demonumentaRA | Publicação OnLine
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DE RA
1
2
DE RA
3
Correalização
Apoio
Realização
4
Como identificar os monumentos?
Os monumentos disponíveis para serem acessados e experienciados em
realidade aumentada estão agrupados em torno de três datas:
1922 1954 1972
5
Centenário da Independência
e Semana de Arte Moderna
IV Centenário da
Cidade de São Paulo
Sesquicentenário da
Independência
Cada uma das datas foi trabalhada como disparadora de uma constelação de significados,
historicamente construídos e que refletem leituras e apropriações desses momentos por diferentes
instâncias de poder. Oriente-se pelas placas de sinalização para situar-se em relação aos monumentos
e suas narrativas.
OBELISCO DO PIQUES
E LARGO DA MEMÓRIA
Qual memória?
O local hoje conhecido como Largo da Memória foi até o século
XIX o Largo do Piques. Antiga porta de entrada da cidade,
era o lugar onde os tropeiros paravam para dar água aos seus
animais. Ficava ali também um mercado de escravos.
6
Em 1814, o Largo recebeu o primeiro monumento da cidade
de São Paulo: um obelisco com chafariz, dedicado “à memória
do zelo do bem público”, servindo como reservatório da água
vinda do Tanque Reúno, atual praça da Bandeira, formado
pelo represamento do córrego Saracura. Em 1919, o Largo
da Memória passou por uma reforma, que integrava as obras
comemorativas do Centenário da Independência.
Com projeto do arquiteto Victor Dubugras, ganhou um pórtico
decorado com um painel de azulejos, de autoria de José
Wasth Rodrigues (1891-1957), em que se retrata o Antigo
Piques.
1922 1954 1972
7
autores
inauguração
material
localização
Vicente Gomes Pereira (s.d.)
Daniel Pedro Muller (1785-1841)
Victor Dubugras (1868-1933)
José Wasth Rodrigues (1891-1957)
1814 (obelisco), 1922 (Largo da Memória)
granito, bronze, alvenaria de pedras e azulejos
Largo da Memória
República, Zona Central
N
8
0 10 20
50m
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Isis Kanashiro Soares
Thais Montanari
Luís Felipe Abbud
Beatriz Barbosa de Lima
David Atalla Aly
audioguia
9
CASA DO GRITO
A “casa do quadro” que não era a do quadro
10
Em 1969 o jornal O Estado de São Paulo convidou seus leitores a
visitar a Casa do Grito, descrevendo-a como aquela que aparece
no “conhecido quadro que retrata a cena da Independência”. A
modesta construção foi habitada por diferentes proprietários e
seu documento mais antigo data de 1844, 22 anos depois do
mítico grito de Dom Pedro I às margens do Ipiranga.
Desapropriada pelo poder público em 1936, a casa ficou
abandonada até 1955, quando foi feito seu primeiro restauro
inspirado pelas movimentações do IV Centenário da Cidade de
São Paulo. Entre as alterações, foi criada uma pequena janela
na fachada a fim de associá-la à representação do quadro
Independência ou Morte (1888), do pintor Pedro Américo
(1843-1905).
Em outro restauro, quase 30 anos depois, a janela foi retirada
e seu programa como patrimônio passou a ser direcionado à
ênfase na técnica construtiva da taipa de mão.
1922 1954 1972
11
construtor
Desconhecido
inauguração ca. 1844
material
localização
taipa de mão (pau a pique)
Parque da Independência
Ipiranga, Zona Leste
N
12
0 2 5
10m
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Isis Kanashiro Soares
Luisa Rodrigues
Guilherme Françoso
João Generoso Gonzales
audioguia
13
MONUMENTO À INDEPENDÊNCIA
A construção de uma narrativa
14
O monumento tem Dom Pedro I como personagem principal,
além de 30 figuras que influenciaram a Independência. Ocupa
uma área de 1.600 m² e tem 12 metros de altura. O granito
cinza e parte das peças de bronze vieram da Itália. O restante foi
feito na Vila Prudente, em São Paulo, em uma fundição montada
pelo escultor Ettore Ximenes. A obra foi inaugurada inacabada
em 7 de setembro de 1922 e custou o dobro do previsto, sendo
concluída em 1926, ano da morte de seu autor.
O monumento inclui uma cripta no seu interior, onde hoje
repousam os restos mortais de Dom Pedro I, trasladados para
o Brasil em 1972, e das Imperatrizes Maria Leopoldina de
Áustria e Dona Amélia Beauharnais. Monumento de destaque
nas comemorações do Centenário e do Sesquicentenário da
Independência, durante a ditadura, seu caráter militar e religioso
perdeu, com o tempo, notoriedade em relação à escala da cidade
de São Paulo.
1922 1954 1972
15
autor Ettore Ximenes (1855-1926)
inauguração 1922
material
localização
bronze, granito e concreto
Parque da Independência
Ipiranga, Zona Leste
N
16
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Giovanna Fluminhan
Paula Janovitch
Guilherme Françoso
Gabriel Paraizo Santos
Roberta Kimberly dos Santos
Rodrigo Simões do Amaral
Rogério Alves Rosa Junior
Victor Rosa Gouveia
0 10 20
50m
audioguia
17
MONUMENTO A CARLOS GOMES
Sinfonia em bronze no Anhangabaú
18
Localizado na esplanada do Teatro Municipal, o monumento a
Carlos Gomes é um conjunto escultórico que se une à escadaria
da Praça Ramos e à Fonte dos Desejos. A obra, em homenagem
ao compositor Antonio Carlos Gomes, fez parte da profusão de
obras instaladas na cidade para as comemorações do Centenário
da Independência do país. Inaugurado em 12 de outubro de
1922, é circundado por personagens de suas mais importantes
óperas. Entre estas, chama-se a atenção para O Guarany (1870),
que Gomes adaptou do romance de José de Alencar.
O monumento foi parcialmente financiado pela colônia italiana
em São Paulo, incluindo personalidades como Francisco
Matarazzo. Carlos Gomes também foi o primeiro brasileiro a
ter suas obras apresentadas no Teatro alla Scala, em Milão. Essa
forte relação do compositor com o país motivou o interesse da
comunidade italiana paulista em homenageá-lo.
1922 1954 1972
19
autor Luigi Brizzolara (1868-1937)
inauguração 1922
material
localização
bronze, mármore e granito
Praça Ramos de Azevedo
República, Zona Central
N
20
pesquisa
roteiro
locução
modelo3D
Karen Martini
Marina Brandão
Karen Martini
Karen Martini
Guilherme Françoso
Paula Janovitch
João Generoso Gonzales
Laura Sayuri de Haro
0 5 10
20m
audioguia
21
MONUMENTO A OLAVO BILAC
Um monumento fragmentado por toda a cidade
O Monumento a Olavo Bilac foi inaugurado no dia 7 de setembro,
na comemoração do I Centenário da Independência em 1922,
no Belvedere da Avenida Paulista. Em 1937 o monumento foi
desmontado para dar lugar a obras viárias, com a promessa de
que seria reinstalado em outro lugar.
22
Seus fragmentos foram, contudo, dispersos em depósitos de
monumentos e algumas partes reimplantadas pela cidade. O
Beijo Eterno foi para a Faculdade de Direito do Largo de São
Francisco, depois de ocupar três outros pontos da cidade. O
Caçador de Esmeraldas encontra-se na Escola Estadual Fernão
Paes; Pátria e Família, no Tatuapé. Já o busto de Olavo Bilac
está no II Comando Militar do Sudeste; e a Tarde, no Parque
da Independência. O Escoteiro encontra-se no Centro Esportivo
Tietê, depois de vagar por depósitos diversos.
Os fragmentos Pátria e a Via Láctea permanecem até hoje no
depósito de monumentos do Departamento do Patrimônio
Histórico de São Paulo.
1922 1954 1972
23
autor William Zadig (1884-1952)
inauguração 1922 (desinstalado em 1936)
material
localização
bronze
Praça Marechal Cordeiro de Farias
Higienópolis, Zona Central
N
24
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Karen Martini
Karen Martini
Karen Martini
Isabela Leite
Paula Janovitch
Guilherme Françoso
Beatriz Barbosa de Lima
David Atalla Aly
Laura Sayuri de Haro
Nathan Lavansdoski
Roberta Kimberly dos Santos
Rodrigo Simões do Amaral
0 1 2
5m
audioguia
25
FONTE E CHAFARIZ DO
PARQUE DA INDEPENDÊNCIA
Nascimento e renascimento em um século
26
A fonte e os chafarizes do Parque da Independência são parte
do complexo arquitetônico-paisagístico inaugurado no ano
de 1922. Encomendados no contexto das comemorações
do Centenário da Independência, foram projetados pelo
engenheiro e urbanista Francisco Prestes Maia em escala e
estilo monumentais. Para a implantação do projeto, Maia propôs
o rebaixamento do terreno do jardim em 14 metros, a fim de
evidenciar a colina onde está implantado o Museu. Os tanques
foram ladeados por arbustos no estilo dos jardins franceses
de Versalhes e os materiais utilizados variaram entre granito e
fulget.
Em 1972, no contexto do Sesquicentenário da Independência,
o conjunto voltou à agenda do poder público e passou por
diversas alterações em relação ao projeto original. Em 2004,
em homenagem aos 450 anos da Cidade de São Paulo, foi
reinaugurado, e passou por novo restauro para integrar-se
ao complexo paisagístico do Novo Museu do Ipiranga da USP
(2022).
1922 1954 1972
27
autor
inauguração 1922
material
localização
Prestes Maia
fulget e granito
Parque da Independência
Ipiranga, Zona Leste
N
28
0 10 20
50m
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Bruna Bacetti Sousa
Paula Janovitch
Luis Xavier da Cunha
João Generoso Gonzales
audioguia
29
GLÓRIA IMORTAL
AOS FUNDADORES DE SÃO PAULO
Glória a quais fundadores, afinal?
30
Glória Imortal aos Fundadores de São Paulo foi o primeiro
monumento da República em São Paulo, objeto de um concurso
realizado em 1909, vencido por Amadeo Zani. O monumento foi
concebido como marco urbano, fixando uma narrativa sobre o
povoamento da cidade, e também como uma homenagem aos
jesuítas fundadores.
A comissão responsável pelo concurso, formada por
importantes figuras políticas da época, já direcionava no edital
a versão dos fatos históricos que deveria ser materializada na
obra. As representações do Padre José de Anchieta e outros
jesuítas emergem aí como centrais, assim como a subjugação
da população indígena e a “vocação” paulistana para o trabalho.
A obra foi inaugurada apenas em 1925 e teve sua construção
alavancada pelas reformas urbanas que acompanharam as
comemorações do primeiro centenário da Independência.
1922 1954 1972
31
autor Amadeo Zani (1869-1944)
inauguração 1925
material
localização
bronze e granito
Pátio do Colégio
Sé, Centro Histórico
N
32
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Bruna Bacetti Sousa
Giselle Beiguelman
Paula Janovitch
Paula Janovitch
Beatriz Barbosa de Lima
David Atalla Aly
João Generoso Gonzales
Laura Sayuri de Haro
Nathan Lavansdoski
0 5 10
20m
audioguia
33
FONTE MONUMENTAL
As lagostas, a latrina e a “joia da cidade”
34
A Fonte Monumental, localizada na Praça Júlio Mesquita, é de
autoria da escultora Nicolina Vaz de Assis Pinto do Couto. Este
foi o primeiro monumento criado por uma mulher a ser instalado
no espaço público de São Paulo. Encomendada pela prefeitura
em 1913, para ser implantada na frente da Catedral da Sé, a
fonte só foi terminada 14 anos depois, sem a participação da
autora.
Suas lagostas constituem parte importante da memória afetiva
associada à Fonte, porém são alvo recorrente de roubos. A
frequência desses roubos levou a prefeitura a cercá-la nos anos
1980 e fazer, nos anos 2000, réplicas em resina, enviando as
poucas lagostas originais para o depósito de monumentos de
São Paulo.
Convertida em urinol público, a Fonte passou em 2010 por
obras de restauro no monumento, finalizadas em 2013, com
a instalação de chapas de vidro temperado em seu entorno.
Atualmente, está mais uma vez em obras.
1922 1954 1972
35
autora Nicolina Vaz de Assis P. do Couto (1874-1941)
inauguração 1927
material
localização
mármore carrara e bronze
Praça Júlio Mesquita
Santa Ifigênia, Zona Central
N
36
0 1 2
5m
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Marina Brandão
Karen Martini
Karen Martini
Laura Sayuri de Haro
audioguia
37
HERMA DE LUIZ GAMA
A luta por um monumento negro
38
A herma de Luiz Gama, presente no Largo do Arouche desde
1931, foi a primeira homenagem a uma pessoa negra a ser
instalada no espaço público de São Paulo. Concebida por
Yolando Mallozzi, a escultura em bronze sobre um pedestal de
1,5m de altura é um importante marco histórico da luta dos
movimentos sociais negros.
A campanha para arrecadação de recursos para a construção
do monumento foi liderada pela imprensa negra paulistana.
Foram muitas as dificuldades enfrentadas até que a herma de
Luiz Gama fosse finalizada; desde adiamentos até intervenções
no projeto e negligências do poder público.
A obra, programada para ser inaugurada em junho de 1930, no
centenário de nascimento do advogado, só viria a ser disposta
no Largo do Arouche um ano e meio depois.
1922 1954 1972
39
autor Yolando Mallozzi (1901-1968)
inauguração 1931
material
localização
bronze e granito
Largo do Arouche
República, Zona Central
N
40
0 1 2 5m
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Isis Kanashiro Soares
Thais Montanari
Guilherme Bretas
Marco Christini
audioguia
41
MONUMENTO A ANHANGUERA
Herói ou algoz?
42
Monumento encomendado para as comemorações do Centenário
da Independência, o Anhanguera é uma obra do artista italiano
Luigi Brizzolara (1868-1931). Foi inaugurado em 1924, no
jardim do Palácio dos Campos Elíseos, então sede do governo
do Estado de São Paulo. Na década de 1930 foi transferido para
a Avenida Rio Branco e em 1935, finalmente, chegou à Avenida
Paulista, onde está atualmente.
Além de ser homenageado neste monumento, Anhanguera é
nome de uma importante estrada estadual e nomeia instituições
educativas, apesar dos questionamentos de diferentes
movimentos sociais e lideranças indígenas sobre a consagração
do heroísmo bandeirante como símbolo paulista.
1922 1954 1972
43
autor Luigi Brizzolara (1868-1937)
inauguração 1924
material
localização
mármore
Parque Tenente Siqueira Campos, Avenida Paulista
Jardim Paulista, Zona Oeste
N
44
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Isabela Leite
Isabela Leite
Isabela Leite
Laura Sayuri de Haro
0 1 2 5m
audioguia
45
ÍNDIO CAÇADOR
O indígena que ficou fora da República
O Índio Caçador, esculpido por João Batista Ferri, é um dos
doze monumentos da Praça da República. Destes monumentos,
sete são bustos de personalidades e três representam figuras
humanas imaginárias.
46
Atentando aos detalhes da obra, pode-se perceber que a direção
para onde olha e suas sobrancelhas franzidas contrastam com
uma cena de caça. Seu olhar, direcionado para a praça mais
republicana de São Paulo, revela o lugar marginal a que foram
relegados os povos indígenas na história do Brasil.
1922 1954 1972
47
autor João Batista Ferri (1896-1978)
inauguração 1940
material
localização
bronze e granito
Avenida Vieira de Carvalho
República, Zona Central
N
48
0 1 2 5m
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Giovanna Fluminhan
Luisa Rodrigues
Luisa Rodrigues
Laura Sayuri de Haro
audioguia
49
DEPOIS DO BANHO
A travesti do Largo do Arouche
50
Depois do Banho é uma obra do escultor Victor Brecheret,
instalada no Largo do Arouche nos anos 1940. Representa
uma mulher genérica, em um momento de intimidade, exposto
em um espaço público. Até 2020, apenas 45, dos cerca de
370 monumentos da cidade, retratavam mulheres. Apesar
das novas implantações de monumentos feitas pela prefeitura
nos últimos dois anos estimularem homenagens a mulheres e
negros com fortes ligações na cidade, estima-se que somente
oito representam mulheres reais e levam seus nomes.
Sua localização no Largo do Arouche fez com que novos
significados fossem a ela vinculados. Lançamentos imobiliários
e propagandas de restaurantes buscam associar a estátua a
movimentos LGBTQIA+, para os quais a grande dimensão de
suas mãos e pés, junto ao maxilar demarcado, colocam outra
leitura em jogo. Poderia a escultura representar uma mulher
transexual?
1922 1954 1972
51
autor Victor Brecheret (1894-1955)
inauguração 1941
material
localização
bronze e granito
Largo do Arouche
República, Zona Central
N
52
0 1 2 5m
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Karen Martini
Karen Martini
Karen Martini
Luís Felipe Abbud
Victor Rosa Gouveia
audioguia
53
MONUMENTO ÀS BANDEIRAS
Um monumento em movimento
54
O Monumento às Bandeiras foi proposto por Victor Brecheret,
em 1920, em resposta a um concurso público em comemoração
ao centenário da Independência do Brasil. Brecheret não venceu
o concurso, mas em 1936 o projeto foi retomado, decidindo-se
que seria implantado na entrada do futuro Parque Ibirapuera.
Além disso, a escultura apontaria a noroeste, sentido da marcha
bandeirante.
A obra foi inaugurada em 1953 para as festividades do IV
Centenário da Cidade de São Paulo, e, por décadas, teve uma
imagem positiva na opinião pública. Nos últimos anos, no
entanto, a imagem do bandeirante desbravador e unificador
do território vem dando lugar à imagem do bandeirante que
apresou os povos indígenas e espoliou os seus territórios.
1922 1954 1972
55
inauguração
autor Victor Brecheret (1894-1955)
projeto
material
localização
1920
1953
granito
Praça Armando de Sales Oliveira
Vila Mariana, Zona Centro-Sul
N
56
0 5
10 20m
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Renata Latuf Sanchez
Paula Janovitch
Paula Janovitch
Laura Sayuri de Haro
Luís Felipe Abbud
Rodrigo Simões do Amaral
Rogerio Alves Rosa Junior
João Generoso Gonzales
audioguia
57
PADRE ANCHIETA,
APÓSTOLO DO BRASIL
Um jesuíta com vestes franciscanas para a Sé
58
Em 1954, com as comemorações do IV Centenário da Fundação
de São Paulo, o Grupo Sul-América doou à cidade um monumento
em homenagem ao Padre José de Anchieta. A homenagem a
Anchieta tornou-se alvo de questionamentos que iam desde sua
concepção estética – as vestes do padre pareciam mais as de
um franciscano que as de um jesuíta – até posicionamentos que
interpretavam a obra como antilusitana.
Para os representantes da colônia portuguesa, o padre Anchieta
parecia tentar proteger os índios dos maus colonizadores. Como
pano de fundo destes debates, destacava-se ainda o local onde
a obra seria instalada, a Praça da Sé.
Este território daria à imagem de Anchieta uma relevância única
na fundação da aldeia de Piratininga, o que para alguns críticos
dava a entender que o padre Anchieta fora a única figura
grandiosa na história da fundação da cidade.
1922 1954 1972
59
autor Heitor Usai (1899-1989)
inauguração 1954
material
localização
bronze e granito
Praça da Sé
Sé, Centro Histórico
N
60
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Paula Janovitch
Paula Janovitch
Guilherme Françoso
Nathan Lavansdoski
Laura Sayuri de Haro
0 1 2 5m
audioguia
61
OBELISCO E MAUSOLÉU AO SOLDADO
CONSTITUCIONALISTA DE 1932
Vitória política, derrota militar
62
Em reação ao governo de Getúlio Vargas, os paulistas iniciaram
um movimento armado, na tentativa de recuperar o poder e a
autonomia política perdidos. O Movimento Constitucionalista -
também chamado de “Revolução de 1932” - iniciado em 9 de
julho daquele ano pretendia derrubar o governo provisório e
exigia uma nova Constituição para o país. A derrota militar dos
paulistas foi apropriada e ressignificada com a promulgação da
Constituição de 1934, interpretada como fruto da “Revolução”.
O monumento construído para recordar o movimento e os
combatentes paulistas é o Obelisco e Mausoléu aos Heróis
de 1932. Obra do escultor ítalo-brasileiro Galileo Emendabili,
em coautoria com o engenheiro Mário Pucci, começou a ser
construída em 1945. Com a inauguração do Parque Ibirapuera em
1954, o mausoléu recebeu os restos mortais dos combatentes,
trasladados de vários cemitérios da cidade para este local.
1922 1954 1972
63
autor Galileo Emendabili (1898-1974)
inauguração 1955
material
localização
concreto e mármore travertino
Praça Ibrahim Nobre
Vila Mariana, Zona Centro-Sul
N
64
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Karoline Barros
Thais Montanari
Thais Montanari
João Generoso Gonzales
0 20 50 100m
audioguia
65
ASPIRAL DO IV CENTENÁRIO
DE SÃO PAULO
O progresso de São Paulo se desintegrou na chuva
66
O monumento da Comissão do IV Centenário de São Paulo,
denominado “Aspiral” ou “Voluta Ascendente”, é uma escultura
concebida por Oscar Niemeyer que fazia parte das obras
inaugurais do Parque Ibirapuera na década de 1950. O projeto
previa a construção de uma espiral ascendente de concreto
armado, com um eixo inclinado em uma das entradas principais
do parque.
Sem pedestal e com aproximadamente 17 metros de altura,
sua forma inusitada simbolizava o crescimento vertiginoso
da cidade. Faltando dois dias para a grande festa, a estrutura
foi determinada como não executável em concreto e um dos
engenheiros decidiu construir a Aspiral com outro material. A
haste foi erguida e o conjunto escultórico foi coberto com juta
e gesso.
O monumento foi aclamado e resistiu à festa de inauguração.
Contudo, uma chuva torrencial, pouco depois, desfez a cobertura,
desmanchando a representação do progresso de São Paulo.
1922 1954 1972
67
autor Oscar Niemeyer (1917-2012)
inauguração 1954
material
localização
ferro, juta e gesso
Parque Ibirapuera
Vila Mariana, Zona Centro-Sul
N
68
localização estimada: obra desinstalada
projeto original
versão instalada
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Daniel Cruciol
Thais Montanari
Thais Montanari
Marco Christini
0 2
5
10m
audioguia
69
MONUMENTO À MÃE PRETA
Entre controvérsias e apropriações
70
O monumento retrata uma mulher negra amamentando uma
criança branca. A escultura foi inaugurada em 1955, em resposta
às revindicações dos movimentos sociais negros pela inclusão
de uma referência à sua presença nas comemorações do IV
Centenário da Cidade de São Paulo. A solução proposta, no
entanto, reforça mais uma vez a narrativa do papel subalterno
dos escravizados e escravizadas, consagrando as amas de leite,
mulheres negras escravizadas que amamentavam os bebês de
seus senhores. Até 2022 esse era o único monumento dedicado
às mulheres negras em São Paulo.
1922 1954 1972
71
autor Júlio Guerra (1912-2001)
inauguração 1955
material
localização
bronze e granito
Largo do Paissandú
República, Zona Central
N
72
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Isabela Leite
Isabela Leite
Isabela Leite
João Generoso Gonzales
0 1 2
5m
audioguia
73
MONUMENTO AO DUQUE DE CAXIAS
Perto do céu e longe do povo
74
O Monumento ao Duque de Caxias foi idealizado por Getúlio
Vargas e seu Ministério da Guerra durante o Estado Novo,
com o objetivo de fazer frente à simbologia do bandeirante no
imaginário da população paulista. Com aproximadamente 48
metros de altura, sua construção só ocorreu 15 anos depois,
sendo finalmente instalado na Praça Princesa Isabel, depois da
morte de seu autor, Victor Brecheret.
A despeito da narrativa sobre o Duque de Caxias como um
“agente pacificador” e “restaurador da ordem”, pelo seu papel
nas rebeliões contra o Império e na Guerra do Paraguai, a
historiografia contemporânea mostra seu protagonismo em
verdadeiros massacres. Patrono do Exército desde 1962, o
Duque de Caxias é a personalidade histórica que mais tem
estátuas, bustos e avenidas com seu nome no Brasil.
1922 1954 1972
75
autor Victor Brecheret (1894-1955)
inauguração 1960
material
localização
bronze e granito
Praça Princesa Isabel
Campos Elísios, Zona Central
N
76
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Bruna Bacetti Sousa
Luisa Rodrigues
Luisa Rodrigues
Gabriel Paraizo Santos
Roberta Kimberly dos Santos
João Generoso Gonzales
0 5 10 20
audioguia
77
ESTÁTUA DE BORBA GATO
A estátua mais cafona e polêmica da cidade
78
Situada na confluência das Avenidas Santo Amaro e Adolfo
Pinheiro, a estátua de Borba Gato foi inaugurada em 27 de
janeiro de 1963. Concebida pelo escultor Júlio Guerra (1912-
2001) para as comemorações do IV Centenário de Santo
Amaro, então município independente, fazia jus à identificação
do bandeirante com o pioneirismo paulista. Com 13 metros de
altura, as vestes e o corpo são cobertos de pedras coloridas de
basalto, produzidas por Guerra. Por dentro, é sustentado pelos
trilhos de bonde que ligavam Santo Amaro a São Paulo.
À época da sua inauguração, caiu no gosto popular e chegou a
ser um dos cartões postais da cidade, a despeito dos críticos de
arte que condenavam o “coiso de Santo Amaro”, “trambolhão”
da Avenida Adolfo Pinheiro e “gigantão”. No campo das políticas
de reparação, tornou-se um ícone da violência colonial. Alvo de
vários ataques ativistas, chegou a ser incendiado em julho de
2020.
1922 1954 1972
79
autor Júlio Guerra (1912-2001)
inauguração 1963
material
concreto e pedra
localização Avenida Adolfo Pinheiro 2610
Santo Amaro, Zona Centro-Sul
N
80
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Paula Janovitch
Paula Janovitch
Luis Xavier da Cunha
David Atalla Aly
Laura Sayuri de Haro
0 2 5 10m
audioguia
81
JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA
PATRIARCA DA INDEPENDÊNCIA
O patriarca libanês
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O Monumento a José Bonifácio foi encomendado para a
celebração dos 150 anos de Independência do Brasil, em
1972, durante a ditadura. Situado na Praça do Patriarca, foi
esculpido por Alfredo Ceschiatti (1918-1989) em cinco meses
e encomendado pela comunidade libanesa. Seu custo foi de
cerca de 300 mil cruzeiros, financiados coletivamente pela
comunidade.
Com a figura de Bonifácio em bronze, “com postura clássica e
estilo moderno”, o monumento tem um grandioso pedestal de
granito polido verde, pedra rara de Ubatuba, onde se lê: “Ao
Brasil / A coletividade libanesa e seus descendentes”
1922 1954 1972
83
autor Alfredo Ceschiatti (1918-1989)
inauguração 1972
material
localização
bronze e granito
Praça do Patriarca
Sé, Centro Histórico
N
84
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Marina Brandão
Thais Montanari
Thais Montanari
Marco Christini
0 1 2 5m
audioguia
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MONUMENTO A RAMOS DE AZEVEDO
Atropelado pelo progresso
O Monumento a Ramos de Azevedo foi originalmente
implantado na Avenida Tiradentes, próximo do antigo edifício
da Escola Politécnica de São Paulo, que ele projetou (1895) e
onde lecionou até 1928.
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Finalizado em 1934, o monumento o homenageava e consagrava
a narrativa sobre o progresso e a modernidade da Cidade de
São Paulo.
Sua família, no entanto, não aprovou o resultado, pois
Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1851-1927) teria sido
representado “com beiçola de negro”. Documento, portanto,
também do racismo estrutural, esse monumento tornou-se,
nos anos 1960, um problema para o fluxo do trânsito na região.
Desmontado em 1968, foi alocado na Cidade Universitária, no
campus Butantã da USP, em 1975, “atropelado” pelo progresso
que celebrava.
1922 1954 1972
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inauguração
autor Galileo Emendabili (1898-1974)
material
localização
1934 (Avenida Tiradentes), 1975 (Cidade Universitária)
bronze e granito
Cidade Universitária - Campus da Capital
Butantã, Zona Oeste
N
88
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Isabela Leite
Isabela Leite
Luís Felipe Abbud
João Generoso Gonzales
0 5 10 20m
audioguia
89
MONUMENTO A
FEDERICO GARCÍA LORCA
Crônicas de um monumento perseguido
Federico García Lorca foi um importante poeta espanhol,
executado pela ditadura do General Franco durante a Guerra
Civil Espanhola, por quem foi perseguido por conta de sua
orientação sexual e afinidades políticas com o comunismo.
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Projetado por Flávio de Carvalho para ser instalado em 1968, na
Praça das Guianas, no Jardim Paulista, o monumento foi atacado
pelo Comando de Caça aos Comunistas e alvo de protestos da
Embaixada da Espanha. Reinstalado brevemente no Parque
Ibirapuera, durante a Bienal de São Paulo de 1971, depois foi
recolhido para um depósito de monumentos.
Resgatado por estudantes da FAUUSP e da ECA-USP, em
1979, que tentaram implantá-lo no vão do MASP, tornou-se
um símbolo das lutas pela redemocratização e retornou à Praça
1922 1954 1972
91
artista Flávio de Carvalho (1899-1973)
inauguração 1979
material
localização
ferro, chapas metálicas e concreto
Praça das Guianas
Jardim Paulista, Zona Oeste
N
92
pesquisa
roteiro
locução
modelo 3D
Isis Kanashiro Soares
Luisa Rodrigues
Luisa Rodrigues
Luisa Rodrigues
David Atalla Aly
Laura Sayuri de Haro
0 1 2 5m
audioguia
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