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MÓNICA CAPUCHO Unever Order

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materiais.

Mónica Capucho pensa também na obra

enquanto objecto que funciona como parte

estruturante de um todo, não descurando o seu

valor singular. A pintura-instalação torna-se

fisicamente activa: a artista explora propriedades

da obra no espaço analisando peso, estabilidade e

densidade. Os trabalhos, de configuração

puramente geométrica, expandem-se na

visualidade da galeria, ora isolando-se em

algumas instalações, ora fazendo parte de um

todo global. Sendo uma exposição site specific, é

no espaço que as obras se apresentam, pelas

relações criadas entre cada uma e numa instalação

que se coloca em diálogo com as linhas

arquitectónicas das duas salas. A exigência no

observador da propriedade física do objecto,

designadamente a escala e a presença, fá-lo

assumir um papel crucial, a par da importância da

obra e do espaço. A opção pelo quase

monocromatismo também confere à exposição

essa densidade imersiva. O uso da cor

predominante desmaterializa a obra, criando

maior permeabilidade na sua relação com espaço

de exposição. O foco, por isso, está na totalidade -

a cor autonomiza-se, sai da pintura e liberta-se no

vazio.

Da mesma forma que Yves Klein inventou

o pigmento IKB, tornando-se um químico em

laboratório, a artista dirige o seu trabalho para a

análise quase laboratorial da percepção da cor,

dos materiais e das formas em articulação com o

observador e com o espaço, convertendo esta

exposição numa obra total com dimensão

corpórea e sensitiva.

1 Alastair Sooke - “Yves Klein: The man who invented a

colour" (28/08/14 http://www.bbc.com/culture/story/

20140828-the-man-who-invented-a-colour

2 “Studio International”, Vol. 186 (1973), p. 43.

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