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Diagnóstico da Rede de Garantia de Direitos da Criança e Adolescentes de Florianópolis

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Diagnóstico da Rede de Garantia de

Direitos da Criança e Adolescentes de

Florianópolis

Florianópolis, 13 de outubro de 2020

Projeto Articula Floripa

Direito Deles – Transformação para todos

Realização Co-realização Financiamento


Realização

Observatório de Inovação Social de Florianópolis (OBISF)

Núcleo de Inovações Sociais na Esfera Pública (NISP)

Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas (ESAG)

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

Financiadores

Fundação de Amparo à Pesquisa e a Inovação do Estado de Santa

Catarina (FAPESC)

Engie Brasil Energia S.A

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq)

Coordenação, levantamento, análise e revisão de dados

Carolina Andion

Thiago Gonçalves Magalhães

João Vitor Libório da Silva

Editoração

Sophia Santi Garcia

Apoio

Secretaria Municipal de Assistência Social

Floricriança

Instituto Comunitário Grande Florianópolis - ICOM


SUMÁRIO

1. Introdução

2. Situação atual da criança e do adolescente de Florianópolis

3. Panorama da Rede que forma o Sistema de Garantia de

Direitos da Criança e do Adolescente na cidade

4. Um retrato da atuação das iniciativas e organizações da

sociedade civil nessa rede

5. Um retrato da atuação governamental nessa rede

6. Retraçando a trajetória da rede: principais marcos,

acontecimentos, personagens e situações de prova enfrentados

7. Considerações finais

8. Referências


1. INTRODUÇÃO

Esse relatório sintetiza os resultados de duas pesquisas, uma de mestrado e outra de

doutorado, realizadas junto ao programa acadêmico de pós-graduação em administração

da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) no âmbito do

Núcleo de Inovações Sociais na Esfera Pública (NISP) e no quadro do projeto do Observatório

de Inovação Social de Florianópolis (OBISF), sob a orientação da professora

Carolina Andion. A dissertação, de autoria do João Vitor Libório da Silva, tinha

como tema a atuação das organizações da sociedade civil junto à política de garantia

de direitos da criança e adolescente de Florianópolis e a tese, de autoria de

Thiago Gonçalves Magalhães, tinha por foco compreender o processo de co-construção

de conhecimento que ocorre nos “laboratórios vivos de inovação social”

junto a essa política, por meio do acompanhamento de experiências de governança,

ou de interface entre atores da sociedade civil e do poder público, junto ao Sistema

de Garantia de Direito da Criança e Adolescentes (SGDCA) na cidade.

Os trabalhos foram desenvolvidos, de 2017 a 2020, e envolveram um amplo trabalho

de campo, realizado por meio de aplicação de questionários, observação direta,

levantamento documental e de entrevistas, junto a diferentes atores envolvidos nas

políticas públicas voltadas a esse público e que atuam nos três eixos da garantia de

direitos das crianças e adolescentes: o da promoção, do controle e da defesa.

Nesse período, os pesquisadores atuaram também na coordenação e implementação

de três projetos de extensão realizados em parceria entre o OBISF, o Instituto Comunitário

Grande Florianópolis (ICOM) e o Conselho Municipal da Criança e Adolescente

(CMDCA) de Florianópolis: o projeto Laboratório de Fortalecimento Institucional

(LAFI), realizado em 2018, o Jornada de Desenvolvimento Institucional (DI), realizado

em 2019 e o Articula Floripa iniciado em 2019 e realizado em 2020. Os dois primeiros

projetos estavam voltados para o desenvolvimento institucional e da atuação

política das OSCs inscritas no CMDCA, já o Articula Floripa teve por foco o fortalecimento

do CMDCA e a promoção da articulação dos atores que formam o SGDCA

na cidade.

Assim, no quadro do projeto Articula Floripa, foram apresentados os resultados preliminares

da pesquisa, que foram discutidos e validados em duas oficinas online

realizadas com os atores da sociedade civil (com a participação de 30 pessoas) e

governamentais (envolvendo 23 participantes) que compõem a rede do SGDCA em

30 de julho e 12 de agosto, respectivamente. Ainda, no dia 10 de setembro, no âmbito

do curso de extensão chamado Jornada Formativa, realizado no quadro do Articula

Floripa, foi feita uma oficina de devolutiva e validação da trajetória da política, que

contou com a participação de 41 pessoas.

Todo esse trabalho permitiu construir um retrato atual da rede que forma o SGDCA

na cidade, buscando mostrar a importância, os desafios, os limites e os alcances da

atuação dos atores governamentais e da sociedade civil nesse sistema, bem como

mostrar a trajetória dessa rede, com os seus principais marcos e situações que mobilizam

os atores na cidade. Esses resultados estão descritos nas seções a seguir e

poderão ser utilizados tanto pelos gestores que atuam junto ao SGDCA na cidade,

por pesquisadores e cidadãos interessados e comprometidos com a garantia dos

direitos das crianças e adolescentes do município. Dessa forma, a equipe envolvida

na elaboração desse relatório espera contribuir para marcar os 30 anos do Estatuto

da Criança e do Adolescente (ECA) e para reforçcar o lugar da criança e do adolescente

como prioridade absoluta!


2.SITUAÇÃO ATUAL DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO MUNICÍPIO

Quantos são e como vivem?

Total de crianças e adolescentes por faixa etária

0 - 4 anos

27.939

21,7%

5 - 9 anos

28.196

21,9%

10 - 14 anos

33.861

26,3%

15 - 19 anos

38.754

30,1%

Fonte: Cálculo baseado na população

estimada IBGE, 2019

TOTAL: 128.750 (25,7%)

Mais de 65 mil pessoas, sendo 25 mil crianças e adolescentes,

vivem em Áreas de Interesse Social (ICom, 2016).

1 em cada 7

crianças vivem em situação de

vulnerabilidade e pobreza

(Fonte: Sinais Vitais - ICOM 2016)

123.239 pessoas (24,6%) da população de

Florianópolis ganha até meio salário mínimo .

(IBGE, cálculo aproximado 2019)

Em junho de 2020, 34.321 famílias tinham renda de até 3

salários mínimos na cidade. Dessas apenas 6,5% recebiam

benefício do Bolsa Família.

1 em cada cinco crianças na cidade vive em situação de

vulnerabilidade e pobreza.

(CADÚnico, 2020)


Quais os principais desafios a superar para garantir os direitos das crianças e adolescentes?

1. Vida saúde, alimentação

Experimentaram alguma vez:

Morrem

3X mais

adolescentes e jovens do

que crianças

Sendo que 74%

são meninos e a

maioria são negros

(ICom, 2016)

(ICom, 2016)

64% Bebida alcóolica

26% Cigarro

17% Drogas ilícitas

9% Maconha

1% Crack

Em Julho de 2020 houve um aumento de 206% do número

de casos de COVID-19 entre as crianças de 0-9 anos e de

204% nos adolescentes de 10 a 19 anos em Santa Catarina.

Fonte: NECAT-UFSC, agosto 2020

Não há vagas suficientes

DEZEMBRO

2019

600 crianças e

adolescentes buscando

vagas no ensino fundamental, só

na região norte da cidade.

(CT, 2018)

400 crianças

aguardavam vagas para o

próximo ano letivo

(Notícias do Dia, 2019).

As taxas de abandono seguem as tendências do estado, sendo a distorção idade/série no

ensino médio maiores que em Santa Catarina (INEP, 2018)

FLN

SC

BR

ABANDONO

Anos iniciais

0,2%

0,1%

0,7%

Anos finais

0,7%

0,8%

2,4%

Ensino médio

4,0%

5,3%

6,1%

DISTORÇÃO

IDADE/SÉRIE

Anos iniciais

7%

7%

11%

Anos finais

18%

20%

25%

Ensino médio

25%

21%

28%


3. As violações de direitos e atos infracionais

Disque 100 e

Disque

denúncia

Denúncias no município entre 2013 e 2015:

2,207 sendo

36%

Negligência

31%

Violência

psicológica

18%

Violência

física

8%

Violência

sexual

4%

Trabalho

infantil

69%

dos atos infracionais representados

ao Juizado da Vara da Infância e da

Juventude pelo MP envolviam tráfico

e posse ilegal de drogas.

De 2016 a 2019 foram registrados

nos CTs da ilha 625 denúncias de

violência sexual contra crianças e

adolescentes, sendo 75% em meninas e

25% em meninos.

Fonte: CTs da Ilha, Florianópolis, 2020

ICom, 2016

4. Profissionalização e trabalho

Em 2015

4.515 crianças e adolescentes foram identificados

trabalhando na capital sendo que 35%

65% das organizações

de Florianópolis não cumpriram a cota

mínima de contratação exigida.

(ICom, 2016)

estavam na situação de trabalho infantil (10

a 13 anos) e 12% não

eram remunerados

(IBGE, 2010)

5. Cultura, esporte, lazer e protagonismo juvenil

Senhor prefeito

nós queremos:

Demandas levantadas

pelas crianças e

adolescentes nas últimas

conferências municipais

em 2015 e 2019

#1 #2

Mais espaços de cultura,

esporte e lazer na cidade.

Oportunidades de participar

junto à política.


Situação atual das crianças e adolescentes de Florianópolis: o que podemos

concluir?

• O número de crianças e adolescentes em vulnerabilidade se ampliou nos

últimos anos na cidade e a sua condição se agravou com a pandemia de

COVID-19

• Os adolescentes negros estão em situação de maior vulnerabilidade e mais

expostos ao risco do que as crianças e do que os adolescentes brancos na cidade

• As denúncias de violação sexual vêm aumentando na cidade e na sua maioria

atingem crianças e adolescentes do sexo feminino

• Crianças e adolescentes querem ser protagonistas na garantia de seus direitos


3. PARORAMA DA REDE QUE FORMA O SISTEMA DE GARANTIADE DIREITOS

DA CRIANÇA E DO ADOLESCNTE NA CIDADE.

QUEM SE MOBILIZA E ATUA PARA GARANTIR OS DIREITOS DA CRIANÇA E

ADOLESCENTE NA CIDADE?

Por meio da plataforma de pesquisa do OBISF (www.observafloripa.com.br) foram mapeadas

129 iniciativas (originadas na sociedade civil, no meio empresarial ou no governo) que atuam

para promover os direitos das crianças e adolescentes na cidade. Dessas, 75 foram

observadas mais de perto com aplicação de questionários e visitas de acompanhamento

pelos pesquisadores e 17 fecharam suas portas, tornando-se inativas durante o período da

pesquisa.

Panorama da rede mapeada pelo OBISF

109

INICIATIVAS DA

SOCIEDADE CIVIL

11

INICIATIVAS

GOVERNAMENTAIS

07

INICIATIVAS

UNIVERSIDADES

02

INICIATIVAS DO

SETOR PRIVADO

17

INICIATIVAS DE

INOVAÇÃO

SOCIAL

INATIVAS

177

DISPOSITIVOS DE

POLÍTICA PÚBLICA:

SEMAS, SME, SMS


4. UM RETRATO DA ATUAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL NESSA REDE

Quem são as iniciativas da sociedade civil que atendem crianças e adolescentes e

quais as suas características?

Composição da amostra de iniciativas da sociedade civil pesquisadas.

125

Iniciativas da sociedade civil voltadas para promoção de direitos

das crianças e adolescentes foram mapeadas pelo OBISF

83 (66%) inscritas no CMDCA

109 ATIVAS 16 INATIVAS

74

FORAM OBSERVADAS DE

PERTO

60

Apresentaram

seus resultados

Iniciativas ativas por tipo

87,2%

Associações

3,7%

Coletivos

3,7%

Fundações

2,8%

Programas de

OSCs

1,8%

Redes

0,9%

Movimentos

Sociais


Iniciativas da sociedade civil observadas por data de início

DATA

QTDE

1773 1

1920 - 1959 6

1960 - 1989 22

1990 - 1999 14

2000 - 2009 13

2010 - 2019 18

Total 74

Iniciativas da sociedade civil observadas por origem

Religiosa

Voluntariado

e Filantropia

Comunitária

Investimento

Social Privado

Movimentos

Sociais e ONGs

26

(35,13%)

21

(28,37%)

14

(18,91%)

11

(14,89%)

2

(2,70%)

Públicos mobilizados pelas iniciativas da

sociedade civil observadas

VOLUNTÁRIO

COMUNIDADE

FAMÍLIAS

PROFESSORES

IGREJAS

VOLUNTÁRIOS

ESCOLAS

UNIVERSIDADES

DOADORES


Financiadores das iniciativas da

sociedade civil observadas por origem

Financiadores Públicos Financiadores Privados Financiadores Sociedade

Civil

Instituições que dão suporte às iniciativas da

sociedade civil observadas por tipo

Controle Social Governamental Sociedade Civil Setor privado

Incidência Política

CMDCA

82%

CMAS

52%

FPPF

28%

CME

7%

CMDPD

6%

FINAF/OAB/CMI

4%

CMS/CMMob/CMLGBT/ONU/CRP/SC

1%


Quem são e quais as características das organizações da sociedade civil que

atuam na rede. O que podemos concluir?

• A grande maioria das iniciativas são associações e mais da metade tem mais de

20 anos de atuação na cidade.

• Do total de iniciativas da sociedade civil mapeadas, apenas 66% estavam

registradas no CMDCA.

• A maior parte das iniciativas tem origem religiosa, voluntária ou comunitária,

aparecendo em menor número o investimento social privado e os movimentos

sociais.

• Os principais financiadores são governamentais, seguidos de empresas de

médio e grande porte com atuação local.

• Os principais apoiadores das iniciativas da sociedade civil são universidades e

organizações intermediárias do meio associativo da cidade.


Como as iniciativas da sociedade civil atuam no eixo da promoção. Quais

serviço e qual cobertura?

Serviços prestados pelas iniciativas da sociedade civil observadas e cobertura

Serviço

Iniciativas %

Cobertura

Total

ACOLHIMENTO 8 12,70% 128

SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA

E FORTALECIMENTO DE

VÍNCULOS

20 20,41% 3707

CONTRATURNO

ESCOLAR

12 16,74% 1850

ESPECIALIZADA EM

PRÁTICA ESPORTIVA

4 5,88% 1961

SAÚDE 4 5,88% 655

PROFISSIONALIZAÇÃO/

INTEGRAÇÃO

PROFISSIONAL

CRECHE/ EDUCAÇÃO

INFANTIL

4 5,88% 1731

4 5,88% 781

EDUCAÇÃO

ESCOLAR

1 1,47% 241

EDUCAÇÃO

AMBIENTAL

2 2,94% 7181

ATIVIDADES DE

CONSCIENTIZAÇÃO

DIREITOS HUMANOS

1 1,47% 3400

ESCOTISMO 1 1,47% 41

DOAÇÃO DE

MATERIAL ESCOLAR

2 2,94% 315

INCLUSÃO DIGITAL 1 1,47% 1311

PRÁTICA CULTURAL 1 1,47% 10.000

ATIVIDADES

DIVERSAS

3 4,41% 6339


TOTAL 100% 39.641

COBERTURA / FAIXA ETÁRIA

(%) por Faixa Etária

Crianças 0 - 11 25.338 (64%)

Adolescentes 12 - 18 14.303 (36%)

Serviços prestados pelas iniciativas da sociedade

civil por região da cidade


Regiões Centro e Continente

Regiões Norte e Sul da Ilha


Como as iniciativas atuam no eixo da promoção. Quais serviços e qual

cobertura. O que podemos concluir?

• A maioria das iniciativas pesquisadas atuam com serviços de fortalecimento de

vínculos e contraturno escolar, atuando na promoção dos direitos, por meio de

financiamento governamental.

• Menos de 3% afirma atuar com educação ambiental e menos de 2% com práticas

culturais e inclusão digital.

• Do total de beneficiários atendidos pelas OSCs observadas na pesquisa, 64% são

crianças de 0 - 11 anos, enquanto 36% são adolescentes de 12 - 18 anos (que

apresentam uma situação de maior vulnerabilidade e risco, como apontado).

• Há uma evidente desigualdade na distribuição geográfica dos serviços

prestados pelas iniciativas da sociedade civil, com maior frequência para região

central da cidade e maior dispersão no Norte e no Sul da ilha.


Qual atuação das iniciativas da sociedade civil no

controle da política pública

Quais os principais espaços de controle da política pública

que as iniciativas da sociedade civil participam?

Porcentagem de Iniciativas que participam nos espaços

82%

CMDCA

52%

CMAS

28%

FPPF

Como se dá a participação ao longo do tempo nas plenárias do CMDCA?

Analise referente a participação nas plenárias do CMDCA e do

FPPF (2017, 2018 e 2019)

ESPORÁDICAS

ATÉ 25%

ATIVAS

25% - 49%

PROTAGONISTAS

50% - 74%

MAIS DE 75%

21 organizações da sociedade civil PROTAGONISTAS

59 organizações ATIVAS ou ESPORÁDICAS

O total de organizações que participam nas plenárias do

CMDCA e do FPPF nos últimos 3 anos (80) não atinge as 83

organizações registradas no CMDCA.

Este total corresponde a 73,% das 109 iniciativas mapeadas

na pesquisa.


Qual o número de organizações participantes na plenária do CMDCA por ano?

60

50

48 50 52

40

30

20

24

28

21

29 28

33

41

39

37

32

10

0

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Participação da sociedade civil no controle social da política pública. O que

podemos concluir?

• A participação no controle é concentrada em menos de 20% das iniciativas da

sociedade civil que atuam na promoção dos direitos das crianças e adolescentes.

• A principal forma de controle da política é por meio da participação nas plenárias

do CMDCA e nas assembleias do FPPF.

• Essa participação vem diminuindo nos últimos anos.


5. UM RETRATO DA ATUAÇÃO GOVERNAMENTAL NESSA REDE

Quais são os atores e as iniciativas governamentais que atuam na rede do SGDCA?

Eixo Promoção

Assitência

Social

Educação

Básica - CRAS, CCFV

Média - CREAS

Alta- Casas de Acolhimento Institucional

Escolas Básicas Municipais

Nucleos de Educação Infantil (NEI)

Centro Educaçãp Jovens e adultos

Programa de Combate Evasão Escolar

Saúde

Programa Capital Criança

Programa Saúde na Escola

CAPSi

Eixo Defesa

Justiça da Infância e da Juventude (JIJ)

Ministério Público (MP)

Conselhos Tutelares (CTs)

Ouvidorias

Defensoria Pública (DP)

Polícia

Eixo Controle

CMDCA

OUTROS CONSELHOS SETORIAIS

FPPF

FINAF

CAMARA DE VEREADORES

Qual a amostra pesquisada junto às iniciativas governamentais?

11

11 tipos de iniciativas governamentais foram

pesquisados

No eixo da promoção nos

concentramos na assistência social e

na educação, pois não recebemos

retorno dos dados na saúde.

Incluindo 177 instrumentos

de política pública que

atuam na promoção, no

controle e defesa


Como as iniciativas governamentais atuam no eixo da promoção?

11 INICIATIVAS EIXO DE PROMOÇÃO DCA - 177 DISPOSITIVOS DE POLÍTICA PÚBLICA

PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA

PROTEÇÃO SOCIAL MÉDIA

COMPLEXIDADE

PROTEÇÃO SOCIAL ALTA

COMPLEXIDADE

ASSISTÊNCIA SOCIAL

10 CRAS

7 CCFV

PRÓPRIOS

2

CREAS

2 CASAS DE

ACOLHIMENTO

INSTITUCINAL

36 ESCOLAS BÁSICAS MUNICIPAIS

88 NÚCLEOS DE EDUCAÇÃO INFANTIL

28 CENTROS DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE COMBATE EVASÃO ESCOLAR

SAÚDE

PROGRAMA CAPITAL CRIANÇA

PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA

CAPSi

Como as iniciativas governamentais promovem a assistência

social para crianças e adolescentes?

1.

PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA

10

CRAS

a. CADÚNICO

b. Programa de Atendimento

integral à família (PAIF)

c. BENEFÍCIOS EVENTUAIS

7

CCFV


a. CAD

ÚNICO

DEZEMBRO DE 2018

10

CRAS

Fonte: SAGI - MDS e SEMAS, 2018

24.673

Famílias Cadastradas

60.673

Pessoas Cadastradas

49,20% da população que

ganha até 3 salários

mínimos

0-6

anos

7-15

anos

16-17

anos

7311 11103 2682

TOTAL

21096

(1 em cada 6 crianças)

6317 - Famílias cadastradas no Bolsa Família.

3353 (53%) - Benefícios de bolsa família concedidos.

1862 - Beneficios de Prestação Continuada

4095 -Outros Benefício (Isenção Taxa Inscrição; Identidade Jovem;

Tarifa Social Especial.)

a. Histórico CADÚnico 2015 - 2020


a. Histórico Bolsa Família 2015 - 2020

b. PAIF

10

CRAS

19.616 Famílias Cadastradas

(80% das famílias do CadÚnico)

1.960 Famílias Acompanhadas (10%)

26.616 Atendimentos (Acolhida; Oficinas com famílias;

Oficinas com comunidade; Ações Particularizadas.)

Fonte: SEMAS, 2018

Alimentação, Transporte I,

Transporte II; Calamidade.

c. BENEFÍCIOS

EVENTUAIS

2.566 Benefícios Eventuais

Concedidos


7

CCFV

PRÓPRIOS

SOCIEDADE CIV.

COFINANCIADOS

100 adolescentes

de 12 - 18 anos

508 Crianças

de 0 - 11 anos

1329 adolescentes

(42,3%)

de 12 - 18 anos

1811 Crianças

(57,7%)

de 0 - 11 anos

Agronômica; Monte Cristo;

Costeira; Itacorubi; Monte

Verde; Tapera; Jardim

Atlântico

OBS.: HOJE SÃO APENAS 6 POIS O

MONTE VERDE NÃO TEM MAIS

TOTAL 608 (16,23%)

TOTAL 3140 (83,77%)

3748 (100%)

Fonte: SEMAS, 2018

17,7% das 21.096 crianças e

adolescentes das famílias

cadastradas no CADÚnico.

2.

PROTEÇÃO SOCIAL MÉDIA

COMPLEXIDADE

2

CREAS

a. Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e

Indivíduos (PAEFI)

b. Liberdade Assistida / Prestação Serviços

Comunitários (LA/PSC)

c. Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com

Deficiência, Idosas e suas Famílias (SEPREDI)

d. Abordagem Social


Fonte: SEMAS, 2018

2

CREAS

PAEFI

Crianças 0 - 11 anos

149 (120 Ilha,

49 continente)

Adolescentes - 12 - 18 anos

146 (117 ilha,

29 continente)

LA/PSC

0 69 (51 ilha,

18 continente)

SEPREDI

3 6

182 CRIANÇAS

129 ADOLESCENTES

ABORDAGEM

SOCIAL

30 8

TOTAL 182 129

Serviço de Habilitação e Reabilitação de pessoas com deficiências - 438

atendimentos (100% oferecidos pelas OSCs cofinanciadas)

3.

PROTEÇÃO SOCIAL ALTA

2

CASAS DE

ACOLHIMENTO

172

CRIANÇAS E

ADOLESCENTES

(64) 37,2 % Gov.

(108) 62,8% Soc.

Civil

#1

Casa de Acolhimento de

Crianças e Adolescente

Jardim Atlântico

26

PRÓPRIOS

64 (37,2%)

#2

Casa de Acolhimento de

Crianças e Adolescentes

Abrigo de Coqueiros

COFINANCIADOS

38 108 (62,8%)

61 (56,28%)

OSCS

47 (43,72%)

Crianças 0 - 11 anos

Adolescentes - 12 - 18 anos

Adolescentes 12 - 18 anos

Fonte: SEMAS, 2018


Onde se localizam os serviços socioassistenciais?

CADÚnico PAIF CCFV

CENTRO

20%

CONTINENTE

21%

CENTRO

15,61%

CONTINENTE

24,23%

CENTRO

42,77%

CONTINENTE

29,60%

NORTE

SUL

39,81% 16,19%

NORTE

23,16%

SUL

36,99%

NORTE

SUL

20,98% 07,05%

CREAS

PAEFI

01

ILHA

75%

01

CONTINENTE

25%

Onde se localizam os serviços socioassistenciais?

LEGENDA: INICIATIVAS

ASSISTÊNCIA SOCIAL

Áreas de Interesse Social

CRAS

LEGENDA: INICIATIVAS

ASSISTÊNCIA SOCIAL

Áreas de Interesse Social

CRAS

CREAS

CCFV

CTS

ACOLHIMENTO

Classe E: % de

domicílioscom rendimento

em até 2 salários mínimo

(2012)

CREAS

CCFV

CTS

ACOLHIMENTO

Classe E: % de

domicílioscom rendimento

em até 2 salários mínimo

(2012)

5.10 - 29.82

29.82 - 48.21

48.21 - 63.06

63.06 - 77.50

77.50 - 100

5.10 - 29.82


Regiões do Centro e Continente

Região Sul da Ilha

Região Norte da Ilha


Atuação governamental na promoção da assistência social de crianças e

adolescentes e suas famílias. O que podemos concluir?

• Apesar da ampliação da vulnerabilidade socioeconômica expressa pelo número de

crianças sujeitas a risco de violação de seus direitos, que corresponde a 1 em 5 crianças

em Florianópolis (mais de 28.000 em 2020), a cobertura dos serviços socioassistenciais

não tem se ampliado nos últimos anos.

• Apenas 25% das famílias cadastradas no CADÚnico e que ganham até 3 salários

mínimos estavam cadastradas no Bolsa Família e dessas apenas 53% receberam

efetivamente o benefício (representando 14% do total do CADÚnico).

• Essa situação vai piorar muito de 2018 para 2020 quando o número de famílias

cadastradas no Bolsa Família vai aumentar 28% e o número de benefícios concedidos vai

se manter estável.

• A maior cobertura de serviços da assistência ocorre por meio dos CRAs, no atendimento

às famílias e nos serviços socioassistenciais oferecidos diretamente às crianças e

adolescentes. Destaca-se que no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos

das 3748 crianças e adolescentes atendidos 84% são atendidos pelas OSCs e nas casas

de acolhimento, das 172 crianças e adolescentes abrigados, 63% estão em OSCs.

• Há uma desigualdade territorial na distribuição dos serviços e equipamentos com maior

concentração na região central da cidade e maior dispersão no Norte e no Sul da Ilha.


Como as iniciativas governamentais promovem a educação de crianças e

adolescentes?

Como atuam as iniciativas governamentais na promoção da educação?

EDUCAÇÃO PÚBLICA

MUNICIPAL

36 ESCOLAS BÁSICAS MUNICIPAIS

88 NÚCLEOS DE EDUCAÇÃO INFANTIL

28 CENTROS DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

01 PROGRAMA DE COMBATE EVASÃO ESCOLAR

EDUCAÇÃO ESPECIAL

EDUCAÇÃO PÚBLICA

ESTADUAL

44 ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS

EDUCAÇÃO ESPECIAL

CENTROS DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

EDUCAÇÃO PÚBLICA

FEDERAL

4 ESCOLAS PÚBLICAS FEDERAIS

EDUCAÇÃO ESPECIAL

CENTROS DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

EDUCAÇÃO

PRIVADA

114 ESCOLAS PARTICULARES

EDUCAÇÃO ESPECIAL

CENTROS DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Como se distribui a cobertura na educação?

UNIDADES FEDERAIS

199

684 1.468 2.351

8,46% 29,09% 62,44% 100%

2,59%

FONTE: QEdu, 2019


NA EDUCAÇÃO INFANTIL E FUNDAMENTAL

COBERTURA DE 80% EM RELAÇÃO A

POPULAÇÃO NESTA FAIXA ETÁRIA NA CIDADE

Qual a cobertura da educação?

CEJAS

4198 alunos

% REDE

29,63%

44,4%

1,47%

24,5%

Municipal

Estadual

Federal

Privada

NO ENSINO MÉDIO A COBERTURA É

DE APENAS 43%

Municipal

42,29%

0-5 (49,90%)

6-14 (53,03%)

+15 (6,07%)

FLN

REDE PRIVADA

35%

SC

SANTA CATARINA

15%

BRASIL

18%

BR

EDUCAÇÃO

ESPECIAL

1832 alunos

Estadual

34,30%

Federal

6,11%

Privada

17,30%

FONTE: QEdu, 2019

FONTE: QEdu, 2019

Atuação governamental na promoção da educação de crianças e adolescentes de

Florianópolis. O que podemos concluir?

• A cobertura na educação infantil e fundamental é quase o dobro que no ensino médio.

• A região central possui maior concentração de núcleos de educação infantil e escolas básicas.

• O percentual de escolas privadas em Florianópolis é bem maior que a média de Santa Catarina

e do Brasil.


Quem são e como atuam as iniciativas governamentais na defesa

dos direitos das crianças e do adolescente

Justiça da Infância e da Juventude (JIJ)

Coordenadoria da Infância e da

Juventude; Corregedoria Geral de

Justiça; Vara da Infância e da Juventude;

outras varas criminais; Comissões de

adoção

Ministério Público (MP)

9ª Promotoria da Infância e da

Juventude; outras promotorias

e os grupos de estudos sobre a

situação da criança e do

adolescente na cidade

Conselhos Tutelares

(CTs)

4 conselhos Tutelares: Centro,

Continente, Região Norte e Sul

Ouvidorias

Através das denúncias. Disk

Denúncias 0800-6431407.

Defensoria Pública (DP)

Medidas Protetivas

Quais as principais violações registradas?


Atuação governamental na defesa dos direitos das crianças e adolescentes de

Florianópolis. O que podemos concluir?

• Analisando as violações registradas e comparando com os dados levantados por

meio da pesquisa, percebe-se que há uma evidente subnotificação das violações

sofridas por crianças e adolescentes nos últimos anos.

• Há um aumento da média mensal de adolescentes em cumprimento de medidas

socioeducativas em 2019 em relação aos anos anteriores.

• Essa subnotificação está ligada de um lado à falta de um sistema integrado que seja

constantemente retroalimentado pelos CTs e que seja transparente para toda a rede,

como também a problemas de funcionamento do disk denúncia municipal.


Quem são e como atuam as iniciativas governamentais no controle

e na gestão para garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes?

COMO SE DÁ A PARTICIPAÇÃO DOS ATORES GOVERNAMENTAIS NAS

REUNIÕES PLENÁRIAS DO CMDCA AO LONGO DO TEMPO?

Quais as principais violações registradas?


Quais as receitas do FIA?

Fonte: Floricriança, 2017 e 2018

Quais as despesas do FIA?

Fonte: Floricriança, 2017 e 2018


Atuação governamental no controle dos direitos das crianças e adolescentes de

Florianópolis. O que podemos concluir?

• Os principais espaços de articulação, controle social e incidência na política são o CMDCA e o

FPPF

• Houve uma ampliação da participação dos representantes governamentais nas

plenárias do CMDCA, sobretudo nos últimos anos.

• As principais receitas do Floricriança são provenientes de pessoas jurídicas, com

concentração de entradas nos meses de julho, devido aos repasses IRPJ.

•Tem havido uma ampliação gradual das receitas e das despesas do FIA nos últimos

anos.

• Os investimentos são ainda majoritariamente em termos de colaboração e de

fomento para subsidiar serviços de convivência e fortalecimento de vínculos e de

acolhimento institucional promovidos pelas OSCs.


6. Retraçando a trajetória da rede: principais marcos, acontecimentos,

personagens e situações de prova enfrentados.

Para fechar a nossa conversa...

A síntese da trajetória aqui apresentada é fruto de uma pesquisa de doutorado

iniciada em 2017 que está sendo finalizada pelo doutorando Thiago Magalhães, sob

orientação da professora Carolina Andion, no programa de pós-graduação em Administração

na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), junto ao Núcleo de Inovações

Sociais na Esfera Pública (NISP). Esta pesquisa baseia-se numa abordagem pragmatista

de análise de políticas públicas, mais especificamente nas perspectivas da

sociologia dos problemas públicos (Cefaï, 2002, 2007, 2009, 2012, 2014 e 2017; Cefai e Terzi,

2012; Chateauraynaud, 2011; Chateauraynaud e Debaz, 2017; Queré e Terzi, 2015; Terzi,

2015) e no debate sobre ação e governança públicas (Lascoumes e Le Galès 2007; Ansell,

2011).

O período pesquisado é de 2007 a 2019 e as estratégias de coleta de dados utilizadas

foram: (1) análise documental para levantar a “opinião pública”, a partir do levantamento

de reportagens de diferentes jornais da cidade, buscando notícias que revelassem

controvérsias sobre a temática da defesa ou violação de direitos de crianças e adolescentes,

totalizando 179 notícias; (2) acompanhamento da agenda governamental,

legislativa e administrativa sobre a política pública (de cunho transversal), a partir do

levantamento de atas de reunião dos conselhos muncicipais de políticas públicas

(CMDCA, CMAS, CMS e CME), além do FPPF e de outros documentos e dispositivos relevantes

do campo, tais como: o plano decenal de direitos humanos das crianças e dos

adolescentes do município (2018-2028) e os relatórios das conferências municipais de

crianças e adolescentes, totalizando 573 documentos; (3) duas oficinas iniciais de

reconstituição da trajetória, em forma de grupo focal, com alguns atores-chave para validar

o desenho da trajetória; (4) 26 entrevistas em profundidade com gestores e técnicos

municipais governamentais e da sociedade civil que atuam na área da infância e

adolescência; (5) uma oficina de validação realizada em 12 de agosto de 2020 que

contou com a participação de cerca de 41 gestores que atuam no SGDCA da cidade.

Para melhor compreender a abordagem utilizada nessa reconstituição, é importante

destacar o que entendemos por “arena pública”. Para Daniel Cefaï (2002), uma

noção mais adequada seria a ideia de arena pública, como um espaço de cooperação e

também de debate e conflitos, no qual os problemas públicos são significados e compartilhados

e onde vários atores e instâncias, para além do aparelho do Estado, se articulam

em torno das situações problemáticas que enfrentam. A arena pública se materializa

em diferentes lugares, físicos e virtuais, e em diferentes momentos.

Complementando, o autor destaca que o adjetivo “público” está carregado de

uma perspectiva dramatúrgica. Baseando na perspectiva do “bem viver junto”, Daniel

Cefaï res- gata o sociólogo Canadense Erving Goffman, o qual afirma que a vida social

pode ser interpretada como um palco que se expressa quando as pessoas interagem

umas com as outras. Nessas interações os indivíduos adquirem uma visibilidade mútua,

uma percepção recíproca. Assim, a arena pública, enquanto palco, seria um lugar de

ajuste recíproco de ações e de falas, bem como de ordenamento das condutas, onde as

cenas públicas se desencadeiam. Seria também um espaço onde os indivíduos estão

criando performances, que se tornam públicas, uma vez que os atores precisam prestar

contas, justificar suas falas e ações buscando um consenso, impor sua autoridade e contornar

a crítica, na busca de solução para as diferentes situações problemáticas que enfrentam.

Logo, foi nessa perspectiva dramatúrgica que nos inspiramos para reconstituir

a trajetória da arena pública DCA que será aqui apresentada como uma peça de teatro.


Como recontamos essa história...

A TRAJETÓRIA FOI DIVIDIDA EM 4 ATOS:

#1

ABERTURA DAS CORTINAS: Refere-se ao período anterior à promulgação do ECA de 1985 até 2006,

quando da publicação da resolução 113/2006 do CONANDA e da institucionalização do SGDCA

#2

ATO 1 (2007 – 2011) - Construindo e aprendendo a fazer a política em rede

#3

ATO 2 (2012 – 2016) - Mobilização pela consolidação dos instrumentos desenvolvidos e pela garantia

da política de garantia dos DCA na cidade

#4

ATO 3 (2017 – 2019) - Desmobilização, resistência e construção de novos horizontes possíveis

CADA ATO É COMPOSTO PELOS SEGUINTES ELEMENTOS:

a) Cenário Nacional: Constitui o pano de fundo (temporal e espacial), no qual a narrativa se

desen- rola em cada ato, ou seja, os lugares e os momentos que marcam o contexto das cenas

descritas no ato. Para tanto, na descrição do cenário são expostos os principais marcos que

influenciam na arena pública em questão

b) Acontecimentos na Cidade: são os eventos relevantes que aconteceram no período e que se

destacaram devido sua importância na arena pública

c) Dispositivos: são os instrumentos e objetos construídos que permitem materializar e operacionalizar

a ação pública e a política pública, como por exemplo: normas jurídicas, resoluções, relatórios,

diagnósticos, entre outros

d) Atores/personagens/protagonistas: Identifica os atores que performaram as cenas públicas,

principalmente aquelas que ocorrem nos palcos principais como o CMDCA e o FPPF, onde o debate

público se concentra. Buscamos destacar quais são os protagonistas, quais são os grupos e as

alianças formadas, as lideranças, os aliados, os inimigos, quem participa e quem não participa

(quem, com quem e contra quem)

Legenda de participação

nas plenárias CMDCA

Até 25%

25% - 49%

50% - 74%

Mais 75%

Esporádicas

Ativas

Protagonistas

e) Reconstituição das situações de prova: São compreendidas como os momentos de incertezas

e de indeterminação em que a atitude natural é questionada e os atores têm que justificar os seus

argumentos e ações. Os momentos de prova colocam as cenas públicas em relação umas com as

outras, destacam as controvérsias e revelam o conteúdo dos debates públicos e da ação pública.

Indo mais além, as situações de prova situam as posturas assumidas pelos atores, seja de indagação,

de investigação, de experimentação e de justificação, de mobilização e de ação. Em torno de

cada situação de prova buscamos reconstituir algumas cenas, bem como trazer as falas dos

atores que vivenciaram as mesmas.


ABRINDO AS CORTINAS – DO PERÍODO ANTERIOR À PROMULGAÇÃO DO ECA À 2006

CENÁRIO NACIONAL

Linha do Tempo: História da Criança e do Adolescente no Brasil

1726

Roda dos Expostos

1871

Código Imperial da República

Penalização entre 9 e 14 anos

1899

Instituto de proteção e Assistência à Infância

(Criada por Carlos A. Moncovo Filho)

Infante “exposto” - Enjeitado

1871

Lei do Ventre Livre

1879

Ensino Primário

Obrigatoriedade do ensino

primário de 7 a 14 anos

1927

Código de Menores

Menor: Carente, Delinquente, Infrator

1942

Senai, Sesi e Senac

Legião Brasileira de Assitência (LBA)

Sistema Repressivo e Correcional

Serviço de Assistência ao Menor (SAM)

1964

Fundação Nacional do Bem-Estar

do Menor - FUNABEM

1934

Constituição

Proíbe o trabalho de menores de 14 anos

1940

Decreto-lei nº 2.848

Maioridade Penal elevada para 18 anos

1946

Lei Orgânica de Ensino Primário

1948

Unicef no Brasil

Declaração Universal dos Direitos

Humanos

1959

Declaração Internacional dos Direitos da Criança

1971

Pesquisas - Ciências Humanas e Sociais

1976

CPI do Menor

1977

Pastoral do

Menor

A criança, o adolescente, a cidade - Cebrap

1979

Meninos de rua, valores e expectativas - Cendec

1979

Novo Código de Menores

Criança e Adolescente em Situação Irregular

Fonte: Gonsalves (2015).

Movimento em prol da

constituinte

Movimento Meninos e

Meninas de Rua

1º Encontro Nacional Meninos

e Meninas de Rua

Encontro pelos direitos das

crianças – pela 1 ª vez a

discussão foi travada no

Congresso Nacional

Promulgação do ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLES-

CENTE (ECA)

Ampliação do número de OSCs atuando na promoção e

combate às violações

Envolvimento do setor empresarial na causa dos

direitos da criança e do adolescente

Forte Atuação da UNICEF

Criação do CONANDA

Criação de três leis (8.930/1994, 9.318/1996 e

9.455/1997) que aumentaram a pena de crimes

praticados contra crianças e adolescentes com

emprego de violência física ou mental.

Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) de 1993.

Implementação do Sistema Único de

Assistência Social (SUAS)

Criação do dia nacional de combate ao

abuso e exploração sexual – 18 de maio

(Lei no 9.970/2000)

Foram acrescidos novos dispositivos e

artigos no ECA, como o estabelecimento

de crime de sujeitar criança e adolescente

a prostituição e exploração sexual, através

da Lei no 9.975/2000.

Programa Nacional de Estímulo ao

Primeiro Emprego para Jovens (Lei no

10.940/2004).

Extinção das FEBEMS

Resolução nº 113 do

CONANDA - sobre a

institucionalização e

fortalecimento do

SGDCA

Década de 1980

Década de 1990

Década de

2000 – 2005

2006


ACONTECIMENTOS E DISPOSITIVOS NA CIDADE

Encontros pró Conselho Estadual

da Criança e do Adolescente –

IDES.

Articulação do Movimento

Meninos e Meninas de Rua de

Florianópolis.

Criação da Política Municipal de

Atendimento DCA.

Criação do CMDCA, do Fórum

DCA, dos Conselhos Tutelares e

do Fundo Municipal DCA – Fia.

Conferências

Municipais do CMDCA – 1996 e

1999.

Conferências Municipais DCA –

2001; 2003 e 2005.

Criação dos Instrumentos da

Assistência Social – CRAS e

CREAS.

Criação do FPPF.

Primeira formação de

conselheiros do CMDCA (2004).

1985 – 1989

----

1990 - 1995

Lei no 3794/1992 que dispõe

sobre a política DCA

1996 - 2000

----

Evento de Comemoração de 14

anos do ECA – Reunindo mais de

250 pessoas.

2001 - 2006

Lei no 4.283/1994 – Criação CTs;

NOB/SUAS em 2005;

Decreto municipal nº 208/1993 –

Criação do FIA

Resolução nº 113 do CONANDA -

sobre a institucionalização e

fortalecimento do SGDCA.

ATORES/PERSONAGENS

Atores governamentais

- A ação governamental na área da

criança e do adolescente se dava

principalmente através do programa

SOS Criança que veio a se chamar

Sentinela no final da década;

- Até o ano de 2005 não havia o

quadro completo de conselheiros de

direitos governamentais no CMDCA.

Atores sociedade civil

OSCs PIONEIRAS: Associação Evangélica Beneficente

de Assistência Social; Ação Social Arquidiocesana

de Florianópolis; Assistência Social São Luiz; Ação

Social da Trindade; Irmandade do Divino Espírito

Santo; Sociedade Espírita de Recuperação Trabalho

e Educação; Associação das Damas de Caridade de

Florianópolis - organizações essas mapeadas

através do OBISF).

Em Florianópolis além de 29 OSC’ que já atuavam na

cidade antes de 1990, surgiram mais 14 OSCs de

acordo com o mapeamento feito pelo OBISF.

Protagonistas/Articuladores/Porta-vozes

- Elisabeth Bahia Spinola Bittencourt Férrer (Beth

Bahia) - assitente social (LBA, INSS, CRESS/SC)

com atuação na implementação de diferentes

conselhos municipais de políticas públicas.

- Célio Vanderlei Moraes que atuava junto ao

Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua

– MNMMR, movimento que teve importante papel

na mobilização para a criação do ECA, em 1990.

- Padre Vilson Groh – Liderança comunitária

atuando na garantia dos direitos da crianlça e do

adolescente

- Irmã Ediviges (Morro do Mocotó)

-Carlos Alberto Veloso (Cacá)

- Dona Darci (Fundou Centro Cultural)

- Carlos Agostinho (Grupo Pinheiro)

- Lucio Botelho (Programa Pró-Amar)

- Dona Geni

- Irmã Flávia;

- Alexandre Takashima (Juiz Vara da Infância)

SITUAÇÕES DE PROVA: O QUE MOBILIZA?

#1

Mobilização pelos DCA na

cidade

Movimentos nas comunidades

(papel das pastorais e das

OSCs pioneiras), principalmente

a partir do Movimento Meninos

e Meninas de Rua e do

envolvimento na constituinte.

#2

Temos direitos, queremos política

pública implementadas!

Movimento pela implementação

das políticas públicas sociais na

cidade, especialmente SUAS e do

SGDCA na cidade. Criação do

Fórum DCA, Assistência Social e

Educação para formação do FPPF.

#3

Para além de uma relação clientelista

entre o governo municipal e as

OSCs!

Importância da estruturação dos

dispositivos de política, CMDCA, FIA

CT e garantir sua autonomia de

gestão e de controle da política.


#2 ATO 1 (2007 – 2011) - CONSTRUINDO E APRENDENDO A FAZER A POLÍTICA EM REDE

CENÁRIO NACIONAL

2006

As resoluções 113 e 117 do CONANDA –

institucionalizando e articulando a

rede do SGDCA

2008

- Criação dia nacional de combate ao câncer

infantil – 23 de novembro (Lei no 11.650/2008)

- Lei 11.929/08 - Criminaliza a posse de material

oriundo de pornografia infantil

2007

- Criação dia nacional de combate ao trabalho infantil – 12 de junho (Lei no

11.542/2007),

- Criação dia nacional da Pastoral da Criança – 05 de dezembro (Lei no

11.583/2007),

- Criação dia nacional do teste do pezinho – 06 de junho (Lei no 11.605/2007)

- Criação semana nacional de prevenção da violência na primeira infância –

12 a 18 de outubro (Lei no 11.523/2007).

- Regulamentou a obrigatoriedade de inclusão de conteúdos sobre os

direitos da criança e do

adolescente no currículo do ensino fundamental (Lei no 11.525/2007).

- Criação do Observatório Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente,

2011

- Instituição da semana nacional

para a busca e defesa da criança

desaparecida.

2009

- Lei 12.038/09 - Criminaliza a hospedagem de crianças e adolescentes

sem a autorização dos pais ou responsáveis

- Lei 12.010/09 - Reordenamento do ECA e estímulo a convivência

familiar e comunitária e Lei no 12.398/2011, que estendeu aos avós o

direito de visitas aos netos

- Lei 12.127/09 - Cadastro Nacional de crianças desaparecidas

- Lei no 11.942 sancionada em 2009, para assegurar às mães privadas

de liberdade e aos recém-nascidos condições mínimas de assistência.

Fonte: Gonsalves (2015).

ACONTECIMENTOS E DISPOSITIVOS NA CIDADE

- Eleição 1ª mesa diretora

CMDCA composta por

conselheiros governamentais

- VI Conferência DCA

- Aprovação 1º Plano municipal

de investimento na política DCA

(garantindo orçamento)

2007

Resolução 119 CMDCA-

Regulamentação do FIA (define

primeiros protocolos da gestão e

utilização do Fundo)

- Posse conselheiros CMDCA da

gestão 2008/2011 (continuidade

dos conselheiros

governamentais)

- Reeleição da mesa diretora

composta pela presidência

governamental. Presidente

Alexandra (gerente C&A)

2008

----

- Audiência Pública demanda

reprimida no sistema de ensino

- Projeto Transparência Icom de

formação com as OSCs

- VII Conferência DCA

- Posse novos CTs (período de

adaptação e inserção na rede)

2009

- Lei175/09 Obrigatoriedade

participação no FPPF para ter

acesso ao FIA

- Lei 7855/2009 que atualizou a

Política DCA e o CMDCA

Lançamento do 1º Sinais Vitais -

DCA pelo Icom (produzido por

especialistas)

- Criação da comissão

permanente de AS na Câmara de

Vereadores

- VIII Conferência DCA

- Encerramento atividades AFLOV

(saída dos profissionais

terceirizados da PMF)

2010

1º Edital do Saldo remanescente

do FIA

2011

----


ATORES/PERSONAGENS

SOCIEDADE CIVIL

ANÁLISE PARTICIPAÇÃO:

Sociedade Civil

A participação de muitas OSCs também se dava de acordo com a “pauta” da reunião

GOVERNAMENTAIS

Atores governamentais

Outros atores que pouco participavam anteriormente vão estar mais presentes, principalmente os atores do eixo da defesa de direitos do SGDCA como: o poder

judiciário, principalmente alguns juízes da Vara da Infância que se aproximam dos espaços de concertação, o Ministério Público, e os Conselhos Tutelares;

Protagonistas, Articuladores e Porta-vozes.

- Articulação da conselheira governamental representante da SEMAS e também gerente da área de DCA (2005 e 2012)

- Suporte à gestão da secretária executiva doo CMDCA (2005 – 2012).

- Liderança e protagonismo da conselheira da sociedade civil Veronice na condução de estudos e na criação de diversos

dispositivos.

- Protagonismo nos últimos anos desse período dos CTs como lançadores de alerta sobre a situação da criança e do

adolescente na cidade e da capacidade da rede frente as demanadas.

SITUAÇÕES DE PROVA: O QUE MOBILIZA?

#1 Como garantir que o CMDCA funcione na cidade e cumpra o seu papel?

Participação dos conselheiros no CMDCA e a sua importância. Necessidade do estabelecimento dos fluxos internos do CMDCA. Aumento

das demandas pelas organizações junto ao CMDCA. Necessidade de respeitar a autonomia do CMDCA. Composição da mesa diretoria e

respeito ao princípio da paridade e alternância. Necessidade de rever a lei do CMDCA e suas regras de funcionamento, gerando a construção

coletiva da lei enviada à Câmara de Vereadores.

CENA 1 – CMDCA como espaço paritário? - Por 12 anos, até 2006, a

mesa diretora do CMDCA foi ocupada pela sociedade civil. Uma

conselheira governamental questiona e solicita o cumprimento da

paridade, o que gera debate e controvérsias. Disso foi construído um

grupo de estudos, liderado naquele momento pela então conselheira

Veronice, que resultou numa proposta de alteração da Lei do CMDCA,

contando com a participação do Fórum DCA, o Fórum de Políticas

Públicas de Florianópolis - FPPF e do governo municipal, sendo encaminhada

à Câmara de Vereadores.

CENA 2 – Percebendo as cadeiras vazias - Apesar de não ser exclusiva

deste período, e estar presente por toda a trajetória, é neste ato

que a não participação dos conselheiros de direitos governamentais

nas reuniões e atividades do CMDCA se coloca como um

incômodo no debate público, praticamente em quase a totalidade

das reuniões do conselho. As cadeiras vazias nas reuniões se

apresentam como um questionamento sobre a posição dos conselheiros

e seu papel neste espaço, bem como o questionamento do

próprio papel do conselho e suas dinâmicas.


#2 Temos que agir em rede! Mas agora, quem faz o que e como?

Reconhecimento do papel na rede e dos demais atores e de que trabalhar em rede não ocorre de forma instantânea,

mas construída. Conflitos entre os CTs e demais atores da rede, principalmente o CMDCA. Importância

de desmitificar o papel do CT e entender suas particularidades. Tem-se a abertura de inquéritos, a necessidade

de estrutura e formação para os CTs, que passam a levar também suas demandas principalmente a partir de

2010 ao FPPF. O FPPF a partir de 2010, passar a ser um importante espaço de discussão sobre a política DCA na

cidade.

CENA 1 – CMDCA X CTs: Diante das particularidades e atribuições dos CTS, percebe-se uma incompreensão do seu papel, o

que levou a diversos conflitos nesse ato com os demais atores, entre eles o CMDCA, que possui o papel de controle sobre os

CTs. Além disso, por se tratar de uma função complexa, os conselheiros tutelares muitas vezes não se sentiam capacitados,

tendo eles mesmos, falta de compreensão da sua função, dos fluxos, dos limites. Assim, os primeiros anos desse período são

marcados por um intenso conflito entre os conselheiros tutelares e o CMDCA. Esse conflito ganha força com a abertura de

inquéritos no CMDCA sobre as denúncias e apurações sobre os conselheiros tutelares. A complexidade da função e a falta

de conhecimento/formação muitas vezes acarretam ações/encaminhamentos errôneos que eram apurados pelo CMDCA,

bem como diversas denúncias anônimas. A abertura de inquéritos e os processos de apuração de irregularidades permeou

todo este período.

#3 Garantir direitos custa caro: como garantir o orçamento? Quem é responsável?

Necessidade de superar as relações clientelistas. Regulamentação do FIA - 2007 e 2009. Necessidade de investimento

público e continuo na política DCA. Criação do grupo estudos FIA. Edital de saldo remanescente. Cria-se

os dispositivos nos primeiros anos deste período, mas algumas questões permanecem: (a) a necessidade de

divulgação e promoção do FIA buscando aumentar o seu volume de recursos e o financiamento da política; (b)

a efetivação dos planos de investimento público na política para garantia de um orçamento contínuo; (c) a

necessidade de melhoramentos nos fluxos do FIA e uma maior transparência de sua gestão, principalmente

através da prestação de contas. O uso indevido do fundo foi pauta nas discussões do CMDCA e do FPPF.

CENA 1 - O FUNDO MUNICIPAL DO DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E A SUA

REGULAMENTAÇÃO: A discussão neste momento, entre fevereiro e maio de 2007,

centrava-se na forma de captação e aplicação dos recursos do fundo. Alguns

conselheiros entendiam que o FIA não devia trabalhar com “verbas destinadas”,

ou seja, os valores captados no Fundo deveriam atender a política de forma

ampla, a partir dos estudos das necessidades do município. Por outro lado,

outros entendiam de maneira contrária, que os valores captados pelas OSCs

deveriam ser destinados aos projetos delas. Dessa discussão montou-se um

grupo de estudo e trabalho para desenvolvimento da resolução de captação e

aplicação dos recursos do FIA. O trabalho iniciou com os estudos de experiências

de outros municípios, como o de Porto Alegre/RS, que serviu como referência.

O trabalho envolveu um grupo de conselheiros de direitos, o poder público

municipal através da assessoria jurídica da SEMAS e dos técnicos que trabalhavam

no FIA nesta secretaria. Como resultado, é aprovada a resolução nº

119/2007 sobre a normatização de aplicação e captação dos recursos do FIA,

mantendo a doação casada, mas exigindo a retenção de 15% do valor captado

que permitiu a criação do 1º Edital de saldo remanescente.

CENA 2 - NECESSIDADE DE SE GARANTIR UM ORÇA-

MENTO PÚBLICO E CONTÍNUO PARA A POLÍTICA DCA:

a partir das deliberações feitas pelo CMDCA sobre o

assunto, foi requisitado ao poder público municipal

a construção de um plano de investimento público

na política, buscando diferenciar os recursos dos

prove- nientes de doações e captações pelas OSCs

e o próprio recurso público do município. Como

resultado foi aprovado o primeiro plano municipal

de investimento na política dos direitos da criança e

do adolescente em outubro de 2007, apresentando-

-se também como uma estabilização, e considerado

pelos conselheiros como um importante avanço

para a política pública em questão. Entretanto, esse

orçamento não será efetivado na prática.

#4 Como sair da bolha da gestão da política e garantir direitos das crianças e adolescentes?

(1) A importância do CTS como lançadores de alerta. Ampliação das denúncias e do incômodo com a incapacidade

da rede de atender as demandas. Tudo isso vai resultar em uma ação conjunta dos diferentes conselhos

e o FPPF junto ao poder público municipal e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A mídia começa também

a trazer a pauta da situação das C&A e da rede na cidade.

CENA 1 – QUAL A REAL SITUAÇÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NA CIDADE? Até 2009 pouco se evidencia uma preocupação ou debate

sobre a real situação da criança e do adolescente no município e seus direitos. Assim as ações e estratégias em torno das temáticas apresentavam-se

como ações pontuais por diferentes atores, muitas vezes desintegradas. Mesmo as ações com maior incidência como as

conferências municipais do direito da criança e do adolescente, que possuíam o poder se se constituir como importante instrumentos de

mobilização, identificação e discussão dos problemas e deficiências existentes na estrutura de atendimento no âmbito municipal, e a partir

de então construir ações e metas, apresentavam-se como ações mais pontuais sem uma maior articulação e continuidade. Tem-se nesse

período uma maior diversificação dos lançadores de alerta e dos processos de responsabilização.


#3 ATO 2 (2012 – 2016) - MOBILIZAÇÃO PELA CONSOLIDAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE

POLÍTICA DESENVOLVIDOS E PELA GARANTIA DCA NA CIDADE

CENÁRIO NACIONAL

2012

Lei no 12.696 de 2012 – Alteração no

funcionamento do Conselho Tutelar –

eleições unificadas, mandato, direitos

trabalhistas e garantia orçamentária

Lei no 12.594/2012 - Lei que instituiu o

Sistema Nacional de Atendimento

Socioeducativo (SINASE).

2013

Início das manifestações nacionais que

culminaram no processo de impeachment

da presidente Dilma Rousseff e a

posse de Michel Temer

2014

Lei no 13.010 de 2014 foi aprovada, ficando conhecida

como Lei Menino Bernardo ou Lei da Palmada.

Lei no 12.955/2014 que assegurou a prioridade de

tramitação dos processos de adoção.

Lei no 12.962/2014 que assegurou a convivência com

pais privados de liberdade.

Lei nº 13.019/2014 que marca o início da mobilização

para garantia de participação na instituição do Novo

Marco Legal das Organizações da Sociedade Civil

(MROSC)

2016

2015

Aprovação da PEC 171 de 1993 na Comissão de Constituição

e Justiça da Câmara dos Deputados– sobre a

redução da maioridade penal – ampla discussão e

mobilização pela não aprovação.

Lei 13.106/2015 – Torna crime vender e oferecer

bebidas alcoólicas para menores de 18 anos.

Lei 13204/2015 – Altera a Lei do MROSC de 13.019/2014

Lei MROSC.

Impeachment da então Presidente Dilma Rousseff e

posse de seu vice Michel Temer

PEC 55/2016 - que continha um teto para os gastos

públicos para os próximos 20 anos.

Programa Criança Feliz, deslocado do SUAS, colocando

em xeque a visão de política pública como direito

construída nos anos anteriores

Lei do MROSC.

Fonte: Gonsalves (2015).

ACONTECIMENTOS E DISPOSITIVOS

•Capacitação ampliada CTs e Cons

Direitos CMDCA

•Período eleitoral

•Aud. Pública - lei CTs na Câmara

Mobilização OSCs pela assinatura dos

convênios

•Mobilização pela posse dos cons.

CMDCA

•Paralização das deliberações no

CMDCA

•Posse cons. 2012/2015

•Dário Berger recebe o prêmio prefeito

amigo da criança - Fund. Abrinq.

2012

----

•Troca da Gestão municipal

•Paralização atividades CMDCA e

Fia - falta de profissionais

•Mobilização CT Norte e Pais - Carta

MP vagas nas escolas

•Inauguração abrigo Coqueiros

•Aud. Pública: Vagas em creches

•Aud. Pública:situação dos CTS

•Fia se transforma em FloriCriança

2013

----

• Inauguração 4ºCT

• Criação da comissão

permanente DCA no FPPF

• Projeto DI de formação de OSCs

ligadas ao CMDCA

(ICOM/NISP/UDESC)

2014

•Protocolo de proteção de jovens

em situação de risco - IGV

•Lei 9298/14 FPPF como

instrumento da política DCA

•Roda de conversa sobre

redução maioridade penal

CMDCA/Icom

•Pré-conferência Municipal DCA

– participação das C&A

•IX Conferência Municipal DCA

•Posse CTs 2015/2018

•Grupos de estudos MROSC

2015

•Lei 9863/15 - 10% recursos AS

•Agenda colaborativa do (SGDCA

ICOM/NISP/ESAG/UDESC)

•Período eleitoral

•Criação da comissão de elaboração

do Plano Decenal DCA

•Intenso trabalho grupo estudos

MROSC

•Mobilização pela liberação das

parcelas dos convênios

•Encontro candidatos prefeitura -

carta de compromissos

2016

•Protocolo de atendimento de

crianças e adolescente vítimas

de violência sexual

•Carta de Compromissos feita

pelo FPPF – assinadas pelos

candidatos a PMF

Elaboração 2º Sinais Vitais 2016


ATORES/PERSONAGENS

SOCIEDADE CIVIL

Houve aumento significativos de OSCs que participavam com menor frequência, sendo que é neste período que as reuniões do CMDCA contam com o maior

número de organizações participantes chegando a 52 diferentes organizações em 2016:

Com a aprovação da resolução 175/2009 do CMDCA a qual estabelecia a exigência de participação nas reuniões do FPPF para acesso aos recursos do FIA,

diversas OSCs inscritas no CMDCA passam a participar das reuniões do FPPF com protagonismo, mesmo não participando das reuniões do CMDCA com

frequência, principalmente neste período.

GOVERNAMENTAIS

PROTAGONISTAS/ARTICULADORES/PORTA-VOZES

- Os conselheiros tutelares vão se apresentar como protagonistas tanto nas reuniões do CMDCA quanto nas reuniões do FPPF.

- A importância de diferentes atores como articuladores entre o CMDCA e o FPPF – que com a criação da comissão permanente DCA passa

a concentrar a discussão sobre a política DCA na cidade. Destaque para: Beth Bahia, Edelvan de Jesus, Maurício Aurélio, Lisiane Bueno,

Scheila Cristina.

- A importância de uma conselheira do CMDCA frente a mobilização pelos impasses e irregularidades do FIA.

- A importância de diferentes atores que participaram do grupo de estudos sobre o MROSC.

SITUAÇÕES DE PROVA: O QUE MOBILIZA?

#1 Como garantir a continuidade da política nos momentos de transição?

Observa-se descontinuidade e entraves das ações e dos dispositivos construídos nos anos anteriores, tais quais: a crise financeira na

prefeitura municipal, a troca de gestão governamental, o fechamento da AFLOV. Essas questões acarretaram uma série de entraves...

na política, como o atraso nos repasses dos convênios da AS e do FIA, a morosidade na assinatura dos convênios pela SEMAS, a falta de

estrutura e de profissionais nas secretarias, no CMDCA e na secretaria do FIA, a paralização das atividades do CMDCA, a descontinuidade

de serviços e a paralização das atividades principalmente das OSCs. Mobilização FPPF e mais 60 entidades pela assinatura dos convênios.

Garantia de prioridade absoluta para a política DCA. Período eleitoral e impossibilidade de posse dos conselheiros de diretos do CMDCA,

com paralização das atividades do conselho.

CENA 1: POSSE DO CMDCA A gestão do CMDCA de 2008 a 2011 se estendeu até o final do ano de 2012, uma vez que a lei do CMDCA estava em

análise na Câmara Municipal, no entanto, a preocupação dos conselheiros do CMDCA estava na não legitimidade da gestão e das decisões

tomadas. Dessa maneira, com a impossibilidade de estender o período de gestão foi realizada a eleição dos conselheiros que deveriam

tomar posse no segundo semestre, mas que enfrentou resistência do poder público municipal que alegava a impossibilidade da posse

diante do período eleitoral (Lei Eleitoral nº 9504/97). A indicação feita pelo FPPF era que os conselheiros de direitos do CMDCA naquele

momento não participassem das plenárias. No entanto, alguns conselheiros representantes das OSCs não corroboraram com o encaminhamento,

o que paralisou as atividades do CMDCA e influenciou nas atividades das OSCs. Como resultado dessa discussão foi feita uma

votação, na qual por 22 votos contra 5 ficou aprovada a orientação de não participação nas atividades do CMDCA pelos conselheiros de

direitos, que se estendeu até dezembro.

CENA 2: A PARALIZAÇÃO DO CMDCA E DO FIA: A troca de gestão municipal e a saída dos funcionários da AFLOV vão também influenciar nas

dinâmicas do CMDCA no ano de 2013. O CMDCA ficou parado nos dois primeiros meses do ano pela falta de estrutura, de profissionais, o que

novamente veio a afetar as atividades das OSCs. A situação se complexifica também na secretaria do FIA na SEMAS, uma vez que também

estava com falta de profissionais o que inviabiliza as atividades do fundo, como os repasses das parcelas para as OSCs. Agravando a situação,

um profissional que cuidava do sistema do fundo se mudou, a secretaria perdeu acesso ao sistema, dificultando ainda mais as atividades

e colocando em risco os doadores do fundo. Embora tais controvérsias suscitarem diferentes consequências nas dinâmicas da rede, a

questão do orçamento da política é central e vai ocupar o espaço no debate público durante todo o período deste ato. Apesar de terem sido

estabelecidos os dispositivos de financiamento da política, caracterizados principalmente pelos recursos do FIA e do poder público, como

também o investimento fixo na política DCA, isso não garantiu neste período estabilizar a situação problemática,


#2 Como garantir um orçamento próprio para a política?

Apesar de terem sido estabelecidos os dispositivos de financiamento da política no período anterior, caracterizados principalmente

pelos recursos do FIA e do poder público, como também o investimento fixo na política DCA, isso não garantiu

neste período estabilizar a situação problemática, continuando também no período deste segundo ato, e se agravando

diante da crise financeira da prefeitura municipal. No entanto, diferentemente do período anterior, em que o debate público

se concentrou no estabelecimento dos dispositivos de financiamento da política, a questão aqui colocada centrava-se

principalmente na prioridade do orçamento na política DCA. Em torno dessa situação de prova algumas controvérsias

ficaram evidentes, as quais: a irregularidade no uso do FloriCriança; a falta de um sistema para o FloriCriança o que deixava

vulnerável os doadores e a capacidade de captação de recursos; a constante instabilidade nos repasses e nos convênios

entre a PMF e as OSCs, a necessidade de garantia de um orçamento específico voltado para a criança e adolescente nas

diferentes políticas.

CENA 1: O USO INDEVIDO DO FIA: Como principais lançadores de alerta estão

os conselheiros de direitos do CMDCA que faziam parte da comissão permanente

do FloriCriança no conselho, tendo como protagonista a conselheira de

direitos Maria do Carmo. A partir do trabalho de acompanhamento dos balanços

do fundo os conselheiros identificaram irregularidades na sua utilização,

que vai repercutir principalmente nas reuniões do FPPF do início de 2013. A

decisão em torno da representação junto ao MP gerou controvérsias entre os

conselheiros do CMDCA. Como resultado dessa ação, foi aberto um inquérito

no MP no primeiro semestre de 2013 para apurar as irregularidades, que como

consequência, teve a determinação do MP para que a gestão municipal

ressarcisse o fundo pelos recursos utilizados e não autorizados pelo CMDCA.

Além disso, foi determinado também que a secretaria do fundo na SEMAS

deveria dar acesso das contas do fundo para a comissão permanente do

CMDCA acompanhar as contas, bem como enviar relatórios mensais detalhados

das contas do FloriCriança. Apesar da determinação, o depate sobre o uso

indevido dos recursos do fundo esteve presente em diferentes momentos

deste período, sendo pauta das plenárias do CMDCA e do FPPF.

CENA 2: A INSTABILIDADE NO FINANCIAMENTO DA POLÍTICA DCA E

AS: Os atrasos nos repasses das parcelas dos convênios para as OSCs

já se mostravam presentes mesmo durante os anos de 2011 e 2012, mas

ficaram mais frequentes no decorrer do ano de 2013. Este ano mostrouse

bastante conturbado principalmente pela saída dos funcionários da

AFLOV que trabalhavam na secretaria do FloriCriança na SEMAS. A falta

de profissionais no setor, alinhados com a necessidade de aprendizagem

dos novos profissionais fez com que os fluxos do fundo ficassem

parados por mais de 1 mês. Mesmo com a contratação de um secretário

executivo para a secretária do FloriCriança, os anos de 2014, 2015 e

2016 também foram marcados pelos mesmos entraves nos repasses,

pela falta de profissionais na secretaria do fundo, e a morosidade nos

fluxos. Nos anos de 2015 e 2016 esses impasses ficaram mais latentes,

principalmente com a piora na situação financeira da PFM, e com uma

série de novos requerimentos que a SEMAS veio a solicitar para a

efetivação dos convênios, dificultando principalmente os processos de

repasse das parcelas e de prestações de contas. Essa situação se

agrava novamente no final de 2016, perto da troca de gestão municipal,

o que resultou na mobilização das OSCs junto ao FPPF pela liberação

das parcelas.

#3 Afinal quem é responsável pelas violações dos direitos? Como reponsabilizar?

Essa situação problemática caracteriza-se pela intensificação das denúncias pela busca de responsabilização pelas violações de direitos e

pela ineficiência da política. Como principais lançadores de alertas em torno das situações problemáticas neste período destacam-se as

escolas, os conselheiros tutelares, os conselheiros de direitos dos diversos conselhos da cidade e os representantes das OSCs. Dentre as

principais temáticas e controvérsias tem-se: paralização das atividades do CMDCA; pressão das OSCs junto ao CMDCA; falta de estrutura

CTs; falta de vagas em escolas e creches; falhas no disk denuncia; incapacidade dos serviços governamentais de atender a demanda da

cidade; falta de centros socioeducativos e vulnerabilidade dos adolescentes e jovens na cidade; agravamento da situação das casas de

acolhimento, pouca resolutividade do judiciário e do MP na cobrança das responsabilidades; Discussão e discordância sobre o recebimento

do prêmio prefeito amigo da criança da Fundação Abrinq pelo prefeito Dário Beger, em um momento de intensa fragilidade na política DCA.

Necessidade da revisão dos critérios de indicação e suporte para as próximas edições. No fim do período tem-se a discussão sobre o período

eleitoral e a alta exigência nas prestações de contas dos convênios pela SEMAS.

CENA 1: A FRAGILIDADE DAS ESTRUTURAS E DOS PROCESSOS: Nessa cena diversas situações remetem a fragilidade dos dispositivos, fluxos e

estruturas da política. 1) A paralisação das atividades do CMDCA entre dezembro de 2012 e fevereiro de 2013 e do FloriCriança em decorrência

da troca de gestão e da saída dos funcionários da AFLOV. Mesmo após a contratação de novos secretários, tanto o CMDCA quando a secretaria

do FloriCriança na SEMAS encontraram dificuldades quanto às estruturas físicas, material de expediente e profissionais de apoio, o que se

estendeu por todo o período. Tais fatos suscitaram diversas discussões e a necessidade do “CMDCA se fazer enxergar”. 2) Os anos de 2013 e

2014 foram marcados pela pressão das OSCs que aguardavam inscrição no CMDCA. Em 2013 a fila para registro no conselho contava com

pedidos realizados em 2011, o que veio a se agravar com a falta de estrutura no CMDCA e os entraves desse período. Em 2014 foi montada uma

“força tarefa” para resolver tal situação que veio a se estabilizar em 2015. O principal argumento das organizações era a inviabilidade de participar

dos editais do FloriCriança e de firmar convênio com o governo municipal por não terem registro no CMDCA. 3) A falta de estrutura dos

conselhos tutelares: essa problemática ficou latente por todo o período, além da estrutura física, materiais de expediente, a falta de profissionais

de apoio foi bastante marcante se agravando em 2015 com a falta do pagamento dos profissionais terceirizados que atuavam nos

conselhos e a saída dos mesmos. A questão da segurança dos conselhos também ficou presente, com a ameaças aos conselheiros tutelares,

eles solicitaram seguranças para as sedes, o que não foi atendido e inviabilizou as atividades em determinados períodos.

CENA 2: A INCAPACIDADE DE ATENDER AS DEMANDAS E AS CONSEQUENTES VIOLAÇÕES DE DIREITOS: Bastante alinhada as controvérsias da cena

anterior, as controvérsias sobre a violação de direitos foram: a falta de vagas nas escolas e creches, as dificuldades de atendimento do

disque denúncias, a incapacidade dos serviços governamentais de atenderem as demandas do município, a temática da falta de centros

socioeducativos ficou presente na mídia local, principalmente com o aumento considerável dos casos de adolescentes em conflitos com a lei

no município, o agravamento da situação das casas de acolhimento não governamentais. Nesse período, em maio de 2013, foi inaugurado o

segundo abrigo governamental - o Abrigo de Coqueiros. A morosidade nas respostas da justiça pela constante troca de promotores nas varas

da infância foi uma questão presente no debate em 2015 e 2016.


#4 Para além do protocolar, precisamos conhecer a situação, planejar e

promover direitos!

Mobilização na busca da promoção dos direitos, com destaque para elaboração

da Conferencia municipal em 2015, o início do processo de construção colaborativa

dos 2º Sinais Vitais coordenado pelo ICOM, a comissão para a construção do

Plano decenal e as ações para compreensão e implementação do MROSC no

município, o que gerou a carta compromisso e encontro com os candidatos à

PMF em 2016. Há uma maior diversificação de atores que atuam junto a causa de

DCA na cidade e os interesses ficaram mais difusos. Nos anos finais desse período

também se percebe uma desmobilização dos atores da sociedade civil, caracterizada

pelo esvaziamento das reuniões do CMDCA e do FPPF.

CENA 1: CAMPANHAS DE MOBILIZAÇÃO e AMPLIAÇAO DOS PÙBLICOS: Foram desenvolvidas

no decorrer desse período diversas campanhas, dentre elas: do MP pela

conscientização aos pais quanto ao uso da internet, pela conscientização pela

adoção de crianças e adolescente; da SEMAS com o projeto PETI - contra o trabalho

infantil. Com a exigência de participação das OSCs nas reuniões do FPPF para

habilitação de acesso ao FloriCriança e com o estabelecimento da comissão

DCA no FPPF, foi possível integrar neste espaço diferentes atores, construindo-se

assim uma maior incidência política em torno da situação da criança e do adolescente.

No entanto, com a maior diversificação de atores, os interesses

também ficaram mais difusos.

CENA 2: O PROJETO DI, A AGENDA COLABORATIVA E O PLANO DECENAL O projeto DI

(2014) dá início a um processo mais intenso de colaboração entre ICOM, CMDCA

e equipe da ESAG/UDESC, por meio do NISP resultando em oficinas com gestores

e crianças e adolescentes (durante a pré-conferências) e na construção de uma

Agenda Colaborativa que foi coproduzida pelos gestores e pelas crianças e adolescentes.

Nesse momento havia um incômodo pelo fato do Plano Municipal da

Infância e Adolescência ser apenas protocolar. Essa articulação resultou num

primeiro estudo sobre a política a partir da dissertação de Gonsalves (2015) e

numa colaboração que desdobrou na elaboração no 2º Sinais Vitais lançado em

2017 e no início da elaboração do Plano Decenal 2018-2028.

CENA 3: A LEI DO MROSC E SEUS DESDOBRAMENTOS NA CIDADE: A nova lei afetou os

repasses e levantou controvérsias a partir da promulgação do decreto municipal.

Uma outra preocupação se colocava naquele momento com a desmobilização

dos atores da sociedade civil, causando o esvaziamento das reuniões dos conselhos

e do FPPF. Assim a partir de uma articulação do FPPF com os CMDCA e o

CMAS foi feito um encontro com os candidatos a prefeito com o intuito de entregar

uma carta aberta de comprometimento com as demandas dos conselhos e

das OSCs, com vistas a mobilizar e engajar a próxima gestão municipal sobre os

desafios que as políticas estavam enfrentado, caracterizando-se assim como

uma das últimas mobilização do período.


ATO 3 (2017 – 2019) - DESMOBILIZAÇÃO, RESISTÊNCIA E CONSTRUÇÃO DE NOVOS

HORIZONTES POSSÍVEIS

CENÁRIO NACIONAL

2017

Projeto Criança Feliz

Redução de investimento nas políticas

sociais e na política DCA

2018

Período eleitoral e aumento dos ataques ao

ECA

Cancelamento da Conferência Nacional pelos

DCA de outubro de 2018

2019

Posse de Jair Bolsonaro - que explicitamente mostra-se contrário as dinâmicas de

participação, dos conselhos de direitos e de outros instrumentos de participação

cidadã na construção das políticas públicas e contrário ao ECA.

Nomeação da ministra Damares Alves, que pauta suas ações em bases ideologicamente

religiosa do movimento neopentecostal, influenciando nas diversas

políticas públicas, inclusive aquelas direcionadas às crianças e aos adolescentes,

ficando famosa pela então frase “É uma nova era no Brasil: menino veste azul e

menina veste rosa".

Decreto nº 1.003bde 4 de setembro de 2019, que alterava as regras do CONANDA, o

Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do adolescente, como o número de

conselheiros da sociedade civil, o processo de eleição, e a indicação do presidente

do conselho, no entanto, por uma liminar do Supremo Tribunal Federal o decreto foi

cancelado

O CONANDA veio se enfraquecendo com o corte de recursos, o não pagamento de

passagens a conselheiros que habitavam fora de Brasília, o esvaziamento do

conselho pelos conselheiros governamentais impossibilitando a tomada de

decisões por falta de quórum.

ACONTECIMENTOS E DISPOSITIVOS NA CIDADE

•Troca da gestão municipal

•Lançamento 2o Sinais Vitais

•Mobilização FPPF e outros atores frente ao

decreto municipal - mandado segurança,

audiências públicas

•Plenária ampliada ABONG

•Fechamento CMDCA

•Paralização das atividades CTs

•Construção do Plano Decenal DCA

2017

•Pacote das 40 medidas

•Decreto Municipal MROSC

•Resolução atualização gestão

FloriCriança

•Programa Creche e Saúde Já

•Lafi e Diálogos Ampliados

•Pré-conferência DCA

•Fechamento atividades e projetos

FUCAS

2018

•Plano Municipal Decenal DCA.

•X Conferência Municipal DCA

•Jornada DI

•Capacitação dos conselheiros

CMDCA

•1º Seminário formação FPPF

•Curso MROSC - AGEM

•Desenvolvimento e início

programa Articula.

•Inicio do Plano CMDCA

2020-2022

2019

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ATORES/PERSONAGENS

SOCIEDADE CIVIL

Atores sociedade civil

No mês de junho de 2019 teve a troca de gestão dos conselheiros de direitos do CMDCA representantes da sociedade civil. Com a publicação da Resolução do

CMDCA nº 679/2017, foi retirada a condições/obrigatoriedade de participação no FPPF para ter acesso ao FloriCriança, teve-se a diminuição de participação das

OSCs que atuavam na política DCA nas reuniões do FPPF, conforme relata Mendonça (2019) em um estudo sobre o FPPF.

GOVERNAMENTAIS

Atores governamentais

Outros atores que pouco participavam anteriormente vão estar mais presentes, principalmente os atores do eixo da defesa de direitos do SGDCA como: o poder

judiciário, principalmente alguns juízes da Vara da Infância que se aproximam dos espaços de concertação, o Ministério Público, e os Conselhos Tutelares;

Protagonistas, Articuladores e Porta-vozes

- Esse período observa-se o protagonismo das universidades UFSC e UDESC nas reuniões do CMDCA, do FPPF e de outras ações colocadas em prática em torno

da política DCA na cidade. O protagonismo da UFSC se dá através da participação dos pesquisadores do Núcleo de Estudos da Criança Adolescente e Família

– NECAD, coordenado pela professora Andréa Fuchs. Já o protagonismo da UDESC se dá através da participação dos pesquisadores do Núcleo de Inovações

Sociais na Esfera Pública – NISP, a professora Carolina Andion, o doutorando autor desta tese Thiago Magalhães e o mestrando João Libório

-A importância da atuação do OBISF/UDESC e a parceria junto ao CMDCA e o ICOM na busca de suscitar a discussão sobre a política DCA; Protagonismo do

ICOM com a condução de diferentes projetos em parceria com o CMDCA e o OBISF/UDESC

- A importância da atuação da presidente do FPPF na condução das mobilizações frente a aplicação do MROSC no município

- A importância da atuação de alguns vereadores junto as mobilizações feitas no período

Ç

SITUAÇÕES DE PROVA: O QUE MOBILIZA?

#1 O novo Marco Regulatório (MROSC) não veio para dar mais segurança jurídica?

Promulgação do Decreto Municipal de 17361/2017 para implementação do MROSC no município - e o impedimento das OSCs

que recebessem recurso público para participar nos conselhos e fóruns - gera uma mobilização liderada pelo FPPF, um

grupo de estudos sobre o decreto, audiência pública, plenária ampliada com a ABONG e a construção de um mandado de

segurança coletivo.

CENA 1 – REGULAMENTAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO MROSC NA CIDADE: Em Florianópolis a regulamentação do MROSC foi aplicada por meio do

Decreto nº 17.361 de 2017, publicado em 15 de março de 2017, pelo poder público municipal, o qual desconsiderou em grande parte a construção e o

diálogo prévio feito com os atores envolvidos no debate desde 2015. No que tange ao artigo 22 do decreto ele estabelecia o impedimento das OSCs

que recebessem recursos públicos de participar dos Conselhos de Defesa de Direitos e de Políticas Públicas, o que naquele momento causou uma

grande preocupação para as OSCs que possuíam assento nos conselhos e que dependiam do recurso público para continuar com suas atividades.

Apesar de resolvida esta questão a partir da mobilização e de um mandato de segurança coletivo, o debate sobre a implementação do MROSC não

sessou, uma vez que o decreto municipal ainda possuía uma série de inconsistências, dentre elas a questão do artigo 74, que submete o decreto à

normatização do Tribunal de Contas do Estado e da Lei Municipal anterior 5454/98. Isso vai resultar na ampliação das exigências na prestação de

contas pelas OSCs, fazendo com que algumas OSCs tivessem que devolver recursos ao poder público, e outras chegaram a desistir da parceria,

devido ao grande esforço despendido. Apesar da mobilização, essa situação de prova continuou se desdobrando durante o ano de 2019. Em julho de

2019 foi desenvolvido um curso sobre o MROSC pela Escola de Gestão Pública Municipal (EGEM) em Florianópolis, no qual alguns conselheiros do

CMDCA, do FMDCA e da SEMAS participaram e de onde concluíram que o Decreto de implementação do MROSC na cidade não estava de acordo com

a legislação do MROSC, como fica evidente a fala do Conselheiro de direito representante da SEMAS no CMDCA "percebeu-se que haveria necessidade

de realizar proposta de alteração do decreto municipal 17.361, que regulamenta as parcerias entre o município de Florianópolis e as organizações

da sociedade civil, devido às inconsistências desta legislação com a lei do marco regulatório” (Ata do CMDCA de agosto de 2019). Apesar da conclusão,

a discussão sobre esta questão não avançou até o fim do ano de 2019.


# 2 Como consolidar uma real governança colaborativa na condução das políticas públicas na cidade?

Percebe-se nesse ato uma série de situações de enfrentamentos, mobilizações e construção de novas relações entre o poder público municipal

e a sociedade civil na cidade, e que influenciou diretamente na política DCA. Uma das ilustrações disso é a proposta de uma nova

política de participação que visa fortalecer conselhos de desenvolvimento regionais do município (CDRs), criando um orçamento específicos

para eles. Essa nova proposta pautava-se no argumento que os conselhos de políticas públicas existentes tinham caráter ideológico.

Outra questão que caracteriza essa situação é o FloriCriança e a aprovação da resolução do fundo municipal e a questão do MROSC, além

disso a publicação pelo poder público municipal de um edital do fundo diferente do aprovado na plenária - acarretando uma ação junto ao

MP

CENA 1 – DE GOVERNO X SOCIEDADE CIVIL A UMA GOVERNANÇA COLABORATIVA DA POLÍTICA PÚBLICA: Os conflitos entre o poder público municipal

e a sociedade civil estiveram presentes em várias cenas desse ato, principalmente relacionados ao Fundo municipal – FloriCriança.

Durante os primeiros meses de 2017 estava sendo avaliado na secretaria do FloriCriança projetos de algumas OSCs para captação de recursos

do fundo, no entanto devido a troca de gestão municipal as atividades do fundo ficaram paradas entre os meses de fevereiro e maio de

2017, o que influenciou tanto na análise dos projetos e no credenciamento, bem como no repassas das parcelas do fundo durante esses

meses. Na tentativa de obter respostas, algumas OSCs procuraram a SEMAS, mas não obtiveram respostas, e buscaram através do CMDCA

uma intermediação na busca da liberação das parcelas do FIA e na análise dos projetos. Essa postura da gestão pública municipal na

relação com as OSCs e com o próprio CMDCA veio a gerar alguns conflitos no período, e que se complexificaram com duas outras controvérsias

que se estabeleceram no final do ano de 2017. A primeira controvérsia foi a atualização da resolução 175/CMDCA/2009 – que dispõe

sobre os parâmetros e financiamento do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e das outras providências, o que gerou

conflito entre os conselheiros de direitos representantes da sociedade civil e os conselheiros de direitos representantes governamentais. A

construção da nova resolução foi desenvolvida durante o primeiro semestre de 2017 e buscava deixar claro as normas de financiamento do

fundo, assim foi apresentada para votação na plenária extraordinária de agosto de 2017. Nessa ocasião os representantes governamentais

decidiram por não votar, uma vez que não se sentiam preparados e foram orientados pela secretária da SEMAS para tanto, o que gerou uma

serie de discussões na plenária. A resolução foi aprovada na reunião por 7 votos a favor e 5 votos contrários. O grande ponto de discussão

que levou ao desentendimento quanto a atualização da resolução, era a dúvida sobre se o fundo municipal entrava também nas regras do

MROSC. Os conselheiros da sociedade civil entendiam que por não se tratar de um dinheiro público, mas sim valores esses frutos de captação

pelas OSCs ou de doações o fundo não deveria seguir as regras do novo marco regulatório, enquanto o poder público municipal ainda

estava em dúvidas quantos às questões técnicas e jurídicas. Apesar dos impasses, a resolução foi aprovada e publicada pelo poder público

municipal no diário oficial em 2017.

CENA 2 – O (des)RESPEITO AO CMDCA E A SUA AUTONOMIA: Refere-se à publicação de um edital do FloriCriança pelo poder público municipal

diferente do edital aprovado pelo CMDCA no final do ano de 2017. No mês de setembro de 2017, o CMDCA aprovou 2 editais do FloriCriança,

e que foi enviado a SEMAS para publicação no diário oficial, no entanto, os editais publicados pela SEMAS continham 51 alterações, o que

gerou uma série de discussões envolvendo os atores do CMDCA, do FPPF, o governo municipal e o Ministério Público. Como resposta da

judicialização do edital, o pedido foi atendido pelo MP e ficou válido o edital aprovado pelo CMDCA, como fica evidente no relato da reunião

do FPPF de novembro de 2017: “Diante disso, o juiz definiu que o edital válido é o do CMDCA, definiu ainda uma multa diária de 2 mil reais caso

a prefeitura não cumprisse com a sua determinação” (ATA do FPPF de novembro de 2017). Aproveitando as reuniões em torno do edital o

CMDCA o presidente do CMDCA solicitou uma reunião com o promotor de justiça Marcelo Weger e as OSCs, que aconteceu no dia 20 de

novembro de 2017 nas dependências do IDES. A reunião teve como objetivo apresentar ao procurador a situação sobre a relação com o

poder público municipal, a questão dos repasses das parcelas dos convênios, a maior transparência nas contas do FIA, na comunicação

com a secretaria do FloriCriança. Como consequência da reunião o promotor levou as demandas da OSCs para a gestão municipal, o que

alinhado com outras questões veio amenizar a relação conflituosa entre as entidades, o CMDCA e a gestão pública municipal no decorrer

do ano de 2018 e 2019. Apesar de ainda terem conflitos entre atores da política DCA e esta situação de prova não se estabilizar, a análise das

atas do CMDCA bem como a fala dos atores nas entrevistas realizadas nos mostram a tentativa de construção de uma melhor relação entre

os atores representantes da sociedade civil e os governamentais no âmbito da política DCA na cidade. A troca da gestão da SEMAS é apontado

nesse sentido como um importante fator, uma vez que assumiu como secretaria da pasta a senhora Maria Claudia Goulart uma profissional

de carreira da PMF na área de assistência, o que trouxe um novo olhar para a política de assistência do município, que também

integra a política DCA.

# 3 Como enfrentar tantos desafios, se estamos desmobilizados? Precisamos dar as mãos, nos reforçar e construir novas

possibilidades

Relaciona-se a preocupação dos atores com a incapacidade de rede de atender as demandas, a questão do orçamento e

a ampliação na vioação de direitos. Apesar dessas questões já serem fonte de preocupação no período anterior, elas se

complexificam a partir de 2017, diante da desmobilização dos atores da arena de garantia dos DCA. Entretanto, percebe-se

também como contraponto uma busca por reforçar a rede e seus atores que se ilustra por vários movimentos como o lançamento

do plano decenal em 2018, o programa Jornada DI, envolvendo as OSCs que atuam junto a política e o início do

Programa Articula Floripa que culmina com a a Campoanha de 30 anos do ECA em 2020.

CENA 1 – A DESMOBILIZAÇÃO DOS ATORES E A FRAGILIZAÇÃO DA REDE: A falta de profissionais, de materiais e estrutura fica evidente em alguns

serviços como nos CTs, no CMDCA e nos CRAS. No que se refere aos conselhos tutelares, desde 2016 o CMDCA vinha intermediando as

demandas dos CTs junto a SEMAS mas que não foram atendidas. Até que em abril de 2017 houve a paralisação por mais de 10 dias dos CTs

por falta de estrutura, uma vez que os telefones estavam bloqueados por falta de pagamento, impedindo as denúncias e os processos de

trabalhos dos conselheiros tutelares. Também por falta de estrutura e de profissionais o CMDCA esteve fechado em novembro de 2017 por

uma semana. Ambos os acontecimentos foram fontes de notícias nos jornais locais. A situação da falta de profissional no CMDCA foi resolvida

ainda em 2017. Mas a falta de estrutura foi pauta de discussão nas reuniões do CMDCA em março e novembro de 2018. Já no que se refere

à questão dos CTs, no decorrer do ano de 2017 e 2018, algumas demandas de pessoal e estrutura foram atendidas pela SEMAS, bem como o

CMDCA realizou algumas visitas em julho de 2017 para acompanhar a situação dos CTs. Uma outra mobilização importante em relação aos

CTs foi a eleição para novos CTs em 2019, que contou com uma mobilização conjunta do CMDCA, da SEMAS, e outros atores com o intuito de

sensibilizar a população para votar e desmistificar o papel do CTs. Essa mobilização mostrou-se ainda mais importante, na medida em que

o seguimento religioso neopentecostal realizava uma força tarefa em todo o país para eleger CTs, ferindo assim a laicidade na função.

Outras questões referentes aos impasses na rede também ficam evidentes nas reuniões. Ao serem questionados sobre a desmobilização

dos atores e a necessidade de ações mais efetivas para garantia dos direitos, os atores principalmente da sociedade civil destacam que

as OSCs vêm enfrentando uma série de desafios no período, o que impossibilita muitas vezes de participar nas reuniões dos conselhos e do

FPPF por exemplo, e que tais urgências impossibilitam muitas vezes de ter tempo para discutir sobre a situação da criança e do adolescente.


CENA 2 – OS ENTRAVES NO FINANCIAMENTO DA POLÍTICA: Assim como no ato anterior, os anos de 2017 e 2018

foram marcados pelos entraves no FloriCriança, o atraso das parcelas dos convênios, a falta de pagamento dos

benefícios da assistência social, a demora na assinatura dos convênios. Tais questões foram pautar das reuniões

do CMDCA de fevereiro, março e novembro de 2017, julho e agosto de 2018,março e junho de 2019. Também

foram pautas das reuniões do FPPF em novembro de 2017 abril e setembro de 2018. Além das reuniões, as questões

referentes ao orçamento foram ponto de pauta na mídia, uma vez que várias OSCs estavam com dificuldades

de dar continuidades aos projetos, algumas com perigo de ter que encerrar as atividades, e outras fecharam.

CENA 3 – CO-CONSTRUINDO NOVAS POSSIBILIDADES

Percebe-se nesse ato um claro movimento de buscar novas alianças, diferentes atores, cooperações, ações e

estratégias que possibilitasse construir novas possibilidades e novos horizontes de futuro para a política em

questão. Essa cena se ilustra por diversos momentos nos quais os atores planejam, interagem, publicizam e

discutem os problemas relacionados à política, buscando ampliar a articulação na rede do SGDCA e para além

dela. Um importante momento nesse sentido foi a construção e lançamento do Plano Decenal em 2018, que se

deu durante a realização do Projeto LAFI realizado em parceria entre o ICOM/CMDCA e o Observatório de Inovação

Social (OBISF) projeto do NISP/ESAG/UDESC. Tal parceria proporcionou a realização em 2018 de quatro diálogos

ampliados da rede, dois deles que ocorreram na câmara de vereadores. O LAFI teve sua continuidade com

o Projeto Jornada DI, também financiado com recursos do FIA, proporcionando a formação de 30 gestores de

OSCs inscritas no CMDCA durante o ano de 2019 e o Projeto Articula Floripa que teve início em 2020, promovendo

ações em duas frentes (1) fortalecimento do CMDCA com o apoio a elaboração de seu plano de ação 2020-

-2022, tendo por base o plano decenal, a realização de um auto-diagnóstico com os conselheiros do CMDCA e

a realização de uma jornada formativa com os mesmos; (2) a promoção da articulação entre os atores da rede,

com a realização de diversos encontros de conexão e uma campanha marcando o ECA 30 anos. Todos esses

momentos tem permitido criar novos espaços de aprendizagem e ação, influenciando na paisagem da arena

pública.

7. Considerações finais

Esse relatório, produzido no quadro do projeto Articula, é uma contribuição da equipe do OBISF/NISP

da ESAG/UDESC para o fortalecimento a política pública de garantia da proteção integral dos direitos

das crianças e adolescentes de Florianópolis. Fruto de um extenso trabalho de pesquisa realizado,

desde 2017, a partir de uma dissertação de mestrado, do João Victor Libório da Silva, e de uma tese

de doutorado, do Thiago Gonsalves Magalhães, sob orientação da professora Carolina Andion no

programa de pós-graduação em administração da ESAG/UDESC. Os resultados aqui apresentados

também foram discutidos e validados por meio de três oficinas realizadas de julho a setembro com

diversos gestores que atuam junto a rede do SGDCA do município.

Todo esse trabalho permitiu oferecer um retrato atual dessa rede, levantando seus alcances e seus

limites, bem como retraçar a sua trajetória, demostrando os diversos avanços alcançados a partir

do trabalho coletivo dos diversos atores que constroem e colocam em prática a política pública no

dia a dia. O relatório também permite visualizar as lacunas e algumas prioridades que devem ser

buscadas, de modo a combater as violações e, mais importante, caminhar na direção da promoção

e da proteção dos direitos das crianças e adolescentes do município.

Desse modo, esperamos que esse relatório, lançado dia 13 de outubro de 2020 – para marcar o

segundo aniversário de trinta anos do ECA e o dia das crianças – sirva para pautar a agenda pública

na cidade e para construir propostas que possam ser consideradas pelos diferentes agentes que

fazem a diferença na gestão da política pública, sobretudo em um ano eleitoral. Que possamos

garantir, na prática, que as crianças e os adolescente sejam, de fato, prioridade absoluta em Florianópolis!

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8. REFERÊNCIAS

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