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São Pedro de Canedo
História de uma Vila
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
FICHA TÉCNICA
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Nota de
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Nº Depósito
Legal:
Tiragem:
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Emanuel Alexis
Monografia
Centro de Cópias da Feira
Novembro de 2019
Santa Maria da Feira
2ª Edição (Revista e Ampliada)
Capa mole
442721/18
100 exemplares
2
3
[Índices]
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
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[Índices]
Nota Prévia à 2ª Edição
A reedição, por mim Emanuel Alexis, da primeira edição do livro “São
Pedro de Canedo, História de uma Vila” inicialmente apresentado no
passado ano de 2018, suscita-nos logo de imediato três considerações.
A primeira, exprime-se no facto de esta edição completar, em todos
os capítulos existentes, a última edição, na qual a informação não está
muito bem apresentada e por vezes com falta de fontes ou de notas que a
completem.
A segunda, reside na criação de um novo capítulo, muito importante
em pesquisas e estudos posteriores, intitulado “Registos Paroquiais”, onde
constam os padres que exerceram atividades na Igreja de Canedo, desde do
século XVI até à atualidade, Registos de Batismos, Óbitos, Casamentos
Confrarias, Comissões de Festas e as Memórias Paroquiais de 1758.
A última consideração, prende-se no facto de haver a apresentação
dos Elegíveis para os cargos do distrito, município e Paróquia, Jurados, Juiz
Eleito e os Regedores, informações de extrema importância para a
freguesia e para memória futura bem como também uma análise mais
afincada da Demografia e População.
Por fim, considero que esta reedição possa ser importante para a
Freguesia, para os seus lugares e para o seu povo, não deixando de parte a
possível importância para a região das Terras de Santa Maria, Concelho de
Santa Maria da Feira, e freguesias circunvizinhas à freguesia de Canedo.
Canedo, Novembro de 2019
O autor,
5
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
6
[Índices]
Ao Povo
da ilustre
Freguesia de Canedo,
Concelho de Santa Maria da Feira…
7
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
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[Índices]
“A História há-de-ser
luz da verdade e Testemunha
dos antigos tempos.”
Fernão Lopes
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[Índices]
“Para poente (da Feira), Canedo, a
freguesia mais extensa e mais rica
do concelho, beijada pelo Rio
Douro…”
Arlindo de Sousa
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São Pedro de Canedo – História de uma Vila
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[Índices]
TEXTOS
[ÍNDICES] ............................................................................................... 13
[BREVE APRESENTAÇÃO] ....................................................................... 31
[PREFÁCIO] ............................................................................................ 35
[INTRODUÇÃO] ...................................................................................... 41
[CAPÍTULO I] .......................................................................................... 47
(ORIGENS) ....................................................................................................... 47
• O HOMEM ................................................................................................................................ 49
• NA ERA DO PALEOLÍTICO INFERIOR ................................................................................................ 49
• NO PALEOLÍTICO MÉDIO .............................................................................................................. 49
• OS DÓLMENES ........................................................................................................................... 51
• OS CELTAS ................................................................................................................................ 51
• OS LUSITANOS .......................................................................................................................... 52
• OS ROMANOS ........................................................................................................................... 53
• OS GERMANOS.......................................................................................................................... 55
• OS VISIGODOS........................................................................................................................... 55
• OS MOUROS ............................................................................................................................. 57
• OS NOVOS PAÍSES CRISTÃOS DA PENÍNSULA IBÉRICA ......................................................................... 59
[CAPÍTULO II] ......................................................................................... 63
(CANEDO: RETALHOS DE UMA HISTÓRIA) ................................................................ 63
• O NOME DA VILA ...................................................................................................................... 65
• SITUAÇÃO GEOGRÁFICA .............................................................................................................. 66
• FUNDAÇÃO DA VILA ................................................................................................................... 68
• O MOSTEIRO DE CANEDO ........................................................................................................... 72
• O HOSPÍCIO ............................................................................................................................ 131
• A IGREJA PAROQUIAL ............................................................................................................... 136
• O CEMITÉRIO PAROQUIAL ......................................................................................................... 161
• CASA DE FAGILDE ..................................................................................................................... 164
• CASA DO MOSTEIRO ................................................................................................................. 167
• CASA DE VALCOVA ................................................................................................................... 169
• CASA DE LOUSADO ................................................................................................................... 169
• CASA DA BOTICA ...................................................................................................................... 170
[CAPÍTULO III] ...................................................................................... 173
(ALDEIAS/LUGARES) ........................................................................................ 173
• ALVEADA OU ALBIADA: ............................................................................................................. 176
• AGRELA: ................................................................................................................................. 177
• BARREIRO: .............................................................................................................................. 178
• BOUÇAS: ................................................................................................................................ 181
• CANEDO: ................................................................................................................................ 183
• CAMPÊLO: .............................................................................................................................. 186
15
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• CARVALHOSA OU MOSTEIRO DO RIO: .......................................................................................... 187
• CARVOEIRO: ........................................................................................................................... 189
• CUSTOURAS: ........................................................................................................................... 198
• ERVIDEIRO: ............................................................................................................................. 199
• ESPINHEIRO: ........................................................................................................................... 200
• FAGILDE: ................................................................................................................................ 201
• FRAMIL E RELVAS: .................................................................................................................... 202
• GOUGÊVA: ............................................................................................................................. 206
• ILHA: ..................................................................................................................................... 207
• INHA: ..................................................................................................................................... 208
• LOUSADO: .............................................................................................................................. 218
• MIRANTE: .............................................................................................................................. 219
• MOCELO: ............................................................................................................................... 222
• MOSTEIRÔ: ............................................................................................................................. 223
• MOSTEIRO: ............................................................................................................................. 227
• MOTA: ................................................................................................................................... 236
• MOUCHÃO: ............................................................................................................................ 240
• PAÇÔ: .................................................................................................................................... 241
• PÓVOA:.................................................................................................................................. 243
• PÓVOAS: ................................................................................................................................ 244
• REBORDELO: ........................................................................................................................... 245
• SAMEIRO: ............................................................................................................................... 248
• SILVA E RÊGO: ......................................................................................................................... 251
• S. ROQUE, MONTE E TORRE: ..................................................................................................... 252
• SANGUINHEDO E TOQUEIRA: ..................................................................................................... 253
• SOBRÊDA: ............................................................................................................................... 254
• SOUZANIL: .............................................................................................................................. 256
• TERÇAS: ................................................................................................................................. 261
• VALCOVA: .............................................................................................................................. 262
• VALCURRAL: ........................................................................................................................... 266
• VÁRZEA: ................................................................................................................................. 267
• VILARES: ................................................................................................................................ 271
• LUGARES QUE JÁ PERTENCERAM À FREGUESIA: ............................................................................. 274
[CAPÍTULO IV] ..................................................................................... 277
(CAPELAS DA FREGUESIA DE CANEDO) .................................................................. 277
• CAPELA DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE: ................................................................................... 280
• CAPELA DE SANTA ANA: ............................................................................................................ 283
• CAPELA DE SANTA LUZIA: .......................................................................................................... 285
• CAPELA DE S. LOURENÇO: ......................................................................................................... 286
• CAPELA DE NOSSA SENHORA DAS DORES: .................................................................................... 288
• CAPELA DE NOSSA SENHORA DAS DORES- PARTICULAR: ................................................................. 290
• CAPELA DE SÃO PAIO: .............................................................................................................. 291
• CAPELA DE SÃO PAIO - ANTIGA: ................................................................................................. 292
• CAPELA DE SANTA BÁRBARA: ..................................................................................................... 293
• CAPELA DE SANTA BÁRBARA - ANTIGA: ....................................................................................... 295
• CAPELA DE NOSSA SENHORA DO AMPARO - PARTICULAR: .............................................................. 296
• CAPELA DE S. ROQUE - PARTICULAR: ........................................................................................... 297
16
[Índices]
[CAPÍTULO V] ...................................................................................... 299
(FESTAS/SANTOS) ........................................................................................... 299
• FESTA DA NOSSA SENHORA DA PIEDADE: ..................................................................................... 301
• FESTAS DE S. PEDRO, S. ANTÓNIO E DO SENHOR: ......................................................................... 305
• FESTA DE S. LOURENÇO: ........................................................................................................... 308
• FESTA DE S. PAIO: .................................................................................................................... 310
• FESTA DE SANTA ANA: .............................................................................................................. 311
• FESTA DE SANTA LUZIA: ............................................................................................................ 313
• FESTA DE SANTA BÁRBARA: ....................................................................................................... 315
• FESTA DE S. PEDRO - MOSTEIRÔ: ............................................................................................... 317
• FESTA DE NOSSA SENHORA DAS DORES: ...................................................................................... 318
• FESTA DE S. JOÃO: ................................................................................................................... 319
[CAPÍTULO VI] ..................................................................................... 323
(BARCO TRADICIONAL DO RIO DOURO) ................................................................ 323
[CAPÍTULO VII] .................................................................................... 329
(RIOS) .......................................................................................................... 329
• RIO INHA: ............................................................................................................................... 331
• RIO UÍMA: .............................................................................................................................. 339
• RIO DOURO: ........................................................................................................................... 344
[CAPÍTULO VIII] ................................................................................... 347
(LENDAS, ORAÇÕES E TALHAÇÕES) ...................................................................... 347
• LENDA DO POÇO DO FAJOUCO: A GRADE ENCANTADA ................................................................... 349
• LENDA DA COBRA MOURA ........................................................................................................ 349
• A LENDA DOS TRÊS IRMÃOS ....................................................................................................... 350
• ORAÇÕES TÍPICAS DE CANEDO: ................................................................................................... 351
• TALHAÇÕES TÍPICAS DE CANEDO: ................................................................................................ 356
[CAPÍTULO IX] ...................................................................................... 359
(CANÇÕES) .................................................................................................... 359
• CANÇÕES TÍPICAS DE CANEDO: ................................................................................................... 361
[CAPÍTULO X] ....................................................................................... 371
(VIDA TRADICIONAL) ........................................................................................ 371
• VIDA TRADICIONAL DA FREGUESIA DE CANEDO: ............................................................................ 373
[CAPÍTULO XI] ...................................................................................... 387
(REGISTOS PAROQUIAIS) ................................................................................... 387
• ABADES, REITORES E PÁROCOS DA PARÓQUIA DE SÃO PEDRO DE CANEDO ........................................ 389
• MEMÓRIAS PAROQUIAIS DE 1758: ............................................................................................. 398
• REGISTO DE ÓBITOS: ................................................................................................................ 403
• REGISTO DE BATISMOS: ............................................................................................................ 405
• REGISTO DE CASAMENTOS: ........................................................................................................ 407
• CONFRARIAS E COMISSÕES DE FESTAS: ........................................................................................ 409
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São Pedro de Canedo – História de uma Vila
[CAPÍTULO XII] ..................................................................................... 415
(NOMES/PESSOAS IMPORTANTES) ...................................................................... 415
• NOMES/PESSOAS IMPORTANTES DA FREGUESIA DE CANEDO ........................................................... 417
[CAPÍTULO XIII].................................................................................... 439
(ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA) ...................................................... 439
• JUÍZO DE PAZ .......................................................................................................................... 441
• JURADOS ................................................................................................................................ 444
• JUIZ ELEITO ............................................................................................................................. 453
• ELEGÍVEIS - ANO DE 1842 ......................................................................................................... 455
• REGEDORES ............................................................................................................................ 457
• JUNTA DE FREGUESIA................................................................................................................ 468
• ASSEMBLEIA DE FREGUESIA ....................................................................................................... 473
[CAPÍTULO XIV] ................................................................................... 481
(FAMÍLIAS IMPORTANTES DE CANEDO) ................................................................. 481
• FAMÍLIAS COM GRANDE IMPORTÂNCIA EM CANEDO: ..................................................................... 483
[CAPÍTULO XV] .................................................................................... 507
(MANUSCRITOS) ............................................................................................. 507
[CAPÍTULO XVI] ................................................................................... 595
(DEMOGRAFIA E POPULAÇÃO) ............................................................................ 595
• DADOS DEMOGRÁFICOS DA FREGUESIA DE CANEDO....................................................................... 597
• NÍVEL DE INSTRUÇÃO DO POVO DA FREGUESIA DE CANEDO: ........................................................... 602
• EMIGRAÇÃO DO POVO DA FREGUESIA DE CANEDO: ....................................................................... 604
[CAPÍTULO XVII] .................................................................................. 611
(HERÁLDICA) .................................................................................................. 611
• O BRASÃO DA VILA ................................................................................................................... 613
• A BANDEIRA DA VILA ................................................................................................................ 614
• O BRASÃO DA PARÓQUIA .......................................................................................................... 615
[CAPÍTULO XVIII] ................................................................................. 617
(MAPAS/CARTOGRAFIA)] .............................................................................. 617
[CAPÍTULO XIX] ................................................................................... 633
(SERVIÇOS/ATUALIDADE) .............................................................................. 633
• ATUALIDADE E SERVIÇOS ........................................................................................................... 635
• AGRUPAMENTO DE ESCUTEIROS DE CANEDO – 1284 .................................................................... 644
• ASSOCIAÇÃO HUMANITÁRIA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE CANEDO(EXTINTA) ........................... 646
• ASSOCIAÇÃO RECREATIVA “AMIGOS DAS MARGENS DO RIO INHA” .................................................. 649
• ASSOCIAÇÃO DE PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO DO MIRANTE ............................................... 650
• ASSOCIAÇÃO FREE DANCE CANEDO E LOBÃO ................................................................................ 651
• ASSOCIAÇÃO CULTURAL, CÍVICA E AMBIENTAL GIESTA ................................................................... 652
• ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA E CULTURAL DA JUVENTUDE DE CANEDO ................................................. 653
18
[Índices]
• ASSOCIAÇÃO RECREATIVA DE PESCA DESPORTIVA ......................................................................... 655
• ASSOCIAÇÃO DE CAÇADORES DE CANEDO .................................................................................... 656
• ASSOCIAÇÃO CULTURAL E RECREATIVA FANFARRA DE CANEDO(EXTINTA) .......................................... 657
• ASSOCIAÇÃO CULTURAL E MUSICAL DE CANEDO ........................................................................... 658
• CANEDO FUTEBOL CLUBE .......................................................................................................... 660
• CLUBE TUNING DE CANEDO ....................................................................................................... 663
• CLUBE FÚRIO TAEKWONDO DE CANEDO ...................................................................................... 664
• CLUBE DE CANOAGEM DE CANEDO (EXTINTO) .............................................................................. 666
• CONFERÊNCIA S. VICENTE PAULO DE SÃO PEDRO DE CANEDO(EXTINTA) ........................................... 667
• CRUZADA EUCARÍSTICA DAS CRIANÇAS DA IGREJA DE S. PEDRO DE CANEDO(EXTINTO) ........................ 668
• GRUPO RECREATIVO E CULTURAL DE CANEDO(EXTINTO) ................................................................ 669
• GRUPO CÉNICO DE CANEDO (EXTINTO)........................................................................................ 671
• REINO DA FOLIA – ASSOCIAÇÃO JUVENIL ..................................................................................... 674
• RANCHO FOLCLÓRICO “AS LAVRADEIRAS DE REBORDELO” (EXTINTO) ............................................... 675
• RANCHO FOLCLÓRICO SÃO PEDRO DE CANEDO ............................................................................. 677
• RANCHO FOLCLÓRICO “AS CEIFEIRAS DE CANEDO” – ASSOCIAÇÃO CULTURAL E RECREATIVA ............... 679
• SOCIEDADE COLUMBÓFILA DE CANEDO (EXTINTA) ......................................................................... 680
• TUNA/GRUPO MUSICAL DE S. PEDRO DE CANEDO(EXTINTA) .......................................................... 681
• VH TEAM FIGHTERS ................................................................................................................. 684
[CAPÍTULO XX] .................................................................................... 687
(NOTAS/REFERÊNCIAS) ................................................................................. 687
• NOTAS E REFERÊNCIAS A CERCA DA FREGUESIA DE CANEDO ............................................................ 689
[CONCLUSÃO E AGRADECIMENTOS] .................................................... 773
• CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 775
• AGRADECIMENTOS: .................................................................................................................. 779
[FONTES E BIBLIOGRAFIA] ................................................................... 781
• FONTES MANUSCRITAS ............................................................................................................. 783
• BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................... 785
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São Pedro de Canedo – História de uma Vila
DOCUMENTOS
DOC. 1 - GUERREIRO LUSITANO ......................................................................................................... 52
DOC. 2 - TERRAS NO PERÍODO PRÉ – NACIONAL, EXTENSÃO DAS TERRAS DE SANTA MARIA......................... 73
DOC. 3 – POSSÍVEL LOCALIZAÇÃO DO MOSTEIRO DE CANEDO ................................................................. 75
DOC. 4 – TÚMULO DE D. GONÇALO PEREIRA NA SÉ DE BRAGA ............................................................... 80
DOC. 5 – MAPAS 100 A 103. O CASTELO E A FEIRA: A TERRA DE SANTA MARIA NOS SÉCULOS XI A XIII. JOSÉ
MATTOSO, LUÍS KRUS, AMÉLIA AGUIAR ANDRADE. (1989) ........................................................ 115
DOC. 6 – PARTE DE TRÁS DA ANTIGA RESIDÊNCIA DO PÁROCO ............................................................... 134
DOC. 7 - ANTIGA RESIDÊNCIA DO PÁROCO (LOCAL ONDE TERÁ EXISTIDO O HOSPICIO) ............................... 134
DOC. 8 – ATUAL RESIDÊNCIA DO PÁROCO INAUGURADA EM 7 DE NOVEMBRO DE 2004 PELO ENTÃO BISPO DO
PORTO, DOM ARMINDO LOPES COELHO ................................................................................. 135
DOC. 9 – ATUAL RESIDÊNCIA DO PÁROCO .......................................................................................... 135
DOC. 10 - SÃO PEDRO DO SÉC. XV ................................................................................................... 137
DOC. 11 - SÃO BENTO DO SÉC. XVII ................................................................................................. 137
DOC. 12 – IGREJA PAROQUIAL DE CANEDO ........................................................................................ 138
DOC. 13 - ANTIGA FRONTARIA DATADA DO ANO DE 1800 .................................................................... 140
DOC. 14 – IGREJA E RESIDÊNCIA NOS FINAIS DO SÉCULO XX ................................................................. 141
DOC. 15 – ESTADO ATUAL DA IGREJA E ESPAÇO ENVOLVENTE ................................................................ 141
DOC. 16 - PIA BATISMAL (BAPTISTÉRIO) DA IGREJA DE CANEDO (IMAGEM ANTIGA) .................................. 145
DOC. 17 - INTERIOR DA IGREJA DE CANEDO NA ALTURA DA FESTA DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE ........... 147
DOC. 18 – ESTATUTOS DA CONFRARIA DA SENHORA DA BOA MORTE DO ANO DE 1741 ........................... 160
DOC. 19 - TRIBUTO DE GRATIDÃO - CEMITÉRIO DE CANEDO ................................................................. 161
DOC. 20 - 1ª CAPELA MORTUÁRIA DE CANEDO – CEMITÉRIO DE CANEDO............................................... 161
DOC. 21 - FACHADA PRINCIPAL DO CEMITÉRIO DE CANEDO .................................................................. 162
DOC. 22 – ATUAL CAPELA MORTUÁRIA DE CANEDO ........................................................................... 163
DOC. 23 – CASA DE FAGILDE ........................................................................................................... 164
DOC. 24 – CASA DE FAGILDE, PORMENOR DO JARDIM ......................................................................... 164
DOC. 25 - CAMA ONDE TERÁ PERNOITADO O REI D. MIGUEL NA GUERRA CIVIL PORTUGUESA, CASA DE FAGILDE
......................................................................................................................................... 165
DOC. 26 – PORMENOR – CASA DE FAGILDE ....................................................................................... 166
DOC. 27 – FOTOGRAFIA ANTIGA DA CASA DE FAGILDE ......................................................................... 166
DOC. 28 - CASA DO MOSTEIRO ........................................................................................................ 167
DOC. 29 – INSCRIÇÃO MAIS ANTIGA DA CASA DO MOSTEIRO – ANO DE 1620 ......................................... 168
DOC. 30 – CASA DO MOSTEIRO ....................................................................................................... 168
DOC. 31 – CASA DE VALCOVA ......................................................................................................... 169
DOC. 32 – CASA DE LOUSADO ......................................................................................................... 169
DOC. 33 – CASA DA BOTICA ............................................................................................................ 170
DOC. 34 - UMA MEMÓRIA DO LUGAR DE CARVOEIRO – PORTO DE CARVOEIRO ....................................... 175
DOC. 35 - LUGAR DE ALVEADA ........................................................................................................ 176
DOC. 36 - UM CANASTRO NO LUGAR DE AGRELA ................................................................................ 177
DOC. 37 - NATUREZA RURAL E AGRÍCOLA DO LUGAR DO BARREIRO ........................................................ 178
DOC. 38 – FONTE DO BARREIRO (ANO DE 1967) ................................................................................ 179
DOC. 39 – GRUPO DE DANÇA/RANCHO DO LUGAR DO BARREIRA NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL POR
VOLTA DO ANO DE 1969 ....................................................................................................... 180
DOC. 40 – GRUPO DE DANÇA/RANCHO DO LUGAR DO BARREIRO (ANO DE 1969) ................................... 180
DOC. 41 - RURALIDADE DO LUGAR DAS BOUÇAS ................................................................................. 181
DOC. 42 - UMA NORA, LUGAR DO BARREIRO ..................................................................................... 182
DOC. 43 - CANASTRO NO LUGAR DO BARREIRO .................................................................................. 182
DOC. 44 - PORTAL DE UMA CASA NO LUGAR DE CANEDO DO ANO DE 1799 ............................................. 183
20
[Índices]
DOC. 45 – LUGAR DE CANEDO ......................................................................................................... 183
DOC. 46 – FONTE DO LUGAR DE CANEDO (DAS MAIS ANTIGAS DA FREGUESIA) ......................................... 184
DOC. 47 – GRUPO DE DANÇA/RANCHO DO LUGAR DE CANEDO NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL (ANO DE
1969) ............................................................................................................................... 185
DOC. 48 – PORMENOR DOS TRAJES UTILIZADOS PELO RANCHO DO LUGAR DE CANEDO (ANO DE 1969) ....... 185
DOC. 49 - CASAS ANTIGAS NO LUGAR DE CAMPÊLO ............................................................................. 186
DOC. 50 - A RURALIDADE DO LUGAR DE CAMPÊLO .............................................................................. 186
DOC. 52 - PONTE DA CARVALHOSA SOBRE O RIO INHA ........................................................................... 188
DOC. 51 - VESTÍGIO DE UMA ALDEIA NO LUGAR DA CARVALHOSA........................................................... 188
DOC. 53 - MÁRIO SOARES EM CARVOEIRO NO DIA 24 DE JULHO DE 1988 .............................................. 191
DOC. 54 - CARVOEIRO NO INÍCIO DO SÉCULO XX ................................................................................. 192
DOC. 55 – INAUGURAÇÃO DA SERRAÇÃO DE MADEIRAS EM 1932......................................................... 192
DOC. 56 - INAUGURAÇÃO DA SERRAÇÃO DE MADEIRAS- CARVOEIRO .................................................... 193
DOC. 57 - SERRAÇÃO DE MADEIRAS - CARVOEIRO .............................................................................. 193
DOC. 58 – PLANTA TOPOGRÁFICA DE CARVOEIRO ............................................................................... 194
DOC. 59 - PLANTA TOPOGRÁFICA DE CARVOEIRO - ANO DE 1897 ......................................................... 194
DOC. 60 – ATUAL ESTADO DO CAIS DE CARVOEIRO ............................................................................. 195
DOC. 61 – PORTO DE CARVOEIRO EM MEADOS DO SÉCULO XX (VÊ-SE OS VÁRIOS CAMIÕES A DESCARREGAR O
CARVÃO PARA OS BARCOS) .................................................................................................... 195
DOC. 62 – UMA JUNTA DE BOIS NA ESTRADA NACIONAL 223 EM MEADOS DO SEC. XX EM CARVOEIRO ....... 196
DOC. 63 – ATUAL LOCAL ONDE FOI TIRADA A FOTOGRAFIA ANTERIOR À BEIRA DA CASA DO PROFESSOR SOUSA
ALVES ................................................................................................................................ 196
DOC. 64 - LUGAR DE CARVOEIRO ..................................................................................................... 197
DOC. 65 - LUGAR DE CARVOEIRO ..................................................................................................... 197
DOC. 66 - URBANISMO DO LUGAR DAS CUSTOURAS ............................................................................ 198
DOC. 67 - RURALIDADE DO LUGAR DE ERVIDEIRO ............................................................................... 199
DOC. 68 - A BELEZA DE UM CANASTRO NO LUGAR DE ESPINHEIRO ......................................................... 200
DOC. 69 - FACHADA DE UMA CASA, LUGAR DE ESPINHEIRO .................................................................. 200
DOC. 70 – CASA DE FAGILDE E PARTE DA SUA QUINTA ......................................................................... 201
DOC. 71 - LUGAR DE FRAMIL ........................................................................................................... 202
DOC. 72 -PEQUENO ARCO DE TRANSPORTE DE ÁGUAS, LUGAR DE FRAMIL............................................... 203
DOC. 73 – CALÇADA DO SOUTO, LUGAR DE FRAMIL ............................................................................ 204
DOC. 74 – GRUPO DE DANÇA/RANCHO DO LUGAR DE FRAMIL E RELVAS NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL
(ANO DE 1969) ................................................................................................................... 205
DOC. 75 – O POUCO URBANISMO DO LUGAR DE GOUGÊVA ................................................................. 206
DOC. 76 - RURALIDADE DO LUGAR DA ILHA ....................................................................................... 207
DOC. 77 - OS MONTES DA INHA E O SEU RIO PEQUENINO ..................................................................... 208
DOC. 78 - MOINHOS AO LONGO DO RIO INHA – LUGAR DA INHA .......................................................... 212
DOC. 79 - UMA DAS CASAS MAIS ANTIGAS DO LUGAR DA INHA ............................................................. 213
DOC. 80 - CASA DO ABIAL - LUGAR DA INHA ...................................................................................... 213
DOC. 81 – CASA DE DOMINGOS DO ABIAL, HOMEM MAIS ABASTADO DO LUGAR DA INHA (FOTOGRAFIA DO ANO
DE 1947) ........................................................................................................................... 214
DOC. 82 – MARGENS DO RIO INHA ANTES DA CONSTRUÇÃO DA BARRAGEM LEVER/CRESTUMA (AO FUNDO VÊ-SE
A PONTE DO INHA E A ANTIGA PONTE DE MADEIRA) .................................................................. 214
DOC. 83 - VISTA PANORÂMICA DOS PEREIRINHOS - LUGAR DA INHA ...................................................... 215
DOC. 84 – LUGAR COMUM À FREGUESIA DA LOMBA E CANEDO – ALTO DO CAMOUCO ............................. 215
DOC. 85 - UM DOS MARCOS DE DIVISÃO ADMINISTRATIVA COM A CRUZ DE CRISTO - LUGAR DA INHA .......... 216
DOC. 86 – ANTIGA PONTE DE MADEIRA SOBRE O RIO INHA NO LUGAR DA INHA, SERVIU COMO EN 222 ENTRE
1941 E 1965 ..................................................................................................................... 217
DOC. 87 – EXATO LOCAL DA ANTIGA PONTE DE MADEIRA .................................................................... 217
DOC. 88 - LUGAR DE LOUSADO ........................................................................................................ 218
DOC. 89 - ESCOLA PRIMÁRIA DO MIRANTE ........................................................................................ 219
21
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
DOC. 90 – ESCOLA PRIMÁRIA DO MIRANTE (MEADOS DO SÉCULO XX) ................................................... 220
DOC. 91 – ALMINHA JUNTO AO PARQUE DA SENHORA DA PIEDADE NO LUGAR DO MIRANTE ..................... 221
DOC. 92 - PORTAL DE UMA CASA ANTIGA NO LUGAR DO MOCELO ......................................................... 222
DOC. 93 - UMA CASA ANTIGA DO LUGAR DE MOSTEIRÔ ....................................................................... 223
DOC. 94 - PORTAL DE UMA CASA ANTIGA - LUGAR DE MOSTEIRÔ .......................................................... 224
DOC. 95 – GRUPO DE MOSTEIRÔ NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL E RESIDÊNCIA DO PÁROCO DE 1969
......................................................................................................................................... 225
DOC. 96 – PORMENORES DOS TRAJES UTILIZADOS (1969) ................................................................... 225
DOC. 97 – CONJUNTO “AS FLORINHAS DE CANEDO” COM GENTES DE MOSTEIRÔ .................................... 226
DOC. 98 – PORMENOR DO CONJUNTO .............................................................................................. 226
DOC. 99 – SEPULTURAS QUE ANTIGAMENTE SE ENCONTRAVAM À VOLTA DE CAPELAS, MOSTEIROS E IGREJAS -
LUGAR DO MOSTEIRO .......................................................................................................... 227
DOC. 100 - CASA DO LOUREIRO - LUGAR DO MOSTEIRO ...................................................................... 228
DOC. 101 - ANTIGO PINHEIRO MANSO, "ÁRVORE DOS DESAMPARADOS" - LUGAR DO MOSTEIRO .............. 229
DOC. 102 - ÁRVORE DA PREGUIÇA - LUGAR DO MOSTEIRO ................................................................... 230
DOC. 103 – LOCAL ACIMA DA PRAÇA DE CANEDO CHAMADA “QUINTA DO JARDIM” ONDE, ATUALMENTE, SE
ENCONTRA O CENTRO DE SOLIDARIEDADE SOCIAL DE CANEDO .................................................... 231
DOC. 104 – SAÍDA DE UMA PROCISSÃO DA IGREJA (NA ATUAL RUA DA IGREJA) ........................................ 231
DOC. 105 - FONTE DO LUGAR DO MOSTEIRO (DO ANO DE 1696) ......................................................... 232
DOC. 106 – LAVADOURO DA FONTE DO MOSTEIRO, INAUGURADO NO ANO DE 1942 ............................... 232
DOC. 107 – O ALAMBIQUE DA QUINTA DO JARDIM ............................................................................. 233
DOC. 108 -O ALAMBIQUE DA QUINTA DO JARDIM (INTERIOR)............................................................... 233
DOC. 109 – PORTÃO DA QUINTA DO JARDIM ..................................................................................... 234
DOC. 110 – GRUPO DE DANÇA DO LUGAR DO MOSTEIRO NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL E RESIDÊNCIA
DO PÁROCO (1969)............................................................................................................. 235
DOC. 111 - CASA DOS JULGADOS - LUGAR DA MOTA .......................................................................... 236
DOC. 112 - CRUZEIRO DO LUGAR DA MOTA ...................................................................................... 237
DOC. 113 - UMA CASA MUITO IMPORTANTE DO LUGAR DA MOTA ......................................................... 238
DOC. 114 - UMA CASA ANTIGA DO LUGAR DA MOTA .......................................................................... 238
DOC. 115 – FONTE DO LUGAR DA MOTA (ANO DE 1967) .................................................................... 239
DOC. 116 - RUÍNAS DE UMA CASA MUITO ANTIGA - LUGAR DO MOUCHÃO ............................................. 240
DOC. 117 - RUÍNAS DE OUTRA CASA ANTIGA – LUGAR DO MOUCHÃO .................................................... 240
DOC. 118 - PORTADAS DE UMA CASA - LUGAR DE PAÇÔ ...................................................................... 241
DOC. 119 – CASA ANTIGA DE 1840 NO LUGAR DE PAÇÔ ...................................................................... 242
DOC. 120 – PAÇÔ REPRESENTADO NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL E RESIDÊNCIA DO PÁROCO (ANO DE
1969) ............................................................................................................................... 242
DOC. 121 - UMA CASA ANTIGA - LUGAR DA PÓVOA ............................................................................ 243
DOC. 122 - RURALIDADE DO LUGAR DAS PÓVOAS ............................................................................... 244
DOC. 123 - RURALIDADE DO LUGAR DE REBORDELO ........................................................................... 245
DOC. 124 – UMA CASA ANTIGA DO LUGAR DE REBORDELO .................................................................. 246
DOC. 125 – VISTA PANORÂMICA DO LUGAR DE REBORDELO ................................................................ 246
DOC. 126 - MARCO DOS 4 CONCELHOS ........................................................................................... 247
DOC. 127 - UMA CASA ANTIGA, LUGAR DE SAMEIRO ........................................................................... 248
DOC. 128 - OUTRA CASA ANTIGA, LUGAR DE SAMEIRO ........................................................................ 248
DOC. 129 - PORMENOR DA JANELA DE UMA CASA ANTIGA NO LUGAR DE SAMEIRO ................................... 249
DOC. 130 – RANCHO/GRUPO DE DANÇA DO LUGAR DE SAMEIRO NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL E
RESIDÊNCIA DO PÁROCO (1969)............................................................................................ 250
DOC. 131 – PORMENOR DOS TRAJES UTILIZADOS ................................................................................ 250
DOC. 132 - PORMENOR DO CULTIVO DO MILHO EM CANEDO - LUGAR DA SILVA ...................................... 251
DOC. 133 - VISTA PANORÂMICA DO LUGAR DE S. ROQUE .................................................................... 252
DOC. 134 - VISTA DO LUGAR DE SANGUINHEDO ................................................................................. 253
DOC. 135 - UM BELO CANASTRO COMUNITÁRIO - LUGAR DE SOBRÊDA................................................... 254
22
[Índices]
DOC. 136 - GRUPO DE DANÇA DO LUGAR DE SOBRÊDA NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL NO ANO DE 1969
......................................................................................................................................... 255
DOC. 137 – PORMENOR DOS TRAJES UTILIZADOS PELAS MULHERES DE SOBRÊDA ..................................... 255
DOC. 138 - CASA DA FAMÍLIA SANTIAGO - LUGAR DE SOUZANIL............................................................ 256
DOC. 139 - CASA DA FAMÍLIA ROCHA - LUGAR DE SOUZANIL ................................................................ 257
DOC. 140 - FOTOGRAFIA DE MEADOS DO SÉCULO XX DA CASA DA FAMÍLIA ROCHA .................................. 258
DOC. 141 – A CULTURA AGRÍCOLA PELO LUGAR DE SOUZANIL ............................................................... 258
DOC. 142 – LUGAR DE SOUZANIL ..................................................................................................... 259
DOC. 143 - FONTE DO LUGAR DE SOUZANIL (DO ANO DE 1900) .......................................................... 260
DOC. 144 - VISTA DO LUGAR DAS TERÇAS .......................................................................................... 261
DOC. 145 - ANTIGUIDADE DO LUGAR DE VALCOVA ............................................................................. 262
DOC. 146 – VISTA DOS MONTES DE VALCOVA (AO CENTRO DA IMAGEM CONSEGUE-SE VER A CASA DE VALCOVA)
......................................................................................................................................... 263
DOC. 147 – VISTA DE UMA PARTE DO LUGAR DE VALCOVA ................................................................... 263
DOC. 148 – TRAJES DO POVO DE VALCOVA NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL (ANO DE 1969) ......... 264
DOC. 149 – OS TRAJES DO POVO DE VALCOVA (ANO DE 1969) ............................................................. 265
DOC. 150 - LUGAR DE VALCURRAL ................................................................................................... 266
DOC. 151 - LUGAR DE VALCURRAL ................................................................................................... 266
DOC. 152 - UMA CASA ANTIGA - LUGAR DE VÁRZEA ............................................................................ 267
DOC. 153 – MOINHO E O RIO UÍMA - LUGAR DE VÁRZEA ..................................................................... 268
DOC. 154 – MOINHO E PONTE VELHA DE VÁRZEA ............................................................................... 268
DOC. 155 – UMA ALMINHA NO LUGAR DE VÁRZEA ............................................................................. 269
DOC. 156 - GRUPO DE DANÇA DO LUGAR DE VÁRZEA NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL E RESIDÊNCIA DO
PÁROCO (1969).................................................................................................................. 270
DOC. 157 – PORMENOR DOS TRAJES ................................................................................................ 270
DOC. 158 - ANTIGA ESCOLA PRIMÁRIA DE VILARES ............................................................................. 271
DOC. 159 - PORTAL DE UMA CASA ANTIGA NO LUGAR DE VILARES ......................................................... 272
DOC. 160 – O LUGAR DE VILARES REPRESENTADO NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL E RESIDÊNCIA DO
PÁROCO (1969).................................................................................................................. 273
DOC. 161 – O LUGAR DE VILARES NOS LEILÕES DE 1969 COM UMA PEÇA DE TEATRO ................................ 273
DOC. 162 - EVIDÊNCIA DA CONSTRUÇÃO DE CAPELAS EM SÍTIOS ERMOS - PARQUE DE NOSSA SENHORA DA
PIEDADE ............................................................................................................................. 279
DOC. 163 - CAPELA DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE - EX-LIBRIS DA FREGUESIA DE CANEDO .................... 281
DOC. 164 – CAPELA DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE EM MEADOS DO SÉCULO XX (IMAGEM ANTIGA DA CAPELA)
......................................................................................................................................... 281
DOC. 165 - COROAÇÃO DA SENHORA DA PIEDADE COM A COROA DE OURO E DIAMANTES PELO ENTÃO BISPO DO
PORTO NO DIA 5 DE SETEMBRO DE 1971 ................................................................................ 282
DOC. 166- CAPELA DE SANTA ANA ................................................................................................... 284
DOC. 167 – ESPAÇO RECREATIVO E CULTURAL JORGE CLARO DA ROCHA – ESPAÇO ENVOLVENTE À CAPELA DE
SANTA ANA ........................................................................................................................ 284
DOC. 168 - CAPELA DE SANTA LUZIA ................................................................................................ 285
DOC. 169 - CAPELA DE SÃO LOURENÇO ............................................................................................ 287
DOC. 170 - CAPELA DE NOSSA SENHORA DAS DORES .......................................................................... 288
DOC. 171 – UMA PARTE DO PROJETO DA CAPELA DA NOSSA SENHORA DAS DORES .................................. 289
DOC. 172 – CAPELA DE NOSSA SENHORA DAS DORES- PARTICULAR ...................................................... 290
DOC. 173 - CAPELA DE SÃO PAIO ..................................................................................................... 291
DOC. 174 - ANTIGA CAPELA DE SÃO PAIO, LUGAR DE VÁRZEA .............................................................. 292
DOC. 175 - CAPELA DE SANTA BÁRBARA ........................................................................................... 293
DOC. 176 – UMA PARTE DO PROJETO DA CAPELA DE SANTA BÁRBARA ELABORADO NO ANO DE 1995 ........ 294
DOC. 177 - ANTIGA CAPELA DE SANTA BÁRBARA ................................................................................ 295
DOC. 178 – CAPELA DE NOSSA SENHORA DO AMPARO- PARTICULAR..................................................... 296
DOC. 179 – CAPELA DE SÃO ROQUE - PARTICULAR ............................................................................. 297
23
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
DOC. 180 – IMAGEM DA NOSSA SENHORA DA PIEDADE DE CANEDO ...................................................... 302
DOC. 181 – PROCISSÃO DA FESTA DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE – ANDOR DO SENHOR DOS PASSOS (SÉCULO
XX) ................................................................................................................................... 303
DOC. 182 – PROCISSÃO DA FESTA DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE (MEADOS DO SÉCULO XX) .................. 304
DOC. 183 – PROCISSÃO DA FESTA DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE (MEADOS DO SÉCULO XX) .................. 304
DOC. 184 – IMAGEM DE SÃO PEDRO DE CANEDO, PADROEIRO DA VILA (ALTAR-MOR DA IGREJA DE CANEDO)
......................................................................................................................................... 306
DOC. 185 – IMAGEM DO SANTO ANTÓNIO DE CANEDO (ALTAR-MOR DA IGREJA DE CANEDO) ................... 307
DOC. 186 - IMAGEM DE SÃO LOURENÇO NA CAPELA DE SÃO LOURENÇO EM NO LUGAR DE CARVOEIRO ...... 309
DOC. 187 - IMAGEM DO SÃO PAIO DO LUGAR DE VÁRZEA ................................................................... 310
DOC. 188 - IMAGEM DA SANTA ANA DO LUGAR DE SOUZANIL .............................................................. 312
DOC. 189 - SANTA LUZIA DO LUGAR DE FRAMIL ................................................................................. 314
DOC. 190 - SANTA BÁRBARA DO LUGAR DE REBORDELO ..................................................................... 316
DOC. 191 - CAPELINHA DE SÃO PEDRO NO LUGAR DE MOSTEIRÔ .......................................................... 317
DOC. 192 - IMAGEM DA NOSSA SENHORA DAS DORES DE VALCOVA ...................................................... 318
DOC. 193 – CAPELINHA DE SÃO JOÃO (22-06-2006) DO LUGAR DE SOBRÊDA ........................................ 320
DOC. 194 – BARCOS VALBOEIROS NO PORTO DE CARVOEIRO ............................................................... 326
DOC. 195 - BARCOS VALBOEIROS NO PORTO DE CARVOEIRO ................................................................ 326
DOC. 196 – UM VALBOEIRO A SAIR DO PORTo DE CARVOEIRO – MEADOS DO SÉCULO XX .......................... 327
DOC. 197 – VALBOEIROS NO CAIS DE CARVOEIRO .............................................................................. 327
DOC. 198 – RIO INHA .................................................................................................................... 334
DOC. 199 – PONTE DO ENG. EDGAR CARDOSO, SOBRE O INHA ............................................................. 334
DOC. 200 – ZONA RIBEIRINHA DO INHA/MARGEM ESQUERDA DO RIO INHA........................................... 336
DOC. 201 – RIO INHA .................................................................................................................... 336
DOC. 202 - PONTE DO ESTILO ROMANO SOBRE O RIO UÍMA NO LUGAR DE VÁRZEA ................................. 341
DOC. 203 - RIO UÍMA .................................................................................................................... 341
DOC. 204 – PONTE DE VÁRZEA SOBRE O RIO UÍMA (2) ....................................................................... 343
DOC. 205 - VISTA DO RIO DOURO DO PORTO DE CARVOEIRO ............................................................... 345
DOC. 206 – O ÁRDUO TRABALHO NO CAMPO (VÊ-SE OS DIFERENTES TRAJES UTLIZADOS NO CAMPO E UMA GIGA
DE ERVA) ............................................................................................................................ 376
DOC. 207 -UMA MOREIA DE PALHA NOS TEMPOS ANTIGOS .................................................................. 378
DOC. 208 - BOIS A POSTOS COMO ERA ANTIGAMENTE ......................................................................... 381
DOC. 209 – CARRO DE BOIS ............................................................................................................ 381
DOC. 210 – UM CARRO DE BOIS (FOTO DE MEADOS DO SÉCULO XX) ...................................................... 383
DOC. 211 - P. AGOSTINHO JOSÉ PAIS MOREIRA ................................................................................. 395
DOC. 212 – P. DAVID COELHO ........................................................................................................ 396
DOC. 213 -P. ANTÓNIO REGAL ........................................................................................................ 396
DOC. 214 – P. ANTÓNIO MACHADO ................................................................................................ 397
DOC. 215 – P. EMANUEL BERNARDO ............................................................................................... 397
DOC. 216 - DRA. MARIA PAIS MOREIRA ........................................................................................... 417
DOC. 217 - DRA. MARIA PAIS MOREIRA ........................................................................................... 419
DOC. 218 – DRA. MARIA PAIS MOREIRA .......................................................................................... 420
DOC. 219 - RELÓGIO OFERECIDO PELA RAINHA D. AMÉLIA À DRA. MARIA PAIS MOREIRA ......................... 421
DOC. 220 -ANEL DE CURSO DA DRA. MARIA PAIS MOREIRA ................................................................ 421
DOC. 221 – PASTA DE CURSO DA DRA. MARIA PAIS MOREIRA ............................................................. 422
DOC. 222 -TESE DEFENDIDA PELA DRA. PAIS MOREIRA NO ANO DE 1892. ............................................. 423
DOC. 223 - PADRE ANTÓNIO FRANCISCO REGAL ................................................................................ 424
DOC. 224 – DR. ALEXANDRE PAIS MOREIRA ...................................................................................... 425
DOC. 225 – DR. ALEXANDRE PAIS MOREIRA NO FINAL DO SEU PERCURSO ACADÉMICO ............................. 426
DOC. 226 - DR. PAIS MOREIRA, A SUA ESPOSA E OS SEUS TRÊS FILHOS ................................................... 427
DOC. 227 – HOMENAGEM AO DR. PAIS MOREIRA EM 25 DE OUTUBRO DE 1985 ................................... 427
DOC. 228 – MANUEL PINTO MARQUES ............................................................................................ 428
24
[Índices]
DOC. 229 – BUSTO DE MANUEL PINTO MARQUES ............................................................................. 429
DOC. 230 – LARGO MANUEL PINTO MARQUES .................................................................................. 430
DOC. 231 – MEDALHA DE MÉRITO DE D. JOÃO VI A MANUEL PINTO MARQUES ..................................... 431
DOC. 232 – MEDALHA DE MÉRITO D. JOÃO VI A MANUEL PINTO MARQUES .......................................... 432
DOC. 233 – ORDEM DO CIDADÃO DO RIO DE JANEIRO A MANUEL PINTO MARQUES ................................ 433
DOC. 234 – OBRA PORTUGUESA DE ASSISTÊNCIA AO BENFEITOR MANUEL PINTO MARQUES .................... 433
DOC. 235 – SR. ROCHA (O PRIMEIRO DA ESQUERDA) COM OUTROS AMIGOS NO BRASIL ............................ 434
DOC. 236 – PADRE AGOSTINHO MOREIRA DA COSTA.......................................................................... 435
DOC. 237 – P. MANUEL CAPITÃO .................................................................................................... 436
DOC. 238 – PADRE MANUEL CAPITÃO NA SUA MISSA NOVA ................................................................. 436
DOC. 239 – PADRE JOAQUIM PAIVA ................................................................................................. 437
DOC. 240 - TRANSCRIÇÕES DE ALGUMAS DISPOSIÇÕES DO CÓDIGO CIVIL ADMINISTRATIVO, APLICÁVEIS ÀS
REGEDORIAS (31 DE DEZEMBRO DE 1940) (1)......................................................................... 459
DOC. 241 - TRANSCRIÇÕES DE ALGUMAS DISPOSIÇÕES DO CÓDIGO CIVIL ADMINISTRATIVO, APLICÁVEIS ÀS
REGEDORIAS (31 DE DEZEMBRO DE 1940) (2)......................................................................... 460
DOC. 242 – FRANCISCO MOREIRA MARQUES, EX. PRESIDENTE DE JUNTA .............................................. 469
DOC. 243 - MANUEL DE JESUS, EX. PRESIDENTE DA JUNTA .................................................................. 470
DOC. 244 – VÍTOR MARQUES, EX. PRESIDENTE DA JUNTA ................................................................... 471
DOC. 245 – PAULO OLIVEIRA, ATUAL PRESIDENTE DA JUNTA ............................................................... 471
DOC. 246 – SERAFIM JOSÉ PINTO .................................................................................................... 501
DOC. 247 – CASA DE TERESA E DE SERAFIM NO LUGAR DA MOTA ......................................................... 501
DOC. 248 – ANA DA SILVA E JOÃO SOUSA ......................................................................................... 502
DOC. 249 – CASA DO PATEO ........................................................................................................... 502
DOC. 250 – JOAQUIM E ANDRELINA ................................................................................................. 502
DOC. 251 – ASPETO ATUAL DA CASA DE JOAQUIM E ANDRELINA ........................................................... 503
DOC. 252 - BRASÃO DA VILA DE CANEDO .......................................................................................... 613
DOC. 253 - BANDEIRA DA VILA DE CANEDO ....................................................................................... 614
DOC. 254 - BRASÃO DA PARÓQUIA DE SÃO PEDRO DE CANEDO - ANTIGO ............................................... 615
DOC. 255 - BRASÃO RECENTE DA PARÓQUIA DE SÃO PEDRO DE CANEDO ............................................... 615
DOC. 256 - ENGENHEIRO ANTÓNIO GUTERRES NA INAUGURAÇÃO DA ESCOLA BÁSICA 2º E 3º CICLO DE CANEDO
......................................................................................................................................... 636
DOC. 257 - ESCOLA EB 2/3 DE CANEDO ........................................................................................... 637
DOC. 258 - ESCOLA BÁSICA DE CANEDO ............................................................................................ 638
DOC. 259 - CENTRO SOCIAL DE CANEDO, CASA DO POVO, BIBLIOTECA, JUNTA DE FREGUESIA E POSTO MÉDICO
......................................................................................................................................... 638
DOC. 260 - POSTO DA GNR DE CANEDO ........................................................................................... 639
DOC. 261 – MEMÓRIA À INAUGURAÇÃO ........................................................................................... 639
DOC. 262 - IMAGEM DA INAUGURAÇÃO DO POSTO DA GNR DE CANEDO ............................................... 639
DOC. 263 - O JARDIM - CENTRO DE SOLIDARIEDADE SOCIAL DE CANEDO ................................................ 640
DOC. 264 – ESTÁDIO DAS VALADAS.................................................................................................. 641
DOC. 265 - PAVILHÃO GIMNODESPORTIVO DE CANEDO ....................................................................... 641
DOC. 266 - MAIO CULTURAL DE 2001 .............................................................................................. 643
DOC. 267 - ENTREGA DE LEMBRANÇAS NO MAIO CULTURAL ................................................................ 643
DOC. 268 - LOGÓTIPO DO AGRUPAMENTO ........................................................................................ 644
DOC. 269 - AGRUPAMENTO DE ESCUTEIROS DE CANEDO ..................................................................... 645
DOC. 270 - LOGÓTIPO DA ASSOCIAÇÃO ............................................................................................ 647
DOC. 271 - PRIMEIRA DIREÇÃO DA ASSOCIAÇÃO HUMANITÁRIA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE CANEDO
......................................................................................................................................... 648
DOC. 272 - ASSOCIAÇÃO RECREATIVA " AMIGOS DAS MARGENS DO RIO INHA"....................................... 649
DOC. 273 - LOGÓTIPO DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO DA ESCOLA DO MIRANTE 650
DOC. 274 - LOGÓTIPO DA ASSOCIAÇÃO FREE DANCE CANEDO E LOBÃO ................................................. 651
DOC. 275 - LOGÓTIPO DA ASSOCIAÇÃO ............................................................................................ 652
25
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
DOC. 276 - EMBLEMA DA "JUVENTUDE DE CANEDO" .......................................................................... 653
DOC. 277 - ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA E CULTURAL DA JUVENTUDE DE CANEDO ...................................... 654
DOC. 278 - EMBLEMA DA ASSOCIAÇÃO ............................................................................................. 655
DOC. 279 - LOGÓTIPO DA ASSOCIAÇÃO ............................................................................................ 656
DOC. 280 - FANFARRA DE CANEDO .................................................................................................. 657
DOC. 281 - ASSOCIAÇÃO CULTURAL E RECREATIVA FANFARRA DE CANEDO ............................................. 657
DOC. 282 - ASSOCIAÇÃO CULTURAL E MUSICAL DE CANEDO ................................................................ 659
DOC. 283 - LOGÓTIPO DO CANEDO FUTEBOL CLUBE ........................................................................... 660
DOC. 284 - ESTÁDIO DAS VALADAS .................................................................................................. 662
DOC. 285 – ATUAL LOGÓTIPO DO CLUBE FÚRIO ................................................................................. 664
DOC. 286 – CLUBE FÚRIO TAEKWONDO DE CANEDO ........................................................................... 665
DOC. 287 - ANTIGO LOGÓTIPO DO CLUBE FÚRIO TAEKWONDO DE CANEDO ............................................ 665
DOC. 288 - CLUBE DE CANOAGEM DE CANEDO .................................................................................. 666
DOC. 289 - ESTANDARTE DA CONFERÊNCIA VICENTINA DE CANEDO ....................................................... 667
DOC. 290 - GRUPO CRUZADA EUCARÍSTICA DAS CRIANÇAS DA IGREJA DE SÃO PEDRO DE CANEDO ............. 668
DOC. 291 – LOGÓTIPO DO GRUPO RECREATIVO E CULTURAL DE CANEDO ............................................... 669
DOC. 292 – PRIMEIRO JORNAL “A VOZ DE CANEDO) – ANO DE 1975 ................................................... 670
DOC. 293 – PESSOAL DO TEATRO DO GRUPO RECREATIVO E CULTURAL DE CANEDO ................................ 670
DOC. 294 - LOGÓTIPO DO EXTINTO GRUPO CÉNICO DE CANEDO ........................................................... 673
DOC. 295 - LOGÓTIPO DA ASSOCIAÇÃO JUVENIL - REINO DA FOLIA ........................................................ 674
DOC. 296 - RANCHO FOLCLÓRICO “AS LAVRADEIRAS DE REBORDELO” ................................................... 675
DOC. 297 - RANCHO FOLCLÓRICO “AS LAVRADEIRAS DE REBORDELO” ................................................... 676
DOC. 298 – RANCHO FOLCLÓRICO SÃO PEDRO DE CANEDO ................................................................. 677
DOC. 299 - RANCHO FOLCLÓRICO SÃO PEDRO DE CANEDO .................................................................. 678
DOC. 300 - RANCHO FOLCLÓRICO “AS CEIFEIRAS DE CANEDO” ............................................................. 679
DOC. 301 - POMBO CORREIO .......................................................................................................... 680
DOC. 302 - ESTANDARTE DO GRUPO MUSICAL S. PEDRO DE CANEDO .................................................... 682
DOC. 303 – TUNA/GRUPO MUSICAL DE SÃO PEDRO DE CANEDO ......................................................... 683
DOC. 304 - TUNA/GRUPO MUSICAL A ATUAR NA RUA DA IGREJA EM CANEDO ........................................ 683
DOC. 305 - EMBLEMA DO CLUBE VH TEAM FIGHTERS ......................................................................... 685
DOC. 306 - CLUBE VH TEAM FIGHTERS ............................................................................................. 685
DOC. 307 - LUGAR DA MANGUELA ................................................................................................... 732
DOC. 308 - SELO DO CONCELHO DA FEIRA DE 1284 – UM DOS PRIMEIROS SELOS DE PORTUGAL ................ 734
DOC. 309 - "PIETÃ DE CANEDO" PARQUE DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE ........................................... 736
DOC. 310 - RETRATO DE PINHO LEAL ................................................................................................ 738
DOC. 311 - CÓNEGO ANTÓNIO FERREIRA DE PINTO ............................................................................ 740
DOC. 312 – PLANTA TIPOGRÁFICA DO TERRENO DA SENHORA DA PIEDADE EM CANEDO – FINAIS SÉCULO XX
......................................................................................................................................... 747
DOC. 313 – QUINTA DO PATEO (DO LADO ESQUERDO A CASA E DO LADO DIREITO A CAPELA E AO FUNDO O RIO
DOURO) ............................................................................................................................. 748
DOC. 314 – FÁBRICA DE SABÃO EM CARVOEIRO ................................................................................. 753
DOC. 315 – SERRAÇÃO EM CARVOEIRO ............................................................................................ 754
DOC. 316 – FABRICAS EM CARVOEIRO NO ANO DE 1989 ..................................................................... 754
DOC. 317 – ANTÓNIO DOS REIS ....................................................................................................... 754
DOC. 318 – MANUEL BAPTISTA ....................................................................................................... 754
26
[Índices]
MAPAS
MAP. 1 - CARTA DE DECLIVES DE SANTA MARIA DA FEIRA. .................................................................... 67
MAP. 2 – LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DE CANEDO ................................................................................ 67
MAP. 3 – CANEDO EM PORTUGAL ................................................................................................... 619
MAP. 4 - CANEDO NO CONCELHO DA FEIRA – FOTO DE PINHELENSE ..................................................... 620
MAP. 5 – CARTA HIPSOMÉTRICA DE SANTA MARIA DA FEIRA ............................................................... 621
MAP. 6 – CARTA DE REDE HIDROGRÁFICA DO CONCELHO DE SANTA MARIA DA FEIRA ............................. 622
MAP. 7 – CARTA DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DE SANTA MARIA DA FEIRA ............................................ 623
MAP. 8 – CARTA GEOLÓGICA DE SANTA MARIA DA FEIRA ................................................................... 624
MAP. 9 – PRECIPITAÇÃO MÉDIA ANUAL EM SANTA MARIA DA FEIRA ..................................................... 625
MAP. 10 – TEMPERATURA MÉDIA ANUAL DE SANTA MARIA DA FEIRA .................................................. 626
MAP. 11 – NÚMERO MÉDIO DE DIAS COM GEADA EM SANTA MARIA DA FEIRA ...................................... 627
MAP. 12 – NÚMERO MÉDIO DE DIAS COM GEADA EM SANTA MARIA DA FEIRA (2) .................................. 628
MAP. 13 - ORTO MAPA DA FREGUESIA DE CANEDO ............................................................................ 629
MAP. 14 – A VILA DE CANEDO ....................................................................................................... 630
27
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
TABELAS
TABELA 1 – LIVROS EXISTENTES NO MOSTEIRO DE CANEDO SEGUNDO A VISITAÇÃO DE 5 DE NOVEMBRO DE 1300
........................................................................................................................................... 99
TABELA 2 - PARAMENTOS DA IGREJA DO MOSTEIRO DE CANEDO SEGUNDO A VISITAÇÃO DE 5 DE NOVEMBRO DE
1300 ................................................................................................................................ 100
TABELA 3- MATERIAIS RELIGIOSOS EXISTENTES NA IGREJA DO MOSTEIRO DE CANEDO SEGUNDO A VISITAÇÃO DE
5 DE NOVEMBRO DE 1300 .................................................................................................... 100
TABELA 4 – LOCALIZAÇÃO DOS CASAIS DO MOSTEIRO DE PEDROSO (SÉC. XII) .......................................... 112
TABELA 5 – CASAIS DO MOSTEIRO DE PEDROSO (SÉC. XIII) .................................................................. 112
TABELA 6- BENS DETIDOS PELAS INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS, EM LOBÃO EM 1220 ..................................... 113
TABELA 7 – PATRIMÓNIO DO MOSTEIRO DE CANEDO (SÉC. XIII) ........................................................... 113
TABELA 8 - INQUIRIÇÕES DE D. AFONSO III NA TERRA DE SANTA MARIA 1251 – MOSTEIRO DE CANEDO ..... 121
TABELA 9 - INQUIRIÇÕES DE D. AFONSO III NA TERRA DE SANTA MARIA 1251 – IGREJA E FREGUESIA DE CANEDO
......................................................................................................................................... 123
TABELA 10 – CONTRIBUIÇÕES DO POVO DE CANEDO PARA O REI NO FORAL DE 1514. ............................... 126
TABELA 11 – RENDIMENTO DAS IGREJAS ANEXAS À IGREJA DE CANEDO, SÉC. XVIII ................................... 156
TABELA 12 – DESPESAS ANUAIS DA COMENDA DE LOBÃO COM A IGREJA DE CANEDO (SÉCULO XVIII), A SI
ANEXADA............................................................................................................................ 156
TABELA 13 VISITAÇÕES, CENSOS E BRAGÃES EM 1542 ......................................................................... 156
TABELA 14 – INVENTÁRIO DE PARAMENTOS E TRASTES EXISTENTES NA IGREJA DE CANEDO À DATA DE 23 DE
MARÇO DE 1825 ................................................................................................................ 158
TABELA 15 – PRODUÇÃO DE ALGUNS PRODUTOS AGRÍCOLAS NO ANO DE 1900 DE ALGUMAS FREGUESIAS DO
CONCELHO DA FEIRA (POR CARROS) ........................................................................................ 373
TABELA 16 – LIVRO DE REGISTOS DOS OFÍCIOS DO ARQUIVO MUNICIPAL DE SANTA MARIA DA FEIRA, NOS ANOS
DE 1755 A 1771 E 1783 A 1799 .......................................................................................... 374
TABELA 17 -ESTRUTURA SOCIOPROFISSIONAL NO ANO DE 1801 ............................................................ 382
TABELA 18 -PREÇO (EM REAIS) MÉDIO DOS SALÁRIOS NO CONCELHO DA FEIRA (1863 A 1870) .................. 384
TABELA 19 -LANÇAMENTO DO 4,5 EM 1721 ..................................................................................... 385
TABELA 20 –RESPONSÁVEIS PELO SERVIÇO PAROQUIAL DA PARÓQUIA DE CANEDO .................................. 390
TABELA 21 - CONFRARIAS E COMISSÃO DE FESTAS .............................................................................. 409
TABELA 22 – DISTRITOS DOS JUÍZES DE PAZ DE 1837 .......................................................................... 442
TABELA 23 – DISTRITOS DE JUIZ DE PAZ NO ANO DE 1904 ................................................................... 442
TABELA 24- JUÍZES DE PAZ DO DISTRITO DE CANEDO ........................................................................... 443
TABELA 25 – JURADOS DE 1887 A 1926 ........................................................................................... 445
TABELA 26 – JUIZ ELEITO ................................................................................................................ 454
TABELA 27 – REGEDORES E SUBSTITUTOS DA FREGUESIA DE CANEDO DE 1842 A 1975. ........................... 461
TABELA 28 - COMPETÊNCIAS DO REGEDOR (1834 – 1900) ................................................................. 466
TABELA 29 – ALGUMAS COMPETÊNCIAS DA JUNTA DE FREGUESIA (APÓS 1974) ...................................... 472
TABELA 30 – ALGUMAS COMPETÊNCIAS DA ASSEMBLEIA DE FREGUESIA ................................................. 479
TABELA 31 – HOMENS DA FREGUESIA DE CANEDO QUE FORAM PARA A 1ª GUERRA MUNDIAL ................... 719
TABELA 32 – MORTOS DA FREGUESIA DE CANEDO NA 1ª GUERRA MUNDIAL .......................................... 720
28
[Índices]
GRÁFICOS
GRAF. 1 - ÓBITOS DE 1587 A 1854 (ESTIMATIVA) .............................................................................. 403
GRAF. 2 - ÓBITOS DE 1860 A 1910.................................................................................................. 403
GRAF. 3 – ÓBITOS DE 1914 A 1960 ................................................................................................. 404
GRAF. 4 – ÓBITOS DE 1962 A 1997 ................................................................................................. 404
GRAF. 5 – BATISMOS DE 1587 A 1867 (ESTIMATIVA) ......................................................................... 405
GRAF. 6 – BATISMOS DE 1860 A 1910 ............................................................................................. 405
GRAF. 7 -BATISMOS DE 1914 A 1960 .............................................................................................. 406
GRAF. 8 -BATISMOS DE 1962 A 1997 .............................................................................................. 406
GRAF. 10 - CASAMENTOS DE 1587 A 1854 (ESTIMATIVA) ................................................................... 407
GRAF. 9 – CASAMENTOS DE 1860 A 1910 ........................................................................................ 407
GRAF. 11 – CASAMENTOS DE 1914 A 1960 ...................................................................................... 408
GRAF. 12 -CASAMENTOS DE 1962 A 1997 ........................................................................................ 408
GRAF. 13 – DADOS DEMOGRÁFICOS DE 1687 A 2011 DA FREGUESIA DE CANEDO ................................... 598
GRAF. 14 – VARIAÇÃO PERCENTUAL DO Nº DE HABITANTES DE 1687 A 2011 ........................................ 598
GRAF. 15 – FOGOS DE 1687 A 2011 ............................................................................................... 599
GRAF. 16 – VARIAÇÃO PERCENTUAL DO Nº DE FOGOS DE 1687 A 2011 ................................................ 599
GRAF. 17 – TAXA DE CRESCIMENTO POPULACIONAL ANUAL MÉDIO SEGUNDO OS CENSOS (%)................... 600
GRAF. 18 - DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR GRUPOS ETÁRIOS.......................................................... 601
GRAF. 19 – DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR GRUPOS ETÁRIOS (%)................................................... 601
GRAF. 20 - TAXA DE INSTRUÇÃO MÍNIMA DO POVO DE CANEDO ........................................................... 602
GRAF. 22 - HOMENS E MULHERES QUE PELO MENOS SABEM LER ........................................................... 603
GRAF. 21 - ALFABETIZAÇÃO NA FREGUESIA, CONCELHO E PAÍS DE 1878 A 1930 170 .................................. 603
GRAF. 23 - EVOLUÇÃO DO Nº DE EMIGRANTES (1883 – 1962) ............................................................ 605
GRAF. 24 – FAIXA ETÁRIA DOS EMIGRANTES ...................................................................................... 607
GRAF. 25 – NÍVEL DE INSTRUÇÃO DOS EMIGRANTES ........................................................................... 607
GRAF. 26 – PAÍS DE DESTINO DOS EMIGRANTES (1883-1962)............................................................. 609
GRAF. 27 – LOCAIS BRASILEIROS DE DOS EMIGRANTES (1883 – 1962) .................................................. 609
29
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
30
[Breve Apresentação]
[Breve Apresentação]
31
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
32
[Breve Apresentação]
• Breve apresentação do autor
O meu nome é Emanuel Alexis da Rocha Gonçalves, nasci a 26 de
Agosto de 2000. Cresci e vivo na Vila de Canedo, hoje União de Freguesias
de Canedo, Vale e Vila Maior, concelho de Santa Maria da Feira, aos quais
honro pertencer.
Fiz a minha instrução Primária na Escola E.B. 1 do Mirante, logo após
ingressei na Escola Básica 2/3 de Canedo onde concluí o 2º e 3º Ciclo, na
qual fui aluno de excelentes professores a quem devo todo o meu ser
enquanto amante da minha terra.
Posteriormente, concluí o ensino secundário em Ciências e
Tecnologias na Escola Básica e Secundária Coelho e Castro de Fiães, do
mesmo concelho de Santa Maria da Feira.
Atualmente, sou estudante da Licenciatura em Administração Pública
na Universidade de Aveiro.
Encabecei vários projetos que me dignificaram enquanto pessoa, dos
quais se destaca o Projeto “Jovem Autarca” dinamizado pelo Gabinete da
Juventude da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira.
Sempre fui ligado à minha terra e ao meu povo. Cresci a ver barcos a
navegar nos rios, cresci a ser beijado pelo Rio Douro, cresci no meio de
bosques e florestas, cresci de um povo com enormes tradições culturais,
cresci a ouvir lendas encantadas, cresci ao som das belas melodias que
engrandecem o folclore das Terras de Santa Maria, cresci das entranhas de
um povo humilde, respeitado e autossuficiente, cresci com quatro amores
no coração, mas o mais profundo é o amor pelo Concelho de Santa Maria
da Feira. Cresci na mais bela freguesia do Concelho da Feira.
Todo este interesse que tenho na minha freguesia e no seu povo
despertou em mim uma vontade de fazer algo que nunca foi feito, compilar
todas as informações encontradas em pesquisas e obras num só livro numa
só obra.
33
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
A história do povo de Canedo, até ao momento, esteve na boca de
algumas pessoas e em papéis espalhados por vários locais. Uma freguesia
tão importante e com grande valor cultural merece ter uma digna história
escrita, que tenha o poder de incutir às gerações futuras a grandiosidade
do ser Canedense e pertencer às terras de Santa Maria da Feira.
A verdadeira identidade de um povo está na sua cultura. São as
tradições, histórias e memórias que fazem do povo de Canedo único.
“Temos de saber o que somos, de onde vimos e para aonde vamos.”
O autor, Emanuel Alexis
34
[Prefácio]
[Prefácio]
35
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
36
[Prefácio]
• Prefácio
A palavra Prefácio vem do latim praefatio, aquilo que é dito (fatio) antes
(prae). Praefatio sacrorum era a fórmula pronunciada antes de uma
cerimónia sagrada. É esse o papel de um prefácio, onde são expostas ideias
ou factos julgados necessários para o bom entendimento de um livro.
Prezados leitores, em primeiro lugar gostaria de deixar uma primeira
nota, o meu lamento em que estas publicações preciosíssimas para a
História Local tenham de partir de iniciativa particular, fazendo com que os
autores invistam pecúlio pessoal e os obriguem a procurar apoios para
edição, uma vez que as entidades ainda não assumem claramente a
importância de publicar, tal como acontece por exemplo em Espanha e
Brasil.
René Descartes escreveu “A leitura de todos bons livros é como uma
conversa com os melhores espíritos dos séculos passados, que foram seus
autores, e é uma conversa estudada, na qual eles nos revelam seus melhores
pensamentos”, ao que eu ainda acrescento as palavras de Miguel de
Unamuno, que se correspondeu e foi Amigo do escritor feirense Manuel
Laranjeira “Se amo alguns livros são aqueles em que sinto que o seu autor,
que pode ter morrido séculos antes de eu ter sido engendrado, se dirigia a
mim, a mim pessoal e concretamente, a mim em confidência”.
Jorge Luis Borges, sublinha ainda:
“Há aqueles que não podem imaginar o mundo sem pássaros;
Há aqueles que não podem imaginar o mundo sem água;
Ao que me refere, sou incapaz de imaginar um mundo sem livros.”
Não duvidamos que o livro São Pedro de Canedo: História de uma
Vila, o mesmo vem enriquecer claramente o rol de obras que felizmente já
existem sobre Canedo, recordo Cónego Ferreira Pinto, Arlindo de Sousa,
entre outros.
Ao ler esta obra da autoria de um jovem, deparamos com a história
atribulada de São Pedro de Canedo e das suas gentes ao longo de 790
páginas, dividida por XX Capítulos: Origens; Canedo: Retalhos de uma
37
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
história; Aldeias/ Lugares; Capelas da Freguesia de Canedo; Festas/ Santos;
Barco Tradicional do Rio Douro; Rios; Lendas, Orações e Talhações;
Canções; Vida Tradicional; Registos Paroquiais; Nomes/ Pessoas
importantes; Organização Político - Administrativa; Famílias Importantes de
Canedo; Manuscritos; Demografia e População; Heráldica;
Mapas/Cartografia; Serviços / Atualidade.
São apresentados textos e documentos dispersos por outras obras,
alguns inéditos, sendo que os mesmos carecem da observação critica das
fontes, como por exemplo o «Portugal Antigo e Moderno», em 12 volumes,
publicados em Lisboa pela Livraria Editora de Mattos Moreira entre 1873 e
1890.
Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho Leal (Lisboa, 16 de
Outubro de 1816 - Porto, 2 de Janeiro de 1884) foi um militar português
mais conhecido por historiador, pela sua monumental obra corográfica.
Pinho Leal, depois de uma vida atribulada fixou-se em Paradela e
mais tarde em Louredinho, Vale, Santa Maria da Feira, sendo que a 12 de
julho de 1834, o seu pai miguelista foi apunhalado por um liberal como
represália política. Em consequência dessas punhaladas, ficou paralítico,
vindo a falecer a 24 de dezembro de 1838.
A 26 de Setembro de 1839 Pinho Leal casa-se na Igreja Paroquial de
Romariz, Santa Maria da Feira, com Maria Rosa de Almeida (e Castro), do
Carvalhal - Romariz, de quem veio a ter 7 filhos. Com o dote da mulher
constrói aí a sua pequena casa e faz-se mestre-escola.
Contudo, essa profissão não se coaduna com o seu feitio mexido, com
os seus hábitos errantes, tão errantes que aos 10 anos já tinha percorrido
mais de 2400 léguas. Dedicou-se então à pintura e ao restauro de imagens
antigas.
No Verão de 1840, ao pintar e restaurar a Igreja de Santa Eulália, em
Arouca, encontrou na livraria do pároco o Diálogo de Varia História, de
Pedro de Mariz (Coimbra, 1599). Foi então que teve a ideia de escrever um
«Diccionario Geographico, Estatistico, Chorographico, Heraldico,
Archeologico, Historico, Biographico e Etymologico».
38
[Prefácio]
O mesmo se passa com Arlindo de Sousa autor de obras como O
Concelho da Feira: História, Etnografia, Arte e paisagem; Feira, Terra Sancta
Maria; Umica: civilizações pré-histórica, proto-histórica romana e romano
portuguesa da Bacia do Uíma, no concelho da Feira; Respigos da toponímia
Feirense.
São Pedro de Canedo: História de uma Vila, não é uma Monografia
na sua verdadeira essência, mas constitui-se num belíssimo instrumento de
trabalho para outros investigadores, uma vez que nos apresenta um
extraordinário roteiro de fontes para a História milenar de Canedo, fontes
essas fundamentais para ao trabalho de geógrafos, historiadores, linguistas,
etnógrafos.
Convém assinalar de que o estudo de História Regional e Local nem
sempre teve importância no mundo académico, apenas a partir do final da
década de 1980, surgem trabalhos mais sistematizados relacionados com o
tema. Isso só foi possível graças a uma nova conceção historiográfica que
surgiu na França em 1929, denominada de Nova História.
A partir desta nova abordagem historiográfica, passou a existir uma
diversificação no conceito de fonte histórica, bem como, uma dinamização
no objeto de estudo do pesquisador.
Nessa perspetiva, tornou-se viável estudar aspetos que até então não
eram mencionados nas academias, ampliou-se à visão dos agentes
elaboradores da história, abandonando a noção tradicional da narrativa
histórica, para procurar uma história plural e dinâmica, onde os “excluídos”
da história ganham visibilidade, a conceção cultural torna-se evidente,
como nos esclarece o historiador Peter Burke: (...) a nova história começou
a interessar-se virtualmente por toda a atividade humana. (...) nos últimos
trinta anos deparamo-nos com várias histórias notáveis de tópicos que
anteriormente não se havia pensado possuírem, como por exemplo, a
infância, a morte, a loucura, o clima, os odores, o lixo, os gestos, o corpo.
(...) O que era previamente considerado imutável é agora encarado como
uma “construção cultural” sujeita a variações, tanto no tempo quanto no
espaço.
Contributos como os de Emanuel Alexis, solidificam a nossa
identidade e impulsionam a firmeza dos passos, em terreno exigente de
dedicação e voluntariado.
39
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Por esta ótica, nota-se a importância do estudo da História Regional
e Local no universo historiográfico, uma vez que ela aproxima o historiador
do seu objeto de estudo. A narrativa deixa de ser fundamentada em temas
distantes para se incorporar aos fenómenos históricos da região.
O dinamismo criativo e empreendedor dos Canedenses tem neste
livro uma bela página, constituindo-se em estímulo para iniciar as novas
gerações à beleza da cultura local, base de um desenvolvimento integral e
humanizador.
Em jeito de conclusão e citando Ernest Hemingway: “Todos os bons
livros se parecem: são mais reais do que se tivessem acontecido de
verdade.”
Professor Doutor Roberto Carlos Reis
Professor Universitário - Instituto Universitário da Maia
40
[Introdução]
[Introdução]
41
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
42
[Introdução]
• Introdução
O presente livro “São Pedro de Canedo, História de uma Vila”, tem como
objetivo principal consistir-se numa matriz histórica da Vila de Canedo e
num passo importante para o conhecimento das suas gentes e gentes
circunvizinhas das Terras de Santa Maria, reforçando desta forma a sua
identidade.
Procura-se com esta obra que toda a comunidade saiba o que foi e o
que é a freguesia, o seu digno passado e o seu meritório presente, e que
seja de maior importância para os Canedenses, em especial os mais jovens,
para que conheçam melhor a terra que os acolhe e que os viu nascer, e,
num futuro próspero, saibam respeitar e preservar a sua memória, o seu
património, tanto no material como no imaterial, não deixando cair no
esquecimento os valores mais altos da nossa terra e das nossas gentes.
As temáticas são abordadas numa perspetiva diacrónica, tentandose,
ao máximo possível, seguir a ordem cronológica dos acontecimentos. Os
documentos antigos, estudos anteriores e obras sobre a história local, bem
como sobre a história das Terras de Santa Maria, foram uma peça
fundamental na consistência do trabalho. Busca-se, ao longo da obra, a
melhor compreensão das temáticas por parte do leitor, recorrendo assim a
imagens, gráficos e quadros.
O livro divide-se em vinte grandes capítulos.
No primeiro capítulo, abordam-se vagamente os primórdios do nosso
país como os seus primeiros povoadores, acrescentando, similarmente,
informações sobre as origens das nossas terras, as terras de Santa Maria, e
compreender desta forma, a génese da nossa freguesia e as suas gentes.
No segundo capítulo, dá-se a conhecer Canedo e o seu património
histórico, a origem toponímica do seu nome e o seu enquadramento
geográfico. Aprofunda-se ao mais concreto possível a sua fundação, o seu
antigo Mosteiro e o monumento mais identitário da freguesia, a Igreja
Paroquial, bem como o Cemitério Paroquial e as Casas senhoriais mais
importantes.
43
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
O terceiro capítulo, é dedicado às cerca de quarenta aldeias/lugares
que compõem a freguesia. Aborda-se a toponímia dos seus nomes, a sua
ruralidade ou urbanidade, linhas de água, entre outros aspetos.
O quarto capítulo, apresenta-nos o restante património religioso do
nosso território, as capelas. Dá-se a conhecer, entre outros aspetos, a sua
história e arquitetura.
No quinto capítulo, têm lugar os santos a quem as nossas gentes
realizam as suas preces, romarias e festividades, explicitando as suas
histórias de vida e datas a que religiosamente são venerados.
No sexto capítulo, aborda-se a história do barco tradicional do Rio
Douro, a sua construção e aspeto, as suas funcionalidades e o seu passado,
sendo o meio de transporte mais frequente no Porto de Carvoeiro e no
transporte de mercadorias aí comercializadas.
O sétimo capítulo, remete-nos para o passado e o presente dos rios
que atravessam de lés a lés o território Canedense. Somos as gentes dos
rios, privilegiados pela singularidade da passagem do Douro nas terras de
Santa Maria da Feira.
Os capítulos, oitavo, nono e décimo, têm como protagonista o povo.
Dão a conhecer, respetivamente, as lendas, as orações, talhações e canções
do conhecimento e da voz popular, bem como a sua vida tradicional nos
tempos passados, voltada para a agricultura de subsistência em terrenos
rudes, onde a natureza quase anulava a braçal força humana.
No capítulo XI, abordam-se os registos paroquiais da Paróquia de São
Pedro de Canedo, dando especial destaque aos padres que serviram a
paróquia, às memórias paroquiais de 1758 e às Confrarias e Comissões de
Festas do século XX.
O capítulo XII, retrata as figuras mais importantes e simbólicas da
freguesia, que com as suas obras e feitos, dignificaram e honraram a sua
amada terra. Que se dignifique o Homem e a sua obra!
O capítulo XIII, dá a conhecer a freguesia no contexto políticoadministrativo.
Apresenta, inicialmente, os responsáveis pela justiça e
comunicação dos factos da freguesia aos responsáveis do concelho,
passando pelos jurados e regedores, terminando nas juntas e assembleias
44
[Introdução]
de freguesia, destacando, assim, estes órgãos, que, de bom grado,
contribuíram e contribuem para o bem-estar na Vila de Canedo.
No capítulo XIV, é apresentada a história e as ligações genealógicas
de várias famílias importantes de Canedo.
No capítulo XV, está exposto um pequeno espólio de manuscritos
relativos à freguesia de Canedo, bem como sobre o antigo Mosteiro de
Canedo e os seus casais, Igreja, entre outros.
O capítulo XVI, retrata os dados populacionais da Vila, como a sua
demografia, a instrução e a emigração desde dos séculos mais remotos até
ao presente.
No capítulo XVII, aborda-se a heráldica da freguesia e da paróquia,
explicando, assim, os diferentes brasões, bandeiras e cores representativas.
O capítulo XVIII e antepenúltimo capítulo, expõe mapas da freguesia
de diferentes géneros, com o objetivo de sinalizar e dar a conhecer a nossa
realidade de diferentes formas e contextos, e que, num futuro, possam
servir para novos estudos sobre as nossas terras.
O capítulo XIX e penúltimo capítulo, remete-nos para a atualidade da
Vila de Canedo, reforçando o seu desenvolvimento a nível urbano, cívico e
cultural, destacando os vários serviços existentes e o associativismo, que
muito precoce despertou na freguesia e hoje é um modo de fomento do
desenvolvimento a nível cultural, desportivo e cívico.
Por último, o capítulo XX, apresenta-nos notas e referências sobre a
freguesia, completando os factos abordados anteriormente, que
posteriormente podem servir como mote para outras pesquisas ou, até
mesmo, novas obras.
Em epítome geral, com esta obra, tenta-se dar a conhecer, sem
exagerar nos méritos nem ignorar os defeitos, um território nortenho do
concelho de Santa Maria da Feira, que durante anos e anos, foi crescendo
dentro de terras férteis e íngremes, mas onde se solidificaram hábitos,
rotinas e costumes, fazendo deste povo um espelho de cultura e tradições.
45
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
46
[Capítulo I](Origens)
[Capítulo I]
(Origens)
47
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
48
[Capítulo I](Origens)
• Origens
• O homem, inicia a sua aparição no planeta terra há 3 milhões de
anos, deixando muitas marcas, e nos dias de hoje os identificam como os
primeiros vestígios: as pedras talhadas.
Segundo a arqueologia mundial, as primeiras pedras afeiçoadas ao
humano remontam há cerca de 2 milhões de anos, sendo que na península
ibérica, os vestígios mais antigos foram trabalhados pelo homem há cerca
de 1 milhão de anos.
• Na era do Paleolítico inferior, a era da pedra, apareciam novas
formas de trabalhar a pedra, ou até mesmo o primeiro aparecimento de
várias culturas líticas. Os rios eram, então, os únicos caminhos naturais ao
longo de cujos cursos, a penetração humana podia atingir as regiões do
interior.
Os hominídeos, fabricantes de seixos talhados como o biface e o
machado, viviam em pequenos agrupamentos, caçando alguns animais com
os seus artefactos, representando assim mais uma etapa avançada no
caminho da civilização.
• No Paleolítico médio, desde 70.000 ac. a 35.000 ac., dá-se o
aparecimento do homem neandertal, caracterizado por um crânio baixo,
fortemente dolicocéfalo, testa fugidia, mandíbulas salientes e membros
alongados, mostrava uma grande perícia ao trabalho como no
manuseamento da pedra e no surgimento de novas técnicas que
caracterizam a cultura mustierense.
São dos mustierense as primeiras sepulturas humanas bem
caracterizadas. Os enterramentos eram feitos com um certo ritual, visto
que junto ao cadáver se colocavam oferendas funerárias como vestígios de
ossos e utensílios de sílex. A população neandertalense, esteve fortemente
no atual território português, mais especificamente, no litoral do território,
sendo esta a última grande vaga humana do paleolítico médio.
Já no fim do último período glaciar, paleolítico superior, surge outra
mancha étnica de grande cultural: o chamado homem de cro-magnon. Em
49
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
contraste com o neandertal, o novo homem é mais alto tendo uma testa
larga, o queixo bem saliente, os membros menos longos e uma marcha que
se supõe ser idêntica ao do homem atual.
A duração desta fase é de alguns milénios, cerca de 35.000 ac. a
8.000 ac. Os homens desta fase dedicavam-se à caça, à pesca, recolhiam
frutos tais como a natureza lhes oferecia, já manejavam com grande perícia
o arco e setas e talhavam com grande habilidade a pedra, como se fossem
uns verdadeiros lapidadores, criando belos e pequenos instrumentos.
Não é possível fazer estimativas sobre a extensão dos grupos
populacionais, mas é seguro que todas as populações que ocuparam o
ocidente, chegaram nas suas milenárias deslocações por terra ou em
aventuras marítimas, acerca dos quais nada se sabe, a este confim do
mundo, e que se estabeleceram e enraizaram.
Porém, a região litoral mostra-se muito mais rica em jazidas do que a
região do interior pela sua proximidade ao mar e esteiros dos rios, na qual,
eram regiões mais ricas em alimentos e o litoral era o ponto de encontro
com os que já ali se encontravam e também o último limite das longas
caminhadas terrestres, algumas com duração de dezenas de séculos.
Depois de grandes alterações climáticas a que o planeta esteve
sujeito, houve uma grande revolução neolítica há cerca de 10 milhares de
anos. Aí os homens já não se limitavam à caça, capturavam animais vivos e
guardavam junto de si iniciando assim o processo de domesticação
constituindo os primeiros rebanhos. Pastor simbolizava uma função e uma
realidade nova sobretudo como uma vitória importante contra a fome.
A partir deste momento descobriram que os grãos de cereais podiam
ser produzidos e depois dos primeiros celeiros de grãos silvestres, surgiram
as primeiras searas.
Com o pão, carne e leite assegurados, a população aumentou
rapidamente, mas este elevado crescimento acarretou problemas graves. A
partir desta revolução, começam as guerras, na qual a defesa do seu
território com muros era muito importante. Desde então surgiram como
grandes condicionantes da vida humana, a economia, a cidade e a lei.
Há cerca de 1.500 anos ac., novos movimentos migratórios ocuparam
o fundo da península ibérica.
50
[Capítulo I](Origens)
Perto do território Feirense, existem muitos monumentos
megalíticos deixados por estas civilizações, monumentos esses ainda hoje
conservados na Zona de Arouca, Escariz, como o Dólmen da Aliviada,
Mamoa 1 da Aliviada ou Dólmen pintado de Escariz.
• Os dólmenes, caracterizam-se por terem uma câmara de forma
poligonal ou circular utilizada como espaço sepulcral. A câmara dolménica
era construída com grandes pedras verticais que sustentam uma grande
laje horizontal de cobertura. As grandes pedras em posição vertical,
denominados esteios ou ortóstatos, eram em número variável entre seis e
nove.
A laje horizontal é designada de chapéu, mesa ou tampa. Existem
câmaras dolménicas que chegam a ter a altura de seis metros. Quando a
superfície da câmara dolménica não supera o metro quadrado, considerase
que é um monumento megalítico denominado cista.
Durante o terceiro milénio generalizou-se por todo o oriente
mediterrâneo a técnica de fundir o mineiro pelo fogo com carvão de
madeira. O metal, que assim se obtinha, tomava a forma de molde onde
fosse vazado e esta descoberta foi um passo de enormes favorecimentos e
consequências na história humana.
Em todo o planeta, formaram-se civilizações organizadas que viriam
a civilizar todos os povos por onde passavam. Eram povos com bastante
conhecimento de metais como o bronze, com os quais se defendiam,
atacavam e aravam o solo.
• Os Celtas, povos indo-germânicos, a partir do século IV ac.,
espalharam-se pela Europa central para oeste até à costa atlântica. Nos
primórdios da sua expansão na península ibérica estes foram recebidos.
Com o passar do tempo, estes povos fundiram-se e formaram os celtiberos
deixando as suas marcas com castros cobertos de casas circulares e
retangulares, construídas em cabeços ou lagos, dando-lhes os nomes de
dundum, briga e pena.
A partir do século III ac., os celtas ficaram mais enfraquecidos e foram
tomadas pelos lusitanos ocuparam assim o espaço que ia da Serra da
Estrela a norte do Rio Douro.
51
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Os Lusitanos, eram muito hábeis e inteligentes, como nas
emboscadas e perseguições rápidas. Tinham como armadura o pequeno
escudo côncavo na face anterior, suspenso numas correias sem pegas em
abraçadeiras. Andavam sempre armados com um punhal ou adaga.
Os infantes usavam proteção para as
pernas e levavam vários dardos com ponta de
bronze. Entre os povos que habitavam ao longo
do Rio Douro, alguns viviam de uma maneira
rude, aquecendo os alimentos com pedras em
brasa, banhavam-se em água e tomavam apenas
uma refeição. Os lusitanos faziam imensos
sacrifícios, observavam as vísceras sem as separar
do corpo e também as veias do peito.
Quando estes tinham prisioneiros
cortavam-lhes as mãos direitas e ofereciam-nas
aos deuses. Praticavam lutas desportivas a pé e
a cavalo, treinavam-se assim para as lutas de
corpo a corpo e muitas alturas do ano os
moradores das montanhas só se alimentavam de
bolotas que depois da seca era triturada e moída
para fazer pão, que se podia aguentar por muito
tempo. Bebiam bebidas fermentadas e o vinho
Doc. 1 - Guerreiro Lusitano que era raro e bebido depois de festins familiares,
onde estavam sentados em bancos construídos de madeira, dispostos por
ordem de idades e de dignidades, e os alimentos circulavam de mão em
mão.
Os homens vestiam-se de escuro e a maioria com mantos, na qual,
dormiam em leitos de palha. As mulheres usavam vestidos com adornos
florais. Nas suas compras, pagavam com pedaços de prata, mas era mais
comum a troca de produtos entre si.
Os criminosos eram atirados para o fundo de abismos e a parricidas
ou conduzidos até fora do limite da sua cidade e aí mortos à pedrada. Os
doentes mais debilitados, eram expostos nos caminhos, para que os outros
que tivessem a mesma doença, os ensinasse a curarem-se.
52
[Capítulo I](Origens)
No entanto, a rudeza dos costumes era muito grande, explicada pelo
isolamento em que estes viviam, e assim, perderam a sociabilidade e
humanidade porque não comunicavam.
• Os Romanos, em meados de 147 ac. e 139 ac., invadem a península
ibérica, mas esta ocupação não se fez à boa paz, visto que o povo lusitano
comandado por Viriato, resistiu muito tempo aos colonizadores de Roma.
Passado pouco tempo, todas as regiões caíram em seu poder à exceção dos
indomáveis montes Cantábricos.
No ano de 43 ac. constitui-se o segundo triunvirato. Lípido governou
a Hispânia até ao ano de 36 ac. Depois a Remodelação da organização do
império coube a Octávio e mais tarde a Augusto.
Há que referir o monte de Santa Maria, Fiães, Santa Maria da Feira,
também conhecido por monte do Redondo, onde foram identificados
vários vestígios arqueológicos. Presume-se ter existido naquele local uma
necrópole celta denominada "Lancobriga" (por vezes Langobriga).
Lancobriga é apontada como a possível capital dos Turduli Veteres.
Os Túrdulos Velhos (em latim: Turduli Veteres) foram um povo antigo
de Celtiberos antiga tribo pertencente à antiga Lusitânia, dentro do grupo
dos chamados Lusitanos, que viveram na parte sul do rio Douro, no que é
hoje o norte de Portugal.
Migrações das tribos pré-românicas no território do atual Portugal:
Rosa: Túrdulos (Turduli) Castanho: Célticos (Celtici) azul: Lusitanos
(Lusitani)
A sua capital foi Lancobriga (Longroiva, atualmente Fiães, perto de
Santa Maria da Feira). A população dos Turduli Veteres estendia-se até
outras cidades tais como Talábriga (junto de Branca, Albergaria-a-Velha),
possivelmente Ópido Vaca (em latim: Oppidum Vacca; na região de Cabeço
do Vouga) e também até à região de Vila Nova de Gaia, tal como
comprovam as duas placas de bronze (Tesserae Hospitales) encontradas no
Monte Murado em Pedroso (Castro Petrosus é o que dá o nome a esta
freguesia de Vila Nova de Gaia).
Os Túrdulos Velhos ou Turduli Veteres, eram uma tribo vizinha da
tribo dos Pésures ou em latim Paesuri, ambas situadas na mesma região a
sul do Rio Douro.
53
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
A península Ibérica estava dividida em duas grandes províncias: a
Citerior, que ia do Rio Ebro aos Pirenéus, e a Ulterior, deste rio às margens
do Atlântico. Mais tarde, Augusto, remodelaria a Península Ibérica para três
grandes províncias: Tarraconense, a antiga Citerior, a Bética e a Lusitânia,
que constituíam a Ulterior.
Só no século III, Diocleciano, repartiu os territórios Romanos em
prefeituras subdivididas em dioceses e estas em províncias.
Um escritor nascido em Cádis nos primeiros anos da era de Cristo,
Columela, escreveu um tratado sobre a agricultura, na qual, afirmava a
indicação ideal de uma vida não longe de um mar ou de um rio navegável,
que facilitasse a exportação dos produtos e a importação das mercadorias
necessárias. Mas na realidade, toda a produção era organizada com vista à
comercialização.
Na Lusitânia, era comum cunhar-se moedas, mas a maioria das
moedas que apareciam no nosso país, eram cunhadas em Itália.
De certo modo, os romanos deixaram visíveis a sua passagem,
construíram uma rede de estradas muito aperfeiçoadas que serviu em
muitos casos até ao século XIX, muitas pontes Romanas que ainda hoje
estão intactas como, por exemplo, a Ponte Romana entre o Tâmega e
Chaves, a ponte sobre o Tejo para entrar em Alcântara (Espanha), e mais no
Território próximo, como inscrições nas Igrejas de Fermedo e Pigeiros, as
moedas encontradas no Castro de Romariz, ou até mesmo vestígios da
Estrada que ligava Porto-Viseu.
Portugal, segundo Plínio, o Antigo, escritor Romano que
desempenhou um cargo de administrador na Península Ibérica entre os
anos de 69 a 73, estava dividido em três conventos: o emeritense, o
pacense e o escalabitano. O total de povos era de 45: cinco colónias, um
município de cidadãos Romanos (Lisboa), 3 cidades do Lácio Antigo e 36
estipendiárias.
As cidades indígenas, dividiam-se em dois tipos: livres e
estipendiarias. Consideravam-se livres as povoações indígenas que
conservavam as suas leis e certa independência em relação à
administração. Essa situação favorável estava relacionada com a atitude no
momento da ocupação, ou seja, ficavam livres os que se submetiam e
estipendiários os que resistiam e eram dominados.
54
[Capítulo I](Origens)
No entanto, segundo Plínio, na Lusitânia não existiam cidades livres.
Neste período, estabeleceu-se o uso de formas e termos toponímicos
de nomes comuns, com sufixos derivados de plantas, animais e até mesmo
de minerais.
A organização política e administrativa que os Romanos deram ao
território foi destruída pelos povos germânicos que invadiram a Europa
Ocidental nos primórdios do século V.
• Os Germanos, formavam diversos grupos étnicos: os Alanos
oriundos do Cáucaso, os Vândalos de origem escandinava e os Suevos,
também germânicos. Os suevos entraram em Espanha aquando dos Alanos
e os Vândalos. Só os Suevos fundaram a organização política de curta
duração.
Entre os anos de 439 e 569, ocuparam Coimbra e Porto. Estabilizados,
os suevos posteriormente, organizaram um reino que abrangia a Galiza e
tinha Capital em Braga.
O reino alargou-se para o sul do Rio Douro e pela primeira vez, este
rio deixou de funcionar como fronteira política. Estes grupos não
numerosos dominaram as províncias Romanas com enorme rapidez e
depois de instaladas, não provocaram grandes resistências por parte das
populações.
Dadas as condições degradantes que a Roma agonizante impunha
aos Povos do seu território, os suevos logo que abraçaram a doutrina da
igreja e trocaram a espada pelo arado depressa se tornaram, paras as
classes desfavorecidas, mais acolhedoras do que os Romanos.
Há que referir a importância do Martinho, Bispo de Dume, lugar
situado nas imediações de Braga, natural de Panónia e veio por mar até um
porto, que se supõe ter sido o Porto, para evangelizar os suevos.
Contudo, o Bispo de Braga e de Coimbra colaboram nesta missão,
que teve grandes repercussões. Dessa época data também é de referir o
Mosteiro de Lorvão que teve grande importância na difusão do Cristianismo
em toda a região entre Douro e Mondego.
• Os Visigodos, possuíam um vasto império que perderam em guerra
contra os Huno. Assim se dividiram em Visigodos e Ostrogodos.
55
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Em 416, chegaram à península ibérica, os visigodos, um povo de
origem Germânica, um povo enraizado com a cultura Romana. Nessa altura,
quando o império romano lutava para sobreviver à avalanche das Invasões,
um dos meios de defesa que utilizavam era lançar Grupos Bárbaros contra
outros Grupos Bárbaros.
Em menos de um século, possuíam um território que ia dos Alpes ao
Atlântico. Os grupos armados dos Visigodos, dos séculos VI e VII, eram
formados maioritariamente de hispano-romanos. Como se juntavam bem
com outras raças, muitos hispano-romanos adquiriram nomes godos. Por
estes tempos a maior parte professava a Religião Cristã. No século VI, pelo
registo Paroquial Suevo, existiam mais de 70 paróquias entre Minho e sul
do Douro.
A dominação dos Visigodos durou cerca de três séculos, mas hoje, os
vestígios que podemos encontrar são poucos. A explicação está no facto de
não serem numericamente muito numerosos e de serem portadores de
uma cultura inferior aquela que as populações locais possuíam. Não
trocavam consigo novas formas de organização ou novas técnicas de
trabalho, limitavam-se a instalar-se nos quadros sociais e económicos
implantados pelos Romanos, que exploravam em seu proveito.
O domínio efetivo dos Visigodos, na península Ibérica, e em especial,
no atual território português só se exerceu de uma forma permanente e
estabilizadora durante o período que decorre da expulsão dos Bizantinos
(620) à Invasão Muçulmana (711).
Os elementos fundamentais da organização da sociedade que estava
instalada na península no início do século VIII eram, pois, um clero Rico e
politicamente poderoso, uma nobreza proprietária e militar, um povo
governado pela Igreja.
O pároco deixou de ser, como na época romana, eleito pelos fiéis, era
agora um clérigo com formação e cultura própria. As freguesias agrupavamse
em dioceses e os párocos dependiam de bispos, a quem tinham como
obrigação entregar uma terça parte dos rendimentos das igrejas.
Esses rendimentos eram grandes porque os crentes procuravam
garantir um lugar no céu com dádivas em vida ou por morte e as
autoridades superiores da igreja desde cedo se mostravam rigorosas na
56
[Capítulo I](Origens)
administração do seu crescente património, estabelecendo a proibição de
vendas dos bens entrados na sua posse.
Com os rumores do avanço dos Mouros e consequente invasão
muçulmana temporária, o quadro religioso desorganizou-se, voltando a
reconstituir-se passado o domínio dos mouros, mas com algumas
modificações.
• Os Mouros correspondiam aos antigos povos semitas que viviam
entre a Síria e a Mesopotâmia.
Em 711, um exército formado principalmente por soldados berberes
atravessava o estreito de Gibraltar e iniciava a Conquista da Península
Ibérica. Estava a completar-se um século sobre a data em que Maomé
iniciara na Arábia a sua pregação.
Em pouco mais de cem anos, os árabes conseguiram estender a
religião e o domínio político num imenso espaço que ia desde do Oceano
Índico ao Atlântico.
Os fatores que explicam essa rapidez foram: a fraqueza dos impérios
vizinhos, Império Persa e Império Bizantino, e as ferozes lutas religiosas que
até então se travavam no Próximo Oriente entre os Judeus e os cristãos, e
a situação das populações oprimidas das áreas conquistadas, que em várias
regiões os acolheram como libertadores. O povo árabe era chefiado por
chefes respeitáveis, comungando a língua Árabe, dedicando-se à
agricultura e ao comércio.
Em meados de 570, nasceu em Meca um Beduíno, nomeado al-amim,
traduzindo-se em: “O homem direito em que se pode confiar”. Este
Beduíno, até aos 40 anos de idade teve como propósito ganhar a vida,
atravessando o deserto com camelos carregados de mercadorias.
Certo momento, numa das suas travessias, ouviu uma voz que lhe
disse “Tu és o enviado de deus”. Maomé era, além de tudo, um homem
instituído e nas suas viagens contactara com vários povos, como judaístas,
cristãos e sabia que Salomão, quando viera a Meca, dissera que dali sairia
um profeta.
Então começou a pregar na sua terra as novas que o Arcanjo Gabriel
lhe ditara de Alá, as quais preconizavam a destruição dos ídolos e a
igualdade entre os homens, a abolição do juro, a poligamia limitada a
57
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
quatro mulheres, o jejum e as orações diárias. Estes preconceitos
desgastaram a população. Porém, quando morreu em 632, toda a arábia
depois de batalhas convertia-se ao seu credo.
No tempo do califa Utman, uniram-se todas as revelações de Maomé
e fundaram um livro chamado Alcorão, que tem como significado: “prédica”
ou “sermão”. Este livro sagrado para os muçulmanos (homens submissos a
Deus) diz: “Combatei pela espada, que é a chave do céu e do inferno, aquele
que não praticaram a verdadeira religião, até se humilharam e pagaram um
tributo.”
Até ao século XV, aproveitando-se da fraqueza dos impérios vizinhos
e das lutas ferozes entre cristãos e judeus no oriente, aos mouros pertencia
um território imenso, que se estendia de Espanha à Índia
Tariq, foi o primeiro chefe Berbere a invadir Espanha em meados do
ano 711, e com ele, derrotaram o Reino Visigodo de Roderico e
consequentemente ocuparam um território que ia de Granada a Santarém
e de Burgos a Coimbra.
No tempo de Amir Abderramão I, 756, que se declarou independente
do Califa de Damasco, a Espanha muçulmana denominava-se Andaluzia.
Nesta, habitavam diversas castas com culturas diferentes, às quais se
juntaram os moçárabes, que pela lei islâmica, embora tivessem de pagar
um tributo, eram considerados homens livres.
Abderramão III e Hakam II, fizeram de Espanha, principalmente
Córdova, a Constantinopla Ocidental, mas a devassidão e o egoísmo
corromperam-nos. Os árabes sempre causaram grandes distúrbios entre os
Reinados de Pelágio e Afonso III.
Entre os anos de 985 e 1002, um ditador denominado Almançor
entrou na península Ibérica e ousou destruir o célebre Santuário de
Compostela e estendeu a sua rígida política até Marrocos. Mas, acaba por
morreu de desgosto ao ser derrotado na Batalha de Calatanhazar pelos Reis
de Leão, Castela e Navarra.
Entretanto, surgiu Abd Raman, mas ao ser mal acolhido em Córdova
arruinou o califado e abriu a via à criação de Reinos regionais, assim era o
fim do Reino Muçulmano na Península Ibérica.
58
[Capítulo I](Origens)
Portugal sofreu menos do que a Espanha em relação à influência
árabe. Portanto, não é possível fixar em anos ou em séculos a duração do
domínio muçulmano na Península Ibérica, porque essa duração varia de
região para região.
O país, a norte de Ebro, estava sob o domínio cristão em 809.
Algumas regiões como Porto, Chaves, Braga, Viseu e Coimbra foram
reconquistadas em meados de 868, após a borrasca de Almançor que nos
finais do século X ocupou novamente Coimbra, Viseu, Lamego e o atual
concelho de Santa Maria da Feira.
Mas não seria desta vez que os habitantes, da já composta terra de
Santa Maria do condado de Coimbra (mais tarde no século XI passou para a
Jurisdição do Porto), entrariam em paz.
Em inícios do século XI, Bernardo III e Fernando Magno, venceram os
mouros em terras como Cesar e Arouca. Nem todos os povos invadidos
pelos árabes, se convertiam, mas fingiam respeitar as leis do Alcorão e
pagavam o seu tributo.
É de notar que a região duriense, no período Medieval, nunca esteve
despovoada. Alguns locais como Santa Maria da Feira e Arouca, situados
em território de Portucale, começaram a construir e a conservar as suas
igrejas.
Entre os séculos VI e VII mais de 500 paróquias foram construídas a
sul do Rio Douro.
Nas terras onde se ia desagregando o Domínio sarraceno ou naquelas
que os Cristãos conquistaram, não se restaurou propriamente uma
estrutura política anteriormente existente. Em vez disso, nasceram novos
poderes que se iam moldando segundo as circunstâncias, poderes
representados por chefes locais entre os quais se estabelecia uma
hierarquia nem sempre bem definida, intercalada de episódios de
submissão e rebeldia.
• Os novos países cristãos da península Ibérica, formaram-se a
partir de três núcleos distintos: o asturiano, que veio formar o reino de
Oviedo e depois o de Leão e o Condado de Castela( independente durante
alguns anos e depois transformado em Reino, e que desde 1037 andou
unido ao de Leão); o pirenaico, donde saíram os Reinos de Navarra, Aragão
59
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
e alguns condados mais ou menos independentes; e o de Barcelona, onde
os francos tiveram um papel importante e que seguiu uma evolução política
sob muitos aspetos diferentes da dos outros Estados Hispânicos.
Nesta imprecisão política aparece com frequência o nome de Galiza,
que chega a ser reino e outras vezes tem categoria de Condado. O seu limite
ia, em sentido lato, até ao curso do Douro, mas dentro do seu território
havia outras terras ou territórios na qual, os condes governadores
dependiam do Rei de Leão.
Desde os fins do século IX começaram a aparecer referências a um
condado Portucalense, de fronteiras pouco precisas, mas que abrangia o
território do Minho até ao sul do douro. A designação provinha da principal
povoação ser Portucale, situada próxima da foz do Douro, que foi
restaurada e povoada nos meados do século IX pelo conde Vimares Pires.
Porém, nos finais do século XI, as condições políticas de Leão e
Castela tinham mudado, a administração foi aperfeiçoada, a influência dos
clunienses fez-se sentir. Estava-se muito longe da época dos companheiros
de Pelágio.
Afonso VI e Leão de Castela dispunham de grandes forças e de grande
prestígio na Europa Cristã, foi ele que forneceu uma grande parte dos
recursos para a construção de Cluny III, o mais majestoso templo que até
então a cristandade erguia.
Porém, ao final do túnel, começava-se a construir um país
independente que viria a conquistar a sua independência alguns anos mais
tarde.
Esta independência foi sendo forjada ao longo de um processo que
se desdobrava em várias etapas, das quais se destacam as mais
importantes, como a revolta de D. Afonso Henriques e a conquista do
governo do condado, em 1128, a paz de Tui, de 1137, a conferência de
Zamora e a enfeudação do Papa, em 1143, o desaparecimento do título de
Imperador com a morte de Afonso VII, em 1157, e por último, a bula papal
de 1179, com o reconhecimento de uma nova monarquia pela Santa Sé.
Ao final de largos anos, afirma-se de entre todos os Reinos de
Espanha, um novo Reino, um Novo País, Portugal.
60
61
[Capítulo I](Origens)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
62
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
[Capítulo II]
(Canedo: Retalhos de uma história)
63
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
64
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
• O Nome da Vila
Embora a tradição e os conceitos populares na maioria das vezes sejam
a expressão da verdade, (“Vox populi, vox Dei”), todavia, quanto à origem
do nome Canedo, não podemos estar muito satisfeitos com o que dizem
certos “autores” nas suas obras.
Canedo surge sempre associado ao seu padroeiro, São Pedro,
tendo origens etimológicas do latim «cannetu» que significa “cannedo”,
derivado de “canna”, relacionado com os vulgares canaviais ribeirinhos. 1
Na opinião do Sr. Dr. José Leite de Vasconcelos “o étimo ou origem
filológica está em «cannetum», que significa canavial. É um dos
muitos substantivos acabado em – etum, significado de bosque ou
local onde crescem árvores, ou arbustos. 2
Na verdade, por Canedo passam três rios e tem uma grande
área acidentada repleta de bosques e montes, o que induz o seu nome
derivar das suas características territoriais.
Por volta do século X foi nome de um mosteiro pré-nacional.
Várias “Villas” e “vilares” e ainda “pobras” a que se juntam “mosteiros”,
provam o povoamento pré-nacional desta localidade.
Podemos citar nomes de terras com origem na palavra
«cannetu»: “Canede” de Alcanede (de origem incerta. José Pedro
Machado propôs um étimo híbrido, composto de al- e do latim cannetus,
que significa canavial).
O topónimo Canedo, está representado em Trás-os-Montes,
Entre Douro e Minho, Beira e data dos primórdios da língua portuguesa.
1
Vol. 6. Grande enciclopédia portuguesa e brasileira (1935)
2
Pág. 417 e segts. Vol. II. Etnografia Portuguesa. Leite de Vasconcelos (1933)
65
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Situação Geográfica
A freguesia de Canedo, a poente do Concelho de Santa Maria da Feira, é
a mais extensa e mais rica do Concelho, com o privilégio de ser beijada pelo
Rio Douro a nordeste do seu território.
Está situada na Região Norte, Província do Douro Litoral, Distrito de
Aveiro, Diocese do Porto, Comarca e Concelho de Santa Maria da Feira.
Segundo Pinho Leal, a freguesia dista “12 quilómetros para Nordeste da
Feira, 22 quilómetros para Sul do Porto e 300 quilómetros para Norte de
Lisboa.” 3
4 Os seus atuais limites são os seguintes: pelo lado Norte a freguesia de
Lever do Concelho de Vila Nova de Gaia; a Nordeste pelo Rio Douro (limite
natural); a Este pela freguesia da Lomba do Concelho de Gondomar; a
Sudeste pelas freguesias de Pedorido do Concelho de Castelo de Paiva e São
Miguel do Mato do Concelho de Arouca; a Sul pela freguesia do Vale e
Louredo do Concelho da Feira, a Sudoeste pela freguesia de Gião do mesmo
Concelho; a Oeste pela freguesia de Vila Maior do mesmo concelho da Feira
e a Noroeste pela freguesia de Sandim do Concelho de Vila Nova de Gaia. 5
Em termos geomorfológicos, Canedo é a freguesia com o declive mais
acentuado do Concelho da Feira. Situa-se numa zona onde acabam as
planícies e começam as montanhas, sendo locais relevantes os montes no
lugar da Inha e do lugar de Rebordelo com lugares característicos como
“Ossa”, “Camouco”, “Castejo”, “Porto Novo”, “Cabeço do Sobreiro”, entre
outros. Map. 1
3
Páginas 86 e 87. Vol. 2. Portugal Antigo e Moderno. Pinho Leal (1876)
4
Vd. Map. 6.
5
Revista Tradição. Arlindo de Sousa (1940)
66
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Zona da Inha
e Rebordelo
Map. 1 - Carta de Declives de Santa Maria da Feira.
Legenda: ------ Limites da Freguesia de Canedo
Fonte: Atlas de Santa Maria da Feira
Map. 2 – Localização geográfica de Canedo
Fonte: Google Maps
67
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Fundação da Vila
A freguesia tem as suas origens muito antes de Portugal ser considerado
um Reino independente. Por volta de 950 é fundado em Canedo, um
Mosteiro beneditino por D. Telles Guterres, e este mencionado pela
primeira vez num documento no ano de 1055.
No entanto, a fundação da Vila leva-nos até ao reinado de D. Afonso II,
terceiro Rei de Portugal, cujo cognome foi o Gordo, devido à doença que o
afetou e lhe provocou uma certa tendência para obesidade.
Filho de D. Sancho I e de D. Dulce de Berenguer, nasceu em 23 de Abril
de 1185 em Coimbra, e faleceu a 25 de Março de 1223, também em
Coimbra. Os seus restos mortais repousam no Mosteiro de Alcobaça.
D. Afonso teve políticas diferentes dos seus antecessores. O seu reinado
é caracterizado pela não beligerância, não tendo alimentado conflitos com
os reinos vizinhos, nem prosseguido à reconquista do território ocupado
pelos mouros. Preferiu consolidar e melhorar as estruturas económicas e
sociais existentes no país. Foi ainda um monarca inovador, pois a ele
devemos o primeiro conjunto de leis gerais portuguesas.
Leis dadas para o governo do Reino e boa administração da Justiça, em
1211, no primeiro ano do seu reinado.
Isto revela que, sem dúvida, Portugal sempre foi governado com base
nas leis estabelecidas pelos nossos monarcas, tanto no campo geral como
nos domínios particulares. As leis gerais ordenavam para todo o Reino; as
particulares para cada vila ou cidade; eram os seus forais 6 , usanças e
costumes, como ao tempo lhes chamavam.
As leis de D. Afonso II, incidiam sobre temas como propriedade privada,
direito civil e cunhagem de moeda.
De entre muitos forais e confirmações de forais, como os de Coimbra em
1217, os de Lisboa a 1214, encontramos o foral dado à Vila de Canedo.
6
Foral: Uma carta de foral ou simplesmente foral, era um documento real utilizado em Portugal, que
visava estabelecer um concelho ou vila e regular a sua administração, deveres e privilégios. A palavra
"foral" deriva da palavra portuguesa "foro", que por sua vez provém do latina «fórum».
68
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Foi a 1 de junho de 1212 que Canedo se tornou uma freguesia
independente oficialmente 7 , sendo o Foral dado a cinco homens casados e
a toda a sua descendência e a quaisquer outras pessoas que eles queiram
chamar.
Os encargos reais eram impostos à coletividade e consistiam
anualmente em doze módios, entre cereais e vinho.
“Servia de mordomo um dos moradores, por eles eleito, o qual recebia
as prestações, «jugadas», e, depois de as medir, as leva a “Adaufe”, onde
chamaria o mordomo do rei ou algum outro agente fiscal, e colocava na sua
presença as jugadas. Se não as queriam receber, tomava testemunho de
homens bons de Canedo, isto por três vezes; e em relação a esse ano nunca
mais lhe poderiam ser exigidas. Sobre a comunidade recaía também a
coleta, e pagavam-na uma vez ao ano. Tributava-se a caça grossa, e cada
courela dá «pro uodo» um sextário compreendendo pão e vinho.
Não estavam obrigados à lutuosa, nem à portagem no distrito de
Panoias. Os encargos pessoais são o apelido e o fossado, mas este só
quando ia nele o rei em pessoa. Podiam vender ou doar os prédios, e fazer
deles o que quiserem, contando que o soberano não deixaria de receber os
direitos estabelecidos no foral.” 8
Passo a citar o Foral dado por D. Afonso II à Vila de Canedo em latim:
“Canedo, 1 de Junho de 1212
Ex codice, qui titulurn Lib. II Donationum Alphonsi III prae se fert, textum
hausimus: lectiones várias ex codice Foraes Velhos de Leitura Nova, sic dicto,
decerpsimus.
In dei nomine. Ego Affonsus dei gratia Rex Portugalie facio eartarn nobis
populatoribus de canedo pernominatos Pc-lagii gomez, et vxori ice Sancie
petri, Petro gonsalui et the vxori loba gonsalui, tii Johanne pelagii et tue
vxori Marie iohannis, Petri petri et vxori tue Marie fila, Sudarii iobannis et
7
Autores, como Pinho Leal, afirmam que Canedo, com o Foral de D. Afonso II, tornou -se concelho e vila
independente.
8
Vol. 8. História da administração pública em Portugal nos séculos XII a XV. Henrique da Gama Barros
(1946)
69
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
vxori tue Maiori iohannis. Do et concede uobis Canedo cum suis terminis
domodo incipit per porturn quando ucniunt de Adaufi et uadit per a ponsada
et uadit per cumen ad penedo de varcea et hadit ad Louzal comodo diuidit
cum Garauelos et uadit ad escusa de pedrafita et inde ad canpo de letanias
comodos diuidit cum heremita et uadit ad foz de corrozino et intrat per
uenan corragi a enfesto et uarit in foz de maaguiroos et uadit per uena a
enfesto et uadit ad capud de moroucos comodo diuidit per cumeeira et uadit
ad capud de eiroo et reuertitur per spinacum de cam et inde intrat in
forcadas de cabril et uadit per uenau anproo et reuertit ubi prius incipimus.
Do uobis populatoribus islos terminoos nominatos uos et omnis posteritas
uestra et de quibus populare uolneritis rendatis michi unicuique anno
duodecim modios inter panem et uinum et sit mediatum centeno milio rubio
uel albo et de istos supranominatos modios detis eos panem in tempore
arearum et uinum in tempore uindimiarum per mensuram de costantim
qualem hodie ibi est. Et ponatis super uos maiordomo de uestra uilla et ilium
uestrum maiordomo petat uobis ipsas predictas iugadas et meceat eas et
leuet eas ad Adaufi et clamet meum maiordomo uel meum seruiciale et
apresentet iugadas ante ilium et si eas recipere noluerit faciatis
testimonium hominum de uestra uilla III uicibus et nuquam de ea
respondetis : de collecta V almudes de ceuada, et V almudes uini, et IIII
gallinas, et XXXX oua : et detis ista collecta in festo Sancti martini in uestra
uilla una nice in anno et III arietes in mense magii : et postquam habuerint
uno anno recipiat illos per maiordomo de canedo: si occideritis urso detis
inde manus : de porco montesino et de seruo siue de corço si eos ocidederitis
pectetis pro illo i libram de cera : non dedis luitosa nec portagem in terra de
panoias : non uaades in apelido nec in fossado nisi ubi fuerit domini Regi.
Vendatis donetis faciatis de ea quicquid uos uol beo meum forum sicut
resonat in hac karta: de totas callumpnias non pectetis nisi tres si eas
feceritis. Homicidium rausum si fuerint factas in uestra uilla pro una de illis
pectant XXXXa morarabitinos, et de istos morabitinos septimam partem ad
palacio et alias sex partes ad concilium: furtum quale fuerit factum tale sit
pectatum: de istas três callumpnias non respondatis nisi per inquisicionem
bonorum hominum de canedo et istas callumpnias se as demandauerint ad
uos sedeant infiadas per maiordomo de ipsa uestra uilla et non per alius qui
ueniantis facere dire ante judex terre et a fiadoria sit i libra de cera et
postquam istud fuerit infiado ante iudice ad tercia die ueniatis responder a
directo : de apostilia non respondatis princeps terre nec maiordomo nec
prestamario qui ipsa lerra uel ipsa uilla de me tenuerit non pousent nec
70
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
intrent in uestra uilla nec hominem suum qui ibi faciat forciam uicinus
rixosus qui directo noluerit facere uicinis suis pectet i libram cere et exat de
villa. Nullus homo non sit ousadus de pignorare in uestris terminos nisi petat
ad maiordomo ipsius uilla ad directum, et si ante pignorauerit pectet michi
mille solidos pro uodo singulas quairelas, sestario inter panem et uinum.
Hoc forum faciatis sicut resonat in carta ista et no" plus. Habeatis uos et
sucessores uestros predictam hereditatem in perpetuum. Qui ad uestrum
forum uel ad uestram cartam tenuerit sit benedictus a deo patre o
nipotentem. Amen. Qui aliut inde a uobis fecerit sit maledictus a deo patre
et beate Marie, et omnium sanctorum, Amen et duplet uobis dictam
hereditatem et pectet michi sex mille solidos. Ego A. Rex Port. una cum
domino R. menendi qui ipsa terra de me tenuerit hanc kartam roboramus.
Facta karta kalendas Junii, sub Era M.a CC.a L.a Judice terre F.: domno G.
menendi test.: domno M, gunsalui filii sui test. : M. eanes test.: dom Petro
eanes test.: Martino martinis tabalionem domini Rex (Regis) test. D. notuit.
Et carta ista non tenet signa nec sigillum.” 9
Afirma Pinho Leal, nas suas obras, que no foral velho da Feira (do século
XI ou XII) assim como no novo de 10 de Fevereiro de 1514, que trazem as
diferentes freguesias compreendidas no foral, não menciona Canedo, que
sempre foi Terra da Feira, o que induz ter sido vila e concelho
independente.
Passados longos anos, a 4 de Junho de 1997, a Assembleia da República,
no uso da competência conferida pela alínea d) do art.º 164 da Constituição
da República Portuguesa, elevou à categoria de Vila a Povoação de Canedo,
mediante a provação da Lei nº 46/97.
9
Páginas 561 e 562, Livro das Linhagens. Sive Foralia.
71
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• O Mosteiro de Canedo
Fundação do Mosteiro
A Fundação do Mosteiro de Canedo, remonta ao século IX e X,
quando os cristãos expulsaram os mouros destas terras de Santa Maria 10 .
Há a referir que a antiga freguesia de Várzea do Carvoeiro,
incorporada na freguesia de Canedo há mais de 400 anos que compreendia
vários lugares da freguesia de Canedo como: Bouças, Vilares, Mosteirô,
Valcova e Souzanil; foi resgatada aos mouros por Affonso Magno no ano de
897 e nesse mesmo ano, doada ao Mosteiro de São Salvador de Lavra de
freiras bentas. 11
A partir dessa altura, começaram a ser construídas, a sul do Rio
Douro, imensas instituições de caráter religioso. Nos séculos VI e VII, mais
de 500 paróquias tinham sido construídas a sul do mesmo rio.
Uma dessas instituições religiosas poderia ter sido o Mosteiro de
Mosteirô, da extinta Várzea do Carvoeiro, que se deduz ter sido fundado
por D. Gondezinho, genro de Mem Guterres por volta do ano de 900 e
destruído por volta do ano de 980 pelo Rei mouro Almançor, que ousou
destruir o célebre Santuário de Compostela.
De certo modo, a existência do mosteiro (sendo que não há vestígios)
e da freguesia são factos quase verídicos, aparecendo em documentos
antiquíssimos (dizem certos autores), mas, por vezes, existem alguns dados
equívocos a cerca do seu aparecimento e desaparecimento.
10
A "Terra de Santa Maria" foi uma região medieval organizada administrativa e militarmente em torno
do castelo de Santa Maria. Provavelmente terá sido criada por Afonso III de Leão, em meados do Séc. IX
(866-910), na sequência do repovoamento de "Portucale" (o nome em Latim dado ao Porto, onde se
situava o centro do condado).
Inicialmente, estendia-se entre os Rios Douro e Vouga, tendo a leste as serranias de Paiva,
Arouca, Cambra e Sever do Vouga e a oeste, o Oceano Atlântico.
Nos princípios do séc. XII, os seus limites oficiais ficaram mais reduzidos com a demarcação da fronteira
entre as dioceses do Porto e Coimbra. A área da região foi reduzida a sul, passando essas terras a integrar
a diocese de Coimbra, enquanto que o núcleo central passou a pertencer à diocese do Porto, embora
administrativamente ainda sujeita ao governo de Coimbra. Deste "núcleo central" faziam parte territórios
que hoje se distribuem por 14 concelhos: Albergaria-a-Velha (parte), Arouca (parte), Castelo de Paiva
(parte), Sever do Vouga (parte), Vale de Cambra (parte), Espinho, Estarreja, Gondomar (parte), Murtosa,
Oliveira de Azeméis, Ovar, S. João da Madeira, Santa Maria da Feira e Vila Nova de Gaia. De então para
cá, aquele núcleo central com aquele nome, manteve-se até meados do séc. XIX, ao contrário do que
sucedeu com outras regiões medievais, entretanto desaparecidas.
11
Págs. 86 e 87. Vol. 2. Portugal Antigo e Moderno. Pinho Leal (1876)
72
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Doc. 2 - Terras no Período Pré – Nacional, Extensão das Terras de Santa Maria
73
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
O Mosteiro de Canedo ou Convento de Canedo de frades 12
beneditinos, localizado no atual lugar do Mosteiro, pertencia à Ordem de S.
Bento e atribui-se a sua fundação a D. Telles Guterres, pelos anos de 950.
Segundo José Mattoso, o Mosteiro de Canedo foi fundado por um
sacerdote cujo sucessor, Zamarius, o deu à Condessa Toda Veilaz, viúva do
Conde Ramiro Menendiz e por sua vez, a Condessa o ofereceu a
Todemondus em 1055. 13
No entanto, não se sabe ao certo a localização do Mosteiro que
entrou em ruínas nos finais do século XV, inícios do século XVI. Dizem fontes
populares, que se localizava no lugar do Mosteiro, entre a atual Igreja
Paroquial e a Casa do Mosteiro (talvez o local mais apontado por
historiadores para a sua localização).
Ninguém deve admirar-se desta antiguidade e de pertencer à Ordem
de S. Bento de Núrsia, porquanto a vida religiosa-monástica desenvolveuse
muito no Ocidente desde o século IV e atingiu a maior perfeição com os
beneditinos.
S. Bento de Núrsia viveu de 480 a 543, fundou o Convento para
homens no Monte-Cassino, que ficou célebre na História, e perto deste
outro para mulheres, cuja direção confiou a sua irmã Santa Escolástica,
também falecida em 543.
A expressão, muito conhecida, “paciencia beneditina” provém do
trabalho que as Ordens beneditinas prestaram à ciência, na difícil e paciente
cópia de velhos manuscritos.
Demais, o estudo das humanidades, as obras e instruções publicadas,
os trabalhos artísticos e ascéticos, manuais, agrícolas e outros, tornaram
bem conhecidas e apreciadas estas ordens, que, por isso mesmo, cedo
vieram para Portugal. Pendorada (Alpendorada), Lorvão, Pedroso, Paço de
Sousa, Guimarães, Cucujães, Ganfei, Tibães, S. Pedro de Canedo e outros
mosteiros, atestaram e alguns dos mais modernos ainda atestam a
prodigiosa atividade beneditina.
12
Pinho Leal, afirma que o Mosteiro era de freiras beneditinas: “Achei a maior parte destas notícias sobra
o convento, em uns apontamentos meus antigos (não sei d'onde os extrai) mas não me conformo com
eles, por várias rasões, que não aponto, para não fazer este artigo mais extenso. Entretanto, a minha
humilde opinião é que nunca aqui houve monges de monges bentos, mas sim de freiras da mesma ordem.
(Viterbo é da mesma opinião; mas não a fundamenta.)” Portugal Antigo e Moderno, Págs. 86 e 87. Vol. 2.
13
Os cartórios dos Mosteiros benedictinos na diocese do Porto. José Mattoso (1964)
74
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
As Monjas Beneditinas tiveram as suas casas, talvez no princípio do
século VII, em Arouca, Vairão, Semide, Lorvão, Rio Tinto, Salvador de Tuias,
Tarouquela, Vila Cova de Sandim, próximo de Canedo e outras.
Esta última casa de Vila Cova, S. Salvador ou Santa Maria de Vila Cova,
ou ainda Vila Cova das Donas, na Comarca da Feira (hoje Gaia) era já
importante por 1180. Vê-se, pois, que as ordens beneditinas pontificaram
nas Terras da Feira, que se estendiam do Douro ao Vouga.
A de Vila Cova sustentou-se até se fundir com Rio Tinto, Tuias e
Tarouquela dando origem ao convento ou mosteiro de S. Bento da Avé
Maria, no Porto, para onde entraram as religiosas, em 6 de Janeiro de 1535.
O Mosteiro de São Pedro de Canedo, vem mencionado pela primeira
vez num documento de 1055, data em que a instituição teve como abade
Todemondus.
Sabe-se que o Mosteiro de Canedo tinha uma grande cerca, que
posteriormente à sua extinção, passou para o Hospício e que mais tarde na
Dinastia Filipina passou para a Comenda de Lobão, chamada de Comenda
de Malta. 14
Doc. 3 – Possível localização do Mosteiro de Canedo
14
Págs. 86 e 87. Vol. 2. Portugal Antigo e Moderno. Pinho Leal (1876)
75
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Cronologia histórica do Mosteiro
Por volta do ano de 950 é fundado o Mosteiro de Canedo, por D.
Telles Guterres, mas a história mais vasta do Mosteiro de Canedo leva-nos
então até ao reinado de D. Dinis, O Lavrador.
A 27 de Novembro de 1293, escreve uma carta ao Tabelião da Feira
a notificar uns cavaleiros, donas, escudeiros e outros homens para se
absterem de ir pousar e comer no Mosteiro, fazendo grande mal ao
mesmo. 15 Passados dois anos, a 12 de Dezembro de 1295, confirma a Carta
Régia de D. Afonso III, que obriga o abade do Mosteiro de Canedo a pagar
7 medidas dos bens reguengos pertencentes aos mosteiros. 16
No ano de 1296, houve um protesto que o abade Martim Domingues
fez perante os Vigários do Bispo, na inquirição que estes iam fazer a respeito
dos sinos do Mosteiro estarem postos num castanheiro. 17 Nesse mesmo
ano de 1296, notamos uma intimidação de censura ao mesmo abade,
Martim Domingues, para não administrar os bens do Mosteiro, sendo então
nomeado um ecónomo para os administrar. 18
A 5 de Novembro de 1300 e a 9 de Maio de 1302, o Bispo do Porto
faz duas visitações ao Mosteiro e Igreja de Canedo (vejamos mais adiante).
Após a visitação, é privado pelo bispo o abade do Mosteiro de Canedo,
Martim Domingues. 19 Nesse mesmo ano, há uma apelação, por parte do
mesmo abade, endereçada para Braga contra o Bispo D. Geraldo, para este
ser conservado na posse do mosteiro. 19
Após 2 anos, a 26 de Janeiro de 1304, o abade é julgado pelo Bispo
D. Geraldo na Igreja de Lobão e enviado a fazer penitência para o Mosteiro
de Paço de Sousa (vejamos mais adiante).
No mesmo ano de 1304, a 28 de Março, D. Dinis, em mútuo acordo
com a sua mulher D. Isabel e o Infante D. Afonso, filho primeiro e herdeiro,
doou a D. Geraldo, bispo do Porto, o Mosteiro de Canedo, em Terra de
Santa Maria, com o direito de padroado e todas as honras, senhorios, dias
15
Fl. 3 do Livro 19º dos Originais. ADP
16
Fl. 35 do Livro 25º dos Originais ou fls. 615 e segts. do Livro LXXXIV (84) das Sentenças. ADP
17
Fl. 34 do Livro 25º dos Originais ou fls. 206 e segts. do Livro LXXXIV das Sentenças. ADP
18
Fl. 31 do Livro 25º dos Originais ou fls. 196 e segts. do Livro LXXXIV das Sentenças. ADP
19
Fl. 11 do Livro 25º dos Originais ou fls. 49 e segts. do livro LXXXIV das Sentenças. ADP
76
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
(pensões), casais, heranças e posses com todos os direitos espirituais
existentes e futuros.
Esta doação era pessoal a D. Geraldo em atenção aos muitos serviços
prestados a D. Dinis. Uma das cláusulas era que, em todo o sempre,
houvesse no Mosteiro uma missa diária e cantada em honra de Deus e da
Virgem Santa Maria por alma dos ascendentes e descendentes do doador,
abençoando os que auxiliassem o cumprimento da doação e amaldiçoando
os que a impedissem.
O documento de D. Dinis tem a data em Lisboa e foi assinado por
magnates seculares, D. Martinho, arcebispo de Braga, D. João, Bispo de
Lisboa, D. Estêvão de Coimbra, D. Fernando de Évora e outros. 20
Vê-se, pois, que foi uma doação muito solene. 21
Após a doação, os frades beneditinos do Mosteiro de Canedo fizeram
uma procuração para se confirmar pela Sé Apostólica a doação que D. Dinis
fizera ao Bispo. 22
No mesmo ano da doação de D. Dinis, isto é, em 1304 a 28 de Maio,
é feita a concessão do Mosteiro de Canedo com as suas rendas e direitos
ao Bispo do Porto. A comunidade reconheceu que, tanto no espiritual (a
longis temporibus in spiritualibus defecisse) como no temporal, era
necessária uma grande reforma. Já estavam alienados casais e bens, a parte
religiosa não se cumpria e era urgente a restauração necessária, mas só a
autoridade episcopal podia realizá-la. 23
Em 8 de Fevereiro de 1307, D. Geraldo Domingues deu e concedeu
ao Cabido todos os rendimentos, proventos e direitos do Mosteiro de
Canedo que lhe tinham sido doados em razão da pessoa e não da Igreja
Portuense, que seriam distribuídos entre os cónegos e porcionários
segundo as horas de assistência ao coro. 24
Assim, o Cabido ficava obrigado a conservar em Canedo quatro
irmãos ou monges, sendo um Prior, cuja nomeação lhe pertencia e aos
20 Fl. 1 do Livro 7º dos Originais ou fls. 570 e segts. do livro XXXI das Sentenças. ADP, translado no Censual
do Cabido da Sé do Porto, págs. 317 a 318.
21
Vd. Anexo 1.
22
Fl. 39 do Livro 25º dos Originais ou fls. 228 e segts. do Livro LXXXIV das sentenças. ADP
23
Vd. Anexo 2.
24
Vd. Anexo 3.
77
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
bispos sucessores, um capelão que tivesse a seu cargo a pastoreação dos
fiéis (qui curam populi habeat) e um pároco.
Haveria missas diárias com as seguintes aplicações: uma por D. Dinis,
outra por D. Dinis e Bispo, e duas em louvor de Deus e da Nossa Senhora.
Depois da morte de El-Rei e de D. Geraldo, seriam celebradas duas missas
de Réquie, por todos os séculos (cunctis temporibus saeculorum).
Em 31 de Agosto do ano de 1307, Diogo Soares, Cónego e Vigário
Geral, como delegado do Cabido a quem pertencia o padroado in solidum
(totalmente), confirmou 25 um abade para o Mosteiro de Canedo e
administrador do Convento, tanto no espiritual como no temporal,
Domingos Domingues, a quem todos deviam prestar obediência e
reverência. Nesta altura, o Mosteiro pagava ao Cabido o censo anual de 200
maravedis velhos da moeda portuguesa. 26
A 29 de Novembro de 1311, o Bispo do Porto, D. Fr. Estêvão
confirmou, por intermédio do seu Vigário Geral Pedro João, o capelão
Vicente Domingues, de cuja idoneidade se tinha certificado. A confirmação
mostra que para a respetiva nomeação não houve sintonia. 27
Prestou juramento de obediência e reverência a D. Estêvão e aos seus
sucessores, prometeu observar os estatutos sinodais, assistir ao sínodo se
for chamado e não estiver impedido a fazer residência pessoal, exceto se
for dispensado. Aos fiéis manda prestar obediência e reverência ao capelão.
Não obstante todos os esforços dos bispos D. Geraldo, D. Estêvão e
do Cabido, continuou o estado decadente do Mosteiro e eram irreparáveis
as ruínas espirituais e materiais. “Era indispensável que mão hábil e forte
tomasse conta do Mosteiro e empregasse todos os meios ao seu alcance
para reparar e restaurar a administração espiritual e material.” 28
Em sessão capitular de 27 de Setembro de 1312 a que presidiu o
bispo D. Fr. Estêvão, foi resolvido anexar perpetuamente ao deado o
Mosteiro de Canedo, alegando que seria muito mais fácil e sobretudo
porque presidia ao Cabido e era deão D. Gonçalo Pereira, cujo poder e
habilidade seriam garantias de melhor administração: “…si digni Lati
25
Vd. Anexo 4.
26
Fl. 33 do Livro 25º dos Originais ou 627 e segts. do Livro LXXXIV das Sentenças. ADP
27
Vd. Anexo 5.
28
Pág. 165. São Pedro de Canedo No Concelho da Feira. António Ferreira de Pinto (1928)
78
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
deconatus dictum Monasterium uniretur et specialiter perpotentiam et
industriam venerabilis vir domni Gondisalui pereyra nunc Decani”, diz no
Censual do Cabido da Sé do Porto. 29
Nesta união, o Cabido reservava os 200 maravedis de censo anual, a
que já fiz referência, e receberia mais 100 libras de moeda portuguesa, logo
que se realizasse a união.
O prelado continuaria a receber as censorias de cera, bragais e o mais
que era de costume. D. Estêvão tinha de se ausentar por motivo justificado,
não podia dar andamento ao processo de anexação e, para este efeito,
delegou todos os poderes ao Cónego D. Martim Vasques, que também era
abade de S. Cristóvão de Refojos.
O executor da anexação diz que o Mosteiro ficaria perpetuamente
unido ao deado com todos os bens, excetuando os que pertenciam ao
cabido, ao bispo e à Igreja, como já foram mencionados.
Existiam no Mosteiro apenas dois religiosos, devendo um ser prior e
outro capelão, vivendo juntos, celebrando os ofícios divinos e
administrando os sacramentos. Se mudassem para outra casa da mesma
ordem ou falecessem, o deão conservaria em Canedo três clérigos que
viveriam no Mosteiro, sustentando-se dos bens deste e um fosse o cura ou
vigário perpétuo, recebendo a jurisdição do bispo. 30
Dada a sentença da união ou anexação do Mosteiro de Canedo ao
deão do Cabido do Porto, seguiu-se a posse. Esta realizou-se em 9 de
Dezembro de 1312. 31
Neste dia, estava no Mosteiro de Canedo D. Pedro João, Vigário Geral
de D. Fr. Estêvão, que visitou toda a casa e no fim, o Abade Martinho
Domingues entregou a administração e direito que tinha.
Em seguida, o Vigário Geral conferiu ao deão e à dignidade do deado
a posse do Mosteiro ao venerável varão D. Gonçalo Pereira, que estava ali
representado pelo procurador João Estevão.
D. Gonçalo Pereira, com muito brilho e distinção, tinha concluído a
sua formatura em Salamanca, onde de relações com D. Tareija Pires
29
Vd. Anexo 6.
30
Fl. 37 do Livro 25º dos Originais ou fls. 210 e segts do Livro LXXXIV das Sentenças.
31
Vd. Anexo 7.
79
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Vilarinho houve um filho, que foi D. Álvaro Gonçalves Pereira que era o pai
de D. Nuno Álvares Pereira, o grande Condestável de Portugal e hoje o
Beato Nuno de Santa Maria.
D. Gonçalo Pereira ordenou-se em 1288 anos de cristo, foi prior de S.
Nicolau da Feira e sucedeu no deado do Porto a seu primo Sancho Pires,
quando este foi elevado ao episcopado em 1296.
D. Gonçalo Pereira foi educado na corte de El-Rei D. Dinis e o seu
testamenteiro. Por estes motivos, pela grande fidalguia, ilustração e
patriotismo, teve uma grandíssima importância religiosa, social, política e
mesmo militar. Em 1322 foi nomeado bispo de Lisboa, passando para
arcebispo de Braga em 1326.
Aqui ficam estes traços gerais duma das grandes figuras da História
de Portugal, de cujo nome se devem orgulhar os Feirenses e muito mais, o
povo de Canedo, porque foi o superior do Mosteiro durante cerca de 10
anos, de 1312 a 1322.
D. Pedro Pires foi o sucessor de D. Gonçalo no deado e na posse do
Mosteiro de Canedo desde 1323 a 1327.
Doc. 4 – Túmulo de D. Gonçalo Pereira na Sé de Braga
80
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Posteriormente, a este sucedeu D. Domingos Martins Bugalho ou só
D. Domingos Martins. Teve durante alguns anos o Mosteiro, mas em 1336
renunciou-o 32 no Cabido por motivos de consciência. 33
“Do termo de renúncia consta que «o honrado baron dom Domingos
Martins Daion do Porto, estando em Cabido com os cónegos, disse que
achara que o Bispo Dom Giraldo que foi do Porto anexara e dera o Mosteiro
de Canedo ao Cabido da dita sé do Porto para o haver para sempre e fazer
dele e por ele como se contem em os privilégios. E dizia que como quer que
ele o trouxesse com o dayado que entendia que o trava contra direito e em
perigo de sua alma».
E que, porém, abria mão do dito Mosteiro de Canedo com todas as
suas pertenças ao dito Cabido e que o tenha para todo o sempre sem
embargo nenhum e faça dele como de coisa própria”. Neste assunto foi
procurador do Cabido, o cónego Lourenço Peres. Esta renúncia realizou-se
no dia 3 de junho de 1336.” 34
A 22 de Março de 1342, em Leiria, D. Afonso IV determina que o
cabido do Porto conserve o seu domínio na Igreja, Mosteiro de Canedo, os
seus casais e livre de hospedagem e outros encargos. 35
Em 1452 era deão Antão Goncalves e tinha ainda o Mosteiro de
Canedo. Como alegasse que este lhe rendia muito pouco, foi-lhe anexada,
somente em vida, a igreja de S. João de Ovil. 36
No ano de 1473, foi executada uma sentença apostólica que
desanexou e separou da dignidade do deão da Catedral a freguesia do
Mosteiro de Canedo. 37
Por Letras Apostólicas de Sexto V, de cuja execução foi encarregado
D. João Gaivão, bispo de Coimbra, sendo deão Álvaro Gonçalves, foi o
Mosteiro de Canedo desanexado do deado no ano de 1474 e no ano
seguinte foi anexado à Igreja de Lobão e assim à Comenda de Lobão. 38
32
Vd. Anexo 8.
33
Este Domingos Martins, recusou ser padroeiro d'este convento, para não sustentar os três religiosos
que ainda continuavam a residir aqui. Em 1336, em vista desta recusa, é provável que se tenha reduzido
o mosteiro a reitoria secular, indo os frades para o seu convento do Porto ou fundado o Hospício.
34
Censual do Cabido da Sé do Porto. Página 331.
35
Fls. 178 e segts. do Livro LXXXIV das Sentenças. ADP
36
Nº 779 do Índice - Roteiro no Arquivo do Cabido.
37
Fl. 21 do Livros 25º dos Originais ou fls. 98 e segts. do livro LXXXIV das Sentenças. ADP
38
Fl. 12 do Livro 25º dos Originais ou fls. 56 e segts. do livro LXXXIV das Sentenças. ADP
81
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
“Doacom de padroados de Muitos Moesteiros e Egreias
Conhoscam todos quantos este stromento virem e ouuirem que nos
domna Biringeyra Ayras filha que foy de Dom nayras e de dona sancha. aa
Onrra de deus e da uirgem santa Maria sa Madre por nossa alma en
rrernijmento de nossos peccados E outrosi en, tal que aa Onrra do padre
Senhor dom Giraldo pela mergee de deus Bispo do Porto e todos os seus
successores que…” 39
No ano de 1457, houve uma ordem régia, pela qual se examinou no
Tombo quais eram os casais que pagavam ao Mosteiro de Canedo e os que
pagavam ao Castelo da Feira. 40
No dia 13 de Dezembro de 1505, sendo bispo D. Diogo da Costa, o
Vigário Geral e Abade Comendatário do Mosteiro de Bustelo, chamado
Pedro Gonçalves, confirmou ou passou a carta de colação a Fernão da
Cunha para a igreja de Canedo, como se lê no Catálogo dos Bispos do Porto.
No ano de 1553, ainda há a confirmação de uma “capelania” do
Mosteiro de Canedo, feita pelo reverendíssimo João Oliveira. 41
Em 1623 escreveu D. Rodrigo da Cunha (então Bispo do Porto),
depois de uma visitação a Canedo no dia 28 de Junho de 1621: “Então
(refere-se a 1304) dos religiosos da Ordem de S. Bento e agora é Comenda
da Ordem de Cristo.” 42
No relatório da visita a Canedo, a que se refere, diz-se: “O conde de
São Lourenço é o Comendador e obrigado a tudo o necessário não só para
a capela-mór e sacristia, mas também para a mesma igreja.”
Por esta altura, já não se fala no Mosteiro, o que supõe que tenha
sido extinto por volta do século XVI e vendido com a sua cerca, por algum
rei da Dinastia Filipina, devido à urgência de estado (afirmam
historiadores).
39
Idem. Ibidem
40
Fl. 15 do Livros 19º dos Originais ou fls. 119 e segts. do livro LXXXVI das Sentenças. ADP
41
Fl. 40 do Livro 25º dos Originais. ADP
42
Catálogo. Volume II, Capítulo XIV.
82
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Anexos:
Anexo 1: Doação do Mosteiro de São Pedro de Canedo pelo Rei. D.
Dinis ao Bispo do Porto D. Geraldo em 28 de Março de 1304
“Donatio Monasterij Santi Petri de Canedo:
EN nome de deus Amen Sabham quantos esta carta virem que eu
dom Denis pela grata de deus Rey de Portugal e do Algarue em sembra corn
mha mulier a Raynha Dona Issabel e com o Inffante Dom Affonsso meu filho
primeyro herdeyro. Consijrando o seruico que o Onrrado in xpisto dom
Giraldo Bispo do porto fez a nos em moytas maneyras dou e doo a esse dom
Giraldo de boo car: e de boa uoentade o meu Moesteyro de Canedo e o
meu dereito do padroado e todo o iur que eu ey e deuo a auer em esse
Moesteyro o qual he en o Bispado do Porto em terra de santa Maria e
ffagolhi doacom desse Moesteyro com todalas ssas onrras e senhorios e
maladias e com todos seus Casaaes e herdamentos e possissoens rotas e
por rromper e com todolos derectos spirituaes e temporaes que a esse
Moesteyro perteecem e podem perteecer e que ora ha e que daquy
adeante guaanhar. que el e seus successores aiam e logrem e posoyam pera
todo senpre. o dicto padroado e o dicto Moesteyro com todalas coussas
sobre dictas. Assi como o melhor poderern auer E como lho eu melhor
posso dar e mais liure e mais conprida-mente assi lho doo e the faco ende
a doacom e ponho en el e en seus successores. todo o meu derecto que
esse dom Giraldo daquy adeante ffaca e ordinhe desse Moesteyro e de
todalas coussas que the perteegent Assi como ffor ssa uoentade E corno
entender que he mais seruico de deus E esta doacom lhi ffaco per rrazonz
de ssa pessoa e non per rrazonz de Eigreia do porto ele c setts suc-cessores
ffazerern cantar cadia em esse Moesteyro hua Missa pera todo sempre as
honrra de deus e da uirgern santa. Maria ssa madre. e poly alma de meu
padre e minha e daqucles onde eu uenho E qzie de mjnz ueerem E nenhuu
non seia oussado dos de mha parte nen dos stranhos que contra esta mha
doagom uenharn. e dou beençom perdurauil a todolos que de mj ueerenz.
que eles guardem e ffaçam guardar esta mha doaçom E non uenham contra
ela. e os que contra ela ueerern. Aiam a maldiçom de deus e de santa Maria
ssa madre e a minha e-com. Datam e Abyranz que a terra uiuos sorucu aiam
quynhom em o Infferno E que esta mha doagom seia mais ffirme E mais
83
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
stauil pera todo sempre. dou ende ao dicta dom Giraldo. esta mha carta
seelada do meu seelo de Chumbo.
Ffacta a carta Lixboa: Vijnte e oyto dias de Marco —EIRey o
mandou—AFfonso maptijnz a ffez—Era de mil e Trezentos Quarenta e Dous
Annos—o Conde dom loham Affonso— Dom Martim gil Alfferez —Dom
Meem rrodriguez—Dom loham rrodriguez de Briteyros—Dorn ffernan
perez de Baruosa —Dorn Pere anes portel—Ioham meendiz de briteyros—
loham perez de Soussa—loham simom — dam Martinho Arce bispo de
Braga —dom loham bispo de Lixboa,dom Steuam Bispo de Coimbra
chanceler del Rey—dom Ffernando bispo de Euora—dom Giraldo bispo do
Porto - dom Eguas bispo de Vi-seu—dom Vaasco bispo da Guarda—dom
Ickharine bispo de Silue —dom Affonso Bispo de Lamego Pedro Affonso
Ribeyro —Roy paez Bugalho —Vaasco perez Ffroyaz --Aiaestre Iuyaaom
sobre Iuiz—Roy nuniz—Martim perez --Roy Iernandez Dayam de Bragaa e
de Euora—Affonso canes —Aparico Dominguez Ouuidores.” 43
Anexo 2: Concessão do Mosteiro de Canedo com as suas rendas e
direitos ao Bispo do Porto em 28 de Maio de 1304
“Concessio Conuentus Monasterij de Canedo supra ordinatione uel
anexatione:
IN nomine dominj. Nouerint Vniuerssi presentis Instrument; seriem
inspecturi. Quod nos Conuentus Monasterij santi Petri de Canedo ordinis
santi Benedictj de terra Santae Mariae Portugalensis dioecesis
considerantes dictum Monasteriunz de Canedo a longis temporibus in
spiritualibus deffecisse ac ipsum fore grauj deppressum onere. debitorum
dilapidatum grauissime et consumptum. necnon ipsius Monasterij Casalia
possessiones ct bona alienata inplures adeo nobiles et potentes quod uix
creditur posse nisi per industriam Reuerendi patris' domnj Giraldi dei gratia
Portuga-lensis Episcopi in spiritualibus et temporalibus reformari Approbantes
donationem ffactam ditto Monasterio nostro et eius. iurepatronatus
per domnum Dionisium dej gratia Regem Portugalensern et Algarbij
preffato domino Episcopo ac ipsum et omnia in litera Regia super hoc
conffecta contenta grata rata et firma habentes, quod dictum Monasteriunz
43
Vd. Nota/Referência 7.” Donatio Monasterii Santi Pectri de Canedo…. “Censual do Cabido da Sé do
Porto, página 317 e 318 ou Livros nº 806, 753 ou 31 das Sentenças.
84
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
per eumdem dominum Epis-copum uel de ipsius Auctoritate et consensu et
Capitulj.Portugalensis uel etiam summj pontifficis seu cuiuscumque uel
superioribus qui ad hoc habeat potestatem Menssae episcopali ipsius
episcoji uel Ecclesiae Portugalensi annectj et subjici ualeat et ipsius bona in
ussus et utilitatem dictj episcopi salua nobis debita substentatione conuertj
et de ipso Monasterio. per eum libere ordi-nari ualeat. volumus concedimus
et mandamus nos etiam ipsum Monasterium et eius bona cum omnibus
iuribu's et pertinentijs suis quoad omnia spiritualia et temporalia quantum
cum nobis est. dicto. domino Episcopo et eius Menssae necnon ipsius libere
ordinationj uel in presenti uel in posterum quandocumque facien-dae
subjicimus et unimus. Rogantes instanter eundem dominum Episcopum
quod predictis omnibus assentiat ac suscipiat onus reducendj dictum
Monasterium in spiritualibus et temporalibus ad statum debitum et ipsius
bona deffendendj et alienata rcuocandj ad ius et proprietatem dicti
Monasterij. Super quibus omnibus et alijs rebus et iuribus ad dictum
MonaSterium pertinentibus tarn in agendo quam in defendendo Coram
quocumque ludice conpe-tentj ordinario uel delegato Ecclesiastico uel
saeculari et contra quamcumque personam et in animabus nostril de
calumpnia et de ueritate dicenda et de quolibet alio genere sacrament
iurando transigendo componendo et compromittendo alium uel alios procuratorem
uel procuratores constituendo et reuocando in se pro-curationis
officium resumendo quandocumque et quotiescumqzte sibi placuerit et
etiam generaliter' in omnibus causis litibus et motis et mouendis super
quibuscumque rebus et con:ra quascumque personas ecclesiasticas uel
saeculares et Coram quibuszumque Iudicibus ordinarijs uel deIegatis
plenam preffatodomino Episcopo. dames et concedimus potestatem
generalem et liberam administra. tionem super omnibus et singulis
supradictis et quibuscumque alijS etiam si mandatum exigant specialem in
eumdem libere trarisfferentes Insuper suplicamus domino nostro summo
pontiffice et cuicumque presidenti uel superiori qui ad hoc habeat
iurisditionem uel potestatem ut huiusmodj unionem. ac omnia et singula
supradicta dignetur ex certa scientia confir-mare. uel grata Rata et firma
perpetuo habere seu premissis omnibus et singulis assensum suum
impertiri. In cuius rey testi-monium Rogauimus Antonium stephanj
publicum tabellionem Ciuitatis Portugalensis in ternporalibus et
spiritualibus et in tota dioecesi in spiritualibus ut de premissis conficeret
publicum Ins-trumentum. Actum est hoc in dicta Monasterio de Canedo.
xxvnj. ° die Menssis May.
85
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Era Millesima trecentesima xi...a secunda —Testibus presentibus.
Discreto vino Alffonso iohannis de Lou-sada Dioecesis Bracharensis —
Dominica curado de Bedaydo — Do-minica dominicj de Sagres Rectoribus
ecclesiarum Portugalensis dioecesis----Et me Antonyo stephanj tabellione
memorato quj omnibus premissis rogatus a predicto. Conuentu presens fuy
et ad eius instantiam, hoc publicum Instrumentum manu propria scripsi et
signum meum apposuj in eodem in testimonium premissorum quad est
tale.” 44
Anexo 3: Doação e concessão ao Cabido todos os rendimentos,
proventos e direitos do Mosteiro de Canedo pelo Bispo D. Geraldo em 8
de Fevereiro de 1307
“Donatio dominj episcopi Geraldi facta capítulo de Monasterio de
Canedo
IN nomine dominj Amen. Nouerint vniuersi presentis instru-mentj sseriem
inspecturi quad in presentia mej Antonij stephanj publici tabellionis
CLuitatis Portugalensis et testium subscripto-rum ad inffra scripta omnia
speciahter uocatorum et Rogatorum Reuerendus pater &minus Geraldus
dei gratia Portugalensis Epis-copus ad tandem et gloriam ihesu xpisti et ut
pertfectius et lau-. dibus ecclesiae serniatur donauit et concessit pure et
sinpliciter Capítulo Portugalensi Omnes redditus et prouentus ac iura
Monasterij de Canedo portugalensis dioecesis ad ipsum dominum
Episcopum, ex donatione Regia ratione Personae suae et non ecclesiae
Portugalensis liberaliter sibi ffacta spectantig, Donauit in quam- et concessit
dictos redditos prouentus et iura dicti Monis-terij distribuendos inter.
personas Canonicos et portionarios qui ad horas conuenerint iuxta
ordinationem de. gloria Tactam et pro gloria uulgaliter appellatum. Ita
tamen quod in eodem Monasterio quatuor ffi-atres sine monachj
habeantur quorum onus sit Prior et ab ipso domino Episcopo et alijs
Episcopis quj pro tempore fuerint regimen dicti Moriasterif et curam
recipiat monachorum et onus insuper Cappellanus quj curam populi
habeat. qui Prior Monachj et, Cappellanus congruam substentationem
habeant de redditti'bus prou entibus et iuribus supradictis, assignatam seu
etiam assignandam per Capitulum supradictum iuxta arbitrium dicti domini
44
Vd. Nota/Referência 8 “Concessio Conventus Monasterri de Canedo supra ordinationevel anexatione...”
Censual. Páginas 318 a 320
86
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Episcopi et successorum suorum. Caeteros uero red-dittus prouentus et
iura dicttim Capitulum pro ad dictam gloriam suos faciant et in usus suos
libere conuertant. dictj uero Prior Monachj et Cappellanus die qualibet
dicant et celebrent singulas missas. Vnanz uidelicet pro illustrissimo domino
Domno Dionisio Rege Portugalensi et Algarbij et aliam pro ipsius dominj
Regis et Episcopi supradictj animabus de die inuita dicti donzirii Regis et
Episcopi supradictj. Post mortem uero dictj dominj Regis et Episcopi
memorati de Requie ipsae duce Missae dicantur et cele-brentur cunctis
temporibus seculorum. Reliqui uero duo Monachj et Cappellanus prefatus
missas dicant et celebrent die qualibet prout sollepnes et feriati, dies
occurrerint iuxta ecclesiasticam ordi-nationem ad laudem et gloriam dej et
beatissimae uirginis matris suae quas donationem concessionem et
ordinationem dictum Capi-tulum acceptarunt concesserunt et aprobarunt.
Acta sunt in capitulo ecclesiae Portugalensis—viij… Idus Tnenssis Ffebruarij.
Era Trecentessima xla quinta. Testibus firesentibui domno Egidio martini
Abbate de Citoffacta—Dominico martini Rectore ecclesiae de Galegosportionarijs
Portugalensibus. ac Religiossis viris dornno' Petro ioharmis de
palaciolo et dornrio Iohanne donii-nici de Petrosso Monasteriorum.
Abbatibus Portugalensis dioecesis. ac discretis, viris Alffonso petri Rectore
ecclesiae santi Petri de Turribus ueteribus et Iohanne lourosa Rectore
ecclesiae santae Iustae Vlixbonensi dioecesis. Et domno Nicholao pelagij
Almoxarife et Iohanne.ciprianj Ciuibus Portugalensibus pluribusque alijs —
Et me Antonyo stephanj tabellione iam suprascripto quj premissis omnibus
et singulis una cum suprascriptis testibus interfuj ad instantiarn et Rogatum
dicto dominj Episcopi et Capituli exinde hoc publicum Instrumentum mana
propria scripsi et signum meum solitum'apposuj in eodem testimonium
premisso-rum quod tare est in testimonium premissoru.” 45
Anexo 4: Confirmação de um abade para o Mosteiro de Canedo e
administrador do Convento, tanto no espiritual como no temporal,
Domingos Domingues pelo Cónego e Vigário Geral Diogo Soares em 31 de
Agosto de 1307
“Confirmatio Monasterij de Canedo ad presentationem capituli
portugalensis
45
Vd. Nota/Referência 9 “Donatio Domini episcopi Geraldi facta capítulo de Monasterio de Canedo.”
Censual, Censual do Cabido da Sé do Porto. Páginas 320-321.
87
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Didacus suarij Canonicus et vicarius ecclesiae Portugalensis omnibus
parrochianis et gubernatoribus Monasterij santi Petri de Canedo
Portugalensis dioecesis et omnibus illis qui eidem Monasterio in aliquo
tenentur salutem in domino ihesu xpisto Noueritis quod ego ad
presentationem Capituli Portugalensis et de mandato et conssensu ipsorum
quj ueri patronj sunt ipsius Monasterij in solidum. Religiosum uirum
domnum Dominicum dominicj Monachum dictj Monasterij retento Censsu.
Ducentorum morabitinorum ueterum Portugalensis monetae soluendorum
anno quolibet dictoCapitulo. Instituj in Abbatem Monasterij supradictj
eidem admi-nistrationem dictj Monasterij in temporalibus et spiritualibus
committentes quare uobis in uirtute obedientiae precipio et mando Quod
eidem Dominico dominicj tanquam Abbati uestro obedientiam et
reuerentiam exibentes sibi de iuribus dictj Monasterij plenarie
respondeatis. Et ipse pro iuribus dicti Monasterij conpellere possit sibi per
presentes Iitteras plenariam concedo potestatem Et sententias quas ipse
pro iuribus dictj Monasterij in contumaces rrite tulerit et rebelles ego ratas
habeo atque firmas et eas fatiam auctore domino usque ad condignam
satisffationem inuiolabiliter obseruari. In cuius rey testimonium sibi
presentem licteram con-cessi sigilli supradicti Capituli munimine
roboratam. Data apud Ciuitatem Portugalensem pridie Kalendas
Septembris.
Era Millesima Trecentesima quadragesima quinta —Ego Andreas
petri publicus tabellio Ciuitatis Portugalensis Rogatus premissis inter-ffuy et
ad instantiam supradictj Capituli hic hoc signum meum apposuj quod tale
est.” 46
Anexo 5: Confirmação pelo Bispo do Porto D. Fr. Estêvão de um
capelão para o Mosteiro de Canedo, por intermédio do seu Vigário Geral
Pedro João, o capelão Vicente Domingues em 29 de Novembro de 1311
“Confirmatio capellaniae Monasterij Santi Petri de Canedo
Uniuersis parrochianis et gubernatoribus Monasterij santi Petri de
Canedo dioecesis Portugalensis. Petrus iohannis Abbas ecclesiae de Viana
Reuerendj patris domni Ffratris stephanj diuina miseratione Episcopi
portugalensis. vicadus. salutem in domino ihesu xpisto Noueritis quod ego
46
Vd. Nota/Referência 10 “Confirmatio Monasterii de Canedo ad presentationem capituli portugalensis.“
Censual. Páginas 321 - 322.
88
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
ad presentationem Abbatis et Conuentus Monasterij predictj de Canedo
vincentium dominicj presbiterum latorem presentium de cuius ydoneitate
mihi chstit euidenter instituj in Cappellanum seu vicarium Monasterij
antedictj sibi curam et regimen parrochianorum ipsius Monasterij seu
Cappellaniae in spiritualibus committendo —Idem uero mihi ad santa dej
euangelia corporale prestitit iuramentum quod pro obti-nenda dieta
Cappellania nullam comissit per se uel per alium symoniam et quod
Episcopo supradicto et successoribus suis Canonice intrantibus
obedientiam et reuerentiam debitam exibebit. et quod sententias dictj
donzinj Episcopi. et vicariorum suorum et statuta sinodalia obseiruabit Et
quod consilium quod ej predictum dominum Episcopum aut per suas
litteras aut per nuntium manifestatum fuerit nullj pandet in dampnum
ipsius dicti dominj Episcopi uel ecclesiae Portugalensis Et regulas santor um
patrum ser-uabit et defendet contra homines omnes saluo ordine suo. Et
quod uocatus ad sinodum ueniet nisi inpedimento Canonico fuerit
praepeditus Et quod non erit in dampnum munitionum dictj dominj
Episcopi et ecclesiae Portugalensis suae nec alicuius rei uel causae quj ad
honestatem ipsius domini Episcopi pertinere uidean tur nec possessionum
ecclesiae Portugalensis. Et quod in omnibus erit eidem episcopo et
ecclesiae Portugalensi fidelis sicut vassalus domino esse debet Et quod in
dieta cappellania residentiam faciat personale nisi de licentia ipsius uel
viccariorum suorum seu suorum successorum fuerit excussatus. Et quod
omnia iura ipsius cappellaniae in qua ipsum instituj fideliter obseruabit.
Vnde uobis in uirtüte obedientiae et sub excomunicationis poena praecipio
atque mando quod eidem vinccentio dominicj tanquam Cappellano uestro
obedientiam et Reuerentiam exibentes. sibi de iuribus dictae Cappellaniae
plenarie Respondeatis Et quod ipse pro iuribus dictae cappellaniae
conpellere possit. sibi per presentes plenam concedo potestatem. Et
sententias quas ipse pro iuribus et decimis dictae Cappellaniae in
contumaces rite tulerit et rebelles ego nomine dictj dominj opi et ecclesiae
Portugalensis ratas habeo atque ffirmas et eas ffaciam auctore domino
usque ad condignamsatis ffationem inuiolabiliter obseruari. In cuius rey testimoniurn
sibi presentem litterarn concessi sigillo Curiae dictj dominj
Episcopi sigillatam.
89
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Data in Ciuitate Portugalensi. xxix.° die Nouembris. Era Millesima
ccc.a xl a lxa —Dominicus Abbade--Petrus Iohannes viccarius uidit.” 47
Anexo 6: Anexão perpétua ao Deado do Cabido do Porto o Mosteiro
de Canedo pelo Bispo D. Fr. Estevão em sessão capitular de 27 de
Setembro de 1312
“Vnio siue Anexatio Monasterij de Canedo decanatuj portugalensi:
IN dej nomine Amen. Nouerint vniuersi quod in presentia mej
Iohannis collaço publicj -Tabellionis. Ciúitatis Portugalensis et testium
subscriptorum. Venerabilis uir domnus Martinus valascj Canonicus
Portugalensis ac- Rector ecclesiae santi xpistoffori de Refflorijs
Portugalensis dioecesis ostendit et exhibuit quoddam instrumentum
conffectum per me dictum tabellioneM cuius tenor per omnia talis est.
In dej nomine amem—Nouerint vniuersi quod in presentia mej
Iohannis collaço publiçj tabellionis Ciuitatis Portugalensis et testium
subscriptorum. Fferia IIIJ. a Videlice.t. XXXVIJ.a die menssis Septembris. de
Era Millesima CCC. a L.a. presentihus téstibus inffra scriptis in capitulo
ecclesiae Portugalensis cum Reüèrendus pater domnus Ffrater Stephanus
dej gratia Portugálensis Episcopus et Decanus ac Capitulurn eiusdern
ecclesiae essent, in Capitulo congregati super quibusdarn tractandis
negotijs et etiam peragendis. Capitulum supradictum inter ália proposuit
quod Monasterium santi Petri de Canedo spectabat ad eos et ipsi surra in
possessioné ipsius Monasterij paciffica et quieta et redditus et prouentus
et Iura ipsius Monasterij debebant cedere in communes usus Capitull
ecclesiae Portugalensis diuidendo inter personas Canonicos et portionarios
qui per singulas oras diej ad ecclesiain conuenissent in glória primj psalmj
iuxta ordinatione super hoc in Portugalensi ecclesià stabilitam. Similiter
Martinus dominicj quadom Abbas ipsius dicturn Capititlum Spoliari fecerat
per potentiam et Iustitiam saecularem. Vnde attendentes ut dicebant quod
Monasterium et eius redditus et prou. tus poterant ad possessioneni
Capitulj facilius deuenire et cum maiori utilitate Capitulj et Monasterij
procurari et defendi si dignitatj déconatus dictum Monastérium uniretur et
specialiter per potentiam industriam venerabilis uiri domnj Gundisáluj
peréyra nunc Decànj petierunt instanter et unanimitér conssesserunt quod
47
Vd. Nota/Referência 11. “Capellano vestro obedientiam et reverientiam exibentes. Confirmation
capellaniae Monasterii santi petri de Canedo.“ Censual. Página 323.
90
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
dorninús Episcopus saluo censu duccentorum morabitinorum dictj Capitulj
eidem capitulo resèrúato et retento. dictum Monasterium cum CassaIibus
posSessionibus et cum omnibus iuribus spiritualibus et tenporalibus et alijs
pertinentijs suis dignitati Decanus ecclesiae Portugalensis ad plenum et in
perpetujim pér se uel per anum uniat et annectat hoc. adhibito
moderamine qicod persona. Gunsaluj pereyra Decanj quj nunc est
postqUarn. dictum ad suam possessionem reduxerit propriis laboribus et
expenssis Centum librarum portugalensis monetae. Capitulo pórtugalensi
anno quolibet soluere teneatur. Caeteri uero Decanj quj post personam
suam sucesserintr. ducèntos morabitinos ueteres dicto. Capitulo soluere
anno quolibet teneantur, nomine censsus predictj. pró fructibus redditibus
et prouédtibus Monasterij supra dictj saluis iná-enssuris. Ceris bracalis uòtis
et caeteris iuribus solitis et debetis ectlesiae portugalensi quas et quae sibi
et ecclesiaé Pórtugalensis ráinuerúnt expresse et specialiter reseruarunt.
De quibtis omitibus ét singulis dictus dominus Episcopus et
Capitülumsupradictj mandaurent michj dicto tabellionj quod conficerem
publicuim Instrumenturn. Acta sunt haec loco quaesito et. Era superius
annotatis qui presentes fuerunt Gunsaluus martinj-- Dominicus Abbade
tabelliones. Martinus Alffonsi-Martinus siluestri Abbas. de Citoffacta
portionarii ecclesiae Portugalensis—Iohannes geraldj clericus Chori
ecclesiae Portugalensis. Post haec eadem die in domibus dictj dominj
Episcopi idem dominus Episcopus assetens quod ipsum ex causa necessaria
Opportebat obesse et sic circa unionem et annexionem predictam non
poterat incen-dere. faciendam. venerabili uiro domno Martino valasci
Canonico Portugalensi et Abbati santi xpistoffori de Refflorijs super vnione
et annexatione Monasterio supradictj canonice libere et in, perpetuum
facienda dignitatj Decanatus ecclesiae Portugalensis et super omnibus et
singulis supradictis et caeteris quae in Premissis et circa premissa fuerint
opportuna et super eis exequendis conmissit plenarie et totaliter uices suas
Duns ej insuper potestatem et Iiberam administrationem vniendj et
annectandj ad plenum et in perpetuum dictum Monasterium cum omnibus
iuribus et pertinentiis suis predictae Decanus dignitatj et de ffructibus
redditibus et prouentibus ipsius et de priore seu vicario monachis uel
clericis ponendis et habendis ibidem Et de cura ipsorurn recipienda et
habenda disponendj et libere ordinandj et omnia et singula predicta et alia
quae necessaria expedientia seu decentia uidebentur et eidem statuendj et
ffirmandj. Ac contradictores et rebelles per censsuram ecclesiasticam
conpescendj et inuocandj ad hoc si opus fuerit auxilium brachij saecularis—
91
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Actum est hoc in domibus dominj Episcopi supradicti, die et. Era superius
annota-. tis—Quj presentes fueru.nt Gunsaluus martinj tabellio—Iohannes
ratundus Canonicus eccIesiae Portugalensis—Martinus lupi Iudex eiusdem
Ciuitatis—Ego uero Iohannes collaço tabellio supradictus quj supradictis
omnibus interffuj de mandato et Auctoritate supradictorurn dominorum
episcopi et Capituli et ad. instantiam dictj Decanj hoc instrumentum rnanu
propria scripsi. et hoc signum apposuj in 'eodem quod tale est Quo sic
ostensso et exhibito Idem Martinus valasci ad predictarn vnionern, et
annessionem faciendam processit in hunc modum.
Ad perpetuam rey euidentiam. ego Martinus ualasci Cano-nicus
Portugalensis considerans et attendens quod rqdditus digni-tatis Decanatus
ecclesiae Portugalensis sunt tenues- et exiles ita quod Decanus non possit
ex eis cum tanta utilitate ecclesiae et honore ipsius sicut decet uiuere et
officia et onera ad quae tenetur astritus comode et congrue subportare
prospiciens etiam quod Monasterium santi Petri de Canedo Portugalensis
dioecesis quod ad ecclesiam Portugalensem dignoscitur pertinere quasi ad
irreparabilis disolutionis obprobrium est deductum in quo clericus diuinus
negligitur, religio dissoluitur hospitalitas non seruatur quo etiam religio
hactenus seruata non fuit nec seruari potest cum ibi non fuerit nec esse
possit Congregatio debita monachorum cuius bona et possessiones partium
alienare et partium sunt obligatae et concessae militibus et alijs potentibus
perscinis a quibus nunquam aut sine magno detrimento ad dictum
Monasterium poterunt reuocari quodque Monasterium ipsum cum bonis et
possessionibus suis ualet tam in spiritualibus quam in temporalibus in
melius refformari Et cum maiori proffectu preffati Capituli et Monasterij
procurari. regi et defendi. si dignitati Decanatus portugalensis ecclesiae
unitum fuerit et annexum et precipue per industriam et potentianz
venerabilis uiri domnj Gunsaluj pereyra nunc Decanj in ecclesia
Portugalensis. Idcirco consideratis premissis omnibus et singulis et multis
alijs ad faciendum unionem et annexationem huiusmodj inducans quae per
omnia narrari non possent. Et cum diligentia circonspectis prehabito
consilio sapientium ex potestate qua fungor in hac. parte michi specialiter
a predicto donzino Episcopo demandata descerno predictum Monasterium
cum omnibus iuribus et pertinentijs suis fore annectandum dignitati
Decanatus ecclesiae Portugalensis Et ipsius Monasterij cum omnibus bonis
rebus possessionibus luribus et pertinentijs suis spiritualibus et
temporalibus habitis et habendis dignitati Decanatus ad plenum et in
92
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
perpetuum vnio et annecto Censsibus et luribus supraseriptis domino
Episcopo et ecclesiae ac Capitulo Portugalensibus retentis et plenarie
reseruatis in Monasterio supradicto quxta madum et tenorem superius
annotatos Statuens quod qui nunc est et quj pro tempore ffuerint Decanj in
Ecclesia Portugalensi percipiant et habeant. redditus prouentus et iura
uniuerssa. Monasterij supradictj Et de ipsis Possint disponere et libere
ordinare supra et inffra scripta onera subeundo. Videlicet quod duo
Monachi qui nunc sunt in dicto Monasterio quandiu uixerint manuteneatur
ibidem. uel in alijs Monasterijs eiusdem ordinis collocentur quorum unus
tanquam prior sub cuius obedientia regulari uiuat relicus curarn regat et
habeat animarum. Et unus Capellanus qui similiter populum regat et ipsam
sollicitam curam regat qui per Decanos quj pro tempore fuerint uel uelorum
procuratores de bonis Manasterij sustentationem congrua habentes in una
domo comedentes et in reliqua simul donnientes eidem Monasterio in
omnibus oris canonicis recidatis in missarum et alijs diuinis officijs die
qualibet celebrandis et exprenclis in sacramentis ecclesiasticis per
presbiteros conferendis et in tectis licitis et honestis residere et seruire
personaliter teneantur. Post quam uero monachj quj nunc sunt decesserint
uel in alijs Monasterijs colloquati quj nunc est. et quj pro tempore fuerint
Decanj ponant et habeant tres clericos in eodem Monasierio seruientes et
celebrantes et sustentationern congruam habentes de bonis Monasterij ut
predictum est quorum unus sit perpetuus vicarius quj predictam curam ab
Episcopo recipiat et habeat animarum.
In caeteris uera Decano quj pro tempore fuerit obediat et intendat
quam unionem et annexationem idem domnus Martinus ualasci auctoritate
sibi conmissa decreuit et statuit miter et in perpetuum obseruanda De
quibus omnibus et singulis dictus donznus Mariirius ualasci mandauit mich;
dicto Tabellionj ffieri publicum instrumentum—Actum est hoc in Ciuitate
Portugalensi. xj. die. Octobris. Era Trecentesima. L.a ainns —Quy presentes
fuerunt et uiderunt Gunsaluus martinj—Ffranciscus Andreae tabelliones—
Abbas de fferreyra—Iohannes geraldj -- Gunsaluus donzimci -- Gunsaluus
stephanj clericj ecclesiae portugalensis—Ego uero Iohances coIlaço tabellio
supradictus quj premissis omnibus interffuj ad instantiam dictj domnj
Gunsaluj pereyra Decanj et de mandato dictj domnj Martinj valascj hoc
instrumentum manu propria scripsi et hoc signum meum apposuj in eodem
quod tale est — Et ad maiorem rey euidentiam Ego Crunsaluus martinj testis
tabellio memoratus premissis omnibus rogatus interffuj et manu propria
93
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
scripsi et huic instrumento hoc signum meum apposuj in testimonium
ueritatis quod tale est — Et ad maiorem rej euidentia.rn Ego ffranciscus
andreae testis tabellio jam supradictus posuj hic meum signum quod tale
est.” 48 Anexo 7: Posse do Mosteiro de Canedo pelo Deado do Cabido do
Porto em 9 de Dezembro de 1312
“Possessio Monasterij de Canedo pro Decano Portugalensi
Nouerint vniuersi quod sub Era Millesima Trecentesima L.a Sabato scilicet
nona die Menssis Decembris rne Martino iohannis Ciuitatis Portugalensis et
totius. dioecesis in causis et negotijs eccleSiasticis publico tabellione
adhibito et presente cum testibus inffrascriptis Cum venerabilis uir domnus
Petrus iohannis -Reue-rendj patris dominj domnj ffratris Stephanj dej gratia
Portugalensis Episcopi vicarius generalis uisitasset Monasterium santi Petri
de canedo Portugalensis dioecesis et Vissitatione conpleta Martinum
dominicj quj sse gerebat pro Abbate ipsius Monasterij denunciasset
privatum eadem Monasterio et omnj Iure siquod in eo habuerat et ipsum a
possessione detentione ipsius similiter amouisset. Idem vicarius Decanum
et dignitatem Decanatus eccle-siae Portugalensis induxit in corporalem
posSessionenz ipsius Monasterij sub hijs uerbis---Quod dictus EpiscoPus et
Capitulum Portugalenses dictum Monasterium nos cuntur uniuisse et annexuisse
dignitatj decanatus Portugalensis ecclesiae prout in literis unionis et
annexionis euidentius continetdr. venerabilem uirum domnum Gunsaluum
peraria Decanum Portugalensem per Iohan-nem stephanj Rectorum
ecclesiae santi felicis procuratorem suum quj presens est. et ipsum pro eo
et eius nomine in corporalem possessionem ipsius Monasterij de mandato
dominj Episcopi specialiten michi facto. pono induco et per possessionem
ipsius Monasterij in possessionenz omnium bonorum et Iurium
spiritualiumet temporalium spectintium ad idem Monasterium saepe
dictum. Mandans monachis 'clericis familiaribus parrochianis et omnibus
alijs quj eidem tenentur in aliquo quod dicto Decano uel eius procuratori
obediant et eanurn uel eius intendant et quod ej de bonis et Iuribus ipsius
Monasterij curent plenarie respondere. Moneo insuper quascurnque
personas Ecclesiasticas uel saeculares ne predictum decanum uel eius
48
“Unio sive Anexation Monasterii de Canedo decanatui portugalense.” Censual. Página 324-328 ou
Arquivo do Cabido, livro 806 e 84 das Sentenças.
94
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
procuratorem super dicto Monasterio et eius possessione inpediant
quomodolibet aut perturbent. Alioquim in contrarium ffacientes. seu
factitas excomunicationis sententiam profero in hijs scriptis. Rogo insuper
Niaiorinum do-minj Regis uel quj loco eius in terra fuerit et eius auxilium
inuo-cato tanquam brachij saecularis quod preffatum decanum ueI eius
procuratorem in dicta possessione manu teneat et deffendat Et insuper
dictos vicarius dictum Iohannem stephanj presencialiter misit et induxit in
corporalem possessionem ciicti Monasterij integrando sibi claues
Monasterij libros Campa-narum cordas et intra ecclesiam domos eum
mittendo et indu-cendo et predictas Monitionem et excomunicationem
promulgando et auxiliunz Brachij saecularis inuocando ut in sua superius
sen-tentia continetur. Acta sunt haec apud supradictum Monasterium de
Canedo.
Era die Mense et quanto superius annotatis—Testes quy pi-esentes
fuerunt Dominicus martinj de galegos—Martinus de madia de auanca—
Petrus Iohannis de lobom—Vinccentius martinj de Bolpelhares ecclesiarum
Rectores —Andreas petri tabellio. Ego uero Martinus iohannis tabellio
supradictus qui premissis omnibus interfuy ad instantiam dictj Iohannis
stephanj procura-tores dictj Decanj Et de mandato et Auctoritate dictj
viccarij. hoc Instrumentum manu propria scripsi et in eo signum meum
apposuj in testimonium ueritatis quod quidem uero signum di-gnoscitur
esse tale—Ego Andreas petri testis tabellio supradictus subscripsi et hic
signum meum apposuj quod tale est.” 49
Anexo 8: Renuncia do Mosteiro de Canedo pelo Deão do Cabido do
Porto, D. Domingos Martins, em 3 de Junho de 1336
“Renunciacom que fez Domjngos martijnz dayam ao Moesteiro de
Canedo
Sabham todos que en presenga de mjm Affonse eanes tabelliom del
Rey na Cidade do Porto das testimunhas que adeante som scriptas o
Onrrado barom dom Domingos martijnz Dayam do Porto estando em
Cabidoo com os coonigos desse logo disse que ele achara que o Bispo Dom
Giraldo que foy do Porto aneixara e dera o Moesteyro de Canedo ao
Cabidoo da dicta see do Porto pera o auer pera sempre e ffazer del e per el
49
Censual. Páginas 329-330.
95
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
como sse contem en os priuilegios que ende hy ha E dizia que como quer
que o ele trouxesse com o dayado que entendia que o tragia contra dereyto
e em perigoo de ssa alma E que porem abria maaom do dicto Moesteyro de
Canedo com todas ssas perteengas ao dicto Cabidoo que o aia pera todo
sempre sem enbargo nenhuu e ffaga del come de ssa propria coussa. Das
quaes cousas Lourengo perei Coonigoo e proctirador do dicto Cabidoo
pediu a mjm Tabelliom este stromento.
Ffecto no dicto Cabidoo tres dias de Junho da Era de Mil e Trezentos
e Seteenta e Quatro Annos—Testimunhas que presentes foram
Bertholameu eanes Abbade da Agrela —Steuam geraldez porteyro do
Cabidoo--Martim de sousa creligo dante o choro—Gongalo eanes -- Martim
anes leigos e outros —E eu tabelliom sobredicto que este stromento scripuj
e do meu signal assigneej que he tal.” 50
50
Nº 779 do Índice - Roteiro no Arquivo do Cabido.
96
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Dados religiosos sobre o Mosteiro
Pouco se sabe sobre os abades e superiores do Mosteiro de Canedo,
como também dos seus paramentos. Sabemos que, por volta do ano de
1055, era abade do Mosteiro Todemondus. 51
Lendo alguns arquivos do Mosteiro de Arouca, encontramos uma
venda de Pedro Peres, que era abade do Mosteiro no ano de 1224.
Do Arquivo do Cabido consta que houve, no tempo de D. Dinis, uma
contenda importante com o abade do Mosteiro, reverendo Martim
Domingues, a quem foi dada posse no ano de 1302. Há outro documento
ou “instrumento por onde consta ser privado de abade do Mosteiro de
Canedo, Martim Domingues no ano de 1302”.
“Apelação que Martim Domingues, abade de Canedo, interpôs para
Braga contra o bispo D. Geraldo para ser conservado na posse do dito
Mosteiro de Canedo. Ano 1302.” 52
Podemos, no entanto, acrescentar agora um documento muito
curioso que contém vários capítulos de visitações feitas à igreja de Canedo
em 1300 e 1302 e uma sentença contra Martinho Domingues, o dito abade
do pequeno Mosteiro.
Trata-se de uma pública-forma datada de 1313 que o decano do
Cabido da Sé do Porto, D. Gonçalo Pereira, mais tarde arcebispo de Braga
(1326-1348), pediu ao Vigário Geral do bispo do Porto, Domingos Joanes,
para ser passada pelo tabelião Domingos Pedro.
D. Gonçalo Pereira tencionava partir para a Cúria Romana a tratar de
vários negócios e temia a perda deste documento, que era já por sua vez
pública forma de 1307.
Na verdade, no dia 26 de novembro de 1307, estavam reunidos na
sala capitular do Cabido da Sé do Porto Vicente Domingues, chantre, mestre
Domingos, tesoureiro, e os restantes cónegos da corporação, estando
também presentes Diogo Soeiro e Lourenço Afonso, cónego, e vigários da
51
Os cartórios dos Mosteiros benedictinos na diocese do Porto, José Matoso.
52
Índice – Roteiro, nº 782 e 785 ou livro 86 das Sentenças.
97
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Igreja Portugalense, em sessão de tribunal, servindo de tabelião António
Esteves.
Entretanto Pedro Joanes, abade do mosteiro de São Pedro de
Ferreira e cónego portugalense, procurador do Cabido, no seu nome e no
do mesmo Cabido, afirmou que pretendia o Cabido propor uma causa
contra Martinho Domingues que se dizia abade do Mosteiro de São Pedro
de Canedo, mosteiro que pertencia de pleno direito ao Cabido tanto no
espiritual como no temporal, pois tinha a opor contra o dito abade culpas
graves e criminosas, afirmando que ele não merecia dirigir o mosteiro nem
possuir qualquer benefício eclesiástico.
Tinha, por isso, o abade Martinho Domingues sido privado do
mosteiro quando o bispo D. Geraldo o visitara, e o Cabido da Sé do Porto
desejava possuir cópia dessas visitações para apresentar em tribunal e por
isso pedia ao tabelião que delas lhe desse pública-forma.
De facto, os referidos Vigários da Igreja Portugalense, as instâncias
do chantre e do procurador do Cabido, mandaram ao tabelião fazer a dita
pública-forma das visitações.
53 Segue-se então duas visitações ao Mosteiro de Canedo, feitas em
1300 e 1302 e um processo contra o abade Martinho Domingues 54 feito em
1304 e que o removeu do seu cargo mandando-o fazer penitência no
mosteiro de Paço de Sousa.
Vem ainda a seguir cópia da citada doação feita pelo bispo D. Geraldo
ao Cabido Portugalense dos direitos e proventos do mosteiro de Canedo,
tal como os recebera do Rei D. Dinis. 55
Esta doação obrigava o Cabido a manter quatro monges no mosteiro,
dos quais um seria prior, e um capelão para a cura de almas dos fregueses.
A estes monges e capelão o Cabido atribuiria uma côngrua sustentação, e o
que restasse destinava-se às distribuições diárias entre os cónegos.
53
Para a História do Mosteiro de São Pedro de Canedo. Isaías da Rosa Pereira. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 1972
54
D. Martinho Domingues, abade do mosteiro de S. Pedro de Canedo, no início do séc. XIV, tinha mais de
meia dúzia de concubinas o que será tratado mais à frente, como se pode ler em Baubeta, Patrícia Anne
Odber de, Igreja, pecado e sátira social na Idade Média Portuguesa, tradução de Maria Teresa Rebelo da
Silva, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1997, pp. 86-87.
55
Censual. Páginas 320-322.
98
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
O prior, os monges e o capelão tinham o encargo de celebrar
diariamente uma missa pelo Rei D. Dinis e outra pelo bispo, tanto em vida
deles como depois de falecidos.
A visitação de 5 de Novembro de 1300 começa por enumerar os livros
litúrgicos existentes no mosteiro: um oficial, um antifonário, um santoral,
um coletário velho que devia ser substituído no prazo dum ano, um saltério
velho que também devia ser substituído até à Páscoa, um epistolário, um
sacramentário, dois cadernos com o ofício dos defuntos, um saltério
pequeno, outro coletário pequeno de letra antiga e miúda.
Tabela 1 – Livros existentes no Mosteiro de Canedo segundo a visitação de 5 de Novembro de 1300
Um
Um
Um
Um
Um
Um
Dois
Um
Um
Livros
Oficial
Antifonário
Santoral
Coletário Velho
Saltério Velho
Sacramentário
Cadernos com ofício dos defuntos
Saltério Pequeno
Coletário de Letra pequena e miúda
Quase todos estes livros estavam maltratados e o bispo dá ordem
para que os encadernem.
Encontrou o visitador nove cadernos de um ótimo coletário que
estava nesse momento a ser escrito, mandando que o completassem
dentro de um ano. 56
Enumeram-se em seguida os paramentos da igreja: dois pares de
casulas com palas de linho e uma outra com pala de seda; dois mantos de
seda; cinco capas de seda; um frontal do altar bom, de seda, e outro velho;
duas estolas e dois manípulos.
56
Este facto mostra que o pequeno Mosteiro de Canedo, tinha algum monge perito na arte de escrever e
que não era tão pobre como se poderia julgar. No século XIII o poderio estava nos Mosteiros de Canedo,
Vila Cova e Grijó, sendo este último o com mais poder. Lobão – Terra de um Deus Maior. Carlos Dias. 2018
99
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Tabela 2 - Paramentos da Igreja do Mosteiro de Canedo segundo a Visitação de 5 de Novembro de 1300
Paramentos da Igreja
Dois Pares
Casulas com pala de linho
Um Par
Casulas com pala de Seda
Dois
Mantos de Seda
Cinco
Capas de Seda
Um
Frontal do altar de seda (em bom estado)
Um
Frontal do altar de seda (Velho)
Duas
Estolas
Dois
Manípulos
A igreja tinha também um cálice de prata e dois de estanho, mas o
bispo manda fazer mais um cálice de estanho no prazo de um ano. Possuía
ainda três cruzes de Limoges, um castiçal grande de ferro e outro pequeno,
um turíbulo de Limoges; redomas para os santos óleos e o crisma; uma
almofada sobre o altar; duas lâmpadas; dois sinos grandes e um pequeno;
outro turíbulo de Limoges; umas galhetas de estanho e o visitador manda
fazer outras até à quaresma.
Tabela 3- Materiais Religiosos existentes na Igreja do Mosteiro de Canedo segundo a Visitação de 5 de Novembro de
1300
Material Religioso da Igreja
Um Cálice Prata
Dois Cálices Estanho
Três Cruzes Limoges
Um Grande Castiçal Ferro
Um Pequeno Castiçal Ferro
Dois Turíbulos Limoges
Uma
Almofada no Altar
Redomas para os santos óleos e o crisma
Duas
Lâmpadas
Dois
Um
Sinos Grandes
Sino Pequeno
Galhetas de estanho
O altar estava bem ornamentado e o corpo da igreja bem coberto e
as casas estavam, em parte, bem cobertas e bem reparadas.
O Bispo D. Geraldo verificou que o abade tinha má fama e o mosteiro
estava carregado de dívidas. Por outro lado, possuía 70 casais e apenas 25
100
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
davam os proventos ao mosteiro. O Mosteiro tinha, além disso, três igrejas
paroquiais 57 de que recebia proventos, mas não havia nelas reitores ou
vigários perpétuos.
Nestas circunstâncias, o bispo determina que lhe apresentem para
esses cargos, no prazo de trinta dias, clérigos idóneos. Quis saber também
com que direito ou por que privilégio possuíam aquelas igrejas e faziam os
seus os respetivos réditos.
A própria igreja do Mosteiro era paroquial e devia ter um capelão
perpétuo instituído pelo bispo do Porto, mas não existia. D. Geraldo
determina que fosse apresentado no prazo de trinta dias.
O abade era realmente homem de maus costumes, pois pecava com
várias mulheres e o mosteiro não mantinha a clausura devida. O bispo
manda, por isso, fechar todas as portas, exceto a da igreja e a da cerca. O
abade praticava também várias extorsões nos bens do mosteiro sendo por
isso admoestado. Ordenou-lhe ainda o visitador que dormisse no
dormitório com os irmãos.
No Mosteiro, existiam três irmãos, mas um deles encontrava-se no
mosteiro de Cucujães. O bispo mandou-o regressar a Canedo. Na paróquia
de Canedo, encontrou D. Geraldo vários usurários e castigou-os com pena
de excomunhão, caso não se emendassem.
A segunda visita realizou-se em 9 de Maio de 1302. O bispo
encontrou todos os livros e ornamentos do culto anteriormente descritos,
acrescendo um cálice de prata e outro saltério.
Mas o abade continuava uma vida pouco edificante. Estava difamado
com uma mulher de Vila Cova (Sandim) e várias outras, delapidava os bens
do mosteiro e vendera muitos.
Por outro lado, nunca celebrara missa nem se confessara desde que
fora feito abade. Tinha o abade na Granja uma concubina pública de nome
Domingas Gonçalves; no Mosteiro tinha quase diariamente Maria Joanes,
moradora na Vila de Gaia; em Paçô de Sandim tinha uma Maria Lobel de
quem se dizia que tinha um filho, e esta mulher estivera no mosteiro na
semana Santa bem como uma Maria Teixeira; tinha em Vila Cova uma Maria
57
As três igrejas paroquiais eram: Igreja de Canedo, Igreja de São Tiago de Lobão e a Igreja de São Vicente
Louredo.
101
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Lourenço a casa de quem ia de noite, servindo-lhe de alcoviteiro Martinho
Domingues de Sá morador no mosteiro de Vila Cova, e no mesmo mosteiro
costumava ter uma monja de nome Maria Soares; em Rio Tinto tinha
também certa monja de nome Urraca Pedro.
Por toda esta série prodigiosa de desmandos, o bispo manda o abade
residir para o Mosteiro de Paço de Sousa como simples monge e sob a
disciplina regular para fazer penitência dos seus pecados e durante um ano
não podia ir para além do Douro nem voltar a Canedo, sem especial licença
do bispo do Porto, sob pena de privação do Mosteiro. À frente do mosteiro
de Canedo ficava, entretanto, um monge de nome Domingos. 58 Mas o
abade Martinho Domingues era incorrigível. O bispo D. Geraldo teve de o
castigar severamente. Na verdade, não cumprira as penas impostas na
visitação de 1302 e ocupara de novo o seu cargo no Mosteiro de Canedo.
No dia 26 de janeiro de 1304, D. Geraldo fez tribunal na Igreja de
Lobão 59 e o abade confessou que não cumprira as ditas penas e que
empenhara um livro e um cálice de prata do mosteiro, ficando por este
facto excomungado.
Então o bispo declarou-o privado do cargo de abade do Mosteiro de
Canedo, e Martinho Domingues disse que renunciava de facto ao mosteiro
e confessava humildemente que ofendera a Deus e à Igreja gravemente e
que fora desobediente ao bispo, mas que desejava para o futuro fazer
penitência onde e como o bispo determinasse.
Ordenou então o Bispo que Martinho Domingues fizesse penitência
no mosteiro de Paço de Sousa para onde devia ir dentro de oito dias, não
podendo sair perpetuamente do âmbito das paredes do dito mosteiro.
Jurou ainda o ex-abade: que nunca mais iria a Canedo, a não ser que
o bispo lhe dessa especial licença; que, se obtivesse alguns bens de fortuna,
pagaria o que delapidara ao mosteiro de Canedo; que não escreveria, nem
por interposta pessoa, a nenhum homem ou mulher, nem receberia
qualquer carta sem a mostrar previamente ao bispo ou ao abade de Paço
de Sousa.
58
Posteriormente a 31 de Agosto de 1307, seria nomeado Abade do Mosteiro de Canedo.
59
Nesta altura, a Igreja de Lobão era anexa ao Mosteiro de Canedo. Nota-se que o Mosteiro de Canedo
tinha em Lobão 6 casais como propriedade no ano de 1220 e em conjunto com Vila Maior, entre 1 a 9
Casais no século XIII.
102
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Jurou mais que não prejudicaria o comendador do mosteiro de
Canedo, Pedro Joanes chamado de Sande, nem o ecónomo, procurador ou
abade que o bispo confirmasse para o dito mosteiro; que restituiria ao
mosteiro todos os documentos que lhe pertenciam; que nunca mais se
apossaria dos livros, cálices, ornamentos, utensílios, pão, vinho, dinheiro ou
quaisquer bens do Mosteiro de Canedo, sob pena de cárcere perpétuo se
transgredisse estes juramentos. Renunciava ainda à faculdade de apelar,
suplicar ou pedir rescritos ou quaisquer exceções contra a sentença
episcopal.
Com estas visitações sabem-se os livros litúrgicos e alfaias religiosas
que possuía, o número de religiosos que o habitavam, as fontes de
rendimento do mosteiro dão igualmente uma ideia acerca da vida
conventual, que era de pouca observância, a começar pelo abade que
mantinha várias concubinas e desviava os bens do convento.
São ainda importantes estes documentos para avaliar o zelo
apostólico do bispo do Porto D. Geraldo Domingues, que visitava com
frequência as suas igrejas e se interessava pelo bem espiritual e temporal
de cada uma. Como é evidente, e qualquer historiador consciencioso o
sabe, este documento não autoriza a generalizar os desmandos cometidos
pelo abade de Canedo aos outros mosteiros beneditinos da época.
O facto de ele ser enviado para o mosteiro de Paço de Sousa, por
exemplo, indica que neste a vida monástica decorria em boa observância.
Anote-se também a presença dos dois abades beneditinos de Paço
de Sousa 60 e de Pedroso 61 na reunião do Cabido do Porto, realizada a 8 de
Setembro, como testemunhas, o que mostra claramente que eram monges
observantes e dignos para serem chamados a testemunhar em tal ato pelo
bispo D. Geraldo. 62
60
Mosteiro de São Salvador de Paço de Sousa: Está localizado no Concelho de Penafiel. Era masculino, da
Ordem e Congregação de S. Bento. Foi fundado no século X por D. Godo Trutesindo Galindes, ascendente
de Egas Moniz, o aio, que fez erguer neste local o seu paço. Foi extinto no ano de 1773 e o seu convento
vendido em 1834.
61
Mosteiro de São Pedro de Pedroso: Está Localizado na freguesia de Pedroso, Vila Nova de Gaia. Era
masculino, da Ordem de S. Bento. Foi Fundado foi fundado em 867 por doação de D. Gondezinho extinto
em 1773.
62
Informações retiradas de: “Para a história do Mosteiro de São Pedro de Canedo”, de Isaías Pereira.
103
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Anexos:
Anexo 9: Visitações ao Mosteiro e à Igreja de Canedo em 1300 e
1302 e a Sentença contra o abade Martinho Domingues em 1304:
“In nomine Domini. Amen. Noverint universi quod sub era Ma CCCa
quinquagesima prima, fferia Ilha scilicet tercio kalendas Iunii, in capitulo
ecclesiae Portugalensis coram venerabili viro Dominico Iohannis rectore
ecclesie de Viana reve-rendi patris domini ffratris Stephani Dei gracia
Portugalensis episcopi vicarius, in presencia mei Dominici Petri publici
tabellionis civitatis Por-tugaliensis [et testium] infra scriptorum ad hec
vocatorum et rogatorum, venerabilis vir dominus Gonsalvus Peraria
Decanus Portugalensis, propo-nens ire ad curiam romanam pro suis et
alienis negociis expediendis et timens consumpcionem inffra scriptorum
instrumentorum vel propter viarum ( ?) discrimina ipsorum amissionem seu
subtraccionem, peciit a me dicto tabellione sibi dieta instrumenta redigere
in publicam formam et ex inde quoddam publicum instrumentum sibi fieri
et instanter (...) a vicario memorato ut reffeccioni seu rescribcioni dictorum
instrumen-torum et ipsius instrumenti confeccioni suam prestaret
auctoritatem. Qui-bus instrumentis a dicto vicario et a me dicto tabelione
inspectis, visis atque lectis et eis sine suspicione aliqua repertis, confectis per
Antonium Stephani tabellionem civitatis Portugalensis eiusque signo
signatis ut prima facie apparebat, eorumdem reffeccioni et rescribicioni
idem vica-rius suam auctoritatem prestitit et assensum. Et ego dictus
tabellio ad instanciam dicti decani et de mandato et auctoritate dicti vicarii
dieta instrumenta legi et publicavi et in hoc publicum instrumentum confeci,
quorum instrumentorum tenores tales sunt:
In nomine Domini. Amen. Noverint universi presentis instrumenti
seriem inspecturi quod sub era Ma CCCa yLa quinta, fferia tercia scilicet VI°
kalendas mensis Decenbris in capitulo ecclesie Portugalensis venerabilibus
ac discretis viris domino Vincencio Dominici, cantore, domino magistro
Dominico, thesaurario, et canonicis eiusdem ecclesie Portugalensis, in
presencia venerabilium virorum domini Didaci Suarii et Laurencii Alfonsi
cano-nico et vicariorum eiusdem sedencium pro tribunali presencialiter
consti-tutis, presentibus testibus infra scriptis ad infra scripta omnia
specialiter adhibitis et rogatis, presente etiam me Antonio Stephani publico
tabel-lione civitatis Portugalensis, prefatus cantor ac venerabilis vir dominus
104
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Petrus Iohannis abbas monasterii Sancti Petri de Ferraria et canonicus
Portugalensis procurator ut asserebat capituli eiusdem ecclesie Portugalensis
et nomine dicti capituli atque suo dixerunt quod cum ipsi causam
haberent seu habere intenderant contra Martinum Dominici qui se dicit
abbatem monasterii Sancti Petri de Canedo Portugalensis diocesis super
ipso monasterio quod etiam monasterium ad se spectare asserebant in
spiritualibus et temporalibus pleno iure, et contra ipsum Martinum Dominici
aliquas excepciones (...) culpasque graves et etiam criminosas vellent
opponere, quibus seu eorum aliqua idem Martinus Dominici ut assere-bant
non solum dicti monasterii regimen sed aliud beneficium ecclesias-ticum
nullatenus regere merebatur que etiam excepciones seu culpe in libro
visitacionum per reverendum patrem dominum G[iraldum] Dei gracia olim
Portugalensem episcopum nunc translatum ad e'cclesiam Palentinam
factarum cum idem dominus episcopus dictum monasterium visitaret, et in
processu coram dicto domino episcopo in presencia mei tabellionis
supradicti facto, per quem dictus Martinus Dominici ipso prius eidem
monasterio renunciare per ipsum dominum eodem monasterio fore privatus
extitit denunciatum plenius continetur pecierunt a dictis vicariis quod
compellerent me tabellionem supradictum seu sentencialiter mihi
mandarent quod predictas visitaciones per dominum episcopum supradictum
contra Martinum Dominici factas prout in libro visitacionum pre-fati
domini episcopi quod penes me habebam de verbo ad verbum plenius
invenissem et processum prefatum qualiter coram me transiverat nihil
addito negue remoto quod muttare seu muttare posset substanciam veritatis
in publicam formam reddigerem et ex inde conficerem et traderem
publicum instrumentum. Et tunc dicti vicarii ad instanciam cantoris et
procuratoris predictorum mandaverunt mihi tabellioni supradicto in vir-tute
obediencie et sub pena excomunicacionis ac etiam sub pena priva-cionis
officii quod usque ad diem dominicam proximo sequentem omnia et singula
supradicta pro ut per cantorem et procuratorem supradictos petitam extitit
sibi conficerem et traderem ut premittitur publicum ins-trumentum. Quibus
visitacionum et processus transcribcioni dicti vicarii auctoritatem suam
prestarunt pariter et assensum. Quorum etiam cons-titucionum et
processus tenores ut infra scribitur per omnia tales sunt. Era M.a CCC.a
XXXVIII.a fferia quinta scilicet quinta die mensis Novembris G[iraldus]
miseracione divina Portugalensis episcopus visi-tavimus monasterium
Sancti Petri de Canedo et invenimus ibi libros scilicet, unum bonum officiale,
indiget ligatura ligetur usque ad Natale. Item unum malum antiphonale
105
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
disligatum ligetur similiter usque ad Natale. Item unum malum sanctoralem
( ?) disligatum ligeteur similiter usque ad Natale. Item unum collectaneum
vetus in parte deletum disliga-tum ligetur et habeatur ibi alterum usque ad
annum. Item unum psal-terium vetus disligatum et in parte deletum,
habeatur ibi alterum usque ad Pascha. Item unum epistolarium competens
parvi voluminis indiget ligari legetur cum aliis. Item unum bonum
sacramentorum indiget ligari ligetur cum aliis. Item duos catemos de
mortuorum et comemoracionum. Item novem catemos de colectaneo
obtimo quod modo scribitur perficia-tur usque ad annum. Item unum
psalterium parvi voluminis tale quale. Item aliud collectaneum parvi
voluminis de litera antiqua et minuta. Item unum librum continentem in se
(...) et regulam. Omnes libri predicti precipimus ligari ut supra dicitur. Item
invenimus duo paria vestimentorum cum paleis lineis et aliud vestimentum
cum palio serico. Item duos mantos de serico. Item quiri-que capas .de
serico. Item unum frontale bonum de serico et aliud vetus. Item duas stolas
et duos manipulas.. Item unum calicem argenteum et duos stagneos,
mandamos quod habeatur ibi alter calix argenteus usque ad annum. Item
tres crucies de Elemongis. Item unum castiçale magnum ferreum et aliud
parvum et unum turibulum de Elemongis et redomas alei et chrismatis. Item
unum ffaceiroo de super altari. Altare bene ornatum et coopertum. Item
duas lampadas. Item duas campanas magnas et unam parvam et unum
turibulum de Elemongis. Item unum urceolum stagneum pro vivo, habeatur
ibi alter usque ad pri-vicarnium. Corpus ecclesie bene coopertum. Domos in
parte bene cooper-tas et bene paratas. Item invenimus abbatem male
diffamatum. Item invenimus monasterium multis debitis obligatum. Item
habet monaste-rium LXX.a casalia minus quarto et non veniunt ad
monasterium nisi XXV.° casalia. Item tenent tres ecclesias parrochiales
quorum redditus reddit in usus suos nullo rectore ibi instituto vicario,
prefigimus abbati et conventui terminum peremptorium scilicet XXX.a
dierum infra quem presentarent elericos ad eosdem instituendos in rectores
vel vicarios per-petuas vel ostendent privilegium vel ius aliquod quare
predictas ecclesias Dorium aliquo modo sine nostra licencia speciali alioquin
ipso facto dicto monasterio sit privatus. Item mandamus portam de virgulto
parietibus sarrari. Item mandamus portas novas in galilea ecclesie poni.
Item man-damus quod domnus Dominicus monachus habeat fructus illius
casalis in quo moratur Dominicam Martini de Canedo et quod habeat claves
monas-terio et monachi sibi obediant. Item Petrus de Mota est usurarius.
Item abbas tenet in Grangia concubinam publice Dominicam Gonsalvi. Item
106
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
in monasterio consuevit tenere et tenet quasi qualibet die Marinam
Iohannis qui moratur in Villa de Gaya. Item alias tenuit Petrus Stephani miles
in concubinam cuius militis concubine nutrivit quemdam filium dictus abbas.
Item tenet in Paaçoo de Sendim quamdam Mariam Lobel de qua dicitur
habere quemdam filium et in ebdomada maiori tenuit eam in monasterio
publice et ipsis diebus tenuit Mariam da Teyxeira. Item in Villa Cova Mariam
Laurencii ad quam de nocte vadat, de qua est alcayotus suus Martinus
Dominici de Saa qui moratur in Saa in monasterio de Villa Cova. Item in
eodem monasterio consuevit aliam habere Mariam Suarii monialem. Item
in Ryo Tinto Orracam Petri monialem et viderunt eam in monasterio die
dominica proximo preterita.
Item noverint universi presentis instrumenti seriem inspecturi quod
sub era M.a CCC.a XL.a Ma, feria quinta scilicet XVI.a die mensis Ianuarii,
apud ecclesia.m de Lobom intus in dieta ecclesia in presencia mei Antonii
Stephani publici tabellionis civitatis Portugalensis in spiritualibus et
temporalibus et in eius dicte ?) in spiritualibus, et testium subscripto-rum ad
hec specialiter vocatorum et rogatorum, Martinus Dominici, ohm abbas
monasterii de Canedo, confessus fuit et recognovit sponte et libere coram
reverendo patre domino G [fraldo] Dei gracia Portugalensi epis-copo
sedente pra tribunali in .ecclesia supradicta, quod cum olim prefatus
dominus episcopus visitasset dictum monasterium et propter crimina et
excessus ipsius Martini Dominici videlicet vicia incontinencie detestabilis,
incestus, adulterii, dilapidacionis, et alias culpas et excessus ipsius gra-ves
in quibus ipsum invenerat a longis temporalibus (...) et incorrigi-bilem,
mandaverat idem dominus episcopus eidem Martino Dominici quod iret ad
mosnasterium de Palaciolo ad penitenciam ibidem peragendam et quod
inde non recederet nec ad dictum monasterium de Canedo nec alias citra
Dorium veniret seu transiret absque licenciam et mandato prefati domini
episcopi, et ,quod nihilominus posmodum absque ipsius domini episcopi
licencia et mandato recesserat a dicto monasterio de Palaciolo et venerat
contra ordinacionem et mandatum prefati domini episcopi et contra dicte
privacionis sentenciam citra Dorium et ad dictum monaste-rium de Canedo
et ipsum occupaverat. Item confessus fuit quod obligaverat pignori
quemdam librum et calicem argenteum dicti monasterii propter quod
inciderat in sentenciam excomunicacionis latam per prefa-tum dominum
episcopum et per constituciones sinodales similiter conti-nentes privacionis
sentenciam contra excomunicatos huiusmodi si tanto tempore
107
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
perduraverunt in excomunicacione. Et tunc prefatus dominus episcopus
ipsum Martinum Dominici denunciavit dicto monasterio de Canedo
privatum. Idem etiam Martinus Dominici sponte et libere in mani-bus prefati
domini episcopi dicto monasterio de Canedo quod de facto hactenus
detenuerat renunciavit et iuri, si quod in eo habebat. Et ad cau-telam
dominus episcopus dixit quod non credebat prefatum Martinum Dominici
aliquod ius in dicto monasterio habere, si quod tamen ibi habe-bat ipsius
renunciacionem super hec factam recepit. Dixit etiam Martinus Dominici
penitus ( ?) reatus-suos humiliter confitendo quod hactenus Deum et
Ecclesiam Dei multipliciter et in multis graviter offenderat et dicto domino
episcopo super premissis inobediens fuerat, sed de cetero volebat esse
obediens et agere penitenciam de comissis ubi et prout dictus dominus
episcopus ordinaret et mandaret. Et tunc prefatus dominus epis-copus
mandavit et ordinavit quod ipse Martinus Dominici ageret peni-tenciam in
monasterio de Palaciolo prout sibi iniungeret et quod ad dictum
monasterium de Palaciolo super hoc accederet et iret ad tardius infra VIII.°
dies ad vivendum ibidem et penitenciam agendum et quod de Micto
monasterio de Palaciolo hoc est extra ambitum parietum ipsius monasterii
non exiret in perpetuum nisi postmodum super hoc .dominus episcopus
duceret speeialiter dispensandum vel specialem licenciam sibi super hoc
concederet. Et hec duo capitula dictus Martinus Dominici se servaturum
promisit et ad Sancta Dei Evangelia iuravit. Item iuravit quod a presenti die
in antea ad dictum monasterium de Canedo et ad eius parrochiam in
perpetuum non veniret nec ibi ingrediatur nisi prius pre-fatus dominus
episcopus hoc sibi concederet et super hoc sibi daret licen-ciam specialem.
Item iuravit quod si ipsum pinguiorem fortunam con-tingere contigerit quod
omnia per ipsum occupata et distracta de bonis dicti monasterii ac etiam
dilapidata et dissipata quod ea emendabit et resarciet et de eis satisfaciet
dicto monasterio de Canedo. Item iuravit quod de cetero et quamdiu in dicto
monasterio de Palaciolo fuerit quod non scribet per se nec per alium nec
literas aliquas mittet (?) alicui homini vel mulieri cuiuscumque status seu
religionis, nec etiam ex parte alicuius literas recipiet quin prius eas ostendat
prefato domino episcopo vel abbati de Palaciolo. Item iuravit in perpetuum
non offendere nec scandalizare per se vel per alium nec offendi seu
scandalizari facere Petrum Iohannis dictum de Sandi comendatorem dicti
monasterii de Canedo nec aliquem alium yconomum, comendatorem,
procuratorem seu abbatem quem velquos idem dominus episcopus in dicto
monasterio posuerit, ordinaverit seu confirmaverit, nec aliquam causam,
108
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
'item seu controversiam contra eos vel aliquem alium occasione dicti
monasterii seu aliqua alia facere vel movère nisi de predicti domini episcopi
licencia et mandato. Item iuravit se nunquam nociturum per se seu per
alium dicto monasterio de Canedo et quod literas, cartas, instrumenta ipsius
monasterii quecumque habet vel habere potuerit restituat dicto monasterio
et dicto domino epis-copo ubicumque sciverit eas esse denunciavit, et libras,
calices, orna-menta, utensilia, panem, vinum, pecunias et quascumque alias
res ad dictum monasterium de Canedo pertinentes de cetero non recipiet
nec occupabit nec ab alio capi seu occupari faciat, sed eas procurabit quantum
ipse potuerit restitui et salva fieri eidem monasterio de Canedo et
omnia et singula supradicta se servaturum iuravit ad Sancta Dei Evan-gelia
corporaliter tacta et nihilominus obligavit se ad penam perpetue
incarceracionis si ipsum predicta vel aliquo de predictis in aliquo trans-gredi
contigeret renuncians super predictis et quolibet premissorum bene-ficio
appellandi, supplicandi et literas aliquas seu rescripta inpetrandi et omnibus
aliis excepcionibus et deffenssionibus sibi contra predicta com-petentibus et
competituris. Acta sunt hec in civitate Portugalensi era, die, loco et quoto (
?) superius annotatis. Testibus presentibus Gunsalvo Martini tabellione
Portugalensi, Iohanne Geraldi elenco chori eiusdem, Petro Salamantino
advocato, et ,pluribus aliis. Et me Antonyo Stephani tabelione supradicto qui
premissis omnibus interffui et ad instanciam dictorum cantoris et
procuratoris ac etiam de mandato et auctoritate vicariorum supradictorum
cohacto prius per ipsos ut superius est expres-sum per dictos visitatores
,prout eas inveni in libro domini episcopi memo-rati et processum
suprascriptum qualiter coram me transivit de verbo ad verbum in publicam
formam reelegi nec addito negue remoto quod muttare seu muttari posset
substanciam veritatis et ex inde hoc publi-cum instrumentum manu propria
scripsi. Non noceant vero rasure supra posite in XXXIII.a linea de hiis
diccionibus scilicet «quod omnia ostia monasterii essent clause preter», nec
alia supra similiter posita in XL.a IX.a linea de hac diccione scilicet «Sendim»
guia ego tabellio memoratus manu propria rasi et correxi et huic
instrumento signum meum solitum apposui in testimonium premissorum
quod tale est.
In nomine Domini. Amen. Noverint universi presentis instrumenti
seriem inspecturi quod in presencia mei Antonii Stephani publici tabellio-nis
civitatis Portugalensis et testium subscriptorum ad infra scripta omnia
specialiter vocatorum et rogatorum reverendus pater dominus G[iraldus]
109
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Dei gracia Portugalensis episcopus ad laudem et gloriam Iehsu Christi ut et
perfectius et laudabilius ecclesia serviatur donavit et con-cessit pure et
simpliciter capitulo Portugalensi omnes redditus, proven-tus et iura
monasterii Sancti Petri de Canedo terre Sancte Marie ordinis Sancti
Benedicti Portugalensis diocesis ad ipsum dictum episcopum ex donacione
regia racione persone sue et non ecclesie Portugalensis libera-liter sibi facta
spectantis. Donavit inquam et concessit dietas proventus et iura ,dicti
monasterii distribuendos inter personas, canonicos et porcio-narios qui ad
hora convenerint iuxta ordinacionem de gloria factam et pro gloria
vulgaliter appelatam. Ita tamen quod in eodem monasterio quatuor fratres
sive monachi habeantur quorum unus sit prior qui a dicto capitulo regímen
monasterii et curam succipiat monachorum. Et unus insuper cappellanus
congruam substentacionem habeant de redditibus, proveu-tibus et iuribus
supradictis assignatam seu etiam assignandam per capi-tulum supradictum
iuxta arbitrium dicti domini episcopi et successorum suorum. Ceteros vero
redditus, proventus et iura dictum capitulum pro ad dictam gloriam suos
faciat et in usus suos libere convertat. Dicti vero prior, monachi et
cappellanus predictus die qualibet dedicant et celebrent singulas missas,
unam videlicet pro illustrissimo domino Dionisio Rege Portugalensi et
Algarbii, et aliam pro nostra animabus de die in vita domini Regis et nostra,
post vero montem dicti domini Regis et nostram de Requie ipse die misse
dicantur et celebrentur actis temporibus sancto-rum. Reliqui vero duo
monachi et cappellanus predictus missas dican-tur (...) die qualibet prout
sollempnes et feriati dies occurrerint iuxta ecclesiasticam ordinacionem ad
laudem et gloriam Dei et beatissime Vir-ginis Matris sue et pro omnibus
benefactoribus monasterii supradicti. Item dictus dominus episcopus
donavit, univit et subiecit prefato capitulo ecclesiam Sancti Verexemi ( ?) de
Ville Bona cuius ius (...) ad idem capi-tulum dignoscitur pertinere, ita
videlicet quod obeunte cedent vel recedent Rectore eiusdem ecclesie qui
nunc est dictum capitulum redditus, proven-tus et iura ipsius ecclesie suos
faciant et suis possint usibus libere applicare pro ad gloriam supradictam,
reservata congrua substentacione vicario perpetuo per capitulum
presentando ad ipsam ecclesiam et per capitulum qui pra tempore fuerit
instituendo. Reservavit insuper sibi dictus domi-nus episcopus mutandi in
toto vel in parte, addendi, diminuendi vel corri-gendi et declarandi in
omnibus et singulis supradictis prout et quando-cumque placuerit plenaria
potestate. Quas donacionem, unionem et subiec-tionem, ordinacionem et
110
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
omnia et singula supradicta capitulum supra-dictum acceptarunt et
concesserunt et approbarunt.
Acta sunt hec in capitulo ecclesie cathedralis Portugalensis idus
menssis Septenbris, era M.a CCC.a XL.a quinta. Testibus presentibus domino
Egidio Martini abbate de Citofacta, Dominica Martini rectore ecclesie de
Galegos porcionaris portugalensibus ac religiosis viris domino Petro
Iohannis de Palaciolo de Sousa et domino Iohanne Dominici de Petroso
monasterio abbatibus Portugalensis diocesis ac domino Nicolao Pelagii
almox [xarife] et Iohanne Cipriani civibus portugalensibus, pluri-busque aliis.
Et me Antonio Stephani tabellione iam supra scripto qui pre-missis omnibus
et singulis interffui ad instanciam dictorum domini epis-copi et capituli ex
inde hoc publicum instrumentum manu propria scripsi et signum meum
solitum apposui in eodem in testimonium premissorum quod tale est. Non
noceat rasura posita supra in VII.a linea de hac (...) scilicet «inter personas»,
nec etiam obstet interlinearis supra XV.a linea de hac dicte scilicet «et
nostram» guia ego tabellio memoratus manu pro-pria rasi 'et correxi et
interlineavi et inde hic feci mencionem et iterum huic adicioni signum meum
supra positum apponeremus ?) apponi. Acta sunt hec era, die et loco
predictis. Qui presentes fuerunt reffeccioni seu rescribcioni instrumentorum
predictorum: Martinus Iohannis tabellio, venerabilis vir dominus Iohannes
Rotundus canonicus Portugalensis, Dominicus dictus Sobrinho rector.
ecclesie Sancti Nicolay Sanctaranen-sis (?), Petrus Salamantinus causidicus
Portugalensis. Ego vero Dominicus Petri taberna memoratus predicta
instrumenta ad instanciam clicti decani et de mandato et auctoritate vicarii
in publi-cam formam redigens hoc instrumentum publicum ex inde manu
propria cordeei et signum meum consuetum eidem apposui in testimonium.
pre-missorum (sinal do tabelião).
Et ad maiorem huius rei evidenciam ego Martinus Iohannis testis
tabellio suprascriptus subscri'pssi et hic signum meum apposui quod est tale
(sinal do tabelião).” 63
63
Arquivo Distrital do Porto Cartório do Cabido da Sé do Porto — Livro dos originais, Livro XXV (1683).
111
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Património do Mosteiro
No século XIII, os mais importantes mosteiros sediados na Terra de
Santa Maria, possuíam cerca de 530 casais: o Mosteiro de Grijó mais de
metade (54%), o Mosteiro de Pedroso (20%), o de Vila Cova das Donas,
Sandim (12%), Canedo e Cucujães (ambos com 7%) o que equivale a cerca
de 36 casais. 64
Embora o Mosteiro de Canedo estivesse sediado na freguesia, outros
Mosteiros detinham algumas propriedades. No século XII, o Mosteiro de S.
Pedro de Pedroso detinha alguns casais da freguesia de Canedo, entre 1 a
9 casais.
Tabela 4 – Localização dos casais do Mosteiro de Pedroso (Séc. XII) 65
Mosteiro
Freg.
Mosteiro de Pedroso
Vila Maior
Sanguedo
Fiães
Canedo
Lourosa
São João de Ver
Sandim
Tabela 5 – Casais do Mosteiro de Pedroso (Séc. XIII) 66
Propriedades Mosteiro Freg.
Mais de 19 casais
Sanguedo
1 a 9 casais Lobão
10 a 19 casais Fiães
1 a 9 casais Mosteiro de Pedroso Canedo
1 a 9 casais Lourosa
1 a 9 casais São João de Ver
1 a 9 casais Lever
64
O Castelo e a Feira: a terra de santa maria nos séculos XI a XIII. José Matoso, Luis Krus, Amelia Aguiar
Andrade. (1989)
65
Mapa 92. Idem, Ibidem.
66
Mapa 102. Idem, Ibidem.
112
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
A par, o Mosteiro de Canedo sempre teve casais que pagavam o foro.
No ano de 1302, possuía cerca de 70 casais, sendo que só 25 pagavam. No
século XII e XIII, possuía casais espalhados por algumas freguesias do
Concelho de Santa Maria da Feira: Lobão, Vila Maior e Louredo.
Tabela 6- Bens Detidos pelas instituições religiosas, em Lobão em 1220 67
Propriedade Mosteiros Obs.
9 casais Mosteiro de Grijó
Igreja
Mosteiro de Grijó
6 casais Mosteiro de Canedo
1 casal Mosteiro de Pedroso “In villa de Palaçoos”
4 casais Mosteiro de Vila Cova
Tabela 7 – Património do Mosteiro de Canedo (Séc. XIII) 68
Propriedades Mosteiro Freg.
1 a 9 casais
Lobão
10 a 19 casais Canedo
Mosteiro de Canedo
1 a 9 casais Vila Maior
1 a 9 casais. Louredo
Para além dos casais que pagavam o foro, o Mosteiro tinha a si
anexado, de onde recebia dividendos, três igrejas paroquiais: a Igreja do
Mosteiro de Canedo, que era paroquial; a Igreja de São Tiago de Lobão e a
Igreja de São Vicente de Louredo.
Porém, um dos grandes males que mais concorreu para o
empobrecimento dos mosteiros e igrejas foi o direito que tinham os
padroeiros de visitar instituições que dependiam destes.
Aproveitavam-se desse direito, visitavam, instalavam-se,
demoravam-se e faziam grandes despesas que eram pagas pelos mosteiros
e igrejas, não restando meios suficientes para o clero e pessoas
encarregadas dos diferentes serviços.
A Santa Sé empregou meios para combater os abusos e os reis de
Portugal fizeram o mesmo.
67
Doc. 2. Página 32. Lobão – Terra do Deus Maior. Carlos Dias (2018)
68
Mapa 103. O Castelo e a Feira: a terra de santa maria nos séculos XI a XIII. José Matoso, Luis Krus, Amelia
Aguiar Andrade (1989)
113
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
D. Afonso III publicou normas no sentido de reduzir os encargos
mencionados. Já mencionei a redução em pagamento de medidas,
atendendo à falta de recursos do Mosteiro e, agora, acrescento que D.
Dinis, em 1281, isentou, por 2 anos os mosteiros e igrejas do Porto da
aposentadoria com fundamento da pobreza dessas instituições.
Deviam ser grandes os abusos em Canedo que em 1293, D. Dinis
publicou uma carta para o tabelião da Feira notificar uns cavaleiros, donas
e escudeiros e outros homens para se absterem de ir pousar e comer no
Mosteiro, fazendo assim grande mal ao mesmo. 69
Este mesmo livro consta que, no ano de 1296 houve uma intimação
de censura ao abade Martim Domingues, já citado, para não administrar os
bens do Mosteiro, sendo nomeado um ecónomo para a sua administração.
Pode, pois, concluir-se que a questão económica foi a causa ou uma
das causas que contribuíram para a queda do Mosteiro ou abandono por
parte dos religiosos e do Cabido.
69
Esta carta de D. Dinis, confirma outra de D. Afonso II por volta do ano de 1212, pela qual determina que
o abade de Canedo só pague sete medidas, por justa medição dos bens reguengos pertencente aos
Mosteiro. Livro 753 ou 31 das Sentenças, no Arquivo do Cabido da Sé do Porto.
114
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Anexos:
Canedo
Doc. 5 – Mapas 100 a 103. O castelo e a Feira: a Terra de Santa Maria nos séculos XI a XIII.
José Mattoso, Luís Krus, Amélia Aguiar Andrade. (1989)
115
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
O Mosteiro e a Vila nas Inquirições
Canedo, surge em várias Inquirições nas Terras de Santa Maria, como
as de D. Afonso II, D. Afonso III, D. Dinis como no Foral Manuelino de 1514
às Terras de Santa Maria.
Nas Cortes de Coimbra, reunidas por D. Afonso II logo no primeiro
ano do seu reinado (1211), foi votado que as igrejas não adquirissem, por
título de compra, novos bens de raiz, a não ser para os aniversários dos reis.
Visava esta restrição, com outras providências depois adaptadas,
cercear o aumento da propriedade eclesiástica, como paralelamente se iam
a restringir as isenções e haveres da nobreza, para que não sofresse
detrimento o património do rei ou do Estado.
Os atos mais importantes inspirados nessa política foram, todavia, as
Confirmações Gerais e as Inquirições de 1220. Pelas primeiras verificavamse
os títulos de propriedade do clero e dos nobres, pelas segundas
averiguava-se judicialmente “a natureza das diversas propriedades, dos
direitos senhoriais e dos padroados de igrejas e mosteiros.”
Destas inquirições, não temos para as povoações do atual distrito de
Aveiro memórias tão completas como as que ficaram dos territórios então
incluídos no arcebispado de Braga.
Mas são ainda de certa importância para a nossa história local as atas
das que se realizaram em Cambra, Palmaz, Figueiredo, Branca, Antoã,
Salreu, Fermelã, Loure, Alquerubim, Vai-Maior, Vouga, Valongo, Covelos,
Segadães, Recardães, Águeda, etc. (Encontram-se no Livro 2 das Inquirições
de D. Afonso II, fls. 118 v. a 124 v.; J. P. Ribeiro julga-as de data pouco
posterior a 1220).
Não foi excetuada de semelhante diligência à Terra de Santa Maria.
Embora não apareçam atas em forma, há uma relação das propriedades de
Mosteiros e Ordens em vários julgados da Diocese do Porto, que supõe uma
inquirição.
A ela se refere J. Anastácio de Figueiredo (Nova História da Militar
Ordem de Malta, I, 362), e não será outra coisa que Viterbo cita como
Inquirições de D. Afonso II (Elucidário, v. Cabaneros).
116
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Resumo de inquirição especial ou extrato de inquirição geral,
realizada em 1220 ou pouco depois, é talvez a mais antiga lista de freguesias
daquela Diocese. Encontra-se o documento completo no Arquivo Nacional,
Gaveta I, maço 7, n.º 20; a parte relativa à Terra de Santa Maria, existe
também em antiga cópia no Livro Preto de Grijó, fls. 21 v. a 22.
Dessas Inquirições, há referência a Canedo: no ponto 1:“In freegesia
de Uila Maiore habet Canedo J casal, et ipsa eeelesia est de Pedroso.”; no
ponto 40: “In frigisia de Labom (habet) Eglesiola IX casalia et totam ipsam
ecclesiam, Canedo VJ casalia, Petrossus j casale, Vila Coua IIIJ casalia.”; no
ponto 54: “ In fregisia de Canedo habet ipsum monasterium XXXVJ casalia
minus quarta, Petroso II J casalia, et Ecclesiolam J casale.”; ponto 56: “ In
frigisia de Lauredo habet Ospital I J casalia, et Ecclesiola 11 J casalia, et
Canedo j casale.”; e no ponto 58: “ Et in frigisia de Sancto Martino de
Draganseli habet Ecelesiola XXXV casalia et totam ipsam ecciesiam cum
vineis et cum defessis et cum senaris bonis, et Carvoeiro I J1 casalia.” 70
Em 1317, a pedido de D. Pedro Afonso, filho ilegítimo de D. Dinis e
conde de Barcelos (conhecido como autor do célebre Nobiliário), o tabelião
da Feira reproduziu-o em pública-forma que por descaminho do texto
primitivo, ficou depois a servir de original.
Em 1509, como os procuradores da Terra Santa Maria pediram “Ho
trellado do foral do dito terral”, encontrou-se na Torre do Tombo “huum
rool de purgaminho de muytos pedaços coseytos huunus com outros scripto
per latim”, que para o efeito se copiou. Já então alguns lugares “se nom
poderam leer por a letera do original estar amortomgada.”
Pode, no entanto, dizer-se que o documento continuou praticamente
inédito, porque as deficiências do original somaram-se tais erros de leitura
e transcrição, que o deixaram quase ininteligível.
Além de várias lacunas, notam-se-lhe as mesmas transposições,
decerto resultante de todo ausente de muitos forais.
Pelo que já foi dito, uma área substancial pertencia ao Rei, as
repetidas referências a reguengos e a terras reguengueiras assevera-nos
isso mesmo.
70
Páginas 71 a 74. Arquivo do distrito de Aveiro. Inquirições de D. Afonso II.
117
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Por sua, vez as ordens religiosas militares detinham também muitas
terras. Daquelas, as mais notórias eram as que possuíam casa dentro ou nas
proximidades do concelho: Canedo, Grijó, Pedroso, Cucujães e Arouca.
No caso de Canedo, este recebeu uma referência relativa ao mosteiro
e à freguesia na Inquirição de D. Afonso III do ano de 1251:
“Ao mosteiro, eis o depoimento: Pedroso tinha um casal em Serra
Alva. Em Sameiro tinha o Mosteiro de Canedo um casal de que levava o
terço, e o rei todo o resto. E ficou ermo pelo abade (?) do dito mosteiro por
uns 25 anos. Achámos que Ainia (?) é do rei, e detinha-a o mosteiro de
Canedo; também é do rei o terreno de Porto Novo, e ocupava-o Fernando
Louredo. Achámos que os vossos termos se limitam pelo curso do Douro,
mas os que moram além-Douro não deixam os vossos homens pescar em
todo ele senão por peita. E tendes aí cinco casais que governa o referido
mosteiro.
De Valcova dão o quinto do pão e o quinto do vinho e um poçal de
vinho do lagar (?) de eirádiga, e um sesteiro de trigo, dois capões pelo
Entrudo, pela Natal uma espádua de nove costelas, pelo Entrudo um
cabrito, pela Páscoa dois queijos e uma fazedura de manteiga, uma perna
pelo Pentecostes; ao mordomo da Feira duas vidas, ao mordomo maior da
terra urna vida e um morabitino por ano de renda, e ao mordomo menor
três vidas. Dois casais de Canedo dão o quarto do pão e o quinto do vinho,
e a quarta de linho e estiva e frangão, e um quarteiro de milho do monte
de direitura e cinco alqueires de trigo, um capão pelo S. Miguel, três varas
de bragal pelo S. Martinho, três alqueires de trigo e urna espádua pelo
Natal, um cabrito pelo Entrudo, dois queijos pela Páscoa e manteiga, e oito
dinheiros pela perna no Pentecostes.
Um casal é de meia direitura. Dão uma vida ao mordomo da eira,
outra ao mordomo maior e três ao menor. E o mosteiro paga um morabitino
de fossadeira. Um casal de Serra Alva dá o quinto do pão e o quinto do
vinho, um morabitino de entrada ao mordomo da terra, dois capões, um
cabrito e uma vida ao mordomo da Feira, e três ao mordomo da terra. Em
Canedo, Paçô, Lousado e Várzea estão as vossas deganhas de onde tendes
o vosso direito quando são lavradas. E achámos que Paio Gonçalves,
118
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
mordomo da Rainha, comprou dois casais em Lousado a um vosso
herdador.” 71
Na versão original em Latim:
“Hoc est testimonium quod invenitur super monasterium de Canedo
et super freguesiam. In primo in Serra Alva unum cosale quod tenebat
Petrosum. Et invenimus unum casaie in Zomeiro quod tenebat monasterium
de Canedo unde levabat monasterium tertiam et dominas Rex oliud totum.
Et fult heremum palacem (per abbatem? pro parte?) predicti monasterii,
bene per viginti quinque annos. Et invenimus quod Aynia est domini Regis et
tenebat eam monasterium de Canedo. Et terrenum Porti Novi est Regis,
tenebat eum Fernandus Lauredij. Et invenimus quod terminus vestri portus
(portant? partunt?) per venam Dorij, et qui morantur ultra Dorium non
leixant vestros homines piscare in totum nisi pro peito. Et habetis ibi quinque
casalia que gubernant predictum monasterium.
De Val Cova dant quintam panis et quintam vini et unum puzal de vino
de gar de eiradiga, et unum sesteirum de Critico, duos capones pro
Emtruido, pro Natali unam spatulam de novem costis, pro Emtruido unum
capritum, pro Paschua duos caseos et unam fazedoura de manteiga, una
perna pro Pentecoste, et maiordomo de area duas vitas et maiordomo
maiori torre unam vitam et unum moropitinum annuatim de renda, et
maiordomo minori tres vitas. Dous casaes de Canedo quartam panis et
quintam vini, et quartam ligni, et stivam et frangão, et unum quarteirum de
milio de monte de dereitura, et quinque alqueires de tritico, et unum
caponem pro Sancto Michaele, et tres varas de bragal pro Sancto Martino,
pro Natale tres alqueires de tritico et unam spatulam, unum capritum pro
Emtruido, duos caseos pro Pascua et manteiga et octo denareos pro perna
pro Pentecoste. Unum casale est medie dereiture. Et dant unam vitam
maiordomo da eira, et maiordomo maiori unam vitam, et minoriIres vitas.
Et dat monasterium dat unus morabitinus de fossadeira. Unum casale
de Serra Alva dat quintam panis et quintam vini, unus morabitinus de
emtrada maiordomo cerre, duos capones, unum capritum et unam vitam
maiordomo de area, et tres maiordomo de terra. Et in Canedo et in Pacehéo
et Lousado et in Varzena jacent vestras deganas unde habetis vestrum
directum quando sunt lavradas. Et invenimus quod Pelagius Gundisalvi
71
Página 127. Lusitana Sacra. Inquirições de D. Afonso III na Terra de Santa Maria.
119
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
maiordomus regine comparavit duo casalia in Lousado de uno vestro
hereditatore.” 72
“À Igreja e freguesia de Canedo, eis o testemunho: em primeiro lugar,
achámos que metade de Paredes e da quintã que fez Rodrigo Henriques são
de herdadores que vos pagavam fossadeira e lutuosa e a vida ao mordomo.
Rodrigo Henriques adquiriu o assento de um casal com terrenos em que há
vinha de um vosso herdador, e outros terrenos do mesmo casal foram
adquiridos por Elvira Barpriza. E achámos que metade do casal de Ausenda
Garcia, de Carvoeiro, foi de vosso herdador, e agora tem na Marfim Canelas.
E o campo chamado de Comesende é do rei.” 73
Na versão original em Latim:
Hoc est testimonium de ecelesia et de freguesia: In primo invenimus
quod media de Pariti et de quintana quam fecit Rodericus Anrriquiz sunt
media de hereditatoribus qui dabant vobis fossadeira et luitosam et vitam
maiordomo. Et invenimus quod gaanavit Rodericus Anrriquiz unam
sesegam de uno casali cum terrenis in quibus jacent vinee de vestro
hereditatore; et alios terrenos de ipso casali gaanavit eos Elvira Barpriza. Et
invenimus quod medium de casali de Ausenda Garsie de Carvoeiro fuit de
vestro hereditatore, et modo habet eam Martinus Canelas. Et campus qui
vocatur Gomesendi domini Regis..” 74
Também nas Inquirições de Afonso III, na Judiação de Melres, está
presente a referência ao mosteiro de Canedo, como aos vários casais que
ali pagavam os seus deveres, e também a referência a várias aldeias de
Canedo como Campêlo, Rebordelo, Valcova.
“Et dixit quod si non habuerit Maiordomum quis maiordomet Torram,
Concilium debei tenere illana Terram de foro et darem illud quod ibi potuerinti
nvenire. Interrogatus de terminis ipsius ville, di-xit quod incipitur in
Sovereira de Campelo; deinde ad xaxemn subtus Revordelo; deinde ad
fibulnkam veteram ferre Albe; deinde ad foiouturn, deinde ad fontem tintam;
deinde ad cagalom porei; deinde ad Vallem Bran-dem; deinde ad
escampado de Valcova; deinde ad ban-zas de Vaile cova ad finem de Vaie
lupi, et vadit sub-tus Paradela; deinde ad Saxeum moneffiolii; deinde ad
72
Página 111. Lusitana Sacra. Inquirições de D. Afonso III na Terra de Santa Maria.
73
Páginas 127 e 128. Idem, Ibidem.
74 Páginas 111 e 112. Idem, Ibidem.
120
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Lampazam ad Dorium; deinde ad Vallem de gaviom ; deinde ad portellam
de Vallongo; deinde ad cautum ca-telle; deinde ad cautum sartaginis per
finem comenarie; deinde ad mazanariam de cabroelo; deinde per riparium
de Azevidelo; deinde ad focem Rivuli mali; deinde pasat ultra Dorium;
deinde per lodoeiro Saneie Enlalie; dein-de vadit ad Sovereirum ubi primitus
incepimus. Interro-gatas si intrat in isto termino aliquis qui filet de isto
termino, dixit clima Palaciolus habetur ibi iiij." casalia, et Monasterium
Saneti Johannis de Pendurada habet ibi tria casalia, et Johannes Martini de
Taindi habet ibi cum suis fratribus v. casalia, et Bostela tenet ibi
unum"casale et habuit illud de Egea Martini de Taindi, et aliud ca-sale tenet
ibi Martinus Xanis qui fuit Meirinus, et tria casalia tenet ibi Monasterium de
Canedo, et aliud casale tenet ibi Stephanus. Ermigii de Teseira, et jacet ibi
unum casale Petrosi: et de istis easalibus que fecerunt in istis terminis non
faeiunt iode ullum foram Domino Regi, et nesciunt unde habuerunt ea. Isti
sunt qui audierunt mul-_tociens dicere patribus et avis eorum quod per ilios
locas terminabatur terminus de Meleres.
Et dixit Pelagius Monacus de Meleres de terminis ipsius ville sicut
incipitur in siaria Saneti Jacobi; deinde per puzo ad sursum ad montem
agudo; deinde ad montem sartaginis; deinde ad mazanariam de cabroelo°;
deinde per riparium de aze-vido; deinde ad taladam; deinde ad varzenam
de favalibus; deinde ad Dorium; deinde ad terrom d arega in piscaria; deinde
quomodo vadit per culmenariam ad sur-sum; deinde ad sovereirum de
Campelo: et hoe dixit quod vidit et passas fuit per se. Interrogatus si intrat
in isto termino aliquis, dixit quod laborant illi homines Jo-hannis Martini de
Tayndi et homines Palacioli…” 75
Tabela 8 - Inquirições de D. Afonso III na Terra de Santa Maria 1251 – Mosteiro de Canedo
Mosteiro de Canedo
Propriedade Lugar Renda Outras obs.
Um Casal Sameiro
1/3 dos bens e o
Rei o Resto e ficou
ermo pelo abade
por 25 anos
Chamada
“Ainia”
Era do Mosteiro,
agora é do Rei
75
Livro de Linhagens.
121
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Terreno de
Porto Novo
Além do
Douro
Cinco Casais
Dois Casais
Valcova
Valcova
Destinatário:
Mordomo da Feira
Valcova
Destinatário:
Mordomo maior da
Terra
Valcova
Destinatário:
Mordomo maior da
Terra
Canedo
Ocupava-o
Fernando
Louredo, agora é
do Rei.
Governam o
Mosteiro
1/5 do Pão, 1/5 do vinho, 1 puçal 76 de
vinho de lagar de eirádiga, 1 sexteiro 77
de trigo, 2 capões pelo Entrudo, uma
espádua de 9 costelas pelo Natal, pela
Páscoa 2 queijos e 1 fazedura de
manteiga, pelo Pentecostes 1 perna.
Duas vidas
Uma vida e um
morabitino por
ano
3 vidas
1/4 do Pão, 1/5 do Vinho, 1/4 do linho,
1 quarteiro de milho do Monte de
Direitura, cinco alqueires de trigo, 1
capão pelo São Miguel, 3 varas de
bragal 78 pelo S. Martinho, 3 alqueires
de trigo e 1 urna espádua pelo Natal, 1
cabrito pelo Entrudo, 2 queijos e
manteiga pela Páscoa, 8 dinheiros pela
perna no Pentecostes.
76
Puçal = 8 almudes.
77
Quarteiro = 3 búzeos ou 15 alqueires. / Sexteiro = 10 alqueires.
78
Bragal designava um tecido de linho grosso ou uma peça dessa fazenda, medida por côvados ou varas.
O tecido mais fino chamava-se pano ou lenço. Meredal era igualmente um tecido grosseiro (cf. Viterbo,
v. Merendai).
122
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Meio Casal
Um Casal
Serralva
Serralva
Destinatário:
Mordomo da Terra
Serralva
Destinatário:
Mordomo da Feira
Canedo
Lousado
Paçô
Várzea
Uma vida ao Mordomo da Feira, outra
ao Mordomo maior e três ao
Mordomo Maior.
1/5 do pão, 1/5 do Vinho
1 morabitino 79 de entrada e 3 vidas
2 capões, 1 cabrito e uma vida
O Mosteiro tem
nestes lugares as
suas deganhas 80 e
o seu direito
quando são
lavradas.
Paio Gonçalves,
Mordomo da
Rainha, comprou
2 casais de
Lousado a um
herdador do
Mosteiro.
Tabela 9 - Inquirições de D. Afonso III na Terra de Santa Maria 1251 – Igreja e Freguesia de Canedo
Igreja e Freguesia de Canedo
Propriedade Lugar Renda Outras obs.
Metade de
Paredes e da
Herdadores
Quinta de
pagam a
Rodrigo
Henriques
79
Morabitino: O Morabitino foi uma moeda de ouro cunhada no Reino de Portugal. Em Portugal, foi a
primeira moeda de ouro a ser cunhada, já sob o reinado de D. Sancho I. No seu anverso, D. Sancho,
coroado, é representado a cavalo, com uma espada alçada numa mão e o cetro encimado pela cruz na
outra.
80
“DAGANHAS, Deganas, e Deganhas. Assim se chamavam às terras, que se haviam emprazado ao
Concelho, ou tomado dos montes maninhos, e reduzido a cultura, estando antes desaproveitadas,
incultas, e bravias.” ELUCIDÁRIO DAS PALAVRAS, TERMOS E FRASES QUE EM PORTUGAL ANTIGAMENTE
SE USARAM... Joaquim de Santa Rosa de Viterbo.
123
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Meio Casal de
Ausenda Garcia
Campo
“Comesende”
Carvoeiro
fossadeira 8182 , a
lutuosa e a vida
ao Mordomo
Rodrigo Henriques, adquiriu o
assento de um casal com terrenos
em que há vinha de um vosso
herdador. Outros Terrenos foram
adquiridos por Elvira Barpriza
Foi herdador da Igreja ou Freguesia,
depois comprado por Marfim
Canelas
É do Rei
(Vd. as Inquirições de D. Dinis na Nota/Referência 2 e 3)
Mais tarde, no reinado de D. Manuel I, as terras de Santa Maria
receberam um foral como também o Concelho da Feira, em 1514.
“D. Manuel, por graça, Rei de Portugal e dos Algarves.... a quantos
esta carta de foral dada para sempre ã Vila da Feira e terra de Santa Maria
virem, fazemos saber que por bemdas sentenças e determinações gerais e
especiais que foram dadas e feitas por nós e com os do nosso conselho e
letrados àcérca dos forais dos nossos Reinos e dos direitos Reais e tributos
que se por eles desejam receber e pagar: e assim pelas inquirições que
mandamos fazer em todos os lagares de nossos Reinos e senhorios,
justificados primeiro com as pessoas que os ditos direitos Reais tinham,
achamos vistas as inquirições da nossa Torre do Tombo, porque os tributos,
foros e direitos Reais na dita Vila e Terra de Santa Maria se deve e lano de
arrecadar e pagar daqui em diante na maneira e forma seguinte.” 83
81
“Porém antigamente se tomava um Direito Real, a que chamavam Direito de Cabeça, Censo Fiscal,
jugada, ou Fossadeira, e também Herdade, o qual se impunha àquela porção de terra, que cada hum
possuía; e por isso se chamava também algumas vezes Canon Frumentário, ou Jugo de terra.” ELUCIDÁRIO
DAS PALAVRAS, TERMOS E FRASES QUE EM PORTUGAL ANTIGAMENTE SE USARAM... Joaquim de Santa
Rosa de Viterbo.
82 Fossadeira: Tributo dos que se eximiam de acompanhar o rei em fossados.
"fossadeira", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013,
https://dicionario.priberam.org/fossadeira [consultado em 11-01-2019].
83
Foral manuelino da Feira e Terra de Santa Maria de 1514.
124
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Refere-se à Vila, onde há terras reguengas com outros direitos
particulares e inquirições, indicando as propriedades, nomes, encargos, não
esquecendo o castelo. Há terras na Vila e limite que de oito pagam um.
“Ocupa-se o foral das arádegas de pão e vinho e menciona as
propriedades e as pessoas que as deviam pagar. As pessoas com porta para
a rua e que fizerem fogo (cozinharem), cada uma pagará uma galinha sem
ovos. Há referências especiais à quinta de Rolães com os chãos Reguengos.
Pena de saque e de arma são as contribuições para aqueles que, indo
de fora, ferissem algum morador dentro das ruas ou espancassem embora
não corresse sangue. O direito das foiças era devido somente depois do
julgamento das coisas, em certas condições.
Os tabeliães que havia nas terras de Santa Maria e na Feira pagariam
anualmente mil e oito centos reais, que seriam repartidos por todos
igualmente. O gado do vento eram os animais sem dono ou pastor
vagueavam pelas diferentes pastagens ou se mudavam como o vento. No
foral se diz quantos dias deviam passar a vento para se julgar perdido.
As dizimas das sentenças foram proibidas exceto nas sentenças que
se tem de executar. Os montados e maninhos para gado não existiam,
porque todos tinham vizinhança uns com os outros. Se fizessem dano,
pagariam a pena ou coima (multa) segundo as posturas do concelho.
As lutosas, luytosas, luctosas eram os direitos que se pagavam pelas
pessoas falecidas e D. Manuel determinava as pessoas e freguesias que
deviam pagá-las.
A freguesia de Canedo não está incluída na relação.
A lutosa devia ser a melhor joia ou peça moveI que ficasse da pessoa
falecida. Outras determinações existem relativas a portagem (portádigo e
protático ou o direito de entrada em certos lugares como cidades, vilas,
coutos que pagavam as fazendas e víveres), localidades para a entrega dos
foros, saídas de madeiras, sardinha, caçadores de rolas, preços dos géneros
etc.” 84
84
Páginas 170 e 171. São Pedro de Canedo No Concelho da Feira. António Ferreira de Pinto. (1928)
125
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Vejamos agora Canedo com as suas contribuições para o rei (Foral de
1514):
Tabela 10 – Contribuições do povo de Canedo para o Rei no foral de 1514.
Nome Lugar Foro
Afonso Luiz pelo Casal
de Pedro de Lobel
Gonçalo de Lobel pelo
casal e meio de Jaco
Gonçalves
Lobel
Dois alqueires de trigo, oito de
centeio, oito de milho, uma galinha,
quatro afusais de linho e seis
almudes de vinho
Quatro alqueires de trigo, 10
alqueires de centeio, dez alqueires
de milho, 10 almudes de vinho por
ano, quarenta reais, duas galinhas e
sete afusais de linho
540 reais em dinheiro e duas galinhas
João do Pomar
João Anes pelo casal
de Afonso Domingues
180 reais
Martírio de Valcova Valcova 832 reis
Gonçalo de Matos
pelos casais de Canedo
121 reais
Canedo
Lourenço Anes de
Várzea pelo casal de
Arouca
Mestre Vasco, por
cinco casais de
Lousado
Aparício pelo casal
Jogo de Lousado
João de Bairros
Várzea
Lousado
Lousado
Lousado
90 reais
Um moio de centeio pela medida
velha, 43 alqueires e meio ao Castelo
pelo dito moio e mais 11 galinhas por
todos os casais de Lousado, afora o
de João de Bairros que paga por si “e
mais recebe o Castelo as galinhas e o
dinheiro abaixo designado.”
18 alqueires e meio e mais 5 galinhas
e paga-se o senhorio por estes e se
falecerem há de recebê-los o
Mosteiro para cumprimento do que
falecer e as 11 galinhas se pagam
pelos seguintes com ou outros foros
do dinheiro.
Afora o que paga o Mosteiro, 10
alqueires e meio de centeio e não
126
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
entra também nesta outra paga do
moio
Afonso Martins pelo
casal de Vasco Anes
Lousado 10 alqueires de centeio.
Gonçalo Anes pelas
vinhas que trazia João
5 alqueires e meio de centeio e uma
galinha.
do Carneiro
Luiz Afonso pelo casal
Sem a paga do Mosteiro ao Castelo 3
Souzanil
de Souzanil
galinhas e 15 reais.
Pedro Vaz pelo casal
Fora o que paga o Mosteiro, 28,50
Canedo
de João de Canedo
reais e 3 galinhas
Neto de João de
24,50 reais e mais 3 galinhas e mais 5
Canedo
Canedo
galinhas
Pedro Vaz de cima
paga as 12 galinhas
4 alqueires de trigo, 6 de milho e de
Martinho de Carneiro
pelo casal Reguengo
de João do Carneiro
centeio 8 alqueires 9 de linho 6
afusais, de manteiga 6 quartilhos
pela medida nova, de vinho mole 6
almudes e 14 reais
Martim Aparício
288 reais
João de Sante pelo
casal da Inha
Inha
804 reais
Álvaro Vaz de Canedo Canedo 40 reais
O Mosteiro de Canedo dá por si 9 quarteiros de centeio pela medida
nova de 16 alqueires o, quarteiro, que faz 144 alqueires e outros tantos de
milho e mais 28 galinhas e em dinheiro duzentos e dezasseis reais, sem mais
poderem crescer nem minguar as ditas causas, porquanto antiguamente foi
assim taxada a dita paga do dito Mosteiro pelas causas que trouxe da Coroa
de nossos Reinos. E ficará resguardado do dito Mosteiro qualquer direito
que tiver nas coisas por que assim nos paga o dito foro e tributo.
A Quinta da Mata com outros casais são do préstimo de cadinha que
andam com Fermedo com o Senhorio dos quais se fará a justificação destes
e de outros que aqui tem. Além do que fica escrito no texto e em notas
sobre os tributos do foral manuelino, vou referir outros:
Portagem: pagava-se somente para as coisas vendidas ou compradas
aos de fora para vender.
127
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Pão, cal, sal, vinho, vinagre fruta verde 9 hortaliça, pescalo e marisco:
tudo pagava por carga. E havia carga maior (de cavalo ou muar), carga.
menor (de asno), costal (que um homem levava as costas) e outra nas mãos
ou debaixo do braço.
O carro ou carreta equivalia a duas cargas maiores.
Não pagavam portagem: pão cozido, queijadas, biscoitos, farelos,
ovos, leite, prata lavrada, nem as coisas compradas na la para o termo nem
do Termo ou vizinhança para a vila.
Mudada: Não pagava portagem, excepto quando levavam coisas para
vender. Frutas dos bens próprios, tenças, estavam nas condições da casa
mudada.
Gados e bestas, panos finos, coirama e seladura, ora isentos, ora
isentos, ora contribuídos, pagavam geralmente por carga maior.
Azeite, mel e semelhantes, pelitaria (toda qualidade de peles para
calçado, vestidos, forros, guarnições ou regalo), metais, ferro e obras deste,
telha, tijolo e obras de barro, palma, esparto — tudo tinha o seu tributo ou
estava dele dispensada conforme as circunstâncias
especiais, e as entradas e saídas por terra tinham a sua regulamentação.” 85
Não foram esquecidos os privilegiados que eram os eclesiásticos dos
mosteiros, clérigos de ordens sacras, beneficiados de ordens menores, e as
mulheres com votos, porque não pagariam portagem nos seus bens ou nos
que comprassem para suas casas e familiares.
Finalmente aparece a pena contra aqueles que levem mais direitos.
Seriam degredados para fora da vila e termo e pagariam cadeia.
De certo modo, desde do Foral Manuelino até à atualidade restam
poucos documentos porque, entretanto, todos os arquivos da Paróquia
foram parar ao Arquivo de Coimbra quando o mosteiro ruiu por volta do
século XVI.
85 Páginas 171 e 172. São Pedro de Canedo No Concelho da Feira. António Ferreira de Pinto. (1928)
128
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Arquivo Histórico sobre o Mosteiro
O Mosteiro de Canedo extinguiu-se muito cedo e são poucas as
informações que chegaram aos dias de hoje. É muito provável que o Abade
Martim Domingues (falado anteriormente), tivesse destruído a maior parte
dos arquivos do Mosteiro e talvez os levasse consigo para o Mosteiro de
Paço de Sousa.
No entanto, podemos encontrar vários documentos, datados do
século XIII, no Índice – Roteiro, n.º s 586, 779, 782 e 785 ou livro 84 e 86 das
Sentenças. Mesmo no Arquivo do Cabido do Porto ou Arquivo Distrital do
Porto, estão depositados alguns livros do século XIV de extrema
importância e quase todos eles contêm documentos relativos ao Mosteiro
de Canedo, Livro 806 ou 84 das Sentenças e Livros 25º dos Originais.
As demais informações sobre as Doações do Mosteiro, Concessão do
Convento Mosteiro de Canedo, a Doação da Igreja de Canedo, a
Confirmação de um capelão para o Mosteiro, entre outros, podemos
encontrar no Censual do Cabido da Sé do Porto, disponível na Biblioteca
Pública Municipal do Porto como também no Arquivo Distrital do Porto, nos
livros 7º e 25º dos Originais.
As Inquirições dos Reis, de certo modo fornece-nos algumas
informações sobre as propriedades do Mosteiro e os casais existentes que
pagavam foro. No entanto, é de notar que no Tombo V do Tombo da Casa
da Feira, encontramos as sentenças relativas a diferentes casais da
freguesia de Canedo e circunvizinhas.
É de notar que informações e arquivos existentes sobre o Mosteiro de
Canedo estão espalhadas por vários locais, bibliotecas, arquivos (nacionais,
municipais e talvez particulares), etc., não se sabendo com certeza o
paradeiro do restante arquivo, “talvez foram vendidos para alguma fábrica
de papel? Queimados? Usados para buchas de espingardas?” 86 É um dilema
com resolução muito difícil.
86
Diz Cónego António Ferreira de Pinto na sua valiosa obra sobre Canedo. São Pedro de Canedo no
Concelho da Feira. (1938)
129
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Mosteiro de frades ou freiras? Eis a questão!
Esta é uma pergunta de resposta trabalhosa, de maneira que muitos
autores afirmam que o Mosteiro era masculino, outros afirmam que era
feminino. Pinho Leal, o autor do mítico “Portugal Antigo e Moderno”,
afirma que “a minha humilde opinião é que nunca aqui houve mosteiro de
monges bentos, mas sim de freiras da mesma ordem. (Viterbo é da mesma
opinião; mas não a fundamenta.) Eu suponho que no sítio do Mosteiro hoje
a quinta do Sr. Tavares, ao E. da matriz, (a uns 250 metros distante dela)
era mosteiro de freiras; e o que é hoje residência e passais do pároco, era
um hospício, onde residiam os tais três frades, que eram capelães e
confessores das freiras, como era costume, e da sua ordem.”
Na minha humilde opinião, o Mosteiro era de frades beneditinos
comparando com outros Mosteiros beneditinos nas redondezas:
Alpendurada, Lorvão (inicialmente masculino, depois feminino), Pedroso,
Paço de Sousa, Cucujães e Tibães.
De facto, nos dados existentes sobre o Mosteiro de Canedo, não há
referência a figuras femininas, como freiras, abadessas, etc., mas existem
várias referências que comprovam a existência de religiosos, frades.
A primeira referência, é a existência de vários abades no Mosteiro –
Pedro Peres em 1224, Martim Domingues em 1302 e Domingos Domingues
em 1307 – e nenhuma referência a alguma abadessa que regesse de certo
modo o Mosteiro.
A segunda referência, incide sobre a doação do El-Rei D. Dinis ao Bispo
do Porto D. Geraldo. Nesta doação pessoal, teve de haver um
consentimento realizado pelos frades beneditinos do Mosteiro para que se
confirmasse pela Sé Apostólica a mesma doação (de modo algum, não há
alusão a freiras no Mosteiro).
Existem várias outras referências que exibem a masculinidade do
Mosteiro de Canedo, sendo estas duas últimas as de maior importância.
Remato afirmando que, embora consigamos tirar algumas conclusões
através dos poucos documentos que temos ao nosso alcance, não
conseguimos ter certezas.
130
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
• O Hospício
Depois da queda do Mosteiro, terá só ficado em Canedo o Hospício de
Freiras ou de Frades, com localização junto à Igreja Paroquial de S. Pedro
de Canedo, ficando assim também com as rendas do extinto mosteiro.
Em 1834, no âmbito da "Reforma geral eclesiástica" empreendida pelo
Ministro e Secretário de Estado, Joaquim António de Aguiar, executada pela
Comissão da Reforma Geral do Clero (1833-1837), pelo Decreto de 30 de
Maio, foram extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e
casas de religiosos de todas as ordens religiosas, ficando as de religiosas,
sujeitas aos respectivos bispos, até à morte da última freira, data do
encerramento definitivo, terá levado o bispo a doar o hospício, para
residência do reitor da Igreja de Canedo e posteriormente, residência do
Pároco.
Segundo Pinho Leal, que supõe que o Mosteiro de Canedo era de freiras
beneditinas, “no hospício talvez existisse três frades que eram capelões e
confessores das freiras, como era costume naquele tempo.
No tempo dos Filipes de Portugal, o hospício e as suas terras terão
sido vendidas devido à urgência do estado à Comenda de Lobão ou
Comenda de Malta 87 , indo as ditas freiras para o Convento de Avé Maria no
Porto.” 88
Vejamos o que diz Pinho Leal:
-------------
Houve um hospício com sua pequena cerca, que ficava junto á porta
principal da igreja matriz; ficou sendo a residência do reitor.
Alguns foros, foram para as freiras beneditinas de S. Bento de Avé
Maria do Porto, e uns campos, que estão próximos e ao N, da igreja, foram
incorporados à comenda de Malta, chamada comenda de Lobão. (Lobão é
uma freguesia do mesmo concelho, a uns 3 quilómetros ao SO. de Canedo.)
87
Lobão – Terra do Deus Maior. Carlos Dias. (2018) “Em 1623, Lobão era cabeça da comenda nova e tinha
como anexas as freguesias de Canedo, e S. Vicente Louredo, um processo que se deve ter efectuado na
2ª metade do século XVI, ou na transição para o XVII. (…) No seguimento da revolução liberal 1820, deuse
extinção das comendas das ordens religiosas- militares.”
88
Portugal Antigo e Moderno. Pinho Leal (1876)
131
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Achei a maior parte destas notícias sobre o convento, em uns
apontamentos meus antigos (não sei d'onde os extraí) mas não me
conformo com eles, por várias razões, que não aponto, para não fazer este
artigo mais extenso. Entretanto, a minha humilde opinião é que nunca aqui
houve mosteiro de monges bentos, mas sim de freiras da mesma ordem.
(Viterbo é da mesma opinião; mas não a fundamenta.)
Eu suponho que no sítio do Mosteiro hoje a quinta do sr. Tavares, ao
E. da matriz, (a uns 250 metros distante dela) era mosteiro de freiras; e o
que é hoje residência e passais do pároco, era um hospício, onde residiam
os tais três frades, que eram capelães e confessores das freiras, como era
costume, e da sua ordem.
Entendo que foi esta circunstância que deu motivo a dizer- se que o
convento era de frades.
É provável que em 1304, o rei só desse ao bispo do Porto o convento
e cerca, o hospicio e terras juntas e os foros: e os campos, que são grandes
e bons, os incorporasse na comenda de Lobão, que foi dos templários, e
desde 1311, em que esta ordem foi extinta, ficou isto para a coroa, até 1319,
em cujo ano o mesmo D. Diniz deu tudo quanto era d'aqueles cavaleiros, á
Ordem de Cristo, que então instituirá.
O bispo, para lhe ficar o encargo menos pesado, mandou as freiras
para o convento da sua ordem, do Porto, e deu a este todos os foros, e mais
nada. (É certo que ainda em Canedo se pagam estes foros de S. Bento da
Ave Maria.) Mas, vendo que os rendimentos do mosteiro não chegavam
para as despesas das missas cantadas, diárias, ou não podendo cumprir isto
(que na verdade era árduo) doou este resto ao cabido. Este, não lhe fazendo
também conta, com tais condições, o passou ao deão, que por fim também
o veio a rejeitar, pelos mesmos motivos; passando então tudo a ser uma
reitoria do padroado episcopal.
O bispo deu o hospício e pertenças para residência do pároco, ficando
com as rendas do extinto mosteiro.
Um dos Philippes (Reis), não sei qual deles, tratou de se apossar deste
e o mandou vender, para as urgências do estado (ou antes para as suas.)
Eis o que me parece certo, ou, pelo menos, muito verosímil. A
comenda de Lobão (as terras, porque os dízimos já não existiam) foram
132
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
vendidas pelos anos de 1840. Foi comprada pelo doutor e lente da
Universidade, o padre Manuel António Coelho da Rocha, escritor jurídico
bem conhecido (vide S. Miguel do Mato) e é hoje dos seus herdeiros.
Este convento tinha uma grande cerca, mas quase toda inculta. Hoje
está possuída peio sr. Bernardo José da Silva Tavares, cónego do Porto, e
por seu irmão Hermenegildo.
Ainda existe o edifício do mosteiro (menos a igreja) transformado em
casa particular, do dito cónego, conservando o nome de Casa do Mosteiro.”
Existem imensos equívocos relativamente ao Mosteiro e ao Hospício,
sendo que certos autores dizem umas coisas e outros dizem outras.
O mais certo, de facto, é que o Mosteiro fosse de monges
beneditinos, e, quando este foi extinto, os frades fundassem/construíssem
o Hospício, sendo então capelães e regentes da Igreja de Canedo, que mais
tarde seria a residência do Reitor e dos seus auxiliares. 89
-------------
Mais tarde, em 1840, foram vendidas todas as suas terras como a sua
cerca ao doutor Padre Manuel António Coelho da Rocha e posteriormente
compradas pelo Sr. Bernardo José da Silva Tavares que foi Cónego no Porto
e pelo seu irmão Hermenegildo.
89
Nota do autor: opinião minha, formalizada através de pesquisas em torno de outros Mosteiros da
Ordem de São Bento, tanto masculinos como femininos, e através da comparação de informações. É certo
que não existem informações, ou as que existem são poucas, acerca da vida monástico - conventual do
Mosteiro de Canedo como a vida religiosa do Hospício e da Igreja de Canedo, o que leva os investigadores
de informações a fazerem várias suposições e não certezas de carácter absoluto.
133
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 6 - Antiga Residência do Pároco (Local onde terá existido o Hospicio)
Doc. 7 – Parte de trás da antiga residência do Pároco
134
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Doc. 8 – Atual residência do Pároco
Doc. 9 – Atual residência do Pároco inaugurada em 7 de Novembro de 2004 pelo então Bispo do Porto, Dom
Armindo Lopes Coelho
135
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• A Igreja Paroquial
A Igreja Paroquial, com o padroeiro São Pedro, é o último
monumento que identifica a terra depois do mosteiro, tendo também
estado algum tempo ao abandono.
Vem mencionada pela primeira vez no século XIV quando a igreja é
doada ao Cabido da Sé do Porto e posteriormente em 1623 no relatório da
visita a Canedo, diz: “O conde de São Lourenço é o Comendador e obrigado
a tudo o necessário não só para a capela-mór e sacristia, mas também para
a mesma igreja.”
A. Nogueira Gonçalves, na sua obra “Inventário artístico de Portugal”,
caracteriza a Igreja Paroquial de Canedo “ampla e de modesta construção.
O conjunto corresponderá aos fins do século XVII ou aos começos do
seguinte. Todavia por volta de 1800, conforme a data gravada na porta
principal, refizeram a frontaria. Poderia ter sido causa o seu desaprumo.
Talvez a transportassem mais para a frente como parece deduzir-se
da situação atual das portas travessas, avançadas para a capela-mór. O
arco-cruzeiro, de almofadas corridas, apresenta desaprumos. Há duas
portas travessas simples, quatro janelas de esbarro no corpo e duas maiores
na capela-mór. Para a frontaria é possível que tivessem aproveitado na
maior parte as cantarias antigas, é de porta retangular com frontão, janela
de coro abrindo em esbarro. Para a direita levantaram a nova torre,
podendo ser uma ventaria antiga aquele arco fechado, na zona inferior, no
qual se abriga uma escultura que referiremos.
Tinha um simples púlpito, com mísula a sustentar a bacia. É
verdadeiramente de notar, o pequeno e elegante batistério; duas pilastras
toscanas, com entablamento e frontão aberto, enquadram o nicho de plano
circular e de concha a cobrir; aí se inclui a pia batismal decorada aos gomos
e de pé em balaústre ornado. A capela-mór teve grandes beneficiações.
Dotaram-na de duas tribunas formadas por bacia sobre cachorros,
aproveitamento ou imitação de sacada civil, com balaustrada de antigas
talhas, talhas que também empregaram em duas cómodas-credências.
Recentemente, reproduziram balaustradas na teia do arco-cruzeiro.
Renovaram na maior parte, o teto de vigorosos caixotões.
136
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
O retábulo principal dá aparência de ter vindo de outro ponto. Datará
dos fins do segundo terço do séc. XVII. Forma dois corpos, no de cima o
camarim das exposições eucarísticas, em baixo larga pano direito em cuja
frente se encosta o sacrário; aos lados dois pares de colunas sobrepostas,
enquadrando as de baixo um nicho e em cima pinturas populares sobre
tábua. O sacrário, de colunitas torcidas, é das talhas do fim do séc. XVII.
Do mesmo tempo, datam as do trono do camarim, bem como as
grandes tábuas laterais ao retábulo, sendo recentes as do alto. Os retábulos
colaterais ao arco, posto que de talhas do meado do séc. XVIII, dão
aparência de as mesmas terem sido dispostas em novas composições e com
partes tradicionais. Esculturas antigas de madeira que há, são de nível que
não costumamos registar.
Porém um S. Bento, do séc. XVII, tem um certo vigor. A frontaria é
de arco fechado e inferior aos das ventanas da torre, vê-se um grande São
Pedro, de calcário e de oficina coimbrã, do fim do séc. XV, representandoo
sentado, de casula e mitra. No interior vêem-se lambris de azulejo de
fabrico moderno, do género de série.
Na zona da igreja, lugar do Mosteiro, no terreiro junto à estrada,
conservaram ao lado duma casa do presente século um portão renovado,
mas com a parte superior antiga, de cimalha dominada de pináculos
laterais, a meio cruz em pedestal entre duas aletas, tipo comum já
setecentista.” 90
Doc. 10 - São Bento do Séc. XVII
Doc. 11 - São Pedro do séc. XV
90
Págs. 73 e 74. Vol. 10. Inventário artístico de Portugal. A. Nogueira Gonçalves. - Lisboa: Academia
Nacional de Belas Artes, 1959-1981.
137
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Atualmente, a “Igreja paroquial fundada na Alta Idade Média, sendo
o atual templo seiscentista, de que subsistem a estrutura, as janelas em
capialço, o registo inferior da torre sineira, um antigo campanário, talvez
com duas ventanas, as tribunas da capela-mor, o retábulo-mor e o
batistério, remodelada no final do séc. XIII, conforme data epigrafada no
portal axial e com obras em meados do séc. XX, com a construção da sineira
e revestimento da fachada principal a pastilha.
É de planta em cruz latina, composta por nave, capela-mor e
sacristias adossadas, e por torre sineira de dois registos e cobertura em
coruchéu piramidal, com acesso por porta exterior.
Tem coberturas interiores facetadas, em caixotões, de provável
execução oitocentista, iluminada uniformemente por janelas retilíneas
rasgadas nas fachadas laterais.
Fachada principal rematada em empena, com os vãos rasgados em
eixo, composto pelo portal axial, encimado por frontão triangular e por
amplo janelão do coro.
Doc. 12 – Igreja Paroquial de Canedo
138
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
As fachadas são rematadas por cornijas, enquadradas por cunhais em
cantaria, as laterais com portas travessas retilíneas. Interior com coro-alto
amplo, assente em pilares de cantaria, com acesso pela torre sineira, tendo,
sob este, o batistério, à face, com tratamento arquitetónico e pia em
cantaria lavrada, protegido por teia em talha seiscentista, de balaústres.
Arco triunfal de volta perfeita, ladeado por retábulos colaterais de talha
rococó.
Capela-mor com supedâneo de degraus centrais, tribunas e retábulomor
seiscentistas, este de dois andares, o inferior com imaginário e o
superior com painéis pintados, renovados recentemente. Possui sacrário de
dois registos com edículas para imaginária.
A talha das tribunas e retábulo sofreu uma intervenção adulterante.
Descrição:
Planta em cruz latina, composta por nave e capela-mor, ladeada por
dois anexos, formando o braço transversal da cruz, e por torre sineira, de
volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em
telhados de duas águas, sendo, na torre sineira, em coruchéu piramidal,
rebocado e pintado de branco e com pináculo de bola no cume.
Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por socos de
cantaria, sendo a principal e a torre sineira revestidas a pastilha branca,
percorridas por faixas de pastilha em cinza; são flanqueadas por cunhais em
cantaria e rematadas em cornijas.
Fachada principal virada a oeste, rematada em empena com cruz
latina no vértice; é rasgada por portal de verga reta, rematado em frontão
triangular, encimado por janelão do coro, em capialço. No lado direito, a
torre sineira, de dois registos definidos por cornijas, o inferior com nicho de
volta perfeita contendo a imagem do orago, sobre uma antiga pedra de
fecho com as insígnias do orago, surgindo, na face este, escadas de acesso.
No topo, quatro ventanas de volta perfeita com fecho e impostas
salientes. A estrutura remata em cornijas, com pináculos do tipo balaústre
nos ângulos. Fachada lateral esquerda com porta travessa e três janelas em
capialço, duas na nave e uma no corpo da capela-mor todas com molduras
de cantaria.
139
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 13 - Antiga Frontaria datada do ano de 1800
140
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Doc. 14 – Igreja e Residência nos finais do Século XX
Doc. 15 – Estado atual da Igreja e espaço envolvente
141
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
O corpo do anexo tem dois pisos de vãos, o inferior com porta e
janela jacente e o superior com janela retilínea, ao centro. Fachada lateral
direita semelhante, apresentando, no corpo do anexo, escadas de acesso
ao segundo piso, através de porta de verga reta. Fachada posterior
rematada em empena cega, com cruz latina no vértice.
INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco,
percorridas por azulejos de padrão a imitar enxaquetado, formando
silhares, com coberturas de madeira facetada, em caixotões, os da capelamor
com apontamentos dourados; a cobertura da nave é reforçada por
tirantes de madeira e o pavimento é em parquet.
Coro-alto de betão, assente em dois pilares de cantaria, com acesso
por porta no lado da Epístola, a partir da torre sineira. Portal protegido por
guarda-vento de madeira e vidro pintado.
No lado do Evangelho, situa-se o batistério, protegido por teia de
madeira entalhada, formando acantos e balaústres. À face, estrutura em
cantaria com vestígios de policromia, formado por nicho em abóbada de
concha, flanqueado por pilastras toscanas almofadadas, encimado por
entablamento e frontão de lanços com cruz latina no vértice.
Envolve pia batismal em cantaria composta por coluna lavrada do
tipo balaústre e taça hemisférica ornada por enrolamentos e de bordo
boleado. No lado oposto, dependência com vão retilíneo, protegido por
grade metálica, tendo imaginária.
Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras toscanas
almofadadas, com pedra de fecho saliente, ornada com as insígnias do
orago. Está ladeado por capelas retabulares colaterais, dedicadas a Nossa
Senhora do Rosário (Evangelho) e ao Crucificado (Epístola).
Capela-mor com pavimento em lajeado, tendo duas tribunas
retilíneas, com guarda balaustrada de talha pintada de branco e dourado.
Sobre supedâneo de três degraus centrais, a mesa de altar de talha pintada
de branco e dourado, composta por tampo e colunas e ambão do mesmo
material, composto por coluna do tipo balaústre.
Na parede testeira, o retábulo-mor, de talha pintada de branco e
dourado, de corpo reto, de dois andares definidos por frisos de acantos e
querubins e de cornijas e com três eixos em cada um deles, definidos por
142
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
quatro colunas torsas com o terço inferior ornado por acantos; está
envolvido por amplo friso de acantos.
No registo inferior, ao centro, separado por pilastras ornadas por
botões, que sustentam arco abatido, o sacrário, facetado e de dois registos
com colunas torsas e apainelados fitomórficos, tendo, no registo inferior,
edículas encimadas por frontão triangular.
Os eixos laterais possuem nichos com imaginária. No segundo
registo, os eixos rematam em frontão triangular, tendo tribuna de volta
perfeita, flanqueada por quarteirões que sustentam o frontão triangular do
remate.
Em cada eixo lateral, um painel pintado, representando Nossa
Senhora da Assunção e a Ascensão de Cristo. Sacristia com arcaz de madeira
e lavabo em cantaria.
Enquadramento:
Urbano, isolado, implantado em plataforma horizontalizada, criando
um adro aberto, com acesso frontal por escadas em cantaria. Encontra-se
pavimentado a lajeado e calçada de granito e é pontuado por oliveiras e
ciprestes.
Junto ao acesso, surge um cruzeiro e um monumento comemorativo.
Num muro de suporte de terras no lado direito, surgem várias cantarias
lavradas embutidas.
Encontra-se rodeado por casas de habitação unifamiliares e edifício
multifamiliar. No adro, surge placa com inscrição: "AOS SETE DE
NOVEMBRO DE DOIS MIL E QUATRO FOI / INAUGURADO ESTE ADRO POR
SUA EXCELÊNCIA / REVERENDÍSSIMA O BISPO DO PORTO, DOM ARMINDO
/ LOPES COELHO, NA PRESENÇA DO POVO DE CANEDO, DO / SENHOR
ALFREDO HENRIQUES, PRESIDENTE DA CÂMARA / MUNICIPAL DE SANTA
MARIA DA FEIRA, DO SENHOR / MANUEL DE JESUS, PRESIDENTE DA JUNTA
DE FREGUESIA / DE CANEDO, SENDO PÁROCO EMANUEL BERNARDO E /
AUTOR DO PROJECTO ARQUITECTO CARLOS CASTANHEIRA.
Descrição Complementar:
No friso do PORTAL AXIAL, surge a data "1800". Nos SINOS, surgem
várias inscrições. Num deles, "1948" e "FUNDIÇÃO DE SINOS / NOVA
LUSITÂNIA / H.S. JERÓNIMO / ERMESINDE"; outro de "ANO DE 1992" e "A
143
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
FUNDIÇÃO DE SINOS / DE / BRAGA / SERAFIM DA SILVA JERÓNIMO / RUA
DO CORVO, 72-75 / BRAGA"; num terceiro, "1946 / Nº 1066" e "A
FUNDIÇÃO DE SINOS / NOVA LUSITÂNIA / H.S. JERÓNIMO / ERMESINDE".
O RETÁBULO COLATERAL DO EVANGELHO é de talha pintada de
branco e dourado, com corpo reto e três eixos definidos por quatro
pilastras, profusamente ornadas por folhagem.
Ao centro, nicho de perfil abatido, rematado por cornija e
lambrequins, extravasando o espaldar reto do remate; possui peanha com
a imagem do orago. Os eixos laterais possuem nichos em abóbadas de
concha, encimados por painéis decorados por enrolamentos e festões.
Sobre o espaldar reto, surge um segundo espaldar recortado, encimado por
anjos de vulto e querubim.
Altar paralelepipédico, decorado por cartela e folhagem, encimado
por nicho com a imagem da Virgem jacente, envolvido por moldura de
acantos e querubins.
O RETÁBULO COLATERAL DA EPÍSTOLA é de talha pintada de branco
e dourado, com corpo reto e um eixo definido por duas pilastras ornadas
por folhagem e falsos almofadados, assentes em plintos paralelepipédicos,
encimadas por uma segunda ordem de pilastras, de menor dimensão.
Tem nicho de volta perfeita contendo falsos drapeados a abrir em
boca de cena e fecho com atributos da Paixão de Cristo, com o fundo
pintado a representar Jerusalém. A estrutura remata em frontão
interrompido por cartela central com querubim e resplendor.
Altar paralelepipédico decorado por cartela e folhagem, encimado
por nicho com a imagem de Cristo morto, envolvido por moldura de acantos
e querubins.
144
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Doc. 16 - Pia Batismal (Baptistério) da Igreja de Canedo (Imagem antiga)
145
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
O LAVABO é em cantaria de granito, com espaldar reto, rematado por
frontão de lanços e com bica em forma de carranca que verte para tala
retilínea com bordo boleado.
Cronologia:
- 950 - fundação de um Mosteiro beneditino por D. Guterres Teles;
-séc. 14, início - a igreja é doada ao Cabido da Sé do Porto;
-séc. 16 - integração na Comenda da Ordem de Cristo, tendo duas
anexas, as de São Tiago de Lobão e de São Vicente de Louredo;
-séc. 17, final - construção do atual templo; feitura do retábulo-mor
e do batistério;
-séc. 18, 2.ª metade - feitura dos retábulos colaterais;
- 1758 - nas Memórias Paroquiais, surge referida a paróquia, com a
igreja situada no Lugar de Mosteiro, cujo nome deriva da existência de um
cenóbio beneditino; a igreja é dedicada a São Pedro e tem cinco altares, o
mor, com as imagens de São Pedro, Santo António, Nossa Senhora da
Conceição, Nossa Senhora do Pilar e São José;
-tem o Santíssimo Sacramento; os colaterais são do
Crucificado, altar que pertence à Ordem Terceira de São Francisco,
tendo as imagens de Santa Isabel e Menino Deus, sendo o outro de
Nossa Senhora da Boa Morte; os dois laterais são dedicados a São
Bento e a São Sebastião; tem as confrarias dos Fiéis de Deus,
Santíssimo Sacramento, Nossa Senhora do Rosário, Santo Nome de
Jesus, São Pedro e Senhora da Boa Morte;
-o pároco é reitor, apresentado pelo ordinário, sendo a
comenda de Cristo tutelada há muitos anos, pelos Condes de São
Lourenço; rende cerca de 350$000;
-1800 - data na fachada indicia a reconstrução da mesma e de uma
provável ampliação da nave, como o sugere o posicionamento das portas
travessas;
-1946 -provável construção da torre, substituindo um antigo
campanário; fundição de sinos por H.S. Jerónimo de Ermesinde, na
Fundição Nova Lusitânia;
-1992 - fundição de um sino por Serafim da Silva Jerónimo;
146
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
-2004, 07 novembro - inauguração do adro pelo bispo do Porto,
presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, pelo presidente da Junta de
Freguesia e pelo pároco, tendo sido executado conforme projeto do
arquiteto Carlos Castanheira.
Materiais:
Estrutura em alvenaria, rebocada e pintada; socos, cornijas, frisos,
pináculos, pavimentos, pias de água benta, pia batismal, cruzes,
modinaturas, lavabo, mísulas e supedâneo em cantaria de granito; portas,
coberturas, mobiliário, guardas em madeira; pavimento da nave em
parquet; retábulos, guarda das tribunas, ambão e mesa de altar em talha
pintada; teia do batistério em talha; silhares em azulejo industrial;
revestimento da fachada principal e interior do coro-alto em pastilha;
coberturas em telha cerâmica.” 91
Doc. 17 - Interior da Igreja de Canedo na altura da Festa de Nossa Senhora da Piedade
91
Figueiredo, Paula – Igreja Paroquial de Canedo/Igreja de São Pedro in Inventário do Património
Arquitetónico (http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=30944), [consultado
em 04 Janeiro 2019]
147
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Algumas Imagens da Igreja Paroquial de Canedo:
148
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
149
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
150
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Algumas imagens antigas da Igreja Paroquial de Canedo:
151
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Vê-se um dos altares antigos da Igreja de Canedo: Altar do Sagrado Coração de Maria (ao centro), à esquerda
Senhora da Conceição e à direita São José
152
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Antigo altar do Sagrado Coração de Jesus
Antigo altar de São Bento e S. Sebastião
153
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Antigo altar de Nossa Senhora de Fátima (no cima vê-se uma parte do antigo coro)
Ao fundo da imagem do lado direito vê-se o antigo púlpito
154
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
155
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Vejamos agora alguns dados relativos à Igreja de Canedo:
Tabela 11 – Rendimento das Igrejas anexas à Igreja de Canedo, séc. XVIII 92
Igreja Destinatário Rendimento
São Tiago de Lobão
São Vicente de
Louredo
Reitor da Igreja de
Canedo
Reitor da igreja de
canedo
180 mil reis
80 mil reis
Tabela 12 – Despesas anuais da Comenda de Lobão com a Igreja de Canedo (século XVIII), a si anexada. 93
Tipo de despesa Destinatário Valores
Côngrua 94
Côngrua
Reitor de
Canedo
Cura de Canedo
90 mil reis, 2 alqueires de
trigo, 2 almudes vinho
maduro, 3 carros de lenha
de carvalho, 2 mil réis para
lavagem de roupa
38 mil reis, 20 alqueires de
milho meado e 3 mil reis
para lavagem de roupa
Lâmpada do
santíssimo sacramento
Canedo
2.400 reis
Confraria santíssimo a
título de consoada
Canedo
2.400 reis
Fábrica da Igreja Canedo 15 mil reis
Cera
Igreja de
Canedo
9.600 reis anuais
Tabela 13 Visitações, censos e bragães em 1542 95
Igreja Tipo de Visitação Taxação Cera
Canedo inteira 557,5 reis
365 paga com
Parada e Várzea
taxação e
imposição
92
Dados retirados do livro Lusitana Sacra. (1768)
93
Doc. 12, página 38. Lobão – Terra do Deus Maior. Carlos Dias. (2018)
94
Designa-se de côngrua paroquial a tradição cristã paroquial e dever moral e religioso do crente
contribuir financeiramente para a honesta e digna sustentação do seu pároco (o mesmo que presbítero).
Estando ele todos os dias e todas as horas ao serviço da paróquia, ministrando os sacramentos e o ensino
religioso, os paroquianos têm de contribuir para que ele possa servir em disponibilidade total.
95
Vd. Nota/Referência 5. O Censual da Mitra do Porto, A diocese do Porto no século XVI. Folha 44.v
156
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Vejamos alguns documentos relativos à Igreja de Canedo:
“Posse da igreja de S. Pedro de Canedo pertencente à comenda de
Santiago de Lobão
Aos 23 de Março de 1825, nesta igreja de S. Pedro de Canedo
pertencente à comenda de Santiago de Lobão, termo da Vila da feira,
comarca da provedoria de Aveiro, aonde veio comigo escrivão o doutor
provedor e contador da real fazenda da mesma comarca, Bernardo
Brandão, aqui em consequência da decisão do tribunal da mesa da
consciência e ordens datada de nove do corrente e outros auteiros, tomou
o dito ministro posse para a real coroa dc todos os direitos dominicais
pertencentes à dita comenda nesta freguesia, tomando igualmente posse
da capela mor, sua sacristia fazendo todos os autos possessórios; do cuja
posse tomou atual, corporal, real, civil, e natural e logo voltou o dito
ministro para as casas da residência do reitor desta freguesia António
Alvares Farinha e aí tomou posse da mesma casa que são sobradadas, com
telhas, quartos cozinhas, lojas, e todos os seus logradouros e igualmente
tomou posse do passal do mesmo reverendo reitor e do outro passal que
pertence à comenda, fazendo os mesmos autos possessórios, o que
praticou em presença do referido reitor, e testemunhas.” 96
“Declaração de paramentos e trastes pertencentes à igreja de
Canedo
Depois da lengalenga do costume todos os paramentos e trastes desta
igreja de S. Pedro de Canedo que são os seguintes: Uma capa de asperges
de Damasco nova, uma estola também de Damasco, da mesma cor tudo em
bom uso, uma vestimenta de seda nova com sua estola e manípulo
correspondente em bom uso; uma vestimenta de damasco de seda com
manipulo e estola correspondente também em bom uso outra vestimenta
de damasco de seda vermelha já vagada pelo muito uso; uma alva com seu,
tudo em mau estado ; um cálix de prata com a copa dourada com sua
patena e colherinha; quatro véus de cobrir os cálices de quatro cores,
branca, vermelha, roxa e verde, constantemente usados; duas colças de
corporais de damasco tendo na face quatro cores em bom uso; umas
ampolas dos santos de estanho e outras da extrema unção que carecem de
96
Página 67. Anexo 4 – Posse da Igreja de S. Pedro de Canedo pertencente à comenda de Santiago de
Lobão. Lobão – Terra do Deus Maior. Carlos Dias (2018)
157
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
reforma; um par de galhetas com seu prato tudo de estanho e muito velhas;
dois castiçais de latão, muito velhos, ; uma cadeira paroquial de coiro,
antiga; um vaso de dar o lavatório a quem tudo de estanho velho; um missal
já usado ; doze corporais de linho com suas palas; 2 toalhas do altar mor e
duas ditas da comunhão já usadas; 2 rituais velhos e sua cabecinha para a
agua benta já rota; uma imagem do santo cristo na sacristia e um caixote
de pau de castanho com 12 gavetas já velho de cujos trastes e paramentos
ficou entregue para uso da igreja, o Reverendo Reitor António Alvares
Farinha.” 97
Através destes documentos, conseguimos ter uma perceção do
Inventário de Paramentos e trastes existentes na Igreja de Canedo à data
de 23 de Março de 1825.
Tabela 14 – Inventário de Paramentos e trastes existentes na Igreja de Canedo à data de 23 de Março de
1825
Inventário Religioso da Igreja de Canedo - 1825
Uma
Capa de alperges de
Damasco
Nova
Uma Estola de Damasco da mesma cor Bom estado
Uma
Vestimenta de seda com estola e
manípulo correspondente em bom Nova
estado
Uma
Vestimenta de damasco de seda
com estola e manípulo Bom estado
correspondente
Uma
Vestimenta de damasco de seda
vermelha com estola e manípulo Com muito uso
correspondente
Uma Alva Mau estado
Um
Cálice de prata com a copa
dourada com sua patena e
colherinha
Quatro
Véus de cobrir os cálices de quatro
cores: branco, vermelho, roxo e Com muito uso
verde
Algumas Ampolas dos santos de estanho
Algumas Ampolas da extrema unção Mau estado
97
Página 67. Anexo 4 – Posse da Igreja de S. Pedro de Canedo pertencente à comenda de Santiago de
Lobão. Lobão – Terra do Deus Maior. Carlos Dias. 2018
158
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Duas
Colças corporais de Damasco, com
quatro cores na face
Bom estado
Um par
Galhetas com seu prato (tudo em
estanho)
Muito Velhas
Dois Castiçais de Latão Muito Velhos
Uma Cadeira Paroquial de Couro Antiga
Um
Vaso de dar o lavatório a quem
comunga de estanho
Velho
Um Missal Usado
Doze Corporais de Linho com suas palas
Duas Toalhas do altar mor Usadas
Duas Toalhas da Comunhão Usadas
Dois
Rituais velhos e sua cabecinha para
a água benta rota
Velhos
Uma
Imagem do Santo Cristo na
Sacristia
Um
Caixote de Pau de Castanho com
doze gavetas
Velho
Teve a freguesia de Canedo importantes Confrarias, como se deduz
dum Estatuto de 1676, que se diz:
“Estatutos das Confrarias do Santíssimo Sacramento e do Santíssimo
nome de Jesus – De Maria Santíssima, do Rosário, do Príncipe dos Apóstolos
S. Pedro - Das almas do Purgatório – Instituídas na igreja de São Pedro de
Canedo, comarca da Feira, Bispado do Porto.” 98
Em 1854, houve uma tentativa de reforma de Estatutos, mas todos os
esforços foram inúteis. A Confraria da Senhora da Boa Morte foi
florentíssima.
98
São Pedro de Canêdo no Concelho da Feira. António Ferreira de Pinto (1928)
159
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 18 – Estatutos da Confraria da Senhora da Boa Morte do ano de 1741
Disponibilizado pelo Padre António Teixeira Machado
160
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
• O Cemitério Paroquial
O Cemitério Paroquial foi construído em
1902, sendo Pároco o Reverendo Agostinho
José Pais Moreira, cuja sua atividade foi
grande para com esta obra.
Uma inscrição colocada pela Junta de
1913 à entrada do Cemitério diz o seguinte:
“TRIBUTO DE GRATIDÃO DA JUNTA DE
PAROCHIA DE CANEDO, PRESTADO AOS
BEMFEITORES ABBADE AGOSTINHO JOSÉ
PAES MOREIRA E AUGUSTO BARBOZA PINTO,
PELO MUITO QUE CONCORRERAM PARA A
CONSTRUÇÃO D’ESTE CEMITÉRIO. 17-8-1913”
Doc. 19 - Tributo de Gratidão -
Cemitério de Canedo
Doc. 20 - 1ª Capela Mortuária de Canedo – Cemitério de Canedo
161
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 21 - Fachada principal do Cemitério de Canedo
162
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Doc. 22 – Atual Capela Mortuária de Canedo
163
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Para além de Património Histórico, existiram grandes nomes e ainda
existem grandes casas em Canedo das quais se destacam:
• Casa de Fagilde
A Casa de Fagilde pertenceu ao Brigadeiro Bernardo José da Silva
Tavares. Teve os seguintes filhos: Cónego Bernardo José da Silva Tavares,
capitão-mór Hermenegildo José da Silva Tavares, Doutor em Leis Francisco
de Assis da Silva Tavares e Coronel Vitorino José da Silva Tavares.
Doc. 23 – Casa de Fagilde
Doc. 24 – Casa de Fagilde, Pormenor do Jardim
164
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
Doc. 25 - Cama onde terá pernoitado o Rei D. Miguel na Guerra Civil Portuguesa, Casa de Fagilde
165
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 26 – Pormenor – Casa de Fagilde
Doc. 27 – Fotografia antiga da Casa de Fagilde
166
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
• Casa do Mosteiro
A Casa do Mosteiro que pertenceu ao capitão-mór Hermenegildo José
da Silva Tavares e posteriormente ao seu irmão Cónego Bernardo José da
Silva Tavares. Supõe-se que era neste local onde estava situado o Mosteiro
de Canedo.
Depois, a Casa e a Quinta foram compradas por Alexis Latourette. Nas
partes antigas da Casa, há uma inscrição do ano de 1620. Já na parte frontal
da Casa existem outras duas inscrições onde dizem:
“Alexis
1911
Alexis
1927”
Nesta Casa já existiu uma padaria que pertencia a Joaquim Alves da
Silva. Hoje, a Casa pertence à sua filha Odete Latourrette Alves (esposa do
saudoso Francisco Moreira Marques).
Doc. 28 - Casa do Mosteiro
167
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 29 – Inscrição mais antiga da Casa do Mosteiro – Ano de 1620
Doc. 30 – Casa do Mosteiro
168
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
• Casa de Valcova
A Casa de Valcova pertenceu ao Dr. Joaquim Alberto de Sousa Couto.
• Casa de Lousado
Doc. 31 – Casa de Valcova
A Casa de Lousado, pertenceu a Augusto Barbosa Pinto.
Doc. 32 – Casa de Lousado
169
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Casa da Botica
A Casa da Botica pertenceu ao farmacêutico Manuel José Pais
Moreira e D. Emília da Silva Tavares.
Deste matrimónio houve os seguintes filhos: Padre Agostinho José
Pais Moreira, Vitorino Pais Moreira, Dra. Maria Pais Moreira, Rosa Emília
Pais Moreira e Carolina Augusta Pais Moreira. Há quem diga que esta Casa,
muito importante e muito antiga, recebia água canalizada vinda da Quinta
do Jardim.
Posteriormente, a Casa da Botica serviu de Farmácia e Consultório
Médico do Dr. Alexandre Pais Moreira. Hoje, a casa pertence aos seus
herdeiros.
Doc. 33 – Casa da Botica
170
[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)
171
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
172
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
[Capítulo III]
(Aldeias/Lugares)
173
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
174
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
• Aldeias/ Lugares da Freguesia de Canedo:
As aldeias e lugares têm uma grande importância para a história das
freguesias, nomeadamente da História da Vila da Canedo. Cada lugar tem
paisagens únicas e encantadoras como também as suas histórias e
memórias.
A valorização de recursos culturais tão diversificados como a
paisagem, os lugares, o património construído e o referencial das culturas,
tradições e atividades, bem como os diferentes nomes e famílias existentes,
constituem um importante plano de fundo para a nossa história local.
Canedo atualmente tem cerca de 40 aldeias/lugares.
Doc. 34 - Uma memória do Lugar de Carvoeiro – Porto de Carvoeiro
175
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Alveada ou Albiada:
O lugar de Alveada, pertencente à freguesia de Canedo, é um pequeno
enclave do lugar de Várzea essencialmente agrícola e florestal. Teve
algumas pessoas importante como os “Santos de Alveada”.
Neste lugar, corre o Rio Uíma e já existiu uma fábrica de papel e um
alambique. Tem como lugares e freguesias vizinhas: Sandim, Várzea e
Gougêva.
Doc. 35 - Lugar de Alveada
176
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
• Agrela:
O lugar da Agrela está localizado no extremo de Canedo. É um pequeno
enclave do lugar de Várzea. O seu nome tem origens árabes, sendo
diminutivo medieval de «agra» (com o sufixo -ella). É um lugar essencial
agrícola e florestal sobranceiro ao Rio Uíma. Tinha uma pequena fonte, que
com o tempo acabou por desaparecer.
Faz fronteira com os lugares e freguesias: Póvoas, Várzea, São Roque,
Freguesia de Sandim e Freguesia de Lever.
Doc. 36 - Um Canastro no lugar de Agrela
177
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Barreiro:
O lugar antigo do Barreiro, pertence à freguesia de Canedo. O nome
do lugar deriva de “barro”, porque de lá se retirava barro. Lugar
essencialmente agrícola, com uma pequena linha de água chamada
“Ribeiro do Fajouco”, que nasce na freguesia de Gião do mesmo concelho
da Feira. Tinha alguns importantes comerciantes.
Faz fronteira com os lugares: Canedo, Paçô, Mocelo e Mota.
Doc. 37 - Natureza rural e agrícola do lugar do Barreiro
178
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 38 – Fonte do Barreiro (ano de 1967)
179
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 39 – Grupo de Dança/Rancho do Lugar do Barreira nos leilões para o Salão Paroquial por volta do ano de 1969
Doc. 40 – Grupo de Dança/Rancho do lugar do Barreiro (ano de 1969)
180
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
• Bouças:
O lugar antigo das Bouças, pertence à freguesia de Canedo. O seu nome
é um topónimo de étimos pré-Romanos.
É um lugar essencialmente agrícola. Tinha uma Casa dos Julgados no
tempo da Guerra Civil Portuguesa. No século XV tinha seis famílias. Tem
uma pequena fonte, chamada “Fonte das Bouças”.
Fica entre os lugares: Espinheiro, Vilares, Campêlo, Sobreda, Valcova e
Souzanil.
Doc. 41 - Ruralidade do lugar das Bouças
181
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 42 - Canastro no lugar do Barreiro
Doc. 43 - Uma nora, lugar do Barreiro
182
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
• Canedo:
O lugar antigo de Canedo, como o nome indica, pertence à freguesia
de Canedo. Foi o lugar que deu nome à freguesia. É um lugar
essencialmente agrícola. Tem algumas linhas de água e uma fonte muito
antiga, chamada “Fonte de Canedo”. Em tempos remotos, cultiva-se neste
lugar linho.
Tem como lugares vizinhos: Canedinho (Gião), Barreiro, Fagilde,
Mosteiro e Mocelo.
Doc. 44 - Portal de uma casa no lugar de Canedo do ano de 1799
Doc. 45 – Lugar de Canedo
183
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 46 – Fonte do lugar de Canedo (das mais antigas da freguesia)
184
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 47 – Grupo de Dança/Rancho do Lugar de Canedo nos leilões para o Salão Paroquial (ano de 1969)
Doc. 48 – Pormenor dos trajes utilizados pelo Rancho do lugar de Canedo (ano de 1969)
185
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Campêlo:
O lugar de Campêlo, é um lugar muito antigo da freguesia de Canedo.
Campêlo é um diminutivo medieval de «campo» (sufixo -ello). Por Campêlo
passam: o ribeiro do Mouchão e um pequeno afluente que vem pelo lugar
de Espinheiro, que alimentam a sua atividade essencialmente agrícola. Tem
uma vasta flora.
Faz fronteira com os lugares: Mouchão, Valcurral, Sobreda, Bouças,
Espinheiro.
Doc. 49 - Casas antigas no lugar de Campêlo
Doc. 50 - A ruralidade do lugar de Campêlo
186
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
• Carvalhosa ou Mosteiro do Rio:
Este lugar está situado na freguesia de Canedo, a 8 quilómetros da
Igreja Paroquial. É um monte, em forma de península, cercado pelo rio Inha,
na encosta ocidental do monte da Óssa. Chama-se a este sítio vulgarmente,
Mosteiro do Ribeiro. Fica a 2 quilómetros a Sul do rio Douro.
Este monte, que é hoje um bosque, está por todos os lados cercado
de outros montes mais altos, e é em sítio ermo, com a povoação mais
próxima a pequena aldeia de Rebordelo, também da freguesia de Canedo.
Esta aldeia e a de Mosteiro do Ribeiro pertenciam à freguesia de S. Cipriano,
de Parada do Monte, extinta há mais de 500 anos.
Segundo a tradição, havia em Mosteiro do Ribeiro um mosteirinho
(donde lhe provém o nome) de freiras beneditinas e uma pequena aldeia.
Em 29 de setembro de 1348, principiou em Portugal o terrível
contágio, chamando a morteydade ou peste grande, que, apesar de durar
só três meses, marcou a época na história portuguesa pelo horroroso
número de vítimas que causou.
Nem uma só pessoa do mosteiro ou da aldeia escapou ao pavoroso
contágio. Foi tal o terror dos povos circunvizinhos, que sete anos ninguém
se atreveu a ir a Mosteiro do Ribeiro. Passados alguns anos, principiaram a
ir ali algumas pessoas em busca dos objetos pertencentes aos falecidos, e
consta que debaixo dos entulhos apareceram algumas pipas cheias de vinho
em muito bom estado.
Do mosteiro e da povoação apenas restam alguns alicerces de casas,
e de paredes de campos e socalcos, indicando que tudo era pequeno e
pobre. Nunca mais foi habitado este monte, que se dividiu em diferentes
possuidores.
O lugar de Parada do Monte, onde estava a matriz da freguesia,
também sofreu muito com aquela peste, ficando quase deserto; pelo que
foi extinta esta paróquia, passando o povo a pertencer à freguesia de S.
Vicente de Louredo, do extinto concelho de Fermedo, (hoje freguesia do
concelho de Arouca) e a aldeia de Rebordelo, e a que fora aldeia do
Mosteiro do Ribeiro, à freguesia de Canedo.
187
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 51 - Vestígio de uma aldeia no lugar da Carvalhosa
Doc. 52 - Ponte da Carvalhosa sobre o Rio Inha
188
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
• Carvoeiro:
Lugar antiquíssimo da freguesia de Canedo cuja fundação remonta
ao período dos suevos que dominaram a Galiza e a Lusitânia desde 411 a
585, na era do Bispo do Porto chamado Veriator. Nessa altura era o rei dos
suevos Requiário, que foi morto passando a reinar Teodomico. O nome de
Carvoeiro deriva do carvão vegetal.
Existe duas versões sobre o aparecimento do Lugar de Carvoeiro, uns
dizem que foi fundado por dois degradados aquando das lutas bárbaras
(suevos e visigodos) na qual os suevos foram vencidos e deixaram ficar dois
desses nesta terra, outros dizem que foram dois desertores suevos que ao
travarem uma luta entre suevos e visigodos em Cale (hoje cidade do Porto),
e assim fugiram e refugiaram-se na encosta deste lugar.
Carvoeiro, ficou a ser conhecido por ser dos maiores produtores de
carvão vegetal para a cidade do Porto. O Rio Douro foi a fronteira norte –
sul, que servia de estrada oeste-este, foi fonte de chegada e influência de
este-sul. Carvoeiro, da Freguesia da Várzea de Carvoeiro, assim designada,
donde constantemente saiam barcas para a cidade do Porto que dista 20
Km desta, conduzindo vários géneros, madeiras, lenha, monte (chamiça e
carqueja), e carvão vegetal para as padarias do porto. A montante, levam
sal, telhas de Ovar a Entre-os-Rios e Régua, e na vinda traziam azeites,
vinhos, frutas e madeira, etc.
Mais tarde, foi o entreposto de carvão do Pejão (antracite) que
depois de transbordado das barcas era carregado para os camiões e levado
para as fábricas de cimento. O porto de Carvoeiro chegou a ser o maior
entreposto comercial do Douro na época de 1800 a 1960.
Daí em diante com a construção das estradas nacionais EN222 e
EN223, o seu movimento começou a desvanecer, sendo hoje um lugar
isolado e o seu interesse é sobretudo turístico, dada a sua magnífica
paisagem.
A capela de S. Lourenço cuja construção remota de 1628, foi
construída por Abranches, nela sepultado (1604-1690) tornando-se assim
um exemplo vivo do seu ilustre lugar.
189
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Em Carvoeiro, existiram grandes personagens como navegadores,
guerreiros e aventureiros. Por lá passou a rainha D. Mafalda quando visitou
o convento de Rio Rinto onde era levada de barco com a sua mula, pois esta
fazia o trajeto de Arouca na Estrada Viseu-Porto, mas como o caminho era
longo e sinuoso ela hospedava-se no Mosteiro beneditino de Canedo para
pernoitar.
Posteriormente, entre 1820 e 1840, existiram homens liberais de
grande importância, os familiares dos Joões de Carvoeiro entre outros.
Combateram os miguelistas do Brigadeiro Vitorino da Silva Tavares, quando
estes atacavam os de Carvoeiro passavam o rio para o lado das Medas. 99
Não sabemos se estas tropas eram a favor ou contra o governo, mas
parece que esperavam as tropas do Duque de Saldanha para impedi-las a
passagem do rio, mas se passaram já não encontraram as guerrilhas que
teriam fugido para norte.
Como se sabe, era por aqui a passagem velha de Lisboa. Também na
Estrada Nacional 27, Ovar - Carvoeiro 100 , se encontravam os caçadores do
exército no Lugar da Corga de Canedo para intercetar a artilharia realista.
Este combate foi em trinta de Outubro, às 10 h da manhã, eram cerca de
200 praças melícias de Oliveira de Azeméis e algumas ordenanças que
defendiam a passagem do Carvoeiro lideradas pelo Brigadeiro Vitorino da
Silva Tavares. 101
Derivado à festa de S. Lourenço, em tempos idos o Povo de Carvoeiro
era um povo unido, pois podiam andar zangados nas Festas e Romarias de
São Cosme e Sra. Rosário, mas juntavam-se e recachavam os seus
adversários.
Houve em tempos um desentendimento entre a Mota e Carvoeiro
devido ao São Lourenço, os da Mota dizem que o Santo era deles, pois ele
veio de lá, mas o que é certo é que o Santo era particular e pertencia à
família do capitão Miliciano que, mais tarde, foi doado à sua filha Ana que
foi viver para Carvoeiro e que o levou para a dita Capela.
A sua festa é no segundo Domingo do mês de Agosto.
99
Livro Alvarás Solturas, Luz Soriano.
100
Revista de Obras Públicas e Minas.
101
Os Caçadores do exército de D. Miguel, 1828-1834).
190
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Por lá passou o Presidente da República Mário Soares a 24 de Julho
de 1988.
Existiram nomes importantes como Maria Eanes (1234), Abranches
(1604), Alexandre Fernandes Pertenço (1804), João Gonçalves, João de
Sousa, Luís Sousa Ferreira e Joaquim Sousa Ferreira (irmãos), Ana Conceição
Ferreira juíza da confraria de Santo António em 1948, Maria Patrício neta
do José Patrício foi também juíza da mesma confraria em 1947, Professor
Sousa Alves, Doutor Celso, Doutor Belmiro Patrício, Ana Gomes, Vítor
Patrício, etc.
“Estes homens e mulheres de Carvoeiro carregavam os barcos de
carvão, madeira e areia (na qual alguns perderam a vida com o
afundamento dos barcos), homens que na taberna apostavam a levantar e
a beber do pipo de vinho de quatro almudes, homens que puxavam ao
chedeiro dos carros de bois com valentia, pois nada lhes metia medo. Este
povo que se orgulhava de pertencer a Canedo, é o exemplo vivo desta terra.
Muito haveria contar deste povo e das suas tradições que a terra
comeu e com eles foi a sua valentia e sabedoria, são coisas da vida e do
mundo em evolução.”
Doc. 53 - Mário Soares em Carvoeiro no dia 24 de Julho de 1988
191
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 54 - Carvoeiro no início do século XX
Doc. 55 – Inauguração da Serração de Madeiras em 1932
192
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 56 - Inauguração da Serração de Madeiras- Carvoeiro
Doc. 57 - Serração de Madeiras - Carvoeiro
193
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 58 – Planta Topográfica de Carvoeiro
Doc. 59 - Planta Topográfica de Carvoeiro - Ano de 1897
194
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 60 – Atual estado do Cais de Carvoeiro
Doc. 61 – Porto de Carvoeiro em meados do século XX (vê-se os vários camiões a descarregar o carvão para os
barcos)
195
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 62 – Uma junta de bois na Estrada Nacional 223 em meados do sec. XX em Carvoeiro
Doc. 63 – Atual local onde foi tirada a fotografia anterior à beira da Casa do Professor Sousa Alves
196
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 64 - Lugar de Carvoeiro
Doc. 65 - Lugar de Carvoeiro
197
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Custouras:
O lugar das Custouras, é um lugar recente da freguesia de Canedo.
Foi criado a partir dos lugares de Mosteirô, Monte, Sobreda e Carvoeiro no
Século XX. É um lugar essencialmente florestal.
Parte com os lugares de Mosteirô, Carvoeiro, Sobrêda e Monte, e
com a freguesia de Lever.
Doc. 66 - Urbanismo do lugar das Custouras
198
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
• Ervideiro:
O lugar do Ervideiro, é um pequeno enclave do lugar da Mota, ambos
pertencentes à freguesia de Canedo.
O nome, Ervideiro, deriva de algum arcaico «ervedeiro» (em latim
arbutariu-, ou derivado simplesmente de «ervêdo», em latim arbutu-). É um
lugar essencialmente agrícola.
Doc. 67 - Ruralidade do Lugar de Ervideiro
199
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Espinheiro:
O lugar de Espinheiro, é um lugar antigo pertencente à freguesia de
Canedo. Tem uma fonte muito antiga. Há quem diga que a Capela de Nª
Sra. Da Piedade está situada no lugar de Espinheiro e reza a lenda que
debaixo da Capela existe uma bolsa/espelho de água.
Tem como lugares vizinhos: Vilares, Póvoas, Mirante, Bouças e Valcurral.
Doc. 68 - A beleza de um canastro no lugar de Espinheiro
Doc. 69 - Fachada de uma casa, Lugar de Espinheiro
200
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
• Fagilde:
O lugar de Fagilde, como muitos outros lugares, é um lugar muito antigo
pertencente à freguesia de Canedo. É delimitado pelos lugares: Toqueira,
Sanguinhedo, Mosteiro, Canedinho (Gião), Boavista (Gião) e Boavista (Vila
Maior). Tem uma pequena fonte no fundo do lugar.
A sua importância advém da Casa de Fagilde, que outrora pertenceu
ao Brigadeiro Bernardo José da Silva Tavares e aos seus filhos, em especial
ao Vitorino José da Silva Tavares que esteve na Guerra Civil Portuguesa.
Para além desta casa de ilustres nomes, existiu também outra
personalidade que lá residiu, o professor “Ferreirinha”, filho do Padre
Agostinho Moreira da Costa.
Doc. 70 – Casa de Fagilde e parte da sua quinta
201
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Framil e Relvas:
O lugar de Framil é um lugar muito antigo e o lugar das Relvas um
pequeno enclave seu. Ambos pertencem à freguesia de Canedo. Framil tem
uma capela, “Capela da Santa Luzia”, e uma pequena fonte. Já no lugar das
Relvas existe uma fonte muito antiga, “Fonte Lava-Pés”. Pelo lugar de
Framil passa uma pequena linha de água chamada: “Ribeiro do Mouchão”.
Framil tem como lugares vizinhos: Fagilde, Sanguinhedo, Mosteiro,
Póvoas, Valcurral, Mouchão, Cruz (Vila Maior) e Cedofeita (Vila Maior).
Doc. 71 - Lugar de Framil
202
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 72 -Pequeno arco de transporte de águas, Lugar de Framil
203
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 73 – Calçada do souto, Lugar de Framil
204
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 74 – Grupo de Dança/Rancho do Lugar de Framil e Relvas nos leilões para o Salão Paroquial (ano de 1969)
205
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Gougêva:
O lugar de Gougêva, é um lugar antigo da freguesia de Canedo. Este
lugar é dividido entres as freguesias de Canedo e Sandim. Tem um uma
pequena linha de água, “Ribeiro do Mouchão”, e um pequeno fontanário
que pertence à freguesia de Sandim.
Parte com os lugares: Alveada, Várzea, Sobrêda, Mouchão e Gougêva
(Sandim).
Doc. 75 – o pouco Urbanismo do Lugar de Gougêva
206
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
• Ilha:
O pequeno lugar da Ilha, um enclave do lugar da Mota, pertence à
freguesia de Canedo. É um lugar essencialmente agrícola e florestal. Pelo
lugar, passa o pequeno “Ribeiro da Mota”.
Para além de fazer fronteira com o lugar da Mota, também faz fronteira
com o lugar da Laje (Gião).
Doc. 76 - Ruralidade do Lugar da Ilha
207
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Inha:
O lugar da Inha, pertence à freguesia de Canedo. O seu nome é um
topónimo de étimos pré-Romanos, ligados ou não à civilização pré-Romana.
Inha significa coisa pequena (diminutivo de coisa-inha). Chamado o lugar do
fim do mundo, talvez não seja essa a sua definição, pois os antepassados
usavam a palavra “Inha” ao dar umas sapatas na parte traseira nos filhos
quando estes faziam asneiras (ao bater diziam "Inha, Inha, Inha").
Inha, significava bater nas pessoas, nas rochas ou rachar lenha. Seja qual
for a sua definição este é o lugar mais extenso de Santa Maria da Feira, pois
começa no rio Douro (foz do Inha) e dirige-se até ao ponto mais alto
(chamado Camouco).
Este lugar está situado entre os lugares de Labercos, Monte de Medo,
Rebordelo, Pessegueiro, Serralva, Lousado, Souzanil, Valcova, Mosteirô e
Rio Douro. Inha está sociado ao seu rio tanto em questões económicas,
Doc. 77 - Os montes da Inha e o seu Rio pequenino
208
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
culturais ou divisão, pois este lugar divide o distrito, concelho e freguesia
numa extensão de um quilómetro.
Está inserida num vale entre serras como, o Camouco (também um
topónimo de étimos pré-Romanos), Serra de Alva, e Picoto de Seixos. Como
pano de fundo, existe o rio que se parece com uma serpente na floresta.
Esta terra surge como se fosse um condão de fadas ou sonho de Virgem
de um Varandim real a 3 quilómetros do Mosteiro, na encosta de uma
colina sobranceira à Estrada Nacional 222 que liga o Porto a Barca de Alva.
Neste sítio, talvez haja mais para desvendar, derivado ao facto de ser um
vale verdejante onde os pré-Históricos (Australopitecos ou Homo Sapiens)
habitaram, pois, esta terra tinha condições de vida, devido à existência de
cavernas, serras, caça, pesca (Rio Inha e Douro) e várias nascentes de água
como variedades de árvores tais como: sobreiros, carvalhos, castanheiros,
melancieiras, abrunheiros, amieiros, lódos, salgueiros, nogueiras, etc.
Também no Pico Seixos existem pedras que se admite serem utilizadas
na construção de castros, o mesmo acontecendo aos caminhos.
Posteriormente algumas dessas pedras, atendendo ao seu aspeto duro e
sólido, foram utilizadas na construção de casas, no lugar de Mosteirô,
Valcova, entre outros.
Este lugar dividia-se em duas aldeias, Inha de Cima e Inha de Baixo
(Moinho do Meio), depois de 1970 alargou-se a quatro: Inha de Cima -
situada na Rua da Inha; Inha de Baixo - situada na Rua Principal e Ribeirinha;
Inha Praia do Monte- situada na Rua Principal; Inha- Central elétrica
(Agachado) - na rua Principal; sítios sobranceiros ao rio.
Escalonando “concharelos” de centeio trigo e milho, e fragas cobertas
de musgo, era o principal lugar que formava uma “chonca” de pinhas bravas
fechadas, existiam muitas hortas (pequenas quintas verdejantes e, no
fundo, campos onde se cultivavam o milho e vinho para o sustento deste
povo rude que trabalhava do amanhecer ao anoitecer, a rasgar a terra com
o arado ou charrua, a regar o milho dos engenhos, açudes (levadas) ou
presas.
No lugar da Inha, cada lar é um ninho de libélulas viradas ao sol ou
conchas de caracol, o rio segue em baixo à curvatura dos outeiros na
209
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
embriagues do murmúrio das levadas, no fervilhar dos peixes, ou no ruído
suave (celestial) dos moinhos que adormecem aqueles que têm insónias.
O deslizar das suas límpidas e cristalinas águas que davam de beber a
todos aqueles que tinham sede. As suas sombras frondosas dos choupos e
salgueiros cingidos de videiras fartas, entre o perfume de pampilhos e das
amoras das silvas.
Não tinha caminhos de carros para lá chegar, partindo da estrada, uma
“gimbra” a pico e um carreiro serpenteado muito íngreme e escarpado.
Vivia sozinha no meio de muitos ninhos de mimosas, prados mantos de sol
e ouro de costureiras do céu que o cortaram e que o teceram com cores
divinas.
A estrada veio devassar os seus mistérios, bem como a central elétrica
em 1950 com os seus cabos de alta tensão. O progresso veio zombar a
rudeza, o urbanismo arremedar a solidão, a cultura e macular a inocência.
Não importa que o mundo seja muito grande, mais belo e mais rico. Que
interessa às trutas, vogas e eirós do Inha que o mar seja maior que o seu rio
pequeno, onde vivem felizes; à rã, que os lagos sejam mais extensos do que
o seu charco; às formigas que hajam caminhos mais amplos que os
carreiros; às abelhas, palácios mais sumptuosos que as suas colmeias, e ao
coelho, grutas mais bisaras que as suas luras; às lontras com olhares
centelhantes observando os peixes; às raposas manhosas que caçavam as
aves e os coelhos desprevenidos.
A beleza das suas mulheres encantadoras que à semana arduamente
labutavam, e ao fim do dia iam lavar os pés aos caboucos dos moinhos que
abundavam nas margens do rio ou nas ravessas do mesmo. Descalças,
carregavam à cabeça, feixes de molhos de monte (chamiça) ou carqueja e
“áchas”, e, ao mesmo tempo ensinavam os seus filhos da mesma forma que
os ensinaram. Estes produtos iam para o pousadouro da foz do Inha, para
mais tarde serem embarcados para as padarias do Porto.
Os homens robustos e sem medo desafiavam o frio com o guincheiro ou
espeto guiando os paus e as achas pelo rio abaixo até à foz, pois era o rio o
seu meio de transporte, tendo o mesmo destino dos anteriores, outros
eram lavradores que amanhavam a terra para a sua sobrevivência.
210
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Existiam também rachadores de lenha, moleiros e carvoeiros que faziam
carvão vegetal em fornos uniformizados, outros eram tocadores de lenha
(paus e achas), rio abaixo, com guincheiros ou picos, descalços ou com
chancas e tamancos, viviam numa vida árdua e rude, mas nunca viraram as
costas ao trabalho. Sempre prestes a ajudar o próximo com o pouco que
ganhavam. Eram as ambições de um povo.
Apenas com um molho de carqueja cortado nos montes da Ossa e de
uma horta ou um leiroto, de centeio ou milho que davam pão (quotidiano)
de cada dia cozido no forno familiar, escondido na caixa ou maceira onde
se amaçava, talvez não houvesse dinheiro para um médico em caso de
doença. Como diz o ditado, “com dez reis de chá ou morro, ou escapo” (da
tradição popular, os chás usados eram: pelicão bravo, cidreira, flor de
carqueja, flor de sabugueiro, de malvas, fruncho, marcela, hortelã e folhas
de frutos).
O rosto das raparigas que um dia iriam casar, e que só saíam do lugar
em dias de festa ou romarias, (S. Lázaro, S. Domingos, Sra. do Rosário, Sra.
da Saúde, S. Pedro, Senhor, Sra. da Piedade, Santa Eufémia, etc.), só apenas
algumas, aquelas com algumas posses, se vestiam a rigor com cordões,
brincos trabalhados, blusas de ceda e roupas de linho fino, nem que fosse
só uma vez na vida, já as mais pobres contentavam-se com as festas mais
próximas e com as danças que se faziam nos bailes das desfolhadas.
Estas que um dia iriam ser mães, refletiam a tristeza dos vales da
Inha, a elevação e a austeridade das colinas circunjacentes, à pobreza dos
seus pandilheiros, tecidos de musgos e de heras, enegrecidas pelos fumos
e ramos verdes do pinheiro e pela humildade de muitos anos. Feições de
múmias. Almas de martírio. Filhos de S. Francisco de Assis e cavaleiros de
Deus…
Eram homens de pés de formiga que partiam descalços pastar
ovelhas e bois pelos montes, com inteligência de abelha e coração de
andorinha. Eram heróis do passado da terra que desbrava em messes de
ouro e luar. Terra companheira e deusa, sangue e espírito, deleite e
tragédia: vaidade não vejo mais alguma neste povo humilde que em matar
uma lebre, meia dúzia de coelhos, um par de perdizes, por ano, pescar
outras tantas trutas ou um cambo de bogas, ao domingo, e pôr em
debandada a racha com dois ou três varrimentos, uma feira ou arraial.
211
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Subindo Ossa acima, (chamados montes da Inha), até ao Alto
Camouco e Pereirinhos, podemos deslumbrar no horizonte uma imensidão
de lugares e Vilas (incluindo a cidade do Porto e o Mar).
Não conseguimos avistar a olho nu, o belo e imaginável sentido de
estar mais perto de Deus e do Céu.
Inha, foi o centro de moagem de Canedo e arredores onde existiam
treze mós de Verão e cinco de Inverno e o seu transporte era feito com
burros ou cavalos para as freguesias vizinhas: Lomba, Pedorido, Gião, etc.
Neste lugar existem vários nomes históricos como: Joana, Poço da
Inha, Molha Papos, Cobra, Moinho do Meio, Ossa, Coleirinha, Fajouco,
Lampaças, Devessas Porto Novo, Escampado, Agachado, Cabeça de Gato,
Castelejo (topónimo relacionado com a civilização pré-Romana de étimos
de origem latina), etc.
Doc. 78 - Moinhos ao longo do Rio Inha – Lugar da Inha
212
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 79 - Uma das Casas mais antigas do lugar da Inha
Doc. 80 - Casa do Abial - Lugar da Inha
213
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 81 – Casa de Domingos do Abial, homem mais abastado do Lugar da Inha (fotografia do ano
de 1947)
Doc. 82 – Margens do Rio Inha antes da construção da Barragem Lever/Crestuma (ao fundo vê-se a Ponte do Inha e
a antiga Ponte de Madeira)
214
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 83 - Vista Panorâmica dos Pereirinhos - Lugar da Inha
Doc. 84 – Lugar comum à freguesia da Lomba e Canedo – Alto do Camouco
215
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 85 - Um dos marcos de divisão administrativa com a cruz de Cristo - Lugar da Inha
216
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 86 – Antiga Ponte de Madeira sobre o Rio Inha no lugar da Inha, serviu como EN 222 entre 1941 e 1965
Fonte: Fig. 351- Camioneta de Carvão destinada ao Porto de Carvoeiro, na Ponte sobre o rio Inha, enquanto
trabalhadores da ECD ( Empresa Carbonífera do Douro) procediam ao reforço do tabuleiro por travessas de
madeira (Minas do Pejão – Memórias. Mário Pereira)
Doc. 87 – Exato local da Antiga Ponte de Madeira
217
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Lousado:
O lugar de Lousado é um dos mais antigos da freguesia de Canedo. O seu
nome deriva de «lousa» (sufixo -ado em latim -etu), de sentido
mineralógico (xisto), sendo um topónimo de étimos pré-Romanos.
É um lugar cheio de tradições e lendas. Teve um capitão da Casa
“Barbosa Pinto”, no fundo do lugar passa um pequeno ribeiro, “Ribeiro do
Fajouco”, que em tempos remotos fazia trabalhar um moinho de moagem
e de linho.
Lousado tem como lugares vizinhos os seguintes: Sameiro, Paçô, Rego;
Silva, Serralva (Vale), Mota, Inha, Souzanil e Vilares
Doc. 88 - Lugar de Lousado
218
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
• Mirante:
O lugar do Mirante, é um lugar recente da freguesia de Canedo. Foi
criado no século XX a partir dos lugares do Mocelo, Espinheiro, Vilares,
Sameiro, Póvoas e Mosteiro.
No lugar do Mirante está situado alguma parte do comércio da freguesia
de Canedo bem como uma modesta Escola Primária (atualmente fechada),
Salão Paroquial, a Junta de Freguesia, o Posto Médico, a Casa do Povo e o
Posto da GNR.
É um lugar muito urbanizado e por si passam duas estradas nacionais,
EN 222 e EN 223.
Doc. 89 - Escola Primária do Mirante
219
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Lugar do Mirante em meados do século XX (ao fundo vê-se a Escola Primária do Mirante e à frente da Tuna
Musical o Padre Regal e o Dr. Pais Moreira)
Doc. 90 – Escola Primária do Mirante (meados do século XX)
220
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 91 – Alminha junto ao Parque da Senhora da Piedade no lugar do Mirante
102
102
Alminhas: São padrões de culto das almas do purgatório, hoje consideradas património artísticoreligioso.
São pequenos altares onde se pára um momento para deixar uma oração e, por vezes uma
esmola pelas almas. É frequente encontrar velas e lamparina acesas, deixadas pelas pessoas que passam
no local, ou mesmo oferendas de flores. São construídos em homenagem ou em memória do ente querido
falecido naquele local. Na nossa zona, as alminhas são muito comuns, aparecendo construídas na maioria
das vezes em granito.
221
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Mocelo:
O lugar do Mocelo, é um antigo lugar da freguesia de Canedo. Em
tempos remotos, era um pequeno lugar encostado à cerca do Mosteiro de
Canedo. É essencialmente agrícola e florestal. No Mocelo existe uma
pequena fonte, denominada “Fonte do Mocelo”.
Faz fronteira com os lugares de: Canedo, Barreiro, Paçô, Sameiro,
Mirante e Mosteiro.
Doc. 92 - Portal de uma casa antiga no lugar do Mocelo
222
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
• Mosteirô:
O lugar de Mosteirô, dista da Igreja Paroquial 3 quilómetros a Nordeste
e a igual distância da margem esquerda do Rio Douro.
Houve aqui, em tempos remotos, um pequeno mosteiro (como o seu
nome indica) de freiras beneditinas, muito mais antigo que o Mosteiro de
Canedo, que deixou de existir não se sabe quando. Era esta aldeia da então
antiquíssima freguesia da Várzea de Carvoeiro, que foi há muitos anos
extinta, não restando dela outras memórias senão a sua capela-mór
transformada em Capela.
Apesar da existência deste mosteiro ser autenticada por vários
documentos antigos, não há dele o mínimo vestígio. Em vista desta
circunstância, é provável que fosse destruído pelos mouros, Rei Almançor,
no princípio do século X ou finais deste.
A freguesia de Várzea de Carvoeiro, era tão antiga que já existia em 897,
sendo nesse ano resgatada do poder dos mouros por D. Affonso Magno.
Incorporou-se na freguesia de Canedo, há mais de 500 anos.
Já existiu no lugar de Mosteirô uma fábrica de sabão junto ao rio Douro.
Faz fronteira com os lugares: Inha, Valcova, Carvoeiro, Sobrêda e Custouras.
Doc. 93 - Uma casa antiga do lugar de Mosteirô
223
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 94 - Portal de uma casa antiga - Lugar de Mosteirô
224
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 95 – Grupo de Mosteirô nos leilões para o Salão Paroquial e Residência do Pároco de 1969
Doc. 96 – Pormenores dos trajes utilizados (1969)
225
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 97 – Conjunto “As florinhas de Canedo” com gentes de Mosteirô
Doc. 98 – Pormenor do Conjunto
226
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
• Mosteiro:
O lugar do Mosteiro, é um dos mais antigos da freguesia de Canedo. O
Topónimo “Mosteiro” está relacionado com a civilização Romano-
Portuguesa com origem latina, germânica e árabe.
Tem este nome, em razão de ter aqui havido um mosteiro beneditino
com uma grande cerca. O edifício do mosteiro, foi propriedade do Dr.
Bernardo José da Silva Tavares, cónego da Sé do Porto. (Tinha um oratório,
mas já não se diz lá missa há muitos anos).
A cerca, era parte (a maior) do mesmo cónego e parte de seu irmão,
Hermenegildo José da Silva Tavares que foi capitão de milícias e que
construiu, pelos anos de 1847, umas boas casas de habitação na
extremidade da cerca que ficava próximo da Igreja.
Talvez o Convento de Freiras ou frades e suas dependências fossem
vendidos no tempo dos “Philippes”, indo as freiras para o convento de S.
Bento no Porto (diz Pinho Leal).
É apenas à distância de uns 200 metros a Este da Igreja Matriz. Neste
lugar do Mosteiro fazia-se uma feira muito relevante no dia 7 de cada mês.
Neste lugar existe uma pequena fonte, com o nome de “Fonte do
Mosteiro” e é essencialmente um lugar agrícola e comercial.
O lugar do Mosteiro tem como lugares vizinhos: Fagilde, Sanguinhedo,
Póvoas, Framil, Canedo, Mocelo e Mirante.
Doc. 99 – Sepulturas que antigamente se encontravam à volta de Capelas, Mosteiros e Igrejas - Lugar do Mosteiro
227
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 100 - Casa do Loureiro - Lugar do Mosteiro
228
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 101 - Antigo Pinheiro Manso, "Árvore dos desamparados" - Lugar do Mosteiro
229
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 102 - Árvore da preguiça - Lugar do Mosteiro
230
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 103 – Local acima da Praça de Canedo chamada “Quinta do Jardim” onde, atualmente, se encontra o Centro de
Solidariedade Social de Canedo
Doc. 104 – Saída de uma procissão da Igreja (na atual Rua da Igreja)
231
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 105 - Fonte do Lugar do Mosteiro (do ano de 1696)
Doc. 106 – Lavadouro da Fonte do Mosteiro, inaugurado no ano de 1942
232
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 107 – o alambique da Quinta do Jardim
Doc. 108 -o alambique da Quinta do Jardim (interior)
233
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 109 – Portão da Quinta do Jardim
Fonte: Jornal Terras da Feira- Edição 29 de Julho de 1993
234
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 110 – Grupo de Dança do lugar do Mosteiro nos leilões para o Salão Paroquial e Residência do Pároco (1969)
235
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Mota:
O lugar antiquíssimo da Mota pertence à freguesia de Canedo.
Já foi uma freguesia independente de Canedo 103 em tempos remotos,
onde existia a casa dos Julgados ainda hoje conservada. É um lugar
essencialmente agrícola e florestal.
No lugar da Mota corre o pequeno ribeiro chamado “Ribeiro da Mota” e
existem alguns moinhos.
Teve muitos nomes importantes e faz fronteira com os seguintes
lugares: Paçô, Costamá (Vale), Sagufe (Vale), Serralva (Vale), Pessegueiro
(Vale), Silva, Barreiro, Canedinho (Gião) e São Vicente (Louredo).
Doc. 111 - Casa dos Julgados - Lugar da Mota
103
Corpus Codicum Latinorum et Portugalensium eorum qui in archivo municipal Portucalensi asservantur
antiquissimorum jussu Curiae Municipalis, Vol. I
236
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 112 - Cruzeiro do Lugar da Mota
237
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 113 - Uma casa muito importante do lugar da Mota
Doc. 114 - Uma casa antiga do Lugar da Mota
238
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 115 – Fonte do lugar da Mota (ano de 1967)
239
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Mouchão:
O lugar do Mouchão é uma aldeia antiga da freguesia de Canedo. Teve
uma pequena lavandaria e um moinho. Pelo lugar passa o pequeno Ribeiro
do Mouchão.
Tem como lugares vizinhos: Gougêva, Campêlo, Valcurral, Framil, Lobel
(Vila Maior) e Cruz (Vila Maior).
Doc. 116 - Ruínas de uma casa muito antiga - Lugar do Mouchão
Doc. 117 - Ruínas de outra casa antiga – Lugar do Mouchão
240
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
• Paçô:
O lugar de Paçô é um lugar antigo da freguesia de Canedo. O diminutivo
medieval Paçô deriva de «paaço» (ou «paácio» em latim palatiu-), devido
ao facto de no lugar ter existido alguma Casa do Paço ou talvez derivado às
vestes brancas das mulheres que vinham dos moinhos. A nível de
Toponímia, o topónimo “Paçô” está relacionado com a civilização Romano-
Portuguesa com origens latina, germânica e árabe.
Em Paçô passam algumas linhas de água: o Ribeiro do Fajouco, uma
pequena linha de água que nasce entre Paçô e o Barreiro e um afluente do
Ribeiro do Fajouco que nasce na freguesia de Gião.
Tem uma pequena fonte, “Fonte de Paçô, e parte com os lugares:
Mocelo, Barreiro, Mota, Sameiro e Lousado.
Doc. 118 - Portadas de uma casa - Lugar de Paçô
241
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 119 – Casa antiga de 1840 no lugar de Paçô
Doc. 120 – Paçô representado nos leilões para o Salão Paroquial e Residência do Pároco (ano de 1969)
242
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
• Póvoa:
O lugar da Póvoa, é um pequeno enclave do lugar de Várzea pertencente
à freguesia de Canedo. O seu nome é um topónimo relacionado com a
civilização Romano-Portuguesa, tendo origens latina, germânica e árabe.
Fica na margem do Rio Uíma, tem uma pequena fonte, “Fonte da
Póvoa”, e é essencialmente agrícola e florestal.
O lugar da Póvoa parte com a freguesia vizinha, Lever, e com os lugares
das Custouras, S. Roque e Agrela.
Doc. 121 - Uma casa antiga - Lugar da Póvoa
243
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Póvoas:
Póvoas é um lugar muito antigo da freguesia de Canedo. O nome deriva
do arcaico «pobra», significando uma povoação resultante de um
povoamento deliberado.
O Topónimo “Póvoas”, está relacionado com a civilização Romano-
Portuguesa, tendo origens latina, germânica e árabe.
É um lugar essencialmente agrícola e florestal, tem um pequeno moinho
e uma pequena linha de água que nasce no lugar do Mosteiro. Neste lugar
nasceu um padre, Padre Domingos.
Parte com os lugares: Framil, Sanguinhedo, Mosteiro, Mirante,
Espinheiro e Valcurral.
Doc. 122 - Ruralidade do lugar das Póvoas
244
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
• Rebordelo:
É uma aldeia da freguesia de Canedo, dista 5 quilómetros ao rio Douro e
tinha 16 fogos em 1878. Era no século XIV da freguesia de Parada do Monte.
É uma terra muito pobre.
Os seus moradores viviam quase exclusivamente da manufatura de
molhos de carqueja, que iam vender à aldeia de Pé de Moura, sobre a
margem esquerda do Douro e daí conduzida para a cidade do Porto. Tinha
uma capela pequena de pouca valia, mas muito antiga, de momento
renovada, dedicada a Santa Bárbara, virgem e mártir, à qual fazem uma
festa (à custa de esmolas) na primeira oitava da Páscoa.
Esta aldeia está situada na encosta Ocidental da serra de Labercos, no
sítio denominado monte da Ossa. Corre-lhe ao sopé o Rio Inha, que a 3
quilómetros de distância morre no Douro na Foz da Inha.
Do ponto de vista geomorfológico, Rebordelo é uma região de transição
entre os relevos acentuados e muito antigos do extremo ocidental da
meseta ibérica e os solos, que confirmam uma orla marítima, constituindose
num anfiteatro.
É de realçar aqui a amenidade à medida que se avança para o interior,
possibilitando, sobretudo nos vales e encostas viradas a sul, a existência de
uma vegetação diversificada. Por sua vez, os vales cavados pelos cursos de
água constituíram, desde os tempos remotos, rotas privilegiadas do clima,
e a marítima decrescente a de penetração de comunicação com o interior.
Doc. 123 - Ruralidade do Lugar de Rebordelo
245
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 124 – Uma casa antiga do Lugar de Rebordelo
Doc. 125 – Vista Panorâmica do Lugar de Rebordelo
246
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Este Marco dos 4 Concelhos, inaugurado pelos quatro presidentes da
Câmara a 14 de Maio de 2004, está situado no alto de Rebordelo e indica
os quatro Concelhos: Santa Maria da Feira, Arouca, Castelo de Paiva e
Gondomar. Em tempos antigos, o Marco dos 4 Concelhos mais antigo
estava no lugar chamado “Cabeço do Sobreiro”, pertencente às freguesias
de Fermedo, S. Miguel do Mato, Vale, Canedo, Lomba e Pedorido. 104
Quanto à mesa, não existe referência da mesma.
Doc. 126 - Marco dos 4 Concelhos
104
Vd. Nota/Referência 27 e 31:” CABEÇO DE SOBREIRO (…) Pertence às freguezias de Fermedo, S. Miguel
do Matto, Valle, Canêdo e Lomba. É notável por no seu cume ter um marco chamado Marco dos quatro
concelhos, que marca a divisão dos concelhos de Gondomar, Paiva, Feira e Arouca.
É o ponto extremo (a ENE.) das Terras de Santa Maria. D'esta serra se vê o Porto, a sua foz e
grande extensão do Oceano Atlântico, muitas freguezias dos arrabaldes do Porto, o rio Douro e muitas
povoações e serras de ambas as margens d'este rio.” Portugal Antigo Moderno. Pinho Leal.
247
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Sameiro:
Sameiro é um lugar antigo e essencialmente agrícola da freguesia de
Canedo. No século XVI tinha cerca de 4 fogos. Tem uma pequena fonte de
água.
Tem como lugares vizinhos: Mirante, Mocelo; Lousado, Vilares e Paçô.
Doc. 127 - Uma casa antiga, Lugar de Sameiro
Doc. 128 - Outra casa antiga, Lugar de Sameiro
248
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 129 - Pormenor da janela de uma casa antiga no lugar de Sameiro
249
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 130 – Rancho/Grupo de Dança do Lugar de Sameiro nos leilões para o Salão Paroquial e Residência do Pároco
(1969)
Doc. 131 – Pormenor dos trajes utilizados
250
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
• Silva e Rêgo:
Os lugares da Silva e Rêgo, são pequenos enclaves do Lugar de Paçô e
pertencem à freguesia de Canedo. O nome Silva, deriva do arcaico «silva»
(em latim silva).
São essencialmente agrícolas. No lugar da Silva, existe um pequeno
moinho e uma pequena linha de água que nasce no lugar do Barreiro.
Partem com os lugares: Mota, Paçô e Lousado.
Doc. 132 - Pormenor do cultivo do milho em Canedo - Lugar da Silva
251
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• S. Roque, Monte e Torre:
Os lugares de S. Roque, Monte e Torre, são pequenos enclaves do lugar
de Várzea e pertencem à freguesia de Canedo.
O topónimo “Torre” está relacionado com a civilização pré-Romana ou
Romano-Portuguesa tendo origem latina.
São lugares principalmente agrícolas e florestais. S. Roque tem o
privilégio de ter uma pequena fonte e de se situar numa das margens do
Rio Uíma.
Partem com os lugares: Várzea, Custouras, Póvoas, Alveada e Sobrêda.
Doc. 133 - Vista Panorâmica do Lugar de S. Roque
252
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
• Sanguinhedo e Toqueira:
Os lugares de Sanguinhedo e Toqueira, são pequenas aldeias
pertencentes à freguesia de Canedo. O nome, Sanguinhedo, é um derivado
medieval de «sanguinho» (planta), ou talvez um arcaico «sanguiedo» ou
«sanguinedo» (em latim sanguinetu-), com o característico sufixo
“botânico”.
Têm poucas habitações e são essencialmente agrícolas e florestais.
O lugar de Sanguinhedo parte com os lugares de Fagilde, Framil, Póvoas
e Mosteiro.
Doc. 134 - Vista do lugar de Sanguinhedo
253
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Sobrêda:
O lugar de Sobrêda, situado na freguesia de Canedo, em tempos
remotos pertenceu à freguesia de Várzea do Carvoeiro que não se sabe
quando foi extinta, mas sabe-se que existia em 897. Por isso supõe-se que
Sobrêda seja um lugar antigo da freguesia. O nome, Sobreda, de fisionomia
ou até de morfologia muito antiga, deriva do arcaico «sobreda» (ou forma
vizinha, «sovereda»).
No mesmo lugar, nasceu o Padre Pedro Pinto Cabral, abade de S.
Cipriano de Paços de Brandão, filho de Domingos Pinto da Silva, lavrador do
mesmo lugar.
O lugar de Sobrêda possui dois pequenos enclaves, Giestal e Carquejal
(topónimo de étimos pré-romanos),e é essencialmente agrícola e florestal.
Tem uma pequena fonte, “Fonte de Sobrêda”, e algumas linhas de água.
Sobrêda é limitado pelos lugares: Bouças, Valcova, Mosteirô, Custouras,
Várzea, Campêlo e Espinheiro.
Doc. 135 - Um belo canastro comunitário - Lugar de Sobrêda
254
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 136 - Grupo de dança do lugar de Sobrêda nos leilões para o Salão Paroquial no ano de 1969
Doc. 137 – Pormenor dos Trajes utilizados pelas mulheres de Sobrêda
255
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Souzanil:
Souzanil, é um grande e antigo lugar da freguesia de Canedo. O seu
nome deriva de “Souza”. Pelo lugar, passam algumas linhas de água. É
essencialmente agrícola e florestal e possui uma pequena fonte.
Nos velhos tempos tinha artesãos, “gigueiros”, serradores e carreteiros,
atualmente tem uma das maiores Fábricas de fundição/metalúrgica da
Europa.
O lugar de Souzanil tem como vizinhos os lugares: Lousado, Vilares,
Bouças, Valcova e Inha.
Doc. 138 - Casa da Família Santiago - Lugar de Souzanil
256
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 139 - Casa da Família Rocha - Lugar de Souzanil
257
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 140 - Fotografia de meados do século XX da casa da Família Rocha
Doc. 141 – A cultura agrícola pelo lugar de Souzanil
258
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 142 – Lugar de Souzanil
259
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 143 - Fonte do Lugar de Souzanil (do ano de 1900)
260
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
• Terças:
O lugar das Terças, é uma pequena aldeia pertencente à freguesia de
Canedo, sendo um enclave do lugar de Várzea. É um lugar essencialmente
florestal.
Parte com: Santa Marinha (Sandim), Gestosa (Sandim) e Várzea.
Doc. 144 - Vista do lugar das Terças
261
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Valcova:
O lugar de Valcova é um dos lugares mais antigos da freguesia de
Canedo.
O seu nome advém de “vale” e “cova”, devido ao facto de os mouros
terem invadido as terras abaixo do Rio Douro e terem destruído tudo por
onde passaram, inclusive o Mosteiro de Mosteirô e no lugar de Valcova
fizeram covas e enterraram muitos bens materiais e alimentícios.
O lugar de Valcova, em tempos remotos, pertenceu à freguesia extinta
de Várzea do Carvoeiro. Essa freguesia já existia em 897, mas não se sabe
quando foi extinta e quando passou para Canedo.
Em Valcova, morava uma das pessoas mais prestigiadas da freguesia na
altura, o Dr. Joaquim Alberto de Sousa Couto (já falado no Capítulo I).
No lugar, existem duas pequenas fontes e passa um pequeno ribeiro,
que desagua no Rio Inha, chamado “Ribeiro do Bouço”. É essencialmente
agrícola e florestal.
Valcova, tem como vizinhos os seguintes lugares: Souzanil, Inha,
Mosteirô, Sobrêda e Bouças.
Doc. 145 - Antiguidade do Lugar de Valcova
262
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 146 – Vista dos Montes de Valcova (ao centro da imagem consegue-se ver a Casa de Valcova)
Doc. 147 – Vista de uma parte do Lugar de Valcova
263
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 148 – Trajes do Povo de Valcova nos leilões para o Salão Paroquial (ano de 1969)
264
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 149 – os trajes do Povo de Valcova (ano de 1969)
265
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Valcurral:
O lugar de Valcurral é uma pequena aldeia pertencente à freguesia de
Canedo.
É essencialmente agrícola e florestal regado pela água do pequeno
Ribeiro do Mouchão. É limitado pelos lugares: Póvoas, Espinheiro, Sobrêda,
Campêlo e Mouchão.
Doc. 150 - Lugar de Valcurral
Doc. 151 - Lugar de Valcurral
266
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
• Várzea:
O lugar de Várzea é um lugar antiquíssimo, pertence à freguesia de
Canedo há mais de 500 anos. Como o nome indica, “Várzea” é toda a região
à margem de um curso d'água, neste caso o Rio Uíma, que fica inundada
durante as cheias, sendo assim áreas muito propícias à agricultura devido à
fertilidade do solo.
A aldeia de Várzea, antigamente chamada Várzea do Carvoeiro, era uma
freguesia antiga, pois já existia em 897, mesmo ano em que D. Affonso
Magno tomou estas terras aos mouros. No mesmo de 897 ou 900,
Gondezindo doou a freguesia de Várzea do Carvoeiro ao mosteiro de S.
Salvador de Lavra, de freiras bentas.
Carvoeiro, sobe à esquerda e formava parte desta freguesia, e
provavelmente: Bouças, Vilares, Mosteiro, Valcova e Souzanil. Não se sabe
quando foi extinta. A Igreja Matriz ainda hoje existe reduzida a capela ou
ermida no lugar de Várzea. É um lugar cheio de pequenos enclaves, alguns
já falados, e privilegiado por fazer parte das margens do Rio Uíma.
Tem alguns moinhos e é essencialmente agrícola e florestal. No lugar,
existia uma família muito prestigiada, família” Sampaio”. Várzea é limitada
pelos seguintes lugares e freguesias: Sandim (Freguesia), Agrela, Manguela,
Alveada, Terças, Monte e S. Roque.
Doc. 152 - Uma casa antiga - Lugar de Várzea
267
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 153 – Moinho e o Rio Uíma - lugar de Várzea
Doc. 154 – Moinho e ponte velha de Várzea
268
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 155 – Uma Alminha no lugar de Várzea
269
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 156 - Grupo de Dança do lugar de Várzea nos Leilões para o Salão Paroquial e Residência do Pároco (1969)
Doc. 157 – Pormenor dos trajes
270
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
• Vilares:
O lugar de Vilares, pertence à freguesia de Canedo. Indica a ocupação
pré-nacional, pois deriva de “villas”. É um topónimo relacionado com a
civilização Romano-Portuguesa de origem latina, germânica e árabe.
Em tempos remotos, pertenceu à freguesia de Várzea do Carvoeiro (hoje
o lugar de Várzea da Freguesia de Canedo). Tem uma pequena fonte e é
essencialmente agrícola e florestal
Vilares tem como lugares vizinhos: Souzanil, Bouças, Espinheiro,
Mirante, Lousado e Sameiro.
Doc. 158 - Antiga Escola Primária de Vilares
271
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 159 - Portal de uma casa antiga no lugar de Vilares
272
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
Doc. 160 – O lugar de Vilares representado nos leilões para o Salão Paroquial e Residência do Pároco (1969)
Doc. 161 – o lugar de Vilares nos leilões de 1969 com uma peça de teatro
273
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Lugares que já pertenceram à Freguesia:
Existem outros lugares que, em tempos remotos, pertenceram à
freguesia de Canedo, sendo meeiros com outras freguesias.
• Sagufe: O lugar de Sagufe, hoje da freguesia do Vale, em tempos
antigos era um lugar de Canedo. Genitivo de nome medieval
“Sagulfo" (986). Força Guerreira, glória, autoridade, poder e
propriedade eram as ambições do antigo germano. “Wolf” significa
em alemão “lobo”. Por meio dele exprimia o pai o desejo de que o
filho tivesse força de um lobo. Dado este animal e o urso representar
para os povos de economia pastoril os inimigos por excelência “Sag”,
em latim “socius”, “secundus”, “sequor”, significava primitivamente
“o que acompanha”, “companheiro”, e daí “homem de armas”. 105
• Serralva: O lugar de Serrava, hoje também da freguesia do Vale, em
tempos era um lugar de Canedo. Nos tempos da Reconquista
chamava-se Serra Negra. O arroteamento ou incêndio da serra teria
forçado o seus habitantes a mudar-lhe o nome. “Alvo”, em
germânico, grego e céltico, exprime a ideia “esbranquiçado”,
“alvacento”. Os sítios de Serralva de Baixo e cima: Jogo, Caminho,
Aveal e Valverde fazem parte deste lugar. 106
• Pessegueiro: Como Serralva e Sagufe, uma parte de Pessegueiro foi
ao longo dos séculos meeiro de Canedo. A divisão fazia-se no (Cabeço
do) Sobreiro, onde todos os domingos se dançava e cantava até altas
horas. A nascente de Pessegueiro existiu o lugar da Carvalhosa. O
povo narra que o lugar desaparecera devido à peste negra.
Pessegueiro é uma arvore originária da China. Alexandre trouxe-a
para a Europa a quando da sua expedição a este país. 107
105
Pág. 20. Monografia do Vale, Concelho de Santa Maria da Feira. Rufino Duarte.
106
Pág. 18. Ibidem.
107
Pág. 15. Ibidem.
274
275
[Capítulo III](Aldeias/Lugares)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
276
[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)
[Capítulo IV]
(Capelas da Freguesia de Canedo)
277
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
278
[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)
• Capelas da Freguesia de Canedo:
As Capelas são elementos muito importantes na história de uma
freguesia ou de um lugar. Capela ou ermida é um templo cristão secundário.
Normalmente são locais religiosos de grupos específicos de pessoas ou
pequenas comunidades religiosas onde, habitualmente, não existe culto
religioso diário ou dominical, ou existe apenas por alturas de festividades.
A palavra "capela" provém da Cappella (ou manto) de São Martinho, a
relíquia mais sagrada dos reis francos, sobre o qual se faziam os juramentos
e que era levado à frente das tropas em batalhas. Desde então o termo
capela significa estar sob a capa ou proteção de alguém. Capa ou Manto é
um termo bíblico que aponta para proteção e autoridade.
A designação de ermida é usualmente utilizada para capelas erguidas
em sítios ermos. Na freguesia de Canedo, existem cerca de 12 capelas
dedicadas a vários santos, algumas com missas em alturas de festa e outras
ao abandono.
Doc. 162 - Evidência da construção de Capelas em sítios ermos - Parque de Nossa Senhora da Piedade
279
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Capela de Nossa Senhora da Piedade:
“Foi construída no início do século XVII ou por volta da transição
seiscentista. Tinha uma placa com a data de 1697. Não só se faz notar pela
posição como também pelo seu grandioso estilo. Está situada no alto de
uma colina, no lugar do Mirante, antigamente Mocelo. Tem a forma
hexagonal, característica única na freguesia e região.
Os cunhais são tratados em pilastras, com entablamento completo a
envolver o cimo, pináculos nos ângulos, porta de friso e cornija com frontão
curvo e interrompido. Apresenta um pequeno óculo circular em cada uma
das quatros faces laterais.
A porta é encimada por um frontão curvo, interrompido por uma
decoração. O interior é constituído por um pequeno retábulo, em talha
dourada, onde as paredes interiores cavam arcos de cantaria com pilastras
toscanas e colunas salomónicas, decoradas com motivos vegetalistas.
No Altar, vê-se a bela e perfeita escultura da Virgem com o Cristo morto
nos braços, do tipo seiscentista.
O pequeno retábulo abriga-se no arco fronteiro à entrada, de madeira
dourada, quatro colunas torcidas de parras e aves, e dois arcos do mesmo
tipo, só com parras do género dos séculos XVII e XVIII.
De cada lado do retábulo há uma mísula, em granito, que suporta as
imagens de São Bento, no lado direito, e santa Teresinha, no lado esquerdo.
Foi acrescentada uma galeria aberta, envolvendo a capela.
No largo fronteiro à capela, encontra-se uma escultura moderna de
Nossa Senhora da Piedade. Entre o sopé da colina e a capela há uma
escadaria com as cruzes dos Passos.” 108
Ao longo dos anos, a zona envolvente à Capela foi sofrendo alterações
como, por exemplo, a parte do adro. É um monumento muito adorado e
um ex-libris da Vila de Canedo, não só pela sua antiguidade e importância
mas também pela sua beleza prodigiosa.
108
A. Nogueira Gonçalves. Inventário artístico de Portugal. Volume 10. Página 74
280
[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)
Doc. 163 - Capela de Nossa Senhora da Piedade - Ex-Libris da Freguesia de Canedo
Doc. 164 – Capela de Nossa Senhora da Piedade em meados do século XX (imagem antiga da Capela)
281
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 165 - Coroação da Senhora da Piedade com a coroa de ouro e diamantes pelo então Bispo do Porto no dia 5 de
Setembro de 1971
282
[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)
• Capela de Santa Ana:
A Capela de Santa Ana, situa-se no lugar de Souzanil, tendo como
orago a padroeira Santa Ana. Foi inaugurada a 26 de Julho de 2009. O
terreno, em forma triangular, possibilita a criação de um edifício em L,
tipologia que, implantada no extremo Sul da parcela, organiza o espaço
exterior e dispõe corretamente o programa interior.
A edificação desenvolve-se num só piso, variando apenas o seu pé
direito, ascendente no sentido do altar e cabeceira da capela. Cria-se o pano
de fundo à missa campal e a todo o espaço urbano envolvente, pontuando
visualmente o território, assumindo-se, como compete a um local de culto
religioso, como um edifício excecional, criando uma referência visual forte.
A entrada principal orienta-se para Poente. No seu interior encontrase,
num primeiro momento, uma “ante capela” onde ficará exposta a
imagem de Santa Ana, transformando este espaço no local do culto e
devoção propriamente dito. De seguida alcança-se a nave da capela, o local
da celebração, com capacidade para cerca de 30 pessoas, com altar ao
fundo.
Do lado oposto, um pequeno vestíbulo e um sanitário compõem uma
pequena zona de serviço não pública. O desenho do espaço exterior
formaliza, de forma permanente, a configuração proposta, intuitivamente,
pela apropriação espacial feita pela população aquando da realização da
festa e da cerimónia religiosa.
Desta forma, criou-se um adro de acesso à Capela, ao mesmo tempo
que se forma uma pequena escadaria/teatro, de maneira a convidar as
pessoas a usufruírem do espaço e de uma experiência religiosa mais
intensa.
Foi mandada construir pelo benemérito António Ribeiro da Rocha em
memória do seu pai, António Duarte da Rocha.
No presente ano de 2019, a 28 de Julho, em comemoração dos 10
anos da Capela, foi inaugurado um espaço envolvente à Capela - “Espaço
Recreativo e Cultural Jorge Claro da Rocha”. Neste espaço, de muitas outras
atividades que se podem realizar, alberga o recinto da Festa em Honra de
Santa Ana, em Souzanil.
283
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 166 - Capela de Santa Ana
Doc. 167 – Espaço Recreativo e Cultural Jorge Claro da Rocha – Espaço envolvente à Capela de Santa Ana
284
[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)
• Capela de Santa Luzia:
A Capela de Santa Luzia está situada no lugar de Framil.
Desconhecemos a data da sua construção. A fachada é simples, constituída
somente pela parte principal encimada por uma cruz latina.
O altar-mór é composto por três nichos, cujo fundo é pintado de azul.
Ao centro a imagem antiga de Santa Luzia em madeira estufada. No lado
direito, Santo Amaro.
Segundo as Memórias Paroquiais de 1758, era uma Capela pequena
e muito antiga, remontado assim a sua construção para século anteriores
ao século XVIII.
Doc. 168 - Capela de Santa Luzia
285
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Capela de S. Lourenço:
“É uma capela privada, situada no Lugar de Carvoeiro, encontrandose
inserida na Quinta do Páteo, pertencente a uma família de Matosinhos.
Foi construída por Abranches em 1628 e reconstruída por Luís de Souza
Ferreira em 1939, sendo inaugurada no dia 27 de Agosto do mesmo ano.
Antes de ter como santo padreiro o São Lourenço, tinha o Senhor dos
Navegantes.
A fachada é de linha simples, constituída pela porta principal,
encimada por um frontão triangular, rematado por uma cruz latina. No
tímpano, uma janela com um vitral, decorado com uma cruz. A porta lateral,
primitiva porta principal, é rematada, ao centro, com a torre sineira
encimada por uma cruz e, de cada lado, um pináculo.
O interior é composto por capela-mór e corpo da capela. O altar-mór,
em forma de capela, tem um nicho, cujo fundo é pintado de azul, uma
tribuna em degraus, pintada de branco, decorada a talha dourada. Ao
centro, a imagem de S. Lourenço; à direita, S. Luís de Gonzaga, e, no lado
esquerdo, Santa Teresinha do Menino Jesus.
De cada lado do nicho encontram-se colunas douradas que
sustentam um balquino, pintado de branco, decorado a talha dourada.
Fazemos uma chamada de atenção para uma bela imagem de madeira de
S. Pedro, em meditação, esculpida num tronco, de autoria desconhecida.
Na nave há um túmulo raso com a seguinte inscrição:
ABRANCHES MARIA NOBRE
N. – 1604
M. – 1690
À entrada existe um barquinho destinado a levar o andor na
procissão dedicado a S. Lourenço. A pia de água benta é de granito de grão
grosso, com decoração vegetalista, que nos dá a impressão de ter sido um
capitel, dadas as suas características.”
286
[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)
Doc. 169 - Capela de São Lourenço
287
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Capela de Nossa Senhora das Dores:
A Capela de Nossa Senhora das Dores, é uma pequena capelinha
situada no lugar de Valcova construída em 1996 e inaugurada pelo falecido
Padre António Francisco Regal. Tem como padroeira a Nossa Senhora das
Dores.
Doc. 170 - Capela de Nossa Senhora das Dores
288
[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)
Doc. 171 – Uma parte do projeto da Capela da Nossa Senhora das Dores
Disponibilizado pelo Padre António Teixeira Machado
289
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Capela de Nossa Senhora das Dores- Particular:
A Capela de Nossa Senhora das Dores, é uma capela particular situada
no lugar de Valcova pertencente à casa de Valcova. Não se sabe ao certo a
data da sua construção, mas pelos traços arquitetónicos é provável ter sido
construída por volta do século XVIII. Encontrava-se em degradação, sendo
que foi remodelada em conjunto com a casa a que está anexada.
A fachada é de linhas direitas. Ao centro, a porta principal de madeira
com almofadas. Por cima um óculo emoldurado em granito e no cimo é
rematada por uma cruz.
Doc. 172 – Capela de Nossa Senhora das Dores- Particular
290
[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)
• Capela de São Paio:
A Capela de São Paio, situada no lugar de Várzea, foi construída no
ano de 1993 em substituição da anterior, com o mesmo nome. A
necessidade de um espaço culto maior e com melhores condições levou a
que os paroquianos tomassem a iniciativa e se quotizassem para a
construção da nova capela.
O terreno foi cedido pelos beneméritos Joaquim F. M. Santos e
Idalina Couto S. Dias, cujos nomes estão inscritos numa placa colocada à
entrada da capela. É uma capela de planta circular, arquitetura moderna,
com janelas espelhadas em redor para dar luminosidade ao interior. Tem
várias imagens assentes em mísulas entre as quais S. Paio, o padroeiro.
A torre sineira, diferente da de qualquer outra capela, encontra-se
ao centro, rematada por uma cruz latina. Na fachada, por cima da porta
principal, existe um nártex. Encontra-se em excelente estado de
conservação.
Doc. 173 - Capela de São Paio
291
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Capela de São Paio - Antiga:
A antiga Capela de São Paio está situado no Lugar de Várzea e como
o nome indica tem como orago S. Paio. Foi em tempos remotos Igreja da
extinta freguesia “Várzea do Carvoeiro” por volta do século X. É datada do
ano de 1895. É uma capela de pequenas dimensões tendo então uma
escadaria pelo dado direito. Na parte frontal, nota-se um pequeno frontão
bem acabado.
Atualmente, foi substituída pela nova capela de S. Paio no mesmo
lugar de Várzea.
Doc. 174 - Antiga Capela de São Paio, Lugar de Várzea
292
[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)
• Capela de Santa Bárbara:
A Capela de Santa Bárbara está situada no lugar de Rebordelo tendo
como orago a Santa Bárbara. Esta nova Capela foi construída no início do
século XXI, em 2003, sendo inaugurada no mesmo ano a 16 de Fevereiro
pelo então Presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, Alfredo
Henriques.
A nível arquitetónico, são de notar as parecenças à capela anterior, os
pináculos nas laterais, um frontão por cima da porta de entrada e o cimo,
rematado por um sino e uma cruz.
Doc. 175 - Capela de Santa Bárbara
293
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 176 – Uma parte do projeto da Capela de Santa Bárbara elaborado no ano de 1995
Disponibilizado pelo Padre António Teixeira Machado
294
[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)
• Capela de Santa Bárbara - Antiga:
Esta capela deu lugar à nova capela em Honra de Santa Bárbara, no lugar
de Rebordelo. Não se sabe quando foi construída.
O povo local relata que a capela foi construída depois de uma aparição
de Santa Bárbara no lugar, ou, quando um homem vinha com um carro de
bois e sobre ele caiu um trovão não o ferindo, por esse mesmo facto
mandou-a construir.
Parece remontar aos século XVII e XVIII pelos seus traços arquitetónicos
clássico-barroca: frontão na parte frontal da Capela e pináculos nas laterais.
Doc. 177 - Antiga Capela de Santa Bárbara
295
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Capela de Nossa Senhora do Amparo - Particular:
Situada no Lugar de Mouchão, a capela de Nossa Senhora do Amparo é
uma Capela particular que atualmente está ao abandono e no desuso.
Tem uma modesta construção que aparenta ser do século XVII ou XVIII,
com um simples frontão curvo interrompido por uma pequena decoração
acima da porta principal, retalhada com almofadas. Em cada coluna de
granito, estão colocados pináculos.
Doc. 178 – Capela de Nossa Senhora do Amparo- Particular
296
[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)
• Capela de S. Roque - Particular:
Situada no Lugar de S. Roque, a capela de S. Roque é particular e
atualmente não aparenta estar num bom estado de conservação. A nível
arquitetónico, não apresenta muitos traços característicos relevantes.
Nas Memórias Paroquiais de 1758, há referência a esta capela e por
essa altura pertencia a António Rodrigues Souto da Cidade do Porto.
Doc. 179 – Capela de São Roque - Particular
297
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
298
[Capítulo V](Festas/Santos)
[Capítulo V]
(Festas/Santos)
299
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
300
[Capítulo V](Festas/Santos)
• Festa da Nossa Senhora da Piedade:
A Festa em Honra de Nossa Senhora da Piedade é realizada nos finais do
mês de Agosto. Nossa Senhora da Piedade é aquela que recebendo o Divino
Filho nos seus braços, depois da sua morte trágica na Cruz, levou-o com os
fiéis discípulos e piedosas mulheres até o sepulcro.
Foi sempre um tema muito procurado pela arte cristã que encontra nos
episódios da vida de Jesus e da sua Santíssima os motivos para edificação,
mais ainda, porque nos sofrimentos encontram os cristãos um grande
consolo, verificando que eles são próprios ao caminho da perfeição, e se
Deus os teve com a sua Mãe não é demais que os mortais os suportem.
Nas terras de Canedo, a Nossa Senhora da Piedade é uma santa a que
muitos recorrem nas suas dificuldades e a quem fazem a maior festa da
freguesia.
Começa-se a viver a festa a partir da 2ª feira que a antecede, onde é
rezada uma missa diária no local onde a festa se irá realizar – na capela com
o mesmo nome que se situa no monte com o mesmo nome da Padroeira.
No sábado, ao entardecer, começam a chegar à igreja os andores que se
irão incorporar na procissão do dia seguinte de todos os lugares da
freguesia, pois cada lugar tem o seu santo padroeiro e há pessoas ainda que
fazem promessas de levar um andor na procissão. À noite sai a procissão
das velas com muita gente a acompanhar (vai da igreja até à capela), no fim
da qual é rezada uma missa, voltando depois a procissão à igreja na qual vai
apenas um dos andores – o de Nossa Senhora de Fátima.
No dia seguinte bem cedo, começa-se a ver “os romeiros” a chegarem a
Canedo para verem a “majestosa” procissão, com dezenas de andores e
“anjinhos” – crianças vestidas de branco a pegarem nas fitas dos mesmos.
Na frente da procissão vão dois cavaleiros a abrirem caminho, seguidos
da fanfarra. Atrás desta vão as bandeiras das Autarquias Locais, seguidas
pelos andores, sendo o último o da Padroeira que é acompanhado por
centenas de pessoas que vão a satisfazer as suas promessas. Atrás deste
andor, vão os padres debaixo do “Pálio” seguidos dos membros das
Autarquias. Por último, vão as duas Bandas de Música contratadas para
“abrilhantarem” a festa.
301
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
As tardes de Domingo e Segunda feira são muito “agitadas”, pois é a
parte lúdica que toma conta destas. Todos se divertem: nos carrosséis, nas
“barracas” ou simplesmente passear. Há pessoas da Freguesia e mesmo de
Freguesias vizinhas, pois a nossa festa é muito divulgada por ser
considerada a melhor do Concelho, e a maior. Tem muita gente, porque é
realizada na época de Verão altura também onde os emigrantes regressam
às suas origens para férias.
A Festa da Nossa Senhora da Piedade é um dos símbolos mais
emblemático de Canedo, sendo conhecida como a identidade da Freguesia.
É de notar que, em tempos antigos, a Festa era realizada no primeiro fim
de semana do mês de Setembro.
Doc. 180 – Imagem da Nossa Senhora da Piedade de Canedo
302
[Capítulo V](Festas/Santos)
Doc. 181 – Procissão da Festa de Nossa Senhora da Piedade – Andor do Senhor dos Passos (século XX)
303
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 182 – Procissão da Festa de Nossa Senhora da Piedade (meados do século XX)
Doc. 183 – Procissão da Festa de Nossa Senhora da Piedade (meados do século XX)
304
[Capítulo V](Festas/Santos)
• Festas de S. Pedro, S. António e do Senhor:
As Festas de S. Pedro, S. António e do Senhor (Festa dos bem-casados)
realizam-se no mês de Julho. A notar que estas Festas são das mais antigas
na Vila de Canedo. 109
Como curiosidade, São Pedro (1 a.C.- 67), foi apóstolo de Cristo, um dos
seus primeiros discípulos. É considerado o fundador da Igreja Cristã em
Roma e o seu primeiro papa. Nasceu na Betsaida, na Galileia. Filho de Jonas
e irmão do apóstolo André, o seu nome de nascimento era Simão (ou
Simeão). Pedro era pescador e trabalhava com o irmão e o pai.
As principais fontes que relatam a vida de São Pedro são os quatro
Evangelhos Canónicos, pertencentes ao Novo Testamento, escritos
originalmente em grego e em diferentes épocas pelos discípulos, Mateus,
Marcos, Lucas e João. O dia de São Pedro é comemorado em 29 de junho e
é ele o Padroeiro dos pescadores e da Vila de Canedo.
Santo António, batizado com o nome Fernando de Bulhões, nasceu em
Lisboa, entre 1191 e 1195 em Lisboa.
Educado no seio de uma família nobre para ser cavaleiro, na
adolescência pede autorização para ingressar na Ordem dos Cónegos
Regrantes de Santo Agostinho, na Igreja de São Vicente de Fora, partindo
mais tarde para Coimbra, onde estudou teologia. A busca pela introspeção
e a simplicidade conduzem-no até à recém-criada Ordem Franciscana e a
deixar de lado, não só o hábito de agostinho, mas também o seu nome.
Fernando adota o nome de António, em homenagem ao eremita Santo
Antão, e dedica-se a pregar as escrituras, que tão bem conhece, sobretudo
após a sua mudança para Itália. É conhecido pelas suas inúmeras pregações
e milagres. Santo António é padroeiro de Portugal, Lisboa (orago da cidade),
dos pobres, das mulheres grávidas, dos casais, pessoas que desejam
encontrar objetos perdidos e dos oprimidos.
Foi canonizado a 30 de Maio de 1232 na Catedral de Espoleto pelo Papa
Gregório IX.
109
Era costume as festas serem realizadas separadamente. Em tempos remotos, faziam-se outras festas
na freguesia inclusive o S. José e o Santíssimo Sacramento.
305
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 184 – Imagem de São Pedro de Canedo, Padroeiro da Vila (Altar-mor da Igreja de Canedo)
306
[Capítulo V](Festas/Santos)
Doc. 185 – Imagem do Santo António de Canedo (Altar-mor da Igreja de Canedo)
307
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Festa de S. Lourenço:
Esta Romaria realiza-se todos os anos no segundo fim de semana do
mês de Agosto, em Carvoeiro, na Capela Particular de S. Lourenço, da Casa
do Páteo. Esta festa esteve adormecida e foi reavivada em 2013 pelo
projeto “Há festa na aldeia”, dinamizado pela ADRITEM – Associação de
Desenvolvimento Rural Integrado das Terras de Santa Maria.
A saber, São Lourenço nasceu no início do século terceiro, em Huesca,
cidade de Espanha, no reino de Aragão. Filho de Orense e de Paciência,
ambos cristãos, que lhe deram uma excelente educação. Distinguiu-se,
sobretudo, por um exímio amor a Jesus Cristo que, após a sua morte na
cruz, viria a conquistar os corações bem formados e triunfando assim sobre
o paganismo.
São Lourenço, como primeiro dos Diáconos, tinha uma grande
amizade com o Papa Sisto II, tanto assim que ao vê-lo no caminho do
martírio falou: “Ó pai, aonde vais sem o teu filho? Tu que jamais ofereceste
o sacrifício sem a assistência do teu Diácono, vais agora sozinho, para o
martírio?” - o Papa respondeu: “Mais uns dias e te aguarda uma coroa mais
bonita!”. São Lourenço era também responsável pela administração dos
bens da Igreja que sustentava muitos necessitados.
Diante da perseguição do Imperador Valeriano, o prefeito local exigiu
de Lourenço os tesouros da Igreja. Para isto, o Santo Diácono pediu um
prazo, o qual foi o suficiente para reunir no átrio os órfãos, os cegos, os
coxos, as viúvas, os idosos… todos os que a Igreja socorria, e no fim do prazo
– com bom humor – disse: “Eis aqui os nossos tesouros, que nunca
diminuem, e podem ser encontrados em toda parte”.
Sentindo-se iludido, o prefeito sujeitou o santo a diversos tormentos,
até colocá-lo sobre uma fogueira. São Lourenço que sofreu o martírio em
258, não parava de interceder por todos, e mesmo assim encontrou no
Espírito Santo força para dizer no auge do sofrimento na grelha: “Vira-me
que já estou bem assado deste lado”.
São Lourenço é padroeiro dos diáconos e dos cozinheiros.
308
[Capítulo V](Festas/Santos)
Doc. 186 - Imagem de São Lourenço na Capela de São Lourenço em no lugar de Carvoeiro
Fonte: Há Festa na Aldeia – Poro de Carvoeiro - 2017
309
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Festa de S. Paio:
A festa de S. Paio, ocorre todos os anos no lugar de Várzea pelo segundo
Domingo de Julho. Esta festa conta com uma romaria acompanhada de uma
banda filarmónica e ao fim do dia costuma ser presenteada de um grupo de
música popular para divertimento das pessoas que a visitam.
São Paio nasceu no início do século X na Galiza, é um santo cristão,
venerado no dia 26 de Junho pela Igreja Católica especialmente em Espanha
e Portugal. Era sobrinho de Hermígio, bispo de Tui. Tendo participado,
como pajem, na dura batalha que opôs Ordonho II de Leão a Abderramão
III, emir de Córdova, foi feito prisioneiro e levado para esta cidade.
As negociações entre as partes permitiram a libertação do tio bispo, mas
Paio teve de ficar como refém, apesar de ter apenas 13 anos. A sua
formosura encantou tanto o rei como um dos seus filhos, que tudo fizeram
para o seduzir.
A todos, resistiu o jovem, o que exacerbou a ira do rei que o mandou
torturar até que lhe cedesse. No entanto, a fortaleza de ânimo de Paio foi
superior à violência da tortura e acabaram por lançá-lo ao rio Guadalquivir.
Doc. 187 - Imagem do São Paio do Lugar de Várzea
310
[Capítulo V](Festas/Santos)
• Festa de Santa Ana:
A festa de Santa Ana, ocorre todos os anos no lugar de Souzanil, na
capela de Santa Ana, por volta do último fim de semana de Julho.
Santa Ana ou Sant’Ana é a mãe da Nossa Senhora e avó de Jesus. Sobre
ela, porém, há poucos dados biográficos. As referências que chegaram até
eles, sobre os pais de Maria, foram deixados pelo Proto-Evangelho de Tiago,
um livro escrito provavelmente no primeiro Século e que não faz parte dos
Evangelhos Canónicos, ou seja, aqueles reconhecidos pela Igreja como
oficiais.
Porém, o Evangelho de Tiago é uma obra importante da antiguidade e
citada em diversos escritos dos padres da Igreja Oriental, como Epifânio e
Gregório de Nissa. Santa Ana se casou jovem como toda moça em Israel
naquele tempo. A tradição diz que São Joaquim era um homem de posses
e bem situado na sociedade. Ambos viviam em Jerusalém, ao lado da
piscina de Betesda, onde hoje está a Basílica de Santana. O casal se
relacionava com pessoas de todo o Israel, especialmente nas festas em
Jerusalém.
Santa Ana, tinha um grave problema: era estéril. Não conseguia
engravidar mesmo depois de anos de casada. Em Israel daquele tempo a
esterilidade era sempre atribuída à mulher, por causa da falta de
conhecimento. A mulher estéril era vista como amaldiçoada por Deus. Por
isso, Santa Ana sofreu grandes humilhações. São Joaquim, era censurado
pelos sacerdotes por não ter filhos. Tudo isso fazia com que o casal sofresse
bastante.
Santa Ana e São Joaquim, porém, eram pessoas de fé e confiavam em
Deus, apesar de todo o sofrimento que viviam. Assim, num dado momento
da vida, São Joaquim resolveu retirar-se no deserto, para rezar e fazer
penitência. Nessa ocasião, um anjo apareceu-lhe e disse que as suas
orações tinham sido ouvidas.
Ao mesmo tempo, o anjo apareceu também a Santa Ana confirmando
que as orações do casal tinham sido ouvidas. Assim, pouco tempo depois
que São Joaquim voltou para casa, Ana engravidou.
311
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Através do sofrimento, Deus estava a preparar aquele casal para gerar
Maria, a virgem pura concebida sem pecado.
A devoção a Santa Ana e São Joaquim é muito antiga no Oriente. Eles
foram cultuados desde o começo do cristianismo. No século VI a devoção a
eles já era enraizada entre os fiéis do Oriente. No Ocidente o culto a Sant
Ana remonta ao século VIII. Em 710, as relíquias da avó de Jesus foram
levadas de Israel para Constantinopla e, de lá, foram distribuídas para várias
igrejas. A maior dessas relíquias ficou na igreja de Sant’Ana, em Durem,
Alemanha.
No ano de 1584, o Papa Gregório XIII fixou a data da festa de Santa Ana
em 26 de Julho. Na década de 1960 o Papa Paulo VI juntou a esta data a
comemoração de São Joaquim. Por isso, no dia 26 de julho comemora-se
também o “Dia dos Avós”.
Por fim, Santa Ana é a padroeira dos avós. Mas também é invocada pelas
mulheres que não conseguem engravidar. Santana é também a padroeira
da educação, tendo educado a Nossa Senhora e influenciado
profundamente na educação de Jesus.
Doc. 188 - Imagem da Santa Ana do Lugar de Souzanil
312
[Capítulo V](Festas/Santos)
• Festa de Santa Luzia:
A festa de Santa Luzia ocorre todos os anos no lugar de Framil, na
capela de Santa Luzia, no domingo posterior a 13 de Dezembro.
Saibamos então um pouco sobre a Santa Luzia. Nasceu na cidade
italiana de Siracusa e era de uma família rica e cristã. Era considerada como
uma das jovens mais belas da sua cidade.
O seu pai morreu quando ela tinha 5 anos e a sua mãe, Eutíquia, sofria
de graves hemorragias internas. Luzia tinha uma grande convicção cristã,
que a fez consagrar-se secretamente ao Senhor Jesus e oferecer
perpetuamente a sua virgindade.
Santa Luzia via-se numa situação complicada, pois a mãe encontravase
enferma, porém sabiamente propôs-lhe que fizessem uma romaria ao
túmulo de Santa Águeda, na cidade de Catânia uma mártir de grande
importância para a fé cristã e, caso a doença da mãe de Luzia passa-se, seria
um sinal para o não prosseguir o seu casamento.
Contam os registos da história de Santa Luzia, que após a romaria
milagrosamente Eutíquia se curou da doença que a afetava gravemente, e
então voltaram para casa, com duas certezas: que era da vontade de Deus
que ela preservasse a sua virgindade, e que, tal qual Santa Águeda, passaria
sofrimentos terríveis. Após perceber o que passaria decidiu doar tudo que
tinha aos pobres num gesto de caridade, em seguida sendo acusada pelo
homem que a queria como esposa.
Para que não passasse pelo martírio, Santa Luzia tinha duas
alternativas: quebrar o voto de castidade ou prestar culto e sacrifícios aos
falsos deuses, e tendo realizado isso foi presa pelas autoridades que nessa
época perseguiam injustamente os fiéis cristãos.
Num primeiro momento, tentaram desonrar Santa Luzia tentando
levá-la a um monte da cidade de Pascásio, porém milagrosamente não
havia força humana que a retirasse do local, conta a história que ela estava
firme como uma montanha, nem mesmo vários bois conseguiram mover a
virgem e, após tentarem movê-la sem sucesso, atearam-lhe fogo, mas as
chamas não a afetaram.
313
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Então irritados, removeram os seus olhos em um ato de crueldade.
Conta a tradição católica, que eles apareceram novamente para pôr termo
à vida da jovem, decapitando-a e, durante todo o tempo não deixou de
dizer: “Adoro a um só Deus verdadeiro".
Doc. 189 - Santa Luzia do Lugar de Framil
314
[Capítulo V](Festas/Santos)
• Festa de Santa Bárbara:
A festa de Santa Bárbara ocorre todos os anos, é uma festa que se realiza
durante o mês de Maio ou de Junho, na capela de Santa Bárbara em
Rebordelo.
Santa Bárbara foi, segundo a Tradição católica, uma jovem nascida na
cidade de Nicomedia (na região da Bitínia), atual Izmit, Turquia nas margens
do Mar de Mármara, isto nos fins do século III da Era cristã. Bárbara, era a
filha única de um rico e nobre habitante desta cidade do Império Romano
chamado Dióscoro.
Por ser filha única e com receio de deixar a filha no meio da sociedade
corrupta daquele tempo, Dióscoro decidiu fechá-la numa torre. Santa
Bárbara na sua solidão, tinha a mata virgem como quintal, e questionavase
se de fato, tudo aquilo era criação dos ídolos que aprendera a idolatrar
com os seus protetores naquela torre.
Santa Bárbara era bela e, acima de tudo, rica, por isso não lhe faltavam
pretendentes para casamentos, mas Bárbara não aceitava nenhum. Numa
certa altura, o seu pai “decidiu construir um compartimento com duas
janelas” para Bárbara. Todavia, dias mais tarde, ele viu-se obrigado a fazer
uma longa viagem.
Enquanto Dióscoro viajava, Bárbara ordenou a construção de uma
terceira janela na torre, visto que o compartimento ficara na torre. Além
disso, ela esculpira uma cruz sobre a fonte.
Dióscoro, quando voltou, reparou que a torre onde tinha trancado a filha
tinha agora três janelas em vez das duas que ele mandara abrir. Ao
perguntar à filha o porquê das três janelas, ela explicou-lhe que isso era o
símbolo da sua nova Fé. Este fato deixou o pai furioso, pois ela se recusava
seguir a Religião da Roma Antiga.
Debaixo de um impulso e fúria, e obedecendo às tradições romanas,
Dióscoro denunciou a própria filha ao prefeito Marciniano que a mandou
torturar numa tentativa de a fazer renunciar da sua fé, facto que não
aconteceu. Assim, Márcio condenou-a à morte por degolação.
Por isso, Santa Bárbara é dos artilheiros, mineiros e dos que lidam com
Fogo (Bombeiros); contra tempestades, raios e trovões.
315
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 190 - Santa Bárbara do Lugar de Rebordelo
316
[Capítulo V](Festas/Santos)
• Festa de S. Pedro - Mosteirô:
Esta festa realiza-se no lugar de Mosteirô, apesar de não existir uma
capela para a realização da romaria. Costuma ocorrer na mesma altura da
festa de S. Pedro do lugar do Mosteiro, ou seja, por volta do último fim de
semana do mês de Junho.
Doc. 191 - Capelinha de São Pedro no Lugar de Mosteirô
317
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Festa de Nossa Senhora das Dores:
A festa da Nossa Senhora das Dores ocorre todos os anos durante o mês
de Agosto na capela da Nossa Senhora das Dores no lugar de Valcova,
embora o Dia de Nossa Senhora das Dores seja a 15 de Setembro. Neste
dia, 15 de Setembro, recordam-se as dores que Santa Maria, Mãe de Jesus,
sofreu pela morte de seu Filho e o seu amor redentor, que leva a uma nova
vida.
Em Portugal o dia é celebrado em várias freguesias, recebendo a Santa
nomes diferentes em cada localidade: Nossa Senhora das Dores, Nossa
Senhora das Angústias, Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora do
Pranto, Nossa Senhora do Calvário, Nossa Senhora das Lágrimas, etc.
Esta devoção tem origem na Bíblia, onde se encontram as sete dores de
Maria: a profecia de Simeão; a fuga para o Egito; a perda de Jesus no
templo; ver Jesus a carregar a cruz; a crucificação; Maria recebe o cadáver
do seu Filho; o enterro e sepulcro de Cristo.
Assim, Nossa Senhora das Dores é representada com sete lanças no
coração e é a padroeira da congregação.
Doc. 192 - Imagem da Nossa Senhora das Dores de Valcova
318
[Capítulo V](Festas/Santos)
• Festa de S. João:
A festa de São João realizava-se todos os anos no lugar de Sobrêda,
por volta do último fim de semana do mês de Junho.
São João Batista ou só São João, nasceu milagrosamente em Aim
Karim, cidade de Israel que fica a 6 quilómetros do centro de Jerusalém,
filho de um sacerdote do templo de Jerusalém chamado Zacarias e de Santa
Isabel, que era prima de Maria Mãe de Jesus.
São João Batista foi consagrado a Deus desde o ventre materno. No
seu percurso, ele pregou a conversão e o arrependimento dos pecados
manifestos através do batismo. João batizava o povo, daí o nome João
Batista, ou seja, João, aquele que batiza.
João Batista é muito importante no Novo Testamento, pois ele foi o
precursor de Jesus, anunciou a sua vinda e a salvação que o Messias traria
para todos. João Batista era a voz que gritava no deserto e anunciava a
chegada do Salvador. Ele é também o último dos profetas. Depois dele, não
houve mais nenhum profeta em Israel.
Morreu decapitado a mando de Herodes Antipas com cerca de 30
anos. Em Portugal, o Dia de São João é celebrado no dia 24 de junho.
319
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 193 – Capelinha de São João (22-06-2006) do lugar de Sobrêda
320
321
[Capítulo V](Festas/Santos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
322
[Capítulo VI](Barco tradicional do Rio Douro)
[Capítulo VI]
(Barco tradicional do Rio Douro)
323
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
324
[Capítulo VI](Barco tradicional do Rio Douro)
• Barco tradicional do Rio Douro – Valboeiro:
O barco tradicional do Rio Douro ou Valboeiro foi o barco mais utilizado
nos meados do século XV até aos finais do século XX no Rio Douro
nomeadamente na única freguesia feirense banhada pelo rio a norte,
Freguesia de Canedo.
O barco tradicional do Rio Douro era construído em madeira de pinho,
embora também fosse construído em madeira de eucalipto, com um
comprimento máximo de 7 metros é constituído por uma ré em bico e uma
proa também em bico, mas um pouco levantada para facilitar a
movimentação da embarcação, fazendo uma figura oval.
Deste estilo oval, fazem parte, os altos que são as tábuas mais pequenas
onde pousam os remos, e o casco que é a parte submersa na água, na qual
eram assentes nas cavernas que de preferência eram construídas em
madeira de carvalho.
Além de toda a armação do respetivo valboeiro, acrescenta-se tábuas
no convés, com uma pequena perfuração para inserir o mastro, caso fosse
movido a vela.
O barco tradicional do Rio Douro, era utilizado para o transporte de
mercadorias, de passageiros e para a pesca, e podia ser movido a remos
como à vela, embora esta última maneira de navegação fosse pouco usual.
No Rio Douro, e a Nordeste do Concelho de Santa Maria da Feira, este
tipo de embarcação era utilizada para o transporte de sal, carvão, madeira,
carqueja, produtos agrícolas e areia para a cidade Invicta do Porto, sendo
também muito utilizado na travessia de passageiros nas margens do Douro.
Com o avanço da tecnologia e do mundo moderno, o Valboeiro caiu no
desuso, restando só os exemplares que navegaram as águas do Douro
durante séculos.
325
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 194 – Barcos Valboeiros no Porto de Carvoeiro
Doc. 195 - Barcos Valboeiros no Porto de Carvoeiro
326
[Capítulo VI](Barco tradicional do Rio Douro)
Doc. 196 – Um valboeiro a sair do Porto de Carvoeiro – meados do século XX
Doc. 197 – Valboeiros no Cais de Carvoeiro
327
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
328
[Capítulo VII](Rios)
[Capítulo VII]
(Rios)
329
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
330
[Capítulo VII](Rios)
• Rios que passam pela Freguesia de Canedo:
• Rio Inha:
“O rio Inha, afluente da margem esquerda do Rio Douro, desagua entre
a foz dos rios Arda (a montante) e Uíma (a jusante). Nasce no lugar de
Abelheira, na freguesia de Escariz, concelho de Arouca. Desde a nascente
até à foz, o rio Inha percorre 18 quilómetros, predominantemente no
sentido Sul/Norte, ao longo de sucessivos vales encaixados de encostas
íngremes, sem acesso às suas margens, e atravessa um território
seccionado por numerosos cursos de água de pequena dimensão que dão
origem a encostas de fortes pendentes.
O rio Inha aparece documentada na idade média:
“Ricuelo ignia” em 1078;
“Ricuelo igneia” em 1098;
“Riilulo igneia” em 1112;
“Flunio de Hinia" em 1115 além de aparecer como Hidro - topónimo no
mesmo documento "uilla Hinia (...) Ascariz”;
“Rivulo ineia” em 1132;
“Inia Ipso ricuelo, agua de Inea” em 1137.
Face do exposto a grafia gn nos dois rios Inha e Dinha parece mais
antiga que a grafia ni mas perto da foz do rio Inha no Douro, perto de
Labercos regista-se já em 1059 a grafia ni do Hidro - topónimo (inia-hoje
lugar da Inha da Freguesia de Canedo do concelho da Feira) com gn (caso
agnu- anho etc. e ini e caso senior) evoluíram no mesmo som do nh por
vezes estão representados pela grafia gn ou vice-versa, nome "agnitrudidie"
em 900 e "amiedudia" em 989 isto em latim iguais a fogo tem ligação ao rio
do Fogo à sua água, água de confuscada, aguas caldas, aguas quentes, rio
quente e rio caldo.
331
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Depois da nascente em Escariz, atravessa um vale encaixado entre as
povoações de Belide, Cruzeiro, Outeiro, Londral, Cimo de Inha e Mascotes
(Escariz, Arouca) na direção SE-NO.
Segue depois para Romariz, no concelho de Santa Maria da Feira,
onde percorre um novo vale encaixado e meandrizado, junto às povoações
de Oliveira, Reguenga e Carvalhal. A partir desta povoação, o rio percorre
sempre na direcção Sul-Norte, pelos lugares de Santa Ovaia, Cedofeita e
Póvoa na freguesia de Louredo, no concelho de Santa Maria da Feira,
prosseguindo em vale encaixado pelos lugares de Pena e Santa Cristina.
Entra depois nas faldas declivosas da Serra de Parada (354 m), na
mesma direcção, sem acessos ou povoações nas imediações.
Entre Pessegueiro e Rebordelo (Vale, Santa Maria da Feira), junto à
Ponte da Carvalhosa, recebe as águas de um dos seus principais afluentes,
o Rio da Amieira, que nasce em S. Miguel do Mato (Arouca). Segue o seu
percurso em outro vale encaixado, sem acessos às margens, junto às
povoações de Serralva e Inha (Canedo, Santa Maria da Feira), onde recebe
as águas de outros dois afluentes, entre eles, o Ribeiro da Mota que nasce
em Duas Igrejas (Romariz, Santa Maria da Feira). Depois o rio Inha atravessa
vertentes abruptas de declives acentuados até à foz, onde desagua no rio
Douro em Labercos (Lomba, Gondomar), onde recebe mais dois afluentes
primários com nascentes em Labercos e Camouco, este último já no
concelho de Castelo de Paiva.
Pinho Leal descreve assim o rio Inha, afluente do rio Douro:
“Tem seu nascimento n’uns pequenos arroyos que vem do Monte do
Castêllo, freguezia de Escariz, concelho de Arouca. Passa próximo a
Cabeçaes (ao O.), regando as freguezias de Escariz, Fermedo, Romariz,
Valle, Louredo, Gião e Canedo (sendo a primeira, segunda e quinta do
concelho de Arouca e as mais do da Feira, e fazendo nas duas últimas
trabalhar fabricas de papel).
Desagua na esquerda do Douro, no sítio da Foz do Inha, a 1 km abaixo de
Pé de Moura, e a 24 km a E. do Porto. Tem 18 km de curso. Faz mover muitos
moinhos, e traz algum peixe, miúdo, mas muito saboroso, em razão de
correr arrebatado por entre pedras. Tem algumas pontes de pau e uma boa
de pedra, no Cascão. Dá-se n’este rio uma singularidade.
332
[Capítulo VII](Rios)
Logo abaixo da tal ponte do Cascão (que é próximo da aldeia de S.
Vicente de Louredo) é a fábrica de papel da Lagem. A margem esquerda é
da freguezia de Gião, concelho da Feira, e a direita é da de Louredo,
concelho de Arouca, e, como a maior parte do edifício da fábrica está
construído sobre o rio (que é muito estreito) pode um indivíduo (ou uns
poucos, estando em linha) estar de pé no meio de uma sala, e ter metade
do corpo na comarca da Feira e a outra metade na comarca de Arouca. (…).
O Inha recebe vários ribeiros, por uma e outra margem.” (Leal, 1873).
Quanto à geomorfologia da região, o rio Inha corre
predominantemente encravado em encostas íngremes, de orientação Sul-
Norte, pelo que o seu percurso se estende em áreas de cariz agrícola e
florestal, muitas vezes inacessíveis.
Toda a bacia do rio Inha está integrada em relevos do Complexo
Xisto-Grauváquico, com intrusões de orientação SE-NO de rochas eruptivas
nas freguesias de Romariz, Vale e Escariz. Os depósitos aluvionares são
raros ou inexistentes nas margens do rio Inha.
O rio Inha encontra-se, em grande parte, despoluído no seu troço
mais a montante e relativamente protegido por atravessar áreas de baixa
pressão urbana ou industrial. Nas freguesias mais a jusante, o mesmo não
se verifica e são frequentes episódios de grave poluição. Em Canedo (Santa
Maria da Feira), o rio Inha tem recebido escorrências de lixiviados
provenientes da antiga lixeira, situada naquela freguesia. Nos últimos anos,
a elevada carga orgânica das águas do rio Inha, fruto da fertilização de
terrenos agrícolas, tem gerado eutrofização de alguns troços do rio Inha,
com a proliferação de pragas de algas que cobrem o leito do rio e colocam
em risco a qualidade das águas e a navegabilidade de recreio.
Este fenómeno, mais frequente no Verão, tem ocorrido na freguesia
de Canedo, com maior incidência nas imediações da antiga lixeira,
entretanto desativada, e que recebeu cerca de 1,8 milhões de toneladas de
lixos indiferenciados, provenientes do Grande Porto e sem qualquer tipo de
impermeabilização do solo durante décadas (Jornal de Notícias de 09 de
Outubro de 2006, Jornal de
Notícias de 11 de Abril de 2007). Outros casos de poluição orgânica
surgiram em grande número na zona da Lomba, em Gondomar, junto à foz
do rio (Jornal de Notícias de 30 de Outubro de 2006).
333
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 198 – Rio Inha
Doc. 199 – Ponte do Eng. Edgar Cardoso, sobre o Inha
334
[Capítulo VII](Rios)
As pragas de algas desencadearam ações de limpeza das margens do
rio Inha dos lixos acumulados e dos grandes silvados por um grupo de
elementos ligados ao Clube de Canoagem de Canedo (CCC) e outros
apoiantes ligados à defesa do ambiente, como forma de protesto. Este tipo
de poluição é de grande importância, uma vez que o rio Inha vai desaguar
perto das captações de água que fornece a Área Metropolitana do Porto.
Nas margens do rio Inha, a ausência de acessos rodoviários em
escarpas xistosas de grande declive com vales fortemente meandrizado cria
condições favoráveis para a prática de desportos náuticos, como
canoagem, ski aquático, etc. Pela mesma razão, o rio Inha tem um elevado
potencial para a prática de desportos de montanha, como escalada,
alpinismo, BTT, etc.
O troço final, entre as freguesias de Canedo e Lomba, possui uma
grande beleza natural e paisagística enquadrada pela ponte existente em
altura sobre a EN 222. Este local pode ser um polo para o desenvolvimento
turístico, com a criação de percursos pedestres ou cicláveis nas margens,
utilizando os estradões já existentes e utilizados por pescadores locais, a
criação de um parque de lazer junto ao afluente que desagua em zona
pantanosa na margem direita do rio e desenvolver o potencial dos
desportos náuticos e de montanha neste troço.
Outras zonas de grande interesse são os vales agrícolas de Romariz e
Santa Maria do Vale, a poucos quilómetros da nascente, junto das
povoações de Outeiro, Londral, Cimo de Inha e Mascotes, com extensas
plantações de milho, vinha e prados em socalcos, ladeada por zona de
floresta densa e extensa galeria ripícola. A vocação destes espaços agrícolas
nas margens do rio Inha deve ser conservada para a criação, manutenção e
diversidade de espaços seminaturais na paisagem. De referir ainda que a
Câmara Municipal de Santa Maria da Feira prevê a ligação entre o lugar de
Porto Carvoeiro à antiga lixeira de Canedo com potencial para ser
reconvertida numa zona de lazer, numa área total de 60 hectares.
O rio Inha atravessa sucessivos vales de vertentes abruptas e
íngremes, com baixa densidade urbana e industrial. As pequenas povoações
existentes estão dispersas na matriz densamente florestal da paisagem.
335
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 200 – Zona Ribeirinha do Inha/Margem Esquerda do Rio Inha
Doc. 201 – Rio Inha
336
[Capítulo VII](Rios)
A deficiente cobertura e qualidade dos acessos rodoviários e o
declive do terreno não permitem a fixação de grandes aglomerados
populacionais. Mas, nas pequenas povoações escondem-se elementos de
um património histórico-cultural ligado ao mundo rural que urge preservar.
Ao longo do rio Inha, existem sucessivas pontes que estabelecem ligação
entre povoações mais ou menos isoladas.
Situada mais próximo da nascente do rio em Escariz (Arouca), a Ponte
de Oliveira (Vale, Santa Maria da Feira), situa-se no lugar com o mesmo
nome, sob as margens do rio Inha. Está próxima da Capela da Oliveira e do
cruzeiro fronteiro. Para jusante, segue-se a Ponte do Outeiro (Vale, Santa
Maria da Feira), liga as povoações de Santa Ovaia a Carvalha, Torre e
Cedofeita. A Ponte da Cedofeita (Vale, Santa Maria da Feira), liga os lugares
da Póvoa e Cedofeita, onde se localiza um moinho. A Ponte da Parada (Vale,
Santa Maria da Feira), liga as povoações de Parada a Pena, na Estrada
Nacional 509, de onde se avista a Serra de Parada.
Seguindo o percurso do rio para jusante, a Ponte da Carvalhosa
(Canedo, Santa Maria da Feira), é uma pequena ponte, a jusante da qual
desagua o rio da Amieira, afluente da margem direita do rio Inha. Segue-se
a Ponte de Rebordelo (Canedo, Santa Maria da Feira), que liga os lugares de
Pessegueiro e Rebordelo.
É uma ponte em betão inaugurada em 2002, localizada num vale
muito encaixado, com encostas de grande declive. A montante e a jusante
desta ponte, está instalada uma truticultura de dimensão industrial.
Finalmente, a poucos quilómetros da foz, pode encontrar-se a Ponte
do Inha (Canedo, Santa Maria da Feira), com acesso pela EN 222. É uma
moderna ponte, em betão, de arco único, a recordar nas suas linhas a Ponte
de Arrábida do Eng. Edgar Cardoso. Liga os concelhos de Santa Maria da
Feira e Gondomar. O rio Inha desagua mais à frente na margem esquerda
do Douro.
Esta ponte está encaixada num canhão de encostas xistosas muito
íngremes, a vários metros de altura.
Não se conhece informação completa e exaustiva acerca da fauna e flora
existentes no rio Inha. Sabe-se que o rio Inha é muito rico em recursos
piscícolas, nomeadamente a pesca de truta (Salmo trutta), bogas-de-rio
(Chondrostoma polylepsia) e barbos-do-Norte (Barbus bocagei). A
337
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
abundância de trutas justificou a instalação de uma truticultura industrial
em Rebordelo (Canedo, Santa Maria da Feira).
Desde há três anos que uma equipa liderada pela Universidade do
Porto propôs um plano de recuperação dos peixes migradores do Douro,
entre os quais, o sável (Alosa alosa), a savelha (Alosa fallax), a lampreiamarinha
(Petromyzon. marinus L.) e a lampreia-do-riacho (Lampetra
planeri), esta última em vias de extinção, mas cuja espécie ainda se
encontra no rio Inha, junto a Lomba, Gondomar.
Nas encostas mais íngremes do vale encaixado do rio Inha,
predominam extensas plantações de eucalipto (Eucalyptus globulus) e
pinheiro-bravo (Pinus pinaster), com pontuações de sobreiros (Quercus
suber), carvalho-alvarinho (Quercus roble) e castanheiros (Castanea sativa),
por vezes abundantes onde o eucalipto é menos representativo. Estas
espécies seriam a vegetação primitiva do vale encaixado e inacessível do rio
Inha.
Em Canedo e Lomba, freguesias pouco afetadas pela pressão
urbanística que tem vindo a caracterizar outras áreas dos concelhos de
Gondomar e Santa Maria da Feira, as margens do rio Inha oferecem ainda
um coberto florestal intenso, sucedendo-se as matas de eucaliptal e pinhal
pontuadas, junto às margens dos rios, por uma frondosa vegetação ripícola
à base de amieiros (Alnus glutinosa), salgueiros-negros (Salix atrocinerea),
salgueiros-chorão (Salix babylonica), freixos (Fraxinus angustifolia) e
algumas intrusivas austrálias (Acacia melanoxylon) e acácias-mimosa
(Acacia dealbata). Junto das margens do rio, podem encontrar-se fetos
(Pteridium aquilinum), entremeados por densas silvas (Rubus sp), sendo
aqueles indicadores de solos de boa qualidade.
Os juncos (Eleocharis sp.) são uma planta aquática emersa que cresce
em zonas pantanosas, a poucos quilómetros da foz do Inha. A presença de
algas submersas é observável em alguns troços e característica de elevada
poluição orgânica.” 110
110
Relatório de Parques Metropolitanos na Grande Área Metropolitana do Porto. Relatório Final.
Fevereiro de 2009. Disponível online no site: http://rios.amp.pt/sitiosamp/static/public/rios/SistemasEstruturantes-INHA.pdf
[Consultado em 2017]
338
[Capítulo VII](Rios)
• Rio Uíma:
“O rio Uíma é um afluente da margem esquerda do rio Douro. Nasce no
Monte Alto (350 m de altitude), no lugar de Duas Igrejas, freguesia de
Romariz (Santa Maria da Feira) e tem a sua foz em Crestuma (Vila Nova de
Gaia), ligeiramente a jusante da Barragem de Crestuma-Lever.
Da nascente até a foz percorre, predominantemente de Sul para Norte,
as freguesias de Romariz, Pigeiros, Milheirós de Poiares, Escapães, Caldas
de São Jorge, Lobão, Fiães, Vila Maior, Sanguedo, Sandim (Vila Nova de
Gaia), Canedo (Santa Maria da Feira), Lever e Crestuma (Vila Nova de Gaia).
O rio Uíma tem uma área de 68 km 2 e um perímetro de 35 quilómetros,
desenvolvendo uma bacia alongada e estreita, orientada
predominantemente de Sul para Norte, à exceção do seu troço mais a
montante entre Romariz e Pigeiros, em que a sua orientação é de Norte
para Sul.
A sua rede hidrográfica é muito densa e extensa, constituída por
inúmeros ribeiros e regatos. Dos principais afluentes, destacam-se no seu
troço final em Vila Nova de Gaia, a Ribeira de Gende que desagua em
Sandim na margem esquerda e a Ribeira da Bica que desagua em Lever na
margem direita.
No que se refere à geologia, a bacia do rio Uíma está talhada nas rochas
do complexo xistomagnatítico antigo, de onde em onde interrompidas por
afloramentos de granitos e gnaisses como em Pigeiros, Arcozelo (pedreiras
exploradas nas rochas gnaissicas), São Jorge (onde o granito é atravessado
por filão quartzoso, ao longo do qual brotam as águas mineromedicinais das
Caldas de São Jorge), e possui na parte vestibular e nas cabeceiras pequenos
afloramentos de quartzitos ordovícicos.
As rochas graníticas afloram largamente nas zonas centrais e sul da
bacia, nelas se desenvolvendo as maiores altitudes. De relevo moderado, a
altitude máxima é de 400 metros em Duas Igrejas, a bacia do Uíma é, no
entanto, marcada por uma diferenciação topográfica evidente. Às vertentes
suaves e aos vales pouco encaixados de Nadais, Pigeiros, Vinhó, opõe-se
uma extensa depressão de fundo plano, coberta por materiais aluviais,
onde o Uíma meandriza, que abrange as áreas de São Jorge, Lobão e
339
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Sanguedo, enquadrada a ocidente por vertentes abruptas donde se
individualiza Fiães (230 m de altitude).
O Uíma deixa a depressão em Sanguedo e até à foz em Crestuma corre
por entre vertentes modestas, mas vigorosas num vale bastante encaixado
(Coelho, 1990).
Relativamente à história, deu-se o nome de Úmica à região de Uma,
grafia antiga do rio que atualmente é designado por Uíma ou Ima, usado
tanto no género masculino como no feminino. As palavras latinas “umidus”
(húmido) ou “humus” (solo) têm a mesma origem que Uíma (Baptista,
2000). Num documento de 1097, aparece a primeira referência ao nome de
Umia; noutro de 1311, o de Uma; no Dicionário de 1158, o de Huyma e,
atualmente, o de Uíma.
Acerca do primeiro, Pinho Leal diz o seguinte:
«Em um documento do séc. X, que do cartório do mosteiro de Pedroso,
concelho de Vila Nova de Gaia, foi para o arquivo da Universidade, onde
hoje existe – falando da cidade de Santa Maria (hoje vila da Feira) se diz que
a cidade da Portella, é situada, ‘discurrente rivulo Umia’. Esta cidade da
Portella, é atualmente uma insignificante aldeia, no alto da serra, em cuja
encosta setentrional está a povoação de Crestuma, sobre a margem
esquerda do Douro.» (Leal, 1873)
A Úmica foi habitada desde tempos remotos, desde a época préhistórica,
proto-histórica, romana e romano-portuguesa.
Os motivos principais eram a fertilidade dos seus campos, bem irrigados
e coroados de sol, a segurança que os oppida (termo em latim que designa
a principal povoação em qualquer área administrativa do Império Romano)
da Portela e Fiães proporcionaram assim como os castros de Sandim e de
Crestuma, as águas mineromedicinais das Caldas de São Jorge e das
Caldinhas fianenses e o sossego religioso dos seus montes e planícies,
terreno que foi propício à fundação de muitos ascetérios, eremitérios,
mosteiros ou conventos que trouxeram à Úmica, de perto e de longe,
milhares de devotos, bons exemplos de trabalho e cultura (Sousa, 1954).
Ao longo do seu percurso, o rio Uíma atravessa inúmeras pontes,
represas e açudes, algumas das quais de grande relevância históricocultural
nas freguesias que atravessa.
340
[Capítulo VII](Rios)
Doc. 202 - Ponte do Estilo Romano sobre o Rio Uíma no Lugar de Várzea
Doc. 203 - Rio Uíma
341
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Em tempos, a fauna piscícola no rio Uíma era mais abundante que a do
Febros (Almeida, 1990). Nele, abundavam trutas (Salmo trutta), bogas-dorio
(Chondrostoma polylepsia) e bogas-do-Douro (Chondrostoma polylepis
duriensis). A fauna piscícola é idêntica ao rio Febros, em outras espécies
como barbo (Barbus barbus), barbo-do-norte (Barbus bocagei), escalo
(Leuciscus cephalus cabeda), góbio (Gobio gobio), pimpão (Carassius
carassius) e enguia (Anguilla anguilla).
A lontra (Lutra lutra) tinha presença bem conhecida nas águas do rio
Uíma, especialmente junto às Termas das Caldas de São Jorge, por entre a
frondosa vegetação e nas águas do Uíma, onde têm sido de novo avistadas
depois de um longo período (Jornal de Notícias de 5 de Junho de 2006).
A destruição da vegetação ripícola - nomeadamente associada a ações
de limpeza, extração de inertes e aumento das áreas agricultadas - reduz as
condições de abrigo das lontras nas margens, alimentação e segurança.
Em relação às aves, registaram-se na bacia do rio Uíma pardais (Passer
domesticus) e rolas (S. turtur), entre outras. Foi constituída uma Zona de
Caça Municipal nos terrenos da freguesia de Lever, do concelho de Vila
Nova de Gaia para a perdiz-vermelha (Alectoris rufa), coelho-bravo
(Oryctolagus cuniculus) e javali (Sus scrofa).
Relativamente a répteis e anfíbios, foram encontrados no Rio Uíma
espécies como o tritão-marmorado (Triturus marmoratus), tritão-deventre-laranja
(Lissotriton boscai), salamandra-de-pintas-amarela
(Salamandra salamandra), rã-ibérica (Rana iberica), salamandra-lusitânica
(Chioglossa lusitanica), sapo-comum (Bufo bufo), cobra-de-água-viperina
(Natrix maura), fura-pastos (Chalcides striatus), licranço (Anguis fragilis),
lagarto-de-água (Lacerta shreiberi), lagartixa-do-mato (Psammodromus
algirus) e lagartixa-ibérica (Podarcis hispanica) (Almeida, 1990). A rãibérica,
o tritão-de-ventre-laranja, a salamandra-lusitânica e o lagarto-deágua
são endémicas da Península Ibérica, logo têm grande importância de
conservação.
No rio Uíma, os fundos dos vales e as encostas mais suaves são ocupadas
por uma agricultura baseada nas culturas do milho, feijão e pastagens, em
associação com a cultura da batata e da vinha a marginar os campos.
A mata primitiva de carvalhos (Quercus robur), castanheiros (Castanea
sativa) e sobreiros (Quercus suber), que no passado ocupava grandes
342
[Capítulo VII](Rios)
extensões na bacia do Uíma, cedeu o lugar aos pinhais (Pinus pinaster) e
eucaliptais (Eucalyptus globulus) associados a um sub-bosque de urze (Erica
arborea), tojo (Ulex europaeus), giesta (Cytisus striatus) e fetos (Pteridium
aquilinum). Apenas a bordejar o Uíma, ainda se podem ver alguns choupos
(Populus nigra), amieiros (Alnus aglutinosa) e salgueiros (Salix atrocinerea)
(Coelho, 1990).
Em Canedo, o coberto florestal é intenso nas margens do rio Uíma,
sucedendo-se as matas de eucaliptal e pinhal pontuadas, por uma frondosa
vegetação ripícola à base de amieiros, salgueiros, freixos e algumas
intrusivas austrálias (Acacia melanoxylon) e acácias-mimosas (Acacia
dealbata).” 111
Doc. 204 – Ponte de Várzea sobre o Rio Uíma (2)
111
Relatório de Parques Metropolitanos na Grande Área Metropolitana do Porto. Relatório Final.
Fevereiro de 2009. Disponível online no site: http://rios.amp.pt/sitiosamp/static/public/rios/SistemasEstruturantes-UIMA.pdf
[Consultado em 2017]
343
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Rio Douro:
O Rio Douro é um dos principais rios da Península Ibérica, que flui de sua
fonte perto Duruelo de la Sierra, na província de Sória, no norte -central
Espanha e no norte de Portugal, sendo a sua foz no Porto / Vila Nova de
Gaia.
O nome latinizado Durius, pode ter vindo das tribos celtas que
habitavam a região antes dos tempos romanos, sendo Dubro a raiz celta
para este nome. Nos tempos romanos, o rio foi personificado como um
deus, Durius.
O nome Douro Vinhateiro, refere-se a uma área do Vale do Douro, em
Portugal, que foi classificada pela UNESCO como Património Mundial.
Tradicionalmente, o Vinho do Porto era levado rio abaixo em barcos de
fundo plano chamados rabelos, para ser armazenado em barris nas caves
em Vila Nova de Gaia, na margem sul do rio, em frente à zona da Ribeira do
Porto.
O rio Douro é o terceiro maior da Península Ibérica, depois do Tejo e do
Ebro. O seu comprimento total é de 897 km, sendo que apenas as águas de
Portugal são navegáveis.
Do lado de Espanha, o Douro atravessa a grande meseta castelhana e
serpenteia através de cinco províncias da Comunidade Autónoma de
Castela e Leão: Sória, Burgos, Valladolid, Zamora e Salamanca, passando
pelas cidades de Sória, Almazán, Aranda de Duero, Tordesilhas e Zamora.
Nesta região, há poucos afluentes do Douro, sendo os mais importantes
o Pisuerga, que passa por Valladolid, e o Esla, que passa através de Zamora.
Esta região é, na sua generalidade, uma zona de planícies semi- áridas,
plantadas com trigo. No entanto, à semelhança do que acontece em grande
parte da sua extensão portuguesa, também em Espanha existem algumas
zonas plantadas com vinhas, como é o caso de Aranda de Duero. A criação
de ovelhas é também um fator económico a ter em conta na região
espanhola.
Ao longo de 112 quilómetro, o rio Douro constitui parte da linha de
fronteira nacional entre Espanha e Portugal, numa região de gargantas
estreitas que acabou por se tornar numa barreira histórica para invasões e
344
[Capítulo VII](Rios)
que constitui um fator de divisão cultural e linguística. Nestas áreas isoladas
da fronteira, existem duas áreas protegidas distintas:
-O Parque Natural do Douro Internacional (do lado português);
-El Duero Parque Natural de Arribes (do lado espanhol).
Após a confluência com o rio Águeda, o rio Douro entra totalmente
em território português, sendo que, a partir daí e até à foz, são raros os
grandes centros populacionais junto ao rio. À exceção das grandes cidades
do Porto e de Vila Nova de Gaia, que ficam junto à foz, apenas se
consideram dignas de nota as populações da Foz do Tua, do Pinhão e do
Peso da Régua.
Em Portugal, os afluentes mais importantes do rio Douro são o Côa,
o Tua, o Sabor, o Corgo, o Távora, o Paiva, o Tâmega, o Sousa e o Febros.
Todos eles são pequenos rios, de águas rápidas e não navegáveis.
Em Portugal, o rio Douro atravessa os distritos de Bragança, Guarda,
Viseu, Vila Real, Aveiro e Porto. A cidade do Porto é a principal cidade na
zona norte de Portugal, sendo o seu centro histórico reconhecido como
Património da Humanidade pela UNESCO.
No distrito de Aveiro, mais para norte, Canedo é a única freguesia do
Concelho de Santa Maria da Feira banhada pelo rio Douro. Canedo aparece
na sua margem esquerda, banhado pelas suas águas 3 km, desde da Foz do
Rio Inha até ao vale das Custouras (um pouco abaixo do Porto de Carvoeiro.)
Na margem do Rio Douro, encontra-se a aldeia de Carvoeiro, onde
começa/acaba a EN 223, que em tempos remotos foi um porto fluvial de
grande importância do Rio Douro.
Doc. 205 - Vista do Rio Douro do Porto de Carvoeiro
345
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
346
[Capítulo VIII](Lendas, Orações e Talhações)
[Capítulo VIII]
(Lendas, Orações e Talhações)
347
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
348
[Capítulo VIII](Lendas, Orações e Talhações)
• Lendas típicas de Canedo:
Canedo, devido à sua vasta floresta, ao cultivo árduo da terra, à
existência de muitas linhas de água e ser uma terra com grande
religiosidade, tem imensas lendas encantadoras. De muitas outras,
apresento aqui duas.
• Lenda do Poço do Fajouco: A grade encantada
“No dia de S. João, um lavrador do lugar de Lousado decidiu ir buscar a
grade encantada que era de ouro, à meia-noite, porque esta, a essa hora
estava fora do poço, então o lavrador apegou os bois (sabendo que não
podia falar em nome de Deus ou santos).
Desceu caminho abaixo até ao poço e vendo a grade na beira do poço,
o lavrador ficou maravilhado. Delicadamente engatou a grade e subiu o
monte a cima, ao chegar a casa, ia a falar para os bois, a dizer " à bois do
diabo, estou a ficar safo, à bois do demónio, deste-me a sorte", mas no
momento, quando já estava a amanhecer, ao entrar em casa, o demónio
mudou-lhe a mente, e em vez de falar em memória do demo, disse o
contrário e olhou para trás "ai boisinhos de Santo António que me deste a
sorte”.
Como ele não podia olhar para trás nem falar em nome de santos,
quando ele acabou de dizer estas palavras, a grade desengatou e deteve-se
no poço, nunca mais apareceu.”
• Lenda da Cobra Moura
“Existe uma nora antiga no local da cobra, no Lugar da Inha. Depois
dos agricultores regarem os seus campos rente à noite, da respetiva nora
do Rio Inha, viram várias vezes no rego da água um barulho esquisito a
deslizar com os olhos cintilantes e comentavam uns para os outros "Será
349
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
alguma lontra, será algum lobo, ou alguma coisa doutro mundo", até que
um dia um destemido agricultor, ao desengatar os bois do pau da nora,
avistou uma cobra muito grande coberta de cabelo e com cabeça de gato e
com uns olhos centelhantes. Os bois ao sentirem o animal fugiram caminho
abaixo.
O homem com muita calma pegou numa enxada de regar o milho, e
de repente saltou ao rio á entrada da boca da nora e tentou feri-la, apesar
desta ter cerca de dois metros de cumprimento, que o azar foi tanto que ao
dar o lanço á enxada, o homem entropeçou numa raiz de amieiro e não a
conseguiu a atingir. Dizem os habitantes do lugar, que a cobra ainda anda
por esses sítios no raio de 500 metros, mas só aparece de dez em dez anos.
O pobre agricultor só os conseguiu encontrar a cerca de um
quilómetro do local, pois eles estavam apostos e ficaram engatados num
salgueiro ao passar o ribeiro do Vieiro.” 112
• A lenda dos três Irmãos
“Três irmãos, muito amigos, Domingos, Pedro dos Pecureiros e
Marcos, decidiram consagrar-se à vida religiosa e construíram, com as
próprias mãos, pois era três pedreiros, três ascetérios, em locais elevados,
donde se vissem e comunicassem quando quisessem, respetivamente, em
Paiva, Penafiel 113 e Fajões.
Possuíam um só martelo, diz a linda, e por causa disso, trabalhavam à
vez com ele, e arremessavam-no (atiravam-no), de um lado para o outro.
As três Capelas têm as portas principais voltadas umas para as outras.
Por vezes, temos ouvido, em vez de São Pedro dos Pecueiros, Santo
Isidro que tem a sua capela no alto do Castrejo, de muito valor na vila de
Gondomar.” 114
112
As lendas variam de lugar para lugar.
113
“Ou entre Penafiel e Rio Mau.” – diz o autor da Lenda.
114
Vd. O Concelho de Gondomar. Camilo de Oliveira (1931)
350
[Capítulo VIII](Lendas, Orações e Talhações)
• Orações típicas de Canedo: 115
• Minha alminha
“Minha alminha tem de firme,
Que vais correndo na fé,
Jesus Cristo contigo é,
Lembras-te que hás-de morrer,
E logo hás-de aparecer.
Passarás e não temerás,
Ao campo de “Churofas”,
Cinquenta na véspera,
Cinquenta no dia.
Eu hei-de “saúdadar”,
Com a Virgem Maria,
A saudade que eu peço,
É paz e alegria.”
• Reza às almas
“No dia da Senhora da Conceição
Nossa Senhora da Conceição “balei-nos”.
Nossa Senhora da Conceição “balei-nos”.
Nossa Senhora da Conceição “balei-nos”.
Nossa Senhora da Conceição, tu que pela
tua sagrada boca disseste, quem 150
vezes pelo teu santíssimo nome
chamasse sua alminha não perdia.”
• Ao despertar
“Benza ó Deus o dia,
Benza ó Deus quem nos guia,
Filho da Birge' Maria,
Senhor qu'apartastes
A noute do dia,
Afastai a minh'alma
Da má cumpanhia Amém”
• Pai Nosso da Palma
“Pai-Nosso da Palma
Onde Nosso Senhor Jesu' Cristo
Fez corpo e alma.
Ceu de'strelas, mar de Nazaré
Intrando e saindo,
Jesu' Cristo oubindo,
Lá in cima naquel'altar
'Stá uma feia majestade.
Bai lá e dá a mim
E dá à Joana e dá à Maria,
Num dês àquela feia Judia,
Qu'era a que num crio
Crer qu'eu era filho de Deus
E da Birge' Maria abertas,
Remidas e inroladas.”
115
Muitas das orações são apresentadas da mesma forma como são ditas pela voz popular, evidenciando
o arcaísmo das pessoas mais antigas.
351
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Salva
“Esta Salva que rezamos
Ao senhor a ofertamos
E também a Santo António
Que nos livre do demónio.
Que nos livre do demónio
Da sua má companhia
As contas do meu rosário
São peças de artilharia
Dão combates ao inferno
Dizendo Ave Maria.
Ave Maria me lembro
Na morte e mais na vida
Para que sempre louvemos
Nossa Mãe na companhia
Sem pecado concebida
Outra vez Ave Maria.
Ave Maria Senhora
Cheia de graça Divina
Amparadora das almas
Amparai também a minha.
Senhora da Conceição
Sois a Rainha das flores
Aceitai-nos este terço
Sois a mãe dos pecadores.
Vosso filho amoroso
Que por nós morreu na cruz
Fazei que nos leve á glória
Para sempre amém Jesus.”
• À virgem
“Birge pura, birge' pura,
Bem sobemos que paristes
Tod'o mundo remistes
Remei a mim Sinhora,
Sou uma grande pecadora.
(Quando o padre consagna
A hóstia e o cálice no altar
Pergunta como se chama)
Chamo-se Menino Jesus
Prégado numa Cruz,
Cum três crabos, tres'spinhos
E três junquinhos marinhos”
• À Nossa Senhora de Março
“O mês de Março
Tem trinta e um dia
Quero-me assoldado convosco
Ó Virgem Maria,
A suldada qu’eu bos peço
É que deis a este mundo paz
E no outro alegria, Amém.”
• Ao deitar da cama
“Nesta cama me bou deitar
Nosso Sinhor bou adorar
Se bier a morte p'ra me buscar
E eu'steja por cunfessar,
Cunfessai-me, meu Senhor
Que sabeis q'antos eles são
E botai-me a absuloição
Inq'anto digo o Acto de Contrição
(Acto de Contrição, meu Deus...)”
352
[Capítulo VIII](Lendas, Orações e Talhações)
• Contra o pesadelo
“Deus me disse, Deus me disse,
Deus me disse que me deitasse e
dormisse,
Que me num lembrasse da onda nim
da maromba
Nim do home' da má sombra
Nim do magano pesadelo
Que tem a mão furada
E a unha desbirada
Cuntista, cuntista, cuntista,
Rigista, rigista, rigista,
Assista, assista, assista,
De bolta da minha morado
Três bezes cuntista,
Três bezes rigista,
Três bezes assista,
Dia de Páscoa e ó domingo,
Sábedo d'Aleluia
Padre-Nosso, Abé-Maria”
• Ao deitar
“Cum Deus me deito,
Cum Deus me lembr'a morte,
O qu'inferno tão forte!
Por quem chamais?
- P'la Birge' Maria
- Oh que bela cumpanhia!
Os santinhos rezo
E os anjos adora",
Deus Nosso Sinhor
Se deite entre mim
Nesta hora Amém”
• Ao deitar
“Cruz de Cristo caia sobre mim,
Nosso Renhor Jesu' Crist
Responda por mim,
Inimigos bibos e mortos
O Senhor os defenda de mim. Amem
Cum Deus me deito,
Cum Deus me lebanto
Na graça do debino'Sp rito Santo,
Deus me cubra c'o seu manto.
S'eu coberto co'ele for
Num tenho medo nim temor
Nim de cousa que má for,
S'eu dormir, acordai-me.
S'eu morrer, alumiai-me
Co'a boz das sete belas
Da Santissima Trindade
Três à cabeceira
Q’atro ós pés
E Nosso Sinhor
Jesu' Cristo à dianteira.
S'a morte me bier buscar
E eu num puder falar,
Nim dizer três bezes
"Jesu' me balha"
Deus me sucorra
Pla sua infinita bundade, Amém”
353
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Para quando troveja
“Q’ ando Sinhor plo mundo andou,
São Grigório o incuntrou
E Nosso Sinhor l'e proguntou:
Onde bais, ó Grigório?
Bou tomar a troboada
Que sobre nós and armada
Bai, ó Grigório, bai,
Torna p'ró monte maninho
Unde num haja pão nim binho
Nim de menino bafinho
Nim casa nim beira
Nim raminho de figueira
Nim pedrinha do sal
Nim cousa que faça mal Amém”
• À Nossa Senhora
“A Nossa Senhora
Esta reza que rezamos à Sinhora
Of'reçamos que nos libre do
demónio
E da sua má cumpanhia,
As contas do meu rosário
São peças d'artilharia,
dão cumbate 6 inferno,
Dizendo Abé-Maria,
Abé-Maria da Graça,
Sinhora da Cunceição,
Tantos são os bossos milagres
que num tem cumparação.
Loubado sejais dos anjos
Mais de Deus, ó Birge pura.
Bosso Filho é formoso
Que por nós morreu na cruz.
Peço que me dês glória
P'ra sempre amém Jesus.
Até' gora andei irrada
Sem nunca atinar caminho.
Num há mar que me perca,
Sois um'arca aberta
À porta do Paraíso.
Mas olhei qu'ando im guerra
Neste mundo tentador
Birge', pedei ó Sinhor
Que me dê um coração forte
P'ra sempre amém Jesu’”
• Morte do Senhor
“Quinta feira d'Indoenças,
Sesta-feira da Paixão,
Sabedo d'Aleluia,
Domingo da Ressurreição,
Incuntrei Nossa Sinhora
C'um ramo d'ouro na mão
Pedi-lhe uma folhinha,
ela disse-me que não
eu tornei a pedir
ela deu-me seu cordão,
Que me daba sete boltas
À bolta do coração.
Numa ponta tem S. Pedro
Na outra tem S. João,
No meio tem o retrato
Da Sinhora d'A'cenção.
Ó meu padre Santo António
Aceitai-me este cordão
Que me deu a Birge'Maria
Pra pôr no coração.
Intrego-me à luz,
A santa cruz,
A Sinhora a Deus,
Ó corpo formoso
E a Deus piedoso.
Assim com'o cálice
E a hóstia'stão no altar,
Assim'stejo os anjos
No ceu por mim a rogar”
354
[Capítulo VIII](Lendas, Orações e Talhações)
• Ao deitar (ou ao levantar)
Com Deus me deito (levanto),
Se a morte vier para me levar
A minha boca não possa falar
E os meus pecados não possa
confessar
Peço ao nosso senhor
Que me confesseis e perdoeis
Pois bem sabeis quantos eles são
Neste mundo paz e no outro
salvação
Enquanto eu digo o acto de
contrição.
• Para se confessar
diretamente a Deus
Confesso-me a Deus e à Virgem
Nossa Senhora do Rosário que me
perdoe os meus pecados que bem
sabe os que lhes são
enquanto eu digo a confissão
e o aceito de contrição,
Deus Nosso Senhor e a Virgem
Nossa Senhora me vote a sua Divina
absolvição.
• Oração a S. Mateus para não
ter sonhos maus
Milagroso S. Mateus, tomais conta
dos meus sonhos que eu tomo
conta dos seus.
• Entrego-me ao Senhor
Entrego me ao senhor e à flor que
Ele nasceu, à História consagrada e
à cruz que Ele morreu.
• Pelo mês de Maio
Arreda-te Satanás,
Que parte na minha alma não
terás,
Que no dia de Santa Cruz,
Mil vezes direi Jesus.
• Oração ao Pai nosso
Padre Nosso S. Gregório que ele foi
ao salvatório vestidinho de burel
para alcançar as cinco chagas do
Divino Manuel,
Manuel que está no berço,
embalando S. José, embala com a
mão, manje com o pé
que esse menino que embalas é
Jesus de Nazaré.
Os galos estão cantando entre nós
e dominé.
• Oração para não ter
pesadelos
Pesadelo do pé torto e da mão
furada, vai contar contar as
estrelas ao céu e as areias ao mar e
não venhas comigo contestar.
355
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Talhações típicas de Canedo:
• Talhar as bichas (lombrigas)
“Enfarruscam a parte abdominal com canão e azeite depois limpam essa
região, mas nos poros ficam sempre alguns pontos negros do carvão, que
são, segundo eles dizem, as cabeças das bichas.
Como matá-las? Com uma navalha de barba raspam tanto quanto é
possível, esses tais pontos negros. Feito isto, supõem curado e padecente!
Esta é a operação cirárgica; mas para a benzedura, põe-se o doente de
barriga para o ar. A benzedeira, com uma faca de cozinha sobre o ventre do
padecente, diz:
Bicho, rabicho, salte daqui
Que Jesus Cristo não te quere aqui.
Por poder de Deus e da Virgem Maria.
(Ave-Maria).
E em nome das três pessoas da SS. Trindade, vai talhando desde o
número 9 até meia lombriga.
E de todas as vezes que talha, finge cortar a cabeça à lombriga,
invocando o padre Santo António, talhador da porfia, em talhar bicha e
lombrigas que de nove desfazem em oito e depois em sete, etc., até não
ficar nenhuma por talhar, de fio em fio, com uma faca.
O fio é duma maçaroca; a agulha é enfiada numa linha que não tenha
nó e cortada por uma tesoura.”
356
[Capítulo VIII](Lendas, Orações e Talhações)
• Talhar o unheiro:
O talhador diz:
“Unheiro verde parido,
Quem te talharia?
Foi Nossa Senhora,
Só ela esse poder teria.
Em louvor de S. Pedro e S. Paulo
de S. Silvestre
Isto que eu faço, preste.”
• Talhar uma abridura (doença de peito aberto)
“Quando alguém adoece por motivo de algum tombo ou outro de sastre,
donde resultou luxação ou entorse e fica com dores, ordinariamente nos
jogadoiros, chama-se uma mulher que teve duas crianças ambas do sexo
masculino; e deitado o padecente, a tal mulher que teve os referidos
gémeos passa três vezes por cima do lugar dorido, dizendo: - Eu que coso?
Carne quebrada e fio destorço. -Isso mesmo é que eu coso, por poder de
Deus, e da Virgem Maria, de S. Pedro e de S. Paulo e de S. Silvestre; que seja
o verdadeiro mestre; tudo que eu faço, preste. Outra variante: «carne
quebrada, torna a tua casa; fio destorço, torna a teu poço».
Chamam coser o fio, porque a bruxa usa o fio, a agulha e a tesoura. Outra
variante: quando alguém sofre uma luxação ou coisa semelhante nos
quadris ou no peito-chamam peito aberto. Então procura-se uma mulher
que tenha tido dois gémeos; essa mulher tem de saltar nove vezes por cima
do padecente que jaz no chão; e ela, a cada salto dum lado para o outro,
vai dizendo:
«Jesus, santo nome de Jesus,
Assim como sarei da minha paridura
Assim sares da tua abridura.»”
357
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Talhar a fístula
“Talha-se com uma pouca de lã de ovelha pequenina, acompanhando o
ato com uma reza semelhante a antecedente.”
• Talhar o bicho
“Passa-se um tição aceso pela frente da ferida e fazendo com ele o sinal
da cruz, diz-se:
«Jesus, nome de Jesus! (3 vezes)
Talho bicho, bichão,
Cobra, cobrão,
Aranha, aranhão.”
• Talhar as bichas às crianças
“A benzedeira munida dum pau e duma faca vai simulando que cora, em
frente da criança, ao passo que diz:
Jesus, nome de Jesus, etc.
Talho ar de bichas
Ar de longas e ar de lombrigas;
Estas bichas, longas, lombrigas,
E assães e bicotil.
Estas bichas e longas lombrigas
E assães eu as talho:
Que sequem e esmirrem
As que precisas não forem,
Como o pau do bogalho
E a folha do carvalho.”
358
[Capítulo IX](Canções)
[Capítulo IX]
(Canções)
359
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
360
[Capítulo IX](Canções)
• Canções típicas de Canedo:
A freguesia de Canedo sempre teve uma grande ligação à construção de
melodias e músicas populares com elementos da natureza (rios, árvores,
etc.), invocando santos, e também com vivências do quotidiano da altura.
Por este mesmo facto, dizem que as terras de Canedo têm um folclore
interessante e dos mais valiosos do país, composto com um extenso e
variado reportório de músicas, caracterizado pelos Viras e Rusgas.
• Fado à Vila de Canedo
Ai Canedo era uma Vila,
Ai no tempo da Monarquia.
Ai ainda não se pensava,
Ai encenou a freguesia.
Ai o lavrador traz o carro,
Ai o padeiro traz o cesto,
Aí nós somos da Beira rio,
Ai trazemos peixe Fresco.
Ai viva o povo de Canedo,
Isto não é fantasia,
Ai Sr. da Piedade,
Dai a bênção à freguesia.
• Vira Sra. da Piedade
“Sra. da Piedade,
Ai Sr. Da Piedade,
No calvário de Canedo,
Ai no calvário de Canedo.
Abrei-me as portas do ceú,
Ai abrei-me as portas do ceú,
Porque eu cá fora tenho medo,
Ai que eu cá fora tenho medo.
Raparigas de Canedo,
Ai raparigas de Canedo,
Gozai vossa mocidade,
Ai gozai vossa mocidade.
Vamos juntinhos rezar,
Ai vamos juntinhos rezar,
Sra.da Piedade,
Ai Sra. Da Piedade.”
361
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Água da Fonte
“Freguesia de Canedo,
Ao longe parece vila,
Tem uma fonte na entrada,
E um rio na saída.
(Refrão). Ó água da fonte,
Água tão fresquinha,
Ó água da fonte,
Pura e cristalina.
Se vires o mar vermelho
Não penses que é sagrado,
São as lágrimas de sangue,
Que eu por ti tenho chorado.
Refrão;
Ó Amieiro, do rio,
Deixa passar os peixinhos,
Quem namora às escondidas,
Quer abraços e beijinho.
Refrão.”
• Velha Rusga
“Ó Velha Rusga,
Ouve ó lá cantador,
Ouve ó lá cantador,
Dou-te a minha Saudação.
Ó Velha Rusga,
Eu cheguei aqui agora,
Eu cheguei aqui agora,
Eu te saúdo, Ó cantadeira.
Ó Velha Rusga,
Eu te saúdo, Ó cantadeira.
Somos das Terras de Canedo,
Santa Maria da Feira.
Ó Velha Rusga,
Ouve ó lá cantador,
Ouve ó lá cantador,
Somos das Terras da Feira.
Ó Velha Rusga,
Somos das Terras da Feira,
Para não cantares sozinho,
Tens aqui a cantadeira.
Ó Velha Rusga,
Ouve ó la cantadeira,
Ouve ó la cantadeira,
Não me tires os sentidos.
Ó Velha Rusga,
Não me tires os sentidos,
Vamos terminar a rusga,
Para ficarmos amigos.”
Ó Velha Rusga,
Dou-te a minha Saudação,
Saúde e tudo em geral,
E à briosa comissão.
362
[Capítulo IX](Canções)
• Senhora da Piedade
“Senhora da Piedade, ó larai,
No calvário de Canedo, ó larai,
Abrei-me as portas do ceu, ó larai,
Que eu cá fora tenho medo, ó larai.
Abrei-me as portas do ceu, ó larai,
Que eu cá fora tenho medo, ó larai.
(Refrão). Nós vamos dançar,
esta linda moda.
Dançai raparigas,
Nesta linda roda.
Nesta linda roda,
Não olhes para trás,
Dançai raparigas,
Com vosso rapaz.
Eu também queria dançar, Ó larai,
Senhora da Piedade, Ó larai,
Com esta linda modinha, Ó larai,
Para alegrar a mocidade, Ó larai
Com esta linda modinha, Ó larai,
Para alegrar a mocidade, Ó larai
(Refrão)
Raparigas de Canedo, ó larai,
Gozai vossa mocidade, ó larai,
Vamos juntinhos rezar, ó larai,
Senhora da Piedade, ó larai.
(Refrão)”
• Cantiga da Eira
“Pelo mar abaixo
Vai uma panela
Ó do rum, tum, tum,
Vamos atrás dela.
Deixei o limão correndo
E à tua porta parou…
Quando o limão te quer bem
Que fará quem o botou!
A saia da Carolina
Tem dois tomados na frente…
Ai, sim, Carolina, ó ai, ó ai, meu
bem!
Os tomados da Carolina
Fazem inveja a toda a gente!
Ai, sim, Carolina, ó ai, ó ai!
Ai, sim, Carolina, ó ai, ó ai, meu
bem!”
• Tenho vinte e três amores
“Tenho vinte e três amores,
Contigo são vinte e quatro…
Em chegando ao quarteirão
Vendo-os todos a pataco!
Tu dizes que me num queres
Mas “indas”, virás a qu’rer…
Tanta água dá na pedra
Que a faz amolecer!
Vai-te embora, amor, “num”
julgues
Que eu vou ficar a chorar
“Num” falta quem queira vir
Ocupar o teu lugar!”
363
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Meu amor
“O meu amor diz que vira
E eu também qu'ria ver
Estrélas ao meio dia...
Coisa que não pode ser!
O meu amor ourives (2)
Já me deu uma aliança
Já me foi bater à porta
E abusar da confiança f
O meu amor eras tu
Se te num fosses gabar
Pela bôca perde o peixe
Quem te manda a ti falar?
O meu amor é um anjo
Eu em Deus não o mereço.
Já mo quiseram comprar
Mas - anjos do céu - não têm preço”
• O meu amor
“O meu amor ontem à noite
Pela vida me jurou
Que se ia deitar ao mar
E eu atrás dêle não vou!
Os filhos da minha filha
Sempre meus filhos serão…
Os filhos do meu filho
Serão meus netos ou não!”
• Rosa qu’estás na roseira
“Rosa qu’estás na roseira,
Deixa-te estar em botão…
A rosa depois de aberta
Todos lhe “quer” pôr a mão!
Semeei no meu quintal
O brio das raparigas…
Nasceu uma rosa branca
Cercada de margaridas…
Se ouvires dizer que eu morri
“Num” chores por mim, meu bem…
A morte de uma infeliz
“Num” causa pena a ninguém!
Silva verde num me prendas
Olha que me “num” seguras…
Eu já tenho “arrebentado”
Outras amarras mais duras.”
Ó meu rico São João,
o meu santo marinheiro...
Levai-me ra vossa barca
Lá pró Rio Janeiro!
Ó minha mãe dos trabalhos
Para quem trabalho eu?
Trabalho, mato o meu corpo,
Não vejo nada de meu!
364
[Capítulo IX](Canções)
• No alto daquela serra
“No alto daquela serra,
No alto daquela serra,
Está lá um lenço,
Está lá um lenço de várias cores.
Está lá um lenço,
Está lá um lenço de várias cores.
Está dizendo – Viva, Viva,
Está dizendo – Viva, Viva.
Ora morra, quem morra,
Quem “num” tem amores.”
• Senhora Ana, Senhora Maria
“Senhora Ana,
Senhora Maria,
O seu galo canta,
O meu assobia.”
• As cartas do Brasil
“De onde vens, ó ai,
Ó de onde virei,
Ó ai, onde virei,
Ó ai.
Ter de levar as cartas
Ao brasil, Ó Rei,
Ó ai, ó Brasil,
Ó Rei, Ó ai.”
• Vira Valseado
“Ai este Vira Valseado,
Ai este Vira Valseado,
Ai já o meu pai o dançava,
Este Vira Valseado.
Ai já o meu pai o dançava,
Ai na eira da minha mãe,
Ai quando vinha a desfolhada,
Ai na eira da minha mãe.
Ai virai meninas virai,
Ai virai meninas virai,
Neste Vira Valseado,
Ai virai meninas virai.
Ai este Vira Valseado,
Ai é o vira mais bonito,
Ai daquele tempo passado,
Ai é o vira mais bonito.
• Aperta amor, aperta
“Rua abaixo, rua acima,
Toda a gente me quer bem. (bis)
Só a mãe do meu amor,
Não sei que raiva me tem. (bis)
(Refrão) Ó aperta, amor, aperta,
Aperta a minha cintura. (bis)
A amizade que te tenho,
Só tem fim na sepultura.
Atirei o limão verde,
À menina da varanda. (bis)
O limão caiu lá dentro,
E a menina já cá anda.
(Refrão)”
365
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Rabela
“A minha mãe é rabela, (bis)
Eu com ela me criei, (bis)
Vamos dançar a rabela, (bis)
Que eu outra moda não sei. (bis)
A minha mãe é rabela, (bis)
E o meu pai o rabelão, (bis)
A minha mãe toca viola, (bis)
E o meu pai o violão. (bis)
A minha mãe é rabela, (bis)
Vai ao porto à semana, (bis)
Ela vai no seu barquinho, (bis)
E eu fico a dormir na cama. (bis)
Rabela, minha rabela, (bis)
Rabela minha mulher, (bis)
Quem tem uma mulher, (bis)
Navega quando quiser. (bis)”
• Lambão
“O pai do ladrão,
Era meu vizinho.
Vendeu um arado,
Para comprar vinho.
(Refrão) Vai de ronda em ronda,
E torna a rodar.
O pai do ladrão,
Era tamanqueiro.
Fazia soquinhos,
Do pobre pinheiro.
(Refrão)
O pai do ladrão,
Era sapateiro,
Fazias sapatos,
Ganhava dinheiro.
(Refrão)
O pai do ladrão
Foi dançar comigo.
Ele caiu na roda,
Ai foi divertido.”
• Diga lá, ó meu menino
“Diga lá, ó meu menino
Donde vem e para onde vai,
E as armas que traz às costas
Se as herdou do seu pai…
As armas que trago às costas
Não as herdei do meu pai,
São os cornos de seu marido
Que de maduros lhe caiem.”
Já cá vai roubada,
Já cá vai na mão.
Já cá vai roubada,
No meu coração.
366
[Capítulo IX](Canções)
• Avante Canedo Inteiro
Avante Canedo inteiro,
Com muita fé e glória,
Dai todos vosso dinheiro,
Honrai assim uma história.
De Canedo era o Mosteiro,
Aqui fundado há mil anos,
Heróis da fé e da crença,
Que nós dele todos herdamos.
Rainha Santa Isabel,
Esposa de D. Dinis,
Transformou rosas em pão,
A história assim o diz.
• Desfolhadas
(Odete Latourrette Alves)
As desfolhadas na aldeia,
Têm sonhos encantadores,
Assim se desfolha as espigas,
Em casa dos lavradores.
Lindas desfolhadas,
Lindas desfolhadas,
Onde as raparigas
vão todas lavadas.
Saem de Casa,
Preparam-se bem,
Porque os seus namoros,
La irão também.
• Inauguração do Lavadouro
do lugar do Mosteiro (1942)
Neste dia tão feliz,
Todo o canedense quis,
Vir hoje homenagear,
O Senhor presidente da Câmara,
Que veio à nossa terra o lavador
inaugurar.
Meu Portugal,
Por quem governa Salazar,
Na tua paz sem igual,
Tu deves continuar.
Nesta hora incerta,
Para toda a humanidade,
Nós temos um chefe alerta,
Homem de fé e bondade.
Os Canedenses,
Estão encantados,
Cantando em coro,
Tão animados.
Quer faça sol,
Chuva ou vento,
Estão abrigados,
De todo o tempo.
Cantamos com alegria,
De tão lindo lavadouro,
Orgulho da Freguesia.
(Odete Latourrette Alves)
(Odete Latourrette Alves)
367
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Belo anoitecer
Ai como é belo o anoitecer,
Ouvir os sinos a tocar,
Chamando para recolher,
O gado que anda a pastar.
Montanhas lindas, serranias,
Sois a nossa tentação,
Lá passam mais felizes dias,
Quem ama a paz e a solidão.
• Deitei fitas ao luar
Eu subi aquele outeiro,
Deitei fitas ao luar,
O meu amor é tendeiro,
Tem muitas para me dar.
Sim Carolina ói ó ai,
Sim Carolina ó ai meu bem.
(Odete Latourrette Alves)
(Odete Latourrette Alves)
• Festa da Cruzada (1936)
Meu Senhor, deu vento flores,
E ninguém me as quer comprar,
São tão baratas, tão lindas,
Mais lindas não pode achar.
Florinhas, lindas florinhas,
São como vós, as criancinhas.
Florinhas, lindas florinhas,
São como vós, as criancinhas.
• Nas águas do Rio Douro
Nas águas do Rio Douro,
Andam peixes a saltar,
Vinde vê-los, vinde vê-los,
Numa modinha a dançar.
O Rio Douro não sei que tem,
Quem vem de barco sente-se bem,
Ai que bom é no rio andar,
Dentro do barco sempre a Remar.
Rosas de chá, margaridas,
E camélias em botão,
São tão baratas, tão lindas,
Que de graça quási são.
Florinhas, lindas florinhas,
São como vós, as criancinhas.
Florinhas, lindas florinhas,
São como vós, as criancinhas.
368
[Capítulo IX](Canções)
• Lugar de Paçô nos leilões de
1969
Queremos dar a nossa entrada,
É esse o nosso desejo,
Agora a nossa chegada
Do pequenino cortejo.
Rapaziada vamos cantar
Com alegria e animação,
Com estes gestos a dar a dar,
Com muita força e educação.
Vimos todos de Paçô,
Com amor e alegria,
Andamos a trabalhar,
Para a nossa freguesia.
Senhora da Piedade,
Do calvário de Canedo,
Também temos cá na terra,
O padroeiro S. Pedro.
• Lugar de Framil nos leilões de
1969
Há-de ser Canedo,
A melhor do concelho,
Com o povo unido,
E cravo vermelho.
Há-de ser orgulho,
De quantos te desejam,
E seres o exemplo,
De quantos te invejam.
Marchando em frente,
Tem de haver suor,
Deixando em nós,
Um mundo melhor.
E vos emigrantes,
Sempre tão amigos,
Escutas a prece,
Destes vossos filhos.
O pano subiu ao ar,
Nesta terra de Canedo,
Vamos todos marchar,
Para todos perderem o medo.
Vens, vens, vens,
Se não vens vou te buscar
Para fazer um grupo
Para o Salão (Paroquial) acabar.
Este povo de Canedo,
Grita com ansiedade,
Para se unir ao Domingo
No monte da Piedade.
369
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
370
[Capítulo X](Vida Tradicional)
[Capítulo X]
(Vida Tradicional)
371
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
372
[Capítulo X](Vida Tradicional)
• Vida Tradicional da Freguesia de Canedo:
A freguesia de Canedo era uma terra essencialmente agrícola onde
predominava a cultura do milho, do feijão, do vinho, da aveia, centeio,
batata, linho, produtos hortícolas, etc., mas a principal riqueza dos
lavradores eram os pinhais, que abasteciam de lenha e carvão vegetal
grande parte da cidade do Porto. Serviam-se do transporte fluvial, que era
mais barato, sendo o cais de Carvoeiro um dos de maior movimento,
quanto a lenha, do Rio Douro.
Tabela 15 – Produção de alguns produtos agrícolas no ano de 1900 de algumas freguesias do concelho
da Feira (por carros)
Freguesia Trigo Milho Centeio Cevada Aveia
Argoncilhe 8.000 640.000 40.000 12.800 3.700
Arrifana 1.600 64.000 1.600 1.600 1.200
Canedo 5.593 419.510 38.456 2.097 10.488
Feira 40.000 1.900.000 32.000 24.000 10.000
Fiães 2.840 480.000 11.000 5.760 1.200
Guisande 72.000 179.200 18.400 8.000 2.500
Lobão 700 209.760 20.000 14.000 18.000
Louredo 7.200 280.000 40.000 1.600 800
Romariz 48.000 423.000 160.000 4.800 3.200
Vale 2.400 244.600 38.400 800 2.400
Vila Maior 1.600 65.600 14.600 1.920 2.400
Fonte: Correio da Feira, 29-6-1901.
Havia uma fábrica de serração e caixotaria em Carvoeiro, uma de
sabão em Mosteirô, e outra de papel grosso em Várzea. Existiam muitos
moinhos de cereais, sendo que se situavam nos rios Inha e Uíma e os seus
afluentes, vários alambiques, teares, padarias, mercearias, tabernas a
poucos metros umas das outras e um lagar de azeite.
Além de fornecerem para Canedo, ainda abasteciam as freguesias
vizinhas: Vale, Louredo, Vila Maior e Gião, mas antes do racionamento, o
pão de Canedo ia para várias freguesias de Gondomar, Gaia e Castelo de
Paiva.
Segundo o Livro de Registos dos Ofícios do Arquivo Municipal de
Santa Maria da Feira, nos anos de 1755 a 1771 e 1783 a 1799 existiam:
373
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Tabela 16 – Livro de Registos dos Ofícios do Arquivo Municipal de Santa Maria da Feira, nos anos de
1755 a 1771 e 1783 a 1799
Freguesia Alf. Tec. Sap. Somb. Tamanq.
Canedo 5 35 4
Fiães 8 12 2 1 21
Gião 1 4
Guisande 4 3
Lobão 8 8 1 1
Sanguedo 4 20 3 8
São Jorge 1 2
Vila Maior 1 2 1 1
Freguesia Carp. Ferr Pedr. Serrd. Canastros
Canedo 20 3 36
Fiães 5 4 1 1 12
Gião 5 5
Guisande 5 3 20
Lobão 9 1 8 18
Sanguedo 8 3 4 16
São Jorge 4 1 10
Vila Maior 9 3 17
Legenda: Alf. (Alfaiate), Tec. (Tecedeira), Sap. (Sapateiro), Somb. (Sombreireiro), Tamanq. (Tamanqueiro), Carp.
(Carpinteiro), Ferr. (Ferreiro), Pedr. (Pedreiro), Serrd. (Serrador).
Através destes documentos, concluímos que a freguesia de Canedo
era a que tinha mais ofícios num total de 103.
A população Canedense, na sua maior, trabalhava de sol a sol na
agricultura e na criação de aves, gado bovino e caprino. Existiam também
alguns serradores, rachadores de madeiras e resineiros. Os moradores dos
lugares se entreajudavam, sendo que as pessoas mais afastadas do centro
de Canedo só conviviam com as pessoas dos outros lugares na altura das
Romarias, festas religiosas ou quando iam à feira.
Como a freguesia tinha e tem grande extensão, os moradores dos
lugares mais extremos vinham ao centro de Canedo poucas vezes, uma ou
duas vezes por mês, comprar algo muito necessário ou a funerais.
374
[Capítulo X](Vida Tradicional)
Todos os Domingos, da parte da manhã, realizavam-se, próximo da
Igreja no lugar do Mosteiro, a feira de Canedo, na qual vinham pessoas de
freguesias vizinhas como, Fiães, Lobão, Sanguedo, Vila Maior, Gião,
Louredo, Vale, Lever, Lomba, etc., sendo que uns abasteciam-se e outros
vendiam.
A feira tinha um pouco de tudo: géneros alimentícios, produtos
hortícolas, frutas, fazendas, ferragens, gado vivo, ourivesaria e até um
fotógrafo. Como a freguesia era predominantemente agrícola e florestal,
existiam imensos utensílios para esses trabalhos:
• Ancinho:
O ancinho ou gadanho era um instrumento utilizado na agricultura e
constituído por um longo cabo de madeira preso a uma travessa dentada,
geralmente de metal. Era utilizado para apanhar a agulha do pinheiro,
juntar ervas, palha, etc.
• Aravessa:
A aravessa era utilizada nos campos para abrir regos ou tirar batatas.
Era exclusivamente puxada por bois.
• Arado:
Arado é um instrumento que servia para lavrar os campos, revolvendo a
terra com o objetivo de a descompactar e, assim, viabilizar um melhor
desenvolvimento das raízes das plantas. Expunha o subsolo à ação do sol,
ajudando a aumentar a temperatura e apressar o degelo. Também
enterrava restos de culturas agrícolas anteriores, estrume ou ervas
daninhas porventura existentes, assim melhorava a infiltração de água no
solo e a aeração, além de realizar a construção de curvas de níveis.
• Canga:
A Canga ou Parelha de bois era uma forma de aproveitar a capacidade
física dos bois para realização de trabalho no campo (arar, puxar
carroças/carros de boi, etc.) Assentavam no pescoço dos bois e deviam ser
utilizadas com animais de igual condição e constituição físicas e adequadas
ao tipo de trabalho que iam realizar.
• Candeia:
A candeia, lamparina ou lâmpada de azeite era constituída de um
recipiente com algum tipo de óleo combustível, sobre o qual flutuava um
pedaço de madeira ou cortiça, com um pavio encerado fixo.
375
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 206 – o árduo trabalho no Campo (vê-se os diferentes trajes utlizados no campo e uma giga de erva)
376
[Capítulo X](Vida Tradicional)
• Charrua:
A charrua era semelhante ao arado, mas rasgava mais superficialmente
a terra e é mais impermeável, já que se usava o ferro na sua construção,
geralmente, a charrua era puxada por bois.
• Carro de Bois:
O Carro de boi é um dos mais primitivos e simples meios de transporte,
ainda em uso nos meios rurais, utilizado para o transporte de cargas, como
produtos agrícolas ou materiais de construção, e pessoas.
• Enxada:
A enxada ou sachola era uma ferramenta usada geralmente na
agricultura, embora também seja usada para outras tarefas, e consta de
uma parte larga e achatada à qual se adapta um cabo para segurá-la, mais
ou menos longo.
A parte achatada é um estilo de lâmina, com o gume frontal
relativamente afiado por um lado. Utiliza-se basicamente para capinar e
revolver ou cavar a terra, além de para movimentar montões de areia,
argamassa, cortar matas, etc. A parte achatada era de ferro.
• Enxó:
A enxó era um instrumento composto por um cabo curto e uma chapa
de aço cortante. Era usado por carpinteiros e tanoeiros para descascar a
madeira.
• Foice:
A foice era uma ferramenta agrícola, que tinha a característica peculiar
curvilínea. É um importante instrumento de manuseio nas atividades de
agricultura. O instrumento consistia de uma lâmina de metal encurvada
presa a um cabo de madeira.
• Foicinha:
A foicinha como a foice era uma ferramenta agrícola, que tinha
característica curvilínea. Era utilizado nas atividades agrícolas como cortar
erva, ceifar, etc.
• Foucinhão:
O foucinhão era uma ferramenta agrícola com características
curvilíneas. O instrumento consistia de uma lâmina de metal encurvada
presa a um cabo de madeira. Era mais utilizado no monte.
• Forcado:
O forcado era um instrumento utilizado na agricultura, constituído por
um cabo longo de madeira, com dois na ponta, geralmente de ferro. Era
utilizado empilhar carquejas em montes.
377
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 207 -Uma moreia de palha nos tempos antigos
378
[Capítulo X](Vida Tradicional)
• Forquilha:
A forquilha era um instrumento utilizado na agricultura, constituído por
um cabo longo de madeira, 4 dentes compridos na ponta, geralmente de
ferro, assemelhando-se a um grande garfo. Era utilizado no campo para
empilhar ou carregar produtos do campo como também para tirar o
estrume das “cortes” ou estábulos dos animais.
• Fuso:
Fuso era um utensílio cilíndrico feito de madeira, utilizado para fiação e
torção de fibras como lã, linho, cânhamo e algodão em fio. É
frequentemente carregado em ambas as partes, inferior, média ou
superior, geralmente por um disco ou objeto esférico.
O fuso também pode ter um gancho, ranhura, ou entalhe na parte
superior para guiar o fio. Os Fusos têm vários tamanhos e pesos diferentes,
dependendo da espessura do fio que se deseja girar.
• Gasómetro/Lâmpada de Mineiro:
Na freguesia de Canedo existiam homens que trabalhavam em minas, como
as minas de carvão do Pejão, e necessitavam de um gasómetro para dar luz.
O gasómetro era formado por dois reservatórios. No reservatório superior
é colocada água e no inferior é colocada pedras de carboneto de cálcio.
• Grade:
A grade era um utensílio utilizado na agricultura. Era constituído por traves
de madeira ou ferro, com pontas de ferro na parte inferior. Ao ser arrastado
pelos bois, ajuda a aplanar, quebrar fragmentos de terra e cobrir as
sementes em terrenos já lavrados e semeados. Começou a ser utilizado na
Idade Média, na Europa.
• Gancho:
O gancho era um utensílio utilizado na agricultura. Era constituído por
um longo cabo de madeira e três dentes de metal encurvados na ponta. Era
utilizado para cavar a terra, tirar estrume, entre outros.
• Jugo:
O jugo era um utensílio agrícola, parecido com a canga.
• Lampião:
Lampião era um objeto destinado à iluminação, constituindo-se
geralmente de uma armação de metal com um anteparo de vidro para
proteger a fonte de luz, que podia ser uma vela ou uma chama abastecida
por um combustível como o petróleo.
• Malho ou Mangual:
379
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
O malho ou mangual era um instrumento utilizado para malhar milho e
feijão, composto por dois paus ligados por uma correia, sendo um curto e
grosso e outro comprido e delgado.
• Nora:
Nora era muito utilizada para tirar água de poços ou cisternas. Era
constituída por uma roda com pequenos reservatórios ou alcatruzes.
Tradicionalmente as noras eram engenhos de tração animal.
• Plaina:
Plaina era uma ferramenta geralmente utilizada em carpintarias para
nivelar a superfície das madeiras. Essencialmente a plaina consistia num
corpo de madeira ou de metal com uma base plana que sustinha uma
lâmina, ou ferro disposto em ângulo em relação à base. O gume do ferro
era ajustado de modo a estar marginalmente exposto em relação à base o
que permitia cortar a peça a trabalhar.
• Roca de Fiar:
A roca era um instrumento de fiação manual, que se utilizava em
conjunto com o fuso.
• Semeador:
Era um instrumento agrícola essencial no campo para semear cereais,
milho e feijão.
• Tear:
Era um instrumento onde se utilizava o linho para fazer peças de
roupa.
380
[Capítulo X](Vida Tradicional)
Doc. 208 - Bois a postos como era antigamente
Doc. 209 – Carro de bois
381
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Anexos:
Tabela 17 -Estrutura socioprofissional no ano de 1801
Profissões Lobão Gião Canedo
Vila S.
Maior Jorge
Guisande Fiães
Almas 1002 395 1553 468 473 286 1075
Homens 480 196 753 238 230 131 541
Mulheres 522 199 800 230 243 155 534
Seculares 3 4 6 2 2 2
Lavradores 125 50 51 43 52 42 112
Negociante 1 3 1 3
Jornaleiro 8 8
Cirurgião 1 1 1 1 1 3
Alfaiates 8 2 3 1 1 6 5
Carpinteiros 5 4 2 5 2 6
Padeiros 2
Sapateiros 2 2 2
Moleiros 2 1 2 2
Ferreiros 1 2 2
Ferrador
Serralheiros
Pedreiros 7 1 2 4 5
Marinheiros 10 1 6 2
Barqueiros 4
Almocreves 3
Canastreiros 3 20 12 11 12 12
Tamanqueiros 2 20
Serradores 2
Tecelões
Criados 5 8 2 2 19 5 1
Criadas 2 3 2 4 2 7 3
Fonte: Doc. 51, Lobão - Terra do Deus Maior. Carlos Dias. 2018
Retirado de: Descrição da Comarca da Feira – 1801, Separata da “revista da Faculdade de Letras”, II série, Vol. XI. Porto, 1994.
382
[Capítulo X](Vida Tradicional)
Doc. 210 – Um carro de bois (foto de meados do século XX)
383
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Tabela 18 -Preço (em reais) médio dos salários no concelho da Feira (1863 a 1870)
Profissão
Anos
1863 1864 1865 1866 1867 1868 1869 1870
Albardeiro - - - - - - - -
Alfaiate 160 160 160 160 160 180 200 200
Alveneres - - - - - - - -
Calafates - - - - - - - -
Canastreiros 200 200 200 200 200 220 240 240
Carpinteiro 240 240 240 240 240 280 300 300
Carreteiro 500 600 600 600 600 700 800 800
Chapeleiro 240 240 240 240 240 300 300 300
Ferreiro 280 280 280 300 300 300 400 400
Fogueteiro 200 200 200 200 200 240 240 240
Marceneiro 240 300 300 300 360 360 360 360
Mineiro 240 240 240 300 300 360 360 360
Pedreiro 240 240 240 240 300 300 300 300
Pintor 300 300 300 300 400 400 400 400
Relojoeiros - - - - - - - -
Sapateiros 200 200 200 200 200 300 300 300
Seareiros - - - - - - - -
Homens 200 200 200 200 200 300 300 300
Mulheres 200 200 200 200 200 220 220 220
Rapazes 120 120 120 120 120 160 160 160
Serradores 240 280 280 300 300 300 400 400
Tamanqueiros 200 200 200 200 200 240 240 240
Tanoeiros 300 300 300 300 400 400 400 400
Trolhas 300 300 300 300 400 400 400 400
Fonte: Doc. 86, Lobão - Terra do Deus Maior. Carlos Dias. 2018
Retirado de: Copiador 1871, ofício n.º 268. AMSMF
384
[Capítulo X](Vida Tradicional)
Tabela 19 -Lançamento do 4,5 em 1721
Lançamento 4,5% 116 em 1721 (Vila da Feira e seu termo – Freguesias de Estrada
Acima)
Freguesia
Valores em
Valores em
Freguesia
mil reis
mil reis
Freguesia
S. Jorge 18 V. Maior 14 Milheirós 25
Fiães 30 Lobão 45 Cesar 22
Sanguedo 17 S. Vicente 18 Fajões 30
Couto Sandim 42 Vale 23 Escariz 24
Couto de
Valores em
mi reis
28 Romariz 23 Mansores 34
Crestuma
Lever 12 Duas Igrejas 6 Carregosa 38
Canedo 50 Guisande 18 Pindelo 18
Gião 14 Pigeiros 10,5 N. Cravo 18
M. Sarnes 15 S. Roque 15 Ossela 40
M. Seixa 30 O. Azeméis 40
Lançamento 4,5% em 1721 (Vila da Feira e seu termo – Freguesias de Estrada Abaixo)
Válega e
Santiago de
28 Madail 12 ramo de
Cima de Ul
Avanca
76
S. Martinho
S. Vicente
30
da Gândara
Pereira
17 Souto 15
Travanca 12 Arada 10 Espargo 8
Maceda 10,5 Esmoriz 32 Paramos 24
Silvalde 30 Anta 11
Nogueira
Regedoura
10
Oleiros 9 Mozelos 13 Lourosa 17
Lamas 14 Paços 10 Rio Meão 15,5
S. João de Ver 26
Vila da Feira,
parte de 52,160
Vila da Feira,
parte de 6
Cima
Baixo
Sanfins 8 Fornos 14,5 Escapães 14,5
Arrifana 15
S. João da
Madeira
12 Mosteirô 12
Fonte: Pág. 256, Lobão - Terra do Deus Maior. Carlos Dias. 2018
Retirado de: Impostos Gerais, Lançamento do 4,5, ano de 1721. AMSMF
116
O lançamento do 4,5% juntamente com a décima eram impostos que se pagavam sobre o rendimento
coletável.
385
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
386
[Capítulo XI](Registos Paroquiais)
[Capítulo XI]
(Registos Paroquiais)
387
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
388
[Capítulo XI](Registos Paroquiais)
• Abades, Reitores e Párocos da Paróquia de São Pedro de
Canedo
A paróquia de São Pedro de Canedo começa na criação do seu mosteiro,
Mosteiro de São Pedro de Canedo, já muito falado nos capítulos anteriores,
do qual, poucos registos paroquiais permaneceram até hoje. Nota-se que o
abade Martinho Domingues, em 1300, desapareceu com a maior parte dos
registos aquando da sua saía do Mosteiro.
De dados anteriormente falados, esteve à frente do Mosteiro de Canedo
D. Gonçalo Pereira de 1312 a 1322. Logo após, D. Pedro Pires de 1323 a
1327 e a este sucedeu D. Domingos Martins Bugalho, que renunciou o cargo
em 1336.
Já no ano de 1473, sendo o deão Álvaro Gonçalves, o Mosteiro de
Canedo foi desanexado do deado e no ano seguinte anexado à Igreja de São
Tiago de Lobão. Por volta do ano de 1623, já não se fala no Mosteiro
somente da Igreja de São Pedro de Canedo.
Segundo o Inventário Coletivo dos Registos Paroquiais, os primeiros
registos de batismos, casamentos e funerais datam de 1587. Esteve na
posse da Igreja Paroquial até à criação do Registo Civil, em 1911, publicada
no Diário do Governo nº 41 de 1911-02-20. Nesta data as paróquias foram
obrigadas por lei, a entregar os livros de registos de Batismo, casamento e
óbitos às repartições do Registo Civil.
Este fundo esteve na posse do Arquivo da Universidade de Coimbra até
ao ano de 1976, já que apesar de ter sido criado em 1965, pelo Decreto nº
46350, de 22 de Maio, o Arquivo Distrital de Aveiro, só viria a dispor de
instalações seis anos mais tarde, tendo no ano de 2002 transferido a
documentação para as atuais instalações do Arquivo Distrital de Aveiro.
Podemos então ver todos os Livros Paroquiais:
1. Registos de Batismos: 1587-03-06/1911-03-31;
2. Registos de Casamentos: 1587-05-20/1911-03-30;
3. Registos de Óbitos: 1592-01-06/1911-03-09;
4. Registos de Legitimações, Reconhecimentos e Perfilhações: 1860-
02-07/1885-08-04.
389
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Todos os outros registos paroquiais de 1911 em diante, até à data
atual, estão sobre o abrigo da Paróquia no Arquivo da Paróquia que se
encontra na Igreja Paroquial de Canedo.
Tendo em conta todos estes livros, conseguimos recolher algumas
informações sobre Párocos, Curas, encomendados, entre outros.
Ano
Tabela 20 –Responsáveis pelo serviço Paroquial da Paróquia de Canedo
Pároco/Abade
1587 - 1624 Reitor Padre Francisco Neto
Padre António Santos
Padre João Nunes
1624-1660
Padre Diogo Aranha da Rocha
Reitor Padre Manoel de Beça Leal 117
Coadjutor Padre Manoel Cardozo
1659-1684
118
Reitor Padre Manoel de Beça Leal
Padre Belchior de Beça e Sá 119
Reitor Padre Manoel de Beça Leal
1682 - 1700
Padre António Almeida
Padre João Cardozo da Silva
Reitor Padre Manoel de Beça Leal
Padre António da Cunha
Padre Manoel Rocha Pinto
Padre Sebastião Gomes
1699 - 1721
Padre Jacinto Leal de Souza
Padre José de Souza
Padre Domingos da Silva
Padre António dos Reis Fernandes
Padre Manoel de Pinto
Reitor Padre Jacinto Leal de Souza 120
Padre António dos Reis Fernandes
Padre Agostinho André Dias
1720 - 1754
Padre Manoel de Souza
Padre Constantino Agostinho Reimão
Padre Domingos Dias de Souza
Padre Faustino de Souza
117
Padre Manoel de Beça Leal, foi reitor da Igreja de Canedo mais de 50 anos. Era natural de Arrifana de
Sousa (hoje Penafiel), filho de António Leal de Sousa, familiar do Santo Ofício, e de Brites de Beça Leal,
naturais e moradores em Arrifana de Sousa, hoje localidade de Penafiel. Formou-se em Cânones pela
Universidade de Coimbra, erigiu a Congregação da Ordem Terceira e foi visitador Diocesano. No fim da
vida, retirou-se para a Congregação de Oliveira do Douro.
118
O Padre Manoel Cardozo ou Manuel Cardoso, prestou serviço em Louredo de 21 de Dezembro de 1675
a 21 de Junho de 1682. É de notar que no dia 29 de Outubro de 1676, os paroquianos de Louredo foram
crismar-se à Igreja de Canedo por D. Fernando Correia de Lacerda.
119
Em 1649, exerceu atividade em Lobão como padre-cura.
120
Foi reitor da Igreja de Canedo e exerceu atividade em Lobão no ano de 1705.
390
[Capítulo XI](Registos Paroquiais)
1721- 1769
1754 - 1775
1774 - 1792
1786 - 1805
Padre António Barbosa
Padre Francisco Leal de Souza
Encomendado e Coadjutor Padre António dos Reis
Fernando
Coadjutor Padre Agostinho André Dias 121
Padre José de Ferreira de Souza
Coadjutor Miguel Carlos de Oliveira
Padre Agostinho André Dias
Reitor Padre José da Fonseca e Sousa 122
Padre Francisco de Souza Pinho
Padre António Marques da Silva
Padre Manuel Guedes da Silva
Padre João Silvestre de Oliveira Graça
Padre António de Almeida
Reitor Padre Domingos Alves Farinha
Encomendado e Cura Padre Miguel Carlos de Oliveira 123
Padre Bartolomeu Bento de Azevedo 124
Padre Domingos Pereira Pinto 125
Padre Francisco de Souza Bento
Padre Manoel Barbosa
Reitor Padre Domingos Alves Farinha
Padre Agostinho da Mota
Padre Manuel Guedes da Silva
Padre José da Mota Dias
Padre João Silvestre de Oliveira Graça
Padre José de Souza Bento
Reitor Padre Domingos Alves Farinha
Padre José de Souza Bento
Padre Manuel José
Padre Domingos Pinto Leal
Padre Manoel Ferreira Pinto
Coadjutor 126 Padre Manuel Marques
Padre José Dias Aranha
Padre José Pinto
121
Exerceu atividade na Igreja de Lobão como Padre – Cura, no ano de 1764.
122
“Em 1769, era Reitor José da Fonseca e Sousa de 65 anos, com disposição ágil, mas falta de audição.”
Página 174. São Pedro de Canedo, no Concelho da Feira. Cónego António Ferreira de Pinto. (1928)
123
“O Padre Miguel Carlos de Oliveira, ordenado em 1764, por apresentação ao Reitor, desempenhava o
cargo de cura (1769).” Página 175. São Pedro de Canedo, no Concelho da Feira. António Ferreira de Pinto.
(1928)
124
“O Padre Bartolomeu Bento de Azevedo era formado em Cânones, ordenado em 1749, tinha 45 anos
(em 1769), estava aprovado para confessar e pregar, era bom clérigo, mas sofria de hipocondria,
habitualmente muito melancólico.” Idem. Ibidem
125
“O Padre Domingos Pereira Pinto, ordenado em 1764, de 64 anos (em 1769) estava dispensado de
confessar pelo despacho do Provisor Fr. Aurélio, por isso se queixava de várias moléstias.” Idem. Ibidem
126
Coadjutor: Diz-se da pessoa que ajuda outra; Substituto de prior ou prelado no exercício das suas
funções, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa.
391
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Coadjutor Padre Francisco José da Silva
Reitor Padre António Alves Farinha
1804 - 1821
Padre Domingos Alves Farinha
Coadjutor Padre Francisco José de Oliveira
Reitor António Alves Farinha
Encomendado Padre Bartolomeu de José Tavares
1820 - 1854
Reitor Francisco de Oliveira Maia 127
Coadjutor Padre José Gonçalves da Conceição 128
Cura Padre José Gonçalves da Conceição 129
Padre José Gomes Oliveira
1854 - 1867
Reitor Francisco de Oliveira Maia 130
Padre Augusto Eduardo Paes Moreira 131
Reitor Francisco de Oliveira Maia
1860 -1864
Cura Padre José Gonçalves da Conceição
Reitor Francisco de Oliveira Maia
1868 -1870
Cura e Coadjutor Padre José Gonçalves da Conceição
Padre Augusto Eduardo Paes Moreira
Reitor Francisco de Oliveira Maia
1873 - 1875
Padre António Augusto Paes Moreira
Padre Augusto Eduardo Paes Moreira
Reitor Padre Francisco de Oliveira Maia
1875- 1876
Cura Padre Vitorino Luis Dias
Padre Agostinho José Paes Moreira 132
Padre Francisco de Oliveira Maia
1877
Cura Padre Vitorino Luis Dias
Padre Francisco de Oliveira Maia
1878 - 1880
Cura Padre Vitorino Luis Dias
Padre Francisco de Oliveira Maia
1880
Coadjutor Padre Agostinho José Paes Moreira
1881 Padre Francisco de Oliveira Maia
127
“Dum Almanaque Eclesiástico do bispado do Porto para 1857, consta que era abade Francisco de
Oliveira Maia, pregador, egresso da Ordem de S. Francisco da Província de Portugal (Convento da
Conceição de Matozinhos) e que tinha sido colado em 11 de março de 1841.” Página 175. São Pedro de
Canedo, no Concelho da Feira. António Ferreira de Pinto. (1928)
128
“Padre José Gonçalves da Conceição. Irmão do padre Manuel Gonçalves Tavares. Nasceu na casa dos
Gonçalves, do Vale no dia 24-2-1823. Em 1841 e 1848 já era coadjutor e abade de Canedo. Faleceu nesta
freguesia, no lugar de Mosteirô, a 21-6-1874. Jaz no adro.”
129
“Era coadjutor José Gonçalves da Conceição e tinha dois presbíteros: António Ribeiro Barraca e José
Francisco dos Santos, Francisco José da Silva Tavares era ordinando.” Página 175. São Pedro de Canedo,
no Concelho da Feira. António Ferreira de Pinto. (1928)
130
Página 197. O Districto de Aveiro: notícia geographica, estatistica, chorographica, heraldica,
archeologica, historica e biographica da cidade de Aveiro e de todas as villas e freguezias do seu Districto.
João Augusto Marques Gomes. (1877)
131
Mais tarde, o Padre Augusto Eduardo Paes Moreira sai da Paróquia de Canedo e fica Reitor da Igreja
de São Martinho de Feijões por volta do ano de 1875. Página 269. Idem, Ibidem.
132
O Padre Agostinho José Paes (ou Pais) Moreira, natural de Canedo, era filho do Farmacêutico Manuel
José Pais Moreira e D. Emília da Silva Tavares e irmão de: Padre José Augusto Pais Moreira, Vitorino Pais
Moreira e da Dra. Maria Pais Moreira.
392
[Capítulo XI](Registos Paroquiais)
Coadjutor Padre Agostinho José Paes Moreira
1882 Padre Vitorino, Luis Dias (Pároco da Freguesia)
Coadjutor Padre Agostinho José Paes Moreira
1883 -1884 Padre Vitorino, Luis Dias (Pároco da Freguesia)
1885
Padre Vitorino, Luis Dias 133
Padre António Luis de Magalhães
1886 - 1898 Padre António Luis de Magalhães (Pároco da Freguesia)
Padre António Luis de Magalhães (Pároco da Freguesia)
Encarregado de Serviço Paroquial Padre Joaquim Alberto
da Costa Santos
1899
Padre António Pereira de Resende (Encomendado e depois
Pároco da Freguesia)
Encarregado de Serviço Paroquial Padre Agostinho José
Paes Moreira
Padre António Pereira de Resende (Encomendado e depois
1900
Pároco da Freguesia)
Padre Agostinho José Paes Moreira (Pároco da Freguesia a
partir do dia 20 de Maio)
Padre Agostinho José Paes Moreira (Pároco da Freguesia e
1901
Coadjutor do Cura)
Cura Francisco Eduardo Paes Moreira
1902 - 1903 Padre Agostinho José Paes Moreira (Pároco da Freguesia)
1904 - 1906
Pároco Padre Agostinho José Paes Moreira
Coadjutor Padre Júlio Rodrigues da Silva Veiga
1906-1916
Pároco Padre Agostinho José Paes Moreira
Coadjutor Padre José Gomes Ladeira
1916
Pároco Padre Agostinho José Paes Moreira
Coadjutor Padre José Gomes Ladeira
Agosto de 1916
Substituiu o anterior: Coadjutor Padre Felisberto de Basto
Ferreira da Rocha
1917
Pároco Padre Agostinho José Paes Moreira
Coadjutor Padre Felisberto de Basto Ferreira da Rocha
Fevereiro de 1917 Substituiu o anterior: Coadjutor Padre Cândido de Sousa
Maio de 1917
Coadjutor Padre Guilherme da Silva Oliveira
1918
Pároco Padre Agostinho José Paes Moreira
Coadjutor Padre Guilherme da Silva Oliveira
Dezembro de 1918
Substituiu o anterior: Coadjutor Padre Agostinho Henrique
Oliveira
1919
Pároco Padre Agostinho José Paes Moreira
Coadjutor Padre Agostinho Henrique Oliveira
1920
Pároco Padre Agostinho José Paes Moreira
Coadjutor Padre Agostinho Henrique Oliveira
133
Foi encontrado no Livro de Registos dos Óbitos da Paróquia de Canedo um nome de Vitorino Luis Dias,
natural de Canedo, com 61 anos, que morreu no dia 8 de Janeiro de 1908 na sua casa no lugar de Várzea.
Era filho de José Luis Dias, natural das Medas, Concelho de Gondomar e de Custódia de Lousa, natural de
Canedo. Poderá ser ou não ser este padre.
393
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Fevereiro de 1920 a
1924
Março de 1924
Agosto de 1924 a Julho
de 1928
Agosto de 1928
7 de Novembro de
1928 - Agosto de 1936
22 de Agosto de 1936 -
Março de 1959
31 de Março de 1959 –
3 de Fevereiro de 1998
5 de Fevereiro de 1998
- 1999
11 de Outubro de 1999
- atualmente
Pároco Padre Agostinho Henrique Oliveira 134
Encarregado Padre Joaquim Oliveira Pinto
Pároco Padre António José Henriques Coutinho
Padre Manuel Francisco dos Santos
Pároco Padre David Pereira Magalhães 135
Padre David Pereira Coelho 136
Padre António Francisco Regal 137
Padre António Teixeira Machado 138
Padre Emanuel António Couto da Silva Bernardo
Fonte: Registos Paroquiais. ADA. APSPC
134
Após a morte do Pároco Agostinho Pais Moreira, o Padre Agostinho Henrique Oliveira fica pároco da
freguesia.
135
“Há poucos meses faleceu na diocese do PORTO numa freguesia do Concelho da Feira onde foi abade
muito respeitado o meu colega de estudos e bom amigo padre David Pereira de Magalhães Era um rapaz
muito risonho e engraçado e muito manhoso…” Pág. 157. Cinzas de Lisboa: ecos da Lusitanidade
(publicação independente). Padre Ruela Pombo (1952)
136
Era frequentador do Salão Paroquial, o ex-pároco de Canedo, padre David Coelho, natural de Arada,
concelho de Ovar.
137
A biografia do Padre António Regal no Capítulo XII. Exerceu também atividade na Paroquia de Lobão
no ano de 1988.
138
O Padre António Teixeira Machado, nasceu a 1 de Novembro de 1943 e foi ordenado a 16 de Abril de
1972. Atualmente, é Pároco das Caldas de São Jorge e Vergada e Sacerdote da Congregação do Espírito
Santo, Espiritanos.
394
[Capítulo XI](Registos Paroquiais)
• Padre Manoel de Beça Leal:
O Padre Manoel de Beça Leal era natural de Arrifana de Sousa (hoje
Penafiel), filho de António Leal de Sousa, familiar do Santo Ofício, e de
Brites de Beça Leal, naturais e moradores em Arrifana de Sousa, hoje
localidade de Penafiel.
Formou-se em Cânones pela Universidade de Coimbra, erigiu a
Congregação da Ordem Terceira e foi visitador Diocesano. No fim da vida,
retirou-se para a Congregação de Oliveira do Douro. Foi reitor da Igreja
Paroquial de Canedo mais de 50 anos, desde metade do século XVII até
meados do século XVIII.
• Padre Agostinho José Pais Moreira:
O Padre Agostinho José Pais (Paes) Moreira,
nasceu a 30 de Abril de 1852 no lugar do Mosteiro,
da freguesia de Canedo. Filho do Farmacêutico
Manuel José Pais Moreira e D. Emília da Silva
Tavares, tinha como irmãos: Oficial de Marinha
Vitorino Pais Moreira, Rosa Emília Pais Moreira,
Carolina Augusta Pais Moreira e a Dra. Maria Pais
Moreira; era neto paterno de Manuel José Pais e
Maria da Silva do lugar do Mocelo, e materno de
Vitorino José da Silva Tavares e Cândida Leite, do lugar de Fagilde.
Doc. 211 - P. Agostinho José
Pais Moreira
Exerceu atividade na Igreja Paroquial de São de Pedro de Canedo longos
anos, cerca de 40 anos.
Como pároco e Canedense, nunca deixou a sua freguesia de lado,
lutando sempre pelo seu desenvolvimento e pelo bem-estar da
comunidade, contribuindo dignamente para a construção do Cemitério
Paroquial no ano de 1902. É considerado um benemérito da freguesia,
sendo-lhe atribuído o “Largo Padre Agostinho Pais Moreira”, como
memória dos seus atributos para com a freguesia.
Faleceu com 68 anos no lugar do Mocelo, da mesma Freguesia, pela uma
da tarde do dia 15 de Fevereiro de 1920, sendo sepultado no Cemitério da
Paróquia de Canedo.
395
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Padre David Pereira Coelho:
O Padre David Pereira Coelho, nasceu na
Freguesia de Arada, Concelho de Ovar, às 6 horas
da manhã do dia 14 de Março de 1909, filho de
Manuel Gomes Coelho e de Maria Rosa de Sá
Jorge, lavradores, naturais de Arada, do lugar da
Cruzinha.
Foi Pároco da freguesia por um período de 23
anos, sendo que após ter deixado a Paróquia de
Doc. 212 – P. David Coelho
Canedo, continuou a frequentar a freguesia sendo
figura habitual no antigo “Salão Cultural de Canedo”, criado pela conhecida
Dra. Maria Pais Moreira.
Faleceu na mesma freguesia de Arada, a 7 de Agosto de 1993 com 84
anos de idade. Encontra-se sepultado na sua terra natal, no Cemitério de
Arada, num pobre jazigo de família marcado com o número 226.
• Padre António Francisco Regal:
O Padre António Regal, nasceu a 22 de agosto
de 1924, Filho de Manuel Francisco Regal e de
Miquelina Rosa dos Anjos, casados catolicamente
em Espinho. Nascido no lugar de Casaldoido,
Caldas de São Jorge, e batizado na mesma Igreja
Paroquial.
Ordenado a 6 de Abril de 1947, paroquiou a
Paróquia de Canedo, cerca de 39 anos, de 25 de
Abril de 1959 a 3 de Fevereiro de 1998.
Doc. 213 -P. António Regal
Enquanto paroquiou a freguesia, muito contribuiu para o
desenvolvimento da terra, nomeadamente para a sua eletrificação e para a
construção do Centro Paroquial. Faleceu a 3 de Fevereiro de 1998 e na sua
memória foi construído um busto de bronze assente num pedestal a dois
metros junto à igreja paroquial, sendo obra do escultor António Nobre.
Encontra-se sepultado no Cemitério Paroquial de Canedo. 139
139
Algumas informações disponibilizadas pelo Padre António Teixeira Machado.
396
[Capítulo XI](Registos Paroquiais)
• Padre António Teixeira Machado:
O Padre António Teixeira Machado, nasceu no
seio de uma família de lavradores a 1 de Novembro
de 1943 na freguesia de Rebordosa, Concelho de
Paredes. Seguiu então a vocação sacerdotal, sendo
ordenado sacerdote a 16 de Abril de 1972, tendo
estado dois anos antes em estágio em Angola e
depois regressado após a ordenação sacerdotal.
Após o 25 de Abril de 1974, regressou à sua
terra, para acompanhar a sua mãe doente, onde
permaneceu, depois, ao serviço da Paróquia de
Rebordosa, a pedido do Pároco José de Oliveira
Mendes, e depois como coadjutor a partir de 6 de Maio de 1981 até 1983.
Em 8 de Janeiro de 1984, foi nomeado pároco das Caldas de São Jorge, e
hoje, em simultâneo com a Paróquia de Cristo Rei da Vergada. Exerceu
atividade como Administrador Paroquial em Canedo de 1998 a 1999. 140
• Padre Emanuel António Couto da Silva
Bernardo:
O Padre Emanuel Bernardo, nasceu a 19 de
Agosto de 1972 na Freguesia de Massarelos, do
distrito do Porto. Foi ordenado a 11 de Julho de
1999. Exerceu funções pastorais em Seroa, Paços
de Ferreira; Soalhães, Alpendurada; e Fornos,
Marco de Canaveses, onde celebrou a sua
primeira missa.
Doc. 214 – P. António
Machado
Doc. 215 – P. Emanuel
Bernardo
Chegou à Freguesia de Canedo a 11 de
Novembro de 1999, sendo desde daí até ao momento, pároco da freguesia.
Em simultâneo com a Paróquia de Canedo, é Administrador Paroquial da
Paróquia de Argoncilhe desde Dezembro de 2011 pela circunstância do
falecimento do seu anterior Pároco, o Senhor Padre Manuel Alves de
Resende Santos, falecido com 81 anos de idade, 39 anos de Pastor e Pároco
da localidade de Argoncilhe, com 57 anos de sacerdote feitos no dia 1 de
Agosto no ano 2011.
140
Págs. 129 e 130. S. Jorge (Caldas de S. Jorge), Na História e no Tempo. Padre António Machado. (2018)
397
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Memórias Paroquiais de 1758:
Do Dicionário Geográfico de Portugal, Vol. 9, Fl. 681
(Arquivo Nacional da Torre do Tombo)
“José da Fonseca e Sousa, reitor da Paroquial Igreja de S. Pedro de
Canedo na Comarca da Feira do Bispado do Porto, satisfazendo a ordem
que enviou para esta comarca o Ex mo e Rev mo Senhor D. Frei António de
Távora, bispo desta Diocese em execução de uma que pela Secretaria de
Estado foi Sua Majestade Fidelíssima nosso soberano servido enviar-lhe
para que respondessem aos interrogatórios que com ela vinham a todos e
cada um dos párocos do bispado, respondendo aos ditos interrogatórios
pela sua ordem o que há que dizer desta e nesta freguesia.
1º. – E assim ao 1º respondo que esta freguesia está situada na
província da Beira, no bispado do Porto, na comarca de Esgueira e termo da
Vila da Feira.
2º. – Ao 2º que não é de donatário especial, mas sim do condado
da Feira.
3º. – Ao 3º e conforme o número de rol dos confessados desta
Quaresma de 1758, tem 522 vizinhos, pessoas maiores 1339, menores 177,
e ausentes 127, e menores que ainda não se confessam serão 170.
4º. – Esta freguesia está situada em terra montanhosa, e que
confina com as serras e o fim delas são ribeiras, e da capela do Calvário se
descobre a Cidade do Porto, de quem dista 4 léguas.
5º. – Ao 5º, que não tem termo próprio, e do da Feira. Os lugares
são os seguintes: Fagilde, Sanguinhedo, Póvoas, Framil, Mouchão, Várzea,
S. Roque, Monte, Póvoa, Giestal, Sobreda, Bouças, Vilares, Espinheiro,
Carvoeiro, Mosteirô, Valcova, Inha, Souzanil, Lousado, Sameiro, Paçô, Silva,
Rego, Salgueiro, Mota, Ervideiro, Barreiro, Canedo, Mocelo e Mosteiro,
Sagufe, Pessegueiro, Serralva, Rebordelo.
6º. – A paróquia ou igreja está no lugar do Mosteiro, parece aí
esteve e existiu o Mosteiro de S. Bento (queria dizer S. Pedro) de Canedo
que parece que fundou D. Guterres Teles pelos anos de 950 pouco mais ou
menos, dos religiosos de S. Bento; passou esta freguesia ao Senhor Bispo
do Porto por doação do Senhor Rei D. Dinis, daí ao Cabido do Porto e ao
Deão Dele, e daqui à Ordem de Cristo, aonde está hoje com 2 anexas que
tem de Santiago de Lobão e S Vicente de Louredo.
398
[Capítulo XI](Registos Paroquiais)
7º. – Ao 7º que o seu orago é o apóstolo S. Pedro, que tem 5
altares com o maior em que se venera o santo padroeiro, Santo António, a
Senhora da Conceição e do Pilar, e S. José, e o Santíssimo Sacramento, e nos
colaterais em um está um Santo Cristo Crucificado que é o altar da Ordem
Terceira de S. Francisco, com o mesmo santo e Santa Isabel, Rainha de
Portugal, e o Menino de Deus, e no outro se venera Senhora do Rosário e a
Senhora da Boa Morte; nos outros dois em um está S. Bento, em outro está
S. Sebastião. Tem as confrarias do Sosino e Fiéis de Deus, o Santíssimo
Sacramento, a Senhora do Rosário, o Santo Nome de Jesus, o padroeiro São
Pedro, e novamente a da Senhora da Boa Morte, com muitas graças e
indulgências, e a Ordem Terceira.
8º. – É pároco e se intitula reitor por ser comenda da Ordem de
Cristo, que há muitos anos está na casa do Condes de S. Lourenço, de
apresentação ordinária e nos 4 meses dos padroeiros pertence a
apresentação do benefício ao Rev mo Cabido da Sé do Porto. Renderá este
benefício uns anos por outros, conforme as cabeceiras que falecem, de 320
até 350 ou 360 mil réis, e tem 2 anexas que apresenta, uma de Santiago de
Lobão, outra de S. Vicente de Louredo, vizinhas desta freguesia, 9, 10, 11,
12 – Do 9º, 10º, 11º e 12º nada.
13º. – Que tem a ermida e capela da Senhora da Piedade no
Calvário, a de Santa de Bárbara no lugar último da terra de Rebordelo, e da
Senhora do Amparo no lugar de Framil, e aí a ermida de Santa Luzia onde
está também Santo Amaro, e na de Várzea as de S. Paio e S. Roque; esta
última pertence a António Rodrigues Souto da Cidade do Porto e a da
Senhora do Amparo pertence a António Dias do lugar de Framil, e no lugar
de Carvoeiro a de S. Lourenço que pertence a Constantino Dias dos Reis do
dito lugar, e as mais a de Santa Luzia e a de S. Paio pertencem à comenda
desta freguesia e a de Santa Bárbara é do povo do lugar de Rebordelo.
14º. – Ao 14º que somente nos dias um que se veneram os
ditos santos, visita alguma gente as tais ermidas; a Senhora do Amparo
festejada em dia da Trindade e Santa Bárbara na 1ª oitava do Espírito Santo;
os mais santos nos seus dias.
15º. – Ao 15º, que os frutos da freguesia são bastante milho
graúdo, centeio e milho miúdo, muito linho, vinho verde e bastante cortiça
e lande, e alguma castanha, e se cria bastante mel e cera na parte da
montanha.
16º. – Ao 16º e 17º, que é sujeita à justiça da Vila da Feira por
ser do seu concelho.
399
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
18º. – Ao 18º que nesta freguesia se erigiu uma congregação
de venerável Ordem Terceira de S. Francisco em cujo instituto florescem
muitas pessoas conspícuas em virtudes. Promovem muito a tal vida devota
o Reitor Manuel de Beça Leal que acabou de ser reitor desta freguesia
haverá 52 anos indo acabar de viver e de aperfeiçoar-se nas virtudes à
congregação de Oliveira do Douro para onde se retirou no mesmo dia que
deixou a Igreja ao sucessor dando lá provas de sua virtude; enquanto lhe
durou a vida foi homem erudito zeloso formado na Universidade de
Coimbra e muito aceite aos prelados do bispado em que foi visitador;
também se distinguiram em virtude Manuel da Costa de S. Roque e Manuel
da Silva do lugar da Silva; estes foram distintos e conhecidos pelo nome de
Beatos porque a sua modéstia e vida exemplar os distinguia. O primeiro
gastava algumas horas da noite em oração mental na Capela de S. Roque
junto da qual morava, e como gastava o dia no trabalho da lavoura, para
que os sonos não o perseguissem tinha pedras na mão para que estas
caindo o despertassem a continuar as sagradas vigílias. Tinha o último duas
irmãs, Isabel e Maria, que eram não só por natureza mas também na
piedade, devoção e desprezo do caduco; também foram como asias outras
2 irmãs Francisca e Ana do lugar do Rego: pareciam-nas porque eram
virtuosas como elas, e também uma Maria solteira do lugar do Barreiro,
porém de maior nome e de mais heróicas virtudes. Foram outras 2 irmãs
Antónia e Catarina do lugar da Mota porque a respeitavam como santas. A
última foi morrer à cidade do Porto e na Ordem Terceira em que viveu
deixou aos que a tratavam uma grande memória das suas virtudes não
menos que estas outras 2 irmãs Maria e Eugénia do lugar de Várzea; eram
de nascimento honradas e mais o forma pelas virtudes que praticavam;
destas a mais nova, eugénia, andava sempre com extática até pelos
caminhos procurando sempre a presença de Deus para que os sentidos se
não divertissem com as coisas do século. E fama constante que falecendo
sua irmã Maria se despedira dela 3 dias e que daí a 3 dias falecera também
como predissera. Estas as pessoas que floresceram nas virtudes na
Venerável Ordem Terceira de Canedo.
19º. – Ao 19º nada, e ao 20º que dista 2 léguas a Vila da Feira,
onde há correio.
21º. – Ao 21º, que dista 49 léguas da cidade de Lisboa, capital
do Reino.
22º., 23º. e 24º. - Nada.
400
[Capítulo XI](Registos Paroquiais)
25º. – Ao 25º que nada padeceu no grande Terramoto de
Novembro do ano de 1755.
Dos Rios
1º. – Dos ribeiros ou pequenos rios cercam esta freguesia: um
chama-se Huíma, outro o Inha. Este nasce aqui 1 légua por S. Miguel do
Mato; o Huíma daqui légua e meia em Pigeiros.
2º. – Ao 2º, que nascem pequenos e pelo Verão, sendo seco, às
vezes é necessário represar-lhe a água para poder fazer efectivos os
moinhos que fazem rodar as suas correntes.
3º. – Ao 3º, que acrescentam as águas com alguns ribeiros que
neles entram, sem nome.
4º. – Ao 4º, que não são navegáveis porque falta de cabedais, e só
os fazem estrondosos os açudes que tem o Huíma.
5º. – Ao 5º, nada.
6º. – Ao 6º, que o Huíma corre do Sul para o Poente e cerca o lugar
de Várzea; o Inha corre do Nascente ao Norte, e tem sua ribeira junto ao
Douro, onde entra no lugar chamado de Pé de Moura.
7º. – Ao 7º, o Inha traz algumas trutas e barbos, bogas até Porto
Novo; o Huíma traz trutas e bogas.
8º. – Ao 8º, que não há neles pescarias porque trazem somente 4
peixinhos e não há bulha sobre a pescaria.
9º., 10º. e 11º. - Nada.
12º. – Ao 12º, que conservam sempre o mesmo nome.
13º. – Ao 13º, que ambos acabam seu curso entrando no
Douro – o Huíma em Crestuma, o Inha em Pé de Moura.
14º. – Ao 14º, que o Huíma tem muitas levadas por razão dos
muitos moinhos que ocupam suas margens e nelas se moem as demais das
farinhas que ministram pão à cidade do Porto, tantos que em uma cheia
grande que houve este Inverno levou a cheia dizem que o rio Huíma em
distância pouco mais de légua 113 moinhos; o Inha muito mais pobre, e
assim, tem poucos moinhos.
15º. – Ao 15º, que o Huíma tem 4 pontes de pau para os
Sacramentos no lugar de Várzea desta freguesia, e na freguesia de Lobão
uma boa de pedra que se fez haverá perto de 2 anos na estrada da Feira. O
Inha tem uma de pau no lugar de Rebordelo para os Sacramentos.
16º. – Ao 16º, que tem os moinhos que acima disso no lugar
dos açudes, e o Huíma alguns pisões.
401
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
17º. – Ao 17º, que não há ouro nas margens destes rios.
18º. – Ao 18º, que as águas do Huíma servem de regar os
campos a que ficam sobranceiras; o Inha pouca terra regará porque corre
muito enterrado.
19º. – Ao 19º, que o Huíma terá 2 léguas e meia do
nascimento até Crestuma, onde entra no Douro o Inha pouco mais de légua
de curso de S. Miguel do Mato até Pé de Moura onde perde o cabedal no
Douro. Não falei no Douro, porque há-de ser descrito por muitos e o é por
conhecido; Só direi o que tem na parte em que vai encostado a esta
freguesia que é desde Pé de Moura até ao lugar de Carvoeiro, do Nascente
para o Poente para a Cidade do Porto 3 léguas e meia para 4, e do mar mais
1 légua que é aquém do Porto a S. João da Foz; neste sítio é o Douro
navegável; correm e sobem até ao dito lugar de Pé de Moura as marés,
principalmente pelo Verão; não tem até aqui pontes e somente pesqueiros
no tempo da pescaria de lampreias e sáveis de bastante peixe nas
pesqueiras e escalos, isto é o que tenho que dizer do Rio Douro. As mais
qualidades são conhecidas aos antigos e modernos.
E é o que tenho para responder aos interrogatórios que me
mandaram, oferecendo até a minha inutilidade ao meu soberano e prelado
até onde chega o meu préstimo.
Fiel súbdito, e obediente.
José da Fonseca e Sousa” 141
141
F. 681. Vol. 9. Dicionário Geográfico de Portugal. ANTT
402
[Capítulo XI](Registos Paroquiais)
• Registo de Óbitos:
1400
1200
1000
800
600
400
200
Óbitos registados de 1587 a 1854
0
Aprox. nº Óbitos Registados
1587-1624 1624-1660 1658-1684 1682-1700 1699-1721 1721-1769
1754-1775 1772-1792 1786-1805 1804-1821 1820-1854
Graf. 1 - Óbitos de 1587 a 1854 (estimativa)
Óbitos registados de 1860 a 1910
120
100
103
80
60
40
38
61
35
52
46
50
62
39
49 48
64
20
0
Nº Óbitos
1860 1864 1868 1873 1877 1880 1885 1890 1895 1900 1905 1910
Graf. 2 - Óbitos de 1860 a 1910
403
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
142
120
Óbtos registados de 1914 a 1960
100
96
80
79
60
40
44
56
36
54
49
54
30
51
45 47
20
0
N.º Óbitos
1914 1916 1918 1920 1925 1930 1935 1940 1945 1950 1955 1960
Graf. 3 – Óbitos de 1914 a 1960
60
Óbitos Registados de 1962 a 1997
57
54
50
40
30
42 42
45
41
38
31
40
36
43
37
35
20
10
0
Nº Óbitos
1962 1964 1966 1968 1970 1972 1974 1976 1980 1985 1990 1995 1997
Graf. 4 – Óbitos de 1962 a 1997
142
Em alturas de conflito ou guerras na qual Portugal fez parte, a escala é reduzida a 2 anos para haver
uma melhor leitura e perceção dos dados.
404
[Capítulo XI](Registos Paroquiais)
• Registo de Batismos:
1400
Batismos de 1587 a 1867
1200
1000
800
600
400
200
0
Aprox. nº de Batismos
1587 - 1624 1624-1657 1659-1681 1682-1700 1699-1721 1720-1754 1754-1775
1772-1792 1786-1905 1804-1821 1820-1843 1843-1854 1854-1867
Graf. 5 – Batismos de 1587 a 1867 (estimativa)
Batismos de 1860 a 1910
120
100
80
60
66
76
69
76 76
63
82
79
74
88
108
103
40
20
0
Nº de Batismos
1860 1864 1868 1873 1877 1880 1885 1890 1895 1900 1905 1910
Graf. 6 – Batismos de 1860 a 1910
405
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
143
Batismos de 1914 a 1960
160
140
120
100
102
115
95
88
102 102
110
93
112
136
112
129
80
60
40
20
0
Nº de Batismos
1914 1916 1918 1920 1925 1930 1935 1940 1945 1950 1955 1960
Graf. 7 -Batismos de 1914 a 1960
Batismos de 1962 a 1997
160
140
120
100
148
140 137
145
129 131
125
121 122 121
89
100
86
92
80
60
40
20
0
Nº de Batismos
1962 1964 1966 1968 1970 1972 1974 1976 1980 1985 1990 1995 1997
Graf. 8 -Batismos de 1962 a 1997
143
Em alturas de conflito ou guerras na qual Portugal fez parte, a escala é reduzida a 2 anos para haver
uma melhor leitura e perceção dos dados.
406
[Capítulo XI](Registos Paroquiais)
• Registo de Casamentos:
400
350
300
250
200
150
100
50
Casamentos de 1587 a 1854
0
Aprox. nº de Casamentos
1587-1622 1625-1658 1659-1684 1682-1700 1699-1721 1721-1768
1754-1775 1772-1792 1786-1805 1804-1821 1820-1854
Graf. 9 - Casamentos de 1587 a 1854 (estimativa)
Casamentos de 1860 a 1910
30
25
26
20
15
10
10
14
16
14
17
12
18
14
19
14
18
5
0
Nº de Casamentos
1860 1864 1868 1873 1877 1880 1885 1890 1895 1900 1905 1910
Graf. 10 – Casamentos de 1860 a 1910
407
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
144
Casamentos de 1914 a 1960
90
80
70
79
71
60
50
44
56
54
49
54
51
45
47
40
30
36
30
20
10
0
Nº de Casamentos
1914 1916 1918 1920 1925 1930 1935 1940 1945 1950 1955 1960
Graf. 11 – Casamentos de 1914 a 1960
60
57
Casamentos de 1962 a 1997
54
50
40
30
42 42
41
38
31
40
36
43
35 35
20
10
0
Nº de Casamentos
1962 1964 1968 1970 1972 1974 1976 1980 1985 1990 1995 1997
Graf. 12 -Casamentos de 1962 a 1997
144
Em alturas de conflito ou guerras na qual Portugal fez parte, a escala é reduzida a 2 anos para haver
uma melhor leitura e perceção dos dados.
408
[Capítulo XI](Registos Paroquiais)
• Confrarias e Comissões de Festas:
Tabela 21 - Confrarias e Comissão de Festas
Confraria do Senhor – 1928
Juiz Manoel Caetano de Sá Mota
Tesoureiro
O pároco
Mordomos
Carlos José dos Santos
Monte
velhos
Manoel Barbosa das Neves
Mouchão
Mordomos Manoel Guedes Ribeiro
Souzanil
Novos
José Robalinho
Vilares
Confraria do Senhor – 1929
Juiz Raul da Silva Santos Póvoa
Tesoureiro
O pároco
Mordomos Jerónimo Reimão Guedes
Canedo
velhos
Manoel José Robalinho
Valcova
Mordomos Joaquim Alves de Sousa
Ervideiro
Novos Manuel da Silva Lopes Júnior
Framil
Confraria do Senhor – 1930
Juiz Manuel Pereira Mosteirô
Tesoureiro
O pároco
Mordomos Vitorino Pinto de Fontes
Carquejal
velhos
Manuel Gonçalves
Ervideiro
Mordomos Manoel José de Freitas
Barreiro
Novos
Manoel Pinto da Mota
Várzea
Santo António – 1930
Juiz e
Tesoureiro
Mordomos
Mordomas
O pároco
Agostinho de Sousa Ferreira
Manoel da Costa Oliveira
Jerónimo Pinheiro de Azevedo
António Pinto dos Santos
Sousa Campos
Rosa da Rocha Costa
Laurinda Guedes
Ana Moreira
Albertina Guedes Ribeiro
Framil
S. Roque
Mota
Sameiro
Bouças
Framil
Mouchão
Mouchão
Souzanil
409
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
São Pedro – 1930
Conceição da Mota
Helena Robalinho
Souzanil
Vilares
Juiz Raul da Silva Santos Póvoa
Mordomos Manoel José Robalinho
Valcova
velhos
Jerónimo Reimão Guedes
Canedo
Mordomos Joaquim Alves de Sousa
Ervideiro
Novos
Manoel da Silva Lopes
Framil
Senhora do Rosário (Comissão) – 1930
Santo António – 1931
Henrique Inácio da Silva
Custódio Bento de Sousa
António da Silva Atalaia
Manoel José Pinto
Augusto Mota
Bouças
Várzea
Framil
Mota
Barreiro
Juiz e
Tesoureiro
O pároco
Faustino Pinto Marques
Vilares
Manoel da Costa Oliveira
S. Roque
Mordomos
Jerónimo Pinheiro de Azevedo
Mota
António Pinto dos Santos
Sameiro
Agostinho de Sousa Ferreira
Framil
Manoel da Silva Patrício
Carvoeiro
Mordomas Maria Pinto das Neves Campêlo
Maria Francisca Tavares
Campêlo
Ana Lopes
Mouchão
Laurinda Guedes
Mouchão
Francisca Fernandes da Silva
Mouchão
Maria Cardoso Dias
Framil
Flausina da Sousa Fernandes
Framil
Aurora de Sousa Fernandes
Framil
Confraria do Senhor – 1930
Juiz Manoel Pereira Mosteirô
Mordomos Vitorino Pinto de Fontes
Carquejal
velhos
Manoel Gonçalves
Ervideiro
Mordomos Manoel José de Freitas
Barreiro
Novos
Manoel Pinto da Mota
Várzea
Confraria do Santíssimo Sacramento – 1931
410
[Capítulo XI](Registos Paroquiais)
Juiz Manoel Francisco Pinto Póvoas
Mordomos Agostinho de Oliveira e Silva
Póvoa
velhos
Manuel Guedes
Canedo
Mordomos
Jerónimo Moreira
Rebordelo
Novos
Justino Pinto da Rocha
Mosteirô
Senhora do Rosário (Comissão) – 1931
Manoel da Costa Oliveira
Mosteiro
Manoel José de Fontes
Terças
Manoel da Mota Pais
Bouças
Francisco Pinheiro de Azevedo
Rego
Louvores Domingos Gonçalves Pua
Santo António – 1932
Juiz e
Tesoureiro
O pároco
Agostinho Barbosa das Neves
Campêlo
Joaquim Gonçalves
Ervideiro
Mordomos
Manoel Ferreira de Sousa
Carvoeiro
Manoel Pereira
Mosteirô
Alberto da Mota
Lousado
Emílio Alves dos Santos
Várzea
Juíza Arminda Maria Aurora de Sousa Couto Valcova
Mordomas Maria Pinto das Neves Campêlo
Maria Rosa da Silva Tavares
Campêlo
Ana Lopes
Mouchão
Laurinda Fernandes
Mouchão
Rosa da Silva Marques
Mouchão
Maria Barbosa das Neves
Mouchão
Miquelina Francisca da Costa
Framil
Angelina Ferreira da Costa
Framil
Aluzinda Rosa
Póvoas
Maria Pinto Marques
Sanguinhedo
Olivia Pinheiro
Bouças
Maria da Silva
Bouças
Maria Inácio da Silva
Bouças
Maria Alves da Mota
Bouças
Confraria do Santíssimo Sacramento – 1932
Juiz Domingos da Mota Barreiro
José Robalinho
Vilares
411
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Mordomos
Manoel José Pinto dos Reis
velhos
Mordomos António Pinto de Fontes
Novos
José Pinto da Mota
Senhora do Rosário (Comissão) – 1932
António Joaquim
António da Mota Azevedo
Manoel Francisco Pinheiro
Manoel José Pinto
Manoel Guedes Ribeiro
Santo António – 1933
Juiz e
Tesoureiro
Mordomos
Juíza
O pároco
Francisco José Gonçalves
Emília Alves dos Santos
Agostinho Barosa das Neves
Francisco da Silva Patrício
Américo Ribeiro Barraca
Maria de Fátima de Albertino da Siva
Lopes
Mordomas Não houve por aborrecimentos em 1932
São Pedro– 1933
Mota
Framil
Várzea
Monte
Sobrêda
Framil
Ervideiro
Souzanil
Juiz Domingos da Mota Barreiro
Mordomos
José Robalinho
Vilares
velhos
Manoel José Pinto dos Reis
Mota
Mordomos António Pinto de Fontes
Framil
Novos
José Pinto da Mota
Várzea
Confraria do Santíssimo Sacramento – 1933
Juiz António Pinto Tavares de Oliveira Gougêva
Mordomos
Manoel Pinto da Mota
Várzea
velhos
Manoel Guedes Ribeiro
Souzanil
Mordomos
Manoel da Mota Pais
Bouças
Novos
Manoel de Almeida Lopes
Mota
Senhora do Rosário (Comissão) – 1933
Manoel Nunes Fernandes
Joaquim José Pinto Pereira
Joaquim Ribeiro de Sousa
Custódio Bento de Sousa
Framil
Mota
Sobrêda
Várzea
412
[Capítulo XI](Registos Paroquiais)
Confraria do Santíssimo Sacramento – 1934
Juiz Domingos Gonçalves Pua
Mordomos Joaquim da Mota Azevedo
Valcova
velhos
Albertino da Silva Lopes
Framil
Mordomos
Francisco da Mota
Barreiro
Novos
Manuel Pereira de Fontes
Terças
Santo António – 1934
Juiz e
Tesoureiro
O pároco
Faustino Pinto Marques
Vilares
José Oliveira e Silva
Póvoa
Mordomos Jerónimo Francisco Pinheiro
Mosteiro
Joaquim Guedes Ribeiro
Souzanil
Agostinho Ferreira dos Santos
Ervideiro
Juíza Leontina Alves da Silva Latourette
Senhora do Rosário (Comissão) - 1934
São Pedro– 1934
Joaquim Pinto de Freitas
Manuel Fernandes da Silva
António da Silva Marques
Henrique Ferreira da Silva Santos
Álvaro da Silva Medas
Pua
Gougêva
Canedo
Mosteirô
Terças
Juiz Domingos Gonçalves Pua
Mordomos Joaquim da Mota Azevedo
Valcova
velhos
Albertino da Silva Lopes
Framil
Mordomos
Francisco da Mota
Barreiro
Novos
Manuel Pereira de Fontes
Terças
Santo António– 1935
Juiz e
Tesoureiro
O pároco
Mordomos Alexandre Caetano de Sá Mota
Amadeu de Sousa Fernandes
Framil
Roque Alves dos Santos
Várzea
António da Mota Pais
Bouças
Manuel de Sousa Ferreira
Carvoeiro
Alberto Mota
Lousado
Juíza Marilda Fátima da Costa Oliveira
Confraria do Senhor - 1935
413
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Juiz Manuel Barbosa da Neves Mouchão
Mordomos
Justino Pinto da Rocha
Mosteirô
velhos
Augusto da Mota
Barreiro
Joaquim Pinto de Freitas
Pua
Mordomos
Manuel Alves dos Santos
Várzea
Novos
José Pinto da Mota
Várzea
Senhora do Rosário (Comissão) - 1935
Santo António– 1936
José Guedes Ribeiro
Manuel Barbosa
Manuel da Costa Novo
Vitorino Guedes Barbosa
Bernardo da Mota Pais
Mouchão
Sobrêda
Rebordelo
Várzea
Lousado
Juiz e
Tesoureiro
O pároco
Mordomos Joaquim de Sousa Alves Carvoeiro
Albertino Manuel da Silva Lopes
Framil
Roque Alves dos Santos
Várzea
Carlos da Silva Morais
Vilares
Manuel José da Silva
Canedo
Manuel Francisco da Conceição
Mota
Juíza Rosaria Sousa Fernandes Framil
São Pedro– 1936
Juiz Manuel Barbosa das Neves Mouchão
Mordomos Henrique Ferreira da Silva Santos Mosteirô
velhos
Augusto da Mota
Barreiro
Mordomos Joaquim Pinto de Freitas
Pua
Novos
Joaquim Pinto das Mota
Várzea
Confraria do Senhor - 1936
Juiz Manuel Gonçalves Ervideiro
Mordomos Manuel José Robalinho
Valcova
velhos
Manuel da Silva Lopes
Framil
Mordomos Manuel da Silva Robalinho
Canedo
Novos
Joaquim de Freitas
Monte
Fonte: Eleições de Canedo. Arquivo Particular
Este livro, escrito de 1928 a 1959 pelo P. David Coelho e de 1959 a 1970 pelo P. António
Regal, tem todos os eleitos para as comissões de festas e confrarias da Paróquia de Canedo do ano
de 1928 até ao ano de 1970.
414
[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)
[Capítulo XII]
(Nomes/Pessoas importantes)
415
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
416
[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)
• Nomes/Pessoas importantes da Freguesia de Canedo
• Doutora Maria Pais Moreira:
A Dra. Maria Pais Moreira, filha legítima de
Manuel José Pais Moreira da Casa da Botica e D.
Emília Leite Tavares; neta paterna de Manuel José
Pais e Maria da Silva do Lugar do Mocelo, e
materna de Vitorino da Silva Tavares e Cândida
Leite do Lugar de Fagilde, nasceu a 21 de Janeiro
de 1858. Teve como padrinhos de Batismo o seu
tio paterno e a sua tia materna D. Maria.
Tinha como irmãos: o Oficial de Marinha Doc. 216 - Dra. Maria Pais
Moreira
Vitorino José Pais Moreira, o padre Agostinho José
Pais Moreira, Rosa Emília Pais Moreira e Carolina Augusta Pais Moreira.
Com apenas 15 anos de idade, foi viver para a Cidade do Porto, onde
realizou os seus exames da instrução primária, revelando já um espírito
nobre de uma independência e admirável força de vontade que, mais tarde,
se viriam a confirmar nos seus diversos atos da vida profissional.
No ano letivo de 1884-85, aconteceu um facto insólito na Academia
Politécnica do Porto. Entre os 206 alunos matriculados figura um do sexo
feminino. Maria Pais Moreira, de nome completo, Maria Leite da Silva
Tavares Pais Moreira. Tinha 27 anos. Era natural de Canedo, freguesia do
Concelho de Santa Maria da Feira e em 1886 matriculou-se na Escola
Médico-Cirúrgica do Porto, sendo a primeira mulher a matricular-se nesta
instituição. Na altura da sua inscrição, o tipógrafo não se acreditou tratarse
de uma mulher e então colocou o nome “Mário” em vez de “Maria”.
Maria Pais Moreira matriculou-se, nesse ano em, duas cadeiras – a
oitava e a nona, respetivamente Física e Química Mineral. Estas cadeiras,
bem como as de Botânica e Zoologia, constituíam os preparatórios para o
ingresso na Escola Médico-Cirúrgica. Por decreto de 20 de setembro de
1844, os preparatórios compreendiam as carreiras seguintes:
- 1º ano– 8ª cadeira (Física) e 9ª (Química);
417
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
- 2º ano– 7ª cadeira (Zoologia):
- 3º ano– 10ª cadeira (Botânica e Física Vegetal).
Terminou o curso de Medicina, na Escola Médica, cinco anos depois,
em 1891 e recebeu o seu diploma a 11 de Julho de 1892. Nos anos de 1889,
1890, 1904 e 1905 não se matriculou nenhuma senhora. Só a partir de 1908
recomeçaram a matricular-se, neste estabelecimento de ensino público.
Em 1892 a Dra. Maria Pais Moreira defendeu tese tendo como tema a
higiene da gravidez e do parto (“Hygiene da Gravidez e do Parto”). Foi
médica da Senhora D. Amélia, Rainha de Portugal.
Após ter prestado provas públicas, concorreu e foi promovida, em
1894, no cargo de médica da clínica auxiliar do “banco” do Hospital Geral
de Santo António, onde desempenhou funções quase até morrer. Exerceu,
também, funções efetivas no Hospital da Ordem do Carmo e no Hospital de
Crianças Maria Pia. Antes de frequentar o curso de Medicina, diplomou-se
em farmacêutica de 1ª Classe.
Duma austeridade irrepreensível no exercício da sua profissão, a Dra.
Maria Pais Moreira, foi médica das mais distintas famílias da Cidade do
Porto e do Norte do País.
Embora não haja provas, crê-se que a Dra. Pais Moreira tenha
prescindido dos seus honorários, devido a trabalhos prestados, dando-se
por satisfeita com a honra de os ter feito e, então a Senhora D. Amélia,
numa atitude de gratidão e generosidade, ofereceu-lhe um relógio de peito
em ouro, relógio muito em uso no final do século XIX. Este relógio é ainda
conservado religiosamente pela família Pais Moreira.
A Dra. Pais Moreira passou toda a sua vida profissional na cidade do
Porto e no final da mesma regressou às origens, à freguesia de Canedo,
onde instituiu um “Salão Cultural” que arremedava o Salão Literário de
Maria Amália Vaz de Carvalho em Lisboa por onde passavam as sumidades
literárias e políticas do tempo. No Salão de Canedo jogava-se uma
partidinha de sueca e discutia-se política; entre outros, era frequentador do
referido Salão o ex-pároco de Canedo, padre David Coelho, natural de
Arada.
Faleceu na Cidade do Porto com 83 anos, a 3 de Agosto de 1941,
sendo sepultada no Cemitério de Canedo. Foi homenageada pelo povo da
freguesia com um largo no seu nome, “Largo Dra. Maria Paes Moreira".
418
[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)
Doc. 217 - Dra. Maria Pais Moreira
419
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 218 – Dra. Maria Pais Moreira
420
[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)
Doc. 219 - Relógio oferecido pela Rainha D. Amélia à Dra. Maria Pais Moreira
Doc. 220 -Anel de Curso da Dra. Maria Pais Moreira
421
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 221 – Pasta de Curso da Dra. Maria Pais Moreira
422
[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)
Doc. 222 -Tese defendida pela Dra. Pais Moreira no ano de 1892.
423
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Padre António Francisco Regal:
Nasceu a 22 de agosto de 1924, Filho de
Manuel Francisco Regal e de Miquelina Rosa dos
Anjos, casados catolicamente em Espinho.
Nascido no lugar de Casaldoido, Caldas de São
Jorge, e batizado na mesma igreja paroquial.
Foi ministro de Batismo o Padre José Inácio da
Costa e Silva. Foram padrinhos: António
Francisco Regal, tio paterno, e Francelina Rosa
dos Anjos, tia materna. Avós paternos: Joaquim
Francisco Regal e Maria Henriques da Silva; e
avós maternos: José Gomes Pinto e Rosalina Rosa
dos Anjos Crismado em Caldas de S. Jorge no dia 22
de julho de 1935 pelo Bispo D. António Augusto Bispo do Porto, sendo
padrinho do Crisma António Ferreira Pinto.
Foi professor dos Seminários da Diocese do Porto, Professor de EMRC
em Lourosa. Pároco de Palmares, Travanca e Canedo.
Em 6 de Abril de 1997 – Bodas de Ouro da Ordenação sacerdotal.
Em 16 de Abril de 1997 – Bodas de Ouro da Missa Nova.
Doc. 223 - Padre António Francisco
Regal
Foi Pároco de Canedo de 25 de Abril de 1959 a 3 de fevereiro de 1998.
Durante 39 anos paroquiou a laboriosa e empreendedora Vila de
Canedo e muito contribuiu para o desenvolvimento da terra,
nomeadamente a sua eletrificação e a construção do centro paroquial.
Faleceu em Canedo no dia 3 de Fevereiro de 1998, encontrando-se
sepultado no Cemitério Paroquial de Canedo. Como forma de gratidão, foi
mandado fazer um busto do padre, obra do escultor António Nobre. O
busto de bronze assenta num pedestal de dois metros e fica junto à igreja
paroquial.
424
[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)
• Doutor Alexandre Pais Moreira Figueiredo:
O Doutor Alexandre Manuel Pais Moreira de
Figueiredo, nasceu a 26 de Novembro de 1910 na
freguesia de Avô, Concelho de Oliveira do
Hospital. Era um dos quatro filhos de Alexandre
Figueiredo e de Emília Leite Passos Furtado Pais
Moreira - sobrinha direta da Dra. Maria Pais
Moreira. Tinha como avós maternos: Carolina
Augusta Pais Moreira, irmã da Dra. Maria Pais
Moreira, natural de Canedo e António Augusto
Passos Furtado, natural de Bragança.
Doc. 224 – Dr. Alexandre Pais
Moreira
Formou-se em Medicina Geral na Faculdade de
Medicina da Universidade do Porto a 24 de Outubro de 1935, com 24 anos
de idade.
Posteriormente, a 7 de Junho de 1939, casou na Igreja Paroquial da
Madalena, Paredes, com Maria Emília Malheiro, natural de Coimbra. Desse
matrimónio, houve três filhos: Fernando Malheiro Pais de Figueiredo,
António Malheiro Pais de Figueiredo e Artur Alberto Malheiro Pais de
Figueiredo.
Em paralelo com a assistência médica na Freguesia de Canedo e
circunvizinhas, tinha uma vida política ativa. Era militante do Partido da
União Nacional e foi membro do executivo camarário no mandato do Dr.
Domingos da Silva Coelho, por volta dos anos 60.
Enquanto Canedense, Vereador e Médico, lutou praticamente toda a
sua vida pela freguesia. Prestou nela serviços médicos mais de 50 anos,
contribuiu dignamente para o seu desenvolvimento como na sua
eletrificação, na construção e melhoramento de vias de comunicação
(estradas, caminhos, etc.) e no desenvolvimento cultural.
Foi homenageado pelo Povo da Vila de Canedo quando completou 50
anos de formatura, a 25 de Outubro de 1985, dando ao benemérito uma
rua no seu nome, “Rua Dr. Pais Moreira”.
Faleceu na Vila de Canedo a 1 de Agosto de 1988, estando sepultado no
Cemitério Paroquial da mesma freguesia.
425
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 225 – Dr. Alexandre Pais Moreira no final do seu percurso académico
426
[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)
Doc. 226 - Dr. Pais Moreira, a sua esposa e os seus três filhos
Doc. 227 – Homenagem ao Dr. Pais Moreira em 25 de Outubro de 1985
427
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Manuel Pinto Marques:
Manuel Pinto Marques, nasceu no lugar de
Sanguinhedo na Vila de Canedo a 4 de Julho de
1923, filho de Domingos Pinto Marques e de Maria
Rosa da Silva. Com apenas 12 anos, Manuel Pinto
Marques chegou ao Rio de Janeiro e dedicou-se ao
comércio. Disposto à luta, em pouco tempo
conseguiu sucesso e depois de 30 anos no Brasil,
era um dos mais destacados empresários do setor
hoteleiro, desfrutando de uma excelente e
destacada posição social, e económica.
Doc. 228 – Manuel Pinto
Marques
Ainda menino, mas de espírito amadurecido, veio para o Brasil com o
intuito de seguir o caminho do comércio. Confiando no destino e sabendo
que a vida é traçada por cada um, atirou-se com entusiasmo ao trabalho.
Graças ao seu alto espírito de luta, capacidade de trabalho e vontade de
vencer foi presidente de uma organização que teve sob as suas ordens
entre outros, os restaurantes Drink, Zaratrusta, Olho Vivo, Café Angrense,
Bar Carioca, Bar Ita, Confeitaria Henriete, Restaurante da Leopoldina, Café
Princesa Deodoro, Bar Flórida, Galeto Magé, Bar Pop's, Bar e Restaurante
Mariano Procópio, Mauá Drinks, Buate Cow Boy, Restaurante Pacaembu
além dos hotéis São Bento, Magé e Santíssima.
Nunca quis os louros das suas vitórias e, por isso mesmo, sempre sentiu
a necessidade de melhorar as condições de vida da comunidade da cidade
onde vivia. O seu sucesso estimulou novas promoções e com isto, a
Guanabara foi a mais beneficiada. Homem de excelente formação humana,
cheio de humildade, fez sempre a sua vida com simplicidade.
Teve uma grande participação a nível social como associado do Clube
Ginástico Português, Casa da Vila da Feira, Vasco da Gama, Iate Clube Ibicuí
e Touring Club do Brasil; no campo da assistência social, embora procure
não ser um pilar da Obra Portuguesa de Assistência, da qual foi diplomado
de “benemérito”, foi membro da Ordem 3ª da Penitência.
De enorme obra de vulto no campo comercial do Estado, Manuel Pinto
Marques tornou-se digno de uma gratidão de coletividade, que foi
428
[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)
manifestado pela Assembleia Legislativa do Guanabara, outorgando-lhe por
decisão unânime o título de “Cidadão do Estado do Guanabara”, prémio
conferido aqueles que se dedicam e lutam pela grandeza da terra carioca.
Como Canedense, sempre teve imenso orgulho na terra que o viu
nascer. Foi, durante vários anos, secretário da Junta de Freguesia de
Canedo e contribuiu para a construção do Centro de Solidariedade Social
de Canedo. Foi um grande mentor do desenvolvimento da freguesia, tendo
investido e incentivado a investir na Vila de Canedo.
A referir que ofereceu a cobertura para a bancada Central do Estádio das
Valadas e as portas para muitas das Capelas da freguesia.
Faleceu na Vila de Canedo a 2 de Julho de 2011, ficando para sempre na
memória de todos aqueles que tiveram o privilégio de o conhecer e a
felicidade de com ele terem convivido.
Doc. 229 – Busto de Manuel Pinto Marques
429
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 230 – Largo Manuel Pinto Marques
430
[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)
Doc. 231 – Medalha de Mérito de D. João VI a Manuel Pinto Marques
431
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 232 – Medalha de Mérito D. João VI a Manuel Pinto Marques
432
[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)
Doc. 233 – Ordem do Cidadão do Rio de Janeiro a Manuel Pinto Marques
Doc. 234 – Obra Portuguesa de Assistência ao Benfeitor Manuel Pinto Marques
433
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• António Ribeiro da Rocha:
O Benemérito António Ribeiro da Rocha, nasceu no lugar de Souzanil da
Vila de Canedo a 7 de Março de 1936. Filho de António Duarte da Rocha e
de Albertina Ribeiro da Silva. Era o mais velho dos irmãos: José Ribeiro da
Rocha e Albertina Ribeiro da Rocha.
Com apenas 19 de idade, emigrou para o Rio de Janeiro, Brasil, para
se juntar ao seu pai que já lá estava. Mal lá chegou, começou logo a
trabalhar no ramo dos negócios com o seu progenitor.
Posteriormente, a 26 de Junho de 1965, casou-se com Odalinda de
Jesus Claro da Rocha com quem teve três filhos: Jorge Claro da Rocha, Tony
Claro da Rocha e Vânia Claro da Rocha.
Enquanto amante da terra que o viu nasceu, sempre ajudou e ajuda
as associações locais bem como as suas causas (tanto na freguesia como no
local onde vive no Brasil). Mandou construir a Capela de Santa Ana no lugar
de Souzanil, bem como o espaço envolvente, e é um grande promotor da
Festa em Honra de Santa Ana.
Um benemérito do lugar de Souzanil, da Vila de Canedo e de Santa
Maria da Feira.
Doc. 235 – Sr. Rocha (o primeiro da esquerda) com outros amigos no Brasil
434
[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)
• Padre Agostinho Moreira da Costa:
O Padre Agostinho Moreira da Costa nasceu em Canedo a 31 de Maio de
1875 e faleceu na mesma freguesia a 29 de Março de 1940. Era mais
conhecido por Padre “Estrela”.
Após a sua formatura em padre, exerceu funções na Paróquia de
Reguenga (Santo Tirso) como Pároco, e na Igreja da Trindade no Porto.
Reza a história que este padre tinha filhos e quando o Bispo do Porto
soube de tal coisa o chamou a junto de si para saber a verdade e, no caso
de o ser, teria de deixar de ser padre ou renunciar à família. Perante o Bispo,
assumiu os filhos que tinha e terá dito: “Antes prefiro ir trabalhar para
calceteiro, do que abandonar os meus filhos. Tenho colegas meus que os
fazem e os abandonam, mas eu não o faço.”
Perante isto o Bispo mudou-o de Paróquia.
Doc. 236 – Padre Agostinho Moreira da Costa
435
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Padre Manuel Joaquim Capitão Lopes da Silva:
O Padre Manuel Joaquim Capitão Lopes da
Silva, nasceu em Canedo a 9 de Junho de 1934,
e faleceu na mesma freguesia a 12 de
Novembro de 2008. Ordenou-se padre no ano
de 1954, tendo realizado a sua missa nova na
Igreja Paroquial de São Pedro de Canedo.
Teve a sua importância como capelão no
Exército, tendo realizado algumas missões fora
do país como, por exemplo, nas antigas
províncias ultramarinas portuguesas.
Doc. 237 – P. Manuel Capitão
Doc. 238 – Padre Manuel Capitão na sua missa nova
436
[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)
• Padre Joaquim Luís Dias de Paiva:
“Nasceu em Azevedo (Caldas de São Jorge)
em 13 de Fevereiro de 1896. Era filho de José Luís
de Sousa Dias e de Margarida Rosa de Paiva.
Pertencia a uma família importante do lugar de
Várzea, Família “Sampaio”.
Foi estudar para os Carvalhos em 1908 e
para o Porto em 1913, completando o curso
teológico em 1916. Cantou a sua missa nova na
capela da Várzea, de Canedo em 1919.
Exerceu depois no Porto funções de Capelão e
de coadjutor. Em 1925 foi nomeado pároco de S.
Roque, ali permanecendo 3 anos. Em princípios de 1928 por motivo de
doença grave deixou a paroquialidade.
Depois de restabelecido, foi residir para Várzea. Em 1936 foi
paroquiar a freguesia de Cete, depois a de Fonte Arcada e Penafiel. Faleceu
a 1 de Maio de 1980 em Canedo onde se encontra sepultado.” 145
• Cónego Bernardo José da Silva Tavares:
Doc. 239 – Padre Joaquim
Paiva
“Bernardo José da Silva Tavares nasceu a 8 de dezembro de 1804, filho
do Brigadeiro Bernardo José da Silva Tavares e de D. Gertrudes Xavier
Pereira Valente. Doutorou-se em Teologia pela Universidade de Coimbra,
em 3 de Outubro de 1830, sendo logo nomeado cónego magistral da Sé de
Lamego. Por decreto de 21 de Agosto de 1856 foi nomeado cónego da Sé
do Porto e passada a Carta Régia, em 7 de Outubro.
O doutor Tavares não se conformou com os dizeres da Carta e
representou ao Governo para lhe ser concedida a conezia de magistral, vaga
pela morte do doutor Manuel Tomás dos Santos Viegas. Deferido o pedido,
recebeu a instituição canónica em 2 de Abril de 1857 e tomou posse no dia
8.
145
Monografia inédita de S. Jorge, do Pe. José Inácio da Costa e Silva.
437
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Prometeu e jurou guardar os Estatutos, cumprir as residências e todos
os mais encargos, a que estavam sujeitos todos os cónegos, sem poder
aproveitar-se de privilégio algum dos antigos magistrais. Foi apenas um
magistral honorário. Esteve paralítico em Canedo, durante alguns anos e
faleceu, a 22 de Março de 1888.” 146
• Padre Agostinho Moreira da Costa;
• Padre Agostinho José Pais Moreira;
• Padre Domingos - Lugar de Framil:
O Padre Domingos, nascido no lugar de Framil, foi um padre muito
importante, na sua altura, na freguesia de Canedo, dizem vozes populares.
• Padre José Gomes Ladeira – Lugar das Póvoas;
• Padre Manuel da Nóbrega – Lugar do Barreiro;
• Padre José Maria da Mota Reimão - Lugar do Barreiro;
• Augusto Barbosa Pinto;
• Abranches Maria Nobre – Lugar de Carvoeiro;
Nasceu: 1604
Faleceu: 1690
• Alberto da Silva Barbosa;
Nasceu: 23/05/1917
Faleceu: 19/01/1983
• Brigadeiro Bernardo José da Silva Tavares – Lugar de Fagilde;
• Coronel Vitorino José da Silva Tavares;
• Capitão- Mór Hermenegildo José da Silva Tavares;
• Doutor Joaquim de Sousa Couto - Lugar de Valcova;
• Doutor de Leis Francisco de Assis da Silva Tavares;
• Manuel Joaquim de Sousa Alves;
• Manuel de Jesus.
146
São Pedro de Canedo no Concelho da Feira. Cónego António Ferreira de Pinto (1928)
438
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
[Capítulo XIII]
(Organização político-administrativa)
439
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
440
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
• Juízo de Paz
Foi a Carta Constitucional de 1826 que introduziu os tribunais ou
julgados de paz, essencialmente destinados a tentarem a conciliação entre
pessoas desavindas, para evitar que se envolvessem em questões judiciais
a que pelas demoras, gastos e outros incómodos que acarretam, só se
devem recorrer depois de esgotada a possibilidade de uma solução pacífica.
Aos Juízes de Paz cabiam inúmeras e importantes tarefas inerentes à sua
condição de apaziguadores e garantes da paz e tranquilidade públicas.
Tinham de conciliar e compor as partes, separar e apaziguar
ajuntamentos e motins, obrigar vadios, mendigos, turbulentos, bêbados e
meretrizes a assinarem termo de bem viver, mandar fazer exame em casos
de morte, ferimento e agressão física, informar o Juiz dos Órfãos ou o Juiz
de Direito sobre quem eram os órfãos, que bens possuíam, quem havia
falecido, com ou sem testamento, com ou sem herdeiros.
Os julgados de paz visam, assim, dar satisfação completa ao velho
brocardo que pondera "valer mais uma má composição do que uma boa
demanda".
Tendo como antecedente remoto os avindores que surgiram no tempo
de D. Manuel I, os julgados de paz, após a sua criação pela Carta
Constitucional, mantiveram-se ao longo do tempo com aquela função
primacialmente conciliatória, sendo atualmente regulados pela Lei
78/2001, de 13 de Julho.
Os Julgados dividiam-se em círculos de distritos, constituídos por
uma ou mais freguesias, aos quais dirigia um juiz de paz. O nome do distrito
era dado pela freguesia mais populosa. Identificavam-se por «uma facha
azul com borla de seda branca e deviam ter sobre a porta da sua morada
em forma bem visível “Juiz de Paz de Distrito…”». 147 Eram empossados pelo
presidente da Assembleia Eleitoral ou pelo Presidente da Câmara.
Os distritos de juiz de paz foram sofrendo algumas reformas até ao
final do regime liberal, referentes, quer às freguesias que os componham,
147
Novíssima reforma judiciária, Título V, Cap. V, artº 140. Disponível em:
https://www.fd.unl.pt/Anexos/Investigacao/1175.pdf
441
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
quer ao seu modo de funcionamento e organização. A 7 de Dezembro de
1904, ficou finalmente estabelecida a divisão da Comarca da Feira em 5
distritos de paz.
Nos anos de 1940, o juiz de paz desapareceu, sendo a sua função em
grande parte continuada pelo juiz avintor.
Tabela 22 – Distritos dos Juízes de Paz de 1837
Distrito Freguesias Capital
1. Sanfins, Fornos e Escapães Feira
2. Milheirós e Pigeiros Arrifana
3. Guisande, Gião e Vila Maior Lobão
4. Lever Canedo
5. Argoncilhe e Sanguedo Argoncilhe
6. Caldas de S. Jorge Fiães
7. Silvalde e Nogueira da Regedoura Anta
8. Lamas, Paços de Brandão e Oleiros Mozelos
9. Paramos Esmoriz
10 Maceda Cortegaça
11. S. João de Ver e Rio Meão Lourosa
12. Espargo Arada
13. Mosteirô e Travanca Souto
Fonte: fls. 1v. a 3v. Círculos juiz de paz, 1837. AMSMF.
Tabela 23 – Distritos de Juiz de Paz no ano de 1904
Distrito Freguesias Capital
1.
2.
3.
4.
5.
Arrifana, Escapães,
Fornos, Milheirós e
Pigeiros
S. Jorge, Lourosa, Rio
Meão e Fiães
Anta, Espinho,
Paramos e Silvalde
Lamas, Mozelos,
Nogueira e Sanguedo
V. Maior, Lobão,
Guisande, Gião, Lever,
Vale e Louredo
Fonte: fl. 201v. Livro 32. AMSMF.
Feira
S. João de Ver
Paços de Brandão
Argoncilhe
Canedo
442
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
Tabela 24- Juízes de Paz do Distrito de Canedo
Nome Título Distrito Ano
Tomás Correia 1º
Francisco António de
Oliveira
2º
Francisco José
Gomes Monteiro
3º
Manuel José Pais
1º Substituto do
Juiz de Paz
Tomás Correia 1º
António de Oliveira 2º
António Martinho 3º
Manuel José Abreu
Escrivão do Juiz
de Paz 148
Francisco Gomes Escrivão do Juiz
Monteiro
de Paz
Escrivão do Juiz
António José Ferreira de Paz
António José Ferreira
Francisco José
Gomes Monteiro
Júnior
Joaquim Lopes Neves
substituto
1º Substituto do
Juiz de Paz
Escrivão do Juiz
de Paz
Escrivão do Juiz
de Paz
Fonte: Atas Camarárias. AMSMF.
Livros de Mercês. ANTT
Distrito de
Canedo
Distrito de
Canedo
Distrito de
Canedo
Distrito de
Canedo
Distrito de
Canedo
Distrito de
Canedo
Distrito de
Canedo
Distrito de
Canedo
Distrito de
Canedo
1836
16 de
Julho de
1836
1838
1848
1850
1852
1858 e
1859
1865
1873
148
Na pág. 127 do Livro 1837 de Legislação Régia, lê-se: “Art. 13. ° O Escrivão do Juiz de Paz servirá também
de Escrivão de Juiz Eleito.” Adiante, na página 318, lê-se: “(…) e que pelo Art. 27 do Decreto de 29 de
Novembro de 1836 são os Escrivães dos Juízes de Paz considerados como Tabeliães nos seus Distritos tão
somente para o acto d'aprovação dos Testamentos, ficando por este modo substituída a providência dada
no citado §. 20 de Tit. 78 da Ord., a qual hoje não pode ter lugar.”
443
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Jurados
Os jurados tinham como função institucionalizar a participação popular
na administração da justiça, conferindo assim poderes de justiça a cidadãos
não juristas, através de eleição. Apenas podiam ser jurados os cidadãos
ativos que pudessem votar nas assembleias primárias, saber ler, escrever e
apontar, pagando de décima em Lisboa e Porto 6 mil réis e nas mais terras
do reino 2400 reis. Todas as pessoas que correspondessem aos requisitos
pedidos, deviam inscrever-se no livro de matrícula sob uma pena de multa
de 5 a 20 mil réis.
Todos os anos, em Agosto, reunia a Comissão de Recenseamento dos
jurados. Era composta pelo presidente - o juiz de direito; pelo presidente
da comissão administrativa da Câmara; o administrador do concelho e os
presidentes de junta de freguesia, fazendo-se o recenseamento dos jurados
para o ano seguinte.
Eram formados vários tipos de júris: o de pronúncia, que tinha lugar nas
causas crime para verificar se haveria lugar à acusação; o de sentença,
ligava-se às causas crime e cíveis para efeito de declarar se estava ou não
provado o facto de crime de que fora acusado o réu.
Ambos os huris, eram formados por 12 a 9 jurados, constituídos em
audiências. Depois, os jurados eram notificados para se apresentarem na
Câmara. Havia ainda os júris para os crimes de moeda falsa, liberdade de
imprensa.
Analisando as informações, relativamente a Canedo somente
encontramos informação para crimes comuns e de moeda falsa.
Vejamos no quadro abaixo os jurados de 1887 a 1926.
444
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
Ano Nome Profissão
1887
2ª Pauta
1887
11 de
Junho de
1888
1889
António
da
Conceição
Domingos
José Pinto
Pereira
Manuel
Pinto
Aranha
Pais
Manuel
Barbosa
das Neves
António
da
Conceição
Domingos
José Pinto
Pereira
Francisco
José da
Silva
Tavares
Manuel
Barbosa
das Neves
Manuel
Pinto
Aranha
Pais
Francisco
José da
Silva
Tavares
António
da
Conceição
Manuel
Barbosa
das Neves
Manuel
Pinto
Tabela 25 – Jurados de 1887 a 1926
Est.
Civil
Idade Morada Rendimento
Lavrador Casado 40 Sanguinhedo 51.516
Lavrador Casado 55 Mota 52.426
Lavrador Casado 50 Giestal 34.446
Lavrador Casado 60 Canedo 4.342
Lavrador Casado 41 Sanguinhedo 51.516
Lavrador Casado 55 Mota 52.426
Proprietário Casado 52 Fagilde 48.120
Lavrador Casado 61 Canedo 4.342
Lavrador Casado 51 Giestal 34.446
Proprietário Casado 53 Fagilde 48.120
Lavrador Casado 42 Sanguinhedo 51.516
Lavrador Casado 63 Canedo 4.342
Lavrador Casado 53 Giestal 34.446
445
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
1890
1891
1892
12 de
Junho
de
1893
11 de
Junho de
1894
1895
Aranha
Pais
Francisco
José de
Moreira
Manuel
Barbosa
das Neves
Francisco
José da
Silva
Tavares
Francisco
José de
Moreira
Manuel
Barbosa
das Neves
Francisco
José
Moreira
Júnior
António
da
Conceição
António
Guedes
Ribeiro
Manuel
José de
Moreira
António
da
Conceição
Manuel
José de
Moreira
António
da
Conceição
Manuel
José de
Moreira
Manuel
Pinto
Aranha
Pais
Proprietário Casado 34 Valcova
Lavrador Casado 64 Canedo 4.342
Proprietário Casado 56 Fagilde 48.120
Proprietário Casado 34 Valcova
Lavrador Casado 64 Canedo 4.342
Proprietário Casado 40 Canedo 124.821
Lavrador Casado 47 Sanguinhedo 51.550
Lavrador Casado 48 Canedo 10.244
Proprietário Casado 48 Canedo 24.110
Lavrador Casado 47 Sanguinhedo 51.550
Proprietário Casado 49 Canedo 24.110
Lavrador Casado 47 Sanguinhedo 51.550
Proprietário Casado 50 Canedo 24.110
Proprietário Casado 39 Canedo 8.310
446
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
3º e 4º Trimestre de 1895
Francisco
José
Moreira
11 de
Junho de
1896
Manuel
José de
Moreira
1º Trimestre de 1896
António
da
Conceição
14 de
Junho de
1897
1898
14 de
Junho de
1899
1900
13 de
Julho de
1901
15 de
Julho de
1902
14 de
Julho de
1903
15 de
Julho de
1904
15 de
Julho de
1905
14 de
Julho de
1906
13 de
Julho de
1907
António
Guedes
Ribeiro
Manuel
José de
Moreira
Manuel
José
Robalinho
Manuel
José
Robalinho
Manuel
José
Robalinho
Manuel
José
Robalinho
Manuel
José
Robalinho
Manuel
José
Robalinho
Manuel
José
Robalinho
Manuel
José
Robalinho
Manuel
José Pinto
Júnior
António
Ferreira
Proprietário Casado 51 Canedo 24.110
Lavrador Casado 47 Sanguinhedo 51.550
Lavrador Casado 56 Canedo 10.250
Proprietário Casado 52 Canedo 24.110
Lavrador Casado 50 Espinheiro
Lavrador Casado 51 Espinheiro
Lavrador Casado 52 Espinheiro
Lavrador Casado 53 Espinheiro
Lavrador Casado 54 Espinheiro
Lavrador Casado 56 Espinheiro
Lavrador Casado 57 Espinheiro
Lavrador Casado 58 Espinheiro
Lavrador Casado 55 Canedo
Lavrador Viúvo 35 Canedo
447
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
da Silva
Santos
António
14 de
Ferreira
Julho de
da Silva
1908
Santos
Lavrador Viúvo 37 Canedo
Interrupção devido a Reformas Administrativas
Manuel
13 de
Joaquim
Agosto
da Costa
de 1918
Oliveira
Agostinho
Oliveira e Lavrador Casado 38 Canedo
Silva
Manuel
Francisco Negociante Casado 40 Canedo
Pinheiro
12 de
Agosto
de 1919
17 de
Agosto
de 1920
17 de
Agosto
de 1921
7 de
Agosto
de 1922
Augusto
Pinto
Marques
Joaquim
da Silva
Ferreira
Manuel
da Mota
Manuel
Joaquim
da Costa
Oliveira
Joaquim
de Sousa
Ferreira
Manuel
Alves da
Silva
Agostinho
Oliveira e
Silva
Manuel
Francisco
Pinheiro
Manuel
Alves da
Silva
Agostinho
Oliveira e
Silva
Lavrador Casado 34 Canedo
Negociante 45
448
34 Canedo
Proprietário Casado 30 Sobrêda
Lavrador Casado 38 Canedo
Negociante Casado 41 Canedo
Proprietário Casado 30 Sobrêda
Lavrador Casado Canedo
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
23 de
Agosto
de 1923
4 de
Setembro
de 1924
Joaquim
de Sousa
Ferreira
António
José Pinto
António
Fernandes
Pinheiro
António
José de
Fontes
António
Joaquim
Ferreira
António
da Silva
Santos
José Alves
de Santos
José de
Freitas
José de
Sousa
Manuel
Guedes
Manuel
Joaquim
da Costa
Oliveira
Adriano
da Costa
Bento
António
Pinto
Fontes
António
Francisco
Pinheiro
Augusto
Joaquim
da Costa
Oliveira
Jerónimo
da Silva
Valente
Negociante Casado 34 Canedo
Lavrador Casado 58 Barreiro
Lavrador Casado 48 Mota
Lavrador Casado 48 Várzea
Negociante Casado 33 Canedo
Canedo
Lavrador Casado 55 Canedo
Lavrador Casado 48 Canedo
Negociante Casado 35 Canedo
Lavrador Casado 47
Negociante Casado 53 Canedo
Negociante Casado 35 Carvoeiro
Lavrador Casado 28 Bouças
Negociante Casado 40 Mosteiro
Lavrador Casado 38 Mocelo
Lavrador Solteiro 30 Souzanil
449
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
31 de
Julho de
1925
Joaquim
Alves da
Silva
José da
Costa
Carreira
José da
Silva
Patrício
José
Gomes da
Conceição
Manuel
Mota
Manuel
Alves da
Silva
Manuel
Sousa
Ferreira
Manuel
da Costa
Oliveira
Manuel
da Silva
Patrício
Manuel
José Pinto
Pereira
Adriano
da Costa
Bento
Agostinho
de
Oliveira e
Silva
Albertino
Moreira
António
Pinto
Marques
António
Pinto
Fontes
António
Francisco
Pinheiro
Lavrador Casado 30 Sobrêda
Lavrador Casado 35 Rebordelo
Negociante Casado 45 Carvoeiro
Carpinteiro Casado 35 Mosteiro
Lavrador Casado 50 Canedo
Lavrador Solteiro 35 Sobreda
Lavrador Solteiro 30 Canedo
Negociante Casado 35 Mosteiro
Negociante Casado 45 Canedo
Lavrador Solteiro 30 Ervideiro
Negociante Casado 36 Carvoeiro
Lavrador Casado 41 Póvoas
Negociante Casado 41 Carvoeiro
Negociante Casado 36 Vilares
Lavrador Casado 36 Bouças
Negociante Casado 41 Mosteiro
450
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
1926
Augusto
Joaquim
da Costa
Oliveira
Jerónimo
da Silva
Valente
Joaquim
Alves da
Silva
José da
Costa
Carreira
José da
Silva
Patrício
José
Gomes da
Conceição
Manuel
Mota
Manuel
Alves da
Silva
Manuel
Sousa
Ferreira
Manuel
da Costa
Oliveira
Manuel
da Silva
Patrício
Manuel
José Pinto
Pereira
Manuel
Guedes
Adriano
da Costa
Bento
Agostinho
de
Oliveira e
Silva
Albertino
Moreira
Lavrador Casado 39 Mocelo
Lavrador Solteiro 31 Souzanil
Lavrador Casado 31 Sobrêda
Lavrador Casado 36 Rebordelo
Negociante Casado 46 Carvoeiro
Carpinteiro Casado 36 Mosteiro
Lavrador Casado 51 Canedo
Lavrador Solteiro 36 Sobrêda
Lavrador Casado 31 Framil
Negociante Casado 36 Mosteiro
Negociante Casado 46 Carvoeiro
Lavrador Solteiro 31 Ervideiro
Lavrador
Negociante Casado 37 Carvoeiro
Lavrador Casado 42 Póvoas
Negociante Casado 42 Carvoeiro
451
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
António
Pinto
Marques
António
Pinto
Fontes
António
Francisco
Pinheiro
Augusto
Joaquim
da Costa
Oliveira
Henrique
de
Almeida
José da
Costa
Carreira
José da
Silva
Patrício
José
Gomes da
Conceição
Manuel
Guedes
Manuel
Moreira
da Silva
Manoel
Alves da
Mota e Sá
Negociante Casado 37 Vilares
Lavrador Casado 36 Bouças
Negociante Casado 42 Mosteiro
Lavrador Casado 40 Mocelo
Negociante Casado 57 Mota
Lavrador Casado 37 Rebordelo
Negociante Casado 47 Carvoeiro
Carpinteiro Casado 37 Mosteiro
Lavrador Casado 47 Canedo
Lavrador Casado 55 Canedo
Lavrador Casado 55 Canedo
Fonte: 5 Volumes, Registo de Recenseamento dos Jurados.
AMSMF/BMSMF
452
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
• Juiz Eleito
Os juízes eleitos, vêm assim substituir os juízes de vintena, pela portaria
de 6 de Junho de 1837:
“Art. 11. ° Haverá em cada uma das Freguesias um Juiz Eleito, e um Juiz
de Paz, com as atribuições estabelecidas nas Leis vigentes, os quais serão
eleitos como elas determinam.
(…)
Manda a Mesma Augusta Senhora, pela Secretaria d'Estado dos
Negócios Eclesiásticos e de Justiça, declarar ao referido Secretario Geral
para seu conhecimento, e mais efeitos necessários, que pela nova
Legislação não há Juízes de Vintena, mas sim Juízes Eleitos da Freguesia,
cujas funções estão explicitamente declaradas nas Leis; 149 ”
150 “O Juiz Eleito, estava ligado à respetiva freguesia e tal como o Juiz
Ordinário e o Juiz de Paz, era eleito mas a nível da freguesia. Tinha como
principal função zelar pelo pagamento dos impostos por parte dos foreiros,
como também o foro dos maninhos, fazendo assim executar as ordens
camarárias. Encarregava-se de resolver as questões e repor a legalidade.
Tinha também a função de comunica à administração do Concelho, ou ao
Juiz de Fora as solteiras grávidas, e ainda as brigas, ferimentos e mortes
violentas; ao juiz dos órfãos o falecimento de pessoas que tivessem deixado
filhos órfãos.
Tinha a obrigação de vigiar a conservação dos caminhos, denunciar
as construções sem licença ou fora das normas exigidas nos licenciamento,
sobretudo quando confrontavam com a via pública, coagia os chefes de
família obrigados a apresentar nos termos da lei, até 31 de março de cada
ano, as cabeças das aves consideradas daninhas: pardais, gaios, melros
estorninhos e outros, verificar se a aferição dos pesos e medidas estavam
segundo as normas do reino e os acórdãos camarários.
Zelava pela saúde pública e qualidade de vida das populações como
se comprova pela deliberação da Câmara em 8 de fevereiro de 1855, para
149
Livro 1837 de Legislação Régia, pág. 318; disponível em:
http://legislacaoregia.parlamento.pt/V/1/18/15/p339
150
Págs. 161 e 162. Lobão – Terra do Deus Maior. Carlos Dias. 2018
453
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
que se «oficiasse a todos os juízes eleitos das freguesias em que haviam
talhos a fim de que eles visitem semanalmente aqueles estabelecimentos
como lhes cumpre e façam cumprir a respectiva postura sobre açougues e
façam proceder á lavagem e limpeza bem como remover qualquer
imundície aplicando a pena aos transgressores» também que zelassem
«para que as rezes sejam mortas no dia intendente à sua repartição, que
sejam de boa qualidade e que se não venda ao público carne que esteja em
estado de corrupção». 151
Os juízes eleitos foram extintos por lei de 16-4-1874. 152 Até nós
chegaram poucos documentos sobre o Juiz Eleito. Podemos abaixo o nome
de um Juiz Eleito encontrado num livro das Atas Camarárias disponível no
Arquivo Municipal de Santa Maria da Feira” 153
Tabela 26 – Juiz Eleito
Nome Lugar Cargo Ano
Manuel José
Pais
Mocelo
Juiz Eleito
Fonte: Atas Camarárias. AMSMF
4 de Agosto de
1830
151
Fl. 37. Livro 11. Atas da Câmara. AMSMF
152
Pág. 64. Diário 85. AMOA
153
Págs. 161 e 162. Lobão – Terra do Deus Maior. Carlos Dias. 2018
454
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
• Elegíveis - Ano de 1842
Freguesia de Canedo
Nome Lugar Idade
Est.
Civil
Profissão Décima/Literat.
Elegíveis para os cargos de Distrito
Bartolomeu
Paes Lousado 34 Casado Cirurgião 4.060/1. as Letras
Moreira
Bernardo
José da Silva Fagilde 76 Viúvo Proprietário 10.715/1. as Letras
Tavares
Manuel
3.900 e 1254 de
Mocelo 60 Casado Cirurgião
José Paes
Juros/1. as Letras
Thomas
Escrivão de
Mota 50 Casado
Corrêa
Paz
4.000/1. as Letras
Elegíveis para os cargos Municipais
Bartolomeu
Paes Lousado 34 Casado Cirurgião 4.060/1. as Letras
Moreira
Bernardo
José da Silva Fagilde 76 Viúvo Proprietário 10.715/1. as Letras
Tavares
Manuel
3.900 e 1254 de
Mocelo 60 Casado Cirurgião
José Paes
Juros/1. as Letras
Elegíveis para os cargos Paroquiais
António
José Reimão
Framil 33 Casado Lavrador 1.500/1. as Letras
António
José Bento
Paçô 42 Casado Lavrador 2.000/1. as Letras
António de
Almeida
Ervideiro 65 Viúvo Lavrador 1.200/1. as Letras
Bernardo
José da Silva
Tavares
Fagilde 76 Viúvo Proprietário 10.715/1. as Letras
455
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Bernardo
Ribeiro da Sobrêda 50 Casado Lavrador 1.560/1. as Letras
Silva
Bartolomeu
Paes Lousado 34 Casado Cirurgião 4.060/1. as Letras
Moreira
Clemente
de Seixa Várzea 52 Casado Lavrador 2.600/1. as Letras
Ferraz
Domingos
da Silva
Vilares 62 Casado Lavrador 2.400/1. as Letras
Domingos
Duarte de Valcova 45 Casado Lavrador 1.600/1. as Letras
Pinto
Jerónimo
José Reimão
Mocelo 38 Casado Lavrador 1.000/1. as Letras
José Duarte Framil 48 Casado Lavrador 1.320/1. as Letras
José Pinto
de Beça Mouchão 70 Solteiro Lavrador 3.600/1. as Letras
Tavares
José
Ferreira
Tavares
Espinheiro 60 Casado Lavrador 1440/1. as Letras
Fonte: Recenseamento dos elegíveis para os cargos de distrito, município e paróquia (1842)
AMSMF/BMSMF
456
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
• Regedores
O Regedor, em Portugal, entre 1836 e 1977, era o representante da
administração central junto de cada freguesia.
As reformas administrativas de José Xavier Mouzinho da Silveira levaram
à introdução da freguesia ou paróquia civil, como subdivisão administrativa
do concelho, em 1832. Cada paróquia teria um órgão de administração local
eleito (a junta de paróquia) e um magistrado administrativo representante
da administração central (o comissário de paróquia).
O Código Administrativo de 1836 substituiu o comissário de paróquia
pelo regedor, com competências semelhantes.
As competências dos regedores foram-se modificando ao longo da sua
existência, mas, genericamente, eram análogas às dos administradores de
concelho, agindo subordinados a estes, à escala paroquial.
Essencialmente, os regedores garantiam a boa aplicação das leis e dos
regulamentos administrativos e exerciam a autoridade policial no território
da freguesia. 154
O decreto de 20 de julho de 1842 estabeleceu que o uniforme dos
regedores seria uma casaca azul, com um ramo de carvalho de ouro
bordado em cada uma das golas, colete de casimira branca, calças azuis,
botas e chapéu redondo. A casaca e o colete teriam botões com as Armas
Reais. O chapéu teria o laço nacional e uma presilha preta, na qual estaria
gravado o nome da freguesia.
“Artigo 360
(2) – Os Regedores usarão de casaca azul com um simples ramo de
carvalho no terço anterior da gola, chapéu redondo com presilha preta, na
qual será bordado a oiro o nome da Freguesia.” 155
Uma das principais funções dos regedores era a de policiamento da
freguesia. Para os auxiliarem nas suas funções policiais, os regedores
tinham às suas ordens, funcionários designados "cabos de polícia".
154
Código Administrativo de 1836, Título III, Capítulo III e Capítulo IV.
155
Código Administrativo de 1842.
457
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
A importância dos cabos de polícia foi diminuindo, à medida que se
foram alargando as áreas de intervenção da Polícia Civil (depois Polícia de
Segurança Pública) nas áreas urbanas e, mais tarde, da Guarda Nacional
Republicana nas áreas rurais.
A última regulamentação dos regedores, foi estabelecida pelos códigos
administrativos de 1936 e de 1940. Os regedores deixaram de ter o estatuto
de magistrado administrativo, passando a ser os representantes dos
presidentes das câmaras municipais e nomeados por estes - salvo nos
concelhos de Lisboa e Porto, onde seriam nomeados diretamente pelos
governadores civis.
Incumbia aos regedores: cumprir e fazer cumprir as ordens e leis,
deliberações e posturas municipais e os regulamentos de polícia, levantar
autos de transgressão sempre que necessário, auxiliar as autoridades
policiais e judiciais sempre que necessário, agir de modo a garantir a ordem,
a segurança e a tranquilidade públicas, auxiliar as autoridades sanitárias,
garantir os regulamentos funerários, mobilizar a população em caso de
incêndio e cumprir outras ordens ou instruções emanadas do presidente da
câmara municipal.
O Regedor no século passado era por natureza uma figura típica a quem
as pessoas prestavam obediência e respeito, era chamado a intervir nas
situações mais insólitas e até caricatas, como um roubo de uma galinha,
fazer as pazes entre marido e mulher, chegando até a intervir em assuntos
de partilhas, em brigas e desacatos, entre outros.
A figura do regedor de freguesia foi extinta na sequência da introdução
da Constituição da República Portuguesa de 1976.
458
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
Doc. 240 - Transcrições de algumas disposições do Código Civil Administrativo, aplicáveis às Regedorias (31 de
Dezembro de 1940) (1)
459
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 241 - Transcrições de algumas disposições do Código Civil Administrativo, aplicáveis às Regedorias (31 de
Dezembro de 1940) (2)
Fonte: Arquivo Municipal de Santa Maria da Feira
460
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
Regedores e Substitutos da Freguesia de Canedo de 1842 a 1975:
Data de
Nomeação
1842
1861
1862
1864
1869
1871
1874
1876
1877 156
1877
1878
1879
Tabela 27 – Regedores e Substitutos da Freguesia de Canedo de 1842 a 1975.
Regedor e Substituto Lugar Profissão Est. Civil
António Pinto Lopes
Manoel da Mota
Manoel José Paes
Moreira
Manuel Pinto de
Aranha Paes
Manoel José Paes
Moreira
Manoel Barbosa
Marques
José Luís Dias
Manuel Barbosa
Marques
Manoel Barbosa dos
Santos
Manuel Pinto de
Aranha Paes
Manoel Barbosa dos
Santos
Domingos José
Robalinho
Custódio Guedes
Pinto
António da Conceição
Custódio Guedes
Pinto
António José da Silva
Tavares
António da Conceição
Manoel Francisco
Aranha
Domingos José Mota
Pinto
António José da Silva
Tavares
António da Conceição
Manoel Francisco
Aranha
156
O mandato foi renunciado por alguma razão.
461
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
1880
16 de Maio de
1886
13 de Fevereiro
de 1890
10 de Junho de
1891
20 de Agosto de
1892
12 de
Abril de 1897
16 de Março de
1898
8 de Março de
1898
20 de Agosto de
1900
27 de Setembro
de 1904
7 de Abril de
1906
16 de Julho de
1906
Domingos José
Robalinho
Subst. Domingos José
Robalinho
Jerónimo Ferreira
Pinheiro
Francisco Pinto
Marques
António José
Robalinho
António Guedes
Ribeiro
Francisco Pinto
Marques
António José
Robalinho
Mosteiro Negociante Casado
Mosteiro
Valcova
Sobrêda
Mosteiro
Valcova
Manuel José da Silva Souzanil Lavrador Casado
António Francisco
Moreira da Costa
Manuel José Pinto
Júnior
Joaquim Alves de
Souza Júnior
Manuel José Pinto
Pereira
António Francisco
Moreira da Costa
António Francisco
Moreira da Costa
António Guedes
Ribeiro
Manuel Alves da
Mota
Mosteiro
Mosteiro
Ervideiro
Lavrador
Mosteiro Proprietário
Mosteiro Proprietário
Sobrêda
Bouças
Casado
Solteiro
Casado
Casado
23 de Julho de
1907
António Francisco
Moreira da Costa
Mosteiro Proprietário
Casado
25 de Julho de
1907
António Ferreira da
Silva Santos
Mosteiro
Viúvo
462
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
20 de Março de
1908
4 de Agosto de
1910
28 de Outubro de
1910
4 de Outubro de
1912
25 de Março de
1915
28 de Junho de
1915
28 de Fevereiro
de 1917
13 de Março de
1917
22 de Fevereiro
de 1918
30 de Janeiro de
1918
23 de Junho de
1919
1920
1921
15 de Janeiro de
1924
15 de Setembro
de 1924
28 de Junho de
1926
António Guedes
Ribeiro
Manuel Alves da
Mota
António Francisco
Pinheiro
Augusto Fernandes
da Silva
Sobrêda
Bouças
Mosteiro
Souzanil
Negociante
Serafim Caetano Grilo Canedo Lavrador Solteiro
Manuel Joaquim da
Costa Oliveira
Mosteiro Negociante Casado
Serafim Caetano Grilo Canedo Lavrador Solteiro
António Pinto
Marques
António Ferreira da
Silva Santos
Augusto Pinto
Marques
Vilares Pedreiro Casado
Mosteiro
Viúvo
Mosteiro Negociante Casado
António da Mota Mosteiro Ferreiro Casado
Francisco de Souza
Fernandes
António Pinto
Marques
Vilares Pedreiro Casado
Augusto Pinto
Marques
Mosteiro Negociante Casado
António da Mota Mosteiro Ferreiro Casado
José de Souza
Manuel de Souza
Ferreira
António da Mota Mosteiro Ferreiro Casado
António Pinto
Marques
Vilares Pedreiro Casado
Manuel de Souza
Ferreira
Manuel Alves da Silva
António da Mota Mosteiro Ferreiro Casado
António da Silva
Marques
Augusto Pinto
Marques
Mosteiro Negociante Casado
463
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
29 de Setembro
de 1926
4 de Junho de
1937
Manuel de Souza
Ferreira
Manuel Alves da Silva
Manuel da Costa
Oliveira Júnior
8 de Junho de
1964
Subst. José Pinto
Fontes
Bouças
2 de Janeiro de
1975
Manuel de sousa
Fernandes
Vitorino Moreira de
Sá
Fonte: Arquivo Municipal de Santa Maria da Feira/BMSMF:
-Termo de Juramento dos Regedores deste Concelho 1861
-Termo de Juramento dos Regedores deste Concelho 1885;
-Livro para os Termos de Juramento dos Regedores de Parochia no Concelho da Feira – 1907;
- Livro para os Termos de Juramento dos Regedores de Parochia no Concelho da Feira – 1916/1936;
464
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
Informações sobre alguns Regedores: 157
• Manuel da Costa Oliveira: Natural da
Freguesia de Canedo, foi nomeado
Regedor da mesma Vila a 4 de Junho de
1937.
• José Pinto Fontes: Nasceu a 19 de
Dezembro de 1929 no Lugar das Bouças,
da Freguesia de Canedo. A 8 de Junho de
1964, foi nomeado Regedor Substituto da
Freguesia.
• Manuel de Sousa Fernandes: Nasceu a 19
de Abril de 1919 na Freguesia de Canedo.
A 2 de Janeiro de 1975, foi nomeado
Regedor da Freguesia.
• Vitorino Moreira de Sá: Nasceu a 25 de
Março de 1932 em Lever, Vila Nova de
Gaia, e foi nomeado Regedor-Substituto
da Freguesia de Canedo, a 2 de Janeiro de
1975.
157
Registo de cartões de Identidade dos Regedores 1930 – 1975 do Arquivo Municipal de Santa Maria da
Feira. AMSMF/BMSMF
465
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Competências do Regedor (1834 – 1900): 158
Tabela 28 - Competências do Regedor (1834 – 1900)
Competências do Regedor 1835 1836 1842 1867
Executar deliberações da junta da
Paróquia
X X X X
Manter a ordem pública X X X X
Zelar pelos regulamentos e leis da Polícia X X X
Informar o magistrado concelhio X X X X
Exercer funções administrativas X X X X
Exercer funções sobre o estado civil X X
Policiar locais e estabelecimentos públicos X X X X
Velar pela saúde pública X X
Recenseamento da População X X
Registo Civil X X
Elaborar orçamento paroquial X X
Administrar os bens comuns X X
Dirigir obras públicas
X
Listar os cidadãos indigentes X X X
Velar pelos expostos X X X
Corresponder-se em nome da Junta da
Paróquia
X X
Abertura de Testamentos X X X
Assistir à inventariação dos bens
paroquiais
X X X
Assistir ao recenseamento eleitoral
X
Comunicar as deliberações exorbitantes
da Junta
X X
Assistir na elaboração do orçamento
X
Exercício de funções delegadas X X X X
Arbitrar côngrua ao Pároco
X
Publicar regulamentos e posturas
X
Prover sobre ruas, caminhos e estradas X X
Participar crimes e delitos X X X X
Comunicar irregularidades de instituições
de beneficência
Fonte: Lobão- Terra do Deus Maior. Carlos Dias. 2018
X
158
Anexo – 9. Página 204. Lobão – Terra do Deus Maior. Carlos Dias. 2018
466
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
Competências do Regedor 1878 1886 1896 1900
Executar deliberações da junta da
Paróquia
Manter a ordem pública X X X X
Zelar pelos regulamentos e leis da Polícia X X X
Informar o magistrado concelhio X X X X
Exercer funções administrativas X
Exercer funções sobre o estado civil
Policiar locais e estabelecimentos públicos X X X X
Velar pela saúde pública X X X X
Recenseamento da População
Registo Civil
Elaborar orçamento paroquial
Administrar os bens comuns
Dirigir obras públicas
Listar os cidadãos indigentes
X
Velar pelos expostos
X
Corresponder-se em nome da Junta da
Paróquia
Abertura de Testamentos X X X X
Assistir à inventariação dos bens
paroquiais
X X
Assistir ao recenseamento eleitoral
Comunicar as deliberações exorbitantes
da Junta
X X X X
Assistir na elaboração do orçamento
Exercício de funções delegadas X X X X
Arbitrar côngrua ao Pároco
Publicar regulamentos e posturas
Prover sobre ruas, caminhos e estradas X X X X
Participar crimes e delitos X X X X
Comunicar irregularidades de instituições
de beneficência
Fonte: Lobão- Terra do Deus Maior. Carlos Dias. 2018
X X X
467
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Junta de Freguesia
Executivo da Junta de Freguesia de Canedo antes de 1974:
• António Ferreira dos Santos
Era do Lugar de Mosteirô. Foi o Primeiro Presidente de Junta durante a
Primeira República.
• Manuel Duarte Pinho
Nasceu no lugar de Valcova a 8 de Setembro de 1887 e faleceu a 18
de Janeiro de 1959. Foi o segundo presidente de Junta durante a Primeira
República.
• Joaquim Alves da Silva
Nasceu no lugar do Mosteiro a 29 de Dezembro de 1898 e faleceu no
mesmo lugar a 2 de Março de 1973. Foi presidente de Junta no tempo do
Estado Novo.
• Manuel Joaquim de Sousa Alves
O Professor Manuel Joaquim de Sousa Alves, nasceu no lugar de
Carvoeiro a 7 de Novembro de 1912 e faleceu no mesmo lugar a 17 de Maio
de 1998. Foi presidente de Junta e um grande benemérito da Freguesia de
Canedo.
Ano de 1972:
• Marinho da Silva Santos
• Joaquim Pinto da Conceição
• Fernando Batista
Executivo da Junta de Freguesia de Canedo depois de 1974: 159
29 de Novembro de 1974
• António Moreira Silva
• Albertino da Silva Lopes
• Valdemar Ferreira Neves Campos
159
Arquivo da Junta de Freguesia de Canedo. AJFC
468
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
26 de abril de 1975 — Eleições para Comissão Administrativa
1ª Mandato
De 20 de Janeiro de 1977 a 1979
• Francisco Moreira Marques
• Fausto Alves F. Silva
• Guilherme Silva Atalaia
2º Mandato
De 1980 a 31 de Dezembro de 1982
• Francisco Moreira Marques
• Fausto Alves F. Silva
• Guilherme Silva Atalaia
3º Mandato
12 de Janeiro de 1983 a 6 de Setembro de 1984
• Francisco Moreira Marques
• Manuel Silva Patrício
• Fausto Alves F. Silva
Doc. 242 – Francisco Moreira
Marques, Ex. Presidente de
Junta
Comissão Administrativa - 10 de setembro 1984 até 30 Novembro de 1984
• Ismael
• Manuel Sousa Fontes
• Alberto Silva Marques
1º Mandato
3 dezembro de 1984
• Manuel Jesus
• António Duarte Ferreira Conceição
• Manuel Fernandes Pinheiro
A 26 de Fevereiro de 1988 foi substituído o Sr. António Duarte por Jorge
Manuel Silva Magalhães pelo período de 4 meses.
469
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
2º Mandato
12 de Janeiro de 1990 a 1994
• Manuel Jesus
• Manuel Pinto Marques
• Manuel Fernandes Pinheiro
3º Mandato
7 de Janeiro de 1994 a 1998
• Manuel Jesus
• Manuel Pinto Marques
• Manuel Fernandes Pinheiro
4ª Mandato
02 de Janeiro 1998 a 2001
• Manuel Jesus
• Manuel Pinto Marques
• Manuel Fernandes Pinheiro
5º mandato
8 de Janeiro de 2002 a 2005
• Manuel Jesus
• Manuel Pinto Marques
• Manuel Fernandes Pinheiro
Doc. 243 - Manuel de Jesus, Ex.
Presidente da Junta
6º Mandato
2005-2009
• Manuel Jesus
• Joaquim Moreira
• Manuel Fernandes Pinheiro
7º Mandato
2009-2011 (mandato interrompido)
• Manuel Jesus
• Joaquim da Rocha Moreira
• António Pinto Bento
470
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
• Camilo Miguel Pinto Guedes
• Alberto da Silva Marques
Comissão Administrativa – Teve duração de um mês:
• Fátima Maria Silva Sá
• Daniel Azevedo Ferreira
• António Pinto Bento
1º Mandato:
29 de Junho de 2011 até 2013:
• 160 Vítor Carlos Latourette Marques 161
• Paulo Fernando Marques Oliveira
• Avelino António Silva Moura
• Licínio Francisco Sousa Costa Loureiro
• David Lopes Pinto
2º Mandato:
2013-2017
• Paulo Fernando Marques Oliveira
• Joaquim de Almeida Rocha
• Avelino António Silva Moura
• Manuel Mota Araújo
• David Lopes Pinto
Doc. 244 – Vítor Marques, Ex.
Presidente da Junta
3º Mandato
Executivo Atual iniciado no ano de 2017:
• Paulo Fernando Marques Oliveira
• Avelino António Silva Moura
• Cecília Júnior Ferreira
• António Joaquim Ribeiro Marques
• Licínio Francisco Sousa Costa Loureiro
Doc. 245 – Paulo Oliveira,
Atual Presidente da Junta
160
Vítor Carlos Latourette Marques, Natural da Vila de Canedo, atualmente é Vereador do Pelouro da
Proteção Civil, Ambiente, Espaços Verdes, Saúde e Ação Social da Câmara Municipal de Santa Maria da
Feira.
161
Há a referir que em Canedo existiram três presidentes de Junta da mesma família, Joaquim Alves da
Silva (avô), Francisco Moreira Marques (Pai) e Vítor Carlos Latourette Marques (Neto).
471
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Competência da Junta de Freguesia (após 1974):
Tabela 29 – Algumas competências da Junta de Freguesia (após 1974)
Competências 1977 2002
Executar os planos de atividades, orçamentos e outras
deliberações da Assembleia
X
Administrar serviços da freguesia X X
Elaborar relatório de gerência de contas
X
Instaurar pleitos e defender-se deles X X
Atestar a residência, a vida e situação económica dos
cidadãos da freguesia
X X
Gerir o pessoal e o serviço da Junta X X
Administrar e conservar o património da Junta X X
Conceder terrenos nos Cemitérios X X
Executar as obras do plano de atividades aprovado pela
Assembleia
X X
Elaborar termos de identidade e idoneidade X X
Passar atestados de comportamento moral e civil X X
Elaborar e manter atualizado o cadastro dos bens imóveis
da freguesia
X
Adquirir bens imóveis e alienar os necessários
X
Executar e submeter à Assembleia a proposta do
orçamento
X
Remeter ao tribunal de contas as contas da freguesia
X
Pronunciar-se sobre projetos de construção e ocupação
da via pública
X
Gerir, conservar e promover limpeza de balneários,
lavadouros e sanitários públicos
X
Colaborar com os sistemas locais de proteção civil e de
combate aos incêndios
X
Executar operações de recenseamento eleitoral X X
Proceder ao registo e licenciamento de canídeos
X
Deliberar as formas de apoio a entidades e organismos
legalmente existentes com vista à prossecução de obras
X
ou eventos de interesse para a freguesia
Apoiar ou comparticipar no apoio a atividades de
interesse da freguesia de natureza social, cultural,
educativa, desportiva, recreativa ou outra
X
Fonte: Lobão - Terra do Deus Maior. Carlos Dias. 2018
472
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
• Assembleia de Freguesia 162
24 de fevereiro de 1977
• Manuel Jesus
• Jerónimo José Duarte
• Manuel Costa Oliveira
• Manuel Silva Beleza — PSD
• António Pinto da Mota
• Joaquim Silva Barraca
• Hernâni da Costa Mota
• Manuel Souza Campos
• Francisco Manuel Moura Cancela
26 de janeiro de 1980
• Alberto Silva Barbosa
• Jerónimo José Duarte
• Manuel Silva Patrício
• António Pereira Capitão
• Manuel Jesus
• Manuel Ferreira Santos
• Armando Gomes Conceição
• Manuel Silva Freitas
• Manuel Flávio Santos Sousa
• Alberto Alves da Silva Tavares
• Manuel Silva Nóbrega
• Manuel Costa Fernandes do Couto
• Armando Francisco Capitão
• Armindo Jesus Sá
17 de janeiro de 1983
• Albertino Silva Lopes
• Joaquim Ferreira Mota
• Américo Sousa Pinho
162
Arquivo da Junta de Freguesia de Canedo. AJFC
473
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Armindo Jesus Sá
• Joaquim Mota Pais
• Manuel Fernandes Pinheiro
• António Pereira Capitão
• Jerónimo José Duarte
• Lúcio de Sousa Patrício
• Manuel Sousa Campos
• David Fernandes
• Manuel Flávio Santos Sousa
• Rodrigo José Paraíso Faria
6 de Julho de 1984:
Não havia quórum para funcionar a Assembleia.
21 de Dezembro de 1984 — Após Eleições intercalares:
• Presidente — Manuel Sousa Fontes (CDS)
• António Fernandes da Mota (PSD)
• António Pereira Capitão (PSD)
• Manuel Joaquim Silva Pinto
• Manuel Silva Freitas
• Manuel Ferreira Santos
• Albertino da Silva Marques
• Carlos José Loureiro Silva
• Adriano Alves Silva Santos
• Albertino Silva Lopes
• Américo Sousa Pinho
• Lúcio Silva Patrício
• Celso Ferreira Silva (PS)
10 de Janeiro de 1986:
• Jorge Manuel Silva Magalhães
• António Fernandes da Mota
• António Pereira Capitão
• Manuel Joaquim Silva Pinto
• Manuel Silva Freitas
474
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
• Manuel Ferreira Santos
• Albertino Silva Marques
• Manuel Silva Beleza
• Celso Ferreira Silva
12 de Janeiro de 1990:
• António Pereira Capitão
• Joaquim Ferreira Mota
• Mário Costa Pinho
• Manuel Joaquim Silva Pinto
• Joaquim Rocha Moreira
• Alberto Silva Marques
• Fernando Silva Baptista
• Manuel Silva Beleza 163
• Hernâni da Costa Mota
07 de Janeiro de 1994:
• Joaquim Ferreira Mota
• Joaquim Rocha Moreira
• António Silva Pinheiro
• Manuel Joaquim Silva Pinto
• Joaquim Pinto da Conceição (CDS) 164
• António Fernandes da Mota 165
• Alberto da Silva Marques (PS)
• Manuel Joaquim Silva Guedes (PS)
• Hernâni da Costa Mota
1998 a 2001:
• Joaquim Ferreira Mota
• Joaquim Rocha Moreira
• António Silva Pinheiro
• Manuel Joaquim Silva Pinto
163
Entrou António Silva Pinheiro em substituição de Manuel Silva Beleza.
164
Pediu a suspensão pelo período de 6 meses, entrou Manuel Jesus Gonçalves em Abril de 1995.
165
Perda de mandato em 28-06-1995 e entrou Manuel Silva Beleza.
475
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Hernâni da Costa Mota
• Alberto Silva Marques
• Manuel Mota Pinho
2001 a 2005:
• Joaquim Ferreira Mota
• Joaquim Rocha Moreira
• António Silva Pinheiro
• Manuel Joaquim Silva Pinto
• Hernâni da Costa Mota
• Hilário Ferreira Baptista
• Isabel Robalinho Silva
• Manuel Alexis Fontes Gonçalves
• Manuel Costa Fernandes Couto
2005 a 2009:
• Joaquim Ferreira Mota
• Manuel Joaquim Silva Pinto
• Hilário Ferreira Baptista
• Hernâni Costa Mota 166
• Manuel da Costa F. Couto
• Isabel Robalinho Silva
• Manuel Silvino Santos Neves
• António Pinto Bento
• Manuel Joaquim Silva Guedes
27 de Setembro de 2010:
• Manuel Mota Pinho
• Avelino António Silva Moura
• Hilário Ferreira Baptista
• Fátima Maria Silva Sá
• Abel Pereira dos Santos
• Joaquim Mota Fernandes
166
Posteriormente substituído por António Pedro A. F. Silva.
476
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
• Joaquim Pereira Freitas
• Paulo Sérgio Lopes de Almeida
• Daniel Azevedo Pereira
• Rosa Maria Pinto Silva
• Isabel Robalinho Silva
• Manuel Joaquim Silva Guedes
• José Ferreira da Mota
29 de Junho de 2011 até 2013:
• António Silva Pinheiro
• Daniela Vieira da Silva
• Sara Raquel Loureiro Santos Rodrigues
• Fátima Maria Silva Sá
• Joaquim Pereira Freitas
• Cândida Patrícia Moreira da Silva
• Jerónimo da Mota Fernandes
• Joana Alexandra Alves Silva Pedrosa
• Daniel Azevedo Pereira
• Manuel Mota Pinho
• José Ferreira da Mota
• Rosa Maria Pinto Silva
• Manuel Sousa Fontes
2013 a 2017:
• António Milton Topa Gomes
• Cecília Júnior Ferreira
• Sara Raquel Loureiro Santos Rodrigues
• Fátima Maria Silva Sá
• Paulo Jorge Lopes da Silva
• Sandra Luzia Assunção Rocha
• Jerónimo da Mota Fernandes
• Belmiro Jorge Pereira Pinheiro
• Liliana da Silva Moreira
• Ricardo da Rocha Pinheiro
• José Ferreira da Mota
• Rosa Maria Pinto Silva
477
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Amílcar Sá e Conceição
• Joaquim Pereira de Freitas
• Joaquim Ângelo Ribeiro silva
Atual Assembleia de Freguesia (2017):
• Fátima Maria da Silva Sá
• Jerónimo da Mota Fernandes
• Andreia dos Santos Rocha
• Paulo Jorge Lopes da Silva
• António Joaquim da Mota Ribeiro
• Sandra Luzia Assunção Rocha
• Patrick Mota Pinto
• Maria de Fátima Costa Pinto
• Rui Manuel da Silva Almeida
• Rosa Maria Pinto da Silva
• Renato da Silva Guedes
• Tiago Moreira Gomes
• Paulo Sérgio Fernandes da Silva
478
[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)
Competências da Assembleia de Freguesia:
Tabela 30 – Algumas Competências da Assembleia de Freguesia
Competências 1977 2002
Eleger, por voto secreto, os vogais da junta de freguesia X X
Elaborar o regimento X X
Eleger, por voto secreto, o presidente e os secretários da
mesa
X X
Elaborar e aprovar o seu regimento X X
Acompanhar e fiscalizar a actividade da junta de
freguesia, sem prejudicar o exercício normal da sua X X
competência
Estabelecer as normas gerais de administração
do património da freguesia ou sob sua jurisdição
X X
Deliberar sobre recursos interpostos de marcação
de faltas injustificadas aos seus membros
X
No exercício das respetivas competências, a assembleia
de freguesia é apoiada, sendo caso disso, por
trabalhadores dos serviços da freguesia designados pela
X X
junta de freguesia
Conhecer e tomar posição sobre os relatórios definitivos
resultantes de ações tutelares ou de auditorias
executadas sobre a atividade dos órgãos e serviços da
X X
freguesia
Aceitar doações, legados e heranças a benefício de
inventário
X X
Discutir, a pedido de quaisquer dos titulares do
direito de oposição, o relatório a que se refere X X
o Estatuto do Direito de Oposição
Votar moções de censura à junta de freguesia,
em avaliação da acção desenvolvida pela mesma
ou por qualquer dos seus membros, no âmbito
X
do exercício das respectivas competências
Autorizar a concessão de apoio financeiro, ou
outro, às instituições legalmente constituídas
X
pelos funcionários da freguesia
Aprovar anualmente o plano de actividades e os
orçamentos propostos pela junta de freguesia, bem
como as contas e o relatório
X X
Fonte: Lei 79/77 de 25 de Outubro e Lei 5.A/2002 de 11 de Janeiro
479
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
480
[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)
[Capítulo XIV]
(Famílias importantes de Canedo)
481
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
482
[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)
• Famílias com grande importância em Canedo:
• Família Canedo:
“O Primitivo apelido desta família, oriunda da freguesia de Canedo
do concelho da Vila da Feira, era Mota, mas porque o vulgo começasse, ao
referir-se a membros desta família, a designá-los por Motas de Canedo,
certamente para os distinguir dos de outra família de igual apelido
originária do mesmo concelho, passaram os filhos de Domingos da Mota a
adotar o apelido Canedo.
Este Domingos da Mota foi o filho primogénito de José da Mota que
nasceu na freguesia de Canedo a 28-1-1718 e faleceu a 28-5-1781 e de sua
mulher Maria Francisca da Silva, filha de Manuel Fernandes da Silva e de
sua mulher D. Ana da Silva Tavares com quem casara na mesma freguesia a
8-1-1742. José da Mota era, por seu turno, o terceiro dos filhos que Manuel
André Pinto de Andrade, nascido a 30-3-1683 e falecido a 27-11-1745,
houve do seu casamento com D. Sebastiana da Mota nascida na freguesia
de Canedo a 25-8-1686 e falecida a 25-7-1758, filha de Bartolomeu Bento
da Mota e de sua mulher e possivelmente parenta D. Anastácia Maria da
Mota.
O acima mencionado, Domingos da Mota, nasceu na freguesia de
Canedo a 24-5-1744 e ali faleceu a 23-12-1783 tendo casado na cidade do
Porto com Custódia Maria, exposta da Santa Casa da Misericórdia que
faleceu na freguesia de Canedo a 31-5-1786. E tradição conservada na
família que Custódia Maria fora encontrada na roda envolta em finas
cambraias e tendo ao pescoço uma medalha pendente de um fio de ouro,
que durante quase uma centena de anos se conservou na família, o que faz
supor ser filha de pessoa de jerarquia. De que romance de amor teriam os
pais sido protagonistas? Do casamento de Domingos da Mota com Custódia
Maria nasceram os seguintes filhos que foram os primeiros que adotaram
o apelido Canedo:
-António da Mota da Silva Canedo nasceu na freguesia de Canedo a
22-12-1772 e indo para o Brasil fundou no Estado de Minas Gerais a Casa
do Rio Novo. Deste foi neto Antônio Augusto da Silva Canedo,
Desembargador da Relação de Goyaz, Senador do Império e Deputado às
483
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Constituintes Brasileiras, tendo como tal subscrito a Constituição da
República Brasileira. Deixou descendência de que não tenho notícia.
-D. Maria da Mota nasceu na freguesia de Canedo a 25-10-1773 e
faleceu a 29 do mesmo ano.
-José da Silva Canedo nasceu na freguesia de Canedo a 2-3-1778 e
indo para a Vila da Feira ali adquiriu a casa denominada da Fraca,
dedicando-se ao comércio e aumentando grandemente os seus bens de
fortuna. Entusiasta intemerato pela causa de D. Pedro, esteve preso desde
1828 até 12-3-1834 nas cadeias da Relação do Porto e de Lamego com dois
dos seus filhos, sendo-lhe confiscados os bens, que em grande parte perdeu
por não poderem ser reavidos depois do triunfo da causa liberal.
Em 18-4-1834, estando já livre, foi nomeado Procurador Fiscal da
Comissão Municipal da Feira, servindo até à posse dos camaristas efetivos
em 24-9-1834. Não quis mais fazer parte das vereações, sendo nomeado
Tesoureiro Municipal em 15-12-1841, cargo que exerceu até ao seu
falecimento a 25-e-1844.
Tendo El-Rei D. Pedro IV pretendido conceder-lhe certa mercê corno
recompensa não só da sua dedicação e da de seus filhos à sua causa, mas
também pelo auxílio financeiro que em dado momento lhe prestou,
recusou-a, sendo a carta que dirigiu ao monarca um testemunho da sua
isenção e carácter.
Casou na Vila da Feira a 15-9-1803 com D. Joana Emília Rosa Teixeira
que nasceu na freguesia de S.ta Maria de Borba da Montanha, concelho de
Celorico de Basto, a 15-4-1774 e faleceu na Feira a 25-6-1827; filha de
Domingos Teixeira Alves e de sua mulher D. Quitéria Marinha.
• Filhos:
-António da Silva Canedo Escrivão de Direito na comarca de Estarreja,
condecorado com o hábito de Cristo e com o Hábito Pontifício da Cruz
Áurea, por Diploma de 30-10-1827; nasceu na Feira a 11-11-1805 e faleceu
na mesma vila a 7-4-1802.
Entusiasta, como seu pai, pela causa liberal, foi preso em Lisboa a 1-10-
1828 dando entrada na Torre de S. Julião da Barra a 31-8-1830 onde teve o
n.º 85 e onde permaneceu até 2-10-1832, ano em que foi transferido para
a cadeia da Relação do Porto, donde transitou para a de Almeida e desta
484
[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)
para a de Lamego. a requerimento de seu pai que na mesma se encontrava.
Casou na Feira a 4-9-1836 com sua prima co-irmã D. Rita Leopoldina
Teixeira Guimarães que nasceu na mesma vila em 1807 e faleceu em
Estarreja; filha de seu tio João José Teixeira Guimarães e de sua mulher D.
Maria Rosa de Abreu.
• Filhos deste casamento:
- Frederico Augusto da Silva Canedo nasceu na
Feira a 14-4-1839 e tendo ido para o Rio de Janeiro
ali faleceu.
- João da Silva Canedo nasceu na mesma vila a 14-
5-1840 e indo igualmente para o Rio de Janeiro ali
faleceu.
-António Bernardo da Silva Canedo nasceu em
Estarreja, na freguesia de S. Tiago de Beduido a 15-
1-184 e foi também para o Rio de Janeiro onde
faleceu.
-Joana Teixeira da Silva Canedo nasceu na Feira a ia-8-1808
-D. Luísa Adelaide Teixeira da Silva Canedo
-D. Margarida Teixeira da Silva Canedo nasceu na Feira a 30-4-1811 e
ali faleceu a 22 8 1839.
-Francisco Luís da Silva Canedo nasceu na Feira a 9-4-1813 e tendo
estado preso com seu pai e seu irmão António nas cadeias da Relação do
Porto e de Lamego desde 1828, faleceu solteiro na Feira a 10-12 1836.
-D. Albina Teixeira da Silva Canedo
-Joaquim da Silva Canedo nasceu na Feira a 2-7-1818 e tendo estado
em Angola e no Brasil faleceu solteiro no Rio de Janeiro onde era Guarda-
Livros de uma casa comercial a 1-6-1871.
-Luís da Silva Canedo, Comendador da Ordem da Rosa do Brasil,
nasceu na Feira a 17-11-1810 e faleceu em Lisboa a 4-11-1883. Tendo ido
muito novo para o Brasil onde se dedicou ao comércio, ali adquiriu
avultados meios de fortuna e, regressando a Portugal, casou em Lisboa na
freguesia de S. Nicolau a 28-12-1854 com Maria Carolina Lobato Pires que
nasceu na freguesia da Encarnação a 21-8-1827 e faleceu na de Arroios a
485
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
15-10-1904, filha do Contra-Almirante Pedro Baptista Lobato Pires e de sua
mulher D. Ângela Maria do Patrocínio Rocha.
• Filhos deste casamento:
-José da Silva Canedo nasceu na freguesia do Sacramento a 28-
3-1858 e faleceu solteiro na de Arroios a 8-3-1900;
-D. Carolina Lobato Pires da Silva Canedo nasceu na freguesia
do Sacramento a 14-4-1859 e faleceu em Nice, França, a 11-10-1918.
Casou em Paris com o Marquês de Grimaldi, do ramo francês da
família Grimaldi de Itália. Sem geração;
-Domingos da Silva Canedo nasceu na Feira a 16-5-1817 e ali faleceu
a 15-2-1801. Tendo apenas 16 anos e estando seu pai e seus irmãos presos
na cadeia de Lamego, emigrou para o Porto onde se alistou em um dos
Batalhões Fixos da mesma cidade. Foi Capitão do Batalhão Nacional de
Caçadores de Vila da Feira, Escrivão da Administração e Escrivão de Fazenda
na Feira, tendo por morte de seu pai exercido interinamente o cargo de
Tesoureiro Municipal. Casou em Cortegaça, na capeia da Casa do Gavinho
a 22-5- 1841 com D. Maria Emília de Sá Mourão Cardoso, que nasceu na
mesma casa a 17-2-1822 e faleceu nas Caldas de S. Jorge a 21-12-1905,
sendo sepultada no cemitério da Feira, filha de Joaquim José de Sã Mourão
de Oliveira Cardoso, Alferes de Ordenanças, Vereador Fiscal da Câmara da
Feira. Senhor da Casa do Cavinho e de sua mulher D. Ana da Silva Rodrigues
Ferreira de Sã, da Casa da Barra.
• Filhos deste casamento:
-D. Maria Júlia da Silva Canedo
-D. Maria Luísa Teixeira da Silva Canedo nasceu na Vila da Feira a 19-
9-1843 e ali faleceu a 15-1-1914. Casou na mesma vila a 25-6-1805 com seu
primo Joaquim Eduardo de Almeida Teixeira, Tesoureiro da Câmara
Municipal da Vila da Feira onde nasceu a 21-3-1839 e também faleceu, a
12-11-1881, filho de Joaquim José Teixeira Guimarães e de sua mulher D.
Francisca Rosa de Almeida.
• Filho único deste casamento:
-Joaquim Eduardo da Silva Canedo de Almeida Teixeira nasceu na
Feira a 13-4-1866 e faleceu no Rio de janeiro a 12-11-1884 sendo
486
[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)
sepultado no cemitério de S. João Baptista da mesma cidade e mais
tarde transladados os seus restos mortais para o cemitério da Feira.
-D. Maria Bernardina da Silva Canedo nasceu na Feira a 1-7-1845 e
faleceu a 5-10-1846.
-Luís Augusto.
-D. Maria Enzilia da Silva Canedo nasceu na Feira a 1-4-1851 e faleceu a
2-9-1852.
-José Adriano de Meneses da Silva Canedo, 1º Oficial aposentado do
Ministério das Colónias, Comendador das Ordens de Isabel a Católica e do
Mérito Militar de Espanha, antigo Secretário Geral da Província de Cabo
Verde onde serviu com os governadores Fernando de Magalhães e Serpa
Pinto, nasceu na Feira a 14-1-1853 e faleceu em Lisboa na freguesia da
Encarnação a 11-1-1938. Casou em Lisboa na freguesia de S. José a 28-1-
1880 com D. Eugénia Josefina Frenckel, de nacionalidade alemã, que nasceu
na mesma freguesia a 18-1-1858, filha de Sallys Frenckel e de sua mulher
Berthe Frenckel, ainda viva.
• Filho único deste casamento:
-Carlos Fernando Frenckel da Silva Canedo, Médico-Veterinário, 2.
° Oficial de Contabilidade do Ministério da Marinha, Cavaleiro da Ordem
de Cristo, nasceu na freguesia de S. José a 22-11-1880 e faleceu na das
Mercas a 20-5-1930. Casou nesta última freguesia a 7-2-1929 com D.
Fernanda de Melo Botelho Moniz Geraldes de Sampaio e Bourbon que
nasceu na freguesia de S. Mamede a 30-7-1891, filha única e herdeira de
D. Fernando Anselmo de Sampaio Geraldes de Bourbon, da Casa da
Graciosa, Tesoureiro da Caixa Geral dos Depósitos, e de sua mulher D
Ermelinda Botelho Moniz. Sem geração.
- Domingos Eugénio da Silva Canedo, Tenente-Coronel de Infantaria,
Oficial da Ordem de Avis, Cavaleiro da Ordem de Cristo, condecorado com
a Medalha Militar de Prata da Classe de Comportamento Exemplar, Diretor
da Companhia de Seguros Portugal, nasceu na Feira a 27-11-1854 e faleceu
em Lisboa na freguesia de S. Mamede a 7-11-1913 sendo sepultado no
Cemitério dos Prazeres. Indo em 1891 ao Brasil em viagem de recreio, não
esqueceu a sua qualidade de oficial do exército e tendo visitado ali várias
unidades e estabelecimentos militares publicou no seu regresso um
487
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
opúsculo que intitulou Organização e Constituição do Exército Brasileiro—
Breve Noticia, Casou na Vila da Feira a 9-4-1885 com D. Joaquina Emília
Bandeira de Castro que nasceu em Oliveira de Azeméis a 4-3-1854 e faleceu
no Porto, na freguesia de Campanhã, a 3-1-1943, sendo sepultada em
Lisboa no Cemitério dos Prazeres, filha do Dr. Rufino Joaquim Borges de
Castro, Bacharel Formado em Direito, Recebedor do Concelho da Feira de
que também foi Administrador e Presidente da sua Câmara Municipal,
Chefe, no mesmo concelho, do velho partido progressista, oriundo das
Casas da Giesteira de S. Tiago de Riba Ul e da Mamoa de Milheirós de
Polares e de sua mulher D. Henriqueta Augusta Correia Bandeira.
• Filhos deste casamento:
-Fernando de Castro da Silva Canedo, Tenente-Coronel de
Infantaria, Comendador da Ordem de Avis, Cavaleiro da Ordem de
Cristo, com palma. por serviços de campanha, condecorado com as
Medalhas Militares de Ouro, de Comportamento Exemplar e de Prata
comemorativa das Campanhas do Exército Português, com a legenda
Moçambique 1916-1918, com a Medalha Interaliada da Vitória, com a
Cruz de Mérito da Cruz Vermelha Portuguesa, e com a Medalha de Ouro
de 1ª Classe da Cruz Vermelha Espanhola, Combatente da Grande
Guerra em África, Sócio do Instituto Português de Heráldica, e da
Associação dos Arqueólogos Portugueses, autor da obra genealógica em
3 volumes A Descendência Portuguesa de El-Rei D. João II e de outros
trabalhos genealógicos que mantém inéditos, nasceu em Lisboa na
freguesia de S. Mamede a 24-3-1886. Casou na freguesia dos Mártires a
10-5-1910 com D. Eugénia Emília Furtado de Mendonça e Matos que
nasceu na Guarda na freguesia de S. Vicente a 26-3-1888, filha de José
Aureliano Borges Antunes de Matos, Bacharel formado em Direito,
Advogado, e de sua mulher D. Maria Leopoldina Furtado de Mendonça,
da família dos Viscondes de Barbacena. Sem geração.
-D. Laura da Silva Canedo nasceu em Lisboa na freguesia de S.
Mamede a 25-9-1888 e casou no Porto na freguesia de Cedofeita, em
capela armada na casa n.º 6 da Praça de Carlos Alberto, a 6-12-1924,
com Narciso da Silva Matos, Solicitador na mesma cidade onde nasceu
na freguesia da Sé a 28-8-1878, filho de Francisco Félix da Silva Matos e
de sua mulher D. Jesuína Cândida de Matos, e já viúvo de D. Emília
Carolina Gomes Pimenta. Sem geração.
488
[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)
-Júlio Adelino da Silva Canedo, que se dedicou ao comércio, tendo
estado muitos anos no Brasil, nasceu na Feira a 4-12-1858 e faleceu no
Porto na Rua da Alegria a 7-1-1914. Casou na cidade do Rio de Janeiro, na
Igreja de N. S. 4 da Glória a 24-10-1891 com I). Maria Henriqueta Faro Viana
natural da mesma cidade filha de N... Viana e de sua mulher D. Rosa de Faro
e Oliveira, irmã do 1. ° Visconde de Faro e Oliveira.
• Filhos deste casamento:
-D. Maria Júlia da Silva Canedo nasceu no Rio de Janeiro a 22-2-
1893 e faleceu na praia de Espinho a 29-1-1897.
-Júlio Adriano da Silva Canedo nasceu no Porto, na freguesia da
Foz do Douro a 18-2-1895 e vive solteiro no Brasil.
-Luís Augusto da Silva Canedo., Oficial da Ordem da Rosa do Brasil, e
inspirado poeta, tendo publicado um livro de versos intitulado Coisas
Velhas, que não entrou no mercado, nasceu na Vila da Feira a 17-12-1848
e faleceu no Porto, na freguesia de Cedofeita a 13-3-1917 sendo sepultado
no cemitério da sua terra natal. Indo muito novo para o Rio de Janeiro, onde
se dedicou ao comércio, ali adquiriu avultados bens de fortuna ocupando
na alta sociedade carioca do seu tempo e no meio financeiro uma situação
de destaque. Tendo aceitado, após a proclamação da República Brasileira,
a chamada Grande Lei de Naturalização que dava a todos os estrangeiros
residentes no Brasil à data. daquela proclamação a naturalidade brasileira,
foi nomeado Corretor Oficial da Bolsa do Rio de Janeiro por Alvará da junta
Comercial da República dos Estados Unidos do Brasil de 9-9-1890. Vindo
mais tarde fixar residência em Lisboa, as suas equipagens tornaram-se
notadas por serem das melhores, se não as melhores, que se apresentavam
então nas ruas da capital. Quando, por desgostos de família, delas se desfez,
as duas magnificas parelhas que possuía foram altamente disputadas,
inclusive pela Casa Real. Casou 2 vezes. A 1º no Rio de Janeiro a 4-9-1879
com D. Maria da Glória de Miranda Paranhos que nasceu na mesma cidade
a 15-8-IS ... e faleceu no Porto em 1922, filha de José Ferreira da Silva
Paranhos e de sua mulher D. Ana Carolina de Miranda e já viúva de
Guilherme Pinto Antunes Carneiro de quem se separou judicialmente em
1902 e se divorciou por sentença de e de quem não houve filhos; a 2ª
civilmente na Vila da Feira a 8-12-1911 com D. Maria Idalina Avilez Teixeira
que nasceu em Trancoso a 26-1-1879 e faleceu no Rio de Janeiro, filha de
António Maria Teixeira e de sua mulher D. Maria Emília Faria.
489
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Filho único do 2º Casamento
- Luís Angusto de Sá Mourão de Avilez Canedo nasceu em Lisboa
na freguesia do Coração de Jesus a 06-7-1929 sendo registado no
Consulado do Brasil, pelo que é cidadão brasileiro. Casou na Quinta dos
Machados, Picanceira, freguesia de S.to Isidro. concelho de Mafra, a 18-
10-1930, com D. Maria da Nazareth da Cunha Pereira Machado que
nasceu na mesma Quinta a 3-8-1909, filha de Augusto Pereira Machado
e de sua mulher D. Júlia Ferreira da Cunha, de quem está separado.” 167
167
Páginas 125- 174. Fernando de Castro da Silva Canedo. Arquivo Distrital de Aveiro.
490
[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)
• Família Pais Moreira:
O Primitivo apelido desta família, oriunda da freguesia de Canedo do
Concelho de Santa Maria da Feira, mais precisamente da Casa da Botica, a
quem sempre foi sua pertença.
Ao longo dos tempos, até aos dias de hoje, foi sempre um família
notável e nobre, cheia de nomes marcantes que fizeram da sua vida
profissional, actos meritórios para a Vila de Canedo como também para o
nosso país. Família de médicos, farmacêuticos, oficiais, entre outros ofícios.
A família começa no casamento de Manuel José Pais e Maria da Silva
Moreira do lugar do Mocelo da freguesia de Canedo, donde houve um filho,
Manuel José Pais Moreira (nasceu a 11 de Janeiro de 1820). Este, casou na
Igreja de Canedo a 15 de Junho de 1854 com Emília Leite da Silva Tavares,
natural de Guimarães, que era filha de Vitorino da Silva Tavares e Cândida
Leite da Casa de Fagilde, da mesma freguesia de Canedo. Deste casamento
resultaram quatro filhos:
- Dra. Maria Leite da Silva Tavares Pais Moreira, que nasceu na
freguesia de Canedo a 21 de Janeiro de 1858. Teve uma digna carreira
profissional de médica. Faleceu na Cidade do Porto a 3 de Agosto de 1941.
- Padre Agostinho José Pais Moreira, que nasceu na freguesia de
Canedo a 30 de Abril de 1852. Foi pároco da freguesia cerca de 40 anos.
Faleceu na mesma a 15 de Fevereiro de 1920;
- Vitorino José Leite da Silva Tavares Moreira, natural da freguesia de
Canedo, nasceu a 30 de Março de 1855. Foi oficial de Marinha. Teve uma
filha, Maria José Pais Moreira Beleza de Andrade;
- Rosa Emília Leite da Silva Tavares Pais Moreira, natural da freguesia
de Canedo. Era solteira;
- Carolina Augusta Leite da Silva Tavares Pais Moreira, natural da
freguesia de Canedo, nasceu a 16 de 1863 e faleceu em Cesar, Oliveira de
Azeméis, a 13 de Novembro de 1907. Casou-se com António Augusto dos
Santos Furtado, natural de Bragança. Deste casamento, surgiram quatro
filhos:
491
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
- Emília Leite dos Passos Furtado Pais Moreira, nasceu em
Arouca, paróquia de São Bartolomeu;
- Constança Leite dos Passos Furtado Pais Moreira;
- António Leite dos Passos Furtado Pais Moreira;
- José Leite dos Passos Furtado Pais Moreira.
D. Emília Leite dos Passos Furtado Pais Moreira, casou com Alexandre
de Figueiredo, natural de Avô, concelho de Oliveira do Hospital. Deste
casamento, resultaram:
- Doutor Alexandre Manuel Pais Moreira, que nasceu na freguesia de
Avô, concelho de Oliveira do Hospital a 26 de Novembro de 1910. Foi
médico da freguesia longos anos e um ilustre do Concelho de Santa Maria
da Feira. Faleceu em Canedo a 1 de Agosto de 1988;
- Manuel Furtado Pais Moreira de Figueiredo, nasceu na freguesia de
Avô, concelho de Oliveira do Hospital;
- Álvaro de Figueiredo Furtado Pais Moreira, nasceu na freguesia de
Canedo, concelho de Santa Maria da Feira;
- Maria do Céu de Figueiredo Pais Moreira, nasceu na freguesia de
Canedo, concelho de Santa Maria da Feira.
O Doutor Alexandre Manuel Pais Moreira Figueiredo, casou com
Maria Emília Malheiro com quem teve três filhos: Fernando Manuel
Malheiro Pais de Figueiredo; António Manuel Malheiro Pais de Figueiredo
e Artur Alberto Malheiro Pais de Figueiredo, todos naturais de Paredes,
Concelho do Porto. 168
168
Informações disponibilizadas pela Família Pais Moreira.
492
[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)
• Família Silva Tavares:
O primitivo apelido desde família oriunda da Vila de Canedo, do
Concelho de Santa Maria da Feira, estando relacionada com a família
“Aranha”, da mesma freguesia. Foi sua pertença a Casa de Fagilde, de muito
nome, onde terá pernoitado o rei D. Miguel na Guerra Civil Portuguesa
(1828-1834). Família de grandes nomes: capitães, padres, entre outros
ofícios.
Os primórdios da família começam com Martim Gonçalves, que
nasceu por volta de 1576, no lugar de Fagilde, em Canedo, Santa Maria da
Feira. Casou com Isabel Gonçalves, a 5 de maio de 1596, na mesma
freguesia. Deste casamento houve seis filhos, todos nascidos no lugar de
Fagilde:
- Isabel Gonçalves, nasceu a 21 de março de 1597;
- Martinho Gonçalves, nasceu a 27 de fevereiro de 1602;
- Francisco Gonçalves, nasceu a 23 de dezembro de 1609;
- António Gonçalves, nasceu a 5 de junho de 1613;
- Maria Gonçalves, nasceu a 17 de junho de 1616;
- Ângela Gonçalves, nasceu a 4 de março de 1620, no lugar de Fagilde,
Canedo, Santa Maria da Feira, e morreu a 10 de março de 1685, no mesmo
lugar da mesma freguesia. Casou a 14 de fevereiro de 1639, em Canedo,
Santa Maria da Feira com Domingos Gaspar, nascido a 12 de outubro de
1617 no lugar de Vilares, da mesma freguesia, filho de Gaspar Luís e Isabel
Antónia. Do casamento resultaram quatro filhos:
-- Maria Gonçalves, nasceu a 14 de março de 1645, no lugar do
Mosteiro, Canedo, Santa Maria da Feira. Casou a 22 de agosto de 1689, em
Canedo, com Tomé Gonçalves, nascido a 2 de novembro de 1631, no lugar
do Mosteiro, Canedo, filho de Tomé Gonçalves e Maria Francisca;
-- Antónia Gonçalves, nasceu a 1 de maio de 1657 no lugar de Fagilde,
Canedo, Santa Maria da Feira;
-- José Gonçalves Gaspar, nasceu a 17 de março de 1660, no lugar de
Fagilde, Canedo, Santa Maria da Feira;
493
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
-- Lourenço Gonçalves 169 , nasceu a 2 de agosto de 1640, no lugar de
Fagilde, Canedo, e morreu a 9 de agosto de 1688, no lugar de Várzea, em
Canedo. Casou a 18 de maio de 1663 em Sanguedo, Santa Maria da Feira
com Maria Fernandes, filha de Pantaleão Fernandes e Maria Fernandes. O
casamento de Lourenço Gonçalves e Maria Fernandes resultou em cinco
filhos:
- Manuel Gonçalves, nasceu a 13 de setembro de 1670, no lugar da
Várzea, Canedo, Santa Maria da Feira;
- Apolónia Gonçalves, nasceu a 9 de fevereiro de 1673, no lugar da
Várzea, Canedo, Santa Maria da Feira. Casou a 26 de fevereiro de 1695, em
Canedo, Santa Maria da Feira com João de Freitas, filho de Gaspar de Freitas
e Ângela Antónia, naturais de Canedo, Santa Maria da Feira;
- Antónia Fernandes, nasceu a 9 de junho de 1668, no lugar da Várzea,
Canedo, Santa Maria da Feira. Casou a 30 de junho de 1693, em Canedo,
Santa Maria da Feira com Manuel Ferreira, filho de José Ferreira e Maria da
Cruz, e neto pela parte paterna de Roque Ferreira e de Maria da Silva, e
neto pela parte materna de Domingos Gonçalves “O Coça” e Maria Antónia.
Manuel Ferreira nasceu a 19 de dezembro de 1672, no lugar de Framil,
Canedo, Santa Maria da Feira, e morreu a 17 de fevereiro de 1698, em
Lisboa, com apenas 25 anos;
- Isabel Fernandes, Isabel Fernandes, nasceu a 28 de dezembro de
1676, no lugar da Várzea, da Freguesia de Canedo, e morreu na mesma a 3
de fevereiro de 1688. Casou a 26 Outubro de 1693, em Canedo, com
Manuel da Silva, filho de Clemente Aranha, e Natália da Silva, nascido a 31
de março de 1670, em Canedo; neto paterno de Gaspar António e de Isabel
António; neto pela parte materna de Roque Ferreira e de Maria da Silva,
bisneto pela parte paterna de Gonçalo António e de Luísa Antónia e de Adão
António e de Verónica Francisca, todos da freguesia de Canedo. Manuel da
Silva tinha era “rendeiro” como profissão. Deste casamento houve os
seguintes filhos, todos nascidos em Fagilde, Canedo:
-- Clara da Silva, nasceu a 5 agosto de 1700;
169
“Em alguns documentos, é referido que Lourenço Gonçalves vivia do seu ofício de almocreve. No
entanto, e tomando em consideração o processo de habilitação a Familiar do Santo Ofício de seu neto
Manuel da Silva Aranha, é referido, por uma das testemunhas, que ele é barbeiro.” Retirado de:
https://culturaldata.wordpress.com/2018/09/24/descendencia-dos-condes-da-feira/
494
[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)
-- Úrsula da Silva, nasceu a 21 de setembro de 1719;
-- Maria Fernandes;
-- Padre Sebastião da Silva Aranha;
-- Natália da Silva;
-- Ana da Silva Aranha;
-- Antónia da Silva;
-- Manuel da Silva Aranha, nasceu a 6 julho de 1696 em Fagilde,
Canedo. Casou a 1 de maio de 1728 na mesma freguesia com Luísa Tavares,
filha de António Dias Mano, Familiar do Santo Ofício, e de Ana Tavares,
nascida a 23 de fevereiro de 1706, no lugar de Framil, freguesia de Canedo.
Manuel da Silva Aranha, tornou-se familiar do Santo Ofício, por carta
datada de 19 de fevereiro de 1732. Filhos de Manuel da Silva Aranha e Luísa
Tavares, nascidos todos em Fagilde, Canedo:
- João da Silva Tavares, nasceu a 12 de maio de 1729;
- Maurício da Silva Tavares, nasceu a 9 de junho de 1731;
- Manuel da Silva Tavares, nasceu a 6 de novembro de 1732;
- José da Silva Tavares, nasceu a 29 de novembro de 1733;
- Patrício da Silva Aranha, nasceu a 17 de março de 1736;
- Bernardo José Tavares, nasceu a 20 de abril de 1740;
- Domingos José Tavares, nasceu a 10 de abril de 1742;
- Mariana da Silva Tavares, nasceu a 12 de agosto de 1743;
- Maria da Silva Aranha, nasceu a 4 de julho de 1746;
- Padre Sebastião Aranha; 170
- Capitão António José da Silva Tavares, nasceu a 6 de abril de 1738
em Fagilde, freguesia de Canedo. Casou na mesma freguesia a 10 de
Fevereiro de 1766 com Caetana Bernarda da Mota Reimão, filha do Capitão
Valentim da Mota Reimão e de Mariana da Mota e irmã do Reverendo
Padre José Maria da Mota Reimão 171 , importante família do Concelho da
170
Em 1769, era ordinando na Igreja Paroquial de Canedo.
171
Em 1769, era ordinando na Igreja Paroquial de Canedo.
495
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Feira. Caetana Bernarda, nasceu a 8 outubro de 1731, no lugar da Mota, da
freguesia de Canedo, onde faleceu a 24 de março de 1809. Deste casamento
resultaram:
-- Bárbara Bernardina Tavares da Mota Reimão, nasceu por volta de
1767 em Fagilde, Canedo, Santa Maria da Feira. Casou a 30 de maio de 1786
em Canedo, com João de Abreu Gomes, natural de São Miguel, Olival, Vila
Nova de Gaia;
-- Marcelina Cândida da Mota, nasceu por volta de 1774 em Várzea,
Canedo. Casou a 13 de fevereiro de 1801 em Arouca, com Dâmaso de Sousa
Brandão, nascido a 11 de março de 1775 na Várzea, Arouca, onde faleceu a
1 de janeiro de 1845;
-- D. Anicleta Bernardina da Mota, nasceu por volta de 1779, no lugar
do Mosteiro, Canedo. Casou com o Capitão Manuel Joaquim de Sousa
Brandão, natural de Marco de Canaveses;
-- Brigadeiro Bernardo José da Silva Tavares, nasceu a 7 de junho de
1769, no lugar de Fagilde, Canedo. Casou a 24 de julho de 1788, na mesma
freguesia, com Dona Joana Gertrudes Xavier Pereira Valente, filha de
Francisco Pereira de Azevedo e de D. Joana Batista T. Pereira Valente,
natural da freguesia de Ovar. Deste casamento, resultaram quatro filhos,
todos nascidos no lugar da Póvoa, da Freguesia de Canedo:
- Doutor de Leis Francisco de Assis da Silva Tavares, nasceu a 18 de
fevereiro de 1791;
- Capitão-mor Hermenegildo da Silva Tavares, nasceu a 16 de
fevereiro de 1795;
- Cónego Bernardo José da Silva Tavares, nasceu a 8 de dezembro de
1804 e faleceu na mesma freguesia a 22 de Março de 1888;
- Coronel Vitorino da Silva Tavares, nasceu a 17 de fevereiro de 1791
e faleceu na freguesia de Canedo com 70 anos de idade a 13 de Julho de
1861. 172 Casou com Engrácia Cândida do Nascimento de Jesus Leite (nasceu
a 11 de Março de 1802 e faleceu em Canedo a 27 de Dezembro de 1864),
172
Algumas informações retiradas, no dia 31 de Março de 2019, dos sites:
https://culturaldata.wordpress.com/2018/09/24/descendencia-dos-condes-da-feira/ |
https://culturaldata.wordpress.com/2018/11/11/os-aranhas-de-canedo/
496
[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)
natural de S. Paio, Guimarães. Deste casamento resultaram os seguintes
herdeiros:
-- Bernardo José da Silva Tavares, que nasceu a 1 de Julho de 1820;
-- Maria da Conceição Leite da Silva Tavares, que nasceu a 8 de Março
de 1824;
-- Emília Leita da Silva Tavares, que nasceu em Oliveira, Guimarães, a
24 de Outubro de 1825;
-- Carlota Emília Leite da Silva Tavares, que nasceu a 25 de Fevereiro
de 1827;
-- João da Silva Tavares, que nasceu em Ronfe, Guimarães, a 30 de
Abril de 1835;
-- Carolina Leite da Silva Tavares, que nasceu a 15 de Junho de 1837;
-- Ana da Assunção Leite da Silva Tavares, que nasceu a 30 de Abril de
1839;
-- Domingos José da Silva Tavares, nasceu na Vila de Canedo a 31 de
Maio de 1845;
-- Margarida Augusta Leite da Silva Tavares, que nasceu a 2 de Abril
de 1848.
497
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Família Mota Reimão:
O Primitivo nome desta família oriunda do da Mota da Vila de Canedo,
Concelho de Santa Maria da Feira, sendo que o nome “Mota” advém da
Freguesia de Gião do mesmo concelho da Feira. Entre membros da família,
há a destacar ofícios como capitães, padres, entre outros. Tem relações
familiares com a Família Silva Tavares da Casa de Fagilde.
A família tem início no casamento de António da Mota, (nasceu no lugar
de Azevedo, na freguesia de Gião a 2 de Fevereiro de 1613 e faleceu no
mesmo lugar e freguesia a 21 de Setembro de 1687), filho de Domingos
Francisco e Maria da Mota, ambos do lugar de Azevedo, com Isabel
Gonçalves ( nasceu no lugar de Canedinho da mesma freguesia de Gião a
11 de Abril de 1611 e faleceu antes de 1670), filha de António Dias e Isabel
Gonçalves, ambos de Canedinho, na Igreja de Gião em 2 de Julho de 1641.
Deste casamento resultaram os seguintes filhos:
- Domingos da Mota, que nasceu em Canedinho, Gião, a 9 de Março de
1642;
- Isabel da Mota, que nasceu em Canedinho, Gião, a 1 de Setembro de
1643;
- Manoel da Mota Reimão, que nasceu a 11 de Maio de 1649 no lugar de
Canedinho, Gião;
- Maria da Mota;
- António da Mota Reimão, que nasceu a 28 de Abril de 1652 no lugar de
Canedinho, Gião, e posteriormente foi casou em Canedo a 9 de Fevereiro
de 1678 com Maria Gonçalves do lugar do Barreiro, ficando a morar no
lugar da esposa;
- Capitão João da Mota Reimão, que nasceu a 20 de Junho de 1655, no
lugar de Canedinho, da freguesia de Gião e faleceu no lugar do Mosteiro,
freguesia de Canedo, a 30 de Março de 1714. Casou na Igreja de Canedo
com Natália Francisca a 11 de Junho de 1679, indo morar para o lugar de
Mosteiro na freguesia de Canedo. Deste casamento, houve os seguintes
filhos:
498
[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)
--Úrsula da Mota Reimão, que nasceu no lugar do Mosteiro a 3 de Abril
de 1681. Casou na Igreja de Canedo com Manoel Fernandes, natural da
Medas - Gondomar, a 29 de Junho de 1698. Posteriormente, casou-se
novamente, desta vez na Igreja das Medas – Gondomar, com João de Lima,
a 7 de Outubro de 1715. Deste casamento resultaram os seguintes filhos
todos naturais de Formiga, Medas - Gondomar: Manoel de Lima (da Mota
Reimão), Marcelo de Lima (da Mota Reimão) e Domingos de Lima (da Mota
Reimão);
-- Manoel da Mota Reimão, que nasceu no lugar do Mosteiro a 8 de
Novembro de 1683;
-- Viridiana da Mota Reimão, que nasceu no lugar do Mosteiro a 25 de
Maio de 1686;
-- Anastácia da Mota Reimão, que nasceu no lugar do Mosteiro a 23 de
Outubro de 1687;
-- João da Mota Reimão, que nasceu no lugar de Choupelo, freguesia de
Romariz, a 18 de Outubro de 1694;
-- Capitão Valentim da Mota Reimão, que nasceu no lugar do Mosteiro
a 30 de Dezembro de 1688. Casou na Igreja de Canedo com Mariana da
Mota (nasceu em Janeiro de 1695), filha de Bartolomeu Bento da Mota e
de Anastácia da Mota, ambos do lugar da Mota, Canedo, a 6 de Fevereiro
de 1707. O casamento foi realizado pelo coadjutor da Paróquia Padre
António Couto. Deste Casamento resultaram os seguintes filhos:
- Felícia da Mota Reimão, que nasceu no lugar da Mota a 16 de Agosto
de 1721;
- Romão da Mota Reimão, que nasceu no lugar da Mota a 5 de Março de
1724;
- Constantino da Mota Reimão, que nasceu no lugar da Mota a 14 de
Maio de 1726;
- Alferes Valentim da Mota Reimão, que nasceu no lugar da Mota a 2 de
Janeiro de 1731 e faleceu no Brasil, Congonhas- Minas Gerais, na Rua São
Brás do Suaçuí a 2 de Janeiro de 1805;
- Caetana Bernarda da Mota Reimão, que nasceu no lugar da Mota a 8
de Outubro de 1731 e faleceu com 77 anos de idade no lugar da Mota a 24
499
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
de Março de 1809. Casou a 10 de Fevereiro de 1766 na Igreja de Canedo
com o Capitão António José da Silva Tavares (nasceu a 6 de Abril de 1738),
natural de Fagilde da Freguesia de Canedo, filho de Manoel da Silva Aranha
e de Luísa Dias Tavares;
- Bernardino da Mota Reimão, que nasceu a 15 de Novembro de 1734
no lugar da Mota;
- Reverendo Padre José Maria da Mota Reimão, que nasceu no lugar da
Mota a 23 de Janeiro de 1741;
- Capitão Bernardo José da Mota Reimão, que nasceu antes de 1765. Em
12 de Fevereiro de 1783, casou na Igreja de Canedo com Joana Gertrudes
Pereira Valente, natural de Ovar.
500
[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)
• Família dos “Joões” de Carvoeiro: 173
O primórdio desta família, oriunda no lugar da Mota, da freguesia de
Canedo, com Francisco José Pinto, nascido no mesmo lugar. Foi capitão no
exército e combateu nas Invasões Francesas e nas Batalhas dos Quitantes,
em 17 de Abril de 1809, onde num grupo de capitães, sete foram
decapitados e ele o único sobrevivente.
Teve quatro filhos:
- Ana José Pinto;
- Domingos José Pinto;
- Francisco José Pinto;
- Serafim José Pinto. Nasceu no lugar da Mota, em Canedo e faleceu com
96 anos em Carvoeiro na casa da filha Ana, onde passava as suas tardes na
varanda a tocar harmónica.
Doc. 246 – Serafim José Pinto
Doc. 247 – Casa de Teresa e de Serafim no lugar da Mota
Casou com Teresa Estrela de Jesus e desse casamento resultaram 6
filhos:
- António José Pinto;
- Ana da Silva Estrela. Nasceu no lugar da Mota, em Canedo. Casou
na Igreja Matriz de Canedo com João de Sousa, que nasceu em Carvoeiro,
Canedo e aí faleceu em 1918. Ana e João compraram a Quinta do Pateo em
Carvoeiro e fizeram obras na Capela e na Casa por volta do ano de 1890. Na
173
Algumas informações retiradas de: A História da Minha Família. Paula Cristina da Mota Dias Salvador
(2004)
501
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
altura a Capela não tinha santo, provavelmente terá desaparecido em
alguma cheia do Rio Douro, e por isso Ana trouxe da Quinta dos seus pais o
S. Lourenço que renomeou a Capela.
Doc. 248 – Ana da Silva e João Sousa
Doc. 249 – Casa do Pateo
Tiveram 7 filhos:
- Conceição da Silva Estrela. Casou com Salvador Rodrigues da Gama
quando tinha 15 anos de idade. Tiveram 5 filhos: Maria Rosa, Amélia, Maria,
Joaquim e Manuel.
- Maria Ferreira da Silva Estrela. Nasceu a 13 de Abril de 1896 e faleceu
em 1984. Casou com Francisco José Gomes. Tiveram 5 filhos.
- Rosa da Silva Estrela. Solteira, faleceu em Avintes com 93 aos de idade.
- Manuel de Sousa Ferreira, casado com Amélia Alves da Silva. Tiveram
3 filhos. Maria da Conceição, Manuel Joaquim e Joaquim.
- Luís de Sousa Ferreira, casado com Maria Rosa que faleceu no parto do
seu filho Manuel. Voltou a casar com Elisa da Silva Ferreira que faleceu a 21
de Agosto de 1910. Tiveram 2 filhas: Teresa e Ana.
- Joaquim de Sousa Ferreira. Nasceu em Carvoeiro a 6 de Janeiro de 1886
e faleceu no mesmo lugar a 29 de Outubro de 1965.
Perdeu um olho quando tinha 7 anos aquando das
obras de requalificação que o seu pai estava a fazer na
Quinta do Pateo em Carvoeiro.
Doc. 250 – Joaquim e
Andrelina
Casou em 1911 na Igreja das Medas com Andrelina
Alves Ferreira 174 , nascida a 6 de Março de 1886 nas
Medas, Gondomar e faleceu em Carvoeiro a 25 de
Outubro de 1951.
174
Dizem que quando estava chateada punha o lenço que trazia na Cabeça para trás e atirava o chinelo
ao teto.
502
[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)
Joaquim, quando casou recebeu
dos pais uma pequena casa que a
ampliou por volta de 1912/1914,
sendo hoje uma das Casas mais
bonitas e ricas de Carvoeiro.
Em 1915, construiu uma fábrica de
Sabão abaixo da sua casa. Mais tarde
em 1928, comprou duas fábricas
(fabrica de papel e uma serração) aos
irmãos Luís e Manuel.
Doc. 251 – Aspeto atual da Casa de Joaquim e
Andrelina
Andrelina, recebeu de herança uma tapada do outro lado do Rio Douro
(de Carvoeiro), Joaquim transformou parte dela na Quinta do Carreiro. Ana
e Joaquim tiveram 4 filhos:
- Maria Rosa Alves Ferreira.
- Manuel Ferreira de Sousa.
- Andrelina Alves Ferreira.
- Ana da Conceição, que ficou com a Casa dos pais em Carvoeiro, nasceu
no mesmo lugar a 15 de Dezembro de 1920 e aí faleceu a 23 de Fevereiro
de 2010. Casou a 8 de Janeiro de 1953 com António Leite de Oliveira Gomes,
natural de Guisande, e tiveram 3 filhos:
- António Joaquim de Conceição Gomes;
- Maria Augusta da Conceição Ferreira Gomes;
- Ana Maria de Conceição Ferreira Gomes.
503
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Família dos “Alves”: 175
A Família dos Alves começa com Alexis Latourrette, natural de Paranhos,
nascido a 20 de Julho de 1873, que veio trabalhar para a Casa de Fagilde e
aí encontrou a sua esposa Maria da Conceição Ribeiro, costureira de
profissão. Posteriormente, compraram a Casa do Mosteiro e aí se
acomodaram com os seus filhos:
- Alexis Latourrette, que nasceu em Canedo em 1905 e aí faleceu em
1949. Casou com Maria Rosa da Silva Morais, natural do Porto;
- Maria da Conceição Latourrette, que nasceu em Paranho a 19 de
Dezembro de 1902 e faleceu em Canedo a 1 de Outubro de 1992. Casou
com o saudoso Joaquim Alves da Silva (nasceu 29 de Dezembro de 1898 e
faleceu em Canedo a 2 de Março de 1973), Presidente da Junta de Canedo
durante o Estado Novo. Deste casamento resultaram os seguintes filhos:
- Leontina Conceição Latourrette Alves, que nasceu em Canedo
a 31 de Outubro de 1924 e faleceu no Porto em 1988;
- Fernando Augusto Latourrette Alves, que nasceu em Canedo
a 31 de Outubro de 1926 e aí faleceu a 1 de Fevereiro de 1993;
- Adérito Latourrette Alves, nascido em Canedo a 21 de
Fevereiro de 1932;
- Odete Latourrette Alves, que também nasceu em Canedo a
12 de Julho de 1932. Casou com o saudoso Francisco Moreira Marques
(nasceu a 6 de Março de 1927 e faleceu em Canedo a 13 de Outubro de
2014), que foi Presidente da Junta de Canedo de 1977 a 1984. Tiveram os
seguintes filhos:
- Graciete Leontina Latourrette Marques;
- Nilza Maria Latourrette Marques;
- César Fernando Latourrette Marques;
- Vítor Carlos Latourrette Marques.
175
Desta família houve três presidentes da Junta de Freguesia de Canedo: Joaquim de Sousa Alves,
Francisco Marques e Vítor Marques, (Avó, Pai e Neto).
504
[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)
505
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
506
[Capítulo XV](Manuscritos)
[Capítulo XV]
(Manuscritos)
507
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
508
[Capítulo XV](Manuscritos)
Livro II Chancelaria Régia de D.
Afonso III
(Foral de 1 de Junho de 1212 dado
por D. Afonso II à Vila de Canedo)
Folha 2v. e 3
1212-6-1
ANTT
(PT/TT/CHR/B/001/0002)
509
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
510
[Capítulo XV](Manuscritos)
Canedo
511
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
512
[Capítulo XV](Manuscritos)
Trasladação
“1 de Junho de 1212— D. Afonso II concede carta de foral a cinco
casais de povoadores
Aos povoadores de Canedo. Foral per que foy comcedida a dita vila
com seus termos limitados, etc.
In dei nomine. Ego Alfonsus dei gratia Rex Portugalie facio cartam
vobis populatoribus de Canedo pernominatos Pelagii. (fl. 3) Gomez et uxori
tue Sancie Petri, Petro Gonsalvi et tue uxori Loba Gonsalvi, tibi Johanne
Pelagii et tue uxori Marie Johannis, Petri Petri et uxori tue Maric Fila, Sudarii
Johannis et uxori tue Maiori Johannis. Do et concedo vobis Canedo 176 cum
suis terminis comodo incipit per portum quam venit 177 de Adaufi et vadit
per a Pousada et vadit per cumem ad Penedo de Varoca et vadit ad Louzal
comodo dividit cum Garavelas et vadit ad escusa de Pedrafita et inde ad
canpo de Letaruas comodo dividit cum Heramita et vadit ad foz de
Corrozino et intrat per venam Corragi a enfesto et ferit in foz de Maaguiroos
et vadit per vena a enfesto et vadit ad capud de Maroucos comodo dividit
per cumeeira et vadit ad capud de Eiroo et revertint per Spinacum de Cam
et intrat in Inforcadas de Cabral et vadit per venam Anproo et revertit ubi
prius incipimus. Do vobis populatoribus istos terminos nominatos vos et
omnis posteritas vestra et de quibus populare volueritis rendatis miclii
unicuique anno duodecim modios inter panem et vinum et sit mediatum
centeno milio rubio vel albo et de istos supranominatos modios detis eos
panem in tempore arearum et vinum in tempore vindimiarum per
mensuram «de» Cosrantim qualem hodie ibi est. Et ponatis super vos
maiordomo de vestra villa et illum vestrum maiordomum petat vobis ipsas
predictas jugadas et meteat eas et levet eas ad Adaufi et clamet meum
maiordomo vel meum servici<a>le et apresentet jugadas ante illum et si eas
recipere noluerit faciatis testimonium bonorum hominum de vestra villa iii
vicibus et nu(n) qua de ea respondetis. De collecta V.c almudes de cevada
et V.e almudes vini el IIII gallinas et X" ova et detis ista collecta in festa Sancti
Martini in vestra villa una vice in anno et iii arietes in mense Magii et
postquam habuerint uno anno recipiat illos per maiordomo de Canedo. Si
176
No texto: Caendo
177
No texto: Veniunt
513
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
occideritis urso detis inde manus de porco montesino et de servo sive dc
corso si eos occideritis detis inde lumbo et si isto condado non dederitis
pectetis pro illo I libra de cera. Non dedis luitosa nec portagem in terra de
Panoias. Non vaades in apelido nec in fosado nisi ubi fuerit domini Regi.
Vendatis donetis faciatis de ea quicquid vos volueritis et habeo meum
forum sicut resonat in hac karta. De totas callumpnias non pectetis nisi tres
si eas feceritis. Homicidium rausum si fuerint factos in vestra villa pro una
de illis pectant X.’“morabitinos et de istos morabitinos septimam partem ad
palatio et alias sex partes ad concilium. Furtum quale fuerit factum tale sit
pectatum. De istas tres calumpnias non respondatis nisi per inquisitionem
bonorum hominum de Canedo et istas callumpnias si eas demandaverint ad
vos sedeant infiadas per maiordomo de ipsa vestra villa el non per alius qui
veniantis facere dare ante judex terre et a fiadoria sit I libra de cera et
postquam istud fuerit infiado michi judice ad tercia die veniatis responder
a directo de apostilia non respondatis. Princeps terre nec maiordomo nec
prestamario qui ipsa terra vel ipsa villa de me tenuerit non pousent nec
intrent in vestra villa nec hominem suum qui ibi faciat fordam. Vicinus
rixosus qui directo voluerit facere vicinis suis pectet 1 libra core et exat de
villa. Nullus homo non sit ousadus de pignorare in vestris terminos nisi petat
ad maiordomo ipsius villa ad directum el si ante pignoraverit pectet michi
mille solidos pro vodo singulas quairelas I sestario inter panem et vinum.
Hoc forum faciatis sicut resonat in carta ista ct non plus. Habeatis vos et
sucessores vestros predictam hereditatem in perpetuum. Qui ad vestrum
forum vel ad vestram cartam tenuerit sit benedictus a domino patre
omnipotentem amen. Qui aliut inde a vobis fecerit sil maledictus a domino
patre et beate Marie et omnium sanctorum amen et duplet vobis dictam
hereditatem et pectet michi sex mille solidos. Ego Alfonsus Rex Portugalie
una cum domno Roderico Mcnendi qui ipsam terram de me tenuerit hanc
Karta roboramus. Facta karta Kalendas Junii sub era M.a CC.a L.*.
Judice terre Fernandus, donno Gunsalvo Menendi testis, domino
donno Martino Gonsalvi filii sui testis, Martinus Eanes testis, donno Petro
Eanes testis, Martino Murtinis tabalionem domini Rex testis Dominicus
notuit.
Et carta ista non tenet signa nec sigillum.” 178
178
Fls.24 e 25. Chancelaria de D. Afonso III: Livros 2 e 3: Livros II e III. Leontina Ventura, António Resende
de Oliveira
514
[Capítulo XV](Manuscritos)
Livro Preto de Grijó
(Inquirições de D. Afonso II na Terra
de Santa Maria de 1220)
Folha 21v. e 22
1220
ANTT
(PT/TT/MSGR/L49)
515
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
1
2
516
[Capítulo XV](Manuscritos)
3
4
5
517
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Trasladação
1 - “In freegesia de Uila Maiore habet Canedo J casal, et ipsa eeelesiam est
de Pedroso.”
2 – “In frigisia de Labom (habet) Eglesiola IX casalia et totam ipsam
ecclesiam, Canedo VJ casalia, Petrossus j casale, Vila Coua IIIJ casalia.”
3- “In fregisia de Canedo habet ipsum monasterium XXXVJ casalia minus
quarta, Petroso II J casalia, et Ecclesiolam J casale.”; ponto 56:
4 – “In frigisia de Lauredo habet Ospital I J casalia, et Ecclesiola 11 J casalia,
et Canedo j casale.”
5 – “Et in frigisia de Sancto Martino de Draganseli habet Ecelesiola XXXV
casalia et totam ipsam ecciesiam cum vineis et cum defessis et cum senaris
bonis, et Carvoeiro I J1 casalia.”
Tradução
1 – “Na freguesia de Vila Maior, tem Canedo um casal, e a Igreja é de
Pedroso.”
2 – “Na freguesia de Lobão, (Grijó) tem 9 casais e toda a Igreja, Canedo 6
casais, Pedroso um casal, Vila Cova 4 casais.”
3 – “Na freguesia de Canedo tem muito o Mosteiro, 36 casais um quarto
menos, Pedroso 3 casais, e Igreja 1 casal.”
4 – “Na freguesia de Louredo tem “Ospital” 2 casais, e Igreja 12 casais, e
Canedo 1 casal.”
5 – “E na Freguesia de São Martinho de Argoncilhe tem a Igreja 35 casais e
toda a Igreja e videiras e protegido com os seus bens, e Carvoeiro 2
casais.”
518
[Capítulo XV](Manuscritos)
Foral Antigo da Terra de Santa
Maria
(Inquirições de D. Afonso III na Terra
de Santa Maria de 1251)
Folha 4v.
1251
ANTT
(PT/TT/FC/001/415)
519
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
520
[Capítulo XV](Manuscritos)
1
2
521
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Trasladação
1 – “Hoc est testimonium quod invenitur super monasterium de
Canedo et super freguesiam. In primo in Serra Alva unum cosale quod
tenebat Petrosum. Et invenimus unum casaie in Zomeiro quod tenebat
monasterium de Canedo unde levabat monasterium tertiam et dominas
Rex oliud totum. Et fult heremum palacem (per abbatem? pro parte?)
predicti monasterii, bene per viginti quinque annos. Et invenimus quod
Aynia est domini Regis et tenebat eam monasterium de Canedo. Et
terrenum Porti Novi est Regis, tenebat eum Fernandus Lauredij. Et
invenimus quod terminus vestri portus (portant? partunt?) per venam
Dorij, et qui morantur ultra Dorium non leixant vestros homines piscare in
totum nisi pro peito. Et habetis ibi quinque casalia que gubernant
predictum monasterium. De Val Cova dant quintam panis et quintam vini
et unum puzal de vino de gar de eiradiga, et unum sesteirum de Critico,
duos capones pro Emtruido, pro Natali unam spatulam de novem costis, pro
Emtruido unum capritum, pro Paschua duos caseos et unam fazedoura de
manteiga, una perna pro Pentecoste, et maiordomo de area duas vitas et
maiordomo maiori torre unam vitam et unum moropitinum annuatim de
renda, et maiordomo minori tres vitas. Dous casaes de Canedo quartam
panis et quintam vini, et quartam ligni, et stivam et frangão, et unum
quarteirum de milio de monte de dereitura, et quinque alqueires de tritico,
et unum caponem pro Sancto Michaele, et tres varas de bragal pro Sancto
Martino, pro Natale tres alqueires de tritico et unam spatulam, unum
capritum pro Emtruido, duos caseos pro Pascua et manteiga et octo
denareos pro perna pro Pentecoste. Unum casale est medie dereiture. Et
dant unam vitam maiordomo da eira, et maiordomo maiori unam vitam, et
minoriIres vitas. Et dat monasterium dat unus morabitinus de fossadeira.
Unum casale de Serra Alva dat quintam panis et quintam vini, unus
morabitinus de emtrada maiordomo cerre, duos capones, unum capritum
et unam vitam maiordomo de area, et tres maiordomo de terra. Et in
Canedo et in Pacehéo et Lousado et in Varzena jacent vestras deganas unde
habetis vestrum directum quando sunt lavradas. Et invenimus quod
Pelagius Gundisalvi maiordomus regine comparavit duo casalia in Lousado
de uno vestro hereditatore.” 179
179
Página 127. Lusitana Sacra. Inquirições de D. Afonso III na Terra de Santa Maria. Miguel Oliveira
522
[Capítulo XV](Manuscritos)
2 – “Hoc est testimonium de ecelesia et de freguesia: In primo invenimus
quod media de Pariti et de quintana quam fecit Rodericus Anrriquiz sunt
media de hereditatoribus qui dabant vobis fossadeira et luitosam et vitam
maiordomo. Et invenimus quod gaanavit Rodericus Anrriquiz unam
sesegam de uno casali cum terrenis in quibus jacent vinee de vestro
hereditatore; et alios terrenos de ipso casali gaanavit eos Elvira Barpriza. Et
invenimus quod medium de casali de Ausenda Garsie de Carvoeiro fuit de
vestro hereditatore, et modo habet eam Martinus Canelas. Et campus qui
vocatur Gomesendi domini Regis…” 180
180
Página 127 e 128. Lusitana Sacra. Inquirições de D. Afonso III na Terra de Santa Maria. Miguel Oliveira
523
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
524
[Capítulo XV](Manuscritos)
Gaveta 8
(Inquirição pela qual se mostrava que
o Mosteiro de Canedo, com suas
almuinhas, bens e rendas, pertencia a
D. Dinis.)
Maço 4, nº 16
1284-01-08
ANTT
(PT/TT/GAV/8/4/16)
525
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
526
527
[Capítulo XV](Manuscritos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
528
[Capítulo XV](Manuscritos)
Inquirições de D. Dinis
(Inquirições de D. Dinis na Terra de
Santa Maria de 1288)
Livro 4º
Folha 4v.
1288
ANTT
(PT-TT-FC-2-16)
529
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
530
531
[Capítulo XV](Manuscritos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Trasladação
“De parrochia Sancti Petri de Canedo et Sancti Vincenti
Domingos Iohannes de Canedo jurado e perguntado sse en esta
ffreegessia há cassa de Caualeyro ou de dona que sse defenda por honrra
disse que no logar que chamam a huma cassa de Johanne da Teyxera e disse
que a uiu sempre onrrada e disse ajuda que este logar da mata (Mota) jaz
no que os caualeyros chamam Couto de Louredo, mays louredo jazen outra
ffreegessia e a majaz en outra e (en)este logar da Mata soía (costuma)
entraro porteyro da feyra e penhoraua hj e uijam (vinham) per ante o juiz
da feyra e foy ia tempo que leuaram ende o omezio da feyra e ora ia nom
oussa ala entrar o proteyro nem ousa ala ir as testemoynhas com sseu
moordomo aue penhore e fazem ende onrra e nom querem hir ao juízo da
feyra. E na ffreegessia de san Vicente que he soffragaya de Canedo iaz
Louredo que chamam os caualeyros couto eeste que chamam couto iazem
estas aldeyas conuem a saber a mata e san Vicente e louredo e uila seca
Toseyro e parada e lorendio e o vale e pessegeyro e ffereyraa e sagufo e
Reuordelo e moesteyro e santa ouaya e porto novo e Bisthança todos estes
logares costrenge esse juiz que os caualeiros metem que nenhuma
perantele a sseu juízo e todos estes logares soíam uijr a juízo da feira e en
todos estes logares soía entrar o porteyro da feira e penhoraua hj e ora
tragem hj sseu moordomo e no oussa ala hir o porteyro da feyra e sse por
uentura ala uay nom pode auer testemoynhas que comel uaam e steuam
lorenço quisse preeder o juiz que hj andaua e fugioulhj e esta onrra faz
Johanne da Teyxeyra e Martin bubal e Steuam Rodriguez e outros filhos
dalgo e esta onrra de telhorem (sic) ende o porteyro e de meterem hj e o
juiz foy ora nouamente de tempo del Rey don Affonsso padre deste Rey e
disse que do logar que chamam a mata que iaz e esto que eles
chamamCouto dan al Rey três moyos de pan e capoens do sseu Regueengo
e deste que chamam couto de louredo destas aldeyas ende dan al Rey pan
e outros dereytos e chamam eles couto de louredo e por couto o tragem
eles mayas disse este testemoynha que nom sabia sse era couto sse nom
mays hos caualeiros chamam no por couto. preguntado sse este couto ou
onrra foy feyta por el Rey disse que nom que o el soubesse. preguntado de
que tempo foy feyto este couto ou onrra disse que o nom sabia
532
[Capítulo XV](Manuscritos)
Item disse que esta freegesis de Canedo no logar que chamam pascçoo
(Paçô), soya hj entrar o moordomo da feyra saluo en huum casal que foy de
paay gonçalues en que criaram dona orraca fernandiz e ora nouamente fez
ende Johanne da teyxeyra/a (sic) a que nom oussa ala entrar o moordomo
por penhora hj o por teyro e peytam ende a uoz e cooimha mays tolhe ende
o mordomo e faz onrra de vij casaes que hj há e esta honrra foy feyta de
tempo del Rey don Affonso padre deste Rey e sseu padre de Johanne
Teyxera cometeu ia a ffazer esta onrra de paacçoo e foylhj dando cima
Johanne da tejxera.
Item disse que no logar chamam fflamir (Framil), há huma casa de
Sancha perez de moeçelos e disse que a non (sic) onrrada dos seus dias e
disse ainda que trage toda essa aldeya de flamir por onrra que nom entra
hj moordomo mays entra hj o porteyro e penhora hj e leuam ende a uoz e
a cooimha e o homezio mays no (sic) entra hj moordomo e tragem por
onrra. Preguntado sse esta onrra foy feyta por el Rey disse que nom que o
el soubesse preguntado de que tempo disse que o nom sabia sse nom que
o uiu assi hússar e nom e nom (sic) sabia por que Razom e disse que en todo
o al da freegesia de Canedo entra o moordomo da Feyra.
Pêro perez de Canedo
Pêro Martinz de Canedo
JohanneDomjnguiz de Canedo
Domingos Perez de vilares
Domingos Beeytiz” 181
181
Págs. 205 e 206. O castelo e a Feira: a Terra de Santa Maria nos séculos XI a XIII. José Mattoso, Luís
Krus, Amélia Aguiar Andrade. 1989.
533
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
534
[Capítulo XV](Manuscritos)
Livro 7º dos Originais
(Doação do Mosteiro de Canedo por
D. Dinis ao Bispo do Porto D. Geraldo,
com a obrigação de uma missa diária)
Folha 1
1304-03-28
ADP
535
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
536
537
[Capítulo XV](Manuscritos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
538
[Capítulo XV](Manuscritos)
Livro 7º dos Originais
(Trasladado do documento anterior)
Folhas 2 e segts.
ADP
539
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
540
541
[Capítulo XV](Manuscritos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
542
543
[Capítulo XV](Manuscritos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
544
545
[Capítulo XV](Manuscritos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
546
547
[Capítulo XV](Manuscritos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
548
[Capítulo XV](Manuscritos)
Livro 7º dos Originais
(Doação do Bispo do Porto D. Geraldo
fez à mesa capitular do padroado da
Igreja de Canedo com todos os seus
frutos, réditos e proventos, com
encargos de aniversários)
Folha 21
1307-02-8
ADP
549
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
550
551
[Capítulo XV](Manuscritos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
552
[Capítulo XV](Manuscritos)
Livro 7º dos Originais
(Instrumento que contém a Doação
do Rei D. Dinis ao Bispo do Porto D.
Geraldo do Mosteiro de Canedo e seu
padroado, a doação sobre o mesmo
objeto feita pelo Bispo ao Cabido e
uma Apresentação que a Igreja de
Canedo fez ao Cabido, já como
padroeiro dela)
Folha 6
1323-09-17
(O instrumento está datado do Porto.
O original está datado de 1307-09,
sem indicação de local)
ADP
553
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
554
555
[Capítulo XV](Manuscritos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
556
[Capítulo XV](Manuscritos)
Livro 19º dos Originais
(Carta de D. Dinis ao Tabelião da Feira
a notificar uns cavaleiros, donas e
escudeiros, para não se hospedarem
no Mosteiro de Canedo)
Folha 3
1305-09-06
(O original está datado de Coimbra,
1293-11-27)
ADP
557
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
558
559
[Capítulo XV](Manuscritos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
560
[Capítulo XV](Manuscritos)
Livro 19º dos Originais
(Ordem Régia de D. Afonso V pela
qual no ano de 1457 se examinou no
Tombo quais os casais que pagavam
ao Castelo da Feira e ao Mosteiro de
Canedo)
Folha 15
1457
ADP
561
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
562
563
[Capítulo XV](Manuscritos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
564
[Capítulo XV](Manuscritos)
Mitra Episcopal de Braga
(Registos Gerais)
(Tombo dos casais sitos na freguesia
do Mosteiro de Canedo, em terra de
Santa Maria da Feira, pertencentes ao
Mosteiro de São Pedro de Roriz.)
Folha 57v. e 58
1543-02-28
ADB
565
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
566
567
[Capítulo XV](Manuscritos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
568
[Capítulo XV](Manuscritos)
Livro dos Baptizados, Cazados,
Crismados e Defuntos Fregueses
do Mosteiro de S. Pedro de
Canedo
(Registos Paroquiais)
Primeiras folhas
1654
ADA
569
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
570
571
[Capítulo XV](Manuscritos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
572
573
[Capítulo XV](Manuscritos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
574
575
[Capítulo XV](Manuscritos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
576
577
[Capítulo XV](Manuscritos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
578
[Capítulo XV](Manuscritos)
Livro 39 de Mercês de D. Luís
(Carta do Pároco da Igreja de São
Pedro de Canedo António Luis de
Magalhães)
Folha 221 e 222
18/12/1884
ANTT
579
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
580
581
[Capítulo XV](Manuscritos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
582
583
[Capítulo XV](Manuscritos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Trasladação
“Dom Luís por graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, faço
saber ao eminentíssimo cardeal, Bispo do Porto, par do Reino, do meu
conselho que tendo subido à minha Real presença as suas informações e
parecer, com os autos de concurso a que se procedeu para provimento da
Igreja Paroquial de São Pedro de Canedo, no Concelho da Feira, da Diocese
do Porto e atendendo a que o presbítero António de Luís Magalhães apósito
no dito concurso foi nele aprovado e que a bem de satisfazer a todos os
requisitos se torna segurado o parecer do mesmo prelado, digno de
contemplação por suas habilitações e exemplar comportamento honrado
por bem por decreto de 20 de Novembro, último fazer-lhe mercê de o
apresentar na referida Igreja Paroquial de São Pedro de Canedo, a qual se
acha vaga de pároco.
E, portanto hei aprovar que o dito presbítero António de Luís
Magalhães goze de todos os proventos e percalços quer direitamente lhe
pertencem como pároco da mencionada Igreja, e bem assim de quaisquer
prerrogativas que a ela andarem legalmente anexadas ficando contudo
sujeito a qualquer alteração que de futuro possa vir a ser competentemente
feita na respetiva circunscrição paroquial.
Pelo encomendado sobredito prelado, faça passar carta em forma ao
mesmo presbítero António Luís de Magalhães da Igreja em que está
apresentado e lhe dê letras de confirmação segundo estilo em virtude desta
minha apresentação. Não pagou pelos direitos de Mercê a quantia de
duzentos e vinte e quatro mil e trezentos e vinte e oito reis, por lhe ter sido
permitido satisfazer ela em 48 prestações menores.
E por firmeza do referido, lhe mandei passar a presente carta por
mim assinada e selada com selo pendente das armas reais. Dado no Paço
aos 18 dias do mês de Dezembro do ano de 1884.
El Rei com rúbrica e guarrola = Lopo Var de Sampaio e Melo = Lugar
do Selo Pendente = Carta pela qual Vossa Majestade há por bem fazer
mercê ao presbítero António Luís de Magalhães de o apresentar na Igreja
Paroquial de São Pedro de Canedo, no Concelho da Feira, na forma acima
declarada e para Vossa Majestade ver = Por decreto de vinte de Novembro
de 1884 = António Caetano Camacho de Castro e Lemos a fez = Lugar do
584
[Capítulo XV](Manuscritos)
selo verba pagou dezoito mil seiscentos e noventa e quatro mil reis de selo.
= nº 38. = Souto. = Rocha. = Pagou vinte e sete mil setecentos e quarenta e
um reis de envolvementos, verba nº 8381. Repartição Central, 10 de
Dezembro de 1884. = C. Vianna = A folha 233 do Livro nº 36 de Registo
competente se acha lançada esta carta e posta a respetiva verba à margem
de Decreto pela qual se passou.
Direção Geral dos Negócios Eclesiásticos em 20 de Dezembro de
1884, Luis Augusto Vidal.
Conferida em 20 de Dezembro de 1884.
Bento”
585
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
586
[Capítulo XV](Manuscritos)
Livro 14 de Mercês de D. Carlos
(Carta do Pároco da Igreja de São
Pedro de Canedo Agostinho José Pais
Moreira)
Págs. 200 e 201
18/12/1884
ANTT
587
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
588
589
[Capítulo XV](Manuscritos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
590
591
[Capítulo XV](Manuscritos)
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
592
[Capítulo XV](Manuscritos)
Trasladação
“Dom Carlos, por graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves. Faço
saber do Reverendo Bispo do Porto, par do Reino, do meu conselho, que
me sendo presente o resultado do concurso a que se procedeu para o
provimento da Igreja Paroquial de São Pedro de Canedo, no concelho da
Feira, diocese do Porto; e atendendo a que o presbítero Agostinho José Pais
Moreira se torna digno de contemplação por seu bom comportamento,
habilitações e serviços.
Honrado por bem por Decreto de 5 de Abril, último fazer-lhe e Mercê
de o apresentar na referida Igreja Paroquial de São Pedro de Canedo a qual
se acha vaga do pároco colado.
E, portanto hei-de por bem e lhe aprovar que o dito presbítero
Agostinho José Pais Moreira goze de todos os proventos, furões e percalços
que diretamente lhe pertencem como pároco da enunciada Igreja e bem
assim de quaisquer honras e prerrogativas que a ela andarem legalmente
anexadas, ficando contudo sujeito a quaisquer alterações que de futuro
possam vir a ser competentemente feita na respetiva circunscrição
paroquial. Pelo que, Encomendado ao supradito prelado faça passar Carta
em forma ao mesmo presbítero Agostinho José Pais Moreira da Igreja que
está apresentado e lhe dê letras de confirmação, segundo o estilo em
virtude desta minha apresentação.
Pagou uma quantia de 323 mil e 542 reis de direitos de Mercê
respetivos adicionais e selo talão n.º 2912 da receita eventual do Distrito de
Lisboa de 28 de Abril e último. E, para firmeza do referido lhe mandei passar
a presente Carta, por mim assinada e selada com o selo pendente das
Armas Reais. Dada no Paço das Necessidades aos 3 dias do mês de Maio do
ano de 1900. El Rei = José Maria D’Alpoim de Cerqueira Borges Cabral =
lugar do selo pendente = Carta pela qual vossa majestade há por bem fazer
Mercê ao presbítero Agostinho José Pais Moreira de apresentar na Igreja
Paroquial de São Pedro de Canedo, no concelho da Feira, Diocese do Porto
na forma acima declarada. = Para Vossa Majestade ver = Por decreto de 5
de Abril de 1900 = C. Ribeiro Viana a fez= lugar de selo de Carta n.º 53.
Pagou de sele de verba a quantia de 25 mil e 79 reis. Lisboa. Receita
eventual 3 de Maio de 1900= O escrivão J. P. Mello = O recebedor C. Real.
593
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Pagou envolvementos e adicionais a quantia de 41 mil e 405 reis. Direção
Central 3 de Maio de 1900 – António Joaquim Batista e Machado= A fl. do
livro nº 40 de Registo com presente se acha lançada esta carta e posta a
respetiva verba a margem do decreto pela qual se passou. Direção dos
Negócios Eclesiásticos em 10 de Maio de 1900 = C. Viana.
Conferida em 11 de Maio de 1900
Bento”
594
[Capítulo XVI](Demografia e População)
[Capítulo XVI]
(Demografia e População)
595
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
596
[Capítulo XVI](Demografia e População)
• Dados demográficos da Freguesia de Canedo
A freguesia de Canedo, atualmente apresenta um vasto território,
27,81 Km 2 e uma densidade populacional de 217,3 hab./Km 2 .
Existem poucos dados demográficos de Canedo, porque muitos
párocos da freguesia não o fizeram ou simplesmente as informações
desapareceram. No entanto, existem dados demográficos desde 1687 até
ao ano de 2011.
Das constituições Diocesanas de 1687 consta que a freguesia tinha o
título de reitoria, com 408 fogos 182 , 1377 pessoas, das quais 1091 eram
maiores e 286 eram menores.
Do relatório feito pelo reitor José da Fonseca e Sousa, em 1758 e que
se encontra na Torre do Tombo, conforme o rol das pessoas confessadas,
Canedo tinha 522 fogos, 1576 pessoas, das quais 1399 pessoas maiores e
177 menores que ainda não se confessavam.
Por ordem do Vigário Capitular D. Nicolau Joaquim Thorelda Cunha
Manuel, um visitador percorreu toda a comarca da Feira, organizou um
relatório das freguesias donde consta que Canedo em 1769, tinha 488
fogos, 997 maiores, 133 menores e 149 ausentes.
Em 1864, Canedo tinha uma população total de 2 311, em 1878 Canedo
tinha uma população de 2 347 e tinha 546 fogos, em 1890 a população era
de 2 501, em 1900, a população era de 2 594, em 1911, a população era de
2 806, em 1920, a população era de 2 964, em 1930, a população era de 3
245, em 1940 a população era de 3 578, em 1950 a população era de 4 028
e 899 fogos , em 1960 a população era de 4 225, em 1970 a população era
de 3 921, em 1981 a população era de 4 499, em 1991 a população rondava
os 4 874, em 2001 a população era de 5 782, e segundo o último Censo de
2011 a população Canedo, ronda os 6 044. 183
A freguesia de Canedo, segundo se consta, era a freguesia mais
populosa do Concelho de Santa Maria da Feira, até ao ano 1864. 184
182
Fogo: local de residência; casa; habitação segundo o Dicionário da Língua Portuguesa.
183
Dados retirados de diferentes fontes.
184
Como a freguesia era dispersa muitos habitantes dos lugares mais afastados não se recenseavam.
597
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
185
Dados demográficos de 1687 a 2011
7000
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
1377 1576 1130
5782 6044
4028 4225 4499 4874
2311 2347 2501 2594 2806 2964 3245 3578 3921
Nº de habitantes
1687 1758 1769 1864 1878 1890 1900 1911 1920
1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011
Graf. 13 – Dados demográficos de 1687 a 2011 da Freguesia de Canedo
Variação Percentual do Nº de Habitantes de 1687 a 2011
120,0%
100,0%
104,5%
80,0%
60,0%
40,0%
20,0%
0,0%
14,5%
1,6%
6,6%
3,7%
8,2%
5,6%
9,5%
10,3%
12,6%
4,9%
14,7%
8,3%
18,6%
4,5%
-20,0%
-7,2%
-40,0%
-28,3%
1687 - 1758 1758 - 1769 1769 - 1864 1864 - 1878 1878 - 1890 1890 - 1900
1900 - 1911 1911 - 1920 1920 - 1930 1930 - 1940 1940 - 1950 1950 - 1960
1960 - 1970 1970 - 1981 1981 - 1991 1991 - 2001 2001 - 2011
Graf. 14 – Variação Percentual do Nº de Habitantes de 1687 a 2011
185
Entende-se por “Variação Percentual do Nº de Habitantes” o crescimento populacional anual médio.
Calculado através da fórmula: [(Nº População Ano seguinte – Nº População Ano atual) / Nº População Ano atual]
*100.
598
[Capítulo XVI](Demografia e População)
2500
Fogos de 1687 até 2011
2365
2000
1500
1000
899
500
408
522 488
546
0
Nº de Fogos
1687 1758 1769 1890 1950 2011
Graf. 15 – Fogos de 1687 a 2011
Variação Percentual do nº de fogos de 1687 a 2011
180%
160%
163%
140%
120%
100%
80%
60%
65%
40%
20%
28%
12%
0%
-20%
-7%
1687 - 1758 1758 - 1769 1769 - 1890 1890 - 1950 1950 - 2011
Graf. 16 – Variação Percentual do Nº de Fogos de 1687 a 2011
599
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Graf. 17 – Taxa de Crescimento Populacional anual médio segundo os Censos (%)
Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística
600
[Capítulo XVI](Demografia e População)
Distribuição da População por Grupos Etários
4000
3500
3000
2500
2000
3057
3495
1500
1000
1085
1108
957
706
683
735
500
0
0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos
2001 2011
Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística Graf. 18 - Distribuição da População por Grupos Etários
Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística
Distribuição da População por Grupos Etários
70,00%
60,00%
52,90%
57,80%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
18,80%
18,30%
16,60%
11,70%
11,80%
12,20%
10,00%
0,00%
0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos
2001 2011
Graf. 19 – Distribuição da População por Grupos Etários (%)
Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística
601
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Nível de Instrução do Povo da Freguesia de Canedo:
Estudar o nível de instrução no início do século XIX até meados do século
XX, é um passo muito importante para a compreensão do desenvolvimento
de um certa zona regional, neste caso da Vila de Canedo.
Para melhor contextualização, iletrado é um individuo com 10 ou mais
anos que não sabe ler nem escrever, isto é, o indivíduo incapaz de ler e
compreender uma frase escrita ou de escrever uma frase completa. Para
melhor tratar os dados, utilizo a Taxa de Instrução Mínima 186 que indica a
percentagem de instrução (capacidade de ler no mínimo) da população de
um determinado local.
A partir dos Censos de 1878 até 1940, disponibilizados pelo INE –
Instituto Nacional de Estatística realizados à população portuguesa,
conseguimos retirar os sequentes dados.
120,00%
Taxa de Instrução Mínima do Povo de Canedo
100,00%
95,43%
80,00%
60,00%
40,00%
20,00%
6,16%
8,83%
15,05% 17,39% 13,02% 10,72%
30,96%
0,00%
Taxa de Instrução Mínima (Taxa das pessoas que pelo menos sabem ler)
1878 1890 1900 1911 1920 1930 1940 2011
Graf. 20 - Taxa de Instrução Mínima do Povo de Canedo
Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística
186
O cálculo da Taxa de Instrução mínima segue a seguinte fórmula: [Total Pessoas que sabem pelo menos ler /Total
População residente] *100.
602
[Capítulo XVI](Demografia e População)
Homens e mulheres que sabem pelo menos ler
3500
3000
2834
2946
2500
2000
1500
1000
500
0
125
19
185
36
334
56
404
84
331
55
260
88
738
370
1878 1890 1900 1911 1920 1930 1940 2011
Homens
Mulheres
187
Graf. 21 - Homens e mulheres que pelo menos sabem ler
Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística
Instrução Mínima na freguesia , concelho e país
100,00%
90,00%
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
1878 1890 1900 1911 1920 1930 1940 2011
Freguesia Concelho País
Graf. 22 - Alfabetização na freguesia, concelho e País de 1878 a 1930 170
Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística
187
Por decreto de 21 de junho de 1879 as freguesias de Cortegaça, Esmoriz e Maceda, que pertenciam ao
concelho de Santa Maria da Feira, passaram a fazer parte do concelho de Ovar. Nos anos de 1864 a 1890
a freguesia de Lever pertencia ao concelho de Arouca, passando a fazer parte do da Feira por decreto de
21 de novembro de 1895. Por decreto nº 12.457, de 11 de outubro de 1926, as freguesias de Esmojães,
Anta, Paramos e Silvalde, também deste concelho, passaram a fazer parte do concelho de Espinho. Por
este mesmo decreto a freguesia de Lever, deste concelho, passou a pertencer ao concelho de Vila Nova
de Gaia, do distrito do Porto. Só a partir do censo de 1930 é que o concelho de Santa Maria da Feira
apresenta a actual configuração.
603
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Emigração do Povo da Freguesia de Canedo:
Em seguimento do estudo da população, é estritamente necessário a
análise da emigração, que em Canedo, foi um facto muito característico
destas gentes. Esta análise migratória, pretende ser uma abordagem
histórico-sociológica, e por isso é acompanhada de gráficos e outros
recursos para uma maior facilidade na compreensão. Das mais variadas
características da emigração e dos emigrantes, pretende-se esclarecer a sua
composição por sexo, idade, habilitações literárias, e os destinos que
eventualmente desejaram emigrar.
Das terras de Santa Maria da Feira, saíram muitos emigrantes com
intuitos diversificados. Tanto se descobrem pessoas das camadas mais
pobres da população como pessoas de largas posses que viam no abandono
da sua terra natal uma fuga a uma imposição violenta que a sociedade da
altura deles exigia. Não alheios às partidas para lá do Atlântico, os
problemas familiares, como partilhas, conflitos em casamentos
contrariados, a rivalidade entre familiares e a disputa de terras e outros
mais. 188 Muitos dos que iam, dificilmente voltavam. Muitos foram os pais
que deixaram os filhos órfãos, e muitos filhos que deixaram as suas famílias.
A emigração começou em possança nos meados do século XIX, com a
abolição da escravatura no Brasil. Entre as causas de emigração, estava a
falta de trabalho em Portugal que assegurasse a subsistência e a grande
facilidade de emprego no Brasil, a comunhão de idiomas e uma semelhança
nos costumes portugueses e brasileiros e também a existência de pessoas
da sua terra natal no Brasil, que muito contribuíram para a emigração. 189
Não obstante, havia um papel facilitador dos donos dos navios, que davam
benesses quanto ao pagamento das passagens.
Entre 1850 a 1930, muitos fatores vieram condicionar a emigração: o
condicionamento dos passaportes à antecipada existência de contratos de
trabalho ou pagamento de viagens; inexistência de subsídio de emigração
em Portugal; a necessidade de ter um passaporte ou um bilhete de
identidade no Governo Civil e não na Câmara; a obrigatoriedade de entre
188
Emigrantes de Santa Maria da Feira, balanço de uma década (1952-1962). José Joaquim Pinto Coelho
Elvas Lopo. Dissertação de Mestrado (1996)
189
Pág. 278. Lobão – Terra do deus maior. Carlos Dias (2018)
604
[Capítulo XVI](Demografia e População)
14-25 anos se ter que pagar fiança militar; o facto das mulheres casadas
precisarem de autorização do marido para se lhes juntarem. 190
Certamente, a análise emigratória incide sobre a Vila de Canedo,
tendo por base os registos de passaportes do Arquivo do Distrito de Aveiro
(1883 – 1930) e os arquivos do Arquivo Municipal de Santa Maria da Feira
(1952 – 1962).
Um dos aspetos mais importantes do estudo migratório é a evolução
do número de emigrantes Canedenses, patente no Graf. 23. Analisando o
gráfico, deparámo-nos com crescimento progressivo de 1883 a 1886 e logo
no ano a seguir até 1900, há uma queda gradual. No início do século XX,
houve, novamente, um crescimento dos emigrantes, tornando-se a notar o
mesmo efeito nos anos pós 1ª Guerra Mundial. Após esses, há um
decréscimo, talvez relacionado com as políticas de contenção da Junta
Militar (1926 a 1930) e às medidas restritivas impostas pelo Brasil (1930 -
1940).
Nos anos seguintes, de 1952 em diante, existem oscilações na
emigração, mas na maioria dos caos sempre com valores elevados,
devendo-se à Ditadura do Estado Novo, e à falta de boas condições de vida
no País.
70
Evolução do Número de Emigrantes (1883 - 1962)
60
50
40
5
14
10
5
30
20
10
0
5
14
1
17 14
3
8
1
19 15
38
1
9
4
1
5
26
45
34
1
7
3
18
45
8
4
0
4
18 18 22
10
Homens
Mulheres
Graf. 23 - Evolução do nº de emigrantes (1883 – 1962)
Fonte: Registos de Passaporte. ADA e AMSMF
190
Págs. 108 e 109. Algumas observações complementares sobre a política de emigração portuguesa.
Maria Halpern Pereira. Análise Social, v. XXV
605
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Seguindo o anterior gráfico, repara-se que a presença do elemento
feminino nas emigrações era ínfima, começando a ver-se aumentos nos
inícios da século XX e, depois, acentua-se nos anos após a 2ª Guerra
Mundial. Desde do período colonial, dominava o elemento masculino sobre
o feminino, pelas características tradicionais de ser chefe de família a quem
recaía o sustento do lar.
Assim, o homem partia isolado e, a mulher casada só se podia juntar
a ele com uma respetiva autorização, situação esta que prevaleceu até à
Primeira República. Após a 1ª Grande Guerra, a mulher foi emancipandose,
adquirindo um novo estatuto social, reforçando-o na era pós 2ª Guerra
Mundial, aumentando o número de emigrantes mulheres solteiras e
casadas.
Numa outra vertente da análise da emigração, centrámo-nos na
idade dos emigrantes tendo por base se observação o Graf. 24. Verifica-se
que a maioria apresentava uma idade compreendida entre os 18 e os 30
anos. Note-se que, muitos eram os emigrantes com mais de 25 anos, talvez
devido ao facto de a partir dessa idade não se pagar fiança militar.
Da análise dos registos, notei que a faixa etária dos emigrantes
menores de 18 anos acentuou-se em meados do século XX. Muitos destes
deixavam os pais viajando, muitas das vezes, sozinhos à descoberta de uma
vida melhor sob cominhos de incertezas.
Outro aspeto particular dos emigrantes Canedenses reside no seu
nível de instrução ou habilitações literárias. Tendo como apoio o Graf. 25,
verificamos que 57% dos emigrantes analisados nos anos indicados não
sabiam escrever e consequentemente não sabiam ler, sendo os dados
relativos a um período entre 1883 e 1950.
Nesta altura, as reformas na educação não tinham sido muitas, sendo
que na década a seguir, com novas reformas educacionais, as famílias
tinham grande cuidado em colocar os seus filhos nas escolas primárias para,
no caso de emigrarem, terem uma mais fácil integração no país em que
fossem residir, um deles o Brasil.
606
[Capítulo XVI](Demografia e População)
Idade dos Emigrantes
3%
21%
24%
≤18 anos
19 anos aos 30 anos
31 anos aos 50 anos
≥ 51 anos
52%
Graf. 24 – Faixa etária dos Emigrantes
Nivel de Instrução dos Emigrantes 1883 - 1950
57%
43%
Sabe escrever
Não Sabe escrever
Graf. 25 – Nível de Instrução dos Emigrantes
607
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Os emigrantes que partiam, tinham vários ofícios: negociantes,
jornaleiros, lavradores, pedreiros, entre outros.
Nos finais do século XIX, os emigrantes escolhiam o Brasil como país
ideal de emigração, como se pode observar no Graf. 26, derivado ser
um país com comunhão de língua, costumes e a grande oferta de
trabalho. Tinham como preferência a cidade de Rio de Janeiro sendo
que havia emigrantes em Manaus, Porto Alegre e Pará (Graf. 27).
Uns iam muito novos, outros já com alguma idade. Dedicavam-se,
sobretudo, às atividades comerciais e de serviços, sendo que muitos foram
sucedidos e construíram fortunas.
Em meios do século XX, começam a aparecer novos destinos de
emigração, como a Venezuela, a Espanha, a Bélgica, a França e Africa do
Sul. Nota-se, que, logo após a 2ª Guerra Mundial e os começos da Guerra
Colonial, há um grande fluxo de emigração para a Europa, nomeadamente
para a França, trocando assim os países de preferência, Brasil e Venezuela.
Desses países, muitos eram aqueles emigrantes que conseguiam
remessas de dinheiro, para, de uma certa forma, amparar a sua família, que
de outra maneira, aforrava dinheiro para quando regressassem.
A verdade, é que eram poucos os que regressavam definitivamente.
Ficavam tão enraizados nos países para onde emigraram, construindo
família e património, mas, alguns dos que regressaram, investiram muito
do seu património na freguesia, fazendo, hoje, uma Vila de Canedo mais
atrativa, mais industrializada e comercial.
Nota-se, também, que para além destes dados emigratórios, sempre
existiu a emigração ilegal, e que, pela análise de muitas famílias, constituem
números de uma importância relevante.
608
[Capítulo XVI](Demografia e População)
País de destino dos Emigrantes
0,42%
0,21% 2,74%
0,21%
9,49%
Brasil
França
Bélgica
Espanha
Venezuela
86,92%
Africa do Sul
Graf. 26 – País de destino dos Emigrantes (1883-1962)
Locais Brasileiros de destino dos Emigrantes
27%
1%
59%
Rio de Janeiro
Manaus
Porto Alegre
Pará
13%
Graf. 27 – Locais Brasileiros dos Emigrantes (1883 – 1962)
609
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
610
[Capítulo XVII](Heráldica)
[Capítulo XVII]
(Heráldica)
611
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
612
[Capítulo XVII](Heráldica)
• O brasão da Vila
A freguesia de Canedo tem como heráldica o seu brasão, com um escudo
de azul, três espigas de milho de ouro folhadas do mesmo, alinhadas em
faixa; em chefe, duas chaves passadas em aspa, sendo uma de ouro e outra
de prata; pé ondeado de prata e azul de três tiras, com uma coroa mural de
prata de quatro torres; listel branco, com a legenda a negro:
“CANEDO – SANTA MARIA DA FEIRA”;
As cores da freguesia são o azul e amarelo. As maçarocas, representam
a tradicional produção de milho e evidência a propensão agrícola artesanal
da Freguesia.
De seguida, as chaves que são os símbolos peculiares que representam
o padroeiro da Freguesia de Canedo, São Pedro. Em último o Rio, devido à
particularidade exclusiva de ser uma freguesia banhada pelo Rio Douro e
pela existência de mais dois rios, sendo assim a terra dos rios e da água.
Doc. 252 - Brasão da Vila de Canedo
613
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• A bandeira da Vila
Depois do seu brasão, a Freguesia de Canedo tem a sua bandeira com a
cor amarela, cordão e borlas de azul-escuro, haste e lança de ouro e com
Selo – nos termos da lei, com a legenda:
“JUNTA DE FREGUESIA DE CANEDO– SANTA MARIA DA FEIRA”.
Doc. 253 - Bandeira da Vila de Canedo
614
[Capítulo XVII](Heráldica)
• O brasão da Paróquia
A Paróquia de São Pedro de Canedo, em comparação com todos os
outros símbolos da freguesia, tem as suas cores e figuras características.
O brasão da Paróquia é colorido com as cores amarelo e preto e tem
como símbolos a Tiara Papal, duas cruzes papais, duas chaves, sendo uma
de prata e outra de bronze, o livro de São Pedro, uma pena e um cajado.
Estes símbolos estão relacionados com o padroeiro São Pedro,
padroeiro dos Papas e dos pescadores.
Doc. 254 - Brasão da Paróquia de São Pedro de Canedo - antigo
Doc. 255 - Brasão Recente da Paróquia de São Pedro de Canedo
615
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
616
[Capítulo XVIII](Mapas/Cartografia)]
[Capítulo XVIII]
(Mapas/Cartografia)]
617
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
618
[Capítulo XVIII](Mapas/Cartografia)]
Canedo
Map. 3 – Canedo em
Portugal
619
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Map. 4 - Canedo no Concelho da Feira – Foto de Pinhelense
620
[Capítulo XVIII](Mapas/Cartografia)]
“A carta hipsométrica do concelho revela um relevo irregular em
que a altitude pode variar entre os 50 e os 450 metros. ” 191
Map. 5 – Carta Hipsométrica de Santa Maria da Feira
Legenda: ------ -Limites da Freguesia de Canedo
Fonte: Atlas de Santa Maria da Feira
191
Atlas de Santa Maria da Feira
621
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
“Do ponto de vista hidrológico, o concelho de Santa Maria da Feira
localiza-se na fronteira de duas grandes bacias hidrográficas: a bacia do
Douro (de dimensão internacional) e a Bacia do Vouga.” 192
Map. 6 – Carta de Rede Hidrográfica do Concelho de Santa Maria da Feira
Legenda: O sombreado limita a Freguesia de Canedo
Fonte: Atlas de Santa Maria da Feira
192
Atlas de Santa Maria da Feira
622
[Capítulo XVIII](Mapas/Cartografia)]
“Do ponto de vista morfológico, o território é caracterizado por 12
bacias hidrográficas. Oito delas dirigem-se de nascente para poente, três
têm sentido de escoamento de Sul para Norte e uma de Norte para Sul. ” 193
Map. 7 – Carta das Bacias Hidrográficas de Santa Maria da Feira
Legenda: O sombreado limita a Freguesia de Canedo
Fonte: Atlas de Santa Maria da Feira
193
Atlas de Santa Maria da Feira
623
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
“No que diz respeito à constituição geológica do Concelho de Santa
Maria da Feira, predominam de granitos e rochas do Complexo Xisto-
Grauváquico Ante Ordovícico. Este complexo apresenta uma distribuição
diversificada no concelho, salientando-se os xistos esteaurolíticos em
Canedo, Vila Maior, Lobão, Vale e Gião.” 194
Map. 8 – Carta Geológica de Santa Maria da Feira
Legenda: ----- Limites da Freguesia de Canedo
Fonte: Atlas de Santa Maria da Feira
194
Atlas de Santa Maria da Feira
624
[Capítulo XVIII](Mapas/Cartografia)]
“O concelho de Santa Maria da Feira encontra-se na região norte de
Portugal Continental e, tal como todo o país, vê o seu clima ser regulado por
esse agente decisivo na determinação do clima das regiões e do país: o
Atlântico.” 195
Map. 9 – Precipitação média anual em Santa Maria da Feira
Legenda: ----- Limites da Freguesia de Canedo
Fonte: Atlas de Santa Maria da Feira
195
Atlas de Santa Maria da Feira
625
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
“O clima de Santa Maria da Feira caracteriza-se pela existência de
Verões relativamente quentes e de Invernos suaves e húmidos.” 196 Em
Canedo, reparamos que metade da Freguesia tem uma temperatura média
anual entre 12,5 e 15˚ C e a outra metade entre 15 e 16˚ C
Map. 10 – Temperatura Média Anual de Santa Maria da Feira
Legenda: ----- Limites da Freguesia de Canedo
Fonte: Atlas de Santa Maria da Feira
196
Atlas de Santa Maria da Feira
626
[Capítulo XVIII](Mapas/Cartografia)]
“No concelho de Santa Maria da Feira verifica-se uma faixa litoral em
que a humidade média anual é mais elevada, registando-se valores de 80 a
85% de humidade do ar. Para o interior do concelho os valores descem para
os 75 a 80%. Esta diferença de valores médios anuais é justificada, na faixa
oeste, pela proximidade do Oceano sob a influência de massas de ar muito
húmidas.” 197
Map. 11 – Número médio de dias com Geada em Santa Maria da Feira
Legenda: ----- Limites da Freguesia de Canedo
Fonte: Atlas de Santa Maria da Feira
197
Atlas de Santa Maria da Feira
627
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Map. 12 – Número médio de dias com geada em Santa Maria da Feira (2)
Legenda: ----- Limites da Freguesia de Canedo
Fonte: Atlas de Santa Maria da Feira
628
[Capítulo XVIII](Mapas/Cartografia)]
Map. 13 - Orto mapa da Freguesia de Canedo
629
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Map. 14 – A Vila de Canedo
630
631
[Capítulo XVIII](Mapas/Cartografia)]
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
632
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
[Capítulo XIX]
(Serviços/Atualidade)
633
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
634
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
• Atualidade e serviços
Canedo, atualmente é vila desde 4 de junho de 1997, sendo uma
freguesia extinta pela reorganização administrativa de 2012/2013 e o seu
território integrado na União das Freguesias de Canedo, Vale e Vila Maior.
Canedo possui, além de muitas Escolas Primárias fechadas, um
Agrupamento de Escolas que acolhe 2 concelhos diferentes de diferentes
distritos, com um polo escolar e uma Escola Básica.
• Breve Historial da Escola Básica 2/3 Ciclo de Canedo e Agrupamento
de Escolas de Canedo:
“No ano letivo de 1997/1998, havia uma sobrelotação nas escolas de
Argoncilhe, Corga e Olival para onde convergiam os alunos de Canedo, por
essa razão, nesse ano, cerca de 150 alunos não tinham lugar nessas escolas.
O governo viu-se na necessidade urgente de resolver o problema, e para
tal, abriu concurso para ser construída a escola EB 2/3 de Canedo. A obra
foi adjudicada em Janeiro de 1998 para estar concluída até Setembro desse
mesmo ano. No entanto, o que fazer a esses 150 alunos que não tinham
lugar nas escolas vizinhas?
A solução encontrada para resolver o problema, enquanto a escola EB
2/3 não estava pronta, foi a DREN estabelecer um protocolo com a diocese
do Porto, em que o Ministério da Educação pagava parte das obras de
adaptação feitas no salão paroquial de Canedo e em troca utilizava as salas
da catequese como salas de aula. Assim, o primeiro ano de existência da
escola, as instalações eram no salão paroquial, onde não existia recreio,
nem gimnodesportivo nem cantina.
Mas, como quando há força de vontade tudo se resolve…o recreio era o
recinto da capela da Senhora da Piedade, os alunos deslocavam-se a pé
(cerca de 100 metros) e almoçavam na cantina da escola EB1 do Mirante e
nas salas de aula só cabiam 15 alunos, sendo que aos Sábados funcionavam
como salas de catequese… Eram um total de 150 alunos, 15 professores e
10 funcionários, sendo 3 dos serviços administrativos e 7 auxiliares de ação
educativa, éramos uma família e certamente esse ano letivo de 1997/1998
ficará como das boas recordações de todos que o viveram.
635
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Em fins de Agosto de 1998, a escola que agora conhecemos como EB
2/3, foi inaugurada pelo então Primeiro Ministro, Engenheiro António
Guterres e com a presença Ministro da Educação Dr. Marçal Grilo.
Doc. 256 - Engenheiro António Guterres na Inauguração da Escola Básica 2º e 3º ciclo de Canedo
Engenheiro António Guterres na Inauguração da Escola Básica 2º e 3º ciclo de Canedo
As aulas desse ano começaram em Setembro e já com cerca de 620
alunos das freguesias de Canedo, Vila Maior pertencentes a Santa Maria da
Feira, a que se juntou a Lomba, pertencente a Gondomar.
Os alunos da Lomba passaram a frequentar esta escola devido a um
protocolo celebrado entre o Conselho Executivo e a Câmara de Gondomar,
a nossa escola foi durante muito tempo a única no país que tinha alunos de
dois municípios diferentes, ou seja: intermunicipal.
Decorria o ano de 2002/2003, quando, por força da legislação, todas
as direções das escolas EB 2/3 tiveram que assumir também a direção
636
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
administrativa das escolas EB 1 e Jardins de Infância da sua área de
influência, por essa razão foi criado o Agrupamento “Escolas de Canedo”
que alberga as escolas EB1 de Mirante, Vilares, Mosteirô, Monte de S.
Roque e Framil, pertencentes à freguesia de Canedo, a escola EB 1 de Vila
Maior, pertencente à freguesia de Vila Maior e as escolas de Sante e
Labercos pertencentes à freguesia da Lomba, bem como os Jardins de
Infância de Vilares, Sobreda, Mosteirô, Várzea e Mota-Ilha de Canedo,
Jardim de Infância de Vila Maior e Jardins de Infância de Areja e Labercos
da Lomba.
Com a implementação das turmas de nível, ou seja: turmas só com
alunos de um determinado ano, foi necessário juntar alunos de diferentes
lugares para conseguir formar turmas com o mínimo de 15 alunos, o que
levou ao encerramento de algumas escolas, a EB1 de Rebordelo foi a
primeira, seguiram-se EB1 da Mota, EB1 de Areja e EB1 da Lomba.
Para resolver todos os problemas existentes das turmas dos alunos
do 1º ciclo em Canedo, no dia 1 de junho de 2009, a Câmara de Santa Maria
da Feira entrou com a candidatura no QREN para ser construída uma escola
com 11 salas nos terrenos anexos à Escola EB 2/3, e que foi inaugurada no
ano de 2014. Essa nova escola irá centralizar os alunos das diversas escolas
dessa freguesia, permitindo que a legislação seja cumprida, e, que os alunos
tenham uma melhor qualidade de ensino.” 198
Doc. 257 - Escola EB 2/3 de Canedo
198
Informação cedida pelo Agrupamento de Escolas de Canedo e disponível no seu site www.aecanedo.pt.
637
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 258 - Escola Básica de Canedo
Escola Básica de Canedo
Canedo, além de bons projetos de ensino 199 e de grandes apostas na
educação, possui um Centro Social, um posto médico, um Centro de
Solidariedade Social e um Posto da Guarda Nacional Republicana.
Doc. 259 Centro - Centro Social Social de Canedo, de Canedo, Casa Casa do Povo, do Povo, Biblioteca, Biblioteca, Junta Junta de Freguesia de Freguesia e Posto e Posto Médico Médico
199
O Centro Escolar de Canedo ou Escola Básica de Canedo foi inaugurado no ano de 2014, sendo a
primeira pedra lançada no ano de 2013 com a presença do então Presidente da Junta, Presidente da
Câmara, Vereadora da Educação, Desporto e Juventude, membros da Assembleia de Freguesia e
populares da Vila de Canedo.
638
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
Doc. 260 - Posto da GNR de Canedo
Posto da GNR de Canedo
Inauguração do Posto da GNR de Canedo. 200
Doc. 261 - Inauguração do Posto
da GNR de Canedo
Doc. 262 - Imagem da Inauguração do Posto da GNR
de Canedo
200
O Posto da GNR de Canedo foi inaugurado a 17 de Maio de 1970 pela então Ministro do Interior Dr.
António Manuel Gonçalves Rapazote (imagens cedidas pela GNR de Canedo).
639
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
“O Jardim - Centro de Solidariedade Social de Canedo nasceu do
desejo antigo de residentes da freguesia em responder às necessidades das
áreas da infância, da terceira idade e do apoio social.
A Junta de Freguesia doou o terreno para a construção da Instituição,
que em 1993 foi reconhecida como Instituição Particular de Solidariedade
Social. Iniciadas as obras, foi colocada a primeira pedra, no dia 20 de
outubro de 2000, pelo Presidente da Direção, Manuel de Jesus.
Conciliando-se, a iniciativa e contributo de várias entidades, O Jardim
foi inaugurado, no dia 18 de Outubro de 2004. Iniciou a sua atividade com
as respostas sociais de CATL, Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário.
Em 2005, abriu a Creche e um ano depois o Pré-Escolar.
No ano de 2011, foi inaugurada a Estrutura Residencial para
Idosos.” 201
Doc. 263 - O Jardim - Centro de Solidariedade Social de Canedo
201
Informações cedidas pelo Centro de Solidariedade Social de Canedo – O Jardim.
640
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
A freguesia tem um vasto desenvolvimento a nível comercial como a
nível industrial, tendo uma grande Zona Industrial partilhada com a
freguesia de Vila Maior.
A nível desportivo, Canedo tem um complexo de futebol, Estádio das
Valadas 202 e um Pavilhão Gimnodesportivo 203 , ocupado com diversas
atividades e associações.
Doc. 264 - Estádio das Valadas
Doc. 265 - Pavilhão Gimnodesportivo de Canedo
202
O primeiro Campo das Valadas começou a ser construído nos anos 80 e inaugurado no ano de 1984.
Já o Estádio das Valadas, remodelado, foi inaugurado a 4 de Setembro de 2016, contando assim com uma
capacidade total para 5000 pessoas.
203
O pavilhão Gimnodesportivo de Canedo foi inaugurado no dia 20 de Novembro de 1993 pelo então
Presidente da Câmara, Sr. Alfredo Oliveira Henriques, tendo uma capacidade para 1500 pessoas.
641
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
A nível associativo é uma freguesia muito ativa, teve e tem muitas
associações de todos os tipos de atividades:
• Agrupamento de Escuteiros;
• Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de
Canedo(extinta);
• Associação Recreativa “Amigos das Margens do Rio Inha”;
• Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola do
Mirante;
• Associação FreeDance Canedo e Lobão;
• Associação Cultural, Cívica e Ambiental – Giesta;
• Associação Desportiva e Cultural da Juventude de Canedo;
• Associação Recreativa de Pesca Desportiva;
• Associação de Caçadores de Canedo;
• Associação Cultural e Recreativa Fanfarra de Canedo(extinta);
• Associação Cultural e Musical de Canedo;
• Canedo Futebol Clube;
• Clube Tunnig de Canedo;
• Clube Fúrio Taekwondo de Canedo;
• Clube Clássicos de Canedo(extinto);
• Clube de Canoagem de Canedo(extinto);
• Comissão Fabriqueira da Paróquia de Canedo;
• Enigma – Grupo de Dança de Canedo;
• Conferência Vicentina(extinto);
• Grupo Coral de Nossa Senhora da Piedade;
• Grupo Coral de São Pedro de Canedo;
• Grupo da Cruzada Eucarística das Crianças da Igreja de São Pedro de
Canedo(extinto);
• Grupo Recreativo e Cultural de Canedo(extinto);
• Grupo Cénico de Canedo(extinto);
• Jovens Cavaleiros Do Espírito – Grupo de Jovens da Paróquia de
Canedo;
• Reino da Folia – Associação Juvenil;
• Rancho Folclórico “As Lavradeiras de Rebordelo” (extinto);
• Rancho Folclórico São Pedro de Canedo;
• Rancho Folclórico “As Ceifeiras de Canedo”;
• Sociedade Columbófila de Canedo(extinta);
• Tuna/Grupo Musical de São Pedro de Canedo Canedo(extinta);
• Vh Team Fighters.
642
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
Na Freguesia de Canedo, entre os anos de 1995
a 2002, existiu um evento chamado “Maio
Cultural” que para além de envolver todas as
associações culturais, sociais e desportivas
existentes na vila dava a conhecer ao público a
freguesia de Canedo com exposições, amostras de
artesanato, entre outros.
Durante esses sete anos, era o maior evento
cultural de Canedo.
Doc. 266 - Maio cultural de
2001
Doc. 267 - Entrega de lembranças no Maio Cultural
643
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Agrupamento de Escuteiros de Canedo – 1284
No dia 26 de Junho de
2005, o Agrupamento 1284
teve a sua abertura oficial com
a celebração das primeiras
promessas.
Ao longo dos anos, a
história vai-se construindo
pelas mãos dos que por cá
passam e segue o rumo dos
passos de todos aqueles que
caminham consigo.
O Trabalho desenvolvido
no agrupamento tem sido a
pensar,
quase
exclusivamente, nos jovens e
crianças que o integram.
Doc. 268 - Logótipo do Agrupamento
de Escuteiros de Canedo
Realizam diversas atividades na freguesia, tanto a nível cultural como a
nível social como recolhas de bens alimentares para o Banco Alimentar,
entre outras.
É um grupo unido, e essa união reflete-se na forma como desenvolvem
as suas atividades. Cada elemento, na sua individualidade e personalidade
única, enriquece e ajuda o Agrupamento a crescer a cada dia que passa.
Participam nos Escuteiros cerca de uma centena de pessoas, sendo que
a maioria são jovens e crianças com idades compreendidas entre os 6 e os
18 anos. Tem a sua localização no Centro Paroquial de Canedo.
644
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
Doc. 269 - Agrupamento de Escuteiros de Canedo
645
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de
Canedo(extinta)
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Canedo, foi
fundada a 12 de Outubro de 1994.
“Sediada no lugar do Mosteiro no Centro Social de Canedo, foi criada
por dezassete fundadores:
-Agostinho Costa;
-Padre António Regal;
-António Topa (Vila Maior);
-António Sameiro;
-Alberto Martins (Sanguedo);
-Carlos Loureiro;
-Flávio Campos;
-Hernâni Mota;
-Joaquim Ribeiro (Lourosa);
-Joaquim Viana (Lomba);
-Manuel de Jesus;
-M. Mota Pinto;
-Manuel Sá;
-Pinto Marques;
-Pinto da Conceição;
-Sousa Lopes (Gião);
- Valdemar Silva (Lourosa).
Para saber um pouco mais sobre a associação, vejamos a cronologia do
nascimento da associação:
-7 de Julho - Em exposição subscrita por um punhado de canedenses e
enviado aos BV de Lourosa, é pedida uma audiência tendo em vista a
autonomia da Secção de Canedo;
-20 de Julho - Assinada por Joaquim Ribeiro de Sousa, presidente da
direção, é marcada a data de 27 de Julho para, em sessão extraordinária,
serem recebidos por aquela associação e analisar o problema da
autonomia;
646
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
-27 de Julho - Sem votos contra e na presença do comandante Eduardo
Carvalho a direção deliberou no sentido de não porem entraves à
autonomia da secção de Canedo;
- 12 de Outubro - No Cartório Notarial da Feira é assinada a escritura que
cria a Associação Humanitária dos B. V. de Canedo.
Os fundadores não perderam tempo e, logo no mesmo dia, jantaram
juntos, tinha de ser, o dia era de festa e deitaram mãos ao trabalho,
escolhendo a futura direção;
O fumo branco da nova direção surgiu, já ia alta a madrugada quando,
se encontraram, para já, os presidentes dos órgãos sociais. Ficou assim a
Assembleia Geral presidida por Carlos Loureiro, o conselho fiscal por Pinto
da Conceição e a direção por António Sameiro.” 204
Esta associação foi fundada com o intuito de criar um Quartel de
Bombeiros em Canedo, porém, esta ideia nunca teve sucesso.
Doc. 270 - Logótipo da Associação
Humanitária dos Bombeiros
Voluntários de Canedo
204
Informações de um artigo do Sr. Jorge Magalhães, “Bombeiros de Canedo, Já são independentes”,
publicado no Jornal “A Voz de Canedo”.
647
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 271 - Primeira direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Canedo
648
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
• Associação Recreativa “Amigos das Margens do Rio Inha”
A Associação Recreativa “Amigos das Margens do Rio Inha” foi fundada
em 2004 com o nome “Amigos da Paróquia de Canedo”, na qual, alguns
elementos pertenciam ao Rancho Folclórico São Pedro de Canedo. Tiveram
a primeira atuação numa festa da freguesia, Festa de Santo António, São
Pedro e do Senhor.
Passados alguns anos, por escritura pública, em 2014 passou a
denominar-se oficialmente “Associação Recreativa Amigos das Margens do
Rio Inha”
Está sediada na Avenida do Eleito Local, Pavilhão Gimnodesportivo,
freguesia de Canedo.
Tem como fim, atividades relacionadas com a dança e música popular.
Doc. 272 - Associação Recreativa " Amigos das Margens do Rio Inha"
649
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Associação de Pais e Encarregados de Educação do Mirante
A Associação de Pais e Encarregados de Educação do Mirante, também
designadamente por APEEM, congrega e representa os pais e encarregados
de educação da Escola Básica do Primeiro Ciclo de Canedo.
A Associação de Pais e Encarregados de Educação do Mirante é uma
organização sem fins lucrativos, com o fim:
- Pugnar pelos justos e legítimos interesses dos alunos na sua posição
relativa à escola e à educação e cultura;
-Estabelecer o diálogo necessário para a recíproca compreensão e
colaboração entre todos os membros da escola;
-Promover e cooperar em iniciativas da escola, sobretudo na área escola
e nas de carácter físico, recreativo e cultural;
-Promover o estabelecimento de relações com outras associações
similares ou suas estruturas representativas, visando a representação dos
seus interesses junto do Ministério da Educação.
Doc. 273 - Logótipo da Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola do Mirante
650
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
• Associação Free Dance Canedo e Lobão
A Associação Free Dance Canedo e Lobão iniciou-se em 2010 e constituise
como associação a 17 de Novembro de 2014 por Kelly Almeida Fernandes
e Andreia Almeida Coval sendo composta por mais ou menos 40 alunos.
Para além de um grupo de dança é praticamente uma família composta por
crianças a partir dos 5 anos.
Os seus ensaios realizam-se às quartas e sextas-feiras em Lobão e aos
sábados em Canedo. Todas as pessoas são bem-vindas, desde que venham
com vontade de aprender e de se divertir. A associação é orientada no seu
pleno pela Kelly Fernandes que é a professora.
No presente ano de 2019, atingiu o top dos eventos de dança em
Portugal, participando na final Yorn Dancers em Lisboa.
A associação tem como fim, atividades de dança. Tem sede própria na
Rua do Lobel, nº 2089, freguesia de Canedo.
Doc. 274 - Logótipo da Associação Free Dance Canedo e Lobão
651
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Associação Cultural, Cívica e Ambiental Giesta
A Associação Cultural, Cívica e Ambiental Giesta, localizada na Rua dos
Moinhos, lugar de Sobrêda, freguesia de Canedo.
Foi fundada por escritura pública a 26 de Agosto de 2015 pelas mãos de
Ana Catarina Alves da Silva Pedrosa.
A Giesta é uma associação sem fins lucrativos, alheia a partidarismo e
ideologias políticas e religiosas.
Tem como fins:
-Promover o enriquecimento cultural da população em geral;
-Promover e participar em atividades de cariz cívico e social;
-Promover a proteção da natureza e cultivar a educação ambiental.
Doc. 275 - Logótipo da Associação
Cultural, Cívica e Ambiental - Giesta
652
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
• Associação Desportiva e Cultural da Juventude de Canedo
A Associação Desportiva e
Cultural da Juventude de
Canedo, foi fundada a 1 de
Junho de 2012 por Licínio
Loureiro, Joel Rocha, Tânia
Melissa, Jorge Pinheiro,
Joaquim Ribeiro, Hélder Mota e
Miguel Silva.
Foi fundada com o intuito de
fomentar a prática desportiva,
cultural e recreativa na
freguesia de Canedo, sendo que
tem outras coletividades
Doc. 276 - Emblema da "Juventude de Canedo"
associadas como o Futsal – Juventude de Canedo, Grupo de Caminheiros de
Canedo – Juventude de Canedo e Dreams – Juventude de Canedo.
Desde então, a Juventude de Canedo esteve intimamente ligada ao
desporto e cultura Canedense. Participa ativamente na “Festa das
Coletividades da União de Freguesia de Canedo, Vale e Vila Maior”,
Campeonatos de Futsal, encontros de Dança, encontros culturais e
realizando diversos eventos na vertente desportiva, cultural e social.
É uma associação que tem vindo a crescer ao longo dos tempos,
alcançando cada vez mais mérito nas atividades que tem desenvolvido.
Conta com cerca de 100 associados e localiza-se no Pavilhão
Gimnodesportivo de Canedo.
653
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 277 - Associação Desportiva e Cultural da Juventude de Canedo
654
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
• Associação Recreativa de Pesca Desportiva
Fundada a 2 de Maio de
2005, a Associação de Pesca
de Canedo conta com 106
associados e cerca de 113
praticantes da modalidade a
disputar vários campeonatos e
até mesmo a Taça de Aveiro.
As várias despesas que
Associação tem deixaram-na
de fora de alguns
campeonatos
como
Campeonato Regional de
Clubes, também alguns
pescadores acabaram por
emigrar o que tornou mais
difícil a manutenção da
associação.
Doc. 278 - Emblema da Associação
Recreativa de Pesca
Desportiva Canedo e Louredo
Em 2012, Luís Costa foi promovido aos nacionais, mas foi obrigado a
emigrar, pelo que não pôde participar na competição nessa época.
Ainda no ano passado, Ricardo Marques subiu à 1ª Divisão Regional,
enquanto António Pereira e Cláudio Pereira se mantiveram no segundo
escalão regional. Por clubes, a equipa Canedense terminou o campeonato
na 5ª posição, enquanto a formação jovem foi 6ª classificada.
A Associação Recreativa de Pesca de Canedo, já teve campeões do
Regional de Juvenis, Séniores e da II Divisão. Para lá da vertente desportiva,
a Associação de Pesca de Canedo tem uma concessão no rio Uíma, de três
hectares. Está dividida em dois lotes e é utilizada entre os dias 1 de Março
e 31 de Julho.
655
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Associação de Caçadores de Canedo
A Associação de Caçadores de Canedo, sediada na freguesia de
Canedo, foi fundada a 7 de Maio de 1996 por:
-Joaquim Barbosa;
-Alberto Marques;
-Alberto Robalinho;
-Óscar Leão da Ferreira Conceição;
-Ismael Fernando Moreira da Conceição;
-António da Silva Azevedo;
-Manuel da Conceição santos;
-Gaspar da Silva Vidinha;
-Ramiro da Silva Barraca.
Tem como fim, participar e realizar eventos e atividades relacionados
com a caça.
Doc. 279 - Logótipo da Associação
de Caçadores de Canedo
656
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
• Associação Cultural e Recreativa Fanfarra de
Canedo(extinta)
O seu aparecimento deuse
quase a par do da Escola
de Música, funcionando
ambas no mesmo local.
Foi fundada a 5 de Março
de 1993 por escritura
pública tendo assim como
primeiro presidente
Joaquim Ferreira Santiago.
Constituída por 82
Doc. 280 - Fanfarra de Canedo
elementos, participou em
diversas festas e romarias de norte a sul do país, chegando a ser uma das
melhores Fanfarras das redondezas.
Teve em atividade cerca de uma dezena de anos, entrando em
inatividade no começo do século XXI a 3 de Dezembro de 2002.
Doc. 281 - Associação Cultural e Recreativa Fanfarra de Canedo
Associação Cultural e Recreativa Fanfarra de Canedo
657
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Associação Cultural e Musical de Canedo
A Associação Cultural e Musical de Canedo (ACMC) foi criada no dia 5 de
março de 1993 pelas mãos de César Gomes, Manuel Gomes e Manuel
Rocha, não sendo conhecida atividade letiva até 2007.
No ano letivo 2007/2008 o Professor Agostinho Gomes (Licenciado em
Música variante de instrumento Trompete e variante de Formação Musical
pela Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco e Mestre pela
Universidade de Aveiro), presidente da direção da ACMC, em conjunto com
os restantes elementos da direção, iniciou um projeto inovador visando a
requalificação da ACMC tendo como principal objetivo promover a
revitalização cultural da população de Canedo.
Em 28 de Outubro de 2007 a ACMC iniciou as suas atividades sob o olhar
atento da população apresentando o ideário do projeto e realizando uma
sinopse das atividades passíveis de desenvolvimento, nomeadamente:
-Música: Sopros (flauta transversal, oboé, clarinete, saxofone, fagote,
trompa, trompete, trombone e tuba); Cordas (violino, viola d’arco,
violoncelo, contrabaixo de cordas e guitarra); Teclas (piano e órgão);
Acordeão; Percussão/bateria;
- Canto;
- Formação Musical e Iniciação Musical;
- Dança: Dança Hip-Hop e Danças de Salão;
- Pintura (Atelier)
- Teatro (Atelier).
Nos anos de funcionamento a ACMC encontrou-se sempre intimamente
ligada à cultura da Vila de Canedo promovendo atividades na área da
música nomeadamente, audições, concertos, workshops e intercâmbios
com várias escolas do país, bem como na área da pintura com exposições
dos trabalhados realizados pelos alunos.
Atualmente a ACMC conta com cerca de 40 alunos, sendo que no âmbito
musical alguns destes alunos participaram em vários concursos a nível
nacional angariando diversos prémios, entre eles o primeiro prémio no 1º
Concurso de Trompete da Póvoa de Varzim, o terceiro prémio no Concurso
de Oliveira de Azeméis e diversas Menções Honrosas. Assinala-se ainda que
658
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
diversos alunos da ACMC ingressaram no Conservatório de Música do Porto
e em várias Escolas Profissionais de Música do país.
As atividades desenvolvidas no seio da ACMC são fruto do trabalho de
alunos, professores, encarregados de educação e pais que com o seu
desempenho, auxílio e disponibilidade mantêm viva esta iniciativa, estando
permanentemente empenhados no enriquecimento cultural da vila de
Canedo.
A ACMC conta ainda com auxílio financeiro e logístico da Junta de
Freguesia de Canedo e da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira.
A ACMC localiza-se na antiga Escola Primária de Framil, instalações
gentilmente cedidas pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira.
Doc. 282 - Associação Cultural e Musical de Canedo
Associação Cultural e Musical de Canedo
659
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Canedo Futebol Clube
“O Canedo Futebol Clube é um
clube de futebol português,
localizado na freguesia de
Canedo, concelho de Santa Maria
da Feira, distrito de Aveiro.
Fundado a 20 de Junho em
1984, o Canedo começou por
disputar a Terceira Divisão
Distrital da AF Aveiro na
temporada 1984/1985, e logo no
terceiro ano em que atuou como
clube federado, conseguiu ascender à Segunda Divisão Distrital.
Doc. 283 - Logótipo do Canedo Futebol Clube
Em 1990, o clube acabaria por voltar ao terceiro escalão distrital do
futebol aveirense.
Os anos 90 foram das melhores fases que o clube já viveu. Se em
1990, o Canedo desceu à Terceira Divisão Distrital, dois anos depois, em
1992, já estava a festejar a subida à Primeira Divisão. Duas subidas
consecutivas colocaram o clube, pela primeira vez, no patamar mais alto do
futebol aveirense, mas a "aventura" entre os "grandes" da Distrital só durou
uma época. Foi depois preciso mais quatro temporadas para o Canedo
festejar novo regresso à Primeira Divisão: aconteceu em 1997. Daí em
diante, seguiram-se duas temporadas em que a manutenção no primeiro
escalão foi alcançada com clareza.
A viragem do milénio, com a chegada do ano 2000, trouxe novas
ambições ao Canedo FC, que começou por fazer história na Taça de Aveiro,
e alcançou o quarto lugar na Primeira Distrital de Aveiro na temporada
2000/2001, ficando perto de disputar a "poule" que dava acesso à extinta
III Divisão Nacional.
O clube dava a ideia de que poderia estar interessado em ascender
aos Nacionais pela primeira vez na sua história, e depois de uma temporada
abaixo das expectativas em 2001/2002, na época seguinte assumiu
claramente o objetivo de subir à III Divisão Nacional, não o conseguindo por
dois pontos. Na temporada seguinte, 2003/2004, desejo consumado: o
660
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
Canedo terminou a I Divisão Distrital em segundo lugar, e ascendeu com
justiça aos Campeonatos Nacionais pela primeira vez na sua curta história,
e precisamente no ano em que completou o vigésimo aniversário.
A estreia do clube na Taça de Aveiro ocorreu em 1984/1985, mas só
em 1999/2000, é que o Canedo conseguiu chegar à final: na altura, a equipa
orientada por José Barros, foi derrotada nas grandes penalidades pelo AD
Valonguense, falhando a conquista do troféu. Na temporada seguinte, o
Canedo chegou a nova final e desta feita não perdeu a oportunidade de
conquistar a prova: em Esmoriz, a equipa de Albertino Oliveira, bateu o
Carregosense por 2-1, e venceu a prova pela primeira vez na sua história.
Desde aí, o Canedo não mais conseguiu repetir tais proezas, e em sete das
últimas nove temporadas, contando com a atual, 2015/2016, ficou pelo
caminho após o primeiro jogo que disputou.
O Canedo ganhou direito a participar pela primeira vez na Taça de
Portugal, quando conquistou a Taça de Aveiro. Por isso, na temporada
2001/2002, o clube deslocou-se ao terreno do Portomosense, da III Divisão,
perdendo por 1-0 e não tendo a estreia desejada na prova.
Com a subida aos campeonatos Nacionais, o clube voltou a ter a
oportunidade de disputar a "prova rainha" do futebol português, e em
2004/2005 obteve aquele que é o seu melhor registo: chegou à quarta
eliminatória, onde perdeu com o Leça após o desempate por grandes
penalidades, e já depois de ter afastado Padroense, Oliveira do Bairro e
Aljustrelense. Em 2005/2006, o clube ficou-se pela terceira eliminatória,
mas voltou a fazer história: depois de afastar o Macedo de Cavaleiros e o
histórico Infesta, o Canedo deslocou-se ao terreno do Varzim, na altura a
militar na Segunda Liga Portuguesa.
Os canedenses levaram a partida para o prolongamento, e ficaram
pertíssimo de eliminar uma equipa profissional. A última vez que o Canedo
disputou a Taça de Portugal aconteceu em 2006/2007, sendo eliminado,
fora de portas, pelo FC Marco, depois de ter ficado isento na primeira
eliminatória.
Na época atual de formação a disputarem os Campeonatos Distritais
dos respetivos escalões: Traquinas, Benjamins, Infantis, Iniciados, Juvenis e
Juniores.
661
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
O clube nunca conseguiu obter um título de campeão desde que tem
escalões de formação, algo que aconteceu pela primeira vez na década de
1990. Os treinos e jogos das camadas jovens do Canedo FC realizam-se nos
campos Número 2 e 3 205 do Complexo Desportivo das Valadas.
As cores usadas pelo Canedo FC sempre foram o azul e o amarelo.
Atualmente o equipamento designa-se por uma camisola amarela com
ligeiras riscas azuis na vertical, calções azuis com uma risca amarela na
horizontal, e as meias totalmente amarelas.” 206
Doc. 284 - Estádio das Valadas
205
Os campos de treinos do Canedo Futebol Clube começaram a ser construídos no início do século XX
para apostar na formação do clube e foram inaugurados no ano de 2003.
206
Informações cedidas pelo Canedo Futebol Clube.
662
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
• Clube Tuning de Canedo
O Clube Tuning de Canedo, foi fundado por escritura pública a 31 de
Agosto de 2006 por:
-Bruno Alexandre Marques da Silva;
-Sérgio Manuel Marques Figueiredo;
-Liliana da Silva Rodrigues;
-Hélder Filipe Soares de Melo;
-Hélder Manuel dos Santos Coval;
-Andreia Fernandes de Almeida Coval;
-Alexandra Isabel da Rocha Peixoto;
-Vítor Manuel da Silva Ribeiro;
-Manuel Pinto da Silva Capitão.
Tem a sua sede na Rua de Lobel, freguesia de Canedo.
É um organismo cultural, desportivo e recreativo, sem fins lucrativos,
que se destina a desenvolver o Tuning (fomentar a informação e difusão do
desporto automobilístico, através de publicações gráficas e audiovisuais e
promover provas de desporto de automóveis personalizados) e atividades
similares. 207
207
Informações cedidas pela Junta de Freguesia da União de Freguesias de Canedo, Vale e Vila Maior.
663
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Clube Fúrio Taekwondo de Canedo
O Clube Fúrio Taekwondo de Canedo foi
fundado no ano de 1996 e é uma das associações
que leva bem longe o nome de Canedo.
Com a presidência de Moisés Silva,
apoiada pelo "vice" e treinador Luís Pedro Pinto,
o Clube Fúrio Taekwondo de Canedo tem
amealhado vários títulos a nível Regional,
Nacional e Internacional na modalidade. Para
Luís Pedro Pinto, treinador principal, "O segredo
é a paixão pela modalidade e o trabalho que
desenvolvemos para que cada atleta consiga
evoluir.”
Doc. 285 – Atual Logótipo do Clube
Fúrio
Os atletas têm sido fundamentais, porque com os resultados
conquistados impulsionam outros jovens e cativam-nos para abraçarem a
modalidade que é o taekwondo. O Clube Fúrio de Taekwondo em 2012
tinha cerca de 35 atletas, hoje conta já com 70 atletas em Canedo e uma
filial em Labercos, na freguesia da Lomba, com 15.
A associação está satisfeita pelo trabalho que tem desenvolvido e
com a oportunidade de poder dispor de um espaço para a prática da
modalidade no pavilhão da freguesia.
Tem desenvolvido atividades com os agrupamentos de escolas no
sentido de divulgar a modalidade e vai tentando cativar mais jovens,
sobretudo pelos resultados que têm alcançado. Já tiveram atletas a
participar em campeonatos do mundo e também vários campeões
nacionais no passado ano de 2017.
Atualmente, têm a maior representação na Seleção de Portugal, três
atletas no mundial de Juniores, atletas no pré-olímpico da Juventude e dois
atletas no Projeto Esperanças Olímpicas.
Realizam um dos eventos mais apreciados na freguesia de Canedo e
arredores, chamado “Open Internacional de Canedo Taekwondo”.
664
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
Trabalham arduamente com o sonho de conseguirem mais
participações a nível Internacional e trazer para a terra de Canedo medalhas
internacionais e Olímpicas.
No dia 8 de Dezembro de 2018, o Clube Fúrio renovou a sua imagem,
apresentando assim, o seu novo logótipo e os seus novos equipamentos,
tornando-se, cada vez mais, uma referência no desporto a nível nacional e
intencional.
Doc. 286 – Clube Fúrio Taekwondo de Canedo
Doc. 287 - Antigo Logótipo do Clube Fúrio Taekwondo de Canedo
665
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Clube de Canoagem de Canedo (extinto)
O Clube de Canoagem de
Canedo, foi fundado a 13 de
outubro de 2002 pelo Sr. Nelson
Sousa e Silva. Realizou várias vezes
o Abril/Maio desportivo.
Era um clube que apostava
na formação e chegou a realizar um
concurso de montanhismo
"Survivor 2004”.
Após terem assimilado
noções de defesa pessoal, escalada,
planeamento de missões e eventos, Doc. 288 - Clube de Canoagem de Canedo
caminhadas e acampamentos, entre muitos outros aspetos, e terem estado
no terreno, os jovens decidiram marcar, com uma cerimónia, um passo
importante.
Até porque o curso podia ser crucial para, no futuro, darem apoio ao
clube de Canedo, ao nível de colaboradores e monitores especializados nas
diversas técnicas de montanhismo, socorro e sobrevivência.
Núcleo de meio ambiente, montanhismo, canoagem e futebol
feminino. A partir daqui tudo poderia no acontecer no clube, como Rappel,
escalada, slide, montanha acima, montanha abaixo, rio acima, rio abaixo, o
Clube de Canoagem de Canedo não parava.
Ao todo eram 89 sócios, pagantes e não pagantes, com idades
compreendidas entre os sete e os sessenta e cinco anos.
Aos poucos as atividades foram diminuindo e o Clube de Canoagem
de Canedo acabou por fechar portas no ano de 2013.
666
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
• Conferência S. Vicente Paulo de São Pedro de
Canedo(extinta)
A Conferência Vicentina de Canedo, foi fundada em 1996.
A ação vicentina procura ser a resposta oportuna para cada situação de
sofrimento ou pobreza. Preocupa-se com a promoção do homem na
sociedade através de um sentimento de afeto e respeito pela dignidade de
cada pessoa, da oferta de amor, a que todos têm direito, da compreensão
e recetividade a uma confidência ou a um desabafo, um conselho com uma
palavra amiga, um olhar carinhoso, motivos de fé e de esperança.
Doc. 289
Estandarte
- Estandarte
da Conferência
da Conferência
Vicentina
Vicentina
de Canedo
de Canedo
667
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Cruzada Eucarística das Crianças da Igreja de S. Pedro de
Canedo(extinto)
A Cruzada Eucarística das crianças foi fundada em 1916 pelo Papa Bento
XV, e chegou a Portugal em 1921. Era a secção infantil do Apostolado da
Oração – uma piedosa união de meninos e meninas de todo o mundo
católico, que pretendia alcançar a conversão das nações e a restauração
cristã da sua pátria.
Chamava-se Cruzada porque, à semelhança dos guerreiros antigos que
foram ao Oriente combater os infiéis e libertar os Lugares Santos,
procurava libertar as almas e as nações do jugo do demónio, para que nelas
só reine Jesus Cristo. Eucarística – porque a sua grande arma de combate
era a Comunhão frequente.
O grupo das Crianças da Cruzada Eucarística participava nos encontros e
nas festas religiosas.
A Cruzada Eucarística das Crianças, chegou à Paróquia de São Pedro de
Canedo por volta da década de 30 e acabou por volta dos anos 65.
Doc. 290 Grupo - Grupo Cruzada Cruzada Eucarística Eucarística das Crianças das Crianças da Igreja da Igreja de São de Pedro São Pedro de Canedo de Canedo
668
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
• Grupo Recreativo e Cultural de Canedo(extinto)
O Grupo Recreativo e Cultural
de Canedo, foi acima de tudo, um
movimento estudantil, que nas
férias escolares, resolvia fazer
teatro nas instalações do Salão
Paroquial, por volta do ano de
1969.
Foi fundado oficialmente a 27
de Março de 1975, com escritura
pública de constituição subscrita
por António Pereira da
Conceição, Jorge Magalhães e
Fernando da Silva Baptista.
Doc. 291 – Logótipo do Grupo Recreativo e Cultural de Canedo
Chegou a atuar fora da freguesia, e, em Canedo, as suas exibições
registavam sempre um elevado número de público. Pelo Natal e Carnaval,
chegaram a fazer pequenos teatros infantis para as crianças.
De entre muitas atividades, organizaram um torneio de Futebol e
fundaram um Jornal próprio, “A Voz de Canedo”, que teve como seu
primeiro Diretor, Jorge Magalhães; subdiretor Manuel Ferreira e Chefe de
Redação Joaquim Pinto. Era um jornal de periodicidade mensal, a sua
primeira edição saiu em Janeiro de 1975 e a última em Março de 1977.
Com o desaparecimento do jornal, começou-se a ver o fim do Grupo
devido às divergências insanáveis com o pároco, dificuldades na utilização
do Salão Paroquial (onde era a sua sede) e a hostilidade por parte de alguma
população. Em embrião no grupo, chegou a estar uma secção de folclore,
aproveitando os conhecimentos de Fernando Pinho, discípulo do grande
poeta e folclorista Pedro Homem de Melo.
O Grupo Recreativo e Cultural de Canedo era um todo, destacando-se
pelo coletivo, onde todos faziam um pouco de tudo. Difícil é deixar de
destacar entre todos, Marinho Santos que, para além de ensaiador, era o
“chefe” a que todos obedeciam. Grupo Recreativo e Cultural de Canedo foi
extinto definitivamente no ano de 1996, sendo hoje uma memória.
669
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 292 – Primeiro Jornal “A Voz de Canedo) – Ano de 1975
Doc. 293 – Pessoal do Teatro do Grupo Recreativo e Cultural de Canedo
670
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
• Grupo Cénico de Canedo (extinto)
O Grupo Cénico de Canedo foi fundado em 1978, surgindo da junção de
meia dúzia de ideias que lançaram as bases para o início da caminhada.
Como primeiro mentor esteve Manuel Alexis que juntamente com, José
Ribeiro da Rocha, Mário Luís, Rosa Vieira, Manuel Vilela, Amílcar e Emídio
formaram a primeira Direção.
Desde o início e durante alguns anos, o Grupo Cénico desenvolveu a sua
atividade no Salão Paroquial.
Mais tarde, por razões alheias à vontade de todos os seus elementos, o
Grupo saiu destas instalações. Felizmente foi possível contar com a
colaboração de vários dos seus elementos, nomeadamente do Sr. Manuel
Francisco, Sr. Nelson de Sousa e familiares para instalar os seus haveres e
aí ir ensaiando.
Esta situação perpetuou-se durante vários anos A razão de ser e os
objetivos pretendidos, com a formação do Grupo, foram juntar os jovens e
proporcionar nas instalações da convivência sã, realizar diversas atividades
e divertimentos de índole cultural tais como leituras diversas (jornais e
revistas culturais) espetáculos, festas religiosas e profanas jogos lícitos e
outras atividades desportivas e recreativas.
O espírito de fraternidade foi-se construindo e outros jovens foram
sucessivamente aderindo ao projeto.
A atividade que logo no começo se impôs, foi a música. Para isso, muito
contribuiu a vocação musical de alguns dos elementos. Contudo, é de
realçar o papel essencial desenvolvido pelo Sr. Manuel Francisco na criação,
liderança e organização da atividade musical.
Com ela surgiu a ideia de se fazerem espetáculos, que agregou dezenas
de artistas da freguesia e de fora dela. Foi nesta altura que o Grupo Cénico
teve a colaboração do já saudoso Sr. Orlando Silva das Caldas de S. Jorge.
Na verdade, o Grupo pôde aproveitar a sua experiência, na
apresentação dos artistas, a arte de leiloar, a subtileza de sorrir e brincar
em palco, a arte cénica, etc. O primeiro espetáculo teve como músicos o Sr.
Manuel à viola e o Manuel "Ceguinho" de Lobão ao acordeão.
Com o decorrer do tempo o Grupo Cénico foi adquirindo alguns
instrumentos musicais; órgão, violas, aparelhagem de som, bateria, entre
671
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
outros, que permitiram pôr em prática, as aptidões de vários dos seus
elementos, para a música.
Nesta fase, o Grupo Cénico, teve a colaboração do Sr. Fernando
"baterista" do Ferradal que com a sua experiência, ajudou o Grupo a
melhorar qualitativamente as suas representações.
Desde então, inúmeros espetáculos foram realizados, na freguesia, com
notável interesse das pessoas, motivando ainda mais o Grupo para esta
atividade, e em terras vizinhas onde a presença do Grupo Cénico foi várias
vezes solicitada, contribuindo para dignificação e divulgação da freguesia.
Houve mesmo contacto e entrevistas com rádios e jornais que contribuíram
para transportar para além "fronteiras", Canedo.
Realizavam Festivais da Canção para os "pequeninos" e para os jovens.
Mais tarde o Grupo participou, com vários elementos, num festival da
canção organizado pela Lourocoop. Regista-se o 2º lugar conseguido neste
festival. Para além da música, outras atividades existiram: Teatro,
manifestações desportivas, criação de um pequenino jornal.
Efetivamente, algumas peças de teatro foram realizadas no Salão
Paroquial de Canedo, que tinha condições excecionais para o efeito, mais
uma vez com a preciosa colaboração do Sr. Orlando Silva. No campo
desportivo, o Grupo Cénico teve a sua equipa de futebol, que participou em
vários torneios, sempre com presenças dignificantes.
O gosto pelo desporto era notório na maior parte dos elementos, o que
contribuiu, sendo mesmo o embrião, para a criação do atual Canedo
Futebol Clube.
Pondo em prática uma das ideias que vinha desde muito cedo, em 1984,
criou-se o “Reflexão”, pequeno jornal com periodicidade bimestral, que
teve como principal responsável José Vilela.
Era o fórum onde se faziam algumas reflexões sobre temas da
juventude e os problemas típicos desta fase da vida.
Reflexões sobre a nossa terra e interesses comunitários eram outros
dos temas focados. Jornal de grande interesse local e pretendia que fosse
o alicerce de um projeto maior, mas que por falta de maior número de
colaboradores e apoios financeiros, acabou por se tornar inativo.
672
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
Por fim, depois de algum tempo, o Grupo Cénico conheceu um período
de menor atividade, o que acabou por ditar o seu desaparecimento em
2004. Hoje, o Grupo Cénico é uma saudade.
Doc. 294 - Logótipo do extinto Grupo Cénico de Canedo
673
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Reino da Folia – Associação Juvenil
A Associação Juvenil Reino da Folia foi fundada a 4 de Abril de 2012 por
Raul Correia Colaço e José Manuel Oliveira Baptista. Está situada na Rua
Principal, freguesia de Canedo.
A associação tem como fim:
-Promover a criação, a experimentação, a inovação e desenvolvimento
da dança, da música e do teatro nas suas mais vertentes, quer como parte
integrante da formação pessoal, designadamente artística e humana, quer
como instrumento privilegiado de integração familiar social; desenvolver a
aptidão dos jovens para a cidadania;
-Desenvolver a cooperação e a solidariedade entre os jovens na base da
realização de iniciativas culturais, sociais, recreativas, lúdicas e desportivas;
-Promover o debate e a difusão de notícias e informações relativas à
juventude; organização de eventos.
Doc. 295 - Logótipo da Associação Juvenil - Reino da Folia
674
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
• Rancho Folclórico “As Lavradeiras de Rebordelo” (extinto)
Tudo começou no ano de
1969, depois de um brilharete
conseguido na sede da
Freguesia, numa apresentação
por lugares, dos dançares,
cantares e trajes
característicos de cada um
deles, a convite do Pe. António
Regal.
Foi então no largo da
Capela de Nossa Senhora da Doc. 296 - Rancho Folclórico “As Lavradeiras de Rebordelo”
Piedade e nas representações
dos tempos idos de Rebordelo que começou a germinar na cabeça de
algumas pessoas do lugar, a formação de um rancho.
A 22 de Julho de 1972, é fundado o Rancho Folclórico “As Lavradeiras de
Rebordelo”, mais tarde com sede própria, inaugurada a 10 de Julho de
1993, na aldeia de Rebordelo, pertencente à freguesia de Canedo, concelho
de Santa Maria da Feira e à região Douro Litoral.
O Rancho " As lavradeiras de Rebordelo" era composto por cerca de 42
elementos de diferentes idades, respondendo à necessidade e ao objetivo
de recolher, divulgar e preservar as tradições seculares da sua região, as
Terras da Feira, nomeadamente a sua identidade ancestral os traços
vincados da ruralidade e a forte riqueza etnográfica, que se vai perdendo
ao longo dos tempos.
O reportório é de cariz popular, destacando-se as danças tradicionais
como a Rusga, Verdegar, Rebela, Tirana, Viras, Senhor da Pedra e o
conhecido Vira da Desfolhada à moda antiga.
Nas suas atuações, podemos apreciar os trajes de finais do século XIX
e início do século XX, como o do lavrador, a ceifeira, o traje de feira,
lavradeira rica, traje de domingar, de festa, e outros trajes típicos da região,
que ilustram usos e costumes como a matança do porco, a Desfolhada, as
festas e romarias, etc.
675
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Os principais elementos da tocata são as concertinas, a viola e o
violão, os cavaquinhos, o bombo, o acordeão e os ferrinhos.
Para além de terem participado em diferentes festas, convívios e
Festivais de folclore do Minho ao Algarve, como também no país vizinho,
organizavam, em Rebordelo, o seu próprio festival e outras atividades
culturais. Editou algumas gravações do seu vasto reportório.
O Rancho Folclórico" As lavradeiras de Rebordelo" estava filiado no
INATEL.
Doc. 297 - Rancho Folclórico “As Lavradeiras de Rebordelo”
676
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
• Rancho Folclórico São Pedro de Canedo
O Rancho Folclórico São
Pedro de Canedo foi fundado
numa brincadeira de Carnaval
a 2 de março de 1976 por
Albertino da Silva Lopes, Maria
da Conceição Fernandes
“Pasteleira” e o seu filho
António. O primeiro ensaiador
era de Vila Maior.
De seguida, e só durou três
anos mais, estiveram à sua
frente, entre outros, Fernando
Moura e Manuel Alexis.
Passados oito anos de interregno na sua atividade, por escritura pública
a 15 de Dezembro de 1992, o Rancho São Pedro de Canedo voltou aos
palcos com a presidência de Manuel Alexis, para apresentar as danças e
cantares tradicionais da Vila de Canedo.
Atualmente, presidido por José Silva, o grupo é constituído por cerca de
50 elementos. É de notar nas suas apresentações a pesquisa elaborada em
tradições culturais das Terras de Santa Maria e da Região Douro Litoral.
Tem no seu currículo, atuações de norte a sul do país bem como no
estrangeiro: em Espanha, Suíça e França, esteve no programa televisivo "
Olha a SIC", fez três gravações comerciais e tem participado em diversos
Festivais de Folclore, Festas e Romarias. É organizador de um festival
Nacional e Internacional, que já vai na 30ª edição.
Os trajes que o rancho utiliza são os lavradores ricos e médios, de
campo, de ir à missa, de domingar, de peixeira, de leiteira, de pescador e
de ceifeira.
A tocata é composta por acordeão, concertina, violão, cavaquinho, viola
burguesa, bombo, ferrinhos e reque-reque.
Os números mais representativos são:
Doc. 298 – Rancho Folclórico São Pedro de Canedo
677
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
-Rusga de Entrada;
-Vira dos Barqueiros;
-Vira dos Namorados;
-Vira Velho;
-Vira Valseado;
-Vira da Sra. Da Piedade;
-Verdega;
-Fado;
-Tirana;
-Velho.
O Rancho Folclórico de São Pedro de Canedo tem contribuído para o
engrandecimento e divulgação do Folclore de Terras de Santa Maria da
Feira, levando assim bem longe o nome da nossa terra a que nos honrámos
de pertencer.
Depois de ter passado pelo Centro Social e pelo Salão Paroquial, o grupo
folclórico tem sede própria no Pavilhão Gimnodesportivo de Canedo.
O Rancho Folclórico São Pedro de Canedo é associado do INATEL e com
alegria continuará a cantar e a dançar, apresentando as suas ricas tradições
culturais.
Doc. 299 - Rancho Folclórico São Pedro de Canedo
678
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
• Rancho Folclórico “As Ceifeiras de Canedo” – Associação
Cultural e Recreativa
O Rancho Folclórico “As
Ceifeiras de Canedo” foi fundado
por escritura pública a 14 de
Dezembro de 1996.
Como todos os grupos de
folclore da freguesia de Canedo,
representa as Tradições culturais
das Terras de Santa Maria e a
região Douro Litoral.
Presidido por Mirita Lacerda,
atualmente o grupo é composto
por cerca de 40 elementos de diferentes faixas etárias e, em tempos
remotos, já levaram os seus trajes, danças e canções a vários cantos do país.
As festas reduziram, mas “As Ceifeiras de Canedo” continuam a ensaiar
com o mesmo fervor dos outros tempos. Todos os sábados à noite, a
associação abre portas da sua sede para a comunidade ver dançar os muitos
jovens que integram o rancho.
Os trajes que o rancho utiliza são os lavradores ricos e médios, de
campo, de ir à missa, de dominar e de Ceifeira. Tem vários números dos
quais se destacam: Rusga de Entrada, Senhora da Piedade, Vira Picado, A
Cana do Tira e Mete, Vira da Meia Volta, entre outros. O Rancho Folclórico
“As Ceifeiras de Canedo” não é associado do INATEL e ao longos dos
tempos, tem projetado a cultura das Terras da Feira e das Terras de Canedo,
engrandecendo assim o folclore.
Doc. 300 - Rancho Folclórico “As Ceifeiras de Canedo”
679
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• Sociedade Columbófila de Canedo (extinta)
A Sociedade Columbófila de Canedo foi fundada a 8 de Agosto de 1988
por Francisco Marques, Manuel Gomes da Silva, Luis Lopes dos Santos e
Américo Reis.
Participavam em vários concursos columbófilos, e mantinham sempre a
alegria e o espírito de convívio.
Quanto a resultados, estavam dentro da média das restantes
associações, angariando alguns prémios.
A associação tinha a sua sede na sala número três do Pavilhão
Gimnodesportivo de Canedo, chegou a ter 30 associados, mas com a crise
económica e o elevado custo que a Columbofilia acarretava, o número
começou a diminuir, tendo em 2012 certa de uma dezena de associados.
Passado pouco tempo, a Columbófila de Canedo acabou por cair na
inatividade.
Doc. 301 - Pombo Correio
680
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
• Tuna/Grupo Musical de S. Pedro de Canedo(extinta)
Falar do Grupo Musical de Canedo, é falar da Tuna, nome pelo qual
sempre conhecido. Foi por volta do ano de 1958, que os primeiros acordes
se começaram a ouvir, quer por gente de Canedo, quer por gente de outras
freguesias vizinhas.
Foram mesmo de Gião os principais impulsionadores, os irmãos, Arlindo,
Francisco e Aristides Marques além de Augusto e José Moreira, mas outros
colaboraram como: M. Santos e seu filho de Lobão, Albertino e Francisco
Lopes Duarte, José Pais da Freguesia de S. Vicente de Louredo, Agostinho e
Carlos Morais, Adérito Alves, etc.
A fundação oficial da Tuna deu-se a 19 de Março de 1950, com uma
direção presidida pelo Dr. Alexandre Pais Moreira, secretariada por José
Fernandes Robalinho e na tesouraria Alberto da Silva Barbosa. Fez a sua
primeira apresentação no dia 25 de Maio de 1950 sob a Direção do Padre
David Pereira Coelho pelas festas de S. José. Nesse dia, estreou uma
bandeira oferecida pelo Sr. Paulo Valente que residia na América do Norte.
Nesta altura, tinha 28 elementos.
Foram tempos áureos os que se seguiram, com a Tuna a ser
constantemente solicitada para abrilhantar as festas espalhadas por todo o
norte português. Como todas as associações, teve as suas recaídas, tendo
entrado em inatividade e sendo erguida uma vez.
José Campos de Grijó foi o primeiro maestro, mas muitos outros
passaram por lá, Sância de Sandim, José Alves Pereira de Argoncilhe, José
Marques de Argoncilhe, entre outros.
A sua sede foi primeiramente na Casa dos Mordomos, hoje o local dos
WC junto à Igreja Paroquial, e posteriormente no Salão Paroquial.
Passado muito tempo em atividade, já pouco restava à associação e
então na última Assembleia Geral, dia 7 de Julho de 1975, com a presença
de um sócio, os elementos da Direção, presidida por Manuel Pereira, a
Assembleia Geral por Jorge Magalhães, secretário Joaquim Moreira e
tesoureiro Francisco Mota, pediram a demissão argumentando, a seu favor,
com as dificuldades criadas para o completo desempenho dos seus cargos ,
constatando que a continuação à frente dos destinos da coletividade,
681
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
apenas serviria para aumentar as divisões e as dificuldades, a que se juntava
um desinteresse total dos sócios pelos problemas da Tuna.
Assim rezava a ata de demissão.
Com a extinção do Grupo Musical, o instrumental, algum dele valioso,
ficou nas mãos de antigos elementos e a maior parte depositado no Salão
Paroquial a deteriorar-se.
Até aos dias de hoje, mais ninguém levantou uma das primeiras
associações a ser fundada na Freguesia, sendo hoje mais uma memória a
recordar no futuro. 208
Doc. 302 - Estandarte do Grupo Musical S. Pedro de Canedo
208
Informações recolhidas de um artigo sobre Cultura e Associativismo do Jornal “A Voz de Canedo” de
Jorge Magalhães.
682
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
Doc. 303 – Tuna/Grupo Musical de São Pedro de Canedo
Doc. 304 - Tuna/Grupo Musical a atuar na Rua da Igreja em Canedo
683
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
• VH Team Fighters
O Clube VH Team Fighters foi fundado a 31 de Maio de 2014.
O primeiro espaço da equipa, liderada por Vítor Hugo, foi em Lourosa,
no Centro Recreativo dos Malmequeres. Depois começou a dar aulas num
ginásio em Canedo (Sem Calorias), acumulando as duas funções.
Contudo, num período de cinco anos a equipa e o seu líder viram-se sem
local para treinar. Centro Recreativo dos Malmequeres foi alugado para
outro efeito e ficou só em Canedo, mas era um espaço pequeno e os
horários eram curtos.
Foi em conversa com um amigo, Hélder Vidinha, dono de uma clínica
dentária no piso de cima do Clube VH Team Fighters, que surgiu a
possibilidade de deslocar a equipa para o atual espaço, situado na Rua da
Capela, em Canedo.
Já foram, pela primeira vez, a um campeonato regional. Conseguiram
trazer dois campeões (Henrique Neves e Dylan Gonçalves), um vicecampeão
(Miguel Martins) e um terceiro lugar (Tiago Oliveira). Com os
resultados alcançados foram os quatro apurados para o Campeonato
Nacional de Kickboxing. Participaram no campeonato do Mundo em
Inglaterra, na qual, o atleta Mateus Pereira conquistou a medalha de
Bronze.
Resultados que não seriam possíveis sem ajuda de alguns parceiros, a
quem o dono, Vítor Hugo, do clube faz questão de agradecer como à
NexGym, Bruno Santos e Nuno Albergaria.
Atualmente tem cerca de 50 atletas inscritos, sete em competição e os
restantes apenas para manutenção, com uma média de 16 ou 17 a treinar
diariamente. Começaram com 12 atletas, mas no primeiro mês quando
abriram este espaço passaram logo para os 23.
O número de inscritos tem crescido sempre, o que se deve, segundo o
treinador, ao excelente grupo que tem.
Organizaram um excelente evento, no Pavilhão Gimnodesportivo de
Canedo, que teve um enorme sucesso, o “WARRIORS NIGHT KICKBOXING”,
na qual, Vítor Hugo foi campeão.
684
[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)
Doc. 305 - Emblema do Clube VH Team Fighters
Doc. 306 - Clube VH Team Fighters
685
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
686
[Capítulo XX](Notas/Referências)
[Capítulo XX]
(Notas/Referências)
687
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
688
[Capítulo XX](Notas/Referências)
• Notas e Referências a cerca da Freguesia de Canedo
1. Venda de Rodrigo Gonçalves a Maria Pais dois Casais em Framil
(Canedo, Feira) e outro em Cucujães (Oliveira de Azeméis), Março
de 1219:
“In Dci nomine. Hee est carta due iussit facere ego Itodericus Gunsaluiz
uobis domna Maria Pelagii de heredita[te] urea propria qutr, habco in uilla
de Framir scilicet casalia in quo morabatur Marlinus de Prado et a Itero
quod ego comparaui de Cucugias quod dedit mews pater pro sun anima Iwo
precio quod de uobis accepi morabitinos quias tantum nobis et uobis belie
complacuit. Quod si aliquis homo uenerit qui hoc factum mum irrumpere
quesierit parict ipsam hereditatem duplatam tie] triplatam et quantum
fuerit metioralam et domino rege C morabitinos. Qui presentes fuerunt et
uitlertml: abbate de Canedo. Pro testibus: Domi-nicus monacus ts., Petrus
Saltutdoriz ts., Menendus Laudu ts., Menendus Petri ts... Gunsaluus
notauit.”
2. Sentenças das Inquirições de D. Dinis, ano de 1288:
Nestas Inquirições, existe a referência à Paróquia de São Pedro de
Canedo como também às freguesias de São Vicente e Louredo.
“ 209 De parrochia sancti petri de canedo et sancti uincenti
Domingos Iohannes de Canedo jurado e perguntado sse en esta
ffreegessia há cassa de Caualeyro ou de dona que sse defenda por honrra
disse que no logar que chamam a huma cassa de Johanne da Teyxera e disse
que a uiu sempre onrrada e disse ajuda que este logar da mata (Mota) jaz
no que os caualeyros chamam couto de Louredo, mays louredo jazen outra
ffreegessia e a majaz en outra e (en)este logar da Mata soía (costuma)
entraro porteyro da feyra e penhoraua hj e uijam (vinham) per ante o juiz
da feyra e foy ia tempo que leuaram ende o omezio da feyra e ora ia nom
oussa ala entrar o proteyro nem ousa ala ir as testemoynhas com sseu
moordomo aue penhore e fazem ende onrra e nom querem hir ao juízo da
feyra. E na ffreegessia de san Vicente que he soffragaya de Canedo iaz
209
Podemos encontrar este documento no livro: SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO CONCELHO DA FEIRA,
por David José Azevedo de Almeida, págs. LXVII-LXXI.
689
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Louredo que chamam os caualeyros couto eeste que chamam couto iazem
estas aldeyas conuem a saber a mata e san Vicente e louredo e uila seca
Toseyro e parada e lorendio e o vale e pessegeyro e ffereyraa e sagufo e
Reuordelo e moesteyro e santa ouaya e porto novo e Bisthança todos estes
logares costrenge esse juiz que os caualeiros metem que nenhuma
perantele a sseu juízo e todos estes logares soíam uijr a juízo da feira e en
todos estes logares soía entrar o porteyro da feira e penhoraua hj e ora
tragem hj sseu moordomo e no oussa ala hir o porteyro da feyra e sse por
uentura ala uay nom pode auer testemoynhas que comel uaam e steuam
lorenço quisse preeder o juiz que hj andaua e fugioulhj e esta onrra faz
Johanne da Teyxeyra e Martin bubal e Steuam Rodriguez e outros filhos
dalgo e esta onrra de telhorem (sic) ende o porteyro e de meterem hj e o
juiz foy ora nouamente de tempo del Rey don Affonsso padre deste Rey e
disse que do logar que chamam a mata que iaz e esto que eles
chamamCouto dan al Rey três moyos de pan e capoens do sseu Regueengo
e deste que chamam couto de louredo destas aldeyas ende dan al Rey pan
e outros dereytos e chamam eles couto de louredo e por couto o tragem
eles mayas disse este testemoynha que nom sabia sse era couto sse nom
mays hos caualeiros chamam no por couto. preguntado sse este couto ou
onrra foy feyta por el Rey disse que nom que o el soubesse. preguntado de
que tempo foy feyto este couto ou onrra disse que o nom sabia
Item disse que esta freegesis de Canedo no logar que chamam pascçoo
(Paçô), soya hj entrar o moordomo da feyra saluo en huum casal que foy de
paay gonçalues en que criaram dona orraca fernandiz e ora nouamente fez
ende Johanne da teyxeyra/a (sic) a que nom oussa ala entrar o moordomo
por penhora hj o por teyro e peytam ende a uoz e cooimha mays tolhe ende
o mordomo e faz onrra de vij casaes que hj há e esta honrra foy feyta de
tempo del Rey don Affonso padre deste Rey e sseu padre de Johanne
Teyxera cometeu ia a ffazer esta onrra de paacçoo e foylhj dando cima
Johanne da tejxera.
Item disse que no logar chamam fflamir (Framil), há huma casa de
Sancha perez de moeçelos e disse que a non (sic) onrrada dos seus dias e
disse ainda que trage toda essa aldeya de flamir por onrra que nom entra
hj moordomo mays entra hj o porteyro e penhora hj e leuam ende a uoz e
a cooimha e o homezio mays no (sic) entra hj moordomo e tragem por
onrra. Preguntado sse esta onrra foy feyta por el Rey disse que nom que o
el soubesse preguntado de que tempo disse que o nom sabia sse nom que
690
[Capítulo XX](Notas/Referências)
o uiu assi hússar e nom e nom (sic) sabia por que Razom e disse que en todo
o al da freegesia de Canedo entra o moordomo da feyra.
Pêro perez de Canedo Pêro Martinz de Canedo Johannedomjnguiz de
Canedo / Domyngos perez de vilares Domjngos beeytiz
Todos jurados e preguntados disserom en todo comme domjngos
johanne de suso dicto. E creença he de todos estes homens e de outros que
el Rey muyto guanado (sic) esto que chamam Couto de Louredo 210 e ssa
creença he que nom he couto que nom podria tan gran cousa seer couto.”
3. Sentenças das Inquirições de D. Dinis, ano de 1290:
Nestas Inquirições, D. Dinis refere-se à Freguesia de “Sam Pedro de
Canedo e de Sam Vicente”. Pelas primeiras vezes, aparece lugares das
freguesias, como Mota, Vila Seca, Parada, Rebordelo, etc.
“Item freguesia de Sam Pedro de Canedo e de Sam Vicente. E no logar
que chamam a Mota ha hTha casa de Joham de Teixeira e dizem as
testemunhas que a virom honrradas des que se acordam e est provado que
em este logar da Mota soya entrar o porteiro da Feira e penhorava by e
hiam perante o juiz da Feira e fora ja tempo que os da Feira levarom ende
omezio e ora Joam de Teixeira trage-o por honra e mete hy seu moordomo
pero dam ende a el Rey de seas regueengos que by jazem tres modios de
pam e cap5oes e nom quer Joham da Teixeira que yam ende juizo da Feira
nem leixa hy entrar porteiro. E dizem as testemunhas que en a freguesia de
Sam Vicente que he sofraganha de Sam Pedro de Canedo sobredito jaz
Louredo que chamam os cavaleiros por couto e en esto que chamam couto
jaz a freguesia da Mota e Sam Vicente e Lourede e Villa Seca e Toseira e
Parada e Lourediom e o Vale e Pessegueiro e Ferreiroo e Sam Gulfo e
Revordelo e Moesteiro e Santa Ovaya e Porto Novo e Bestance e em todos
estes logares he provado que entrava hy a penho-rar o porteiro da Feira e
hiam ende ao juizo do juiz da Feira. E des tempo d'el Rey Dom Afonsso
padre deste Rey Estevam Buual e Joham da Teixeira e Estevam Rodriguiz e
outros filhos d'algo fezerom ende honra e meterom by seu juiz e seu
210
Monografia de Louredo. A. Freitas. “Couto, palavra que deriva directamente da palavra latina
"CAUTUS"do verbo"cavere”, -defender, querdizerdefendido, protegido. (Vid. Memórias da Academia
Realde Ciências, vol. 1, págs. 110) (..) Couto era, por conseguinte, uma determinada área e terreno,
limitada por autoridade real, com certos privilégios, isenções, justiça própria, pagando determinadas
pensões ao Rei, (Senhorio directo). Mutatis mutandis, era uma espécie de emprazamento enfitêutico,
com regalias.
691
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
moordomo e tirororom ende o porteiro e nom yam ende ao joizo do joiz da
Feira e todos estes logares elles chamam por couto de Louredo pero dizen
as testemunhas que sa creenca he que nom he couto ca tam gram cousa
como esta nom podia seer couto e fiestas aldeyas que elles chamam coutos
dam a el Rey porn e outros dereitos mais nom dizem as testemunhas
quaaes. En todos estes logares de suso ditos entre ho porteiro d'el Rey e
yam ende ao juizo do juiz da Feira e nom tragam hy os filhos d'algo juiz nem
moordomo.”
4. Ultima Pars Libri Primi, Folha CRIIIJ, Arcediagado da terra de Santa
Maria:
“Monasterium Sancti Petri de Canedo
XX bracalia.
De cera duas libras.
De censsu. Cc. Morabitinos. Ueteres. Quy ffaciunt. CC. LXX. Libras et sunt
capituli pro ad gloriam.”
“Capella. Sancti de Varzea.
De cera. Media libra.
De mortuarijs. XX. Sólidos.
De auena unum quartarium.
De milio. Unum quartarium.”
5. O Censual da Mitra do Porto, A diocese do Porto no século XVI,
Folha 44.v:
“Item a igreja ou Mosteiro de Sam Pedro de Canedo vesitaçam inteira
que são quinhemtos çimquenta e sete reis e meo e mais pagua com Parada
e Varzea por çera taxaçam e imposição trezemtos e seseta e çimquo rs. que
sam por todos …”
“Item da mais o dito Mosteiro de Canedo por dias de sam Romão
çemto e ssemta e oito varas de braguall a doze rs. a vara em que momta
dous mil e dezasseis rs. …”
692
[Capítulo XX](Notas/Referências)
6. Donatio Monasterii santi pectri de Canedo…. Censual, pág. 317 e
318, Livros nºs 806, 753 ou 31 das sentenças:
“O Censual do cabido da Sé do Porto e dos quatros mais notáveis
cartulários de Portugal, coligido Por João a Guarda, raçoeiro do Cabido.
Data do Século XIV ou XV e é chamado Censual por conter a relação das
censorias que as igrejas e mosteiros pagavam à catedral.
O mosteiro de Canedo pagava 20 bragis, 2 libras de cera e o censo de
200 morabitinos velhos.”
7. Concessio Conventus Monasterri de Canedo supra ordinationevel
anexatione. Censual, pág. 318-320:
“Uma carta de D. Dinis de 1295, confirma outra de D. Afonso de 1212
pela qual determina que o abade de Canedo só pague sete medidas, por
justa medição, dos bens reguengos pertencentes ao Mosteiro.”
8. Donatio Domini episcopi Geraldi facta capítulo de Monasterio de
Canedo. Censual, pág. 320-321:
“Neste Capítulo, falasse que haveria missas diárias com as seguintes
aplicações: uma por D. Dinis, outra por D. Dinis e bispo e duas em louvor de
deus e Nossa Senhora. Depois da morte de El-Rei e de D. Geraldo seriam
celebradas duas missas de Réquie, por todos os seculos (cumctis
temporibus saeculorum). “
9. Confirmatio Monasterii de Canedo ad presentationem capituli
portugalensis. Censual, pág. 322:
“O mosteiro pagaria ao cabido o censo anual de 200 maravedis velhos
da moeda portuguesa.”
10. Capellano vestro obedientiam et reverientiam exibentes.
Confirmation capellaniae Monasterii santi petri de Canedo.
Censual, pág. 323.
Do Corpus Codicum, Volume I, pág. 524, constam as notas seguintes
sobre inquirições nos julgados de Fermedo e da Feira.
693
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
“… Sam Pedro de Canedo e de Sam Vicente que lhe sofreganha de
sam pedro. E a freguesia da Mota e sam vicente de Louredo e o ualle
pessegueyro e ferreiros e sam glufe e rreuordello (Rebordelo) e Mosteiro
Sam Jorgio (São Jorge). San mamedi de guisandy (São Mamede de
Guisande). Sancti Isidro de rromariy (Santo Isidro de Romariz) e sam
mamedi de vila mayor (São Mamede de Vila Maior) e a aldeya de Cedofeita.
Santa Maria de feaaes (Santa Maria de Fiães), santiago de lobom (São Tiago
de Lobão). Item o logar que chamam paaçoo (Paçô).
Item a aldeya que chamam bretal Sam salvador de fornos (São
Salvador de Fornos), Sam Miguel de duas Egreias (São Miguel de Duas
Igrejas). Sancto andre de Joyam (Santo André de Gião), Sam Martinho de
dragoncelhe (São Martinho de Argoncilhe).”
11. Unio sive Anexation Monasterii de Canedo decanatui
portugalense. Censual, pág 324 a 328. Arquivo do cabido, livro
806 e 84 das sentenças.
12. Livro 806 ou 84 das Sentenças, no Arquivo Do cabido, muito
importantes e quase todo contêm documentos relativos ao
Mosteiro de Canedo:
“Em 1457 houve uma ordem religiosa regia pela qual se examinou na
Torre do Tombo quais eram os casais do Mosteiro de Canedo que deviam
de pagar foro ao Castelo da Feira.”
13. Catálogo, VOL. II, capítulo XIV.
“D. Rodrigo da Cunha, referindo-se às igrejas da Comarca da Feira, por
volta de 1623, escreveu: “São Pedro de Canedo tem o Santíssimo
Sacramento: Ermidas, Santa Luzia, outra na quinta de Várzea. Tem de
Comunhão 681 pessoas, menores 164. É anexa de Lobão e com ela e
arrendada Vigararia.”
14. S. Pedro no Concelho da Feira, António Ferreira Pinto,
Coimbra 1928:
“Em 1769, era reitor José da Fonseca e Sousa de 65 anos,” com
disposição ágil, mas falta de ouvir".
694
[Capítulo XX](Notas/Referências)
Não são boas as disposições relativas ao pároco e fregueses dessa época
e as confrarias não eram bem administradas. O padre Miguel Carlos de
Oliveira, ordenado em 1764, por apresentação do reitor, desempenhava o
cargo de cura.
Havia 2 sacerdotes e 2 ordinandos. O Padre Domingos Pereira Pinto,
ordenado em 1764, de 64 anos estava dispensado de confessar por
despacho do Provisor Fr. Aurélio, por isso que se queixava de varas
moléstias. O Padre Bartolomeu Bento de Azevedo era formado em
Cânones, ordenado em 1749, tinha 45 anos, estava aprovado para
confessar e pregar, era bom clérigo, mas sofria de hipocondria,
habitualmente muito melancólico.
Sebastião, filho de Manuel da Silva Aranha, de 23 anos, lugar de Fagilde,
tinha boa disposição, mas parece que “o procedimento não ē dos mais
claros" dizo relatório.
José Maria da Mota Reimão, formado, filho do Capitão Valentim da
Costa, tinha 27 anos e boa disposição. Do mesmo relatório se vê que a igreja
só tinha bom o forro do teto da capela-mór.
As casas da residência tinham comodos, mas todos muito arruinados.
"Desta mesma sorte participa o campanário, sem poder para sustentar um
bom sino que está em paus. É curiosa esta nota, porquanto já em 1296, os
Vigários do Bispo do Porto foram a Canedo fazer umas inquirições a
respeito dos sinos do Mosteiro que estavam postos num castanheiro e
contra os quais protestou Martim Domingues, a quem já me referi.
Pode verificar-se isto no livro 806 ou 84 das Sentenças no Arquivo do
Cabido do Porto.
Dum Almanaque Eclesiástico do bispado do Porto para 1857, consta que
era abade Francisco de Oliveira Maia, pregador, egresso da Ordem de S.
Francisco da Província de Portugal (Convento da Conceição de Matozinhos)
e que tinha sido colado em 11 de março de 1841.
Era coadjutor José Gonçalves da Conceição e tinha dois presbíteros:
António Ribeiro Barraca e José Francisco dos Santos, Francisco José da Silva
Tavares era ordinando.
Embora não haja referencia alguma a outro sacerdote, talvez por viver
ausente de Canedo, não posso omiti-lo neste artigo. Bernardo José da Silva
695
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Tavares, filho do brigadeiro Bernardo José da Silva Tavares e de D.
Gertrudes Xavier Pereira do Vale, doutorou-se em Teologia pela
Universidade de Coimbra, em 3 de outubro de 1830, sendo logo nomeado
cônego magistral da Sê de Lamego.
Por decreto de 21 de agosto de 1856 foi nomeado cónego da Se do Pôrto
e passada a Carta Régia, em 7 de outubro. O doutor Tavares não se
conformou com os dizeres da Carta e representou ao Governo para lhe ser
concedida a conezia de magistral, vaga pela morte do doutor Manuel Tomaz
dos Santos Viegas. Deferido o pedido, recebeu a instituição canónica em 2
de abril de 1857 e tomou posse no dia 8.
Prometeu e jurou guardar os Estatutos, cumprir as residências e todos
os mais encargos, a que estavam sujeitos todos os cônegos, sem poder
aproveitar-se de privilégio algum dos antigos magistrais.
Foi apenas um magistral honorário. Esteve paralítico em Canedo,
durante alguns anos e faleceu, a 22 de março de 1888, com 87 anos de
idade.
Vejamos as últimas informações: “A população atual anda á volta de
900 fogos e 4500 almas”, informou, em julho último, o rev. pároco David
Pereira Coelho. Entre Canêdo e a freguesia de Santa Maria do Vale havia 3
lugares meeiros, que deviam influir nos fogos e população. Eram Sagufe,
Serralva e Pessegueiro que, há já alguns anos, passaram definitivamente
para Santa Maria do Vale, o que facilita o serviço paroquial.
A atual igreja tem 6 altares. Um é dedicado ao Sagrado coração de
Jesus e nele se venera. também N. S. de Fátima. Os outros são antigos. Há
bastantes capelas e ermidas antigas: Senhora da Piedade, Santa Bárbara,
Senhora do Amparo, Santa Luzia, S. Paio, S. Roque, S. Lourenço.
O cemitério paroquial foi construído em 1902, sendo pároco o Rev. º
Agostinho José Pais Moreira, cuja atividade foi grande para esta obra. Uma
inscrição colocada pela Junta de 1913, â entrada do cemitério, diz o
seguinte “Tributo de gratidão da Junta de Paróquia de Canedo prestada aos
benfeitores Abade Agostinho José Pais Moreira e Augusto Barbosa Pinto
pelo muito que concorreram para a construção deste cemitério.” São
informações de julho de 1938.”
696
[Capítulo XX](Notas/Referências)
15. Gre Gorivus Papa X, páginas 21 e 25:
“D. Domingos de Pedro ou Peres
Os primeiros vestígios deste Prelado aparecem no Treslado
autentico, que a instancias suas foi passado em junho da Era de 1317; cujo
original hé huma sentença, que Comissão d’El rei D. Afonso III derão os
priores da Vilaboa do Bispo, e Vilela, com Mendo Soeiro, Luís em Aguiar de
Souza, na qual julgarão não serem realengas as herdades de Rio mau, de
Pedourido, de Cervu, Gaido e Canedo, e as adjudicárão a Ioam de Martinho,
Cavaleiro de Atahydi, e seus Irmaoñs, e os Mosteiros de que erão Herdeiros;
declarando não ter sido possível fazer exacta averiguação sobre as
herdades do Mosteiro de Canedo;foi datada em 2 de Marso da Era 1288 e
o transumto de que falo hé nº1º, na Gaveta 7ª deste Arquivo.”
16.
“A terra de Canedo, foral de 1212, é dada pelo rei a cinco homens
casados e a toda a sua descendência, e a quaisquer outras pessoas que elles
queiram chamar. Os encargos reaes são impostos á collectividade, e
consistem annualmente em doze modios, entre cereaes e vinho. Serve de
mordomo um dos moradores, por elles eleito, o qual recebe as prestações,
“jugadas”, e, depois de as medir, as leva a Adaufe, onde chamará o
mordomo do rei ou algum outro agente fiscal, e porá na sua presença as
jugadas. Se não lh'as querem receber, toma testemunho de homens bons
de Canedo, isto por tres vezes; e em relação a esse anno nunca mais lhe
poderão ser exigidas. Sobre a communidade recàe tambem a colecta, e
pagam-na uma vez no anno. Tributa-se a caça grossa, e cada cou-relia dá
“pro uodo” um sextario comprehendendo pão e vinho. Não estão obrigados
á luctuosa, nem á portagem no districto de Panoias. Os encar-gos pessoaes
são o appellido e o fossado, mas este só quando vá n'elle o rei em pessoa.
Podem vender ou doar os predios, e fazer d'elles o que quizerem, comtanto
que o soberano não deixe de receber os direitos es-tabelecidos no foral,
Vendatis donetis faciatis de ea quicquid uos uolueritis et habeo meum
fortim sicut resonat in hac karta... Habeatis uos et successores uestros
predictam bereditatem in perpetuum”
697
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
17. Autos de Habitação de Ana Maria da Silva, Arquivo Nacional
da Torre do Tombo:
Naturalidade: Canedo, Feira. Filiação: capitão António José da Silva,
filho de Maria Francisca, natural de Lousada e Francisca Dias (filha natural).
Cônjuge: Alexandre José Cunha e Manuel dos Santos. 1794
18. Manuel José Abreu, Arquivo Nacional da Torre do Tombo:
Carta: Escrivão de Juízo de Paz do distrito de Canedo, Comarca da Feira.
1848
19. Autos de Habitação de Alexandre Fernandes Pertenso,
Arquivo Nacional da Torre do Tombo:
Naturalidade: Carvoeiro, Canedo. Filiação: João Gonçalves e Maria
Fernandes. A ação prende-se com a herança do tio materno Domingos
Fernandes Pertenso. 1804
20. Francisco José Gomes Monteiro, Arquivo Nacional da Torre
do Tombo:
Carta: Escrivão do Juízo de Paz do distrito de Canedo, no julgado da
Feira. 1850
21. António Luís Magalhães, Arquivo Nacional da Torre do
Tombo:
Carta: Pároco da Igreja de S. Pedro de Canedo, concelho da Feira 1884
22. Joaquim Lopes Neves, Arquivo Nacional da Torre do
Tombo:
Carta de ofício: Escrivão do Juízo de Paz do distrito de Canedo, Comarca
da Feira. 1873
23. Chancelaria de D. Afonso V, liv. 1, f. 46 – 1462, Arquivo
Nacional da Torre do Tombo:
D. Afonso V perdoa a justiça régia a João Vasques, lavrador, morador
na Freguesia de Canedo, no julgado e terra de Santa Maria, pela fuga da
prisão.
698
[Capítulo XX](Notas/Referências)
24. Processo de Manuel da Silva Correia, Tribunal do Santo
Ofício, Inquisição de Coimbra, proc. 2066, Arquivo Nacional da
Torre do Tombo:
Manuel da Silva Correia casado com Quitéria Maria, era um cristãovelho
de 40 anos e foi acusado de bigamia. Tinha como profissão jornaleiro.
Natural da freguesia de São Pedro de Canedo, termo da vila da Feira,
bispado do Porto e Morada: São Martinho de Sande, bispado de Penafiel.
Foi preso no dai 19 de outubro de 1774 e teve como sentença: auto-de-fé
privado de 20/12/1774. Abjuração de leve, açoitado publicamente "citra
sanguinis effusionem", degredo para as galés, por cinco anos, onde serviria
ao remo sem soldo, instrução na fé, penitências espirituais, pagamento de
custas.
Por aviso de 12/05/1777, foi-lhe perdoado o tempo de degredo que
lhe faltava cumprir.
O réu casou segunda vez com Francisca Maria.
25. Padre Domingos A. Moreira:
“Para o Vale e os outros dois lugares foram divididos pelas freguesias
interessadas. Arilhe e Reguenga eram meeiros do Vale e de Romariz.
Pela mesma data, pouco mais ou menos, Arilhe passou a ser só do Vale.
Reguenga só de Romariz. Sagufe, Serralva e parte do Pessegueiro eram
meeiros do Vale e de Canedo.
Passaram totalmente para o Vale Sagufe, cerca de 1858; Pessegueiro e
Serralva em 27 de março de 1920. A única casa do Carvalhal que era desta
freguezia foi, em 21 de janeiro de 1918, desagregada dela e incorporada na
de Romariz, só para efeitos eclesiásticos. Qual era a situação jurídica dos
meeiros relativamente aos seus Párocos? Não era a que vem regulada nas
Constituições Diocesanas, mas fora prescrita por um costume que fazia lei
pelo menos ultimamente em relação a Pessegueiro e Serralva.
E o costume (não sei como se introduziu) estabelecia o seguinte: quanto
a côngrua e todos os efeitos civis, eram só do Vale; desobriga, um ano todos
do Vale, e outro de Canedo; baptismo e outros sacramentos, à escolha de
cada qual no Vale ou em Canedo; proclamas cumulativamente nas duas
699
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
freguezias; enterramentos — só de certas casas sempre em Canedo,
doutras sempre no Vale.
Os direitos dos enterros bem como as conhecenças eram divididas ao
meio pelos dois párocos. As casas novas que se construíssem em
Pessegueiro escolhiam: ou inteiros do Vale ou meeiros [um ano duma
freguesia e no outro ano da outra”
26. O Concelho de Gondomar, Camilo de Oliveira:
“Por isso a Câmara de Gondomar, resignadamente, embora muito
contrariada, lembrando-se de que a lei, embora dura, é lei – dura lex, sede
lex – em sessão de 19 de dezembro de 1867, “Neste concelho de Gondomar
e Paços dele”, entre outros assuntos tomou conta do seguinte: “O oficio
circular nº 58 dirigido pela 4ª repartição de S. Exa o sr. Governador Civil de
12 do corrente, em que dá parte ter-se de proceder à eleição…” Nota-se a
falta de referência á Freguesia da lomba. É que por essa nova organização
ficará a pertencer ao concelho da Feira, na paróquia de Canedo. Foi lei 35
dias.”
27. O Concelho de Gondomar, Camilo de Oliveira:
“Na Lomba há um lugar que pertence a quatro concelhos: Gondomar,
Castelo de Paiva, Vila da feira e Arouca.”
28. O Concelho de Gondomar, Camilo de Oliveira:
“A maior parte das mulheres ocupam-se em ir aos montes cortar urze e
carqueja que trazem aos molhos para a beira do rio, donde tais géneros
seguem para o Porto. Abaixo do lugar de Sante, encontram-se os montes
do Barrão, de cujo cimo se avista a ribeira da Inha, esplêndida para a cultura
do milho e onde o concelho de Gondomar é limitado do da Feira pelo rio
Inha.
Anda na tradição que junto ao Barrão, foram 'metidas a pique duas
embarcações artilhadas no tempo das lutas dos liberais contra os
miguelistas.
Na ribeira da Inha, bastante acima da foz, há uma ponte de pedra, com
um arco em granito.”
700
[Capítulo XX](Notas/Referências)
29. Cheias no Rio Douro:
Existiram várias cheias no Rio Douro, delas destacam-se a cheia de 1909
e a de 1962. Como a freguesia de Canedo é banhada pelo Rio Douro e seus
afluentes, sofreu um pouco as consequências da subida das águas.
Quando se pensava que o caudal das águas do rio Douro estava,
finalmente, controlado pelas barragens e que o aparecimento de uma cheia
não seria mais possível, eis que o inesperado acontece: em janeiro de 1962,
as zonas ribeirinhas do Douro assistem a uma das maiores cheias de
sempre. A quarta, em dimensão, entre as maiores de todos os tempos. Num
primeiro lugar, nada honrosa, diga-se de passagem, está a cheia de 1739;
logo a seguir figura a de 1909; em terceiro lugar a de 1779; e depois vem a
de 1962.
Entre os dias 17 e 25 de Dezembro de 1909, as águas do Douro subiram
de nível e a sua corrente arrastava tudo o que encontrava. Em tempo de
Natal a tragédia aconteceu. Havia já alguns dias que a chuva caía
copiosamente. Nesse tempo o rio Douro não tinha barragens para lhe
moldarem a rudeza do carácter e lhe domesticarem as suas águas bravas.
O Douro apenas obedecia às ordens da sua mãe: a Natureza.
A 3 de Janeiro de 1962, repete-se novamente mais uma intempérie. As
águas do Rio Douro subiram tanto que na localidade de Peso da Régua havia
de ter subido 27 metros e na zona do Porto 14 metros.
Na freguesia de Canedo, mais propriamente na Zona da Inha e
Carvoeiro, as águas subiram cerca de 20 metros, alagando campos,
moinhos e casas.
30. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:
“CARVOEIRO— aldeia. Douro, freguesia de Canedo, comarca e
concelho da Feira, d'onde dista 16 kilometros a NO., 24 a E, do Porto, 300
ao N. de Lisboa, 100 fogos. Situada na encosta da serra do seu nome, e
sobre a margem esquerda do Douro. Tem uma capella de Santo António,
particular. É ponto muito commercial, pois aqui vem embarcar para a
cidade do Porto grande parte dos géneros que para alli exportam muitas
freguezias da Terra da Feira, sobre tudo madeiras, lenhas, carvão, casca de
carvalho e laranja.
701
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Causa apertos do coração vêr que, apesar da continua concurrencia
de gente, carros e béstas de carga, que do interior afluem a Carvoeiro, não
tenha a camara da Feira dado impulso às obras da estrada ha tanto tempo
approvada pelas Obras Publicas; o quô muito faria prosperar estas terras.
A actual estrada não é mais do que uma sequência de barrancos e
precipícios, por onde se passa sempre tremendo; mas, mesmo assim, como
não há outra, o transito é continuo, e muito mais seria se houvesse uma
estrada que merecesse este nome.
A Camara da Feira, que (de alguns anos para cá) tanto tem curado de
obras publicas municipaes, se tem completamente esquecido d'isto
(provavelmente por lhe ficar distante da villa, que se não aproveita d'esta
via de communieação.)
Esta desgraçada estrada, artéria principal para a vida commercial dos
povos que estaneeiam a NO. da villa da Feira, só é lembrada em tempo de
eleições. Esta povoação tem mais de 1000 annos. Em 897, era da freguezia
de Várzea de Carvoeiro, hoje extincta.”
31. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:
“CABEÇO DE SOBREIRO ou de SOVEREIRO —serra, Douro, próximo da
margem esquerda do Douro, 24 kilometros ao SE. Do Porto, 318 ao N. de
Lisboa. Produz apenas Carqueija (que toda vai para o Porto) urze e matto.
Traz alguma caça e, no inverno, lobos.
Pertence às freguezias de Fermedo, S. Miguel do Matto, Valle, Canêdo e
Lomba. É notável por no seu cume ter um marco chamado Marco dos
quatro concelhos, que marca a divisão dos concelhos de Gondomar, Paiva,
Feira e Arouca.
É o ponto extremo (a ENE.) das Terras de Santa Maria. D'esta serra se ve
o Porto, a sua foz e grande extensão do Occeano Atlântico, muitas
freguezias dos arrabaldes do Porto, o rio Douro e muitas povoações e serras
de ambas as margens d'este rio.
Na maior parte é muito boa terra e com várias nascentes de água, pelo
que é susceptível de cultura, e certamente não estaria improductiva se os
nossos governos cuidassem mais nos interesses do paiz.”
702
[Capítulo XX](Notas/Referências)
32. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:
“FAGILDE —há várias aldeias em Portugal com este nome. É nome próprio
d'homem (gòdo.) Também se dizia Fagile (Vide Cêa.) Na freguezia do
Canêdo, Douro, concelho da Feira (Vide Conôdo) há a quinta de Fagilde,
onde nasceu e morreu o brigadeiro realista Vitorino José da Silva Tavares.)
Vide Pernes.”
33. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:
“Os habitantes da Terra da Feira, são, no geral, inclinados ao trabalho e
ás especulações commerciaes. Teem, porém, um horror hereditário ao
serviço militar (como quasi todos os habitantes das províncias do Norte) e,
a dizer a verdade, são, pela maior parte, péssimos soldados. (Haja vista a
bravura alguma cousa abaixo de zero, das célebres milícias da Feira.)
Além das duas feiras que há na villa, há mais as seguintes no concelho,
No 1º domingo de cada mez, na Póvoa; a 4, na Arrifana; a 7, em Canedo; a
10, nas Vendas Novas (aqui também ha feira d'anno a 29 de setembro) a
17, em Souto Redondo; a 24, no Terreiro; a 23, no Murado e a 28 nas Vendas
Novas.”
34. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:
“INHA—pequeno rio, Douro. Tem seu nascimento n'uns pequenos
arroyos que vem do monte do Castêllo, freguezia de Escariz, Concelho de
Arouca. Passa próximo a Cabeçaes (ao O.) regando as freguezias de Escariz,
Fermedo, Romariz, Valle, Louredo, Gião e Canedo (sendo a 1ª, a 2ª e 5ª do
concelho de Arouca) e as mais do da Feira, e fazendo nas duas últimas
trabalhar fabricas de papel.)
Desagua na esquerda do Douro, no sítio da Foz do Inha, 1 kilometro
abaixo de Pé de Moura, e 24 a E. do Porto. Tem 18 kilometros de curso. Faz
mover muitos moinhos, e traz algum peixe, miúdo, mas muito saboroso, em
razão de correr arrebatado por entre pedras. Tem algumas pontes de pau
e uma boa de pedra, no Cascão.
Dá-se n'este rio uma singularidade. Logo abaixo da tal ponte do Cascão
(que é próximo da aldeia de S. Vicente de Louredo) é a fabrica de papel da
Logem.
703
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
A margem esquerda é da freguezia de Gião, concelho da Feira, e a
direita é da de Louredo, (concelho de Arouca, e, como a maior paarte do
edifício da fabrica está construído sobre o rio (que aqui é muito estreito)
pôde um individuo (ou uns poucos, estando em linha) estar de pé no meio
de uma sala, e tee metade do corpo na comarca da Feira e a outra metade
na comarca de Arouca.
O que é bonito é que a esta sala vem os tabeliães das duas comarcas
fazer esccripturas, e todos dizem que estão na sua; e se muitas vezes
mentem, também muitas vezes falavam a verdade. O Inha recebe vários
ribeiros, por uma e outra margem.”
35. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:
“LOBÃO—freguezia, Douro, comarca e concelho da Feira, 283
kilometros ao N. de Lisboa, 24 ao S. do Porto, 7 ao NE. da Feira Bispado do
Porto, districto administrativo de Aveiro. Orago S. Thiago, apostolo. Em
1757 tinha 325 fogos.
O parocho era cura, que apresentava ao reitor de S. Pedro de Canedo,
e tinha de rendimento 180$O0O réis.”
36. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:
“LOURÊDO—freguezia. Douro, comarca e concelho de Arouca, 24
kilometros ao S. do Porto. 12 a E. da Feira, 12 ao S. do rio Douro e 24 ao
ONO. de Arouca, 230 fogos. Em 1757 tinha 162 fogos. Orago S. Vicente,
martyr. Bispado do Porto, distrito administrativo de Aveiro. É terra fértil.
O reitor de S. Pedro de Canedo apresentava o cura, que tinha 80₰000
réis de rendimento.”
37. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:
“MEIADEIRO ou MEEIRO—portuguez antigo— meieiro—o que tem
metade em alguma coisa: o que vae feito por metade em qualquer negócio;
o que dá ou recebe metade da renda de uma propriedade. Ainda hoje se dá
o nome de meieiro ao lugar ou aldeia que pertence a duas freguesias
alternativamente, ou ao visinho que tem dois parochos.
As povoações que estão n'estas circumstancías, satisfazem os
preceitos quadragesimaes e pagam os benesses, um anno a um parocho, e
704
[Capítulo XX](Notas/Referências)
no seguinte a outro. Os sacramentos seguem a mesma prática; mas os
enterros no geral costumam ser em uma só freguezia.
Já se vê que esta ordem de cousas traz consigo muitos
inconvenientes, e, ás vezes, desgostos. Parece impossível que ainda quase
no fim do século XIX, se conserve este absurdo, que ha muitos annos se
deveria ter extinguido, ou nunca deveria existir.
Para prova de tamanho disparate, darei um exemplo: no concelho da
Feira ha uma aldeia, situada na margem direita do rio Inha, chamada
Oliveira. Tem 18 fogos. Tres são inteiros da freguezia de Romariz, e 15 são,
um anno d'esta freguezia, outro da do Valle. A aldeia de Arilhe é um anno
de uma, outro de outra das freguezias nomeadas.
As aldeias de Saguffo e de Serralva são um anno da freguezia de
Canêdo, e outro da dita freguezia do Valle. A aldeia de Pecegueiro tem tres
fogos inteiros de Canêdo e os mais meieiros do Valle e de Canêdo. A aldeia
de Paradella, é parte inteira do Valle, e parte meieira d'esta freguezia e da
do Matto.”
38. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:
“MOSTEIRÓ—sítio da mesma freguezia, 8 kilometros ao SE. da egreja
parochial. É um monte, em fórma de península, cercado pelo rio Inha,
ficando-lhe o isthmo a E.S.E., na encosta occidental do monte da Óssa.
Chama-se a este sítio vulgarmente, Mosteiro do Ribeiro. Fica a 2 kilometros
ao S. do rio Douro. Este monte, que é hoje um bosque, está por todos os
lados cercado de outros montes mais altos, e é em sítio êrmo, senido a
povoação mais próxima a pequena e pobre aldeia de Rebordêllo, também
da freguesia de Canêdo. Esta aldeia e a de Mosteiírô do Ribeiro pertenciam
á freguezia de S. Cypriano, de Parada do Monte, supprimida há mais de 500
annos.
Segundo a tradição, havia em Mosteiírô do Ribeiro, um mosteirinho
(donde lhe provém o nome) de freiras benedictinas, e uma pequena aldeia.
Em 29 de setembro de 1348, principiou em Portugal o terrível contágio,
chamando a morteydade ou péste grande, que, apesar de durar só três
mezes, marcou a época na história portugueza pelo horroroso número de
vítimas a que deu causa.
705
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Segundo a tradição, nem uma só pessoa do mosteiro ou da aldeia
escapou ao pavoroso contágio. Foi tal o terror dos povos circunvisinhos,
que sete anos ninguém se atreveu a ir a Mosteiro do Ribeiro. Passados elles,
principiaram a ir ali algumas pessoas, em busca dos objectos pertencentes
aos fallecidos, e consta que debaixo dos entulhos appareceram algumas
pipas, cheias de vinho, em muito bom estado.
Do mosteiro e da povoação apenas restam alguns alicerces de casas, e
de paredes de campos e sucalcos, indicando que tudo era pequeno e pobre.
Nunca mais foi habitado este monte, que se dividiu em differentes
possuidores. Um lavrador do lugar de Pessegueiro (freguesia do Valle,
concelho da Feira) é hoje o único possuidor de todo o monte, por compras
que fez aos seus differentes proprietários. O logar de Parada do Monte,
onde estava a matriz da fregúezia, também soffreu muito com aquella
péste, ficando quasi deserto; pelo que foi supprimida esta parochia,
passando o povo a pertencer á freguezia de S. Vicente de Louvedo, do
extincto concelho de Fermedo, (hoje concelho e comarca de Arouca) e a
aldeia de Rebordêllo, e a que fôra aldeia do Mosteiro do Ribeiro, á freguesia
de Canêdo.
Ainda se divisam os alicerces do corpo da antiga egreja de S. Cypriano,
martyr, de Parada do Monte, e a sua capella-mór está transformada em
ermida do mesmo santo, ao qual ainda se lhe faz a festa, no 4. ° domingo
de setembro. (O seu dia próprio é a 26 d'este mez.) 211 ”
39. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:
“OSSA— Serra, Douro, nas freguezias de Santo Antonio da Lomba
(concelho de Gondomar), Valle e Canedo (concelho da Feira). Fica sobre a
margem esquerda do rio Douro, 24 kilometros a E.N.E. do Porto, e 310 ao
N- de Lisboa. É uma ramificação da serra de Cabeço de Sobreiro, que se
projecta para o N.O.
Ha n'esta serra a aldeia dé Rebordelo (freguezia de Canêdo) com uma
Capella, dedicada a Santa Luzia, virgem e martyr, á qual se faz uma romaria,
na 1ª oitava do Espírito Santo. É uma ermida pequena, de pobre
211
Este lugar “Mosteiro do Ribeiro” é também conhecido por “Carvalhosa”. Reza a história que depois da
peste negra as pessoas fizeram a aldeia de Rebordelo e la construíram uma capela em Honra de Santa
Bárbara.
706
[Capítulo XX](Notas/Referências)
construcção e sem rendimentos. O lugar é habitado quasi exclusivamente
por pobres, que vivem de apanhar carqueija, para ir para o Porto.
É também n'esta serra a aldeia de Lavercos, da freguezia da Lomba.
É uma povoação grande, com alguns lavradores ricos, e o seu terreno é
mnito fértil. Fica na chapada da serra, correndo-lhe ao sopé (no lugar de Pé
de Moura) o rio Douro, que lhe fica ao Norte.
Tem extensas vistas. Há n'este logar uma bonita capella, dedicada a
Santa Eufemia, e outra, da mesma invocação, em Pé de Moura.
Ao N. O., fórma a serra uma península, cercada pelo rio Inha, onde
existiu uma povoação e um pequeno mosteiro de freiras benedictinas.
Ainda ao sitio, que é hoje uma matta, se dá o nome de Mosteiro do Ribeiro.
Esta serra tem alguns olivaes, e poucas arvores silvestres: o resto está
coberto de matto — quasi tudo, urze e carqueija. É abundante de aguas,
pelas suas quebradas e pequenos valles, e em grande parte composta de
terra vegetal, de óptima qualidade, que está quasi geralmente
desaproveitada; quando podia dar cereaes em abundância, e ser povoada
de bosques e pinhaes, que dariam um grande rendimento, pela
proximidade do rio Douro e da cidade do Porto.
N'esta serra não há granito, nem pédra calcaria. As suas rochas são,
no geral, de xisto, quasi todo muito friável, e algum quartzo. Seus ares são
puríssimos. Podia aqui estabelecer-se uma colónia, que, protegida pelo
governo, em poucos anos se tornaria florescente. Tem minas de ferro, que
nunca foram exploradas.”
40. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:
“PEDRA FURADA - Na sua formação, granítica, com mistura de mineral
ferruginoso (oxido de ferro) assimilha-se ao célebre rochedo de Leiningen,
na AllemaNha.
Tem a superfície toda carcomida, e tão crivada de buracos e cavidades,
como uma esponja. O seu gigantesco vulto, espelhando-se no rio; a negrura
da sua côr; e a sua posição solitária, como sentinella perdida dos séculos
caidos na voragem do passado, lhe dão um aspecto fantástico. Dá-se-lhe o
nome de pedra furada, em razão da sua fórma cavernosa.
Na quinta de Lousado (na freguezia de Canêdo, comarca e concelho da
Feira—Douro) do sr. doutor Manuel Augusto Paes Moreira, há um penedo
707
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
exactamente e em tudo similhante, menos no volume—que este, apenas
tem uns dois metros de altura. Indica ser um antigo marco de divisão de
propriedades. É de notar que nem n'esta freguezia de Canedo, nem nas em
redor, a mais de 5 kilometros de distância, há pedra de semelhante
qualidade. A única pedra que aqui há, é xisto, muito friável, e algum—
pouco—quartzo.”
41. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:
“Viscondessa de Alpendurada (mãe) — na sua casa da rua de S. Luiz
(junto à rua do Sol). —É viuva de Antonio Vieira de Magalhães, que foi feito
1º barão de Alpendurada, em 13 de julho de 1848, e visconde do mesmo
título, em 13 de maio de 1851.
É mãe da srª condessa de Samodães, e da srª viscondessa de
Alpendurada (Josephina). Foi 2ª mulher do fallecido 1º visconde, e só teve
estas duas filhas; mas, o marido, teve da 1ª mulher, duas filhas — a srª D.
Joaquina Vieira de Magalhães, hoje viúva do rico negociante de vinhos,
Gaspar J. Borges de Castro, natural do lugar Mâmoa, freguesia de Milheiros
de Poiares—e a srª D. Maria Adelaide Vieira de Magalhães, casada na Terra
da Feira, em 2ª núpcias, com o sr. Francisco José da Silva Tavares, filho do
fallecido general de brigada, do exercito realista, Victorino José da Silva
Tavares, convencionado em Evera Monte — natural da casa de Fagilde, na
freguezia de Canedo, concelho da Feira.
Teve, também do 1º matrimonio, um filho, que é o sr. Antonio Vieira de
Magalhães Júnior, feito barão de Magalhães, em 13 de maio de 1851, e
conde do mesmo título (do seu appellido) em 24 de maio de 1870. Reside
em Lisboa.”
42. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:
“Alem da freguezia de Sameiro, e dos montes do mesmo nome, há ainda
em Portugal a aldeia de Sameiro, na freguezia de Canedo, concelho da Feira,
e outros logares também assim chamados. Por mais que procurei, não acho
a significação d'esta palavra.
Talvez seja corrupção de Sameice, que significa lugar descoberto, exposto
ao sol, circumstancia que efectivamente se dà em todos os sitios
designados com o nome de Sameiro. Também tenho notado que há
algumas freguezias e várias aldeias cora o nome de Bornes.
708
[Capítulo XX](Notas/Referências)
Todos sabem que borne, é a parte do tronco da arvore, que está entre
a casca e o cérne. Ora, Borne e samo, são synonimos.
Nas províncias do Norte, para designarem um objecto no singular,
juntam ao positivo a terminação eira ou eira — vgr. — cabêllo, cabelleiro—
grão, graeiro—um grão de centeio, centieiro—um. grão de milho,
milheiro—palha, palheiro—etc. Quem sabe se de samo fizeram Sameiro?
Todavia, parece-me mais plausível que Sameiro seja corrupção de
Sameice.”
43. Portugal Sraco-Profano (1768):
“Canedo, Freguezia no Bispado do Porto, tem por Orago S. Pedro Apostolo,
o Pároco he Reitor da apresentação Ordinária, rende trezentos e sesíenta
mil reis: dista de Lisboa quarenta e nove léguas, e do Porto três, tem
quinhentos e vinte e dois moradores.”
44. Portugal Sacro-Profano (1768):
“Lobão, Freguezia no Bispado do Porto, tem por Orago Sant-Iago, o Pároco
he Cura da apresentação do Reitor de Canedo, rende cento e oitenta mil
reis: dista de Lisboa quarenta e séis léguas, e do Porto quatro, tem trezentos
e vinte e cinco vizinhos.”
45. Portugal Sacro-Profano (1768):
“Louredo, Freguezia no Bispado do Porto, tem por Orago S. Vicente Martyr,
o Pároco he Cura da apresentação do Reitor de Canedo, rende oitenta mil
reis: dista de Lisboa quarenta e seis léguas, e do Porto quatro, tem cento e
setenta e dois vizinhos.”
46. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:
“VILLA MAIOR – (…) N'ella se fazem várias festas, sobresaindo a do
Espirito Santo, que é a mais pomposa e attrahe muitos habitantes dos
povos circumvisinhos. Nesta freguezia não há feiras, mas tem uma muito
importante e mensal no dia 7, na povoação do Mosteiro, da freguezia de
Canedo, sua limitrophe. Neila se fazem valiosas transacções em pannos de
lã e de linho, lenços, bois, etc. “
709
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
47. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:
“Em maio de 1846, várias freguezias da província do Minho, revoltamse
contra o governo do ministro Antonio Bernardo da Costa Cabral, que
havia sido feito conde de Thomar, em 8 de setembro de 1845.
Era breve, ou, para melhor dizer, com a rapidez do raio, a revolução se
estendeu por ambas as provindas do Norte, e pelo resto de Portugal. 0
povo, principalmente do Minho e Tra-os- Montes, proclamava, na sua
máxima parte, o sr. D. Miguel I.—Também não faltava quem proclamasse a
republica, mas era geral o grito de viva o povo! Morram os Cabraes!
Os partidos realistas e septembrista trataram cada um de guiar para o
seu lado os insurreecionados; porém muitos realistas, julgando a fructa
ainda muito verde, tomaram o partido da junta do Porto. Antonio Ribeiro
Saraiva, animava de Londres os realistas, e o próprio Sr. D. Miguel se tinha
transferido para aquella cidade, com o fim de estar mais próximo dos
revoltosos…
*Já tenho dito e repetido—fóra do diccionario, sou legitimista, mas
n'esta obra, sou apenas catholico e portuguez — nada menos e nada mais:
quem julgar o contrario, engana-se. Se algumas vezes errar, quando tratar
de cousas pohticas contemporâneas, não é por vontade, mas por más
informações. N'este artigo porem, não me engano, porque acompanhava o
Macdonell, na qualidade de capitão de atiradores do regimento de
infanteria de Braga (vulgo —regimento do Populo) e que depois da liga com
os da junta do Porto, se denominou, primeiro, terceiro regimento de
fusileiros da liberdade, e depois—infantaria n.° 9. 898+ºJá se vê que conto
d que presenciei.
…e poder reunir-se mais facilmente aelles, se as cousas corressem
favoráveis aos realistas.
Em Portugal tinham se organisado clandestinamente commissoes, em
muitas localidades, a favor do Sr. D. Miguel, e os esqueletos dos batalhões
estavam formados em agosto de 1846. Ribeiro Saraiva convidára o general
escocez, Reynaldo Macdonnell (Mac-Donald) para se pôr á testa do
movimento realista, ao que elle logo annuiu.
Mas os realistas principiaram desde logo a ser atraiçoados, e tanto os
prineipaes partidários da Sra.* D. Maria II, como os membros da junta do
710
[Capítulo XX](Notas/Referências)
Porto, sabiam tanto (ou talvez mais) do que se hia passando entre os
realistai, do que estes mesmos.
Os cabralistas mandaram para Londres as suas instrucções ao general
Saldanha, que tinha fugido para lá, e estou inteiramente convencido que
elle se colligou com Macdonell, para que a revolução tivesse o fim que teve
em 1847.
O que é certissimo é que Saldanha e Macdonnell sahiram de Londres no
mesmo vapor inglez, com direcção a Portugal. Saldanha receiou
desembarcar em qualquer ponto do litoral portuguez, e foi desembarcar
em Gibraltar, vindo por terra para Lisboa (disfarçado não sei em quê) para
fazer a emboscada de 6 de outubro.
Macdonnell já tinha desembarcado no Porto, com passaporte passado
em outro nome, 5 ou 6 de agosto de 1846, e foi para casa do cônsul inglez,
onde esteve alguns dias. Os realistas souberam logo da chegada úo seu
futuro general; mas, antes d'elles, já o sabiam os chefes do partido
cabralista. Macdonnell deixou-se estar no Porto, muito descançado, sem
cuidar de cousa nenhuma que respeitasse ao fim para que vinha, e só a
poder de muitas instâncias sahiu do Porto para a quinta de Linhares (sobre
a margem esquerda do Douro, na freguezia de Sardoura, concelho de
Castello de Paiva, a 35 kiloraetros do Porto) a 6 de setembro.
*Terá passado por Canedo nesta viagem.
Em Linhares tratava só de ler o The Tablet e outros jornaes britanicos;
de comer bem, e beber melhor (como bom inglez) e de dormir. Todo o
mundo sabia onde elle estava, «nada era mais fácil á junta do Porto, do que
manda-lo prender; mas não o fez, porque suppunha, do interesse do seu
partido, que os realistas se posessem em campo, para que, gahindo-lhes as
cousas adversas, se reunissem aos republicanos, como se realisou.
Por mais que fosse instado para proclamar o Sr. D. Miguel, se recusava
sempre a isso, allegando que só elle sabia quando era a ocasiào própria. (Na
minha opinião, esperava pela emboscada de 6 de outubro.)
Só a 14 de novembro é que deu ordem para se fazer a acclamação na
villa de Sobrado, capital do concelho de Castello de Paiva.
Rodrigo de Sousa Tondella (o fidálgo do Atalho) tinha a sua gente
prompta em Agueda e suas immediações—o maior Vasconcellos, em
711
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Aveiro—João d'Albuquerque (o fidalgo da Insua) nas proximidades de Viseu
— os fiandeiras, em Estarreja—Antonio de Castro Corte-Real (tio de José
Luciano de Castro), na Feira—Sebastião de Castro e seu irmão, Antonio
Carlos de Castro (os fidaigos do Covo) em Oliveira de Azeméis.—Estes eram
os que estavam mais próximo de Linhares; e do mesmo modo havia força»
clandestinamente angariadas e que estavam promptas á primeira voz, ao S.
e ao N. do Douro; porém Macdonell, não deu parte do dia da revolta, senão
ao eommandante do batalhão denominado voluntários realistas de Paiva,
que foi o unieo que fez a acclamação.
Este batalhão, sahiu á rua, com a força de 470 homens, só das primeiras
4 companhias (duas de Paiva 1.» e 2.'—a 3.» de Melres—e a 4* de Fermêdo)
porque a 5.» e 6.», que deviam ser de Canêdo e Grijó, não se formaram,
porque se não apresentaram senão trez indivíduos, que deviam ser oficiaes,
para ambas as companhias, e um soldad de cada uma. Depois é que se
organisaram com gente que se foi apresentando, Bernardo José da Silva
Tavares (filho do brigadeiro Tavares, de quem tenho de fallar) estava
nomeado capitão da S.», e não poude reunir mais do que um alferes e um
soldado. — Um funileisO', de appelliào Freitas, Este punhado de gente sahiu
de Paiva a 16, e a 18 estávamos em Buàças, quando pas» íou pelo rio abaixo
o general Sá da Bandeira, com a sua gente em 13 barcos, na retirada da
derrota de Valle de Paços. Houve então ao longo do rio, um tiroteio entre
realistas e septembristas, do qual apenas resultaram— um guerrilha
realista morto; e um capitão e trez guerrilhas prisioneiros.
Nas patuleias houve alguns feridos, mas nenhum morto. Como Sá da
Bandeira tinha mandado por terra—pela margem esquerda do rio—o
batalhão nacional da Vista Alegre, commandado por Alberto Ferreira Pinto
Basto, cahiu todo—que era muito pequeno —em poder de uma guerrilha
miguelista que, mesmo som ordem de ninguém, se tinha levantado em
Nespereira, e era comandada pelo capitão-mór, Luiz do Amaral Semblano.
Os da Vista Alegre foram todos desarmados e mandados para suas casas.
Também antes do tiroteio, tinham sido em Buaças aprisionadas 36
praças do guarda municipal do Porto, que hiam reunir- se ao Sá da Bandeira,
commandadas por um coronel de artilheria. Foram desarmados (menos o
coronel) e deixados hir em paz. Como alli lhe dissemos que as tropas da
junta tinham sido derrotadas em Valle de Paços, por causa da traição de
alguns corpos, voltaram para o Porto. Também então os realistas tomaram
712
[Capítulo XX](Notas/Referências)
aos da junta 2.500 pares de sapatos, que vinham de Villa Beal, por terra,
pela margem direita do Douro.”
48. A Brasileira de Prazins, Camilo Castelo Branco:
“Esta notícia dos generais estranhos beliscou a vaidade nacional do
major Zeferino Bezerra. Parecia-lhe impossível que o príncipe proscrito não
confiasse na perícia e lealdade do Santa Marta, do Vitorino, do Póvoas e
Bernardino.
Era uma ingratidão, dizia ele ao mano frade, que acrescentou: – e uma
bestialidade. El-rei deve saber o que lhe valeram o Bourmont e o Pussieux
e o MacDonnell, no fim da campanha. Sabes tu? – rematou o morgado –
aqui anda marosca. O que tratam é de se abotoarem com os cinquenta
contos da Infanta D. Isabel Maria, e o Primo Cristóvão é um asno chapado.
– Escreve-se ao Póvoas e ao Bernardino – aconselhou o egresso – que
digam alguma coisa.
Os militares realistas responderam que sem dúvida estava a levedar
alguma tentativa de restauração; que o Ribeiro Saraiva trabalhava deveras;
que o Sr. D. Miguel era esperado em Londres; mas que não estava no reino,
nem cá viria senão para se sentar de vez no seu trono usurpado. – Deixa-te
de asneiras, Zeferino – dizia o fidalgo ao afilhado com as cartas.
*Bernardino e Vitorino eram da Casa de Fagilde, Freguesia de Canedo,
Concelho da Feira.
O Simeão de Prazins tinha sido antigamente regedor um ano; depois,
caído o ministério e o governador civil que o nomeara, voltou ao poder o
Joaquim de Vilalva, cartista puritano, com a restauração da Carta. Duas
restaurações boas. O Simeão lembrava-se com saudades da sua
importância no ano em que governara a freguesia – o respeito dos rapazes
recrutados, as considerações dos taverneiros, que davam jogo em casa, das
raparigas solteiras que andavam grávidas, a autoridade do seu
funcionalismo na junta de paróquia, etc. Ora, como o Joaquim de Vilalva,
desgostoso e doente com a morte do filho, pedira a demissão, o
administrador nomeou a regedoria no de Prazins. O brasileiro achou que
era bom ter de casa a autoridade para maior segurança dos seus cabedais
e pessoa. Foi uma desgraça.
713
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Depois do convénio de Gramido, Zeferino recolhera às Lamelas com
alguns dos seus primitivos legionários. Ele tinha passado transes amargos.
Juntara-se ao aventureiro Reinaldo MacDonnell, em Guimarães, quando o
escocês descia do Marco de Canaveses para Braga; esteve nas barricadas
da Cruz da Pedra quando o barão do Casal espatifou a resistência daqueles
desgraçados iludidos pelo caudilho estrangeiro; foi dos primeiros a fugir por
Carvalho de Este, a compreender a inutilidade da defesa, e por montes e
vales deu consigo em Porto de Ave, e daqui foi para Guimarães, onde se
aquartelaram o MacDonell com o seu estado-maior. Logo que chegou foi
procurar o tenente-coronel Cerveira Lobo, que fazia parte do cortejo do
general. Mandaram-no ao palacete do visconde da Azenha, onde o escocês
se tinha aquartelado com o seu estado-maior.
O Cerveira Lobo estava a beberricar conhaque velho copiosamente
sobre uma ceia farta, comida sem sobressaltos. À mesa, onde faiscavam os
cristais dos licores, avultavam, cintilando os metais das suas fardas, o
quartel-mestre-general Vitorino Tavares, de Fagilde, José Maria de Abreu,
ajudante-de-ordens, o morgado de Pé de Moura, o Cerveira Lobo e o
Sebastião de Castro, do Covo, comandante do batalhão de voluntários
realistas de Oliveira de Azeméis, que arredondava 42 praças, e seu irmão
António Carlos de Castro, ajudante-de-ordens do general – dois homens
gentilmente valorosos; – o coronel Abreu Freire, morgado de Avanca, e o
Bandeira de Estarreja que é hoje padre.
A noite era de 27 de Dezembro de 1846, muito fria. Bebia-se forte. A
garrafeira da casa do Arco era um calorífico. O MacDonell, muito rubro,
naquela bebedeira crónica que lhe assistiu na vida e na morte, esmoía a
ceia passeando num vasto salão, de braço dado com uma formosa senhora
da casa, D. Emília Correia Leite de Almada. Dirse- ia que o bravo
septuagenário tinha vencido uma batalha decisiva, e procurava matizar
com flores de Cupido os seus louros de Mavorte. E o Cerveira Lobo bebia e
relatava proezas dos seus saudosos dragões de Chaves com gestos bélicos
e as pernas desviadas como se apertasse nas coxas a sela de um cavalo
empinado no fragor da peleja. Nisto entrou um camarada, às 11 da noite, a
chamar apressadamente o quartel-mestre-general, que o procurava com
muita urgência um capitão de atiradores do batalhão do Pópulo.
O Vitorino de Fagilde encontrou na sala de espera o capitão Pinho Leal,
um robusto e jovialíssimo rapaz, de trinta anos, com uma fé política,
714
[Capítulo XX](Notas/Referências)
antípoda da sua forte inteligência – uma espécie de poeta medieval com
um grande amor romântico às catedrais e às instituições obsoletas e
extintas. Ele tinha muitos destes camaradas visionários e respeitáveis na
sua falange da Madre-Silva...
– Que há? – perguntou o quartel-mestre-general.
– Há que estamos cercados pelos Cabrais. Os nossos piquetes de Santa
Luzia e do Castelo já foram atacados, e ouve-se fogo de fuzil em outros
pontos. Veja lá o que quer que eu faça.
O Vitorino ficou passado de terror, e levou o capitão à sala em que o
MacDonell passeava pelo braço de D. Emília Azenha, e o visconde, o
hospedeiro fidalgo palestrava com numerosos hóspedes, cónegos, abades,
capitães-mores, antigos magistrados. Pinho Leal repetiu ao escocês o que
dissera ao seu quartel-mestre. Mas a dama assustada desprendeu-se do
braço do general, e foi preparar os baús para a fuga; e os do estado-maior
compeliram o general a fugir também. Era uma hora da noite quando o
exército realista abandonou Guimarães e entrou na estrada de Amarante.”
49. Maria da Fonte, Camilo Castelo Branco:
“(…) O alma do diabo do Macdonell estava por tudo, mandava dar
dinheiro a todos, e fazia bispos, capelães-mores, correios-mores, e
diretores das alfândegas... o diabo! O José Maria de Abreu (irmão de
Francisco de Abreu), e eu, que estávamos feitos alquitetes do Macdonell,
morríamos de riso; mas eu achava graça àquilo porque nunca na minha vida
bebi tanto e tão bom.
A vida de Macdonell em Linhares era isto: pelas 9 horas da manhã
berrava lá do quarto - Damian! Damian! Era o criado dele. Vinha o Damian
e ia vesti-lo. O escocês tinha no seu quarto certo número de garrafas
escolhidas; e, quando aí pelas 10 horas, saía do beliche, já trazia o conteúdo
de uma no papo, e vinha vermelho como um tomate maduro. Ia para a
varanda da casa, que abria sobre o Douro, e ali dava audiência aos
pretendentes ou lia o The Tablet, jornal do tamanho de um lençol, com
matéria para um livro de 400 páginas. Ao meio-dia, almoçávamos; e ele
durante o almoço contava suas anedotas, que julgava engraçadíssimas:
porém, era a coisa mais insulsa do mundo.
Nunca falava senão espanhol (e muito bem, isso é verdade). Dizia o
brigadeiro Vitorino José da Silva Tavares, de Fagilde, que depois foi quartel-
715
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
mestre general dele, que o maroto sabia, mas não queria falar português,
só para não dar senhoria nem excelência a ninguém. Parece-me que sim. O
que é verdade é que ele tratava o visconde de Montalegre (único titular que
lá foi), os fidalgos do Covo e o Bernardino de Lama, e outros figurões e todos
por usted.
Depois do almoço até ao jantar, às 6 da tarde, outra vez varanda, The
Tablet, e audiência às partes. Foi esta a sua vida até 12 de novembro - três
meses e cinco dias! Nesta conjuntura, chegou a Carvoeiro o capitão da
Mota, patuleia, com 75 armas e competente correame. Fui lá com uns
poucos de peludos roubei tudo aquilo de noite, e fui esconder-me em um
areal da margem direita do Douro.
Mas isto foi feito sem barulho, sem vivário, sem nada. Estavam lá 16
cabos de polícia, futuros voluntários da Mota, que todos me conheciam, de
guarda às armas. Mandei à casa que servia de trem o tal Mendes que
morreu em Braga, ordenando-lhe que dissesse à guarda que nos entregasse
aquilo por bem, aliás haveria pancadaria. Ele não disse isto. Chegou e disse
aos marmanjos: "Eu sou o administrador do Bairro de Santo Ovídio, do
Porto, e venho, por ordem da Junta, buscar o armamento e correame que
para aqui veio hoje que é lá preciso; por estes dias virá outra partida". E os
peludos comeram-na e deixaram ir as armas.
Em outra ocasião, poucos dias depois, fui lá (a Carvoeiro) por me
dizerem que tinham chegado mais amas. Era peta. Para não perder tempo,
passei revista às armas da guarda, e a todas as que levavam bala de onça,
deitei-lhes o gatázio e desandei. Na noite de 10 de novembro soube que
tinham vindo 100 armas, 100 correames, muitos cartuchos, pederneiras e
mais trapalhadas para Cabeçais, a fim de armar e municiar uma companhia
franca nacional, que não passava de uma quadrilha de ratoneiros bêbados
e poltrões. Fui com outro futuro oficial e 100 futuros soldados de
voluntários realistas de Paiva, na manhã do dia 11; mas as armas já estavam
distribuídas e o maior número dos que as tinham passaram as palhetas. Só
pilhámos 43 espingardas, não me lembra quantos maços de cartuchos, um
alguidar de pederneiras, duas cornetas, uma espada e um terçado.
Tornámos a Cabeçais pelo vezo; e, no dia 13, muito em segredo, chegámos
ao romper do dia. Eramos ao todo 76. Mas nós a chegarmos, e a chegar do
Porto o batalhão nacional de Francisco da Rocha Soares e 60 soldados do 6
de Infantaria.
716
[Capítulo XX](Notas/Referências)
Ao mesmo tempo chegou da Vila da Feira o administrador patuleia José
Soares Barbosa, da Arrifana, com mais de 200 cabos de polícia, e de Oliveira
de Azeméis António Bernardo Pinto Basto com o batalhão nacional da sua
vila que tinha mais de 300 homens. Já se sabe, largámos a fugir para Paiva,
mas farendo sempre fogo, Não matámos, nem ferimos, nem aprisionámos
ninguém, e safámo-nos muito frescos, porque os patuleias faziam-nos fogo
de fuzil de onde até estávamos fora do alcance da artilharia de 48.
Apesar disso, o Eco Popular, o Nacional e o P. dos Pobres do dia 14
disseram que fomos completamente derrotados, perdendo, além de cento
e tantos mortos, grande número de prisioneiros. Como os patuleias
berravam Viva a Junta! Viva a causa popular! Viva o Antas! Viva o Passos! e
era preciso que déssemos vivas a alguma coisa, entrámos também a berrar
Viva o Sr. D. Migue I! Viva a Santa Religião! Viva o general Macdonell! Viva
o Mimoso! etc. Descobriu-se a meada, e o Macdonell não pôde conservar
por mais tempo nem o incógnito, nem o que lhe era mais custoso - o dolce
farniente.
Pôs-se, pois, de nariz torcido, chamando-me estouvado, à frente de 470
homens que constituíam o batalhão de Paiva e Fermedo, uns de tamancos,
outros de chinelos, uns com armas de caçadores, outros com reiunas
ferrugentas. Todos sem sapatos, sem bomais, sem mochilas, sem guardafechos;
mas em desforra levávamos sete cargas de cartuchame.
Em Cinfães soubemos da derrota do Sá da Bandeira em Valpaços, dos
tiros que o major realista Figueiredo lhe tinha dado na Régua, e que vinham
de escantilhão pelo Douro abaixo os restos da coluna do Sá da Bandeira
Macdonell mandou acelerar a marcha, e fomos dormir a Boaças, sobre a
margem esquerda do Douro.
Já ali achámos em armas ao sul do rio o capitão-mor Luís do Amaral
Semblano com uma forte guerrilha, e um tal Lobo com uns 40 homens da
Gralheira e de outras aldeias vizinhas Obras protegidas por Direitos de
Autor da serra de Montemuro. A gente do Lobo era pouca, mas valia por
muita pela sua excessiva coragem e certeza dos seus tiros.
Eram verdadeiros descendentes desses hermínios indomáveis que
tanto deram que fazer às legiões romanas, e talvez descendentes do
famoso Geraldo Geraldes e dos seus que eram desses sítios, e aí
construíram o famosíssimo Castelo da Chã (veja o 3. ° vol. do Port. Antigo e
717
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Moderno, pág. 178, col. 2."). Se se conseguisse formar um batalhão desta
gente o que não era fácil por serem de terras pouquíssimo populares e
discipliná-lo o que ainda seria mais difícil era com toda a certeza um corpo
temível; mas, se não tinha rigorosa disciplina a guerrilha do Lobo, eram
bravos e fiéis, e nunca em toda a guerra praticaram o menor roubo ou
malefício.
Ao norte do Douro estavam também já em armas um tal Montenegro
com o chamado batalhão de voluntários realistas de BemViver, composto
de 120 homens, e o chamado batalhão de Baião composto de 200
estafermos da pele de seiscentos diabos comandados pelo coronel
Medeiros, convencionado de Évora Monte. Mas tome sentido, tanto o
Semblano, como o Lobo, como o Montenegro, como o Medeiros puseramse
em campo porque souberam que nós estávamos em armas na vila de
Sobrado, e não porque tivessem para isso ordem de pessoa alguma.
Sempre será bom dizer-lhe, para lhe contar a história a máxima
exatidão: - Quando nós (quando digo nós, entenda-se guerrilha do
Macdonell) atravessávamos a freguesia de Cinfães, fomos mimoseados
com uma descarga que não feriu ninguém, pelos sete irmãos, os Suíços.
Eram patuleias. Dois formados em Direito (Vitorino e Higino), e os
mais eram. nada. Foram corridos. Estávamos em Boaças, no dia 18 de
novembro de 1846. Ao amanhecer, vimos subir o Douro um barco com
tropa. Eu estava de dia. Mandei esconder atrás de paredes, arbustos e
silvedos os piquetes que na véspera tinha colocado na margem do rio e as
suas respetivas sentinelas com ordem terminante de não darem um só tiro
sem aviso.
Escondi-me na praia atrás de uma barraca de pescador. Do barco saiu
um oficial e alguns soldados da Guarda Municipal do Porto e estes
principiaram a acender lume para fazer o almoço. Sai do esconderijo e fui
ter com o oficial. Era o Couceiro, de Artilharia, que mais tarde foi ministro
da Guerra. Disse-lhe que estava a uma força realista de 500 homens
comandada pelo general Macdonell que, pouco mais acima, estava o
capitão-mor de Nespereira com 200 guerrilhas, e pouco mais abaixo o
Jerónimo da Escaleira com 100, e na margem oposta as guerrilhas de Baião
e Bem-Viver.
718
[Capítulo XX](Notas/Referências)
Contei-lhe a derrota de Valpaços, que ele ignorava, e disse-lhe o mais
que havia. O homem ficou tão surpreendido da derrota dos seus, e da
traição do 3 e 15 de Infantaria, como de estarem em armas os miguelistas
e que ali estivesse Macdonell. "V. Sá vai desenganar-se já lhe disse eu pois
vou apresentá-lo ao general". "Então, visto isso, estou prisioneiro dos
realistas?" e a entregar-me a espada. "Não, senhor nós não fazemos
prisioneiros, porque não temos por enquanto onde os guardar, nem nos faz
conta andar com empecilhos. Tenha bondade de conservar a sua espada e
venha desenganar-se" Fomos para casa do abade de Boaças, e apresentei o
Couceiro ao escocês, que o tratou com as mais delicadas atenções e
deferências. Convidou-o a tomar o partido do Sr. D. Miguel I. (…)”
50. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da
Feira:
“(…) como sabemos, em Agosto de 1914, vários países da Europa,
lançaram-se num conflito armado de enormes dimensões, que se
prolongou até Novembro de 1918 onde milhares de Portugueses e
Centenas de Feirenses defenderam o território Nacional: as ilhas Atlânticas,
Angola em 1914 – 1915, entre 1914 e 1918; e em França em 1917 e 1918.
Tabela 31 – Homens da freguesia de Canedo que foram para a 1ª Guerra Mundial
Agostinho Francisco Saragoça
Soldado – Regimento
de Infantaria nº 6
Canedo
António da Costa Gomes
Soldado – Regimento
de Infantaria nº 24
Canedo
António Pinto da Silva
Soldado – Regimento
de Infantaria nº 6
Canedo
Augusto da Mota
Soldado - Regimento de
Infantaria nº 6
Canedo
Augusto da Silva Freitas Soldado Canedo
Domingos José Pinto Ferreira Soldado Canedo
Eduardo da Costa Guedes
Soldado – Regimento
de Infantaria nº 6
Canedo
Soldado – 1º Deposito
Guilherme Alves Ferreira da de Infantaria,
Silva
Regimento de
Canedo
Infantaria nº 6
Henrique Francisco Dias Soldado Canedo
719
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Henrique José Pinto Marques
Francisco Teixeira
Joaquim Alves da Mota e Sá
José da Mota
Reimão
Soldado – Grupo de
Companhias de Saúde
Soldado – Regimento
de Infantaria nº 20
Soldado – Regimento
de Infantaria nº 6
Soldado
Canedo
Canedo
Canedo
Canedo
José Soares
Soldado – Regimento
de Infantaria nº 31
Canedo
Manuel Correia
Soldado – Regimento
de Infantaria nº 6
Canedo
Manuel da Silva Vidinha Soldado – Regimento
Júnior
de Infantaria nº 6
Canedo
Manuel da Sousa Fernando Soldado Canedo
Manuel Fernandes Lopes
Soldado – Regimento
de Infantaria nº 31
Canedo
Manuel José da Mota
1º Cabo Milº - Soldado
– Regimento de
Infantaria nº 31
Canedo
Manuel José Pinto
Soldado – Regimento
de Infantaria nº 31
Canedo
Manuel José Pinto Soldado Canedo
(…). No total, Portugal perdeu 7.760 homens, a que se somam 16.000
feridos e mais 13.000 prisioneiros. (…) Através da pesquisa neste memorial
até ao momento foram 39 mortos oriundos de Santa Maria da Feira:
Nome
António da
Costa Gomes
Guilherme Alves
Ferreira da Silva
Tabela 32 – Mortos da Freguesia de Canedo na 1ª Guerra Mundial
Naturali
dade
Canedo
Canedo
Regimento
Regime de
Infantaria nº
24
1º Deposito
de
Infantaria,
Regimento
720
Local de
Combate
Moçambi
que
França
Motivo da
Morte e data
Disenteria
ambiliana, 10
de Março de
1917
Combate, 12
de Maio de
1918
Local de
Sepultura
Moçambique,
Cemitério de
Palma
França,
Cemitério de
Richebourg I’
Avoué,
[Capítulo XX](Notas/Referências)
de Infantaria
nº 6
Talhão B, Fila
13,
Coval 15
Manuel
Fernandes
Lopes
Canedo
Regimento
de Infantaria
nº 31
Moçambi
que
Biliosa,
7 de Abril de
1918,
Moçambique,
Cemitério de
Goba,
Coval 5.
51. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da
Feira:
“Lutuosas:
É porquanto, uma das principais dúvidas que de muito tempo até
agora houve nas ditas terras, foram as coisas e diferenças das Lutuosas e a
paga delas, são assunto de muita substância e de muita necessidade que
aqui se esclareçam. Nós, na maneira das outras coisas da dita terra,
mandamos originalmente examinar e, por conseguinte, finalmente
determinar e concertar com nossos Letrados em Relação, declarando logo
aqui particularmente os lugares e freguesias em que se hão de pagar as
ditas Lutuosas e por quais pessoas.
E assim irão adiante em outro// título as outras freguesias e lugares
que costumavam ser escusos da paga da dita Lutuosa, com as declarações
que por direito em tal caso achamos que se deviam de fazer.
E os lugares e freguesias primeiramente em que se hão de pagar as
ditas Lutuosas são estes, a saber, os herdadores de Lever, isto é, as pessoas
que aí tiverem herdades próprias, aos quais os forais antigos chamavam
herdadores ou herdeiros (…).”
52. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da
Feira:
“Maninhos
E porquanto a tomada das terras desaproveitadas e maninhos desta
terra pelos Senhorios dela e por seus oficiais se começava agora a fazer de
tal maneira que os povos recebiam grande dano, não se respeitando nisso
721
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
as leis e ordenações de nossos Reinos. Portanto entre as justificações e
declarações que mandamos fazer na dita terra com os povos // e senhorios
dela para conclusão deste Foral, foi uma a destes maninhos.
Dom Manuel Pereira, do nosso Concelho que agora, por nossas doações,
é senhor das ditas terras para descargo das consciências de seus
antecessores e da sua, ficou contente em deixar livremente os ditos
maninhos que já tinham sido tomados, e não mandar tomar outros mais
conformando-se com nossa tenção e com a do direito comum e de nossos
Reinos. Os povos da dita terra assim o aceitaram e nós assim o aprovamos
neste nosso Foral para sempre.
Com tal declaração e mandado, que daqui por diante, o senhorio que
ora é nem os que forem no futuro, agora nem em nenhum tempo, possam
tomar nem mandar tomar, por si nem por outrem, por qualquer modo e
maneira que seja, as terras maninhas ou desaproveitadas na dita terra, nem
consinta a nenhuma pessoa que as tome, salvo em certos reguengos e
terras realengas que, neste nosso Foral, nas freguesias e lugares onde são,
ficam particularmente logo reservadas a Nós e à Coroa de nossos Reinos,
por estarem agora ermas e despovoadas.
Dentro das marcas dessas terras, o senhorio de nossos direitos as
poderá dar pelo preço e quantia que se concertar com as partes, como coisa
própria nossa, não se intrometendo a, por esta palavra e exceção, tomar ou
ocupar as coisas fora dos tais limites ou as que agora já são possuídas de
algumas pessoas, sem pagarem foro.
Porque nossa tenção é não tomar outras, salvo as que neste Foral forem
logo declaradas. Nem tão pouco tomará os maninhos nem porá outro foro
nem tributo aos casais ermos pelos quais pagam os herdeiros o foro contido
neste Foral.
Nem isso mesmo se intente nos casais das Ordens e igrejas de que se
paga a nós o foro aqui contido, os quais posto que sejam despovoados ou
se possam povoar ou acrescentar pelos senhorios deles, não se lhe tomarão
nem imporão mais tributo do que agora por eles se paga. Nem se tomarão
os ditos maninhos por nossa parte nem por nenhuma outra, nos nossos
próprios reguengos que algumas pessoas já trazem, de que pagam foro,
posto que no limite deles haja algumas terras maninhas, e que se forem
aproveitadas daqui para a frente, o proveito delas ficará livremente para os
722
[Capítulo XX](Notas/Referências)
possuidores e pagadores dos direitos dos tais reguengos ou terras foreiras,
sem por isso se lhe poder acrescentar mais outro foro, posto que mais terra
rompam.
E isto daquela de que já pagam foro certo, porque se pagassem de
quarto ou quinto, pagarão nessa proporção da mais que romperem. E assim
o pagarão pessoas que nos tais reguengos tiverem particulares prazos ou
títulos da terra demarcada e confrontada, além da qual se lavrarem mais
do que o contido em sua // escritura, pagarão ao Senhorio segundo se
concertarem.
E o dito Dom Manuel desistiu logo de todos os maninhos novamente
tomados os quais logo foram, por nossos oficiais e seus, tirados deste Foral
e tombo, onde nunca mais serão colocados. Nem, por conseguinte, levará
o foro deles nem de nenhuns outros que aqui não vão postos.
E assim como pomos lei e proibição aos ditos Senhorios que não
tomem os ditos maninhos, essa mesma queremos e mandamos que se
ponha e tenha em todas as outras pessoas de qualquer estado e condição
que sejam, às quais proibimos que, nem por si nem por outrem, tomem na
dita terra daqui em diante nenhumas terras maninhas em qualquer parte e
lugar que sejam posto que muito longe fiquem do povoado nem
consentirão que as tomem.
Porém, não é nossa tenção que os montes bravios ou terras
desaproveitadas fiquem sem proveito, antes havemos por bem e
mandamos que as ditas terras e maninhos se possam dar desta maneira, a
saber, se alguma pessoa particular quiser tomar e aproveitar as para si e
para seus criados e servidores semelhantes terras à sua custa, sem outro
engano nem cautela as aproveitar, pode-as requerer em Câmara aos
Oficiais dela, fazendo disso petição, na qual declare mui particularmente,
por divisões a todos conhecidas, a terra que pede e com quais concelhos
ou pessoas confronta.”
53. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da
Feira:
“Pão, cal, sal, vinho, vinagre, fruta verde e hortaliça
De todo o trigo, centeio, cevada, milho painço, a farinha e de cada um
deles bem como de cal ou de sal ou de vinho ou vinagre e linhaça e de
723
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
qualquer fruta verde. Incluindo melões e hortaliça, e também de pescado
ou marisco, pagam-se por carga maior, isto é, cavalar ou muar, de cada uma
das ditas coisas, um real de seis ceitis o real. E por carga menor, que é de
asno, meio real. E por costal, que é o que um homem pode trazer às costas,
dois ceitis e daí para baixo se pagará um ceitil por qualquer quantidade que
se vender. E outro tanto se pagará quando se tirar para fora. Porém, quem
das ditas coisas ou de cada uma delas comprar e tirar para fora, para o seu
uso e não para vender, sendo coisa que não chegue a meio real de potagem,
segundo os sobreditos preços, dessa tal não pagarão portagem nem dela
farão declaração
E posto que mais se não declare para diante neste Foral a carga maior
nem menor, declaramos que a primeira adição e assento de cada uma das
ditas coisas é sempre de besta maior, sem mais se declarar, a saber, pelo
preço que nessa primeira será posto, que se entenda logo sem aí mais
declarar. Meio preço dessa carga será de besta menor, e o quarto do dito
preço, por conseguinte, será do dito costal. E quando as ditas coisas ou
outras vierem ou forem em carros ou carretas, pagar-se-á, por cada uma
delas, duas cargas maiores, segundo o preço de que forem. E quando cada
uma das cargas deste Foral se não vender toda, começa-se a vender, pagarse-á
delas na proporção da fazenda que se vendeu, e não do que ficou por
vender.”
54. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da
Feira:
“Coisas de que se não paga portagem
Não se pagará portagem de todo o pão cozido, biscoito, farelos, nem
de ovos, nem de leite, nem dos seus derivados que sejam sem sal, nem de
prata lavrada, nem de vides, nem de canas, nem de carqueja, tojo, palha ou
vassouras. Nem de pedra, nem de barro, nem tojo, palha ou de erva. Nem
das coisas que se comprarem para a vila para termo nem do termo para a
vila, posto que sejam para vender, assim a vizinhos como a estrangeiros.
Nem das coisas que trouxerem ou levarem para alguma armada // nossa ou
feita por nossa ordem. Nem dos gados que vierem pastar a alguns lugares,
passando ou estando salvo somente daqueles que aí venderem, dos quais
então pagarão pelas leis e preços deste Foral (Foral de D. Manuel Primeiro
724
[Capítulo XX](Notas/Referências)
á Terra da Feira). E declaramos que das ditas coisas de que assim mandamos
que se não se pague portagem, também se não têm de declarar.”
55. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da
Feira:
“Casa movida
A qual portagem isso mesmo se não pagará de casa mudada, assim indo
como vindo, nem nenhum direito por qualquer nome que o possam
chamar, salvo se, com a dita casa mudada, levarem coisas para vender,
porque das tais coisas pagarão portagem somente onde as houverem de
vender, segundo as quantias que neste Foral vão declaradas e não de outra
maneira. “
56. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da
Feira:
“Passagem
Não se pagará passagem de nenhumas mercadorias que à dita vila e
terra vierem ou forem de passagem para outra parte, tanto de noite como
de dia, e a quaisquer horas, nem serão obrigados a o fazerem saber, nem
incorrerão por isso em nenhuma pena, mesmo que aí descarreguem e se
alojem. E se aí houverem de estar, por qualquer motivo, mais que o outro
dia todo, então fá-lo-ão saber daí em diante, mesmo que não hajam de
vender.”
57. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da
Feira:
“Novidades dos bens para fora
Nem pagarão a dita portagem os que levarem os frutos de seus bens
móveis ou de raiz ou levarem suas rendas e frutos de quaisquer outros bens
que trouxerem de arrendamento ou de renda. Nem das coisas que a
algumas pessoas forem dadas em pagamento de suas tenças, casamentos,
mercês ou mantimentos, posto que os levem para vender.”
725
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
58. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da
Feira:
“Gado e bestas
E pagar-se-á mais de cada cabeça de gado vacuum tanto grande como
pequeno, um real, de porco meio, real, de carneiro e de todo outro gado
miúdo dois cestis, de besta cavalar ou muar dois reais e de besta asnal um
real.”
59. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da
Feira:
“Escravos
E do escravo ou escrava, ainda que tenha dado á luz seis reais e, se se
resgatar, dará o dízimo da valia da aformia por que se resgatou ou forrou.”
60. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da
Feira:
“Panos finos
E pagar-se-á por carga maior de todos os panos de lã, linho, seda e algodão,
de qualquer sorte que sejam tanto finos como grossos, e também de carga
de lã ou de linho fiados, oito reais. E se a lã ou linho forem em bruto sem
fiar pagarão quatro reais por carga.”
61. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da Feira:
“Coirama e calçado
E os ditos oito reais se pagarão por toda a coirama curtida bem como
do calçado e de todas as obras dele. O mesmo pela carga dos coiros de vaca
curtios e por curtir. E por qualquer coiro da dita coirama, que se não contar
em carga dois ceitis.”
62. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da
Feira:
“Azeite, mel e semelhantes
726
[Capítulo XX](Notas/Referências)
E outros oito reais por carga maior de azeite, cera, me. sebo, unto,
//queijos secos, manteiga salgada, pez, resina, breu, sabão, alcatrão.”
63. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da
Feira:
“Pelitaria
E outro tanto por peles de coelhos ou cordeiras e de qualquer outra
pelitaria e forros.”
64. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da
Feira:
“Marçaria, especiarias e semelhantes
E da mesma maneira se levará e pagará oito reais por carga maior de
todas as miudezas, especiarias, artigos de boticário. tinturarias bem como
por todas as suas semelhantes. “
65. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da
Feira:
“Tabeliães
E pagar-se-á de pensão por todos os tabeliães que houver na terra de
Santa Maria da Feira mil e oitocentos reais em cada ano, repartidos
igualmente por todos os tabeliães que na dita terra houver.”
66. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da
Feira:
“Gado do vento
E o gado do vento é direito real e para nós se arrecadará, segundo nossas
Ordenações, andando em pregão os três primeiros meses e com declaração
que a pessoa a cuja mão for ter o dito gado o venha dizer ao escrivão, que
para isso será ordenado, até aos oito dias primeiros seguintes, sob pena de
lhe ser demandado como furto.”
727
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
67. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da
Feira:
“Dízima das sentenças
E não se levará mais em toda a dita terra a dizima das sentenças que até
aqui se levava pela dada delas, porque assim foi por nós acordado e
determinado em Relação com nossos Letrados e Desembargadores, que se
não deviam de levar, sem embargo de nenhuma posse que aí houvesse
onde não houvesse foral ou escritura que a mandasse assim pagar, o qual
não há nem se achou na dita terra. E levar sê-a, porém, nela somente a
dízima da Sentença que se aí der à execução. E de tanta parte se levara a
dita dizima de maior quantia seja, a qual se não levara se já se levou a dita
dízima pela dada da tal sentença em outra parte.”
68. Revista “Tradição” do ano de 1940:
“Limitada pelas freguesias de Lever e Sandim de Vila nova de Gaia, Vila
Maior, Gião, Lobão e Vale, do mesmo concelho da Feira, e Santo Antônio
da Lomba, de Gondomar. Do Nascente serve-lhe de esbelta e graciosa
moldura o Douro. Do outro lado do rio, Medas, Melres e as suas férteis e
verdejantes campinas.
Canêdo foi vila no princípio da monarquia com foral, que D. Afonso II lhe
concedeu a 1 de Junho de 1212. Na reforma dos forais que Manuel mandou
efetuar por Carta Régia de 22 de Novembro de 1497, no novo foral da Feira,
de 1514, não vem designada a freguesia de Canêdo donde se depreende
que, ainda, neste tempo era vila e concelho à parte.
A aldeia de Várzea, de Canêdo, é uma povoação, de origem muito
remota, era no século X, há cerca de mil anos, importante freguesia. Dela
faziam parte os lugares da Póvoa, do Monte, Carvoeiro, Mosteirô e talvez
Bouças, Vilares, Vale Cova e Sousanil.
A igreja paroquial era no sítio onde hoje é a capela de S. Paio. No fim do
ano 900, D. Gondezindo, genro de Mem Guterres, fêz doação de muitas
igrejas e suas terras ao mosteiro de S. Salvador de Lavra no concelho de
Bouças, onde uma sua filha tinha professado, e entre elas contam-se a
freguesia de Várzea, Santa Eulália, de Gondomar e S. Martinho, de Valongo.
728
[Capítulo XX](Notas/Referências)
Explica-se esta virtuosa generosidade de D. Gondezindo pelo seguinte
caso: Froilo, sua filia tinha nascido muito defeituosa. D. Gondezindo
considerando este facto um aviso da Providência para a emenda dos seus
muitos pecados, resolveu, contritamente, como penitência, distribuir a
quinta parte dos seus enormes bens e assim fundou e prodigamente dotou
três conventos nas suas próprias terras: o de S. Miguel Arcanjo, na freguesia
de S Jorge, o de S. Cristóvão, em Sanguedo é de S. Pedro de Dide, entre o
Douro e o Tâmega.
Houve em Canêdo dois mosteiros de freiras benedictinas: um, em
Mosteiro, na freguesia de Várzea, muito antigo, de que não há vestígios e
de que poucos documentos e tradições existem outro, fundado por D. Telo
Guterres no século XI, no sítio onde hoje é a aldeia do Mosteiro.
«D. Diniz deu êste mosteiro ao bispo do Pôrto, D. Giraldo, em 1304, com
obrigação de ele e seus sucessores cantarem uma missa diária, à honra de
Deus e de Maria Santissima, pela alma de seu pai (do rei), pela sua e pela
de todos seus antecessores e sucessores. Depois o bispo, em 1307, o deu
ao seu cabido, conservando-se ainda três religiosos benedictinos»
«Em 1312 foi dado ao deão da Sé do Pôrto».
«Em 1336, o deão, Domingos Martins não o quis e passou a ser da
comenda de Cristo. Este Domingos Martins, recusou ser padroeiro deste
convento, para não sustentar os três religiosos que ainda continuavam a
residir aqui.»
«Em 1336, em vista desta recusa, foi reduzido o mosteiro a reitoria
secular, indo os frades para o seu convento do Porto.»
«O Mosteiro e a cêrca foram vendidos no tempo dos Filipes.»
«Houve um hospicio, com sua, pequena cerca, que ficava junto à porta
principal da igreja matriz; ficou sendo a residência do reitor.»
«Alguns foros foram para as freiras benedictinas de S. Bento de Ave
Maria do Porto e uns campos, que estão próximos e ao Norte da igreja
foram incorporados à comenda de Malta chamada comenda de Lobão»
Pinho Leal supõe que o mosteiro sera de freiras e o que hoje é residência
e passais do paroco, era um hospício onde residiam os tais três frades que
eram capelães e confessores das freiras, como era costume, e da sua
ordem.
729
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Entende «que foi esta circunstância que deu motivo a dizer-se que o
convento era de frades.»
«É provável que, em 1304, o rei só desse ao bispo do Pôrto o convento
e cêrca; o hospicio e terras juntas e os foros: e os campos, que são grandes
e bons, os incorporasse na comenda de Lobão, que foi dos templários, e
desde 1311, em que esta ordem foi extinta, ficou isto para a coroa até 1319,
em cujo ano o mesmo D. Diniz deu tudo quanto era daqueles cavaleiros à
Ordem de Cristo que então instituíra.»
«O bispo, para lhe ficar o encargo menos pesado, mandou as freiras para
o convento da sua ordem do Porto, e deu a este todos os foros e mais
nada... Mas, vendo que os rendimentos do mosteiro não chegavam para as
despesas das missas cantadas, diárias, ou não podendo cumprir isto (que
na verdade era árduo) doou este resto ao cabido. Este, não lhe fazendo
também conta, com tais condições, o passou ao deão, que por fim também
veio a rejeitar, pelos mesmos motivos passando então tudo a ser uma
reitoria do padroado episcopal.
«O bispo deu o hospicio e pertenças para residência do pároco, ficando
com as rendas do extinto mosteiro. Um dos Filipes... tratou de se apossar
disto e o mandou vender, para as urgências do Estado.
Canedo é uma freguesia rica de tradições históricas e de lendas
encantadoras. O seu folclore é dos mais interessantes e valiosos do país. Os
seus costumes e hábitos primitivos, superstições, vestuários, fainas
agrícolas, indústrias caseiras, culinária, folguedos, são precioso manancial
para o estudioso e investigador ávido de imprevisto e de singularidade.
Meus queridos leitores, se um dia fordes á Vila da Feira, não deixeis de
ir a Canedo, e então, não vos esqueçais de visitar Póvoa a mais rica, a mais
bela, a mais doce aldeia portuguesa.
Para este recanto abençoado não há estradas, não há ruas
alcatroadas, nem largos e deliciosos passeios, pois para o Céu o caminho
não é de rosas, mas de sofrimento e de pesares, de espinhos-e de
mortificações.
Fica a Póvoa numa pequena colina, pousada sobre o Uima, à margem
direita. O rio é que lhe dá a poesia, é que he dá a beleza, é que lhe dá
abundância. Se não fosse o Uima...pobres campos da Póvoa! … Nem searas,
730
[Capítulo XX](Notas/Referências)
nem vinhas, nem os salgueiros e amieiros de frescas e carinhosas sombras,
nem os banhos tentadores das noites de São João, de São Pedro e das
canículas de Agosto... nem os engenhos com as suas harmonias deliciosas,
desde o nascer ao pôr do sol, na sua nobre missão de regar de sangue a
terra... e nem os moinhos porejados de ouro, com as moleiras à porta, de
pernas nuas, muito lava das de descer aos cavoucos, lindas, sacudidas
estrelas que não subiram, para dar vida ao homem.
A corcar esta deliciosa aldeia, uma formosa grinalda de espessos e
sombrios pinhais: as leiras da Vessada, das Escampadas, do Outeiro, da
Devesa, do Marco de Eirós e, além do rio, as tapadas de Vale Cabanas,
Jardim, Souto Ribeiro e Vila Chă. Lá, ao longe, além do Douro, Esposade
entre cortinas de nevoeiro; mais ao Norte, aquém do rio, Fioso, espreitando
por entre as clareiras de vastos e viçosos arvoredos: no fundo a aldeia de
Mourais, sobre fragas agrestes, selvática inexpansiva, alcatifada de fartos e
risonhos prados e campos ricos de humos e saciados de água; do outro lado,
ao sul na cimeira, Gougêva e os seus poéticos socalcos, franjados de
macieiras e pereiras carregadas de saborosos e suculentos pomos; na
mesma linha, para o poente, Terças, um grupo de casas escuras,
construídas, como todas as aldeias de Canêdo, da fraga do seu solo, e duas
ou três saibradas com o saibro das saibreiras de Lever em baixo, deitada
sobre o Uima, em meandros orlados de esbeltos salgueirais, uma pérola
caída do céu - Várzea- vestida de louras searas e povoada de opulentas
hortas e férteis vinhedos. Debruçada sobre a gorda campina, de Alviada, do
sr. Alves dos Santos, a capela de São Paio a abençoar as colheitas da terra;
e mais perto ainda, entre campos verdejantes de milho e deliciosas latadas,
S. Roque, Agrela, Fojo e Manguela…
Extasiam-me as belezas do campo e invejo a simplicidade, a alegria,
a candura, a frugalidade dos lavradores da minha doce aldeia.
731
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Gostava tanto de ouvir as suas histórias, tão interessantes! O tio
Joaquim do Ferreiro falava-me das invasões dos franceses, das lutas liberais
e da desordem violenta da romaria de Santa Luzia, de Framil; o tio Manuel
Neves falava-me da Escritura, das profecias do sapateiro Bandarra e de
todos os moinhos do Uima, desde Pigeiros a Crestuma; a tia Elísia da Bouça
falava-me de lobishomens, luzes errantes, espíritos malignos, possessos, de
caixões de defuntos, de encruzilhadas, horas abertas, pesadelos, embarros,
da porca e dos porquinhos da Proviceira maus encontros, maldições, maus
olhados, maus vizinhos, maus fados, quebrantos, maus do airos más horas,
aranhas mazelas, pragas, castigos, arejos, meninos bentos, bruxedos,
defumadouros, feitiçarias, mudanças de marcos... e ensinava-me orações
para todos os males e pesares, e a talhar a zipula, o ar, as bichas, atriz e pés
desmanchados. Se eu tivesse paciência de contar tantas histórias curiosas,
relacionadas com estas superstições! O tio António da Águeda, que Deus
tenha, repetia-me constantemente a lenda da grade de ouro da Manguela
que aparece à superfície das águas, no Uíma, entre São Roque e o Fojo na
noite de São João, à meia noite, e a lenda da cobra moura do carreiro do
Moinho Velho, e a história e a prática diabólica da colheita da semente do
feto que dá felicidade certa nos amores.
Doc. 307 - Lugar da Manguela
Estou agora a lembrar me da pequenina festa de São Paio, a que há
muitos anos não assisto, com missa cantada, procissão, muitos anjinhos,
andores floridos, músicas e remaideiras, antejoulas, numerosos arcos e
mastros enfeitados de alecrim, flores de urtemige, dálias, boninas e
aleluias, e, para os festejeiros pousarem os pés, alcatifas de folhas de
732
[Capítulo XX](Notas/Referências)
japoneira, de magnoreiro de açucena e de bolota do monte, tão disputada
que eu, quando pequeno, ia arrancar, sorrateiramente, primeiro que os
outros, as leiras da Padiola e de Mourãis, para deitar no Domingo de Páscoa
às portas fronhas, por onde entrava o compasso.”
69. O Tripeiro:
“Mas neste documento não se menciona que a legenda Civitas Virginis,
ou qualquer outra, estivesse insculpida em tal selo, talvez o mais antigo do
Porto que se conheça; e isto dizemos pelo facto de J. P. Ribeiro não
mencionar outro mais antigo do que êste. Porém, o malogrado escritor
portuense Sr. Dr. Gonçalves Coelho - cujo recente falecimento muito
lamentamos, tanto mais quanto seria possível estabelecer-se a
controvérsia, sempre elucidativa, sobre o assunto que versamos - traz na
sua citada Memoria três selos antigos do Porto, dois dos quais, os de
carácter mais autêntico, foram reproduzidos em o ultimo número de O
Tripeiro e ambos ostentam a legenda Sig. Civitatis Virginis Portuglis que
deve ler-se Sigillum Civitatis Virginis Portugalensis, isto é, Selo Portuense da
Cidade da Virgem ou Selo do Porto, Cidade da Virgem (…).
Em volta tem a legenda, interrompida pela fratura, Sig C… cte Marie,
que, bem decerto, deve ler-se Sigillum Civitatis Sanctce Mariae.
Em resumo: o mais antigo sêlo do Porto que se conhece (?) é de 1354 e
não tem legenda; mas outros, atribuídos ao mesmo século XIV, têm a
legenda Sigillum Civitatis Virginis Portugalensis.
O mais antigo sêlo do concelho da Feira é do século XIII (1284) e tem a
legenda Sigillum Civitatis Sanctae Mariae, ficando apenas em dúvida, para
os mais meticulosos, a palavra civitatis, que, aliás, iremos brevemente
encontrar em numerosos documentos relativos à Vila da Feira, sem dúvida
alguma.”
733
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Doc. 308 - Selo do Concelho da Feira de 1284 – Um dos primeiros selos de Portugal
734
[Capítulo XX](Notas/Referências)
70. Eleições da Freguesia de Canedo:
“Confraria do Senhor – 1928;
Confraria do Santo Antônio – 1930;
Confraria de São Pedro – 1930;
Confraria da Senhora do Rosário – 1930;
Confraria do Santíssimo - 1954.
Estas confrarias existiram até 1964. “
71. Eleições da Freguesia de Canedo:
“Nossa Senhora da Piedade
Em 9 e 10 de Maio de 1936, foi esta freguesia visitada por S. Rev. ma ,
o Bispo do Porto, D. A. Augusto Meireles e foi ultimamente benzida a
imagem da N. Senhora da Piedade, completamente restaurada. Foi
restaurada em S. Mamede de Coronado, casa do tedim e custou a
importância de 1.400$00. Fez-se na ocasião uma festa importantíssima com
a presença do Ex.mo Bispo, que acompanhou a procissão da Senhora à sua
capela. Concedeu no acto da bênção, 50 dias de indulgência a todas as
pessoas que rezarem, diariamente, diante desta imagem uma Avé Maria.
O Pároco nomeou uma comissão de homens da freguesia, a fim de
angariarem fundos para as despesas. Como alguns, no fim da festa, se
recusarem a reunir, o que deviam ter feito no acto da nomeação, o pároco,
(..), vai arquivar aqui os nomes de todos, como as respectivas notas de
aceitação ou não aceitação.”
735
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
72. A “Pietã” de Canedo, segundo o seu autor:
212 “O problema da rejeição da
imagem da "Pietã de Canedo, tem a
ver, creio, mais com preconceitos da
que com a fé ou a qualidade estética
da obra.
Digamos que o grande problema
do nosso tempo é a falta de
explicação indispensável ao
Doc. 309 - "Pietã de Canedo" Parque de Nossa
Senhora da Piedade
conhecimento do comodo quando e do porquê; as pessoas são assim,
normalmente levadas a fazer comparações absurdas, pondo em causa até
a importância da divulgação do conhecimento. Por um lado divulga-se e
informa-se levando o conhecimento cada vez mais longe e mais
rapidamente, por outro destroem-se culturas condicionando-se a
percepção dos dados prejudicando- se a formação das personalidades
individuais e colectivas.
Posto isto, e sem querer parecer que não admito que a "Pietã de
Canedo” pode não ter a força necessária para ser aceite e venerada sem
hesitação, quero dizer que a ideia que presidiu à concepção desta Pietã, foi
a de que Cristo não está morto e que sua mãe por saber isso, sorri com
esperança na imortalidade da fé, contemplando ainda dois vetores da
maior importância: a integração no espaço que lhe foi destinado, sendo por
isso que Cristo está deitado segundo o eixo principal do largo e o conjunto
estar contido numa pirâmide , símbolo da estrutura da própria Igreja -
força/luz que vem de Cristo e de sua mãe, que se abre para abranger e
proteger a Humanidade.
Por tudo isto, esta Pietã em nada se poderia parecer com a Pietã de
Miguel Ângelo, é que as concessões artísticas e religiosas dos seus autores
são completamente diferentes e os conceitos teológicos as interpretações
da Bíblia evoluíram de tal maneira que os símbolos que os servem não
podem deixar de reflectir essas mudanças.
Gostaria ainda de dizer, que estudei dezenas de Pietas, executadas
ao longo dos 1990 anos que me separavam do episódio bíblico que lhes deu
212
Informações gentilmente disponibilizadas pelo canedense Sr. Jorge Magalhães.
736
[Capítulo XX](Notas/Referências)
origem, sendo que todas elas são diferentes, traduzindo com fidelidade as
épocas em que foram feitas e o pensamento dos seus autores.
Por isso as obras de arte são tão importantes para a história da
Humanidade.
Também o meu maior desejo é que a "Pietã de Canedo” venha a
merecer o respeito da população, que deverá ver nela, para além do
símbolo religioso que é, um símbolo do nosso tempo e da permanente
renovação do pensamento do homem na sua constante busca do absoluto.
Não quero deixar de prestar aqui a minha homenagem ao Padre
Regal, com quem discuti longamente os problemas relativos à concepção e
execução da obra e que partilhou comigo a alegria de percorrer caminhos
novos!
Bem-haja por isso,
José Aurélio,
17.7.1992”
73. Em redor da estátua de Nossa Senhora da Piedade,
segundo Padre Albano Alferes:
213
“A Arte não se define, emociona-se, sente-se.
E, assim, perante uma obra de Arte as leituras que se fazem são dispares,
conformes as emoções de cada um, o que se verifica no assunto em
epígrafe.
Não sou um critico de Arte mas sinto-a, em algumas das suas vertentes,
que lhe podem ser favoráveis ou prejudiciais.
No caso em causa a implantação de uma estátua, naquele local de rara
beleza, enaltece-a e acarreta-lhe uma projeção brilhante.
A boa traça do plinto da estátua, em granito da região a contrastar com
o horroroso cimentos de cruzeiro, é outra nota positiva a engrandecer a
obra.
Ascendendo, agora, ao facto do polianto, deparamo-nos com um
conjunto escultórico em mármore, a que chamam “Senhora da Piedade” e
que nós, baseados nos nossos poucos conhecimentos, vamos tentar fazer
uma sucinta análise e subsequente leitura.
213
Informações gentilmente disponibilizadas pelo canedense, Sr. Jorge Magalhães.
737
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
E, assim, nós temos, na nossa frente, duas “personagens” masculadas,
germânica nada consentâneas com os habitantes da Judeia denotando
satisfação e alegria; ora esta interpretação é contrária à narrativa
evangélica, e o evangelho é um bloco indestrutível, que não se pode
apoucar ou distorcer para o apresentar à inquieta alma moderna.
Demais uma mãe, que tem o filho morto nos braços, não pode estar
alegre e satisfeita. Todo o conjunto da Piedade é um símbolo da dor, do
sofrimento e da morte o que não ressalta da escultura do Mirante, no seu
volume, forma e expressão.
É um interpretação do facto histórico-bíblico que se considera arrojada
de historicidade e religiosidade.
No entanto, nós debruçados, aqui e agora, sobre a história da Arte,
constatamos que na segunda década do século em curso (refere-se ao
século XX), a pintura de Amadeu e a poesia de Pessoa, foram cobertas de
opróbrios e alvo de críticas despudoradas e insólitas, e, decorridas que
foram outras décadas, os nomes dos autores arribaram às praias da Glória.
Acontecerá assim com a obra do Mirante?
Oxalá que sim…
Padre Albano Alferes”
74. Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho Leal:
Foi um homem que muito contribuiu para a história de várias freguesias
e lugares de Portugal, inclusive a história da Freguesia de Canedo.
“O benemérito autor do
Portugal Antigo e Moderno era
filho de José Martins Barbosa Leal,
quartel-mestre do batalhão de
caçadores n.º 3, e de sua mulher D.
Rita de Cassia Soares de Azevedo.
Bem cedo começou Pinho Leal o
seu fadário, pois tendo nascido em
Belém em 21 de Novembro de
1816, foi batizado na freguezia de
S. Thiago, de Penamacor, no dia 30
do referido mês, tendo percorrido
Doc. 310 - Retrato de Pinho Leal
738
[Capítulo XX](Notas/Referências)
no berço mais de quarenta léguas, devido á vida agitada de seu pai durante
o tempo da guerra peninsular.
Ainda muito criança o seguiu por diferentes terras, e aos dez anos de
idade já tinha andado mais de duas mil e quatrocentas léguas, indo com
seus pães na expedição da Bahia em 1822, andando ainda por outras terras.
Regressou depois a Lisboa e não tardou que seu pai marchasse para Villa
Viçosa, Abrantes e Extremoz.
Em Novembro de 1826 achava-se com sua família em Castro Marim,
marchando depois para Tavira e Albufeira; embarcaram para Aiamonte;
vindo a Portugal estiveram em Monção; mais tarde, entrando de novo em
Espanha, foram a Sarça, onde José Barbosa Leal deixou sua mulher e seu
filho mais velho, José, que faleceu ainda muito novo, de onde partiram para
Penamacor, seguindo Augusto Pinho Leal seu pai para Sabugal, indo d'ali a
Malhada Sarda, Almeida, Pinhel e Coriscada, onde o regimento de
infantaria n.º 6 se reuniu ao batalhão de José Barbosa Leal; voltando a
Pinhel, seguiram para Celorico de Nespereira e d'ali para a povoação de
Curral, onde chegaram no dia 29 de Novembro do referido ano de 1826.
Aqui ficou o pequeno Augusto, por o tempo ser muito áspero e frio e
elle não poder acompanhar a força.
Diz um dos seus biógrafos: «O pobre Augusto, contando apenas dez
anos, ia gelado em uma carga de bagagem, metido entre dois baús, como
elle próprio nos contou; e sendo já decrépito, ainda se recordava de ver
pendente o norte da serra da Estrela, e conservava outras reminiscências
das terras que percorreu metido entre os baús.» Pinho Leal havia assentado
praça em Castro Marim, aos dez anos de idade, em caçadores n.º 4, quando
seu pai ali foi, conforme dissemos; esteve emigrado em Amedo em 1828,
regressando ainda n'esse ano a Lisboa. Estudou um ano no colégio dos
Nobres. Obteve passagem para a guarda real da polícia do Porto e licença
para estudar matemática na Academia da Marinha e Comercio d'esta
cidade.
Em 1833 pertencia ao regimento de caçadores da Beira Baixa. Assistiu
com seu pai à batalha da Asseiceira em 16 de Maio de 1834, última batalha
dada entre realistas e constitucionais, em que foi ferido por uma bala que
lhe atravessou a perna esquerda, e ficou prisioneiro do general Duque da
Terceira. Foi para o castelo de S. Jorge, sendo solto com todos os seus
739
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
camaradas em Junho seguinte pela convenção de Évora - Monte. José
Barbosa Leal foi então com sua mulher e filho para a sua pequena casa em
Santa Maria do Vale concelho da Feira, vendo-se de repente muito pobre,
quando a fortuna lhe sorria, pois José Barbosa Leal já era tenente quartelmestre
e seu filho Augusto alferes, não tendo ainda completado dezoito
anos.
Por fatalidade, José Barbosa Leal, apesar de ter sido sem pré generoso
com os seus inimigos políticos, nas represálias que se seguiram á convenção
de Évora-Monte foi barbaramente assassinado no dia 17 de Junho de 1834,
deixando a viúva e o filho expostos a duas contingências. O pobre moço,
sem saber ao que tornar-se para ganhar a vida, fez-se mestre escola. No fim
de m ano, sentindo-se enfastiado daquela profissão, fez-se pintor. Como
desenhasse razoavelmente, alcançou na sua aldeia bastante fama e
conseguiu ganhar o suficiente para ali comprar umas casinhas e uma
quintarola. Começou também a tomar gosto pela leitura.
Em 1840, andando a pintar o tecto da igreja de Santa Eulalia, de Arouca,
encontrou entre uns alfarrábios do abade um Diálogo de varia história, de
Pedro Mariz, e despertou-lhe a ideia de fazer um diccionario geográfico de
Portugal (…).”
75. Cónego António Ferreira Pinto:
Fez um notável e admirável trabalho
sobre a Freguesia de Canedo, intitulado.
“S. Pedro de Canedo no Concêlho da Feira
(1938)” ao qual este trabalho se baseia.
“Arcediago da Sé do Porto, Cónego Dr.
António Ferreira Pinto, nasceu em
Guisande a dois de Junho de 1871 e
faleceu em 8 de Abril de 1949.
Dedicou grande parte da sua vida ao
Seminário do Porto. Foi nomeado Vice-
Reitor em 1906 e mais tarde Reitor, cargo
que desempenhou até ao fim da sua vida.
Professor muito competente, com 50
anos de aturado esforço intelectual e
Doc. 311 - Cónego António Ferreira de Pinto
740
[Capítulo XX](Notas/Referências)
didático, deixou uma vastíssima obra entre os quais avultam “Lições de
Teologia Pastoral e Eloquência Sagrada “Memória histórica do Seminário do
Porto, In Memoriam do Bispo D. António Barroso”, entre outras. Em 1936
publica a Monografia de Guisande “Defendei as vossas terras”. Trabalho de
investigador, colhido paciente e demoradamente, as páginas deste livro
representam o amor de quem escreveu pela sua terra. Este trabalho, devido
à sua importância para a freguesia, foi reeditado pela Junta de Freguesia de
Guisande em 1999, aquando do cinquentenário da sua morte.” 214
76. Umica: Civilizações Pré-Histórica, Proto-Histórica Romana e
Romano-Portuguesa da Bacia do Uíma, no Concelho da Feira,
Arlindo de Sousa:
“Damos o nome de Umica à região do Uma, graia antiga do rio que,
actualmente, é designado por Uima ou Ima, usado tanto no género
masculino como no feminino. (1)
Nasce o Uima ou Ima, em Duas Igrejas, antiga freguesia e,
modernamente, povoação da de Romariz, do concelho da Feira.
Banha o rio, além de parte da freguesia em que tem a sua nascente, as
Freguesias de Pigeiros, São Jorge, Lobão, Fiães, Sanguedo, Vila Maior,
Sandim, Canedo, Lever e Crestuma. (2)
Um monte, chamado da Mó, serve de linha de separação das águas.
Se elas deslizam para a bacia de Duas Igrejas, ou campinas de Guisande,
Louredo e Vale, seguem para o Douro, ou pelo Uima ou por outros rios; se,
pelo contrário, afluem de Monte da Mó (3) ,ou das colinas que dai se
prolongam, para os lugares de Fafião, Igreja, Romariz e Portela, formam o
rio de Mouquim e continuam pelo Ul e Antuã para a Ria de Aveiro.
(1) Da origem etimológica de Uma tratamos nas OPRTP (Origens Pré-Romanas da Toponímia
Portuguesa).
(2) Oito freguesias são do concelho da Feira: Romariz, Pigeiros, São Jorge, Lobão, Fiães,
Sanguedo, Vila Maior e Canedo; e três do concelho de Gaia: Sandim, Lever e Crestuma.
(3) No Monte da Mó, existiu uma povoação romana (?), segundo a tradição aí corrente.
(…)
214
Biografia escrita por M. Álvaro V. de Madureira.
741
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Nós agrupamos, da seguinte maneira, os locais de que temos
conhecimento, comprovativos da grande habitualidade umense:
I. Topónimos relacionados com a civilização pré-romana (étimos de
origem latina). II. Topónimos relacionados com a civilização pré-romana ou
romano-portuguesa (étimos de origem latina). III. Topónimos relacionados
com a civilização romano-portuguesa (étimos de origem latina, germânica
e árabe). IV. Topónimos de origem pré-romana, ligados, ou não, à civilização
pré-romana.
I. Topónimos relacionados com a pré-romana (étimos de origem
latina). Em Romariz: Arca, Arcas, Arcoa, (Campo dos) Mouros, Castrilhăo,
Castro, Crastelo, Cuvidade Cividade), (Rua dos) Mouros. Em Pigeiros: Arca
Pedrinha, (Corga de) Arca, (Pé de) Arca. Em São Jorge: Cepo, (Casaldoido
(Casal do Idolo?), Pia. Em Lobão; Mamoa. Em Fiães: (Mav)arca (?),
(Mod)arca, Mámoa, Monte de Santa Maria (assento provável da cidade de
Langobriga). Em Gião: (Corga da) Moura. Em Vila Maior: Cepo e (Mato do)
Mouro. Em Canedo: Castelejo, Castelinho (nos limites da freguesia de Lever,
do concelho de Gaia), Castelo, Penas do Cepo. Em Sandim: Castro,
civilização Mámoa (…).
II. Topónimos relacionados com a civilização pré-romana ou romanoportuguesa
(étimos de origem latina). Em Romariz: Calçada, Caldeirinha,
Esirada, Forno (Monte do), Muro, Pardieiros, Pasarias, Passadouras, Portal,
Portela, Portelica, Porio, Quingosta, Rodelo (?), Santa (Chao da), Țorreļeiros
e Travessia. Em Pigeiros: Corredoura, Forno, Portela, Redondelo, Redondo,
Telefe, Telegre (1). (…) Em Giâo: Estrada e Tore. Em Vila Maior: Corredoura,
Estrada, Muro, Padrão, Passarias, Pedrão, Redonda, Santinho. Em Sandim:
Mourilhe, Passarias. Em Canedo Má (Regada), Pardieiros, Passagem,
Passarias, Portela, Redonda, Redondo, Rodas (? Rodelo (?), Santinho, Torre.
Em Crestuma: Mouratinha.
(1) Arquivo do Distrito do Porto, Cartório do Cabido, maç. 1655, do ano de 1544, ap. P.e Manuel
F. Dos Santos, A Minha Terra, pags. 58-64.
(2) Inq. de D. Afonso III, ano de 1251.
III. Topónimos relacionados com a civilização romano-portuguesa
(étimos de origem latina, germânica e árabe). (…) Em Vila Maior: Cedofeita,
Devesa, Devesinha, Pousada e Reguenga. Em Canedo: Albergada, Devesa,
Devesas, Mosteiro, Mosteirô, Paçô, Paradela, Povinhosa, Póvoa, Póvoas,
Proviceira, Vila Chã, Vilares. (…)
742
[Capítulo XX](Notas/Referências)
IV. Topónimos, de étimo pré-romanos, ligados, ou não, à civilização
pré-romana. (…) Em Canedo: Barraca, Barreiro, Barreiros, Barroco,
Barroquinha, Barroquinho, Bico, Bouça, Bouças, Bouço, Camouco,
Candazinha, Cantazinhas, Carquejal, Carreirinho, Carreiro, Corga (do Rei),
Corguinho, Gaibo (?), Inha (?), Lousado, Mina, Penal, Penas (do Cepo),
Penedo e Sapaleiro (1).
(1) Acerca da origem etimológica destes topónimos, vede as minhas OPRTP (Origens Pré-
Romanas da Toponímia Portuguesa).
(…)
REGIÃO DE SANGUEDO, VILAR MAIOR E CANEDO
Quando passamos pelos caminhos recônditos das velhas aldeias do
concelho, lembramo-nos, sempre, das histórias que nos contavam, em
pequeno: lobisomes, fantasmas cruéis, génios maus, gigantes sanguinários,
encruzilhadas, cemitérios abandonados, onde apareciam caixoes de
defuntos, com velas a arder, barricas de ouro, de peste ou inferno,
símbolos, taivez, de riquezas soterradas, epidemias e sanções religiosas
ríspidas. Tradições muito afastadas, meio esquecidas, como as do velo de
ouro, dos escolhos de Cla e Caribdes e do chifre da cabra Amalteia: união
íntima da consciência e da memória; beijo da alma, a estreitar o passado e
o presente.
São as lendas e superstições de alto valor etnológico.
Elas podem ajudar a definir uma civilização, ejudar a marcar a sua
idado, e, se não podem chegar mais longín origem, podem, contudo, igir
um lanço avançado da vida.
A cultura umense manifesta uma undade surpreendente
Por todo o Uima, desde a sua nasconte à sua foz, por toda a sua bacia
hidrográica, encontramos os mesmos sinais de civilização.
Os rios são conservadores, são fronteiras que prendem fortemente,
são, podemos dizer, um pouco inimigos do progresso, e oque dizemos do
Uíma podemos dizer, com experiência, do Inha, do Febros, do lobo, do UI,
do Antuã, do Arda, do Paiva, do Pavia, do Asnes, do Zela, do Lavandeira, do
Caima, do Vigues de outros rios da região douro-vouguense.
Sanguedo, Vilar Maior e Canedo são outra bolsa mimosa da cultura
umense.
743
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
No monte de São Bartolomeu, de Sanguedo, no Calvário ou Capelas,
de Vila Maior, no Castelinho e Castelo, de Canedo, em volta desses lugares,
estão as origens mais remotas da história Sanguedina, Vila-Maiorense e
Canedeira.
Não há terra que não possua um ponto de partida, distante do
âmbito da história.
Quando não há espólios arqueológicos, despojos palpáveis,
materiais, aqui que o historiador, principalmente, deita a mão, pode haver
elementos espirituais a eles ligados: lendas que são símbolos de vida
religiosa, social, económica e até política, e topónimos, veladores de
antigos monumentos pré-históricos, proto-históricos e históricos.
Em Romariz e Fiães aparecem uns e outros, como vimos. Aqui faltam
os primeiros, mas abundam os segundos.
Está situado, o monte de São Bartolomeu, entre os lugares de Aldeia
Nova, Terreiro e Agrela, na vertente Sul, e Telha, ou Engenho, de Sandim,
já do concelho de Gaia, na vertente de Nordeste. Do lado de Aldeia Nova e
Terreiro monte é pouco elevado; do lado da Telha, ou Engenho e Agrela,
existe um vale fundo. O Uima rodeia-o, em parte.
O povo tem as suas hagiografias especiais: Marcos Domingos e
Bartolomeu eram irmãos. Todos três resolveram dedicar-se à vida religiosa,
e, como eram muito amigos, decidiram construir os seus ascetérios em
locais elevados donde se pudessem ver e comunicar quando quisessem.
Marcos foi para um alto de Fajões, do concelho de Oliveira de Azeméis,
Domingos para um alto da Raiva, do concelho e Paiva e Bartolomeu para
Sanguedo. Quando os três ascetas morreram e a Igreja os santificou, os,
lugares dos antigos eremitérios os seus devotos construíram as três capelas
(1).
Em Canedo, ouvimos contar esta mesma lenda de outra maneira:
Três irmãos, muito amigos, Domingos, Pedro dos Pecueiros e Marcos,
decidiram consagrar-se à vida religiosa e construíram, com as próprias
mãos, pois eram todos três pedreiros, três ascetérios, em locais elevados,
donde se vissem e comunicassem, quando quisessem, respetivamente em
Paiva, Penafiel (2) e Fajões.
744
[Capítulo XX](Notas/Referências)
Possuíam um só martelo, diz a lenda, e por causa disso, trabalhavam,
à vez, com ele, e arremessavam no, de um lado para outro.
As três capelas têm as portas principais voltadas umas para as outras.
(1) Contou-me assim a lenda o médico sanguedense Dr. António Ferreira Pinto.
(2) Ou entre Penafiel e Rio Mau.
(…)
Em Vila Maior, nas Capelas, no lugar do Serräo, disse-nos o Sr. Álvaro
Ribeiro, de 63 anos de idade, existia uma pipa de ouro e outra de peste.
O local também é conhecido pelo nome de O Calvário, mas não se
lembra o nosso informador de lá irem procissões.
Na mesma freguesia, nas Cavadinhas, nome de uns terrenos
lavradios, onde passa o ribeio das Capelas, nome que provém de dois
monumentos lendários, junto a m moinho na covada dos montes de Gaeta,
dize, há um encanto perto, na Zenha, dentro do ribeiro, debaixo das águas,
está uma pia redonda, cavada na rocha granítica, e uma pegada de um
cavalo.
Dizem que a pia estava cheia de ouro em pó (2).
Uma vez, foi lá um padre a fim de a desencantar.
Em certo momento das orações, desencadeou-se uma tempestade
violentíssima. Rompeu um ciclone. Os raios fuzilaram. A terra parecia que
se abria toda.
Era o acabamento do mundo, disseram-nos os senhores Álvaro
Ribeiro e Urbano Gomes da Silva.
Todas as pessoas, que estavam a assistir ao desencantamento,
incluindo o próprio padre, fugiram, cheias de pavor.
No outro dia, alguns membros da familia Cortinha ainda lá colheram
alguns quilos de ouro com que compraram grandes bens.
Em Canedo, além dos tesouros, ou segundo outros, das pipas de ouro
e de peste, que estão enterradas debaixo da capela de N. S. da Piedade, e
do culto pagão, que anda misturado ao culto cristão, na festa de Santa
Bárbara, de Rebordelo (3), tem despertado a nossa atenção o aro de
civilização do Castelinho, já na área de Lever, do concelho de Gaia, razão
745
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
por que falaremos dele Dento da área de Canedo fica Póvoa, Vale de
Cabanas, Proviceira, Poço da Manguela, na margem direita do Uíma, e
Agrela, Marco de Eirós e Três marcos, na margem esquerda. No Poço da
Manguela, local fundo do álveo do rio Uíma, aparecia uma grade de ouro,
ao meio da noite de São João. No Marco de Eirós, ou segundo outros, nos
Três Marcos, estão, também, enterradas uma pipa de ouro e outra de
peste.
(…)
2) Cf. O Archeologo Português, vol. xxiv, pag. 76
(3) A festa cristã realiza-se em Rebordelo, e a festa paga em Pessegueiro, na freguesia do Vale.
A locução toponímica Vale de Cabanas, de que já falámos, em outro
lugar (1) exprime uma fase de civilização talvez pré-romana. As cabanas cram
pobres habitações, feitas de barras ou barrotes de madeira, ou de barro,
cobertas com colmo, giestas, ramos das árvores, folhas de pinheiro, etc.”
(1) Antiguidades do Concelho da Feira. Langobriga”
77. Em redor da construção de um nova Igreja em Canedo:
Nos finais do século XX, com o travessar de um desenvolvimento fora do
comum na Vila de Canedo, foi discutido a possibilidade da construção de
uma nova Igreja.
Esta ideia motivou inúmeras outras, a favor e contra ao projeto. O
mais discutido, certamente foi o lugar da sua construção e aí houve
grandes confrontos entre a Junta de Freguesia e Comissão Fabriqueira da
Paróquia de Canedo, na qual o falecido e ex. pároco Padre António Regal
fazia parte. Esta última, chegou mesmo a mandar elaborar um projeto
inicial para a construção da Igreja.
Perante tudo isto, o projeto acabou por ir a lado nenhum, sendo
que resta para memória estas pequenas referências que, num futuro
próspero, possam vir a servir de mote para outras ideias profícuas e assim
contribuir para o bem estar da freguesia.
746
[Capítulo XX](Notas/Referências)
Doc. 312 – Planta Tipográfica do Terreno da Senhora da Piedade em Canedo – Finais Século XX
747
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
78. Casa do Pateo em Carvoeiro:
A Quinta do Pateo, com a casa e a Capela, foi construída por Abranches
Maria Nobre, que nasceu no ano de 1609 no Porto. Na altura, quando a
Capela do Pateo foi construída tinha como padroeiro o Senhor dos
Navegantes, que terá desaparecido numa das cheias do Rio Douro.
Mais tarde, o pai de João de Sousa que era de Melres comprou terras
aos herdeiros de Abranches e construiu uma casa perto da Quinta. Depois,
acabou por comprar toda a Quinta do Pateo a um herdeiro chamado
Frutuoso e por volta de 1890 fez obras na Casa e na Capela.
Durante essas obras de restauração, o seu filho Joaquim, que ainda era
pequeno, ficou cego de um olho. Por essa altura a Capela já não tinha
santo e por isso mesmo Ana da Silva Estrela, a sua esposa, trouxe o S.
Lourenço da capelinha velha da casa dos seus pais no Lugar da Mota,
mesmo contra a vontade dos moradores do lugar.
A Quinta do Pateo, depois, ficou de herança para Luís de Sousa Ferreira,
que fez obras e a Capela, inaugurando-a a 27 de Agosto de 1939.
Hoje, a Quinta do Pateo já não pertence aos herdeiros dos “Joões” de
Carvoeiro.
Doc. 313 – Quinta do Pateo (do lado esquerdo a Casa e do lado direito a Capela e ao fundo o Rio Douro)
748
[Capítulo XX](Notas/Referências)
79. “Inauguração” da Capela de S. Lourenço em 1939:
A 27 de Agosto de 1939, foi inaugurada a Capela de S. Lourenço e
escritos os seguintes versos por José de Sousa Dias:
I
Era o dia 27
O dia vinte e sete D’ Agosto
Que eu parti às sete e meia
E parti com todo o gosto.
II
Eu segui para Pombal,
Daí a praia de Carvoeiro
E chamando por um barco,
Me passou a Carvoeiro.
III
Eu logo ali na praia,
Fiquei logo encantado,
Dos elegantes asseios,
E tudo embandeirado.
VI
Logo vi os dois coretos
Nesta praia afamada,
Assentes nesse bom cais
Nessa bela esplanada.
V
Duas músicas ali tocavam,
E que eram as seguintes:
Era a Banda de Bairros,
E os Bombeiros de Avintes.
VI
Eu segui ver a Capela
Nova Capela elegante,
Do milagroso S. Lourenço,
Em sítio muito elegante.
VII
A Capela é pertença,
Da Quinta de São Lourenço,
Do Sr. Luís Ferreira,
Que tem respeito imenso.
VIII
Ó capela tão bonita,
Tão bela, tão asseada,
A gente que a visita
Fica logo encantada.
IX
Tem coro e capela-mor,
Porta da frente e travessa,
Tem porta para a sacristia,
Porque isso interessa.
X
Essa ampla sacristia,
Também tem uma janela,
E tem porta para fora,
A da antiga capela.
XI
Lá por cima dessa porta,
Ou porta especial,
Tem a campainha antiga,
Que lhe serve de sinal.
XII
Na padieira lá diz,
Pois lá se vê o letreiro (1928)
Feito la naquele tempo,
Pelo artista pedreiro.
749
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
XIII
Tem arco, cruzeiro e grade,
Altar-mor e laterais,
Embora os dois pequeninos,
São muito especiais.
XIV
Tem coro com sua porta,
E escadas para fora,
Quem tudo ali apreciar,
Ali tudo se adora.
XV
A torre é moderna,
Embora seja pequenina,
Em cimento e bugalho,
E também d’areia fina.
XVI
Formada por 4 colunas,
Esta torre é engraçada,
Com campainhas e sino,
E cúpula abrilhantada.
XVII
Noto mais ainda isto,
Pois acho em condições,
Tem um bom sólido púlpito,
Dali pregar sermões.
XVIII
Tem na frente principal,
Para servir de sinais,
A era de construção (1628-1939)
Do Dono, as iniciais- L. S. F.
XIX
Esta formosa capela,
Tem recinto bonitinho,
Tendo de entrada um portão,
Entrada lá do caminho.
XX
Nesse recinto tem árvores,
Camélias e mais roseiras,
E tem casa pegada,
E ramadas com videiras.
XXI
Sim, a casa lá da Quinta,
Eu torno a relatar,
Casa boa, mas antiga…
Mas sempre de respeitar.
XXII
Antes da missa começar,
Foi benzida a Capela,
Por 3 padres aparamentados,
Com cruz, turibulo e caldeira.
XXIII
Findo o acto, Começou a missa,
Missa solene acolitada por mestre
de cerimónias,
Pois ali não faltou nada.
XXIV
Ao Evangelho sobe o púlpito,
Nomeado pregador,
Pois uma hora pregou,
Sermão de grande valor.
750
[Capítulo XX](Notas/Referências)
XXV
Foi resignatário de Anta,
Padre Manuel Estevam Ferreira,
Que é reitor do Carmo no Porto,
É orador de primeira.
XXVI
Logo a missa acabada,
E saída a procissão,
Por certo itinerário,
Ela vai com perfeição.
XXVII
Composta assim com bandeira,
Cruzes de prata e andores,
E também com alguns anjos,
Com vestidos a primor.
XXVIII
A Cruzada de Canedo,
Nela foi incorporada,
Tão finda sociedade,
Há meses organizada.
XXIX
Após disso ia o Pálio,
E as músicas a tocar,
Em segundo ia o povo
Atento a acompanhar.
XXX
Ao passar desse cortejo,
O povo respeitador,
Adornou nas Janelas,
Com ornatos de valor.
XXXI
Em Honra da Sra. de Fátima,
Era a festa realizada,
E padroeiro S. Lourenço,
Festa agora afamada.
XXXII
Vou falar também da Véspera,
Mas eu dessa não vi nada,
Pelo que ouço dizer,
Foi muito apreciada.
XXXIII
A procissão da nova imagem,
E de velas a procissão,
Dizem ser com imponência.
Vistosa iluminação
XXXIV
Nª Srª de Fátima,
De Fátima excelsa senhora,
Todos ali a veneram,
Como nossa protectora.
XXXV
Pois deitaram algum fogo,
De estrondo e estalaria,
E das vistas não falamos,
Era uma bizarria.
XXXVI
Senhor Luís de Carvoeiro,
Que é Homem de Respeito,
Todo o povo deve amar,
Ele é digno de conceito.
751
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
XXXVII
É um homem arrojado,
E de alta estimação,
De Moral e bem sincero
De alma e coração.
XXXVIII
É um homem todo digno,
Da nossa religião,
Quer numa parte quer noutra,
Presta toda atenção.
XXXIX
Com nova capelinha,
O povo está satisfeito,
E quer honrar o seu lugar,
Porque tem todo o direito.
XD
O povo de Carvoeiro,
Sempre atento e bem posto,
Quer festejar sua festa,
Que é sempre em Agosto.
XDI
Este santo esquecido,
Já havia oito anos,
O Diácono S. Lourenço,
Queimado pelos tiranos.
XDII
Ó povo da Beira Rio,
Ó povo da Beira Douro,
Festejai o S. Lourenço,
Que tendes aí um tesouro.
XDIII
Já tem Juiz para o ano,
E Juíza verdadeira,
Pois são dois filhos direitos,
De J. Sousa Ferreira.
XDIV
E para os auxiliar,
Com gente de devoção,
Também foi já nomeada,
Uma honrada Comissão.
XDV
Estais unidos para a festa,
Dais provas de bons festeiros,
Apesar de não serdes ricos,
Sois felizes marinheiros.
XDVI
Essa terra não é rica,
Porque é pouca a carvoeira,
Negociantes e vendedeiros,
E tem a vida barqueira.
XDVII
Tendes aí indústria,
A fábrica Serração,
E mais uma outra anexa,
Que fabrica bom sabão.
XDVIII
Para brio vosso cais,
Nesta praia de Carvoeiro,
Tão extensa e perfeita,
No Douro, será a primeiro.
752
[Capítulo XX](Notas/Referências)
XDVIX
Adeus ó linda Capela,
Capela de perfeições!
Trazendo eu dessa festa,
As mais gratas recordações.
D
Feito isto por quem sou,
E que me dei aos trabalhos,
Sou José de Sousa Dias,
Deste lugar de Broalhos.
Fim
Broalhos, Medas
José de Sousa Dias
80. Fábrica de Sabão em Carvoeiro:
No ano de 1915, Joaquim de Sousa Ferreira,
num terreno abaixo da sua casa, construiu uma
Fábrica de Sabão, feita sob esteios e em
madeira. Encerrou no ano de 1936.
Anos mais tarde, a Fábrica de Sabão
desapareceu numa cheia do Rio Douro.
81. Fábrica de Papel e Serração em Carvoeiro:
Doc. 314 – Fábrica de Sabão em
Carvoeiro
Luís de Sousa Ferreira e Manuel de Sousa Ferreira receberam um
terreno dos pais onde construíram, em sociedade com o irmão Joaquim de
Sousa Ferreira (com uma cota pequena) e outro sócio, uma fábrica de
papel. Mais tarde, ao lado construíram uma serração.
Em 1928, chatearam-se e as fábricas faliram tendo sido vendidas
em haste pública pelo tribunal da então Vila da Feira. O Luís pediu ao
irmão Joaquim para as comprar, e assim aconteceu, comprou por 102
contos na altura. Passado meio ano, Luís tornou-se sócio de Joaquim.
Entretanto, a fábrica de papel fechou.
753
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Mais tarde, como a construção da serração era feita em madeira, esta
sofreu um incêndio, inaugurando-se uma nova em 1932 que encerrou no
ano de 1964.
Doc. 315 – Serração em Carvoeiro Doc. 316 – Fábricas em Carvoeiro no ano de 1989
82. 1º Comandante do Posto da GNR de Canedo:
António dos Reis, filho de João dos Reis e
Maria Antónia Farias, foi o primeiro
comandante do Posto da GNR de Canedo, onde
exercer por nove anos atividade militar, de
1974 a 1983. Nascido a 11 de Janeiro de 1927
em Zebreira, Idanha - A – Nova, distrito de
Castelo Branco, veio para Canedo e trouxe
consigo os seus dois filhos: José e Maria
Lucinda, e sua esposa Ana Maria Caldeira. Logo
após ter cá chegado, ganhou muito
reconhecimento do povo Canedense pelo seu
brio e sentido exemplar como praticava a sua função.
Faleceu em Canedo, a 31 de Dezembro de 2013, estando sepultado no
Cemitério Paroquial de Canedo.
83. Coveiro que mais tempo serviu Canedo:
Manuel Baptista, (nasceu a 30 de Novembro
de 1930 e faleceu a 29 de Junho de 2000),
serviu a freguesia de Canedo como coveiro durante
40 anos.
Doc. 317 – António dos Reis
Doc. 318 – Manuel Baptista
754
[Capítulo XX](Notas/Referências)
84. Jornal Correio da Feira – Edição 26 de Agosto de 1939:
“Canedo, 21
NOTÍCIAS DIVERSAS
É já no próximo domingo que no lugar de Carvoeiro vai ser solenemente
benzida e festivamente inaugurada uma capelinha e expensas dos srs. Luiz
de Souza Ferreira & C. a muito próximo do rio Douro. O «Correio da Feira»
já informou o seu programa.
A Capela tem como patrono S. Lourenço e a festa é em honra deste
Santo e da Senhora de Fátima. Espera-se grande concorrência não só no
domingo mas também na noite de sábado em que haverá véspera com
iluminação, fogo e músicas.
- No dia 3 de Setembro realiza-se na nossa Igreja Paroquial a festividade
do Coração de Jesus.
- O importante melhoramento da estrada que nos vai ligar ao norte do
país por Castelo de Piava está em ativa construção empregando muita
gente daqui e de outras freguesias. É seu empreiteiro o Sr. Damas, que
reside nesta freguesia e no domingo teve visita de pessoas queridas de
família residentes no Porto.
A fiscalizar por conta do Estado a construção da grande estrada
encontra-se entre nós um cidadão de certa estima que é hóspede do Sr.
José Gomes Sameiro.”
85. Jornal Correio da Feira – Edição 25 de Outubro de 1941:
Sobre a abertura da Estrada Nacional 222 ao público.
“Um importante melhoramento
Compreendido nas grandes obras da Junta Autónoma de Estradas,
achava-se há bastantes anos incluído o troço da estrada de ligação entre
Canedo, deste concelho da Feira e Pedorido, de Castelo de Paiva, para
formar a grande estrada de Turismo da Ribeira de Ovar à fonteira em Pinhel.
Pois este grande melhoramento acaba de ser um facto com a conclusão
do troço entre Canedo deste concelho e Pedorido do concelho de Castelo
de Paiva, estando a servir provisoriamente duas pontes de madeira, uma
no pitoresco lugar da Inha de Canedo e outra um pouco mais além.
755
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
A estrada acha-se franca ao público desde amanhã.
Foi construtor do importante ramal o conhecido empreiteiro sr.
Sebastião de Oliveira Damas, abastado proprietário em Castelo de Paiva.
É motivo para nos felicitar e aos povos das freguesias quer marginam a
estrada, pois o melhoramento é dos mais importantes que se regista nos
últimos tempos nesta região.”
86. Jornal Correio da Feira – Edição 11 de Junho 1942:
“MELHORAMENTO PÚBLICO
Nesta freguesia vai ser inaugurado no próximo domingo do corrente, um
importante melhoramento no lugar da Igreja e que desde há muito se
tornava necessário. É um lavadouro público, construído por esforços da
Junta e comparticipado pelo Estado.
O ato será revestido de solenidade, pois a ele virão assistir autoridades
da Vila e tocarão no local as músicas de Couto de Cucujães e de Moreira da
Maia.
Canedo está em festa no dia 19.
87. Jornal Correio da Feira – Edição 30 de Janeiro de 1965:
“Canedo, 18
PONTE DA INHA: Já estão quási concluídos os trabalhos da construção
da ponte sobre o rio Inha, estando já o trânsito aberto, passando por ali as
camionetas das carreiras de Pedorido ao Porto, há já algumas semanas,
embora não tenha sido ainda inaugurada. Esta obra representa um grande
melhoramento, por substituir a antiquada ponte de madeira, que não
oferecia segurança, tendo-se registado alguns acidentes entre veículos,
embora não haja desastres pessoais a lamentar.
CAPELA DE N. S. DA PIEDADE: Há cerca de 2 anos foi construído um
gradeamento de granito e cimento em volta da capela, visto esta não
comportar as pessoas que a ela acorrem, principalmente em dias de festa.
Foi realmente uma boa obra, e só lamentamos que também não se tenha
arranjado o piso, que se encontra em muito mau estado.
756
[Capítulo XX](Notas/Referências)
O peditório pela freguesia para a compra de 8 mil metros quadrados de
terreno em volta da capela, rendeu mais de 90 contos. Quando o arraial for
arranjado, devidamente, rivaliza com os melhores do nosso concelho.”
88. Jornal Correio da Feira – Edição 31 de Julho de 1965:
“CANEDO, 28
VISITA PASTORAL
É já no próximo domingo, dia 1 de Agosto, que esta freguesia vai viver
horas de alegria e de comoção pela chegada da Virgem peregrina e do
Rev. mo Administrador Apostólico do Porto.
Às 20 horas é esperada no limite desta freguesia a imagem de N.ª S.ª
que vem do concelho de Oliveira de Azeméis e vai permanecer nesta
freguesia até ao dia 15; 2 semanas de pregações por missionários, não só
na igreja paroquial como também lugar de Mosteiro e Várzea.
Tudo se prepara para que resulte brilhante este acontecimento que até
agora ainda se não realizou nesta freguesia vez volte a repetir-se.
Após a peregrina, organizar-se-á uma imponente procissão,
incorporando as crianças da Cruzada Eucarística e escolas com as suas batas
brancas, estandartes, autoridades, etc.
O povo em grande número, deve incorporar-se nesta grande
manifestação de fé.- C.” 215
89. Jornal Correio da Feira – Edição 14 de Agosto de 1965:
“Canedo, 4
VISITA PASTORAL
Como noticiámos, foi recebida com grande entusiasmo e religiosidade
a Imagem de Nossa Senhora de Fátima, que de Arrifana até esta freguesia,
foi conduzida no carro dos Bombeiros Voluntários da Vila da Feira,
seguindo-se-lhe grande cortejo de automóveis.
Organizou-se uma majestosa procissão de velas com o andor da Virgem,
em que tomaram parte, o Administrador Apostólico da Diocese D.
Florentino Andrade e Silva, bispo-auxiliar D. Alberto Cosme do Amaral,
215
Tal facto voltou a acontecer no dia 17 de Abril de 2016.
757
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
vários sacerdotes, missionários, autoridades da freguesia e milhares de
pessoas, que davam imponência à procissão.
____________________________________
Com grande satisfação foi lida deliberação da Câmara, que este
semanário publicou no seu nº 3463, da obra a realizar nesta freguesia:
pavimentação a cubos no Largo da Praça, aliás, obra muito necessária
devido ao mau estado em que se encontra há muitos anos.”
90. Jornal Correio da Feira – Edição 28 de Agosto de 1965:
“Canedo, 23
Tradicionais festas em honra de N.ª S.ª da Piedade
Realiza-se no pitoresco monte da Piedade, nos dias 4, 5 e 6 de
Setembro, grandes festas a N.ª S.ª da Piedade, que constará do seguinte
programa.
No dia 4, cerca das 21 horas, sairá da Igreja majestosa procissão de velas
até à capelinha do mesmo nome com regresso à Igreja matriz.
Dia 5, pelas horas, darão entrada as reputadas bandas do Pejão e Vale
de Cambra, que executarão um pequeno concerto no largo da Praça até à
saída da procissão.
Às 10,5 horas, sairá imponente procissão da Igreja em direcção à
Capela, seguindo-se missa solene e sermão.
16 h., concertos musicais até ao pôr do sol. Às 22 horas, continuação de
arraial com a presença das músicas até à 1 hora.
Dia 6, às 11 horas, missa cantada pelo grupo musical. De tarde, às 16
horas, entrada de três conjuntos: Orquestra feminina de Argoncilhe, El
Miranda e conjunto de Oliveira do Bairro, que se exibirão até à madrugada
do dia 7.
Não deixem de visitar este monte pitoresco nestes dias de festa. -C.
91. Jornal Correio da Feira – Edição 13 de Novembro de 1965:
“Canedo, 8
No lugar de Carvoeiro, desta freguesia, onde foi industrial e
proprietário, faleceu, no dia 29 do mês findo, o sr. Joaquim de Sousa
758
[Capítulo XX](Notas/Referências)
Ferreira, de 79 anos de idade, viúvo. Era pai dos srs.: Manuel Ferreira de
Sousa, importante industrial de madeiras; D. Andrelina Alves Ferreira; D.
Maria Rosa Alves Ferreira da Mota e D. Maria da Conceição Alves Ferreira
Gomes e sogro da sra. D. Maria Augusta Crava Amorim de Sousa e dos srs.
Armando Alves, Américo Alves da Mota e António Ferreira Gomes.
O seu funeral foi uma demonstração de pesar, prova em que a família
Sousa Ferreira é considerada. A urna foi conduzida no carro dos Bombeiros
Voluntários de Entre-os-Rios.”
92. Jornal Correio da Feira – Edição 9 de Julho de 1966:
“Canedo, 19
Festas - Vão realizar-se no dia 29 as festas a S. Pedro, padroeiro da
freguesia, com missa solene às 11 horas e procissão pelas 16 horas,
abrilhantadas pelo Grupo Musical desta freguesia.
-Também no dia 3 de Julho se realizará a festa ao S. Sacramento, com
duas bandas de música, arraial de tarde e procissão eucarística.
Salão Paroquial - No passado dia 18 foi adjudicada por 453 contos a
obra de pedreiro, só mão de obra, do Salão Paroquial, e que deve ficar
concluída no prazo de um ano.”
93. Jornal Correio da Feira – Edição 19 de Novembro de 1966:
“Pelo Sr. Governador Civil de Aveiro foram inaugurados vultuosos
melhoramentos nas freguesias de Espargo, São João de Ver e Romariz
Ainda em cumprimento do programa de inaugurações no nosso
concelho, previstas para o ano corrente, no transcurso da quarta década de
realizações à escala regional e nacional,- de que tem beneficiado todo o
país,- foram inaugurados no pretérito domingo vários melhoramentos nas
freguesias de Espargo, S. João de Ver, Canedo e Romariz, a que presidiu o
sr. dr. Manuel Ferreira dos Santos Lousada, ilustre chefe do distrito.
Uma vez mais o sr. Governador Civil, em função do alto cargo que
desempenha e como devotado amigo do concelho da Feira, honrou com a
sua presença as históricas terras de Santa Maria, tendo sido
carinhosamente recebido em todas as localidades a que se deslocou.
(…)
759
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
NA FREGUESIA DE CANEDO:
Pavimentação a cubos do Largo da Praça – 104 000$00 (escudos);
Abertura, pavimentação e asfaltamento da Estrada de Várzea, na
extensão de 4 405 metros e respetivo pontão – 2 314 000$ (escudos);
Posto de transformação de energia elétrica no lugar de Canedo – 98
500$00 (escudos).
(…)
AS INAUGURAÇÕES EM CANEDO
Pelas 17 horas, não obstante o mau tempo que se apresentou, os ilustres
visitantes dirigiram-se para a Freguesia de Canedo, na qual foram
inaugurados pelo Chefe do Distrito, os seguintes melhoramentos: Posto de
transformação de energia eléctrica; Pavimentação a cubos do Largo da
Praça, a que foi dado o nome do Rev. Agostinho Pais Moreira e Abertura,
pavimentação e asfaltamento da Estrada da Várzea, na extensão de 4 405
metros e respectivo pontão, tendo as referidas obras importado em 2 516
contos.
À Estrada da Várzea, obra tão ansiosamente aguardada pelo povo
interessado, foi dado o nome do Sr. Presidente da Câmara da Feira, em
reconhecimento pelo quanto se interessou pela sua concretização, legitimo
anseio de todos que a consideravam uma necessidade premente.
Depois de uma breve sessão, realizada sob constante e impertinente
chuva, com a presença de todo o povo da freguesia, que assim quis
patentear o seu agradecimento às entidades visitantes, usaram da palavra
o vereador Municipal, Sr. Dr. Pais Moreira, em nome da freguesia,
referindo-se encomiasticamente ao sr. Dr. Domingos da Silva Coelho,
pondo em relevo o seu interesse pelo progresso de Canedo e o seu desejo
de dar satisfação aos anseios da sua população. Saudou ainda as
autoridades presentes, o Professor Sr. Manuel Joaquim de Sousa Alves.
Por fim, falou o Sr. Governador Civil, para agradecer as entusiásticas
aclamações de que foi alvo e, a maneira carinhosa como foi recebido.
Seguidamente, sempre muito aclamado, o Chefe do Distrito e comitiva
dirigiram-se para a freguesia de Romariz, para ali proceder a várias
inaugurações.
760
[Capítulo XX](Notas/Referências)
94. Jornal Correio da Feira – Edição 10 de Maio de 1969:
A propósito dos Leilões para a Residência do pároco e Centro Paroquial,
que muitas imagens de anteriores capítulos ilustram, no Monte da Senhora
da Piedade no dia 20 de Abril de 1969.
“Canedo, 22
Homenagem - Realizou-se com o maior brilho a festa do Bom Pastor, a
qual serviu para prestar homenagem ao nosso rev. Padre Regal, um homem
que sabe como ter um amigo em cada paroquiano.
Foi uma festa simples, como simples é a pessoa que a recebia - mas
comovente. No cimo do monte da Sra. da Piedade reuniram-se mais de um
milhar de pessoas, e todas sentiram alegria e felicidade.
A festa constava de representação folclórica e leilão das ofertas de cada
lugar; as receitas são para a nova Residência e Centro Paroquial, S. Pedro
de Canedo.
Todos os canedenses sabem agradecer ao seu bondoso pároco a
maneira como tem cumprido a sua missão, e também se mostram capazes
de abrir as carteiras em favor destas duas obras, nas quais estamos
empenhados.
_________________________________
Canedo, 28
F. Pais
Conforme se havia noticiado realizou-se no passado dia 20 a
concentração de alguns lugares com apresentação de danças po pulares e
outras, as quais não chegaram a exibir-se no estrado.
Depois da entrega das listas dos donativos angariados, foram -lhes
dedicados alguns discos e lançados foguetes conforme suas ofertas.
Seguiu-se no 2º domingo a exibição doutros lugares, mas por falta de
tempo e a chuva que começou a cair ao fim da tarde, não deu entrada no
estrado o lugar de Vilares, o qual iria fazer a representação d'«O Milagre
das Rosas».
Dado o grande interesse da assistência bastante numerosa, não só daqui
como doutras terras vizinhas, foi lamentável não se ter podido realizar este
761
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
número que por certo deixaria as melhores impressões a todos. Este facto
deixou grande descontentamento naquele lugar, em virtude dos sacrificios
da mocidade para ensaiar, despesas feitas com aluguer de roupas,
ensaiador e músicos, etc.
Deste modo, em vez de ter sido uma festa de união como referimos na
notícia anterior, foi uma festa de desunião que pôs parte da freguesia em
desacordo pelo sucedido. De quem será a culpa? Como parte da freguesia
já sabe quem foi o autor deste precalço, nã vale a pena pôr mais na carta.
Não só criou atritos nos de cá como nas pessoas de fora; e até o
ensaiador, sr. José Pereira, ficou tão contrariado com o que aconteceu que
diz não continuar a reger o Grupo Musical.
Vai continuar no 3.° domingo com os que ainda não tiveram a vez; oxalá
não volte a haver mais aborrecimentos como no 2.° domingo, a fim de não
levar o sobressalto ao resto da freguesia, o que não trará proveito para
ninguém.”
95. Jornal Correio da Feira – Edição 23 de Maio de 1970:
Notícia do Jornal Correio da Feira a propósito da Inauguração do Posto
da GNR de Canedo em 17 de Maio de 1970.
“Canedo em Festa
Sob um sol esplendoroso, crivado aqui e além pelas agulhas dos
pinheirais, Canedo, freguesia muito querida da Feira, viveu no pretérito
Domingo, uma das maiores datas, do seu já longo historial.
Foi inaugurado ali, pelo próprio senhor Ministro do Interior (Dr. António
Rapazote), o Posto da G. N. R..Aguardavam-no no centro da freguesia toda
a população que engalanou as suas ruas para dar mais vida e côr a tão
fausto acontecimento. À sua chegada a guarda de honra foi prestada pelos
B. V. da Vila da Feira, Arrifana e Lourosa e pelo grupo Musical de Canedo.
Entre as várias entidades que acompanhavam e aguardavam Senhor
Ministro, vimos os srs. Governador Civil de Aveiro, Presidente da Câmara
Municipal da Feira, Comandantes Distritais da P. S. P. e G. N. R.,
Comandante Geral da G. N. R., seu ajudante de Campo, Comandante do
Batalhão n. 5, da G. N. R., em Coimbra, Comandante da 1ª Região Militar,
Comandantede Secção da G. N. R., em S. J. da Madeira, Deputados pelo
Circulo de Aveiro, Drs. Veiga de Macedo e Manuel Soares e o Presidente da
762
[Capítulo XX](Notas/Referências)
Comissão Distrital da Acção Popular, Dr. Homem Ferreira, Presidente da
Direcção dos B. V. da Feira, António Lamoso, Vereadores
Municipais, Presidentes das Juntas de Freguesia, etc.
Após tão entusiástica recepção, o senhor Ministro dirigiu-se para o local
da inauguração e aí usaram da palavra, o sr. Presidente da Junta de Canedo,
o sr. Dr. Pais de Figueiredo, Presidente da Câmara Municipal, Governador
Civil de Aveiro, Comandante do Batalhão n. 5 da G. N. R. e por fim o senhor
Ministro, que foi apoteòticamente aclamado.
Em seguida cortou a fita simbólica do novo Posto da G. N. R., cujas
instalações percorreu demoradamente. Concluidas as cerimónias, o senhor
Ministro dirigiu-se, para casa do sr. Dr. Pais Moreira de Figueiredo, onde foi
servido um almoço intimo.
E assim viveu Canedo um abriu ao público as portas do grande dia,
graças ao bom querer duma pléiade ilustre de seus filhos, que prezam
lançar pelas sendas do progresso, em ritmo vertiginoso e ascensional, a
terra que lhes serviu de berço.”
96. Jornal A VOZ DE CANEDO – Edição Janeiro de 1975:
“MELHORAMENTOS
Peço licença aos amigos leitores para recuar no tempo alguns anos, a
fim de sob o título «MELHORAMENTOS» ir, o mais cronologicamente
possível, levando ao vosso conhecimento as realizações efectuadas nesta
freguesia.
Claro está que não pretendo de modo algum falar de tudo o que se fez.
Seria impossível. Apontarei aqueles melhoramentos que, pelo seu alcance,
merecem ser do conhecimento principalmente daqueles que, longe da sua
terra, desconhecem o que nela se vai fazendo.
I
O NOSSO CEMITÉRIO PAROQUIAL
Sofreu profunda remodelação há meia dúzia de anos aproximadamente
o Cemitério desta Freguesia. Foram retiradas as árvores, sebes e
gradeamentos. Foram abertas novas e largas avenidas. Foram colocados
seis modernos candeeiros de iluminação pública. Do aspecto sombrio e
acanhado passou-se a outro bem diferente, podendo Canedo orgulhar-se
763
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
de ter hoje Impõe-se, contudo, a canalização um dos cemitérios mais limpos
e asseados do nosso Concelho.
Pena é que o seu espaço seja deveras reduzido para a nossa população.
Precisávamos de proceder ao seu alargamento, o que será muito difícil, se
houver colaboração e compreensão de todos os bons canedenses.
A obra, levada a cabo pela Junta de Freguesia de então, com a
colaboração do Presidente da Câmara da Feira dessa época, foi vivamente
criticada por alguns, o que sempre acontece, mas o que de modo algum
invalida o valor desta realização.
Impõe-se, contudo, a canalização da água e o conserto da capela-mor
que destoa um pouco harmonia do conjunto.
Quanto ao alargamento do cemitério, apelamos para quem de direito
no sentido de ser levada a bom termo esta obra de magna necessidade.
II
SANITÁRIOS DA PRAÇA E FONTENÁRIO
Obra iniciada há cinco anos. Dificuldades de toda a espécie, erros
técnicos, etc., motivaram o embargo da referida obra durante dois anos.
Finalmente, após constantes e porfiados esforços da Junta de Freguesia, a
obra foi concluída, estando já em funcionamento. A localização quer do
fontenário, quer dos sanitários não foi a melhor, é certo, mas foi onde se
tornou possível.
Não podemos deixar de enaltecer a colaboração da Ex.ma Câmara,
presidida então pelo Ex.mo Sr. Alcides Branco, que, aquando da demolição
da primitiva construção do fontenário deu provas da melhor compreensão,
pois verificou-se que os sanitários teriam de ficar complementos
subterrâneos e não como tinham sido planeados.
III
ELETRIFICAÇÃO DA PRAÇA E DO ADRO DA IGREJA
Procedeu a Junta de Freguesia, de colaboração e a expensas dos Serviços
Municipalizados da Feira, à colocação de candeeiros na praça e no adro da
Igreja, melhoramento que desde há muito se impunha por se tratar de
locais sempre muito frequentados e que dispunha de fraca iluminação.”
764
[Capítulo XX](Notas/Referências)
97. Jornal Terras da Feira – Edição 6 de Outubro de 1988:
Inauguração do Centro Social de Canedo no dia 1 de Outubro de
1988, uma das maiores obras que a freguesia de Canedo tinha, na altura,
assistido.
“Centro Social de Canedo uma obra que engrandece Santa Maria da
Feira
A maior freguesia do concelho de Santa Maria da Feira conta a partir do
último sábado com um modelar Centro Social que não só honra Canedo
como contribiu para o en grandecimento de todo o concelho.
"Nós sonhamos e a obra nasceu", disse, ao abrir os discursos - alguns
longos e de pouco significado "descaradamente" de circunstância a ponto
de alguém que muito tinha feito para que aquela obra fosse possível nos
ter com fidenciado que aqueles que mais falaram foram os que menos
ajudaram – um autarca local, em nome da Assembleia e Junta de Freguesia.
O Centro Social de Canedo agora ao serviço da população local,
inaugrado numa cerimónia festiva a que se associaram, além do
Governador Civil de Aveiro, os presidentes da Assembleia e Câmara
Municipal, autarcas locais e muitos de freguesias do concelho, contou com
as presenças do Director Geral da Administração Autárquica, do presidente
da Administração Regional de Saúde de Aveiro, presidente do Concelho
Directivo do Centro Regional de Segurança Social de Aveiro e do Director
Regional da Agricultura de entre Douro e Minho.
Igualmente presentes os deputados Batista Cardoso (PSD) e Ferraz de
Abreu (PS).
GASTOS MAIS DE 80 MIL CONTOS
“Esta obra só foi possivel graças à população de Canedo e aos muitos
emigrantes desta terra espalhados pelo mundo que para ela contribuiram
de modo muito significativo", disse- nos o presidente da Junta de Freguesia,
Manuel de Jesus (Coutinho), o homem apontado como o maior
dinamizador do processo que levou à conclusão da obra.
Imponente como é tudo ali é funcional, o espaço não falta, a luz entra a
jarros e mesmo o equipamento, sem ser luxuoso é sem dúvida de
requintado gosto edíficio, que vai albergar a sede da Junta de Freguesia,
Casa do Povo, Posto Médicoe Biblioteca Pública, contando ainda com um
enorme salão polivalente - onde aliás decorreu a sessão solene a que
765
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
assistiram algumas dezenas de pessoas - orçou em mais de oito centenas
de milhar de centenas, "quase na sua totalidade saidos dos bolsos dos
canadenses".
Realce-se que anexo ao edíficio funciona um jardim infantil e que para
muito em breve está planeada a construção de um quartel de bombeiros
que funcionará como uma secção dos Bombeiros Voluntários de Lourosa.
"A congregação de esforços fez o milagre", disse o presidente da C. M.
da Feira, Alfredo Henriques, que "nos concedeu um subsídio de 2.180
contos, igual ao que tem destinado para construção de sedes de Juntas de
Freguesia" (Manuel de Jesus).
98. Jornal Comércio da Feira – Edição 10 de Setembro de 1993:
“A JUNTA DE FREGUESIA E O PÁROCO QUEREM DEMOLIRA RESIDÊNCIA
PAROQUIAL CONTRA A VONTADE DE MUITOS CANEDENSES QUE, EM
BAIXO ASSINADO, JÁ EXIGIRAM UM REFERENDO
A Junta de Freguesia e o Pároco de Canedo (que mora em Lobão)
querem demolir a Residência Paroquial, situada em frente à porta principal
da Igreja Matriz, segundo consta porque isso interessa ao proprietário da
denominada "Urbanização Pomar", Sr. Manuel Pinto Marques (membro da
Autarquia local).
Este oferece um talhão na mencionada urbanização em troca do local
onde está a dita residência e o respectivo quintal, para os paroquianos
edificarem nova residência.
Só que mil, quatrocentos e treze canedenses já subscreveram um abaixo
assinado no qual exigem "que sejam de imediato suspensas quaisquer
obras de destruição ou derrube; que seja feita uma consulta pública,
através de referendo no sentido de ouvir a vontade da maioria do Povo;
que sejam devidamente explicadas as razões e a finalidade destas obras e
quais os benefícios que daí advêm para a freguesia e Paróquia; que Respeite
e se cumpra a vontade do Povo, manifestada através do voto em
referendo".
A "guerra" começou no dia 24 de Julho; só Deus sabe quando terminará.
QUARTOS DE BANHO E FONTANÁRIO DA PRAÇA
766
[Capítulo XX](Notas/Referências)
Os quartos de banho e o fontanário da Praça estiveram sem água mais
de um ano. Houve reclamações, mas os responsáveis argumentavam que
era muito difícil fazer as devidas reparações na canalização. Contudo, na
semana passada problema foi resolvido...em poucas horas! O que levou
alguém já com muitos cabelos brancos a afirmar que deveria eleições todos
os anos; ou se possível duas vezes por ano...
A LIXEIRA: TELEFONEMAS ANÓNIMOS?
No passado dia 31 de Julho teve lugar mais uma manifestação contra a
lixeira de Lousado, Canedo que tanta gente incomoda, embora alguns
queiram fazer crer que não. Pelos vistos a GNR compareceu em grande
número, provavelmente a mando daqueles que se estão borrifando para os
problemas do Povo.
Entretanto alguém nos confidenciou que, nos últimos dias, terão sido
recebidos telefonemas anónimos com ameaças caso o problema da lixeira
não seja resolvido.
IMAGEM DA SRA. DA PIEDADE
Há algum tempo, foi feito na freguesia um peditório para uma imagem
que está no arraial de Nossa Sra. da Piedade. O peditório terá rendido cerca
de sete mil contos. A imagem, o Povo não sabe quanto custou. Mas sabe
que não gosta dela; os canedenses queriam imagem idêntica à que uma
está na Capela.
Manuel Ribeiro”
99. Jornal Terras da Feira – Edição 3 de Setembro de 1998:
A propósito da vinda de António Guterres a Canedo visitar a Escola EB
2/3 de Canedo.
“Visitou a Escola de Canedo e ouviu reinvidicações camarárias
GUTERRES “DESCOBRIU” O CAMINHO PARA A FEIRA
Agosto trouxe-nos enfim uma visita do primeiro-ministro que não fosse
apenas para presidir a um qualquer evento no Europarque. Veio
«atrelado» à sua paixão pela Educação, para visitar a novíssima escola E, B
2,3 de Canedo, mas o presidente da Câmara não perdeu a oportunidade
de o confrontar com as grandes necessidades do concelho nas áreas do
saneamento básico e das acessibilidades. Quanto à nova escola visitada, já
767
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
vai ser utilizada no ano lectivo prestes a arrancar, embora o pavilhão
gimnodesportivo só esteja pronto em Dezembro.
A escola EB 2,3 de Canedo, que no primeiro ano da sua existência legal
funcionou em casa emprestada pela Paróquia, iniciará o novo ano lectivo
nas novas instalações, recentemente visitadas pelo primeiro-ministro,
António Guterres. Só o pavilhão gimno desportivo não estará utilizável em
tempo útil, prevendo se que esteja concluido apenas em Dezembro.
Nas suas instalações provisórias, a E,B 2.3 de Canedo deu aulas a 160
alunos, o que já permitiu desafogar estabelecimentos de ensino similares
da região, nomeadamente a escola Olival, Gaia. Este ano lectivo, nas novas
instalações, a escola de Canedo deverá receber já 530 alunos, número
que, segundo as previsões, aumentara para 740 no ano lectivo 1999/2000.
Os alunos matriculados em Canedo são sobretudo daquela vila e de Vila
Maior, bem como da freguesia gondomarense da Lomba, separada da sede
do concelho pelo rio Douro. 216
A E.B 2,3 de Canedo custou meio milhão de contos e foi construída em
tempo recorde, pois as obras arrancaram no princípio de 1998. Tida como
modelar, a escola está apetrechada com salas de aulas normais especificas
(desenho, laboratórios, etc.), bem como uma área informática, onde os
alunos terão acesso à Intenet.
Está dotada também com instalações especiais para deficientes,
incluindo rampas e elevadores. O novo estabelecimento de ensino de
Canedo é o décimo-primeiro do concelho ao nível do ensino dos segundo e
terceiro ciclo, sendo um privado (o Colégio Liceal de Santa Maria de Lamas)
e os demais públicos.
No seu conjunto, estas 11 escolas respondem pela educação de 7350
alunos, de acordo com números avançados ao Terras da Feira pelos serviços
municipais de Educação.
REUNIÃO COM ALFREDO. À margem da visita à escola de Canedo,
António Guterres manteve um curto encontro com o presidente da Câmara,
durante o qual Alfredo Henriques tentou sensibilizar o primeiro-ministro
216
Pequeno lapso do Jornal visto que Lomba, tal como Canedo, situa-se na margem esquerda do Rio
Douro, sendo a única freguesia do Concelho de Gondomar localizada nessa margem.
768
[Capítulo XX](Notas/Referências)
para as grandes necessidades do concelho, nomeadamente saneamento
básico e acessibilidades.
Embora Guterres já estivesse várias vezes no Concelho, a verdade é que
o primeiro-ministro se ficara pelo Europarque e nunca viera a Santa Maria
da Feira para conhecer realidades especificamente locais.
Aliás, o actual Governo tem sido parco em visitas à Feira e um longo
jejum só foi quebrado pela ministra da Saúde quando, em Julho passado,
veio receber o novo hospital de S. Sebastião e participar num jantar em sua
homenagem. Na altura, o chefe da edilidade deixou alguns recados ao
Governo que pôde explanar melhor, um mês mais tarde, frente ao próprio
primeiro-ministro.
No dia que veio à Feira, o primeiro-ministro esteve também em mais
dois estabelecimentos de ensino de construção recente -no Cartaxo e no
Porto. O ministro da Educação, Marçal Grilo, o secretário de Estado da
Administração Educativa, Guilherme d' Oliveira Martins, e a secretaria de
Estado da Educação, Ana Benavente, acompanharam o chefe do executivo
nesta sua deslocação.
Na ocasião, o primeiro-ministro e o ministro da Educação apresentaram
as linhas de orientação do reordenamento da rede escolar e as novas
tipologias de es colas completas, com plena expressão no ano lectivo de
1998/99.
Em Canedo, Guterres lembrou obras realizadas em cerca de 100
estabelecimentos de ensino nacionais e garantiu que estariam todas
prontas tempo do novo ano lectivo. Guterres sublinhou, na altura, que o
seu grande objectivo é retirar a Educação das primeiras páginas dos jornais.
«No dia em que a Educação não for noticia, eu e o Sr. ministro da Educação
ficaremos inteiramente felizes, porque é sinal que conseguimos um sistema
educativo funcionando com toda a normalidade.»”
100. Jornal NORDESTEFEIRA – Edição 21 de Outubro de 2000:
“REZA O RESPONSO HÁ QUASE 80 ANOS
A D. Palmira Neves Costa Fontes, que fez 89 anos no dia 5 de Outubro,
também mora perto da capela de Terças e confirma que ela é muito mais
antiga do que a Igreja Paroquial de Canedo.
769
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Diz que se lembra muito bem onde era a cruz e o calvário da paróquia
de Várzea. Também sabe onde ficava o cemitério e lamenta que se tenha
dado cabo dele, transformando-o num campo de cultivo, sem qualquer
respeito pelos mortos.
Sempre teve boa saúde. Há pouco tempo teve que ir ao hospital S.
Sebastião porque foi atacada por um enxame de abelhas. Diz que lhe deram
umas injecções que a puseram fina em poucas horas.
O Responso de Santo António.
Quando era pequenina, andava por aquela zona um pobre que rezava o
Responso de Santo António em cada casa onde ia pedir. A D. Palmira tantas
vezes o ouviu que aos 7 anos de idade que já o sabia de cor. Considera que
faz muito efeito para encontrar animais e coisas perdidas, roubadas ou
desaparecidas..
Começou a responsar a partir dos 10 ou 11 anos de idade e acha que dá
resultado sempre que ela não se engana a meio. Ao dizê-lo, tem que se
concentrar sozinha, dentro de casa.
Quando se engana, significa que a coisa perdida ou roubada já não pode
aparecer. Afirma que, ao longo de quase 80 anos, sempre que conseguiu
dizer o responso até ao fim, sem se enganar, as coisas perdidas ou roubadas
sempre apareceram. Um dos casos mais interessantes é o seguinte:
«Uma senhora que estava em Angola, como não podia trazer dinheiro
comprou ouro e trouxe-o.
Tinha-o guardado em casa e roubaram-lhe uma parte.
Ela veio pedir para eu rezar o responso e chorava muito porque esse
ouro era quase tudo o que ela tinha. Eu responsei por diversas vezes, mas
nunca consegui encarreirar até ao fim.
Fiquei com muita pena, mas não pude fazer nada.
É que se as coisas roubadas passarem por cima de água já não acusa
remorsos à pessoa que roubou. Deve ser isso que aconteceu naquele caso».
770
[Capítulo XX](Notas/Referências)
O RESPONSO,POR INTEIRO:
António, três vezes António.
Estando milagroso António,
No seu púlpito a pregar,
Veio um anjo, do Céu à Terra e disse:
António!Deves crer, que Deus te manda dizer,
Que teu pai vai morrer, de 7 sentenças falsas.
António tudo isto ouviu, admirado ficou,
Para o seu povo olhou. À rua Nova chegou.
A justiça encontrou. Justiça com toda a gente,
O seu pai ia na frente.
Onde levais esse homem? Vai morrer tão inocente.
Este homem matou outro, enterrou-o no seu quintal.
Vamos à campa do morto, que ele jurará verdade.
Levanta-te ó morto. Quero-o Deus omnipotente.
Vem dizer quem te matou, desengana-me esta gente.
Esse homem não me matou nem dele tenho sinais.
O homem que me matou, na companhia o levais.
O meu sagrado Messias, não quer que eu descubra mais.
Ó meu pai do coração, bote-me a sua benção.
Que eu cá me vou para pádua, acabar o meu sermão.
Muita gente lá deixei, muitas mais irei achar,
Só para ver, a voz que eu faço a pregar.
O seu pai do coração, tinha o seu filho Fernando.
O nome mudou para António, para o livrar do demónio,
Que sempre o andava a tentar, a toda a hora do dia,
Onde quer que ele estava.
Glória ao Pai, e ao Filho também
E ao Divino Espírito Santo
Para todo o sempre amém.”
771
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
772
[Conclusão e Agradecimentos]
[Conclusão e Agradecimentos]
773
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
774
[Conclusão e Agradecimentos]
• Conclusão
Canedo, é uma freguesia muito extensa do nordeste do Concelho de
Santa Maria da Feira, com uma grande história escondida por entre
pergaminhos e manuscritos escritos em latim e português arcaico, rodeada
de terras íngremes e rochosas, onde séculos após séculos, estas gentes
rudes e confinadas de bravia, arrebataram para a sua própria subsistência.
Tem um clima ameno, em pé de igualdade com todo o território feirense,
conferindo assim a fertilidade dos solos e a grande produtividade agrícola
outorgando à freguesia, a importância de ser das mais produtivas e férteis
do Concelho.
Ao longo dos vários séculos de história, Canedo sofreu imensas
alterações no domínio histórico, religioso e geográfico. No século X, já com
a expulsão dos Mouros executada, foi construído um mosteiro beneditino,
depois de ter existido um mais antigo na extinta freguesia de Várzea do
Carvoeiro, hoje lugar de Várzea, mas que terá sido destruído pelo rei mouro
Almançor. Séculos mais tarde, a 1 de Junho 1212, é fundada oficialmente a
Vila de Canedo, por carta-foral de D. Afonso II. Nesta altura, Canedo
compreendia territórios como Serralva, Pessegueiro, Sagufe, entre outros.
A posse das terras, era maioritariamente das ordens religiosas e
militares, da Igreja ou do Rei, sendo que poucas ou quase nenhumas
estavam sob o domínio dos herdadores.
No ano de 1304, o El-Rei D. Dinis, doou o Mosteiro de Canedo ao
então Bispo do Porto, D. Geraldo, com a obrigação de uma missa diária,
cantada em honra de Deus e da Virgem Santa Maria por alma dos
ascendentes e descendentes do doador. Posteriormente, no ano de 1307,
o mesmo bispo deu e concedeu ao Cabido todos os rendimentos do
mosteiro. Passados cinco anos, o Mosteiro foi perpetuamente anexado ao
Cabido da Sé do Porto.
O Mosteiro de Canedo, detinha terras na freguesia de Lobão, Canedo,
Vila Maior e Louredo, sendo que também tinha a si anexado a Igreja de São
Tiago de Lobão, S. Vicente Louredo e a Igreja de S. Pedro de Canedo.
775
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Exponhamos que nos seus séculos de história, o mosteiro não teve
uma administração profícua, nem da parte dos religiosos, nem da parte do
Cabido, acabando por entrar em ruínas por volta do século XV. Durante
quase cinco séculos, a história da vila resumiu-se aos factos históricos sobre
o Mosteiro, que, de certo modo, era o ponto central da administração
religiosa do nordeste do Concelho de Santa Maria da Feira. Provavelmente,
durante a Dinastia Filipina, a quinta do Mosteiro terá sido vendida por
urgência de Estado.
A Igreja Paroquial de São Pedro de Canedo, permaneceu então como
o monumento religioso mais representativo da freguesia, e que por lá,
passaram imensos religiosos que tanto no espiritual como no material a
desenvolveram.
No século XVI, a Igreja de Canedo é incorporada na Comenda da
Ordem de Cristo de Lobão, como também as suas duas igrejas anexas: São
Tiago de Lobão e de São Vicente de Louredo. No ano 1623, a igreja ainda
estava sob a sua custódia e só terá sido desanexada por volta do século
XVIII. Atualmente, apresenta uma arquitetura seiscentista, mas que desde
da sua existência, foi várias vezes reestruturada e modificada.
Por volta do século XVII, começam a ser construídas algumas capelas,
como a Capela da Senhora da Piedade, a Capela de Nossa Senhora do
Amparo, a Capela de Santa Bárbara, entre outras.
A Vila de Canedo, inicia um grande passo no seu progresso no século
XVIII, com um significativo crescimento populacional e residencial. Por esta
altura, ainda vigora em predominância a cultura de milho, centeio e a
extração de cortiça e mel, sendo também uma das freguesias com mais
ofícios do Concelho da Feira e das que pagava mais impostos, o que
evidência a sua elevada produção agrícola em contraste com o restante
território feirense. Neste século começam a surgir, na Vila, pessoas com
ofícios importantes.
No século XIX, com o aparecimento da máquina, iniciou-se a
construção de uma serração no lugar de Carvoeiro, junto ao Porto Fluvial
que por esta altura tinha grande importância nas trocas de mercadorias no
Douro com destino à Cidade do Porto. Este século, é o período da
emancipação de várias famílias da freguesia, donde advêm grandes nomes
canedenses com ofícios: de padres, médicos, cirurgiões, capitães, entre
776
[Conclusão e Agradecimentos]
outros. Vê-se, pois, que com o constante crescimento da população, a
produtividade aumentou significativamente.
A referir que, é por esta altura que os lugares meeiros de Serralva,
Sagufe e Pessegueiro, deixam de pertencer a Canedo.
No século adiante, o XX, a freguesia assistiu ao seu maior
desenvolvimento, a todos os níveis. Em pé de igualdade com os séculos
anteriores, descreveu um crescimento populacional significativo
acompanhado por um forte crescimento residencial. Nota-se que no início
do século XX, o desenvolvimento não foi tão acentuado, devido aos vários
conflitos existentes no país e fora dele como a Primeira Grande Guerra
Mundial onde três canedenses perderam a vida.
Em meados do prévio século, iniciou-se a abertura de vias de
comunicação entre os vários lugares e aldeias. Com a chegada da
eletricidade, começaram a surgir pequenos edifícios industriais. Nota-se
que neste período houve investimento na educação e implementação de
políticas para a instrução da população que culminaram para a diminuição
do analfabetismo, que nos séculos anteriores era uma taxa preocupante. É
nesta altura que o associativismo começa a dar os seus primeiros passos
com a fundação da Tuna Musical de Canedo no ano de 1950.
Na segunda metade do século XX, Canedo assiste a uma grande vaga
de emigração, derivado do início da Guerra Colonial Portuguesa e também
à melhor qualidade de vida que se podia encontrar fora do país. Em finais
da década de sessenta e inícios da de setenta, grandes obras se iniciam na
freguesia: o Salão Paroquial e o Posto da GNR.
A partir deste momento, o crescimento começa a ascender-se
gradualmente, atingindo um exponencial nas décadas de oitenta e noventa,
com a grandiosa obra do Centro Social de Canedo e o início do urbanismo
na freguesia, sendo um mote para a sua elevação a Vila no ano de 1997.
Em pleno século XX, é de notar os seus traços característicos de um
território desenvolvido, com alguns serviços, mas que merece muitos mais.
Uma terra lisonjeada pela sua história, encantada pelo seu território e
invejada pelas suas gentes.
Findo esta robusta obra com o benemérito escritor Arlindo de Sousa:
777
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
“Canedo é uma freguesia rica de
tradições históricas e de lendas
encantadoras.
O seu folclore é um dos mais
interessantes e valiosos do país. Os seus
costumes e hábitos primitivos, superstições,
vestuários, fainas agrícolas, indústrias
caseiras, culinária, folguedos, são precioso
manancial para o estudioso e investigador
ávido de imprevisto e singularidade.
Meus queridos leitores,
se um dia fordes
à Vila da Feira,
não deixeis de ir a
Canedo…”
778
[Conclusão e Agradecimentos]
• Agradecimentos:
No percurso da sua escrita, este livro contou com o apoio de diversas
pessoas e instituições, que contribuíram de uma forma irrepreensível e
profícua para a realização de tal obra.
Começo por agradecer a todos os Canedenses, gentes das terras de
Canedo, do ilustre Concelho de Santa Maria da Feira, e a outras de fora da
freguesia, que muito contribuíram com fotografias, depoimentos,
documentos e mensagens de apoio e incentivo.
Uma palavra especial e de gratidão a todas as Bibliotecas e Arquivos pela
sua prontidão na disponibilização da informação a ser procurada,
nomeadamente à Biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira, à Biblioteca
Pública Municipal do Porto, ao Arquivo Distrital do Porto, ao Arquivo do
Distrito de Aveiro e ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo.
Da mesma maneira e jeito, agradeço à Paróquia de São Pedro de
Canedo, na sua pessoa do Sr. Padre Emanuel Bernardo, à Junta de Freguesia
da União de Freguesias de Canedo, Vale e Vila Maior e à Câmara
Municipal de Santa Maria da Feira pela ajuda provida.
Um breve agradecimento a todos os autores que escreveram sobre esta
belíssima terra, na qual as suas relevantes obras foram um mote para este
livro, desses destaco o Cónego António Ferreira de Pinto, Augusto Pinho
Leal e Arlindo de Sousa.
Uma última sentida mensagem de gratidão ao meu pai, Manuel Alexis,
que magnificamente contribuiu para a máxima completação deste livro e
por ter sido um enorme impulsionador e pilar de encorajamento para me
lançar numa obra “desta envergadura”.
A estes todos e outros mais que ajudaram na construção da sua
identidade e história, presentes neste livro, um enorme Obrigado.
779
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
780
[Fontes e Bibliografia]
[Fontes e Bibliografia]
781
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
782
[Fontes e Bibliografia]
• Fontes Manuscritas
Arquivo do Distrito de Aveiro:
- Registos Paroquiais de Canedo:
- Registos de Batismos: 1587-03-06/1911-03-31;
- Registos de Casamentos: 1587-05-20/1911-03-30;
- Registos de Óbitos: 1592-01-06/1911-03-09;
- Registos de Legitimações, Reconhecimentos e Perfilhações: 1860-02-07/1885-
08-04.
- Registos de emissão de Passaportes;
Arquivo Distrital do Porto:
- Cabido da Sé do Porto:
- Livro n.º 7 dos Originais;
- Livro n.º 19 dos Originais:
- Livro n.º 25 dos Originais;
- Livro das Sentenças nº. 34;
- Livro das Sentenças nº. 84;
- Livro das Sentenças nº. 86;
- Cabido da Sé do Porto, Livro das Sentenças;
- Doações Regalias e privilégios vários;
- Cabido da Sé do Porto, Tombos dos votos da Comarca da Feira;
- Convento de São Francisco – Porto;
Arquivo Municipal de Santa Maria da Feira:
- Autos de Remissão de foros;
- Actas de Constituição dos Círculos de Juízes de Paz;
- Livros de Atas Camarárias;
- Cópia do Foral dado à Vila da Feira por D. Manuel I – 1514;
- Registo Geral;
- Registo de Ofícios;
- Comissão de Recenseamento dos Jurados;
- Registos de termos de posse de regedores e Junta de Freguesia;
- Registos de cartões de identidade dos regedores;
- Registo de termos de juramento e posse;
- Registo de termos de juramento de regedores;
- Matriz Provisória da Contribuição Predial de Canedo;
- Matriz Predial Urbana de Canedo;
- Registo do Lançamento da Décima;
- Registo do Lançamento do 4,5% / Décima;
783
São Pedro de Canedo – História de uma Vila
- Recenseamento dos elegíveis para os cargos do distrito, município e paróquia;
Arquivo Nacional da Torre do Tombo:
- Livros das Chancelarias Régias:
- Chancelaria de D. Afonso II;
- Chancelaria de D. Afonso III;
- Chancelaria de D. Dinis;
- Registo Geral de Mercês:
- Registo Geral de Mercês do reinado de D. Luís I;
- Registo Geral de Mercês do reinado de D. Carlos;
- Memórias Paroquiais (1758):
- Canedo (Feira);
- Mosteiro do Salvador de Grijó:
- Livro preto de Grijó;
- Mosteiro de Pedroso;
- Leitura Nova:
- Livro 2 de Direitos Reais;
- Reforma das Gavetas:
- Livro 13;
- Gaveta 8:
- Maço 4;
- Juízo da India e Mina;
Arquivo Distrital de Braga:
- Mitra Episcopal de Braga:
- Registos Gerais:
Arquivo da Universidade de Coimbra:
- Livro Preto da Sé de Coimbra;
- Índice de alunos da Universidade de Coimbra;
Arquivo Particular:
- Vários documentos relativos à Paróquia de Canedo, pessoas, e modos de vida;
Arquivo da Junta de Freguesia de Canedo:
- Arquivos vários sobre Associações, Juntas de Freguesia e Assembleias de Freguesia;
Arquivo da Paróquia de São Pedro de Canedo:
- Registos Paroquiais de Canedo:
- Registos de Batismos: 1911 até à atualidade;
- Registos de Casamentos: 1911 até à atualidade;
- Registos de Óbitos: 1911 até à atualidade.
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Banco de imagens e outras informações:
http://www.uniaocanedovalevmaior.pt/ i
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São Pedro de Canedo – História de uma Vila
Siglas e abreviaturas utilizadas:
Sigla
ac.
ADA
ADP
AMSMF
ANTT
ADB
AJFC
AMOA
APSPC
BMSMF
BPMP
Cap.
Cf.
Doc.
Est.
Fl.
Freg.
Graf.
Literat.
Map.
N.º
Obs.
Séc.
Segts
Tab.
Vd.
Vol.
Abreviaturas
Antes de Cristo
Arquivo do Distrito de Aveiro
Arquivo Distrital do Porto
Arquivo Municipal de Santa Maria da Feira
Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Arquivo Distrital de Braga
Arquivo da Junta de Freguesia de Canedo
Arquivo Municipal de Oliveira de Azeméis
Aquivo da Paróquia de São Pedro de Canedo
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