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Projeto Roots, marketing e gerenciamento de marca cerveja magnifica (1)

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Projeto Roots, marketing e gerenciamento de marca: cerveja

magnifica

Marketing and brand management: magnificent beer

Emanuelle Cristina Costa de Moraes, CEUMA

emanuellecristina0211@gmail.com

Resumo

A cerveja está presente no cotidiano das pessoas desde sua formação enquanto

sociedade, sua produção e consumo se modificaram bastante com o passar dos anos,

principalmente ao considerar vários fatores como industrialização e a própria

globalização, que trouxeram um turbilhão de informações e o estabelecimento de novas

formas de consumo. Assim, ressalta-se o Roots, projeto desenvolvido pela empresa

brasileira Ambev, que traz consigo a criação de cervejas baseadas na cultura local

durante seu processo de produção, instigando a população local para que sinta-se mais

próxima daquele produto e consequentemente alcançando um novo público alvo.

Portanto, este trabalho tem como principal finalidade o desenvolvimento de um estudo a

fim de entender como se deu seu processo de desenvolvimento e inserção no mercado

local e nacional da cerveja Magnifica originalmente criada aqui, no estado do Maranhão

e como ela está diretamente associada ao local de produção através de sua marca e

embalagem.

Palavra-chave: Cultura, Cerveja, Embalagem, Identidade visual

Abstract

Beer has been present in people's daily lives since its formation as a society, its

production and consumption have changed greatly over the years, especially when

considering various factors such as industrialization and globalization itself, which

have brought a whirlwind of information and the establishment of new forms of

consumption. Thus, roots stands out, a project developed by the Brazilian company

Ambev, which brings with it the creation of beers based on local culture during its

production process, instigating the local population to feel closer to that product and

consequently reaching a new target audience. Thus, roots stands out, a project

developed by the Brazilian company Ambev, which brings with it the creation of beers

based on local culture during its production process, instigating the local population to

feel closer to that product and consequently reaching a new target audience.

Keywords: Culture, Beer, Packaging, Visual identity.

Universidade Ceuma | Disciplina Tópicos Integradores. Modelo de artigo. Prof. Pablo Neves


Introdução

O interesse pelo assunto surgiu após o lançamento da cerveja Magnífica no

estado do Maranhão. Neste panorama, foram analisados e discutidos diversos temas que

servem como base para a estrutura do trabalho. O primeiro é sobre cerveja, que é uma

das bebidas mais populares do mundo, acompanhando o homem desde sua formação na

sociedade. Mas antigamente ela tinha uma função diferente: alimentação. Hoje se bebe

socialmente, e ela é vista como um objeto de prazer e relaxamento, ou acompanhamento

junto à comida, tendo uma função totalmente diferenciada da antiguidade, como destaca

Morado (2017).

O autor ainda menciona que seu surgimento é datado há cerca de 10 mil anos

atrás, quando descobriram, por acaso, o processo da fermentação que culminou na

produção em pequena escala das primeiras bebidas alcoólicas já datadas. Mais a frente

sua produção era feita apenas por padeiros, já que os ingredientes principais levavam

leveduras e grãos de cereais, componentes esses que eram essenciais no processo de

panificação. Foi apenas no início do século XII que pequenas fábricas de cerveja

começaram a surgir em cidades da Europa, suas técnicas foram sendo aperfeiçoadas.

Projeto criado pela agência Questtonó Manyone para a empresa brasileira

Ambev. Disponível em: . Acesso em: 05 jun. 2021. e acabou sendo determinante para a

atual qualidade da cerveja que conhecemos atualmente (MORADO, 2017). A história

da cerveja no Brasil se inicia no ano de 1654, onde por meio da Companhia das Índias

Orientais algumas amostras da bebida chegam em terras brasileiras junto aos navegantes

holandeses, que também traziam consigo a receita e todo o equipamento necessário para

prepará-la, como destacado por Morado (2017).

A ideia inicial dessa viagem, de acordo com Santos (2004), era montar a sede da

primeira cervejaria brasileira, mas logo em seguida a cerveja e os holandeses

desapareceram do Brasil, aparecendo a bebida novamente apenas em 1808 junto a

família Real Portuguesa, que trouxe consigo a cerveja para o país. Além disso, a cerveja

sofreu bastante com alguns fortes concorrentes que já predominavam em terras

nacionais, a cachaça e o vinho, até que com o tempo acabou se popularizando e sendo

declarada uma paixão nacional.

Hoje o Brasil é o terceiro maior consumidor de cerveja mundial, além de possuir

a maior produtora de cerveja do mundo, como destaca Yamamoto (2011). Com um

grande mercado consumidor, a quantidade de opções é vasta e possui grande

concorrência em todos os nichos. Como em todo mercado, para ter vantagem é

necessário que a marca se sobressaia sobre as outras, e partindo desse princípio as

cervejas se utilizam dos mais diversos artifícios para chamar atenção do seu público

consumidor. Atrelado à essa produção de cerveja, temos a popularização de produtos

oriundos de uma cultura de massa e discussões acerca da cultura local, que são termos

utilizados para definir pontos diferentes. No que se refere à cultura de massa, Marangon,

Maciel e Santos (2013) discutem que temos a predominância de produção e consumo de

determinados produtos em larga escala, para a maior quantidade de 16 pessoas possível

e com uma produção que não se baseia necessariamente em fatores sociais e culturais,

como são os casos das cervejas mainstream , por exemplo.

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Já a cultura local é o contrário da cultura de massas, Marangon, Maciel e Santos

(2013) versam que uma vez que seus produtos são frutos de formas de pensar diferentes,

principalmente por se basearem em culturas e costumes específicos de uma determinada

região ou grupo social, sendo assim, este trabalho também abordará as questões e

discussões relativas à estas culturas em relação ao estudo de caso específico, o projeto

Roots, desenvolvido pela empresa Ambev. O projeto Roots surgiu como uma iniciativa

para alcançar um novo público alvo e potencializar as possibilidades de consumo, onde

seus principais pilares são o engajamento social, por meio da criação de produtos que se

relacionam intimamente com a cultura e costumes locais e o desenvolvimento da

economia local, através do apoio para a agricultura familiar, onde pequenos produtores

fornecem as matérias primas para produção das cervejas, no caso a mandioca e o caju.

Este tema, portanto, torna-se relevante na busca do entendimento dessas movimentações

mercadológicas e de quais rumos futuramente elas podem trilhar. Investigando as

tendências e atitudes para compreender a atual situação desse mercado.

A cerveja no Brasil

A cerveja chega ao Brasil no século XVII, trazida pelos holandeses. Até esse

momento, a cachaça era a bebida alcoólica mais popular no Brasil Colonial. Além dela,

a elite consumia licores importados da França e vinhos de Portugal (MORADO, 2017).

Em 1654, os holandeses são expulsos do Brasil e a cerveja some do país por cerca de

150 anos, voltando a aparecer em 1808, trazida pela família real portuguesa. Ao tempo

da colônia os portos brasileiros eram fechados aos navios estrangeiros, só tendo sido

abertos quando da chegada da família real portuguesa em 1808. Assim, antes dessa data,

a cerveja consumida no país vinha contrabandeada, para o Recife, para o Rio de Janeiro

e Salvador. (SANTOS, 2004) Morado (2017) cita que as cervejas inglesas dominaram o

mercado brasileiro por anos até que no final do século XIX, o governo quadruplicou os

impostos de importação, o que inviabilizou a comercialização do produto.

Essa movimentação abriu espaço e estimulou o surgimento de cervejarias

nacionais para suprir essa demanda. O autor menciona ainda que a produção de cerveja

no Brasil até o final do século XIX era artesanal e passava por muitas dificuldades,

principalmente relacionadas à falta de insumos, que em sua grande maioria eram

importados. Mas ainda havia um problema maior envolvido no processo fabricação: A

falta de cevada e lúpulo, importados da Alemanha e da Áustria, era contornada com o

uso de outros cereais (arroz, milho, trigo etc.). A maior dificuldade era relacionada à

refrigeração: produzir e conservar cerveja em um país tropical era um enorme desafio, e

as máquinas a vapor para resfriamento da bebida eram raras e caras. (MORADO, 2017).

Em 1888 surgem cervejarias de escala industrial, em São Paulo e no Rio de

Janeiro. Essas cervejarias começaram a produzir marcas até hoje presentes no mercado,

a Antarctica e a Brahma. 24 Ao longo do século XX, outras microcervejarias foram

surgindo e trazendo variedade a um mercado cada vez mais consumidor. Contudo, com

o advento das duas Grandes Guerras, o meio passa por grande escassez de matériaprima,

que em sua quase totalidade era importada. Em 1966 e 1967, surgem a Cerpa

(Cervejaria Paraense) e a Skol, respectivamente, como mostra a imagem a seguir de um

dos primeiros anúncios da época na década de 1970. Quatro anos depois é lançada a

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primeira latinha de cerveja brasileira, feita de folha de flandres: a Skol Pilsen.

(MORADO, 2017).

A partir da década de 1980, a cultura cervejeira no Brasil passa por uma

refrescante transformação, impulsionada pela valorização da cultura da cerveja em 25

todo o mundo. Algumas microcervejarias são abertas no país e choperias renovam o

ambiente do tradicional boteco, ampliando-se as opções de estilos. (MORADO, 2017).

Em 1999, a partir da fusão entre a Companhia Antarctica Paulista (como mostra a

imagem a seguir da primeira matriz da fábrica), e a Companhia Cervejaria Brahma

surge a Ambev. (Companhia de Bebidas das Américas). A criação da Ambev e sua

posterior fusão com a gigante belga Interbrew foram os fatos mais marcantes da história

da cerveja brasileira e mundial das últimas décadas (MORADO, 2017).

PROJETO ROOTS

No mercado varejista brasileiro as cervejarias trabalham em três segmentos para

diferentes públicos, sendo eles: High End, Core e Value. Dentro dessas frentes, no

último relatório da Nielsen Retail, em 2020, foi identificada a presença de mais de 1.400

SKUs registrados no varejo brasileiro, mostrando grande variedade de marcas,

embalagens e estilos de cerveja no mercado. A categoria High End abarca a parcela de

cervejas especiais e cervejas premium, que atualmente possui 18% da fatia de mercado

do consumo de cervejas. Nesse segmento, atuam cervejas de um valor mais elevado,

com rótulos e receitas mais exclusivas, apelando para um consumo focado na

experiência e degustação de diferentes sabores.

Entram nessa categoria marcas como Heineken, Stella Artois, Wäls, Colorado,

Paulaner, Delirium Tremens, Hocus Pocus, Dádiva, entre outras. Na categoria Core,

entram as cervejas de massa, como a própria tradução da palavra já indica "Essencial".

Atualmente esse segmento possui a maior fatia do mercado, com 58% do consumo. As

cervejas da categoria Core são para um consumo massificado, onde o custo-benefício é

fator preponderante na hora da compra. No momento de consumo, pontos como

experiência e degustação não são levados em consideração, e sim a quantidade de

bebida e seu rápido efeito. Nessa categoria entram as marcas de maior presença, por

exemplo: Skol, Brahma, Antarctica, Bohemia, Itaipava, marcas derivadas das

anteriormente citadas, entre outras.

Na categoria Value, entram as cervejas de valor, como a tradução afirma. Esse

segmento possui uma fatia considerável, superando o mercado High End, com 21,9% 6

Nielsen é um instituto de pesquisas de mídia e mercado. Nielsen Retail é sua pesquisa

que traz um panorama sobre o varejo. Não há consenso sobre as categorias. Outros

institutos apontam a existência de uma categoria intermediária, que seria a Core-

Premium, para abarcar cervejas como a Heineken e Stella Artois do consumo. Essas

cervejas são para o consumidor que busca preço, não desenvolvendo algum tipo de

fidelidade com alguma marca em específico. Com poder aquisitivo reduzido, esse

consumidor vai comprar a cerveja do menor preço que encontrar na gôndola.

Nessa categoria, entram as marcas que são estudadas neste trabalho, Magnífica

do Maranhão, Nossa de Pernambuco, Berrió do Piauí, Legítima do Ceará, Esmera do

Goiás dentre outras já presentes no mercado nacional, como por exemplo: Nova Schin,

Lokal, Samba, Kaiser, entre outras.

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Ambev

Criada no ano de 1999, após fusão entre a Companhia Antarctica Paulista e a

Companhia Cervejaria Brahma, nasce a Ambev. A partir dessa fusão, nasce a primeira

multinacional brasileira, que torna-se a terceira maior indústria cervejeira do mundo e a

quinta maior produtora de bebidas do mundo. Posteriormente, no ano de 2004, a

empresa passa por outra fusão, com a belga Interbrew, tornando-se a Inbev. No ano de

2008 a multinacional belgo-brasileira conclui o processo de compra da cervejaria

americana Anheuser-Busch e passa a controlar quase metade do mercado americano de

cervejas. Após a compra, passa a se chamar AB Inbev. A Ambev é subsidiária brasileira

do grupo, e produz 30 marcas de bebidas em 32 cervejarias e 2 maltarias dentro do

território nacional. Distribui mais de 100 rótulos pertencentes ao grupo e está presente

em 19 países com as marcas nacionais. Conta com mais de 35 mil colaboradores

divididos em todo o país.

O Projeto Roots

O projeto surgiu de um experimento de impacto social da Ambev, onde junto

com a consultoria de inovação e design Questtonó Manyone buscaram desenvolver um

novo modelo de negócio para o desenvolvimento de novas cervejas, exclusivas de suas

regiões e que utilizassem matéria prima desse local também. Cervejas do segmento

Value possuem grande presença nos interiores e regiões rurais do país. Trazendo para

uma realidade nordestina, desenvolver marcas nessa estrutura com um ingrediente local

de fácil aquisição era a primeira parte do desafio. Para além do desenvolvimento de

novas marcas para o portfólio da Ambev, essas mesmas deveriam traduzir e agregar

valor à sua região, pois em sua cadeia de produção são envolvidos pequenos produtores

de mandioca e de caju, no caso do Piauí, selecionados em parceria com os governos

estaduais, que fornecem a matéria prima para produção das cervejas.

Para essas novas marcas, um dos desafios foi traduzir todos esses ingredientes e

as famílias envolvidas na cadeia de valor para criar um símbolo cultural que todas

pessoas pudessem se orgulhar. Dentro dessa estrutura, outro ponto essencial era uma

manutenção sustentável desse modelo, desde o fornecimento de matéria prima e

produção até a comunicação das marcas que deveriam conversar completamente com as

regiões. De acordo com o questionário aplicado junto à equipe da Questtonó Manyone,

por meio da sua Head de Comunicação, essas demandas e desafios foram levantados

pela Ambev que junto com a Questtonó foi refinando o formato até chegar no que seria

o projeto final, pronto para execução. O processo de pesquisa para desenvolvimento das

novas marcas envolvia duas etapas, com uma pesquisa de campo em locais de grande

circulação de pessoas, como bares, mercados e praias nas capitais dos estados e em pelo

menos uma cidade do interior.

Para além disso, um grupo de especialistas e/ou acadêmicos da região foram

selecionados para auxiliar a pesquisa nas seguintes áreas: História e Cultura Popular,

Gastronomia, Agricultura, Visual Design e Consumo e Cultura Mainstream. Em

setembro de 2018 é lançado o primeiro rótulo do projeto, a cerveja Nossa de

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Pernambuco. A partir do primeiro projeto exitoso, foi desenvolvido uma estrutura de

processo criativo para guiar os próximos estudos, e com base nisso, cada marca tem seu

processo de pesquisa e exploração criativa, visto que como são regiões diferentes, cada

uma tem suas particularidades que influenciam no desenvolvimento do processo.

Assim como o método de concepção das marcas, o processo de relação com os

estados e os fornecedores também foi desenvolvido no primeiro projeto. Uma estrutura

de trabalho com todos os envolvidos nessas cadeias de valor foi criada e a partir do

desdobramento das novas marcas, a Ambev foi aplicando esse método. O Roots, até o

desenvolvimento deste trabalho, lançou 5 marcas no mercado com esse modelo de

produção e comunicação. As cervejas são vendidas exclusivamente nos seus estados de

lançamento. Cada uma tem sua personalidade, comunicação e ações voltadas para seu

público local.

A marca cerveja magnífica

A Magnífica é uma das 27 marcas de cerveja da Ambev, multinacional belgobrasileira

presente em 19 países. É distribuída, exclusivamente, no Maranhão, e tem

como característica principal o uso, para fabricação, da mandioca produzida na região

do Baixo Parnaíba, interior do Estado. Lançada em dezembro de 2018, com apoio do

governo do Maranhão, a Cerveja, cujo frasco é de 600ml, “foi criada para prestigiar as

raízes do estado do Maranhão e brindar o orgulho de quem é nascido e criado na região”

(AMBEV, 2019). A Magnífica é uma das marcas do Projeto Roots da Ambev,

desenvolvido pela agência de design Questtonó, e que buscou “combinar mindset global

e conhecimento local, traduzindo padrões culturais em oportunidades de negócio”,

tendo como slogan “pensar globalmente, agir localmente” (Questtonó, 2020).

Figura 1 – Identidade Visual da Cerveja Magnífica

Fonte: Página da Magnífica no Facebook, 2019

A Magnífica se apresenta na rede social Instagram como "a Cerveja mais

invocada da Ambev", utilizando, desde o início, expressões populares do Maranhão –

invocado, para o maranhense, significa “irado”. A Cerveja tem como slogan "nascida e

criada no Maranhão" para evidenciar que está no mercado para representar o seu Estado

de origem. O perfil utiliza publicações no feed e nos stories, fazendo destaques para os

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stories informativos ou frutos de interação como ‘‘MagEeu’’, ‘‘wallpapers’’ e ‘‘onde

achar’’.

Figura 2 – Stories publicados na conta da Magnífica no Instagram

Fonte: Página da Magnífica no Instagram, 2019.

A marca constrói o feed com cores que remetem a aspectos da cultura

maranhense e formatos que lembram os azulejos - a capital do Maranhão é conhecida

como "cidade dos azulejos". Outro elemento é o da linguagem dos posts e stories do

Instagram, com gírias e bordões maranhenses como "Ê, sio, bora tomar uma" ou "Ahh

tu gela?"; “As melhores histórias de um bar começam com ‘siô, nem te conto’"; "hoje tu

não vai querer sair de boca".

Figura 3 - Publicações na conta da Magnífica no Instagram

Fonte: Página da Magnífica no Instagram, 2019.

Na análise dos posts da marca no Instagram, identificam-se princípios das

Relações Públicas como planejamento e conhecimento do público, no gerenciamento de

suas redes sociais. As características do público consumidor são expressas na identidade

visual (cultura local) – azulejos, expressões maranhenses.

Notam-se estratégias de Relações Públicas e de Marketing integradas à

comunicação da Magnífica, na construção dos relacionamentos com os públicos

estratégicos da marca e do branding, em cumprimento aos objetivos institucionais e

mercadológicos da marca. Assim, ao interagir com o consumidor nas redes sociais, a

cerveja comunica tanto a marca (Magnífica do Maranhão), como o produto (a Cerveja)

para os seus públicos. O produto – a Magnífica, vendida, inicialmente, a R$3,00

(preço), valor atrativo se comparado a outras marcas de cerveja comercializadas no

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Estado, a praça (o Maranhão) e a promoção da cerveja como um produto típico do

Estado – os 4 Os - revelam os elementos 83 escolhidos pela Ambev para construir a

marca e a comunicação com o consumidor na conquista do seu público. O fato da

bebida ser produzida a partir da mandioca é um diferencial para a marca, gerando

identificação com o público maranhense.

Contudo, cabe observar que esse diferencial em relação às demais marcas de

cerveja pode projetar a Magnífica fora do Maranhão e até do Brasil, em especial porque

o país já tem uma imagem associada a produtos naturais, por conta da Amazônia, o que

o torna exótico e pode ajudar no processo de globalização da Magnífica, além do

linguajar maranhense, que gera curiosidade

Figura 4: Print de vídeo mostrando a junção da cerveja com comidas típicas

Maranhenses

Fonte: Reprodução Vimeo (2019).

Em novembro de 2019, em parceria com o grupo de comédia maranhense Pão

com Ovo, a Magnífica lançou um jogo de celular baseado numa lenda de São Luís. Essa

lenda conta sobre a existência de uma serpente gigante que cresce nas galerias da cidade

e sua cabeça está localizada na Fonte do Ribeirão, localizada no centro histórico da

Capital.

Figura 5: Print em ação do vídeo de divulgação do jogo Corre Siô

Fonte: Reprodução Vimeo (2020).

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O personagem corre pelas ruas de São Luís e coleta tampas, que representam os

pontos do jogo. Em uma das ações de lançamento do jogo, a marca montou uma

classificação dos melhores jogadores e ao fim da semana, o jogador que terminasse na

primeira colocação ganharia uma grade com garrafas de magnífica.

Trabalhando seu lado social, em parceria com o coletivo São Luiz Invisível, a

marca reativou o jogo no período que seria realizado o carnaval de 2021, convidando

seu público fiel a se engajar nessa causa. As tampas da primeira versão do jogo viraram

latinhas, e a cada latinha que o jogador coletasse no jogo a cerveja doaria dez centavos

para os catadores de latinha que sobrevivem disso e não teriam o carnaval para tirar o

sustento.

Figura 6: Print de vídeo de divulgação de ação #CarnavalInvisível

Fonte: Reprodução Vimeo (2021)

O Maranhão possui a segunda maior população autodeclarada preta ou parda do

país, e em mais ação de cunho social, a Magnífica falou sobre racismo com seu 49

público, no dia da consciência negra de 2020, a cerveja lançou a campanha

#ConsciênciaMAgnífica que produziu uma série de 5 episódios do seu podcast,

chamado MagCast, nas plataformas Spotify Music e SoundCloud, como mostra a

imagem a seguir. Nele, a marca selecionava 4 convidados para debater o assunto e

promover essa consciência.

Figura 7: Print de página inicial do podcast MagCast na plataforma SoundCloud.

Fonte: SoundCloud (2021).

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Atualmente, das marcas lançadas no projeto, a magnífica possui o maior e mais

engajado nas redes. Reflexo das ações para envolver e fidelizar esse público que

consome.

Conclusão

A análise da marca da Cerveja Magnífica no Instagram possibilitou observar-se

que a integração das Relações Públicas e do Marketing, entendidas como atividades

realizadas por e para pessoas e considerando-se os objetivos das áreas, é indispensável

para a eficácia do processo de branding no ambiente digital. Nesse sentido, as

organizações têm se adaptado às ferramentas tecnológicas disponíveis, alinhadas a sua

identidade. A presença da marca Magnífica no Instagram é importante para a construção

e gerenciamento da sua identidade, pautando-se em elemento da cultura maranhense,

visto que ela tem ‘‘orgulho de ser nascida e criada no Maranhão’’, e considerando que a

interação e os relacionamentos das empresas com o consumidor nas redes sociais são

crescentes.

A identificação dos usuários com a marca e a participação ativa deles na

divulgação são essenciais para o engajamento da marca no Instagram, uma vez que a

comunicação da Magnífica com o público é, predominantemente, pelas redes sociais.

Tendo em vista a tendência de internacionalização das empresas contemporâneas, e

considerando o posicionamento da Magnífica no mercado, pôde-se inferir dois pontos

acerca das possibilidades de atuação das Relações Públicas Internacionais na projeção e

gestão da marca da Cerveja Magnífica em nível global. Primeiro, levando em conta a

atuação da cervejaria AmBev em 19 países, que o consumo de cerveja é uma prática

mundial e, ainda, as características da cerveja Magnífica, ela pode ser promovida

globalmente, por meio de estratégias de Relações Públicas Internacionais, visando

apresentá-la nos países onde a empresa atua.

A estratégia poderia acontecer por meio de eventos que incluíssem outros

projetos de interação local da AmBev, e não apenas a Magnífica. Segundo, por ser um

produto oriundo do projeto Roots da AmBev, a cerveja Magnífica destaca-se como um

projeto de diálogo entre a empresa e a cultura local dos estados das regiões 84 norte e

nordeste do Brasil. A interação entre "mindset global e interação local" utilizada na

definição de estratégia da Magnífica vai ao encontro das estratégias de Relações

Públicas Internacionais destacadas por Wakefield, que aponta a necessidade de

integração entre o global e o local, para que haja uma boa gestão da área no contexto

internacional.

Nessa perspectiva de globalizar a Magnífica, caberia a integração das áreas de

Marketing e de Relações Públicas Internacionais na investigação dos mercados, bem

como da cultura e contexto das localidades, além da contratação de profissionais ou

empresas de comunicação da região onde a marca quer entrar, para adaptar-se à cultura

local. O que hoje é local (consumo no Maranhão x cultura local) pode tornar-se global,

de modo integrado aos aspectos culturais do país e/ou cidade no qual a Cerveja seria

inserida.

Referências

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