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Cadernos 1-4

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E #1

Natureza

Humano

Covid-19 - Antes / Durante / Depois (Agora)


A Imagem como

3

Memória

Kevin Frayer

Todo o monumento autêntico

(isto é, todo o monumento

que é simultaneamente

memória e reflexão) deve

ter gravado na entrada as

palavras que Diderot nos

fez ler na parede de um dos

seus castelos : «Pertenço a

todos e a ninguém; antes de

entrardes, já aqui estáveis;

aqui permanecereis depois

de partir.»

Exercício #1

- Alberto Manguel em Ler Imagens



4

A política da inércia

5

Exercício #1

Política

Sociedade

Cultura

Bona,

Burdestag,

Andreas

Gursky,

1998, Bona,

Alemanha

Acredita-se que o coronavírus é

oriundo de um mercado de vida

selvagem em Wuhan, onde vendem

animais selvagens em condições de

higiene precárias. Sendo assim, porque

é que eles são permitidos? Para

além de razões culturais e sociais,

o governo chinês detêm um lóbi

surpreendentemente influente nesta

indústria.

Posto isto, escolhi este imagem

visto que retira o espectador da vida

política. Andreas Gursky fotografa o

parlamento em Bonn, na Alemanha,

onde este se encontra fora do parlamento

a visualizar os políticos através

de um vidro fragmentado. Será que

este é transparente o suficiente para

conseguir perceber o que está a acontecer

no interior do edifício? Mesmo

que seja, não tem qualquer tipo de

intervenção ou voz neste debate.

Assim, a imagem é uma memória

daquilo que a política foi muitas vezes

ao longo de vários anos, intransparente,

desligada da voz da população

e em inércia, ou seja, aquilo que não

deveria ser no futuro. Tal como Daniel

Innerarity afirma, “o grande problema

dos nossos sistemas políticos é a instabilidade

por não fazer as mudanças

necessárias”.

Apesar disso, o filósofo acredita

que em tempos de crise, como esta

em que nos encontramos devido à

covid-19, o grande drama reside em

decidir quem e o que é que devemos

ajudar. “Momentos como crises apresentam

essa diversidade de perspetivas

de maneira trágica”, ou seja, existem

tantos fatores ao qual devemos ter consideração que é quase

impossível decidir qual é o mais importante. Para além da saúde

pública, será que é mais considerável a economia, a escolaridade

ou a cultura?

Cada um destes fatores é extremamente importante, mas, se

calhar, existe um que se encontra em standby, porém deveria ser

o mais significativo. A ação na crise climática que, poderá causar

cada vez mais pandemias como estas no futuro, por isso deve

ser controlada e revertida a fim da natureza nos dar o equilíbrio

de que necessitamos. Não é ao permitir que grandes empresas

destruam florestas tropicais para interesses comerciais ou que

existam mercados de vida selvagem que isso irá acontecer.

Exercício #1 - Política



O Mundo sem nós

O consumo

(in)consciente

6 7

Exercício #1 - Sociedade

It’s Always

Summer

Here - (Open

Edition)

Grossinger’s

Resort,

Walter Arnold,

2010,

Grossinger’s

abandoned

Resort, The

Art of Abandonment

Photo-Book

O Mundo sem nós. Este mundo,

o nosso planeta, carrega constantemente

com as demandas

da vida contemporânea e tudo o

que daí acarreta. As alterações

vivenciadas pela biodiversidade

ao longo dos anos, fez-nos aperceber

do impacto que a existência

humana nos dias de hoje tem

para o ambiente. Tal como David

Attenborough afirma, a verdadeira

tragédia do nosso tempo continua

a desenrolar-se por todo o

planeta, quase impercetível de

dia para dia: a perda dos locais

selvagens e da sua diversidade

biológica.

O covid-19 obrigou-nos a

confinar, de um dia para o outro

encontrámo-nos proibidos de

sair à rua e aproveitar em pleno

a vida no planeta Terra. Por conseguinte,

foi possível contemplar

um pequeno vislumbre de como

o ecossistema se comportaria sem a presença da

sociedade humana. A água nos canais de Veneza

voltou a ser tão cristalina que provocou o aparecimento

de vida selvagem, a poluição do ar diminuiu

drasticamente nas mais conhecidas capitais europeias

e asiáticas. O Mundo sem nós.

Esta imagem, capturada no Resort Grossinger

em Nova York abandonado em 1986, transparece o

poder da natureza. Apesar de todo o mal que possamos

cometer, os ecossistemas irão sempre prevalecer

acima da vontade humana. Tal como Alan

Weisman antecipa, no caso do desaparecimento da

nossa existência, o meio ambiente iria apoderar-se

de todos os edifícios e de todas as infraestruturas

feitas pelo homem, “aguardando a chance de retomar

o seu território”. Deste modo, serve como uma

memória futura, ou seja, a memória daquilo que o

mundo precisa de ser, daquilo que o planeta precisa

que nós, enquanto sociedade, sejamos. A harmonia

entre homem e natureza, através da regeneração

dos danos que causámos é o único caminho que

levará à continuação da nossa existência enquanto

humanos.

O consumo é uma atividade que se encontra extremamente

presente nas nossas vidas. Devido aos

baixos preços e à grande variedade de produtos, os

consumidores sentem-se quase que na obrigação

em comprar tudo o que lhes parece necessário ou

simplesmente por impulso. Com o confinamento

obrigatório o nosso consumo foi reduzido para o

mínimo e indispensável. As únicas possibilidades

tornaram-se no supermercado ao fim da rua ou na

nossa loja favorita online.

Deste modo, os nossos atos consumistas,

quase diários, foram colocados em perspetiva.

Será que preciso mesmo deste produto? Será que

posso encontrar uma opção mais económica ou até

mesmo mais sustentável? Qual será a origem deste

produto? Com a transição do nosso mundo global

para um mundo confinado digital, o nosso tempo

interminável deu-nos a possibilidade de sermos

mais exigentes com o que compramos. Passamos

a ser mais conscientes e responsáveis enquanto

consumidores.

Por isso, selecionei esta imagem de forma a

lembrar-nos, para o futuro pós-covid, de que esta

não é a solução. Comprarmos só porque sim, sem

qualquer tipo de necessidade ou fundamento,

levará ao esgotamento dos recursos naturais e,

por conseguinte, ao aceleramento das mudanças

climáticas. Para além disso, o consumo excessivo

tem graves consequências para o indivíduo, pois ao

possuir mais do que aquilo que é realmente preciso,

despertará um maior sentimento de insatisfação

e acumulação negativa. Como Martin Parr representa

nesta fotografia, o abarcamento de comida e

produtos de supermercado

não pode ser algo

recorrente, visto que o

humano estará a pedir

mais do que aquilo que a

Terra consegue regenerar

sustentavelmente.

Por isso, o consumo

deve estar em equilíbrio

com a natureza, sempre.

Passamos

a ser mais

conscientes e

responsáveis

enquanto

consumidores.

One Day

Trip, Martin

Parr, 1989,

France, One

Day Trip

(Published

by Editions

de la Difference

Exercício #1 - Cultura



8

Exercício #1

As pavement separates,

weeds like mustard,

shamrock, and goosegrass

blow in from Central Park

and work their way down

the new cracks, which widen

further. In the current world,

before they get too far, city

maintenance usually shows

up, kills the weeds, and fills

the fissures. But in the postpeople

world, there’s no one

left to continually patch New

York.

- Alan Weisman em The World

Without Us


9

E #2

Espaço

Covid-19 - Antes / Durante / Depois (Agora)

Espaço / Tempo

Tempo

Exercício #2

Exercício #2

Covid-19 - Antes / Durante / Depois (Agora)


A Imagem como

Testemunho

Room de Lenny

Abrahamson

10 11

Exercício #2

A fotografia rapidamente se

tornou a nossa fornecedora

de imagens, conquistando

espaço e tempo. Pela

primeira vez, tornámonos

testemunhas daquilo

que sucedeu no passado:

guerra, acontecimentos

momentâneos e privados,

a paisagem de locais

estrangeiros, tudo oferecido

pela câmara para nossa

análise.

Still Frame

de Room,

Lenny

Abrahamson,

2015,

Canada

Once upon a

time, before I

came, you cried

and cried and

watched TV all

day, until you

were a zombie.

But then I

zoomed down

from heaven,

through skylight,

into Room.

- Jack in Room

Este drama independente aborda uma história

fictícia de uma rapariga que foi raptada, por um

homem com o nome de Old Nick, e mantida presa

durante 7 anos num espaço extremamente pequeno,

com apenas uma claraboia como fonte de luz

natural. Passado 2 anos de lá se encontrar fechada

e de ser abusada diariamente pelo seu agressor e

raptor, deu à luz o seu filho Jack que permaneceu

com ela os seus primeiros 5 anos de vida naquele

mesmo quarto.

O filme abre com a celebração do aniversário de

5 anos de Jack, ao qual ele intitula Ma à sua mãe.

Escolhi este filme visto que retrata uma realidade

entre uma mãe e um filho que se encontram

totalmente confinados no mesmo espaço, neste

quarto que engloba tudo, entre cozinha, sala de estar,

casa de banho e quarto de dormir. Deste modo,

é possível entender as consequências psicológicas

que este aprisionamento teve para as personagens.

Ma não experiência a vida exterior à pelo menos 7

anos, enquanto o seu filho nem sequer tem noção

do que é o mundo exterior, pois para ele aquele é o

mundo. Único e singular. Para esta criança, para lá

daquela quarto não existe nada.

Visto isto, é possível compreender de que forma

estar confinado pode influenciar a nossa saúde

psicológica e até física. Os seres humanos são

feitos para se deslocarem dum lado para o outro,

experienciarem o ato do tempo e do espaço. Não de

serem totalmente privados deles.

Exercício #2 - Filme

- Alberto Manguel em Ler Imagens



A psicologia do

confinamento

12 13

Exercício #2 - Filme

Counting Sheep,

Carol Erb, 2016, Los

Angeles, Dominion -

Portraits of Animals

in Captivity

O confinamento. Esta impossibilidade de aproveitar a liberdade em

pleno, causada pela pandemia do Covid-19. A nossa compreensão

do espaço e do tempo mudou, pois a isso fomos obrigados. Fomos

obrigados a não sair de casa, a experienciar apenas um único espaço

durante mais de 1 mês. E com isso, a nossa saúde mental colocou-se

em crise.

Tal como David Neto afirma, as nossas rotinas diárias misturaram-se.

Que dia é hoje? É fim-de-semana? É dia de semana? Não sei

bem… A perda do contacto com o mundo exterior, para além daquele

efetuado através da internet, provocou grandes consequências no

ser humano. Daí resultou uma nova experiência. Como é que a nossa

perceção do espaço e do tempo mudou?

No filme “Room” de Lenny Abrahamson, é possível verificar esta

privação que vivenciámos durante o confinamento e estas noções.

Esta mãe e filho que se encontram presos num quarto muito pequeno,

pelo seu agressor, demonstram de que forma esta situação pode

alterar o nosso psicológico. Apesar de tentarem criar rotinas específicas

e saudáveis, nada é melhor do que ver a luz do dia. Experienciar

o oxigénio das árvores, sentir a relva nos nossos pés. A noção de

liberdade é colocada em causa.

Desta forma, esta imagem, que demonstra um animal, neste caso

ovelhas, que se encontram totalmente retiradas do seu habitat natural,

funciona como testemunho. Será que o indivíduo se sente como

esta ovelha? Especialmente durante o confinamento, considero que

pela privação da vivência do espaço exterior, o ser humano se sentiu

como estas ovelhas. Deslocado, fora do seu lugar. Apesar de estarmos

afastados por um mero clique, nada disso conseguiu substituir

o toque físico e a presença física. Preferíamos estar noutro sítio do

que naquele onde nos encontramos. Mas isso não é possível.

Exercício #2 - Filme



As Intermitências

14 15

da Morte

de José Saramago

Exercício #2 - Livro

(...) havia uma

família de

camponeses

pobres que tinha,

por mal dos seus

pecados, não um

parente, mas

dois, em estado

de vida suspensa

ou, como eles

preferem dizer,

de morte parada.”

Exercício #2 - Livro

Folha de

Rosto da

Edição nº6

de As Intermitências

da Morte de

José Saramago,

pela

Porto Editora

Este livro tem uma história caricata.

A ação começa com a frase “No

dia seguinte ninguém morreu”.

Surpreendentemente, em todo o

território deste país fictício a morte

ficou como que suspensa durante meses.

Foi como se o tempo tivesse parado,

mas a vida continuava a acontecer

(apesar da morte já não ter efeito).

Aqui é onde percebemos que

talvez a inexistência da morte significa um inferno

para os vivos. Quando este estado fisiológico é

suspenso, estruturas políticas, sociais ou religiosas

entram em colapso. As agências funerárias entram

em crise e as pessoas que estavam para morrer não

morrem. Até certas famílias pagam a máfias para

levarem os seus não defuntos à fronteira, visto que

lá a morte ainda tinha efeito.

Esta reflexão tão irónica fez me pensar que, de

certa maneira, caso a morte não existisse, o tempo

quase que deixava de ter importância, visto que

seriamos imortais.

Deste modo, decidi fazer uma pequena ponte

entra esta reflexão e o modo como a pandemia mudou

a nossa perceção do tempo.

Drop falling into

cup of milk, Harold

Eugene Edgerton,

1935, USA, Harold

Edgerton: Seeing

the Unseen (2019)



A suspensão do

tempo

The Matter of Time

de Richard Serra

16 17

Exercício #2 - Livro

A suspensão do tempo. O tempo parece que parou. Estamos em casa

fechados. Tal como José Gil afirma, origina um “tempo duplo”. Um

tempo suspenso da vida social e um tempo de espera, para que tudo

isto passe.

A noção do tempo e do espaço sofreu grandes alterações e tal

aconteceu no livro “As Intermitências da Morte” de José Saramago,

mas numa perspetiva um pouco diferente. Nesta obra, a morte, por

um período significativo de tempo, deixou de ter efeito. Tal acontecimento

gerou uma grande confusão na sociedade deste país fictício.

Esta “situação de morte suspensa” demonstra como seria a vida sem

a morte. O tempo deixa de ter qualquer tipo de significado, visto que

a vida é eterna. As pessoas deixaram de ter objetivos e algo para onde

caminhar.

Desta forma, escolhi esta imagem uma vez que transparece essa

mesma ideia. A paragem do tempo. Esta gota de leite foi eternizada

no tempo nesta mesma fotografia, o seu movimento foi interrompido.

Tal como na nossa vida, que antes da pandemia tinha algo para

onde caminhar, um calendário a cumprir. E, de repente, fomos paralisados

e obrigados a confinar de um dia para o outro. Todos os nossos

planos de antes foram interrompidos tal como aconteceu com

esta gota.

Por estas razões, tivemos de encontrar novas possibilidades e

novas maneiras de voltar a continuar com a nossa vida, mesmo sem

saber o que o futuro nos reservava.

Estas peças dão-nos a possibilidade de experienciar

o espaço de uma forma totalmente diferente. Elas

obrigam-nos quase a vivenciar a consequência do

espaço, da gravidade e do tempo sobre o nosso

corpo, enquanto caminhamos ao longo destas

estruturas.

Os ângulos fora do comum, os corredores

estreitos ou até os espaços mais amplos verificados

dentro das esculturas oferecem, cada uma, uma

sensação do espaço totalmente diferente.

Serra quer despertar ao espectador a reflexão de

que o planeamento do espaço e o material usado

para ele conferem uma impressão totalmente

distinta. O espaço tem mais consequências em nós

do que talvez nós pensamos.

Estruturas estreitas conferem claustrofobia,

estruturas amplas conferem liberdade, estruturas

inclinadas convidam o visitante a que a atravessem

com o seu corpo exatamente na mesma inclinação.

Estas forças causadas pelo material são

difíceis de contrariar, visto que são peças bastante

imersivas, onde o corpo mergulha e experimenta

esta nova noção de espaço.

Tendo-a experienciado fisicamente e

presencialmente no museu, considerei que

esta instalação é uma reflexão enorme acerca

da exploração do espaço e de como é que a

organização do mesmo pode influenciar a sua

vivência para o ser humano.

Para além disso, fez-me concluir que a nossa

perceção do espaço pode mudar tento em conta a

forma como estamos a vivenciar o momento em

que nos encontramos. Visualizar a obra de fora

torna-se totalmente diferente do que visualizar a

obra do seu interior. Este espaço tem realmente

uma enorme influência sobre nós e é isso que Serra

quer demonstrar.

The Matter

of Time,

Richard

Serra, 2005,

Guggenheim

Museum

Bilbao,

Instalação

com 8

esculturas

Exercício #2 - Obra Artística



A perceção

do espaço

18 19

Exercício #2 - Obra Artística

O espaço. Esta conceção tão ilimitada e, ao mesmo tempo, limitada,

que tanto representa o mudo inteiro como também apenas um pedaço

dele, sofreu alterações no seu significado perante o confinamento

da Covid-19. As casas onde habitávamos foram redescobertas outra

vez por nós.

No meu caso, devido à falta que sentia da minha irmã, que não

presenciou a quarentena comigo, inconscientemente, comecei a usar

o quarto dela como sala de estudo. Depois de ela sair de casa, este

quarto quase que foi fechado a sete chaves como símbolo do fim daquela

era. Mas para mim, este espaço tornou-se num escape, numa

nova e refrescante descoberta. Certas noites em que me sentia mais

triste, era aqui que dormia. Ainda, hoje, é aqui que passo a maior parte

do meu tempo. Consequentemente, o meu quarto pessoal deixou

de ter o significado que antes tinha, pois, essa sensação transpassou

para o quarto da minha irmã mais velha.

Deste modo, considero que na instalação “The Matter of Time” do

Richard Serra, presente no Guggenheim Museum Bilbao, esta sensação

de espaço é sentida em todas as esculturas. Estar de fora e estar

de dentro é uma experiência diferente. Tal como Marta Arzak afirma,

o visitante é uma parte essencial da obra. Sem ele a obra não fazia

sentido. Cada pessoa tem uma experiência distinta ao atravessar

estas instalações, o espaço é percecionado de maneira diferente por

cada pessoa.

Tal acontece nesta litografia de Escher. O espaço, em primeiro instância

é percecionado de certa forma, mas passado algum tempo de

estarmos a vislumbrá-la começamos a entendê-lo de outra maneira.

É um testemunho de que o espaço é percecionado tendo em conta o

indivíduo e a sua predisposição para tal. E a pandemia deu-nos este

tempo para repensar o espaço dentro das nossas casas.

Exercício #2 - Obra Artística

Belvedere, M.C.

Escher, 1958,

lithograph, Holanda



20

Exercício #2

For so many others, there is

no longer a something-to-donext.

Toss expectations

into the memory bank!

The distinction between this

time and that time begins to

blur. Life can go on without

promises or fulllment of

duties. The understanding of

time is lost. It’s dark, but you

don’t have to go to bed.

The clock that runs is the one

that counts deaths.

- Ai Weiwei em Time Has Lost

All Meaning, The Atlantic


21

E #3

Lugar

Não-Lugar

Exercício #3

Covid-19 - Antes / Durante / Depois (Agora)


Sobremodernidade

22

A Imagem como

23

Ausência

Exercício #3

Augé considera que, com a origem da

supermodernidade, surgiu a nova conotação de

“não-lugares”, ou seja, espaços que não são em

si antropológicos, que não tem qualquer tipo

de intervenção significativa do ser humano e

da memória. Deste modo, com o nascimento de

um Mundo com diversos lugares de passagem,

como ocupações provisórias, pontos de trânsito,

meios de transporte e grandes superfícies, ajudou

à intensificação da individualidade solitária,

ao efêmero e ao provisório. Assim, cabe ao

antropólogo perceber quais são as dimensões ao

qual está sujeito este objeto novo.

O lugar e não-lugar são polaridades fugidas,

isto é, o primeiro nunca é completamente

apagado e o segundo nunca se realiza realmente.

Os não-lugares são a medida da época, medida

quantificável que podem ser obtidos através da

soma da superfície, volume e distância das redes a

cabo ou sem fio dos meios tecnológicos, os meios

de transportes, os hotéis, as estações, os parques,

etc.

Michael de Certeau fala em não-lugar como o

aspeto negativo do lugar, uma ausência do lugar.

Num relato de viagem, com a menção de nomes

de lugares que não conhece necessariamente,

transforma-os em não-lugares, uma vez que eles se

convertem em meras passagens. O viajante passa a

ter apenas visões parciais desses lugares, criando

uma memória confusa e instantânea. “O espaço

do viajante seria, assim, o arquétipo do não-lugar.”

São os viajantes solitários de ocasião que carregam

esse símbolo de espaço, onde nem a identidade,

nem a relação, nem a história fazem sentido.

O duplo aspeto da modernidade reside na

perda do sujeito na multidão e o poder absoluto

reivindicado pela consciência individual.

O não-lugar é designado por realidades

complementares, ou seja, espaços com certos fins e

a relação que os indivíduos estabelecem com esses

espaços, nomeadamente criando tensão solitária.

Os lugares que tomamos como emprestados na

auto-estrada, os supermercados e os aeroportos

têm algo em comum: o seu modo de usar exprimese

de maneira prescritiva, proibitiva e informativa,

recorrendo a ideogramas explícitos e codificados

para especificar as condições de circulação

nestes espaços, onde os indivíduos se relacionam

As imagens

funcionam

como elemento

de propaganda,

uma “espécie

de cosmologia

objetivamente

universal”.

Estas imagens

tendem a

esboçar um

sistema de

consumo, onde

“fazer como os

outros para ser

você mesmo” é

levado ao limite.

apenas com o espaço,

sem qualquer tipo de

interação social.

O usuário do nãolugar

é classificado

por ser um utilizar do

sistema rodoviário,

comercial e bancário.

A invasão deste espaço

por texto reduz a sua

relação com outros

de modo a tornar a

sua experiência cada

vez mais solitária e

individual. Todos os

cartões e contratos

dispensam o diálogo

entre indivíduos.

Mesmo assim, este usuário é sempre “obrigado

a provar a sua inocência”, onde a sua identidade

e contrato é controlada a fim de permitir a sua

passagem ao não-lugar. Só possui acesso a ele se

inocente. O uso da palavra quase que é erradicado.

Tal como a história, que mesmo que transformada

em espetáculo é transmitida por textos alusivos.

A rádio, a televisão, a publicidade e os jornais

são impostos aos clientes de passagem, com um

“stock inesgotável de uma inexaurível história do

presente”.

As imagens funcionam como elemento

de propaganda, uma “espécie de cosmologia

objetivamente universal”. Estas imagens tendem

a esboçar um sistema de consumo, onde “fazer

como os outros para ser você mesmo” é levado ao

limite. Por outro lado, funcionam como fator de

reconhecimento. Um estrangeiro irá encontrar

conforto num outdoor de uma marca de gasolina

que conhece, numa marca de supermercados

multinacional e na loja de departamento que

costuma frequentar.

A sobremodernidade procede da

superabudância factual, da superabundância

espacial e da individualização das referências. Ela

faz do antigo um espetáculo específico. Os nãolugares

são o espaço da sobremodernidade, onde

os indivíduos só são identificados, socializados e

localizados na entrada ou na saída. “Ele existe e

não abriga nenhuma sociedade orgânica”.

A tentativa de não

comunicar é, pelo menos, tão

complexa quanto a tentativa

de comunicar, e, sem dúvida

tão antiga. Mas a aceitação

formalizada desta recusa,

desta entronização do

silêncio, é um fenómeno

moderno que, no mundo

ocidental, não tem mais de

cem anos.

- Alberto Manguel em Ler Imagens

Exercício #3



24 Infodemia

25

Excesso

Exercício #3

de Tempo

de Espaço

de figura

do humano

Excesso

de Tempo,

Margarida

Fresco,

2020, Belém

A tecnologia, nesta sobremodernidade, transformou-se

no meio principal de propagação de informação.

A cada dia, hora e minuto é publicado um

novo artigo, um novo pedaço de informação, uma

nova fotografia, um novo estado. A falta de regulação

nestas plataformas origina um problema grave:

a divulgação de informações falsas.

Antes da pandemia do covid-19, a desinformação

era vista como uma própria pandemia, era

estudada e entendida como tal. Tal como afirma

Elisabeth Paté-Cornell, queremos arranjar formas

de cortar as correntes de transmissão, corrigir as

informações e educar aqueles que se encontram

mais vulneráveis. Como se fosse com um vírus.

Com a chegada do covid-19, a propagação de

informação dúbia e falsa agravou-se. A necessidade

extrema de entender melhor este vírus obrigou os

cientistas a publicarem artigos e estudos a uma

velocidade inacreditável. Deste modo, todos os

usuários têm acesso a estes documentos e, assim, a

interpretá-los à sua maneira e a publicar e partilhar

as suas opiniões com os outros. Isto origina uma

cadeia enorme de publicações com base em estudos

que não estão verificados a 100%.

Esta imagem representa incerteza. Este rasto

de luz é o rasto que a informação deixa, confuso,

ambíguo e

duvidoso.

O próprio

utilizador, que

deveria estar

no enquadramento,

desaparece

e deixa

de ter qualquer

tipo de importância.

A

rapidez da sua

propagação faz

com que ele

Com a

chegada

do covid-19,

a

propagação

de informação

dúbia e

falsa agravou-se.

deixe de ter controlo. Este local é

escuro, em oposição com o que se

encontra na parte superior. Este

contraste de planos e luminosidades

pretende refletir o modo

como esta informação deixa o

leitor, no seu interior. As linhas

conduzem para algo infinito,

para lá da imagem, um ponto em

comum. A internet.

Exercício #3 - Excesso de Tempo



Ferramentas de

vigilância

O indivíduo

nas redes sociais

26 27

Exercício #3 - Excesso de Espaço

A tecnologia, nesta

sobremodernidade,

apoderou-se de todos os

espaços ao nosso redor.

A nossa casa privada, o

supermercado da rua,

o centro comercial, a

escola, a universidade,

o trabalho. Passamos a

ter um novo meio, este

meio que se encontra à

distância dum clique e

que nos faz experienciar

o espaço de uma nova

forma. Nós próprios

As aplicações de

rastreamento de

contactos identificam

quando

um indivíduo

entrou em proximidade

com

outro indivíduo

que testou positivo.

passamos a ser um portador deste novo mundo, no

nosso bolso. O mundo virtual.

Na própria pandemia surgiram novas formas

tecnológicas a fim de controlar a propagação do vírus.

Estas soluções tecnológicas apoderaram-se da

vigilância como meio de rastreamento. Entre elas

temos as aplicações de rastreamento de contactos,

que permitem identificar quando um indivíduo, que

possui esta aplicação, entrou em proximidade com

outro indivíduo que testou positivo posteriormente.

Apesar destas respostas parecerem promissoras,

colocam em causa várias questões: privacidade

e liberdade de circulação.

Excesso

de Espaço,

Margarida

Fresco,

2020,

Alfragide

Deste modo, a aderência a estes aplicativos foi

fraca na Europa devido exatamente a essas mesmas

questões. Onde é que irá ficar a informação recolhida?

Será que governos ou até mesmo empresas de

tecnologia irão ter acesso a este tipo de informação?

Cada vez mais, a sociedade encontra-se consciente

da forma como a sua informação é usada e

recolhida para proveitos capitalistas. E, aplicações

como estas, só levantam cada vez mais dúvidas e

inseguranças. São vistas como mais uma porta para

recolhimento de dados.

Por isso, esta imagem funciona como alerta

na forma como somos constantemente vigiados

e até mesmo controlados por estes métodos. Esta

câmara, que se situa acima de nós, longe do nosso

alcance, representa esses meios tecnológicos de

rastreamento, que por muito seguros que sejam,

estão longe da nossa ação ativa perante a forma

como funcionam. A luz acesa neste quarto transparece

que, apesar desta câmara existir, ou seja, apesar

do controlo e vigilância existirem por parte de

outros para connosco, este mundo virtual é usado e

é frequentado na mesma.

As redes sociais, nesta sobremodernidade, podem

ter o poder de se tornar num não-lugar. Um

não-lugar pelo vício que provocam no usuário, pelo

excesso de informação, de individualidade, de necessidade

do “olhem para mim” que lá existe. Aqui

o indivíduo perde-se no meio desta imensidão virtual.

Se não colocar um travão no uso destas redes,

poderá deixar-se levar por elas, e assim, quase que

“anulando” a sua realidade física e real.

No período de confinamento, estas plataformas

passaram a ser a única forma possível de comunicar

com a sociedade, com os nossos pares. Deste

modo, esta conotação negativa foi quase que esquecida

visto que o ser humano possui a necessidade

de se relacionar com os outros. Apesar disso, vimo-

-nos de novo agarrados a estes dispositivos, vimo-

-nos imersos inteiramente por este mundo virtual.

Esta imagem tem o objetivo de refletir acerca

da ausência que o ser humano poderá sentir no

excesso de uso destas plataformas, que poderão

causar-lhe solidão e isolamento. Esta luz representa

a única coisa que resta a este indivíduo, a luz

do ecrã das suas tecnologias. A figura do humano

encontra-se sozinha, desamparada, sem rumo.

Os vários planos e linhas ortogonais demonstram

o aprisionamento da sua individualidade. Individualidade

esta que se encontra

influenciada por aquilo que

queremos que os outros vejam de

nós. A nossa melhor face, aquilo

de bom e positivo que existe de

nós mesmos.

Com a impossibilidade de

nos relacionarmos fisicamente

nesta pandemia, vimo-nos incentivados

a expressar os nossos

O indivíduo

perde-se

no meio

desta

imensidão

virtual.

sentimentos negativos, as nossas preocupações

reais e os nossos medos através das redes sociais.

Nas redes encontrámos um novo refúgio. Apesar

disso, continuámos sozinhos fisicamente, sem um

ombro amigo. A realidade física e tátil quase que foi

esquecida, pela impossibilidade de a experienciar

de maneira livre. Tal como esta figura, o indivíduo

encontra-se desconectado da sua realidade,

deslocado da sua vida real, do seu lugar enquanto

indivíduo.

Excesso da

figura do

Humano,

Margarida

Fresco,

2020,

Alfragide

Exercício #3 - Excesso de figura do humano



28

Exercício #3

Eu iria mais longe: hoje

podemos dizer que o não

lugar é o contexto de todos os

lugares possíveis. Estamos

no mundo com referências

totalmente artificiais, mesmo

em nossa casa, o espaço

mais pessoal possível:

sentados diante da TV,

olhando ao mesmo tempo o

telemóvel, o tablet, e com os

fones nos ouvidos... Estamos

num não lugar permanente.

- Marc Augé numa entrevista

para o El País


29

E #4

Emoções

Pensamentos

Exercício #4

Covid-19 - Antes / Durante / Depois (Agora)


A Imagem como

Violência

Mensagem

de Fernando Pessoa

30 31

Exercício #4

Os amigos de Picasso

lembraram o quanto ambos

discutiam. Acusando-a de

infedelidades imaginárias,

insultando-a, Picasso

provocá-la-ia até ela romper

em lágrimas. Pegaria no

seu caderno e lápis e faria

esboços da mulher a chorar.

«Não a conseguia ver, nem

imaginá-la, exceto a chorar»,

notou Picasso certa vez.

Ocidente

Com duas mãos — o Acto e o Destino —

Desvendámos. No mesmo gesto, ao céu

Uma ergue o facho trémulo e divino

E a outra afasta o véu.

Fosse a hora que haver ou a que havia

A mão que ao Ocidente o véu rasgou,

Foi alma a Ciência e corpo a Ousadia

Da mão que desvendou.

Fosse Acaso, ou Vontade, ou Temporal

A mão que ergueu o facho que luziu,

Foi Deus a alma e o corpo Portugal

Da mão que o conduziu.

Nevoeiro

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,

Define com perfil e ser

Este fulgor baço da terra

Que é Portugal a entristecer —

Brilho sem luz e sem arder

Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.

Ninguém conhece que alma tem,

Nem o que é mal nem o que é bem.

(Que ânsia distante perto chora?)

Tudo é incerto e derradeiro.

Tudo é disperso, nada é inteiro.

Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

Escrevo meu livro

à beira-mágoa

Escrevo meu livro à beira-mágoa.

Meu coração não tem que ter.

Tenho meus olhos quentes de água.

Só tu, Senhor, me dás viver.

Só te sentir e te pensar

Meus dias vácuos enche e doura.

Mas quando quererás voltar?

Quando é o Rei? Quando é a Hora?

Quando virás a ser o Cristo

De a quem morreu o falso Deus,

E a despertar do mal que existo

A Nova Terra e os Novos Céus?

Quando virás, ó Encoberto,

Sonho das eras português,

Tornar-me mais que o sopro incerto

De um grande anseio que Deus fez?

Ah, quando quererás, voltando,

Fazer minha esperança amor?

Da névoa e da saudade quando?

Quando, meu Sonho e meu Senhor?

Exercício #4 - Excertos Escolhidos

- Alberto Manguel em Ler Imagens

É a hora!



Guião Narrativo

Storyboard

32 33

Painel esquerdo:

Neste painel, a narrativa irá ser introduzida através

da esperança incitada pelos grandes feitos portugueses

durante os Descobrimentos, que o poeta

considerava que era o tempo de referência para o

Portugal de hoje. Esta nação que deveria acordar

e renascer através deste sinal de esperança do

passado. E apesar desse tempo já ter terminado, a

esperança, que ainda continua acesa no pensamento,

de conseguir alcançar a grandeza novamente.

Exercício #4

Fotografia 1: Um homem/mulher vestido de

branco (representante do povo português) com um

facho de luz (fogo, fósforo, lanterna) numa mão e

a outra a abrir um cortinado ou véu branco, revelando

a sua identidade. Num ambiente com grande

claridade e fundo branco.

Explicação: O branco simboliza a esperança que

ainda se encontra tão acesa neste momento da

narrativa, no seu início, quando a própria alma

portuguesa estava no seu ascendente. Mais forte e

corajosa que nunca. Tal como esta chama que simboliza

exatamente esse fervor dentro do espírito

português

Painel direito:

Neste painel, a tristeza sentida pelo poeta irá ser

ilustrada. Esta mágoa induzida pela inércia de Portugal,

que após o desaparecimento de D. Sebastião,

nunca mais se tornou ativo e gerou grandes feitos.

Encontra-se numa crise enorme de espírito.

Fotografia 3: O mesmo homem/mulher vestido

de cinzento com esse facho de luz quase apagado,

cabisbaixo, lágrimas nos olhos. Fundo cinzento e

ambiente mais escuro.

Storyboard,

Margarida

Fresco, 2021,

Alfragide

Exercício #4

Painel central:

Tal como na obra, a incerteza e a derrota irá

apoderar-se desta imagem final, a fim de demonstrar

este País que não consegue nascer para esta

profecia, que não consegue renascer para um novo

império espiritual.

Fotografia 2: Mesmo homem/mulher vestido de

preto, de costas para o espectador, quase como se

fosse embora da cena. Ambiente escuro e neblino,

quase como se fosse de noite.

Explicação: Apesar da escuridão se apoderar de

toda a cena, a figura está vestida de branco, a fim

de transparecer a esperança que ainda permanece

no seu coração o no seu espírito, apesar de estar

totalmente consumido pelo negrume.

Explicação: Este facho de luz quase apagado

pretende revelar a esperança que já se encontra

extremamente baixa, pelo facto de a mudança não

estar próxima, da névoa permanecer e do regresso

deste Rei ainda estar longe da realidade. Mesmo

assim, é esta pequena luz que continua a ser a fonte

principal de alente e de esperança para o próprio

poeta.

Critérios de Escolha

Nesta obra é possível verificar três partes, onde

em cada uma dessas partes, os poemas encontrase

divididos entre si. Cada uma dessaspartes

corresponde a um tempo histórico da História

de Portugal, onde a última coincide com o tempo

contemporâneo de Fernando Pessoa, apesar de não

falar exatamente o que está a ocorrer, mas sim o

que o poeta sente perante a sua situação atual.

Deste modo, considerei esta obra formidável

para o que pretendo explorar, que é: a emoção e os

sentimentos em tempos de incerteza.

Tal como está a ocorrer atualmente com a

pandemia de covid-19, encontramo-nos em tempos

de grande incerteza, confusão, ambiguidade

e dúvida. Por conseguinte, considero que esta

obra, repleta de incertezas e irresoluções devido

à implementação do Estado Novo, é onde Pessoa

expressa o seu descontentamento perante o estado

do país. É um verdadeiro testemunho de esperança

em tempos de crise.

Dessa maneira, irei colocar uma ponte entre

esta obra e o tempo pandémico de forma a refletir

acerca das emoções e sentimentos sentidos pelas

pessoas em épocas de insegurança.



34

35

Exercício #4 - Imagens Escolhidas

Painel da

esquerda,

Margarida

Fresco, 2021,

Oeiras

Painel da

direita,

Margarida

Fresco, 2021,

Oeiras

À primeira vista, não existe

nada de caracteristicamente

humano nas emoções, uma

vez que é bem claro que

os animais também têm

emoções. No entanto, há

qualquer coisa de muito

característico no modo como

as emoções estão ligadas

às ideias, aos valores, aos

princípios e aos juízos

complexos que só os seres

humanos podem ter. (…) a

emoção humana é especial.

Exercício #4

Painel

central,

Margarida

Fresco, 2021,

Oeiras

- António Damásio

em O Sentimento de Si



Índice

36

I. Exercício #1

– Natureza/

Humano

A Imagem como Memória, 3

A política de inércia, 5

O Mundo sem nós, 6

O consumo (in)consciente, 7

II. Exercício #2

– Espaço/

Tempo

A Imagem como Testemunho, 10

Filme - Room de Lenny Abrahamson, 11

A psicologia do confinamento, 13

Livro - As intermitências da Morte de José

Saramago, 14

II.I. File #1 –

Ballad of Today

de André

Cepeda

A suspensão do tempo, 16

Obra Artística - The Matter of Time de

Richard Serra, 17

A perceção do espaço, 19

Exercício #4

III. Exercício #3

– Lugar/

Não-Lugar

Sobremodernidade, 22

A Imagem como Ausência, 23

Excesso de Tempo, 25

Excesso de Espaço, 26

Excesso de Figura do Humano, 27

III.I. File #2 –

A Collision

Between a

Stream of Light

and an Obstacle

IV. Exercício #4

–Emoções/

Pensamentos

A Imagem como Violência, 30

Excertos Escolhidos - Mensagem de

Fernando Pessoa, 31

Critérios de Escolha & Guião Narrativo,

32

IV.I. Tríptico –

A Mensagem

de Fernando

Pessoa

Storyboard, 33

Imagens Escolhidas, 34

Margarida Fresco

nº 12769

2020/2021

Design de Comunicação I

Faculdade de Belas Artes

Universidade de Lisboa

Tipografia

Zilla Slab

Montserrat Alternates

Obra de Referência

HOLO 2

A magazine

about emerging

trajectories

in art, science,and

technology

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