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Revista Vivências III

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Nº 03 OUTUBRO 2021



propriedade: Casa do Povo de Câmara de Lobos

coordenação: Sónia Freitas

edição: Casa do Povo de Câmara de Lobos

colaboradores da edição: Sérgio de Oliveira, Maria Pereira, Renato

Azevedo, Luís Teles, Cláudia Rocha, Marta Barros, Lídia

Canha, Cristina Reis e Dulcénia Coelho

fotografia: Casa do Povo de Câmara de Lobos

apoio: Câmara Municipal de Câmara de Lobos

design gráfico: Raquel Gonçalves

impressão: Gesto - Artes Gráficas

depósito legal.

distribuição gratuita.


VIVÊNCIAS


OUTUBRO 2021

ÍNDICE

6

8

10

14

16

18

22

24

26

28

34

35

01. Mensagem do Presidente

02. Universidade Sénior no Eco-escolas

03. Mulher Camaralobense

04. A Senhora Presidente

05. O Beto da Praia do Vigário

06. Um Imenso Mar por Descobrir

07. Nascido e Criado

08. Saúde Mental

09. Memórias de Outrora

10. O que aconteceu na Casa do Povo

11. Opinião

12. Espaço Poesia


VIVÊNCIAS

01

Mensagem do Presidente

Sérgio de Oliveira

Após o forçado interregno de alguns

meses, impulsionado pela

questão de saúde pública vivida

nos últimos tempos e as consequentes

implicações que nos

obrigaram a cumprir determinados

procedimentos e a alterar

comportamentos, eis que voltamos

a editar a nossa estimada

revista, que procura partilhar

as “vivências” da Casa do Povo,

dos Sócios e dos seus Colaboradores,

durantes estes últimos

tempos.

É certo que o período mais agudo

do combate à pandemia provocada

pelo SARS-CoV-2 foi,

para já, ultrapassado e entramos

numa fase de “rescaldo”

e de avaliação epidemiológica

da comunidade. Porém, a verdade

é que a guerra ainda não

terminou. Podemos voltar a ter

alguns “reacendimentos” nos

tempos que se aproximam, porque

as gripes sazonais e os vírus

que as caracterizam, podem

encapotar um problema ou uma

nova variante do vírus, de maior

gravidade. Sem intenção de

alarmar, pretendo antes alertar,

que não devemos subestimar

os sinais de alerta e não baixar

em definitivo a guarda, para

não comprometer todo o esforço

até aqui efetuado. Julgo ser

importante atuarmos na prevenção

da doença (neste caso, da

doença respiratória), adoptando

comportamentos adequados de

higiene e de etiqueta respiratória,

bem como, considerar seriamente,

nos tempos imediatos,

a vacinação individual contra a

gripe sazonal.

Recuando no tempo, durante a

fase de contingência e de resguardo

coletivo, foi de nossa

prioridade estarmos vigilantes

e em permanente contacto com

os sócios e com a restante comunidade,

tentando acudir da

melhor forma, as situações em

que tivemos capacidade de intervir.

Com a entreajuda dos

colaboradores da CPCL e de alguns

parceiros, definimos ações

e organizamos algumas atividades

que procuraram devolver a

proximidade que nos caracteriza

e alguma dinâmica social aos

nossos associados e alunos da

Universidade Sénior.

Já no presente ano e com a situação

pandémica a melhorar,

retomamos as nossas habituais

vivências e certas atividades,

como poderão constatar no

interior da revista. É com es-

6


OUTUBRO 2021

perança renovada e especial

satisfação, que apresentamos

o terceiro número da revista Vivências,

com artigos excelentemente

elaborados pelos colaboradores/sócios

da Casa do Povo

de Câmara de Lobos e pelos

alunos da Universidade Sénior

de Câmara de Lobos.

É notória a evolução deste nosso

veículo de comunicação e no

presente número, destaco duas

tonalidades de cores utilizadas

na ilustração de dois artigos:

o verde, de esperança para os

próximos tempos e a coloração,

da única bandeira hasteada

numa Casa do Povo, que simboliza

a implementação do programa

Eco-Escolas, no âmbito da

Universidade Sénior de Câmara

de Lobos, programa este executado

com a colaboração do Professor

Renato Azevedo.

A tonalidade rosa influencia,

grandemente, o terceiro artigo.

A “Vivências”, numa perspetiva

crítica, enfatiza a importância

da mulher na sociedade e em

particular, é dado a conhecer 3

gerações de mulheres genuinamente

camaralobenses, com intervenção

em diferentes áreas e

distintas vivências quotidianas.

“Mulheres de ontem, de hoje e

de amanhã”, é um artigo atraente,

que “espelha a autenticidade,

a versatilidade” e a beleza

do género feminino em Câmara

de Lobos. Os restantes artigos,

deixo à curiosidade do leitor,

para que possa folhear e descobrir

os temas e as personalidades

invocadas neste número.

Permitam-me ainda sublinhar

três aspetos que aconteceram

no final de 2020, no início de

2021 e ainda no passado mês,

que são de sublime importância

para a Instituição.

A fechar o ano de 2020, de

modo a dar seguimento aos

nossos deveres institucionais, a

07 de novembro, realizaram-se

as eleições dos Órgãos Sociais

para o triénio 2020-2023, cuja

tomada de posse ocorreu a 23

de dezembro. A Direção renovada,

assumiu, uma vez mais,

o compromisso de consolidar o

trabalho já desenvolvido, cumprindo

com a mesma dedicação

e rigor, novos projetos que

se avizinham. É com os olhos

postos no futuro que a Casa do

Povo de Câmara de Lobos continua

ativa, atenta e reativa aos

desafios que se colocam.

No mandato findo, preparámos

a Instituição para os desafios

do futuro e, no início de 2021,

foi concluído o processo de alteração

de estatutos, aprovado

em Assembleia Geral, com a obtenção

da equiparação a IPSS,

atribuída pelo Instituto de Segurança

Social da Madeira.

O ano de 2021 augura um futuro

promissor. Eis que, finalmente,

temos uma boa notícia,

à vista de todos… A tão ansiada

“Casa nova”. Arrancaram as

obras naquela que será a futura

sede da Casa do Povo de Câmara

de Lobos e não poderíamos

estar mais confiantes! Com o

apoio da Câmara Municipal de

Câmara de Lobos, brevemente,

possuiremos mais e melhores

recursos para que o nosso trabalho

de proximidade seja cada

vez mais eficaz.

Finalizo, fazendo menção a todos

aqueles que colaboram,

direta ou indiretamente, com a

Casa do Povo. Sem a vossa envolvência

e entusiasmo a nossa

Casa não seria a referência que

é hoje em dia.

A todos, o meu

Obrigado!

7


VIVÊNCIAS

02

Universidade Sénior

no Eco-Escolas

Renato Azevedo

Professor de Biologia e Geologia

Voluntário na Universidade Sénior de Câmara de Lobos

Dois anos passaram desde que a Universidade

Sénior de Câmara de Lobos embarcou na missão da educação

para a sustentabilidade com a população sénior da

nossa freguesia, mediante a implementação do programa

Eco-Escolas.

Tal não significa que apenas desde então nos

dediquemos às temáticas da educação para o ambiente

e para a sustentabilidade, visto que, desde o início da atividade

da Universidade Sénior de Câmara de Lobos, esta

sempre prestou particular tributo às causas ambientais –

justiça seja feita a todos quantos nos precederam –, não

estivéssemos nós integrados numa freguesia “de natureza”,

paredes-meias com o mar.

No entanto, decorridos dois anos de termos zarpado

nesta “campanha” muitos ainda nos questionam do

sentido de investirmos na educação ambiental junto da

população sénior. Não questionando a legitimidade desta

– já o dizia Aristóteles: a dúvida é o princípio da sabedoria

– tentá-la-emos desmistificar nas próximas linhas.

A Madeira é hoje, uma das regiões do país que

mais aposta na educação ambiental. Somos hoje, o distrito

do país com mais Eco-Escolas per capita, ou não fosse o

turismo, via natureza, a “galinha dos ovos de ouro” da Região.

Destaca-se, neste particular, o concelho de Câmara

de Lobos, município cujos estabelecimentos de educação,

desde o pré-escolar ao ensino secundário, estão todos

eles inscritos neste programa de educação ambiental espalhado

pelos cinco continentes, situação reforçada pelo

facto acrescido de estarmos inseridos numa Eco-Freguesia.

Hoje, fruto da “mudança dos tempos” verificada

nas últimas décadas, e da qual resultou uma inquestionável

melhoria da qualidade de vida das populações, temos

todos consciência de que a sociedade mudou drásticamente.

O desenvolvimento chegou em força e veio para

ficar – e ainda bem que assim é! – Considero, portanto,

que não será moralmente justo pedirmos aos nossos netos

para abdicarem do conforto que essa qualidade de vida

nos proporciona – designadamente, e a título de exemplo,

renunciarem ao usufruto de meio de transporte próprio

ou a um guarda-roupa mais recheado comparativamente

àquele que os seus pais e avós tiveram. Realço que iniciei

a frase anterior referindo que “considero que não será moralmente

justo”, no entanto e, infelizmente, entendo que

tal sacrifício terá de ser efetivamente pedido às novas gerações.

Não estou com isto a dizer que os nossos netos

terão de se deslocar de Câmara de Lobos “à cidade” a pé,

que terão de calcorrear descalços as ruas a caminho da

escola, tal qual os seus avós o fizeram, ou que só poderão

comer queijo na “Festa”, nada disso. O que pretendo

transmitir, isso sim, é que alguns hábitos de consumo te-

8


OUTUBRO 2021

rão de ser inevitavelmente alterados nas próximas décadas

e, sim, a “fava” calhou às novas gerações, apesar de

não serem elas as principais culpadas pelo consumismo

insustentável a que atualmente se assiste e no qual foram

iniciados pelas gerações que lhes antecederam. Parece

um paradoxo, é verdade, mas efetivamente assim é: aqueles

que cresceram com parcos bens materiais, aqueles que

menos tiveram, foram também os responsáveis pela iniciação

das novas gerações no consumismo, comportamento

que naturalmente tem uma explicação sociológica, a qual

não cabe, contudo, no âmbito deste artigo. E é precisamente

aqui, nesta necessidade de mudança de padrões de

vida, que a população sénior poderá ter um papel fundamental.

A promoção de experiências intergeracionais afigura-se-me

fundamental para que os mais jovens compreendam

– e aceitem – o papel que lhes está reservado na

reversão da atual problemática ambiental, económicos e

familiares vigentes.

Nunca antes como agora os avós tiveram um

papel tão fundamental na formação dos netos, numa

ação complementar à escola. Falo por experiência própria,

enquanto professor voluntário na Universidade

Sénior de Câmara de Lobos desde há dois anos. Aprendi

tanto ou mais neste período, pela simples troca de

impressões com os meus alunos, quanto em muitos fóruns,

workshops ou ateliês que já frequentei em vinte

anos de carreira docente!

Os seniores são acervos de conhecimento, fundamentais

na mudança que os próximos tempos exigem

e, cientes dessa situação, surge a aposta da Universidade

Sénior de Câmara de Lobos no programa Eco-Escolas.

Todos somos poucos para reverter o que aí vem e diversas

instituições da Região têm a mesma perceção que nós

relativamente ao envolvimento da população desta faixa

etária nesta causa (Centros de Convívio do Idoso, Centros

Comunitários, etc.).

O nosso planeta é naturalmente dinâmico, mas,

nunca antes havia a Terra experimentado mudanças ambientais

a um ritmo tão acelerado quanto as registadas

na última década. Os recursos naturais, alguns dos quais

aprendemos nos bancos da escola serem “renováveis”,

estão a desaparecer a um ritmo nunca antes visto (já se

equaciona mesmo nova classificação quanto à durabilidade

dos recursos hídricos e biológicos), os oceanos já não

são “infinitos” e estão hoje a abarrotar de lixo (estima-se

que em 2050 exista mais plástico nos oceanos do que peixe);

e já hoje, em 2021, cerca de 1/3 da população mundial

não tem acesso a uma quantidade mínima segura de água

potável para consumo (a previsão é que até 2050 mais de

metade da população mundial seja afetada por este problema).

Desflorestação e redução da biodiversidade são

outras questões urgentes e preocupantes, com estimativas

que apontam para uma taxa de extinção específica

atual cerca de 10.000 vezes superior à taxa de extinção

natural (pelo menos 10.000 espécies são extintas por ano).

Os resultados das alterações climáticas

estão aí e chegam-nos via comunicação social.

Que o clima está diferente, isso, julgo, é uma realidade

irrefutável até para os mais céticos: secas,

inundações, ondas de frio e outros fenómenos climáticos

extremos originaram o conceito “refugiados

do clima” (até 2050, pelo menos 200 milhões

de pessoas terão de deixar o local de residencia

devido a esses fenómenos, situação tanto mais

gravosa pelo facto de cerca de 60% da população

mundial estar fixada no litoral.)

E é por estas razões que a Universidade Sénior

de Câmara de Lobos iniciou, em 2019, esta campanha na

educação ambiental via programa Eco-Escolas. E apesar

do “vento” e das ondas revoltas que se nos atravessaram

no caminho – pelo caminho atravessou-se-nos uma pandemia

que nos coartou parcialmente a ação – não é nossa

intenção ficarmos atracados em terra. Já dizia Madre Teresa

de Calcutá: por vezes sentimos que aquilo que fazemos

não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria

menor se lhe faltasse uma gota.

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VIVÊNCIAS

03

Sónia

Freitas

Mulheres

Camaralobenses

ONTEM, HOJE E AMANHÃ

As Mulheres de Ontem

A história diz-nos que era culturalmente aceite as mulheres

terem um papel menor face ao homem, pelo que, eram,

essencialmente, destinadas à procriação, à manutenção do

seu lar e para servir e agradar a sua família.

O senso comum transmite-nos que, antigamente, o homem

exercia, de forma natural, domínio sobre a mulher. Esta

conceção tem vindo a ser sustentada pela ideia de que há

características específicas necessárias para se ser bem sucedido

profissionalmente, permitindo, desta forma, que se

atribuam certos trabalhos como femininos e outros como

masculinos.

As Mulheres de Hoje

A busca pela emancipação e pela igualdade de direitos, políticos,

jurídicos e económicos em relação ao homem, tem

sido crucial para uma transformação gradual da importância

do papel da mulher na sociedade. Hoje, a mulher é cada vez

mais reconhecida como um indivíduo autónomo e um ser

humano livre.

Portanto, para ajudar a sua mãe, dedicou-se

ao Bordado.

Relembra que na sua adolescência, no

geral, as raparigas ou seriam costureiras

ou bordadeiras.

Sara Reis

Menciona que atualmente, existem

32 anos, Empresária

mais oportunidades de emprego, com

Bernardete Sousa

melhores condições e por essa razão

57 anos, Bordadeira “Nada se consegue sem trabalho”

“Comecei a bordar aos 11 anos!”

Bernardete, através do seu trabalho,

ajuda a perpetuar a tradição madeirense.

Bordadeira da Madeira é a sua

profissão. Recorda os tempos difíceis

que vivenciou e sendo de uma família

numerosa, não teve oportunidade de

continuar os estudos.

existe uma escassez cada vez maior de

bordadeiras jovens e até um ligeiro desinteresse

por esta arte.

Bernardete não se considera inferior

por ter seguido esta profissão ou por

ter menos qualificações, no entanto reconhece

que a sociedade de hoje em

dia obriga a que as mulheres sigam outros

caminhos profissionais.

Apesar do gosto pela enfermagem,

Sara, há 5 anos decidiu aventurar-se e

construir o seu próprio negócio. Herdou

do seu pai a coragem e a determinação

para seguir esta carreira profissional.

É proprietária do Restaurante Deserta

Pequena, situado em Câmara de Lobos.

Mulher independente, lutadora,

humilde e mãe de dois filhos. Parece

10


OUTUBRO 2021

ser demasiado para uma mulher tão jovem.

Acredita que a gestão do tempo é

fundamental, não descurando o suporte

familiar. Considera-se uma mulher

de sucesso, na medida em que, tem

vindo a alcançar os objetivos a que se

propôs. Encara o futuro como um desafio

e acima de tudo uma oportunidade

para seguir novos projetos não ligados

à restauração.

Defende que a humildade, a partilha

e a perseverança são fatores decisivos

para quem se lança no seu próprio

negócio. Ser mulher é poder ser tudo o

que se quiser.

que o mundo tem evoluído e o papel

da mulher na sociedade também.

Destacam que, não só é tão inspirador

ver mulheres com cargos de

decisão, em grandes empresas/

serviços públicos, como também é

altamente inspirador ver mulheres

que são mães e que se sujeitam a

qualquer trabalho para conseguirem

sustentar os seus filhos. A grandeza

de uma mulher é inquestionável.

a insegurança que algumas mulheres

apresentam, colocando em causa o seu

potencial, criando, elas próprias, entraves

no seu percurso. Considera que é

imprescindível acreditar e lutar, todos

os dias, por um futuro melhor.

Ana Luísa Oliveira e Sara Oliveira

Telma Encarnação, 19 anos

Jogadora de Futebol

Irmãs gémeas - 27 anos

Agentes da Polícia de Segurança Pública

“Já vimos mulheres mais rápidas que

homens. Já vimos mulheres com mais

resistência que homens. O corpo humano

é complexo. Homens e mulheres nunca

serão iguais.”

Ana Luísa e Sara, contrariam quem ousa

pensar que o sexo feminino é o sexo fraco.

Apesar de nunca terem ambicionado

ter a mesma profissão, percebem hoje,

que não se imaginariam fazer outra coisa.

Numa profissão tendencialmente masculina,

admitem que homens e mulheres,

não são geneticamente iguais, por essa

razão poderão ocorrer episódios menos

agradáveis. O segredo é filtrar. Admitem

Daniela Nunes, 31 anos

Educadora de Infância / Diretora

Pedagógica

“Gostar de crianças não é suficiente

para se querer abraçar esta profissão”

Jovem e independente, Daniela, tinha

como certo, seguir a área de Psicologia

Criminal, porém, o destino trocou-lhe

as voltas e conduziu-lhe à sua verdadeira

vocação, a Educação de Infância.

Desde cedo foi lhe incutida a liberdade

de escolha e a possibilidade de estudar.

Hoje, desempenha funções de

Diretora Pedagógica e Educadora de

Infância. É da opinião que a sociedade

atual está um pouco manchada pela

rivalidade entre as próprias mulheres,

evidenciando-se assim, uma falta de

sororidade. Por outro lado, aponta para

“A minha força é saber que tenho de

marcar golo”

É xavelha a mais recente jogadora do

ano da Liga BPI de futebol feminino.

Goleadora sem igual, Telma, é uma jovem

prodígio que tem o dom para colecionar

golos e vitórias. Uma delas, foi

quando nos seus tenros 17 anos, foi pela

primeira vez chamada à seleção. Esperou

dois anos até marcar o seu primeiro

golo ao serviço da seleção nacional.

Começou a jogar futebol com os amigos

no Bairro onde reside, tendo sido

primeiramente integrada numa equipa

masculina. Atualmente representa

o Clube Sport Marítimo. Tem como

referência o seu conterrâneo Cristiano

Ronaldo, que por coincidência jogam

ambos na mesma posição. Terá

o bairro das “Malvinas” visto nascer

e crescer a próxima “bola de ouro”?

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03 ONTEM,

VIVÊNCIAS

Mulheres Camaralobenses

HOJE E AMANHÃ

Ana Afonso, 38 anos,

Contabilista Certificada

Cristina Henriques, 32 anos

Médica de Medicina Geral e Familiar

mais competitivo, Cristina reconhece

as disparidades salariais que ainda

persistem entre homens e mulheres.

Confidencia que até mesmo na classe

médica essas diferenças acontecem,

sendo as especialidades cirúrgicas dominadas

pelo género masculino. Acredita

na importância da solidariedade

entre as mulheres, só assim será possível

uma evolução sustentada.

“Sou uma mulher de números”

Mulher pragmática e sem rodeios,

para além da sua atividade profissional

como Contabilista Certificada, Ana,

exerce funções como Tesoureira na

Junta de Freguesia de Câmara de Lobos

e na Casa do Povo de Câmara de

Lobos. É também mãe de quatro filhos,

algo pouco comum nos dias que correm.

O segredo passa por ter uma boa retaguarda

a nível de trabalho e de família.

Para si, ser uma mulher independente

significa ter capacidade financeira e

controlo da sua própria vida.

A política surgiu por mero acaso, há

14 anos, estando já há 8 a desempenhar

um cargo político. Considera que

as mulheres de hoje estão cada vez

mais preparadas para assumir cargos

de decisão e de poder, pelo contrário, a

sociedade atual, pode ainda não estar

totalmente preparada para reconhecer

o mérito e o valor que as mulheres têm,

fruto de mentalidades e vivências antigas.

“As pessoas não são definidas pela

profissão que têm, elas são muito mais

que isso”

Cristina nunca assumiu como prioridade,

seguir a carreira de medicina. É assumidamente

uma apaixonada, desde

criança, pelo canto e sabendo das poucas

oportunidades que este meio oferece,

optou por prosseguir os estudos,

formando-se, mais tarde, em medicina

geral e familiar. Foi obrigada a deixar a

sua terra natal em busca do seu futuro.

Hoje sente-se realizada com a profissão

que elegeu, mas não descarta a hipótese,

de um dia, conseguir conciliar

a música com a sua atividade profissional.

Mulher de afetos, encara a sua

profissão como uma forma de cuidar e

proteger o outro. Pela sua posição social,

confessa que acontece, por vezes,

ser tida como inacessível ou superior,

pelo que, cabe a si própria quebrar essa

barreira e mostrar que a profissão que

escolheu não faz a sua personalidade.

Num mercado de trabalho cada vez

Helena Abreu. 53 anos

Bombeira

“Tenho orgulho de ter sido a primeira

mulher Bombeira do Corpo de bombeiros

de Câmara de Lobos e a minha

melhor recompensa foi ter ultrapassado

todos os obstáculos que enfrentei”

O gosto por fardas, fez-lhe, um dia,

sonhar ser bombeira. Helena conseguiu

tornar o seu sonho realidade.

Quando integrou a primeira Escola

para mulheres bombeiras, foi a única

12


OUTUBRO 2021

proveniente da freguesia de Câmara de

Lobos. Fez o seu caminho e durante 12

anos foi a única mulher bombeira da corporação

a que pertence. Ao longo do seu

trajeto, teve que enfrentar muitos desafios

e saber lidar com a pressão. No entanto,

identifica que é fundamental, ser

persistente e assumir um sentido de missão

em prol do bem-estar da comunidade.

A sua missão, enquanto profissional, é

salvar vidas e haveres e isso está bem assente

tanto para homens como para mulheres.

Defende que não existe profissões

masculinas nem femininas, no entanto

considera que as mulheres não estão

ainda em pé de igualdade. Ser bombeira

para si é uma missão de vida, um legado

que deixa à sociedade, baseado no valor

fundamental do querer ajudar o próximo.

As Mulheres de Amanhã

O futuro faz-se do hoje. Serão as

mulheres de hoje, iguais às do amanhã?

Matilde, desde sempre teve um apreço

pelas artes e o interesse pela fotografia

foi despertado por uma máquina fotográfica

antiga do seu pai. Sentiu necessidade

de abrir horizontes e candidatou-se a

um curso de fotografia de uma prestigiada

Universidade nos Estados Unidos da

América e para sua surpresa, foi selecionada.

Foi sempre de sua intenção sair da

ilha em busca de liberdade e de conhecimento

de novas culturas.

Estar num lugar completamente oposto

ao que estava habituada, fez com que

valorizasse o local onde nasceu e cresceu.

Na sua opinião, o homem e a mulher

são iguais, um não existiria sem o outro,

no entanto salienta que ainda continua

enraizado na nossa sociedade certos

preconceitos associados à mulher, sendo

que, a cultura portuguesa tende a beneficiar

o homem em termos profissionais,

políticos e económicos.

Acredita que ter uma perspetiva feminina

em altos cargos políticos, levaria a uma

mudança de prisma na forma como se

rege a sociedade. Matilde é uma mulher

do futuro, daquelas que sabe que pode

ser o que quiser, em qualquer lugar. O

mundo poderá ser pequeno para ela.

Carolina é mais um dos rostos

das mulheres do futuro. Tem um talento

nato pela música, tendo sido aperfeiçoado

através da sua formação no

Conservatório das Artes. No entanto,

para Carolina, era igualmente importante

frequentar um curso superior. Recentemente

terminou a sua licenciatura em

Gestão. Porquê Gestão? Refere que é

uma área que desperta o seu interesse,

para além de considerar ser extremamente

abrangente. Porém, Carolina não

esconde a vontade em singrar no mundo

da música e atualmente integra o grupo

musical “Atlantic Vibes”, um projeto

que com alguma persistência, tem ganho

visibilidade através das atuações em

unidades hoteleiras, festas e eventos diversos.

Revela que se sente uma sortuda

por ser acarinhada na sua terra natal o

que lhe tem permitido crescer no meio.

Defende que hoje em dia veem-se mulheres

com sede de vencer na vida e que

ambicionam mais e melhor, o que é de

louvar a luta, a persistência e a procura

por uma voz. Voz esta, que tem de se

fazer ouvir cada vez mais e mais alto!

“Não desejo que as mulheres tenham

poder sobre os homens mas sobre si

mesmas.”

- Mary Wollstonecraft

Matilde César

19 anos – Estudante

“Fui para um lugar onde as artes são

aceites como um trabalho e não apenas

como um hobbie”

Carolina Silva

21 anos – Estudante/ Cantora

“Dê por onde der espero trabalhar numa

área que faça sentido para mim e que

me faça feliz”

Mulheres mais independentes e

seguras, são as características de

destaque das jovens camaralobenses

de hoje e de amanhã. O acesso

à educação tem sido a chave, fazendo

com que se quebre estigmas

e se ultrapasse a barreira da discriminação.

As onze mulheres camarolobenses

escolhidas, espelham

a autenticidade e versatilidade do

género feminino.

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04

VIVÊNCIAS

A Senhora Presidente

Entrevista por Sónia Freitas

“Solidária com o próximo, empática, havendo sempre mais um lugar

para quem se senta à sua mesa”

Maria da Paixão Rodrigues Figueira, 62 anos, natural do Estreito de Câmara de Lobos, foi por um período, a Senhora Presidente

da Junta de Freguesia de Câmara de Lobos. Atualmente, desempenha funções de Coordenadora Técnica no ISSM,

IP-RAM, no Estabelecimento Bela Vista.

P - Fale-nos um pouco do local onde

nasceu, da sua infância e adolescência,

quais as memórias que lhe

marcam?

R - Nasci no antigo Centro de Saúde

de Câmara de Lobos, numa família

que residia no sítio das Fontes no

Estreito de Câmara de Lobos, Aos 6

anos de idade, fui viver para o sítio

do Pedregal, em Câmara de Lobos,

onde permaneci até aos 20 anos, altura

em que casei.

Foi uma infância muito feliz, com

muitas brincadeiras com os meus

primos e outros miúdos, vizinhos. Na

minha adolescência gostava de desenvolver

trabalhos manuais, bordar

e costurar ponto de cruz e adorava

as reuniões de jovens da paróquia,

onde havia sempre espaço para debate,

temas da atualidade, dançar,

cantar e representação teatral.

P - Que escolas frequentou? Quais

são as suas habilitações?

R - O meu percurso escolar desenrolou-se,

entre a primária, na Escola

do Pedregal, Escola do Garachico, e

Liceu Jaime Moniz, no que respeita

ao ensino secundário. Sou detentora

do 12º ano de escolaridade.

P – Sempre foi uma boa aluna? Que

gostaria de ser quando fosse grande?

R - De uma maneira geral sempre fui

boa aluna, muito participativa nas

aulas, com notas muito boas, tanto

que até ganhei uma bolsa de estudo,

na altura, de 4 mil escudos, por ser

uma das melhores alunas da minha

escola.

Ao concluir o 5º ano do liceu, equivalente

ao 10º ano de hoje, ambicionava

ser enfermeira. Não foi possível

a sua concretização e então continuei

a estudar até ao 12º ano, tendo

surgido a possibilidade de ingressar

na Segurança Social, vínculo que se

mantém até aos dias de hoje.

P - Fale-nos um pouco da sua experiência

como Presidente da Junta de

Freguesia de Câmara de Lobos. Em

que ano ocorreu, porque foi a candidata

escolhida, etc.

R - Desde nova tinha já a minha

ideologia política, era filiada no PSD,

gostava muito de ouvir debates políticos

de vários partidos, mas, a vida

14


OUTUBRO 2021

política surgiu por acaso, a convite

do Senhor Gabriel Ornelas.

No ano 1994 fui candidata cabeça

de lista às eleições pelo PSD, a

Presidente da Junta de Freguesia de

Câmara de Lobos, a convite do Presidente

da Câmara Municipal, Gabriel

Ornelas. Fi-lo no sentido de poder

dar o meu contributo a uma população

que, à época ainda, carecia de

muito apoio, nomeadamente no que

concerne à falta de condições e de

habitação condigna.

“As mulheres autarcas tinham que

trabalhar muito, mas, mesmo muito,

par lhes ser reconhecido o seu

valor.”

P - Causou admiração/estranheza

por parte dos fregueses, ser eleita

uma mulher Presidente?

R - Na altura trabalhava em Câmara

Lobos, na Segurança Social, por essa

razão era conhecida por muita gente.

À partida as pessoas ao votarem em

mim, não causou estranheza porque

ao conhecerem-me já sabiam que

podiam contar comigo para os ajudar

no que fosse preciso, dentro das

nossas possibilidades orçamentais.

P - Durante o seu mandato, que principais

atividades/projetos desenvolveu?

R - O que mais me orgulhou fazer,

sob a tutela da Junta, foram os melhoramentos

em muitas veredas, que

beneficiaram a população que vive

longe do centro de Câmara de Lobos,

que para resolver o seu dia-a-dia,

tinham de percorrer autênticos “caminhos

de cabras” perigosos e sem

varandim. Fizemos um levantamento

do nosso património artístico-religioso,

aliás muito rico e variado, o

reagrupamento de diversos utensílios

que eram utilizados na pesca do

peixe espada preto, bem como a descoberta

de alguns artistas anónimos

que, na privacidade dos seus lares,

desenvolviam uma atividade artística

muito rica e diversificada. A Junta de

Freguesia é o órgão, de poder local,

mais próximo da população, por essa

razão a população recorre a este organismo,

em primeira instância, para

resolver assuntos e muitas vezes ter

o nosso apoio para o seu caso particular.

P- Num meio tendencialmente masculino,

alguma vez sentiu-se intimidada

por ser mulher?

Desde muito cedo sentia que era

uma mulher independente, que não

tinha qualquer receio de aceitar

novos desafios, procurava não dar

importância a palavras ou olhares

marotos, focava-me sempre nos objetivos

a alcançar.

P – Esteve também, por um período,

ligada à Casa do Povo de Câmara de

Lobos, como recorda essa altura?

Como estava a Casa do Povo?

No triénio 1986 a 1989, fui Secretária

do Conselho Fiscal da Casa do Pavo

de Câmara de Lobos. Para além disso,

era próxima do Presidente e da

Secretária da Casa do Povo de Câmara

de Lobos, tendo recebido um

pedido de colaboração mais assídua

na idealização e concretização dos

projetos da Casa do Povo.

À data, as Casas do Povo tinham todas

uma a série de carências, quer

de meios humanos, quer de disponibilidade

financeira, pelo que, funcionavam

com grandes dificuldades

e sobreviviam da carolice de alguns

sócios e voluntários para levar a

cabo a execução de algumas atividades

lúdico desportivos e de formação

profissional que começava a dar os

primeiros passos com dinheiro vindo

da CEE, nomeadamente do Fundo

Social Europeu.

Aceder a cargos de poder e de decisão, ainda é nos dias de hoje, teoricamente mais fácil para os

homens do que para mulheres. Maria da Paixão afirma que as desigualdades entre géneros persistem, continuando

a não ser reconhecidas as suas capacidades, lado a lado com o homem.

Antigamente era comum as mulheres serem caracterizadas como passivas e dependentes de uma

figura masculina, o que lhes prejudicava em termos de progressão profissional. Maria da Paixão é a prova de

que é possível quebrar estereótipos e ideias (pré) concebidas. Para a Senhora Presidente ser honesta e incorruptível

são a base para assumir cargos de liderança.

15


VIVÊNCIAS

05

O Beto da Praia do Vigário

Entrevista por Sónia Freitas

Gilberto José Gonçalves da Silva Lopes, mais

conhecido por Beto, conta já com largos anos

de trabalho na freguesia que o viu nascer, em

Câmara de Lobos. Empresário de profissão, é

pela cozinha que nutre a sua paixão.

P- Fale-nos um pouco do seu percurso, a nível formativo/profissional.

Sempre foi esta a sua escolha

(área da restauração e bar)?

R. O meu percurso formativo é muito simples e prático,

não uma tenho formação especifica. Naquele tempo,

ou seria jogador de futebol ou trabalhava na Mercearia

da minha avó. Foi basicamente nascer e crescer dentro

desta Mercearia, que depois foi da minha mãe e eu fui

evoluindo. Tive desde logo o objetivo de converter num

bar e mais tarde assumi eu a responsabilidade deste

negócio. Assim nasceu o Snack Bar Pandemonium e lá

permaneci por 13 anos. Posteriormente decidi lançar-

-me no ramo da restauração e cá estou há 10 anos.

P – Como se define enquanto pessoa e profissional?

R. Sou calmo, leal e muito profissional, sempre disposto

a trabalhar e sendo empresário, trabalho tanto ou mais

que os meus funcionários.

P - Quando é que se tornou proprietário do Restaurante

Praia do Vigário? É o seu “fundador”?

R. Sou o fundador do Restaurante e abrimos portas em

março de 2012.

P – Porque escolheu a freguesia de Câmara de Lobos

para desenvolver o seu negócio?

R. A minha vida sempre foi aqui, nem coloquei a hipótese

de abrir negócio fora. Esta é a minha terra e o que

mais me motiva é saber que conheço as pessoas e elas

me conhecem. É a minha casa.

P – Que pratos sugere a quem visita o seu restaurante?

Há algum que se mantenha desde a abertura

ou o menu foi alterado desde então?

R. Sugiro sempre o Arroz de Espada, uma especialidade

da nossa casa, bem como a ventrecha de atum e o

16


OUTUBRO 2021

filete de peixe espada, cuja versatilidade, permite que

se vá inovando. A ventrecha de atum e a espada têm se

mantido desde o início, depois fui introduzindo na carta,

outras opções, nunca descorando o peixe e respeitando

a cultura e as raízes de Câmara de Lobos.

P – O arroz de espada é um prato muito apreciado,

tem algum segredo? Como é que o prepara?

R. Acho que não há segredo nenhum, a qualidade do

produto é o mais importante. Portanto, é fritar a espada

à parte e fazer um refogado tradicional, com cebola,

tomate e pimentão e passar, entretanto, é nesse preparado

que é cozido o arroz e quando atinge os 60/70% de

cozedura, adiciona-se a espada previamente frita. Na

verdade, como este é um arroz “malandro”, utilizo o arroz

carolino, sempre da mesma marca, porém, durante

o ano, há oscilações, por vezes coze mais rápido, outras

leva mais tempo. Assumo que o segredo pode estar na

experiência, pois é impressionante as alterações que o

arroz pode ter durante o ano e eu já tenho a capacidade

de perceber qual a duração exata para cada altura.

P – Em tempo de pandemia, foi possível tornar este

negócio rentável? Com que dificuldades se deparou

e que estratégias adquiriu para minimizar estes efeitos?

R. Estivemos fechados durante 2 meses, e durante outros

tantos meses fizemos Take Away. O ano de 2020

foi mais difícil, tendo sido necessário recorrer às minhas

economias no período em que estivemos fechados e

tendo uma equipa pequena, consegui reverter a situação.

Apesar da pandemia e de o negócio ter sido severamente

afetado, acho que estamos no bom caminho.

P – Numa frase, defina o seu restaurante. Porque

deveríamos visitá-lo?

R. Simples, bom e é como comer em casa. Para além do

nosso menu, acho que o restaurante está bem posicionado,

é um restaurante na praia, mas não de praia. Aqui

temos vista privilegiada para o mar aliado à boa comida.

Pronto a Servir!

Um restaurante na praia, mas não de praia, é este o conceito criado por Beto, onde quem o visita,

mergulha na cultura e tradição madeirense. Num espaço à beira-mar criado, é possível juntar-se à mesa e

respirar a maresia, vislumbrar o melhor pôr do sol e degustar a autenticidade dos seus pratos. Espera-lhe o

senhor Beto, que nunca ambicionou ser chef, mas que com toda a sua sabedoria, experiência e dedicação,

tornou-se, distintamente, no Mestre da sua cozinha.

De tão acolhedor e familiar, é natural ouvir-se dizer algures por aí: “Vou

jantar ao Beto”. E você já pensou onde vai jantar hoje?

17


VIVÊNCIAS

06

Um imenso mar

por descobrir...

NAUTICLOBOS

Num ano evidentemente atípico, eis que desembarca

na pérola do atlântico, a Nauticlobos,

uma empresa direcionada para a pesca

lúdica e aos famosos passeios marítimo-turísticos.

Sediada no Concelho de Camara de Lobos, berço

dos seus fundadores, a Nauticlobos tem como

casa a mítica Baía de Camara de Lobos e é a

partir desta, que se lançam, todos os dias, numa

aventura única de descobrir um imenso mar.

Dois amigos e um sonho em comum!

O verdadeiro início remonta ao ano de 2018,

quando dois amigos se juntaram, ocasionalmente

e trocaram ideias sobre os seus sonhos.

Ricardo Ferreira, de 33 anos e Diogo Nunes, de 30

anos, para além da amizade, partilham o mesmo

gosto pelo mar e pela pesca.

Destemidos, como bom xavelha que se preze, remaram,

juntos, num mar revolto e repleto de incertezas,

chegando, mais tarde a bom porto.

Ricardo Ferreira e Diogo Nunes

Porquê escolher a Nauticlobos?

Já diz quem sabe que a ilha da Madeira é um dos

lugares mais apetecíveis do mundo para navegar,

seja pelas suas águas cristalinas ou até mesmo

18


OUTUBRO 2021

Os passeios podem ser realizados com a durabilidade

de meio-dia ou dia inteiro, sendo

possível descobrirem-se alguns recantos e encantos

da costa, nos quais se pode nadar, fazer

snorkeling e apreciar estupendas paisagens.

São passeios diversificados e personalizados a

gosto do cliente.

Já para os amantes da Pesca Desportiva, a

Nauticlobos pensou em tudo! As águas mornas

estrategicamente posicionadas sobre as rotas

migratórias de várias espécies, combinadas com

um clima temperado agradável, são a fórmula

perfeita para a prática desta atividade. A uma

pequena distância de apenas quinze minutos

da costa, encontram-se zonas de pesca onde a

profundidade da água atinge os 1000 metros. A

Nauticlobos oferece uma panóplia de estilos de

pesca, com especial enfâse ao jigging e pesca

de fundo.

Atreva-se a embarcar

nesta viagem!

Contactos

M: Rua Nossa Senhora da

Conceição número 2.

- 9300-089 Câmara de Lobos

E: info@nauticlobos.com

W: www.nauticlobos.com

T: 925 441 644 | 963 533 480

19


VIVÊNCIAS

06

Um imenso mar

por descobrir...

SÃO JOÃO DE DEUS

É na Baía de Câmara de Lobos que podemos encontrar

a tão afamada Embarcação São João de

Deus. Um barco tipicamente xavelha, cuja criação

remonta ao ano de 1936. Tendo sido reconstruída

por diversas vezes, o São João de Deus,

incrivelmente, já alimentou muitas famílias camaralobenses,

uma vez que era destinado à pesca

tradicional do peixe-espada preto e do atum.

Um facto histórico e inédito, sucedeu

quando o São João de Deus, foi representar a

Madeira na Expo’98, fazendo a ligação marítima

desde a cidade do Funchal até Lisboa, conduzida

por Miguel Sá, que entrou no Rio Tejo à vela.

Embarcação São João de Deus - Viagem de Barco

Há cinco anos, Rui Gonçalves idealizou um projeto

pioneiro em Câmara de Lobos, que viria a converter

o barco xavelha, São João de Deus, numa

embarcação Marítimo-Turística.

Atualmente, Rui Gonçalves e Futre Virissimo, são

os atuais proprietários, dando continuidade a

esta atividade. Juntos criaram a sinergia perfeita,

Rui, é o homem do mar, conhecedor da arte e do

engenho de navegar, Futre, por sua vez, privilegia

o contacto com o cliente, antes e durante a

viagem.

20


OUTUBRO 2021

“Os problemas normalmente ficam em terra, não

embarcam connosco!”

Numa embarcação completamente restaurada,

fazendo recordar os antepassados e a essência

do povo camaralobense, é possível usufruir de

passeios turísticos pela costa, bem como serviços

de táxi até à Fajã dos Padres e Calhau da

Lapa, nascer e pôr do sol.

Uma das principais atrações é o sunset a bordo,

onde o cliente tem a possibilidade de desfrutar

do magnífico pôr-do-sol, com opção de mergulho

nas águas puras e límpidas do atlântico. Espera-

-lhe momentos de lazer com a família e amigos,

num ambiente descontraído com as imponentes

paisagens da costa oeste. O São João de Deus,

oferece uma experiência singular, para todos

quantos querem sentir a cultura dos filhos do

mar!

Num cenário quase idílico, o São

João de Deus ajuda-lhe a colecionar

momentos únicos!

Contactos

M: Câmara de Lobos, 9300-130,

Câmara de Lobos (Baía)

T: 964 852 475

Facebook: barcosaojoaodedeus

21


07

Nascido e Criado

Luís Teles

VIVÊNCIAS

Conhecem aquela expressão que nos sai

da boca com tamanho orgulho e sentimento

de pertença, que faz os nossos olhos

brilharem e enchermos o peito e crescermos

dois palmos de altura, enquanto

puxamos pela nossa veia e oralidade xavelha,

e dizemos com toda a firmeza do

mundo: ‘Eu cá sou nascido e criado em

Câmara de Lobos’ ?

Pois bem, se formos aos olhos

da lei, não a posso aplicar em relação à

minha pessoa. Mas, essa impossibilidade

não tem para mim qualquer importância,

uma vez que “o coração tem razões que a

própria razão desconhece”, e que o meu

coração, e com razão, desculpem-me a

22

redundância, sempre escolheu ser e sentir-se

xavelha.

Explico que, embora tenha nascido

em Caracas, Venezuela, e somente

tenha vindo para cá no mês em que fiz 3

anos de idade, em 1988, revivendo o meu

percurso de vida, desde muito novinho,

tenho a consciência de que sempre, de

forma genuína, quis manter-me ligado à

minha terra, e de preferência à minha freguesia.

E esse é um sentimento que não

consigo explicar, mas que sempre, sempre

verbalizei e transmiti de ‘boca cheia’, com

tremenda convicção, certeza e orgulho,

e é algo de tão intrínseco e visceral que

sempre me prendeu à minha ‘terra’, ao

nosso mar e costa, à nossa baía, à nos-

N

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NASCIDO e CRIADO

NASCIDO e CRIADO

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NASCIDO e CRIADO

NASCIDO e CRIADO

NASCIDO e CRIADO

NASCIDO e CRIADO

NASCIDO e CRIADO

NASCIDO e CRIADO

NASCIDO e CRIADO

sa ‘vila’, ao nosso sotaque, à nossa gastronomia, ao

nosso clima e, mais importante, às nossas gentes.

No que diz respeito ao meu lar, onde sempre

quis viver e formar família, onde passo o meu

tempo, onde andei na catequese e na escola até ao

secundário, onde pratiquei desporto, onde calcorreei

todos os cantinhos para nadar e dar mergulhos,

onde frequentei o ATL, onde tenho a minha família

e residência oficial, onde fiz os meus amigos, onde

estou envolvido na vida comunitária, e onde trabalho,

tenho a dizer que esta é a terra a que o meu

coração pertence, e não preciso que a ‘lei’ me diga

o contrário, que eu não o aceito! Eu sinto que ‘Eu cá

sou nascido e criado em Câmara de Lobos’.

Sou alguém contrário ao discurso do coitadinho.

Mas não deixa de ser verdade que enquanto

crescia senti na pele algum tipo de discriminação

por ser de Câmara de Lobos, em virtude de nessa

época sermos uma terra com poucas acessibilidades,

termos baixos recursos sociais e económicos,

e vivenciarmos uma falta de infraestruturas importantes

para a vida em comunidade, para além de

termos um baixíssimo nível de escolaridade. E não

será alheio a tal circunstância, também, o facto de

termos um ‘feitio’ forte, de sermos frontais e genuínos

e de não permitirmos que ninguém nos ofenda

ou fale mal da nossa terra. Sem querer remexer no

passado recente, dou o exemplo da cerca sanitária

que vivenciamos, e quem é de Câmara de Lobos

sabe a que me refiro.

Todavia, atualmente Câmara de Lobos é

uma freguesia em claro crescimento, expansão e

atratividade, quer seja para residir, investir ou passear

e visitar. Isso está à vista de todos, e só não vê

quem não o quer.

OUTUBRO 2021

23

No presente, temos gente cada vez mais

instruída, melhores acessibilidades e uma panóplia

de infraestruturas que servem bem, na sua maioria,

a população. É certo que existe ainda muito trabalho

por fazer, e existirá sempre, pois quereremos

enquanto comunidade, sempre, o melhor e a evolução

para a nossa terra.

Porém, para mim, a maior vitória que conseguimos

enquanto ‘povo’ é a nova cara e roupagem

que a nossa terra e as nossas gentes têm. Esta nova

imagem que construímos, de uma terra apetecível,

com gente formada e educada, de gente de sucesso,

de uma freguesia na ‘moda’, apetecível para viver e

investir, é um fator que nos enche a todos de orgulho

e que nos garante que, enquanto comunidade,

estamos no caminho certo!

Termino a dizer que tenho a sorte

de viver numa freguesia que vai do mar à

serra, do urbano ao rural, dos xavelhas aos

vilhões, da ‘gata/sapata’ às ‘semilhas’, do

vinho seco à poncha, da banana às uvas,

entre outras tantas coisas que fazem de nós

o que somos como comunidade, e que permite

a cada um de nós dizer com orgulho,

quer tenha ou não nascido aqui, que ‘Eu cá

sou nascido e criado em Câmara de Lobos’,

pois não é um papel que define o que somos

e a nossa identidade.


VIVÊNCIAS

08

Saúde Mental

Cláudia Rocha

Médica

A Organização Mundial de Saúde (OMS)

inclui na definição de saúde o estado de bem-estar

mental a par com a componente física e social,

reconhecendo que a saúde mental tem um forte impacto

na sociedade.

Ainda segundo a OMS, não existe uma definição

oficial e definitiva de saúde mental, sendo esta variável

e adaptada ao contexto cultural, familiar e

aos julgamentos/pensamentos subjetivos de cada

pessoa.

A saúde mental baseia-se num equilíbrio

emocional e cognitivo, revelando a resiliência e

os mecanismos adaptativos do indivíduo perante

as diferentes situações, em especial as adversas.

Como tal, quando este equilíbrio não está garantido,

surgem as perturbações mentais, responsáveis

por serem causas frequentes de incapacidade,

morbilidade e morte prematura na sociedade.

Sabe-se que as perturbações mentais

afetam centenas de milhões de pessoas em todo

o mundo, sendo fundamentalmente causadas por

uma interação complexa de múltiplos fatores genéticos,

biológicos, psicológicos e ambientais. De

acordo com alguns estudos nacionais, Portugal

apresenta uma das mais elevadas prevalências de

doenças mentais da Europa e uma percentagem

importante das pessoas com doenças mentais graves

permanece sem acesso a cuidados de saúde

mental.

Parte do problema deve-se também ao tabu

que envolve as perturbações mentais, uma vez que

a maioria da população não está sensibilizada para

estas questões, o que se traduz numa carga evitável

para os pacientes, respetivas famílias e comunidade.

Esta temática está cada vez mais em destaque,

dado o contexto de pandemia à SARS-CoV-2

que atualmente o mundo atravessa. De facto, os

24


OUTUBRO 2021

resultados dos estudos indicam que a situação

pandémica teve um impacto psicológico significativo

na população em geral, com um aumento dos

sintomas moderados a graves de ansiedade, depressão,

isolamento, abuso de álcool e drogas e

stress pós-traumático. Adicionalmente, o aumento

do desemprego e as dificuldades económicas inerentes

à pandemia representam um risco acrescido

para a saúde mental da população.

Quando falamos de saúde mental devemos

reconhecer que, desde cedo, este conceito encontra-se

associado a fenómenos de incompreensão,

preconceito e desinformação. Este estigma social

demonstra uma ideia pré-cocebida e errada sobre

o assunto. O pensamento mais comum é o de que

estes são problemas que só afetam os “outros” e

que as doenças mentais só se manifestam em pessoas

desequilibradas, provenientes de meios problemáticos

ou de um estrato social inferior.

Não raras vezes, o estigma traduz-se numa

desigualdade de oportunidades, prejudicando uma

integração social adequada, influenciando de forma

negativa a possibilidade de reabilitação e impedindo

que estas pessoas sejam capazes de desenvolver

todo o seu potencial.

Assim, percebemos que a saúde mental é

tão importante como a saúde física e que é nosso

dever investir em comportamentos que aumentem

o nosso bem-estar, equilíbrio e harmonia. Enquanto

cidadãos e seres humanos devemos procurar

compreender e aceitar as patologias mentais, no

sentido de reduzir o estigma e pôr fim a comportamentos

erróneos quer com o doente quer com a

sua família.

De facto, numa sociedade em que a informação

e a tecnologia se desenvolvem a um ritmo

tão elevado, falta-nos, muitas vezes, o mesmo discernimento

para compreender o sofrimento, o isolamento,

o silêncio, a vergonha e a exclusão por

que estas pessoas passam.

Em suma, segundo a lei de saúde mental (Lei n.°

36/98 de 24 de Julho), para proteção da saúde mental

deve ser assegurado um conjunto de medidas que favoreça

o equilíbrio psíquico, o desenvolvimento de capacidades

inerentes à personalidade e à promoção da

integração social do indivíduo

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VIVÊNCIAS

09

Porquê? uma pessoa Porque é mais é leve que agora do que o a coração sua carteira?

quem e Porque onde quero é que estar não sem posso ter decidir 40 olhos com

de

20 bocas na porta da casa dos meus pais a e

minha dizer os vida meus viesse precisos no movimentos topo da longa como lista se de a

nomes sinónimo deles? de apoio, Família o suporte não era de uma suposto obra ser

mal raios construída, de sol queimam o vento o pele? num A dia resposta onde os

esta. é não, Agora e sim. duas A realidade pessoas não de momento podem gostar

escrito uma o do valor outro dos sem seus a bens, sua família o número ter de

é

por

Memórias d'Outrora

Namorar Antigamente

História do casal José Manuel e Glória contada pela neta Marta Barros

Querido diário,

Porquê? Porque é que agora o coração de uma pessoa é mais leve do que a sua carteira? Porque é que

não posso decidir com quem e onde quero estar sem ter 40 olhos e 20 bocas na porta da casa dos meus

pais a dizer os meus precisos movimentos como se a minha vida viesse no topo da longa lista de nomes

deles? Família não era suposto ser sinónimo de apoio, o suporte de uma obra mal construída, o vento

num dia onde os raios de sol queimam o pele? A resposta é não, e sim. A realidade de momento é esta.

Agora duas pessoas não podem gostar uma do outro sem a sua família ter por escrito o valor dos seus

bens, o número de terrenos que possuem e se passaram esta fase do teste, o que é pouco provável. O

toque tem de ser inexistente, visitas só ás quintas e domingos com uma multidão no mesmo espaço que

eles. E foi exatamente isto que me aconteceu, só com algumas dobras a acrescentar.

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27

OUTUBRO 2021

Porquê? que agora Porque o coração é

de leve uma do pessoa a sua é mais

teira? Porque é que car-

quem não posso e onde decidir quero com

tar sem ter 40 olhos es-

dedo.

20 bocas na porta da e

dizer casa dos meus meus precisos pais a

via-o passar todos os dias, no autocarro das 17h,

enquanto estava a fazer o trabalho que o homem

movimentos minha vida como viesse se no a

menos de 8 dias.

topo nomes da deles? longa Família

sinónimo não era de suposto apoio, ser

lista de

suporte de uma obra o

mal to num construída, dia onde o ven-

raios de sol queimam os

é o não, pele? e sim. A resposta

lidade de momento A rea-

esta. Agora duas pes- é

Eu não fazia, bordar. Que divertido!

Muitas vezes tinha hora marcada para ir à casa de banho

e aproveitava esse momento para o ver. A minha

mãe começou a desconfiar, mas nunca disse nada.

Pousava-me na varanda mais alta de casa e conseguia

identificá-lo pela mão pendurada no barco terrestre,

era o nosso sinal. Descia pora voltar para a diversão,

mas com um ânimo completamente diferente.

O tempo foi passando e o dia seguinte era igual ao

anterior, até que, finalmente, cansada de nadar num

oceano que não me pertencia, juntei toda a coragem

que tinha para dizer aos meus pais o que já queria ter

dito há algum tempo. É claro que não reagiram como

esperava, mas podia ter sido pior. Engolia as palavras

deles cada vez que via os meus próprios irmãos, sangue

do meu sangue, a atirar pedras, lama e água para a

levada como se estivessem a plantar uma árvore. Uma

pessoa não pode ser plantada, pois não? Pois, foi o que

eu pensei. ïalvez eles frequentassem uma escola onde

aprendiam o manual ao contrário.

Eventualmente, eles tiveram de parar, senõo eles erom

os próximos a levar.

3 de Maio de 19ó8

ïenho tremendas saudades do sentimento de curiosidade

e ansiedade quando escrevíamos cartas. Ia eu lá

buscar um papel e uma caneta e começava a escrever

por baixo dos meus lençóis porque sabia que se o meu

pai descobrisse, o rapaz ainda podia aparecer sem um

Passava por entre caminhos com o meu coração na

mão à espera de ter uma resposta do outro lado, por

trás da pedra. E assim chegamos até hoje, um dia que

muitas anseiam (o momento de se apaixonar), mas eu

nem por isso.Não por falta de vontade, mas por causa

das palavras do meu pai. Espero ter uma resposta em

27


VIVÊNCIAS

10

O que aconteceu

na Casa do Povo

Não parámos! Apesar de o ano de 2021 ter começado a um ritmo mais brando, de uma forma gradual deu-

-se uma retoma das principais atividades que regem a nossa honrosa Associação.

A Direção da Casa do Povo de Câmara de Lobos, procurou promover, apoiar e dinamizar no âmbito sociocultural,

desportivo e ações de formação, que respondessem às necessidades e interesses dos sócios e

da comunidade em geral.

E TEMOS NOVIDADES FRESQUINHAS!!

ALTERAÇÃO DE ESTATUTOS

- Tomaram posse em dezembro de 2020 os Órgãos

Sociais para o triénio 2020-2023:

A nova Direção da Casa do Povo é constituída por

Sérgio de Oliveira, José António Barros, Ana Afonso,

Filipe Freitas e Sónia Freitas;

NOVA SEDE CPCL

Início das obras naquela que será a nova sede da

Casa do Povo de Câmara de Lobos.

Equiparação a IPSS;

- Nova carrinha para apoio das atividades.

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OUTUBRO 2021

FAROL 21

IX FESTA DE SÃO JOÃO

Continuação da atribuição de apoio alimentar às

famílias em situação de pobreza e exclusão social

provocadas pela pandemia.

EVENTOS SOCIOCULTURAIS

- VII Mostra de Trabalhos Manuais

- Missa do Parto

DIA DA CRIANÇA

Edição On-line

( ver e rever em www.naminhaterra.com )

Entrega de lembranças às crianças das Escolas/ Infantários

da Freguesia de Câmara de Lobos.

- Jogos Intergeracionais Avós e Netos;

- Ornamentações de São Pedro;

- Prémio melhor aluno da Escola da Torre;

29


VIVÊNCIAS

ATIVIDADES DE VERÃO

BARCO SÃO JOÃO DE DEUS E PASSEIO CATAMARÃ

E ainda:

- Passeio ao Parque Temático de Santana;

- E sessões de Apoio ao Estudo;

LEVADAS E PASSEIOS

ERASMUS +

No ano 2020 promovemos o Programa ERASMUS + com

o tema 'Every Human Has Rights' (Todos os humanos têm

direitos).

30


OUTUBRO 2021

Desporto

Formação Social

No ano decorrido e no presente ano, continuamos a apadrinhar

a nossas equipas de Atletismo e Futsal, através

de um apoio efetivo nas competições que integram.

ATLETISMO

- Formação Gastronomia Madeirense;

- Formação Patchwork;

- Formação Pintura em Tecido;

- Formação Folha de Cálculo Excel;

- Formação Pintura de Tecido/Vidro/Madeira/Óleo;

FORMAÇÃO DE ARRANJOS FLORAIS

FUTSAL

FORMAÇÃO DE COSTURA

31


VIVÊNCIAS

- Formação Patchwork;

- Formação Pintura em Tecido;

- Formação Folha de Cálculo Excel;

- Formação Pintura de Tecido/Vidro/Madeira/Óleo;

- Oficinas de Saúde;

- Conversas Autárquicas;

- Trabalhos online no período de confinamento;

DISCIPLINAS DIÁRIAS

GASTRONOMIA MADEIRENSE

HASTEAR DA BANDEIRA ECO-ESCOLAS

PINTURA EM TECIDO/ VIDRO/ MADEIRA /ÓLEO

USCL

UNIVERSIDADE SÉNIOR DE CÀMARA DE LOBOS

ENCERRAMENTO DA USCL

No Ano Letivo 2020/2021 os alunos da USCL realizaram as

seguintes atividades:

- Palestras;

- Passeio/Visitas de Estudo;

32


VIVÊNCIAS

OUTUBRO 2021

Foram estabelecidas parcerias de cooperação

com diversas entidades locais e regionais,

das quais se evidencia a Secretaria

Regional da Inclusão e Cidadania, a Secretaria

Regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural,

a Câmara Municipal de Câmara de Lobos, a

Junta de Freguesia de Câmara de Lobos, a ACA-

PORAMA, a Escola Básica e Secundária dos 2º

e 3º ciclos da Torre, entre outras.

DIA DOS AVÓS

Atuações da Tuna Sénior

de Câmara de Lobos

MISSA DO PARTO

ATUAÇÃO NA FESTA DE SÃO JOÃO

E ainda realizaram atuações nas seguintes atividades:

- Conferência - "O papel do associativismo na resposta à

Covid-19";

- E na Festa Alusiva à Vindima no Lar de Câmara de Lobos.

A Casa do Povo de Câmara de Lobos expressa os mais sinceros agradecimentos

aos seus sócios, entidades parceiras, voluntários e demais colaboradores que têm

ao longo dos anos vindo a contribuir para o sucesso destas iniciativas.

33


ERASMUS CONHECER

VIVÊNCIAS

VIAJAR MUNDO Opinião NOVO

EXPERIÊNCIA ÚNICA

que nunca esquecerei, com as quais aprendi muitas coisas: a

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IDUALDADE CULTURA

Se me dissessem, há alguns anos, que um dia eu

iria conhecer vários países e muitas culturas, diria que isso

era um disparate. Embora goste de aventuras e de aprender

coisas novas, nunca sonhei em sair da ilha.

COMUNIDADE ERASMUS

O simples facto de pensar em sair do meu meio

aterrorizava-me. Estar longe da família e amigos? Nem pensar!

E ter que enfrentar o desconhecido, sem saber o que

me espera, além das passagens extremamente caras. Que

nervos! Tudo isto provocava-me ansiedade. Um dia surgiu

uma oportunidade, eu tinha de tomar uma decisão.

Há cerca de 8 anos, ao acaso, encontrei um tesouro

na nossa cidade, o Teatro Metaphora – Associação de Ami-

CONHECER MUNDO NOVO

gos das Artes. Um grupo muito peculiar de amigos que vê o

mundo de outra forma. Participei em algumas atividades, fiz

voluntariado durante muitos anos e fui ficando até hoje.

Desde que cá estou aprendi muito e continuo a

crescer como pessoa e como profissional. Com a Associação

conheci um mundo de oportunidades através do Programa

tenho coordenado diversas atividades na área da juventu-

CULTURA IGUALDADE

Erasmus+. Como representante de uma associação juvenil,

de e desde cedo tenho assistido à transformação pessoal

de muitos jovens, incluindo a minha, ao participar em vários

projetos que organizámos. As ferramentas utilizadas são

EXPERIÊNCIA ÚNICA

baseadas em métodos de educação não-formal, permitindo

uma maior aproximação à realidade envolvente e promovendo

uma maior participação cívica por parte da comunidade.

Assuntos de extrema importância são abordados de forma

lúdica e debatidos entre pessoas que provêm de meios diferentes,

fomentando o espírito crítico e o diálogo intercultural.

Passei por vários países e conheci tantas pessoas

Lídia Canha

Teatro Metaphora – Associação de Amigos das Artes

ser mais humilde, paciente, tolerante e principalmente a ser

grata por tudo o que tenho e a lutar por um mundo melhor.

Lembro-me muito bem da minha primeira viagem, à Letónia,

juntamente com um grupo de madeirenses e duas raparigas

do continente.

Outra experiência que nunca esquecerei, e que me

ajudou a amadurecer, foi ter feito voluntariado durante 6

meses na Ucrânia, em 2016. Trabalhei essencialmente com

adolescentes na área da educação ambiental e nos clubes

europeus. Um mundo completamente distinto do que eu

estava habituada. Agora os projetos de voluntariado estão

abrangidos por outro programa, o Corpo Europeu de Solidariedade.

Ter passado pelo continente africano, nomeadamente

pelo Burkina Faso, Togo e Burundi, alargou os meus

horizontes. Pude testemunhar como as pessoas que lá vivem

lutam diariamente pela sua sobrevivência, têm uma enorme

força e coragem para enfrentar as dificuldades do dia-a-dia,

além de algo que nunca tinha assistido antes: a gratidão das

crianças, apesar do pouco que tinham, ficavam logo satisfeitas

com o que recebiam e nunca pediam mais. Deu-me um

nó na garganta quando vi uma lata de coca-cola ser partilhada

alegremente por cerca de 6 crianças. Raramente encontrava

alguma que soltasse um choro ou fizesse alguma birra.

Troquei impressões com pessoas que dedicam a

sua vida a combater as desigualdades sociais e injustiças e

apercebi-me de que não estava sozinha nesta batalha. Apercebi-me

do quão importante é trabalharmos a nossa atitude,

no sentido de nos tornarmos cidadãos mais responsáveis,

cientes de que as nossas ações influenciam a vida das outras

pessoas, animais e a saúde do nosso planeta.

O Erasmus+ também é isto. É reconhecer o espírito altruísta

que existe dentro de cada um de nós e sermos agentes da

mudança. Não basta reclamar. É preciso fazer!

.LÍDIA CANHA AVENTURA

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OUTUBRO 2021

Espaço Poesia

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O Sino e eu

Por entre pedras e ramos

Caminho docemente

Há uma saudade que sinto

Uma tristeza um desalento

Ao longe um sino ecoa

Também ele soa tristonho

De que te queixas tu afinal

Do frio que não tens

Do vento que não sentes

Da chuva que te não cai...

Oiço um murmurio baixinho...será o

sino...

Talvez o vento...não sei

De que me queixo afinal...

Do frio que não tenho

Do vento que não sinto

Da chuva que não me cai

Sim... choro

Daquele abraço que não sinto

Daquele beijo que não tenho

Daquela saudade cada vez mais perto

Sinto falta da minha gente!

Cristina Reis

Aluna da Universidade Sénior de Câmara de Lobos

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