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Zinestro . Vol.1 . Fuck Covid

Em isolamento, podemos olhar para fora e devemos olhar pra dentro. Fazer um mergulho mais profundo em nossa essência para encontrar quem somos de verdade. E quando isso passar, decidir o que preservar do mundo e de nós mesmos e o que descartar. Essa decisão será primordial. Essa hora ainda não chegou. https://www.gorilabranco.com/zinestro

Em isolamento, podemos olhar para fora e devemos olhar pra dentro. Fazer um mergulho mais profundo em nossa essência para encontrar quem somos de verdade. E quando isso passar, decidir o que preservar do mundo e de nós mesmos e o que descartar. Essa decisão será primordial.

Essa hora ainda não chegou.

https://www.gorilabranco.com/zinestro

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zinestro.

vol.1

fuck covid



Vol.1 . Fuck Covid

Bruno Peixoto . 6-8

Rafa Cappai . 12-13

Gabriel Lobo . 14-17

Larissa Campos . 18-19

Vitor Casemiro . 20-23

Egon Pessoa . 24-25

Renan Diegues . 26-27

Bárbara Magri . 28-30

3



zinestro.

Um zine - diminutivo de magazine ou fanzine - é mais

comumente um trabalho de autopublicação de pequena

circulação ou textos e imagens apropriados, usualmente

reproduzidos via fotocopiadora. Geralmente, zines são um

produto de uma pessoa ou um pequeniníssimo coletivo.

Curador e editor:

Bruno Peixoto

Nessa edição, colaboram com

textos:

Bruno Peixoto, Egon Pessoa, Larissa

Campos, Rafa Cappai, Renan Diegues

Agradecimentos:

James Victore por ceder generosamente

a arte que ilustra a capa

dessa edição, todos os colaboradores,

parceiros e pessoas que torcem pelas

ações do envolvidos.

Nessa edição colaboram com fotos:

Bárbara Magri, Bruno Peixoto, Gabriel

Lobo, Ivana Cajina, Vitor Casemiro

gorilabranco.com/zinestro

ola@gorilabranco.com

Arte da capa:

James Victore @jamesvictore

diy.or.die

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foto: @rachacuca

Belmonte, BA. 2020

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ZINESTRO


Cada vez mais, tenho certeza que a maneira como me

comunico tenta expressar coisas que eu não poderia de

outra forma. Embora, o volume criativo seja menor do que

meu desejo. Principalmente, artisticamente,

dramaticamente.

Gostaria de estar compondo mais, ilustrando mais,

escrevendo mais, atuando mais, enquanto de alguma forma,

por algum acaso, eu possa me conectar com mais pessoas

que vibrem na mesma frequência.

No entanto, esses lampejos criativos surgiram de tempos

mais fecundos, quando o medo, ansiedade e insegurança

atuavam em nível pessoal e não social.

As coisas estão mudando. Enfrentamos uma ameaça

comum global e um inimigo canalha nacional.

Está doendo, mas vai passar. Vai doer mais, mas vai passar.

É difícil ser otimista e esperançoso nesse momento, mas é

um exercício necessário. Com o tempo, teremos a

oportunidade de olhar bem pra nós mesmos enquanto

sociedade e escolher:

- retornar a nos comportar como éramos: de forma egoísta,

covarde e insensível. Ou;

- compreender a conectividade de todos, o privilégio que

temos e nossa capacidade de agir pela compaixão.

Em isolamento, podemos olhar para fora e devemos olhar

pra dentro. Fazer um mergulho mais profundo em nossa

essência para encontrar quem somos de verdade. E quando

isso passar, decidir o que preservar do mundo e de nós

mesmos e o que descartar. Essa decisão será primordial.

Essa hora ainda não chegou.

VOL.1 / FUCK COVID 7


Agora é hora de escutar àqueles mais informados e seguir

suas instruções, por mais difícil que seja, a caminho do

desconhecido. Devemos seguir especialistas técnicos e não

um governante estúpido e cruel. Ninguém deveria fingir que

sabe o que não sabe - principalmente as pessoas com mais

alcance.

De toda a infodemia, barulho, opiniões e desinformação

proféticas ou alarmistas, surge uma mensagem mais

simples: lave suas mãos e fique em casa - se puder.

Coragem,


VOL.1 / FUCK COVID 9


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Playlist

“Ironman” / Cardigans ▸ Bruno Peixoto

“Under pressure” / Queen ▸ Rafa Cappai

“Doin’ it / Herbie Hancock ▸ Gabriel Lobo

“Losing” / H.E.R ▸ Larissa Campos

“Shadowplay” / Joy Division ▸ Vitor Casemiro

“Digeridoo” / Aphex Twin ▸ Egon Pessoa

“Resolution” / Matt Corby ▸ Renan Diegues

“Shout” / Tears for fears ▸ Bárbara Magri

foto da página anterior: @barbaramagri

VOL.1 / FUCK COVID 11


Se for o caso, claro!

fotos: @rachacuca

California, 2018

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ZINESTRO


Como conseguir focar no fazer em

dias como esses? E sim, eu sei que é

difícil, que a cabeça oscila, que o

corpo estranha, que a gente perde,

não só o foco, mas a nós mesmos

entre tantas outras preocupações,

notícias, notificações e medos que o

futuro impõe. Mas, respeitando toda

essa dificuldade que você deve estar

tendo agora - e aqui ela também bate!,

eu te digo: há algo de muito transformador

no fazer, nas horas do dia

dedicadas ao que de fato a gente consegue

controlar.

Esse pequeno universo, entre você,

sua obra e sua presença, que pode ser

sagrado. Se você acredita no que faz e

pra quem faz - e até se não curte tanto!,

possivelmente existe um jeito de

você contribuir para um futuro melhor

e mais humano se dedicando de corpo

e alma ao seu fazer agora.

Como é que tempos como esses

podem injetar ainda mais energia no

seu propósito? Como você pode ser

ainda mais empático, grato e compassivo

em tudo que faz? Como é que

você e o seu fazer podem se transformar

em uma força do bem, ainda

mais potente? Como você pode usar o

Como diria o poeta Khalil Gibran,

“trabalho é o amor tornado visível”,

então como a gente verticaliza ainda

mais isso? Vai mais fundo? Como usa

o medo - e a raiva ou frustração ou

mesmo alegria que você pode estar

sentindo, pra ir mais fundo na sua

mensagem, mas de maneira positiva?

E claro, se você ainda não está nesse

lugar de ter o seu trabalho como forma

de expressão de quem é e do que

deseja pro mundo, como isso tudo

que anda acontecendo pode injetar

uma faísca ainda mais potente em

você, te ajudando a encontrar essa

voz que você busca - se for o caso,

claro! Uma pergunta - e não é uma

retórica, gostaria mesmo de te ouvir:

como o propósito do que você faz

pode ficar ainda mais forte em tempos

como os nossos?

- Rafa Cappai / Carlsbad, CA

Artista e empreendedora

@rafacappai

seu fazer pra impactar ainda mais

positivamente o mundo ao seu redor?

VOL.1 / FUCK COVID 13


[textão sobre a beleza de ver a

cidade de outras formas mas

querendo mesmo é falar sobre

meu umbigo]

14

ZINESTRO


VOL.1 / FUCK COVID 15


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ZINESTRO


- Gabriel Lobo / Belo Horizonte, MG

Videomaker

@gnlobo

VOL.1 / FUCK COVID 17


A Impostora

fotos: @camposlarissaa

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ZINESTRO


me sinto insuficiente. a impostora.

faz meses que fechei um compromisso

comigo mesma: me deixar

sentir.

eu já não luto quando a tristeza vem,

eu não escondo a raiva entre os

dedos, eu pulo mesmo de felicidade,

eu gargalho até doer a barriga e sair

lágrimas sem freio. e hoje é um desses

dias em que eu apenas sinto. sem

julgar. porque hoje eu acordei me

sentindo uma farsa.

quem sou eu pra falar de escrita?

quem sou eu pra dar dicas de como

escrever de maneira mais humana,

afetuosa, acolhedora? quem sou eu

pra falar de cura? de autoconhecimento?

eu me derrubei. fiz planos e eles foram

por água abaixo. acordei sentindo a

famosa síndrome da impostora. aquela

ressaca moral, aquele sentimento sem

pé, nem cabeça que a gente não sabe

onde começa e quando termina.

eu fico dura comigo. rígida. fria. eu me

pergunto: aonde eu tava com a cabeça

quando abri um turma de escrita?

e eu mesma me respondo, eu não tava

com a cabeça, eu estava com o

coração. no fundo, ecoando com uma

voz de socorro tá minha sanidade

dizendo: olha pro tanto de mulheres

que você já ajudou a se expressar.

mas aqui fora o desespero dança e

canta: quem sou eu?

e enquanto eu me descubro compartilho

com vocês todas essas incertezas

e inseguranças. eu sou de carne,

osso, medo e coragem. todas elas

sem ordem. tudo dentro da bagagem.

e quem sabe aí, do outro lado, também

não tem alguém sentindo a

mesma coisa, né? pra tu, eu só posso

dizer: isso passa, tu vai ver.

- Larissa Campos / São Paulo, SP

Escritora e copywriter

@camposlarissaa

VOL.1 / FUCK COVID 19


Entre o corte da espada e o perfume da rosa

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ZINESTRO


VOL.1 / FUCK COVID 21


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ZINESTRO


- Vitor Casemiro/ Campinas, SP

Fotógrafo

@casemirovitor

VOL.1 / FUCK COVID 23


A vida é assim, como uma montanha.

Cujos anos são as trilhas que se

desvelam diante de nós. E nos traz o

turbilhão de ar das correntes oriundas

do fundo do precipício.

Que nos dá o calafrio de sempre pensar

onde será nosso próximo passo.

Pegada que ficará firme ou se perderá

na eternidade da queda. E assim seguimos,

rumo ao cume. Rumo ao

cimo.

Sonhando com o clímax, aspirando a

A Subida

visão da plenitude que se deita abaixo

de nós. Imaginando como ela é vívida,

cheia de sentidos. E assim seguimos,

um passo após o outro.

Ora sentido o calor dos raios solares

que enchem de esperança o caminhante.

Ora se regozijando com o

banho prateado da Lua, que aplaca

feridas e acalenta os corações cansados

daqueles que perseveram os

passos pois acreditam no pico.

foto: @von.co

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ZINESTRO


Sim. O pico é o que nós move a todos.

Ora a trilha encontra-se umedecida

pelas gotas da chuva que lavam nosso

ser. Ora essa mesma trilha evanesce

em escuridão para revelar a majestosa

luz que encontra-se no alto, bem

acima de nossas cabeças. E assim

seguimos... trilhando... caminhando...

Pois é no pico que toda o enigma

ontológico tornar-se-á completo.

Respiramos fundo e seguimos.

Tendo em mente que os espaços

conquistados através das últimas

passadas compõe a memória do que

nos identifica como entes humanos.

Sempre em busca do ser.

Olhar para trás nos dá a certeza do

seguir adiante, pois é esta coragem

que nos compõe como criaturas de

autoconhecimento. E é neste olhar

para trás que trazemos em nós a força

do seguir adiante; pois compreendemos

que são nos erros e acertos

Trilha circundante da montanha...

montanha metaforicamente compreendida

como vida... vida metafisicamente

encerrada no cume. Cuja luz

se faz plena... intensa... mística...

E ali, preenchidos de todo o maravilhoso

vislumbre do universo abaixo,

encerramos nossos olhos e deitamos a

cabeça para o descanso merecido.

Lúcidos de toda a lição final que a luz

nos traz. Que o cume nos mostra:

Somos humanos e não há nada mais

belo do que isso!

Sigamos todos... montanha acima...

- Egon Pessoa / Belo Horizonte, MG

Historiador e professor

@egonfelipepd

que vamos concluindo as inúmeras e

distintas etapas da trilha.

VOL.1 / FUCK COVID 25


Permita que a vida entre em você!

Você não precisa fugir da chuva

sempre que ela cair. Aliás, tudo que

iremos desejar um dia, será nos

molharmos mais uma vez dessa água

que cai das nuvens.

A gente vai querer voltar atrás e fazer

diferente, a gente vai sentir falta da

chuva se ela não cair mais, mas o que

importa são quais escolhas fazemos

de agora em diante, então dá tempo

de se molhar e permitir que o bom e o

mau da vida sejam vividos! Só existe o

agora, faça o melhor que puder com

ele. Sinta.

Eu tenho o hábito de ver a vida de uma

forma cinematográfica. Sempre tive.

Me coloco como protagonista da

minha história e me relaciono com os

acontecimentos como quem assiste a

um filme. Mas como sabemos, em um

bom filme é preciso ter altos e baixos,

alívios e martírios, perdas e ganhos e

uma transformação após cada ciclo.

Esse ponto de vista tem feito eu

observar os dias de chuva de uma

forma distinta da convencional: se está

nublado não significa necessariamente

que o dia está feio, mas sim que a

composição da circunstância oferece

um cenário convidativo para vivermos

o que a nossa subjetividade enxergar,

foto: @irisfotografa

enquanto tomamos um chá na janela.

Ou não. O filme é seu, dirija-o como

preferir. Eu prefiro um chá na janela. :)

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ZINESTRO


Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não

conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender,

viver ultrapassa qualquer entendimento.

- Clarice Lispector

A dor de uma tristeza faz parte do

presente da vida. Se há dor, há vida,

se há vida, há história. E o processo é

esse. Se o chefe é chato, se o parceiro

trai, se o filho mente, se doença pega,

se o dinheiro acaba ou até mesmo se

você de repente se enxerga como o

vilão, a história ganha um bom

Quando concluir essa leitura, você vai

ser obrigado a tomar alguma nova

atitude. Pode ser apenas mudar de

tela, cozinhar, voltar a trabalhar, tomar

um banho, ou mandar uma mensagem

interessante para alguém também

interessante - esse é minha sugestão

pra você.

objetivo. Como você vai sair dessa?

Independentemente do que for, te

A gente precisa reconhecer e aceitar

que os momentos ruins compõem as

boas histórias! E que os momentos

bons também. Viver essas fases como

se passássemos por uma experiência

nos gera clareza da aprendizagem

logo cedo.

convido a deixar a vida entrar em

você. O que for fazer, faça pra valer.

Estou falando sobre estar presente e

se conectar com a sua história e com

as suas ações. É sobre viver mesmo e

não sobreviver. Esteja presente em

suas atitudes. Só existe agora.

O ponto de virada de um protagonista

acontece de tempos em tempos,

então vai curtindo o caminho. Quando

- Renan Diegues / São Paulo, SP

Artista

@renandiegues

eu falo sobre se molhar na chuva, é

literal mesmo. Faça um caminho

diferente pra ir pro trabalho ou faça um

bate-volta na praia e certifique-se de

sujar bem o carro de areia.

VOL.1 / FUCK COVID 27


A única foto possível

28

ZINESTRO


VOL.1 / FUCK COVID 29


- Bárbara Magri / São Paulo, SP

Filmmaker

@barbaramagri

30

ZINESTRO


VOL.1 / FUCK COVID 31

foto da página seguinte: @rachacuca


zinestro.

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