14.04.2020 Views

O Progresso, edição de 14 de abril de 2020

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

POLÍTICA C1-2

TERÇA, 14 DE ABRIL DE 2020

CIÚME E VÍRUS ELEITORAL

CORIOLANO FILHO

Editor Responsável

editoria@oprogressonet.com

- 03 DE MAIO DE 1970 -

SERGIO GODINHO

Diretor Superintendente

diretoria@oprogressonet.com

Gaudêncio Torquato *

A lembrança de Hannah Arendt cai bem nesse momento:

"a inveja era o vício nacional na antiga Grécia". Pois é, o

presidente da República tem usado seus espaços de expressão

para azucrinar o ministro da Saúde, Luiz Mandetta. Seria

o ministro um arrogante, o poder teria subido à sua cabeça e,

mais, quem tem o poder da caneta é ele, que comanda o país.

Foi um puxão de orelhas em Mandetta. No pronunciamento

da última quarta, Bolsonaro levantou bandeira branca. Em

termos. Garantiu que "grande maioria dos brasileiros quer

voltar a trabalhar. Essa sempre foi minha orientação a todos

os ministros, observadas as normas do Ministério da Saúde".

Ou seja, repete a tese que defende, desta feita sob a obediência

à visão do Mandetta.

O ministro permaneceu no cargo por intercessão dos generais

do Planalto, insistindo na defesa do isolamento social,

barreira mais eficaz para atenuar a devastação causada pelo

Covid-19.

São muitos os exemplos de fritura de ministros ao longo

dos ciclos políticos, mas nunca se viu uma situação tão constrangedora

como esta última: um presidente da República

destratando publicamente um dos seus mais importantes auxiliares.

Que conta com maciço apoio da sociedade.

Qual o motivo de tanta desconsideração e deselegância?

Ciúme? Inveja? Se for isso, Bolsonaro puxa esse vício para o

tabuleiro da política.

Não é preciso conhecimento avançado para se aduzir

que o presidente Jair aprecia conviver com situações inseridas

no departamento das "coisas politicamente incorretas".

Falar mal de ministros, dar pitos públicos, puxar a orelha

de uns e outros, fazer piadas de mau gosto, apelar para

símbolos sexuais e usar expressões misógenas e machistas,

são pistas que apontam para a incivilidade do mandatáriomor

da República.

Para quem acompanhou a vida do tenente aposentado

como capitão e, depois, parlamentar por quase 28 anos na

Câmara Federal, sabe que a trajetória de Sua Excelência foi

uma cruzada cheia de curvas, posições discriminatórias, exaltação

aos anos de chumbo e a torturadores, enfim, um roteiro

pavimentado com o cimento da polêmica. Quem imaginou

que, no cargo de presidente, poderia agregar algum refinamento

e adotar a liturgia do poder, enganou-se. O presidente

mudou pouco hábitos de outrora.

A par da ausência de saberes compatíveis com as exigências

do cargo, o presidente dá sinais de que se vale de três

assessores fundamentais: os três filhos, o senador Flávio, o

deputado Eduardo e o vereador Carlos, sendo este apontado

como coordenador do "gabinete do ódio", acusado de fabricar

fake news. O fato é que os impulsos emotivos da filharada

parecem pesar sobre o processo presidencial de decisão.

Nesse ponto, voltemos ao episódio que culminou com a

execração pública do ministro Mandetta. Bolsonaro teria ficado

com ciúmes do prestígio adquirido pelo ministro junto à

opinião pública, nos moldes de postura assemelhada quando

se distanciou de Sérgio Moro e Paulo Guedes. Com um drible,

Mandetta referiu-se de maneira indireta ao assunto. Contou

ter voltado a ler o "Mito da Caverna", que aparece na

República de Platão. "Já li umas 20 vezes e até hoje não

consegui entender", frisou o ministro.

O mito platônico trata de conhecimento e ignorância. Fala

da caverna escura onde homens vivem acorrentados, vendo

apenas sombras. Platão - dizem os estudiosos - coloca na

boca de Sócrates três imagens - o sol, uma linha divisória

entre o inteligível e o mito da caverna, alegoria para explicar

que a maior parte dos homens permanece na ignorância, sendo

o filósofo aquele que sai da caverna e vê as coisas como são.

Seria uma ironia ao 'mito' como Bolsonaro é chamado?

Os sábios nos brindam com aulas sobre a inveja. Bacon preconizava:

"O homem que não tiver virtude própria sempre

invejará a virtude dos outros. A razão disso é que a alma

humana se nutre do bem próprio ou do mal alheio, e aquela

que carece de um, aspira a obter o outro, e aquele que está

longe de esperar obter méritos de outrem, procurará se nivelar

com ele, destruindo a sua fortuna".

Dante Alighieri reservou um dos espaços do purgatório

aos invejosos, que teriam os olhos costurados com arame.

Nada vendo, não podem mais invejar. E Santo Agostinho definia

a inveja como a tristeza pela felicidade dos outros ("tristitia

alienum bonum"), a dor pelo sucesso alheio.

O presidente da República tem de sair da caverna, onde

sofre com o sucesso de outros, para ver não apenas sombras,

mas a verdade do mundo real.

* Gaudêncio Torquato, jornalista, é professor titular

da USP, consultor político e de comunicação

Twitter@gaudtorquato

ILLYA NATHASJE

Diretor Comercial

comercial@oprogressonet.com

Rodrigo Maia sugere aos bancos criação de fundo

emergencial para ajudar a combater efeitos da pandemia

Agência Câmara

O presidente da Câmara,

Rodrigo Maia, afirmou que,

se todos os bancos públicos

e privados compusessem um

fundo emergencial, isso sinalizaria

um "ótimo apoio" do

sistema financeiro ao combate

à crise do coronavírus. Segundo

ele, a sociedade entende

que os bancos nunca participam

dos momentos de crise

no País e que sempre querem

ter lucro e resultados positivos

em todas as situações.

Maia participou de uma live

com o presidente da Febraban,

Isac Sidney, nesta segunda-feira

(13).

"É importante que os bancos

tenham transparência e

mostrem para a sociedade o

que estão fazendo e que podem

colaborar muito, tantos os

públicos quanto os privados.

Temos uma crise de liquidez

em muitos setores , como os

hospitais médios e pequenos,

as empresas aéreas e de

transporte urbano, por exemplo.

O setor bancário pode e

deve ter um papel fundamental

e devem colaborar de forma

mais ativa", afirmou Rodrigo

Maia.

Maia propôs novamente

uma abertura de linha de crédito

para garantir a solvência

de hospitais de médio e pequeno

porte, já que todo o sistema

de saúde vai ser impactado

pela crise. Ele destacou

que grandes redes têm recursos

e hospitais públicos, como

a Santas Casas, têm linhas de

financiamento.

"Seria importante que o sistema

financeiro tivesse uma

linha de crédito para esses

hospitais, porque está tudo

parado, esperando a chegada

dos pacientes com coronavírus,

mas eles têm que ter condição

de pagar salários", propôs

Maia.

Liquidez

Maia destacou que a crise

atual impacta a atividade econômica

real e pode contaminar

a liquidez das famílias e

Maia: para a sociedade, bancos querem

ter lucro em todas as situações

das empresas. Segundo ele, é

preciso que o governo garanta

que a liquidez chegue a toda

sociedade.

"A gente sabe que há apoios

pontuais, mas as pessoas

batem na porta do banco e as

respostas são diferentes do

que estão sendo prometidas",

disse.

De acordo com o presidente

da Câmara, ainda há algumas

demandas que precisam

ser atendidas, mas cobrou que

haja um papel do governo nessa

negociação.

"Tem muita demanda de

microcrédito, muitas pessoas

no crédito consignado, tem

uma demanda das empresas

médias e grandes de liquidez,

mas isso depende de uma negociação

com o governo", afirmou.

Senador propõe suspender pagamentos

de estados e municípios à Previdência

Agência Senado

Senador Veneziano Vital do Rego (PSB-PB)

Reforma do Estado é urgente

para retomada da economia,

defende senador por Rondônia

Agência Senado

Senador Marcos Rogério (DEM-RO)

O senador Marcos Rogério (DEM-RO) destacou, em pronunciamento

nesta segunda-feira (13), a necessidade de uma ampla

reforma do Estado, para torná-lo mais enxuto e eficiente, a fim

de facilitar a retomada da economia, inevitavelmente afetada pela

atual pandemia. Para ele, esse esforço é cada dia mais urgente e

inclui todos os poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.

Nesse sentido, o parlamentar disse esperar que o governo federal,

mesmo em meio à crise ocasionada pela covid-19, possa

encaminhar a reforma administrativa.

- Precisamos fazer uma reforma inteligente, austera. O fato de

estarmos em um ano de eleições não pode, de forma alguma,

justificar qualquer atraso no calendário legislativo.

Marcos Rogério afirmou que, assim como a sociedade está

precisando racionalizar seus gastos, o Estado necessita fazer isso

em setores que não sejam vitais neste momento. Ele acrescentou

que não se pode focar apenas na crise, por ser preciso planejar

também o futuro.

O senador por Rondônia ressaltou que, se antes da epidemia já

era necessário enxugar o Estado brasileiro, torná-lo menos gastador

e deficitário, agora a necessidade é ainda mais premente.

Agência Senado

O senador Veneziano Vital

do Rego (PSB-PB) defendeu

a aprovação de projeto de sua

autoria (PL 1.642/2020) que

suspende o pagamento das

contribuições previdenciárias

dos municípios, dos estados e

do Distrito Federal, referentes

aos respectivos empregados

públicos vinculados ao Regime

Geral da Previdência Social

(RPPS).

Pela proposta, a suspensão

da cobrança pela União será

válida enquanto perdurar o

período de calamidade pública

decorrente da pandemia de

covid-19. Após a crise sanitária,

esses entes da Federação

poderão parcelar o pagamento

das contribuições suspensas,

explicou o senador.

- Mensalmente, o governo

federal faz esse recolhimento,

essa retenção. E, neste instante,

a nossa ideia, até para

ajudar os estados e municípios,

que terminam por absorver

grandemente os efeitos da

covid-19, é essa suspensão -

defendeu.

Veneziano também comemorou

a aprovação, na semana

passada, do projeto que

abre linhas de crédito para as

micro e pequenas empresas,

sem necessidade de oferta de

garantia (PL 1.282/2020).

Para o senador, a continuidade

desses empreendimentos é

fundamental para a manutenção

de milhares de empregos.

Humberto Costa destaca

aprovação pelo Senado de ajuda

às pequenas e microempresas

Senador Humberto Costa (PT-PE)

O senador Humberto Costa (PT-PE) destacou em pronunciamento

a importância da aprovação pelo Senado de uma proposta

(PL 1.282/2020) de ajuda às pequenas e microempresas,

no valor de R$ 13,6 bilhões. De acordo com o parlamentar,

esses recursos poderão ser usados para o pagamento dos salários

dos seus trabalhadores e como capital de giro.

Ele acrescentou que o compromisso cobrado das pequenas

e microempresas para terem acesso a esse crédito é que elas

não façam nenhum tipo de demissão ao longo deste período da

quarentena relativa ao coronavírus.

- Não entrou nesta proposta o microempreendedor individual,

mas nós já estamos trabalhando para que isso venha a acontecer

e que todos possam estar amparados por algum tipo de

renda, por algum tipo de apoio.

Humberto Costa destacou também o início do processo de

pagamento da bolsa emergencial à população de baixa renda e

disse que o Congresso teve um papel importante no aumento

do valor dessa ajuda para R$ 600,00 e R$ 1.200,00 para mães

que são cabeça de família.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!