

Planejamento e metas claras são as primeiras etapas para atingir as expectativas do produtor rural que busca

esse cenário. Mas porque ainda existe tanta frustração em um segmento que é visto como o setor que mantém o

Brasil vivo?

As empresas rurais que se destacam

no quesito produtividade têm

mostrado que o controle de qualidade

deve acontecer em cada particularidade,

já que têm claro que

para alcançar suas metas e obter

resultados expressivos, estar atento

aos mínimos detalhes e ter uma visão

crítica é o que faz toda a diferença

nos processos produtivos.

Independentemente do tamanho

da propriedade, essa deve ser

vista como uma empresa rural.

Porém, a mudança com a profissionalização

vai exigir do gestor o

máximo de atenção, informação e

conhecimento da área na qual está

inserido. A desinformação levará

rapidamente ao desapontamento e

declínio na lucratividade.

Então, como profissionais ligados

ao agronegócio podem estar

falando de agricultura e pecuária

de precisão, melhores implementos,

optar por novas cultivares com

maior potencial produtivo e mais

exigentes, quando ainda persistem

errando nos mínimos detalhes?

Para que esse problema possa

ser corrigido, é essencial que haja

um meio de organização no sistema

de produção. Nesse sentido, o

método PDCA (Plan, Do, Check,

Act) é uma ferramenta completa

que ajuda a colaborar na gestão de

processos de controle de qualidade,

o qual consiste em realizar quatro

etapas para alcançar o êxito esperado:

• Planejamento: para minimizar

os erros e controlar o que acontece

na propriedade, é necessário

levantar dados e informações

necessárias para iniciar um bom

planejamento. Por isso, é preciso

atentar para o planejamento de

quais insumos serão necessários

para a fase inicial e de desenvolvimento

na produção, fazer a

revisão de maquinário (semeadora,

pulverizador e colheitadeiras,

por exemplo), verificar a

fertilidade do solo e a qualidades

dos adubos e corretivos, sem esquecer

do acompanhamento das

previsões meteorológicas.

• Execução: após a realização de

um diagnóstico completo da fa-

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zenda é a hora de iniciar o processo

produtivo. É importante

anotar e evidenciar os resultados

(bons ou ruins), de cada

etapa concluída. Isso permite

um aprendizado necessário ao

grupo envolvido durante todo

o processo.

• Verificação: é preciso estar

atento para cada fase, porque

nada vale se no planejamento

se não houver um acompanhamento

preciso para eliminar

os contratempos que podem

aparecer. Sendo assim, faz-se

necessário um manejo correto e

rigoroso no monitoramento de

pragas, doenças, plantas daninhas,

fatores nutricionais e etc.

• Ação: padronizar o que deu

certo, evitar que o problema

solucionado possa reaparecer e

manter reuniões regulares entre

toda a equipe, refletindo e documentando

os erros e acertos

por meio de gráficos e outras

ferramentas, revisando os detalhes

e aprendizados.

Todo o ciclo ou método

proporciona medir o desempenho

produtivo, levantar dados

estratégicos, eliminar erros e

diagnosticar futuros obstáculos

que podem interferir em todo o

trabalho. Porém, se não houver

transparência dentro do processo

os resultados obtidos sempre

serão os mesmos, em que a curto

prazo o produtor sente que

está no topo e quando menos

esperar as consequências das

decisões tomadas poderão gerar

sentimentos de insatisfação e

frustração. Então esteja atento,

estar ocupado não significa estar

produzindo.

É notório que para alcançar

metas é necessário que todo o

quadro de funcionários possa estar

engajado com a mesma visão e

propósito, para isso cada colaborador

deve ter quatro características

fundamentais para melhor atender

as necessidades da empresa rural

como: iniciativa, comprometimento,

qualificação para o cargo e

trabalho em equipe. O grupo deve

receber treinamentos, manter-se

motivado para as ações, sendo reconhecido

e valorizado. Lembrando

que valorizar vai muito além

de percepção econômica.

Como o mercado está cada

vez mais acelerado, o aumento

da competitividade é evidente, de

modo que os investimentos em

pesquisas, melhoramento genético

animal e vegetal tem se potencializado

para atender as demandas e

suprir as necessidades do agricultor

e do pecuarista. Mas é preciso

estar alerta! Ninguém faz milagre

e, é preciso saber que o barato por

vezes se torna caro.

A hora é agora, não procrastine

seus resultados, assuma neste exato

momento a responsabilidade de

transformar sua propriedade na

sua empresa rural. Tenha controle

total sobre o que está investido.

Quando você tem um compromisso

com seus sonhos e suas metas,

o sucesso acontece. Então assine

um contrato consigo, e não largue

mão de sua luta.

Aqui você acompanhou o primeiro

artigo da série sobre a implantação

da gestão da qualidade

nas propriedades rurais. Nos

próximos artigos serão discutidos

como realizar mais detalhadamente

cada etapa do método PDCA,

também serão abordados temas

como fertilidade do solo, os desafios

do cerrado e os caminhos

para o controle de qualidade dos

produtos que serão utilizados na

fazenda. E outros temas para colaborar

com os profissionais ligados

ao agronegócio.

EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020 23


Ederson Renato Tibola

Eng. Agrícola

Consultor em Armazenagem

– Norte Silo

ARMAZENAMENTO

BENEFÍCIOS DA ARMAZENAGEM

DE GRÃOS NA FAZENDA

O estado do Tocantins continua crescendo e se destacando no agronegócio regional e está entre as últimas fronteiras

agrícolas a serem desenvolvidas em nosso país. Este crescimento se comprova com o aumento das áreas cultivadas

com soja e milho e com o volume produzido. Segundo dados da CONAB quinto levantamento de fevereiro

de 2020, o estado está cultivando em torno de 1,51 milhões de hectares, um aumento de 4,6% em comparação

a safra 2018/19, ultrapassando os 5 milhões de toneladas entre as principais culturas.

Com esse crescimento, também

se agravam os problemas logísticos,

principalmente no sistema de

armazenamento de grãos. A construção

de armazéns é fundamental

para acelerar o desenvolvimento regional,

proporcionando condições

para absorver, padronizar e escoar

a produção do estado de forma escalonada

ao longo do ano.

O Brasil ainda apresenta um déficit

de armazenagem em torno de

31% da sua produção de cereais e o

Tocantins apresenta um déficit em

torno de 55%, o que é muito preocupante.

Outro fato que preocupa

é que a maioria dessas estruturas

são de nível coletoras (armazéns

gerais) e poucas estruturas de nível

fazenda, as quais proporcionam

grandes benefício ao produtor.

Uma unidade armazenadora

nível fazenda, além de proporcionar

mais independência ao produtor

por gerenciar toda a logística

dentro da propriedade, diminui os

riscos de perdas no campo, diminui

a janela de safra favorecendo o

cultivo da safrinha, diminui o custo

de frete, elimina as taxas de padronização

e armazenagem pago a

terceiros, gera resíduos que podem

ser utilizados para alimentação

animal, proporciona a comercialização

dos cereais no período mais

favorável, agrega valor ao produto

por ser considerado lote disponível

(padronizado), entre outras vantagens.

Diversos estudos apontam que

o retorno dos investimentos em

armazenagem gira em torno de 05

anos, porém isso depende de uma

boa consultoria desde a concepção

até a implantação do projeto.

Atualmente, existe linhas de crédito

muito atrativas e específicas

para construção e ampliação de

unidades armazenadoras com taxa

de juros que chegam à 4,9% ao

ano, com até 15 anos de prazo e

carência que chegam até a 06 anos,

como é o exemplo da linha FNO.

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EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020 25


Marcelo Almeida

marcelo.almeida@pro-pro.com.brmepjdi@gmail.com

GENÉTICA I

CEIP – CERTIFICADO ESPECIAL

DE IDENTIFICAÇÃO E PRODUÇÃO

Conceito

O CEIP, Certificado Especial de Identificação e Produção, foi formalmente instituído pela Portaria Ministerial

Nº 267, de 4 de maio de 1995, e normatizado pela Portaria Nº 22, de agosto de 1995.

Na atualidade as normas e regras

vigentes para o engajamento

dos programas de melhoramento

genético a fim de emissão do CEIP,

estão dispostas na publicação do

Diário Oficial da União em fevereiro

de 2018, através da Instrução

Normativa Nº 12.

Trata-se de uma certificação

meritocrática, fundamentada na

superioridade genética, destinada

aos indivíduos participantes de

programa de Melhoramento Genético

Animal, que estejam classificados

entre os 20% a 30% melhores

de toda a população avaliada, para

um determinado índice de seleção,

obedecendo a premissa técnica de

manter elevada pressão de seleção.

A origem conceitual do que

atualmente denominamos CEIP

é a aplicação das ferramentas

e metodologias de predição de

valores genéticos, combinados às

premissas de seleção massal, através

dos quais obtém-se a evolução

genética da população.

Histórico

No princípio, a suinocultura

começou a desenvolver animais

sintéticos mais produtivos e com

avaliação genética, mas que não

possuíam o registro genealógico

nas devidas associações de raça.

Este fator dificultou a comercialização

do material genético destes

animais, em função do pagamento

de tributos (ICMS) decorrente

da comercialização interestadual,

inviabilizando a maior parte das

operações e, consequentemente, a

produção e o incremento da produtividade

desta cadeia, assim o CEIP

como instrumento legal foi criado.

No campo da bovinocultura de

corte, havia também uma situação

semelhante quanto à produção,

utilização e trânsito de reprodutores

não registrados em associações

de raça. Cenário ainda mais agravado

pelo nível tecnológico, escala

da pecuária nacional e, principalmente,

capacidade de produção e

suprimento de reprodutores a fim

de atender a demanda existente na

pecuária nacional.

Neste terreno prosperou o conceito

do CEIP, conciliando conhecimento

científico às demandas

reais da pecuária nacional. Os

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EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020


princípios meritocráticos evidenciaram

os diferenciais produtivos

dos animais certificados e rapidamente

esta inovação passou a

influenciar o mercado, tanto pelo

uso dos reprodutores CEIP, seja na

monta natural ou na inseminação

artificial, mas principalmente pela

disseminação dos princípios de

melhoramento genético, os quais

passaram a nortear o consumo de

genética no país, alterando o direcionamento

produtivo da pecuária

de corte nacional.

Documento

Para uma melhor estimativa do

valor genético dos animais é preciso

conhecer a genealogia do animal,

assim os programas de melhoramento,

controlam informações

reprodutivas e de nascimento a fim

de lastrear as informações genealógicas

de cada animal, estas informações

também estão dispostas no

documento CEIP.

Contudo, o grande diferencial

deste documento está no fato dele

apresentar o valor genético estimado

de cada indivíduo, na sua forma

gráfica e ou nominal, estes valores

estão apresentados na forma

de DEP’s (Diferença Esperada na

Progênie) para cada uma das características

avaliadas.

O critério de seleção é arbítrio

de cada projeto de melhoramento,

este deve estar representado de forma

numérica, o seu Índice de Seleção.

Neste indicador está inserido o

direcionamento seletivo estabelecido,

bem como a experiência e o

conhecimento do programa de melhoramento

genético ao longo dos

anos, em resumo, a bússola que

aponta o objetivo de seleção.

Do ponto de vista formal este

documento é único e intransferível,

possui número de série e códigos

de segurança, para que seja possível

a verificação de sua autenticidade,

incorrendo em todas as responsabilidades

legais sobre o mesmo.

Vantagens

ü Transparência: Todos os programas

de melhoramento credenciados

à emissão do CEIP estão

vinculados ao MAPA - Ministério

da Agricultura Pecuária e

Abastecimento, através da Instrução

Normativa Nº 12/2018,

que estabelece procedimentos

padronizados, todos auditados

pelo MAPA.

ü Eficiência: A utilização de predições

do valor genético, as

DEP’s (Diferença Esperada

na Progênie), aumenta de sobremaneira

a probabilidade de

sucesso na seleção, pois estes

valores são estimados mediante

a neutralização dos efeitos ambientais

sobre os animais avaliados,

calculando-se a contribuição

direta do valor genético do

indivíduo sobre a sua progênie.

EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020 27


ü Precisão: A acurácia obtida no

cálculo das DEP’s é uma medida

da precisão desta estimativa,

o número de filhos e ou

a informação genômica ajudam

a aumentar a Acurácia (precisão)

das DEP’s de um determinado

indivíduo, atualmente as

DEP’s genômicas de um reprodutor

jovem (sem progênie

avaliada) alcançam acurácias de

75%, valores 50% maiores que

as DEP’s tradicionais.

ü Segurança: A Pressão de Seleção

constitui-se em um dos

principais elementos para alcançarmos

o ganho genético na

população, no CEIP o percentual

de certificação é limitado a

20% (inicialmente) até um teto

de 30% ao longo de 20 anos de

seleção. Esta alta pressão de seleção,

assegura ao produtor que

o reprodutor adquirido esteja

em uma seleta parcela da população

para um conjunto de características

selecionadas, com

potencial real de lavar aos seus

descendentes (DEP’s) estes diferenciais

produtivos. O CEIP representa,

menor risco aos seus

investimentos.

ü Conhecimento acumulado: O

Índice de Seleção é um resumo

histórico das experiências

e conhecimento acumulado

ao longo dos anos no processo

de seleção, assim o usuário

desta genética leva também este

direcionamento genético ao

seu rebanho, uma vez que para

emissão do CEIP todos os indivíduos

foram ranqueados pelo

valor nominal do índice de seleção.

Mercado

O reconhecimento do valor do

CEIP pelo mercado é notório, seja

no mercado de reprodutores ou na

inseminação artificial, é crescente

o uso de reprodutores CEIP, fundamentalmente

porque entregam

mais resultado!

Para muitos isto parece fantástico,

mas de fato, está simplesmente

de acordo com as expectativas e

os preceitos do melhoramento genético,

através do qual indivíduos

geneticamente superiores levam

diferenciais produtivos à sua descendência,

conceitos que parecem

inovadores na pecuária de corte,

mas que são condição “Sine qua

non” na agricultura e outras áreas

pecuárias como a avicultura e a

suinocultura.

O produtor não deve mais alicerçar

suas escolhas em características

contaminadas por condições

puramente ambientais, pois os benefícios

de uma dieta privilegiada,

não se transferem as próximas gerações!

É preciso utilizar ferramentas

mais eficientes, para a eleição do

material genético responsável pelo

futuro do seu rebanho.

O uso consciente dos valores

genéticos é seguramente o mais

econômico e eficiente veículo,

para trazer mais competitividade

ao meio pecuário, os índices de seleção

são comprovadamente mais

robustos e indicados para que a

condução de processos seletivos

em populações.

O produtor é responsável por

inúmeras atribuições em sua rotina

de trabalho e muitas vezes

não possui familiaridade com as

características avaliadas ou os propósitos

de seleção, assim o Índice

de seleção o ajuda a orientar o direcionamento

genético do seu rebanho,

sem que ele tenha que se

conhecer o tema profundamente,

basta que ele busque um programa

de melhoramento, que selecione

em condições ambientais similares

às suas e cujos objetivos de seleção

sejam convergentes.

Um rebanho mais adequado ao

seu ambiente, transforma os níveis

produtivos, seja eficiente e competitivo,

utilize apenas reprodutores

provados em seu rebanho, mais

do que isto utilize reprodutores

CEIP, sua segurança de acessar a

melhor parcela da população, crie

soluções e multiplique resultados.

28

EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020



Se tem Tortuga ® ,

tem pecuária forte

e de respeito.

Se tem Tortuga ® , tem a força de uma pecuária pujante,

como a do Tocantins, um dos estados brasileiros com

maior tradição na criação de bovinos de corte. Conta,

atualmente, com um rebanho de 8 milhões de animais

distribuídos em todas as regiões do estado. Temos

orgulho de fazer parte desta história.

Tortuga ® , uma marca DSM. Se tem Tortuga ® , tem futuro.

30

EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020


Conheça um pouco mais do que a DSM vem

fazendo pelo Brasil a fora e também aqui no

Tocantins! Ganho médio de 1 arroba a mais por

bovino confinado e rentabilidade de 4,31% ao mês.

O TOUR DSM DE CONFINAMENTO é uma iniciativa da DSM que tem como objetivo

principal demonstrar para produtores rurais e técnicos que investir em tecnologia na dieta

dos bovinos de corte confinados ou semiconfinados traz resultados zootécnicos e

econômicos positivos. O Tour DSM de Confinamento chegou ao final de 2019 com avaliação

de mais de 125 mil bovinos em 40 etapas (Dias de Campo) em dez estados, com mais de 5 mil

Dos resultados da edição do TOUR de 2019, chama a atenção o fornecimento de dietas ricas

em milho, com alto teor de concentrado e baixo volumoso e o alto índice de rentabilidade

registrado pela equipe do Cepea: retorno sobre os investimentos (ROI) de 4,31% ao mês e de

12,93% para o período de três meses do confinamento (5,2% a mais que em 2018). A

rentabilidade elevada comprova os resultados dos investimentos em Sobre o índice de

ganho de peso, os resultados aferidos em campo comprovaram o ganho superior em uma

arroba a mais por bovino por período de confinamento, em média, a partir da dieta com o

fornecimento dos suplementos da linha Fosbovi® Confinamento com CRINA® e RumiStar.

A tabela abaixo retrata os resultados do TOUR DSM DE CONFINAMENTO, 2019:

1. Tabela: Resultados Zootécnicos do TOUR DSM DE CONFINAMENTO,

2019 (média das 5 etapas – 25.000 bovinos avaliados):

Tabela 2: Resultados econômicos do TOUR DSM DE CONFINAMENTO

(período entre 2015 – 2019):

Os confinamentos do Tour são representativos da pecuária brasileira, que produz carne

vermelha de alta qualidade, livre de antibióticos e de forma sustentável, capaz de atender

aos mais exigentes mercados consumidores no Brasil e no exterior.

QUER SABER MAIS SOBRE COMO ALCANÇAR ESSES

RESULTADOS E RENTABILIDADE?

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MAIS SOBRE O TOUR DSM DE

CONFINAMENTO!

EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020 31


Fernando Scotta

Sup. Técnico da Cavema – Nutrição Animal

Graduado em Zootecnia pela UFLA - MG

scottaconsultoria@yahoo.com.br

SUPLEMENTAÇÃO

“EMPURRAR CARRO LADEIRA

ABAIXO É MAIS FÁCIL”

Quem nunca ouviu esta expressão = “Empurrar carro ladeira abaixo é mais fácil”?

O jargão é antigo, mas segue muito atual. Por incrível que pareça na pecuária de corte, tem sido ainda muito

comum estar “empurrando o carro ladeira acima”, que é bem mais difícil, e no caso que iremos reportar, mais

caro e trabalhoso.

Tradicionalmente, a pecuária

sempre foi considerada uma atividade

econômica rentável, com poucos

riscos, ótima liquidez, atraindo

os mais diversos tipos de investidores.

Isto de certa maneira, foi verdadeiro

durante muito tempo. Mas

a partir de 1.994, com a chegada

do plano Real e o fim da inflação

galopante, as coisas foram mudando

com uma intensidade cada vez

maior, de maneira que a pecuária

de corte se transformou em um

ótimo negócio para poucos e um

péssimo negócio para muitos.

Foram surgindo algumas perguntas:

Pecuária dá dinheiro? Dá lucro?

Ou meu negócio que não está

dando dinheiro?

Com base nisto, a busca por

uma pecuária lucrativa, passou ser

necessidade para que produtores

possam continuar na atividade.

O crescimento brutal da produção

agropecuária no País nos

últimos 20 anos trouxe consigo

uma valorização significativa do

valor da terra. Isto foi um ponto

positivo, porém com maior valor

imobilizado, torna necessário que

o imóvel tenha maior produtividade

para se manter rentável em face

a outras opções de investimentos.

Com terra cara, bezerro valorizado,

tornou-se um desafio para

quem tanto o ciclo completo, como

quem faz a recria e a engorda. Desafio

de pagar um ágio acima da

média histórica pelo animal, vindo

a recriar e engordar o mesmo e ainda

obter lucro. Para isto temos que

identificar, dentro do planejamento,

o maior custo da fazenda que é

... o “TEMPO”.

Ser eficiente em produzir mais,

em menor tempo.

Para isto, ter uma estratégia de

bom manejo de pastagens, associado

a uma estratégia de suplementação

estratégica dos animais, desde

o início da recria, até o final da

engorda, é premissa imprescindível

para obter sucesso (lucro) dentro

da atividade. O animal comprado

hoje já tem que estar dentro de um

planejamento de quando o mesmo

irá sair da fazenda, com peso mínimo

e custo da arroba produzida já

conhecidos. Caso contrário, é tudo

“achismo” ou “chute”.

32

EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020


Comumente, no período das

águas, com fartura de capim, acreditava-se

até pouco tempo atrás,

que o melhor custo benefício de

engorda era o sistema pasto + sal

mineral. E no período da seca,

com pastos de pior qualidade, se

investia em nutrição para seguir

ganhando peso.

Mas passava batido o fato de

que no período das águas (6 a 8

meses no ano), com capins bem

manejados, principalmente se adubados,

com altos níveis de proteína

e minerais, que o maior limitante

para ganhos de peso médios acima

de 600g/animal/dia era a energia

da dieta. Por melhor que sejam os

pastos, adubados, o valor energético

dos mesmos raramente ultrapassa

60 - 62% de NDT. Para ganhos

de peso diários acima de 800g/animal/dia,

necessita-se de valores de

NDT acima deste valor. Acontecia

um subaproveitamento do potencial

das pastagens na melhor

época de produção das mesmas.

A suplementação com proteinado

energético (PB = 20%, e NDT

acima de 60%), com consumo na

ordem de 0,3 a 0,4% do PV/dia,

possibilitou uma ótima relação

custo-benefício, pois é possível obter

ganhos de peso adicionais aos

ganhos de peso de pasto, na ordem

de 300g/animal/dia ou mais, chegando

a relatar ganhos adicionais

António Eduardo Neto - Fazenda Cantão - Arapoema - TO.

Bois de engorda obtiveram um ganho de peso de 1.120g/

animal/dia em pastos de Brachiarao rotacionado + protéico

energético

Irmãos Marcos e Carlos Suzana - Fazenda Solo Rico - Figueiropolis - TO.

Garrotes em recria obtiveram um ganho de peso de 1.283g/animal/dia

em pastos de Brachiarao e Tamani rotacionados + protéico

energético

de até 600 g/animal/dia aos obtidos

com pastagem +sal mineral.

Para tanto se faz necessário 2 coisas

importantes:

• Ajustar a área de cocho para

cada lote (pois os animais chegam

ao mesmo tempo no cocho)

• Fornecer o suplemento em horário

pré-determinado, entre

10hs e 15hs. O bovino tem 2 picos

de pastejos diários, que são

nas horas frescas do dia, não

devendo fornecer o suplemento

neste horário, pois o animal

deixará de consumir pasto para

ir ao cocho. Uma vez estabelecido

um horário pré-estabelecido,

exemplo, as 10hs da manhã, fazer

de tudo para fornecer sempre

neste mesmo horário para

este lote, pois o bovino é um

animal de rotina e isto potencializa

os bons resultados.

O maior trunfo neste caso,

não é obter o maior ganho de peso

por animal/dia. Mas sim, o ganho

de peso mais rentável ao produtor.

No período das águas, temos

relatos de arrobas sendo produzida

com valores entre R$68,00 a R$

80,00 de custo. Produzindo de 5 a

7 arrobas no período de fartura de

capim, com baixo custo, consegue

se amortizar o ágio pago no animal

desmamado e colocar o negocio no

prumo para a próxima etapa, que

deverá ser igualmente planejada

com antecipação, que é de se produzir

mais 5 a 8 arrobas na engorda

intensiva, seja no confinamento

a pasto (TIP ou Expresso), ou seja

no confinamento convencional.

A pecuária do Século 21 já se

faz presente no momento e investir

em melhoria na qualidade e

manejo das pastagens, associado a

suplementação estratégica, fatores

necessários para se obter lucro. E

isto é irreversível. A pecuária extensiva,

extrativista, foi dando lugar a

uma pecuária semi-intensiva, que

para continuar lucrativa, vem se

tornando uma pecuária cada vez

mais intensiva, com planejamento

e gestão eficientes.

EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020 33


Ana Beatriz Bezerra

Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária

Campus de Araguaína – UFT

Estagiária do NAPGEM

GENÉTICA II

Dr. Jorge Ferreira

Professor da UFT - Universidade

Federal do Tocantins

jorgeuft@gmail.com

MEU REBANHO TEM IDENTIDADE PRÓPRIA?

A seleção como ferramenta para produzir a sua marca.

A seleção baseada em conhecimento técnico e planejamento genétco, utilizando seleção intra-rebanho e acasalamento

dirigido ainda é pouco aplicada, sendo ferramenta imprescindível ao incremento na rentabilidade do

sistema produtivo e da pecuária regional e nacional. Na pecuária de corte, para produzir mais em menos espaço,

uma palavra é fundamental: Genética.

E quem busca a evolução do

rebanho, provavelmente segue a

orientação de um ou mais programas

de melhoramento genético.

Além disso, é cada vez mais comum

encontrarmos propriedades

que tem criado seus próprios índices

de avaliação, com pesos e medidas

específicos para o sistema de

produção e a realidade local.

Muito se comenta sobre planejamento

genético, acasalamentos

dirigidos, índices de seleção e seleção

propriamente dita. Mas realmente

sabemos utilizar essas ferramentas?

Sabemos do que se trata?

Muitas vezes ser eficiente não é só

produzir mais e com menor custo!

Produzir genética e fazer melhoramento

genético não é apenas fazer

tourinhos para venda! Para que

serve essas tecnologias? Como essas

técnicas podem favorecer meu sistema

produtivo?

A pergunta é: Como eu vejo

minha propriedade? Antes de tudo

devemos avaliar o que estamos

pretendendo realmente com nossa

propriedade. Querer desenvolver

qualquer coisa, ou simplesmente

melhorar, devemos ter uma orientação,

e, independentemente de

qualquer objetivo devemos ME-

DIR. MEDIR, MEDIR e MEDIR.

Como defino um objetivo, sem

ter uma régua de orientação? Sem

ter uma medida? Sem ter um controle?

Como vou sugerir critérios

de seleção (características a serem

selecionadas) sem ter um controle?

Sem medi-las? Então, precisamos

MEDIR, só assim teremos condições

de realizar qualquer modificação

no programa para o melhor

controle do nosso rebanho.

Às vezes, quando falamos

em seleção ou outros métodos

de melhoramento, achamos que

34

EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020


obrigatoriamente precisamos

fazer parte de um programa

de melhoramento genético

(ANCP, DELTAGEN, PMGZ,

PAINT, GENEPLUS, CIA DO

MELHORAMENTO; entre

outros). Mas para todo rebanho

(ou propriedades) que não fazem

parte de nenhum programa é

possível realizar avaliações intrarebanho

para pautar seus projetos

(objetivos).

A avaliação intra-rebanho é

uma análise personalizada do rebanho,

em que os animais são

comparados com os demais da

própria fazenda. Nesse tipo de avaliação

é possível obter um índice

próprio para o rebanho, definindo

também critérios de seleção e de

descarte. Nesse sistema considera-

-se a realidade local, com pesos e

medidas específicos para o sistema

de produção.

Através da avaliação intrarebanho

é possível definir

que características podem ser

ponderadas na formação do

índice interno mais adequado

para atingir os objetivos da

propriedade. Características de

crescimento, reprodutivas, de

carcaça e qualidade de carne,

bem como características visuais

podem ser inseridas e contribuir

na avaliação e qualidade genética

do rebanho.

Quando bem realizada, poderão

levar a uma maior lucratividade

ao produtor, permitindo maior

competividade e inseri-lo em um

cenário de pecuária de precisão.

Da mesma forma, pode contribuir

para uma identidade do rebanho,

pois com a definição dos critérios

de seleção e descarte o rebanho

passa a ter perfil genético.

A definição do objetivo de seleção

deve ser clara e concisa ao

produtor e estar em consonância

com as expectativas do mercado.

O objetivo é sempre simples e primordial

e deve ser alcançado com

o conjunto de características que

devem ser selecionadas (critérios

de seleção).

Critérios de seleção é o

conjunto de características a

serem melhoradas para que o

objetivo-fim seja alcançado. Essas

características definem o índice de

seleção e a identidade do rebanho.

Para entender melhor isso, vamos

fazer um exemplo: Digamos que

temos uma fazenda de gado de

corte (Nelore) em que o objetivo

seja produzir carne com qualidade

de animais jovens. Na avaliação

inicial do rebanho (aqui iremos

precisar MEDIR) observamos que

o rebanho apresenta as seguintes

características: peso a desmama

baixo, fêmeas com alta idade ao

inicio da atividade reprodutiva,

idade elevada ao acabamento,

baixa qualidade de carcaça e carne.

Agora que nosso desafio foi

montado, precisaremos montar

nosso plano genético, isto é, quais

os touros ou sêmen que iremos

utilizar para que nosso objetivo-

-fim seja alcançado nas próximas

gerações. A definição do plano genético

é extremamente primordial,

pois um erro não seria apenas para

uma estação, e sim para futuras gerações.

A escolha do touro/sêmen é

uma etapa primordial do sistema,

pois sua definição irá impactar

nas próximas gerações, e consequentemente

nas matrizes futuras

que irão compor o rebanho, bem

como, no perfil do rebanho a ser

apresentado comercialmente. Para

que tenhamos a escolha do touro/

sêmen a ser utilizado, necessitamos

inicialmente do índice estabelecido

e as ponderações adequadas

a cada característica.

EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020 35


Voltemos ao desafio. Como

base nos problemas estabelecidos,

iremos definir as características a

serem melhoradas para que haja a

correção dos problemas do rebanho.

Assim, proporemos que o(s)

reprodutor(es) a ser(em) definido(s)

deve(m) ter boa avaliação genética

(DEP’s) nas características,

habilidade materna, peso a desmama,

peso aos 365 dias, peso aos

450 dias, idade ao primeiro parto,

acabamento, musculosidade, área

de olho de lombo (AOL) e espessura

de gordura (EGS).

A pergunta é: eu preciso utilizar

todas essas informações? Eu

posso utilizar menor numero de

características? Sim, podemos utilizar

todas ou um numero reduzido

de informações. Outra coisa, se

um touro que desejo utilizar pertence

a um programa X, e este tem

22 características avaliadas, eu posso

utilizar todas elas para montar

meu índice? Sim você pode. Mas

afinal quem vai definir o número

de características a ser utilizado no

meu índice? A resposta é Você.

Não devemos esquecer que não

pode ficar escolhendo e comparando

as avaliações de diferentes

programas, pois cada uma tem

uma metodologia e base genética

própria. Isso a gente já esclareceu

em outro artigo publicado em edições

anteriores.

A definição de características a

serem utilizadas depende da correlação

entre as mesmas e da importância

econômica de cada uma.

A utilização de ponderadores econômicos

torna-se imprescindível

para cada produtor, pois estes são

estabelecido conforme o sistema

de produção e a realidade local.

Como é estabelecido esse ponderador?

Esse ponderador é ajustado

com base na correlação entre

as características, ou seja, na

associação que selecionando uma

característica desejável, poderemos

selecionar de forma favorável uma

outra ou mais (seleção indireta).

Depende também da importância

econômica da característica no

sistema de produção. Assim, uma

característica pode ter maior importância

econômica que outra.

Embora a criação do índice da

fazenda, seja empírico, sua definição

se estabelece na importância

econômica da característica para o

sistema produtivo e na associação

que a mesma tem com as demais

características.

Como vimos não existe uma

receita pronta, o que deve haver

é o bom senso, conhecimento técnico

para definição e ponderação

das características. Utilizando-se as

informações de DEP’s e observar

as acurácias para comparação dos

touros.

No nosso exemplo, poderíamos

elencar um índice. IMB = 0,25(DEP

MAT)+0,25(DEPP365)+0,25(DE-

PAOL)+0,25(DEPMUSC). Nesse

caso, optamos apenas por quatro

características a serem priorizadas,

porque foi levado em consideração

a correlação genética entre as

características e a importância econômica

das mesmas.

Com a definição desse índice, o

planejamento genético e os acasalamentos

dirigidos o plantel passa a

ter um perfil definido, uma identidade

genética, produtiva e fenotípica

que irá caracteriza-lo e produzir

sua marca.

36

EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020


EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020 37


Marcos Jean Vieira de Souza

Gerente Geral do Banco da Amazônia -

Agência de Guaraí /TO

marcos.souza@bancoamazonia.com.br

INTEGRAÇÃO

INTEGRAÇÃO LAVOURA PECUÁRIA

ABERTURA DE UM NOVO CICLO PARA BOVINOCULTURA NO TOCANTINS

O Estado do Tocantins vem passando por uma revolução no que tange a qualidade de pastagem, ocasionada pela

adesão de muitos produtores pela prática de integração lavoura pecuária, em um só sistema de produção, com

destaque para implantação em solos arenosos, com benefícios como redução do custo de recuperação/formação de

pastagens, produção de pastagem na entressafra, fornecimento de palhada ao solo para o plantio direto de grãos,

melhoria ne estrutura física do solo, maior capacidade das plantas absorverem água do solo em profundidade,

quebra de ciclos de pragas e doenças, controle de plantas daninhas, entre outros benefícios.

Já bem consolidada em algumas

regiões do País, no Tocantins

se observa que a prática de integração

lavoura pecuária ainda se mostra

incipiente, tendo avançado nos

últimos anos, especialmente por

produtores que possuem áreas com

solo arenoso em suas propriedades,

destacando-se no Estado a região

de Guaraí, com resultados promissores

em relação a qualidade das

pastagens, com maior capacidade

de apascentamento e maior resistência

ao período de seca.

A prática não é tão simples

como muitos pensam ser, se faz

necessário um planejamento bem

elaborado, buscando analisar bem

qual a melhor opção de fase da pecuária

ou cultura de grãos a desenvolver,

que esteja em consonância

com sua disponibilidade de recursos

financeiros, estruturais e até

mesmo culturais, verificando com

atenção:

1. Disponibilidade de mão de

obra para condução da atividade

a ser consorciada;

2. Oferta de matéria prima - No

caso de produtores de grãos que

optem por engorda, por exemplo,

a aquisição de animais nessa

categoria pode se tornar um

problema, tanto por falta de experiência

na aquisição, quanto

disponibilidade;

3. Investimento em infraestrutura

– disponibilidade de máquinas,

equipamentos e estrutura física

para implantação do sistema.

4. Delimitar adequadamente o

tempo que cada ciclo deve ter

no processo de integração.

Um aspecto muito importante

que precisa ser observado é a conscientização

sobre a necessidade de

cultivar as pastagens com manejo

adequado em sua formação e manutenção,

muitos pecuaristas que

eram céticos em relação a investimento

em pastagens, observando

os benefícios que estão sendo conseguido

por agricultores que estão

trabalhando a integração, começaram

também um processo de cuidar

melhor do suporte forrageiro,

com investimentos que antes parecia

impensável.

38

EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020


Esse movimento que está ocorrendo

no Estado do Tocantins,

deixando de trabalhar o monocultivo

com certeza trará resultados

positivos, como maior rentabilidade

do empreendimento e diversificação

das fontes de renda na

propriedade, além de resultados

menos visíveis, mas que causam

grande impacto com ganhos econômicos,

ambientais e sociais.

O Estado do Tocantins se destaca

no volume de recurso aplicado

e projetos em andamento na

linha do Plano ABC, que é voltado

para utilização de tecnologias

de produção sustentáveis, entre

elas a integração lavoura pecuária,

com recursos disponibilizados por

diversas instituições financeiras,

entre elas o Banco da Amazônia

dispõe de linhas de financiamento

para formação/recuperação de

pastagens com taxas a partir de

5,43% a.a. e prazos dimensionados

de acordo com a capacidade de pagamento

do beneficiário, que no

caso de investimento semifixo (investimento

associado ao custeio)

pode chegar até 10 anos com até

06 anos de carência.

Para que esse movimento se

acelere e colhermos os frutos

desse processo é necessário que

os produtores, especialmente os

pecuaristas, se proponham a buscar

o conhecimento desses novos

conceitos, hoje extremamente acessível

a todos, bem como ter coragem

de arriscar um pouco mais

na atividade, quebrar paradigmas

e acreditar que pode transformar

sua propriedade em um empreendimento

rentável e sustentável.

EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020 39


40

EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020


Paulo Henrique F. Vieira

Médico Veterinário

Esp. Produção In Vitro de Embriões Bovinos

metavet@outlook.com

MERCADO

EXPORTAÇÃO DE EMBRIÕES BOVINOS

DEVOLVENDO AOS MAIORES PAÍSES O QUE BUSCAMOS NO SÉCULO XVIII

O crescimento da fertilização in vitro no Brasil permitiu sua aplicação em larga escala e a exportação desse modelo

para vários países latino-americanos e de outros continentes. Em relação à exportação de embriões bovinos

“in vitro”, desde agosto de 2016, vêm sendo assinados protocolos sanitários com diferentes países. Atualmente,

produtores brasileiros podem vender esses embriões ao Paraguai, Bolívia, Uruguai, Argentina, Colômbia,

Equador, Índia, Guatemala, etc.

Entretanto, a grande extensão

territorial e a distância entre as

propriedades onde ficam os animais

e os laboratórios de Produção

de embriões, muitas vezes, têm

limitado a expansão da produção

in vitro comercial, principalmente

pelas condições e pelo tempo gasto

com o transporte dos oócitos e dos

embriões. Equipamentos de alta

tecnologia, proporcionam com

que esse material genético mantenham

sua integridade e qualidade

até a chegada no laboratório e o

retorno dos embriões prontos para

transferência.

O Brasil tornou-se referência

na área da reprodução animal devido

aos avanços e à vasta aplicação

dessa técnica, havendo um

aumento significativo no número

de transferência de embriões realizadas

no país. A pecuária moderna

baseia-se na intensificação da atividade,

tanto em relação à busca de

qualidades produtivas dos animais,

quanto ao aumento da velocidade

do ciclo de produção, favorecendo

a maior produção por área/ano.

Referência mundial em genética

bovina, o Brasil se destaca como

um dos maiores. Sendo assim, somos

procurados por vários países

para conhecer mais a base genética

dos nossos animais e através dessa

qualidade, realizar a exportação de

Embriões.

EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020 41


Os embriões, a exemplo do sêmen,

são armazenados em paletas

ou ampolas, contendo em cada

unidade embriões de uma única

origem (fêmea), podendo ser transportados

á fresco ou conservados

em nitrogênio líquido. A exportação

é feita por via aérea.

Exportar embriões bovinos,

nos proporciona um grande passo

para que possamos estreitar as relações

exteriores. Mostrando nossa

qualidade, integridade e seriedade,

vamos ser vistos como grande parceiro

e fornecedor da melhor genética.

As primeiras exportações de

animais vivos foram feitas no século

XVIII, com isso fomos privilegiados

com as melhores genéticas.

Hoje já não é mais necessário

“gastar” tanto com exportações

de animais de alto valor genético.

Como é feito com a produção de

sêmen, também podemos efetuar

essa transação através da produção

de embriões. Fazendo com que o

executar do trabalho seja mais “barato”

e mais viável.

De acordo com o MAPA (Ministério

da Agricultura e Abastecimento)

cada país possui sua

autorização de Serviço Veterinário

e zoo sanitária para a importação

do material genético bovino do

Brasil, e toda propriedade rural e

laboratórios de produção devem

se adequar as exigências.

As regras são apontadas para

que esse material genético possa

ser liberado e enviado, com isso

demonstra o reconhecimento internacional

das condições sanitárias

dos rebanhos brasileiros além

da credibilidade e da certificação

veterinária.

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Victor Hugo A. Vieira

Consultor Ambiental

vh.andraderibeiro@gmail.com

SUSTENTABILIDADE

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

PARA ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS NO TOCANTINS

O estado do Tocantins está inserido em uma área chamada “Amazônia Legal” que engloba nove estados do

Brasil é uma área de 5.217.423 km² (IBGE), que corresponde a 61% do território brasileiro, esse conceito foi

instituído pelo governo federal com intuito de elaborar e promover medidas que auxiliassem no desenvolvimento

econômico e social da região amazônica, mas tendo sempre como o seu principal objetivo a preservação do bioma

amazônico, sendo esse um dos motivos para que o Tocantins se tornasse um dos estados mais rígidos no que diz

respeito a fiscalização e regularização ambiental, principalmente de atividades de cunho agropecuário.

Cada vez mais o debate sobre os

impactos da agropecuária ao meio

ambiente se tornam frequentes, a

responsabilidade e a pressão sobre

os produtores rurais aumentam,

passando desde o pequeno ao grande

produtor, os olhos da sociedade,

órgãos ambientais e organizações

não governamentais em defesa do

meio ambiente se voltam para os

produtores. Sendo assim passou a

ser cobrado aos empreendimentos

rurais que fossem licenciados ambientalmente.

O licenciamento ambiental é

um dispositivo utilizado por órgãos

ambientais de esferas federais,

estaduais e municipais para enquadrar

as propriedades rurais para

que as mesmas possam operar de

maneira ambientalmente sustentável.

Produtores que operam sem licença

ou que contém a licença em

suas propriedades e não se enquadram

nas condicionantes do dispositivo

estão sujeitos a multa, embargo

e a responder judicialmente

por crime ambiental.

As agendas que dividem as atividades

de licenciamentos são: azul,

verde e marrom.

A agenda azul é responsável

pelas outorgas de direito de uso

d’água; agenda verde trata das explorações

florestais e a agenda marrom

cuida das atividades que serão

desenvolvidas, para iniciativas que

ainda não foram construídas ou

não estão em operação é necessário

a licença prévia e de instalação

e posteriormente a licença de

operação, para as que já operam é

EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020 45


emitida a licença ambiental de regularização.

Segundo a resolução

COEMA 07/2005 propriedades

rurais de até 600ha e com um rebanho

de até 1500 cabeças são definidas

como de pequeno porte, áreas

menores que 1000ha com mais de

1500 cabeças são caracterizadas

como médio porte e áreas com

mais de 1000ha e mais de 3000

cabeças são consideradas de grande

porte, é importante salientar

que caso haja necessidade de realizar

desmatamento é preciso que

seja emitida uma AEF (autorização

de exploração florestal). Para

pequeno porte deve-se apresentar

projeto ambiental (PA) do local

da atividade, para médio porte

apresentação de plano de controle

ambiental (PCA) e relatório de

controle ambiental (RCA) e para

grande porte o estudo de impacto

ambiental (EIA) e relatório de impacto

ambiental (RIMA), todos esses

estudos devem conter anotação

de responsabilidade técnica (ART).

Por isso é necessário antes de

qualquer implantação, reforma

ou ampliação que o produtor rural

busque informação com um

consultor ambiental, para que o

mesmo o auxilie nas tomadas de

decisão identificando a viabilidade

e sustentabilidade da atividade

agropecuária especifica.

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Nicolau Humberto Muzzi Dabul

Zootecnista

nihumuda@hotmail.com

NUTRIÇÃO

OS BENEFÍCIOS QUE O CONSUMO DA

CARNE VERMELHA TRAZ AO ORGANISMO

Nos últimos anos, milhões de pessoas, inclusive atletas de resistência, foram levados a acreditar que a alimentação

ideal deveria ser à base de carboidratos, com pouca gordura e relativamente pouca proteína. Algumas se

tornaram vegetarianas, outras passaram a buscar proteínas em alimentos com pouca gordura como clara de ovo,

frango, peito de peru e peixes magros. Carne vermelha, jamais! Atletas, em especial, provavelmente se convenceram

que consumir um bife era mais perigoso do que usar anabolizante.

Poucos alimentos são mais polêmicos

que a carne vermelha. Nas

últimas décadas, muitas pessoas

passaram a colocar sobre ela toda

a culpa de problemas alimentares.

Isso levou muitas pessoas a optar

por cortá-la totalmente do cardápio.

Mas atitudes radicais como

essa quase nunca fazem bem ao

nosso corpo. Novos estudos mostram

que a carne vermelha deve fazer

parte de nossa dieta.

Aqui vai uma lista de como ela

é importante para o nosso corpo:

A carne vermelha contém todos

os aminoácidos essenciais ao corpo

humano, além de ser rica em ferro,

zinco, e vitaminas do complexo B

Carne é muito rica em proteínas.

Também oferece ótimos teores

de fosfato e aminoácidos que não

se encontram em proteínas vegetais.

Os vegetarianos me desculpem,

mas proteína vegetal não basta

para aumentar a força e manter

bom desempenho muscular.

• Carne vermelha é rica em mioglobulina,

que promove o transporte

de oxigênio para as células

musculares. Permite exercícios

mais intensos, dá maior clareza

mental e sensação de bem-estar,

pois também atua como antidepressivo.

• Encontra-se na carne ácido linoléico

conjugado, conhecido

como CLA, que ajuda a perder

peso, promove a queima de gordura

e ainda aumenta as defesas

do corpo contra o câncer.

• Carne é rica em creatina. Este

composto nitrogenado ajuda a

restaurar ATP (adenosina trifosfato)

após o esforço muscular.

Sem ATP, bastam algumas repetições

de exercícios ou qualquer

tipo de atividade muscular para

sentir falta de energia.

• O uso de suplementos de creatina

tem aumentado muito. Mas

para atingir níveis adequados no

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sangue e nos tecidos seu consumo

deve ser de 30 gramas ao

dia. Os efeitos colaterais costumam

ser: diarreia e problemas

digestivos. Para alcançar esse

teor sem maiores transtornos,

sugiro combinar suplementos

com o consumo de carne, a melhor

fonte de creatina à nossa

disposição.

• Carne vermelha é superior a

frango e peixe como alimento

antidepressivo, devido à alta

concentração de fenilalanina

que apresenta. Este aminoácido

ainda reduz o apetite.

• Como ajuda a manter a glicemia

mais estável, o consumo

de carne vermelha diminui alterações

de humor, compulsão

alimentar e ajuda a combater a

resistência à insulina. É ótima

na prevenção e no tratamento

do diabetes.

Ela também contém todos os

aminoácidos essenciais ao corpo

humano, além de ser rica em ferro,

zinco, e vitaminas do complexo

B, principalmente a vitamina

B12 - indispensável para o funcionamento

das células nervosas do

corpo humano.

Por isso, a maioria das pessoas

que não come nenhum tipo de

alimento de origem animal, principalmente

a carne vermelha, apresentam

carência dessa vitamina

em longo prazo se não tomarem

suplementos vitamínicos.

Não tire da dieta

Ser vegetariano pode ser uma

boa escolha para quem se dá bem

com dietas à base de carboidratos.

Mas preservar o consumo de proteínas

de qualidade é fundamental.

Nesse sentido, a carne vermelha é

a melhor e a mais segura fonte de

proteína ao nosso alcance.

Os peixes, que eram excelentes

fontes de proteína, hoje apresentam

até feminilização e alteração

de código genético, por contato

com pesticidas, herbicidas, metais

pesados, água contaminada com

restos de produtos farmacêuticos,

contraceptivos etc. Também

apresentam alterações na relação

ômega-3 e ômega-6, com aumento

significativo do segundo, o que

favorece obesidade, diabetes, doença

cardiovascular e outros problemas.

Nem mesmo a carne de frango,

que possui várias qualidades e

também deve fazer parte da dieta,

substitui a vermelha como fonte

de vitaminas e proteínas.

Contraindicações

Mas, como todo o alimento,

é preciso ter alguns cuidados na

hora de consumir carne vermelha.

Ela pode liberar algumas substâncias

nocivas à saúde se for cozida

em excesso, ou se for de procedência

duvidosa (a melhor carne

sempre será a que foi tirada de um

gado criado em pastagens naturais

e orgânicas).

Além disso, pessoas retêm mais

ferro do que deveriam, precisam

diminuir ou evitar o consumo de

carne vermelha, que é rica nesse

mineral. Deve tomar o mesmo cuidado

quem sofre de câncer de próstata,

pois a carne estimula a produção

de testosterona, o que pode

prejudicar o quadro da doença.

Assim, não se deixe seduzir por

estudos mostrando que a carne

vermelha é ruim para a saúde e ser

vegetariano é bom. A boa alimentação

deve obedecer ao tipo de metabolismo

do indivíduo, ou seja,

com predominância de proteínas,

carboidratos, ou uma combinação

das duas. Apenas um terço das pessoas

se daria bem com uma dieta

com pouca ou nenhuma carne.

Pense nisso e faça o teste para saber

qual dieta é melhor para você.

EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020 49


José André Júnior

Professor Substituto de Magistério

Superior da UFT

zeandre.ufmg@gmail.com

CAPRINOCULTURA

produção de caprinos leiteiros

SISTEMAS COM INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS

opção para mitigação de impactos ambientais

Resumo

A caprinocultura assume uma importante função socioeconômica, hora gerando renda através da comercialização de

animais ou produtos, outras vezes como fonte de proteína de excelente qualidade (carne e leite) quando incluída na dieta

das famílias que, exploram a atividade. No Brasil, em geral, essa atividade é afetada pela desorganização da cadeia

produtiva e pelo baixo desempenho dos sistemas de produção. Diante disso, a diversificação dos produtos de origem caprina

surge como uma opção para aperfeiçoamento do potencial produtivo, por agregar valor e elevar o lucro do sistema e

favorecer, consequentemente, o fortalecimento da cadeia.

As ações relacionadas à caprinocultura

no mundo cresceram nos

últimos 35 anos, com destaque

para China e Índia que registram

os maiores rebanhos e para Bangladesh

e Nigéria que registram os

maiores crescimentos de 446.00%

e 293.00%, no período de 1983 a

2013, respectivamente (Tabela 1.).

Nesse mesmo período, o rebanho

brasileiro manteve-se estável composto

por um efetivo de 8.779.213

cabeças FAO (2015).

Esse ramo de negócio vem se

profissionalizando e ajustando os

segmentos da cadeia produtiva,

onde novas tecnologias estão sendo

aplicadas nos sistemas de criação

para produção de leite, carne

e pele, visando atender à exigência

do mercado, fato que vem tornando

a atividade numa alternativa

geradora de renda e emprego em

várias regiões do Brasil.

Uma cadeia produtiva é um

conjunto de elementos (indústria

de insumos, produtores, indústrias

processadoras, distribuidores ou

sistemas) que interagem em um

processo produtivo para a oferta de

produtos ou serviços aos mercados

consumidores, nesse contexto, a

diversificação de produtos de

origem caprina apresenta-se como

uma alternativa viável para o

aprimoramento dos sistemas de

produção permitindo a expansão e

a sustentabilidade da atividade.

Os sistemas de produção de

caprinos podem ser classificados

em especializados e mistos, no que

diz respeito ao tipo de processo de

exploração utilizado se carne, leite,

pele e/ou outros produtos, ou

mais de um item dentro do mesmo

sistema.

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EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020


Tabela1. Evolução dos principais rebanhos caprinos no mundo e no Brasil

FAOSTAT (2020)

Agregar valor aos produtos de

origem caprina passa pelo viés da

diversificação de produtos. Artigos

como queijos, iogurtes, doces

e bebidas lácteas, podem ser obtidos

a partir de processos simples

surgindo como uma alternativa

para o aumento no consumo de

produtos de origem caprina e para

geração de emprego e renda.

Leite de cabra

A produção de leite de caprinos

representa aproximadamente

2,34% de todo o leite produzido

mundialmente, sendo que

nas regiões em torno do Mar

Mediterrâneo, África e Ásia,

encontram-se as mais tradicionais

e significativas áreas produtoras

de leite de cabras (Tabela 2), nessas

regiões, praticamente todas as

cabras são ordenhadas total ou

parcialmente e cerca de 95% de

seu leite são transformados em

derivados lácteos.

No Brasil a produção de

leite de cabra concentra-se

principalmente nas regiões

Nordeste e Sudeste do país,

onde os sistemas agroindustriais

diferem marcantemente. Em

geral, os sistemas de produção

no Nordeste, caracterizam-se pelo

manejo extensivo, baseado em

rebanhos criados em pasto nativo,

com ou sem suplementação, e o

processamento do leite ocorre em

pequenos laticínios que fornecem

leite fluido para o mercado

institucional. Enquanto a região

Sudeste caracteriza-se pelo regime

de manejo intensivo, animais

especializados e o processamento

feito em laticínios de grande

porte, que fornecem os produtos

na forma de leite fluido ou em pó

em todo o país ocorrendo, ainda

que em baixa escala, a produção

de queijo e outros produtos

derivados.

O leite de cabra e seus derivados,

encontram oportunidades de

mercado sob a forma de vários produtos,

tais como: leite in natura,

leite pasteurizado UHT, leite em

pó, queijos, iogurtes, doces, sorvetes

e cosméticos, dentre outros e

acrescentam que, na caprinocultura

leiteira, a comercialização é o

maior desafio e pontos importantes

devem ser considerados como à

aceitação, o preço, a qualidade dos

produtos e o poder de compra dos

consumidores, além da divulgação

adequada para o público geral ou

específico.

Nesse contexto, o custo de produção

associado às características

da produção tais como, o baixo

volume produzido, a dispersão

das propriedades, bem como, a

falta do hábito pelos brasileiros de

consumirem o leite de cabra, imprime

a necessidade de agregação

de valor que fica mais evidente,

quando se observa o preço final

deste produto para o mercado. Fator

que exclui os produtos lácteos

caprinos da categoria de produtos

populares.

EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020 51


Tabela 2. Evolução da produção de leite de cabra no mundo e no Brasil

FAOSTAT (2020)

A diversificação nas atividades

rurais é, provavelmente, um importante

componente para a resiliência

do sistema de produção

como forma de manter a autonomia

familiar. Nesse estudo os autores

verificaram que 3 % dos produtores

de caprinos, conduziram a

atividade para a produção de leite

com a finalidade de geração de

renda e alternativa alimentar para

a família e ainda que 5,8 % das

unidades familiares optaram pela

produção de derivados de leite caprino

como uma alternativa para

acessar mercados.

Queijo

Existem relatos de fabricação

de queijo com leite de cabra que

datam de (6000-7000 a.C.), no berço

da civilização antiga na região

entre os rios Tigres e Eufrates, os

gregos teriam sido os primeiros a

produzi-lo. Apesar de grande parte

do comércio queijeiro se basear no

queijo de leite de vaca, fabricam-

-se também grande quantidade de

queijo a partir de leite de ovelha,

cabra e búfala.

O desenvolvimento da indústria

queijeira no Brasil ocorreu

em 1880, com a vinda dos mestres

queijeiros da Holanda,

que introduziram a atividade

na Zona da Mata

do estado de Minas Gerais

em Santos Dumont,

porém, existem relatos datados do

século XVIII, de que o mais antigo

queijo brasileiro é o queijo Minas.

O uso do leite de cabra na fabricação

do queijo pode ser uma

alternativa vantajosa para caprinocultura,

no Brasil, embora a fabricação

de queijos a partir desse

insumo vem adquirindo seu espaço

no mercado e atualmente ainda

está ganhando força. O produto é

considerado atraente e fino, possui

um preço elevado atendendo um

mercado limitado, no qual poucos

hotéis, empórios e restaurantes

oferecem tal produto, Sua comercialização

assenta-se dominantemente

em redes de distribuição informais,

esparsas ou próximas ao

local de produção, sem renda de

qualidade garantida, a não ser no

caso de produtores isolados quando

estes acessam redes de comercialização

de excelência.

Bebidas lácteas

O soro de leite é um co-produto

da manufatura de queijo e quando

descartado diretamente nos

mananciais de água, representa

um dos mais sérios problemas

de poluição causado por

agroindústrias do setor queijeiro.

Entende-se por soro de leite o

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EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020


líquido residual obtido a partir

da coagulação do leite destinado à

fabricação de queijos ou de caseína

MAPA (2005).

Este co-produto representa de

85-90% do volume de leite utilizado

na fabricação de queijos, retendo

ao redor de 55% dos nutrientes

do leite. Acredita-se que 50%

da produção mundial de soro é

tratada e transformada em vários

produtos alimentares, sendo que

deste total quase a metade é usada

diretamente na forma líquida.

Em função da rigidez da legislação

ambiental brasileira, indústrias

de laticínios e instituições

de ensino e de pesquisa procuram

alternativas para aproveitamento

do soro de leite, surgindo nesse

panorama, uma oportunidade

para geração de emprego e renda

dentro da atividade, dessa forma,

a utilização de soro e queijo

na elaboração de bebidas lácteas

constitui-se numa forma racional

de aproveitamento deste produto

secundário que apresenta excelente

valor nutritivo.

Entende-se por Bebida Láctea o

produto lácteo resultante da mistura

do leite (in natura, pasteurizado,

esterilizado, UHT, reconstituído,

concentrado, em pó, integral,

semidesnatado ou parcialmente

desnatado e desnatado) e soro de

leite (líquido, concentrado e em

pó) adicionado ou não de produto(s)

ou substância(s) alimentícia(s),

gordura vegetal, leite(s)

fermentado(s), fermentos lácteos

selecionados e outros produtos

lácteos. A base láctea representa

pelo menos 51% (cinquenta e um

por cento) massa/massa(m/m) do

total de ingredientes do produto

MAPA (2005).

Produtos lácteos fermentados

são obtidos pelo desenvolvimento

de um ou vários cultivos: Bifidobacterium

sp., Lactobacillus

acidophilus, Lactobacillus casei,

Streptococus salivarius subsp thermophilus

e/ou por outras bactérias

acidolácticas que contribuem

com características do produto. Os

produtos feitos com essas bactérias

apresentam grande aceitação, excelente

valor nutritivo e constituem

veículos em potencial para probióticos.

Entende-se por leite fermentado

os produtos adicionados ou

não de outras substâncias alimentícias,

obtidos por coagulação e diminuição

do pH do leite, ou leite

reconstituído, adicionado ou não

de outros produtos lácteos, por

fermentação láctica mediante ação

de cultivos de microrganismos específicos.

Estes microrganismos

específicos devem ser viáveis, ativos

e abundantes no produto final

durante seu prazo de validade. São

considerados Leites Fermentados:

Iogurte, Yogur ou Yoghurt, Leites

Fermentados ou Cultivados, Kefir,

Kumys e Coalhada MAPA (2005).

O leite fermentado de cabra é

recomendado na dieta infantil, de

idosos e nos casos de alergia ao

leite de vaca. Uma característica

vantajosa se explorada adequadamente

através de marketing, entretanto,

é produzido em pequena

escala e, muitas vezes, processado

em condições artesanais no próprio

capril, no entanto, seu sabor

e odor característicos podem ser

considerados uma desvantagem

para o produto, uma vez que,

comprometem a aceitabilidade.

Iogurte

No mercado de derivados do

leite, o iogurte ocupa importante

posição devido às características

nutracêuticas e sensoriais, hoje reconhecidas.

No Brasil, o iogurte

é produzido predominantemen-

EDIÇÃO 01 | ANO 10 | JAN/FEV 2020 53


te a partir de leite bovino, apesar

de outros tipos de leite apresentarem

potencial para serem utilizados

com sucesso. O leite de cabra

não deve ser rejeitado pelo atributo

odor, uma vez que, adequadamente

manipulado é de difícil

distinção do leite bovino. Essa característica

é atribuída aos ácidos

graxos de cadeia curta e média e

os problemas com odor ocorrem

quando a membrana dos glóbulos

de gordura se rompe, liberando os

ácidos que podem ser atacados por

lipases.

Surge como uma desvantagem

no iogurte produzido a partir do leite

caprino, problemas tecnológicos

associados ao coágulo pouco firme

e sabor diferenciado, que dificultam

sua aceitação no mercado. O leite

de cabra produz um iogurte que

apresenta fragilidade no coágulo,

apontada como uma desvantagem

que dificulta a aceitação, esse atributo

é justificado pelas características

intrínsecas desse tipo de leite, tais

como menor teor de caseína, maior

dispersão das micelas, presença de

cálcio coloidal, entre outras.

Por outro lado, o valor agregado

pelo produto ao leite apresenta-

-se como uma vantagem, e que as

condições de processamento, bem

como a composição e/ou propriedades

do leite caprino a ser utilizado

para a produção de iogurte,

precisam ser ajustadas com o objetivo

de se obter produto final

com textura apropriada e sinerese

reduzida..

Por fim, a diversificação dos

produtos oriundos da caprinocultura

leiteira apresenta vantagens e

favorece a sustentabilidade econômica

da atividade, uma vez que,

agrega valor ao leite e o aproveitamento

do resíduo produzido na

fabricação de queijo derivados do

leite de cabra contribui para redução

os impactos ambientais promovidos

pela atividade, podendo

favorecer a geração de emprego e

renda.

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