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A Moment for Us - Willow Creek Valley #3 - Corinne Michaels

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Eu já tinha esquecido totalmente Joshua Parkerson.

Claro, eu tive uma paixão adolescente por ele há muito tempo - e

todos sabiam disso - mas ele nunca me viu como nada além da

amiga de seu irmãozinho, a garota que ficava com a língua presa

sempre que ele entrava em um cômodo.

Há muito tempo eu havia aceitado o fato de que seus braços fortes

nunca me abraçariam, seus lábios exuberantes nunca

reivindicariam os meus, e seus olhos azuis nunca me veriam como

algo mais do que quem eu costumava ser.

Mas agora ele está de volta à Willow Creek Valley, e há uma nova

faísca entre nós - mesmo que ele não consiga enfrentá-la. Nossa

química é explosiva, e sempre que estamos juntos, eu juro que

posso sentir a terra tremer.

Isso não significa nada... como poderia significar? Eu já o esqueci.

Até ver aquele pequeno sinal de adição cor-de-rosa, e a terra parar

de girar completamente.

Agora eu quero tudo de novo, uma vida com ele. Mas Joshua

construiu muros ao redor de seu coração por uma razão, e seus

segredos o assombram.

Como posso mostrar-lhe que os fantasmas de seu passado não

têm que definir o futuro de nossa nova família?


Eu sou a pessoa mais patética do mundo.

Pronto. Eu disse isso. Não quero mais ser e, portanto, superei

Joshua Parkerson.

Superei. Ele.

Ele não está interessado. Ele deixou bem claro que não sou a

garota certa para ele, e isso significa que estou seguindo em frente.

Assim que eu descobrir como parar de olhar para aqueles olhos

azuis e querer chorar.

— Delia? — Minha melhor amiga, Jessica, estala os dedos na

frente do meu rosto. — Está me ouvindo?

— Sim, desculpe.

Ela me observa, com os lábios franzidos, e então suspira. — Se

serve de consolo, acredito que ele tem sentimentos por você. Ele é

teimoso.

Isso realmente não é um consolo, porque nada vai

mudar. Dançamos em torno de nossa atração, fingindo que não nos

queremos - ou bem, ele finge. Ele me beija e depois vai embora. Ele

me olha como se quisesse me devorar e depois foge, agindo como se

eu fosse louca.

Bem, eu não vou ser mais assim. Eu superei ele.


Sim.

É sua culpa, realmente. Se ele não tivesse sido tão doce na

noite em que conversamos por horas, eu nunca o teria amado.

Mas ele foi, e essas são as consequências.

Só piorou com o tempo. Ele era mais velho, mais inteligente,

mais engraçado do que todos os garotos estúpidos que conheci. Já

que Alex Parkerson era meu melhor amigo, eu também estava perto

de Josh o tempo todo, e isso tornava meu coração estúpido.

Esse tempo acabou. Josh não me quer, e eu cansei de

persegui-lo.

— Não importa, — eu a tranquilizo. — Eu o superei.

Isso me faz rir. — Superou?

— Superei sim.

— E quando essa revelação aconteceu?

Eu encolho os ombros, olhando para o bolo de aniversário na

mesa. — Agora mesmo. Decidi que já chega..

— Bem, espero que isto dure mais do que da última vez.

Eu adoraria repreendê-la, mas a realidade é... Ela está

certa. Eu já estive nessa estrada antes e estava indo bem até que sua

bunda sexy e taciturna apareceu em Willow Creek Valley. Desde

então, voltei ao trem do amor que sempre para na estação da solidão.

— Será.

Pode ser.

Mas hoje não é um dia para eu pensar ou me preocupar com

Josh e seus problemas. É um dia muito especial, é o aniversário da


filha de Grayson. Hoje celebramos Amelia e todas as suas

maravilhas. Jessica se superou planejando este baile para sua nova

enteada que ama.

— Você pode carregar este bolo para mim? Juro que não

consigo sentir o cheiro sem querer vomitar — Jess explica enquanto

o empurra em minha direção.

— Não era para o enjoo ter acabado?

— Era sim, — Jess diz, esfregando a barriga inchada. —

Comecei a me sentir melhor, e então, na semana passada, foi um

inferno de novo. O cheiro de baunilha é o que está realmente me

matando, o que é muito divertido, já que tudo tem um toque disso.

Estou tão feliz que provavelmente nunca terei filhos. Estar

grávida parece miserável. As costas de Jessica doem, ela vomitou

como uma louca e tem mudanças de humor - mudanças realmente

divertidas.

Amelia salta para dentro. — Jessica! Compramos bolo de

baunilha? Eu amo baunilha. É meu bolo favorito. Quando minha

nova irmã chegar, vou alimentá-la com bolo e ajudá-la com o dever

de casa.

Jess força um sorriso, mas ela aperta os lábios. — Mm-hm —

ela cantarola sem abrir a boca.

— Podemos comer agora? Papai disse que é hora do parabéns.

Jess aperta a boca com a mão. Eu rio um pouco e entro para

salvá-la. — Que tal eu carregá-lo para você, Melia?

— Mesmo?

Eu concordo. Amelia gosta de mim. Eu sou a moça legal que

dá guloseimas para ela quando Jess e Grayson não estão


olhando. Nós também nos unimos por causa de nosso ódio

compartilhado pela dona do estúdio de dança. Amelia é travessa o

suficiente para empurrar seus limites. Se algum dia eu tivesse uma

filha, gostaria que ela fosse assim.

— Preparados? — Eu pergunto enquanto levanto o bolo.

Melia sai na minha frente, gritando para que todos venham

cantar para ela. Eu entro na sala de jantar, olho ao redor para ter

certeza de que é aqui que vamos cantar, e Josh está bem na minha

frente.

Eu mudo para a esquerda, e ele também - na mesma maldita

direção, e não há para onde ir. Tento torcer, mas é tarde demais. Em

vez de o bolo ir para a mesa, ele acaba se espatifando entre nós,

engessando nossas camisas.

— Oh meu Deus — eu digo rapidamente.

Os olhos de Josh se movem para baixo enquanto partes do bolo

caem no chão. — O que...

— Está tudo bem, certo? Quero dizer, não é assim tão ruim.

Ele levanta uma sobrancelha. — Estamos usando o bolo dela.

Fico calma porque essa é a única opção. — Ela vai me matar.

— Ela vai nos matar.

— Não se mova, — eu digo com meus olhos fechados. — Talvez

possamos salvar isso.

Eu coloco minhas mãos para baixo e me inclino para trás,

orando a Deus para que o bolo ainda seja uma espécie de bolo.

Quando eu olho, é pior. É um desastre.


Eu gemo. — Não. Sem chance.

— Eu era o favorito dela — ele diz quase para si mesmo.

— Não, todos nós sabemos que Ollie é.

Josh bufa. — Bem, isso vai ajudá-lo.

— Ela me amava também.

Só então, Amelia invade a sala. Seus olhos se arregalam e suas

mãozinhas voam para a boca. — Meu bolo!

— Eu sinto mui...

— Foi minha culpa, — Josh interrompe. — Eu encontrei Delia

por acidente e quebrei seu bolo, Monkey 1 .

Seu lábio treme e eu juro que estou prestes a desabar em

lágrimas. — Está tudo bem, tio Josh.

— Oh, querida — eu digo rapidamente enquanto mais bolo cai

de nossas camisas no chão de madeira. Jessica anda atrás de mim e

examina a cena.

— O que...

— Tivemos um incidente com bolo.

Ela engasga e tapa o nariz. — Eu vejo isso.

— Vá para a outra sala, eu vou limpar.

Ela pega a mão de Amelia e sai da sala.

— Sobre o que era tudo isso? — Josh pergunta.

1 Apelido carinhoso dado à personagem.


— Ela desenvolveu uma aversão à baunilha.

Grayson entra, olha para o que antes era o bolo e coloca uma

lata de lixo e um rolo de toalhas de papel. — Só você, Josh.

— Ei, não fui só eu.

— Eu também tive uma parte. — Eu assumo minha parcela de

culpa. Se eu tivesse colocado o bolo antes de virar, nada disso teria

acontecido.

— Não se preocupe, Deals, eu nunca culparia você. Todos nós

sabemos que é sempre culpa de Josh.

Josh mostra o dedo para ele. — Cuzão.

Gray o ignora e se dirige a mim. — Escute, eu preciso ajudar

Amelia já que Jess está ficando enjoada, você acha que pode limpar

isso?

— Claro — eu digo rapidamente.

— Obrigado.

Pego as toalhas de papel e começo a trabalhar. Primeiro, limpo

tudo da minha camisa, observando que as manchas rosa de glacê

provavelmente nunca vão sair. Excelente. E agora eu preciso ir para

casa e me trocar antes de ir para o trabalho em algumas horas.

Então, desisto de tentar me limpar e me ajoelho para começar

a limpar o bolo respingado no chão.

Josh pega a lata de lixo e se agacha. — Aqui, vou ajudar.

Juntos, nós limpamos a bagunça que era o bolo de Amelia

enquanto Stella e Gray consolam Amelia.


Stella entra na sala com um sorriso no rosto ao nos ver. —

Vocês dois fizeram uma bagunça, mas eu consertei. Não tenham

medo. Voltei a ser a favorita.

Josh zomba. — Isto é o que você pensa.

— Eu não penso isso, Joshua, eu sei disso. Tia Stella, tio Jack

e Kinsley vão à loja para comprar seis tipos diferentes de sorvete e

todas as coberturas que fazem desde que o tio Josh arruinou o bolo

dela.

Ele revira os olhos. — Aproveite enquanto durar. Vou ganhá-la

de volta.

— É melhor você começar a economizar porque a única

maneira de isso acontecer é comprar um elefante para a menina.

— Ela acena apenas com as pontas dos dedos. — Vejo você mais

tarde, matador de bolo.

Eu rio, e seus olhos encontram os meus. — O quê? — Eu

pergunto.

— Nada, só não ouço você rir com frequência. É lindo.

Eu o superei. Eu o superei.

— Eu rio muito — eu digo um pouco na defensiva.

— Eu não quis dizer que você não faça isso, você simplesmente

não faz isso perto de mim.

— Talvez eu não tenha nenhum motivo para rir, então.

isso.

Seus longos cílios caem e ele suspira. — Eu sinto muito por

Eu quero criticá-lo, mas não o faço porque não vale a pena. E

não vou mais gastar tanta energia com Joshua. — É o que é.


Ficamos de pé ao mesmo tempo e eu balanço. Os braços de

Josh me envolvem rapidamente, ajudando a me firmar.

Ele está tão perto.

Tão perto, e Deus, ele cheira tão bem. Eu fecho meus olhos,

inalando profundamente enquanto sua colônia se mistura com

baunilha, que eu amo. Eu coloco tudo isso na memória - o calor de

seu corpo, a sensação de suas mãos na minha pele e o som de sua

voz profunda retumbando em meu ouvido.

Então eu olho para cima, má ideia, e vejo seu lindo rosto. A

forma como seus olhos azuis são intensos e penetrantes. Como sua

mandíbula está coberta de barba marrom, eu gostaria de poder sentir

enquanto o beijo e corro meus dedos sobre o ângulo agudo de sua

mandíbula. Há uma cicatriz acima de sua sobrancelha esquerda que

ele ganhou de Alex quando ele jogou uma pedra em sua cabeça. Fora

isso, sua pele cor de creme não tem manchas e... é sedosa.

Josh me solta e eu limpo minha garganta. — Obrigada.

Ele acena com a cabeça e, em seguida, olha para suas

roupas. — Bem, isso não vai funcionar.

— Não, — eu digo com uma risada. — Não apenas porque

estamos uma bagunça, mas também porque Jessica não nos permite

sentar em nenhum móvel ou chegar perto dela porque cheiramos a

baunilha.

— Claro, eu não posso nem me trocar aqui porque as roupas

de Grayson são dois tamanhos menores.

Josh é o mais alto dos irmãos Parkerson e o mais largo. Oh, e

ele é o mais sexy.

Caramba.


Eu quis dizer teimoso. Não é mais sexy.

Ok, bem, ele é os dois.

— E Jessica está com suas roupas de maternidade. Na semana

passada, ajudei-a a mudar todas as suas roupas normais para a casa

da mãe, já que não há espaço no armário aqui. Vou voltar para casa

agora e me trocar.

— É bom que você more perto. Você pode se trocar e eu tenho

que ficar no bolo por uma hora.

— Pense nisso como tendo seu bolo e usando-o também — eu

digo com um sorriso e saio.

A mão de Josh agarra meu bíceps, me parando. — Eu vou nos

levar.

— Nos levar para onde?

Seus grandes olhos azuis me encaram, fazendo minha

respiração falhar. — Para ir se trocar.

O que eu ouço disso é... vamos ficar nus juntos.

Eu mentalmente me esbofeteio. Não nus. Nós não. Não

nós. Sem nada.

— Eu posso dirigir sozinha. Obrigada mesmo assim.

Ele olha pela janela. — Bem, você está presa graças a ser a

primeira aqui.

Caramba. — Vou usar apenas uma das camisas de Grayson.

Não há uma chance no inferno de eu ir a lugar nenhum com

Josh sozinha. Não porque eu tive cerca de um milhão de fantasias de

como isso vai acabar, mas porque estarei cercada por ele.


Eu simplesmente não estou fazendo isso.


— Para onde vamos primeiro? Na minha casa ou na sua? — Eu

pergunto enquanto ela se senta no banco do passageiro.

— Uh. — Ela geme e então bate a mão no rosto.

— O quê?

Delia balança a cabeça. — Nada. Eu não me importo. Não é

como se este dia pudesse ficar pior — ela murmura a última parte

sob sua respiração.

— Ok, a sua.

Tive ideias ruins, mas provavelmente essa é a pior. Fiz tudo ao

meu alcance para manter Delia Andrews longe da minha vida. Eu a

empurrei, fingi que não a via como nada além daquela garota de olhos

de corça que me olhava como se eu fosse um herói, tudo em vão.

Ela não é aquela garota. Ela é uma guerreira fodona. É isso

que ela é. Ela nunca desiste e sempre me deixa em suspense.

E agora, estou levando-a para sua casa, onde ela ficará nua,

que é algo que fantasio desde que estive em Willow Creek.

Má. Ideia.

Assim que as palavras saíram da minha boca, era tarde demais

para retirá-las. Eu não sou nada se não for teimoso.


Nós dirigimos pela cidade, ela olhando pela janela e eu fazendo

o meu melhor para não notá-la. Não que eu já tenha sido muito bom

nisso. Eu a vejo em todos os lugares e, quando ela entra em uma

sala, sinto que não consigo respirar.

Então me lembro que nunca mais vou passar por isso.

Não vou amar outra pessoa nem deixar que me amem, apenas

para falhar quando for mais importante.

Eu aprendi minha lição.

Eu só queria que meu pau recebesse a mensagem.

— Então, como vai o trabalho?

Ela sorri. — É bom.

— Ouvi dizer que você conseguiu a promoção.

— Consegui. — A voz de Delia é calorosa. — Ronyelle conseguiu

o cargo de Gerente de Operações e eu consegui seu antigo emprego. É

uma coisa muito boa.

— Como está Ronyelle?

Eu sempre gostei dela. Ela é doce, tem um senso de humor que

você não pode deixar de rir, e sempre dá mais do que pede. Estou

ansioso para vê-la.

— Ela está ótima. Ela melhorou a fábrica tanto como gerente,

que não foi surpresa que tenha conseguido a promoção. Tenho a

sensação de que ela vai continuar subindo também.

— Bom. Eu senti falta dela.


— Estaremos na casa de Jennie amanhã. Ela toma café da

manhã com os gerentes todos os domingos. Você deveria passar por

lá.

— Talvez eu vá — eu digo com um sorriso.

— Tenho certeza de que ela vai gostar disso. Mesmo que você

esteja de volta à cidade, você não está realmente por perto —

acrescenta Delia.

É verdade. Eu fico longe da cidade, a menos que esteja

visitando Amelia. Eu gosto do meu tempo longe. Depois de lutar por

meu pai por anos, estou gostando de reservar um tempo para não

fazer nada além de caçar ou caminhar.

— Já que Kinsley está aqui, Stella nos pediu para dar a eles

algum tempo sem medo de esbarrar com eles — digo como desculpa.

O outro motivo é ela.

Delia se agita muito. Ela tem sido como uma estrela cadente

na minha vida. Ela é brilhante e fugaz. Algo que você deseja tocar,

mas sempre evita, porque não foi feito para ficar parada.

Já tive uma dessas uma vez e sei o que é perdê-la.

— Faz sentido, mas agora Kinsley está mais perto de vocês,

então... — Delia responde com um sorriso.

— Então talvez eu volte mais.

— Bom. Para responder à sua pergunta original, o negócio é

ótimo, obrigada por perguntar. O dinheiro extra também não faz mal.

— Você recebeu um bom aumento? — Eu pergunto.

— Um muito bom. Isso vai me permitir fazer algumas

melhorias necessárias na minha casa. Gray foi bom o suficiente para


me colocar em contato com alguém que faz reformas, e vou reformar

o piso primeiro. Depois disso, acho que posso cuidar da cozinha.

— Sim?

Ela acena com a cabeça. — Minha cabana é ótima, mas precisa

de um pouco de amor. Você verá quando chegarmos lá.

Sim, e então vou sonhar comigo e com ela naquele andar,

fazendo todo tipo de coisa.

Eu limpo minha garganta. — Mal posso esperar. Você sabe que

eu também posso ajudar?

— Ajudar a renovar? — Delia pergunta com uma pitada de

surpresa.

Juro que acabei de pensar em como evitei a cidade por causa

dela e agora aqui estou eu, abrindo minha boca grande e me

oferecendo para ficar mais perto dela. — Se você quiser.

— Você não sabe que as pobres meninas nunca recusam mão

de obra gratuita? — Delia diz com um sorriso.

— Eu não disse que estava livre.

Ela ri. — Como se sua cunhada fosse deixar você me cobrar.

— Yeah, yeah. — Essa não é a única razão pela qual eu não

aceitaria o dinheiro dela. — Para onde agora?

Ela me diz para virar na próxima à direita e, em seguida, me

orienta além da loja da esquina.

É um lugar bonito, pequeno, e parece que teve a parte externa

pintada recentemente, mas os canteiros de flores estão crescidos

demais e uma de suas calhas está pendurada por um fio. Não

importa como seja por fora ou por dentro, é melhor do que o trailer


em que estou morando. Tenho certeza de que ela pelo menos tem

água encanada e eletricidade não fornecida por um gerador.

— Como eu disse, — sua voz está mais alta do que antes —

isso precisa ser consertado.

— Tudo o que vale a pena precisa ser consertado.

— Até você? — Ela pergunta e então seus olhos se

arregalam. — Merda. Desculpa. Eu não quis dizer isso.

Solto uma risada, não querendo fazê-la se sentir mal. — Você

não está errada. Provavelmente preciso de mais trabalho do que

qualquer pessoa.

Seu rosto cai ligeiramente. — Vou ultrapassar aqui, mas se não

disser isso, nunca direi. Você tem pessoas que o amam e farão

qualquer coisa para ajudá-lo, mas você tem que aceitar a oferta deles

para ajudar.

— Não sou bom em aceitar ajuda — admito.

— Ninguém é bom nisso, mas aprendemos que às vezes é

preciso nos humilhar. Experimente, Josh. E enquanto você está

nisso, talvez trabalhe para não afastar as pessoas. O amor não é um

castigo. É incrível e maravilhoso. Ele cura e nos permite seguir em

frente.

— Eu não afasto o amor. Eu amo minha família e meus amigos.

— Certo. Eu sei que você ama.

— Não é disso que você está falando, é? — Eu pergunto, mas

ela morde o lábio e desvia o olhar.

— Eu não deveria ter dito nada.

— O que você quer, Delia?


Seus lábios se abrem, e posso ver a luta em guerra dentro

dela. — Não importa. Nunca tive a chance de conseguir o que quero.

— Não conseguimos o que queremos na vida.

Ela balança a cabeça e ri. — Não, não conseguimos. Mas pelo

menos tive a coragem de querer mais. — Delia sai do carro sem olhar

para trás e eu me sento aqui, sentindo como se ela tivesse me dado

um soco no estômago.

Todos esses anos, não sei se ela alguma vez foi tão

ousada. Claro, ela diz coisas, mas sempre foi mais sutil. Isso não

foi. Antes que eu perceba, estou correndo atrás dela. Tenho mais

coragem do que ela pode compreender. Ela acha que é fácil querer

algo e negar a si mesmo?

Pego seu pulso e ela engasga, virando-se para mim. — O que

você quer dizer?

— Quero dizer?

Eu olho para baixo em seus olhos cor de café, em busca de

respostas. — Sim, que coragem eu não tenho?

— Me beija.

Eu pisco, meus olhos instantaneamente se movendo para seus

lábios. — O quê?

— Você me ouviu, Josh. Me beija. Isso é o que eu quero. É o

que sempre quis. Eu tenho coragem de pedir, você tem coragem de

fazer isso?

Nossa respiração fica um pouco mais profunda. Eu movo

minha mão para cima em seu braço enquanto a outra serpenteia em

torno de suas costas, puxando-a para mim.


Sinos de alerta tocam na parte de trás da minha cabeça, mas

estou muito chateado, muito desafiado, para me conter.

— Você quer que eu te beije? — Eu pergunto, precisando ter

certeza de que não estou sonhando.

— É isso que você quer?

Foda-se, sim, é. Eu quero beijá-la e fazer muito mais. O que

não quero é machucá-la ou mentir para ela. Eu me importo muito

com ela para fazê-la pensar que existe alguma chance de haver um

nós. Tudo isso pode ser luxúria. Eu não tenho um coração para dar

a ela. — Sim, mas você tem que entender.

A respiração sai de seus lábios. — Entender o quê?

— É isso... esse beijo, não muda nada. Eu não posso te dar

mais.

Uma risada suave flui ao nosso redor. — Nunca pedi mais.

Dou um passo à frente, empurrando-a de volta contra a porta,

e então faço o que quero desde que pisei de volta em Willow Creek

Valley. Inferno, desde a última vez que a segurei, quase quinze anos

atrás.

Eu a beijo.


Ele é tudo que eu lembro, mas tentei esquecer.

As mãos de Josh se enredam no meu cabelo, empurrando

minha cabeça para o lado enquanto sua língua desliza contra a

minha. Ele me beija com força e depois com suavidade, brincando

comigo como fez em toda a minha vida.

Eu não me importo se isso será tudo que terei. Eu gosto disso

porque agora vou saber o que é estar em seus braços quando não há

delírios entre nós.

Não sou uma garotinha que se apega a quaisquer sonhos

desesperados que tenho sobre o que nossa vida poderia ser. Eu já sei

- não há vida para nós.

Tudo que existe é isso.

É luxúria, enlaçando seu caminho através de nós, nos ligando

enquanto nossas bocas permanecem fundidas. Eu empurro todos os

meus desejos por mais e pego o que ele está dando.

Minhas mãos sobem por suas costas, segurando seus ombros

fortes, puxando-o para mais perto. A madeira fria contra minhas

costas é o oposto do calor em meu peito. Eu gemo baixinho enquanto

ele me beija com mais força.

Sim, Deus, sim.

Ele tem gosto de baunilha e menta misturados com pecado.


Uma vez, há muito tempo, Joshua Parkerson me beijou e me

arruinou por anos. Parece que ele está determinado a fazer isso de

novo.

Ele move a mão para a porta e a abre, fazendo-me cair para

trás, mas ele me pega rapidamente.

Nós nos encaramos, minhas mãos em seu peito, minha

respiração soando como se eu tivesse corrido uma maratona. E eu

tenho. Há anos que faço a mesma corrida e agora vejo a linha de

chegada.

Sei que já o esqueci.

Sei que isso é tudo que será, e... Eu não me importo. Eu quero

isso. Eu quero o que diabos isso pode ser - uma vez. Eu finalmente

saberei como é estar com ele e então poderei ir embora.

Ele me solta e passa as mãos pelos cabelos. Esta é a minha

única maldita chance, e não posso deixá-lo se convencer do

contrário.

— Josh, por favor — eu digo, e isso é tudo o que preciso.

Ele caminha em minha direção em dois passos decididos, e

então suas mãos estão no meu rosto, me segurando antes que nossos

lábios se fundam novamente.

Eu rasgo sua camisa, puxando-a para cima e sobre sua

cabeça. Eu nem tenho um segundo para olhar para ele porque

nossas bocas não conseguem ficar separadas por tempo suficiente.

Os dedos de Josh puxam o tecido da minha camisa, e eu o

ajudo, tirando-a enquanto subo em direção ao meu

quarto. Caminhamos nos beijando por todo o caminho. Uma parte

de mim se preocupa que, se pararmos, sairemos dessa névoa e

lembraremos de todas as razões pelas quais isso é uma má ideia.


Em primeiro lugar, estou apaixonada por ele.

Em segundo lugar, ele não me ama.

Mas não estou pedindo mais. Eu quero o que ele oferece agora

- sexo.

— Deus, Delia. — Sua voz é profunda e parece uma carícia.

— Pare de falar, — digo a ele quando entramos no meu

quarto. — Eu não quero palavras. Eu não quero falar. Eu só quero

sentir e tocar e...

— Foder? — Ele termina.

Eu concordo. — Não há ilusões aqui.

Talvez se eu disser, eu realmente acredite.

— Bom.

Josh me levanta e eu rio enquanto ele me deixa cair na

cama. — Sem palavras, hein?

Eu encolho os ombros. — Sujas estão bem.

— Sim? — Josh sorri. — Quer que eu lhe diga o que planejei?

— Não sabia que você tinha um plano.

— Eu tenho. Já faz muito tempo que penso nisso — ele

confessa, e minha frequência cardíaca acelera.

Não, Delia. Não deixe que essa afirmação signifique mais. Não

é que ele sonhou com você, apenas transando com você.

— Entendo — digo o mais indiferente que posso.


Seus olhos cor de jeans tornam-se quase líquidos quando ele

passa o dedo pelo meu peito, parando no botão da minha calça

jeans. — Eu pretendo desnudá-la.

— Bom começo.

— Então vou lamber cada pedacinho de cobertura ou bolo que

sobrou em seu corpo.

— Agora eu gostaria de ter me banhado nele.

Ele sorri. — Eu também, mas não se preocupe, querida. Não

pretendo parar por aí.

Eu gosto disso. — Não? — Eu pergunto, minha voz baixa e

corajosa.

Josh engancha os dedos no passador da calça, me puxando

para que ficasse contra ele. — Não.

Seus lábios pairam sobre os meus, e nós inspiramos um ao

outro. — O que mais você quer fazer, Josh?

— Eu quero provar cada centímetro de você. Eu quero deslizar

meu pau dentro de você e foder até que você não possa pensar em

mais nada além de mim. Eu quero te levar tão alto, que você nunca

vai descer. Eu quero que este seja o melhor dia da sua vida e nada

se compare a como eu farei você se sentir.

Não acho que ele tenha que trabalhar muito para isso, porque

não há nenhuma chance no inferno de que vou pensar em outro

homem depois disso.

— Bem, eu acho que esse seu plano tem mérito.

Ele desabotoa o botão da minha calça, e nossos olhos não

quebram quando o som do zíper deslizando ecoa pelo quarto. —


Deite-se e vamos rezar para que o bolo caia onde eu realmente quero

minha língua.

Ele puxa minha calça, descobrindo que eu não uso calcinha,

tornando isso muito mais eficiente.

Eu fico aqui, ofegante, e Josh paira sobre mim, olhando para o

meu corpo. Ele levanta minha mão, chupando meus dedos um de

cada vez, depois desce pelo meu braço, onde há glacê. Eu gemo

quando ele leva um tempo extra lá, sugando a mistura açucarada.

— Você tem um gosto tão doce. Eu me pergunto, você é doce

em todos os lugares?

Meus olhos se fecham enquanto ele move sua boca para o meu

peito, lambendo meu mamilo antes de mordê-lo de brincadeira.

Eu olho para ele. — Bem, esse ponto é mais doce?

— Um pouco, mas eu acho... — ele para de falar quando seu

dedo passa um pedaço de bolo no meu pescoço. — Eu acho que você

ficará muito melhor mais baixo.

— Você acha?

Seu dedo desliza lá, roçando meu clitóris. — Sim, e olha, tem

um pouco de bolo.

Eu mordo meu lábio inferior. — Você vai limpar isso?

— Sou um homem de palavra — diz ele antes de se abaixar,

puxando-me para a beira da cama, e então sinto sua boca em

mim. Josh lambe, suga e sacode meu clitóris, me empurrando em

direção ao clímax muito mais rápido do que nunca.

É ele.

É sempre ele.


Quando eu faço um barulho, ele se concentra naquele ponto

novamente.

Minha respiração está difícil e começo a murmurar palavras e

o nome dele. Ele oblitera minha capacidade de pensar quando chega

o orgasmo mais intenso da minha vida. Onda após onda de prazer

me toma até que eu luto para respirar.

Josh sobe ao meu lado, sua mão descansando na minha

bochecha. — Oi — ele diz com um ar de arrogância que merece.

— Oi. — Eu mal consigo falar entre as respirações. — Isso foi...

— Bom.

— Qual é o próximo passo no seu plano? — Eu pergunto

quando começo a voltar à realidade.

Ele sorri. — Muita foda.

Eu fico de joelhos. — Eu tenho um pedido.

— O que é?

— Já que isso é tudo que teremos, eu quero... — Eu me inclino,

empurrando-o de volta para o colchão. — Fazer... — Minha mão se

move para sua calça, imitando a maneira como ele tirou a minha. Eu

puxo suas calças, seu pau saltando livre, e eu me inclino. — Isso.

As mãos de Josh voam para o meu cabelo enquanto eu o levo

profundamente. Eu uso todas as habilidades e truques que vi para

deixá-lo louco, o que ele parece gostar porque seus quadris começam

a se mover.

— Merda. Delia. Porra. Baby. Eu... — Josh gagueja, e adoro

estar deixando-o louco.


Outra bombada, e então ele me puxa de cima dele e me

empurra de costas novamente. Ele pega um preservativo em sua

carteira e o coloca mais rápido do que eu jamais pensei ser possível.

Nossos olhos se encontram, e é como se o momento falasse

mais alto do que qualquer palavra poderia. Não há retorno. Não

vamos mais fingir que não sabemos como o outro se sente no

encontro mais intenso que duas pessoas poderiam ter. Josh estará

dentro de mim, em todos os sentidos.

Eu me estico, pressionando minha palma na base de seu

pescoço. — Termine o plano — eu digo, de alguma forma parecendo

confiante.

Eu não pisco. Eu não me movo, respiro ou recuo enquanto ele

se alinha. A expressão de êxtase em seu rosto quando ele desliza é

uma que guardarei na memória. Quando seus olhos se fecham e ele

encosta a testa na minha, permito que a lágrima caia.

Porque eu sei, independentemente de quaisquer mentiras que

eu me alimente, nunca serei a mesma novamente.


— Onde diabos vocês dois estiveram? — Jessica pergunta

quando voltamos para a festa.

— Desculpe, havia tráfego chegando a Melia Lake — Josh

explica, então eu não tenho que mentir para minha melhor amiga.

— Oh, eu tentei ligar para você. — Ela olha para mim e eu

encolho os ombros.

— Eu não ouvi.

Mentira. Eu ouvi bem alto enquanto estávamos fazendo

sexo. Então, quando estávamos nos vestindo. E novamente

enquanto esperava que ele se limpasse em sua casa.

— Bem, você está aqui agora. Stella e Jack levaram Kinsley de

volta, já que só têm mais alguns dias com ela. Você acabou de perder

a saída de Alex, ele disse que tinha que lidar com alguma coisa, só

Deus sabe o quê, mas Oliver ainda está aqui.

A mão de Josh se move para minhas costas. — Com licença —

ele diz e se afasta.

Eu o vejo ir, já sentindo a perda dele. Ugh, eu sou uma maldita

estúpida.

— Então você superou ele, hein? — Jess pergunta baixinho, e

eu olho para ela.


— Sim, superei. — Não é uma mentira total, eu estive no topo

por um período de tempo. Então, quero dizer, é verdade.

— Você está bem? — Ela pergunta, inclinando um pouco a

cabeça.

— Estou bem.

— Eu sei que você sempre teve essa coisa por Josh, e como

todos nós vamos fazer negócios juntos, imagino que seja difícil para

você tê-lo na cidade em tempo integral.

Há alguns meses, Josh, Alex e Oliver voltaram para a cidade

porque todos os irmãos deixaram a empresa de seu pai e decidiram

começar seu próprio empreendimento. Com Grayson possuindo um

pedaço de terra muito grande, foi uma decisão fácil para os cinco

construir seu próprio resort.

— Está tudo bem, Jess. Verdade. Josh e eu... bem, sabemos o

que somos e o que não somos.

— Mesmo assim, seu coração quer algo diferente.

Eu sorrio para ela. — Estou feliz que minha cabeça saiba a

verdade.

Ela suspira profundamente e envolve as mãos em volta do meu

braço. — Sabe, não faz muito tempo, eu não sabia se Grayson e eu

ficaríamos juntos, mas deu certo.

— Você e Grayson são diferentes.

— Verdade, mas eu tenho que acreditar que seu coração vai

conseguir o que quer.

Jessica é a mais doce. Ela passou por muito para chegar onde

está agora. Eu não tenho o luxo que ela tinha quando se tratava de

Gray. Ele a amou - sempre. Josh não me ama e nunca amou.


— Tenho um ótimo trabalho, minha mãe está saudável, sou

dona da minha casa e meu melhor amigo está de volta. Acho que meu

coração tem tudo de que precisa.

— Você também quer uma família, Deals.

— Sim, — eu concordo. — Eu também quero um homem que

pensa que o sol brilha na minha bunda, mas isso é uma

fantasia. Estou totalmente bem sendo uma tia incrível para seus

filhos.

Ela esfrega a barriga. — Você será a melhor.

— Tenho certeza de que Stella vai lutar comigo por isso.

Jess bufa. — Stella trabalha com suborno, é um jogo rápido.

Entramos na sala de estar onde os três irmãos Parkerson

restantes estão assistindo ao jogo de futebol. Amelia se senta no sofá

entre Josh e Ollie, chamando a atenção deles sempre que ela exige.

É triste porque, se Josh se permitisse a oportunidade, ele seria

um pai incrível. A maneira como ele adora Amelia mostra isso.

Mas não é problema meu. Não somos nada mais do que duas

pessoas que fizeram sexo fantástico.

O alarme do meu telefone toca.

— Eu tenho que ir — eu explico para Jess.

— Já?

— Eu tenho trabalho.

três?

Ela me dá um sorriso triste. — Você está me deixando com os

— Você se casou com um.


Jessica geme. — Bem. Acho que estou presa a ele.

— Eu posso te ouvir! — Grayson grita do sofá.

— Eu não estava tentando ficar quieta — ela diz de volta.

— Ligarei para você esta semana e podemos almoçar — digo

enquanto pego minha bolsa do balcão.

— Ok.

— Tchau, Amelia. Feliz aniversário, Monkey!

— Tchau, tia Delia.

Eu amo que no espaço de alguns meses, ganhei o que parece

ser uma família inteira. Minha mãe e eu estamos sozinhas desde que

meu pai morreu quando eu tinha quatro anos. Fizemos tudo bem,

mas tem sido solitário. Jéssica se mudar para casa foi como trazer

minha irmã de volta, e com ela veio uma família inteira.

Beijo a bochecha de Jess, aceno para os caras e vou para o

meu carro. Já que todo mundo foi embora, posso realmente sair da

garagem agora.

Quando chego ao lado do motorista, Josh grita: — Delia,

espere.

Eu me viro, colocando um sorriso no rosto. — Ei.

— Você está indo?

— Eu tenho trabalho.

— Certo, era por isso que você precisava se trocar...

Não sei se já vi Josh perturbado. Esta é uma boa mudança. —

Você precisava de algo? — Eu pergunto.


— Não, eu queria ter certeza de que você estava bem.

— Estou bem, Josh.

Ele chuta o chão, mandando uma pedra voando. — Eu sei. É

apenas...

— Que eu tenho uma queda por você, bem, desde sempre e

agora fizemos sexo? — Eu termino o pensamento.

— Essa é uma maneira de colocar as coisas.

Eu pressiono minha mão em seu peito e sorrio. — Eu estou

bem. Sou uma garota crescida que não tem ilusões sobre o que

acontece agora. Era sexo, sexo realmente ótimo e... bom, obrigada.

— Obrigada? — Ele pergunta com uma cadência em sua voz.

— Sim, eu agradeço.

Os olhos de Josh se arregalam por um segundo e então ele

parece quase chateado. — Eu não fiz isso por gratidão.

Bem, bem, se eu não estivesse vendo isso em primeira mão,

não acreditaria. Ele está bravo. Bom. Estou brava e frustrada com

ele há anos. — Certo, mas eu pedi para você me beijar. Eu

praticamente incitei você.

— É isso que você acha?

Eu encolho os ombros. — É a verdade. Eu não sou estúpida,

Josh. Eu sei como são os rapazes.

— Sabe?

Não há como confundir o tom duro de sua voz. — Olha, eu

tenho que ir. Te vejo por aí, ok?


Josh, sendo um cavalheiro, dá um passo à frente e abre minha

porta para mim. — Sim, nos veremos por aí.

Forço um sorriso casual e entro no carro. — Tchau, Josh.

— Tchau, Delia. — Ele fecha minha porta, e sinto vontade de

socar os punhos ao sair dirigindo.

Delia um.

Josh zero.

Eu entro no prédio na porra das nuvens, assobiando enquanto

caminho.

— E por que você está tão feliz? — Ronyelle pergunta com a

cabeça inclinada para o lado.

— Eu... fiz sexo.

Seu sorriso fica mais largo e ela joga o cabelo preto para o

lado. Eu começo a caminhar em direção ao escritório e ela ri. — Isso

mesmo, safada!

Eu faço o que ela diz e ando com um pouco de uma arrogância

que eu não sabia que possuía.

Quando chegamos ao escritório da gerente, ela aponta para a

cadeira. — Com quem você fez sexo?

— Joshua Parkerson.


Os olhos de Ronyelle se arregalam. — Sinto muito, você acabou

de dizer Joshua Parkerson? Como o homem por quem você está

apaixonada desde que estávamos na escola primária? Esse Joshua

Parkerson?

Eu me inclino para trás no assento. — O mesmo.

— Você é estúpida?

Meu queixo cai. — O quê?

— Delia, eu te amo, mas você é. Você não pode fazer sexo com

Joshua Parkerson e fingir que não é grande coisa.

— Eu não estou fingindo.

Ela franze os lábios e levanta uma sobrancelha. — É assim

mesmo?

— Estou plenamente ciente de que é um grande negócio. Mas

você não vê? Isto é uma coisa boa.

Ronyelle cruza os braços. — Oh, mal posso esperar para ouvir

essa besteira.

Eu amo minha amiga, mas agora... não muito. — Não é

besteira.

— Você fica aleatoriamente com o cara no bar, não o cara com

quem você sonha se casar há mais de uma década. — Ela se move

para se sentar ao meu lado, e seus olhos castanhos estão cheios de

simpatia. — Você sabe que te amo.

— Eu sei.

— É por isso que preciso dizer que você vai ter seu coração

pisoteado.


— Meu coração está fora disso — eu a tranquilizo.

O som que escapa dela diz que ela não acredita em mim. — Ok,

digamos que seja verdade, você acha que fazer sexo com ele não

complica as coisas?

Eu gemo. — Você está matando meu barato pós-sexo.

— Estou matando suas ilusões, é isso que estou matando.

Pego a mão dela, apertando-a suavemente. — Eu sei que você

está apenas cuidando de mim, e eu te amo muito por isso, mas nós

fizemos sexo, estou bem, e é isso. Provavelmente nunca mais

acontecerá, então deixe-me ter meu dia de triunfo.

Sua mão marrom escura cobre a minha. — Tudo bem, mas

quando você desmoronar, o que vai acontecer uma vez que você

achar que está claro, não diga que não avisei.

— Eu não vou.

— E não seja estúpida o suficiente para fazer isso de novo.

Com isso, eu recuo. — Eu apenas disse que não faria isso, mas

por que diabos eu iria rejeitá-lo se ele oferecer?

— Oh, Senhor, — ela diz baixinho. — Porque você vai se

machucar. Ele não. Ele provavelmente está bem equipado para lidar

com sexo sem restrições. Ele está solteiro há muito tempo, e você não

pode me dizer que um homem tão bonito foi um monge.

Eu faço uma careta. — Eu não penso sobre isso.

— Claro que não. — Ela ri. — Ninguém quer pensar

nisso. Finjo que meu marido nunca esteve com outra mulher. Eu sei

que é mentira. Mas ele me permite. Por quê? Porque é melhor para

todos nós.


Eu suspiro profundamente. — O barato está morto.

— A névoa se foi?

— Sim.

Ronyelle acena com a cabeça uma vez. — Bom. Agora, você tem

duas pessoas que ligaram e o gerente geral quer que você aumente a

produção neste turno. Seja bem vinda para ser uma gerente.

Eu resmungo e fico de pé. — Eu deveria ter gritado.

Ela se levanta e vai se sentar atrás da mesa. — Mas então você

estaria em sua névoa e vivendo no mundo da lua.

Eu ando até a porta. — Eu gosto do mundo da lua!

Eu a ouço rir enquanto eu saio, e quando chego ao final do

corredor, paro, encosto na parede e repasso o que ela disse. Então

eu fecho meus olhos por um segundo e xingo a mim mesma. — Ela

está certa, eu sou estúpida.


Minha família está se desintegrando e não posso consertá-los.

Eu odeio essa sensação. Eu sou um consertador. O irmão mais

velho que sempre foi aquele a quem recorreram. É meu trabalho

tornar as coisas melhores, mas não posso fazer isso desta vez.

Stella e Jack estão lidando com uma situação impossível com

sua filha, e tudo que eu quero fazer é melhorar tudo.

Essa sensação de roer minhas entranhas me deixa inquieto, o

que me leva a precisar me afastar do trailer. De alguma forma,

quando entrei no carro, dirigi até Willow Creek, desci pela cidade,

passei pela casa de Grayson, pelo loft de Stella e por uma estrada

lateral na qual não tenho nada que fazer.

Na frente de uma casa da qual eu não deveria estar.

Não paro na garagem porque não tenho certeza do que diabos

estou fazendo aqui. Tudo que sei é que quero vê-la novamente.

Dormimos juntos há quatro dias e não liguei, o que me torna

um idiota.

Então, agora estou aqui.

Como um idiota.


Eu coloco o carro em movimento, mas então vejo Delia abrir a

porta, uma caneca na mão, e ela sorri enquanto se inclina no batente

da porta.

Não há como sair dessa. Eu estaciono o carro novamente, saio

e aceno. — Ei.

— Ei, por quanto tempo você planejava ficar do lado de fora?

Eu ri. — Como você sabia que eu estava aqui?

— Eu vi você estacionar. — Então ela aponta para o canto da

casa. — Eu tenho câmeras.

— O crime aumentou em Willow Creek enquanto eu estive fora?

Ela sorri. — Não, mas sou uma mulher solteira que mora em

uma área arborizada.

— Ainda assim, você não tranca suas portas, — eu digo com

uma sobrancelha levantada.

— Verdade, porque eu tenho as câmeras. Quando comprei a

casa, Grayson as instalou para que eu me sentisse confortável.

Agora sei a quem agradecer por minha estupidez estar

gravada. — Estou feliz que você esteja protegida.

Ela ri. — Elas não fazem nada além de me informar que alguém

está aqui. Todos nós sabemos como o xerife é inútil com seu tempo

de resposta estelar.

Eu subo os degraus, parando na frente dela, odiando a vontade

que surge, querendo beijá-la novamente. O olhar de Delia está preso

no meu. — O que está errado?

Minha cabeça se move um pouco para trás. — O quê?


— Algo está errado.

— Nada está errado.

— Josh, — sua voz é suave. — Eu te conheço, e algo está te

corroendo, é por isso que você está aqui.

Esse sentimento roendo meu intestino fica mais insistente. Eu

odeio que ela possa me ler. Eu vim aqui para... inferno, não sei o quê,

mas não era isso. Falar sobre como Stella e Jack estão sofrendo ou

como meu pai é um pedaço de merda que está tentando destruir

minha mãe não mudará nada. Depois, há o estresse de estar aqui de

novo, ver Delia e saber que, se eu deixá-la entrar, vou decepcioná-la,

assim como fiz com todo mundo.

— Estou aqui porque queria ver você, — digo a ela a meia

verdade.

— Para?

— Para ter certeza de que você estava bem.

Porque eu senti sua falta.

bem.

Ela balança a cabeça lentamente. — Estou completamente

Eu não estou.

Eu me aproximo. — Estou feliz.

As pupilas de Delia dilatam ligeiramente. — Você está bem?

Estarei assim que te beijar.

Minha mão se move para seu rosto e eu escovo meu polegar

contra seu lábio inferior. — Eu não deveria estar aqui, — confesso,

lembrando-me de como sou estúpido.


— Então por que você está aqui?

A mão de Delia se move para o meu pulso, seus olhos

castanhos olham para mim. Eles estão cheios de algo que não

consigo nomear. Eu a estudo, querendo saber todos os seus segredos

e rezando para que ela nunca descubra os meus.

Estar com ela daquela vez foi um erro. Não saciou o desejo de

tê-la, me fez desejá-la mais. Eu sei o que é estar com ela, sentir seu

calor ao meu redor, e eu preciso fazer isso de novo.

Eu amo o gosto do café em sua língua, os sons que ela faz

enquanto me beija mais profundamente. Tudo nela é atraente. Delia

sempre foi minha sereia e agora que atendi ao chamado, não vou

conseguir mais parar.

— Não sei, — digo sem pensar.

Ela puxa minha mão de seu rosto, entrelaçando nossos

dedos. — Você quer entrar e descobrir isso?

— Descobrir o quê?

quer.

O lábio inferior de Delia desliza entre os dentes. — O que você

— Eu sei o que quero.

— Sim?

Eu concordo. — Eu não deveria aceitar isso.

Eu deveria entrar no meu carro e sair. Deveria dar meia-volta,

dirigir de volta para Melia Lake e fazer o que puder para manter

minha bunda lá. Essa é a coisa certa a fazer. Mas então eu olho em

seus olhos e quero me afogar neles.


Eu fico aqui. Tocando-a, segurando sua mão, permitindo que

ela me console quando eu não mereço.

— E se eu quiser dar?

— Quem disse que era você? — Eu me oponho.

Ela ri uma vez. — Certamente não é por causa de sua

personalidade encantadora. — Suas costas estão contra o batente da

porta e ela me puxa para mais perto. — Mas vá em frente, minta e

me diga que não.

Eu balanço minha cabeça lentamente, movendo-me em direção

aos lábios dela. — Eu não deveria.

— Mas aqui está você.

— Por que você está fazendo isso?

— Porque é o que eu quero.

Minha testa repousa sobre a dela, nossas respirações se

misturando à medida que o desejo de beijá-la cresce a cada

segundo. — Diga-me para sair, — eu imploro.

— Por que eu faria isso? — Delia pergunta com voz rouca.

— Porque você deveria.

Ela levanta o rosto, sua mão movendo-se para o meu queixo. —

Pegue o que quiser, Josh. O que nós dois queremos.

Sem outra palavra ou pensamento, eu a beijo e pego tudo

porque sou um bastardo egoísta.


— E vocês, rapazes, não sabem nada sobre mulheres, — diz

Fred. Ele e Bill estão sentados nessas mesmas cadeiras na

lanchonete desde que me lembro. Eles são velhos e oferecem opiniões

com ou sem você pedir.

Bill acena com a cabeça. — Não é como em nossos dias.

— E que dias foram esses? — Eu pergunto antes de tomar um

gole do meu café.

Não sei por que estou encorajando isso, mas quem sabe, um

dia pode ser eu e meus irmãos. Seremos os mais velhos, sentados em

nosso lugar favorito, falando merda para as gerações mais jovens.

— Os dias em que os homens não eram um bando de amoresperfeitos.

Íamos até uma mulher de quem gostávamos e a

convidávamos para sair.

— Não quero convidar ninguém para sair, — rebato.

O tópico de hoje são os irmãos Parkerson que ainda estão

solteiros. Fred e Bill decidiram que é hora de ouvir suas palestras, e

Jennie, que normalmente amo, está escondida do outro lado das

portas de vaivém da cozinha, ouvindo e rindo.

— O inferno que você não quer, filho. Ouça aqui, você pode

pensar que sabe o que quer, mas não sabe, — Fred continua.

— E você sabe o que eu quero?

Bill ri. — Nós temos olhos, não temos?

— Você não tem bom senso, — murmuro.

— Nós também podemos escutar, então tome cuidado, Joshua

Parkerson. Não me importo de levar você para fora e te ensinar a


lutar, — ameaça Fred. A parte triste é que não acho que ele esteja

brincando.

— Me desculpe.

Ele resmunga e olha para Bill, que continua. — Nosso ponto é

que você gosta da garota Andrews. Ela é doce, aquela Delia. Cuidou

da mãe dela quando ela estava doente, nem mesmo hesitou.

Fred levanta sua caneca. — Isso mesmo. Quando uma mulher

abre mão de seus próprios sonhos para cuidar de outra, essa é uma

boa mulher. Ele é um tolo por não ver isso.

Estou ciente de como Delia é maravilhosa. Ela simplesmente

não está no meu futuro. Os últimos quatro dias tornaram difícil

lembrar disso. Tenho pensado nela constantemente. A maneira como

ela se entregou a mim sem qualquer hesitação. Depois de fazermos

sexo, sentamos à mesa dela, tomamos uma xícara de café e então eu

saí. Sem cordas. Sem problemas. Sem arrependimentos.

— E o que ela quer? — Eu pergunto. Porque Delia parece

completamente bem com esse arranjo. Nós ficamos e não pedimos

nada à outra pessoa.

— Você não está ouvindo uma palavra do que estamos

dizendo?

Eu olho para Fred, me sentindo como se estivéssemos em uma

conversa circular estranha. — Estou ouvindo. — Só não entendo

porque sentem necessidade de dizer alguma coisa.

— Eu me pergunto se é o pai deles, — diz Bill.

— Ele também é um idiota, — diz Fred.

— Teve uma mulher maravilhosa e a arruinou.


Fred franze os lábios enquanto acena com a cabeça. — Eveline

era doce antes de Mitchell aparecer.

— Então, estamos pensando que a estupidez vem do lado dele.

— Deve ser.

Bill e Fred se voltam para mim. — Talvez seja melhor ele ficar

longe. Melhor não arriscar.

Eu rolo meus olhos. — Graças a Deus eu tenho vocês dois para

me esclarecer.

Bill sorri. — Você deveria nos agradecer porque somos uma

bênção. Agora, você vai seguir nosso conselho ou continuar sendo

um idiota?

Eu não tinha percebido que havia um conselho em algum lugar

ali. Até agora, tudo que ouvi é que sou um amor-perfeito e

estúpido. — E que conselho seria esse? Achei que você tinha acabado

de dizer que eu era estúpido.

Fred bufa. — Você claramente não está ouvindo, estúpido.

— Não tenho ideia do que você está dizendo.

— Para convidar a garota Andrews para sair! — Bill exclama e

então solta um longo suspiro.

— Eu não quero convidar Delia para sair. Se eu quisesse, eu

teria feito.

— Então é uma coisa boa eu não estar sentada esperando por

você, — Delia diz ao meu lado.

Merda.


Bill se vira rapidamente para Fred, de costas para mim,

provando que todos falaram. Delia está com um sorriso enorme, mas

por baixo dele, posso ver que a machuquei. — Eu não quis dizer isso.

Ela encolhe os ombros. — Relaxe, Josh, estou apenas

brincando. — Ela se inclina sobre o balcão. — E vocês dois sabem

melhor do que tentar me arranjar um encontro. Da última vez que

vocês tentaram, quase me mudei para evitar ter que vê-lo.

Bill e Fred dão a ela sorrisos calorosos. — Só queremos que

você tenha o que temos.

Delia levanta uma sobrancelha e aponta o dedo. — Eu vou,

quando estiver bem e pronta para encontrar isso. Até então, sem

intromissão.

— Nós não nos intrometemos, — Bill diz um pouco na

defensiva.

— Não? Que diabos foram os últimos vinte minutos? — Eu

pergunto.

— Isso fomos nós o esclarecendo.

Ela ri e eu me viro para ela. — Você acha isso engraçado?

— Claro que eu acho. Pela primeira vez, não sou eu tendo que

ouvi-los me dizer como, em seus dias, eu teria estado casada e criado

uma ninhada de filhos da minha idade. Você é o único que recebe

conselhos não solicitados e geralmente ruins - bem, além de dizerem

para você me convidar para sair, o que todos nós sabemos que não

acontecerá, mas na verdade é um bom conselho.

— Eu poderia te chamar para sair, — eu desafio.


Jennie se aproxima e entrega uma sacola para Delia. — Aqui

está, querida, diga a Jessica que espero que ela esteja se sentindo

melhor.

— Eu vou, — Delia diz com um sorriso. Quando ela se vira para

mim, aquele sorriso desaparece. — Você poderia perguntar, mas... —

Sua voz fica baixa para que Bill e Fred não possam ouvir. — Posso

não dizer sim.

Ela se vira e sai pela porta, me deixando atordoado. Um

segundo depois, uma mão pousa no meu ombro.

— Ela com certeza te deu uma lição.

Eu pisco — Sim.

— Tolo, — murmura Fred.

Bill aperta um pouco e ri. — Ele se deu mal.

Não, não posso.

Eu não vou.

Eu nunca vou.


Jack se superou. Ele não apenas trouxe a família inteira de

Stella aqui para testemunhar o casamento, mas também fez as coisas

certas para Kinsley e seu pai adotivo, Samuel. Foi difícil para Stella

perder a filha, mas ele encontrou um jeito, e eu realmente rezo para

que funcione para eles.

Por hoje, vamos todos fingir que sim e celebrar o amor deles.

— Estou tão nervosa que você pensaria que fui eu quem foi

pedida em casamento, — Jess diz enquanto toma um gole de ginger

ale.

— Não faz muito tempo que foi você.

Ela ri. — Eu sei, e esses bosques são mágicos. Isso é tudo que

eu sei. Duas pessoas que estão destinadas a ficar juntas, pisem neles

aqui e puf... se tornam um casal.

Eu não perco o olhar penetrante em direção a Josh. — Sutil.

Jess dá de ombros. — Eu não estava tentando ser.

— Bom, mas não estamos tendo essa discussão.

— Está bem, está bem. — Ela levanta as mãos. — Não vou dizer

uma palavra.

Não acredito em uma palavra disso, mas deixo passar. — Como

você está se sentindo?


Suas mãos se movem para sua barriga. — Bem. Cansada, mas

bem. Amelia está me deixando maluca, mas ela é incrível. Estou

pronta para ter este bebê para que possamos saber que está tudo

bem.

Ela está tão estressada desde o incêndio. Felizmente, Jessica

não se feriu muito gravemente e não teve muitas complicações com

a gravidez.

— Não importa o que aconteça, você e Grayson vão lidar com

isso, mas até agora, todos os testes foram bons?

Ela sorri. — Eles têm sido. E eu tenho que confiar nisso.

— Você vai.

Jessica vira a cabeça. — O que está acontecendo com Alex?

Eu me viro para vê-lo parado ali, olhando para todos. — Não

tenho certeza. Ele está diferente desde que voltou.

— Eu percebi o mesmo.

— Você acha que tem a ver com a coisa toda com o pai deles?

Alex era mais próximo de Mitchell do que seus irmãos. Não sei

se a proximidade era correspondida, mas costumávamos brincar

sobre como seu pai não fazia nada de errado aos seus olhos. Não

consigo imaginar que seja fácil para ele saber o quão baixo seu pai

iria para sua própria gratificação.

— Poderia ser. Gray não mencionou nada, mas isso não

significa nada. Seu pai está basicamente morto para ele.

Eu concordo. — Eu não o culpo.

Independentemente disso, não pode ser fácil. Deixar a empresa

da família, a segurança financeira que veio com ela e o futuro que


projetaram é uma escolha difícil. Provavelmente foi a melhor coisa

que poderia ter acontecido, porque trouxe a família unida novamente.

— Eu também. Vou me certificar de que tenho Alex aqui logo.

Jessica ganharia prêmios por sua gentileza. É um milagre ela

ser minha amiga. — Eu juro, você é a única razão pela qual as

pessoas ainda gostam de mim.

— Sou? — Ela pergunta em descrença estridente.

— Sim. Você é o doce e equilibra meu atrevimento.

Jess ri. — Eu não equilibro nada disso. Você não perdeu um

grama disso.

— Não, mas é por isso que os caras sempre te amaram. Você

era o sol onde eu era uma tempestade.

Ela bate no meu quadril. — Já que você trouxe à tona o tópico

de caras. Eu ouvi um boato.

Claro que ela ouviu. — Um boato?

— Sobre um certo carro fora de sua casa outro dia.

Jesus. Esta cidade é tão previsível. — Ele foi lá.

— Por algumas horas?

— Não foram poucas.

— E o que vocês estavam fazendo no seu tempo juntos? — Jess

pergunta com um sorriso.

— Parece que você já fez suposições.

— Eu sei que você é uma adulta e é capaz de tomar suas

próprias decisões.


Tomo um gole do meu champanhe e suspiro. — Eu

sou. Obrigada pela confiança.

— Eu confio que você não seja tão estúpida. Além disso, todos

nós sabemos que o sexo complica as coisas, e você não faria isso com

você mesma.

— Não, — eu minto.

— Bom. Vou esclarecer as pessoas. Gray também ouviu, e

Josh garantiu a ele que o boato não era válido.

Oh, ele fez? Que gentil da parte dele me avisar. — Aí está. —

Meu tom é um pouco cortante.

— O que está errado?

— Nada, eu só... Eu odeio que as pessoas estejam falando

sobre mim. É estúpido e mesquinho, sabe? Eu encontrei Fred e Bill

dando a Josh uma conversa sobre como ele precisa ser inteligente e

me convidar para sair. Nada disso é necessário, sabe? Eu superei

Josh. Eu não quero namorar Josh. Eu...

Jess ri baixinho. — Superou ele?

— Sim.

Não sei por que estou incomodada com tudo isso. As pessoas

adoram cuidar dos negócios dos outros enquanto ignoram os seus

próprios. É da natureza humana, mas não entendo por que eles

investem nisso. Josh e eu somos adultos e não há mal-entendidos

sobre o que somos ou o que estamos fazendo.

Sou uma pessoa que está perdidamente apaixonada por ele, na

negação de que não estou, e durmo com ele sempre que posso para

que, quando ele for embora, eu tenha algo em que me agarrar.

Isso é tudo.


Josh é um cara que não sente nada por mim, exceto

luxúria. E... Eu estou bem com isso.

Na maior parte do tempo.

Não realmente.

Ok, de forma alguma, mas sou boa em mentir sobre isso.

Como se convocados por esta conversa, todos os quatro irmãos

Parkerson se aproximam.

A mão de Grayson desliza pelas costas de sua esposa,

descansando em sua barriga. — Como você está?

Ela olha para cima, a adoração tão forte em seus olhos que

rouba meu fôlego. — Eu estou bem.

— Sem enjoos?

Oliver brinca. — Eu estarei.

Eu rio, mas Gray não parece divertido. — Cale-se.

— Tudo o que estou dizendo é que vocês dois já deviam ter

superado esta fase.

Jess suspira. — Um dia, cada um de vocês três vai encontrar

uma mulher que fará o coração disparar e veremos quanto tempo

isso vai durar.

— Ótimo, agora também recebemos conselhos de nossa

cunhada, — diz Josh baixinho.

— Eu não dou conselhos, — Jess rebate. — Eu digo a verdade.

— O que é apenas mais uma palavra para conselho, —

acrescento.


— Ei! — Ela me repreende. — Você deveria estar do meu lado.

— Estou tão feliz por não ter que lidar com nenhuma dessas

merdas, — Alex diz, levantando sua garrafa de cerveja.

— Que merda? — Jess pergunta.

— Nada.

— Acho que Alex está se sentindo excluído, — digo, sabendo

que não é isso que ele está dizendo. Ele bufa, o que considero

permissão para continuar. — Veja, eu acho que Alex gosta de

alguém, mas ele é muito teimoso ou estúpido para dizer qualquer

coisa.

Oliver se anima com isso. — Mesmo?

Eu concordo.

— E quem pode nosso irmão estar desejando? Por favor, me

diga que é alguém por quem podemos dar uma merda.

Alex limpa a garganta. — Eu não tenho sentimentos por

ninguém nesta cidade.

— E quanto a Odette? — Grayson pergunta tão

prestativamente.

— Eu não sinto nada por ela. Na verdade, conversamos na

semana passada e ambos concordamos em deixar essa merda parar.

Eu coloco meu braço no dele e sorrio. — Uma trégua para a

mulher que você ama?

— Ohhh. — Jessica sorri. — Você quer que eu converse com

ela sobre o grande partido que você é?


Seus olhos se arregalam. — Nós temos quinze anos? Não, eu

não quero que você - ou qualquer outra pessoa - fale com ela.

Odette é a proprietária da empresa que está construindo o

Firefly Resort. Ela é linda, inteligente e inequivocamente atraída por

Alex. Quando eu perguntei a ele sobre isso, ele disse que eles ficaram

juntos, mas foi uma noite que ele tentou esquecer.

— Eu prometo, amor não é o que está em minha mente. É mais

sobre como estar de volta aqui... está me deixando com coceira.

— Comichão pela mulher que você ama? — Jess provoca.

— Absolutamente não.

— Eu não tenho certeza sobre isso, — eu digo com um sorriso

provocador.

— Eu costumava amar você.

— Você ainda ama.

Alex balança a cabeça. — Devíamos estar conversando sobre

por que Josh estava em sua casa outro dia. — O olhar de Josh deve

fazer Alex entrar em combustão, mas ele sorri de volta para ele. — O

quê? Não gostou da mudança de assunto?

— O que isso importa? — Josh pergunta.

Eu limpo minha garganta. — Não foi grande coisa. Eu não

entendo porque vocês se importam.

A sobrancelha de Alex levanta e ele se vira para mim. —

Oh? Você não entende por quê? Talvez você tenha esquecido que eu

era seu melhor amigo quando éramos crianças. — Ele se vira para

Josh. — Bem, o que você estava fazendo lá?

— Ele veio ver o chão, — eu respondo Alex.


— Eu estava pegando algo. — Josh fala ao mesmo tempo.

— Qual é? — Alex cutuca.

Posso sentir a raiva de Josh irradiando, e tenho certeza de que

todo mundo também pode. Ele não gosta de ser questionado e

definitivamente não gosta de mentir, então essa situação vai chegar

a um ponto crítico muito rapidamente se eu não desarmar.

— Odette! — Eu chamo seu nome, acenando para ela. — Eu

queria te perguntar uma coisa.

Ela se aproxima, sorrindo para todos. — Claro, em que posso

ajudar?

— É uma coisa de decoração, na verdade, — eu digo

rapidamente. — Eu estava contando a Josh outro dia sobre como vou

remodelar minha cabana em breve.

— Oh! Isso é maravilhoso.

Eu sorrio. — Sim, estou muito animada. Josh estava dizendo

que eu deveria cuidar da cozinha, mas é uma grande tarefa. Grayson

vai fazer o piso em apenas uma sala para mim, certo, Gray? — Eu

mudo para ele.

— Sim, esta semana. — Ele olha para Josh. — Você está

ajudando também?

— Sim. Eu disse a Delia quando a levei para casa após o

desastre do bolo que eu faria.

Eu solto um suspiro pesado. O clima e a discussão mudam à

medida que os irmãos começam a falar sobre a melhor maneira de

rasgar o chão e colocar o novo. Eu não poderia me importar menos

se eles falassem sobre isso por horas, porque significa que eles não

estão discutindo sobre mim ou Josh.


Nesse momento, Alex se volta para nós. — Ok, temos um plano.

— Oh? Eu deveria estar assustada?

— Não se preocupe. Nós cuidamos isso. Josh vai passar por

aqui esta noite para medir novamente, já que Grayson é conhecido

por ser um pouco idiota quando se trata de escrever coisas, e então

vamos começar a trabalhar.

— Isso tudo parece promissor, — eu digo com um sorriso.

— É. Dê um passeio comigo? — Alex pergunta com a mão

estendida.

— Umm... Certo. — Eu o sigo para fora, caminhando em

direção à área do bar. — Está tudo bem? — Eu pergunto.

— Não tenho certeza, Deals.

Alex sempre foi difícil de ler. Ele não é como seus irmãos em

muitos aspectos. Josh é o protetor, sempre procurando maneiras de

ajudar a todos. Grayson é o provedor, que garante que tudo corra

bem. Stella é a gerente em todos os sentidos, e Oliver é o

brincalhão. Ele garante que todos se lembrem de relaxar um pouco,

mas Alex, bem, ele é sério e um pouco quebrado.

— Basta começar do início e seguimos partir daí.

Alex passa os dedos pelo cabelo escuro. — Estar de volta a esta

cidade é como uma porra de um túnel do tempo. Você já se sentiu

assim?

Eu rio. — Sim. Acho que todo mundo aqui.

— Eu amo meus irmãos, mas...

— Mas?


Ele suspira, olhando para as árvores. — Eu não pertenço aqui.

— E o resort? — Eu pergunto.

Ele encolhe os ombros. — Eu não vou embora, mas eu odeio

esta maldita cidade. Eu odeio ter que ver minha mãe e me preocupar

em encontrar meu pai. Mas é como se nada tivesse mudado e, ainda

assim, tudo mudou...

Seus olhos se movem para onde Winnie está. Há muito tempo,

Alex tem sentimentos por Winnie, mas nunca agiu de acordo com

eles.

— Ainda? — Eu pergunto.

Ele balança a cabeça. — Não, ainda não. Estou feliz que ela

esteja feliz. Mas é isso, é como se todos se encaixassem aqui.

— Você também, Alex. Você é um Parkerson.

— Eu sei, e quando voltei, não pensei muito sobre isso. Gray

precisava de nós, e eu nunca deixaria meu irmão esperando. — Eu

tomo um gole do meu champanhe, esperando que ele diga mais. —

Esqueça, — diz ele com uma risada. — Estou sendo um idiota de

merda. Willow Creek é minha casa, e meus irmãos são o que importa.

Ele quer dizer mais coisas, mas eu pedir que elabore não

ajudará em nada. Então, eu apenas sorrio.

— Você é um bom homem.

— Eu também sou inteligente.

— E humilde, — acrescento.

— Meu comentário inteligente foi porque eu vejo o que diabos

está acontecendo com você e Josh.


Eu tomo outro gole, não querendo me envolver. Ele é tão bom

em esperar quanto eu, no entanto. — Não há nada comigo e Josh.

Ele inclina a cabeça para o lado. — Mesmo?

— Sim.

— Está bem então.

dois.

— Eu superei ele, — eu digo novamente para o benefício de nós

— Certo.

— Superei.

Eu olho para Josh, que está olhando para mim. Meu coração

está batendo forte e me sinto tonta. Deus, ele é tão gostoso. Eu quero

correr para ele, puxá-lo para a floresta e me sujar de uma maneira

totalmente diferente.

Eu preciso de um psiquiatra.

Eu olho para trás para Alex, e ele ri. — Certo. Você o superou

completamente.

Eu me pergunto quanto tempo vai demorar antes de eu

começar a acreditar na minha própria mentira.


Às vezes, as coisas são simplesmente perfeitas. Este é um

desses momentos. Fui encarregado de ir à casa de Delia para medir.

Isso não é tudo que pretendo fazer aqui.

Ela ainda está usando o vestido que usou na festa de Stella, e

eu luto contra a vontade de pegá-la.

— Ei.

Ela engole profundamente e solta um suspiro lento. —

Oi. Olha, você não tem que fazer isso. Tenho certeza de que você tem

coisas melhores para fazer.

Eu sorrio com a abertura. — Posso pensar em algumas coisas

que são melhores para o chão do que medir.

— Isso não foi o que eu quis dizer.

Agora me sinto um idiota. — Certo. Claro que não.

— Não é que eu não queira fazer sexo de novo, — Delia diz

rapidamente.

— Ok.

— É que é estúpido, Josh. Teremos que explicar isso a seus

irmãos ou irmã. Eu não... Eu não quero ouvir sobre o quão burra eu

sou.


— Por que teríamos que dizer qualquer coisa a eles, mas o mais

importante, por que você acha que é burra?

— Porque... cada pessoa que me acusou de dormir com você

me disse isso. E talvez eles estejam certos. Talvez eu esteja me

iludindo pensando que estou bem com apenas uma conexão

aleatória.

— Não somos aleatórios, Delia.

Ela bufa e continua indo. — Não é como se eu tivesse feito um

bom trabalho em esquecer você. Quer dizer, eu fiz. Eu superei

você. Caso você não saiba.

— Isso é reconfortante.

— Mas isso não muda o fato de que, por muito tempo, eu não

superei você.

Eu franzo meus lábios e aceno lentamente. — Mas você

superou agora?

— Sim. No sentido de que não estou mais escrevendo

secretamente Sra. Delia Parkerson em meu diário. Somos amigos que

simplesmente transam, certo?

— Sim, nós somos amigos, Delia. Além disso, não estamos

fazendo nada de errado.

— Oh, eu sei disso. Sou uma mulher adulta de trinta e dois

anos. Não estou procurando por amor - não de você, pelo

menos. Entendido.

Tento não ficar ofendido com a última parte, mas fico. —

Não. Não de mim.

Ela solta uma risada. — Não mesmo. Você sabe que não me

ama, e você não vai me amar.


Ela está errada. Não é que eu não a amaria ou não a amo. É

que amá-la não muda meus sentimentos em relação aos

relacionamentos. Posso amá-la e também manter essa parte de mim

à distância.

— Não é por sua causa.

bem.

— É você, — Delia diz sem pausa. — Eu não entendo, mas está

Eu gostaria, por apenas um momento, de colocar tudo para

fora. Compartilhar a dor e a angústia do meu passado, mas isso não

mudará as coisas. Isso não vai me curar. Alguns dias, não entendo

porquê não posso simplesmente deixar o passado para trás, mas não

consigo. A única coisa que sei é que nunca, jamais amarei alguém só

para que possa ser tirada de mim novamente.

De jeito nenhum.

É melhor para todos os envolvidos se mantivermos as coisas

assim.

— Não está bem.

Ela esfrega a têmpora e dá um passo para trás. — Talvez não

esteja, mas é a realidade.

— Sim é.

Os olhos de Delia ficam marejados, mas ela força um sorriso. —

Eu sinto muito. Estou sendo emotiva e você não merece. Acho que

ver Stella tão feliz hoje me deixou um pouco perturbada. Por que você

não vem e mede para que possamos realmente fazer os pisos?

Eu entro na cabana e Delia vai para outra sala. Pego minha fita

métrica e começo a trabalhar, anotando tudo para que meus irmãos

e eu possamos encomendar o material e fazer isso para ela.


Quando termino, caminho em direção ao quarto e a encontro

meio vestida. — Ei.

Ela se vira, puxando a camisa pela cabeça para que eu não

possa mais olhar para seus seios perfeitos.

— Ei. Você mediu?

— Sim.

— Ok.

— Você está indo para o trabalho? — Eu pergunto.

— Não, hoje é meu dia de folga. Eu estou indo para Jess para

a noite de pizza.

Minha cunhada é uma ameaça que vou estrangular. Bem, eu

faria se ela não estivesse grávida e apaixonada pelo meu irmão.

Ainda assim, ela fez isso de propósito. Eu sei isso.

— Que tal eu te levar até lá?

— Você também vai?

vez.

— Vou, — eu digo, e então Delia começa a rir. — Pela primeira

— Quando ela te perguntou?

— Dois dias atrás.

Ela ri mais forte. — Deus, ela é tão transparente.

— O que significa que está tentando nos juntar.

Delia acena com a cabeça. — Eu a amo e tudo, mas... eles

realmente precisam de alguma habilidade quando se trata de ser

furtivos. Ela me ligou há dois dias, perguntando se eu queria fazer


pizza à noite, porque Amelia estava triste porque Stella e Jack não

apareciam há um tempo.

— Ela disse a mesma coisa para mim, mas acrescentou que

Alex e Oliver estavam ocupados, então eu tinha que ir.

— E todos nós sabemos que você não pode dizer não a nada

para Amelia, — Delia diz com um sorriso.

— Eu sou massa de vidraceiro nas mãos daquela garotinha.

Eu amo Melia e faria qualquer coisa que ela pedisse. Isso é

especialmente verdadeiro se eu sei que vai irritar Grayson, e foi por

isso que ela ganhou um violino no Natal do ano passado. Nada diz

mais férias do que o barulho de um violino às cinco da manhã.

— Bem, vendo que nós dois vamos, que tal eu dirigir?

— Você quer ir para lá juntos? — Delia pergunta. — Não em

carros separados?

— Isso é um problema?

Ela morde a unha do polegar. — Não, isso significa apenas que

você tem que me trazer para casa.

Onde vou orar para que ela me peça para entrar...

— Eu imaginei isso.

Delia suspira. — Ok. Certo. Por que não?

Eu tenho cem motivos, a maioria deles são sexuais, mas eu

mantenho minha boca fechada e a sigo até o meu carro.


— Você acha que minha nova irmã vai gostar de bonecas? —

Amelia pergunta, jogando um balde de plástico no chão.

— Tenho certeza de que ela vai.

Amelia pondera isso enquanto sua cabeça se inclina para o

lado. — Lauren Bennett diz que bonecas são estúpidas e ela as

odeia. Ela gosta de ler.

— Todo mundo gosta de coisas diferentes. Quando éramos

pequenos, seu pai odiava beisebol e gostava de futebol, mas eu

amava beisebol.

Ela me entrega uma boneca. — O papai gostava de bonecas?

Oh, isso é muito fácil. — Ele gostava. Ele ainda gosta

disso. Especialmente descabelá-las 2 . Você deveria pedir a ele para

ver.

— Josh! — Delia entra naquele exato momento. Seus olhos

estão arregalados, mas ela está tentando - e falhando - esconder o

sorriso.

— O quê?

— Você sabe o quê.

Eu encolho os ombros, fingindo que não tenho ideia de por que

ela pensaria que eu disse algo errado. Delia se abaixa ao meu lado. —

Qual é sua favorita? — Ela pergunta a Melia.

— Esta.

Ela segura uma boneca que parece ter passado por um moedor

de carne. Faltam pedaços de cabelo, o rosto está cheio de maquiagem

2 Trocadilho sexual, (sem Tradução definida) a autora usa a palavra “blow up ones”


com canetinha mágica e alguém deve ter mastigado suas

mãos. Estou um pouco horrorizado com minha sobrinha.

— Essa é a sua favorita? — Eu pergunto em descrença.

— Ela é a mais legal delas. Ela teve uma vida difícil.

— Sim, eu posso ver isso.

Melia me entrega a boneca. — Papai diz que, embora ela seja

uma bagunça, ela precisa ser amada.

— Ele é um homem inteligente, — Delia diz com uma pitada de

reverência. — Eu acho que, às vezes, aqueles que parecem os mais

prejudicados têm os corações mais gentis.

— E esta? — Ela segura uma boneca de aparência perfeita.

— Ela é a bruxa má.

— Mas ela está usando um vestido de baile rosa! Como ela é

uma bruxa? — Eu pergunto a Amelia, completamente confuso.

— Tio Josh! — Ela lamenta. — Você não vê? Suas entranhas

estão podres.

— Oh, sim, agora eu vejo. — Eu me viro para Delia, me

perguntando o que diabos há de errado com essa criança.

Delia sorri, pegando a boneca. — Talvez ela precise de mais

amor. Talvez suas entranhas estejam apodrecidas porque seu

coração está partido.

Amelia se senta sobre os calcanhares. — Você pode amar

alguém melhor?

— Eu acho que sim, — Delia diz enquanto escova o cabelo da

boneca. — Acho que podemos oferecer bondade, amor e amizade a


todos. — Ela abaixa a cabeça e sussurra a próxima parte. — Mesmo

os mal-humorados ou malvados como seu tio.

A risada que escapa de Amelia é musical e doce. — Ele não é

mal-humorado!

— Não?

Ela balança a cabeça. — Não. Ele só precisa de muitos

abraços.

— Eu não.

— Eu acho que você pode estar certa. — Delia sorri e então

toma um gole de seu vinho.

Melia pula para frente e eu a pego facilmente. Seus braços

envolvem meu pescoço e ela beija minha bochecha. Ela se afasta,

segurando minhas bochechas em suas pequenas mãos. — Veja, você

está sorrindo.

— Como não? Você dá os melhores abraços.

Sua cabeça repousa no meu ombro e eu fecho meus olhos por

um momento, imaginando uma criança diferente. Uma vida

diferente. Uma época diferente quando pensei que poderia ser eu.

Na época em que eu estava cheio da bem-aventurada

ignorância da juventude.

Eu poderia ter tido uma família. Eu deveria ter tido isso, mas

aquela vida não estava nas cartas. Eu recebi uma mão

diferente. Uma que é escura, preta e solitária onde eu escolhi ficar.

Nunca mais irei me mover em direção à luz porque, pelo menos aqui,

não há dor.

É um conforto saber como é a sensação de ter perdido tudo e

não há mais nada a ser tirado.


Meu irmão entra com um sorriso largo pintando seu rosto. —

Você está brincando de boneca com o tio Josh?

Melia levanta a boneca que parece ter passado pelo

triturador. — Sim! Tio Josh me disse que você adora brincar de

boneca também, papai.

Eu escondo minha risada, abafando-a como uma tosse.

— O que ele disse?

— Descabelar a boneca.

Não posso evitar, começo a rir, grato por ter vindo jantar.


Não tenho uma enxaqueca como essa há mais de um ano. A

dor é tão forte que dói ficar de olhos abertos, então afundo no chão

do banheiro e os fecho.

Acertou tão rápido e aparentemente do nada.

Eu descanso minha cabeça contra o armário, deixando a

escuridão e o silêncio fazerem o que puderem para amenizá-la.

— Delia? — A voz de Josh está do outro lado da porta. — Você

está bem?

Eu alcanço a maçaneta da porta. Felizmente, é uma alavanca,

e bato com força o suficiente para abrir a porta. — Shh, — eu digo

enquanto pressiono minhas mãos contra minhas têmporas.

— Você está bem?

— Dor de cabeça. Chame a Jess, — eu grito.

A porta se fecha suavemente e, um momento depois, ouço a

voz de Jessica.

Jessica sofreu um terrível acidente de avião e teve uma lesão

cerebral traumática que a deixou com fortes dores de cabeça e

dificuldade para falar. Ela saberá o que fazer.

— Dor de cabeça? — Ela sussurra, empurrando meu cabelo

para trás.


— Sim, é ruim.

— Você tem seus remédios?

— Não, — eu digo suavemente. — Eu não os carrego porque já

faz muito tempo que não preciso deles.

Quando recebi meu remédio para enxaqueca, foi um presente

dos céus. Fiquei de cama por uma ou duas horas, em vez dos dias

que levaria para ficar bem novamente. Não sei o que desencadeou

isso, mas já está furiosa, e sei o suficiente para saber que nada

menos que a prescrição vai impedi-la.

— Eu posso pedir a Josh para ir para sua casa ou você pode

levar um dos meus.

Embora eu saiba que tomar a medicação de outra pessoa é

desaprovado, Jéssica tomava exatamente a mesma medicação e dose

que eu. — Seus, — eu digo, colocando minha cabeça em meus

joelhos.

A água abre e, embora eu saiba que o som não está alto, soa

como um trem passando pelos meus ouvidos.

Jessica pega minhas mãos, colocando o copo em uma e a pílula

na outra. Eu engulo a medicação, e então ela pega o copo de mim.

— Cama? — Ela pergunta.

Eu me movo para o meu lado, deixando minha cabeça

descansar no tapete do banheiro, não me importando por estar no

chão do banheiro. — Não.

— Ok. Vou deixar você deitar um pouco no escuro e em

silêncio, já volto.

Eu a ouço sair e, um segundo depois, alguém me levanta e o

calor me envolve. Eu conheço esses braços. Eu conheço o cheiro do


homem que me envolve em seus braços. O som dos batimentos

cardíacos e da respiração de Josh enche a sala. Ele me aperta contra

seu peito, me segurando com força.

— Josh, — eu começo a protestar.

— Shh, apenas feche os olhos.

Eu faço o que ele diz e me permito me acomodar contra ele,

envolvendo meus braços em torno dele e descansando minha cabeça

em seu ombro. Seus lábios tocam minha testa e eu afundo no

momento. A sensação dele cuidando de mim, dando-me sua proteção

de uma forma que eu nunca pensei ser possível.

A gente fica assim só Deus sabe quanto tempo, e o remédio

começa a fazer efeito, me dando uma trégua.

Eu mexo, e Josh muda um pouco. — Você está bem?

— Melhor.

— Você tem muitas dores de cabeça?

— Não. Não por alguns meses. Era ruim quando eu trabalhava

à noite, mas desde que minha promoção e os níveis de estresse

diminuíram, isso não acontecia. Por que você veio aqui? — Eu

pergunto.

— Porque eu estava preocupado.

Eu suspiro enquanto coloco meu cabelo atrás das orelhas. É

ótimo que ele esteja preocupado, mas devemos fingir que não somos

nada, e isso vai ser mais difícil agora que seu irmão e minha melhor

amiga sabem que ele veio aqui. Meu coração luta com minha cabeça

muito cansada. — E o que Jessica e Grayson vão pensar?

— Eu não dou a mínima para o que eles pensam, — ele

sussurra. — Você é minha amiga, Delia. Acima de tudo o que


aconteceu entre nós, não vou ficar sentado aí, bebendo uma cerveja,

enquanto você está enrolada no chão de dor.

— Eu sinto muito. Eu só... Não quero que as pessoas comecem

a fazer mais perguntas. — Ronyelle sabe o que aconteceu, mas nunca

dirá uma palavra a ninguém. Ela vai deixar seu desdém por minhas

escolhas de vida ser conhecido, mas ela só vai dizer isso para mim.

— Ninguém vai dizer nada, — ele diz, segurando minha

bochecha.

— E como você explicou que veio aqui?

Seu polegar roça minha bochecha. — Simples. Você é minha

amiga e é isso que os amigos fazem. Deixe-os assumir o que

quiserem.

Isso é fácil para ele dizer. Não é ele quem responde a um milhão

de perguntas sobre os rumores na cidade. Ou talvez seja, mas tanto

faz. Sempre é pior para a garota.

Se ele está tentando convencer alguém de que não é digno de

alguém que o ame, ele está fazendo um péssimo trabalho.

Em vez disso, ele é como um cavaleiro de armadura brilhante

que quero montar.

Estúpido.

Eu sou estúpida.

Anos de saudade se acumularam na necessidade de aceitar

tudo o que Josh está oferecendo. Rejeitá-lo seria impossível e não

tenho certeza se posso sobreviver a isso.

Mas então penso nas outras coisas em minha vida que as

pessoas suportaram por amor.


Quando minha mãe foi diagnosticada com câncer quando eu

tinha dezesseis anos, ela lutou muito, venceu e teve uma reincidência

pouco antes de eu ir para a faculdade. Então, eu fiquei e a observei,

ouvi as histórias de arrependimento que ela teve quando pensou que

não sobreviveria.

Só que ela sobreviveu e, desde então, passou todos os dias

fazendo coisas com que sempre sonhou. Ela está viajando, voltando

para a escola e aprendendo a amar a si mesma para que talvez um

dia ela seja capaz de amar outra pessoa novamente.

Eu? Estou aprendendo a foder com as coisas e usar qualquer

desculpa esfarrapada que posso encontrar para segurar as migalhas

que ele está oferecendo.

— Eu gostaria de ir para casa, — eu digo em torno das emoções

furiosas dentro de mim.

— Ok.

Sua mão cai e ele se levanta antes de me ajudar a levantar

também. Uma respiração longa e lenta sai de Joshua e então saímos

do banheiro. As luzes são brilhantes, mas felizmente, não são

dolorosas.

— Ei, — Jess diz, empurrando-se para fora da cadeira quando

entramos na sala de estar.

— Ei. Josh vai me levar para casa. Lamento ter estragado o

jantar.

— Você não estragou nada, — ela responde rapidamente. — Eu

sei muito bem o quão ruim pode ser uma enxaqueca. Estou feliz que

o remédio ajudou.

— Eu também.


Grayson se aproxima e coloca a mão nas costas de Jess. —

Você vai voltar depois de deixá-la?

Josh limpa a garganta. — Não, eu vou voltar para o

lago. Teremos algumas semanas agitadas e quero ter certeza de que

estamos prontos.

— E você vai conseguir isso à noite? — Jess pergunta.

— Logo pela manhã. Alex e eu estamos indo para o local de

construção para ver o que Odette fez e então, eu acho que pescar.

— Certo. — A voz de Gray está baixa, mas parece que ele está

gritando. Não por causa da dor de cabeça persistente, mas por causa

da expressão em seus olhos.

Ele claramente não acredita nisso.

Jessica olha para os dois, balança a cabeça e se move em

minha direção. — Ligue-me amanhã?

— Certo.

— E para a médica.

Eu sorrio. — Sim, mãe. Eu vou.

— Bom.

Dou-lhe um abraço rápido e, em seguida, Josh e eu saímos. A

viagem para minha casa é tranquila. Eu inclino minha cabeça para

trás, observando as casas e árvores por onde passamos. Hoje não foi

como pensei que seria. Estou cansada e minha mente é um campo

minado de perguntas. Eu continuo contornando-as, com medo de

que uma delas detone se eu pisar nele.

Josh para na minha garagem e sai do carro quando eu faço.


Luto para abrir a porta e ele pega minha mão, girando a

maçaneta. O calor de seu corpo me envolve. Eu realmente gostaria

de não ter sentido tanto quando nos tocamos. Seria ótimo se, apenas

desta vez, eu não fosse fraca com ele.

Ele fica assim, embora a porta agora esteja destrancada. Eu

imagino como ficamos em forma de estátua. O calor do seu corpo me

envolve, um braço em volta da minha barriga, sua mão em cima da

minha e seu peito contra minhas costas.

Eu tremo.

— Você está bem? — Sua voz é baixa, vibrando através de mim

como um diapasão.

Eu não me volto para ele. Não movo um músculo enquanto

trabalho para acalmar meu coração. — Estou bem.

— Delia.

— Sim?

— Eu estou apenas...

— Você está apenas? — Eu pergunto, incitando-o a dizer

algo. Nada. Para me beijar. Para me puxar para seus braços como se

estivéssemos em um maldito filme e me dizer como sempre fui eu.

— Eu fico tão em conflito quando estou perto de você.

— Por quê? — Eu pergunto, querendo saber a resposta tanto

quanto temo qual será.

— Porque eu não sou bom para você. Eu vou te machucar e...

— Ele dá um passo para trás, suspirando profundamente. — Eu não

quero. Eu não quero ser o homem que parte seu coração, porra.


Eu vou em direção a ele porque sou uma idiota. Realmente não

há outra razão além disso. Eu quero ele. Eu quero as sobras e os

pedaços que ele está jogando no meu caminho. Tudo vai ser uma

merda em breve, mas posso fazer com que seja bom por agora. De

qualquer maneira, nada na vida é garantido, então posso muito bem

aceitar o que é oferecido.

Talvez eu possa amá-lo o suficiente por nós dois.

— Josh, — eu digo suavemente. — E se você não puder me

quebrar? E se eu for muito mais forte do que isso? E se não for sua

decisão, mas minha?

Eu me movo para ele, minha mão pressionada contra seu peito,

sentindo o latejar de seus batimentos cardíacos. — O que isso

significa?

— Eu não estou pedindo que você me ame, estou apenas

pedindo que não vá embora esta noite.

Eu posso amá-lo. Posso nunca ser capaz de mentir para mim

mesma que quero a porra do mundo inteiro de Josh, mas não sou

ingênua o suficiente para acreditar que um dia terei. Essa é a minha

cruz para carregar.

— Não faça isso... — Minha mão cai e eu me viro em direção à

porta.

— Eu não vou te implorar, — eu digo. — Eu mereço mais do

que isso. Se você não me quer, vá.

Eu o sinto atrás de mim, sua mão se move para a minha

barriga. — Quero você. Deus, eu quero você pra caralho. — Meus

olhos se fecham, o calor inundando minhas veias enquanto sinto seu

lábio tocar minha nuca. — Eu quero algo que é muito melhor do que

eu deveria chegar a tocar. — Outro beijo, agora um pouco à

esquerda. — Diga-me que não posso aceitar.


Se ele fosse qualquer outro homem no mundo, eu o faria. Eu

cerro os dentes, sabendo que nunca vou negar a mim mesma a

oportunidade de tê-lo me tocando.

Sua mão se move para cima, segurando meu seio. Minha

cabeça cai para trás em seu ombro enquanto ele geme contra meu

pescoço.

— Delia, diga-me para parar.

Eu não posso dizer isso a ele. Quero chorar pelo fato de saber

que essas palavras não sairão dos meus lábios. Em vez de chorar ou

sentir tristeza, dou um passo à frente, sua mão caindo. Comecei isso

com ele. Decidi que meu coração poderia lidar com esse acordo

insano. Josh tem sido um sonho para mim, algo que nunca seria

alcançável. Ele não vai pensar no futuro estúpido que eu penso, mas

isso não é problema dele, é meu.

Joshua Parkerson não me deu falsos pretextos, e eu entrei

nisso de qualquer maneira.

Não há uma chance no inferno de eu pular.

Eu o quero demais. Eu o amo, embora não devesse, e não

posso dizer não a ele porque não é o que eu quero.

Ambos estamos respirando pesadamente. — Entre, — eu digo,

e seus olhos se arregalam.

— Não.

— Não?

Ele passa as mãos pelos cabelos. — Você teve uma enxaqueca,

e... Eu sou um filho da puta do caralho.

— Não, você é apenas um bastardo se me deixar agora.


— Você não merece isso.

Eu rio uma vez. — Eu não mereço me sentir

desejada? Procurada? Sexy? Eu não mereço que alguém me veja

assim?

Os lábios de Josh se abrem e ele dá um passo à frente. — Você

é mais desejável e sexy do que qualquer mulher neste mundo. Você

não tem ideia do quanto eu te quero. Eu ando por aqui, tentando

inventar motivos ridículos para ter você de novo.

Oh, essas palavras, eu as queimei na minha cabeça e pretendo

invocá-las muitas vezes no futuro.

— Então entre e me mostre.

— Agora não. Não com você tendo uma enxaqueca.

Tem muita coisa errada com a minha cabeça, mas a enxaqueca

é o menos importante. Eu estendo minha mão, descansando em seu

peito. — Não me faça pedir de novo.

Eu vejo como a tempestade assola seus olhos. O desejo de fazer

o que estou pedindo contra o fato de que estava literalmente enrolada

em uma bola de dor há uma hora.

Minha cabeça está bem e a única coisa que sinto é desejo.

Eu quero todos os minúsculos segundos que puder, segurar e

lembrar depois que ele for embora.

Ele dá um passo à frente, alcançando atrás de mim e girando

a maçaneta.

E então ele me levanta, me carregando para dentro.


Isto está errado.

Isto está errado.

E não tenho força de vontade para impedir.

Por que essa mulher me torna tão estúpido? É como se cada

promessa que fiz a mim mesmo desaparecesse quando ela me

toca. Inferno, quando ela olha para mim.

Sou um idiota, é isso que sou.

Ainda assim, o som do gemido suave de Delia parece se infiltrar

em minha alma, endurecendo meu pau ainda mais.

Nossas línguas lutam uma contra a outra, indo mais fundo,

querendo tomar tudo o que o outro vai dar.

Eu me movo em direção ao quarto dela e então paro, lembrando

de todas as coisas que eu queria fazer com ela neste andar.

— Eu quero você aqui, — eu digo enquanto paro entre a sala

de jantar e a sala de estar. — Eu quero deitar você no chão de

madeira frio, provar você, fazer você gritar.

Seus lábios se movem para o meu ouvido. — Então pare de

falar e faça isso.


Eu a coloco no chão, de pé acima dela, enquanto ela

espera. Deus, ela é linda pra caralho. Tudo nela é perfeito. A forma

como seu cabelo loiro flui ao seu redor, e os olhos cor de conhaque

olhando para mim com tanta confiança que ameaçam me deixar de

joelhos.

Ela observa enquanto eu pego o cobertor da parte de trás do

sofá para ela usar como travesseiro. — Levante a cabeça.

Ela faz.

Eu coloco embaixo dela. A dor de cabeça dela pode ter passado,

mas não vou arriscar.

Delia sorri para mim. — E eles dizem que o cavalheirismo está

morto.

— Não há nada de cavalheiresco no que eu quero fazer com

você, querida.

— Promete?

— Claro.

— Bom. — Ela sorri.

Eu levanto sua saia, e quando descubro que ela não tem

nenhuma calcinha, eu fico olhando para ela.

O sorriso de Delia não desapareceu. — O quê?

— Você não usou nada a noite toda?

— Ou na festa.

— Porra. — Eu gemo profundamente enquanto abro suas

pernas, tendo a vista que venho sonhando. — E você pensou sobre

isso? — Eu pergunto enquanto beijo seu tornozelo.


— O quê?

Eu belisco sua panturrilha enquanto me movo mais alto,

provocando uma risadinha. — Você pensou em eu levantando sua

saia, deslizando minha língua contra seu clitóris, fazendo você

gemer?

Seus olhos se fecham e ela acena com a cabeça.

Eu espero até que seu olhar encontre o meu. — Eu penso nisso

o tempo todo. Eu anseio por sentir você, — eu confesso, sabendo que

isso é um risco. — Quando te vi na festa, quis te levar para trás de

uma árvore... — Eu beijo sua coxa.

— E fazer o quê? — As palavras de Delia são como seda contra

minha pele.

— Afundar em você, levá-la ali mesmo, onde qualquer um

poderia ouvi-la gemendo meu nome. Eu queria ver você desmoronar

em meus braços.

Ela se inclina, segurando meu rosto com as mãos, e juro que

ela pode ver todas as coisas que não estou dizendo. Como eu quero

amá-la. Como eu gostaria de poder tê-la por muito mais tempo do

que vou. Quanto eu daria para ser um homem digno dela, mas nunca

serei.

— Eu gostaria que você tivesse.

Eu fecho meus olhos, sentindo muito desejo por essa garota. —

Você não deveria me querer.

— Bem, — diz ela com uma risada — é tarde demais para isso.

— Um dia, você vai conhecer um homem que vai te dar o

mundo, Delia. Ele vai te amar como você merece e fornecer o futuro

que você deveria ter.


— Esse dia não é hoje, então me dê o que eu quero agora.

— E o que é isso? — Eu pergunto, disposto a dar a ela tudo

que eu puder.

— Você.

O som que vem de mim é mais animal do que humano. Eu

empurro suas pernas para cima enquanto sua cabeça cai para trás

contra o cobertor. Em segundos, minha boca está em sua boceta. Eu

lambo, chupo e deslizo minha língua dentro e ao redor dela. Eu não

posso chegar fundo o suficiente ou forte o suficiente, precisando

arruiná-la para aquele homem em seu futuro.

Um desejo primordial de destruir essa imagem é tão forte que

a torna impossível de ser ignorada. Minha língua bate nela, fazendo

várias formas, e ela geme mais alto. Eu continuo, querendo que este

momento seja gravado em seu cérebro por toda a eternidade.

Ela chama o diabo em mim, que tem a intenção de reivindicála,

embora eu tenha que libertá-la depois.

— Josh! Sim! Jesus! — Sua voz está tensa quando suas mãos

batem no chão de madeira.

Quando deslizo um dedo dentro dela, o calor e a tensão me

deixam doendo. Nunca estive tão duro ou tão desesperado para estar

dentro de uma mulher.

Eu preciso que ela goze. Eu não posso esperar muito mais.

Eu movo meu dedo no ritmo da minha língua e chupo com

força.

Delia desmorona. Seus gemidos, misturados com sua

respiração difícil, enchem meus ouvidos.


Eu me sento, empurrando minhas calças para baixo enquanto

um sorriso nebuloso aparece em seus lábios.

— Eu preciso estar dentro de você, — digo a ela, já rolando a

camisinha.

— Sim, Deus, sim.

Eu me alinho em sua entrada e empurro. Ela engasga, suas

mãos agarrando meus ombros. Não estamos nem pela metade

despidos. Ela está com seu vestido e minhas calças estão em volta

dos meus joelhos, mas me sinto exposto enquanto olhamos um para

o outro.

— Josh. — Ela suspira.

A reverência silenciosa em sua voz me quebra. Eu me afasto,

amando o som de prazer que sai de seus lábios. Empurro de novo,

meu coração disparado, e um acorde que cortei anos atrás começa a

girar de volta ao meu redor. Eu vou mais fundo, sentindo aquela

atração por ela. A necessidade de ter, cuidar, estimar alguém

novamente acenando.

Eu empurro para longe. Eu não posso fazer isso. De novo

não. Não irei quando sei que a dor da perda deixa cicatrizes tão

profundas que desfigura.

Delia balança os quadris para cima, me empurrando ao

máximo. Nossos olhares se fixam, e quando vejo a única coisa que

esperava nunca ver novamente, eu estalo.

Eu vou mais forte, mais rápido, precisando afugentar os

demônios do meu passado. Querendo vencer o amor que vi em seus

olhos. Ela não pode me amar. Eu não vou permitir.

Com cada impulso firme e forte, luxúria e desejo enchem sua

expressão. Isso é permitido.


Ela começa a apertar em volta do meu pau de novo, e é demais.

— Estou perto, — eu a advirto. — Solte, Delia.

Ela agarra meus braços com mais força, seus olhos fecham. —

Sim, mais forte!

Eu faço. Eu bato contra ela, o som de pele batendo e respiração

difícil enche a sala. Ela geme novamente enquanto eu a fodo com

abandono. — Eu... não posso me conter. Você é boa pra caralho!

— Sim! Sim! — Ela grita, e então sua cabeça vira para o lado

enquanto ela grita meu nome.

E eu gozo. Eu não consigo me conter. Eu gozei o orgasmo mais

intenso da minha vida.

Meus braços cedem e uso toda a minha força para não desabar

completamente. Ambas as nossas respirações estão irregulares, e

demoram-se longos momentos antes de eu estar ciente o suficiente

para me afastar dela.

É então que eu sinto.

A diferença. A viscosidade e o calor são muito mais intensos do

que deveriam.

A força que eu havia perdido retorna conforme eu empurro.

— Porra! — Eu digo enquanto retiro, vendo a ponta da

camisinha vazia e o rasgo visível. — Porra.

Delia se senta. — Me dê alguma coisa.

Eu arranco minha camisa, dando a ela. Minha mente anda em

círculos, enlouquecendo e pensando em como lidar com isso. —

Delia...


Não há nada que eu possa dizer que não me torne o maior

idiota de todos os tempos ou mude a situação.

— Relaxe, Josh. Está tudo bem, — ela diz enquanto se

levanta. — Estou tomando pílula. Eu tomo há anos.

Eu corro minhas mãos pelo meu cabelo enquanto puxo minhas

calças para cima. — Eu só...

— Eu sei. Você não quer uma família e, acredite, também não

é isso que eu quero. Eu quero filhos com um homem que os quer

comigo.

— Ok. É, não. Eu só...

— Entendo. Não vou mentir e dizer que não houve um

momento em que meu coração parou naquele momento.

Solto um suspiro profundo e aceno com a cabeça. — Sim,

foi... um... momento aí para nós.

— Foi. — Delia sorri suavemente. — Escute, eu também estou

limpa. Só para você saber. Eu faço o teste anualmente e tudo isso.

— Eu não pensei... — Eu gaguejo porque agora me sinto como

um idiota. — Isso não passou pela minha cabeça, mas eu estou da

mesma forma. Eu faço o teste e sempre fui cuidadoso.

Delia se inclina, beijando minha bochecha antes de ir para o

banheiro. Sem camisa e inseguro, pressiono minha mão contra

minha têmpora e passo. Que diabos? Eu nunca tive uma camisinha

rompida assim.

Ela está tomando pílula, o que é basicamente a única coisa que

me mantém são agora. Ela não parecia preocupada - nem um

pouco. Isso tem que ser uma coisa boa, então vou seguir o seu

exemplo.


Delia retorna e me entrega um moletom. — Provavelmente vai

ser um pouco apertado, mas é o melhor que posso fazer. Era... de um

amigo.

Ela está me dando a blusa de outro homem. — Estou bem.

— Josh, está frio lá fora.

Não há a menor chance de eu estar usando a roupa de outro

cara. Um cara que esteve aqui, que a tocou, que sentiu como é estar

com ela.

Estou uma bagunça. Tantas emoções conflitantes passam pela

minha cabeça. Estou chateado com o rompimento da camisinha,

além de sem palavras sobre como é bom estar dentro dela nu, furioso

com a ideia de ela estar com outros caras, e tudo que eu quero fazer

é puxá-la em meus braços.

— Eu deveria ir, — eu digo, contradizendo o que eu quero.

— Sim, claro.

— Eu tenho coisas para fazer.

Delia acena com a cabeça. — Ok.

— Coisas para o resort.

— Coisas. Entendo.

Eu corro minhas mãos pelo meu cabelo. — Eu posso ficar, se

você precisar de mim.

— Não. Sinto minha dor de cabeça voltando. Eu vou deitar.

A cabeça dela. Porra. Eu realmente sou um pedaço de

merda. Dou um passo em sua direção, mas ela recua. — Você está

chateada comigo?


Ela engessou um sorriso falso. — Eu não estou. Eu só quero

deitar e processar o dia. Obrigada por me trazer para casa e... — Seus

olhos se movem para o chão. — Isso. Então, obrigada por tudo.

— Você está me agradecendo pelo sexo? — Eu pergunto com

raiva atada em minhas palavras.

— Não é isso que devemos dizer? Quer dizer, não tenho certeza

do protocolo aqui. Você está claramente chateado com os eventos

desta noite, sobre os quais também não estou pulando de alegria,

mas...

— Mas?

Ela joga as mãos para cima. — Eu não sei! Minha cabeça está

uma bagunça e... você e eu e nós e isso. É como se não batesse. Você

cuidou de mim, Josh. Você se sentou naquele chão e me segurou

como se eu fosse importante. Então chegamos aqui e não posso

mandá-lo embora. Eu não posso deixar de tocar em você e aproveitar

qualquer chance que tenho disso. Então você coloca uma parede de

aço ao seu redor quando de repente algo acontece, e eu sinto muito,

mas eu não sei como ou o que diabos pensar!

Dou dois passos antes de segurá-la em minhas mãos. — Estou

tão fodido com isso quanto você.

— Como? Como você está tão fodido, Josh? Por quê?

— Porque eu não quero isso! Eu não quero me

importar. Quando eu vi você no banheiro - porra, Delia, tudo que eu

queria era te deixar melhor. Eu me importo com você, e esse é o

problema!

Ela balança a cabeça. — Isso não faz sentido!


— Eu nunca vou amar novamente. Eu não posso. Eu

literalmente não posso. Não há nenhuma maneira de eu me permitir

machucar você ou me envolver mais do que isso.

— Não estou pedindo que você me ame.

— Então o que você está pedindo?

Ela se afasta do meu aperto. — Estou pedindo que você seja o

que prometeu. Um cara que chega, se liga e vai embora sem olhar

para trás. Eu preciso que você seja esse cara, Josh. Assim, quando

você for embora, eu não estarei quebrada e obcecada com o tempo

que você me abraçou. Ou as vezes que você me beijou e meu coração

disparou. Seja o idiota porque posso odiá-lo em algumas semanas,

quando isso acabar completamente.

Se é isso que ela quer, é o que farei. Apesar do fato de que ela

merece mais do que isso. Ela não é uma garota qualquer - não para

mim. No entanto, ouço o que ela está pedindo e se é disso que ela

precisa, então farei isso.

Eu pego o moletom de qualquer idiota que a fodeu pela última

vez, jogo sobre minha cabeça e saio pela porta, me odiando a cada

passo que dou.


— Vou para o México na próxima semana e depois fico na

Flórida com sua tia Lou, — diz minha mãe.

— Não.

— Certo. E então talvez eu remasse ao redor do mundo em uma

canoa.

— Parece ótimo, — eu respondo.

— Estou pensando em raspar sua cabeça antes disso, no

entanto.

Eu concordo. — Sim.

Uma batata frita atinge minha testa. — Delia Parker Andrews,

você está me ouvindo?

Eu suspiro enquanto limpo o sal da minha pele. — Não. Eu

não estou.

— Pelo menos você é honesta. O que está acontecendo? É

trabalho?

Se fosse, seria uma boa mudança. — Não é nada, mãe.

— Tanto para a coisa da honestidade.

Minha mãe e eu sempre fomos mais amigas do que pais e

filhos. Quando eu estava no colégio, confiei nela tanto quanto fiz com


Jéssica. Diz muito que eu não disse nada a ela sobre o que está

acontecendo com Josh.

No entanto, se há alguém no mundo que eu posso dizer sem

que me julguem, é ela. Mesmo que ela seja muito antiquada sobre

relacionamentos.

— Eu dormi com Josh.

Seus olhos se arregalam. — Parkerson?

— Sim.

— E?

— E? — Eu espelho sua pergunta.

— E... Como você está? Obviamente, a resposta está na sua

cara, mas gostaria de ouvir os detalhes. Quando isso

começou? Quanto tempo?

Eu a atualizo, passando por cima de quantas vezes e como é

fantástico. Embora, conhecendo-a, a pergunta virá de qualquer

maneira.

— E vocês dois estão bem com essa coisa casual?

— Eu pensei que estava - ou, pelo menos, estava fingindo que

não estava apaixonada por ele.

Ela acena com um sorriso. — Mas você, minha querida

menina, tem um coração que foi feito para amar.

— Eu não achava que ainda o amava. Não gosto disso. Quer

dizer, eu estava bem porque era estúpida e jovem. — Mamãe dá uma

mordida em uma batata frita, e quase posso ouvi-la me chamando de

grande mentirosa. — Eu realmente não estou apaixonada por

ele. Como posso estar? Ele se foi há anos. Já namorei e essas


coisas. Não importa que eu me apaixonei por ele quando era uma

garota estúpida.

— No entanto, aqui está você.

— Ele e eu não temos ideias erradas sobre o que é isso, — eu

digo um pouco na defensiva.

Suas mãos sobem e ela balança a cabeça. — Eu não estou

dizendo que você tem. Não estou nem dizendo que o que você está

fazendo é errado. Inferno, eu me casei jovem e veja onde isso me

levou.

— Mãe, — eu a advirto.

— Você. Isso me conquistou e eu te amo mais do que tudo, mas

passei os últimos vinte e oito anos sozinha. Perder seu pai foi a coisa

mais difícil que já passei. Nunca vou amar outro homem e, em alguns

dias, gostaria de ter namorado e descoberto quem eu era antes de me

estabelecer. Se eu soubesse que teria apenas alguns anos com meu

homem para sempre, eu teria vivido um pouco mais antes de

encontrá-lo. Talvez você estar com Josh seja apenas você vivendo sua

vida como uma mulher solteira antes que seu para sempre chegue.

Esse é o problema. Quando estamos juntos, é fácil esquecer

que Josh não é aquele cara para mim. E o sexo é... fora dos gráficos

malditos. Então ele quebrou o padrão e cuidou de mim quando eu

estava sofrendo, e eu o vi, realmente o vi como o homem que ele é.

Eu tenho que estar em seus braços, sentir sua força e conforto.

Agora, estou ferrada porque quero tudo.

Eu quero o homem estúpido e seus braços estúpidos e seu

coração estúpido.


— Eu só preciso de alguns dias, mãe. Eu sei o que somos e o

que nunca seremos. Seu...

— Josh.

— Sim, Josh. Achei que estávamos conversando sobre a

mesma coisa.

Sua cabeça vira para o lado. — Não, é o Josh.

— Oi, Sra. Andrews, — Josh diz enquanto se senta ao meu

lado. — Você está linda como sempre.

— E você é tão charmoso quanto eu me lembro.

Eu mordo de volta a vontade de vomitar. — Como você está se

sentindo? — Ele pergunta a ela.

— Estou bem. Eu estava acabando de contar a Delia sobre

alguns amigos e vamos viajar por um mês ou dois. É tudo muito

emocionante.

— Para onde?

Enquanto ele e minha mãe conversam, eu ouço, sentindo uma

centena de variações de constrangimento. A última vez que nos

vimos foi há duas semanas, e as coisas estavam tensas. Ele não ligou

e nem eu.

Quando olho em volta para a lanchonete, posso ouvir Alex me

contando como se nada tivesse mudado, mas para mim, o mundo

parece diferente desde que Josh voltou.

Sua mão se move para minha perna, apertando suavemente

enquanto ele continua falando com minha mãe.


Eu tiro sua mão de mim e me afasto um pouco mais. Josh

sorri, e eu não posso dizer se é para mim ou o que quer que minha

mãe esteja rindo.

Eu me viro para encará-lo, tornando mais difícil para ele me

tocar. — O que te traz aqui? — Eu pergunto abruptamente.

O sorriso de Josh não vacila. — Comida.

— Sim, mas seu irmão disse que você estava em Melia Lake

esta semana.

— Eu moro lá.

— Eu sei disso, — eu digo com um bufo. — É por isso que estou

me perguntando por que você está aqui.

— Vamos começar amanhã, então todos nós vamos jantar no

Grayson hoje à noite, — Josh responde.

— Isso é ótimo. Estou feliz por vocês. — Eu realmente

estou. Seus pais são idiotas. A Sra. Parkerson sempre foi... uma

vadia com Jessica. Ela deixou bem claro que não aprovava que seu

filho namorasse uma das garotas pobres da cidade.

Deus me livre.

Desde que se casaram, porém, ela está tentando, e Jessica,

sendo a humana misericordiosa que é, está fazendo o mesmo.

Eu não sei se elas vão se amar, mas Jessica sabe que Amelia

ama sua avó e ela quer que sua própria filha tenha o mesmo

relacionamento.

Eu nunca seria tão legal.

— Então, estou na cidade para jantar esta noite, mas deveria

almoçar com Stella, que simplesmente me dispensou.


— Mesmo?

Ele concorda. — Sim. Ela se esqueceu completamente. Ela e

Jack estão trabalhando na cabana para Kinsley e Samuel.

Eu sorrio, o calor inundando meu coração. — Estou tão feliz

por ela e Jack, — eu digo quase sonhadora.

— Eu também. Ninguém merece mais felicidade do que Stella.

Eu concordo. — E eu acho que é lindo como tudo está

acontecendo.

Minha mãe enxuga os olhos. — Eu sempre amei aquela

garota. É bom ver as coisas se encaixando.

Ninguém tem um coração como minha mãe. Ela chora quando

as coisas vão bem porque está genuinamente feliz por elas. Quando

contei a ela o que Stella e Jack estavam passando, ela chorou e orou

por eles. Se ela pudesse curar o mundo com amor, ela o faria.

— Não chore, — Josh diz rapidamente, entregando a ela um

guardanapo. — São todas coisas boas.

— É por isso que estou chorando. — Ela ri. — É tão bom

quando as coisas acontecem como deveriam. Kinsley é uma garota

de sorte por ter tanto amor ao seu redor.

Ele olha para mim e eu apenas dou de ombros. — Ela é uma

alma carinhosa.

— E você?

Eu rio uma vez. — Eu sou uma vadia frígida.

Ele se inclina enquanto minha mãe vasculha sua bolsa

enquanto seu telefone toca. — Eu sei que isso não é verdade. — Suas

palavras de veludo envolvem meu coração.


— Sabe?

— Sei. — Josh levanta a mão, roçando o polegar ao longo do

meu queixo. — Nós precisamos conversar.

— Encontrei! — Minha mãe exclama, quebrando o

momento. — Eu preciso atender esta ligação.

Ela se levanta, deixando-me lidar com Josh.

— Não precisamos ter essa conversa, — garanto a ele.

— Acho que sim.

Não há nada que ele pudesse dizer que mudaria as coisas, a

menos que seja: Eu te amo, quero você e preciso que você esteja na

minha vida.

Então, sim, isso mudaria tudo. Porém, não sou uma idiota,

portanto, sei que não será isso o que vai sair da boca dele.

Josh se inclina para frente, sua voz baixa para que nenhuma

das paredes, ou seja, o povo curioso de Willow Creek, ouça. — Quero

você.

Eu pisco

— Eu quero você na minha vida.

Ok. Eu posso morrer agora.

Minha respiração engata. Se ele disser a primeira parte, espero

que alguém chame uma ambulância porque morrerei na hora.

você.

— Você é minha amiga, Delia. Acima de tudo, sempre respeitei

— Certo... e você não respeita agora?


— Não. Sim, quero dizer, claro que sim. Estou dizendo que não

posso tratá-la como se você não importasse. O que quer que

estejamos fazendo, é... você é... não é nada.

— Eu sei que deveria me consolar com isso, mas você falhou

em perceber algo, Josh.

— O quê? — Ele pergunta.

— Passei a maior parte da minha vida amando você, desejando

que você me amasse de volta. Então, no dia em que eu decidi

que realmente ia esquecer você, fizemos sexo. Achei que poderia

fazer isso, mas não sei como compartimentar totalmente o que

estamos fazendo. Isso me deixa com duas opções - ou eu mantenho

você à distância quando não estamos dormindo juntos ou paramos

de dormir juntos.

— Eu não gosto de nenhuma das opções.

E não sei fazer as duas coisas.

Minha mãe retorna com um largo sorriso no rosto. — Eu tenho

que ir, você pode me levar para casa, Deals?

— Claro.

Josh se levanta e estende a mão para me ajudar. Eu aceito

porque sei que se não aceitar, isso causará mais uma briga.

— Vou acompanhá-la até a saída.

Antes que eu possa recusá-lo, minha mãe enlaça o braço no

dele. — Obrigada eu aprecio isso.

Eu pago Jennie, e ela pisca para mim. Ótimo, tanto para

manter a fofoca no mínimo. Quando saio, Josh está encostado na

minha porta.


Me preparando para não fazer papel de boba, eu me

aproximo. — Com licença.

Ele se move, mas seus dedos envolvem meu antebraço. — Eu

falei sério.

— Eu sei que você fez. Eu também.

Seu polegar esfrega a pele sensível do meu pulso. — E agora?

Eu olho para aqueles olhos azuis, odiando que ele não possa

simplesmente me amar. Isso tornaria tudo tão fácil. Ficaríamos

felizes, eu daria a ele meu coração e cuidaria dele em todos os

sentidos. Algo mudou Josh anos atrás, e eu não vou quebrar as

paredes que ele garantiu serem grossas.

— Agora, estamos em um impasse. Depende de você se algum

dia podemos fazer a ponte.

— Qual é o seu problema? — Ronyelle pergunta enquanto entra

no meu escritório.

— Umm, o que diabos é o seu?

— Você não disse uma palavra sobre sua vida amorosa, e fiquei

pensando no último mês.

Eu ri. — Eu não tenho vida amorosa.

— Bem. Vida sexual.


— Achei que você não queria saber? — Eu pergunto, afastandome

dos relatórios.

— Não quero.

Eu levanto uma sobrancelha. — Mesmo?

— Esta sou eu, pedindo a você, para seu benefício. Imagino que

você não tenha contado a Jessica que está dormindo com o cunhado

dela, então serei sua melhor amiga por isso.

— Como você é gentil. — Eu amo ela.

— Isso é o que eu sou. Bondade encarnada. Agora,

derrame. Você ainda está dormindo com Josh ou colocou a cabeça

no lugar certo?

Está claro que ela ainda acha que foi um erro. Deve tornar essa

conversa divertida.

— Nós fizemos... mais algumas vezes, mas acabei.

— Você terminou? Ou ele acabou?

Eu suspiro, balançando minha cabeça. — Terminei. Eu fui

estúpida, você estava certa.

— Eu sei que eu estava certa, mas estou curiosa sobre o que,

exatamente, eu estava certa.

— Não sou muito boa em fingir que não o amo enquanto faço

sexo incrível.

— Não me diga. Você realmente pensou o contrário?

— Eu tentei.

Ronyelle sorri. — Bem, o que te fez ver a luz?


O fato de que tivemos um incidente e eu contei a verdade e

Josh está evitando.

— Percebi que mereço alguém que me ame de volta.

O fogo que permanece em seus olhos diminui e, em vez de sua

honestidade brutal, vejo empatia. — Oh, querida, você está bem em

terminar as coisas?

— Acho que não.

Ela suspira. — Você precisa de Jesus.

— Você precisa me consertar.

— Como faço para consertar você?

Eu encolho os ombros. — Você é inteligente, você vai descobrir.

Nós duas rimos. — Eu gostaria que você tivesse me ouvido

quando eu disse isso há um mês.

Eu também, mas pensei que poderia lidar com isso. Ela se

senta ao meu lado e eu encosto minha cabeça em seu ombro. — Eu

sou uma bagunça.

— Você entendeu direito.

— Como eu fodi tanto isso?

— Você se apaixonou pela alma de Josh e não há nada de

errado com isso.

— Além de estar arruinando minha vida.

— Essa é sua escolha, Delia. Você não tem que deixar o que

sente ditar o futuro. Você pode decidir agora que não vai mais mentir

para si mesma.


Eu quero acreditar nisso, mas não tenho certeza se posso. —

Quando o vejo, só penso em como nos sentimos bem juntos. É como

se essa parte de mim não pudesse impedir. Eu quero tudo o que

puder dele, e isso é tão estúpido.

Ronyelle se inclina para frente. — E você? O que vai sobrar de

você se continuar mentindo para si mesma sobre o que você

realmente quer?

Uma lágrima cai pela minha bochecha. — Eu não sei, e é isso

que me preocupa.


Dizem que o tempo cura todas as feridas. Eles... são

mentirosos do caralho.

Recebi uma mensagem de Josh esta manhã dizendo que ele

sentiu minha falta e quer passar por aqui. Foi isso. Duas semanas

de silêncio no rádio e... ele sente minha falta. Afinal, o que isso quer

dizer? Ele sente falta do sexo? Meu sorriso? Minha personalidade

brilhante? E por que vir aqui? Por que continuar nos torturando

assim?

Porque sinto falta dele e estou tão cansada disso. Ontem foi tão

ruim que tive que colocar meu telefone no escritório de Ronyelle para

não mandar mensagens para ele. À noite, sonho com ele. Durante o

dia, penso nele. O maldito homem está ocupando meu cérebro

enquanto tento erradicá-lo. Uma dor de cabeça. Bastardo estúpido e

mal-humorado que ele é.

Ele pode sentir minha falta, mas ele não se sente da mesma

maneira que eu. O que, olá, meu cérebro já sabia, mas meu coração

idiota não ouviu. Bem, a esperança morreu e estou cansada de

esperar por um milagre.

Cada quilômetro para seu trailer, eu fico mais animada. Quer

dizer, quem faz isso? Homens estúpidos que têm problemas de

compromisso, é isso. Não vou permitir que isso aconteça. Eu preciso

acabar com isso aqui e agora. Somos amigos e isso é tudo que vai


acontecer. A amizade que tínhamos antes não tinha mensagens

sobre a saudade um do outro.

Bato na porta do trailer. — Delia... — Ele diz, com os olhos

arregalados. Josh desce, fechando a porta atrás dele. — O que você

está fazendo aqui?

— Você queria que eu passasse e sentia minha falta?

— Você recebeu minha mensagem.

Eu cruzo meus braços sobre meu peito. — Você sentiu falta?

Seu olhar se move para a janela do trailer. — O que isso

significa?

— Estou perguntando do que você sente falta. Estou

perguntando por que você me mandou uma mensagem depois que

eu disse como me sentia.

Josh suspira. — Senti a sua falta. Eu queria que você soubesse

disso.

— Por quê?

Ele se aproxima de mim. — Você sente a minha falta?

— Não. — Eu minto.

Ele sorri. — Nem um pouco.

— Não.

— Nem a menor quantidade?

— Eu vou dar um soco na garganta se você continuar com isso.

Os olhos de Josh piscam ao luar. — Se você não sentisse

minha falta, não estaria aqui, mas mais do que isso, quando


começamos isso, eu disse que há muito tempo desejo você. Eu não

estava mentindo. Você está me pedindo para tratá-la como se você

não importasse, e eu não posso.

Antes que eu possa dar uma resposta, há um baque alto que

vem de dentro do trailer.

— O que é que foi isso?

— Nada, — Josh diz rapidamente.

— Este é um momento ruim? — Eu pergunto porque ele é

terrivelmente astuto.

Então ele olha de novo e me ocorre. Ele tem alguém aqui e não

quer que eu veja. Por que mais ele estaria agindo tão estranho, me

mantendo do lado de fora e verificando para ter certeza de que a

mulher que ele está escondendo em seu trailer não ouve. Esse

bastardo.

Eu sou uma idiota completa e total.

Meu queixo está frouxo quando a percepção de quão burra eu

sou me dá um soco no rosto. Eu dou um passo para trás. — Você

tem alguém aqui?

— O quê? — Josh pisca algumas vezes. — Não. Quem eu teria

aqui?

— Você comprou um gato?

— Esta é uma pergunta capciosa?

De qualquer maneira, não importa. Eu não posso ficar brava

porque ele não é minha merda de nada. Ele não me deve fidelidade e

tudo o que está acontecendo aqui é demais para mim. Eu queria

Josh, mas não quero forçá-lo a isso.


— Eu não deveria ter vindo aqui. Lamento ter interrompido sua

noite com quem você está.

— Não há ninguém lá dentro, — diz Josh.

Eu bufo, e é quase uma risada. — Por favor, Josh, não minta.

— Não há ninguém lá.

— Certo, — eu zombo.

— Não há mais ninguém que eu queira.

— Você também não me quer, — eu digo com uma mistura de

derrota e aceitação.

— Vá em frente e veja, Delia. Abra a porra da porta e veja.

No fundo da minha mente, há uma voz me dizendo que estou

louca. Quer dizer, estou perdendo completamente a cabeça. Eu dirigi

até aqui - para terminar com o homem que nem estou namorando -

enquanto ele tem uma mulher em seu trailer.

Se essa fosse uma história que Jéssica estivesse me contando,

eu a chamaria de maníaca.

Mas aqui estou, subindo as escadas.

Abro a porta, esperando que Josh me pare ou a garota saia.

Mas não há nada.

Ninguém está aqui.

Eu me movo um pouco mais para dentro e lá, no chão perto da

área da mesa, está um livro.

Um livro que reconheço a capa.


Está deitado de bruços, o que é um crime para qualquer

amante de livros, mas não há como confundir com outra coisa senão

o romance que li na semana passada.

Eu me viro e Josh fecha a porta, me observando o tempo todo.

— Encontrou alguma coisa?

Eu levanto minha sobrancelha. — Você sabe que não. — Eu

pego o livro. — Bem, além disso.

Ele sorri. — Agora você vê o que eu estava escondendo.

Eu me inclino contra a mesa. — Que você gosta de romances?

— Eu nunca li um até agora.

— E?

— Eu vejo porque as mulheres gostam deles.

— Sim? E por que isto? — Eu pergunto.

Josh dá um passo à frente, seus passos longos e confiantes

enquanto ele devora o espaço entre nós. — Porque, no livro, o cara é

mais esperto e mais intuitivo sobre o que a mulher quer. Ele não tem

medo do amor. Inferno, esse cara quer tanto que está disposto a fazer

qualquer coisa por ela. É isso que você quer, Delia?

Eu balanço minha cabeça. — Não. Eu sei a diferença entre

realidade e ficção.

— Eu não perguntei sobre a realidade. Eu perguntei se é isso

que você quer.

Isso é exatamente o que eu quero. Quero que Josh ceda. Pegue

o que estou oferecendo - meu coração, meu amor, uma chance - e me

ame.


Seu nariz roça minha bochecha, e eu odeio meu corpo pelo

estremecimento que ele libera. — Josh...

— Eu não posso te dar isso. Se houvesse uma mulher que

pudesse me fazer ansiar por isso, seria você.

Eu fecho meus olhos enquanto o calor de sua respiração

aquece minhas bochechas. — Mas você não pode.

— Não. — Uma única sílaba que diz um milhão de coisas.

— Eu gostaria que você pudesse.

Seus lábios se movem ao longo do meu queixo. — Eu também.

Eu quero dar um tapa em seu peito e exigir que ele tente. Em

vez disso, agarro sua camisa, puxando-o contra mim e fundindo

meus lábios aos dele.

Meu plano de dizer a ele que estava acabado vai para a merda.

Depois da experiência mais gratificante sexualmente da minha

vida, estou na cama dele, provando que sou uma idiota que não

consegue dizer não ao cara errado.

A sétima vez é o charme. Era isso. Tinha que ser.

— Esta é a última vez, — eu digo.

— Se você diz.

Eu viro minha cabeça para ele. — Eu digo.

— Ok.

— Você não está nem chateado? — Eu pergunto, me sentindo

um pouco ofendida.

— Eu estaria se achasse que isso fosse verdade.


Ugh. Eu me levanto, puxando o lençol da cama - e dele. O que

é um erro porque, droga, esse homem é glorioso quando está nu. Ou

vestido. Realmente, não importa.

— Eu vim aqui com um plano, — eu digo enquanto deixo cair

o lençol e procuro por minhas calças. — Eu ia te dizer que não queria

mais fazer isso, voltar atrás e começar minha vida. — Eu enfio minha

perna pela perna errada da calça e gemo. — Mas não, você tinha que

estar lendo... meu livro! — Eu continuo reclamando, novamente

começando a me perguntar se talvez o sexo com Josh tenha afetado

minha sanidade mental. — Então, o que acontece?

— Você dorme comigo? — Josh responde tão inutilmente à

minha pergunta retórica.

— De novo não, amigo. Sem mais sexo para você e você sabe

por quê? — Josh coloca as mãos atrás da cabeça, olhando para

mim. — Porque eu preciso de mais, Josh. Eu preciso de... Eu preciso

ir, — digo agora que estou totalmente vestida. — Não vou fazer isso

de novo. Não vamos fazer isso de novo.

— Se você diz.

Pego meu livro e suéter. — Sim. Eu digo isso.

— Ok então, como você disse da última vez, obrigado por... isto.

Eu olho para ele. — Sem de nada para você.

E com isso, faço a saída dramática que sempre sonhei, com um

braço na minha camisa, que ainda está quase toda amontoada em

volta do meu pescoço.

Perfeito.


Oh meu Deus. Oh meu Deus. Oh meu Deus. Oh meu Deus.

Pode-se dizer isso muitas vezes ao olhar para um teste de

gravidez?

Um positivo.

Não, acho que não.

Oh. Meu. Deus.

Isto é falso. Tem que ser. Estou tomando pílula. Estou

tomando pílula há anos e... Eu não posso.

Solto um suspiro profundo, lutando contra as lágrimas que

estão crescendo e decido que, hoje, não vou lidar com isso porque

não estou grávida.

Eu não estou.

Isso seria muito mais fácil de acreditar se minha menstruação

não estivesse duas semanas atrasada.

Eu nunca estou atrasada. Nunca.

Se há uma coisa sobre mim, é que sou tão regular que não é

normal. Todos os dias eu fingi que estava bem e não foi nada,

mas... Isto não pode ser.


Stella ri alto no provador e ouço Jess suspirar

profundamente. Este deveria ser um dia de diversão sem

estresse. Em alguns dias, Stella e Jack farão seu segundo

casamento, e são coisas incríveis.

Exceto que agora eu quero chorar, mais estressada com essas

duas pequenas linhas do que quero admitir.

Eu espreito para fora do banheiro, certificando-me de que a

barra está limpa antes de sair e jogar o teste no lixo. Winnie sai logo

atrás de mim.

Lavo as mãos, jogo água no rosto e forço um sorriso enquanto

Winnie faz o mesmo.

Stella entra, indo em direção à pia. Ela engasga. — Merda! —

Ela encara sua mão. — Meu anel!

— Relaxe, — diz Winnie, — nós encontraremos.

Jess vem correndo. — Você perdeu seu anel?

Stella acena com a cabeça. — Eu estava usando quando

fizemos brindes.

— Ok. — Jessica está calma. — Você estava com ele quando se

trocou?

Ela olha em volta e todas nós fazemos o mesmo. — Sim. Tem

que estar aqui. — A voz em pânico de Stella se quebra.

Todas nós procuramos, ficando de joelhos, olhando por cima e

por baixo. Eu ouço Stella gritar. — Está aqui! Deve ter voado.

Jessica está ali, segurando algo na mão. Seu olhar se move

para cada uma de nós.


É meu teste. Oh, droga. Ela deve ter olhado no lixo, pensando

que o anel de Stella poderia ter caído lá.

— Por que você está fazendo um teste de gravidez? — Winnie

pergunta.

— Estava bem aqui, — explica ela. — Eu estou... Quero dizer,

estou grávida de sete meses, então sabemos que não estava fazendo.

Eu tenho que cobrir e não deixar ninguém saber que é

meu. Não até que eu saiba a verdade e consulte um médico. Jessica

vai... Deus, ninguém sabe que Josh e eu dormimos juntos.

— É positivo? — Eu pergunto.

— Sim, — confirma Jess. — Então, qual de vocês está grávida?

Stella olha em volta e balança a cabeça. — Como você sabe que

foi uma de nós?

— Porque esta sala estava impecável quando entramos, e

somos as únicas pessoas aqui. — Jessica olha para Winnie, para mim

e depois para Stella.

Eu posso ver a confusão nos olhos de todas. Não há uma

chance de eu conseguir sair disso sem que elas descubram. Winnie

está com o cara novo, mas ela não parece preocupada, e Stella pode

estar, mas bem, nós duas sabemos que ela não está.

Win?

Jess coloca o teste no balcão e se vira para a irmã. — É você,

— Não! — Ela diz rapidamente. — Eu tenho um DIU e ele tem

que resolver essa merda. 3

3 No original (I have an IUD, and Easton wraps that shit up.) sendo essa uma força de expressão.


—Deals? — Jessica pergunta.

Tenho que mentir e não quero, mas não posso admitir isso. Eu

balanço minha cabeça, fazendo o meu melhor para agir da mesma

forma que as outras. — Não, definitivamente NÃO. Não estou fazendo

sexo, então não posso engravidar de verdade.

Stella me encara e sei que ela sabe. De alguma forma, Stella

Parkerson - bem, O'Donnell agora, sabe que o teste é meu. E se ela

sabe disso, então provavelmente sabe quem é o pai. Lágrimas

começam a se acumular, e eu imploro a ela com meus olhos, por

favor, apenas me cubra. Vou resolver tudo, mas se for ela, ninguém

vai questionar.

Algo se passa entre nós e Stella se vira para Jess. — Sim. Quer

dizer, você descobriu. Sou eu. Eu estou... grávida.

— Oh meu Deus! — Winnie grita e salta para cima e para

baixo. — Eu estou tão feliz. Kinsley sabe?

Seus olhos se arregalam de medo genuíno. — Não, ninguém

sabe, e você não pode contar a ela. Por favor. Não até eu descobrir as

coisas.

— Isso é incrível. — Jessica sorri, seus olhos lacrimejantes

transbordando. — Nossos bebês terão apenas alguns meses de

intervalo e serão melhores amigos.

— Por enquanto, não podemos falar sobre isso - de jeito

nenhum? — Stella implora.

Jess sorri. — Claro, ficaremos quietas.

— Obrigada.

— Venha, vamos voltar antes que Kinsley fique curiosa, —

Stella diz, já se movendo para abrir a porta.


Jess e Winnie saem primeiro, ambas sorrindo e rindo. Meu

coração está disparado e não sei como me livrar disso - ou de Stella,

mas vou. Eu começo a ir, mas assim que dou um passo, a mão de

Stella agarra meu braço.

— Vamos conversar muito sobre isso, — avisa Stella.

As lágrimas ameaçaram voltar. — Eu sei, mas não hoje. Você

pode me dar alguns dias?

— É do Josh?

Eu aceno e enxugo a lágrima que finalmente caiu. — Alguns

dias, Stella. Só preciso de alguns dias.

Ela me abraça, e a determinação que eu estava segurando

ameaça quebrar. — Alguns dias.

Não que algo vá mudar, mas eu preciso pelo menos marcar

uma consulta com meu médico e descobrir por que meu corpo está

mentindo.

— Você está grávida.

— Não. Tente novamente.

Não que os dezesseis testes de gravidez que fiz nos últimos

quatro dias tenham sido diferentes, mas ainda assim.

— Delia, eu juro, você está grávida.


Eu balanço minha cabeça e gemo. — Como? Como isso é

possível! Usamos camisinha e sim, uma estourou, mas estou

tomando pílula. Quais são as chances? Porque tínhamos cento e

noventa e oito por cento de chance de nenhum bebê. Devíamos ter

uma chance percentual negativa entre meu controle de natalidade e

seu preservativo... literalmente... nenhum bebê!

Dra. Locke sorri com simpatia. — Não funciona exatamente

assim, mas entendo o que você está dizendo com todas as precauções

que tomou. No entanto, algo falhou.

— Você acha?

Ela ri. — Eu não quis dizer isso.

— Posso processar alguém?

— Não.

— Bem, eu quero.

— Tenho certeza que sim. — Ela tenta ser compreensiva.

— Então responda isso porque eu preciso saber, como? Como

meu controle de natalidade, que eu tomo exatamente na mesma hora

todos os dias, falhou?

Ela coloca minha papelada para baixo e expira. — Você não

esqueceu um comprimido?

— Não.

— Ok, que tal estar doente? Às vezes, se você está vomitando

muito, como com um incômodo estomacal, a pílula pode não ter tido

a chance de entrar em sua corrente sanguínea.

Eu balancei minha cabeça. — Nada disso.


— St. Wort de John 4 ?

Eu torço meu nariz. — Não. Não tomei isso.

— Ok, bem, qualquer antibiótico... nada?

— Não, eu estive... — Eu paro. O remédio. Aquele dia. O dia

em que a camisinha estourou. — Eu tomei remédios para enxaqueca.

— Qual deles?

Pego a lista de medicamentos e vitaminas que tomo. — Isso

pode diminuir os efeitos do controle da natalidade, e nós encorajamos

fortemente a usar preservativo.

Jesus. Eu me lembro disso agora. Foi o que o médico

mencionou quando eu os recebi. Naquele ponto, eu não estava

fazendo sexo, então não importava.

Eu rio porque, realmente, o que mais posso fazer? — Eu usei

camisinha! Rasgou! Isso não pode estar acontecendo. Isso

simplesmente não pode.

A Dra. Locke cruza as mãos na frente dela. — Eu não tenho

certeza do que dizer. Eu sei que uma criança não estava exatamente

em seus planos, e eu não sei sobre sua situação, mas existem opções.

Eu fecho meus olhos, sentindo o peso do mundo se

acomodando ao meu redor. — Eu preciso falar com o pai primeiro.

— Claro.

Pode haver opções, mas há apenas uma escolha para mim. Eu

vou ter um bebê. Posso não ter planejado isso, mas a realidade é que

sempre quis uma família. Não foi exatamente assim que pensei que

4 Nome de um chá.


conseguiria, mas isso não muda o fato de que foi assim que

aconteceu.

Se eu fosse mais jovem, poderia fazer o que Stella fez e permitir

que outra família desse à criança a melhor vida possível, mas não

tenho dezoito anos. Tenho um ótimo trabalho, uma casa e tenho

apoio. Minha mãe vai ficar maravilhada quando se recuperar do

choque.

É Josh quem é o desconhecido.


A última vez que vi Delia não foi o meu melhor momento, mas

a mulher fode a minha cabeça. Ela diz que terminamos, então volta,

fazemos sexo e então ela sai furiosa.

Não tenho certeza do que diabos fazer sobre isso.

— Por que você está ferrado? — Alex pergunta enquanto se

dirige para mim.

Alexander e eu moramos em Melia Lake. Nossos trailers estão

distantes o suficiente para que não nos sintamos como se

estivéssemos um em cima do outro, e gosto disso.

— Quem disse que estou ferrado?

Ele ri. — Você está claramente pensando em algo intenso. É

porque acabamos de começar e já é um pesadelo?

— Isso é normal, não é?

Alex dá de ombros e me entrega a caixa de pizza que

carregava. — Eu acho. Já faz um tempo desde que estive no local

durante a construção.

A maneira como ele diz isso me faz parar. — Você sente falta?

— Falta do quê?

— Arquitetura. Eu sei que você tinha um plano.


— Meu plano não se encaixava no do papai. — A voz de Alex é

dura.

— Ainda assim, você nunca quis administrar o negócio da

família.

Ele se senta em sua cadeira, pegando sua cerveja. — Eu

definitivamente não queria. Eu com certeza nunca sonhei em estar

de volta em Willow Creek também, mas...

— Mas não há nada que não façamos pela família.

Antes de responder, ele dá um longo gole na garrafa. — Pelo

menos, para vocês, não há. — Ele se inclina para frente, apoiando os

cotovelos nos joelhos. — Eu te disse que Oliver ligou e perguntou se

algum de nós desistiria de nosso trailer?

Eu ri. — Não, acho que as coisas não são tão boas no Grayson?

— Você gostaria de morar lá?

— Claro que não, — eu digo com um sorriso. — Eu amo Amelia,

mas isso não pode ser divertido vinte e quatro horas por dia, sete dias

por semana.

— Ele disse que acordou ontem e encontrou uma boneca

mutilada olhando para ele.

Eu comecei a rir. — Eu quero me sentir mal por ele, mas...

— É o Oliver.

Eu concordo. — Se alguém merece isso, é ele.

— Certo, com todas as piadas e o inferno que ele causou

quando éramos crianças, estou gostando dessa tortura.


— Além disso, — digo depois de engolir um pedaço de pizza, —

ele gosta de falar sem parar sobre como todos na família o amam

mais.

Alex se recosta na cadeira do gramado com um suspiro. —

Ainda assim, vai ficar frio aqui em breve, e não estou ansioso por

isso.

— Sim, mas temos uma estrutura muito boa.

Ele olha para mim. — Você acha que morar em uma casa

portátil é uma boa estrutura?

Eu encolho os ombros. — Você pensa em se estabelecer?

Alex balança a cabeça. — Na verdade, não.

— Talvez devêssemos procurar um lugar que seja mais um lar

do que um trailer.

Talvez então Alex não se sentisse tão deslocado. Se tivéssemos

um lugar nosso, isso nos daria uma sensação de normalidade.

— Para quem? — Ele pergunta.

— Nós três. Você, eu e Oliver. Podemos encontrar uma cabana

muito melhor se formos juntos.

— Eu não tinha pensado nisso.

De certa forma, todos nós negamos que realmente nos

mudamos para cá, então não é chocante que um de nós tenha

pensado em comprar uma casa. Não quero morar em um buraco de

merda e Willow Creek é uma área estranha de se comprar. Você tem

casas incrivelmente caras ou pequenas que ninguém quer dividir.

No entanto, há algo sobre comprar uma casa com meus dois

irmãos que me faz hesitar. Eu não quero ser esse cara. Aquele que


vive para sempre com os irmãos porque assim é mais fácil. Eles

deveriam se casar, ter filhos, ser felizes.

— Você não quer uma família? — Eu pergunto.

— Eu?

— Vamos, Alex, nós dois sabemos que você não é como

eu. Você sempre foi mais como Gray.

Ele ri e solta um longo suspiro. — Eu acho. Eu quero filhos e

tudo isso, mas minha vida é uma merda de merda agora.

— Como?

Ele balança a cabeça rapidamente. — Nada, vai ficar tudo

bem. Não sei se quero me precipitar em nada, e comprar uma casa

meio que nos impede de ficar aqui.

— Eu acho que abrir o resort fez isso, — eu digo com uma

risada. — Eu não estou indo a lugar nenhum.

Alex encolhe os ombros. — Então você compra uma casa

grande, e Oliver e eu vamos morar com você.

— Puxa, obrigado, — eu digo com sarcasmo.

— Bem, você nunca vai se casar ou ter uma família.

Já disse isso uma centena de vezes - mais do que isso, mas

quando ele diz com essa finalidade, fico incomodado.

Ou talvez isso me incomode porque, quando ele disse isso,

pensei em Delia.

Não, isso é o que as mulheres fazem. Elas entram em sua

cabeça, fazem essas ideias estúpidas parecerem possíveis, e então a

tragédia atinge o sonho levando embora.


Eu empurro tudo para baixo e uso um ângulo diferente para

decidir contra isso.

— Por que eu compraria uma casa grande para você, eu e

Oliver morarmos quando sei que vocês dois irão embora?

— Investimento.

Eu aponto para onde a construção está acontecendo. — Eu

tenho um desses.

— Isso é diferente.

— Escute, eu fiz esse trailer porque, assim que o resort for

construído, pretendo morar na propriedade. Eu não preciso comprar

uma casa para você e Oliver, meus irmãos estúpidos que têm seu

próprio dinheiro.

Alex esfrega a nuca. — Entendo. Só não quero morar no trailer

durante o inverno. Meio metro de neve não é divertido ao tentar ligar

o gerador.

Ele tem razão. — Talvez a gente alugue uma casa durante o

inverno.

— Poderíamos. Delia mencionou seu quarto extra outro

dia. Estou pensando em aceitar isso. Pelo menos eu não estarei

preso.

Minha raiva surge tão rapidamente que não tenho tempo para

moderar minha resposta. — Sim, isso não é uma boa ideia.

O olhar de Alex se fixa no meu. — Por que diabos não?

— Porque você estaria no caminho dela.

— Da última vez que verifiquei, ela e eu ainda éramos melhores

amigos, — Alex desafia. — Não tenho certeza de como diabos eu


estaria no caminho. Ela não está namorando ninguém e ela

ofereceu. O que estou perdendo, Josh?

Ele e Delia são amigos desde criança. Eu sei que meu irmão

não a vê dessa forma, e ainda assim, eu quero dar um soco na cara

dele com a sugestão de ele estar em uma casa com ela.

Eu fico de pé, precisando me mover e obter o controle de mim

mesmo. — Eu...

— Você?

Odeio ele.

Eu olho para Alex, que apenas sorri. — Eu vou responder isso

para você, Josh. Você é um idiota de merda. Você gosta dela e quer

algo com Delia há anos. Você tem medo do amor, dos

relacionamentos humanos, de qualquer coisa que possa te

machucar. Mas, a melhor parte disso é que você tem medo de outra

pessoa intervir e fazer o que você não pode por ela. Deixe ela ir,

porra. Ela merece coisa melhor do que você.

— Eu sei.

— Sabe? Porque essa mulher tem um coração maior do que

qualquer um de nós conhece. E por alguma razão desconhecida, ela

te ama quando você não fez nada para merecê-la.

Volto para a cadeira e me sento. — Dormimos juntos, —

confesso.

Alex apenas me encara. Depois de abrir e fechar a boca

algumas vezes, ele geme. — Jesus. Quando?

— Algumas vezes nos últimos meses.


— Josh, eu vou te matar se você machucá-la. Estou dizendo

isso como seu irmão e alguém que tem respeitado você por toda a

minha vida, eu nunca vou te perdoar se você a machucar.

Há raiva em sua voz e eu mereço tudo. Durante toda a minha

vida, tentei ser mais pai do que irmão. Fiz tudo o que pude para ser

um bom homem, porque todos nós sabíamos que nosso pai era

incapaz disso.

Ouvir Alex me faz pensar que sou melhor.

E agora, acho que ele não acredita nisso.

— Eu me importo com ela.

Ele balança a cabeça, olhando para o chão. — Se você se

importa, você não a enganará.

— Eu não estou. Ambos estávamos totalmente cientes do que

estávamos fazendo. Eu nunca fiz promessas a ela. Ela não espera

mais nada.

Desta vez, ele se levanta. — Ela. Ama. Você! Ela sempre amou

você. Claro que ela espera mais!

— Se ela o fizesse, não teria sido ela a pôr um fim nisso.

Ele sai do meu campo de visão, ficando na beira da linha das

árvores. Quando ele se volta alguns segundos depois, a raiva parece

ter sumido dele um pouco.

Antes que ele possa falar, os faróis brilham na estrada de

acesso e vêm em nossa direção.

Alex solta uma risada baixa. — Bem, parece que você está

prestes a engolir suas palavras, Josh.

Eu me viro e vejo que é o carro de Delia.


Eu deveria ter ligado primeiro. Talvez então eu não estaria

lutando com o que diabos dizer a Alex.

De jeito nenhum vou dizer a Josh que estou grávida na frente

de Alex.

Josh caminha até o carro, abrindo a porta. — Ei.

— Oi.

— Você está bem? — Ele pergunta com preocupação.

Ah, merda. Talvez Stella já tenha contado a ele. Não. Ela disse

que não iria, e se ela tivesse, ele provavelmente teria me caçado para

descobrir se era verdade. — Por que você pergunta?

Josh olha para onde Alex está. — Só que você não ligou e é

tarde.

Meu coração acelerado desacelera um pouco. Ele não sabe.

— Sim, só precisamos conversar.

Ele me dá um sorriso suave e estende a mão, me

ajudando. Quando nos aproximamos do trailer de Josh, aceno para

Alex. — Ei.

— Ei.


— O que está errado? — Eu pergunto, observando a forma

como sua mandíbula está cerrada e ele continua mudando seu peso.

— Apenas uma discordância com Josh.

Isso não é novidade. Desde que Alex voltou para Willow Creek,

algo o tem incomodado. Ele não me confidenciou nada, mas sempre

foi assim. Ele tem que resolver o problema de cem maneiras -

geralmente as maneiras erradas - em sua cabeça antes de poder falar

sobre isso. Aprendi que forçá-lo não é a maneira de fazê-lo se

apressar e contar seus problemas.

— Eu vejo.

— Vou voltar para casa, acender o fogo e tomar uma

cerveja. Quer vir? — Ele pergunta.

— Não dessa vez. — Meus olhos se movem para onde Josh está

encostado na porta do trailer. — Preciso falar algumas coisas com

Josh - sobre a reforma.

— Ok. — A voz de Alex indica que ele não acredita em mim. —

Vejo você mais tarde. — Ele se aproxima e beija minha bochecha. —

Ligue se precisar de mim.

Eu pisco para ele e sorrio.

Ele faz uma saudação simulada ao irmão com dois dedos e

depois vai embora. — Você e Alex brigaram? — Eu pergunto,

quebrando o silêncio.

— Ele não está feliz comigo.

— Eu podia ver isso. Por que ele está bravo?

Josh olha para a floresta. — Não importa.

Está bem então.


Eu suspiro profundamente, sabendo que se eu não derramar

isso, então estaremos em um outro mundo de inferno. Já estou

nervosa e prestes a vomitar, o que é uma sensação com a qual devo

me acostumar. No entanto, isso não são hormônios, é medo.

Josh vai abrir a boca, e eu o antecipo.

— Estou grávida.

Sua cabeça joga para trás, os olhos arregalados e, mesmo no

escuro, posso ver a cor sumir de seu rosto.

— Eu só descobri algumas horas atrás. Aparentemente, na

noite em que a camisinha estourou, meu controle de natalidade

também falhou por causa do remédio para enxaqueca que

tomei. Queria dizer-lhe assim que fosse confirmado e... bem, está

confirmado. Estou grávida e não preciso nem quero nada de você. Na

verdade, nem mesmo precisamos dizer às pessoas que é seu, se você

não quiser. — Eu torço minhas mãos e, em seguida, as coloco no

meu estômago. — Eu conheço você... não quer filhos. Entendo. Sim,

mas pensei que teria um marido ou pelo menos alguém que me

amasse. Bobagem, eu sei. Mas essa é a realidade, certo? Estamos

tendo um bebê. Vou ter um filho, acho que é o que devo

dizer. Novamente, eu não quero nada. Não é dinheiro ou

compromisso. — Eu paro de divagar, esperando que ele diga algo.

Josh dá alguns passos em direção à cadeira e depois se

senta. — Você está grávida?

— Eu disse isso. Sim, eu estou.

Eu também não consigo falar sem ser uma grande explosão de

palavras ou apenas algumas.

— E você não planejou isso.


Eu sabia que isso ia acontecer. Eu sabia e me preparei para

isso, mas ainda sinto como se tivesse levado um tapa. Lágrimas

enchem meus olhos, mas não as deixo cair. Em vez disso, engulo a

dor e me concentro em ficar chateada. — Não. Eu não planejei

isso. Eu não queria isso. Na verdade, rezei para que não fosse real,

pois tudo estava acontecendo. Além disso, como alguém planeja que

o preservativo se rompa?

— Eu não quis dizer...

— Sim, você quis. Você quis dizer isso porque sabe que estive

apaixonada por você, queria tudo o que pudesse de você, mas não

queria isso, Josh. Eu não queria um bebê que você não queria.

Ele suspira e passa os dedos pelos cabelos grossos. — Eu

realmente não quis dizer isso, Delia. Eu não acho que você planejou

isso.

— Eu juro, fiquei tão chocada quanto você quando

descobri. Bem, talvez não tanto quanto você, já que fiz cerca de

quinze testes de gravidez nos últimos dias.

— Por que você não me contou então? — Ele pergunta, sua voz

mais preocupada do que com raiva.

— Eu estava em negação. Eu pensei - mais como esperava -

que o médico confirmaria que os testes estavam errados e era alguma

coisa estranha que não era, na verdade, um bebê.

— Mas é. — Josh diz isso como uma declaração, mas soa como

uma pergunta.

— Sim.

A nova realidade de nossas vidas muda enquanto estamos

aqui. Serei mãe e Josh, independentemente de seus planos ou

desejos, será pai.


Quando o silêncio se torna desconfortável e minha ansiedade

aumenta, eu mudo de um pé para o outro e reitero: — Você não

precisa fazer nada.

Sua cabeça vira rapidamente para olhar para mim. — O quê?

— Só quero dizer que você não precisa fazer parte de nada. Eu

sei como você se sente em relação às crianças e... Eu posso fazer isso

sozinha. Financeiramente e emocionalmente. Claro, eu quero que

você participe. Você é um grande homem e sei que será um bom

pai. A escolha é sua, e não vou forçá-lo a nada.

Aí. Eu disse minha parte. Ele pode fazer parte das coisas ou

não, mas não vou forçar sua escolha de qualquer maneira. Eu tenho

um ótimo sistema de apoio, e se ele não quer ser um pai para nosso

filho, então que seja. Haverá tios e tias suficientes para que o bebê

nunca fique sem amor ou uma figura masculina em sua vida.

— Eu não vou abandonar você ou o bebê. — Sua voz é dura

como granito.

— Eu não disse que você faria. Só estou dizendo que não faço

exigências.

Ele balança a cabeça. — Você deve. Você deve exigir tudo,

Delia, porque você não merece menos. Sou tão responsável quanto

você e, embora isso não fosse o que nenhum de nós queria, não é

culpa dessa criança.

E meu coração estúpido e indigno de confiança se apaixona um

pouco mais por ele.

Ele não está mudando de ideia sobre querer ficar comigo, mas

pelo menos, ele estará lá para o bebê.

— Não, e eu aprecio isso. No entanto, com nossas novas

circunstâncias, acho que devemos ser inteligentes.


— Ok, o que isso significa?

— Isso significa que toda diversão que estávamos tendo,

realmente termina agora. Não mais.

— Com medo da gravidez? — Ele brinca e eu rio um pouco.

— Com medo de nunca seguir em frente tendo você. Eu não

posso criar um filho com você e manter meu coração fora

disso. Então, somos amigos apenas a partir de agora.

Josh sorri. — Achei que você já tivesse traçado essa linha.

— Acho que nós dois sabemos melhor.

Quando ele se levanta e caminha em minha direção, seus olhos

são suaves e avaliadores. Eu faço o meu melhor para esconder a

miríade de emoções dentro de mim. Estou com raiva que isso esteja

acontecendo. Feliz por ser mãe. Triste que ele não me

ame. Esperançosa de que possamos pelo menos criar esta criança

com amor. E decepcionada porque nunca ficaremos juntos.

— Eu entendo.

— Eu apenas preciso... Preciso de uma chance de um futuro

com amor e família. Eu sei que você não é o homem que quer isso. Eu

nunca pediria isso a você.

Seus olhos se fecham, me dizendo que este é o caso. — Eu

gostaria de ser diferente.

— Eu também, mas então você não seria você. O que quero

dizer é que quero o melhor para o nosso filho. Se você quiser se

envolver, isso é ótimo, mas não pode ser meia-medida. O bebê merece

todo o nosso amor e compromisso.

— Por mais que isso não fosse o que eu queria, eu nunca faria

isso. Eu estarei aqui para você e para o bebê. Não existe meio-nada,


e não preciso de tempo para saber o que é a coisa certa. Eu nunca

abandonaria meu filho.

— Eu nunca pensei que você faria.

Josh sempre colocou a família acima de tudo, e eu nunca

realmente pensei que ele faria algo diferente quando se tratasse

disso.

Ele concorda. — Bom.

— Então, e agora? — Eu pergunto, me sentindo perdida.

— Agora vamos descobrir o resto.

Descobrir o resto aparentemente significa uma batida na porta

às seis da manhã para que ele possa começar a reformar minha casa.

— Você sabe que horas são? — Eu pergunto.

— Sim, é hora de fazer os pisos e cuidar de quaisquer outros

reparos que você precise fazer.

— O que eu preciso... é dormir.

Ele sorri, estendendo uma xícara de café da loja na estrada. —

Eu não posso fazer isso, mas posso dar cafeína para você. — Eu vou

pegá-la, mas ele puxa de volta. — Espere, você pode ficar com isso?

— Você quer essa mão?

— Sim, mas tudo bem para o bebê?


Eu a arranco de suas mãos. — É necessário para mim,

portanto, está tudo bem. — Depois de tomar alguns goles, abro a

porta um pouco mais para deixar Josh entrar. — Mas, sim, a médica

disse que eu poderia tomar um café, só com moderação. Acredite em

mim, eu perguntei.

— Bom.

Ele pega sua bolsa de ferramentas e caminha até a sala de

estar, que é onde eles decidiram que queriam começar.

— Por que isso tem que começar hoje? — Eu pergunto.

Josh encolhe os ombros. — Quero que tudo seja feito para você

antes que o bebê chegue.

— Isso é fofo, mas temos muito tempo. Mal estou grávida.

— E você tem um monte que precisa ser consertado.

Eu olho ao redor da casa, me sentindo um pouco na

defensiva. — Eu só quero o piso pronto.

— E eu quero consertar a pia do banheiro que está vazando, o

azulejo da cozinha deve ser substituído, e acho que podemos renovar

os armários da cozinha.

Eu levanto minha mão. — Pare com isso. Eu não preciso de

tudo isso. Gosto da minha casa.

— Eu também. — Ele acena com a cabeça, em seguida,

acrescenta: — Grayson disse que essas eram algumas das coisas que

você queria que fossem feitas.

Pisco algumas vezes. — Sim, como em um daqueles... se eu

tivesse um orçamento ilimitado, faria todos elas, mas não tenho.


Ele sorri. — Bem, você tem mão de obra gratuita e, entre meus

irmãos e eu, temos todas as conexões para manter seus custos

baixos. Então, digamos que você fosse pagar cinco mil pelos andares,

agora vai pagar mil. Seus sonhos ficaram maiores.

Embora isso seja incrível, me sinto desconfortável. — Eu não

quero caridade.

— Eu não disse que era caridade.

— Então, eu tenho que te pagar? — Eu pergunto.

O olhar em seus olhos me diz que ele não acha isso

engraçado. — Eu nunca aceitaria seu dinheiro.

— Porque estou grávida do seu filho?

— Não, porque você é minha amiga.

Eu tomo um gole do café e deixo minha cabeça descansar. Ele

está sendo legal. Bom às seis da manhã, mas ainda assim, ele está

aqui e fazendo algo que eu quero que seja feito. — Eu só...

Ele dá alguns passos em minha direção. — Não é por causa do

bebê. Quer dizer, é em parte, mas íamos ajudar nas reformas antes

disso.

— Josh, há tanta incerteza. Sério, não me sinto confortável

com isso.

— Incerteza com o quê?

— Estou muito no início desta gravidez. Na verdade,

provavelmente nem deveríamos contar às pessoas ainda.

— Por que não? — Josh pergunta.

— Porque às vezes, no começo, a gravidez nem sempre vinga.


— Não vamos perder o bebê, — diz ele, como se pudesse exigir

que fosse verdade. — Além disso, você precisa que os reparos sejam

feitos de qualquer maneira, então qual é o problema em começar?

— Nenhum, mas não temos que começar agora. Há tempo.

— O tempo passa, às vezes mais rápido do que pensamos. —

Sua testa franze e ele rapidamente se vira, me impedindo de tentar

decifrar seu significado. — Eu preciso fazer isso. Eu preciso fazer

algo e... — Seus olhos encontram os meus quando ele se vira. — Eu

quero fazer isso.

Eu realmente quero perguntar a ele por que isso é tão

importante, mas em vez disso, eu aceno. — Ok.

Josh se aproxima, beija o lado da minha cabeça e depois vai

embora, me deixando atordoada e confusa. Como esse homem

embaralha meu cérebro tão facilmente?

Ele pega um pé de cabra, vira antes de pegá-lo e caminha até

a beira do chão. Os músculos de seus braços se contraem quando

ele se inclina, e eu sinto o calor queimando minhas bochechas.

Droga, ele é gostoso quando está parecendo todo viril com as

ferramentas.

Controle-se, Delia. Você não vai cruzar essa linha nunca mais.

Sim, eu nem acredito nas minhas próprias mentiras.

Bem, ficar aqui é uma má ideia se ele vai se flexionar e começar

a rasgar as coisas, ficar quente e suar e..... não. Não vou lá.

— Eu tenho que me preparar para o trabalho, — eu digo

rapidamente.

— Ok. Estarei aqui.


Aqui na minha casa. Piada.

Vou para o meu quarto para me preparar para o dia. O

trabalho começa em duas horas e não há motivo para voltar para a

cama por vinte minutos. Eu ligo minha música, não querendo ouvir

os sons do meu chão sendo tirado, e entro no chuveiro. Eu coloco o

fato de que estou nua enquanto Josh está na minha casa longe da

minha mente.

Não importa que eu o queira. Que sempre pareço desejálo.

Não estamos fazendo nada sexual de novo. Então, quem se

importa que, enquanto eu lavo meu cabelo, eu imagino que são seus

dedos vasculhando minhas mechas loiras? Ou sobre a forma como

as pontas dos meus dedos se movem contra o meu couro cabeludo

enquanto eu o imagino aqui, nu, me tocando.

Sou eu quem imagino que ele está aqui, observando, dirigindome

enquanto esfrego o sabonete no meu corpo e nos meus seios.

Com meus olhos fechados, posso ouvir sua voz, chamando

meu nome, do jeito que é profunda e abafada porque seus lábios

estão contra o meu pescoço.

O calor, o vapor e o aumento dos hormônios estão me deixando

louca. Eu o quero tanto. Eu quero senti-lo, saboreá-lo, deixá-lo me

tocar em todos os lugares.

Eu odeio ser tão fraca quando se trata de Josh.

Minha mão se move mais para baixo, e eu gostaria que seus

dedos ásperos tocassem meu clitóris. Eu gemo, esfregando

círculos. — Sim, sim, — eu digo com minha mão na parede. Estou

tão excitada e preciso liberar.

Solto um suspiro pesado, ouvindo o baixo bombeando pelos

meus alto-falantes, ecoando nas paredes.


— Jesus, porra, Cristo.

Eu grito, minhas mãos voando para tentar cobrir todos os

pedaços que posso. — Josh! Vire-se!

Ele o faz, sua cabeça balançando para frente e para trás. —

Você está tentando me matar.

— Não, estou tentando tomar banho! — Eu desligo a água e

pego a toalha enquanto o shampoo escorre pela minha bochecha. —

O que você está fazendo aqui?

sim.

— Eu bati duas vezes, chamei seu nome e ouvi você dizer que

Oh, me mate. Por favor. — O que você quer?

Josh me encara, seus olhos estão cheios de luxúria. — Você.

A palavra é como uma bala no meu peito, e cada respiração é

uma luta.

Ele continua a falar, sua voz rouca. — Você não tem ideia do

quanto eu te quero. Como ver você assim, se tocando, se

perguntando se era eu que você imaginou, me dá dor.

Eu não tenho que imaginar porque posso ver sua ereção. —

Não deveríamos...

Não deveria dizer essas coisas.

Não deveria me sentir assim.

Não deveríamos querer um ao outro.

Mas o que devemos e o que não devemos fazer não torna mais

fácil parar.


— Não, provavelmente não deveríamos. — Ele se aproxima. —

Você deveria me dizer para sair, bater à porta e trancar, porra. Você

deveria me odiar porque eu não posso ser o homem de que você

precisa.

Meu coração bate contra o meu peito quando ele dá mais um

passo. — Eu não te odeio. Esse é o problema.

Sua mão se levanta, empurrando a espuma para longe da

minha bochecha. — Diga-me para ir, Delia. Diga-me porque não sou

forte o suficiente para ir sem você me empurrar.

Abro a boca para dizer as palavras, para manter as convicções

que não tinha nem vinte e quatro horas atrás, quando coloquei o pé

no chão, de que não poderia fazer isso.

Mas ele está aqui.

Ele está aqui, e Deus, quero sentir suas mãos em mim. Ele está

aqui e está olhando para mim como eu orei para que ele fizesse por

anos.

Suficientemente forte? Eu sou aquela que não é forte o

suficiente.

A mentira escapa dos meus lábios enquanto eu alcanço,

pegando seu rosto em minhas mãos. — Só desta vez...

— Sim, só desta vez.

E então ele me beija, e encontramos uma maneira totalmente

nova de tomar banho.


— Terra para Joshua! — Stella diz enquanto acena com a mão

na frente do meu rosto.

— Huh?

Ela revira os olhos. — Qual é o seu voto sobre as mudanças?

Não tenho ideia de quais mudanças ela está falando, porque

não consigo prestar atenção em nada. Só fico pensando em Delia e

que vamos ter um filho.

Segredos são coisas que não guardamos, e está me matando

não contar a eles.

— Eu estou com a maioria, — eu digo, e Stella bate palmas.

— Ok, isso é tudo.

Grayson se levanta, segurando meu ombro. — Eu preciso

voltar para Jess, ela não estava se sentindo bem esta manhã, e o

médico disse que pode ser qualquer dia agora.

Alex é o próximo. — Vou almoçar com a mamãe, caso algum

de vocês queira participar.

Oliver, Stella e eu colocamos nossos dedos no nariz. — Não.

Alex nos mostra o dedo do meio. — Frangotes.


— Dê a ela um beijo por mim, — Ollie diz com um sorriso de

merda.

Por mais feliz que esteja de não ter que ir, agora estou preso

aos gêmeos. Stella e Oliver são ótimos. Eu os amo, mas quando eles

estão juntos, eles são um pesadelo maldito. Stella é muito

observadora e Oliver é um agitador de merda.

Se eles afetarem meu humor, estou ferrado.

— Tudo bem, estou indo para casa, — eu digo, e Stella agarra

meu pulso.

— Fique.

— Por quê?

— Me divirta irmão mais velho.

Solto um longo suspiro e me sentei novamente. — E aí?

— Por que você não me conta, Josh. Você não está no seu

normal.

Oliver ri. — Ele costuma ser mais opinativo do que qualquer

um quer. Hoje, ele está taciturno e quieto.

— Estou bem.

Stella balança a cabeça. — Isso é mentira, se é que já ouvi uma.

Alguns dias gostaria que minha irmã não fosse tão

inteligente. — Agradeço sua preocupação, mas prometo, não é nada.

Ela olha para Oliver e vira a cabeça para o lado.

— O quê? — Ele diz, sua voz ficando alta. — Por que eu tenho

que sair?


você.

— Porque você é um pé no saco e quero falar com Josh sem

— Então, você não me quer aqui? — Oliver pergunta.

— Claramente não, se eu estou dizendo para você ir embora.

Ele bufa, mas se levanta e se dirige para a porta.

— Eu sei, Josh, — Stella diz assim que ele está fora do alcance

da nossa voz.

— Você sabe o quê?

Ela me dá um sorriso suave e, em seguida, enlaça seu braço

no meu. — Sobre Delia.

Eu empurro minha cabeça para trás, sabendo que Delia não

disse a ninguém, nem mesmo a Jessica. Ela deixou claro que queria

esperar algumas semanas e ter certeza de que não haveria

complicações, e não acho que nada mudou nos últimos três dias.

— Eu não sei o que você sabe, Stella.

— Que ela está grávida. Ela fez o teste quando estávamos todas

no spa e... bem, assumi a responsabilidade por ela quando Jess

encontrou o teste no lixo. Eu fingi que era eu e então disse que era

um falso positivo e o médico disse que eu não estava grávida.

— Isso acontece? — Eu pergunto, me perguntando se talvez

haja um vislumbre de uma chance de não estarmos realmente

grávidos.

— Sim, mas se ela te contou sobre isso, vamos assumir que

Delia foi ao médico. Os exames de sangue não mentem.

Certo. Delia me disse que ela tinha confirmado com sua

médica.


— Então você sabe.

está?

O sorriso de Stella é mais como uma linha tênue. — Como você

— Confuso, — eu admito. — Eu realmente não sei. Já se

passaram quatro dias e ainda estou confuso.

— Eu me lembro como é isso, — confessa minha irmã. —

Quando descobri que estava grávida, realmente não consegui

processar muito. Era como se alguém tivesse tirado tudo de mim ao

mesmo tempo que me deu um presente. Então, bem, foi

completamente diferente do que vocês dois vão passar.

Não sei se algum dia vou perdoar meus pais pelo que fizeram

com Stella. Forçá-la a desistir de sua filha assim é impensável. Ela

deveria saber que todos nós estaríamos lá por ela, ajudado como

pudéssemos. Claro, eu estava morando em Nova Orleans, mas isso

não teria me impedido de fazer o que eu poderia fazer por minha

irmã.

— Você nunca deveria ter que lidar com isso.

— Não estamos falando de mim. — Ela me dá uma cotovelada

e me dá um sorriso verdadeiro desta vez. — Só estou dizendo que

Jack e eu entendemos o que você e Delia estão passando. Se você

quiser falar conosco, estamos aqui.

— O que eu digo mesmo? — Eu pergunto, a pergunta significa

uma centena de coisas diferentes.

Stella, em sua infinita sabedoria, ri uma vez antes de falar. —

Sobre qual parte?

— Eu não quero filhos.


Dizer isso em voz alta me faz sentir uma merda. Eu odeio me

sentir assim, mas há muitos motivos para isso. Eu vi como é difícil e

tive os piores modelos de comportamento.

Não quero ser nada parecido com meu pai. Não quero que

meus filhos cresçam se sentindo como nós - peões.

Stella agarra meu braço, apoiando a cabeça no meu ombro

enquanto caminhamos. — Você sempre foi o irmão que nunca fez

sentido para mim.

— Sim?

Ela acena com a cabeça. — Você era o melhor irmão mais

velho. Você sempre foi mais parecido com meu pai do que qualquer

coisa. Eu não me preocupei quando você estava em casa porque você

se certificou de que tudo estava bem. Lembro-me de quando

engravidei de Kinsley e tive tanto medo de que você ficasse chateado

comigo. Jack estava preocupado com Grayson, mas eu? Foi você que

eu temi decepcionar.

— Você nunca teria me decepcionado, Stella.

— Eu sei disso agora. Só estou dizendo que você, de todos nós,

deveria ser pai. Você será ótimo.

Ela não sabe disso. — E se eu falhar com ele ou ela?

Os olhos de Stella se arregalam. — Como você falharia?

— Eu não sei. Existem centenas de coisas que podem dar

errado. Eu não sou bom nisso. Não sou como Grayson, que alterou

tudo em sua vida por Amelia. Não sou como você, que desistiu de sua

filha para que ela pudesse ter a melhor vida possível. Mesmo agora,

você está se sacrificando para tomar as melhores decisões para ela.


As palavras não fazem sentido para ela, ela não me

entende. Nenhum dos meus irmãos sabe. Passei a maior parte dos

doze anos isolado e sozinho. Em Nova Orleans, ninguém se

intrometia ou perguntava por que eu não queria o amor. Era fácil vir

aqui para visitas curtas onde eu poderia fingir.

Mas agora estou aqui e meus irmãos não respeitam limites.

O que mais me preocupa é que quero contar a verdade, mas

ainda não estou pronto.

— Josh... — Stella aperta meu braço e dá um passo para trás.

— Você é esse homem. O medo é normal quando se trata de ser

pai. Eu também não sei se isso vai embora. Passei todos os dias dos

últimos doze anos me preocupando e me perguntando sobre

Kinsley. Eu ia e voltava sobre qual era a decisão certa e falava comigo

mesma em círculos. Cometemos erros como pais. Nós tropeçamos ao

longo do caminho e acho que é apenas a vida. O que importa são as

suas intenções. — Stella pousa a palma da mão na minha

bochecha. — E você, meu irmão burro, incrível e fechado, não tem

maldade em seu coração.

Meu coração estaria batendo contra o meu peito com tanta

força que iria machucar se ainda estivesse no meu maldito peito. Se

não tivesse se afogado doze anos atrás, quando falhei com alguém

que amava.

— Bom dia, linda, — digo para uma Delia muito infeliz às seis

da manhã. Aprendi minha lição da última vez e trouxe dois cafés.


— É meu dia de folga.

— Então você pode voltar a dormir.

Ela me lança um olhar muito hostil. — Não, não posso. Você

sabe por quê?

— Não sei, na verdade.

— Porque você vai rasgar os malditos pisos, o que é

barulhento. Você sabe como eu sei disso?

— Nenhum palpite.

Delia bufa. — Porque a Sra. Garner, que está do outro lado do

terreno arborizado, veio perguntar se estava tudo bem. Isso a levou

a ficar aqui por uma hora, me contando sobre a invasão na

estrada. Ela abriu seu aplicativo que monitora a polícia local, que eu

não sabia que era uma coisa, e o ouviu para ter certeza de que estava

segura para voltar para casa.

Há muito o que revelar nesse discurso, mas apenas uma coisa

que realmente importa. — Que invasão?

Ela move a mandíbula para frente e para trás e, em seguida,

pega o café, mas eu a evito. — Responda e você pode tomar seu

café. Vou contratar um barista, se quiser.

— Oh. Eu quero.

Eu balanço minha cabeça. — Que invasão?

— Eu não sei. Ela disse que o carro de alguém foi arrombado

alguns dias atrás, e então houve uma tentativa de invadir a casa

algumas portas adiante.

— Eles pegaram o cara?


Ela encolhe os ombros. — Eu presumo que não, Jeremy é o

xerife.

Sim, isso não me cai bem. — Alguma coisa foi levada? Alguém

está ferido ou Jeremy aumentou as patrulhas?

— De novo, não faço ideia. Eu não estou preocupada.

Claro que ela não está. Ela é uma lunática que não tranca as

portas, mas tem uma câmera... porque isso realmente vai impedir

alguém. — Eu não gosto disso.

Ela estende a mão, abrindo e fechando os dedos enquanto eu

movo o copo. — Eu também não estou particularmente feliz com

isso. Café... agora.

Eu o entrego e ela suspira de alívio quando leva o copo aos

lábios. — Estou ligando para Jeremy.

— Por que você ligaria para ele?

— Porque ele é um policial.

— Não é um bom, — Delia rebate.

— Ele é o único que a cidade tem, então vamos começar por aí.

Ela revira os olhos. — Também temos um cara novo.

— Oh, bom, agora nós temos dois policiais. Eu me sinto

melhor.

— Eu não posso acreditar que você está preocupado com

isso. A Sra. Garner é uma velha maluca! Ela e a Sra. Villafane

sentam-se naquela varanda e fofocam o dia todo. Se alguém vai pegar

o cara, são elas. Além disso, elas podem estar erradas e isso nem

mesmo aconteceu.


Essa é a pior bobeira que já ouvi. — Certo. Tenho certeza de

que é isso. Nós dois sabemos que aconteceu e aquelas duas mulheres

sabem tudo o que acontece nesta cidade. Se as duas se unissem a

Fred e Bill, elas seriam imparáveis.

Ela balança a cabeça enquanto resmunga. — Ligue para

Jeremy, aprenda alguma coisa. Eu verifiquei a câmera depois que ela

saiu. Ninguém esteve pela casa.

— Isso pelo que você sabe. E se eles simplesmente não

passarem pelo campo de visão da câmera?

Delia franze os lábios e depois se vira.

— Vou ligar e descobrir, — informo-a.

Ela acena com a mão ao entrar em seu quarto e fecha a porta

atrás dela.

Eu não perco um segundo. Eu disco o número de

Jeremy. Fizemos o ensino médio juntos e jogamos futebol. Ele vai me

contar tudo.

— Ei, Josh, — ele responde ao primeiro toque.

— Ei, Jer, ouça, estou ligando para perguntar sobre a invasão

da casa de Delia.

— Oh aquilo... cara, se eu fosse amigo dela, ficaria

preocupado...

Bem, isso é tudo que preciso ouvir.


— Você não está se mudando. Não. Não. Não... não, — digo

novamente, imaginando em que segunda dimensão de realidade

estou vivendo.

— Faz sentido.

— Sentido? Como?

Josh acena com a cabeça. — Eu moro em um trailer. Eu odeio

isso. Oliver odeia morar com Grayson e precisa se mudar antes que

Jess tenha o bebê, e... você não vai ficar aqui sozinha.

Ele perdeu a porra da cabeça. Dizem que as mulheres

enlouquecem quando descobrem que estão grávidas, mas nunca ouvi

falar do pai enlouquecer.

— Estou perfeitamente bem morando sozinha na minha

própria casa.

Ele cruza os braços sobre o peito. — Você sabe quais foram as

primeiras palavras de Jeremy quando liguei para ele?

— Onde estão os donuts?

As sobrancelhas de Josh baixam. Aparentemente, ele não me

acha engraçada. — Não, é que se ele fosse amigo de você, ele ficaria

preocupado. Então ele disse que não deixaria você sozinha se fosse

eu.


Agora isso me irrita. — Deixar-me?

— Sim, deixar você. Ele protegeria você.

— Jeremy não consegue se proteger, muito menos outra

pessoa.

— Delia. — Sua voz é baixa com advertência.

— Eu não estou sozinha. Eu tenho câmeras. Além disso, não

sou uma donzela em perigo.

— Não, você é a mãe do meu filho, o que é muito mais

importante.

Meu queixo cai e eu pisco. — Você está levando isso um pouco

a sério demais.

— Querendo te proteger? Cuidando para que você não esteja

aqui sozinha e sem um vizinho perto o suficiente para ouvi-la se

precisar de ajuda. Se você parar por um segundo, verá como minha

mudança funciona bem para todos.

Eu rio uma vez porque nada disso funciona. Ele ficar na minha

casa não é um bom presságio para a coisa sem sexo, já que fizemos

sexo nem mesmo cinco dias atrás. Não que haja muita chance disso

no momento, já que quero sacudi-lo até que a sensação de que ele

teve volte.

— Você não vai morar comigo. Nunca funcionaria!

— Por quê?

— Você está louco? O que você quer dizer com por quê? Eu

quero... Eu não posso ter você morando aqui!

— Mas você me superou, — Josh me lembra.


Eu olho para ele. — Então, você vai ficar bem se eu trouxer um

cara para casa?

Sua mandíbula aperta e há fogo em seus olhos. Exatamente.

Ele pode não ser capaz de me amar, mas existem sentimentos

além da amizade. Um homem não reage dessa maneira se não houver

sentimentos.

— Você tem planos de trazer alguém para casa?

Eu encolho os ombros. — Eu poderia.

— Certo. Então isso é um sim? — O aço em sua voz vai direto

ao meu núcleo.

Oh, eu gosto do Josh ciumento. Ele é muito sexy.

Não. Não sexy. Nada com sexo.

— Eu não quero, mas isso não significa que eu não irei em

algum momento. Você deixou claro que não quer um relacionamento,

e eu entendo, mas quero mais.

— Delia. — Ele diz meu nome com uma pitada de dor.

— Não, você morar aqui seria um erro.

— Você tem dois quartos.

— Sim, e o segundo será do bebê.

Ele suspira. — Temos cerca de sete meses antes que esse

quarto seja necessário. Funciona, Delia. Estou aqui todos os dias

para trabalhar no chão. Assim que terminar com isso, há outros

projetos, além do quarto do bebê, que precisará ser refeito. Posso dar

a Oliver um lugar para ficar e estar aqui para ajudar com as reformas

e garantir que você não esteja sozinha. E se alguém invadir? E se


você estiver aqui, sozinha, e essa pessoa maluca passar pelo seu

sistema de alarme de última geração? — O sarcasmo é grosso nessa

última parte.

— Grrr. — Estou realmente ficando irritada. — Eu tenho

vizinhos!

— Oh, sim, isso é reconfortante. Estão a pelo menos trinta

minutos de distância agora. Se eu ficar aqui, estarei em trinta

segundos.

Não acredito que estou ouvindo isso, mas ele tem razão sobre

os arrombamentos. Posso brincar que Jeremy é um policial horrível,

mas a Sra. Garner estava completamente apavorada e não posso

descartar isso. Se Josh estiver aqui, isso pode trazer um pouco de

conforto para ela também.

— Eu não sei...

Ele se aproxima, segurando meus ombros em suas mãos

grandes. — Pense nisso. Acontece que você me teria por perto se

precisasse de mim. Teríamos algum tempo juntos para nos

tornarmos melhores amigos antes do bebê nascer, e você terá seu

próprio garoto de recados pessoal para quando tiver um desejo no

meio da noite. Mas estamos prestes a ser pais. Então, pelo bebê,

devemos descobrir as coisas antes que ele ou ela chegue.

Eu balanço minha cabeça, me recusando a ouvir seu raciocínio

que soa tão atraente. — Eu não sei. Preciso pensar sobre isso.

— Não é um não.

— Não é um sim também.


— Onde você quer que eu coloque isso? — Oliver pergunta

enquanto carrega uma caixa para Josh.

— No segundo quarto, — Josh grita do carro.

Dois dias. Isso foi tudo o que levou antes que o homem se

mudasse para minha casa. Sou tão fraca.

Oliver se aproxima de mim e beija minha bochecha. — Deus te

abençoe. Você está fazendo a obra do Senhor.

— Cale-se.

Ele ri. — Estou falando sério. Você está me dando um lugar

para morar, livre de Amelia e sua hora de brincar muito cedo. Sem

mencionar que Jess está seriamente prestes a estourar e tão, tão

mal-humorada porque não consegue dormir.

— Você é um tio horrível.

— É só isso, eu não sou. Eu sou o melhor, e é porque não moro

com eles.

Eu rolo meus olhos quando ele passa por mim. Josh entra em

seguida com uma caixa muito maior. Eu bufo e entro na cozinha para

pegar algo para beber, desejando que possa ser vodca.

Hoje, estou me sentindo tão enjoada. Tive a sorte de não ter

tido enjoos matinais antes, mas estive a ponto de vomitar o dia todo.

Pode ser o estresse de ter um homem alto e corpulento

dormindo no quarto oposto ao meu por um tempo.

A primeira coisa que combinamos foi que ele não dormiria no

meu quarto. Não sou nem remotamente forte para recusar essa

tentação. A segunda é que devemos respeitar a vida da outra


pessoa. Se ele quiser namorar, vou fingir que não estou nem aí,

enquanto secretamente desejo a ela uma vida inteira de diarreia. Se

eu namorar, ele não dirá uma palavra para me intimidar ou ser rude.

— Delia? — Josh chama da porta da cozinha.

Eu me viro, deixando escapar um suspiro baixo. — Sim?

— Oliver acabou, ele irá para Melia Lake e nos encontrará no

Grayson.

— Por que vamos no Grayson? — Eu pergunto, sem saber

desse plano.

Ele sorri. — A bolsa de Jessica estourou.


— Ela é perfeita.

— Ela é, não é? — Jessica diz com lágrimas nos olhos.

— Você decidiu um nome?

O olhar de Jess se move para Grayson, que está no corredor

chamando seus irmãos. — Não. Grayson não gosta dos nomes que

escolhi e realmente odeio os dele.

— Qual é a sua primeira escolha? — Eu pergunto.

— Eu gosto de Adeline, mas ele diz que vai ser difícil ter duas

garotas com nomes que começam com A.

Eu sorrio. — Ele pode estar certo, especialmente se você tiver

outro atrás dela.

Ela suspira profundamente. — Ele gosta de Ember 5 .

Eu franzo os lábios e penso nisso. — Você sabe...

— Eu sei, eu sei. Tem significado e é bonito. Mas, tipo,

precisamos imortalizar o fogo?

5 Brasa em inglês.


Esfrego meu dedo na bochecha de sua filha. — Ela não é a

cinza do fogo, mas a brasa que permanece quente. Eu acho lindo,

assim como a mãe dela.

Jessica olha de volta para ela, uma lágrima caindo. — Ela é, e

você está certa. Ela permaneceu viva, resistindo e lutando para estar

aqui. Eu... Eu... Ugh. Eu odeio que vocês dois estejam certos. Ela é

Ember, não é?

Eu solto uma risada suave. — Eu acho que ela é.

— Eu também acho.

— Eu estou tão feliz por você. — Eu olho para a doce menina

em seus braços e meu lábio treme. Isso vai ser eu em breve. Talvez

não a parte da menina, mas a parte do bebê segurando. Eu não estou

preparada.

Eu fungo e me afasto.

— Ei, o que há de errado?

— Estou tão feliz.

Ela ri. — Então, você está chorando?

Abro a boca para dizer a ela que estou grávida, mas me

contenho. É o dia dela e não vou tirar nada dela. Além disso, quero

passar o primeiro trimestre e sair da zona de perigo antes de contar

a todos.

— Não é isso que fazemos quando estamos felizes? — Eu

pergunto.

Jessica beija o topo da cabeça de Ember. — Eu acho que é.


Grayson entra na sala, olhando para nós com um olhar

ligeiramente apavorado quando nos vê sussurrando. — Você está

bem?

— Eu escolhi o nome.

— Você... escolheu o nome? — Ele diz com cuidado.

Ela acena com a cabeça. — Ember.

Ele solta um suspiro e depois ri. — Delia gostou?

— Sim.

Jessica olha para mim. — Então, ouvi dizer que Josh se

mudou?

isso.

— Hoje é o dia em que sua filha nasceu, não temos que discutir

— Oh, acho que sim, — diz Jess com a cabeça inclinada para

o lado. — Há mais alguma coisa que você queira me dizer?

Eu balanço minha cabeça. — Não, nada a dizer.

— Mesmo? — Ela pergunta novamente. — Porque, bem, eu não

sou estúpida, Deals.

— Eu nunca disse que você era.

Grayson se levanta da beira da cama e dá as costas para a

porta.

— Eu sei, mas você e Josh... tipo, tenho certeza de que é muito

mais do que está dizendo.

O que, tipo, grávida?


Meu coração para por um segundo e os pés de Grayson param

de se mover. Ele olha de volta para mim e depois para Jessica.

— Jess... não se envolva nisso, — avisa.

— Eu concordo com seu marido.

Ela revira os olhos. — Eu não vou me envolver. Estou

preocupada com uma amiga e estou ajudando.

— Não há nada para ajudar, Jess. Estou bem, e Josh morar

comigo faz sentido porque ele é um idiota superprotetor.

— Jeremy disse que essas invasões eram algo para se

preocupar, — Gray oferece.

— Jeremy também acreditava que havia um fantasma sob as

arquibancadas que agarraria seus tornozelos no jogo de futebol.

Grayson tem a decência de parecer envergonhado. — Foi uma

brincadeira.

— Ele usou alho ao redor do pescoço durante um ano letivo

inteiro para protegê-lo, — acrescento. — Ele não é tão brilhante.

Jess sorri e depois encolhe os ombros. — Gray foi muito

convincente.

— Só estou dizendo que Jeremy é a última pessoa de quem

devemos pedir conselhos.

— Josh parece pensar que há alguma validade. Eu sei que

estamos definindo nosso alarme novamente e estou um pouco mais

vigilante, — Grayson diz enquanto se move para o lado de Jess. —

Não há nada que um homem não faça para proteger as coisas que

ama.


Eu rio uma vez. — Todos nós sabemos que Josh não me

ama. Ele só está... — Ele está apenas me protegendo porque estou

grávida.

Deus, isso é tão difícil de manter para mim mesma. Eu quero

gritar e contar tudo a ela. Jessica é minha melhor amiga e odeio não

contar a ela ainda. No entanto, preciso de mais tempo para envolver

minha cabeça em torno disso, pois estou preocupada que não vá

vingar. Minha mãe tem um histórico de abortos espontâneos antes e

depois de mim.

— Ele obviamente se preocupa com você o suficiente para se

mudar, — diz Jess.

— Porque ele é um cara estúpido, — eu digo com

exasperação. — Houve dois arrombamentos possíveis e, de repente,

ele está preocupado com a minha vida.

Jessica ri. — Todos nós sabemos que Josh é complicado. Ele

sempre foi, mas uma coisa que vou dizer é que ele não vai deixar as

pessoas que ama se machucar.

Eu me forço a não olhar para ela. Sinceramente, não quero

mais ouvir isso. Eu deixo falsas esperanças criarem raízes. — Chega

de falar sobre mim. Vamos falar sobre sua linda filha e como sua vida

é perfeita.

— Não é perfeita, mas é a nossa família.

— É perfeita, Jess.

Ela encolhe os ombros. Nossos olhares se movem para Ember,

e me forço a não ficar triste porque meu dia não virá com as mesmas

alegrias de ser uma família.

— Talvez um pouco.


Eu sorrio, meu coração doendo um pouco. — Sim, talvez um

pouco.

— Você está indo para a cama? — Josh pergunta enquanto

coloco a caneca do meu chá na pia.

Eu me inclino contra o balcão e aceno.

Josh muda seu peso de um lado para o outro. — Você trabalha

amanhã?

— Não, estou de folga.

— Ok. Você iria... gosta de assistir televisão ou algo assim?

Ele fica tão fofo quando está desconfortável. — Certo. Eu

estava indo para a cama, mas podemos assistir uma coisa.

Dirigimo-nos para a sala de estar e sentamo-nos no sofá com

pelo menos sessenta centímetros entre nós. Jesus, isso vai ser muito

divertido.

— O que você quer assistir? — Eu pergunto.

— Você pode escolher.

— Eu realmente não assisto televisão. Normalmente leio, mas

tenho certeza de que podemos encontrar algo.

Depois de quinze minutos, desisto, jogando o controle remoto

entre nós. Cada coisa que eu escolhi, ele vetou e vice-versa. Eu


pareço querer assistir esportes? Eu nem entendo metade do que eles

estão falando.

Josh pega o controle remoto, murmurando baixinho, e acha

um dos programas que eu estava entusiasmada. É uma espécie de

ajuste aos nossos desejos, é uma história de amor, que se passa na

Inglaterra de 1800, e é tudo sobre o que eu acho que era rúgbi. É

perfeito.

O episódio um começa e acabamos nos acomodando na mesma

posição. Nossas mãos estão cruzadas à nossa frente, as pernas retas

e nossas posturas tão imóveis que é como se não gostássemos um do

outro.

É como um nível de dança do ensino médio estranho.

— Josh? — Digo suavemente.

— Sim?

— Existe uma razão para estarmos assim?

Ele ri, levanta um braço e balança a cabeça. — Venha aqui.

Eu não espero, não apenas porque amo sentir seus braços em

volta de mim, mas também porque o dia de hoje foi desgastante.

Jessica teve seu bebê, Joshua mudou-se para minha casa e eu

fiz uma promessa estúpida de que não faríamos sexo novamente.

Eu deito em sua perna e ele puxa o cobertor sobre mim antes

de pousar a mão no meu quadril.

O show continua e é muito bom. Quer dizer, eu poderia ficar

sem todo o material esportivo, mas não faria muito sentido. Eu fecho

meus olhos, me sentindo aquecida e segura. A mão de Josh se move

para cima e para baixo nas minhas costas, e então seus dedos tocam

minha bochecha.


Minha mente vagueia entre todos os tipos de nada, e antes que

eu perceba, estou completamente inconsciente de qualquer outra

coisa além de como me sinto feliz. Não consigo me lembrar da última

vez em que me senti tão confortável com outra pessoa.


Isso parece muito certo.

Perfeito demais.

Muito fácil.

E aprendi que não há nada na vida que continue assim.

Eu escovo seu cabelo para trás enquanto ela solta um ronco

profundo. Isso não deveria me fazer sorrir, mas faz. Morar com ela

era um risco, mas de jeito nenhum eu deixaria outra mulher se

machucar se eu pudesse fazer algo a respeito.

Eu protegerei Delia.

Farei tudo por ela porque, embora nunca me permita amá-la,

também não a perderei.

Ela se mexe um pouco e eu puxo o cobertor mais para cima. Eu

deveria acordá-la e colocá-la na cama, mas não o faço. Em vez disso,

eu a puxo um pouco para que eu possa me deslizar atrás dela,

abraçando-a e segurando-a contra o meu peito.

Digo a mim mesmo que não vou ficar assim, mas então minha

mão se move ao redor dela e pousa em seu estômago.

Há uma criança lá - nosso filho. Algo que foi feito por nossa

causa e ainda não tenho certeza de como processá-lo. Se há alguma

mulher no mundo com quem eu gostaria de ter um filho, é ela.


Delia sempre foi minha fraqueza.

— Você não tem ideia do quanto eu odeio não ser um homem

melhor, — eu sussurro para ela, sabendo que ela está dormindo e

não pode me ouvir. — Eu daria qualquer coisa para voltar no tempo

e mudar as coisas para que eu fosse um homem melhor que não

pudesse ser tão prejudicado. Eu simplesmente não consigo. Não

posso arriscar, e você, Jesus, seria o meu fim. — Posso ter perdido

alguém que amava antes, o que foi horrível e me mudou

irrevogavelmente, mas Delia é outra estratosfera de sentimentos. —

Eu me preocupo tanto quanto você, — confesso. — Tocar em você, te

abraçar, estar com você é tão fácil que eu sei que vou baixar a guarda.

Ela se move um pouco, suspirando enquanto se aninha mais

no meu peito. — Josh, — ela diz, mas seus olhos não tremulam.

— E eu não mereço a reverência em sua voz.

Sua respiração é suave e, por mais que eu queira continuar

assim, sou inteligente o suficiente para saber que seria um erro. Já

fiz muitos deles e não farei mais nada que vá machucá-la.

Eu me levanto, beijo seus lábios e subo sobre ela com

cuidado. Uma vez que estou na frente dela, eu a puxo em meus

braços e a carrego para a cama. Ela murmura algo quando eu a

coloco na cama e a coloco para dormir.

Usando cada grama de restrição que tenho, vou para o meu

quarto e olho para o teto, me odiando.


Não há sono para mim. A noite toda, pensei em todas as

milhares de pequenas decisões que me trouxeram a este

ponto. Muitos erros. Tantas coisas que eu deveria ter feito de forma

diferente. No final, nada disso importa. Decidi que a única maneira

de fazer essa situação funcionar é encontrar uma maneira de nossa

amizade sobreviver. Eu saio da cama e começo a trabalhar na

primeira fase de nossos novos arranjos de vida - café da manhã.

O trailer me deu zero chance de realmente cozinhar. Era

principalmente aquecer as coisas e ir para a casa de Jennie quando

eu terminava de comer cereal ou aveia instantânea.

Hoje, temos trabalho. Ovos, bacon, waffles e batatas

fritas. Claro, eu já saí e peguei seu café, o que deve torná-la um pouco

mais agradável.

— O que... — a voz de Delia me faz virar. — Oh, Deus, você é

um desses?

— Um de quê?

— Pessoas que gostam café da manhã.

— Quem não gosta de café da manhã? — Eu pergunto,

imaginando porque todo mundo gosta de café da manhã.

— Umm, pessoas normais.

— Acho que você entendeu ao contrário, — digo a ela e volto a

fazer os waffles.

— Tem bacon, batatas fritas e ovos ali.

Delia faz um barulho e eu me viro a tempo de ver sua mão voar

para cobrir a boca.

— Você está bem?


Ela estremece e engole algumas vezes, conseguindo apenas

uma palavra. — Ovos.

— Sim, estes são ovos, — eu digo, quebrando um ovo ao meio.

Seus ombros se sacudem um pouco e então ela sai correndo

da sala. — Merda, — murmuro e corro atrás dela.

A porta do banheiro bate e eu a ouço passar mal. Não pensei

em enjoos matinais.

Eu rapidamente limpo a cozinha, escondendo qualquer

evidência dos ovos.

Depois de mais um minuto, a torneira desliga e ela abre a

porta.

Sua cor está pálida e ela suspira profundamente. — Não

consigo olhar para os ovos.

— Anotado.

— Isso foi constrangedor.

— Você está grávida e tenho certeza de que aversões à comida

são normais, — digo a ela, na esperança de aliviar sua ansiedade.

Ela encolhe os ombros. — Elas são. Não gosto de manhãs e

gosto ainda menos de comida de manhã.

— Então o que você gosta?

— Café, — Delia responde sem pausa.

Eu sorrio. — Bem, isso eu tenho.

Eu a levo para a sala de estar e para longe da comida ou de

possíveis avistamentos de ovos antes de voltar para a cozinha para


pegar o café. Ela se aninha no braço do sofá, as pernas embaixo dela

enquanto bebe de sua xícara.

— Obrigada, — Delia diz enquanto parece se acomodar.

— De nada.

— Desculpe pelo seu café da manhã fracassado.

— Vou comer, não se preocupe.

Ela ri. — Bem, eu agradeço. Eu só tomava café da manhã

quando trabalhava à noite porque era mais parecido com o jantar.

— Eu vejo.

— Eu geralmente acordo com tempo apenas para entrar no

chuveiro e começar a trabalhar. Então, sim, manhãs não são minha

praia.

— Talvez você não tenha tido um motivo para acordar antes...

— Oh, e você é essa razão agora? — Ela pergunta com a

sobrancelha levantada.

Eu me inclino um pouco, incapaz de resistir ao fascínio de

Delia. — Pode ser.

— Talvez seja uma resposta evasiva.

Eu quero dizer a ela as palavras que ela deseja. Prometer a ela

que eu poderia ser mais, dar a ela mais, mas promessas quebradas

são tudo que posso garantir.

Vou abrir a boca, quando uma batida na porta quebra o

encanto.

Ela pisca e olha para a frente. — Que inferno?


Eu encolho os ombros. — Há uma maneira de descobrir... —

Eu me levanto, indo até a porta. Quando eu abro, um bolo é

empurrado para mim.

— Oh, é verdade! — Uma Sra. Garner de um metro e meio

diz. — Eu disse a você, Marivett! Eu disse que ouvi dizer que Joshua

Parkerson se mudou para a casa ao lado, e você não acreditou em

mim. Mas olhe, ele está bem aqui.

A Sra. Villafane, que é trinta centímetros mais alta que a amiga,

sorri. — Eu ouvi você, Kristy, mas eu não iria apenas acreditar na

sua palavra.

— Por que estou sempre errada?

— Mesmo um relógio quebrado dá certo duas vezes por dia, —

ela diz exasperada.

— Bem, eu estava certa desta vez. Olhe para você, você está

crescido e tão grande e forte. Ele não é grande e forte, Delia? — Sra.

Garner pergunta, olhando por cima do meu ombro.

— Sim, ele com certeza é, — Delia responde com uma risada.

Deus me ajude. A Sra. Garner e a Sra. Villafane são opostos

completos em todos os sentidos. De suas personalidades a seus

olhares e os sons de suas vozes. A Sra. Villafane é alta, magra e tem

feições mais escuras. Sua voz é mais áspera e seu sarcasmo nunca

pode ser esquecido. E a Sra. Garner é minúscula, com uma pele clara

e uma voz quase musical.

As duas abrem caminho para dentro de casa, e eu

honestamente não tenho ideia de como isso aconteceu. — Entre, —

eu digo, embora elas já estejam na sala de estar.

Sra. Garner ri baixinho. — Quanta consideração de sua

parte. Então, vocês dois são um casal agora? Bill diz que vocês estão


juntos há bastante tempo. Estou apenas supondo, desde que você se

mudou para cá, que há alguma razão sobre ele.

— Oh, por favor, Kristy, — interrompe a Sra. Villafane. — Nós

sabemos que não devemos ouvir aquela cabra velha. — Ela se vira

para mim. — Mas e você?

— Uhh.

Ela continua. — Eu gostaria de transmitir as informações

corretas. Direto de uma fonte segura, por assim dizer.

Eu me viro para Delia, esperando que ela ofereça alguma

ajuda, mas ela apenas sorri. — Somos amigos, — ofereço uma

explicação que realmente não dá nenhuma informação.

— E que tipo de amigos exatamente? Veja, eu era a melhor

amiga do meu marido.

— Antes de ele se tornar o melhor amigo da vizinha dela, —

acrescenta a Sra. Garner.

A Sra. Villafane dá um tapa em seu braço. — Você fica

quieta. Joshua nunca faria isso com nossa Delia.

— Não, claro que não. Ele não é nada parecido com seu pai

mulherengo. Sentimos muito em saber sobre seus pais, mas sabe,

sabemos que você não é como Mitchell. Ele sempre teve mãos

errantes, mas vocês, meninos, vocês são todos bons homens. — A

Sra. Garner balança a cabeça como se as palavras fossem verdade.

Não tenho certeza de que parte disso devo responder. —

Obrigado, eu acho...

— De nada querido. Agora, diga-nos. Vocês são um casal?


— Nós somos amigos, — eu repito, e ouço Delia bufar. Eu me

viro para ela com os olhos arregalados, implorando por ajuda, mas

ela apenas balança a cabeça e encolhe os ombros.

As duas senhoras trocam um olhar e se voltam para mim. —

Isso me diz muito.

café.

— A mim também, — Delia concorda e então toma um gole de

— Então, você também não sabe o que é? — Sra. Garner

pergunta a Delia.

— Oh, não, somos amigos.

A Sra. Villafane se vira para mim. — Nós só teremos que passar

algum tempo aqui hoje e ajudar vocês a descobrir isso. Somos muito

boas em resolver problemas. Você sabe, outro dia, estávamos na casa

de Jennie, e aquele menino de Christopher Palmer estava lutando

para saber o que fazer a respeito de seus sentimentos por Myra

Prince. Você conhece ela? — Pisco algumas vezes, sem ter ideia de

quem ela está falando. — De qualquer forma, ele gosta dela e... você

está ouvindo, Joshua?

— Claro.

Seus lábios se apertam. — Bem, como eu estava dizendo, nós

o ajudamos. Levou duas horas inteiras para fazê-lo finalmente ver o

que dissemos no início estava certo.

Delia sorri. — Isso é tão maravilhoso da parte de vocês

duas. Tenho certeza de que Christopher gostou muito desse

conselho. E por mais que eu adorasse sentar e conversar com vocês,

eu tenho um compromisso, e vocês estariam me fazendo o maior

favor se pudessem ajudar Josh hoje.

— Ajudar? — Ambas questionam em uníssono.


— Sim, ajudar? — Eu peço.

Delia acena com a cabeça. — Eu ia sentar com ele e falar sobre

todas as coisas que estão acontecendo por aqui, você sabe, com as

possíveis invasões logo adiante, mas eu tenho que ir. Já que vocês

duas são muito informadas sobre a situação, eu esperava que vocês

pudessem ajudar a comer este lindo café da manhã que Joshua

preparou e contar a ele, — Delia diz, sua voz aumentando de

entusiasmo. Estou com tantos problemas, porra. — Pensando bem,

ele provavelmente adoraria ouvir o monitor policial e saber todas as

fofocas para que possa nos proteger um pouco melhor. Joshua se

preocupa com a proteção e, claro, se vocês lhe derem algum conselho,

ele provavelmente poderia usá-lo também, — acrescenta ela de forma

conspiratória.

Oh, ela vai pagar por isso. Muito.

— Isso não é realmente necessário, — eu digo, não querendo

ofender as duas mulheres mais velhas. — Eu tenho muito trabalho

para fazer.

A Sra. Garner pousa a mão no meu braço. — Absurdo. Delia

está certa, devemos atualizá-lo sobre as coisas, certo, Marivett?

— Oh, definitivamente. Você esteve ausente por muito tempo.

— Tenho certeza de que nada mudou, — tento me desviar.

— Tanta coisa! — Sra. Garner diz.

Delia se arrasta de volta para a porta da frente, e eu dou a ela

um olhar que diz que vamos falar muito sobre seu compromisso

fictício quando ela voltar. Com sorte, até lá, eu não me joguei do

penhasco.

Eu limpo minha garganta. — Delia, acho que sua consulta foi

cancelada.


Ela balança a cabeça. — Não, não foi. Acabei de receber a

mensagem de lembrete. Tenho que ir ou vou me atrasar.

A Sra. Villafane acena com a mão. — Vá em frente, querida,

nós cuidaremos disso.

O sorriso nos lábios de Delia é todo travesso. — Deals...

Ela aperta as mãos contra o peito. — Eu sinto muito, desculpe,

não posso ficar por aqui, mas eu aprecio vocês senhoras ajudando

nosso protetor aqui. Ele ficou extremamente preocupado quando

soube do aumento da criminalidade. Tanto que ele quis morar aqui

para ter certeza de que todas nós estávamos a salvo. Ele é o melhor

amigo que alguém pode pedir. — Eu franzo os lábios e olho para ela,

mas ela não parece alterada. — Estarei de volta em algumas

horas. Tchau!

Elas acenam para ela quando ela sai - ainda usando seu

maldito pijama. Quando eu finalmente arrasto meus olhos para fora

da porta fechada, os sorrisos das duas mulheres me dizem que este

será um dia muito, muito longo.


— Não sei se devo rir ou dar um tapa na sua cabeça, — diz

Ronyelle enquanto caminhamos para o meu carro.

Parece que a Sra. Garner e Villafane espalharam a fofoca de

que o Parkerson mais velho está morando comigo.

— Eu voto por rir.

— Você poderia.

Eu suspiro profundamente. — Honestamente, não foi uma

escolha. As coisas estão realmente complicadas e... não que isso

descomplique alguma coisa, mas vai nos dar pelo menos alguns

meses para acertar as coisas.

— O que diabos você precisa de alguns meses... — Seus olhos

castanhos se arregalam. — Não! Não! Delia!

Eu a silencio, puxando-a para o fundo do estacionamento. —

Você vai manter isso em segredo!

— Você está grávida, — ela sussurra, mas ela poderia muito

bem ter gritado.

— Sim.

— Não tenho palavras e sempre tenho palavras. Muitas

palavras. Palavras que saem em frases contínuas que ninguém quer


ouvir, mas você... — Ela aponta o dedo em minha direção. —

Você me deixou sem palavras.

Gostaria de salientar que seu pequeno discurso foi cheio de

palavras, mas sei que não devo lançá-la em outra tangente.

— Eu não sou cheia de palavras.

— Você nunca ouviu falar de camisinha? Ou controle de

natalidade? Eu juro, esta cidade e as meninas que estão grávidas... é

como se ninguém prestasse atenção na educação sexual.

Solto uma risadinha suave. — Falhou.

— A aula? Sim. Eu vejo isso.

Eu bufo. — Não, o controle de natalidade e a

camisinha. Acredite em mim, usamos os dois e estou aqui, uma

estatística completa.

Ela solta um suspiro e balança a cabeça. — Então o que você

vai fazer? Além de deixar o papai do bebê morar com você.

— Podemos nunca chamá-lo assim de novo?

Ela levanta as sobrancelhas escuras. — O que você prefere?

Reprodutor? Garanhão? Homem da carne?

— Definitivamente não.

— Nós vamos...

— Eu não sei o que estamos fazendo além de ter um bebê. A

consulta para o meu ultrassom é amanhã e depois partiremos

daí. Não contamos a ninguém, então, por favor, fique quieta.

— Você sabe que eu não fofoco.


Eu concordo. Acho que suas regras rígidas sobre confiança e

ética são o que a torna uma das melhores chefes da fábrica.

— Stella é a única outra pessoa que sabe.

Ronyelle se inclina contra o carro. — Não sei como você se

meteu nessa confusão, mas não posso dizer que estou chocada. Você

e Josh estavam fadados a encontrar uma maneira de se enredar.

— Não foi isso que aconteceu.

Ela ri uma vez. — Não? Como você chama isso? Você agora

está amarrada a este homem para o resto de sua

vida. Aniversários? Ele estará lá. Natal? Todos os anos,

querida. Esse homem pode não querer uma família, mas foi criado

para amar aquela que tem. Ele nunca vai recusar essa criança e vai

querer se envolver. Seja qual for o homem que você decidir namorar,

ele também estará namorando Joshua Parkerson.

— Obrigada por essa previsão impressionante da minha vida.

— De nada. Falando sério, você está bem?

— Estou, — eu asseguro a ela. — Ele aceitou muito bem, o que

foi bom. Achei que ele fosse pirar, mas...

— Ele pode não querer o que está prestes a receber, mas Josh

nunca fugiu da responsabilidade.

— Não, — eu concordo. — Ainda desejaria que não fosse assim.

Ela suspira profundamente, sua cabeça balançando ao mesmo

tempo. — Desejos são para tolos.

Eu sei que é verdade porque sou definitivamente uma idiota,

considerando quantas vezes eu desejei Josh.

— E eu sou a maior.


Ela levanta uma sobrancelha. — Você é incrível, minha

amiga. Mesmo assim, você sabe que tudo o que precisar, estamos

todos aqui para ajudá-la.

— Obrigada. Acho que vai ficar tudo bem. Decidimos voltar a

ser apenas amigos, então chega de sexo, beijo ou carinho.

A cabeça de Ronyelle é jogada para trás. — Porque você quer,

o quê? Evitar a gravidez.

— Dor no coração, — eu respondo imediatamente.

— Eu te avisei sobre isso depois da primeira vez.

Ela disse, mas eu não dei ouvidos. — Estou sendo mais

inteligente agora.

— E você acha que vai resistir ao Sr. Sexy, que você não

consegue resistir a te tocar, enquanto ele está morando com

você? Por favor. Você vai desabar, e nós duas sabemos disso.

— Não, não vou. Estou sendo inteligente para não acabar

odiando-o no final disso.

Seus braços se cruzam sobre o peito e ela apenas olha para

mim. — Eu tenho minha pipoca e o pôster de eu-avisei prontos.

— E eu tenho o meu, porque não vou lá.

Ela acena com um sorriso. — Veremos.

— Nós vamos, e você vai comer suas palavras.


Minha perna não para de saltar.

À minha volta, existem várias mulheres em diferentes estágios

da gravidez. Uma está prestes a estourar, com as mãos apoiadas na

barriga inchada, a outra está talvez há alguns meses, só tendo uma

protuberância menor, e aí está a nova mamãe, que parece... cansada.

Josh agarra minha mão, entrelaçando seus dedos com os meus

e colocando-os no meu joelho.

Eu me viro para ele, dando-lhe um sorriso suave. — Desculpe,

só estou nervosa.

— Que ela vai nos dizer que você está grávida?

— Sim, — eu digo com uma risada. — Vai ser estranho. Ela

disse que ouviremos o batimento cardíaco e obteremos a data do

parto exato desta vez.

— Vai ficar tudo bem, Delia, — Josh me tranquiliza.

Não sei se ficará. Tudo parece tão confuso e no ar. Estou

grávida e, em vez de Josh abrir a tampa e me chamar de prostituta,

ele tem sido ótimo. Além de toda a coisa de morar comigo, claro.

Esta manhã, ele me acordou com café e depois comeu seus

ovos, que ele fez com as janelas abertas e um ventilador ligado, no

deque, embora estivesse muito frio lá fora. Embora eu provavelmente

merecesse vomitar depois do dia que ele teve com a Sra. Garner e

Villafane, ele se esforçou para se certificar de que eu estava

confortável.

Falando de...

— Você vai verificar as fechaduras da Sra. Garner hoje?

Ele me lança um olhar de soslaio. — Sim, após nosso encontro.


— Foi muito gentil da sua parte oferecer.

Josh bufa. — Oferecer? Eu acho que você quer dizer ser

arrastado para fazer.

— Meio que é uma merda, hein?

— O quê?

Eu levanto uma sobrancelha. — Sendo honesta. Este homem

que eu conheço, que é muito gostoso e com quem transei algumas

vezes, bem, ele fez esse mesmo tipo de coisa comigo.

Os lábios de Josh se contraem. — Ele fez?

— Sim, um dia fiz um comentário e, a próxima coisa que

percebi, ele estava se mudando.

— Parece um cara carinhoso.

— Oh, ele se preocupa como um bruto autoritário.

Josh se inclina. — Você me chamou de bruto?

— Você entrou na minha casa com um rolo compressor? — Eu

me oponho. Por mais que ele tenha feito exatamente isso, também é

mais do que qualquer homem fez para garantir minha segurança. É

meio fofo, mesmo que eu tenha que sentar em minhas mãos para me

impedir de atacá-lo.

— Talvez, mas você vai ter meu bebê.

— E isso significa?

Ele encolhe os ombros. — Nada.

Eu bufo e descanso minha cabeça na parede antes de voltar

meus olhos para ele. — Obrigada.


— Por? — Ele pergunta com confusão em sua voz.

— Se preocupar.

Os dedos de Josh apertam um pouco. — Eu sempre me

preocupei com você, Delia. Eu sempre... bem, sentir e cuidar não têm

sido o problema para mim.

Não, tem se permitido me dar mais.

— Eu sei.

Ele amará e cuidará de nosso filho, mas seremos apenas

amigos. Eu luto contra as emoções porque, não importa quantas

vezes eu estabeleça uma linha entre nós ou diga a ele que é assim

que deve ser entre nós, eu odeio isso. Eu quero mais, e vai demorar

mais do que alguns dias para encontrar meu equilíbrio na ideia de

que Josh nunca vai se esquivar de suas responsabilidades em torno

de nosso filho, mas isso é o máximo que seu amor vai se estender.

Quanto mais digo isso a mim mesma, mais fácil será.

Quando meu nome é chamado, Josh vira comigo. A enfermeira

me dá instruções para fazer xixi em um copo e colocar a bata de papel

e que a abertura fique nas costas antes que ela nos diga que alguém

vai entrar imediatamente.

Josh vai até a cadeira e eu vou para o banheiro.

Assim que termino, pulo em cima da mesa, colocando o

cobertor sobre minhas pernas. Ele se senta lá, parecendo

extremamente deslocado, e eu sorrio.

— O quê? — Ele pergunta, percebendo o olhar.

— Nada.

— Esse sorriso não é nada.


— Só que parece que você está pronto para fugir.

— O que exatamente é isso? — Ele aponta para a máquina de

ultrassom.

— Bem, isso vai nos mostrar o bebê.

— Eu sei disso, mas como aquela varinha...?

— Vai dentro de mim, — eu explico.

Ele empalidece. — Sério?

— Sim. — Eu rio depois que ele passa de pálido para verde. —

Está bem. Está tudo seguro e nos permitirá ver o bebê.

— Como você sabe tudo isso?

— Jess.

Fui com ela a uma consulta antes de ela contar a Grayson e

pude ver essa parte.

— Certo.

Ouve-se uma batida suave antes que a porta se abra. Josh se

levanta quando um médico muito atraente entra. — Oi, Srta.

Andrews. Sou o Dr. Willbanks, um associado da Dra. Locke. Ela saiu

hoje, então estou a substituindo.

— Oi, este é o meu... o pai do bebê, Joshua.

Josh estende a mão e elas tremem. — Você não é um pouco

jovem para ser médico?

Dr. Willbanks ri. — Eu garanto a você, eu sou perfeitamente

capaz de cuidar das necessidades de Delia.

Josh não parece impressionado.


— Honestamente? — Eu digo baixinho, e ele se vira para mim,

revirando os olhos.

— Com licença? — O médico pergunta.

— Nada, — responde Josh. — Peço desculpas, tudo isso é novo

para mim.

O médico inclina a cabeça graciosamente. — Eu entendo. É

muita informação e muito opressor. — Ele abre o gráfico. — Vejo que

você já está confirmada, o que é ótimo, e você tem certeza sobre a

data de concepção com base na situação. Sua urina deu positivo

novamente, o que fazemos a cada visita, — explica. — Vejo que tudo

o resto parece bom. Hoje faremos um ultrassom, daremos uma

olhada no progresso, determinaremos a data do parto e, com sorte,

ouviremos os batimentos cardíacos.

Eu expiro profundamente, olhando para Josh com lágrimas

nos olhos. Ele se move em minha direção, pegando minha mão. Eu

poderia fingir, por um momento, que somos um casal e este é um

momento de alegria. Que nós dois somos uma unidade, unidos pelo

amor e pela felicidade.

Eu poderia, mas não vou.

Josh é um amigo, um protetor e alguém que está aqui por

dever, não por amor.

Não se engane, Delia.

O médico arruma tudo e depois explica o que fará. — Vamos

tentar fazer o ultrassom externo primeiro e, se não conseguirmos ver

com clareza, faremos o transvaginal.

Eu aceno, e Josh solta um suspiro alto de alívio.

Ele é um bebê.


O gel frio passa em volta da minha barriga, e então há esse

som. No início, realmente não parece nada específico, mas depois que

o médico move a varinha um pouco mais, eu ouço. Este som sibilante

rápido.

Josh e eu olhamos um para o outro, e lágrimas enchem meus

olhos. — Oh meu Deus, — eu digo enquanto fica mais alto.

— É tão rápido. Isso é normal? — Ele pergunta.

O médico olha para a tela, concentrando-se e quase nos

ignorando. Então seus olhos encontram os nossos. Ele sorri de forma

tranquilizadora. — O batimento cardíaco está normal, e, bem,

existe...

— Há o quê? — Eu pergunto, sentindo-me nervosa porque há

algo errado.

— Você está vendo isso? — Ele aponta para algo na tela. —

Este é um saco amniótico, a placenta está aqui.

No começo, eu não consigo dizer o que diabos isso é, mas então

ele muda a varinha um pouco e não há como confundir a forma na

tela. Pisco algumas vezes. — Deveria haver... dois de cada?

A mão de Josh cai e ele se mexe para olhar mais de perto. —

Dois?

O médico acena com a cabeça, clicando em alguns botões e,

em seguida, sorri para nós. — Com base nas medições feitas aqui,

você está com cerca de onze semanas de gravidez.

Eu balanço minha cabeça. — Isso é ótimo, mas... são dois,

certo? Tem um extra de tudo lá.

O Dr. Willbanks imprime a foto. — Sim. Parabéns. Você vai ter

gêmeos.


Dois. Gêmeos. Dois.

dois.

Isso gira e gira. Eu nem queria um, e agora estou ganhando

— Josh? — Delia chama minha atenção enquanto estou

andando em círculos na sala.

— Gêmeos?

— Parece que sim. Quero dizer, eles pertencem à sua família,

não é? Ugh. E eles correm na minha. Jesus!

Certo. Stella e Oliver são gêmeos, então, sim, quero dizer, é

possível. E agora sua família também. Eu... dois.

Eu corro meus dedos pelo meu cabelo, me perguntando o que

diabos eu devo dizer. Delia não falou muito. Saímos da consulta

atordoados. Ela tirou as fotos do médico, que provavelmente ainda

está em treinamento, acenou com a cabeça sem rumo enquanto ele

perguntou se estávamos bem, e depois voltou, sem falar.

Gêmeos.

Dois.

Dois bebês.

Duplamente ferrado.


— Eu não pensei que os teria.

— Eu não estava exatamente antecipando isso também, mas

aqui estamos nós, — Delia diz, puxando o cobertor ao redor dela.

Estou sendo um idiota. Eu faço meu caminho para o sofá e

sento ao lado dela. — Você tem razão. Estou apenas atordoado.

— O mesmo aqui.

— Vamos ter gêmeos e ficaremos bem.

Ela ri uma vez. — Você é louco! Não vamos ficar bem! Não

estamos equipados para ter um filho, muito menos dois deles! Isso

é como uma piada cósmica, Josh. Gêmeos. Nada está bem. Eu não

estou bem. Você está bem? Porque você não parece tão bem. Você

fica dizendo dois, gêmeos, e não sei se você percebe que está

falando. Estou enlouquecendo, porra. Você não me ama, e agora eu

tenho que ter dois de seus bebês? Você fica com um e eu fico com o

outro? — Delia se levanta, começando a divagar e andar pelo mesmo

caminho que eu estava andando há dois minutos. — Isso parece

loucura, certo? Não os separamos, mas você consegue um em um fim

de semana e eu fico com o outro? Novamente, isso não faz

sentido. Agora tenho que me perguntar como alimentar dois bebês,

trocar dois bebês, vestir dois bebês. Sem mencionar que estou no

meu auge, Josh! Meu auge de merda, e agora vou ter dois filhos. Que

homem vai querer namorar comigo? Vou ficar sozinha e gorda e ter

seios caídos porque dois bebês significam o dobro de tudo. Ninguém

vai me querer! — Lágrimas escorrem por seu rosto e ela está jogando

as mãos para cima e para baixo. — Eu nunca vou encontrar alguém

que me ame. — Ela se vira, agora mudando para raiva. — E é tudo

sua culpa estúpida!

— Minha culpa? — Eu pergunto, e percebo imediatamente que

foi um erro.


Ela vem em minha direção. — Sim. Você tinha a camisinha que

rasgou. Você tinha que ser legal comigo naquela noite e me fazer

querer fazer sexo quente e suado com você. Tudo.

Sua. Sua. Culpa! Por que você tem que ser tão irresistível?

— Eu... sinto muito? — Digo mais como uma pergunta,

absolutamente inteligente o suficiente para não apontar que foi ela

quem exigiu que eu ficasse naquela noite.

Ela geme e tira o cobertor do sofá antes de jogá-lo na minha

cara e depois se jogar ao meu lado.

Eu coloco o cobertor de lado e pego suas mãos. — Não importa

o que você pense, você não vai ficar sozinha ou gorda.

— Você não sabe disso.

— Não, mas eu sei que você nunca poderia ser outra coisa

senão linda. — Ela balança a cabeça, mas eu continuo: — Estou

falando sério. Qualquer homem que disser o contrário é estúpido e

não merece respirar o mesmo ar que você.

— Isso foi doce.

A parte mais triste é que sou o estúpido. Eu sei que ela é linda,

engraçada, doce e tudo que um homem deve desejar. Eu também sei

que ela me ama. Então, aqui estou eu, deixando essa mulher incrível

andar por aí, acreditando que não passo cada hora do dia pensando

nela, desejando ser um homem melhor.

Delia suspira. O som da derrota quase me quebra. — O que

fazemos agora?

Eu não tenho a mínima ideia. Direi que sou inteligente o

suficiente para não dizer isso a Delia. — Nós levamos um pouco de

tempo e descobrimos.


— Sabe, dissemos que descobriríamos há algumas semanas, e

você se mudou para minha casa.

— Vê como sou eficiente? Agora você não precisa se preocupar

em ter que cuidar de dois bebês sozinha porque estou aqui.

— Sim. Você está.

— Delia! — Chamo pela décima vez porque ela ainda está no

quarto se preparando. — Vamos nos atrasar.

— Estou indo! — Ela grita de volta.

Eu olho para o meu relógio, o ponteiro dos segundos me

provocando a cada tique. Stella vai me matar se eu não chegar a

tempo. Quatro dias atrás, ela me ligou, perguntando se eu seria o

irmão para acompanhá-la até o altar, porque ela decidiu não convidar

nosso pai para seu casamento.

Não consigo imaginar que tenha sido fácil para ela. Quando

criança, ela passava horas demais brincando de se vestir para seu

casamento imaginário. Lembro-me de uma vez em particular quando

ela irrompeu no escritório de nosso pai com seu vestido branco e

pediu sua primeira dança.

Foi uma das poucas vezes em que o vi ser realmente um bom

pai e agradá-la.

Essa não será a memória que ela fará hoje.


sair.

O ponteiro dos minutos se movem. — Delia! Baby, temos que

Ela abre a porta e suspira. — Estou gorda.

Ela absolutamente não está gorda. — Você está linda.

Seus olhos estão marejados de lágrimas. — Eu mal consigo

fechar o zíper. Eu não deveria começar a ganhar peso ainda,

mas... os bolos e a gravidez e vamos ter gêmeos, — divaga.

Eu ando até ela, cutucando seu queixo para que ela possa ver

meu rosto quando eu digo essas palavras. — Delia, se houvesse mil

mulheres aqui agora, nenhuma delas se compararia a você.

Ela se aproxima, suas mãos movendo-se para o meu peito. Eu

me inclino e a beijo. Não foi um pensamento. Eu só tinha que beijar

seus lábios. Ela move as mãos sobre meus ombros e em meu cabelo,

nós dois nos perdemos nas sensações. Eu a pressiono contra a

parede enquanto a beijo mais profundamente, despejando tudo o que

sinto que mantenho enterrado nisso.

Rápido demais, ela engasga e vira a cabeça para o lado. — Não

podemos. Eu não posso.

Eu dou um passo para trás, a perda dela imediata. —

Merda. Eu não deveria...

— Não é porque eu não quero, — explica Delia. — É porque eu

quero o que não podemos.

Por mais complicado que pareça, eu entendo. — Somos

companheiros de quarto, esse é o acordo.

Seus olhos mudam para os meus. — Certo. Companheiros de

quarto.


Eu engulo e corro minhas mãos pelo meu cabelo. — Sinto

muito, Deals. Eu... bem, me desculpe.

— Eu realmente gostaria que você parasse de se desculpar.

— Eu gostaria de parar de fazer coisas pelas quais preciso me

desculpar. De qualquer forma, só queria dizer de novo que,

claramente, acho você deslumbrante e vou lutar para manter minhas

mãos longe de você a noite toda.

Delia morde o lábio inferior. — Esse também é o acordo. Sem

tocar e, quer saber, Josh?

— O quê?

— Acabei de decidir que vai ser muito divertido para mim.

— Divertido? — Eu pergunto, me sentindo um pouco

desconfortável.

— Sim. Veja, você me quer. Eu sei que você me quer.

— Isso nunca foi questionado.

Delia dá um passo mais perto, seu dedo desce pelo meu

peito. — Sim, esse nunca foi o nosso problema. O problema é que

você tem algum motivo para manter este coração trancado. Até

encontrar a chave, não há como tocar no que você quer, certo?

Oh, merda. — Isto não é um jogo.

— Não, — ela diz suavemente. — Não é. São nossas

vidas. Nossos futuros, portanto, decidi que tornarei isso muito difícil

para você. Vou mostrar a você todas as coisas que você está perdendo

ao escolher me manter como sua amiga e colega de quarto.

— Excelente.


Ela ri baixinho. — Acho que pode ser - para mim.

— Você é louca. Você sabe disso?

— Eu sei. Mas você também. Porque estou bem aqui, Joshua.

— Suas palavras se interrompem na última parte. — Estou aqui,

esperando você tirar sua cabeça da bunda.

Eu chego mais perto, esfregando meu polegar contra sua

mandíbula. — Eu só vou te machucar.

— Um dia você vai ter que explicar porque fica dizendo que vai

me machucar ou me deixar ou o que quer que seja, mas você não vê.

— Vejo o quê? — Eu pergunto, realmente não querendo a

resposta.

— Estar assim, fingir que nenhum de nós sente algo mais do

que isso, é o que está nos machucando.

— Aos noivos! — Grayson levanta o copo e todos nós seguimos

o gesto.

Eu olho para Delia, que está bebendo cidra espumante de sua

taça de champanhe. Ela parece tão feliz e despreocupada. Eu odeio

que a única razão pela qual ela está feliz é porque ela está perto de

todos, exceto eu. Delia e eu estávamos bem antes de hoje. Eu estava

mantendo minha cabeça baixa, trabalhando nas reformas e fazendo

tudo humanamente possível para não pensar na bagunça atual da

minha vida.


Stella e Jack vêm em minha direção. Minha irmã está

absolutamente deslumbrante com um sorriso mostrando sua alegria.

Eu estendo minha mão para meu novo irmão. — Jack, estou

muito feliz por você.

— Obrigado, Josh. Sou um homem de sorte.

— Você é.

Stella dá de ombros. — Eu sou um tesouro.

— É o que você diz.

Nós rimos e ele beija sua bochecha. — Vou agarrar Kinsley e

convencê-la a dançar.

— Boa sorte, — digo a ele. Todos os seus tios já tentaram fazêla

dançar e ela disse a cada um de nós que estava mantendo suas

opções em aberto. Ela é tão filha de sua mãe.

Jack sai e Stella pega uma bebida do barman.

Com certeza, um minuto depois, Jack tem sua filha na pista

de dança, um largo sorriso no rosto enquanto seu pai a gira.

eu.

— Ele é um bom pai, — digo, me perguntando se um dia serei

— Ela torna mais fácil ser. Nunca serei capaz de expressar a

alegria que ela nos traz.

— Estou feliz, Stell. Você merece isso.

Ela sorri e leva a mão ao meu rosto. — Assim como você, irmão

mais velho.

— Estou chegando lá.


Ela revira os olhos antes de voltar sua atenção para o marido

e a filha. Quando a música termina, ela se volta para mim. — Você

parece triste, Josh. Eu não gosto de ver você desse jeito.

— Como posso parecer triste quando estou tão feliz por você e

Jack?

— Não é isso que eu quero dizer, e você sabe disso. Você fica

olhando para Delia.

Como uma mariposa para uma chama, meus olhos vão lá

novamente. — Eu a machuquei de novo.

Ela pega minha mão na dela. — Então pare de negar que está

apaixonado por ela e que não é digno de amor. Agora, antes de você

lançar alguma desculpa estúpida, eu vim aqui por um motivo.

— E o que seria isso? — Eu pergunto.

— Você dançaria comigo como meu irmão mais velho que me

entregou?

— Seria uma honra.

Sei que foi difícil para Stella não ter nosso pai aqui. Apesar do

fato de que ele é um pedaço de merda, ela o amava. Todos nós. Meus

irmãos e eu fizemos o que podíamos para tornar a perda mais fácil,

o que significa que tudo o que ela pediu, ela conseguiu.

O DJ se aproxima do sistema, pedindo a todos que façam o

favor de irem para a pista de dança, pois a noiva vai dançar com o

irmão mais velho.

— Por que ele está anunciando isso?

Stella sorri. — Porque não tenho pai com quem quero dançar,

escolhi meu irmão mais velho, que sempre cuidou de mim.


Agora, recebo outro rito de passagem, e não poderia estar mais

humilhado por ele.

Eu me inclino, beijando sua bochecha. — Você é muito doce.

— Não deixe ninguém saber.

Puxo minha irmã em meus braços e balançamos. “Hero” de

Mariah Carey toca, e ela sorri para mim, cantando as palavras. As

palavras que definitivamente não são para mim.

— Eu não sou um herói.

— Você sempre foi meu, Joshua.

— Você foi fácil de salvar.

A confiança de Stella em mim era infalível, mas ela também

sabe que qualquer um de seus irmãos morreria antes de permitir que

qualquer coisa a machucasse.

— Quando eu estava fraca, todos vocês me protegeram. Vocês

nunca saberão o quanto eu amo vocês.

Nunca pensei que estivéssemos fazendo algo especial,

simplesmente a amávamos. — É apenas o que você faz por alguém

que ama.

Seus olhos se movem para o marido. — Eu sei. Eu vejo isso

agora.

— Jack é um homem de sorte.

Ela ri. — Ele me contou o que todos vocês disseram a ele sobre

a necessidade da sorte em estar casado comigo.

— Diga-me que você é uma mulher fácil de se conviver, — eu a

desafio.


O sorriso de Stella se alarga. — Ele realmente não tem ideia,

não é?

Eu a giro lentamente. — Não, e agora é tarde demais.

— Vou pegar leve com ele por alguns meses.

Eu balanço minha cabeça e sorrio. — E é por isso que nunca

vou me casar. Nunca é o que pensamos e, de alguma forma, falhamos

com a outra pessoa.

Os olhos de Stella se enchem de preocupação. — Josh...

— Não. Hoje não. É o seu dia.

Minha irmã não é de deixar as coisas passarem, especialmente

quando ela tem a oportunidade de dar sua opinião sobre uma de

nossas escolhas de vida, mas eu realmente só quero aproveitar sua

recepção.

— Tudo bem, hoje você tem uma prorrogação. É bom que o dia

do meu casamento não tenha drama, ao contrário do de Grayson.

Eu bufo. — É cedo ainda. Você notou Alex sendo estranho?

Ela acena com a cabeça. — Eu acho que ele está infeliz ou algo

assim. Estou esperando quando ele finalmente vai perder a

cabeça. Vai ser engraçado.

— Há algo de errado com você, — digo a ela.

— Oh eu sei. Mas já que Jack e eu fizemos uma cena no

casamento de Gray, presumo que haja um plano para fazer algo

contra o meu. Achei que fossem você e Delia, mas até agora, vocês

não deram uma dica do... você sabe.

O bebê. Bem, bebês.


— Não. Pretendemos contar a todos esta semana, já que ela

está fora do primeiro trimestre agora.

Seus lábios se abrem e há um calor em seus olhos. — Apenas

ame-a, Josh. Ame-a porque ela é perfeita para você. — Tanto para

não se intrometer. Vou falar, mas Stella balança a cabeça, me

impedindo. — Não diga nada. Eu sei o que é desistir de algo que você

ama. Jack e eu sofremos um buraco inimaginável em nossos

corações porque fizemos essa escolha. Quando eu a entreguei para

Samuel e Misty, eu sabia que estava fazendo a coisa certa. Foi a

melhor escolha para Kinsley ser criada em um lar amoroso. Você

sente o mesmo quando afasta Delia? Que ela ficará melhor com outra

pessoa?

— Estou morando com ela.

— Você está morando com ela ou morando na casa dela?

Eu suspiro. — Eu não percebi que havia uma diferença. Além

disso, você realmente é péssima nessa coisa de não se envolver.

O sorriso de Stella é brilhante. — Eu acho que é meu direito

como sua irmã intervir quando necessário. Agora, cale a boca, deixe

todo o meu brilho penetrar nessa sua cabeça dura e dance antes...

— Antes do que?

Alguns segundos se passam e a música é interrompida.

Eu dou um passo para trás, e o sorriso malicioso no rosto da

minha irmã diz que estou prestes a fazer algo. Com certeza. Essa

música - a música que ela tocava todos os dias estranhos - toca nos

alto-falantes.

"Everybody” dos Backstreet Boys começa, e quando eu começo

a me afastar dela, Stella agarra minhas mãos.


— Oh não, você não vai, Joshua!

— Stella.

Ela começa a cantar as letras. — Você sabe que ama essa

música.

Não sei se devo rir ou chorar porque realmente odeio essa

música. Todos nós imploraríamos para que ela parasse, mas ela

apenas cantaria mais alto. Minha irmã é muitas coisas, mas uma boa

cantora não é.

Então, como o pesadelo que era a juventude de Stella, meus

irmãos, Delia, Winnie e Jessica se alinham ao lado dela e começam

a dançar como se estivessem recriando o vídeo. Porque, é claro, ela

não apenas nos forçou a ouvir a música. Não, ela nos fez assistir ao

videoclipe também. Repetidamente, chantageando e intimidando-nos

para que aprendêssemos a dança para que pudéssemos entretê-la.

Jack dá um passo à frente e começa a dublar as palavras para

Stella, caindo de joelhos.

Então, como minha única outra opção é ir embora, faço fila e

rezo para que ninguém grave isso enquanto faço a dança com meus

irmãos enquanto minha irmã ri e sorri.


Não consigo me lembrar da última vez que me diverti tanto.

Eu dancei com todos, exceto um irmão Parkerson, ri e

aproveitei cada momento.

Em uma hora, isso vai acabar e a realidade vai rastejar de volta,

mas por enquanto, os problemas da minha vida estão em espera.

Jessica se aproxima com Ember nos braços. — Ei, você.

— Ei. Como ela está?

— Ela está ótima. Ela dormiu tanto que estou chocada. Mas eu

acho que com o nível de ruído de Amelia, este provavelmente é apenas

um dia normal para ela.

Eu rio. — Amelia é obcecada pela irmã, hein?

A cabeça de Jess se move de um lado para o outro. — Você não

tem ideia, mas ela é maravilhosa com ela. Tão amorosa e atenciosa. É

lindo. Grayson e eu temos muita sorte de ter duas filhas

maravilhosas.

Lágrimas enchem meus olhos porque, embora Amelia não seja

a filha biológica de Jessica, ela nunca a viu de forma diferente. As

duas se amam desde o minuto em que Jess entrou na vida de Melia

como algo mais do que apenas amiga de Grayson, e eu não poderia

estar mais feliz.


Eu gostaria de poder ser feliz.

Eu queria que Josh fosse um pouco como Grayson e amasse

sem medo.

— Por que você está chorando? — Ela pergunta com uma

risada.

— Você é uma mãe tão boa.

Jessica bufa. — Não sei por que isso te faz chorar.

De repente, tenho que contar a ela. Eu não consigo mais

segurar. Estou me afogando neste segredo. É muito.

— Estou grávida, — sussurro, e no silêncio que se segue, me

pergunto se ela me ouviu.

Mas a maneira como seus olhos se arregalam e ela para de se

mover me diz que sim.

— Você tem certeza?

Eu concordo. — Eu queria te dizer, mas...

Ela agarra minha mão, me puxando para fora da área da

barraca, onde não seremos ouvidas. — Você está grávida?

— Sim.

— É de Josh, não é? É por isso que ele se mudou? É por isso

que ele tem sido tão estranho, e vocês estavam fugindo o tempo

todo? Oh meu Deus! Você não me contou! Você não me disse

nada! Delia!

— Você vai abaixar sua voz? — Eu pergunto entre os dentes. —

Sim, é de Josh. Sim, é parte do motivo pelo qual ele se mudou. A

outra parte é porque ele diz que está preocupado com as invasões em


torno da minha casa. Eu realmente não acredito nisso. — Eu começo

a andar, minha mão voando para cima e para baixo enquanto minhas

emoções começam a se desgastar. — Tudo isso, e foi o meu teste de

gravidez no dia do spa de Stella. Estou grávida, Jess. Estou grávida

do bebê de Josh, e isso não é nem mesmo o pior de tudo. Fizemos

nosso ultrassom outro dia e... vamos ter gêmeos, porra! — Eu digo

tudo em uma respiração muito mais alta do que planejei.

Os olhos de Jess são como pires. Ela limpa a garganta e, em

seguida, vira a cabeça para o lado. Está quieto.

Sem música. Sem falar. Nada além de silêncio.

Eu me viro lentamente, ficando cara a cara com todo o clã

Parkerson.

Stella, Jack, Oliver, Grayson, Josh e Alex estão todos lá,

olhando para mim com olhares idênticos de choque total.

Josh levanta as sobrancelhas e depois se vira para eles. —

Bem, eu acho que todos vocês sabem agora. Delia e eu vamos ter

gêmeos. — Ele vem até mim, colocando a mão nas minhas costas e

sussurrando: — Essa era uma maneira de fazer isso.

— Gêmeos? — Stella pergunta. — Você vai ter gêmeos?

— Sim, aparentemente isso ocorre na família, — Josh diz

sarcasticamente.

Os irmãos de Josh correm para frente, apertando sua mão e

oferecendo a nós dois uma mistura de ceticismo e parabéns. Alex, no

entanto, não se move. Ele fica lá, apertando e abrindo sua

mandíbula.

Eu vou para ele. — Alex?

— Eu não sei o que dizer. Você está bem?


Eu pisco as lágrimas. A preocupação de Alex está clara em

cada sílaba. Não há censura, apenas preocupação. — Estou.

— Eu só quero que você seja feliz. Você é uma das minhas

melhores amigas, e ele não te merece.

Josh parece ter um jeito de quebrar meu coração

constantemente, mas isso não é culpa dele, é minha por me permitir

acreditar em mais.

— Talvez não, mas estamos nisso agora.

Seu olhar se volta para Josh enquanto ele caminha ao meu

lado, e enquanto havia preocupação antes, agora há outra coisa. —

Você a machucou, e eu nunca vou te perdoar, porra. Você será como

ele.

Eu recuo, sabendo que ele fala do pai deles. Alex nunca vai

perdoar as coisas que seu pai fez. Por muito tempo, ele pensou que

queria ser como ele, e quando soube o quão moralmente falido aquele

homem realmente é, isso o quebrou.

— Delia e eu cuidaremos disso, — Josh diz, sem morder a

isca. — Você pode expor seus sentimentos mais tarde, o que tenho

certeza de que fará.

— Eu também tenho certeza.

Eu estendo a mão, pegando a mão de Alex. — Estou bem.

Ele me dá um sorriso triste. — Se você diz.

Gray é o próximo a dar os parabéns.

Então Oliver se adianta. — Não sei o que diabos está

acontecendo nesta cidade, mas voltamos há alguns meses e é como

se a água estivesse contaminada. Pessoas se casando, tendo bebês,

filhos que ninguém conhecia. Qual é a próxima?


— Talvez sejam apenas todos os Parkersons por perto porque,

antes disso, estávamos todos bem.

Oliver olha para Josh. — Então... gêmeos.

— Gêmeos.

Ele ri. — Você está tão ferrado se eles forem como Stella e eu.

— Não me diga, — Josh concorda.

Eu estava preocupada com a fase de bebê, mas agora me

lembro de todos os problemas que Oliver e Stella causaram quando

éramos crianças. Se não era um fazendo algo, era o outro. Eles eram

diabos, incitando um ao outro a fazer coisas estúpidas.

Eu olho para Josh com medo. — Eles não serão como eles,

certo?

— Eu espero que não.

— Eu não vou sobreviver a isso.

Ele ri. — Nós os enviaremos para visitar suas tias e tios tanto

quanto possível.

Suspiramos e todos começam a seguir em direções

diferentes. Josh está comigo, sua mão na minha. Eu me sinto mal,

deveria ter sido mais cuidadosa em deixar escapar. — Lamento ter

contado a todos.

— Não lamente.

— Nós tínhamos um plano, — eu o lembro.

— Sim, mas os planos mudam. Tudo bem, Deals. Ninguém se

importa, muito menos Stella. Acho que ela estava quase estourando

por ter que manter esse segredo por tanto tempo.


dia.

Eu sorrio. — Talvez, mas ainda preferia que acontecesse outro

Josh me puxa para o seu lado, beijando o topo da minha

cabeça. Meus olhos fecham por conta própria e eu afundo em seu

abraço.

Deus, é tão bom ser abraçada por ele. Mesmo depois de hoje, e

da maneira como me sinto todas as noites quando não estou em seus

braços, mas gostaria de estar. Eu gosto disso. Eu gosto dele.

Ele solta um suspiro baixo. — Você dança comigo? — Ele

pergunta.

Ele é o único com quem eu não dancei. O único com quem eu

queria dançar.

Eu olho dentro daqueles olhos azuis, sabendo que nunca vou

dizer não a ele, e sorrio. — Eu adoraria.

Ele me puxa para a pista de dança. Em seus braços, me sinto

segura, o que não faz sentido porque, é ele, de todas as pessoas de

quem deveria ter cuidado. Ele é o sonho. O desejo. O nunca

depois. O homem que sempre estará de fora, não se permitindo

entrar. Vou viver nas memórias dos tempos em que ele permitiu um

momento de conexão.

Então, esta noite, durante esta dança, eu coloco cada passo,

letra, cheiro e toque na minha memória, sabendo que os carregarei

para sempre.


Estamos oficialmente fora da zona de perigo. Estou grávida de

treze semanas e não me sinto melhor. Sério, pensei em acordar esta

manhã, me sentir como P-Diddy 6 e estar ansiosa para sair. Em vez

disso, estou deitada no sofá - morrendo.

Bem, não estou morrendo, mas não quero fazer nada.

Josh sai, recém-banhado, a água ainda pendurada nas pontas

de seu cabelo, e eu gemo. Estúpido, sexy, homem.

— O quê?

— Nada, — eu resmungo.

— Vejo que você está de bom humor.

Eu encolho os ombros, minha cabeça pendendo para o lado

enquanto empurro o ar dos meus pulmões. — Eu preciso dormir. O

sono traz bom humor.

Ele se aproxima, levanta meus pés e depois se senta,

colocando-os em seu colo. Seu toque envia arrepios pelas minhas

pernas, e elas se acomodam onde eu realmente não preciso de

arrepios. Um dia, um toque casual dele não será tão ruim. Um dia.

— Qual é o plano para hoje? — Ele pergunta.

6 Rapper Americano.


— Não tenho um. Vou apenas assar lentamente hoje.

Suas sobrancelhas se enrugam. — Assar?

Eu aponto para meu estômago. — Os pães estão no forno.

Ele sorri. — Que bom que você já está pré-aquecida.

Ele não tem ideia do quão quente estou - por ele.

Eu afasto esse pensamento. — O que você vai fazer durante o

dia? Procura de casa, talvez? — Eu sugiro. Ele deveria se mudar para

cá para me manter segura. Como não houve nenhuma outra

tentativa de arrombamento por mais de um mês, acho que ele deveria

pensar em encontrar seu lugar.

Josh sorri. — Estou bem aqui por enquanto.

— Você sabe, isso não é para sempre.

— Eu sei.

— Então você provavelmente deveria começar a procurar, — eu

sugiro.

— Eu irei quando tiver certeza de que você está segura e depois

que os bebês chegarem. Você vai querer ajuda com os gêmeos, certo?

— Eu acho, — eu murmuro e então bufo. — Você está

atualmente dormindo no quarto deles. Esta casa não é grande o

suficiente para você fixar residência permanente. Onde exatamente

você vai dormir depois que eles nascerem?

Josh não diz nada a princípio. Seus olhos apenas estudam os

meus, e eu juro que ele está lendo minha alma.

— Nós vamos descobrir isso.

Eu levanto uma sobrancelha. — Certo.


Em vez de responder, ele começa a passar o polegar pela parte

interna do meu pé. E eu gemo. Oh, Deus, como eu gemo. Isso parece

celestial. Não consigo me lembrar da última vez que alguém esfregou

meus pés, mas isso, isso é incrível.

— Oh, doce Senhor, — eu digo enquanto ele empurra o

músculo.

— Se sente bem? — Sua voz é baixa.

— Tão bem.

Não me importo se estou me envergonhando completamente,

gemendo e arqueando as costas. Este é o tipo de próximo ao orgasmo

bom.

Ele move a mão para o outro pé, fazendo o mesmo. Meus olhos

se fecham e afundam em seu toque.

— Josh? — Eu digo enquanto ele massageia em círculos

profundos.

— Sim?

— Se você parar, vou chutar suas bolas, — advirto.

Ele ri. — Anotado.

Seus dedos alternam a pressão de leve para mais forte. Depois

de alguns minutos, ele desacelera e sua voz rompe a névoa de prazer.

— Vamos fazer algo juntos hoje.

Eu abro minhas pálpebras. — Tipo?

— Eu não sei, não há merda divertida de bebê que possamos

fazer?


Vou concordar com tudo, desde que ele não pare de esfregar

meu pé. — Acho que podemos nos registrar.

— Nos registrar para quê?

Eu explico todo o processo de registro para um chá de

bebê. Jess disse que era muito divertido e deu a ela uma ideia muito

clara da quantidade de merda que ela precisaria. Já que

precisaremos de dois de tudo, não custa nada ter um pequeno

vislumbre das coisas.

A massagem de Josh para e ele pousa as mãos nos meus

tornozelos. — Faremos isso então.

— Vamos escolher coisas de bebê?

— Sim, vai ser divertido.

— Divertido?

— Bem, será melhor do que ficar olhando para as

paredes. Além disso, a Sra. Garner disse algo sobre passar por...

Eu me sento. — Vamos lá. Agora mesmo. — Pego meu casaco

e minhas botas, e saímos alguns minutos depois. Eu amo os invernos

em Willow Creek Valley, e sempre há algo mágico sobre a primeira

nevasca, mas a parte logo antes do inverno aparecer - é uma merda.

Está congelando, todas as folhas das árvores se foram e está

apenas sombrio.

O que não é sombrio é Josh parando no café e pegando meu

café com leite favorito.

— Você realmente conhece o caminho para o meu coração, —

eu digo enquanto bebo a bondade cafeinada.

— Você não é difícil.


Eu sorrio. — Café e pisos novos.

— E sexo, não vamos esquecer o quanto você gosta disso.

Eu olho para ele porque não fizemos sexo desde aquele dia no

meu chuveiro. Na verdade, estou em uma dieta sexual, o que

significa abstinência

Eu não recomendo.

É uma merda e não faz nada além de te deixar irritado.

— Eu retiro o que disse, — eu digo com um bufo.

— Retira?

— Que você sabe alguma coisa sobre o meu coração.

Josh ri. — Você de repente odeia sexo?

Coloquei o café no suporte. — Não. Eu não odeio sexo. Eu

odeio gravidez. E você sabe por quê?

— Não, mas tenho a sensação de que você vai me contar.

Oh, vou mesmo. — Primeiro, leva a uma gravidez não

planejada. Em segundo lugar, aparentemente, a gravidez deixa você

com mais tesão do que normalmente fica, o que eu não estou

tendo. Terceiro...

— Esta lista é longa.

Eu continuo como se ele não falasse. — Terceiro, seu corpo é

invadido por outros humanos que o deixam com fome o tempo todo,

ao mesmo tempo que o torna incapaz de comer a maioria dos

alimentos. Em quarto lugar, seus amigos que tiveram filhos contam

a você todas as histórias horríveis em que podem pensar. Não tenho

certeza de qual é o objetivo disso, a não ser me aterrorizar.


— Que histórias? — Josh pergunta.

Estremeço porque, realmente, não acho que ele queira

saber. No entanto, eu não devo ser a única com essas coisas me

assombrando, então vou edificá-lo sobre as alegrias que estão por

vir. — Coisas como fazer xixi nas calças o tempo todo. Que você terá

pele extra, como a porra de uma bolsa de canguru, porque você está

esticado como Gumby 7 e fica enrugado depois. Você tem

hemorroidas que nem sempre desaparecem depois que o bebê

nasce. Oh, mas o melhor é como você pode cagar durante o parto por

empurrar.

Os olhos de Josh se arregalam e ele segura o volante com mais

força. — Umm...

— Oh, sim, se isso acontecer, eu morrerei. Estou apenas

avisando você. Você será um pai solteiro de dois bebês porque eu

terei morrido, Joshua.

— Vou me certificar de que ninguém nunca avise você.

— Isso seria maravilhoso, — eu digo. — Mas, curiosidade, há

porra de espelhos em todos os lugares para que a mãe possa ver as

alegrias de sua vagina sendo rasgada quando um bebê gigante

sai. Imagine com o que vou lidar, porque vou ver duas vezes. Como

o replay instantâneo, mas não será um destaque.

Ele começa a rir. — Ou será lindo porque são nossos filhos.

— Ou isso... — Eu digo, me sentindo um pouco arrependida

por ele ter que apontar isso.

7 Boneco de Argila.


Josh pega minha mão. Parece um gesto tão natural, como se

segurar minha mão enquanto ele dirige, rir sobre nossos bebês vindo

ao mundo fosse de alguma forma - certo.

Deus, eu preciso ver um psiquiatra ou Ronyelle me dar um

tapa na cabeça.

Ele puxa nossas mãos entrelaçadas para o centro,

descansando-as no console. — Hoje, vamos esquecer as histórias de

terror que você ouviu e nos divertir um pouco.

Eu aceno, não confiando na minha voz, enquanto ele estaciona

o carro do lado de fora da loja de bebês.

— Deals, você está bem com isso?

Minha cabeça se vira, olhando para seu lindo rosto, me

perguntando por que diabos meu coração estúpido não escuta minha

cabeça muito inteligente.

— Certo. Vamos nos divertir fazendo compras para os gêmeos.

— Eu sorrio e me forço a colocar todas as minhas preocupações de

lado. Essa é a parte divertida.

Saímos do carro e entramos. Depois de preencher a papelada

do registro, eles nos entregam uma pistola de leitura código de barras

e nos dizem para sermos práticos.

Josh coloca a mão nas minhas costas, me levando para a seção

de mamadeiras e chupetas.

Quando chegamos aqui, ele era o cara prático, firme e

preocupado com o dinheiro que conheci na maior parte da minha

vida. E então... então Mary entregou a ele esta pistola que é quase

como a arma de Duck Hunt 8 , e o sensato Joshua Parkerson

8 Jogo da Nintendo.


desapareceu. Agora, eu tenho o lunático que está em uma viagem de

poder.

— Josh, nós não precisamos disso, — eu digo enquanto ele

verifica alguma coisa da bomba tirar leite.

— E se precisarmos? São quatrocentos dólares e acho que

minha mãe deveria comprá-lo como parte de sua penitência.

Eu pisco — Você acha que sua mãe, que agora está

empobrecida graças a você e seus irmãos forçando seu pai a juntar

milhões de dólares para comprar as ações da empresa dele, vai nos

dar um presente caro? — Eu pergunto, realmente me perguntando

em que universo ele está vivendo.

— Ok, talvez não ela, mas alguém. Oliver! — Ele grita e

examina algo atrás dele. — Oliver não tem filhos e tem dinheiro. Ele

pode nos comprar essa coisa cara demais de que você pode precisar.

— Sim, — eu digo com exasperação. — Ollie é totalmente o cara

que irá comprar bomba de tirar leite. Sejamos realistas, ele

encontrará alguma coisa estúpida que você está digitalizando e que

não tem um propósito. Me dê a arma. Você está fora.

Ele o puxa como se tivesse três anos. — Não. Você deveria ter

conseguido a sua própria. Mary me deu.

— E você está atrapalhando o processo.

— Não seja desmancha prazeres, Delia. Eu estou ajudando.

Eu balanço minha cabeça rapidamente, tirando-a dele. — Não,

você não está. Você está registrando coisas estúpidas. Precisamos de

dois assentos de carro, dois berços, duas dessas coisas giratórias. —

Eu os examino antes de esquecer. — E você enlouqueceu com leitores

de código de barras.


Ele bufa. — Você só está com ciúmes porque sou melhor em

escanear do que você.

— Sim. — Eu arrasto a palavra, certificando-me de que o

sarcasmo seja grosso. — É exatamente isso. Não tem nada a ver com

o fato de eu querer que nós registremos as coisas que realmente

precisamos.

— Semântica. — Josh se move em volta de mim puxando a

arma de volta da minha mão e vai para os bancos do carro. —

Lá. Assentos de carro. — Ele examina um sem realmente olhar. —

Você pode me agradecer agora.

— Esses não são os que precisamos. — Eu suspiro. — Isso é

um assento de elevação, que é onde Amelia se senta. Precisamos de

outros.

Ele coça a cabeça. — É uma cadeirinha de carro.

Eu rolo meus olhos e aponto para o bebê. — Sim, mas este é

para bebês e ele se encaixa dentro e fora e... — Eu gemo. —

Somente... pare de escanear.

— Mas Mary na frente disse que era muito importante para o

pai estar envolvido nisso, — diz ele com um sorriso malicioso.

Oh, aquele sorriso me excita totalmente. Maldito seja ele e sua

boca sorridente.

— Vou levar horas para limpar esta lista.

— O que você quer dizer?

Eu levanto minha sobrancelha com meu próprio sorriso

agora. — Isso significa que, quando chegarmos em casa, vou me

conectar e apagar todas as suas imagens estúpidas.

— Você não faria isso, — ele diz, sua voz baixa e brincalhona.


— Oh, eu faria.

Ele se move em minha direção rapidamente, envolvendo-me em

seus braços, e eu rio, tentando escapar. — Se você fizer isso, voltarei

aqui uma vez por semana e catalogarei mais.

— Você não faria isso, — repito suas palavras.

— Oh, querida, acho que nós dois sabemos que sim.

Seu olhar cai para meus lábios.

Ele vai me beijar. Ele quer, e eu quero muito. Estou

desesperada por ele e pela sensação de seus lábios nos meus.

— Vocês dois estão bem? — Mary, a mulher não tão prestativa

do departamento de registro, pergunta.

Josh abre um sorriso para ela. — Estamos ótimos.

— Oh, bom, porque pode ser um pouco opressor.

Ele concorda. — Especialmente com gêmeos.

— Oh, que maravilhoso. Você está muito adiantada?

— Ainda estamos no início, mas queríamos dar um salto nas

coisas, — explica Josh. — Os gêmeos precisam de muitas coisas.

— Sim, eles definitivamente precisam. Sua esposa não

mencionou gêmeos antes ou eu teria lhe dado uma folha de itens

diferente. Ela apenas disse que vocês precisavam registrar.

Se uma pessoa pudesse engasgar com o ar, Josh estaria

fazendo isso. — Não somos...

Eu termino para que as palavras sejam minhas, e possa me

poupar um pouco de orgulho. — Nós não somos casados. Ele tem


problemas de compromisso e decidiu que me engravidar era uma

escolha mais fácil do que namorar comigo.

Seus olhos se arregalam. — Oh, eu vejo. Eu não quis... Veja,

não é que você tenha que se casar. Vocês dois pareciam tão felizes, e

eu presumi.

— Está tudo bem, — eu asseguro a ela. — Josh e eu

deveríamos ter apenas uma noite divertida, e meio que saiu do

controle. E agora aqui estamos.

— Delia, — ele diz com um aviso.

Eu me viro para ele, batendo meus cílios. — O quê? Não estou

mentindo para ela.

Ele sorri para Mary, mas fala entre dentes. — Ela não precisa

de todas essas informações.

Eu encolho os ombros.

— Eu deveria ir. — Mary se afasta lentamente. — Eu

ouço... alguém... me chamando.

— Você ouviu? Eu não ouço ninguém, — eu digo, me

perguntando o que ela ouviu.

Ela acena com a cabeça e sorri. — Sim, ouvi, provavelmente é

Deus ou algo assim.

Eu seguro minha risada, e assim que ela vai embora, o que é

realmente muito rápido, Josh e eu caímos na gargalhada.

— Isso foi cruel, — Josh repreende depois que seu ataque de

riso passa.


— Oh, tanto faz. Era tudo verdade, e isso vai ensiná-la a não

presumir que só porque alguém está grávida, isso também significa

que ela é casada. — Eu digo levianamente, embora eu não sinta nada.

Meu coração dói porque, embora eu brinque sobre isso, é tudo

que eu quero.

E fazendo coisas assim. As coisas divertidas, alegres e risonhas

em que demos as mãos e quase nos beijamos enquanto escolhemos

coisas para nossos bebês... me faz desejar mais.

— Tudo bem, — ele diz, virando seu leitor de código de barras

no ar e pegando-o. — Vamos trabalhar e registrar.

Solto um suspiro e forço um sorriso. — Ok, já que não sabemos

o sexo dos bebês, não podemos fazer coisas de berço.

— Por que não? Podemos ter um gênero neutro.

Eu franzo meu rosto. — Eu tenho uma ideia de design,

Joshua, e se tivermos duas meninas, é fácil e usamos todos os tons

de rosa e amarelo. Se tivermos meninos, faríamos azuis e verdes.

— Achei que amarelo e verde fossem as cores neutras.

— Sim, mas eu os quero em um certo padrão. E provavelmente

vou mudar de ideia cem vezes.

— Entendo, — ele diz, mas parece que ele realmente não

entendeu.

— Tanto faz, não importa. Até termos o ultrassom novamente

em algumas semanas, não é... — Josh, sendo a criança que é, começa

a examinar uma cama amarela e verde com ursos. — Eu não quero

ursos.

Ele segura minhas mãos, me puxando um pouco pelo

corredor. — Que tal este?


Eu balanço minha cabeça e sorrio. — Josh, temos que esperar.

— Por quê?

— Porque não faz sentido decorar até que saibamos.

Ele registra mesmo assim, e eu gemo.

— Escute, na sua casa você pode decorar como quiser, mas na

minha casa, eu quero ursos e essas coisas estranhas.

Meus lábios se abrem e parece que levei um soco. — O quê? —

Eu pergunto, quase um sussurro.

— Quando os gêmeos estiverem comigo, eles vão precisar de

cama, certo?

Sim, eles vão. Porque não estamos juntos, e às vezes eles

ficarão na casa dele porque eu não vou escondê-los dele e apenas

disse antes que ele deveria procurar um lugar.

— Certo.

Ele aperta minha mão. — Bom. Então, talvez devêssemos

registrar para quatro de tudo.

— Quatro.

— Dessa forma, nós dois teremos um conjunto para cada

criança. Prefiro que nós dois estejamos preparados.

Eu engulo as lágrimas. — Sim. Ok.

— Delia? — Eu olho para ele, forçando minhas emoções a

ficarem baixas. — Você está bem?

— Somente... a náusea está de volta.


Sua mão se move para a parte inferior das minhas costas e ele

me leva em direção às cadeiras de balanço. — Aqui, sente-se.

Não vá embora, Josh. Não vá. Apenas me ame e fique.

Ele pressiona seus lábios na minha testa. — Você está bem?

Não.

— Sim.

— Vou terminar de escanear algumas coisas que vi enquanto

você descansa. Eu volto já. Quero pegar aquele carrinho para nós

dois.

Eu mordo minha língua e aceno com a cabeça, as lágrimas

acumulando em meus olhos.

Dois conjuntos de tudo... incluindo duas casas porque Josh

nunca vai ficar.


As últimas três semanas foram calmas. Delia está

trabalhando, estou cuidando da casa e, uma vez por semana, a Sra.

Garner e a Sra. Villafane trazem algum tipo de bolo para me

agradecer por manter a vizinhança segura. Claro, eu não fiz nada,

mas não vou recusar o bolo delas, pois isso faz Delia sorrir.

Hoje, espero que ela sorria porque finalmente terminei o piso.

Ouço o carro dela estacionar e estou na porta antes que ela

chegue. — Ei.

— Ei, — ela diz com um sorriso cansado enquanto suas mãos

se movem para esfregar sua barriga. Não foi até a última semana que

parecia que ela estava realmente grávida. Eu sei que ela estava antes,

mas agora ela tem um calombo, e eu juro, a mulher está brilhando. —

E aí? — Delia pergunta quando para na minha frente.

Eu balanço minha cabeça antes de pegar sua mão. — Eu tenho

uma surpresa para você.

— É bolo?

— Não.

Os lábios de Delia baixam. — Eu gosto de bolo.

— Eu acho que você vai gostar disso também.


Eu a levo para dentro e para a sala de estar. A mobília, que

havia sido transferida para a sala de jantar, está de volta onde ela

estava. Exceto agora, os pisos são brilhantes, todos novos e perfeitos.

— Uau! — Ela diz, olhando ao redor. — É lindo,

Josh. Obrigada!

— De nada.

— Não, mesmo. Obrigada. Isso é incrível, e você conseguiu - de

graça também.

Ela está sorrindo como se eu tivesse ganhado o mundo para

ela. Ela parece tão feliz, e é o que eu gostaria de fazer por ela

diariamente.

— Em seguida, acho que vamos trabalhar no berçário.

Delia se vira rapidamente, perdendo o equilíbrio, e eu a

pego. Suas mãos estão contra meu peito e eu não consigo

respirar. Por semanas, lutei contra o desejo de abraçá-la, tocá-la,

beijar seus lábios perfeitos demais.

Quase perdi essa batalha quando fomos às compras e, se não

tivéssemos sido interrompidos, talvez o tivesse feito. Quando aquela

mulher disse que Delia era minha esposa, foi como se eu tivesse

acordado de um sonho.

Desde então, tenho mantido distância. Certifico-me de não

tocá-la ou segurar sua mão como fiz naquele dia. Nada disso, porque

somos apenas amigos que vão ser pais.

Mas agora, minha mão está espalmada contra sua coluna e ela

estremece em meus braços enquanto espero que ela me afaste. Em

vez disso, suas pupilas dilatam, e quando sua língua desliza ao longo

de seus lábios, eu sei.


Ela quer isso.

Eu quero isso.

Mas...

Antes que eu possa pensar muito, ela se aproxima e me beija.

Minha mão sobe por suas costas, segurando-a para mim, me

perdendo nela. Ela inclina a cabeça para a esquerda e eu deslizo

minha língua contra a dela. Eu bebo o gemido lento que sai de sua

garganta e saboreio o gosto de hortelã.

Delia e eu nos abraçamos, segurando enquanto os últimos

meses de restrição desmoronam ao nosso redor.

Segurando seu quadril, meu aperto aumenta, com medo de que

ela se afaste. Eu quero isso. Eu quero ela. Eu preciso de tudo e ainda

sei que não vou dar a ela.

Como se ela pudesse sentir que estou me distanciando, ela vira

a cabeça para o lado, nós dois ofegando por ar.

— Não. — A única palavra sai como a bala de uma arma. —

Não. Não.

Eu levanto meu olhar para o dela. — Eu sei.

— Eu acho que você morar aqui é um erro, Josh.

— Por quê? Eu disse que estaria aqui para ajudá-la. Eu

estraguei tudo agora. Eu sei disso, mas se formos ser técnicos, você

me beijou, — eu digo com uma risada, na esperança de aliviar a

tensão.

Seus lábios se apertam.


— Ok, então, tecnicamente, eu não perguntei ou realmente

queria que você se mudasse para cá. Você fez isso para minha

segurança, e todos nós podemos ver que isso não é mais um

problema.

— Talvez tenha sido por isso no início, mas mudou. Somos

amigos e... Eu quero estar aqui para você e os bebês.

— Certo, — diz ela antes de enxugar as lágrimas. — Ok,

bem, amigo, aqui está porque eu não posso lidar com isso. Porque é

muito difícil me impedir de querer beijar você. Continuo desejando

que você se apaixone perdidamente por mim. Para você ver que, todo

esse tempo, foi você para mim. Isso nunca vai acontecer, não é?

— Delia, estou... Eu não quero te machucar.

Eu quero fazê-la feliz. Eu quero dar a ela todas as coisas que

ela está pedindo, mas e o que eu quero? E o fato de eu não querer

filhos, nem família, nem morar com outra pessoa? Não pedi isso, mas

estou fazendo o melhor que posso para dar a nós dois o que

precisamos.

— Você está me machucando! Você está me machucando e eu

não entendo. Você dançou comigo, olha para mim, você segura

minha mão, e eu penso: aqui está. Ele finalmente vai me deixar

entrar. E então você não deixa.

— Sempre fui honesto sobre o que isso significava. Nenhuma

vez eu disse de forma diferente.

A única coisa de que me orgulhei é isso. Tentei não mentir para

ela sobre o desejo de mais. Quero isso. Eu quero tanto isso que eu

sofro por isso, mas eu não digo a ela.

Ela dá um passo para trás. — Não, você não disse isso, mas eu

sinto isso, Josh. Então, por que você nem tenta?


— Porque eu sei o final disso.

— Mas é aí que você está errado. Você não sabe o

final. Agradeço que você queira estar aqui para os bebês. Eles vão

precisar de você, e eu sei que você vai ser um pai incrível, mas estou

enlouquecendo com você aqui. Eu tenho um vislumbre de esperança

e depois se vai. Por que você faz essas coisas que me fazem sentir que

há uma chance para algo quando não há? Por favor, diga-me o que o

deixou tão certo de que não podemos dar certo. Sou eu? Você não

quer ficar comigo? Se for esse o caso, por que está na minha

casa? Basta encontrar sua casa para que possamos apenas ser os

genitores.

você.

— Não é tão simples assim. Não é que eu queira ficar longe de

Ela balança a cabeça. — Então o quê? Porque se não é que você

não me ama ou não pode, então eu não entendo.

Estou meio apaixonado por Delia Andrews há muito tempo,

mas dizer isso em voz alta a deixaria aberta à esperança. Dar a ela

isso seria a coisa mais cruel que eu poderia fazer com ela, porque eu

vi o que isso faz com as mulheres que amo.

Eu falhei com elas.

Eu as perco.

Eu as machuquei.

Eu balancei minha cabeça. — Você é boa demais para mim.

— Isso não é verdade. Eu não sou perfeita. Eu não sou tão

boa. O que eu sou está aqui. — Ela se aproxima, colocando a mão no

meu coração. — Bem aqui. Na sua frente com o coração na mão,

pedindo para você pegar ou pelo menos me dizer por que você não


vai me encontrar no meio do caminho e tentar. Ajude-me a entender

por que você é tão contra tudo isso.

Eu me afasto, sentindo a dor do passado que enterrei

ganhando força. Eu deveria contar a ela para que ela pudesse ver que

ela está desperdiçando seu amor comigo, mas há uma parte egoísta

de mim que anseia por seu amor.

— Porque eu não posso te proteger! Não posso garantir que não

serei o que machucaria você!

Os olhos de Delia se arregalam. — Do que você está

falando? Eu não preciso de você para me proteger. Eu só preciso que

você me ame. Estar aqui. Para me querer e não... não faça isso!

— Fazer o que?

Ela empurra os braços para o lado. — Isso! Como você

faz? Porque, Deus, eu realmente quero ser capaz de simplesmente

desligar as emoções. Quero continuar como antes, sem saber como é

bom estar com você. Como faço para fechar meu coração de

você? Cada vez que olho para você, lembro-me, desejo e quero

mais. Eu quero que seja fácil para mim também.

Eu fecho meus olhos e vejo o rosto de outra pessoa. Uma

mulher que amei. Uma mulher que perdi porque era muito

egoísta. — Você acha que isso é fácil? Você acha que eu quero ser

assim?

— Não, eu acho que você está com muito medo de ser outra

coisa, mas eu vejo você, Josh. Eu vejo a maneira como você olha para

mim. Eu vejo você me alcançar e então negar a si mesmo.

Eu balanço minha cabeça. — E eu vejo o quanto vou te

machucar.

— Então você tem que sair.


— Delia...

Ela levanta a mão, enxugando as lágrimas. — Eu não consigo

esquecer você. Não consigo superar o que poderíamos ser enquanto

você está aqui, morando comigo, fazendo coisas para mim, me dando

isso... momentos... onde tudo que eu quero fazer é beijar

você. Quando você me faz sentir que sou especial e juro que me ama.

Eu amo ela. Deus, esse é o problema. Eu sempre a amei. Então

eu cedi. Eu me permiti prová-la e agora olhe onde estamos. A ideia

de eu ir embora me deixa pronto para cair de joelhos e confessar

tudo.

Talvez seja exatamente o que eu preciso fazer.

— Amor é uma mentira.

— Não, Josh, a mentira é que você não se importa.

— Eu me importo. Eu nunca disse que não. Eu me importo

tanto que é por isso que te afasto. Eu vejo o que o amor faz com as

pessoas. A confiança que existe antes de tudo desmoronar e você

ficar quebrado.

Delia se aproxima, as lágrimas enchendo aqueles olhos

castanhos. — Quem machucou você?

Eis o problema. Ninguém me machucou. Eu sou o destruidor.

— E se eu for o destruidor de corações?

— Então, isso significa que você quebrará o seu próprio para

parar de me machucar? — Ela pergunta, a verdade em cada palavra.

— Isso é exatamente o que vou fazer.


Seu lábio inferior treme enquanto ela tenta sorrir, e então uma

lágrima solitária cai. — Bem, você está falhando, Josh. Você está

partindo meu coração agora.

A necessidade de confortá-la e tornar as coisas melhores

substitui meu desejo de mantê-la longe. — Delia...

Ela se afasta de mim. Suas mãos subindo. — Diga-me o

porquê.

Ela empurra, e eu sei que não há como escapar disso. Eu tenho

duas opções e nenhuma funciona para mim. Eu conto a ela a verdade

do meu passado, a deixo ver tudo, e então não a interrompo quando

ela se afasta. Ou eu não respondo e sou aquele que sai pela porta.

O problema é que não acho que sou forte o suficiente para

deixá-la.

Não é nenhuma surpresa que estejamos aqui. Que ela está

grávida, apaixonada por mim e estou desesperado por ela.

Delia é minha maior esperança e meu maior medo.

Então, vou fazer isso agora. Eu irei quebrar nossos corações e

dizer a ela a verdade.

— Você quer saber?

Ela acena com a cabeça.

— Você tem certeza, porque não há como voltar atrás. Vou

partir o seu coração mais do que você pensa que estou agora.

Delia enxuga os rios molhados que correm por suas

bochechas. — Diga-me para que eu possa entender.

— Bem.


Embora nada disso seja bom. Nada naquele dia foi bom. Nada

sobre dizer a ela está bem. Na verdade, isso vai me destruir.

— O que aconteceu, Josh? — Sua pergunta é suave e cheia de

compreensão que não mereço.

Eu me preparo. Permitindo que o passado se torne o futuro. Eu

vejo o rosto da mulher que amei. A confiança que eu não merecia em

seus olhos. O som de sua voz, as notas musicais de sua risada e o

final que nenhum de nós esperava.

— Eu matei ela.


Meus lábios se abrem e ouço minha própria respiração. — O

que você quer dizer?

Josh é muitas coisas, mas um assassino não é uma delas.

— Você perguntou o motivo, Delia. Aqui está. Eu matei a

mulher que amava.

— Você não está fazendo sentido.

— Claro que estou! — Ele praticamente ruge. — Eu falhei com

ela. Eu era... Eu fui egoísta e ela pagou o preço por isso.

Uma parte de mim se quebra quando ouço a dor em sua

voz. Eu chego mais perto, lentamente para ter certeza de que ele não

recue. — Quem fez?

Seus olhos azuis se movem para os meus, e a agonia que

preenche seu olhar faz meu coração quebrar. Josh parece

assombrado e quero tirar tudo dele, mas não me mexo. Ele

finalmente está falando sobre o que aconteceu e, embora não esteja

fazendo nenhum sentido, não farei nada que vá destruir qualquer

progresso que ele esteja fazendo.

— O nome dela era Morgan. Ela era... bem, ela era linda e

inteligente, e eu a amava.


Tento não me machucar, não permitir que as palavras que

ansiava e gostaria que ele dissesse sobre mim entrem nisso, porque

isso não é sobre nós, é sobre ele.

O olhar de Josh não vacila. — É minha culpa que ela está

morta.

A certeza em sua voz me faz parar. — Como?

— Você se lembra do furacão há dez anos?

— Claro, — eu digo rapidamente. O furacão atingiu Nova

Orleans. A destruição foi... indizível. Tantas vidas perdidas, casas

perdidas e foi catastrófico. Lembro-me dessa palavra porque foi

repetida várias vezes no noticiário. Alex estava uma bagunça e

ninguém conseguia entrar em contato com Josh. As linhas

telefônicas estavam desligadas. Os telefones celulares mal

funcionavam. Passaram-se dias antes de sabermos que ele estava

bem, e juro, morri mil mortes enquanto esperávamos.

— Eu nunca esquecerei isso. Os sons de um furacão com

aquela força passando, foi... aterrorizante. Meu trabalho era garantir

que os hóspedes da pousada estivessem seguros. Fiz tudo o que

pude, desde tapar as janelas até garantir que tínhamos água, gás

para os geradores e alimentos armazenados. Trabalhei durante

quatro dias - sem dormir, sem parar - para fazer tudo o que fosse

possível. — Tento segurar sua mão, mas Josh se afasta. — Não me

console, Delia. Eu não mereço isso.

— Eu não acredito nisso.

Ele se levanta, movendo-se pela sala. — Se não fosse por mim,

ela teria evacuado. Morgan estaria segura.

— Você acabou de dizer que fez tudo o possível.


A risada que sai de sua boca é cheia de auto-aversão. — Não

para ela. Não, para ela, eu fui impensado. Eu me preocupei com a

pousada. Eu queria ter certeza de que minha propriedade e as

pessoas hospedadas lá estivessem seguras. Mas quem se importava

com ela? Quem é o responsável pela morte dela? Eu. Eu disse a ela

o que fazer. Eu fui o único...

Eu me levanto, me recusando a deixá-lo me afastar. Não dessa

vez. Eu me aproximo dele, parando mais perto do que eu sei que ele

quer, mas não dou a mínima. — O único que o quê?

— Ela estava tão assustada. Ela morava perto da água e

sabíamos que ela precisava sair de lá. Então, eu disse a ela para ir

para minha casa. Meu apartamento ficava no terceiro andar e em

uma localização melhor. A área ao redor iria inundar, mas pelo

menos a casa não iria.

— Parece muito razoável.

— Eu disse a ela que iria buscá-la porque ela não queria

dirigir. Ela estava com medo porque já havia uma inundação onde

ela morava. — Josh passa as mãos pelos cabelos. — Eu disse a ela

para esperar dez minutos. Eu disse a ela que iria assim que

terminasse uma coisa, mas a tempestade ganhou velocidade e

começou a se mover mais rápido. Eu estava tão focado no meu

trabalho que não fui embora quando disse que o faria. Não foram dez

minutos, foi uma hora.

Eu vejo as memórias passarem por seu rosto. Seus cílios caem

e aquele único movimento diz tudo sobre a dor que ele sente. Josh

sempre se preocupou com as pessoas em sua vida. Ele é protetor,

atencioso, leal e isso o está quebrando.

— Isso não é sua culpa. Foi uma tempestade.


— Sim, mas eu disse que iria até ela. Eu prometi a ela que tudo

ficaria bem e que iria buscá-la. Estava atrasado mais de uma

hora. Tarde demais para chegar até ela e ajudá-la.

— Josh, isso não é...

— É, Delia. É minha culpa. Eu deveria ter saído quando ela

precisou de mim. Quem se importou em fechar a porra do

pavilhão? Eu fiz. Eu me preocupei mais com isso do que com ela. Ela

entrou naquele carro. Ela não esperou porque, quando tentou me

mandar uma mensagem de texto e me ligar para saber onde eu

estava, não ouvi meu telefone. Eu estava ocupado e ela estava

apavorada. Então, ela deixou sua casa enquanto o vento e a chuva

aumentavam.

Meu coração dispara, já conseguindo adivinhar como essa

história termina. — Eu sinto muito.

— Quando eu liguei de volta, ela estava em pânico. Ela parou

e eu disse a ela para ficar parada e eu iria até ela. As chuvas, você

não podia ver. Eu não pude... Não consegui ver nada. Eu dirigi até

onde ela disse que estava enquanto o pânico em sua voz piorava. —

As mãos de Josh começam a tremer e eu as pego nas minhas,

emprestando-lhe toda a força que tenho. — A inundação veio muito

rápido. Entre a onda e a chuva, simplesmente foi... não havia nada

que eu pudesse fazer. Eu não consegui chegar até ela. Eu tentei pra

caralho. Tinha outros lá, fizemos uma corrente e tentamos, mas a

corrente levou o carro e... Eu descobri... Eu descobri depois que ela

estava grávida.

Minha respiração para. — Josh...

— Ela ia ter um bebê, e eu deixei ela e aquele bebê

morrerem. Eu estava bem ali. Eu estava tão perto e a observei ir.


Eu aperto sua mão com mais força, tentando ignorar a ideia de

que ele poderia muito bem ter morrido naquele dia também. A parte

egoísta de mim está feliz por ele estar aqui, e então a culpa pesa sobre

mim, me lembrando que este evento tirou algo dele. Tomou uma

parte dele, lavando e deixando-o quebrado.

sim.

— Josh, você não a matou. Você não fez isso. A tempestade

— Eu não estava lá para eles.

— Você estava lá. Você estava lá, e ela sabia disso porque você

tentou salvá-la.

Seus olhos encontram os meus, e a vergonha e a tristeza são

demais. — Você não a ouviu gritar por mim ou viu acontecer.

— Você tentou, Josh.

— E eu falhei, porra! — Ele solta minhas mãos e começa a

andar. — Eu estava lá, Delia. Eu estava bem ali e não a alcancei. Se

eu tivesse saído cinco minutos antes. Se eu tivesse feito uma centena

de coisas diferentes? Se eu tivesse dito foda-se a maldita pousada e

ido para a pessoa que importava, ela e aquele bebê estariam aqui.

— Mas você não estaria, — eu digo as palavras, voz uniforme. O

que quer que ele ouça, o faz parar e me encarar. — Você não estaria

aqui, Josh. Você não estaria em Willow Creek Valley. Não estaríamos

aqui parados, tendo esta conversa. Isso não significa que o que você

passou não mudou você. — Eu me aproximo dele, e ele fica imóvel

como uma vara. — Isso não significa que o que você suportou não foi

incrivelmente triste e doloroso. Eu sinto muito. Lamento

sinceramente que Morgan e aquela criança tenham partido. Se você

a amava, ela tinha que ser especial e maravilhosa. A perda deles é

trágica e terrível.


— Você está aqui, no entanto. Você está vivo e aqui, e eu estou

diante de você com meu coração em minhas mãos, dando a você sem

medo. Não estamos substituindo tudo o que você perdeu, mas somos

uma segunda chance. Amo você, Josh. Eu te amei minha vida

inteira, e não me importo que você pense que você não merece porque

está errado. Você merece ser feliz.

Eu me movo novamente, e as lágrimas em seus olhos cortam

meu coração já machucado. — Não faça isso.

— É tarde demais. Era tarde demais quando eu tinha quinze

anos, e definitivamente é tarde agora. — Embora ele possa não

querer, meu coração é dele, e vou pressioná-lo a aceitar ou empurrálo

porta afora. Essas são as únicas opções para mim. Não posso viver

esta meia existência com ele. — Diga-me isso, você tentou?

Ele pisca, balançando a cabeça. — Tentou o quê?

— Depois que a corrente levou o carro dela, você tentou ir atrás

dela? — Eu já sei a resposta. Eu não precisava estar lá para ver ou

para que ele me contasse. Joshua Parkerson não desiste das pessoas

que ama. Ele luta. Não há uma única dúvida em minha mente de

que, mesmo enquanto aquele carro derivava, ele estava se movendo

atrás dele. Que cada pessoa que fez aquela corrente humana teve que

impedi-lo de ir atrás dela.

— Eu não consegui chegar até ela...

— Alguém te parou, — eu acho, mas é dito como um fato.

— Eu teria me afogado por ela.

Minha mão se levanta, descansando em sua bochecha e

desejando que ele veja que eu o amo e estou feliz por ele não ter

morrido naquele dia. Seus dedos envolvem meu pulso, e nós dois não

dizemos nada.


Nós não precisamos.

Eu despejo tudo neste momento com ele. Os sentimentos que

segurei na esperança de que talvez eles diminuíssem com o tempo,

mas nunca diminuiu. Eu dou a ele todo o meu amor. Eu me abro

para ele, querendo que ele veja que enquanto ele está perdido, ele

tem uma chance de ter amor novamente. Jamais substituiremos

tudo o que foi levado, mas isso não precisa privá-lo de mais nada.

— Delia. — Sua voz é um sussurro.

— Beije-me, Josh. Beije-me e veja que estou bem aqui. Eu não

estou indo a lugar nenhum.


Eu não sou capaz de me conter.

Minha cabeça abaixa enquanto Delia fica na ponta dos

pés. Nossos lábios se tocam no beijo mais suave e perfeito que duas

pessoas já compartilharam.

Sua língua encontra a minha, e estou pressionando-a contra

mim, precisando dela, precisando disso. Tenho que esquecer, e ela é

a única coisa que pode ajudar.

Estou em carne viva, sentindo-me como se estivesse de volta à

água, impotente enquanto vejo tudo se afastar.

Mas eu a tenho. Ela está em meus braços, me tocando, me

segurando, me beijando como se eu estivesse dando a vida dela.

— Delia. — O nome dela é uma oração que sai dos meus lábios.

O gemido abafado que escapa dela é engolido enquanto nos

beijamos novamente. Seus dedos agarram minha camisa, segurando

como se eu tivesse qualquer intenção de deixá-la ir.

Ela se molda mais perto, e então vamos para o sofá. Eu a puxo

para o meu colo e suas pernas se acomodam em cada lado de mim

enquanto seu cabelo cai em torno de nós.

— Josh, preciso de você, — ela confessa. — Eu preciso de você

e te amo.


Eu pego seu rosto em minhas mãos, puxando sua boca de volta

para a minha antes de dizer algo. Eu quero dizer a ela que preciso

dela. Eu quero ela. Estou perdendo a cabeça por estar nesta casa e

não tocá-la. Eu sofro por ela e pela proximidade que tivemos

antes. Ela me faz sentir que não sou um monstro, e é assustador.

Delia mói seus quadris para baixo, esfregando-se contra meu

pau tenso. — Pegue o que você quiser, — eu digo, permitindo que ela

tenha tudo o que ela precisa. — Pegue tudo porque eu não posso te

perder.

Eu falo demais, mas talvez seja disso que nós dois precisamos.

— Você, — ela sussurra a palavra.

— O que você quer? Diga-me e você pode ficar com ele.

Seus profundos olhos castanhos encontram os meus. — Façame

sentir bem novamente. Faça-me sentir bonita. Me faça sua.

Jesus Cristo. Ela é a mulher mais linda que já existiu. Eu

levanto minhas mãos, deslizando-as por seu cabelo loiro. — Você não

tem ideia de como você é perfeita. Como estar perto de você me deixa

louco. — Seus olhos tremulam e eu passo meus dedos em sua

garganta. — Sua pele, macia pra caralho. — Eu me inclino, mas puxo

seus quadris em minha direção, beijando a pele onde minhas mãos

estavam. Delia suspira profundamente. — Eu quero beijar cada

centímetro de você, adorá-la.

— Sim.

— Sim? É isso que você quer?

Ela acena com a cabeça. — Sim. Você, só você, Josh. Você é o

que eu preciso.


Se isso estiver acontecendo, será feito da maneira

certa. Nenhuma outra sessão de foda. Vou fazer exatamente o que

prometi.

Eu a levanto, e seus braços envolvem meu pescoço enquanto a

carrego para o quarto. Quando chego a sua cama, deito-a, olhando

para a linda mulher diante de mim.

— Diga alguma coisa, — ela implora.

— Eu não posso. Eu não posso porque você é tão bonita, e eu

não posso...

Ela está aqui e está olhando para mim como se eu fosse o

sol. Não sou bom o suficiente para estar com ela, mas não sou forte

o suficiente para ir embora.

— Então me beije.

Eu me movo para ela, pegando seu rosto em minhas mãos e

pressionando meus lábios contra os dela. Parece que faz muito tempo

desde que respirei, e agora sei por quê. É ela.

Ela tem sido uma fraqueza, mas também é minha força. Não

sei mais o que fazer, como lutar contra isso.

O amor dela me faz pensar que há esperança, e isso é algo que

não experimento há anos. Tudo parece possível quando olho para

ela.

Talvez possamos ser felizes.

Talvez eu esteja lutando na guerra errada.

Talvez Delia esteja certa, e se eu não tivesse amado e perdido

Morgan, talvez não estivesse aqui agora, neste momento. Eu não

estaria olhando para a mulher que sempre amei, mas estava com

muito medo de dar meu coração.


É por isso que comprei a pousada em Nova Orleans. Esta

mulher. Esta mulher maravilhosa me apavorou desde a primeira vez

que a vi. Ela tinha quinze anos e sorria com Alex enquanto assistiam

a um filme idiota. Eu estava paralisado, certo de que não havia

nenhuma maneira dessa garota ser real.

Ela era tão linda e, quando sorriu, minha respiração sumiu.

Eu já estava na faculdade e ela era muito nova para mim, então

fiquei longe dela até a noite de sua formatura. Estávamos no

restaurante e ambos saímos dos banheiros ao mesmo tempo. Eu não

sei o que aconteceu. Foi instantâneo. Nenhum de nós falou antes de

cairmos juntos e eu a beijei.

Talvez pudéssemos ter tudo agora.

— O que você está pensando? — Ela pergunta baixinho

enquanto sua mão passa pelo meu cabelo.

— Talvez, — eu respondo. — Eu só fico pensando nessa

palavra. Talvez.

Eu não conto mais a ela. Principalmente porque é

assustador. A ideia de me permitir uma chance de algo mais.

Seu sorriso é suave enquanto seus dedos se movem para baixo,

roçando a barba no meu rosto. — Talvez seja esperança. Talvez seja

possível. Talvez seja um começo.

As palavras fluem ao nosso redor como uma concha para

proteger a esperança que nasce dessa afirmação.

Eu me inclino e pressiono meus lábios nos dela. Continua até

eu não saber onde um para e o próximo começa. Nos beijamos pelo

passado, pelo presente e pelo futuro. Eu me perco em seu toque, e

pequenas partes quebradas do meu coração são colocadas de volta


no lugar. Nunca vou perder as cicatrizes, mas com seu toque, posso

curar um pouco.

Ela me empurra de costas e, em seguida, se move para sentar

em cima de mim. Sua camisa é levantada sobre sua cabeça e, em

seguida, seu sutiã a segue.

Eu levanto, segurando cada um dos seios, que estão um pouco

maiores do que da última vez que os vi. — Você é linda, — eu digo

enquanto coloco minha mão em sua barriga. A dor em meu peito

aumenta quando toco onde nossos filhos estão. — Delia. — Há

lágrimas em seus olhos e eu a puxo em meus braços. — Por que você

está chorando, amor?

— Eu quero isso. Eu queria isso, e...

— Você está com medo. — Eu termino seu pensamento.

Ela acena com a cabeça. — Quero você. Sempre quis você e

agora você está aqui. Eu quero que você esteja sempre aqui.

Eu enxugo as lágrimas de seus olhos. Ela não vê que deixá-la

é a última coisa que quero fazer. É por isso que abri caminho até a

casa dela, dizendo que era apenas para sua segurança. É por isso

que eu não conseguia nem ligar para um corretor de imóveis ou

encontrar um novo lugar para morar. Ela é o que eu quero. Ela é a

parte do meu coração que estava faltando e procurando por isso.

Ela.

— E se você ficar enjoada de mim? — Eu pergunto a ela,

descansando minha bochecha em sua palma.

— Nunca.

A promessa me mata de muitas maneiras. — Você diz isso

agora, amor.


Delia levanta a outra mão, pegando meu rosto em suas

mãos. — Eu te amo, Josh, e acho que você me ama também.

Seus olhos castanhos brilham com todas as promessas de um

futuro. — Eu amo, — eu admito.

— Você me ama? — Ela pergunta, as lágrimas se agrupando

novamente.

— Acho que sempre amei, mas não posso dizer... Eu não posso

confiar em mim mesmo.

Delia se inclina, seus lábios tocam os meus e eu estou feito,

porra. As emoções me oprimem, e minha necessidade por ela quebra

como uma onda na costa. Eu não consigo parar. Eu não posso fazer

nada além de segurá-la enquanto me perco na corrente. Meus dedos

se enredam em seus longos cabelos, guiando sua boca para que se

encaixe melhor na minha.

— Josh, — ela geme, e eu engulo.

Cuidadosamente, eu a movo para que ela fique de costas, fecho

meus lábios em torno de seu mamilo e o chupo. Ela engasga e faz

ruídos suaves enquanto eu me movo para o outro. — Deus, sim, —

diz ela enquanto eu mordo suavemente.

Minha mão se move para baixo em seu torso, parando apenas

brevemente sobre sua barriga inchada. Eu amo que ela está ficando

pesada com nossos filhos. Isso, algo que eu pensei que nunca queria,

está acontecendo, e está acontecendo com ela. Meu Deus, sou um

bastardo sortudo.

Eu continuo me movendo, querendo tocar outra parte

dela. Para fazê-la sentir a paixão que ela desperta em mim. A

esperança que ela reacendeu.


— Eu quero tanto você, — digo a ela enquanto levanto minha

cabeça de seu seio. — Eu quero fazer você gozar com tanta força que

você vai desmaiar depois. Vou levá-la cada vez mais alto até que a

queda a deixe com medo, e vou empurrá-la sobre isso. — Ela arqueia

as costas e meu dedo desliza sob a costura de sua calcinha. Eu toco

lá, sabendo que ela está ansiosa por isso. — Você quer isso, Delia?

— Eu pergunto. — Você quer que eu faça você gozar?

— Sim.

Eu aumento a pressão, apenas um pouco, e ela solta um som

gutural profundo. — Isso é bom?

— Tão bom. Você sempre é bom.

Eu sorrio. — Você quer mais?

— Por favor.

— Tão educada, — murmuro enquanto beijo sua barriga no

meu caminho para onde eu mais a quero. — Tão bonita. — Eu a beijo

mais abaixo e, em seguida, tiro suas calças. Ela fica deitada lá como

uma maldita deusa diante de mim. Seu cabelo loiro se espalhou ao

seu redor, os olhos brilhando de paixão e sua confiança em plena

exibição. Delia não se move enquanto me permite olhar para ela, vêla,

tomá-la. — Perfeita pra caralho.

Ela balança a cabeça. — Não, não sou perfeita.

— Para mim você é. Para mim, você é tudo. — Eu beijo sua

coxa e, em seguida, subo, correndo minha língua ao longo de seu

clitóris.

— Josh. — Ela suspira e eu faço isso de novo. Eu lambo e

chupo. Eu a quero tremendo e desesperada para que eu a leve ao

pico. Eu preciso ser esse homem hoje. Fazer por ela, dar a ela,

mostrar a ela o quanto ela me arruinou.


Eu nunca serei o mesmo novamente. Não depois dessa

hora. Quando fizemos sexo antes, houve uma parte de mim que eu

segurei. Eu não era capaz de me permitir amar, não de verdade.

Agora, ela possui tudo que eu sou, até mesmo os pedaços estragados

de minha alma que se afogaram naquele dia.

Minha língua bate forte, movendo-se rápido, sacudindo seu

clitóris enquanto ela agarra os lençóis. Eu não paro ou desisto. Eu

quero ouvi-la gritar meu nome. Saber que sou eu. O único que pode

deixá-la louca desse jeito.

— Deus. Josh. Por favor! — ela grita, e eu deslizo um dedo

dentro dela, bombeando para dentro e para fora enquanto chupo com

mais força. — Josh. Oh Deus. Eu vou gozar.

Eu continuo, e então sinto seus músculos se contraírem

enquanto ela grita. Depois que o último dos espasmos desaparece,

eu me levanto, olhando para ela toda corada e saciada.

Seus olhos encontram os meus e ela sorri. — Eu preciso de

você, Joshua. Eu preciso que você faça amor comigo.

Eu preciso disso mais do que ela pode imaginar. — Desta vez

será diferente.

— Eu sei.

— Eu não vou ser capaz de deixar você ir.

— Eu nunca quis ser outra coisa senão sua. — Ela se inclina e

empurra minhas calças para baixo. Enquanto eu chuto meus

tornozelos, Delia passa os dedos pelos meus braços e, em seguida,

ao longo da minha mandíbula. — Faça amor comigo, Josh.

Eu movo meus quadris, sentindo seu calor me chamando. —

Preservativo?


Ela sorri. — É um pouco tarde para isso.

Eu empurro mais perto, meu pau apenas em sua entrada. Ela

confia em mim e não sei se mereço. Eu sei que não a mereço. Essa

mulher com um coração do tamanho do Texas e a força de Atlas.

Como se ela pudesse ler minha mente, ela levanta os quadris

ligeiramente, me empurrando mais fundo nela.

O calor me envolve e eu fecho meus olhos.

— Leve-me, Josh. Leve-me porque sempre fui sua.

Eu os abro, vendo a verdade em seu olhar. Sem outro

pensamento, meus quadris se movem para frente e eu faço amor com

ela.


Acordar nos braços de Josh é novo e onírico. Uma parte de

mim, aquela que teve essa fantasia em particular um bilhão de vezes,

está esperando que o peso de seu braço desapareça e o som de seu

batimento cardíaco seja um despertador.

Mas a batida firme se mantém abaixo da minha orelha. Seu

braço não desaparece, na verdade, ele aperta em volta de mim.

Eu levanto minha pálpebra, espiando para cima para vê-lo

olhando para mim com um sorriso preguiçoso. — Bom Dia.

— Bom dia.

Sua mão esfrega para cima e para baixo na minha espinha. —

Não me lembro da última vez que dormi depois das seis.

Eu olho para o relógio e suspiro. — Puta merda! São onze

horas!

Josh ri. — É. Parece que estávamos ambos um pouco

cansados.

A dor entre minhas pernas concorda. A noite passada foi

incrivelmente lenta e perfeita. Nós dois nos entregando a tudo do

passado e... bem, eu nunca vou esquecer isso.

Nas próximas duas vezes. Sim, foi divertido. Sexo suado e

bagunçado que me fez agradecer pelo fluxo de sangue extra da

gravidez. Uau.


— Eu poderia ficar exausta com isso, — digo a ele, apoiando o

queixo na mão.

— Também.

— Não conseguimos dormir até as quatro, então não me choca

por termos dormido metade do dia.

bem?

Ele empurra o cabelo para trás da minha orelha. — Você está

Eu ouço o medo em sua voz, e isso faz meu estômago

embrulhar. — Você ainda quer ficar aqui comigo?

— Sim.

— Então estou bem.

Ele sorri. — Acabamos de expor um monte de merda na noite

passada.

Eu me sento um pouco, puxando o lençol em volta de mim. —

Sim, mas acho que precisava ser feito.

Josh solta um longo suspiro pelo nariz. — Eu acho. Não contei

a ninguém sobre Morgan. Meus irmãos não sabem. Honestamente,

eu simplesmente não conseguia falar sobre isso.

— Ninguém sabia que vocês estavam juntos?

Josh se levanta, apoiando as costas na cabeceira da cama. —

Eu não queria que ninguém soubesse coisas sobre mim. Meu pai

usou tudo que pôde para manipular as pessoas em sua vida. Eu o

observei quebrar minha mãe, pouco a pouco. Quando eu tinha oito

anos, ele me levou com ele para conhecer sua amante. Ele imaginou

que minha mãe não pensaria que ele estava fazendo isso se trouxesse

o filho. Então, aprendi a manter minha vida pessoal longe dele. Veja

o que ele fez com Stella e Jack e com Grayson e Jessica. Inferno, você


se lembra da garota que Alex gostava quando estava no colégio? Tudo

o que importava para minha mãe e meu pai eram as aparências, e

Morgan era engraçada, doce e teria sido comida viva por eles.

— Eu sinto muito.

— Foi uma droga, mas foi melhor assim. Não contei aos meus

irmãos ou a Stella no começo porque era recente, além disso, eles são

muito mais jovens do que eu. Estávamos juntos apenas um ano

antes do furacão e quando eu finalmente iria contar a eles, eu a perdi.

— Mas eles poderiam ter estado lá para você.

Seus olhos encontram os meus. — Eu me odiava. Eu não

queria conforto. Eu ainda não quero conforto.

— Bem, que pena, — eu digo com desafio. Ele pode não querer,

mas eu vou dar.

Ele sorri. — Não vai ser fácil. Já se passaram dez anos e ainda

não me perdoei.

Eu me mexo, então estou descansando contra seu peito

forte. — Não espero fácil. Nada é fácil. Eu entendo a dor. Minha mãe

ainda está lidando com a perda inesperada de meu pai. Ela se pune,

acredite ou não, porque ele vinha mostrando sinais de problemas

cardíacos, mas eles os colocaram de lado desde que ele era

jovem. Perdê-lo destruiu a esperança de amor nela. Nem sempre faz

sentido, mas acho que perder alguém assim muda você.

O som baixo em seu peito diz mais do que as palavras. — Sim.

Eu sei isso. A morte de meu pai foi difícil para todos nós, mas

minha mãe a elevou a outro nível. Ela se recusou até mesmo a pensar

em outro homem e diria que seu coração morreu quando ele

morreu. Felizmente, ela também me amava e lutou contra o

desespero e então teve câncer.


Lembro-me de ocasiões durante sua quimio em que parecia

que ela queria morrer. Não porque ela não quisesse viver, mas porque

ela sentia muito a falta dele. Só recentemente acho que ela está

realmente se curando e vendo que finalmente é hora de parar de

lamentar por ele.

Embora eu não ache que seja o mesmo para Josh, vendo como

ele diz que me ama, acho que ele ainda precisa lidar com o trauma

de ver Morgan morrer assim.

— O primeiro passo para consertar qualquer coisa é admitir

que há um problema, certo?

Ele beija o topo da minha cabeça. — Você acha que eu posso

ser consertado?

Eu levanto minha cabeça, olhando em seus lindos olhos

azuis. — Não você, mas a maneira como você pensa sobre tudo

isso. Você precisa perdoar e se permitir ser feliz.

Seu polegar roça minha bochecha. — Quero ser feliz com você.

— Então só temos que tentar.

— Não há mais ninguém por quem eu seria capaz de fazer isso.

Eu balanço minha cabeça, segurando seu pulso. — Não, eu

não quero que você faça isso por mim, Josh. Eu quero que você faça

isso por você. Você merece felicidade. Você merece amor. Você

merece ter tudo o que deseja. Então, não faça isso por mim, faça isso

por você para que você e eu tenhamos uma chance.

Ele se move em minha direção ao mesmo tempo que eu vou até

ele. O beijo que compartilhamos é suave, doce e tingido de esperança

que vou segurar com as duas mãos.


Josh e eu paramos do lado de fora da porta da minha mãe,

nossas mãos juntas enquanto eu reúno coragem para

entrar. Embora ela e eu tenhamos o melhor relacionamento, há

muita apreensão em dizer a ela que estamos grávidos.

Não sei se me lembro de termos ficado zangadas uma com a

outra, mas ela tem convicções muito firmes sobre o casamento e a

ordem em que vêm os filhos. Então, tenho um pouco de medo de que

nossa primeira briga seja quando eu contar a ela que estou solteira

e grávida e vivendo em pecado.

Sim, não estou muito animada com isso.

Conversamos todas as semanas enquanto ela esteve fora, mas

nunca tive coragem de contar a ela. De qualquer forma, é

provavelmente uma conversa melhor pessoalmente.

Bem, se algum dia eu entrar.

— Vamos ficar aqui o dia todo? — Josh pergunta.

— Pode ser.

— Sua mãe é incrível, Deals. Não sei por que você está nervosa.

Eu olho para ele e suspiro. — Devíamos dizer a ela que estamos

noivos.

Os olhos de Josh se arregalam e ele engasga. — O quê?

— Se fizermos isso, talvez ela não fique chateada.

— Ou, não fazemos isso porque não estamos, e dizemos a ela

a verdade.


Soltei uma meia risada. — Oh, sim, isso soa como um plano

brilhante. Vamos dizer a ela que não consegui manter minhas pernas

fechadas e que estávamos indo tão duro que a camisinha se rompeu.

— Não acho que ela precise de detalhes, mas é melhor do que

mentir sobre estar noiva.

Eu fecho meus olhos, me sentindo cem vezes uma idiota. Ele

tem razão. — Eu sinto muito. Eu só... Eu a amo e não quero

aborrecê-la.

— Eu não acho que vai ser ruim.

— Veremos, — digo e finalmente abro a porta. — Mãe? Onde

você está?

— Delia?

— Você tem outros filhos que eu não conheço? — Eu pergunto

com uma risada.

Ela desce correndo as escadas, um sorriso largo no rosto. —

Eu não sabia que você estava vindo! Cheguei em casa há uma hora

e ia ver você!

— Eu economizei a viagem para você.

Eu sabia que ela estava em casa porque ouvi no monitor

policial, o que é realmente muito legal. Josh e eu nos mantemos

ligados quando estamos fazendo coisas pela casa porque é incrível o

que as pessoas colocam lá fora. Carros ou motociclistas estranhos

ocupando muito espaço na estrada e, na outra noite, houve um boato

realmente interessante sobre uma certa mulher entrando na casa de

um certo homem que não era o marido daquela certa mulher. Eu

entendo porque a Sra. Garner e Villafane estão sempre ouvindo.


Ela não diminui o passo quando me alcança, me puxando para

seus braços. Eu fecho meus olhos, afundando em seu toque. Não há

nada como os abraços da minha mãe.

— Eu senti tanto sua falta!

— Também senti sua falta. Como foi sua viagem?

Ela sorri. — Foi maravilhoso! Mal posso esperar para partir na

minha próxima aventura. — Mamãe se vira para Josh. — Bem,

Joshua! Olá! — Seus olhos encontram os meus e vejo as perguntas.

— Olá, Sra. Andrews.

Ela caminha até ele, puxando-o para um abraço. — É tão bom

ver você.

— Você também.

Ela se vira para mim novamente, seus lábios entreabertos, mas

os olhos brilhantes. — E por que vocês estão aqui, vocês dois, juntos?

— Bem, Josh e eu estamos namorando, e nós - bem, estamos

morando juntos também.

O brilho em sua expressão diminui um pouco. — Vivendo

juntos?

Josh se intromete. — Oliver precisava do meu trailer, e com a

invasão que aconteceu na estrada da casa dela, eu me senti mais

confortável sabendo que ela não estava sozinha.

Mamãe acena lentamente. — Eu vejo. E vocês também estão

namorando?

Oh, sim, aí vem a diversão.


— Estamos e tem mais, mãe. — Faço uma pausa e decido que

é melhor cuspir e deixar as fichas caírem todas de uma vez. — Estou

grávida... de gêmeos.

Ela fica lá, me olhando, e então ela começa a rir. Ela ri, e Josh

e eu trocamos um olhar enquanto ela gargalha sem parar. Depois de

um minuto, ela está com falta de ar e tentando falar. —

Oh. Delia. Engraçado.

— Eu não estou...

Sua mão cobre a boca por um segundo. — Você sempre foi tão

boa em me enganar.

— Eu não estou enganando você, mãe.

— Você pode me dizer a verdade agora. Você já se divertiu.

Não tenho certeza sobre essa parte, mas posso ver por que ela

achou que era uma piada. — Eu juro, Josh e eu estamos juntos, e

vamos ter gêmeos. Eu descobri na semana em que você saiu, mas

não queria te dizer por telefone.

Ela dá um passo para trás e bate no sofá, o que é muito melhor

do que desmaiar e cair no chão. — Oh.

casa.

— Eu sei. Eu só queria te contar assim que você chegasse em

— Oh, — mamãe diz novamente. Seus olhos se movem para o

meu estômago, onde você pode ver a protuberância se procurar por

ela. Lágrimas caem pelo seu rosto e ela pousa a mão na minha

barriga. — Você está grávida.

— Estou.


Ela olha para mim, ambos os nossos olhares lacrimejantes. —

Você vai ser mamãe. — Eu aceno, e ela sorri novamente. — Eu vou

ser uma vovó.

— Você vai.

Suas mãos se movem para o meu rosto e ela me segura

enquanto beija meu nariz. — Meu bebê vai ter bebês.

— Dois deles.

— Oh, que... Uau. — Ela ri. — Eu não sei o que dizer. Estou

feliz e, ao mesmo tempo, tenho muitas coisas a perguntar.

Eu interrompo rapidamente. — Não vamos nos casar.

Suas mãos caem e ela olha para Josh. — Existe algum motivo?

Ele limpa a garganta. — Por um lado, não temos pressa.

Ela levanta a sobrancelha e olha para a minha barriga. — Eu

discordaria. Você tem dois motivos aí, e eles têm um relógio

funcionando.

— Mãe, não precisamos nos casar. Josh e eu começamos a dois

dias atrás. Eu gostaria de... você sabe, fazer isso um dia de cada vez.

Suas mãos se movem para suas bochechas, e ela continua

balançando a cabeça. — Você está grávida de quatro meses, Delia,

não de dois dias. Então, isso não é novo, e eu não entendo o problema

de querer ver você casada.

— As pessoas podem ter bebês sem se casar.

— Eu sei que isso acontece, mas nunca pensei que você seria

uma dessas pessoas.


Solto um longo suspiro. — Tenho certeza de que você vai

sobreviver quando os gêmeos chegarem.

— Gêmeos, — diz ela melancolicamente.

Então ela olha para Josh. — Você é um homem de sorte, sabia

disso?

Seus olhos encontram os meus. — Eu sei.

E assim, ele a conquista e me deixa aliviada.


Oliver, Alex e eu estamos dando uma olhada no layout.

— Gosto dessa mudança, mas acho que essa parte deveria ser

maior, — observa Alex.

— Vou ver se Odette pode fazer isso. — Ollie escreve algo e

continuamos andando.

— E quanto a esta seção? — Eu pergunto.

Alex olha em volta, virando-se de um lado para o outro. — Esta

é a área de estar, e eu não ajustaria nada aqui. Do jeito que vai o

fluxo da sala, se mudarmos essa parede, ela corta a vista para a

porta, o que bagunça a área da recepção.

Eu aceno, eu nunca teria visto isso. — Sabe, você sempre foi

tão bom nisso.

— Eu teria sido ótimo se pudesse realmente fazer o que

aprendi.

Oliver bufa. — Não me diga. Todos nós temos diplomas em

coisas que papai pensou que o ajudariam.

— Sim, mas Alex é o único que realmente amou o que estudou.

Fiquei preso a um diploma em administração e

hotelaria. Sempre ficou claro que eu administraria os negócios da

família. Grayson seguiu meu caminho, mas assumiu mais interesses


financeiros, mas Alex estava decidido a ser capaz de traçar

planos. Papai queria expandir, então imagino que ele viu isso como

uma grande oportunidade de obter designs gratuitos.

— Muito bem me faz, — diz Alex enquanto se move ao redor da

sala. — Eu tive a chance de uma vida e tive que ir embora.

— O que você quer dizer? — Ollie pergunta.

— Nada.

— Claramente não é nada, — eu o empurro.

Alex suspira. — Meu mentor ligou há cerca de uma semana

com uma oferta para ir ao Egito para administrar o novo escritório lá

como arquiteto-chefe. Obviamente, eu disse não, porque estamos

fazendo isso, mas teria sido incrível.

Oliver olha para mim e depois para Alex. — Você queria pegar?

— Claro que sim. Era como ser convidado para jogar no

Superbowl 9 do mundo da arquitetura. Eu estaria trabalhando em um

projeto que desafia as regras, e o prédio vai ser incrível. Teria sido

um sonho, mas esta é família.

Ele começa a se afastar, mas de jeito nenhum vou deixá-lo

parar por aí. Parte do que esta família teve que lidar foi nosso pai

controlando nossas vidas e nos forçando a desistir de nossos sonhos

para realizar os dele. Não é sobre isso que este resort deveria ser.

É uma chance de fazermos algo por nós mesmos.

É sobre ter o que sempre desejamos, mas pensamos que não

poderíamos ter.

9 Super Bowl é o jogo final do campeonato da NFL, a principal liga de futebol americano dos Estados

Unidos, que decide o campeão da temporada.


Se Alex tem sonhos, ele deve persegui-los.

— Espere, — eu digo, movendo-me em direção a ele. — Olha,

eu vou falar pela família quando eu falar isso, mas se você quiser

pegar esse trabalho, pegue. Todos nós desistimos de muito e para

quê? Para sofrer mais?

— Sou coproprietário.

— E você será coproprietário onde quer que more. Não é como

se não tivéssemos o suficiente de nós para lidar com essa merda ou

não seríamos capazes de entrar em contato com você se precisarmos

de algo.

Oliver concorda. — Você realmente não é tão útil de qualquer

maneira. Uma vez que as paredes estiverem levantadas, você terá

praticamente acabado.

— Puxa, obrigado, — Alex diz com um olhar revirado.

— Ele tem razão. — Eu encolho os ombros. Eu conheço Alex

bem o suficiente para saber que ele precisa desse empurrão. Meus

irmãos nunca iriam querer que ele ficasse aqui se não fosse isso o

que ele queria. — Você fez sua parte, Alex. Precisávamos que você se

envolvesse com a Odette durante os desenhos e o layout. Agora que

está feito, todos nós podemos cuidar do resto.

— Você está agindo como se eu pudesse me mudar

rapidamente.

— Isso é exatamente o que ele está dizendo, — Oliver explica. —

Você mora em um trailer, você nos ajudou quando precisávamos, e

eu não acho que nenhum de nós ficaria bem se você perdesse esta

chance porque sentiu que não tinha escolha. Por que você tem que

ficar?


O rosto de Alex se contrai. — Oh, eu não sei. Ele está tendo

gêmeos. Stella acabou de se casar. Grayson acabou de ter outro

bebê. Sem mencionar Amelia...

— Você pode ter todo o tempo de qualidade que quiser com

Amelia, apenas fique lá por uma semana, — Ollie diz com um

estremecimento. — Aquela vida... não para mim.

— Meu ponto é que coisas estão acontecendo aqui, e minha

fuga para o Egito não faz sentido.

— Eles não têm mais aviões no Egito? — Eu pergunto. — Ou a

internet?

Alex joga as mãos para cima e começa a andar. Estamos

fazendo sentido e ele não quer isso.

— Delia é minha melhor amiga e ela vai ter um bebê.

— Estou totalmente ciente.

— E você é um idiota que vai foder com tudo de alguma forma,

— Alex continua.

Oliver concorda. — Ele tem razão.

Eu viro os dois. — Você está abusando. Estamos indo muito

bem. Delia tendo bebês ou minha foda hipotética, o que não vai

acontecer, não significa que você não deva fazer o que quiser.

— Eu nem sei se é isso que eu quero.

— Isso é uma mentira. — Oliver sorri. — Você sabe que quer

isso ou não teria tocado no assunto. Cara, aceite o trabalho. Se for

uma merda, você é dono de um resort que seus irmãos muito mais

inteligentes e mais bonitos terão inaugurado. E se você tem medo de

Stella, eu cuido dela.


Alex ri. — Ela é assustadora.

— Ela é, mas ela é administrável. Além disso, temos Jack

agora.

Eu levanto uma sobrancelha. — Como isso nos dá uma

vantagem?

— Ele tem que ouvir, não nós. Ele se casou com ela, e

agora... ele deveria sofrer as consequências.

Alex e eu rimos. — Eu não vou te dizer o que fazer, — eu

digo. — Mas a vida é curta e não temos muitas chances de fazer o

que queremos.

Ele olha para Oliver e aponta para mim com o polegar. — Você

está ouvindo essa merda? O cara que teve uma das melhores

mulheres que já conheci apaixonada por ele há mais de uma década

e perdeu todas as chances com ela agora está me dizendo que eu não

deveria deixar isso passar.

Oliver balança a cabeça lentamente. — O homem tem razão,

Josh. Você não está exatamente seguindo seu próprio conselho.

— Delia e eu estamos juntos agora.

Oliver ri. — Quando isto aconteceu?

— Alguns dias atrás.

— Demorou o suficiente.

— Alguém já te disse que você é um pé no saco? — Eu pergunto

a Oliver.

— Diariamente.


— Devíamos dizer mais então, — murmuro baixinho e me viro

para Alex. — Isto não é sobre mim. É sobre você e seguir seus

sonhos. Delia e eu estamos indo bem, Oliver é um idiota, Stella está

feliz, Gray acabou de ter o bebê e Amelia vai te amar no chat de vídeo

- assim como ela fazia quando estávamos todos morando pelo país a

fora.

Eu posso ver a indecisão crescendo nele. Ele muda seu peso e

agarra a nuca. — Eu não sei.

— O que está prendendo você?

Oliver dá um passo à frente com seu sorriso malicioso. — É

uma mulher?

— O que é uma mulher?

— Seu mentor.

Alex o empurra. — Cale-se.

— É isso! Eu sabia. É por isso que você não quer ir. Você está

caído por ela, e ela sabe que você é um perdedor total que vive em

um trailer e agora está falido.

Alex revira os olhos. — Ele é um cara de quarenta anos que

estava alguns anos à minha frente na escola. Não há mulher.

Oliver concorda. — Entendo, você ainda não tem nenhuma

jogada.

Eu ri.

— Foda-se, — diz Alex para nós dois.

— Pense nisso, Alex, — eu digo seriamente. — Todos nós

desistimos de nossos sonhos, se este não for o seu, então não perca


tempo vivendo isso. Isso foi feito para sairmos do controle de

papai. Não foi feito para nos colocar sob outro.

Oliver concorda. — O que ele disse.

— Vou pensar sobre isso.

— Faça isso e, enquanto pensa, vamos discutir nosso irmão

mais velho e sua namorada, — Ollie continua, e eu sei que essa

conversa vai se tornar um interrogatório, mas estou pronto para

isso. Vou cuidar de tudo porque, no final, terei que voltar para casa

com Delia.

O Dr. Willbanks entra, seu cabelo puxado para o lado,

parecendo que ele acabou de sair de um maldito anúncio de

colônia. O que diabos há com esse cara? Os médicos não deveriam

ser velhos e feios? Além disso, por que ele está aqui de novo?

Delia se mexe um pouco e eu resmungo baixinho.

— Olá, Delia e Josh. É bom ver vocês novamente. Dra. Locke

está no hospital para um parto, então vocês vão ficar comigo de novo

hoje. Espero que esteja tudo bem.

— Sem problemas. É ótimo ver você também, — diz Delia. Já

que não sinto o mesmo, apenas resmungo. O que me dá um olhar

desagradável de Delia.

— Como você está se sentindo?


Ela pousa as mãos na barriga. — Bem. Você tinha razão, o

segundo trimestre é muito melhor. Tenho mais energia e não tive

mais enjoos matinais.

— Maravilhoso. Você sentiu os bebês se mexerem?

Eu olho para ela, me perguntando se ela sentiu, porque ela não

me disse nada sobre isso. Ela encolhe os ombros. — Não sei o que

sinto. Jessica diz que são os bebês, mas então... eu não sei? Tipo,

uma mãe saberia que é o bebê se movendo e não gazes.

Ele sorri calorosamente, mostrando seus dentes brancos

perfeitos. — Muitas mulheres não pensam que é movimento, mas se

você sentir algo como bolhas de refrigerante, provavelmente são os

bebês. Você está com dezoito semanas agora, então é seguro dizer

que você começará a sentir mudanças mais fortes em breve.

Ela olha para mim, seus olhos cheios de esperança e meu peito

dói. Deus, ela é tão perfeita. — Isso vai acontecer, — eu asseguro a

ela.

Delia acena com a cabeça rapidamente. — Então, hoje vamos

vê-los e descobrir o sexo, certo?

Dr. Willbanks acena com a cabeça. — Sim, vamos verificar os

gêmeos, ver como estão crescendo e, então, se cooperarem, verificarei

se podemos descobrir seus sexos.

— Vocês dois cooperem! — Ela diz para seu estômago.

Alguém bate na porta e uma garota entra. O médico explica

que Sara é a técnica do ultrassom e está aqui para narrar e

observar. Excelente.

— Você quer ver a tela? — Ele me pergunta. — Se for assim, vá

em frente e fique de pé.


Eu me movo para o local que ele apontou antes de pegar a mão

dela na minha, trazendo-a aos meus lábios. — Está pronta?

— Muito. Então podemos ver novamente.

Eu rio. — Temos muitas coisas que precisamos remover

quando voltarmos.

Seus olhos se enchem de alegria. — Temos?

— Sim, baby, nós temos.

Como os dois conjuntos de tudo. Podemos ter um conjunto e

ver onde nosso relacionamento vai. Embora eu possa não estar

pronto para o casamento, sei que quero estar com ela. Quero acordar

com ela ao meu lado e quero poder criar nossos filhos juntos. Se as

coisas mudarem, nós cuidaremos disso. Estou dando um passo de

cada vez.

A técnica espalha um pouco de coisa pegajosa na barriga de

Delia e depois sorri. — Tudo bem, aqui vamos nós.

Mais uma vez, os sons das batidas do coração enchem a sala. A

mão de Delia aperta a minha e nós nos observamos enquanto o

momento nos atinge novamente. Esses são nossos filhos.

— Josh...

— Eu sei.

Lágrimas enchem seus olhos e ela as enxuga. — Espero que

isso nunca envelheça.

Eu me inclino, beijando seus lábios. — Duvido.

A técnica e o médico conversam um pouco e ele aponta para a

tela. — Este é o bebê A e este é o bebê B. Como você tem gêmeos


fraternos, pode ver que cada um deles tem seu próprio saco

amniótico, além de uma placenta.

Sua mão aperta um pouco. — Isso é bom, mas eles estão bem?

— O bebê B é um pouco menor, mas isso é normal com

gêmeos. Vamos olhar cada um agora e verificar seus órgãos, —

explica a técnica.

Delia e eu observamos a tela enquanto a tecnologia funciona,

meus olhos arregalados e essa sensação de contentamento fluindo

sobre mim. Eu não posso acreditar que é aqui que minha vida

está. Estou observando meus filhos, nossos filhos, crescendo. O

médico e a técnica explicam as coisas à medida que avançamos. Os

corações de ambos estão se desenvolvendo lindamente e, até agora,

as coisas parecem ótimas.

— Vocês gostariam de saber o sexo? — A técnica pergunta.

A cabeça de Delia levanta. — Sim!

Ela ri, e nós aprendemos de quais cores precisamos ir às

compras.


— Cor de rosa! Eu quero aquele ali! — Digo a Josh, que mais

uma vez pegou o revólver do scanner. Ele consegue isso em nosso

registro, e procuro por um para o menino. — Você gosta disso?

Ele me olha com uma sobrancelha levantada. — Eu realmente

não me importo. Escolha o que você quiser.

— Eu escolhi aquele para a menina. Você não quer escolher

para o menino?

— Uma hora atrás, eu teria dito sim. Agora, eu só gostaria de

dar o fora da loja.

Eu me recuso a deixá-lo estragar meu humor hoje. Estou

muito feliz. Vamos ter um menino e uma menina. É como se

ganhasse na loteria porque, não importa o que aconteça com meu

relacionamento com Josh, terei um pedaço dele.

— Isso é importante.

— Roupa de cama? — Ele pergunta incrédulo.

— Sim. Quer dizer, isso será o que nossos filhos verão todas as

manhãs e noites. Estas cores serão o seu conforto.

— Delia, você é louca. São lençóis.

Eu bufo. — São os primeiros lençóis deles.


Ele balança a cabeça. — Não tenho palavras.

— Bem, tenha uma opinião e me ajude a escolher.

Para a menina, foi muito fácil. Eu amo libélulas, e eles tinham

a mais bela colcha rosa com libélulas amarelas e bolinhas brancas. O

enfeite de renda ao redor da parte superior o tornava perfeito. Para o

menino, estou meio perdida. Não quero trens ou carros, mas não há

muitas opções além disso.

Ele desce mais o corredor. — Que tal este?

Eu olho para ele com os lábios franzidos. É realmente adorável

e vai combinar perfeitamente com o ambiente. É semelhante a uma

colcha com remendos em azul marinho, branco e verde azulado. Há

âncoras nas manchas azul-marinho, setas nas verdes e montanhas

azuis, verdes e cinzentas nas brancas. Eu amo isso.

— É perfeito.

Ele sorri. — Estou pegando os dois agora.

— O quê?

— A roupa de cama. Estamos comprando.

— Mas estamos registrando.

— Não, eu quero comprar isso para nossos filhos. Agora. Quero

começar a arrumar o quarto deles. — Eu quero protestar, mas há

algo em seus olhos que me diz para não protestar. Josh dá um passo

em minha direção, me puxando para seus braços. — Passei muito da

minha vida esperando por algo. Por alguém. Por algo que me fizesse

querer viver novamente. Eu estava esperando por você, por eles,

por... Deus, não sei. Estou cansado de esperar. Já vi o outro lado e

não quero fazer isso.


Eu fico na ponta dos pés, pressionando nossos lábios. — Eu

também não quero isso.

— Bom.

— Bom.

Ele me solta e eu sorrio enquanto ele carrega os dois no

carrinho. Tudo parece tão real agora que sabemos que vamos ter um

menino e uma menina. Ele também está saindo do segundo quarto

esta noite, não que ele não tenha dormido na minha cama na semana

passada, mas estamos fazendo planos. Josh vai ficar comigo e vamos

ser um casal, criando nossos filhos juntos.

Minha mãe está perto de ter um ataque cardíaco só de pensar

nisso, mas estamos aceitando como deve ser.

Não tenho pressa em me casar. Estou honestamente feliz por

saber que ele quer ficar comigo. Talvez isso me torne uma idiota total,

mas é como me sinto.

Voltamos para casa com alguns sacos de coisas de bebê e,

quando entro em minha casa, vejo o quanto este lugar mudou. Os

pisos são lindos e a cozinha também está quase pronta.

Quando Josh, Jack e Grayson estavam trabalhando nisso

ontem, eles encontraram um armário que tinha um pouco de

podridão, então o que deveria ser um trabalho de pintura fácil se

transformou em muito mais. Tentei argumentar que não

precisávamos fazer isso, mas eles me lançaram olhares idênticos de

incredulidade enquanto arrancavam o armário da parede, então não

tive opção a não ser substituí-lo.

Eles reconstruíram aquela seção e eu adoro isso.

Eu entro lá enquanto Josh coloca o equipamento do bebê no

quarto de hóspedes.


Com fome e um pouco de cansaço, preparo um sanduíche para

cada um. Enquanto coloco maionese no pão, sinto Josh se aproximar

por trás de mim, com as mãos apoiadas na minha barriga. — Você

sabe o quão bonita você é?

Eu sorrio, recostando-me em seu toque. — Não, sinta-se à

vontade para me dizer.

Ele ri contra meu pescoço. — Você é a mulher mais linda que

já respirou.

— A mais linda?

— Mais linda.

Eu viro minha cabeça para ter um vislumbre dele. — Você

também não está nada mal.

— Nada mal? — Josh pergunta com um sorriso.

— Quer dizer, eu já vi melhor.

— Sim?

Eu rio quando ele faz cócegas em meus lados. — Estou

mentindo totalmente, não sei se alguma vez tive olhos para outra

pessoa além de você.

O destino é uma coisa engraçada.

Ele traz seus lábios aos meus e eu afundo em seu toque. Cada

vez que nos beijamos, é como uma experiência surreal, e eu nunca

quero que isso acabe.

Quando nos separamos, ele passa o dedo pela minha

bochecha. — O que está errado? — Eu pergunto.

— Fico esperando que tudo mude, — confessa.


— O que você quer dizer?

— Essa felicidade. Estou apenas esperando que isso acabe.

— Por que acabaria? — Eu pergunto.

— Sempre acontece.

— Não precisa.

— Não, acho que não, mas sinto que poderia, e pode.

Josh e eu somos novos e estou com medo de perdê-lo

também. De perder o que de repente está bem na minha frente. E se

amanhã, ele acordar e ficar tipo, “Estou fora?” Então o que? Estarei

sozinha com dois bebês e um coração partido.

— Olha, só vai acabar se deixarmos. Não tenho planos de

deixar você ir, não é?

— Eu não vou a lugar nenhum, Delia, — ele diz com

convicção. — Confie em mim.

Quero tanto acreditar nele, mas também tenho

inseguranças. — Eu confio em você, mas nós dois temos medos e

temos que contar um com o outro para superar isso. Também sei que

a vida não é perfeita.

Ele concorda. — Não é, e eu estou tão assustado quanto você,

Deals, — Josh confessa. — Eu também tive meu quinhão de

decepções. Eu me preocupo que você acorde e acabe comigo ou que

algo vá acontecer com você e depois?

Ele é louco. Nunca fui capaz de negar meus sentimentos por

este homem. — Estou bem. Eu vou ficar bem. Por que eu iria deixar

você, então?


— Porque eu poderia estragar tudo. Eu já fiz antes. Eu falhei,

perdi e quebrei coisas que eram preciosas. Você poderia sair por

aquela porta e depois o quê?

Isso nunca vai acontecer, mas eu entendo o medo. Não é

racional e alimenta o pior de nós, assim como está fazendo comigo

agora. Estamos ambos em terreno instável, esperando que ele caia

debaixo de nós. Eu tenho que me lembrar disso.

— Nada é garantido. Eu sei disso tanto quanto você. Meus pais

estavam tão apaixonados e minha mãe pensava que eles teriam uma

vida inteira para amar, mas ele morreu e tivemos que continuar. Você

tem que parar de viver como se o outro sapato fosse cair porque, em

algum momento, sempre cai. Temos o agora, Josh. Temos um ao

outro e os bebês, e temos que viver por agora.

Ele descansa sua testa contra a minha com os olhos

fechados. — Eu não quero pensar em perder você.

— Você não vai, — eu prometo.

Vai levar tempo para ele acreditar nisso. Para nós dois

acreditarmos nisso. Já faz muito tempo e tudo aconteceu tão rápido

que levaremos algum tempo para realmente confiar.

Josh levanta a cabeça e seus olhos azuis estão cheios de

emoção. — Eu não quero machucar você.

— Então seja feliz. Sorria, ria e ame o fato de que você vai ser

pai e ter uma namorada incrível.

— Eu tenho a namorada mais incrível. Você é tudo o que eu

preciso.

Ele me beija como se não houvesse mais nada que pudesse

fazer. Como se meu beijo pudesse curá-lo tão completamente quanto


eu quero. Eu quero ser sua salvação e esperança, mas isso me

assusta. E se eu não for o suficiente?

Eu afasto o pensamento e o deixo flutuar porque preciso seguir

meu próprio conselho e aproveitar o agora. Josh está aqui, ele me

ama, e isso é mais do que eu jamais pensei que teria.


— Para onde você está me levando? — Delia pergunta com uma

risada enquanto eu a levo para frente, cobrindo seus olhos.

— Apenas continue. Mais três etapas. — Ela suspira e faz o

que eu peço. — Ok, pare.

Eu deixo cair minhas mãos, e ela engasga. A cabana em que

estamos fica perto da cabana de Delia, mas é linda. O pico do telhado

é incrível, com janelas do chão ao teto e as luzes brancas de natal o

alinham. Existem picos menores e mais suaves à direita e à esquerda

do centro, e uma varanda envolvente abraça todo o exterior. É uma

casa que todos nós crescemos admirando.

— Você se lembra desse lugar? — Ela pergunta com hesitação.

— Eu me lembro de tudo sobre você. — Seus olhos se

arregalam, e então ela olha de volta para a casa. Eu venho de trás

dela, pegando suas duas mãos nas minhas. — Eu conheci a amiga

do meu irmão aqui quando eu tinha vinte anos. Meu irmão estava

bebendo e desmaiou no convés, e ela me chamou para ajudá-lo a

movê-lo.

— Ela provavelmente estava muito nervosa para fazer isso,

visto que você era muito mais velho do que ela.

Eu rio. — Provavelmente estava, mas foi corajosa o suficiente

para estender a mão.


— Duvido que seu irmão pensasse isso. Parece que me lembro

dele não falando com ela por uma semana porque ele teve que fazer

tarefas extras como punição por acordar seu irmão no meio da noite.

— Você está arruinando minha história, — eu a repreendo.

— Desculpa. Eu vou ficar quieta continue sobre essa garota

corajosa e seus atos altruístas de heroísmo.

Eu me inclino e beijo seu pescoço, fazendo-a rir. — De

qualquer forma, ela me chamou, eu vim e coloquei ele no

carro. Quando me virei para descobrir para onde ela tinha ido,

encontrei-a parada neste mesmo lugar, olhando para esta casa.

— Esta mesmo?

— Esta mesmo. Ela me contou como sonhou, que um dia ela

teria uma casa com três telhados e janelas que davam para o

mundo. Ela disse que conheceria um homem que a amaria, lhe daria

um lar cheio de felicidade e amor.

Delia vira a cabeça. — Ela tinha grandes sonhos e uma boca

grande.

— Acontece que eu achava que a boca dela era perfeita e queria

beijá-la naquela noite.

anos.

— Você era um velho sujo, cobiçando uma garota de quinze

Eu começo a rir, puxo-a para mim e giro-nos para que ambos

estejamos virados para o lado, a casa nos recortando. — Você se

lembra do que mais você disse?

— Eu disse a você que este lugar era mágico e era um lugar

onde as pessoas podiam esquecer seus problemas se permitissem.


— Você disse. Você também disse que conheceu alguém que

roubou seu coração.

— Você sabia que eu quis dizer você?

Eu balancei minha cabeça. — Eu pensei que você quisesse

dizer Alex.

— Eu não quis.

— Eu sei disso agora, linda. Acho que você roubou meu

coração naquele dia. Ficamos aqui, com você olhando para aquela

casa e a neve ao seu redor, e eu pensei: Deus, essa garota é especial.

Sua mão se levanta, empurrando meu cabelo para trás. — E

eu pensei: Deus, eu realmente gostaria que ele me beijasse.

Eu queria. Muito, mas ela era jovem e eu estava na

faculdade. Parecia errado pensar nela dessa forma, então me

segurei. Dei a Delia todas as indicações de que ela era muito jovem,

muito imatura para mim, embora eu a quisesse mais do que tudo.

Mas eu posso beijá-la agora, então eu beijo. Eu a beijo com

tudo dentro de mim. — Desculpe, estou um pouco atrasado nesse

beijo, — eu digo enquanto me afasto e pressiono minha testa na dela.

— Eu perdoo você. Mas se você amava tanto essa garota

fantástica, por que nunca voltou para buscá-la?

— Porque eu era um idiota. Eu saí da cidade, fiz o meu melhor

para esquecer esse beijo mágico que tive com ela e tentei dar a ela

uma chance no amor.

— Não havia amor, Josh, — Delia diz com um pouco de tristeza.

— Não, mas eu não estava pronto para você. Eu sabia que você

me possuiria, Delia. Eu sabia que se me deixasse perto de você,

ficaria nesta cidade e seria o que meu pai queria. Eu não poderia


fazer isso. Então, voltei para Nova Orleans depois daquele dia na

lanchonete.

Seus lábios baixam e ela suspira suavemente. — Esse beijo é

porque eu nunca consegui te esquecer.

— Eu sinto muito.

Ela balança a cabeça. — Não sinta, me conte mais sobre essa

garota fantástica que você sabia que seria dona de seu coração e

alma. Ela soa como uma guardiã.

Eu rio, e viramos nossas cabeças para ver a casa. — Ela e eu

conversamos por uma hora enquanto Alex estava desmaiado no

carro. Ela me contou sobre a perda do pai, como queria ir para a

faculdade, mas tinha medo de deixar a mãe sozinha e me fez esquecer

a diferença de idade. — Eu faço uma pausa, lembrando de tudo. —

Você me assustou muito naquela noite.

— Eu? — Ela pergunta, sua voz subindo um tom. — O que

diabos eu fiz?

— Eu queria você, mas eu era muito mais velho e parecia

errado.

— É por isso que você sempre me fez sentir como uma menina

depois daquela noite?

Eu concordo. — Se eu colocasse você nessa categoria, pensei

que ajudaria.

Delia sorri. — Acho que não funcionou para você.

— Estou feliz que não tenha acontecido.

— Eu também. E eu não posso acreditar que você se lembrou

daquela noite, — Delia diz com um sorriso.


— Eu disse que sim.

A neve está caindo ao nosso redor, e as luzes da bela casa que

ela ama brilham no chão branco imaculado. Ela é tão linda que sei

que esse momento ficará no meu coração para sempre. Quando eu

for velho, vou me lembrar do tempo em que estive na neve com a

mulher mais deslumbrante que me olhou como se eu fosse o seu

mundo inteiro.

— Por que estamos aqui? — Ela pergunta.

— Porque aluguei esta casa para o fim de semana.

Ela vira a cabeça, me estudando. — Vivemos bem no final da

estrada.

— Sim, mas acho que merecemos um pouco de magia, não é?

A mão de Delia se move para o meu rosto, ela a pousa na minha

bochecha. — Eu acho que você é a magia, Josh.

— E aqui eu pensei que era simplesmente charmoso.

— Você também é isso, quando não é um idiota.

Eu a ergo em meus braços, girando-nos na neve. — Eu quero

fazê-la feliz. As coisas que eu faria se estivéssemos namorando são

diferentes porque moramos juntos. Embora eu não possa lhe dar a

casa com três telhados para morar, podemos pegá-la emprestada.

Os donos deste lugar são bons amigos da minha mãe e têm

alugado a casa no inverno enquanto vão para a Flórida para fugir do

inverno aqui. Liguei para eles e eles ficaram muito felizes em me

deixar ficar por algumas noites.

Seus olhos se enchem de lágrimas não derramadas. — Estou

muito feliz por nunca ter esquecido você.


Eu sorrio. — Eu também. Venha, vamos entrar.

Delia pega minha mão, subimos as escadas e entramos na casa

com que ela sonhou. A casa é inacreditável. A parede traseira inteira

nada mais é do que janelas até o pico. A única obstrução lá é a lareira

de pedra do chão ao teto.

— Uau, por dentro é ainda melhor do que eu me lembrava.

— Eles trabalharam muito na casa.

Ela se vira, absorvendo tudo. Eu sei que Delia ama sua casa,

mas se as coisas funcionarem para nós, eu gostaria de mudá-la para

algo assim. Para dar a ela e aos gêmeos a vida que ela desejava.

— Ainda estou em choque, — diz ela rindo. — Você alugou a

casa dos sonhos.

— Para você.

Delia caminha em minha direção, seus olhos cheios de

calor. Seus braços envolvem meu pescoço. — E tudo que eu esperava

é que você fizesse amor comigo.

Agora isso eu posso fazer.

Eu pego a mão dela sem dizer uma palavra. Sua confiança em

mim é tão absoluta que ela não questiona. Ela apenas me

segue. Posso não ter dito as palavras para ela, mas espero que ela

sinta no meu toque ou no jeito que eu olho para ela.

Eu a amo.

Acho que sim, desde aquela noite em que coloquei os olhos nela

pela primeira vez, mas me forcei a ir embora.

Agora, não há nada que me impeça de tê-la. Não somos mais

crianças e não há ninguém no nosso caminho.


Abro a porta do quarto e ela engasga. — Josh?

Eu vim aqui mais cedo e fiz tudo que podia para tornar isso

especial. O quarto está envolto em velas. Centenas de chamas

piscam ao redor.

Ela entra, olhando ao redor. — Isso é lindo.

— Você é linda.

Nada mais importa além dela. Eu a quero mais do que

qualquer outra coisa no mundo. Eu fui tão estúpido por tanto tempo,

e não quero perder mais um segundo com ela.

— Você fez tudo isso por mim?

Eu me movo para ela, precisando tocá-la e sentir sua pele. —

Eu faria qualquer coisa por você.

— Qualquer coisa?

Meus dedos deslizam ao longo de sua mandíbula e, em

seguida, seguro sua bochecha. — Peça-me o que você quiser e

descubra.

Ela começa a falar, mas se interrompe. Eu quero que isso seja

perfeito para ela. Eu quero que esta noite seja o que deveria ter sido

desde o início. Onde ela se sente desejada, adorada e... amada.

Essa palavra tem sido uma arma que temo, mas olhar para

Delia, aberta e confiante, de repente não é tão assustador.

Meu polegar se move contra sua pele sedosa. — Eu te amo,

Delia. Eu deveria ter visto isso antes, mas fui um idiota.

isso.

Lágrimas rastreiam suas bochechas. — Você não tem que dizer


— Não, eu quero porque eu quero dizer isso.

— Seu...

— É o que eu sinto.

Seus lábios se transformam em um sorriso hesitante. — Você

sabe por quanto tempo eu orei para que você me amasse?

— Provavelmente desde que eu lutei contra isso.

Ela fecha os olhos e eu limpo as lágrimas. — Sem lágrimas,

baby.

— É demais, estar aqui com você nesta casa e ter você me

dizendo que me ama. Você me ama e estamos juntos. Eu não sinto

que isso seja real.

Eu levanto seu rosto, forçando seu olhar a ficar preso em

mim. — Tudo neste momento é real. Somos você e eu, e eu sinto

muito por ter lutado contra isso. Lamento ter feito você questionar

tudo. Eu nunca quero te machucar, e não posso negar que você é

tudo em que penso.

— Eu amo você. Eu sempre vou te amar.

Eu sorrio. — Vou beijar você e não pretendo parar até que

apague todas as dúvidas de sua mente.

Suas mãos enquadram meu rosto e ela me puxa para ela. —

Vou precisar de muita convicção.

— Então é bom termos todo o fim de semana.

Eu a puxo para mim, esmagando nossos lábios no beijo mais

doce. Nos últimos meses, tive Delia de várias maneiras. Nós fizemos

sexo, fodemos e tudo mais. Algumas semanas atrás, eu teria jurado

que estava fazendo amor. Foi doce, lento e me dediquei a cada toque.


Isso é sobrenatural.

Não há nada entre nós. As barreiras do passado se foram, e

tudo o que sinto é esperança por mais - por ela.

Delia é o futuro. Ela sempre esteve aqui, esperando, e não vou

perder mais um segundo.

Nossas línguas deslizam uma contra a outra enquanto nos

beijamos languidamente, porque não há nada mais no mundo além

disso. O tempo se estende pela frente e não há pressa em fazer essa

parada.

Eu inclino sua cabeça para o lado, me dando melhor acesso, e

bebo seu gemido.

— Josh, — ela diz entre respirações superficiais enquanto eu

movo meus lábios para seu pescoço, beijando a pele macia lá.

— Eu vou beijar cada centímetro de você, — eu prometo. —

Vou despi-la e adorá-la como a deusa que você é.

Eu empurro o suéter de seus ombros e retorno meus lábios à

pele ali, descendo ao longo de sua clavícula.

— Não pare.

— Eu não pretendo.

Eu a levo em direção à cama, amando como sua pele fica à luz

das velas, como o brilho quente se move ao seu redor. Por muito

tempo, estive com frio. Eu fechei o calor e a paixão, mas esta noite,

vou queimar por ela.

Quando chegamos ao colchão, tiro suas roupas, observando o

tecido cair no chão enquanto ela está diante de mim - nua. Eu

gostaria que ela soubesse como fui eu que me senti exposto. Como


dar a ela essas palavras, dar a ela meu coração parecia natural, mas

também aterrorizante.

No fundo da minha mente, me preocupo em falhar com ela.

Eu me preocupo em causar dor a ela ou ela ter o mesmo destino

que Morgan enfrentou.

Eu a decepcionei.

Eu a deixei cair, mas o amor que tenho por Delia é cem vezes

maior. Isso vai me matar se eu a perder.

Seus longos cílios tremem enquanto minhas mãos se movem

para baixo em seu corpo, sentindo cada curva. Eu me abaixo de

joelhos, e seus dedos deslizam pelo meu cabelo.

Eu pressiono meus lábios em seu estômago, onde nosso futuro

cresce, e rezo para que eu possa fazer o que é certo por ela.


Ele é tão gentil. Tão cuidadoso que faz meu coração doer.

Esta noite inteira foi avassaladora e incrível. Esta casa fez

parte de mim de muitas maneiras. Muitas vezes me perguntei sobre

as pessoas que viveram aqui, imaginando um amor e uma vida que

eu não achava possível.

Josh olha para mim depois de beijar minha barriga, e meu

mundo gira. Eu afundo na frente dele, querendo que sejamos iguais,

e ele pressiona nossas bocas. Está com mais fome do que antes, mas

não menos sensível.

— Eu te amo — digo a ele.

— Eu amo você.

Minha garganta fica apertada porque essas palavras dele

significam tudo para mim. Nós nos beijamos mais profundamente,

quebrando quando eu levanto sua camisa. Eu quero sentir sua pele

contra a minha. Eu removo sua calça, empurrando-a para baixo, e

então ele me ajuda a ficar de pé.

Nossas bocas não param de provar, e nossas mãos não param

de acariciar enquanto ele me guia de volta para o colchão. Eu me

contorço.

— Nunca serei bom o suficiente para você, Delia, mas Deus me

ajude, vou tentar.


— Não me coloque em um pedestal. Não me faça parecer algo

que não sou, porque você não acha que é bom o suficiente. Olhe para

isso, — eu digo, meus olhos percorrendo a sala. — Você fez isso por

mim, porque me ama. Se você não fosse bom para mim, você não se

importaria.

Josh separa meus joelhos e seus lábios roçam minha coxa. —

Eu me importo. Eu me importo com você mais do que com minha

própria vida. Eu quero que você se sinta bem.

— Eu sinto. Eu sempre sinto com você.

Ele beija mais abaixo. — Eu vou fazer você gozar na minha

língua. Vou te amar tanto que você nunca questionará o que sinto

por você.

Meus olhos rolam para a parte de trás da minha cabeça, e

antes que eu possa dizer qualquer coisa, sua boca está lá. Josh faz

exatamente o que prometeu. Eu subo mais e mais alto com cada

golpe de sua língua. Ele se move em um lugar estável enquanto suas

mãos seguram minhas pernas para que eu não possa me

mover. Estou completamente à sua mercê, e que maldito lugar é

este. Eu começo a tremer conforme meu clímax se aproxima.

— Estou tão perto — choramingo.

Josh não cede. Ele adiciona mais pressão, então se afasta um

pouco, brincando comigo sem parar. Não consigo respirar, nem

pensar, nem falar.

É muito.

Estou muito perto e muito emotiva para me conter.

Eu grito, gritando seu nome enquanto me arqueio. Estou leve

e pesada ao mesmo tempo que desmorono. Ele continua a me tocar,

extraindo cada gota de prazer que meu corpo pode dar.


Então ele está em cima de mim, seus braços em cada lado da

minha cabeça. Os olhos de Josh estão turvos enquanto ele olha para

mim.

— O que está errado? — Eu pergunto.

— Nada. Nada mesmo.

Minhas mãos sobem por seus braços, agarrando seus

ombros. — Eu quero você dentro de mim. — Minhas pernas envolvem

seus quadris e ele se acomoda lá.

Eu sinto a pressão quando ele mal entra em mim. É tão intenso

os sentimentos que ambos experimentamos e as lágrimas começam

a cair. — Eu te amo, — eu digo, olhando para ele com os olhos

lacrimejantes.

— Diga de novo, — ele pergunta enquanto empurra mais

fundo.

— Eu te amo, Josh.

Ele avança novamente. — Não pare.

— Eu amo você. Eu amo você. Eu preciso de você. — Repito as

palavras sem parar.

Josh empurra para frente, enterrando-se dentro de mim, e as

lágrimas caem por ser tão dominada pelo amor enquanto ele me leva

a outro orgasmo.


Envolvido em um cobertor no chão, Josh me alimenta com

queijo e pão. Já estamos assim há uma hora, ainda encontrando

maneiras de nos tocar. Fazer amor era tudo, mas isso é ainda

melhor. Intimidade.

— Você já pensou no que vai fazer com o trabalho? — Ele

pergunta enquanto eu me inclino contra seu peito.

— Vou continuar fazendo isso, se é isso que você quer dizer.

Ele ri. — Estou dizendo se você vai tirar uma folga?

Eu encolho os ombros. — Eu gostaria.

— Eu acho que você deveria. Você passa muito tempo em pé

no trabalho.

— Essa é a verdade. Ainda assim, com as prestações da casa e

outras coisas, vai ser difícil tirar tanto tempo de folga.

Eu tenho algumas férias guardadas e terei algumas semanas

para a maternidade, mas ainda não parece que é tempo

suficiente. Felizmente, o cuidado das crianças está completamente

sob controle. A família de Josh e minha mãe já ofereceram - exigiram

- que eu os deixasse ajudar. Mamãe será a pessoa principal e, se

houver um motivo para ela não poder, Jess disse que é melhor eu

ligar para ela.

Mesmo assim, ela tem um filho e eu terei dois. Eu gostaria que

isso fosse o último recurso.

— Você sabe que eu tenho dinheiro economizado, certo?

— Sim, e isso é seu.

Seu braço aperta. — Eu quero cuidar de você, Delia.


Eu levanto minha cabeça para olhar para ele. — E você

tem. Você faz. Veja o trabalho que você fez na casa pela qual se

recusa a aceitar dinheiro.

— Você me deixou morar com você, esse é o meu aluguel.

— Se bem me lembro, não deixei você fazer nada.

Ele sorri. — Veja como funcionou.

Amolecida, eu deixo ir e coloco minha cabeça de volta para

baixo. — Josh?

— Sim?

— Eu acho que você deveria morar comigo, — eu digo com um

sorriso.

— Eu pensei que já morava.

Eu me sento novamente. — Você mora, mas eu quero que a

razão seja diferente. Não por causa de alguma besteira sobre uma

invasão, mas porque queremos fazer isso. Para iniciar um capítulo

em nossas vidas em que somos um casal e temos filhos.

Ele desliza o polegar contra meus lábios. — Gostaria disso.

— Bom.

Pode parecer pequeno para outra pessoa, mas é um grande

negócio. Ele não vacilou ou se esquivou de dar esse passo. É um

passo mais permanente em nosso relacionamento, e eu não poderia

estar mais feliz com isso.

— Você sabe que isso significa que não vou embora assim que

os bebês nascerem?


Eu concordo. — Você realmente tinha alguma intenção de fazer

isso em primeiro lugar?

Ele sorri. — Não.

— Eu acho que não.

O tom de sua voz fica sério. — Eu não poderia me imaginar

deixando você. Não conseguia imaginar uma manhã em que não me

levantasse para pegar um café ou te visse com aquele short apertado

que você chama de pijama. Eu nunca quero.

Eu me inclino, dando-lhe um beijo. — Agora você não precisa.


— Este lugar é incrível! — Eu digo enquanto Josh me leva ao

redor do resort.

— Será. No momento, não sei como você pode imaginar nada.

Eu sorrio. — Eu tenho imaginação. Mais do que isso, sei que

vocês nunca fazem nada pela metade. Não tenho dúvidas de que este

será o destino número um na Carolina do Norte.

— Que Deus te ouça. Investimos tudo o que temos, por isso

tem de ser.

— Tenha fé, Josh. Você vai ver.

Os Parkersons não falham. Eles são como uma anomalia

estranha, e sei que farão exatamente o que esperam.

Josh me leva primeiro ao edifício original, que foi demolido até

as vigas. — Todos os quartos principais ficarão na casa

velha. Grayson e Stella acham que eles tem mais personalidade. Nós

recuperamos tudo o que pudemos durante a demolição, e Odette

planeja reutilizar a maior parte quando começarem a montá-los

novamente.

— Isso vai ser muito legal. O velho encontra o novo.

— Exatamente.


— O que vai ser isso? — Eu pergunto enquanto avançamos

para a nova construção. Eles expandiram a estrutura original em

quase três vezes, colocando adições em cada lado e atrás.

— Essa será a sala de recreação e, por lá, o piano bar. Alex

queria muito montar o lugar para que as famílias pudessem

aproveitar as férias.

Alex sempre foi impressionante quando se tratava dessas

coisas. Entre ele e Stella, tenho certeza de que eles poderiam ter

dominado o mundo. Eles são motivados e veem os problemas como

mais obstáculos que eles precisam encontrar um meio de

contornar. Não é nada surpreendente que ele estivesse muito

envolvido no planejamento deste lugar.

— É realmente ótimo.

— Eu também acho. Estou muito satisfeito com o design e

como as adições são autênticas. Queremos que seja como se este

lugar sempre tivesse estado aqui, apenas escondido do mundo.

Eu gosto disso. É romântico de uma forma estranha.

— E você, no que está trabalhando? — Eu pergunto.

— Principalmente, jogar de árbitro entre Alex e Odette por

enquanto, — diz ele com uma pitada de frustração.

Esta não é a primeira vez que ouço sobre a rivalidade deles. —

Por quê? O que está acontecendo com eles?

— Aparentemente, eles dormiram juntos há muito tempo e

acabou mal. Honestamente, acho que ele quer aceitar esse emprego

no Egito.

— Ele te contou?

Josh sorri. — Contou, e parece que ele realmente quer ir.


— Eu acho que vocês precisam empurrá-lo. Você sabe como ele

é. Ele quer ser como você, o protetor, e fazer o que é certo para a

família.

— Ele tem que encontrar seu próprio caminho.

— Sim, mas eu não acho que ele vai dar esses passos se achar

que vai ser prejudicial para o que está acontecendo aqui. Acho que

ele nunca vai admitir que esta cidade não é onde ele quer criar raízes.

Há uma leve decepção em seus olhos. — Eu também não. Eu

esperava que todos nós fizéssemos isso juntos, mas acho que ele vai

se sentir miserável.

Eu aceno, me sentindo um pouco triste com isso também. No

entanto, eu ficaria ainda mais triste se ele ficasse e acabasse infeliz.

Josh balança a cabeça. — Vou falar com ele e se isso não

funcionar, vou envolver Stella.

Eu sorrio. — Eu acho que sua irmã deveria se candidatar, ela

é assustadora e faz a merda.

— Ela definitivamente faz.

— Talvez ela e eu possamos entrar em contato com ele.

Josh solta um longo suspiro. — Não se envolva, baby.

Sim, como se isso fosse acontecer. Ele deveria saber melhor

agora. — Não faço promessas.

Ele geme. — Chega de falar sobre Alex, deixe-me mostrar o

resto para que possamos ir para casa.

Casa. Aquela palavra. É compartilhado entre nós e eu fico com

pressa com isso. Adoro termos um lar - juntos.


Ele pega minha mão e me puxa para mais fundo. Todas as

paredes ainda não foram erguidas, mas a tinta spray laranja, azul e

vermelha fazem linhas por toda parte. Josh explica cada seção,

explicando mais sobre a construção e suas esperanças para o resort.

— É muito maior do que eu... — Começo a dizer quando sinto

algo, fazendo com que minhas palavras parem. Minhas mãos voam

para o meu estômago e Josh se move rapidamente.

— O que é?

isso.

Meus olhos encontram os dele e eu sorrio. — Eu posso sentir

— Sentir o quê? Delia, o que há de errado?

Eu balanço minha cabeça, lutando para falar. — Não. É o

bebê. Ou ambos. Um deles acabou de se mexer.

Sua mão cobre a minha. — Você sentiu o bebê chutar?

Eu concordo. — Pode ser. Foi tão forte. Não foi vibração, foi...

— Aí está de novo. Eu pego a mão de Josh, colocando-a no local. —

Você sente isso? — Eu pergunto.

Nenhum de nós diz uma palavra enquanto esperamos. Depois

do que parece uma eternidade, o bebê se move novamente e os olhos

de Josh se arregalam. — Puta merda.

— Você sentiu isso?

Seu sorriso é tão brilhante que poderia cegar alguém. —

Senti. Esse é o bebê?

— Um deles.


Ele ri, e então se agacha na minha frente para que ele possa

pressionar as duas mãos na minha barriga. — Oi, crianças. — Meus

dedos se enredam em seu cabelo castanho claro enquanto ele espera.

Minha mão está no topo da ondulação, esperando e desejando

que eles façam isso de novo. Depois de um tempo, sinto isso de

novo. O sorriso de Josh me diz que ele também, e eu sinto que as

coisas na minha vida não poderiam ser melhores.

Hoje vamos fazer um brunch para meninas. Adoro como

minhas amigas se acham tão astutas. Meu aniversário é em dois

dias, e elas não estão me enganando sobre porquê estamos fazendo

isso.

— Por que você está sorrindo assim? — Ronyelle pergunta.

— Porque a vida é uma coisa linda, minha amiga.

Enquanto vou para o brunch com Jessica, Stella, Ronyelle,

Winnie e Kinsley, Josh e seus irmãos estarão pintando e montando

móveis. Minha mãe, em toda a sua impaciência, foi e comprou um

jogo de quarto inteiro para os bebês.

Não tínhamos ideia até que as caixas começaram a aparecer

na casa.

— E por que isto?

— Porque estou feliz, terei filhos, e meu namorado me ama. O

que nenhum de nós jamais pensou que fosse possível.

Ela revira os olhos. — Aquele homem fritou seu cérebro.


— Ele fritou.

— Estou tão feliz que você não pode beber, se o amor atrapalha

tanto seu julgamento, imagine o que um pouco de bebida faria.

Eu mostro minha língua para ela.

— Onde nós vamos comer?

— Stella encontrou um lugar em uma cidade. Ela jura que a

comida é ótima.

— Eu não posso esperar até que o Firefly esteja aberto. Josh

estava me contando sobre as duas opções de restaurante que eles

terão.

Ronyelle acena com a cabeça. — E com Stella decidindo as

coisas, você sabe que a comida vai ser boa.

— E as bebidas ainda melhores.

No trajeto, conversamos sobre o trabalho e como nossa

programação de produção está ocupada. Há rumores de que Ronyelle

será promovida novamente e rumores adicionais de que vou

conseguir o cargo dela. Há alguns meses, eu estaria orando para que

isso acontecesse, porque não é apenas mais dinheiro, mas também

horas de trabalho muito melhores. Desapareciam os turnos e a

programação rotativa.

Agora, porém, não sei se quero esse estresse adicional. Minha

vida está prestes a ser estressante o suficiente.

— Isso não vai acontecer, — ela diz novamente.

— Você não sabe disso.

— Vamos lá, nós duas sabemos que nunca vou conseguir o

emprego porque eles nunca tiveram uma mulher nessa posição.


Ela está certa. Os proprietários são idiotas assim, mas Ronyelle

é a mais qualificada.

— É improvável, mas é possível.

Ela me olha de soslaio. — Pare com isso.

— Tudo bem, tudo bem, mas se isso acontecer, não coloque

meu nome para preencher seu lugar.

— O quê? — Ela grita. — Você está louca?

— Eu sei, mas... Não sei se quero assumir todo aquele trabalho

com dois recém-nascidos. Além disso, Josh está ocupado com o

resort e, embora eu não tenha nenhuma intenção de trabalhar lá

quando ele for inaugurado, Josh provavelmente estará gastando uma

tonelada de horas e nossas vidas estarão sobrecarregadas.

Ronyelle pisca algumas vezes. — Você sempre quis essa

posição.

— Não, eu sempre quis alguém diferente de Ray naquele

lugar. Ele foi horrível e rude. Eu não aguentava.

— Ele era definitivamente um chefe de merda. Ainda assim,

estou surpresa que você não queira. Seria um bom aumento.

— Pode ser. Eu não sei.

Estacionamos no que parece ser um antigo armazém que foi

reformado. — Se acontecer, vou sugerir você, — Ronyelle diz

suavemente. — Se você decidir não aceitar, isso é uma coisa, mas

não colocar seu nome nele não é a decisão certa.

Eu estendo a mão, pegando a mão dela na minha. — Você é

uma boa amiga.

— Oh, eu sei.


Nós duas rimos. — Então, brunch?

— Vamos ao brunch.

Entramos onde as meninas já estão sentadas. Todos abraçam

e bajulam Ember, que dorme nos braços da mãe. Durante o brunch,

rimos, conversamos sobre a atual insanidade de nossas vidas e, em

seguida, o assunto se volta para mim.

— Então, como vão as coisas com Josh? — Winnie pergunta.

— Bem.

— Bem? — Stella pergunta.

— Não, estamos bem. Estamos muito bem.

— Ouvi dizer que Josh fez um gesto bastante grandioso outro

dia, — Jess diz conspiratoriamente.

Stella engasga, agarrando minha mão, que eu puxo para fora

de seu alcance. — Ele não propôs! Estamos juntos há algumas

semanas.

— Meses, — Ronyelle corrige. — Vocês têm fodi...

— Ouvidos! — Stella diz enquanto cutuca sua cabeça em

direção a Kinsley.

Kinsley balança a cabeça. — Como se eu não soubesse qual

seria o fim disso?

Stella coloca sua mimosa na mesa. — Você tem doze

anos. Você não deveria.

— Eu tive aula de educação sexual.

— Aos doze? — A voz de Stella sobe uma oitava.


Jess ri. — Você prefere que ela não saiba?

— Sim. Sim, eu preferia.

— Bem, eu sei sobre os pássaros e as abelhas. Além disso, três

meninas da minha classe já estão menstruadas. Eu não sou tão

jovem.

Os olhos de Stella se arregalam e parece que ela vai chorar. —

Não estou pronta para isso.

— Você se lembra do que estava fazendo aos doze anos? —

Winnie acrescenta inutilmente.

Agora Stella fica verde antes de se virar para a filha. — Você

não tem permissão para falar com meninos. Olhar para os

meninos. Até pensar em meninos é uma má ideia. Você sabe como

eu sei disso?

— Você teve um bebê aos dezoito anos fora do casamento e o

escondeu? — Kinsley pergunta, e eu tenho que morder minha língua

para parar de rir.

No entanto, duas pessoas ao nosso redor não conseguem se

controlar e riem.

— Bem, sim, mas essa foi a minha primeira vez, e... não

estamos tendo essa conversa a não ser para dizer que você deve evitar

meninos. Eles são criaturas realmente horríveis.

— Você ama Jack, — Jess diz com um sorriso.

— Jack é diferente.

— Como ele é diferente? — Eu pergunto, gostando muito de

seu desconforto.

— Ele simplesmente é! — Stella sibila.


Kinsley separa o pão antes de colocar um pedaço na boca. —

Eu me pergunto se Braydon é diferente.

— Quem é Braydon? — Eu pergunto.

— Sim, Kinsley. Quem é Braydon? — Winnie segue com um

sorriso.

— Ele é apenas um cara na escola. Ele é muito legal comigo.

Stella pisca algumas vezes, movendo seu olhar para cada uma

de nós antes de sair dessa. — Não, ele não é legal. Ele tem um pênis,

o que o torna completamente desagradável. Os meninos só querem

uma coisa. Eu sei disso porque cresci com quatro deles que... só

queriam uma coisa.

— O que eles queriam? — Kinsley pergunta, e estou pronta

para cair da cadeira. Ela é filha de sua mãe, e estou aqui para isso.

Stella abre a boca e fecha. — Você sabe.

Kinsley começa a rir. — Sim, com certeza, mas foi muito

divertido.

Jessica ri, e então Ember começa a se agitar. — Porcaria. Você

pode segurá-la enquanto eu pego sua mamadeira? — Ela me

pergunta, já colocando o bebê em meus braços.

Eu a pego assim que ela começa a se agitar, então dou um

tapinha em sua bunda, arrulhando e tentando acalmá-la. Não tenho

muita experiência com bebês. Nenhum dos meus outros amigos têm

filhos e eu sou filha única.

— Como vai a gravidez?

— Está bem.

Jess sorri. — Isso é bom?


— Umm, isso é normal?

— O que é normal?

Eu me inclino. — Isso é tão embaraçoso, mas estou com gases

muito ruins. O tempo todo. Não importa o que eu coma, é

simplesmente ruim, mas eu não posso... você sabe... ir.

Ela bufa. — Oh, você nem sabe o que tem pela frente. É tudo

normal e apenas parte da alegria de trazer um bebê ao mundo.

Eu jogo minha cabeça para trás. — É com isso que eu estava

preocupada.

— Como está Josh sobre os bebês - e gases? — Jess pergunta

enquanto coloca um pouco de pó na água.

— Ele não fala dos peidos, graças a Deus. Tudo ainda é surreal.

— Que você está grávida de gêmeos?

Eu bufo. — Isso, e que estamos juntos.

Jess balança a garrafa e suas sobrancelhas franzem. — Por que

isso é tão surpreendente?

Não tenho certeza de que parte disso a confunde. — Talvez

porque amei esse cara desde sempre e nunca pensei que ele me

escolheria.

— Você é linda, engraçada e tem um coração de ouro. Se Josh

não escolhesse você, ele seria estúpido.

Eu sei que é estúpido, mas às vezes, ainda me sinto como

aquela garota de quinze anos.

— Estou sendo boba. Eu sei.


— Sim, você está porque é muito claro para todos que Josh se

preocupa com você e os bebês. Ele é um cara totalmente diferente

desde que esteve com você. O fato de ele não mencionar sua nova

flatulência é prova disso.

— Lamento ter dito a você sobre os gases.

— Tenho certeza, mas espere até você começar a se mijar. Além

disso, o curioso é que não tenho um bebê de três quilos dançando na

minha bexiga e ainda faço xixi. Esqueça espirrar ou rir, é um negócio

fechado.

Essas são as coisas que o livro do bebê deixa de mencionar, e

eu gostaria de nunca ter sabido.

— Ótimo, ótimo, Jess.

Sua mão se move para o meu braço. — Você vai ficar bem e

terá dois filhos lindos no final. Essa é a coisa boa. De qualquer forma,

eu entendo o que você está sentindo sobre Josh e você. Eu era do

mesmo jeito com Grayson. Provavelmente é diferente para você, já

que ansiava pelo homem...

— Desde sempre.

Ela ri. — Você disse isso. — A agitação de Ember se transforma

em mais um lamento. Eu olho para Jess em pânico e ela me entrega

a mamadeira. — Aqui, alimente-a para mim, eu tenho que fazer xixi.

— Jess!

— Vai ser uma boa prática, — diz ela, levantando-se. — Eu

disse que isso é divertido.

Ponho a ponta na boca dela e ela começa a beber, graças a

Deus. Depois de cerca de dois minutos, Stella estende a mão,


pressionando a mão no meu antebraço. — Coloque-a para arrotar

agora para que ela não fique muito gasosa.

Certo. Eu deveria fazer isso. Eu também deveria saber

disso. Eu levanto a garrafa, o que faz Ember se agitar novamente,

mas eu a levanto, dando tapinhas em suas costas até que um arroto

alto saia dela.

Querido Deus. Para algo tão pequeno, ela com certeza é bem

barulhenta.

Jess retorna para a mesa, mas ela não aceita Ember de volta,

então eu continuo. Depois que sua mamadeira termina e ela arrota

novamente, eu a mantenho na curva do meu braço, olhando para ela

enquanto ela começa a cochilar novamente.

Quando seus olhos fecham e sua boca está em um “o”, eu olho

para Jess. — Eu fui bem?

— Você foi muito bem, — ela me garante.

Um dos gêmeos chuta como se eles concordassem, e eu sorrio

suavemente. Não devolvo Ember até que estejamos prontas para ir

embora, pensando em pouco mais que no momento em que pegarei

meus próprios bebês.


Meus irmãos e eu estouramos nossos traseiros para terminar

o berçário em um dia, e mal posso esperar que Delia veja.

— Ela vai adorar isso, — diz Alex.

— Sim, acho que ela vai.

Grayson se senta no sofá com um sorriso. — Eu sou um gênio.

— Você?

Oliver bufa. — Você está longe disso.

Ele nos ignora. — Fui eu quem disse para você fazer isso, e ela

vai ficar nas nuvens.

— Você não me disse para fazer isso, Gray. Liguei para você e

pedi que viesse ajudar enquanto as meninas estavam no brunch.

— Que seja. — Gray inclina a cabeça para trás. — Eu gosto

mais da minha versão.

Oliver se vira para Alex. — Então, você vai contar a todos

agora?

— Contar a todos o quê?

dias.

— Que ele aceitou o emprego no Egito e vai embora em dois


Pisco algumas vezes, esperando que ele diga algo, e Alex dá um

tapa no peito de Oliver. — Idiota. Você não pode ficar de boca

fechada.

— Dois dias? — Eu pergunto.

— Que trabalho? — Grayson me interrompe. — Você tem um

emprego, caso tenha esquecido, estamos abrindo um resort.

— Estou ciente disso, Gray.

— Dois dias? — Eu pergunto de novo.

Alex atira adagas em Oliver. — Eu queria te contar, mas tudo

aconteceu muito rápido. Recebi a oferta de um cargo permanente

como arquiteto-chefe de um edifício no exterior. É uma grande

oportunidade, mas eu não iria aproveitá-la porque não queria deixar

vocês rondando o resort. Mas Stella descobriu e me ligou

basicamente para exigir que eu fizesse isso.

— Ela fez? — Ele pergunta se inclinando para frente.

— Eu também, — eu falo, sabendo que Grayson vai recuar um

pouco.

Alex levanta uma sobrancelha para mim porque eu não o

pressionei, mas eu o faria.

— Você sabia?

Eu concordo. — Eu acho que todos, exceto você, sabiam que

ele tinha recebido uma oferta de lugar. Só não sabíamos que ele

aceitaria ou que iria embora tão cedo.

Gray se levanta e começa a andar. — Como você vai sair

enquanto estamos construindo o Firefly?


— Porque ele não precisa estar aqui para fazermos isso. — Eu

coloco minha mão no ombro de Alex. — Ele ajudou, e a partir daqui

podemos continuar. Este é o seu sonho, e é o nosso agora também,

mas Alex tem o direito de segui-lo, e sabemos que não é aqui em

Willow Creek.

Sua cabeça cai e ele solta um longo suspiro. — Eu não

sabia. Você não me disse que não queria isso.

Alex se move em direção a ele. — Eu não sabia que não

sabia. Eu ainda não sei. Eu quero pegar esse projeto. Quero sair

daqui e ver como é a vida fazendo o que amo.

Grayson pode ficar surpreso, mas somos uma família e todos

queremos ser felizes. — Então você deve ir. Você não deve ficar preso

aqui se houver outra coisa que você deseja. Este resort nunca foi feito

para ser uma prisão.

Eu sorrio. — Eu concordo. Podemos cuidar das coisas e, além

disso, Oliver não está fazendo nada. Ele pode trabalhar mais.

— Certo, estou apenas morando na propriedade e garantindo

que tudo ocorra bem. E... reservamos nosso primeiro casamento. De

nada.

— Você reservou um casamento? Nós nem temos pisos! — Eu

gemo. Eu juro, às vezes ele simplesmente não pensa.

— É para daqui um ano. Relaxe. Expliquei que somos novos e

ofereci a ela um ótimo negócio.

— Você ofereceu... — Eu paro enquanto obtenho o controle da

minha raiva.

Grayson ri. — Então, você reservou um casamento antes

mesmo de abrirmos com uma noiva que estava bem em reservar um

local sem ver?


— Ela é uma velha amiga da faculdade e lembrou que estou no

ramo de hotelaria. Parecia perfeito. Estaremos lotados com o

casamento dela, e isso nos dá alguém que não vai esperar

perfeição. Vai ser um ótimo teste.

Eu mordo um escárnio. Que noiva não espera perfeição em seu

casamento?

— Eu posso voltar apenas para isso. — Alex ri.

saco.

Grayson olha para os dois. — Eu juro, vocês dois são um pé no

— Isso é verdade, — diz Ollie, chutando a mesa de centro com

os pés. — Mas você está preso a nós. Ah, e, Josh?

— Sim?

— Stella está de acordo, então essa é a vida com gêmeos.

É com isso que estou preocupado.

Dobro de problema.

Depois do brunch, ela fez algumas coisas e fez algumas

compras com a mãe, o que permitiu que Stella viesse e realmente

decorasse o quarto do bebê. Estou ansiosamente esperando ela

chegar em casa. Uma hora se passa e vejo o carro dela estacionar na

garagem. Saio para ajudar com as sacolas.

— Ei.


— Ei, — Delia diz, não soando como ela mesma.

— O que está errado?

— Nada. Estou cansada e acho que comi demais. Meu

estômago está apertado e os bebês estão chutando e se mexendo

muito. Não sei, foi um longo dia.

— Você esteve fora o dia todo.

Ela acena com a cabeça. — Fizemos muito, mas estou

apenas... blá. Estou ficando maior, me sentindo mais inchada

também. Tenho certeza de que está tudo normal e só vai piorar.

— Talvez a médica tenha algumas sugestões.

Delia encolhe os ombros. — Pode ser. Vou perguntar à Dr.

Locke quando for minha próxima consulta.

Esta será a primeira consulta que falto. Não estou muito feliz

com isso, mas não posso perder a reunião com o banco. — Tem

certeza de que ficará bem sem mim?

— Sim, eu tenho certeza. É apenas uma verificação mensal de

rotina. Eu prometo, vou ficar bem.

— Posso pedir para reagendar com o banco.

— Não, você não pode, — Delia diz exasperada. — Você não vai

mudar uma reunião em que você tem que estar.

— Eu não gosto de não estar lá.

— E eu agradeço isso, mas é um compromisso, não o

nascimento. Prometo que vai ficar tudo bem e vou ligar para você

assim que terminar e contar o que eles disseram.


— Tudo bem, — eu cedo e pego as sacolas do porta-malas,

segurando-as em uma mão, e pressiono minha palma em suas

costas. — Por que você não levanta os pés quando entrarmos?

— Eu quero ver o berçário primeiro, — ela diz com um pouco

de alegria em sua voz.

Por mais que eu gostaria de discutir com ela, eu sei

melhor. Não há nada que a impeça de satisfazer sua curiosidade. —

Então você vai relaxar?

Ela sorri. — Sim. Então vou deitar e deixar você cuidar de mim.

Eu beijo sua testa. — Bom.

Caminhamos até a porta do berçário e eu a empurro, sentindo

uma onda de nervosismo. Acho que ela vai gostar, mas não sei.

O suspiro de Delia me diz tudo que preciso saber. Nós fizemos

tudo certo.

O quarto foi pintado de cinza claro e os berços estão

posicionados com a janela entre eles. À direita estará o lado do nosso

filho. A roupa de cama está toda arrumada e parece muito melhor do

que eu poderia ter feito. Stella encontrou galhos rústicos, que ela

havia feito em forma de P, e os penduramos acima de seu berço. Eu

realmente não tinha certeza se deveríamos, já que Delia pode querer

que os bebês tenham seu sobrenome, mas Stella insistiu, dizendo

que se fosse esse o caso, seria fácil mudá-lo.

É muito difícil discutir com ela quando ela usa a lógica.

Mas é realmente perfeito. Seu lado é masculino, mas não tanto

que seja desagradável. A mobília que a Sra. Andrews comprou é de

madeira cinza escura e termina desse lado.


O oposto disso é o lado de nossa filha. Aqui é onde minha irmã

foi ridícula. Seus móveis são de madeira caiada com tons de cinza

femininos. Acima de sua cama está um dossel branco que torna o

espaço suave. Ela mandou fazer flores de papel que ficam acima do

berço e disse que adicionaremos uma inicial assim que soubermos

seu nome.

— Isto é... isso é incrível, — diz Delia antes de dar um passo

para dentro. — Não consigo acreditar como é perfeito.

— Estou feliz, — eu digo com um sorriso. — Eu estava um

pouco preocupado.

— Por quê?

— Eu simplesmente estava. Você realmente não nos deu

nenhuma direção.

— Eu realmente não sabia como fazer isso, mas isso é melhor

do que eu poderia ter imaginado. — Ela me beija. — Obrigada.

— De nada.

Carinhosamente, ela passa a mão ao longo da roupa de cama

que está pendurada na borda do berço. Ela está na frente dos galhos

olhando para a letra acima do lado do nosso filho. — Para Parkerson?

Meu peito aperta. — Stella mandou fazer. Eu realmente não

sabia o que você queria, mas sempre podemos retirá-lo.

Os olhos de Delia ficam suaves. — Nós realmente não

conversamos sobre isso.

— Não, não conversamos e eu não preciso.

Ela se senta na cadeira de balanço e leva as mãos à barriga. —

Deveríamos.


Eu solto uma respiração profunda, me preparando contra

qualquer decisão que ela vá tomar. Nós não somos casados. Isso não

foi planejado, e se ela não quer que os gêmeos sejam Parkersons,

bem, não posso dizer que a culpo. Meu nome de família não é algo de

que todos nos orgulhemos no momento.

— Nós podemos esperar, — eu asseguro a ela. Quando ela

estiver realmente pronta para conversar, nós podemos.

— Josh, quero que os bebês tenham seu sobrenome.

Eu olho para cima, surpreso por ela ter dito isso. — Você tem

certeza?

— Claro, tenho certeza.

— Mas não somos casados.

— Isso é verdade, mas parece certo.

— Eu te amo, — eu digo enquanto pego seu rosto em minhas

mãos. — Pra caralho.

— Estou feliz.

Eu sorrio e beijo seus lábios. — Então, você gostou do quarto?

— Eu amei.

— Agora que temos sobrenomes, devemos começar a pensar

nos primeiros nomes.

Ela sorri. — Eu concordo. Você tem algum favorito?

Eu realmente não tinha pensado muito sobre isso. Os bebês

têm sido meio abstratos para mim. Eu sei que eles estão lá, mas até

que eu os senti se mover, era difícil pensar neles como reais. Agora,

tudo está se tornando muito real. Temos móveis, decorações e


algumas roupas. Estamos com cinco meses e meio nisso, e seu chá

de bebê é em pouco mais de um mês.

— Eu realmente não sei. Você?

não.

Ela franze os lábios. — Eu estaria mentindo se dissesse que

— Ok, quais são suas escolhas, talvez eu goste delas.

— Okay, certo. — Ela zomba. — Você nunca é tão fácil. Vamos

nos lembrar da roupa de cama...

— Foi você.

— Eu sabia o que queria.

— Você também não escolhia. Eu estava bem com qualquer

coisa, — eu a lembro.

Eu teria escolhido rosa para o menino se isso significasse que

tínhamos acabado.

Delia envolve seus braços em volta da minha cintura. —

Bem. É um pouco estranho, mas para uma menina, gosto do nome

Gina. O nome de meu pai era Gene, e parecia um bom meio-termo

por usar parte de seu nome. E então, para um menino, eu gosto de

Everett.

Eu os deixo afundar e, honestamente, eu realmente gosto

deles. Everett soa como um nome forte, e posso imaginar uma

garotinha chamada Gina com cabelos loiros balançando enquanto

ela corre pela casa.

— Não estou apenas dizendo isso, mas acho que eles podem

ser perfeitos.

— Mesmo? — Delia pergunta, com os olhos arregalados.


— Sim. Eu realmente gosto de Everett. E eu sei o quanto você

ama seu pai, e também sei que sua mãe provavelmente adoraria que

o nome de seu pai fosse homenageado dessa forma.

— Se você não tivesse gostado de Gina, minha segunda escolha

era Brynlee. Sei que são um pouco diferentes, mas foi ideia minha.

— Vamos colocar isso como nosso backup.

Seu sorriso é brilhante o suficiente para iluminar o céu

noturno. — Ok. Você tem algo que você gosta?

— Vou pensar sobre isso e deixar você saber, mas por

enquanto, vamos criar uma lista.

Ela descansa a cabeça no meu peito enquanto estamos no

berçário onde nossos bebês vão dormir. Nunca imaginei que minha

vida estaria aqui. Que estaria segurando a mulher que amo e dando

o nome de nossos filhos. É diferente, incrível, e sou eternamente

grato que as coisas tenham acontecido assim.

Delia mudou tudo e nunca poderei dar a ela as coisas que ela

me deu, mas nunca vou parar de tentar.


Estou sentada na beirada da mesa de exame, esperando a

enfermeira entrar. Já recebi duas mensagens de texto de Josh,

solicitando que eu mande uma mensagem assim que sair da

consulta, para que ele saiba. Estou bem. Ele é tão louco, mas eu o

amo por isso.

Hoje é um grande dia para ele. A família tinha dinheiro

suficiente para fazer a construção, mas decidiu fazer um empréstimo

para manter algum dinheiro em caixa. Josh tem trabalhado muito

para fechar um negócio porque, embora os irmãos possam ter muito

conhecimento, eles não têm nada que comprove sua experiência para

o banco. Antes, tudo era feito por meio do nome do pai, e é um risco

emprestar dinheiro a eles.

Mas Jack calculou os números para mostrar que vale o

investimento. Eu tenho fé.

A enfermeira entra com um sorriso caloroso. — Oi, Delia. Eu

sou Aly, e vou fazer seus sinais vitais para ver se podemos ouvir os

batimentos cardíacos antes que a Dr. Locke chegue.

— Excelente.

Ela toma meus sinais vitais e me faz uma série de perguntas. —

Como está seu sono?

— Está bem. Eu os sinto muito mais à noite.


— Eu tenho dois, e lembro-me de tentar adormecer e eles

davam cambalhotas.

Eu concordo. — Nos últimos dois dias, eles estiveram um

pouco menos ativos.

— Sim?

— Ontem à noite especialmente. Isso é normal, certo?

Aly pega o doppler. — Você definitivamente terá momentos em

que eles serão mais ativos. Vamos ver se podemos ouvi-los.

Ela configura e ouvimos algo quase de imediato. Eu sorrio com

o som. Ainda é hipnotizante e posso entender por que Josh quer estar

aqui, é muito especial. — Esse é um deles, vou pressionar para ver

se podemos fazer o outro nos deixar ouvir.

Suas mãos empurram, mudando as coisas, e eu sinto uma

delas empurrar de volta. — Parece que ele ou ela não está feliz.

— Com certeza. — Ela o move mais, concentrando-se. —

Gêmeos são tão difíceis alguns dias. Vou pegar a máquina de

ultrassom para dar uma olhada. Muitas vezes, um se esconde atrás

do outro, e o doppler nem sempre é a melhor maneira.

— Está tudo bem? — Eu pergunto, meus nervos disparando.

A mão de Aly repousa no meu ombro. — Eu prometo, isso é

totalmente normal com múltiplos. Vou pegar Sara, nossa técnica de

ultrassom, e já volto.

Eu solto um suspiro pesado. — Ok.

Ela sai da sala e eu faço tudo que posso para relaxar. Ela

retorna rapidamente com a técnica e a máquina de ultrassom.


— Tudo bem, vou dar uma espiada e depois chamaremos a Dr.

Locke aqui, — diz Sara.

— Parece bom.

Quando ela pressiona a varinha na minha barriga, não vejo

muito na tela, apenas muitos objetos borrados enquanto Sara clica

nos botões. O som dos batimentos cardíacos de um dos gêmeos

mantém um ritmo constante e, após alguns minutos, ela pousa o

transdutor e sorri. — Tudo feito. Vou chamar a médica e avisar que

você está pronta para vê-la.

— Estava tudo bem? — Eu pergunto a Aly.

— Tenho certeza de que está. Vamos pedir a Dra. Locke para

dar uma olhada e então alguém vai entrar.

— Ok, obrigada.

Aly sorri. — Claro. Espere pacientemente. — Ela sai da sala e

eu pego meu telefone, enviando uma mensagem para Jéssica.

Eu: Quantos ultrassons você fez?

Jess: Muito porque estávamos preocupados com o fogo da

Ember 10 .

Isso mesmo. Eu tinha me esquecido disso.

10 Trocadilho em referência ao nome Ember, que pode significar brasa.


Eu: Acabaram de fazer mais um, e estou me perguntando se é

normal.

Jess: Tenho certeza de que está bem. Certa vez, eles tiveram

um problema para encontrar o batimento cardíaco e fizeram um

ultrassom.

Eu: Gah! Isso é o que estamos fazendo agora. Então, eu não

devo me preocupar?

Mordo a unha do polegar e tento me acalmar. Ninguém parece

preocupado com nada. A técnica disse que isso é muito comum com

gêmeos.

Jess: Não, não se preocupe. Josh está aí?

Eu: Ele tem reunião no banco, e eu não queria remarcar, pois

tenho reuniões para o resto da semana.

Jess: Merda. Esqueci que é hoje. Grayson está ocupado e está

trabalhando tanto que não consigo acompanhar.

Ouve-se uma batida na porta e a Dra. Locke enfia a cabeça

para dentro.

Eu: A doutora está aqui. Eu te mando uma mensagem mais

tarde.

Jess: Amo você.


Eu coloco meu telefone embaixo da minha perna quando ela

entra. — Oi, Delia.

— Dra. Locke. É bom te ver.

— Você também. Josh está aqui com você?

Eu balancei minha cabeça. — Não, ele está no trabalho.

Seus olhos azuis me observam enquanto ela se senta na

cadeira. — Eu vejo. Tem alguém aqui com você hoje?

— Não.

— Ok, acabei de revisar os vídeos do seu ultrassom. — Sua voz

assume um tom diferente, e ela se aproxima para pegar minha mão

na dela. — Lamento dizer isso, mas um dos gêmeos não tem

batimento cardíaco.

Eu balanço minha cabeça, olhando para ela. — O quê?

Seus olhos ficam suaves. — Sinto muito, mas não conseguimos

encontrar um batimento cardíaco e não há movimento.

Ela está errada. Ela está errada e está mentindo. Eu começo a

tremer e meu peito dói. — Não! Não. Isso não é possível. Eles estavam

bem.

A Dra. Locke pigarreou. — Isso acontece às vezes, geralmente

muito mais cedo na gravidez, mas acontece. Sinto muito, mas eu

pessoalmente revisei de vários ângulos, e não há batimento cardíaco

na menina.

Minha filha. Minha garotinha com cabelos loiros e olhos de

Josh... perdida.

Eu a perdi.


Lágrimas enchem minha visão e começo a tremer. — Não

entendo. Eu não estou sangrando. Eu fiz tudo certo. Talvez esteja

errada. Talvez a máquina simplesmente não tenha percebido. Ela

está lá, e ela está viva.

— Eu sei que isso é difícil, e você não fez nada de errado. As

coisas às vezes parecem ótimas e, de repente, não são. Eu realmente

gostaria que fosse uma notícia diferente que eu estava lhe contando,

mas não é.

Eu não consigo parar de balançar minha cabeça enquanto as

lágrimas caem. — Mas eu senti o bebê chutar. Eu senti isso se

mover. Tudo bem. Você está errada. Por favor, você tem que verificar

novamente. Temos um plano e teremos uma menina e um

menino. Temos nomes e um berçário.

A médica desloca a máquina de ultrassom para mais perto e

puxa a gravação que Sara fez. Ela move o mouse enquanto minhas

lágrimas caem implacavelmente. Isso não é possível. Eu não posso

perdê-la. Eu não posso fazer isso. Como vou passar o resto da minha

gravidez assim?

Dr. Locke abre a tela. — Vê isso?

Há uma vibração constante. — Sim.

— Esse é o bebê A, que é o menino. Seu batimento cardíaco

está regular, e você pode vê-lo se movendo. — Ela move a tela para

uma imagem diferente. — Este é o bebê B, que era a menina. Não há

nada aqui.

Meus olhos estão fixos no monitor, observando, esperando e

procurando por qualquer coisa. Um pequeno pontinho ou recuo, mas

não há nada. Sem chute. Sem batimento cardíaco. Nada.


As lágrimas caem e eu agarro meus braços em volta da minha

barriga, querendo proteger a mim mesma e aos bebês - bebê

ali. Deus, eu perdi um.

Como eu fiz isso? Como poderia perder um deles?

— Delia, — Dra. Locke diz com compaixão. — Você não fez

nada de errado. Existem centenas de razões pelas quais isso poderia

ter acontecido e, às vezes, simplesmente não há como explicar. Eu

sinto muitíssimo.

O som que escapa do meu peito é doloroso para meus próprios

ouvidos. Eu perdi um bebê. Perdi um de nossos bebês. Não sei como

sentir, o que sentir. Um dos dois se foi e me sinto perdida e quebrada.

— Não sei o que dizer, — admito.

Ela pega minha mão. — Eu sei, eu quero mandar você para o

hospital para alguns exames de sangue e monitoramento. Minha

maior preocupação é uma possível infecção. Eu gostaria que você

começasse a tomar alguns antibióticos como precaução.

Eu sei que ela está falando, mas é pouco mais do que um ruído

branco contra a dor. Tudo o que posso fazer é imaginar a menina

com quem sonhamos e como isso nunca será.

— Delia? — Dra. Locke chama meu nome.

— Eu nem estou sangrando, — eu digo novamente.

— Você não vai sangrar. A morte fetal permanecerá, pois você

não está em trabalho de parto. É o melhor curso para o bebê A.

Queremos mantê-lo e você o mais saudáveis possível.

Tento me agarrar ao fato de que ainda tenho um. — Ele vai

ficar bem?


— Não há nada no ultrassom que sugira que ele está com

problemas, mas você vai correr um risco alto e vamos monitorar as

coisas muito, muito de perto. Se eu vir algo que me preocupa, vamos

bolar um plano. Você precisa ligar para alguém?

Josh.

Seu rosto pisca diante de mim e não consigo respirar. Eu

nunca vou ser capaz de dizer isso a ele. Todo o progresso que fizemos

e tudo vai desmoronar aqui. Ele inevitavelmente se culpará quando

for a última pessoa culpada. Ele vai se concentrar em como ele não

estava aqui quando, mesmo se estivesse, não teria mudado o

resultado.

Eu balanço minha cabeça, minha mão descansando contra

minha garganta enquanto eu luto para falar. — Não.

— Você deveria ter alguém para levá-la, Delia.

Só consigo pensar em uma pessoa, e não é ele. Ainda

não. Preciso pensar em como serei capaz de explicar isso a ele.

— Ok. Sim, eu irei.

A médica sai da sala para que eu possa fazer a ligação. Pego

meu telefone e ela atende no segundo toque. — Jess, — eu digo

rapidamente. — Eu preciso de você. Algo está errado.

— Estou a caminho. — A resposta vem sem hesitação, e eu me

enrolo na mesa, chorando mais forte do que antes.


Embora a reunião de hoje tenha sido ótima, foi

exaustiva. Garantimos o empréstimo de que precisávamos

impressionando o banco com o progresso que fizemos com o

orçamento que temos agora. Estou caminhando pela propriedade

com Odette, abordando algumas alterações feitas que não foram

aprovadas por mim ou Stella.

— Quem pediu isso? — Aponto para uma das paredes que foi

empurrada para a frente.

— Foi o Oliver, — ela diz puxando o formulário de

mudança. Com certeza, há sua assinatura com uma nota na parte

inferior que diz: Eu queria isso. Eu não me importo por não ter

perguntado. Vote em mim para fora da ilha por tudo que me importa.

— Ele é um idiota, — murmuro.

— Acho que ele estava certo, — diz Odette. — Ao empurrar para

trás, você tem mais espaço aqui, o que ajudará quando você estiver

lidando com os eventos.

— Ele não costuma estar certo.

— Essa não é a discussão, — ela diz suavemente.

— Sabe, você faz um bom trabalho gerenciando nós,

Parkersons, — eu observo.


não.

— Eu? Depois de brigar com Alex durante os planos, acho que

— O que aconteceu com vocês dois?

Ela ignora a pergunta. — Não foi nada. Estou muito feliz por

ele. Acho que ele fará um ótimo trabalho nesse projeto.

— Eu também, mesmo que isso signifique que ele está agora

do outro lado do mundo.

— Essa parte é lamentável, mas se eu recebesse a oferta que

ele recebeu, eu iria também. — Odette sorri. — E quanto a você e

Delia? Como ela está?

O nome dela faz meus lábios erguerem-se sem nem mesmo

pensar nisso. — Ela está ótima. Estamos indo bem, prontos para os

gêmeos.

— Eu não sei como você vai lidar com gêmeos e este lugar. Vai

ser uma loucura.

Eu penso em como tudo isso começou, e é uma loucura. Um

momento mudou tudo, que é o que tem sido para mim e Delia

também. Uma fração de segundo alterou nossas vidas.

A decisão de meu pai que causou o rompimento entre ele e

Grayson. Ele escolheu dormir com sua ex, forçar Grayson a tomar

uma decisão e pensar que o resto de nós cairia na linha. Por mais

insano que seja, estou feliz que tenha acontecido assim. Senti

saudades dos meus irmãos e, se não tivesse voltado para Willow

Creek Valley, não teria Delia.

— Acho que vamos administrar. Já lidamos com coisas piores.


— Tenho fé absoluta em todos vocês. — Antes que eu possa

responder, Samuel se aproxima, com a mão levantada, e Odette se

vira para mim. — Com licença.

— Claro.

Samuel tem ajudado muito Odette, e sei que Jack e Stella estão

mais do que satisfeitos por ele e Kinsley terem se mudado para

cá. Isso significa que sua filha pode ficar em Willow Creek

permanentemente e eles podem passar mais tempo com ela.

Eu os deixo falar e vou para a área do convés de trás. Vamos

ter isso conectado ao restaurante, mas também vamos construir

outra extensão na frente que terá uma sensação mais

aconchegante. Em algum lugar onde você possa ler um livro ou

sentar e conversar.

Eu ando ao redor, inspecionando e medindo a lateral quando

minha irmã aparece. — Sério, Josh?

Eu pisco — O quê?

— O que você está fazendo?

— Estou fazendo o que preciso. Trabalhando.

Stella solta um suspiro profundo e balança a cabeça. —

Quando Grayson disse que você estava aqui, pensei... não. De jeito

nenhum ele estaria trabalhando. Não meu irmão. Não é meu irmão

mais velho e incrível.

— Stella, este lugar também é meu, caso você tenha esquecido.

Minha irmã faz uma careta. — Estamos de volta a isso?

Estou ficando com uma dor de cabeça do caralho. — Por quê?


— Onde o trabalho é tudo que importa? E quanto às pessoas

que precisam de você, Josh? Você não é esse cara.

— Eu sou claramente esse cara, e quando diabos eu disse que

trabalho é tudo que importa? Acho que minhas ações provaram o

contrário. — Minha voz está cortada.

Ela joga as mãos para o alto. — Então por que diabos você está

aqui? Por que, Josh? Por que você a abandonaria? Por que você

estaria andando pela maldita pousada que ainda nem foi construída,

em vez de ficar ao lado dela?

— Do lado de quem? — Eu grito.

Stella pisca e me olha como se eu fosse um idiota. — Delia.

Dou um passo em sua direção. — O que tem Delia?

Eu observo enquanto minha irmã parece entender que não

tenho ideia do que ela está falando. — Ela... ela chamou... ela não

ligou para você?

Meu telefone está na minha mão e não há nada. — Não. Ela

não ligou porque está em sua consulta.

— Josh, eu... — Stella faz uma pausa e inala

profundamente. — Eu pensei que você sabia e não iria. Ela ligou para

Jessica, e eu estava com Grayson quando Jessica ligou para ele,

dizendo que ele precisava voltar para casa. Ele disse que tinha que

ir, mas não porquê, e foi embora antes que eu pudesse

perguntar. Então, liguei para Jessica, que disse que era Delia. Eles

estão levando ela para o hospital, algo está errado. Isso é tudo que

eu sei.

Eu não respondo ou penso. Eu apenas corro. Estou indo em

direção ao meu carro, minha irmã gritando meu nome, mas eu

continuo. Algo está errado e vou chegar tarde demais. Novamente.


Eu vou falhar com ela como eu sabia que faria. Abro a porta e Stella

está lá, abrindo o lado do passageiro. — Josh, pare!

— Eu tenho que ir.

— Você tem que se acalmar. Você não pode entrar lá assim.

— Eu nem sei o que é isso, porra!

Stella sobe no carro. — Eu estou indo com você.

Eu não me importo. Eu apenas ligo o carro e dou marcha à

ré. Sinto como se estivesse revivendo há dez anos, correndo para

conseguir a garota que amo, precisando salvá-la antes que seja tarde

demais.

— Josh, você tem que ir mais devagar, — avisa Stella. — Ela

está bem. Jessica está com ela.

— Eu deveria estar com ela!

Minha irmã agarra meu pulso. — Acalme-se. Não vai ser bom

para ela se for um lunático furioso. Eu sei que você está preocupado,

mas ela está com os médicos.

— Fiz isso de novo, porra, Stella! Você não vê? Eu deveria ter

estado lá, porra. Eu deveria ter estado com ela hoje, mas em vez

disso, eu estava aqui porque o trabalho era muito importante. Não

fui embora depois da maldita reunião, fiquei e caminhei pela

propriedade. Ela não me ligou! Ela nem me ligou porque sabia!

Stella me observa enquanto eu me movo pelas ruas, cada

quilômetro parece que leva uma hora para ser percorrida.

— Ela sabia o quê? — Sua voz é suave e cheia de preocupação.

— Que eu chegaria tarde demais. Que eu não faria isso com

ela, e eu a machucaria.


— Você não está fazendo nenhum sentido.

Estou fazendo todo o sentido. Eu sou o cara que não chega

lá. Sou eu que permito que as pessoas que amo se machuquem

porque não faço as escolhas certas. — Esta não é a primeira vez que

amei uma garota e ela morreu.

Quando paramos no sinal vermelho, minhas mãos apertam o

volante e a sensação de pavor aumenta.

A mão de Stella ainda está enrolada em meu pulso, mas

quando ela fala, sua voz é suave e cautelosa. — Joshua, do que você

está falando com a morte de uma garota?

Esta é a luz vermelha mais longa da história.

Eu me viro para ela, meu corpo parece apertado e meu coração

disparado. Nunca contei aos meus irmãos porque não conseguia

lidar com decepcioná-los. Tentei toda a minha vida ser quase um pai

para eles. Para dar a eles o que nosso próprio pai nunca deu. A ideia

de eles me verem mesmo um pouco como ele - egoísta - é demais.

No entanto, não há como parar agora. Minha irmã vai me ver

como o homem que sou, e tenho que aceitar isso.

Conto a ela uma versão muito curta sobre Morgan e o bebê que

perdi, e seus dedos se apertam.

— Oh, Josh, por que você nunca me contou?

O semáforo finalmente fica verde, mas não consigo tirar o pé

do freio. — Como eu poderia?

— Porque eu sou sua irmã.

— Assim como você me contou sobre Kinsley? — Eu atiro para

trás, não para machucá-la, mas para mostrar a ela que somos todos

culpados por isso.


— Eu estava errada, e você também. Todos nós guardamos

esses segredos e isso nos devora vivos. Julgamo-nos com mais força

do que nos julgamos uns aos outros. Não sei por que estamos assim,

mas temos que parar. Eu deveria ter contado a você sobre Kinsley

quando estava acontecendo. Posso culpar a ignorância da juventude

e o medo do que todos vocês pensariam de mim, mas pelo menos eu

tive Jack durante tudo isso. Quem você teve?

Meu coração está batendo forte contra meu peito. — Eu não

podia falar sobre isso.

— Eu entendo, mas não é a mesma coisa.

Com certeza parece que sim. Mais uma vez, estou no trabalho

quando a mulher que amo precisa de mim. Só que, desta vez, Delia

não me ligou. Ela não me implorou para vir porque sabia que eu não

iria sobreviver. Que eu estaria no trabalho e não poderia chegar até

ela.

— Eu não posso perdê-la, Stella.

— Nós nem sabemos o que é. Vamos para o hospital para que

possamos descobrir, mas você não falhou com ela, e me recuso a

deixar você pensar isso. Dirija, Josh, e chegue até ela para que ela

saiba que não está sozinha.

Eu corro para ela, desesperado para alcançá-la antes que seja

tarde demais.


Jessica está andando de um lado para o outro no corredor

quando eu chego ao trabalho de parto. — Josh... Eu... ela me pediu

para não ligar. Lamento não ter feito isso, mas eu...

Eu levanto minha mão, não querendo que ela se sinta

culpada. — Eu entendo. Apenas me diga que ela está bem.

Stella ligou para Jessica, que explicou que prometeu não me

contar. Depois disso, eu não tinha certeza se deveria ir, mas Stella,

a voz da razão, me empurrou. Então, aqui estou eu, onde ela não me

quer e se sentiu forte o suficiente para esconder isso de mim. Ela não

confia em mim, e agora, estou quebrado pra caralho.

Jessica dá um passo em minha direção. — Ela está viva, e ela

está bem, até certo ponto. Eu realmente acho que você precisa ouvir

tudo dela, mas ela não está em perigo de morte.

Soltei um suspiro de alívio. — Os bebês?

Seu lábio inferior treme. — Eu implorei para ela ligar para

você. Ela está com tanto medo, Josh. Ela tem medo de que você a

odeie.

— Por que diabos eu a odiaria?

— Eu não sei, e ela não pode me responder.

— Diga-me o que aconteceu.

Jessica balança a cabeça enquanto sua mão agarra meu

ombro. — Você deveria entrar lá e falar com ela. Ela precisa de você,

mas está muito preocupada com o fato de ser o fim de vocês dois. Só

estou te avisando. Em todos os anos que a conheço, nunca a vi tão

quebrada. — Jessica me diz o número do quarto e como chegar

lá. Cada passo é lento, como se meus pés tivessem tijolos de chumbo

na sola. Não sei no que estou me metendo, mas não importa o que


aconteça, juro que não vou decepcioná-la. Tudo o que ela precisar,

eu darei.

Eu chego à porta e faço uma pausa antes de bater suavemente,

caso ela esteja dormindo. Quando ela não responde, empurro a porta

e entro.

Delia está deitada de lado, de costas para mim. Seu longo

cabelo loiro cai pelas costas, mudando com seus soluços silenciosos.

O som do choro dela pega o que restou do meu coração

enrugado e o destrói.

— Delia? — Eu digo baixinho, e ela se vira para me

encarar. Rios de lágrimas escorrem por suas bochechas e seu nariz

está vermelho.

— Não! Não, não estou pronta. Não estou pronta para perder

você também! — Ela chora ainda mais.

— Me perder?

Seus ombros tremem enquanto as lágrimas vêm com mais

força. — Eu a perdi desta vez, Josh. Eu perdi, e agora você vai me

deixar também. Eu precisava de mais tempo. Eu precisava me

preparar para voltar a uma vida onde eu não tinha você.

Eu me movo rapidamente, reunindo-a em meus braços

enquanto ela soluça. — Fale comigo. Não sei o que diabos está

acontecendo e não vou deixar você.

Ela levanta a cabeça, fungando forte. — Eu perdi nossa

garotinha. Não há batimento cardíaco... ela se foi. Eu a perdi. Eu

perdi um dos bebês. Mais uma vez, você perdeu um bebê.

Eu puxo Delia com mais força para mim, segurando-a porque

é a única coisa que me mantém junto. A garotinha da qual falamos,


nomeamos e demos um espaço, nunca existirá. A perda de uma filha

que nem conhecíamos me cortando com tanta força que sinto como

se estivesse perdendo tudo.

Mas eu seguro porque, agora, Delia precisa de mim mais do

que qualquer coisa.

— Você não a perdeu.

Ela soluça, agarrando-se a mim. — Ela se foi.

— Está tudo bem, Delia. Você não a perdeu.

Os olhos castanhos de Delia estão cheios de tanta dor. — Era

meu trabalho mantê-la segura, e não o fiz.

— Isso não é verdade.

Ela não fez isso. Eu fiz. Era eu me permitindo pensar que

poderia amar algo e não perdê-lo, mas não digo isso.

— É como eu me sinto. A médica disse que às vezes isso

simplesmente acontece, mas eu não entendo. Estávamos fora da

zona de perigo. Eu me sentia bem. Cansada, mas bem. Não sangrei

nem tive contrações. Ela só... ela parou de estar viva e estou

perdida. Como eu faço isso?

Afasto o cabelo que está grudado em sua bochecha molhada. —

Você é forte. Você é corajosa. Você é uma mulher incrível e não fez

nada de errado.

Suas lágrimas caem. — Você já perdeu tanto, e eu...

Já senti dor antes, perda de algo que amava, mas isso é cem

vezes pior. Perder minha filha é devastador, mas ver Delia

desmoronar por causa disso é insuportável.


— Por favor, baby, não, — eu imploro. — Eu sei que você está

triste, mas você não fez isso.

— Eu deveria ter ligado para você, Josh. Eu queria, mas estava

com medo, — ela admite, movendo a mão para a minha bochecha. —

Eu estava com tanta raiva de mim mesma e da vida. Nós somos

felizes. Demos a ela um berço com flores rosa por cima. Eu só... Eu

sinto muitíssimo.

Minhas mãos seguram seu rosto, odiando as lágrimas que

continuam a fluir. — Eu sinto muito. Lamento não estar lá hoje. Que

você fez isso sozinha e eu não estava aqui para você. — Como da

última vez.

— Eu só não queria que fosse verdade.

Eu trago meus lábios nos dela, sentindo o gosto das lágrimas

salgadas. — Eu gostaria de que não fosse dessa forma. O que

acontece agora?

Ela funga e se afasta, deitando-se na cama. — Eles estão se

certificando de que eu não desenvolva uma infecção no que eles

sempre chamam de morte fetal. Aquela palavra... é apenas

isso... difícil, e eu não consigo ouvir. Ela não é uma morte fetal, ela

era nossa garotinha. Ela ia ser uma pessoa.

Eu seguro sua mão, sem saber o que dizer, mas oferecendo a

ela o conforto que posso dar. — Ela era.

— Ela não é agora. Eles estão fazendo alguns testes para ter

certeza de que o outro bebê está bem. Tenho que parar de trabalhar

porque agora estou em um alto risco e estarei assim até o parto - se

eu não perdê-lo também.

— O que quer que tenhamos de fazer, nós vamos descobrir.


Ela vira a cabeça. — Eu não posso... eu só... você pode me

segurar?

Ela se desloca e eu subo na cama com ela. Meus braços a

protegem, e eu gostaria de poder protegê-la da dor que ela está

sentindo, mas não posso. Tudo o que sou capaz de fazer é tentar

mantê-la coesa. Ficamos assim, olhando pela janela enquanto as

pessoas entram, trocando as bolsas de soro e conversando, mas

nenhum de nós presta atenção. Apenas ficamos deitados juntos,

sentindo a perda de um filho, e oro para que possamos encontrar

nosso caminho através de tudo isso antes que eu custe mais alguma

coisa.


Minha mãe costumava dizer que quando o sol nasce um dia

após o coração partido, a luz limpa a dor.

Ela é uma mentirosa.

Como o brilho do nascer do sol enche o quarto do hospital, não

me sinto melhor. Eu sinto que perdi um bebê, e eu perdi. Tento

encontrar consolo no fato de ainda ter pelo menos um filho, mas

dói. Dói porque ainda houve uma perda, e eu tenho que carregá-la

porque é melhor para o nosso filho do que se eu der à luz.

Uso toda a minha força, o que não é muita, para não começar

a chorar de novo. O braço de Josh aperta em volta de mim. — Está

acordada?

— Estou.

Ele muda e depois se alonga. — Você dormiu?

ele.

— De vez em quando, — eu digo, mantendo minhas costas para

Ele foi maravilhoso ontem à noite. Ele ficou nesta cama

incrivelmente desconfortável, me segurando a noite toda. Eu

precisava dele, mais do que posso dizer, e estou tão preocupada que,

uma vez que tudo isso se encaixe, vamos desmoronar. Josh sentiu a

perda tão profundamente que ainda está se recuperando dela dez


anos depois, e agora para passar por isso novamente... eu estou

assustada.

Ele move a mão nas minhas costas, esfregando os músculos

tensos. — A médica disse que viria esta manhã para conversar sobre

tudo.

— Ela disse isso.

Ele suspira e depois sai da cama. — Sim, eu sei que não

parece, mas você vai ficar bem.

Eu fico de costas para poder olhar para ele. — Não, não parece

assim. É pior. Parece que estou grávida e perdi um bebê. A vida que

imaginamos foi destruída, e não entendo por quê. Não tenho

respostas.

Josh pega minha mão. — Porque é isso que é. Perdemos um

filho, mas ainda temos um e não temos outra explicação além do que

acontece. Eu também não tenho certeza do que diabos sentir.

— Eu continuo tentando entender como o que deveria ter sido

um bom compromisso se transformou nisso

— Alguns de nós parecem estar destinados a sofrer.

Meus olhos se arregalam. — O que isso significa?

— Nada. Não significa nada. — Só que não parece nada.

— Isso não é sua culpa, você sabe disso, certo?

Josh solta minha mão. — Sim, eu sei disso.

— Você? Porque se você está me dizendo que não é minha

culpa e sou eu que estou grávida, então com certeza não é sua, porra.


Algo em meu estômago aperta porque posso ver algo em seu

olhar. A maneira como seus olhos não estão encontrando os meus.

Então ele volta para mim. Sua mão puxa meu cabelo para trás

e ele me dá um sorriso triste. — Eu te amo e você está sofrendo, e eu

não posso consertar isso. Eu não posso ajudar você a se sentir

melhor porque eu não tenho nenhuma maneira de mudar as coisas.

Eu envolvo meus dedos em torno de seu pulso. — Nós vamos

ficar bem.

Ele concorda. — Eventualmente, nós o faremos. Seguiremos

em frente porque é o que acontece após a perda. Nós

apenas... continue seguindo em frente. — Josh se inclina, seus lábios

tocam minha testa. — Vou pegar um café, quer um pouco?

Eu balanço minha cabeça, me sentindo inquieta. — Não.

— Não? — Josh pergunta.

— Eu não estou... eu não quero isso.

Ele fica quieto por um instante, e me viro para ver se ele ainda

está lá. Ele me observa, a preocupação gravada em seu belo rosto. —

Você não quer café?

Seu tom me faz pensar se eu apenas imaginei essa

troca. Talvez ele esteja bem e eu estou lendo tudo. Deus, estou uma

bagunça. Estou tão triste e zangada que não consigo pensar direito.

Josh foi maravilhoso. Ele esteve ao meu lado o tempo todo, me

segurando enquanto eu chorava e nunca me afastou. Eu sou uma

profusão de emoções agora. Não consigo desvendar onde começa um

sentimento e começa outro. Cada vez que penso que estou bem,

começo a soluçar de novo.


Eu balanço minha cabeça e deixo a verdade escapar. — Nem

mesmo o café pode acalmar meu coração partido hoje. Nada

pode. Acho que vou ser uma bagunça por um tempo.

A derrota em seus olhos é pesada. — Tudo bem. Quer que eu

envie alguém para se sentar com você?

A última coisa que quero é outra pessoa me consolando. Eles

não têm nada a dizer que eu queira ouvir. — Não, vou ficar bem, não

sou criança.

— Bem, espero estar excluída disso, já que você é minha filha,

— diz minha mãe da porta. Eu me viro, instantaneamente sentindo

vontade de chorar de novo.

— Mãe.

Ela entra e esfrega o braço de Josh. — Eu sinto muito por vocês

dois. Vim assim que soube.

Mamãe estava visitando sua amiga em Charlotte e entramos

em contato com ela ontem à noite. Josh puxa minha mãe para um

abraço. — Obrigado. Estávamos os dois... tentando.

— Isso é tudo que você pode fazer.

Ele olha para mim e depois para ela. — Eu vou pegar um

café. Vou dar a vocês duas algum tempo juntas.

Mamãe acena com a cabeça uma vez e depois se senta na

cadeira ao lado da minha cama. Ela não diz nada, mas não

precisa. Minha mãe sempre foi capaz de testar meu humor e fazer o

que eu precisava.

Seus lindos olhos verdes estão cheios de amor e

compreensão. Ela sentiu a dor que estou sentindo. Ela estava grávida

e perdeu aquele bebê quatro semanas depois que meu pai morreu. —


Nós demos a ela um nome. Um dia antes da minha consulta. Nós

meio que concordamos em como chamá-la. Nós fomos

estúpidos? Tão esperançosos e pensando que tudo ficaria bem.

— E com qual nome você concordou?

— Gina.

O lábio de minha mãe treme e uma lágrima cai, mas ela a

enxuga rapidamente. — Para o seu pai?

— Sim.

O calor da mão da minha mãe desliza ao redor da minha mão

fria. — Tenho certeza de que ela seria linda, como você.

— Não sei como me sentir, — confesso.

— Eu sei.

— Ainda estou grávida, mas não estou.

— Eu sei.

Eu fecho meus olhos. — Eu só quero chorar.

A mão da mamãe aperta um pouco. — Então chore.

A permissão que vem é libertadora, mas as lágrimas não

vêm. Eu quero que elas venham, para me deixar afogar nelas. — Eu

não tenho mais nada.

Estou lutando para aceitar a realidade da minha vida. Como

posso ser feliz e totalmente destruída ao mesmo tempo? Não faz

sentido. Meu filho chuta nesse momento e eu movo minha outra mão

lá.

— Seu filho ainda precisa de você, Delia, — minha mãe diz,

chamando minha atenção. — Ele ainda está aí, precisando da mãe


para cuidar das coisas. Você pode ficar triste. Você pode estar com

raiva, mas ainda tem um filho que está crescendo. Não consigo

imaginar o que você está sentindo. Eu conheço a devastação de

perder um bebê, mas não quando eu ainda estava grávida como

você. Perdi seu pai e aquela criança em poucas semanas. Eu

estava... bem, devastada não começa a descrever como eu me sentia,

mas eu tinha você. Eu tive que me levantar e me vestir para ter

certeza de que você fosse bem cuidada.

— Você é mais forte que eu.

— Oh, doce menina, eu definitivamente não sou. Você me

salvou, Delia. Você me deu um motivo para continuar com minha

vida depois de me sentir tão perdida. Você está com dor e as coisas

parecem sombrias, mas sempre há luz. Amanhã, o sol nascerá

novamente, os pássaros cantarão e você não está sozinha. Você tem

Josh.

— Ele nem mesmo queria isso. Ele não queria uma família.

Ela encolhe os ombros. — Ele está aqui.

— Por enquanto.

Ela suspira e então se mexe um pouco. — Você quer que ele

fique?

Eu me viro rapidamente. — Claro que eu quero.

— Então não o afaste. Apoie-se um no outro e deixe o amor

curar vocês dois.


É isso, eu decidi... Chega de lágrimas. Chega de chorar porque

minha mãe tem razão. Ainda terei um bebê e preciso ser

forte. Enquanto dói e estou triste, tenho que chorar e me preparar

para a vida que ainda está crescendo dentro de mim.

Abro os olhos para ver Josh sentado na cadeira. Sua cabeça

está baixa, apoiada nas mãos, e é como se o peso do mundo estivesse

sobre seus ombros. Nos últimos dois dias, estivemos em silêncio,

ambos lidando com a perda de maneiras diferentes, mas tentando

ajudar o outro.

Ele levanta a cabeça e pisca algumas vezes. — Ei.

— Ei.

— Você dormiu bem?

Eu encolho os ombros. — Eu acho. Vai ser bom estar de volta

na minha cama.

Ele suspira profundamente. — Acho que devemos pedir a

médica para deixá-la ficar mais alguns dias.

— Por quê?

— Para caso você precisar de algo?

bebê.

— Então eu vou ligar para ela. Não posso ficar aqui até ter o

— Não estou dizendo por tanto tempo, mas pelo menos mais

uma semana.

Eu balanço minha cabeça. — Eu realmente quero estar em

casa. Estou cansada e quero começar a seguir em frente.

— E quanto ao bebê? Você ainda está grávida.


— E ainda estarei grávida em casa, — digo com cuidado,

porque quem sabe se isso é verdade. Já perdi um bebê.

Josh se levanta, sua mão segurando sua nuca. — Eu só acho,

até que saibamos como isso está indo, que você deveria estar aqui,

onde alguém pode ficar monitorando o tempo todo.

Eu me movo, sentando-me reta. — A médica disse ontem à

noite que tudo parece bem e que seria melhor se eu estivesse em casa

descansando.

— Isso é ótimo, mas eu não vejo como. Se estivermos aqui,

então temos uma equipe pronta para consertar as coisas. Aqui,

sabemos que o bebê está bem porque aquela máquina nos diz que

está.

Meu lábio treme e eu mordo, tentando obter controle de minhas

emoções. Estou tão assustada quanto ele, mas estou tentando

manter a calma. Quando sinto que posso falar novamente, tento. —

Também não me sinto confortável, mas não podemos ficar aqui.

— Acho que devemos perguntar de novo.

Poucos minutos depois, a Dra. Locke entra.

— Oi, Delia, acabei de revisar seu sangue matinal e as coisas

estão exatamente onde queremos. Sem sinais de infecção ou

complicações. Continuaremos monitorando você e o bebê de perto

pelo restante da gravidez, mas com base no que estou vendo, você

poderá ir para casa hoje.

— Por que não apenas mantê-la? — Josh pergunta.

— Manter ela aqui?

— Sim, pelo menos ela está nos monitores.


O sorriso da Dra. Locke é cheio de compreensão. — Não

podemos fazer isso porque ela não exige esse nível de cuidado. Não

há nenhuma razão médica para mantê-la. Ela se sairá muito melhor

quando estiver em casa e puder ficar confortável.

— Como vou saber se algo está errado com ela? — Sua voz está

cortada.

— Eu entendo as preocupações que você está tendo. Posso

assegurar-lhe que se eu pensasse que ela ou o bebê estivessem em

perigo, nós a faríamos ficar aqui. — Ela se volta para mim. — Sua

contagem de glóbulos brancos está normal, e tudo parece

bom. Daqui para frente, estaremos monitorando você semanalmente

e quero você em repouso na cama por pelo menos uma semana, —

explica Dra. Locke novamente.

Josh começa a andar. — Você está nos pedindo para ir para

casa e, o quê? Esperar? Como sabemos se há um problema? Não

vamos. Teremos apenas que esperar que as coisas aconteçam e,

então, pedir a Deus que consigamos ajuda a tempo.

vir.

Meu peito aperta enquanto eu o ouço falar sobre o que está por

Dra. Locke fala antes que eu possa. — Você está nervoso, e

tudo bem, mas fizemos outro ultrassom ontem e o bebê parece

bem. Podemos repassar as coisas que devemos observar. Meu

escritório fica a dez minutos de você e eu ou o Dr. Willbanks estamos

sempre disponíveis.

Minhas mãos estão tremendo enquanto meu coração começa a

disparar. — Eu só... eu não posso fazer isso. Eu não posso ficar

assustada, e estou tentando não ficar.

Josh limpa a garganta e, quando fala, desta vez, sua voz está

calma. — Eu só quero protegê-la.


E eu quero que ele relaxe porque ele está me assustando pra

caralho. — Você não pode me proteger, Josh. Você não pode fazer

nada para salvar este bebê, assim como eu não posso. Temos que

estar vigilantes, mas não posso ter medo.

— Vocês dois passaram por uma perda e a incerteza é

normal. Eu ficaria preocupada se você não estivesse nem um pouco

preocupado. — Ela se dirige a Josh. — Há coisas que você pode

observar. Se ela sentir enjoo, vômitos, sangramento, diminuição dos

movimentos do bebê, queremos que você ligue. Além disso, eles

fazem monitores cardíacos fetais que você usa em casa. Quero avisar

que nem sempre são precisos, mas se isso trouxer algum conforto a

vocês dois, pode valer a pena o investimento. — Josh pega seu

telefone, e eu aposto que ele está pedindo um. Ela se vira para

mim. — Ficar em repouso no leito é apenas uma precaução e, a partir

desta semana, vamos avaliar se ainda é necessário. Você virá

semanalmente para que possamos fazer exames de sangue. Eu sei

que você está nervosa, mas sua saúde e a saúde do bebê são minha

preocupação. Se eu acreditasse que algum deles estava em perigo,

você ficaria aqui.

Uma respiração instável deixa meus pulmões. — Ok. Josh, por

favor, pegue o carro para que possamos ir para casa.

Posso ver que ele está relutante, mas não luta contra mim. Ele

beija o topo da minha cabeça e então ele e a médica conversam um

pouco mais, repassando meus papéis de alta. Quando ele sai para

pegar o carro, me sinto tão sozinha e confusa. Tudo isso é demais

para o meu coração.

Os medos que ele tem são tudo o que não estou dizendo. Agora,

estou preocupada que isso vá arruiná-lo, nós e tudo o que resta do

meu coração.


Chegamos à casa depois de um passeio de carro muito

silencioso. Não tenho certeza do que dizer a ela porque não tenho

ideia de como explicar sentimentos que são completamente

irracionais.

Tudo o que me preocupava se tornou verdade. Delia está

sofrendo por minha causa. Mais uma vez, falhei com alguém que

deveria amar e proteger.

Um dia, ela vai ver, e então, eu vou ficar sem nada.

— Josh? — Ela pergunta depois de um minuto olhando pela

janela.

— Sim?

— Você está bem? Tudo bem?

Eu olho para ela, encontrando seus olhos castanhos cheios de

lágrimas e incerteza. — Eu deveria estar perguntando isso.

— Você parece distante.

— Só estou pensando em tudo.

Ela suspira. — Eu também. Eu fico pensando que isso não foi

real. Que nós não apenas passamos por tudo isso, mas a perda dela

sim... é apenas... — Sua voz falha e ela começa a chorar

novamente. — Não sei como me sinto. Nós o temos e ele precisa de


nós. Mas não são eles mais. Fico pensando nos gêmeos, mas agora é

só um. É uma loucura, certo? Eu não deveria me sentir assim porque

parece egoísta. Eu pelo menos ainda terei um filho, mas Celeste não.

Celeste era a mulher da sala ao nosso lado. Durante a estada

de Delia, nós a conhecemos e seu marido, que nos disse que esta era

sua terceira perda.

— Você não é egoísta.

Ela chora ainda mais. — Deus, estou uma bagunça!

Eu saio do carro, movendo-me até a porta dela e abrindo-a. Eu

a puxo em meus braços, segurando-a com força. Ela não é uma

bagunça, ela está com dor. Não tenho as palavras certas para dizer

ou qualquer coisa para fazer essa dor passar. Tudo que posso fazer

é estar aqui para ela até que ela veja que fui eu quem causou isso.

— Uma bagunça ou não, você ainda é linda, — digo a ela

enquanto me inclino para trás.

Ela balança a cabeça. — Não minta para mim.

— Eu não estou.

— Bem, estou feliz que você pense isso, mesmo que não seja

verdade. — O olhar de Delia se move para a porta da frente. — Não

estou pronta para entrar.

— Por quê?

Seus olhos lacrimejantes encontram os meus. — Ela tinha

uma casa, Josh. Ela tinha um lugar para ela.

As palavras golpeiam minha alma, fazendo tudo doer. Eu

deveria ter pensado no berçário. O lugar onde ela dormiria ao lado do

irmão enquanto nós quatro construiríamos uma vida. Uma vida que

nunca existirá.


— Eu sinto muito. Sinto muito por ter falhado com você.

Delia enxuga as lágrimas. — Como você falhou?

Eu amo você. Amo você e aqueles bebês, e estraguei tudo. Se

eu tivesse ficado longe, permitido que você tivesse uma vida livre de

mim, teria sido diferente.

— Eu apenas falhei.

Sua mão desliza contra minha bochecha. — Você não falhou,

Josh. Você tem sido a única coisa que me mantém inteira.

Eu empurro contra as palavras, a mentira à qual ela se apega

porque ver a verdade é muito difícil.

— Você é muito mais forte do que isso.

Ela ri uma vez, com a cabeça caindo. — Eu não me sinto

assim. Eu quero gritar e chorar e jogar coisas. Eu quero que tudo

isso seja uma mentira, mas não é.

— Não, não é.

— Portanto, agora avançamos e tentamos encontrar uma

maneira de passar os próximos meses.

Não tenho certeza se isso é possível, mas a esperança em sua

voz me faz manter minha boca fechada. O luto é uma coisa sem

fim. As pessoas pensam que você passa pelos estágios e, no final,

simplesmente supera.

Não é assim que funciona.

Ele vive dentro de você sempre. Uma música, um perfume, o

sussurro do vento podem trazer tudo de volta. Em um instante, estou

ali naquela estrada, observando-a se afastar com a corrente. Isso me

assusta, me forçando a ver aquele momento repetidamente. Pode


acontecer com menos frequência com o passar dos anos, mas ainda

está lá, esperando o momento em que minha guarda baixe.

Como agora.

Perder nossa filha foi a maneira de Deus me dizer que não sou

digno da vida que estava forjando.

Eu me levanto, estendendo minha mão para ela. — Então

entramos e começamos a encontrar um novo futuro. Não é o que

pensávamos que seria há alguns dias.

Sua mão se move para a barriga e um sorriso vacilante aparece

em seus lábios. — Ele apenas concordou.

— Que bom que ele concorda.

Delia coloca sua mão na minha e eu a ajudo a sair do

carro. Chegamos à porta da frente para encontrar cestas e

refrigeradores empilhados.

— O que é tudo isso? — Ela pergunta.

Pego o cartão, leio e entrego a ela.

Eu levanto o refrigerador e rio suavemente. A Sra. Villafane e a

Sra. Garner cozinharam nos últimos três dias. Há comida, bolos,

pães e doces.

— Essas duas mulheres são as coisas mais doces, — Delia diz

enquanto espia na outra cesta. — Eu não acho que temos que

cozinhar por um mês.

— E você tem bolo.

Delia sorri. — Vamos, baby. Vamos entrar e comer bolo no sofá

e fingir que não estamos quebrando.


— Isso eu posso fazer. — Aperfeiçoei a arte de fingir que tudo

está bem quando, claramente, não está.

Ela pode querer gritar e chorar, mas eu quero ficar furioso com

a injustiça de tudo isso. Eu encontro o amor novamente, apenas para

perdê-lo.


Estou do lado de fora do berçário.

Minha mão na maçaneta, tentando decidir se estou pronta

para entrar. Ainda está escuro, o sol da manhã ainda não apareceu,

mas não consigo dormir. Minha mente está correndo, e o medo me

mantém inquieta.

Josh está dormindo e, desde que chegamos em casa, seis dias

atrás, nenhum de nós teve vontade de olhar para este quarto, mas

em algum momento, eu preciso fazer isso. Hoje voltamos à médica e

sei que a mentira que tenho vivido está para acabar. Não seremos

capazes de agir como se nada estivesse acontecendo. Vou fazer um

ultrassom ou ouvir os batimentos cardíacos de apenas um.

Lentamente, giro a maçaneta, abro a porta e entro. Tudo está

como deixamos. Sua roupa de cama está pendurada na beira do

berço, e as flores rosa ainda estão na parede, esperando por suas

iniciais.

Eu caminho até o berço, tocando o protetor de berço de algodão

macio.

Não sei quanto tempo fico aqui, mas é o suficiente para que,

eventualmente, note a luz do sol começando a filtrar pelas persianas.

É lá que Josh me encontra.


Sua mão começa na parte inferior das minhas costas e depois

sobe para o meu ombro. — Há quanto tempo você está acordada?

Eu fecho meus olhos, a luz laranja é a única coisa que

vejo. Meu coração está batendo forte e tudo em mim parece que vai

explodir. Mas é a primeira vez, desde que chegamos em casa, que

sinto que ele está aqui comigo, embora não tenha saído do meu lado.

— Um tempo.

— Eu ia derrubar tudo isso. — A voz de Josh soa tensa. — Eu

sempre planejava fazer isso, mas não consegui.

— Nós não estávamos prontos para enfrentar isso, — eu digo,

ainda sem olhar para ele ou qualquer coisa realmente. — Não sei se

estou agora também.

Ele solta um longo suspiro, e então sinto seus lábios na parte

de trás da minha cabeça. — Temos que partir logo. Vou garantir que

isso seja feito.

A explosão que senti construir lentamente detona. Eu me viro,

a raiva fluindo em minhas veias. — Não toque nisso!

— O quê?

— Ela era alguém para mim! É aqui que ela deveria estar, e ela

não está. Não a leve embora!

Josh pisca algumas vezes e dá um passo para trás. — Não sei

o que fazer aqui.

— Você não pode simplesmente apagá-la. Eu ainda a tenho

comigo e não posso... eu não posso mais fingir, porra. Eu tenho que

carregá-la por aí, sabendo que ela não é mais um bebê.

— Eu sei, e odeio isso.


— Eu também. Agora ela é apenas uma morte. Como posso

amar algo que nunca conheci? Como eu sinto a perda dela quando

eu nunca a vi, toquei ou a senti em meus braços? Eu não entendo

por que isso dói tanto. Não vamos conseguir segurá-la, Josh. Não

vamos conseguir vê-la e dizer adeus a ela. Em vez disso, tenho que

carregá-la até o fim e então ela simplesmente desaparecerá. Tirar

todas as coisas dela fará o mesmo!

As palavras saem de mim como as lágrimas. Dias de fingimento

não diminuíram a dor. Está tudo aqui dentro de mim, e não consigo

mais segurar. Ninguém consegue entender como é isso. Saber que

dentro de mim há uma criança que não está viva. Disseram que ela

não se parecerá com um bebê ao nascer. Eu nunca vou conseguir

dizer adeus a ela, não realmente.

— Não é isso que estou fazendo. Estou tentando tornar isso

mais fácil para você. Eu não quero que você venha aqui e se

machuque.

— Você acha que remover o berço vai fazer doer menos? Que

não vou me lembrar que o berço dela esteve uma vez aqui toda vez

que entrar neste quarto? Eu vou. Eu sempre vou olhar para este

quarto que será do nosso filho e lembrar que ele deveria ter uma

irmã.

— E você acha que eu não me sinto assim? Que isso é fácil

para mim?

— Você faz com que pareça fácil!

Não estou sendo justa. Não estou, mas estou tão além do ponto

da razão que não consigo parar. Ele não a mencionou. Ele não falou

sobre nada além de me perguntar um milhão de vezes se estou bem.

— Como faço para que isso pareça fácil? Estou quebrado,

Delia. Estou tentando segurar minha merda e ser forte por você.


— Bem, talvez eu não queira que você seja forte. Talvez eu

precise que você desmaie para saber que não sou a única

sofrendo. Você não chorou. Você não disse nada sobre isso além de

perguntar se vou perder nosso filho.

Ele olha para a minha barriga e depois para os meus olhos. —

Quando eu disse isso?

Eu jogo minhas mãos para cima e começo a andar. — Tudo que

você faz é me perguntar repetidamente se eu o sinto chutar? Eu me

sinto mal? Eu preciso chamar a médica?

— Então, eu estar preocupado com você é uma coisa ruim?

— Sim! Sim, porque não consigo parar! Eu não posso parar

isso, — eu digo enquanto me sinto afundar no chão. Josh está lá em

um instante, me puxando para seus braços, me segurando enquanto

nós dois nos sentamos. Eu o agarro, precisando de sua força da qual

eu estava tão ressentida apenas um momento atrás. — Não consigo

parar porque nem sei como aconteceu.

Ele e eu ficamos assim, segurando um ao outro enquanto eu

choro em seus braços, não sendo mais capaz de manter meus

sentimentos dentro de mim. Repito essas palavras, sem parar, até

que não saia mais nenhum som.

— Como vai? — Dra. Locke pergunta.

— Estamos bem.


Ela olha para Josh e depois para mim. — Estou aqui se tiverem

dúvidas, sei que é uma coisa muito difícil de aceitar.

isso.

Eu aceno, ainda muito crua por esta manhã para falar sobre

Josh limpa a garganta. — Como está tudo até agora?

Dra. Locke olha para os papéis. — O exame de sangue parece

bom. Os antibióticos que demos a você como precaução foram

bem. Teremos que vigiar atentamente as coisas, ter certeza de que

não temos nenhum sinal disso. Acho que você está bem para voltar

ao trabalho, desde que não fique muito em pé.

— Eu já solicitei isso e meu chefe disse que estava tudo bem.

— Você o quê? — Josh pergunta rapidamente.

— O quê?

— Você deveria ficar em casa, onde você pode descansar.

Limpo minha garganta, fazendo o meu melhor para não gritar

com ele novamente. Ele perdeu a cabeça se pensa que vai ditar isso

para mim. Tudo o que faço é sentar e pensar. Eu preciso de alguma

porra de normalidade novamente. Estou desmoronando e não posso

perder meu emprego e minha casa também. — Não, eu preciso

trabalhar e pagar minhas contas, então... se a médica disser que

estou bem, vou trabalhar.

Suas costas ficam retas e posso ver a frustração nas linhas de

sua boca. Isso não vai ser divertido. No entanto, Josh me surpreende

por não dizer mais nada.

Dra. Locke, provavelmente desejando que ela estivesse em

qualquer sala que não seja a nossa, se vira para mim. — Eu acho

que você está segura para fazer isso, mas se você tiver alguma


preocupação, pode vir imediatamente. Você ainda é considerada de

alto risco, mas se você pegar leve, pode ser bom para você ter algum

senso de normalidade.

— Eu concordo. — Eu levanto minhas sobrancelhas, olhando

para Josh.

— Claro, — ele responde.

— Ok, eu gostaria de fazer um ultrassom para verificar o bebê

e ouvir os batimentos cardíacos.

Eu me deito na mesa, uma sensação de pavor enchendo meu

peito. E se houver algo errado de novo? E se ela não conseguir

encontrar o batimento cardíaco dele? E se, nos últimos sete minutos

desde que o senti se mover, algo deu errado?

Minha camisa levanta e o gel quente atinge minha pele antes

que o monitor pressione contra mim. Eu não olho. Não assisto

porque, se voltar a acontecer, não vou conseguir aguentar. Em vez

disso, observo os olhos de Josh, que estão estudando o monitor.

aqui.

E então entra um pensamento que não tem o direito de estar

E se eles estivessem errados sobre ela? E se ela estiver

realmente bem?

Não. Eu sei que não é possível. Eu vi o ultrassom e sei a

verdade. Nós a perdemos e ela nunca mais vai voltar.

Eu luto contra as lágrimas porque chorei muito.

Josh se vira para mim, seus olhos azuis encontram os meus, e

eu procuro por ele, precisando que ele me toque, diga que estou bem

e que estamos bem. Foi uma semana difícil e odeio a distância que

está se espalhando entre nós.


Seus dedos se enredam nos meus enquanto a médica fala. —

Vê isso aqui? — Ela aponta para uma área. — Esse é o batimento

cardíaco do bebê, e tudo parece ótimo. Ele está se movendo lá como

deveria.

Nós dois expiramos, e então Josh se inclina e beija meus

lábios. — Graças a Deus.

— Você tem certeza? — Eu pergunto a Dra. Locke.

— Pelo que posso ver, você está bem e o bebê também. — Ela

limpa meu estômago. — Vou pedir que você venha todas as semanas

para que possamos continuar verificando-o, mas ele parece saudável.

bem.

A mão de Josh aperta. — Estou feliz que Delia e o bebê estão

Ela acena com a cabeça uma vez. — Vejo você na próxima

semana.

— Obrigada.

Ele me ajuda a levantar, e eu me preparo para qualquer luta

que venha da minha vontade de voltar ao trabalho. Ele pode ter

mudado de assunto na frente da médica, mas eu sei que não.

Ele não entende que eu não posso deixar de ter uma renda, e

Josh se esquece de que está vivendo com suas economias até que o

resort esteja funcionando.

Josh fica quieto no caminho para casa. A tensão no carro é

palpável. Quando entramos, ele finalmente diz algo.

— Eu não quero que você volte a trabalhar.

Pelo menos eu estava preparada. — Por quê?

— Porque existem muitas variáveis.


— Você gosta de ter um teto sobre nossas cabeças?

Sua cabeça é jogada para trás. — O quê?

— Tenho que trabalhar. Tenho que pagar por esta casa,

minhas contas e tudo isso. Eu sei que você está ajudando, e tem sido

ótimo, mas você não está exatamente na posição financeira que

estava antes. Estou trabalhando para que não tenhamos que ir

morar com minha mãe.

Ele passa as mãos pelos cabelos. — Tenho muitas economias.

— Isso não muda as coisas. Quero ter certeza de que terei

férias assim que os bebês - o bebê nascer. Eu gostaria de ficar um

pouco em casa com ele. Não tomar todo o meu tempo economizado

agora permitirá isso.

— Eu só me preocupo, — ele diz, sua voz cheia de emoção.

— Eu não faria nada que nos colocasse em risco.

Josh solta um suspiro profundo. — Eu sei. Você pode levar

pelo menos mais alguns dias? Deixe-me sentir um pouco mais

confortável.

Eu pego meu lábio inferior entre os dentes e penso sobre

isso. Ele não está pedindo muito, mas quanto mais fico presa aqui,

menos normal me sinto. Sempre trabalhei e, embora muitas pessoas

não gostem, desde a minha promoção, eu gosto. Mas ele não está

pedindo que eu nunca mais trabalhe, apenas tire mais alguns dias.

volto.

— Eu posso fazer isso. Vou demorar mais três dias e depois

— Ok.


— Trouxemos uma caçarola para você, — diz a Sra.

Villafane. — Kristy fez um bolo para Delia também.

Eu sorrio, forçando meus lábios, desacostumado. Não me

lembro quando foi a última vez que sorri de verdade. Provavelmente

antes de perdermos nossa filha. — Obrigado.

Delia vem atrás de mim. — Isso é um bolo?

— Isto é. Oh, doce menina, como você está? — Sra. Garner

pergunta.

— Estou bem. Um dia de cada vez.

Abro a porta totalmente, deixando-as entrar porque parece que

elas estavam fazendo isso de qualquer maneira.

A Sra. Garner pressiona a mão na bochecha de Delia. — Sinto

muito, querida. Perdi dois bebês antes de meu último filho nascer. É

uma coisa tão difícil de sofrer.

— Obrigada. Bolo torna tudo um pouco mais fácil, certo? —

Delia tenta soar leve, mas ouço a tristeza em sua voz.

— Bolo é uma coisa mágica, — ela concorda.

A Sra. Villafane aponta para a porta. — Joshua, lá fora no carro

está uma cesta com mais comida. Seja um querido e pegue-a para

mim.


Eu pego o sorriso de Delia enquanto faço o que ela

pede. Quando volto, as mulheres já cortaram o bolo e o estão

servindo.

— Agora, eu sei que é um momento difícil, mas se você precisar

de alguma coisa, estamos sempre aqui.

— Nós agradecemos.

— Mesmo se você só precisar de alguém para fazer o check-in

a cada poucas horas, — a Sra. Garner oferece.

Um pedaço de bolo cai dos lábios de Delia. — Não, não. Isso

não é necessário. Josh está em casa comigo.

— Sim, e tem sido ótimo porque ouvi que Jeremy pegou aquelas

crianças que tentaram invadir a casa.

— Quais crianças? — Ela pergunta.

— Oh, apenas alguns adolescentes.

Delia me olha. — Eu disse que não era nada para se preocupar.

— Melhor prevenir do que remediar, — eu atiro de volta. E vai

além disso.

— Fico feliz em ouvir isso, Sra. Garner.

— Eu também, mas como eu estava dizendo, vou passar aqui

todos os dias e podemos apenas sentar juntas se você precisar de

companhia.

Ela balança a cabeça. — Isso não é necessário, eu volto a

trabalhar amanhã.


Seus olhos saltam e eles olham para mim. — Você está

deixando ela voltar ao trabalho? E se ela cair? E se algo acontecer

com ela?

— Eu tentei impedi-la, — acrescento. — Eu queria que ela

ficasse em casa.

Estou começando a gostar um pouco mais dessas

mulheres. Elas trouxeram comida, sobremesa e estão do meu lado

nisso.

— Eu vou ficar bem, — Delia diz rapidamente. — Josh e eu

conversamos sobre isso, e minha médica acha que está tudo bem.

A Sra. Villafane acena com a mão com desdém. — Por

favor. Esses panacas não sabem nada sobre bebês.

— Considerando que ela faz nascimentos todos os dias, eu

acredito que ela saiba, — Delia diz calmamente.

— Bem, eu poderia faze-los também, você sabe. Tive cinco e,

no último, nem acho que fui necessária lá. O bebê faz o trabalho, e o

médico estava lá para cuidar disso. Claramente, Josh também não

concorda com a médica, — a Sra. Garner destaca.

— Não.

Delia cruza os braços contra o peito. — É uma coisa boa que

eu tenho minha própria mente e posso decidir por mim mesma.

Espero minhas novas melhores amigas dizerem algo para

convencê-la.

Em vez disso, é um motim.

Sra. Garner dá um tapinha em seu braço. — Não fique

chateada, querida. Todas nós simplesmente amamos você. Se você

acha que está bem para fazer isso, então você deve.


Delia acena com a cabeça uma vez. — Obrigada.

— Ainda acho que é uma má ideia.

Ela bufa. — Você também não quer que eu vá até o banheiro

ou saia por causa do perigo de tropeçar.

— Porque eu não quero ver você se machucar, — eu me

defendo.

— Eu aprecio isso, querido, mas eu não posso estar em uma

bolha.

Eu realmente prefiro isso.

Deixamos passar enquanto as duas senhoras continuam a

tagarelar, oferecendo as mais novas fofocas.

Aparentemente, Bill e Fred decidiram um nome para o bebê,

William Frederick... quão original. E então a Sra. Garner me disse

que viu minha mãe.

— Você tem falado com ela?

Delia me olha com expectativa.

— Não tenho.

— Por que não? Ela está tentando.

— Eu não sabia que você a conhecia bem.

— Nós não nos gostamos, ela sempre foi um pouco arrogante

demais para mim, mas eu a vi passando um tempo trabalhando no

centro juvenil. É bom vê-la fazendo um esforço, ao contrário do seu

pai, que ainda está causando as fofocas, não nós, no entanto, para

conversarmos.


Eu me encolho internamente. Meu pai é um pedaço de

merda. — Na verdade, não é mais minha preocupação.

Sra. Garner bate no meu braço. — Claro que não. Você não é

nada como ele. Você é um bom homem que ama a mulher com quem

está. Você nunca deixaria nenhum mal acontecer a ela, muito menos

ser aquele que o inflige.

— Certo. — Só não pergunte à mulher que deixei morrer ou à

mulher na minha frente que está sofrendo.

A Sra. Villafane fala em seguida. — Não é como se Josh fosse

tão descuidado. Ele está sempre lá para as pessoas que ama.

Eu limpo minha garganta, desconfortável com isso. — Eu

também falho.

— Todos nós falhamos, mas você sempre foi o herói.

— Eu não sou.

Uma parte de mim quer chorar com essas mulheres, mostrar a

elas que não sou ótimo. Eu não estava lá quando ela perdeu o

bebê. Eu não estava lá quando ela mais precisava de mim. Eu a

decepcionei e, um dia, ela verá isso.

Sra. Garner acena com a cabeça. — Bem, ninguém nunca

morreu por você não estar lá.

Se elas soubessem.

As paredes estão se fechando.


Posso sentir o oxigênio sendo sugado de meus pulmões. Eu fico

aqui, tremendo enquanto tudo ao meu redor acontece rapidamente.

Delia. Ela está na minha frente, braços abertos, gritando por

ajuda enquanto a água sobe ao seu redor. O carro está começando a

se mover, a corrente está empurrando-a para mais longe de mim.

— Delia! — Eu grito. Meus pulmões lutando por ar porque

estou cansado. Tenho tentado alcançá-la, mas cada passo à frente

representa uma perda de terreno.

Pessoas atrás de mim gritam, e então uma mão envolve meu

braço, me puxando de volta. — Eu tenho que chegar até ela! Eu

tenho que salvá-la!

— Você não pode ir lá, vai te levar com ela! — O homem grita

enquanto duas outras pessoas formam uma corrente, cruzando as

mãos e os braços.

Eu não me importo. Deixe isso me levar porque eu não posso

perdê-la. — Josh! Por favor! Eu não posso... eu vou perdê-lo!

Seus gritos rasgam meu coração, arrancando um rugido de

meus pulmões enquanto eu avanço mais forte. Eu preciso alcançála.

Eu não posso perdê-la assim. Não quando sei o que é amá-la. Ela

precisa de mim e farei de tudo, mesmo que custe a minha vida, para

chegar até ela. Vou descer com ela antes de deixá-la ir embora.

— Delia! Olhe para mim! — Eu grito enquanto o carro se afasta

mais. — Não me deixe, porra! Não me solte! De novo não, baby. Não.

Ela acena com a cabeça e eu avanço lentamente. Pela primeira

vez, a corrente não está contra mim, ela me puxa para mais perto,

mas minha mão, que estava segurando as pessoas que formavam a

corrente, enfraquece.


— Aguente! — O homem grita, e o vento e a chuva açoitam meu

rosto, tornando difícil ouvir e ver.

Eu tento, mas então uma rajada forte nos atinge, o carro

começa a se mover e eu entro em pânico. Eu preciso chegar até

Delia. Eu tenho que salvá-la. Não posso deixar outra pessoa morrer

por minha causa. Eu não vou falhar com ela também. Nunca

permitirei que outra pessoa morra porque a amei.

Corro, a água subindo, subindo sobre minha cabeça, mas não

paro. Eu continuo lutando, gritando e chutando com tudo que sou

para chegar lá. Chego à janela, mas não é ela lá. Ela se foi, varrida.

Assim como tudo na minha vida... perdida.

— Josh! — Delia está lá, me sacudindo. — Acorde!

Meus olhos se abrem e eu suspiro por ar. Suas mãos estão no

meu rosto e estou coberto de suor. — O que aconteceu?

— Você estava gritando meu nome. Você estava... não consegui

te acordar.

Foi um sonho. Apenas um sonho, mas era tão real. Eu podia

sentir a água, o frio escorrendo pelos meus ossos. Meu coração está

batendo forte como se eu tivesse acabado de voltar à inundação,

lutando para alcançá-la.

— Você está bem?

Ela acena com a cabeça. — Sim, estamos aqui e estamos bem.

Eu movo minhas mãos, levando seu rosto no meu, puxando

seus lábios para mim. Eu preciso dela. Eu preciso senti-la, tocá-la,

saber que ela está bem. Deus, eu a perdi. Vou perdê-la porque nada

do que amo é seguro.


Delia tenta se afastar, mas eu me movo rapidamente, não

permitindo que ela se afaste. Então ela para de lutar. Ela me beija

com toda a necessidade que estou sentindo. Nós dois, quebrados e

perdidos em nossa dor, nos agarramos um ao outro.

Eu quero me afogar nela porque ela é vida.

Ela se move para o lado dela, suas mãos indo para o meu peito,

e eu a beijo com mais força. Embora eu saiba que ela não está em

perigo, é como se meu coração não parasse no meu peito. O terror

que vive dentro de mim é demais e não consigo respirar.

— Delia, — eu digo como se a chamasse de volta para mim.

— Eu estou bem aqui. Estou segura e te amo.

Amor. Deus, ela precisa ver a destruição que isso traz, mas

mesmo sabendo que serei sua morte, não posso deixar de amála.

Tudo de bom neste mundo é ela, e vou extinguir isso porque não

fui forte o suficiente para ficar longe. Eu a beijo mais forte, mais

profundo, com tudo que sinto, e digo tudo através do meu toque.

Eu a amo.

Eu preciso dela.

Eu vou perdê-la.

Seus dedos deslizam pelo meu cabelo, me segurando onde ela

me quer. Eu sei que ela está com dor. A perda do filho é demais para

qualquer um de nós. Eu vejo a maneira como ela me olha, a maneira

como ela segura as lágrimas, tentando ser forte. Um dia, ela saberá

a verdade de por que tudo aconteceu.

Ela vai me odiar e eu vou merecer isso.

Então, por enquanto, eu a beijo.


ame.

— Josh, — ela diz. — Eu... Eu amo você. Por favor, apenas me

— Mais do que eu posso dizer, — digo a ela. É verdade, meu

amor por ela é real, mas também acho que amor deve ser

liberdade. Deve dar a ela um lugar seguro. Não posso fazer as duas

coisas e isso está me matando.

— Apenas me beije. Beije-me até não doer, — implora Delia.

Eu me movo rapidamente, saindo da cama com meu coração

acelerado. Sempre vai doer. Eu sou o que dói.

— Josh? — Ela diz enquanto eu me arrasto mais para trás.

— Não podemos, Delia.

— Eu sei, mas...

Não podemos fazer sexo e, embora seja isso que ela

provavelmente pense que quero dizer, não é. É tudo. A mágoa e o

medo que perduram em seus olhos são o que me impede de dizer

tudo. Eu não sei mais qual é o caminho para cima.

Eu a amo, a quero, preciso dela, e ainda, estou fodidamente

petrificado que vou perdê-la.

Não do jeito que eu simplesmente não vou conseguir ficar com

ela, mas que ela vai morrer. Morgan morreu. O bebê morreu. São

sempre as pessoas que amo que ficam magoadas.

Delia tem que superar essa gravidez e esse parto. Há muito a

arriscar.

Eu recuo novamente. — Eu não posso te machucar.

— Você não está.


— Eu estou! Eu estou... Porra. Eu não posso fazer isso. Eu não

posso viver vendo você sofrer.

Ela fica de joelhos. — Estou tentando! Estou tentando ser

normal, e quando você me beija, quando estou em seus braços, é

como se eu fosse eu novamente. Agora você está me afastando?

— Estou protegendo você. Você não vê isso?

— Você quer me proteger, Josh? Segure-me perto. Pegue-me

em seus braços e diga que vai ficar tudo bem. Diga que me ama e

está aqui comigo. Mal nos falamos esta semana.

— O que você quer que eu diga? — Eu grito, minhas mãos

voando para cima. — Eu não posso consertar isso! Mais uma vez,

não posso deixar isso melhor. Não posso te devolver o bebê que

perdemos. Não posso garantir que você vai entregar nosso filho com

segurança. Estou sentado à margem, assistindo a tudo isso e

esperando por Deus que nada mais aconteça.

Ela desce da cama, a mão movendo-se para o estômago. —

Ninguém pode fazer isso. Estou lidando com os mesmos medos, mas

temos um ao outro. Você está aqui comigo, e devemos nos apoiar um

no outro.

Uma respiração instável escapa da minha boca. — Eu tenho

que ir.

— Ir aonde?

— Eu só tenho que pensar.

Delia me observa e, depois de alguns segundos, ela dá de

ombros. — Então vá.

Pego minhas chaves e faço exatamente isso. Eu saio, me

sentindo perdido e sem saber o que diabos fazer agora. Eu estou


perdendo ela. Eu estou me perdendo. Vou perder tudo porque é isso

que mereço.


Já se passaram seis horas desde que Josh saiu de casa. Ele

me enviou uma mensagem há cerca de uma hora.

Josh: Estou no resort, verificando as coisas. Eu estarei em casa

mais tarde. Ligue-me se precisar de alguma coisa.

Eu leio de novo, sem saber como processar essa nova virada de

eventos. Tenho plena consciência de que o luto afeta a todos nós de

maneiras diferentes. O fato de que Josh claramente não está lidando

com o dele é o que me preocupa. O sonho e a maneira como ele gritou

por mim sem parar, como se eu estivesse morrendo, fez meu peito

doer. Eu podia ouvir o pânico em sua voz e, quando ele acordou,

percebi que não estava bem.

bem.

Perguntei se ele queria falar sobre isso e ele disse que estava

Ainda assim, na última semana, ele esteve aqui, mas houve um

espaço entre nós que eu não consegui superar.

Ele olha para mim, mas é como se estivesse a um milhão de

quilômetros de distância e eu não saiba o que fazer.

Então, estou sentada no sofá, perdida em dores, me sentindo

menos sozinha do que quando ele estava aqui.


— Delia? — Alguém chama quando alguém bate na porta. —

Sou eu.

— Entre, Stella, — eu grito de volta.

Ela abre a porta e entra com um café com leite na mão. — Eu

venho trazendo presentes.

— Você traz os corretos.

— Depois de ser sua amiga por tanto tempo, eu deveria saber

pelo menos isso, — Stella diz antes de beijar minha bochecha e sentar

ao meu lado, entregando o café.

— Obrigada por isso.

— Claro.

— Seu irmão mandou você para tomar conta de mim? — Eu

pergunto.

Ela balança a cabeça. — Não, eu estava vindo para removê-lo

e forçá-lo a voltar ao trabalho, mas então vi que seu carro havia

sumido. Onde ele está?

— Trabalhando.

boa.

— Que bom que estou aqui então. A última ligação não foi tão

Eu ouvi. Josh estava gritando com ela e seus irmãos, e mesmo

que eu estivesse dentro e ele estivesse fora da linha das árvores, eu

podia ouvi-lo.

— Ele está lutando.

— Eu sei, mas ele está mordendo a cabeça de todo mundo, e é

a tal ponto que até Oliver quer chutar a bunda dele.


Eu suspiro, deixando minha cabeça cair no encosto do sofá. —

Ele não está lidando bem com isso. Eu não sei o que fazer.

— Ele disse alguma coisa?

Contar a Stella parece uma traição. Josh realmente não fala

sobre seus sentimentos. Ele oferece conselhos e está ao lado de todos

que ama, mas deixar que outros tomem parte de seu fardo não é seu

ponto forte.

Eu mastigo meu polegar e decido que não posso quebrar sua

confiança. — Ele é justo... sentindo muito e realmente não confiando

em mim sobre isso.

— Soa como ele.

— Eu vou perdê-lo, Stella. — Enquanto eu digo isso, meu

coração se aperta e as lágrimas se formam. — Acabei de pegá-lo e

agora vou ter que voltar para uma vida onde não estamos juntos. A

cada dia, é como se ele estivesse se afastando cada vez mais.

— Você sabe que ele me contou sobre a garota em Nova

Orleans.

— Ele contou?

Ela acena com a cabeça. — Eu não acho que ele quisesse, mas

uma vez que ele começou, era como se ele simplesmente não

conseguisse parar, sabe? Eu estava em choque, mas como ele tem

estado nos últimos dez anos faz um pouco mais de sentido. É como

se ele se punisse por não ser capaz de salvá-la.

— Eu sei, e agora? Ele me ama e amou os gêmeos. Agora vamos

todos perder. Eu não aguento muito mais. Eu realmente não

posso. Eu o amo, mas isso dói. É tão difícil vê-lo se fechar e agir como

se ele estivesse realmente bem.


— Não chore, Deals, — ela diz enquanto sua mão agarra a

minha. Eu choro um pouco, sentindo-me oprimida, e então ela me

solta. — Se você o perder por causa disso, então ele nunca mereceu

você. Josh está... bem, não sei porque ele não deixa nenhum de nós

entrar. No entanto, ele não pode usar o passado como desculpa para

prejudicar seu futuro. A perda que vocês dois estão sentindo é difícil,

mas se ele se apoiasse em vocês, você superaria.

— Ele está tendo sonhos, — digo a ela.

— Está?

— Ele não vai falar sobre eles, mas ele estava gritando e se

debatendo. Acho que ele estava de volta à enchente.

Ela suspira. — Eu sinto muito. Eu ofereceria ajuda, mas acho

que ele simplesmente se desligará. Nunca fui capaz de falar com

ele. O único conselho que tenho é falar com ele e tentar fazê-lo ver o

quanto vocês dois precisam um do outro antes que seja tarde demais.

— E se já for? — Eu pergunto hesitante.

— Então você o deixa ir.

O dia se transforma em noite e ainda não há Josh. Meus dedos

pairam sobre o botão de chamada, mas não vou fazer isso. É como

se uma parte de mim já soubesse o que está por vir, e estou adiando.

O bebê chuta e eu me levanto, andando pela sala. Não sei o

que fazer, mas parece que cada minuto que passa é uma hora.


Finalmente, pressiono enviar, apenas para ir direto para o

correio de voz.

— Josh, eu não sei onde você está, mas... ligue para mim.

Pego o cobertor e me enrolo no sofá, incapaz de fazer qualquer

outra coisa. Depois de mais uma hora, a porta se abre e Josh entra.

— Você ainda está acordada?

— Você finalmente está em casa.

Ele joga as chaves na mesa. — Eu estava ocupado no trabalho.

— Ocupado me evitando é mais provável.

— Por favor, não comece, estou exausto.

Eu fico de pé. — E eu tenho estado muito preocupada! Você

saiu correndo daqui esta manhã e partiu por mais de doze horas sem

nada. Liguei, sem resposta. Eu nem recebi uma mensagem depois

daquela enigmática esta manhã.

— Eu desliguei meu telefone.

Solto uma lufada de ar. — Sim, por que você manteria o

telefone ligado quando sua namorada grávida pode precisar de você.

— Você está bem. Estou bem. Tudo está bem. Não

completamente porque estamos sendo claramente punidos,

mas... semântica.

Meus olhos se arregalam enquanto eu encaro este homem que

eu não conheço. — O que você quer dizer com ser punido?

— Eu estou indo para a cama. Eu preciso ir trabalhar mais

cedo.


Ele começa a se afastar, mas eu o sigo, agarrando seu braço. —

Não, o que você quis dizer?

— Exatamente o que eu disse. Você está sendo punida por

minha causa. É claro que isso é apenas o começo, então estou me

preparando.

Eu não entendo o que ele está dizendo. Qual é o castigo por

causa dele? — Você não está fazendo sentido.

— Que parte não está clara, Delia? Você estava bem antes de

eu aparecer. Você tinha a casa perfeita, um novo emprego e a vida

era ótima. Agora... você está sofrendo.

Pisco algumas vezes porque, sim, estou triste. Sim, estou

lutando com a perda que estamos sofrendo, mas não estou

sofrendo. — Não, eu não estou. Estou lidando com coisas. Estou de

luto, Josh.

— E eu também, mas pelo menos você não tem a camada

adicional de inferno de saber quem é a causa.

— Você acredita que isso é sua culpa?

— Obviamente.

Sempre soube que ele carrega o peso do mundo, mas isso é

uma loucura. Eu me movo em direção a ele, minha mão escovando

sua bochecha, e ele se afasta.

— Você não fez isso. Perdemos um bebê, Josh. Isso é natureza

e nada a ver com você. Não é sua culpa mais do que é minha.

— Como seria sua culpa? — Ele berra.

— Eu a perdi! Eu fiz isso! Ela era minha responsabilidade, e

agora veja o que aconteceu.


— Não, isso é ridículo!

— O que é ridículo é que você acha que a culpa é sua! Você não

vê isso?

Ele dá um passo para trás, seus olhos nos meus. — Eu sei o

que eu trago. Eu sei o que meu amor faz. Olhe a contagem de corpos

ao meu redor!

— Você perdeu uma pessoa. Uma, Josh. Isso não o torna o

mestre da destruição. Significa que alguém morreu - tragicamente -

e você nunca lidou com isso. Você não é mais culpado pelo que

aconteceu com Morgan do que eu sou por Gina.

Ele bufa. — Não, você está em negação. Eu destruo tudo. Eu

amo e as pessoas perdem. É a realidade, e você deixar de ver isso só

está machucando você. Eu me iludi pensando que poderia ser

diferente. Que éramos diferentes. Agora eu vejo. Eu vejo o que meu

amor por você está fazendo com você.

— Você está optando por ver as coisas dessa maneira.

Ele ri uma vez. — Sim, eu escolhi tudo. Eu escolhi assistir

minha namorada se afogar. Eu escolhi falhar com você e perder

nossa filha. Eu escolhi porque é isso que eu quero. Não. Eu não

quero isso. Eu não quero mais isso. Não quero ver você morrer por

minha causa.

Tento de novo, indo em direção a ele, mas ele recua. —

Não. Não. Não tente me consertar. Eu a vi morrer na minha

frente. Eu vi você chorar enquanto perdíamos nossa filha. O que vem

a seguir, Delia? Você? Nosso filho? Vai acontecer porque é isso que

sempre acontece, porra.

— Então, você vai me afastar? Não me ama mais?


— Eu gostaria de poder. Eu gostaria de poder parar esse

sentimento em meu peito. Eu gostaria de não te amar tanto a ponto

de doer respirar. Mas você sabe o que dói mais? Isso. Essa maldita

dor que nunca acaba. Ter que viver com o conhecimento de que, a

qualquer dia, você vai sentir de novo.

Eu fico aqui, sem saber qual será o próximo passo. Ele está

convencido de que tudo isso é culpa dele e, apesar de ser irracional,

é sua crença. Posso continuar dizendo que não, fazendo o meu

melhor para convencê-lo, mas até que ele esteja pronto para

realmente aceitar, não sei se vamos superar isso.

— E isso é realmente o que você pensa?

— É o que eu sei.

Meu coração se parte. — Está bem então.

Isso parece atordoá-lo um pouco. — O quê?

— E agora, Josh? Como vai isso? Qual é a sua solução para

tudo isso? Você vai buscar ajuda ou simplesmente vai embora?

— Vou voltar a ser como era antes.

O ar em meu peito está pesado. — O que isso significa? — Eu

sufoco a palavra e espero.

Josh pressiona os lábios em uma linha fina. — Vou passar

alguns dias no trailer.

— Só alguns dias ou você vai voltar?

— Não sei, mas preciso colocar alguma distância entre nós.

Lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto ele despedaça

meu coração. Ele realmente acredita que isso é culpa dele e não


consegue ver que eu o amo e podemos resolver isso. Ele está nos

quebrando. — Eu vejo. Então, você está me deixando?

— Eu estou indo para o trailer algumas cidades depois. Não é

exatamente partir. Só estou colocando alguma distância entre nós

até saber que você está segura.

Certo.

Se ele quer distância, ele vai conseguir. Sempre o amei, mas

não vou viver assim.

— Se você for, é isso. Não vou fazer isso, e eu disse isso a você

quando engravidei. Posso fazer isso sozinha, mas você escolheu me

amar. Você queria que fôssemos uma família. Não há como eu fazer

dessa maneira.

— Você está me dando um ultimato?

— Não, estou lhe dando uma escolha. — Eu suavizo minha

voz. — Estou lhe dando a opção de me escolher, Josh. Para me

amar. Amar os riscos, as recompensas, as possibilidades e os

fracassos que suportaremos. Nada na vida é perfeito. A perda é

inevitável, mas estou bem aqui. Estou triste e odeio termos perdido

nossa filha, mas ainda temos esperança.

Josh vai seguir em frente, mas se detém. — Esperança de quê?

Sempre soube que isso seria o fim de alguma forma. Que ele

não me escolheria. Ele iria embora. A única razão de estarmos juntos

agora é porque engravidei. Sem os bebês, nunca haveria um nós. Não

tenho certeza de como não vi isso antes.

— Esperança para o nosso filho! Esperança pela vida que

estávamos construindo. Esperança de algo mais do que a porra de

um homem que você era antes. Eu queria que fôssemos felizes.


— Eu também, mas como diabos podemos ser? Como posso te

amar quando sei o final?

Desta vez, sou eu quem recua, erguendo uma parede em volta

do meu coração já dizimado. — Você criou o final. Não precisava ser

assim. Se você realmente acredita que me amar vai causar dor, você

deve ir. Não porque eu queira, mas porque te amo o suficiente para

não querer essa vida para você. Então, você escolhe, Josh.

Ele olha para mim, sua dor estampada em seu rosto. Tudo fica

claro, e tenho um pouco de esperança de que a decisão que ele tomou

seja a certa, mas ele se vira, sua mão segurando a borda da mesa da

entrada por apenas um segundo antes de chegar até mim. Antes que

ele me beije. Eu fecho meus olhos, a alegria borbulhando por isso

não ser o fim.

As lágrimas desta vez não são de tristeza enquanto descem pelo

meu rosto.

Ele se afasta, olhos azuis olhando para mim. — Eu sinto muito.

Eu pisco, confusão agora tomando conta de mim. — O quê?

Josh pega as chaves da mesa e caminha até a porta. —

Lamento não ser o homem de que você precisa.

A porta se fecha e eu sinto uma dor totalmente nova no meu

peito quando ouço o motor de seu carro sumir ao longe.


Eu continuo tentando chorar. Espero as lágrimas virem, mas

elas não vêm.

É engraçado como isso acontece. Quando eu queria parar de

me sentir triste, não conseguia fazer isso acontecer, e agora, daria

tudo para não me afogar nessa dormência vazia.

— Eu vou matá-lo, — disse Jessica, sentando-se no sofá à

minha frente.

Não liguei para ela, mas ela simplesmente apareceu. Presumo

que Grayson contou a ela. Qualquer que seja.

— Não é como se eu não esperasse isso.

— Você esperava que o homem que você ama fosse embora?

Eu encolho os ombros. — Pode ser. Ele está quebrado e eu não

posso fazer nada a respeito.

— Eu vou quebrá-lo.

— Eu não acho que você poderia causar muito dano. — Eu

puxo o cobertor sobre mim. Estou com frio. Eu me pergunto se é

normal sentir tanto frio.

— Provavelmente não, mas me faria sentir melhor.

— Obrigada, Jess.


— Eu sinto muito. Eu realmente sinto. Achei que ele tinha

mudado e... Eu não sei.

Eu achei também. Eu me permiti acreditar que ele realmente

me amava. Que poderíamos finalmente ser um casal e construir uma

vida juntos. Eu fui ingênua e deveria ter me protegido melhor. Eu

esfrego minha barriga, sentindo o bebê se movendo dentro de mim. É

por ele que sinto muito. Nosso filho, que poderia ter tido uma família

amorosa com dois pais. Não que haja algo de errado com o não

tradicional, mas eu queria pelo menos uma chance disso.

— Você sabe qual é a pior parte? — Eu pergunto

distraidamente.

— O quê?

— Se ele tivesse acabado de falar comigo, me dito o que estava

sentindo, poderíamos ter tentado. Em vez disso, ele se fechou. Ele

estava tendo pesadelos e ainda não se abria para mim. Eu teria dado

tudo o que ele precisava para endireitar a cabeça. Achei que a dor de

seu passado estava começando a diminuir.

— Você acha que isso é sobre o passado dele?

Eu franzo os lábios, considerando isso. — Eu não sei. Talvez

não. Talvez essa nova perda o tenha levado ao limite.

Ela estende a mão e pega minha mão. — Os Parkersons não

são exatamente conhecidos por suas habilidades excepcionais de

comunicação. Veja o que aconteceu quando Grayson descobriu sobre

seu pai e sua ex. Ele me atacou, me empurrou e eu quase morri.

— Eu gostaria que não fosse o caso aqui.

— É por isso que estou na sua casa para ter certeza disso, —

diz ela com um sorriso suave. — Meu ponto é que esses caras foram

ensinados a esconder sua dor a todo custo e nunca mostrar


fraqueza. Eles fazem isso permitindo que tudo se acumule até que

eles quebrem.

— Não é uma desculpa.

Ela balança a cabeça. — Não, não é. Não está bem e não é

saudável, mas é a razão por trás disso. Não estou dizendo para

aceitar esse comportamento, mas você deve saber de onde ele vem.

Adorei dizer que a raiva é a expressão externa da tristeza. A Dra.

Warvel tentou me explicar que eu estava com raiva porque estava

muito triste depois da queda do avião. Só não sabia como sentir a

tristeza porque era demais.

— Você acha que ele está triste?

Ela acena com a cabeça. — Eu acho que ele está arrasado. Eu

acho que ele amava aquele bebê que você ia ter tanto quanto você. Ele

te ama e não sabe como lidar com isso. Acho que ele também está

com medo. Stella contou a Grayson e a mim sobre a garota em Nova

Orleans.

Eu empurro minha cabeça para cima com isso. — Ela contou?

— Eu sei que ela provavelmente não deveria, mas ela teve que

contar aos irmãos dele para que eles pudessem fazer o que fosse para

ajudar. Meu ponto é que ele ainda está lutando com o que sentia por

ela e pela morte do bebê e agora isso. É muito mais fácil ficar com

raiva do que ficar triste, mas até que ele lide com isso, realmente lide

com isso, não sei se ele vai entender o que está acontecendo.

Eu inclino minha cabeça no ombro de Jess e suspiro. — Eu

amo-o.

— Eu sei.

— Acho que ele também me ama.


— Eu acho que ele também.

— Mas não posso vê-lo desmoronar e viver neste lugar onde

está convencido de que, porque me ama, vou morrer.

Jess aperta minha mão. — Eu sei.

E então as lágrimas vêm porque a realidade é... Não posso

ajudar o homem que amo e passar por isso agora.

Cumpri minha parte do acordo com Josh, não que achasse que

devia isso a ele, mas esperei o tempo que ele me pediu, e hoje será

meu primeiro dia de volta ao trabalho. Falei com Ronyelle, que acho

ainda mais rígida sobre o que posso fazer do que Josh.

Ela arrumou meu escritório para que eu pudesse ficar

confortável, e todos os presentes foram avisados de que devem vir até

mim se precisarem de alguma coisa. Não tenho permissão para me

levantar, a menos que o prédio esteja em chamas. Mesmo assim,

acho que ela designou pessoas para virem me carregar para fora do

prédio.

Eu entro, acenando para todos quando eu passo, e entro em

meu escritório para encontrar Ronyelle já esperando.

— Você está se sentindo bem?

— Estou bem.

— Sim, mas você andou muito.


Meus olhos se estreitam. — Eu saí do estacionamento. Não foi

muito.

— Eu não gosto disso.

— Como o quê? — Eu pergunto.

— Você estar fora de casa.

— Bem, a menos que você queira que eu enlouqueça ficando

presa em uma casa, olhando para todas as coisas que Josh deixou,

você não lutará comigo e será compreensiva.

— Posso ser compreensiva sem gostar da situação. Falando

naquele homem, você já ouviu falar dele?

Eu suspiro. — Ele me ligou ou mandou mensagem todos os

dias. Eu simplesmente não respondi. Ele sabe que estou bem porque

seus irmãos sempre passam por lá.

— Oh?

— Jess foi, então Stella foi ontem.

— E você não quer falar com ele?

Quero falar com ele mais do que qualquer coisa. Sinto tanto a

falta dele que chega a doer, mas não posso desmoronar e deixar meu

coração mais exposto do que está. Deveríamos estar lidando com

nosso luto como casal, mas não estamos. Estou fazendo isso sozinha

e, se vou ser mãe solteira, devo me acostumar.

— Qual é o ponto? — Eu digo com derrota. — A menos que de

repente ele tenha seus dez anos de bagagem sob controle, estamos

no mesmo ponto.

Ela me dá um sorriso triste. — Eu estava realmente torcendo

por vocês.


— Eu também.

— Eu acho que ele te ama.

— Bem, ele é péssimo em mostrar isso.

Ronyelle muda seu peso e mastiga o lábio inferior.

— Diga, — eu encorajo. Nós duas sabemos que ela vai de

qualquer maneira.

— Tudo bem. Não sei qual é o problema dele, mas conheço

você. Você não é uma desistente. Você luta pelas pessoas que ama,

e eu vou me arriscar dizendo que, seja qual for o problema do

Parkerson mais velho, não é você. É claro que há algo que ele precisa

resolver e, bem, não consigo pensar em ninguém mais capaz de fazêlo

querer isso do que você.

— Isso pode ser, mas Josh tem que me querer mais do que seu

arrependimento, e até que isso aconteça, nós nunca estaremos

juntos.

— Espero que mude. — A voz suave de Ronyelle treme.

— Eu também.

Mais do que qualquer um jamais saberá.


— Apenas faça o que eu digo, Oliver! — Eu estalo.

Oliver se vira lentamente, e a fachada calma é um precursor

para ele liberar sua raiva interior.

— Vou esperar pelas desculpas que mereço.

Eu fecho meus olhos, querendo lutar com ele. Seria muito mais

fácil se ele tivesse apenas me dado um soco.

— A qualquer hora, Josh, — Oliver pede.

— Eu estou... eu estou...

— Desculpa. Essa é a palavra que você está procurando, idiota.

— Desculpe, — eu termino.

— Você precisa acertar as suas coisas, irmão. Você é uma

bagunça e eu sou o único que não está pronto para bater na sua

bunda.

— Por quê?

Oliver abaixa os papéis. — Porque eu estive onde você está. Eu

amava tanto uma garota que estava pronto para me casar com ela e

a perdi.

Ele estava tão certo de que Devney era a única para ele. Ele

tinha tudo mapeado, e então ela percebeu que estava apaixonada por


seu melhor amigo. Oliver estava destruído pra caralho. Consegui

convencer nosso pai a conseguir outra pessoa para administrar a

pousada na Pensilvânia e enviá-lo para o Wyoming. Foi a única coisa

que o manteve à tona.

— Então, você tem pena de mim?

— Não, eu só estive naquele ponto baixo em que você está se

afundando.

— Ela não responde às minhas mensagens de texto ou ligações.

Oliver ri. — Você iria?

Eu gostaria de pensar que sim. Hoje foi seu primeiro dia de

volta ao trabalho e estou preocupado com ela. Ela tem uma consulta

médica em alguns dias.

— Se eu soubesse que ela estava preocupada, eu o faria.

Ele me dá um tapa na nuca. — Claro, ela sabe que você está

preocupado. Ela também está chateada. Pelo que você fez, você

merece que ela corte suas bolas.

— Isso é um pouco duro. Fiquei chateado e reagi mal.

Oliver arregala os olhos e pisca algumas vezes. — Juro por

Deus, você comeu tinta com chumbo ou bebeu muita água da

mangueira quando éramos crianças. Mal? Cara, você reagiu mal há

sete dias. Você agora está na merda.

— E você é tão perfeito?

— Inferno, não, eu não sou. Tenho problemas de compromisso

e um coração partido, mas aceitei isso. O que não vou fazer é me

apaixonar, ficar com a garota, engravidá-la e depois deixá-la ao

primeiro sinal de problemas. Eu não entendo você, Josh.


Ele vê o que quer e não entende que não é tão simples. As

coisas nunca são, e embora uma parte de mim queira gritar com ele,

explicar que ele está perdendo o ponto inteiro, não importa. Não vou

convencê-lo ou fazê-lo ver meu lado.

— Não, você não entende, e eu oro a Deus para que você nunca

entenda.

E com isso, eu me afasto e disco o número dela novamente.

— Parece que você precisa de um amigo. — A voz de Jack me

faz levantar a cabeça.

— Uau, deve ser muito ruim.

— Por quê?

— Minha irmã mandou você.

Jack ri e me entrega uma cerveja. — Ela estava um pouco

irracional. Eu me ofereci.

Sento na cadeira de gramado do lado de fora do que era o trailer

de Alex, mas agora é meu. — Sortudo.

— Eu acho que é mais sorte sua. Se Stella estivesse aqui, ela

estaria batendo na sua cabeça com uma garrafa.

Ele não está errado. — Eu provavelmente mereço.

— Você definitivamente merece.


Solto um longo suspiro. — Eu fico me perguntando o que

exatamente está acontecendo. Estive olhando para a floresta,

esperando a porra de uma resposta.

— Não diga isso a Stella. Ela parece pensar que tudo o que

existe são ursos híbridos estranhos.

— O quê?

Ele ri. — Nada. Olha, eu passei anos lá fora, tentando

encontrar respostas, e descobri que o que eu procurava estava na

cidade o tempo todo.

— Stella?

Ele concorda. — Sempre foi ela.

— Sempre foi Delia.

Jack bebe da garrafa e depois a coloca na mesa. — Se ela é a

resposta, por que diabos você está aqui procurando por alguma

coisa? Você sabe onde ela está.

Sim, mas foram três dias de silêncio. Eu liguei, mandei uma

mensagem e até dirigi para o trabalho dela hoje. Não entrei, mas

parei duas de suas colegas de trabalho no estacionamento e

perguntei se ela estava bem. Eu queria ir até ela, implorar que ela me

ajudasse, me amasse, me consertasse porque eu estou claramente

uma bagunça, mas eu não vou. Ela já está lidando com muita coisa,

ela não precisa que eu despeje minha bagagem em sua porta.

— Eu estraguei tudo.

— Não é corrigível?

Eu encolho os ombros. — Não sei se é.


Ele balança a cabeça. — Eu vejo. Você sabe, eu posso

simplesmente concordar com sua irmã em bater você na cabeça.

Neste ponto, posso fazer isso sozinho. — Eu gostaria que fosse

tão simples, Jack.

— Você acha que a vida deveria ser simples?

— Eu sei mais do que ninguém que não é.

A respiração de Jack sai pelo nariz. — Cara, você não sabe

porra nenhuma. Perdi minha mãe e depois meu pai foi embora. Sua

família era minha única tábua de salvação e, sim, Mitchell é um

idiota, mas ele estava lá. Sua mãe pode ter enterrado a cabeça na

areia em volta dele, mas ela estava respirando. Você teve quatro

irmãos que sempre estiveram lá. O que eu tenho? Grayson e, por

padrão, todos vocês eram meus amigos.

— Não foi tão fácil assim, — digo a ele.

— Não, não foi fácil para você, mas não foi a pior vida de

todas. Então você teve que sair e seguir em frente com a vida. Eu

estava aqui, lidando com minhas escolhas e tendo que fingir que não

amava sua irmã. Você não tem que fazer

isso. Você escolheu isso. Assim como você está escolhendo isso.

Essa porra de palavra de novo. Escolhendo. Como se eu

quisesse isso. Eu não escolhi perder nosso bebê. Não escolhi assistir

Morgan se afogar. Não escolhi destruir as pessoas e coisas que mais

amo na vida.

— Se você acha que é isso que eu quero, então você deve ir

embora antes que eu te acerte com esta garrafa.

— Quando tivemos que devolver Kinsley para Samuel, foi

literalmente a pior coisa que já passei. Um milhão de vezes mais

difícil do que quando ela era uma criança. Eu não a amava então. Eu


não a conhecia. Então nós a tivemos, e Deus, você a vê, ela é

incrível. Ela é muito parecida com a mãe e não pude mantê-la. Eu

estava quebrando de dentro para fora, e a única coisa que me

mantinha junto era Stella.

Eu olho para baixo, odiando suas palavras. — Eu sou o que

está quebrando Delia.

— Não, você não estava.

Meus olhos levantam. — Mas agora estou?

— Eu não posso responder isso.

Ele não precisa. Eu já sei que qualquer dor que ela está

sentindo agora é porque eu sou um idiota de merda.

— Eu a amo, mas continuo pensando que isso tem um custo.

— Nada na vida é de graça e o amor não é diferente. Há dias

em que você está com déficit e outros em que há superávit. Você tem

que decidir amar ainda mais forte naqueles dias em que parece que

você não consegue respirar porque é tão difícil lembrar dos dias bons

e deixar que isso o segure.

— Conselhos de amor contábil?

Jack encolhe os ombros. — Você entendeu.

— Entendi. Eu sou um idiota do caralho.

— Você estava com medo.

— Mais do que isso, cara, eu estava apavorado.

— O medo é normal no amor. Olhe para mim e

Grayson. Ficamos com medo por muito tempo, mas optamos por não


viver mais isso. Não sei se o medo um dia irá embora totalmente, mas

sei que prefiro ter medo de amá-la do que viver sem ela.

É como se ele tivesse tirado as palavras direto do meu

coração. — Eu não quero viver sem ela.

— Então você tem dez minutos para descobrir o que precisa

fazer para consertar. Caso contrário, eu realmente vou bater na sua

cabeça com a garrafa.

— Eu tenho que ir.

Jack se levanta e sorri. — Eu também, irmão.

Assim que ele for embora, eu começo a trabalhar. Não preciso

de dez minutos para descobrir. Eu sei que preciso rastejar, implorar

e me recusar a desistir. Desisti dela e mereço ficar do lado de fora de

sua porta por dias, se for o que ela precisa. O que for preciso para

provar a ela que eu a escolhi.

No caminho para a casa dela, começo a fazer um plano, não é

bom, mas é pelo menos um começo. A primeira coisa é fazer com que

ela fale comigo. Já que ficou em silêncio desde que saí, isso pode ser

um obstáculo maior do que eu penso.

Depois de fazer com que ela fale comigo, tenho que convencêla

de que sou digno de novo.

Quando chego à porta dela, os nervos me batem, mas me

concentro no meu objetivo - provar que a amo. Mostrar a ela que ela

é tudo o que importa e eu farei qualquer coisa. A vida sem Delia não

vale a pena ser vivida.

Toco a campainha, mas em vez de abri-la, a voz dela vem. — O

que você quer, Josh?


Talvez instalar as câmeras adicionais e outras coisas não tenha

sido uma boa ideia. Ainda assim, isso vai me abrir totalmente para

ela. A resposta à sua pergunta é simples. — Vocês.

Ela suspira. — Estou cansada e tenho que trabalhar

amanhã. Por favor, me dê tempo para superar isso.

— Eu não quero que você supere isso, — digo a ela, minhas

mãos apoiadas em cada lado da campainha. — Quero vocês. Quero

você. Eu quero tudo isso.

— Você conseguiu.

— E eu joguei fora.

vê-la.

— Sim, você meio que fez, — Delia diz, e eu gostaria de poder

— Por favor, deixe-me falar.

Não tenho certeza do que diabos dizer, mas quero olhar em

seus olhos castanhos e avaliar algo.

— Fale. Estou ouvindo.

— Deals.

— Não, se você quiser falar, pode fazê-lo através da câmera,

porque aprendi que sou fraca quando se trata de você. Eu me permito

ouvir apenas o que quero porque é muito melhor assim. Joshua

Parkerson finalmente apaixonado pelo patinho feio que era Delia

Andrews. — Ela ri. — Que monte de merda foi isso. Estou tão cega

pelo amor que ignorei os sinais.

— Quais sinais? — Eu pergunto.

— Aquele que disse que você nunca quis isso ou eu. Você

queria sexo e conseguiu. Eu queria a porra do seu coração e nunca


consegui, mesmo quando você me disse que era meu. Peguei essa

lasca e me convenci de que era boa o suficiente, mas não era. Eu

deveria ter tido tudo.

— Você tem, — eu digo a ela, odiando que ela se sinta assim. —

Você é a única mulher que já teve.

— Não minta para mim, Josh.

Tenho que fazer algo rapidamente antes que ela decida parar

de falar.

— Eu não estou.

— Eu tenho dito a mim mesma que, se eu apenas lhe desse

tempo, você mudaria. Negociei que você não estava aqui apenas pelos

bebês. Era eu também que você queria.

Eu a cortei. — É você.

— Você não deixa a pessoa que você ama sozinha enquanto ela

luta contra a perda de um filho sozinha. Você a apoiou e me deixou.

Minha cabeça cai e eu me odeio ainda mais. — Você não estava

sozinha. Eu estava aqui, mas era tão estúpido e com medo de perder

você. Que você morreria por minha causa. Por favor, baby, venha até

a porta. Deixe-me tentar consertar isso. — Ela fica em silêncio por

um segundo, mas a luz vermelha ainda está acesa. Eu sei que ela

está assistindo e ouvindo. — Podemos não ter começado da maneira

que a maioria começa, mas não havia nada no que eu sinto por você

que seja mentira. Eu te amo há tanto tempo, Delia Andrews, e se eu

pensasse, mesmo por um segundo, que era digno de você, eu

proporia agora, mas não sou. Não sou bom o suficiente, ainda não,

mas prometo, vou tentar ser.

A fechadura estala e a porta se abre. Ela é tão bonita. Seu

longo cabelo loiro está preso em uma trança pendurada no


ombro. Ela está vestindo um short e sua mão repousa sobre a barriga

inchada.

— Como? — É a única palavra que ela pronuncia.

Eu travo meus músculos, segurando meus braços ao lado do

corpo para não estender a mão para ela. — Provando que não vou

embora. Vou ficar do lado de fora da sua porta até que você esteja

pronta para me deixar entrar.

Ela me encara. — Mesmo? Você vai ficar aqui, no frio

congelante, só para provar que me ama?

— Farei qualquer coisa para reconquistá-la. Não pretendo ir

embora, Delia. Veja, — eu digo enquanto aponto para o trailer que

está atrelado à minha caminhonete. — Eu estarei bem aqui, sempre

que você precisar de mim. Eu sei que te machuquei e quebrei sua

confiança. Eu sei que não mereço outra chance, mas estou te

implorando por uma.

Ela se inclina contra o batente da porta, mordendo o lábio. —

Você está realmente disposto a dormir naquela coisa fora da minha

casa?

— Eu realmente estou.

— Bom. Vejo você de manhã. — Ela fecha a porta e tranca, e

agora vou mostrar a ela o que quero dizer.


— Ele está lá fora no trailer? — Stella pergunta com uma

risada.

Eu espreito as cortinas. — Sim. Ainda lá.

— Bom para você, por não apenas aceitar a palavra dele. Ele

se conectou à casa?

— Não sei o que isso significa, mas provavelmente não.

— Melhor ainda. Isso significa que ele não tem água e está

operando o gerador para obter energia. Quer saber como cortar isso?

A irmã dele é diabólica, mas gosto disso.

— Por enquanto, ele pode ficar com seu gerador.

— Por quanto tempo você vai fazê-lo sofrer? — Ela pergunta

com uma cadência em sua voz. Eu realmente me preocupo com o

prazer de Stella com a penitência de seu irmão.

— Eu não sei. Honestamente, não posso acreditar que não tive

um momento Jerry Maguire em que estava tudo... você me pegou na

campainha.

Ela ri. — Estou feliz que você não fez. Tornamos as coisas

muito fáceis para esses caras. — Jack murmura algo ao fundo. —

Tanto faz, Jack, não era como se você realmente tivesse que trabalhar

por mim. Eu tinha certeza.


Eu interrompo. — Ummm, isso não é verdade.

Ela me ignora e continua falando com Jack. — Estou dizendo

que, se você tivesse vindo à minha casa com um trailer, eu teria

baixado as calças. Pelo menos Delia tem algum respeito próprio.

— Eu? — Eu pergunto com um pouco de confusão. — Quer

dizer, eu dormi com ele - muito - sabendo que ele não se importava

comigo.

Ela zomba. — Eu te amo, mas você é louca. Josh sempre se

importou com você. Ele simplesmente era muito estúpido para

reconhecer isso.

Eu olho de volta para Josh, que está sentado do lado de fora

de seu trailer e olhando para a casa. Eu pulo para trás, odiando que

ele possa ter me pego espiando. E então me pergunto o que diabos

estou fazendo. Ele voltou para mim, e eu estou aqui fingindo que não

sinto falta dele tanto quanto ele sente minha falta. Não é racional.

Nós dois estamos sofrendo e lutando para ser fortes. Sim, ele

rachou e desabou, mas eu estaria mentindo se dissesse que o

culpava, que realmente o culpava. As emoções são impossíveis de

navegar.

— Eu tenho que ir, — eu digo para Stella.

— Eu pensei que você poderia.

Eu desligo, pego o cobertor do sofá e corro porta afora. Josh

está de pé antes de eu descer as escadas.

— O que está errado?

Eu não respondo enquanto bato contra ele. Em um instante,

ele me tem em seus braços, me segurando. — Você estava aqui.

— Eu estava.


— E eu estava lá, — eu digo, me afastando para olhar para ele.

— Vou ficar aqui se for disso que você precisa, — diz Josh com

toda a honestidade do mundo.

— E se eu precisar de você comigo?

— Não há nenhum outro lugar no mundo onde eu preferisse

estar.

Eu fico na ponta dos pés e o beijo. — Vamos para casa.

Ele encosta a testa na minha. — Sempre com você.

Josh e eu sentamos de mãos dadas no escritório da Dra.

Warvel. A médica ajudou Jessica após a queda do avião e esperamos

que ela possa nos ajudar também.

Passamos pelo passado de Josh e ele ficou quieto desde então.

— O que você está sentindo? — Ela pergunta a ele.

— Eu não sei.

— Tudo bem, tome seu tempo e tente decifrar. Então, quero

que você os nomeie em voz alta para que possamos trabalhar em cada

um separadamente.

Josh olha para mim, depois para ela. —

Vergonha. Temor. Raiva. Arrependimento.


Dra. Warvel acena com a cabeça. — Esses são sentimentos que

eu esperaria que alguém sentisse depois do que você passou. Mais

alguma coisa?

Ele aperta minha mão. — Carma?

— Conte me mais sobre isso.

A sensação na sala muda. Posso sentir seu desconforto, que

parece pior agora do que quando ele estava nos contando sobre

Morgan.

— É difícil de explicar, mas sempre senti que isso era o que eu

devia. Todas as coisas ruins foram porque eu falhei com as pessoas

que eu mais amava.

Dra. Warvel escreve algo. — Com quem você falhou antes do

afogamento?

— Todos.

Com isso, fico tensa porque não faz sentido. Josh nunca falhou

com as pessoas que ama. Ele está lá para eles, sempre certificandose

de que estão bem.

— Especificamente, quem?

— Quando eu era pequeno, sempre foi com Grayson que

falhei. Meus pais foram muito duros com ele, e tentei fazer com que

eles se concentrassem em mim. Então era qualquer garota que eu

gostasse. Eu não era engraçado o suficiente ou tinha tudo o que elas

precisavam. Esqueça meus pais, porque não havia nenhuma chance

no inferno de eu ser bom o suficiente aos olhos deles. Quando

Morgan morreu, parecia que eu estava pagando por tudo o que tinha

feito.

— Josh, isso não é verdade, — eu digo rapidamente.


Dra. Warvel levanta a mão dela. — Pode não ser verdade para

você, Delia, mas o que Josh está descrevendo é muito real para

ele. As emoções não são racionais, certo? Às vezes sentimos que

coisas que podemos dizer a nós mesmos não são racionais, mas

ainda estão lá. Embora o nosso lado lógico saiba que é uma loucura,

as emoções não se importam. Isso é parte do que temos que trabalhar

juntos. É fazer você sentir o que sente, lidar com isso e, então, curarse.

Esse é o trabalho. É com isso que quero ajudá-lo.

O polegar de Josh esfrega o topo da minha mão. — Eu quero

isso. Finalmente tenho essa chance com ela e nosso bebê. Quero ser

um bom pai e um bom parceiro.

Meu coração aperta e eu beijo sua bochecha. — O fato de você

estar aqui mostra que você já é.

— Eu concordo com Delia. Não é fácil dar os passos

necessários para superar o trauma. É um processo muito intenso e

às vezes longo, mas estarei aqui para orientá-lo.

Os olhos de Josh encontram os meus. — Por ela, farei qualquer

coisa.

— Eu amo você.

Suas pálpebras baixam como se ele estivesse absorvendo as

palavras, e então seus olhos azuis encontram os meus. — Eu te amo

muito, e vou lutar contra cada demônio que tenho se isso significar

uma vida com você.

— E tudo que eu quero é que seus demônios vão embora para

que você possa ser feliz e livre do passado.

Eu me inclino em seu toque, e levamos um momento para

apenas estar antes que ele se vire para o Dra. Warvel. — Estou

pronto.


Ela sorri. — Eu acho que você vai ficar bem.


~ QUATORZE MESES DEPOIS ~

— Eu juro que você está sempre atrasada. Não importa o que

estamos fazendo. — Eu pego Everett, que está mastigando um de

seus brinquedos. — Sua mãe vai se atrasar para o próprio

casamento.

Delia espreita a cabeça para fora do banheiro. — Que bom que

este não é o meu casamento, então.

— Não, é pior. É aceitável que a noiva se atrase, mas não os

convidados. E continue dizendo isso, você vai se casar comigo algum

dia em breve.

— Continue perguntando, e talvez eu eventualmente diga sim.

— Ela volta para o banheiro e eu gemo.

Eu pergunto muito a ela. Eu pergunto a ela de maneiras

diferentes. E cada vez que eu pergunto, ela me beija e me diz para

tentar novamente mais tarde.

Tornou-se uma espécie de jogo entre nós. Vivemos juntos,

estamos criando Everett e somos ridiculamente felizes. Não preciso

que ela seja minha esposa para ser tudo para mim, ela já é isso. Um

dia, ela vai dizer sim, e então eu vou levá-la embora antes que ela

mude de ideia.


Depois de mais alguns minutos, Delia sai do banheiro bufando

enquanto arruma o brinco. Me surpreende que, não importa quanto

tempo passemos juntos, ela nunca deixa de me tirar o fôlego. Delia é

a melhor coisa que já aconteceu comigo, e ela me deu o maior

presente - Everett.

— Tudo bem, estou tão bem quanto posso estar.

— Você está perfeita.

Ela sorri, embora eu possa ver que ela não quer. — Não seja

doce quando você é um pé no saco.

— Não seja bonita quando você for um pé no saco.

— Não tenho certeza de como responder a isso. — Ela se vira

para Everett, que agora está batendo palmas em cima de mim.

— Aprenda agora, meu doce menino, que a mulher que você

ama pode se atrasar se essa for sua prerrogativa. — Delia faz cócegas

em sua barriga e ele sorri.

— Temos que ir, tipo, dez minutos atrás.

— Fiz o meu melhor, mas com ele na dentição...

Eu dou a ela um olhar que diz que ela está cheia de merda. —

Não foi ele.

— Poderia ter sido.

Eu rolo meus olhos. — Não foi. Eu cuidei dele enquanto você

mergulhou na banheira para se preparar para os eventos de hoje.

— Vai ser um dia muito longo. Eu precisava estar relaxada

para não estragar este casamento, se é que podemos chamá-lo assim.


Eu rio. — Ainda não consigo acreditar que isso está

acontecendo.

— Eu não posso acreditar que ele pediu para você ser seu

padrinho.

— Eu sou o padrinho, — digo com orgulho.

— Sim, você é - em teoria. Pelo menos para o noivo. — Delia dá

um tapinha no meu peito e pega Everett. — Vamos, mané, temos um

casamento para ir.

Saímos pela porta sem mais demora, o que é um milagre por si

só, e dirigimos para o Lago Melia. Hoje é a nossa pré-inaugurarão do

resort. De alguma forma, Odette conseguiu e foi capaz de ter equipes

trabalhando sem parar para estarem prontas para este

evento. Graças a Oliver, nós realmente não tínhamos escolha, já que

nossa inauguração é um casamento horrível.

Quando chegamos lá, é o caos. Minha irmã está usando um

fone de ouvido estranho e gritando ordens para todos os lados. —

Vocês! — Ela me viu. — Você deveria estar aqui há uma hora para

ajudar na configuração!

Eu aponto para Delia. — Culpa dela.

Os olhos de Stella se estreitam. — Eu precisava dele.

Delia dá de ombros, claramente não preocupada com a

estranha contração acontecendo no olho de Stella. — Eu não posso

apressar a perfeição. Além disso, tudo parece ótimo.

Stella balança a cabeça. — Não graças a nenhum de

vocês. Qualquer que seja. Já que você está aqui, você pode fazer um

maldito trabalho. Ocorreu um desastre na cozinha e a hóspede do

218 disse que há um odor no quarto dela. A única coisa que posso


sentir é a quantidade insana de perfume que ela usa. Ah, e o noivo

está enlouquecendo.

Delia agarra Everett, sua voz calma enquanto Stella oscila à

beira de perder o controle. — Eu vou para a cozinha, você cuida da

questão do quarto, e Josh pode cuidar do noivo, já que ele é o

padrinho.

— Você não deveria ser a madrinha? — Eu pergunto a Stella.

Mais uma vez, ela tem aquela contração visual. — Deus me

ajude por ter irmãos.

— Onde está Grayson? — Eu pergunto.

— Ele e Jessica estão cuidando da família da noiva. Eles são

muito exigentes, pois sua amada filha única vai se casar.

Eu sorrio. — Mas ela é?

— Hoje não, Joshua. Hoje não. Eu vou te matar e não vou me

sentir mal com a pena de prisão.

Kinsley vem correndo. — Você tem que ver isso, Stella!

— O quê?

— Oliver está tendo um grande colapso. Tentei acalmá-lo, até

trouxe Amelia para fazer sua mágica, mas nada está ajudando.

Stella geme. — Devo fazer tudo?

— Sim, — eu respondo e, em seguida, uma mão bate no meu

peito.

Meu telefone toca e é uma chamada de vídeo de Alex. — Ei,

irmão. Como está o Egito?

— Quente pra caralho, mas o projeto é incrível.


Delia começa a pular para cima e para baixo. — Oh, oh, deixeme

dizer a ele!

Eu balanço minha cabeça e dou alguns passos para trás. Nem

uma maldita chance. Isso vai ser divertido para mim, não para ela.

— Me dizer o quê?

— Nada. Ignore-a.

Ela funde os lábios quando eu a encaro.

— Algo está acontecendo aí, — observa Alex.

— Não. Apenas nosso primeiro grande evento aqui.

— Eu sei, estou ligando para verificar meu investimento.

Eu rolo meus olhos. — Certo. É tudo de bom. Stella se superou

nos preparativos. Acho que essa será uma ótima abertura e teste. Já

encontramos algumas coisas para melhorar antes de abrirmos

oficialmente as portas no próximo mês.

Alex sorri. — Fantástico.

Eu me viro então, os olhos de Delia saltam e ela está mudando

seu peso para frente e para trás. Ela vai explodir.

— E como está trabalhando com Bryce? — Eu pergunto. Seu

mentor e amigo de longa data, Bryce Peyton, foi quem lhe deu o cargo.

— É ótimo, mas me fale mais sobre hoje. Como Grayson e

Oliver estão lidando com o estresse?

Eu sorrio. — Gray está ótimo.

— Ollie está perdendo o controle?

— Você poderia dizer isso. — Eu seguro a risada.


— Sinto que estou perdendo alguma coisa.

Oh, ele está. Ele é assim.

Delia pega meu telefone, e antes que eu possa retirá-lo, ela

deixa escapar. — Oliver é o noivo, e é por isso que ele está pirando!

Ela o devolve e se afasta, mandando um beijo para mim.

— Sim, então... eu tenho uma grande história para você...

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