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Livro "São Pedro de Canedo, História de uma Vila" - 2ª Edição

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São Pedro de Canedo

História de uma Vila


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

FICHA TÉCNICA

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Nº Depósito

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Tiragem:

São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Emanuel Alexis

Monografia

Centro de Cópias da Feira

Novembro de 2019

Santa Maria da Feira

2ª Edição (Revista e Ampliada)

Capa mole

442721/18

100 exemplares

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[Índices]


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

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[Índices]

Nota Prévia à 2ª Edição

A reedição, por mim Emanuel Alexis, da primeira edição do livro “São

Pedro de Canedo, História de uma Vila” inicialmente apresentado no

passado ano de 2018, suscita-nos logo de imediato três considerações.

A primeira, exprime-se no facto de esta edição completar, em todos

os capítulos existentes, a última edição, na qual a informação não está

muito bem apresentada e por vezes com falta de fontes ou de notas que a

completem.

A segunda, reside na criação de um novo capítulo, muito importante

em pesquisas e estudos posteriores, intitulado “Registos Paroquiais”, onde

constam os padres que exerceram atividades na Igreja de Canedo, desde do

século XVI até à atualidade, Registos de Batismos, Óbitos, Casamentos

Confrarias, Comissões de Festas e as Memórias Paroquiais de 1758.

A última consideração, prende-se no facto de haver a apresentação

dos Elegíveis para os cargos do distrito, município e Paróquia, Jurados, Juiz

Eleito e os Regedores, informações de extrema importância para a

freguesia e para memória futura bem como também uma análise mais

afincada da Demografia e População.

Por fim, considero que esta reedição possa ser importante para a

Freguesia, para os seus lugares e para o seu povo, não deixando de parte a

possível importância para a região das Terras de Santa Maria, Concelho de

Santa Maria da Feira, e freguesias circunvizinhas à freguesia de Canedo.

Canedo, Novembro de 2019

O autor,

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São Pedro de Canedo – História de uma Vila

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[Índices]

Ao Povo

da ilustre

Freguesia de Canedo,

Concelho de Santa Maria da Feira…

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São Pedro de Canedo – História de uma Vila

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[Índices]

“A História há-de-ser

luz da verdade e Testemunha

dos antigos tempos.”

Fernão Lopes

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São Pedro de Canedo – História de uma Vila

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[Índices]

“Para poente (da Feira), Canedo, a

freguesia mais extensa e mais rica

do concelho, beijada pelo Rio

Douro…”

Arlindo de Sousa

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São Pedro de Canedo – História de uma Vila

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[Índices]

TEXTOS

[ÍNDICES] ............................................................................................... 13

[BREVE APRESENTAÇÃO] ....................................................................... 31

[PREFÁCIO] ............................................................................................ 35

[INTRODUÇÃO] ...................................................................................... 41

[CAPÍTULO I] .......................................................................................... 47

(ORIGENS) ....................................................................................................... 47

• O HOMEM ................................................................................................................................ 49

• NA ERA DO PALEOLÍTICO INFERIOR ................................................................................................ 49

• NO PALEOLÍTICO MÉDIO .............................................................................................................. 49

• OS DÓLMENES ........................................................................................................................... 51

• OS CELTAS ................................................................................................................................ 51

• OS LUSITANOS .......................................................................................................................... 52

• OS ROMANOS ........................................................................................................................... 53

• OS GERMANOS.......................................................................................................................... 55

• OS VISIGODOS........................................................................................................................... 55

• OS MOUROS ............................................................................................................................. 57

• OS NOVOS PAÍSES CRISTÃOS DA PENÍNSULA IBÉRICA ......................................................................... 59

[CAPÍTULO II] ......................................................................................... 63

(CANEDO: RETALHOS DE UMA HISTÓRIA) ................................................................ 63

• O NOME DA VILA ...................................................................................................................... 65

• SITUAÇÃO GEOGRÁFICA .............................................................................................................. 66

• FUNDAÇÃO DA VILA ................................................................................................................... 68

• O MOSTEIRO DE CANEDO ........................................................................................................... 72

• O HOSPÍCIO ............................................................................................................................ 131

• A IGREJA PAROQUIAL ............................................................................................................... 136

• O CEMITÉRIO PAROQUIAL ......................................................................................................... 161

• CASA DE FAGILDE ..................................................................................................................... 164

• CASA DO MOSTEIRO ................................................................................................................. 167

• CASA DE VALCOVA ................................................................................................................... 169

• CASA DE LOUSADO ................................................................................................................... 169

• CASA DA BOTICA ...................................................................................................................... 170

[CAPÍTULO III] ...................................................................................... 173

(ALDEIAS/LUGARES) ........................................................................................ 173

• ALVEADA OU ALBIADA: ............................................................................................................. 176

• AGRELA: ................................................................................................................................. 177

• BARREIRO: .............................................................................................................................. 178

• BOUÇAS: ................................................................................................................................ 181

• CANEDO: ................................................................................................................................ 183

• CAMPÊLO: .............................................................................................................................. 186

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São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• CARVALHOSA OU MOSTEIRO DO RIO: .......................................................................................... 187

• CARVOEIRO: ........................................................................................................................... 189

• CUSTOURAS: ........................................................................................................................... 198

• ERVIDEIRO: ............................................................................................................................. 199

• ESPINHEIRO: ........................................................................................................................... 200

• FAGILDE: ................................................................................................................................ 201

• FRAMIL E RELVAS: .................................................................................................................... 202

• GOUGÊVA: ............................................................................................................................. 206

• ILHA: ..................................................................................................................................... 207

• INHA: ..................................................................................................................................... 208

• LOUSADO: .............................................................................................................................. 218

• MIRANTE: .............................................................................................................................. 219

• MOCELO: ............................................................................................................................... 222

• MOSTEIRÔ: ............................................................................................................................. 223

• MOSTEIRO: ............................................................................................................................. 227

• MOTA: ................................................................................................................................... 236

• MOUCHÃO: ............................................................................................................................ 240

• PAÇÔ: .................................................................................................................................... 241

• PÓVOA:.................................................................................................................................. 243

• PÓVOAS: ................................................................................................................................ 244

• REBORDELO: ........................................................................................................................... 245

• SAMEIRO: ............................................................................................................................... 248

• SILVA E RÊGO: ......................................................................................................................... 251

• S. ROQUE, MONTE E TORRE: ..................................................................................................... 252

• SANGUINHEDO E TOQUEIRA: ..................................................................................................... 253

• SOBRÊDA: ............................................................................................................................... 254

• SOUZANIL: .............................................................................................................................. 256

• TERÇAS: ................................................................................................................................. 261

• VALCOVA: .............................................................................................................................. 262

• VALCURRAL: ........................................................................................................................... 266

• VÁRZEA: ................................................................................................................................. 267

• VILARES: ................................................................................................................................ 271

• LUGARES QUE JÁ PERTENCERAM À FREGUESIA: ............................................................................. 274

[CAPÍTULO IV] ..................................................................................... 277

(CAPELAS DA FREGUESIA DE CANEDO) .................................................................. 277

• CAPELA DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE: ................................................................................... 280

• CAPELA DE SANTA ANA: ............................................................................................................ 283

• CAPELA DE SANTA LUZIA: .......................................................................................................... 285

• CAPELA DE S. LOURENÇO: ......................................................................................................... 286

• CAPELA DE NOSSA SENHORA DAS DORES: .................................................................................... 288

• CAPELA DE NOSSA SENHORA DAS DORES- PARTICULAR: ................................................................. 290

• CAPELA DE SÃO PAIO: .............................................................................................................. 291

• CAPELA DE SÃO PAIO - ANTIGA: ................................................................................................. 292

• CAPELA DE SANTA BÁRBARA: ..................................................................................................... 293

• CAPELA DE SANTA BÁRBARA - ANTIGA: ....................................................................................... 295

• CAPELA DE NOSSA SENHORA DO AMPARO - PARTICULAR: .............................................................. 296

• CAPELA DE S. ROQUE - PARTICULAR: ........................................................................................... 297

16


[Índices]

[CAPÍTULO V] ...................................................................................... 299

(FESTAS/SANTOS) ........................................................................................... 299

• FESTA DA NOSSA SENHORA DA PIEDADE: ..................................................................................... 301

• FESTAS DE S. PEDRO, S. ANTÓNIO E DO SENHOR: ......................................................................... 305

• FESTA DE S. LOURENÇO: ........................................................................................................... 308

• FESTA DE S. PAIO: .................................................................................................................... 310

• FESTA DE SANTA ANA: .............................................................................................................. 311

• FESTA DE SANTA LUZIA: ............................................................................................................ 313

• FESTA DE SANTA BÁRBARA: ....................................................................................................... 315

• FESTA DE S. PEDRO - MOSTEIRÔ: ............................................................................................... 317

• FESTA DE NOSSA SENHORA DAS DORES: ...................................................................................... 318

• FESTA DE S. JOÃO: ................................................................................................................... 319

[CAPÍTULO VI] ..................................................................................... 323

(BARCO TRADICIONAL DO RIO DOURO) ................................................................ 323

[CAPÍTULO VII] .................................................................................... 329

(RIOS) .......................................................................................................... 329

• RIO INHA: ............................................................................................................................... 331

• RIO UÍMA: .............................................................................................................................. 339

• RIO DOURO: ........................................................................................................................... 344

[CAPÍTULO VIII] ................................................................................... 347

(LENDAS, ORAÇÕES E TALHAÇÕES) ...................................................................... 347

• LENDA DO POÇO DO FAJOUCO: A GRADE ENCANTADA ................................................................... 349

• LENDA DA COBRA MOURA ........................................................................................................ 349

• A LENDA DOS TRÊS IRMÃOS ....................................................................................................... 350

• ORAÇÕES TÍPICAS DE CANEDO: ................................................................................................... 351

• TALHAÇÕES TÍPICAS DE CANEDO: ................................................................................................ 356

[CAPÍTULO IX] ...................................................................................... 359

(CANÇÕES) .................................................................................................... 359

• CANÇÕES TÍPICAS DE CANEDO: ................................................................................................... 361

[CAPÍTULO X] ....................................................................................... 371

(VIDA TRADICIONAL) ........................................................................................ 371

• VIDA TRADICIONAL DA FREGUESIA DE CANEDO: ............................................................................ 373

[CAPÍTULO XI] ...................................................................................... 387

(REGISTOS PAROQUIAIS) ................................................................................... 387

• ABADES, REITORES E PÁROCOS DA PARÓQUIA DE SÃO PEDRO DE CANEDO ........................................ 389

• MEMÓRIAS PAROQUIAIS DE 1758: ............................................................................................. 398

• REGISTO DE ÓBITOS: ................................................................................................................ 403

• REGISTO DE BATISMOS: ............................................................................................................ 405

• REGISTO DE CASAMENTOS: ........................................................................................................ 407

• CONFRARIAS E COMISSÕES DE FESTAS: ........................................................................................ 409

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São Pedro de Canedo – História de uma Vila

[CAPÍTULO XII] ..................................................................................... 415

(NOMES/PESSOAS IMPORTANTES) ...................................................................... 415

• NOMES/PESSOAS IMPORTANTES DA FREGUESIA DE CANEDO ........................................................... 417

[CAPÍTULO XIII].................................................................................... 439

(ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA) ...................................................... 439

• JUÍZO DE PAZ .......................................................................................................................... 441

• JURADOS ................................................................................................................................ 444

• JUIZ ELEITO ............................................................................................................................. 453

• ELEGÍVEIS - ANO DE 1842 ......................................................................................................... 455

• REGEDORES ............................................................................................................................ 457

• JUNTA DE FREGUESIA................................................................................................................ 468

• ASSEMBLEIA DE FREGUESIA ....................................................................................................... 473

[CAPÍTULO XIV] ................................................................................... 481

(FAMÍLIAS IMPORTANTES DE CANEDO) ................................................................. 481

• FAMÍLIAS COM GRANDE IMPORTÂNCIA EM CANEDO: ..................................................................... 483

[CAPÍTULO XV] .................................................................................... 507

(MANUSCRITOS) ............................................................................................. 507

[CAPÍTULO XVI] ................................................................................... 595

(DEMOGRAFIA E POPULAÇÃO) ............................................................................ 595

• DADOS DEMOGRÁFICOS DA FREGUESIA DE CANEDO....................................................................... 597

• NÍVEL DE INSTRUÇÃO DO POVO DA FREGUESIA DE CANEDO: ........................................................... 602

• EMIGRAÇÃO DO POVO DA FREGUESIA DE CANEDO: ....................................................................... 604

[CAPÍTULO XVII] .................................................................................. 611

(HERÁLDICA) .................................................................................................. 611

• O BRASÃO DA VILA ................................................................................................................... 613

• A BANDEIRA DA VILA ................................................................................................................ 614

• O BRASÃO DA PARÓQUIA .......................................................................................................... 615

[CAPÍTULO XVIII] ................................................................................. 617

(MAPAS/CARTOGRAFIA)] .............................................................................. 617

[CAPÍTULO XIX] ................................................................................... 633

(SERVIÇOS/ATUALIDADE) .............................................................................. 633

• ATUALIDADE E SERVIÇOS ........................................................................................................... 635

• AGRUPAMENTO DE ESCUTEIROS DE CANEDO – 1284 .................................................................... 644

• ASSOCIAÇÃO HUMANITÁRIA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE CANEDO(EXTINTA) ........................... 646

• ASSOCIAÇÃO RECREATIVA “AMIGOS DAS MARGENS DO RIO INHA” .................................................. 649

• ASSOCIAÇÃO DE PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO DO MIRANTE ............................................... 650

• ASSOCIAÇÃO FREE DANCE CANEDO E LOBÃO ................................................................................ 651

• ASSOCIAÇÃO CULTURAL, CÍVICA E AMBIENTAL GIESTA ................................................................... 652

• ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA E CULTURAL DA JUVENTUDE DE CANEDO ................................................. 653

18


[Índices]

• ASSOCIAÇÃO RECREATIVA DE PESCA DESPORTIVA ......................................................................... 655

• ASSOCIAÇÃO DE CAÇADORES DE CANEDO .................................................................................... 656

• ASSOCIAÇÃO CULTURAL E RECREATIVA FANFARRA DE CANEDO(EXTINTA) .......................................... 657

• ASSOCIAÇÃO CULTURAL E MUSICAL DE CANEDO ........................................................................... 658

• CANEDO FUTEBOL CLUBE .......................................................................................................... 660

• CLUBE TUNING DE CANEDO ....................................................................................................... 663

• CLUBE FÚRIO TAEKWONDO DE CANEDO ...................................................................................... 664

• CLUBE DE CANOAGEM DE CANEDO (EXTINTO) .............................................................................. 666

• CONFERÊNCIA S. VICENTE PAULO DE SÃO PEDRO DE CANEDO(EXTINTA) ........................................... 667

• CRUZADA EUCARÍSTICA DAS CRIANÇAS DA IGREJA DE S. PEDRO DE CANEDO(EXTINTO) ........................ 668

• GRUPO RECREATIVO E CULTURAL DE CANEDO(EXTINTO) ................................................................ 669

• GRUPO CÉNICO DE CANEDO (EXTINTO)........................................................................................ 671

• REINO DA FOLIA – ASSOCIAÇÃO JUVENIL ..................................................................................... 674

• RANCHO FOLCLÓRICO “AS LAVRADEIRAS DE REBORDELO” (EXTINTO) ............................................... 675

• RANCHO FOLCLÓRICO SÃO PEDRO DE CANEDO ............................................................................. 677

• RANCHO FOLCLÓRICO “AS CEIFEIRAS DE CANEDO” – ASSOCIAÇÃO CULTURAL E RECREATIVA ............... 679

• SOCIEDADE COLUMBÓFILA DE CANEDO (EXTINTA) ......................................................................... 680

• TUNA/GRUPO MUSICAL DE S. PEDRO DE CANEDO(EXTINTA) .......................................................... 681

• VH TEAM FIGHTERS ................................................................................................................. 684

[CAPÍTULO XX] .................................................................................... 687

(NOTAS/REFERÊNCIAS) ................................................................................. 687

• NOTAS E REFERÊNCIAS A CERCA DA FREGUESIA DE CANEDO ............................................................ 689

[CONCLUSÃO E AGRADECIMENTOS] .................................................... 773

• CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 775

• AGRADECIMENTOS: .................................................................................................................. 779

[FONTES E BIBLIOGRAFIA] ................................................................... 781

• FONTES MANUSCRITAS ............................................................................................................. 783

• BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................... 785

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São Pedro de Canedo – História de uma Vila

DOCUMENTOS

DOC. 1 - GUERREIRO LUSITANO ......................................................................................................... 52

DOC. 2 - TERRAS NO PERÍODO PRÉ – NACIONAL, EXTENSÃO DAS TERRAS DE SANTA MARIA......................... 73

DOC. 3 – POSSÍVEL LOCALIZAÇÃO DO MOSTEIRO DE CANEDO ................................................................. 75

DOC. 4 – TÚMULO DE D. GONÇALO PEREIRA NA SÉ DE BRAGA ............................................................... 80

DOC. 5 – MAPAS 100 A 103. O CASTELO E A FEIRA: A TERRA DE SANTA MARIA NOS SÉCULOS XI A XIII. JOSÉ

MATTOSO, LUÍS KRUS, AMÉLIA AGUIAR ANDRADE. (1989) ........................................................ 115

DOC. 6 – PARTE DE TRÁS DA ANTIGA RESIDÊNCIA DO PÁROCO ............................................................... 134

DOC. 7 - ANTIGA RESIDÊNCIA DO PÁROCO (LOCAL ONDE TERÁ EXISTIDO O HOSPICIO) ............................... 134

DOC. 8 – ATUAL RESIDÊNCIA DO PÁROCO INAUGURADA EM 7 DE NOVEMBRO DE 2004 PELO ENTÃO BISPO DO

PORTO, DOM ARMINDO LOPES COELHO ................................................................................. 135

DOC. 9 – ATUAL RESIDÊNCIA DO PÁROCO .......................................................................................... 135

DOC. 10 - SÃO PEDRO DO SÉC. XV ................................................................................................... 137

DOC. 11 - SÃO BENTO DO SÉC. XVII ................................................................................................. 137

DOC. 12 – IGREJA PAROQUIAL DE CANEDO ........................................................................................ 138

DOC. 13 - ANTIGA FRONTARIA DATADA DO ANO DE 1800 .................................................................... 140

DOC. 14 – IGREJA E RESIDÊNCIA NOS FINAIS DO SÉCULO XX ................................................................. 141

DOC. 15 – ESTADO ATUAL DA IGREJA E ESPAÇO ENVOLVENTE ................................................................ 141

DOC. 16 - PIA BATISMAL (BAPTISTÉRIO) DA IGREJA DE CANEDO (IMAGEM ANTIGA) .................................. 145

DOC. 17 - INTERIOR DA IGREJA DE CANEDO NA ALTURA DA FESTA DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE ........... 147

DOC. 18 – ESTATUTOS DA CONFRARIA DA SENHORA DA BOA MORTE DO ANO DE 1741 ........................... 160

DOC. 19 - TRIBUTO DE GRATIDÃO - CEMITÉRIO DE CANEDO ................................................................. 161

DOC. 20 - 1ª CAPELA MORTUÁRIA DE CANEDO – CEMITÉRIO DE CANEDO............................................... 161

DOC. 21 - FACHADA PRINCIPAL DO CEMITÉRIO DE CANEDO .................................................................. 162

DOC. 22 – ATUAL CAPELA MORTUÁRIA DE CANEDO ........................................................................... 163

DOC. 23 – CASA DE FAGILDE ........................................................................................................... 164

DOC. 24 – CASA DE FAGILDE, PORMENOR DO JARDIM ......................................................................... 164

DOC. 25 - CAMA ONDE TERÁ PERNOITADO O REI D. MIGUEL NA GUERRA CIVIL PORTUGUESA, CASA DE FAGILDE

......................................................................................................................................... 165

DOC. 26 – PORMENOR – CASA DE FAGILDE ....................................................................................... 166

DOC. 27 – FOTOGRAFIA ANTIGA DA CASA DE FAGILDE ......................................................................... 166

DOC. 28 - CASA DO MOSTEIRO ........................................................................................................ 167

DOC. 29 – INSCRIÇÃO MAIS ANTIGA DA CASA DO MOSTEIRO – ANO DE 1620 ......................................... 168

DOC. 30 – CASA DO MOSTEIRO ....................................................................................................... 168

DOC. 31 – CASA DE VALCOVA ......................................................................................................... 169

DOC. 32 – CASA DE LOUSADO ......................................................................................................... 169

DOC. 33 – CASA DA BOTICA ............................................................................................................ 170

DOC. 34 - UMA MEMÓRIA DO LUGAR DE CARVOEIRO – PORTO DE CARVOEIRO ....................................... 175

DOC. 35 - LUGAR DE ALVEADA ........................................................................................................ 176

DOC. 36 - UM CANASTRO NO LUGAR DE AGRELA ................................................................................ 177

DOC. 37 - NATUREZA RURAL E AGRÍCOLA DO LUGAR DO BARREIRO ........................................................ 178

DOC. 38 – FONTE DO BARREIRO (ANO DE 1967) ................................................................................ 179

DOC. 39 – GRUPO DE DANÇA/RANCHO DO LUGAR DO BARREIRA NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL POR

VOLTA DO ANO DE 1969 ....................................................................................................... 180

DOC. 40 – GRUPO DE DANÇA/RANCHO DO LUGAR DO BARREIRO (ANO DE 1969) ................................... 180

DOC. 41 - RURALIDADE DO LUGAR DAS BOUÇAS ................................................................................. 181

DOC. 42 - UMA NORA, LUGAR DO BARREIRO ..................................................................................... 182

DOC. 43 - CANASTRO NO LUGAR DO BARREIRO .................................................................................. 182

DOC. 44 - PORTAL DE UMA CASA NO LUGAR DE CANEDO DO ANO DE 1799 ............................................. 183

20


[Índices]

DOC. 45 – LUGAR DE CANEDO ......................................................................................................... 183

DOC. 46 – FONTE DO LUGAR DE CANEDO (DAS MAIS ANTIGAS DA FREGUESIA) ......................................... 184

DOC. 47 – GRUPO DE DANÇA/RANCHO DO LUGAR DE CANEDO NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL (ANO DE

1969) ............................................................................................................................... 185

DOC. 48 – PORMENOR DOS TRAJES UTILIZADOS PELO RANCHO DO LUGAR DE CANEDO (ANO DE 1969) ....... 185

DOC. 49 - CASAS ANTIGAS NO LUGAR DE CAMPÊLO ............................................................................. 186

DOC. 50 - A RURALIDADE DO LUGAR DE CAMPÊLO .............................................................................. 186

DOC. 52 - PONTE DA CARVALHOSA SOBRE O RIO INHA ........................................................................... 188

DOC. 51 - VESTÍGIO DE UMA ALDEIA NO LUGAR DA CARVALHOSA........................................................... 188

DOC. 53 - MÁRIO SOARES EM CARVOEIRO NO DIA 24 DE JULHO DE 1988 .............................................. 191

DOC. 54 - CARVOEIRO NO INÍCIO DO SÉCULO XX ................................................................................. 192

DOC. 55 – INAUGURAÇÃO DA SERRAÇÃO DE MADEIRAS EM 1932......................................................... 192

DOC. 56 - INAUGURAÇÃO DA SERRAÇÃO DE MADEIRAS- CARVOEIRO .................................................... 193

DOC. 57 - SERRAÇÃO DE MADEIRAS - CARVOEIRO .............................................................................. 193

DOC. 58 – PLANTA TOPOGRÁFICA DE CARVOEIRO ............................................................................... 194

DOC. 59 - PLANTA TOPOGRÁFICA DE CARVOEIRO - ANO DE 1897 ......................................................... 194

DOC. 60 – ATUAL ESTADO DO CAIS DE CARVOEIRO ............................................................................. 195

DOC. 61 – PORTO DE CARVOEIRO EM MEADOS DO SÉCULO XX (VÊ-SE OS VÁRIOS CAMIÕES A DESCARREGAR O

CARVÃO PARA OS BARCOS) .................................................................................................... 195

DOC. 62 – UMA JUNTA DE BOIS NA ESTRADA NACIONAL 223 EM MEADOS DO SEC. XX EM CARVOEIRO ....... 196

DOC. 63 – ATUAL LOCAL ONDE FOI TIRADA A FOTOGRAFIA ANTERIOR À BEIRA DA CASA DO PROFESSOR SOUSA

ALVES ................................................................................................................................ 196

DOC. 64 - LUGAR DE CARVOEIRO ..................................................................................................... 197

DOC. 65 - LUGAR DE CARVOEIRO ..................................................................................................... 197

DOC. 66 - URBANISMO DO LUGAR DAS CUSTOURAS ............................................................................ 198

DOC. 67 - RURALIDADE DO LUGAR DE ERVIDEIRO ............................................................................... 199

DOC. 68 - A BELEZA DE UM CANASTRO NO LUGAR DE ESPINHEIRO ......................................................... 200

DOC. 69 - FACHADA DE UMA CASA, LUGAR DE ESPINHEIRO .................................................................. 200

DOC. 70 – CASA DE FAGILDE E PARTE DA SUA QUINTA ......................................................................... 201

DOC. 71 - LUGAR DE FRAMIL ........................................................................................................... 202

DOC. 72 -PEQUENO ARCO DE TRANSPORTE DE ÁGUAS, LUGAR DE FRAMIL............................................... 203

DOC. 73 – CALÇADA DO SOUTO, LUGAR DE FRAMIL ............................................................................ 204

DOC. 74 – GRUPO DE DANÇA/RANCHO DO LUGAR DE FRAMIL E RELVAS NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL

(ANO DE 1969) ................................................................................................................... 205

DOC. 75 – O POUCO URBANISMO DO LUGAR DE GOUGÊVA ................................................................. 206

DOC. 76 - RURALIDADE DO LUGAR DA ILHA ....................................................................................... 207

DOC. 77 - OS MONTES DA INHA E O SEU RIO PEQUENINO ..................................................................... 208

DOC. 78 - MOINHOS AO LONGO DO RIO INHA – LUGAR DA INHA .......................................................... 212

DOC. 79 - UMA DAS CASAS MAIS ANTIGAS DO LUGAR DA INHA ............................................................. 213

DOC. 80 - CASA DO ABIAL - LUGAR DA INHA ...................................................................................... 213

DOC. 81 – CASA DE DOMINGOS DO ABIAL, HOMEM MAIS ABASTADO DO LUGAR DA INHA (FOTOGRAFIA DO ANO

DE 1947) ........................................................................................................................... 214

DOC. 82 – MARGENS DO RIO INHA ANTES DA CONSTRUÇÃO DA BARRAGEM LEVER/CRESTUMA (AO FUNDO VÊ-SE

A PONTE DO INHA E A ANTIGA PONTE DE MADEIRA) .................................................................. 214

DOC. 83 - VISTA PANORÂMICA DOS PEREIRINHOS - LUGAR DA INHA ...................................................... 215

DOC. 84 – LUGAR COMUM À FREGUESIA DA LOMBA E CANEDO – ALTO DO CAMOUCO ............................. 215

DOC. 85 - UM DOS MARCOS DE DIVISÃO ADMINISTRATIVA COM A CRUZ DE CRISTO - LUGAR DA INHA .......... 216

DOC. 86 – ANTIGA PONTE DE MADEIRA SOBRE O RIO INHA NO LUGAR DA INHA, SERVIU COMO EN 222 ENTRE

1941 E 1965 ..................................................................................................................... 217

DOC. 87 – EXATO LOCAL DA ANTIGA PONTE DE MADEIRA .................................................................... 217

DOC. 88 - LUGAR DE LOUSADO ........................................................................................................ 218

DOC. 89 - ESCOLA PRIMÁRIA DO MIRANTE ........................................................................................ 219

21


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

DOC. 90 – ESCOLA PRIMÁRIA DO MIRANTE (MEADOS DO SÉCULO XX) ................................................... 220

DOC. 91 – ALMINHA JUNTO AO PARQUE DA SENHORA DA PIEDADE NO LUGAR DO MIRANTE ..................... 221

DOC. 92 - PORTAL DE UMA CASA ANTIGA NO LUGAR DO MOCELO ......................................................... 222

DOC. 93 - UMA CASA ANTIGA DO LUGAR DE MOSTEIRÔ ....................................................................... 223

DOC. 94 - PORTAL DE UMA CASA ANTIGA - LUGAR DE MOSTEIRÔ .......................................................... 224

DOC. 95 – GRUPO DE MOSTEIRÔ NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL E RESIDÊNCIA DO PÁROCO DE 1969

......................................................................................................................................... 225

DOC. 96 – PORMENORES DOS TRAJES UTILIZADOS (1969) ................................................................... 225

DOC. 97 – CONJUNTO “AS FLORINHAS DE CANEDO” COM GENTES DE MOSTEIRÔ .................................... 226

DOC. 98 – PORMENOR DO CONJUNTO .............................................................................................. 226

DOC. 99 – SEPULTURAS QUE ANTIGAMENTE SE ENCONTRAVAM À VOLTA DE CAPELAS, MOSTEIROS E IGREJAS -

LUGAR DO MOSTEIRO .......................................................................................................... 227

DOC. 100 - CASA DO LOUREIRO - LUGAR DO MOSTEIRO ...................................................................... 228

DOC. 101 - ANTIGO PINHEIRO MANSO, "ÁRVORE DOS DESAMPARADOS" - LUGAR DO MOSTEIRO .............. 229

DOC. 102 - ÁRVORE DA PREGUIÇA - LUGAR DO MOSTEIRO ................................................................... 230

DOC. 103 – LOCAL ACIMA DA PRAÇA DE CANEDO CHAMADA “QUINTA DO JARDIM” ONDE, ATUALMENTE, SE

ENCONTRA O CENTRO DE SOLIDARIEDADE SOCIAL DE CANEDO .................................................... 231

DOC. 104 – SAÍDA DE UMA PROCISSÃO DA IGREJA (NA ATUAL RUA DA IGREJA) ........................................ 231

DOC. 105 - FONTE DO LUGAR DO MOSTEIRO (DO ANO DE 1696) ......................................................... 232

DOC. 106 – LAVADOURO DA FONTE DO MOSTEIRO, INAUGURADO NO ANO DE 1942 ............................... 232

DOC. 107 – O ALAMBIQUE DA QUINTA DO JARDIM ............................................................................. 233

DOC. 108 -O ALAMBIQUE DA QUINTA DO JARDIM (INTERIOR)............................................................... 233

DOC. 109 – PORTÃO DA QUINTA DO JARDIM ..................................................................................... 234

DOC. 110 – GRUPO DE DANÇA DO LUGAR DO MOSTEIRO NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL E RESIDÊNCIA

DO PÁROCO (1969)............................................................................................................. 235

DOC. 111 - CASA DOS JULGADOS - LUGAR DA MOTA .......................................................................... 236

DOC. 112 - CRUZEIRO DO LUGAR DA MOTA ...................................................................................... 237

DOC. 113 - UMA CASA MUITO IMPORTANTE DO LUGAR DA MOTA ......................................................... 238

DOC. 114 - UMA CASA ANTIGA DO LUGAR DA MOTA .......................................................................... 238

DOC. 115 – FONTE DO LUGAR DA MOTA (ANO DE 1967) .................................................................... 239

DOC. 116 - RUÍNAS DE UMA CASA MUITO ANTIGA - LUGAR DO MOUCHÃO ............................................. 240

DOC. 117 - RUÍNAS DE OUTRA CASA ANTIGA – LUGAR DO MOUCHÃO .................................................... 240

DOC. 118 - PORTADAS DE UMA CASA - LUGAR DE PAÇÔ ...................................................................... 241

DOC. 119 – CASA ANTIGA DE 1840 NO LUGAR DE PAÇÔ ...................................................................... 242

DOC. 120 – PAÇÔ REPRESENTADO NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL E RESIDÊNCIA DO PÁROCO (ANO DE

1969) ............................................................................................................................... 242

DOC. 121 - UMA CASA ANTIGA - LUGAR DA PÓVOA ............................................................................ 243

DOC. 122 - RURALIDADE DO LUGAR DAS PÓVOAS ............................................................................... 244

DOC. 123 - RURALIDADE DO LUGAR DE REBORDELO ........................................................................... 245

DOC. 124 – UMA CASA ANTIGA DO LUGAR DE REBORDELO .................................................................. 246

DOC. 125 – VISTA PANORÂMICA DO LUGAR DE REBORDELO ................................................................ 246

DOC. 126 - MARCO DOS 4 CONCELHOS ........................................................................................... 247

DOC. 127 - UMA CASA ANTIGA, LUGAR DE SAMEIRO ........................................................................... 248

DOC. 128 - OUTRA CASA ANTIGA, LUGAR DE SAMEIRO ........................................................................ 248

DOC. 129 - PORMENOR DA JANELA DE UMA CASA ANTIGA NO LUGAR DE SAMEIRO ................................... 249

DOC. 130 – RANCHO/GRUPO DE DANÇA DO LUGAR DE SAMEIRO NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL E

RESIDÊNCIA DO PÁROCO (1969)............................................................................................ 250

DOC. 131 – PORMENOR DOS TRAJES UTILIZADOS ................................................................................ 250

DOC. 132 - PORMENOR DO CULTIVO DO MILHO EM CANEDO - LUGAR DA SILVA ...................................... 251

DOC. 133 - VISTA PANORÂMICA DO LUGAR DE S. ROQUE .................................................................... 252

DOC. 134 - VISTA DO LUGAR DE SANGUINHEDO ................................................................................. 253

DOC. 135 - UM BELO CANASTRO COMUNITÁRIO - LUGAR DE SOBRÊDA................................................... 254

22


[Índices]

DOC. 136 - GRUPO DE DANÇA DO LUGAR DE SOBRÊDA NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL NO ANO DE 1969

......................................................................................................................................... 255

DOC. 137 – PORMENOR DOS TRAJES UTILIZADOS PELAS MULHERES DE SOBRÊDA ..................................... 255

DOC. 138 - CASA DA FAMÍLIA SANTIAGO - LUGAR DE SOUZANIL............................................................ 256

DOC. 139 - CASA DA FAMÍLIA ROCHA - LUGAR DE SOUZANIL ................................................................ 257

DOC. 140 - FOTOGRAFIA DE MEADOS DO SÉCULO XX DA CASA DA FAMÍLIA ROCHA .................................. 258

DOC. 141 – A CULTURA AGRÍCOLA PELO LUGAR DE SOUZANIL ............................................................... 258

DOC. 142 – LUGAR DE SOUZANIL ..................................................................................................... 259

DOC. 143 - FONTE DO LUGAR DE SOUZANIL (DO ANO DE 1900) .......................................................... 260

DOC. 144 - VISTA DO LUGAR DAS TERÇAS .......................................................................................... 261

DOC. 145 - ANTIGUIDADE DO LUGAR DE VALCOVA ............................................................................. 262

DOC. 146 – VISTA DOS MONTES DE VALCOVA (AO CENTRO DA IMAGEM CONSEGUE-SE VER A CASA DE VALCOVA)

......................................................................................................................................... 263

DOC. 147 – VISTA DE UMA PARTE DO LUGAR DE VALCOVA ................................................................... 263

DOC. 148 – TRAJES DO POVO DE VALCOVA NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL (ANO DE 1969) ......... 264

DOC. 149 – OS TRAJES DO POVO DE VALCOVA (ANO DE 1969) ............................................................. 265

DOC. 150 - LUGAR DE VALCURRAL ................................................................................................... 266

DOC. 151 - LUGAR DE VALCURRAL ................................................................................................... 266

DOC. 152 - UMA CASA ANTIGA - LUGAR DE VÁRZEA ............................................................................ 267

DOC. 153 – MOINHO E O RIO UÍMA - LUGAR DE VÁRZEA ..................................................................... 268

DOC. 154 – MOINHO E PONTE VELHA DE VÁRZEA ............................................................................... 268

DOC. 155 – UMA ALMINHA NO LUGAR DE VÁRZEA ............................................................................. 269

DOC. 156 - GRUPO DE DANÇA DO LUGAR DE VÁRZEA NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL E RESIDÊNCIA DO

PÁROCO (1969).................................................................................................................. 270

DOC. 157 – PORMENOR DOS TRAJES ................................................................................................ 270

DOC. 158 - ANTIGA ESCOLA PRIMÁRIA DE VILARES ............................................................................. 271

DOC. 159 - PORTAL DE UMA CASA ANTIGA NO LUGAR DE VILARES ......................................................... 272

DOC. 160 – O LUGAR DE VILARES REPRESENTADO NOS LEILÕES PARA O SALÃO PAROQUIAL E RESIDÊNCIA DO

PÁROCO (1969).................................................................................................................. 273

DOC. 161 – O LUGAR DE VILARES NOS LEILÕES DE 1969 COM UMA PEÇA DE TEATRO ................................ 273

DOC. 162 - EVIDÊNCIA DA CONSTRUÇÃO DE CAPELAS EM SÍTIOS ERMOS - PARQUE DE NOSSA SENHORA DA

PIEDADE ............................................................................................................................. 279

DOC. 163 - CAPELA DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE - EX-LIBRIS DA FREGUESIA DE CANEDO .................... 281

DOC. 164 – CAPELA DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE EM MEADOS DO SÉCULO XX (IMAGEM ANTIGA DA CAPELA)

......................................................................................................................................... 281

DOC. 165 - COROAÇÃO DA SENHORA DA PIEDADE COM A COROA DE OURO E DIAMANTES PELO ENTÃO BISPO DO

PORTO NO DIA 5 DE SETEMBRO DE 1971 ................................................................................ 282

DOC. 166- CAPELA DE SANTA ANA ................................................................................................... 284

DOC. 167 – ESPAÇO RECREATIVO E CULTURAL JORGE CLARO DA ROCHA – ESPAÇO ENVOLVENTE À CAPELA DE

SANTA ANA ........................................................................................................................ 284

DOC. 168 - CAPELA DE SANTA LUZIA ................................................................................................ 285

DOC. 169 - CAPELA DE SÃO LOURENÇO ............................................................................................ 287

DOC. 170 - CAPELA DE NOSSA SENHORA DAS DORES .......................................................................... 288

DOC. 171 – UMA PARTE DO PROJETO DA CAPELA DA NOSSA SENHORA DAS DORES .................................. 289

DOC. 172 – CAPELA DE NOSSA SENHORA DAS DORES- PARTICULAR ...................................................... 290

DOC. 173 - CAPELA DE SÃO PAIO ..................................................................................................... 291

DOC. 174 - ANTIGA CAPELA DE SÃO PAIO, LUGAR DE VÁRZEA .............................................................. 292

DOC. 175 - CAPELA DE SANTA BÁRBARA ........................................................................................... 293

DOC. 176 – UMA PARTE DO PROJETO DA CAPELA DE SANTA BÁRBARA ELABORADO NO ANO DE 1995 ........ 294

DOC. 177 - ANTIGA CAPELA DE SANTA BÁRBARA ................................................................................ 295

DOC. 178 – CAPELA DE NOSSA SENHORA DO AMPARO- PARTICULAR..................................................... 296

DOC. 179 – CAPELA DE SÃO ROQUE - PARTICULAR ............................................................................. 297

23


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

DOC. 180 – IMAGEM DA NOSSA SENHORA DA PIEDADE DE CANEDO ...................................................... 302

DOC. 181 – PROCISSÃO DA FESTA DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE – ANDOR DO SENHOR DOS PASSOS (SÉCULO

XX) ................................................................................................................................... 303

DOC. 182 – PROCISSÃO DA FESTA DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE (MEADOS DO SÉCULO XX) .................. 304

DOC. 183 – PROCISSÃO DA FESTA DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE (MEADOS DO SÉCULO XX) .................. 304

DOC. 184 – IMAGEM DE SÃO PEDRO DE CANEDO, PADROEIRO DA VILA (ALTAR-MOR DA IGREJA DE CANEDO)

......................................................................................................................................... 306

DOC. 185 – IMAGEM DO SANTO ANTÓNIO DE CANEDO (ALTAR-MOR DA IGREJA DE CANEDO) ................... 307

DOC. 186 - IMAGEM DE SÃO LOURENÇO NA CAPELA DE SÃO LOURENÇO EM NO LUGAR DE CARVOEIRO ...... 309

DOC. 187 - IMAGEM DO SÃO PAIO DO LUGAR DE VÁRZEA ................................................................... 310

DOC. 188 - IMAGEM DA SANTA ANA DO LUGAR DE SOUZANIL .............................................................. 312

DOC. 189 - SANTA LUZIA DO LUGAR DE FRAMIL ................................................................................. 314

DOC. 190 - SANTA BÁRBARA DO LUGAR DE REBORDELO ..................................................................... 316

DOC. 191 - CAPELINHA DE SÃO PEDRO NO LUGAR DE MOSTEIRÔ .......................................................... 317

DOC. 192 - IMAGEM DA NOSSA SENHORA DAS DORES DE VALCOVA ...................................................... 318

DOC. 193 – CAPELINHA DE SÃO JOÃO (22-06-2006) DO LUGAR DE SOBRÊDA ........................................ 320

DOC. 194 – BARCOS VALBOEIROS NO PORTO DE CARVOEIRO ............................................................... 326

DOC. 195 - BARCOS VALBOEIROS NO PORTO DE CARVOEIRO ................................................................ 326

DOC. 196 – UM VALBOEIRO A SAIR DO PORTo DE CARVOEIRO – MEADOS DO SÉCULO XX .......................... 327

DOC. 197 – VALBOEIROS NO CAIS DE CARVOEIRO .............................................................................. 327

DOC. 198 – RIO INHA .................................................................................................................... 334

DOC. 199 – PONTE DO ENG. EDGAR CARDOSO, SOBRE O INHA ............................................................. 334

DOC. 200 – ZONA RIBEIRINHA DO INHA/MARGEM ESQUERDA DO RIO INHA........................................... 336

DOC. 201 – RIO INHA .................................................................................................................... 336

DOC. 202 - PONTE DO ESTILO ROMANO SOBRE O RIO UÍMA NO LUGAR DE VÁRZEA ................................. 341

DOC. 203 - RIO UÍMA .................................................................................................................... 341

DOC. 204 – PONTE DE VÁRZEA SOBRE O RIO UÍMA (2) ....................................................................... 343

DOC. 205 - VISTA DO RIO DOURO DO PORTO DE CARVOEIRO ............................................................... 345

DOC. 206 – O ÁRDUO TRABALHO NO CAMPO (VÊ-SE OS DIFERENTES TRAJES UTLIZADOS NO CAMPO E UMA GIGA

DE ERVA) ............................................................................................................................ 376

DOC. 207 -UMA MOREIA DE PALHA NOS TEMPOS ANTIGOS .................................................................. 378

DOC. 208 - BOIS A POSTOS COMO ERA ANTIGAMENTE ......................................................................... 381

DOC. 209 – CARRO DE BOIS ............................................................................................................ 381

DOC. 210 – UM CARRO DE BOIS (FOTO DE MEADOS DO SÉCULO XX) ...................................................... 383

DOC. 211 - P. AGOSTINHO JOSÉ PAIS MOREIRA ................................................................................. 395

DOC. 212 – P. DAVID COELHO ........................................................................................................ 396

DOC. 213 -P. ANTÓNIO REGAL ........................................................................................................ 396

DOC. 214 – P. ANTÓNIO MACHADO ................................................................................................ 397

DOC. 215 – P. EMANUEL BERNARDO ............................................................................................... 397

DOC. 216 - DRA. MARIA PAIS MOREIRA ........................................................................................... 417

DOC. 217 - DRA. MARIA PAIS MOREIRA ........................................................................................... 419

DOC. 218 – DRA. MARIA PAIS MOREIRA .......................................................................................... 420

DOC. 219 - RELÓGIO OFERECIDO PELA RAINHA D. AMÉLIA À DRA. MARIA PAIS MOREIRA ......................... 421

DOC. 220 -ANEL DE CURSO DA DRA. MARIA PAIS MOREIRA ................................................................ 421

DOC. 221 – PASTA DE CURSO DA DRA. MARIA PAIS MOREIRA ............................................................. 422

DOC. 222 -TESE DEFENDIDA PELA DRA. PAIS MOREIRA NO ANO DE 1892. ............................................. 423

DOC. 223 - PADRE ANTÓNIO FRANCISCO REGAL ................................................................................ 424

DOC. 224 – DR. ALEXANDRE PAIS MOREIRA ...................................................................................... 425

DOC. 225 – DR. ALEXANDRE PAIS MOREIRA NO FINAL DO SEU PERCURSO ACADÉMICO ............................. 426

DOC. 226 - DR. PAIS MOREIRA, A SUA ESPOSA E OS SEUS TRÊS FILHOS ................................................... 427

DOC. 227 – HOMENAGEM AO DR. PAIS MOREIRA EM 25 DE OUTUBRO DE 1985 ................................... 427

DOC. 228 – MANUEL PINTO MARQUES ............................................................................................ 428

24


[Índices]

DOC. 229 – BUSTO DE MANUEL PINTO MARQUES ............................................................................. 429

DOC. 230 – LARGO MANUEL PINTO MARQUES .................................................................................. 430

DOC. 231 – MEDALHA DE MÉRITO DE D. JOÃO VI A MANUEL PINTO MARQUES ..................................... 431

DOC. 232 – MEDALHA DE MÉRITO D. JOÃO VI A MANUEL PINTO MARQUES .......................................... 432

DOC. 233 – ORDEM DO CIDADÃO DO RIO DE JANEIRO A MANUEL PINTO MARQUES ................................ 433

DOC. 234 – OBRA PORTUGUESA DE ASSISTÊNCIA AO BENFEITOR MANUEL PINTO MARQUES .................... 433

DOC. 235 – SR. ROCHA (O PRIMEIRO DA ESQUERDA) COM OUTROS AMIGOS NO BRASIL ............................ 434

DOC. 236 – PADRE AGOSTINHO MOREIRA DA COSTA.......................................................................... 435

DOC. 237 – P. MANUEL CAPITÃO .................................................................................................... 436

DOC. 238 – PADRE MANUEL CAPITÃO NA SUA MISSA NOVA ................................................................. 436

DOC. 239 – PADRE JOAQUIM PAIVA ................................................................................................. 437

DOC. 240 - TRANSCRIÇÕES DE ALGUMAS DISPOSIÇÕES DO CÓDIGO CIVIL ADMINISTRATIVO, APLICÁVEIS ÀS

REGEDORIAS (31 DE DEZEMBRO DE 1940) (1)......................................................................... 459

DOC. 241 - TRANSCRIÇÕES DE ALGUMAS DISPOSIÇÕES DO CÓDIGO CIVIL ADMINISTRATIVO, APLICÁVEIS ÀS

REGEDORIAS (31 DE DEZEMBRO DE 1940) (2)......................................................................... 460

DOC. 242 – FRANCISCO MOREIRA MARQUES, EX. PRESIDENTE DE JUNTA .............................................. 469

DOC. 243 - MANUEL DE JESUS, EX. PRESIDENTE DA JUNTA .................................................................. 470

DOC. 244 – VÍTOR MARQUES, EX. PRESIDENTE DA JUNTA ................................................................... 471

DOC. 245 – PAULO OLIVEIRA, ATUAL PRESIDENTE DA JUNTA ............................................................... 471

DOC. 246 – SERAFIM JOSÉ PINTO .................................................................................................... 501

DOC. 247 – CASA DE TERESA E DE SERAFIM NO LUGAR DA MOTA ......................................................... 501

DOC. 248 – ANA DA SILVA E JOÃO SOUSA ......................................................................................... 502

DOC. 249 – CASA DO PATEO ........................................................................................................... 502

DOC. 250 – JOAQUIM E ANDRELINA ................................................................................................. 502

DOC. 251 – ASPETO ATUAL DA CASA DE JOAQUIM E ANDRELINA ........................................................... 503

DOC. 252 - BRASÃO DA VILA DE CANEDO .......................................................................................... 613

DOC. 253 - BANDEIRA DA VILA DE CANEDO ....................................................................................... 614

DOC. 254 - BRASÃO DA PARÓQUIA DE SÃO PEDRO DE CANEDO - ANTIGO ............................................... 615

DOC. 255 - BRASÃO RECENTE DA PARÓQUIA DE SÃO PEDRO DE CANEDO ............................................... 615

DOC. 256 - ENGENHEIRO ANTÓNIO GUTERRES NA INAUGURAÇÃO DA ESCOLA BÁSICA 2º E 3º CICLO DE CANEDO

......................................................................................................................................... 636

DOC. 257 - ESCOLA EB 2/3 DE CANEDO ........................................................................................... 637

DOC. 258 - ESCOLA BÁSICA DE CANEDO ............................................................................................ 638

DOC. 259 - CENTRO SOCIAL DE CANEDO, CASA DO POVO, BIBLIOTECA, JUNTA DE FREGUESIA E POSTO MÉDICO

......................................................................................................................................... 638

DOC. 260 - POSTO DA GNR DE CANEDO ........................................................................................... 639

DOC. 261 – MEMÓRIA À INAUGURAÇÃO ........................................................................................... 639

DOC. 262 - IMAGEM DA INAUGURAÇÃO DO POSTO DA GNR DE CANEDO ............................................... 639

DOC. 263 - O JARDIM - CENTRO DE SOLIDARIEDADE SOCIAL DE CANEDO ................................................ 640

DOC. 264 – ESTÁDIO DAS VALADAS.................................................................................................. 641

DOC. 265 - PAVILHÃO GIMNODESPORTIVO DE CANEDO ....................................................................... 641

DOC. 266 - MAIO CULTURAL DE 2001 .............................................................................................. 643

DOC. 267 - ENTREGA DE LEMBRANÇAS NO MAIO CULTURAL ................................................................ 643

DOC. 268 - LOGÓTIPO DO AGRUPAMENTO ........................................................................................ 644

DOC. 269 - AGRUPAMENTO DE ESCUTEIROS DE CANEDO ..................................................................... 645

DOC. 270 - LOGÓTIPO DA ASSOCIAÇÃO ............................................................................................ 647

DOC. 271 - PRIMEIRA DIREÇÃO DA ASSOCIAÇÃO HUMANITÁRIA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE CANEDO

......................................................................................................................................... 648

DOC. 272 - ASSOCIAÇÃO RECREATIVA " AMIGOS DAS MARGENS DO RIO INHA"....................................... 649

DOC. 273 - LOGÓTIPO DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO DA ESCOLA DO MIRANTE 650

DOC. 274 - LOGÓTIPO DA ASSOCIAÇÃO FREE DANCE CANEDO E LOBÃO ................................................. 651

DOC. 275 - LOGÓTIPO DA ASSOCIAÇÃO ............................................................................................ 652

25


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

DOC. 276 - EMBLEMA DA "JUVENTUDE DE CANEDO" .......................................................................... 653

DOC. 277 - ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA E CULTURAL DA JUVENTUDE DE CANEDO ...................................... 654

DOC. 278 - EMBLEMA DA ASSOCIAÇÃO ............................................................................................. 655

DOC. 279 - LOGÓTIPO DA ASSOCIAÇÃO ............................................................................................ 656

DOC. 280 - FANFARRA DE CANEDO .................................................................................................. 657

DOC. 281 - ASSOCIAÇÃO CULTURAL E RECREATIVA FANFARRA DE CANEDO ............................................. 657

DOC. 282 - ASSOCIAÇÃO CULTURAL E MUSICAL DE CANEDO ................................................................ 659

DOC. 283 - LOGÓTIPO DO CANEDO FUTEBOL CLUBE ........................................................................... 660

DOC. 284 - ESTÁDIO DAS VALADAS .................................................................................................. 662

DOC. 285 – ATUAL LOGÓTIPO DO CLUBE FÚRIO ................................................................................. 664

DOC. 286 – CLUBE FÚRIO TAEKWONDO DE CANEDO ........................................................................... 665

DOC. 287 - ANTIGO LOGÓTIPO DO CLUBE FÚRIO TAEKWONDO DE CANEDO ............................................ 665

DOC. 288 - CLUBE DE CANOAGEM DE CANEDO .................................................................................. 666

DOC. 289 - ESTANDARTE DA CONFERÊNCIA VICENTINA DE CANEDO ....................................................... 667

DOC. 290 - GRUPO CRUZADA EUCARÍSTICA DAS CRIANÇAS DA IGREJA DE SÃO PEDRO DE CANEDO ............. 668

DOC. 291 – LOGÓTIPO DO GRUPO RECREATIVO E CULTURAL DE CANEDO ............................................... 669

DOC. 292 – PRIMEIRO JORNAL “A VOZ DE CANEDO) – ANO DE 1975 ................................................... 670

DOC. 293 – PESSOAL DO TEATRO DO GRUPO RECREATIVO E CULTURAL DE CANEDO ................................ 670

DOC. 294 - LOGÓTIPO DO EXTINTO GRUPO CÉNICO DE CANEDO ........................................................... 673

DOC. 295 - LOGÓTIPO DA ASSOCIAÇÃO JUVENIL - REINO DA FOLIA ........................................................ 674

DOC. 296 - RANCHO FOLCLÓRICO “AS LAVRADEIRAS DE REBORDELO” ................................................... 675

DOC. 297 - RANCHO FOLCLÓRICO “AS LAVRADEIRAS DE REBORDELO” ................................................... 676

DOC. 298 – RANCHO FOLCLÓRICO SÃO PEDRO DE CANEDO ................................................................. 677

DOC. 299 - RANCHO FOLCLÓRICO SÃO PEDRO DE CANEDO .................................................................. 678

DOC. 300 - RANCHO FOLCLÓRICO “AS CEIFEIRAS DE CANEDO” ............................................................. 679

DOC. 301 - POMBO CORREIO .......................................................................................................... 680

DOC. 302 - ESTANDARTE DO GRUPO MUSICAL S. PEDRO DE CANEDO .................................................... 682

DOC. 303 – TUNA/GRUPO MUSICAL DE SÃO PEDRO DE CANEDO ......................................................... 683

DOC. 304 - TUNA/GRUPO MUSICAL A ATUAR NA RUA DA IGREJA EM CANEDO ........................................ 683

DOC. 305 - EMBLEMA DO CLUBE VH TEAM FIGHTERS ......................................................................... 685

DOC. 306 - CLUBE VH TEAM FIGHTERS ............................................................................................. 685

DOC. 307 - LUGAR DA MANGUELA ................................................................................................... 732

DOC. 308 - SELO DO CONCELHO DA FEIRA DE 1284 – UM DOS PRIMEIROS SELOS DE PORTUGAL ................ 734

DOC. 309 - "PIETÃ DE CANEDO" PARQUE DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE ........................................... 736

DOC. 310 - RETRATO DE PINHO LEAL ................................................................................................ 738

DOC. 311 - CÓNEGO ANTÓNIO FERREIRA DE PINTO ............................................................................ 740

DOC. 312 – PLANTA TIPOGRÁFICA DO TERRENO DA SENHORA DA PIEDADE EM CANEDO – FINAIS SÉCULO XX

......................................................................................................................................... 747

DOC. 313 – QUINTA DO PATEO (DO LADO ESQUERDO A CASA E DO LADO DIREITO A CAPELA E AO FUNDO O RIO

DOURO) ............................................................................................................................. 748

DOC. 314 – FÁBRICA DE SABÃO EM CARVOEIRO ................................................................................. 753

DOC. 315 – SERRAÇÃO EM CARVOEIRO ............................................................................................ 754

DOC. 316 – FABRICAS EM CARVOEIRO NO ANO DE 1989 ..................................................................... 754

DOC. 317 – ANTÓNIO DOS REIS ....................................................................................................... 754

DOC. 318 – MANUEL BAPTISTA ....................................................................................................... 754

26


[Índices]

MAPAS

MAP. 1 - CARTA DE DECLIVES DE SANTA MARIA DA FEIRA. .................................................................... 67

MAP. 2 – LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DE CANEDO ................................................................................ 67

MAP. 3 – CANEDO EM PORTUGAL ................................................................................................... 619

MAP. 4 - CANEDO NO CONCELHO DA FEIRA – FOTO DE PINHELENSE ..................................................... 620

MAP. 5 – CARTA HIPSOMÉTRICA DE SANTA MARIA DA FEIRA ............................................................... 621

MAP. 6 – CARTA DE REDE HIDROGRÁFICA DO CONCELHO DE SANTA MARIA DA FEIRA ............................. 622

MAP. 7 – CARTA DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DE SANTA MARIA DA FEIRA ............................................ 623

MAP. 8 – CARTA GEOLÓGICA DE SANTA MARIA DA FEIRA ................................................................... 624

MAP. 9 – PRECIPITAÇÃO MÉDIA ANUAL EM SANTA MARIA DA FEIRA ..................................................... 625

MAP. 10 – TEMPERATURA MÉDIA ANUAL DE SANTA MARIA DA FEIRA .................................................. 626

MAP. 11 – NÚMERO MÉDIO DE DIAS COM GEADA EM SANTA MARIA DA FEIRA ...................................... 627

MAP. 12 – NÚMERO MÉDIO DE DIAS COM GEADA EM SANTA MARIA DA FEIRA (2) .................................. 628

MAP. 13 - ORTO MAPA DA FREGUESIA DE CANEDO ............................................................................ 629

MAP. 14 – A VILA DE CANEDO ....................................................................................................... 630

27


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

TABELAS

TABELA 1 – LIVROS EXISTENTES NO MOSTEIRO DE CANEDO SEGUNDO A VISITAÇÃO DE 5 DE NOVEMBRO DE 1300

........................................................................................................................................... 99

TABELA 2 - PARAMENTOS DA IGREJA DO MOSTEIRO DE CANEDO SEGUNDO A VISITAÇÃO DE 5 DE NOVEMBRO DE

1300 ................................................................................................................................ 100

TABELA 3- MATERIAIS RELIGIOSOS EXISTENTES NA IGREJA DO MOSTEIRO DE CANEDO SEGUNDO A VISITAÇÃO DE

5 DE NOVEMBRO DE 1300 .................................................................................................... 100

TABELA 4 – LOCALIZAÇÃO DOS CASAIS DO MOSTEIRO DE PEDROSO (SÉC. XII) .......................................... 112

TABELA 5 – CASAIS DO MOSTEIRO DE PEDROSO (SÉC. XIII) .................................................................. 112

TABELA 6- BENS DETIDOS PELAS INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS, EM LOBÃO EM 1220 ..................................... 113

TABELA 7 – PATRIMÓNIO DO MOSTEIRO DE CANEDO (SÉC. XIII) ........................................................... 113

TABELA 8 - INQUIRIÇÕES DE D. AFONSO III NA TERRA DE SANTA MARIA 1251 – MOSTEIRO DE CANEDO ..... 121

TABELA 9 - INQUIRIÇÕES DE D. AFONSO III NA TERRA DE SANTA MARIA 1251 – IGREJA E FREGUESIA DE CANEDO

......................................................................................................................................... 123

TABELA 10 – CONTRIBUIÇÕES DO POVO DE CANEDO PARA O REI NO FORAL DE 1514. ............................... 126

TABELA 11 – RENDIMENTO DAS IGREJAS ANEXAS À IGREJA DE CANEDO, SÉC. XVIII ................................... 156

TABELA 12 – DESPESAS ANUAIS DA COMENDA DE LOBÃO COM A IGREJA DE CANEDO (SÉCULO XVIII), A SI

ANEXADA............................................................................................................................ 156

TABELA 13 VISITAÇÕES, CENSOS E BRAGÃES EM 1542 ......................................................................... 156

TABELA 14 – INVENTÁRIO DE PARAMENTOS E TRASTES EXISTENTES NA IGREJA DE CANEDO À DATA DE 23 DE

MARÇO DE 1825 ................................................................................................................ 158

TABELA 15 – PRODUÇÃO DE ALGUNS PRODUTOS AGRÍCOLAS NO ANO DE 1900 DE ALGUMAS FREGUESIAS DO

CONCELHO DA FEIRA (POR CARROS) ........................................................................................ 373

TABELA 16 – LIVRO DE REGISTOS DOS OFÍCIOS DO ARQUIVO MUNICIPAL DE SANTA MARIA DA FEIRA, NOS ANOS

DE 1755 A 1771 E 1783 A 1799 .......................................................................................... 374

TABELA 17 -ESTRUTURA SOCIOPROFISSIONAL NO ANO DE 1801 ............................................................ 382

TABELA 18 -PREÇO (EM REAIS) MÉDIO DOS SALÁRIOS NO CONCELHO DA FEIRA (1863 A 1870) .................. 384

TABELA 19 -LANÇAMENTO DO 4,5 EM 1721 ..................................................................................... 385

TABELA 20 –RESPONSÁVEIS PELO SERVIÇO PAROQUIAL DA PARÓQUIA DE CANEDO .................................. 390

TABELA 21 - CONFRARIAS E COMISSÃO DE FESTAS .............................................................................. 409

TABELA 22 – DISTRITOS DOS JUÍZES DE PAZ DE 1837 .......................................................................... 442

TABELA 23 – DISTRITOS DE JUIZ DE PAZ NO ANO DE 1904 ................................................................... 442

TABELA 24- JUÍZES DE PAZ DO DISTRITO DE CANEDO ........................................................................... 443

TABELA 25 – JURADOS DE 1887 A 1926 ........................................................................................... 445

TABELA 26 – JUIZ ELEITO ................................................................................................................ 454

TABELA 27 – REGEDORES E SUBSTITUTOS DA FREGUESIA DE CANEDO DE 1842 A 1975. ........................... 461

TABELA 28 - COMPETÊNCIAS DO REGEDOR (1834 – 1900) ................................................................. 466

TABELA 29 – ALGUMAS COMPETÊNCIAS DA JUNTA DE FREGUESIA (APÓS 1974) ...................................... 472

TABELA 30 – ALGUMAS COMPETÊNCIAS DA ASSEMBLEIA DE FREGUESIA ................................................. 479

TABELA 31 – HOMENS DA FREGUESIA DE CANEDO QUE FORAM PARA A 1ª GUERRA MUNDIAL ................... 719

TABELA 32 – MORTOS DA FREGUESIA DE CANEDO NA 1ª GUERRA MUNDIAL .......................................... 720

28


[Índices]

GRÁFICOS

GRAF. 1 - ÓBITOS DE 1587 A 1854 (ESTIMATIVA) .............................................................................. 403

GRAF. 2 - ÓBITOS DE 1860 A 1910.................................................................................................. 403

GRAF. 3 – ÓBITOS DE 1914 A 1960 ................................................................................................. 404

GRAF. 4 – ÓBITOS DE 1962 A 1997 ................................................................................................. 404

GRAF. 5 – BATISMOS DE 1587 A 1867 (ESTIMATIVA) ......................................................................... 405

GRAF. 6 – BATISMOS DE 1860 A 1910 ............................................................................................. 405

GRAF. 7 -BATISMOS DE 1914 A 1960 .............................................................................................. 406

GRAF. 8 -BATISMOS DE 1962 A 1997 .............................................................................................. 406

GRAF. 10 - CASAMENTOS DE 1587 A 1854 (ESTIMATIVA) ................................................................... 407

GRAF. 9 – CASAMENTOS DE 1860 A 1910 ........................................................................................ 407

GRAF. 11 – CASAMENTOS DE 1914 A 1960 ...................................................................................... 408

GRAF. 12 -CASAMENTOS DE 1962 A 1997 ........................................................................................ 408

GRAF. 13 – DADOS DEMOGRÁFICOS DE 1687 A 2011 DA FREGUESIA DE CANEDO ................................... 598

GRAF. 14 – VARIAÇÃO PERCENTUAL DO Nº DE HABITANTES DE 1687 A 2011 ........................................ 598

GRAF. 15 – FOGOS DE 1687 A 2011 ............................................................................................... 599

GRAF. 16 – VARIAÇÃO PERCENTUAL DO Nº DE FOGOS DE 1687 A 2011 ................................................ 599

GRAF. 17 – TAXA DE CRESCIMENTO POPULACIONAL ANUAL MÉDIO SEGUNDO OS CENSOS (%)................... 600

GRAF. 18 - DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR GRUPOS ETÁRIOS.......................................................... 601

GRAF. 19 – DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR GRUPOS ETÁRIOS (%)................................................... 601

GRAF. 20 - TAXA DE INSTRUÇÃO MÍNIMA DO POVO DE CANEDO ........................................................... 602

GRAF. 22 - HOMENS E MULHERES QUE PELO MENOS SABEM LER ........................................................... 603

GRAF. 21 - ALFABETIZAÇÃO NA FREGUESIA, CONCELHO E PAÍS DE 1878 A 1930 170 .................................. 603

GRAF. 23 - EVOLUÇÃO DO Nº DE EMIGRANTES (1883 – 1962) ............................................................ 605

GRAF. 24 – FAIXA ETÁRIA DOS EMIGRANTES ...................................................................................... 607

GRAF. 25 – NÍVEL DE INSTRUÇÃO DOS EMIGRANTES ........................................................................... 607

GRAF. 26 – PAÍS DE DESTINO DOS EMIGRANTES (1883-1962)............................................................. 609

GRAF. 27 – LOCAIS BRASILEIROS DE DOS EMIGRANTES (1883 – 1962) .................................................. 609

29


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

30


[Breve Apresentação]

[Breve Apresentação]

31


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

32


[Breve Apresentação]

• Breve apresentação do autor

O meu nome é Emanuel Alexis da Rocha Gonçalves, nasci a 26 de

Agosto de 2000. Cresci e vivo na Vila de Canedo, hoje União de Freguesias

de Canedo, Vale e Vila Maior, concelho de Santa Maria da Feira, aos quais

honro pertencer.

Fiz a minha instrução Primária na Escola E.B. 1 do Mirante, logo após

ingressei na Escola Básica 2/3 de Canedo onde concluí o 2º e 3º Ciclo, na

qual fui aluno de excelentes professores a quem devo todo o meu ser

enquanto amante da minha terra.

Posteriormente, concluí o ensino secundário em Ciências e

Tecnologias na Escola Básica e Secundária Coelho e Castro de Fiães, do

mesmo concelho de Santa Maria da Feira.

Atualmente, sou estudante da Licenciatura em Administração Pública

na Universidade de Aveiro.

Encabecei vários projetos que me dignificaram enquanto pessoa, dos

quais se destaca o Projeto “Jovem Autarca” dinamizado pelo Gabinete da

Juventude da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira.

Sempre fui ligado à minha terra e ao meu povo. Cresci a ver barcos a

navegar nos rios, cresci a ser beijado pelo Rio Douro, cresci no meio de

bosques e florestas, cresci de um povo com enormes tradições culturais,

cresci a ouvir lendas encantadas, cresci ao som das belas melodias que

engrandecem o folclore das Terras de Santa Maria, cresci das entranhas de

um povo humilde, respeitado e autossuficiente, cresci com quatro amores

no coração, mas o mais profundo é o amor pelo Concelho de Santa Maria

da Feira. Cresci na mais bela freguesia do Concelho da Feira.

Todo este interesse que tenho na minha freguesia e no seu povo

despertou em mim uma vontade de fazer algo que nunca foi feito, compilar

todas as informações encontradas em pesquisas e obras num só livro numa

só obra.

33


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

A história do povo de Canedo, até ao momento, esteve na boca de

algumas pessoas e em papéis espalhados por vários locais. Uma freguesia

tão importante e com grande valor cultural merece ter uma digna história

escrita, que tenha o poder de incutir às gerações futuras a grandiosidade

do ser Canedense e pertencer às terras de Santa Maria da Feira.

A verdadeira identidade de um povo está na sua cultura. São as

tradições, histórias e memórias que fazem do povo de Canedo único.

“Temos de saber o que somos, de onde vimos e para aonde vamos.”

O autor, Emanuel Alexis

34


[Prefácio]

[Prefácio]

35


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

36


[Prefácio]

• Prefácio

A palavra Prefácio vem do latim praefatio, aquilo que é dito (fatio) antes

(prae). Praefatio sacrorum era a fórmula pronunciada antes de uma

cerimónia sagrada. É esse o papel de um prefácio, onde são expostas ideias

ou factos julgados necessários para o bom entendimento de um livro.

Prezados leitores, em primeiro lugar gostaria de deixar uma primeira

nota, o meu lamento em que estas publicações preciosíssimas para a

História Local tenham de partir de iniciativa particular, fazendo com que os

autores invistam pecúlio pessoal e os obriguem a procurar apoios para

edição, uma vez que as entidades ainda não assumem claramente a

importância de publicar, tal como acontece por exemplo em Espanha e

Brasil.

René Descartes escreveu “A leitura de todos bons livros é como uma

conversa com os melhores espíritos dos séculos passados, que foram seus

autores, e é uma conversa estudada, na qual eles nos revelam seus melhores

pensamentos”, ao que eu ainda acrescento as palavras de Miguel de

Unamuno, que se correspondeu e foi Amigo do escritor feirense Manuel

Laranjeira “Se amo alguns livros são aqueles em que sinto que o seu autor,

que pode ter morrido séculos antes de eu ter sido engendrado, se dirigia a

mim, a mim pessoal e concretamente, a mim em confidência”.

Jorge Luis Borges, sublinha ainda:

“Há aqueles que não podem imaginar o mundo sem pássaros;

Há aqueles que não podem imaginar o mundo sem água;

Ao que me refere, sou incapaz de imaginar um mundo sem livros.”

Não duvidamos que o livro São Pedro de Canedo: História de uma

Vila, o mesmo vem enriquecer claramente o rol de obras que felizmente já

existem sobre Canedo, recordo Cónego Ferreira Pinto, Arlindo de Sousa,

entre outros.

Ao ler esta obra da autoria de um jovem, deparamos com a história

atribulada de São Pedro de Canedo e das suas gentes ao longo de 790

páginas, dividida por XX Capítulos: Origens; Canedo: Retalhos de uma

37


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

história; Aldeias/ Lugares; Capelas da Freguesia de Canedo; Festas/ Santos;

Barco Tradicional do Rio Douro; Rios; Lendas, Orações e Talhações;

Canções; Vida Tradicional; Registos Paroquiais; Nomes/ Pessoas

importantes; Organização Político - Administrativa; Famílias Importantes de

Canedo; Manuscritos; Demografia e População; Heráldica;

Mapas/Cartografia; Serviços / Atualidade.

São apresentados textos e documentos dispersos por outras obras,

alguns inéditos, sendo que os mesmos carecem da observação critica das

fontes, como por exemplo o «Portugal Antigo e Moderno», em 12 volumes,

publicados em Lisboa pela Livraria Editora de Mattos Moreira entre 1873 e

1890.

Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho Leal (Lisboa, 16 de

Outubro de 1816 - Porto, 2 de Janeiro de 1884) foi um militar português

mais conhecido por historiador, pela sua monumental obra corográfica.

Pinho Leal, depois de uma vida atribulada fixou-se em Paradela e

mais tarde em Louredinho, Vale, Santa Maria da Feira, sendo que a 12 de

julho de 1834, o seu pai miguelista foi apunhalado por um liberal como

represália política. Em consequência dessas punhaladas, ficou paralítico,

vindo a falecer a 24 de dezembro de 1838.

A 26 de Setembro de 1839 Pinho Leal casa-se na Igreja Paroquial de

Romariz, Santa Maria da Feira, com Maria Rosa de Almeida (e Castro), do

Carvalhal - Romariz, de quem veio a ter 7 filhos. Com o dote da mulher

constrói aí a sua pequena casa e faz-se mestre-escola.

Contudo, essa profissão não se coaduna com o seu feitio mexido, com

os seus hábitos errantes, tão errantes que aos 10 anos já tinha percorrido

mais de 2400 léguas. Dedicou-se então à pintura e ao restauro de imagens

antigas.

No Verão de 1840, ao pintar e restaurar a Igreja de Santa Eulália, em

Arouca, encontrou na livraria do pároco o Diálogo de Varia História, de

Pedro de Mariz (Coimbra, 1599). Foi então que teve a ideia de escrever um

«Diccionario Geographico, Estatistico, Chorographico, Heraldico,

Archeologico, Historico, Biographico e Etymologico».

38


[Prefácio]

O mesmo se passa com Arlindo de Sousa autor de obras como O

Concelho da Feira: História, Etnografia, Arte e paisagem; Feira, Terra Sancta

Maria; Umica: civilizações pré-histórica, proto-histórica romana e romano

portuguesa da Bacia do Uíma, no concelho da Feira; Respigos da toponímia

Feirense.

São Pedro de Canedo: História de uma Vila, não é uma Monografia

na sua verdadeira essência, mas constitui-se num belíssimo instrumento de

trabalho para outros investigadores, uma vez que nos apresenta um

extraordinário roteiro de fontes para a História milenar de Canedo, fontes

essas fundamentais para ao trabalho de geógrafos, historiadores, linguistas,

etnógrafos.

Convém assinalar de que o estudo de História Regional e Local nem

sempre teve importância no mundo académico, apenas a partir do final da

década de 1980, surgem trabalhos mais sistematizados relacionados com o

tema. Isso só foi possível graças a uma nova conceção historiográfica que

surgiu na França em 1929, denominada de Nova História.

A partir desta nova abordagem historiográfica, passou a existir uma

diversificação no conceito de fonte histórica, bem como, uma dinamização

no objeto de estudo do pesquisador.

Nessa perspetiva, tornou-se viável estudar aspetos que até então não

eram mencionados nas academias, ampliou-se à visão dos agentes

elaboradores da história, abandonando a noção tradicional da narrativa

histórica, para procurar uma história plural e dinâmica, onde os “excluídos”

da história ganham visibilidade, a conceção cultural torna-se evidente,

como nos esclarece o historiador Peter Burke: (...) a nova história começou

a interessar-se virtualmente por toda a atividade humana. (...) nos últimos

trinta anos deparamo-nos com várias histórias notáveis de tópicos que

anteriormente não se havia pensado possuírem, como por exemplo, a

infância, a morte, a loucura, o clima, os odores, o lixo, os gestos, o corpo.

(...) O que era previamente considerado imutável é agora encarado como

uma “construção cultural” sujeita a variações, tanto no tempo quanto no

espaço.

Contributos como os de Emanuel Alexis, solidificam a nossa

identidade e impulsionam a firmeza dos passos, em terreno exigente de

dedicação e voluntariado.

39


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Por esta ótica, nota-se a importância do estudo da História Regional

e Local no universo historiográfico, uma vez que ela aproxima o historiador

do seu objeto de estudo. A narrativa deixa de ser fundamentada em temas

distantes para se incorporar aos fenómenos históricos da região.

O dinamismo criativo e empreendedor dos Canedenses tem neste

livro uma bela página, constituindo-se em estímulo para iniciar as novas

gerações à beleza da cultura local, base de um desenvolvimento integral e

humanizador.

Em jeito de conclusão e citando Ernest Hemingway: “Todos os bons

livros se parecem: são mais reais do que se tivessem acontecido de

verdade.”

Professor Doutor Roberto Carlos Reis

Professor Universitário - Instituto Universitário da Maia

40


[Introdução]

[Introdução]

41


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

42


[Introdução]

• Introdução

O presente livro “São Pedro de Canedo, História de uma Vila”, tem como

objetivo principal consistir-se numa matriz histórica da Vila de Canedo e

num passo importante para o conhecimento das suas gentes e gentes

circunvizinhas das Terras de Santa Maria, reforçando desta forma a sua

identidade.

Procura-se com esta obra que toda a comunidade saiba o que foi e o

que é a freguesia, o seu digno passado e o seu meritório presente, e que

seja de maior importância para os Canedenses, em especial os mais jovens,

para que conheçam melhor a terra que os acolhe e que os viu nascer, e,

num futuro próspero, saibam respeitar e preservar a sua memória, o seu

património, tanto no material como no imaterial, não deixando cair no

esquecimento os valores mais altos da nossa terra e das nossas gentes.

As temáticas são abordadas numa perspetiva diacrónica, tentandose,

ao máximo possível, seguir a ordem cronológica dos acontecimentos. Os

documentos antigos, estudos anteriores e obras sobre a história local, bem

como sobre a história das Terras de Santa Maria, foram uma peça

fundamental na consistência do trabalho. Busca-se, ao longo da obra, a

melhor compreensão das temáticas por parte do leitor, recorrendo assim a

imagens, gráficos e quadros.

O livro divide-se em vinte grandes capítulos.

No primeiro capítulo, abordam-se vagamente os primórdios do nosso

país como os seus primeiros povoadores, acrescentando, similarmente,

informações sobre as origens das nossas terras, as terras de Santa Maria, e

compreender desta forma, a génese da nossa freguesia e as suas gentes.

No segundo capítulo, dá-se a conhecer Canedo e o seu património

histórico, a origem toponímica do seu nome e o seu enquadramento

geográfico. Aprofunda-se ao mais concreto possível a sua fundação, o seu

antigo Mosteiro e o monumento mais identitário da freguesia, a Igreja

Paroquial, bem como o Cemitério Paroquial e as Casas senhoriais mais

importantes.

43


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

O terceiro capítulo, é dedicado às cerca de quarenta aldeias/lugares

que compõem a freguesia. Aborda-se a toponímia dos seus nomes, a sua

ruralidade ou urbanidade, linhas de água, entre outros aspetos.

O quarto capítulo, apresenta-nos o restante património religioso do

nosso território, as capelas. Dá-se a conhecer, entre outros aspetos, a sua

história e arquitetura.

No quinto capítulo, têm lugar os santos a quem as nossas gentes

realizam as suas preces, romarias e festividades, explicitando as suas

histórias de vida e datas a que religiosamente são venerados.

No sexto capítulo, aborda-se a história do barco tradicional do Rio

Douro, a sua construção e aspeto, as suas funcionalidades e o seu passado,

sendo o meio de transporte mais frequente no Porto de Carvoeiro e no

transporte de mercadorias aí comercializadas.

O sétimo capítulo, remete-nos para o passado e o presente dos rios

que atravessam de lés a lés o território Canedense. Somos as gentes dos

rios, privilegiados pela singularidade da passagem do Douro nas terras de

Santa Maria da Feira.

Os capítulos, oitavo, nono e décimo, têm como protagonista o povo.

Dão a conhecer, respetivamente, as lendas, as orações, talhações e canções

do conhecimento e da voz popular, bem como a sua vida tradicional nos

tempos passados, voltada para a agricultura de subsistência em terrenos

rudes, onde a natureza quase anulava a braçal força humana.

No capítulo XI, abordam-se os registos paroquiais da Paróquia de São

Pedro de Canedo, dando especial destaque aos padres que serviram a

paróquia, às memórias paroquiais de 1758 e às Confrarias e Comissões de

Festas do século XX.

O capítulo XII, retrata as figuras mais importantes e simbólicas da

freguesia, que com as suas obras e feitos, dignificaram e honraram a sua

amada terra. Que se dignifique o Homem e a sua obra!

O capítulo XIII, dá a conhecer a freguesia no contexto políticoadministrativo.

Apresenta, inicialmente, os responsáveis pela justiça e

comunicação dos factos da freguesia aos responsáveis do concelho,

passando pelos jurados e regedores, terminando nas juntas e assembleias

44


[Introdução]

de freguesia, destacando, assim, estes órgãos, que, de bom grado,

contribuíram e contribuem para o bem-estar na Vila de Canedo.

No capítulo XIV, é apresentada a história e as ligações genealógicas

de várias famílias importantes de Canedo.

No capítulo XV, está exposto um pequeno espólio de manuscritos

relativos à freguesia de Canedo, bem como sobre o antigo Mosteiro de

Canedo e os seus casais, Igreja, entre outros.

O capítulo XVI, retrata os dados populacionais da Vila, como a sua

demografia, a instrução e a emigração desde dos séculos mais remotos até

ao presente.

No capítulo XVII, aborda-se a heráldica da freguesia e da paróquia,

explicando, assim, os diferentes brasões, bandeiras e cores representativas.

O capítulo XVIII e antepenúltimo capítulo, expõe mapas da freguesia

de diferentes géneros, com o objetivo de sinalizar e dar a conhecer a nossa

realidade de diferentes formas e contextos, e que, num futuro, possam

servir para novos estudos sobre as nossas terras.

O capítulo XIX e penúltimo capítulo, remete-nos para a atualidade da

Vila de Canedo, reforçando o seu desenvolvimento a nível urbano, cívico e

cultural, destacando os vários serviços existentes e o associativismo, que

muito precoce despertou na freguesia e hoje é um modo de fomento do

desenvolvimento a nível cultural, desportivo e cívico.

Por último, o capítulo XX, apresenta-nos notas e referências sobre a

freguesia, completando os factos abordados anteriormente, que

posteriormente podem servir como mote para outras pesquisas ou, até

mesmo, novas obras.

Em epítome geral, com esta obra, tenta-se dar a conhecer, sem

exagerar nos méritos nem ignorar os defeitos, um território nortenho do

concelho de Santa Maria da Feira, que durante anos e anos, foi crescendo

dentro de terras férteis e íngremes, mas onde se solidificaram hábitos,

rotinas e costumes, fazendo deste povo um espelho de cultura e tradições.

45


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

46


[Capítulo I](Origens)

[Capítulo I]

(Origens)

47


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

48


[Capítulo I](Origens)

• Origens

• O homem, inicia a sua aparição no planeta terra há 3 milhões de

anos, deixando muitas marcas, e nos dias de hoje os identificam como os

primeiros vestígios: as pedras talhadas.

Segundo a arqueologia mundial, as primeiras pedras afeiçoadas ao

humano remontam há cerca de 2 milhões de anos, sendo que na península

ibérica, os vestígios mais antigos foram trabalhados pelo homem há cerca

de 1 milhão de anos.

• Na era do Paleolítico inferior, a era da pedra, apareciam novas

formas de trabalhar a pedra, ou até mesmo o primeiro aparecimento de

várias culturas líticas. Os rios eram, então, os únicos caminhos naturais ao

longo de cujos cursos, a penetração humana podia atingir as regiões do

interior.

Os hominídeos, fabricantes de seixos talhados como o biface e o

machado, viviam em pequenos agrupamentos, caçando alguns animais com

os seus artefactos, representando assim mais uma etapa avançada no

caminho da civilização.

• No Paleolítico médio, desde 70.000 ac. a 35.000 ac., dá-se o

aparecimento do homem neandertal, caracterizado por um crânio baixo,

fortemente dolicocéfalo, testa fugidia, mandíbulas salientes e membros

alongados, mostrava uma grande perícia ao trabalho como no

manuseamento da pedra e no surgimento de novas técnicas que

caracterizam a cultura mustierense.

São dos mustierense as primeiras sepulturas humanas bem

caracterizadas. Os enterramentos eram feitos com um certo ritual, visto

que junto ao cadáver se colocavam oferendas funerárias como vestígios de

ossos e utensílios de sílex. A população neandertalense, esteve fortemente

no atual território português, mais especificamente, no litoral do território,

sendo esta a última grande vaga humana do paleolítico médio.

Já no fim do último período glaciar, paleolítico superior, surge outra

mancha étnica de grande cultural: o chamado homem de cro-magnon. Em

49


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

contraste com o neandertal, o novo homem é mais alto tendo uma testa

larga, o queixo bem saliente, os membros menos longos e uma marcha que

se supõe ser idêntica ao do homem atual.

A duração desta fase é de alguns milénios, cerca de 35.000 ac. a

8.000 ac. Os homens desta fase dedicavam-se à caça, à pesca, recolhiam

frutos tais como a natureza lhes oferecia, já manejavam com grande perícia

o arco e setas e talhavam com grande habilidade a pedra, como se fossem

uns verdadeiros lapidadores, criando belos e pequenos instrumentos.

Não é possível fazer estimativas sobre a extensão dos grupos

populacionais, mas é seguro que todas as populações que ocuparam o

ocidente, chegaram nas suas milenárias deslocações por terra ou em

aventuras marítimas, acerca dos quais nada se sabe, a este confim do

mundo, e que se estabeleceram e enraizaram.

Porém, a região litoral mostra-se muito mais rica em jazidas do que a

região do interior pela sua proximidade ao mar e esteiros dos rios, na qual,

eram regiões mais ricas em alimentos e o litoral era o ponto de encontro

com os que já ali se encontravam e também o último limite das longas

caminhadas terrestres, algumas com duração de dezenas de séculos.

Depois de grandes alterações climáticas a que o planeta esteve

sujeito, houve uma grande revolução neolítica há cerca de 10 milhares de

anos. Aí os homens já não se limitavam à caça, capturavam animais vivos e

guardavam junto de si iniciando assim o processo de domesticação

constituindo os primeiros rebanhos. Pastor simbolizava uma função e uma

realidade nova sobretudo como uma vitória importante contra a fome.

A partir deste momento descobriram que os grãos de cereais podiam

ser produzidos e depois dos primeiros celeiros de grãos silvestres, surgiram

as primeiras searas.

Com o pão, carne e leite assegurados, a população aumentou

rapidamente, mas este elevado crescimento acarretou problemas graves. A

partir desta revolução, começam as guerras, na qual a defesa do seu

território com muros era muito importante. Desde então surgiram como

grandes condicionantes da vida humana, a economia, a cidade e a lei.

Há cerca de 1.500 anos ac., novos movimentos migratórios ocuparam

o fundo da península ibérica.

50


[Capítulo I](Origens)

Perto do território Feirense, existem muitos monumentos

megalíticos deixados por estas civilizações, monumentos esses ainda hoje

conservados na Zona de Arouca, Escariz, como o Dólmen da Aliviada,

Mamoa 1 da Aliviada ou Dólmen pintado de Escariz.

• Os dólmenes, caracterizam-se por terem uma câmara de forma

poligonal ou circular utilizada como espaço sepulcral. A câmara dolménica

era construída com grandes pedras verticais que sustentam uma grande

laje horizontal de cobertura. As grandes pedras em posição vertical,

denominados esteios ou ortóstatos, eram em número variável entre seis e

nove.

A laje horizontal é designada de chapéu, mesa ou tampa. Existem

câmaras dolménicas que chegam a ter a altura de seis metros. Quando a

superfície da câmara dolménica não supera o metro quadrado, considerase

que é um monumento megalítico denominado cista.

Durante o terceiro milénio generalizou-se por todo o oriente

mediterrâneo a técnica de fundir o mineiro pelo fogo com carvão de

madeira. O metal, que assim se obtinha, tomava a forma de molde onde

fosse vazado e esta descoberta foi um passo de enormes favorecimentos e

consequências na história humana.

Em todo o planeta, formaram-se civilizações organizadas que viriam

a civilizar todos os povos por onde passavam. Eram povos com bastante

conhecimento de metais como o bronze, com os quais se defendiam,

atacavam e aravam o solo.

• Os Celtas, povos indo-germânicos, a partir do século IV ac.,

espalharam-se pela Europa central para oeste até à costa atlântica. Nos

primórdios da sua expansão na península ibérica estes foram recebidos.

Com o passar do tempo, estes povos fundiram-se e formaram os celtiberos

deixando as suas marcas com castros cobertos de casas circulares e

retangulares, construídas em cabeços ou lagos, dando-lhes os nomes de

dundum, briga e pena.

A partir do século III ac., os celtas ficaram mais enfraquecidos e foram

tomadas pelos lusitanos ocuparam assim o espaço que ia da Serra da

Estrela a norte do Rio Douro.

51


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Os Lusitanos, eram muito hábeis e inteligentes, como nas

emboscadas e perseguições rápidas. Tinham como armadura o pequeno

escudo côncavo na face anterior, suspenso numas correias sem pegas em

abraçadeiras. Andavam sempre armados com um punhal ou adaga.

Os infantes usavam proteção para as

pernas e levavam vários dardos com ponta de

bronze. Entre os povos que habitavam ao longo

do Rio Douro, alguns viviam de uma maneira

rude, aquecendo os alimentos com pedras em

brasa, banhavam-se em água e tomavam apenas

uma refeição. Os lusitanos faziam imensos

sacrifícios, observavam as vísceras sem as separar

do corpo e também as veias do peito.

Quando estes tinham prisioneiros

cortavam-lhes as mãos direitas e ofereciam-nas

aos deuses. Praticavam lutas desportivas a pé e

a cavalo, treinavam-se assim para as lutas de

corpo a corpo e muitas alturas do ano os

moradores das montanhas só se alimentavam de

bolotas que depois da seca era triturada e moída

para fazer pão, que se podia aguentar por muito

tempo. Bebiam bebidas fermentadas e o vinho

Doc. 1 - Guerreiro Lusitano que era raro e bebido depois de festins familiares,

onde estavam sentados em bancos construídos de madeira, dispostos por

ordem de idades e de dignidades, e os alimentos circulavam de mão em

mão.

Os homens vestiam-se de escuro e a maioria com mantos, na qual,

dormiam em leitos de palha. As mulheres usavam vestidos com adornos

florais. Nas suas compras, pagavam com pedaços de prata, mas era mais

comum a troca de produtos entre si.

Os criminosos eram atirados para o fundo de abismos e a parricidas

ou conduzidos até fora do limite da sua cidade e aí mortos à pedrada. Os

doentes mais debilitados, eram expostos nos caminhos, para que os outros

que tivessem a mesma doença, os ensinasse a curarem-se.

52


[Capítulo I](Origens)

No entanto, a rudeza dos costumes era muito grande, explicada pelo

isolamento em que estes viviam, e assim, perderam a sociabilidade e

humanidade porque não comunicavam.

• Os Romanos, em meados de 147 ac. e 139 ac., invadem a península

ibérica, mas esta ocupação não se fez à boa paz, visto que o povo lusitano

comandado por Viriato, resistiu muito tempo aos colonizadores de Roma.

Passado pouco tempo, todas as regiões caíram em seu poder à exceção dos

indomáveis montes Cantábricos.

No ano de 43 ac. constitui-se o segundo triunvirato. Lípido governou

a Hispânia até ao ano de 36 ac. Depois a Remodelação da organização do

império coube a Octávio e mais tarde a Augusto.

Há que referir o monte de Santa Maria, Fiães, Santa Maria da Feira,

também conhecido por monte do Redondo, onde foram identificados

vários vestígios arqueológicos. Presume-se ter existido naquele local uma

necrópole celta denominada "Lancobriga" (por vezes Langobriga).

Lancobriga é apontada como a possível capital dos Turduli Veteres.

Os Túrdulos Velhos (em latim: Turduli Veteres) foram um povo antigo

de Celtiberos antiga tribo pertencente à antiga Lusitânia, dentro do grupo

dos chamados Lusitanos, que viveram na parte sul do rio Douro, no que é

hoje o norte de Portugal.

Migrações das tribos pré-românicas no território do atual Portugal:

Rosa: Túrdulos (Turduli) Castanho: Célticos (Celtici) azul: Lusitanos

(Lusitani)

A sua capital foi Lancobriga (Longroiva, atualmente Fiães, perto de

Santa Maria da Feira). A população dos Turduli Veteres estendia-se até

outras cidades tais como Talábriga (junto de Branca, Albergaria-a-Velha),

possivelmente Ópido Vaca (em latim: Oppidum Vacca; na região de Cabeço

do Vouga) e também até à região de Vila Nova de Gaia, tal como

comprovam as duas placas de bronze (Tesserae Hospitales) encontradas no

Monte Murado em Pedroso (Castro Petrosus é o que dá o nome a esta

freguesia de Vila Nova de Gaia).

Os Túrdulos Velhos ou Turduli Veteres, eram uma tribo vizinha da

tribo dos Pésures ou em latim Paesuri, ambas situadas na mesma região a

sul do Rio Douro.

53


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

A península Ibérica estava dividida em duas grandes províncias: a

Citerior, que ia do Rio Ebro aos Pirenéus, e a Ulterior, deste rio às margens

do Atlântico. Mais tarde, Augusto, remodelaria a Península Ibérica para três

grandes províncias: Tarraconense, a antiga Citerior, a Bética e a Lusitânia,

que constituíam a Ulterior.

Só no século III, Diocleciano, repartiu os territórios Romanos em

prefeituras subdivididas em dioceses e estas em províncias.

Um escritor nascido em Cádis nos primeiros anos da era de Cristo,

Columela, escreveu um tratado sobre a agricultura, na qual, afirmava a

indicação ideal de uma vida não longe de um mar ou de um rio navegável,

que facilitasse a exportação dos produtos e a importação das mercadorias

necessárias. Mas na realidade, toda a produção era organizada com vista à

comercialização.

Na Lusitânia, era comum cunhar-se moedas, mas a maioria das

moedas que apareciam no nosso país, eram cunhadas em Itália.

De certo modo, os romanos deixaram visíveis a sua passagem,

construíram uma rede de estradas muito aperfeiçoadas que serviu em

muitos casos até ao século XIX, muitas pontes Romanas que ainda hoje

estão intactas como, por exemplo, a Ponte Romana entre o Tâmega e

Chaves, a ponte sobre o Tejo para entrar em Alcântara (Espanha), e mais no

Território próximo, como inscrições nas Igrejas de Fermedo e Pigeiros, as

moedas encontradas no Castro de Romariz, ou até mesmo vestígios da

Estrada que ligava Porto-Viseu.

Portugal, segundo Plínio, o Antigo, escritor Romano que

desempenhou um cargo de administrador na Península Ibérica entre os

anos de 69 a 73, estava dividido em três conventos: o emeritense, o

pacense e o escalabitano. O total de povos era de 45: cinco colónias, um

município de cidadãos Romanos (Lisboa), 3 cidades do Lácio Antigo e 36

estipendiárias.

As cidades indígenas, dividiam-se em dois tipos: livres e

estipendiarias. Consideravam-se livres as povoações indígenas que

conservavam as suas leis e certa independência em relação à

administração. Essa situação favorável estava relacionada com a atitude no

momento da ocupação, ou seja, ficavam livres os que se submetiam e

estipendiários os que resistiam e eram dominados.

54


[Capítulo I](Origens)

No entanto, segundo Plínio, na Lusitânia não existiam cidades livres.

Neste período, estabeleceu-se o uso de formas e termos toponímicos

de nomes comuns, com sufixos derivados de plantas, animais e até mesmo

de minerais.

A organização política e administrativa que os Romanos deram ao

território foi destruída pelos povos germânicos que invadiram a Europa

Ocidental nos primórdios do século V.

• Os Germanos, formavam diversos grupos étnicos: os Alanos

oriundos do Cáucaso, os Vândalos de origem escandinava e os Suevos,

também germânicos. Os suevos entraram em Espanha aquando dos Alanos

e os Vândalos. Só os Suevos fundaram a organização política de curta

duração.

Entre os anos de 439 e 569, ocuparam Coimbra e Porto. Estabilizados,

os suevos posteriormente, organizaram um reino que abrangia a Galiza e

tinha Capital em Braga.

O reino alargou-se para o sul do Rio Douro e pela primeira vez, este

rio deixou de funcionar como fronteira política. Estes grupos não

numerosos dominaram as províncias Romanas com enorme rapidez e

depois de instaladas, não provocaram grandes resistências por parte das

populações.

Dadas as condições degradantes que a Roma agonizante impunha

aos Povos do seu território, os suevos logo que abraçaram a doutrina da

igreja e trocaram a espada pelo arado depressa se tornaram, paras as

classes desfavorecidas, mais acolhedoras do que os Romanos.

Há que referir a importância do Martinho, Bispo de Dume, lugar

situado nas imediações de Braga, natural de Panónia e veio por mar até um

porto, que se supõe ter sido o Porto, para evangelizar os suevos.

Contudo, o Bispo de Braga e de Coimbra colaboram nesta missão,

que teve grandes repercussões. Dessa época data também é de referir o

Mosteiro de Lorvão que teve grande importância na difusão do Cristianismo

em toda a região entre Douro e Mondego.

• Os Visigodos, possuíam um vasto império que perderam em guerra

contra os Huno. Assim se dividiram em Visigodos e Ostrogodos.

55


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Em 416, chegaram à península ibérica, os visigodos, um povo de

origem Germânica, um povo enraizado com a cultura Romana. Nessa altura,

quando o império romano lutava para sobreviver à avalanche das Invasões,

um dos meios de defesa que utilizavam era lançar Grupos Bárbaros contra

outros Grupos Bárbaros.

Em menos de um século, possuíam um território que ia dos Alpes ao

Atlântico. Os grupos armados dos Visigodos, dos séculos VI e VII, eram

formados maioritariamente de hispano-romanos. Como se juntavam bem

com outras raças, muitos hispano-romanos adquiriram nomes godos. Por

estes tempos a maior parte professava a Religião Cristã. No século VI, pelo

registo Paroquial Suevo, existiam mais de 70 paróquias entre Minho e sul

do Douro.

A dominação dos Visigodos durou cerca de três séculos, mas hoje, os

vestígios que podemos encontrar são poucos. A explicação está no facto de

não serem numericamente muito numerosos e de serem portadores de

uma cultura inferior aquela que as populações locais possuíam. Não

trocavam consigo novas formas de organização ou novas técnicas de

trabalho, limitavam-se a instalar-se nos quadros sociais e económicos

implantados pelos Romanos, que exploravam em seu proveito.

O domínio efetivo dos Visigodos, na península Ibérica, e em especial,

no atual território português só se exerceu de uma forma permanente e

estabilizadora durante o período que decorre da expulsão dos Bizantinos

(620) à Invasão Muçulmana (711).

Os elementos fundamentais da organização da sociedade que estava

instalada na península no início do século VIII eram, pois, um clero Rico e

politicamente poderoso, uma nobreza proprietária e militar, um povo

governado pela Igreja.

O pároco deixou de ser, como na época romana, eleito pelos fiéis, era

agora um clérigo com formação e cultura própria. As freguesias agrupavamse

em dioceses e os párocos dependiam de bispos, a quem tinham como

obrigação entregar uma terça parte dos rendimentos das igrejas.

Esses rendimentos eram grandes porque os crentes procuravam

garantir um lugar no céu com dádivas em vida ou por morte e as

autoridades superiores da igreja desde cedo se mostravam rigorosas na

56


[Capítulo I](Origens)

administração do seu crescente património, estabelecendo a proibição de

vendas dos bens entrados na sua posse.

Com os rumores do avanço dos Mouros e consequente invasão

muçulmana temporária, o quadro religioso desorganizou-se, voltando a

reconstituir-se passado o domínio dos mouros, mas com algumas

modificações.

• Os Mouros correspondiam aos antigos povos semitas que viviam

entre a Síria e a Mesopotâmia.

Em 711, um exército formado principalmente por soldados berberes

atravessava o estreito de Gibraltar e iniciava a Conquista da Península

Ibérica. Estava a completar-se um século sobre a data em que Maomé

iniciara na Arábia a sua pregação.

Em pouco mais de cem anos, os árabes conseguiram estender a

religião e o domínio político num imenso espaço que ia desde do Oceano

Índico ao Atlântico.

Os fatores que explicam essa rapidez foram: a fraqueza dos impérios

vizinhos, Império Persa e Império Bizantino, e as ferozes lutas religiosas que

até então se travavam no Próximo Oriente entre os Judeus e os cristãos, e

a situação das populações oprimidas das áreas conquistadas, que em várias

regiões os acolheram como libertadores. O povo árabe era chefiado por

chefes respeitáveis, comungando a língua Árabe, dedicando-se à

agricultura e ao comércio.

Em meados de 570, nasceu em Meca um Beduíno, nomeado al-amim,

traduzindo-se em: “O homem direito em que se pode confiar”. Este

Beduíno, até aos 40 anos de idade teve como propósito ganhar a vida,

atravessando o deserto com camelos carregados de mercadorias.

Certo momento, numa das suas travessias, ouviu uma voz que lhe

disse “Tu és o enviado de deus”. Maomé era, além de tudo, um homem

instituído e nas suas viagens contactara com vários povos, como judaístas,

cristãos e sabia que Salomão, quando viera a Meca, dissera que dali sairia

um profeta.

Então começou a pregar na sua terra as novas que o Arcanjo Gabriel

lhe ditara de Alá, as quais preconizavam a destruição dos ídolos e a

igualdade entre os homens, a abolição do juro, a poligamia limitada a

57


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

quatro mulheres, o jejum e as orações diárias. Estes preconceitos

desgastaram a população. Porém, quando morreu em 632, toda a arábia

depois de batalhas convertia-se ao seu credo.

No tempo do califa Utman, uniram-se todas as revelações de Maomé

e fundaram um livro chamado Alcorão, que tem como significado: “prédica”

ou “sermão”. Este livro sagrado para os muçulmanos (homens submissos a

Deus) diz: “Combatei pela espada, que é a chave do céu e do inferno, aquele

que não praticaram a verdadeira religião, até se humilharam e pagaram um

tributo.”

Até ao século XV, aproveitando-se da fraqueza dos impérios vizinhos

e das lutas ferozes entre cristãos e judeus no oriente, aos mouros pertencia

um território imenso, que se estendia de Espanha à Índia

Tariq, foi o primeiro chefe Berbere a invadir Espanha em meados do

ano 711, e com ele, derrotaram o Reino Visigodo de Roderico e

consequentemente ocuparam um território que ia de Granada a Santarém

e de Burgos a Coimbra.

No tempo de Amir Abderramão I, 756, que se declarou independente

do Califa de Damasco, a Espanha muçulmana denominava-se Andaluzia.

Nesta, habitavam diversas castas com culturas diferentes, às quais se

juntaram os moçárabes, que pela lei islâmica, embora tivessem de pagar

um tributo, eram considerados homens livres.

Abderramão III e Hakam II, fizeram de Espanha, principalmente

Córdova, a Constantinopla Ocidental, mas a devassidão e o egoísmo

corromperam-nos. Os árabes sempre causaram grandes distúrbios entre os

Reinados de Pelágio e Afonso III.

Entre os anos de 985 e 1002, um ditador denominado Almançor

entrou na península Ibérica e ousou destruir o célebre Santuário de

Compostela e estendeu a sua rígida política até Marrocos. Mas, acaba por

morreu de desgosto ao ser derrotado na Batalha de Calatanhazar pelos Reis

de Leão, Castela e Navarra.

Entretanto, surgiu Abd Raman, mas ao ser mal acolhido em Córdova

arruinou o califado e abriu a via à criação de Reinos regionais, assim era o

fim do Reino Muçulmano na Península Ibérica.

58


[Capítulo I](Origens)

Portugal sofreu menos do que a Espanha em relação à influência

árabe. Portanto, não é possível fixar em anos ou em séculos a duração do

domínio muçulmano na Península Ibérica, porque essa duração varia de

região para região.

O país, a norte de Ebro, estava sob o domínio cristão em 809.

Algumas regiões como Porto, Chaves, Braga, Viseu e Coimbra foram

reconquistadas em meados de 868, após a borrasca de Almançor que nos

finais do século X ocupou novamente Coimbra, Viseu, Lamego e o atual

concelho de Santa Maria da Feira.

Mas não seria desta vez que os habitantes, da já composta terra de

Santa Maria do condado de Coimbra (mais tarde no século XI passou para a

Jurisdição do Porto), entrariam em paz.

Em inícios do século XI, Bernardo III e Fernando Magno, venceram os

mouros em terras como Cesar e Arouca. Nem todos os povos invadidos

pelos árabes, se convertiam, mas fingiam respeitar as leis do Alcorão e

pagavam o seu tributo.

É de notar que a região duriense, no período Medieval, nunca esteve

despovoada. Alguns locais como Santa Maria da Feira e Arouca, situados

em território de Portucale, começaram a construir e a conservar as suas

igrejas.

Entre os séculos VI e VII mais de 500 paróquias foram construídas a

sul do Rio Douro.

Nas terras onde se ia desagregando o Domínio sarraceno ou naquelas

que os Cristãos conquistaram, não se restaurou propriamente uma

estrutura política anteriormente existente. Em vez disso, nasceram novos

poderes que se iam moldando segundo as circunstâncias, poderes

representados por chefes locais entre os quais se estabelecia uma

hierarquia nem sempre bem definida, intercalada de episódios de

submissão e rebeldia.

• Os novos países cristãos da península Ibérica, formaram-se a

partir de três núcleos distintos: o asturiano, que veio formar o reino de

Oviedo e depois o de Leão e o Condado de Castela( independente durante

alguns anos e depois transformado em Reino, e que desde 1037 andou

unido ao de Leão); o pirenaico, donde saíram os Reinos de Navarra, Aragão

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São Pedro de Canedo – História de uma Vila

e alguns condados mais ou menos independentes; e o de Barcelona, onde

os francos tiveram um papel importante e que seguiu uma evolução política

sob muitos aspetos diferentes da dos outros Estados Hispânicos.

Nesta imprecisão política aparece com frequência o nome de Galiza,

que chega a ser reino e outras vezes tem categoria de Condado. O seu limite

ia, em sentido lato, até ao curso do Douro, mas dentro do seu território

havia outras terras ou territórios na qual, os condes governadores

dependiam do Rei de Leão.

Desde os fins do século IX começaram a aparecer referências a um

condado Portucalense, de fronteiras pouco precisas, mas que abrangia o

território do Minho até ao sul do douro. A designação provinha da principal

povoação ser Portucale, situada próxima da foz do Douro, que foi

restaurada e povoada nos meados do século IX pelo conde Vimares Pires.

Porém, nos finais do século XI, as condições políticas de Leão e

Castela tinham mudado, a administração foi aperfeiçoada, a influência dos

clunienses fez-se sentir. Estava-se muito longe da época dos companheiros

de Pelágio.

Afonso VI e Leão de Castela dispunham de grandes forças e de grande

prestígio na Europa Cristã, foi ele que forneceu uma grande parte dos

recursos para a construção de Cluny III, o mais majestoso templo que até

então a cristandade erguia.

Porém, ao final do túnel, começava-se a construir um país

independente que viria a conquistar a sua independência alguns anos mais

tarde.

Esta independência foi sendo forjada ao longo de um processo que

se desdobrava em várias etapas, das quais se destacam as mais

importantes, como a revolta de D. Afonso Henriques e a conquista do

governo do condado, em 1128, a paz de Tui, de 1137, a conferência de

Zamora e a enfeudação do Papa, em 1143, o desaparecimento do título de

Imperador com a morte de Afonso VII, em 1157, e por último, a bula papal

de 1179, com o reconhecimento de uma nova monarquia pela Santa Sé.

Ao final de largos anos, afirma-se de entre todos os Reinos de

Espanha, um novo Reino, um Novo País, Portugal.

60


61

[Capítulo I](Origens)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

62


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

[Capítulo II]

(Canedo: Retalhos de uma história)

63


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

64


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

• O Nome da Vila

Embora a tradição e os conceitos populares na maioria das vezes sejam

a expressão da verdade, (“Vox populi, vox Dei”), todavia, quanto à origem

do nome Canedo, não podemos estar muito satisfeitos com o que dizem

certos “autores” nas suas obras.

Canedo surge sempre associado ao seu padroeiro, São Pedro,

tendo origens etimológicas do latim «cannetu» que significa “cannedo”,

derivado de “canna”, relacionado com os vulgares canaviais ribeirinhos. 1

Na opinião do Sr. Dr. José Leite de Vasconcelos “o étimo ou origem

filológica está em «cannetum», que significa canavial. É um dos

muitos substantivos acabado em – etum, significado de bosque ou

local onde crescem árvores, ou arbustos. 2

Na verdade, por Canedo passam três rios e tem uma grande

área acidentada repleta de bosques e montes, o que induz o seu nome

derivar das suas características territoriais.

Por volta do século X foi nome de um mosteiro pré-nacional.

Várias “Villas” e “vilares” e ainda “pobras” a que se juntam “mosteiros”,

provam o povoamento pré-nacional desta localidade.

Podemos citar nomes de terras com origem na palavra

«cannetu»: “Canede” de Alcanede (de origem incerta. José Pedro

Machado propôs um étimo híbrido, composto de al- e do latim cannetus,

que significa canavial).

O topónimo Canedo, está representado em Trás-os-Montes,

Entre Douro e Minho, Beira e data dos primórdios da língua portuguesa.

1

Vol. 6. Grande enciclopédia portuguesa e brasileira (1935)

2

Pág. 417 e segts. Vol. II. Etnografia Portuguesa. Leite de Vasconcelos (1933)

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São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Situação Geográfica

A freguesia de Canedo, a poente do Concelho de Santa Maria da Feira, é

a mais extensa e mais rica do Concelho, com o privilégio de ser beijada pelo

Rio Douro a nordeste do seu território.

Está situada na Região Norte, Província do Douro Litoral, Distrito de

Aveiro, Diocese do Porto, Comarca e Concelho de Santa Maria da Feira.

Segundo Pinho Leal, a freguesia dista “12 quilómetros para Nordeste da

Feira, 22 quilómetros para Sul do Porto e 300 quilómetros para Norte de

Lisboa.” 3

4 Os seus atuais limites são os seguintes: pelo lado Norte a freguesia de

Lever do Concelho de Vila Nova de Gaia; a Nordeste pelo Rio Douro (limite

natural); a Este pela freguesia da Lomba do Concelho de Gondomar; a

Sudeste pelas freguesias de Pedorido do Concelho de Castelo de Paiva e São

Miguel do Mato do Concelho de Arouca; a Sul pela freguesia do Vale e

Louredo do Concelho da Feira, a Sudoeste pela freguesia de Gião do mesmo

Concelho; a Oeste pela freguesia de Vila Maior do mesmo concelho da Feira

e a Noroeste pela freguesia de Sandim do Concelho de Vila Nova de Gaia. 5

Em termos geomorfológicos, Canedo é a freguesia com o declive mais

acentuado do Concelho da Feira. Situa-se numa zona onde acabam as

planícies e começam as montanhas, sendo locais relevantes os montes no

lugar da Inha e do lugar de Rebordelo com lugares característicos como

“Ossa”, “Camouco”, “Castejo”, “Porto Novo”, “Cabeço do Sobreiro”, entre

outros. Map. 1

3

Páginas 86 e 87. Vol. 2. Portugal Antigo e Moderno. Pinho Leal (1876)

4

Vd. Map. 6.

5

Revista Tradição. Arlindo de Sousa (1940)

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[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Zona da Inha

e Rebordelo

Map. 1 - Carta de Declives de Santa Maria da Feira.

Legenda: ------ Limites da Freguesia de Canedo

Fonte: Atlas de Santa Maria da Feira

Map. 2 – Localização geográfica de Canedo

Fonte: Google Maps

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São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Fundação da Vila

A freguesia tem as suas origens muito antes de Portugal ser considerado

um Reino independente. Por volta de 950 é fundado em Canedo, um

Mosteiro beneditino por D. Telles Guterres, e este mencionado pela

primeira vez num documento no ano de 1055.

No entanto, a fundação da Vila leva-nos até ao reinado de D. Afonso II,

terceiro Rei de Portugal, cujo cognome foi o Gordo, devido à doença que o

afetou e lhe provocou uma certa tendência para obesidade.

Filho de D. Sancho I e de D. Dulce de Berenguer, nasceu em 23 de Abril

de 1185 em Coimbra, e faleceu a 25 de Março de 1223, também em

Coimbra. Os seus restos mortais repousam no Mosteiro de Alcobaça.

D. Afonso teve políticas diferentes dos seus antecessores. O seu reinado

é caracterizado pela não beligerância, não tendo alimentado conflitos com

os reinos vizinhos, nem prosseguido à reconquista do território ocupado

pelos mouros. Preferiu consolidar e melhorar as estruturas económicas e

sociais existentes no país. Foi ainda um monarca inovador, pois a ele

devemos o primeiro conjunto de leis gerais portuguesas.

Leis dadas para o governo do Reino e boa administração da Justiça, em

1211, no primeiro ano do seu reinado.

Isto revela que, sem dúvida, Portugal sempre foi governado com base

nas leis estabelecidas pelos nossos monarcas, tanto no campo geral como

nos domínios particulares. As leis gerais ordenavam para todo o Reino; as

particulares para cada vila ou cidade; eram os seus forais 6 , usanças e

costumes, como ao tempo lhes chamavam.

As leis de D. Afonso II, incidiam sobre temas como propriedade privada,

direito civil e cunhagem de moeda.

De entre muitos forais e confirmações de forais, como os de Coimbra em

1217, os de Lisboa a 1214, encontramos o foral dado à Vila de Canedo.

6

Foral: Uma carta de foral ou simplesmente foral, era um documento real utilizado em Portugal, que

visava estabelecer um concelho ou vila e regular a sua administração, deveres e privilégios. A palavra

"foral" deriva da palavra portuguesa "foro", que por sua vez provém do latina «fórum».

68


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Foi a 1 de junho de 1212 que Canedo se tornou uma freguesia

independente oficialmente 7 , sendo o Foral dado a cinco homens casados e

a toda a sua descendência e a quaisquer outras pessoas que eles queiram

chamar.

Os encargos reais eram impostos à coletividade e consistiam

anualmente em doze módios, entre cereais e vinho.

“Servia de mordomo um dos moradores, por eles eleito, o qual recebia

as prestações, «jugadas», e, depois de as medir, as leva a “Adaufe”, onde

chamaria o mordomo do rei ou algum outro agente fiscal, e colocava na sua

presença as jugadas. Se não as queriam receber, tomava testemunho de

homens bons de Canedo, isto por três vezes; e em relação a esse ano nunca

mais lhe poderiam ser exigidas. Sobre a comunidade recaía também a

coleta, e pagavam-na uma vez ao ano. Tributava-se a caça grossa, e cada

courela dá «pro uodo» um sextário compreendendo pão e vinho.

Não estavam obrigados à lutuosa, nem à portagem no distrito de

Panoias. Os encargos pessoais são o apelido e o fossado, mas este só

quando ia nele o rei em pessoa. Podiam vender ou doar os prédios, e fazer

deles o que quiserem, contando que o soberano não deixaria de receber os

direitos estabelecidos no foral.” 8

Passo a citar o Foral dado por D. Afonso II à Vila de Canedo em latim:

“Canedo, 1 de Junho de 1212

Ex codice, qui titulurn Lib. II Donationum Alphonsi III prae se fert, textum

hausimus: lectiones várias ex codice Foraes Velhos de Leitura Nova, sic dicto,

decerpsimus.

In dei nomine. Ego Affonsus dei gratia Rex Portugalie facio eartarn nobis

populatoribus de canedo pernominatos Pc-lagii gomez, et vxori ice Sancie

petri, Petro gonsalui et the vxori loba gonsalui, tii Johanne pelagii et tue

vxori Marie iohannis, Petri petri et vxori tue Marie fila, Sudarii iobannis et

7

Autores, como Pinho Leal, afirmam que Canedo, com o Foral de D. Afonso II, tornou -se concelho e vila

independente.

8

Vol. 8. História da administração pública em Portugal nos séculos XII a XV. Henrique da Gama Barros

(1946)

69


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

vxori tue Maiori iohannis. Do et concede uobis Canedo cum suis terminis

domodo incipit per porturn quando ucniunt de Adaufi et uadit per a ponsada

et uadit per cumen ad penedo de varcea et hadit ad Louzal comodo diuidit

cum Garauelos et uadit ad escusa de pedrafita et inde ad canpo de letanias

comodos diuidit cum heremita et uadit ad foz de corrozino et intrat per

uenan corragi a enfesto et uarit in foz de maaguiroos et uadit per uena a

enfesto et uadit ad capud de moroucos comodo diuidit per cumeeira et uadit

ad capud de eiroo et reuertitur per spinacum de cam et inde intrat in

forcadas de cabril et uadit per uenau anproo et reuertit ubi prius incipimus.

Do uobis populatoribus islos terminoos nominatos uos et omnis posteritas

uestra et de quibus populare uolneritis rendatis michi unicuique anno

duodecim modios inter panem et uinum et sit mediatum centeno milio rubio

uel albo et de istos supranominatos modios detis eos panem in tempore

arearum et uinum in tempore uindimiarum per mensuram de costantim

qualem hodie ibi est. Et ponatis super uos maiordomo de uestra uilla et ilium

uestrum maiordomo petat uobis ipsas predictas iugadas et meceat eas et

leuet eas ad Adaufi et clamet meum maiordomo uel meum seruiciale et

apresentet iugadas ante ilium et si eas recipere noluerit faciatis

testimonium hominum de uestra uilla III uicibus et nuquam de ea

respondetis : de collecta V almudes de ceuada, et V almudes uini, et IIII

gallinas, et XXXX oua : et detis ista collecta in festo Sancti martini in uestra

uilla una nice in anno et III arietes in mense magii : et postquam habuerint

uno anno recipiat illos per maiordomo de canedo: si occideritis urso detis

inde manus : de porco montesino et de seruo siue de corço si eos ocidederitis

pectetis pro illo i libram de cera : non dedis luitosa nec portagem in terra de

panoias : non uaades in apelido nec in fossado nisi ubi fuerit domini Regi.

Vendatis donetis faciatis de ea quicquid uos uol beo meum forum sicut

resonat in hac karta: de totas callumpnias non pectetis nisi tres si eas

feceritis. Homicidium rausum si fuerint factas in uestra uilla pro una de illis

pectant XXXXa morarabitinos, et de istos morabitinos septimam partem ad

palacio et alias sex partes ad concilium: furtum quale fuerit factum tale sit

pectatum: de istas três callumpnias non respondatis nisi per inquisicionem

bonorum hominum de canedo et istas callumpnias se as demandauerint ad

uos sedeant infiadas per maiordomo de ipsa uestra uilla et non per alius qui

ueniantis facere dire ante judex terre et a fiadoria sit i libra de cera et

postquam istud fuerit infiado ante iudice ad tercia die ueniatis responder a

directo : de apostilia non respondatis princeps terre nec maiordomo nec

prestamario qui ipsa lerra uel ipsa uilla de me tenuerit non pousent nec

70


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

intrent in uestra uilla nec hominem suum qui ibi faciat forciam uicinus

rixosus qui directo noluerit facere uicinis suis pectet i libram cere et exat de

villa. Nullus homo non sit ousadus de pignorare in uestris terminos nisi petat

ad maiordomo ipsius uilla ad directum, et si ante pignorauerit pectet michi

mille solidos pro uodo singulas quairelas, sestario inter panem et uinum.

Hoc forum faciatis sicut resonat in carta ista et no" plus. Habeatis uos et

sucessores uestros predictam hereditatem in perpetuum. Qui ad uestrum

forum uel ad uestram cartam tenuerit sit benedictus a deo patre o

nipotentem. Amen. Qui aliut inde a uobis fecerit sit maledictus a deo patre

et beate Marie, et omnium sanctorum, Amen et duplet uobis dictam

hereditatem et pectet michi sex mille solidos. Ego A. Rex Port. una cum

domino R. menendi qui ipsa terra de me tenuerit hanc kartam roboramus.

Facta karta kalendas Junii, sub Era M.a CC.a L.a Judice terre F.: domno G.

menendi test.: domno M, gunsalui filii sui test. : M. eanes test.: dom Petro

eanes test.: Martino martinis tabalionem domini Rex (Regis) test. D. notuit.

Et carta ista non tenet signa nec sigillum.” 9

Afirma Pinho Leal, nas suas obras, que no foral velho da Feira (do século

XI ou XII) assim como no novo de 10 de Fevereiro de 1514, que trazem as

diferentes freguesias compreendidas no foral, não menciona Canedo, que

sempre foi Terra da Feira, o que induz ter sido vila e concelho

independente.

Passados longos anos, a 4 de Junho de 1997, a Assembleia da República,

no uso da competência conferida pela alínea d) do art.º 164 da Constituição

da República Portuguesa, elevou à categoria de Vila a Povoação de Canedo,

mediante a provação da Lei nº 46/97.

9

Páginas 561 e 562, Livro das Linhagens. Sive Foralia.

71


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• O Mosteiro de Canedo

Fundação do Mosteiro

A Fundação do Mosteiro de Canedo, remonta ao século IX e X,

quando os cristãos expulsaram os mouros destas terras de Santa Maria 10 .

Há a referir que a antiga freguesia de Várzea do Carvoeiro,

incorporada na freguesia de Canedo há mais de 400 anos que compreendia

vários lugares da freguesia de Canedo como: Bouças, Vilares, Mosteirô,

Valcova e Souzanil; foi resgatada aos mouros por Affonso Magno no ano de

897 e nesse mesmo ano, doada ao Mosteiro de São Salvador de Lavra de

freiras bentas. 11

A partir dessa altura, começaram a ser construídas, a sul do Rio

Douro, imensas instituições de caráter religioso. Nos séculos VI e VII, mais

de 500 paróquias tinham sido construídas a sul do mesmo rio.

Uma dessas instituições religiosas poderia ter sido o Mosteiro de

Mosteirô, da extinta Várzea do Carvoeiro, que se deduz ter sido fundado

por D. Gondezinho, genro de Mem Guterres por volta do ano de 900 e

destruído por volta do ano de 980 pelo Rei mouro Almançor, que ousou

destruir o célebre Santuário de Compostela.

De certo modo, a existência do mosteiro (sendo que não há vestígios)

e da freguesia são factos quase verídicos, aparecendo em documentos

antiquíssimos (dizem certos autores), mas, por vezes, existem alguns dados

equívocos a cerca do seu aparecimento e desaparecimento.

10

A "Terra de Santa Maria" foi uma região medieval organizada administrativa e militarmente em torno

do castelo de Santa Maria. Provavelmente terá sido criada por Afonso III de Leão, em meados do Séc. IX

(866-910), na sequência do repovoamento de "Portucale" (o nome em Latim dado ao Porto, onde se

situava o centro do condado).

Inicialmente, estendia-se entre os Rios Douro e Vouga, tendo a leste as serranias de Paiva,

Arouca, Cambra e Sever do Vouga e a oeste, o Oceano Atlântico.

Nos princípios do séc. XII, os seus limites oficiais ficaram mais reduzidos com a demarcação da fronteira

entre as dioceses do Porto e Coimbra. A área da região foi reduzida a sul, passando essas terras a integrar

a diocese de Coimbra, enquanto que o núcleo central passou a pertencer à diocese do Porto, embora

administrativamente ainda sujeita ao governo de Coimbra. Deste "núcleo central" faziam parte territórios

que hoje se distribuem por 14 concelhos: Albergaria-a-Velha (parte), Arouca (parte), Castelo de Paiva

(parte), Sever do Vouga (parte), Vale de Cambra (parte), Espinho, Estarreja, Gondomar (parte), Murtosa,

Oliveira de Azeméis, Ovar, S. João da Madeira, Santa Maria da Feira e Vila Nova de Gaia. De então para

cá, aquele núcleo central com aquele nome, manteve-se até meados do séc. XIX, ao contrário do que

sucedeu com outras regiões medievais, entretanto desaparecidas.

11

Págs. 86 e 87. Vol. 2. Portugal Antigo e Moderno. Pinho Leal (1876)

72


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Doc. 2 - Terras no Período Pré – Nacional, Extensão das Terras de Santa Maria

73


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

O Mosteiro de Canedo ou Convento de Canedo de frades 12

beneditinos, localizado no atual lugar do Mosteiro, pertencia à Ordem de S.

Bento e atribui-se a sua fundação a D. Telles Guterres, pelos anos de 950.

Segundo José Mattoso, o Mosteiro de Canedo foi fundado por um

sacerdote cujo sucessor, Zamarius, o deu à Condessa Toda Veilaz, viúva do

Conde Ramiro Menendiz e por sua vez, a Condessa o ofereceu a

Todemondus em 1055. 13

No entanto, não se sabe ao certo a localização do Mosteiro que

entrou em ruínas nos finais do século XV, inícios do século XVI. Dizem fontes

populares, que se localizava no lugar do Mosteiro, entre a atual Igreja

Paroquial e a Casa do Mosteiro (talvez o local mais apontado por

historiadores para a sua localização).

Ninguém deve admirar-se desta antiguidade e de pertencer à Ordem

de S. Bento de Núrsia, porquanto a vida religiosa-monástica desenvolveuse

muito no Ocidente desde o século IV e atingiu a maior perfeição com os

beneditinos.

S. Bento de Núrsia viveu de 480 a 543, fundou o Convento para

homens no Monte-Cassino, que ficou célebre na História, e perto deste

outro para mulheres, cuja direção confiou a sua irmã Santa Escolástica,

também falecida em 543.

A expressão, muito conhecida, “paciencia beneditina” provém do

trabalho que as Ordens beneditinas prestaram à ciência, na difícil e paciente

cópia de velhos manuscritos.

Demais, o estudo das humanidades, as obras e instruções publicadas,

os trabalhos artísticos e ascéticos, manuais, agrícolas e outros, tornaram

bem conhecidas e apreciadas estas ordens, que, por isso mesmo, cedo

vieram para Portugal. Pendorada (Alpendorada), Lorvão, Pedroso, Paço de

Sousa, Guimarães, Cucujães, Ganfei, Tibães, S. Pedro de Canedo e outros

mosteiros, atestaram e alguns dos mais modernos ainda atestam a

prodigiosa atividade beneditina.

12

Pinho Leal, afirma que o Mosteiro era de freiras beneditinas: “Achei a maior parte destas notícias sobra

o convento, em uns apontamentos meus antigos (não sei d'onde os extrai) mas não me conformo com

eles, por várias rasões, que não aponto, para não fazer este artigo mais extenso. Entretanto, a minha

humilde opinião é que nunca aqui houve monges de monges bentos, mas sim de freiras da mesma ordem.

(Viterbo é da mesma opinião; mas não a fundamenta.)” Portugal Antigo e Moderno, Págs. 86 e 87. Vol. 2.

13

Os cartórios dos Mosteiros benedictinos na diocese do Porto. José Mattoso (1964)

74


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

As Monjas Beneditinas tiveram as suas casas, talvez no princípio do

século VII, em Arouca, Vairão, Semide, Lorvão, Rio Tinto, Salvador de Tuias,

Tarouquela, Vila Cova de Sandim, próximo de Canedo e outras.

Esta última casa de Vila Cova, S. Salvador ou Santa Maria de Vila Cova,

ou ainda Vila Cova das Donas, na Comarca da Feira (hoje Gaia) era já

importante por 1180. Vê-se, pois, que as ordens beneditinas pontificaram

nas Terras da Feira, que se estendiam do Douro ao Vouga.

A de Vila Cova sustentou-se até se fundir com Rio Tinto, Tuias e

Tarouquela dando origem ao convento ou mosteiro de S. Bento da Avé

Maria, no Porto, para onde entraram as religiosas, em 6 de Janeiro de 1535.

O Mosteiro de São Pedro de Canedo, vem mencionado pela primeira

vez num documento de 1055, data em que a instituição teve como abade

Todemondus.

Sabe-se que o Mosteiro de Canedo tinha uma grande cerca, que

posteriormente à sua extinção, passou para o Hospício e que mais tarde na

Dinastia Filipina passou para a Comenda de Lobão, chamada de Comenda

de Malta. 14

Doc. 3 – Possível localização do Mosteiro de Canedo

14

Págs. 86 e 87. Vol. 2. Portugal Antigo e Moderno. Pinho Leal (1876)

75


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Cronologia histórica do Mosteiro

Por volta do ano de 950 é fundado o Mosteiro de Canedo, por D.

Telles Guterres, mas a história mais vasta do Mosteiro de Canedo leva-nos

então até ao reinado de D. Dinis, O Lavrador.

A 27 de Novembro de 1293, escreve uma carta ao Tabelião da Feira

a notificar uns cavaleiros, donas, escudeiros e outros homens para se

absterem de ir pousar e comer no Mosteiro, fazendo grande mal ao

mesmo. 15 Passados dois anos, a 12 de Dezembro de 1295, confirma a Carta

Régia de D. Afonso III, que obriga o abade do Mosteiro de Canedo a pagar

7 medidas dos bens reguengos pertencentes aos mosteiros. 16

No ano de 1296, houve um protesto que o abade Martim Domingues

fez perante os Vigários do Bispo, na inquirição que estes iam fazer a respeito

dos sinos do Mosteiro estarem postos num castanheiro. 17 Nesse mesmo

ano de 1296, notamos uma intimidação de censura ao mesmo abade,

Martim Domingues, para não administrar os bens do Mosteiro, sendo então

nomeado um ecónomo para os administrar. 18

A 5 de Novembro de 1300 e a 9 de Maio de 1302, o Bispo do Porto

faz duas visitações ao Mosteiro e Igreja de Canedo (vejamos mais adiante).

Após a visitação, é privado pelo bispo o abade do Mosteiro de Canedo,

Martim Domingues. 19 Nesse mesmo ano, há uma apelação, por parte do

mesmo abade, endereçada para Braga contra o Bispo D. Geraldo, para este

ser conservado na posse do mosteiro. 19

Após 2 anos, a 26 de Janeiro de 1304, o abade é julgado pelo Bispo

D. Geraldo na Igreja de Lobão e enviado a fazer penitência para o Mosteiro

de Paço de Sousa (vejamos mais adiante).

No mesmo ano de 1304, a 28 de Março, D. Dinis, em mútuo acordo

com a sua mulher D. Isabel e o Infante D. Afonso, filho primeiro e herdeiro,

doou a D. Geraldo, bispo do Porto, o Mosteiro de Canedo, em Terra de

Santa Maria, com o direito de padroado e todas as honras, senhorios, dias

15

Fl. 3 do Livro 19º dos Originais. ADP

16

Fl. 35 do Livro 25º dos Originais ou fls. 615 e segts. do Livro LXXXIV (84) das Sentenças. ADP

17

Fl. 34 do Livro 25º dos Originais ou fls. 206 e segts. do Livro LXXXIV das Sentenças. ADP

18

Fl. 31 do Livro 25º dos Originais ou fls. 196 e segts. do Livro LXXXIV das Sentenças. ADP

19

Fl. 11 do Livro 25º dos Originais ou fls. 49 e segts. do livro LXXXIV das Sentenças. ADP

76


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

(pensões), casais, heranças e posses com todos os direitos espirituais

existentes e futuros.

Esta doação era pessoal a D. Geraldo em atenção aos muitos serviços

prestados a D. Dinis. Uma das cláusulas era que, em todo o sempre,

houvesse no Mosteiro uma missa diária e cantada em honra de Deus e da

Virgem Santa Maria por alma dos ascendentes e descendentes do doador,

abençoando os que auxiliassem o cumprimento da doação e amaldiçoando

os que a impedissem.

O documento de D. Dinis tem a data em Lisboa e foi assinado por

magnates seculares, D. Martinho, arcebispo de Braga, D. João, Bispo de

Lisboa, D. Estêvão de Coimbra, D. Fernando de Évora e outros. 20

Vê-se, pois, que foi uma doação muito solene. 21

Após a doação, os frades beneditinos do Mosteiro de Canedo fizeram

uma procuração para se confirmar pela Sé Apostólica a doação que D. Dinis

fizera ao Bispo. 22

No mesmo ano da doação de D. Dinis, isto é, em 1304 a 28 de Maio,

é feita a concessão do Mosteiro de Canedo com as suas rendas e direitos

ao Bispo do Porto. A comunidade reconheceu que, tanto no espiritual (a

longis temporibus in spiritualibus defecisse) como no temporal, era

necessária uma grande reforma. Já estavam alienados casais e bens, a parte

religiosa não se cumpria e era urgente a restauração necessária, mas só a

autoridade episcopal podia realizá-la. 23

Em 8 de Fevereiro de 1307, D. Geraldo Domingues deu e concedeu

ao Cabido todos os rendimentos, proventos e direitos do Mosteiro de

Canedo que lhe tinham sido doados em razão da pessoa e não da Igreja

Portuense, que seriam distribuídos entre os cónegos e porcionários

segundo as horas de assistência ao coro. 24

Assim, o Cabido ficava obrigado a conservar em Canedo quatro

irmãos ou monges, sendo um Prior, cuja nomeação lhe pertencia e aos

20 Fl. 1 do Livro 7º dos Originais ou fls. 570 e segts. do livro XXXI das Sentenças. ADP, translado no Censual

do Cabido da Sé do Porto, págs. 317 a 318.

21

Vd. Anexo 1.

22

Fl. 39 do Livro 25º dos Originais ou fls. 228 e segts. do Livro LXXXIV das sentenças. ADP

23

Vd. Anexo 2.

24

Vd. Anexo 3.

77


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

bispos sucessores, um capelão que tivesse a seu cargo a pastoreação dos

fiéis (qui curam populi habeat) e um pároco.

Haveria missas diárias com as seguintes aplicações: uma por D. Dinis,

outra por D. Dinis e Bispo, e duas em louvor de Deus e da Nossa Senhora.

Depois da morte de El-Rei e de D. Geraldo, seriam celebradas duas missas

de Réquie, por todos os séculos (cunctis temporibus saeculorum).

Em 31 de Agosto do ano de 1307, Diogo Soares, Cónego e Vigário

Geral, como delegado do Cabido a quem pertencia o padroado in solidum

(totalmente), confirmou 25 um abade para o Mosteiro de Canedo e

administrador do Convento, tanto no espiritual como no temporal,

Domingos Domingues, a quem todos deviam prestar obediência e

reverência. Nesta altura, o Mosteiro pagava ao Cabido o censo anual de 200

maravedis velhos da moeda portuguesa. 26

A 29 de Novembro de 1311, o Bispo do Porto, D. Fr. Estêvão

confirmou, por intermédio do seu Vigário Geral Pedro João, o capelão

Vicente Domingues, de cuja idoneidade se tinha certificado. A confirmação

mostra que para a respetiva nomeação não houve sintonia. 27

Prestou juramento de obediência e reverência a D. Estêvão e aos seus

sucessores, prometeu observar os estatutos sinodais, assistir ao sínodo se

for chamado e não estiver impedido a fazer residência pessoal, exceto se

for dispensado. Aos fiéis manda prestar obediência e reverência ao capelão.

Não obstante todos os esforços dos bispos D. Geraldo, D. Estêvão e

do Cabido, continuou o estado decadente do Mosteiro e eram irreparáveis

as ruínas espirituais e materiais. “Era indispensável que mão hábil e forte

tomasse conta do Mosteiro e empregasse todos os meios ao seu alcance

para reparar e restaurar a administração espiritual e material.” 28

Em sessão capitular de 27 de Setembro de 1312 a que presidiu o

bispo D. Fr. Estêvão, foi resolvido anexar perpetuamente ao deado o

Mosteiro de Canedo, alegando que seria muito mais fácil e sobretudo

porque presidia ao Cabido e era deão D. Gonçalo Pereira, cujo poder e

habilidade seriam garantias de melhor administração: “…si digni Lati

25

Vd. Anexo 4.

26

Fl. 33 do Livro 25º dos Originais ou 627 e segts. do Livro LXXXIV das Sentenças. ADP

27

Vd. Anexo 5.

28

Pág. 165. São Pedro de Canedo No Concelho da Feira. António Ferreira de Pinto (1928)

78


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

deconatus dictum Monasterium uniretur et specialiter perpotentiam et

industriam venerabilis vir domni Gondisalui pereyra nunc Decani”, diz no

Censual do Cabido da Sé do Porto. 29

Nesta união, o Cabido reservava os 200 maravedis de censo anual, a

que já fiz referência, e receberia mais 100 libras de moeda portuguesa, logo

que se realizasse a união.

O prelado continuaria a receber as censorias de cera, bragais e o mais

que era de costume. D. Estêvão tinha de se ausentar por motivo justificado,

não podia dar andamento ao processo de anexação e, para este efeito,

delegou todos os poderes ao Cónego D. Martim Vasques, que também era

abade de S. Cristóvão de Refojos.

O executor da anexação diz que o Mosteiro ficaria perpetuamente

unido ao deado com todos os bens, excetuando os que pertenciam ao

cabido, ao bispo e à Igreja, como já foram mencionados.

Existiam no Mosteiro apenas dois religiosos, devendo um ser prior e

outro capelão, vivendo juntos, celebrando os ofícios divinos e

administrando os sacramentos. Se mudassem para outra casa da mesma

ordem ou falecessem, o deão conservaria em Canedo três clérigos que

viveriam no Mosteiro, sustentando-se dos bens deste e um fosse o cura ou

vigário perpétuo, recebendo a jurisdição do bispo. 30

Dada a sentença da união ou anexação do Mosteiro de Canedo ao

deão do Cabido do Porto, seguiu-se a posse. Esta realizou-se em 9 de

Dezembro de 1312. 31

Neste dia, estava no Mosteiro de Canedo D. Pedro João, Vigário Geral

de D. Fr. Estêvão, que visitou toda a casa e no fim, o Abade Martinho

Domingues entregou a administração e direito que tinha.

Em seguida, o Vigário Geral conferiu ao deão e à dignidade do deado

a posse do Mosteiro ao venerável varão D. Gonçalo Pereira, que estava ali

representado pelo procurador João Estevão.

D. Gonçalo Pereira, com muito brilho e distinção, tinha concluído a

sua formatura em Salamanca, onde de relações com D. Tareija Pires

29

Vd. Anexo 6.

30

Fl. 37 do Livro 25º dos Originais ou fls. 210 e segts do Livro LXXXIV das Sentenças.

31

Vd. Anexo 7.

79


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Vilarinho houve um filho, que foi D. Álvaro Gonçalves Pereira que era o pai

de D. Nuno Álvares Pereira, o grande Condestável de Portugal e hoje o

Beato Nuno de Santa Maria.

D. Gonçalo Pereira ordenou-se em 1288 anos de cristo, foi prior de S.

Nicolau da Feira e sucedeu no deado do Porto a seu primo Sancho Pires,

quando este foi elevado ao episcopado em 1296.

D. Gonçalo Pereira foi educado na corte de El-Rei D. Dinis e o seu

testamenteiro. Por estes motivos, pela grande fidalguia, ilustração e

patriotismo, teve uma grandíssima importância religiosa, social, política e

mesmo militar. Em 1322 foi nomeado bispo de Lisboa, passando para

arcebispo de Braga em 1326.

Aqui ficam estes traços gerais duma das grandes figuras da História

de Portugal, de cujo nome se devem orgulhar os Feirenses e muito mais, o

povo de Canedo, porque foi o superior do Mosteiro durante cerca de 10

anos, de 1312 a 1322.

D. Pedro Pires foi o sucessor de D. Gonçalo no deado e na posse do

Mosteiro de Canedo desde 1323 a 1327.

Doc. 4 – Túmulo de D. Gonçalo Pereira na Sé de Braga

80


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Posteriormente, a este sucedeu D. Domingos Martins Bugalho ou só

D. Domingos Martins. Teve durante alguns anos o Mosteiro, mas em 1336

renunciou-o 32 no Cabido por motivos de consciência. 33

“Do termo de renúncia consta que «o honrado baron dom Domingos

Martins Daion do Porto, estando em Cabido com os cónegos, disse que

achara que o Bispo Dom Giraldo que foi do Porto anexara e dera o Mosteiro

de Canedo ao Cabido da dita sé do Porto para o haver para sempre e fazer

dele e por ele como se contem em os privilégios. E dizia que como quer que

ele o trouxesse com o dayado que entendia que o trava contra direito e em

perigo de sua alma».

E que, porém, abria mão do dito Mosteiro de Canedo com todas as

suas pertenças ao dito Cabido e que o tenha para todo o sempre sem

embargo nenhum e faça dele como de coisa própria”. Neste assunto foi

procurador do Cabido, o cónego Lourenço Peres. Esta renúncia realizou-se

no dia 3 de junho de 1336.” 34

A 22 de Março de 1342, em Leiria, D. Afonso IV determina que o

cabido do Porto conserve o seu domínio na Igreja, Mosteiro de Canedo, os

seus casais e livre de hospedagem e outros encargos. 35

Em 1452 era deão Antão Goncalves e tinha ainda o Mosteiro de

Canedo. Como alegasse que este lhe rendia muito pouco, foi-lhe anexada,

somente em vida, a igreja de S. João de Ovil. 36

No ano de 1473, foi executada uma sentença apostólica que

desanexou e separou da dignidade do deão da Catedral a freguesia do

Mosteiro de Canedo. 37

Por Letras Apostólicas de Sexto V, de cuja execução foi encarregado

D. João Gaivão, bispo de Coimbra, sendo deão Álvaro Gonçalves, foi o

Mosteiro de Canedo desanexado do deado no ano de 1474 e no ano

seguinte foi anexado à Igreja de Lobão e assim à Comenda de Lobão. 38

32

Vd. Anexo 8.

33

Este Domingos Martins, recusou ser padroeiro d'este convento, para não sustentar os três religiosos

que ainda continuavam a residir aqui. Em 1336, em vista desta recusa, é provável que se tenha reduzido

o mosteiro a reitoria secular, indo os frades para o seu convento do Porto ou fundado o Hospício.

34

Censual do Cabido da Sé do Porto. Página 331.

35

Fls. 178 e segts. do Livro LXXXIV das Sentenças. ADP

36

Nº 779 do Índice - Roteiro no Arquivo do Cabido.

37

Fl. 21 do Livros 25º dos Originais ou fls. 98 e segts. do livro LXXXIV das Sentenças. ADP

38

Fl. 12 do Livro 25º dos Originais ou fls. 56 e segts. do livro LXXXIV das Sentenças. ADP

81


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

“Doacom de padroados de Muitos Moesteiros e Egreias

Conhoscam todos quantos este stromento virem e ouuirem que nos

domna Biringeyra Ayras filha que foy de Dom nayras e de dona sancha. aa

Onrra de deus e da uirgem santa Maria sa Madre por nossa alma en

rrernijmento de nossos peccados E outrosi en, tal que aa Onrra do padre

Senhor dom Giraldo pela mergee de deus Bispo do Porto e todos os seus

successores que…” 39

No ano de 1457, houve uma ordem régia, pela qual se examinou no

Tombo quais eram os casais que pagavam ao Mosteiro de Canedo e os que

pagavam ao Castelo da Feira. 40

No dia 13 de Dezembro de 1505, sendo bispo D. Diogo da Costa, o

Vigário Geral e Abade Comendatário do Mosteiro de Bustelo, chamado

Pedro Gonçalves, confirmou ou passou a carta de colação a Fernão da

Cunha para a igreja de Canedo, como se lê no Catálogo dos Bispos do Porto.

No ano de 1553, ainda há a confirmação de uma “capelania” do

Mosteiro de Canedo, feita pelo reverendíssimo João Oliveira. 41

Em 1623 escreveu D. Rodrigo da Cunha (então Bispo do Porto),

depois de uma visitação a Canedo no dia 28 de Junho de 1621: “Então

(refere-se a 1304) dos religiosos da Ordem de S. Bento e agora é Comenda

da Ordem de Cristo.” 42

No relatório da visita a Canedo, a que se refere, diz-se: “O conde de

São Lourenço é o Comendador e obrigado a tudo o necessário não só para

a capela-mór e sacristia, mas também para a mesma igreja.”

Por esta altura, já não se fala no Mosteiro, o que supõe que tenha

sido extinto por volta do século XVI e vendido com a sua cerca, por algum

rei da Dinastia Filipina, devido à urgência de estado (afirmam

historiadores).

39

Idem. Ibidem

40

Fl. 15 do Livros 19º dos Originais ou fls. 119 e segts. do livro LXXXVI das Sentenças. ADP

41

Fl. 40 do Livro 25º dos Originais. ADP

42

Catálogo. Volume II, Capítulo XIV.

82


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Anexos:

Anexo 1: Doação do Mosteiro de São Pedro de Canedo pelo Rei. D.

Dinis ao Bispo do Porto D. Geraldo em 28 de Março de 1304

“Donatio Monasterij Santi Petri de Canedo:

EN nome de deus Amen Sabham quantos esta carta virem que eu

dom Denis pela grata de deus Rey de Portugal e do Algarue em sembra corn

mha mulier a Raynha Dona Issabel e com o Inffante Dom Affonsso meu filho

primeyro herdeyro. Consijrando o seruico que o Onrrado in xpisto dom

Giraldo Bispo do porto fez a nos em moytas maneyras dou e doo a esse dom

Giraldo de boo car: e de boa uoentade o meu Moesteyro de Canedo e o

meu dereito do padroado e todo o iur que eu ey e deuo a auer em esse

Moesteyro o qual he en o Bispado do Porto em terra de santa Maria e

ffagolhi doacom desse Moesteyro com todalas ssas onrras e senhorios e

maladias e com todos seus Casaaes e herdamentos e possissoens rotas e

por rromper e com todolos derectos spirituaes e temporaes que a esse

Moesteyro perteecem e podem perteecer e que ora ha e que daquy

adeante guaanhar. que el e seus successores aiam e logrem e posoyam pera

todo senpre. o dicto padroado e o dicto Moesteyro com todalas coussas

sobre dictas. Assi como o melhor poderern auer E como lho eu melhor

posso dar e mais liure e mais conprida-mente assi lho doo e the faco ende

a doacom e ponho en el e en seus successores. todo o meu derecto que

esse dom Giraldo daquy adeante ffaca e ordinhe desse Moesteyro e de

todalas coussas que the perteegent Assi como ffor ssa uoentade E corno

entender que he mais seruico de deus E esta doacom lhi ffaco per rrazonz

de ssa pessoa e non per rrazonz de Eigreia do porto ele c setts suc-cessores

ffazerern cantar cadia em esse Moesteyro hua Missa pera todo sempre as

honrra de deus e da uirgern santa. Maria ssa madre. e poly alma de meu

padre e minha e daqucles onde eu uenho E qzie de mjnz ueerem E nenhuu

non seia oussado dos de mha parte nen dos stranhos que contra esta mha

doagom uenharn. e dou beençom perdurauil a todolos que de mj ueerenz.

que eles guardem e ffaçam guardar esta mha doaçom E non uenham contra

ela. e os que contra ela ueerern. Aiam a maldiçom de deus e de santa Maria

ssa madre e a minha e-com. Datam e Abyranz que a terra uiuos sorucu aiam

quynhom em o Infferno E que esta mha doagom seia mais ffirme E mais

83


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

stauil pera todo sempre. dou ende ao dicta dom Giraldo. esta mha carta

seelada do meu seelo de Chumbo.

Ffacta a carta Lixboa: Vijnte e oyto dias de Marco —EIRey o

mandou—AFfonso maptijnz a ffez—Era de mil e Trezentos Quarenta e Dous

Annos—o Conde dom loham Affonso— Dom Martim gil Alfferez —Dom

Meem rrodriguez—Dom loham rrodriguez de Briteyros—Dorn ffernan

perez de Baruosa —Dorn Pere anes portel—Ioham meendiz de briteyros—

loham perez de Soussa—loham simom — dam Martinho Arce bispo de

Braga —dom loham bispo de Lixboa,dom Steuam Bispo de Coimbra

chanceler del Rey—dom Ffernando bispo de Euora—dom Giraldo bispo do

Porto - dom Eguas bispo de Vi-seu—dom Vaasco bispo da Guarda—dom

Ickharine bispo de Silue —dom Affonso Bispo de Lamego Pedro Affonso

Ribeyro —Roy paez Bugalho —Vaasco perez Ffroyaz --Aiaestre Iuyaaom

sobre Iuiz—Roy nuniz—Martim perez --Roy Iernandez Dayam de Bragaa e

de Euora—Affonso canes —Aparico Dominguez Ouuidores.” 43

Anexo 2: Concessão do Mosteiro de Canedo com as suas rendas e

direitos ao Bispo do Porto em 28 de Maio de 1304

“Concessio Conuentus Monasterij de Canedo supra ordinatione uel

anexatione:

IN nomine dominj. Nouerint Vniuerssi presentis Instrument; seriem

inspecturi. Quod nos Conuentus Monasterij santi Petri de Canedo ordinis

santi Benedictj de terra Santae Mariae Portugalensis dioecesis

considerantes dictum Monasteriunz de Canedo a longis temporibus in

spiritualibus deffecisse ac ipsum fore grauj deppressum onere. debitorum

dilapidatum grauissime et consumptum. necnon ipsius Monasterij Casalia

possessiones ct bona alienata inplures adeo nobiles et potentes quod uix

creditur posse nisi per industriam Reuerendi patris' domnj Giraldi dei gratia

Portuga-lensis Episcopi in spiritualibus et temporalibus reformari Approbantes

donationem ffactam ditto Monasterio nostro et eius. iurepatronatus

per domnum Dionisium dej gratia Regem Portugalensern et Algarbij

preffato domino Episcopo ac ipsum et omnia in litera Regia super hoc

conffecta contenta grata rata et firma habentes, quod dictum Monasteriunz

43

Vd. Nota/Referência 7.” Donatio Monasterii Santi Pectri de Canedo…. “Censual do Cabido da Sé do

Porto, página 317 e 318 ou Livros nº 806, 753 ou 31 das Sentenças.

84


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

per eumdem dominum Epis-copum uel de ipsius Auctoritate et consensu et

Capitulj.Portugalensis uel etiam summj pontifficis seu cuiuscumque uel

superioribus qui ad hoc habeat potestatem Menssae episcopali ipsius

episcoji uel Ecclesiae Portugalensi annectj et subjici ualeat et ipsius bona in

ussus et utilitatem dictj episcopi salua nobis debita substentatione conuertj

et de ipso Monasterio. per eum libere ordi-nari ualeat. volumus concedimus

et mandamus nos etiam ipsum Monasterium et eius bona cum omnibus

iuribu's et pertinentijs suis quoad omnia spiritualia et temporalia quantum

cum nobis est. dicto. domino Episcopo et eius Menssae necnon ipsius libere

ordinationj uel in presenti uel in posterum quandocumque facien-dae

subjicimus et unimus. Rogantes instanter eundem dominum Episcopum

quod predictis omnibus assentiat ac suscipiat onus reducendj dictum

Monasterium in spiritualibus et temporalibus ad statum debitum et ipsius

bona deffendendj et alienata rcuocandj ad ius et proprietatem dicti

Monasterij. Super quibus omnibus et alijs rebus et iuribus ad dictum

MonaSterium pertinentibus tarn in agendo quam in defendendo Coram

quocumque ludice conpe-tentj ordinario uel delegato Ecclesiastico uel

saeculari et contra quamcumque personam et in animabus nostril de

calumpnia et de ueritate dicenda et de quolibet alio genere sacrament

iurando transigendo componendo et compromittendo alium uel alios procuratorem

uel procuratores constituendo et reuocando in se pro-curationis

officium resumendo quandocumque et quotiescumqzte sibi placuerit et

etiam generaliter' in omnibus causis litibus et motis et mouendis super

quibuscumque rebus et con:ra quascumque personas ecclesiasticas uel

saeculares et Coram quibuszumque Iudicibus ordinarijs uel deIegatis

plenam preffatodomino Episcopo. dames et concedimus potestatem

generalem et liberam administra. tionem super omnibus et singulis

supradictis et quibuscumque alijS etiam si mandatum exigant specialem in

eumdem libere trarisfferentes Insuper suplicamus domino nostro summo

pontiffice et cuicumque presidenti uel superiori qui ad hoc habeat

iurisditionem uel potestatem ut huiusmodj unionem. ac omnia et singula

supradicta dignetur ex certa scientia confir-mare. uel grata Rata et firma

perpetuo habere seu premissis omnibus et singulis assensum suum

impertiri. In cuius rey testi-monium Rogauimus Antonium stephanj

publicum tabellionem Ciuitatis Portugalensis in ternporalibus et

spiritualibus et in tota dioecesi in spiritualibus ut de premissis conficeret

publicum Ins-trumentum. Actum est hoc in dicta Monasterio de Canedo.

xxvnj. ° die Menssis May.

85


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Era Millesima trecentesima xi...a secunda —Testibus presentibus.

Discreto vino Alffonso iohannis de Lou-sada Dioecesis Bracharensis —

Dominica curado de Bedaydo — Do-minica dominicj de Sagres Rectoribus

ecclesiarum Portugalensis dioecesis----Et me Antonyo stephanj tabellione

memorato quj omnibus premissis rogatus a predicto. Conuentu presens fuy

et ad eius instantiam, hoc publicum Instrumentum manu propria scripsi et

signum meum apposuj in eodem in testimonium premissorum quad est

tale.” 44

Anexo 3: Doação e concessão ao Cabido todos os rendimentos,

proventos e direitos do Mosteiro de Canedo pelo Bispo D. Geraldo em 8

de Fevereiro de 1307

“Donatio dominj episcopi Geraldi facta capítulo de Monasterio de

Canedo

IN nomine dominj Amen. Nouerint vniuersi presentis instru-mentj sseriem

inspecturi quad in presentia mej Antonij stephanj publici tabellionis

CLuitatis Portugalensis et testium subscripto-rum ad inffra scripta omnia

speciahter uocatorum et Rogatorum Reuerendus pater &minus Geraldus

dei gratia Portugalensis Epis-copus ad tandem et gloriam ihesu xpisti et ut

pertfectius et lau-. dibus ecclesiae serniatur donauit et concessit pure et

sinpliciter Capítulo Portugalensi Omnes redditus et prouentus ac iura

Monasterij de Canedo portugalensis dioecesis ad ipsum dominum

Episcopum, ex donatione Regia ratione Personae suae et non ecclesiae

Portugalensis liberaliter sibi ffacta spectantig, Donauit in quam- et concessit

dictos redditos prouentus et iura dicti Monis-terij distribuendos inter.

personas Canonicos et portionarios qui ad horas conuenerint iuxta

ordinationem de. gloria Tactam et pro gloria uulgaliter appellatum. Ita

tamen quod in eodem Monasterio quatuor ffi-atres sine monachj

habeantur quorum onus sit Prior et ab ipso domino Episcopo et alijs

Episcopis quj pro tempore fuerint regimen dicti Moriasterif et curam

recipiat monachorum et onus insuper Cappellanus quj curam populi

habeat. qui Prior Monachj et, Cappellanus congruam substentationem

habeant de redditti'bus prou entibus et iuribus supradictis, assignatam seu

etiam assignandam per Capitulum supradictum iuxta arbitrium dicti domini

44

Vd. Nota/Referência 8 “Concessio Conventus Monasterri de Canedo supra ordinationevel anexatione...”

Censual. Páginas 318 a 320

86


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Episcopi et successorum suorum. Caeteros uero red-dittus prouentus et

iura dicttim Capitulum pro ad dictam gloriam suos faciant et in usus suos

libere conuertant. dictj uero Prior Monachj et Cappellanus die qualibet

dicant et celebrent singulas missas. Vnanz uidelicet pro illustrissimo domino

Domno Dionisio Rege Portugalensi et Algarbij et aliam pro ipsius dominj

Regis et Episcopi supradictj animabus de die inuita dicti donzirii Regis et

Episcopi supradictj. Post mortem uero dictj dominj Regis et Episcopi

memorati de Requie ipsae duce Missae dicantur et cele-brentur cunctis

temporibus seculorum. Reliqui uero duo Monachj et Cappellanus prefatus

missas dicant et celebrent die qualibet prout sollepnes et feriati, dies

occurrerint iuxta ecclesiasticam ordi-nationem ad laudem et gloriam dej et

beatissimae uirginis matris suae quas donationem concessionem et

ordinationem dictum Capi-tulum acceptarunt concesserunt et aprobarunt.

Acta sunt in capitulo ecclesiae Portugalensis—viij… Idus Tnenssis Ffebruarij.

Era Trecentessima xla quinta. Testibus firesentibui domno Egidio martini

Abbate de Citoffacta—Dominico martini Rectore ecclesiae de Galegosportionarijs

Portugalensibus. ac Religiossis viris dornno' Petro ioharmis de

palaciolo et dornrio Iohanne donii-nici de Petrosso Monasteriorum.

Abbatibus Portugalensis dioecesis. ac discretis, viris Alffonso petri Rectore

ecclesiae santi Petri de Turribus ueteribus et Iohanne lourosa Rectore

ecclesiae santae Iustae Vlixbonensi dioecesis. Et domno Nicholao pelagij

Almoxarife et Iohanne.ciprianj Ciuibus Portugalensibus pluribusque alijs —

Et me Antonyo stephanj tabellione iam suprascripto quj premissis omnibus

et singulis una cum suprascriptis testibus interfuj ad instantiarn et Rogatum

dicto dominj Episcopi et Capituli exinde hoc publicum Instrumentum mana

propria scripsi et signum meum solitum'apposuj in eodem testimonium

premisso-rum quod tare est in testimonium premissoru.” 45

Anexo 4: Confirmação de um abade para o Mosteiro de Canedo e

administrador do Convento, tanto no espiritual como no temporal,

Domingos Domingues pelo Cónego e Vigário Geral Diogo Soares em 31 de

Agosto de 1307

“Confirmatio Monasterij de Canedo ad presentationem capituli

portugalensis

45

Vd. Nota/Referência 9 “Donatio Domini episcopi Geraldi facta capítulo de Monasterio de Canedo.”

Censual, Censual do Cabido da Sé do Porto. Páginas 320-321.

87


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Didacus suarij Canonicus et vicarius ecclesiae Portugalensis omnibus

parrochianis et gubernatoribus Monasterij santi Petri de Canedo

Portugalensis dioecesis et omnibus illis qui eidem Monasterio in aliquo

tenentur salutem in domino ihesu xpisto Noueritis quod ego ad

presentationem Capituli Portugalensis et de mandato et conssensu ipsorum

quj ueri patronj sunt ipsius Monasterij in solidum. Religiosum uirum

domnum Dominicum dominicj Monachum dictj Monasterij retento Censsu.

Ducentorum morabitinorum ueterum Portugalensis monetae soluendorum

anno quolibet dictoCapitulo. Instituj in Abbatem Monasterij supradictj

eidem admi-nistrationem dictj Monasterij in temporalibus et spiritualibus

committentes quare uobis in uirtute obedientiae precipio et mando Quod

eidem Dominico dominicj tanquam Abbati uestro obedientiam et

reuerentiam exibentes sibi de iuribus dictj Monasterij plenarie

respondeatis. Et ipse pro iuribus dicti Monasterij conpellere possit sibi per

presentes Iitteras plenariam concedo potestatem Et sententias quas ipse

pro iuribus dictj Monasterij in contumaces rrite tulerit et rebelles ego ratas

habeo atque firmas et eas fatiam auctore domino usque ad condignam

satisffationem inuiolabiliter obseruari. In cuius rey testimonium sibi

presentem licteram con-cessi sigilli supradicti Capituli munimine

roboratam. Data apud Ciuitatem Portugalensem pridie Kalendas

Septembris.

Era Millesima Trecentesima quadragesima quinta —Ego Andreas

petri publicus tabellio Ciuitatis Portugalensis Rogatus premissis inter-ffuy et

ad instantiam supradictj Capituli hic hoc signum meum apposuj quod tale

est.” 46

Anexo 5: Confirmação pelo Bispo do Porto D. Fr. Estêvão de um

capelão para o Mosteiro de Canedo, por intermédio do seu Vigário Geral

Pedro João, o capelão Vicente Domingues em 29 de Novembro de 1311

“Confirmatio capellaniae Monasterij Santi Petri de Canedo

Uniuersis parrochianis et gubernatoribus Monasterij santi Petri de

Canedo dioecesis Portugalensis. Petrus iohannis Abbas ecclesiae de Viana

Reuerendj patris domni Ffratris stephanj diuina miseratione Episcopi

portugalensis. vicadus. salutem in domino ihesu xpisto Noueritis quod ego

46

Vd. Nota/Referência 10 “Confirmatio Monasterii de Canedo ad presentationem capituli portugalensis.“

Censual. Páginas 321 - 322.

88


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

ad presentationem Abbatis et Conuentus Monasterij predictj de Canedo

vincentium dominicj presbiterum latorem presentium de cuius ydoneitate

mihi chstit euidenter instituj in Cappellanum seu vicarium Monasterij

antedictj sibi curam et regimen parrochianorum ipsius Monasterij seu

Cappellaniae in spiritualibus committendo —Idem uero mihi ad santa dej

euangelia corporale prestitit iuramentum quod pro obti-nenda dieta

Cappellania nullam comissit per se uel per alium symoniam et quod

Episcopo supradicto et successoribus suis Canonice intrantibus

obedientiam et reuerentiam debitam exibebit. et quod sententias dictj

donzinj Episcopi. et vicariorum suorum et statuta sinodalia obseiruabit Et

quod consilium quod ej predictum dominum Episcopum aut per suas

litteras aut per nuntium manifestatum fuerit nullj pandet in dampnum

ipsius dicti dominj Episcopi uel ecclesiae Portugalensis Et regulas santor um

patrum ser-uabit et defendet contra homines omnes saluo ordine suo. Et

quod uocatus ad sinodum ueniet nisi inpedimento Canonico fuerit

praepeditus Et quod non erit in dampnum munitionum dictj dominj

Episcopi et ecclesiae Portugalensis suae nec alicuius rei uel causae quj ad

honestatem ipsius domini Episcopi pertinere uidean tur nec possessionum

ecclesiae Portugalensis. Et quod in omnibus erit eidem episcopo et

ecclesiae Portugalensi fidelis sicut vassalus domino esse debet Et quod in

dieta cappellania residentiam faciat personale nisi de licentia ipsius uel

viccariorum suorum seu suorum successorum fuerit excussatus. Et quod

omnia iura ipsius cappellaniae in qua ipsum instituj fideliter obseruabit.

Vnde uobis in uirtüte obedientiae et sub excomunicationis poena praecipio

atque mando quod eidem vinccentio dominicj tanquam Cappellano uestro

obedientiam et Reuerentiam exibentes. sibi de iuribus dictae Cappellaniae

plenarie Respondeatis Et quod ipse pro iuribus dictae cappellaniae

conpellere possit. sibi per presentes plenam concedo potestatem. Et

sententias quas ipse pro iuribus et decimis dictae Cappellaniae in

contumaces rite tulerit et rebelles ego nomine dictj dominj opi et ecclesiae

Portugalensis ratas habeo atque ffirmas et eas ffaciam auctore domino

usque ad condignamsatis ffationem inuiolabiliter obseruari. In cuius rey testimoniurn

sibi presentem litterarn concessi sigillo Curiae dictj dominj

Episcopi sigillatam.

89


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Data in Ciuitate Portugalensi. xxix.° die Nouembris. Era Millesima

ccc.a xl a lxa —Dominicus Abbade--Petrus Iohannes viccarius uidit.” 47

Anexo 6: Anexão perpétua ao Deado do Cabido do Porto o Mosteiro

de Canedo pelo Bispo D. Fr. Estevão em sessão capitular de 27 de

Setembro de 1312

“Vnio siue Anexatio Monasterij de Canedo decanatuj portugalensi:

IN dej nomine Amen. Nouerint vniuersi quod in presentia mej

Iohannis collaço publicj -Tabellionis. Ciúitatis Portugalensis et testium

subscriptorum. Venerabilis uir domnus Martinus valascj Canonicus

Portugalensis ac- Rector ecclesiae santi xpistoffori de Refflorijs

Portugalensis dioecesis ostendit et exhibuit quoddam instrumentum

conffectum per me dictum tabellioneM cuius tenor per omnia talis est.

In dej nomine amem—Nouerint vniuersi quod in presentia mej

Iohannis collaço publiçj tabellionis Ciuitatis Portugalensis et testium

subscriptorum. Fferia IIIJ. a Videlice.t. XXXVIJ.a die menssis Septembris. de

Era Millesima CCC. a L.a. presentihus téstibus inffra scriptis in capitulo

ecclesiae Portugalensis cum Reüèrendus pater domnus Ffrater Stephanus

dej gratia Portugálensis Episcopus et Decanus ac Capitulurn eiusdern

ecclesiae essent, in Capitulo congregati super quibusdarn tractandis

negotijs et etiam peragendis. Capitulum supradictum inter ália proposuit

quod Monasterium santi Petri de Canedo spectabat ad eos et ipsi surra in

possessioné ipsius Monasterij paciffica et quieta et redditus et prouentus

et Iura ipsius Monasterij debebant cedere in communes usus Capitull

ecclesiae Portugalensis diuidendo inter personas Canonicos et portionarios

qui per singulas oras diej ad ecclesiain conuenissent in glória primj psalmj

iuxta ordinatione super hoc in Portugalensi ecclesià stabilitam. Similiter

Martinus dominicj quadom Abbas ipsius dicturn Capititlum Spoliari fecerat

per potentiam et Iustitiam saecularem. Vnde attendentes ut dicebant quod

Monasterium et eius redditus et prou. tus poterant ad possessioneni

Capitulj facilius deuenire et cum maiori utilitate Capitulj et Monasterij

procurari et defendi si dignitatj déconatus dictum Monastérium uniretur et

specialiter per potentiam industriam venerabilis uiri domnj Gundisáluj

peréyra nunc Decànj petierunt instanter et unanimitér conssesserunt quod

47

Vd. Nota/Referência 11. “Capellano vestro obedientiam et reverientiam exibentes. Confirmation

capellaniae Monasterii santi petri de Canedo.“ Censual. Página 323.

90


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

dorninús Episcopus saluo censu duccentorum morabitinorum dictj Capitulj

eidem capitulo resèrúato et retento. dictum Monasterium cum CassaIibus

posSessionibus et cum omnibus iuribus spiritualibus et tenporalibus et alijs

pertinentijs suis dignitati Decanus ecclesiae Portugalensis ad plenum et in

perpetujim pér se uel per anum uniat et annectat hoc. adhibito

moderamine qicod persona. Gunsaluj pereyra Decanj quj nunc est

postqUarn. dictum ad suam possessionem reduxerit propriis laboribus et

expenssis Centum librarum portugalensis monetae. Capitulo pórtugalensi

anno quolibet soluere teneatur. Caeteri uero Decanj quj post personam

suam sucesserintr. ducèntos morabitinos ueteres dicto. Capitulo soluere

anno quolibet teneantur, nomine censsus predictj. pró fructibus redditibus

et prouédtibus Monasterij supra dictj saluis iná-enssuris. Ceris bracalis uòtis

et caeteris iuribus solitis et debetis ectlesiae portugalensi quas et quae sibi

et ecclesiaé Pórtugalensis ráinuerúnt expresse et specialiter reseruarunt.

De quibtis omitibus ét singulis dictus dominus Episcopus et

Capitülumsupradictj mandaurent michj dicto tabellionj quod conficerem

publicuim Instrumenturn. Acta sunt haec loco quaesito et. Era superius

annotatis qui presentes fuerunt Gunsaluus martinj-- Dominicus Abbade

tabelliones. Martinus Alffonsi-Martinus siluestri Abbas. de Citoffacta

portionarii ecclesiae Portugalensis—Iohannes geraldj clericus Chori

ecclesiae Portugalensis. Post haec eadem die in domibus dictj dominj

Episcopi idem dominus Episcopus assetens quod ipsum ex causa necessaria

Opportebat obesse et sic circa unionem et annexionem predictam non

poterat incen-dere. faciendam. venerabili uiro domno Martino valasci

Canonico Portugalensi et Abbati santi xpistoffori de Refflorijs super vnione

et annexatione Monasterio supradictj canonice libere et in, perpetuum

facienda dignitatj Decanatus ecclesiae Portugalensis et super omnibus et

singulis supradictis et caeteris quae in Premissis et circa premissa fuerint

opportuna et super eis exequendis conmissit plenarie et totaliter uices suas

Duns ej insuper potestatem et Iiberam administrationem vniendj et

annectandj ad plenum et in perpetuum dictum Monasterium cum omnibus

iuribus et pertinentiis suis predictae Decanus dignitatj et de ffructibus

redditibus et prouentibus ipsius et de priore seu vicario monachis uel

clericis ponendis et habendis ibidem Et de cura ipsorurn recipienda et

habenda disponendj et libere ordinandj et omnia et singula predicta et alia

quae necessaria expedientia seu decentia uidebentur et eidem statuendj et

ffirmandj. Ac contradictores et rebelles per censsuram ecclesiasticam

conpescendj et inuocandj ad hoc si opus fuerit auxilium brachij saecularis—

91


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Actum est hoc in domibus dominj Episcopi supradicti, die et. Era superius

annota-. tis—Quj presentes fueru.nt Gunsaluus martinj tabellio—Iohannes

ratundus Canonicus eccIesiae Portugalensis—Martinus lupi Iudex eiusdem

Ciuitatis—Ego uero Iohannes collaço tabellio supradictus quj supradictis

omnibus interffuj de mandato et Auctoritate supradictorurn dominorum

episcopi et Capituli et ad. instantiam dictj Decanj hoc instrumentum rnanu

propria scripsi. et hoc signum apposuj in 'eodem quod tale est Quo sic

ostensso et exhibito Idem Martinus valasci ad predictarn vnionern, et

annessionem faciendam processit in hunc modum.

Ad perpetuam rey euidentiam. ego Martinus ualasci Cano-nicus

Portugalensis considerans et attendens quod rqdditus digni-tatis Decanatus

ecclesiae Portugalensis sunt tenues- et exiles ita quod Decanus non possit

ex eis cum tanta utilitate ecclesiae et honore ipsius sicut decet uiuere et

officia et onera ad quae tenetur astritus comode et congrue subportare

prospiciens etiam quod Monasterium santi Petri de Canedo Portugalensis

dioecesis quod ad ecclesiam Portugalensem dignoscitur pertinere quasi ad

irreparabilis disolutionis obprobrium est deductum in quo clericus diuinus

negligitur, religio dissoluitur hospitalitas non seruatur quo etiam religio

hactenus seruata non fuit nec seruari potest cum ibi non fuerit nec esse

possit Congregatio debita monachorum cuius bona et possessiones partium

alienare et partium sunt obligatae et concessae militibus et alijs potentibus

perscinis a quibus nunquam aut sine magno detrimento ad dictum

Monasterium poterunt reuocari quodque Monasterium ipsum cum bonis et

possessionibus suis ualet tam in spiritualibus quam in temporalibus in

melius refformari Et cum maiori proffectu preffati Capituli et Monasterij

procurari. regi et defendi. si dignitati Decanatus portugalensis ecclesiae

unitum fuerit et annexum et precipue per industriam et potentianz

venerabilis uiri domnj Gunsaluj pereyra nunc Decanj in ecclesia

Portugalensis. Idcirco consideratis premissis omnibus et singulis et multis

alijs ad faciendum unionem et annexationem huiusmodj inducans quae per

omnia narrari non possent. Et cum diligentia circonspectis prehabito

consilio sapientium ex potestate qua fungor in hac. parte michi specialiter

a predicto donzino Episcopo demandata descerno predictum Monasterium

cum omnibus iuribus et pertinentijs suis fore annectandum dignitati

Decanatus ecclesiae Portugalensis Et ipsius Monasterij cum omnibus bonis

rebus possessionibus luribus et pertinentijs suis spiritualibus et

temporalibus habitis et habendis dignitati Decanatus ad plenum et in

92


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

perpetuum vnio et annecto Censsibus et luribus supraseriptis domino

Episcopo et ecclesiae ac Capitulo Portugalensibus retentis et plenarie

reseruatis in Monasterio supradicto quxta madum et tenorem superius

annotatos Statuens quod qui nunc est et quj pro tempore ffuerint Decanj in

Ecclesia Portugalensi percipiant et habeant. redditus prouentus et iura

uniuerssa. Monasterij supradictj Et de ipsis Possint disponere et libere

ordinare supra et inffra scripta onera subeundo. Videlicet quod duo

Monachi qui nunc sunt in dicto Monasterio quandiu uixerint manuteneatur

ibidem. uel in alijs Monasterijs eiusdem ordinis collocentur quorum unus

tanquam prior sub cuius obedientia regulari uiuat relicus curarn regat et

habeat animarum. Et unus Capellanus qui similiter populum regat et ipsam

sollicitam curam regat qui per Decanos quj pro tempore fuerint uel uelorum

procuratores de bonis Manasterij sustentationem congrua habentes in una

domo comedentes et in reliqua simul donnientes eidem Monasterio in

omnibus oris canonicis recidatis in missarum et alijs diuinis officijs die

qualibet celebrandis et exprenclis in sacramentis ecclesiasticis per

presbiteros conferendis et in tectis licitis et honestis residere et seruire

personaliter teneantur. Post quam uero monachj quj nunc sunt decesserint

uel in alijs Monasterijs colloquati quj nunc est. et quj pro tempore fuerint

Decanj ponant et habeant tres clericos in eodem Monasierio seruientes et

celebrantes et sustentationern congruam habentes de bonis Monasterij ut

predictum est quorum unus sit perpetuus vicarius quj predictam curam ab

Episcopo recipiat et habeat animarum.

In caeteris uera Decano quj pro tempore fuerit obediat et intendat

quam unionem et annexationem idem domnus Martinus ualasci auctoritate

sibi conmissa decreuit et statuit miter et in perpetuum obseruanda De

quibus omnibus et singulis dictus donznus Mariirius ualasci mandauit mich;

dicto Tabellionj ffieri publicum instrumentum—Actum est hoc in Ciuitate

Portugalensi. xj. die. Octobris. Era Trecentesima. L.a ainns —Quy presentes

fuerunt et uiderunt Gunsaluus martinj—Ffranciscus Andreae tabelliones—

Abbas de fferreyra—Iohannes geraldj -- Gunsaluus donzimci -- Gunsaluus

stephanj clericj ecclesiae portugalensis—Ego uero Iohances coIlaço tabellio

supradictus quj premissis omnibus interffuj ad instantiam dictj domnj

Gunsaluj pereyra Decanj et de mandato dictj domnj Martinj valascj hoc

instrumentum manu propria scripsi et hoc signum meum apposuj in eodem

quod tale est — Et ad maiorem rey euidentiam Ego Crunsaluus martinj testis

tabellio memoratus premissis omnibus rogatus interffuj et manu propria

93


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

scripsi et huic instrumento hoc signum meum apposuj in testimonium

ueritatis quod tale est — Et ad maiorem rej euidentia.rn Ego ffranciscus

andreae testis tabellio jam supradictus posuj hic meum signum quod tale

est.” 48 Anexo 7: Posse do Mosteiro de Canedo pelo Deado do Cabido do

Porto em 9 de Dezembro de 1312

“Possessio Monasterij de Canedo pro Decano Portugalensi

Nouerint vniuersi quod sub Era Millesima Trecentesima L.a Sabato scilicet

nona die Menssis Decembris rne Martino iohannis Ciuitatis Portugalensis et

totius. dioecesis in causis et negotijs eccleSiasticis publico tabellione

adhibito et presente cum testibus inffrascriptis Cum venerabilis uir domnus

Petrus iohannis -Reue-rendj patris dominj domnj ffratris Stephanj dej gratia

Portugalensis Episcopi vicarius generalis uisitasset Monasterium santi Petri

de canedo Portugalensis dioecesis et Vissitatione conpleta Martinum

dominicj quj sse gerebat pro Abbate ipsius Monasterij denunciasset

privatum eadem Monasterio et omnj Iure siquod in eo habuerat et ipsum a

possessione detentione ipsius similiter amouisset. Idem vicarius Decanum

et dignitatem Decanatus eccle-siae Portugalensis induxit in corporalem

posSessionenz ipsius Monasterij sub hijs uerbis---Quod dictus EpiscoPus et

Capitulum Portugalenses dictum Monasterium nos cuntur uniuisse et annexuisse

dignitatj decanatus Portugalensis ecclesiae prout in literis unionis et

annexionis euidentius continetdr. venerabilem uirum domnum Gunsaluum

peraria Decanum Portugalensem per Iohan-nem stephanj Rectorum

ecclesiae santi felicis procuratorem suum quj presens est. et ipsum pro eo

et eius nomine in corporalem possessionem ipsius Monasterij de mandato

dominj Episcopi specialiten michi facto. pono induco et per possessionem

ipsius Monasterij in possessionenz omnium bonorum et Iurium

spiritualiumet temporalium spectintium ad idem Monasterium saepe

dictum. Mandans monachis 'clericis familiaribus parrochianis et omnibus

alijs quj eidem tenentur in aliquo quod dicto Decano uel eius procuratori

obediant et eanurn uel eius intendant et quod ej de bonis et Iuribus ipsius

Monasterij curent plenarie respondere. Moneo insuper quascurnque

personas Ecclesiasticas uel saeculares ne predictum decanum uel eius

48

“Unio sive Anexation Monasterii de Canedo decanatui portugalense.” Censual. Página 324-328 ou

Arquivo do Cabido, livro 806 e 84 das Sentenças.

94


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

procuratorem super dicto Monasterio et eius possessione inpediant

quomodolibet aut perturbent. Alioquim in contrarium ffacientes. seu

factitas excomunicationis sententiam profero in hijs scriptis. Rogo insuper

Niaiorinum do-minj Regis uel quj loco eius in terra fuerit et eius auxilium

inuo-cato tanquam brachij saecularis quod preffatum decanum ueI eius

procuratorem in dicta possessione manu teneat et deffendat Et insuper

dictos vicarius dictum Iohannem stephanj presencialiter misit et induxit in

corporalem possessionem ciicti Monasterij integrando sibi claues

Monasterij libros Campa-narum cordas et intra ecclesiam domos eum

mittendo et indu-cendo et predictas Monitionem et excomunicationem

promulgando et auxiliunz Brachij saecularis inuocando ut in sua superius

sen-tentia continetur. Acta sunt haec apud supradictum Monasterium de

Canedo.

Era die Mense et quanto superius annotatis—Testes quy pi-esentes

fuerunt Dominicus martinj de galegos—Martinus de madia de auanca—

Petrus Iohannis de lobom—Vinccentius martinj de Bolpelhares ecclesiarum

Rectores —Andreas petri tabellio. Ego uero Martinus iohannis tabellio

supradictus qui premissis omnibus interfuy ad instantiam dictj Iohannis

stephanj procura-tores dictj Decanj Et de mandato et Auctoritate dictj

viccarij. hoc Instrumentum manu propria scripsi et in eo signum meum

apposuj in testimonium ueritatis quod quidem uero signum di-gnoscitur

esse tale—Ego Andreas petri testis tabellio supradictus subscripsi et hic

signum meum apposuj quod tale est.” 49

Anexo 8: Renuncia do Mosteiro de Canedo pelo Deão do Cabido do

Porto, D. Domingos Martins, em 3 de Junho de 1336

“Renunciacom que fez Domjngos martijnz dayam ao Moesteiro de

Canedo

Sabham todos que en presenga de mjm Affonse eanes tabelliom del

Rey na Cidade do Porto das testimunhas que adeante som scriptas o

Onrrado barom dom Domingos martijnz Dayam do Porto estando em

Cabidoo com os coonigos desse logo disse que ele achara que o Bispo Dom

Giraldo que foy do Porto aneixara e dera o Moesteyro de Canedo ao

Cabidoo da dicta see do Porto pera o auer pera sempre e ffazer del e per el

49

Censual. Páginas 329-330.

95


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

como sse contem en os priuilegios que ende hy ha E dizia que como quer

que o ele trouxesse com o dayado que entendia que o tragia contra dereyto

e em perigoo de ssa alma E que porem abria maaom do dicto Moesteyro de

Canedo com todas ssas perteengas ao dicto Cabidoo que o aia pera todo

sempre sem enbargo nenhuu e ffaga del come de ssa propria coussa. Das

quaes cousas Lourengo perei Coonigoo e proctirador do dicto Cabidoo

pediu a mjm Tabelliom este stromento.

Ffecto no dicto Cabidoo tres dias de Junho da Era de Mil e Trezentos

e Seteenta e Quatro Annos—Testimunhas que presentes foram

Bertholameu eanes Abbade da Agrela —Steuam geraldez porteyro do

Cabidoo--Martim de sousa creligo dante o choro—Gongalo eanes -- Martim

anes leigos e outros —E eu tabelliom sobredicto que este stromento scripuj

e do meu signal assigneej que he tal.” 50

50

Nº 779 do Índice - Roteiro no Arquivo do Cabido.

96


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Dados religiosos sobre o Mosteiro

Pouco se sabe sobre os abades e superiores do Mosteiro de Canedo,

como também dos seus paramentos. Sabemos que, por volta do ano de

1055, era abade do Mosteiro Todemondus. 51

Lendo alguns arquivos do Mosteiro de Arouca, encontramos uma

venda de Pedro Peres, que era abade do Mosteiro no ano de 1224.

Do Arquivo do Cabido consta que houve, no tempo de D. Dinis, uma

contenda importante com o abade do Mosteiro, reverendo Martim

Domingues, a quem foi dada posse no ano de 1302. Há outro documento

ou “instrumento por onde consta ser privado de abade do Mosteiro de

Canedo, Martim Domingues no ano de 1302”.

“Apelação que Martim Domingues, abade de Canedo, interpôs para

Braga contra o bispo D. Geraldo para ser conservado na posse do dito

Mosteiro de Canedo. Ano 1302.” 52

Podemos, no entanto, acrescentar agora um documento muito

curioso que contém vários capítulos de visitações feitas à igreja de Canedo

em 1300 e 1302 e uma sentença contra Martinho Domingues, o dito abade

do pequeno Mosteiro.

Trata-se de uma pública-forma datada de 1313 que o decano do

Cabido da Sé do Porto, D. Gonçalo Pereira, mais tarde arcebispo de Braga

(1326-1348), pediu ao Vigário Geral do bispo do Porto, Domingos Joanes,

para ser passada pelo tabelião Domingos Pedro.

D. Gonçalo Pereira tencionava partir para a Cúria Romana a tratar de

vários negócios e temia a perda deste documento, que era já por sua vez

pública forma de 1307.

Na verdade, no dia 26 de novembro de 1307, estavam reunidos na

sala capitular do Cabido da Sé do Porto Vicente Domingues, chantre, mestre

Domingos, tesoureiro, e os restantes cónegos da corporação, estando

também presentes Diogo Soeiro e Lourenço Afonso, cónego, e vigários da

51

Os cartórios dos Mosteiros benedictinos na diocese do Porto, José Matoso.

52

Índice – Roteiro, nº 782 e 785 ou livro 86 das Sentenças.

97


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Igreja Portugalense, em sessão de tribunal, servindo de tabelião António

Esteves.

Entretanto Pedro Joanes, abade do mosteiro de São Pedro de

Ferreira e cónego portugalense, procurador do Cabido, no seu nome e no

do mesmo Cabido, afirmou que pretendia o Cabido propor uma causa

contra Martinho Domingues que se dizia abade do Mosteiro de São Pedro

de Canedo, mosteiro que pertencia de pleno direito ao Cabido tanto no

espiritual como no temporal, pois tinha a opor contra o dito abade culpas

graves e criminosas, afirmando que ele não merecia dirigir o mosteiro nem

possuir qualquer benefício eclesiástico.

Tinha, por isso, o abade Martinho Domingues sido privado do

mosteiro quando o bispo D. Geraldo o visitara, e o Cabido da Sé do Porto

desejava possuir cópia dessas visitações para apresentar em tribunal e por

isso pedia ao tabelião que delas lhe desse pública-forma.

De facto, os referidos Vigários da Igreja Portugalense, as instâncias

do chantre e do procurador do Cabido, mandaram ao tabelião fazer a dita

pública-forma das visitações.

53 Segue-se então duas visitações ao Mosteiro de Canedo, feitas em

1300 e 1302 e um processo contra o abade Martinho Domingues 54 feito em

1304 e que o removeu do seu cargo mandando-o fazer penitência no

mosteiro de Paço de Sousa.

Vem ainda a seguir cópia da citada doação feita pelo bispo D. Geraldo

ao Cabido Portugalense dos direitos e proventos do mosteiro de Canedo,

tal como os recebera do Rei D. Dinis. 55

Esta doação obrigava o Cabido a manter quatro monges no mosteiro,

dos quais um seria prior, e um capelão para a cura de almas dos fregueses.

A estes monges e capelão o Cabido atribuiria uma côngrua sustentação, e o

que restasse destinava-se às distribuições diárias entre os cónegos.

53

Para a História do Mosteiro de São Pedro de Canedo. Isaías da Rosa Pereira. Lisboa: Fundação Calouste

Gulbenkian, 1972

54

D. Martinho Domingues, abade do mosteiro de S. Pedro de Canedo, no início do séc. XIV, tinha mais de

meia dúzia de concubinas o que será tratado mais à frente, como se pode ler em Baubeta, Patrícia Anne

Odber de, Igreja, pecado e sátira social na Idade Média Portuguesa, tradução de Maria Teresa Rebelo da

Silva, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1997, pp. 86-87.

55

Censual. Páginas 320-322.

98


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

O prior, os monges e o capelão tinham o encargo de celebrar

diariamente uma missa pelo Rei D. Dinis e outra pelo bispo, tanto em vida

deles como depois de falecidos.

A visitação de 5 de Novembro de 1300 começa por enumerar os livros

litúrgicos existentes no mosteiro: um oficial, um antifonário, um santoral,

um coletário velho que devia ser substituído no prazo dum ano, um saltério

velho que também devia ser substituído até à Páscoa, um epistolário, um

sacramentário, dois cadernos com o ofício dos defuntos, um saltério

pequeno, outro coletário pequeno de letra antiga e miúda.

Tabela 1 – Livros existentes no Mosteiro de Canedo segundo a visitação de 5 de Novembro de 1300

Um

Um

Um

Um

Um

Um

Dois

Um

Um

Livros

Oficial

Antifonário

Santoral

Coletário Velho

Saltério Velho

Sacramentário

Cadernos com ofício dos defuntos

Saltério Pequeno

Coletário de Letra pequena e miúda

Quase todos estes livros estavam maltratados e o bispo dá ordem

para que os encadernem.

Encontrou o visitador nove cadernos de um ótimo coletário que

estava nesse momento a ser escrito, mandando que o completassem

dentro de um ano. 56

Enumeram-se em seguida os paramentos da igreja: dois pares de

casulas com palas de linho e uma outra com pala de seda; dois mantos de

seda; cinco capas de seda; um frontal do altar bom, de seda, e outro velho;

duas estolas e dois manípulos.

56

Este facto mostra que o pequeno Mosteiro de Canedo, tinha algum monge perito na arte de escrever e

que não era tão pobre como se poderia julgar. No século XIII o poderio estava nos Mosteiros de Canedo,

Vila Cova e Grijó, sendo este último o com mais poder. Lobão – Terra de um Deus Maior. Carlos Dias. 2018

99


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Tabela 2 - Paramentos da Igreja do Mosteiro de Canedo segundo a Visitação de 5 de Novembro de 1300

Paramentos da Igreja

Dois Pares

Casulas com pala de linho

Um Par

Casulas com pala de Seda

Dois

Mantos de Seda

Cinco

Capas de Seda

Um

Frontal do altar de seda (em bom estado)

Um

Frontal do altar de seda (Velho)

Duas

Estolas

Dois

Manípulos

A igreja tinha também um cálice de prata e dois de estanho, mas o

bispo manda fazer mais um cálice de estanho no prazo de um ano. Possuía

ainda três cruzes de Limoges, um castiçal grande de ferro e outro pequeno,

um turíbulo de Limoges; redomas para os santos óleos e o crisma; uma

almofada sobre o altar; duas lâmpadas; dois sinos grandes e um pequeno;

outro turíbulo de Limoges; umas galhetas de estanho e o visitador manda

fazer outras até à quaresma.

Tabela 3- Materiais Religiosos existentes na Igreja do Mosteiro de Canedo segundo a Visitação de 5 de Novembro de

1300

Material Religioso da Igreja

Um Cálice Prata

Dois Cálices Estanho

Três Cruzes Limoges

Um Grande Castiçal Ferro

Um Pequeno Castiçal Ferro

Dois Turíbulos Limoges

Uma

Almofada no Altar

Redomas para os santos óleos e o crisma

Duas

Lâmpadas

Dois

Um

Sinos Grandes

Sino Pequeno

Galhetas de estanho

O altar estava bem ornamentado e o corpo da igreja bem coberto e

as casas estavam, em parte, bem cobertas e bem reparadas.

O Bispo D. Geraldo verificou que o abade tinha má fama e o mosteiro

estava carregado de dívidas. Por outro lado, possuía 70 casais e apenas 25

100


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

davam os proventos ao mosteiro. O Mosteiro tinha, além disso, três igrejas

paroquiais 57 de que recebia proventos, mas não havia nelas reitores ou

vigários perpétuos.

Nestas circunstâncias, o bispo determina que lhe apresentem para

esses cargos, no prazo de trinta dias, clérigos idóneos. Quis saber também

com que direito ou por que privilégio possuíam aquelas igrejas e faziam os

seus os respetivos réditos.

A própria igreja do Mosteiro era paroquial e devia ter um capelão

perpétuo instituído pelo bispo do Porto, mas não existia. D. Geraldo

determina que fosse apresentado no prazo de trinta dias.

O abade era realmente homem de maus costumes, pois pecava com

várias mulheres e o mosteiro não mantinha a clausura devida. O bispo

manda, por isso, fechar todas as portas, exceto a da igreja e a da cerca. O

abade praticava também várias extorsões nos bens do mosteiro sendo por

isso admoestado. Ordenou-lhe ainda o visitador que dormisse no

dormitório com os irmãos.

No Mosteiro, existiam três irmãos, mas um deles encontrava-se no

mosteiro de Cucujães. O bispo mandou-o regressar a Canedo. Na paróquia

de Canedo, encontrou D. Geraldo vários usurários e castigou-os com pena

de excomunhão, caso não se emendassem.

A segunda visita realizou-se em 9 de Maio de 1302. O bispo

encontrou todos os livros e ornamentos do culto anteriormente descritos,

acrescendo um cálice de prata e outro saltério.

Mas o abade continuava uma vida pouco edificante. Estava difamado

com uma mulher de Vila Cova (Sandim) e várias outras, delapidava os bens

do mosteiro e vendera muitos.

Por outro lado, nunca celebrara missa nem se confessara desde que

fora feito abade. Tinha o abade na Granja uma concubina pública de nome

Domingas Gonçalves; no Mosteiro tinha quase diariamente Maria Joanes,

moradora na Vila de Gaia; em Paçô de Sandim tinha uma Maria Lobel de

quem se dizia que tinha um filho, e esta mulher estivera no mosteiro na

semana Santa bem como uma Maria Teixeira; tinha em Vila Cova uma Maria

57

As três igrejas paroquiais eram: Igreja de Canedo, Igreja de São Tiago de Lobão e a Igreja de São Vicente

Louredo.

101


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Lourenço a casa de quem ia de noite, servindo-lhe de alcoviteiro Martinho

Domingues de Sá morador no mosteiro de Vila Cova, e no mesmo mosteiro

costumava ter uma monja de nome Maria Soares; em Rio Tinto tinha

também certa monja de nome Urraca Pedro.

Por toda esta série prodigiosa de desmandos, o bispo manda o abade

residir para o Mosteiro de Paço de Sousa como simples monge e sob a

disciplina regular para fazer penitência dos seus pecados e durante um ano

não podia ir para além do Douro nem voltar a Canedo, sem especial licença

do bispo do Porto, sob pena de privação do Mosteiro. À frente do mosteiro

de Canedo ficava, entretanto, um monge de nome Domingos. 58 Mas o

abade Martinho Domingues era incorrigível. O bispo D. Geraldo teve de o

castigar severamente. Na verdade, não cumprira as penas impostas na

visitação de 1302 e ocupara de novo o seu cargo no Mosteiro de Canedo.

No dia 26 de janeiro de 1304, D. Geraldo fez tribunal na Igreja de

Lobão 59 e o abade confessou que não cumprira as ditas penas e que

empenhara um livro e um cálice de prata do mosteiro, ficando por este

facto excomungado.

Então o bispo declarou-o privado do cargo de abade do Mosteiro de

Canedo, e Martinho Domingues disse que renunciava de facto ao mosteiro

e confessava humildemente que ofendera a Deus e à Igreja gravemente e

que fora desobediente ao bispo, mas que desejava para o futuro fazer

penitência onde e como o bispo determinasse.

Ordenou então o Bispo que Martinho Domingues fizesse penitência

no mosteiro de Paço de Sousa para onde devia ir dentro de oito dias, não

podendo sair perpetuamente do âmbito das paredes do dito mosteiro.

Jurou ainda o ex-abade: que nunca mais iria a Canedo, a não ser que

o bispo lhe dessa especial licença; que, se obtivesse alguns bens de fortuna,

pagaria o que delapidara ao mosteiro de Canedo; que não escreveria, nem

por interposta pessoa, a nenhum homem ou mulher, nem receberia

qualquer carta sem a mostrar previamente ao bispo ou ao abade de Paço

de Sousa.

58

Posteriormente a 31 de Agosto de 1307, seria nomeado Abade do Mosteiro de Canedo.

59

Nesta altura, a Igreja de Lobão era anexa ao Mosteiro de Canedo. Nota-se que o Mosteiro de Canedo

tinha em Lobão 6 casais como propriedade no ano de 1220 e em conjunto com Vila Maior, entre 1 a 9

Casais no século XIII.

102


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Jurou mais que não prejudicaria o comendador do mosteiro de

Canedo, Pedro Joanes chamado de Sande, nem o ecónomo, procurador ou

abade que o bispo confirmasse para o dito mosteiro; que restituiria ao

mosteiro todos os documentos que lhe pertenciam; que nunca mais se

apossaria dos livros, cálices, ornamentos, utensílios, pão, vinho, dinheiro ou

quaisquer bens do Mosteiro de Canedo, sob pena de cárcere perpétuo se

transgredisse estes juramentos. Renunciava ainda à faculdade de apelar,

suplicar ou pedir rescritos ou quaisquer exceções contra a sentença

episcopal.

Com estas visitações sabem-se os livros litúrgicos e alfaias religiosas

que possuía, o número de religiosos que o habitavam, as fontes de

rendimento do mosteiro dão igualmente uma ideia acerca da vida

conventual, que era de pouca observância, a começar pelo abade que

mantinha várias concubinas e desviava os bens do convento.

São ainda importantes estes documentos para avaliar o zelo

apostólico do bispo do Porto D. Geraldo Domingues, que visitava com

frequência as suas igrejas e se interessava pelo bem espiritual e temporal

de cada uma. Como é evidente, e qualquer historiador consciencioso o

sabe, este documento não autoriza a generalizar os desmandos cometidos

pelo abade de Canedo aos outros mosteiros beneditinos da época.

O facto de ele ser enviado para o mosteiro de Paço de Sousa, por

exemplo, indica que neste a vida monástica decorria em boa observância.

Anote-se também a presença dos dois abades beneditinos de Paço

de Sousa 60 e de Pedroso 61 na reunião do Cabido do Porto, realizada a 8 de

Setembro, como testemunhas, o que mostra claramente que eram monges

observantes e dignos para serem chamados a testemunhar em tal ato pelo

bispo D. Geraldo. 62

60

Mosteiro de São Salvador de Paço de Sousa: Está localizado no Concelho de Penafiel. Era masculino, da

Ordem e Congregação de S. Bento. Foi fundado no século X por D. Godo Trutesindo Galindes, ascendente

de Egas Moniz, o aio, que fez erguer neste local o seu paço. Foi extinto no ano de 1773 e o seu convento

vendido em 1834.

61

Mosteiro de São Pedro de Pedroso: Está Localizado na freguesia de Pedroso, Vila Nova de Gaia. Era

masculino, da Ordem de S. Bento. Foi Fundado foi fundado em 867 por doação de D. Gondezinho extinto

em 1773.

62

Informações retiradas de: “Para a história do Mosteiro de São Pedro de Canedo”, de Isaías Pereira.

103


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Anexos:

Anexo 9: Visitações ao Mosteiro e à Igreja de Canedo em 1300 e

1302 e a Sentença contra o abade Martinho Domingues em 1304:

“In nomine Domini. Amen. Noverint universi quod sub era Ma CCCa

quinquagesima prima, fferia Ilha scilicet tercio kalendas Iunii, in capitulo

ecclesiae Portugalensis coram venerabili viro Dominico Iohannis rectore

ecclesie de Viana reve-rendi patris domini ffratris Stephani Dei gracia

Portugalensis episcopi vicarius, in presencia mei Dominici Petri publici

tabellionis civitatis Por-tugaliensis [et testium] infra scriptorum ad hec

vocatorum et rogatorum, venerabilis vir dominus Gonsalvus Peraria

Decanus Portugalensis, propo-nens ire ad curiam romanam pro suis et

alienis negociis expediendis et timens consumpcionem inffra scriptorum

instrumentorum vel propter viarum ( ?) discrimina ipsorum amissionem seu

subtraccionem, peciit a me dicto tabellione sibi dieta instrumenta redigere

in publicam formam et ex inde quoddam publicum instrumentum sibi fieri

et instanter (...) a vicario memorato ut reffeccioni seu rescribcioni dictorum

instrumen-torum et ipsius instrumenti confeccioni suam prestaret

auctoritatem. Qui-bus instrumentis a dicto vicario et a me dicto tabelione

inspectis, visis atque lectis et eis sine suspicione aliqua repertis, confectis per

Antonium Stephani tabellionem civitatis Portugalensis eiusque signo

signatis ut prima facie apparebat, eorumdem reffeccioni et rescribicioni

idem vica-rius suam auctoritatem prestitit et assensum. Et ego dictus

tabellio ad instanciam dicti decani et de mandato et auctoritate dicti vicarii

dieta instrumenta legi et publicavi et in hoc publicum instrumentum confeci,

quorum instrumentorum tenores tales sunt:

In nomine Domini. Amen. Noverint universi presentis instrumenti

seriem inspecturi quod sub era Ma CCCa yLa quinta, fferia tercia scilicet VI°

kalendas mensis Decenbris in capitulo ecclesie Portugalensis venerabilibus

ac discretis viris domino Vincencio Dominici, cantore, domino magistro

Dominico, thesaurario, et canonicis eiusdem ecclesie Portugalensis, in

presencia venerabilium virorum domini Didaci Suarii et Laurencii Alfonsi

cano-nico et vicariorum eiusdem sedencium pro tribunali presencialiter

consti-tutis, presentibus testibus infra scriptis ad infra scripta omnia

specialiter adhibitis et rogatis, presente etiam me Antonio Stephani publico

tabel-lione civitatis Portugalensis, prefatus cantor ac venerabilis vir dominus

104


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Petrus Iohannis abbas monasterii Sancti Petri de Ferraria et canonicus

Portugalensis procurator ut asserebat capituli eiusdem ecclesie Portugalensis

et nomine dicti capituli atque suo dixerunt quod cum ipsi causam

haberent seu habere intenderant contra Martinum Dominici qui se dicit

abbatem monasterii Sancti Petri de Canedo Portugalensis diocesis super

ipso monasterio quod etiam monasterium ad se spectare asserebant in

spiritualibus et temporalibus pleno iure, et contra ipsum Martinum Dominici

aliquas excepciones (...) culpasque graves et etiam criminosas vellent

opponere, quibus seu eorum aliqua idem Martinus Dominici ut assere-bant

non solum dicti monasterii regimen sed aliud beneficium ecclesias-ticum

nullatenus regere merebatur que etiam excepciones seu culpe in libro

visitacionum per reverendum patrem dominum G[iraldum] Dei gracia olim

Portugalensem episcopum nunc translatum ad e'cclesiam Palentinam

factarum cum idem dominus episcopus dictum monasterium visitaret, et in

processu coram dicto domino episcopo in presencia mei tabellionis

supradicti facto, per quem dictus Martinus Dominici ipso prius eidem

monasterio renunciare per ipsum dominum eodem monasterio fore privatus

extitit denunciatum plenius continetur pecierunt a dictis vicariis quod

compellerent me tabellionem supradictum seu sentencialiter mihi

mandarent quod predictas visitaciones per dominum episcopum supradictum

contra Martinum Dominici factas prout in libro visitacionum pre-fati

domini episcopi quod penes me habebam de verbo ad verbum plenius

invenissem et processum prefatum qualiter coram me transiverat nihil

addito negue remoto quod muttare seu muttare posset substanciam veritatis

in publicam formam reddigerem et ex inde conficerem et traderem

publicum instrumentum. Et tunc dicti vicarii ad instanciam cantoris et

procuratoris predictorum mandaverunt mihi tabellioni supradicto in vir-tute

obediencie et sub pena excomunicacionis ac etiam sub pena priva-cionis

officii quod usque ad diem dominicam proximo sequentem omnia et singula

supradicta pro ut per cantorem et procuratorem supradictos petitam extitit

sibi conficerem et traderem ut premittitur publicum ins-trumentum. Quibus

visitacionum et processus transcribcioni dicti vicarii auctoritatem suam

prestarunt pariter et assensum. Quorum etiam cons-titucionum et

processus tenores ut infra scribitur per omnia tales sunt. Era M.a CCC.a

XXXVIII.a fferia quinta scilicet quinta die mensis Novembris G[iraldus]

miseracione divina Portugalensis episcopus visi-tavimus monasterium

Sancti Petri de Canedo et invenimus ibi libros scilicet, unum bonum officiale,

indiget ligatura ligetur usque ad Natale. Item unum malum antiphonale

105


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

disligatum ligetur similiter usque ad Natale. Item unum malum sanctoralem

( ?) disligatum ligeteur similiter usque ad Natale. Item unum collectaneum

vetus in parte deletum disliga-tum ligetur et habeatur ibi alterum usque ad

annum. Item unum psal-terium vetus disligatum et in parte deletum,

habeatur ibi alterum usque ad Pascha. Item unum epistolarium competens

parvi voluminis indiget ligari legetur cum aliis. Item unum bonum

sacramentorum indiget ligari ligetur cum aliis. Item duos catemos de

mortuorum et comemoracionum. Item novem catemos de colectaneo

obtimo quod modo scribitur perficia-tur usque ad annum. Item unum

psalterium parvi voluminis tale quale. Item aliud collectaneum parvi

voluminis de litera antiqua et minuta. Item unum librum continentem in se

(...) et regulam. Omnes libri predicti precipimus ligari ut supra dicitur. Item

invenimus duo paria vestimentorum cum paleis lineis et aliud vestimentum

cum palio serico. Item duos mantos de serico. Item quiri-que capas .de

serico. Item unum frontale bonum de serico et aliud vetus. Item duas stolas

et duos manipulas.. Item unum calicem argenteum et duos stagneos,

mandamos quod habeatur ibi alter calix argenteus usque ad annum. Item

tres crucies de Elemongis. Item unum castiçale magnum ferreum et aliud

parvum et unum turibulum de Elemongis et redomas alei et chrismatis. Item

unum ffaceiroo de super altari. Altare bene ornatum et coopertum. Item

duas lampadas. Item duas campanas magnas et unam parvam et unum

turibulum de Elemongis. Item unum urceolum stagneum pro vivo, habeatur

ibi alter usque ad pri-vicarnium. Corpus ecclesie bene coopertum. Domos in

parte bene cooper-tas et bene paratas. Item invenimus abbatem male

diffamatum. Item invenimus monasterium multis debitis obligatum. Item

habet monaste-rium LXX.a casalia minus quarto et non veniunt ad

monasterium nisi XXV.° casalia. Item tenent tres ecclesias parrochiales

quorum redditus reddit in usus suos nullo rectore ibi instituto vicario,

prefigimus abbati et conventui terminum peremptorium scilicet XXX.a

dierum infra quem presentarent elericos ad eosdem instituendos in rectores

vel vicarios per-petuas vel ostendent privilegium vel ius aliquod quare

predictas ecclesias Dorium aliquo modo sine nostra licencia speciali alioquin

ipso facto dicto monasterio sit privatus. Item mandamus portam de virgulto

parietibus sarrari. Item mandamus portas novas in galilea ecclesie poni.

Item man-damus quod domnus Dominicus monachus habeat fructus illius

casalis in quo moratur Dominicam Martini de Canedo et quod habeat claves

monas-terio et monachi sibi obediant. Item Petrus de Mota est usurarius.

Item abbas tenet in Grangia concubinam publice Dominicam Gonsalvi. Item

106


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

in monasterio consuevit tenere et tenet quasi qualibet die Marinam

Iohannis qui moratur in Villa de Gaya. Item alias tenuit Petrus Stephani miles

in concubinam cuius militis concubine nutrivit quemdam filium dictus abbas.

Item tenet in Paaçoo de Sendim quamdam Mariam Lobel de qua dicitur

habere quemdam filium et in ebdomada maiori tenuit eam in monasterio

publice et ipsis diebus tenuit Mariam da Teyxeira. Item in Villa Cova Mariam

Laurencii ad quam de nocte vadat, de qua est alcayotus suus Martinus

Dominici de Saa qui moratur in Saa in monasterio de Villa Cova. Item in

eodem monasterio consuevit aliam habere Mariam Suarii monialem. Item

in Ryo Tinto Orracam Petri monialem et viderunt eam in monasterio die

dominica proximo preterita.

Item noverint universi presentis instrumenti seriem inspecturi quod

sub era M.a CCC.a XL.a Ma, feria quinta scilicet XVI.a die mensis Ianuarii,

apud ecclesia.m de Lobom intus in dieta ecclesia in presencia mei Antonii

Stephani publici tabellionis civitatis Portugalensis in spiritualibus et

temporalibus et in eius dicte ?) in spiritualibus, et testium subscripto-rum ad

hec specialiter vocatorum et rogatorum, Martinus Dominici, ohm abbas

monasterii de Canedo, confessus fuit et recognovit sponte et libere coram

reverendo patre domino G [fraldo] Dei gracia Portugalensi epis-copo

sedente pra tribunali in .ecclesia supradicta, quod cum olim prefatus

dominus episcopus visitasset dictum monasterium et propter crimina et

excessus ipsius Martini Dominici videlicet vicia incontinencie detestabilis,

incestus, adulterii, dilapidacionis, et alias culpas et excessus ipsius gra-ves

in quibus ipsum invenerat a longis temporalibus (...) et incorrigi-bilem,

mandaverat idem dominus episcopus eidem Martino Dominici quod iret ad

mosnasterium de Palaciolo ad penitenciam ibidem peragendam et quod

inde non recederet nec ad dictum monasterium de Canedo nec alias citra

Dorium veniret seu transiret absque licenciam et mandato prefati domini

episcopi, et ,quod nihilominus posmodum absque ipsius domini episcopi

licencia et mandato recesserat a dicto monasterio de Palaciolo et venerat

contra ordinacionem et mandatum prefati domini episcopi et contra dicte

privacionis sentenciam citra Dorium et ad dictum monaste-rium de Canedo

et ipsum occupaverat. Item confessus fuit quod obligaverat pignori

quemdam librum et calicem argenteum dicti monasterii propter quod

inciderat in sentenciam excomunicacionis latam per prefa-tum dominum

episcopum et per constituciones sinodales similiter conti-nentes privacionis

sentenciam contra excomunicatos huiusmodi si tanto tempore

107


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

perduraverunt in excomunicacione. Et tunc prefatus dominus episcopus

ipsum Martinum Dominici denunciavit dicto monasterio de Canedo

privatum. Idem etiam Martinus Dominici sponte et libere in mani-bus prefati

domini episcopi dicto monasterio de Canedo quod de facto hactenus

detenuerat renunciavit et iuri, si quod in eo habebat. Et ad cau-telam

dominus episcopus dixit quod non credebat prefatum Martinum Dominici

aliquod ius in dicto monasterio habere, si quod tamen ibi habe-bat ipsius

renunciacionem super hec factam recepit. Dixit etiam Martinus Dominici

penitus ( ?) reatus-suos humiliter confitendo quod hactenus Deum et

Ecclesiam Dei multipliciter et in multis graviter offenderat et dicto domino

episcopo super premissis inobediens fuerat, sed de cetero volebat esse

obediens et agere penitenciam de comissis ubi et prout dictus dominus

episcopus ordinaret et mandaret. Et tunc prefatus dominus epis-copus

mandavit et ordinavit quod ipse Martinus Dominici ageret peni-tenciam in

monasterio de Palaciolo prout sibi iniungeret et quod ad dictum

monasterium de Palaciolo super hoc accederet et iret ad tardius infra VIII.°

dies ad vivendum ibidem et penitenciam agendum et quod de Micto

monasterio de Palaciolo hoc est extra ambitum parietum ipsius monasterii

non exiret in perpetuum nisi postmodum super hoc .dominus episcopus

duceret speeialiter dispensandum vel specialem licenciam sibi super hoc

concederet. Et hec duo capitula dictus Martinus Dominici se servaturum

promisit et ad Sancta Dei Evangelia iuravit. Item iuravit quod a presenti die

in antea ad dictum monasterium de Canedo et ad eius parrochiam in

perpetuum non veniret nec ibi ingrediatur nisi prius pre-fatus dominus

episcopus hoc sibi concederet et super hoc sibi daret licen-ciam specialem.

Item iuravit quod si ipsum pinguiorem fortunam con-tingere contigerit quod

omnia per ipsum occupata et distracta de bonis dicti monasterii ac etiam

dilapidata et dissipata quod ea emendabit et resarciet et de eis satisfaciet

dicto monasterio de Canedo. Item iuravit quod de cetero et quamdiu in dicto

monasterio de Palaciolo fuerit quod non scribet per se nec per alium nec

literas aliquas mittet (?) alicui homini vel mulieri cuiuscumque status seu

religionis, nec etiam ex parte alicuius literas recipiet quin prius eas ostendat

prefato domino episcopo vel abbati de Palaciolo. Item iuravit in perpetuum

non offendere nec scandalizare per se vel per alium nec offendi seu

scandalizari facere Petrum Iohannis dictum de Sandi comendatorem dicti

monasterii de Canedo nec aliquem alium yconomum, comendatorem,

procuratorem seu abbatem quem velquos idem dominus episcopus in dicto

monasterio posuerit, ordinaverit seu confirmaverit, nec aliquam causam,

108


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

'item seu controversiam contra eos vel aliquem alium occasione dicti

monasterii seu aliqua alia facere vel movère nisi de predicti domini episcopi

licencia et mandato. Item iuravit se nunquam nociturum per se seu per

alium dicto monasterio de Canedo et quod literas, cartas, instrumenta ipsius

monasterii quecumque habet vel habere potuerit restituat dicto monasterio

et dicto domino epis-copo ubicumque sciverit eas esse denunciavit, et libras,

calices, orna-menta, utensilia, panem, vinum, pecunias et quascumque alias

res ad dictum monasterium de Canedo pertinentes de cetero non recipiet

nec occupabit nec ab alio capi seu occupari faciat, sed eas procurabit quantum

ipse potuerit restitui et salva fieri eidem monasterio de Canedo et

omnia et singula supradicta se servaturum iuravit ad Sancta Dei Evan-gelia

corporaliter tacta et nihilominus obligavit se ad penam perpetue

incarceracionis si ipsum predicta vel aliquo de predictis in aliquo trans-gredi

contigeret renuncians super predictis et quolibet premissorum bene-ficio

appellandi, supplicandi et literas aliquas seu rescripta inpetrandi et omnibus

aliis excepcionibus et deffenssionibus sibi contra predicta com-petentibus et

competituris. Acta sunt hec in civitate Portugalensi era, die, loco et quoto (

?) superius annotatis. Testibus presentibus Gunsalvo Martini tabellione

Portugalensi, Iohanne Geraldi elenco chori eiusdem, Petro Salamantino

advocato, et ,pluribus aliis. Et me Antonyo Stephani tabelione supradicto qui

premissis omnibus interffui et ad instanciam dictorum cantoris et

procuratoris ac etiam de mandato et auctoritate vicariorum supradictorum

cohacto prius per ipsos ut superius est expres-sum per dictos visitatores

,prout eas inveni in libro domini episcopi memo-rati et processum

suprascriptum qualiter coram me transivit de verbo ad verbum in publicam

formam reelegi nec addito negue remoto quod muttare seu muttari posset

substanciam veritatis et ex inde hoc publi-cum instrumentum manu propria

scripsi. Non noceant vero rasure supra posite in XXXIII.a linea de hiis

diccionibus scilicet «quod omnia ostia monasterii essent clause preter», nec

alia supra similiter posita in XL.a IX.a linea de hac diccione scilicet «Sendim»

guia ego tabellio memoratus manu propria rasi et correxi et huic

instrumento signum meum solitum apposui in testimonium premissorum

quod tale est.

In nomine Domini. Amen. Noverint universi presentis instrumenti

seriem inspecturi quod in presencia mei Antonii Stephani publici tabellio-nis

civitatis Portugalensis et testium subscriptorum ad infra scripta omnia

specialiter vocatorum et rogatorum reverendus pater dominus G[iraldus]

109


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Dei gracia Portugalensis episcopus ad laudem et gloriam Iehsu Christi ut et

perfectius et laudabilius ecclesia serviatur donavit et con-cessit pure et

simpliciter capitulo Portugalensi omnes redditus, proven-tus et iura

monasterii Sancti Petri de Canedo terre Sancte Marie ordinis Sancti

Benedicti Portugalensis diocesis ad ipsum dictum episcopum ex donacione

regia racione persone sue et non ecclesie Portugalensis libera-liter sibi facta

spectantis. Donavit inquam et concessit dietas proventus et iura ,dicti

monasterii distribuendos inter personas, canonicos et porcio-narios qui ad

hora convenerint iuxta ordinacionem de gloria factam et pro gloria

vulgaliter appelatam. Ita tamen quod in eodem monasterio quatuor fratres

sive monachi habeantur quorum unus sit prior qui a dicto capitulo regímen

monasterii et curam succipiat monachorum. Et unus insuper cappellanus

congruam substentacionem habeant de redditibus, proveu-tibus et iuribus

supradictis assignatam seu etiam assignandam per capi-tulum supradictum

iuxta arbitrium dicti domini episcopi et successorum suorum. Ceteros vero

redditus, proventus et iura dictum capitulum pro ad dictam gloriam suos

faciat et in usus suos libere convertat. Dicti vero prior, monachi et

cappellanus predictus die qualibet dedicant et celebrent singulas missas,

unam videlicet pro illustrissimo domino Dionisio Rege Portugalensi et

Algarbii, et aliam pro nostra animabus de die in vita domini Regis et nostra,

post vero montem dicti domini Regis et nostram de Requie ipse die misse

dicantur et celebrentur actis temporibus sancto-rum. Reliqui vero duo

monachi et cappellanus predictus missas dican-tur (...) die qualibet prout

sollempnes et feriati dies occurrerint iuxta ecclesiasticam ordinacionem ad

laudem et gloriam Dei et beatissime Vir-ginis Matris sue et pro omnibus

benefactoribus monasterii supradicti. Item dictus dominus episcopus

donavit, univit et subiecit prefato capitulo ecclesiam Sancti Verexemi ( ?) de

Ville Bona cuius ius (...) ad idem capi-tulum dignoscitur pertinere, ita

videlicet quod obeunte cedent vel recedent Rectore eiusdem ecclesie qui

nunc est dictum capitulum redditus, proven-tus et iura ipsius ecclesie suos

faciant et suis possint usibus libere applicare pro ad gloriam supradictam,

reservata congrua substentacione vicario perpetuo per capitulum

presentando ad ipsam ecclesiam et per capitulum qui pra tempore fuerit

instituendo. Reservavit insuper sibi dictus domi-nus episcopus mutandi in

toto vel in parte, addendi, diminuendi vel corri-gendi et declarandi in

omnibus et singulis supradictis prout et quando-cumque placuerit plenaria

potestate. Quas donacionem, unionem et subiec-tionem, ordinacionem et

110


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

omnia et singula supradicta capitulum supra-dictum acceptarunt et

concesserunt et approbarunt.

Acta sunt hec in capitulo ecclesie cathedralis Portugalensis idus

menssis Septenbris, era M.a CCC.a XL.a quinta. Testibus presentibus domino

Egidio Martini abbate de Citofacta, Dominica Martini rectore ecclesie de

Galegos porcionaris portugalensibus ac religiosis viris domino Petro

Iohannis de Palaciolo de Sousa et domino Iohanne Dominici de Petroso

monasterio abbatibus Portugalensis diocesis ac domino Nicolao Pelagii

almox [xarife] et Iohanne Cipriani civibus portugalensibus, pluri-busque aliis.

Et me Antonio Stephani tabellione iam supra scripto qui pre-missis omnibus

et singulis interffui ad instanciam dictorum domini epis-copi et capituli ex

inde hoc publicum instrumentum manu propria scripsi et signum meum

solitum apposui in eodem in testimonium premissorum quod tale est. Non

noceat rasura posita supra in VII.a linea de hac (...) scilicet «inter personas»,

nec etiam obstet interlinearis supra XV.a linea de hac dicte scilicet «et

nostram» guia ego tabellio memoratus manu pro-pria rasi 'et correxi et

interlineavi et inde hic feci mencionem et iterum huic adicioni signum meum

supra positum apponeremus ?) apponi. Acta sunt hec era, die et loco

predictis. Qui presentes fuerunt reffeccioni seu rescribcioni instrumentorum

predictorum: Martinus Iohannis tabellio, venerabilis vir dominus Iohannes

Rotundus canonicus Portugalensis, Dominicus dictus Sobrinho rector.

ecclesie Sancti Nicolay Sanctaranen-sis (?), Petrus Salamantinus causidicus

Portugalensis. Ego vero Dominicus Petri taberna memoratus predicta

instrumenta ad instanciam clicti decani et de mandato et auctoritate vicarii

in publi-cam formam redigens hoc instrumentum publicum ex inde manu

propria cordeei et signum meum consuetum eidem apposui in testimonium.

pre-missorum (sinal do tabelião).

Et ad maiorem huius rei evidenciam ego Martinus Iohannis testis

tabellio suprascriptus subscri'pssi et hic signum meum apposui quod est tale

(sinal do tabelião).” 63

63

Arquivo Distrital do Porto Cartório do Cabido da Sé do Porto — Livro dos originais, Livro XXV (1683).

111


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Património do Mosteiro

No século XIII, os mais importantes mosteiros sediados na Terra de

Santa Maria, possuíam cerca de 530 casais: o Mosteiro de Grijó mais de

metade (54%), o Mosteiro de Pedroso (20%), o de Vila Cova das Donas,

Sandim (12%), Canedo e Cucujães (ambos com 7%) o que equivale a cerca

de 36 casais. 64

Embora o Mosteiro de Canedo estivesse sediado na freguesia, outros

Mosteiros detinham algumas propriedades. No século XII, o Mosteiro de S.

Pedro de Pedroso detinha alguns casais da freguesia de Canedo, entre 1 a

9 casais.

Tabela 4 – Localização dos casais do Mosteiro de Pedroso (Séc. XII) 65

Mosteiro

Freg.

Mosteiro de Pedroso

Vila Maior

Sanguedo

Fiães

Canedo

Lourosa

São João de Ver

Sandim

Tabela 5 – Casais do Mosteiro de Pedroso (Séc. XIII) 66

Propriedades Mosteiro Freg.

Mais de 19 casais

Sanguedo

1 a 9 casais Lobão

10 a 19 casais Fiães

1 a 9 casais Mosteiro de Pedroso Canedo

1 a 9 casais Lourosa

1 a 9 casais São João de Ver

1 a 9 casais Lever

64

O Castelo e a Feira: a terra de santa maria nos séculos XI a XIII. José Matoso, Luis Krus, Amelia Aguiar

Andrade. (1989)

65

Mapa 92. Idem, Ibidem.

66

Mapa 102. Idem, Ibidem.

112


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

A par, o Mosteiro de Canedo sempre teve casais que pagavam o foro.

No ano de 1302, possuía cerca de 70 casais, sendo que só 25 pagavam. No

século XII e XIII, possuía casais espalhados por algumas freguesias do

Concelho de Santa Maria da Feira: Lobão, Vila Maior e Louredo.

Tabela 6- Bens Detidos pelas instituições religiosas, em Lobão em 1220 67

Propriedade Mosteiros Obs.

9 casais Mosteiro de Grijó

Igreja

Mosteiro de Grijó

6 casais Mosteiro de Canedo

1 casal Mosteiro de Pedroso “In villa de Palaçoos”

4 casais Mosteiro de Vila Cova

Tabela 7 – Património do Mosteiro de Canedo (Séc. XIII) 68

Propriedades Mosteiro Freg.

1 a 9 casais

Lobão

10 a 19 casais Canedo

Mosteiro de Canedo

1 a 9 casais Vila Maior

1 a 9 casais. Louredo

Para além dos casais que pagavam o foro, o Mosteiro tinha a si

anexado, de onde recebia dividendos, três igrejas paroquiais: a Igreja do

Mosteiro de Canedo, que era paroquial; a Igreja de São Tiago de Lobão e a

Igreja de São Vicente de Louredo.

Porém, um dos grandes males que mais concorreu para o

empobrecimento dos mosteiros e igrejas foi o direito que tinham os

padroeiros de visitar instituições que dependiam destes.

Aproveitavam-se desse direito, visitavam, instalavam-se,

demoravam-se e faziam grandes despesas que eram pagas pelos mosteiros

e igrejas, não restando meios suficientes para o clero e pessoas

encarregadas dos diferentes serviços.

A Santa Sé empregou meios para combater os abusos e os reis de

Portugal fizeram o mesmo.

67

Doc. 2. Página 32. Lobão – Terra do Deus Maior. Carlos Dias (2018)

68

Mapa 103. O Castelo e a Feira: a terra de santa maria nos séculos XI a XIII. José Matoso, Luis Krus, Amelia

Aguiar Andrade (1989)

113


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

D. Afonso III publicou normas no sentido de reduzir os encargos

mencionados. Já mencionei a redução em pagamento de medidas,

atendendo à falta de recursos do Mosteiro e, agora, acrescento que D.

Dinis, em 1281, isentou, por 2 anos os mosteiros e igrejas do Porto da

aposentadoria com fundamento da pobreza dessas instituições.

Deviam ser grandes os abusos em Canedo que em 1293, D. Dinis

publicou uma carta para o tabelião da Feira notificar uns cavaleiros, donas

e escudeiros e outros homens para se absterem de ir pousar e comer no

Mosteiro, fazendo assim grande mal ao mesmo. 69

Este mesmo livro consta que, no ano de 1296 houve uma intimação

de censura ao abade Martim Domingues, já citado, para não administrar os

bens do Mosteiro, sendo nomeado um ecónomo para a sua administração.

Pode, pois, concluir-se que a questão económica foi a causa ou uma

das causas que contribuíram para a queda do Mosteiro ou abandono por

parte dos religiosos e do Cabido.

69

Esta carta de D. Dinis, confirma outra de D. Afonso II por volta do ano de 1212, pela qual determina que

o abade de Canedo só pague sete medidas, por justa medição dos bens reguengos pertencente aos

Mosteiro. Livro 753 ou 31 das Sentenças, no Arquivo do Cabido da Sé do Porto.

114


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Anexos:

Canedo

Doc. 5 – Mapas 100 a 103. O castelo e a Feira: a Terra de Santa Maria nos séculos XI a XIII.

José Mattoso, Luís Krus, Amélia Aguiar Andrade. (1989)

115


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

O Mosteiro e a Vila nas Inquirições

Canedo, surge em várias Inquirições nas Terras de Santa Maria, como

as de D. Afonso II, D. Afonso III, D. Dinis como no Foral Manuelino de 1514

às Terras de Santa Maria.

Nas Cortes de Coimbra, reunidas por D. Afonso II logo no primeiro

ano do seu reinado (1211), foi votado que as igrejas não adquirissem, por

título de compra, novos bens de raiz, a não ser para os aniversários dos reis.

Visava esta restrição, com outras providências depois adaptadas,

cercear o aumento da propriedade eclesiástica, como paralelamente se iam

a restringir as isenções e haveres da nobreza, para que não sofresse

detrimento o património do rei ou do Estado.

Os atos mais importantes inspirados nessa política foram, todavia, as

Confirmações Gerais e as Inquirições de 1220. Pelas primeiras verificavamse

os títulos de propriedade do clero e dos nobres, pelas segundas

averiguava-se judicialmente “a natureza das diversas propriedades, dos

direitos senhoriais e dos padroados de igrejas e mosteiros.”

Destas inquirições, não temos para as povoações do atual distrito de

Aveiro memórias tão completas como as que ficaram dos territórios então

incluídos no arcebispado de Braga.

Mas são ainda de certa importância para a nossa história local as atas

das que se realizaram em Cambra, Palmaz, Figueiredo, Branca, Antoã,

Salreu, Fermelã, Loure, Alquerubim, Vai-Maior, Vouga, Valongo, Covelos,

Segadães, Recardães, Águeda, etc. (Encontram-se no Livro 2 das Inquirições

de D. Afonso II, fls. 118 v. a 124 v.; J. P. Ribeiro julga-as de data pouco

posterior a 1220).

Não foi excetuada de semelhante diligência à Terra de Santa Maria.

Embora não apareçam atas em forma, há uma relação das propriedades de

Mosteiros e Ordens em vários julgados da Diocese do Porto, que supõe uma

inquirição.

A ela se refere J. Anastácio de Figueiredo (Nova História da Militar

Ordem de Malta, I, 362), e não será outra coisa que Viterbo cita como

Inquirições de D. Afonso II (Elucidário, v. Cabaneros).

116


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Resumo de inquirição especial ou extrato de inquirição geral,

realizada em 1220 ou pouco depois, é talvez a mais antiga lista de freguesias

daquela Diocese. Encontra-se o documento completo no Arquivo Nacional,

Gaveta I, maço 7, n.º 20; a parte relativa à Terra de Santa Maria, existe

também em antiga cópia no Livro Preto de Grijó, fls. 21 v. a 22.

Dessas Inquirições, há referência a Canedo: no ponto 1:“In freegesia

de Uila Maiore habet Canedo J casal, et ipsa eeelesia est de Pedroso.”; no

ponto 40: “In frigisia de Labom (habet) Eglesiola IX casalia et totam ipsam

ecclesiam, Canedo VJ casalia, Petrossus j casale, Vila Coua IIIJ casalia.”; no

ponto 54: “ In fregisia de Canedo habet ipsum monasterium XXXVJ casalia

minus quarta, Petroso II J casalia, et Ecclesiolam J casale.”; ponto 56: “ In

frigisia de Lauredo habet Ospital I J casalia, et Ecclesiola 11 J casalia, et

Canedo j casale.”; e no ponto 58: “ Et in frigisia de Sancto Martino de

Draganseli habet Ecelesiola XXXV casalia et totam ipsam ecciesiam cum

vineis et cum defessis et cum senaris bonis, et Carvoeiro I J1 casalia.” 70

Em 1317, a pedido de D. Pedro Afonso, filho ilegítimo de D. Dinis e

conde de Barcelos (conhecido como autor do célebre Nobiliário), o tabelião

da Feira reproduziu-o em pública-forma que por descaminho do texto

primitivo, ficou depois a servir de original.

Em 1509, como os procuradores da Terra Santa Maria pediram “Ho

trellado do foral do dito terral”, encontrou-se na Torre do Tombo “huum

rool de purgaminho de muytos pedaços coseytos huunus com outros scripto

per latim”, que para o efeito se copiou. Já então alguns lugares “se nom

poderam leer por a letera do original estar amortomgada.”

Pode, no entanto, dizer-se que o documento continuou praticamente

inédito, porque as deficiências do original somaram-se tais erros de leitura

e transcrição, que o deixaram quase ininteligível.

Além de várias lacunas, notam-se-lhe as mesmas transposições,

decerto resultante de todo ausente de muitos forais.

Pelo que já foi dito, uma área substancial pertencia ao Rei, as

repetidas referências a reguengos e a terras reguengueiras assevera-nos

isso mesmo.

70

Páginas 71 a 74. Arquivo do distrito de Aveiro. Inquirições de D. Afonso II.

117


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Por sua, vez as ordens religiosas militares detinham também muitas

terras. Daquelas, as mais notórias eram as que possuíam casa dentro ou nas

proximidades do concelho: Canedo, Grijó, Pedroso, Cucujães e Arouca.

No caso de Canedo, este recebeu uma referência relativa ao mosteiro

e à freguesia na Inquirição de D. Afonso III do ano de 1251:

“Ao mosteiro, eis o depoimento: Pedroso tinha um casal em Serra

Alva. Em Sameiro tinha o Mosteiro de Canedo um casal de que levava o

terço, e o rei todo o resto. E ficou ermo pelo abade (?) do dito mosteiro por

uns 25 anos. Achámos que Ainia (?) é do rei, e detinha-a o mosteiro de

Canedo; também é do rei o terreno de Porto Novo, e ocupava-o Fernando

Louredo. Achámos que os vossos termos se limitam pelo curso do Douro,

mas os que moram além-Douro não deixam os vossos homens pescar em

todo ele senão por peita. E tendes aí cinco casais que governa o referido

mosteiro.

De Valcova dão o quinto do pão e o quinto do vinho e um poçal de

vinho do lagar (?) de eirádiga, e um sesteiro de trigo, dois capões pelo

Entrudo, pela Natal uma espádua de nove costelas, pelo Entrudo um

cabrito, pela Páscoa dois queijos e uma fazedura de manteiga, uma perna

pelo Pentecostes; ao mordomo da Feira duas vidas, ao mordomo maior da

terra urna vida e um morabitino por ano de renda, e ao mordomo menor

três vidas. Dois casais de Canedo dão o quarto do pão e o quinto do vinho,

e a quarta de linho e estiva e frangão, e um quarteiro de milho do monte

de direitura e cinco alqueires de trigo, um capão pelo S. Miguel, três varas

de bragal pelo S. Martinho, três alqueires de trigo e urna espádua pelo

Natal, um cabrito pelo Entrudo, dois queijos pela Páscoa e manteiga, e oito

dinheiros pela perna no Pentecostes.

Um casal é de meia direitura. Dão uma vida ao mordomo da eira,

outra ao mordomo maior e três ao menor. E o mosteiro paga um morabitino

de fossadeira. Um casal de Serra Alva dá o quinto do pão e o quinto do

vinho, um morabitino de entrada ao mordomo da terra, dois capões, um

cabrito e uma vida ao mordomo da Feira, e três ao mordomo da terra. Em

Canedo, Paçô, Lousado e Várzea estão as vossas deganhas de onde tendes

o vosso direito quando são lavradas. E achámos que Paio Gonçalves,

118


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

mordomo da Rainha, comprou dois casais em Lousado a um vosso

herdador.” 71

Na versão original em Latim:

“Hoc est testimonium quod invenitur super monasterium de Canedo

et super freguesiam. In primo in Serra Alva unum cosale quod tenebat

Petrosum. Et invenimus unum casaie in Zomeiro quod tenebat monasterium

de Canedo unde levabat monasterium tertiam et dominas Rex oliud totum.

Et fult heremum palacem (per abbatem? pro parte?) predicti monasterii,

bene per viginti quinque annos. Et invenimus quod Aynia est domini Regis et

tenebat eam monasterium de Canedo. Et terrenum Porti Novi est Regis,

tenebat eum Fernandus Lauredij. Et invenimus quod terminus vestri portus

(portant? partunt?) per venam Dorij, et qui morantur ultra Dorium non

leixant vestros homines piscare in totum nisi pro peito. Et habetis ibi quinque

casalia que gubernant predictum monasterium.

De Val Cova dant quintam panis et quintam vini et unum puzal de vino

de gar de eiradiga, et unum sesteirum de Critico, duos capones pro

Emtruido, pro Natali unam spatulam de novem costis, pro Emtruido unum

capritum, pro Paschua duos caseos et unam fazedoura de manteiga, una

perna pro Pentecoste, et maiordomo de area duas vitas et maiordomo

maiori torre unam vitam et unum moropitinum annuatim de renda, et

maiordomo minori tres vitas. Dous casaes de Canedo quartam panis et

quintam vini, et quartam ligni, et stivam et frangão, et unum quarteirum de

milio de monte de dereitura, et quinque alqueires de tritico, et unum

caponem pro Sancto Michaele, et tres varas de bragal pro Sancto Martino,

pro Natale tres alqueires de tritico et unam spatulam, unum capritum pro

Emtruido, duos caseos pro Pascua et manteiga et octo denareos pro perna

pro Pentecoste. Unum casale est medie dereiture. Et dant unam vitam

maiordomo da eira, et maiordomo maiori unam vitam, et minoriIres vitas.

Et dat monasterium dat unus morabitinus de fossadeira. Unum casale

de Serra Alva dat quintam panis et quintam vini, unus morabitinus de

emtrada maiordomo cerre, duos capones, unum capritum et unam vitam

maiordomo de area, et tres maiordomo de terra. Et in Canedo et in Pacehéo

et Lousado et in Varzena jacent vestras deganas unde habetis vestrum

directum quando sunt lavradas. Et invenimus quod Pelagius Gundisalvi

71

Página 127. Lusitana Sacra. Inquirições de D. Afonso III na Terra de Santa Maria.

119


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

maiordomus regine comparavit duo casalia in Lousado de uno vestro

hereditatore.” 72

“À Igreja e freguesia de Canedo, eis o testemunho: em primeiro lugar,

achámos que metade de Paredes e da quintã que fez Rodrigo Henriques são

de herdadores que vos pagavam fossadeira e lutuosa e a vida ao mordomo.

Rodrigo Henriques adquiriu o assento de um casal com terrenos em que há

vinha de um vosso herdador, e outros terrenos do mesmo casal foram

adquiridos por Elvira Barpriza. E achámos que metade do casal de Ausenda

Garcia, de Carvoeiro, foi de vosso herdador, e agora tem na Marfim Canelas.

E o campo chamado de Comesende é do rei.” 73

Na versão original em Latim:

Hoc est testimonium de ecelesia et de freguesia: In primo invenimus

quod media de Pariti et de quintana quam fecit Rodericus Anrriquiz sunt

media de hereditatoribus qui dabant vobis fossadeira et luitosam et vitam

maiordomo. Et invenimus quod gaanavit Rodericus Anrriquiz unam

sesegam de uno casali cum terrenis in quibus jacent vinee de vestro

hereditatore; et alios terrenos de ipso casali gaanavit eos Elvira Barpriza. Et

invenimus quod medium de casali de Ausenda Garsie de Carvoeiro fuit de

vestro hereditatore, et modo habet eam Martinus Canelas. Et campus qui

vocatur Gomesendi domini Regis..” 74

Também nas Inquirições de Afonso III, na Judiação de Melres, está

presente a referência ao mosteiro de Canedo, como aos vários casais que

ali pagavam os seus deveres, e também a referência a várias aldeias de

Canedo como Campêlo, Rebordelo, Valcova.

“Et dixit quod si non habuerit Maiordomum quis maiordomet Torram,

Concilium debei tenere illana Terram de foro et darem illud quod ibi potuerinti

nvenire. Interrogatus de terminis ipsius ville, di-xit quod incipitur in

Sovereira de Campelo; deinde ad xaxemn subtus Revordelo; deinde ad

fibulnkam veteram ferre Albe; deinde ad foiouturn, deinde ad fontem tintam;

deinde ad cagalom porei; deinde ad Vallem Bran-dem; deinde ad

escampado de Valcova; deinde ad ban-zas de Vaile cova ad finem de Vaie

lupi, et vadit sub-tus Paradela; deinde ad Saxeum moneffiolii; deinde ad

72

Página 111. Lusitana Sacra. Inquirições de D. Afonso III na Terra de Santa Maria.

73

Páginas 127 e 128. Idem, Ibidem.

74 Páginas 111 e 112. Idem, Ibidem.

120


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Lampazam ad Dorium; deinde ad Vallem de gaviom ; deinde ad portellam

de Vallongo; deinde ad cautum ca-telle; deinde ad cautum sartaginis per

finem comenarie; deinde ad mazanariam de cabroelo; deinde per riparium

de Azevidelo; deinde ad focem Rivuli mali; deinde pasat ultra Dorium;

deinde per lodoeiro Saneie Enlalie; dein-de vadit ad Sovereirum ubi primitus

incepimus. Interro-gatas si intrat in isto termino aliquis qui filet de isto

termino, dixit clima Palaciolus habetur ibi iiij." casalia, et Monasterium

Saneti Johannis de Pendurada habet ibi tria casalia, et Johannes Martini de

Taindi habet ibi cum suis fratribus v. casalia, et Bostela tenet ibi

unum"casale et habuit illud de Egea Martini de Taindi, et aliud ca-sale tenet

ibi Martinus Xanis qui fuit Meirinus, et tria casalia tenet ibi Monasterium de

Canedo, et aliud casale tenet ibi Stephanus. Ermigii de Teseira, et jacet ibi

unum casale Petrosi: et de istis easalibus que fecerunt in istis terminis non

faeiunt iode ullum foram Domino Regi, et nesciunt unde habuerunt ea. Isti

sunt qui audierunt mul-_tociens dicere patribus et avis eorum quod per ilios

locas terminabatur terminus de Meleres.

Et dixit Pelagius Monacus de Meleres de terminis ipsius ville sicut

incipitur in siaria Saneti Jacobi; deinde per puzo ad sursum ad montem

agudo; deinde ad montem sartaginis; deinde ad mazanariam de cabroelo°;

deinde per riparium de aze-vido; deinde ad taladam; deinde ad varzenam

de favalibus; deinde ad Dorium; deinde ad terrom d arega in piscaria; deinde

quomodo vadit per culmenariam ad sur-sum; deinde ad sovereirum de

Campelo: et hoe dixit quod vidit et passas fuit per se. Interrogatus si intrat

in isto termino aliquis, dixit quod laborant illi homines Jo-hannis Martini de

Tayndi et homines Palacioli…” 75

Tabela 8 - Inquirições de D. Afonso III na Terra de Santa Maria 1251 – Mosteiro de Canedo

Mosteiro de Canedo

Propriedade Lugar Renda Outras obs.

Um Casal Sameiro

1/3 dos bens e o

Rei o Resto e ficou

ermo pelo abade

por 25 anos

Chamada

“Ainia”

Era do Mosteiro,

agora é do Rei

75

Livro de Linhagens.

121


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Terreno de

Porto Novo

Além do

Douro

Cinco Casais

Dois Casais

Valcova

Valcova

Destinatário:

Mordomo da Feira

Valcova

Destinatário:

Mordomo maior da

Terra

Valcova

Destinatário:

Mordomo maior da

Terra

Canedo

Ocupava-o

Fernando

Louredo, agora é

do Rei.

Governam o

Mosteiro

1/5 do Pão, 1/5 do vinho, 1 puçal 76 de

vinho de lagar de eirádiga, 1 sexteiro 77

de trigo, 2 capões pelo Entrudo, uma

espádua de 9 costelas pelo Natal, pela

Páscoa 2 queijos e 1 fazedura de

manteiga, pelo Pentecostes 1 perna.

Duas vidas

Uma vida e um

morabitino por

ano

3 vidas

1/4 do Pão, 1/5 do Vinho, 1/4 do linho,

1 quarteiro de milho do Monte de

Direitura, cinco alqueires de trigo, 1

capão pelo São Miguel, 3 varas de

bragal 78 pelo S. Martinho, 3 alqueires

de trigo e 1 urna espádua pelo Natal, 1

cabrito pelo Entrudo, 2 queijos e

manteiga pela Páscoa, 8 dinheiros pela

perna no Pentecostes.

76

Puçal = 8 almudes.

77

Quarteiro = 3 búzeos ou 15 alqueires. / Sexteiro = 10 alqueires.

78

Bragal designava um tecido de linho grosso ou uma peça dessa fazenda, medida por côvados ou varas.

O tecido mais fino chamava-se pano ou lenço. Meredal era igualmente um tecido grosseiro (cf. Viterbo,

v. Merendai).

122


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Meio Casal

Um Casal

Serralva

Serralva

Destinatário:

Mordomo da Terra

Serralva

Destinatário:

Mordomo da Feira

Canedo

Lousado

Paçô

Várzea

Uma vida ao Mordomo da Feira, outra

ao Mordomo maior e três ao

Mordomo Maior.

1/5 do pão, 1/5 do Vinho

1 morabitino 79 de entrada e 3 vidas

2 capões, 1 cabrito e uma vida

O Mosteiro tem

nestes lugares as

suas deganhas 80 e

o seu direito

quando são

lavradas.

Paio Gonçalves,

Mordomo da

Rainha, comprou

2 casais de

Lousado a um

herdador do

Mosteiro.

Tabela 9 - Inquirições de D. Afonso III na Terra de Santa Maria 1251 – Igreja e Freguesia de Canedo

Igreja e Freguesia de Canedo

Propriedade Lugar Renda Outras obs.

Metade de

Paredes e da

Herdadores

Quinta de

pagam a

Rodrigo

Henriques

79

Morabitino: O Morabitino foi uma moeda de ouro cunhada no Reino de Portugal. Em Portugal, foi a

primeira moeda de ouro a ser cunhada, já sob o reinado de D. Sancho I. No seu anverso, D. Sancho,

coroado, é representado a cavalo, com uma espada alçada numa mão e o cetro encimado pela cruz na

outra.

80

“DAGANHAS, Deganas, e Deganhas. Assim se chamavam às terras, que se haviam emprazado ao

Concelho, ou tomado dos montes maninhos, e reduzido a cultura, estando antes desaproveitadas,

incultas, e bravias.” ELUCIDÁRIO DAS PALAVRAS, TERMOS E FRASES QUE EM PORTUGAL ANTIGAMENTE

SE USARAM... Joaquim de Santa Rosa de Viterbo.

123


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Meio Casal de

Ausenda Garcia

Campo

“Comesende”

Carvoeiro

fossadeira 8182 , a

lutuosa e a vida

ao Mordomo

Rodrigo Henriques, adquiriu o

assento de um casal com terrenos

em que há vinha de um vosso

herdador. Outros Terrenos foram

adquiridos por Elvira Barpriza

Foi herdador da Igreja ou Freguesia,

depois comprado por Marfim

Canelas

É do Rei

(Vd. as Inquirições de D. Dinis na Nota/Referência 2 e 3)

Mais tarde, no reinado de D. Manuel I, as terras de Santa Maria

receberam um foral como também o Concelho da Feira, em 1514.

“D. Manuel, por graça, Rei de Portugal e dos Algarves.... a quantos

esta carta de foral dada para sempre ã Vila da Feira e terra de Santa Maria

virem, fazemos saber que por bemdas sentenças e determinações gerais e

especiais que foram dadas e feitas por nós e com os do nosso conselho e

letrados àcérca dos forais dos nossos Reinos e dos direitos Reais e tributos

que se por eles desejam receber e pagar: e assim pelas inquirições que

mandamos fazer em todos os lagares de nossos Reinos e senhorios,

justificados primeiro com as pessoas que os ditos direitos Reais tinham,

achamos vistas as inquirições da nossa Torre do Tombo, porque os tributos,

foros e direitos Reais na dita Vila e Terra de Santa Maria se deve e lano de

arrecadar e pagar daqui em diante na maneira e forma seguinte.” 83

81

“Porém antigamente se tomava um Direito Real, a que chamavam Direito de Cabeça, Censo Fiscal,

jugada, ou Fossadeira, e também Herdade, o qual se impunha àquela porção de terra, que cada hum

possuía; e por isso se chamava também algumas vezes Canon Frumentário, ou Jugo de terra.” ELUCIDÁRIO

DAS PALAVRAS, TERMOS E FRASES QUE EM PORTUGAL ANTIGAMENTE SE USARAM... Joaquim de Santa

Rosa de Viterbo.

82 Fossadeira: Tributo dos que se eximiam de acompanhar o rei em fossados.

"fossadeira", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013,

https://dicionario.priberam.org/fossadeira [consultado em 11-01-2019].

83

Foral manuelino da Feira e Terra de Santa Maria de 1514.

124


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Refere-se à Vila, onde há terras reguengas com outros direitos

particulares e inquirições, indicando as propriedades, nomes, encargos, não

esquecendo o castelo. Há terras na Vila e limite que de oito pagam um.

“Ocupa-se o foral das arádegas de pão e vinho e menciona as

propriedades e as pessoas que as deviam pagar. As pessoas com porta para

a rua e que fizerem fogo (cozinharem), cada uma pagará uma galinha sem

ovos. Há referências especiais à quinta de Rolães com os chãos Reguengos.

Pena de saque e de arma são as contribuições para aqueles que, indo

de fora, ferissem algum morador dentro das ruas ou espancassem embora

não corresse sangue. O direito das foiças era devido somente depois do

julgamento das coisas, em certas condições.

Os tabeliães que havia nas terras de Santa Maria e na Feira pagariam

anualmente mil e oito centos reais, que seriam repartidos por todos

igualmente. O gado do vento eram os animais sem dono ou pastor

vagueavam pelas diferentes pastagens ou se mudavam como o vento. No

foral se diz quantos dias deviam passar a vento para se julgar perdido.

As dizimas das sentenças foram proibidas exceto nas sentenças que

se tem de executar. Os montados e maninhos para gado não existiam,

porque todos tinham vizinhança uns com os outros. Se fizessem dano,

pagariam a pena ou coima (multa) segundo as posturas do concelho.

As lutosas, luytosas, luctosas eram os direitos que se pagavam pelas

pessoas falecidas e D. Manuel determinava as pessoas e freguesias que

deviam pagá-las.

A freguesia de Canedo não está incluída na relação.

A lutosa devia ser a melhor joia ou peça moveI que ficasse da pessoa

falecida. Outras determinações existem relativas a portagem (portádigo e

protático ou o direito de entrada em certos lugares como cidades, vilas,

coutos que pagavam as fazendas e víveres), localidades para a entrega dos

foros, saídas de madeiras, sardinha, caçadores de rolas, preços dos géneros

etc.” 84

84

Páginas 170 e 171. São Pedro de Canedo No Concelho da Feira. António Ferreira de Pinto. (1928)

125


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Vejamos agora Canedo com as suas contribuições para o rei (Foral de

1514):

Tabela 10 – Contribuições do povo de Canedo para o Rei no foral de 1514.

Nome Lugar Foro

Afonso Luiz pelo Casal

de Pedro de Lobel

Gonçalo de Lobel pelo

casal e meio de Jaco

Gonçalves

Lobel

Dois alqueires de trigo, oito de

centeio, oito de milho, uma galinha,

quatro afusais de linho e seis

almudes de vinho

Quatro alqueires de trigo, 10

alqueires de centeio, dez alqueires

de milho, 10 almudes de vinho por

ano, quarenta reais, duas galinhas e

sete afusais de linho

540 reais em dinheiro e duas galinhas

João do Pomar

João Anes pelo casal

de Afonso Domingues

180 reais

Martírio de Valcova Valcova 832 reis

Gonçalo de Matos

pelos casais de Canedo

121 reais

Canedo

Lourenço Anes de

Várzea pelo casal de

Arouca

Mestre Vasco, por

cinco casais de

Lousado

Aparício pelo casal

Jogo de Lousado

João de Bairros

Várzea

Lousado

Lousado

Lousado

90 reais

Um moio de centeio pela medida

velha, 43 alqueires e meio ao Castelo

pelo dito moio e mais 11 galinhas por

todos os casais de Lousado, afora o

de João de Bairros que paga por si “e

mais recebe o Castelo as galinhas e o

dinheiro abaixo designado.”

18 alqueires e meio e mais 5 galinhas

e paga-se o senhorio por estes e se

falecerem há de recebê-los o

Mosteiro para cumprimento do que

falecer e as 11 galinhas se pagam

pelos seguintes com ou outros foros

do dinheiro.

Afora o que paga o Mosteiro, 10

alqueires e meio de centeio e não

126


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

entra também nesta outra paga do

moio

Afonso Martins pelo

casal de Vasco Anes

Lousado 10 alqueires de centeio.

Gonçalo Anes pelas

vinhas que trazia João

5 alqueires e meio de centeio e uma

galinha.

do Carneiro

Luiz Afonso pelo casal

Sem a paga do Mosteiro ao Castelo 3

Souzanil

de Souzanil

galinhas e 15 reais.

Pedro Vaz pelo casal

Fora o que paga o Mosteiro, 28,50

Canedo

de João de Canedo

reais e 3 galinhas

Neto de João de

24,50 reais e mais 3 galinhas e mais 5

Canedo

Canedo

galinhas

Pedro Vaz de cima

paga as 12 galinhas

4 alqueires de trigo, 6 de milho e de

Martinho de Carneiro

pelo casal Reguengo

de João do Carneiro

centeio 8 alqueires 9 de linho 6

afusais, de manteiga 6 quartilhos

pela medida nova, de vinho mole 6

almudes e 14 reais

Martim Aparício

288 reais

João de Sante pelo

casal da Inha

Inha

804 reais

Álvaro Vaz de Canedo Canedo 40 reais

O Mosteiro de Canedo dá por si 9 quarteiros de centeio pela medida

nova de 16 alqueires o, quarteiro, que faz 144 alqueires e outros tantos de

milho e mais 28 galinhas e em dinheiro duzentos e dezasseis reais, sem mais

poderem crescer nem minguar as ditas causas, porquanto antiguamente foi

assim taxada a dita paga do dito Mosteiro pelas causas que trouxe da Coroa

de nossos Reinos. E ficará resguardado do dito Mosteiro qualquer direito

que tiver nas coisas por que assim nos paga o dito foro e tributo.

A Quinta da Mata com outros casais são do préstimo de cadinha que

andam com Fermedo com o Senhorio dos quais se fará a justificação destes

e de outros que aqui tem. Além do que fica escrito no texto e em notas

sobre os tributos do foral manuelino, vou referir outros:

Portagem: pagava-se somente para as coisas vendidas ou compradas

aos de fora para vender.

127


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Pão, cal, sal, vinho, vinagre fruta verde 9 hortaliça, pescalo e marisco:

tudo pagava por carga. E havia carga maior (de cavalo ou muar), carga.

menor (de asno), costal (que um homem levava as costas) e outra nas mãos

ou debaixo do braço.

O carro ou carreta equivalia a duas cargas maiores.

Não pagavam portagem: pão cozido, queijadas, biscoitos, farelos,

ovos, leite, prata lavrada, nem as coisas compradas na la para o termo nem

do Termo ou vizinhança para a vila.

Mudada: Não pagava portagem, excepto quando levavam coisas para

vender. Frutas dos bens próprios, tenças, estavam nas condições da casa

mudada.

Gados e bestas, panos finos, coirama e seladura, ora isentos, ora

isentos, ora contribuídos, pagavam geralmente por carga maior.

Azeite, mel e semelhantes, pelitaria (toda qualidade de peles para

calçado, vestidos, forros, guarnições ou regalo), metais, ferro e obras deste,

telha, tijolo e obras de barro, palma, esparto — tudo tinha o seu tributo ou

estava dele dispensada conforme as circunstâncias

especiais, e as entradas e saídas por terra tinham a sua regulamentação.” 85

Não foram esquecidos os privilegiados que eram os eclesiásticos dos

mosteiros, clérigos de ordens sacras, beneficiados de ordens menores, e as

mulheres com votos, porque não pagariam portagem nos seus bens ou nos

que comprassem para suas casas e familiares.

Finalmente aparece a pena contra aqueles que levem mais direitos.

Seriam degredados para fora da vila e termo e pagariam cadeia.

De certo modo, desde do Foral Manuelino até à atualidade restam

poucos documentos porque, entretanto, todos os arquivos da Paróquia

foram parar ao Arquivo de Coimbra quando o mosteiro ruiu por volta do

século XVI.

85 Páginas 171 e 172. São Pedro de Canedo No Concelho da Feira. António Ferreira de Pinto. (1928)

128


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Arquivo Histórico sobre o Mosteiro

O Mosteiro de Canedo extinguiu-se muito cedo e são poucas as

informações que chegaram aos dias de hoje. É muito provável que o Abade

Martim Domingues (falado anteriormente), tivesse destruído a maior parte

dos arquivos do Mosteiro e talvez os levasse consigo para o Mosteiro de

Paço de Sousa.

No entanto, podemos encontrar vários documentos, datados do

século XIII, no Índice – Roteiro, n.º s 586, 779, 782 e 785 ou livro 84 e 86 das

Sentenças. Mesmo no Arquivo do Cabido do Porto ou Arquivo Distrital do

Porto, estão depositados alguns livros do século XIV de extrema

importância e quase todos eles contêm documentos relativos ao Mosteiro

de Canedo, Livro 806 ou 84 das Sentenças e Livros 25º dos Originais.

As demais informações sobre as Doações do Mosteiro, Concessão do

Convento Mosteiro de Canedo, a Doação da Igreja de Canedo, a

Confirmação de um capelão para o Mosteiro, entre outros, podemos

encontrar no Censual do Cabido da Sé do Porto, disponível na Biblioteca

Pública Municipal do Porto como também no Arquivo Distrital do Porto, nos

livros 7º e 25º dos Originais.

As Inquirições dos Reis, de certo modo fornece-nos algumas

informações sobre as propriedades do Mosteiro e os casais existentes que

pagavam foro. No entanto, é de notar que no Tombo V do Tombo da Casa

da Feira, encontramos as sentenças relativas a diferentes casais da

freguesia de Canedo e circunvizinhas.

É de notar que informações e arquivos existentes sobre o Mosteiro de

Canedo estão espalhadas por vários locais, bibliotecas, arquivos (nacionais,

municipais e talvez particulares), etc., não se sabendo com certeza o

paradeiro do restante arquivo, “talvez foram vendidos para alguma fábrica

de papel? Queimados? Usados para buchas de espingardas?” 86 É um dilema

com resolução muito difícil.

86

Diz Cónego António Ferreira de Pinto na sua valiosa obra sobre Canedo. São Pedro de Canedo no

Concelho da Feira. (1938)

129


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Mosteiro de frades ou freiras? Eis a questão!

Esta é uma pergunta de resposta trabalhosa, de maneira que muitos

autores afirmam que o Mosteiro era masculino, outros afirmam que era

feminino. Pinho Leal, o autor do mítico “Portugal Antigo e Moderno”,

afirma que “a minha humilde opinião é que nunca aqui houve mosteiro de

monges bentos, mas sim de freiras da mesma ordem. (Viterbo é da mesma

opinião; mas não a fundamenta.) Eu suponho que no sítio do Mosteiro hoje

a quinta do Sr. Tavares, ao E. da matriz, (a uns 250 metros distante dela)

era mosteiro de freiras; e o que é hoje residência e passais do pároco, era

um hospício, onde residiam os tais três frades, que eram capelães e

confessores das freiras, como era costume, e da sua ordem.”

Na minha humilde opinião, o Mosteiro era de frades beneditinos

comparando com outros Mosteiros beneditinos nas redondezas:

Alpendurada, Lorvão (inicialmente masculino, depois feminino), Pedroso,

Paço de Sousa, Cucujães e Tibães.

De facto, nos dados existentes sobre o Mosteiro de Canedo, não há

referência a figuras femininas, como freiras, abadessas, etc., mas existem

várias referências que comprovam a existência de religiosos, frades.

A primeira referência, é a existência de vários abades no Mosteiro –

Pedro Peres em 1224, Martim Domingues em 1302 e Domingos Domingues

em 1307 – e nenhuma referência a alguma abadessa que regesse de certo

modo o Mosteiro.

A segunda referência, incide sobre a doação do El-Rei D. Dinis ao Bispo

do Porto D. Geraldo. Nesta doação pessoal, teve de haver um

consentimento realizado pelos frades beneditinos do Mosteiro para que se

confirmasse pela Sé Apostólica a mesma doação (de modo algum, não há

alusão a freiras no Mosteiro).

Existem várias outras referências que exibem a masculinidade do

Mosteiro de Canedo, sendo estas duas últimas as de maior importância.

Remato afirmando que, embora consigamos tirar algumas conclusões

através dos poucos documentos que temos ao nosso alcance, não

conseguimos ter certezas.

130


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

• O Hospício

Depois da queda do Mosteiro, terá só ficado em Canedo o Hospício de

Freiras ou de Frades, com localização junto à Igreja Paroquial de S. Pedro

de Canedo, ficando assim também com as rendas do extinto mosteiro.

Em 1834, no âmbito da "Reforma geral eclesiástica" empreendida pelo

Ministro e Secretário de Estado, Joaquim António de Aguiar, executada pela

Comissão da Reforma Geral do Clero (1833-1837), pelo Decreto de 30 de

Maio, foram extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e

casas de religiosos de todas as ordens religiosas, ficando as de religiosas,

sujeitas aos respectivos bispos, até à morte da última freira, data do

encerramento definitivo, terá levado o bispo a doar o hospício, para

residência do reitor da Igreja de Canedo e posteriormente, residência do

Pároco.

Segundo Pinho Leal, que supõe que o Mosteiro de Canedo era de freiras

beneditinas, “no hospício talvez existisse três frades que eram capelões e

confessores das freiras, como era costume naquele tempo.

No tempo dos Filipes de Portugal, o hospício e as suas terras terão

sido vendidas devido à urgência do estado à Comenda de Lobão ou

Comenda de Malta 87 , indo as ditas freiras para o Convento de Avé Maria no

Porto.” 88

Vejamos o que diz Pinho Leal:

-------------

Houve um hospício com sua pequena cerca, que ficava junto á porta

principal da igreja matriz; ficou sendo a residência do reitor.

Alguns foros, foram para as freiras beneditinas de S. Bento de Avé

Maria do Porto, e uns campos, que estão próximos e ao N, da igreja, foram

incorporados à comenda de Malta, chamada comenda de Lobão. (Lobão é

uma freguesia do mesmo concelho, a uns 3 quilómetros ao SO. de Canedo.)

87

Lobão – Terra do Deus Maior. Carlos Dias. (2018) “Em 1623, Lobão era cabeça da comenda nova e tinha

como anexas as freguesias de Canedo, e S. Vicente Louredo, um processo que se deve ter efectuado na

2ª metade do século XVI, ou na transição para o XVII. (…) No seguimento da revolução liberal 1820, deuse

extinção das comendas das ordens religiosas- militares.”

88

Portugal Antigo e Moderno. Pinho Leal (1876)

131


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Achei a maior parte destas notícias sobre o convento, em uns

apontamentos meus antigos (não sei d'onde os extraí) mas não me

conformo com eles, por várias razões, que não aponto, para não fazer este

artigo mais extenso. Entretanto, a minha humilde opinião é que nunca aqui

houve mosteiro de monges bentos, mas sim de freiras da mesma ordem.

(Viterbo é da mesma opinião; mas não a fundamenta.)

Eu suponho que no sítio do Mosteiro hoje a quinta do sr. Tavares, ao

E. da matriz, (a uns 250 metros distante dela) era mosteiro de freiras; e o

que é hoje residência e passais do pároco, era um hospício, onde residiam

os tais três frades, que eram capelães e confessores das freiras, como era

costume, e da sua ordem.

Entendo que foi esta circunstância que deu motivo a dizer- se que o

convento era de frades.

É provável que em 1304, o rei só desse ao bispo do Porto o convento

e cerca, o hospicio e terras juntas e os foros: e os campos, que são grandes

e bons, os incorporasse na comenda de Lobão, que foi dos templários, e

desde 1311, em que esta ordem foi extinta, ficou isto para a coroa, até 1319,

em cujo ano o mesmo D. Diniz deu tudo quanto era d'aqueles cavaleiros, á

Ordem de Cristo, que então instituirá.

O bispo, para lhe ficar o encargo menos pesado, mandou as freiras

para o convento da sua ordem, do Porto, e deu a este todos os foros, e mais

nada. (É certo que ainda em Canedo se pagam estes foros de S. Bento da

Ave Maria.) Mas, vendo que os rendimentos do mosteiro não chegavam

para as despesas das missas cantadas, diárias, ou não podendo cumprir isto

(que na verdade era árduo) doou este resto ao cabido. Este, não lhe fazendo

também conta, com tais condições, o passou ao deão, que por fim também

o veio a rejeitar, pelos mesmos motivos; passando então tudo a ser uma

reitoria do padroado episcopal.

O bispo deu o hospício e pertenças para residência do pároco, ficando

com as rendas do extinto mosteiro.

Um dos Philippes (Reis), não sei qual deles, tratou de se apossar deste

e o mandou vender, para as urgências do estado (ou antes para as suas.)

Eis o que me parece certo, ou, pelo menos, muito verosímil. A

comenda de Lobão (as terras, porque os dízimos já não existiam) foram

132


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

vendidas pelos anos de 1840. Foi comprada pelo doutor e lente da

Universidade, o padre Manuel António Coelho da Rocha, escritor jurídico

bem conhecido (vide S. Miguel do Mato) e é hoje dos seus herdeiros.

Este convento tinha uma grande cerca, mas quase toda inculta. Hoje

está possuída peio sr. Bernardo José da Silva Tavares, cónego do Porto, e

por seu irmão Hermenegildo.

Ainda existe o edifício do mosteiro (menos a igreja) transformado em

casa particular, do dito cónego, conservando o nome de Casa do Mosteiro.”

Existem imensos equívocos relativamente ao Mosteiro e ao Hospício,

sendo que certos autores dizem umas coisas e outros dizem outras.

O mais certo, de facto, é que o Mosteiro fosse de monges

beneditinos, e, quando este foi extinto, os frades fundassem/construíssem

o Hospício, sendo então capelães e regentes da Igreja de Canedo, que mais

tarde seria a residência do Reitor e dos seus auxiliares. 89

-------------

Mais tarde, em 1840, foram vendidas todas as suas terras como a sua

cerca ao doutor Padre Manuel António Coelho da Rocha e posteriormente

compradas pelo Sr. Bernardo José da Silva Tavares que foi Cónego no Porto

e pelo seu irmão Hermenegildo.

89

Nota do autor: opinião minha, formalizada através de pesquisas em torno de outros Mosteiros da

Ordem de São Bento, tanto masculinos como femininos, e através da comparação de informações. É certo

que não existem informações, ou as que existem são poucas, acerca da vida monástico - conventual do

Mosteiro de Canedo como a vida religiosa do Hospício e da Igreja de Canedo, o que leva os investigadores

de informações a fazerem várias suposições e não certezas de carácter absoluto.

133


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 6 - Antiga Residência do Pároco (Local onde terá existido o Hospicio)

Doc. 7 – Parte de trás da antiga residência do Pároco

134


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Doc. 8 – Atual residência do Pároco

Doc. 9 – Atual residência do Pároco inaugurada em 7 de Novembro de 2004 pelo então Bispo do Porto, Dom

Armindo Lopes Coelho

135


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• A Igreja Paroquial

A Igreja Paroquial, com o padroeiro São Pedro, é o último

monumento que identifica a terra depois do mosteiro, tendo também

estado algum tempo ao abandono.

Vem mencionada pela primeira vez no século XIV quando a igreja é

doada ao Cabido da Sé do Porto e posteriormente em 1623 no relatório da

visita a Canedo, diz: “O conde de São Lourenço é o Comendador e obrigado

a tudo o necessário não só para a capela-mór e sacristia, mas também para

a mesma igreja.”

A. Nogueira Gonçalves, na sua obra “Inventário artístico de Portugal”,

caracteriza a Igreja Paroquial de Canedo “ampla e de modesta construção.

O conjunto corresponderá aos fins do século XVII ou aos começos do

seguinte. Todavia por volta de 1800, conforme a data gravada na porta

principal, refizeram a frontaria. Poderia ter sido causa o seu desaprumo.

Talvez a transportassem mais para a frente como parece deduzir-se

da situação atual das portas travessas, avançadas para a capela-mór. O

arco-cruzeiro, de almofadas corridas, apresenta desaprumos. Há duas

portas travessas simples, quatro janelas de esbarro no corpo e duas maiores

na capela-mór. Para a frontaria é possível que tivessem aproveitado na

maior parte as cantarias antigas, é de porta retangular com frontão, janela

de coro abrindo em esbarro. Para a direita levantaram a nova torre,

podendo ser uma ventaria antiga aquele arco fechado, na zona inferior, no

qual se abriga uma escultura que referiremos.

Tinha um simples púlpito, com mísula a sustentar a bacia. É

verdadeiramente de notar, o pequeno e elegante batistério; duas pilastras

toscanas, com entablamento e frontão aberto, enquadram o nicho de plano

circular e de concha a cobrir; aí se inclui a pia batismal decorada aos gomos

e de pé em balaústre ornado. A capela-mór teve grandes beneficiações.

Dotaram-na de duas tribunas formadas por bacia sobre cachorros,

aproveitamento ou imitação de sacada civil, com balaustrada de antigas

talhas, talhas que também empregaram em duas cómodas-credências.

Recentemente, reproduziram balaustradas na teia do arco-cruzeiro.

Renovaram na maior parte, o teto de vigorosos caixotões.

136


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

O retábulo principal dá aparência de ter vindo de outro ponto. Datará

dos fins do segundo terço do séc. XVII. Forma dois corpos, no de cima o

camarim das exposições eucarísticas, em baixo larga pano direito em cuja

frente se encosta o sacrário; aos lados dois pares de colunas sobrepostas,

enquadrando as de baixo um nicho e em cima pinturas populares sobre

tábua. O sacrário, de colunitas torcidas, é das talhas do fim do séc. XVII.

Do mesmo tempo, datam as do trono do camarim, bem como as

grandes tábuas laterais ao retábulo, sendo recentes as do alto. Os retábulos

colaterais ao arco, posto que de talhas do meado do séc. XVIII, dão

aparência de as mesmas terem sido dispostas em novas composições e com

partes tradicionais. Esculturas antigas de madeira que há, são de nível que

não costumamos registar.

Porém um S. Bento, do séc. XVII, tem um certo vigor. A frontaria é

de arco fechado e inferior aos das ventanas da torre, vê-se um grande São

Pedro, de calcário e de oficina coimbrã, do fim do séc. XV, representandoo

sentado, de casula e mitra. No interior vêem-se lambris de azulejo de

fabrico moderno, do género de série.

Na zona da igreja, lugar do Mosteiro, no terreiro junto à estrada,

conservaram ao lado duma casa do presente século um portão renovado,

mas com a parte superior antiga, de cimalha dominada de pináculos

laterais, a meio cruz em pedestal entre duas aletas, tipo comum já

setecentista.” 90

Doc. 10 - São Bento do Séc. XVII

Doc. 11 - São Pedro do séc. XV

90

Págs. 73 e 74. Vol. 10. Inventário artístico de Portugal. A. Nogueira Gonçalves. - Lisboa: Academia

Nacional de Belas Artes, 1959-1981.

137


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Atualmente, a “Igreja paroquial fundada na Alta Idade Média, sendo

o atual templo seiscentista, de que subsistem a estrutura, as janelas em

capialço, o registo inferior da torre sineira, um antigo campanário, talvez

com duas ventanas, as tribunas da capela-mor, o retábulo-mor e o

batistério, remodelada no final do séc. XIII, conforme data epigrafada no

portal axial e com obras em meados do séc. XX, com a construção da sineira

e revestimento da fachada principal a pastilha.

É de planta em cruz latina, composta por nave, capela-mor e

sacristias adossadas, e por torre sineira de dois registos e cobertura em

coruchéu piramidal, com acesso por porta exterior.

Tem coberturas interiores facetadas, em caixotões, de provável

execução oitocentista, iluminada uniformemente por janelas retilíneas

rasgadas nas fachadas laterais.

Fachada principal rematada em empena, com os vãos rasgados em

eixo, composto pelo portal axial, encimado por frontão triangular e por

amplo janelão do coro.

Doc. 12 – Igreja Paroquial de Canedo

138


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

As fachadas são rematadas por cornijas, enquadradas por cunhais em

cantaria, as laterais com portas travessas retilíneas. Interior com coro-alto

amplo, assente em pilares de cantaria, com acesso pela torre sineira, tendo,

sob este, o batistério, à face, com tratamento arquitetónico e pia em

cantaria lavrada, protegido por teia em talha seiscentista, de balaústres.

Arco triunfal de volta perfeita, ladeado por retábulos colaterais de talha

rococó.

Capela-mor com supedâneo de degraus centrais, tribunas e retábulomor

seiscentistas, este de dois andares, o inferior com imaginário e o

superior com painéis pintados, renovados recentemente. Possui sacrário de

dois registos com edículas para imaginária.

A talha das tribunas e retábulo sofreu uma intervenção adulterante.

Descrição:

Planta em cruz latina, composta por nave e capela-mor, ladeada por

dois anexos, formando o braço transversal da cruz, e por torre sineira, de

volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em

telhados de duas águas, sendo, na torre sineira, em coruchéu piramidal,

rebocado e pintado de branco e com pináculo de bola no cume.

Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por socos de

cantaria, sendo a principal e a torre sineira revestidas a pastilha branca,

percorridas por faixas de pastilha em cinza; são flanqueadas por cunhais em

cantaria e rematadas em cornijas.

Fachada principal virada a oeste, rematada em empena com cruz

latina no vértice; é rasgada por portal de verga reta, rematado em frontão

triangular, encimado por janelão do coro, em capialço. No lado direito, a

torre sineira, de dois registos definidos por cornijas, o inferior com nicho de

volta perfeita contendo a imagem do orago, sobre uma antiga pedra de

fecho com as insígnias do orago, surgindo, na face este, escadas de acesso.

No topo, quatro ventanas de volta perfeita com fecho e impostas

salientes. A estrutura remata em cornijas, com pináculos do tipo balaústre

nos ângulos. Fachada lateral esquerda com porta travessa e três janelas em

capialço, duas na nave e uma no corpo da capela-mor todas com molduras

de cantaria.

139


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 13 - Antiga Frontaria datada do ano de 1800

140


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Doc. 14 – Igreja e Residência nos finais do Século XX

Doc. 15 – Estado atual da Igreja e espaço envolvente

141


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

O corpo do anexo tem dois pisos de vãos, o inferior com porta e

janela jacente e o superior com janela retilínea, ao centro. Fachada lateral

direita semelhante, apresentando, no corpo do anexo, escadas de acesso

ao segundo piso, através de porta de verga reta. Fachada posterior

rematada em empena cega, com cruz latina no vértice.

INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco,

percorridas por azulejos de padrão a imitar enxaquetado, formando

silhares, com coberturas de madeira facetada, em caixotões, os da capelamor

com apontamentos dourados; a cobertura da nave é reforçada por

tirantes de madeira e o pavimento é em parquet.

Coro-alto de betão, assente em dois pilares de cantaria, com acesso

por porta no lado da Epístola, a partir da torre sineira. Portal protegido por

guarda-vento de madeira e vidro pintado.

No lado do Evangelho, situa-se o batistério, protegido por teia de

madeira entalhada, formando acantos e balaústres. À face, estrutura em

cantaria com vestígios de policromia, formado por nicho em abóbada de

concha, flanqueado por pilastras toscanas almofadadas, encimado por

entablamento e frontão de lanços com cruz latina no vértice.

Envolve pia batismal em cantaria composta por coluna lavrada do

tipo balaústre e taça hemisférica ornada por enrolamentos e de bordo

boleado. No lado oposto, dependência com vão retilíneo, protegido por

grade metálica, tendo imaginária.

Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras toscanas

almofadadas, com pedra de fecho saliente, ornada com as insígnias do

orago. Está ladeado por capelas retabulares colaterais, dedicadas a Nossa

Senhora do Rosário (Evangelho) e ao Crucificado (Epístola).

Capela-mor com pavimento em lajeado, tendo duas tribunas

retilíneas, com guarda balaustrada de talha pintada de branco e dourado.

Sobre supedâneo de três degraus centrais, a mesa de altar de talha pintada

de branco e dourado, composta por tampo e colunas e ambão do mesmo

material, composto por coluna do tipo balaústre.

Na parede testeira, o retábulo-mor, de talha pintada de branco e

dourado, de corpo reto, de dois andares definidos por frisos de acantos e

querubins e de cornijas e com três eixos em cada um deles, definidos por

142


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

quatro colunas torsas com o terço inferior ornado por acantos; está

envolvido por amplo friso de acantos.

No registo inferior, ao centro, separado por pilastras ornadas por

botões, que sustentam arco abatido, o sacrário, facetado e de dois registos

com colunas torsas e apainelados fitomórficos, tendo, no registo inferior,

edículas encimadas por frontão triangular.

Os eixos laterais possuem nichos com imaginária. No segundo

registo, os eixos rematam em frontão triangular, tendo tribuna de volta

perfeita, flanqueada por quarteirões que sustentam o frontão triangular do

remate.

Em cada eixo lateral, um painel pintado, representando Nossa

Senhora da Assunção e a Ascensão de Cristo. Sacristia com arcaz de madeira

e lavabo em cantaria.

Enquadramento:

Urbano, isolado, implantado em plataforma horizontalizada, criando

um adro aberto, com acesso frontal por escadas em cantaria. Encontra-se

pavimentado a lajeado e calçada de granito e é pontuado por oliveiras e

ciprestes.

Junto ao acesso, surge um cruzeiro e um monumento comemorativo.

Num muro de suporte de terras no lado direito, surgem várias cantarias

lavradas embutidas.

Encontra-se rodeado por casas de habitação unifamiliares e edifício

multifamiliar. No adro, surge placa com inscrição: "AOS SETE DE

NOVEMBRO DE DOIS MIL E QUATRO FOI / INAUGURADO ESTE ADRO POR

SUA EXCELÊNCIA / REVERENDÍSSIMA O BISPO DO PORTO, DOM ARMINDO

/ LOPES COELHO, NA PRESENÇA DO POVO DE CANEDO, DO / SENHOR

ALFREDO HENRIQUES, PRESIDENTE DA CÂMARA / MUNICIPAL DE SANTA

MARIA DA FEIRA, DO SENHOR / MANUEL DE JESUS, PRESIDENTE DA JUNTA

DE FREGUESIA / DE CANEDO, SENDO PÁROCO EMANUEL BERNARDO E /

AUTOR DO PROJECTO ARQUITECTO CARLOS CASTANHEIRA.

Descrição Complementar:

No friso do PORTAL AXIAL, surge a data "1800". Nos SINOS, surgem

várias inscrições. Num deles, "1948" e "FUNDIÇÃO DE SINOS / NOVA

LUSITÂNIA / H.S. JERÓNIMO / ERMESINDE"; outro de "ANO DE 1992" e "A

143


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

FUNDIÇÃO DE SINOS / DE / BRAGA / SERAFIM DA SILVA JERÓNIMO / RUA

DO CORVO, 72-75 / BRAGA"; num terceiro, "1946 / Nº 1066" e "A

FUNDIÇÃO DE SINOS / NOVA LUSITÂNIA / H.S. JERÓNIMO / ERMESINDE".

O RETÁBULO COLATERAL DO EVANGELHO é de talha pintada de

branco e dourado, com corpo reto e três eixos definidos por quatro

pilastras, profusamente ornadas por folhagem.

Ao centro, nicho de perfil abatido, rematado por cornija e

lambrequins, extravasando o espaldar reto do remate; possui peanha com

a imagem do orago. Os eixos laterais possuem nichos em abóbadas de

concha, encimados por painéis decorados por enrolamentos e festões.

Sobre o espaldar reto, surge um segundo espaldar recortado, encimado por

anjos de vulto e querubim.

Altar paralelepipédico, decorado por cartela e folhagem, encimado

por nicho com a imagem da Virgem jacente, envolvido por moldura de

acantos e querubins.

O RETÁBULO COLATERAL DA EPÍSTOLA é de talha pintada de branco

e dourado, com corpo reto e um eixo definido por duas pilastras ornadas

por folhagem e falsos almofadados, assentes em plintos paralelepipédicos,

encimadas por uma segunda ordem de pilastras, de menor dimensão.

Tem nicho de volta perfeita contendo falsos drapeados a abrir em

boca de cena e fecho com atributos da Paixão de Cristo, com o fundo

pintado a representar Jerusalém. A estrutura remata em frontão

interrompido por cartela central com querubim e resplendor.

Altar paralelepipédico decorado por cartela e folhagem, encimado

por nicho com a imagem de Cristo morto, envolvido por moldura de acantos

e querubins.

144


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Doc. 16 - Pia Batismal (Baptistério) da Igreja de Canedo (Imagem antiga)

145


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

O LAVABO é em cantaria de granito, com espaldar reto, rematado por

frontão de lanços e com bica em forma de carranca que verte para tala

retilínea com bordo boleado.

Cronologia:

- 950 - fundação de um Mosteiro beneditino por D. Guterres Teles;

-séc. 14, início - a igreja é doada ao Cabido da Sé do Porto;

-séc. 16 - integração na Comenda da Ordem de Cristo, tendo duas

anexas, as de São Tiago de Lobão e de São Vicente de Louredo;

-séc. 17, final - construção do atual templo; feitura do retábulo-mor

e do batistério;

-séc. 18, 2.ª metade - feitura dos retábulos colaterais;

- 1758 - nas Memórias Paroquiais, surge referida a paróquia, com a

igreja situada no Lugar de Mosteiro, cujo nome deriva da existência de um

cenóbio beneditino; a igreja é dedicada a São Pedro e tem cinco altares, o

mor, com as imagens de São Pedro, Santo António, Nossa Senhora da

Conceição, Nossa Senhora do Pilar e São José;

-tem o Santíssimo Sacramento; os colaterais são do

Crucificado, altar que pertence à Ordem Terceira de São Francisco,

tendo as imagens de Santa Isabel e Menino Deus, sendo o outro de

Nossa Senhora da Boa Morte; os dois laterais são dedicados a São

Bento e a São Sebastião; tem as confrarias dos Fiéis de Deus,

Santíssimo Sacramento, Nossa Senhora do Rosário, Santo Nome de

Jesus, São Pedro e Senhora da Boa Morte;

-o pároco é reitor, apresentado pelo ordinário, sendo a

comenda de Cristo tutelada há muitos anos, pelos Condes de São

Lourenço; rende cerca de 350$000;

-1800 - data na fachada indicia a reconstrução da mesma e de uma

provável ampliação da nave, como o sugere o posicionamento das portas

travessas;

-1946 -provável construção da torre, substituindo um antigo

campanário; fundição de sinos por H.S. Jerónimo de Ermesinde, na

Fundição Nova Lusitânia;

-1992 - fundição de um sino por Serafim da Silva Jerónimo;

146


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

-2004, 07 novembro - inauguração do adro pelo bispo do Porto,

presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, pelo presidente da Junta de

Freguesia e pelo pároco, tendo sido executado conforme projeto do

arquiteto Carlos Castanheira.

Materiais:

Estrutura em alvenaria, rebocada e pintada; socos, cornijas, frisos,

pináculos, pavimentos, pias de água benta, pia batismal, cruzes,

modinaturas, lavabo, mísulas e supedâneo em cantaria de granito; portas,

coberturas, mobiliário, guardas em madeira; pavimento da nave em

parquet; retábulos, guarda das tribunas, ambão e mesa de altar em talha

pintada; teia do batistério em talha; silhares em azulejo industrial;

revestimento da fachada principal e interior do coro-alto em pastilha;

coberturas em telha cerâmica.” 91

Doc. 17 - Interior da Igreja de Canedo na altura da Festa de Nossa Senhora da Piedade

91

Figueiredo, Paula – Igreja Paroquial de Canedo/Igreja de São Pedro in Inventário do Património

Arquitetónico (http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=30944), [consultado

em 04 Janeiro 2019]

147


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Algumas Imagens da Igreja Paroquial de Canedo:

148


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

149


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

150


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Algumas imagens antigas da Igreja Paroquial de Canedo:

151


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Vê-se um dos altares antigos da Igreja de Canedo: Altar do Sagrado Coração de Maria (ao centro), à esquerda

Senhora da Conceição e à direita São José

152


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Antigo altar do Sagrado Coração de Jesus

Antigo altar de São Bento e S. Sebastião

153


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Antigo altar de Nossa Senhora de Fátima (no cima vê-se uma parte do antigo coro)

Ao fundo da imagem do lado direito vê-se o antigo púlpito

154


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

155


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Vejamos agora alguns dados relativos à Igreja de Canedo:

Tabela 11 – Rendimento das Igrejas anexas à Igreja de Canedo, séc. XVIII 92

Igreja Destinatário Rendimento

São Tiago de Lobão

São Vicente de

Louredo

Reitor da Igreja de

Canedo

Reitor da igreja de

canedo

180 mil reis

80 mil reis

Tabela 12 – Despesas anuais da Comenda de Lobão com a Igreja de Canedo (século XVIII), a si anexada. 93

Tipo de despesa Destinatário Valores

Côngrua 94

Côngrua

Reitor de

Canedo

Cura de Canedo

90 mil reis, 2 alqueires de

trigo, 2 almudes vinho

maduro, 3 carros de lenha

de carvalho, 2 mil réis para

lavagem de roupa

38 mil reis, 20 alqueires de

milho meado e 3 mil reis

para lavagem de roupa

Lâmpada do

santíssimo sacramento

Canedo

2.400 reis

Confraria santíssimo a

título de consoada

Canedo

2.400 reis

Fábrica da Igreja Canedo 15 mil reis

Cera

Igreja de

Canedo

9.600 reis anuais

Tabela 13 Visitações, censos e bragães em 1542 95

Igreja Tipo de Visitação Taxação Cera

Canedo inteira 557,5 reis

365 paga com

Parada e Várzea

taxação e

imposição

92

Dados retirados do livro Lusitana Sacra. (1768)

93

Doc. 12, página 38. Lobão – Terra do Deus Maior. Carlos Dias. (2018)

94

Designa-se de côngrua paroquial a tradição cristã paroquial e dever moral e religioso do crente

contribuir financeiramente para a honesta e digna sustentação do seu pároco (o mesmo que presbítero).

Estando ele todos os dias e todas as horas ao serviço da paróquia, ministrando os sacramentos e o ensino

religioso, os paroquianos têm de contribuir para que ele possa servir em disponibilidade total.

95

Vd. Nota/Referência 5. O Censual da Mitra do Porto, A diocese do Porto no século XVI. Folha 44.v

156


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Vejamos alguns documentos relativos à Igreja de Canedo:

“Posse da igreja de S. Pedro de Canedo pertencente à comenda de

Santiago de Lobão

Aos 23 de Março de 1825, nesta igreja de S. Pedro de Canedo

pertencente à comenda de Santiago de Lobão, termo da Vila da feira,

comarca da provedoria de Aveiro, aonde veio comigo escrivão o doutor

provedor e contador da real fazenda da mesma comarca, Bernardo

Brandão, aqui em consequência da decisão do tribunal da mesa da

consciência e ordens datada de nove do corrente e outros auteiros, tomou

o dito ministro posse para a real coroa dc todos os direitos dominicais

pertencentes à dita comenda nesta freguesia, tomando igualmente posse

da capela mor, sua sacristia fazendo todos os autos possessórios; do cuja

posse tomou atual, corporal, real, civil, e natural e logo voltou o dito

ministro para as casas da residência do reitor desta freguesia António

Alvares Farinha e aí tomou posse da mesma casa que são sobradadas, com

telhas, quartos cozinhas, lojas, e todos os seus logradouros e igualmente

tomou posse do passal do mesmo reverendo reitor e do outro passal que

pertence à comenda, fazendo os mesmos autos possessórios, o que

praticou em presença do referido reitor, e testemunhas.” 96

“Declaração de paramentos e trastes pertencentes à igreja de

Canedo

Depois da lengalenga do costume todos os paramentos e trastes desta

igreja de S. Pedro de Canedo que são os seguintes: Uma capa de asperges

de Damasco nova, uma estola também de Damasco, da mesma cor tudo em

bom uso, uma vestimenta de seda nova com sua estola e manípulo

correspondente em bom uso; uma vestimenta de damasco de seda com

manipulo e estola correspondente também em bom uso outra vestimenta

de damasco de seda vermelha já vagada pelo muito uso; uma alva com seu,

tudo em mau estado ; um cálix de prata com a copa dourada com sua

patena e colherinha; quatro véus de cobrir os cálices de quatro cores,

branca, vermelha, roxa e verde, constantemente usados; duas colças de

corporais de damasco tendo na face quatro cores em bom uso; umas

ampolas dos santos de estanho e outras da extrema unção que carecem de

96

Página 67. Anexo 4 – Posse da Igreja de S. Pedro de Canedo pertencente à comenda de Santiago de

Lobão. Lobão – Terra do Deus Maior. Carlos Dias (2018)

157


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

reforma; um par de galhetas com seu prato tudo de estanho e muito velhas;

dois castiçais de latão, muito velhos, ; uma cadeira paroquial de coiro,

antiga; um vaso de dar o lavatório a quem tudo de estanho velho; um missal

já usado ; doze corporais de linho com suas palas; 2 toalhas do altar mor e

duas ditas da comunhão já usadas; 2 rituais velhos e sua cabecinha para a

agua benta já rota; uma imagem do santo cristo na sacristia e um caixote

de pau de castanho com 12 gavetas já velho de cujos trastes e paramentos

ficou entregue para uso da igreja, o Reverendo Reitor António Alvares

Farinha.” 97

Através destes documentos, conseguimos ter uma perceção do

Inventário de Paramentos e trastes existentes na Igreja de Canedo à data

de 23 de Março de 1825.

Tabela 14 – Inventário de Paramentos e trastes existentes na Igreja de Canedo à data de 23 de Março de

1825

Inventário Religioso da Igreja de Canedo - 1825

Uma

Capa de alperges de

Damasco

Nova

Uma Estola de Damasco da mesma cor Bom estado

Uma

Vestimenta de seda com estola e

manípulo correspondente em bom Nova

estado

Uma

Vestimenta de damasco de seda

com estola e manípulo Bom estado

correspondente

Uma

Vestimenta de damasco de seda

vermelha com estola e manípulo Com muito uso

correspondente

Uma Alva Mau estado

Um

Cálice de prata com a copa

dourada com sua patena e

colherinha

Quatro

Véus de cobrir os cálices de quatro

cores: branco, vermelho, roxo e Com muito uso

verde

Algumas Ampolas dos santos de estanho

Algumas Ampolas da extrema unção Mau estado

97

Página 67. Anexo 4 – Posse da Igreja de S. Pedro de Canedo pertencente à comenda de Santiago de

Lobão. Lobão – Terra do Deus Maior. Carlos Dias. 2018

158


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Duas

Colças corporais de Damasco, com

quatro cores na face

Bom estado

Um par

Galhetas com seu prato (tudo em

estanho)

Muito Velhas

Dois Castiçais de Latão Muito Velhos

Uma Cadeira Paroquial de Couro Antiga

Um

Vaso de dar o lavatório a quem

comunga de estanho

Velho

Um Missal Usado

Doze Corporais de Linho com suas palas

Duas Toalhas do altar mor Usadas

Duas Toalhas da Comunhão Usadas

Dois

Rituais velhos e sua cabecinha para

a água benta rota

Velhos

Uma

Imagem do Santo Cristo na

Sacristia

Um

Caixote de Pau de Castanho com

doze gavetas

Velho

Teve a freguesia de Canedo importantes Confrarias, como se deduz

dum Estatuto de 1676, que se diz:

“Estatutos das Confrarias do Santíssimo Sacramento e do Santíssimo

nome de Jesus – De Maria Santíssima, do Rosário, do Príncipe dos Apóstolos

S. Pedro - Das almas do Purgatório – Instituídas na igreja de São Pedro de

Canedo, comarca da Feira, Bispado do Porto.” 98

Em 1854, houve uma tentativa de reforma de Estatutos, mas todos os

esforços foram inúteis. A Confraria da Senhora da Boa Morte foi

florentíssima.

98

São Pedro de Canêdo no Concelho da Feira. António Ferreira de Pinto (1928)

159


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 18 – Estatutos da Confraria da Senhora da Boa Morte do ano de 1741

Disponibilizado pelo Padre António Teixeira Machado

160


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

• O Cemitério Paroquial

O Cemitério Paroquial foi construído em

1902, sendo Pároco o Reverendo Agostinho

José Pais Moreira, cuja sua atividade foi

grande para com esta obra.

Uma inscrição colocada pela Junta de

1913 à entrada do Cemitério diz o seguinte:

“TRIBUTO DE GRATIDÃO DA JUNTA DE

PAROCHIA DE CANEDO, PRESTADO AOS

BEMFEITORES ABBADE AGOSTINHO JOSÉ

PAES MOREIRA E AUGUSTO BARBOZA PINTO,

PELO MUITO QUE CONCORRERAM PARA A

CONSTRUÇÃO D’ESTE CEMITÉRIO. 17-8-1913”

Doc. 19 - Tributo de Gratidão -

Cemitério de Canedo

Doc. 20 - 1ª Capela Mortuária de Canedo – Cemitério de Canedo

161


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 21 - Fachada principal do Cemitério de Canedo

162


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Doc. 22 – Atual Capela Mortuária de Canedo

163


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Para além de Património Histórico, existiram grandes nomes e ainda

existem grandes casas em Canedo das quais se destacam:

• Casa de Fagilde

A Casa de Fagilde pertenceu ao Brigadeiro Bernardo José da Silva

Tavares. Teve os seguintes filhos: Cónego Bernardo José da Silva Tavares,

capitão-mór Hermenegildo José da Silva Tavares, Doutor em Leis Francisco

de Assis da Silva Tavares e Coronel Vitorino José da Silva Tavares.

Doc. 23 – Casa de Fagilde

Doc. 24 – Casa de Fagilde, Pormenor do Jardim

164


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

Doc. 25 - Cama onde terá pernoitado o Rei D. Miguel na Guerra Civil Portuguesa, Casa de Fagilde

165


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 26 – Pormenor – Casa de Fagilde

Doc. 27 – Fotografia antiga da Casa de Fagilde

166


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

• Casa do Mosteiro

A Casa do Mosteiro que pertenceu ao capitão-mór Hermenegildo José

da Silva Tavares e posteriormente ao seu irmão Cónego Bernardo José da

Silva Tavares. Supõe-se que era neste local onde estava situado o Mosteiro

de Canedo.

Depois, a Casa e a Quinta foram compradas por Alexis Latourette. Nas

partes antigas da Casa, há uma inscrição do ano de 1620. Já na parte frontal

da Casa existem outras duas inscrições onde dizem:

“Alexis

1911

Alexis

1927”

Nesta Casa já existiu uma padaria que pertencia a Joaquim Alves da

Silva. Hoje, a Casa pertence à sua filha Odete Latourrette Alves (esposa do

saudoso Francisco Moreira Marques).

Doc. 28 - Casa do Mosteiro

167


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 29 – Inscrição mais antiga da Casa do Mosteiro – Ano de 1620

Doc. 30 – Casa do Mosteiro

168


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

• Casa de Valcova

A Casa de Valcova pertenceu ao Dr. Joaquim Alberto de Sousa Couto.

• Casa de Lousado

Doc. 31 – Casa de Valcova

A Casa de Lousado, pertenceu a Augusto Barbosa Pinto.

Doc. 32 – Casa de Lousado

169


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Casa da Botica

A Casa da Botica pertenceu ao farmacêutico Manuel José Pais

Moreira e D. Emília da Silva Tavares.

Deste matrimónio houve os seguintes filhos: Padre Agostinho José

Pais Moreira, Vitorino Pais Moreira, Dra. Maria Pais Moreira, Rosa Emília

Pais Moreira e Carolina Augusta Pais Moreira. Há quem diga que esta Casa,

muito importante e muito antiga, recebia água canalizada vinda da Quinta

do Jardim.

Posteriormente, a Casa da Botica serviu de Farmácia e Consultório

Médico do Dr. Alexandre Pais Moreira. Hoje, a casa pertence aos seus

herdeiros.

Doc. 33 – Casa da Botica

170


[Capítulo II](Canedo: Retalhos de uma história)

171


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

172


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

[Capítulo III]

(Aldeias/Lugares)

173


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

174


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

• Aldeias/ Lugares da Freguesia de Canedo:

As aldeias e lugares têm uma grande importância para a história das

freguesias, nomeadamente da História da Vila da Canedo. Cada lugar tem

paisagens únicas e encantadoras como também as suas histórias e

memórias.

A valorização de recursos culturais tão diversificados como a

paisagem, os lugares, o património construído e o referencial das culturas,

tradições e atividades, bem como os diferentes nomes e famílias existentes,

constituem um importante plano de fundo para a nossa história local.

Canedo atualmente tem cerca de 40 aldeias/lugares.

Doc. 34 - Uma memória do Lugar de Carvoeiro – Porto de Carvoeiro

175


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Alveada ou Albiada:

O lugar de Alveada, pertencente à freguesia de Canedo, é um pequeno

enclave do lugar de Várzea essencialmente agrícola e florestal. Teve

algumas pessoas importante como os “Santos de Alveada”.

Neste lugar, corre o Rio Uíma e já existiu uma fábrica de papel e um

alambique. Tem como lugares e freguesias vizinhas: Sandim, Várzea e

Gougêva.

Doc. 35 - Lugar de Alveada

176


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

• Agrela:

O lugar da Agrela está localizado no extremo de Canedo. É um pequeno

enclave do lugar de Várzea. O seu nome tem origens árabes, sendo

diminutivo medieval de «agra» (com o sufixo -ella). É um lugar essencial

agrícola e florestal sobranceiro ao Rio Uíma. Tinha uma pequena fonte, que

com o tempo acabou por desaparecer.

Faz fronteira com os lugares e freguesias: Póvoas, Várzea, São Roque,

Freguesia de Sandim e Freguesia de Lever.

Doc. 36 - Um Canastro no lugar de Agrela

177


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Barreiro:

O lugar antigo do Barreiro, pertence à freguesia de Canedo. O nome

do lugar deriva de “barro”, porque de lá se retirava barro. Lugar

essencialmente agrícola, com uma pequena linha de água chamada

“Ribeiro do Fajouco”, que nasce na freguesia de Gião do mesmo concelho

da Feira. Tinha alguns importantes comerciantes.

Faz fronteira com os lugares: Canedo, Paçô, Mocelo e Mota.

Doc. 37 - Natureza rural e agrícola do lugar do Barreiro

178


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 38 – Fonte do Barreiro (ano de 1967)

179


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 39 – Grupo de Dança/Rancho do Lugar do Barreira nos leilões para o Salão Paroquial por volta do ano de 1969

Doc. 40 – Grupo de Dança/Rancho do lugar do Barreiro (ano de 1969)

180


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

• Bouças:

O lugar antigo das Bouças, pertence à freguesia de Canedo. O seu nome

é um topónimo de étimos pré-Romanos.

É um lugar essencialmente agrícola. Tinha uma Casa dos Julgados no

tempo da Guerra Civil Portuguesa. No século XV tinha seis famílias. Tem

uma pequena fonte, chamada “Fonte das Bouças”.

Fica entre os lugares: Espinheiro, Vilares, Campêlo, Sobreda, Valcova e

Souzanil.

Doc. 41 - Ruralidade do lugar das Bouças

181


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 42 - Canastro no lugar do Barreiro

Doc. 43 - Uma nora, lugar do Barreiro

182


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

• Canedo:

O lugar antigo de Canedo, como o nome indica, pertence à freguesia

de Canedo. Foi o lugar que deu nome à freguesia. É um lugar

essencialmente agrícola. Tem algumas linhas de água e uma fonte muito

antiga, chamada “Fonte de Canedo”. Em tempos remotos, cultiva-se neste

lugar linho.

Tem como lugares vizinhos: Canedinho (Gião), Barreiro, Fagilde,

Mosteiro e Mocelo.

Doc. 44 - Portal de uma casa no lugar de Canedo do ano de 1799

Doc. 45 – Lugar de Canedo

183


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 46 – Fonte do lugar de Canedo (das mais antigas da freguesia)

184


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 47 – Grupo de Dança/Rancho do Lugar de Canedo nos leilões para o Salão Paroquial (ano de 1969)

Doc. 48 – Pormenor dos trajes utilizados pelo Rancho do lugar de Canedo (ano de 1969)

185


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Campêlo:

O lugar de Campêlo, é um lugar muito antigo da freguesia de Canedo.

Campêlo é um diminutivo medieval de «campo» (sufixo -ello). Por Campêlo

passam: o ribeiro do Mouchão e um pequeno afluente que vem pelo lugar

de Espinheiro, que alimentam a sua atividade essencialmente agrícola. Tem

uma vasta flora.

Faz fronteira com os lugares: Mouchão, Valcurral, Sobreda, Bouças,

Espinheiro.

Doc. 49 - Casas antigas no lugar de Campêlo

Doc. 50 - A ruralidade do lugar de Campêlo

186


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

• Carvalhosa ou Mosteiro do Rio:

Este lugar está situado na freguesia de Canedo, a 8 quilómetros da

Igreja Paroquial. É um monte, em forma de península, cercado pelo rio Inha,

na encosta ocidental do monte da Óssa. Chama-se a este sítio vulgarmente,

Mosteiro do Ribeiro. Fica a 2 quilómetros a Sul do rio Douro.

Este monte, que é hoje um bosque, está por todos os lados cercado

de outros montes mais altos, e é em sítio ermo, com a povoação mais

próxima a pequena aldeia de Rebordelo, também da freguesia de Canedo.

Esta aldeia e a de Mosteiro do Ribeiro pertenciam à freguesia de S. Cipriano,

de Parada do Monte, extinta há mais de 500 anos.

Segundo a tradição, havia em Mosteiro do Ribeiro um mosteirinho

(donde lhe provém o nome) de freiras beneditinas e uma pequena aldeia.

Em 29 de setembro de 1348, principiou em Portugal o terrível

contágio, chamando a morteydade ou peste grande, que, apesar de durar

só três meses, marcou a época na história portuguesa pelo horroroso

número de vítimas que causou.

Nem uma só pessoa do mosteiro ou da aldeia escapou ao pavoroso

contágio. Foi tal o terror dos povos circunvizinhos, que sete anos ninguém

se atreveu a ir a Mosteiro do Ribeiro. Passados alguns anos, principiaram a

ir ali algumas pessoas em busca dos objetos pertencentes aos falecidos, e

consta que debaixo dos entulhos apareceram algumas pipas cheias de vinho

em muito bom estado.

Do mosteiro e da povoação apenas restam alguns alicerces de casas,

e de paredes de campos e socalcos, indicando que tudo era pequeno e

pobre. Nunca mais foi habitado este monte, que se dividiu em diferentes

possuidores.

O lugar de Parada do Monte, onde estava a matriz da freguesia,

também sofreu muito com aquela peste, ficando quase deserto; pelo que

foi extinta esta paróquia, passando o povo a pertencer à freguesia de S.

Vicente de Louredo, do extinto concelho de Fermedo, (hoje freguesia do

concelho de Arouca) e a aldeia de Rebordelo, e a que fora aldeia do

Mosteiro do Ribeiro, à freguesia de Canedo.

187


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 51 - Vestígio de uma aldeia no lugar da Carvalhosa

Doc. 52 - Ponte da Carvalhosa sobre o Rio Inha

188


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

• Carvoeiro:

Lugar antiquíssimo da freguesia de Canedo cuja fundação remonta

ao período dos suevos que dominaram a Galiza e a Lusitânia desde 411 a

585, na era do Bispo do Porto chamado Veriator. Nessa altura era o rei dos

suevos Requiário, que foi morto passando a reinar Teodomico. O nome de

Carvoeiro deriva do carvão vegetal.

Existe duas versões sobre o aparecimento do Lugar de Carvoeiro, uns

dizem que foi fundado por dois degradados aquando das lutas bárbaras

(suevos e visigodos) na qual os suevos foram vencidos e deixaram ficar dois

desses nesta terra, outros dizem que foram dois desertores suevos que ao

travarem uma luta entre suevos e visigodos em Cale (hoje cidade do Porto),

e assim fugiram e refugiaram-se na encosta deste lugar.

Carvoeiro, ficou a ser conhecido por ser dos maiores produtores de

carvão vegetal para a cidade do Porto. O Rio Douro foi a fronteira norte –

sul, que servia de estrada oeste-este, foi fonte de chegada e influência de

este-sul. Carvoeiro, da Freguesia da Várzea de Carvoeiro, assim designada,

donde constantemente saiam barcas para a cidade do Porto que dista 20

Km desta, conduzindo vários géneros, madeiras, lenha, monte (chamiça e

carqueja), e carvão vegetal para as padarias do porto. A montante, levam

sal, telhas de Ovar a Entre-os-Rios e Régua, e na vinda traziam azeites,

vinhos, frutas e madeira, etc.

Mais tarde, foi o entreposto de carvão do Pejão (antracite) que

depois de transbordado das barcas era carregado para os camiões e levado

para as fábricas de cimento. O porto de Carvoeiro chegou a ser o maior

entreposto comercial do Douro na época de 1800 a 1960.

Daí em diante com a construção das estradas nacionais EN222 e

EN223, o seu movimento começou a desvanecer, sendo hoje um lugar

isolado e o seu interesse é sobretudo turístico, dada a sua magnífica

paisagem.

A capela de S. Lourenço cuja construção remota de 1628, foi

construída por Abranches, nela sepultado (1604-1690) tornando-se assim

um exemplo vivo do seu ilustre lugar.

189


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Em Carvoeiro, existiram grandes personagens como navegadores,

guerreiros e aventureiros. Por lá passou a rainha D. Mafalda quando visitou

o convento de Rio Rinto onde era levada de barco com a sua mula, pois esta

fazia o trajeto de Arouca na Estrada Viseu-Porto, mas como o caminho era

longo e sinuoso ela hospedava-se no Mosteiro beneditino de Canedo para

pernoitar.

Posteriormente, entre 1820 e 1840, existiram homens liberais de

grande importância, os familiares dos Joões de Carvoeiro entre outros.

Combateram os miguelistas do Brigadeiro Vitorino da Silva Tavares, quando

estes atacavam os de Carvoeiro passavam o rio para o lado das Medas. 99

Não sabemos se estas tropas eram a favor ou contra o governo, mas

parece que esperavam as tropas do Duque de Saldanha para impedi-las a

passagem do rio, mas se passaram já não encontraram as guerrilhas que

teriam fugido para norte.

Como se sabe, era por aqui a passagem velha de Lisboa. Também na

Estrada Nacional 27, Ovar - Carvoeiro 100 , se encontravam os caçadores do

exército no Lugar da Corga de Canedo para intercetar a artilharia realista.

Este combate foi em trinta de Outubro, às 10 h da manhã, eram cerca de

200 praças melícias de Oliveira de Azeméis e algumas ordenanças que

defendiam a passagem do Carvoeiro lideradas pelo Brigadeiro Vitorino da

Silva Tavares. 101

Derivado à festa de S. Lourenço, em tempos idos o Povo de Carvoeiro

era um povo unido, pois podiam andar zangados nas Festas e Romarias de

São Cosme e Sra. Rosário, mas juntavam-se e recachavam os seus

adversários.

Houve em tempos um desentendimento entre a Mota e Carvoeiro

devido ao São Lourenço, os da Mota dizem que o Santo era deles, pois ele

veio de lá, mas o que é certo é que o Santo era particular e pertencia à

família do capitão Miliciano que, mais tarde, foi doado à sua filha Ana que

foi viver para Carvoeiro e que o levou para a dita Capela.

A sua festa é no segundo Domingo do mês de Agosto.

99

Livro Alvarás Solturas, Luz Soriano.

100

Revista de Obras Públicas e Minas.

101

Os Caçadores do exército de D. Miguel, 1828-1834).

190


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Por lá passou o Presidente da República Mário Soares a 24 de Julho

de 1988.

Existiram nomes importantes como Maria Eanes (1234), Abranches

(1604), Alexandre Fernandes Pertenço (1804), João Gonçalves, João de

Sousa, Luís Sousa Ferreira e Joaquim Sousa Ferreira (irmãos), Ana Conceição

Ferreira juíza da confraria de Santo António em 1948, Maria Patrício neta

do José Patrício foi também juíza da mesma confraria em 1947, Professor

Sousa Alves, Doutor Celso, Doutor Belmiro Patrício, Ana Gomes, Vítor

Patrício, etc.

“Estes homens e mulheres de Carvoeiro carregavam os barcos de

carvão, madeira e areia (na qual alguns perderam a vida com o

afundamento dos barcos), homens que na taberna apostavam a levantar e

a beber do pipo de vinho de quatro almudes, homens que puxavam ao

chedeiro dos carros de bois com valentia, pois nada lhes metia medo. Este

povo que se orgulhava de pertencer a Canedo, é o exemplo vivo desta terra.

Muito haveria contar deste povo e das suas tradições que a terra

comeu e com eles foi a sua valentia e sabedoria, são coisas da vida e do

mundo em evolução.”

Doc. 53 - Mário Soares em Carvoeiro no dia 24 de Julho de 1988

191


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 54 - Carvoeiro no início do século XX

Doc. 55 – Inauguração da Serração de Madeiras em 1932

192


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 56 - Inauguração da Serração de Madeiras- Carvoeiro

Doc. 57 - Serração de Madeiras - Carvoeiro

193


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 58 – Planta Topográfica de Carvoeiro

Doc. 59 - Planta Topográfica de Carvoeiro - Ano de 1897

194


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 60 – Atual estado do Cais de Carvoeiro

Doc. 61 – Porto de Carvoeiro em meados do século XX (vê-se os vários camiões a descarregar o carvão para os

barcos)

195


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 62 – Uma junta de bois na Estrada Nacional 223 em meados do sec. XX em Carvoeiro

Doc. 63 – Atual local onde foi tirada a fotografia anterior à beira da Casa do Professor Sousa Alves

196


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 64 - Lugar de Carvoeiro

Doc. 65 - Lugar de Carvoeiro

197


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Custouras:

O lugar das Custouras, é um lugar recente da freguesia de Canedo.

Foi criado a partir dos lugares de Mosteirô, Monte, Sobreda e Carvoeiro no

Século XX. É um lugar essencialmente florestal.

Parte com os lugares de Mosteirô, Carvoeiro, Sobrêda e Monte, e

com a freguesia de Lever.

Doc. 66 - Urbanismo do lugar das Custouras

198


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

• Ervideiro:

O lugar do Ervideiro, é um pequeno enclave do lugar da Mota, ambos

pertencentes à freguesia de Canedo.

O nome, Ervideiro, deriva de algum arcaico «ervedeiro» (em latim

arbutariu-, ou derivado simplesmente de «ervêdo», em latim arbutu-). É um

lugar essencialmente agrícola.

Doc. 67 - Ruralidade do Lugar de Ervideiro

199


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Espinheiro:

O lugar de Espinheiro, é um lugar antigo pertencente à freguesia de

Canedo. Tem uma fonte muito antiga. Há quem diga que a Capela de Nª

Sra. Da Piedade está situada no lugar de Espinheiro e reza a lenda que

debaixo da Capela existe uma bolsa/espelho de água.

Tem como lugares vizinhos: Vilares, Póvoas, Mirante, Bouças e Valcurral.

Doc. 68 - A beleza de um canastro no lugar de Espinheiro

Doc. 69 - Fachada de uma casa, Lugar de Espinheiro

200


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

• Fagilde:

O lugar de Fagilde, como muitos outros lugares, é um lugar muito antigo

pertencente à freguesia de Canedo. É delimitado pelos lugares: Toqueira,

Sanguinhedo, Mosteiro, Canedinho (Gião), Boavista (Gião) e Boavista (Vila

Maior). Tem uma pequena fonte no fundo do lugar.

A sua importância advém da Casa de Fagilde, que outrora pertenceu

ao Brigadeiro Bernardo José da Silva Tavares e aos seus filhos, em especial

ao Vitorino José da Silva Tavares que esteve na Guerra Civil Portuguesa.

Para além desta casa de ilustres nomes, existiu também outra

personalidade que lá residiu, o professor “Ferreirinha”, filho do Padre

Agostinho Moreira da Costa.

Doc. 70 – Casa de Fagilde e parte da sua quinta

201


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Framil e Relvas:

O lugar de Framil é um lugar muito antigo e o lugar das Relvas um

pequeno enclave seu. Ambos pertencem à freguesia de Canedo. Framil tem

uma capela, “Capela da Santa Luzia”, e uma pequena fonte. Já no lugar das

Relvas existe uma fonte muito antiga, “Fonte Lava-Pés”. Pelo lugar de

Framil passa uma pequena linha de água chamada: “Ribeiro do Mouchão”.

Framil tem como lugares vizinhos: Fagilde, Sanguinhedo, Mosteiro,

Póvoas, Valcurral, Mouchão, Cruz (Vila Maior) e Cedofeita (Vila Maior).

Doc. 71 - Lugar de Framil

202


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 72 -Pequeno arco de transporte de águas, Lugar de Framil

203


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 73 – Calçada do souto, Lugar de Framil

204


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 74 – Grupo de Dança/Rancho do Lugar de Framil e Relvas nos leilões para o Salão Paroquial (ano de 1969)

205


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Gougêva:

O lugar de Gougêva, é um lugar antigo da freguesia de Canedo. Este

lugar é dividido entres as freguesias de Canedo e Sandim. Tem um uma

pequena linha de água, “Ribeiro do Mouchão”, e um pequeno fontanário

que pertence à freguesia de Sandim.

Parte com os lugares: Alveada, Várzea, Sobrêda, Mouchão e Gougêva

(Sandim).

Doc. 75 – o pouco Urbanismo do Lugar de Gougêva

206


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

• Ilha:

O pequeno lugar da Ilha, um enclave do lugar da Mota, pertence à

freguesia de Canedo. É um lugar essencialmente agrícola e florestal. Pelo

lugar, passa o pequeno “Ribeiro da Mota”.

Para além de fazer fronteira com o lugar da Mota, também faz fronteira

com o lugar da Laje (Gião).

Doc. 76 - Ruralidade do Lugar da Ilha

207


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Inha:

O lugar da Inha, pertence à freguesia de Canedo. O seu nome é um

topónimo de étimos pré-Romanos, ligados ou não à civilização pré-Romana.

Inha significa coisa pequena (diminutivo de coisa-inha). Chamado o lugar do

fim do mundo, talvez não seja essa a sua definição, pois os antepassados

usavam a palavra “Inha” ao dar umas sapatas na parte traseira nos filhos

quando estes faziam asneiras (ao bater diziam "Inha, Inha, Inha").

Inha, significava bater nas pessoas, nas rochas ou rachar lenha. Seja qual

for a sua definição este é o lugar mais extenso de Santa Maria da Feira, pois

começa no rio Douro (foz do Inha) e dirige-se até ao ponto mais alto

(chamado Camouco).

Este lugar está situado entre os lugares de Labercos, Monte de Medo,

Rebordelo, Pessegueiro, Serralva, Lousado, Souzanil, Valcova, Mosteirô e

Rio Douro. Inha está sociado ao seu rio tanto em questões económicas,

Doc. 77 - Os montes da Inha e o seu Rio pequenino

208


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

culturais ou divisão, pois este lugar divide o distrito, concelho e freguesia

numa extensão de um quilómetro.

Está inserida num vale entre serras como, o Camouco (também um

topónimo de étimos pré-Romanos), Serra de Alva, e Picoto de Seixos. Como

pano de fundo, existe o rio que se parece com uma serpente na floresta.

Esta terra surge como se fosse um condão de fadas ou sonho de Virgem

de um Varandim real a 3 quilómetros do Mosteiro, na encosta de uma

colina sobranceira à Estrada Nacional 222 que liga o Porto a Barca de Alva.

Neste sítio, talvez haja mais para desvendar, derivado ao facto de ser um

vale verdejante onde os pré-Históricos (Australopitecos ou Homo Sapiens)

habitaram, pois, esta terra tinha condições de vida, devido à existência de

cavernas, serras, caça, pesca (Rio Inha e Douro) e várias nascentes de água

como variedades de árvores tais como: sobreiros, carvalhos, castanheiros,

melancieiras, abrunheiros, amieiros, lódos, salgueiros, nogueiras, etc.

Também no Pico Seixos existem pedras que se admite serem utilizadas

na construção de castros, o mesmo acontecendo aos caminhos.

Posteriormente algumas dessas pedras, atendendo ao seu aspeto duro e

sólido, foram utilizadas na construção de casas, no lugar de Mosteirô,

Valcova, entre outros.

Este lugar dividia-se em duas aldeias, Inha de Cima e Inha de Baixo

(Moinho do Meio), depois de 1970 alargou-se a quatro: Inha de Cima -

situada na Rua da Inha; Inha de Baixo - situada na Rua Principal e Ribeirinha;

Inha Praia do Monte- situada na Rua Principal; Inha- Central elétrica

(Agachado) - na rua Principal; sítios sobranceiros ao rio.

Escalonando “concharelos” de centeio trigo e milho, e fragas cobertas

de musgo, era o principal lugar que formava uma “chonca” de pinhas bravas

fechadas, existiam muitas hortas (pequenas quintas verdejantes e, no

fundo, campos onde se cultivavam o milho e vinho para o sustento deste

povo rude que trabalhava do amanhecer ao anoitecer, a rasgar a terra com

o arado ou charrua, a regar o milho dos engenhos, açudes (levadas) ou

presas.

No lugar da Inha, cada lar é um ninho de libélulas viradas ao sol ou

conchas de caracol, o rio segue em baixo à curvatura dos outeiros na

209


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

embriagues do murmúrio das levadas, no fervilhar dos peixes, ou no ruído

suave (celestial) dos moinhos que adormecem aqueles que têm insónias.

O deslizar das suas límpidas e cristalinas águas que davam de beber a

todos aqueles que tinham sede. As suas sombras frondosas dos choupos e

salgueiros cingidos de videiras fartas, entre o perfume de pampilhos e das

amoras das silvas.

Não tinha caminhos de carros para lá chegar, partindo da estrada, uma

“gimbra” a pico e um carreiro serpenteado muito íngreme e escarpado.

Vivia sozinha no meio de muitos ninhos de mimosas, prados mantos de sol

e ouro de costureiras do céu que o cortaram e que o teceram com cores

divinas.

A estrada veio devassar os seus mistérios, bem como a central elétrica

em 1950 com os seus cabos de alta tensão. O progresso veio zombar a

rudeza, o urbanismo arremedar a solidão, a cultura e macular a inocência.

Não importa que o mundo seja muito grande, mais belo e mais rico. Que

interessa às trutas, vogas e eirós do Inha que o mar seja maior que o seu rio

pequeno, onde vivem felizes; à rã, que os lagos sejam mais extensos do que

o seu charco; às formigas que hajam caminhos mais amplos que os

carreiros; às abelhas, palácios mais sumptuosos que as suas colmeias, e ao

coelho, grutas mais bisaras que as suas luras; às lontras com olhares

centelhantes observando os peixes; às raposas manhosas que caçavam as

aves e os coelhos desprevenidos.

A beleza das suas mulheres encantadoras que à semana arduamente

labutavam, e ao fim do dia iam lavar os pés aos caboucos dos moinhos que

abundavam nas margens do rio ou nas ravessas do mesmo. Descalças,

carregavam à cabeça, feixes de molhos de monte (chamiça) ou carqueja e

“áchas”, e, ao mesmo tempo ensinavam os seus filhos da mesma forma que

os ensinaram. Estes produtos iam para o pousadouro da foz do Inha, para

mais tarde serem embarcados para as padarias do Porto.

Os homens robustos e sem medo desafiavam o frio com o guincheiro ou

espeto guiando os paus e as achas pelo rio abaixo até à foz, pois era o rio o

seu meio de transporte, tendo o mesmo destino dos anteriores, outros

eram lavradores que amanhavam a terra para a sua sobrevivência.

210


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Existiam também rachadores de lenha, moleiros e carvoeiros que faziam

carvão vegetal em fornos uniformizados, outros eram tocadores de lenha

(paus e achas), rio abaixo, com guincheiros ou picos, descalços ou com

chancas e tamancos, viviam numa vida árdua e rude, mas nunca viraram as

costas ao trabalho. Sempre prestes a ajudar o próximo com o pouco que

ganhavam. Eram as ambições de um povo.

Apenas com um molho de carqueja cortado nos montes da Ossa e de

uma horta ou um leiroto, de centeio ou milho que davam pão (quotidiano)

de cada dia cozido no forno familiar, escondido na caixa ou maceira onde

se amaçava, talvez não houvesse dinheiro para um médico em caso de

doença. Como diz o ditado, “com dez reis de chá ou morro, ou escapo” (da

tradição popular, os chás usados eram: pelicão bravo, cidreira, flor de

carqueja, flor de sabugueiro, de malvas, fruncho, marcela, hortelã e folhas

de frutos).

O rosto das raparigas que um dia iriam casar, e que só saíam do lugar

em dias de festa ou romarias, (S. Lázaro, S. Domingos, Sra. do Rosário, Sra.

da Saúde, S. Pedro, Senhor, Sra. da Piedade, Santa Eufémia, etc.), só apenas

algumas, aquelas com algumas posses, se vestiam a rigor com cordões,

brincos trabalhados, blusas de ceda e roupas de linho fino, nem que fosse

só uma vez na vida, já as mais pobres contentavam-se com as festas mais

próximas e com as danças que se faziam nos bailes das desfolhadas.

Estas que um dia iriam ser mães, refletiam a tristeza dos vales da

Inha, a elevação e a austeridade das colinas circunjacentes, à pobreza dos

seus pandilheiros, tecidos de musgos e de heras, enegrecidas pelos fumos

e ramos verdes do pinheiro e pela humildade de muitos anos. Feições de

múmias. Almas de martírio. Filhos de S. Francisco de Assis e cavaleiros de

Deus…

Eram homens de pés de formiga que partiam descalços pastar

ovelhas e bois pelos montes, com inteligência de abelha e coração de

andorinha. Eram heróis do passado da terra que desbrava em messes de

ouro e luar. Terra companheira e deusa, sangue e espírito, deleite e

tragédia: vaidade não vejo mais alguma neste povo humilde que em matar

uma lebre, meia dúzia de coelhos, um par de perdizes, por ano, pescar

outras tantas trutas ou um cambo de bogas, ao domingo, e pôr em

debandada a racha com dois ou três varrimentos, uma feira ou arraial.

211


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Subindo Ossa acima, (chamados montes da Inha), até ao Alto

Camouco e Pereirinhos, podemos deslumbrar no horizonte uma imensidão

de lugares e Vilas (incluindo a cidade do Porto e o Mar).

Não conseguimos avistar a olho nu, o belo e imaginável sentido de

estar mais perto de Deus e do Céu.

Inha, foi o centro de moagem de Canedo e arredores onde existiam

treze mós de Verão e cinco de Inverno e o seu transporte era feito com

burros ou cavalos para as freguesias vizinhas: Lomba, Pedorido, Gião, etc.

Neste lugar existem vários nomes históricos como: Joana, Poço da

Inha, Molha Papos, Cobra, Moinho do Meio, Ossa, Coleirinha, Fajouco,

Lampaças, Devessas Porto Novo, Escampado, Agachado, Cabeça de Gato,

Castelejo (topónimo relacionado com a civilização pré-Romana de étimos

de origem latina), etc.

Doc. 78 - Moinhos ao longo do Rio Inha – Lugar da Inha

212


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 79 - Uma das Casas mais antigas do lugar da Inha

Doc. 80 - Casa do Abial - Lugar da Inha

213


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 81 – Casa de Domingos do Abial, homem mais abastado do Lugar da Inha (fotografia do ano

de 1947)

Doc. 82 – Margens do Rio Inha antes da construção da Barragem Lever/Crestuma (ao fundo vê-se a Ponte do Inha e

a antiga Ponte de Madeira)

214


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 83 - Vista Panorâmica dos Pereirinhos - Lugar da Inha

Doc. 84 – Lugar comum à freguesia da Lomba e Canedo – Alto do Camouco

215


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 85 - Um dos marcos de divisão administrativa com a cruz de Cristo - Lugar da Inha

216


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 86 – Antiga Ponte de Madeira sobre o Rio Inha no lugar da Inha, serviu como EN 222 entre 1941 e 1965

Fonte: Fig. 351- Camioneta de Carvão destinada ao Porto de Carvoeiro, na Ponte sobre o rio Inha, enquanto

trabalhadores da ECD ( Empresa Carbonífera do Douro) procediam ao reforço do tabuleiro por travessas de

madeira (Minas do Pejão – Memórias. Mário Pereira)

Doc. 87 – Exato local da Antiga Ponte de Madeira

217


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Lousado:

O lugar de Lousado é um dos mais antigos da freguesia de Canedo. O seu

nome deriva de «lousa» (sufixo -ado em latim -etu), de sentido

mineralógico (xisto), sendo um topónimo de étimos pré-Romanos.

É um lugar cheio de tradições e lendas. Teve um capitão da Casa

“Barbosa Pinto”, no fundo do lugar passa um pequeno ribeiro, “Ribeiro do

Fajouco”, que em tempos remotos fazia trabalhar um moinho de moagem

e de linho.

Lousado tem como lugares vizinhos os seguintes: Sameiro, Paçô, Rego;

Silva, Serralva (Vale), Mota, Inha, Souzanil e Vilares

Doc. 88 - Lugar de Lousado

218


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

• Mirante:

O lugar do Mirante, é um lugar recente da freguesia de Canedo. Foi

criado no século XX a partir dos lugares do Mocelo, Espinheiro, Vilares,

Sameiro, Póvoas e Mosteiro.

No lugar do Mirante está situado alguma parte do comércio da freguesia

de Canedo bem como uma modesta Escola Primária (atualmente fechada),

Salão Paroquial, a Junta de Freguesia, o Posto Médico, a Casa do Povo e o

Posto da GNR.

É um lugar muito urbanizado e por si passam duas estradas nacionais,

EN 222 e EN 223.

Doc. 89 - Escola Primária do Mirante

219


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Lugar do Mirante em meados do século XX (ao fundo vê-se a Escola Primária do Mirante e à frente da Tuna

Musical o Padre Regal e o Dr. Pais Moreira)

Doc. 90 – Escola Primária do Mirante (meados do século XX)

220


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 91 – Alminha junto ao Parque da Senhora da Piedade no lugar do Mirante

102

102

Alminhas: São padrões de culto das almas do purgatório, hoje consideradas património artísticoreligioso.

São pequenos altares onde se pára um momento para deixar uma oração e, por vezes uma

esmola pelas almas. É frequente encontrar velas e lamparina acesas, deixadas pelas pessoas que passam

no local, ou mesmo oferendas de flores. São construídos em homenagem ou em memória do ente querido

falecido naquele local. Na nossa zona, as alminhas são muito comuns, aparecendo construídas na maioria

das vezes em granito.

221


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Mocelo:

O lugar do Mocelo, é um antigo lugar da freguesia de Canedo. Em

tempos remotos, era um pequeno lugar encostado à cerca do Mosteiro de

Canedo. É essencialmente agrícola e florestal. No Mocelo existe uma

pequena fonte, denominada “Fonte do Mocelo”.

Faz fronteira com os lugares de: Canedo, Barreiro, Paçô, Sameiro,

Mirante e Mosteiro.

Doc. 92 - Portal de uma casa antiga no lugar do Mocelo

222


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

• Mosteirô:

O lugar de Mosteirô, dista da Igreja Paroquial 3 quilómetros a Nordeste

e a igual distância da margem esquerda do Rio Douro.

Houve aqui, em tempos remotos, um pequeno mosteiro (como o seu

nome indica) de freiras beneditinas, muito mais antigo que o Mosteiro de

Canedo, que deixou de existir não se sabe quando. Era esta aldeia da então

antiquíssima freguesia da Várzea de Carvoeiro, que foi há muitos anos

extinta, não restando dela outras memórias senão a sua capela-mór

transformada em Capela.

Apesar da existência deste mosteiro ser autenticada por vários

documentos antigos, não há dele o mínimo vestígio. Em vista desta

circunstância, é provável que fosse destruído pelos mouros, Rei Almançor,

no princípio do século X ou finais deste.

A freguesia de Várzea de Carvoeiro, era tão antiga que já existia em 897,

sendo nesse ano resgatada do poder dos mouros por D. Affonso Magno.

Incorporou-se na freguesia de Canedo, há mais de 500 anos.

Já existiu no lugar de Mosteirô uma fábrica de sabão junto ao rio Douro.

Faz fronteira com os lugares: Inha, Valcova, Carvoeiro, Sobrêda e Custouras.

Doc. 93 - Uma casa antiga do lugar de Mosteirô

223


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 94 - Portal de uma casa antiga - Lugar de Mosteirô

224


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 95 – Grupo de Mosteirô nos leilões para o Salão Paroquial e Residência do Pároco de 1969

Doc. 96 – Pormenores dos trajes utilizados (1969)

225


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 97 – Conjunto “As florinhas de Canedo” com gentes de Mosteirô

Doc. 98 – Pormenor do Conjunto

226


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

• Mosteiro:

O lugar do Mosteiro, é um dos mais antigos da freguesia de Canedo. O

Topónimo “Mosteiro” está relacionado com a civilização Romano-

Portuguesa com origem latina, germânica e árabe.

Tem este nome, em razão de ter aqui havido um mosteiro beneditino

com uma grande cerca. O edifício do mosteiro, foi propriedade do Dr.

Bernardo José da Silva Tavares, cónego da Sé do Porto. (Tinha um oratório,

mas já não se diz lá missa há muitos anos).

A cerca, era parte (a maior) do mesmo cónego e parte de seu irmão,

Hermenegildo José da Silva Tavares que foi capitão de milícias e que

construiu, pelos anos de 1847, umas boas casas de habitação na

extremidade da cerca que ficava próximo da Igreja.

Talvez o Convento de Freiras ou frades e suas dependências fossem

vendidos no tempo dos “Philippes”, indo as freiras para o convento de S.

Bento no Porto (diz Pinho Leal).

É apenas à distância de uns 200 metros a Este da Igreja Matriz. Neste

lugar do Mosteiro fazia-se uma feira muito relevante no dia 7 de cada mês.

Neste lugar existe uma pequena fonte, com o nome de “Fonte do

Mosteiro” e é essencialmente um lugar agrícola e comercial.

O lugar do Mosteiro tem como lugares vizinhos: Fagilde, Sanguinhedo,

Póvoas, Framil, Canedo, Mocelo e Mirante.

Doc. 99 – Sepulturas que antigamente se encontravam à volta de Capelas, Mosteiros e Igrejas - Lugar do Mosteiro

227


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 100 - Casa do Loureiro - Lugar do Mosteiro

228


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 101 - Antigo Pinheiro Manso, "Árvore dos desamparados" - Lugar do Mosteiro

229


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 102 - Árvore da preguiça - Lugar do Mosteiro

230


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 103 – Local acima da Praça de Canedo chamada “Quinta do Jardim” onde, atualmente, se encontra o Centro de

Solidariedade Social de Canedo

Doc. 104 – Saída de uma procissão da Igreja (na atual Rua da Igreja)

231


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 105 - Fonte do Lugar do Mosteiro (do ano de 1696)

Doc. 106 – Lavadouro da Fonte do Mosteiro, inaugurado no ano de 1942

232


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 107 – o alambique da Quinta do Jardim

Doc. 108 -o alambique da Quinta do Jardim (interior)

233


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 109 – Portão da Quinta do Jardim

Fonte: Jornal Terras da Feira- Edição 29 de Julho de 1993

234


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 110 – Grupo de Dança do lugar do Mosteiro nos leilões para o Salão Paroquial e Residência do Pároco (1969)

235


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Mota:

O lugar antiquíssimo da Mota pertence à freguesia de Canedo.

Já foi uma freguesia independente de Canedo 103 em tempos remotos,

onde existia a casa dos Julgados ainda hoje conservada. É um lugar

essencialmente agrícola e florestal.

No lugar da Mota corre o pequeno ribeiro chamado “Ribeiro da Mota” e

existem alguns moinhos.

Teve muitos nomes importantes e faz fronteira com os seguintes

lugares: Paçô, Costamá (Vale), Sagufe (Vale), Serralva (Vale), Pessegueiro

(Vale), Silva, Barreiro, Canedinho (Gião) e São Vicente (Louredo).

Doc. 111 - Casa dos Julgados - Lugar da Mota

103

Corpus Codicum Latinorum et Portugalensium eorum qui in archivo municipal Portucalensi asservantur

antiquissimorum jussu Curiae Municipalis, Vol. I

236


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 112 - Cruzeiro do Lugar da Mota

237


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 113 - Uma casa muito importante do lugar da Mota

Doc. 114 - Uma casa antiga do Lugar da Mota

238


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 115 – Fonte do lugar da Mota (ano de 1967)

239


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Mouchão:

O lugar do Mouchão é uma aldeia antiga da freguesia de Canedo. Teve

uma pequena lavandaria e um moinho. Pelo lugar passa o pequeno Ribeiro

do Mouchão.

Tem como lugares vizinhos: Gougêva, Campêlo, Valcurral, Framil, Lobel

(Vila Maior) e Cruz (Vila Maior).

Doc. 116 - Ruínas de uma casa muito antiga - Lugar do Mouchão

Doc. 117 - Ruínas de outra casa antiga – Lugar do Mouchão

240


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

• Paçô:

O lugar de Paçô é um lugar antigo da freguesia de Canedo. O diminutivo

medieval Paçô deriva de «paaço» (ou «paácio» em latim palatiu-), devido

ao facto de no lugar ter existido alguma Casa do Paço ou talvez derivado às

vestes brancas das mulheres que vinham dos moinhos. A nível de

Toponímia, o topónimo “Paçô” está relacionado com a civilização Romano-

Portuguesa com origens latina, germânica e árabe.

Em Paçô passam algumas linhas de água: o Ribeiro do Fajouco, uma

pequena linha de água que nasce entre Paçô e o Barreiro e um afluente do

Ribeiro do Fajouco que nasce na freguesia de Gião.

Tem uma pequena fonte, “Fonte de Paçô, e parte com os lugares:

Mocelo, Barreiro, Mota, Sameiro e Lousado.

Doc. 118 - Portadas de uma casa - Lugar de Paçô

241


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 119 – Casa antiga de 1840 no lugar de Paçô

Doc. 120 – Paçô representado nos leilões para o Salão Paroquial e Residência do Pároco (ano de 1969)

242


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

• Póvoa:

O lugar da Póvoa, é um pequeno enclave do lugar de Várzea pertencente

à freguesia de Canedo. O seu nome é um topónimo relacionado com a

civilização Romano-Portuguesa, tendo origens latina, germânica e árabe.

Fica na margem do Rio Uíma, tem uma pequena fonte, “Fonte da

Póvoa”, e é essencialmente agrícola e florestal.

O lugar da Póvoa parte com a freguesia vizinha, Lever, e com os lugares

das Custouras, S. Roque e Agrela.

Doc. 121 - Uma casa antiga - Lugar da Póvoa

243


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Póvoas:

Póvoas é um lugar muito antigo da freguesia de Canedo. O nome deriva

do arcaico «pobra», significando uma povoação resultante de um

povoamento deliberado.

O Topónimo “Póvoas”, está relacionado com a civilização Romano-

Portuguesa, tendo origens latina, germânica e árabe.

É um lugar essencialmente agrícola e florestal, tem um pequeno moinho

e uma pequena linha de água que nasce no lugar do Mosteiro. Neste lugar

nasceu um padre, Padre Domingos.

Parte com os lugares: Framil, Sanguinhedo, Mosteiro, Mirante,

Espinheiro e Valcurral.

Doc. 122 - Ruralidade do lugar das Póvoas

244


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

• Rebordelo:

É uma aldeia da freguesia de Canedo, dista 5 quilómetros ao rio Douro e

tinha 16 fogos em 1878. Era no século XIV da freguesia de Parada do Monte.

É uma terra muito pobre.

Os seus moradores viviam quase exclusivamente da manufatura de

molhos de carqueja, que iam vender à aldeia de Pé de Moura, sobre a

margem esquerda do Douro e daí conduzida para a cidade do Porto. Tinha

uma capela pequena de pouca valia, mas muito antiga, de momento

renovada, dedicada a Santa Bárbara, virgem e mártir, à qual fazem uma

festa (à custa de esmolas) na primeira oitava da Páscoa.

Esta aldeia está situada na encosta Ocidental da serra de Labercos, no

sítio denominado monte da Ossa. Corre-lhe ao sopé o Rio Inha, que a 3

quilómetros de distância morre no Douro na Foz da Inha.

Do ponto de vista geomorfológico, Rebordelo é uma região de transição

entre os relevos acentuados e muito antigos do extremo ocidental da

meseta ibérica e os solos, que confirmam uma orla marítima, constituindose

num anfiteatro.

É de realçar aqui a amenidade à medida que se avança para o interior,

possibilitando, sobretudo nos vales e encostas viradas a sul, a existência de

uma vegetação diversificada. Por sua vez, os vales cavados pelos cursos de

água constituíram, desde os tempos remotos, rotas privilegiadas do clima,

e a marítima decrescente a de penetração de comunicação com o interior.

Doc. 123 - Ruralidade do Lugar de Rebordelo

245


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 124 – Uma casa antiga do Lugar de Rebordelo

Doc. 125 – Vista Panorâmica do Lugar de Rebordelo

246


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Este Marco dos 4 Concelhos, inaugurado pelos quatro presidentes da

Câmara a 14 de Maio de 2004, está situado no alto de Rebordelo e indica

os quatro Concelhos: Santa Maria da Feira, Arouca, Castelo de Paiva e

Gondomar. Em tempos antigos, o Marco dos 4 Concelhos mais antigo

estava no lugar chamado “Cabeço do Sobreiro”, pertencente às freguesias

de Fermedo, S. Miguel do Mato, Vale, Canedo, Lomba e Pedorido. 104

Quanto à mesa, não existe referência da mesma.

Doc. 126 - Marco dos 4 Concelhos

104

Vd. Nota/Referência 27 e 31:” CABEÇO DE SOBREIRO (…) Pertence às freguezias de Fermedo, S. Miguel

do Matto, Valle, Canêdo e Lomba. É notável por no seu cume ter um marco chamado Marco dos quatro

concelhos, que marca a divisão dos concelhos de Gondomar, Paiva, Feira e Arouca.

É o ponto extremo (a ENE.) das Terras de Santa Maria. D'esta serra se vê o Porto, a sua foz e

grande extensão do Oceano Atlântico, muitas freguezias dos arrabaldes do Porto, o rio Douro e muitas

povoações e serras de ambas as margens d'este rio.” Portugal Antigo Moderno. Pinho Leal.

247


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Sameiro:

Sameiro é um lugar antigo e essencialmente agrícola da freguesia de

Canedo. No século XVI tinha cerca de 4 fogos. Tem uma pequena fonte de

água.

Tem como lugares vizinhos: Mirante, Mocelo; Lousado, Vilares e Paçô.

Doc. 127 - Uma casa antiga, Lugar de Sameiro

Doc. 128 - Outra casa antiga, Lugar de Sameiro

248


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 129 - Pormenor da janela de uma casa antiga no lugar de Sameiro

249


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 130 – Rancho/Grupo de Dança do Lugar de Sameiro nos leilões para o Salão Paroquial e Residência do Pároco

(1969)

Doc. 131 – Pormenor dos trajes utilizados

250


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

• Silva e Rêgo:

Os lugares da Silva e Rêgo, são pequenos enclaves do Lugar de Paçô e

pertencem à freguesia de Canedo. O nome Silva, deriva do arcaico «silva»

(em latim silva).

São essencialmente agrícolas. No lugar da Silva, existe um pequeno

moinho e uma pequena linha de água que nasce no lugar do Barreiro.

Partem com os lugares: Mota, Paçô e Lousado.

Doc. 132 - Pormenor do cultivo do milho em Canedo - Lugar da Silva

251


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• S. Roque, Monte e Torre:

Os lugares de S. Roque, Monte e Torre, são pequenos enclaves do lugar

de Várzea e pertencem à freguesia de Canedo.

O topónimo “Torre” está relacionado com a civilização pré-Romana ou

Romano-Portuguesa tendo origem latina.

São lugares principalmente agrícolas e florestais. S. Roque tem o

privilégio de ter uma pequena fonte e de se situar numa das margens do

Rio Uíma.

Partem com os lugares: Várzea, Custouras, Póvoas, Alveada e Sobrêda.

Doc. 133 - Vista Panorâmica do Lugar de S. Roque

252


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

• Sanguinhedo e Toqueira:

Os lugares de Sanguinhedo e Toqueira, são pequenas aldeias

pertencentes à freguesia de Canedo. O nome, Sanguinhedo, é um derivado

medieval de «sanguinho» (planta), ou talvez um arcaico «sanguiedo» ou

«sanguinedo» (em latim sanguinetu-), com o característico sufixo

“botânico”.

Têm poucas habitações e são essencialmente agrícolas e florestais.

O lugar de Sanguinhedo parte com os lugares de Fagilde, Framil, Póvoas

e Mosteiro.

Doc. 134 - Vista do lugar de Sanguinhedo

253


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Sobrêda:

O lugar de Sobrêda, situado na freguesia de Canedo, em tempos

remotos pertenceu à freguesia de Várzea do Carvoeiro que não se sabe

quando foi extinta, mas sabe-se que existia em 897. Por isso supõe-se que

Sobrêda seja um lugar antigo da freguesia. O nome, Sobreda, de fisionomia

ou até de morfologia muito antiga, deriva do arcaico «sobreda» (ou forma

vizinha, «sovereda»).

No mesmo lugar, nasceu o Padre Pedro Pinto Cabral, abade de S.

Cipriano de Paços de Brandão, filho de Domingos Pinto da Silva, lavrador do

mesmo lugar.

O lugar de Sobrêda possui dois pequenos enclaves, Giestal e Carquejal

(topónimo de étimos pré-romanos),e é essencialmente agrícola e florestal.

Tem uma pequena fonte, “Fonte de Sobrêda”, e algumas linhas de água.

Sobrêda é limitado pelos lugares: Bouças, Valcova, Mosteirô, Custouras,

Várzea, Campêlo e Espinheiro.

Doc. 135 - Um belo canastro comunitário - Lugar de Sobrêda

254


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 136 - Grupo de dança do lugar de Sobrêda nos leilões para o Salão Paroquial no ano de 1969

Doc. 137 – Pormenor dos Trajes utilizados pelas mulheres de Sobrêda

255


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Souzanil:

Souzanil, é um grande e antigo lugar da freguesia de Canedo. O seu

nome deriva de “Souza”. Pelo lugar, passam algumas linhas de água. É

essencialmente agrícola e florestal e possui uma pequena fonte.

Nos velhos tempos tinha artesãos, “gigueiros”, serradores e carreteiros,

atualmente tem uma das maiores Fábricas de fundição/metalúrgica da

Europa.

O lugar de Souzanil tem como vizinhos os lugares: Lousado, Vilares,

Bouças, Valcova e Inha.

Doc. 138 - Casa da Família Santiago - Lugar de Souzanil

256


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 139 - Casa da Família Rocha - Lugar de Souzanil

257


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 140 - Fotografia de meados do século XX da casa da Família Rocha

Doc. 141 – A cultura agrícola pelo lugar de Souzanil

258


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 142 – Lugar de Souzanil

259


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 143 - Fonte do Lugar de Souzanil (do ano de 1900)

260


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

• Terças:

O lugar das Terças, é uma pequena aldeia pertencente à freguesia de

Canedo, sendo um enclave do lugar de Várzea. É um lugar essencialmente

florestal.

Parte com: Santa Marinha (Sandim), Gestosa (Sandim) e Várzea.

Doc. 144 - Vista do lugar das Terças

261


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Valcova:

O lugar de Valcova é um dos lugares mais antigos da freguesia de

Canedo.

O seu nome advém de “vale” e “cova”, devido ao facto de os mouros

terem invadido as terras abaixo do Rio Douro e terem destruído tudo por

onde passaram, inclusive o Mosteiro de Mosteirô e no lugar de Valcova

fizeram covas e enterraram muitos bens materiais e alimentícios.

O lugar de Valcova, em tempos remotos, pertenceu à freguesia extinta

de Várzea do Carvoeiro. Essa freguesia já existia em 897, mas não se sabe

quando foi extinta e quando passou para Canedo.

Em Valcova, morava uma das pessoas mais prestigiadas da freguesia na

altura, o Dr. Joaquim Alberto de Sousa Couto (já falado no Capítulo I).

No lugar, existem duas pequenas fontes e passa um pequeno ribeiro,

que desagua no Rio Inha, chamado “Ribeiro do Bouço”. É essencialmente

agrícola e florestal.

Valcova, tem como vizinhos os seguintes lugares: Souzanil, Inha,

Mosteirô, Sobrêda e Bouças.

Doc. 145 - Antiguidade do Lugar de Valcova

262


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 146 – Vista dos Montes de Valcova (ao centro da imagem consegue-se ver a Casa de Valcova)

Doc. 147 – Vista de uma parte do Lugar de Valcova

263


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 148 – Trajes do Povo de Valcova nos leilões para o Salão Paroquial (ano de 1969)

264


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 149 – os trajes do Povo de Valcova (ano de 1969)

265


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Valcurral:

O lugar de Valcurral é uma pequena aldeia pertencente à freguesia de

Canedo.

É essencialmente agrícola e florestal regado pela água do pequeno

Ribeiro do Mouchão. É limitado pelos lugares: Póvoas, Espinheiro, Sobrêda,

Campêlo e Mouchão.

Doc. 150 - Lugar de Valcurral

Doc. 151 - Lugar de Valcurral

266


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

• Várzea:

O lugar de Várzea é um lugar antiquíssimo, pertence à freguesia de

Canedo há mais de 500 anos. Como o nome indica, “Várzea” é toda a região

à margem de um curso d'água, neste caso o Rio Uíma, que fica inundada

durante as cheias, sendo assim áreas muito propícias à agricultura devido à

fertilidade do solo.

A aldeia de Várzea, antigamente chamada Várzea do Carvoeiro, era uma

freguesia antiga, pois já existia em 897, mesmo ano em que D. Affonso

Magno tomou estas terras aos mouros. No mesmo de 897 ou 900,

Gondezindo doou a freguesia de Várzea do Carvoeiro ao mosteiro de S.

Salvador de Lavra, de freiras bentas.

Carvoeiro, sobe à esquerda e formava parte desta freguesia, e

provavelmente: Bouças, Vilares, Mosteiro, Valcova e Souzanil. Não se sabe

quando foi extinta. A Igreja Matriz ainda hoje existe reduzida a capela ou

ermida no lugar de Várzea. É um lugar cheio de pequenos enclaves, alguns

já falados, e privilegiado por fazer parte das margens do Rio Uíma.

Tem alguns moinhos e é essencialmente agrícola e florestal. No lugar,

existia uma família muito prestigiada, família” Sampaio”. Várzea é limitada

pelos seguintes lugares e freguesias: Sandim (Freguesia), Agrela, Manguela,

Alveada, Terças, Monte e S. Roque.

Doc. 152 - Uma casa antiga - Lugar de Várzea

267


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 153 – Moinho e o Rio Uíma - lugar de Várzea

Doc. 154 – Moinho e ponte velha de Várzea

268


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 155 – Uma Alminha no lugar de Várzea

269


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 156 - Grupo de Dança do lugar de Várzea nos Leilões para o Salão Paroquial e Residência do Pároco (1969)

Doc. 157 – Pormenor dos trajes

270


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

• Vilares:

O lugar de Vilares, pertence à freguesia de Canedo. Indica a ocupação

pré-nacional, pois deriva de “villas”. É um topónimo relacionado com a

civilização Romano-Portuguesa de origem latina, germânica e árabe.

Em tempos remotos, pertenceu à freguesia de Várzea do Carvoeiro (hoje

o lugar de Várzea da Freguesia de Canedo). Tem uma pequena fonte e é

essencialmente agrícola e florestal

Vilares tem como lugares vizinhos: Souzanil, Bouças, Espinheiro,

Mirante, Lousado e Sameiro.

Doc. 158 - Antiga Escola Primária de Vilares

271


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 159 - Portal de uma casa antiga no lugar de Vilares

272


[Capítulo III](Aldeias/Lugares)

Doc. 160 – O lugar de Vilares representado nos leilões para o Salão Paroquial e Residência do Pároco (1969)

Doc. 161 – o lugar de Vilares nos leilões de 1969 com uma peça de teatro

273


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Lugares que já pertenceram à Freguesia:

Existem outros lugares que, em tempos remotos, pertenceram à

freguesia de Canedo, sendo meeiros com outras freguesias.

• Sagufe: O lugar de Sagufe, hoje da freguesia do Vale, em tempos

antigos era um lugar de Canedo. Genitivo de nome medieval

“Sagulfo" (986). Força Guerreira, glória, autoridade, poder e

propriedade eram as ambições do antigo germano. “Wolf” significa

em alemão “lobo”. Por meio dele exprimia o pai o desejo de que o

filho tivesse força de um lobo. Dado este animal e o urso representar

para os povos de economia pastoril os inimigos por excelência “Sag”,

em latim “socius”, “secundus”, “sequor”, significava primitivamente

“o que acompanha”, “companheiro”, e daí “homem de armas”. 105

• Serralva: O lugar de Serrava, hoje também da freguesia do Vale, em

tempos era um lugar de Canedo. Nos tempos da Reconquista

chamava-se Serra Negra. O arroteamento ou incêndio da serra teria

forçado o seus habitantes a mudar-lhe o nome. “Alvo”, em

germânico, grego e céltico, exprime a ideia “esbranquiçado”,

“alvacento”. Os sítios de Serralva de Baixo e cima: Jogo, Caminho,

Aveal e Valverde fazem parte deste lugar. 106

• Pessegueiro: Como Serralva e Sagufe, uma parte de Pessegueiro foi

ao longo dos séculos meeiro de Canedo. A divisão fazia-se no (Cabeço

do) Sobreiro, onde todos os domingos se dançava e cantava até altas

horas. A nascente de Pessegueiro existiu o lugar da Carvalhosa. O

povo narra que o lugar desaparecera devido à peste negra.

Pessegueiro é uma arvore originária da China. Alexandre trouxe-a

para a Europa a quando da sua expedição a este país. 107

105

Pág. 20. Monografia do Vale, Concelho de Santa Maria da Feira. Rufino Duarte.

106

Pág. 18. Ibidem.

107

Pág. 15. Ibidem.

274


275

[Capítulo III](Aldeias/Lugares)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

276


[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)

[Capítulo IV]

(Capelas da Freguesia de Canedo)

277


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

278


[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)

• Capelas da Freguesia de Canedo:

As Capelas são elementos muito importantes na história de uma

freguesia ou de um lugar. Capela ou ermida é um templo cristão secundário.

Normalmente são locais religiosos de grupos específicos de pessoas ou

pequenas comunidades religiosas onde, habitualmente, não existe culto

religioso diário ou dominical, ou existe apenas por alturas de festividades.

A palavra "capela" provém da Cappella (ou manto) de São Martinho, a

relíquia mais sagrada dos reis francos, sobre o qual se faziam os juramentos

e que era levado à frente das tropas em batalhas. Desde então o termo

capela significa estar sob a capa ou proteção de alguém. Capa ou Manto é

um termo bíblico que aponta para proteção e autoridade.

A designação de ermida é usualmente utilizada para capelas erguidas

em sítios ermos. Na freguesia de Canedo, existem cerca de 12 capelas

dedicadas a vários santos, algumas com missas em alturas de festa e outras

ao abandono.

Doc. 162 - Evidência da construção de Capelas em sítios ermos - Parque de Nossa Senhora da Piedade

279


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Capela de Nossa Senhora da Piedade:

“Foi construída no início do século XVII ou por volta da transição

seiscentista. Tinha uma placa com a data de 1697. Não só se faz notar pela

posição como também pelo seu grandioso estilo. Está situada no alto de

uma colina, no lugar do Mirante, antigamente Mocelo. Tem a forma

hexagonal, característica única na freguesia e região.

Os cunhais são tratados em pilastras, com entablamento completo a

envolver o cimo, pináculos nos ângulos, porta de friso e cornija com frontão

curvo e interrompido. Apresenta um pequeno óculo circular em cada uma

das quatros faces laterais.

A porta é encimada por um frontão curvo, interrompido por uma

decoração. O interior é constituído por um pequeno retábulo, em talha

dourada, onde as paredes interiores cavam arcos de cantaria com pilastras

toscanas e colunas salomónicas, decoradas com motivos vegetalistas.

No Altar, vê-se a bela e perfeita escultura da Virgem com o Cristo morto

nos braços, do tipo seiscentista.

O pequeno retábulo abriga-se no arco fronteiro à entrada, de madeira

dourada, quatro colunas torcidas de parras e aves, e dois arcos do mesmo

tipo, só com parras do género dos séculos XVII e XVIII.

De cada lado do retábulo há uma mísula, em granito, que suporta as

imagens de São Bento, no lado direito, e santa Teresinha, no lado esquerdo.

Foi acrescentada uma galeria aberta, envolvendo a capela.

No largo fronteiro à capela, encontra-se uma escultura moderna de

Nossa Senhora da Piedade. Entre o sopé da colina e a capela há uma

escadaria com as cruzes dos Passos.” 108

Ao longo dos anos, a zona envolvente à Capela foi sofrendo alterações

como, por exemplo, a parte do adro. É um monumento muito adorado e

um ex-libris da Vila de Canedo, não só pela sua antiguidade e importância

mas também pela sua beleza prodigiosa.

108

A. Nogueira Gonçalves. Inventário artístico de Portugal. Volume 10. Página 74

280


[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)

Doc. 163 - Capela de Nossa Senhora da Piedade - Ex-Libris da Freguesia de Canedo

Doc. 164 – Capela de Nossa Senhora da Piedade em meados do século XX (imagem antiga da Capela)

281


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 165 - Coroação da Senhora da Piedade com a coroa de ouro e diamantes pelo então Bispo do Porto no dia 5 de

Setembro de 1971

282


[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)

• Capela de Santa Ana:

A Capela de Santa Ana, situa-se no lugar de Souzanil, tendo como

orago a padroeira Santa Ana. Foi inaugurada a 26 de Julho de 2009. O

terreno, em forma triangular, possibilita a criação de um edifício em L,

tipologia que, implantada no extremo Sul da parcela, organiza o espaço

exterior e dispõe corretamente o programa interior.

A edificação desenvolve-se num só piso, variando apenas o seu pé

direito, ascendente no sentido do altar e cabeceira da capela. Cria-se o pano

de fundo à missa campal e a todo o espaço urbano envolvente, pontuando

visualmente o território, assumindo-se, como compete a um local de culto

religioso, como um edifício excecional, criando uma referência visual forte.

A entrada principal orienta-se para Poente. No seu interior encontrase,

num primeiro momento, uma “ante capela” onde ficará exposta a

imagem de Santa Ana, transformando este espaço no local do culto e

devoção propriamente dito. De seguida alcança-se a nave da capela, o local

da celebração, com capacidade para cerca de 30 pessoas, com altar ao

fundo.

Do lado oposto, um pequeno vestíbulo e um sanitário compõem uma

pequena zona de serviço não pública. O desenho do espaço exterior

formaliza, de forma permanente, a configuração proposta, intuitivamente,

pela apropriação espacial feita pela população aquando da realização da

festa e da cerimónia religiosa.

Desta forma, criou-se um adro de acesso à Capela, ao mesmo tempo

que se forma uma pequena escadaria/teatro, de maneira a convidar as

pessoas a usufruírem do espaço e de uma experiência religiosa mais

intensa.

Foi mandada construir pelo benemérito António Ribeiro da Rocha em

memória do seu pai, António Duarte da Rocha.

No presente ano de 2019, a 28 de Julho, em comemoração dos 10

anos da Capela, foi inaugurado um espaço envolvente à Capela - “Espaço

Recreativo e Cultural Jorge Claro da Rocha”. Neste espaço, de muitas outras

atividades que se podem realizar, alberga o recinto da Festa em Honra de

Santa Ana, em Souzanil.

283


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 166 - Capela de Santa Ana

Doc. 167 – Espaço Recreativo e Cultural Jorge Claro da Rocha – Espaço envolvente à Capela de Santa Ana

284


[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)

• Capela de Santa Luzia:

A Capela de Santa Luzia está situada no lugar de Framil.

Desconhecemos a data da sua construção. A fachada é simples, constituída

somente pela parte principal encimada por uma cruz latina.

O altar-mór é composto por três nichos, cujo fundo é pintado de azul.

Ao centro a imagem antiga de Santa Luzia em madeira estufada. No lado

direito, Santo Amaro.

Segundo as Memórias Paroquiais de 1758, era uma Capela pequena

e muito antiga, remontado assim a sua construção para século anteriores

ao século XVIII.

Doc. 168 - Capela de Santa Luzia

285


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Capela de S. Lourenço:

“É uma capela privada, situada no Lugar de Carvoeiro, encontrandose

inserida na Quinta do Páteo, pertencente a uma família de Matosinhos.

Foi construída por Abranches em 1628 e reconstruída por Luís de Souza

Ferreira em 1939, sendo inaugurada no dia 27 de Agosto do mesmo ano.

Antes de ter como santo padreiro o São Lourenço, tinha o Senhor dos

Navegantes.

A fachada é de linha simples, constituída pela porta principal,

encimada por um frontão triangular, rematado por uma cruz latina. No

tímpano, uma janela com um vitral, decorado com uma cruz. A porta lateral,

primitiva porta principal, é rematada, ao centro, com a torre sineira

encimada por uma cruz e, de cada lado, um pináculo.

O interior é composto por capela-mór e corpo da capela. O altar-mór,

em forma de capela, tem um nicho, cujo fundo é pintado de azul, uma

tribuna em degraus, pintada de branco, decorada a talha dourada. Ao

centro, a imagem de S. Lourenço; à direita, S. Luís de Gonzaga, e, no lado

esquerdo, Santa Teresinha do Menino Jesus.

De cada lado do nicho encontram-se colunas douradas que

sustentam um balquino, pintado de branco, decorado a talha dourada.

Fazemos uma chamada de atenção para uma bela imagem de madeira de

S. Pedro, em meditação, esculpida num tronco, de autoria desconhecida.

Na nave há um túmulo raso com a seguinte inscrição:

ABRANCHES MARIA NOBRE

N. – 1604

M. – 1690

À entrada existe um barquinho destinado a levar o andor na

procissão dedicado a S. Lourenço. A pia de água benta é de granito de grão

grosso, com decoração vegetalista, que nos dá a impressão de ter sido um

capitel, dadas as suas características.”

286


[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)

Doc. 169 - Capela de São Lourenço

287


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Capela de Nossa Senhora das Dores:

A Capela de Nossa Senhora das Dores, é uma pequena capelinha

situada no lugar de Valcova construída em 1996 e inaugurada pelo falecido

Padre António Francisco Regal. Tem como padroeira a Nossa Senhora das

Dores.

Doc. 170 - Capela de Nossa Senhora das Dores

288


[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)

Doc. 171 – Uma parte do projeto da Capela da Nossa Senhora das Dores

Disponibilizado pelo Padre António Teixeira Machado

289


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Capela de Nossa Senhora das Dores- Particular:

A Capela de Nossa Senhora das Dores, é uma capela particular situada

no lugar de Valcova pertencente à casa de Valcova. Não se sabe ao certo a

data da sua construção, mas pelos traços arquitetónicos é provável ter sido

construída por volta do século XVIII. Encontrava-se em degradação, sendo

que foi remodelada em conjunto com a casa a que está anexada.

A fachada é de linhas direitas. Ao centro, a porta principal de madeira

com almofadas. Por cima um óculo emoldurado em granito e no cimo é

rematada por uma cruz.

Doc. 172 – Capela de Nossa Senhora das Dores- Particular

290


[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)

• Capela de São Paio:

A Capela de São Paio, situada no lugar de Várzea, foi construída no

ano de 1993 em substituição da anterior, com o mesmo nome. A

necessidade de um espaço culto maior e com melhores condições levou a

que os paroquianos tomassem a iniciativa e se quotizassem para a

construção da nova capela.

O terreno foi cedido pelos beneméritos Joaquim F. M. Santos e

Idalina Couto S. Dias, cujos nomes estão inscritos numa placa colocada à

entrada da capela. É uma capela de planta circular, arquitetura moderna,

com janelas espelhadas em redor para dar luminosidade ao interior. Tem

várias imagens assentes em mísulas entre as quais S. Paio, o padroeiro.

A torre sineira, diferente da de qualquer outra capela, encontra-se

ao centro, rematada por uma cruz latina. Na fachada, por cima da porta

principal, existe um nártex. Encontra-se em excelente estado de

conservação.

Doc. 173 - Capela de São Paio

291


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Capela de São Paio - Antiga:

A antiga Capela de São Paio está situado no Lugar de Várzea e como

o nome indica tem como orago S. Paio. Foi em tempos remotos Igreja da

extinta freguesia “Várzea do Carvoeiro” por volta do século X. É datada do

ano de 1895. É uma capela de pequenas dimensões tendo então uma

escadaria pelo dado direito. Na parte frontal, nota-se um pequeno frontão

bem acabado.

Atualmente, foi substituída pela nova capela de S. Paio no mesmo

lugar de Várzea.

Doc. 174 - Antiga Capela de São Paio, Lugar de Várzea

292


[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)

• Capela de Santa Bárbara:

A Capela de Santa Bárbara está situada no lugar de Rebordelo tendo

como orago a Santa Bárbara. Esta nova Capela foi construída no início do

século XXI, em 2003, sendo inaugurada no mesmo ano a 16 de Fevereiro

pelo então Presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, Alfredo

Henriques.

A nível arquitetónico, são de notar as parecenças à capela anterior, os

pináculos nas laterais, um frontão por cima da porta de entrada e o cimo,

rematado por um sino e uma cruz.

Doc. 175 - Capela de Santa Bárbara

293


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 176 – Uma parte do projeto da Capela de Santa Bárbara elaborado no ano de 1995

Disponibilizado pelo Padre António Teixeira Machado

294


[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)

• Capela de Santa Bárbara - Antiga:

Esta capela deu lugar à nova capela em Honra de Santa Bárbara, no lugar

de Rebordelo. Não se sabe quando foi construída.

O povo local relata que a capela foi construída depois de uma aparição

de Santa Bárbara no lugar, ou, quando um homem vinha com um carro de

bois e sobre ele caiu um trovão não o ferindo, por esse mesmo facto

mandou-a construir.

Parece remontar aos século XVII e XVIII pelos seus traços arquitetónicos

clássico-barroca: frontão na parte frontal da Capela e pináculos nas laterais.

Doc. 177 - Antiga Capela de Santa Bárbara

295


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Capela de Nossa Senhora do Amparo - Particular:

Situada no Lugar de Mouchão, a capela de Nossa Senhora do Amparo é

uma Capela particular que atualmente está ao abandono e no desuso.

Tem uma modesta construção que aparenta ser do século XVII ou XVIII,

com um simples frontão curvo interrompido por uma pequena decoração

acima da porta principal, retalhada com almofadas. Em cada coluna de

granito, estão colocados pináculos.

Doc. 178 – Capela de Nossa Senhora do Amparo- Particular

296


[Capítulo IV](Capelas da Freguesia de Canedo)

• Capela de S. Roque - Particular:

Situada no Lugar de S. Roque, a capela de S. Roque é particular e

atualmente não aparenta estar num bom estado de conservação. A nível

arquitetónico, não apresenta muitos traços característicos relevantes.

Nas Memórias Paroquiais de 1758, há referência a esta capela e por

essa altura pertencia a António Rodrigues Souto da Cidade do Porto.

Doc. 179 – Capela de São Roque - Particular

297


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

298


[Capítulo V](Festas/Santos)

[Capítulo V]

(Festas/Santos)

299


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

300


[Capítulo V](Festas/Santos)

• Festa da Nossa Senhora da Piedade:

A Festa em Honra de Nossa Senhora da Piedade é realizada nos finais do

mês de Agosto. Nossa Senhora da Piedade é aquela que recebendo o Divino

Filho nos seus braços, depois da sua morte trágica na Cruz, levou-o com os

fiéis discípulos e piedosas mulheres até o sepulcro.

Foi sempre um tema muito procurado pela arte cristã que encontra nos

episódios da vida de Jesus e da sua Santíssima os motivos para edificação,

mais ainda, porque nos sofrimentos encontram os cristãos um grande

consolo, verificando que eles são próprios ao caminho da perfeição, e se

Deus os teve com a sua Mãe não é demais que os mortais os suportem.

Nas terras de Canedo, a Nossa Senhora da Piedade é uma santa a que

muitos recorrem nas suas dificuldades e a quem fazem a maior festa da

freguesia.

Começa-se a viver a festa a partir da 2ª feira que a antecede, onde é

rezada uma missa diária no local onde a festa se irá realizar – na capela com

o mesmo nome que se situa no monte com o mesmo nome da Padroeira.

No sábado, ao entardecer, começam a chegar à igreja os andores que se

irão incorporar na procissão do dia seguinte de todos os lugares da

freguesia, pois cada lugar tem o seu santo padroeiro e há pessoas ainda que

fazem promessas de levar um andor na procissão. À noite sai a procissão

das velas com muita gente a acompanhar (vai da igreja até à capela), no fim

da qual é rezada uma missa, voltando depois a procissão à igreja na qual vai

apenas um dos andores – o de Nossa Senhora de Fátima.

No dia seguinte bem cedo, começa-se a ver “os romeiros” a chegarem a

Canedo para verem a “majestosa” procissão, com dezenas de andores e

“anjinhos” – crianças vestidas de branco a pegarem nas fitas dos mesmos.

Na frente da procissão vão dois cavaleiros a abrirem caminho, seguidos

da fanfarra. Atrás desta vão as bandeiras das Autarquias Locais, seguidas

pelos andores, sendo o último o da Padroeira que é acompanhado por

centenas de pessoas que vão a satisfazer as suas promessas. Atrás deste

andor, vão os padres debaixo do “Pálio” seguidos dos membros das

Autarquias. Por último, vão as duas Bandas de Música contratadas para

“abrilhantarem” a festa.

301


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

As tardes de Domingo e Segunda feira são muito “agitadas”, pois é a

parte lúdica que toma conta destas. Todos se divertem: nos carrosséis, nas

“barracas” ou simplesmente passear. Há pessoas da Freguesia e mesmo de

Freguesias vizinhas, pois a nossa festa é muito divulgada por ser

considerada a melhor do Concelho, e a maior. Tem muita gente, porque é

realizada na época de Verão altura também onde os emigrantes regressam

às suas origens para férias.

A Festa da Nossa Senhora da Piedade é um dos símbolos mais

emblemático de Canedo, sendo conhecida como a identidade da Freguesia.

É de notar que, em tempos antigos, a Festa era realizada no primeiro fim

de semana do mês de Setembro.

Doc. 180 – Imagem da Nossa Senhora da Piedade de Canedo

302


[Capítulo V](Festas/Santos)

Doc. 181 – Procissão da Festa de Nossa Senhora da Piedade – Andor do Senhor dos Passos (século XX)

303


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 182 – Procissão da Festa de Nossa Senhora da Piedade (meados do século XX)

Doc. 183 – Procissão da Festa de Nossa Senhora da Piedade (meados do século XX)

304


[Capítulo V](Festas/Santos)

• Festas de S. Pedro, S. António e do Senhor:

As Festas de S. Pedro, S. António e do Senhor (Festa dos bem-casados)

realizam-se no mês de Julho. A notar que estas Festas são das mais antigas

na Vila de Canedo. 109

Como curiosidade, São Pedro (1 a.C.- 67), foi apóstolo de Cristo, um dos

seus primeiros discípulos. É considerado o fundador da Igreja Cristã em

Roma e o seu primeiro papa. Nasceu na Betsaida, na Galileia. Filho de Jonas

e irmão do apóstolo André, o seu nome de nascimento era Simão (ou

Simeão). Pedro era pescador e trabalhava com o irmão e o pai.

As principais fontes que relatam a vida de São Pedro são os quatro

Evangelhos Canónicos, pertencentes ao Novo Testamento, escritos

originalmente em grego e em diferentes épocas pelos discípulos, Mateus,

Marcos, Lucas e João. O dia de São Pedro é comemorado em 29 de junho e

é ele o Padroeiro dos pescadores e da Vila de Canedo.

Santo António, batizado com o nome Fernando de Bulhões, nasceu em

Lisboa, entre 1191 e 1195 em Lisboa.

Educado no seio de uma família nobre para ser cavaleiro, na

adolescência pede autorização para ingressar na Ordem dos Cónegos

Regrantes de Santo Agostinho, na Igreja de São Vicente de Fora, partindo

mais tarde para Coimbra, onde estudou teologia. A busca pela introspeção

e a simplicidade conduzem-no até à recém-criada Ordem Franciscana e a

deixar de lado, não só o hábito de agostinho, mas também o seu nome.

Fernando adota o nome de António, em homenagem ao eremita Santo

Antão, e dedica-se a pregar as escrituras, que tão bem conhece, sobretudo

após a sua mudança para Itália. É conhecido pelas suas inúmeras pregações

e milagres. Santo António é padroeiro de Portugal, Lisboa (orago da cidade),

dos pobres, das mulheres grávidas, dos casais, pessoas que desejam

encontrar objetos perdidos e dos oprimidos.

Foi canonizado a 30 de Maio de 1232 na Catedral de Espoleto pelo Papa

Gregório IX.

109

Era costume as festas serem realizadas separadamente. Em tempos remotos, faziam-se outras festas

na freguesia inclusive o S. José e o Santíssimo Sacramento.

305


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 184 – Imagem de São Pedro de Canedo, Padroeiro da Vila (Altar-mor da Igreja de Canedo)

306


[Capítulo V](Festas/Santos)

Doc. 185 – Imagem do Santo António de Canedo (Altar-mor da Igreja de Canedo)

307


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Festa de S. Lourenço:

Esta Romaria realiza-se todos os anos no segundo fim de semana do

mês de Agosto, em Carvoeiro, na Capela Particular de S. Lourenço, da Casa

do Páteo. Esta festa esteve adormecida e foi reavivada em 2013 pelo

projeto “Há festa na aldeia”, dinamizado pela ADRITEM – Associação de

Desenvolvimento Rural Integrado das Terras de Santa Maria.

A saber, São Lourenço nasceu no início do século terceiro, em Huesca,

cidade de Espanha, no reino de Aragão. Filho de Orense e de Paciência,

ambos cristãos, que lhe deram uma excelente educação. Distinguiu-se,

sobretudo, por um exímio amor a Jesus Cristo que, após a sua morte na

cruz, viria a conquistar os corações bem formados e triunfando assim sobre

o paganismo.

São Lourenço, como primeiro dos Diáconos, tinha uma grande

amizade com o Papa Sisto II, tanto assim que ao vê-lo no caminho do

martírio falou: “Ó pai, aonde vais sem o teu filho? Tu que jamais ofereceste

o sacrifício sem a assistência do teu Diácono, vais agora sozinho, para o

martírio?” - o Papa respondeu: “Mais uns dias e te aguarda uma coroa mais

bonita!”. São Lourenço era também responsável pela administração dos

bens da Igreja que sustentava muitos necessitados.

Diante da perseguição do Imperador Valeriano, o prefeito local exigiu

de Lourenço os tesouros da Igreja. Para isto, o Santo Diácono pediu um

prazo, o qual foi o suficiente para reunir no átrio os órfãos, os cegos, os

coxos, as viúvas, os idosos… todos os que a Igreja socorria, e no fim do prazo

– com bom humor – disse: “Eis aqui os nossos tesouros, que nunca

diminuem, e podem ser encontrados em toda parte”.

Sentindo-se iludido, o prefeito sujeitou o santo a diversos tormentos,

até colocá-lo sobre uma fogueira. São Lourenço que sofreu o martírio em

258, não parava de interceder por todos, e mesmo assim encontrou no

Espírito Santo força para dizer no auge do sofrimento na grelha: “Vira-me

que já estou bem assado deste lado”.

São Lourenço é padroeiro dos diáconos e dos cozinheiros.

308


[Capítulo V](Festas/Santos)

Doc. 186 - Imagem de São Lourenço na Capela de São Lourenço em no lugar de Carvoeiro

Fonte: Há Festa na Aldeia – Poro de Carvoeiro - 2017

309


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Festa de S. Paio:

A festa de S. Paio, ocorre todos os anos no lugar de Várzea pelo segundo

Domingo de Julho. Esta festa conta com uma romaria acompanhada de uma

banda filarmónica e ao fim do dia costuma ser presenteada de um grupo de

música popular para divertimento das pessoas que a visitam.

São Paio nasceu no início do século X na Galiza, é um santo cristão,

venerado no dia 26 de Junho pela Igreja Católica especialmente em Espanha

e Portugal. Era sobrinho de Hermígio, bispo de Tui. Tendo participado,

como pajem, na dura batalha que opôs Ordonho II de Leão a Abderramão

III, emir de Córdova, foi feito prisioneiro e levado para esta cidade.

As negociações entre as partes permitiram a libertação do tio bispo, mas

Paio teve de ficar como refém, apesar de ter apenas 13 anos. A sua

formosura encantou tanto o rei como um dos seus filhos, que tudo fizeram

para o seduzir.

A todos, resistiu o jovem, o que exacerbou a ira do rei que o mandou

torturar até que lhe cedesse. No entanto, a fortaleza de ânimo de Paio foi

superior à violência da tortura e acabaram por lançá-lo ao rio Guadalquivir.

Doc. 187 - Imagem do São Paio do Lugar de Várzea

310


[Capítulo V](Festas/Santos)

• Festa de Santa Ana:

A festa de Santa Ana, ocorre todos os anos no lugar de Souzanil, na

capela de Santa Ana, por volta do último fim de semana de Julho.

Santa Ana ou Sant’Ana é a mãe da Nossa Senhora e avó de Jesus. Sobre

ela, porém, há poucos dados biográficos. As referências que chegaram até

eles, sobre os pais de Maria, foram deixados pelo Proto-Evangelho de Tiago,

um livro escrito provavelmente no primeiro Século e que não faz parte dos

Evangelhos Canónicos, ou seja, aqueles reconhecidos pela Igreja como

oficiais.

Porém, o Evangelho de Tiago é uma obra importante da antiguidade e

citada em diversos escritos dos padres da Igreja Oriental, como Epifânio e

Gregório de Nissa. Santa Ana se casou jovem como toda moça em Israel

naquele tempo. A tradição diz que São Joaquim era um homem de posses

e bem situado na sociedade. Ambos viviam em Jerusalém, ao lado da

piscina de Betesda, onde hoje está a Basílica de Santana. O casal se

relacionava com pessoas de todo o Israel, especialmente nas festas em

Jerusalém.

Santa Ana, tinha um grave problema: era estéril. Não conseguia

engravidar mesmo depois de anos de casada. Em Israel daquele tempo a

esterilidade era sempre atribuída à mulher, por causa da falta de

conhecimento. A mulher estéril era vista como amaldiçoada por Deus. Por

isso, Santa Ana sofreu grandes humilhações. São Joaquim, era censurado

pelos sacerdotes por não ter filhos. Tudo isso fazia com que o casal sofresse

bastante.

Santa Ana e São Joaquim, porém, eram pessoas de fé e confiavam em

Deus, apesar de todo o sofrimento que viviam. Assim, num dado momento

da vida, São Joaquim resolveu retirar-se no deserto, para rezar e fazer

penitência. Nessa ocasião, um anjo apareceu-lhe e disse que as suas

orações tinham sido ouvidas.

Ao mesmo tempo, o anjo apareceu também a Santa Ana confirmando

que as orações do casal tinham sido ouvidas. Assim, pouco tempo depois

que São Joaquim voltou para casa, Ana engravidou.

311


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Através do sofrimento, Deus estava a preparar aquele casal para gerar

Maria, a virgem pura concebida sem pecado.

A devoção a Santa Ana e São Joaquim é muito antiga no Oriente. Eles

foram cultuados desde o começo do cristianismo. No século VI a devoção a

eles já era enraizada entre os fiéis do Oriente. No Ocidente o culto a Sant

Ana remonta ao século VIII. Em 710, as relíquias da avó de Jesus foram

levadas de Israel para Constantinopla e, de lá, foram distribuídas para várias

igrejas. A maior dessas relíquias ficou na igreja de Sant’Ana, em Durem,

Alemanha.

No ano de 1584, o Papa Gregório XIII fixou a data da festa de Santa Ana

em 26 de Julho. Na década de 1960 o Papa Paulo VI juntou a esta data a

comemoração de São Joaquim. Por isso, no dia 26 de julho comemora-se

também o “Dia dos Avós”.

Por fim, Santa Ana é a padroeira dos avós. Mas também é invocada pelas

mulheres que não conseguem engravidar. Santana é também a padroeira

da educação, tendo educado a Nossa Senhora e influenciado

profundamente na educação de Jesus.

Doc. 188 - Imagem da Santa Ana do Lugar de Souzanil

312


[Capítulo V](Festas/Santos)

• Festa de Santa Luzia:

A festa de Santa Luzia ocorre todos os anos no lugar de Framil, na

capela de Santa Luzia, no domingo posterior a 13 de Dezembro.

Saibamos então um pouco sobre a Santa Luzia. Nasceu na cidade

italiana de Siracusa e era de uma família rica e cristã. Era considerada como

uma das jovens mais belas da sua cidade.

O seu pai morreu quando ela tinha 5 anos e a sua mãe, Eutíquia, sofria

de graves hemorragias internas. Luzia tinha uma grande convicção cristã,

que a fez consagrar-se secretamente ao Senhor Jesus e oferecer

perpetuamente a sua virgindade.

Santa Luzia via-se numa situação complicada, pois a mãe encontravase

enferma, porém sabiamente propôs-lhe que fizessem uma romaria ao

túmulo de Santa Águeda, na cidade de Catânia uma mártir de grande

importância para a fé cristã e, caso a doença da mãe de Luzia passa-se, seria

um sinal para o não prosseguir o seu casamento.

Contam os registos da história de Santa Luzia, que após a romaria

milagrosamente Eutíquia se curou da doença que a afetava gravemente, e

então voltaram para casa, com duas certezas: que era da vontade de Deus

que ela preservasse a sua virgindade, e que, tal qual Santa Águeda, passaria

sofrimentos terríveis. Após perceber o que passaria decidiu doar tudo que

tinha aos pobres num gesto de caridade, em seguida sendo acusada pelo

homem que a queria como esposa.

Para que não passasse pelo martírio, Santa Luzia tinha duas

alternativas: quebrar o voto de castidade ou prestar culto e sacrifícios aos

falsos deuses, e tendo realizado isso foi presa pelas autoridades que nessa

época perseguiam injustamente os fiéis cristãos.

Num primeiro momento, tentaram desonrar Santa Luzia tentando

levá-la a um monte da cidade de Pascásio, porém milagrosamente não

havia força humana que a retirasse do local, conta a história que ela estava

firme como uma montanha, nem mesmo vários bois conseguiram mover a

virgem e, após tentarem movê-la sem sucesso, atearam-lhe fogo, mas as

chamas não a afetaram.

313


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Então irritados, removeram os seus olhos em um ato de crueldade.

Conta a tradição católica, que eles apareceram novamente para pôr termo

à vida da jovem, decapitando-a e, durante todo o tempo não deixou de

dizer: “Adoro a um só Deus verdadeiro".

Doc. 189 - Santa Luzia do Lugar de Framil

314


[Capítulo V](Festas/Santos)

• Festa de Santa Bárbara:

A festa de Santa Bárbara ocorre todos os anos, é uma festa que se realiza

durante o mês de Maio ou de Junho, na capela de Santa Bárbara em

Rebordelo.

Santa Bárbara foi, segundo a Tradição católica, uma jovem nascida na

cidade de Nicomedia (na região da Bitínia), atual Izmit, Turquia nas margens

do Mar de Mármara, isto nos fins do século III da Era cristã. Bárbara, era a

filha única de um rico e nobre habitante desta cidade do Império Romano

chamado Dióscoro.

Por ser filha única e com receio de deixar a filha no meio da sociedade

corrupta daquele tempo, Dióscoro decidiu fechá-la numa torre. Santa

Bárbara na sua solidão, tinha a mata virgem como quintal, e questionavase

se de fato, tudo aquilo era criação dos ídolos que aprendera a idolatrar

com os seus protetores naquela torre.

Santa Bárbara era bela e, acima de tudo, rica, por isso não lhe faltavam

pretendentes para casamentos, mas Bárbara não aceitava nenhum. Numa

certa altura, o seu pai “decidiu construir um compartimento com duas

janelas” para Bárbara. Todavia, dias mais tarde, ele viu-se obrigado a fazer

uma longa viagem.

Enquanto Dióscoro viajava, Bárbara ordenou a construção de uma

terceira janela na torre, visto que o compartimento ficara na torre. Além

disso, ela esculpira uma cruz sobre a fonte.

Dióscoro, quando voltou, reparou que a torre onde tinha trancado a filha

tinha agora três janelas em vez das duas que ele mandara abrir. Ao

perguntar à filha o porquê das três janelas, ela explicou-lhe que isso era o

símbolo da sua nova Fé. Este fato deixou o pai furioso, pois ela se recusava

seguir a Religião da Roma Antiga.

Debaixo de um impulso e fúria, e obedecendo às tradições romanas,

Dióscoro denunciou a própria filha ao prefeito Marciniano que a mandou

torturar numa tentativa de a fazer renunciar da sua fé, facto que não

aconteceu. Assim, Márcio condenou-a à morte por degolação.

Por isso, Santa Bárbara é dos artilheiros, mineiros e dos que lidam com

Fogo (Bombeiros); contra tempestades, raios e trovões.

315


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 190 - Santa Bárbara do Lugar de Rebordelo

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[Capítulo V](Festas/Santos)

• Festa de S. Pedro - Mosteirô:

Esta festa realiza-se no lugar de Mosteirô, apesar de não existir uma

capela para a realização da romaria. Costuma ocorrer na mesma altura da

festa de S. Pedro do lugar do Mosteiro, ou seja, por volta do último fim de

semana do mês de Junho.

Doc. 191 - Capelinha de São Pedro no Lugar de Mosteirô

317


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Festa de Nossa Senhora das Dores:

A festa da Nossa Senhora das Dores ocorre todos os anos durante o mês

de Agosto na capela da Nossa Senhora das Dores no lugar de Valcova,

embora o Dia de Nossa Senhora das Dores seja a 15 de Setembro. Neste

dia, 15 de Setembro, recordam-se as dores que Santa Maria, Mãe de Jesus,

sofreu pela morte de seu Filho e o seu amor redentor, que leva a uma nova

vida.

Em Portugal o dia é celebrado em várias freguesias, recebendo a Santa

nomes diferentes em cada localidade: Nossa Senhora das Dores, Nossa

Senhora das Angústias, Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora do

Pranto, Nossa Senhora do Calvário, Nossa Senhora das Lágrimas, etc.

Esta devoção tem origem na Bíblia, onde se encontram as sete dores de

Maria: a profecia de Simeão; a fuga para o Egito; a perda de Jesus no

templo; ver Jesus a carregar a cruz; a crucificação; Maria recebe o cadáver

do seu Filho; o enterro e sepulcro de Cristo.

Assim, Nossa Senhora das Dores é representada com sete lanças no

coração e é a padroeira da congregação.

Doc. 192 - Imagem da Nossa Senhora das Dores de Valcova

318


[Capítulo V](Festas/Santos)

• Festa de S. João:

A festa de São João realizava-se todos os anos no lugar de Sobrêda,

por volta do último fim de semana do mês de Junho.

São João Batista ou só São João, nasceu milagrosamente em Aim

Karim, cidade de Israel que fica a 6 quilómetros do centro de Jerusalém,

filho de um sacerdote do templo de Jerusalém chamado Zacarias e de Santa

Isabel, que era prima de Maria Mãe de Jesus.

São João Batista foi consagrado a Deus desde o ventre materno. No

seu percurso, ele pregou a conversão e o arrependimento dos pecados

manifestos através do batismo. João batizava o povo, daí o nome João

Batista, ou seja, João, aquele que batiza.

João Batista é muito importante no Novo Testamento, pois ele foi o

precursor de Jesus, anunciou a sua vinda e a salvação que o Messias traria

para todos. João Batista era a voz que gritava no deserto e anunciava a

chegada do Salvador. Ele é também o último dos profetas. Depois dele, não

houve mais nenhum profeta em Israel.

Morreu decapitado a mando de Herodes Antipas com cerca de 30

anos. Em Portugal, o Dia de São João é celebrado no dia 24 de junho.

319


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 193 – Capelinha de São João (22-06-2006) do lugar de Sobrêda

320


321

[Capítulo V](Festas/Santos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

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[Capítulo VI](Barco tradicional do Rio Douro)

[Capítulo VI]

(Barco tradicional do Rio Douro)

323


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

324


[Capítulo VI](Barco tradicional do Rio Douro)

• Barco tradicional do Rio Douro – Valboeiro:

O barco tradicional do Rio Douro ou Valboeiro foi o barco mais utilizado

nos meados do século XV até aos finais do século XX no Rio Douro

nomeadamente na única freguesia feirense banhada pelo rio a norte,

Freguesia de Canedo.

O barco tradicional do Rio Douro era construído em madeira de pinho,

embora também fosse construído em madeira de eucalipto, com um

comprimento máximo de 7 metros é constituído por uma ré em bico e uma

proa também em bico, mas um pouco levantada para facilitar a

movimentação da embarcação, fazendo uma figura oval.

Deste estilo oval, fazem parte, os altos que são as tábuas mais pequenas

onde pousam os remos, e o casco que é a parte submersa na água, na qual

eram assentes nas cavernas que de preferência eram construídas em

madeira de carvalho.

Além de toda a armação do respetivo valboeiro, acrescenta-se tábuas

no convés, com uma pequena perfuração para inserir o mastro, caso fosse

movido a vela.

O barco tradicional do Rio Douro, era utilizado para o transporte de

mercadorias, de passageiros e para a pesca, e podia ser movido a remos

como à vela, embora esta última maneira de navegação fosse pouco usual.

No Rio Douro, e a Nordeste do Concelho de Santa Maria da Feira, este

tipo de embarcação era utilizada para o transporte de sal, carvão, madeira,

carqueja, produtos agrícolas e areia para a cidade Invicta do Porto, sendo

também muito utilizado na travessia de passageiros nas margens do Douro.

Com o avanço da tecnologia e do mundo moderno, o Valboeiro caiu no

desuso, restando só os exemplares que navegaram as águas do Douro

durante séculos.

325


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 194 – Barcos Valboeiros no Porto de Carvoeiro

Doc. 195 - Barcos Valboeiros no Porto de Carvoeiro

326


[Capítulo VI](Barco tradicional do Rio Douro)

Doc. 196 – Um valboeiro a sair do Porto de Carvoeiro – meados do século XX

Doc. 197 – Valboeiros no Cais de Carvoeiro

327


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

328


[Capítulo VII](Rios)

[Capítulo VII]

(Rios)

329


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

330


[Capítulo VII](Rios)

• Rios que passam pela Freguesia de Canedo:

• Rio Inha:

“O rio Inha, afluente da margem esquerda do Rio Douro, desagua entre

a foz dos rios Arda (a montante) e Uíma (a jusante). Nasce no lugar de

Abelheira, na freguesia de Escariz, concelho de Arouca. Desde a nascente

até à foz, o rio Inha percorre 18 quilómetros, predominantemente no

sentido Sul/Norte, ao longo de sucessivos vales encaixados de encostas

íngremes, sem acesso às suas margens, e atravessa um território

seccionado por numerosos cursos de água de pequena dimensão que dão

origem a encostas de fortes pendentes.

O rio Inha aparece documentada na idade média:

“Ricuelo ignia” em 1078;

“Ricuelo igneia” em 1098;

“Riilulo igneia” em 1112;

“Flunio de Hinia" em 1115 além de aparecer como Hidro - topónimo no

mesmo documento "uilla Hinia (...) Ascariz”;

“Rivulo ineia” em 1132;

“Inia Ipso ricuelo, agua de Inea” em 1137.

Face do exposto a grafia gn nos dois rios Inha e Dinha parece mais

antiga que a grafia ni mas perto da foz do rio Inha no Douro, perto de

Labercos regista-se já em 1059 a grafia ni do Hidro - topónimo (inia-hoje

lugar da Inha da Freguesia de Canedo do concelho da Feira) com gn (caso

agnu- anho etc. e ini e caso senior) evoluíram no mesmo som do nh por

vezes estão representados pela grafia gn ou vice-versa, nome "agnitrudidie"

em 900 e "amiedudia" em 989 isto em latim iguais a fogo tem ligação ao rio

do Fogo à sua água, água de confuscada, aguas caldas, aguas quentes, rio

quente e rio caldo.

331


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Depois da nascente em Escariz, atravessa um vale encaixado entre as

povoações de Belide, Cruzeiro, Outeiro, Londral, Cimo de Inha e Mascotes

(Escariz, Arouca) na direção SE-NO.

Segue depois para Romariz, no concelho de Santa Maria da Feira,

onde percorre um novo vale encaixado e meandrizado, junto às povoações

de Oliveira, Reguenga e Carvalhal. A partir desta povoação, o rio percorre

sempre na direcção Sul-Norte, pelos lugares de Santa Ovaia, Cedofeita e

Póvoa na freguesia de Louredo, no concelho de Santa Maria da Feira,

prosseguindo em vale encaixado pelos lugares de Pena e Santa Cristina.

Entra depois nas faldas declivosas da Serra de Parada (354 m), na

mesma direcção, sem acessos ou povoações nas imediações.

Entre Pessegueiro e Rebordelo (Vale, Santa Maria da Feira), junto à

Ponte da Carvalhosa, recebe as águas de um dos seus principais afluentes,

o Rio da Amieira, que nasce em S. Miguel do Mato (Arouca). Segue o seu

percurso em outro vale encaixado, sem acessos às margens, junto às

povoações de Serralva e Inha (Canedo, Santa Maria da Feira), onde recebe

as águas de outros dois afluentes, entre eles, o Ribeiro da Mota que nasce

em Duas Igrejas (Romariz, Santa Maria da Feira). Depois o rio Inha atravessa

vertentes abruptas de declives acentuados até à foz, onde desagua no rio

Douro em Labercos (Lomba, Gondomar), onde recebe mais dois afluentes

primários com nascentes em Labercos e Camouco, este último já no

concelho de Castelo de Paiva.

Pinho Leal descreve assim o rio Inha, afluente do rio Douro:

“Tem seu nascimento n’uns pequenos arroyos que vem do Monte do

Castêllo, freguezia de Escariz, concelho de Arouca. Passa próximo a

Cabeçaes (ao O.), regando as freguezias de Escariz, Fermedo, Romariz,

Valle, Louredo, Gião e Canedo (sendo a primeira, segunda e quinta do

concelho de Arouca e as mais do da Feira, e fazendo nas duas últimas

trabalhar fabricas de papel).

Desagua na esquerda do Douro, no sítio da Foz do Inha, a 1 km abaixo de

Pé de Moura, e a 24 km a E. do Porto. Tem 18 km de curso. Faz mover muitos

moinhos, e traz algum peixe, miúdo, mas muito saboroso, em razão de

correr arrebatado por entre pedras. Tem algumas pontes de pau e uma boa

de pedra, no Cascão. Dá-se n’este rio uma singularidade.

332


[Capítulo VII](Rios)

Logo abaixo da tal ponte do Cascão (que é próximo da aldeia de S.

Vicente de Louredo) é a fábrica de papel da Lagem. A margem esquerda é

da freguezia de Gião, concelho da Feira, e a direita é da de Louredo,

concelho de Arouca, e, como a maior parte do edifício da fábrica está

construído sobre o rio (que é muito estreito) pode um indivíduo (ou uns

poucos, estando em linha) estar de pé no meio de uma sala, e ter metade

do corpo na comarca da Feira e a outra metade na comarca de Arouca. (…).

O Inha recebe vários ribeiros, por uma e outra margem.” (Leal, 1873).

Quanto à geomorfologia da região, o rio Inha corre

predominantemente encravado em encostas íngremes, de orientação Sul-

Norte, pelo que o seu percurso se estende em áreas de cariz agrícola e

florestal, muitas vezes inacessíveis.

Toda a bacia do rio Inha está integrada em relevos do Complexo

Xisto-Grauváquico, com intrusões de orientação SE-NO de rochas eruptivas

nas freguesias de Romariz, Vale e Escariz. Os depósitos aluvionares são

raros ou inexistentes nas margens do rio Inha.

O rio Inha encontra-se, em grande parte, despoluído no seu troço

mais a montante e relativamente protegido por atravessar áreas de baixa

pressão urbana ou industrial. Nas freguesias mais a jusante, o mesmo não

se verifica e são frequentes episódios de grave poluição. Em Canedo (Santa

Maria da Feira), o rio Inha tem recebido escorrências de lixiviados

provenientes da antiga lixeira, situada naquela freguesia. Nos últimos anos,

a elevada carga orgânica das águas do rio Inha, fruto da fertilização de

terrenos agrícolas, tem gerado eutrofização de alguns troços do rio Inha,

com a proliferação de pragas de algas que cobrem o leito do rio e colocam

em risco a qualidade das águas e a navegabilidade de recreio.

Este fenómeno, mais frequente no Verão, tem ocorrido na freguesia

de Canedo, com maior incidência nas imediações da antiga lixeira,

entretanto desativada, e que recebeu cerca de 1,8 milhões de toneladas de

lixos indiferenciados, provenientes do Grande Porto e sem qualquer tipo de

impermeabilização do solo durante décadas (Jornal de Notícias de 09 de

Outubro de 2006, Jornal de

Notícias de 11 de Abril de 2007). Outros casos de poluição orgânica

surgiram em grande número na zona da Lomba, em Gondomar, junto à foz

do rio (Jornal de Notícias de 30 de Outubro de 2006).

333


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 198 – Rio Inha

Doc. 199 – Ponte do Eng. Edgar Cardoso, sobre o Inha

334


[Capítulo VII](Rios)

As pragas de algas desencadearam ações de limpeza das margens do

rio Inha dos lixos acumulados e dos grandes silvados por um grupo de

elementos ligados ao Clube de Canoagem de Canedo (CCC) e outros

apoiantes ligados à defesa do ambiente, como forma de protesto. Este tipo

de poluição é de grande importância, uma vez que o rio Inha vai desaguar

perto das captações de água que fornece a Área Metropolitana do Porto.

Nas margens do rio Inha, a ausência de acessos rodoviários em

escarpas xistosas de grande declive com vales fortemente meandrizado cria

condições favoráveis para a prática de desportos náuticos, como

canoagem, ski aquático, etc. Pela mesma razão, o rio Inha tem um elevado

potencial para a prática de desportos de montanha, como escalada,

alpinismo, BTT, etc.

O troço final, entre as freguesias de Canedo e Lomba, possui uma

grande beleza natural e paisagística enquadrada pela ponte existente em

altura sobre a EN 222. Este local pode ser um polo para o desenvolvimento

turístico, com a criação de percursos pedestres ou cicláveis nas margens,

utilizando os estradões já existentes e utilizados por pescadores locais, a

criação de um parque de lazer junto ao afluente que desagua em zona

pantanosa na margem direita do rio e desenvolver o potencial dos

desportos náuticos e de montanha neste troço.

Outras zonas de grande interesse são os vales agrícolas de Romariz e

Santa Maria do Vale, a poucos quilómetros da nascente, junto das

povoações de Outeiro, Londral, Cimo de Inha e Mascotes, com extensas

plantações de milho, vinha e prados em socalcos, ladeada por zona de

floresta densa e extensa galeria ripícola. A vocação destes espaços agrícolas

nas margens do rio Inha deve ser conservada para a criação, manutenção e

diversidade de espaços seminaturais na paisagem. De referir ainda que a

Câmara Municipal de Santa Maria da Feira prevê a ligação entre o lugar de

Porto Carvoeiro à antiga lixeira de Canedo com potencial para ser

reconvertida numa zona de lazer, numa área total de 60 hectares.

O rio Inha atravessa sucessivos vales de vertentes abruptas e

íngremes, com baixa densidade urbana e industrial. As pequenas povoações

existentes estão dispersas na matriz densamente florestal da paisagem.

335


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 200 – Zona Ribeirinha do Inha/Margem Esquerda do Rio Inha

Doc. 201 – Rio Inha

336


[Capítulo VII](Rios)

A deficiente cobertura e qualidade dos acessos rodoviários e o

declive do terreno não permitem a fixação de grandes aglomerados

populacionais. Mas, nas pequenas povoações escondem-se elementos de

um património histórico-cultural ligado ao mundo rural que urge preservar.

Ao longo do rio Inha, existem sucessivas pontes que estabelecem ligação

entre povoações mais ou menos isoladas.

Situada mais próximo da nascente do rio em Escariz (Arouca), a Ponte

de Oliveira (Vale, Santa Maria da Feira), situa-se no lugar com o mesmo

nome, sob as margens do rio Inha. Está próxima da Capela da Oliveira e do

cruzeiro fronteiro. Para jusante, segue-se a Ponte do Outeiro (Vale, Santa

Maria da Feira), liga as povoações de Santa Ovaia a Carvalha, Torre e

Cedofeita. A Ponte da Cedofeita (Vale, Santa Maria da Feira), liga os lugares

da Póvoa e Cedofeita, onde se localiza um moinho. A Ponte da Parada (Vale,

Santa Maria da Feira), liga as povoações de Parada a Pena, na Estrada

Nacional 509, de onde se avista a Serra de Parada.

Seguindo o percurso do rio para jusante, a Ponte da Carvalhosa

(Canedo, Santa Maria da Feira), é uma pequena ponte, a jusante da qual

desagua o rio da Amieira, afluente da margem direita do rio Inha. Segue-se

a Ponte de Rebordelo (Canedo, Santa Maria da Feira), que liga os lugares de

Pessegueiro e Rebordelo.

É uma ponte em betão inaugurada em 2002, localizada num vale

muito encaixado, com encostas de grande declive. A montante e a jusante

desta ponte, está instalada uma truticultura de dimensão industrial.

Finalmente, a poucos quilómetros da foz, pode encontrar-se a Ponte

do Inha (Canedo, Santa Maria da Feira), com acesso pela EN 222. É uma

moderna ponte, em betão, de arco único, a recordar nas suas linhas a Ponte

de Arrábida do Eng. Edgar Cardoso. Liga os concelhos de Santa Maria da

Feira e Gondomar. O rio Inha desagua mais à frente na margem esquerda

do Douro.

Esta ponte está encaixada num canhão de encostas xistosas muito

íngremes, a vários metros de altura.

Não se conhece informação completa e exaustiva acerca da fauna e flora

existentes no rio Inha. Sabe-se que o rio Inha é muito rico em recursos

piscícolas, nomeadamente a pesca de truta (Salmo trutta), bogas-de-rio

(Chondrostoma polylepsia) e barbos-do-Norte (Barbus bocagei). A

337


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

abundância de trutas justificou a instalação de uma truticultura industrial

em Rebordelo (Canedo, Santa Maria da Feira).

Desde há três anos que uma equipa liderada pela Universidade do

Porto propôs um plano de recuperação dos peixes migradores do Douro,

entre os quais, o sável (Alosa alosa), a savelha (Alosa fallax), a lampreiamarinha

(Petromyzon. marinus L.) e a lampreia-do-riacho (Lampetra

planeri), esta última em vias de extinção, mas cuja espécie ainda se

encontra no rio Inha, junto a Lomba, Gondomar.

Nas encostas mais íngremes do vale encaixado do rio Inha,

predominam extensas plantações de eucalipto (Eucalyptus globulus) e

pinheiro-bravo (Pinus pinaster), com pontuações de sobreiros (Quercus

suber), carvalho-alvarinho (Quercus roble) e castanheiros (Castanea sativa),

por vezes abundantes onde o eucalipto é menos representativo. Estas

espécies seriam a vegetação primitiva do vale encaixado e inacessível do rio

Inha.

Em Canedo e Lomba, freguesias pouco afetadas pela pressão

urbanística que tem vindo a caracterizar outras áreas dos concelhos de

Gondomar e Santa Maria da Feira, as margens do rio Inha oferecem ainda

um coberto florestal intenso, sucedendo-se as matas de eucaliptal e pinhal

pontuadas, junto às margens dos rios, por uma frondosa vegetação ripícola

à base de amieiros (Alnus glutinosa), salgueiros-negros (Salix atrocinerea),

salgueiros-chorão (Salix babylonica), freixos (Fraxinus angustifolia) e

algumas intrusivas austrálias (Acacia melanoxylon) e acácias-mimosa

(Acacia dealbata). Junto das margens do rio, podem encontrar-se fetos

(Pteridium aquilinum), entremeados por densas silvas (Rubus sp), sendo

aqueles indicadores de solos de boa qualidade.

Os juncos (Eleocharis sp.) são uma planta aquática emersa que cresce

em zonas pantanosas, a poucos quilómetros da foz do Inha. A presença de

algas submersas é observável em alguns troços e característica de elevada

poluição orgânica.” 110

110

Relatório de Parques Metropolitanos na Grande Área Metropolitana do Porto. Relatório Final.

Fevereiro de 2009. Disponível online no site: http://rios.amp.pt/sitiosamp/static/public/rios/SistemasEstruturantes-INHA.pdf

[Consultado em 2017]

338


[Capítulo VII](Rios)

• Rio Uíma:

“O rio Uíma é um afluente da margem esquerda do rio Douro. Nasce no

Monte Alto (350 m de altitude), no lugar de Duas Igrejas, freguesia de

Romariz (Santa Maria da Feira) e tem a sua foz em Crestuma (Vila Nova de

Gaia), ligeiramente a jusante da Barragem de Crestuma-Lever.

Da nascente até a foz percorre, predominantemente de Sul para Norte,

as freguesias de Romariz, Pigeiros, Milheirós de Poiares, Escapães, Caldas

de São Jorge, Lobão, Fiães, Vila Maior, Sanguedo, Sandim (Vila Nova de

Gaia), Canedo (Santa Maria da Feira), Lever e Crestuma (Vila Nova de Gaia).

O rio Uíma tem uma área de 68 km 2 e um perímetro de 35 quilómetros,

desenvolvendo uma bacia alongada e estreita, orientada

predominantemente de Sul para Norte, à exceção do seu troço mais a

montante entre Romariz e Pigeiros, em que a sua orientação é de Norte

para Sul.

A sua rede hidrográfica é muito densa e extensa, constituída por

inúmeros ribeiros e regatos. Dos principais afluentes, destacam-se no seu

troço final em Vila Nova de Gaia, a Ribeira de Gende que desagua em

Sandim na margem esquerda e a Ribeira da Bica que desagua em Lever na

margem direita.

No que se refere à geologia, a bacia do rio Uíma está talhada nas rochas

do complexo xistomagnatítico antigo, de onde em onde interrompidas por

afloramentos de granitos e gnaisses como em Pigeiros, Arcozelo (pedreiras

exploradas nas rochas gnaissicas), São Jorge (onde o granito é atravessado

por filão quartzoso, ao longo do qual brotam as águas mineromedicinais das

Caldas de São Jorge), e possui na parte vestibular e nas cabeceiras pequenos

afloramentos de quartzitos ordovícicos.

As rochas graníticas afloram largamente nas zonas centrais e sul da

bacia, nelas se desenvolvendo as maiores altitudes. De relevo moderado, a

altitude máxima é de 400 metros em Duas Igrejas, a bacia do Uíma é, no

entanto, marcada por uma diferenciação topográfica evidente. Às vertentes

suaves e aos vales pouco encaixados de Nadais, Pigeiros, Vinhó, opõe-se

uma extensa depressão de fundo plano, coberta por materiais aluviais,

onde o Uíma meandriza, que abrange as áreas de São Jorge, Lobão e

339


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Sanguedo, enquadrada a ocidente por vertentes abruptas donde se

individualiza Fiães (230 m de altitude).

O Uíma deixa a depressão em Sanguedo e até à foz em Crestuma corre

por entre vertentes modestas, mas vigorosas num vale bastante encaixado

(Coelho, 1990).

Relativamente à história, deu-se o nome de Úmica à região de Uma,

grafia antiga do rio que atualmente é designado por Uíma ou Ima, usado

tanto no género masculino como no feminino. As palavras latinas “umidus”

(húmido) ou “humus” (solo) têm a mesma origem que Uíma (Baptista,

2000). Num documento de 1097, aparece a primeira referência ao nome de

Umia; noutro de 1311, o de Uma; no Dicionário de 1158, o de Huyma e,

atualmente, o de Uíma.

Acerca do primeiro, Pinho Leal diz o seguinte:

«Em um documento do séc. X, que do cartório do mosteiro de Pedroso,

concelho de Vila Nova de Gaia, foi para o arquivo da Universidade, onde

hoje existe – falando da cidade de Santa Maria (hoje vila da Feira) se diz que

a cidade da Portella, é situada, ‘discurrente rivulo Umia’. Esta cidade da

Portella, é atualmente uma insignificante aldeia, no alto da serra, em cuja

encosta setentrional está a povoação de Crestuma, sobre a margem

esquerda do Douro.» (Leal, 1873)

A Úmica foi habitada desde tempos remotos, desde a época préhistórica,

proto-histórica, romana e romano-portuguesa.

Os motivos principais eram a fertilidade dos seus campos, bem irrigados

e coroados de sol, a segurança que os oppida (termo em latim que designa

a principal povoação em qualquer área administrativa do Império Romano)

da Portela e Fiães proporcionaram assim como os castros de Sandim e de

Crestuma, as águas mineromedicinais das Caldas de São Jorge e das

Caldinhas fianenses e o sossego religioso dos seus montes e planícies,

terreno que foi propício à fundação de muitos ascetérios, eremitérios,

mosteiros ou conventos que trouxeram à Úmica, de perto e de longe,

milhares de devotos, bons exemplos de trabalho e cultura (Sousa, 1954).

Ao longo do seu percurso, o rio Uíma atravessa inúmeras pontes,

represas e açudes, algumas das quais de grande relevância históricocultural

nas freguesias que atravessa.

340


[Capítulo VII](Rios)

Doc. 202 - Ponte do Estilo Romano sobre o Rio Uíma no Lugar de Várzea

Doc. 203 - Rio Uíma

341


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Em tempos, a fauna piscícola no rio Uíma era mais abundante que a do

Febros (Almeida, 1990). Nele, abundavam trutas (Salmo trutta), bogas-dorio

(Chondrostoma polylepsia) e bogas-do-Douro (Chondrostoma polylepis

duriensis). A fauna piscícola é idêntica ao rio Febros, em outras espécies

como barbo (Barbus barbus), barbo-do-norte (Barbus bocagei), escalo

(Leuciscus cephalus cabeda), góbio (Gobio gobio), pimpão (Carassius

carassius) e enguia (Anguilla anguilla).

A lontra (Lutra lutra) tinha presença bem conhecida nas águas do rio

Uíma, especialmente junto às Termas das Caldas de São Jorge, por entre a

frondosa vegetação e nas águas do Uíma, onde têm sido de novo avistadas

depois de um longo período (Jornal de Notícias de 5 de Junho de 2006).

A destruição da vegetação ripícola - nomeadamente associada a ações

de limpeza, extração de inertes e aumento das áreas agricultadas - reduz as

condições de abrigo das lontras nas margens, alimentação e segurança.

Em relação às aves, registaram-se na bacia do rio Uíma pardais (Passer

domesticus) e rolas (S. turtur), entre outras. Foi constituída uma Zona de

Caça Municipal nos terrenos da freguesia de Lever, do concelho de Vila

Nova de Gaia para a perdiz-vermelha (Alectoris rufa), coelho-bravo

(Oryctolagus cuniculus) e javali (Sus scrofa).

Relativamente a répteis e anfíbios, foram encontrados no Rio Uíma

espécies como o tritão-marmorado (Triturus marmoratus), tritão-deventre-laranja

(Lissotriton boscai), salamandra-de-pintas-amarela

(Salamandra salamandra), rã-ibérica (Rana iberica), salamandra-lusitânica

(Chioglossa lusitanica), sapo-comum (Bufo bufo), cobra-de-água-viperina

(Natrix maura), fura-pastos (Chalcides striatus), licranço (Anguis fragilis),

lagarto-de-água (Lacerta shreiberi), lagartixa-do-mato (Psammodromus

algirus) e lagartixa-ibérica (Podarcis hispanica) (Almeida, 1990). A rãibérica,

o tritão-de-ventre-laranja, a salamandra-lusitânica e o lagarto-deágua

são endémicas da Península Ibérica, logo têm grande importância de

conservação.

No rio Uíma, os fundos dos vales e as encostas mais suaves são ocupadas

por uma agricultura baseada nas culturas do milho, feijão e pastagens, em

associação com a cultura da batata e da vinha a marginar os campos.

A mata primitiva de carvalhos (Quercus robur), castanheiros (Castanea

sativa) e sobreiros (Quercus suber), que no passado ocupava grandes

342


[Capítulo VII](Rios)

extensões na bacia do Uíma, cedeu o lugar aos pinhais (Pinus pinaster) e

eucaliptais (Eucalyptus globulus) associados a um sub-bosque de urze (Erica

arborea), tojo (Ulex europaeus), giesta (Cytisus striatus) e fetos (Pteridium

aquilinum). Apenas a bordejar o Uíma, ainda se podem ver alguns choupos

(Populus nigra), amieiros (Alnus aglutinosa) e salgueiros (Salix atrocinerea)

(Coelho, 1990).

Em Canedo, o coberto florestal é intenso nas margens do rio Uíma,

sucedendo-se as matas de eucaliptal e pinhal pontuadas, por uma frondosa

vegetação ripícola à base de amieiros, salgueiros, freixos e algumas

intrusivas austrálias (Acacia melanoxylon) e acácias-mimosas (Acacia

dealbata).” 111

Doc. 204 – Ponte de Várzea sobre o Rio Uíma (2)

111

Relatório de Parques Metropolitanos na Grande Área Metropolitana do Porto. Relatório Final.

Fevereiro de 2009. Disponível online no site: http://rios.amp.pt/sitiosamp/static/public/rios/SistemasEstruturantes-UIMA.pdf

[Consultado em 2017]

343


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Rio Douro:

O Rio Douro é um dos principais rios da Península Ibérica, que flui de sua

fonte perto Duruelo de la Sierra, na província de Sória, no norte -central

Espanha e no norte de Portugal, sendo a sua foz no Porto / Vila Nova de

Gaia.

O nome latinizado Durius, pode ter vindo das tribos celtas que

habitavam a região antes dos tempos romanos, sendo Dubro a raiz celta

para este nome. Nos tempos romanos, o rio foi personificado como um

deus, Durius.

O nome Douro Vinhateiro, refere-se a uma área do Vale do Douro, em

Portugal, que foi classificada pela UNESCO como Património Mundial.

Tradicionalmente, o Vinho do Porto era levado rio abaixo em barcos de

fundo plano chamados rabelos, para ser armazenado em barris nas caves

em Vila Nova de Gaia, na margem sul do rio, em frente à zona da Ribeira do

Porto.

O rio Douro é o terceiro maior da Península Ibérica, depois do Tejo e do

Ebro. O seu comprimento total é de 897 km, sendo que apenas as águas de

Portugal são navegáveis.

Do lado de Espanha, o Douro atravessa a grande meseta castelhana e

serpenteia através de cinco províncias da Comunidade Autónoma de

Castela e Leão: Sória, Burgos, Valladolid, Zamora e Salamanca, passando

pelas cidades de Sória, Almazán, Aranda de Duero, Tordesilhas e Zamora.

Nesta região, há poucos afluentes do Douro, sendo os mais importantes

o Pisuerga, que passa por Valladolid, e o Esla, que passa através de Zamora.

Esta região é, na sua generalidade, uma zona de planícies semi- áridas,

plantadas com trigo. No entanto, à semelhança do que acontece em grande

parte da sua extensão portuguesa, também em Espanha existem algumas

zonas plantadas com vinhas, como é o caso de Aranda de Duero. A criação

de ovelhas é também um fator económico a ter em conta na região

espanhola.

Ao longo de 112 quilómetro, o rio Douro constitui parte da linha de

fronteira nacional entre Espanha e Portugal, numa região de gargantas

estreitas que acabou por se tornar numa barreira histórica para invasões e

344


[Capítulo VII](Rios)

que constitui um fator de divisão cultural e linguística. Nestas áreas isoladas

da fronteira, existem duas áreas protegidas distintas:

-O Parque Natural do Douro Internacional (do lado português);

-El Duero Parque Natural de Arribes (do lado espanhol).

Após a confluência com o rio Águeda, o rio Douro entra totalmente

em território português, sendo que, a partir daí e até à foz, são raros os

grandes centros populacionais junto ao rio. À exceção das grandes cidades

do Porto e de Vila Nova de Gaia, que ficam junto à foz, apenas se

consideram dignas de nota as populações da Foz do Tua, do Pinhão e do

Peso da Régua.

Em Portugal, os afluentes mais importantes do rio Douro são o Côa,

o Tua, o Sabor, o Corgo, o Távora, o Paiva, o Tâmega, o Sousa e o Febros.

Todos eles são pequenos rios, de águas rápidas e não navegáveis.

Em Portugal, o rio Douro atravessa os distritos de Bragança, Guarda,

Viseu, Vila Real, Aveiro e Porto. A cidade do Porto é a principal cidade na

zona norte de Portugal, sendo o seu centro histórico reconhecido como

Património da Humanidade pela UNESCO.

No distrito de Aveiro, mais para norte, Canedo é a única freguesia do

Concelho de Santa Maria da Feira banhada pelo rio Douro. Canedo aparece

na sua margem esquerda, banhado pelas suas águas 3 km, desde da Foz do

Rio Inha até ao vale das Custouras (um pouco abaixo do Porto de Carvoeiro.)

Na margem do Rio Douro, encontra-se a aldeia de Carvoeiro, onde

começa/acaba a EN 223, que em tempos remotos foi um porto fluvial de

grande importância do Rio Douro.

Doc. 205 - Vista do Rio Douro do Porto de Carvoeiro

345


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

346


[Capítulo VIII](Lendas, Orações e Talhações)

[Capítulo VIII]

(Lendas, Orações e Talhações)

347


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

348


[Capítulo VIII](Lendas, Orações e Talhações)

• Lendas típicas de Canedo:

Canedo, devido à sua vasta floresta, ao cultivo árduo da terra, à

existência de muitas linhas de água e ser uma terra com grande

religiosidade, tem imensas lendas encantadoras. De muitas outras,

apresento aqui duas.

• Lenda do Poço do Fajouco: A grade encantada

“No dia de S. João, um lavrador do lugar de Lousado decidiu ir buscar a

grade encantada que era de ouro, à meia-noite, porque esta, a essa hora

estava fora do poço, então o lavrador apegou os bois (sabendo que não

podia falar em nome de Deus ou santos).

Desceu caminho abaixo até ao poço e vendo a grade na beira do poço,

o lavrador ficou maravilhado. Delicadamente engatou a grade e subiu o

monte a cima, ao chegar a casa, ia a falar para os bois, a dizer " à bois do

diabo, estou a ficar safo, à bois do demónio, deste-me a sorte", mas no

momento, quando já estava a amanhecer, ao entrar em casa, o demónio

mudou-lhe a mente, e em vez de falar em memória do demo, disse o

contrário e olhou para trás "ai boisinhos de Santo António que me deste a

sorte”.

Como ele não podia olhar para trás nem falar em nome de santos,

quando ele acabou de dizer estas palavras, a grade desengatou e deteve-se

no poço, nunca mais apareceu.”

• Lenda da Cobra Moura

“Existe uma nora antiga no local da cobra, no Lugar da Inha. Depois

dos agricultores regarem os seus campos rente à noite, da respetiva nora

do Rio Inha, viram várias vezes no rego da água um barulho esquisito a

deslizar com os olhos cintilantes e comentavam uns para os outros "Será

349


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

alguma lontra, será algum lobo, ou alguma coisa doutro mundo", até que

um dia um destemido agricultor, ao desengatar os bois do pau da nora,

avistou uma cobra muito grande coberta de cabelo e com cabeça de gato e

com uns olhos centelhantes. Os bois ao sentirem o animal fugiram caminho

abaixo.

O homem com muita calma pegou numa enxada de regar o milho, e

de repente saltou ao rio á entrada da boca da nora e tentou feri-la, apesar

desta ter cerca de dois metros de cumprimento, que o azar foi tanto que ao

dar o lanço á enxada, o homem entropeçou numa raiz de amieiro e não a

conseguiu a atingir. Dizem os habitantes do lugar, que a cobra ainda anda

por esses sítios no raio de 500 metros, mas só aparece de dez em dez anos.

O pobre agricultor só os conseguiu encontrar a cerca de um

quilómetro do local, pois eles estavam apostos e ficaram engatados num

salgueiro ao passar o ribeiro do Vieiro.” 112

• A lenda dos três Irmãos

“Três irmãos, muito amigos, Domingos, Pedro dos Pecureiros e

Marcos, decidiram consagrar-se à vida religiosa e construíram, com as

próprias mãos, pois era três pedreiros, três ascetérios, em locais elevados,

donde se vissem e comunicassem quando quisessem, respetivamente, em

Paiva, Penafiel 113 e Fajões.

Possuíam um só martelo, diz a linda, e por causa disso, trabalhavam à

vez com ele, e arremessavam-no (atiravam-no), de um lado para o outro.

As três Capelas têm as portas principais voltadas umas para as outras.

Por vezes, temos ouvido, em vez de São Pedro dos Pecueiros, Santo

Isidro que tem a sua capela no alto do Castrejo, de muito valor na vila de

Gondomar.” 114

112

As lendas variam de lugar para lugar.

113

“Ou entre Penafiel e Rio Mau.” – diz o autor da Lenda.

114

Vd. O Concelho de Gondomar. Camilo de Oliveira (1931)

350


[Capítulo VIII](Lendas, Orações e Talhações)

• Orações típicas de Canedo: 115

• Minha alminha

“Minha alminha tem de firme,

Que vais correndo na fé,

Jesus Cristo contigo é,

Lembras-te que hás-de morrer,

E logo hás-de aparecer.

Passarás e não temerás,

Ao campo de “Churofas”,

Cinquenta na véspera,

Cinquenta no dia.

Eu hei-de “saúdadar”,

Com a Virgem Maria,

A saudade que eu peço,

É paz e alegria.”

• Reza às almas

“No dia da Senhora da Conceição

Nossa Senhora da Conceição “balei-nos”.

Nossa Senhora da Conceição “balei-nos”.

Nossa Senhora da Conceição “balei-nos”.

Nossa Senhora da Conceição, tu que pela

tua sagrada boca disseste, quem 150

vezes pelo teu santíssimo nome

chamasse sua alminha não perdia.”

• Ao despertar

“Benza ó Deus o dia,

Benza ó Deus quem nos guia,

Filho da Birge' Maria,

Senhor qu'apartastes

A noute do dia,

Afastai a minh'alma

Da má cumpanhia Amém”

• Pai Nosso da Palma

“Pai-Nosso da Palma

Onde Nosso Senhor Jesu' Cristo

Fez corpo e alma.

Ceu de'strelas, mar de Nazaré

Intrando e saindo,

Jesu' Cristo oubindo,

Lá in cima naquel'altar

'Stá uma feia majestade.

Bai lá e dá a mim

E dá à Joana e dá à Maria,

Num dês àquela feia Judia,

Qu'era a que num crio

Crer qu'eu era filho de Deus

E da Birge' Maria abertas,

Remidas e inroladas.”

115

Muitas das orações são apresentadas da mesma forma como são ditas pela voz popular, evidenciando

o arcaísmo das pessoas mais antigas.

351


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Salva

“Esta Salva que rezamos

Ao senhor a ofertamos

E também a Santo António

Que nos livre do demónio.

Que nos livre do demónio

Da sua má companhia

As contas do meu rosário

São peças de artilharia

Dão combates ao inferno

Dizendo Ave Maria.

Ave Maria me lembro

Na morte e mais na vida

Para que sempre louvemos

Nossa Mãe na companhia

Sem pecado concebida

Outra vez Ave Maria.

Ave Maria Senhora

Cheia de graça Divina

Amparadora das almas

Amparai também a minha.

Senhora da Conceição

Sois a Rainha das flores

Aceitai-nos este terço

Sois a mãe dos pecadores.

Vosso filho amoroso

Que por nós morreu na cruz

Fazei que nos leve á glória

Para sempre amém Jesus.”

• À virgem

“Birge pura, birge' pura,

Bem sobemos que paristes

Tod'o mundo remistes

Remei a mim Sinhora,

Sou uma grande pecadora.

(Quando o padre consagna

A hóstia e o cálice no altar

Pergunta como se chama)

Chamo-se Menino Jesus

Prégado numa Cruz,

Cum três crabos, tres'spinhos

E três junquinhos marinhos”

• À Nossa Senhora de Março

“O mês de Março

Tem trinta e um dia

Quero-me assoldado convosco

Ó Virgem Maria,

A suldada qu’eu bos peço

É que deis a este mundo paz

E no outro alegria, Amém.”

• Ao deitar da cama

“Nesta cama me bou deitar

Nosso Sinhor bou adorar

Se bier a morte p'ra me buscar

E eu'steja por cunfessar,

Cunfessai-me, meu Senhor

Que sabeis q'antos eles são

E botai-me a absuloição

Inq'anto digo o Acto de Contrição

(Acto de Contrição, meu Deus...)”

352


[Capítulo VIII](Lendas, Orações e Talhações)

• Contra o pesadelo

“Deus me disse, Deus me disse,

Deus me disse que me deitasse e

dormisse,

Que me num lembrasse da onda nim

da maromba

Nim do home' da má sombra

Nim do magano pesadelo

Que tem a mão furada

E a unha desbirada

Cuntista, cuntista, cuntista,

Rigista, rigista, rigista,

Assista, assista, assista,

De bolta da minha morado

Três bezes cuntista,

Três bezes rigista,

Três bezes assista,

Dia de Páscoa e ó domingo,

Sábedo d'Aleluia

Padre-Nosso, Abé-Maria”

• Ao deitar

“Cum Deus me deito,

Cum Deus me lembr'a morte,

O qu'inferno tão forte!

Por quem chamais?

- P'la Birge' Maria

- Oh que bela cumpanhia!

Os santinhos rezo

E os anjos adora",

Deus Nosso Sinhor

Se deite entre mim

Nesta hora Amém”

• Ao deitar

“Cruz de Cristo caia sobre mim,

Nosso Renhor Jesu' Crist

Responda por mim,

Inimigos bibos e mortos

O Senhor os defenda de mim. Amem

Cum Deus me deito,

Cum Deus me lebanto

Na graça do debino'Sp rito Santo,

Deus me cubra c'o seu manto.

S'eu coberto co'ele for

Num tenho medo nim temor

Nim de cousa que má for,

S'eu dormir, acordai-me.

S'eu morrer, alumiai-me

Co'a boz das sete belas

Da Santissima Trindade

Três à cabeceira

Q’atro ós pés

E Nosso Sinhor

Jesu' Cristo à dianteira.

S'a morte me bier buscar

E eu num puder falar,

Nim dizer três bezes

"Jesu' me balha"

Deus me sucorra

Pla sua infinita bundade, Amém”

353


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Para quando troveja

“Q’ ando Sinhor plo mundo andou,

São Grigório o incuntrou

E Nosso Sinhor l'e proguntou:

Onde bais, ó Grigório?

Bou tomar a troboada

Que sobre nós and armada

Bai, ó Grigório, bai,

Torna p'ró monte maninho

Unde num haja pão nim binho

Nim de menino bafinho

Nim casa nim beira

Nim raminho de figueira

Nim pedrinha do sal

Nim cousa que faça mal Amém”

• À Nossa Senhora

“A Nossa Senhora

Esta reza que rezamos à Sinhora

Of'reçamos que nos libre do

demónio

E da sua má cumpanhia,

As contas do meu rosário

São peças d'artilharia,

dão cumbate 6 inferno,

Dizendo Abé-Maria,

Abé-Maria da Graça,

Sinhora da Cunceição,

Tantos são os bossos milagres

que num tem cumparação.

Loubado sejais dos anjos

Mais de Deus, ó Birge pura.

Bosso Filho é formoso

Que por nós morreu na cruz.

Peço que me dês glória

P'ra sempre amém Jesus.

Até' gora andei irrada

Sem nunca atinar caminho.

Num há mar que me perca,

Sois um'arca aberta

À porta do Paraíso.

Mas olhei qu'ando im guerra

Neste mundo tentador

Birge', pedei ó Sinhor

Que me dê um coração forte

P'ra sempre amém Jesu’”

• Morte do Senhor

“Quinta feira d'Indoenças,

Sesta-feira da Paixão,

Sabedo d'Aleluia,

Domingo da Ressurreição,

Incuntrei Nossa Sinhora

C'um ramo d'ouro na mão

Pedi-lhe uma folhinha,

ela disse-me que não

eu tornei a pedir

ela deu-me seu cordão,

Que me daba sete boltas

À bolta do coração.

Numa ponta tem S. Pedro

Na outra tem S. João,

No meio tem o retrato

Da Sinhora d'A'cenção.

Ó meu padre Santo António

Aceitai-me este cordão

Que me deu a Birge'Maria

Pra pôr no coração.

Intrego-me à luz,

A santa cruz,

A Sinhora a Deus,

Ó corpo formoso

E a Deus piedoso.

Assim com'o cálice

E a hóstia'stão no altar,

Assim'stejo os anjos

No ceu por mim a rogar”

354


[Capítulo VIII](Lendas, Orações e Talhações)

• Ao deitar (ou ao levantar)

Com Deus me deito (levanto),

Se a morte vier para me levar

A minha boca não possa falar

E os meus pecados não possa

confessar

Peço ao nosso senhor

Que me confesseis e perdoeis

Pois bem sabeis quantos eles são

Neste mundo paz e no outro

salvação

Enquanto eu digo o acto de

contrição.

• Para se confessar

diretamente a Deus

Confesso-me a Deus e à Virgem

Nossa Senhora do Rosário que me

perdoe os meus pecados que bem

sabe os que lhes são

enquanto eu digo a confissão

e o aceito de contrição,

Deus Nosso Senhor e a Virgem

Nossa Senhora me vote a sua Divina

absolvição.

• Oração a S. Mateus para não

ter sonhos maus

Milagroso S. Mateus, tomais conta

dos meus sonhos que eu tomo

conta dos seus.

• Entrego-me ao Senhor

Entrego me ao senhor e à flor que

Ele nasceu, à História consagrada e

à cruz que Ele morreu.

• Pelo mês de Maio

Arreda-te Satanás,

Que parte na minha alma não

terás,

Que no dia de Santa Cruz,

Mil vezes direi Jesus.

• Oração ao Pai nosso

Padre Nosso S. Gregório que ele foi

ao salvatório vestidinho de burel

para alcançar as cinco chagas do

Divino Manuel,

Manuel que está no berço,

embalando S. José, embala com a

mão, manje com o pé

que esse menino que embalas é

Jesus de Nazaré.

Os galos estão cantando entre nós

e dominé.

• Oração para não ter

pesadelos

Pesadelo do pé torto e da mão

furada, vai contar contar as

estrelas ao céu e as areias ao mar e

não venhas comigo contestar.

355


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Talhações típicas de Canedo:

• Talhar as bichas (lombrigas)

“Enfarruscam a parte abdominal com canão e azeite depois limpam essa

região, mas nos poros ficam sempre alguns pontos negros do carvão, que

são, segundo eles dizem, as cabeças das bichas.

Como matá-las? Com uma navalha de barba raspam tanto quanto é

possível, esses tais pontos negros. Feito isto, supõem curado e padecente!

Esta é a operação cirárgica; mas para a benzedura, põe-se o doente de

barriga para o ar. A benzedeira, com uma faca de cozinha sobre o ventre do

padecente, diz:

Bicho, rabicho, salte daqui

Que Jesus Cristo não te quere aqui.

Por poder de Deus e da Virgem Maria.

(Ave-Maria).

E em nome das três pessoas da SS. Trindade, vai talhando desde o

número 9 até meia lombriga.

E de todas as vezes que talha, finge cortar a cabeça à lombriga,

invocando o padre Santo António, talhador da porfia, em talhar bicha e

lombrigas que de nove desfazem em oito e depois em sete, etc., até não

ficar nenhuma por talhar, de fio em fio, com uma faca.

O fio é duma maçaroca; a agulha é enfiada numa linha que não tenha

nó e cortada por uma tesoura.”

356


[Capítulo VIII](Lendas, Orações e Talhações)

• Talhar o unheiro:

O talhador diz:

“Unheiro verde parido,

Quem te talharia?

Foi Nossa Senhora,

Só ela esse poder teria.

Em louvor de S. Pedro e S. Paulo

de S. Silvestre

Isto que eu faço, preste.”

• Talhar uma abridura (doença de peito aberto)

“Quando alguém adoece por motivo de algum tombo ou outro de sastre,

donde resultou luxação ou entorse e fica com dores, ordinariamente nos

jogadoiros, chama-se uma mulher que teve duas crianças ambas do sexo

masculino; e deitado o padecente, a tal mulher que teve os referidos

gémeos passa três vezes por cima do lugar dorido, dizendo: - Eu que coso?

Carne quebrada e fio destorço. -Isso mesmo é que eu coso, por poder de

Deus, e da Virgem Maria, de S. Pedro e de S. Paulo e de S. Silvestre; que seja

o verdadeiro mestre; tudo que eu faço, preste. Outra variante: «carne

quebrada, torna a tua casa; fio destorço, torna a teu poço».

Chamam coser o fio, porque a bruxa usa o fio, a agulha e a tesoura. Outra

variante: quando alguém sofre uma luxação ou coisa semelhante nos

quadris ou no peito-chamam peito aberto. Então procura-se uma mulher

que tenha tido dois gémeos; essa mulher tem de saltar nove vezes por cima

do padecente que jaz no chão; e ela, a cada salto dum lado para o outro,

vai dizendo:

«Jesus, santo nome de Jesus,

Assim como sarei da minha paridura

Assim sares da tua abridura.»”

357


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Talhar a fístula

“Talha-se com uma pouca de lã de ovelha pequenina, acompanhando o

ato com uma reza semelhante a antecedente.”

• Talhar o bicho

“Passa-se um tição aceso pela frente da ferida e fazendo com ele o sinal

da cruz, diz-se:

«Jesus, nome de Jesus! (3 vezes)

Talho bicho, bichão,

Cobra, cobrão,

Aranha, aranhão.”

• Talhar as bichas às crianças

“A benzedeira munida dum pau e duma faca vai simulando que cora, em

frente da criança, ao passo que diz:

Jesus, nome de Jesus, etc.

Talho ar de bichas

Ar de longas e ar de lombrigas;

Estas bichas, longas, lombrigas,

E assães e bicotil.

Estas bichas e longas lombrigas

E assães eu as talho:

Que sequem e esmirrem

As que precisas não forem,

Como o pau do bogalho

E a folha do carvalho.”

358


[Capítulo IX](Canções)

[Capítulo IX]

(Canções)

359


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

360


[Capítulo IX](Canções)

• Canções típicas de Canedo:

A freguesia de Canedo sempre teve uma grande ligação à construção de

melodias e músicas populares com elementos da natureza (rios, árvores,

etc.), invocando santos, e também com vivências do quotidiano da altura.

Por este mesmo facto, dizem que as terras de Canedo têm um folclore

interessante e dos mais valiosos do país, composto com um extenso e

variado reportório de músicas, caracterizado pelos Viras e Rusgas.

• Fado à Vila de Canedo

Ai Canedo era uma Vila,

Ai no tempo da Monarquia.

Ai ainda não se pensava,

Ai encenou a freguesia.

Ai o lavrador traz o carro,

Ai o padeiro traz o cesto,

Aí nós somos da Beira rio,

Ai trazemos peixe Fresco.

Ai viva o povo de Canedo,

Isto não é fantasia,

Ai Sr. da Piedade,

Dai a bênção à freguesia.

• Vira Sra. da Piedade

“Sra. da Piedade,

Ai Sr. Da Piedade,

No calvário de Canedo,

Ai no calvário de Canedo.

Abrei-me as portas do ceú,

Ai abrei-me as portas do ceú,

Porque eu cá fora tenho medo,

Ai que eu cá fora tenho medo.

Raparigas de Canedo,

Ai raparigas de Canedo,

Gozai vossa mocidade,

Ai gozai vossa mocidade.

Vamos juntinhos rezar,

Ai vamos juntinhos rezar,

Sra.da Piedade,

Ai Sra. Da Piedade.”

361


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Água da Fonte

“Freguesia de Canedo,

Ao longe parece vila,

Tem uma fonte na entrada,

E um rio na saída.

(Refrão). Ó água da fonte,

Água tão fresquinha,

Ó água da fonte,

Pura e cristalina.

Se vires o mar vermelho

Não penses que é sagrado,

São as lágrimas de sangue,

Que eu por ti tenho chorado.

Refrão;

Ó Amieiro, do rio,

Deixa passar os peixinhos,

Quem namora às escondidas,

Quer abraços e beijinho.

Refrão.”

• Velha Rusga

“Ó Velha Rusga,

Ouve ó lá cantador,

Ouve ó lá cantador,

Dou-te a minha Saudação.

Ó Velha Rusga,

Eu cheguei aqui agora,

Eu cheguei aqui agora,

Eu te saúdo, Ó cantadeira.

Ó Velha Rusga,

Eu te saúdo, Ó cantadeira.

Somos das Terras de Canedo,

Santa Maria da Feira.

Ó Velha Rusga,

Ouve ó lá cantador,

Ouve ó lá cantador,

Somos das Terras da Feira.

Ó Velha Rusga,

Somos das Terras da Feira,

Para não cantares sozinho,

Tens aqui a cantadeira.

Ó Velha Rusga,

Ouve ó la cantadeira,

Ouve ó la cantadeira,

Não me tires os sentidos.

Ó Velha Rusga,

Não me tires os sentidos,

Vamos terminar a rusga,

Para ficarmos amigos.”

Ó Velha Rusga,

Dou-te a minha Saudação,

Saúde e tudo em geral,

E à briosa comissão.

362


[Capítulo IX](Canções)

• Senhora da Piedade

“Senhora da Piedade, ó larai,

No calvário de Canedo, ó larai,

Abrei-me as portas do ceu, ó larai,

Que eu cá fora tenho medo, ó larai.

Abrei-me as portas do ceu, ó larai,

Que eu cá fora tenho medo, ó larai.

(Refrão). Nós vamos dançar,

esta linda moda.

Dançai raparigas,

Nesta linda roda.

Nesta linda roda,

Não olhes para trás,

Dançai raparigas,

Com vosso rapaz.

Eu também queria dançar, Ó larai,

Senhora da Piedade, Ó larai,

Com esta linda modinha, Ó larai,

Para alegrar a mocidade, Ó larai

Com esta linda modinha, Ó larai,

Para alegrar a mocidade, Ó larai

(Refrão)

Raparigas de Canedo, ó larai,

Gozai vossa mocidade, ó larai,

Vamos juntinhos rezar, ó larai,

Senhora da Piedade, ó larai.

(Refrão)”

• Cantiga da Eira

“Pelo mar abaixo

Vai uma panela

Ó do rum, tum, tum,

Vamos atrás dela.

Deixei o limão correndo

E à tua porta parou…

Quando o limão te quer bem

Que fará quem o botou!

A saia da Carolina

Tem dois tomados na frente…

Ai, sim, Carolina, ó ai, ó ai, meu

bem!

Os tomados da Carolina

Fazem inveja a toda a gente!

Ai, sim, Carolina, ó ai, ó ai!

Ai, sim, Carolina, ó ai, ó ai, meu

bem!”

• Tenho vinte e três amores

“Tenho vinte e três amores,

Contigo são vinte e quatro…

Em chegando ao quarteirão

Vendo-os todos a pataco!

Tu dizes que me num queres

Mas “indas”, virás a qu’rer…

Tanta água dá na pedra

Que a faz amolecer!

Vai-te embora, amor, “num”

julgues

Que eu vou ficar a chorar

“Num” falta quem queira vir

Ocupar o teu lugar!”

363


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Meu amor

“O meu amor diz que vira

E eu também qu'ria ver

Estrélas ao meio dia...

Coisa que não pode ser!

O meu amor ourives (2)

Já me deu uma aliança

Já me foi bater à porta

E abusar da confiança f

O meu amor eras tu

Se te num fosses gabar

Pela bôca perde o peixe

Quem te manda a ti falar?

O meu amor é um anjo

Eu em Deus não o mereço.

Já mo quiseram comprar

Mas - anjos do céu - não têm preço”

• O meu amor

“O meu amor ontem à noite

Pela vida me jurou

Que se ia deitar ao mar

E eu atrás dêle não vou!

Os filhos da minha filha

Sempre meus filhos serão…

Os filhos do meu filho

Serão meus netos ou não!”

• Rosa qu’estás na roseira

“Rosa qu’estás na roseira,

Deixa-te estar em botão…

A rosa depois de aberta

Todos lhe “quer” pôr a mão!

Semeei no meu quintal

O brio das raparigas…

Nasceu uma rosa branca

Cercada de margaridas…

Se ouvires dizer que eu morri

“Num” chores por mim, meu bem…

A morte de uma infeliz

“Num” causa pena a ninguém!

Silva verde num me prendas

Olha que me “num” seguras…

Eu já tenho “arrebentado”

Outras amarras mais duras.”

Ó meu rico São João,

o meu santo marinheiro...

Levai-me ra vossa barca

Lá pró Rio Janeiro!

Ó minha mãe dos trabalhos

Para quem trabalho eu?

Trabalho, mato o meu corpo,

Não vejo nada de meu!

364


[Capítulo IX](Canções)

• No alto daquela serra

“No alto daquela serra,

No alto daquela serra,

Está lá um lenço,

Está lá um lenço de várias cores.

Está lá um lenço,

Está lá um lenço de várias cores.

Está dizendo – Viva, Viva,

Está dizendo – Viva, Viva.

Ora morra, quem morra,

Quem “num” tem amores.”

• Senhora Ana, Senhora Maria

“Senhora Ana,

Senhora Maria,

O seu galo canta,

O meu assobia.”

• As cartas do Brasil

“De onde vens, ó ai,

Ó de onde virei,

Ó ai, onde virei,

Ó ai.

Ter de levar as cartas

Ao brasil, Ó Rei,

Ó ai, ó Brasil,

Ó Rei, Ó ai.”

• Vira Valseado

“Ai este Vira Valseado,

Ai este Vira Valseado,

Ai já o meu pai o dançava,

Este Vira Valseado.

Ai já o meu pai o dançava,

Ai na eira da minha mãe,

Ai quando vinha a desfolhada,

Ai na eira da minha mãe.

Ai virai meninas virai,

Ai virai meninas virai,

Neste Vira Valseado,

Ai virai meninas virai.

Ai este Vira Valseado,

Ai é o vira mais bonito,

Ai daquele tempo passado,

Ai é o vira mais bonito.

• Aperta amor, aperta

“Rua abaixo, rua acima,

Toda a gente me quer bem. (bis)

Só a mãe do meu amor,

Não sei que raiva me tem. (bis)

(Refrão) Ó aperta, amor, aperta,

Aperta a minha cintura. (bis)

A amizade que te tenho,

Só tem fim na sepultura.

Atirei o limão verde,

À menina da varanda. (bis)

O limão caiu lá dentro,

E a menina já cá anda.

(Refrão)”

365


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Rabela

“A minha mãe é rabela, (bis)

Eu com ela me criei, (bis)

Vamos dançar a rabela, (bis)

Que eu outra moda não sei. (bis)

A minha mãe é rabela, (bis)

E o meu pai o rabelão, (bis)

A minha mãe toca viola, (bis)

E o meu pai o violão. (bis)

A minha mãe é rabela, (bis)

Vai ao porto à semana, (bis)

Ela vai no seu barquinho, (bis)

E eu fico a dormir na cama. (bis)

Rabela, minha rabela, (bis)

Rabela minha mulher, (bis)

Quem tem uma mulher, (bis)

Navega quando quiser. (bis)”

• Lambão

“O pai do ladrão,

Era meu vizinho.

Vendeu um arado,

Para comprar vinho.

(Refrão) Vai de ronda em ronda,

E torna a rodar.

O pai do ladrão,

Era tamanqueiro.

Fazia soquinhos,

Do pobre pinheiro.

(Refrão)

O pai do ladrão,

Era sapateiro,

Fazias sapatos,

Ganhava dinheiro.

(Refrão)

O pai do ladrão

Foi dançar comigo.

Ele caiu na roda,

Ai foi divertido.”

• Diga lá, ó meu menino

“Diga lá, ó meu menino

Donde vem e para onde vai,

E as armas que traz às costas

Se as herdou do seu pai…

As armas que trago às costas

Não as herdei do meu pai,

São os cornos de seu marido

Que de maduros lhe caiem.”

Já cá vai roubada,

Já cá vai na mão.

Já cá vai roubada,

No meu coração.

366


[Capítulo IX](Canções)

• Avante Canedo Inteiro

Avante Canedo inteiro,

Com muita fé e glória,

Dai todos vosso dinheiro,

Honrai assim uma história.

De Canedo era o Mosteiro,

Aqui fundado há mil anos,

Heróis da fé e da crença,

Que nós dele todos herdamos.

Rainha Santa Isabel,

Esposa de D. Dinis,

Transformou rosas em pão,

A história assim o diz.

• Desfolhadas

(Odete Latourrette Alves)

As desfolhadas na aldeia,

Têm sonhos encantadores,

Assim se desfolha as espigas,

Em casa dos lavradores.

Lindas desfolhadas,

Lindas desfolhadas,

Onde as raparigas

vão todas lavadas.

Saem de Casa,

Preparam-se bem,

Porque os seus namoros,

La irão também.

• Inauguração do Lavadouro

do lugar do Mosteiro (1942)

Neste dia tão feliz,

Todo o canedense quis,

Vir hoje homenagear,

O Senhor presidente da Câmara,

Que veio à nossa terra o lavador

inaugurar.

Meu Portugal,

Por quem governa Salazar,

Na tua paz sem igual,

Tu deves continuar.

Nesta hora incerta,

Para toda a humanidade,

Nós temos um chefe alerta,

Homem de fé e bondade.

Os Canedenses,

Estão encantados,

Cantando em coro,

Tão animados.

Quer faça sol,

Chuva ou vento,

Estão abrigados,

De todo o tempo.

Cantamos com alegria,

De tão lindo lavadouro,

Orgulho da Freguesia.

(Odete Latourrette Alves)

(Odete Latourrette Alves)

367


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Belo anoitecer

Ai como é belo o anoitecer,

Ouvir os sinos a tocar,

Chamando para recolher,

O gado que anda a pastar.

Montanhas lindas, serranias,

Sois a nossa tentação,

Lá passam mais felizes dias,

Quem ama a paz e a solidão.

• Deitei fitas ao luar

Eu subi aquele outeiro,

Deitei fitas ao luar,

O meu amor é tendeiro,

Tem muitas para me dar.

Sim Carolina ói ó ai,

Sim Carolina ó ai meu bem.

(Odete Latourrette Alves)

(Odete Latourrette Alves)

• Festa da Cruzada (1936)

Meu Senhor, deu vento flores,

E ninguém me as quer comprar,

São tão baratas, tão lindas,

Mais lindas não pode achar.

Florinhas, lindas florinhas,

São como vós, as criancinhas.

Florinhas, lindas florinhas,

São como vós, as criancinhas.

• Nas águas do Rio Douro

Nas águas do Rio Douro,

Andam peixes a saltar,

Vinde vê-los, vinde vê-los,

Numa modinha a dançar.

O Rio Douro não sei que tem,

Quem vem de barco sente-se bem,

Ai que bom é no rio andar,

Dentro do barco sempre a Remar.

Rosas de chá, margaridas,

E camélias em botão,

São tão baratas, tão lindas,

Que de graça quási são.

Florinhas, lindas florinhas,

São como vós, as criancinhas.

Florinhas, lindas florinhas,

São como vós, as criancinhas.

368


[Capítulo IX](Canções)

• Lugar de Paçô nos leilões de

1969

Queremos dar a nossa entrada,

É esse o nosso desejo,

Agora a nossa chegada

Do pequenino cortejo.

Rapaziada vamos cantar

Com alegria e animação,

Com estes gestos a dar a dar,

Com muita força e educação.

Vimos todos de Paçô,

Com amor e alegria,

Andamos a trabalhar,

Para a nossa freguesia.

Senhora da Piedade,

Do calvário de Canedo,

Também temos cá na terra,

O padroeiro S. Pedro.

• Lugar de Framil nos leilões de

1969

Há-de ser Canedo,

A melhor do concelho,

Com o povo unido,

E cravo vermelho.

Há-de ser orgulho,

De quantos te desejam,

E seres o exemplo,

De quantos te invejam.

Marchando em frente,

Tem de haver suor,

Deixando em nós,

Um mundo melhor.

E vos emigrantes,

Sempre tão amigos,

Escutas a prece,

Destes vossos filhos.

O pano subiu ao ar,

Nesta terra de Canedo,

Vamos todos marchar,

Para todos perderem o medo.

Vens, vens, vens,

Se não vens vou te buscar

Para fazer um grupo

Para o Salão (Paroquial) acabar.

Este povo de Canedo,

Grita com ansiedade,

Para se unir ao Domingo

No monte da Piedade.

369


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

370


[Capítulo X](Vida Tradicional)

[Capítulo X]

(Vida Tradicional)

371


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

372


[Capítulo X](Vida Tradicional)

• Vida Tradicional da Freguesia de Canedo:

A freguesia de Canedo era uma terra essencialmente agrícola onde

predominava a cultura do milho, do feijão, do vinho, da aveia, centeio,

batata, linho, produtos hortícolas, etc., mas a principal riqueza dos

lavradores eram os pinhais, que abasteciam de lenha e carvão vegetal

grande parte da cidade do Porto. Serviam-se do transporte fluvial, que era

mais barato, sendo o cais de Carvoeiro um dos de maior movimento,

quanto a lenha, do Rio Douro.

Tabela 15 – Produção de alguns produtos agrícolas no ano de 1900 de algumas freguesias do concelho

da Feira (por carros)

Freguesia Trigo Milho Centeio Cevada Aveia

Argoncilhe 8.000 640.000 40.000 12.800 3.700

Arrifana 1.600 64.000 1.600 1.600 1.200

Canedo 5.593 419.510 38.456 2.097 10.488

Feira 40.000 1.900.000 32.000 24.000 10.000

Fiães 2.840 480.000 11.000 5.760 1.200

Guisande 72.000 179.200 18.400 8.000 2.500

Lobão 700 209.760 20.000 14.000 18.000

Louredo 7.200 280.000 40.000 1.600 800

Romariz 48.000 423.000 160.000 4.800 3.200

Vale 2.400 244.600 38.400 800 2.400

Vila Maior 1.600 65.600 14.600 1.920 2.400

Fonte: Correio da Feira, 29-6-1901.

Havia uma fábrica de serração e caixotaria em Carvoeiro, uma de

sabão em Mosteirô, e outra de papel grosso em Várzea. Existiam muitos

moinhos de cereais, sendo que se situavam nos rios Inha e Uíma e os seus

afluentes, vários alambiques, teares, padarias, mercearias, tabernas a

poucos metros umas das outras e um lagar de azeite.

Além de fornecerem para Canedo, ainda abasteciam as freguesias

vizinhas: Vale, Louredo, Vila Maior e Gião, mas antes do racionamento, o

pão de Canedo ia para várias freguesias de Gondomar, Gaia e Castelo de

Paiva.

Segundo o Livro de Registos dos Ofícios do Arquivo Municipal de

Santa Maria da Feira, nos anos de 1755 a 1771 e 1783 a 1799 existiam:

373


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Tabela 16 – Livro de Registos dos Ofícios do Arquivo Municipal de Santa Maria da Feira, nos anos de

1755 a 1771 e 1783 a 1799

Freguesia Alf. Tec. Sap. Somb. Tamanq.

Canedo 5 35 4

Fiães 8 12 2 1 21

Gião 1 4

Guisande 4 3

Lobão 8 8 1 1

Sanguedo 4 20 3 8

São Jorge 1 2

Vila Maior 1 2 1 1

Freguesia Carp. Ferr Pedr. Serrd. Canastros

Canedo 20 3 36

Fiães 5 4 1 1 12

Gião 5 5

Guisande 5 3 20

Lobão 9 1 8 18

Sanguedo 8 3 4 16

São Jorge 4 1 10

Vila Maior 9 3 17

Legenda: Alf. (Alfaiate), Tec. (Tecedeira), Sap. (Sapateiro), Somb. (Sombreireiro), Tamanq. (Tamanqueiro), Carp.

(Carpinteiro), Ferr. (Ferreiro), Pedr. (Pedreiro), Serrd. (Serrador).

Através destes documentos, concluímos que a freguesia de Canedo

era a que tinha mais ofícios num total de 103.

A população Canedense, na sua maior, trabalhava de sol a sol na

agricultura e na criação de aves, gado bovino e caprino. Existiam também

alguns serradores, rachadores de madeiras e resineiros. Os moradores dos

lugares se entreajudavam, sendo que as pessoas mais afastadas do centro

de Canedo só conviviam com as pessoas dos outros lugares na altura das

Romarias, festas religiosas ou quando iam à feira.

Como a freguesia tinha e tem grande extensão, os moradores dos

lugares mais extremos vinham ao centro de Canedo poucas vezes, uma ou

duas vezes por mês, comprar algo muito necessário ou a funerais.

374


[Capítulo X](Vida Tradicional)

Todos os Domingos, da parte da manhã, realizavam-se, próximo da

Igreja no lugar do Mosteiro, a feira de Canedo, na qual vinham pessoas de

freguesias vizinhas como, Fiães, Lobão, Sanguedo, Vila Maior, Gião,

Louredo, Vale, Lever, Lomba, etc., sendo que uns abasteciam-se e outros

vendiam.

A feira tinha um pouco de tudo: géneros alimentícios, produtos

hortícolas, frutas, fazendas, ferragens, gado vivo, ourivesaria e até um

fotógrafo. Como a freguesia era predominantemente agrícola e florestal,

existiam imensos utensílios para esses trabalhos:

• Ancinho:

O ancinho ou gadanho era um instrumento utilizado na agricultura e

constituído por um longo cabo de madeira preso a uma travessa dentada,

geralmente de metal. Era utilizado para apanhar a agulha do pinheiro,

juntar ervas, palha, etc.

• Aravessa:

A aravessa era utilizada nos campos para abrir regos ou tirar batatas.

Era exclusivamente puxada por bois.

• Arado:

Arado é um instrumento que servia para lavrar os campos, revolvendo a

terra com o objetivo de a descompactar e, assim, viabilizar um melhor

desenvolvimento das raízes das plantas. Expunha o subsolo à ação do sol,

ajudando a aumentar a temperatura e apressar o degelo. Também

enterrava restos de culturas agrícolas anteriores, estrume ou ervas

daninhas porventura existentes, assim melhorava a infiltração de água no

solo e a aeração, além de realizar a construção de curvas de níveis.

• Canga:

A Canga ou Parelha de bois era uma forma de aproveitar a capacidade

física dos bois para realização de trabalho no campo (arar, puxar

carroças/carros de boi, etc.) Assentavam no pescoço dos bois e deviam ser

utilizadas com animais de igual condição e constituição físicas e adequadas

ao tipo de trabalho que iam realizar.

• Candeia:

A candeia, lamparina ou lâmpada de azeite era constituída de um

recipiente com algum tipo de óleo combustível, sobre o qual flutuava um

pedaço de madeira ou cortiça, com um pavio encerado fixo.

375


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 206 – o árduo trabalho no Campo (vê-se os diferentes trajes utlizados no campo e uma giga de erva)

376


[Capítulo X](Vida Tradicional)

• Charrua:

A charrua era semelhante ao arado, mas rasgava mais superficialmente

a terra e é mais impermeável, já que se usava o ferro na sua construção,

geralmente, a charrua era puxada por bois.

• Carro de Bois:

O Carro de boi é um dos mais primitivos e simples meios de transporte,

ainda em uso nos meios rurais, utilizado para o transporte de cargas, como

produtos agrícolas ou materiais de construção, e pessoas.

• Enxada:

A enxada ou sachola era uma ferramenta usada geralmente na

agricultura, embora também seja usada para outras tarefas, e consta de

uma parte larga e achatada à qual se adapta um cabo para segurá-la, mais

ou menos longo.

A parte achatada é um estilo de lâmina, com o gume frontal

relativamente afiado por um lado. Utiliza-se basicamente para capinar e

revolver ou cavar a terra, além de para movimentar montões de areia,

argamassa, cortar matas, etc. A parte achatada era de ferro.

• Enxó:

A enxó era um instrumento composto por um cabo curto e uma chapa

de aço cortante. Era usado por carpinteiros e tanoeiros para descascar a

madeira.

• Foice:

A foice era uma ferramenta agrícola, que tinha a característica peculiar

curvilínea. É um importante instrumento de manuseio nas atividades de

agricultura. O instrumento consistia de uma lâmina de metal encurvada

presa a um cabo de madeira.

• Foicinha:

A foicinha como a foice era uma ferramenta agrícola, que tinha

característica curvilínea. Era utilizado nas atividades agrícolas como cortar

erva, ceifar, etc.

• Foucinhão:

O foucinhão era uma ferramenta agrícola com características

curvilíneas. O instrumento consistia de uma lâmina de metal encurvada

presa a um cabo de madeira. Era mais utilizado no monte.

• Forcado:

O forcado era um instrumento utilizado na agricultura, constituído por

um cabo longo de madeira, com dois na ponta, geralmente de ferro. Era

utilizado empilhar carquejas em montes.

377


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 207 -Uma moreia de palha nos tempos antigos

378


[Capítulo X](Vida Tradicional)

• Forquilha:

A forquilha era um instrumento utilizado na agricultura, constituído por

um cabo longo de madeira, 4 dentes compridos na ponta, geralmente de

ferro, assemelhando-se a um grande garfo. Era utilizado no campo para

empilhar ou carregar produtos do campo como também para tirar o

estrume das “cortes” ou estábulos dos animais.

• Fuso:

Fuso era um utensílio cilíndrico feito de madeira, utilizado para fiação e

torção de fibras como lã, linho, cânhamo e algodão em fio. É

frequentemente carregado em ambas as partes, inferior, média ou

superior, geralmente por um disco ou objeto esférico.

O fuso também pode ter um gancho, ranhura, ou entalhe na parte

superior para guiar o fio. Os Fusos têm vários tamanhos e pesos diferentes,

dependendo da espessura do fio que se deseja girar.

• Gasómetro/Lâmpada de Mineiro:

Na freguesia de Canedo existiam homens que trabalhavam em minas, como

as minas de carvão do Pejão, e necessitavam de um gasómetro para dar luz.

O gasómetro era formado por dois reservatórios. No reservatório superior

é colocada água e no inferior é colocada pedras de carboneto de cálcio.

• Grade:

A grade era um utensílio utilizado na agricultura. Era constituído por traves

de madeira ou ferro, com pontas de ferro na parte inferior. Ao ser arrastado

pelos bois, ajuda a aplanar, quebrar fragmentos de terra e cobrir as

sementes em terrenos já lavrados e semeados. Começou a ser utilizado na

Idade Média, na Europa.

• Gancho:

O gancho era um utensílio utilizado na agricultura. Era constituído por

um longo cabo de madeira e três dentes de metal encurvados na ponta. Era

utilizado para cavar a terra, tirar estrume, entre outros.

• Jugo:

O jugo era um utensílio agrícola, parecido com a canga.

• Lampião:

Lampião era um objeto destinado à iluminação, constituindo-se

geralmente de uma armação de metal com um anteparo de vidro para

proteger a fonte de luz, que podia ser uma vela ou uma chama abastecida

por um combustível como o petróleo.

• Malho ou Mangual:

379


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

O malho ou mangual era um instrumento utilizado para malhar milho e

feijão, composto por dois paus ligados por uma correia, sendo um curto e

grosso e outro comprido e delgado.

• Nora:

Nora era muito utilizada para tirar água de poços ou cisternas. Era

constituída por uma roda com pequenos reservatórios ou alcatruzes.

Tradicionalmente as noras eram engenhos de tração animal.

• Plaina:

Plaina era uma ferramenta geralmente utilizada em carpintarias para

nivelar a superfície das madeiras. Essencialmente a plaina consistia num

corpo de madeira ou de metal com uma base plana que sustinha uma

lâmina, ou ferro disposto em ângulo em relação à base. O gume do ferro

era ajustado de modo a estar marginalmente exposto em relação à base o

que permitia cortar a peça a trabalhar.

• Roca de Fiar:

A roca era um instrumento de fiação manual, que se utilizava em

conjunto com o fuso.

• Semeador:

Era um instrumento agrícola essencial no campo para semear cereais,

milho e feijão.

• Tear:

Era um instrumento onde se utilizava o linho para fazer peças de

roupa.

380


[Capítulo X](Vida Tradicional)

Doc. 208 - Bois a postos como era antigamente

Doc. 209 – Carro de bois

381


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Anexos:

Tabela 17 -Estrutura socioprofissional no ano de 1801

Profissões Lobão Gião Canedo

Vila S.

Maior Jorge

Guisande Fiães

Almas 1002 395 1553 468 473 286 1075

Homens 480 196 753 238 230 131 541

Mulheres 522 199 800 230 243 155 534

Seculares 3 4 6 2 2 2

Lavradores 125 50 51 43 52 42 112

Negociante 1 3 1 3

Jornaleiro 8 8

Cirurgião 1 1 1 1 1 3

Alfaiates 8 2 3 1 1 6 5

Carpinteiros 5 4 2 5 2 6

Padeiros 2

Sapateiros 2 2 2

Moleiros 2 1 2 2

Ferreiros 1 2 2

Ferrador

Serralheiros

Pedreiros 7 1 2 4 5

Marinheiros 10 1 6 2

Barqueiros 4

Almocreves 3

Canastreiros 3 20 12 11 12 12

Tamanqueiros 2 20

Serradores 2

Tecelões

Criados 5 8 2 2 19 5 1

Criadas 2 3 2 4 2 7 3

Fonte: Doc. 51, Lobão - Terra do Deus Maior. Carlos Dias. 2018

Retirado de: Descrição da Comarca da Feira – 1801, Separata da “revista da Faculdade de Letras”, II série, Vol. XI. Porto, 1994.

382


[Capítulo X](Vida Tradicional)

Doc. 210 – Um carro de bois (foto de meados do século XX)

383


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Tabela 18 -Preço (em reais) médio dos salários no concelho da Feira (1863 a 1870)

Profissão

Anos

1863 1864 1865 1866 1867 1868 1869 1870

Albardeiro - - - - - - - -

Alfaiate 160 160 160 160 160 180 200 200

Alveneres - - - - - - - -

Calafates - - - - - - - -

Canastreiros 200 200 200 200 200 220 240 240

Carpinteiro 240 240 240 240 240 280 300 300

Carreteiro 500 600 600 600 600 700 800 800

Chapeleiro 240 240 240 240 240 300 300 300

Ferreiro 280 280 280 300 300 300 400 400

Fogueteiro 200 200 200 200 200 240 240 240

Marceneiro 240 300 300 300 360 360 360 360

Mineiro 240 240 240 300 300 360 360 360

Pedreiro 240 240 240 240 300 300 300 300

Pintor 300 300 300 300 400 400 400 400

Relojoeiros - - - - - - - -

Sapateiros 200 200 200 200 200 300 300 300

Seareiros - - - - - - - -

Homens 200 200 200 200 200 300 300 300

Mulheres 200 200 200 200 200 220 220 220

Rapazes 120 120 120 120 120 160 160 160

Serradores 240 280 280 300 300 300 400 400

Tamanqueiros 200 200 200 200 200 240 240 240

Tanoeiros 300 300 300 300 400 400 400 400

Trolhas 300 300 300 300 400 400 400 400

Fonte: Doc. 86, Lobão - Terra do Deus Maior. Carlos Dias. 2018

Retirado de: Copiador 1871, ofício n.º 268. AMSMF

384


[Capítulo X](Vida Tradicional)

Tabela 19 -Lançamento do 4,5 em 1721

Lançamento 4,5% 116 em 1721 (Vila da Feira e seu termo – Freguesias de Estrada

Acima)

Freguesia

Valores em

Valores em

Freguesia

mil reis

mil reis

Freguesia

S. Jorge 18 V. Maior 14 Milheirós 25

Fiães 30 Lobão 45 Cesar 22

Sanguedo 17 S. Vicente 18 Fajões 30

Couto Sandim 42 Vale 23 Escariz 24

Couto de

Valores em

mi reis

28 Romariz 23 Mansores 34

Crestuma

Lever 12 Duas Igrejas 6 Carregosa 38

Canedo 50 Guisande 18 Pindelo 18

Gião 14 Pigeiros 10,5 N. Cravo 18

M. Sarnes 15 S. Roque 15 Ossela 40

M. Seixa 30 O. Azeméis 40

Lançamento 4,5% em 1721 (Vila da Feira e seu termo – Freguesias de Estrada Abaixo)

Válega e

Santiago de

28 Madail 12 ramo de

Cima de Ul

Avanca

76

S. Martinho

S. Vicente

30

da Gândara

Pereira

17 Souto 15

Travanca 12 Arada 10 Espargo 8

Maceda 10,5 Esmoriz 32 Paramos 24

Silvalde 30 Anta 11

Nogueira

Regedoura

10

Oleiros 9 Mozelos 13 Lourosa 17

Lamas 14 Paços 10 Rio Meão 15,5

S. João de Ver 26

Vila da Feira,

parte de 52,160

Vila da Feira,

parte de 6

Cima

Baixo

Sanfins 8 Fornos 14,5 Escapães 14,5

Arrifana 15

S. João da

Madeira

12 Mosteirô 12

Fonte: Pág. 256, Lobão - Terra do Deus Maior. Carlos Dias. 2018

Retirado de: Impostos Gerais, Lançamento do 4,5, ano de 1721. AMSMF

116

O lançamento do 4,5% juntamente com a décima eram impostos que se pagavam sobre o rendimento

coletável.

385


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

386


[Capítulo XI](Registos Paroquiais)

[Capítulo XI]

(Registos Paroquiais)

387


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

388


[Capítulo XI](Registos Paroquiais)

• Abades, Reitores e Párocos da Paróquia de São Pedro de

Canedo

A paróquia de São Pedro de Canedo começa na criação do seu mosteiro,

Mosteiro de São Pedro de Canedo, já muito falado nos capítulos anteriores,

do qual, poucos registos paroquiais permaneceram até hoje. Nota-se que o

abade Martinho Domingues, em 1300, desapareceu com a maior parte dos

registos aquando da sua saía do Mosteiro.

De dados anteriormente falados, esteve à frente do Mosteiro de Canedo

D. Gonçalo Pereira de 1312 a 1322. Logo após, D. Pedro Pires de 1323 a

1327 e a este sucedeu D. Domingos Martins Bugalho, que renunciou o cargo

em 1336.

Já no ano de 1473, sendo o deão Álvaro Gonçalves, o Mosteiro de

Canedo foi desanexado do deado e no ano seguinte anexado à Igreja de São

Tiago de Lobão. Por volta do ano de 1623, já não se fala no Mosteiro

somente da Igreja de São Pedro de Canedo.

Segundo o Inventário Coletivo dos Registos Paroquiais, os primeiros

registos de batismos, casamentos e funerais datam de 1587. Esteve na

posse da Igreja Paroquial até à criação do Registo Civil, em 1911, publicada

no Diário do Governo nº 41 de 1911-02-20. Nesta data as paróquias foram

obrigadas por lei, a entregar os livros de registos de Batismo, casamento e

óbitos às repartições do Registo Civil.

Este fundo esteve na posse do Arquivo da Universidade de Coimbra até

ao ano de 1976, já que apesar de ter sido criado em 1965, pelo Decreto nº

46350, de 22 de Maio, o Arquivo Distrital de Aveiro, só viria a dispor de

instalações seis anos mais tarde, tendo no ano de 2002 transferido a

documentação para as atuais instalações do Arquivo Distrital de Aveiro.

Podemos então ver todos os Livros Paroquiais:

1. Registos de Batismos: 1587-03-06/1911-03-31;

2. Registos de Casamentos: 1587-05-20/1911-03-30;

3. Registos de Óbitos: 1592-01-06/1911-03-09;

4. Registos de Legitimações, Reconhecimentos e Perfilhações: 1860-

02-07/1885-08-04.

389


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Todos os outros registos paroquiais de 1911 em diante, até à data

atual, estão sobre o abrigo da Paróquia no Arquivo da Paróquia que se

encontra na Igreja Paroquial de Canedo.

Tendo em conta todos estes livros, conseguimos recolher algumas

informações sobre Párocos, Curas, encomendados, entre outros.

Ano

Tabela 20 –Responsáveis pelo serviço Paroquial da Paróquia de Canedo

Pároco/Abade

1587 - 1624 Reitor Padre Francisco Neto

Padre António Santos

Padre João Nunes

1624-1660

Padre Diogo Aranha da Rocha

Reitor Padre Manoel de Beça Leal 117

Coadjutor Padre Manoel Cardozo

1659-1684

118

Reitor Padre Manoel de Beça Leal

Padre Belchior de Beça e Sá 119

Reitor Padre Manoel de Beça Leal

1682 - 1700

Padre António Almeida

Padre João Cardozo da Silva

Reitor Padre Manoel de Beça Leal

Padre António da Cunha

Padre Manoel Rocha Pinto

Padre Sebastião Gomes

1699 - 1721

Padre Jacinto Leal de Souza

Padre José de Souza

Padre Domingos da Silva

Padre António dos Reis Fernandes

Padre Manoel de Pinto

Reitor Padre Jacinto Leal de Souza 120

Padre António dos Reis Fernandes

Padre Agostinho André Dias

1720 - 1754

Padre Manoel de Souza

Padre Constantino Agostinho Reimão

Padre Domingos Dias de Souza

Padre Faustino de Souza

117

Padre Manoel de Beça Leal, foi reitor da Igreja de Canedo mais de 50 anos. Era natural de Arrifana de

Sousa (hoje Penafiel), filho de António Leal de Sousa, familiar do Santo Ofício, e de Brites de Beça Leal,

naturais e moradores em Arrifana de Sousa, hoje localidade de Penafiel. Formou-se em Cânones pela

Universidade de Coimbra, erigiu a Congregação da Ordem Terceira e foi visitador Diocesano. No fim da

vida, retirou-se para a Congregação de Oliveira do Douro.

118

O Padre Manoel Cardozo ou Manuel Cardoso, prestou serviço em Louredo de 21 de Dezembro de 1675

a 21 de Junho de 1682. É de notar que no dia 29 de Outubro de 1676, os paroquianos de Louredo foram

crismar-se à Igreja de Canedo por D. Fernando Correia de Lacerda.

119

Em 1649, exerceu atividade em Lobão como padre-cura.

120

Foi reitor da Igreja de Canedo e exerceu atividade em Lobão no ano de 1705.

390


[Capítulo XI](Registos Paroquiais)

1721- 1769

1754 - 1775

1774 - 1792

1786 - 1805

Padre António Barbosa

Padre Francisco Leal de Souza

Encomendado e Coadjutor Padre António dos Reis

Fernando

Coadjutor Padre Agostinho André Dias 121

Padre José de Ferreira de Souza

Coadjutor Miguel Carlos de Oliveira

Padre Agostinho André Dias

Reitor Padre José da Fonseca e Sousa 122

Padre Francisco de Souza Pinho

Padre António Marques da Silva

Padre Manuel Guedes da Silva

Padre João Silvestre de Oliveira Graça

Padre António de Almeida

Reitor Padre Domingos Alves Farinha

Encomendado e Cura Padre Miguel Carlos de Oliveira 123

Padre Bartolomeu Bento de Azevedo 124

Padre Domingos Pereira Pinto 125

Padre Francisco de Souza Bento

Padre Manoel Barbosa

Reitor Padre Domingos Alves Farinha

Padre Agostinho da Mota

Padre Manuel Guedes da Silva

Padre José da Mota Dias

Padre João Silvestre de Oliveira Graça

Padre José de Souza Bento

Reitor Padre Domingos Alves Farinha

Padre José de Souza Bento

Padre Manuel José

Padre Domingos Pinto Leal

Padre Manoel Ferreira Pinto

Coadjutor 126 Padre Manuel Marques

Padre José Dias Aranha

Padre José Pinto

121

Exerceu atividade na Igreja de Lobão como Padre – Cura, no ano de 1764.

122

“Em 1769, era Reitor José da Fonseca e Sousa de 65 anos, com disposição ágil, mas falta de audição.”

Página 174. São Pedro de Canedo, no Concelho da Feira. Cónego António Ferreira de Pinto. (1928)

123

“O Padre Miguel Carlos de Oliveira, ordenado em 1764, por apresentação ao Reitor, desempenhava o

cargo de cura (1769).” Página 175. São Pedro de Canedo, no Concelho da Feira. António Ferreira de Pinto.

(1928)

124

“O Padre Bartolomeu Bento de Azevedo era formado em Cânones, ordenado em 1749, tinha 45 anos

(em 1769), estava aprovado para confessar e pregar, era bom clérigo, mas sofria de hipocondria,

habitualmente muito melancólico.” Idem. Ibidem

125

“O Padre Domingos Pereira Pinto, ordenado em 1764, de 64 anos (em 1769) estava dispensado de

confessar pelo despacho do Provisor Fr. Aurélio, por isso se queixava de várias moléstias.” Idem. Ibidem

126

Coadjutor: Diz-se da pessoa que ajuda outra; Substituto de prior ou prelado no exercício das suas

funções, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa.

391


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Coadjutor Padre Francisco José da Silva

Reitor Padre António Alves Farinha

1804 - 1821

Padre Domingos Alves Farinha

Coadjutor Padre Francisco José de Oliveira

Reitor António Alves Farinha

Encomendado Padre Bartolomeu de José Tavares

1820 - 1854

Reitor Francisco de Oliveira Maia 127

Coadjutor Padre José Gonçalves da Conceição 128

Cura Padre José Gonçalves da Conceição 129

Padre José Gomes Oliveira

1854 - 1867

Reitor Francisco de Oliveira Maia 130

Padre Augusto Eduardo Paes Moreira 131

Reitor Francisco de Oliveira Maia

1860 -1864

Cura Padre José Gonçalves da Conceição

Reitor Francisco de Oliveira Maia

1868 -1870

Cura e Coadjutor Padre José Gonçalves da Conceição

Padre Augusto Eduardo Paes Moreira

Reitor Francisco de Oliveira Maia

1873 - 1875

Padre António Augusto Paes Moreira

Padre Augusto Eduardo Paes Moreira

Reitor Padre Francisco de Oliveira Maia

1875- 1876

Cura Padre Vitorino Luis Dias

Padre Agostinho José Paes Moreira 132

Padre Francisco de Oliveira Maia

1877

Cura Padre Vitorino Luis Dias

Padre Francisco de Oliveira Maia

1878 - 1880

Cura Padre Vitorino Luis Dias

Padre Francisco de Oliveira Maia

1880

Coadjutor Padre Agostinho José Paes Moreira

1881 Padre Francisco de Oliveira Maia

127

“Dum Almanaque Eclesiástico do bispado do Porto para 1857, consta que era abade Francisco de

Oliveira Maia, pregador, egresso da Ordem de S. Francisco da Província de Portugal (Convento da

Conceição de Matozinhos) e que tinha sido colado em 11 de março de 1841.” Página 175. São Pedro de

Canedo, no Concelho da Feira. António Ferreira de Pinto. (1928)

128

“Padre José Gonçalves da Conceição. Irmão do padre Manuel Gonçalves Tavares. Nasceu na casa dos

Gonçalves, do Vale no dia 24-2-1823. Em 1841 e 1848 já era coadjutor e abade de Canedo. Faleceu nesta

freguesia, no lugar de Mosteirô, a 21-6-1874. Jaz no adro.”

129

“Era coadjutor José Gonçalves da Conceição e tinha dois presbíteros: António Ribeiro Barraca e José

Francisco dos Santos, Francisco José da Silva Tavares era ordinando.” Página 175. São Pedro de Canedo,

no Concelho da Feira. António Ferreira de Pinto. (1928)

130

Página 197. O Districto de Aveiro: notícia geographica, estatistica, chorographica, heraldica,

archeologica, historica e biographica da cidade de Aveiro e de todas as villas e freguezias do seu Districto.

João Augusto Marques Gomes. (1877)

131

Mais tarde, o Padre Augusto Eduardo Paes Moreira sai da Paróquia de Canedo e fica Reitor da Igreja

de São Martinho de Feijões por volta do ano de 1875. Página 269. Idem, Ibidem.

132

O Padre Agostinho José Paes (ou Pais) Moreira, natural de Canedo, era filho do Farmacêutico Manuel

José Pais Moreira e D. Emília da Silva Tavares e irmão de: Padre José Augusto Pais Moreira, Vitorino Pais

Moreira e da Dra. Maria Pais Moreira.

392


[Capítulo XI](Registos Paroquiais)

Coadjutor Padre Agostinho José Paes Moreira

1882 Padre Vitorino, Luis Dias (Pároco da Freguesia)

Coadjutor Padre Agostinho José Paes Moreira

1883 -1884 Padre Vitorino, Luis Dias (Pároco da Freguesia)

1885

Padre Vitorino, Luis Dias 133

Padre António Luis de Magalhães

1886 - 1898 Padre António Luis de Magalhães (Pároco da Freguesia)

Padre António Luis de Magalhães (Pároco da Freguesia)

Encarregado de Serviço Paroquial Padre Joaquim Alberto

da Costa Santos

1899

Padre António Pereira de Resende (Encomendado e depois

Pároco da Freguesia)

Encarregado de Serviço Paroquial Padre Agostinho José

Paes Moreira

Padre António Pereira de Resende (Encomendado e depois

1900

Pároco da Freguesia)

Padre Agostinho José Paes Moreira (Pároco da Freguesia a

partir do dia 20 de Maio)

Padre Agostinho José Paes Moreira (Pároco da Freguesia e

1901

Coadjutor do Cura)

Cura Francisco Eduardo Paes Moreira

1902 - 1903 Padre Agostinho José Paes Moreira (Pároco da Freguesia)

1904 - 1906

Pároco Padre Agostinho José Paes Moreira

Coadjutor Padre Júlio Rodrigues da Silva Veiga

1906-1916

Pároco Padre Agostinho José Paes Moreira

Coadjutor Padre José Gomes Ladeira

1916

Pároco Padre Agostinho José Paes Moreira

Coadjutor Padre José Gomes Ladeira

Agosto de 1916

Substituiu o anterior: Coadjutor Padre Felisberto de Basto

Ferreira da Rocha

1917

Pároco Padre Agostinho José Paes Moreira

Coadjutor Padre Felisberto de Basto Ferreira da Rocha

Fevereiro de 1917 Substituiu o anterior: Coadjutor Padre Cândido de Sousa

Maio de 1917

Coadjutor Padre Guilherme da Silva Oliveira

1918

Pároco Padre Agostinho José Paes Moreira

Coadjutor Padre Guilherme da Silva Oliveira

Dezembro de 1918

Substituiu o anterior: Coadjutor Padre Agostinho Henrique

Oliveira

1919

Pároco Padre Agostinho José Paes Moreira

Coadjutor Padre Agostinho Henrique Oliveira

1920

Pároco Padre Agostinho José Paes Moreira

Coadjutor Padre Agostinho Henrique Oliveira

133

Foi encontrado no Livro de Registos dos Óbitos da Paróquia de Canedo um nome de Vitorino Luis Dias,

natural de Canedo, com 61 anos, que morreu no dia 8 de Janeiro de 1908 na sua casa no lugar de Várzea.

Era filho de José Luis Dias, natural das Medas, Concelho de Gondomar e de Custódia de Lousa, natural de

Canedo. Poderá ser ou não ser este padre.

393


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Fevereiro de 1920 a

1924

Março de 1924

Agosto de 1924 a Julho

de 1928

Agosto de 1928

7 de Novembro de

1928 - Agosto de 1936

22 de Agosto de 1936 -

Março de 1959

31 de Março de 1959 –

3 de Fevereiro de 1998

5 de Fevereiro de 1998

- 1999

11 de Outubro de 1999

- atualmente

Pároco Padre Agostinho Henrique Oliveira 134

Encarregado Padre Joaquim Oliveira Pinto

Pároco Padre António José Henriques Coutinho

Padre Manuel Francisco dos Santos

Pároco Padre David Pereira Magalhães 135

Padre David Pereira Coelho 136

Padre António Francisco Regal 137

Padre António Teixeira Machado 138

Padre Emanuel António Couto da Silva Bernardo

Fonte: Registos Paroquiais. ADA. APSPC

134

Após a morte do Pároco Agostinho Pais Moreira, o Padre Agostinho Henrique Oliveira fica pároco da

freguesia.

135

“Há poucos meses faleceu na diocese do PORTO numa freguesia do Concelho da Feira onde foi abade

muito respeitado o meu colega de estudos e bom amigo padre David Pereira de Magalhães Era um rapaz

muito risonho e engraçado e muito manhoso…” Pág. 157. Cinzas de Lisboa: ecos da Lusitanidade

(publicação independente). Padre Ruela Pombo (1952)

136

Era frequentador do Salão Paroquial, o ex-pároco de Canedo, padre David Coelho, natural de Arada,

concelho de Ovar.

137

A biografia do Padre António Regal no Capítulo XII. Exerceu também atividade na Paroquia de Lobão

no ano de 1988.

138

O Padre António Teixeira Machado, nasceu a 1 de Novembro de 1943 e foi ordenado a 16 de Abril de

1972. Atualmente, é Pároco das Caldas de São Jorge e Vergada e Sacerdote da Congregação do Espírito

Santo, Espiritanos.

394


[Capítulo XI](Registos Paroquiais)

• Padre Manoel de Beça Leal:

O Padre Manoel de Beça Leal era natural de Arrifana de Sousa (hoje

Penafiel), filho de António Leal de Sousa, familiar do Santo Ofício, e de

Brites de Beça Leal, naturais e moradores em Arrifana de Sousa, hoje

localidade de Penafiel.

Formou-se em Cânones pela Universidade de Coimbra, erigiu a

Congregação da Ordem Terceira e foi visitador Diocesano. No fim da vida,

retirou-se para a Congregação de Oliveira do Douro. Foi reitor da Igreja

Paroquial de Canedo mais de 50 anos, desde metade do século XVII até

meados do século XVIII.

• Padre Agostinho José Pais Moreira:

O Padre Agostinho José Pais (Paes) Moreira,

nasceu a 30 de Abril de 1852 no lugar do Mosteiro,

da freguesia de Canedo. Filho do Farmacêutico

Manuel José Pais Moreira e D. Emília da Silva

Tavares, tinha como irmãos: Oficial de Marinha

Vitorino Pais Moreira, Rosa Emília Pais Moreira,

Carolina Augusta Pais Moreira e a Dra. Maria Pais

Moreira; era neto paterno de Manuel José Pais e

Maria da Silva do lugar do Mocelo, e materno de

Vitorino José da Silva Tavares e Cândida Leite, do lugar de Fagilde.

Doc. 211 - P. Agostinho José

Pais Moreira

Exerceu atividade na Igreja Paroquial de São de Pedro de Canedo longos

anos, cerca de 40 anos.

Como pároco e Canedense, nunca deixou a sua freguesia de lado,

lutando sempre pelo seu desenvolvimento e pelo bem-estar da

comunidade, contribuindo dignamente para a construção do Cemitério

Paroquial no ano de 1902. É considerado um benemérito da freguesia,

sendo-lhe atribuído o “Largo Padre Agostinho Pais Moreira”, como

memória dos seus atributos para com a freguesia.

Faleceu com 68 anos no lugar do Mocelo, da mesma Freguesia, pela uma

da tarde do dia 15 de Fevereiro de 1920, sendo sepultado no Cemitério da

Paróquia de Canedo.

395


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Padre David Pereira Coelho:

O Padre David Pereira Coelho, nasceu na

Freguesia de Arada, Concelho de Ovar, às 6 horas

da manhã do dia 14 de Março de 1909, filho de

Manuel Gomes Coelho e de Maria Rosa de Sá

Jorge, lavradores, naturais de Arada, do lugar da

Cruzinha.

Foi Pároco da freguesia por um período de 23

anos, sendo que após ter deixado a Paróquia de

Doc. 212 – P. David Coelho

Canedo, continuou a frequentar a freguesia sendo

figura habitual no antigo “Salão Cultural de Canedo”, criado pela conhecida

Dra. Maria Pais Moreira.

Faleceu na mesma freguesia de Arada, a 7 de Agosto de 1993 com 84

anos de idade. Encontra-se sepultado na sua terra natal, no Cemitério de

Arada, num pobre jazigo de família marcado com o número 226.

• Padre António Francisco Regal:

O Padre António Regal, nasceu a 22 de agosto

de 1924, Filho de Manuel Francisco Regal e de

Miquelina Rosa dos Anjos, casados catolicamente

em Espinho. Nascido no lugar de Casaldoido,

Caldas de São Jorge, e batizado na mesma Igreja

Paroquial.

Ordenado a 6 de Abril de 1947, paroquiou a

Paróquia de Canedo, cerca de 39 anos, de 25 de

Abril de 1959 a 3 de Fevereiro de 1998.

Doc. 213 -P. António Regal

Enquanto paroquiou a freguesia, muito contribuiu para o

desenvolvimento da terra, nomeadamente para a sua eletrificação e para a

construção do Centro Paroquial. Faleceu a 3 de Fevereiro de 1998 e na sua

memória foi construído um busto de bronze assente num pedestal a dois

metros junto à igreja paroquial, sendo obra do escultor António Nobre.

Encontra-se sepultado no Cemitério Paroquial de Canedo. 139

139

Algumas informações disponibilizadas pelo Padre António Teixeira Machado.

396


[Capítulo XI](Registos Paroquiais)

• Padre António Teixeira Machado:

O Padre António Teixeira Machado, nasceu no

seio de uma família de lavradores a 1 de Novembro

de 1943 na freguesia de Rebordosa, Concelho de

Paredes. Seguiu então a vocação sacerdotal, sendo

ordenado sacerdote a 16 de Abril de 1972, tendo

estado dois anos antes em estágio em Angola e

depois regressado após a ordenação sacerdotal.

Após o 25 de Abril de 1974, regressou à sua

terra, para acompanhar a sua mãe doente, onde

permaneceu, depois, ao serviço da Paróquia de

Rebordosa, a pedido do Pároco José de Oliveira

Mendes, e depois como coadjutor a partir de 6 de Maio de 1981 até 1983.

Em 8 de Janeiro de 1984, foi nomeado pároco das Caldas de São Jorge, e

hoje, em simultâneo com a Paróquia de Cristo Rei da Vergada. Exerceu

atividade como Administrador Paroquial em Canedo de 1998 a 1999. 140

• Padre Emanuel António Couto da Silva

Bernardo:

O Padre Emanuel Bernardo, nasceu a 19 de

Agosto de 1972 na Freguesia de Massarelos, do

distrito do Porto. Foi ordenado a 11 de Julho de

1999. Exerceu funções pastorais em Seroa, Paços

de Ferreira; Soalhães, Alpendurada; e Fornos,

Marco de Canaveses, onde celebrou a sua

primeira missa.

Doc. 214 – P. António

Machado

Doc. 215 – P. Emanuel

Bernardo

Chegou à Freguesia de Canedo a 11 de

Novembro de 1999, sendo desde daí até ao momento, pároco da freguesia.

Em simultâneo com a Paróquia de Canedo, é Administrador Paroquial da

Paróquia de Argoncilhe desde Dezembro de 2011 pela circunstância do

falecimento do seu anterior Pároco, o Senhor Padre Manuel Alves de

Resende Santos, falecido com 81 anos de idade, 39 anos de Pastor e Pároco

da localidade de Argoncilhe, com 57 anos de sacerdote feitos no dia 1 de

Agosto no ano 2011.

140

Págs. 129 e 130. S. Jorge (Caldas de S. Jorge), Na História e no Tempo. Padre António Machado. (2018)

397


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Memórias Paroquiais de 1758:

Do Dicionário Geográfico de Portugal, Vol. 9, Fl. 681

(Arquivo Nacional da Torre do Tombo)

“José da Fonseca e Sousa, reitor da Paroquial Igreja de S. Pedro de

Canedo na Comarca da Feira do Bispado do Porto, satisfazendo a ordem

que enviou para esta comarca o Ex mo e Rev mo Senhor D. Frei António de

Távora, bispo desta Diocese em execução de uma que pela Secretaria de

Estado foi Sua Majestade Fidelíssima nosso soberano servido enviar-lhe

para que respondessem aos interrogatórios que com ela vinham a todos e

cada um dos párocos do bispado, respondendo aos ditos interrogatórios

pela sua ordem o que há que dizer desta e nesta freguesia.

1º. – E assim ao 1º respondo que esta freguesia está situada na

província da Beira, no bispado do Porto, na comarca de Esgueira e termo da

Vila da Feira.

2º. – Ao 2º que não é de donatário especial, mas sim do condado

da Feira.

3º. – Ao 3º e conforme o número de rol dos confessados desta

Quaresma de 1758, tem 522 vizinhos, pessoas maiores 1339, menores 177,

e ausentes 127, e menores que ainda não se confessam serão 170.

4º. – Esta freguesia está situada em terra montanhosa, e que

confina com as serras e o fim delas são ribeiras, e da capela do Calvário se

descobre a Cidade do Porto, de quem dista 4 léguas.

5º. – Ao 5º, que não tem termo próprio, e do da Feira. Os lugares

são os seguintes: Fagilde, Sanguinhedo, Póvoas, Framil, Mouchão, Várzea,

S. Roque, Monte, Póvoa, Giestal, Sobreda, Bouças, Vilares, Espinheiro,

Carvoeiro, Mosteirô, Valcova, Inha, Souzanil, Lousado, Sameiro, Paçô, Silva,

Rego, Salgueiro, Mota, Ervideiro, Barreiro, Canedo, Mocelo e Mosteiro,

Sagufe, Pessegueiro, Serralva, Rebordelo.

6º. – A paróquia ou igreja está no lugar do Mosteiro, parece aí

esteve e existiu o Mosteiro de S. Bento (queria dizer S. Pedro) de Canedo

que parece que fundou D. Guterres Teles pelos anos de 950 pouco mais ou

menos, dos religiosos de S. Bento; passou esta freguesia ao Senhor Bispo

do Porto por doação do Senhor Rei D. Dinis, daí ao Cabido do Porto e ao

Deão Dele, e daqui à Ordem de Cristo, aonde está hoje com 2 anexas que

tem de Santiago de Lobão e S Vicente de Louredo.

398


[Capítulo XI](Registos Paroquiais)

7º. – Ao 7º que o seu orago é o apóstolo S. Pedro, que tem 5

altares com o maior em que se venera o santo padroeiro, Santo António, a

Senhora da Conceição e do Pilar, e S. José, e o Santíssimo Sacramento, e nos

colaterais em um está um Santo Cristo Crucificado que é o altar da Ordem

Terceira de S. Francisco, com o mesmo santo e Santa Isabel, Rainha de

Portugal, e o Menino de Deus, e no outro se venera Senhora do Rosário e a

Senhora da Boa Morte; nos outros dois em um está S. Bento, em outro está

S. Sebastião. Tem as confrarias do Sosino e Fiéis de Deus, o Santíssimo

Sacramento, a Senhora do Rosário, o Santo Nome de Jesus, o padroeiro São

Pedro, e novamente a da Senhora da Boa Morte, com muitas graças e

indulgências, e a Ordem Terceira.

8º. – É pároco e se intitula reitor por ser comenda da Ordem de

Cristo, que há muitos anos está na casa do Condes de S. Lourenço, de

apresentação ordinária e nos 4 meses dos padroeiros pertence a

apresentação do benefício ao Rev mo Cabido da Sé do Porto. Renderá este

benefício uns anos por outros, conforme as cabeceiras que falecem, de 320

até 350 ou 360 mil réis, e tem 2 anexas que apresenta, uma de Santiago de

Lobão, outra de S. Vicente de Louredo, vizinhas desta freguesia, 9, 10, 11,

12 – Do 9º, 10º, 11º e 12º nada.

13º. – Que tem a ermida e capela da Senhora da Piedade no

Calvário, a de Santa de Bárbara no lugar último da terra de Rebordelo, e da

Senhora do Amparo no lugar de Framil, e aí a ermida de Santa Luzia onde

está também Santo Amaro, e na de Várzea as de S. Paio e S. Roque; esta

última pertence a António Rodrigues Souto da Cidade do Porto e a da

Senhora do Amparo pertence a António Dias do lugar de Framil, e no lugar

de Carvoeiro a de S. Lourenço que pertence a Constantino Dias dos Reis do

dito lugar, e as mais a de Santa Luzia e a de S. Paio pertencem à comenda

desta freguesia e a de Santa Bárbara é do povo do lugar de Rebordelo.

14º. – Ao 14º que somente nos dias um que se veneram os

ditos santos, visita alguma gente as tais ermidas; a Senhora do Amparo

festejada em dia da Trindade e Santa Bárbara na 1ª oitava do Espírito Santo;

os mais santos nos seus dias.

15º. – Ao 15º, que os frutos da freguesia são bastante milho

graúdo, centeio e milho miúdo, muito linho, vinho verde e bastante cortiça

e lande, e alguma castanha, e se cria bastante mel e cera na parte da

montanha.

16º. – Ao 16º e 17º, que é sujeita à justiça da Vila da Feira por

ser do seu concelho.

399


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

18º. – Ao 18º que nesta freguesia se erigiu uma congregação

de venerável Ordem Terceira de S. Francisco em cujo instituto florescem

muitas pessoas conspícuas em virtudes. Promovem muito a tal vida devota

o Reitor Manuel de Beça Leal que acabou de ser reitor desta freguesia

haverá 52 anos indo acabar de viver e de aperfeiçoar-se nas virtudes à

congregação de Oliveira do Douro para onde se retirou no mesmo dia que

deixou a Igreja ao sucessor dando lá provas de sua virtude; enquanto lhe

durou a vida foi homem erudito zeloso formado na Universidade de

Coimbra e muito aceite aos prelados do bispado em que foi visitador;

também se distinguiram em virtude Manuel da Costa de S. Roque e Manuel

da Silva do lugar da Silva; estes foram distintos e conhecidos pelo nome de

Beatos porque a sua modéstia e vida exemplar os distinguia. O primeiro

gastava algumas horas da noite em oração mental na Capela de S. Roque

junto da qual morava, e como gastava o dia no trabalho da lavoura, para

que os sonos não o perseguissem tinha pedras na mão para que estas

caindo o despertassem a continuar as sagradas vigílias. Tinha o último duas

irmãs, Isabel e Maria, que eram não só por natureza mas também na

piedade, devoção e desprezo do caduco; também foram como asias outras

2 irmãs Francisca e Ana do lugar do Rego: pareciam-nas porque eram

virtuosas como elas, e também uma Maria solteira do lugar do Barreiro,

porém de maior nome e de mais heróicas virtudes. Foram outras 2 irmãs

Antónia e Catarina do lugar da Mota porque a respeitavam como santas. A

última foi morrer à cidade do Porto e na Ordem Terceira em que viveu

deixou aos que a tratavam uma grande memória das suas virtudes não

menos que estas outras 2 irmãs Maria e Eugénia do lugar de Várzea; eram

de nascimento honradas e mais o forma pelas virtudes que praticavam;

destas a mais nova, eugénia, andava sempre com extática até pelos

caminhos procurando sempre a presença de Deus para que os sentidos se

não divertissem com as coisas do século. E fama constante que falecendo

sua irmã Maria se despedira dela 3 dias e que daí a 3 dias falecera também

como predissera. Estas as pessoas que floresceram nas virtudes na

Venerável Ordem Terceira de Canedo.

19º. – Ao 19º nada, e ao 20º que dista 2 léguas a Vila da Feira,

onde há correio.

21º. – Ao 21º, que dista 49 léguas da cidade de Lisboa, capital

do Reino.

22º., 23º. e 24º. - Nada.

400


[Capítulo XI](Registos Paroquiais)

25º. – Ao 25º que nada padeceu no grande Terramoto de

Novembro do ano de 1755.

Dos Rios

1º. – Dos ribeiros ou pequenos rios cercam esta freguesia: um

chama-se Huíma, outro o Inha. Este nasce aqui 1 légua por S. Miguel do

Mato; o Huíma daqui légua e meia em Pigeiros.

2º. – Ao 2º, que nascem pequenos e pelo Verão, sendo seco, às

vezes é necessário represar-lhe a água para poder fazer efectivos os

moinhos que fazem rodar as suas correntes.

3º. – Ao 3º, que acrescentam as águas com alguns ribeiros que

neles entram, sem nome.

4º. – Ao 4º, que não são navegáveis porque falta de cabedais, e só

os fazem estrondosos os açudes que tem o Huíma.

5º. – Ao 5º, nada.

6º. – Ao 6º, que o Huíma corre do Sul para o Poente e cerca o lugar

de Várzea; o Inha corre do Nascente ao Norte, e tem sua ribeira junto ao

Douro, onde entra no lugar chamado de Pé de Moura.

7º. – Ao 7º, o Inha traz algumas trutas e barbos, bogas até Porto

Novo; o Huíma traz trutas e bogas.

8º. – Ao 8º, que não há neles pescarias porque trazem somente 4

peixinhos e não há bulha sobre a pescaria.

9º., 10º. e 11º. - Nada.

12º. – Ao 12º, que conservam sempre o mesmo nome.

13º. – Ao 13º, que ambos acabam seu curso entrando no

Douro – o Huíma em Crestuma, o Inha em Pé de Moura.

14º. – Ao 14º, que o Huíma tem muitas levadas por razão dos

muitos moinhos que ocupam suas margens e nelas se moem as demais das

farinhas que ministram pão à cidade do Porto, tantos que em uma cheia

grande que houve este Inverno levou a cheia dizem que o rio Huíma em

distância pouco mais de légua 113 moinhos; o Inha muito mais pobre, e

assim, tem poucos moinhos.

15º. – Ao 15º, que o Huíma tem 4 pontes de pau para os

Sacramentos no lugar de Várzea desta freguesia, e na freguesia de Lobão

uma boa de pedra que se fez haverá perto de 2 anos na estrada da Feira. O

Inha tem uma de pau no lugar de Rebordelo para os Sacramentos.

16º. – Ao 16º, que tem os moinhos que acima disso no lugar

dos açudes, e o Huíma alguns pisões.

401


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

17º. – Ao 17º, que não há ouro nas margens destes rios.

18º. – Ao 18º, que as águas do Huíma servem de regar os

campos a que ficam sobranceiras; o Inha pouca terra regará porque corre

muito enterrado.

19º. – Ao 19º, que o Huíma terá 2 léguas e meia do

nascimento até Crestuma, onde entra no Douro o Inha pouco mais de légua

de curso de S. Miguel do Mato até Pé de Moura onde perde o cabedal no

Douro. Não falei no Douro, porque há-de ser descrito por muitos e o é por

conhecido; Só direi o que tem na parte em que vai encostado a esta

freguesia que é desde Pé de Moura até ao lugar de Carvoeiro, do Nascente

para o Poente para a Cidade do Porto 3 léguas e meia para 4, e do mar mais

1 légua que é aquém do Porto a S. João da Foz; neste sítio é o Douro

navegável; correm e sobem até ao dito lugar de Pé de Moura as marés,

principalmente pelo Verão; não tem até aqui pontes e somente pesqueiros

no tempo da pescaria de lampreias e sáveis de bastante peixe nas

pesqueiras e escalos, isto é o que tenho que dizer do Rio Douro. As mais

qualidades são conhecidas aos antigos e modernos.

E é o que tenho para responder aos interrogatórios que me

mandaram, oferecendo até a minha inutilidade ao meu soberano e prelado

até onde chega o meu préstimo.

Fiel súbdito, e obediente.

José da Fonseca e Sousa” 141

141

F. 681. Vol. 9. Dicionário Geográfico de Portugal. ANTT

402


[Capítulo XI](Registos Paroquiais)

• Registo de Óbitos:

1400

1200

1000

800

600

400

200

Óbitos registados de 1587 a 1854

0

Aprox. nº Óbitos Registados

1587-1624 1624-1660 1658-1684 1682-1700 1699-1721 1721-1769

1754-1775 1772-1792 1786-1805 1804-1821 1820-1854

Graf. 1 - Óbitos de 1587 a 1854 (estimativa)

Óbitos registados de 1860 a 1910

120

100

103

80

60

40

38

61

35

52

46

50

62

39

49 48

64

20

0

Nº Óbitos

1860 1864 1868 1873 1877 1880 1885 1890 1895 1900 1905 1910

Graf. 2 - Óbitos de 1860 a 1910

403


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

142

120

Óbtos registados de 1914 a 1960

100

96

80

79

60

40

44

56

36

54

49

54

30

51

45 47

20

0

N.º Óbitos

1914 1916 1918 1920 1925 1930 1935 1940 1945 1950 1955 1960

Graf. 3 – Óbitos de 1914 a 1960

60

Óbitos Registados de 1962 a 1997

57

54

50

40

30

42 42

45

41

38

31

40

36

43

37

35

20

10

0

Nº Óbitos

1962 1964 1966 1968 1970 1972 1974 1976 1980 1985 1990 1995 1997

Graf. 4 – Óbitos de 1962 a 1997

142

Em alturas de conflito ou guerras na qual Portugal fez parte, a escala é reduzida a 2 anos para haver

uma melhor leitura e perceção dos dados.

404


[Capítulo XI](Registos Paroquiais)

• Registo de Batismos:

1400

Batismos de 1587 a 1867

1200

1000

800

600

400

200

0

Aprox. nº de Batismos

1587 - 1624 1624-1657 1659-1681 1682-1700 1699-1721 1720-1754 1754-1775

1772-1792 1786-1905 1804-1821 1820-1843 1843-1854 1854-1867

Graf. 5 – Batismos de 1587 a 1867 (estimativa)

Batismos de 1860 a 1910

120

100

80

60

66

76

69

76 76

63

82

79

74

88

108

103

40

20

0

Nº de Batismos

1860 1864 1868 1873 1877 1880 1885 1890 1895 1900 1905 1910

Graf. 6 – Batismos de 1860 a 1910

405


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

143

Batismos de 1914 a 1960

160

140

120

100

102

115

95

88

102 102

110

93

112

136

112

129

80

60

40

20

0

Nº de Batismos

1914 1916 1918 1920 1925 1930 1935 1940 1945 1950 1955 1960

Graf. 7 -Batismos de 1914 a 1960

Batismos de 1962 a 1997

160

140

120

100

148

140 137

145

129 131

125

121 122 121

89

100

86

92

80

60

40

20

0

Nº de Batismos

1962 1964 1966 1968 1970 1972 1974 1976 1980 1985 1990 1995 1997

Graf. 8 -Batismos de 1962 a 1997

143

Em alturas de conflito ou guerras na qual Portugal fez parte, a escala é reduzida a 2 anos para haver

uma melhor leitura e perceção dos dados.

406


[Capítulo XI](Registos Paroquiais)

• Registo de Casamentos:

400

350

300

250

200

150

100

50

Casamentos de 1587 a 1854

0

Aprox. nº de Casamentos

1587-1622 1625-1658 1659-1684 1682-1700 1699-1721 1721-1768

1754-1775 1772-1792 1786-1805 1804-1821 1820-1854

Graf. 9 - Casamentos de 1587 a 1854 (estimativa)

Casamentos de 1860 a 1910

30

25

26

20

15

10

10

14

16

14

17

12

18

14

19

14

18

5

0

Nº de Casamentos

1860 1864 1868 1873 1877 1880 1885 1890 1895 1900 1905 1910

Graf. 10 – Casamentos de 1860 a 1910

407


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

144

Casamentos de 1914 a 1960

90

80

70

79

71

60

50

44

56

54

49

54

51

45

47

40

30

36

30

20

10

0

Nº de Casamentos

1914 1916 1918 1920 1925 1930 1935 1940 1945 1950 1955 1960

Graf. 11 – Casamentos de 1914 a 1960

60

57

Casamentos de 1962 a 1997

54

50

40

30

42 42

41

38

31

40

36

43

35 35

20

10

0

Nº de Casamentos

1962 1964 1968 1970 1972 1974 1976 1980 1985 1990 1995 1997

Graf. 12 -Casamentos de 1962 a 1997

144

Em alturas de conflito ou guerras na qual Portugal fez parte, a escala é reduzida a 2 anos para haver

uma melhor leitura e perceção dos dados.

408


[Capítulo XI](Registos Paroquiais)

• Confrarias e Comissões de Festas:

Tabela 21 - Confrarias e Comissão de Festas

Confraria do Senhor – 1928

Juiz Manoel Caetano de Sá Mota

Tesoureiro

O pároco

Mordomos

Carlos José dos Santos

Monte

velhos

Manoel Barbosa das Neves

Mouchão

Mordomos Manoel Guedes Ribeiro

Souzanil

Novos

José Robalinho

Vilares

Confraria do Senhor – 1929

Juiz Raul da Silva Santos Póvoa

Tesoureiro

O pároco

Mordomos Jerónimo Reimão Guedes

Canedo

velhos

Manoel José Robalinho

Valcova

Mordomos Joaquim Alves de Sousa

Ervideiro

Novos Manuel da Silva Lopes Júnior

Framil

Confraria do Senhor – 1930

Juiz Manuel Pereira Mosteirô

Tesoureiro

O pároco

Mordomos Vitorino Pinto de Fontes

Carquejal

velhos

Manuel Gonçalves

Ervideiro

Mordomos Manoel José de Freitas

Barreiro

Novos

Manoel Pinto da Mota

Várzea

Santo António – 1930

Juiz e

Tesoureiro

Mordomos

Mordomas

O pároco

Agostinho de Sousa Ferreira

Manoel da Costa Oliveira

Jerónimo Pinheiro de Azevedo

António Pinto dos Santos

Sousa Campos

Rosa da Rocha Costa

Laurinda Guedes

Ana Moreira

Albertina Guedes Ribeiro

Framil

S. Roque

Mota

Sameiro

Bouças

Framil

Mouchão

Mouchão

Souzanil

409


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

São Pedro – 1930

Conceição da Mota

Helena Robalinho

Souzanil

Vilares

Juiz Raul da Silva Santos Póvoa

Mordomos Manoel José Robalinho

Valcova

velhos

Jerónimo Reimão Guedes

Canedo

Mordomos Joaquim Alves de Sousa

Ervideiro

Novos

Manoel da Silva Lopes

Framil

Senhora do Rosário (Comissão) – 1930

Santo António – 1931

Henrique Inácio da Silva

Custódio Bento de Sousa

António da Silva Atalaia

Manoel José Pinto

Augusto Mota

Bouças

Várzea

Framil

Mota

Barreiro

Juiz e

Tesoureiro

O pároco

Faustino Pinto Marques

Vilares

Manoel da Costa Oliveira

S. Roque

Mordomos

Jerónimo Pinheiro de Azevedo

Mota

António Pinto dos Santos

Sameiro

Agostinho de Sousa Ferreira

Framil

Manoel da Silva Patrício

Carvoeiro

Mordomas Maria Pinto das Neves Campêlo

Maria Francisca Tavares

Campêlo

Ana Lopes

Mouchão

Laurinda Guedes

Mouchão

Francisca Fernandes da Silva

Mouchão

Maria Cardoso Dias

Framil

Flausina da Sousa Fernandes

Framil

Aurora de Sousa Fernandes

Framil

Confraria do Senhor – 1930

Juiz Manoel Pereira Mosteirô

Mordomos Vitorino Pinto de Fontes

Carquejal

velhos

Manoel Gonçalves

Ervideiro

Mordomos Manoel José de Freitas

Barreiro

Novos

Manoel Pinto da Mota

Várzea

Confraria do Santíssimo Sacramento – 1931

410


[Capítulo XI](Registos Paroquiais)

Juiz Manoel Francisco Pinto Póvoas

Mordomos Agostinho de Oliveira e Silva

Póvoa

velhos

Manuel Guedes

Canedo

Mordomos

Jerónimo Moreira

Rebordelo

Novos

Justino Pinto da Rocha

Mosteirô

Senhora do Rosário (Comissão) – 1931

Manoel da Costa Oliveira

Mosteiro

Manoel José de Fontes

Terças

Manoel da Mota Pais

Bouças

Francisco Pinheiro de Azevedo

Rego

Louvores Domingos Gonçalves Pua

Santo António – 1932

Juiz e

Tesoureiro

O pároco

Agostinho Barbosa das Neves

Campêlo

Joaquim Gonçalves

Ervideiro

Mordomos

Manoel Ferreira de Sousa

Carvoeiro

Manoel Pereira

Mosteirô

Alberto da Mota

Lousado

Emílio Alves dos Santos

Várzea

Juíza Arminda Maria Aurora de Sousa Couto Valcova

Mordomas Maria Pinto das Neves Campêlo

Maria Rosa da Silva Tavares

Campêlo

Ana Lopes

Mouchão

Laurinda Fernandes

Mouchão

Rosa da Silva Marques

Mouchão

Maria Barbosa das Neves

Mouchão

Miquelina Francisca da Costa

Framil

Angelina Ferreira da Costa

Framil

Aluzinda Rosa

Póvoas

Maria Pinto Marques

Sanguinhedo

Olivia Pinheiro

Bouças

Maria da Silva

Bouças

Maria Inácio da Silva

Bouças

Maria Alves da Mota

Bouças

Confraria do Santíssimo Sacramento – 1932

Juiz Domingos da Mota Barreiro

José Robalinho

Vilares

411


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Mordomos

Manoel José Pinto dos Reis

velhos

Mordomos António Pinto de Fontes

Novos

José Pinto da Mota

Senhora do Rosário (Comissão) – 1932

António Joaquim

António da Mota Azevedo

Manoel Francisco Pinheiro

Manoel José Pinto

Manoel Guedes Ribeiro

Santo António – 1933

Juiz e

Tesoureiro

Mordomos

Juíza

O pároco

Francisco José Gonçalves

Emília Alves dos Santos

Agostinho Barosa das Neves

Francisco da Silva Patrício

Américo Ribeiro Barraca

Maria de Fátima de Albertino da Siva

Lopes

Mordomas Não houve por aborrecimentos em 1932

São Pedro– 1933

Mota

Framil

Várzea

Monte

Sobrêda

Framil

Ervideiro

Souzanil

Juiz Domingos da Mota Barreiro

Mordomos

José Robalinho

Vilares

velhos

Manoel José Pinto dos Reis

Mota

Mordomos António Pinto de Fontes

Framil

Novos

José Pinto da Mota

Várzea

Confraria do Santíssimo Sacramento – 1933

Juiz António Pinto Tavares de Oliveira Gougêva

Mordomos

Manoel Pinto da Mota

Várzea

velhos

Manoel Guedes Ribeiro

Souzanil

Mordomos

Manoel da Mota Pais

Bouças

Novos

Manoel de Almeida Lopes

Mota

Senhora do Rosário (Comissão) – 1933

Manoel Nunes Fernandes

Joaquim José Pinto Pereira

Joaquim Ribeiro de Sousa

Custódio Bento de Sousa

Framil

Mota

Sobrêda

Várzea

412


[Capítulo XI](Registos Paroquiais)

Confraria do Santíssimo Sacramento – 1934

Juiz Domingos Gonçalves Pua

Mordomos Joaquim da Mota Azevedo

Valcova

velhos

Albertino da Silva Lopes

Framil

Mordomos

Francisco da Mota

Barreiro

Novos

Manuel Pereira de Fontes

Terças

Santo António – 1934

Juiz e

Tesoureiro

O pároco

Faustino Pinto Marques

Vilares

José Oliveira e Silva

Póvoa

Mordomos Jerónimo Francisco Pinheiro

Mosteiro

Joaquim Guedes Ribeiro

Souzanil

Agostinho Ferreira dos Santos

Ervideiro

Juíza Leontina Alves da Silva Latourette

Senhora do Rosário (Comissão) - 1934

São Pedro– 1934

Joaquim Pinto de Freitas

Manuel Fernandes da Silva

António da Silva Marques

Henrique Ferreira da Silva Santos

Álvaro da Silva Medas

Pua

Gougêva

Canedo

Mosteirô

Terças

Juiz Domingos Gonçalves Pua

Mordomos Joaquim da Mota Azevedo

Valcova

velhos

Albertino da Silva Lopes

Framil

Mordomos

Francisco da Mota

Barreiro

Novos

Manuel Pereira de Fontes

Terças

Santo António– 1935

Juiz e

Tesoureiro

O pároco

Mordomos Alexandre Caetano de Sá Mota

Amadeu de Sousa Fernandes

Framil

Roque Alves dos Santos

Várzea

António da Mota Pais

Bouças

Manuel de Sousa Ferreira

Carvoeiro

Alberto Mota

Lousado

Juíza Marilda Fátima da Costa Oliveira

Confraria do Senhor - 1935

413


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Juiz Manuel Barbosa da Neves Mouchão

Mordomos

Justino Pinto da Rocha

Mosteirô

velhos

Augusto da Mota

Barreiro

Joaquim Pinto de Freitas

Pua

Mordomos

Manuel Alves dos Santos

Várzea

Novos

José Pinto da Mota

Várzea

Senhora do Rosário (Comissão) - 1935

Santo António– 1936

José Guedes Ribeiro

Manuel Barbosa

Manuel da Costa Novo

Vitorino Guedes Barbosa

Bernardo da Mota Pais

Mouchão

Sobrêda

Rebordelo

Várzea

Lousado

Juiz e

Tesoureiro

O pároco

Mordomos Joaquim de Sousa Alves Carvoeiro

Albertino Manuel da Silva Lopes

Framil

Roque Alves dos Santos

Várzea

Carlos da Silva Morais

Vilares

Manuel José da Silva

Canedo

Manuel Francisco da Conceição

Mota

Juíza Rosaria Sousa Fernandes Framil

São Pedro– 1936

Juiz Manuel Barbosa das Neves Mouchão

Mordomos Henrique Ferreira da Silva Santos Mosteirô

velhos

Augusto da Mota

Barreiro

Mordomos Joaquim Pinto de Freitas

Pua

Novos

Joaquim Pinto das Mota

Várzea

Confraria do Senhor - 1936

Juiz Manuel Gonçalves Ervideiro

Mordomos Manuel José Robalinho

Valcova

velhos

Manuel da Silva Lopes

Framil

Mordomos Manuel da Silva Robalinho

Canedo

Novos

Joaquim de Freitas

Monte

Fonte: Eleições de Canedo. Arquivo Particular

Este livro, escrito de 1928 a 1959 pelo P. David Coelho e de 1959 a 1970 pelo P. António

Regal, tem todos os eleitos para as comissões de festas e confrarias da Paróquia de Canedo do ano

de 1928 até ao ano de 1970.

414


[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)

[Capítulo XII]

(Nomes/Pessoas importantes)

415


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

416


[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)

• Nomes/Pessoas importantes da Freguesia de Canedo

• Doutora Maria Pais Moreira:

A Dra. Maria Pais Moreira, filha legítima de

Manuel José Pais Moreira da Casa da Botica e D.

Emília Leite Tavares; neta paterna de Manuel José

Pais e Maria da Silva do Lugar do Mocelo, e

materna de Vitorino da Silva Tavares e Cândida

Leite do Lugar de Fagilde, nasceu a 21 de Janeiro

de 1858. Teve como padrinhos de Batismo o seu

tio paterno e a sua tia materna D. Maria.

Tinha como irmãos: o Oficial de Marinha Doc. 216 - Dra. Maria Pais

Moreira

Vitorino José Pais Moreira, o padre Agostinho José

Pais Moreira, Rosa Emília Pais Moreira e Carolina Augusta Pais Moreira.

Com apenas 15 anos de idade, foi viver para a Cidade do Porto, onde

realizou os seus exames da instrução primária, revelando já um espírito

nobre de uma independência e admirável força de vontade que, mais tarde,

se viriam a confirmar nos seus diversos atos da vida profissional.

No ano letivo de 1884-85, aconteceu um facto insólito na Academia

Politécnica do Porto. Entre os 206 alunos matriculados figura um do sexo

feminino. Maria Pais Moreira, de nome completo, Maria Leite da Silva

Tavares Pais Moreira. Tinha 27 anos. Era natural de Canedo, freguesia do

Concelho de Santa Maria da Feira e em 1886 matriculou-se na Escola

Médico-Cirúrgica do Porto, sendo a primeira mulher a matricular-se nesta

instituição. Na altura da sua inscrição, o tipógrafo não se acreditou tratarse

de uma mulher e então colocou o nome “Mário” em vez de “Maria”.

Maria Pais Moreira matriculou-se, nesse ano em, duas cadeiras – a

oitava e a nona, respetivamente Física e Química Mineral. Estas cadeiras,

bem como as de Botânica e Zoologia, constituíam os preparatórios para o

ingresso na Escola Médico-Cirúrgica. Por decreto de 20 de setembro de

1844, os preparatórios compreendiam as carreiras seguintes:

- 1º ano– 8ª cadeira (Física) e 9ª (Química);

417


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

- 2º ano– 7ª cadeira (Zoologia):

- 3º ano– 10ª cadeira (Botânica e Física Vegetal).

Terminou o curso de Medicina, na Escola Médica, cinco anos depois,

em 1891 e recebeu o seu diploma a 11 de Julho de 1892. Nos anos de 1889,

1890, 1904 e 1905 não se matriculou nenhuma senhora. Só a partir de 1908

recomeçaram a matricular-se, neste estabelecimento de ensino público.

Em 1892 a Dra. Maria Pais Moreira defendeu tese tendo como tema a

higiene da gravidez e do parto (“Hygiene da Gravidez e do Parto”). Foi

médica da Senhora D. Amélia, Rainha de Portugal.

Após ter prestado provas públicas, concorreu e foi promovida, em

1894, no cargo de médica da clínica auxiliar do “banco” do Hospital Geral

de Santo António, onde desempenhou funções quase até morrer. Exerceu,

também, funções efetivas no Hospital da Ordem do Carmo e no Hospital de

Crianças Maria Pia. Antes de frequentar o curso de Medicina, diplomou-se

em farmacêutica de 1ª Classe.

Duma austeridade irrepreensível no exercício da sua profissão, a Dra.

Maria Pais Moreira, foi médica das mais distintas famílias da Cidade do

Porto e do Norte do País.

Embora não haja provas, crê-se que a Dra. Pais Moreira tenha

prescindido dos seus honorários, devido a trabalhos prestados, dando-se

por satisfeita com a honra de os ter feito e, então a Senhora D. Amélia,

numa atitude de gratidão e generosidade, ofereceu-lhe um relógio de peito

em ouro, relógio muito em uso no final do século XIX. Este relógio é ainda

conservado religiosamente pela família Pais Moreira.

A Dra. Pais Moreira passou toda a sua vida profissional na cidade do

Porto e no final da mesma regressou às origens, à freguesia de Canedo,

onde instituiu um “Salão Cultural” que arremedava o Salão Literário de

Maria Amália Vaz de Carvalho em Lisboa por onde passavam as sumidades

literárias e políticas do tempo. No Salão de Canedo jogava-se uma

partidinha de sueca e discutia-se política; entre outros, era frequentador do

referido Salão o ex-pároco de Canedo, padre David Coelho, natural de

Arada.

Faleceu na Cidade do Porto com 83 anos, a 3 de Agosto de 1941,

sendo sepultada no Cemitério de Canedo. Foi homenageada pelo povo da

freguesia com um largo no seu nome, “Largo Dra. Maria Paes Moreira".

418


[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)

Doc. 217 - Dra. Maria Pais Moreira

419


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 218 – Dra. Maria Pais Moreira

420


[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)

Doc. 219 - Relógio oferecido pela Rainha D. Amélia à Dra. Maria Pais Moreira

Doc. 220 -Anel de Curso da Dra. Maria Pais Moreira

421


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 221 – Pasta de Curso da Dra. Maria Pais Moreira

422


[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)

Doc. 222 -Tese defendida pela Dra. Pais Moreira no ano de 1892.

423


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Padre António Francisco Regal:

Nasceu a 22 de agosto de 1924, Filho de

Manuel Francisco Regal e de Miquelina Rosa dos

Anjos, casados catolicamente em Espinho.

Nascido no lugar de Casaldoido, Caldas de São

Jorge, e batizado na mesma igreja paroquial.

Foi ministro de Batismo o Padre José Inácio da

Costa e Silva. Foram padrinhos: António

Francisco Regal, tio paterno, e Francelina Rosa

dos Anjos, tia materna. Avós paternos: Joaquim

Francisco Regal e Maria Henriques da Silva; e

avós maternos: José Gomes Pinto e Rosalina Rosa

dos Anjos Crismado em Caldas de S. Jorge no dia 22

de julho de 1935 pelo Bispo D. António Augusto Bispo do Porto, sendo

padrinho do Crisma António Ferreira Pinto.

Foi professor dos Seminários da Diocese do Porto, Professor de EMRC

em Lourosa. Pároco de Palmares, Travanca e Canedo.

Em 6 de Abril de 1997 – Bodas de Ouro da Ordenação sacerdotal.

Em 16 de Abril de 1997 – Bodas de Ouro da Missa Nova.

Doc. 223 - Padre António Francisco

Regal

Foi Pároco de Canedo de 25 de Abril de 1959 a 3 de fevereiro de 1998.

Durante 39 anos paroquiou a laboriosa e empreendedora Vila de

Canedo e muito contribuiu para o desenvolvimento da terra,

nomeadamente a sua eletrificação e a construção do centro paroquial.

Faleceu em Canedo no dia 3 de Fevereiro de 1998, encontrando-se

sepultado no Cemitério Paroquial de Canedo. Como forma de gratidão, foi

mandado fazer um busto do padre, obra do escultor António Nobre. O

busto de bronze assenta num pedestal de dois metros e fica junto à igreja

paroquial.

424


[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)

• Doutor Alexandre Pais Moreira Figueiredo:

O Doutor Alexandre Manuel Pais Moreira de

Figueiredo, nasceu a 26 de Novembro de 1910 na

freguesia de Avô, Concelho de Oliveira do

Hospital. Era um dos quatro filhos de Alexandre

Figueiredo e de Emília Leite Passos Furtado Pais

Moreira - sobrinha direta da Dra. Maria Pais

Moreira. Tinha como avós maternos: Carolina

Augusta Pais Moreira, irmã da Dra. Maria Pais

Moreira, natural de Canedo e António Augusto

Passos Furtado, natural de Bragança.

Doc. 224 – Dr. Alexandre Pais

Moreira

Formou-se em Medicina Geral na Faculdade de

Medicina da Universidade do Porto a 24 de Outubro de 1935, com 24 anos

de idade.

Posteriormente, a 7 de Junho de 1939, casou na Igreja Paroquial da

Madalena, Paredes, com Maria Emília Malheiro, natural de Coimbra. Desse

matrimónio, houve três filhos: Fernando Malheiro Pais de Figueiredo,

António Malheiro Pais de Figueiredo e Artur Alberto Malheiro Pais de

Figueiredo.

Em paralelo com a assistência médica na Freguesia de Canedo e

circunvizinhas, tinha uma vida política ativa. Era militante do Partido da

União Nacional e foi membro do executivo camarário no mandato do Dr.

Domingos da Silva Coelho, por volta dos anos 60.

Enquanto Canedense, Vereador e Médico, lutou praticamente toda a

sua vida pela freguesia. Prestou nela serviços médicos mais de 50 anos,

contribuiu dignamente para o seu desenvolvimento como na sua

eletrificação, na construção e melhoramento de vias de comunicação

(estradas, caminhos, etc.) e no desenvolvimento cultural.

Foi homenageado pelo Povo da Vila de Canedo quando completou 50

anos de formatura, a 25 de Outubro de 1985, dando ao benemérito uma

rua no seu nome, “Rua Dr. Pais Moreira”.

Faleceu na Vila de Canedo a 1 de Agosto de 1988, estando sepultado no

Cemitério Paroquial da mesma freguesia.

425


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 225 – Dr. Alexandre Pais Moreira no final do seu percurso académico

426


[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)

Doc. 226 - Dr. Pais Moreira, a sua esposa e os seus três filhos

Doc. 227 – Homenagem ao Dr. Pais Moreira em 25 de Outubro de 1985

427


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Manuel Pinto Marques:

Manuel Pinto Marques, nasceu no lugar de

Sanguinhedo na Vila de Canedo a 4 de Julho de

1923, filho de Domingos Pinto Marques e de Maria

Rosa da Silva. Com apenas 12 anos, Manuel Pinto

Marques chegou ao Rio de Janeiro e dedicou-se ao

comércio. Disposto à luta, em pouco tempo

conseguiu sucesso e depois de 30 anos no Brasil,

era um dos mais destacados empresários do setor

hoteleiro, desfrutando de uma excelente e

destacada posição social, e económica.

Doc. 228 – Manuel Pinto

Marques

Ainda menino, mas de espírito amadurecido, veio para o Brasil com o

intuito de seguir o caminho do comércio. Confiando no destino e sabendo

que a vida é traçada por cada um, atirou-se com entusiasmo ao trabalho.

Graças ao seu alto espírito de luta, capacidade de trabalho e vontade de

vencer foi presidente de uma organização que teve sob as suas ordens

entre outros, os restaurantes Drink, Zaratrusta, Olho Vivo, Café Angrense,

Bar Carioca, Bar Ita, Confeitaria Henriete, Restaurante da Leopoldina, Café

Princesa Deodoro, Bar Flórida, Galeto Magé, Bar Pop's, Bar e Restaurante

Mariano Procópio, Mauá Drinks, Buate Cow Boy, Restaurante Pacaembu

além dos hotéis São Bento, Magé e Santíssima.

Nunca quis os louros das suas vitórias e, por isso mesmo, sempre sentiu

a necessidade de melhorar as condições de vida da comunidade da cidade

onde vivia. O seu sucesso estimulou novas promoções e com isto, a

Guanabara foi a mais beneficiada. Homem de excelente formação humana,

cheio de humildade, fez sempre a sua vida com simplicidade.

Teve uma grande participação a nível social como associado do Clube

Ginástico Português, Casa da Vila da Feira, Vasco da Gama, Iate Clube Ibicuí

e Touring Club do Brasil; no campo da assistência social, embora procure

não ser um pilar da Obra Portuguesa de Assistência, da qual foi diplomado

de “benemérito”, foi membro da Ordem 3ª da Penitência.

De enorme obra de vulto no campo comercial do Estado, Manuel Pinto

Marques tornou-se digno de uma gratidão de coletividade, que foi

428


[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)

manifestado pela Assembleia Legislativa do Guanabara, outorgando-lhe por

decisão unânime o título de “Cidadão do Estado do Guanabara”, prémio

conferido aqueles que se dedicam e lutam pela grandeza da terra carioca.

Como Canedense, sempre teve imenso orgulho na terra que o viu

nascer. Foi, durante vários anos, secretário da Junta de Freguesia de

Canedo e contribuiu para a construção do Centro de Solidariedade Social

de Canedo. Foi um grande mentor do desenvolvimento da freguesia, tendo

investido e incentivado a investir na Vila de Canedo.

A referir que ofereceu a cobertura para a bancada Central do Estádio das

Valadas e as portas para muitas das Capelas da freguesia.

Faleceu na Vila de Canedo a 2 de Julho de 2011, ficando para sempre na

memória de todos aqueles que tiveram o privilégio de o conhecer e a

felicidade de com ele terem convivido.

Doc. 229 – Busto de Manuel Pinto Marques

429


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 230 – Largo Manuel Pinto Marques

430


[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)

Doc. 231 – Medalha de Mérito de D. João VI a Manuel Pinto Marques

431


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 232 – Medalha de Mérito D. João VI a Manuel Pinto Marques

432


[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)

Doc. 233 – Ordem do Cidadão do Rio de Janeiro a Manuel Pinto Marques

Doc. 234 – Obra Portuguesa de Assistência ao Benfeitor Manuel Pinto Marques

433


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• António Ribeiro da Rocha:

O Benemérito António Ribeiro da Rocha, nasceu no lugar de Souzanil da

Vila de Canedo a 7 de Março de 1936. Filho de António Duarte da Rocha e

de Albertina Ribeiro da Silva. Era o mais velho dos irmãos: José Ribeiro da

Rocha e Albertina Ribeiro da Rocha.

Com apenas 19 de idade, emigrou para o Rio de Janeiro, Brasil, para

se juntar ao seu pai que já lá estava. Mal lá chegou, começou logo a

trabalhar no ramo dos negócios com o seu progenitor.

Posteriormente, a 26 de Junho de 1965, casou-se com Odalinda de

Jesus Claro da Rocha com quem teve três filhos: Jorge Claro da Rocha, Tony

Claro da Rocha e Vânia Claro da Rocha.

Enquanto amante da terra que o viu nasceu, sempre ajudou e ajuda

as associações locais bem como as suas causas (tanto na freguesia como no

local onde vive no Brasil). Mandou construir a Capela de Santa Ana no lugar

de Souzanil, bem como o espaço envolvente, e é um grande promotor da

Festa em Honra de Santa Ana.

Um benemérito do lugar de Souzanil, da Vila de Canedo e de Santa

Maria da Feira.

Doc. 235 – Sr. Rocha (o primeiro da esquerda) com outros amigos no Brasil

434


[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)

• Padre Agostinho Moreira da Costa:

O Padre Agostinho Moreira da Costa nasceu em Canedo a 31 de Maio de

1875 e faleceu na mesma freguesia a 29 de Março de 1940. Era mais

conhecido por Padre “Estrela”.

Após a sua formatura em padre, exerceu funções na Paróquia de

Reguenga (Santo Tirso) como Pároco, e na Igreja da Trindade no Porto.

Reza a história que este padre tinha filhos e quando o Bispo do Porto

soube de tal coisa o chamou a junto de si para saber a verdade e, no caso

de o ser, teria de deixar de ser padre ou renunciar à família. Perante o Bispo,

assumiu os filhos que tinha e terá dito: “Antes prefiro ir trabalhar para

calceteiro, do que abandonar os meus filhos. Tenho colegas meus que os

fazem e os abandonam, mas eu não o faço.”

Perante isto o Bispo mudou-o de Paróquia.

Doc. 236 – Padre Agostinho Moreira da Costa

435


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Padre Manuel Joaquim Capitão Lopes da Silva:

O Padre Manuel Joaquim Capitão Lopes da

Silva, nasceu em Canedo a 9 de Junho de 1934,

e faleceu na mesma freguesia a 12 de

Novembro de 2008. Ordenou-se padre no ano

de 1954, tendo realizado a sua missa nova na

Igreja Paroquial de São Pedro de Canedo.

Teve a sua importância como capelão no

Exército, tendo realizado algumas missões fora

do país como, por exemplo, nas antigas

províncias ultramarinas portuguesas.

Doc. 237 – P. Manuel Capitão

Doc. 238 – Padre Manuel Capitão na sua missa nova

436


[Capítulo XII](Nomes/Pessoas importantes)

• Padre Joaquim Luís Dias de Paiva:

“Nasceu em Azevedo (Caldas de São Jorge)

em 13 de Fevereiro de 1896. Era filho de José Luís

de Sousa Dias e de Margarida Rosa de Paiva.

Pertencia a uma família importante do lugar de

Várzea, Família “Sampaio”.

Foi estudar para os Carvalhos em 1908 e

para o Porto em 1913, completando o curso

teológico em 1916. Cantou a sua missa nova na

capela da Várzea, de Canedo em 1919.

Exerceu depois no Porto funções de Capelão e

de coadjutor. Em 1925 foi nomeado pároco de S.

Roque, ali permanecendo 3 anos. Em princípios de 1928 por motivo de

doença grave deixou a paroquialidade.

Depois de restabelecido, foi residir para Várzea. Em 1936 foi

paroquiar a freguesia de Cete, depois a de Fonte Arcada e Penafiel. Faleceu

a 1 de Maio de 1980 em Canedo onde se encontra sepultado.” 145

• Cónego Bernardo José da Silva Tavares:

Doc. 239 – Padre Joaquim

Paiva

“Bernardo José da Silva Tavares nasceu a 8 de dezembro de 1804, filho

do Brigadeiro Bernardo José da Silva Tavares e de D. Gertrudes Xavier

Pereira Valente. Doutorou-se em Teologia pela Universidade de Coimbra,

em 3 de Outubro de 1830, sendo logo nomeado cónego magistral da Sé de

Lamego. Por decreto de 21 de Agosto de 1856 foi nomeado cónego da Sé

do Porto e passada a Carta Régia, em 7 de Outubro.

O doutor Tavares não se conformou com os dizeres da Carta e

representou ao Governo para lhe ser concedida a conezia de magistral, vaga

pela morte do doutor Manuel Tomás dos Santos Viegas. Deferido o pedido,

recebeu a instituição canónica em 2 de Abril de 1857 e tomou posse no dia

8.

145

Monografia inédita de S. Jorge, do Pe. José Inácio da Costa e Silva.

437


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Prometeu e jurou guardar os Estatutos, cumprir as residências e todos

os mais encargos, a que estavam sujeitos todos os cónegos, sem poder

aproveitar-se de privilégio algum dos antigos magistrais. Foi apenas um

magistral honorário. Esteve paralítico em Canedo, durante alguns anos e

faleceu, a 22 de Março de 1888.” 146

• Padre Agostinho Moreira da Costa;

• Padre Agostinho José Pais Moreira;

• Padre Domingos - Lugar de Framil:

O Padre Domingos, nascido no lugar de Framil, foi um padre muito

importante, na sua altura, na freguesia de Canedo, dizem vozes populares.

• Padre José Gomes Ladeira – Lugar das Póvoas;

• Padre Manuel da Nóbrega – Lugar do Barreiro;

• Padre José Maria da Mota Reimão - Lugar do Barreiro;

• Augusto Barbosa Pinto;

• Abranches Maria Nobre – Lugar de Carvoeiro;

Nasceu: 1604

Faleceu: 1690

• Alberto da Silva Barbosa;

Nasceu: 23/05/1917

Faleceu: 19/01/1983

• Brigadeiro Bernardo José da Silva Tavares – Lugar de Fagilde;

• Coronel Vitorino José da Silva Tavares;

• Capitão- Mór Hermenegildo José da Silva Tavares;

• Doutor Joaquim de Sousa Couto - Lugar de Valcova;

• Doutor de Leis Francisco de Assis da Silva Tavares;

• Manuel Joaquim de Sousa Alves;

• Manuel de Jesus.

146

São Pedro de Canedo no Concelho da Feira. Cónego António Ferreira de Pinto (1928)

438


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

[Capítulo XIII]

(Organização político-administrativa)

439


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

440


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

• Juízo de Paz

Foi a Carta Constitucional de 1826 que introduziu os tribunais ou

julgados de paz, essencialmente destinados a tentarem a conciliação entre

pessoas desavindas, para evitar que se envolvessem em questões judiciais

a que pelas demoras, gastos e outros incómodos que acarretam, só se

devem recorrer depois de esgotada a possibilidade de uma solução pacífica.

Aos Juízes de Paz cabiam inúmeras e importantes tarefas inerentes à sua

condição de apaziguadores e garantes da paz e tranquilidade públicas.

Tinham de conciliar e compor as partes, separar e apaziguar

ajuntamentos e motins, obrigar vadios, mendigos, turbulentos, bêbados e

meretrizes a assinarem termo de bem viver, mandar fazer exame em casos

de morte, ferimento e agressão física, informar o Juiz dos Órfãos ou o Juiz

de Direito sobre quem eram os órfãos, que bens possuíam, quem havia

falecido, com ou sem testamento, com ou sem herdeiros.

Os julgados de paz visam, assim, dar satisfação completa ao velho

brocardo que pondera "valer mais uma má composição do que uma boa

demanda".

Tendo como antecedente remoto os avindores que surgiram no tempo

de D. Manuel I, os julgados de paz, após a sua criação pela Carta

Constitucional, mantiveram-se ao longo do tempo com aquela função

primacialmente conciliatória, sendo atualmente regulados pela Lei

78/2001, de 13 de Julho.

Os Julgados dividiam-se em círculos de distritos, constituídos por

uma ou mais freguesias, aos quais dirigia um juiz de paz. O nome do distrito

era dado pela freguesia mais populosa. Identificavam-se por «uma facha

azul com borla de seda branca e deviam ter sobre a porta da sua morada

em forma bem visível “Juiz de Paz de Distrito…”». 147 Eram empossados pelo

presidente da Assembleia Eleitoral ou pelo Presidente da Câmara.

Os distritos de juiz de paz foram sofrendo algumas reformas até ao

final do regime liberal, referentes, quer às freguesias que os componham,

147

Novíssima reforma judiciária, Título V, Cap. V, artº 140. Disponível em:

https://www.fd.unl.pt/Anexos/Investigacao/1175.pdf

441


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

quer ao seu modo de funcionamento e organização. A 7 de Dezembro de

1904, ficou finalmente estabelecida a divisão da Comarca da Feira em 5

distritos de paz.

Nos anos de 1940, o juiz de paz desapareceu, sendo a sua função em

grande parte continuada pelo juiz avintor.

Tabela 22 – Distritos dos Juízes de Paz de 1837

Distrito Freguesias Capital

1. Sanfins, Fornos e Escapães Feira

2. Milheirós e Pigeiros Arrifana

3. Guisande, Gião e Vila Maior Lobão

4. Lever Canedo

5. Argoncilhe e Sanguedo Argoncilhe

6. Caldas de S. Jorge Fiães

7. Silvalde e Nogueira da Regedoura Anta

8. Lamas, Paços de Brandão e Oleiros Mozelos

9. Paramos Esmoriz

10 Maceda Cortegaça

11. S. João de Ver e Rio Meão Lourosa

12. Espargo Arada

13. Mosteirô e Travanca Souto

Fonte: fls. 1v. a 3v. Círculos juiz de paz, 1837. AMSMF.

Tabela 23 – Distritos de Juiz de Paz no ano de 1904

Distrito Freguesias Capital

1.

2.

3.

4.

5.

Arrifana, Escapães,

Fornos, Milheirós e

Pigeiros

S. Jorge, Lourosa, Rio

Meão e Fiães

Anta, Espinho,

Paramos e Silvalde

Lamas, Mozelos,

Nogueira e Sanguedo

V. Maior, Lobão,

Guisande, Gião, Lever,

Vale e Louredo

Fonte: fl. 201v. Livro 32. AMSMF.

Feira

S. João de Ver

Paços de Brandão

Argoncilhe

Canedo

442


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

Tabela 24- Juízes de Paz do Distrito de Canedo

Nome Título Distrito Ano

Tomás Correia 1º

Francisco António de

Oliveira

Francisco José

Gomes Monteiro

Manuel José Pais

1º Substituto do

Juiz de Paz

Tomás Correia 1º

António de Oliveira 2º

António Martinho 3º

Manuel José Abreu

Escrivão do Juiz

de Paz 148

Francisco Gomes Escrivão do Juiz

Monteiro

de Paz

Escrivão do Juiz

António José Ferreira de Paz

António José Ferreira

Francisco José

Gomes Monteiro

Júnior

Joaquim Lopes Neves

substituto

1º Substituto do

Juiz de Paz

Escrivão do Juiz

de Paz

Escrivão do Juiz

de Paz

Fonte: Atas Camarárias. AMSMF.

Livros de Mercês. ANTT

Distrito de

Canedo

Distrito de

Canedo

Distrito de

Canedo

Distrito de

Canedo

Distrito de

Canedo

Distrito de

Canedo

Distrito de

Canedo

Distrito de

Canedo

Distrito de

Canedo

1836

16 de

Julho de

1836

1838

1848

1850

1852

1858 e

1859

1865

1873

148

Na pág. 127 do Livro 1837 de Legislação Régia, lê-se: “Art. 13. ° O Escrivão do Juiz de Paz servirá também

de Escrivão de Juiz Eleito.” Adiante, na página 318, lê-se: “(…) e que pelo Art. 27 do Decreto de 29 de

Novembro de 1836 são os Escrivães dos Juízes de Paz considerados como Tabeliães nos seus Distritos tão

somente para o acto d'aprovação dos Testamentos, ficando por este modo substituída a providência dada

no citado §. 20 de Tit. 78 da Ord., a qual hoje não pode ter lugar.”

443


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Jurados

Os jurados tinham como função institucionalizar a participação popular

na administração da justiça, conferindo assim poderes de justiça a cidadãos

não juristas, através de eleição. Apenas podiam ser jurados os cidadãos

ativos que pudessem votar nas assembleias primárias, saber ler, escrever e

apontar, pagando de décima em Lisboa e Porto 6 mil réis e nas mais terras

do reino 2400 reis. Todas as pessoas que correspondessem aos requisitos

pedidos, deviam inscrever-se no livro de matrícula sob uma pena de multa

de 5 a 20 mil réis.

Todos os anos, em Agosto, reunia a Comissão de Recenseamento dos

jurados. Era composta pelo presidente - o juiz de direito; pelo presidente

da comissão administrativa da Câmara; o administrador do concelho e os

presidentes de junta de freguesia, fazendo-se o recenseamento dos jurados

para o ano seguinte.

Eram formados vários tipos de júris: o de pronúncia, que tinha lugar nas

causas crime para verificar se haveria lugar à acusação; o de sentença,

ligava-se às causas crime e cíveis para efeito de declarar se estava ou não

provado o facto de crime de que fora acusado o réu.

Ambos os huris, eram formados por 12 a 9 jurados, constituídos em

audiências. Depois, os jurados eram notificados para se apresentarem na

Câmara. Havia ainda os júris para os crimes de moeda falsa, liberdade de

imprensa.

Analisando as informações, relativamente a Canedo somente

encontramos informação para crimes comuns e de moeda falsa.

Vejamos no quadro abaixo os jurados de 1887 a 1926.

444


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

Ano Nome Profissão

1887

2ª Pauta

1887

11 de

Junho de

1888

1889

António

da

Conceição

Domingos

José Pinto

Pereira

Manuel

Pinto

Aranha

Pais

Manuel

Barbosa

das Neves

António

da

Conceição

Domingos

José Pinto

Pereira

Francisco

José da

Silva

Tavares

Manuel

Barbosa

das Neves

Manuel

Pinto

Aranha

Pais

Francisco

José da

Silva

Tavares

António

da

Conceição

Manuel

Barbosa

das Neves

Manuel

Pinto

Tabela 25 – Jurados de 1887 a 1926

Est.

Civil

Idade Morada Rendimento

Lavrador Casado 40 Sanguinhedo 51.516

Lavrador Casado 55 Mota 52.426

Lavrador Casado 50 Giestal 34.446

Lavrador Casado 60 Canedo 4.342

Lavrador Casado 41 Sanguinhedo 51.516

Lavrador Casado 55 Mota 52.426

Proprietário Casado 52 Fagilde 48.120

Lavrador Casado 61 Canedo 4.342

Lavrador Casado 51 Giestal 34.446

Proprietário Casado 53 Fagilde 48.120

Lavrador Casado 42 Sanguinhedo 51.516

Lavrador Casado 63 Canedo 4.342

Lavrador Casado 53 Giestal 34.446

445


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

1890

1891

1892

12 de

Junho

de

1893

11 de

Junho de

1894

1895

Aranha

Pais

Francisco

José de

Moreira

Manuel

Barbosa

das Neves

Francisco

José da

Silva

Tavares

Francisco

José de

Moreira

Manuel

Barbosa

das Neves

Francisco

José

Moreira

Júnior

António

da

Conceição

António

Guedes

Ribeiro

Manuel

José de

Moreira

António

da

Conceição

Manuel

José de

Moreira

António

da

Conceição

Manuel

José de

Moreira

Manuel

Pinto

Aranha

Pais

Proprietário Casado 34 Valcova

Lavrador Casado 64 Canedo 4.342

Proprietário Casado 56 Fagilde 48.120

Proprietário Casado 34 Valcova

Lavrador Casado 64 Canedo 4.342

Proprietário Casado 40 Canedo 124.821

Lavrador Casado 47 Sanguinhedo 51.550

Lavrador Casado 48 Canedo 10.244

Proprietário Casado 48 Canedo 24.110

Lavrador Casado 47 Sanguinhedo 51.550

Proprietário Casado 49 Canedo 24.110

Lavrador Casado 47 Sanguinhedo 51.550

Proprietário Casado 50 Canedo 24.110

Proprietário Casado 39 Canedo 8.310

446


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

3º e 4º Trimestre de 1895

Francisco

José

Moreira

11 de

Junho de

1896

Manuel

José de

Moreira

1º Trimestre de 1896

António

da

Conceição

14 de

Junho de

1897

1898

14 de

Junho de

1899

1900

13 de

Julho de

1901

15 de

Julho de

1902

14 de

Julho de

1903

15 de

Julho de

1904

15 de

Julho de

1905

14 de

Julho de

1906

13 de

Julho de

1907

António

Guedes

Ribeiro

Manuel

José de

Moreira

Manuel

José

Robalinho

Manuel

José

Robalinho

Manuel

José

Robalinho

Manuel

José

Robalinho

Manuel

José

Robalinho

Manuel

José

Robalinho

Manuel

José

Robalinho

Manuel

José

Robalinho

Manuel

José Pinto

Júnior

António

Ferreira

Proprietário Casado 51 Canedo 24.110

Lavrador Casado 47 Sanguinhedo 51.550

Lavrador Casado 56 Canedo 10.250

Proprietário Casado 52 Canedo 24.110

Lavrador Casado 50 Espinheiro

Lavrador Casado 51 Espinheiro

Lavrador Casado 52 Espinheiro

Lavrador Casado 53 Espinheiro

Lavrador Casado 54 Espinheiro

Lavrador Casado 56 Espinheiro

Lavrador Casado 57 Espinheiro

Lavrador Casado 58 Espinheiro

Lavrador Casado 55 Canedo

Lavrador Viúvo 35 Canedo

447


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

da Silva

Santos

António

14 de

Ferreira

Julho de

da Silva

1908

Santos

Lavrador Viúvo 37 Canedo

Interrupção devido a Reformas Administrativas

Manuel

13 de

Joaquim

Agosto

da Costa

de 1918

Oliveira

Agostinho

Oliveira e Lavrador Casado 38 Canedo

Silva

Manuel

Francisco Negociante Casado 40 Canedo

Pinheiro

12 de

Agosto

de 1919

17 de

Agosto

de 1920

17 de

Agosto

de 1921

7 de

Agosto

de 1922

Augusto

Pinto

Marques

Joaquim

da Silva

Ferreira

Manuel

da Mota

Manuel

Joaquim

da Costa

Oliveira

Joaquim

de Sousa

Ferreira

Manuel

Alves da

Silva

Agostinho

Oliveira e

Silva

Manuel

Francisco

Pinheiro

Manuel

Alves da

Silva

Agostinho

Oliveira e

Silva

Lavrador Casado 34 Canedo

Negociante 45

448

34 Canedo

Proprietário Casado 30 Sobrêda

Lavrador Casado 38 Canedo

Negociante Casado 41 Canedo

Proprietário Casado 30 Sobrêda

Lavrador Casado Canedo


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

23 de

Agosto

de 1923

4 de

Setembro

de 1924

Joaquim

de Sousa

Ferreira

António

José Pinto

António

Fernandes

Pinheiro

António

José de

Fontes

António

Joaquim

Ferreira

António

da Silva

Santos

José Alves

de Santos

José de

Freitas

José de

Sousa

Manuel

Guedes

Manuel

Joaquim

da Costa

Oliveira

Adriano

da Costa

Bento

António

Pinto

Fontes

António

Francisco

Pinheiro

Augusto

Joaquim

da Costa

Oliveira

Jerónimo

da Silva

Valente

Negociante Casado 34 Canedo

Lavrador Casado 58 Barreiro

Lavrador Casado 48 Mota

Lavrador Casado 48 Várzea

Negociante Casado 33 Canedo

Canedo

Lavrador Casado 55 Canedo

Lavrador Casado 48 Canedo

Negociante Casado 35 Canedo

Lavrador Casado 47

Negociante Casado 53 Canedo

Negociante Casado 35 Carvoeiro

Lavrador Casado 28 Bouças

Negociante Casado 40 Mosteiro

Lavrador Casado 38 Mocelo

Lavrador Solteiro 30 Souzanil

449


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

31 de

Julho de

1925

Joaquim

Alves da

Silva

José da

Costa

Carreira

José da

Silva

Patrício

José

Gomes da

Conceição

Manuel

Mota

Manuel

Alves da

Silva

Manuel

Sousa

Ferreira

Manuel

da Costa

Oliveira

Manuel

da Silva

Patrício

Manuel

José Pinto

Pereira

Adriano

da Costa

Bento

Agostinho

de

Oliveira e

Silva

Albertino

Moreira

António

Pinto

Marques

António

Pinto

Fontes

António

Francisco

Pinheiro

Lavrador Casado 30 Sobrêda

Lavrador Casado 35 Rebordelo

Negociante Casado 45 Carvoeiro

Carpinteiro Casado 35 Mosteiro

Lavrador Casado 50 Canedo

Lavrador Solteiro 35 Sobreda

Lavrador Solteiro 30 Canedo

Negociante Casado 35 Mosteiro

Negociante Casado 45 Canedo

Lavrador Solteiro 30 Ervideiro

Negociante Casado 36 Carvoeiro

Lavrador Casado 41 Póvoas

Negociante Casado 41 Carvoeiro

Negociante Casado 36 Vilares

Lavrador Casado 36 Bouças

Negociante Casado 41 Mosteiro

450


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

1926

Augusto

Joaquim

da Costa

Oliveira

Jerónimo

da Silva

Valente

Joaquim

Alves da

Silva

José da

Costa

Carreira

José da

Silva

Patrício

José

Gomes da

Conceição

Manuel

Mota

Manuel

Alves da

Silva

Manuel

Sousa

Ferreira

Manuel

da Costa

Oliveira

Manuel

da Silva

Patrício

Manuel

José Pinto

Pereira

Manuel

Guedes

Adriano

da Costa

Bento

Agostinho

de

Oliveira e

Silva

Albertino

Moreira

Lavrador Casado 39 Mocelo

Lavrador Solteiro 31 Souzanil

Lavrador Casado 31 Sobrêda

Lavrador Casado 36 Rebordelo

Negociante Casado 46 Carvoeiro

Carpinteiro Casado 36 Mosteiro

Lavrador Casado 51 Canedo

Lavrador Solteiro 36 Sobrêda

Lavrador Casado 31 Framil

Negociante Casado 36 Mosteiro

Negociante Casado 46 Carvoeiro

Lavrador Solteiro 31 Ervideiro

Lavrador

Negociante Casado 37 Carvoeiro

Lavrador Casado 42 Póvoas

Negociante Casado 42 Carvoeiro

451


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

António

Pinto

Marques

António

Pinto

Fontes

António

Francisco

Pinheiro

Augusto

Joaquim

da Costa

Oliveira

Henrique

de

Almeida

José da

Costa

Carreira

José da

Silva

Patrício

José

Gomes da

Conceição

Manuel

Guedes

Manuel

Moreira

da Silva

Manoel

Alves da

Mota e Sá

Negociante Casado 37 Vilares

Lavrador Casado 36 Bouças

Negociante Casado 42 Mosteiro

Lavrador Casado 40 Mocelo

Negociante Casado 57 Mota

Lavrador Casado 37 Rebordelo

Negociante Casado 47 Carvoeiro

Carpinteiro Casado 37 Mosteiro

Lavrador Casado 47 Canedo

Lavrador Casado 55 Canedo

Lavrador Casado 55 Canedo

Fonte: 5 Volumes, Registo de Recenseamento dos Jurados.

AMSMF/BMSMF

452


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

• Juiz Eleito

Os juízes eleitos, vêm assim substituir os juízes de vintena, pela portaria

de 6 de Junho de 1837:

“Art. 11. ° Haverá em cada uma das Freguesias um Juiz Eleito, e um Juiz

de Paz, com as atribuições estabelecidas nas Leis vigentes, os quais serão

eleitos como elas determinam.

(…)

Manda a Mesma Augusta Senhora, pela Secretaria d'Estado dos

Negócios Eclesiásticos e de Justiça, declarar ao referido Secretario Geral

para seu conhecimento, e mais efeitos necessários, que pela nova

Legislação não há Juízes de Vintena, mas sim Juízes Eleitos da Freguesia,

cujas funções estão explicitamente declaradas nas Leis; 149 ”

150 “O Juiz Eleito, estava ligado à respetiva freguesia e tal como o Juiz

Ordinário e o Juiz de Paz, era eleito mas a nível da freguesia. Tinha como

principal função zelar pelo pagamento dos impostos por parte dos foreiros,

como também o foro dos maninhos, fazendo assim executar as ordens

camarárias. Encarregava-se de resolver as questões e repor a legalidade.

Tinha também a função de comunica à administração do Concelho, ou ao

Juiz de Fora as solteiras grávidas, e ainda as brigas, ferimentos e mortes

violentas; ao juiz dos órfãos o falecimento de pessoas que tivessem deixado

filhos órfãos.

Tinha a obrigação de vigiar a conservação dos caminhos, denunciar

as construções sem licença ou fora das normas exigidas nos licenciamento,

sobretudo quando confrontavam com a via pública, coagia os chefes de

família obrigados a apresentar nos termos da lei, até 31 de março de cada

ano, as cabeças das aves consideradas daninhas: pardais, gaios, melros

estorninhos e outros, verificar se a aferição dos pesos e medidas estavam

segundo as normas do reino e os acórdãos camarários.

Zelava pela saúde pública e qualidade de vida das populações como

se comprova pela deliberação da Câmara em 8 de fevereiro de 1855, para

149

Livro 1837 de Legislação Régia, pág. 318; disponível em:

http://legislacaoregia.parlamento.pt/V/1/18/15/p339

150

Págs. 161 e 162. Lobão – Terra do Deus Maior. Carlos Dias. 2018

453


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

que se «oficiasse a todos os juízes eleitos das freguesias em que haviam

talhos a fim de que eles visitem semanalmente aqueles estabelecimentos

como lhes cumpre e façam cumprir a respectiva postura sobre açougues e

façam proceder á lavagem e limpeza bem como remover qualquer

imundície aplicando a pena aos transgressores» também que zelassem

«para que as rezes sejam mortas no dia intendente à sua repartição, que

sejam de boa qualidade e que se não venda ao público carne que esteja em

estado de corrupção». 151

Os juízes eleitos foram extintos por lei de 16-4-1874. 152 Até nós

chegaram poucos documentos sobre o Juiz Eleito. Podemos abaixo o nome

de um Juiz Eleito encontrado num livro das Atas Camarárias disponível no

Arquivo Municipal de Santa Maria da Feira” 153

Tabela 26 – Juiz Eleito

Nome Lugar Cargo Ano

Manuel José

Pais

Mocelo

Juiz Eleito

Fonte: Atas Camarárias. AMSMF

4 de Agosto de

1830

151

Fl. 37. Livro 11. Atas da Câmara. AMSMF

152

Pág. 64. Diário 85. AMOA

153

Págs. 161 e 162. Lobão – Terra do Deus Maior. Carlos Dias. 2018

454


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

• Elegíveis - Ano de 1842

Freguesia de Canedo

Nome Lugar Idade

Est.

Civil

Profissão Décima/Literat.

Elegíveis para os cargos de Distrito

Bartolomeu

Paes Lousado 34 Casado Cirurgião 4.060/1. as Letras

Moreira

Bernardo

José da Silva Fagilde 76 Viúvo Proprietário 10.715/1. as Letras

Tavares

Manuel

3.900 e 1254 de

Mocelo 60 Casado Cirurgião

José Paes

Juros/1. as Letras

Thomas

Escrivão de

Mota 50 Casado

Corrêa

Paz

4.000/1. as Letras

Elegíveis para os cargos Municipais

Bartolomeu

Paes Lousado 34 Casado Cirurgião 4.060/1. as Letras

Moreira

Bernardo

José da Silva Fagilde 76 Viúvo Proprietário 10.715/1. as Letras

Tavares

Manuel

3.900 e 1254 de

Mocelo 60 Casado Cirurgião

José Paes

Juros/1. as Letras

Elegíveis para os cargos Paroquiais

António

José Reimão

Framil 33 Casado Lavrador 1.500/1. as Letras

António

José Bento

Paçô 42 Casado Lavrador 2.000/1. as Letras

António de

Almeida

Ervideiro 65 Viúvo Lavrador 1.200/1. as Letras

Bernardo

José da Silva

Tavares

Fagilde 76 Viúvo Proprietário 10.715/1. as Letras

455


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Bernardo

Ribeiro da Sobrêda 50 Casado Lavrador 1.560/1. as Letras

Silva

Bartolomeu

Paes Lousado 34 Casado Cirurgião 4.060/1. as Letras

Moreira

Clemente

de Seixa Várzea 52 Casado Lavrador 2.600/1. as Letras

Ferraz

Domingos

da Silva

Vilares 62 Casado Lavrador 2.400/1. as Letras

Domingos

Duarte de Valcova 45 Casado Lavrador 1.600/1. as Letras

Pinto

Jerónimo

José Reimão

Mocelo 38 Casado Lavrador 1.000/1. as Letras

José Duarte Framil 48 Casado Lavrador 1.320/1. as Letras

José Pinto

de Beça Mouchão 70 Solteiro Lavrador 3.600/1. as Letras

Tavares

José

Ferreira

Tavares

Espinheiro 60 Casado Lavrador 1440/1. as Letras

Fonte: Recenseamento dos elegíveis para os cargos de distrito, município e paróquia (1842)

AMSMF/BMSMF

456


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

• Regedores

O Regedor, em Portugal, entre 1836 e 1977, era o representante da

administração central junto de cada freguesia.

As reformas administrativas de José Xavier Mouzinho da Silveira levaram

à introdução da freguesia ou paróquia civil, como subdivisão administrativa

do concelho, em 1832. Cada paróquia teria um órgão de administração local

eleito (a junta de paróquia) e um magistrado administrativo representante

da administração central (o comissário de paróquia).

O Código Administrativo de 1836 substituiu o comissário de paróquia

pelo regedor, com competências semelhantes.

As competências dos regedores foram-se modificando ao longo da sua

existência, mas, genericamente, eram análogas às dos administradores de

concelho, agindo subordinados a estes, à escala paroquial.

Essencialmente, os regedores garantiam a boa aplicação das leis e dos

regulamentos administrativos e exerciam a autoridade policial no território

da freguesia. 154

O decreto de 20 de julho de 1842 estabeleceu que o uniforme dos

regedores seria uma casaca azul, com um ramo de carvalho de ouro

bordado em cada uma das golas, colete de casimira branca, calças azuis,

botas e chapéu redondo. A casaca e o colete teriam botões com as Armas

Reais. O chapéu teria o laço nacional e uma presilha preta, na qual estaria

gravado o nome da freguesia.

“Artigo 360

(2) – Os Regedores usarão de casaca azul com um simples ramo de

carvalho no terço anterior da gola, chapéu redondo com presilha preta, na

qual será bordado a oiro o nome da Freguesia.” 155

Uma das principais funções dos regedores era a de policiamento da

freguesia. Para os auxiliarem nas suas funções policiais, os regedores

tinham às suas ordens, funcionários designados "cabos de polícia".

154

Código Administrativo de 1836, Título III, Capítulo III e Capítulo IV.

155

Código Administrativo de 1842.

457


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

A importância dos cabos de polícia foi diminuindo, à medida que se

foram alargando as áreas de intervenção da Polícia Civil (depois Polícia de

Segurança Pública) nas áreas urbanas e, mais tarde, da Guarda Nacional

Republicana nas áreas rurais.

A última regulamentação dos regedores, foi estabelecida pelos códigos

administrativos de 1936 e de 1940. Os regedores deixaram de ter o estatuto

de magistrado administrativo, passando a ser os representantes dos

presidentes das câmaras municipais e nomeados por estes - salvo nos

concelhos de Lisboa e Porto, onde seriam nomeados diretamente pelos

governadores civis.

Incumbia aos regedores: cumprir e fazer cumprir as ordens e leis,

deliberações e posturas municipais e os regulamentos de polícia, levantar

autos de transgressão sempre que necessário, auxiliar as autoridades

policiais e judiciais sempre que necessário, agir de modo a garantir a ordem,

a segurança e a tranquilidade públicas, auxiliar as autoridades sanitárias,

garantir os regulamentos funerários, mobilizar a população em caso de

incêndio e cumprir outras ordens ou instruções emanadas do presidente da

câmara municipal.

O Regedor no século passado era por natureza uma figura típica a quem

as pessoas prestavam obediência e respeito, era chamado a intervir nas

situações mais insólitas e até caricatas, como um roubo de uma galinha,

fazer as pazes entre marido e mulher, chegando até a intervir em assuntos

de partilhas, em brigas e desacatos, entre outros.

A figura do regedor de freguesia foi extinta na sequência da introdução

da Constituição da República Portuguesa de 1976.

458


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

Doc. 240 - Transcrições de algumas disposições do Código Civil Administrativo, aplicáveis às Regedorias (31 de

Dezembro de 1940) (1)

459


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 241 - Transcrições de algumas disposições do Código Civil Administrativo, aplicáveis às Regedorias (31 de

Dezembro de 1940) (2)

Fonte: Arquivo Municipal de Santa Maria da Feira

460


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

Regedores e Substitutos da Freguesia de Canedo de 1842 a 1975:

Data de

Nomeação

1842

1861

1862

1864

1869

1871

1874

1876

1877 156

1877

1878

1879

Tabela 27 – Regedores e Substitutos da Freguesia de Canedo de 1842 a 1975.

Regedor e Substituto Lugar Profissão Est. Civil

António Pinto Lopes

Manoel da Mota

Manoel José Paes

Moreira

Manuel Pinto de

Aranha Paes

Manoel José Paes

Moreira

Manoel Barbosa

Marques

José Luís Dias

Manuel Barbosa

Marques

Manoel Barbosa dos

Santos

Manuel Pinto de

Aranha Paes

Manoel Barbosa dos

Santos

Domingos José

Robalinho

Custódio Guedes

Pinto

António da Conceição

Custódio Guedes

Pinto

António José da Silva

Tavares

António da Conceição

Manoel Francisco

Aranha

Domingos José Mota

Pinto

António José da Silva

Tavares

António da Conceição

Manoel Francisco

Aranha

156

O mandato foi renunciado por alguma razão.

461


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

1880

16 de Maio de

1886

13 de Fevereiro

de 1890

10 de Junho de

1891

20 de Agosto de

1892

12 de

Abril de 1897

16 de Março de

1898

8 de Março de

1898

20 de Agosto de

1900

27 de Setembro

de 1904

7 de Abril de

1906

16 de Julho de

1906

Domingos José

Robalinho

Subst. Domingos José

Robalinho

Jerónimo Ferreira

Pinheiro

Francisco Pinto

Marques

António José

Robalinho

António Guedes

Ribeiro

Francisco Pinto

Marques

António José

Robalinho

Mosteiro Negociante Casado

Mosteiro

Valcova

Sobrêda

Mosteiro

Valcova

Manuel José da Silva Souzanil Lavrador Casado

António Francisco

Moreira da Costa

Manuel José Pinto

Júnior

Joaquim Alves de

Souza Júnior

Manuel José Pinto

Pereira

António Francisco

Moreira da Costa

António Francisco

Moreira da Costa

António Guedes

Ribeiro

Manuel Alves da

Mota

Mosteiro

Mosteiro

Ervideiro

Lavrador

Mosteiro Proprietário

Mosteiro Proprietário

Sobrêda

Bouças

Casado

Solteiro

Casado

Casado

23 de Julho de

1907

António Francisco

Moreira da Costa

Mosteiro Proprietário

Casado

25 de Julho de

1907

António Ferreira da

Silva Santos

Mosteiro

Viúvo

462


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

20 de Março de

1908

4 de Agosto de

1910

28 de Outubro de

1910

4 de Outubro de

1912

25 de Março de

1915

28 de Junho de

1915

28 de Fevereiro

de 1917

13 de Março de

1917

22 de Fevereiro

de 1918

30 de Janeiro de

1918

23 de Junho de

1919

1920

1921

15 de Janeiro de

1924

15 de Setembro

de 1924

28 de Junho de

1926

António Guedes

Ribeiro

Manuel Alves da

Mota

António Francisco

Pinheiro

Augusto Fernandes

da Silva

Sobrêda

Bouças

Mosteiro

Souzanil

Negociante

Serafim Caetano Grilo Canedo Lavrador Solteiro

Manuel Joaquim da

Costa Oliveira

Mosteiro Negociante Casado

Serafim Caetano Grilo Canedo Lavrador Solteiro

António Pinto

Marques

António Ferreira da

Silva Santos

Augusto Pinto

Marques

Vilares Pedreiro Casado

Mosteiro

Viúvo

Mosteiro Negociante Casado

António da Mota Mosteiro Ferreiro Casado

Francisco de Souza

Fernandes

António Pinto

Marques

Vilares Pedreiro Casado

Augusto Pinto

Marques

Mosteiro Negociante Casado

António da Mota Mosteiro Ferreiro Casado

José de Souza

Manuel de Souza

Ferreira

António da Mota Mosteiro Ferreiro Casado

António Pinto

Marques

Vilares Pedreiro Casado

Manuel de Souza

Ferreira

Manuel Alves da Silva

António da Mota Mosteiro Ferreiro Casado

António da Silva

Marques

Augusto Pinto

Marques

Mosteiro Negociante Casado

463


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

29 de Setembro

de 1926

4 de Junho de

1937

Manuel de Souza

Ferreira

Manuel Alves da Silva

Manuel da Costa

Oliveira Júnior

8 de Junho de

1964

Subst. José Pinto

Fontes

Bouças

2 de Janeiro de

1975

Manuel de sousa

Fernandes

Vitorino Moreira de

Fonte: Arquivo Municipal de Santa Maria da Feira/BMSMF:

-Termo de Juramento dos Regedores deste Concelho 1861

-Termo de Juramento dos Regedores deste Concelho 1885;

-Livro para os Termos de Juramento dos Regedores de Parochia no Concelho da Feira – 1907;

- Livro para os Termos de Juramento dos Regedores de Parochia no Concelho da Feira – 1916/1936;

464


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

Informações sobre alguns Regedores: 157

• Manuel da Costa Oliveira: Natural da

Freguesia de Canedo, foi nomeado

Regedor da mesma Vila a 4 de Junho de

1937.

• José Pinto Fontes: Nasceu a 19 de

Dezembro de 1929 no Lugar das Bouças,

da Freguesia de Canedo. A 8 de Junho de

1964, foi nomeado Regedor Substituto da

Freguesia.

• Manuel de Sousa Fernandes: Nasceu a 19

de Abril de 1919 na Freguesia de Canedo.

A 2 de Janeiro de 1975, foi nomeado

Regedor da Freguesia.

• Vitorino Moreira de Sá: Nasceu a 25 de

Março de 1932 em Lever, Vila Nova de

Gaia, e foi nomeado Regedor-Substituto

da Freguesia de Canedo, a 2 de Janeiro de

1975.

157

Registo de cartões de Identidade dos Regedores 1930 – 1975 do Arquivo Municipal de Santa Maria da

Feira. AMSMF/BMSMF

465


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Competências do Regedor (1834 – 1900): 158

Tabela 28 - Competências do Regedor (1834 – 1900)

Competências do Regedor 1835 1836 1842 1867

Executar deliberações da junta da

Paróquia

X X X X

Manter a ordem pública X X X X

Zelar pelos regulamentos e leis da Polícia X X X

Informar o magistrado concelhio X X X X

Exercer funções administrativas X X X X

Exercer funções sobre o estado civil X X

Policiar locais e estabelecimentos públicos X X X X

Velar pela saúde pública X X

Recenseamento da População X X

Registo Civil X X

Elaborar orçamento paroquial X X

Administrar os bens comuns X X

Dirigir obras públicas

X

Listar os cidadãos indigentes X X X

Velar pelos expostos X X X

Corresponder-se em nome da Junta da

Paróquia

X X

Abertura de Testamentos X X X

Assistir à inventariação dos bens

paroquiais

X X X

Assistir ao recenseamento eleitoral

X

Comunicar as deliberações exorbitantes

da Junta

X X

Assistir na elaboração do orçamento

X

Exercício de funções delegadas X X X X

Arbitrar côngrua ao Pároco

X

Publicar regulamentos e posturas

X

Prover sobre ruas, caminhos e estradas X X

Participar crimes e delitos X X X X

Comunicar irregularidades de instituições

de beneficência

Fonte: Lobão- Terra do Deus Maior. Carlos Dias. 2018

X

158

Anexo – 9. Página 204. Lobão – Terra do Deus Maior. Carlos Dias. 2018

466


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

Competências do Regedor 1878 1886 1896 1900

Executar deliberações da junta da

Paróquia

Manter a ordem pública X X X X

Zelar pelos regulamentos e leis da Polícia X X X

Informar o magistrado concelhio X X X X

Exercer funções administrativas X

Exercer funções sobre o estado civil

Policiar locais e estabelecimentos públicos X X X X

Velar pela saúde pública X X X X

Recenseamento da População

Registo Civil

Elaborar orçamento paroquial

Administrar os bens comuns

Dirigir obras públicas

Listar os cidadãos indigentes

X

Velar pelos expostos

X

Corresponder-se em nome da Junta da

Paróquia

Abertura de Testamentos X X X X

Assistir à inventariação dos bens

paroquiais

X X

Assistir ao recenseamento eleitoral

Comunicar as deliberações exorbitantes

da Junta

X X X X

Assistir na elaboração do orçamento

Exercício de funções delegadas X X X X

Arbitrar côngrua ao Pároco

Publicar regulamentos e posturas

Prover sobre ruas, caminhos e estradas X X X X

Participar crimes e delitos X X X X

Comunicar irregularidades de instituições

de beneficência

Fonte: Lobão- Terra do Deus Maior. Carlos Dias. 2018

X X X

467


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Junta de Freguesia

Executivo da Junta de Freguesia de Canedo antes de 1974:

• António Ferreira dos Santos

Era do Lugar de Mosteirô. Foi o Primeiro Presidente de Junta durante a

Primeira República.

• Manuel Duarte Pinho

Nasceu no lugar de Valcova a 8 de Setembro de 1887 e faleceu a 18

de Janeiro de 1959. Foi o segundo presidente de Junta durante a Primeira

República.

• Joaquim Alves da Silva

Nasceu no lugar do Mosteiro a 29 de Dezembro de 1898 e faleceu no

mesmo lugar a 2 de Março de 1973. Foi presidente de Junta no tempo do

Estado Novo.

• Manuel Joaquim de Sousa Alves

O Professor Manuel Joaquim de Sousa Alves, nasceu no lugar de

Carvoeiro a 7 de Novembro de 1912 e faleceu no mesmo lugar a 17 de Maio

de 1998. Foi presidente de Junta e um grande benemérito da Freguesia de

Canedo.

Ano de 1972:

• Marinho da Silva Santos

• Joaquim Pinto da Conceição

• Fernando Batista

Executivo da Junta de Freguesia de Canedo depois de 1974: 159

29 de Novembro de 1974

• António Moreira Silva

• Albertino da Silva Lopes

• Valdemar Ferreira Neves Campos

159

Arquivo da Junta de Freguesia de Canedo. AJFC

468


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

26 de abril de 1975 — Eleições para Comissão Administrativa

1ª Mandato

De 20 de Janeiro de 1977 a 1979

• Francisco Moreira Marques

• Fausto Alves F. Silva

• Guilherme Silva Atalaia

2º Mandato

De 1980 a 31 de Dezembro de 1982

• Francisco Moreira Marques

• Fausto Alves F. Silva

• Guilherme Silva Atalaia

3º Mandato

12 de Janeiro de 1983 a 6 de Setembro de 1984

• Francisco Moreira Marques

• Manuel Silva Patrício

• Fausto Alves F. Silva

Doc. 242 – Francisco Moreira

Marques, Ex. Presidente de

Junta

Comissão Administrativa - 10 de setembro 1984 até 30 Novembro de 1984

• Ismael

• Manuel Sousa Fontes

• Alberto Silva Marques

1º Mandato

3 dezembro de 1984

• Manuel Jesus

• António Duarte Ferreira Conceição

• Manuel Fernandes Pinheiro

A 26 de Fevereiro de 1988 foi substituído o Sr. António Duarte por Jorge

Manuel Silva Magalhães pelo período de 4 meses.

469


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

2º Mandato

12 de Janeiro de 1990 a 1994

• Manuel Jesus

• Manuel Pinto Marques

• Manuel Fernandes Pinheiro

3º Mandato

7 de Janeiro de 1994 a 1998

• Manuel Jesus

• Manuel Pinto Marques

• Manuel Fernandes Pinheiro

4ª Mandato

02 de Janeiro 1998 a 2001

• Manuel Jesus

• Manuel Pinto Marques

• Manuel Fernandes Pinheiro

5º mandato

8 de Janeiro de 2002 a 2005

• Manuel Jesus

• Manuel Pinto Marques

• Manuel Fernandes Pinheiro

Doc. 243 - Manuel de Jesus, Ex.

Presidente da Junta

6º Mandato

2005-2009

• Manuel Jesus

• Joaquim Moreira

• Manuel Fernandes Pinheiro

7º Mandato

2009-2011 (mandato interrompido)

• Manuel Jesus

• Joaquim da Rocha Moreira

• António Pinto Bento

470


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

• Camilo Miguel Pinto Guedes

• Alberto da Silva Marques

Comissão Administrativa – Teve duração de um mês:

• Fátima Maria Silva Sá

• Daniel Azevedo Ferreira

• António Pinto Bento

1º Mandato:

29 de Junho de 2011 até 2013:

• 160 Vítor Carlos Latourette Marques 161

• Paulo Fernando Marques Oliveira

• Avelino António Silva Moura

• Licínio Francisco Sousa Costa Loureiro

• David Lopes Pinto

2º Mandato:

2013-2017

• Paulo Fernando Marques Oliveira

• Joaquim de Almeida Rocha

• Avelino António Silva Moura

• Manuel Mota Araújo

• David Lopes Pinto

Doc. 244 – Vítor Marques, Ex.

Presidente da Junta

3º Mandato

Executivo Atual iniciado no ano de 2017:

• Paulo Fernando Marques Oliveira

• Avelino António Silva Moura

• Cecília Júnior Ferreira

• António Joaquim Ribeiro Marques

• Licínio Francisco Sousa Costa Loureiro

Doc. 245 – Paulo Oliveira,

Atual Presidente da Junta

160

Vítor Carlos Latourette Marques, Natural da Vila de Canedo, atualmente é Vereador do Pelouro da

Proteção Civil, Ambiente, Espaços Verdes, Saúde e Ação Social da Câmara Municipal de Santa Maria da

Feira.

161

Há a referir que em Canedo existiram três presidentes de Junta da mesma família, Joaquim Alves da

Silva (avô), Francisco Moreira Marques (Pai) e Vítor Carlos Latourette Marques (Neto).

471


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Competência da Junta de Freguesia (após 1974):

Tabela 29 – Algumas competências da Junta de Freguesia (após 1974)

Competências 1977 2002

Executar os planos de atividades, orçamentos e outras

deliberações da Assembleia

X

Administrar serviços da freguesia X X

Elaborar relatório de gerência de contas

X

Instaurar pleitos e defender-se deles X X

Atestar a residência, a vida e situação económica dos

cidadãos da freguesia

X X

Gerir o pessoal e o serviço da Junta X X

Administrar e conservar o património da Junta X X

Conceder terrenos nos Cemitérios X X

Executar as obras do plano de atividades aprovado pela

Assembleia

X X

Elaborar termos de identidade e idoneidade X X

Passar atestados de comportamento moral e civil X X

Elaborar e manter atualizado o cadastro dos bens imóveis

da freguesia

X

Adquirir bens imóveis e alienar os necessários

X

Executar e submeter à Assembleia a proposta do

orçamento

X

Remeter ao tribunal de contas as contas da freguesia

X

Pronunciar-se sobre projetos de construção e ocupação

da via pública

X

Gerir, conservar e promover limpeza de balneários,

lavadouros e sanitários públicos

X

Colaborar com os sistemas locais de proteção civil e de

combate aos incêndios

X

Executar operações de recenseamento eleitoral X X

Proceder ao registo e licenciamento de canídeos

X

Deliberar as formas de apoio a entidades e organismos

legalmente existentes com vista à prossecução de obras

X

ou eventos de interesse para a freguesia

Apoiar ou comparticipar no apoio a atividades de

interesse da freguesia de natureza social, cultural,

educativa, desportiva, recreativa ou outra

X

Fonte: Lobão - Terra do Deus Maior. Carlos Dias. 2018

472


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

• Assembleia de Freguesia 162

24 de fevereiro de 1977

• Manuel Jesus

• Jerónimo José Duarte

• Manuel Costa Oliveira

• Manuel Silva Beleza — PSD

• António Pinto da Mota

• Joaquim Silva Barraca

• Hernâni da Costa Mota

• Manuel Souza Campos

• Francisco Manuel Moura Cancela

26 de janeiro de 1980

• Alberto Silva Barbosa

• Jerónimo José Duarte

• Manuel Silva Patrício

• António Pereira Capitão

• Manuel Jesus

• Manuel Ferreira Santos

• Armando Gomes Conceição

• Manuel Silva Freitas

• Manuel Flávio Santos Sousa

• Alberto Alves da Silva Tavares

• Manuel Silva Nóbrega

• Manuel Costa Fernandes do Couto

• Armando Francisco Capitão

• Armindo Jesus Sá

17 de janeiro de 1983

• Albertino Silva Lopes

• Joaquim Ferreira Mota

• Américo Sousa Pinho

162

Arquivo da Junta de Freguesia de Canedo. AJFC

473


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Armindo Jesus Sá

• Joaquim Mota Pais

• Manuel Fernandes Pinheiro

• António Pereira Capitão

• Jerónimo José Duarte

• Lúcio de Sousa Patrício

• Manuel Sousa Campos

• David Fernandes

• Manuel Flávio Santos Sousa

• Rodrigo José Paraíso Faria

6 de Julho de 1984:

Não havia quórum para funcionar a Assembleia.

21 de Dezembro de 1984 — Após Eleições intercalares:

• Presidente — Manuel Sousa Fontes (CDS)

• António Fernandes da Mota (PSD)

• António Pereira Capitão (PSD)

• Manuel Joaquim Silva Pinto

• Manuel Silva Freitas

• Manuel Ferreira Santos

• Albertino da Silva Marques

• Carlos José Loureiro Silva

• Adriano Alves Silva Santos

• Albertino Silva Lopes

• Américo Sousa Pinho

• Lúcio Silva Patrício

• Celso Ferreira Silva (PS)

10 de Janeiro de 1986:

• Jorge Manuel Silva Magalhães

• António Fernandes da Mota

• António Pereira Capitão

• Manuel Joaquim Silva Pinto

• Manuel Silva Freitas

474


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

• Manuel Ferreira Santos

• Albertino Silva Marques

• Manuel Silva Beleza

• Celso Ferreira Silva

12 de Janeiro de 1990:

• António Pereira Capitão

• Joaquim Ferreira Mota

• Mário Costa Pinho

• Manuel Joaquim Silva Pinto

• Joaquim Rocha Moreira

• Alberto Silva Marques

• Fernando Silva Baptista

• Manuel Silva Beleza 163

• Hernâni da Costa Mota

07 de Janeiro de 1994:

• Joaquim Ferreira Mota

• Joaquim Rocha Moreira

• António Silva Pinheiro

• Manuel Joaquim Silva Pinto

• Joaquim Pinto da Conceição (CDS) 164

• António Fernandes da Mota 165

• Alberto da Silva Marques (PS)

• Manuel Joaquim Silva Guedes (PS)

• Hernâni da Costa Mota

1998 a 2001:

• Joaquim Ferreira Mota

• Joaquim Rocha Moreira

• António Silva Pinheiro

• Manuel Joaquim Silva Pinto

163

Entrou António Silva Pinheiro em substituição de Manuel Silva Beleza.

164

Pediu a suspensão pelo período de 6 meses, entrou Manuel Jesus Gonçalves em Abril de 1995.

165

Perda de mandato em 28-06-1995 e entrou Manuel Silva Beleza.

475


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Hernâni da Costa Mota

• Alberto Silva Marques

• Manuel Mota Pinho

2001 a 2005:

• Joaquim Ferreira Mota

• Joaquim Rocha Moreira

• António Silva Pinheiro

• Manuel Joaquim Silva Pinto

• Hernâni da Costa Mota

• Hilário Ferreira Baptista

• Isabel Robalinho Silva

• Manuel Alexis Fontes Gonçalves

• Manuel Costa Fernandes Couto

2005 a 2009:

• Joaquim Ferreira Mota

• Manuel Joaquim Silva Pinto

• Hilário Ferreira Baptista

• Hernâni Costa Mota 166

• Manuel da Costa F. Couto

• Isabel Robalinho Silva

• Manuel Silvino Santos Neves

• António Pinto Bento

• Manuel Joaquim Silva Guedes

27 de Setembro de 2010:

• Manuel Mota Pinho

• Avelino António Silva Moura

• Hilário Ferreira Baptista

• Fátima Maria Silva Sá

• Abel Pereira dos Santos

• Joaquim Mota Fernandes

166

Posteriormente substituído por António Pedro A. F. Silva.

476


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

• Joaquim Pereira Freitas

• Paulo Sérgio Lopes de Almeida

• Daniel Azevedo Pereira

• Rosa Maria Pinto Silva

• Isabel Robalinho Silva

• Manuel Joaquim Silva Guedes

• José Ferreira da Mota

29 de Junho de 2011 até 2013:

• António Silva Pinheiro

• Daniela Vieira da Silva

• Sara Raquel Loureiro Santos Rodrigues

• Fátima Maria Silva Sá

• Joaquim Pereira Freitas

• Cândida Patrícia Moreira da Silva

• Jerónimo da Mota Fernandes

• Joana Alexandra Alves Silva Pedrosa

• Daniel Azevedo Pereira

• Manuel Mota Pinho

• José Ferreira da Mota

• Rosa Maria Pinto Silva

• Manuel Sousa Fontes

2013 a 2017:

• António Milton Topa Gomes

• Cecília Júnior Ferreira

• Sara Raquel Loureiro Santos Rodrigues

• Fátima Maria Silva Sá

• Paulo Jorge Lopes da Silva

• Sandra Luzia Assunção Rocha

• Jerónimo da Mota Fernandes

• Belmiro Jorge Pereira Pinheiro

• Liliana da Silva Moreira

• Ricardo da Rocha Pinheiro

• José Ferreira da Mota

• Rosa Maria Pinto Silva

477


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Amílcar Sá e Conceição

• Joaquim Pereira de Freitas

• Joaquim Ângelo Ribeiro silva

Atual Assembleia de Freguesia (2017):

• Fátima Maria da Silva Sá

• Jerónimo da Mota Fernandes

• Andreia dos Santos Rocha

• Paulo Jorge Lopes da Silva

• António Joaquim da Mota Ribeiro

• Sandra Luzia Assunção Rocha

• Patrick Mota Pinto

• Maria de Fátima Costa Pinto

• Rui Manuel da Silva Almeida

• Rosa Maria Pinto da Silva

• Renato da Silva Guedes

• Tiago Moreira Gomes

• Paulo Sérgio Fernandes da Silva

478


[Capítulo XIII](Organização político-administrativa)

Competências da Assembleia de Freguesia:

Tabela 30 – Algumas Competências da Assembleia de Freguesia

Competências 1977 2002

Eleger, por voto secreto, os vogais da junta de freguesia X X

Elaborar o regimento X X

Eleger, por voto secreto, o presidente e os secretários da

mesa

X X

Elaborar e aprovar o seu regimento X X

Acompanhar e fiscalizar a actividade da junta de

freguesia, sem prejudicar o exercício normal da sua X X

competência

Estabelecer as normas gerais de administração

do património da freguesia ou sob sua jurisdição

X X

Deliberar sobre recursos interpostos de marcação

de faltas injustificadas aos seus membros

X

No exercício das respetivas competências, a assembleia

de freguesia é apoiada, sendo caso disso, por

trabalhadores dos serviços da freguesia designados pela

X X

junta de freguesia

Conhecer e tomar posição sobre os relatórios definitivos

resultantes de ações tutelares ou de auditorias

executadas sobre a atividade dos órgãos e serviços da

X X

freguesia

Aceitar doações, legados e heranças a benefício de

inventário

X X

Discutir, a pedido de quaisquer dos titulares do

direito de oposição, o relatório a que se refere X X

o Estatuto do Direito de Oposição

Votar moções de censura à junta de freguesia,

em avaliação da acção desenvolvida pela mesma

ou por qualquer dos seus membros, no âmbito

X

do exercício das respectivas competências

Autorizar a concessão de apoio financeiro, ou

outro, às instituições legalmente constituídas

X

pelos funcionários da freguesia

Aprovar anualmente o plano de actividades e os

orçamentos propostos pela junta de freguesia, bem

como as contas e o relatório

X X

Fonte: Lei 79/77 de 25 de Outubro e Lei 5.A/2002 de 11 de Janeiro

479


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

480


[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)

[Capítulo XIV]

(Famílias importantes de Canedo)

481


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

482


[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)

• Famílias com grande importância em Canedo:

• Família Canedo:

“O Primitivo apelido desta família, oriunda da freguesia de Canedo

do concelho da Vila da Feira, era Mota, mas porque o vulgo começasse, ao

referir-se a membros desta família, a designá-los por Motas de Canedo,

certamente para os distinguir dos de outra família de igual apelido

originária do mesmo concelho, passaram os filhos de Domingos da Mota a

adotar o apelido Canedo.

Este Domingos da Mota foi o filho primogénito de José da Mota que

nasceu na freguesia de Canedo a 28-1-1718 e faleceu a 28-5-1781 e de sua

mulher Maria Francisca da Silva, filha de Manuel Fernandes da Silva e de

sua mulher D. Ana da Silva Tavares com quem casara na mesma freguesia a

8-1-1742. José da Mota era, por seu turno, o terceiro dos filhos que Manuel

André Pinto de Andrade, nascido a 30-3-1683 e falecido a 27-11-1745,

houve do seu casamento com D. Sebastiana da Mota nascida na freguesia

de Canedo a 25-8-1686 e falecida a 25-7-1758, filha de Bartolomeu Bento

da Mota e de sua mulher e possivelmente parenta D. Anastácia Maria da

Mota.

O acima mencionado, Domingos da Mota, nasceu na freguesia de

Canedo a 24-5-1744 e ali faleceu a 23-12-1783 tendo casado na cidade do

Porto com Custódia Maria, exposta da Santa Casa da Misericórdia que

faleceu na freguesia de Canedo a 31-5-1786. E tradição conservada na

família que Custódia Maria fora encontrada na roda envolta em finas

cambraias e tendo ao pescoço uma medalha pendente de um fio de ouro,

que durante quase uma centena de anos se conservou na família, o que faz

supor ser filha de pessoa de jerarquia. De que romance de amor teriam os

pais sido protagonistas? Do casamento de Domingos da Mota com Custódia

Maria nasceram os seguintes filhos que foram os primeiros que adotaram

o apelido Canedo:

-António da Mota da Silva Canedo nasceu na freguesia de Canedo a

22-12-1772 e indo para o Brasil fundou no Estado de Minas Gerais a Casa

do Rio Novo. Deste foi neto Antônio Augusto da Silva Canedo,

Desembargador da Relação de Goyaz, Senador do Império e Deputado às

483


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Constituintes Brasileiras, tendo como tal subscrito a Constituição da

República Brasileira. Deixou descendência de que não tenho notícia.

-D. Maria da Mota nasceu na freguesia de Canedo a 25-10-1773 e

faleceu a 29 do mesmo ano.

-José da Silva Canedo nasceu na freguesia de Canedo a 2-3-1778 e

indo para a Vila da Feira ali adquiriu a casa denominada da Fraca,

dedicando-se ao comércio e aumentando grandemente os seus bens de

fortuna. Entusiasta intemerato pela causa de D. Pedro, esteve preso desde

1828 até 12-3-1834 nas cadeias da Relação do Porto e de Lamego com dois

dos seus filhos, sendo-lhe confiscados os bens, que em grande parte perdeu

por não poderem ser reavidos depois do triunfo da causa liberal.

Em 18-4-1834, estando já livre, foi nomeado Procurador Fiscal da

Comissão Municipal da Feira, servindo até à posse dos camaristas efetivos

em 24-9-1834. Não quis mais fazer parte das vereações, sendo nomeado

Tesoureiro Municipal em 15-12-1841, cargo que exerceu até ao seu

falecimento a 25-e-1844.

Tendo El-Rei D. Pedro IV pretendido conceder-lhe certa mercê corno

recompensa não só da sua dedicação e da de seus filhos à sua causa, mas

também pelo auxílio financeiro que em dado momento lhe prestou,

recusou-a, sendo a carta que dirigiu ao monarca um testemunho da sua

isenção e carácter.

Casou na Vila da Feira a 15-9-1803 com D. Joana Emília Rosa Teixeira

que nasceu na freguesia de S.ta Maria de Borba da Montanha, concelho de

Celorico de Basto, a 15-4-1774 e faleceu na Feira a 25-6-1827; filha de

Domingos Teixeira Alves e de sua mulher D. Quitéria Marinha.

• Filhos:

-António da Silva Canedo Escrivão de Direito na comarca de Estarreja,

condecorado com o hábito de Cristo e com o Hábito Pontifício da Cruz

Áurea, por Diploma de 30-10-1827; nasceu na Feira a 11-11-1805 e faleceu

na mesma vila a 7-4-1802.

Entusiasta, como seu pai, pela causa liberal, foi preso em Lisboa a 1-10-

1828 dando entrada na Torre de S. Julião da Barra a 31-8-1830 onde teve o

n.º 85 e onde permaneceu até 2-10-1832, ano em que foi transferido para

a cadeia da Relação do Porto, donde transitou para a de Almeida e desta

484


[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)

para a de Lamego. a requerimento de seu pai que na mesma se encontrava.

Casou na Feira a 4-9-1836 com sua prima co-irmã D. Rita Leopoldina

Teixeira Guimarães que nasceu na mesma vila em 1807 e faleceu em

Estarreja; filha de seu tio João José Teixeira Guimarães e de sua mulher D.

Maria Rosa de Abreu.

• Filhos deste casamento:

- Frederico Augusto da Silva Canedo nasceu na

Feira a 14-4-1839 e tendo ido para o Rio de Janeiro

ali faleceu.

- João da Silva Canedo nasceu na mesma vila a 14-

5-1840 e indo igualmente para o Rio de Janeiro ali

faleceu.

-António Bernardo da Silva Canedo nasceu em

Estarreja, na freguesia de S. Tiago de Beduido a 15-

1-184 e foi também para o Rio de Janeiro onde

faleceu.

-Joana Teixeira da Silva Canedo nasceu na Feira a ia-8-1808

-D. Luísa Adelaide Teixeira da Silva Canedo

-D. Margarida Teixeira da Silva Canedo nasceu na Feira a 30-4-1811 e

ali faleceu a 22 8 1839.

-Francisco Luís da Silva Canedo nasceu na Feira a 9-4-1813 e tendo

estado preso com seu pai e seu irmão António nas cadeias da Relação do

Porto e de Lamego desde 1828, faleceu solteiro na Feira a 10-12 1836.

-D. Albina Teixeira da Silva Canedo

-Joaquim da Silva Canedo nasceu na Feira a 2-7-1818 e tendo estado

em Angola e no Brasil faleceu solteiro no Rio de Janeiro onde era Guarda-

Livros de uma casa comercial a 1-6-1871.

-Luís da Silva Canedo, Comendador da Ordem da Rosa do Brasil,

nasceu na Feira a 17-11-1810 e faleceu em Lisboa a 4-11-1883. Tendo ido

muito novo para o Brasil onde se dedicou ao comércio, ali adquiriu

avultados meios de fortuna e, regressando a Portugal, casou em Lisboa na

freguesia de S. Nicolau a 28-12-1854 com Maria Carolina Lobato Pires que

nasceu na freguesia da Encarnação a 21-8-1827 e faleceu na de Arroios a

485


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

15-10-1904, filha do Contra-Almirante Pedro Baptista Lobato Pires e de sua

mulher D. Ângela Maria do Patrocínio Rocha.

• Filhos deste casamento:

-José da Silva Canedo nasceu na freguesia do Sacramento a 28-

3-1858 e faleceu solteiro na de Arroios a 8-3-1900;

-D. Carolina Lobato Pires da Silva Canedo nasceu na freguesia

do Sacramento a 14-4-1859 e faleceu em Nice, França, a 11-10-1918.

Casou em Paris com o Marquês de Grimaldi, do ramo francês da

família Grimaldi de Itália. Sem geração;

-Domingos da Silva Canedo nasceu na Feira a 16-5-1817 e ali faleceu

a 15-2-1801. Tendo apenas 16 anos e estando seu pai e seus irmãos presos

na cadeia de Lamego, emigrou para o Porto onde se alistou em um dos

Batalhões Fixos da mesma cidade. Foi Capitão do Batalhão Nacional de

Caçadores de Vila da Feira, Escrivão da Administração e Escrivão de Fazenda

na Feira, tendo por morte de seu pai exercido interinamente o cargo de

Tesoureiro Municipal. Casou em Cortegaça, na capeia da Casa do Gavinho

a 22-5- 1841 com D. Maria Emília de Sá Mourão Cardoso, que nasceu na

mesma casa a 17-2-1822 e faleceu nas Caldas de S. Jorge a 21-12-1905,

sendo sepultada no cemitério da Feira, filha de Joaquim José de Sã Mourão

de Oliveira Cardoso, Alferes de Ordenanças, Vereador Fiscal da Câmara da

Feira. Senhor da Casa do Cavinho e de sua mulher D. Ana da Silva Rodrigues

Ferreira de Sã, da Casa da Barra.

• Filhos deste casamento:

-D. Maria Júlia da Silva Canedo

-D. Maria Luísa Teixeira da Silva Canedo nasceu na Vila da Feira a 19-

9-1843 e ali faleceu a 15-1-1914. Casou na mesma vila a 25-6-1805 com seu

primo Joaquim Eduardo de Almeida Teixeira, Tesoureiro da Câmara

Municipal da Vila da Feira onde nasceu a 21-3-1839 e também faleceu, a

12-11-1881, filho de Joaquim José Teixeira Guimarães e de sua mulher D.

Francisca Rosa de Almeida.

• Filho único deste casamento:

-Joaquim Eduardo da Silva Canedo de Almeida Teixeira nasceu na

Feira a 13-4-1866 e faleceu no Rio de janeiro a 12-11-1884 sendo

486


[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)

sepultado no cemitério de S. João Baptista da mesma cidade e mais

tarde transladados os seus restos mortais para o cemitério da Feira.

-D. Maria Bernardina da Silva Canedo nasceu na Feira a 1-7-1845 e

faleceu a 5-10-1846.

-Luís Augusto.

-D. Maria Enzilia da Silva Canedo nasceu na Feira a 1-4-1851 e faleceu a

2-9-1852.

-José Adriano de Meneses da Silva Canedo, 1º Oficial aposentado do

Ministério das Colónias, Comendador das Ordens de Isabel a Católica e do

Mérito Militar de Espanha, antigo Secretário Geral da Província de Cabo

Verde onde serviu com os governadores Fernando de Magalhães e Serpa

Pinto, nasceu na Feira a 14-1-1853 e faleceu em Lisboa na freguesia da

Encarnação a 11-1-1938. Casou em Lisboa na freguesia de S. José a 28-1-

1880 com D. Eugénia Josefina Frenckel, de nacionalidade alemã, que nasceu

na mesma freguesia a 18-1-1858, filha de Sallys Frenckel e de sua mulher

Berthe Frenckel, ainda viva.

• Filho único deste casamento:

-Carlos Fernando Frenckel da Silva Canedo, Médico-Veterinário, 2.

° Oficial de Contabilidade do Ministério da Marinha, Cavaleiro da Ordem

de Cristo, nasceu na freguesia de S. José a 22-11-1880 e faleceu na das

Mercas a 20-5-1930. Casou nesta última freguesia a 7-2-1929 com D.

Fernanda de Melo Botelho Moniz Geraldes de Sampaio e Bourbon que

nasceu na freguesia de S. Mamede a 30-7-1891, filha única e herdeira de

D. Fernando Anselmo de Sampaio Geraldes de Bourbon, da Casa da

Graciosa, Tesoureiro da Caixa Geral dos Depósitos, e de sua mulher D

Ermelinda Botelho Moniz. Sem geração.

- Domingos Eugénio da Silva Canedo, Tenente-Coronel de Infantaria,

Oficial da Ordem de Avis, Cavaleiro da Ordem de Cristo, condecorado com

a Medalha Militar de Prata da Classe de Comportamento Exemplar, Diretor

da Companhia de Seguros Portugal, nasceu na Feira a 27-11-1854 e faleceu

em Lisboa na freguesia de S. Mamede a 7-11-1913 sendo sepultado no

Cemitério dos Prazeres. Indo em 1891 ao Brasil em viagem de recreio, não

esqueceu a sua qualidade de oficial do exército e tendo visitado ali várias

unidades e estabelecimentos militares publicou no seu regresso um

487


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

opúsculo que intitulou Organização e Constituição do Exército Brasileiro—

Breve Noticia, Casou na Vila da Feira a 9-4-1885 com D. Joaquina Emília

Bandeira de Castro que nasceu em Oliveira de Azeméis a 4-3-1854 e faleceu

no Porto, na freguesia de Campanhã, a 3-1-1943, sendo sepultada em

Lisboa no Cemitério dos Prazeres, filha do Dr. Rufino Joaquim Borges de

Castro, Bacharel Formado em Direito, Recebedor do Concelho da Feira de

que também foi Administrador e Presidente da sua Câmara Municipal,

Chefe, no mesmo concelho, do velho partido progressista, oriundo das

Casas da Giesteira de S. Tiago de Riba Ul e da Mamoa de Milheirós de

Polares e de sua mulher D. Henriqueta Augusta Correia Bandeira.

• Filhos deste casamento:

-Fernando de Castro da Silva Canedo, Tenente-Coronel de

Infantaria, Comendador da Ordem de Avis, Cavaleiro da Ordem de

Cristo, com palma. por serviços de campanha, condecorado com as

Medalhas Militares de Ouro, de Comportamento Exemplar e de Prata

comemorativa das Campanhas do Exército Português, com a legenda

Moçambique 1916-1918, com a Medalha Interaliada da Vitória, com a

Cruz de Mérito da Cruz Vermelha Portuguesa, e com a Medalha de Ouro

de 1ª Classe da Cruz Vermelha Espanhola, Combatente da Grande

Guerra em África, Sócio do Instituto Português de Heráldica, e da

Associação dos Arqueólogos Portugueses, autor da obra genealógica em

3 volumes A Descendência Portuguesa de El-Rei D. João II e de outros

trabalhos genealógicos que mantém inéditos, nasceu em Lisboa na

freguesia de S. Mamede a 24-3-1886. Casou na freguesia dos Mártires a

10-5-1910 com D. Eugénia Emília Furtado de Mendonça e Matos que

nasceu na Guarda na freguesia de S. Vicente a 26-3-1888, filha de José

Aureliano Borges Antunes de Matos, Bacharel formado em Direito,

Advogado, e de sua mulher D. Maria Leopoldina Furtado de Mendonça,

da família dos Viscondes de Barbacena. Sem geração.

-D. Laura da Silva Canedo nasceu em Lisboa na freguesia de S.

Mamede a 25-9-1888 e casou no Porto na freguesia de Cedofeita, em

capela armada na casa n.º 6 da Praça de Carlos Alberto, a 6-12-1924,

com Narciso da Silva Matos, Solicitador na mesma cidade onde nasceu

na freguesia da Sé a 28-8-1878, filho de Francisco Félix da Silva Matos e

de sua mulher D. Jesuína Cândida de Matos, e já viúvo de D. Emília

Carolina Gomes Pimenta. Sem geração.

488


[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)

-Júlio Adelino da Silva Canedo, que se dedicou ao comércio, tendo

estado muitos anos no Brasil, nasceu na Feira a 4-12-1858 e faleceu no

Porto na Rua da Alegria a 7-1-1914. Casou na cidade do Rio de Janeiro, na

Igreja de N. S. 4 da Glória a 24-10-1891 com I). Maria Henriqueta Faro Viana

natural da mesma cidade filha de N... Viana e de sua mulher D. Rosa de Faro

e Oliveira, irmã do 1. ° Visconde de Faro e Oliveira.

• Filhos deste casamento:

-D. Maria Júlia da Silva Canedo nasceu no Rio de Janeiro a 22-2-

1893 e faleceu na praia de Espinho a 29-1-1897.

-Júlio Adriano da Silva Canedo nasceu no Porto, na freguesia da

Foz do Douro a 18-2-1895 e vive solteiro no Brasil.

-Luís Augusto da Silva Canedo., Oficial da Ordem da Rosa do Brasil, e

inspirado poeta, tendo publicado um livro de versos intitulado Coisas

Velhas, que não entrou no mercado, nasceu na Vila da Feira a 17-12-1848

e faleceu no Porto, na freguesia de Cedofeita a 13-3-1917 sendo sepultado

no cemitério da sua terra natal. Indo muito novo para o Rio de Janeiro, onde

se dedicou ao comércio, ali adquiriu avultados bens de fortuna ocupando

na alta sociedade carioca do seu tempo e no meio financeiro uma situação

de destaque. Tendo aceitado, após a proclamação da República Brasileira,

a chamada Grande Lei de Naturalização que dava a todos os estrangeiros

residentes no Brasil à data. daquela proclamação a naturalidade brasileira,

foi nomeado Corretor Oficial da Bolsa do Rio de Janeiro por Alvará da junta

Comercial da República dos Estados Unidos do Brasil de 9-9-1890. Vindo

mais tarde fixar residência em Lisboa, as suas equipagens tornaram-se

notadas por serem das melhores, se não as melhores, que se apresentavam

então nas ruas da capital. Quando, por desgostos de família, delas se desfez,

as duas magnificas parelhas que possuía foram altamente disputadas,

inclusive pela Casa Real. Casou 2 vezes. A 1º no Rio de Janeiro a 4-9-1879

com D. Maria da Glória de Miranda Paranhos que nasceu na mesma cidade

a 15-8-IS ... e faleceu no Porto em 1922, filha de José Ferreira da Silva

Paranhos e de sua mulher D. Ana Carolina de Miranda e já viúva de

Guilherme Pinto Antunes Carneiro de quem se separou judicialmente em

1902 e se divorciou por sentença de e de quem não houve filhos; a 2ª

civilmente na Vila da Feira a 8-12-1911 com D. Maria Idalina Avilez Teixeira

que nasceu em Trancoso a 26-1-1879 e faleceu no Rio de Janeiro, filha de

António Maria Teixeira e de sua mulher D. Maria Emília Faria.

489


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Filho único do 2º Casamento

- Luís Angusto de Sá Mourão de Avilez Canedo nasceu em Lisboa

na freguesia do Coração de Jesus a 06-7-1929 sendo registado no

Consulado do Brasil, pelo que é cidadão brasileiro. Casou na Quinta dos

Machados, Picanceira, freguesia de S.to Isidro. concelho de Mafra, a 18-

10-1930, com D. Maria da Nazareth da Cunha Pereira Machado que

nasceu na mesma Quinta a 3-8-1909, filha de Augusto Pereira Machado

e de sua mulher D. Júlia Ferreira da Cunha, de quem está separado.” 167

167

Páginas 125- 174. Fernando de Castro da Silva Canedo. Arquivo Distrital de Aveiro.

490


[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)

• Família Pais Moreira:

O Primitivo apelido desta família, oriunda da freguesia de Canedo do

Concelho de Santa Maria da Feira, mais precisamente da Casa da Botica, a

quem sempre foi sua pertença.

Ao longo dos tempos, até aos dias de hoje, foi sempre um família

notável e nobre, cheia de nomes marcantes que fizeram da sua vida

profissional, actos meritórios para a Vila de Canedo como também para o

nosso país. Família de médicos, farmacêuticos, oficiais, entre outros ofícios.

A família começa no casamento de Manuel José Pais e Maria da Silva

Moreira do lugar do Mocelo da freguesia de Canedo, donde houve um filho,

Manuel José Pais Moreira (nasceu a 11 de Janeiro de 1820). Este, casou na

Igreja de Canedo a 15 de Junho de 1854 com Emília Leite da Silva Tavares,

natural de Guimarães, que era filha de Vitorino da Silva Tavares e Cândida

Leite da Casa de Fagilde, da mesma freguesia de Canedo. Deste casamento

resultaram quatro filhos:

- Dra. Maria Leite da Silva Tavares Pais Moreira, que nasceu na

freguesia de Canedo a 21 de Janeiro de 1858. Teve uma digna carreira

profissional de médica. Faleceu na Cidade do Porto a 3 de Agosto de 1941.

- Padre Agostinho José Pais Moreira, que nasceu na freguesia de

Canedo a 30 de Abril de 1852. Foi pároco da freguesia cerca de 40 anos.

Faleceu na mesma a 15 de Fevereiro de 1920;

- Vitorino José Leite da Silva Tavares Moreira, natural da freguesia de

Canedo, nasceu a 30 de Março de 1855. Foi oficial de Marinha. Teve uma

filha, Maria José Pais Moreira Beleza de Andrade;

- Rosa Emília Leite da Silva Tavares Pais Moreira, natural da freguesia

de Canedo. Era solteira;

- Carolina Augusta Leite da Silva Tavares Pais Moreira, natural da

freguesia de Canedo, nasceu a 16 de 1863 e faleceu em Cesar, Oliveira de

Azeméis, a 13 de Novembro de 1907. Casou-se com António Augusto dos

Santos Furtado, natural de Bragança. Deste casamento, surgiram quatro

filhos:

491


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

- Emília Leite dos Passos Furtado Pais Moreira, nasceu em

Arouca, paróquia de São Bartolomeu;

- Constança Leite dos Passos Furtado Pais Moreira;

- António Leite dos Passos Furtado Pais Moreira;

- José Leite dos Passos Furtado Pais Moreira.

D. Emília Leite dos Passos Furtado Pais Moreira, casou com Alexandre

de Figueiredo, natural de Avô, concelho de Oliveira do Hospital. Deste

casamento, resultaram:

- Doutor Alexandre Manuel Pais Moreira, que nasceu na freguesia de

Avô, concelho de Oliveira do Hospital a 26 de Novembro de 1910. Foi

médico da freguesia longos anos e um ilustre do Concelho de Santa Maria

da Feira. Faleceu em Canedo a 1 de Agosto de 1988;

- Manuel Furtado Pais Moreira de Figueiredo, nasceu na freguesia de

Avô, concelho de Oliveira do Hospital;

- Álvaro de Figueiredo Furtado Pais Moreira, nasceu na freguesia de

Canedo, concelho de Santa Maria da Feira;

- Maria do Céu de Figueiredo Pais Moreira, nasceu na freguesia de

Canedo, concelho de Santa Maria da Feira.

O Doutor Alexandre Manuel Pais Moreira Figueiredo, casou com

Maria Emília Malheiro com quem teve três filhos: Fernando Manuel

Malheiro Pais de Figueiredo; António Manuel Malheiro Pais de Figueiredo

e Artur Alberto Malheiro Pais de Figueiredo, todos naturais de Paredes,

Concelho do Porto. 168

168

Informações disponibilizadas pela Família Pais Moreira.

492


[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)

• Família Silva Tavares:

O primitivo apelido desde família oriunda da Vila de Canedo, do

Concelho de Santa Maria da Feira, estando relacionada com a família

“Aranha”, da mesma freguesia. Foi sua pertença a Casa de Fagilde, de muito

nome, onde terá pernoitado o rei D. Miguel na Guerra Civil Portuguesa

(1828-1834). Família de grandes nomes: capitães, padres, entre outros

ofícios.

Os primórdios da família começam com Martim Gonçalves, que

nasceu por volta de 1576, no lugar de Fagilde, em Canedo, Santa Maria da

Feira. Casou com Isabel Gonçalves, a 5 de maio de 1596, na mesma

freguesia. Deste casamento houve seis filhos, todos nascidos no lugar de

Fagilde:

- Isabel Gonçalves, nasceu a 21 de março de 1597;

- Martinho Gonçalves, nasceu a 27 de fevereiro de 1602;

- Francisco Gonçalves, nasceu a 23 de dezembro de 1609;

- António Gonçalves, nasceu a 5 de junho de 1613;

- Maria Gonçalves, nasceu a 17 de junho de 1616;

- Ângela Gonçalves, nasceu a 4 de março de 1620, no lugar de Fagilde,

Canedo, Santa Maria da Feira, e morreu a 10 de março de 1685, no mesmo

lugar da mesma freguesia. Casou a 14 de fevereiro de 1639, em Canedo,

Santa Maria da Feira com Domingos Gaspar, nascido a 12 de outubro de

1617 no lugar de Vilares, da mesma freguesia, filho de Gaspar Luís e Isabel

Antónia. Do casamento resultaram quatro filhos:

-- Maria Gonçalves, nasceu a 14 de março de 1645, no lugar do

Mosteiro, Canedo, Santa Maria da Feira. Casou a 22 de agosto de 1689, em

Canedo, com Tomé Gonçalves, nascido a 2 de novembro de 1631, no lugar

do Mosteiro, Canedo, filho de Tomé Gonçalves e Maria Francisca;

-- Antónia Gonçalves, nasceu a 1 de maio de 1657 no lugar de Fagilde,

Canedo, Santa Maria da Feira;

-- José Gonçalves Gaspar, nasceu a 17 de março de 1660, no lugar de

Fagilde, Canedo, Santa Maria da Feira;

493


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

-- Lourenço Gonçalves 169 , nasceu a 2 de agosto de 1640, no lugar de

Fagilde, Canedo, e morreu a 9 de agosto de 1688, no lugar de Várzea, em

Canedo. Casou a 18 de maio de 1663 em Sanguedo, Santa Maria da Feira

com Maria Fernandes, filha de Pantaleão Fernandes e Maria Fernandes. O

casamento de Lourenço Gonçalves e Maria Fernandes resultou em cinco

filhos:

- Manuel Gonçalves, nasceu a 13 de setembro de 1670, no lugar da

Várzea, Canedo, Santa Maria da Feira;

- Apolónia Gonçalves, nasceu a 9 de fevereiro de 1673, no lugar da

Várzea, Canedo, Santa Maria da Feira. Casou a 26 de fevereiro de 1695, em

Canedo, Santa Maria da Feira com João de Freitas, filho de Gaspar de Freitas

e Ângela Antónia, naturais de Canedo, Santa Maria da Feira;

- Antónia Fernandes, nasceu a 9 de junho de 1668, no lugar da Várzea,

Canedo, Santa Maria da Feira. Casou a 30 de junho de 1693, em Canedo,

Santa Maria da Feira com Manuel Ferreira, filho de José Ferreira e Maria da

Cruz, e neto pela parte paterna de Roque Ferreira e de Maria da Silva, e

neto pela parte materna de Domingos Gonçalves “O Coça” e Maria Antónia.

Manuel Ferreira nasceu a 19 de dezembro de 1672, no lugar de Framil,

Canedo, Santa Maria da Feira, e morreu a 17 de fevereiro de 1698, em

Lisboa, com apenas 25 anos;

- Isabel Fernandes, Isabel Fernandes, nasceu a 28 de dezembro de

1676, no lugar da Várzea, da Freguesia de Canedo, e morreu na mesma a 3

de fevereiro de 1688. Casou a 26 Outubro de 1693, em Canedo, com

Manuel da Silva, filho de Clemente Aranha, e Natália da Silva, nascido a 31

de março de 1670, em Canedo; neto paterno de Gaspar António e de Isabel

António; neto pela parte materna de Roque Ferreira e de Maria da Silva,

bisneto pela parte paterna de Gonçalo António e de Luísa Antónia e de Adão

António e de Verónica Francisca, todos da freguesia de Canedo. Manuel da

Silva tinha era “rendeiro” como profissão. Deste casamento houve os

seguintes filhos, todos nascidos em Fagilde, Canedo:

-- Clara da Silva, nasceu a 5 agosto de 1700;

169

“Em alguns documentos, é referido que Lourenço Gonçalves vivia do seu ofício de almocreve. No

entanto, e tomando em consideração o processo de habilitação a Familiar do Santo Ofício de seu neto

Manuel da Silva Aranha, é referido, por uma das testemunhas, que ele é barbeiro.” Retirado de:

https://culturaldata.wordpress.com/2018/09/24/descendencia-dos-condes-da-feira/

494


[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)

-- Úrsula da Silva, nasceu a 21 de setembro de 1719;

-- Maria Fernandes;

-- Padre Sebastião da Silva Aranha;

-- Natália da Silva;

-- Ana da Silva Aranha;

-- Antónia da Silva;

-- Manuel da Silva Aranha, nasceu a 6 julho de 1696 em Fagilde,

Canedo. Casou a 1 de maio de 1728 na mesma freguesia com Luísa Tavares,

filha de António Dias Mano, Familiar do Santo Ofício, e de Ana Tavares,

nascida a 23 de fevereiro de 1706, no lugar de Framil, freguesia de Canedo.

Manuel da Silva Aranha, tornou-se familiar do Santo Ofício, por carta

datada de 19 de fevereiro de 1732. Filhos de Manuel da Silva Aranha e Luísa

Tavares, nascidos todos em Fagilde, Canedo:

- João da Silva Tavares, nasceu a 12 de maio de 1729;

- Maurício da Silva Tavares, nasceu a 9 de junho de 1731;

- Manuel da Silva Tavares, nasceu a 6 de novembro de 1732;

- José da Silva Tavares, nasceu a 29 de novembro de 1733;

- Patrício da Silva Aranha, nasceu a 17 de março de 1736;

- Bernardo José Tavares, nasceu a 20 de abril de 1740;

- Domingos José Tavares, nasceu a 10 de abril de 1742;

- Mariana da Silva Tavares, nasceu a 12 de agosto de 1743;

- Maria da Silva Aranha, nasceu a 4 de julho de 1746;

- Padre Sebastião Aranha; 170

- Capitão António José da Silva Tavares, nasceu a 6 de abril de 1738

em Fagilde, freguesia de Canedo. Casou na mesma freguesia a 10 de

Fevereiro de 1766 com Caetana Bernarda da Mota Reimão, filha do Capitão

Valentim da Mota Reimão e de Mariana da Mota e irmã do Reverendo

Padre José Maria da Mota Reimão 171 , importante família do Concelho da

170

Em 1769, era ordinando na Igreja Paroquial de Canedo.

171

Em 1769, era ordinando na Igreja Paroquial de Canedo.

495


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Feira. Caetana Bernarda, nasceu a 8 outubro de 1731, no lugar da Mota, da

freguesia de Canedo, onde faleceu a 24 de março de 1809. Deste casamento

resultaram:

-- Bárbara Bernardina Tavares da Mota Reimão, nasceu por volta de

1767 em Fagilde, Canedo, Santa Maria da Feira. Casou a 30 de maio de 1786

em Canedo, com João de Abreu Gomes, natural de São Miguel, Olival, Vila

Nova de Gaia;

-- Marcelina Cândida da Mota, nasceu por volta de 1774 em Várzea,

Canedo. Casou a 13 de fevereiro de 1801 em Arouca, com Dâmaso de Sousa

Brandão, nascido a 11 de março de 1775 na Várzea, Arouca, onde faleceu a

1 de janeiro de 1845;

-- D. Anicleta Bernardina da Mota, nasceu por volta de 1779, no lugar

do Mosteiro, Canedo. Casou com o Capitão Manuel Joaquim de Sousa

Brandão, natural de Marco de Canaveses;

-- Brigadeiro Bernardo José da Silva Tavares, nasceu a 7 de junho de

1769, no lugar de Fagilde, Canedo. Casou a 24 de julho de 1788, na mesma

freguesia, com Dona Joana Gertrudes Xavier Pereira Valente, filha de

Francisco Pereira de Azevedo e de D. Joana Batista T. Pereira Valente,

natural da freguesia de Ovar. Deste casamento, resultaram quatro filhos,

todos nascidos no lugar da Póvoa, da Freguesia de Canedo:

- Doutor de Leis Francisco de Assis da Silva Tavares, nasceu a 18 de

fevereiro de 1791;

- Capitão-mor Hermenegildo da Silva Tavares, nasceu a 16 de

fevereiro de 1795;

- Cónego Bernardo José da Silva Tavares, nasceu a 8 de dezembro de

1804 e faleceu na mesma freguesia a 22 de Março de 1888;

- Coronel Vitorino da Silva Tavares, nasceu a 17 de fevereiro de 1791

e faleceu na freguesia de Canedo com 70 anos de idade a 13 de Julho de

1861. 172 Casou com Engrácia Cândida do Nascimento de Jesus Leite (nasceu

a 11 de Março de 1802 e faleceu em Canedo a 27 de Dezembro de 1864),

172

Algumas informações retiradas, no dia 31 de Março de 2019, dos sites:

https://culturaldata.wordpress.com/2018/09/24/descendencia-dos-condes-da-feira/ |

https://culturaldata.wordpress.com/2018/11/11/os-aranhas-de-canedo/

496


[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)

natural de S. Paio, Guimarães. Deste casamento resultaram os seguintes

herdeiros:

-- Bernardo José da Silva Tavares, que nasceu a 1 de Julho de 1820;

-- Maria da Conceição Leite da Silva Tavares, que nasceu a 8 de Março

de 1824;

-- Emília Leita da Silva Tavares, que nasceu em Oliveira, Guimarães, a

24 de Outubro de 1825;

-- Carlota Emília Leite da Silva Tavares, que nasceu a 25 de Fevereiro

de 1827;

-- João da Silva Tavares, que nasceu em Ronfe, Guimarães, a 30 de

Abril de 1835;

-- Carolina Leite da Silva Tavares, que nasceu a 15 de Junho de 1837;

-- Ana da Assunção Leite da Silva Tavares, que nasceu a 30 de Abril de

1839;

-- Domingos José da Silva Tavares, nasceu na Vila de Canedo a 31 de

Maio de 1845;

-- Margarida Augusta Leite da Silva Tavares, que nasceu a 2 de Abril

de 1848.

497


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Família Mota Reimão:

O Primitivo nome desta família oriunda do da Mota da Vila de Canedo,

Concelho de Santa Maria da Feira, sendo que o nome “Mota” advém da

Freguesia de Gião do mesmo concelho da Feira. Entre membros da família,

há a destacar ofícios como capitães, padres, entre outros. Tem relações

familiares com a Família Silva Tavares da Casa de Fagilde.

A família tem início no casamento de António da Mota, (nasceu no lugar

de Azevedo, na freguesia de Gião a 2 de Fevereiro de 1613 e faleceu no

mesmo lugar e freguesia a 21 de Setembro de 1687), filho de Domingos

Francisco e Maria da Mota, ambos do lugar de Azevedo, com Isabel

Gonçalves ( nasceu no lugar de Canedinho da mesma freguesia de Gião a

11 de Abril de 1611 e faleceu antes de 1670), filha de António Dias e Isabel

Gonçalves, ambos de Canedinho, na Igreja de Gião em 2 de Julho de 1641.

Deste casamento resultaram os seguintes filhos:

- Domingos da Mota, que nasceu em Canedinho, Gião, a 9 de Março de

1642;

- Isabel da Mota, que nasceu em Canedinho, Gião, a 1 de Setembro de

1643;

- Manoel da Mota Reimão, que nasceu a 11 de Maio de 1649 no lugar de

Canedinho, Gião;

- Maria da Mota;

- António da Mota Reimão, que nasceu a 28 de Abril de 1652 no lugar de

Canedinho, Gião, e posteriormente foi casou em Canedo a 9 de Fevereiro

de 1678 com Maria Gonçalves do lugar do Barreiro, ficando a morar no

lugar da esposa;

- Capitão João da Mota Reimão, que nasceu a 20 de Junho de 1655, no

lugar de Canedinho, da freguesia de Gião e faleceu no lugar do Mosteiro,

freguesia de Canedo, a 30 de Março de 1714. Casou na Igreja de Canedo

com Natália Francisca a 11 de Junho de 1679, indo morar para o lugar de

Mosteiro na freguesia de Canedo. Deste casamento, houve os seguintes

filhos:

498


[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)

--Úrsula da Mota Reimão, que nasceu no lugar do Mosteiro a 3 de Abril

de 1681. Casou na Igreja de Canedo com Manoel Fernandes, natural da

Medas - Gondomar, a 29 de Junho de 1698. Posteriormente, casou-se

novamente, desta vez na Igreja das Medas – Gondomar, com João de Lima,

a 7 de Outubro de 1715. Deste casamento resultaram os seguintes filhos

todos naturais de Formiga, Medas - Gondomar: Manoel de Lima (da Mota

Reimão), Marcelo de Lima (da Mota Reimão) e Domingos de Lima (da Mota

Reimão);

-- Manoel da Mota Reimão, que nasceu no lugar do Mosteiro a 8 de

Novembro de 1683;

-- Viridiana da Mota Reimão, que nasceu no lugar do Mosteiro a 25 de

Maio de 1686;

-- Anastácia da Mota Reimão, que nasceu no lugar do Mosteiro a 23 de

Outubro de 1687;

-- João da Mota Reimão, que nasceu no lugar de Choupelo, freguesia de

Romariz, a 18 de Outubro de 1694;

-- Capitão Valentim da Mota Reimão, que nasceu no lugar do Mosteiro

a 30 de Dezembro de 1688. Casou na Igreja de Canedo com Mariana da

Mota (nasceu em Janeiro de 1695), filha de Bartolomeu Bento da Mota e

de Anastácia da Mota, ambos do lugar da Mota, Canedo, a 6 de Fevereiro

de 1707. O casamento foi realizado pelo coadjutor da Paróquia Padre

António Couto. Deste Casamento resultaram os seguintes filhos:

- Felícia da Mota Reimão, que nasceu no lugar da Mota a 16 de Agosto

de 1721;

- Romão da Mota Reimão, que nasceu no lugar da Mota a 5 de Março de

1724;

- Constantino da Mota Reimão, que nasceu no lugar da Mota a 14 de

Maio de 1726;

- Alferes Valentim da Mota Reimão, que nasceu no lugar da Mota a 2 de

Janeiro de 1731 e faleceu no Brasil, Congonhas- Minas Gerais, na Rua São

Brás do Suaçuí a 2 de Janeiro de 1805;

- Caetana Bernarda da Mota Reimão, que nasceu no lugar da Mota a 8

de Outubro de 1731 e faleceu com 77 anos de idade no lugar da Mota a 24

499


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

de Março de 1809. Casou a 10 de Fevereiro de 1766 na Igreja de Canedo

com o Capitão António José da Silva Tavares (nasceu a 6 de Abril de 1738),

natural de Fagilde da Freguesia de Canedo, filho de Manoel da Silva Aranha

e de Luísa Dias Tavares;

- Bernardino da Mota Reimão, que nasceu a 15 de Novembro de 1734

no lugar da Mota;

- Reverendo Padre José Maria da Mota Reimão, que nasceu no lugar da

Mota a 23 de Janeiro de 1741;

- Capitão Bernardo José da Mota Reimão, que nasceu antes de 1765. Em

12 de Fevereiro de 1783, casou na Igreja de Canedo com Joana Gertrudes

Pereira Valente, natural de Ovar.

500


[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)

• Família dos “Joões” de Carvoeiro: 173

O primórdio desta família, oriunda no lugar da Mota, da freguesia de

Canedo, com Francisco José Pinto, nascido no mesmo lugar. Foi capitão no

exército e combateu nas Invasões Francesas e nas Batalhas dos Quitantes,

em 17 de Abril de 1809, onde num grupo de capitães, sete foram

decapitados e ele o único sobrevivente.

Teve quatro filhos:

- Ana José Pinto;

- Domingos José Pinto;

- Francisco José Pinto;

- Serafim José Pinto. Nasceu no lugar da Mota, em Canedo e faleceu com

96 anos em Carvoeiro na casa da filha Ana, onde passava as suas tardes na

varanda a tocar harmónica.

Doc. 246 – Serafim José Pinto

Doc. 247 – Casa de Teresa e de Serafim no lugar da Mota

Casou com Teresa Estrela de Jesus e desse casamento resultaram 6

filhos:

- António José Pinto;

- Ana da Silva Estrela. Nasceu no lugar da Mota, em Canedo. Casou

na Igreja Matriz de Canedo com João de Sousa, que nasceu em Carvoeiro,

Canedo e aí faleceu em 1918. Ana e João compraram a Quinta do Pateo em

Carvoeiro e fizeram obras na Capela e na Casa por volta do ano de 1890. Na

173

Algumas informações retiradas de: A História da Minha Família. Paula Cristina da Mota Dias Salvador

(2004)

501


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

altura a Capela não tinha santo, provavelmente terá desaparecido em

alguma cheia do Rio Douro, e por isso Ana trouxe da Quinta dos seus pais o

S. Lourenço que renomeou a Capela.

Doc. 248 – Ana da Silva e João Sousa

Doc. 249 – Casa do Pateo

Tiveram 7 filhos:

- Conceição da Silva Estrela. Casou com Salvador Rodrigues da Gama

quando tinha 15 anos de idade. Tiveram 5 filhos: Maria Rosa, Amélia, Maria,

Joaquim e Manuel.

- Maria Ferreira da Silva Estrela. Nasceu a 13 de Abril de 1896 e faleceu

em 1984. Casou com Francisco José Gomes. Tiveram 5 filhos.

- Rosa da Silva Estrela. Solteira, faleceu em Avintes com 93 aos de idade.

- Manuel de Sousa Ferreira, casado com Amélia Alves da Silva. Tiveram

3 filhos. Maria da Conceição, Manuel Joaquim e Joaquim.

- Luís de Sousa Ferreira, casado com Maria Rosa que faleceu no parto do

seu filho Manuel. Voltou a casar com Elisa da Silva Ferreira que faleceu a 21

de Agosto de 1910. Tiveram 2 filhas: Teresa e Ana.

- Joaquim de Sousa Ferreira. Nasceu em Carvoeiro a 6 de Janeiro de 1886

e faleceu no mesmo lugar a 29 de Outubro de 1965.

Perdeu um olho quando tinha 7 anos aquando das

obras de requalificação que o seu pai estava a fazer na

Quinta do Pateo em Carvoeiro.

Doc. 250 – Joaquim e

Andrelina

Casou em 1911 na Igreja das Medas com Andrelina

Alves Ferreira 174 , nascida a 6 de Março de 1886 nas

Medas, Gondomar e faleceu em Carvoeiro a 25 de

Outubro de 1951.

174

Dizem que quando estava chateada punha o lenço que trazia na Cabeça para trás e atirava o chinelo

ao teto.

502


[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)

Joaquim, quando casou recebeu

dos pais uma pequena casa que a

ampliou por volta de 1912/1914,

sendo hoje uma das Casas mais

bonitas e ricas de Carvoeiro.

Em 1915, construiu uma fábrica de

Sabão abaixo da sua casa. Mais tarde

em 1928, comprou duas fábricas

(fabrica de papel e uma serração) aos

irmãos Luís e Manuel.

Doc. 251 – Aspeto atual da Casa de Joaquim e

Andrelina

Andrelina, recebeu de herança uma tapada do outro lado do Rio Douro

(de Carvoeiro), Joaquim transformou parte dela na Quinta do Carreiro. Ana

e Joaquim tiveram 4 filhos:

- Maria Rosa Alves Ferreira.

- Manuel Ferreira de Sousa.

- Andrelina Alves Ferreira.

- Ana da Conceição, que ficou com a Casa dos pais em Carvoeiro, nasceu

no mesmo lugar a 15 de Dezembro de 1920 e aí faleceu a 23 de Fevereiro

de 2010. Casou a 8 de Janeiro de 1953 com António Leite de Oliveira Gomes,

natural de Guisande, e tiveram 3 filhos:

- António Joaquim de Conceição Gomes;

- Maria Augusta da Conceição Ferreira Gomes;

- Ana Maria de Conceição Ferreira Gomes.

503


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Família dos “Alves”: 175

A Família dos Alves começa com Alexis Latourrette, natural de Paranhos,

nascido a 20 de Julho de 1873, que veio trabalhar para a Casa de Fagilde e

aí encontrou a sua esposa Maria da Conceição Ribeiro, costureira de

profissão. Posteriormente, compraram a Casa do Mosteiro e aí se

acomodaram com os seus filhos:

- Alexis Latourrette, que nasceu em Canedo em 1905 e aí faleceu em

1949. Casou com Maria Rosa da Silva Morais, natural do Porto;

- Maria da Conceição Latourrette, que nasceu em Paranho a 19 de

Dezembro de 1902 e faleceu em Canedo a 1 de Outubro de 1992. Casou

com o saudoso Joaquim Alves da Silva (nasceu 29 de Dezembro de 1898 e

faleceu em Canedo a 2 de Março de 1973), Presidente da Junta de Canedo

durante o Estado Novo. Deste casamento resultaram os seguintes filhos:

- Leontina Conceição Latourrette Alves, que nasceu em Canedo

a 31 de Outubro de 1924 e faleceu no Porto em 1988;

- Fernando Augusto Latourrette Alves, que nasceu em Canedo

a 31 de Outubro de 1926 e aí faleceu a 1 de Fevereiro de 1993;

- Adérito Latourrette Alves, nascido em Canedo a 21 de

Fevereiro de 1932;

- Odete Latourrette Alves, que também nasceu em Canedo a

12 de Julho de 1932. Casou com o saudoso Francisco Moreira Marques

(nasceu a 6 de Março de 1927 e faleceu em Canedo a 13 de Outubro de

2014), que foi Presidente da Junta de Canedo de 1977 a 1984. Tiveram os

seguintes filhos:

- Graciete Leontina Latourrette Marques;

- Nilza Maria Latourrette Marques;

- César Fernando Latourrette Marques;

- Vítor Carlos Latourrette Marques.

175

Desta família houve três presidentes da Junta de Freguesia de Canedo: Joaquim de Sousa Alves,

Francisco Marques e Vítor Marques, (Avó, Pai e Neto).

504


[Capítulo XIV](Famílias importantes de Canedo)

505


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

506


[Capítulo XV](Manuscritos)

[Capítulo XV]

(Manuscritos)

507


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

508


[Capítulo XV](Manuscritos)

Livro II Chancelaria Régia de D.

Afonso III

(Foral de 1 de Junho de 1212 dado

por D. Afonso II à Vila de Canedo)

Folha 2v. e 3

1212-6-1

ANTT

(PT/TT/CHR/B/001/0002)

509


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

510


[Capítulo XV](Manuscritos)

Canedo

511


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

512


[Capítulo XV](Manuscritos)

Trasladação

“1 de Junho de 1212— D. Afonso II concede carta de foral a cinco

casais de povoadores

Aos povoadores de Canedo. Foral per que foy comcedida a dita vila

com seus termos limitados, etc.

In dei nomine. Ego Alfonsus dei gratia Rex Portugalie facio cartam

vobis populatoribus de Canedo pernominatos Pelagii. (fl. 3) Gomez et uxori

tue Sancie Petri, Petro Gonsalvi et tue uxori Loba Gonsalvi, tibi Johanne

Pelagii et tue uxori Marie Johannis, Petri Petri et uxori tue Maric Fila, Sudarii

Johannis et uxori tue Maiori Johannis. Do et concedo vobis Canedo 176 cum

suis terminis comodo incipit per portum quam venit 177 de Adaufi et vadit

per a Pousada et vadit per cumem ad Penedo de Varoca et vadit ad Louzal

comodo dividit cum Garavelas et vadit ad escusa de Pedrafita et inde ad

canpo de Letaruas comodo dividit cum Heramita et vadit ad foz de

Corrozino et intrat per venam Corragi a enfesto et ferit in foz de Maaguiroos

et vadit per vena a enfesto et vadit ad capud de Maroucos comodo dividit

per cumeeira et vadit ad capud de Eiroo et revertint per Spinacum de Cam

et intrat in Inforcadas de Cabral et vadit per venam Anproo et revertit ubi

prius incipimus. Do vobis populatoribus istos terminos nominatos vos et

omnis posteritas vestra et de quibus populare volueritis rendatis miclii

unicuique anno duodecim modios inter panem et vinum et sit mediatum

centeno milio rubio vel albo et de istos supranominatos modios detis eos

panem in tempore arearum et vinum in tempore vindimiarum per

mensuram «de» Cosrantim qualem hodie ibi est. Et ponatis super vos

maiordomo de vestra villa et illum vestrum maiordomum petat vobis ipsas

predictas jugadas et meteat eas et levet eas ad Adaufi et clamet meum

maiordomo vel meum servici<a>le et apresentet jugadas ante illum et si eas

recipere noluerit faciatis testimonium bonorum hominum de vestra villa iii

vicibus et nu(n) qua de ea respondetis. De collecta V.c almudes de cevada

et V.e almudes vini el IIII gallinas et X" ova et detis ista collecta in festa Sancti

Martini in vestra villa una vice in anno et iii arietes in mense Magii et

postquam habuerint uno anno recipiat illos per maiordomo de Canedo. Si

176

No texto: Caendo

177

No texto: Veniunt

513


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

occideritis urso detis inde manus de porco montesino et de servo sive dc

corso si eos occideritis detis inde lumbo et si isto condado non dederitis

pectetis pro illo I libra de cera. Non dedis luitosa nec portagem in terra de

Panoias. Non vaades in apelido nec in fosado nisi ubi fuerit domini Regi.

Vendatis donetis faciatis de ea quicquid vos volueritis et habeo meum

forum sicut resonat in hac karta. De totas callumpnias non pectetis nisi tres

si eas feceritis. Homicidium rausum si fuerint factos in vestra villa pro una

de illis pectant X.’“morabitinos et de istos morabitinos septimam partem ad

palatio et alias sex partes ad concilium. Furtum quale fuerit factum tale sit

pectatum. De istas tres calumpnias non respondatis nisi per inquisitionem

bonorum hominum de Canedo et istas callumpnias si eas demandaverint ad

vos sedeant infiadas per maiordomo de ipsa vestra villa el non per alius qui

veniantis facere dare ante judex terre et a fiadoria sit I libra de cera et

postquam istud fuerit infiado michi judice ad tercia die veniatis responder

a directo de apostilia non respondatis. Princeps terre nec maiordomo nec

prestamario qui ipsa terra vel ipsa villa de me tenuerit non pousent nec

intrent in vestra villa nec hominem suum qui ibi faciat fordam. Vicinus

rixosus qui directo voluerit facere vicinis suis pectet 1 libra core et exat de

villa. Nullus homo non sit ousadus de pignorare in vestris terminos nisi petat

ad maiordomo ipsius villa ad directum el si ante pignoraverit pectet michi

mille solidos pro vodo singulas quairelas I sestario inter panem et vinum.

Hoc forum faciatis sicut resonat in carta ista ct non plus. Habeatis vos et

sucessores vestros predictam hereditatem in perpetuum. Qui ad vestrum

forum vel ad vestram cartam tenuerit sit benedictus a domino patre

omnipotentem amen. Qui aliut inde a vobis fecerit sil maledictus a domino

patre et beate Marie et omnium sanctorum amen et duplet vobis dictam

hereditatem et pectet michi sex mille solidos. Ego Alfonsus Rex Portugalie

una cum domno Roderico Mcnendi qui ipsam terram de me tenuerit hanc

Karta roboramus. Facta karta Kalendas Junii sub era M.a CC.a L.*.

Judice terre Fernandus, donno Gunsalvo Menendi testis, domino

donno Martino Gonsalvi filii sui testis, Martinus Eanes testis, donno Petro

Eanes testis, Martino Murtinis tabalionem domini Rex testis Dominicus

notuit.

Et carta ista non tenet signa nec sigillum.” 178

178

Fls.24 e 25. Chancelaria de D. Afonso III: Livros 2 e 3: Livros II e III. Leontina Ventura, António Resende

de Oliveira

514


[Capítulo XV](Manuscritos)

Livro Preto de Grijó

(Inquirições de D. Afonso II na Terra

de Santa Maria de 1220)

Folha 21v. e 22

1220

ANTT

(PT/TT/MSGR/L49)

515


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

1

2

516


[Capítulo XV](Manuscritos)

3

4

5

517


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Trasladação

1 - “In freegesia de Uila Maiore habet Canedo J casal, et ipsa eeelesiam est

de Pedroso.”

2 – “In frigisia de Labom (habet) Eglesiola IX casalia et totam ipsam

ecclesiam, Canedo VJ casalia, Petrossus j casale, Vila Coua IIIJ casalia.”

3- “In fregisia de Canedo habet ipsum monasterium XXXVJ casalia minus

quarta, Petroso II J casalia, et Ecclesiolam J casale.”; ponto 56:

4 – “In frigisia de Lauredo habet Ospital I J casalia, et Ecclesiola 11 J casalia,

et Canedo j casale.”

5 – “Et in frigisia de Sancto Martino de Draganseli habet Ecelesiola XXXV

casalia et totam ipsam ecciesiam cum vineis et cum defessis et cum senaris

bonis, et Carvoeiro I J1 casalia.”

Tradução

1 – “Na freguesia de Vila Maior, tem Canedo um casal, e a Igreja é de

Pedroso.”

2 – “Na freguesia de Lobão, (Grijó) tem 9 casais e toda a Igreja, Canedo 6

casais, Pedroso um casal, Vila Cova 4 casais.”

3 – “Na freguesia de Canedo tem muito o Mosteiro, 36 casais um quarto

menos, Pedroso 3 casais, e Igreja 1 casal.”

4 – “Na freguesia de Louredo tem “Ospital” 2 casais, e Igreja 12 casais, e

Canedo 1 casal.”

5 – “E na Freguesia de São Martinho de Argoncilhe tem a Igreja 35 casais e

toda a Igreja e videiras e protegido com os seus bens, e Carvoeiro 2

casais.”

518


[Capítulo XV](Manuscritos)

Foral Antigo da Terra de Santa

Maria

(Inquirições de D. Afonso III na Terra

de Santa Maria de 1251)

Folha 4v.

1251

ANTT

(PT/TT/FC/001/415)

519


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

520


[Capítulo XV](Manuscritos)

1

2

521


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Trasladação

1 – “Hoc est testimonium quod invenitur super monasterium de

Canedo et super freguesiam. In primo in Serra Alva unum cosale quod

tenebat Petrosum. Et invenimus unum casaie in Zomeiro quod tenebat

monasterium de Canedo unde levabat monasterium tertiam et dominas

Rex oliud totum. Et fult heremum palacem (per abbatem? pro parte?)

predicti monasterii, bene per viginti quinque annos. Et invenimus quod

Aynia est domini Regis et tenebat eam monasterium de Canedo. Et

terrenum Porti Novi est Regis, tenebat eum Fernandus Lauredij. Et

invenimus quod terminus vestri portus (portant? partunt?) per venam

Dorij, et qui morantur ultra Dorium non leixant vestros homines piscare in

totum nisi pro peito. Et habetis ibi quinque casalia que gubernant

predictum monasterium. De Val Cova dant quintam panis et quintam vini

et unum puzal de vino de gar de eiradiga, et unum sesteirum de Critico,

duos capones pro Emtruido, pro Natali unam spatulam de novem costis, pro

Emtruido unum capritum, pro Paschua duos caseos et unam fazedoura de

manteiga, una perna pro Pentecoste, et maiordomo de area duas vitas et

maiordomo maiori torre unam vitam et unum moropitinum annuatim de

renda, et maiordomo minori tres vitas. Dous casaes de Canedo quartam

panis et quintam vini, et quartam ligni, et stivam et frangão, et unum

quarteirum de milio de monte de dereitura, et quinque alqueires de tritico,

et unum caponem pro Sancto Michaele, et tres varas de bragal pro Sancto

Martino, pro Natale tres alqueires de tritico et unam spatulam, unum

capritum pro Emtruido, duos caseos pro Pascua et manteiga et octo

denareos pro perna pro Pentecoste. Unum casale est medie dereiture. Et

dant unam vitam maiordomo da eira, et maiordomo maiori unam vitam, et

minoriIres vitas. Et dat monasterium dat unus morabitinus de fossadeira.

Unum casale de Serra Alva dat quintam panis et quintam vini, unus

morabitinus de emtrada maiordomo cerre, duos capones, unum capritum

et unam vitam maiordomo de area, et tres maiordomo de terra. Et in

Canedo et in Pacehéo et Lousado et in Varzena jacent vestras deganas unde

habetis vestrum directum quando sunt lavradas. Et invenimus quod

Pelagius Gundisalvi maiordomus regine comparavit duo casalia in Lousado

de uno vestro hereditatore.” 179

179

Página 127. Lusitana Sacra. Inquirições de D. Afonso III na Terra de Santa Maria. Miguel Oliveira

522


[Capítulo XV](Manuscritos)

2 – “Hoc est testimonium de ecelesia et de freguesia: In primo invenimus

quod media de Pariti et de quintana quam fecit Rodericus Anrriquiz sunt

media de hereditatoribus qui dabant vobis fossadeira et luitosam et vitam

maiordomo. Et invenimus quod gaanavit Rodericus Anrriquiz unam

sesegam de uno casali cum terrenis in quibus jacent vinee de vestro

hereditatore; et alios terrenos de ipso casali gaanavit eos Elvira Barpriza. Et

invenimus quod medium de casali de Ausenda Garsie de Carvoeiro fuit de

vestro hereditatore, et modo habet eam Martinus Canelas. Et campus qui

vocatur Gomesendi domini Regis…” 180

180

Página 127 e 128. Lusitana Sacra. Inquirições de D. Afonso III na Terra de Santa Maria. Miguel Oliveira

523


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

524


[Capítulo XV](Manuscritos)

Gaveta 8

(Inquirição pela qual se mostrava que

o Mosteiro de Canedo, com suas

almuinhas, bens e rendas, pertencia a

D. Dinis.)

Maço 4, nº 16

1284-01-08

ANTT

(PT/TT/GAV/8/4/16)

525


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

526


527

[Capítulo XV](Manuscritos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

528


[Capítulo XV](Manuscritos)

Inquirições de D. Dinis

(Inquirições de D. Dinis na Terra de

Santa Maria de 1288)

Livro 4º

Folha 4v.

1288

ANTT

(PT-TT-FC-2-16)

529


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

530


531

[Capítulo XV](Manuscritos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Trasladação

“De parrochia Sancti Petri de Canedo et Sancti Vincenti

Domingos Iohannes de Canedo jurado e perguntado sse en esta

ffreegessia há cassa de Caualeyro ou de dona que sse defenda por honrra

disse que no logar que chamam a huma cassa de Johanne da Teyxera e disse

que a uiu sempre onrrada e disse ajuda que este logar da mata (Mota) jaz

no que os caualeyros chamam Couto de Louredo, mays louredo jazen outra

ffreegessia e a majaz en outra e (en)este logar da Mata soía (costuma)

entraro porteyro da feyra e penhoraua hj e uijam (vinham) per ante o juiz

da feyra e foy ia tempo que leuaram ende o omezio da feyra e ora ia nom

oussa ala entrar o proteyro nem ousa ala ir as testemoynhas com sseu

moordomo aue penhore e fazem ende onrra e nom querem hir ao juízo da

feyra. E na ffreegessia de san Vicente que he soffragaya de Canedo iaz

Louredo que chamam os caualeyros couto eeste que chamam couto iazem

estas aldeyas conuem a saber a mata e san Vicente e louredo e uila seca

Toseyro e parada e lorendio e o vale e pessegeyro e ffereyraa e sagufo e

Reuordelo e moesteyro e santa ouaya e porto novo e Bisthança todos estes

logares costrenge esse juiz que os caualeiros metem que nenhuma

perantele a sseu juízo e todos estes logares soíam uijr a juízo da feira e en

todos estes logares soía entrar o porteyro da feira e penhoraua hj e ora

tragem hj sseu moordomo e no oussa ala hir o porteyro da feyra e sse por

uentura ala uay nom pode auer testemoynhas que comel uaam e steuam

lorenço quisse preeder o juiz que hj andaua e fugioulhj e esta onrra faz

Johanne da Teyxeyra e Martin bubal e Steuam Rodriguez e outros filhos

dalgo e esta onrra de telhorem (sic) ende o porteyro e de meterem hj e o

juiz foy ora nouamente de tempo del Rey don Affonsso padre deste Rey e

disse que do logar que chamam a mata que iaz e esto que eles

chamamCouto dan al Rey três moyos de pan e capoens do sseu Regueengo

e deste que chamam couto de louredo destas aldeyas ende dan al Rey pan

e outros dereytos e chamam eles couto de louredo e por couto o tragem

eles mayas disse este testemoynha que nom sabia sse era couto sse nom

mays hos caualeiros chamam no por couto. preguntado sse este couto ou

onrra foy feyta por el Rey disse que nom que o el soubesse. preguntado de

que tempo foy feyto este couto ou onrra disse que o nom sabia

532


[Capítulo XV](Manuscritos)

Item disse que esta freegesis de Canedo no logar que chamam pascçoo

(Paçô), soya hj entrar o moordomo da feyra saluo en huum casal que foy de

paay gonçalues en que criaram dona orraca fernandiz e ora nouamente fez

ende Johanne da teyxeyra/a (sic) a que nom oussa ala entrar o moordomo

por penhora hj o por teyro e peytam ende a uoz e cooimha mays tolhe ende

o mordomo e faz onrra de vij casaes que hj há e esta honrra foy feyta de

tempo del Rey don Affonso padre deste Rey e sseu padre de Johanne

Teyxera cometeu ia a ffazer esta onrra de paacçoo e foylhj dando cima

Johanne da tejxera.

Item disse que no logar chamam fflamir (Framil), há huma casa de

Sancha perez de moeçelos e disse que a non (sic) onrrada dos seus dias e

disse ainda que trage toda essa aldeya de flamir por onrra que nom entra

hj moordomo mays entra hj o porteyro e penhora hj e leuam ende a uoz e

a cooimha e o homezio mays no (sic) entra hj moordomo e tragem por

onrra. Preguntado sse esta onrra foy feyta por el Rey disse que nom que o

el soubesse preguntado de que tempo disse que o nom sabia sse nom que

o uiu assi hússar e nom e nom (sic) sabia por que Razom e disse que en todo

o al da freegesia de Canedo entra o moordomo da Feyra.

Pêro perez de Canedo

Pêro Martinz de Canedo

JohanneDomjnguiz de Canedo

Domingos Perez de vilares

Domingos Beeytiz” 181

181

Págs. 205 e 206. O castelo e a Feira: a Terra de Santa Maria nos séculos XI a XIII. José Mattoso, Luís

Krus, Amélia Aguiar Andrade. 1989.

533


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

534


[Capítulo XV](Manuscritos)

Livro 7º dos Originais

(Doação do Mosteiro de Canedo por

D. Dinis ao Bispo do Porto D. Geraldo,

com a obrigação de uma missa diária)

Folha 1

1304-03-28

ADP

535


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

536


537

[Capítulo XV](Manuscritos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

538


[Capítulo XV](Manuscritos)

Livro 7º dos Originais

(Trasladado do documento anterior)

Folhas 2 e segts.

ADP

539


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

540


541

[Capítulo XV](Manuscritos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

542


543

[Capítulo XV](Manuscritos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

544


545

[Capítulo XV](Manuscritos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

546


547

[Capítulo XV](Manuscritos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

548


[Capítulo XV](Manuscritos)

Livro 7º dos Originais

(Doação do Bispo do Porto D. Geraldo

fez à mesa capitular do padroado da

Igreja de Canedo com todos os seus

frutos, réditos e proventos, com

encargos de aniversários)

Folha 21

1307-02-8

ADP

549


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

550


551

[Capítulo XV](Manuscritos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

552


[Capítulo XV](Manuscritos)

Livro 7º dos Originais

(Instrumento que contém a Doação

do Rei D. Dinis ao Bispo do Porto D.

Geraldo do Mosteiro de Canedo e seu

padroado, a doação sobre o mesmo

objeto feita pelo Bispo ao Cabido e

uma Apresentação que a Igreja de

Canedo fez ao Cabido, já como

padroeiro dela)

Folha 6

1323-09-17

(O instrumento está datado do Porto.

O original está datado de 1307-09,

sem indicação de local)

ADP

553


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

554


555

[Capítulo XV](Manuscritos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

556


[Capítulo XV](Manuscritos)

Livro 19º dos Originais

(Carta de D. Dinis ao Tabelião da Feira

a notificar uns cavaleiros, donas e

escudeiros, para não se hospedarem

no Mosteiro de Canedo)

Folha 3

1305-09-06

(O original está datado de Coimbra,

1293-11-27)

ADP

557


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

558


559

[Capítulo XV](Manuscritos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

560


[Capítulo XV](Manuscritos)

Livro 19º dos Originais

(Ordem Régia de D. Afonso V pela

qual no ano de 1457 se examinou no

Tombo quais os casais que pagavam

ao Castelo da Feira e ao Mosteiro de

Canedo)

Folha 15

1457

ADP

561


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

562


563

[Capítulo XV](Manuscritos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

564


[Capítulo XV](Manuscritos)

Mitra Episcopal de Braga

(Registos Gerais)

(Tombo dos casais sitos na freguesia

do Mosteiro de Canedo, em terra de

Santa Maria da Feira, pertencentes ao

Mosteiro de São Pedro de Roriz.)

Folha 57v. e 58

1543-02-28

ADB

565


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

566


567

[Capítulo XV](Manuscritos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

568


[Capítulo XV](Manuscritos)

Livro dos Baptizados, Cazados,

Crismados e Defuntos Fregueses

do Mosteiro de S. Pedro de

Canedo

(Registos Paroquiais)

Primeiras folhas

1654

ADA

569


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

570


571

[Capítulo XV](Manuscritos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

572


573

[Capítulo XV](Manuscritos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

574


575

[Capítulo XV](Manuscritos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

576


577

[Capítulo XV](Manuscritos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

578


[Capítulo XV](Manuscritos)

Livro 39 de Mercês de D. Luís

(Carta do Pároco da Igreja de São

Pedro de Canedo António Luis de

Magalhães)

Folha 221 e 222

18/12/1884

ANTT

579


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

580


581

[Capítulo XV](Manuscritos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

582


583

[Capítulo XV](Manuscritos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Trasladação

“Dom Luís por graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, faço

saber ao eminentíssimo cardeal, Bispo do Porto, par do Reino, do meu

conselho que tendo subido à minha Real presença as suas informações e

parecer, com os autos de concurso a que se procedeu para provimento da

Igreja Paroquial de São Pedro de Canedo, no Concelho da Feira, da Diocese

do Porto e atendendo a que o presbítero António de Luís Magalhães apósito

no dito concurso foi nele aprovado e que a bem de satisfazer a todos os

requisitos se torna segurado o parecer do mesmo prelado, digno de

contemplação por suas habilitações e exemplar comportamento honrado

por bem por decreto de 20 de Novembro, último fazer-lhe mercê de o

apresentar na referida Igreja Paroquial de São Pedro de Canedo, a qual se

acha vaga de pároco.

E, portanto hei aprovar que o dito presbítero António de Luís

Magalhães goze de todos os proventos e percalços quer direitamente lhe

pertencem como pároco da mencionada Igreja, e bem assim de quaisquer

prerrogativas que a ela andarem legalmente anexadas ficando contudo

sujeito a qualquer alteração que de futuro possa vir a ser competentemente

feita na respetiva circunscrição paroquial.

Pelo encomendado sobredito prelado, faça passar carta em forma ao

mesmo presbítero António Luís de Magalhães da Igreja em que está

apresentado e lhe dê letras de confirmação segundo estilo em virtude desta

minha apresentação. Não pagou pelos direitos de Mercê a quantia de

duzentos e vinte e quatro mil e trezentos e vinte e oito reis, por lhe ter sido

permitido satisfazer ela em 48 prestações menores.

E por firmeza do referido, lhe mandei passar a presente carta por

mim assinada e selada com selo pendente das armas reais. Dado no Paço

aos 18 dias do mês de Dezembro do ano de 1884.

El Rei com rúbrica e guarrola = Lopo Var de Sampaio e Melo = Lugar

do Selo Pendente = Carta pela qual Vossa Majestade há por bem fazer

mercê ao presbítero António Luís de Magalhães de o apresentar na Igreja

Paroquial de São Pedro de Canedo, no Concelho da Feira, na forma acima

declarada e para Vossa Majestade ver = Por decreto de vinte de Novembro

de 1884 = António Caetano Camacho de Castro e Lemos a fez = Lugar do

584


[Capítulo XV](Manuscritos)

selo verba pagou dezoito mil seiscentos e noventa e quatro mil reis de selo.

= nº 38. = Souto. = Rocha. = Pagou vinte e sete mil setecentos e quarenta e

um reis de envolvementos, verba nº 8381. Repartição Central, 10 de

Dezembro de 1884. = C. Vianna = A folha 233 do Livro nº 36 de Registo

competente se acha lançada esta carta e posta a respetiva verba à margem

de Decreto pela qual se passou.

Direção Geral dos Negócios Eclesiásticos em 20 de Dezembro de

1884, Luis Augusto Vidal.

Conferida em 20 de Dezembro de 1884.

Bento”

585


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

586


[Capítulo XV](Manuscritos)

Livro 14 de Mercês de D. Carlos

(Carta do Pároco da Igreja de São

Pedro de Canedo Agostinho José Pais

Moreira)

Págs. 200 e 201

18/12/1884

ANTT

587


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

588


589

[Capítulo XV](Manuscritos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

590


591

[Capítulo XV](Manuscritos)


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

592


[Capítulo XV](Manuscritos)

Trasladação

“Dom Carlos, por graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves. Faço

saber do Reverendo Bispo do Porto, par do Reino, do meu conselho, que

me sendo presente o resultado do concurso a que se procedeu para o

provimento da Igreja Paroquial de São Pedro de Canedo, no concelho da

Feira, diocese do Porto; e atendendo a que o presbítero Agostinho José Pais

Moreira se torna digno de contemplação por seu bom comportamento,

habilitações e serviços.

Honrado por bem por Decreto de 5 de Abril, último fazer-lhe e Mercê

de o apresentar na referida Igreja Paroquial de São Pedro de Canedo a qual

se acha vaga do pároco colado.

E, portanto hei-de por bem e lhe aprovar que o dito presbítero

Agostinho José Pais Moreira goze de todos os proventos, furões e percalços

que diretamente lhe pertencem como pároco da enunciada Igreja e bem

assim de quaisquer honras e prerrogativas que a ela andarem legalmente

anexadas, ficando contudo sujeito a quaisquer alterações que de futuro

possam vir a ser competentemente feita na respetiva circunscrição

paroquial. Pelo que, Encomendado ao supradito prelado faça passar Carta

em forma ao mesmo presbítero Agostinho José Pais Moreira da Igreja que

está apresentado e lhe dê letras de confirmação, segundo o estilo em

virtude desta minha apresentação.

Pagou uma quantia de 323 mil e 542 reis de direitos de Mercê

respetivos adicionais e selo talão n.º 2912 da receita eventual do Distrito de

Lisboa de 28 de Abril e último. E, para firmeza do referido lhe mandei passar

a presente Carta, por mim assinada e selada com o selo pendente das

Armas Reais. Dada no Paço das Necessidades aos 3 dias do mês de Maio do

ano de 1900. El Rei = José Maria D’Alpoim de Cerqueira Borges Cabral =

lugar do selo pendente = Carta pela qual vossa majestade há por bem fazer

Mercê ao presbítero Agostinho José Pais Moreira de apresentar na Igreja

Paroquial de São Pedro de Canedo, no concelho da Feira, Diocese do Porto

na forma acima declarada. = Para Vossa Majestade ver = Por decreto de 5

de Abril de 1900 = C. Ribeiro Viana a fez= lugar de selo de Carta n.º 53.

Pagou de sele de verba a quantia de 25 mil e 79 reis. Lisboa. Receita

eventual 3 de Maio de 1900= O escrivão J. P. Mello = O recebedor C. Real.

593


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Pagou envolvementos e adicionais a quantia de 41 mil e 405 reis. Direção

Central 3 de Maio de 1900 – António Joaquim Batista e Machado= A fl. do

livro nº 40 de Registo com presente se acha lançada esta carta e posta a

respetiva verba a margem do decreto pela qual se passou. Direção dos

Negócios Eclesiásticos em 10 de Maio de 1900 = C. Viana.

Conferida em 11 de Maio de 1900

Bento”

594


[Capítulo XVI](Demografia e População)

[Capítulo XVI]

(Demografia e População)

595


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

596


[Capítulo XVI](Demografia e População)

• Dados demográficos da Freguesia de Canedo

A freguesia de Canedo, atualmente apresenta um vasto território,

27,81 Km 2 e uma densidade populacional de 217,3 hab./Km 2 .

Existem poucos dados demográficos de Canedo, porque muitos

párocos da freguesia não o fizeram ou simplesmente as informações

desapareceram. No entanto, existem dados demográficos desde 1687 até

ao ano de 2011.

Das constituições Diocesanas de 1687 consta que a freguesia tinha o

título de reitoria, com 408 fogos 182 , 1377 pessoas, das quais 1091 eram

maiores e 286 eram menores.

Do relatório feito pelo reitor José da Fonseca e Sousa, em 1758 e que

se encontra na Torre do Tombo, conforme o rol das pessoas confessadas,

Canedo tinha 522 fogos, 1576 pessoas, das quais 1399 pessoas maiores e

177 menores que ainda não se confessavam.

Por ordem do Vigário Capitular D. Nicolau Joaquim Thorelda Cunha

Manuel, um visitador percorreu toda a comarca da Feira, organizou um

relatório das freguesias donde consta que Canedo em 1769, tinha 488

fogos, 997 maiores, 133 menores e 149 ausentes.

Em 1864, Canedo tinha uma população total de 2 311, em 1878 Canedo

tinha uma população de 2 347 e tinha 546 fogos, em 1890 a população era

de 2 501, em 1900, a população era de 2 594, em 1911, a população era de

2 806, em 1920, a população era de 2 964, em 1930, a população era de 3

245, em 1940 a população era de 3 578, em 1950 a população era de 4 028

e 899 fogos , em 1960 a população era de 4 225, em 1970 a população era

de 3 921, em 1981 a população era de 4 499, em 1991 a população rondava

os 4 874, em 2001 a população era de 5 782, e segundo o último Censo de

2011 a população Canedo, ronda os 6 044. 183

A freguesia de Canedo, segundo se consta, era a freguesia mais

populosa do Concelho de Santa Maria da Feira, até ao ano 1864. 184

182

Fogo: local de residência; casa; habitação segundo o Dicionário da Língua Portuguesa.

183

Dados retirados de diferentes fontes.

184

Como a freguesia era dispersa muitos habitantes dos lugares mais afastados não se recenseavam.

597


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

185

Dados demográficos de 1687 a 2011

7000

6000

5000

4000

3000

2000

1000

0

1377 1576 1130

5782 6044

4028 4225 4499 4874

2311 2347 2501 2594 2806 2964 3245 3578 3921

Nº de habitantes

1687 1758 1769 1864 1878 1890 1900 1911 1920

1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011

Graf. 13 – Dados demográficos de 1687 a 2011 da Freguesia de Canedo

Variação Percentual do Nº de Habitantes de 1687 a 2011

120,0%

100,0%

104,5%

80,0%

60,0%

40,0%

20,0%

0,0%

14,5%

1,6%

6,6%

3,7%

8,2%

5,6%

9,5%

10,3%

12,6%

4,9%

14,7%

8,3%

18,6%

4,5%

-20,0%

-7,2%

-40,0%

-28,3%

1687 - 1758 1758 - 1769 1769 - 1864 1864 - 1878 1878 - 1890 1890 - 1900

1900 - 1911 1911 - 1920 1920 - 1930 1930 - 1940 1940 - 1950 1950 - 1960

1960 - 1970 1970 - 1981 1981 - 1991 1991 - 2001 2001 - 2011

Graf. 14 – Variação Percentual do Nº de Habitantes de 1687 a 2011

185

Entende-se por “Variação Percentual do Nº de Habitantes” o crescimento populacional anual médio.

Calculado através da fórmula: [(Nº População Ano seguinte – Nº População Ano atual) / Nº População Ano atual]

*100.

598


[Capítulo XVI](Demografia e População)

2500

Fogos de 1687 até 2011

2365

2000

1500

1000

899

500

408

522 488

546

0

Nº de Fogos

1687 1758 1769 1890 1950 2011

Graf. 15 – Fogos de 1687 a 2011

Variação Percentual do nº de fogos de 1687 a 2011

180%

160%

163%

140%

120%

100%

80%

60%

65%

40%

20%

28%

12%

0%

-20%

-7%

1687 - 1758 1758 - 1769 1769 - 1890 1890 - 1950 1950 - 2011

Graf. 16 – Variação Percentual do Nº de Fogos de 1687 a 2011

599


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Graf. 17 – Taxa de Crescimento Populacional anual médio segundo os Censos (%)

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística

600


[Capítulo XVI](Demografia e População)

Distribuição da População por Grupos Etários

4000

3500

3000

2500

2000

3057

3495

1500

1000

1085

1108

957

706

683

735

500

0

0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos

2001 2011

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística Graf. 18 - Distribuição da População por Grupos Etários

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística

Distribuição da População por Grupos Etários

70,00%

60,00%

52,90%

57,80%

50,00%

40,00%

30,00%

20,00%

18,80%

18,30%

16,60%

11,70%

11,80%

12,20%

10,00%

0,00%

0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos

2001 2011

Graf. 19 – Distribuição da População por Grupos Etários (%)

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística

601


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Nível de Instrução do Povo da Freguesia de Canedo:

Estudar o nível de instrução no início do século XIX até meados do século

XX, é um passo muito importante para a compreensão do desenvolvimento

de um certa zona regional, neste caso da Vila de Canedo.

Para melhor contextualização, iletrado é um individuo com 10 ou mais

anos que não sabe ler nem escrever, isto é, o indivíduo incapaz de ler e

compreender uma frase escrita ou de escrever uma frase completa. Para

melhor tratar os dados, utilizo a Taxa de Instrução Mínima 186 que indica a

percentagem de instrução (capacidade de ler no mínimo) da população de

um determinado local.

A partir dos Censos de 1878 até 1940, disponibilizados pelo INE –

Instituto Nacional de Estatística realizados à população portuguesa,

conseguimos retirar os sequentes dados.

120,00%

Taxa de Instrução Mínima do Povo de Canedo

100,00%

95,43%

80,00%

60,00%

40,00%

20,00%

6,16%

8,83%

15,05% 17,39% 13,02% 10,72%

30,96%

0,00%

Taxa de Instrução Mínima (Taxa das pessoas que pelo menos sabem ler)

1878 1890 1900 1911 1920 1930 1940 2011

Graf. 20 - Taxa de Instrução Mínima do Povo de Canedo

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística

186

O cálculo da Taxa de Instrução mínima segue a seguinte fórmula: [Total Pessoas que sabem pelo menos ler /Total

População residente] *100.

602


[Capítulo XVI](Demografia e População)

Homens e mulheres que sabem pelo menos ler

3500

3000

2834

2946

2500

2000

1500

1000

500

0

125

19

185

36

334

56

404

84

331

55

260

88

738

370

1878 1890 1900 1911 1920 1930 1940 2011

Homens

Mulheres

187

Graf. 21 - Homens e mulheres que pelo menos sabem ler

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística

Instrução Mínima na freguesia , concelho e país

100,00%

90,00%

80,00%

70,00%

60,00%

50,00%

40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

0,00%

1878 1890 1900 1911 1920 1930 1940 2011

Freguesia Concelho País

Graf. 22 - Alfabetização na freguesia, concelho e País de 1878 a 1930 170

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística

187

Por decreto de 21 de junho de 1879 as freguesias de Cortegaça, Esmoriz e Maceda, que pertenciam ao

concelho de Santa Maria da Feira, passaram a fazer parte do concelho de Ovar. Nos anos de 1864 a 1890

a freguesia de Lever pertencia ao concelho de Arouca, passando a fazer parte do da Feira por decreto de

21 de novembro de 1895. Por decreto nº 12.457, de 11 de outubro de 1926, as freguesias de Esmojães,

Anta, Paramos e Silvalde, também deste concelho, passaram a fazer parte do concelho de Espinho. Por

este mesmo decreto a freguesia de Lever, deste concelho, passou a pertencer ao concelho de Vila Nova

de Gaia, do distrito do Porto. Só a partir do censo de 1930 é que o concelho de Santa Maria da Feira

apresenta a actual configuração.

603


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Emigração do Povo da Freguesia de Canedo:

Em seguimento do estudo da população, é estritamente necessário a

análise da emigração, que em Canedo, foi um facto muito característico

destas gentes. Esta análise migratória, pretende ser uma abordagem

histórico-sociológica, e por isso é acompanhada de gráficos e outros

recursos para uma maior facilidade na compreensão. Das mais variadas

características da emigração e dos emigrantes, pretende-se esclarecer a sua

composição por sexo, idade, habilitações literárias, e os destinos que

eventualmente desejaram emigrar.

Das terras de Santa Maria da Feira, saíram muitos emigrantes com

intuitos diversificados. Tanto se descobrem pessoas das camadas mais

pobres da população como pessoas de largas posses que viam no abandono

da sua terra natal uma fuga a uma imposição violenta que a sociedade da

altura deles exigia. Não alheios às partidas para lá do Atlântico, os

problemas familiares, como partilhas, conflitos em casamentos

contrariados, a rivalidade entre familiares e a disputa de terras e outros

mais. 188 Muitos dos que iam, dificilmente voltavam. Muitos foram os pais

que deixaram os filhos órfãos, e muitos filhos que deixaram as suas famílias.

A emigração começou em possança nos meados do século XIX, com a

abolição da escravatura no Brasil. Entre as causas de emigração, estava a

falta de trabalho em Portugal que assegurasse a subsistência e a grande

facilidade de emprego no Brasil, a comunhão de idiomas e uma semelhança

nos costumes portugueses e brasileiros e também a existência de pessoas

da sua terra natal no Brasil, que muito contribuíram para a emigração. 189

Não obstante, havia um papel facilitador dos donos dos navios, que davam

benesses quanto ao pagamento das passagens.

Entre 1850 a 1930, muitos fatores vieram condicionar a emigração: o

condicionamento dos passaportes à antecipada existência de contratos de

trabalho ou pagamento de viagens; inexistência de subsídio de emigração

em Portugal; a necessidade de ter um passaporte ou um bilhete de

identidade no Governo Civil e não na Câmara; a obrigatoriedade de entre

188

Emigrantes de Santa Maria da Feira, balanço de uma década (1952-1962). José Joaquim Pinto Coelho

Elvas Lopo. Dissertação de Mestrado (1996)

189

Pág. 278. Lobão – Terra do deus maior. Carlos Dias (2018)

604


[Capítulo XVI](Demografia e População)

14-25 anos se ter que pagar fiança militar; o facto das mulheres casadas

precisarem de autorização do marido para se lhes juntarem. 190

Certamente, a análise emigratória incide sobre a Vila de Canedo,

tendo por base os registos de passaportes do Arquivo do Distrito de Aveiro

(1883 – 1930) e os arquivos do Arquivo Municipal de Santa Maria da Feira

(1952 – 1962).

Um dos aspetos mais importantes do estudo migratório é a evolução

do número de emigrantes Canedenses, patente no Graf. 23. Analisando o

gráfico, deparámo-nos com crescimento progressivo de 1883 a 1886 e logo

no ano a seguir até 1900, há uma queda gradual. No início do século XX,

houve, novamente, um crescimento dos emigrantes, tornando-se a notar o

mesmo efeito nos anos pós 1ª Guerra Mundial. Após esses, há um

decréscimo, talvez relacionado com as políticas de contenção da Junta

Militar (1926 a 1930) e às medidas restritivas impostas pelo Brasil (1930 -

1940).

Nos anos seguintes, de 1952 em diante, existem oscilações na

emigração, mas na maioria dos caos sempre com valores elevados,

devendo-se à Ditadura do Estado Novo, e à falta de boas condições de vida

no País.

70

Evolução do Número de Emigrantes (1883 - 1962)

60

50

40

5

14

10

5

30

20

10

0

5

14

1

17 14

3

8

1

19 15

38

1

9

4

1

5

26

45

34

1

7

3

18

45

8

4

0

4

18 18 22

10

Homens

Mulheres

Graf. 23 - Evolução do nº de emigrantes (1883 – 1962)

Fonte: Registos de Passaporte. ADA e AMSMF

190

Págs. 108 e 109. Algumas observações complementares sobre a política de emigração portuguesa.

Maria Halpern Pereira. Análise Social, v. XXV

605


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Seguindo o anterior gráfico, repara-se que a presença do elemento

feminino nas emigrações era ínfima, começando a ver-se aumentos nos

inícios da século XX e, depois, acentua-se nos anos após a 2ª Guerra

Mundial. Desde do período colonial, dominava o elemento masculino sobre

o feminino, pelas características tradicionais de ser chefe de família a quem

recaía o sustento do lar.

Assim, o homem partia isolado e, a mulher casada só se podia juntar

a ele com uma respetiva autorização, situação esta que prevaleceu até à

Primeira República. Após a 1ª Grande Guerra, a mulher foi emancipandose,

adquirindo um novo estatuto social, reforçando-o na era pós 2ª Guerra

Mundial, aumentando o número de emigrantes mulheres solteiras e

casadas.

Numa outra vertente da análise da emigração, centrámo-nos na

idade dos emigrantes tendo por base se observação o Graf. 24. Verifica-se

que a maioria apresentava uma idade compreendida entre os 18 e os 30

anos. Note-se que, muitos eram os emigrantes com mais de 25 anos, talvez

devido ao facto de a partir dessa idade não se pagar fiança militar.

Da análise dos registos, notei que a faixa etária dos emigrantes

menores de 18 anos acentuou-se em meados do século XX. Muitos destes

deixavam os pais viajando, muitas das vezes, sozinhos à descoberta de uma

vida melhor sob cominhos de incertezas.

Outro aspeto particular dos emigrantes Canedenses reside no seu

nível de instrução ou habilitações literárias. Tendo como apoio o Graf. 25,

verificamos que 57% dos emigrantes analisados nos anos indicados não

sabiam escrever e consequentemente não sabiam ler, sendo os dados

relativos a um período entre 1883 e 1950.

Nesta altura, as reformas na educação não tinham sido muitas, sendo

que na década a seguir, com novas reformas educacionais, as famílias

tinham grande cuidado em colocar os seus filhos nas escolas primárias para,

no caso de emigrarem, terem uma mais fácil integração no país em que

fossem residir, um deles o Brasil.

606


[Capítulo XVI](Demografia e População)

Idade dos Emigrantes

3%

21%

24%

≤18 anos

19 anos aos 30 anos

31 anos aos 50 anos

≥ 51 anos

52%

Graf. 24 – Faixa etária dos Emigrantes

Nivel de Instrução dos Emigrantes 1883 - 1950

57%

43%

Sabe escrever

Não Sabe escrever

Graf. 25 – Nível de Instrução dos Emigrantes

607


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Os emigrantes que partiam, tinham vários ofícios: negociantes,

jornaleiros, lavradores, pedreiros, entre outros.

Nos finais do século XIX, os emigrantes escolhiam o Brasil como país

ideal de emigração, como se pode observar no Graf. 26, derivado ser

um país com comunhão de língua, costumes e a grande oferta de

trabalho. Tinham como preferência a cidade de Rio de Janeiro sendo

que havia emigrantes em Manaus, Porto Alegre e Pará (Graf. 27).

Uns iam muito novos, outros já com alguma idade. Dedicavam-se,

sobretudo, às atividades comerciais e de serviços, sendo que muitos foram

sucedidos e construíram fortunas.

Em meios do século XX, começam a aparecer novos destinos de

emigração, como a Venezuela, a Espanha, a Bélgica, a França e Africa do

Sul. Nota-se, que, logo após a 2ª Guerra Mundial e os começos da Guerra

Colonial, há um grande fluxo de emigração para a Europa, nomeadamente

para a França, trocando assim os países de preferência, Brasil e Venezuela.

Desses países, muitos eram aqueles emigrantes que conseguiam

remessas de dinheiro, para, de uma certa forma, amparar a sua família, que

de outra maneira, aforrava dinheiro para quando regressassem.

A verdade, é que eram poucos os que regressavam definitivamente.

Ficavam tão enraizados nos países para onde emigraram, construindo

família e património, mas, alguns dos que regressaram, investiram muito

do seu património na freguesia, fazendo, hoje, uma Vila de Canedo mais

atrativa, mais industrializada e comercial.

Nota-se, também, que para além destes dados emigratórios, sempre

existiu a emigração ilegal, e que, pela análise de muitas famílias, constituem

números de uma importância relevante.

608


[Capítulo XVI](Demografia e População)

País de destino dos Emigrantes

0,42%

0,21% 2,74%

0,21%

9,49%

Brasil

França

Bélgica

Espanha

Venezuela

86,92%

Africa do Sul

Graf. 26 – País de destino dos Emigrantes (1883-1962)

Locais Brasileiros de destino dos Emigrantes

27%

1%

59%

Rio de Janeiro

Manaus

Porto Alegre

Pará

13%

Graf. 27 – Locais Brasileiros dos Emigrantes (1883 – 1962)

609


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

610


[Capítulo XVII](Heráldica)

[Capítulo XVII]

(Heráldica)

611


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

612


[Capítulo XVII](Heráldica)

• O brasão da Vila

A freguesia de Canedo tem como heráldica o seu brasão, com um escudo

de azul, três espigas de milho de ouro folhadas do mesmo, alinhadas em

faixa; em chefe, duas chaves passadas em aspa, sendo uma de ouro e outra

de prata; pé ondeado de prata e azul de três tiras, com uma coroa mural de

prata de quatro torres; listel branco, com a legenda a negro:

“CANEDO – SANTA MARIA DA FEIRA”;

As cores da freguesia são o azul e amarelo. As maçarocas, representam

a tradicional produção de milho e evidência a propensão agrícola artesanal

da Freguesia.

De seguida, as chaves que são os símbolos peculiares que representam

o padroeiro da Freguesia de Canedo, São Pedro. Em último o Rio, devido à

particularidade exclusiva de ser uma freguesia banhada pelo Rio Douro e

pela existência de mais dois rios, sendo assim a terra dos rios e da água.

Doc. 252 - Brasão da Vila de Canedo

613


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• A bandeira da Vila

Depois do seu brasão, a Freguesia de Canedo tem a sua bandeira com a

cor amarela, cordão e borlas de azul-escuro, haste e lança de ouro e com

Selo – nos termos da lei, com a legenda:

“JUNTA DE FREGUESIA DE CANEDO– SANTA MARIA DA FEIRA”.

Doc. 253 - Bandeira da Vila de Canedo

614


[Capítulo XVII](Heráldica)

• O brasão da Paróquia

A Paróquia de São Pedro de Canedo, em comparação com todos os

outros símbolos da freguesia, tem as suas cores e figuras características.

O brasão da Paróquia é colorido com as cores amarelo e preto e tem

como símbolos a Tiara Papal, duas cruzes papais, duas chaves, sendo uma

de prata e outra de bronze, o livro de São Pedro, uma pena e um cajado.

Estes símbolos estão relacionados com o padroeiro São Pedro,

padroeiro dos Papas e dos pescadores.

Doc. 254 - Brasão da Paróquia de São Pedro de Canedo - antigo

Doc. 255 - Brasão Recente da Paróquia de São Pedro de Canedo

615


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

616


[Capítulo XVIII](Mapas/Cartografia)]

[Capítulo XVIII]

(Mapas/Cartografia)]

617


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

618


[Capítulo XVIII](Mapas/Cartografia)]

Canedo

Map. 3 – Canedo em

Portugal

619


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Map. 4 - Canedo no Concelho da Feira – Foto de Pinhelense

620


[Capítulo XVIII](Mapas/Cartografia)]

“A carta hipsométrica do concelho revela um relevo irregular em

que a altitude pode variar entre os 50 e os 450 metros. ” 191

Map. 5 – Carta Hipsométrica de Santa Maria da Feira

Legenda: ------ -Limites da Freguesia de Canedo

Fonte: Atlas de Santa Maria da Feira

191

Atlas de Santa Maria da Feira

621


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

“Do ponto de vista hidrológico, o concelho de Santa Maria da Feira

localiza-se na fronteira de duas grandes bacias hidrográficas: a bacia do

Douro (de dimensão internacional) e a Bacia do Vouga.” 192

Map. 6 – Carta de Rede Hidrográfica do Concelho de Santa Maria da Feira

Legenda: O sombreado limita a Freguesia de Canedo

Fonte: Atlas de Santa Maria da Feira

192

Atlas de Santa Maria da Feira

622


[Capítulo XVIII](Mapas/Cartografia)]

“Do ponto de vista morfológico, o território é caracterizado por 12

bacias hidrográficas. Oito delas dirigem-se de nascente para poente, três

têm sentido de escoamento de Sul para Norte e uma de Norte para Sul. ” 193

Map. 7 – Carta das Bacias Hidrográficas de Santa Maria da Feira

Legenda: O sombreado limita a Freguesia de Canedo

Fonte: Atlas de Santa Maria da Feira

193

Atlas de Santa Maria da Feira

623


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

“No que diz respeito à constituição geológica do Concelho de Santa

Maria da Feira, predominam de granitos e rochas do Complexo Xisto-

Grauváquico Ante Ordovícico. Este complexo apresenta uma distribuição

diversificada no concelho, salientando-se os xistos esteaurolíticos em

Canedo, Vila Maior, Lobão, Vale e Gião.” 194

Map. 8 – Carta Geológica de Santa Maria da Feira

Legenda: ----- Limites da Freguesia de Canedo

Fonte: Atlas de Santa Maria da Feira

194

Atlas de Santa Maria da Feira

624


[Capítulo XVIII](Mapas/Cartografia)]

“O concelho de Santa Maria da Feira encontra-se na região norte de

Portugal Continental e, tal como todo o país, vê o seu clima ser regulado por

esse agente decisivo na determinação do clima das regiões e do país: o

Atlântico.” 195

Map. 9 – Precipitação média anual em Santa Maria da Feira

Legenda: ----- Limites da Freguesia de Canedo

Fonte: Atlas de Santa Maria da Feira

195

Atlas de Santa Maria da Feira

625


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

“O clima de Santa Maria da Feira caracteriza-se pela existência de

Verões relativamente quentes e de Invernos suaves e húmidos.” 196 Em

Canedo, reparamos que metade da Freguesia tem uma temperatura média

anual entre 12,5 e 15˚ C e a outra metade entre 15 e 16˚ C

Map. 10 – Temperatura Média Anual de Santa Maria da Feira

Legenda: ----- Limites da Freguesia de Canedo

Fonte: Atlas de Santa Maria da Feira

196

Atlas de Santa Maria da Feira

626


[Capítulo XVIII](Mapas/Cartografia)]

“No concelho de Santa Maria da Feira verifica-se uma faixa litoral em

que a humidade média anual é mais elevada, registando-se valores de 80 a

85% de humidade do ar. Para o interior do concelho os valores descem para

os 75 a 80%. Esta diferença de valores médios anuais é justificada, na faixa

oeste, pela proximidade do Oceano sob a influência de massas de ar muito

húmidas.” 197

Map. 11 – Número médio de dias com Geada em Santa Maria da Feira

Legenda: ----- Limites da Freguesia de Canedo

Fonte: Atlas de Santa Maria da Feira

197

Atlas de Santa Maria da Feira

627


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Map. 12 – Número médio de dias com geada em Santa Maria da Feira (2)

Legenda: ----- Limites da Freguesia de Canedo

Fonte: Atlas de Santa Maria da Feira

628


[Capítulo XVIII](Mapas/Cartografia)]

Map. 13 - Orto mapa da Freguesia de Canedo

629


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Map. 14 – A Vila de Canedo

630


631

[Capítulo XVIII](Mapas/Cartografia)]


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

632


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

[Capítulo XIX]

(Serviços/Atualidade)

633


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

634


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

• Atualidade e serviços

Canedo, atualmente é vila desde 4 de junho de 1997, sendo uma

freguesia extinta pela reorganização administrativa de 2012/2013 e o seu

território integrado na União das Freguesias de Canedo, Vale e Vila Maior.

Canedo possui, além de muitas Escolas Primárias fechadas, um

Agrupamento de Escolas que acolhe 2 concelhos diferentes de diferentes

distritos, com um polo escolar e uma Escola Básica.

• Breve Historial da Escola Básica 2/3 Ciclo de Canedo e Agrupamento

de Escolas de Canedo:

“No ano letivo de 1997/1998, havia uma sobrelotação nas escolas de

Argoncilhe, Corga e Olival para onde convergiam os alunos de Canedo, por

essa razão, nesse ano, cerca de 150 alunos não tinham lugar nessas escolas.

O governo viu-se na necessidade urgente de resolver o problema, e para

tal, abriu concurso para ser construída a escola EB 2/3 de Canedo. A obra

foi adjudicada em Janeiro de 1998 para estar concluída até Setembro desse

mesmo ano. No entanto, o que fazer a esses 150 alunos que não tinham

lugar nas escolas vizinhas?

A solução encontrada para resolver o problema, enquanto a escola EB

2/3 não estava pronta, foi a DREN estabelecer um protocolo com a diocese

do Porto, em que o Ministério da Educação pagava parte das obras de

adaptação feitas no salão paroquial de Canedo e em troca utilizava as salas

da catequese como salas de aula. Assim, o primeiro ano de existência da

escola, as instalações eram no salão paroquial, onde não existia recreio,

nem gimnodesportivo nem cantina.

Mas, como quando há força de vontade tudo se resolve…o recreio era o

recinto da capela da Senhora da Piedade, os alunos deslocavam-se a pé

(cerca de 100 metros) e almoçavam na cantina da escola EB1 do Mirante e

nas salas de aula só cabiam 15 alunos, sendo que aos Sábados funcionavam

como salas de catequese… Eram um total de 150 alunos, 15 professores e

10 funcionários, sendo 3 dos serviços administrativos e 7 auxiliares de ação

educativa, éramos uma família e certamente esse ano letivo de 1997/1998

ficará como das boas recordações de todos que o viveram.

635


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Em fins de Agosto de 1998, a escola que agora conhecemos como EB

2/3, foi inaugurada pelo então Primeiro Ministro, Engenheiro António

Guterres e com a presença Ministro da Educação Dr. Marçal Grilo.

Doc. 256 - Engenheiro António Guterres na Inauguração da Escola Básica 2º e 3º ciclo de Canedo

Engenheiro António Guterres na Inauguração da Escola Básica 2º e 3º ciclo de Canedo

As aulas desse ano começaram em Setembro e já com cerca de 620

alunos das freguesias de Canedo, Vila Maior pertencentes a Santa Maria da

Feira, a que se juntou a Lomba, pertencente a Gondomar.

Os alunos da Lomba passaram a frequentar esta escola devido a um

protocolo celebrado entre o Conselho Executivo e a Câmara de Gondomar,

a nossa escola foi durante muito tempo a única no país que tinha alunos de

dois municípios diferentes, ou seja: intermunicipal.

Decorria o ano de 2002/2003, quando, por força da legislação, todas

as direções das escolas EB 2/3 tiveram que assumir também a direção

636


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

administrativa das escolas EB 1 e Jardins de Infância da sua área de

influência, por essa razão foi criado o Agrupamento “Escolas de Canedo”

que alberga as escolas EB1 de Mirante, Vilares, Mosteirô, Monte de S.

Roque e Framil, pertencentes à freguesia de Canedo, a escola EB 1 de Vila

Maior, pertencente à freguesia de Vila Maior e as escolas de Sante e

Labercos pertencentes à freguesia da Lomba, bem como os Jardins de

Infância de Vilares, Sobreda, Mosteirô, Várzea e Mota-Ilha de Canedo,

Jardim de Infância de Vila Maior e Jardins de Infância de Areja e Labercos

da Lomba.

Com a implementação das turmas de nível, ou seja: turmas só com

alunos de um determinado ano, foi necessário juntar alunos de diferentes

lugares para conseguir formar turmas com o mínimo de 15 alunos, o que

levou ao encerramento de algumas escolas, a EB1 de Rebordelo foi a

primeira, seguiram-se EB1 da Mota, EB1 de Areja e EB1 da Lomba.

Para resolver todos os problemas existentes das turmas dos alunos

do 1º ciclo em Canedo, no dia 1 de junho de 2009, a Câmara de Santa Maria

da Feira entrou com a candidatura no QREN para ser construída uma escola

com 11 salas nos terrenos anexos à Escola EB 2/3, e que foi inaugurada no

ano de 2014. Essa nova escola irá centralizar os alunos das diversas escolas

dessa freguesia, permitindo que a legislação seja cumprida, e, que os alunos

tenham uma melhor qualidade de ensino.” 198

Doc. 257 - Escola EB 2/3 de Canedo

198

Informação cedida pelo Agrupamento de Escolas de Canedo e disponível no seu site www.aecanedo.pt.

637


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 258 - Escola Básica de Canedo

Escola Básica de Canedo

Canedo, além de bons projetos de ensino 199 e de grandes apostas na

educação, possui um Centro Social, um posto médico, um Centro de

Solidariedade Social e um Posto da Guarda Nacional Republicana.

Doc. 259 Centro - Centro Social Social de Canedo, de Canedo, Casa Casa do Povo, do Povo, Biblioteca, Biblioteca, Junta Junta de Freguesia de Freguesia e Posto e Posto Médico Médico

199

O Centro Escolar de Canedo ou Escola Básica de Canedo foi inaugurado no ano de 2014, sendo a

primeira pedra lançada no ano de 2013 com a presença do então Presidente da Junta, Presidente da

Câmara, Vereadora da Educação, Desporto e Juventude, membros da Assembleia de Freguesia e

populares da Vila de Canedo.

638


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

Doc. 260 - Posto da GNR de Canedo

Posto da GNR de Canedo

Inauguração do Posto da GNR de Canedo. 200

Doc. 261 - Inauguração do Posto

da GNR de Canedo

Doc. 262 - Imagem da Inauguração do Posto da GNR

de Canedo

200

O Posto da GNR de Canedo foi inaugurado a 17 de Maio de 1970 pela então Ministro do Interior Dr.

António Manuel Gonçalves Rapazote (imagens cedidas pela GNR de Canedo).

639


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

“O Jardim - Centro de Solidariedade Social de Canedo nasceu do

desejo antigo de residentes da freguesia em responder às necessidades das

áreas da infância, da terceira idade e do apoio social.

A Junta de Freguesia doou o terreno para a construção da Instituição,

que em 1993 foi reconhecida como Instituição Particular de Solidariedade

Social. Iniciadas as obras, foi colocada a primeira pedra, no dia 20 de

outubro de 2000, pelo Presidente da Direção, Manuel de Jesus.

Conciliando-se, a iniciativa e contributo de várias entidades, O Jardim

foi inaugurado, no dia 18 de Outubro de 2004. Iniciou a sua atividade com

as respostas sociais de CATL, Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário.

Em 2005, abriu a Creche e um ano depois o Pré-Escolar.

No ano de 2011, foi inaugurada a Estrutura Residencial para

Idosos.” 201

Doc. 263 - O Jardim - Centro de Solidariedade Social de Canedo

201

Informações cedidas pelo Centro de Solidariedade Social de Canedo – O Jardim.

640


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

A freguesia tem um vasto desenvolvimento a nível comercial como a

nível industrial, tendo uma grande Zona Industrial partilhada com a

freguesia de Vila Maior.

A nível desportivo, Canedo tem um complexo de futebol, Estádio das

Valadas 202 e um Pavilhão Gimnodesportivo 203 , ocupado com diversas

atividades e associações.

Doc. 264 - Estádio das Valadas

Doc. 265 - Pavilhão Gimnodesportivo de Canedo

202

O primeiro Campo das Valadas começou a ser construído nos anos 80 e inaugurado no ano de 1984.

Já o Estádio das Valadas, remodelado, foi inaugurado a 4 de Setembro de 2016, contando assim com uma

capacidade total para 5000 pessoas.

203

O pavilhão Gimnodesportivo de Canedo foi inaugurado no dia 20 de Novembro de 1993 pelo então

Presidente da Câmara, Sr. Alfredo Oliveira Henriques, tendo uma capacidade para 1500 pessoas.

641


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

A nível associativo é uma freguesia muito ativa, teve e tem muitas

associações de todos os tipos de atividades:

• Agrupamento de Escuteiros;

• Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de

Canedo(extinta);

• Associação Recreativa “Amigos das Margens do Rio Inha”;

• Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola do

Mirante;

• Associação FreeDance Canedo e Lobão;

• Associação Cultural, Cívica e Ambiental – Giesta;

• Associação Desportiva e Cultural da Juventude de Canedo;

• Associação Recreativa de Pesca Desportiva;

• Associação de Caçadores de Canedo;

• Associação Cultural e Recreativa Fanfarra de Canedo(extinta);

• Associação Cultural e Musical de Canedo;

• Canedo Futebol Clube;

• Clube Tunnig de Canedo;

• Clube Fúrio Taekwondo de Canedo;

• Clube Clássicos de Canedo(extinto);

• Clube de Canoagem de Canedo(extinto);

• Comissão Fabriqueira da Paróquia de Canedo;

• Enigma – Grupo de Dança de Canedo;

• Conferência Vicentina(extinto);

• Grupo Coral de Nossa Senhora da Piedade;

• Grupo Coral de São Pedro de Canedo;

• Grupo da Cruzada Eucarística das Crianças da Igreja de São Pedro de

Canedo(extinto);

• Grupo Recreativo e Cultural de Canedo(extinto);

• Grupo Cénico de Canedo(extinto);

• Jovens Cavaleiros Do Espírito – Grupo de Jovens da Paróquia de

Canedo;

• Reino da Folia – Associação Juvenil;

• Rancho Folclórico “As Lavradeiras de Rebordelo” (extinto);

• Rancho Folclórico São Pedro de Canedo;

• Rancho Folclórico “As Ceifeiras de Canedo”;

• Sociedade Columbófila de Canedo(extinta);

• Tuna/Grupo Musical de São Pedro de Canedo Canedo(extinta);

• Vh Team Fighters.

642


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

Na Freguesia de Canedo, entre os anos de 1995

a 2002, existiu um evento chamado “Maio

Cultural” que para além de envolver todas as

associações culturais, sociais e desportivas

existentes na vila dava a conhecer ao público a

freguesia de Canedo com exposições, amostras de

artesanato, entre outros.

Durante esses sete anos, era o maior evento

cultural de Canedo.

Doc. 266 - Maio cultural de

2001

Doc. 267 - Entrega de lembranças no Maio Cultural

643


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Agrupamento de Escuteiros de Canedo – 1284

No dia 26 de Junho de

2005, o Agrupamento 1284

teve a sua abertura oficial com

a celebração das primeiras

promessas.

Ao longo dos anos, a

história vai-se construindo

pelas mãos dos que por cá

passam e segue o rumo dos

passos de todos aqueles que

caminham consigo.

O Trabalho desenvolvido

no agrupamento tem sido a

pensar,

quase

exclusivamente, nos jovens e

crianças que o integram.

Doc. 268 - Logótipo do Agrupamento

de Escuteiros de Canedo

Realizam diversas atividades na freguesia, tanto a nível cultural como a

nível social como recolhas de bens alimentares para o Banco Alimentar,

entre outras.

É um grupo unido, e essa união reflete-se na forma como desenvolvem

as suas atividades. Cada elemento, na sua individualidade e personalidade

única, enriquece e ajuda o Agrupamento a crescer a cada dia que passa.

Participam nos Escuteiros cerca de uma centena de pessoas, sendo que

a maioria são jovens e crianças com idades compreendidas entre os 6 e os

18 anos. Tem a sua localização no Centro Paroquial de Canedo.

644


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

Doc. 269 - Agrupamento de Escuteiros de Canedo

645


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de

Canedo(extinta)

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Canedo, foi

fundada a 12 de Outubro de 1994.

“Sediada no lugar do Mosteiro no Centro Social de Canedo, foi criada

por dezassete fundadores:

-Agostinho Costa;

-Padre António Regal;

-António Topa (Vila Maior);

-António Sameiro;

-Alberto Martins (Sanguedo);

-Carlos Loureiro;

-Flávio Campos;

-Hernâni Mota;

-Joaquim Ribeiro (Lourosa);

-Joaquim Viana (Lomba);

-Manuel de Jesus;

-M. Mota Pinto;

-Manuel Sá;

-Pinto Marques;

-Pinto da Conceição;

-Sousa Lopes (Gião);

- Valdemar Silva (Lourosa).

Para saber um pouco mais sobre a associação, vejamos a cronologia do

nascimento da associação:

-7 de Julho - Em exposição subscrita por um punhado de canedenses e

enviado aos BV de Lourosa, é pedida uma audiência tendo em vista a

autonomia da Secção de Canedo;

-20 de Julho - Assinada por Joaquim Ribeiro de Sousa, presidente da

direção, é marcada a data de 27 de Julho para, em sessão extraordinária,

serem recebidos por aquela associação e analisar o problema da

autonomia;

646


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

-27 de Julho - Sem votos contra e na presença do comandante Eduardo

Carvalho a direção deliberou no sentido de não porem entraves à

autonomia da secção de Canedo;

- 12 de Outubro - No Cartório Notarial da Feira é assinada a escritura que

cria a Associação Humanitária dos B. V. de Canedo.

Os fundadores não perderam tempo e, logo no mesmo dia, jantaram

juntos, tinha de ser, o dia era de festa e deitaram mãos ao trabalho,

escolhendo a futura direção;

O fumo branco da nova direção surgiu, já ia alta a madrugada quando,

se encontraram, para já, os presidentes dos órgãos sociais. Ficou assim a

Assembleia Geral presidida por Carlos Loureiro, o conselho fiscal por Pinto

da Conceição e a direção por António Sameiro.” 204

Esta associação foi fundada com o intuito de criar um Quartel de

Bombeiros em Canedo, porém, esta ideia nunca teve sucesso.

Doc. 270 - Logótipo da Associação

Humanitária dos Bombeiros

Voluntários de Canedo

204

Informações de um artigo do Sr. Jorge Magalhães, “Bombeiros de Canedo, Já são independentes”,

publicado no Jornal “A Voz de Canedo”.

647


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 271 - Primeira direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Canedo

648


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

• Associação Recreativa “Amigos das Margens do Rio Inha”

A Associação Recreativa “Amigos das Margens do Rio Inha” foi fundada

em 2004 com o nome “Amigos da Paróquia de Canedo”, na qual, alguns

elementos pertenciam ao Rancho Folclórico São Pedro de Canedo. Tiveram

a primeira atuação numa festa da freguesia, Festa de Santo António, São

Pedro e do Senhor.

Passados alguns anos, por escritura pública, em 2014 passou a

denominar-se oficialmente “Associação Recreativa Amigos das Margens do

Rio Inha”

Está sediada na Avenida do Eleito Local, Pavilhão Gimnodesportivo,

freguesia de Canedo.

Tem como fim, atividades relacionadas com a dança e música popular.

Doc. 272 - Associação Recreativa " Amigos das Margens do Rio Inha"

649


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Associação de Pais e Encarregados de Educação do Mirante

A Associação de Pais e Encarregados de Educação do Mirante, também

designadamente por APEEM, congrega e representa os pais e encarregados

de educação da Escola Básica do Primeiro Ciclo de Canedo.

A Associação de Pais e Encarregados de Educação do Mirante é uma

organização sem fins lucrativos, com o fim:

- Pugnar pelos justos e legítimos interesses dos alunos na sua posição

relativa à escola e à educação e cultura;

-Estabelecer o diálogo necessário para a recíproca compreensão e

colaboração entre todos os membros da escola;

-Promover e cooperar em iniciativas da escola, sobretudo na área escola

e nas de carácter físico, recreativo e cultural;

-Promover o estabelecimento de relações com outras associações

similares ou suas estruturas representativas, visando a representação dos

seus interesses junto do Ministério da Educação.

Doc. 273 - Logótipo da Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola do Mirante

650


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

• Associação Free Dance Canedo e Lobão

A Associação Free Dance Canedo e Lobão iniciou-se em 2010 e constituise

como associação a 17 de Novembro de 2014 por Kelly Almeida Fernandes

e Andreia Almeida Coval sendo composta por mais ou menos 40 alunos.

Para além de um grupo de dança é praticamente uma família composta por

crianças a partir dos 5 anos.

Os seus ensaios realizam-se às quartas e sextas-feiras em Lobão e aos

sábados em Canedo. Todas as pessoas são bem-vindas, desde que venham

com vontade de aprender e de se divertir. A associação é orientada no seu

pleno pela Kelly Fernandes que é a professora.

No presente ano de 2019, atingiu o top dos eventos de dança em

Portugal, participando na final Yorn Dancers em Lisboa.

A associação tem como fim, atividades de dança. Tem sede própria na

Rua do Lobel, nº 2089, freguesia de Canedo.

Doc. 274 - Logótipo da Associação Free Dance Canedo e Lobão

651


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Associação Cultural, Cívica e Ambiental Giesta

A Associação Cultural, Cívica e Ambiental Giesta, localizada na Rua dos

Moinhos, lugar de Sobrêda, freguesia de Canedo.

Foi fundada por escritura pública a 26 de Agosto de 2015 pelas mãos de

Ana Catarina Alves da Silva Pedrosa.

A Giesta é uma associação sem fins lucrativos, alheia a partidarismo e

ideologias políticas e religiosas.

Tem como fins:

-Promover o enriquecimento cultural da população em geral;

-Promover e participar em atividades de cariz cívico e social;

-Promover a proteção da natureza e cultivar a educação ambiental.

Doc. 275 - Logótipo da Associação

Cultural, Cívica e Ambiental - Giesta

652


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

• Associação Desportiva e Cultural da Juventude de Canedo

A Associação Desportiva e

Cultural da Juventude de

Canedo, foi fundada a 1 de

Junho de 2012 por Licínio

Loureiro, Joel Rocha, Tânia

Melissa, Jorge Pinheiro,

Joaquim Ribeiro, Hélder Mota e

Miguel Silva.

Foi fundada com o intuito de

fomentar a prática desportiva,

cultural e recreativa na

freguesia de Canedo, sendo que

tem outras coletividades

Doc. 276 - Emblema da "Juventude de Canedo"

associadas como o Futsal – Juventude de Canedo, Grupo de Caminheiros de

Canedo – Juventude de Canedo e Dreams – Juventude de Canedo.

Desde então, a Juventude de Canedo esteve intimamente ligada ao

desporto e cultura Canedense. Participa ativamente na “Festa das

Coletividades da União de Freguesia de Canedo, Vale e Vila Maior”,

Campeonatos de Futsal, encontros de Dança, encontros culturais e

realizando diversos eventos na vertente desportiva, cultural e social.

É uma associação que tem vindo a crescer ao longo dos tempos,

alcançando cada vez mais mérito nas atividades que tem desenvolvido.

Conta com cerca de 100 associados e localiza-se no Pavilhão

Gimnodesportivo de Canedo.

653


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 277 - Associação Desportiva e Cultural da Juventude de Canedo

654


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

• Associação Recreativa de Pesca Desportiva

Fundada a 2 de Maio de

2005, a Associação de Pesca

de Canedo conta com 106

associados e cerca de 113

praticantes da modalidade a

disputar vários campeonatos e

até mesmo a Taça de Aveiro.

As várias despesas que

Associação tem deixaram-na

de fora de alguns

campeonatos

como

Campeonato Regional de

Clubes, também alguns

pescadores acabaram por

emigrar o que tornou mais

difícil a manutenção da

associação.

Doc. 278 - Emblema da Associação

Recreativa de Pesca

Desportiva Canedo e Louredo

Em 2012, Luís Costa foi promovido aos nacionais, mas foi obrigado a

emigrar, pelo que não pôde participar na competição nessa época.

Ainda no ano passado, Ricardo Marques subiu à 1ª Divisão Regional,

enquanto António Pereira e Cláudio Pereira se mantiveram no segundo

escalão regional. Por clubes, a equipa Canedense terminou o campeonato

na 5ª posição, enquanto a formação jovem foi 6ª classificada.

A Associação Recreativa de Pesca de Canedo, já teve campeões do

Regional de Juvenis, Séniores e da II Divisão. Para lá da vertente desportiva,

a Associação de Pesca de Canedo tem uma concessão no rio Uíma, de três

hectares. Está dividida em dois lotes e é utilizada entre os dias 1 de Março

e 31 de Julho.

655


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Associação de Caçadores de Canedo

A Associação de Caçadores de Canedo, sediada na freguesia de

Canedo, foi fundada a 7 de Maio de 1996 por:

-Joaquim Barbosa;

-Alberto Marques;

-Alberto Robalinho;

-Óscar Leão da Ferreira Conceição;

-Ismael Fernando Moreira da Conceição;

-António da Silva Azevedo;

-Manuel da Conceição santos;

-Gaspar da Silva Vidinha;

-Ramiro da Silva Barraca.

Tem como fim, participar e realizar eventos e atividades relacionados

com a caça.

Doc. 279 - Logótipo da Associação

de Caçadores de Canedo

656


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

• Associação Cultural e Recreativa Fanfarra de

Canedo(extinta)

O seu aparecimento deuse

quase a par do da Escola

de Música, funcionando

ambas no mesmo local.

Foi fundada a 5 de Março

de 1993 por escritura

pública tendo assim como

primeiro presidente

Joaquim Ferreira Santiago.

Constituída por 82

Doc. 280 - Fanfarra de Canedo

elementos, participou em

diversas festas e romarias de norte a sul do país, chegando a ser uma das

melhores Fanfarras das redondezas.

Teve em atividade cerca de uma dezena de anos, entrando em

inatividade no começo do século XXI a 3 de Dezembro de 2002.

Doc. 281 - Associação Cultural e Recreativa Fanfarra de Canedo

Associação Cultural e Recreativa Fanfarra de Canedo

657


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Associação Cultural e Musical de Canedo

A Associação Cultural e Musical de Canedo (ACMC) foi criada no dia 5 de

março de 1993 pelas mãos de César Gomes, Manuel Gomes e Manuel

Rocha, não sendo conhecida atividade letiva até 2007.

No ano letivo 2007/2008 o Professor Agostinho Gomes (Licenciado em

Música variante de instrumento Trompete e variante de Formação Musical

pela Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco e Mestre pela

Universidade de Aveiro), presidente da direção da ACMC, em conjunto com

os restantes elementos da direção, iniciou um projeto inovador visando a

requalificação da ACMC tendo como principal objetivo promover a

revitalização cultural da população de Canedo.

Em 28 de Outubro de 2007 a ACMC iniciou as suas atividades sob o olhar

atento da população apresentando o ideário do projeto e realizando uma

sinopse das atividades passíveis de desenvolvimento, nomeadamente:

-Música: Sopros (flauta transversal, oboé, clarinete, saxofone, fagote,

trompa, trompete, trombone e tuba); Cordas (violino, viola d’arco,

violoncelo, contrabaixo de cordas e guitarra); Teclas (piano e órgão);

Acordeão; Percussão/bateria;

- Canto;

- Formação Musical e Iniciação Musical;

- Dança: Dança Hip-Hop e Danças de Salão;

- Pintura (Atelier)

- Teatro (Atelier).

Nos anos de funcionamento a ACMC encontrou-se sempre intimamente

ligada à cultura da Vila de Canedo promovendo atividades na área da

música nomeadamente, audições, concertos, workshops e intercâmbios

com várias escolas do país, bem como na área da pintura com exposições

dos trabalhados realizados pelos alunos.

Atualmente a ACMC conta com cerca de 40 alunos, sendo que no âmbito

musical alguns destes alunos participaram em vários concursos a nível

nacional angariando diversos prémios, entre eles o primeiro prémio no 1º

Concurso de Trompete da Póvoa de Varzim, o terceiro prémio no Concurso

de Oliveira de Azeméis e diversas Menções Honrosas. Assinala-se ainda que

658


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

diversos alunos da ACMC ingressaram no Conservatório de Música do Porto

e em várias Escolas Profissionais de Música do país.

As atividades desenvolvidas no seio da ACMC são fruto do trabalho de

alunos, professores, encarregados de educação e pais que com o seu

desempenho, auxílio e disponibilidade mantêm viva esta iniciativa, estando

permanentemente empenhados no enriquecimento cultural da vila de

Canedo.

A ACMC conta ainda com auxílio financeiro e logístico da Junta de

Freguesia de Canedo e da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira.

A ACMC localiza-se na antiga Escola Primária de Framil, instalações

gentilmente cedidas pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira.

Doc. 282 - Associação Cultural e Musical de Canedo

Associação Cultural e Musical de Canedo

659


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Canedo Futebol Clube

“O Canedo Futebol Clube é um

clube de futebol português,

localizado na freguesia de

Canedo, concelho de Santa Maria

da Feira, distrito de Aveiro.

Fundado a 20 de Junho em

1984, o Canedo começou por

disputar a Terceira Divisão

Distrital da AF Aveiro na

temporada 1984/1985, e logo no

terceiro ano em que atuou como

clube federado, conseguiu ascender à Segunda Divisão Distrital.

Doc. 283 - Logótipo do Canedo Futebol Clube

Em 1990, o clube acabaria por voltar ao terceiro escalão distrital do

futebol aveirense.

Os anos 90 foram das melhores fases que o clube já viveu. Se em

1990, o Canedo desceu à Terceira Divisão Distrital, dois anos depois, em

1992, já estava a festejar a subida à Primeira Divisão. Duas subidas

consecutivas colocaram o clube, pela primeira vez, no patamar mais alto do

futebol aveirense, mas a "aventura" entre os "grandes" da Distrital só durou

uma época. Foi depois preciso mais quatro temporadas para o Canedo

festejar novo regresso à Primeira Divisão: aconteceu em 1997. Daí em

diante, seguiram-se duas temporadas em que a manutenção no primeiro

escalão foi alcançada com clareza.

A viragem do milénio, com a chegada do ano 2000, trouxe novas

ambições ao Canedo FC, que começou por fazer história na Taça de Aveiro,

e alcançou o quarto lugar na Primeira Distrital de Aveiro na temporada

2000/2001, ficando perto de disputar a "poule" que dava acesso à extinta

III Divisão Nacional.

O clube dava a ideia de que poderia estar interessado em ascender

aos Nacionais pela primeira vez na sua história, e depois de uma temporada

abaixo das expectativas em 2001/2002, na época seguinte assumiu

claramente o objetivo de subir à III Divisão Nacional, não o conseguindo por

dois pontos. Na temporada seguinte, 2003/2004, desejo consumado: o

660


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

Canedo terminou a I Divisão Distrital em segundo lugar, e ascendeu com

justiça aos Campeonatos Nacionais pela primeira vez na sua curta história,

e precisamente no ano em que completou o vigésimo aniversário.

A estreia do clube na Taça de Aveiro ocorreu em 1984/1985, mas só

em 1999/2000, é que o Canedo conseguiu chegar à final: na altura, a equipa

orientada por José Barros, foi derrotada nas grandes penalidades pelo AD

Valonguense, falhando a conquista do troféu. Na temporada seguinte, o

Canedo chegou a nova final e desta feita não perdeu a oportunidade de

conquistar a prova: em Esmoriz, a equipa de Albertino Oliveira, bateu o

Carregosense por 2-1, e venceu a prova pela primeira vez na sua história.

Desde aí, o Canedo não mais conseguiu repetir tais proezas, e em sete das

últimas nove temporadas, contando com a atual, 2015/2016, ficou pelo

caminho após o primeiro jogo que disputou.

O Canedo ganhou direito a participar pela primeira vez na Taça de

Portugal, quando conquistou a Taça de Aveiro. Por isso, na temporada

2001/2002, o clube deslocou-se ao terreno do Portomosense, da III Divisão,

perdendo por 1-0 e não tendo a estreia desejada na prova.

Com a subida aos campeonatos Nacionais, o clube voltou a ter a

oportunidade de disputar a "prova rainha" do futebol português, e em

2004/2005 obteve aquele que é o seu melhor registo: chegou à quarta

eliminatória, onde perdeu com o Leça após o desempate por grandes

penalidades, e já depois de ter afastado Padroense, Oliveira do Bairro e

Aljustrelense. Em 2005/2006, o clube ficou-se pela terceira eliminatória,

mas voltou a fazer história: depois de afastar o Macedo de Cavaleiros e o

histórico Infesta, o Canedo deslocou-se ao terreno do Varzim, na altura a

militar na Segunda Liga Portuguesa.

Os canedenses levaram a partida para o prolongamento, e ficaram

pertíssimo de eliminar uma equipa profissional. A última vez que o Canedo

disputou a Taça de Portugal aconteceu em 2006/2007, sendo eliminado,

fora de portas, pelo FC Marco, depois de ter ficado isento na primeira

eliminatória.

Na época atual de formação a disputarem os Campeonatos Distritais

dos respetivos escalões: Traquinas, Benjamins, Infantis, Iniciados, Juvenis e

Juniores.

661


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

O clube nunca conseguiu obter um título de campeão desde que tem

escalões de formação, algo que aconteceu pela primeira vez na década de

1990. Os treinos e jogos das camadas jovens do Canedo FC realizam-se nos

campos Número 2 e 3 205 do Complexo Desportivo das Valadas.

As cores usadas pelo Canedo FC sempre foram o azul e o amarelo.

Atualmente o equipamento designa-se por uma camisola amarela com

ligeiras riscas azuis na vertical, calções azuis com uma risca amarela na

horizontal, e as meias totalmente amarelas.” 206

Doc. 284 - Estádio das Valadas

205

Os campos de treinos do Canedo Futebol Clube começaram a ser construídos no início do século XX

para apostar na formação do clube e foram inaugurados no ano de 2003.

206

Informações cedidas pelo Canedo Futebol Clube.

662


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

• Clube Tuning de Canedo

O Clube Tuning de Canedo, foi fundado por escritura pública a 31 de

Agosto de 2006 por:

-Bruno Alexandre Marques da Silva;

-Sérgio Manuel Marques Figueiredo;

-Liliana da Silva Rodrigues;

-Hélder Filipe Soares de Melo;

-Hélder Manuel dos Santos Coval;

-Andreia Fernandes de Almeida Coval;

-Alexandra Isabel da Rocha Peixoto;

-Vítor Manuel da Silva Ribeiro;

-Manuel Pinto da Silva Capitão.

Tem a sua sede na Rua de Lobel, freguesia de Canedo.

É um organismo cultural, desportivo e recreativo, sem fins lucrativos,

que se destina a desenvolver o Tuning (fomentar a informação e difusão do

desporto automobilístico, através de publicações gráficas e audiovisuais e

promover provas de desporto de automóveis personalizados) e atividades

similares. 207

207

Informações cedidas pela Junta de Freguesia da União de Freguesias de Canedo, Vale e Vila Maior.

663


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Clube Fúrio Taekwondo de Canedo

O Clube Fúrio Taekwondo de Canedo foi

fundado no ano de 1996 e é uma das associações

que leva bem longe o nome de Canedo.

Com a presidência de Moisés Silva,

apoiada pelo "vice" e treinador Luís Pedro Pinto,

o Clube Fúrio Taekwondo de Canedo tem

amealhado vários títulos a nível Regional,

Nacional e Internacional na modalidade. Para

Luís Pedro Pinto, treinador principal, "O segredo

é a paixão pela modalidade e o trabalho que

desenvolvemos para que cada atleta consiga

evoluir.”

Doc. 285 – Atual Logótipo do Clube

Fúrio

Os atletas têm sido fundamentais, porque com os resultados

conquistados impulsionam outros jovens e cativam-nos para abraçarem a

modalidade que é o taekwondo. O Clube Fúrio de Taekwondo em 2012

tinha cerca de 35 atletas, hoje conta já com 70 atletas em Canedo e uma

filial em Labercos, na freguesia da Lomba, com 15.

A associação está satisfeita pelo trabalho que tem desenvolvido e

com a oportunidade de poder dispor de um espaço para a prática da

modalidade no pavilhão da freguesia.

Tem desenvolvido atividades com os agrupamentos de escolas no

sentido de divulgar a modalidade e vai tentando cativar mais jovens,

sobretudo pelos resultados que têm alcançado. Já tiveram atletas a

participar em campeonatos do mundo e também vários campeões

nacionais no passado ano de 2017.

Atualmente, têm a maior representação na Seleção de Portugal, três

atletas no mundial de Juniores, atletas no pré-olímpico da Juventude e dois

atletas no Projeto Esperanças Olímpicas.

Realizam um dos eventos mais apreciados na freguesia de Canedo e

arredores, chamado “Open Internacional de Canedo Taekwondo”.

664


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

Trabalham arduamente com o sonho de conseguirem mais

participações a nível Internacional e trazer para a terra de Canedo medalhas

internacionais e Olímpicas.

No dia 8 de Dezembro de 2018, o Clube Fúrio renovou a sua imagem,

apresentando assim, o seu novo logótipo e os seus novos equipamentos,

tornando-se, cada vez mais, uma referência no desporto a nível nacional e

intencional.

Doc. 286 – Clube Fúrio Taekwondo de Canedo

Doc. 287 - Antigo Logótipo do Clube Fúrio Taekwondo de Canedo

665


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Clube de Canoagem de Canedo (extinto)

O Clube de Canoagem de

Canedo, foi fundado a 13 de

outubro de 2002 pelo Sr. Nelson

Sousa e Silva. Realizou várias vezes

o Abril/Maio desportivo.

Era um clube que apostava

na formação e chegou a realizar um

concurso de montanhismo

"Survivor 2004”.

Após terem assimilado

noções de defesa pessoal, escalada,

planeamento de missões e eventos, Doc. 288 - Clube de Canoagem de Canedo

caminhadas e acampamentos, entre muitos outros aspetos, e terem estado

no terreno, os jovens decidiram marcar, com uma cerimónia, um passo

importante.

Até porque o curso podia ser crucial para, no futuro, darem apoio ao

clube de Canedo, ao nível de colaboradores e monitores especializados nas

diversas técnicas de montanhismo, socorro e sobrevivência.

Núcleo de meio ambiente, montanhismo, canoagem e futebol

feminino. A partir daqui tudo poderia no acontecer no clube, como Rappel,

escalada, slide, montanha acima, montanha abaixo, rio acima, rio abaixo, o

Clube de Canoagem de Canedo não parava.

Ao todo eram 89 sócios, pagantes e não pagantes, com idades

compreendidas entre os sete e os sessenta e cinco anos.

Aos poucos as atividades foram diminuindo e o Clube de Canoagem

de Canedo acabou por fechar portas no ano de 2013.

666


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

• Conferência S. Vicente Paulo de São Pedro de

Canedo(extinta)

A Conferência Vicentina de Canedo, foi fundada em 1996.

A ação vicentina procura ser a resposta oportuna para cada situação de

sofrimento ou pobreza. Preocupa-se com a promoção do homem na

sociedade através de um sentimento de afeto e respeito pela dignidade de

cada pessoa, da oferta de amor, a que todos têm direito, da compreensão

e recetividade a uma confidência ou a um desabafo, um conselho com uma

palavra amiga, um olhar carinhoso, motivos de fé e de esperança.

Doc. 289

Estandarte

- Estandarte

da Conferência

da Conferência

Vicentina

Vicentina

de Canedo

de Canedo

667


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Cruzada Eucarística das Crianças da Igreja de S. Pedro de

Canedo(extinto)

A Cruzada Eucarística das crianças foi fundada em 1916 pelo Papa Bento

XV, e chegou a Portugal em 1921. Era a secção infantil do Apostolado da

Oração – uma piedosa união de meninos e meninas de todo o mundo

católico, que pretendia alcançar a conversão das nações e a restauração

cristã da sua pátria.

Chamava-se Cruzada porque, à semelhança dos guerreiros antigos que

foram ao Oriente combater os infiéis e libertar os Lugares Santos,

procurava libertar as almas e as nações do jugo do demónio, para que nelas

só reine Jesus Cristo. Eucarística – porque a sua grande arma de combate

era a Comunhão frequente.

O grupo das Crianças da Cruzada Eucarística participava nos encontros e

nas festas religiosas.

A Cruzada Eucarística das Crianças, chegou à Paróquia de São Pedro de

Canedo por volta da década de 30 e acabou por volta dos anos 65.

Doc. 290 Grupo - Grupo Cruzada Cruzada Eucarística Eucarística das Crianças das Crianças da Igreja da Igreja de São de Pedro São Pedro de Canedo de Canedo

668


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

• Grupo Recreativo e Cultural de Canedo(extinto)

O Grupo Recreativo e Cultural

de Canedo, foi acima de tudo, um

movimento estudantil, que nas

férias escolares, resolvia fazer

teatro nas instalações do Salão

Paroquial, por volta do ano de

1969.

Foi fundado oficialmente a 27

de Março de 1975, com escritura

pública de constituição subscrita

por António Pereira da

Conceição, Jorge Magalhães e

Fernando da Silva Baptista.

Doc. 291 – Logótipo do Grupo Recreativo e Cultural de Canedo

Chegou a atuar fora da freguesia, e, em Canedo, as suas exibições

registavam sempre um elevado número de público. Pelo Natal e Carnaval,

chegaram a fazer pequenos teatros infantis para as crianças.

De entre muitas atividades, organizaram um torneio de Futebol e

fundaram um Jornal próprio, “A Voz de Canedo”, que teve como seu

primeiro Diretor, Jorge Magalhães; subdiretor Manuel Ferreira e Chefe de

Redação Joaquim Pinto. Era um jornal de periodicidade mensal, a sua

primeira edição saiu em Janeiro de 1975 e a última em Março de 1977.

Com o desaparecimento do jornal, começou-se a ver o fim do Grupo

devido às divergências insanáveis com o pároco, dificuldades na utilização

do Salão Paroquial (onde era a sua sede) e a hostilidade por parte de alguma

população. Em embrião no grupo, chegou a estar uma secção de folclore,

aproveitando os conhecimentos de Fernando Pinho, discípulo do grande

poeta e folclorista Pedro Homem de Melo.

O Grupo Recreativo e Cultural de Canedo era um todo, destacando-se

pelo coletivo, onde todos faziam um pouco de tudo. Difícil é deixar de

destacar entre todos, Marinho Santos que, para além de ensaiador, era o

“chefe” a que todos obedeciam. Grupo Recreativo e Cultural de Canedo foi

extinto definitivamente no ano de 1996, sendo hoje uma memória.

669


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 292 – Primeiro Jornal “A Voz de Canedo) – Ano de 1975

Doc. 293 – Pessoal do Teatro do Grupo Recreativo e Cultural de Canedo

670


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

• Grupo Cénico de Canedo (extinto)

O Grupo Cénico de Canedo foi fundado em 1978, surgindo da junção de

meia dúzia de ideias que lançaram as bases para o início da caminhada.

Como primeiro mentor esteve Manuel Alexis que juntamente com, José

Ribeiro da Rocha, Mário Luís, Rosa Vieira, Manuel Vilela, Amílcar e Emídio

formaram a primeira Direção.

Desde o início e durante alguns anos, o Grupo Cénico desenvolveu a sua

atividade no Salão Paroquial.

Mais tarde, por razões alheias à vontade de todos os seus elementos, o

Grupo saiu destas instalações. Felizmente foi possível contar com a

colaboração de vários dos seus elementos, nomeadamente do Sr. Manuel

Francisco, Sr. Nelson de Sousa e familiares para instalar os seus haveres e

aí ir ensaiando.

Esta situação perpetuou-se durante vários anos A razão de ser e os

objetivos pretendidos, com a formação do Grupo, foram juntar os jovens e

proporcionar nas instalações da convivência sã, realizar diversas atividades

e divertimentos de índole cultural tais como leituras diversas (jornais e

revistas culturais) espetáculos, festas religiosas e profanas jogos lícitos e

outras atividades desportivas e recreativas.

O espírito de fraternidade foi-se construindo e outros jovens foram

sucessivamente aderindo ao projeto.

A atividade que logo no começo se impôs, foi a música. Para isso, muito

contribuiu a vocação musical de alguns dos elementos. Contudo, é de

realçar o papel essencial desenvolvido pelo Sr. Manuel Francisco na criação,

liderança e organização da atividade musical.

Com ela surgiu a ideia de se fazerem espetáculos, que agregou dezenas

de artistas da freguesia e de fora dela. Foi nesta altura que o Grupo Cénico

teve a colaboração do já saudoso Sr. Orlando Silva das Caldas de S. Jorge.

Na verdade, o Grupo pôde aproveitar a sua experiência, na

apresentação dos artistas, a arte de leiloar, a subtileza de sorrir e brincar

em palco, a arte cénica, etc. O primeiro espetáculo teve como músicos o Sr.

Manuel à viola e o Manuel "Ceguinho" de Lobão ao acordeão.

Com o decorrer do tempo o Grupo Cénico foi adquirindo alguns

instrumentos musicais; órgão, violas, aparelhagem de som, bateria, entre

671


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

outros, que permitiram pôr em prática, as aptidões de vários dos seus

elementos, para a música.

Nesta fase, o Grupo Cénico, teve a colaboração do Sr. Fernando

"baterista" do Ferradal que com a sua experiência, ajudou o Grupo a

melhorar qualitativamente as suas representações.

Desde então, inúmeros espetáculos foram realizados, na freguesia, com

notável interesse das pessoas, motivando ainda mais o Grupo para esta

atividade, e em terras vizinhas onde a presença do Grupo Cénico foi várias

vezes solicitada, contribuindo para dignificação e divulgação da freguesia.

Houve mesmo contacto e entrevistas com rádios e jornais que contribuíram

para transportar para além "fronteiras", Canedo.

Realizavam Festivais da Canção para os "pequeninos" e para os jovens.

Mais tarde o Grupo participou, com vários elementos, num festival da

canção organizado pela Lourocoop. Regista-se o 2º lugar conseguido neste

festival. Para além da música, outras atividades existiram: Teatro,

manifestações desportivas, criação de um pequenino jornal.

Efetivamente, algumas peças de teatro foram realizadas no Salão

Paroquial de Canedo, que tinha condições excecionais para o efeito, mais

uma vez com a preciosa colaboração do Sr. Orlando Silva. No campo

desportivo, o Grupo Cénico teve a sua equipa de futebol, que participou em

vários torneios, sempre com presenças dignificantes.

O gosto pelo desporto era notório na maior parte dos elementos, o que

contribuiu, sendo mesmo o embrião, para a criação do atual Canedo

Futebol Clube.

Pondo em prática uma das ideias que vinha desde muito cedo, em 1984,

criou-se o “Reflexão”, pequeno jornal com periodicidade bimestral, que

teve como principal responsável José Vilela.

Era o fórum onde se faziam algumas reflexões sobre temas da

juventude e os problemas típicos desta fase da vida.

Reflexões sobre a nossa terra e interesses comunitários eram outros

dos temas focados. Jornal de grande interesse local e pretendia que fosse

o alicerce de um projeto maior, mas que por falta de maior número de

colaboradores e apoios financeiros, acabou por se tornar inativo.

672


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

Por fim, depois de algum tempo, o Grupo Cénico conheceu um período

de menor atividade, o que acabou por ditar o seu desaparecimento em

2004. Hoje, o Grupo Cénico é uma saudade.

Doc. 294 - Logótipo do extinto Grupo Cénico de Canedo

673


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Reino da Folia – Associação Juvenil

A Associação Juvenil Reino da Folia foi fundada a 4 de Abril de 2012 por

Raul Correia Colaço e José Manuel Oliveira Baptista. Está situada na Rua

Principal, freguesia de Canedo.

A associação tem como fim:

-Promover a criação, a experimentação, a inovação e desenvolvimento

da dança, da música e do teatro nas suas mais vertentes, quer como parte

integrante da formação pessoal, designadamente artística e humana, quer

como instrumento privilegiado de integração familiar social; desenvolver a

aptidão dos jovens para a cidadania;

-Desenvolver a cooperação e a solidariedade entre os jovens na base da

realização de iniciativas culturais, sociais, recreativas, lúdicas e desportivas;

-Promover o debate e a difusão de notícias e informações relativas à

juventude; organização de eventos.

Doc. 295 - Logótipo da Associação Juvenil - Reino da Folia

674


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

• Rancho Folclórico “As Lavradeiras de Rebordelo” (extinto)

Tudo começou no ano de

1969, depois de um brilharete

conseguido na sede da

Freguesia, numa apresentação

por lugares, dos dançares,

cantares e trajes

característicos de cada um

deles, a convite do Pe. António

Regal.

Foi então no largo da

Capela de Nossa Senhora da Doc. 296 - Rancho Folclórico “As Lavradeiras de Rebordelo”

Piedade e nas representações

dos tempos idos de Rebordelo que começou a germinar na cabeça de

algumas pessoas do lugar, a formação de um rancho.

A 22 de Julho de 1972, é fundado o Rancho Folclórico “As Lavradeiras de

Rebordelo”, mais tarde com sede própria, inaugurada a 10 de Julho de

1993, na aldeia de Rebordelo, pertencente à freguesia de Canedo, concelho

de Santa Maria da Feira e à região Douro Litoral.

O Rancho " As lavradeiras de Rebordelo" era composto por cerca de 42

elementos de diferentes idades, respondendo à necessidade e ao objetivo

de recolher, divulgar e preservar as tradições seculares da sua região, as

Terras da Feira, nomeadamente a sua identidade ancestral os traços

vincados da ruralidade e a forte riqueza etnográfica, que se vai perdendo

ao longo dos tempos.

O reportório é de cariz popular, destacando-se as danças tradicionais

como a Rusga, Verdegar, Rebela, Tirana, Viras, Senhor da Pedra e o

conhecido Vira da Desfolhada à moda antiga.

Nas suas atuações, podemos apreciar os trajes de finais do século XIX

e início do século XX, como o do lavrador, a ceifeira, o traje de feira,

lavradeira rica, traje de domingar, de festa, e outros trajes típicos da região,

que ilustram usos e costumes como a matança do porco, a Desfolhada, as

festas e romarias, etc.

675


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Os principais elementos da tocata são as concertinas, a viola e o

violão, os cavaquinhos, o bombo, o acordeão e os ferrinhos.

Para além de terem participado em diferentes festas, convívios e

Festivais de folclore do Minho ao Algarve, como também no país vizinho,

organizavam, em Rebordelo, o seu próprio festival e outras atividades

culturais. Editou algumas gravações do seu vasto reportório.

O Rancho Folclórico" As lavradeiras de Rebordelo" estava filiado no

INATEL.

Doc. 297 - Rancho Folclórico “As Lavradeiras de Rebordelo”

676


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

• Rancho Folclórico São Pedro de Canedo

O Rancho Folclórico São

Pedro de Canedo foi fundado

numa brincadeira de Carnaval

a 2 de março de 1976 por

Albertino da Silva Lopes, Maria

da Conceição Fernandes

“Pasteleira” e o seu filho

António. O primeiro ensaiador

era de Vila Maior.

De seguida, e só durou três

anos mais, estiveram à sua

frente, entre outros, Fernando

Moura e Manuel Alexis.

Passados oito anos de interregno na sua atividade, por escritura pública

a 15 de Dezembro de 1992, o Rancho São Pedro de Canedo voltou aos

palcos com a presidência de Manuel Alexis, para apresentar as danças e

cantares tradicionais da Vila de Canedo.

Atualmente, presidido por José Silva, o grupo é constituído por cerca de

50 elementos. É de notar nas suas apresentações a pesquisa elaborada em

tradições culturais das Terras de Santa Maria e da Região Douro Litoral.

Tem no seu currículo, atuações de norte a sul do país bem como no

estrangeiro: em Espanha, Suíça e França, esteve no programa televisivo "

Olha a SIC", fez três gravações comerciais e tem participado em diversos

Festivais de Folclore, Festas e Romarias. É organizador de um festival

Nacional e Internacional, que já vai na 30ª edição.

Os trajes que o rancho utiliza são os lavradores ricos e médios, de

campo, de ir à missa, de domingar, de peixeira, de leiteira, de pescador e

de ceifeira.

A tocata é composta por acordeão, concertina, violão, cavaquinho, viola

burguesa, bombo, ferrinhos e reque-reque.

Os números mais representativos são:

Doc. 298 – Rancho Folclórico São Pedro de Canedo

677


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

-Rusga de Entrada;

-Vira dos Barqueiros;

-Vira dos Namorados;

-Vira Velho;

-Vira Valseado;

-Vira da Sra. Da Piedade;

-Verdega;

-Fado;

-Tirana;

-Velho.

O Rancho Folclórico de São Pedro de Canedo tem contribuído para o

engrandecimento e divulgação do Folclore de Terras de Santa Maria da

Feira, levando assim bem longe o nome da nossa terra a que nos honrámos

de pertencer.

Depois de ter passado pelo Centro Social e pelo Salão Paroquial, o grupo

folclórico tem sede própria no Pavilhão Gimnodesportivo de Canedo.

O Rancho Folclórico São Pedro de Canedo é associado do INATEL e com

alegria continuará a cantar e a dançar, apresentando as suas ricas tradições

culturais.

Doc. 299 - Rancho Folclórico São Pedro de Canedo

678


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

• Rancho Folclórico “As Ceifeiras de Canedo” – Associação

Cultural e Recreativa

O Rancho Folclórico “As

Ceifeiras de Canedo” foi fundado

por escritura pública a 14 de

Dezembro de 1996.

Como todos os grupos de

folclore da freguesia de Canedo,

representa as Tradições culturais

das Terras de Santa Maria e a

região Douro Litoral.

Presidido por Mirita Lacerda,

atualmente o grupo é composto

por cerca de 40 elementos de diferentes faixas etárias e, em tempos

remotos, já levaram os seus trajes, danças e canções a vários cantos do país.

As festas reduziram, mas “As Ceifeiras de Canedo” continuam a ensaiar

com o mesmo fervor dos outros tempos. Todos os sábados à noite, a

associação abre portas da sua sede para a comunidade ver dançar os muitos

jovens que integram o rancho.

Os trajes que o rancho utiliza são os lavradores ricos e médios, de

campo, de ir à missa, de dominar e de Ceifeira. Tem vários números dos

quais se destacam: Rusga de Entrada, Senhora da Piedade, Vira Picado, A

Cana do Tira e Mete, Vira da Meia Volta, entre outros. O Rancho Folclórico

“As Ceifeiras de Canedo” não é associado do INATEL e ao longos dos

tempos, tem projetado a cultura das Terras da Feira e das Terras de Canedo,

engrandecendo assim o folclore.

Doc. 300 - Rancho Folclórico “As Ceifeiras de Canedo”

679


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• Sociedade Columbófila de Canedo (extinta)

A Sociedade Columbófila de Canedo foi fundada a 8 de Agosto de 1988

por Francisco Marques, Manuel Gomes da Silva, Luis Lopes dos Santos e

Américo Reis.

Participavam em vários concursos columbófilos, e mantinham sempre a

alegria e o espírito de convívio.

Quanto a resultados, estavam dentro da média das restantes

associações, angariando alguns prémios.

A associação tinha a sua sede na sala número três do Pavilhão

Gimnodesportivo de Canedo, chegou a ter 30 associados, mas com a crise

económica e o elevado custo que a Columbofilia acarretava, o número

começou a diminuir, tendo em 2012 certa de uma dezena de associados.

Passado pouco tempo, a Columbófila de Canedo acabou por cair na

inatividade.

Doc. 301 - Pombo Correio

680


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

• Tuna/Grupo Musical de S. Pedro de Canedo(extinta)

Falar do Grupo Musical de Canedo, é falar da Tuna, nome pelo qual

sempre conhecido. Foi por volta do ano de 1958, que os primeiros acordes

se começaram a ouvir, quer por gente de Canedo, quer por gente de outras

freguesias vizinhas.

Foram mesmo de Gião os principais impulsionadores, os irmãos, Arlindo,

Francisco e Aristides Marques além de Augusto e José Moreira, mas outros

colaboraram como: M. Santos e seu filho de Lobão, Albertino e Francisco

Lopes Duarte, José Pais da Freguesia de S. Vicente de Louredo, Agostinho e

Carlos Morais, Adérito Alves, etc.

A fundação oficial da Tuna deu-se a 19 de Março de 1950, com uma

direção presidida pelo Dr. Alexandre Pais Moreira, secretariada por José

Fernandes Robalinho e na tesouraria Alberto da Silva Barbosa. Fez a sua

primeira apresentação no dia 25 de Maio de 1950 sob a Direção do Padre

David Pereira Coelho pelas festas de S. José. Nesse dia, estreou uma

bandeira oferecida pelo Sr. Paulo Valente que residia na América do Norte.

Nesta altura, tinha 28 elementos.

Foram tempos áureos os que se seguiram, com a Tuna a ser

constantemente solicitada para abrilhantar as festas espalhadas por todo o

norte português. Como todas as associações, teve as suas recaídas, tendo

entrado em inatividade e sendo erguida uma vez.

José Campos de Grijó foi o primeiro maestro, mas muitos outros

passaram por lá, Sância de Sandim, José Alves Pereira de Argoncilhe, José

Marques de Argoncilhe, entre outros.

A sua sede foi primeiramente na Casa dos Mordomos, hoje o local dos

WC junto à Igreja Paroquial, e posteriormente no Salão Paroquial.

Passado muito tempo em atividade, já pouco restava à associação e

então na última Assembleia Geral, dia 7 de Julho de 1975, com a presença

de um sócio, os elementos da Direção, presidida por Manuel Pereira, a

Assembleia Geral por Jorge Magalhães, secretário Joaquim Moreira e

tesoureiro Francisco Mota, pediram a demissão argumentando, a seu favor,

com as dificuldades criadas para o completo desempenho dos seus cargos ,

constatando que a continuação à frente dos destinos da coletividade,

681


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

apenas serviria para aumentar as divisões e as dificuldades, a que se juntava

um desinteresse total dos sócios pelos problemas da Tuna.

Assim rezava a ata de demissão.

Com a extinção do Grupo Musical, o instrumental, algum dele valioso,

ficou nas mãos de antigos elementos e a maior parte depositado no Salão

Paroquial a deteriorar-se.

Até aos dias de hoje, mais ninguém levantou uma das primeiras

associações a ser fundada na Freguesia, sendo hoje mais uma memória a

recordar no futuro. 208

Doc. 302 - Estandarte do Grupo Musical S. Pedro de Canedo

208

Informações recolhidas de um artigo sobre Cultura e Associativismo do Jornal “A Voz de Canedo” de

Jorge Magalhães.

682


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

Doc. 303 – Tuna/Grupo Musical de São Pedro de Canedo

Doc. 304 - Tuna/Grupo Musical a atuar na Rua da Igreja em Canedo

683


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

• VH Team Fighters

O Clube VH Team Fighters foi fundado a 31 de Maio de 2014.

O primeiro espaço da equipa, liderada por Vítor Hugo, foi em Lourosa,

no Centro Recreativo dos Malmequeres. Depois começou a dar aulas num

ginásio em Canedo (Sem Calorias), acumulando as duas funções.

Contudo, num período de cinco anos a equipa e o seu líder viram-se sem

local para treinar. Centro Recreativo dos Malmequeres foi alugado para

outro efeito e ficou só em Canedo, mas era um espaço pequeno e os

horários eram curtos.

Foi em conversa com um amigo, Hélder Vidinha, dono de uma clínica

dentária no piso de cima do Clube VH Team Fighters, que surgiu a

possibilidade de deslocar a equipa para o atual espaço, situado na Rua da

Capela, em Canedo.

Já foram, pela primeira vez, a um campeonato regional. Conseguiram

trazer dois campeões (Henrique Neves e Dylan Gonçalves), um vicecampeão

(Miguel Martins) e um terceiro lugar (Tiago Oliveira). Com os

resultados alcançados foram os quatro apurados para o Campeonato

Nacional de Kickboxing. Participaram no campeonato do Mundo em

Inglaterra, na qual, o atleta Mateus Pereira conquistou a medalha de

Bronze.

Resultados que não seriam possíveis sem ajuda de alguns parceiros, a

quem o dono, Vítor Hugo, do clube faz questão de agradecer como à

NexGym, Bruno Santos e Nuno Albergaria.

Atualmente tem cerca de 50 atletas inscritos, sete em competição e os

restantes apenas para manutenção, com uma média de 16 ou 17 a treinar

diariamente. Começaram com 12 atletas, mas no primeiro mês quando

abriram este espaço passaram logo para os 23.

O número de inscritos tem crescido sempre, o que se deve, segundo o

treinador, ao excelente grupo que tem.

Organizaram um excelente evento, no Pavilhão Gimnodesportivo de

Canedo, que teve um enorme sucesso, o “WARRIORS NIGHT KICKBOXING”,

na qual, Vítor Hugo foi campeão.

684


[Capítulo XIX](Serviços/Atualidade)

Doc. 305 - Emblema do Clube VH Team Fighters

Doc. 306 - Clube VH Team Fighters

685


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

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[Capítulo XX](Notas/Referências)

[Capítulo XX]

(Notas/Referências)

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São Pedro de Canedo – História de uma Vila

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[Capítulo XX](Notas/Referências)

• Notas e Referências a cerca da Freguesia de Canedo

1. Venda de Rodrigo Gonçalves a Maria Pais dois Casais em Framil

(Canedo, Feira) e outro em Cucujães (Oliveira de Azeméis), Março

de 1219:

“In Dci nomine. Hee est carta due iussit facere ego Itodericus Gunsaluiz

uobis domna Maria Pelagii de heredita[te] urea propria qutr, habco in uilla

de Framir scilicet casalia in quo morabatur Marlinus de Prado et a Itero

quod ego comparaui de Cucugias quod dedit mews pater pro sun anima Iwo

precio quod de uobis accepi morabitinos quias tantum nobis et uobis belie

complacuit. Quod si aliquis homo uenerit qui hoc factum mum irrumpere

quesierit parict ipsam hereditatem duplatam tie] triplatam et quantum

fuerit metioralam et domino rege C morabitinos. Qui presentes fuerunt et

uitlertml: abbate de Canedo. Pro testibus: Domi-nicus monacus ts., Petrus

Saltutdoriz ts., Menendus Laudu ts., Menendus Petri ts... Gunsaluus

notauit.”

2. Sentenças das Inquirições de D. Dinis, ano de 1288:

Nestas Inquirições, existe a referência à Paróquia de São Pedro de

Canedo como também às freguesias de São Vicente e Louredo.

“ 209 De parrochia sancti petri de canedo et sancti uincenti

Domingos Iohannes de Canedo jurado e perguntado sse en esta

ffreegessia há cassa de Caualeyro ou de dona que sse defenda por honrra

disse que no logar que chamam a huma cassa de Johanne da Teyxera e disse

que a uiu sempre onrrada e disse ajuda que este logar da mata (Mota) jaz

no que os caualeyros chamam couto de Louredo, mays louredo jazen outra

ffreegessia e a majaz en outra e (en)este logar da Mata soía (costuma)

entraro porteyro da feyra e penhoraua hj e uijam (vinham) per ante o juiz

da feyra e foy ia tempo que leuaram ende o omezio da feyra e ora ia nom

oussa ala entrar o proteyro nem ousa ala ir as testemoynhas com sseu

moordomo aue penhore e fazem ende onrra e nom querem hir ao juízo da

feyra. E na ffreegessia de san Vicente que he soffragaya de Canedo iaz

209

Podemos encontrar este documento no livro: SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO CONCELHO DA FEIRA,

por David José Azevedo de Almeida, págs. LXVII-LXXI.

689


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Louredo que chamam os caualeyros couto eeste que chamam couto iazem

estas aldeyas conuem a saber a mata e san Vicente e louredo e uila seca

Toseyro e parada e lorendio e o vale e pessegeyro e ffereyraa e sagufo e

Reuordelo e moesteyro e santa ouaya e porto novo e Bisthança todos estes

logares costrenge esse juiz que os caualeiros metem que nenhuma

perantele a sseu juízo e todos estes logares soíam uijr a juízo da feira e en

todos estes logares soía entrar o porteyro da feira e penhoraua hj e ora

tragem hj sseu moordomo e no oussa ala hir o porteyro da feyra e sse por

uentura ala uay nom pode auer testemoynhas que comel uaam e steuam

lorenço quisse preeder o juiz que hj andaua e fugioulhj e esta onrra faz

Johanne da Teyxeyra e Martin bubal e Steuam Rodriguez e outros filhos

dalgo e esta onrra de telhorem (sic) ende o porteyro e de meterem hj e o

juiz foy ora nouamente de tempo del Rey don Affonsso padre deste Rey e

disse que do logar que chamam a mata que iaz e esto que eles

chamamCouto dan al Rey três moyos de pan e capoens do sseu Regueengo

e deste que chamam couto de louredo destas aldeyas ende dan al Rey pan

e outros dereytos e chamam eles couto de louredo e por couto o tragem

eles mayas disse este testemoynha que nom sabia sse era couto sse nom

mays hos caualeiros chamam no por couto. preguntado sse este couto ou

onrra foy feyta por el Rey disse que nom que o el soubesse. preguntado de

que tempo foy feyto este couto ou onrra disse que o nom sabia

Item disse que esta freegesis de Canedo no logar que chamam pascçoo

(Paçô), soya hj entrar o moordomo da feyra saluo en huum casal que foy de

paay gonçalues en que criaram dona orraca fernandiz e ora nouamente fez

ende Johanne da teyxeyra/a (sic) a que nom oussa ala entrar o moordomo

por penhora hj o por teyro e peytam ende a uoz e cooimha mays tolhe ende

o mordomo e faz onrra de vij casaes que hj há e esta honrra foy feyta de

tempo del Rey don Affonso padre deste Rey e sseu padre de Johanne

Teyxera cometeu ia a ffazer esta onrra de paacçoo e foylhj dando cima

Johanne da tejxera.

Item disse que no logar chamam fflamir (Framil), há huma casa de

Sancha perez de moeçelos e disse que a non (sic) onrrada dos seus dias e

disse ainda que trage toda essa aldeya de flamir por onrra que nom entra

hj moordomo mays entra hj o porteyro e penhora hj e leuam ende a uoz e

a cooimha e o homezio mays no (sic) entra hj moordomo e tragem por

onrra. Preguntado sse esta onrra foy feyta por el Rey disse que nom que o

el soubesse preguntado de que tempo disse que o nom sabia sse nom que

690


[Capítulo XX](Notas/Referências)

o uiu assi hússar e nom e nom (sic) sabia por que Razom e disse que en todo

o al da freegesia de Canedo entra o moordomo da feyra.

Pêro perez de Canedo Pêro Martinz de Canedo Johannedomjnguiz de

Canedo / Domyngos perez de vilares Domjngos beeytiz

Todos jurados e preguntados disserom en todo comme domjngos

johanne de suso dicto. E creença he de todos estes homens e de outros que

el Rey muyto guanado (sic) esto que chamam Couto de Louredo 210 e ssa

creença he que nom he couto que nom podria tan gran cousa seer couto.”

3. Sentenças das Inquirições de D. Dinis, ano de 1290:

Nestas Inquirições, D. Dinis refere-se à Freguesia de “Sam Pedro de

Canedo e de Sam Vicente”. Pelas primeiras vezes, aparece lugares das

freguesias, como Mota, Vila Seca, Parada, Rebordelo, etc.

“Item freguesia de Sam Pedro de Canedo e de Sam Vicente. E no logar

que chamam a Mota ha hTha casa de Joham de Teixeira e dizem as

testemunhas que a virom honrradas des que se acordam e est provado que

em este logar da Mota soya entrar o porteiro da Feira e penhorava by e

hiam perante o juiz da Feira e fora ja tempo que os da Feira levarom ende

omezio e ora Joam de Teixeira trage-o por honra e mete hy seu moordomo

pero dam ende a el Rey de seas regueengos que by jazem tres modios de

pam e cap5oes e nom quer Joham da Teixeira que yam ende juizo da Feira

nem leixa hy entrar porteiro. E dizem as testemunhas que en a freguesia de

Sam Vicente que he sofraganha de Sam Pedro de Canedo sobredito jaz

Louredo que chamam os cavaleiros por couto e en esto que chamam couto

jaz a freguesia da Mota e Sam Vicente e Lourede e Villa Seca e Toseira e

Parada e Lourediom e o Vale e Pessegueiro e Ferreiroo e Sam Gulfo e

Revordelo e Moesteiro e Santa Ovaya e Porto Novo e Bestance e em todos

estes logares he provado que entrava hy a penho-rar o porteiro da Feira e

hiam ende ao juizo do juiz da Feira. E des tempo d'el Rey Dom Afonsso

padre deste Rey Estevam Buual e Joham da Teixeira e Estevam Rodriguiz e

outros filhos d'algo fezerom ende honra e meterom by seu juiz e seu

210

Monografia de Louredo. A. Freitas. “Couto, palavra que deriva directamente da palavra latina

"CAUTUS"do verbo"cavere”, -defender, querdizerdefendido, protegido. (Vid. Memórias da Academia

Realde Ciências, vol. 1, págs. 110) (..) Couto era, por conseguinte, uma determinada área e terreno,

limitada por autoridade real, com certos privilégios, isenções, justiça própria, pagando determinadas

pensões ao Rei, (Senhorio directo). Mutatis mutandis, era uma espécie de emprazamento enfitêutico,

com regalias.

691


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

moordomo e tirororom ende o porteiro e nom yam ende ao joizo do joiz da

Feira e todos estes logares elles chamam por couto de Louredo pero dizen

as testemunhas que sa creenca he que nom he couto ca tam gram cousa

como esta nom podia seer couto e fiestas aldeyas que elles chamam coutos

dam a el Rey porn e outros dereitos mais nom dizem as testemunhas

quaaes. En todos estes logares de suso ditos entre ho porteiro d'el Rey e

yam ende ao juizo do juiz da Feira e nom tragam hy os filhos d'algo juiz nem

moordomo.”

4. Ultima Pars Libri Primi, Folha CRIIIJ, Arcediagado da terra de Santa

Maria:

“Monasterium Sancti Petri de Canedo

XX bracalia.

De cera duas libras.

De censsu. Cc. Morabitinos. Ueteres. Quy ffaciunt. CC. LXX. Libras et sunt

capituli pro ad gloriam.”

“Capella. Sancti de Varzea.

De cera. Media libra.

De mortuarijs. XX. Sólidos.

De auena unum quartarium.

De milio. Unum quartarium.”

5. O Censual da Mitra do Porto, A diocese do Porto no século XVI,

Folha 44.v:

“Item a igreja ou Mosteiro de Sam Pedro de Canedo vesitaçam inteira

que são quinhemtos çimquenta e sete reis e meo e mais pagua com Parada

e Varzea por çera taxaçam e imposição trezemtos e seseta e çimquo rs. que

sam por todos …”

“Item da mais o dito Mosteiro de Canedo por dias de sam Romão

çemto e ssemta e oito varas de braguall a doze rs. a vara em que momta

dous mil e dezasseis rs. …”

692


[Capítulo XX](Notas/Referências)

6. Donatio Monasterii santi pectri de Canedo…. Censual, pág. 317 e

318, Livros nºs 806, 753 ou 31 das sentenças:

“O Censual do cabido da Sé do Porto e dos quatros mais notáveis

cartulários de Portugal, coligido Por João a Guarda, raçoeiro do Cabido.

Data do Século XIV ou XV e é chamado Censual por conter a relação das

censorias que as igrejas e mosteiros pagavam à catedral.

O mosteiro de Canedo pagava 20 bragis, 2 libras de cera e o censo de

200 morabitinos velhos.”

7. Concessio Conventus Monasterri de Canedo supra ordinationevel

anexatione. Censual, pág. 318-320:

“Uma carta de D. Dinis de 1295, confirma outra de D. Afonso de 1212

pela qual determina que o abade de Canedo só pague sete medidas, por

justa medição, dos bens reguengos pertencentes ao Mosteiro.”

8. Donatio Domini episcopi Geraldi facta capítulo de Monasterio de

Canedo. Censual, pág. 320-321:

“Neste Capítulo, falasse que haveria missas diárias com as seguintes

aplicações: uma por D. Dinis, outra por D. Dinis e bispo e duas em louvor de

deus e Nossa Senhora. Depois da morte de El-Rei e de D. Geraldo seriam

celebradas duas missas de Réquie, por todos os seculos (cumctis

temporibus saeculorum). “

9. Confirmatio Monasterii de Canedo ad presentationem capituli

portugalensis. Censual, pág. 322:

“O mosteiro pagaria ao cabido o censo anual de 200 maravedis velhos

da moeda portuguesa.”

10. Capellano vestro obedientiam et reverientiam exibentes.

Confirmation capellaniae Monasterii santi petri de Canedo.

Censual, pág. 323.

Do Corpus Codicum, Volume I, pág. 524, constam as notas seguintes

sobre inquirições nos julgados de Fermedo e da Feira.

693


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

“… Sam Pedro de Canedo e de Sam Vicente que lhe sofreganha de

sam pedro. E a freguesia da Mota e sam vicente de Louredo e o ualle

pessegueyro e ferreiros e sam glufe e rreuordello (Rebordelo) e Mosteiro

Sam Jorgio (São Jorge). San mamedi de guisandy (São Mamede de

Guisande). Sancti Isidro de rromariy (Santo Isidro de Romariz) e sam

mamedi de vila mayor (São Mamede de Vila Maior) e a aldeya de Cedofeita.

Santa Maria de feaaes (Santa Maria de Fiães), santiago de lobom (São Tiago

de Lobão). Item o logar que chamam paaçoo (Paçô).

Item a aldeya que chamam bretal Sam salvador de fornos (São

Salvador de Fornos), Sam Miguel de duas Egreias (São Miguel de Duas

Igrejas). Sancto andre de Joyam (Santo André de Gião), Sam Martinho de

dragoncelhe (São Martinho de Argoncilhe).”

11. Unio sive Anexation Monasterii de Canedo decanatui

portugalense. Censual, pág 324 a 328. Arquivo do cabido, livro

806 e 84 das sentenças.

12. Livro 806 ou 84 das Sentenças, no Arquivo Do cabido, muito

importantes e quase todo contêm documentos relativos ao

Mosteiro de Canedo:

“Em 1457 houve uma ordem religiosa regia pela qual se examinou na

Torre do Tombo quais eram os casais do Mosteiro de Canedo que deviam

de pagar foro ao Castelo da Feira.”

13. Catálogo, VOL. II, capítulo XIV.

“D. Rodrigo da Cunha, referindo-se às igrejas da Comarca da Feira, por

volta de 1623, escreveu: “São Pedro de Canedo tem o Santíssimo

Sacramento: Ermidas, Santa Luzia, outra na quinta de Várzea. Tem de

Comunhão 681 pessoas, menores 164. É anexa de Lobão e com ela e

arrendada Vigararia.”

14. S. Pedro no Concelho da Feira, António Ferreira Pinto,

Coimbra 1928:

“Em 1769, era reitor José da Fonseca e Sousa de 65 anos,” com

disposição ágil, mas falta de ouvir".

694


[Capítulo XX](Notas/Referências)

Não são boas as disposições relativas ao pároco e fregueses dessa época

e as confrarias não eram bem administradas. O padre Miguel Carlos de

Oliveira, ordenado em 1764, por apresentação do reitor, desempenhava o

cargo de cura.

Havia 2 sacerdotes e 2 ordinandos. O Padre Domingos Pereira Pinto,

ordenado em 1764, de 64 anos estava dispensado de confessar por

despacho do Provisor Fr. Aurélio, por isso que se queixava de varas

moléstias. O Padre Bartolomeu Bento de Azevedo era formado em

Cânones, ordenado em 1749, tinha 45 anos, estava aprovado para

confessar e pregar, era bom clérigo, mas sofria de hipocondria,

habitualmente muito melancólico.

Sebastião, filho de Manuel da Silva Aranha, de 23 anos, lugar de Fagilde,

tinha boa disposição, mas parece que “o procedimento não ē dos mais

claros" dizo relatório.

José Maria da Mota Reimão, formado, filho do Capitão Valentim da

Costa, tinha 27 anos e boa disposição. Do mesmo relatório se vê que a igreja

só tinha bom o forro do teto da capela-mór.

As casas da residência tinham comodos, mas todos muito arruinados.

"Desta mesma sorte participa o campanário, sem poder para sustentar um

bom sino que está em paus. É curiosa esta nota, porquanto já em 1296, os

Vigários do Bispo do Porto foram a Canedo fazer umas inquirições a

respeito dos sinos do Mosteiro que estavam postos num castanheiro e

contra os quais protestou Martim Domingues, a quem já me referi.

Pode verificar-se isto no livro 806 ou 84 das Sentenças no Arquivo do

Cabido do Porto.

Dum Almanaque Eclesiástico do bispado do Porto para 1857, consta que

era abade Francisco de Oliveira Maia, pregador, egresso da Ordem de S.

Francisco da Província de Portugal (Convento da Conceição de Matozinhos)

e que tinha sido colado em 11 de março de 1841.

Era coadjutor José Gonçalves da Conceição e tinha dois presbíteros:

António Ribeiro Barraca e José Francisco dos Santos, Francisco José da Silva

Tavares era ordinando.

Embora não haja referencia alguma a outro sacerdote, talvez por viver

ausente de Canedo, não posso omiti-lo neste artigo. Bernardo José da Silva

695


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Tavares, filho do brigadeiro Bernardo José da Silva Tavares e de D.

Gertrudes Xavier Pereira do Vale, doutorou-se em Teologia pela

Universidade de Coimbra, em 3 de outubro de 1830, sendo logo nomeado

cônego magistral da Sê de Lamego.

Por decreto de 21 de agosto de 1856 foi nomeado cónego da Se do Pôrto

e passada a Carta Régia, em 7 de outubro. O doutor Tavares não se

conformou com os dizeres da Carta e representou ao Governo para lhe ser

concedida a conezia de magistral, vaga pela morte do doutor Manuel Tomaz

dos Santos Viegas. Deferido o pedido, recebeu a instituição canónica em 2

de abril de 1857 e tomou posse no dia 8.

Prometeu e jurou guardar os Estatutos, cumprir as residências e todos

os mais encargos, a que estavam sujeitos todos os cônegos, sem poder

aproveitar-se de privilégio algum dos antigos magistrais.

Foi apenas um magistral honorário. Esteve paralítico em Canedo,

durante alguns anos e faleceu, a 22 de março de 1888, com 87 anos de

idade.

Vejamos as últimas informações: “A população atual anda á volta de

900 fogos e 4500 almas”, informou, em julho último, o rev. pároco David

Pereira Coelho. Entre Canêdo e a freguesia de Santa Maria do Vale havia 3

lugares meeiros, que deviam influir nos fogos e população. Eram Sagufe,

Serralva e Pessegueiro que, há já alguns anos, passaram definitivamente

para Santa Maria do Vale, o que facilita o serviço paroquial.

A atual igreja tem 6 altares. Um é dedicado ao Sagrado coração de

Jesus e nele se venera. também N. S. de Fátima. Os outros são antigos. Há

bastantes capelas e ermidas antigas: Senhora da Piedade, Santa Bárbara,

Senhora do Amparo, Santa Luzia, S. Paio, S. Roque, S. Lourenço.

O cemitério paroquial foi construído em 1902, sendo pároco o Rev. º

Agostinho José Pais Moreira, cuja atividade foi grande para esta obra. Uma

inscrição colocada pela Junta de 1913, â entrada do cemitério, diz o

seguinte “Tributo de gratidão da Junta de Paróquia de Canedo prestada aos

benfeitores Abade Agostinho José Pais Moreira e Augusto Barbosa Pinto

pelo muito que concorreram para a construção deste cemitério.” São

informações de julho de 1938.”

696


[Capítulo XX](Notas/Referências)

15. Gre Gorivus Papa X, páginas 21 e 25:

“D. Domingos de Pedro ou Peres

Os primeiros vestígios deste Prelado aparecem no Treslado

autentico, que a instancias suas foi passado em junho da Era de 1317; cujo

original hé huma sentença, que Comissão d’El rei D. Afonso III derão os

priores da Vilaboa do Bispo, e Vilela, com Mendo Soeiro, Luís em Aguiar de

Souza, na qual julgarão não serem realengas as herdades de Rio mau, de

Pedourido, de Cervu, Gaido e Canedo, e as adjudicárão a Ioam de Martinho,

Cavaleiro de Atahydi, e seus Irmaoñs, e os Mosteiros de que erão Herdeiros;

declarando não ter sido possível fazer exacta averiguação sobre as

herdades do Mosteiro de Canedo;foi datada em 2 de Marso da Era 1288 e

o transumto de que falo hé nº1º, na Gaveta 7ª deste Arquivo.”

16.

“A terra de Canedo, foral de 1212, é dada pelo rei a cinco homens

casados e a toda a sua descendência, e a quaisquer outras pessoas que elles

queiram chamar. Os encargos reaes são impostos á collectividade, e

consistem annualmente em doze modios, entre cereaes e vinho. Serve de

mordomo um dos moradores, por elles eleito, o qual recebe as prestações,

“jugadas”, e, depois de as medir, as leva a Adaufe, onde chamará o

mordomo do rei ou algum outro agente fiscal, e porá na sua presença as

jugadas. Se não lh'as querem receber, toma testemunho de homens bons

de Canedo, isto por tres vezes; e em relação a esse anno nunca mais lhe

poderão ser exigidas. Sobre a communidade recàe tambem a colecta, e

pagam-na uma vez no anno. Tributa-se a caça grossa, e cada cou-relia dá

“pro uodo” um sextario comprehendendo pão e vinho. Não estão obrigados

á luctuosa, nem á portagem no districto de Panoias. Os encar-gos pessoaes

são o appellido e o fossado, mas este só quando vá n'elle o rei em pessoa.

Podem vender ou doar os predios, e fazer d'elles o que quizerem, comtanto

que o soberano não deixe de receber os direitos es-tabelecidos no foral,

Vendatis donetis faciatis de ea quicquid uos uolueritis et habeo meum

fortim sicut resonat in hac karta... Habeatis uos et successores uestros

predictam bereditatem in perpetuum”

697


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

17. Autos de Habitação de Ana Maria da Silva, Arquivo Nacional

da Torre do Tombo:

Naturalidade: Canedo, Feira. Filiação: capitão António José da Silva,

filho de Maria Francisca, natural de Lousada e Francisca Dias (filha natural).

Cônjuge: Alexandre José Cunha e Manuel dos Santos. 1794

18. Manuel José Abreu, Arquivo Nacional da Torre do Tombo:

Carta: Escrivão de Juízo de Paz do distrito de Canedo, Comarca da Feira.

1848

19. Autos de Habitação de Alexandre Fernandes Pertenso,

Arquivo Nacional da Torre do Tombo:

Naturalidade: Carvoeiro, Canedo. Filiação: João Gonçalves e Maria

Fernandes. A ação prende-se com a herança do tio materno Domingos

Fernandes Pertenso. 1804

20. Francisco José Gomes Monteiro, Arquivo Nacional da Torre

do Tombo:

Carta: Escrivão do Juízo de Paz do distrito de Canedo, no julgado da

Feira. 1850

21. António Luís Magalhães, Arquivo Nacional da Torre do

Tombo:

Carta: Pároco da Igreja de S. Pedro de Canedo, concelho da Feira 1884

22. Joaquim Lopes Neves, Arquivo Nacional da Torre do

Tombo:

Carta de ofício: Escrivão do Juízo de Paz do distrito de Canedo, Comarca

da Feira. 1873

23. Chancelaria de D. Afonso V, liv. 1, f. 46 – 1462, Arquivo

Nacional da Torre do Tombo:

D. Afonso V perdoa a justiça régia a João Vasques, lavrador, morador

na Freguesia de Canedo, no julgado e terra de Santa Maria, pela fuga da

prisão.

698


[Capítulo XX](Notas/Referências)

24. Processo de Manuel da Silva Correia, Tribunal do Santo

Ofício, Inquisição de Coimbra, proc. 2066, Arquivo Nacional da

Torre do Tombo:

Manuel da Silva Correia casado com Quitéria Maria, era um cristãovelho

de 40 anos e foi acusado de bigamia. Tinha como profissão jornaleiro.

Natural da freguesia de São Pedro de Canedo, termo da vila da Feira,

bispado do Porto e Morada: São Martinho de Sande, bispado de Penafiel.

Foi preso no dai 19 de outubro de 1774 e teve como sentença: auto-de-fé

privado de 20/12/1774. Abjuração de leve, açoitado publicamente "citra

sanguinis effusionem", degredo para as galés, por cinco anos, onde serviria

ao remo sem soldo, instrução na fé, penitências espirituais, pagamento de

custas.

Por aviso de 12/05/1777, foi-lhe perdoado o tempo de degredo que

lhe faltava cumprir.

O réu casou segunda vez com Francisca Maria.

25. Padre Domingos A. Moreira:

“Para o Vale e os outros dois lugares foram divididos pelas freguesias

interessadas. Arilhe e Reguenga eram meeiros do Vale e de Romariz.

Pela mesma data, pouco mais ou menos, Arilhe passou a ser só do Vale.

Reguenga só de Romariz. Sagufe, Serralva e parte do Pessegueiro eram

meeiros do Vale e de Canedo.

Passaram totalmente para o Vale Sagufe, cerca de 1858; Pessegueiro e

Serralva em 27 de março de 1920. A única casa do Carvalhal que era desta

freguezia foi, em 21 de janeiro de 1918, desagregada dela e incorporada na

de Romariz, só para efeitos eclesiásticos. Qual era a situação jurídica dos

meeiros relativamente aos seus Párocos? Não era a que vem regulada nas

Constituições Diocesanas, mas fora prescrita por um costume que fazia lei

pelo menos ultimamente em relação a Pessegueiro e Serralva.

E o costume (não sei como se introduziu) estabelecia o seguinte: quanto

a côngrua e todos os efeitos civis, eram só do Vale; desobriga, um ano todos

do Vale, e outro de Canedo; baptismo e outros sacramentos, à escolha de

cada qual no Vale ou em Canedo; proclamas cumulativamente nas duas

699


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

freguezias; enterramentos — só de certas casas sempre em Canedo,

doutras sempre no Vale.

Os direitos dos enterros bem como as conhecenças eram divididas ao

meio pelos dois párocos. As casas novas que se construíssem em

Pessegueiro escolhiam: ou inteiros do Vale ou meeiros [um ano duma

freguesia e no outro ano da outra”

26. O Concelho de Gondomar, Camilo de Oliveira:

“Por isso a Câmara de Gondomar, resignadamente, embora muito

contrariada, lembrando-se de que a lei, embora dura, é lei – dura lex, sede

lex – em sessão de 19 de dezembro de 1867, “Neste concelho de Gondomar

e Paços dele”, entre outros assuntos tomou conta do seguinte: “O oficio

circular nº 58 dirigido pela 4ª repartição de S. Exa o sr. Governador Civil de

12 do corrente, em que dá parte ter-se de proceder à eleição…” Nota-se a

falta de referência á Freguesia da lomba. É que por essa nova organização

ficará a pertencer ao concelho da Feira, na paróquia de Canedo. Foi lei 35

dias.”

27. O Concelho de Gondomar, Camilo de Oliveira:

“Na Lomba há um lugar que pertence a quatro concelhos: Gondomar,

Castelo de Paiva, Vila da feira e Arouca.”

28. O Concelho de Gondomar, Camilo de Oliveira:

“A maior parte das mulheres ocupam-se em ir aos montes cortar urze e

carqueja que trazem aos molhos para a beira do rio, donde tais géneros

seguem para o Porto. Abaixo do lugar de Sante, encontram-se os montes

do Barrão, de cujo cimo se avista a ribeira da Inha, esplêndida para a cultura

do milho e onde o concelho de Gondomar é limitado do da Feira pelo rio

Inha.

Anda na tradição que junto ao Barrão, foram 'metidas a pique duas

embarcações artilhadas no tempo das lutas dos liberais contra os

miguelistas.

Na ribeira da Inha, bastante acima da foz, há uma ponte de pedra, com

um arco em granito.”

700


[Capítulo XX](Notas/Referências)

29. Cheias no Rio Douro:

Existiram várias cheias no Rio Douro, delas destacam-se a cheia de 1909

e a de 1962. Como a freguesia de Canedo é banhada pelo Rio Douro e seus

afluentes, sofreu um pouco as consequências da subida das águas.

Quando se pensava que o caudal das águas do rio Douro estava,

finalmente, controlado pelas barragens e que o aparecimento de uma cheia

não seria mais possível, eis que o inesperado acontece: em janeiro de 1962,

as zonas ribeirinhas do Douro assistem a uma das maiores cheias de

sempre. A quarta, em dimensão, entre as maiores de todos os tempos. Num

primeiro lugar, nada honrosa, diga-se de passagem, está a cheia de 1739;

logo a seguir figura a de 1909; em terceiro lugar a de 1779; e depois vem a

de 1962.

Entre os dias 17 e 25 de Dezembro de 1909, as águas do Douro subiram

de nível e a sua corrente arrastava tudo o que encontrava. Em tempo de

Natal a tragédia aconteceu. Havia já alguns dias que a chuva caía

copiosamente. Nesse tempo o rio Douro não tinha barragens para lhe

moldarem a rudeza do carácter e lhe domesticarem as suas águas bravas.

O Douro apenas obedecia às ordens da sua mãe: a Natureza.

A 3 de Janeiro de 1962, repete-se novamente mais uma intempérie. As

águas do Rio Douro subiram tanto que na localidade de Peso da Régua havia

de ter subido 27 metros e na zona do Porto 14 metros.

Na freguesia de Canedo, mais propriamente na Zona da Inha e

Carvoeiro, as águas subiram cerca de 20 metros, alagando campos,

moinhos e casas.

30. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:

“CARVOEIRO— aldeia. Douro, freguesia de Canedo, comarca e

concelho da Feira, d'onde dista 16 kilometros a NO., 24 a E, do Porto, 300

ao N. de Lisboa, 100 fogos. Situada na encosta da serra do seu nome, e

sobre a margem esquerda do Douro. Tem uma capella de Santo António,

particular. É ponto muito commercial, pois aqui vem embarcar para a

cidade do Porto grande parte dos géneros que para alli exportam muitas

freguezias da Terra da Feira, sobre tudo madeiras, lenhas, carvão, casca de

carvalho e laranja.

701


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Causa apertos do coração vêr que, apesar da continua concurrencia

de gente, carros e béstas de carga, que do interior afluem a Carvoeiro, não

tenha a camara da Feira dado impulso às obras da estrada ha tanto tempo

approvada pelas Obras Publicas; o quô muito faria prosperar estas terras.

A actual estrada não é mais do que uma sequência de barrancos e

precipícios, por onde se passa sempre tremendo; mas, mesmo assim, como

não há outra, o transito é continuo, e muito mais seria se houvesse uma

estrada que merecesse este nome.

A Camara da Feira, que (de alguns anos para cá) tanto tem curado de

obras publicas municipaes, se tem completamente esquecido d'isto

(provavelmente por lhe ficar distante da villa, que se não aproveita d'esta

via de communieação.)

Esta desgraçada estrada, artéria principal para a vida commercial dos

povos que estaneeiam a NO. da villa da Feira, só é lembrada em tempo de

eleições. Esta povoação tem mais de 1000 annos. Em 897, era da freguezia

de Várzea de Carvoeiro, hoje extincta.”

31. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:

“CABEÇO DE SOBREIRO ou de SOVEREIRO —serra, Douro, próximo da

margem esquerda do Douro, 24 kilometros ao SE. Do Porto, 318 ao N. de

Lisboa. Produz apenas Carqueija (que toda vai para o Porto) urze e matto.

Traz alguma caça e, no inverno, lobos.

Pertence às freguezias de Fermedo, S. Miguel do Matto, Valle, Canêdo e

Lomba. É notável por no seu cume ter um marco chamado Marco dos

quatro concelhos, que marca a divisão dos concelhos de Gondomar, Paiva,

Feira e Arouca.

É o ponto extremo (a ENE.) das Terras de Santa Maria. D'esta serra se ve

o Porto, a sua foz e grande extensão do Occeano Atlântico, muitas

freguezias dos arrabaldes do Porto, o rio Douro e muitas povoações e serras

de ambas as margens d'este rio.

Na maior parte é muito boa terra e com várias nascentes de água, pelo

que é susceptível de cultura, e certamente não estaria improductiva se os

nossos governos cuidassem mais nos interesses do paiz.”

702


[Capítulo XX](Notas/Referências)

32. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:

“FAGILDE —há várias aldeias em Portugal com este nome. É nome próprio

d'homem (gòdo.) Também se dizia Fagile (Vide Cêa.) Na freguezia do

Canêdo, Douro, concelho da Feira (Vide Conôdo) há a quinta de Fagilde,

onde nasceu e morreu o brigadeiro realista Vitorino José da Silva Tavares.)

Vide Pernes.”

33. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:

“Os habitantes da Terra da Feira, são, no geral, inclinados ao trabalho e

ás especulações commerciaes. Teem, porém, um horror hereditário ao

serviço militar (como quasi todos os habitantes das províncias do Norte) e,

a dizer a verdade, são, pela maior parte, péssimos soldados. (Haja vista a

bravura alguma cousa abaixo de zero, das célebres milícias da Feira.)

Além das duas feiras que há na villa, há mais as seguintes no concelho,

No 1º domingo de cada mez, na Póvoa; a 4, na Arrifana; a 7, em Canedo; a

10, nas Vendas Novas (aqui também ha feira d'anno a 29 de setembro) a

17, em Souto Redondo; a 24, no Terreiro; a 23, no Murado e a 28 nas Vendas

Novas.”

34. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:

“INHA—pequeno rio, Douro. Tem seu nascimento n'uns pequenos

arroyos que vem do monte do Castêllo, freguezia de Escariz, Concelho de

Arouca. Passa próximo a Cabeçaes (ao O.) regando as freguezias de Escariz,

Fermedo, Romariz, Valle, Louredo, Gião e Canedo (sendo a 1ª, a 2ª e 5ª do

concelho de Arouca) e as mais do da Feira, e fazendo nas duas últimas

trabalhar fabricas de papel.)

Desagua na esquerda do Douro, no sítio da Foz do Inha, 1 kilometro

abaixo de Pé de Moura, e 24 a E. do Porto. Tem 18 kilometros de curso. Faz

mover muitos moinhos, e traz algum peixe, miúdo, mas muito saboroso, em

razão de correr arrebatado por entre pedras. Tem algumas pontes de pau

e uma boa de pedra, no Cascão.

Dá-se n'este rio uma singularidade. Logo abaixo da tal ponte do Cascão

(que é próximo da aldeia de S. Vicente de Louredo) é a fabrica de papel da

Logem.

703


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

A margem esquerda é da freguezia de Gião, concelho da Feira, e a

direita é da de Louredo, (concelho de Arouca, e, como a maior paarte do

edifício da fabrica está construído sobre o rio (que aqui é muito estreito)

pôde um individuo (ou uns poucos, estando em linha) estar de pé no meio

de uma sala, e tee metade do corpo na comarca da Feira e a outra metade

na comarca de Arouca.

O que é bonito é que a esta sala vem os tabeliães das duas comarcas

fazer esccripturas, e todos dizem que estão na sua; e se muitas vezes

mentem, também muitas vezes falavam a verdade. O Inha recebe vários

ribeiros, por uma e outra margem.”

35. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:

“LOBÃO—freguezia, Douro, comarca e concelho da Feira, 283

kilometros ao N. de Lisboa, 24 ao S. do Porto, 7 ao NE. da Feira Bispado do

Porto, districto administrativo de Aveiro. Orago S. Thiago, apostolo. Em

1757 tinha 325 fogos.

O parocho era cura, que apresentava ao reitor de S. Pedro de Canedo,

e tinha de rendimento 180$O0O réis.”

36. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:

“LOURÊDO—freguezia. Douro, comarca e concelho de Arouca, 24

kilometros ao S. do Porto. 12 a E. da Feira, 12 ao S. do rio Douro e 24 ao

ONO. de Arouca, 230 fogos. Em 1757 tinha 162 fogos. Orago S. Vicente,

martyr. Bispado do Porto, distrito administrativo de Aveiro. É terra fértil.

O reitor de S. Pedro de Canedo apresentava o cura, que tinha 80₰000

réis de rendimento.”

37. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:

“MEIADEIRO ou MEEIRO—portuguez antigo— meieiro—o que tem

metade em alguma coisa: o que vae feito por metade em qualquer negócio;

o que dá ou recebe metade da renda de uma propriedade. Ainda hoje se dá

o nome de meieiro ao lugar ou aldeia que pertence a duas freguesias

alternativamente, ou ao visinho que tem dois parochos.

As povoações que estão n'estas circumstancías, satisfazem os

preceitos quadragesimaes e pagam os benesses, um anno a um parocho, e

704


[Capítulo XX](Notas/Referências)

no seguinte a outro. Os sacramentos seguem a mesma prática; mas os

enterros no geral costumam ser em uma só freguezia.

Já se vê que esta ordem de cousas traz consigo muitos

inconvenientes, e, ás vezes, desgostos. Parece impossível que ainda quase

no fim do século XIX, se conserve este absurdo, que ha muitos annos se

deveria ter extinguido, ou nunca deveria existir.

Para prova de tamanho disparate, darei um exemplo: no concelho da

Feira ha uma aldeia, situada na margem direita do rio Inha, chamada

Oliveira. Tem 18 fogos. Tres são inteiros da freguezia de Romariz, e 15 são,

um anno d'esta freguezia, outro da do Valle. A aldeia de Arilhe é um anno

de uma, outro de outra das freguezias nomeadas.

As aldeias de Saguffo e de Serralva são um anno da freguezia de

Canêdo, e outro da dita freguezia do Valle. A aldeia de Pecegueiro tem tres

fogos inteiros de Canêdo e os mais meieiros do Valle e de Canêdo. A aldeia

de Paradella, é parte inteira do Valle, e parte meieira d'esta freguezia e da

do Matto.”

38. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:

“MOSTEIRÓ—sítio da mesma freguezia, 8 kilometros ao SE. da egreja

parochial. É um monte, em fórma de península, cercado pelo rio Inha,

ficando-lhe o isthmo a E.S.E., na encosta occidental do monte da Óssa.

Chama-se a este sítio vulgarmente, Mosteiro do Ribeiro. Fica a 2 kilometros

ao S. do rio Douro. Este monte, que é hoje um bosque, está por todos os

lados cercado de outros montes mais altos, e é em sítio êrmo, senido a

povoação mais próxima a pequena e pobre aldeia de Rebordêllo, também

da freguesia de Canêdo. Esta aldeia e a de Mosteiírô do Ribeiro pertenciam

á freguezia de S. Cypriano, de Parada do Monte, supprimida há mais de 500

annos.

Segundo a tradição, havia em Mosteiírô do Ribeiro, um mosteirinho

(donde lhe provém o nome) de freiras benedictinas, e uma pequena aldeia.

Em 29 de setembro de 1348, principiou em Portugal o terrível contágio,

chamando a morteydade ou péste grande, que, apesar de durar só três

mezes, marcou a época na história portugueza pelo horroroso número de

vítimas a que deu causa.

705


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Segundo a tradição, nem uma só pessoa do mosteiro ou da aldeia

escapou ao pavoroso contágio. Foi tal o terror dos povos circunvisinhos,

que sete anos ninguém se atreveu a ir a Mosteiro do Ribeiro. Passados elles,

principiaram a ir ali algumas pessoas, em busca dos objectos pertencentes

aos fallecidos, e consta que debaixo dos entulhos appareceram algumas

pipas, cheias de vinho, em muito bom estado.

Do mosteiro e da povoação apenas restam alguns alicerces de casas, e

de paredes de campos e sucalcos, indicando que tudo era pequeno e pobre.

Nunca mais foi habitado este monte, que se dividiu em differentes

possuidores. Um lavrador do lugar de Pessegueiro (freguesia do Valle,

concelho da Feira) é hoje o único possuidor de todo o monte, por compras

que fez aos seus differentes proprietários. O logar de Parada do Monte,

onde estava a matriz da fregúezia, também soffreu muito com aquella

péste, ficando quasi deserto; pelo que foi supprimida esta parochia,

passando o povo a pertencer á freguezia de S. Vicente de Louvedo, do

extincto concelho de Fermedo, (hoje concelho e comarca de Arouca) e a

aldeia de Rebordêllo, e a que fôra aldeia do Mosteiro do Ribeiro, á freguesia

de Canêdo.

Ainda se divisam os alicerces do corpo da antiga egreja de S. Cypriano,

martyr, de Parada do Monte, e a sua capella-mór está transformada em

ermida do mesmo santo, ao qual ainda se lhe faz a festa, no 4. ° domingo

de setembro. (O seu dia próprio é a 26 d'este mez.) 211 ”

39. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:

“OSSA— Serra, Douro, nas freguezias de Santo Antonio da Lomba

(concelho de Gondomar), Valle e Canedo (concelho da Feira). Fica sobre a

margem esquerda do rio Douro, 24 kilometros a E.N.E. do Porto, e 310 ao

N- de Lisboa. É uma ramificação da serra de Cabeço de Sobreiro, que se

projecta para o N.O.

Ha n'esta serra a aldeia dé Rebordelo (freguezia de Canêdo) com uma

Capella, dedicada a Santa Luzia, virgem e martyr, á qual se faz uma romaria,

na 1ª oitava do Espírito Santo. É uma ermida pequena, de pobre

211

Este lugar “Mosteiro do Ribeiro” é também conhecido por “Carvalhosa”. Reza a história que depois da

peste negra as pessoas fizeram a aldeia de Rebordelo e la construíram uma capela em Honra de Santa

Bárbara.

706


[Capítulo XX](Notas/Referências)

construcção e sem rendimentos. O lugar é habitado quasi exclusivamente

por pobres, que vivem de apanhar carqueija, para ir para o Porto.

É também n'esta serra a aldeia de Lavercos, da freguezia da Lomba.

É uma povoação grande, com alguns lavradores ricos, e o seu terreno é

mnito fértil. Fica na chapada da serra, correndo-lhe ao sopé (no lugar de Pé

de Moura) o rio Douro, que lhe fica ao Norte.

Tem extensas vistas. Há n'este logar uma bonita capella, dedicada a

Santa Eufemia, e outra, da mesma invocação, em Pé de Moura.

Ao N. O., fórma a serra uma península, cercada pelo rio Inha, onde

existiu uma povoação e um pequeno mosteiro de freiras benedictinas.

Ainda ao sitio, que é hoje uma matta, se dá o nome de Mosteiro do Ribeiro.

Esta serra tem alguns olivaes, e poucas arvores silvestres: o resto está

coberto de matto — quasi tudo, urze e carqueija. É abundante de aguas,

pelas suas quebradas e pequenos valles, e em grande parte composta de

terra vegetal, de óptima qualidade, que está quasi geralmente

desaproveitada; quando podia dar cereaes em abundância, e ser povoada

de bosques e pinhaes, que dariam um grande rendimento, pela

proximidade do rio Douro e da cidade do Porto.

N'esta serra não há granito, nem pédra calcaria. As suas rochas são,

no geral, de xisto, quasi todo muito friável, e algum quartzo. Seus ares são

puríssimos. Podia aqui estabelecer-se uma colónia, que, protegida pelo

governo, em poucos anos se tornaria florescente. Tem minas de ferro, que

nunca foram exploradas.”

40. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:

“PEDRA FURADA - Na sua formação, granítica, com mistura de mineral

ferruginoso (oxido de ferro) assimilha-se ao célebre rochedo de Leiningen,

na AllemaNha.

Tem a superfície toda carcomida, e tão crivada de buracos e cavidades,

como uma esponja. O seu gigantesco vulto, espelhando-se no rio; a negrura

da sua côr; e a sua posição solitária, como sentinella perdida dos séculos

caidos na voragem do passado, lhe dão um aspecto fantástico. Dá-se-lhe o

nome de pedra furada, em razão da sua fórma cavernosa.

Na quinta de Lousado (na freguezia de Canêdo, comarca e concelho da

Feira—Douro) do sr. doutor Manuel Augusto Paes Moreira, há um penedo

707


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

exactamente e em tudo similhante, menos no volume—que este, apenas

tem uns dois metros de altura. Indica ser um antigo marco de divisão de

propriedades. É de notar que nem n'esta freguezia de Canedo, nem nas em

redor, a mais de 5 kilometros de distância, há pedra de semelhante

qualidade. A única pedra que aqui há, é xisto, muito friável, e algum—

pouco—quartzo.”

41. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:

“Viscondessa de Alpendurada (mãe) — na sua casa da rua de S. Luiz

(junto à rua do Sol). —É viuva de Antonio Vieira de Magalhães, que foi feito

1º barão de Alpendurada, em 13 de julho de 1848, e visconde do mesmo

título, em 13 de maio de 1851.

É mãe da srª condessa de Samodães, e da srª viscondessa de

Alpendurada (Josephina). Foi 2ª mulher do fallecido 1º visconde, e só teve

estas duas filhas; mas, o marido, teve da 1ª mulher, duas filhas — a srª D.

Joaquina Vieira de Magalhães, hoje viúva do rico negociante de vinhos,

Gaspar J. Borges de Castro, natural do lugar Mâmoa, freguesia de Milheiros

de Poiares—e a srª D. Maria Adelaide Vieira de Magalhães, casada na Terra

da Feira, em 2ª núpcias, com o sr. Francisco José da Silva Tavares, filho do

fallecido general de brigada, do exercito realista, Victorino José da Silva

Tavares, convencionado em Evera Monte — natural da casa de Fagilde, na

freguezia de Canedo, concelho da Feira.

Teve, também do 1º matrimonio, um filho, que é o sr. Antonio Vieira de

Magalhães Júnior, feito barão de Magalhães, em 13 de maio de 1851, e

conde do mesmo título (do seu appellido) em 24 de maio de 1870. Reside

em Lisboa.”

42. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:

“Alem da freguezia de Sameiro, e dos montes do mesmo nome, há ainda

em Portugal a aldeia de Sameiro, na freguezia de Canedo, concelho da Feira,

e outros logares também assim chamados. Por mais que procurei, não acho

a significação d'esta palavra.

Talvez seja corrupção de Sameice, que significa lugar descoberto, exposto

ao sol, circumstancia que efectivamente se dà em todos os sitios

designados com o nome de Sameiro. Também tenho notado que há

algumas freguezias e várias aldeias cora o nome de Bornes.

708


[Capítulo XX](Notas/Referências)

Todos sabem que borne, é a parte do tronco da arvore, que está entre

a casca e o cérne. Ora, Borne e samo, são synonimos.

Nas províncias do Norte, para designarem um objecto no singular,

juntam ao positivo a terminação eira ou eira — vgr. — cabêllo, cabelleiro—

grão, graeiro—um grão de centeio, centieiro—um. grão de milho,

milheiro—palha, palheiro—etc. Quem sabe se de samo fizeram Sameiro?

Todavia, parece-me mais plausível que Sameiro seja corrupção de

Sameice.”

43. Portugal Sraco-Profano (1768):

“Canedo, Freguezia no Bispado do Porto, tem por Orago S. Pedro Apostolo,

o Pároco he Reitor da apresentação Ordinária, rende trezentos e sesíenta

mil reis: dista de Lisboa quarenta e nove léguas, e do Porto três, tem

quinhentos e vinte e dois moradores.”

44. Portugal Sacro-Profano (1768):

“Lobão, Freguezia no Bispado do Porto, tem por Orago Sant-Iago, o Pároco

he Cura da apresentação do Reitor de Canedo, rende cento e oitenta mil

reis: dista de Lisboa quarenta e séis léguas, e do Porto quatro, tem trezentos

e vinte e cinco vizinhos.”

45. Portugal Sacro-Profano (1768):

“Louredo, Freguezia no Bispado do Porto, tem por Orago S. Vicente Martyr,

o Pároco he Cura da apresentação do Reitor de Canedo, rende oitenta mil

reis: dista de Lisboa quarenta e seis léguas, e do Porto quatro, tem cento e

setenta e dois vizinhos.”

46. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:

“VILLA MAIOR – (…) N'ella se fazem várias festas, sobresaindo a do

Espirito Santo, que é a mais pomposa e attrahe muitos habitantes dos

povos circumvisinhos. Nesta freguezia não há feiras, mas tem uma muito

importante e mensal no dia 7, na povoação do Mosteiro, da freguezia de

Canedo, sua limitrophe. Neila se fazem valiosas transacções em pannos de

lã e de linho, lenços, bois, etc. “

709


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

47. Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal:

“Em maio de 1846, várias freguezias da província do Minho, revoltamse

contra o governo do ministro Antonio Bernardo da Costa Cabral, que

havia sido feito conde de Thomar, em 8 de setembro de 1845.

Era breve, ou, para melhor dizer, com a rapidez do raio, a revolução se

estendeu por ambas as provindas do Norte, e pelo resto de Portugal. 0

povo, principalmente do Minho e Tra-os- Montes, proclamava, na sua

máxima parte, o sr. D. Miguel I.—Também não faltava quem proclamasse a

republica, mas era geral o grito de viva o povo! Morram os Cabraes!

Os partidos realistas e septembrista trataram cada um de guiar para o

seu lado os insurreecionados; porém muitos realistas, julgando a fructa

ainda muito verde, tomaram o partido da junta do Porto. Antonio Ribeiro

Saraiva, animava de Londres os realistas, e o próprio Sr. D. Miguel se tinha

transferido para aquella cidade, com o fim de estar mais próximo dos

revoltosos…

*Já tenho dito e repetido—fóra do diccionario, sou legitimista, mas

n'esta obra, sou apenas catholico e portuguez — nada menos e nada mais:

quem julgar o contrario, engana-se. Se algumas vezes errar, quando tratar

de cousas pohticas contemporâneas, não é por vontade, mas por más

informações. N'este artigo porem, não me engano, porque acompanhava o

Macdonell, na qualidade de capitão de atiradores do regimento de

infanteria de Braga (vulgo —regimento do Populo) e que depois da liga com

os da junta do Porto, se denominou, primeiro, terceiro regimento de

fusileiros da liberdade, e depois—infantaria n.° 9. 898+ºJá se vê que conto

d que presenciei.

…e poder reunir-se mais facilmente aelles, se as cousas corressem

favoráveis aos realistas.

Em Portugal tinham se organisado clandestinamente commissoes, em

muitas localidades, a favor do Sr. D. Miguel, e os esqueletos dos batalhões

estavam formados em agosto de 1846. Ribeiro Saraiva convidára o general

escocez, Reynaldo Macdonnell (Mac-Donald) para se pôr á testa do

movimento realista, ao que elle logo annuiu.

Mas os realistas principiaram desde logo a ser atraiçoados, e tanto os

prineipaes partidários da Sra.* D. Maria II, como os membros da junta do

710


[Capítulo XX](Notas/Referências)

Porto, sabiam tanto (ou talvez mais) do que se hia passando entre os

realistai, do que estes mesmos.

Os cabralistas mandaram para Londres as suas instrucções ao general

Saldanha, que tinha fugido para lá, e estou inteiramente convencido que

elle se colligou com Macdonell, para que a revolução tivesse o fim que teve

em 1847.

O que é certissimo é que Saldanha e Macdonnell sahiram de Londres no

mesmo vapor inglez, com direcção a Portugal. Saldanha receiou

desembarcar em qualquer ponto do litoral portuguez, e foi desembarcar

em Gibraltar, vindo por terra para Lisboa (disfarçado não sei em quê) para

fazer a emboscada de 6 de outubro.

Macdonnell já tinha desembarcado no Porto, com passaporte passado

em outro nome, 5 ou 6 de agosto de 1846, e foi para casa do cônsul inglez,

onde esteve alguns dias. Os realistas souberam logo da chegada úo seu

futuro general; mas, antes d'elles, já o sabiam os chefes do partido

cabralista. Macdonnell deixou-se estar no Porto, muito descançado, sem

cuidar de cousa nenhuma que respeitasse ao fim para que vinha, e só a

poder de muitas instâncias sahiu do Porto para a quinta de Linhares (sobre

a margem esquerda do Douro, na freguezia de Sardoura, concelho de

Castello de Paiva, a 35 kiloraetros do Porto) a 6 de setembro.

*Terá passado por Canedo nesta viagem.

Em Linhares tratava só de ler o The Tablet e outros jornaes britanicos;

de comer bem, e beber melhor (como bom inglez) e de dormir. Todo o

mundo sabia onde elle estava, «nada era mais fácil á junta do Porto, do que

manda-lo prender; mas não o fez, porque suppunha, do interesse do seu

partido, que os realistas se posessem em campo, para que, gahindo-lhes as

cousas adversas, se reunissem aos republicanos, como se realisou.

Por mais que fosse instado para proclamar o Sr. D. Miguel, se recusava

sempre a isso, allegando que só elle sabia quando era a ocasiào própria. (Na

minha opinião, esperava pela emboscada de 6 de outubro.)

Só a 14 de novembro é que deu ordem para se fazer a acclamação na

villa de Sobrado, capital do concelho de Castello de Paiva.

Rodrigo de Sousa Tondella (o fidálgo do Atalho) tinha a sua gente

prompta em Agueda e suas immediações—o maior Vasconcellos, em

711


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Aveiro—João d'Albuquerque (o fidalgo da Insua) nas proximidades de Viseu

— os fiandeiras, em Estarreja—Antonio de Castro Corte-Real (tio de José

Luciano de Castro), na Feira—Sebastião de Castro e seu irmão, Antonio

Carlos de Castro (os fidaigos do Covo) em Oliveira de Azeméis.—Estes eram

os que estavam mais próximo de Linhares; e do mesmo modo havia força»

clandestinamente angariadas e que estavam promptas á primeira voz, ao S.

e ao N. do Douro; porém Macdonell, não deu parte do dia da revolta, senão

ao eommandante do batalhão denominado voluntários realistas de Paiva,

que foi o unieo que fez a acclamação.

Este batalhão, sahiu á rua, com a força de 470 homens, só das primeiras

4 companhias (duas de Paiva 1.» e 2.'—a 3.» de Melres—e a 4* de Fermêdo)

porque a 5.» e 6.», que deviam ser de Canêdo e Grijó, não se formaram,

porque se não apresentaram senão trez indivíduos, que deviam ser oficiaes,

para ambas as companhias, e um soldad de cada uma. Depois é que se

organisaram com gente que se foi apresentando, Bernardo José da Silva

Tavares (filho do brigadeiro Tavares, de quem tenho de fallar) estava

nomeado capitão da S.», e não poude reunir mais do que um alferes e um

soldado. — Um funileisO', de appelliào Freitas, Este punhado de gente sahiu

de Paiva a 16, e a 18 estávamos em Buàças, quando pas» íou pelo rio abaixo

o general Sá da Bandeira, com a sua gente em 13 barcos, na retirada da

derrota de Valle de Paços. Houve então ao longo do rio, um tiroteio entre

realistas e septembristas, do qual apenas resultaram— um guerrilha

realista morto; e um capitão e trez guerrilhas prisioneiros.

Nas patuleias houve alguns feridos, mas nenhum morto. Como Sá da

Bandeira tinha mandado por terra—pela margem esquerda do rio—o

batalhão nacional da Vista Alegre, commandado por Alberto Ferreira Pinto

Basto, cahiu todo—que era muito pequeno —em poder de uma guerrilha

miguelista que, mesmo som ordem de ninguém, se tinha levantado em

Nespereira, e era comandada pelo capitão-mór, Luiz do Amaral Semblano.

Os da Vista Alegre foram todos desarmados e mandados para suas casas.

Também antes do tiroteio, tinham sido em Buaças aprisionadas 36

praças do guarda municipal do Porto, que hiam reunir- se ao Sá da Bandeira,

commandadas por um coronel de artilheria. Foram desarmados (menos o

coronel) e deixados hir em paz. Como alli lhe dissemos que as tropas da

junta tinham sido derrotadas em Valle de Paços, por causa da traição de

alguns corpos, voltaram para o Porto. Também então os realistas tomaram

712


[Capítulo XX](Notas/Referências)

aos da junta 2.500 pares de sapatos, que vinham de Villa Beal, por terra,

pela margem direita do Douro.”

48. A Brasileira de Prazins, Camilo Castelo Branco:

“Esta notícia dos generais estranhos beliscou a vaidade nacional do

major Zeferino Bezerra. Parecia-lhe impossível que o príncipe proscrito não

confiasse na perícia e lealdade do Santa Marta, do Vitorino, do Póvoas e

Bernardino.

Era uma ingratidão, dizia ele ao mano frade, que acrescentou: – e uma

bestialidade. El-rei deve saber o que lhe valeram o Bourmont e o Pussieux

e o MacDonnell, no fim da campanha. Sabes tu? – rematou o morgado –

aqui anda marosca. O que tratam é de se abotoarem com os cinquenta

contos da Infanta D. Isabel Maria, e o Primo Cristóvão é um asno chapado.

– Escreve-se ao Póvoas e ao Bernardino – aconselhou o egresso – que

digam alguma coisa.

Os militares realistas responderam que sem dúvida estava a levedar

alguma tentativa de restauração; que o Ribeiro Saraiva trabalhava deveras;

que o Sr. D. Miguel era esperado em Londres; mas que não estava no reino,

nem cá viria senão para se sentar de vez no seu trono usurpado. – Deixa-te

de asneiras, Zeferino – dizia o fidalgo ao afilhado com as cartas.

*Bernardino e Vitorino eram da Casa de Fagilde, Freguesia de Canedo,

Concelho da Feira.

O Simeão de Prazins tinha sido antigamente regedor um ano; depois,

caído o ministério e o governador civil que o nomeara, voltou ao poder o

Joaquim de Vilalva, cartista puritano, com a restauração da Carta. Duas

restaurações boas. O Simeão lembrava-se com saudades da sua

importância no ano em que governara a freguesia – o respeito dos rapazes

recrutados, as considerações dos taverneiros, que davam jogo em casa, das

raparigas solteiras que andavam grávidas, a autoridade do seu

funcionalismo na junta de paróquia, etc. Ora, como o Joaquim de Vilalva,

desgostoso e doente com a morte do filho, pedira a demissão, o

administrador nomeou a regedoria no de Prazins. O brasileiro achou que

era bom ter de casa a autoridade para maior segurança dos seus cabedais

e pessoa. Foi uma desgraça.

713


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Depois do convénio de Gramido, Zeferino recolhera às Lamelas com

alguns dos seus primitivos legionários. Ele tinha passado transes amargos.

Juntara-se ao aventureiro Reinaldo MacDonnell, em Guimarães, quando o

escocês descia do Marco de Canaveses para Braga; esteve nas barricadas

da Cruz da Pedra quando o barão do Casal espatifou a resistência daqueles

desgraçados iludidos pelo caudilho estrangeiro; foi dos primeiros a fugir por

Carvalho de Este, a compreender a inutilidade da defesa, e por montes e

vales deu consigo em Porto de Ave, e daqui foi para Guimarães, onde se

aquartelaram o MacDonell com o seu estado-maior. Logo que chegou foi

procurar o tenente-coronel Cerveira Lobo, que fazia parte do cortejo do

general. Mandaram-no ao palacete do visconde da Azenha, onde o escocês

se tinha aquartelado com o seu estado-maior.

O Cerveira Lobo estava a beberricar conhaque velho copiosamente

sobre uma ceia farta, comida sem sobressaltos. À mesa, onde faiscavam os

cristais dos licores, avultavam, cintilando os metais das suas fardas, o

quartel-mestre-general Vitorino Tavares, de Fagilde, José Maria de Abreu,

ajudante-de-ordens, o morgado de Pé de Moura, o Cerveira Lobo e o

Sebastião de Castro, do Covo, comandante do batalhão de voluntários

realistas de Oliveira de Azeméis, que arredondava 42 praças, e seu irmão

António Carlos de Castro, ajudante-de-ordens do general – dois homens

gentilmente valorosos; – o coronel Abreu Freire, morgado de Avanca, e o

Bandeira de Estarreja que é hoje padre.

A noite era de 27 de Dezembro de 1846, muito fria. Bebia-se forte. A

garrafeira da casa do Arco era um calorífico. O MacDonell, muito rubro,

naquela bebedeira crónica que lhe assistiu na vida e na morte, esmoía a

ceia passeando num vasto salão, de braço dado com uma formosa senhora

da casa, D. Emília Correia Leite de Almada. Dirse- ia que o bravo

septuagenário tinha vencido uma batalha decisiva, e procurava matizar

com flores de Cupido os seus louros de Mavorte. E o Cerveira Lobo bebia e

relatava proezas dos seus saudosos dragões de Chaves com gestos bélicos

e as pernas desviadas como se apertasse nas coxas a sela de um cavalo

empinado no fragor da peleja. Nisto entrou um camarada, às 11 da noite, a

chamar apressadamente o quartel-mestre-general, que o procurava com

muita urgência um capitão de atiradores do batalhão do Pópulo.

O Vitorino de Fagilde encontrou na sala de espera o capitão Pinho Leal,

um robusto e jovialíssimo rapaz, de trinta anos, com uma fé política,

714


[Capítulo XX](Notas/Referências)

antípoda da sua forte inteligência – uma espécie de poeta medieval com

um grande amor romântico às catedrais e às instituições obsoletas e

extintas. Ele tinha muitos destes camaradas visionários e respeitáveis na

sua falange da Madre-Silva...

– Que há? – perguntou o quartel-mestre-general.

– Há que estamos cercados pelos Cabrais. Os nossos piquetes de Santa

Luzia e do Castelo já foram atacados, e ouve-se fogo de fuzil em outros

pontos. Veja lá o que quer que eu faça.

O Vitorino ficou passado de terror, e levou o capitão à sala em que o

MacDonell passeava pelo braço de D. Emília Azenha, e o visconde, o

hospedeiro fidalgo palestrava com numerosos hóspedes, cónegos, abades,

capitães-mores, antigos magistrados. Pinho Leal repetiu ao escocês o que

dissera ao seu quartel-mestre. Mas a dama assustada desprendeu-se do

braço do general, e foi preparar os baús para a fuga; e os do estado-maior

compeliram o general a fugir também. Era uma hora da noite quando o

exército realista abandonou Guimarães e entrou na estrada de Amarante.”

49. Maria da Fonte, Camilo Castelo Branco:

“(…) O alma do diabo do Macdonell estava por tudo, mandava dar

dinheiro a todos, e fazia bispos, capelães-mores, correios-mores, e

diretores das alfândegas... o diabo! O José Maria de Abreu (irmão de

Francisco de Abreu), e eu, que estávamos feitos alquitetes do Macdonell,

morríamos de riso; mas eu achava graça àquilo porque nunca na minha vida

bebi tanto e tão bom.

A vida de Macdonell em Linhares era isto: pelas 9 horas da manhã

berrava lá do quarto - Damian! Damian! Era o criado dele. Vinha o Damian

e ia vesti-lo. O escocês tinha no seu quarto certo número de garrafas

escolhidas; e, quando aí pelas 10 horas, saía do beliche, já trazia o conteúdo

de uma no papo, e vinha vermelho como um tomate maduro. Ia para a

varanda da casa, que abria sobre o Douro, e ali dava audiência aos

pretendentes ou lia o The Tablet, jornal do tamanho de um lençol, com

matéria para um livro de 400 páginas. Ao meio-dia, almoçávamos; e ele

durante o almoço contava suas anedotas, que julgava engraçadíssimas:

porém, era a coisa mais insulsa do mundo.

Nunca falava senão espanhol (e muito bem, isso é verdade). Dizia o

brigadeiro Vitorino José da Silva Tavares, de Fagilde, que depois foi quartel-

715


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

mestre general dele, que o maroto sabia, mas não queria falar português,

só para não dar senhoria nem excelência a ninguém. Parece-me que sim. O

que é verdade é que ele tratava o visconde de Montalegre (único titular que

lá foi), os fidalgos do Covo e o Bernardino de Lama, e outros figurões e todos

por usted.

Depois do almoço até ao jantar, às 6 da tarde, outra vez varanda, The

Tablet, e audiência às partes. Foi esta a sua vida até 12 de novembro - três

meses e cinco dias! Nesta conjuntura, chegou a Carvoeiro o capitão da

Mota, patuleia, com 75 armas e competente correame. Fui lá com uns

poucos de peludos roubei tudo aquilo de noite, e fui esconder-me em um

areal da margem direita do Douro.

Mas isto foi feito sem barulho, sem vivário, sem nada. Estavam lá 16

cabos de polícia, futuros voluntários da Mota, que todos me conheciam, de

guarda às armas. Mandei à casa que servia de trem o tal Mendes que

morreu em Braga, ordenando-lhe que dissesse à guarda que nos entregasse

aquilo por bem, aliás haveria pancadaria. Ele não disse isto. Chegou e disse

aos marmanjos: "Eu sou o administrador do Bairro de Santo Ovídio, do

Porto, e venho, por ordem da Junta, buscar o armamento e correame que

para aqui veio hoje que é lá preciso; por estes dias virá outra partida". E os

peludos comeram-na e deixaram ir as armas.

Em outra ocasião, poucos dias depois, fui lá (a Carvoeiro) por me

dizerem que tinham chegado mais amas. Era peta. Para não perder tempo,

passei revista às armas da guarda, e a todas as que levavam bala de onça,

deitei-lhes o gatázio e desandei. Na noite de 10 de novembro soube que

tinham vindo 100 armas, 100 correames, muitos cartuchos, pederneiras e

mais trapalhadas para Cabeçais, a fim de armar e municiar uma companhia

franca nacional, que não passava de uma quadrilha de ratoneiros bêbados

e poltrões. Fui com outro futuro oficial e 100 futuros soldados de

voluntários realistas de Paiva, na manhã do dia 11; mas as armas já estavam

distribuídas e o maior número dos que as tinham passaram as palhetas. Só

pilhámos 43 espingardas, não me lembra quantos maços de cartuchos, um

alguidar de pederneiras, duas cornetas, uma espada e um terçado.

Tornámos a Cabeçais pelo vezo; e, no dia 13, muito em segredo, chegámos

ao romper do dia. Eramos ao todo 76. Mas nós a chegarmos, e a chegar do

Porto o batalhão nacional de Francisco da Rocha Soares e 60 soldados do 6

de Infantaria.

716


[Capítulo XX](Notas/Referências)

Ao mesmo tempo chegou da Vila da Feira o administrador patuleia José

Soares Barbosa, da Arrifana, com mais de 200 cabos de polícia, e de Oliveira

de Azeméis António Bernardo Pinto Basto com o batalhão nacional da sua

vila que tinha mais de 300 homens. Já se sabe, largámos a fugir para Paiva,

mas farendo sempre fogo, Não matámos, nem ferimos, nem aprisionámos

ninguém, e safámo-nos muito frescos, porque os patuleias faziam-nos fogo

de fuzil de onde até estávamos fora do alcance da artilharia de 48.

Apesar disso, o Eco Popular, o Nacional e o P. dos Pobres do dia 14

disseram que fomos completamente derrotados, perdendo, além de cento

e tantos mortos, grande número de prisioneiros. Como os patuleias

berravam Viva a Junta! Viva a causa popular! Viva o Antas! Viva o Passos! e

era preciso que déssemos vivas a alguma coisa, entrámos também a berrar

Viva o Sr. D. Migue I! Viva a Santa Religião! Viva o general Macdonell! Viva

o Mimoso! etc. Descobriu-se a meada, e o Macdonell não pôde conservar

por mais tempo nem o incógnito, nem o que lhe era mais custoso - o dolce

farniente.

Pôs-se, pois, de nariz torcido, chamando-me estouvado, à frente de 470

homens que constituíam o batalhão de Paiva e Fermedo, uns de tamancos,

outros de chinelos, uns com armas de caçadores, outros com reiunas

ferrugentas. Todos sem sapatos, sem bomais, sem mochilas, sem guardafechos;

mas em desforra levávamos sete cargas de cartuchame.

Em Cinfães soubemos da derrota do Sá da Bandeira em Valpaços, dos

tiros que o major realista Figueiredo lhe tinha dado na Régua, e que vinham

de escantilhão pelo Douro abaixo os restos da coluna do Sá da Bandeira

Macdonell mandou acelerar a marcha, e fomos dormir a Boaças, sobre a

margem esquerda do Douro.

Já ali achámos em armas ao sul do rio o capitão-mor Luís do Amaral

Semblano com uma forte guerrilha, e um tal Lobo com uns 40 homens da

Gralheira e de outras aldeias vizinhas Obras protegidas por Direitos de

Autor da serra de Montemuro. A gente do Lobo era pouca, mas valia por

muita pela sua excessiva coragem e certeza dos seus tiros.

Eram verdadeiros descendentes desses hermínios indomáveis que

tanto deram que fazer às legiões romanas, e talvez descendentes do

famoso Geraldo Geraldes e dos seus que eram desses sítios, e aí

construíram o famosíssimo Castelo da Chã (veja o 3. ° vol. do Port. Antigo e

717


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Moderno, pág. 178, col. 2."). Se se conseguisse formar um batalhão desta

gente o que não era fácil por serem de terras pouquíssimo populares e

discipliná-lo o que ainda seria mais difícil era com toda a certeza um corpo

temível; mas, se não tinha rigorosa disciplina a guerrilha do Lobo, eram

bravos e fiéis, e nunca em toda a guerra praticaram o menor roubo ou

malefício.

Ao norte do Douro estavam também já em armas um tal Montenegro

com o chamado batalhão de voluntários realistas de BemViver, composto

de 120 homens, e o chamado batalhão de Baião composto de 200

estafermos da pele de seiscentos diabos comandados pelo coronel

Medeiros, convencionado de Évora Monte. Mas tome sentido, tanto o

Semblano, como o Lobo, como o Montenegro, como o Medeiros puseramse

em campo porque souberam que nós estávamos em armas na vila de

Sobrado, e não porque tivessem para isso ordem de pessoa alguma.

Sempre será bom dizer-lhe, para lhe contar a história a máxima

exatidão: - Quando nós (quando digo nós, entenda-se guerrilha do

Macdonell) atravessávamos a freguesia de Cinfães, fomos mimoseados

com uma descarga que não feriu ninguém, pelos sete irmãos, os Suíços.

Eram patuleias. Dois formados em Direito (Vitorino e Higino), e os

mais eram. nada. Foram corridos. Estávamos em Boaças, no dia 18 de

novembro de 1846. Ao amanhecer, vimos subir o Douro um barco com

tropa. Eu estava de dia. Mandei esconder atrás de paredes, arbustos e

silvedos os piquetes que na véspera tinha colocado na margem do rio e as

suas respetivas sentinelas com ordem terminante de não darem um só tiro

sem aviso.

Escondi-me na praia atrás de uma barraca de pescador. Do barco saiu

um oficial e alguns soldados da Guarda Municipal do Porto e estes

principiaram a acender lume para fazer o almoço. Sai do esconderijo e fui

ter com o oficial. Era o Couceiro, de Artilharia, que mais tarde foi ministro

da Guerra. Disse-lhe que estava a uma força realista de 500 homens

comandada pelo general Macdonell que, pouco mais acima, estava o

capitão-mor de Nespereira com 200 guerrilhas, e pouco mais abaixo o

Jerónimo da Escaleira com 100, e na margem oposta as guerrilhas de Baião

e Bem-Viver.

718


[Capítulo XX](Notas/Referências)

Contei-lhe a derrota de Valpaços, que ele ignorava, e disse-lhe o mais

que havia. O homem ficou tão surpreendido da derrota dos seus, e da

traição do 3 e 15 de Infantaria, como de estarem em armas os miguelistas

e que ali estivesse Macdonell. "V. Sá vai desenganar-se já lhe disse eu pois

vou apresentá-lo ao general". "Então, visto isso, estou prisioneiro dos

realistas?" e a entregar-me a espada. "Não, senhor nós não fazemos

prisioneiros, porque não temos por enquanto onde os guardar, nem nos faz

conta andar com empecilhos. Tenha bondade de conservar a sua espada e

venha desenganar-se" Fomos para casa do abade de Boaças, e apresentei o

Couceiro ao escocês, que o tratou com as mais delicadas atenções e

deferências. Convidou-o a tomar o partido do Sr. D. Miguel I. (…)”

50. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da

Feira:

“(…) como sabemos, em Agosto de 1914, vários países da Europa,

lançaram-se num conflito armado de enormes dimensões, que se

prolongou até Novembro de 1918 onde milhares de Portugueses e

Centenas de Feirenses defenderam o território Nacional: as ilhas Atlânticas,

Angola em 1914 – 1915, entre 1914 e 1918; e em França em 1917 e 1918.

Tabela 31 – Homens da freguesia de Canedo que foram para a 1ª Guerra Mundial

Agostinho Francisco Saragoça

Soldado – Regimento

de Infantaria nº 6

Canedo

António da Costa Gomes

Soldado – Regimento

de Infantaria nº 24

Canedo

António Pinto da Silva

Soldado – Regimento

de Infantaria nº 6

Canedo

Augusto da Mota

Soldado - Regimento de

Infantaria nº 6

Canedo

Augusto da Silva Freitas Soldado Canedo

Domingos José Pinto Ferreira Soldado Canedo

Eduardo da Costa Guedes

Soldado – Regimento

de Infantaria nº 6

Canedo

Soldado – 1º Deposito

Guilherme Alves Ferreira da de Infantaria,

Silva

Regimento de

Canedo

Infantaria nº 6

Henrique Francisco Dias Soldado Canedo

719


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Henrique José Pinto Marques

Francisco Teixeira

Joaquim Alves da Mota e Sá

José da Mota

Reimão

Soldado – Grupo de

Companhias de Saúde

Soldado – Regimento

de Infantaria nº 20

Soldado – Regimento

de Infantaria nº 6

Soldado

Canedo

Canedo

Canedo

Canedo

José Soares

Soldado – Regimento

de Infantaria nº 31

Canedo

Manuel Correia

Soldado – Regimento

de Infantaria nº 6

Canedo

Manuel da Silva Vidinha Soldado – Regimento

Júnior

de Infantaria nº 6

Canedo

Manuel da Sousa Fernando Soldado Canedo

Manuel Fernandes Lopes

Soldado – Regimento

de Infantaria nº 31

Canedo

Manuel José da Mota

1º Cabo Milº - Soldado

– Regimento de

Infantaria nº 31

Canedo

Manuel José Pinto

Soldado – Regimento

de Infantaria nº 31

Canedo

Manuel José Pinto Soldado Canedo

(…). No total, Portugal perdeu 7.760 homens, a que se somam 16.000

feridos e mais 13.000 prisioneiros. (…) Através da pesquisa neste memorial

até ao momento foram 39 mortos oriundos de Santa Maria da Feira:

Nome

António da

Costa Gomes

Guilherme Alves

Ferreira da Silva

Tabela 32 – Mortos da Freguesia de Canedo na 1ª Guerra Mundial

Naturali

dade

Canedo

Canedo

Regimento

Regime de

Infantaria nº

24

1º Deposito

de

Infantaria,

Regimento

720

Local de

Combate

Moçambi

que

França

Motivo da

Morte e data

Disenteria

ambiliana, 10

de Março de

1917

Combate, 12

de Maio de

1918

Local de

Sepultura

Moçambique,

Cemitério de

Palma

França,

Cemitério de

Richebourg I’

Avoué,


[Capítulo XX](Notas/Referências)

de Infantaria

nº 6

Talhão B, Fila

13,

Coval 15

Manuel

Fernandes

Lopes

Canedo

Regimento

de Infantaria

nº 31

Moçambi

que

Biliosa,

7 de Abril de

1918,

Moçambique,

Cemitério de

Goba,

Coval 5.

51. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da

Feira:

“Lutuosas:

É porquanto, uma das principais dúvidas que de muito tempo até

agora houve nas ditas terras, foram as coisas e diferenças das Lutuosas e a

paga delas, são assunto de muita substância e de muita necessidade que

aqui se esclareçam. Nós, na maneira das outras coisas da dita terra,

mandamos originalmente examinar e, por conseguinte, finalmente

determinar e concertar com nossos Letrados em Relação, declarando logo

aqui particularmente os lugares e freguesias em que se hão de pagar as

ditas Lutuosas e por quais pessoas.

E assim irão adiante em outro// título as outras freguesias e lugares

que costumavam ser escusos da paga da dita Lutuosa, com as declarações

que por direito em tal caso achamos que se deviam de fazer.

E os lugares e freguesias primeiramente em que se hão de pagar as

ditas Lutuosas são estes, a saber, os herdadores de Lever, isto é, as pessoas

que aí tiverem herdades próprias, aos quais os forais antigos chamavam

herdadores ou herdeiros (…).”

52. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da

Feira:

“Maninhos

E porquanto a tomada das terras desaproveitadas e maninhos desta

terra pelos Senhorios dela e por seus oficiais se começava agora a fazer de

tal maneira que os povos recebiam grande dano, não se respeitando nisso

721


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

as leis e ordenações de nossos Reinos. Portanto entre as justificações e

declarações que mandamos fazer na dita terra com os povos // e senhorios

dela para conclusão deste Foral, foi uma a destes maninhos.

Dom Manuel Pereira, do nosso Concelho que agora, por nossas doações,

é senhor das ditas terras para descargo das consciências de seus

antecessores e da sua, ficou contente em deixar livremente os ditos

maninhos que já tinham sido tomados, e não mandar tomar outros mais

conformando-se com nossa tenção e com a do direito comum e de nossos

Reinos. Os povos da dita terra assim o aceitaram e nós assim o aprovamos

neste nosso Foral para sempre.

Com tal declaração e mandado, que daqui por diante, o senhorio que

ora é nem os que forem no futuro, agora nem em nenhum tempo, possam

tomar nem mandar tomar, por si nem por outrem, por qualquer modo e

maneira que seja, as terras maninhas ou desaproveitadas na dita terra, nem

consinta a nenhuma pessoa que as tome, salvo em certos reguengos e

terras realengas que, neste nosso Foral, nas freguesias e lugares onde são,

ficam particularmente logo reservadas a Nós e à Coroa de nossos Reinos,

por estarem agora ermas e despovoadas.

Dentro das marcas dessas terras, o senhorio de nossos direitos as

poderá dar pelo preço e quantia que se concertar com as partes, como coisa

própria nossa, não se intrometendo a, por esta palavra e exceção, tomar ou

ocupar as coisas fora dos tais limites ou as que agora já são possuídas de

algumas pessoas, sem pagarem foro.

Porque nossa tenção é não tomar outras, salvo as que neste Foral forem

logo declaradas. Nem tão pouco tomará os maninhos nem porá outro foro

nem tributo aos casais ermos pelos quais pagam os herdeiros o foro contido

neste Foral.

Nem isso mesmo se intente nos casais das Ordens e igrejas de que se

paga a nós o foro aqui contido, os quais posto que sejam despovoados ou

se possam povoar ou acrescentar pelos senhorios deles, não se lhe tomarão

nem imporão mais tributo do que agora por eles se paga. Nem se tomarão

os ditos maninhos por nossa parte nem por nenhuma outra, nos nossos

próprios reguengos que algumas pessoas já trazem, de que pagam foro,

posto que no limite deles haja algumas terras maninhas, e que se forem

aproveitadas daqui para a frente, o proveito delas ficará livremente para os

722


[Capítulo XX](Notas/Referências)

possuidores e pagadores dos direitos dos tais reguengos ou terras foreiras,

sem por isso se lhe poder acrescentar mais outro foro, posto que mais terra

rompam.

E isto daquela de que já pagam foro certo, porque se pagassem de

quarto ou quinto, pagarão nessa proporção da mais que romperem. E assim

o pagarão pessoas que nos tais reguengos tiverem particulares prazos ou

títulos da terra demarcada e confrontada, além da qual se lavrarem mais

do que o contido em sua // escritura, pagarão ao Senhorio segundo se

concertarem.

E o dito Dom Manuel desistiu logo de todos os maninhos novamente

tomados os quais logo foram, por nossos oficiais e seus, tirados deste Foral

e tombo, onde nunca mais serão colocados. Nem, por conseguinte, levará

o foro deles nem de nenhuns outros que aqui não vão postos.

E assim como pomos lei e proibição aos ditos Senhorios que não

tomem os ditos maninhos, essa mesma queremos e mandamos que se

ponha e tenha em todas as outras pessoas de qualquer estado e condição

que sejam, às quais proibimos que, nem por si nem por outrem, tomem na

dita terra daqui em diante nenhumas terras maninhas em qualquer parte e

lugar que sejam posto que muito longe fiquem do povoado nem

consentirão que as tomem.

Porém, não é nossa tenção que os montes bravios ou terras

desaproveitadas fiquem sem proveito, antes havemos por bem e

mandamos que as ditas terras e maninhos se possam dar desta maneira, a

saber, se alguma pessoa particular quiser tomar e aproveitar as para si e

para seus criados e servidores semelhantes terras à sua custa, sem outro

engano nem cautela as aproveitar, pode-as requerer em Câmara aos

Oficiais dela, fazendo disso petição, na qual declare mui particularmente,

por divisões a todos conhecidas, a terra que pede e com quais concelhos

ou pessoas confronta.”

53. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da

Feira:

“Pão, cal, sal, vinho, vinagre, fruta verde e hortaliça

De todo o trigo, centeio, cevada, milho painço, a farinha e de cada um

deles bem como de cal ou de sal ou de vinho ou vinagre e linhaça e de

723


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

qualquer fruta verde. Incluindo melões e hortaliça, e também de pescado

ou marisco, pagam-se por carga maior, isto é, cavalar ou muar, de cada uma

das ditas coisas, um real de seis ceitis o real. E por carga menor, que é de

asno, meio real. E por costal, que é o que um homem pode trazer às costas,

dois ceitis e daí para baixo se pagará um ceitil por qualquer quantidade que

se vender. E outro tanto se pagará quando se tirar para fora. Porém, quem

das ditas coisas ou de cada uma delas comprar e tirar para fora, para o seu

uso e não para vender, sendo coisa que não chegue a meio real de potagem,

segundo os sobreditos preços, dessa tal não pagarão portagem nem dela

farão declaração

E posto que mais se não declare para diante neste Foral a carga maior

nem menor, declaramos que a primeira adição e assento de cada uma das

ditas coisas é sempre de besta maior, sem mais se declarar, a saber, pelo

preço que nessa primeira será posto, que se entenda logo sem aí mais

declarar. Meio preço dessa carga será de besta menor, e o quarto do dito

preço, por conseguinte, será do dito costal. E quando as ditas coisas ou

outras vierem ou forem em carros ou carretas, pagar-se-á, por cada uma

delas, duas cargas maiores, segundo o preço de que forem. E quando cada

uma das cargas deste Foral se não vender toda, começa-se a vender, pagarse-á

delas na proporção da fazenda que se vendeu, e não do que ficou por

vender.”

54. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da

Feira:

“Coisas de que se não paga portagem

Não se pagará portagem de todo o pão cozido, biscoito, farelos, nem

de ovos, nem de leite, nem dos seus derivados que sejam sem sal, nem de

prata lavrada, nem de vides, nem de canas, nem de carqueja, tojo, palha ou

vassouras. Nem de pedra, nem de barro, nem tojo, palha ou de erva. Nem

das coisas que se comprarem para a vila para termo nem do termo para a

vila, posto que sejam para vender, assim a vizinhos como a estrangeiros.

Nem das coisas que trouxerem ou levarem para alguma armada // nossa ou

feita por nossa ordem. Nem dos gados que vierem pastar a alguns lugares,

passando ou estando salvo somente daqueles que aí venderem, dos quais

então pagarão pelas leis e preços deste Foral (Foral de D. Manuel Primeiro

724


[Capítulo XX](Notas/Referências)

á Terra da Feira). E declaramos que das ditas coisas de que assim mandamos

que se não se pague portagem, também se não têm de declarar.”

55. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da

Feira:

“Casa movida

A qual portagem isso mesmo se não pagará de casa mudada, assim indo

como vindo, nem nenhum direito por qualquer nome que o possam

chamar, salvo se, com a dita casa mudada, levarem coisas para vender,

porque das tais coisas pagarão portagem somente onde as houverem de

vender, segundo as quantias que neste Foral vão declaradas e não de outra

maneira. “

56. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da

Feira:

“Passagem

Não se pagará passagem de nenhumas mercadorias que à dita vila e

terra vierem ou forem de passagem para outra parte, tanto de noite como

de dia, e a quaisquer horas, nem serão obrigados a o fazerem saber, nem

incorrerão por isso em nenhuma pena, mesmo que aí descarreguem e se

alojem. E se aí houverem de estar, por qualquer motivo, mais que o outro

dia todo, então fá-lo-ão saber daí em diante, mesmo que não hajam de

vender.”

57. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da

Feira:

“Novidades dos bens para fora

Nem pagarão a dita portagem os que levarem os frutos de seus bens

móveis ou de raiz ou levarem suas rendas e frutos de quaisquer outros bens

que trouxerem de arrendamento ou de renda. Nem das coisas que a

algumas pessoas forem dadas em pagamento de suas tenças, casamentos,

mercês ou mantimentos, posto que os levem para vender.”

725


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

58. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da

Feira:

“Gado e bestas

E pagar-se-á mais de cada cabeça de gado vacuum tanto grande como

pequeno, um real, de porco meio, real, de carneiro e de todo outro gado

miúdo dois cestis, de besta cavalar ou muar dois reais e de besta asnal um

real.”

59. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da

Feira:

“Escravos

E do escravo ou escrava, ainda que tenha dado á luz seis reais e, se se

resgatar, dará o dízimo da valia da aformia por que se resgatou ou forrou.”

60. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da

Feira:

“Panos finos

E pagar-se-á por carga maior de todos os panos de lã, linho, seda e algodão,

de qualquer sorte que sejam tanto finos como grossos, e também de carga

de lã ou de linho fiados, oito reais. E se a lã ou linho forem em bruto sem

fiar pagarão quatro reais por carga.”

61. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da Feira:

“Coirama e calçado

E os ditos oito reais se pagarão por toda a coirama curtida bem como

do calçado e de todas as obras dele. O mesmo pela carga dos coiros de vaca

curtios e por curtir. E por qualquer coiro da dita coirama, que se não contar

em carga dois ceitis.”

62. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da

Feira:

“Azeite, mel e semelhantes

726


[Capítulo XX](Notas/Referências)

E outros oito reais por carga maior de azeite, cera, me. sebo, unto,

//queijos secos, manteiga salgada, pez, resina, breu, sabão, alcatrão.”

63. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da

Feira:

“Pelitaria

E outro tanto por peles de coelhos ou cordeiras e de qualquer outra

pelitaria e forros.”

64. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da

Feira:

“Marçaria, especiarias e semelhantes

E da mesma maneira se levará e pagará oito reais por carga maior de

todas as miudezas, especiarias, artigos de boticário. tinturarias bem como

por todas as suas semelhantes. “

65. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da

Feira:

“Tabeliães

E pagar-se-á de pensão por todos os tabeliães que houver na terra de

Santa Maria da Feira mil e oitocentos reais em cada ano, repartidos

igualmente por todos os tabeliães que na dita terra houver.”

66. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da

Feira:

“Gado do vento

E o gado do vento é direito real e para nós se arrecadará, segundo nossas

Ordenações, andando em pregão os três primeiros meses e com declaração

que a pessoa a cuja mão for ter o dito gado o venha dizer ao escrivão, que

para isso será ordenado, até aos oito dias primeiros seguintes, sob pena de

lhe ser demandado como furto.”

727


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

67. Villa da Feira: Terra de Santa Maria, Liga dos Amigos da

Feira:

“Dízima das sentenças

E não se levará mais em toda a dita terra a dizima das sentenças que até

aqui se levava pela dada delas, porque assim foi por nós acordado e

determinado em Relação com nossos Letrados e Desembargadores, que se

não deviam de levar, sem embargo de nenhuma posse que aí houvesse

onde não houvesse foral ou escritura que a mandasse assim pagar, o qual

não há nem se achou na dita terra. E levar sê-a, porém, nela somente a

dízima da Sentença que se aí der à execução. E de tanta parte se levara a

dita dizima de maior quantia seja, a qual se não levara se já se levou a dita

dízima pela dada da tal sentença em outra parte.”

68. Revista “Tradição” do ano de 1940:

“Limitada pelas freguesias de Lever e Sandim de Vila nova de Gaia, Vila

Maior, Gião, Lobão e Vale, do mesmo concelho da Feira, e Santo Antônio

da Lomba, de Gondomar. Do Nascente serve-lhe de esbelta e graciosa

moldura o Douro. Do outro lado do rio, Medas, Melres e as suas férteis e

verdejantes campinas.

Canêdo foi vila no princípio da monarquia com foral, que D. Afonso II lhe

concedeu a 1 de Junho de 1212. Na reforma dos forais que Manuel mandou

efetuar por Carta Régia de 22 de Novembro de 1497, no novo foral da Feira,

de 1514, não vem designada a freguesia de Canêdo donde se depreende

que, ainda, neste tempo era vila e concelho à parte.

A aldeia de Várzea, de Canêdo, é uma povoação, de origem muito

remota, era no século X, há cerca de mil anos, importante freguesia. Dela

faziam parte os lugares da Póvoa, do Monte, Carvoeiro, Mosteirô e talvez

Bouças, Vilares, Vale Cova e Sousanil.

A igreja paroquial era no sítio onde hoje é a capela de S. Paio. No fim do

ano 900, D. Gondezindo, genro de Mem Guterres, fêz doação de muitas

igrejas e suas terras ao mosteiro de S. Salvador de Lavra no concelho de

Bouças, onde uma sua filha tinha professado, e entre elas contam-se a

freguesia de Várzea, Santa Eulália, de Gondomar e S. Martinho, de Valongo.

728


[Capítulo XX](Notas/Referências)

Explica-se esta virtuosa generosidade de D. Gondezindo pelo seguinte

caso: Froilo, sua filia tinha nascido muito defeituosa. D. Gondezindo

considerando este facto um aviso da Providência para a emenda dos seus

muitos pecados, resolveu, contritamente, como penitência, distribuir a

quinta parte dos seus enormes bens e assim fundou e prodigamente dotou

três conventos nas suas próprias terras: o de S. Miguel Arcanjo, na freguesia

de S Jorge, o de S. Cristóvão, em Sanguedo é de S. Pedro de Dide, entre o

Douro e o Tâmega.

Houve em Canêdo dois mosteiros de freiras benedictinas: um, em

Mosteiro, na freguesia de Várzea, muito antigo, de que não há vestígios e

de que poucos documentos e tradições existem outro, fundado por D. Telo

Guterres no século XI, no sítio onde hoje é a aldeia do Mosteiro.

«D. Diniz deu êste mosteiro ao bispo do Pôrto, D. Giraldo, em 1304, com

obrigação de ele e seus sucessores cantarem uma missa diária, à honra de

Deus e de Maria Santissima, pela alma de seu pai (do rei), pela sua e pela

de todos seus antecessores e sucessores. Depois o bispo, em 1307, o deu

ao seu cabido, conservando-se ainda três religiosos benedictinos»

«Em 1312 foi dado ao deão da Sé do Pôrto».

«Em 1336, o deão, Domingos Martins não o quis e passou a ser da

comenda de Cristo. Este Domingos Martins, recusou ser padroeiro deste

convento, para não sustentar os três religiosos que ainda continuavam a

residir aqui.»

«Em 1336, em vista desta recusa, foi reduzido o mosteiro a reitoria

secular, indo os frades para o seu convento do Porto.»

«O Mosteiro e a cêrca foram vendidos no tempo dos Filipes.»

«Houve um hospicio, com sua, pequena cerca, que ficava junto à porta

principal da igreja matriz; ficou sendo a residência do reitor.»

«Alguns foros foram para as freiras benedictinas de S. Bento de Ave

Maria do Porto e uns campos, que estão próximos e ao Norte da igreja

foram incorporados à comenda de Malta chamada comenda de Lobão»

Pinho Leal supõe que o mosteiro sera de freiras e o que hoje é residência

e passais do paroco, era um hospício onde residiam os tais três frades que

eram capelães e confessores das freiras, como era costume, e da sua

ordem.

729


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Entende «que foi esta circunstância que deu motivo a dizer-se que o

convento era de frades.»

«É provável que, em 1304, o rei só desse ao bispo do Pôrto o convento

e cêrca; o hospicio e terras juntas e os foros: e os campos, que são grandes

e bons, os incorporasse na comenda de Lobão, que foi dos templários, e

desde 1311, em que esta ordem foi extinta, ficou isto para a coroa até 1319,

em cujo ano o mesmo D. Diniz deu tudo quanto era daqueles cavaleiros à

Ordem de Cristo que então instituíra.»

«O bispo, para lhe ficar o encargo menos pesado, mandou as freiras para

o convento da sua ordem do Porto, e deu a este todos os foros e mais

nada... Mas, vendo que os rendimentos do mosteiro não chegavam para as

despesas das missas cantadas, diárias, ou não podendo cumprir isto (que

na verdade era árduo) doou este resto ao cabido. Este, não lhe fazendo

também conta, com tais condições, o passou ao deão, que por fim também

veio a rejeitar, pelos mesmos motivos passando então tudo a ser uma

reitoria do padroado episcopal.

«O bispo deu o hospicio e pertenças para residência do pároco, ficando

com as rendas do extinto mosteiro. Um dos Filipes... tratou de se apossar

disto e o mandou vender, para as urgências do Estado.

Canedo é uma freguesia rica de tradições históricas e de lendas

encantadoras. O seu folclore é dos mais interessantes e valiosos do país. Os

seus costumes e hábitos primitivos, superstições, vestuários, fainas

agrícolas, indústrias caseiras, culinária, folguedos, são precioso manancial

para o estudioso e investigador ávido de imprevisto e de singularidade.

Meus queridos leitores, se um dia fordes á Vila da Feira, não deixeis de

ir a Canedo, e então, não vos esqueçais de visitar Póvoa a mais rica, a mais

bela, a mais doce aldeia portuguesa.

Para este recanto abençoado não há estradas, não há ruas

alcatroadas, nem largos e deliciosos passeios, pois para o Céu o caminho

não é de rosas, mas de sofrimento e de pesares, de espinhos-e de

mortificações.

Fica a Póvoa numa pequena colina, pousada sobre o Uima, à margem

direita. O rio é que lhe dá a poesia, é que he dá a beleza, é que lhe dá

abundância. Se não fosse o Uima...pobres campos da Póvoa! … Nem searas,

730


[Capítulo XX](Notas/Referências)

nem vinhas, nem os salgueiros e amieiros de frescas e carinhosas sombras,

nem os banhos tentadores das noites de São João, de São Pedro e das

canículas de Agosto... nem os engenhos com as suas harmonias deliciosas,

desde o nascer ao pôr do sol, na sua nobre missão de regar de sangue a

terra... e nem os moinhos porejados de ouro, com as moleiras à porta, de

pernas nuas, muito lava das de descer aos cavoucos, lindas, sacudidas

estrelas que não subiram, para dar vida ao homem.

A corcar esta deliciosa aldeia, uma formosa grinalda de espessos e

sombrios pinhais: as leiras da Vessada, das Escampadas, do Outeiro, da

Devesa, do Marco de Eirós e, além do rio, as tapadas de Vale Cabanas,

Jardim, Souto Ribeiro e Vila Chă. Lá, ao longe, além do Douro, Esposade

entre cortinas de nevoeiro; mais ao Norte, aquém do rio, Fioso, espreitando

por entre as clareiras de vastos e viçosos arvoredos: no fundo a aldeia de

Mourais, sobre fragas agrestes, selvática inexpansiva, alcatifada de fartos e

risonhos prados e campos ricos de humos e saciados de água; do outro lado,

ao sul na cimeira, Gougêva e os seus poéticos socalcos, franjados de

macieiras e pereiras carregadas de saborosos e suculentos pomos; na

mesma linha, para o poente, Terças, um grupo de casas escuras,

construídas, como todas as aldeias de Canêdo, da fraga do seu solo, e duas

ou três saibradas com o saibro das saibreiras de Lever em baixo, deitada

sobre o Uima, em meandros orlados de esbeltos salgueirais, uma pérola

caída do céu - Várzea- vestida de louras searas e povoada de opulentas

hortas e férteis vinhedos. Debruçada sobre a gorda campina, de Alviada, do

sr. Alves dos Santos, a capela de São Paio a abençoar as colheitas da terra;

e mais perto ainda, entre campos verdejantes de milho e deliciosas latadas,

S. Roque, Agrela, Fojo e Manguela…

Extasiam-me as belezas do campo e invejo a simplicidade, a alegria,

a candura, a frugalidade dos lavradores da minha doce aldeia.

731


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Gostava tanto de ouvir as suas histórias, tão interessantes! O tio

Joaquim do Ferreiro falava-me das invasões dos franceses, das lutas liberais

e da desordem violenta da romaria de Santa Luzia, de Framil; o tio Manuel

Neves falava-me da Escritura, das profecias do sapateiro Bandarra e de

todos os moinhos do Uima, desde Pigeiros a Crestuma; a tia Elísia da Bouça

falava-me de lobishomens, luzes errantes, espíritos malignos, possessos, de

caixões de defuntos, de encruzilhadas, horas abertas, pesadelos, embarros,

da porca e dos porquinhos da Proviceira maus encontros, maldições, maus

olhados, maus vizinhos, maus fados, quebrantos, maus do airos más horas,

aranhas mazelas, pragas, castigos, arejos, meninos bentos, bruxedos,

defumadouros, feitiçarias, mudanças de marcos... e ensinava-me orações

para todos os males e pesares, e a talhar a zipula, o ar, as bichas, atriz e pés

desmanchados. Se eu tivesse paciência de contar tantas histórias curiosas,

relacionadas com estas superstições! O tio António da Águeda, que Deus

tenha, repetia-me constantemente a lenda da grade de ouro da Manguela

que aparece à superfície das águas, no Uíma, entre São Roque e o Fojo na

noite de São João, à meia noite, e a lenda da cobra moura do carreiro do

Moinho Velho, e a história e a prática diabólica da colheita da semente do

feto que dá felicidade certa nos amores.

Doc. 307 - Lugar da Manguela

Estou agora a lembrar me da pequenina festa de São Paio, a que há

muitos anos não assisto, com missa cantada, procissão, muitos anjinhos,

andores floridos, músicas e remaideiras, antejoulas, numerosos arcos e

mastros enfeitados de alecrim, flores de urtemige, dálias, boninas e

aleluias, e, para os festejeiros pousarem os pés, alcatifas de folhas de

732


[Capítulo XX](Notas/Referências)

japoneira, de magnoreiro de açucena e de bolota do monte, tão disputada

que eu, quando pequeno, ia arrancar, sorrateiramente, primeiro que os

outros, as leiras da Padiola e de Mourãis, para deitar no Domingo de Páscoa

às portas fronhas, por onde entrava o compasso.”

69. O Tripeiro:

“Mas neste documento não se menciona que a legenda Civitas Virginis,

ou qualquer outra, estivesse insculpida em tal selo, talvez o mais antigo do

Porto que se conheça; e isto dizemos pelo facto de J. P. Ribeiro não

mencionar outro mais antigo do que êste. Porém, o malogrado escritor

portuense Sr. Dr. Gonçalves Coelho - cujo recente falecimento muito

lamentamos, tanto mais quanto seria possível estabelecer-se a

controvérsia, sempre elucidativa, sobre o assunto que versamos - traz na

sua citada Memoria três selos antigos do Porto, dois dos quais, os de

carácter mais autêntico, foram reproduzidos em o ultimo número de O

Tripeiro e ambos ostentam a legenda Sig. Civitatis Virginis Portuglis que

deve ler-se Sigillum Civitatis Virginis Portugalensis, isto é, Selo Portuense da

Cidade da Virgem ou Selo do Porto, Cidade da Virgem (…).

Em volta tem a legenda, interrompida pela fratura, Sig C… cte Marie,

que, bem decerto, deve ler-se Sigillum Civitatis Sanctce Mariae.

Em resumo: o mais antigo sêlo do Porto que se conhece (?) é de 1354 e

não tem legenda; mas outros, atribuídos ao mesmo século XIV, têm a

legenda Sigillum Civitatis Virginis Portugalensis.

O mais antigo sêlo do concelho da Feira é do século XIII (1284) e tem a

legenda Sigillum Civitatis Sanctae Mariae, ficando apenas em dúvida, para

os mais meticulosos, a palavra civitatis, que, aliás, iremos brevemente

encontrar em numerosos documentos relativos à Vila da Feira, sem dúvida

alguma.”

733


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Doc. 308 - Selo do Concelho da Feira de 1284 – Um dos primeiros selos de Portugal

734


[Capítulo XX](Notas/Referências)

70. Eleições da Freguesia de Canedo:

“Confraria do Senhor – 1928;

Confraria do Santo Antônio – 1930;

Confraria de São Pedro – 1930;

Confraria da Senhora do Rosário – 1930;

Confraria do Santíssimo - 1954.

Estas confrarias existiram até 1964. “

71. Eleições da Freguesia de Canedo:

“Nossa Senhora da Piedade

Em 9 e 10 de Maio de 1936, foi esta freguesia visitada por S. Rev. ma ,

o Bispo do Porto, D. A. Augusto Meireles e foi ultimamente benzida a

imagem da N. Senhora da Piedade, completamente restaurada. Foi

restaurada em S. Mamede de Coronado, casa do tedim e custou a

importância de 1.400$00. Fez-se na ocasião uma festa importantíssima com

a presença do Ex.mo Bispo, que acompanhou a procissão da Senhora à sua

capela. Concedeu no acto da bênção, 50 dias de indulgência a todas as

pessoas que rezarem, diariamente, diante desta imagem uma Avé Maria.

O Pároco nomeou uma comissão de homens da freguesia, a fim de

angariarem fundos para as despesas. Como alguns, no fim da festa, se

recusarem a reunir, o que deviam ter feito no acto da nomeação, o pároco,

(..), vai arquivar aqui os nomes de todos, como as respectivas notas de

aceitação ou não aceitação.”

735


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

72. A “Pietã” de Canedo, segundo o seu autor:

212 “O problema da rejeição da

imagem da "Pietã de Canedo, tem a

ver, creio, mais com preconceitos da

que com a fé ou a qualidade estética

da obra.

Digamos que o grande problema

do nosso tempo é a falta de

explicação indispensável ao

Doc. 309 - "Pietã de Canedo" Parque de Nossa

Senhora da Piedade

conhecimento do comodo quando e do porquê; as pessoas são assim,

normalmente levadas a fazer comparações absurdas, pondo em causa até

a importância da divulgação do conhecimento. Por um lado divulga-se e

informa-se levando o conhecimento cada vez mais longe e mais

rapidamente, por outro destroem-se culturas condicionando-se a

percepção dos dados prejudicando- se a formação das personalidades

individuais e colectivas.

Posto isto, e sem querer parecer que não admito que a "Pietã de

Canedo” pode não ter a força necessária para ser aceite e venerada sem

hesitação, quero dizer que a ideia que presidiu à concepção desta Pietã, foi

a de que Cristo não está morto e que sua mãe por saber isso, sorri com

esperança na imortalidade da fé, contemplando ainda dois vetores da

maior importância: a integração no espaço que lhe foi destinado, sendo por

isso que Cristo está deitado segundo o eixo principal do largo e o conjunto

estar contido numa pirâmide , símbolo da estrutura da própria Igreja -

força/luz que vem de Cristo e de sua mãe, que se abre para abranger e

proteger a Humanidade.

Por tudo isto, esta Pietã em nada se poderia parecer com a Pietã de

Miguel Ângelo, é que as concessões artísticas e religiosas dos seus autores

são completamente diferentes e os conceitos teológicos as interpretações

da Bíblia evoluíram de tal maneira que os símbolos que os servem não

podem deixar de reflectir essas mudanças.

Gostaria ainda de dizer, que estudei dezenas de Pietas, executadas

ao longo dos 1990 anos que me separavam do episódio bíblico que lhes deu

212

Informações gentilmente disponibilizadas pelo canedense Sr. Jorge Magalhães.

736


[Capítulo XX](Notas/Referências)

origem, sendo que todas elas são diferentes, traduzindo com fidelidade as

épocas em que foram feitas e o pensamento dos seus autores.

Por isso as obras de arte são tão importantes para a história da

Humanidade.

Também o meu maior desejo é que a "Pietã de Canedo” venha a

merecer o respeito da população, que deverá ver nela, para além do

símbolo religioso que é, um símbolo do nosso tempo e da permanente

renovação do pensamento do homem na sua constante busca do absoluto.

Não quero deixar de prestar aqui a minha homenagem ao Padre

Regal, com quem discuti longamente os problemas relativos à concepção e

execução da obra e que partilhou comigo a alegria de percorrer caminhos

novos!

Bem-haja por isso,

José Aurélio,

17.7.1992”

73. Em redor da estátua de Nossa Senhora da Piedade,

segundo Padre Albano Alferes:

213

“A Arte não se define, emociona-se, sente-se.

E, assim, perante uma obra de Arte as leituras que se fazem são dispares,

conformes as emoções de cada um, o que se verifica no assunto em

epígrafe.

Não sou um critico de Arte mas sinto-a, em algumas das suas vertentes,

que lhe podem ser favoráveis ou prejudiciais.

No caso em causa a implantação de uma estátua, naquele local de rara

beleza, enaltece-a e acarreta-lhe uma projeção brilhante.

A boa traça do plinto da estátua, em granito da região a contrastar com

o horroroso cimentos de cruzeiro, é outra nota positiva a engrandecer a

obra.

Ascendendo, agora, ao facto do polianto, deparamo-nos com um

conjunto escultórico em mármore, a que chamam “Senhora da Piedade” e

que nós, baseados nos nossos poucos conhecimentos, vamos tentar fazer

uma sucinta análise e subsequente leitura.

213

Informações gentilmente disponibilizadas pelo canedense, Sr. Jorge Magalhães.

737


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

E, assim, nós temos, na nossa frente, duas “personagens” masculadas,

germânica nada consentâneas com os habitantes da Judeia denotando

satisfação e alegria; ora esta interpretação é contrária à narrativa

evangélica, e o evangelho é um bloco indestrutível, que não se pode

apoucar ou distorcer para o apresentar à inquieta alma moderna.

Demais uma mãe, que tem o filho morto nos braços, não pode estar

alegre e satisfeita. Todo o conjunto da Piedade é um símbolo da dor, do

sofrimento e da morte o que não ressalta da escultura do Mirante, no seu

volume, forma e expressão.

É um interpretação do facto histórico-bíblico que se considera arrojada

de historicidade e religiosidade.

No entanto, nós debruçados, aqui e agora, sobre a história da Arte,

constatamos que na segunda década do século em curso (refere-se ao

século XX), a pintura de Amadeu e a poesia de Pessoa, foram cobertas de

opróbrios e alvo de críticas despudoradas e insólitas, e, decorridas que

foram outras décadas, os nomes dos autores arribaram às praias da Glória.

Acontecerá assim com a obra do Mirante?

Oxalá que sim…

Padre Albano Alferes”

74. Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho Leal:

Foi um homem que muito contribuiu para a história de várias freguesias

e lugares de Portugal, inclusive a história da Freguesia de Canedo.

“O benemérito autor do

Portugal Antigo e Moderno era

filho de José Martins Barbosa Leal,

quartel-mestre do batalhão de

caçadores n.º 3, e de sua mulher D.

Rita de Cassia Soares de Azevedo.

Bem cedo começou Pinho Leal o

seu fadário, pois tendo nascido em

Belém em 21 de Novembro de

1816, foi batizado na freguezia de

S. Thiago, de Penamacor, no dia 30

do referido mês, tendo percorrido

Doc. 310 - Retrato de Pinho Leal

738


[Capítulo XX](Notas/Referências)

no berço mais de quarenta léguas, devido á vida agitada de seu pai durante

o tempo da guerra peninsular.

Ainda muito criança o seguiu por diferentes terras, e aos dez anos de

idade já tinha andado mais de duas mil e quatrocentas léguas, indo com

seus pães na expedição da Bahia em 1822, andando ainda por outras terras.

Regressou depois a Lisboa e não tardou que seu pai marchasse para Villa

Viçosa, Abrantes e Extremoz.

Em Novembro de 1826 achava-se com sua família em Castro Marim,

marchando depois para Tavira e Albufeira; embarcaram para Aiamonte;

vindo a Portugal estiveram em Monção; mais tarde, entrando de novo em

Espanha, foram a Sarça, onde José Barbosa Leal deixou sua mulher e seu

filho mais velho, José, que faleceu ainda muito novo, de onde partiram para

Penamacor, seguindo Augusto Pinho Leal seu pai para Sabugal, indo d'ali a

Malhada Sarda, Almeida, Pinhel e Coriscada, onde o regimento de

infantaria n.º 6 se reuniu ao batalhão de José Barbosa Leal; voltando a

Pinhel, seguiram para Celorico de Nespereira e d'ali para a povoação de

Curral, onde chegaram no dia 29 de Novembro do referido ano de 1826.

Aqui ficou o pequeno Augusto, por o tempo ser muito áspero e frio e

elle não poder acompanhar a força.

Diz um dos seus biógrafos: «O pobre Augusto, contando apenas dez

anos, ia gelado em uma carga de bagagem, metido entre dois baús, como

elle próprio nos contou; e sendo já decrépito, ainda se recordava de ver

pendente o norte da serra da Estrela, e conservava outras reminiscências

das terras que percorreu metido entre os baús.» Pinho Leal havia assentado

praça em Castro Marim, aos dez anos de idade, em caçadores n.º 4, quando

seu pai ali foi, conforme dissemos; esteve emigrado em Amedo em 1828,

regressando ainda n'esse ano a Lisboa. Estudou um ano no colégio dos

Nobres. Obteve passagem para a guarda real da polícia do Porto e licença

para estudar matemática na Academia da Marinha e Comercio d'esta

cidade.

Em 1833 pertencia ao regimento de caçadores da Beira Baixa. Assistiu

com seu pai à batalha da Asseiceira em 16 de Maio de 1834, última batalha

dada entre realistas e constitucionais, em que foi ferido por uma bala que

lhe atravessou a perna esquerda, e ficou prisioneiro do general Duque da

Terceira. Foi para o castelo de S. Jorge, sendo solto com todos os seus

739


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

camaradas em Junho seguinte pela convenção de Évora - Monte. José

Barbosa Leal foi então com sua mulher e filho para a sua pequena casa em

Santa Maria do Vale concelho da Feira, vendo-se de repente muito pobre,

quando a fortuna lhe sorria, pois José Barbosa Leal já era tenente quartelmestre

e seu filho Augusto alferes, não tendo ainda completado dezoito

anos.

Por fatalidade, José Barbosa Leal, apesar de ter sido sem pré generoso

com os seus inimigos políticos, nas represálias que se seguiram á convenção

de Évora-Monte foi barbaramente assassinado no dia 17 de Junho de 1834,

deixando a viúva e o filho expostos a duas contingências. O pobre moço,

sem saber ao que tornar-se para ganhar a vida, fez-se mestre escola. No fim

de m ano, sentindo-se enfastiado daquela profissão, fez-se pintor. Como

desenhasse razoavelmente, alcançou na sua aldeia bastante fama e

conseguiu ganhar o suficiente para ali comprar umas casinhas e uma

quintarola. Começou também a tomar gosto pela leitura.

Em 1840, andando a pintar o tecto da igreja de Santa Eulalia, de Arouca,

encontrou entre uns alfarrábios do abade um Diálogo de varia história, de

Pedro Mariz, e despertou-lhe a ideia de fazer um diccionario geográfico de

Portugal (…).”

75. Cónego António Ferreira Pinto:

Fez um notável e admirável trabalho

sobre a Freguesia de Canedo, intitulado.

“S. Pedro de Canedo no Concêlho da Feira

(1938)” ao qual este trabalho se baseia.

“Arcediago da Sé do Porto, Cónego Dr.

António Ferreira Pinto, nasceu em

Guisande a dois de Junho de 1871 e

faleceu em 8 de Abril de 1949.

Dedicou grande parte da sua vida ao

Seminário do Porto. Foi nomeado Vice-

Reitor em 1906 e mais tarde Reitor, cargo

que desempenhou até ao fim da sua vida.

Professor muito competente, com 50

anos de aturado esforço intelectual e

Doc. 311 - Cónego António Ferreira de Pinto

740


[Capítulo XX](Notas/Referências)

didático, deixou uma vastíssima obra entre os quais avultam “Lições de

Teologia Pastoral e Eloquência Sagrada “Memória histórica do Seminário do

Porto, In Memoriam do Bispo D. António Barroso”, entre outras. Em 1936

publica a Monografia de Guisande “Defendei as vossas terras”. Trabalho de

investigador, colhido paciente e demoradamente, as páginas deste livro

representam o amor de quem escreveu pela sua terra. Este trabalho, devido

à sua importância para a freguesia, foi reeditado pela Junta de Freguesia de

Guisande em 1999, aquando do cinquentenário da sua morte.” 214

76. Umica: Civilizações Pré-Histórica, Proto-Histórica Romana e

Romano-Portuguesa da Bacia do Uíma, no Concelho da Feira,

Arlindo de Sousa:

“Damos o nome de Umica à região do Uma, graia antiga do rio que,

actualmente, é designado por Uima ou Ima, usado tanto no género

masculino como no feminino. (1)

Nasce o Uima ou Ima, em Duas Igrejas, antiga freguesia e,

modernamente, povoação da de Romariz, do concelho da Feira.

Banha o rio, além de parte da freguesia em que tem a sua nascente, as

Freguesias de Pigeiros, São Jorge, Lobão, Fiães, Sanguedo, Vila Maior,

Sandim, Canedo, Lever e Crestuma. (2)

Um monte, chamado da Mó, serve de linha de separação das águas.

Se elas deslizam para a bacia de Duas Igrejas, ou campinas de Guisande,

Louredo e Vale, seguem para o Douro, ou pelo Uima ou por outros rios; se,

pelo contrário, afluem de Monte da Mó (3) ,ou das colinas que dai se

prolongam, para os lugares de Fafião, Igreja, Romariz e Portela, formam o

rio de Mouquim e continuam pelo Ul e Antuã para a Ria de Aveiro.

(1) Da origem etimológica de Uma tratamos nas OPRTP (Origens Pré-Romanas da Toponímia

Portuguesa).

(2) Oito freguesias são do concelho da Feira: Romariz, Pigeiros, São Jorge, Lobão, Fiães,

Sanguedo, Vila Maior e Canedo; e três do concelho de Gaia: Sandim, Lever e Crestuma.

(3) No Monte da Mó, existiu uma povoação romana (?), segundo a tradição aí corrente.

(…)

214

Biografia escrita por M. Álvaro V. de Madureira.

741


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Nós agrupamos, da seguinte maneira, os locais de que temos

conhecimento, comprovativos da grande habitualidade umense:

I. Topónimos relacionados com a civilização pré-romana (étimos de

origem latina). II. Topónimos relacionados com a civilização pré-romana ou

romano-portuguesa (étimos de origem latina). III. Topónimos relacionados

com a civilização romano-portuguesa (étimos de origem latina, germânica

e árabe). IV. Topónimos de origem pré-romana, ligados, ou não, à civilização

pré-romana.

I. Topónimos relacionados com a pré-romana (étimos de origem

latina). Em Romariz: Arca, Arcas, Arcoa, (Campo dos) Mouros, Castrilhăo,

Castro, Crastelo, Cuvidade Cividade), (Rua dos) Mouros. Em Pigeiros: Arca

Pedrinha, (Corga de) Arca, (Pé de) Arca. Em São Jorge: Cepo, (Casaldoido

(Casal do Idolo?), Pia. Em Lobão; Mamoa. Em Fiães: (Mav)arca (?),

(Mod)arca, Mámoa, Monte de Santa Maria (assento provável da cidade de

Langobriga). Em Gião: (Corga da) Moura. Em Vila Maior: Cepo e (Mato do)

Mouro. Em Canedo: Castelejo, Castelinho (nos limites da freguesia de Lever,

do concelho de Gaia), Castelo, Penas do Cepo. Em Sandim: Castro,

civilização Mámoa (…).

II. Topónimos relacionados com a civilização pré-romana ou romanoportuguesa

(étimos de origem latina). Em Romariz: Calçada, Caldeirinha,

Esirada, Forno (Monte do), Muro, Pardieiros, Pasarias, Passadouras, Portal,

Portela, Portelica, Porio, Quingosta, Rodelo (?), Santa (Chao da), Țorreļeiros

e Travessia. Em Pigeiros: Corredoura, Forno, Portela, Redondelo, Redondo,

Telefe, Telegre (1). (…) Em Giâo: Estrada e Tore. Em Vila Maior: Corredoura,

Estrada, Muro, Padrão, Passarias, Pedrão, Redonda, Santinho. Em Sandim:

Mourilhe, Passarias. Em Canedo Má (Regada), Pardieiros, Passagem,

Passarias, Portela, Redonda, Redondo, Rodas (? Rodelo (?), Santinho, Torre.

Em Crestuma: Mouratinha.

(1) Arquivo do Distrito do Porto, Cartório do Cabido, maç. 1655, do ano de 1544, ap. P.e Manuel

F. Dos Santos, A Minha Terra, pags. 58-64.

(2) Inq. de D. Afonso III, ano de 1251.

III. Topónimos relacionados com a civilização romano-portuguesa

(étimos de origem latina, germânica e árabe). (…) Em Vila Maior: Cedofeita,

Devesa, Devesinha, Pousada e Reguenga. Em Canedo: Albergada, Devesa,

Devesas, Mosteiro, Mosteirô, Paçô, Paradela, Povinhosa, Póvoa, Póvoas,

Proviceira, Vila Chã, Vilares. (…)

742


[Capítulo XX](Notas/Referências)

IV. Topónimos, de étimo pré-romanos, ligados, ou não, à civilização

pré-romana. (…) Em Canedo: Barraca, Barreiro, Barreiros, Barroco,

Barroquinha, Barroquinho, Bico, Bouça, Bouças, Bouço, Camouco,

Candazinha, Cantazinhas, Carquejal, Carreirinho, Carreiro, Corga (do Rei),

Corguinho, Gaibo (?), Inha (?), Lousado, Mina, Penal, Penas (do Cepo),

Penedo e Sapaleiro (1).

(1) Acerca da origem etimológica destes topónimos, vede as minhas OPRTP (Origens Pré-

Romanas da Toponímia Portuguesa).

(…)

REGIÃO DE SANGUEDO, VILAR MAIOR E CANEDO

Quando passamos pelos caminhos recônditos das velhas aldeias do

concelho, lembramo-nos, sempre, das histórias que nos contavam, em

pequeno: lobisomes, fantasmas cruéis, génios maus, gigantes sanguinários,

encruzilhadas, cemitérios abandonados, onde apareciam caixoes de

defuntos, com velas a arder, barricas de ouro, de peste ou inferno,

símbolos, taivez, de riquezas soterradas, epidemias e sanções religiosas

ríspidas. Tradições muito afastadas, meio esquecidas, como as do velo de

ouro, dos escolhos de Cla e Caribdes e do chifre da cabra Amalteia: união

íntima da consciência e da memória; beijo da alma, a estreitar o passado e

o presente.

São as lendas e superstições de alto valor etnológico.

Elas podem ajudar a definir uma civilização, ejudar a marcar a sua

idado, e, se não podem chegar mais longín origem, podem, contudo, igir

um lanço avançado da vida.

A cultura umense manifesta uma undade surpreendente

Por todo o Uima, desde a sua nasconte à sua foz, por toda a sua bacia

hidrográica, encontramos os mesmos sinais de civilização.

Os rios são conservadores, são fronteiras que prendem fortemente,

são, podemos dizer, um pouco inimigos do progresso, e oque dizemos do

Uíma podemos dizer, com experiência, do Inha, do Febros, do lobo, do UI,

do Antuã, do Arda, do Paiva, do Pavia, do Asnes, do Zela, do Lavandeira, do

Caima, do Vigues de outros rios da região douro-vouguense.

Sanguedo, Vilar Maior e Canedo são outra bolsa mimosa da cultura

umense.

743


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

No monte de São Bartolomeu, de Sanguedo, no Calvário ou Capelas,

de Vila Maior, no Castelinho e Castelo, de Canedo, em volta desses lugares,

estão as origens mais remotas da história Sanguedina, Vila-Maiorense e

Canedeira.

Não há terra que não possua um ponto de partida, distante do

âmbito da história.

Quando não há espólios arqueológicos, despojos palpáveis,

materiais, aqui que o historiador, principalmente, deita a mão, pode haver

elementos espirituais a eles ligados: lendas que são símbolos de vida

religiosa, social, económica e até política, e topónimos, veladores de

antigos monumentos pré-históricos, proto-históricos e históricos.

Em Romariz e Fiães aparecem uns e outros, como vimos. Aqui faltam

os primeiros, mas abundam os segundos.

Está situado, o monte de São Bartolomeu, entre os lugares de Aldeia

Nova, Terreiro e Agrela, na vertente Sul, e Telha, ou Engenho, de Sandim,

já do concelho de Gaia, na vertente de Nordeste. Do lado de Aldeia Nova e

Terreiro monte é pouco elevado; do lado da Telha, ou Engenho e Agrela,

existe um vale fundo. O Uima rodeia-o, em parte.

O povo tem as suas hagiografias especiais: Marcos Domingos e

Bartolomeu eram irmãos. Todos três resolveram dedicar-se à vida religiosa,

e, como eram muito amigos, decidiram construir os seus ascetérios em

locais elevados donde se pudessem ver e comunicar quando quisessem.

Marcos foi para um alto de Fajões, do concelho de Oliveira de Azeméis,

Domingos para um alto da Raiva, do concelho e Paiva e Bartolomeu para

Sanguedo. Quando os três ascetas morreram e a Igreja os santificou, os,

lugares dos antigos eremitérios os seus devotos construíram as três capelas

(1).

Em Canedo, ouvimos contar esta mesma lenda de outra maneira:

Três irmãos, muito amigos, Domingos, Pedro dos Pecueiros e Marcos,

decidiram consagrar-se à vida religiosa e construíram, com as próprias

mãos, pois eram todos três pedreiros, três ascetérios, em locais elevados,

donde se vissem e comunicassem, quando quisessem, respetivamente em

Paiva, Penafiel (2) e Fajões.

744


[Capítulo XX](Notas/Referências)

Possuíam um só martelo, diz a lenda, e por causa disso, trabalhavam,

à vez, com ele, e arremessavam no, de um lado para outro.

As três capelas têm as portas principais voltadas umas para as outras.

(1) Contou-me assim a lenda o médico sanguedense Dr. António Ferreira Pinto.

(2) Ou entre Penafiel e Rio Mau.

(…)

Em Vila Maior, nas Capelas, no lugar do Serräo, disse-nos o Sr. Álvaro

Ribeiro, de 63 anos de idade, existia uma pipa de ouro e outra de peste.

O local também é conhecido pelo nome de O Calvário, mas não se

lembra o nosso informador de lá irem procissões.

Na mesma freguesia, nas Cavadinhas, nome de uns terrenos

lavradios, onde passa o ribeio das Capelas, nome que provém de dois

monumentos lendários, junto a m moinho na covada dos montes de Gaeta,

dize, há um encanto perto, na Zenha, dentro do ribeiro, debaixo das águas,

está uma pia redonda, cavada na rocha granítica, e uma pegada de um

cavalo.

Dizem que a pia estava cheia de ouro em pó (2).

Uma vez, foi lá um padre a fim de a desencantar.

Em certo momento das orações, desencadeou-se uma tempestade

violentíssima. Rompeu um ciclone. Os raios fuzilaram. A terra parecia que

se abria toda.

Era o acabamento do mundo, disseram-nos os senhores Álvaro

Ribeiro e Urbano Gomes da Silva.

Todas as pessoas, que estavam a assistir ao desencantamento,

incluindo o próprio padre, fugiram, cheias de pavor.

No outro dia, alguns membros da familia Cortinha ainda lá colheram

alguns quilos de ouro com que compraram grandes bens.

Em Canedo, além dos tesouros, ou segundo outros, das pipas de ouro

e de peste, que estão enterradas debaixo da capela de N. S. da Piedade, e

do culto pagão, que anda misturado ao culto cristão, na festa de Santa

Bárbara, de Rebordelo (3), tem despertado a nossa atenção o aro de

civilização do Castelinho, já na área de Lever, do concelho de Gaia, razão

745


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

por que falaremos dele Dento da área de Canedo fica Póvoa, Vale de

Cabanas, Proviceira, Poço da Manguela, na margem direita do Uíma, e

Agrela, Marco de Eirós e Três marcos, na margem esquerda. No Poço da

Manguela, local fundo do álveo do rio Uíma, aparecia uma grade de ouro,

ao meio da noite de São João. No Marco de Eirós, ou segundo outros, nos

Três Marcos, estão, também, enterradas uma pipa de ouro e outra de

peste.

(…)

2) Cf. O Archeologo Português, vol. xxiv, pag. 76

(3) A festa cristã realiza-se em Rebordelo, e a festa paga em Pessegueiro, na freguesia do Vale.

A locução toponímica Vale de Cabanas, de que já falámos, em outro

lugar (1) exprime uma fase de civilização talvez pré-romana. As cabanas cram

pobres habitações, feitas de barras ou barrotes de madeira, ou de barro,

cobertas com colmo, giestas, ramos das árvores, folhas de pinheiro, etc.”

(1) Antiguidades do Concelho da Feira. Langobriga”

77. Em redor da construção de um nova Igreja em Canedo:

Nos finais do século XX, com o travessar de um desenvolvimento fora do

comum na Vila de Canedo, foi discutido a possibilidade da construção de

uma nova Igreja.

Esta ideia motivou inúmeras outras, a favor e contra ao projeto. O

mais discutido, certamente foi o lugar da sua construção e aí houve

grandes confrontos entre a Junta de Freguesia e Comissão Fabriqueira da

Paróquia de Canedo, na qual o falecido e ex. pároco Padre António Regal

fazia parte. Esta última, chegou mesmo a mandar elaborar um projeto

inicial para a construção da Igreja.

Perante tudo isto, o projeto acabou por ir a lado nenhum, sendo

que resta para memória estas pequenas referências que, num futuro

próspero, possam vir a servir de mote para outras ideias profícuas e assim

contribuir para o bem estar da freguesia.

746


[Capítulo XX](Notas/Referências)

Doc. 312 – Planta Tipográfica do Terreno da Senhora da Piedade em Canedo – Finais Século XX

747


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

78. Casa do Pateo em Carvoeiro:

A Quinta do Pateo, com a casa e a Capela, foi construída por Abranches

Maria Nobre, que nasceu no ano de 1609 no Porto. Na altura, quando a

Capela do Pateo foi construída tinha como padroeiro o Senhor dos

Navegantes, que terá desaparecido numa das cheias do Rio Douro.

Mais tarde, o pai de João de Sousa que era de Melres comprou terras

aos herdeiros de Abranches e construiu uma casa perto da Quinta. Depois,

acabou por comprar toda a Quinta do Pateo a um herdeiro chamado

Frutuoso e por volta de 1890 fez obras na Casa e na Capela.

Durante essas obras de restauração, o seu filho Joaquim, que ainda era

pequeno, ficou cego de um olho. Por essa altura a Capela já não tinha

santo e por isso mesmo Ana da Silva Estrela, a sua esposa, trouxe o S.

Lourenço da capelinha velha da casa dos seus pais no Lugar da Mota,

mesmo contra a vontade dos moradores do lugar.

A Quinta do Pateo, depois, ficou de herança para Luís de Sousa Ferreira,

que fez obras e a Capela, inaugurando-a a 27 de Agosto de 1939.

Hoje, a Quinta do Pateo já não pertence aos herdeiros dos “Joões” de

Carvoeiro.

Doc. 313 – Quinta do Pateo (do lado esquerdo a Casa e do lado direito a Capela e ao fundo o Rio Douro)

748


[Capítulo XX](Notas/Referências)

79. “Inauguração” da Capela de S. Lourenço em 1939:

A 27 de Agosto de 1939, foi inaugurada a Capela de S. Lourenço e

escritos os seguintes versos por José de Sousa Dias:

I

Era o dia 27

O dia vinte e sete D’ Agosto

Que eu parti às sete e meia

E parti com todo o gosto.

II

Eu segui para Pombal,

Daí a praia de Carvoeiro

E chamando por um barco,

Me passou a Carvoeiro.

III

Eu logo ali na praia,

Fiquei logo encantado,

Dos elegantes asseios,

E tudo embandeirado.

VI

Logo vi os dois coretos

Nesta praia afamada,

Assentes nesse bom cais

Nessa bela esplanada.

V

Duas músicas ali tocavam,

E que eram as seguintes:

Era a Banda de Bairros,

E os Bombeiros de Avintes.

VI

Eu segui ver a Capela

Nova Capela elegante,

Do milagroso S. Lourenço,

Em sítio muito elegante.

VII

A Capela é pertença,

Da Quinta de São Lourenço,

Do Sr. Luís Ferreira,

Que tem respeito imenso.

VIII

Ó capela tão bonita,

Tão bela, tão asseada,

A gente que a visita

Fica logo encantada.

IX

Tem coro e capela-mor,

Porta da frente e travessa,

Tem porta para a sacristia,

Porque isso interessa.

X

Essa ampla sacristia,

Também tem uma janela,

E tem porta para fora,

A da antiga capela.

XI

Lá por cima dessa porta,

Ou porta especial,

Tem a campainha antiga,

Que lhe serve de sinal.

XII

Na padieira lá diz,

Pois lá se vê o letreiro (1928)

Feito la naquele tempo,

Pelo artista pedreiro.

749


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

XIII

Tem arco, cruzeiro e grade,

Altar-mor e laterais,

Embora os dois pequeninos,

São muito especiais.

XIV

Tem coro com sua porta,

E escadas para fora,

Quem tudo ali apreciar,

Ali tudo se adora.

XV

A torre é moderna,

Embora seja pequenina,

Em cimento e bugalho,

E também d’areia fina.

XVI

Formada por 4 colunas,

Esta torre é engraçada,

Com campainhas e sino,

E cúpula abrilhantada.

XVII

Noto mais ainda isto,

Pois acho em condições,

Tem um bom sólido púlpito,

Dali pregar sermões.

XVIII

Tem na frente principal,

Para servir de sinais,

A era de construção (1628-1939)

Do Dono, as iniciais- L. S. F.

XIX

Esta formosa capela,

Tem recinto bonitinho,

Tendo de entrada um portão,

Entrada lá do caminho.

XX

Nesse recinto tem árvores,

Camélias e mais roseiras,

E tem casa pegada,

E ramadas com videiras.

XXI

Sim, a casa lá da Quinta,

Eu torno a relatar,

Casa boa, mas antiga…

Mas sempre de respeitar.

XXII

Antes da missa começar,

Foi benzida a Capela,

Por 3 padres aparamentados,

Com cruz, turibulo e caldeira.

XXIII

Findo o acto, Começou a missa,

Missa solene acolitada por mestre

de cerimónias,

Pois ali não faltou nada.

XXIV

Ao Evangelho sobe o púlpito,

Nomeado pregador,

Pois uma hora pregou,

Sermão de grande valor.

750


[Capítulo XX](Notas/Referências)

XXV

Foi resignatário de Anta,

Padre Manuel Estevam Ferreira,

Que é reitor do Carmo no Porto,

É orador de primeira.

XXVI

Logo a missa acabada,

E saída a procissão,

Por certo itinerário,

Ela vai com perfeição.

XXVII

Composta assim com bandeira,

Cruzes de prata e andores,

E também com alguns anjos,

Com vestidos a primor.

XXVIII

A Cruzada de Canedo,

Nela foi incorporada,

Tão finda sociedade,

Há meses organizada.

XXIX

Após disso ia o Pálio,

E as músicas a tocar,

Em segundo ia o povo

Atento a acompanhar.

XXX

Ao passar desse cortejo,

O povo respeitador,

Adornou nas Janelas,

Com ornatos de valor.

XXXI

Em Honra da Sra. de Fátima,

Era a festa realizada,

E padroeiro S. Lourenço,

Festa agora afamada.

XXXII

Vou falar também da Véspera,

Mas eu dessa não vi nada,

Pelo que ouço dizer,

Foi muito apreciada.

XXXIII

A procissão da nova imagem,

E de velas a procissão,

Dizem ser com imponência.

Vistosa iluminação

XXXIV

Nª Srª de Fátima,

De Fátima excelsa senhora,

Todos ali a veneram,

Como nossa protectora.

XXXV

Pois deitaram algum fogo,

De estrondo e estalaria,

E das vistas não falamos,

Era uma bizarria.

XXXVI

Senhor Luís de Carvoeiro,

Que é Homem de Respeito,

Todo o povo deve amar,

Ele é digno de conceito.

751


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

XXXVII

É um homem arrojado,

E de alta estimação,

De Moral e bem sincero

De alma e coração.

XXXVIII

É um homem todo digno,

Da nossa religião,

Quer numa parte quer noutra,

Presta toda atenção.

XXXIX

Com nova capelinha,

O povo está satisfeito,

E quer honrar o seu lugar,

Porque tem todo o direito.

XD

O povo de Carvoeiro,

Sempre atento e bem posto,

Quer festejar sua festa,

Que é sempre em Agosto.

XDI

Este santo esquecido,

Já havia oito anos,

O Diácono S. Lourenço,

Queimado pelos tiranos.

XDII

Ó povo da Beira Rio,

Ó povo da Beira Douro,

Festejai o S. Lourenço,

Que tendes aí um tesouro.

XDIII

Já tem Juiz para o ano,

E Juíza verdadeira,

Pois são dois filhos direitos,

De J. Sousa Ferreira.

XDIV

E para os auxiliar,

Com gente de devoção,

Também foi já nomeada,

Uma honrada Comissão.

XDV

Estais unidos para a festa,

Dais provas de bons festeiros,

Apesar de não serdes ricos,

Sois felizes marinheiros.

XDVI

Essa terra não é rica,

Porque é pouca a carvoeira,

Negociantes e vendedeiros,

E tem a vida barqueira.

XDVII

Tendes aí indústria,

A fábrica Serração,

E mais uma outra anexa,

Que fabrica bom sabão.

XDVIII

Para brio vosso cais,

Nesta praia de Carvoeiro,

Tão extensa e perfeita,

No Douro, será a primeiro.

752


[Capítulo XX](Notas/Referências)

XDVIX

Adeus ó linda Capela,

Capela de perfeições!

Trazendo eu dessa festa,

As mais gratas recordações.

D

Feito isto por quem sou,

E que me dei aos trabalhos,

Sou José de Sousa Dias,

Deste lugar de Broalhos.

Fim

Broalhos, Medas

José de Sousa Dias

80. Fábrica de Sabão em Carvoeiro:

No ano de 1915, Joaquim de Sousa Ferreira,

num terreno abaixo da sua casa, construiu uma

Fábrica de Sabão, feita sob esteios e em

madeira. Encerrou no ano de 1936.

Anos mais tarde, a Fábrica de Sabão

desapareceu numa cheia do Rio Douro.

81. Fábrica de Papel e Serração em Carvoeiro:

Doc. 314 – Fábrica de Sabão em

Carvoeiro

Luís de Sousa Ferreira e Manuel de Sousa Ferreira receberam um

terreno dos pais onde construíram, em sociedade com o irmão Joaquim de

Sousa Ferreira (com uma cota pequena) e outro sócio, uma fábrica de

papel. Mais tarde, ao lado construíram uma serração.

Em 1928, chatearam-se e as fábricas faliram tendo sido vendidas

em haste pública pelo tribunal da então Vila da Feira. O Luís pediu ao

irmão Joaquim para as comprar, e assim aconteceu, comprou por 102

contos na altura. Passado meio ano, Luís tornou-se sócio de Joaquim.

Entretanto, a fábrica de papel fechou.

753


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Mais tarde, como a construção da serração era feita em madeira, esta

sofreu um incêndio, inaugurando-se uma nova em 1932 que encerrou no

ano de 1964.

Doc. 315 – Serração em Carvoeiro Doc. 316 – Fábricas em Carvoeiro no ano de 1989

82. 1º Comandante do Posto da GNR de Canedo:

António dos Reis, filho de João dos Reis e

Maria Antónia Farias, foi o primeiro

comandante do Posto da GNR de Canedo, onde

exercer por nove anos atividade militar, de

1974 a 1983. Nascido a 11 de Janeiro de 1927

em Zebreira, Idanha - A – Nova, distrito de

Castelo Branco, veio para Canedo e trouxe

consigo os seus dois filhos: José e Maria

Lucinda, e sua esposa Ana Maria Caldeira. Logo

após ter cá chegado, ganhou muito

reconhecimento do povo Canedense pelo seu

brio e sentido exemplar como praticava a sua função.

Faleceu em Canedo, a 31 de Dezembro de 2013, estando sepultado no

Cemitério Paroquial de Canedo.

83. Coveiro que mais tempo serviu Canedo:

Manuel Baptista, (nasceu a 30 de Novembro

de 1930 e faleceu a 29 de Junho de 2000),

serviu a freguesia de Canedo como coveiro durante

40 anos.

Doc. 317 – António dos Reis

Doc. 318 – Manuel Baptista

754


[Capítulo XX](Notas/Referências)

84. Jornal Correio da Feira – Edição 26 de Agosto de 1939:

“Canedo, 21

NOTÍCIAS DIVERSAS

É já no próximo domingo que no lugar de Carvoeiro vai ser solenemente

benzida e festivamente inaugurada uma capelinha e expensas dos srs. Luiz

de Souza Ferreira & C. a muito próximo do rio Douro. O «Correio da Feira»

já informou o seu programa.

A Capela tem como patrono S. Lourenço e a festa é em honra deste

Santo e da Senhora de Fátima. Espera-se grande concorrência não só no

domingo mas também na noite de sábado em que haverá véspera com

iluminação, fogo e músicas.

- No dia 3 de Setembro realiza-se na nossa Igreja Paroquial a festividade

do Coração de Jesus.

- O importante melhoramento da estrada que nos vai ligar ao norte do

país por Castelo de Piava está em ativa construção empregando muita

gente daqui e de outras freguesias. É seu empreiteiro o Sr. Damas, que

reside nesta freguesia e no domingo teve visita de pessoas queridas de

família residentes no Porto.

A fiscalizar por conta do Estado a construção da grande estrada

encontra-se entre nós um cidadão de certa estima que é hóspede do Sr.

José Gomes Sameiro.”

85. Jornal Correio da Feira – Edição 25 de Outubro de 1941:

Sobre a abertura da Estrada Nacional 222 ao público.

“Um importante melhoramento

Compreendido nas grandes obras da Junta Autónoma de Estradas,

achava-se há bastantes anos incluído o troço da estrada de ligação entre

Canedo, deste concelho da Feira e Pedorido, de Castelo de Paiva, para

formar a grande estrada de Turismo da Ribeira de Ovar à fonteira em Pinhel.

Pois este grande melhoramento acaba de ser um facto com a conclusão

do troço entre Canedo deste concelho e Pedorido do concelho de Castelo

de Paiva, estando a servir provisoriamente duas pontes de madeira, uma

no pitoresco lugar da Inha de Canedo e outra um pouco mais além.

755


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

A estrada acha-se franca ao público desde amanhã.

Foi construtor do importante ramal o conhecido empreiteiro sr.

Sebastião de Oliveira Damas, abastado proprietário em Castelo de Paiva.

É motivo para nos felicitar e aos povos das freguesias quer marginam a

estrada, pois o melhoramento é dos mais importantes que se regista nos

últimos tempos nesta região.”

86. Jornal Correio da Feira – Edição 11 de Junho 1942:

“MELHORAMENTO PÚBLICO

Nesta freguesia vai ser inaugurado no próximo domingo do corrente, um

importante melhoramento no lugar da Igreja e que desde há muito se

tornava necessário. É um lavadouro público, construído por esforços da

Junta e comparticipado pelo Estado.

O ato será revestido de solenidade, pois a ele virão assistir autoridades

da Vila e tocarão no local as músicas de Couto de Cucujães e de Moreira da

Maia.

Canedo está em festa no dia 19.

87. Jornal Correio da Feira – Edição 30 de Janeiro de 1965:

“Canedo, 18

PONTE DA INHA: Já estão quási concluídos os trabalhos da construção

da ponte sobre o rio Inha, estando já o trânsito aberto, passando por ali as

camionetas das carreiras de Pedorido ao Porto, há já algumas semanas,

embora não tenha sido ainda inaugurada. Esta obra representa um grande

melhoramento, por substituir a antiquada ponte de madeira, que não

oferecia segurança, tendo-se registado alguns acidentes entre veículos,

embora não haja desastres pessoais a lamentar.

CAPELA DE N. S. DA PIEDADE: Há cerca de 2 anos foi construído um

gradeamento de granito e cimento em volta da capela, visto esta não

comportar as pessoas que a ela acorrem, principalmente em dias de festa.

Foi realmente uma boa obra, e só lamentamos que também não se tenha

arranjado o piso, que se encontra em muito mau estado.

756


[Capítulo XX](Notas/Referências)

O peditório pela freguesia para a compra de 8 mil metros quadrados de

terreno em volta da capela, rendeu mais de 90 contos. Quando o arraial for

arranjado, devidamente, rivaliza com os melhores do nosso concelho.”

88. Jornal Correio da Feira – Edição 31 de Julho de 1965:

“CANEDO, 28

VISITA PASTORAL

É já no próximo domingo, dia 1 de Agosto, que esta freguesia vai viver

horas de alegria e de comoção pela chegada da Virgem peregrina e do

Rev. mo Administrador Apostólico do Porto.

Às 20 horas é esperada no limite desta freguesia a imagem de N.ª S.ª

que vem do concelho de Oliveira de Azeméis e vai permanecer nesta

freguesia até ao dia 15; 2 semanas de pregações por missionários, não só

na igreja paroquial como também lugar de Mosteiro e Várzea.

Tudo se prepara para que resulte brilhante este acontecimento que até

agora ainda se não realizou nesta freguesia vez volte a repetir-se.

Após a peregrina, organizar-se-á uma imponente procissão,

incorporando as crianças da Cruzada Eucarística e escolas com as suas batas

brancas, estandartes, autoridades, etc.

O povo em grande número, deve incorporar-se nesta grande

manifestação de fé.- C.” 215

89. Jornal Correio da Feira – Edição 14 de Agosto de 1965:

“Canedo, 4

VISITA PASTORAL

Como noticiámos, foi recebida com grande entusiasmo e religiosidade

a Imagem de Nossa Senhora de Fátima, que de Arrifana até esta freguesia,

foi conduzida no carro dos Bombeiros Voluntários da Vila da Feira,

seguindo-se-lhe grande cortejo de automóveis.

Organizou-se uma majestosa procissão de velas com o andor da Virgem,

em que tomaram parte, o Administrador Apostólico da Diocese D.

Florentino Andrade e Silva, bispo-auxiliar D. Alberto Cosme do Amaral,

215

Tal facto voltou a acontecer no dia 17 de Abril de 2016.

757


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

vários sacerdotes, missionários, autoridades da freguesia e milhares de

pessoas, que davam imponência à procissão.

____________________________________

Com grande satisfação foi lida deliberação da Câmara, que este

semanário publicou no seu nº 3463, da obra a realizar nesta freguesia:

pavimentação a cubos no Largo da Praça, aliás, obra muito necessária

devido ao mau estado em que se encontra há muitos anos.”

90. Jornal Correio da Feira – Edição 28 de Agosto de 1965:

“Canedo, 23

Tradicionais festas em honra de N.ª S.ª da Piedade

Realiza-se no pitoresco monte da Piedade, nos dias 4, 5 e 6 de

Setembro, grandes festas a N.ª S.ª da Piedade, que constará do seguinte

programa.

No dia 4, cerca das 21 horas, sairá da Igreja majestosa procissão de velas

até à capelinha do mesmo nome com regresso à Igreja matriz.

Dia 5, pelas horas, darão entrada as reputadas bandas do Pejão e Vale

de Cambra, que executarão um pequeno concerto no largo da Praça até à

saída da procissão.

Às 10,5 horas, sairá imponente procissão da Igreja em direcção à

Capela, seguindo-se missa solene e sermão.

16 h., concertos musicais até ao pôr do sol. Às 22 horas, continuação de

arraial com a presença das músicas até à 1 hora.

Dia 6, às 11 horas, missa cantada pelo grupo musical. De tarde, às 16

horas, entrada de três conjuntos: Orquestra feminina de Argoncilhe, El

Miranda e conjunto de Oliveira do Bairro, que se exibirão até à madrugada

do dia 7.

Não deixem de visitar este monte pitoresco nestes dias de festa. -C.

91. Jornal Correio da Feira – Edição 13 de Novembro de 1965:

“Canedo, 8

No lugar de Carvoeiro, desta freguesia, onde foi industrial e

proprietário, faleceu, no dia 29 do mês findo, o sr. Joaquim de Sousa

758


[Capítulo XX](Notas/Referências)

Ferreira, de 79 anos de idade, viúvo. Era pai dos srs.: Manuel Ferreira de

Sousa, importante industrial de madeiras; D. Andrelina Alves Ferreira; D.

Maria Rosa Alves Ferreira da Mota e D. Maria da Conceição Alves Ferreira

Gomes e sogro da sra. D. Maria Augusta Crava Amorim de Sousa e dos srs.

Armando Alves, Américo Alves da Mota e António Ferreira Gomes.

O seu funeral foi uma demonstração de pesar, prova em que a família

Sousa Ferreira é considerada. A urna foi conduzida no carro dos Bombeiros

Voluntários de Entre-os-Rios.”

92. Jornal Correio da Feira – Edição 9 de Julho de 1966:

“Canedo, 19

Festas - Vão realizar-se no dia 29 as festas a S. Pedro, padroeiro da

freguesia, com missa solene às 11 horas e procissão pelas 16 horas,

abrilhantadas pelo Grupo Musical desta freguesia.

-Também no dia 3 de Julho se realizará a festa ao S. Sacramento, com

duas bandas de música, arraial de tarde e procissão eucarística.

Salão Paroquial - No passado dia 18 foi adjudicada por 453 contos a

obra de pedreiro, só mão de obra, do Salão Paroquial, e que deve ficar

concluída no prazo de um ano.”

93. Jornal Correio da Feira – Edição 19 de Novembro de 1966:

“Pelo Sr. Governador Civil de Aveiro foram inaugurados vultuosos

melhoramentos nas freguesias de Espargo, São João de Ver e Romariz

Ainda em cumprimento do programa de inaugurações no nosso

concelho, previstas para o ano corrente, no transcurso da quarta década de

realizações à escala regional e nacional,- de que tem beneficiado todo o

país,- foram inaugurados no pretérito domingo vários melhoramentos nas

freguesias de Espargo, S. João de Ver, Canedo e Romariz, a que presidiu o

sr. dr. Manuel Ferreira dos Santos Lousada, ilustre chefe do distrito.

Uma vez mais o sr. Governador Civil, em função do alto cargo que

desempenha e como devotado amigo do concelho da Feira, honrou com a

sua presença as históricas terras de Santa Maria, tendo sido

carinhosamente recebido em todas as localidades a que se deslocou.

(…)

759


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

NA FREGUESIA DE CANEDO:

Pavimentação a cubos do Largo da Praça – 104 000$00 (escudos);

Abertura, pavimentação e asfaltamento da Estrada de Várzea, na

extensão de 4 405 metros e respetivo pontão – 2 314 000$ (escudos);

Posto de transformação de energia elétrica no lugar de Canedo – 98

500$00 (escudos).

(…)

AS INAUGURAÇÕES EM CANEDO

Pelas 17 horas, não obstante o mau tempo que se apresentou, os ilustres

visitantes dirigiram-se para a Freguesia de Canedo, na qual foram

inaugurados pelo Chefe do Distrito, os seguintes melhoramentos: Posto de

transformação de energia eléctrica; Pavimentação a cubos do Largo da

Praça, a que foi dado o nome do Rev. Agostinho Pais Moreira e Abertura,

pavimentação e asfaltamento da Estrada da Várzea, na extensão de 4 405

metros e respectivo pontão, tendo as referidas obras importado em 2 516

contos.

À Estrada da Várzea, obra tão ansiosamente aguardada pelo povo

interessado, foi dado o nome do Sr. Presidente da Câmara da Feira, em

reconhecimento pelo quanto se interessou pela sua concretização, legitimo

anseio de todos que a consideravam uma necessidade premente.

Depois de uma breve sessão, realizada sob constante e impertinente

chuva, com a presença de todo o povo da freguesia, que assim quis

patentear o seu agradecimento às entidades visitantes, usaram da palavra

o vereador Municipal, Sr. Dr. Pais Moreira, em nome da freguesia,

referindo-se encomiasticamente ao sr. Dr. Domingos da Silva Coelho,

pondo em relevo o seu interesse pelo progresso de Canedo e o seu desejo

de dar satisfação aos anseios da sua população. Saudou ainda as

autoridades presentes, o Professor Sr. Manuel Joaquim de Sousa Alves.

Por fim, falou o Sr. Governador Civil, para agradecer as entusiásticas

aclamações de que foi alvo e, a maneira carinhosa como foi recebido.

Seguidamente, sempre muito aclamado, o Chefe do Distrito e comitiva

dirigiram-se para a freguesia de Romariz, para ali proceder a várias

inaugurações.

760


[Capítulo XX](Notas/Referências)

94. Jornal Correio da Feira – Edição 10 de Maio de 1969:

A propósito dos Leilões para a Residência do pároco e Centro Paroquial,

que muitas imagens de anteriores capítulos ilustram, no Monte da Senhora

da Piedade no dia 20 de Abril de 1969.

“Canedo, 22

Homenagem - Realizou-se com o maior brilho a festa do Bom Pastor, a

qual serviu para prestar homenagem ao nosso rev. Padre Regal, um homem

que sabe como ter um amigo em cada paroquiano.

Foi uma festa simples, como simples é a pessoa que a recebia - mas

comovente. No cimo do monte da Sra. da Piedade reuniram-se mais de um

milhar de pessoas, e todas sentiram alegria e felicidade.

A festa constava de representação folclórica e leilão das ofertas de cada

lugar; as receitas são para a nova Residência e Centro Paroquial, S. Pedro

de Canedo.

Todos os canedenses sabem agradecer ao seu bondoso pároco a

maneira como tem cumprido a sua missão, e também se mostram capazes

de abrir as carteiras em favor destas duas obras, nas quais estamos

empenhados.

_________________________________

Canedo, 28

F. Pais

Conforme se havia noticiado realizou-se no passado dia 20 a

concentração de alguns lugares com apresentação de danças po pulares e

outras, as quais não chegaram a exibir-se no estrado.

Depois da entrega das listas dos donativos angariados, foram -lhes

dedicados alguns discos e lançados foguetes conforme suas ofertas.

Seguiu-se no 2º domingo a exibição doutros lugares, mas por falta de

tempo e a chuva que começou a cair ao fim da tarde, não deu entrada no

estrado o lugar de Vilares, o qual iria fazer a representação d'«O Milagre

das Rosas».

Dado o grande interesse da assistência bastante numerosa, não só daqui

como doutras terras vizinhas, foi lamentável não se ter podido realizar este

761


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

número que por certo deixaria as melhores impressões a todos. Este facto

deixou grande descontentamento naquele lugar, em virtude dos sacrificios

da mocidade para ensaiar, despesas feitas com aluguer de roupas,

ensaiador e músicos, etc.

Deste modo, em vez de ter sido uma festa de união como referimos na

notícia anterior, foi uma festa de desunião que pôs parte da freguesia em

desacordo pelo sucedido. De quem será a culpa? Como parte da freguesia

já sabe quem foi o autor deste precalço, nã vale a pena pôr mais na carta.

Não só criou atritos nos de cá como nas pessoas de fora; e até o

ensaiador, sr. José Pereira, ficou tão contrariado com o que aconteceu que

diz não continuar a reger o Grupo Musical.

Vai continuar no 3.° domingo com os que ainda não tiveram a vez; oxalá

não volte a haver mais aborrecimentos como no 2.° domingo, a fim de não

levar o sobressalto ao resto da freguesia, o que não trará proveito para

ninguém.”

95. Jornal Correio da Feira – Edição 23 de Maio de 1970:

Notícia do Jornal Correio da Feira a propósito da Inauguração do Posto

da GNR de Canedo em 17 de Maio de 1970.

“Canedo em Festa

Sob um sol esplendoroso, crivado aqui e além pelas agulhas dos

pinheirais, Canedo, freguesia muito querida da Feira, viveu no pretérito

Domingo, uma das maiores datas, do seu já longo historial.

Foi inaugurado ali, pelo próprio senhor Ministro do Interior (Dr. António

Rapazote), o Posto da G. N. R..Aguardavam-no no centro da freguesia toda

a população que engalanou as suas ruas para dar mais vida e côr a tão

fausto acontecimento. À sua chegada a guarda de honra foi prestada pelos

B. V. da Vila da Feira, Arrifana e Lourosa e pelo grupo Musical de Canedo.

Entre as várias entidades que acompanhavam e aguardavam Senhor

Ministro, vimos os srs. Governador Civil de Aveiro, Presidente da Câmara

Municipal da Feira, Comandantes Distritais da P. S. P. e G. N. R.,

Comandante Geral da G. N. R., seu ajudante de Campo, Comandante do

Batalhão n. 5, da G. N. R., em Coimbra, Comandante da 1ª Região Militar,

Comandantede Secção da G. N. R., em S. J. da Madeira, Deputados pelo

Circulo de Aveiro, Drs. Veiga de Macedo e Manuel Soares e o Presidente da

762


[Capítulo XX](Notas/Referências)

Comissão Distrital da Acção Popular, Dr. Homem Ferreira, Presidente da

Direcção dos B. V. da Feira, António Lamoso, Vereadores

Municipais, Presidentes das Juntas de Freguesia, etc.

Após tão entusiástica recepção, o senhor Ministro dirigiu-se para o local

da inauguração e aí usaram da palavra, o sr. Presidente da Junta de Canedo,

o sr. Dr. Pais de Figueiredo, Presidente da Câmara Municipal, Governador

Civil de Aveiro, Comandante do Batalhão n. 5 da G. N. R. e por fim o senhor

Ministro, que foi apoteòticamente aclamado.

Em seguida cortou a fita simbólica do novo Posto da G. N. R., cujas

instalações percorreu demoradamente. Concluidas as cerimónias, o senhor

Ministro dirigiu-se, para casa do sr. Dr. Pais Moreira de Figueiredo, onde foi

servido um almoço intimo.

E assim viveu Canedo um abriu ao público as portas do grande dia,

graças ao bom querer duma pléiade ilustre de seus filhos, que prezam

lançar pelas sendas do progresso, em ritmo vertiginoso e ascensional, a

terra que lhes serviu de berço.”

96. Jornal A VOZ DE CANEDO – Edição Janeiro de 1975:

“MELHORAMENTOS

Peço licença aos amigos leitores para recuar no tempo alguns anos, a

fim de sob o título «MELHORAMENTOS» ir, o mais cronologicamente

possível, levando ao vosso conhecimento as realizações efectuadas nesta

freguesia.

Claro está que não pretendo de modo algum falar de tudo o que se fez.

Seria impossível. Apontarei aqueles melhoramentos que, pelo seu alcance,

merecem ser do conhecimento principalmente daqueles que, longe da sua

terra, desconhecem o que nela se vai fazendo.

I

O NOSSO CEMITÉRIO PAROQUIAL

Sofreu profunda remodelação há meia dúzia de anos aproximadamente

o Cemitério desta Freguesia. Foram retiradas as árvores, sebes e

gradeamentos. Foram abertas novas e largas avenidas. Foram colocados

seis modernos candeeiros de iluminação pública. Do aspecto sombrio e

acanhado passou-se a outro bem diferente, podendo Canedo orgulhar-se

763


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

de ter hoje Impõe-se, contudo, a canalização um dos cemitérios mais limpos

e asseados do nosso Concelho.

Pena é que o seu espaço seja deveras reduzido para a nossa população.

Precisávamos de proceder ao seu alargamento, o que será muito difícil, se

houver colaboração e compreensão de todos os bons canedenses.

A obra, levada a cabo pela Junta de Freguesia de então, com a

colaboração do Presidente da Câmara da Feira dessa época, foi vivamente

criticada por alguns, o que sempre acontece, mas o que de modo algum

invalida o valor desta realização.

Impõe-se, contudo, a canalização da água e o conserto da capela-mor

que destoa um pouco harmonia do conjunto.

Quanto ao alargamento do cemitério, apelamos para quem de direito

no sentido de ser levada a bom termo esta obra de magna necessidade.

II

SANITÁRIOS DA PRAÇA E FONTENÁRIO

Obra iniciada há cinco anos. Dificuldades de toda a espécie, erros

técnicos, etc., motivaram o embargo da referida obra durante dois anos.

Finalmente, após constantes e porfiados esforços da Junta de Freguesia, a

obra foi concluída, estando já em funcionamento. A localização quer do

fontenário, quer dos sanitários não foi a melhor, é certo, mas foi onde se

tornou possível.

Não podemos deixar de enaltecer a colaboração da Ex.ma Câmara,

presidida então pelo Ex.mo Sr. Alcides Branco, que, aquando da demolição

da primitiva construção do fontenário deu provas da melhor compreensão,

pois verificou-se que os sanitários teriam de ficar complementos

subterrâneos e não como tinham sido planeados.

III

ELETRIFICAÇÃO DA PRAÇA E DO ADRO DA IGREJA

Procedeu a Junta de Freguesia, de colaboração e a expensas dos Serviços

Municipalizados da Feira, à colocação de candeeiros na praça e no adro da

Igreja, melhoramento que desde há muito se impunha por se tratar de

locais sempre muito frequentados e que dispunha de fraca iluminação.”

764


[Capítulo XX](Notas/Referências)

97. Jornal Terras da Feira – Edição 6 de Outubro de 1988:

Inauguração do Centro Social de Canedo no dia 1 de Outubro de

1988, uma das maiores obras que a freguesia de Canedo tinha, na altura,

assistido.

“Centro Social de Canedo uma obra que engrandece Santa Maria da

Feira

A maior freguesia do concelho de Santa Maria da Feira conta a partir do

último sábado com um modelar Centro Social que não só honra Canedo

como contribiu para o en grandecimento de todo o concelho.

"Nós sonhamos e a obra nasceu", disse, ao abrir os discursos - alguns

longos e de pouco significado "descaradamente" de circunstância a ponto

de alguém que muito tinha feito para que aquela obra fosse possível nos

ter com fidenciado que aqueles que mais falaram foram os que menos

ajudaram – um autarca local, em nome da Assembleia e Junta de Freguesia.

O Centro Social de Canedo agora ao serviço da população local,

inaugrado numa cerimónia festiva a que se associaram, além do

Governador Civil de Aveiro, os presidentes da Assembleia e Câmara

Municipal, autarcas locais e muitos de freguesias do concelho, contou com

as presenças do Director Geral da Administração Autárquica, do presidente

da Administração Regional de Saúde de Aveiro, presidente do Concelho

Directivo do Centro Regional de Segurança Social de Aveiro e do Director

Regional da Agricultura de entre Douro e Minho.

Igualmente presentes os deputados Batista Cardoso (PSD) e Ferraz de

Abreu (PS).

GASTOS MAIS DE 80 MIL CONTOS

“Esta obra só foi possivel graças à população de Canedo e aos muitos

emigrantes desta terra espalhados pelo mundo que para ela contribuiram

de modo muito significativo", disse- nos o presidente da Junta de Freguesia,

Manuel de Jesus (Coutinho), o homem apontado como o maior

dinamizador do processo que levou à conclusão da obra.

Imponente como é tudo ali é funcional, o espaço não falta, a luz entra a

jarros e mesmo o equipamento, sem ser luxuoso é sem dúvida de

requintado gosto edíficio, que vai albergar a sede da Junta de Freguesia,

Casa do Povo, Posto Médicoe Biblioteca Pública, contando ainda com um

enorme salão polivalente - onde aliás decorreu a sessão solene a que

765


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

assistiram algumas dezenas de pessoas - orçou em mais de oito centenas

de milhar de centenas, "quase na sua totalidade saidos dos bolsos dos

canadenses".

Realce-se que anexo ao edíficio funciona um jardim infantil e que para

muito em breve está planeada a construção de um quartel de bombeiros

que funcionará como uma secção dos Bombeiros Voluntários de Lourosa.

"A congregação de esforços fez o milagre", disse o presidente da C. M.

da Feira, Alfredo Henriques, que "nos concedeu um subsídio de 2.180

contos, igual ao que tem destinado para construção de sedes de Juntas de

Freguesia" (Manuel de Jesus).

98. Jornal Comércio da Feira – Edição 10 de Setembro de 1993:

“A JUNTA DE FREGUESIA E O PÁROCO QUEREM DEMOLIRA RESIDÊNCIA

PAROQUIAL CONTRA A VONTADE DE MUITOS CANEDENSES QUE, EM

BAIXO ASSINADO, JÁ EXIGIRAM UM REFERENDO

A Junta de Freguesia e o Pároco de Canedo (que mora em Lobão)

querem demolir a Residência Paroquial, situada em frente à porta principal

da Igreja Matriz, segundo consta porque isso interessa ao proprietário da

denominada "Urbanização Pomar", Sr. Manuel Pinto Marques (membro da

Autarquia local).

Este oferece um talhão na mencionada urbanização em troca do local

onde está a dita residência e o respectivo quintal, para os paroquianos

edificarem nova residência.

Só que mil, quatrocentos e treze canedenses já subscreveram um abaixo

assinado no qual exigem "que sejam de imediato suspensas quaisquer

obras de destruição ou derrube; que seja feita uma consulta pública,

através de referendo no sentido de ouvir a vontade da maioria do Povo;

que sejam devidamente explicadas as razões e a finalidade destas obras e

quais os benefícios que daí advêm para a freguesia e Paróquia; que Respeite

e se cumpra a vontade do Povo, manifestada através do voto em

referendo".

A "guerra" começou no dia 24 de Julho; só Deus sabe quando terminará.

QUARTOS DE BANHO E FONTANÁRIO DA PRAÇA

766


[Capítulo XX](Notas/Referências)

Os quartos de banho e o fontanário da Praça estiveram sem água mais

de um ano. Houve reclamações, mas os responsáveis argumentavam que

era muito difícil fazer as devidas reparações na canalização. Contudo, na

semana passada problema foi resolvido...em poucas horas! O que levou

alguém já com muitos cabelos brancos a afirmar que deveria eleições todos

os anos; ou se possível duas vezes por ano...

A LIXEIRA: TELEFONEMAS ANÓNIMOS?

No passado dia 31 de Julho teve lugar mais uma manifestação contra a

lixeira de Lousado, Canedo que tanta gente incomoda, embora alguns

queiram fazer crer que não. Pelos vistos a GNR compareceu em grande

número, provavelmente a mando daqueles que se estão borrifando para os

problemas do Povo.

Entretanto alguém nos confidenciou que, nos últimos dias, terão sido

recebidos telefonemas anónimos com ameaças caso o problema da lixeira

não seja resolvido.

IMAGEM DA SRA. DA PIEDADE

Há algum tempo, foi feito na freguesia um peditório para uma imagem

que está no arraial de Nossa Sra. da Piedade. O peditório terá rendido cerca

de sete mil contos. A imagem, o Povo não sabe quanto custou. Mas sabe

que não gosta dela; os canedenses queriam imagem idêntica à que uma

está na Capela.

Manuel Ribeiro”

99. Jornal Terras da Feira – Edição 3 de Setembro de 1998:

A propósito da vinda de António Guterres a Canedo visitar a Escola EB

2/3 de Canedo.

“Visitou a Escola de Canedo e ouviu reinvidicações camarárias

GUTERRES “DESCOBRIU” O CAMINHO PARA A FEIRA

Agosto trouxe-nos enfim uma visita do primeiro-ministro que não fosse

apenas para presidir a um qualquer evento no Europarque. Veio

«atrelado» à sua paixão pela Educação, para visitar a novíssima escola E, B

2,3 de Canedo, mas o presidente da Câmara não perdeu a oportunidade

de o confrontar com as grandes necessidades do concelho nas áreas do

saneamento básico e das acessibilidades. Quanto à nova escola visitada, já

767


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

vai ser utilizada no ano lectivo prestes a arrancar, embora o pavilhão

gimnodesportivo só esteja pronto em Dezembro.

A escola EB 2,3 de Canedo, que no primeiro ano da sua existência legal

funcionou em casa emprestada pela Paróquia, iniciará o novo ano lectivo

nas novas instalações, recentemente visitadas pelo primeiro-ministro,

António Guterres. Só o pavilhão gimno desportivo não estará utilizável em

tempo útil, prevendo se que esteja concluido apenas em Dezembro.

Nas suas instalações provisórias, a E,B 2.3 de Canedo deu aulas a 160

alunos, o que já permitiu desafogar estabelecimentos de ensino similares

da região, nomeadamente a escola Olival, Gaia. Este ano lectivo, nas novas

instalações, a escola de Canedo deverá receber já 530 alunos, número

que, segundo as previsões, aumentara para 740 no ano lectivo 1999/2000.

Os alunos matriculados em Canedo são sobretudo daquela vila e de Vila

Maior, bem como da freguesia gondomarense da Lomba, separada da sede

do concelho pelo rio Douro. 216

A E.B 2,3 de Canedo custou meio milhão de contos e foi construída em

tempo recorde, pois as obras arrancaram no princípio de 1998. Tida como

modelar, a escola está apetrechada com salas de aulas normais especificas

(desenho, laboratórios, etc.), bem como uma área informática, onde os

alunos terão acesso à Intenet.

Está dotada também com instalações especiais para deficientes,

incluindo rampas e elevadores. O novo estabelecimento de ensino de

Canedo é o décimo-primeiro do concelho ao nível do ensino dos segundo e

terceiro ciclo, sendo um privado (o Colégio Liceal de Santa Maria de Lamas)

e os demais públicos.

No seu conjunto, estas 11 escolas respondem pela educação de 7350

alunos, de acordo com números avançados ao Terras da Feira pelos serviços

municipais de Educação.

REUNIÃO COM ALFREDO. À margem da visita à escola de Canedo,

António Guterres manteve um curto encontro com o presidente da Câmara,

durante o qual Alfredo Henriques tentou sensibilizar o primeiro-ministro

216

Pequeno lapso do Jornal visto que Lomba, tal como Canedo, situa-se na margem esquerda do Rio

Douro, sendo a única freguesia do Concelho de Gondomar localizada nessa margem.

768


[Capítulo XX](Notas/Referências)

para as grandes necessidades do concelho, nomeadamente saneamento

básico e acessibilidades.

Embora Guterres já estivesse várias vezes no Concelho, a verdade é que

o primeiro-ministro se ficara pelo Europarque e nunca viera a Santa Maria

da Feira para conhecer realidades especificamente locais.

Aliás, o actual Governo tem sido parco em visitas à Feira e um longo

jejum só foi quebrado pela ministra da Saúde quando, em Julho passado,

veio receber o novo hospital de S. Sebastião e participar num jantar em sua

homenagem. Na altura, o chefe da edilidade deixou alguns recados ao

Governo que pôde explanar melhor, um mês mais tarde, frente ao próprio

primeiro-ministro.

No dia que veio à Feira, o primeiro-ministro esteve também em mais

dois estabelecimentos de ensino de construção recente -no Cartaxo e no

Porto. O ministro da Educação, Marçal Grilo, o secretário de Estado da

Administração Educativa, Guilherme d' Oliveira Martins, e a secretaria de

Estado da Educação, Ana Benavente, acompanharam o chefe do executivo

nesta sua deslocação.

Na ocasião, o primeiro-ministro e o ministro da Educação apresentaram

as linhas de orientação do reordenamento da rede escolar e as novas

tipologias de es colas completas, com plena expressão no ano lectivo de

1998/99.

Em Canedo, Guterres lembrou obras realizadas em cerca de 100

estabelecimentos de ensino nacionais e garantiu que estariam todas

prontas tempo do novo ano lectivo. Guterres sublinhou, na altura, que o

seu grande objectivo é retirar a Educação das primeiras páginas dos jornais.

«No dia em que a Educação não for noticia, eu e o Sr. ministro da Educação

ficaremos inteiramente felizes, porque é sinal que conseguimos um sistema

educativo funcionando com toda a normalidade.»”

100. Jornal NORDESTEFEIRA – Edição 21 de Outubro de 2000:

“REZA O RESPONSO HÁ QUASE 80 ANOS

A D. Palmira Neves Costa Fontes, que fez 89 anos no dia 5 de Outubro,

também mora perto da capela de Terças e confirma que ela é muito mais

antiga do que a Igreja Paroquial de Canedo.

769


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Diz que se lembra muito bem onde era a cruz e o calvário da paróquia

de Várzea. Também sabe onde ficava o cemitério e lamenta que se tenha

dado cabo dele, transformando-o num campo de cultivo, sem qualquer

respeito pelos mortos.

Sempre teve boa saúde. Há pouco tempo teve que ir ao hospital S.

Sebastião porque foi atacada por um enxame de abelhas. Diz que lhe deram

umas injecções que a puseram fina em poucas horas.

O Responso de Santo António.

Quando era pequenina, andava por aquela zona um pobre que rezava o

Responso de Santo António em cada casa onde ia pedir. A D. Palmira tantas

vezes o ouviu que aos 7 anos de idade que já o sabia de cor. Considera que

faz muito efeito para encontrar animais e coisas perdidas, roubadas ou

desaparecidas..

Começou a responsar a partir dos 10 ou 11 anos de idade e acha que dá

resultado sempre que ela não se engana a meio. Ao dizê-lo, tem que se

concentrar sozinha, dentro de casa.

Quando se engana, significa que a coisa perdida ou roubada já não pode

aparecer. Afirma que, ao longo de quase 80 anos, sempre que conseguiu

dizer o responso até ao fim, sem se enganar, as coisas perdidas ou roubadas

sempre apareceram. Um dos casos mais interessantes é o seguinte:

«Uma senhora que estava em Angola, como não podia trazer dinheiro

comprou ouro e trouxe-o.

Tinha-o guardado em casa e roubaram-lhe uma parte.

Ela veio pedir para eu rezar o responso e chorava muito porque esse

ouro era quase tudo o que ela tinha. Eu responsei por diversas vezes, mas

nunca consegui encarreirar até ao fim.

Fiquei com muita pena, mas não pude fazer nada.

É que se as coisas roubadas passarem por cima de água já não acusa

remorsos à pessoa que roubou. Deve ser isso que aconteceu naquele caso».

770


[Capítulo XX](Notas/Referências)

O RESPONSO,POR INTEIRO:

António, três vezes António.

Estando milagroso António,

No seu púlpito a pregar,

Veio um anjo, do Céu à Terra e disse:

António!Deves crer, que Deus te manda dizer,

Que teu pai vai morrer, de 7 sentenças falsas.

António tudo isto ouviu, admirado ficou,

Para o seu povo olhou. À rua Nova chegou.

A justiça encontrou. Justiça com toda a gente,

O seu pai ia na frente.

Onde levais esse homem? Vai morrer tão inocente.

Este homem matou outro, enterrou-o no seu quintal.

Vamos à campa do morto, que ele jurará verdade.

Levanta-te ó morto. Quero-o Deus omnipotente.

Vem dizer quem te matou, desengana-me esta gente.

Esse homem não me matou nem dele tenho sinais.

O homem que me matou, na companhia o levais.

O meu sagrado Messias, não quer que eu descubra mais.

Ó meu pai do coração, bote-me a sua benção.

Que eu cá me vou para pádua, acabar o meu sermão.

Muita gente lá deixei, muitas mais irei achar,

Só para ver, a voz que eu faço a pregar.

O seu pai do coração, tinha o seu filho Fernando.

O nome mudou para António, para o livrar do demónio,

Que sempre o andava a tentar, a toda a hora do dia,

Onde quer que ele estava.

Glória ao Pai, e ao Filho também

E ao Divino Espírito Santo

Para todo o sempre amém.”

771


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

772


[Conclusão e Agradecimentos]

[Conclusão e Agradecimentos]

773


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

774


[Conclusão e Agradecimentos]

• Conclusão

Canedo, é uma freguesia muito extensa do nordeste do Concelho de

Santa Maria da Feira, com uma grande história escondida por entre

pergaminhos e manuscritos escritos em latim e português arcaico, rodeada

de terras íngremes e rochosas, onde séculos após séculos, estas gentes

rudes e confinadas de bravia, arrebataram para a sua própria subsistência.

Tem um clima ameno, em pé de igualdade com todo o território feirense,

conferindo assim a fertilidade dos solos e a grande produtividade agrícola

outorgando à freguesia, a importância de ser das mais produtivas e férteis

do Concelho.

Ao longo dos vários séculos de história, Canedo sofreu imensas

alterações no domínio histórico, religioso e geográfico. No século X, já com

a expulsão dos Mouros executada, foi construído um mosteiro beneditino,

depois de ter existido um mais antigo na extinta freguesia de Várzea do

Carvoeiro, hoje lugar de Várzea, mas que terá sido destruído pelo rei mouro

Almançor. Séculos mais tarde, a 1 de Junho 1212, é fundada oficialmente a

Vila de Canedo, por carta-foral de D. Afonso II. Nesta altura, Canedo

compreendia territórios como Serralva, Pessegueiro, Sagufe, entre outros.

A posse das terras, era maioritariamente das ordens religiosas e

militares, da Igreja ou do Rei, sendo que poucas ou quase nenhumas

estavam sob o domínio dos herdadores.

No ano de 1304, o El-Rei D. Dinis, doou o Mosteiro de Canedo ao

então Bispo do Porto, D. Geraldo, com a obrigação de uma missa diária,

cantada em honra de Deus e da Virgem Santa Maria por alma dos

ascendentes e descendentes do doador. Posteriormente, no ano de 1307,

o mesmo bispo deu e concedeu ao Cabido todos os rendimentos do

mosteiro. Passados cinco anos, o Mosteiro foi perpetuamente anexado ao

Cabido da Sé do Porto.

O Mosteiro de Canedo, detinha terras na freguesia de Lobão, Canedo,

Vila Maior e Louredo, sendo que também tinha a si anexado a Igreja de São

Tiago de Lobão, S. Vicente Louredo e a Igreja de S. Pedro de Canedo.

775


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Exponhamos que nos seus séculos de história, o mosteiro não teve

uma administração profícua, nem da parte dos religiosos, nem da parte do

Cabido, acabando por entrar em ruínas por volta do século XV. Durante

quase cinco séculos, a história da vila resumiu-se aos factos históricos sobre

o Mosteiro, que, de certo modo, era o ponto central da administração

religiosa do nordeste do Concelho de Santa Maria da Feira. Provavelmente,

durante a Dinastia Filipina, a quinta do Mosteiro terá sido vendida por

urgência de Estado.

A Igreja Paroquial de São Pedro de Canedo, permaneceu então como

o monumento religioso mais representativo da freguesia, e que por lá,

passaram imensos religiosos que tanto no espiritual como no material a

desenvolveram.

No século XVI, a Igreja de Canedo é incorporada na Comenda da

Ordem de Cristo de Lobão, como também as suas duas igrejas anexas: São

Tiago de Lobão e de São Vicente de Louredo. No ano 1623, a igreja ainda

estava sob a sua custódia e só terá sido desanexada por volta do século

XVIII. Atualmente, apresenta uma arquitetura seiscentista, mas que desde

da sua existência, foi várias vezes reestruturada e modificada.

Por volta do século XVII, começam a ser construídas algumas capelas,

como a Capela da Senhora da Piedade, a Capela de Nossa Senhora do

Amparo, a Capela de Santa Bárbara, entre outras.

A Vila de Canedo, inicia um grande passo no seu progresso no século

XVIII, com um significativo crescimento populacional e residencial. Por esta

altura, ainda vigora em predominância a cultura de milho, centeio e a

extração de cortiça e mel, sendo também uma das freguesias com mais

ofícios do Concelho da Feira e das que pagava mais impostos, o que

evidência a sua elevada produção agrícola em contraste com o restante

território feirense. Neste século começam a surgir, na Vila, pessoas com

ofícios importantes.

No século XIX, com o aparecimento da máquina, iniciou-se a

construção de uma serração no lugar de Carvoeiro, junto ao Porto Fluvial

que por esta altura tinha grande importância nas trocas de mercadorias no

Douro com destino à Cidade do Porto. Este século, é o período da

emancipação de várias famílias da freguesia, donde advêm grandes nomes

canedenses com ofícios: de padres, médicos, cirurgiões, capitães, entre

776


[Conclusão e Agradecimentos]

outros. Vê-se, pois, que com o constante crescimento da população, a

produtividade aumentou significativamente.

A referir que, é por esta altura que os lugares meeiros de Serralva,

Sagufe e Pessegueiro, deixam de pertencer a Canedo.

No século adiante, o XX, a freguesia assistiu ao seu maior

desenvolvimento, a todos os níveis. Em pé de igualdade com os séculos

anteriores, descreveu um crescimento populacional significativo

acompanhado por um forte crescimento residencial. Nota-se que no início

do século XX, o desenvolvimento não foi tão acentuado, devido aos vários

conflitos existentes no país e fora dele como a Primeira Grande Guerra

Mundial onde três canedenses perderam a vida.

Em meados do prévio século, iniciou-se a abertura de vias de

comunicação entre os vários lugares e aldeias. Com a chegada da

eletricidade, começaram a surgir pequenos edifícios industriais. Nota-se

que neste período houve investimento na educação e implementação de

políticas para a instrução da população que culminaram para a diminuição

do analfabetismo, que nos séculos anteriores era uma taxa preocupante. É

nesta altura que o associativismo começa a dar os seus primeiros passos

com a fundação da Tuna Musical de Canedo no ano de 1950.

Na segunda metade do século XX, Canedo assiste a uma grande vaga

de emigração, derivado do início da Guerra Colonial Portuguesa e também

à melhor qualidade de vida que se podia encontrar fora do país. Em finais

da década de sessenta e inícios da de setenta, grandes obras se iniciam na

freguesia: o Salão Paroquial e o Posto da GNR.

A partir deste momento, o crescimento começa a ascender-se

gradualmente, atingindo um exponencial nas décadas de oitenta e noventa,

com a grandiosa obra do Centro Social de Canedo e o início do urbanismo

na freguesia, sendo um mote para a sua elevação a Vila no ano de 1997.

Em pleno século XX, é de notar os seus traços característicos de um

território desenvolvido, com alguns serviços, mas que merece muitos mais.

Uma terra lisonjeada pela sua história, encantada pelo seu território e

invejada pelas suas gentes.

Findo esta robusta obra com o benemérito escritor Arlindo de Sousa:

777


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

“Canedo é uma freguesia rica de

tradições históricas e de lendas

encantadoras.

O seu folclore é um dos mais

interessantes e valiosos do país. Os seus

costumes e hábitos primitivos, superstições,

vestuários, fainas agrícolas, indústrias

caseiras, culinária, folguedos, são precioso

manancial para o estudioso e investigador

ávido de imprevisto e singularidade.

Meus queridos leitores,

se um dia fordes

à Vila da Feira,

não deixeis de ir a

Canedo…”

778


[Conclusão e Agradecimentos]

• Agradecimentos:

No percurso da sua escrita, este livro contou com o apoio de diversas

pessoas e instituições, que contribuíram de uma forma irrepreensível e

profícua para a realização de tal obra.

Começo por agradecer a todos os Canedenses, gentes das terras de

Canedo, do ilustre Concelho de Santa Maria da Feira, e a outras de fora da

freguesia, que muito contribuíram com fotografias, depoimentos,

documentos e mensagens de apoio e incentivo.

Uma palavra especial e de gratidão a todas as Bibliotecas e Arquivos pela

sua prontidão na disponibilização da informação a ser procurada,

nomeadamente à Biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira, à Biblioteca

Pública Municipal do Porto, ao Arquivo Distrital do Porto, ao Arquivo do

Distrito de Aveiro e ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo.

Da mesma maneira e jeito, agradeço à Paróquia de São Pedro de

Canedo, na sua pessoa do Sr. Padre Emanuel Bernardo, à Junta de Freguesia

da União de Freguesias de Canedo, Vale e Vila Maior e à Câmara

Municipal de Santa Maria da Feira pela ajuda provida.

Um breve agradecimento a todos os autores que escreveram sobre esta

belíssima terra, na qual as suas relevantes obras foram um mote para este

livro, desses destaco o Cónego António Ferreira de Pinto, Augusto Pinho

Leal e Arlindo de Sousa.

Uma última sentida mensagem de gratidão ao meu pai, Manuel Alexis,

que magnificamente contribuiu para a máxima completação deste livro e

por ter sido um enorme impulsionador e pilar de encorajamento para me

lançar numa obra “desta envergadura”.

A estes todos e outros mais que ajudaram na construção da sua

identidade e história, presentes neste livro, um enorme Obrigado.

779


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

780


[Fontes e Bibliografia]

[Fontes e Bibliografia]

781


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

782


[Fontes e Bibliografia]

• Fontes Manuscritas

Arquivo do Distrito de Aveiro:

- Registos Paroquiais de Canedo:

- Registos de Batismos: 1587-03-06/1911-03-31;

- Registos de Casamentos: 1587-05-20/1911-03-30;

- Registos de Óbitos: 1592-01-06/1911-03-09;

- Registos de Legitimações, Reconhecimentos e Perfilhações: 1860-02-07/1885-

08-04.

- Registos de emissão de Passaportes;

Arquivo Distrital do Porto:

- Cabido da Sé do Porto:

- Livro n.º 7 dos Originais;

- Livro n.º 19 dos Originais:

- Livro n.º 25 dos Originais;

- Livro das Sentenças nº. 34;

- Livro das Sentenças nº. 84;

- Livro das Sentenças nº. 86;

- Cabido da Sé do Porto, Livro das Sentenças;

- Doações Regalias e privilégios vários;

- Cabido da Sé do Porto, Tombos dos votos da Comarca da Feira;

- Convento de São Francisco – Porto;

Arquivo Municipal de Santa Maria da Feira:

- Autos de Remissão de foros;

- Actas de Constituição dos Círculos de Juízes de Paz;

- Livros de Atas Camarárias;

- Cópia do Foral dado à Vila da Feira por D. Manuel I – 1514;

- Registo Geral;

- Registo de Ofícios;

- Comissão de Recenseamento dos Jurados;

- Registos de termos de posse de regedores e Junta de Freguesia;

- Registos de cartões de identidade dos regedores;

- Registo de termos de juramento e posse;

- Registo de termos de juramento de regedores;

- Matriz Provisória da Contribuição Predial de Canedo;

- Matriz Predial Urbana de Canedo;

- Registo do Lançamento da Décima;

- Registo do Lançamento do 4,5% / Décima;

783


São Pedro de Canedo – História de uma Vila

- Recenseamento dos elegíveis para os cargos do distrito, município e paróquia;

Arquivo Nacional da Torre do Tombo:

- Livros das Chancelarias Régias:

- Chancelaria de D. Afonso II;

- Chancelaria de D. Afonso III;

- Chancelaria de D. Dinis;

- Registo Geral de Mercês:

- Registo Geral de Mercês do reinado de D. Luís I;

- Registo Geral de Mercês do reinado de D. Carlos;

- Memórias Paroquiais (1758):

- Canedo (Feira);

- Mosteiro do Salvador de Grijó:

- Livro preto de Grijó;

- Mosteiro de Pedroso;

- Leitura Nova:

- Livro 2 de Direitos Reais;

- Reforma das Gavetas:

- Livro 13;

- Gaveta 8:

- Maço 4;

- Juízo da India e Mina;

Arquivo Distrital de Braga:

- Mitra Episcopal de Braga:

- Registos Gerais:

Arquivo da Universidade de Coimbra:

- Livro Preto da Sé de Coimbra;

- Índice de alunos da Universidade de Coimbra;

Arquivo Particular:

- Vários documentos relativos à Paróquia de Canedo, pessoas, e modos de vida;

Arquivo da Junta de Freguesia de Canedo:

- Arquivos vários sobre Associações, Juntas de Freguesia e Assembleias de Freguesia;

Arquivo da Paróquia de São Pedro de Canedo:

- Registos Paroquiais de Canedo:

- Registos de Batismos: 1911 até à atualidade;

- Registos de Casamentos: 1911 até à atualidade;

- Registos de Óbitos: 1911 até à atualidade.

784


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Banco de imagens e outras informações:

http://www.uniaocanedovalevmaior.pt/ i

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São Pedro de Canedo – História de uma Vila

Siglas e abreviaturas utilizadas:

Sigla

ac.

ADA

ADP

AMSMF

ANTT

ADB

AJFC

AMOA

APSPC

BMSMF

BPMP

Cap.

Cf.

Doc.

Est.

Fl.

Freg.

Graf.

Literat.

Map.

N.º

Obs.

Séc.

Segts

Tab.

Vd.

Vol.

Abreviaturas

Antes de Cristo

Arquivo do Distrito de Aveiro

Arquivo Distrital do Porto

Arquivo Municipal de Santa Maria da Feira

Arquivo Nacional da Torre do Tombo

Arquivo Distrital de Braga

Arquivo da Junta de Freguesia de Canedo

Arquivo Municipal de Oliveira de Azeméis

Aquivo da Paróquia de São Pedro de Canedo

Biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira

Biblioteca Pública Municipal do Porto

Capítulo

Conforme

Documento

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Gráfico

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