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A ORIGEM NACIONALISTA DO AMBIENTALISMO BRASILEIRO

Descreve a como o ambientalismo brasileiro se desenvolveu a partir de uma visão nacionalista

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ambiente natural como outros aspectos que envolviam a cultura nacional, sendo

estendida até o cuidado com os recursos necessários ao desenvolvimento do país e da

qualidade de vida da população, para usar expressões correntes na atualidade, pois

buscava “a defesa da flora, fauna, sítios de monumentos naturais, em suma, a proteção e

o melhoramento das fontes de vida no Brasil”.

Necessário lembrar que no inicio do século, juntamente com o desaparecimento

das nascentes na Cidade do Rio de Janeiro, o norte do Paraná era alvo de uma super

exploração madeireira que, se por um lado permitiu a ocupação de extensas áreas do

Brasil que permaneciam desocupadas, ao mesmo tempo em que ofereceu os recursos

econômicos necessários a este avanço sobre o sertão paranaense, também reduziu de

forma exagerada a cobertura vegetal, sobretudo a árvore mais comum naquela região e

que deu nome a capital paranaense 3 , a Araucária, cujo nome científico é Araucária

angustifólia, o pinheiro-do-paraná. Talvez tenha sido esta a motivação da “Sociedade

Protetora das Árvores” tê-la escolhido como símbolo.

Embora a extensão dos temas daquela primeira conferência ambientalista

brasileira, o ponto de convergência das suas preocupações, sem dúvida foi a

conservação do meio-ambiente natural. O Brasil, nas primeiras décadas, vivia ainda um

ciclo econômico extrativista e agropastoril. Mais de oitenta por cento da população

vivia na área rural, encontrando ocupação em atividades campesinas. Em algumas áreas

do imenso território brasileiro, cuja economia era dependente da exportação de produtos

extrativistas e agrícolas, o avanço indiscriminado e descuidado fazia despertar a atenção

daqueles que sabiam da importância de ordenar adequadamente tais atividades.

Não se pode esperar que ha quase um século uma entidade conservacionista

conseguisse o mesmo nível de adesão às suas propostas que hoje os movimentos

ambientalistas radicais atingem. Ainda assim, podemos dizer que aqueles pioneiros

foram completamente exitosos, pois daquela primeira conferência em 1933, eles

geraram ideias que contribuíram significativamente para a elaboração do primeiro

Código Florestal, em 1934. Essa vitória se tornou ainda mais gloriosa no ano de 1937,

quando por um Decreto Federal era criado o Parque Nacional de Itatiaia, cuja semente

havia sido lançada mais de uma década antes. Em 1939 os esforços desses pioneiros

haviam sido coroados com outras vitórias, a criação do Parque Nacional da Serra dos

Órgãos, também no Estado do Rio de Janeiro, e o Parque Nacional das Cataratas do

Iguaçu, no Paraná.

Pode-se afirmar com certeza que Conservacionismo e Nacionalismo foram os

gametas geradores do ambientalismo brasileiro. Enquanto o conservacionismo não

encontrou o seu epítome em nenhuma figura individual, o nacionalismo encontrou o seu

no jornalista, bacharel em Direito e político Alberto de Seixas Martins Torres (1865-

1917). De fato, Alberto Torres foi um pensador social brasileiro preocupado com

questões da unidade nacional e da organização social brasileira. Suas ideias foram

importantes para a solidificação do nacionalismo brasileiro, pois ele não somente

pensou, em termos teóricos, como também foi capaz de elaborar programas de

organização da nação. Suas análises dos problemas nacionais eram profundas. Devido a

isso, inspirou uma geração inteira de nacionalistas. O interessante é que tanto os de

esquerda como os de direita foram influenciados por ele. Alguns expoentes são o

integralista Plínio Salgado; o militar, professor, escritor, colunista e historiador

brasileiro e marxista, Nelson Werneck Sodré, falecido em 1999; o professor, jurista,

historiador e sociólogo brasileiro, Francisco José de Oliveira Viana, falecido em 1951.

3 Curitiba é uma corruptela do nome indígena Koré-atuba, que significa “Terra dos Pinhais”.

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