Revista Aldeia Pena Branca - edição nº 2, setembro de 2020
Em sua segunda edição, a revista Aldeia Pena Branca traz a homenagem ao orixá Obaluaê e, como tema central, discute sobre o Setembro Amarelo. Aproveite a leitura!
Em sua segunda edição, a revista Aldeia Pena Branca traz a homenagem ao orixá Obaluaê e, como tema central, discute sobre o Setembro Amarelo.
Aproveite a leitura!
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Olá, leitores !
Em primeiro lugar, quero deixar
registrado aqui o quanto é bom estar com
vocês nesta jornada de conhecimento.
Quero também agradecer a todos pelo
retorno sobre a revista em nossa primeira
edição de lançamento. Foi um sucesso!! E
este, sem dúvida, se deu pela receptividade
calorosa de vocês. Por isso, hoje começo
agradecendo a todos que participaram
na execução de nossa primeira edição
e também a vocês, leitores, que nos
acolheram com tanto carinho e amor.
Todos nós, médiuns de umbanda,
sabemos como é difícil se deparar
com um(a) consulente com problemas
de depressão, ansiedade e transtornos
diversos. O que percebemos é que
casos como estes vêm aumentando
consideravelmente ao longo do tempo
e muitos médiuns não têm o preparo
QUAL O PAPEL DA UMBANDA NO
AUXÍLIO AOS PROBLEMAS DA MENTE?
para lidar com a situação. Quando
falo de preparo é pelo simples fato de
não sermos da área de saúde, que trata
efetivamente destes transtornos. Ou
seja, não temos formação acadêmica
relacionada ao tema. Muitas vezes
o médium é engenheiro, arquiteto,
farmacêutico, cabeleireiro, técnico em
informática etc. Como lidar, então,
com aquele ser humano que anseia por
ajuda? Calma! As entidades que nos
acompanham estão preparadas para isso
e muito mais. Antes de tudo, temos que
acreditar que vão nos instruir no auxílio
ao ser humano que está a nossa frente.
Pode apostar, elas sabem como e irão
ajudar! E você, médium, está preparado?
Tem lido sobre o assunto? Escuta palestras
sobre o tema? Terreiro de Umbanda não
é apenas para trabalhos espirituais, não!
Faz-se necessário estarmos nós também
preparados para o atendimento destas
pessoas e explico o porquê.
Corriqueiramente quando o
consulente chega em nosso terreiro
com um quadro clínico de depressão,
ele está sem energia, em desequilíbrio,
cheio de pensamentos negativos, com
autoestima abalada e tendo a certeza
de que é um estorvo na vida de seus
familiares (família esta que, muitas
vezes, não consegue entender os
motivos da pessoa, pois julgam que ela
tem tudo para ser feliz). Nos casos mais
complexos, muitos não conseguem
estudar, trabalhar ou ter ânimo para
sair de casa. Vivem uma eterna tortura
psicológica, não convivem mais
em sociedade e muitos não saem
dos quartos por meses, chegando a
atentarem contra a própria vida.
Em grande parte destes casos, juntase
o quadro clínico ao quadro espiritual.
Devido aos pensamentos negativos,
atraem para si obsessores e estes passam
a ditar o estilo de vida das suas vítimas
obsediadas. É neste ponto que nós,
médiuns, vamos efetivamente ajudar.
Então, vamos lá, entender tudo isso!
Por todo o período em que a pessoa
passa sob um quadro clínico de depressão
(sejam meses ou anos), até chegar no
terreiro, são geradas ondas de vibração
negativa trazendo para junto de si
espíritos de baixa vibração. A partir da
chegada do consulente, as entidades
vão identificar de qual tipo de obsessão
se trata. Estas podem ser: espíritos com
desejo de vingança; que perseguem suas
vítimas através dos tempos e de outras
vidas (encarnações); com a mesma
carga energética (baixa vibração), que
desencarnaram e ainda estão apegados a
este mundo e às coisas materiais. Seja qual
for o tipo, os obsessores se aproveitam
dos sentimentos negativos gerados pelo
obsediado para o influenciar ainda
mais. Objetivam torturar a sua vítima
até chegar a exaustão, retirando de sua
vítima a vontade de viver, de ser feliz,
mostrando para ela apenas as coisas
negativas, influenciando em tudo que
está a sua volta.
Agora tentem ser esse(a) consulente,
pensar como ele(a)… Quando esta
pessoa chega no terreiro, ela já passou
por tantos tratamentos e por tanto
sofrimento, que chega sem esperanças.
Em que acreditar? Em quem acreditar?
Acreditar em espíritos? Colocar minha
vida nas mãos de espíritos? Ela não
têm a fé e, muito menos, a experiência
que temos. Muitas vezes chega em
DIRETORES DE REDAÇÃO
ABERTURA
dAYA dIAS
CONHECIMENTO
Ana Tereza Borba
CURIOSIDADE
Leonardo e Mercedes
ENTREVISTA
Aline bACELAR
UMBANDA BRASIL
Luana Dall’Agnol Ribeiro
Taiane Ribeiro
HISTÓRIAS DE
UM(A) PEREGRINO(A)
Rosa Ribeiro
POR DENTRO DA
ALDEIA PENA BRANCA
cAMILA ribeiro
REVISÃO
rOSA rIBEIRO
PROJETO GRÁFICO E
DIAGRAMAÇÃO
Janaina Amorim
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BANCO DE OPORTUNIDADES
LIVE NA ALDEIA
Revista Digital produzida em
PENA BRANCA
Lauro de Freitas - Bahia - Brazil
Luana Dall’Agnol Ribeiro
PAPO DE ARUANDA
Carol Nascimento
2 Wendell Almeida
ALDEIA
Itana Santos
Setembro 2020 ALDEIA Setembro 2020
3
nossa casa demonizando tudo, cheia de
preconceitos, dogmas e tabus impostos ao
longo da vida, sem falar que os espíritos
que a cercam a fazem desacreditar em
tudo que falamos e, até mesmo, nas
entidades que nos acompanham.
Por isso, nós, médiuns, devemos
estar preparados para este tipo de caso,
para podermos acolher devidamente.
É importante entendermos o
funcionamento, o como e o que acontece
na mente da pessoa, entendendo a forma
de pensar dele(a) e dos obsessores que
acompanham. Desta forma, podemos
iniciar um tratamento mais efetivo,
como por exemplo: práticas de limpeza
energética, banhos de limpeza, sessão de
desobsessão e tantos outros procedimentos
que temos dentro dos terreiros. Com isso
conseguimos resgatar gradativamente
este indivíduo, liberando-o desta zona de
vibrações negativas, densa e fazendo-o
perceber que isso pode e será aliviado
com o auxílio das entidades e tudo
voltará a normalidade com o passar do
tempo. Fazer o tratamento espiritual com
fé e amor, permite que dentro de poucas
semanas seja possível ver os resultados. A
luta é grande, mas a batalha é vencida.
Você pode estar se perguntando: será que
funciona? E a minha resposta é: SIM!
Este ser humano lindo voltará a ter uma
vida normal e recheada de beleza!
Para você que está passando por esta
situação, fica aqui a lembrança de uma
passagem bíblica: Jesus foi para o deserto
e lá permaneceu por 40 dias e 40 noites.
Passou por todo tipo de provação, foi
obsediado pelas forças das trevas e não
sucumbiu.
Se até Jesus passou por isso, que dirá
nós…
Não somos mais evoluídos que ele.
Tudo tem um motivo para acontecer.
Mas, lembre-se, você não está sozinho!
Falar ajuda!
Sua família precisa de você! Eles te
amam!
E nós estamos aqui para ajudá-lo!
Conte conosco!
Seja como for… Liberte-se!
Eu acredito em você!
Agora que consegui explanar sobre
como podemos ajudar aqueles que
nos procuram nesta situação, faço um
convite a todos que leram esta matéria.
Vamos refletir sobre este tema! Qual
o nosso propósito aqui neste planeta
chamado Terra?
Ah, e se você gostou dessa matéria e
quer aprofundar-se mais, convido-lhe
para uma live. Fiquem ligados em nosso
canal para saber o dia e horário. Pode
também se conectar comigo. Vamos
abrir vários fóruns de discussão sobre
temas diversos da Umbanda. Estejam
conectados!
Beijos de Luz,
Mãe Daya.
06
Vale dos suicidas:
fim do sofrimento carnal e
início das dores espirituais
Por dentro da
aldeia pena branca
10
14 Maria Mulambo
A população brasileira
16
e a Umbanda
20 Entrevista
Terapias holísticas e a
prevenção do suicídio
SUMÁRIO
Macumba
30 Homenagem a
Obaluaê
Medite! Pensamentos se
tornam realidades
34
40
28
Causos e contos
Papo de aruanda
32
36
hISTÓRIAS DE
UM(a) pEREGRINO (a)
Conexão Umbanda
24
Grandes
Profissionais
42
4 ALDEIA Setembro 2020 ALDEIA Setembro 2020
5
CONHECIMENTO
Vale dos
suicidas:
fim do sofrimento
carnal e início das
dores espirituais
Ana Tereza Borba
Engenheira
Somos seres espirituais, isso já
sabemos. Estamos hoje encarnados,
conectados a um corpo físico que
nos permite viver a realidade aqui na
Terra. Isso também já sabemos. Mas
diante desse contexto corpo e espírito,
e considerando que estamos no mês
do setembro amarelo, de que forma
podemos entender o processo do
suicídio na visão umbandista?
Como estava dizendo, somos um
espírito encarnado em um corpo
físico. Quando se pensa em tirar a
própria vida, qual é o entendimento
da pessoa diante daquela decisão? Seja
para buscar o fim da própria dor ou
encerrar um ciclo de sofrimento, o
que é preciso entender é que pôr fim
à matéria, isto é, ao corpo que permite
as condições de vida aqui na Terra,
não fará com que a sua existência seja
apagada, pois o seu espírito continua
vivo em outro plano.
Para a visão espiritualista, da qual
a umbanda compartilha a crença, o
resgaste de um espírito que cometeu
suicídio enquanto encarnado é uma
das tarefas mais difíceis para o plano
espiritual. A ideia que seria de pôr fim
a um sofrimento na matéria, acaba
conduzindo a outras dores no plano
espiritual. O ato do suicídio leva o
espírito desencarnado a um local de
difícil acesso e muito sofrimento: o
vale dos suicidas.
Vamos imaginar um grupo de
amigos. Eles certamente possuem
suas afinidades que lhes induzem a
estar juntos. Vão para as mesmas festas,
escolhem os lugares e as pessoas com
quem possuem alinhamento energético
para se relacionar e vibram na mesma
frequência. Já que estamos falando de
um grupo de amigos bem relacionados
e felizes conseguimos imaginar que
o ambiente que vivem reunidos seja
um local de alta vibração e uma boa
frequência energética, não é mesmo?
Agora imaginemos o vale dos suicidas
como um lugar onde as pessoas que
estão ali possuem como afinidade a
decisão de pôr fim a sua vida. São
espíritos que passaram por uma série
de sofrimentos, sejam eles internos,
externos ou ambos, e que possuem
como decisão em comum a ideia de
acabar com a sua existência. É possível,
assim, entender a energia que ronda o
vale dos suicidas? Nada boa, não é?!
Local de baixa vibração, os espíritos
que lá se encontram sentem-se
perdidos, arrependidos, outros raivosos
e vingativos, muitos desorientados, e
outros que querem sair a todo custo.
Relatos de espíritos que lá estiveram
descrevem o vale dos suicidas como
um ambiente escuro, de muitas vozes
desesperadas, onde o tempo não passa
e a luz não se faz presente.
Mas como sabemos que a ajuda
sempre chega para aqueles que estão
dispostos a serem ajudados, no vale
dos suicidas não seria diferente.
Não é por este ser um ambiente de
difícil densidade de energia que a
ajuda espiritual não chegaria. Muito
pelo contrário, grupos de resgaste
espiritual estão sempre em ronda no
vale para buscar aqueles suicidas que
se encontram prontos e dispostos a
sair daquela condição. Entretanto, para
que o resgaste aconteça é necessário
6
ALDEIA Setembro 2020 ALDEIA Setembro 2020
7
perdoar-se, compreender-se, deixar a
raiva e o sofrimento de lado, aceitar
e entender que existem outras formas
de superação e resolução dos nossos
problemas e tirar a própria vida não
é uma boa opção, por mais difícil que
este processo se apresente naquele
momento.
Na visão umbandista, como já dito,
o vale dos suicidas é um ambiente de
difícil acesso e que requer cuidados
especiais para se chegar até lá. As
falanges que pairam entre estes
ambientes com maior facilidade são
as de esquerda e os pretos velhos. Exus
e pombagiras possuem afinidades
energéticas que lhes permitem
transitar por entre os suicidas com
mais facilidade, afinal, os espíritos que
ali se encontram ainda estão presos ao
terreno de alguma forma, estão mais
densos energeticamente. Dentro da
visão de proximidade com o terreno,
exus e pombagiras são os que mais
se aproximam às nossas encarnações
e, por isso, transitam mais fácil por
estes ambientes. Já os pretos velhos
possuem a capacidade de trafegar
entre os planos espirituais mais
facilmente, ou seja, popularmente
pode-se dizer que conseguem ir “do
céu ao inferno”, sendo responsáveis
por grande parte dos regastes desses
espíritos sofredores.
Seja para a umbanda ou para
qualquer outra doutrina espiritualista,
é preciso estar atento aos sinais que
despertam do nosso corpo, mente e
espírito. O cuidado consigo mesmo, a
busca por ajuda quando necessário, o
acreditar que nós somos responsáveis
pelos nossos processos evolutivos
e, principalmente, o entender que
todo problema tem solução, são
compreensões essenciais na prevenção
aos fatores depressivos e demais
doenças que levam à atitude de tirar a
própria vida.
Vamos buscar programar a nossa
mente para alimentarmos coisas boas,
vamos imaginar que nós somos plantas
que precisam ser regadas com luz, água
e amor para florescer. Vamos também
lembrar que, assim como a natureza
que possui suas estações e fases,
nós também possuímos momentos
de recolhimento que precisam ser
respeitados. Mas estes não devem ser
estados permanentes na nossa vida.
Precisamos lembrar que depois da
chuva, o arco-íris aparece mostrando
que a beleza das cores sempre chega e
ninguém deve viver na escuridão.
Peça ajuda, converse sobre seu
sentimento. A solidão e o silêncio nem
sempre são bons aliados. Ninguém está
sozinho nesse mundo. Nós somos uma
corrente que quanto mais unida, mais
forte e mais difícil de se quebrar. Para você
que vive um momento de questionar se
vale a pena continuar neste plano, lembrese
de que a vida está aí para ser aproveitada
e não para ser encurtada. Sempre há outra
solução para superar as dificuldades, peça
ajuda! E para os que nunca passaram por
situações como esta, vamos estar atentos
aos que vivem ao nosso redor, muitas
pessoas podem estar precisando de nós,
é só observar. Vale ressaltar sempre que
JUNTOS SOMOS MAIS FORTES!
Indicação de Livros e Filmes sobre o tema:
1. Amor além da vida - Filme
2. No Vale dos Suicidas – Livro: Evaristo
Humberto de Araújo - Editora Madras
3. Memórias de um Suicida – Livro: Autora
Yvonne do Amaral Pereira - Editora FEB
4. Aruanda – Livro: Autor Robson Pinheiro -
Editora Casa dos Espíritos
8 ALDEIA Setembro 2020 ALDEIA Setembro 2020
9
POR DENTRO
Além do que se pode
ver, apenas sentir
Por muito tempo, observa-se o
comportamento das pessoas em
relação à sociedade e consigo. Para
conseguir analisar, entender e estudar
melhor os indivíduos, surgiu o campo
científico da Psicologia. Muitas vezes,
tratada com certo receio e preconceito,
este campo consegue ajudar cada pessoa
de forma profunda, entendendo seus
sentimentos, suas ações e a ligação
destes dois campos com a alma. Dessa
Camila Ribeiro
Jornalista
maneira,esse setor da ciência contribui
para uma melhoria psíquica de forma
gradual.
É por esse motivo que, na busca
incessante pela promoção do bem estar dos
indivíduos, dentro do campo psicológico
e psiquiátrico, existe um mês inteiramente
voltado para um ato que continua com
números altos a cada ano: o suicídio.
No mês de setembro é evidenciada a
prevenção do suicídio com o Setembro
Amarelo, pois, desde 2003, foi escolhido
o 10 de setembro como dia Mundial de
Prevenção ao Suicídio.
Segundo informações da Associação
Brasileira de Psiquiatria (ABP), a campanha
Setembro Amarelo foi trazida para o Brasil
em 2014, numa iniciativa conjunta de
prevenção ao suicídio entre a Associação
e em parceria com o Conselho Federal
de Medicina (CFM). A Organização
Mundial da Saúde (OMS) calcula que
aproximadamente 1 milhão de casos de
óbito por suicídio são registrados por ano
em todo o mundo. No Brasil, os casos
registrados chegam a 12 mil óbitos por
ano. No entanto, esse número é muito
maior devido à subnotificação, que ainda
é uma realidade. A cada 40 segundos, uma
pessoa morre por suicídio no mundo. No
que se refere às tentativas, o número é
ainda alarmante: uma pessoa atenta contra
a própria vida a cada três segundos.
Para trazer mais informações aos
leitores desta revista e conhecer um pouco
sobre ações relacionadas ao tratamento
de pessoas com transtornos mentais,
conversei com Cinthia Lima, psicóloga
clínica e hospitalar, que lida diretamente
com essas questões. Ela comenta sobre
a importância do acolhimento a esses
indivíduos. “O suicídio é um problema
social real e cada vez com maiores índices.
As pessoas podem ajudar não ‘tapando o
sol com a peneira’, quando vivenciam a
experiência de automutilação ou tentativa
de auto-extermínio de pessoas próximas,
oferecendo a essas pessoas acolhimento
e direcionamento para tratamentos
psiquiátricos e psicológicos”, declara.
“
O suicídio é um problema
social real e cada vez com
maiores índices. As pessoas
podem ajudar não ‘tapando
o sol com a peneira’, quando
vivenciam a experiência de
automutilação ou tentativa
de auto-extermínio de
pessoas próximas, oferecendo
a essas pessoas acolhimento
e direcionamento para
tratamentos psiquiátricos e
psicológicos
“
Cinthia faz a observação sobre o apoio
do círculo de pessoas que possam ajudar
neste processo, sendo fundamentais para
a identificação de que algo está errado,
como também o acompanhamento de
todo o processo após a tentativa de tirar
a própria vida. “A rede de apoio familiar,
laboral, escolar, seja ela qual for, tem papel
fundamental de avaliação de mudança
de comportamento, que é indicativo de
que algo não está bem com a pessoa. Em
caso de concretização de tentativa de
autoextermínio ou automutilação, essa
rede de apoio é fundamental para vigilância
posterior, para que não haja repetição de
comportamento autodestrutivo. Além de
que, em qualquer que seja a condição, as
redes de apoio e convivência estabelecidas
são fundamentais para doação de afeto,
rememoração de boas vivências e
cuidado”.
10 ALDEIA Setembro 2020 ALDEIA Setembro 2020
11
Para um tratamento efetivo, o primeiro
passo é que esta pessoa se sinta acolhida
em seu meio, podendo adquirir a ajuda
de que precisa para sua melhora. Quando
se sente abraçada, consegue estar aberta
para receber o cuidado necessário.
Dependendo da situação, obter auxílio
de vários profissionais que a auxiliem
nesta caminhada de cura.
No setor público, existe o Centro de
Atenção Psicossocial (CAPS), que atua
em diversas cidades do país para auxiliar
a população nas diversas demandas, em
suas diferentes modalidades, com equipe
multiprofissional para atendimento
prioritário às pessoas com sofrimento
ou transtorno mental, também
incluindo necessidades decorrentes do
uso de álcool e outras drogas, seja em
situações de crise ou nos processos de
reabilitação psicossocial que substituem
o modelo asilar. A psicóloga Cinthia
Lima alerta que “as pessoas que
possuem planos de assistência médica
não têm necessidade de ocupar vagas do
serviço público”, ainda acrescenta que
“as pessoas do serviço público, quando
inseridas no programa de algum CAPS,
tem atendimento com qualidade, visto
que grande número dos profissionais
tem suas formações similares e até
atuam nas duas realidades, rede privada
e pública”, finaliza.
Em relação ao cuidado dessas pessoas
dentro da religião Umbanda, no Templo
Cacique Pena Branca e Pai Benedito
de Angola, localizado em Lauro de
Freitas, na Bahia, funciona o Plantão
Psicológico. Além de Cinthia Lima, mais
uma psicóloga atua neste projeto, Bruna
Magalhães, com o intuito de orientar
as pessoas que frequentam o local e
necessitam de ajuda psicológica.
Cinthia explica que o processo de
funcionamento do trabalho é realizado
por “uma anamnese (entrevista sobre
as condições do paciente) com
a pessoa que chega ao plantão,
escutamos a demanda e
orientamos como ela pode
procurar ajuda psicológica
fora do terreiro. Por algum
tempo, a depender
do caso em questão,
seguimos acompanhando a critério de
monitorização para redução de risco
psíquico. A ideia não é realizarmos
acompanhamento psicoterapêutico,
mas sim orientação psicológica”,
declara.
Esse projeto foi concretizado a pedido
das entidades que trabalham no terreiro,
bem como do corpo mediúnico e dos
consulentes. A partir disso, foi conversado
com a sacerdotisa mãe Daya Dias, dirigente
do Templo Pena Branca, e oficializada a
criação do plantão psicológico.
O encaminhamento para este serviço
ocorre quando é observado pela
própria entidade ou corpo mediúnico
da casa que a pessoa precisa trabalhar as
demandas psíquicas, além das espirituais
ou os dois em conjunto, dependendo
do caso.
A psicóloga afirmou que é percebida
uma melhora no paciente, de ambos os
modos de tratamento deste indivíduo,
mas também frisa sobre a possibilidade
de recaídas. “Isso não quer dizer que
não haverá recaídas, o que não são
sinônimos de sentimentalismo ou de
desistência do processo de autocuidado
e de autoconhecimento. As recaídas
fazem parte dos adoecimentos psíquicos
e quando acontecerem, estaremos ao
lado da pessoa para dar apoio”, finaliza.
Todo apoio e cuidado é bem-vindo
para essas pessoas. O mais importante
é não repreendê-las ou julgá-las, mas
sim acolhê-las, para que consigam ter
a ajuda de que precisam. A rede de
apoio é de extrema importância para
a melhora e cuidado deste indivíduo.
Não é fácil este caminho. Para a pessoa
chegar a este ponto ou a quase praticálo,
não foi um ato de covardia, mas sim
de cansaço por muitas coisas que nem
mesmo conseguimos imaginar. Essas
pessoas precisam de mais afeto, cuidado
e amor. Caso você conheça alguém
nesta situação ou está passando por isto
neste momento, não hesite e procure
ajuda. Se não se sentir confortável
com ninguém ao seu redor, procure
o atendimento psicológico mais
próximo de você ou recorra ao Centro
de Valorização da Vida.
O Centro de Valorização da Vida
(CVV) é uma associação civil sem
fins lucrativos, filantrópica, que presta
serviço voluntário e gratuito de apoio
emocional e prevenção do suicídio para
todas as pessoas que querem e precisam
conversar, sob total sigilo e anonimato.
Todos podem ter acesso aos serviços
através do número 188 ou através do
site https://www.cvv.org.br/.
12 Cinthia Lima
ALDEIA Setembro 2020 ALDEIA Setembro 2020
13
Marias e Mulambos
e muitas outras que salvam almas, resgatam corações e permitem o
renascimento de tantas nuances do ser humano. Se morre todos os dias, mas
em todos eles é possível renascer.
Quando despertamos para a vida que nos espera, surge a maior força que
pode nos conduzir: a esperança de superar cada obstáculo, dia a dia. Conduzir
uma vida de amor requer cuidado, zelo, abdicação e coragem.
Ser Mulambo, para muitos, é ser de uma aparência questionável. Julga-se
pelo nome, não se vê por detrás do véu. Véu da ignorância humana que tira
vida todos os dias. Tira o brilho de ver além do alcance, tira a capacidade de
evoluir sem temer qualquer desafio.
Ser Mulambo, para outros, é conseguir entender que nunca se está sozinho,
que no caminhar podem haver espinhos, mas que sempre haverá um abraço,
um alento, uma mão estendida. Ser Mulambo é entender que, às vezes, é
necessário ir fundo, mergulhar nas entranhas da alma e penetrar no que há de
mais sagrado e divino no Eu de cada um. É uma dádiva que poucos reconhecem.
É preciso desapego para entender a essência de ser uma Mulambo. É preciso
coragem para desatar os nós, perseverança para não cair nos mesmos erros,
determinação para chegar aos objetivos, compaixão por aqueles que não nos
entendem, amor para que a fé conduza e o desânimo não perdure.
A vida é renascimento constante. Para renascer é necessário morrer...
não a morte como um simples apagar do corpo físico, mas sim deixar os
ciclos se encerrarem naturalmente e o Universo entenda as novas energias
vitais necessárias para se viver coisas novas. Ser Mulambo é isso... um misto
de fins e inícios para que se entenda, então, a infinitude da vida
Luana Dall’Agnol Ribeiro
Professora
14 ALDEIA Setembro 2020 ALDEIA Setembro 2020
15
UMBANDA BRASIL
A população brasileira
e a Umbanda
Luana Dall’Agnol Ribeiro - Professora
Tatiane Ribeiro - Farmacêutica
O
primeiro recenseamento da
população brasileira ocorreu
em 1808. Como seus dados
foram considerados questionáveis, o
primeiro censo do Brasil considerado
oficialmente, data de 1872 e foi
organizado pela, então, Diretoria
Geral de Estatística. Em 1940, com as
mudanças que ocorreram nos estudos
estatísticos do país a partir da criação
dos Conselho Nacional de Estatística
e Conselho Nacional de Geografia e a
integração deles ao IBGE, ocorreu em
1º de setembro o V Recenseamento
Geral do Brasil.
O estudo demográfico de um país
é de suma importância tanto para
o seu conhecimento como para o
UMBANDA BRASIL
Contextualizando o Censo Demográfico
lançamento de políticas públicas que
possam interferir diretamente em
mudanças reais na sociedade. Com
o passar do tempo, as técnicas para
o levantamento de dados do IBGE
foram sendo aprimoradas e muitas
outras nuances da sociedade brasileira
puderam ser identificadas.
Aplicada a cada 10 anos, a pesquisa
conta da aplicação de questionários à
população. A partir das informações
coletadas, os dados são compilados
e divulgados para a população. Para
além das informações referentes
à habitação, saúde e educação, o
Censo também se ocupa de dados
relacionados à religiosidade. Veja o
Infográfico a seguir.
POPULAÇÃO RESIDENTE,
POR RELIGIÃO –
PARTICIPAÇÃO EM
PORCENTAGEM
(Censos de 1991, 2000 e 2010)
Houve redução do número
de adeptos à Igreja Católica,
embora ainda seja maior
parte da população. Dentre
os evangélicos, houve
crescimento.
16 ALDEIA Setembro 2020
ALDEIA Setembro 2020
17
CENSO
RELIGIÕES, PORCENTAGEM
POR POPULAÇÃO RESIDENTE
BUDISMO JUDAÍSMO ISLAMISMO
1991 sem dados 0,06% sem dados
2000 0,13% 0,05% 0,02%
2010 0,13% 0,06% 0,02%
Budismo, Judaísmo e Islamismo apresentaram poucas
mudanças no número de adeptos. Ressalta-se a falta de
dados no Censo de 1991 para o Budismo e o Islamismo.
Em 1991, o número de adeptos do Candomblé e da Umbanda eram
computados juntos. Por isso a linha azul aparece mais nesse período. A
partir do Censo de 2000, houve o levantamento de dados específicos
para cada uma das religiões, por isso a linha azul apresenta queda e a
ver, referente à Umbanda aparece no gráfico. Dentre as três religiões,
a Espírita foi a única que apresentou crescimento constante.
O IBGE, por meio do Censo
Demográfico se ocupa de divulgar,
também, as taxas de mortalidade.
Segundo a Organização Pan-
Americana de Saúde (OPAS), mais de
800 mil pessoas morrem no mundo
por suicídio, sendo uma das principais
causas da morte de jovens entre 15 e
29 anos. Os dados apontam, também,
que 79% dos casos ocorrem em países
de média e baixa renda. No Brasil,
segundo dados do Ministério da
Saúde, os casos de morte por suicídio
ultrapassaram as marcas do 100 mil,
entre 2007 e 2016.
Quando pensamos na Umbanda,
enquanto prática do Amor e da
Caridade, podemos pensar no quanto
os seus ensinamentos, ao longo dos
seus mais de 100 anos de existência,
podem auxiliar na prevenção do
suicídio. Os dados mostram que o
número de umbandistas no Brasil
ainda é pequeno quando comparado
a outras religiões. No entanto, para
frequentar uma casa de Umbanda
os que frequentam não precisam
obrigatoriamente se considerar um
umbandista, pois a Umbanda tem
as portas abertas para todos os que
desejarem frequentá-la.
Por diversas razões, talvez
justamente por essa, é que os dados
sobre a quantidade de umbandistas no
Brasil não sejam coerentes com o real
número de praticantes. No entanto,
nos indica o quanto a população
brasileira é predominantemente
católica e possui um crescimento
expressivo das Igrejas Evangélicas.
Fica o convite para que os terreiros
de Umbanda sigam discutindo sobre
a importância da autoidentificação
de toda a comunidade umbandista.
Lembremos que os dados são
importantes para as políticas
públicas que garantam a liberdade
religiosa, assim como nos garante a
Constituição, Artigo 5º, Inciso VI.
Garantir nossa religiosidade é garantir
nosso lugar de fala.
No que se refere à prevenção do
suicídio, a Umbanda tem muito
para contribuir, seja através do
acompanhamento espiritual e do
acolhimento fraterno, seja através de
debates dentro das Casas de Umbanda.
O Amor ao próximo requer escuta e
não podemos deixar de lado o nosso
papel social na luta pela garantia
do direito à integridade física do
indivíduo.
FONTES
https://sidra.ibge.gov.br/tabela/137
https://www.saude.gov.br/noticias/agenciasaude/44404-novos-dados-reforcam-aimportancia-da-prevencao-do-suicidio
https://www.senado.leg.br/atividade/const/
con1988/CON1988_05.10.1988/art_5_.asp
https://www.paho.org/bra/index.
php?option=com_content&view=article&id=5671
:folha-informativa-suicidio&Itemid=839
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19
ENTREVISTA
TERAPIAS
HOLÍSTICAS
e a prevenção do suicídio
Aline Bacelar
Jornalista
Todos os anos, aproximadamente
800 pessoas tiram a vida e um
número ainda maior tenta
suicídio. Segundo a Organização Mundial
de saúde (OMS), a taxa global de suicídio
padronizada por idade para 2016 foi de
10,5 por cada 100 mil pessoas. “As taxas
variaram amplamente entre os países,
de cinco mortes por suicídio por cada
100 mil a mais de 30 por cada 100 mil”.
Segundo a OMS, os suicídios podem
ocorrer durante todo o curso de vida e foi
a segunda principal causa de morte entre
jovens de 15 a 29 anos em todo o mundo
no ano de 2016 (OMS, 2018).
Durante todo o ano são realizadas ações
de combate, mas, a maior delas, ocorre
durante o mês de setembro, conhecido
como Setembro Amarelo. De acordo
com o Centro de Valorização da Vida
(CVV), uma das entidades mobilizadoras
do Setembro Amarelo no Brasil, as ações
do projeto tiveram início em 2015 e
“é uma campanha de conscientização
sobre a prevenção do suicídio, com a
proposta de associar a cor ao mês que
marca o Dia Mundial de Prevenção
do Suicídio (10 de setembro)” informa
o Centro. De acordo com o CVV, a
intervenção precoce é a melhor forma de
inibir a ocorrência . Diversos profissionais
que atuam na saúde mental realizam
ações com o objetivo de reduzir os casos,
entre estes estão os terapeutas holísticos.
Segundo a terapeuta Dileuza Nunes,
o suicídio é um fenômeno que ocorre
de forma multifacetada, não escolhe
idade, gênero, e nem classe social, “para
inibir a ocorrência é preciso entender
o fator biopsicossocial, estabelecer mais
informações em massa, traçar um caminho
possível para um diálogo melhor entre
profissionais de saúde com uma ação
conjunta com a população” informa.
De acordo com Bárbara Carvalho, que
também atua como terapeuta holística, o
Setembro Amarelo é um grande marco
para o movimento da vida, porém, ainda
assim, precisamos explorar o tema com
mais profundidade e sem restrições.
Segundo ela, “falar de suicídio e tudo em
torno dessa realidade, ainda causa muito
desconforto para quem vive esse dilema
diário e àqueles que estão envolvidos
neste contexto” explica.
Dileuza traz que as práticas holísticas
utilizam recursos das Práticas Integrativas
e partem do princípio do ser humano
de forma integral: o corpo, a mente e
espírito. Ou seja, a visão holística em
relação ao suicídio é multifatorial, e leva
em consideração o ser humano na sua
individualidade e integralidade, porém,
ela alerta que estar em tratamento
alternativo, não exclui os cuidados
médicos especializados.
Entre os tratamentos alternativos
disponíveis, estão: o Thetahealing,
Barra de Access, Constelação Familiar,
Psicoterapia Transpessoal Sistêmica,
Aromaterapia e Florais, que, de acordo
com Bárbara, tem atuação comprovada
e se interligam. A terapeuta explica que
a Psicoterapia Transpessoal Sistêmica é
uma abordagem multidisciplinar que
envolve o embasamento psicológico
e filosófico. “Este tipo de terapia,
aborda aspectos espirituais, sociais,
emocionais, intelectuais, físicos e
criativos, auxiliando os indivíduos
na cura e, consequentemente,
potencializando o crescimento das suas
20 ALDEIA Setembro 2020 ALDEIA Setembro 2020
21
“
para inibir a ocorrência é
preciso entender o fator
biopsicossocial, estabelecer
mais informações em massa,
traçar um caminho possível
para um diálogo melhor entre
profissionais de saúde
com uma ação conjunta
com a população
Dileuza Nunes
“
capacidades internas, podendo tornarse
um poderoso agente de mudanças,
transformando ativamente a própria
consciência” diz Bárbara.
De acordo com Dileuza, as técnicas
energéticas do Reiki e os Florais de
Bach também têm funcionado muito
bem dentro da Psicoterapia Transpessoal
Sistêmica, promovendo clareza mental,
energização para o reequilíbrio, resgate
de sua espiritualidade e qualidade de
vida. “É possível na minha prática utilizar
técnicas como a Respiração (pranayama),
Limpeza dos Chacras, PNL, trabalhar a
criança interna em conjunto com o aporte
energético do Reiki, prescrição dos Florais
de Bach”, explica Dileuza.
A UMBANDA COMO ALTERNATIVA
PARA A SAÚDE MENTAL
De acordo com Dileuza, que é filha
de santo do Templo Pena Branca e Pai
Bendito de Angola, a Umbanda, pela
tradição, o acolhimento humanizado,
caritativo da terapêutica espiritual,
promove o encorajamento e a busca da
Renata Hacar
reintegração de suas vidas com o divino,
e promover o que chamamos de “cura
integral”. A sacerdotisa Renata Hacar, é
dirigente do terreiro Casa de Umbanda
Vovó Maria do Rosário, localizado
no Rio de Janeiro, “a Umbanda traz
o significado de unir a sociedade em
prol de um único objetivo: a fé e o
amor na prática (fortalecimento do ser
espiritual para a vida)”. A casa ainda
não realiza trabalho específico em
saúde mental, porque sua fundação é
recente e, por conta da pandemia, ainda
não teve oportunidade de concretizar
um projeto como esse, porém ela deixa
como mensagem aos irmãos que se
encontram nessa situação de desânimo,
de tristezas profundas sem explicações
que: “A vida pode voltar a ter sentido
sim! Você não está só! Procure um
terreiro de Umbanda próximo, onde
você se sinta acolhido, onde você possa
encontrar o amor que preencha sua alma,
que eleve e fortaleça sua fé, que te faça
se reconectar com o sagrado. Tenha fé e
acredite que a espiritualidade lhe dará
a cura e a alegria de viver. E lembre-se:
pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas
sim de coragem!”, conclui a dirigente.
Diante da seriedade do assunto, as
terapeutas finalizam com alguns alertas.
Bárbara Carvalho explica que o suicida
vive um estresse crônico, tudo é muito
complexo e devemos acolher cada
vez mais, desmistificar esse tema tão
importante. Devemos olhar mais para o
outro e nos disponibilizar sempre, ser
solidários e humanos. Segundo Dileuza, os
cuidados não devem ser desconsiderados,
é preciso estabelecer mudanças de hábitos,
autocuidado, leituras significativas,
lazer, ver a psicoterapia como uma
parte importante no seu processo de
autodescoberta. “Muitas são as razões que
levam a pessoa a ter pensamento suicida.
A psicoterapia poderá apontar novos
caminhos. Independente da técnica ou
abordagem utilizada, torna-se necessário
saber manejar ferramentas importantes
de ajuda imediata a longo prazo”, finaliza
Dileuza.
Dileuza Nunes
FORMAÇÃO COMO TERAPEUTA
Bárbara Carvalho
Trabalho focado na resolução das
experiências não assimiladas, traumas,
identificação de padrões epigenéticos,
comportamentais e bioenergéticos,
avaliando e tratando cada pessoa de forma
sistêmica, com enfoque essencial nas
crenças limitantes conduzindo o indivíduo
para o despertar de sua consciência com
o enfoque psico-emocional auxiliando no
seu processo de construção. Associação de
técnicas de Programação Neurolinguística
(PNL), Hipnose, Constelação medial
e familiar e Terapia Regressiva com
intervenção da ressignificação emocional
e psicossomática. Atua também com
terapias alternativas e complementares
como Thetahealing, Barras de Access, Tarô
transpessoal, Oráculo de numerologia
quântica, Reiki Usui e Xamânico I e
II, Aromaterapia, Florais, Reequilíbrio
energético com cristais.
Dileuza Nunes
Graduação em Psicologia pela FTC/
Paralela; Psicoterapeuta Transpessoal
Sistêmico; Mestre Reiki Usui; Florais de
Bach; Tarot Terapêutico.
Casa de umbanda Vovó Maria do Rosário
Rua do Fomento,35 - Santa Cruz - RJ
Bárbara Carvalho
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23
Aprender: um verbo, uma ação.
Muitas formas de executar.
Como aprendemos? De muitas
maneiras e eternamente. Faz parte da
nossa constituição como seres humanos
aprender a falar, a andar, a comer, a
ler… Nunca paramos de aprender, pois
é algo intrínseco ao nosso processo
evolutivo. São inúmeros aprendizados
que acumulamos em nossas vidas. Para
cada indivíduo, um aprendizado; para
cada indivíduo, uma história. Aprender
não é igual para todos. Cada um tem seu
tempo e a partir do que é importante
para cada um de nós, vamos formando
nossas ideias, pensamentos e nos
constituindo enquanto pessoas.
O processo de aprender também
exige, em alguns momentos, passar
uma borracha em algumas certezas,
começar de novo, reaprender.
Normalmente, isso acontece quando
a vida passa a nos exigir uma nova
atitude, um novo pensamento e, assim,
vamos aprender de novo.
Na Umbanda, assim como na
vida, aprendemos também de várias
formas. Aprendemos com as dores e os
amores, a vencer demandas e superar
sentimentos descartáveis para nossa
evolução. Aprendemos também com
as dores do outro, a ter empatia, ser
solidários e a fazer caridade .
Aprendemos com nossa Mãe de
Santo e sua experiência, a tocar os
trabalhos; com os irmãos mais velhos
que contam histórias incríveis vividas
na casa e com os irmãos mais novos,
que trazem outra forma de enxergar as
coisas e novos desafios. Na Umbanda,
assim como na vida, não paramos de
aprender nunca. A cada guia em terra,
um aprendizado. Mas para tudo isso é
preciso estar aberto e receptivo para
mergulhar nesse rio de conhecimento
que a religião convida cada um de nós.
De uma revista eletrônica como essa
até uma conversa de banquinho com
um preto velho de português simples,
quando estamos abertos a ouvir,
sempre aprendemos e, certamente,
compartilharemos também esses
aprendizados. Talvez ser umbandista
possa ser definido como um eterno
aprendiz. São aqueles que vivenciam
a experiência religiosa no dia a dia,
tornando-se aprendizes dos espíritos
de luz.
Acredito que não há como fazer
nenhuma reflexão atualmente,
sem pensar no momento global
que estamos vivendo. É um marco
histórico. O Covid nos obrigou a
viver novas experiências dolorosas e
saborosas. E nós, o que aprendemos?
Muitas coisas? Talvez sim, talvez não.
Só o tempo e nossas atitudes podem
mostrar o saldo desse período.
O que não podemos negar é
que mudamos nossa forma de nos
relacionarmos com nossas rotinas,
adaptando tudo que podemos ao
ambiente virtual. As nossas giras se
tornaram on-line, os atendimentos.
também. O convívio com os irmãos
tornou-se remoto e nossas reuniões de
aconselhamento, agora, são chamadas
de lives. Por que tudo isso mudou?
Porque nos negamos a interromper o
nosso ciclo de aprendizados. Decidimos
e internalizamos que é necessário
continuar aprendendo sobre Umbanda
mesmo com o terreiro fechado. A
partir daí, variadas formas de socializar
esse conhecimento foram criadas
e entendemos que não há motivos
para deixar de nos conectarmos com
nossos guias através do estudo e de um
olhar um pouco mais individualizado
configurando, assim, uma formação
para nós, homens, mulheres, jovens e
crianças.
Acredito que percebemos que havia
outros horizontes a serem explorados
dentro desse enorme caldeirão que
é a Umbanda. Nós, seres em eterno
aprendizado, percebemos que era
possível fazer diferente e aprender
coisas novas.
Nesse momento de readaptação de
cenários, um projeto ganha impulso
no Templo Cacique Pena Branca: o
Conexão Umbanda. Um projeto de
ensino e aprendizagem. Um curso
para umbandistas, mas aberto a todos
aqueles que desejam entender as
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raízes culturais, históricas e espirituais
desta religião brasileira. Muitos já o
conhecem e experimentam sua forma
de refletir sobre nossas práticas
religiosas participando de uma semana
de imersão. Foi incrível! O projeto
mostrou que tem força para continuar
e é com muita alegria que lançamos
agora, no mês de setembro, um novo
ciclo de estudos .
Nós, do Conexão, também aprendemos
muito. Reformulamos o tempo das
nossas aulas, encontramos uma nova
plataforma para desenvolver o projeto
e, finalmente, ele está saindo do forno!
Como um bolo construído por muitas
mãos habilidosas, nossa equipe decora a
cada dia esse projeto da nossa casa.
O que você vai encontrar ao
se matricular no curso?
Estamos
convidando você a participar de
um projeto amador. Isso mesmo!
Porque não há nada mais especial
nele do que o AMOR. Não o
amor romântico, o AMOR à
Umbanda, o AMOR a nós mesmos
quando
escolhemos
crescer e evoluir. O
AMOR por estudar.
É com muita
alegria que estamos
anunciando
nessa
revista que o Conexão
Umbanda está lançando
o nosso primeiro Ciclo de
Estudos com duração de dois
meses. No futuro, muitos outros
ciclos virão. Começamos com o Ciclo
I sem saber qual será o número do
último. A Umbanda é inesgotável e esse
projeto nasce para seguir e acompanhar
a trajetória de aprendizado da nossa
comunidade.
Siga nossa página nas redes sociais,
acompanhe nossas lives, tire dúvidas
sobre o curso com os instrutores de
venda, pergunte aos irmãos como foi
a experiência deles com o Conexão. E,
depois, venha conosco nessa jornada
de aprendizado.
Essa conexão é única e só você pode
fazer isso para o seu crescimento.
Pode parecer clichê, mas sabemos que
para onde for, o que nós aprendemos
durante a vida, levamos conosco!
Equipe
Conexão
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CURIOSIDADES
Mauma
Mercedes Britto Cunha
Quem nunca ouviu “vamos para a
macumba”, “ele é da macumba”,
povo de macumba”, etc?
Pois bem, o termo MACUMBA
é usado genericamente para designar
cultos afro brasileiros, magia negra,
feitiçaria, mas na verdade temos outras
designações para essa palavra.
O termo, porém, acabou se tornando
uma forma pejorativa de se referir a essas
religiões – e, sobretudo, aos despachos
feitos por alguns seguidores.
Na árvore genealógica das religiões
africanas, macumba é uma forma
variante do candomblé que existe só no
Rio de Janeiro. O preconceito foi gerado
porque, na primeira metade do século
20, igrejas neopentecostais e alguns
outros grupos cristãos consideravam
profana a prática dessas religiões.
Com o tempo, quaisquer manifestações
dessas religiões passaram a ser tratadas
como “macumba”. Entretanto, ainda
que Macumba seja confundida com
candomblé e a Umbanda, nós, os
praticantes e seguidores dessa religião,
recusamos o uso dessa palavra, para
designá-las, em tom pejorativo.
Mas, MACUMBA não é só isso,
vamos conhecer outras macumbas?
INSTRUMENTO - MACUMBA
A primeira definição de Macumba
que se encontra em qualquer
dicionário é: Antigo instrumento
musical de percussão, espécie de recoreco,
de origem africana, que dá um
som de rapa (rascante), e macumbeiro
é o tocador desse instrumento.
Quem tocava esse instrumento era
reconhecido como “macumbeiro” e
era muito usado por religiões como a
Umbanda e o Candomblé.
E ainda temos mais significados!
ÁRVORE - MACUMBA
Macumba é uma árvore Sagrada na
cultura africana, onde os macumbeiros
(pessoas praticantes da religião) se
encontravam para rezar e realizar os rituais
em nome de seu Orixá de devoção.
E você, conhece outros significados?
De agora em diante, quando lhe
chamarem de macumbeiro, dê essa
aula e mostre o seu conhecimento.
Fontes
- Super Interessante – abr/2010
- Portal Iquilíbrio
- Segredos do Mundo
- Portal Geledés
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16 de agosto,
Homenagem a
No dia 16 de Agosto é o dia de
homenagem a Obaluaê, orixá
conhecido como senhor da
terra e curandeiro.
Conta-se que ele nasceu com o
corpo coberto de chagas por conta de
uma doença. Por esse motivo, cobriu-se
com palhas, refletindo na sua natureza
séria e introspectiva, sendo inclusive sua
saudação “Atotô”, que significa silêncio.
Conhecido por alguns como orixá da
morte, Obaluaê é, na verdade, uma energia
ligada à terra e à evolução, sendo esta,
nada mais que uma renovação. A etapa
fundamental que traz como ensinamento.
Mas, calma, não é da morte como “fim da
vida” que estamos falando. Uma vez que,
durante o período que conhecemos como
vida, podemos perceber que diariamente
nosso corpo repõe células; árvores repõem
folhas; conhecemos novas pessoas, trocamos
de opinião, mudamos ideias, pensamentos,
interpretações sobre fatos, acontecimentos
e muitos outros exemplos que são
“passagens” feitas durante nosso tempo
aqui nesta terra, o que, de forma abstrata,
são pequenas “mortes’ que possibilitam
os diferentes ciclos de transformação e
renovação pessoal.
Oaua
Wendell Almeida
Além disso, sendo visto como
curandeiro - pois, além de, da terra
serem retiradas as substâncias utilizadas
para tratar feridas - este processo faz
parte do que foi dito anteriormente. Um
ferimento, por exemplo, após ser limpo,
passa pela cicatrização para remover do
corpo aquilo que já não é mais benéfico
para que possa se regenerar. É neste campo
que atua a energia deste grande orixá que
rege os nossos ciclos, trabalhando nestas
mudanças, dando nova forma, mesmo
que, com uma mesma essência.
Energia ancestral ligada a terra, é um
orixá que trabalha nos ciclos, assim como
o elemento que representa, trazendo
uma demonstração da vida como uma
plantação, onde, se semeia, se rega, colhe
e depois é preciso se desfazer do que
restou da antiga plantação para que se
possa dar espaço a uma nova colheita.
E sendo este ciclo silencioso, uma vez
que, percebemos o crescimento de uma
plantação, mas, este emito sons, o que nos
leva a sua saudação: Atotô.
Filho de Nanã, orixá da transmutação
e fim dos ciclos; criado por Iemanjá,
orixá da gestação - Mãe Iemanjá - e dos
fluxos das marés, podendo ser observado
como “herança” de conhecimento
ancestral que é incorporado à sua
atuação em nosso mundo.
Dentre interpretações e todos os
aprendizados que nos traz este grande
orixá, muito requisitado nos tempos de
pandemia em que vivemos, temos muito
a entender e aprender com suas lições
de renovação, diferentes processos de
cura e evolução que nos são necessários
todos os dias em nossa jornada pessoal, e,
espiritual.
30 ALDEIA Setembro 2020
ALDEIA Setembro 2020
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Medite!
Pensamentos se tornam
realidades
Nossas mentes são como cidades, às vezes
coloridas, divertidas e agradáveis; às vezes
desordenadas, enevoadas e não tão limpas
como deveriam. Como toda cidade, nossa mente também
possui bairros escuros e perigosos, que por vezes nos levam
a comportamentos impulsivos, crenças limitantes,
pensamentos depressivos, energia e
espíritos de baixa vibração. Essa parte
da nossa mente está constantemente
gerando pensamentos que aparecem
sem a nossa permissão, mas isso
não significa que precisamos nos
identificar com eles.
Não é fácil controlar os
pensamentos que pairam sobre
nossas mentes, pois como um
beco escuro, um pensamento
negativo pode aparecer quando
viramos a esquina. A grande questão
é que podemos optar por continuar
caminhando por esse beco, sendo
levados por energias sombrias e pelo
medo, como podemos também, dar
um passo para trás e observarmos esse
pensamento de fora, sem julgá-lo, aceitálo
como é, e depois iniciarmos outro
caminho. E nesse ponto, a meditação
surge como uma das práticas que nos
auxilia na decisão de trilhar um novo
trajeto que nos proporcione um estado
de equilíbrio, harmonia, plenitude e
serenidade.
Nos últimos anos, pesquisas científicas
comprovaram que os efeitos da meditação
vão para além do relaxamento, podendo
ter resultados concretos sobre a nossa saúde.
Um estudo feito nos Estados Unidos, na
Universidade Johns Hopkins, constatou
que meditar diariamente auxilia tanto
quanto os antidepressivos em sintomas
de ansiedade, depressão e dores crônicas.
Isso porque a prática diária reduz a
produção de adrenalina e cortisol,
hormônios associados a distúrbios
como ansiedade, e geram um aumento
na produção de endorfinas, ligadas à
sensação de felicidade (Bittencourt,
2015).
A meditação nos ensina o poder
de estar presentes. Fisicamente, nós
vivemos no presente, mas mentalmente,
na maior parte das vezes, não estamos
aqui e agora. Nossa mente ou está no
passado, sofrendo por acontecimentos já
vividos, ou está no futuro, antecipando
problemas e sofrimentos por coisas que
não aconteceram (e possivelmente não
irão acontecer). Estar presente, dentre
muitos benefícios, é olhar para si com
amorosidade, sem emitir julgamentos e
interpretações do que está acontecendo
naquele momento, é ser um simples
observador, deixando, dessa forma, de
fornecer energias aos pensamentos
autodestrutivos, e evitando com que eles
reapareçam com intensidade e frequência.
Quando entendemos que temos
apenas o presente, somos capazes de
conhecer a mais profunda paz, mesmo
que por instantes e, com a prática, os
pequenos momentos se tornam infinitos,
libertando-nos das gaiolas invisíveis que
nos aprisionam. Sendo assim, deixo
aqui a minha pergunta: qual será a sua
escolha? Continuar caminhando pelo
beco escuro, que lhe tira a paz ou optar
por um novo caminho, que lhe levará
aos locais mais belos da sua mente?
Para ter acesso a mais dicas sobre a
prática meditativa e seus benefícios,
acompanhe a nossa revista mensalmente.
Daniele Lima
CAUSOS E CONTOS
Paulo Sérgio
Terapeuta
É
com muito prazer que inicio esta seção, “Causos e
contos”, uma coluna especial na nossa revista, onde
vamos sempre colocar um conto, uma fábula ou histórias
da ancestralidade e causos das nossas amadas entidades.
Através destas histórias passadas pela oralidade de nossos
antecessores, construímos muito do que a Umbanda é hoje. Viajar
por esse universo de saberes e de conhecimento, mostra-nos a raiz
de nossos fundamentos.
OBALUAIYÊ
Nanã, esposa de Orixalá, gerou e
deu à luz a um filho, OBALUAIYÊ
(Oba + Olu + Aiyê = Rei Senhor
do Mundo/Senhor Rei do Mundo).
Após o nascimento de OBALUAIYÊ,
sua criação/geração não foi perfeita,
nascendo uma criança doente, com
muitas chagas recobrindo seu pequeno
corpo. Nanã, não conseguia imaginar
que maldição era aquela, que trouxe de
suas entranhas uma criatura tão infeliz!
Sentindo-se impossibilitada de cuidar
daquela criança, pois mal conseguia
olhar para ela, resolveu deixá-la perto do
mar. Se a morte a levasse seria melhor
para todos, assim imaginou.
YEMOJÁ (Yá + Omo + Ejá=
Senhora filha de peixe), que estava saindo
do mar, viu aquele pequeno ser deitado
nas areias da praia. Ficou olhando por
algum tempo, para ver se havia alguém
tomando conta dele, mas ninguém
aparecia. Então, a grande divindade das
águas, Mãe das Mães foi ver o que estava
acontecendo. Quando chegou mais
perto, pôde compreender que aquela
criança tinha sido abandonada por estar
gravemente enferma. Sentindo uma
imensa compaixão por aquela pobre
criatura, não pensou em mais nada, a
não ser em adotá-lo como a um filho.
Com seu grande instinto maternal,
Iemanjá dispensou a ele todo o carinho
e os cuidados necessários para livrá-lo da
doença. Ela envolveu todo o corpo do
menino com palhas, para que sua pele
pudesse respirar e, assim fechar as chagas.
OBALUAIYÊ cresceu e continuou
usando aquele tipo de roupa, e ninguém
a não ser sua querida mãe de criação,
tinham visto seu rosto. Era um ser
austero e misterioso, provocando
olhares curiosos e assustados de todos.
Ninguém, verdadeiramente ninguém
conseguia imaginar o que se escondia
sob aquelas palhas.
OYÁ (Iansã), certa vez o encarou,
pedindo que descobrisse seu rosto, pois
queria desvendar de uma vez por todas,
aquele mistério. OBALUAIYÊ sem lhe
dar a menor atenção, negou-se a fazêlo.
Ela que nunca se deu por vencida
resolveu enfrentá-lo. Usando toda sua
força, evocou o vento, fazendo voar
as palhas que o protegiam. Quando
a poeira assentou, OYÁ pôde ver um
ser de uma beleza tão radiante que só
poderia ser comparado ao sol. Nem
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mesmo ela, como ORIXÁ, conseguia
erguer os olhos para ele. Assim, todos
entenderam que aquele mistério deveria
continuar escondido.
Esse poderoso ORIXÁ, OBALUAIYÊ
em suas andanças pelo mundo, presenciou
o desenrolar de muitas guerras. Os povos
que OLORUN (Olo + Orun= Senhor
do Universo), criou e deu vida brigavam
por um pedaço de terra.
Muitas pessoas morriam, para que seus
líderes pudessem conquistar extensões
maiores para seu reinado. Os limites
para esses guerreiros eram insuperáveis
e as guerras não tinham mais fim.
OBALUAIYÊ não entendia o motivo
destas guerras, já que OLORUN havia
criado a terra para todos. As lutas traziam
muita dor e destruição, e ninguém mais
sabia dar o devido valor à vida humana.
Os homens só pensavam em seus
interesses materiais.
OBALUAIYÊ, indignado com essa
situação, resolveu mostrar a eles que a
vida é o maior tesouro que alguém pode
ter. O poderoso orixá traçou então, com
seu cajado um grande círculo no chão,
no centro dos conflitos. Colocou dentro
dele todo tipo de doença existente.
Todo guerreiro, que por ali passasse,
iria contraí-la. De fato, foi o que
aconteceu. Muitas pessoas adoeceram
inclusive os líderes dos exércitos.
SÓ ASSIM CONSEGUIU PÔR
FIM ÀS GUERRAS. As doenças se
transformaram em epidemias, deixando
populações inteiras à beira da morte.
UM BABALAWÔ revelou o mau
presságio, pedindo a todos que refletissem
sobre o que estava acontecendo, por
culpa deles próprios. OBALUAIYÊ
havia mandado essas mazelas para a
terra, a fim de mostrar que, enquanto
temos saúde e uma vida plena, não
devemos nos preocupar excessivamente
com coisas materiais. Desta vida nada
se leva, a não ser o conhecimento e a
experiência que acumulamos.
Assim, os que aceitaram
esses desígnios e fizeram
oferendas, conforme explicou
o BABALAÔ, conseguiram
livrar-se de suas enfermidades
e restabelecer sua dignidade.
Mas, infelizmente, nem todos
agiram assim.
Quando saudamos
esse intrépido ser de
Luz, dizemos: ATOTÔ
(Quer dizer SILÊNCIO),
OBALUAIYÊ necessita do
SILÊNCIO PARA ATUAR EM
CONFORMIDADE, PARA SER
DILIGENTE NAS CURAS, BOM
OUVINTE NAS ORIENTAÇÕES
SUPERIORES, ORIXÁ DE
EXTREMA
CAPACIDADE
E DIRECIONAMENTO. O
Senhor das mazelas, atuante com
os desígnios SUPREMOS, tem em
seu poder o controle das suas ações
conferidas por OLODUMARE,
ODUDUWA E ORUNMILÁ,
assim se traduz a perfeita obra do
Senhor das curas.
Apresente sua vida diante de
OBALUAIYÊ, e que sejamos
reconhecidos por Ele, mesmo
não sendo seus filhos espirituais, e
tudo pelo controle de nossas vidas,
dos nossos e em nossa casa. Que
possamos abrir os olhos da fé e sentir
o poder do Senhor OBALUAIYÊ
nos abençoando através dos
desígnios da nossa SAGRADA
UMBANDA. Que todas as
aflições, desprezos, depressões,
angústias, etc. sejam mantidos
bem distantes de nós.
ATOTÔ
OBALUAIYÊ
ATOTÔ
AJUBERU
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PAPO DE ARUANDA
Onde está
a origem?
Quanto tempo o ser humano irá
perder para procurar respostas
em meios que não encontrará?
Onde está a origem de tudo? Das
doenças, tanto mentais quanto físicas?
A medicina encontrará respostas
que servirão a curto prazo, pois
tudo voltará a se repetir novamente,
enquanto não compreenderem que
apenas você e seu cérebro são os
criadores de tudo. Uma pandemia
se alastra principalmente pelos vírus
mental, pois a vida é uma projeção da
sua mente. Tudo o que pensa, cria o
que vive. Se fizerem uma autoanálise
de tudo o que pensam durante o dia ,
resultaria mais pensamentos positivos
ou medo, julgamentos e limitações?
Você possui uma máquina poderosa
nas mãos, capaz de oferecer todas as
respostas necessárias e é o comandantes
dessa máquina. Não é o cérebro
que comanda o corpo. Como líder,
transmite ordens diárias ao seu cérebro.
Médium Daniele Lima
Não me refiro a um aspecto físico,
mas sim a determinação, intenção e
diligência do indivíduo.
O mundo em que vive precisa de
um criador, e ele não é o seu cérebro
sozinho, mas sim você e ele em
conjunto.
Suas ordens são recebidas por um
organismos vivo, que se adapta cada vez
que manda uma instrução. Se pensa em
todas as limitações que pensou ontem,
seu cérebro não irá mudar em nada.
Mas caso pense em como irá fazer para
superar tais limitações, estará ativando
um reservatório de ideias. Ele possui a
capacidade milagrosa de, quanto mais
pedir, mais ele lhe dará. Então, deixo
aqui meus questionamentos: quais
ordens dará a ele hoje? Quais novos
caminhos quer criar?
Não peça a Deus, pois você e Deus
são uma só unidade poderosa. Sendo
assim, o poder infinito que está na sua
mente irradiará para todo universo e
criará a sua realidade.
Exu Gira Mundo
38 ALDEIA Setembro 2020 ALDEIA Setembro 2020
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Atotô, Obaluaê!
Tantas histórias vivenciei e em
todos os momentos de angústia recorri
à Iemanjá (a mãe que simboliza o
aconchego para essas fases), mas em
todos os outros acontecimentos, sempre
recorri ao pai Obaluaê.
O que vou narrar hoje é um fato
ocorrido em uma dessas horas em que
sentimos a vida nos testar de uma maneira
mais intensa. Então, como uma boa filha,
solicitei os conselhos do pai. Fiz o meu
pedido. A minha voz foi ouvida.
Com o coração grato, tive a intuição
de levar pipoca para o cemitério. Levei
dentro da bolsa e fui caminhando pelo
Campo Santo todo, porém, antes de
entrar, pedi licença ao Exu Caveira da
Calunga que me acompanha.
Em cada túmulo que passava, deixava
um pouco de pipoca, quando intuía
fazer isso. Foi uma experiência incrível!
Senti muita paz. Sentei em um dos
bancos e fiquei contemplando o local,
especialmente a arquitetura, que é muito
bonita. E tudo: a beleza, o silêncio, a
harmonia me envolveram. Apenas uma
palavra me restou dizer: Gratidão!
Se você tem uma história que te levou
para a Umbanda e gostaria de compartilhar
conosco, envie seu e-mail para
redacao@templopenabranca.com.br,
indicando no assunto Histórias de
um(a) peregrino(a).
Histórias
de um(a)
peregrino(a)
Mercedes Britto Cunha
40 ALDEIA Setembro 2020 ALDEIA Setembro 2020
41
Oswaldina Abreu
Contadora
Mestrado em Ciências Contábeis pela
fundação Visconde Cairu. Atuei na área
de ensino por 26 anos. Hoje aposentada.
Atuo na área de beleza, consultora
independente da Mary Kay
Grandes
Profissionais
Priscila Silva
Empreendedora
Do Studio Priscila Nails, atuando
na arte de esculpir unhas. Ministro
cursos técnicos profissionais. Também
realizo workshop de decoração de
unhas, selagem diamante, banho de gel,
esmaltação em gel, cutilagem russa,
Aline Bacelar
Enfermeira
Cursando pós graduação em
Gerontologia e Geriatria. Também
sou Reikiana nível 3A e posso fazer
atendimento com Barras de Access.
Jaqueline Paixão
Empreendedora
Proporciono melhores
sensações através do paladar.
Atuo na área de buffet.
Bolos, tortas, salgados e doces .
Ryan Guedes
Arquiteto e Urbanista
Parceiro da Brasil Desing e faço
Especialização em Gestão de Projetos.
Tenho negócios com vendas de Licor
de Cachoeira (empresa da família).
Daya dias
Corretora de Imóveis
Atuo na região de Lauro de Freitas e Praia do Flamengo.
Venda, compra e locação de imóveis
Bruna Magalhães
Psicóloga
Tenho especialização em Psicoterapia
Analítica pelo Instituto Junguiano da
Bahia e sou especialista em Cuidados
Paliativos pelo Instituto Paliar,
com experiência em Psicologia
Hospitalar e Atendimentos Clínicos
Online e Presencial.
Denise Palheta
Contadora
Atualmente atuo na área financeira.
Empreendedora da Miss Deni
Acessórios, amo fazer minhas bijuterias.
Bruno
Eng. de computação
Atuo em diversas áreas da tecnologia,
desde segurança de dados a projetos
de infraestrutura e mkt digital,
porém mais em soluções de inovação
para pequenas empresas, nessa crise
abri uma distribuidora de produtos de
limpeza condominial e pessoal, atuamos
exclusivamente na internet.
Rose Barreto
Empreendedora
Gastronoma e empreendedora da
Cozinha da Rosinha. Atua com bolos,
doces e cozinha nordestina.
Rita de Cássia
Representante Comercial
Atuo em Salvador e Região
Metropolitana. Trabalho com produtos
de cama, mesa e banho. Trabalho apenas
com atendimento à pessoa jurídica.
Instagram: @representante.2020
Matheus Mendes
Marketing Digital
Atuo no área de branding de marcas,
aumento o alcance da divulgação do
perfil ou serviço. Mas principalmente
no lançamento de curso, mentoria
ou de produto.
Tânia Conceição
Pedagoga
Atuo na rede estadual de ensino
e vendo bolsas nas horas vagas.
Vitória Terra
Biomédica
Especialista em Imaginologia,
atuava na área de Ressonância
Magnética, realizando exames em
clínica particular e hospital público.
Atualmente, atuo na área de docência
em pós-graduação, graduação e curso
técnico. Participo de bancas, confecção
e correção de trabalhos científicos,
principalmente na área
da saúde.
Débora Vinhas
Empreendedora
Faço artesanato e crio peças
em macramê, crochê, Amigorumis,
filtros dos sonhos, e outros artesanatos,
tudo feito a mão com amor.
Instagram: @ateliedavinhas
Patricia Pinho
Fonoaudióloga
Consultoria em amamentação;
transição, recusa e seletividade
alimentar; dificuldades de deglutição.
Gabriel Amorim
Publicitário
Tenho uma “Eugência”
www.engatilhar.com.br
atualmente em fase de reformulação
do rol de serviços, com foco em
desenvolvimento de sites, gestão
de redes sociais, produção de spots,
locuções e u.r.a’s e vídeo marketing
de baixo custo.
Ana Paula Aguiar
Arquiteta
Com especialização em marketing
digital e négocios, trabalho atualmente
na área de marketing numa empresa
de Adtech and Data Solutions.
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