26.08.2020 Views

Agenda Cultural de Proença-a-Nova - Setembro 2020

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Agenda</strong> <strong>Cultural</strong> <strong>de</strong> <strong>Proença</strong>-a-<strong>Nova</strong> setembro <strong>2020</strong><br />

abc das localida<strong>de</strong>s<br />

CARVALHAL<br />

“<br />

lugar pequenino que ninguém<br />

sabe on<strong>de</strong> fica (...) situado a<br />

meio <strong>de</strong> uma encosta que cheira<br />

a flor <strong>de</strong> laranjeira, a capelas <strong>de</strong><br />

S. João, rosmaninho e alecrim<br />

“<br />

Quando falamos no Carvalhal, a imagem que nos<br />

assalta a memória em primeiro lugar é a azinheira<br />

centenária à entrada da Rua Principal, à beira da<br />

Estrada Nacional 241. É consi<strong>de</strong>rada o símbolo do<br />

Carvalhal, assim como o castanheiro ali mesmo ao<br />

lado que, pela sua imponência, aparenta ter a mesma<br />

ida<strong>de</strong>. Local <strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> crianças em tempos, <strong>de</strong><br />

conversas soltas à sombra dos seus ramos ou <strong>de</strong> ponto<br />

<strong>de</strong> encontro nas noites quentes <strong>de</strong> verão, este lugar<br />

serve também para trazer ao presente as lembranças<br />

<strong>de</strong> Isilda Tavares, <strong>de</strong> 78 anos, Isilda Farinha, <strong>de</strong> 89<br />

anos e Assunção Farinha, <strong>de</strong> 74 anos, que nasceram<br />

no Carvalhal.<br />

É <strong>de</strong>scrito por Maria Leonarda Tavares, natural do<br />

Carvalhal, no seu livro <strong>de</strong> memórias, como um “lugar<br />

pequenino que ninguém sabe on<strong>de</strong> fica (...) situado a<br />

meio <strong>de</strong> uma encosta que cheira a flor <strong>de</strong> laranjeira, a<br />

capelas <strong>de</strong> S. João, rosmaninho e alecrim”, uma das<br />

melhores <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong>sta localida<strong>de</strong>. Percorrendo a<br />

rua principal (e única) do Carvalhal po<strong>de</strong>mos ver as<br />

árvores <strong>de</strong> fruto, as vinhas e as plantas aromáticas<br />

<strong>de</strong> que fala Maria Leonarda, assim como as flores e<br />

vi<strong>de</strong>iras em latada que ornamentam as casas. E essa<br />

latada, que ainda hoje se mantém, faz lembrar aquelas<br />

vezes em que dois amigos se punham às cavalitas<br />

um do outro para chegar às uvas maduras, ou as<br />

artimanhas que arranjavam para sair à noite sem os<br />

pais <strong>de</strong>scobrirem.<br />

A vida no Carvalhal sempre esteve ligada à produção<br />

agrícola e todas as casas tinham trabalhadores<br />

e uma empregada doméstica em permanência<br />

e trabalhadores sazonais que vinham <strong>de</strong> outras<br />

localida<strong>de</strong>s. Cada um tinha o seu moinho para moer<br />

os cereais, mas partilhavam o mesmo rebanho e<br />

respetivo pastor, que comia à vez na casa dos patrões,<br />

“<br />

Era uma al<strong>de</strong>ia privilegiada on<strong>de</strong><br />

sempre se viveu confortavelmente e a<br />

educação dos filhos uma priorida<strong>de</strong>:<br />

os pais sempre incentivaram os filhos<br />

a prosseguir os estudos em colégios<br />

internos ou no seminário.<br />

assim como o gerador comunitário para a produção<br />

<strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong>, que chegou à al<strong>de</strong>ia muito antes da<br />

re<strong>de</strong> pública.<br />

Vivia-se exclusivamente da resina, uma gran<strong>de</strong> fonte<br />

<strong>de</strong> riqueza, da produção <strong>de</strong> azeite e da castanha e da<br />

produção <strong>de</strong> gado (bois, porcos e cabritos). Há quem<br />

conte que os bois do Carvalhal tinham fama nas feiras<br />

<strong>de</strong> gado em <strong>Proença</strong>-a-<strong>Nova</strong> pelo seu porte. “Quando<br />

chegavam a <strong>Proença</strong>, os homens paravam para ver<br />

passar os bois do Carvalhal”, recordam. Era uma al<strong>de</strong>ia<br />

privilegiada on<strong>de</strong> sempre se viveu confortavelmente e<br />

a educação dos filhos uma priorida<strong>de</strong>: os pais sempre<br />

“<br />

16

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!