30.05.2022 Views

Agenda Cultural de junho 2022

Agenda Cultural do Município de Proença-a-Nova referente ao mês de junho de 2022

Agenda Cultural do Município de Proença-a-Nova referente ao mês de junho de 2022

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Agenda</strong> <strong>Cultural</strong> <strong>de</strong> Proença-a-Nova JUNHO <strong>2022</strong><br />

António Farinha Mateus, mas sim <strong>de</strong> outro proprietário<br />

privado, que ce<strong>de</strong>u os recursos <strong>de</strong>ste local para<br />

serem retiradas algumas pedras <strong>de</strong> xisto que vieram<br />

a edificar a casa do Capitão, construída <strong>de</strong> raiz pelos<br />

carpinteiros e pedreiros da al<strong>de</strong>ia. Por esse motivo,<br />

esta pedreira passou a ser conhecida como a “Pedreira<br />

do Capitão”.<br />

A casa tem dois andares e um escritório, no qual se<br />

po<strong>de</strong>m ver fotografias <strong>de</strong> António Farinha Mateus e<br />

familiares. Apesar <strong>de</strong> já ter sofrido algumas remo<strong>de</strong>lações,<br />

o espaço interior mantém-se bastante fiel<br />

ao original, sendo possível ver-se muitos traços <strong>de</strong><br />

ma<strong>de</strong>ira antiga, numa obra realizada pelos trabalhadores<br />

da al<strong>de</strong>ia e população local, que se mobilizaram<br />

para construir aquela que seria a maior casa da<br />

al<strong>de</strong>ia à data.<br />

Quando ainda vivo, a sua casa esteve sempre aberta<br />

aos amigos da al<strong>de</strong>ia e era lá que se encontravam<br />

para jogar às cartas, aquecendo-se nos dias <strong>de</strong> maior<br />

frio na imponente lareira, que se encontra logo à<br />

entrada da casa. Na parte exterior po<strong>de</strong> ainda lerse<br />

uma gravura com a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> “Casa das<br />

Talhas”, por ser também ali on<strong>de</strong> se encontravam<br />

as maiores e melhores “talhas”, que não eram mais<br />

do que vasilhames em cerâmica vidrada, utilizados<br />

para guardar e perseverar o azeite, tão necessário na<br />

alimentação daquela época.<br />

À sua morte, pela ausência <strong>de</strong> filhos, a casa<br />

ficou para a sua sobrinha, Maria do Céu Farinha<br />

Martins da Mata, que <strong>de</strong>la cuidou com carinho, em<br />

conjunto com seu marido, José da Mata, mantendo<br />

a sua traça arquitetónica tradicional. Hoje, por<br />

falecimento da sua sobrinha, a casa pertence à<br />

sobrinha-neta, filha <strong>de</strong>sta, Ana Paula Martins da<br />

Mata Fonseca, e marido, Jorge Gaspar Saraiva da<br />

Fonseca, continuando a sua manutenção a ser<br />

feita.<br />

Virgílio Moreira, local da al<strong>de</strong>ia, refere que <strong>de</strong>vido<br />

à diferença <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, as recordações que tem <strong>de</strong>le<br />

não são muito concretas: “uma lembrança que me<br />

recordo bem é que como ele seria dos poucos que<br />

sabia ler, assinava o jornal ‘O Século’ e como ele<br />

tinha um familiar que vivia ao lado da casa dos<br />

meus pais, raro era o dia em que não vinha trazer o<br />

jornal ao familiar para ele po<strong>de</strong>r ler também”. Além<br />

<strong>de</strong>stas recordações, Virgílio conta ainda uma história<br />

que lhe chegou oralmente através da sobrinha <strong>de</strong><br />

António, Maria do Céu Farinha: “como Oficial e<br />

Militar, tinha uma espada que, certo dia, emprestou<br />

a um colega para a cerimónia <strong>de</strong> investidura, pois<br />

o referido colega tinha sido promovido a oficial.<br />

Como este não tinha espada, pois uma espada<br />

custaria algumas notas, pediu <strong>de</strong> empréstimo a do<br />

Capitão António Farinha Mateus, só que a espada<br />

nunca mais voltou ao seu proprietário”, conta.<br />

Pelo seu percurso <strong>de</strong> vida, o povo das Cimadas<br />

enten<strong>de</strong>u por bem atribuir o seu nome à rua on<strong>de</strong><br />

viveu, numa das principais entradas da povoação e<br />

numa rua com extensão ainda consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong>ntro<br />

da própria al<strong>de</strong>ia.<br />

Este texto foi escrito com o auxílio do local Virgílio<br />

Moreira.<br />

A toponímia não é apenas um instrumento para <strong>de</strong>limitar espaços: é um crivo que ajuda a escolher as personalida<strong>de</strong>s, factos ou tradições<br />

que conquistaram o direito a ser perpetuados e inseridos no quotidiano <strong>de</strong> uma al<strong>de</strong>ia, vila ou cida<strong>de</strong>. No ABC das Personalida<strong>de</strong>s<br />

vamos recuperar as histórias por <strong>de</strong>trás das pessoas que dão nome às ruas do concelho. Partilhe as informações que tiver pelo email<br />

agendacultural@cm-proencanova.pt. Na próxima agenda, o texto será sobre António Fernan<strong>de</strong>s.<br />

13

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!