Agenda Cultural de Proença-a-Nova - Janeiro 2022

Agenda Cultural de Proença-a-Nova janeiro 2022
abc das personalidades
ÁLVARO DA CUNHA
Médico na aldeia de Montes da Senhora e
Presidente da Corporação de Bombeiros
Voluntários de Proença-a-Nova entre 1957 e 1958
17 de outubro de 1910 - 21 de fevereiro de 1968
Ao contrário de outras personalidades do nosso
concelho já elencadas no ABC das Personalidades,
Álvaro da Cunha não nasceu no concelho de Proença-a-Nova,
mas sim na freguesia de Rossio ao Sul
do Tejo, em Abrantes, a 17 de outubro de 1910. A
infância de Álvaro é maioritariamente passada em
Abrantes, onde estudou, trabalhou desde cedo e
concluiu o serviço militar.
Em 1938, aos 28 anos de idade, torna-se diplomado
pela Faculdade de Medicina de Lisboa e só por
volta de 1944 começa a relação com a aldeia que
adotou como sendo a ‘terra do coração’ e que não
mais deixou: os Montes da Senhora. Casa-se na
Igreja Paroquial de Montes da Senhora, no ano de
1960, com Maria da Conceição Ribeiro da Cunha,
natural desta mesma aldeia. Da união resultaram
dois filhos: António Manuel Ribeiro Pereira da
Cunha, nascido em 1961, atualmente trabalha na
Ordem dos Médicos em Lisboa, e João Paulo Ribeiro
Pereira da Cunha, que nasce um ano mais tarde,
em 1962, sendo o atual diretor do Agrupamento de
Escolas de Proença-a-Nova. Foi nos Montes da Senhora
onde Álvaro permaneceu praticamente até à
data do seu falecimento, a 21 de fevereiro de 1968.
Uma semana antes da sua morte terá sido vítima
de AVC, tendo sido transportado para a Casa de
Saúde do Dr. Alberto Trindade em Castelo Branco e
posteriormente para o Hospital de Santa Maria em
Lisboa, onde viria a falecer.
Mas quais seriam as razões que levariam Álvaro
da Cunha a deixar a capital do país, onde poderia
exercer a sua profissão nos mais prestigiados hospitais,
para se deslocar para uma aldeia do interior
ainda pouco desenvolvido? A verdade é que foi em
Proença-a-Nova que exerceu a função de médico
depois de ter sido oficialmente inscrito na ordem
dos Médicos. Apesar de inscrito, Álvaro foi proibido
de exercer funções para o Estado, em centros
de saúde ou hospitais, uma vez que as suas ideias
políticas eram contrárias ao regime vigente, de António
de Oliveira Salazar. Esta posição firme contra
o governo valeu-lhe uma vida de semiclandestinidade
à qual teve de se adaptar, desde o momento
em que se licenciou até à data do seu falecimento,
isto é, durante cerca de 30 anos.
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Gratidão dos Montes da Senhora a
Álvaro da Cunha – Médico – 1968
Nos Montes da Senhora encontrou uma forma de se
refugiar à PIDE, onde se confirmou que tinha um processo
e um boletim abertos, que se encontram ainda
arquivados na Torre do Tombo. As ligações políticas
contrárias ao regime confirmaram-se, tendo-se envolvido
ativamente na campanha eleitoral do General
Humberto Delgado à Presidência da República, em
1958. A vinda para Proença-a-Nova ter-se-á também
devido ao facto da sua mãe, Maria de Lurdes Pereira,
viver no concelho, na Rua do Paço, aliada à vontade
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