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Atlas - Cortez Editora - Desigualdade no Brasil

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ATLAS DA EXCLUSÃO SOCIAL NO BRASIL

1.1. EXCLUSÃO SOCIAL COMO PROCESSO

DO DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA

Com a formação dos Estados nacionais, o desenvolvimento capitalista tomou

forma estruturada em busca da maior eficiência econômica em associação

com as possibilidades de elevação do padrão de bem-estar do conjunto

da população. Mas isso não significou a existência de uma única e

universal via para o desenvolvimento capitalista.

Cada trajetória de desenvolvimento terminou por estabelecer indissociáveis

relações de causalidade entre as estruturas e as dinâmicas sociais próprias.

Assim, a capacidade de geração, apropriação e utilização do excedente econômico

expressou o regime de classes sociais e de competição intercapitalista.

Coube ao Estado, contudo, o meio civilizatório pelo qual o processo

de acumulação capitalista foi – em maior ou menor medida – subordinado

aos interesses do conjunto da população em cada nação. Por conta disso,

a exclusão social como característica intrínseca do desenvolvimento capitalista

se manifestou diferenciadamente em cada formação e evolução de

sociedade.

Os condicionantes do processo de acumulação capitalista em cada formação

social estabeleceram os limites políticos pelos quais a esfera econômica

da geração do excedente registrou o grau de autonomia relativa do projeto

nacional de desenvolvimento. Em síntese, as circunstâncias em que a sociedade

demonstrou capacidade de controlar o seu processo de mudança social.

Para um país de desenvolvimento capitalista dependente como o Brasil

e de passado colonial, as características da exclusão social se diferenciaram

daquelas manifestas em economias capitalistas de passado feudal, como as

da Europa Ocidental. Isso porque a passagem das antigas sociedades agrárias

(colônias, escravistas, feudais) para urbano e industrial dependeu fortemente

da natureza política das revoluções burguesas realizadas.

Em países de revolução burguesa liberal, como Inglaterra, França e

Estados Unidos, a capacidade de controle do processo de mudança social

foi maior. Nas experiências de revoluções burguesas conservadoras, como

aquelas de via prussiana identificadas na Alemanha, o controle do processo

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