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O Desafio das Apresentações para Cientistas com GPNd (Gagueira Persistente do Neurodesenvolvimento)

Palestrar e criar redes de contatos em congressos científicos pode ser desafiador para pesquisadores com GPNd. Veja como cientistas que possuem a condição lidam com ela e o que eles sugerem a colegas que enfrentam o mesmo desafio.

Palestrar e criar redes de contatos em congressos científicos pode ser desafiador para pesquisadores com GPNd. Veja como cientistas que possuem a condição lidam com ela e o que eles sugerem a colegas que enfrentam o mesmo desafio.

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Trabalho&CARREIRA

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SUA

HISTÓRIA

Experimento na Universidade de Yale em New Haven, Connecticut, analisando o impacto do processamento cognitivo-social na GPNd (Gagueira Persistente do Neurodesenvolvimento).

O DESAFIO DAS

APRESENTAÇÕES

PARA CIENTISTAS

COM GPND

Por Emily Sohn

Palestrar e criar redes de contatos

em congressos científicos

pode ser desafiador para pesquisadores

com GPNd. Veja

como cientistas que possuem a

condição lidam com ela e o que

eles sugerem a colegas que

enfrentam o mesmo desafio.

A

GPNd (Gagueira Persistente do Neurodesenvolvimento)

afeta mais de 70

milhões de pessoas em todo o mundo.

Cerca de 5 a 8% das crianças entre 3 e

13 anos experimentam a condição, que

também é conhecida como transtorno

da fluência da fala com início na infância

(TFFII). Por razões relacionadas ao neurodesenvolvimento,

80% dessas crianças terão o benefício

da remissão espontânea (cura sem tratamento), enquanto

20% delas vão terminar desenvolvendo a

forma crônica ou persistente do distúrbio, resultando

numa prevalência de aproximadamente 1 a 1,6%

na população adulta. Entre as crianças que não se

recuperam naturalmente, algumas ainda podem se

beneficiar com tratamento fonaudiológico. Embora

a GPNd seja a condição mais comum que afeta a fluência

da fala, ela está longe de ser a única causa de

deficiência na fala. A fala também pode ser afetada

por paralisia cerebral, perda auditiva, derrames,

distonias e outros problemas. Cerca de 10% das

pessoas têm um distúrbio da fala. Para os cientistas,

condições como a GPNd podem causar estresse e

ansiedade social suficientes para impedir o desempenho

acadêmico e o sucesso na carreira, diz Shahriar

SheikhBahaei, chefe da Unidade de Sinalização

e Circuitos Neuron-Glia dos Institutos Nacionais de

Saúde dos EUA (NIH), em Bethesda (Maryland).

Tornar as pessoas com GPNd mais visíveis é uma estratégia

fundamental para aumentar as oportunidades

dos cientistas que têm a doença, argumentam

SheikhBahaei e Gerald Maguire, da Universidade

da Califórnia (Riverside), em um artigo de 2020 (S.

SheikhBahaei & G. A. Maguire. Int. J. Clin. Prac. 74,

2020). “Como cientista e clínico que possuem

GPNd, acreditamos que, se quisermos enfrentar essa

condição há muito ignorada, devemos começar

primeiro em nossas comunidades científicas e médicas”,

escreveram eles. “Pedimos aos cientistas e


médicos com GPNd que dêem mais seminários e

conferências e sirvam de modelo para mostrar a outras

pessoas que possuem o mesmo distúrbio que

tornar-se um cientista ou médico não é um objetivo

inacessível para uma pessoa com GPNd”. A Nature

conversou com SheikhBahaei e dois outros pesquisadores

com deficiências de fala sobre suas experiências

em conferências e como os colegas de profissão

poderiam apoiá-los a fim de que se sintam menos

desconfortáveis. Um deles, por causa dos estereótipos

ainda associados à condição, solicitou

anonimato para evitar que a divulgação interferisse

em futuras oportunidades de carreira.

ERIC S. JACKSON

MANTENHA-SE ATENTO E ESCUTE

Eu gaguejo desde os três anos e fiz muita terapia de

fala ao longo de toda infância, mas comigo simplesmente

não funcionou. Depois da faculdade, fui

para a área de finanças. Então, aos 20 e poucos

anos, tive essa experiência incrível em um programa

intensivo de três semanas de terapia intensiva no

American Institute for Stuttering (AIS), em Nova

York. Havia profissionais dedicados a trabalhar os

aspectos cognitivo-comportamentais da GPNd,

além dos aspectos tradicionais de fala, controle motor

e respiração. A terapia que recebi quando criança

se concentrava principalmente nos três últimos

aspectos. Trabalhar a questão cognitivo-comportamental

permitiu que eu me aceitasse mais e entendesse

a GPNd como parte da minha constituição

neurobiológica. O mais útil foi conhecer um monte

de outras pessoas com GPNd. Aprender a falar abertamente

sobre esta condição do neurodesenvolvimento

foi algo que comecei a fazer apenas recentemente.

Tornei-me fonoaudiólogo (terapeuta da fala

e linguagem) com o objetivo de trabalhar com pessoas

que também têm GPNd. Depois de receber minha

habilitação clínica, trabalhei por dois anos como

fonoaudiólogo escolar, atendendo crianças na

pré-escola. Além da GPNd, trabalhei também com

deficiências de aprendizagem baseada em linguagem,

distúrbios de articulação, apraxia, autismo,

síndrome de Tourette e outras condições. Mas percebi

que pesquisadores e médicos não sabiam quase

nada sobre GPNd. É um dos distúrbios sobre os

quais provavelmente menos sabemos no campo da

medicina. Esse foi um dos estímulos que me levaram

a escolher a área para fazer meu doutorado em

2011. Eu estudo os padrões de intermitência contextual

com os quais a GPNd ocorre e os fatores que

influenciam na variabilidade, incluindo as demandas

cognitivas da interação social e a antecipação

dos bloqueios. Como cientista, minha experiência

tem sido bastante positiva na grande maioria das

vezes. Tenho colegas e colaboradores muito bons,

com os quais minha GPNd nunca parece um problema.

Uma coisa que tem sido desafiadora é lidar

com o avanço da compreensão da GPNd como um

distúrbio do neurodesenvolvimento e as consequências

científicas desse avanço. Por exemplo, nos

estudos sobre GPNd, os cientistas referem-se ao

grupo controle como grupo saudável, o que implica

que o grupo de pessoas com GPNd não é saudável, o

que é uma rotulação não muito adequada, pois me

sinto na plenitude de minha saúde. Não acho que as

pessoas estejam intencionalmente tentando rotular

as pessoas com GPNd como doentes, mas isso não

significa que a designação utilizada na metodologia

não possa às vezes soar ofensiva. Nos encontros científicos,

seria muito útil se houvesse alguma maneira

de solicitar um tempo extra de apresentação

quando enviamos resumos de nossas pesquisas para

conferências. Essa medida simples certamente reduziria

a sensação de pressão do tempo durante as

palestras de cientistas com GPNd, o que, por sua

vez, afetaria positivamente as palestras. Meu conselho

para as pessoas que sentem que se beneficiariam

com o tempo extra é: não se ofenda com a oferta,

aceite-a quando houver essa possibilidade. Acho

que algumas pessoas com GPNd podem pensar que

estão incomodando os outros com o tempo mais

longo requerido para as apresentações. Normalizar

a necessidade do tempo extra para cientistas com

GPNd ajudaria de alguma forma as pessoas a se

conscientizarem nas conferências. Para mim, tenho

mais facilidade para falar na frente de grupos, ao

Eric Jackson convive com a GPNd desde os 3 anos. Fez fonoaudiologia durante toda a infância, sem muito sucesso. Hoje ele pesquisa como as demandas

cognitivas da interação social acentuam os sintomas da GPNd ao elevar a necessidade de suporte energético que a glia precisa fornecer aos neurônios.

invés de um a um, por causa da mudança de entonação

que precisamos impor à voz quando falamos

em um palco. Nem sempre foi assim, e eu costumava

ficar petrificado ao falar em público. Em várias

ocasiões, colegas já me disseram de forma bemintencionada

que ficaram impressionados porque

não tive muitos bloqueios durante uma palestra. Há

um lado ruim nesse tipo de observação, porque ela

implica que a gagueira foi o foco principal da apresentação

e não o conteúdo da palestra, e também

que só a fluência é aceitável e que a gagueira é algo a

ser repelido e controlado, o que, como profissionais

da área, não é uma mensagem muito apropriada para

se transmitir. Os bate-papos informais que acontecem

em uma conferência são também uma parte

muito importante desses encontros. Mas quando as

pessoas estão com pressa para ir a outro lugar, pode

ser realmente desafiador para uma pessoa com

GPNd se envolver e obter alguma coisa dessas interações.

Um fator complicador para a pessoa com

GPNd é que, especialmente se houver outras pessoas

ao redor que também estejam participando da

conversa, se você bloquear (ficar preso numa distonia

orolaríngea enquanto tenta iniciar uma palavra)

– especialmente se for um bloqueio silencioso – alguém

pode simplesmente entrar no meio da sua frase

e cortar o que você estava dizendo. Em seguida,

se você tenta terminar o que estava dizendo, fica parecendo

que é você que está interrompendo a fala

do outro. Quando comecei a ir a conferências, eu

achava muito mais difícil conversar. O que me ajudou

muito foi buscar intencionalmente as situações

difíceis. Eu meio que me forcei a me inserir em situações

com o risco de ser quase chato. Mas era isso

que eu tinha que fazer para participar dessas interações.

Se você é uma pessoa com GPNd, uma das reações

mais comuns das pessoas que interagem com

você é essa coisa que chamamos de 'o olhar'. É o

momento em que você gagueja e o interlocutor não

tem certeza do que está acontecendo. As pessoas

meio que semicerram os olhos, e algumas se inclinam

um pouco mais e fazem coisas que talvez pensem

estar ajudando, mas que definitivamente não

ajudam. Isso torna a situação muito mais difícil para

a pessoa com GPNd, porque pode passar a impressão

de que a pessoa pensa que você não é inteligente.

A coisa certa a se fazer em uma situação de bloqueio

na GPNd é apenas esperar que a pessoa diga o

que ela quer dizer. E, honestamente, essa é uma habilidade

de comunicação indispensável para qualquer

pessoa, independentemente de a pessoa ter

GPNd ou não. Basta manter-se atento e escutar.

Eric S. Jackson é diretor do laboratório de variabilidade

contextual da GPNd na Universidade de Nova York.

ANÔNIMO

NÃO SEJA IMPACIENTE

Meu cérebro às vezes decide que não gosta muito de

linguagem e faz uma pausa. Às vezes é apenas por

alguns segundos. Às vezes é por um dia inteiro ou

mais. Às vezes as palavras vêm com facilidade. Outras

vezes, não consigo pronunciar nem mesmo o

meu próprio nome. Minha GPNd é como uma afasia

não-fluente intermitente – quando ela ataca, a única

diferença entre mim e um paciente com afasia

não-fluente clássica é que em mim não é possível

distinguir macroscopicamente no cérebro nenhuma

lesão evidente, apesar de o sintoma primário ser basicamente

o mesmo (a impossibilidade de coordenar

no tempo correto os músculos responsáveis por

produzir fala fluente). É completamente imprevisível.

Se eu fico muito cansado ou estressado, isso pode

acontecer com mais frequência, mas também

tem horas em que minha fala fica mais fluente du-


rante o estresse, quando estou com raiva ou gritando

com alguém. Eu já estava na pós-graduação

quando minha GPNd agravou e meu cérebro decidiu

começar a me mandar regularmente para a

“Terra do Nunca” verbal. Seis anos depois, e após

passar por duas neurocirurgias de estimulação profunda,

virei um cientista acadêmico. No entanto,

apesar do título, quando todos os pedidos de emprego

e estabilidade exigem um seminário, e quase

todos os cargos de pesquisa universitários exigem o

compromisso com uma educação totalmente baseada

em palestras, ter uma disfunção da fala pode ser

muito inconveniente. Eu argumento que o valor e o

prestígio exagerados que a academia coloca em 11

horas ininterruptas de PowerPoint e 15 minutos de

palestras em cada conferência é um desserviço à

nossa comunidade. A multiplicidade e a diversidade

em nossos métodos de comunicação nos níveis superiores

da ciência e da educação podem ser eficazes

para todos nós. As conferências são lugares inerentemente

barulhentos, estressantes e caóticos.

Locais de conferência que amplificam essas características

– lotando salas de exposições, fazendo as

pessoas gritarem sua mensagem umas para as outras

ou geralmente desvalorizando qualquer coisa

que não seja o discurso principal – podem ser desanimadores

para quem tem GPNd. Uma das experiências

mais hilárias e mortificantes foi quando perdi

a voz no segundo minuto de uma palestra de 15 minutos.

Passei 13 minutos horríveis brincando de

adivinhar o fonema e charadas com o público, enquanto

aprendia sobre minha tolerância ao constrangimento.

Ainda mais difíceis foram todas as vezes

que minha deficiência na fala obrigou-me a uma

decisão de última hora de entregar toda a minha

apresentação a um professor para dar em meu nome.

Ao final, quando tentava ao menos responder às

perguntas da audiência a partir do meu assento na

platéia, eu ficava numa situação ainda pior, porque

o foco era só em mim e na minha voz – eu não tinha

mais como recorrer a nenhum dos recursos auxiliares

que eu teria para compensar minha disfunção

linguística, como slides preparados, um quadro

branco para escrever o que eu não conseguisse falar

e nem mesmo uma preparação prévia do público

para lidar com o fato de eu ter GPNd, já que eu havia

delegado a apresentação a uma outra pessoa. Apesar

de toda a dificuldade, tive um monte de experiências

incríveis, especialmente em grandes conferências

internacionais, onde você pode conhecer alguns

cientistas muito interessantes. Há muita ansiedade

social associada à GPNd. As melhores conferências

são aquelas em que encontro um grupo de

pessoas com quem me conecto e com quem posso

compartilhar a experiência caótica desses encontros.

Lembro-me de um congresso em que participei

de uma caminhada programada pelos organizadores

do evento. Durante a caminhada, consegui conversar

longamente sobre estatística e gatos com outro

participante. Conferências que valorizam mais

do que apenas palestras são bem legais. Com isso

quero me referir àquelas que dão suporte de viagem

para apresentadores de pôsteres, não apenas para

os participantes que vão dar palestras. Essas conferências

constroem salas de pôsteres decentes e não

incentivam refeições durante as sessões de pôsteres.

Esse tipo de preocupação dos organizadores indica

aos participantes que eles consideraram e valorizam

as várias formas como as pessoas interagem e comunicam

sua ciência, e que incentivam pesquisadores

de todas as fases de carreira e habilidades para

participar, conhecer e aprender. As acomodações

que me beneficiariam, e talvez também muitos outros

cientistas com GPNd, provavelmente também

beneficiariam muito o público científico em geral,

como fornecer espaços designados mais silenciosos

(com assentos e mesas) onde as pessoas podem se

afastar para ter conversas ou dar aos palestrantes as

informações de contato dos moderadores antes da

conferência. Eu preferiria enviar um e-mail rápido

para um moderador uma semana antes de uma conferência

para informá-lo que um de seus palestrantes

pode perder a voz durante a sessão e para dizer a

ele como reagir e ajudar enquanto o palestrante inicia

um plano de backup. Seria melhor do que rastrear

alguém minutos antes da minha apresentação,

ou pior, perder a voz e ter que explicar o que está

acontecendo usando um letreiro na tela do celular

na frente de outros 50 cientistas. Em uma conferência,

um moderador pode tanto lhe ajudar quanto lhe

O fato de ter GPNd levou Shahriar SheikhBahaei a tornar-se uma pessoa extremamente interessada em neurociência. Hoje ele trabalha no NIH e faz

pesquisas sobre como o funcionamento dos neurônios é influenciado pelos astrócitos, células do cérebro diretamente envolvidas na origem da GPNd.

atrapalhar. Se ele não souber quem você é, a chance

de não conseguir lhe ajudar é grande. Se eu tivesse

que me dar um conselho, seria: “seja paciente consigo

mesmo; tenha paciência com os outros”. Nem

todo mundo já viu todas as formas de fala antes.

Nem todo mundo sabe como reagir, e a reação deles

não é um reflexo sobre você, mas sim sobre aquilo

que ainda ignoram. Mas isso é uma tarefa difícil

quando há uma sala de pessoas que você quer desesperadamente

impressionar esperando para ouvir

o que você fez no ano passado. Eu apenas tento ir às

conferências com um pequeno arsenal de preparativos.

Eu me pergunto, o que vou fazer quando as

coisas inevitavelmente ficarem estranhas? Tenho

um cartão de visita para o momento em que preciso

me afastar, mas quero me reconectar com alguém

mais tarde? Não seria melhor preparar slides do

PowerPoint com áudios pré-gravados por precaução?

Aquela frase pronta na minha cabeça para me

fazer sorrir em vez de me encolher? Eu tento prepará-los

de antemão, não apenas os dados e números.

Ainda estou descobrindo isso, mas estou aprendendo

a me conectar com minha comunidade científica

do jeito que sou e como minha fala me permite.

Anônimo é um biólogo que faz pós-doutorado na Universidade

US West Coast.

SHAHRIAR SHEIKHBAHAEI

PRECISAMOS NOS INCLUIR

Os primeiros 10 anos da minha vida foram durante

a guerra entre o Irã e o Iraque, e eu inicialmente

acreditava que o trauma da guerra havia contribuído

para o desenvolvimento da minha GPNd. Mais

tarde descobri que havia na minha família um histórico

de GPNd, e hoje sabemos que a genética é o

principal componente para o desenvolvimento da

forma persistente do distúrbio. Fui atraído pela neurociência

ainda jovem por causa da minha gagueira

e tive a ideia ingênua de encontrar uma cura. Na faculdade

de medicina no Irã, percebi que precisava

de uma experiência mais ampla para ter o impacto

que eu realmente queria, então emigrei para os

EUA. Não ser capaz de falar fluentemente é uma luta.

Você sabe o que quer dizer, mas não consegue

dizer. Eu sofri muito bullying quando criança. Eu

era visto como lento, academicamente atrasado e

preguiçoso por alguns de meus professores. Inglês

não é minha primeira língua e, quando emigrei,

lembro que perdi pontos nas provas porque não sabia

o significado de palavras comuns. As pessoas bilíngues

gaguejam mais na língua que não é sua primeira

língua, e isso é verdade para mim. Quando

comecei meus estudos nos EUA em 2006, não me

sentia à vontade para dar uma palestra em conferências.

Apresentava apenas pôsteres. Tive a sorte

de ter um grande mentor durante meu doutorado

na University College London e no programa de

doutorado conjunto do Instituto Nacional de Saúde

Mental dos EUA em neurociência. O médico e cientista

clínico Gerald Maguire também tem GPNd e

fazia apresentações regulares. Ele me indicou para

dar uma palestra sobre meus estudos no NIH em

2016, e eles me selecionaram como um dos poucos

palestrantes. Depois disso, ele passou muitos dias

comigo nos fins de semana. Nós preparamos minha

palestra juntos, e ele lentamente aumentou o tamanho

da audiência para mim. Quando a palestra veio,

a audiência foi fantástica. Eles fizeram perguntas.

Esse era meu principal medo: e se as pessoas pensarem

que fazer perguntas me deixaria, como um orador

com GPNd, desconfortável? Dei mais uma palestra

no exterior e ganhei um prêmio de melhor

apresentação oral. Essas primeiras experiências durante

meu doutorado moldaram meu interesse em

me envolver dentro da minha comunidade. Encontrei

minha voz. Quando dou uma palestra, geralmente

gaguejo mais no começo. À medida que vou

conhecendo o público, fico mais fluente. Pessoas

com GPNd podem ser bons comunicadores. Pode

demorar um pouco mais para darmos a mensagem,

então acho que ser flexível com o tempo ajudaria.

Outra coisa que pode ajudar seria os organizadores

da conferência convidarem mais pessoas com GPNd

para fazer apresentações. Encorajo fortemente pessoas

com GPNd a dar palestras: essas apresentações

podem encorajar outras pessoas com GPNd a buscar

ciências, para que possamos aprender mais sobre

esse transtorno. Isso diminuirá o estigma e tornará

mais fácil para nós e para a próxima geração.

Shahriar SheikhBahaei é pesquisador independente

e diretor da Unidade de Sinalização e Circuitos Neuron-

Glia do Instituto Nacional de Doenças Neurológicas do

NIH, Bethesda, Maryland.

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