551779007-Crescimento-Muscular-O-Manual-Completo-Para-Hipertrofia-Versao-Especial-Do-Gigante-Andre
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Diretamente para um dos Homens mais dedicados e exemplares de sempre – ANDRÉ LOURO!
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Copyright © 2021 por Francisco Bação. Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, distribuída ou transmitida por qualquer forma
ou por qualquer meio, incluindo fotocópia, gravação ou outros métodos, sem a prévia autorização do
autor. Exceto no caso de citações incluídas em revisões críticas ou artigos e alguns outros usos nãocomerciais
permitidos pela lei de direitos autorais.
Embora o autor tenha feito todos os esforços para garantir que as informações contidas neste livro
estivessem corretas e o mais atualizadas possível, no momento da publicação, novas descobertas
científicas podem se sobrepor e/ou apresentar diferentes conclusões face à evidência corrente. O autor
é isento de qualquer responsabilidade perante qualquer parte, por qualquer perda, danos ou
inconvenientes causados por erros ou omissões, se tais erros ou omissões resultarem de negligência,
acidente ou qualquer outra causa.
Para mais informações, contacte: info@breakingmylimits.com
Diretamente para um dos Homens mais dedicados e exemplares de sempre – ANDRÉ LOURO!
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ÍNDICE
SOBRE O AUTOR ...................................................................................................................................... 5
UM AGRADECIMENTO ESPECIAL ............................................................................................................ 5
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 6
GLOSSÁRIO .............................................................................................................................................. 8
O PODER DA CONSISTÊNCIA ................................................................................................................. 10
ENCARAR O TREINO .............................................................................................................................. 18
A METODOLOGIA DE HIPERTROFIA ...................................................................................................... 19
ESPECIFICIDADE .................................................................................................................................... 22
Aplicação prática ............................................................................................................................... 24
INTENSIDADE ........................................................................................................................................ 31
Intensidade Relativa.......................................................................................................................... 31
Como determinar o RER ................................................................................................................ 36
Intensidade Absoluta ........................................................................................................................ 40
Adaptar a carga a cada exercício ...................................................................................................... 43
Treinar além da falha ........................................................................................................................ 46
VOLUME ................................................................................................................................................ 54
Marcos de Volume ............................................................................................................................ 56
Volume Mínimo Efetivo ................................................................................................................ 58
Volume Máximo Recuperável ....................................................................................................... 62
Volume Máximo Adaptável ........................................................................................................... 64
Volume de Manutenção ............................................................................................................... 67
Fatores que influenciam diretamente o volume .............................................................................. 69
Ajustar o Volume/nº séries ............................................................................................................... 73
FREQUÊNCIA ......................................................................................................................................... 81
Volume e Frequência ........................................................................................................................ 83
Qual a melhor rotina/split? ........................................................................................................... 87
Treinar 1 músculo por dia é errado? ................................................................................................. 89
SOBRECARGA e PROGRESSÃO .............................................................................................................. 94
Sobrecarga no treino de hipertrofia ................................................................................................. 95
Como progredir no treino de hipertrofia .......................................................................................... 98
SELEÇÃO DE EXERCÍCIOS ..................................................................................................................... 118
Hierarquia da seleção de exercícios ................................................................................................ 120
Complexidade do exercício – Compostos versus Isolados .......................................................... 134
Rácio Estímulo:Fadiga ..................................................................................................................... 135
Diretamente para um dos Homens mais dedicados e exemplares de sempre – ANDRÉ LOURO!
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Quantos exercícios por músculo? ................................................................................................... 140
DESCANSO ENTRE SÉRIES .................................................................................................................... 151
CADÊNCIA ............................................................................................................................................ 159
INDIVIDUALIZAÇÃO ............................................................................................................................. 165
Fatores Genéticos ........................................................................................................................... 168
Diferença entre géneros / Treino em mulheres -vs- homens ......................................................... 171
Idade ........................................................................................................................................... 173
PERIODIZAÇÃO .................................................................................................................................... 186
Princípio da Variação ...................................................................................................................... 191
Mesociclos de Potenciação / Manutenção ................................................................................. 203
GESTÃO DE FADIGA ......................................................................................................................... 205
Tipos de Fadiga ........................................................................................................................... 207
Estratégias de gestão de fadiga .................................................................................................. 212
UM PILAR INESQUECÍVEL – A EXECUÇÃO TÉCNICA ............................................................................ 227
TÉCNICAS DE INTENSIFICAÇÃO / TÉCNICAS AVANÇADAS ................................................................... 230
GESTÃO DO TEMPO / SESSÕES MAIS CURTAS .................................................................................... 253
AQUECIMENTO / PARTE PREPARATÓRIA ............................................................................................ 258
APÓS O TREINO / ALONGAMENTOS ................................................................................................... 261
EXEMPLO PRÁTICO – PROGRAMA DE HIPERTROFIA PASSO-A-PASSO ............................................... 263
PALAVRAS FINAIS ................................................................................................................................ 277
Diretamente para um dos Homens mais dedicados e exemplares de sempre – ANDRÉ LOURO!
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SOBRE O AUTOR
Francisco Guilherme Patela Bação.
Sou licenciado em Ciências do Desporto, maior
em Educação Física e menor em Treino
Desportivo pela Faculdade de Motricidade
Humana da Universidade de Lisboa. Pósgraduado
em Strength & Conditioning pela
Faculdade de Motricidade Humana da
Universidade de Lisboa. E certificado pela
mentoria online de Menno Henselmans e pela
mentoria online da JPS Education.
No momento de redação deste livro, exerço a
função de Personal Trainer presencial e online. E
sou o fundador da equipa Breaking My Limits,
responsável pela melhoria da composição
corporal de centenas de atletas e praticantes de
treino de força.
UM AGRADECIMENTO ESPECIAL
A toda a equipa Breaking My Limits: Fábio Fragoso, António Silva e Miguel Santos por todo o apoio e
dinamização das tarefas da equipa durante o processo de escrita e edição deste manual. Tal como pela
revisão literária e científica a todos os conteúdos, visando não só a sua veracidade, mas também uma
transmissão de informação mais clara e aplicável.
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INTRODUÇÃO
O crescimento, ou desenvolvimento, da massa muscular é um dos objetivos mais cobiçados pelos
praticantes de ginásio e musculação. Trata-se de um objetivo dependente do treino, sem o qual não é
alcançável.
No entanto, nem todo o treino serve para este propósito. Nem o “maximiza”, trazendo o melhor
crescimento muscular por cada esforço investido. Para obter o mais célere e pronunciado
desenvolvimento muscular, é necessário treinar da melhor forma para tal.
É necessário otimizar o treino de hipertrofia.
Ora, a informação disseminada no âmbito do treino para o ganho da massa muscular, principalmente
nos meios de redes sociais – onde abrange uma gigantesca fração da população – é, muitas vezes,
errada, desatualizada ou descontextualizada. O que promove uma informação falsa e o insucesso no
alcance do desenvolvimento muscular.
Além disso, a própria formação inicial dos profissionais de exercício físico (licenciaturas, cursos técnicos
de especialista em exercício físico, entre outros) aborda o treino de força de forma científica, mas
bastante geral. Recorrendo frequentemente a informação desatualizada e sem desenvolver o
conhecimento dos profissionais, aliando-o a uma prática realista.
Tudo isto gera um "gap" entre a teoria e a prática, aplicação e manipulação dos diferentes princípios e
variáveis do treino. O que dificulta a própria intervenção efetiva e eficaz dos próprios profissionais do
exercício nesta índole.
Diretamente para um dos Homens mais dedicados e exemplares de sempre – ANDRÉ LOURO!
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Por isso, desenvolvi este manual: para ajudar qualquer leitor, seja profissional do exercício, ou não, a
adequar um treino de hipertrofia, visando o melhor e mais célere crescimento muscular possível.
Este manual engloba uma análise crítica e sumarizada da evidência científica recolhida ao longo dos
últimos anos, aliando-a ao cenário prático e contextualizado daquilo que é o treino de hipertrofia.
Distinguido as abordagens para o atleta que tem a total disponibilidade para treinar, ou que tem um
dia-a-dia mais atribulado e/ou uma disponibilidade mais reduzida.
Para tal, o treino de hipertrofia e a conceção de um programa de treino é abordada através de uma
hierarquia de princípios. Desta forma, saberás sempre com o que te preocupar lugar sem nunca colocar
a carroça à frente dos bois e acabar por sabotar o progresso, perdendo-te em pormenores sem antes
ter as bases para os apoiar.
É através desta definição de prioridades que saberás quais os aspetos mais determinantes para o teu
sucesso e com o que é que te deves preocupar primeiro. Onde é que deves investir o teu tempo para
ver o melhor retorno possível.
Trata-se de saber como criar o treino, como o otimizar e saber o porquê por trás de cada decisão.
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GLOSSÁRIO
Hipertrofia: Aumento do volume da célula. É o processo pelo qual se dá o crescimento muscular.
Repetição: Consecução do movimento completo de um exercício, desde o ponto inicial até ao ponto
final.
Série: Conjunto de repetições executadas de forma minimamente seguida.
Microciclo: O ciclo, mais curto, que engloba todas as várias sessões de treino diferentes e dias de
descanso entre si. Geralmente, mas não exclusivamente, tende a ter a duração de uma semana.
Mesociclo/Bloco: Sequência de microciclos, repetidos de forma cíclica, com um objetivo comum.
Geralmente engloba os mesmos exercícios e espetros de intensidade, para maximizar uma
determinada adaptação. Tem uma duração usual entre 4 a 8 semanas.
Macrociclo: Sequência de mesociclos, com o mesmo objetivo, organizados de forma lógica para
potenciar o resultado a longo-prazo. Geralmente, no contexto de hipertrofia, um macrociclo dura entre
3 a 6 mesociclos.
Deload: Fase de treino dedicada à redução de fadiga. Geralmente é composta por uma redução de
volume e intensidade.
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Fibra Muscular: Célula do tecido muscular. É polinucleada e apresenta capacidade contrátil. Dentro da
Fibra Muscular, distinguem-se:
• Fibras tipo-I: pertencem a unidades motoras mais pequenas, têm menor limiar de excitação e
capacidade de produção de força, mas maior capacidade oxidativa e tolerância à fadiga;
• Fibras tipo-II: pertencem a unidades motoras maiores, têm maior limiar de excitação e
capacidade de produção de força, maior capacidade glicolítica mas menor capacidade oxidativa
e tolerância à fadiga.
A junção entre fibras musculares e o motoneurónio (ou neurónio motor) que as enerva denomina-se
Unidade Motora.
Repetições em Reserva (RER): Escala de perceção subjetiva de esforço, baseada no número de
repetições que o atleta conseguiria completar até atingir a falha muscular ou técnica num exercício.
Por exemplo: 3 RER indica que o atleta termina a série quando apenas conseguiria completar mais três
repetições. 0 RER indica que o atleta deve terminar a série quando já não conseguir completar mais
nenhuma repetição para além da última.
Pump: Vasodilatação ou inchaço local, por consequência do treino, da região onde o músculo a ser
treinado se enquadra. Por exemplo: inchaço do braço após um exercício de bicípites.
RM (ex: 1RM, 2RM, …) – repetição máxima: a carga máxima, num dado exercício, que um atleta
consegue vencer para uma repetição (1RM), duas repetições (2RM), etc.
Subótimo: Algo que está abaixo do ótimo, ou não está otimizado. No âmbito do treino, uma abordagem
subótima é uma abordagem que não está otimizada face ao contexto e possibilidades, logo não
proporcionará os melhores resultados possíveis.
Ressenssibilização: Tornar algo novamente sensível a. No âmbito de hipertrofia, é o processo pelo qual
o tecido muscular se torna novamente sensível a um determinado tipo de estímulo. Geralmente por
consequência de não ter sido exposto ao mesmo durante algum tempo.
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O PODER DA CONSISTÊNCIA
Consistência é a chave para o sucesso.
É aqui que começa a conceção de qualquer programa de treino eficaz.
Provavelmente já ouviste algo do género da frase em itálico centenas de vezes. No entanto, não deixa
de ser verdade. E não deixa de ser um aspeto altamente menosprezado, embora com um impacto
abismal.
Por mais utópico e otimizado que possa ser qualquer plano de treino, de nada serve se não for
devidamente cumprido. Se o atleta para o qual este é destinado não o conseguir seguir de forma
efetiva, 99% das vezes. (Sim, porque os imprevistos acontecem. E espero que não sejamos todos robôs
infalíveis na altura em que estiveres a ler este livro!)
Então, antes de sequer decidir aplicar qualquer detalhe ou nuance de treino, a primeira questão a
responder é:
“Será que eu consigo seguir isto 99% das vezes?”
Se a resposta for não, então esse plano nunca será o melhor para ti. Simplesmente porque não o
conseguirás seguir devidamente e, por isso, nunca poderás tirar o seu melhor proveito. Pelo que é
necessário ter esta questão em mente durante todas as decisões tomadas num programa de treino.
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Considerações face à Consistência no treino
No que toca à consistência, seja no treino, dieta ou qualquer outra decisão ou comportamento,
levantam-se três aspetos a considerar para qualquer tomada de decisão:
1. É realista?
Consegues cumpri-lo na maioria das vezes? “360 dias por ano?”
2. É flexível?
Se acontecer um imprevisto, podes alterar a tua rotina para continuar a ir de encontro ao teu objetivo?
3. É prazeroso?
É algo que gostas de fazer e que vai manter a motivação em altas para te empenhares ao máximo?
Todos estes fatores são cruciais para determinar se o treino vai ser exequível, ou não. E isto, logo à
partida, dita o sucesso e resultados que podem ser obtidos desse mesmo treino.
Se não é exequível, então é necessário mudar. Mesmo que a opção final não seja tão “ótima” na teoria
como poderia ser. Porque por mais ótimo que seja o plano ideal, se não for efetivamente cumprido,
não será aproveitado nem surtirá os efeitos pretendidos.
Vamos então entender como é que cada uma destas questões pode ser aplicada no contexto do treino:
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O plano é REALISTA: encaixa-se na tua disponibilidade?
O grande constrangimento abordado aqui é o fator tempo e disponibilidade.
Se há uma data a cumprir, por exemplo uma competição, então o plano de treino, pelo menos a longoprazo,
deve ter isto em conta. Mesmo que essa “data a cumprir” seja o corpo estético de verão. O
desenvolvimento muscular não surge do dia para a noite e, por isso, tem de ser preparado
antecipadamente.
Porém, atenção: o calendário não tem em conta apenas uma data final.
É importante conciliar quaisquer eventos que possam surgir e que impactem o treino. Por exemplo:
férias, casamentos, deslocações em trabalho, etc. Tudo isto são acontecimentos que afetam
inevitavelmente a disponibilidade para treinar nesses períodos. Planear de acordo com estes eventos
e imprevistos é planear para ganhar.
Então, uma recomendação prática é não tentar encaixar um plano de 12 semanas se o atleta apenas
tem 10 semanas para treinar. E provavelmente não será boa ideia tentar mantê-lo intacto se, a meio
dessas 12 semanas, surgir um período com imensos imprevistos que ditem a necessidade de adaptar a
estrutura do treino.
HORÁRIOS
Outra questão fundamental é o tempo disponível para treinar. Seja no dia-a-dia: quantas horas podem
ser investidas no ginásio, realisticamente. Seja na semana: quantos dias é que o atleta consegue treinar,
de forma consistente, numa semana “normal”.
Por mais óbvio que pareça, é um dos erros mais comuns. Nomeadamente quando são planeados 6
treinos semanais, embora os fim-de-semana possam ser períodos altamente instáveis – onde
facilmente surgem viagens ou imprevistos familiares/sociais.
Mais uma vez, é planeado algo insustentável. O que significa falhar no planeamento. Isto porque, ao
inviabilizar uma correta consecução do treino, grande parte dos seus efeitos são comprometidos.
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O plano é PRAZEROSO: é algo que gostas de fazer?
Após definir algo que à partida é realista, a satisfação é fundamental para o fator adesão. Ao optar por
um plano mais prazeroso para o atleta, a consistência é potenciada. É muito mais fácil ser consistente
com algo que se gosta, do que o oposto. Aliás, é fácil inventar mil-e-uma desculpas para não treinar
quando não se gosta do treino. Basta ver a quantidade de homens que não treinam pernas.
Além disso, quando o treino é prazeroso, a motivação e o empenho fomentam-se. Com mais motivação
e empenho, dá-se um melhor desempenho. O que instala um cenário ideal para alcançar melhores
resultados. Criando uma espécie de bola-de-neve:
Experienciar melhores resultados repercute-se em mais motivação, mais empenho e maior prazer na
tarefa desempenhada (cujos resultados se manifestam e funcionam como feedback positivo). O que se
reflete numa maior consistência.
Ou seja:
Um bom plano deve estabelecer uma harmonia entre os princípios de treino e o contexto e
preferências pessoais. Isto cria as condições para a tal bola-de-neve que gera cada vez melhores
resultados.
Em simultâneo, é necessário reverter o foco, que tão frequentemente está nos resultados, para o
processo. Encontrar e delinear um processo (um treino) que não só seja eficaz, mas que seja também
prazeroso e motivante para o atleta em questão.
Mais uma vez, isto reverte para a componente do realismo: por mais que um indivíduo disfrute do seu
treino, se este impactar negativamente outros pilares da sua vida (ex: vida social, familiar, profissional,
etc.) acabará por acarretar repercussões em ambos os lados a longo prazo. Pelo que volto a apelar à
consistência e sustentabilidade acima de tudo.
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Finalmente…
O plano é FLEXÍVEL: ajustável face a imprevistos?
Para ser realista, é necessário entender que nem sempre tudo correrá como planeado. Sejam
imprevistos no trabalho, trânsito, pessoas que não largam o equipamento a utilizar, etc. Ou mesmo até
mudanças nos horários, obrigações familiares e afins. Há vários fatores que, de repente, podem impedir
ou restringir o cumprimento do plano.
Tal como há inúmeros aspetos, como o stress ou noites mal dormidas, que embora não impeçam de
treinar, comprometem seriamente o rendimento. E, de certa forma, a motivação.
Ora, todos estes acontecimentos constituem obstáculos reais. Por isso, é fundamental preparar
ferramentas que permitam adaptar o plano às diversas circunstâncias que possam surgir. De forma a
torná-lo exequível e efetivo perante possíveis adversidades.
Ao nível do planeamento em si, falar-te-ei frequentemente da Autorregulação. Esta será a ferramenta
responsável por proporcionar flexibilidade a todo o planeamento, de forma que seja adequável a
quaisquer circunstâncias. Não só para a otimização de variáveis no treino, adaptando-as a cada
indivíduo, mas também aos contextos.
No entanto, a flexibilidade não se aplica apenas à forma como cada sessão de treino é manipulada.
Mas, também, na forma como o planeamento é compreendido no geral. Nomeadamente ao encarar o
treino com um mindset mais flexível.
Nem tudo corre sempre como planeado. Assim, é importante desenvolver alternativas viáveis que
permitam que o plano, como um todo, siga no seu alinhamento. Partindo agora para exemplos mais
práticos:
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Equipamento Ocupado
É segunda-feira, quase-oficialmente o dia internacional do treino de peito. Estavam planeadas 3 séries
de Cross-Over nos cabos. No entanto, todas as polias de cabos estão ocupadas. E agora?
Surgem três opções:
1. Esperar para que o equipamento fique disponível. O que é perfeitamente exequível se houver
tempo para isso. Este é o cenário “ideal”, mas nem sempre é viável dados os constrangimentos
horários.
2. Saltar esse exercício nessa sessão de treino. Aqui, é fundamental aceitar que o estímulo da
sessão será menor e que isto impactará, inevitavelmente, o resto da semana de treino.
3. Encontrar uma alternativa de exercício o mais parecida possível com o pretendido. Embora não
seja exatamente o “ideal”, é uma forma plausível de contornar este constrangimento e permitir
uma consecução o mais ótima possível face a este cenário.
Menos tempo para treinar
Trânsitos, atrasos, obrigações de última hora… tudo isto são possíveis situações que podem obrigar ao
encurtamento da sessão de treino.
E como é que podemos lidar com isso?
1. Saltar exercícios, novamente aceitando a repercussão que isto terá no decorrer do plano;
2. Adaptar o treino para conseguir treinar em menos tempo, nomeadamente ao manipular os
tempos de descanso e/ou os números de séries e/ou acoplando exercícios em sistemas de
supersérie ou de circuito.
(Estratégias práticas sobre o ajuste do treino são abordadas no capítulo de gestão de tempo)
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Dia Impossível
Reunião de última hora no trabalho. Já não consegues chegar a tempo ao ginásio e ainda fazer tudo o
resto que precisavas para esse dia. Ir treinar seria muito mais um stress, com várias repercussões
negativas no teu dia, do que propriamente algo positivo.
Ou então passaste uma péssima noite de sono e estás de rastos. O dia foi tão stressante e/ou
desgastante que não estás sequer em condições de te concentrar devidamente no treino ou empenharte
ao máximo.
Novamente, surgem duas opções:
1. Cumprir o treino na mesma, para “picar o ponto”, aceitando o possível decréscimo de
performance e/ou potenciais implicações negativas na tua vida.
2. Tirar esse dia para descanso, para que possas voltar amanhã em melhores condições e fazer o
trabalho que tens a fazer com uma melhor qualidade.
Na verdade, existem várias formas de lidar com estes imprevistos. Onde não há um “certo” ou “errado”
dadas as caraterísticas de cada circunstância. No entanto, há um mindset que podemos mudar.
Que engloba aceitar que inevitavelmente existirão dias assim, cujos fatores influentes nos são externos
e dificílimos de contornar. E que, se os queremos contornar, é necessário ser flexível com a abordagem.
Percebendo que algumas mudanças à última da hora podem ser melhores que um “incumprimento”.
Não só numa perspetiva imediata, mas também numa visão mais a longo prazo do sucesso nesta
jornada de treino.
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ENCARAR O TREINO
Cada repetição é uma oportunidade.
Cada série é uma moeda depositada no mealheiro.
Antes de avançar, tenho de frisar que: Treino não é o mesmo que Exercício.
Exercício é uma atividade física planeada que eleva a frequência cardíaca acima do repouso. Faz parte
do treino, sim. Mas não é, de todo, a mesma coisa.
Treino é a repetição de um processo, planeado, com uma intenção bem definida, em prol de atingir um
objetivo específico. Não é apenas um conjunto de exercícios. Nem um ato aleatório sem uma direção
bem definida.
Treino é rigor. É uma busca incessante de um objetivo, através de uma prática consciente e intencional
de comportamentos que visem aproximar o indivíduo do resultado final.
Portanto “treinar” é completamente diferente de “ir ao treino”. A intenção e o foco depositados em
cada tarefa podem ter um papel preponderante no resultado final. Seja pela otimização de cada
exercício através de um melhor foco na sua execução. Seja pela consciencialização do processo e do
seu impacto no corpo, permitindo uma melhor monitorização e adaptação de cada variável.
Quando o objetivo final é hipertrofia, o propósito do treino é claro: estimular o crescimento muscular.
Então, cada decisão tomada no planeamento, deve visar exatamente este resultado. Deixamos agora
de tomar decisões por mero acaso e passamos a fazê-lo de forma racional. Tendo em vista a otimização
do processo – obter o melhor crescimento muscular possível.
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A METODOLOGIA DE HIPERTROFIA
Eis, agora, o propósito deste livro: a metodologia e conceção de um plano de treino para hipertrofia. É
aqui que a grande maioria dos erros acontecem, naturalmente, pela não-adequação do treino e, acima
de tudo, por uma má priorização de variáveis.
Isto é, entre as inúmeras variáveis a ter em conta no treino, existe uma espécie de relação hierárquica.
Pois nem todos os elementos do treino têm o mesmo efeito no resultado final.
Existem variáveis cruciais, com um maior impacto no crescimento muscular e sem as quais o treino não
se torna efetivo. Independentemente da otimização das restantes componentes. Ou seja, por mais que
tudo o resto esteja otimizado, sem estas variáveis corretamente definidas, os resultados são escassos.
Por outro lado, temos variáveis “secundárias”. Que embora sejam importantes para maximizar o
crescimento muscular, apenas conseguem ser eficazes se as variáveis cruciais estiverem adequadas.
Caso contrário, tornam-se em pormenores com um mínimo potencial de efeito.
Para ir de Lisboa ao Porto, é necessário ir para Norte.
A velocidade, as mudanças, o tipo de viatura são tudo fatores importantes e que aceleram a viagem,
sim. Mas que de nada servem se o indivíduo estiver a ir para Sul – num rumo totalmente diferente.
E é exatamente esta hierarquia que nem sempre é respeitada. Acabando por ter atletas a priorizar
fatores “secundários” sem garantir a mínima adequação das variáveis-chave para hipertrofia. O que
compromete severamente a eficácia do treino. E, por isso, é tão comum ver a estagnação e programhopping
(troca constante de programas de treino), particularmente em atletas intermédios onde as
necessidades de otimização do treino para obter quaisquer resultados é cada vez maior.
Por isso, começo por apresentar este modelo hierárquico, baseado numa adaptação de um modelo
apresentado por Eric Helms et. al (1). Para que possas entender quais os aspetos mais determinantes,
com os quais te deves preocupar primeiro. E abordá-los ao detalhe – para que consigas otimizar todo
o treino e alcançar os melhores resultados. E gradualmente subir nesta hierarquia à medida que cada
andar é solidificado.
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Figura 1 – Pirâmide das prioridades para o Treino de Hipertrofia.
Sugiro-te que interpretes esta hierarquia como uma escada de preocupações – subindo um degrau de
cada vez.
Por exemplo: de nada te beneficia preocupares-te com a sobrecarga progressiva, se o teu treino ainda
não é específico ao objetivo. Porque estarias a impor uma sobrecarga nalgo que não te vai levar ao
crescimento muscular e a progredir nesse sentido. Não no sentido que tu pretendes ir.
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REFERÊNCIAS:
1. Helms, E. R., Morgan, A., & Valdez, A. M. (2019). The Muscle and Strength Pyramid: Training.
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ESPECIFICIDADE
A especificidade é provavelmente o princípio de treino mais importante. É este que dita a direção e
natureza do treino e, com isso, as adaptações que podem ser alcançadas. Sem especificidade temos
aleatoriedade. E atos aleatórios apenas levam a resultados aleatórios.
Por definição, a especificidade defende que o treino deve ser específico ao objetivo. Pois quaisquer
adaptações/resultados são específicas às exigências impostas no corpo. Portanto, todo o treino de
hipertrofia deve ser elaborado visando um estímulo próprio para o crescimento muscular. E não outra
qualidade física qualquer (ex: força máxima, resistência muscular, potência).
Na prática, significa que todo o treino deve estar direcionado para um mesmo objetivo. O que inclui
não só o treino no ginásio, mas também todas as restantes atividades físicas. O corpo tem uma
capacidade limitada de recursos: sejam eles temporais, energéticos/nutricionais ou, mesmo,
adaptativos. Portanto, para os melhores resultados, é necessário investi-los todos no treino que nos
levará lá. Quanto menos for investido noutros “lados”, mais recursos estarão disponíveis para a ação
que nos leva ao objetivo principal.
Sendo que, independentemente do desporto ou atividade, há sempre um custo inerente de fadiga que
compromete o treino de hipertrofia. Além disso, o tempo e os nutrientes utilizados para essa outra
atividade poderiam ter sido investidos no crescimento muscular. Logo, gera-se um obstáculo para o
melhor rendimento e resultados.
Para além disso, existe um potencial efeito de interferência, ou concorrência, nas adaptações dos
diversos tipos de treino (1-5). Os efeitos que um treino produz podem ser contraprodutivos face aos
efeitos produzidos por outro. O que leva a uma concorrência de adaptações, não permitindo o melhor
desenvolvimento de nenhuma dessas qualidades. Um exemplo prático e comum é a concomitância do
treino cardiovascular com o treino hipertrófico. São atividades de natureza díspar, que impõem fadiga
sobre o corpo impactando o rendimento no treino da outra qualidade física. E as adaptações agudas ao
treino cardiovascular comprometem as adaptações necessárias para um melhor crescimento muscular,
atenuando-o severamente quando ambos os treinos são feitos em períodos muito próximos.
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Finalmente, faz todo o sentido referir o Princípio da Continuidade (abordado mais ao detalhe no
capítulo da periodização):
Para obter os melhores resultados/adaptações, o estímulo de treino deve ser repetido
sequencialmente. Ou seja: idealmente, o treino de hipertrofia engloba um acumular de estímulos de
naturezas similares. Evitando, assim, “conduzir” o organismo para direções distintas ao mesmo tempo,
perdendo um efeito cumulativo da somação de estímulos que direcionam uma dada adaptação.
Se os estímulos de treino forem demasiado espaçados entre si e/ou o organismo for exposto
continuamente a estímulos completamente diferentes, a resposta adaptativa será menor. O que
inviabiliza, desde já, a ideia de todas as semanas mudar de plano de treino para “confundir” o músculo.
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Aplicação prática
O princípio da especificidade, aplicado ao treino de hipertrofia, dita que todo o treino deve conduzir
diretamente ao crescimento muscular OU ao desenvolvimento de qualidades físicas que potenciem
este processo. Seja a curto, médio ou longo prazo.
Por exemplo: Prescrever flexões/push-ups, com a devida intensidade, pode despoletar crescimento do
peitoral, sendo um trabalho específico para hipertrofia. Já uma aula de boxe, por mais socos que
englobe, dada a natureza do estímulo, viola por completo o princípio da especificidade e não deve ser
considerado um treino para hipertrofia. Podendo, para além da fadiga acarretada que comprometerá
o treino de hipertrofia, ter um efeito de interferência que afetará negativamente a sinalização para o
crescimento muscular. Já um trabalho levíssimo de Supino/Bench Press com o âmbito de aprendizagem
técnica, embora não seja específico para o crescimento muscular na dada sessão, visa o
desenvolvimento de qualidades técnicas para um melhor treino de hipertrofia a longo prazo. Logo,
poderia ser considerado específico para hipertrofia. Não na sessão de treino em si, mas num
planeamento a longo prazo.
Para tal, e para atender ao princípio da continuidade do estímulo, o treino deve manter uma estrutura
geral consistente durante um mínimo período de tempo (6).
A persistência nos exercícios-chave, que se trata de um dos meios pelo qual é gerado o estímulo
hipertrófico, é fundamental. Pois é através da prática do exercício que se otimiza a técnica.
Conseguindo não só mover cargas superiores (e assim causar maior disrupção), como fazê-lo de forma
mais segura (7). Em simultâneo, a aprendizagem técnica engloba a melhoria do recrutamento muscular
para esse exercício (8). O que, tendencialmente, aprimora a conexão mente-músculo – um fator
importante para reforçar um melhor direcionamento do estímulo para a musculatura-alvo do exercício
(9).
E todos estes benefícios interessam porque conduzem o atleta a um maior crescimento muscular (9).
Especificidade.
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Além disso, o crescimento muscular não é um processo imediato. Aliás, o próprio aperfeiçoamento
técnico demora várias semanas e é a principal adaptação a ocorrer aquando da troca de exercícios. De
tal forma que, nas primeiras semanas de um novo exercício, a maioria dos “ganhos” tendem a ser
neurais e não estruturais. Ou seja, até “aprendido”, um novo exercício trará pouquíssima hipertrofia
(10-16). Até porque variações entre exercícios e cargas/espetros de repetições podem estimular
diferentes fibras do mesmo músculo (17-19). O que levaria a uma inconsistência do sinal imposto no
corpo.
Então, trocar constantemente de exercícios (ex: semanalmente ou a cada 2 semanas) acaba por violar
o princípio da especificidade. O que não permite uma aplicação do estímulo numa quantidade e
frequência suficiente para despoletar efeitos significativos.
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Definir Prioridades Específicas
Outro domínio do princípio da especificidade é a priorização do treino.
Quando é estabelecido um objetivo de crescimento muscular, é importante definir prioridades.
Estipular quais os músculos cujo desenvolvimento é mais, ou menos, importante para o atleta. Pois os
recursos para treinar, recuperar e crescer o tecido muscular são limitados. Logo, a priorização permite
investir no que é mais importante em primeiro lugar. E, assim, assegurar a consecução do objetivo e o
próprio princípio da especificidade.
Naturalmente, nem sempre há uma definição clara destas prioridades. Na maioria dos casos, procurase
um desenvolvimento geral e homogéneo, em busca de um físico equilibrado. Não obstante, definir
uma hierarquia dos músculos mais importantes para cada atleta poderá ser importante para uma mais
correta priorização dos mesmos. Seja ao dedicar-lhes mais volume/tempo/atenção, seja ao treiná-los
mais cedo na semana e na sessão de treino. Seja a manipular toda a seleção de exercícios circundante
para os enfatizar.
Finalmente, à medida que o atleta se torna mais e mais avançado, definir estas prioridades torna-se
cada vez mais importante para permitir um crescimento mais sustentável. Nomeadamente através de
Fases de Especialização, abordadas no capítulo da periodização.
Uma vez compreendida a importância da Especificidade enquanto o rumo/direção de qualquer
programa de treino, resta-nos entender o que é um treino específico de hipertrofia.
Quais é que são as suas particularidades?
Começamos pela Intensidade, Volume e Frequência. Estas, constituem três variáveis-chave para a
construção de qualquer programa de treino. Estão intimamente interligadas e afetam-se mutuamente.
Pelo que, para construir um plano eficaz, requerem uma relação harmónica que não comprometa
qualquer uma das suas exigências face ao estímulo de treino pretendido. Nem a recuperação do atleta.
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INTENSIDADE
Comecemos pela intensidade que, por definição, exprime o nível de empenho do atleta numa tarefa
face à sua capacidade máxima. Na prática, esta é a variável que resolve 2 questões de uma vez só:
1. Quão árduo/duro deve ser cada treino, definindo o quão próximo da falha deve ser levada cada
série;
2. Quantas repetições/qual a carga que deve ser utilizada para melhor estimular o crescimento
muscular.
O que, por si só, permite dividir a intensidade em duas métricas:
Intensidade Relativa
Ou intensidade de esforço, é normalmente expressa no treino sob a forma de Perceção Subjetiva de
Esforço (PSE) ou RPE (Rate of Perceived Exertion) em inglês. No entanto, numa adaptação mais prática
ao treino de hipertrofia é abordada através do RER (Repetitions in Reserve): o número de repetições
em reserva, ou aquém da falha, no término de cada série (1, 2).
Esta é a métrica que determina o quão dura deve ser cada série do treino. O quão perto da falha é que
cada série deve ser levada para obter um estímulo hipertrófico relevante. E este é um ponto crucial a
definir. Pois permite uma estandardização do estímulo imposto em cada série, o que possibilita
comparações entre diferentes abordagens – aspeto fundamental para a individualização e otimização
do processo de treino.
Para isso, é necessário entender que: para maximizar o crescimento muscular cada série deve ser
levada perto da falha.
Inicialmente, o modelo das Repetições Efetivas, baseado no total recrutamento das unidades motoras
e a desaceleração da velocidade de contração com a proximidade à falha, indicaria que o ideal para
hipertrofia seria terminar cada série com 4 ou menos repetições da falha (4 RER). Pois, as últimas 5
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repetições antes da falha envolvem o recrutamento de todas as fibras, tal como qualquer carga acima
do 85% 1RM.
Contudo, embora esta lógica esteja muito bem fundamentada pela teoria, apelando aos princípios do
recrutamento muscular e produção de força responsáveis pela tensão gerada para estimular a
hipertrofia, a evidência científica alarga este espetro. Vários estudos demonstram ganhos hipertróficos
similares, e alguns até superiores, com uma menor proximidade à falha. Com exemplos de séries
levadas a 6 a 7 RER a mostrarem-se tão ou mais hipertróficas que séries levadas à falha. (3-6).
No entanto, numa perspetiva de evitar treinar por defeito, deixando resultados por alcançar, uma vez
que a perceção de repetições em reserva é cada vez mais reduzida com o afastamento à falha (7, 8) e
os indicadores são muito mais fáceis de percecionar quando o indivíduo está mais perto da falha,
recomenda-se manter a intensidade-alvo nas 4 ou menos repetições em reserva. Principalmente em
séries com cargas mais leves, onde a aproximação à falha se revela mais importante (9, 10, 11).
Ou seja, ao terminar uma série, o atleta não deve ser capaz de realizar mais do que 4 repetições. Caso
tentasse uma 5ª repetição, não conseguiria, falhando a execução.
Tal proximidade à falha é fundamental para criar uma condição que leve ao recrutamento de todas as
fibras musculares para completar as últimas repetições. O que garante que essa série estimula todas as
fibras desse grupo muscular. Por isso, leva a uma máxima produção de força e consequente geração
de tensão no músculo, que constitui um forte mecanismo hipertrófico.
E é aqui que começam as primeiras grandes divergências da atualidade no mundo da hipertrofia:
Treinar à falha versus treinar com Repetições em Reserva.
Primeiro, é necessário definir concretamente o que é a falha muscular: incapacidade de completar mais
uma repetição do mesmo exercício, com o mesmo rigor técnico. Remetendo ao princípio da
especificidade: para um estímulo o mais ótimo e sequenciado possível, todas as repetições devem ser
similares. Ou seja, uma amplitude e movimento dos segmentos corporais estandardizado, igual em
todas as repetições.
Então, atingir à falha, para além da impossibilidade de completar uma repetição, considera também
qualquer outra falha. Quer através da redução de amplitude (ex: não descer tanto num agachamento),
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quer através da utilização de movimentos não pretendidos (ex: tirar a bacia do banco num supino para
completar a repetição).
Na verdade, alcançar a falha e não comprometer a amplitude e a consistência técnica (que inclui a
cadência) nas últimas repetições é um feito por si só. E que, numa nota pessoal, mas também
evidenciada (12), é raríssimo de se verificar. Primeiro pela falsa perceção de proximidade à falha
(especialmente nos exercícios de membros inferiores). E, de seguida, pela inconsistência no padrão de
execução, que impossibilita aferir se aquela série realmente levou o músculo-alvo à falha ou se o atleta
apenas foi alterando o exercício para o tornar mais fácil e exequível, perdendo a qualidade do estímulo
em prol de completar mais repetições. Por exemplo, utilizar balanço do tronco permite completar mais
repetições de uma rosca de bicípite, embora cada uma dessas repetições seja cada vez mais fruto do
trabalho dos músculos responsáveis pelo balanço criado e cada vez menos fruto da participação dos
bicípites – o músculo para o qual o exercício teria sido inicialmente programado.
E quais é que são os benefícios do atleta se aproximar mais e mais da falha, face a treinar de forma
mais conservadora?
Primeiramente, quão mais próximo da falha for levada cada série, mais estimulante esta será (13, 14).
As unidades motoras maiores, com maior predominância em fibras II e maior potencial hipertrófico,
são mais ativadas e tendem a ser as principais responsáveis pelos elevados graus de tensão gerada
nestas últimas repetições. Independentemente da carga utilizada (15).
Além disso, a maior proximidade à falha confere uma maior intervenção de outros fatores
possivelmente contribuintes para a hipertrofia como o inchaço celular (pump), acumulação de
metabolitos e dano muscular (16-20).
Não só isto é intuitivo (maior esforço por série), como é altamente defendido pela teoria e a ciência.
Afinal, a exposição ao estímulo é maior e mais prolongada, inclusive passando mais tempo com o total
recrutamento das unidades motoras.
Em simultâneo, quão mais próxima da falha, mais fatigante será cada repetição (21). Ou seja, mais
impacto terá na qualidade do resto do treino, visto que essa fadiga comprometerá o recrutamento
muscular e performance nas séries seguintes para aqueles músculos (22). Já para não falar da
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recuperação ao longo da semana, que poderá impactar a viabilidade do próximo treino para essa
mesma musculatura (17).
É aqui que surge a importância e a lógica por trás de treinar mais longe da falha: a relação
estímulo:fadiga à medida que nos aproximamos da falha não é proporcional. Embora o estímulo de
cada repetição aumente com a aproximação à falha, a diferença nas últimas 2 repetições é mínima (23).
Já a fadiga acumulada por cada repetição conta uma história diferente. Com cada repetição mais
próxima da falha, a fadiga aumenta de forma muito exponencial.
Figura 2 – Rácio Estímulo:Fadiga em relação à Proximidade à Falha
Concluindo:
Embora cada repetição feita mais perto da falha seja cada vez mais hipertrófica, é também cada vez
mais fatigante. O que reiteradamente compromete as séries seguintes do treino. E o próprio desenrolar
da semana/microciclo de treino em si, dada a acumulação de fadiga e disrupção que se repercutirão
nos treinos seguintes.
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Então torna-se importante entender este conceito e compreender os prós-e-contras de cada
abordagem:
• Optar por uma maior proximidade à falha traz um estímulo imediato maior. No entanto,
comprometerá a capacidade de desempenho e de continuar a estimular os músculos nessa e
nas próprias sessões. Logo, será necessário ter este fator em conta na prescrição do volume e
no tempo de recuperação entre treinos.
• Optar por uma abordagem mais conservadora permite uma melhor gestão de fadiga e
produtividade nas restantes séries de trabalho. No entanto, como cada série será menos
estimulante, poderá ser necessário aumentar o número de séries realizadas para obter o
mesmo estímulo (face ao mesmo número total levado à falha).
Finalmente, uma síntese da evidência científica e uma contextualização naquela que é a realidade do
treino de hipertrofia nos ginásios comuns em Portugal. Interpretando o atleta como um ser humano,
com um dia-a-dia dinâmico e exposto a diversas condicionantes, e não um robot.
Embora alguns estudos já demonstrem que tal proximidade à falha (4 a 0 RER) não é assim tão
necessária para hipertrofia (24), a contextualização é indispensável. Se o atleta tem dificuldade a
percecionar a sua proximidade à falha, seja no geral ou num dado exercício, encorajar um treino mais
conservador poderá comprometer a intensidade necessária para despoletar um bom estímulo
hipertrófico. Por exemplo: planear uma série com 4 RER pode, nalguns casos, dada a imprecisão a aferir
o esforço, levar a que o atleta treine com 8 ou mais repetições em reserva – constituindo um estímulo
muito menos eficaz do que o planeado.
Simultaneamente, em séries com elevadas repetições, onde a dor e o desconforto local no músculo
tendem a surgir facilmente, é muito fácil errar na perceção de esforço (2). Então, uma abordagem mais
minuciosa e, potencialmente, mais perto da falha, em séries de elevadas repetições, poderá evitar
treinos com intensidade insuficiente.
Outra preocupação que surge é a segurança na execução dos exercícios. Com a aproximação à falha,
as capacidades coordenativas e técnicas tendem a diminuir à medida que a fadiga aumenta. O que pode
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acrescer um desnecessário risco de lesão. Seja pela inevitável dificuldade de concentração no ambiente
de esforço e desconforto, seja pela exigência do movimento num ambiente de fadiga.
Por isso, pode fazer sentido ter uma abordagem mais conservadora com exercícios compostos
deixando 1 ou 2 repetições em reserva. Isto é particularmente interessante em exercícios com pesos
livres, onde o risco de lesão tende a ser maior. Assim, é possível gerar um estímulo altamente efetivo e
evitar a degradação técnica que facilmente ocorre nas repetições mais próximas da falha. Já nos
exercícios isolados, onde a complexidade técnica é reduzida e o risco de lesão tende a ser mais
diminuto, poderá ser mais seguro levá-los à falha com maior frequência.
E porque não juntar o melhor dos 2 mundos?
Compreendendo que séries levadas à falha são mais fatigantes e comprometedoras, mas também mais
estimulantes, podem ser aplicadas de forma estratégica. Fundamentalmente reservando-as para a
última série de um grupo muscular numa sessão de treino. Ou, numa índole de periodização, guardar
este trabalho à falha para uma semana que antecipe uma semana de recuperação (deload). Assim, a
preocupação com a acumulação e sobreposição de fadiga entre treinos não é tão grande e, por isso,
pode ser aproveitado ao máximo o potencial estímulo de uma série levada à falha.
Como determinar o RER
Para um correto entendimento da proximidade à falha é necessária a máxima concentração durante
toda a série. Tal como abordado no capítulo sobre encarar o treino. Não só no movimento executado,
mas também no feedback que o corpo proporciona ao longo de cada série.
Além da experiência de vivenciar a verdadeira falha (0 RER) num exercício – que permite uma dedução
rápida e bastante objetiva da proximidade à falha (ex: se 10 repetições com 100kg constituiu 0 RER,
então 3 RER seriam 7 repetições com a mesma carga) – há outras métricas que podem ser utilizadas.
E que são consideravelmente úteis, uma vez que a aptidão para treinar é impactada por inúmeros
fatores do dia-a-dia (ex: num dia mais stressante ou após uma má noite de sono, o teu “máximo” será
sempre impactado) (25). E a própria progressão do atleta ao longo do tempo inviabilizará esta
dependência numa performance prévia (a não ser que sejam testados os máximos para aquela carga
muito frequentemente, o que dificilmente é viável num programa de treino otimizado para hipertrofia).
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Então, serão utilizadas 3 métricas para aferir a proximidade à falha ao longo da série, que devem ser
analisadas de forma conjunta:
• Velocidade de Execução
• Sensação de Ardor
• Consistência Técnica
VELOCIDADE DE EXECUÇÃO
O principal fator, e o mais fácil de utilizar, é a velocidade com que a fase concêntrica consegue ser
executada. Assumindo uma máxima intenção, tentando executar a fase concêntrica da forma mais
explosiva (embora controlada, quanto baste) possível.
Comecemos por entender que à medida que um músculo se aproxima da falha, a velocidade à qual
consegue executar o movimento vai diminuindo (26, 27). Trata-se da curva força:velocidade.
Figura 3 – Curva Força:Velocidade
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O que é extremamente fácil de entender pela prática. Basta pensar no quão fluídas e rápidas são as
primeiras repetições numa série de 10 ou 15 repetições, face às últimas. Ou, séries mais pesadas (ex:
2, 3 ou 4 repetições), onde todas as repetições são “lentas” porque simplesmente não é possível vencer
a resistência mais depressa.
Aqui, embora as primeiras repetições tenham uma velocidade similar, considera-se 3 a 4 RER quando
há uma primeira perda de velocidade notável face às repetições anteriores. Ou seja, se a fase apenas
demorava 1 segundo, à medida que a série se aproxima da falha, demorará 1.5 segundos, 2 segundos,
e por aí fora.
Portanto, mesmo que as primeiras repetições pareçam fáceis (do género que conseguias fazer aquilo o
dia todo), para uma série ser realmente hipertrófica tem de chegar pelo menos ao momento a partir
do qual deixa de ser fácil vencer a resistência. Como se ficasse mais pesado a cada repetição. É esta a
dificuldade mínima que se deve encontrar em todas as séries num treino para o crescimento muscular.
SENSAÇÃO DE ARDOR
Outro aspeto relevante é a sensação de “ardor” no músculo-alvo durante a série. Que, aliada à
velocidade, ilustra bastante bem o desafio e disrupção que o músculo enfrenta naquele momento.
Embora não seja uma métrica tão precisa ou eclética como a velocidade de execução (ex: séries de 6
repetições não promovem grande ardor, por mais perto da falha que estejam), é altamente útil para
séries de elevadas repetições.
Isto porque, ao longo de uma série de 15 a 30 repetições, o músculo começa a “arder” mais e mais a
cada repetição. Tornando-se cada vez mais insuportável à medida que o atleta se aproxima da falha. O
que coincide, normalmente, com o aumento da dificuldade e desaceleração das repetições.
Portanto, quanto mais um músculo “arder” durante uma série, especialmente de elevadas repetições,
mais perto da falha deverá estar o atleta.
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CONSISTÊNCIA TÉCNICA
Finalmente, um fator que muito facilmente demonstra a proximidade à falha é a dificuldade em manter
a técnica exímia e padronizada.
Aliás… a partir do momento em que o atleta não consegue manter a sua técnica-padrão ao longo de
uma série, pela dificuldade que encontra nas últimas repetições, geralmente estará com 3 ou menos
repetições em reserva.
De forma leiga, à medida que há uma aproximação à falha (3 RER), surge uma espécie de “modo de
sobrevivência”, onde o atleta dá tudo para tentar terminar cada repetição. Inclusive degradar a técnica
e procurar auxílio de outros músculos.
Seja porque os membros começam a tremer. O corpo a contorcer. Ou, simplesmente, porque se torna
difícil manter o padrão técnico exigindo tanto daquele músculo-alvo. Por exemplo: Começar a sentir a
tendência para usar balanço num Bicep Curl. Ou deixar de manter os cotovelos mais juntos ao corpo
num Skullcrusher ou Close Grip Bench Press.
É aqui que é obrigatório ter o máximo foco na execução técnica para garantir que é retirado o máximo
partido de cada série.
Antecipando já o capítulo da progressão, o objetivo não é estimar as repetições em reserva e tornar
isso uma tarefa orientadora do treino em todas as semanas. Mas sim utilizá-las como método de
autorregulação e potencial forma de autorregular o treino. Principalmente quando surgem imprevistos
no dia-a-dia e/ou no equipamento de treino, que força à adaptação dos exercícios.
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Intensidade Absoluta
Quantas repetições é que deves fazer? Qual a carga ideal?
É aqui que entra a Intensidade Absoluta – a carga de trabalho. Tradicionalmente, é prescrita sob a forma
de percentagem da repetição máxima (% 1RM) no exercício a executar. Ou seja: “séries de 10 com 50%
1RM” significaria realizar 10 repetições com 50% da carga máxima que o atleta consegue mover para
apenas 1 repetição.
No entanto, rapidamente percebemos que esta métrica não é prática para todos os exercícios. Basta
imaginar a inviabilidade de testar o 1RM de exercícios isolados como um Bicep Curl ou Lateral Raise.
Além disso, há uma enorme variabilidade interindividual para o número de repetições que 2 pessoas
conseguem fazer com a mesma %1RM (16, 28). Especialmente quando comparado o sexo masculino e
feminino (29, 30).
Contudo, isto não significa que não faça sentido prescrever cargas ou, acima de tudo, um espetro de
repetições a fazer em cada série. Bem pelo contrário. Até porque são duas métricas importantes e
interrelacionadas para atender à proximidade à falha necessária para hipertrofia.
Por exemplo: Prescrever 80 ou 200kgs é irrelevante se o número de repetições feitas não for próximo
da falha o suficiente. Tal como uma série de 20 repetições é irrelevante se a carga ou dificuldade do
exercício não gerar a intensidade de esforço necessária. É necessário adequar o número de repetições
à dificuldade (e carga) do exercício em questão.
Comecemos então por entender quais as cargas que melhor permitem desenvolver a massa muscular.
As guias orientadoras iniciais do treino de hipertrofia, há vários anos atrás, indicavam que apenas cargas
entre os 60 e 85% 1RM seriam pesadas o suficiente para despoletar o crescimento muscular (31). Ou
seja, para hipertrofia, todas as séries deveriam ocorrer entre as 6 e 15 repetições.
No entanto, com o natural avanço da ciência, atualmente entende-se que a partir dos 30% 1RM a
resposta hipertrófica será similar, desde que ocorra a proximidade à falha necessária (0 a 4 RER) (6, 32-
34). Estabelece-se, assim. os 30% 1RM como o mínimo de carga para obter um crescimento muscular
minimamente otimizado.
Em termos práticos, qualquer carga que induza a falha em 30 ou menos repetições será eficaz para
hipertrofia. Quebra-se, assim, o mito urbano que séries de 15 ou mais repetições seriam apenas úteis
para o aumento da resistência muscular.
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À medida que a carga ou %1RM aumenta e é avaliado o estímulo por cada repetição, verifica-se que
quão mais pesada for a carga, maior será o estímulo de cada repetição (6). O que faz todo o sentido.
Tanto que, igualados os volumes de treino, séries de 1 ou de 3 repetições podem ser igualmente
hipertróficas face às convencionais séries de 12 ou, até mesmo séries de 20 ou 30 repetições (6).
No entanto, levanta-se um conflito de interesses. Sim, qualquer carga entre os 30 e 100% 1RM pode
despoletar hipertrofia. Mas se o objetivo é ser o mais eficaz e eficiente possível a curto, médio e longoprazo…
talvez nem todas as cargas sejam igualmente apelativas.
Particularmente quando se fala de trabalho mais pesado, com 5 ou menos repetições, levanta-se uma
questão pertinente:
Será que trabalhar com séries pesadas (≤ 5 repetições) é assim tão benéfico, ou sequer “compensa”
para hipertrofia?
Em termos de resultados – cumpre o critério de êxito, sim. No entanto, para obter a exposição ao
estímulo hipertrófico necessária para um crescimento ótimo, o número de séries a realizar será enorme
(35). Ou seja, em vez de requerer 10 séries por músculo/semana, é bem possível que sejam necessárias
20 ou 30. O que, por si só, já exige o dobro do tempo. (Que poderia ser investido em descanso e/ou
atividades relaxantes que diminuam os níveis de stress, potenciando a recuperação).
Para ir de Lisboa ao Porto por terra, podem ser utilizados vários meios que cumprem o objetivo. Inclusive,
ir a cavalo. No entanto, embora leve o atleta ao destino, será uma viagem (treino) muito mais demorada
(mais séries e tempo) e potencialmente mais atribulada (maior risco de lesão). Mas se o atleta assim o
prefere, não deixa de ser um método possível.
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Então, há um vasto leque de opções para programar o treino de hipertrofia no que toca às cargas e
repetições. Mas quando é que se deve optar por um determinado espetro de repetições em detrimento
de outro?
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Adaptar a carga a cada exercício
Entendendo as cargas e repetições ideais para hipertrofia, o treino pode ser dividido, de forma mais
prática, em 3 a 5 zonas de intensidade:
• Pesado (séries de 5 a 10 repetições)
• Moderado (séries de 10 a 20 repetições)
• Leve (séries de 20 a 30 repetições)
o
E, ainda, podem ser discriminados espetros intermédios, como um “pesado-moderado”
(8 a 12 ou 8 a 15) e um “moderado-leve” (15 a 25).
Esta divisão é interessante para questões de periodização de treino e para melhor adequar cada
exercício a uma zona de intensidade. Construindo, assim, um treino mais realista e facilitando os
conceitos de periodização e variação.
E porquê?
Cada exercício tende a ter uma zona de intensidade preferencial. Primeiro atendendo à sua
especificidade de execução (complexidade, estabilidade, exigência cardiovascular, etc.). E, segundo,
atendendo à experiência de cada atleta – onde este se dá melhor e obtém um rácio estímulo:fadiga
mais favorável.
Resumindo, há exercícios que são mais práticos e viáveis recorrendo a cargas mais pesadas e menos
repetições. E exercícios que são mais úteis e proveitosos no cenário oposto. Algo que varia não só dado
o perfil do exercício, mas também as individualidades do atleta.
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Espetros Pesados (5 a 10 repetições)
Quase exclusivamente indicado para exercícios compostos (que englobam vários músculos e
articulações) com pesos livres. Dada a sua a exigência cardiovascular e participação de musculatura
estabilizadora na maioria destes exercícios, evitar muitas repetições tende a ser uma boa estratégia
para garantir que o músculo-alvo é o fator limitante. E que a série não termina por constrangimentos
cardiovasculares e/ou de musculatura estabilizadora (ex: fadiga lombar em agachamentos).
Espetros Moderados (10 a 20 repetições)
O meio termo. A grande maioria dos exercícios são perfeitamente exequíveis neste espetro.
Provavelmente à exceção do agachamento livre e peso morto, dadas as exigências cardiovasculares
para atletas menos desenvolvidos nas qualidades cardiorrespiratórias.
Por norma, será mais prático reservar os exercícios compostos em pesos livres (barra ou halteres) para
um espetro moderado-leve (10 a 15 repetições) e optar por máquinas ou barras guiadas para exercícios
compostos mais leves (15+ repetições).
Espetros Leves (20 a 30 repetições)
É aqui que brilham os exercícios isolados.
A menor exigência técnica, coordenativa e cardiovascular e a estabilidade que estes exercícios
conferem tornam-nos ideais para trabalhos mais leves, repletos de repetições.
Geralmente, é neste espetro que são exploradas grande parte das técnicas de intensificação.
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Treinar além da falha
Determinadas técnicas avançadas ou de intensificação do treino, abordadas mais detalhadamente no
seu capítulo, baseiam-se na continuação da série após atingir a falha concêntrica naquele exercício. Ou
seja, a incapacidade de completar a fase concêntrica face àquela resistência, mantendo todos os
parâmetros técnicos. No entanto, após atingido este grau de fadiga, ainda é possível prolongar a série
através de auxílio externo para a fase concêntrica (tornando a barra “mais leve”). Até atingir a falha
excêntrica também.
Qual é a lógica por trás disto?
Como analisado, quão mais próximo da falha estiver cada repetição, maior será o estímulo
proporcionado. Logo, ao prolongar a série além da falha, o estímulo total gerado será maior. Na prática:
se apenas for realizada 1 série, quão mais além da falha o atleta for, maior será o potencial hipertrófico
desta. Mas qualquer ação traz as suas consequências.
With great stimulus, comes great fatigue.
Se à medida que o atleta se aproxima da falha o rácio estímulo:fadiga de cada repetição tende a piorar
(21), comprometendo severamente a recuperação (19), mais exponencial ainda é esta deterioração
após atingir a falha concêntrica. Tal como ilustrado na figura 2.
Uma vez que o recrutamento muscular é exponencialmente prejudicado ao atingir a falha, a
componente concêntrica do exercício perde o seu potencial de estímulo de forma muito acentuada.
Então, o grande proveito das séries além da falha advém, maioritariamente, do estímulo da fase
excêntrica. O que não é necessariamente mau.
No entanto, este tipo de contrações é, também, o que mais dano causa na estrutura muscular (39). E
consequentemente, mais tempo e recursos de recuperação exige (40). Logo, acarreta custos que
poderão impactar negativamente a harmonia entre as variáveis como a frequência e o volume de
treino, que não devem ser esquecidas para obter o melhor crescimento muscular.
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Finalmente, levanta-se a questão de viabilidade e monitorização desta metodologia. Principalmente em
contextos de repetições forçadas ou assistidas por um parceiro de treino.
Sem um elemento fiável para comparar a performance entre treinos, não é possível determinar se o
atleta fez mais repetições além da falha porque ocorreu adaptação ou porque o parceiro o auxiliou
mais. A ausência desta monitorização e avaliação da progressão no treino impossibilita quaisquer
ajustes/tomadas de decisão de forma fidedigna e eficaz. Logo, não aparenta ser a melhor metodologia
para um uso recorrente (ex: todas as semanas), uma vez que não permite uma análise fiável para
manter o treino adequado ao atleta.
E a solução é relativamente simples: se o objetivo de treinar além da falha (aceitando todas as
adversidades que traz) é obter mais estímulo hipertrófico… porque não fazer apenas mais séries? Na
falha ou dentro do espetro efetivo (0 a 4 RER), onde o risco de lesão tende a ser menor, não há
dependência de terceiros para permitir a consecução da fase concêntrica e a fadiga acumulada é muito
mais favorável e com menos potenciais detrimentos no resto do bloco de treino.
Contudo, há cenários onde treinar além da falha poderá fazer sentido. Principalmente quando a
recuperação entre treinos não constitui uma limitação (ex: antes de uma semana de
recuperação/Deload ou de férias). Ou quando há uma limitação de tempo para treinar e a principal
preocupação no treino passa a ser eficiência. Mais uma vez: se apenas for realizada 1 série por músculo,
ir além da falha será a opção mais estimulante.
Não obstante, recomenda-se reservar o treino para além da falha para a última série de um dado
músculo na sessão de treino. Idealmente em exercícios de maior segurança, onde seja possível manter
o fator limitante como músculo-alvo e minimizar o risco de lesão.
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VOLUME
O volume é a variável de treino que responde à questão: “quanto?” ou “quanto treino fazer?”. Para os
mais detalhistas, o volume pode ser interpretado como a quantificação da exposição a um dado
estímulo.
Por definição, o volume de treino tende a ser calculado pelo número de séries × número de repetições
executadas em cada série. Ou, quando é discriminada a carga, também conhecido por Volume de Carga
ou Tonelagem Total, adiciona-se o produto à equação (séries × repetições × carga utilizada)
Como o objetivo do volume é quantificar a “dose de treino”, no contexto de hipertrofia, torna-se mais
prático avaliá-lo com base no número de séries para um dado grupo muscular. Pois dada a mesma
proximidade à falha, numa intensidade efetiva para hipertrofia, o estímulo hipertrófico entre séries
será similar. Logo, analisar apenas o número de repetições e a carga utilizada pode, nalguns casos,
induzir em erro quando avaliada a progressão.
Novamente por uma questão de viabilidade, antecipando ligeiramente o capítulo da Frequência que se
segue, o volume será abordado através do número de séries por músculo por semana (1).
Mas antes de avançar, há uma particularidade fundamental a entender sobre esta variável:
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RELAÇÃO VOLUME : CRESCIMENTO MUSCULAR
O número de séries tem uma espécie de relação dose:resposta com a hipertrofia. (2-6). Na medida em
que, hipoteticamente, quantas mais séries forem realizadas, maior tende a ser o estímulo hipertrófico.
Mas apenas até um certo ponto (felizmente!) (7-9). Porque, caso contrário, o melhor atleta seria o que
passasse mais tempo a treinar, para fazer mais séries (maior volume).
Figura 4 – Relação Volume:Hipertrofia.
Primeiro, esta relação volume:hipertrofia não é linear (3, 11). Ou seja, o aumento no crescimento
muscular não é proporcional ao aumento no número de séries. É cada vez menor. Pelo que a diferença
no crescimento muscular entre 10 e 20 séries é maior do que entre 20 e 30 séries semanais. E por aí
fora.
20 séries não geram o dobro do crescimento que 10
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Esta desproporção é cada vez mais ténue até atingir o topo do crescimento muscular passível de se
obter. A partir deste ponto, vemos um efeito inverso – onde mais séries realizadas tende a levar a piores
ganhos musculares.
E isto deve-se à íntima relação entre o treino e a recuperação. Visto que o crescimento muscular apenas
se manifesta após o atleta terminar a fase de recuperação de um músculo. Se esta fase de recuperação
for interrompida por um novo estímulo disruptivo (por exemplo: voltar a treinar um músculo que ainda
está a recuperar), o crescimento muscular não se manifesta tanto quanto poderia. E surge um risco de
obter um pior resultado que o inicialmente despoletado pelo treino anterior. Mais nem sempre é
melhor.
O que leva à necessidade de entender as quantidades de treino para cada atleta:
• Quantas séries são necessárias para despoletar a hipertrofia
• Quantas séries são ideais para o melhor crescimento muscular
• Qual o número máximo de séries das quais o atleta consegue recuperar e adaptar/crescer
Levando, assim, ao capítulo seguinte: os marcos/pontos de referência de volume.
Marcos de Volume
O conceito de marcos de volume (volume landmarks) foi altamente popularizado pela equipa
Renaissance Periodization (link) como forma de quantificar as doses de volume para cada atleta.
Permitindo uma individualização mais pormenorizada do processo de treino, garantindo que as
quantidades estão sempre ajustadas ao indivíduo.
Aqui, podem ser distinguidos 4 marcos de volume relevantes para o treino de hipertrofia:
1. Volume Mínimo Efetivo – mínimo nº séries necessárias para despoletar um crescimento
muscular significativo.
2. Volume Máximo Adaptável – maior nº séries das quais o atleta consegue recuperar E crescer;
3. Volume Máximo Recuperável – maior nº séries das quais o atleta consegue recuperar entre
cada sessão de treino;
4. Volume de Manutenção – nº séries necessárias para manter a massa muscular atual;
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Como os próprios conceitos de volume e de estímulo incitam, estes diversos pontos de referência não
são estanques. E diferentes abordagens ao nível do planeamento (seleção de exercícios, zonas de
intensidade, etc.) e fatores do dia-a-dia que impactem a recuperação (nutrição, sono, níveis de stress)
levarão a flutuações inevitáveis nestas doses.
Não obstante, são marcos de extrema relevância para a otimização de qualquer plano. E, por mais
dinâmicos que possam ser, mantém a sua utilidade na construção e adaptação de um programa de
treino para hipertrofia.
Figura 5 – Marcos de Volume para Hipertrofia
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Volume Mínimo Efetivo
Começando pela infame Lei do Menor Esforço, este marco responde à questão: “qual é o mínimo
trabalho necessário para despoletar um crescimento muscular significativo?”
É exatamente isto que o Minimum Effective Volume (MEV) ou Volume Mínimo Efetivo (VME) retrata: o
número mínimo de séries necessárias para obter uma hipertrofia significativa.
Primeiro, conhecer este limiar permite garantir que qualquer plano de treino é minimamente efetivo,
combatendo o risco de treinar de menos. Segundo, permite a adaptação do plano em momentos de
constrangimento temporal/horário para treinar. Terceiro, uma abordagem mais minimalista tende a
visar a minimização do risco de lesão (entendendo que um menor volume de treino tende a reduzir o
risco de lesão) (11-13). Portanto, conhecer o VME possibilita a preparação de um treino o mais curto
possível, com mínimo risco de lesão, mas que ainda seja significativamente produtivo para o ganho de
massa muscular.
Para além disso, recordando a relação dose:resposta não linear, o VME traduz os ganhos mais fáceis e
mais “eficientes” para qualquer indivíduo que não pretenda investir muito tempo no seu treino. Mas
que procure resultados significativos.
Na prática, conhecer o VME de cada atleta permite definir o que é “trabalho suficiente”, ou mínimo,
para despoletar hipertrofia. Um ponto de partida viável. E, a partir daí, poder começar a explorar doses
mais elevadas, na busca daquilo que seria o volume ideal.
Posto isto, o VME é interessante para começar um programa de treino, abrindo espaço para
incrementar o número de séries mediante as necessidades do atleta. Sem arriscar um treino não
produtivo ou, na pior das hipóteses, que leve à perda de massa muscular.
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Encontrar o VME
Atendendo à definição de Volume Mínimo Efetivo, procura-se o número de séries mais baixo que
induza um crescimento muscular significativo. O que, na prática, se repercute numa progressão
significativa do treino, num determinado espaço de tempo – mais facilmente mensurável numa escala
semanal e entre blocos de treino.
Geralmente, o VME tende a situar-se entre as 6 a 10 séries por músculo por semana. No entanto,
aplicando o princípio da individualização, estas doses serão altamente dependentes de cada atleta. E
do programa de treino e envolvimento em que se enquadra.
Por isso, torna-se necessário delinear um processo efetivo para descobrir se um dado número de séries
é suficiente para um crescimento muscular significativo.
Para tal, a recomendação geral será iniciar um programa de treino rondando o VME estimado pelo
atleta (pessoalmente, recomendo começar com 10 séries, por músculo, por semana, para uma primeira
estimativa) e a partir daí avaliar:
1. Progressão na performance
Qualquer volume de treino suficiente para hipertrofia deverá incutir inevitáveis melhorias na
performance. Ficar mais forte, especialmente nas gamas de intensidade treinadas, é uma consequência
natural do ganho de massa muscular.
Em atletas mais iniciados, onde o ritmo de progressão é mais rápido, estas melhorias tendem a ser
observáveis no espaço de uma semana. Ou seja: o VME estará suprido caso o atleta consiga melhorar
o seu desempenho de uma semana para a outra.
Já em atletas mais intermédios, e especialmente avançados, onde a progressão é mais lenta, a
comparação mais viável ocorre entre blocos de treino. Isto é: se na primeira semana de um bloco de
treino a performance foi 100kg x 10, entende-se que o VME foi atingido caso, na primeira semana do
bloco seguinte, o atleta apresente melhorias nesse exercício. Seja através de mais carga (ex: 102.5kg x
10) ou através de mais repetições (ex: 100kg x 11), com a mesma proximidade à falha.
Este é, provavelmente, o indicador mais fidedigno para estimar a dose mínima de treino efetivo.
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2. Disrupção durante a sessão
O indicador mais imediato é se o número de séries foi suficiente para causar disrupção, significativa, no
músculo durante o treino. Na prática, corresponde à perceção do músculo-alvo a participar nos diversos
exercícios, sensação de “ardor” no músculo durante a série, a magnitude da vasodilatação/pump
despoletado e o cansaço geral no músculo ao terminar o treino.
Por norma, se o atleta não percecionou qualquer disrupção no músculo durante o treino e não sente
essa área cansada nas tarefas do dia-a-dia (ex: pernas “pesadas” ou pouco responsivas a descer escadas
após um treino de quadricípites, bicípites “pesados” ao lavar o cabelo, etc.), provavelmente a dose, ou
intensidade a que foi feita, não foi suficiente.
3. Disrupção após a sessão
Finalmente, recorre-se ao biofeedback pós-treino. Nomeadamente às dores musculares após a sessão
(miopatia pós-exercício retardada), onde dores ou sensibilidade ao toque ou alongamento de uma
musculatura nas 48h após o treino, pode indicar uma disrupção dessa estrutura.
Embora não seja a métrica mais fiável para avaliar o potencial hipertrófico de um treino (14, 15), as
dores musculares surgem como uma possível consequência de um treino eficaz.
Logo, a ausência de quaisquer dores ou sensibilidade acrescida nos músculos nas 48 horas após o treino
poderá indicar que o VME da sessão não foi atingido. Principalmente se os estímulos utilizados
(exercícios, zonas de intensidade, cadências) forem novos para o atleta, ou este já não os tenha
experienciado há um tempo considerável (16,17).
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Analisadas estas métricas, se o volume semanal foi insuficiente a solução será aumentar a dose inicial
nos próximos blocos de treino. Por outro lado, caso os critérios tenham sido cumpridos, para uma
estimativa mais precisa do VME, sugere-se reduzir ligeiramente a dose inicial de treino por 1 a 2 séries
nos blocos seguintes, reavaliando até encontrar o verdadeiro Volume Mínimo Efetivo.
O processo de determinação dos marcos de volume é algo constante, dadas as flutuações às quais estas
métricas estão sujeitas. Pelo que, idealmente, serão reavaliados pelo menos cada vez que houver uma
grande alteração na estrutura-base do planeamento. Por exemplo, aquando de uma grande troca de
exercícios ou mudanças na frequência de treino.
No entanto, por mais “eficiente” que o VME seja, não deixam de ser os resultados mais lentos. E, numa
busca incessante pelos melhores ganhos possíveis, será necessário progredir no número de séries.
Corrigindo finalmente o lema usual:
Mais é melhor. Até um certo ponto.
E a partir de um certo ponto (VME).
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Volume Máximo Recuperável
Após abordar os mínimos, foquemo-nos agora no máximo: Qual é o maior número de séries do qual o
atleta consegue recuperar, a tempo do próximo treino?
Trata-se do Volume Máximo Recuperável (VMR). Que, lembrando a relação dose:resposta entre o
volume e o crescimento muscular, dita o ponto a partir do qual fazer mais séries trará piores resultados.
Inevitavelmente, o treino acarreta fadiga. Que se trata de uma diminuição temporária da performance,
impedindo o atleta de gerar um estímulo similar ao do treino passado. O que viola o princípio da
progressão e introduz uma diretriz crucial:
E é aqui que entra o conceito de Recuperação: regeneração dos sistemas fisiológicos permitindo um
desempenho similar ao existente, antes do último estímulo de treino. Portanto, treinar sem estar
recuperado implica piorar. Uma vez que será induzida fadiga e stress num tecido que ainda não
regressou ao seu estado inicial, nem está totalmente apto para treinar.
Figura 6 – Curva estímulo:recuperação:adaptação
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Aliás, treinar no VMR, onde a recuperação está sempre limitada implica um estado de sobressolicitação.
Isto é, um estado agudo de fadiga, que impede o melhor desempenho do atleta nas sessões de treino
seguintes. Podendo, a longo prazo, arriscar um estado de sobretreino. Portanto, após um período
exercendo volumes máximos recuperáveis, é essencial segui-lo de um período de recuperação (deload).
Torna-se, por isso, fundamental encontrar o máximo volume tolerável. Para não o exceder
involuntariamente e entrar numa espiral decrescente de resultados. O que não é propriamente difícil.
Se, para um dado número de séries, o atleta apenas consegue manter a performance no espaço de dois
treinos similares – estará no VMR. Se ocorrer regressão, provavelmente já o terá excedido. Dada a
imprevisibilidade do dia-a-dia, é recomendável avaliar o VMR no intervalo de 2 treinos ou semanas,
uma vez que com tal exigência de estímulo e recuperação, é demasiado fácil ser influenciado por
incidentes do quotidiano.
No entanto, é fundamental relembrar o pormenor “involuntariamente”:
Embora o VMR seja insustentável para hipertrofia, não deixa de ser interessante num cenário onde a
recuperação não é um fator limitante. Nomeadamente antes de um microciclo de recuperação ou
período de férias.
Por isso, embora não seja ideal para manter um bloco de treino inteiro à volta destes volumes, pode
ser interessante explorá-los na última semana antes da recuperação. Para procurar uma potencial
sobressolicitação e aproveitar um possível efeito de sobrecompensação a ocorrer durante o período
de repouso que se segue.
No entanto, este conceito de Máximo Volume Recuperável tem, em si, a limitação da recuperação. E
como não é viável treinar sempre no limiar da recuperação, é importante entender o limiar onde este
fator não é tão limitante. Para que o treino seja mais facilmente mantido num território produtivo.
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Volume Máximo Adaptável
Entendidos os conceitos de VME e VMR, o atleta já conhecerá o seu teto mínimo e máximo para o
treino de hipertrofia. E, com isto, torna-se possível definir uma “janela ideal” para o número de séries
semanais.
Subentende-se que abaixo do VME o treino não levará a um crescimento significativo. Já ao nível, ou
acima, do VMR, o risco de pôr em causa os melhores resultados é enorme. Visto que as capacidades de
recuperação, que limitam o VMR, estão altamente sujeitas à imprevisibilidade do dia-a-dia (ex:
perturbações no sono, stress, alimentação)
Então, é fundamental conhecer a quantidade de treino que melhor resultado trará – o máximo volume
adaptável (VMA). O número de séries capaz de despoletar o máximo de crescimento (adaptação). E
surge uma questão comum e muito pertinente:
Porque é que o VMA não é o mesmo que o VMR?
Ou… porque é que não se deve treinar sempre no VMR para os melhores resultados?
Antes de iniciar o processo de adaptação (crescimento muscular), é necessário recuperar esses tecidos.
Ou seja: primeiro recupera-se o músculo lesado pelo treino, para depois ser possível torná-lo maior. E
embora o VMR traga um maior número de séries (e consequente maior estímulo), trata-se de uma dose
de treino que visa a utilização de todos os recursos para a recuperação. Não deixando grandes sobras
para suprir o crescimento/adaptação a posteriori.
Então destaca-se aqui a primeira grande diferença entre VMR e VMA:
• No VMR, na melhor das hipóteses, a performance mantém-se entre treinos. Dá-se a
recuperação, mas não há tempo ou recursos para suprir a adaptação/crescimento do treino.
• No VMA deverá ocorrer uma melhoria de performance, que manifeste a adaptação ao treino
passado.
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Sendo o objetivo maximizar o crescimento muscular…
Isto é, procurar uma inerente melhoria de performance tão contínua quanto possível. Treinar sempre
com volumes máximos recuperáveis não permitem tal progressão, logo, não parece ser o ideal num
ponto de vista realista.
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Como estimar o VMA
Embora seja um número altamente dinâmico (dada a íntima relação com a capacidade de recuperação
e o acoplar dos princípios da sobrecarga e da progressão), há uma caraterística que lhe é inerente: a
capacidade para melhorar a performance de treino para treino.
Então, o que se procura é o número mais alto de séries no qual o atleta consegue progredir
continuamente. Na verdade, isto é algo altamente utópico. E, aplicando os conceitos de sobrecarga e
progressão, rapidamente se entende que um verdadeiro VMA aumentará ao longo do bloco de treino
à medida que o corpo se adapta ao estímulo presenteado na semana anterior.
No entanto, não deixa de ser um ponto interessantíssimo a ter em mente quando se procura manter o
número de séries estanque ou pouco variável no mesociclo. E, por isso, procura-se treinar tão perto do
MAV quanto possível, se o tempo de treino assim o permitir. Pelo que:
Se o atleta consegue progredir semanalmente, estará dentro dos seus limiares efetivos para hipertrofia.
A partir daí, é uma questão de incrementar o volume assegurando a sustentação de uma evolução
contínua, quanto possível. Aqui, seguem-se as expectativas de progressão usadas para determinar o
VME – semanal para atletas iniciados, mensal/entre mesociclos para atletas intermédios ou avançados.
Esta análise será feita até encontrar o número de séries semanal para o qual aquele músculo progride
da melhor forma. Onde a performance cresce à maior velocidade.
Geralmente, o VMA estima-se ligeiramente abaixo do VMR (menos 2 a 4 séries semanais). Pelo que,
em indivíduos com dia-a-dias muito oscilantes, poderá fazer sentido uma abordagem ligeiramente mais
conservadora. Visando evitar que eventuais imprevistos despoletem uma sobressolicitação indesejada
e impeçam o melhor progresso.
Ajusta-se, assim, o lema anterior:
Mais é melhor. Até um certo ponto (MRV). E a partir de um certo ponto (VME).
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Volume de Manutenção
Resta um último marco relevante: o Volume de Manutenção (VM). O mínimo número de séries
semanais necessário para manter a massa muscular atual. O suficiente para ”manter a forma”.
Mas o meu objetivo é crescer… não é manter… para que é que isso me interessa?
Primeiro, é a solução viável para o ocasional período de férias ou de constrangimentos horários para
treinar. Manter a massa muscular é facílimo e requer pouco tempo de treino. Contudo, exige-o para
evitar o destreino e consequente perda de massa muscular (28-31).
No entanto, fora deste cenário atípico, o recurso ao Volume de Manutenção é particularmente
interessante para efeitos de periodização para hipertrofia:
1. Fases de Recuperação
Onde o VM constitui a dose de treino ideal para microciclos de recuperação ou descanso ativo,
permitindo a manutenção das habilidades técnicas e promovendo um ambiente de treino mais
regenerador.
2. Fases de Especialização
Em atletas mais avançados, o VM possibilita manter a massa dos grupos musculares postos em segundo
plano/manutenção. O que disponibiliza mais recursos para dar maior ênfase aos músculos-alvo a
especializar nesses dados blocos de treino.
3. Mesociclos de Potenciação ou Ressensibilização
Como forma de contornar a resistência adaptativa e aprimorar o atleta para mais ganhos nos blocos de
treino futuros, podem ser utilizados mesociclos de potenciação ou ressensibilização. Nestes, treinar
com Volumes de Manutenção permite manter a massa muscular atual, aproveitando os efeitos
potenciadores desta fase para um melhor crescimento muscular futuro.
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Como estimar o Volume de Manutenção
O processo de estimativa do Volume de Manutenção é muito similar ao VME. Neste, como o objetivo
é manter a massa muscular com a mínima dose de treino possível, procura-se uma manutenção da
performance.
Embora seja possível surtir aumentos na performance, principalmente se o volume feito ocorrer num
espetro de intensidades mais pesado do que o habitual, o grande objetivo é não perder desempenho.
Ou seja, uma condição impreterível ao Volume de Manutenção é a capacidade de reter a mesma
performance ao longo do tempo. Sem perder repetições ou cargas para uma dada tarefa.
Na prática, para estimar o VM, é recomendável iniciar o mesociclo com valores abaixo do VME
(geralmente 20 a 30% abaixo, anedoticamente falando). A partir daí, visto que o treino não será
propriamente condutivo ao crescimento muscular, é natural que não se despoletem grandes
indicadores como vasodilatação ou disrupção local.
O indicador procurado é a manutenção da performance nos vários exercícios ao final do mesociclo, ou
comparando-o com o seguinte ou anterior.
Se o desempenho tiver reduzido, então o volume não foi suficiente para manter a massa muscular.
Subestimou-se o VM.
Se o desempenho se tiver mantido, o atleta encontra-se perto do seu VM.
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Fatores que influenciam diretamente o volume
Nem todo o volume é igual.
Relembrando a definição mais minuciosa de volume – quantidade de exposição a um estímulo –
rapidamente se subentende que séries de 6 repetições constituem um tempo sob estímulo totalmente
diferente de séries de 12 ou de 20 repetições. Embora o estímulo hipertrófico e a contagem de séries
efetivas para hipertrofia possa ser similar.
Figura 7 – Fatores que influenciam as necessidades de volume de treino
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Intensidade Utilizada
Atendendo ao princípio da individualização, se para um dado músculo o atleta retira melhor estímulo
de séries pesadas versus intensidades leves, é natural que precise de menos séries deste trabalho para
obter uma disrupção similar. E vice-versa.
Então: entender que diferentes zonas de intensidade podem gerar diferentes efeitos e adaptações,
entende-se que o volume de treino e os seus marcos poderão ser influenciados pelo tipo de trabalho
realizado.
Seleção de Exercícios
Os exercícios são as ferramentas através das quais o estímulo é gerado. E, como quaisquer ferramentas,
cada exercício tem o seu efeito próprio, impactando o crescimento e a recuperação muscular de forma
única (32-35). Por isso, a própria seleção de exercícios influenciará quantas séries serão necessárias
para despoletar o crescimento muscular (VME) e de quantas séries será possível recuperar
atempadamente (VMR).
Embora uma Leg Extension e um Agachamento sejam ambos exercícios com enorme potencial para os
quadricípites, raro será o caso onde 1 série de ambos constitui um estímulo e disrupção similares. Logo,
20 séries de quadricípites numa Leg Extension não tendem a equivaler a 20 séries de Agachamentos. O
volume de treino deve ser adaptado consoante os exercícios que o constituem. Exercícios mais
impactantes requererão menos séries e vice-versa. Exercícios mais estimulantes, por unidade de série,
facilitarão o crescimento muscular, requerendo menos séries. Já exercícios mais disruptivos, poderão
exigir uma redução de volume para conciliar face às exigências impostas na recuperação.
E a própria forma como são executados tem, também, um papel preponderante. Exercícios com uma
fase excêntrica mais enfatizada, tendem a exigir um maior tempo de recuperação. Nomeadamente
através do acrescido dano muscular gerado pelas contrações excêntricas (18). Principalmente numa
fase inicial de exposição a esse estímulo particular (19). Logo, se num novo mesociclo for implementada
uma cadência excêntrica mais prolongada e/ou forem utilizados mais exercícios com uma componente
de desaceleração mais relevante, será recomendado reduzir ligeiramente o volume inicial.
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E tal como a componente excêntrica enaltece o dano muscular, o mesmo acontece com a introdução
de novos exercícios (18). Principalmente nas primeiras sessões do bloco de treino (16), dada a elevada
sensibilidade do indivíduo a um novo estímulo. Consequentemente, ao introduzir exercícios novos num
programa de treino, a recomendação geral será uma abordagem mais conservadora com o número de
séries inicial. Entendendo que esta sensibilidade acrescida se traduz numa maior exigência de
recuperação (diminuição do VMR e VMA) mas, também, numa mais fácil adaptação (menor VME).
Finalmente, o tempo de descanso entre séries será também fundamental a determinar o número de
séries a realizar (36-38). Este aspeto será abordado mais ao detalhe no capítulo dos tempos de
descanso.
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Dieta
Uma vez que o melhor volume é dependente dos recursos disponíveis para a recuperação, é
inevitavelmente afetado pela alimentação. Nomeadamente pela disponibilidade de calorias e
nutrientes.
Em fases de restrição calórica/emagrecimento, o VMR e o VMA diminuem como consequência da
redução de recursos disponíveis para recuperação (20). Já o VME tende a crescer com o aumento da
sinalização catabólica dado o ambiente de restrição energética (21). Como referência simples e prática,
uma redução de 20% no volume de treino num período de défice calórico tende a ser um ponto de
partida viável. Desde que respeite o aumento do VME.
Já o oposto ocorre em cenários hipercalóricos, como o típico Massing/Bulking (22, 23). O ambiente
mais anabólico favorece o crescimento muscular e a recuperação, o que permite que os ganhos
ocorram a partir de volumes mais baixos (VME reduzido). E confere ao atleta a possibilidade de adaptar
e recuperar de volumes mais elevados (VMA e VMR aumentados).
Nível de Desenvolvimento
Por dedução dos princípios da Sobrecarga Progressiva, à medida que o atleta se torna mais
desenvolvido, requererá mais volume de treino para continuar a progredir. O que num ponto de vista
meramente teórico faz todo o sentido:
Atletas mais treinados tendem a ter uma melhor capacidade de tamponamento e tolerância ao stress
metabólico (24). Tal como uma maior resistência ao dano muscular (25) e fadiga neuromuscular (26).
No entanto, este aumento de necessidades nem sempre se verifica num aumento de séries per se.
Embora os mecanismos ainda não sejam totalmente conhecidos, por observação dos indivíduos com
maior desenvolvimento muscular (culturistas naturais e assistidos), verifica-se que as necessidades de
volume podem inclusive diminuir ao longo da carreira. Muito provavelmente, isto dever-se-á à
aprendizagem do próprio atleta, nomeadamente através de um melhor recrutamento das unidades
motoras (27), que o torna cada vez mais eficaz a despoletar um estímulo e disrupção tal no músculo.
Precisando assim de menos séries para gerar uma perturbação de magnitude similar.
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Ajustar o Volume/nº séries
Cada atleta tem as suas necessidades de estímulo e capacidade de recuperação própria. Tal como tem
a sua própria resposta a um dado programa de treino. Logo, os marcos de volume e número de séries
ideal devem ser ajustados com base em cada indivíduo. Mas como?
Remetendo à análise da progressão e recuperação entre treinos:
Se o atleta não está a progredir, pelo menos num ritmo mensal, então é necessário reavaliar e ajustar
o programa de treino.
Tendencialmente, a maioria dos atletas peca pelo excesso de volume. Por isso, quando não são
conhecidos os diversos marcos de volume de um atleta, iniciar com uma ligeira redução do número de
séries tende a ser a recomendação mais viável. E, a partir daí, incrementar mais e mais séries à medida
que o atleta mostra beneficiar desses aumentos de volume.
No entanto, se o atleta já está a treinar com volumes reduzidos (8 a 12 séries/músculo/semana), será
normal desconfiar que o erro seja por defeito. Logo, aumentar o número de séries será a opção mais
intuitiva, visto que o atleta já está perto do VME da população comum e ainda assim não está a
progredir.
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Figura 8 – Processo de decisão para o ajuste do volume de séries semanal
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FREQUÊNCIA
Entremos na parte organizacional do plano: “quantas vezes será um estímulo imposto por unidade de
tempo?”. É esta questão que a variável frequência responde. E, de certa forma, responde a todas as
questões do género: “Qual é a melhor rotina?” ou “Como dividir os treinos?”.
Num contexto mais prático para hipertrofia, a frequência traduz o número de vezes que um músculo é
treinado por semana.
Na verdade, a frequência visa impor uma harmonia entre o stress e a recuperação. E, simultaneamente,
entre o volume e a intensidade. Por isso, é uma variável que não pode ser esquecida e que é
determinante para assegurar o equilíbrio de qualquer programa de treino.
20 séries num dia não é o mesmo que 4 séries distribuídas 5 vezes por semana.
Então este capítulo visa determinar 2 pontos-chave:
1. Quantas vezes deve um músculo ser treinado por semana;
2. Como é que o volume e a intensidade devem ser adaptados para tal.
Para maximizar o crescimento muscular, cada músculo deve ser treinado sempre que estiver
recuperado e adaptado. Isto é, procura-se impor o maior número de estímulos hipertróficos ao longo
do tempo, desde que o músculo esteja apto para tal. Ou seja, eficiência temporal.
No entanto, levantam-se novas questões:
1. Quanto tempo é que o músculo demora a recuperar?
2. Quanto tempo é que o músculo demora a crescer/adaptar?
3. Durante quanto tempo é que o treino estimula o crescimento muscular?
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Comecemos pela última: a síntese proteica muscular tende a durar entre 24 a 72 horas (1-3). Ou seja,
após o treino, o músculo estará no seu melhor crescimento durante, no máximo, 72 horas. Assim sendo,
para aproveitar o máximo número de “ciclos” de crescimento, cada músculo deverá ser treinado pelo
menos 2 vezes por semana.
Isto significa que, se um músculo ainda está em processo de recuperação após estes picos de síntese
proteica muscular, o treino pode não estar a ser aproveitado ao máximo. Então, uma primeira guia
orientadora para a frequência é treinar cada músculo 2 vezes por semana, organizando o planeamento
para que o músculo esteja recuperado em cada sessão de treino.
E é aqui que entra a íntima relação com o volume e a intensidade. Pois é através da adequação dessas
variáveis em cada sessão de treino que será possível encontrar o equilíbrio ideal entre o estímulo e a
recuperação (4, 5), visando os melhores ganhos possíveis.
Ora, é fácil de entender que treinar cada músculo pelo menos 2 vezes por semana parece interessante.
(6-8). Se treinarmos cada músculo 1 vez por semana, este fica demasiado tempo à espera para receber
o próximo estímulo e recomeçar o crescimento muscular.
Mas quando é que um músculo deve ser treinado novamente?
Primeiro, é necessário atender às capacidades de recuperação. Geralmente, 24 horas será o período
mínimo de recuperação para cada músculo (9). Ou seja, salvo determinadas exceções, abordadas mais
à frente, um músculo não deverá ser treinado diretamente duas vezes num período de 24 horas.
Mas o tempo de recuperação pós-treino depende, naturalmente, da dose de treino. Quantas mais
séries forem realizadas, maior será o dano causado. Consequentemente, maior deverá ser o período
de recuperação. E vice-versa.
O mesmo acontece com a intensidade: quão mais intensa/perto da falha for cada série, maior será a
recuperação necessária (4).
E é a partir destas noções que se começa a traçar a frequência de treino ideal para cada músculo.
Sabendo que idealmente, cada músculo será treinado pelo menos 2 vezes por semana, mas que o
volume e a intensidade devem ser ajustados de forma a adequar o tempo de recuperação.
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Volume e Frequência
Quando analisados os estudos que comparam as diferentes frequências de treino, verifica-se que
treinar um músculo com maior frequência tende a levar a um melhor crescimento muscular (10). Por
exemplo: treinar um músculo 2 vezes/semana é superior a treinar apenas 1 vez. E treinar um músculo
3 vezes por semana poderá ser superior a treinar apenas 2 vezes.
Contudo, o efeito não é tanto pela frequência do estímulo em si. Mas pela forma como frequências
mais elevadas aumentam e melhoram a qualidade do volume de treino (11). Tanto que, na vasta
maioria dos estudos, o grupo com melhor crescimento tende a ser o que realizou um maior volume
total por semana (12-15).
Começa-se, assim, a encarar a frequência como uma ferramenta para distribuir o número de séries
semanal por um dado número de sessões, de forma a respeitar a recuperação e maximizar o
desempenho e estímulo de cada série feita.
Levanta-se então a questão:
Quantas séries realizar em cada sessão de treino?
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Volume Intra Sessão
Primeiro, é necessário entender que treinar um músculo 2 ou mais vezes por semana, não significa
repetir o mesmo treino ou número de séries em todas as sessões. Ou seja: se um atleta faz 20 séries
de peitoral por semana num só treino, aumentar a frequência não é fazer 2 x 20 séries. É repartir o
volume inicial pelas várias sessões de treino (2 x 10 séries ou 4 x 5 séries, por exemplo), organizadas de
forma diferente.
Figura 9 – Distribuição do volume em 1, 2 ou 3 treinos semanais. Quanto mais repartido, mais fácil é
enfatizar determinadas porções ou movimentos, colocando-os no início da sessão – sem fadiga prévia
que comprometa o desempenho.
O que pode ser um grande choque inicial para muitos atletas que estejam habituados a treinar cada
músculo apenas 1 vez por semana. Visto que a sensação de exaustão após 20 séries é completamente
diferente da sensação após 10. E a desculpa ou contra-argumento mais comum é exatamente esse:
“Já estou habituado a fazer tanto volume… fazer menos não será suficiente para mim.”
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Porém, trata-se de uma situação onde realmente fazer menos é melhor. Não só porque é feito mais
vezes, equivalendo ou aumentando o trabalho total feito por semana. Mas porque a qualidade de cada
trabalho é melhor.
Ao longo de um treino, à medida que um músculo é treinado, a fadiga e o dano muscular vão se
acumulando (16). O que, tal como referido na discussão sobre a proximidade à falha, compromete a
performance, ativação muscular e tensão gerada em cada série. Fazendo com que cada série adicional
traga cada vez menos estímulo para o crescimento muscular. Seja cada vez menos eficiente.
Até porque tal como existe um ponto a partir do qual mais volume leva a piores resultados, algo similar
ocorre durante cada treino. Após cerca de 10 séries feitas por um músculo, a sinalização para o
crescimento muscular tende a estagnar (17). E continuar o treino (ou massacre muscular) para além
deste ponto, tende a induzir mais dano muscular sem gerar mais estímulo hipertrófico (18). O que
implica mais tempo despendido em recuperação, sem trazer qualquer crescimento acrescido. Aliás,
pode até ser contraprodutivo, visto que alguns dos recursos idealmente destinados para a fase de
adaptação/crescimento, serão utilizados para restaurar o dano adicional causado.
O que promove a ideia de um número de séries ideal por sessão de treino. Onde o treino será o mais
produtivo e eficiente possível. Apelando, desde aí, à necessidade de repartir o volume em mais treinos,
de forma a tirar o melhor partido de cada série feita.
Chega-se assim a esta recomendação:
3 a 10 séries por músculo, por treino, tende a ser o ideal. Sendo que, nalguns indivíduos e em
determinadas alturas do mesociclo e/ou do planeamento, poderá fazer sentido exceder este número.
Em casos em que o estímulo ou capacidade de o gerar é forte o suficiente (ex: técnica altamente
aprimorada e disruptiva, exercício totalmente novo), volumes de apenas 2 séries por músculo poderão
ser suficientes para despoletar um crescimento significativo. E vice-versa: se a técnica de execução é
pobre, a seleção de exercícios está pouco otimizada e cada série é levado muito longe da falha, a
disrupção será mínima, logo será possível tolerar mais volume por cada treino. Embora cada unidade
de série será também menos estimulante, levando a um treino menos eficiente.
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Quando aumentar a frequência de treino para um músculo
Geralmente, se o espetro “mais produtivo” ocorre entre as 3 a 10 séries por músculo por treino, a
frequência de treino será tão elevada quanto o volume semanal requerer.
O ideal será começar por analisar a semana mais volumosa do bloco de treino (mais perto do VMR)
observando o número de séries total para um dado músculo. Aqui, para manter cada série o mais
estimulante possível (dentro das usuais 3 a 10 séries por treino) quantas sessões de treino serão
necessárias?
Por exemplo: 16 séries semanais podem facilmente ser repartidas em 2 sessões de 8 séries. Mas 24
séries totais fazem mais sentido repartir em 3 treinos de 8 séries, ou 2 sessões de 10 e uma sessão
menos disruptiva com apenas 6 séries.
Mas existem casos particulares. Especialmente os músculos mais pequenos e/ou de recuperação mais
rápida, como os bicípites, deltoide médio e posterior, abdominais e gémeos. Que dada a sua arquitetura
muscular, perfil dos exercícios comuns (que raramente impõe uma sobrecarga na posição alongada) e
tipologia de fibras tendem a recuperar mais depressa do que outros músculos. E que, frequentemente,
são deixados para o final da sessão de treino, onde a atenção e disrupção que lhes é dada não é tão
grande comparativamente aos grandes grupos musculares (como o grande peitoral, grande dorsal,
quadricípites, etc.).
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Uma vez que tendem a recuperar mais depressa, faz todo o sentido treiná-los com maior frequência. E
aproveito um exemplo prático para ilustrar esta situação:
Um atleta que apenas treine bicípites após os exercícios de costas no mesmo treino, acaba por
comprometer o melhor crescimento dos braços dada toda a fadiga local imposta pelas remadas e
puxadas que pré-fatigaram os bicípites. Isto é impeditivo de treinar diretamente esses músculos com
toda a sua capacidade, o que comprometerá um crescimento ótimo. E embora, hipoteticamente,
aqueles bicípites pudessem recuperar e adaptar de 30 séries semanais. O facto dessas 30 séries serem
todas feitas após inúmeras séries de remadas e puxadas, que já os impactaram, comprometerá a
qualidade das mesmas. Poderá ser muito mais proveitoso treiná-los diretamente noutros dias, onde
estejam mais frescos.
Qual a melhor rotina/split?
Agora, o tópico: qual será a melhor rotina/distribuição/split de treino?
No início da carreira no treino, é natural que o atleta siga programas de treino pré-concebidos, não
individualizados, com uma estrutura pré-determinada. Por exemplo um Push-Pull-Legs, Upper-Lower,
Full-Body, etc. São formas fáceis de introduzir um indivíduo ao treino de hipertrofia. E, por norma,
seguem uma estrutura lógica e minimamente segura.
Mas como qualquer produto pré-preparado, pecam pela não-individualização. A ideia de apenas treinar
bicípites no dia de costas ou de não treinar braços no dia de pernas porque não são músculos das
pernas faz algum sentido intuitivamente. No entanto, não faz jus às curvas de recuperação de cada
músculo e de cada indivíduo.
Porquê esperar X dias para treinar bicípites no “dia de costas”, se já estavam prontos para ser
treinados no “dia de peito”?
É exatamente por isso que cingir o atleta a uma frequência de treino aleatória acaba por limitá-lo a um
programa de treino não otimizado. Não sendo esse o objetivo.
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Embora estas rotinas populares possam ser uma ótima forma de organizar o treino de forma simples e
fácil de programar, estão longe do plano ideal para todos os atletas. Pelo que serão uma ótima opção
para quem procura um plano simples, sem grandes preocupações na programação, aceitando um
potencial decréscimo acentuado de resultados. Mas muito raramente serão o ideal para o atleta que
procura o melhor, ou mais eficiente, crescimento muscular.
Em suma, a ideia deste pequeno subcapítulo é abolir a necessidade de definir as rotinas como “só
treinar X músculos num dado dia”. E entender que idealmente cada músculo deve ser treinado
músculos quando está recuperado e apto para beneficiar de um novo estímulo. Independentemente
de ser dia de costas, peito, etc.
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Treinar 1 músculo por dia é errado?
Não necessariamente. Embora não pareça ser a opção ideal para maximizar o crescimento muscular,
não deixa de cumprir o critério de êxito (estimular hipertrofia) quando devidamente programado. E até
poderá ser uma opção viável em determinados cenários.
Relembro a importância do fator adesão/sustentabilidade de qualquer plano. Se treinar um músculo 1
vez por semana é a única forma de manter o atleta motivado e empenhado no seu treino, então poderá
ser a melhor abordagem para aferir a intensidade necessária em cada série. E a consistência exigida em
qualquer programa de treino eficaz.
Finalmente, alguns atletas assistidos poderão beneficiar de menores frequências por motivos de
prevenção lesão. Nomeadamente dado que a maioria dos fármacos utilizados impactam positivamente
as curvas de recuperação do tecido muscular, com um mínimo efeito no tecido conjuntivo (19). O que,
tendo em conta a discrepância nas curvas de recuperação entre estes tecidos (muscular versus
conjuntivo) e a velocidade a que um atleta assistido consegue progredir em termos de stress imposto
pelo corpo (ex: utilizar mais carga), representa um sério risco de lesão.
Por exemplo: Enquanto o tecido muscular rapidamente se adapta ao incremento da carga, o tecido
conjuntivo não. E a carga utilizada para desafiar a produção de força no peitoral poderá ser ainda
excessiva para a articulação do ombro envolvida no exercício.
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SOBRECARGA e PROGRESSÃO
Para que o atleta progrida, o treino deve, também, progredir.
Sobrecarga Progressiva é um tema muito frequentemente abordado no mundo do treino. E muito bem,
visto que se trata de uma componente crucial para o crescimento a longo prazo. Mas do que se trata?
Na verdade, este termo resulta da junção de dois princípios do treino: o princípio da Sobrecarga e o
princípio da Progressão. Ambos fundamentais para o crescimento muscular.
O princípio da Sobrecarga defende que, para que um estímulo seja eficaz a despoletar adaptações, deve
representar uma sobrecarga para o atleta no seu estado atual. Ou, simplesmente, para que um treino
traga resultados, deve ser desafiante para o praticante. Se não for desafiante o suficiente, pecará na
magnitude de estímulo e adaptação induzidos. Mas felizmente, na prática, qualquer treino que cumpra
os critérios mínimos de intensidade e de volume poderá aplicar uma sobrecarga.
Contudo, esta definição de Sobrecarga é apenas aplicada num contexto agudo/imediato. Uma vez que
a adaptação ao treino sobrecarregante levará à progressão do atleta, tornando-o mais forte. Então, a
longo prazo, aquilo que outrora constituía uma sobrecarga, deixará de o ser.
Surge então a necessidade de abordar o princípio da Progressão. A dificuldade do estímulo deve
progredir acompanhando a adaptação do atleta ao mesmo.
O que faz todo o sentido. Qualquer tarefa que imponha uma sobrecarga acabará por levar a que o
atleta se adapte e tolere bem esta sobrecarga. Logo, para continuar a despoletar adaptações, o
estímulo deve ser adaptado para ser mais desafiante. Então, o treino deve progredir ao longo do tempo,
para que se mantenha desafiante para o atleta, à medida que este se desenvolve.
Isto leva a uma lógica de pensamento imediata que defende a ideia de fazer mais ao longo do tempo.
Mais carga, mais repetições. Mais volume. E esta lógica, num espetro geral, está bastante correta. No
entanto, é preciso abordar as seguintes questões:
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1. O que define uma sobrecarga?
2. Quando é que um estímulo deixa de representar uma sobrecarga?
3. Quando é que é necessário progredir?
4. Como é que deverá ser feita esta progressão?
Sobrecarga no treino de hipertrofia
No contexto de hipertrofia, sobrecarga significa que cada sessão de treino deve proporcionar um
estímulo forte o suficiente para levar ao crescimento muscular. Algo alcançável pela concordância das
diferentes variáveis de treino, nomeadamente através da utilização de um volume e de uma
intensidade necessárias para o crescimento muscular. Agregando ainda o fator frequência numa escala
de tempo mais alargada, como um microciclo de treino.
No entanto, há uma plenitude de formas para gerar um estímulo relevante manipulando cada variável.
Como analisado nos capítulos anteriores, por exemplo em termos de intensidade/cargas, é possível
hipertrofiar com séries de 6 repetições tal como com séries de 26. E dada a natureza adaptativa do
corpo, uma série de 6 x 100kg que hoje representa uma sobrecarga e um estímulo efetivo para crescer
massa muscular, gradualmente se tornará menos e menos efetiva, até deixar de estimular este
crescimento.
Ou seja, o “limiar de sobrecarga” aumenta ao longo do tempo. Até que será necessário utilizar uma
carga maior para as mesmas 6 repetições. Ou simplesmente fazer mais repetições com a mesma carga
(aumentar o desafio). O que era “suficiente” para gerar crescimento ontem, amanhã deixará de o ser.
Por isso, é fundamental reconhecer as condições necessárias para ultrapassar este limiar mínimo de
sobrecarga, de modo a garantir a efetividade de cada treino. E como é que se averigua se um treino foi
estimulante o suficiente? Muito simples.
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Para que um treino imponha uma sobrecarga, deve cumprir os critérios mínimos de hipertrofia
delineados nos capítulos do volume e da intensidade:
• Cargas entre 5 a 30RM (séries de 5 a 30 repetições);
• Terminar cada série com 4 ou menos repetições da falha;
• Números de séries mínimos efetivos (VME), quer semanal, quer intra sessão.
o
A partir dos critérios de avaliação deste marco, será possível averiguar a efetividade do
estímulo imposto pela sessão de treino.
Respeitados estes critérios, que por si só são dinâmicos e respeitam a natural progressão do atleta, o
treino constituirá uma sobrecarga relevante para hipertrofia. No entanto, continua a ser necessário
progredir esta sobrecarga.
Resta saber quando e como fazê-lo.
QUANDO É QUE É NECESSÁRIO PROGREDIR?
Tal como há um limiar mínimo para que uma tarefa imponha uma sobrecarga, parece haver também
um “teto”. Tal como o volume de treino. Onde procurar um desafio maior acaba por exceder as
capacidades adaptativas do corpo e não trará mais crescimento.
Realisticamente, é muito raro explorar-se esse “teto” de sobrecarga no treino. Geralmente requer
técnicas de intensidade específicas e auxílios de terceiros para alcançar tal disrupção. O que não tende
a ser o caso da vasta maioria da população ativa no ginásio.
Um dos principais propósitos destes limiares é entender que delineiam uma janela de treino que
constitui uma sobrecarga efetiva. E embora sobrecargas “maiores” tendam a gerar maior estímulo,
desde que seja atingido o limiar mínimo o treino será sempre produtivo.
Ou seja, se 12 x 100kg com 0 RER constitui uma sobrecarga – então 12 x 95kg com 3 RER ou 10 x 100kg
com 2 RER também. Embora não proporcionem a mesma magnitude de estímulo, continuam a ser
desafiantes o suficiente para hipertrofia.
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O que abre o jogo da progressão. Tornando-o muito menos minucioso.
Primeiro, é essencial perceber que para ver resultados, não é necessário bater a performance todos os
treinos. E que num dia menos-bom é possível tirar excelente partido do treino, mesmo com um ligeiro
decréscimo na performance.
Contextualizando, isto significa que não é obrigatório adicionar cargas ou repetições em todas as
sessões de treino para continuar a crescer a longo prazo. Este aumento deve ocorrer como
consequência do treino, naturalmente, a longo prazo. Mas não é necessário fazê-lo de treino para
treino. Porque o que constituiu um estímulo efetivo no treino passado, provavelmente ainda o será
durante esse mês inteiro de treino.
A ideia não é progredir para crescer.
É progredir por ter crescido.
Aliás, mesmo mantendo as cargas e as repetições (ex: 100kg x 10 repetições), uma consequência
natural do crescimento muscular será a diminuição da proximidade à falha. Ou seja, os 100kg x 10 que
no dia 1 de janeiro constituam um 1 RER para um atleta, provavelmente no dia 30 já poderá ser um 2
ou 3 RER – o que se enquadra perfeitamente num estímulo efetivo para hipertrofia.
E esta adaptação ao exercício, o aumento da facilidade a desempenhar uma mesma tarefa, pode ser
uma excelente forma de ditar a necessidade de progressão. Sempre que uma prescrição exceder as 4
repetições em reserva, deverá ser feita a progressão do mesmo, de modo a manter a intensidade
efetiva. O que pode ser altamente útil como guia orientadora para atletas com mais dificuldade a
aproximarem-se da falha e/ou que tenham uma tendência a deteriorar a técnica em prol do incremento
de carga ou repetições.
Contudo, esta não é a única forma de progredir. Aliás, sinceramente, não parece ser a melhor forma
de encarar a progressão. Até porque é dependente de uma métrica subjetiva e que, se for subestimada
(ex: percecionar 4 RER quando realmente são 5 ou 6 repetições aquém da falha), levará a um treino
pouco otimizado.
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Como progredir no treino de hipertrofia
Regra geral, quando se fala em progressão no treino de hipertrofia, subentende-se um aumento da
carga ou do número de repetições. O que intuitivamente faz sentido, visto que esses incrementos
mantém o treino no seu espetro efetivo – quer ao nível de intensidade absoluta, quer ao nível de
proximidade à falha. Contudo, para que esta progressão seja efetiva e mantenha a qualidade do treino,
não deve ser aleatória.
Idealmente, cada atleta deve ter pelo menos um modelo de progressão definido. Para que possa
identificar momentos para ajustar o treino e momentos para manter a mesma “dose” – que ainda
poderá ser altamente efetiva.
O tipo de modelo em si não é o pormenor mais importante. De todo. Desde que esteja bem estruturado
e seja devidamente aplicado.
Por isso, deixo algumas sugestões de modelos de progressão viáveis para hipertrofia:
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ATLETAS INICIADOS: PROGRESSÃO LINEAR
No início da jornada no treino, ou num período pós-lesão ou destreino, a progressão ocorre na sua
maior velocidade (1-3). O corpo está mais sensível ao estímulo hipertrófico e, geralmente, terá uma
maior capacidade de adaptação. O que torna uma progressão entre treinos significativa algo muito
espectável.
Para adaptar o método de progressão à velocidade de desenvolvimento do atleta iniciado,
tendencialmente será privilegiada uma progressão linear, sempre que possível. Nesta, procura-se um
incremento de carga e/ou repetições de treino para treino.
Figura 10 – Modelo de Progressão Linear
À medida que a velocidade de progressão atenuar, os incrementos entre treinos serão cada vez mais
reduzidos. Até se tornar apenas possível adicionar mais repetições entre sessões.
Quando esta abordagem perde viabilidade, entende-se que o atleta se aproxima de um estado de
desenvolvimento intermédio. Por isso, beneficiará mais dos restantes modelos de progressão, mais
congruentes com a sua velocidade de adaptação.
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PROGRESSÃO LINEAR ONDULADA
Próximo de um nível intermédio, a progressão torna-se mais demorada. Tanto que, mesmo nos
exercícios compostos como o supino e o agachamento, é irrealista acrescer carga de semana para
semana.
Surge então a progressão linear ondulada. Particularmente apropriada para exercícios compostos em
espetros pesados (5 a 10 repetições). O termo “ondulada” refere-se à variação do volume e da
intensidade ao longo de um bloco de treino. Isto é: enquanto o volume decresce, a intensidade sobe.
E vice-versa, criando uma “onda” no gráfico volume e intensidade ao longo dos blocos de treino.
E como é que este modelo de progressão é aplicado?
1º – Definir o nº de séries, espetro de repetições e proximidade à falha para a primeira série (RER);
2º – Encontrar uma carga que permita seguir este protocolo, respeitando o RER da primeira série e sem
atingir a falha na última série (máximo 1-0 RER).
3º – Semanalmente, aumentar a carga e reduzir 1 repetição em cada série.
4º – Na 4ª semana, se necessário, realizar um microciclo de recuperação.
Por exemplo, reduzir a carga para a da primeira semana, retirando-se 1 série, executando apenas o
número mínimo de repetições.
5º – Já num novo ciclo, retomamos a progressão. Desta vez, subindo a carga da 1ª semana para a carga
utilizada na 2ª semana do bloco anterior.
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Figura 11 – Modelo de Progressão Linear Ondulada
Na prática, procura-se tornar o 3 x 9 da semana 1 de um bloco de treino, no 3 x 10 da semana 1 do
mesociclo seguinte.
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PROGRESSÃO DUPLA
A progressão dupla representa um modelo mais viável para a maioria dos atletas que entram num
patamar intermédio e onde a progressão linear já não é tão espectável. Neste, procura-se aumentar as
repetições até atingir um objetivo, no qual será incrementada a carga a utilizar.
Na prática, consiste em:
1. Definir um espetro de repetições (ex: 8 a 10) e encontrar uma carga que permita o atleta
executar aquele exercício dentro desse espetro, respeitando o seu RER prescrito.
2. Semanalmente, procuramos adicionar repetições até atingir o topo do espetro (ex: 10) na
primeira série.
3. Quando atingido esse topo, é aumentada a carga para reiniciar o ciclo.
Naturalmente, ao aumentar a carga, o número de repetições realizado nesse exercício diminui. O que
permite reiniciar o ciclo de progressão, começando numa zona mais baixa do espetro e aumentando
através do incremento de repetições em cada série. Eis um exemplo:
Figura 12 – Modelo de Progressão Dupla.
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PROGRESSÃO DUPLA DINÂMICA
No entanto, esta progressão tão “linear”, embora seja motivante de treino para treino, facilmente
conduz o atleta a comprometer a sua qualidade técnica para “bater a performance” do treino anterior.
Surge, assim, a necessidade de impor uma métrica que permita manter a qualidade do treino e, de
certa forma, gerir melhor as questões de fadiga e de estímulo.
Destaca-se, então, a Progressão Dupla Dinâmica. Nesta, cada série é encarada individualmente,
progredindo-se apenas a si mesma. Tudo isto, conciliado com uma autorregulação de forma a adequar
o estímulo de cada treino à aptidão do atleta em cada dia.
Para tal, é novamente definido um espetro de repetições e número de séries para cada exercício, com
a adição de um objetivo de proximidade à falha (RER-alvo).
Pegando no exemplo anterior (3 x 8-10 repetições), é definido um RER-alvo de 2 repetições antes da
falha. Assim, cada série deve ser levada ao RER-alvo, independentemente da performance na semana
anterior.
O objetivo geral de progressão mantém-se: progredir pelo aumento de repetições até atingir o topo do
espetro, onde deverá ser aumentada a carga. No entanto, este modelo passa a ser aplicado em cada
série individualmente, respeitando o RER-alvo de cada série (4). Por exemplo, aumentar a carga na
primeira série, sem aumentar na segunda e terceira. Eis um exemplo prático:
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Figura 13 – Modelo de Progressão Dupla Dinâmica
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PROGRESSÃO TRIPLA
A progressão tripla é um método particularmente interessante para os exercícios isolados, onde o
mínimo incremento de carga disponível (ex: 2.5kg) pode representar um incremento relativo enorme
(ex: passar de halteres de 10kg para 12.5kg é um aumento de 25%).
Em termos de funcionamento, é algo similar à progressão dupla:
1. Começamos com um número de séries e espetro de intensidades definido (ex: 3 x 8-10)
2. Cada série é progredida até atingir o topo do espetro em cada uma (ex: 10, 9, 8 até ficar 10,
10, 10). O
3. Assim que é cumprido o topo do espetro em todas as séries, é adicionada uma série extra.
4. Apenas quando esta série adicional atingir o topo do espetro é que a carga é aumentada e se
retorna ao número de séries inicial.
Figura 14 – Modelo de Progressão Tripla
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PROGRESSÃO POR INTENSIDADE RELATIVA
Outra estratégia extremamente interessante de progressão ocorre através da intensidade relativa. O
que, por si só, permite garantir a progressão do estímulo atendendo ao típico lema “treinar mais duro
do que da última vez”, visto que cada treino será levado cada vez mais perto da falha.
Neste método, cada bloco de treino é iniciado com umas estimadas 3 a 4 RER nos diversos exercícios.
A partir daí, o objetivo é simples: maior aproximação da falha a cada semana que passa. O que, na
prática, se baseia em:
1. Utilizar uma carga que permita o atleta chegar à última repetição às 3 RER, com uma velocidade
de execução notavelmente mais lenta.
2. Progredir semanalmente nos exercícios:
a. Adicionando 2 a 2.5kg nos exercícios mais pesados (5 a 12 repetições)
b. Adicionando 1 a 2 repetições nos exercícios mais leves (12 ou mais repetições).
3. Esta progressão deverá ser feita semanalmente até o atleta atingir a falha nesse mesmo
exercício.
4. A partir daí, deverá efetuar uma semana de recuperação (Deload) e recomeçar o bloco seguinte
aferindo novamente a proximidade à falha através da performance registada nos treinos em
que atingiu a falha. (ex: Se falhou na 10ª repetição de Leg Press com 100kg, então 9 x 100kg
será um normal 0 RER e, por isso, 6 x 100kg será um 3 RER para começar o próximo bloco).
Trata-se do sistema Iguala ou Melhora (Match or Beat) que simplifica toda a abordagem para quem
treina com repetições em reserva. Especialmente porque evita uma constante estimativa do que seriam
3, 2 ou 1 RER, deixando esse trabalho apenas para a primeira semana de cada bloco. A partir daí, se o
atleta sobrestimou a sua aproximação à falha, conseguirá progredir durante mais semanas –
prolongando o seu mesociclo. Se o atleta subestimou as repetições em reserva num exercício, chegará
mais rapidamente à estagnação, visto que provavelmente não conseguirá progredir durante mais que
2 semanas num ambiente de 0 RER.
Independentemente da precisão da primeira estimativa, é um método eficaz e descomplicado, que
permite ainda aferir os verdadeiros 0 RER e utilizá-los como pontos de referência para o bloco de treino
seguinte.
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Figura 15 – Sistema Iguala ou Melhora como método de progressão dentro de um mesociclo
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AUMENTO DE SÉRIES
Outra consideração interessante a ter em conta no modelo de progressão é o aumento de séries ao
longo de um bloco de treino. Não necessariamente como uma única estratégia de progressão, mas
como um complemento ao natural progresso das restantes variáveis.
Ao entende o conceito de sobrecarga progressiva e o impacto do volume de treino enquanto variável
determinante do estímulo hipertrófico, rapidamente é compreendido que o VME e o VMA são
dinâmicos ao longo de um mesmo mesociclo. A quantidade de estímulo “ideal” numa primeira semana,
quando os exercícios e zonas de intensidade são algo “novas” e, por isso, têm uma capacidade de
estímulo e disrupção elevada, não é a mesma que numa 3ª ou 4ª semana do mesmo bloco. Ocorrerá
adaptação face àquela dose e, por isso, para obter os melhores resultados possíveis (estando no VMA),
alguns ajustes no volume serão necessários.
Então, entender que incrementar o número de séries à medida que o atleta se desenvolve e adapta
num mesmo mesociclo de treino é uma possível necessidade, é aberto um espaço para uma potencial
variação do volume ao longo do bloco.
Geralmente, esta abordagem é mais aplicada quando se procura progredir de um VME até a um VMR
ao longo do bloco. Uma vez que o número de séries inicial é mais reduzido, há uma maior margem para
progressão e manipulação da sobrecarga ao longo das semanas do mesociclo. No entanto, é uma
abordagem que deve ser tida em conta mesmo quando se procura trabalhar com volumes mais
estanques, geralmente perto de um VMA. Visto que, inevitavelmente, as necessidades de volume
acabarão sempre por variar face à adaptação do atleta.
Na prática, os incrementos de séries são feitos com base em:
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1. Capacidade de recuperação entre treinos
O número de séries para um músculo num dado treino apenas deve ser aumentado se o atleta, no
microciclo/semana anterior, conseguiu recuperar atempadamente até ao 2º treino que envolve esse
mesmo músculo.
Qualquer decréscimo na performance ou persistência de dores musculares significativas nesse 2º treino
sugere que o volume de treino não deve ser aumentado. E que, potencialmente, até poderá ser
pertinente reduzir o volume de séries na sessão anterior para melhor adequar o estímulo às curvas de
recuperação e adaptação do atleta.
2. Disrupção causada no treino
Se um determinado número de séries foi suficiente para causar uma disrupção intra treino satisfatória,
provavelmente não será necessário aumentar.
No entanto, se indicadores como o Pump e a própria perceção de estímulo/disrupção da musculaturaalvo
reduzem a sua magnitude numa semana, poderá indicar a necessidade de aumentar ligeiramente
a dose, em busca de um melhor estímulo.
Relembro que a progressão da sobrecarga muito raramente deve ser feita apenas pela manipulação do
volume de séries. Para garantir que cada uma dessas séries cumpre os critérios mínimos de hipertrofia
e que cada série constitui, também, uma sobrecarga progressiva, é necessário progredi-las. Além disso,
a própria manipulação do volume acarreta complicações face à capacidade de recuperação de cada
atleta, que é altamente dinâmica dado os imprevistos do dia-a-dia. Especialmente em casos com mais
potenciais contingências no quotidiano, depender ou recorrer em demasia aos incrementos de volume
pode levar a estados de sobressolicitação precoces e indesejados, ao exceder o VMR antes do planeado.
Por exemplo: Um indivíduo com um trabalho por turnos, altamente imprevisíveis, dificilmente extrairá
os melhores resultados treinando sempre perto das suas hipotéticas capacidades de recuperação
máximas. Isto porque a imprevisibilidade do seu dia-a-dia fará com que o MRV de uma semana possa
ser drasticamente superior ao MRV da semana seguinte, colocando o atleta num estado de
sobressolicitação não intencional.
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Não há uma “regra” sobre como progredir.
Mas a progressão deve ocorrer sempre que necessária.
Felizmente, não é necessário cingir um atleta a apenas um método de progressão.
É perfeitamente possível aplicar modelos de progressão diferentes em diferentes tipos de exercícios
num mesmo programa de treino. Por exemplo: uma progressão tripla para os exercícios isolados e uma
progressão dupla dinâmica para os compostos. Tudo isto complementando-os com eventuais ajustes
no número de séries, sempre que necessário ou benéfico.
Não obstante, há outras formas de progredir o treino. Nomeadamente através de fatores de avaliação
subjetiva, que impactam diretamente a sobrecarga imposta por qualquer exercício.
OUTRAS FORMAS DE PROGRESSÃO
1. Cadência e Controlo do movimento
Ao nível da cadência, ou velocidade de execução, desacelerar a fase excêntrica constitui outra potencial
forma de progressão. Não só através do aumento do tempo sob tensão, como através da exposição à
contração excêntrica – uma fase com um potente papel hipertrófico (5).
Simultaneamente, a utilização de pausas, ou contrações isométricas, cria outra forma de progredir.
Geralmente são implementadas em fases do movimento onde a exigência sob o músculo-alvo é maior,
o que aumenta a exposição à maior tensão gerada. O que em muitos exercícios ocorre na posição mais
alongada do músculo-alvo, permitindo dissipar alguma da tensão elástica (reflexo miotático), exigindo
maior produção de força diretamente pelo tecido muscular.
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2. Conexão Mente-Músculo
Outra potencial forma de progredir, embora mais subjetiva, é a Conexão Mente-Músculo (6). Esta
perceção do músculo-alvo a participar no movimento pode constituir um indicador hipertrófico dessa
musculatura. Logo, maior perceção poderá sugerir uma maior intervenção do músculo-alvo, levando a
um melhor crescimento da musculatura pela qual determinado exercício é realizado.
3. Amplitude
Pressupondo que o atleta já realiza a sua amplitude “máxima segura”, uma estratégia de progressão,
em determinados exercícios, é o incremento da amplitude – desafiando a musculatura em maiores
comprimentos. O que é particularmente útil dado o papel da tensão aplicada sob alongamento
(abordado no capítulo da cadência).
Embora a maioria dos exercícios devam explorar a máxima amplitude, a implementação de défices para
permitir um maior deslocamento dos segmentos pode ser interessante. Especialmente quando a
amplitude é limitada por uma barreira física (ex: objeto toca no chão), como em variantes de remadas,
agachamentos unilaterais/lunges, push-ups, pesos mortos. Nestes, a elevação do atleta face ao chão
permite-o alongar mais a musculatura-alvo, desafiando-a num maior comprimento (caso tenha
capacidade para executar tal movimento de amplitude acrescida).
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PROGRESSÃO COMO MÉTODO DE AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO MUSCULAR
O crescimento muscular traduz-se numa melhoria na performance. O acréscimo da área de secção
transversa (massa muscular) repercute-se no aumento da capacidade de produção de força do músculo
em questão. Principalmente quando não equacionado o fator skill ou capacidade de recrutamento
muscular para um dado movimento. Onde, quando igualado este fator (similar mestria técnica ou
neuromuscular no movimento avaliado), uma maior área de secção transversa permite sempre uma
maior produção de força.
Então, esta melhoria de performance pode ser utilizada como critério para avaliar o desenvolvimento
muscular do atleta. Neste caso, são consideradas melhorias de performance em séries de 6 a 30
repetições, especialmente em exercícios isolados, em alturas comparáveis do bloco de treino. O que
levanta as questões:
1. Porquê séries de 6 a 30 repetições? Porque não o 1RM?
Primeiro, testar o 1RM implica um sério investimento temporal – dadas as várias tentativas, com
tempos de descanso consideráveis, necessárias para encontrar o verdadeiro 1RM. Investimento este
que é feito num “treino” que não causará tanto crescimento como um treino de hipertrofia
convencional. Para além de que requererá dias de descanso antes e depois de cada teste.
Além disso, o 1RM é altamente influenciado pela aptidão (e fadiga) do atleta naquele dia. E por
adaptações que não são necessariamente consequência do crescimento muscular. Nomeadamente
adaptações neurais, como o melhor recrutamento de unidades motoras para aquele movimento. Ou
adaptações na arquitetura muscular, que facilitam a produção de força, mas não são resultado de
crescimento muscular per se.
Então, não só acaba por ser um investimento com pouco retorno para o objetivo em si, como é pouco
fiável. Basta estar num dia menos-bom que o 1RM estará abaixo do habitual, criando a ilusão que um
plano de treino não está a funcionar.
Já testar a performance num tipo de treino similar ao que tem sido feito (6-30 repetições), reduz
substancialmente a flutuação criada pelas adaptações específicas à zona de intensidade. E garante que
o teste continua a ser um treino, não “desperdiçando” tempo.
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2. Porquê exercícios isolados e não exercícios compostos que envolvem mais músculos?
Para minimizar a influência das adaptações neurais e variação técnica que ocorre nos exercícios
compostos. A evolução técnica e as melhorias nos padrões de recrutamento muscular que ocorrem nos
primeiros meses de treino de um exercício mais complexo, como o agachamento, traduzem-se numa
abrupta melhoria de performance num dado exercício (7-10). E que, quando deixado fora da rotação
de exercícios, rapidamente “revertem”, conferindo uma falsa perceção de regressão da massa muscular
– quando apenas é a perda de eficiência neural naquele dado movimento.
Por isso, exercícios mais simples e com menos exigência técnica, como os exercícios isolados (ex: Leg
Extension) tendem a ser mais fiáveis para aferir o crescimento muscular. Há muito pouco para
“aprender” ou “esquecer” a nível neural, dado o diminuto grau de complexidade. E a variabilidade
técnica é, também reduzida e facílima de detetar.
3. Porquê comparar fases similares do bloco?
Para equivaler estados de fadiga e de aptidão, para que sejam circunstâncias comparáveis.
Isto porque o grau de fadiga na primeira semana de um bloco de treino, após um período de
recuperação, é quase sempre similar. Tal como numa semana de sobressolicitação. O que permite
estabelecer um ambiente de comparação estandardizado, tanto quanto possível.
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Antes de terminar este capítulo, quero apenas frisar o realismo num mindset para a Sobrecarga
Progressiva:
Na maioria dos casos não é espectável uma melhoria de performance de semana para semana tal que
permita um aumento de carga linear e constante. Não só porque é um ritmo de progressão irrealista,
mesmo para atletas de elite, como não atenta a toda a variabilidade na aptidão para treinar à qual
qualquer indivíduo está sujeito no seu dia-a-dia.
Não progredir cargas ou repetições de uma semana para a outra não significa que o treino deixou de
ser produtivo. Se uma tarefa representava uma sobrecarga numa dada semana, provavelmente ainda
será estimulante nas semanas seguintes. Principalmente em estados de desenvolvimento intermédio e
avançado, onde não é realista incrementar cargas semanalmente.
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117
SELEÇÃO DE EXERCÍCIOS
Qual o melhor exercício?
Após definir as variáveis-chave, que determinam o tipo de estímulo, e o modo como estas serão
progredidas ao longo do tempo, é necessário operacionalizar essa prescrição. Decidir quais os
exercícios a utilizar.
Contrariamente à crença comum de que existem exercícios milagrosos, que “tens que” fazer
determinado exercício, ou que há um dado exercício que é a solução para o crescimento muscular…
esta variável surge apenas em terceiro lugar na nossa hierarquia. E porquê?
Porque os exercícios são apenas uma ferramenta para atingir o estímulo pretendido. Se este estímulo
não corresponder ao tipo de adaptação pretendida e/ou não impuser uma sobrecarga, nenhuma
seleção de exercícios otimizada se enaltecerá.
Por outras palavras: a especificidade e a sobrecarga progressiva são primordiais face à escolha de
exercícios. Sem estes, por mais que sejam escolhidos os “melhores” exercícios, o resultado obtido será
sempre diferente do desejado.
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Antes de mais, não há exercícios “obrigatórios” no treino de hipertrofia. Relembro que o resultado
pretendido é o crescimento muscular. Não é o desempenho numa determinada tarefa motora ou num
dado levantamento (como é, por exemplo, no halterofilismo onde é necessário treinar para aquele
exercício em específico).
Simultaneamente, não há “melhores exercícios” universais, aplicáveis a todos os indivíduos. Na
verdade, os melhores exercícios são aqueles que, num determinado momento, permitem despoletar
maior crescimento muscular.
Aliás, a definição de “melhor exercício” é altamente individual. Seja pela estrutura anatómica do
indivíduo que influencia a biomecânica dos exercícios (1) ou a sua proficiência técnica. Seja pelo gosto
pessoal, que poderá impactar o empenho e intensidade de esforço (2). Seja, ainda, pela sensibilidade
que determinado atleta apresenta face àquele estímulo, naquele dado momento da sua carreira de
treino.
Logo, proclamar um dado exercício como o “melhor” não é propriamente correto. Porém, para aceder
às melhores ferramentas e utilizar os melhores ingredientes para a receita ideal é necessário saber o
que define um “bom exercício”. E saber distinguir as melhores opções.
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Hierarquia da seleção de exercícios
Entre as inúmeras variantes de exercícios disponíveis, o processo de escolha pode ser complicado. Por
isso, é importante sistematizar esta decisão com base em critérios bem definidos. Para que seja uma
decisão racional e fundamentada. E não algo aleatório.
Para tal, sugiro uma hierarquia de critérios que guiem esta decisão. Para poder comparar vários
exercícios e decidir quanto à melhor opção.
Esta hierarquia funciona através de um processo de eliminação em que cada exercício é analisado
hierarquicamente pelos critérios, começando pela base – o fator limitante. Apenas os exercícios que
passarem no 1º critério, poderão ser admitidos ao seguinte, de forma eliminatória. E assim
sucessivamente.
Por exemplo: um exercício que não passe no critério 1, não é sequer avaliado nos critérios seguintes,
pois é, desde início, inadequado para hipertrofia. Um exercício só é analisado face ao 4º critério, se
tiver passado em todos os anteriores.
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Figura 16 – Hierarquia dos critérios de seleção de exercícios.
Os mais determinantes encontram-se na base da pirâmide, progredindo de forma eliminatória.
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1. ESPECIFICIDADE / FATOR LIMITANTE
A escolha de um exercício deve ser feita com base na sua capacidade do estimular o grupo muscular
pretendido.
Um exercício é considerado “eficaz” para treinar um músculo caso este músculo seja o fator limitante
na sua execução.
Tal como o princípio da especificidade dita o rumo do treino, o mesmo se aplica à escolha de exercícios.
Este deve ser o primeiro fator a considerar, respondendo à questão: “quão bem é que este exercício
estimula o músculo-alvo?”
Este critério surge na lógica de que o músculo cresce em resposta a um estímulo e que nem todos os
exercícios estimulam todos os músculos envolvidos de igual forma. Logo, antes de mais, para
desenvolver um músculo, o exercício tem de o estimular. Por exemplo, por mais agachamentos que
sejam feitos, o peitoral não crescerá uma vez que não está propriamente envolvido neste exercício.
Contudo, o mero envolvimento ou contributo de um músculo para um exercício não discrimina a
efetividade desse estímulo para o seu crescimento. É necessário entender o grau de envolvimento do
músculo durante um dado exercício e o quão este será estimulado pela execução do mesmo. Por
exemplo, por mais que um agachamento com barra envolva os extensores da coluna, provavelmente
não será tão bom a desenvolvê-los como um exercício específico para tal.
O que nos leva ao conceito de Fator Limitante da série/exercício: razão pela qual o atleta atinge a
falha/não consegue continuar a série num dado exercício. O que nos permite inferior dois pontos-chave
sobre qualquer exercício:
1. Este será o sistema/músculo que mais estímulo e disrupção receberá durante o exercício;
2. O estímulo aplicado aos restantes músculos não tende a ser ótimo ou, pelo menos, de
magnitude similar ao do músculo-limitante. Ao terminar a série com base no impacto sob o
músculo-limitante, os restantes poderão ficar aquém de um estímulo ideal.
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Então: para um exercício ser eficaz a estimular um músculo-alvo, este deve ser o fator limitante na sua
execução.
Aplicando este critério, na prática, é possível antever 3 cenários comuns do treino de força:
LIMITAÇÕES DA PEGA
Sempre que uma série é comprometida pela pega/preensão manual, o músculo-alvo tende a não ser
estimulado tão bem quanto possível.
Por exemplo, se é a pega que falha numa série de peso morto, os posteriores da coxa continuarão
subestimulados (3), uma vez que o fator limitante serão os antebraços. Logo, este exercício deixa de
ser uma opção ideal para desenvolver a musculatura posterior, pois o seu estímulo é comprometido
pela capacidade de segurar a carga e não de executar o movimento.
Estas limitações de preensão manual podem ser contornadas através de equipamentos como tiras de
levantamento, ganchos ou Versa Gripps, que visam facilitar a pega. É um compromisso que permite
uma melhor experiência em exercícios como remadas, puxadas e variantes de peso morto, reduzindo
a limitação da pega. Mas também o treino dos músculos do antebraço.
A própria utilização de barras mais grossas e/ou equipamentos como Fat Gripz para forçar um diâmetro
para pega maior, surtem um efeito similar. Permitem uma maior solicitação sob os antebraços, mas
tendem a reduzir a performance no exercício, comprometendo o crescimento dos restantes músculos
(4,5). Então, se o objetivo for crescer os bicípites ao máximo, por mais pump que as Fat Gripz deixem
nos antebraços, não vão contribuir positivamente para o perímetro do braço.
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INSTABILIDADE
Embora tenha sido algo-tendência na última década, o treino sob superfícies instáveis, em busca de
uma adaptação mais “funcional”, está longe de ser eficaz para hipertrofia. Seja em cima de bolas suíças,
pratos Freeman ou BOSU’s, a instabilidade cria um ambiente impróprio para o treino de hipertrofia.
Atenção! Isto não quer dizer que exercícios unipedais, como Split Squats e Pistol Squats, sejam
impróprios. Aliás, mantém-se altamente estimulantes quando comparados aos agachamentos com os
dois pés apoiados (6-9). Caso o equilíbrio não seja um fator limitante.
O problema ocorre no treino em plataformas instáveis. Não só a ativação muscular é reduzida face ao
mesmo exercício em apoio estável, como a performance e a capacidade de produção de força são
exponencialmente impactadas (9-13). O que afeta severamente o potencial hipertrófico de qualquer
exercício em instabilidade.
MÚSCULOS BI-ARTICULARES
Quando um músculo atravessa duas articulações, classifica-se como bi-articular. O que significa que um
só músculo consegue produzir movimento em duas articulações. No entanto, remetendo à fisiologia,
percebemos que quando um músculo bi-articular contrai, atuará sobre ambas as articulações em
simultâneo – não isolará apenas uma. Além disso, dependendo da cinemática do exercício, o mesmo
músculo poderia estar a encurtar junto a uma articulação e a alongar noutra.
Um exemplo prático disto são os posteriores da coxa num movimento de agachamento. Durante a
descida, à medida que ocorre flexão da anca (aproximação do tronco às coxas), os posteriores da coxa
alongam. No entanto, ocorre uma flexão do joelho em simultâneo (aproximação da coxa à perna), o
que encurta estes músculos. Uma vez estão a alongar numa região e encurtar noutra em simultâneo,
não sofrem grande alteração no seu comprimento. O que compromete o seu potencial para produção
de força.
Por outro lado, pode ocorrer o cenário oposto: o mesmo músculo encurtar em ambas as articulações.
Por exemplo, solicitar uma plantarflexão durante uma flexão do joelho (Leg Curl estendendo o pé) apela
a duas funções dos gémeos. Nesta situação, não só o músculo perde um ponto fixo a partir do qual
consegue produzir força de forma estável, como atinge encurtamentos tais que dificultam a própria
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produção de força. Trata-se de uma insuficiência ativa, que compromete o melhor recrutamento e
estímulo desses músculos num movimento em que encurtam em ambas as inserções (14). Neste caso
em particular, a plantarflexão permita “isolar” melhor os posteriores da coxa (dado a menor capacidade
de intervenção dos gémeos). Contudo, é algo que um simples reajuste da posição do pé permite
contornar, possibilitando melhor participação dos gémeos numa flexão do joelho.
Ambos estes cenários são subótimos para a estimulação do músculo-alvo.
Assegurado o fator limitante para um exercício, restam ainda imensos exercícios disponíveis no leque.
Seguem-se, então, os próximos critérios de seleção de exercícios:
2. TIPO DE CONTRAÇÃO
Exercícios que englobam uma contração dinâmica (excêntrica e concêntrica) são superiores a
exercícios puramente concêntricos, excêntricos ou isométricos.
Contrações dinâmicas resultam num maior crescimento muscular comparativamente a exercícios com
apenas um tipo de contração (15-20). Isto deve-se, em grande parte, ao facto de cada tipo de contração
gerar diferentes adaptações (21-23) e sinalizar o crescimento muscular de forma distinta (22, 24, 25).
Ou seja, para retirar o melhor proveito de um exercício para hipertrofia, é necessário explorar os vários
tipos de contração.
Na prática, isto permite-nos olhar mais cepticamente para exercícios como a Cadeira Isométrica/Wall-
Sit. Onde a ausência de trabalho dinâmico os torna exponencialmente inferiores a um agachamento
tradicional, por exemplo.
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3. DISTRIBUIÇÃO DO STRESS APLICADO
Quão mais um exercício estimular o músculo-alvo e menos os tecidos conjuntivos, melhor este será.
O que é algo intuitivo. O exercício deve estimular o músculo ao máximo e apenas os restantes tecidos
tanto quanto necessário para suportar e maximizar o crescimento muscular. Qualquer stress aplicado
nos tecidos adjacentes (nomeadamente articulações e tecido conjuntivo), para além do estritamente
necessário, resulta num aumento do risco de lesão.
Ao entender a enorme variabilidade anatómica entre indivíduos, este critério torna-se altamente
individual. Corpos diferentes produzirão movimentos de forma diferente e terão diferentes
congruências face a cada exercício e, especialmente, cada máquina/equipamento. Pelo que é
necessário respeitar estas individualidades para maximizar não só o estímulo imposto, como para
minimizar o risco de lesão.
Na prática, trata-se de comparar 2 exercícios, que aparentemente apresentam um estímulo similar, e
entender qual deles gera menos impacto nos tecidos adjacentes. Esse será a melhor opção.
Por exemplo: Comparando um supino plano com barra, halteres ou barra-guiada (Smith), se todos
apresentarem o peitoral como fator limitante mas a variante com barra-guiada causar desconforto nos
ombros, quer durante, quer após a sessão… esta solução, à partida, não será ideal. Resta a variante
com halteres e com barra livre, que serão agora submetidas aos próximos critérios para decidir qual a
melhor.
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4. AMPLITUDE
Quão maior for a amplitude na qual o músculo for desafiado num exercício, melhor será.
Regra geral, explorar uma maior amplitude articular levará a maior tensão e ativação muscular
experienciada pelos músculos, em todo o seu comprimento, tanto quanto possível. O que levará a um
maior crescimento muscular (26-31).
Ou seja, entre um agachamento completo e um meio-agachamento, ou um supino até tocar com a
barra no peito versus ficar apenas a 90º… a melhor opção será a que tiver maior amplitude.
A própria amplitude utilizada ditará a tensão experienciada por determinados comprimentos (“zonas”)
do músculo. Consequentemente, isto afetará o seu crescimento, uma vez que sobrecargas impostas
em diferentes comprimentos do músculo, impactarão o crescimento dessas áreas (27).
Naturalmente, à medida que um exercício desafia o músculo num maior comprimento, alongando-o
mais, tornar-se-á mais difícil. No entanto, a sobrecarga em posições alongadas é fundamental para o
crescimento muscular (32-36). Pelo que, qualquer decréscimo de carga para permitir uma melhor
amplitude tende a ser a melhor opção para maximizar o estímulo hipertrófico.
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5. PERFIL DE RESISTÊNCIA (CURVAS DE FORÇA E DE RESISTÊNCIA)
Quão mais congruente for a curva de resistência do exercício à curva de força do atleta, melhor será.
Remetendo ao critério do fator limitante (o músculo que “falha” num exercício) é importante entender
a fase do movimento em que essa falha ocorre. O sticking point (37), que corresponde à fase do
exercício em que aquele músculo já não consegue vencer a resistência. Porém, é aquele músculo que
leva à falha/paragem. Os restantes músculos envolvidos no exercício ainda poderiam continuar, o que
indica que ficarão potencialmente subestimulados por aquela série.
É isto que acontece quando os perfis de resistência (a curva de resistência do exercício e a curva de
produção de força do indivíduo) não são congruentes. Por exemplo: o peitoral já não conseguia
empurrar a barra após aqueles 3 centímetros acima do peito, mas os tricípites ainda conseguiam
terminar mais 6-7 repetições. Os tricípites ficaram muito aquém de um estímulo ideal.
Então, rapidamente entendemos que o exercício ideal não teria um sticking point. Que a falha ocorreria
de forma quase igual ao longo de toda a última repetição. No entanto, isto é um cenário utópico. E
apenas é realisticamente atingido em determinadas máquinas, nomeadamente em aparelhos
isocinéticos (que não tendem a existir na esmagadora maioria dos ginásios).
A maioria dos exercícios com pesos livres têm uma curva de resistência (força necessária para mover a
carga) constante. Como os halteres e a barra não mudam de massa e a aceleração gravítica é constante,
a resistência é também constante. Pesam sempre a mesma coisa em todo o movimento.
Contudo, entre um exercício cuja trajetória seja vertical (ex: agachamento, supino) ou
circular/rotacional (ex: rosca de bicípite, voos laterais), a sensação é drasticamente diferente. Não
porque os equipamentos pesem mais. Mas porque a capacidade de o corpo impor força sobre aqueles
equipamentos varia consoante a sua posição. Ou seja, há um perfil de resistência que determina esta
congruência entre a “dificuldade” e a “capacidade” de vencer esta resistência.
Para não mergulhar demasiado no capítulo da biomecânica (que é fundamental para a escolha e
adaptação dos exercícios), qual é uma forma prática de determinar o perfil de resistência de um
exercício?
Diretamente para um dos Homens mais dedicados e exemplares de sempre – ANDRÉ LOURO!
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Através da curva força:comprimento do músculo. Os músculos tendem a conseguir produzir mais força
na posição descritiva anatómica ou ligeiramente alongados.
Figura 17 – Ilustração da Curva Força:Comprimento do músculo esquelético.
Na prática, isto repercute-se numa maior dificuldade em completar a parte final das remadas/puxadas
(onde músculos como o grande dorsal estão muito encurtados). Ou maior dificuldade na fase inicial dos
exercícios de empurrar (porque os músculos principais tendem a estar muito alongados).
Por outro lado, existem as resistências acomodativas. Onde a curva de resistência é acomodada à curva
de força do indivíduo. Muitas máquinas já incorporam roldanas desmultiplicadoras ou sistema CAM
que visam esta adaptação da resistência ao longo do movimento. Embora nem todas as máquinas sejam
assim, ou possam ser ideais para todos os indivíduos, a utilização de bandas elásticas ou de correntes
podem contribuir para um ajuste/acomodação para os exercícios em pesos livres (38).
No entanto, é necessário ser realista: a probabilidade de dispor de máquinas perfeitamente ajustadas,
ou de conseguir encontrar e montar exercícios com um perfil de resistência ótimo num ginásio comum
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é reduzidíssima. A maioria dos casos terão de incluir vários exercícios com perfis de resistência
subótimos. Não obstante, este é o caso da esmagadora maioria. E é o caso dos culturistas de topo
mundial. O que reforça, por experiência prática, que o perfil de resistência perfeito não é, de todo,
fundamental.
Então, na prática realista, o recomendável é evitar exercícios onde o único desafio significativo ocorra
apenas no sticking point. Por exemplo, um Preacher Curl, onde a sobrecarga ocorre praticamente
apenas na posição inicial do exercício (39).
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UNILATERAL ou BILATERAL?
Idealmente, os exercícios devem ser realizados unilateralmente, começando pelo membro menos
forte.
Por mais simétrica e equilibrada que a execução de um exercício bilateral possa parecer, a simetria
perfeita é raríssima. Há sempre um ligeiro desequilíbrio nas participações musculares. O que é natural,
visto que nenhum corpo é totalmente simétrico – os membros têm proporções ligeiramente diferentes
face ao membro contralateral, o que afeta inevitavelmente a produção de força e participação muscular
nos exercícios bilaterais.
Para além disso, o próprio sistema nervoso apresenta um défice bilateral – uma incapacidade de
recrutar tão bem os músculos de ambos os membros num exercício bilateral comparativamente à sua
versão unilateral (40-44). Este défice é mais notável em exercícios mais complexos (45) e, ainda, os
exercícios unilaterais tendem a despoletar uma melhor ativação muscular (45,46).
E embora este impacto não seja muito significativo, no pior dos cenários exercícios unilaterais
constituem uma ótima forma de corrigir assimetrias musculares (47).
Independentemente disso, é importante entender que fatores como o desequilíbrio ou instabilidade
pelas opções unilaterais (ex: Lunge sem suporte e supinos unilaterais) não devem constar num bom
exercício para hipertrofia. O critério da unilateralidade singra em máquinas (ex: Leg Curl/Extension, Leg
Press feita unilateralmente) e em variantes com cabos/halteres (ex: Bicípites unilateral) onde não
acrescem problemáticas de equilíbrio ou estabilização extra.
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ESTANDARDIZAÇÃO TÉCNICA / DE AMPLITUDE
Idealmente, um exercício deverá ter sempre um ponto de início e de fim bem definidos.
Para poder avaliar a progressão e a própria eficácia de qualquer plano de treino, é necessário ter
elementos de comparação bem definidos. Comparar batatas com batatas. O que implica estandardizar
as repetições, de forma que possam ser comparáveis entre si. Especialmente em termos de amplitude.
Então, optar por exercícios que tenham um ponto de início e de fim de repetição bem definidos é o
ideal (ex: no supino a barra tocar sempre no peito e esticar sempre os cotovelos após cada repetição).
Ou, adotar estratégias que permitam definir estes pontos, para estandardizar cada repetição.
PRECISÃO / GESTÃO NA PROGRESSÃO DA CARGA
Quão mais preciso for o ajuste da resistência de um exercício, melhor.
Simplificando, privilegiam-se exercícios que permitam mensurar e adaptar a carga com a maior precisão
possível. Que facilitem o processo de progressão e de individualização de cada exercício.
Pois quão mais preciso for o incremento de cargas entre treinos, mais fácil será atender à sobrecarga
progressiva. Em termos práticos, trata-se de entender exemplos como:
1. A progressão de um agachamento com 100kg para 105kg (adicionando 2.5kg de cada lado da
barra) é um incremento de 5%. Já a progressão de um par de halteres de 10kg para os próximos
mais pesados de 12.5kg representa um aumento de 25%.
Naturalmente, é outro dos critérios que é dificílimo colocar em prática num contexto comum de treino.
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No entanto, a mais gritante aplicabilidade surge em exercícios como:
2. Embora uma Handstand Push-Up ocorra em cadeia cinética fechada (que tende a ser menos
lesiva para os tecidos conjuntivos) é uma péssima opção no que toca à capacidade de
progressão comparativamente a qualquer outro Press de Ombros com barra ou halteres. A
partir do momento em que um indivíduo consegue executar estas Push-Ups num défice, com
um colete de pesos e para as repetições pretendidas… como é que progredirá? Como é que
aumentará a dificuldade deste exercício, sem um sítio para adicionar carga?
3. Exercícios com elásticos, onde se torna difícil mensurar e replicar entre treinos o grau de tensão
que o elástico oferece.
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Complexidade do exercício – Compostos versus Isolados
Exercícios compostos, que envolvem movimento em várias articulações (ex: agachamento) tendem a
ser mais exigentes que os exercícios isolados, que apenas envolvem movimento numa articulação (ex:
Leg Extension). E, geralmente, são considerados mais eficazes uma vez que permitem utilizar cargas
superiores e geram um maior impacto quer a nível hormonal, quer a nível neuromuscular.
No entanto, não são necessariamente melhores para hipertrofia. Desde que um exercício despolete
tensão muscular suficiente no músculo-alvo, será suficiente para alcançar o crescimento muscular
desejado. Contudo, por definição, os exercícios compostos serão mais eficientes. Ao englobar
movimento em mais articulações, estimulam mais músculos por cada repetição – proporcionando mais
trabalho feito por unidade de tempo.
Então, embora não sejam necessariamente superiores para o músculo-alvo em si, permitem estimular
mais músculos em menos tempo o que, num cenário realista, é altamente apelativo. O tempo e número
de séries necessário para estimular todo o corpo utilizando apenas exercícios isolados é
exponencialmente maior do que um programa de treino que englobe vários exercícios compostos.
Logo, por uma questão de eficiência e de praticidade na sobrecarga dos exercícios, visto que exercícios
compostos tendem a ser mais viáveis e mais precisos para incrementar a resistência, a maioria de um
programa de treino deve consistir de exercícios compostos, sempre que estes respeitem os critérios de
seleção. Já os exercícios isolados devem ser utilizados como um complemento enquanto forma de
atingir o volume necessário com um melhor rácio estímulo:fadiga.
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Rácio Estímulo:Fadiga
Outro critério a ter em conta na seleção exercícios é o rácio estímulo:fadiga. Que basicamente se trata
de uma comparação entre o estímulo proporcionado por um exercício (que deve ser máximo, quanto
possível) e a fadiga que este acarreta (idealmente mínima).
Quanto mais estimulante um exercício for, maior será o seu potencial hipertrófico e, por isso, mais ideal
será para hipertrofia. Quanto menos fadiga este trouxer, melhor será o “retorno geral”, uma vez que o
atleta poderá fazer mais do mesmo (quer em termos desse exercício, quer em termos do treino desse
músculo e de toda a sessão em geral), potenciando melhores ganhos.
Pois, mais uma vez, a razão pela qual um exercício é escolhido é pela sua capacidade de induzir o
máximo crescimento muscular possível. Quanto menor for o custo de fadiga a pagar por esse exercício,
mais treino será possível fazer de forma produtiva. Logo, mais crescimento será espectável. Então,
procura-se o máximo estímulo com a mínima fadiga – o melhor rácio estímulo:fadiga
E como é que é feita esta avaliação? Através de uma estimativa respondendo às seguintes questões,
sem qualquer ordem.
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Estimar o estímulo proporcionado por um exercício:
1. Conexão mente-músculo
Como visto no capítulo do volume, a Conexão Mente-Músculo retrata o quão bem o atleta perceciona
tensão aplicada e a participação do músculo-alvo durante a série. No caso de elevadas repetições
(séries de 12 a 30), é fácil de percecionar a qualidade desta conexão através da sensação de ardor e
fadiga no músculo-alvo, especialmente nas últimas repetições. Em séries mais pesadas, de menos
repetições (séries de 5 a 12), a perceção de tensão experienciada pelo músculo ao longo do movimento
é o indicador a utilizar. Por exemplo: sentir o peitoral a “trabalhar” durante uma Chest Press.
Quando o atleta executa um exercício e carece quer desse ardor, quer da sensação de tensão, ou a
perceciona mais noutros músculos (ex: antebraços numa remada), provavelmente o exercício não é
ideal.
2. Vasodilatação / Pump
Quanto menos séries forem necessárias para despoletar o inchaço/vasodilatação/pump local do
músculo, mais estimulante este tenderá a ser. Este indicador remete para a acumulação de metabolitos
e fluxo sanguíneo para a área “inchada”, que assinala a sua potencial participação naquele exercício
(48, 49).
Quando a vasodilatação experienciada é mínima, requer várias séries (3 ou mais) para surgir, ou se
manifesta mais noutros músculos que não o pretendido, provavelmente o exercício não está a
estimular o músculo-alvo tanto quanto desejado.
3. Disrupção muscular
Até que ponto é que um dado exercício deixa a musculatura-alvo fatigada? Com sensação de fraqueza
ou dificuldade em “funcionar” imediatamente após a série e durante o treino? A disrupção muscular é
um dos indicadores mais eficazes para traduzir o estímulo aplicado a um dado músculo.
Se após realizar as séries propostas para um exercício o atleta não sente a musculatura-alvo cansada
(ex: sensação de pernas “pesadas” ou a “colapsar” ao descer escadas após um treino de quadricípites,
provavelmente o estímulo não foi ideal). Isto não significa que o objetivo do treino seja terminar com
as pernas bambas, ou não conseguir sentar no sofá nos próximos dias. Mas se um bom volume de treino
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com novos exercícios não despoleta qualquer disrupção – é sinal que o estímulo esteve muito aquém
do ideal.
Quantos mais destes indicadores forem positivos para um exercício, melhor. Já será possível estimar a
sua efetividade. No entanto, estímulo só não chega. É importante perceber a longevidade e
aplicabilidade prática de cada exercício, numa busca pelo melhor e mais produtivo treino possível.
Estimular a fadiga gerada:
1. Disrupção das articulações e tecidos adjacentes
O objetivo do treino é estimular o músculo. Não os restantes tecidos. Pelo que o treino ideal não deve
incutir qualquer dor ou sensação negativa nas articulações ou ligamentos envolvidos. Portanto, se um
exercício deixa outros tecidos lesados, quer durante, quer após o treino, provavelmente não será o
ideal.
Na prática, trata-se de entender até que ponto é que um dado exercício acarreta dores ou desconforto
numa articulação ou tecidos durante e após o treino. Se um agachamento com barra, devidamente
executado, deixa o atleta com dores nos joelhos e uma Leg Press não – então a última deverá ser a
melhor opção entre as duas.
2. Perceção de esforço
Para magnitudes de estímulo similares, quão mais fácil for o exercício, melhor. Não no sentido em que
devem ser procurados exercícios fáceis, ou mínimas perceções de esforço (o que inviabilizaria a
proximidade à falha, tão crucial para hipertrofia). Mas no sentido em que qualquer esforço para além
do estritamente necessário tende a ser em vão. E apenas resultar na acumulação de fadiga local e
sistémica e de desgaste articular desnecessário.
Isto porque as capacidades de recrutamento muscular e de concentração/empenho dentro de uma
sessão de treino (e de uma semana e até mesmo bloco de treino) são limitadas. Tudo o que acarretar
fadiga e desgaste desnecessário, apenas compromete a melhor consecução do treino que se segue.
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Por exemplo: Se entre um Peso Morto Romeno com barra livre versus barra guiada a magnitude de
estímulo é similar, mas o atleta termina a série com a barra livre completamente exausto, não só nos
músculos posteriores da coxa, como noutra musculatura acessória e/ou a nível psicológico/cognitivo…
provavelmente a variação na Smith Machine será mais proveitosa.
3. Decréscimo de performance em músculos não utilizados
Se um exercício é tão fatigante que compromete significativamente os exercícios seguintes que
englobam músculos não utilizados nesse primeiro exercício, provavelmente não é a melhor opção.
Ou seja, na prática, se após um Peso Morto Romeno com barra livre o atleta sofre um decréscimo
significativo na performance no resto do treino (por exemplo em exercícios de quadricípites num treino
de pernas) comparativamente a fazer outro exercício igualmente estimulante para os posteriores da
coxa – provavelmente este não será a melhor opção. Pois acarreta um custo de fadiga tal que prejudica
o resto do treino, desnecessariamente.
Então: quanto menos fadiga desnecessária um exercício incutir, melhor.
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Figura 18 – Critério de avaliação do Rácio Estímulo:Fadiga de um exercício
Entendidos os critérios de seleção de exercícios, resta saber quantos exercícios que devem ser
utilizados para cada grupo muscular.
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Quantos exercícios por músculo?
Decidido o volume de séries a executar para cada músculo, é necessário reparti-lo por exercícios.
Levantando, assim, a questão de quantos exercícios fazer. E porquê.
Comecemos por entender que, tal como há uma lei dos rendimentos decrescentes para o volume de
treino intra sessão, o mesmo ocorre com um exercício. Isto é: mais do que uma série de cada exercício
trará mais benefícios do mesmo, quer ao nível do crescimento muscular, quer ao nível da performance
no exercício (50). Contudo, quantas mais séries de um mesmo exercício forem feitas, menos produtivo
tenderá a ser esse trabalho. Principalmente quando esse volume poderia ser melhor investido noutro
exercício/variação que apresente um estímulo diferente (51). Sendo o ponto “ideal” entre as 2 a 5 séries
por exercício por treino.
Por outro lado, um dos objetivos da seleção de exercícios é estimular toda a musculatura-alvo.
Geralmente sem deixar partes do músculo por estimular tão bem. Pelo que é necessária variedade,
quanto baste, para estimular todo o músculo-alvo ao máximo.
Embora o músculo cardíaco contraia como um todo, pela lei do tudo ou nada, o mesmo não ocorre
totalmente no músculo esquelético. A arquitetura muscular é complexa, subdividindo o músculo
esquelético em diferentes compartimentos neuromusculares, com a sua própria inervação motora. Tal
que cada região de um músculo pode ser ativada seletivamente, desde que as fibras musculares sejam
inervadas por motoneurónios diferentes (52).
Isto não significa que apenas se ative uma zona do músculo, mas sim que é possível enfatizar
determinadas regiões consoante o exercício utilizado (53, 54). Particularmente quando diferentes
regiões do músculo têm diferentes ações. O que permite enfatizar o crescimento de determinadas
porções (55-57).
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No entanto, a variação não deve ser excessiva. De forma a reservar exercícios/variantes que possam
ser incluídas na rotina de treino futuramente, aquando de uma necessidade de impor novos estímulos.
(Capítulo da variação). Caso contrário, quando for atingido um plateau, não existirão opções viáveis
para impor uma novidade necessária no plano.
Na prática, isto passa por analisar a semana mais volumosa do bloco de treino e determinar quantas
séries é que cada músculo terá em cada treino. Aqui, esse volume por sessão deve ser dividido entre 3
a 4 séries por exercício (ex: 12 séries totais para costas divididas em 4 séries de 3 exercícios ou 3 séries
de 4). Isto permite entender quantos exercícios serão necessários no total de uma semana de treino.
Como escolher os exercícios para um mesmo músculo?
Começamos por responder às principais funções do músculo para assegurar um crescimento máximo
e também equilibrado. No caso do grande dorsal, será interessante explorar a sua ação enquanto
adutor do braço (Pull-Ups, Lat Pulldown) e enquanto extensor do braço (remadas, Chin-Ups), o que
significa incluir variações destes exercícios no volume semanal.
Outra consideração interessante será entender as origens e inserções das diferentes porções do
músculo para poder manipular o comprimento do mesmo nos exercícios de modo a enfatizar
determinadas regiões. Por exemplo os quadricípites embora sejam na maioria extensores do joelho,
uma das suas porções participa na flexão da coxa. Logo, será interessante incluir exercícios que
englobem a extensão do joelho com e sem flexão da coxa (ex: agachamento e Leg Extension,
respetivamente) para solicitar menos e mais o reto femoral, respetivamente.
Feito isto para os diversos músculos, grande parte da distribuição dos exercícios está resolvida.
No entanto, para os mais minuciosos, apelaremos ainda às posições de sobrecarga de cada exercício.
Sempre que possível, será interessante optar por exercícios que imponham a maior sobrecarga na
posição alongada do músculo (58, 59). Para complementar esta sobrecarga, prescrever exercícios que
o desafiem mais nas restantes posições (ex: encurtado e a meio comprimento) permitirá explorar
diferentes vias de sinalização hipertrófica e maximizar o crescimento muscular.
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Na maioria dos casos, cada grupo muscular será treina com 2 a 4 exercícios por semana, com a
particularidade de o complexo das costas poder explorar 6 a 7 exercícios de forma realista, dada a
enorme variedade de músculos e de linhas de tração que engloba.
Caso o atleta não disponha de uma variedade de exercícios suficiente, ou cujo rácio estímulo:fadiga
seja favorável, não há qualquer problema em repetir exercícios na mesma semana de treino.
Idealmente, esta repetição deve ser feita através da utilização de espetros de intensidade ou ordem de
exercícios diferente, de modo a implementar uma periodização ondulatória. (Conferido no capítulo da
periodização).
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DESCANSO ENTRE SÉRIES
Quanto tempo deve ser o descanso entre séries?
À medida que se sobe a hierarquia do treino de hipertrofia, surge o tempo de descanso entre cada
série. Aqui, é levantada uma discussão frequentíssima entre dois “campos”: os defensores dos tempos
de descanso mais curtos (< 60 segundos) e os defensores dos tempos de descanso maiores (> 2
minutos). Qual será a melhor opção? E qual é o impacto do tempo de descanso entre séries para
hipertrofia?
Comecemos por entender a utilidade/objetivo do tempo de descanso entre séries e o impacto que esta
variável tem no crescimento muscular.
Primeiro, o período de descanso visa promover a recuperação dos sistemas e músculos envolvidos num
exercício, de forma a permitir uma performance tão boa quanto possível na série seguinte. Uma vez
que o treino não é constituído apenas de 1 série de cada grupo muscular, pensar apenas no
desempenho numa só série é meter a carroça à frente dos bois. O crescimento muscular significativo
não surge apenas de 1 só série. Mas sim do cumulativo de todo o treino (e das várias sessões de treino
aplicadas). Pelo que se idealiza manipular o tempo de descanso em prol do melhor desempenho ao
longo das várias séries de um treino, visando o máximo estímulo hipertrófico.
Ora, analisando um treino convencional de força, o consenso é claro: tempos de descanso longos, que
permitam uma quase-completa recuperação e uma boa performance na série seguinte são superiores
para o aumento da força (1). O que faz todo o sentido, visto que a acumulação e impacto da fadiga nas
séries seguintes compromete diretamente a performance no treino. E, assim, o ganho de força.
E a mesma lógica pode ser aplicada ao treino de hipertrofia: descansos entre séries maiores tendem a
promover maior crescimento muscular (2,3). Principalmente em exercícios compostos, onde há uma
diferença notória entre descansar apenas 1 minuto versus 3 ou mais minutos. O que novamente faz
todo o sentido, visto que o tempo adicional para recuperar permitirá uma melhor performance do
músculo-alvo na série seguinte. O que torna possível fazer mais repetições, aumentando o volume total
de treino e a exposição ao estímulo.
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Na prática: quão mais longo for o tempo de descanso, maior será a recuperação e melhor será o
crescimento muscular esperado. Embora o retorno além dos 3 minutos de descanso seja cada vez
menos proporcional. No entanto, a evidência que defende os tempos de descanso maiores tem um
pequeno senão: apenas são comparadas situações com os mesmos números de séries, variando apenas
o tempo de descanso. O que significa que o grupo que treinou com menos tempo de descanso,
terminou o seu treino muito mais cedo. Por outras palavras: poderia aproveitar esse tempo que sobrou
para fazer mais trabalho.
E realmente aqui os pratos da balança reequilibram-se:
Quando igualado o volume total (séries x repetições x carga), o crescimento muscular tende a ser similar
independentemente do descanso entre séries (4). Ou seja, o efeito negativo de reduzir o tempo de
descanso pode ser compensado ao fazer mais séries, até igualar a performance espectável / trabalho
realizado com descansos maiores.
Figura 19 – Efeito do tempo de descanso sob o desempenho e necessidades de volume
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Outro cenário interessante para a utilização de tempos de descanso curto é o treino com cargas
reduzidas (30 a 40% 1RM). Aqui, o papel do stress metabólico é crucial para atingir a ativação muscular
e tensão mecânica ideais para hipertrofia. O que justifica a utilização de tempos de descanso reduzidos
(1 minuto) para facilitar essa acumulação de metabolitos (5).
No entanto, nem todos os exercícios impõe a mesma exigência no corpo (6, 7). E as próprias
capacidades de recuperação intra treino podem variar não só entre indivíduos (8), como intra indivíduo
consoante fatores como a dieta, sono, níveis de stress, etc. Pelo que surge a importância de
autorregular o tempo de descanso.
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153
AUTORREGULAR O DESCANSO ENTRE SÉRIES
Em vez de depender de um cronómetro e um tempo de descanso fixo, regular o descanso entre séries
até o atleta se sentir recuperado e apto para completar a próxima série é uma opção geralmente mais
viável no dia-a-dia comum. E eficaz (9, 10). Embora, nalguns casos, acabe por promover um treino algo
ineficiente, através de tempos de descanso longuíssimos.
Mas como a própria perceção de recuperação “geral” pode ser muito falível, é importante sistematizar
e utilizar critérios que orientem esta tomada de decisão. Para isso, podem ser respondidas estas 4
questões antes de começar uma próxima série:
1. A frequência cardíaca voltou ao “normal”? (recuperação cardiovascular)
O sistema cardiovascular não deve ser um fator limitante na série seguinte. Portanto, se o atleta está
ofegante demais para completar a série, deve repousar mais tempo.
Na maioria dos casos, o retorno da frequência cardíaca aos valores habituais pós-aquecimento é um
bom indicador de prontidão neste critério (11).
2. O atleta está psicologicamente apto para executar a próxima série com o mesmo grau de
empenho e concentração? (recuperação do sistema nervoso)
Para o melhor desempenho em cada série, seja de um ponto de vista de performance, seja de
recrutamento muscular e conexão mente-músculo, o atleta deve manter elevados níveis de
concentração.
3. O músculo-alvo conseguirá fazer pelo menos 5 repetições?
Na maioria dos casos, para hipertrofia, privilegiam-se séries de 5 ou mais repetições. Não que séries de
3 ou 4 repetições não sejam estimulantes, mas porque não desencadeiam um estímulo total tão
interessante por cada série feita. Logo, descansar o suficiente para conseguir exceder este número
mínimo de repetições será benéfico para melhorar o crescimento muscular por série realizada.
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Em casos de séries mais pesadas (5-10 repetições), se na série anterior o atleta apenas realizou 5
repetições, poderá ser mais eficiente reduzir a carga do que descansar longíssimos períodos (5+
minutos).
4. Os músculos sinergistas e/ou estabilizadores não serão limitantes?
Remetendo ao princípio do fator limitante, se os músculos sinergistas ou estabilizadores comprometem
a consecução da série, o verdadeiro músculo-alvo não receberá o estímulo ideal.
Só quando todos estes critérios estiverem cumpridos é que o atleta estará teoricamente apto para mais
uma série produtiva. Isto conferirá a flexibilidade necessária para adequar o tempo de descanso a cada
exercício e à prontidão do indivíduo em cada sessão de treino, tornando-a o mais eficiente possível,
sem alterar o número de séries realizado.
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158
CADÊNCIA
Passemos à cadência, um entre os mais ínfimos pormenores do treino de hipertrofia. Esta, trata a
velocidade de execução de um exercício, englobando as suas diferentes fases. É a resposta às questões
“quão depressa” e “quão controlada” deve ser cada repetição.
Discriminando já os termos técnicos, quando se aborda a cadência de um exercício, distinguem-se 4
fases distintas:
1. Fase Excêntrica – a fase de “descida” ou desaceleração, onde o atleta permite que a resistência
vença o movimento;
2. Fase Isométrica em Alongamento
3. Fase Concêntrica – a fase de “subida”, positiva, ou de aceleração, onde o atleta vence a
resistência;
4. Fase Isométrica em Encurtamento – ou lock-out.
Figura 20: Ilustração da cadência de execução numa Push-Up.
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159
FASE CONCÊNTRICA
Para entender o impacto da cadência no crescimento muscular, comecemos pela física:
Força = massa × aceleração.
O que significa que diminuir intencionalmente a velocidade da fase concêntrica significa diminuir a
produção de força e, assim, o potencial hipertrófico. Por outro lado, alongar a cadência também implica
manter os músculos expostos ao movimento durante mais tempo (maior tempo sob tensão), o que
acarreta mais fadiga. Sem qualquer benefício hipertrófico (1).
No entanto, da mesma forma que é possível desacelerar uma execução, também é possível acelerá-la.
E através do princípio de Hennemann, ou Lei do Tamanho (2), é possível confirmar que uma execução
mais explosiva terá maior ativação muscular (3-5). Recrutando mais fibras tipo-II, levando a uma
consequente maior produção de força. O que significa que uma fase concêntrica mais explosiva levará
a melhor ativação muscular, mesmo com baixas intensidades.
Embora não existam muitos estudos que comparem o impacto de diferentes velocidades concêntricas
no ganho de massa muscular, os benefícios ao nível da força e da potência são notórios (6-8). O que,
aliado ao melhor recrutamento muscular de fases concêntricas mais explosivas, se tornam aliciantes
numa busca pela melhor cadência hipertrófica.
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FASE EXCÊNTRICA
Antes de mais, a fase excêntrica não deve ser interpretada pela mesma regra da curva força:velocidade
que a fase concêntrica. Isto porque na fase excêntrica é a força gravítica que imprime a velocidade à
barra, pelo que o atleta não tem que a acelerar para que ocorra o movimento de descida. Pelo
contrário, o papel do praticante é desacelerar esta fase. Resistir a descida. Tanto que quão menos o
atleta resistir esta descida, ou quão mais deixar a barra cair “sozinha”, menor será a ativação muscular
nesta fase – visto que não produzirá tanta força para desacelerar este movimento.
O que cria a primeira recomendação:
Mas será benéfico prolongar esta fase?
À primeira vista, pode fazer sentido. O prolongar da fase excêntrica seria o prolongar da tensão
experienciada por um músculo, particularmente interessante numa fase de alongamento. No entanto,
a evidência científica não tem um consenso que concorde propriamente com esta afirmação. Entre
uma fase excêntrica meramente controlada (1-2 segundos) e uma fase excêntrica prolongada (4 ou
mais segundos), com as mesmas cargas, os resultados são similares (10-13).
Ou seja, não parecem existir benefícios acrescidos em prolongar a fase excêntrica para além dos 1-2
segundos necessários para controlar esta fase. Quando comparado o mesmo exercício, com as mesmas
cargas, com uma excêntrica mais prolongada (4 ou mais segundos) (14). Além disso, as ações
excêntricas tendem a criar mais dano muscular que as concêntricas. Principalmente numa fase inicial
(15).
No entanto, há cenários onde a sobrecarga excêntrica (discutida nas técnicas avançadas) pode ser
particularmente interessante para hipertrofia.
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FASES ISOMÉTRICAS
A implementação de pausas no treino de hipertrofia é algo controversa.
Por um lado, os elementos elásticos que estão sob alongamento durante a fase excêntrica do exercício
contribuem para a produção de força na fase concêntrica através do reflexo miotático (reflexo
neuromuscular ao alongamento) (16) e do ciclo muscular alongamento-encurtamento (17). O que
permite a utilização de cargas mais elevadas que potencialmente ajudarão a gerar uma maior tensão
na fase concêntrica (18).
Por outro lado, a implementação de pausas em alongamento permite a dissipação desta tensão
elástica, exigindo mais trabalho puramente muscular, à custa da redução da carga. O que pode ser
interessante, especialmente para “poupar” as articulações a cargas externas mais elevadas.
Então, na ausência de evidência científica cimentada neste campo, não há um consenso sobre o
benefício de utilizar, ou não, pausas após o alongamento. Nem após o encurtamento máximo, mesmo
quando este ocorre sob tensão.
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REFERÊNCIAS:
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INDIVIDUALIZAÇÃO
O princípio da individualização, ou individualidade biológica, defende que o treino ideal deve ser
personalizado ao atleta, atendendo às suas caraterísticas. Ou seja, adaptando o estímulo imposto às
necessidades e resposta ao treino de cada indivíduo. Só assim é possível determinar o “melhor” treino.
Simultaneamente, defende que o mesmo treino não trará os mesmos resultados em 2 pessoas
diferentes (1-3, 89).
Figura 21 – Variabilidade no crescimento muscular em resposta a um mesmo protocolo de treino (3).
E, chegando até aqui aplicando os restantes princípios, o princípio da individualização acaba por estar
subentendido. As próprias necessidades de volume são diferentes de pessoa para pessoa e toda a
seleção de exercícios deve ser altamente baseada na resposta que cada indivíduo apresenta aos
mesmos (4). Aquilo que constitui um estímulo ideal para um atleta, pode ser excessivo ou insuficiente
para outro. Já para não falar das diferenças anatómicas (5).
Aliás, as próprias recomendações gerais de treino são feitas com base numa distribuição normal – que
indica uma tendência numa curva de respostas. Ou seja, indicam uma tendência geral, mas há sempre
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indivíduos que se encontram mais à direita ou à esquerda desta curva (6, 7). E através da combinação
de todos esses fatores (por exemplo: estando mais à direita no que toca às necessidades de volume,
mas mais à esquerda no que seria uma intensidade absoluta ideal) acabamos por desenhar programas
de treino totalmente distintos mesmo para atletas de caraterísticas aparentemente similares.
Então, o princípio individualização, na prática, acaba por ser um ajuste das restantes variáveis do treino
para cada atleta. Todos estes princípios são cruciais e não-removíveis, mas a forma ou magnitude como
são aplicados deve ser adaptada a cada caso específico. Não necessariamente de forma abismal, mas
moderada. Se uma recomendação geral seriam 18 séries semanais para peitoral é muito improvável
que um atleta beneficie de 40. Mas encontrar a sua melhor dose com 12 ou 26 séries é mais plausível.
Para uma melhor tomada de decisão para as variáveis anteriormente abordadas, convém ter alguns
pontos em mente. Dos quais:
Recuperação
Para além da panóplia de agentes externos que impactam cada indivíduo no seu dia-a-dia, as próprias
capacidades de recuperação divergem de atleta para atleta (8-10). Não só a nível muscular em si, mas
também a nível neural e ao nível dos restantes tecidos articulares e conjuntivos. Para um mesmo treino
à segunda-feira, um atleta pode precisar de 48 horas para recuperar enquanto outro precisará de 72.
O que significa que, enquanto um estará pronto para treinar árdua e produtivamente na quarta-feira,
o segundo já estaria a entrar num programa de treino desaconselhável.
Além disso, fatores como a nutrição e o sono impactam drasticamente o potencial de recuperação e
crescimento muscular (11-13). Algo que, novamente, é bastante variável de indivíduo para indivíduo.
Anedoticamente, no mundo do praticante de musculação comum, os níveis de stress e horas de sono
podem ser altamente imprevisíveis. Por isso, determinar a frequência de treino tendo em conta um
cenário não-ideal, mas plausível de ocorrer frequentemente, pode ser uma estratégia viável para a
longevidade e eficácia de um programa de treino a longo-prazo. Por exemplo: se um atleta tende a
recuperar o seu peitoral a cada 48h, mas fica sempre resvés numa semana usual… planear o treino de
peitoral a cada 48h poderá não será realista caso surjam imprevistos que impactem a sua recuperação.
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Capacidade de Trabalho
A capacidade de trabalho, no mundo do treino de hipertrofia, refere-se à capacidade de um atleta
manter um determinado nível de performance / tolerar um dado trabalho, com uma determinada carga
durante um certo intervalo de tempo. Na prática, esta métrica pode ser observável através da variação
da performance ao longo das séries – seja para um grupo muscular, seja no todo de um treino. Se para
um mesmo 12RM, em séries perto da falha, um atleta realizar 12, 11, 10, 9 repetições e outro faz 12,
10, 8, 6 – o primeiro apresenta uma melhor capacidade de trabalho. Pois manteve um desempenho ao
longo das séries, mesmo com níveis de força similares. Acaba por ser, também, um indicador de quanta
fadiga é que o atleta acumulou face àquele trabalho.
Geralmente, na perspetiva de pura capacidade de trabalho, atletas com melhor capacidade (ex: perdas
de 20% ou menos entre várias séries) conseguem gerar um maior estímulo hipertrófico por treino. Por
outro lado, também tendem a ser indivíduos com uma maior percentagem de fibras tipo-I, o que não
é tão favorável para o crescimento muscular.
Em termos de prescrição, atletas com maior capacidade de trabalho conseguem tolerar sessões de
treino mais volumosas quer a nível muscular, quer a nível total da sessão. Já atletas com menor
tolerância tendem a beneficiar de repartir o seu volume semanal em mais sessões de treino para
maximizar o proveito de cada série.
E o que explica esta variação?
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Fatores Genéticos
Não é novidade que a genética assume um papel preponderante no sucesso desportivo. Altamente
notável nos casos mais raros ou fora-da-caixa, como são os atletas de topo das corridas de longa
distância versus os sprinters.
A eventual forma mais direta de determinar o potencial genético e a melhor forma de treinar com base
na genética seria através de um teste ADN. Infelizmente, atualmente não é propriamente possível ou
alcançável para a maioria da população, visto que os testes genéticos mais acessíveis abordam
pouquíssimos genes comparativamente ao genoma completo. Para além dos custos associados a este
tipo de testes. Além disso, entender a própria configuração e interação entre os diferentes genes é uma
área ainda muito embrionária a nível científico. Pelo que seria altamente improvável conseguir tirar
grandes conclusões acerca do treino ou potencial genético através de um teste de ADN atual (14-16).
Não obstante, há outras métricas que são potencialmente interessantes enquanto indicadores de
potencial genético para o crescimento muscular.
CARATERES SEXUAIS SECUNDÁRIOS
A Testosterona, uma hormona particularmente interessante para o crescimento muscular (17-21) é
uma das responsáveis pelo desenvolvimento das caraterísticas masculinas do corpo. Exemplos de uma
exposição considerável à testosterona são (22):
• Maçã de adão bem desenvolvida;
• Voz profunda e cordas vocais maiores (23);
• Desenvolvimento de pelo, particularmente na cara, tronco e antebraço. Tal como a calvície em
idades mais avançadas;
• Cara mais quadrada (24).
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RÁCIO 2D:4D
A diferença entre o comprimento do 2º e 4º dedo (indicador e anelar) é um indicador da exposição prénatal
à testosterona. Quão menor for o indicador e maior o dedo anelar, maior terá sido a exposição à
testosterona (25, 26). Idealmente, esta análise será feita através da mão direita (27).
PESO À NASCENÇA
Quem nunca ouviu falar dos espartanos desertarem bebés aparentemente frágeis por não serem
material de guerreiro? A verdade é que bebés mais pesados tendem a ter uma maior propensão para
o crescimento muscular (28).
ESTATURA / ALTURA
Um esqueleto maior, geralmente com ossos mais densos, está associado a uma maior propensão para
o desenvolvimento muscular (29-33).
Curiosamente, excluindo as exceções genéticas, a maioria dos indivíduos têm partes do corpo boas e
más. Ou seja, no mesmo indivíduo é possível encontrar regiões com uma maior densidade óssea
relativa e regiões de menor densidade. O que é potencialmente interessante para pré-determinar
partes do corpo e exercícios mais fortes, e mais fracos.
Uma forma mais objetiva de mensurar é através da relação da altura com o diâmetro do punho. Por
exemplo, através dos dados de referência da US National Library of Medicine.
E por mais ambígua que possa ser a busca pelo potencial genético, visto que atualmente não há
formas de o “mudar”, há outros fatores que devem ser tidos em conta:
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POTENCIAL ADAPTATIVO
Ou por outras palavras, a capacidade de resposta para o crescimento muscular face a uma determinada
unidade de estímulo. Alguns indivíduos terão mais propensão para desenvolver a massa muscular face
ao treino (34-36). Independentemente da sua massa muscular inicial.
Fatores como a quantidade de células satélites (37) e de fibras musculares, particularmente no início
da carreira de treino, são indicadores do potencial hipertrófico de um atleta.
A própria resposta aos diferentes tipos de estímulos e zonas de intensidade é variável. Diferenças na
predominância das fibras musculares (38) podem influenciar os espetros de repetições preferíveis para
cada indivíduo. Tal como a própria sensibilidade às diferentes vias de sinalização hipertrófica, que
também poderá variar ao longo da carreira de treino. Logo, explorar as diferentes gamas de intensidade
e estímulos de treino, recolhendo informação sobre as que melhor resultado trouxeram numa
determinada fase de planeamento, continua a ser uma prática ideal na busca pelo melhor crescimento
muscular.
Por exemplo: Se um atleta tende a progredir muito bem no treino de peitoral em blocos focados no
trabalho mais pesado (ex: 5 a 10 repetições), provavelmente será um bom investimento para este grupo
muscular. No entanto, a constante exposição a este tipo de estímulo, por mais ideal que seja à partida,
acabará por levar à perda aguda de sensibilidade ao mesmo, o que tornará os restantes estímulos de
treino mais interessantes nesse momento.
DIFERENÇAS ANATÓMICAS
Remetendo para o capítulo da seleção de exercícios, o próprio formato do indivíduo (a sua
antropometria) influenciará as suas alavancas a nível biomecânico e adaptação/encaixe nos diferentes
exercícios. As diferenças na relação entre o comprimento do tronco e dos restantes segmentos
corporais pode influenciar a melhor posição para certos exercícios (ex: variantes de agachamento e
peso morto) enfatizando determinados músculos em detrimento de outros. O que, mais uma vez,
reforça a ideia de que não há um “melhor” exercício para todos, mas sim para cada indivíduo.
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Diferença entre géneros / Treino em mulheres -vs-
homens
Uma das principais preocupações da atleta-feminina é o desenvolvimento da massa muscular. O
Personal Trainer que nunca ouviu “não quero fazer pesos para não ficar grande” que atire a primeira
pedra. No entanto, basta olhar à volta no ginásio para perceber que o crescimento muscular não é coisa
fácil. Nem surge de um dia para a noite.
A verdade é que percentualmente as mulheres podem ganhar tanta massa muscular quanto os homens
(39-42). Os homens não vêm de marte e as mulheres não vêm de Vénus (43). Mas como o ponto de
partida (massa muscular inicial) é mais reduzido, os ganhos absolutos são menores.
E embora apresentem muito menos testosterona do que os homens (44), este não parece ser um fator
tão determinante no crescimento muscular ou sucesso desportivo para este género (45). Aliás, o
próprio papel de fatores de crescimento como a IGF-1 e a hormona de crescimento assumem um papel
mais preponderante na hipertrofia muscular no sexo feminino (46, 47).
E no meio de tanta má fama, potencialmente mal atribuída, o Estrogénio não é o bicho-papão que
parece ser. Bem pelo contrário. Não só contribui para a proteção dos ossos, tendões e articulações,
como tem um papel anti-catabólico (48) e anabólico (49, 50).
Resumindo: As mulheres têm tanto potencial para o crescimento muscular como os homens. No
entanto, têm uma fisiologia ligeira diferente – o que levanta a necessidade de adaptar o treino à
mesma.
Diferenças fisiológicas
Embora homens e mulheres destreinadas apresentem uma tipologia de fibras algo similar (51), as
adaptações ao treino de força não são totalmente iguais. Enquanto a maioria dos homens tende a
converter gradualmente as suas fibras para caraterísticas mais IIa, as mulheres convertem-nas para
caraterísticas de fibras I ou não as convertem de todo (52, 53). Além disso, as mulheres tendem a ter
mais e maiores fibras tipo-I (54) e acumulam menos stress metabólico (55), tornando-as
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tendencialmente mais resistentes à fadiga (54-57). Ou seja, para uma mesma intensidade abaixo dos
80% 1RM, as mulheres tendem a conseguir fazer mais repetições que os homens (55, 58, 59).
Já ao nível da recuperação, as mulheres estão novamente em vantagem (afinal o estrogénio, com o seu
papel anti-catabólico, é mais útil do que parece). Atletas do sexo feminino tendem a acumular menos
fadiga neuromuscular (51, 60) e recuperar mais depressa que os homens (58).
Mas quando surgem esforços mais intensos, principalmente com cargas mais perto dos 90% 1RM, as
tendências invertem-se. Os homens são mais explosivos (produzem força mais depressa) (61) e têm
melhor desempenho face a cargas mais pesadas (62).
Aplicação Prática
Embora não existam linhas orientadoras estritamente definidas para o treino em mulheres (e o próprio
princípio da individualização remeter para a adequação das mesmas), há uma tendência geral. As
mulheres tenderão a beneficiar e recuperar de mais volume de treino quer semanal, quer por sessão
de treino. Simultaneamente, tenderão a beneficiar do treino com menores intensidades absolutas
(séries de 8 ou mais repetições), não só por desempenhar melhor neste tipo de intensidades, mas
também pela praticidade da progressão. Uma vez que tendem a ser menos fortes em termos absolutos,
os típicos incrementos de 2.5kg ou 5kg na maioria dos exercícios pode representar um salto percentual
muito elevado e irrealista. Então, optar por espetros de repetições mais alargados e progredir por
repetições antes da carga, pode ser uma opção mais viável.
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Idade
A idade pesa. E o risco de sarcopenia – perda de massa muscular com a idade – também. No entanto,
quando é que este fenómeno acontece? Porquê? E que considerações devem ser tidas no treino para
populações mais velhas?
A sarcopenia é um problema real (63, 64). E está primordialmente associado ao crescente sedentarismo
à medida que a idade avança. Não só diminuindo drasticamente a participação em atividade física
planeada, como diminuindo toda a atividade física do dia-a-dia, nomeadamente com a quantidade de
tempo despendido na posição sentada (trabalho, transporte, sofá).
No entanto, quando o indivíduo se mantém fisicamente ativo, a perda de massa muscular não se
verifica (65). Aliás, a idade não é uma barreira impeditiva para o crescimento muscular (66-68). Inclusive
na jovem casa dos 90 (69).
Mas a sarcopenia não deixa de ser um fenómeno real. E embora continue a ser possível desenvolver e
manter a massa muscular com idades mais avançadas, as condições não são as mais favoráveis. A
resistência anabólica (70, 71) que se desenvolve com a idade impacta não só a resposta ao treino, como
as próprias necessidades proteicas (72-74) e limiar da leucina (75), por refeição, necessárias para
maximizar a sinalização da síntese proteica muscular.
A nível muscular, grande parte da atrofia, por consequência do desuso, tende a ocorrer nas fibras tipo-
II, com uma potencial desenervação de algumas unidades motoras (76, 77). Há ainda uma perda de
capacidades motoras (78), que se repercute numa menor capacidade de ativação muscular (79, 80) e
frequência de descarga das unidades motoras (81, 82). Por isso, tornam-se indivíduos menos explosivos
e também menos resistentes à fadiga em cadências mais aceleradas (83, 84). Então, idealmente, a
cadência dos exercícios deve ser mais controlada.
Em termos de volume, as mesmas recomendações gerais feitas no capítulo do volume são aplicáveis.
No entanto, contextualizando naquele que é o paradigma do idoso ativo em Portugal, provavelmente
não haverá disponibilidade para treinar de forma a acumular tamanhos volumes de treino. E como o
objetivo geral não é propriamente estético, mas sim de qualidade de vida, volumes mínimos efetivos já
serão muito produtivos.
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A principal preocupação surge ao nível da recuperação. Não do tecido muscular em si (85), mas dos
tecidos tendinosos e articulares, que tendem a ter um turn-over proteico mais reduzido (86). Pelo que
a frequência de treino poderá ser mais reduzida, cingindo-se aos 2 treinos por músculo por semana.
Já em termos de intensidades, dada a menor eficiência motora e o potencial acrescido risco de lesão,
é recomendável trabalhar com cargas mais leves. Geralmente nos espetros de 10 a 30 repetições por
série. E felizmente, porque provavelmente a maioria dos idosos que procuram melhorar a qualidade de
vida não procuram experienciar repetições máximas ou graus de fadiga extremos que possam
comprometer o seu dia-a-dia, treinar até à falha não é necessário (87).
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PERIODIZAÇÃO
Chegámos ao último grande capítulo desta hierarquia do treino: a periodização. Esta engloba a
organização dos vários blocos e sessões de treino ao longo do tempo, de forma a potenciar o
rendimento. Ou seja, é a sequenciação lógica do treino para maximizar o resultado final.
Na prática, consiste na organização de cada ano, mês, semana e sessão de treino em si. De modo que
cada uma potencie a seguinte e retire o máximo proveito dos treinos anteriores. Levando ao melhor
crescimento muscular possível.
Para isso, a periodização resulta da interação dos diversos princípios do treino, englobando-os numa
escala temporal. E, para além dos princípios-chave como os abordados anteriormente, compreende
ainda os princípios mais relacionados com o tempo, como:
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PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE
Para gerar uma adaptação é necessária uma aplicação contínua e frequente de estímulos da mesma
natureza. O que inviabiliza uma troca constante do plano de treino, remetendo para a necessidade de
manter um estímulo durante um período mínimo de tempo.
O mesmo se aplica à seleção de exercícios, onde o conceito urbano de confusão muscular requer
desmistificação. A troca constante de exercícios e de estímulos (ex: semanalmente) é muito menos
eficaz para hipertrofia (5, 6) do que uma abordagem contínua.
Isto porque, no início, a maioria das adaptações obtidas de um exercício novo são neurais, através de
adaptações na coordenação intra e intermuscular. E não hipertróficas/estruturais (7-9). Ou seja, nas
primeiras semanas em que um exercício é implementado, a maioria dos ganhos e melhoria de
performance devem-se à aprendizagem do movimento. À melhor eficiência técnica, que confere um
melhor recrutamento da musculatura-alvo e produção de tensão, a níveis efetivamente compatíveis
com o grau de desenvolvimento muscular do atleta. Efeito este, particularmente notável em exercícios
compostos (10).
Apenas após esta fase de aprendizagem motora é que se inicia o verdadeiro crescimento muscular (9).
Portanto, trocar constantemente de exercícios torna-se contraprodutivo para hipertrofia. O que não
invalida que alguma variação seja necessária (11).
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PRINCÍPIO DA REVERSIBILIDADE
Enquanto as adaptações surgem através de uma aplicação contínua de estímulos, a ausência destes
levará ao destreino. Isto é: períodos sem exposição a um estímulo significativo promove a regressão
das adaptações obtidas. O que significa que, pelo menos para reter a massa muscular desenvolvida, é
necessário manter uma frequência mínima de treino.
O que levanta três questões pertinentes:
1. Qual o tempo máximo sem exposição a um estímulo que permitirá o atleta manter a sua
massa muscular (adaptações desenvolvidas)?
2. Qual o mínimo de treino necessário para evitar esta reversão?
3. Como será o regresso aos níveis basais, pré-destreino?
Em cenários de ausência completa de treino, como um período de férias, por exemplo, o destreino
demora a ocorrer. A perda de massa muscular, na inexistência de um estímulo hipertrófico, tende a
surgir passado 2 a 3 semanas (12, 13). Mesmo em indivíduos treinados.
Apenas em casos de descanso completo ou imobilização de um membro, num período pós-operatório,
por exemplo, é que a perda de massa muscular é exponencialmente acelerada (14-16). O que remete
para a necessidade de manter o mínimo de atividade física diária, especialmente em períodos sem
treino, para uma melhor retenção da massa muscular.
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MANTER MASSA MUSCULAR
O processo de manutenção da massa muscular desenvolvida pelo treino é muito mais promissor. E
simples. Não só é exequível através de volumes de treino muito mais reduzidos, Volumes de
Manutenção, representando apenas 1/9 (um nono) dos previamente utilizados. (19). Como através de
intensidades e frequências mais reduzidas (19-21).
Portanto, não é necessário grande investimento temporal para manter a massa muscular, quer a curto,
quer a longo-prazo. O que permite o atleta manter o físico desenvolvido com cerca de um nono do
trabalho usual para o desenvolver.
DEPOIS DO DESTREINO
Analisando a evidência científica no regresso ao treino após um período de destreino, deparamo-nos
com um fenómeno particularmente interessante: a recuperação da massa muscular e força perdidas
tende a ser exponencialmente mais rápida, face ao período necessário para as desenvolver pela
primeira vez (22, 23).
Trata-se da Memória Muscular (20, 24, 31). Que evidencia que as adaptações desenvolvidas após o
período de treino inicial não se perdem por completo.
Embora alguma massa muscular seja perdida durante períodos de destreino prolongados (2 ou mais
semanas), os mionúcleos desenvolvidos pela diferenciação das células-satélite – um dos processos
envolvidos na hipertrofia muscular – podem não se perder por completo (24-31). Efeito este que é
particularmente potenciado em indivíduos utilizadores de esteróides androgénicos (32, 33).
Simultaneamente, parece existir uma espécie de memória epigenética de estímulos anabólicos prévios,
manifestada ao encontrar hipertrofia muscular num futuro (34, 35). O que acelera a resposta face ao
estímulo de treino novamente imposto.
Finalmente, durante a ausência de estímulos hipertróficos, desenvolve-se uma espécie de
ressensibilização. O que permite reverter a resistência adaptativa desenvolvida pelo treino, facilitando
os ganhos futuros (36).
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Entendidos os princípios que reforçam a necessidade da consistência do estímulo, estas hipóteses não
invalidam a viabilidade de implementar variação no programa de treino. Principalmente na ótica da
otimização do crescimento muscular.
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Princípio da Variação
O princípio da variação trata da manipulação intencional das variáveis do treino de forma a maximizar
os resultados pretendidos. Seja para manter um estímulo de treino efetivo, contornando a resistência
adaptativa que se desenvolve face à repetição de um mesmo estímulo. Seja visando a prevenção de
lesão, nomeadamente evitando lesões de sobreuso/repetição.
Ou seja, trata da manipulação do treino, sempre que necessário, para o manter o mais estimulante
possível e minimizar o risco de lesão.
Mas antes de entender como esta variação deve ser feita, é necessário entender quando e porquê.
PORQUÊ VARIAR O TREINO?
Em primeiro lugar, para contornar a Resistência Adaptativa e/ou perda de sensibilidade a um dado
estímulo. Que se trata de uma tendência decrescente nos resultados proporcionados por um dado
treino ao longo do tempo (20, 36, 37). Trazendo cada vez menos adaptação/crescimento muscular,
podendo inclusive levar à estagnação. Mesmo quando corretamente aplicada uma sobrecarga
progressiva. Logo, a variação do estímulo de treino é necessário para o melhor desenvolvimento a longo
prazo.
Por outro lado, surge a necessidade de prevenir lesões. A repetição de um dado exercício leva à
repetição dos mesmos padrões de movimento, impondo as mesmas sobrecargas sobre os mesmos
tecidos. O que aumenta o risco de lesão de sobreuso/repetição. Ainda que não exista um prazo bem
definido nem indicadores completamente fiáveis para esta métrica (lesões de sobreuso desenvolvemse
gradualmente e de forma assintomática em muitos casos), prestar atenção à sensação articular intra
e pós-treino poderá ser um potencial indicador de que um dado exercício deve ser mudado. Mesmo
que não seja necessário fazê-lo para contornar a resistência adaptativa.
Finalmente, existe o aspeto motivacional. A repetição persistente dos mesmos exercícios pode levar à
perda de interesse/motivação do atleta pelos mesmos, repercutindo-se no seu grau de empenho no
treino. Apesar de não ser um fator propriamente preponderante para maximizar o estímulo ou
resultado de um treino, é algo a ter em conta para garantir o maior empenho e melhor consecução do
programa prescrito.
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QUANDO VARIAR O TREINO?
A primeira coisa a ter em conta é que qualquer variação do treino deve atender ao princípio da
especificidade. Por outras palavras: qualquer alteração implementada deve visar a otimização do treino
hipertrófico, quer numa perspetiva a curto-prazo, quer a longo-prazo. Ou seja, o treino deve continuar
a atender os princípios-chave para o crescimento muscular ou potenciar/auxiliar este tipo de treino.
Deixar de praticar treino de força para implementar sessões de natação, a não ser que as capacidades
cardiovasculares sejam limitantes no treino de força (especificidade indireta), não será uma variação
do treino corretamente implementada.
Simultaneamente, as alterações ao treino devem ser impostas quando é estritamente necessário para
obter os melhores resultados possíveis. Não é variar apenas por variar, mas sim porque será proveitoso
fazê-lo. Então, para atender ao princípio da continuidade e extrair os benefícios do treino, é necessário
manter uma variante durante um período de tempo considerável, enquanto esta surtir os resultados
pretendidos. O que implica que cada variante seja mantida pelo menos durante um bloco/mesociclo,
contestando a ideia de mudar de treino todas as semanas para confundir o músculo. Algo que viola
diretamente o princípio da continuidade e compromete o potencial adaptativo quer a curto, quer a
longo-prazo.
Por fim, as variações devem ser implementadas de forma estratégica – seja proativa/pré-planeada ou
reativa face a feedback mais recente. Um exemplo disto é a periodização por blocos, onde a variação
quer a nível de zonas de intensidade e volumes, quer a nível de seleção de exercícios é implementada
de forma que cada bloco/mesociclo de treino potencie o seguinte. No entanto, a decisão tomada na
seleção de exercícios em cada bloco será sempre influenciada pelo feedback recolhido nos mesociclos
anteriores.
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O QUE VARIAR NO TREINO? COMO APLICAR A VARIAÇÃO
Existem inúmeras formas viáveis de implementar variação no treino e não necessariamente superiores
entre si. No entanto, o que dita a utilização de um tipo de variação em detrimento de outro são,
novamente, as necessidades de estímulo do atleta e a própria preferência pessoal.
Para além dos evidentes benefícios de explorar um estímulo diferente, ao qual o indivíduo está mais
sensível e com maior capacidade imediata para adaptação, cada estilo de variação terá pontos a seu
favor. E é exatamente isso que vamos abordar:
VARIAÇÃO DE EXERCÍCIOS
Uma das formas mais comuns de implementar variação em qualquer programa de treino é a rotação
de exercícios. Idealmente, como visto no capítulo sobre a seleção de exercícios, cada programa de
treino deverá ser constituído pelos exercícios que exerçam o melhor Rácio Estímulo:Fadiga para o
indivíduo. Naquele dado momento. Então, idealmente, qualquer troca de exercícios visará a
implementação de soluções que se apresentem as mais estimulantes possíveis para o atleta.
Porquê trocar exercícios?
A magnitude de estímulo proporcionada por um exercício tende a deteriorar com a sua repetição
contínua, à medida que se desenvolve a resistência adaptativa ao mesmo. O que cria a necessidade de
o trocar por outro que, nesse momento, seja mais condutivo ao crescimento muscular.
Simultaneamente, diferentes exercícios impõem diferentes estímulos no músculo. Mesmo com
padrões de movimento similares (ex: Hack Squat e Leg Press) (38, 39). O que permite estimular
determinadas zonas/fibras musculares de forma diferente e mais direcionada (40, 41). Trocar
estrategicamente de exercícios para enfatizar determinadas regiões do músculo, através de diferentes
ângulos de movimento, zonas de sobrecarga ou simples variação de equipamento será suficiente para
este efeito. E também permitirá proporcionar um espetro de estímulos mais variado e “completo” a
longo-prazo (ex: passar por vários estímulos diferentes ao longo de um ano de treino, conduzindo ao
melhor e mais equilibrado crescimento de um músculo) (39, 42).
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Toda esta variação deve ocorrer atendendo, tanto quanto possível, aos hipotéticos melhores exercícios
para cada indivíduo. O que remete para a prática de identificar diversas opções para dispor de várias
cartas na manga e utilizá-las quando necessário, sem perder a qualidade geral do treino. Na prática,
trata-se de conhecer vários exercícios interessantes para um dado musculo e racionalizar a sua
utilização, de forma a ter sempre opções “frescas” às quais o atleta está mais sensível. Entendendo que
a própria troca de exercícios será pertinente para permitir uma ressensibilização a opções que, dada a
resistência adaptativa desenvolvida, se tornam menos proveitosas.
Portanto, idealmente, a troca de exercícios surgirá quando pelo menos dois destes fatores são
detetados:
1. Desconforto ou dor em quaisquer tecidos – este é um fator que determina uma necessidade
tão imediata quanto possível de trocar exercícios.
2. Estagnação na performance – quando já não é detetável progresso ao ritmo desejado ou, no
pior dos casos, não ocorre qualquer progresso entre blocos de treino.
3. Sensação de disrupção comprometida – se um exercício proporciona cada vez pior perceção
de disrupção ou conexão mente-músculo na musculatura-alvo, ou se requer cada vez mais
séries para o fazer e/ou despoletar vasodilatação, eis um indicador para trocar de exercício.
Muitas vezes a variação necessária é simplíssima. Como uma mera troca de halteres por barra livre, ou
uma ligeira alteração na largura da pega (ex: supino plano com pega “normal” para uma pega mais
justa, enfatizando mais o peitoral clavicular e os tricípites braquiais).
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VARIAÇÃO DE INTENSIDADE
Como visto no capítulo sobre a intensidade, qualquer carga entre as 5 e 30RM despoletará um estímulo
hipertrófico ideal e de magnitude quase-similar. O que permite aferir que treinando apenas numa zona
de intensidade (ex: 10-15 repetições) continua a ser altamente produtivo e levará a um
desenvolvimento considerável a nível muscular.
No entanto, a exposição a diferentes zonas de intensidade parece ser ideal para maximizar a hipertrofia
muscular (43, 44). O que leva a crer que a variação de intensidades, seja dentro de um
microciclo/semana de treino, seja ao longo dos diversos blocos de treino, poderá ser benéfica.
Na prática, a utilização de diferentes espetros de repetições é uma forma extremamente útil para
abordar o mesmo exercício no mesmo microciclo de treino. Mas, concomitantemente, a utilização de
diferentes espetros de repetições também incita à utilização de diferentes exercícios, que se adaptem
melhor a essa zona de intensidade. Implementando, assim, a variação de estímulos através de 2 fatores
distintos.
Finalmente, ao explorar as diferentes gamas de intensidade, cada atleta terá a possibilidade de
encontrar uma hipotética melhor zona de intensidade para cada grupo muscular/exercício. Embora não
exista evidência que comprove esta hipótese na prática, a possível predominância do tipo de fibras e
própria experiência do atleta face ao treino com determinadas cargas (ex: propensão para lesão,
sensação de desconforto, disrupção causada) poderão ajudar a encontrar uma zona ideal. Onde,
mesmo que não produza melhores resultados per se, poderá reduzir o risco de lesão e apelar a uma
carreira de maior longevidade, eventualmente levando a melhores resultados a longo-prazo.
Contudo, levanta-se a questão:
“Quando/como variar a intensidade? Dentro de um treino, de um microciclo ou entre mesociclos?”
A verdade é que todas são soluções viáveis. Até porque não há qualquer necessidade de treinar
puramente com apenas um espetro de intensidades. No entanto, abordá-las-emos de forma distinta,
visto que todas tem a sua utilização:
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VARIAÇÃO DE INTENSIDADE NA SESSÃO DE TREINO
Dentro da mesma sessão de treino podem ser utilizados vários tipos de intensidade para o mesmo
grupo muscular, sem qualquer detrimento aparente. Ou seja, expor o mesmo músculo a séries pesadas,
moderadas e leves no mesmo treino. Aliás, é uma forma de explorar as diferentes vias de sinalização
hipertrófica numa só oportunidade.
Na prática, permite a utilização de diferentes tipos de exercícios nas suas zonas de intensidade mais
viáveis. Integrando, na mesma sessão, exercícios compostos, como o Agachamento, em séries de 5 a
10 repetições e exercícios isolados, como Leg Extensions, em séries de 10 a 20 ou 20 a 30 repetições.
No entanto, para evitar sobreposição e concorrência de estímulos, é importante organizar a
distribuição dos espetros de repetições ao longo do treino. Geralmente, é aconselhável recorrer aos
trabalhos mais pesados (5 a 10 repetições) no início da sessão. Pois, na prática, implementar este tipo
de trabalho sob um músculo já fatigado (após trabalhos mais leves e/ou moderados) comprometeria a
sua capacidade de desempenhar neste espetro, impedindo-o de utilizar cargas efetivamente pesadas.
O que desvirtua a natureza do estímulo pretendido.
O mesmo deve ser considerado ao nível da capacidade coordenativa, onde para minimizar o risco de
lesão, será mais pertinente dedicar os exercícios mais complexos/tecnicamente exigentes ao início do
treino, quando o atleta está mais apto para os executar. Porém, esta são recomendações gerais e não
regras.
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VARIAÇÃO DE INTENSIDADE NO MICROCICLO
Dentro da mesma semana de treinos, a ondulação das zonas de intensidade é particularmente
interessante por 4 motivos:
1. Explorar diferentes vias de sinalização hipertrófica – não restringindo o atleta a apenas uma
zona de intensidade e natureza de estímulo.
2. Gestão de Fadiga – o trabalho mais pesado tende a ser mais fatigante e com potencial de lesão
maior. Pelo que dedicar trabalhos mais leves para o 2º ou 3º treino de um músculo na semana,
pode permitir uma distribuição de volume mais harmoniosa, sem comprometer o crescimento
muscular;
3. Enfatizar diferentes porções e/ou movimentos – invertendo a ordem dos exercícios ou zonas
de intensidade para um mesmo grupo muscular. Por exemplo: fazer um primeiro treino de
costas com remadas horizontais mais pesadas e puxadas verticais mais leves. E um segundo
treino de costas com puxadas mais pesadas e remadas mais leves.
4. Repetição de um mesmo exercício – alterar o espetro de intensidade de um exercício que é
repetido na mesma semana de treino permite utilizá-lo para gerar diferentes estímulos.
Este tipo de variação, também conhecida por Periodização Ondulatória Diária, remete para a alteração
das zonas de intensidade ou focos do treino ao longo da semana. Embora a evidência não apresente
um consenso quanto à sua superioridade face a um modelo linear/não ondulatório (3, 45, 46), é uma
estratégia viável para implementar variação dentro de uma semana de treinos. O mesmo ocorre com
a Periodização Ondulatória Semanal (47), onde esta ondulação é feita de microciclo para microciclo.
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VARIAÇÃO DE INTENSIDADE ENTRE MESOCICLOS
Outra opção é distribuir o foco em cada zona de intensidade ao longo dos vários mesociclos, sem
descurar por completo qualquer espetro de repetições. Por exemplo:
• Mesociclo 1: 60% do volume de treino ocorre em séries de 5 a 10 repetições. Os restantes 40%
são distribuídos entre séries de 10 a 20 e séries de 20 a 30.
• Mesociclo 2: 60% do volume de treino ocorre em séries de 10 a 20 repetições. Os restantes
40% são distribuídos entre séries de 5 a 10 e séries de 20 a 30.
• Mesociclo 3: 60% do volume de treino ocorre em séries de 20 a 30 repetições. Os restantes
40% são distribuídos entre séries de 5 a 10 e séries de 20 a 30.
Embora as percentagens utilizadas sejam totalmente arbitrárias, o efeito é claro: há uma distribuição
das zonas de intensidade privilegiando-as seletivamente em cada bloco. Isto permite a manutenção de
determinados exercícios (ex: agachamentos com barra podem ser sempre feitos no espetro de 5 a 10
repetições onde tendem a ser mais exequíveis) e a implementação de outros à medida que o foco de
intensidade se altera e exige diferentes ferramentas para gerar o estímulo.
Neste modelo de variação, o espetro de repetições predominante pode ser alterado à medida que o
progresso geral do atleta desacelera. Particularmente num dado espetro de repetições. Por exemplo,
se um atleta está a progredir bem no seu supino plano de 5 a 10 repetições, não há necessidade
aparente (à exceção do desconforto/dor articular) para variar a zona de intensidades apenas por variar.
Esta alteração pode ser feita individualmente para cada músculo (ex: alterar o espetro predominante
para o treino de peitoral e manter o de quadricípites). Ou para todos os músculos ao transitar de
mesociclo, explorando um estímulo global diferente.
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Figura 22 – Possível manipulação de intensidades entre mesociclos, dentro de um mesmo macrociclo.
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VARIAÇÃO DE CADÊNCIA
A cadência é uma variável menos impactante, no entanto pode ser extremamente útil quando há pouca
margem de manobra nas restantes variáveis (ex: pouco equipamento/cargas disponíveis o que limita a
variação de intensidade ou de exercícios em si). Neste caso, procura-se variar a cadência excêntrica
e/ou implementar pausas em determinadas fases do movimento.
Estas manipulações permitem a utilização de cargas mais reduzidas para despoletar um estímulo
hipertrófico de magnitude possivelmente similar (ex: supino plano com uma fase excêntrica de 4
segundos, em vez de 1). E são particularmente interessantes para aprimorar e consolidar a componente
técnica de um exercício, reduzir a carga axial e potencialmente atenuar o risco de lesão.
Este tipo de variação é particularmente interessante em dois cenários:
1. O aumento de carga, pelo mínimo incremento, compromete o estímulo do exercício;
Nomeadamente um cenário onde o atleta, seguindo o seu modelo de progressão, decide incrementar
carga num exercício e perde qualidade técnica e/ou perceção de disrupção gerada. Aqui, implementar
uma cadência excêntrica mais prolongada com a carga anterior confere a progressão do estímulo
hipertrófico sem requerer um incremento de carga (que nesse caso constituiria uma falsa progressão).
2. A progressão de carga/exercício não é exequível, de todo.
Principalmente em cenários de treino em casa ou outdoor com baixa disponibilidade de
equipamentos/carga e exercícios viáveis, promover fases excêntricas mais prolongadas ou pausas de
1-2 segundos nas posições de maior desafio (ex: no fundo de umas Push-Ups) permitirá progredir a
dificuldade do exercício.
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VARIAÇÃO DE ORDEM DE EXERCÍCIOS
A alteração da ordem com que os exercícios são executados numa mesma sessão de treino constitui,
também, uma forma de variação viável. Principalmente para enfatizar determinados músculos ou
porções específicas. (Desde que de acordo com os restantes princípios do treino).
Na prática, é uma segunda aplicação do princípio da especificidade: se um atleta quer priorizar o
desenvolvimento dos bicípites, acima dos restantes grupos musculares, faz sentido ordenar os
exercícios de forma a tal. Ou seja, treinar os bicípites diretamente no início da sessão de treino, permite
impor um maior estímulo e crescimento sob o mesmo (69).
Em contrapartida, é necessário aceitar que os restantes exercícios que englobam este músculo (ex:
remadas e puxadas) poderão sentir uma repercussão. No entanto, é uma decisão que visa atender um
objetivo específico, justificando-se nesse dado contexto.
Não obstante, é importante avaliar a repercussão que as variações na ordem de exercícios acarretam
no planeamento como um todo. Nomeadamente na fadiga imposta em músculos estabilizadores ou
secundários no resto da sessão de treino, para não comprometer a sua consecução. Por exemplo, iniciar
um treino de costas com extensões da coluna poderá comprometer a remada curva que se segue,
impedindo o atleta de retirar um bom estímulo. No entanto, se a ordem for invertida, começando pela
remada, embora o estímulo total nos extensores da coluna possa ser ligeiramente inferior, o estímulo
global para os restantes grupos musculares tenderá a ser mais positivo.
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VARIAÇÃO DE VOLUME DE TREINO
Num panorama de desenvolvimento mais avançado, nomeadamente ao nível do fisiculturismo, a
necessidade de privilegiar o crescimento de determinados grupos musculares é um cenário plausível.
Atletas mais desenvolvidos tendem a apresentar uma resistência adaptativa para o crescimento
muscular maior. E uma capacidade de despoletar disrupção por série cada vez maior.
Como o crescimento muscular despoletado por série não é tão grande, e a fadiga gerada e recursos
utilizados para o processo de recuperação são mais significativos, levanta-se uma problemática: para o
melhor desenvolvimento de um grupo muscular, poderá ser benéfico abdicar de outros. Para uma
melhor gestão do esforço e estímulo de treino, tal como dos recursos mobilizados para a
adaptação/crescimento muscular.
Surge, assim, a ideia de implementar Fases de Especialização. Onde, para melhor desenvolver
determinados grupos musculares, outros serão postos de parte. Na prática, consiste em:
1. Treinar os músculos mais desenvolvidos com Volumes de Manutenção (VM).
Permitindo a manutenção da massa muscular sem investir demasiado esforço ou recursos adaptativos,
que poderiam interferir com o melhor treino e desenvolvimento dos músculos prioritários. Permitindo,
simultaneamente, alguma ressensibilização destes músculos para fases de treino futuras.
2. Priorizar os músculos-alvo.
Com a maior disponibilidade de recursos (tempo, esforço e recursos adaptativos), maior primazia
poderá ser dada a estes grupos musculares cujo desenvolvimento é prioritário.
Assim, poderão ser treinados com maiores volumes de treino, sem tanto risco de sobreposição nas
curvas de estímulo:recuperação:adaptação impostas pelos exercícios envolvidos no treino dos
restantes músculos. Ou de acumulação de fadiga sistémica excessiva, que comprometa o treino dos
mesmos.
Em simultâneo, a própria ordem de exercícios poderá privilegiar o seu desenvolvimento, colocando-os
no início das sessões e da semana de treino, onde o atleta tende a ter melhor performance e, assim,
capacidade para gerar um melhor estímulo hipertrófico.
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Mesociclos de Potenciação / Manutenção
Outra potencial consideração no mundo da periodização para hipertrofia é a implementação de fases
de Manutenção. Embora o nome inspire uma ideia de estagnação, o objetivo deste tipo de mesociclos
é potenciar o progresso futuro, revertendo algumas das adaptações desenvolvidas aquando do treino
típico de hipertrofia, que dificultam a sua produtividade. Trata-se de uma forma de reverter a
resistência adaptativa, principalmente a nível fisiológico, para potenciar os resultados a obter em
blocos de treino futuros (65).
Para além da própria perda de sensibilidade ao estímulo hipertrófico, este tipo de treino causa
adaptações nas fibras musculares, tornando-as cada vez mais resistentes à hipertrofia. Nomeadamente
a transição de fibras para uma isoforma cada vez mais oxidativa e de menor potencial hipertrófico (66,
67). O que torna o treino cada vez menos produtivo.
Para contornar esta problemática, um estilo de treino menos volumoso e de maior intensidade é
necessário (66, 67). Surge, assim, a pertinência destas Fases de Manutenção, que visam a melhor
ressensibilização do atleta, aprimorando-o para um mais rápido crescimento futuro.
Nestas, os volumes de treino são reduzidos para Volumes de Manutenção, onde a maioria do treino
explorará cargas pesadas, maioritariamente entre as 3 e as 8 repetições. Este tipo de protocolo procura
ressensibilizar o tecido muscular ao treino mais volumoso (como o de hipertrofia) e facilitar a regressão
das adaptações na tipologia de fibras, através do treino com cargas mais elevadas. Geralmente, um
mesociclo de 4 a 5 semanas será suficiente para obter a maioria da ressensibilização procurada (68).
Simultaneamente, é um tipo de treino que potencia o desenvolvimento da força nos movimentos
executados, o que poderá ter um transfer positivo para o retorno a um macrociclo de hipertrofia. Onde
o atleta, com mais força, poderá mover cargas mais elevadas e experienciar tensões de uma maior
magnitude.
Na prática, este tipo de mesociclo deve ser implementado quando os ritmos de progressão estão
seriamente atenuados e o atleta já tenha explorado vários mesociclos de treino hipertrófico seguidos
(4 ou mais). Contextualizando numa periodização geral de culturismo, estes períodos devem surgir em
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fases de manutenção calórica, geralmente na transição entre fases de excedente/Massing e de
défice/Cutting.
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GESTÃO DE FADIGA
Os conceitos de Fadiga e Recuperação são inerentes e cruciais à conceção de qualquer programa de
treino. A própria determinação das diversas variáveis de treino requer um equilíbrio entre todos estes
conceitos, como por exemplo:
• O volume de treino intra sessão e qualidade de estímulo gerada pelo mesmo é limitado pela
fadiga desenvolvida ao longo do treino;
• O volume e frequência semanal dependem das capacidades de recuperação do atleta entre
cada treino;
• A seleção de exercícios baseia-se num equilíbrio entre o melhor estímulo proporcionado e a
mínima fadiga gerada;
O que é natural, visto que qualquer estímulo efetivo – que cause uma disrupção significativa o suficiente
para induzir uma adaptação – acarreta fadiga. Fadiga esta que, por definição, compromete a
capacidade de gerar um estímulo de magnitude similar (48, 49). Quer nas séries seguintes do mesmo
exercício, quer nos exercícios que se seguem nessa sessão de treino, quer no decorrer do próprio
microciclo de treino.
Aliás, o próprio crescimento muscular (adaptação) apenas ocorre após a fase de recuperação, ou
dissipação de fadiga, que procede a aplicação do estímulo. Tal que, para continuar a progredir no treino,
a gestão de fadiga é crucial. A própria acumulação de fadiga não só compromete a performance no
treino, como os próprios processos de crescimento muscular. Nomeadamente a expressão génica que
desencadeia a síntese proteica muscular (50, 51), o ambiente hormonal, através de um aumento do
Cortisol e diminuição da Testosterona (52) , e a atividade de citocinas que regulam estes processos (53,
54).
É um mal necessário e inevitável. E por mais que um programa de treino otimizado vise a maximização
do estímulo com a mínima acumulação de fadiga, esta acumulará inexoravelmente. O que levanta a
necessidade de a gerir e monitorizar, de forma a mantê-la tão reduzida quanto possível e poder tomar
ação quando a sua acumulação for excessiva e se tornar urgente/necessário dissipá-la em prol de um
melhor crescimento. Por isso, é importante desenvolver ferramentas que permitam atenuar a
acumulação de fadiga e potenciar a recuperação tanto quanto possível e sempre que necessário.
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Antes de focar os aspetos relacionados com o treino, é fundamental realçar que fatores como a
nutrição, sono, gestão de stress e atividade física diária são determinantes na gestão da fadiga. Por
exemplo:
• Uma dieta hipocalórica compromete as capacidades de recuperação do indivíduo,
nomeadamente exacerbando um ambiente catabólico;
• Quão pior for a qualidade e quantidade de sono, pior será a recuperação e crescimento
muscular, tal como maior será a perceção de fadiga no dia-a-dia;
• Níveis de stress mais elevados tendem a contribuir para uma pior recuperação;
• Um quotidiano altamente ativo fisicamente (ex: trabalho em construção) exigirá a utilização de
muitos mais recursos e acarreta acumulação de fadiga, inevitável.
Então, todos estes fatores devem ser considerados em qualquer intervenção que vise minimizar a
fadiga acumulada e maximizar a recuperação e crescimento muscular.
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Tipos de Fadiga
Nem toda a fadiga é igual. Para além do impacto que tem no músculo-alvo, que se pode manifestar de
várias formas, também pode ocorrer a nível energético, físico e psicológico. Não só por efeito do treino,
mas também por efeito de fatores externos, como o próprio dia-a-dia.
Entendamos, primeiro, os diversos tipos de fadiga relevantes no treino de hipertrofia:
FADIGA LOCAL
Consiste na fadiga acumulada pelo músculo-alvo como consequência do treino. Também denominada
disrupção local, remete para a sensação de fadiga ou cansaço no músculo-alvo, sensação de fraqueza
e, posteriormente, dores musculares / miopatia retardada pós-esforço.
Geralmente, este tipo de fadiga tem um impacto mínimo no treino dos restantes grupos musculares,
desde que esse músculo fatigado não seja solicitado nesses próximos exercícios. Por exemplo, por mais
fadiga local que os gémeos possam experienciar, não irão comprometer o treino de peitoral, mesmo
que feitos de seguida.
É um tipo de fadiga quase-desejada, na medida em que traduz um estímulo efetivo para o treino da
musculatura-alvo.
Em contrapartida, outra expressão da Fadiga Local é a disrupção causada nos tecidos adjacentes como
tendões, ligamentos e articulações. O que se torna particularmente preocupante quando a velocidade
de acumulação de fadiga excede a capacidade de recuperação destes tecidos – o que a longo prazo
culminará no desenvolvimento de lesões de sobreuso (55). O que novamente reforça a necessidade de
dissipar a fadiga que se acumula para minimizar o risco de lesão.
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FADIGA SISTÉMICA
Entrando agora num espetro mais alargado, a fadiga sistémica é algo que afeta todo o organismo,
englobando fatores como a fadiga cardiovascular e fadiga neural. Quase como um cansaço geral.
É o somatório de todos os stresses físicos (ex: impacto do dia-a-dia de trabalho, sempre em pé, que
inevitavelmente traduz fadiga para o treino de tronco) e stresses psicológicos (ex: perda de
performance face a um dia stressante que prejudica o foco e empenho no treino desse dia).
Para além da sensação de cansaço físico, uma das repercussões comuns da acumulação de fadiga
sistémica é uma perda de motivação, que perdura. Ou seja, não se trata da natural reduzida vontade
de treinar após terminar um treino – dado o cansaço gerado – mas sim a baixa motivação dia após dia.
Seja induzida pelo cumulativo das várias sessões de treino, seja pelos diversos stresses impostos por
fatores externos do quotidiano.
Uma acumulação contínua de fadiga sistémica repercute-se frequentemente numa perceção de perda
de força e de vontade (56). Podendo chegar a um ponto onde até o sistema imunitário é comprometido
(56-58). Um exemplo prático do impacto da acumulação de fadiga sistémica é a perda de motivação e
performance nas semanas mais sobrecarregantes de um bloco de treino (ex: períodos de
sobressolicitação), acompanhada por uma diminuição da função imunitária, com maior propensão para
desenvolver gripes ou constipações, entre outros.
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FADIGA ENERGÉTICA
A fadiga energética está relacionada com a depleção dos substratos energéticos ao longo de uma
sessão e semana de treino. Isto porque, à medida que um exercício é feito, as reservas energéticas,
como o glicogénio, são utilizadas.
Por norma, no contexto do treino de hipertrofia, a escassez ou depleção energética muito raramente
é um fator limitante (59). Tanto que nem o aporte em excesso de hidratos de carbono, mesmo antes
da sessão, tende a potenciar o desempenho (60-63).
Portanto, a não ser que o atleta enfrente uma restrição calórica severíssima e participe em várias horas
de exercício físico diário, a fadiga energética não deverá constituir uma preocupação no treino de
hipertrofia.
FADIGA AXIAL
Este tipo de fadiga é resultado da sobrecarga imposta sobre a coluna vertebral. Pode ser considerada
uma variante da fadiga local, visto que se trata de fadiga nos músculos extensores da coluna. No
entanto, é também considerada uma espécie de fadiga sistémica visto que impacta significativamente
o treino dos restantes grupos musculares – principalmente dada a inevitável participação dos músculos
extensores da coluna em diversos exercícios.
Por exemplo, a fadiga que agachamentos com barra causam nos extensores da coluna pode repercutirse
em trabalhos seguintes, como variações de peso morto, num típico treino de membros inferiores.
Ou em variações de remadas sem apoio ou presses de ombro em pé nos treinos dos dias seguintes. O
que cria uma necessidade de prestar atenção a este tipo de fadiga na conceção de um programa de
treino.
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Quando é que é necessário dissipar fadiga?
Como analisado até agora: a acumulação de fadiga prejudica o desempenho no treino. E quanto mais
fadiga for acumulada, maior será a perda de rendimento e capacidade de estimular o crescimento
muscular. Até a um ponto onde esta excede as capacidades de estimulação ótima dentro de uma
sessão, tornando o trabalho realizado cada vez menos produtivo. E até a um ponto onde excede as
capacidades de recuperação entre treinos, levando a um estado de sobressolicitação e, se continuado,
o eventual sobretreino.
Então, comecemos por distinguir as abordagens entre fadiga intra sessão e fadiga inter sessões.
FADIGA INTRA TREINO
A gestão da fadiga acumulada dentro de uma sessão de treino deve ser feita aquando da prescrição do
volume de séries e da seleção de exercícios. O objetivo é maximizar o estímulo imposto, garantindo
que a acumulação de fadiga não torna o treino demasiado ineficiente. Pelo que se procura um volume
de séries que permita causar uma disrupção, vasodilatação e conexão mente-músculo significativos,
atingindo um número máximo quando estes indicadores começam a retroceder em qualidade.
Por exemplo, assume-se que um músculo está a começar a acumular demasiada fadiga em relação ao
estímulo imposto, quando a vasodilatação/pump local começa a regredir dentro do treino. Ou quando
a perceção do músculo-alvo a trabalhar é cada vez mais diminuta. Outro indicador pertinente será a
perda de performance ao longo do treino, que ditará o grau de acumulação de fadiga que está a
ocorrer.
Sem existir ainda nenhum dado concreto quanto a esta recomendação, sugiro monitorizar o
decréscimo de rendimento em conjunto com os indicadores subjetivos de estímulo para estimar um
Volume Máximo Efetivo Intra Treino. Por outras palavras, o ponto a partir do qual cada série adicional
proporciona um rácio estímulo:fadiga altamente desfavorável, sendo o ideal terminar o treino desse
músculo.
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FADIGA ENTRE TREINOS
Analisando a recuperação entre treinos, o principal indicador a monitorizar é o desempenho nos
exercícios. Idealmente, considera-se uma adequada gestão de fadiga quando o atleta está, pelo menos,
recuperado. Ou seja, procura-se que o atleta consiga, pelo menos, replicar a performance do treino
anterior. Sendo que o ideal utópico seria conseguir excedê-la de treino para treino.
Na prática: se a performance num exercício e/ou grupo muscular decresce em duas semanas
consecutivas, assume-se um possível estado de sobressolicitação, indicando que a acumulação de
fadiga é excessiva. Logo, é necessário dissipá-la.
Finalmente, é importante realçar que estar constantemente a treinar nos limites de recuperação
(VMR), resvés ao treino seguinte, não aparenta ser a melhor prática para mais do que 2-3 semanas
consecutivas. Dada a tremenda quantidade e de fadiga gerada e o efeito cumulativo da mesma, a
probabilidade de não a dissipar atempadamente após 2-3 semanas neste estado de treino é enorme.
O que inviabiliza, novamente, a ideia de treinar constantemente nos Volumes Máximos Recuperáveis.
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Estratégias de gestão de fadiga
Apesar da melhor gestão das variáveis de treino para conceber um plano que apresente o melhor rácio
estímulo:fadiga possível, a acumulação de fadiga é inevitável. Pelo que será necessário preparar e
implementar estratégias que permitam uma acentuada dissipação de fadiga para possibilitar a
continuação de uma carreira de treino produtiva. Para tal, serão distinguidas várias abordagens para
combater eventuais acumulações de fadiga:
DELOAD / MICROCICLO DE RECUPERAÇÃO
Uma das estratégias mais comuns para gerir a fadiga acumulada ao longo de um bloco de treino é a
implementação de um Microciclo de Recuperação, ou Deload em inglês. Estes são períodos de redução
acentuada do stress imposto pelo treino, de modo a favorecer a regeneração dos tecidos e dissipação
da fadiga, quer local, quer sistémica.
Geralmente são implementados sempre que há um excesso de fadiga acumulada. Ou seja, quando a
performance está em declínio. Em termos mais práticos, tendem a surgir no final de uma fase de
acumulação, quando o atleta se aproxima dos seus Volumes Máximos Recuperáveis. Sendo
implementados necessariamente após um microciclo de sobressolicitação. Portanto, embora possam
ser pré-programados, podem também ser utilizados reativamente face a uma sobressolicitação
precoce.
Embora não exista uma recomendação concreta quanto ao mais correto método de Deload, uma
redução de 50% no número de séries e de 20 a 30% na carga e nas repetições executadas colocará
qualquer atleta a treinar numa intensidade mais regenerativa. Realço que o objetivo destes microciclos
é promover recuperação, para regenerar todos os tecidos lesados e dissipar a fadiga acumulada ao
longo do bloco de treino. Visando também a potenciação do desempenho no bloco de treino seguinte.
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Quanto à seleção de exercícios, diferentes abordagens podem ser utilizadas:
1. Manter os exercícios do bloco terminado – o que facilita a prescrição das cargas e repetições
para o período de recuperação. No entanto, caso se estejam a desenvolver lesões de
sobreuso, acaba por ser mais uma exposição ao movimento que as origina;
2. Utilizar os exercícios do bloco seguinte – tem o benefício de permitir prática adicional, o que
poderá ajudar na otimização de setups para o bloco a iniciar. No entanto, a implementação
de novos exercícios constitui um novo estímulo ao qual o atleta estará sensível, podendo não
ser a melhor estratégia para promover recuperação.
3. Optar por exercícios que induzam menor fadiga – nomeadamente exercícios com menor
carga axial (ex: Leg Press em vez de Agachamento com barra).
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DELOAD REATIVO / AUTORREGULADO
Nem sempre todos os músculos experienciam o mesmo grau de fadiga, principalmente em simultâneo.
Seja porque o planeamento ainda não está aprimorado para conciliar todas as curvas de
estímulo:recuperação:adaptação, ou pela simples variabilidade intra indivíduo que existe de músculo
para músculo. Por isso, nalguns casos, poderá não se justificar a implementação de um microciclo
completo de recuperação, afetando músculos que estavam aptos para treinar.
Nestes casos, surge a aplicação de Deloads Reativos apenas nos exercícios afetados numa dada sessão
de treino. Ou seja, ao invés de alocar um microciclo inteiro para recuperação, o atleta reage aos
indicadores de fadiga (e potencial sobressolicitação) em cada treino que faz. Neste caso, o Deload será
implementado em exercícios compostos que tenham regredido e, em atletas menos avançados, que
não tenham progredido como espectável.
Esta abordagem é feita quando a causa provável desta não-progressão é uma potencial
sobressolicitação. Não quando é apenas resultado de uma má noite de sono, ou uma nutrição precária
nesse mesmo dia de treino.
Os Deloads Reativos apenas são aplicados em exercícios compostos, uma vez que a margem de
progressão e a consistência terminal na execução da maioria dos exercícios isolados dificulta a precisão
necessária para ditar evidentemente a sobressolicitação ou não-progressão.
Por exemplo, não só é inviável aumentar sempre a carga ou repetições numa Lateral Raise, como a falta
de indicadores claros do início/fim de cada repetição torna-o num exercício difícil de mensurar. De igual
modo, os exercícios isolados tendem a acarretar menos fadiga e a abordagem feita nos exercícios
compostos tende a ser suficiente para regular o treino e aptidão do atleta.
Em termos práticos, o Deload Reativo é feito através da análise da primeira série de cada exercício:
1. Se a performance foi a pretendida ou espectável, o atleta deve prosseguir o treino
normalmente.
2. Se ocorrer uma redução ou manutenção de performance não espectáveis, o atleta deve
proceder ao Deload Reativo.
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Se a discrepância na performance for mínima (1 a 2 repetições), as restantes séries prescritas devem
ser abordadas como trabalho técnico em alta velocidade. Aqui, procura-se a utilização de cargas nos
60 a 70% 1RM para séries de 1 a 5 repetições à máxima velocidade. A velocidade de execução durante
a série não deve decrescer notavelmente, caso contrário está pesado demais e apenas acarretará fadiga
indesejada. Este tipo de trabalho visa proporcionar mais oportunidade para otimização técnica, com
uma elevada ativação muscular, induzindo apenas o mínimo de fadiga neuromuscular (64).
No entanto, se a fadiga acumulada for mais severa, o melhor será um dia de descanso completo. O que
é particularmente útil quando, por fatores externos, o atleta não consegue recuperar adequadamente
entre treinos. Algo que não surgiria no seu dia-a-dia habitual. Logo, não há necessidade de investir uma
semana completa em recuperação, visto que a fadiga percecionada se deve mais a fatores externos do
que propriamente à sobressolicitação face ao treino prescrito.
PERÍODOS DE REPOUSO ATIVO
Uma última ferramenta, e provavelmente a mais forte para promover a recuperação, são os períodos
de Repouso Ativo. Consistem em períodos de 2 a 4 semanas onde o atleta deverá efetuar apenas o
mínimo volume de treino necessário para manter a massa muscular (VM). Em casos de repouso ativo
durante apenas 2 semanas é viável não executar qualquer treino per se, desde que o atleta se mantenha
ativo fisicamente.
Embora seja um período mais prolongado, é o ideal para promover a completa recuperação do atleta.
Não só a nível físico, como também a nível hormonal, psicológico e motivacional. Por isso, idealmente
será implementado pelo menos anualmente, para permitir que o atleta recomece um novo ano/época
de treino sem qualquer fadiga residual que possa comprometer o decorrer do mesmo.
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PRESCRIÇÃO DE VOLUME AUTORREGULÁVEL
Finalmente, a autorregulação do volume é uma possível abordagem à prescrição de treino mediante o
estado de aptidão e acumulação de fadiga do atleta. Isto porque, para além da progressão entre treinos
não ser perfeitamente linear, os processos de recuperação e adaptação estão sujeitos a flutuações face
ao impacto de alterações no dia-a-dia. Particularmente a privação de sono, disrupções no ciclo
circadiano, exposição anormal a stress e uma dieta menos anabólica (ex: consumo de álcool, redução
no aporte calórico e/ou proteico). Para tal, a implementação da autorregulação pode ser uma solução
viável para acomodar estes imprevistos.
Neste tipo de prescrição, apenas é monitorizada a carga e as repetições atingidas na 1ª série, deixando
somente a prescrição de carga e proximidade à falha para as séries seguintes. Independentemente do
resultado. Por exemplo: 4 séries com 80kg para 2 RER, tentando atingir X repetições na 1ª série (com
base no desempenho das semanas anteriores). Aqui, meramente é registado o número de repetições
feito na primeira série. As restantes deverão seguir a prescrição geral.
Aqui, a série inicial trata-se de uma série de referência, que permite avaliar a progressão e estandardizar
um estímulo mínimo por exercício. A partir daí, o desempenho nas séries seguintes não é
necessariamente monitorizado, sendo apenas importante garantir a proximidade à falha desejada.
O objetivo é regular o volume total de treino com base na dificuldade da primeira série. Quão mais
exigente esta for, acarretando mais fadiga, menor será o volume total acumulado nas séries seguintes.
Se o atleta atingir as repetições-alvo com alguma facilidade, naturalmente manterá uma boa
performance nas séries seguintes. Se, pelo contrário, tiver mais fadiga acumulada, cumprir as
repetições-alvo será mais exigente, o que o levará a diminuir o seu desempenho nas séries que se
seguem. Mesmo mantendo uma proximidade à falha similar nestas séries adicionais em ambos os
cenários.
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Outra opção é uma prescrição flexível do número de séries. Por exemplo: prescrever 3 a 5 séries em
vez de prescrever 4, em conjunto com a prescrição do espetro de repetições. Aqui, o atleta regulará o
número de séries com base no decréscimo da performance ao longo do treino:
1. Enquanto as séries, com a mesma carga, se mantiverem dentro da gama de repetições
prescrita, o atleta poderá subir até ao topo do espetro de séries.
2. Se o atleta atingir o mínimo, ou nem isso, do espetro de repetições, deve terminar esse
exercício e passar para o seguinte.
Ambas estas estratégias visam a autorregulação do volume através de uma normalização do stress
induzido pelo treino, evitando a sobressolicitação precoce. Isto sem comprometer a aplicação de um
estímulo hipertrófico, visto que mantém a devida proximidade à falha nas diversas séries. No entanto,
são estratégias que devem ser utilizadas com cautela e quase-exclusivamente por atletas com uma boa
capacidade de se retrair criticamente, quando necessário.
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226
UM PILAR INESQUECÍVEL – A EXECUÇÃO
TÉCNICA
Se os exercícios são as ferramentas utilizadas para aplicar um estímulo, a técnica com que são
executados determina, em grande parte, a qualidade do estímulo aplicado. Uma boa execução técnica
promove maior estimulação dos músculos-alvo e visa minimizar a sua dissipação para músculos e
tecidos menos desejados. Levando a uma melhor disrupção da musculatura-alvo com menor
acumulação de fadiga e risco de lesão.
Na prática, uma melhor e mais estimulante execução apela não só à eficácia, mas também à eficiência
do treino. Como cada série é melhor direcionada para a musculatura-alvo, serão necessárias menos
séries para atingir o grau de disrupção desejado. Simultaneamente, menos stress é dissipado para os
restantes tecidos e menos fadiga sistémica é gerada, o que permite uma melhor consecução de cada
série e a potencial disponibilidade para tolerar mais séries, ainda produtivas.
Mas o que define uma boa técnica de execução?
AMPLITUDE
Relembrando o capítulo da seleção de exercícios: geralmente, quanto mais amplitude muscular for
explorada, maior será o potencial hipertrófico de cada repetição. Tal como menor será a carga a utilizar
para um estímulo de magnitude similar, o que reduz o stress imposto sobre todos os tecidos adjacentes,
atenuando o risco de lesão. Sempre dentro das limitações de cada atleta.
O próprio treino com maiores amplitudes, experienciando o alongamento dos músculos-alvo, tende a
promover o desenvolvimento da flexibilidade. O que, a longo-prazo, permitirá o atleta produzir mais
força em maiores comprimentos do músculo e explorar maiores amplitudes articulares.
Muito seletos são os casos onde amplitudes propositadamente reduzidas são mais benéficas para
hipertrofia.
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227
CONTROLO
A noção de controlo no treino de hipertrofia é inevitavelmente relativa. Por um lado, como analisado
no capítulo sobre a cadência, a fase concêntrica deve ser tão explosiva quanto possível. O que, por
definição de uma ação explosiva/balística, promove uma ação tão rápida cujo controlo motor não pode
ser máximo. No entanto, relembro uma aplicação do princípio da especificidade: cada exercício é
selecionado para estimular um músculo-alvo. Pelo que o movimento executado deve advir, tanto
quanto possível, da ação desse músculo. E não do auxílio ou balanço gerado por musculatura
indesejada.
Por outras palavras: a fase concêntrica deve ser tão explosiva quanto o músculo-alvo conseguir.
Qualquer utilização de outra musculatura que não a desejada, para permitir a aceleração ou
consecução de uma repetição, é considerada um desvio ao ideal. O que inevitavelmente compromete
o grau de estímulo experienciado pelo músculo-alvo, visto que a ação passa a ser repartida por outra
musculatura acessória.
Trata-se de evitar que umas Bicep Curls se transformem misto de extensão de anca, flexão da coluna e
uma ligeiríssima flexão do cotovelo – que estimulam toda uma musculatura para além dos bicípites.
Outro ponto a ter em conta é a inevitável desaceleração e aumento da dificuldade nas repetições com
a aproximação à falha. Especialmente nas últimas 4 repetições em reserva. Nestes casos, assegurar a
exímia execução técnica será fundamental para maximizar o estímulo imposto e, também, evitar o risco
de lesão.
ESTANDARDIZAÇÃO
Idealmente, todas as repetições devem ser estandardizadas. Ou seja, tão similares entre si quanto
possível, para permitir uma comparação e avaliação de progresso mais fidedignas possíveis.
Para tal, definir pontos de início/fim da repetição e as cadências utilizar (particularmente a duração da
fase excêntrica e de eventuais pausas) é crucial para assegurar uma técnica tão estandardizada quanto
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228
possível. Nestes casos, utilizar referências visuais (ex: cotovelo até ao nível do ombro e até às costelas
numa Lateral Raise) ou quinestésicas (ex: tocar sempre com a barra no peito e esticar sempre os
cotovelos num supino) facilitam a estandardização do início/fim de cada repetição. Já nas cadências a
contagem dos segundos para cada fase é uma estratégia viável.
INDIVIDUALIZAÇÃO
O princípio da individualização é também aplicável à execução técnica. A variabilidade na anatomia e
resposta face a diferentes exercícios, sugere que cada atleta terá a sua própria melhor execução para
obter o máximo estímulo com a mínima fadiga e stress acumulados.
Logo, por mais que existam técnicas-padrão, que servem como um excelente ponto de partida para
uma execução exímia, estas mesmas podem e devem ser individualizadas ao atleta. Desde que os
princípios-chave da execução em questão sejam respeitados.
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TÉCNICAS DE INTENSIFICAÇÃO / TÉCNICAS
AVANÇADAS
Além do método tradicional de séries “normais”, onde cada exercício é feito individualmente,
mantendo a carga e descansando entre cada série até terminar o número de séries prescritas e, aí sim,
se avança para o próximo exercício, há inúmeras outras metodologias aplicáveis. Nomeadamente as
Técnicas de Intensificação, também conhecidas por Técnicas Avançadas, que abordam a metodologia
de treino de forma algo diferente (1).
Teoricamente, estas metodologias visam pelo menos um destes propósitos:
1. Aumentar a intensidade do treino, despoletando um estímulo de magnitude maior.
2. Aumentar a eficiência do treino, despoletando um estímulo de magnitude similar à abordagem
tradicional, mas em menos tempo.
A maioria das técnicas de intensificação mais comuns envolvem o treino até ou para além da falha. O
que, como abordado no capítulo da intensidade, embora proporcione maior estímulo, acarreta uma
fadiga exponencialmente maior. O que compromete não só o rácio estímulo:fadiga da sessão de treino,
como também o próprio volume acumulado. Portanto, salvas exceções, treinar até à falha não é
superior a treinar com 1-2 RER.
E treinar para além da falha?
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REPETIÇÕES FORÇADAS
Esta técnica de intensidade baseia-se em continuar uma série após atingir a falha concêntrica,
geralmente através do auxílio de um parceiro de treino. Por exemplo, um atleta realiza 10 repetições
até à falha e, de seguida, o parceiro ajuda-o a fazer mais 4. É uma espécie de Dropset (metodologia
explicada na página seguinte), onde a redução de carga/resistência é feita por terceiros.
Uma vez que o atleta está a treinar para além da falha face àquela resistência, a fadiga neuromuscular
gerada é exponencialmente mais elevada a cada repetição feita (2). Além disso, como o próprio
conceito de fadiga neuromuscular induz, a atividade muscular após atingir a falha é reduzida, visto que
as unidades motoras de maior limiar já estão exaustas (3).
O que torna o rácio estímulo:fadiga altamente desfavorável – sendo preferível descansar para fazer
uma próxima série, após atingir a falha, do que procurar continuá-la em busca de um estímulo
“melhor”.
Ainda, o auxílio feito pelo parceiro não é quantificável. Num contexto real, é impossível saber se o
colega ajudou com 100N de Força, ou com 10N. E não é garantidamente replicável de semana para
semana, o que impede uma monitorização minimamente precisa do treino. Como é que se avalia se o
desempenho foi melhor, ou pior, nas repetições forçadas? E se o parceiro ajudou mais ou menos?
O único potencial interesse nas Repetições Forçadas é a procura por uma resistência acomodativa e o
acréscimo de uma sobrecarga excêntrica. Para tal, o parceiro de treino deve orientar o grau de auxílio
consoante a curva de resistência do exercício e proporcionar maior dificuldade na fase excêntrica.
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231
DROPSETS
Os Dropsets englobam uma redução da carga assim que o atleta atinge a falha para continuar a série.
Geralmente, reduzindo-a por 20 a 25% a cada dropset (4-6). Por exemplo: 100kg x 10 diretamente
seguido de 80kg x 6 diretamente seguido de 65kg x 4. Ou seja, é algo similar às repetições forçadas,
com a diferença de, após a falha, a resistência ser diminuída através de uma redução da carga em vez
de um auxílio externo.
Tal como as repetições forçadas, é uma técnica que permite o atleta treinar para além da falha. O que
acarreta implicações neuromusculares similares. De tal forma que a fadiga neuromuscular induzida por
4 dropsets é similar à da gerada por 4 séries normais, mesmo sem atingir a falha, embora o trabalho
total seja drasticamente menor (7). Ou seja, acarreta mais fadiga que o trabalho convencional, sem
proporcionar um estímulo adicional.
No entanto, não são uma opção assim tão redundante. Visto que podem proporcionar um estímulo
hipertrófico similar SE o volume total for igualado (5). O que é particularmente interessante em
cenários de constrangimento temporal. Onde 3 séries normais podem requerer 7-8 minutos para
realizar, mas 1 série com 4-5 dropsets pode requerer apenas 2-3 minutos para induzir um estímulo
quase-similar.
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232
PIRÂMIDE INVERSA ou DECRESCENTE
As pirâmides inversas englobam uma redução da carga ao longo das várias séries de trabalho. Um
pouco como os dropsets, mas com um tempo de descanso entre séries normal. Por exemplo:
• 1ª série: 100kg x 6 repetições
• 2ª série: 90kg x 8 repetições
• 3ª série: 80kg x 10 repetições
• 4ª série: 70kg x 12 repetições.
Em primeiro lugar, não há nada de mágico ou superior sobre esta metodologia para o ganho de massa
muscular (8-10). Embora possa ser pertinente variar as zonas de intensidade para um músculo numa
sessão de treino, fazê-lo ao longo de um exercício pode alterar a sua biomecânica (11), principalmente
quando a carga externa afeta drasticamente o centro de massa do complexo atleta:carga externa.
Anedoticamente, a sensação de um agachamento com 50% 1RM é significativamente diferente do
mesmo agachamento com 80% 1RM.
O que não significa que seja uma abordagem necessariamente ineficaz. Simplesmente não apresenta
quaisquer benefícios face à metodologia convencional. Quer em termos de estímulo gerado, quer em
termos de eficiência temporal. Podendo ainda acarretar algumas complicações na aquisição técnica,
dada a variabilidade do exercício aquando das mudanças do centro de massa.
Independentemente disso, pode ser uma alternativa interessante para indivíduos que pretendam
incluir algum trabalho mais pesado de determinados exercícios (ex: 1 a 2 séries de 1 a 5 repetições de
um agachamento). Ou que pretendam aproveitar o trabalho de hipertrofia nessa sessão de treino para
aprimorar, em simultâneo, algumas componentes técnicas. Nestes casos, não seria necessário reduzir
a carga de série para série, mas é recomendável decrescer a carga após o trabalho mais pesado para
uma zona de intensidade que proporcione um melhor rácio estímulo:fadiga para o atleta.
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233
PIRÂMIDE CRESCENTE ou PROGRESSIVA
Diretamente o oposto das pirâmides invertidas, esta metodologia rege-se pelo aumento da carga após
cada série. Por exemplo:
• 1ª série: 70kg x 12 repetições
• 2ª série: 80kg x 10 repetições
• 3ª série: 90kg x 8 repetições
• 4ª série: 100kg x 6 repetições.
Para além de partilhar as mesmas implicações que a pirâmide invertida, a fadiga neuromuscular
acumulada nas primeiras séries mais leves comprometerá a melhor performance nas séries mais
pesadas que se seguem. Logo, entre as duas opções de pirâmide, esta é a menos útil para hipertrofia.
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234
DESCANSO INTRA SÉRIES
E se, em vez de descansar apenas entre séries, for implementado o descanso entre repetições? Dentro
da mesma série?
REST PAUSE
O conceito de Rest Pause trata de levar uma série à falha e realizar descansos curtos (geralmente 5 a
20 segundos) para continuar a série, em sequências de 2 ou mais “mini-séries”. Em suma, é a junção
de treinar até à falha com a utilização de descansos entre séries curtíssimos.
Naturalmente, partilha as desvantagens de treinar até à falha e de utilizar tempos de descanso
reduzidos. O que a torna numa técnica pouco apelativa num cenário normal.
Todavia, tal como os drop-sets, é uma ferramenta extremamente interessante no âmbito da eficiência
do treino. Pois, quando igualados os volumes totais de treino, os ganhos hipertróficos tendem a ser
similares. No entanto, isto requer fazer o mesmo número total de repetições face ao que originalmente
teria sido alcançado com as séries tradicionais.
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235
CLUSTER SETS
Os Cluster Sets visam a utilização de períodos de descanso intra série, dividindo a série em vários
blocos/clusters até atingir um número-alvo de repetições (12). Por exemplo, uma série de 100kg x 6
repetições:
• 100kg x 2 repetições
o Descansar 10-30 segundos
• 100kg x 2 repetições
o Descansar 10-30 segundos
• 100kg x 2 repetições
o Descansar o tempo normal e repetir a sequência.
A nível fisiológico, é quase uma troca entre a redução do stress metabólico em prol de um melhor
desempenho neural, beneficiando a produção força (13-18). O que torna esta técnica particularmente
interessante para o desenvolvimento da força ou da potência muscular.
No entanto, no que toca ao crescimento muscular, esta troca de stress metabólico e ativação muscular
por melhor performance pode ser contraprodutiva (19-21). Principalmente se as cargas utilizadas não
despoletarem a ativação de todas as unidades motoras e consequente máxima produção de tensão.
Resumindo, os Cluster Sets não são a melhor opção para hipertrofia. Mas, se programados, devem ser
feitos com cargas de pelo menos 80% 1RM e os descansos intra série devem ser curtos o suficiente
para que cada cluster ou bloco de repetições termine com 3 a 4 repetições da falha.
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236
MYO-REPS
As Myo-Reps são uma variação da metodologia Rest Pause, aprimorada por Borge Fagerli.
Essencialmente, baseiam-se na consecução de uma primeira série até a um determinado ponto de
exaustão (RER-alvo), descansar durante 3 a 5 fôlegos profundos (5 a 15 segundos) e repetir até atingir
o volume desejado.
Tudo isto feito com cargas entre os 15 e 30RM, preferencialmente em exercícios isolados ou de
execução técnica mais simples. Parando, na maioria dos casos, no número de myo-sets prescritos ou
quando o atleta já não consegue realizar 3 repetições por mini-série.
Na prática, o resultado será algo do género: 20 + 8 + 6 + 5 + 4 repetições.
Como tende a ser utilizada em intensidades mais moderadas a leves, a primeira série de ativação é
crucial para atingir a proximidade à falha necessária que leva ao recrutamento total das unidades
motoras. Os tempos de descanso curtos visam promover a manutenção deste elevado recrutamento
muscular, tornando as séries seguintes totalmente efetivas (estimulando todas as fibras). Seguindo os
princípios similares ao do treino com oclusão vascular.
O facto de não atingir a falha em todas as séries torna esta técnica de intensidade mais interessante do
que as analisadas até agora – que acarretavam níveis de fadiga neuromuscular significativamente
elevados. Pelo que se torna numa das técnicas de eleição para tornar o treino mais eficiente em termos
temporais.
No entanto, a utilização de cargas leves e de espetros de repetições elevados tornam-na ineficaz para
o desenvolvimento da força e pouco viável para exercícios compostos ou de índole mais técnica.
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EXCÊNTRICA ACENTUADA / SOBRECARGA EXCÊNTRICA
A sobrecarga excêntrica trata de tornar um exercício mais desafiante na fase excêntrica
comparativamente à fase concêntrica.
Analisando a curva força:velocidade do músculo (comparando a capacidade de produção de força
consoante a velocidade de execução) entende-se que o músculo é consideravelmente mais forte
durante contrações excêntricas do que concêntricas para um mesmo movimento (22-24). O que
permite aplicar uma maior resistência nesta fase de movimento, que requer tal acréscimo para
maximizar o recrutamento muscular e tensão gerada durante a fase excêntrica. Sendo o músculo mais
forte em contrações excêntricas, uma carga que seja desafiante na fase concêntrica e requeira a
ativação máxima muscular, não o será para a fase excêntrica. Então, para alcançar o estímulo máximo
em cada repetição, o aumento da sobrecarga excêntrica revela-se interessante.
E realmente a teoria reflete-se na prática. O treino com sobrecarga excêntrica pode levar a melhores
ganhos hipertróficos face ao método tradicional (25,26). No entanto, tende a acarretar mais fadiga
neuromuscular (27) e significativamente mais dores musculares pós-treino. Particularmente nas
primeiras semanas de implementação desta metodologia (28).
Em contrapartida, é uma excelente opção em cenários de reabilitação pós-lesão (29,30). Até porque é
um tipo de exercício mais fácil de controlar, do ponto de vista do controlo neuromuscular, e pelo
desenvolvimento da força excêntrica – particularmente interessante na prevenção de lesões.
Na prática, a Sobrecarga Excêntrica pode parecer difícil de implementar sem um parceiro que auxilie
na fase concêntrica (ao estilo das repetições forçadas). No entanto, a utilização de máquinas tende a
facilitar este processo. Nomeadamente em exercícios que sejam geralmente feitos bilateralmente –
aqui o atleta pode iniciar a fase concêntrica com ambos os membros e executar a fase excêntrica
unilateralmente.
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POTENCIAÇÃO PÓS-ATIVAÇÃO
A potenciação pós-ativação é um fenómeno neuromuscular onde os elevados níveis de ativação
muscular podem potenciar a performance nos trabalhos seguintes. Muito resumidamente, trata de
recorrer a uma série de 1 repetição (single) com cargas mais elevadas (> 85% 1RM) momentos antes
de executar o mesmo exercício num espetro de repetições mais alargados. Por exemplo: antes de uma
série de 10 repetições com 100kg, realizar uma série de 1 repetição com 115kg (~5 RM).
Curiosamente, este tipo de abordagem tende a induzir mais alterações positivas no sistema nervoso e
na arquitetura muscular do que propriamente fadiga. Mas a sua evidência, principalmente no contexto
do treino de hipertrofia, carece de solidez (31-34).
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TREINO DE OCLUSÃO VASCULAR / KAATSU
O treino de oclusão vascular tem vindo a crescer na sua popularidade ao longo dos últimos anos. Muito
graças à sua aplicabilidade quer no contexto de recuperação pós-lesão, quer no contexto de treino com
pouco equipamento. Isto porque se trata de um tipo de treino que utiliza cargas muito reduzidas (30 a
50% RM) (35, 36) para surtir uma hipertrofia similar ao treino tradicional (37-41).
Muito sucintamente, a oclusão vascular visa permitir a chegada de sangue arterial ao tecido músculo,
restringindo apenas a saída do sangue venoso através de um garrote superficial (42). Este é aplicado
perto da articulação mais medial do segmento utilizado (ex: ombro ou coxa). Como resultado, dá-se
uma acumulação deste sangue venoso e de metabolitos (ex: lactato).
Isto gera um ambiente mais anaeróbio no músculo, dada a acumulação de sangue venoso com
reduzidíssima concentração de oxigénio, o que leva ao aumento do recrutamento muscular (43).
Especificamente o aumento do recrutamento de fibras IIa e IIx, mais capazes de produzir força por vias
glicolíticas (sem precisar de tanto oxigénio).
Embora os garrotes sejam aplicados perto do ombro ou da articulação coxofemoral, o efeito da oclusão
vascular repercute-se nos músculos envolvidos no membro ocludido, mas também no tronco. Por
exemplo, a restrição do retorno venoso nos braços durante o supino afetará também a ativação
muscular no peitoral, para além dos tricípites braquiais (44, 45).
Uma vez que são utilizadas cargas muito reduzidas, o treino de oclusão não produz tanto dano muscular
(46, 47) nem dano nos tecidos conjuntivos (48). Sendo ideal para despoletar um estímulo hipertrófico
com um custo de recuperação reduzido. Ou em cenários de reabilitação (49) onde se pretende
desenvolver a massa muscular, mas a utilização das cargas tradicionais para hipertrofia se torna num
fator limitante.
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SUPERSÉRIES
Superséries são o emparelhamento de dois exercícios para grupos musculares distintos, seguidos um
do outro, com o mínimo descanso entre eles. Por exemplo, uma rosca de bicípites seguida de uma
extensão de tricípites. Ou uma Leg Press seguida de uma Lateral Raise. Apenas depois de executar uma
série de cada exercício é que o atleta descansará o tempo normal.
Sem atentar ainda a grandes pormenores, a utilização de superséries pode ser pertinente sempre que
o emparelhamento dos exercícios não interferir negativamente com o desempenho. Não para
potenciar o crescimento muscular per se, mas para apelar à eficiência temporal.
Ou seja: desde que os exercícios emparelhados não comprometam a performance e a capacidade de
trabalho do atleta, as superséries podem ser utilizadas para terminar o treino mais depressa.
Porém, há um estilo desta técnica particularmente interessante para hipertrofia: as Superséries
Agonista-Antagonista. Onde são emparelhados exercícios de músculos com ações opostas. Ou seja:
uma rosca de bicípites (flexores de cotovelo) com extensão de tricípites (extensor do cotovelo). Ou uma
Leg Extension (extensão do joelho) seguida de uma Leg Curl (flexão do joelho). Repara que não levantei
o exemplo da Leg Press e Lateral Raise – porque os deltóides não são antagonistas de um movimento
de agachamento, como a Leg Press.
Este tipo de superséries é potencialmente benéfico para o crescimento muscular através de uma
possível potenciação neuromuscular. O alongamento e fadiga do músculo antagonista, que assume o
papel agonista durante o primeiro exercício, pode potenciar o desempenho do atleta no 2º exercício
do par (50-52). Ou seja, o alongamento e fadiga do peitoral antes de fazer remadas pode potenciar a
performance nas remadas (53).
Para beneficiar deste efeito, o tempo de transição entre cada um dos exercícios do par deve ser inferior
a 1 minuto (54-56). No entanto, se esta potenciação não se verificar no indivíduo, a recomendação de
períodos de descanso maiores ou autorregulados mantém-se (57), de modo a evitar perdas de
performance e acumulação de volume nas séries seguintes.
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241
Resumindo: Se o desempenho e capacidade de trabalho não forem comprometidas, emparelhar dois
exercícios de músculos antagonistas não só é mais eficiente, como pode potenciar melhor crescimento.
Naturalmente, exercícios com maior exigência sistémica (ex: agachamentos, variações de peso morto)
não são propriamente fáceis de emparelhar. No entanto, as superséries agonista-antagonista são
altamente viáveis na maioria dos exercícios, em particular nos exercícios isolados.
SÉRIES COMPOSTAS e SÉRIES GIGANTES
Se as superséries visavam, acima de tudo, uma maior eficiência temporal, as séries compostas são a
sua irmã que visa despoletar um estímulo de maior magnitude no músculo-alvo. Nestas, são
emparelhados exercícios que envolvem o mesmo músculo-alvo, com o mínimo tempo de descanso
entre o par.
Normalmente, as Séries Compostas englobam 1 exercício isolado e 1 exercício composto, ambos
partilhando pelo menos um músculo-alvo. Por exemplo: Pec Deck e Chest Press. Se o exercício isolado
preceder o exercício composto no par, denomina-se Pré-Fadiga ou Pré-Exaustão. Se o exercício isolado
ocorrer após o músculo-alvo já estar fatigado do exercício composto inicial, trata-se de uma Série
Composta via Pós-Fadiga. E ambas visam o mesmo propósito: estimular o músculo-alvo ao máximo.
As séries de Pré-Fadiga, começando pelo exercício isolado, são utilizadas para fatigar o músculo-alvo
ao ponto de assegurar que este será o fator limitante no exercício composto que se segue. Por exemplo,
se um atleta tem dificuldades a levar o seu agachamento à falha por causa de outro fator que não os
quadricípites, implementar um exercício isolado para este músculo poderá tornar o agachamento mais
viável para o seu treino. Contudo, embora esta técnica possa resultar, há vários casos e exercícios onde
não se verifica a sua aplicabilidade (58). Nomeadamente quando os músculos acessórios podem
“compensar” a fadiga experienciada pelo músculo-alvo. Por exemplo, num supino com barra, a força
produzida pelos tricípites para estender o cotovelo pode promover a adução do ombro, o que reduz a
necessidade de solicitação do grande peitoral.
Já as séries de Pós-Fadiga visam, de certa forma, terminar o trabalho que o exercício composto inicial
não concluiu. Aqui, a utilização do exercício isolado permite atingir graus de disrupção e fadiga além
dos alcançados no exercício inicial. O que pode ser particularmente produtivo se o fator limitante no
primeiro exercício do par não for o músculo-alvo. No seguimento do exemplo anterior: se num supino
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os tricípites atingem a falha antes do peitoral, e a série termina por consequência disso, o peitoral ainda
poderia ter sido mais estimulado.
Outro potencial benefício da utilização de séries compostas é a aproximação à falha em diferentes
comprimentos do músculo. Por exemplo, incorporando uma Pec Deck que coloca uma sobrecarga na
posição encurtada do peitoral e umas Deficit Push-Ups que sobrecarregam o peitoral numa posição
mais alongada, torna-se possível desafiar o músculo em todo o seu comprimento num curto espaço de
tempo. Para tal, é pertinente construir as séries compostas com exercícios cujos perfis de resistência
sejam diferentes.
Estes mesmos princípios são aplicáveis às Séries Gigantes, que funcionam como uma série composta,
englobando três ou mais exercícios numa só série. Nestes casos, são implementados 3 ou mais
exercícios para o mesmo músculo-alvo, geralmente de índole mais isolada. Isto permite uma maior
disrupção no músculo-alvo, no entanto acarreta substancialmente mais fadiga do que um trabalho
normal ou uma simples série composta.
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IMPLEMENTAR TÉCNICAS DE INTENSIDADE
A maioria das técnicas de intensidade baseiam-se na acumulação de várias repetições num menor
espaço de tempo, constituindo assim um estímulo de natureza metabólica. Aqui, a acumulação de
metabolitos como o lactato é fundamental para despoletar o estímulo hipertrófico pretendido.
Embora este tipo de estímulo seja diferente do convencional no treino de hipertrofia, uma das
adaptações inerentes a estes trabalhos é a melhoria da capacidade de tamponamento. Ou seja, a
capacidade de responder à acumulação destes metabolitos, fundamentais para a eficácia destas
técnicas de intensidade. Sendo adaptações de natureza mais anaeróbia, tendem a ser mais rápidas de
adquirir (por exemplo, o músculo-alvo tende a adaptar-se a uma dada técnica de intensidade mais
metabólica no espaço de 4 a 8 semanas). O que sugere que embora estas metodologias sejam
interessantes para hipertrofia, não são ideais para uma utilização contínua. Pelo menos no mesmo
músculo-alvo (visto que estas adaptações são maioritariamente locais).
Por isso, devem ser implementadas de forma periodizada, evitando expor o mesmo músculo às mesmas
técnicas 2 mesociclos seguidos.
Uma forma viável e estratégia de implementar técnicas de intensidade é dedicar 1 ou 2 mesociclos para
a sua utilização (ex: 1 ou 2 por treino) ao longo de um macrociclo onde são explorados os variados
estímulos hipertróficos. Por exemplo, num modelo de periodização por intensidades, estes tipos de
técnicas surgiriam após ou durante os mesociclos de trabalho mais leve.
Outra estratégia é implementá-las em todos os blocos de treino, mas em apenas 1-2 grupos musculares
por mesociclo. Rodando-os de bloco para bloco. Por exemplo:
• Bloco 1: Bicípites e Costas;
• Bloco 2: Quadricípites e Deltóide Medial;
• Bloco 3: Tricípites e Peitoral;
• Bloco 4: Músculos da região abdominal e Gémeos;
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Diretamente para um dos Homens mais dedicados e exemplares de sempre – ANDRÉ LOURO!
252
GESTÃO DO TEMPO / SESSÕES MAIS CURTAS
A disponibilidade de tempo para treinar é um dos constrangimentos mais recorrentes na prática de
musculação. Seja de forma crónica ou de forma espontânea (ex: surgiu um imprevisto que força o
praticante a encurtar o seu tempo para treinar). O que, em muitos casos, impossibilita a consecução de
um plano o mais otimizado possível. No entanto, volto a apelar ao capítulo do realismo – o melhor plano
é o mais realista. E o foco deve estar em encontrar a melhor abordagem para cada indivíduo, com base
no seu contexto.
Atendendo a estes casos, a premissa geral deste capítulo será otimizar o estímulo proporcionado por
intervalo de tempo. Por outras palavras, tornar o treino o mais eficiente possível. Uma vez que o
crescimento muscular está altamente relacionado com o volume de treino, trata-se, de certa forma, de
condensar este volume num intervalo de tempo mais curto.
PRIVILEGIAR EXERCÍCIOS COMPOSTOS
Por natureza, exercícios compostos como supinos, agachamentos e remadas permitem estimular mais
músculos em simultâneo. Mesmo que não confiram um estímulo máximo ou ideal para todos os
músculos envolvidos (muito raramente ocorrerá a falha em vários músculos na mesma repetição de
um exercício). Num contexto onde o tempo de treino é reduzido, não conseguindo investir o tempo
necessário para estimular todos os músculos com um exercício específico para os mesmos, optar por
exercícios compostos que estimulem bem vários grupos musculares, permite poupar tempo em
exercícios isolados.
Na prática, consiste em selecionar exercícios compostos, ou variantes, que não só estimulem um
grande grupo muscular, como os músculos acessórios/secundários. Por exemplo: Em vez de fazer Hip
Thrusts e Leg Curls no mesmo treino, optar por uma 45º Back Extension para estimular os glúteos e os
posteriores da coxa em simultâneo. Outro ajuste interessante é adaptar exercícios compostos que
estavam mais direcionados para um músculo-alvo apenas (ex: supino com pega extra afastada, que
sobrecarrega fortemente o peitoral, com uma reduzida intervenção dos tricípites) para variantes mais
ecléticas (ex: supino com pega normal ou mais justa, que confere maior solicitação dos tricípites,
mantendo-se um bom estímulo para peitoral) (1).
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253
UTILIZAR SUPERSÉRIES
Como abordado no capítulo anterior, a utilização de superséries é uma estratégia viável para acumular
mais volume de treino em muito menos tempo. Idealmente, será aplicada com exercícios entre
músculos antagonistas, visto os seus potenciais benefícios. No entanto, é perfeitamente exequível
mesmo entre músculos não agonistas-antagonistas.
O principal cuidado a ter é garantir que o emparelhamento dos exercícios não compromete o
rendimento do atleta e garantir que o fator limitante em cada série é o músculo-alvo. E não o sistema
cardiovascular ou musculatura acessória. Caso ocorra algum comprometimento no rendimento, esta
estratégia apenas fará sentido se permitir acumular um maior volume total para ambos os grupos
musculares, no mesmo intervalo de tempo. Ou seja, se o tempo adicional para fazer mais séries
compensar a menor qualidade de cada uma.
No seguimento das superséries, o mesmo princípio pode ser implementado em circuitos de 3 a 4
exercícios. Desde que, mais uma vez, não seja comprometida a performance ao ponto de tornar cada
série um desafio cardiovascular e não uma disrupção ótima do músculo-alvo.
Um exemplo prático seria emparelhar uma Leg Curl, Leg Extension (par agonista-antagonista) seguidos
de umas Lateral Raises e de um Bicep Curl. Aqui, aglomeram-se exercícios isolados que têm uma baixa
exigência cardiovascular e técnica e cujos músculos-alvo de cada exercício não se sobrepõem entre si.
Entre cada exercício o tempo de descanso seria tão curto quanto possível/viável, aplicando a mesma
decisão ao descanso entre cada volta do circuito.
Quando o constrangimento de tempo é espontâneo, a alteração da ordem global dos exercícios no
treino para melhor acomodar superséries/circuitos pode ser uma decisão pertinente. Não obstante,
idealmente serão feitos os exercícios compostos de um grupo muscular antes dos exercícios isolados
(caso seja essa a prescrição original).
Por exemplo: Numa sessão de Agachamento / Leg Extension / Romanian Deadlift / Lateral Raises – não
será ideal começar pelas Leg Extensions uma vez que os quadricípites já estariam pré fatigados para os
agachamentos seguintes, comprometendo o estímulo pretendido para cada exercício da sessão.
Contudo, emparelhar o Agachamento ou as Leg Extensions com as Lateral Raises não será, geralmente,
problemático. Constituindo assim uma alteração plausível à ordem dos exercícios.
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EVITAR PREPARAÇÕES DEMORADAS
Alguns exercícios requerem um tempo de montagem significativo. Seja para preparar o equipamento
e configuração (setup) (ex: Bulgarian Split Squat com défice no pé da frente e elástico em torno do
corpo) ou para colocar os variados pesos num exercício pesado (ex: Deadlift com inúmeros kilos). O que
ocupa imenso tempo, que poderia estar a ser utilizado para cumprir as séries de trabalho. Nestes casos,
o tempo investido para preparar e começar um exercício deve ser um fator a considerar na seleção de
exercícios. Equipamentos como máquinas seletorizadas (só colocar o pin para selecionar a carga) e
halteres podem poupar imenso tempo.
O mesmo se aplica a exercícios que requeiram imenso tempo para aquecimento/preparação. Desde ir
buscar e arrumar vários pesos, a ajustar alturas e setups.
REDUZIR TEMPOS DE DESCANSO
Outra opção é reduzir o tempo de descanso entre cada série. Mais uma vez, é substituída a qualidade
máxima, com uma menor quantidade de treino, por uma maior eficiência. Pelo que encurtar
gradualmente os tempos de descanso (ex: 3 minutos para 1’30”) pode ser uma opção viável para
conseguir fazer mais séries em muito menos tempo.
Relembrando a necessidade de manter o músculo-alvo o fator limitante, a maioria dos atletas
precisarão de pelo menos 1 minuto entre exercícios para recuperar o fôlego e promover uma
recuperação minimamente adequada. A exceção serão os exercícios isolados que, se ainda não
estiverem a ser emparelhados em superséries ou circuitos, podem ser feitos num estilo de Myo-Reps.
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EVITAR CICLAGEM DE VOLUMES
Se a falta de tempo é um constrangimento comum ou recorrente, optar por uma abordagem com
ciclagem de volume (alterações significativas do número de séries ao longo de um bloco) não é realista.
Aqui, treinar com um número de séries mais estanque, mesmo que longe do VMA ou VMR, pode ser a
opção mais viável.
AUMENTAR A INTENSIDADE
Em casos mais extremos, onde o volume semanal é altamente reduzido face à escassez de tempo, os
problemas da fadiga entre e intra treino deixam de ser tão preocupantes. Nestes casos, uma maior
proximidade à falha (ou até mesmo ultrapassá-la com técnicas de intensidade) será interessante para
garantir que cada série é o mais estimulante possível. A implementação de Dropsets, Repetições
Forçadas e Sobrecargas Excêntricas podem ser a solução para contornar o reduzido volume de treino.
Idealmente, este tipo de trabalho será aplicado nas últimas séries de cada grupo muscular para
minimizar o impacto negativo da acumulação de fadiga intra treino. Contudo, em casos mais severos,
podem ser utilizadas de forma viável em praticamente todos as séries feitas.
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AQUECIMENTO / PARTE PREPARATÓRIA
O aquecimento é a parte preparatória do treino. A parte dedicada à preparação do corpo para um
melhor desempenho e, tanto quanto possível, menor risco de lesão. Mas como é que deve ser feito um
“aquecimento”?
Como o próprio termo da gíria refere, um dos principais objetivos é aquecer – aumentar a temperatura
corporal (1, 2). Manifestando-se através de mecanismos fisiológicos, metabólicos e neurais, onde uma
maior temperatura corporal:
• Torna os músculos menos viscosos. Isto confere maior elasticidade e menor resistência passiva
às alterações do comprimento muscular, por exemplo durante uma contração.
Consequentemente, a taxa e capacidade de produção de força são melhoradas;
• Acelera a glicólise, pelo que um músculo mais quente conseguirá produzir mais energia;
• Acelera a condução do impulso nervoso, permitindo uma melhor taxa de produção de força;
• Enfraquece a ligação entre o oxigénio e a hemoglobina. O que facilita a libertação do oxigénio
para o tecido muscular durante o exercício;
• Promove a vasodilatação local, facilitando o aporte sanguíneo aos músculos quentes;
• Aumenta o consumo de oxigénio (VO 2) temporariamente durante o exercício, ajudando no
combate à hipoxia durante o exercício anaeróbico – como o típico treino de hipertrofia.
Então, qualquer atividade que permita elevar a temperatura corporal será suficiente para tirar proveito
destes benefícios (3).
No entanto, isto apenas aborda a componente geral do aquecimento. Mas será que o aquecimento
deve ser específico para a tarefa a desempenhar? Ou seja, será que o aquecimento para um treino de
pernas deve ser diferente do aquecimento para um treino de tronco?
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ALONGAMENTOS NO AQUECIMENTO
Um dos potenciais benefícios dos alongamentos, especialmente os alongamentos dinâmicos, é o
potencial para promover uma potenciação pós-ativação. Caso isto se verifique no indivíduo em
questão, a utilização de alongamentos dinâmicos pré-treino pode ser benéfica, dependendo da
resposta de cada músculo.
No entanto, a verdade é que a implementação de alongamentos per se antes de iniciar o treino não se
tende a traduzir em quaisquer melhorias significativas (4).
Aliás, a maioria dos benefícios associados aos alongamentos pré-treino são meramente agudos e
dissipam-se em 10 a 20 minutos, não tendo grande potencial para sequer beneficiar o treino (5, 6). E
se estes alongamentos forem muito intensos ou prolongados, podem inclusive ser adversos ao
crescimento muscular (7, 8).
Ou seja, não há qualquer benefício comprovado em realizar alongamentos antes do treino, quer sejam
estáticos, quer sejam dinâmicos.
Mas a questão do aquecimento específico, englobando os exercícios a realizar no treino, é interessante.
Primeiro, ao aprimorar a conexão mente-músculo e permitir a correção de quaisquer pormenores
técnicos. E, em segundo lugar, por explorar todos os potenciais benefícios associados aos alongamentos
num aquecimento (9).
Neste caso, o aquecimento específico consiste na execução de séries do mesmo exercício com menor
carga e proximidade à falha que as séries de trabalho.
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APÓS O TREINO / ALONGAMENTOS
Se, por um lado, o aquecimento visa preparar o corpo para a ação naquele treino. O período após o
treino visa promover a recuperação e as adaptações estimuladas, tanto quanto possível.
Mas para além dos básicos (alimentação, sono e gestão de stress adequados), há pouco mais a fazer.
Alongamentos pós-treino não aceleram a recuperação nem reduzem as dores musculares (1-3).
Portanto, a não ser que o atleta realmente se sinta melhor após esta prática (que apenas será uma
perceção de recuperação ou bem-estar, e não uma real melhoria a nível fisiológico), estes não são
recomendados.
E por mais que sejam publicitadas como tal, estratégias de recuperação como crioterapia ou imersão
em água fria não são propriamente o mais desejado. Embora contribuam para melhorar a perceção
subjetiva de recuperação, os indicadores fisiológicos de dano mantêm-se. E as alterações da
temperatura podem ainda comprometer a sinalização hipertrófica e o crescimento muscular (4-6).
A estratégia que se mostra minimamente eficaz é a aplicação de massagens no período após o treino
(7). No entanto, visto que devem ser feitas por um profissional, não é uma estratégia que esteja ao
alcance da maioria da população. Caso contrário, poderá ser implementada visando uma melhor
recuperação.
A única estratégia que resta, minimamente viável, é a Recuperação Ativa. Nomeadamente através do
seu papel acelerador da reparação tecidular, aumentando o aporte sanguíneo aos tecidos durante o
exercício, a concentração de fatores de crescimento e a ativação do sistema imunitário (8). No entanto,
não tem um papel fisiológico preponderante.
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261
REFERÊNCIAS:
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EXEMPLO PRÁTICO – PROGRAMA DE
HIPERTROFIA PASSO-A-PASSO
Após abordar detalhadamente cada capítulo, já será possível elaborar um programa de treino
otimizado para hipertrofia. No entanto, é natural que nem todos se sintam totalmente confortáveis ou
confiantes em fazê-lo. Por isso, escrevo este capítulo para sistematizar e facilitar todo o processo de
conceção de um programa de treino para hipertrofia, passo-a-passo.
1º PASSO – DEFINIR A FREQUÊNCIA DE TREINO
Primeiramente, é necessário estabelecer quantos dias é que o atleta poderá treinar de forma
consistente e realista. Esta será a base necessária para distribuir todas as restantes variáveis pelo
número de treinos. Por norma, tende a ser mais prático e viável organizar os microciclos em semanas
de treino – uma vez que é mais facilmente conciliável com a semana do calendário.
O mínimo viável para resultados significativos tende a ser 3 treinos semanais. Isto permite uma
distribuição equilibrada do volume de treino ao longo das várias sessões, evitando que estas fiquem
demasiado longas e que os músculos treinados mais tarde em cada sessão sofram demasiada perda de
qualidade no trabalho desempenhado. Não obstante, atletas iniciados, que tendem a precisar de
menos volume de treino, podem ver um progresso significativo com apenas 2 treinos semanais.
Quantos mais treinos forem realistas prescrever, melhor tenderá a ser o resultado, visto que confere
uma distribuição mais fácil do volume de treino, um enfase mais acentuado em cada músculo em cada
sessão e, ainda, um melhor aproveitamento das curvas de recuperação de cada músculo. Além disso,
cada sessão de treino será mais curta, visto que o volume semanal será diluído por mais sessões.
Na maioria dos casos, 4 e 5 treinos semanais será mais do que suficiente. A prescrição de 6 treinos
apenas deve ser feita quando o atleta realmente consegue ser consistente com esta frequência.
Contudo, não é algo, de todo, necessário. E a maioria dos atletas verão um crescimento muito perto do
máximo com apenas 5 treinos semanais.
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2º PASSO – ESPECIFICIDADE
Entendida a necessidade de manter o treino o mais específico possível, todas as sessões devem
privilegiar o treino de hipertrofia. É, também, neste momento que se definem os músculos prioritários
ou que o atleta mais queira enfatizar, para organizar o treino em prol dos mesmos. E os músculos menos
importantes, aos quais será dada menos primazia.
Se um músculo é prioritário, então deverá ser treinado no início de cada treino e, idealmente, nos dias
da semana em que o atleta tende a ter melhor aptidão para treinar. A própria distribuição de volume e
seleção de exercícios deve promover maior estímulo para essa musculatura.
3º PASSO – VOLUME
Será determinado o volume inicial para cada músculo no mesociclo. Se o atleta conhece o seu VME,
pode começar com este valor, beneficiando de ganhos fáceis e sem grande acumulação de fadiga. Caso
desconheça estes marcos, recomendo começar com 8 a 10 séries por músculo por semana. Músculos
acessórios, que são solicitados em movimentos compostos, como os bicípites, tricípites, deltoides e
gémeos deverão iniciar com 3 a 6 séries semanais, caso o programa de treino já inclua diversos
exercícios compostos que os englobem.
O volume de treino deve ser distribuído pelas sessões semanais, procurando treinar cada músculo pelo
menos 2 vezes por semana. Ou seja, as 10 séries podem ser distribuídas em 2 treinos de 4 a 6 séries
cada ou em 3 treinos de 3 a 4 séries cada.
À medida que o atleta experiencia a primeira semana do bloco e recolhe os indicadores de estímulo e
de volume mínimo efetivo, poderá entender se precisa de começar o bloco com mais ou menos volume
de treino para cada músculo. Inicia-se, assim, uma estimativa constante do VME de cada músculo do
atleta.
O número de séries será sempre dependente de inúmeros fatores quer intrínsecos, quer extrínsecos
ao treino. Por isso, será importante ter em conta o impacto de cada um destes na tomada de decisão:
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Figura 23 – Pré-análise da necessidade e capacidade de tolerar volume de um atleta com base nos
diversos fatores externos e internos ao treino.
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4º PASSO – INTENSIDADE
Distribuído o volume por cada treino da semana, é necessário definir a proximidade à falha e as cargas
a utilizar.
Idealmente, a primeira semana do mesociclo, sendo geralmente a menos árdua dada a acrescida
sensibilidade do atleta àquele treino específico, deve ser abordada com no máximo 3 a 4 repetições
em reserva. Se assim for pretendido, o treino poderá ocorrer mais perto, ou até, na falha. Nestes casos,
as necessidades de volume de treino serão mais reduzidas.
Em termos de cargas, é importante ter em conta a fase da periodização em que o atleta se encontra.
No entanto, explorar as diversas zonas de intensidade (pesada, moderada e leve) numa só semana de
treino pode ser pertinente. Tal como a ondulação das mesmas ao longo de vários blocos.
Outra forma interessante de distribuir a intensidade numa semana de treinos é com base no foco de
cada sessão. Por exemplo, se o atleta treina duas vezes costas na semana, pode ter uma sessão onde
privilegia remadas mais pesadas e puxadas verticais mais leves (ex: Remada com barra entre as 5 e 10
repetições e Pulldown entre as 10 e 20) e outra sessão onde a distribuição é inversa (ex: Pull-Ups entre
as 5 e 10 repetições e Remada na máquina entre as 10 e 20).
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5º PASSO – SELEÇÃO DE EXERCÍCIOS
Definidos os grupos musculares, o número de séries e as zonas de intensidade, é necessário
operacionalizar essa prescrição. Escolher as ferramentas para alcançar o estímulo pretendido.
Entendendo a necessidade de uma mínima continuidade da estrutura de treino, sugiro definir pelo
menos 1 exercício composto para cada movimento principal (empurrar, puxar, agachar e hip
hinge/extensão da anca). Este deve ser mantido durante um macrociclo de treino, enquanto for viável,
servindo como indicador de progressão mais imediato face às diferentes alterações feitas no
planeamento. Seja na transição entre cada mesociclo, seja no próprio decorrer de cada bloco.
A escolha dos exercícios deve atender, tanto quanto possível, à hierarquia estabelecida nesse capítulo.
E/ou, de forma mais simples, ao rácio estímulo:fadiga. Não obstante, se o atleta tem pouco tempo para
treinar, será pertinente evitar exercícios cuja montagem e/ou preparação sejam demasiado
dispendiosas. Por exemplo: Hip Thrusts, variações de Peso Morto que requeiram várias séries de
aquecimento e tempo para colocar/retirar cargas, etc.
Para melhor atender às zonas de intensidade prescritas, recomendo prescrever os exercícios
compostos em espetros mais pesados (5 a 10 repetições), principalmente nas variantes com barra livre.
Já os exercícios compostos em máquinas ou halteres tendem a ser mais dados ao trabalho pesadomoderado
(8 a 15 repetições). Finalmente, os exercícios isolados são mais viáveis nos espetros
moderados a leves (15 a 30 repetições).
De seguida, deixo uma recomendação do tipo de exercícios que devem constar num plano de treino de
hipertrofia para cada grupo muscular. Naturalmente, consoante o enfase e as necessidades de volume
para cada grupo muscular poderão ser feitos mais ou menos exercícios. Por exemplo: Um atleta que
privilegie o desenvolvimento das costas deverá explorar mais exercícios, se necessário, e poderá uma
variação de Gémeos (ou melhor, Tricípite Sural) visto que estimulará ambos os músculos dessa região.
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Grande Peitoral:
• Variação de press num plano horizontal (ex: supino plano)
• Variação de press num plano inclinado (ex: supino inclinado)
• Variação de aberturas, preferencialmente com uma sobrecarga na posição encurtada – visto
que a maioria das outras opções apresentam maior sobrecarga em alongamento (ex: Pec Deck).
Músculos da região das Costas:
• Variação de Adução do Ombro (ex: Lat Pulldown ou Elevações com pega “aberta”);
• Variação de Extensão do Ombro (ex: Lat Pulldown ou Elevações com pega “fechada”, remadas);
• Variação de Retração das Omoplatas (presentes em remadas com total prostração e retração
das omoplatas).
• Variação de Abdução Horizontal do Ombro (ex: remadas com pega mais larga/cotovelos
afastados do tronco).
Bicípite Braquial e Flexores do Cotovelo:
• Variação com o Cotovelo ao nível ou acima do ombro (ex: Spider Curl);
• Variação com o Cotovelo atrás do tronco (ex: Bicípites num banco inclinado);
• Implementar 1 variação com o antebraço em pronação ou semipronação (ex: Preacher ou
Hammer Curl, respetivamente)
Tricípite Braquial:
• Variação com o Cotovelo ao nível ou acima do ombro (ex: Skullcrusher ou Tricípites à Testa);
• Variação com o Cotovelo junto ou atrás do tronco (ex: Tricep Pushdown ou Kickback);
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Deltoides / Ombros:
• Variação de abdução do ombro (ex: Lateral Raises);
• Variação de abdução horizontal do ombro (ex: Rear Delt Flies);
• Possível variação de press vertical (ex: Press de ombros);
o
Geralmente não será necessário caso o programa já contenha uma boa quantidade de
presses horizontais e inclinados, visto que a porção anterior do deltoide já é bastante
solicitada nesses exercícios.
Trapézio:
• Variação de Retração das Omoplatas (presentes em remadas com total prostração e retração
das omoplatas).
• Variação de Encolhimentos (ex: Shrugs)
Quadricípites:
• Variação de agachamento;
• Leg Extension – visto que permite maior participação do Reto Femoral e impõe uma sobrecarga
na posição encurtada.
Músculos da região Posterior da Coxa:
• Variação de Hip Hinge (ex: variações de peso morto);
• Variação de Flexão do Joelho (ex: Leg Curl).
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Glúteos:
• Variação de Extensão da Anca (ex: variações de peso morto ou de agachamento);
• Variação de Abdução da Anca (ex: Cadeira Abdutora).
Adutores:
• Variação de Extensão da Anca (ex: variações de Peso Morto ou de Agachamento);
• Variação de Adução da Anca (ex: Cadeira Adutora).
Tricípite Sural (Gémeos e Solear):
• Variação de Plantarflexão com os joelhos em extensão (ex: Standing Calf Raises);
• Variação de Plantarflexão com os joelhos em flexão (ex: Seated Calf Raises);
Região do Abdómen:
• Variação de flexão do tronco (ex: Abdominal Crunch);
• Variação de retroversão da bacia (ex: Hanging Leg Raises);
o
Possível implementação de variações mais focadas no transverso do abdómen (ex:
pranchas) e de variações mais focadas no grande e pequeno oblíquos do abdómen (ex:
Crunch com rotação).
Muitos destes exercícios, especialmente nos membros inferiores, repetem-se ao longo de vários grupos
musculares (ex: um agachamento pode estimular os glúteos, adutor maior e quadricípites). Pelo que
não será necessário programar um exercício adicional, a não ser que as necessidades de volume e o
rácio estímulo:fadiga para um dado músculo assim o exija.
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6º PASSO – MODELOS DE PROGRESSÃO
Embora os princípios de Sobrecarga e Progressão surjam primeiro na hierarquia do treino de hipertrofia,
coloco-os como 6º passo por uma questão de prática e logística. Se as variáveis iniciais (intensidade e
volume) estiverem devidamente adequadas, o treino já constituirá uma sobrecarga. E a escolha do
modelo de progressão será mais fácil de fazer com os exercícios já definidos.
O objetivo deste passo é estabelecer um modelo de progressão viável que confira diretrizes sobre
quando progredir ou manter a carga/repetições num exercício. O tipo de modelo em si é menos
determinante, desde que esteja adaptado à velocidade de progressão do atleta.
Para atletas iniciados, nos seus primeiros 6 a 12 meses de treino, a progressão linear nos exercícios
compostos é extremamente viável. Dada a elevada capacidade de adaptação, é espectável um
incremento de pelo menos 2.5kg ou 1 repetição semana-a-semana. Principalmente nos exercícios
compostos, onde a progressão pode ainda ser mais notória.
Já os atletas avançados, com vários anos de treino, poderão ter que implementar uma progressão mais
conservadora. Nomeadamente comparando apenas a progressão entre cada bloco de treino, visto que
o ritmo de evolução é muito mais lento. Nestes casos, uma abordagem de Progressão Dupla Dinâmica
tende a ser o mais exequível.
Nos atletas intermédios, quando a progressão linear já não é espectável, o leque de métodos exequíveis
é vasto. Iniciar com uma Progressão Dupla e progredir para uma Progressão Dupla Dinâmica,
integrando os conceitos de proximidade à falha e de gestão de fadiga, tende a ser uma opção muito
viável. Não obstante, qualquer uma das outras metodologias pode ser proveitosa, desde que
devidamente adaptada a cada exercício e ao ritmo de progressão do atleta no mesmo.
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Caso se procure incrementar séries ao longo do bloco ou entre mesociclos, é importante definir um
critério que torne esta progressão efetiva e produtiva:
Figura 24 – Critérios de decisão para o incremento de séries num exercício/grupo muscular.
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7º PASSO – TEMPOS DE DESCANSO
Entendendo que quanto mais tempo de descanso, mais produtiva será cada série, a ideia de descansos
longos é aliciante. Contudo, é necessário ser realista com a disponibilidade temporal para treinar. E não
permitir que uma busca pela melhor performance na série seguinte comprometa o volume total de
treino.
Por isso, recomendo a implementação de autorregulação tanto quanto possível. E, em casos onde o
tempo para treinar seja um fator limitativo, restringir o tempo de descanso a 2-3 minutos nos exercícios
compostos e 60 a 90 segundos nos exercícios isolados será pertinente.
A própria utilização de técnicas como as Myo-Reps, principalmente em exercícios isolados e/ou em
músculos menos prioritários, permite despoletar um estímulo relevante em pouco tempo.
8º PASSO – CADÊNCIAS
Lido o capítulo da cadência, a premissa é simples:
A Fase Concêntrica deve ser tão explosiva quanto possível, sem descurar a execução técnica e tensão
no músculo-alvo;
A Fase Excêntrica deve ser controlada, com uma duração entre 1 a 4 segundos. Cadências excêntricas
mais lentas podem ser utilizadas estrategicamente numa periodização (num bloco que vise maior dano
muscular e adição de mionúcleos). Ou delegadas a exercícios de maior índole excêntrica, como o Peso
Morto Romeno ou Stiff-Legged Deadlift.
A utilização de pausas, quer em alongamento, quer em encurtamento, não tem grande sustento
científico. No entanto, podem ser utilizadas como forma de variação do mesmo exercício (ex: Supino
com pausa no fundo após vários mesociclos de Supino touch-and-go) ou como forma de intensificação
em situações com limitação de equipamento/sobrecarga externa (ex: Push-Ups com pausa com o peito
junto ao chão).
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9º PASSO – INDIVIDUALIZAÇÃO
É aqui que entra o Caso-a-Caso.
Através de uma análise minuciosa da resposta do atleta a cada exercício, cada zona de intensidade,
cada frequência, etc., é possível esboçar um quadro geral. Distinguir abordagens mais proveitosas de
abordagens menos produtivas. E é através desta análise que poderá ser dada mais primazia àquela que
aparenta ser a melhor metodologia para cada caso.
Esta é uma excelente abordagem geral, uma vez que resulta da experienciação e análise da resposta
individual a diferentes estímulos. Não obstante, relembrando as questões da sensibilidade ao estímulo,
poderá ser pertinente implementar metodologias “menos ótimas” no paradigma geral, não só por
efeitos de ressensibilização, como por efeitos de reavaliação da efetividade desse estímulo.
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10º PASSO – PERIODIZAÇÃO
Este é provavelmente o passo mais ingrato. Visto que a evidência científica quanto às abordagens
periodizadas para hipertrofia não é, de todo, concisa.
Neste caso, em vez de recomendar um determinado modelo – sem qualquer fundamento ou evidência
que o sustente – prefiro apelar à análise e resposta crítica:
Idealmente, deverá haver uma mínima periodização. Isto é: uma noção dos mesociclos seguintes, não
só em termos de objetivos de performance, mas também dos estímulos e de variações que se
pretendem utilizar em cada momento. E porquê.
As variações no treino devem ocorrer sempre que necessário, mas permitindo a mínima continuidade
do estímulo para que este possa surtir efeitos. Por isso, cada exercício deve ser mantido durante pelo
menos um bloco de treino. E apenas deve ser trocado quando não proporcionar o retorno pretendido,
não se adequar ao tipo de trabalho a realizar nesse bloco ou causar qualquer dor ou desconforto.
Estratégias de gestão de fadiga devem ser minimamente pré-planeadas para evitar o desenvolvimento
de lesões. E o atleta deve, tanto quanto possível, saber quando as implementar reativamente. Sejam
Deloads reativos, feitos de forma localizada, sejam Deloads completos.
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PALAVRAS FINAIS
O mundo do treino de hipertrofia ainda é muito cinzento.
Não existe qualquer evidência que comprove uma abordagem soberana, ou ideal para todos os
indivíduos. Existem sim diretrizes gerais, onde a própria variabilidade entre indivíduos inviabiliza a sua
aplicação para toda a população esperando os melhores resultados. E a própria diferença de efeitos no
crescimento muscular entre diferentes abordagens, mesmo quando devidamente enquadradas nos
princípios de treino, é reduzidíssima. Portanto, não há grande margem para ditar qualquer
superioridade, ainda.
Além disso, a própria definição de melhores resultados é extremamente ambígua. Sem quaisquer
provas de uma abordagem superior, nunca se saberá o que constitui um “melhor” resultado. E para
descobrir uma hipotética melhor abordagem para cada atleta, é necessário explorar e manipular
diferentes variáveis – quase como criar um próprio estudo de cada pessoa. O que, na verdade, acaba
por ser grande parte do trabalho de um profissional de exercício, que deve individualizar cada
abordagem a cada aluno, monitorizando e recolhendo a informação obtida para criar um plano cada
vez mais otimizado.
Então, a procura pelo melhor plano acaba por ser um processo contínuo. Um processo de observação,
análise, refinamento e teste constante numa busca incessante pelo melhor crescimento muscular. Pelo
que não deve existir receio em explorar diferentes abordagens. Em sair da zona de conforto. Desde que
cada decisão tomada tenha um fundamento sólido por trás da mesma.
Lembra-te que ações aleatórias apenas levam a resultados aleatórios.
Espero solenemente que este manual te tenha ajudado a aprofundar os teus conhecimentos na área
de hipertrofia e que consigas obter cada vez melhores resultados!
Bons treinos!
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