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Parceria - Prefeitura e Comunidade juntas, mudam o Recife

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RECIFE, 2022


EXPEDIENTE

Prefeito

JOÃO HENRIQUE DE ANDRADE LIMA CAMPOS

Vice-Prefeita

ISABELLA DE ROLDÃO

Secretária de Infraestrutura

MARÍLIA DANTAS

Secretária Executiva de Infraestrutura

DÉBORA FEIJÓ VICTOR

Secretário Executivo de Defesa Civil

CORONEL CASSIO SINOMAR QUEIROZ DE SANTANA

Gerente Geral de Engenharia - SEDEC

ELAINE HOLANDA HAWSON

Gerente Geral de Atenção Social - SEDEC

GISELLE VIEIRA

Coordenador de Obras de Parceria - SEDEC

SAULO DE TARSO

Coordenadora Social de Parceria - SEDEC

MAIRENITA CARVALHO


PARCERIA | Prefeitura e Comunidade, juntas, mudam o Recife

SUMÁRIO

04

08

20

37

39

40

CONTEXTUALIZAÇÃO

METODOLOGIA DO PROGRAMA PARCERIA

ESTRATÉGIAS E PROPOSTAS

PLANO DE INTERVENÇÃO

MONITORAMENTO

MANIFESTAÇÕES DAS

EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS

PREMIAÇÃO

CONSIDERAÇÕES

FINAIS

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CONTEXTUALIZAÇÃO

Q

uando as chuvas chegam no inverno, historicamente

e culturalmente é sinal de bênção no Nordeste do

Brasil, região historicamente castigada pela seca,

porém para os moradores dos morros e áreas ribeirinhas,

significa sobressalto, noites mal dormidas e expectativas de

desabamentos de barreiras, alagamentos que via de regra

provocam danos materiais, famílias desabrigadas e até vítimas

fatais.

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PARCERIA | Prefeitura e Comunidade, juntas, mudam o Recife

A moradia em áreas de risco vem ano a ano

aumentando, segundo estudo publicado

pelo Centro Nacional de Monitoramento e

Alerta de Desastres Naturais (Cemaden). A

partir de uma projeção feita com base em

estudo realizado em parceria com o IBGE,

considerando o censo populacional de 2010,

o levantamento demonstrou que, naquele

ano, o Brasil já possuía quase 28 mil áreas

de risco em 825 municípios. Na época, mais

de 8,2 milhões de pessoas viviam nesses

locais, totalizando quase 2,5 milhões de residências

sob risco de desastres climáticos,

como consequência, a dívida social se evidencia,

trazendo desafios a serem enfrentados

pela gestão pública.

Apesar dos instrumentos normativos e legislações

em vigor que restringem a ocupação

nessas áreas, a situação socioeconômica da

população vem preocupando os órgãos de

fiscalização, pois está havendo mais ocupações

de forma desordenada e crescente,

que adotam soluções para a

ocupação que implicam na

retirada da cobertura vegetal,

no corte inadequado de

barreiras, no aterro em áreas

de mangue, entre outras práticas.

construído das áreas de requisitos mínimos

de habitabilidade, sendo um objetivo a ser

alcançado que se constitui na concretização

do direito à cidade para parcelas crescentes

da população.

O caminho é longo e árduo porque, mesmo

com decisão política de redefinir as prioridades

de desenvolvimento urbano, encarando

esses espaços como lugares a serem

recuperados ou como áreas que podem

servir à expansão da cidade, há uma série

de indefinições técnicas que precisam ser

superadas, além do desafio que representa

para seus moradores - principal agente modificador

das condições ambientais desses

espaços, considerando inclusive a mudança

cultural das formas e práticas cotidianas do

bem viver, com segurança.

O Programa Parceria evidencia sinais de mudança

no modo de tratar as áreas planas e

principalmente os morros do Recife. Essa

O Programa Parceria vem se

construindo com o objetivo

de dar um tratamento a estas

ocupações de risco, compatível

com suas condições

geotécnicas e com o contexto

social e urbanístico, dotando

o ambiente natural e

Rua Frei Jorge, 243

Antes do Programa Parceria.

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mudança está ocorrendo a partir da definição

de metas para a mitigação de riscos,

de forma planejada e integrada, trazendo

olhares da engenharia, arquitetura, geologia

e social. Face ao caráter fragmentado das

demandas e às efetivas situações de emergência

renovadas a cada inverno, vem se estruturando

a partir de desafios das decisões

políticas e técnicas incorporando sempre

práticas integrativas e participativas, na sua

execução.

A Meta da Prefeitura do Recife, a partir

do ano de 2022, será a execução de 1.000

obras através do Programa Parceria, por

ano, pela gestão municipal, garantindo a

segurança e a paz dos recifenses que vivem

nos morros e áreas planas, nos dias e noites

de chuva. Trazendo para a discussão, a visão

dos moradores destas áreas, cujas críticas

e sugestões são apropriadas a prática técnica,

mostrando a importância da visão da

população, de suas práticas e relações com

o ambiente de moradia.

O Programa Parceria, ao atuar na prevenção

de riscos em encostas habitadas, apresenta

soluções criativas para o enfrentamento

dos problemas, integrando o trabalho de

outros órgãos públicos e tendo a comunidade

como participante ativa na solução dos

problemas.

Criado em 1994 pela Prefeitura do Recife, o

programa foi denominado de Parceria nos

Morros, sob a gerência da Empresa de Urbanização

do Recife – URB Recife, órgão da

administração indireta municipal, e era voltado

à atuação em áreas de riscos.

O objetivo inicial do programa era prover

formas alternativas de contenção de encostas,

assim como uma maior participação do

beneficiário no planejamento e na execução

das obras, partindo da premissa de que essa

participação poderia ampliar a identificação

destes com as intervenções, aumentando o

índice de preservação das obras. Na época

foram escolhidas quatro áreas-piloto, optando-se

por técnicas construtivas e intervenções

de baixo custo (revestimento de

encostas com lajotas de cimento ou telha

cerâmica inglesa).

Atualmente, adotando novas técnicas construtivas,

mas com o mesmo caráter de participação

e engajamento popular, o Programa

se consolida com uma efetiva ação do poder

público municipal com a corresponsabilidade

da população, havendo um efetivo quadro

de demandas com cerca de 1.600 projetos

elaborados só no ano de 2022, onde

considera-se a viabilidade para a execução

de intervenções de mitigação de risco.

O programa tem atuação em 190 áreas ocupadas

dos morros e áreas planas do Recife,

e já beneficiou milhares de famílias com as

intervenções (obras), gerando uma redução

dos pontos de risco cadastrados.

Muito importante perceber que o programa

conseguiu superar o padrão emergencial de

atuação em áreas de risco, adotando um

modelo de atuação preventiva capaz de mitigar

os riscos e reduzir a ocorrência de acidentes

e desastres.

A inclusão da Defesa Civil, no ano de 2013,

como gestora ativa e integrada nas ações

preventivas e mitigadoras foi fundamental,

pois possibilitou a efetividade de respostas

para parte das demandas monitoradas e

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PARCERIA | Prefeitura e Comunidade, juntas, mudam o Recife

identificadas pela Defesa Civil. Esse padrão

de atuação revela maior consistência interventiva

e permite a visualização de avanços

e resultados no tocante a mitagação do risco

e proteção das famílias.

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METODOLOGIA

A

Prefeitura do Recife, por meio da

Secretaria Executiva de Defesa Civil

(Sedec), está realizando intervenções

em áreas de morros e planas,

com o objetivo de reduzir situações de

riscos e garantir mais segurança para os

moradores, destes contextos.

As obras de pequeno porte, e média e

baixa complexidade estão sendo executadas

dentro do Programa Parceria, onde

é disponibilizado os projetos básicos

de Engenharia e Arquitetura, material

de construção e acompanhamento técnico

social e de engenharia, para que os

próprios moradores entrem com a mão de

obra. Para o Programa funcionar, precisa

efetivamente que uma parceria se estabeleça

entre o Poder Público (Defesa Civil -

SEDEC) e a População (Famílias Parceiras),

cada um assumindo sua responsabilidade

desde o início até a conclusão da obra.

Estes serviços são executados a partir das

seguintes intervenções:

• Tratamento de Encostas de pequeno e médio porte, com soluções técnicas de

RIP RAP, TELA ARGAMASSADA E ALVENARIA ARMADA, objetivando a redução de

riscos de deslizamentos:

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PARCERIA | Prefeitura e Comunidade, juntas, mudam o Recife

• Melhoria Habitacional, tendo em vista a recuperação de moradias danificadas

em virtude de algum sinistro/acidente. Também existem casos em que são realizadas

melhorias habitacionais em complementação a outras intervenções em

Parceria, buscando assegurar melhor habitabiliddade ao imóvel:

• Melhoria da Infraestrutura nos aspectos urbanístico e ambiental, considerando

realizar obras de acesso de pedestres, drenagem, colocação de corrimão.

Outro ponto primordial é a participação

social como dimensão fundamental

para o desenvolvimento do

Programa Parceria, visto que este pressupõe

a corresponsabilidade entre os

beneficiários, que ficam responsáveis

por viabilizar a mão de obra necessária

para a execução das intervenções, e o

poder público, que por meio da Defesa

Civil disponibiliza o material necessário

para a realização da obra, a equipe técnica

que deverá orientar a intervenção e todo o

aparato logístico que se apresente necessário.

Os serviços executados através do

Programa Parceria incluem:

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• Tratamento de Encosta — Alvenaria Armada


PARCERIA | Prefeitura e Comunidade, juntas, mudam o Recife

• Tela Argamassada

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• Contenção em Solo Cimento Ensacado — RIP RAP


PARCERIA | Prefeitura e Comunidade, juntas, mudam o Recife

• Melhoria Habitacional

• Melhoria da Infraestrutura

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• Intervenção Urbanística

FLUXOGRAMA DAS ETAPAS DO

PROGRAMA PARCERIA

ENTRADA DA

DEMANDA

0800

Vistorias técnicas

Plano de

Intervenção

VIABILIDADE

TÉCNICA

Social e de

Engenharia

ENCAMINHAMENTO DAS

VISTORIAS NÃO VIABILIZADAS

Obra de Grande Porte URB

Obra de Manutenção EMLURB

Sem mão de obra - aguardar

articulação

REUNIÃO DE ABERTURA

DE FRENTE DE PARCERIA

ACOMPANHAMENTO SOCIAL

E DE ENGENHARIA DA

FRENTE DE PARCERIA

Entrega de material

da Frente de Parceria

REUNIÃO DE CONCLUSÃO

DE FRENTE DE PARCERIA

Reunião de

Cancelamento

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PARCERIA | Prefeitura e Comunidade, juntas, mudam o Recife

Após as solicitações, a equipe do Parceria deflagra sequencialmente a realização

dos seguintes processos:

• Realização de Vistoria para a verificação de Viabilidade Técnica e Social — Este

processo se efetiva por meio da realização de vistoria in loco, de forma integrada

(social e engenharia), onde é realizado o levantamento físico da situação

e, mediante avaliação de viabilidade técnica, quando o talude tem condições

viáveis de ser tratado pelas alternativas de engenharia acima referidas, é realizado

o diálogo junto às famílias beneficiadas diretamente com a intervenção,

objetivando verificar a possibilidade de articulação da mão de obra.

• Elaboração de Projetos Básicos de intervenção para composição do Banco de

Projetos — Após realização das vistorias, os Projetos Básicos são elaborados em

Excel e AutoCad considerando as características de cada área de intervenção e

a solução técnica mais adequada para a área.

• Realização de reunião para Abertura de Frente de Parceria — A partir da liberação

da Secretaria Executiva de Defesa Civil - SEDEC para a abertura de novas

frentes de trabalho, a equipe agenda esta reunião objetivando apresentar o

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Projeto Básico mais adequado para o local, bem como discutir a metodologia

executiva do Parceria no que tange: à sistemática das visitas de acompanhamento

de convivência das famílias com a obra; às orientações para o recebimento,

armazenamento e utilização dos materiais; e à participação dos representantes

comunitários no processo de realização das obras.

• Realização de Acompanhamento Técnico e Social — Após a Abertura da Frente

de Parceria, iniciam-se a realização de visitas sistemáticas com os objetivos de:

Orientar a mão de obra quanto às instruções técnicas necessárias para o desenvolvimento

satisfatório dos serviços da obra, tendo como diretriz o Projeto

Básico; Acompanhar e fiscalizar a realização dos serviços conforme orientações

repassadas; Articular permanentemente a mão de obra; Mediar e minimizar conflitos,

potencializando a articulação entre as famílias.

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PARCERIA | Prefeitura e Comunidade, juntas, mudam o Recife

• Realização de Reuniões Temáticas — De acordo com as particularidades das

localidades atendidas, bem como com as especificidades e com a necessidade

de cada obra, o técnico social promove encontros integrados entre os parceiros,

equipe de engenharia e Gerentes das Regionais da SEDEC, objetivando dialogar

sobre temáticas específicas como: descarte do lixo, segurança na obra, circulação

de pessoas próximas à crista do talude, entre outros temas que possam

surgir e tenham o foco da prevenção e mitigação de riscos e acidentes.

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• Reunião para Conclusão da Frente de Parceria — Esta atividade finaliza o ciclo

de atendimento das famílias pelas Obras de Parceria. É realizada junto a todas

as famílias envolvidas com o processo executivo, após a conclusão dos serviços.

Na ocasião, a equipe técnica de engenharia e social promovem reflexão em torno

da importância do processo de articulação e mobilização dos parceiros para

a promoção de um ambiente mais seguro, discutindo a mudança na qualidade

de vida das famílias e a necessidade do cuidado com a intervenção, tendo em

vista a sustentabilidade do bem implantado.

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PARCERIA | Prefeitura e Comunidade, juntas, mudam o Recife

É importante destacar que para

além dos processos sequenciais acima

apresentados, desenvolvidos junto com

as famílias beneficiárias, a equipe técnica

também se compromete enquanto

suporte logístico e providencial no

que tange à solicitação de materiais de

construção, o monitoramento da distribuição

e utilização destes materiais, a

solicitação de caçambas estacionárias

para a remoção dos resíduos de forma

adequada, o monitoramento da utilização

das caçambas estacionárias e o recolhimento

das mesmas.

processo de acompanhamento e gestão

das informações. Sendo assim, propõe-

-se um processo paralelo e permanente

de Gerenciamento, acompanhando desde

o recebimento da solicitação, passando

pela abertura, até a conclusão da obra de

Parceria.

As equipes técnicas ficam locadas nos

escritórios, que são denominados de Regionais

descentralizadas. São 6 (seis) Regionais,

sendo Regional Norte, Nordeste,

Noroeste, Oeste, Sul e Plana, para atender

mais de perto as famílias e com mais agili-

Para acompanhar o fluxo desse processo

de execução das atividades das obras

de Parceria, é necessário estruturar um

dade por está próximo. Atendem todas as

localidades/ bairros nas áreas de morros

e planas do Recife.

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Outro aspecto importante, e exclusivo

do Programa Parceria, é a existência

de unidades descentralizadas de atendimento:

as Regionais. Nestas unidades,

as equipes técnicas da Defesa Civil,

também integram o programa. Isso

possibilita não só tornar ágeis as ações

emergenciais, como também permite o

acesso fácil da população à equipe do

programa. Além disso, por atuarem sempre

na mesma região, os técnicos acabam

conhecendo profundamente os problemas

locais, além de se tornarem conhecidos

da população.

Ao mesmo tempo, existe a relação de

proximidade entre a população e os

técnicos do programa, favorecendo o sucesso

do mesmo e a incorporação das

obras pela comunidade. Durante as visitas

técnicas, os moradores espontaneamente

procuram os técnicos do programa

para resolver os problemas

de suas localidades, muitas vezes

para pedir que suas casas sejam

contempladas pelo programa.

ESTRATÉGIAS E PROPOSTAS

N

a busca por um processo de inovação no tratamento

da questão da ocupação de encostas

e melhoria nas condições de segurança da moradia,

junto aos moradores também de áreas planas,

o prefeito, João Campos reforçou o compromisso de

ampliar e fortalecer o Programa durante a sua gestão.

“A gente determinou que a nossa meta são mil obras

por ano do Parceira, chegando a 4 mil obras em quatro

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PARCERIA | Prefeitura e Comunidade, juntas, mudam o Recife

anos. Estamos reforçando a equipe, reforçando

a infraestrutura, mais equipamentos,

para a gente garantir segurança

em áreas de morros”.

Entender como os laços corriqueiros de

vizinhança podem se converter em solidariedade

explícita e identificar algumas

peculiaridades desses laços no ambiente

a ser trabalhado é um exemplo

de como segue a elaboração e acompanhamento

de uma frente de Parceria. O

Programa em cuja simplicidade, austeridade

e beleza carregam uma profunda

lição de determinação, de fortalecimento

da identidade e de valorização do lugar

por parte de uma população que procura

melhorar as condições onde mora, valorizando

a beleza e a estética como componentes

de conforto e bem-estar.

A convivência com o risco é uma das relações

dos moradores com o meio. Mas, se

para as equipes técnicas, que planejam

e intervém, o ambiente de morro é visto

quase exclusivamente na perspectiva do

risco, para os moradores é diferente: segundo

depoimentos, do dia a dia é um ambiente

de vida, de realizações, de anseios

e de possibilidades, mesmo restritas.

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O Programa tem como objetivo

a execução de obras, visando a erradicação

do risco com a recuperação das

condições de habitabilidade e a melhoria

das condições de vida das famílias

de morros e áreas planas. Além disso,

também oportuniza a geração de renda

local e a capacitação para o trabalho.

Um efeito extremamente positivo do

tipo de obra adotado, que permite que

sejam executadas pela própria população

beneficiada, é praticamente não

existir depredação das obras finalizadas,

já que os membros da comunidade

que as realizam são também os seus

maiores beneficiários.

A experiência do programa mostra que,

ao participar da execução das obras, a

população se sente responsável e zela

pela sua manutenção. Alguns moradores

alegam que mal conseguiam sair de

suas residências na época das chuvas,

em virtude da precariedade dos acessos

e do risco a que estavam submetidos,

mas que após as intervenções puderam

não só circular livremente pelo morro,

como, principalmente, continuar vivendo

em suas comunidades. Além disso, a

execução das obras acaba valorizando

todo o entorno, não só pela eliminação

do risco, mas porque os moradores

acabam se sentindo dispostos a “embelezar”

os locais de intervenção, construindo

cercas de proteção ao redor das

obras, pintando-as ou mesmo criando

mosaicos com restos de azulejos nas

escadarias.

Uma diretriz importante do programa é o

uso de soluções técnicas não-tradicionais,

de baixo custo, fácil execução e manutenção.

Isso permite não só diminuir os custos

das intervenções, mas também capacitar

a própria população beneficiada como

mão-de-obra.

A participação da comunidade, ponto

central do programa, é um fato concreto.

A população realmente participa do programa,

seja nas etapas de planejamento

das atividades, mas principalmente, na

execução das obras e na preservação das

mesmas, depois de concluídas. Este modelo

tem sido muito importante não só

para que eles se sintam responsáveis pelas

obras, mas principalmente para que se

sintam participantes do processo de melhoria

do seu ambiente. A importância de

uma série de atividades correlatas, têm

um impacto profundo sobre a cidadania,

já que permite uma ação mais integrada

dos órgãos públicos na melhoria das condições

de vida da população dos morros

e áreas planas. Isso dificilmente seria alcançado

se o programa não tivesse um caráter

integrado e de alcance mais amplo

do que simplesmente resolver a questão

específica dos escorregamentos de solos

nos morros habitados.

Finalmente, ao analisar o custo-benefício

do projeto, podemos considerar que as

soluções técnicas adotadas possuem um

custo relativamente baixo. O investimento

total também inclui custos indiretos,

tais como os levantamentos necessários

ao planejamento das obras e a execução

de projetos executivos, o custo efetivo por

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PARCERIA | Prefeitura e Comunidade, juntas, mudam o Recife

obra é menor ainda. Esse valor é bem

mais baixo do que o custo necessário

à remoção dos moradores atingidos

e construção de novas moradias, ainda

mais quando consideramos que as

obras beneficiam geralmente mais de

uma família.

META ALCANÇADA

A Prefeitura do Recife totalizou 1022 obras nos morros, até Novembro de

2022, que garantem mais segurança para 2.374 famílias, atingindo o objetivo

de entregar 1.000 obras finalizadas no ano de 2022. Atualmente, existem 334

obras em andamento pelo Programa, beneficiando 1.303 famílias.

“Mais uma vez, a Prefeitura junto com a população eliminou o risco de duas

residências. Com o Parceria, entramos primeiro com uma vistoria, depois

constatamos a viabilidade técnica e social, elaboramos projeto, o engenheiro

desenha e projeta toda aquela estrutura para suportar a carga necessária

e evitar o deslizamento. Aí a gente entrega materiais para as famílias e

acompanhamento da obra”, explicou o Secretário Executivo de Defesa Civil

do Recife, Coronel Cássio Sinomar.

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REGISTRO

Antes e Depois

OBRA DE REVESTIMENTO,

ALVENARIA ARMADA

Brejo da Guabiraba

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PARCERIA | Prefeitura e Comunidade, juntas, mudam o Recife

OBRA DE REVESTIMENTO

ALVENARIA ARMADA

Jardim Monte Verde

OBRA DE SOLO CIMENTO

ENSACADO, RIP RAP

Linha do Tiro

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OBRA DE SOLO CIMENTO

ENSACADO, RIP RAP

Jardim São Paulo

OBRA DE REVESTIMENTO,

ALVENARIA ARMADA E TELA

ARGAMASSADA

Asa Branca

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PARCERIA | Prefeitura e Comunidade, juntas, mudam o Recife

OBRA DE ACESSO E

DRENAGEM

Brejo de Beberibe

OBRA DE MELHORIA

HABITACIONAL

Várzea

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OBRA DE CORRIMÃO

Córrego José Grande

OBRA DE REVESTIMENTO,

ALVENARIA ARMADA

UR01 - Cohab

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PARCERIA | Prefeitura e Comunidade, juntas, mudam o Recife

PLANO DE INTERVENÇÃO

O PLANO DE INTERVENÇÃO consta

como outro processo de trabalho da

SEDEC e se configura como mais uma

estratégia fundamental de gestão de

riscos na cidade. É caracterizado como

estudo aprofundado de um território

específico e executado nas diferentes

localidades de áreas de morros da cidade.

Busca colocar uma lupa sobre os

fatores sociais, ambientais e de infraestrutura

que condicionam o risco, com

uma leitura métrica da severidade do

risco que cada imóvel encontra-se no

momento do estudo e as possíveis soluções

plausíveis de execução, de acordo

com a atual política pública municipal.

Os planos de intervenção são elaborados

pela equipe técnica de engenharia

que analisa os fatores ambientais e de

infraestrutura do território estudado,

enquanto que a equipe técnica social

analisa os níveis de inclusão social da comunidade,

relacionando os equipamentos

sociais e comunitários existentes, o nível

de organização comunitária e o grau de

acesso da população as políticas públicas

transversais.

O estudo oportuniza atualizar o mapa do

setor de risco e propor intervenções físicas

que podem ser executadas a partir

de cada programa do governo municipal.

Além disso, a compreensão acerca do arranjo

organizativo das políticas públicas

e da população, favorece a interlocução

com as representações comunitárias e

permite propor a efetivação de parcerias,

vislumbrando a possível criação de uma

rede de proteção e compartilhamento de

responsabilidades, oferecendo subsídios

para o planejamento das ações operacionais,

ações socioeducativas e dos planos

de contingências.

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DADOS APRESENTADOS NOS PLANOS DE INTERVENÇÃO

Caracterização morfológica

e hidrográfica

Atualização do grau de risco no

mapa dos pontos de risco

Caracterização da cobertura vegetal

Caracterização do abastecimento

de água

Caracterização do esgotamento

sanitário

Caracterização do fornecimento

de energia elétrica

Caracterização da malha viária

Mapeamento dos pontos desocupados

em virtude do beneficiamento das

famílias no Auxílio Moradia

Caracterização da organização

comunitária

Mapeamento dos equipamentos

públicos e comunitários

Caracterização dos serviços de

manutenção urbana e coleta de lixo

MAPA DE RISCO — Localidade Bola na Rede

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PARCERIA | Prefeitura e Comunidade, juntas, mudam o Recife

MAPA DE INTERVENÇÃO — Localidade Bola na Rede

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PARCERIA | Prefeitura e Comunidade, juntas, mudam o Recife

MONITORAMENTO

A

plataforma on-line de gestão das

informações utilizada pela Defesa

Civil do Recife, e-Ris, é um sistema

que controla todos os processos,

Obras de Parceria, Monitoramento das

Áreas de Risco, Vistoria em Áreas de Risco

e Ações Operacionais, oportunizando

o acompanhamento célere e atualizado

das informações pertinentes aos pontos

e situações de risco existentes na

Cidade, bem como dos resultados das

ações realizadas pelas equipes da SE-

DEC, através do trabalho descentralizado

desenvolvido nas 6 (seis) regionais.

São desenvolvidos compartimentos de registro

e monitoramento de ações, com o

Cadastro e atualização das ocorrências,

incidentes e desastres. Este lançamento

representa o início de todo o fluxo de

registros. Assim, ele é a porta de entrada

onde todos os chamados da Defesa Civil

do Recife serão imputados.

Através deste cadastro, o call center, os

colaboradores da SEDEC, o cidadão ou

qualquer outro usuário permitido, poderá

iniciar uma ocorrência e retroalimentá-la.

Qualificado como um sistema vivo, o

mesmo pressupõe a necessidade contínua

de ser alimentado, como condição

de permitir a atualização das informações

em tempo real. Para tanto,

a estruturação de uma Central de Monitoramento

e a presença de técnicos

capacitados trabalhando em regime de

plantão se apresenta como essencial,

pois possibilita a emissão de relatórios

de demandas e alertas aos gestores da

SEDEC Recife, oportunizando o planejamento

e, quando necessário, o redirecionamento

de ações preventivas e de

resposta.

O sistema possui módulos Web, banco

de dados e módulo Mobile, que é utilizado

durante a realização das atividades

in loco, através dos tablets ou

smartphones.

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TELAS DA PLATAFORMA DE GESTÃO ON-LINE DE GERENCIAMENTO E-RIS


PARCERIA | Prefeitura e Comunidade, juntas, mudam o Recife

TELAS DA PLATAFORMA DE GESTÃO ON-LINE DE GERENCIAMENTO E-RIS

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SALA DE MONITORAMENTO


PARCERIA | Prefeitura e Comunidade, juntas, mudam o Recife

MANIFESTAÇÕES DAS

EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS

Promoção de condições de moradia inclusiva e segura

“Eu não tinha como sair de casa para posto,

fisioterapia, agora eu faço tudo. Parceria

significa tudo. Eu digo, é maior que a loteria.”

Maria Ediane da Silva

Mulher cadeirante, moradora do Bairro

de Passarinho

Avanços na construção de uma cidade resiliente

“Eu me sinto realizado. Todas as pessoas que

moram aqui, hoje são quatro famílias nesse

conjunto de casas e quando a gente diz graças

a Deus nós vamos ter tranquilidade na época

do inverno. O espaço para os meninos brincarem,

aqui não tinha espaço, aqui em cima

os meninos podem correr de bicicleta, podem correr de patins. A

noite sempre fica essa área como um encontro de amigos.”

“Sinto-me realizado. Graças a Deus vamos dormir tranquilos”.

Severino Câmara

Morador do Bairro Brejo da

Guabiraba

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Garantia de estratégias interventivas socialmente sustentáveis

“Anos atrás, presenciar um deslizamento e

hoje você presenciar uma obra construída eu

posso dizer, toda certeza, que meus invernos

serão muito tranquilos. Quando minha filha

dorme e eu vejo aquele sono tranquilo dela,

eu sinto paz.”

Miriam

Moradora do Bairro Brejo da

Guabiraba

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PARCERIA | Prefeitura e Comunidade, juntas, mudam o Recife

PREMIAÇÃO

A

linhado aos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, bem como as

metas estabelecidas no Plano Local de Ação Climática da Cidade do Recife, o

PROGRAMA PARCERIA insere-se entre as estratégias de atendimento ao 11º ODS

– CIDADES E COMUNIDADES RESILIENTES buscando o atendimento das seguintes metas:

Aumentar a urbanização inclusiva e sustentável, e as capacidades para o planejamento

e gestão de assentamentos humanos participativos, integrados e

sustentáveis.

Reduzir significativamente o número de mortes e o número de pessoas afetadas

por catástrofes e substancialmente diminuir as perdas econômicas diretas

causadas por elas em relação ao produto interno bruto global, incluindo os

desastres relacionados à água, com o foco em proteger os pobres e as pessoas

em situação de vulnerabilidade.

Desenvolver e implementar, de acordo com o Marco de Sendai para a Redução

do Risco de Desastres 2015-2030, o gerenciamento holístico do risco de desas

tres em todos os níveis.

A Prefeitura do Recife recebeu na Turquia em outubro/2022 o prêmio pergaminho de

honra do programa das nações unidas para assentamentos humanos (ONU – habitat).

Em trinta anos de premiação, apenas cinco iniciativas no Brasil foram contempladas

com a distinção, sendo Recife, a primeira cidade do Nordeste a receber esse prêmio.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como pudemos constatar, o Programa Parceria se utiliza de técnicas de contenção

de encostas de baixo custo e o uso da mão-de-obra dos moradores permite que

o poder público execute um número muito maior de intervenções. Ao mesmo

tempo, o envolvimento dos cidadãos em todas as etapas do programa e a existência

de ações complementares de educação ambiental e de assistência social aos moradores,

onde permite que o programa tenha uma ação positiva sobre a cidadania das comunidades

em situação de risco localizadas nas áreas de morros e planas da cidade.

As soluções integradas e os aspectos inovadores adotados pelo Programa Parceria em

sua essência, muito simples, permitem que possam ser reproduzidas, com igual sucesso,

por outras cidades brasileiras.

Extrapolando a perspectiva da execução de obras, o Programa Parceria alinha-se a

expectativa da promoção de uma cultura resiliente, onde a população é chamada a

compreender os riscos aos quais está suscetível e se mobilizar para enfrentar e

construir uma nova perspectiva do morar de forma segura.

As ações da Defesa Civil do Recife não se restringem ao Programa Parceria. Abarcam

o processo contínuo de estudo, monitoramento e avaliação dos setores de risco da

cidade relacionados às intervenções da gestão municipal e, atreladas ao engajamento

social. Por meio da atuação continuada é possível promover a sensibilização da

população sobre as fraquezas e fortalezas das diversas localidades da cidade, sendo

promovida identificação dos riscos e analisados os recursos humanos, físicos

e sociais disponíveis para o enfrentamento das fraquezas e potencialização das

fortalezas.

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PARCERIA | Prefeitura e Comunidade, juntas, mudam o Recife

AGRADECIMENTOS

Por fim e não menos importante, nada seria possível

sem as equipes técnicas e de apoio das Regionais

descentralizadas, equipes do monitoramento e dos

bancos de materiais, e principalmente aos moradores e

parceiros, envolvidos nas frentes de parceria, atores

primordiais neste processo.

Um agradecimento a todos os envolvidos diretamente e

indiretamente no Programa Parceria.

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COLMEIA ARQUITETURA E ENGENHARIA LTDA

DIRETORIA

Diretora Executiva

HILDA WANDERLEY GOMES

Diretor de Produção

ALESSANDRO GOMES DA SILVA

Diretora Financeira

ESTELLA SUZANA MATIAS RICARTE BRAGA

Diretor de Mercado

LUIZ ANTÔNIO WANDERLEY NEVES FILHO

GERÊNCIAS

COORDENAÇÃO DO

PROGRAMA PARCERIA

Coordenação de Obras - Engenheira Civil

GABRIELLA ALVES DA SILVA ALCANTARA

Coordenação de Obras - Engenheiro Civil

JEFFERSON AUGUSTO REGIS

Coordenação de Obras - Engenheira Civil

PALLOMA MOURA BARBOSA

Coordenação Social - Pedagoga

ÁDRIA MARIA VIANA E SOUSA

Gerente de Supervisão

HEITOR PESSOA RANGEL NETO

Gerente Social

JULIANA DE OLIVEIRA GOMES

Gerente de Obras e Projetos de Engenharia

ÉRIKA MARCELA DA SILVA

Gerente de Projetos de Arquitetura e Urbanismo

MARCELO DE MELO NEVES

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