25.11.2021 Views

Agenda Cultural de Proença-a-Nova - Dezembro 2021

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

abc das personalida<strong>de</strong>s<br />

<strong>Agenda</strong> <strong>Cultural</strong> <strong>de</strong> <strong>Proença</strong>-a-<strong>Nova</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>2021</strong><br />

ÁLVARO CARDOSO<br />

CANALIZADOR DA COMPANHIA DAS ÁGUAS<br />

29 DE SETEMBRO DE 1914 - 7 DE JANEIRO DE 1992<br />

PALHOTA<br />

As duas casas on<strong>de</strong> viveu na<br />

Palhota, marcam o local on<strong>de</strong><br />

estão colocadas as duas placas<br />

que dão nome à travessa com o<br />

seu nome.<br />

Álvaro Cardoso nasceu no dia 29 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1914, na<br />

al<strong>de</strong>ia do Peral, on<strong>de</strong> viveu até mudar-se para Lisboa, no<br />

momento em que foi completar o serviço militar. Em 1937<br />

entra para a Companhia das Águas, como canalizador. No<br />

ano <strong>de</strong> 1942 casa-se com Teresa Tavares, cinco anos mais<br />

velha e natural da Palhota, na Igreja Paroquial <strong>de</strong> São<br />

Pedro do Esteval. A esposa acompanhou constantemente<br />

o seu marido ao longo <strong>de</strong> toda a vida, tendo resultado<br />

<strong>de</strong>ssa união uma filha, Luísa Cardoso, que nasce em 1944,<br />

dois anos <strong>de</strong>pois do casamento, tendo neste momento 77<br />

anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

Álvaro Cardoso trabalhou durante 33 anos, reformando-se<br />

aos 56 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Luísa Cardoso, filha <strong>de</strong> Álvaro, conta<br />

o processo que levou o seu pai a reformar-se tão precocemente:<br />

“trazia várias ferramentas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma mala enorme<br />

que carregava às costas. Levava contadores <strong>de</strong> água,<br />

canos <strong>de</strong> chumbo e chaves, a estrutura óssea <strong>de</strong>le estava<br />

completamente <strong>de</strong>struída”. No trabalho, a postura reticente<br />

e pouco faladora custou-lhe algum sofrimento: “o meu pai<br />

era uma pessoa que falava pouco da vida <strong>de</strong>le e os colegas<br />

não gostavam <strong>de</strong>le por esse motivo. Certo dia o chefe<br />

mandou-lhe fechar a água ao Silva Pais, o diretor da PIDE.<br />

Ele fez o serviço e durante uma semana foi constantemente<br />

torturado. Depois <strong>de</strong> chegar do trabalho, levavam-no para<br />

uma sala e faziam com que não dormisse toda a noite. Na<br />

manhã seguinte iam levá-lo <strong>de</strong> volta a casa para pegar nas<br />

ferramentas e ir trabalhar”, conta Luísa.<br />

“<br />

“em <strong>Proença</strong>-a-<strong>Nova</strong> toda a gente<br />

o conhecia. Ia sempre <strong>de</strong> camioneta<br />

para a feira, comprava frangos todas<br />

as vezes que passava na loja <strong>de</strong> um<br />

senhor chamado Isaías, com quem se<br />

dava muito bem, aproveitava para<br />

ir ao banco e acabava por dar a sua<br />

volta pela vila, cumprimentando<br />

todas as pessoas… passava assim o<br />

dia”<br />

Apesar <strong>de</strong> trabalhar em Lisboa, Álvaro encontrava sempre<br />

escapatória para ir à Palhota, terra da sua esposa, mas<br />

que adotou como sua, na altura da apanha da azeitona,<br />

levando toda a família consigo nesse período. “Íamos diversas<br />

vezes a <strong>Proença</strong>-a-<strong>Nova</strong>, era a terra <strong>de</strong>le, embora<br />

estivesse em Lisboa e conhecesse muito bem a zona”,<br />

frisa Luísa Cardoso. No mesmo ano em que se aposenta,<br />

regressa em <strong>de</strong>finitivo para a Palhota, numa <strong>de</strong>cisão<br />

há muito planeada. “Aos anos que ele tinha metido na<br />

cabeça que ia voltar a casa, o que ele queria era ir para<br />

lá”, assume.<br />

Luísa relembra que a casa <strong>de</strong> Álvaro em Lisboa tinha sempre<br />

as portas abertas para receber os seus conterrâneos<br />

que por um ou outro motivo necessitavam <strong>de</strong> visitar a capital:<br />

“quando as pessoas <strong>de</strong> <strong>Proença</strong>-a-<strong>Nova</strong>, não só da<br />

Palhota, precisavam <strong>de</strong> vir a Lisboa porque tinham consultas<br />

no hospital, pediam casa para dormir e que os guiassem,<br />

porque não conheciam. Por exemplo, um senhor da<br />

Palhota veio trabalhar para a companhia <strong>de</strong> carris, arranjámos<br />

um quarto para visitas e ficou na nossa casa até<br />

se casar… e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> casar a esposa também veio, até<br />

conseguirem casa. Era o ponto <strong>de</strong> abrigo das pessoas que<br />

vinham a Lisboa, sentiam-se bem na casa <strong>de</strong>le, e ainda<br />

“<br />

16

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!