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A.P.O. (Army Post Office) - O Serviço Postal Militar Norte-Americano no Brasil durante a 2º Guerra Mundial

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Nº 01

Projeto

FILIGRANA

A.P.O. (Army Post Office)

O Serviço Postal Militar Norte-americano no Brasil

durante a II Guerra Mundial

Rubem Porto Jr.



Projeto

FILIGRANA

A.P.O. (Army Post Office)

O Serviço Postal Militar Norte-americano no Brasil

durante a II Guerra Mundial

Rubem Porto Jr.


É permitido a reprodução parcial da matéria

aqui apresentada, desde que mencionada a fonte.

As opiniões emitidas na matéria são de inteira

responsabilidade de seu(s) autor(es) e não

espelham, necessariamente, a opinião dos editores.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Porto Junior, Rubem

Projeto Filigrana : A.P.O. (Army Post Office) : o

serviço postal Militar Norte-americano no Brasil

durante a II Guerra Mundial / Rubem Porto Junior. --

1. ed. -- São Paulo : Edição Bym, 2021. --

(Projeto Filigrana ; 1)

Bibliografia

ISBN 978-65-00-19260-5

1. Carimbos 2. Censura - Brasil 3. Filatelia -

Brasil 4. Segunda Guerra Mundial 5. Serviço postal -

Brasil 6. Serviço postal militar - Brasil - História

I. Título II. Série.

21-59676 CDD-383.1229

Índices para catálogo sistemático:

1. Serviço postal : Segunda Guerra Mundial :

História 383.1229

Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964


Caro Leitor

O Projeto Filigrana nasceu de um bate-papo entre os filatelistas Braz, Ygor e Macedo

(daí a denominação Edição BYM), que se indagavam sobre a carência de publicação de estudos

feitos sobre a filatelia, em particular a brasileira.

Acesa a luz, puseram-se a campo com a certeza de que muitos trabalhos repousavam nos

arquivos de eminentes e estudiosos filatelistas. Revelou-se, assim, um rico material produzido,

ou mesmo em produção. Com essa fonte, passou-se a organizar a primeira publicação, esta que

está em suas mãos, com o trabalho de Rubem Porto Jr., sob o título de “A.P.O. (Army Post

Office)”, no qual apresenta o resultado de seu estudo sobre o serviço postal militar norte-americano

no Brasil, durante a II Guerra Mundial.

Rubem, celebrado em nossa comunidade pelos inestimáveis serviços prestados à filatelia

brasileira, compartilha o produto de sua pesquisa com todos os colecionadores interessados no

enriquecimento de seus conhecimentos e, por que não, de coleções que por alguma razão tenham

afinidades com o resultado do estudo que inaugura o Projeto Filigrana.

Este é o primeiro passo de uma longa caminhada. Outros mais estão no caminho. Estamos

convictos de que, com o ânimo e a determinação de nosso trabalho, somados à generosa

colaboração dos estudiosos, teremos uma obra formada por capítulos que, reunidos, serão de

insuperável valia para os colecionadores melhor compreenderem a dimensão da riqueza, nem

sempre material, mas indiscutivelmente cultural, proporcionada pelo selo postal.

Não podemos deixar de fazer especial registro de agradecimento aos patrocinadores que,

entendendo a importância e alcance do Projeto Filigrana, propuseram-se a dar o apoio que

serve de estímulo para a caminhada que temos em mente.

Estamos, assim, estudiosos, patrocinadores e a comunidade filatélica, irmanados no propósito

de divulgar a FILATELIA DO BRASIL, razão de ser da iniciativa dos responsáveis pela

Edição BYM.

Edição BYM

Editores:

Braz Martins Neto

Reinaldo Estevão de Macedo

Ygor Pradella Chrispin


Sumário

Vem de longe a preocupação dos norte-americanos com a atividade de correio durante

suas participações em guerras. Durante a Guerra Civil Norte-americana, ainda no século XIX, o

Serviço Postal Civil atribuía função de controlador de correio a uma pessoa específica para cada

um dos regimentos mobilizados e sempre havia um posto de correio no campo de batalha.

Quando da Guerra Hispano-Americana soldados norte-americanos passaram a lutar fora

do território dos Estados Unidos. Neste momento, o Serviço Postal Civil seguiu-os mantendo

assim contato permanente entre os militares e suas famílias.

Quando da participação norte-americana na I Guerra Mundial, passou a operar um serviço

de correio militar específico, montado com auxílio das tropas do exército, mas ainda operado

e sob controle do correio civil. O primeiro APO (Army Post Office) surge neste momento. A

primeira estação postal com as características que definem um APO, foi inaugurada em 10 de

julho de 1917, na França.

A partir da II Guerra Mundial, e até os dias atuais, este serviço passou a funcionar nos

moldes padronizados que perduram até os dias atuais, tendo sido o serviço de correio colocado

sob total controle militar ainda em 1940 quando o Congresso dos EUA criou oficialmente o

Army Post Office - Serviço Postal do Exército. Esta nova organização, entretanto, continuou

a trabalhar junto ao correio civil dos EUA a quem cabe, até os dias de hoje, a distribuição das

correspondências para o pessoal civil.

Portanto, para atender aos militares norte-americanos funcionou (e funciona até os dias de

hoje) um sistema de correio específico e associado às forças militares norte-americanas. Apesar

de o nome fazer referência ao Exército, ele atende, indiscriminadamente a todos os tipos de

tropas, de qualquer arma, norte-americanas.

O A.P.O. é um serviço que pretende atender as necessidades dos militares norte-americanos

que podem estar lotados em qualquer parte do mundo, seja em bases fixas (terrestres), ou

mesmo móveis (porta-aviões, por exemplo).

O estudo aqui apresentado discute o funcionamento, as marcas e as franquias associadas

a este serviço, utilizadas durante a existência de bases fixas e de patrulha norte-americanas no

Brasil no período da II Guerra Mundial.

Durante o desenrolar do conflito, e a partir da entrada do Brasil no mesmo ao lado das

forças aliadas contra as tropas do Eixo, foram construídas em território brasileiro 16 bases, entre

navais, aéreas e de uso misto, pelos militares norte-americanos. As bases se localizavam ao

longo do litoral brasileiro, desde aquela mais ao norte localizada na Cidade de Macapá, no então

Território do Amapá (existindo ainda um pequeno campo de patrulhamento nas proximidades


de Oiapoque), até a Cidade do Rio de Janeiro no litoral sudeste.

A maior parte das instalações atendiam a forças aeronavais e foram construídas pelos

engenheiros do Exército dos Estados Unidos, através de um contrato com a cooperativa “Pan-American

Airport Corporation”. Entretanto, o projeto inicial recebeu recursos adicionais para que

o atendimento das necessidades das forças norte-americanas e do governo brasileiro pudessem

ser concretizadas.

As principais bases eram do tipo aeronavais, entretanto, bases para patrulhamento e bases

para depósito e estocagem (combustível, peças e mantimentos) também foram construídas

ao longo da costa. Elas, portanto, variavam em tamanho e importância. Algumas delas, após a

saída dos militares norte americanos, se transformaram em aeroportos civis, ou mesmo bases

militares brasileiras, que permanecem em funcionamento até os dias de hoje.


Abstract

The concern of the Americans with the courier activity during wars they have participated

in comes from long ago. During the North American Civil War in the 19th century, the Civil

Postal Service assigned the function of postmaster to a specific person for each of the regiments

deployed and there was always a post office on the battlefield.

The first time that American soldiers fought outside the United States, for the Hispano-

-American War, the Civil Postal Service followed them, thus maintaining permanent contact

between the military and civilians.

During World War I, a specific military courier service was established with the assistance

of army troops but still operated by and under civilian control. The first APO (Army Post Office)

appears at this time. The first post office with these characteristics was launched on July 10,

1917, in France.

From World War II on, and up to the present day, this service started to operate in a

standardized way that lasts until the present day, with the military post being placed under full

military control by 1940 when the US Congress officially created the Army Post Office - Army

Postal Service. This new organization, however, continued to work in partnership with the US

civilian post office, which, has been to this day responsible for the distribution of correspondence

to civilians within the American territory.

This special and official courier service has the acronym A.P.O. for “Army Post Office”.

Although the name refers to the Army, it indiscriminately serves all branches of the US Armed

Forces. A.P.O. is a service that aims to meet the needs of the American military, who can be stationed

anywhere in the world, whether on bases or even mobile (aircraft carriers, for example).

This study presents the operation, marks, and franking associated with this service during

the existence of North American field bases and patrol camps in Brazil. During World War

II, as Brazil entered the conflict alongside the allied forces, a total of sixteen bases, naval, air,

and combined, were built in the Brazilian territory by the North American military. The bases

were located along the Brazilian coastline from the northernmost shoreline located in the City

of Macapá, in the then Territory of Amapa (also with a small patrol camp in the vicinity of

Oiapoque), until the City of Rio de Janeiro.

Most of the facilities served the naval-air forces and were built by engineers from the

United States Army, under a contract with the collective “Pan-American Airport Corporation”.

However, the initial project received additional resources so that the needs of US forces and the

Brazilian government could be met.

Bases for patrolling and storage (fuel, parts, and supplies) were also built, varying in


size and importance. Some of all these bases built by the North American military, after their

departure, were transformed into civilian airports, or even Brazilian military bases, with some

of them still in operation today.



Preâmbulo

Olhando para trás, vejo que a Filatelia entrou em minha vida para suprir, com imagens, os

sonhos de uma criança nascida em Bonsucesso e criada na Penha, subúrbios da cidade do Rio de

Janeiro.

Qual foi a minha a alegria em receber, como último presente de aniversário de meu pai (já à

época muito doente), três caixas repletas de selos do Brasil e pouca coisa de outros países, que ele

havia comprado de alguém, em algum lugar que não sei onde, para satisfazer a ideia do filho que

queria ter um selo de cada país do mundo.

Isso aconteceu no início dos anos 1970. Assim, a filatelia entrou em minha vida. Dali vieram

outras atrapalhadas experiências juvenis (como colar os selos no papel com durex!) até a descoberta

da Feira do Passeio Público no centro da cidade, realizada aos domingos pela manhã, para

onde me dirigia com a frequência com que o custo da passagem de ônibus me permitia. Nesta época

foi importante também a descoberta da Filatélica J. Costa, na Rua Buenos Aires, Centro do Rio,

onde gastava meu pouco dinheiro comprando os lindos selos de Fujeira, Sarjah e similares. Assim,

comecei a perceber que a Filatelia era mais do que imaginava.

Durante a adolescência houve um certo afastamento, foi ela substituída pelas festas, namoros,

entrada na universidade. A ela retorno em meados dos anos 1980 com o intuito de ter uma

coleção completa de selos dos Brasil. A necessidade de ter acesso aos selos do Império, levou-me a

contactar outro comerciante que teve grande importância na minha vida filatélica: Gothard Getzel.

Foi ele, que me disse para comprar aqueles selos que eu ali procurava no Clube Filatélico do Brasil,

clube que eu nem sabia que existia. Foi ele que, no seu escritório-loja na Travessa da Quitanda,

Centro do Rio, preencheu minha ficha fazendo minha indicação para sócio do Clube Filatélico do

Brasil. Com essa atitude, Getzel foi determinante para que, de forma definitiva, a filatelia entrasse

com mais seriedade na minha vida.

Passei a frequentar o Clube Filatélico do Brasil, sempre que possível, indo aos leilões do

Gilberto William aos sábados, depois do almoço, passando a conversar com os filatelistas temáticos,

muito ativos à época, e sempre reunidos em um canto do salão do Clube. Tentava entender aquelas

ideias mirabolantes para coleções e descobri que queria ser como aqueles caras: expositor! Havia

me formado há pouco em Geologia e foi natural a escolha do tema para minha primeira e “gloriosa”

coleção: “Geologia: a Ciência da Terra”, que fez seu “debut” em uma exposição promovida pelo

Clube, chamada EXFILRIO. Já aí corria o ano de 1993. Achei meu trabalho maravilhoso, digno

de honrarias, e qual não foi a minha surpresa por ter feito apenas 53 pontos e com isso ter ganho

uma Medalha de Bronze numa exposição local! Mas insisti e logo no ano seguinte participei de minha

primeira Lubrapex, acontecida em São Paulo. Reformei a coleção, adquiri mais material e.....

outra pancada: Bronze prateado! O tempo foi passando e a coleção não avançava. Mas avançava

meu interesse pela Filatelia Tradicional e pela História Postal. A Filatelia Temática acabou sendo

substituída como área de interesse.

1


Nesse ponto, já no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, pessoa de fundamental importância

na minha vida, não só filatélica, surge: Klerman Wanderley Lopes. Um amigo, um irmão que

a vida me deu. Klerman não é só um dos maiores filatelistas do Brasil em qualquer tempo. Mais

importante que isso, ele é uma das pessoas mais corretas, confiáveis e generosas com quem tive o

privilégio de ter contato na minha vida. A ele sou grato, por muito mais que a filatelia. A partir de

algum convívio no clube recebi dele insistentes convites para as reuniões filatélicas que em sua casa

aconteciam aos sábados pela manhã. Um dia eu fui e nunca mais deixei de ir. Uau! Ali fiz mais que

aprender sobre filatelia em alto nível. Ali fiz amigos. Muitos.

Nessa época já colecionava a série Bisneta e começava a montar um material de história

postal da província do Rio de Janeiro. Ali, as coleções avançaram. Cada peça, cada folha, cada ideia

era discutida, criticada, esmiuçada. Muito aprendi. Ali naquela sala de Copacabana vi peças maravilhosas

trocarem de mãos, me deliciei com histórias filatélicas ou não e percebi que a filatelia pode

ser muito mais que “colecionar selos”. Ali me diverti junto com tantos amigos que me receberam

de braços abertos e sempre estiveram dispostos a dividir histórias e conhecimentos comigo. Ali,

fui convencido a atuar como Comissário na Lubrapex 2003 em Lisboa, Portugal, o que foi uma das

experiências mais enriquecedoras de minha vida. Ali, fui convencido a começar a participar da Direção

do Clube Filatélico do Brasil, chegando a ter, adiante, a honra de ter sido seu Presidente por

um período de três anos. Ali, vi amigos queridos se despedirem da vida e até hoje, deles sinto falta.

Mas a vida filatélica seguiu e depois que Reinaldo Macedo, lá pelos idos de 2004, dela começou

a participar, tornou-se bem aventureira! Com esse fraterno e querido amigo, passamos a buscar

um jeito de fazer filatelia diferente, um jeito no qual acreditávamos. Partimos em busca de sonhos

(quase) impossíveis, como colocar de pé as fantásticas exposições internacionais, Brasiliana 2013

e Brasília 2017, de avançar na organização das exposições nacionais Brapex, além de darmos uma

nova direção à Filatelia Brasileira no campo federativo, assumindo a direção da FEBRAF. Meu

amigo, valeu cada momento.

Hoje, quando olho para trás e vejo o menino que fui, na varanda de sua casa na Penha,

lavando e separando seus selos, colando-os com durex numa folha de papel branco, é que percebo

o quanto a filatelia fez por mim. Ela me permitiu conhecer o mundo, ela me permitiu ganhar

medalhas, prêmios e erguer taças. Ela me permitiu contactar com o melhor da filatelia nacional e

internacional. Ela me permitiu pesquisar e contar histórias. Ele me permitiu escrever artigos. Ele

me levou à direção de um dos mais tradicionais e importantes Clubes Filatélicos do Brasil, ela me

levou à Direção da entidade máxima federativa do Brasil. Ela me proporcionou momentos de troca

com meu filho. Agora, como se não bastasse, ela me permite perpetuar algum conhecimento através

da publicação de um livro.

Eu nunca imaginei que minha trilha filatélica fosse me levar à realização de tanto. Que bom

que eu estava enganado. Como foi bom para o menino do subúrbio querer ter um selo de cada lugar

do mundo.

Rubem Porto Jr. (dezembro de 2020)

2


1. Introdução

Vem de longe a preocupação dos norte-americanos com a atividade de correio durante suas

participações nas várias guerras em que estiveram envolvidos.

No século XIX, durante a Guerra Civil norte-americana, o Serviço Postal Civil atribuía

função de controlador de correio a uma pessoa específica, para cada um dos regimentos mobilizados

e sempre havia um posto de correio no campo de batalha.

Na Guerra Hispano-Americana (1898), soldados norte-americanos lutaram, pela primeira

vez, fora dos Estados Unidos. O Serviço Postal Civil seguiu-os, mantendo assim contato permanente

entre os militares no front de batalha e os civis em terras norte-americanas (Figuras 1 e

2).

Figura 1: Correspondência referente a Guerra Hispano-Americana, despachada do campo de batalha

para o território norte-americano. Porte de 2 cents, datada de 30 de outubro de 1898. (National Postal

History Museum)

Uma das características mais marcantes do que viria a ser, no futuro, um Army Post Office

- A.P.O., é a utilização de números para assinalar o local de expedição da correspondência. Na

Figura 3 essa característica pode ser observada na marca circular datadora de cor roxa “Mil. P.

Sta. No. 26. Buena Vista, Cuba - 19/03/99”.

Foi apenas durante a Primeira Guerra Mundial que passou a operar de forma sistemática

e regular um serviço de correio militar específico, montado para servir às tropas do exército

norte-americano. Entretanto, em sua fase inicial, este serviço foi operado e controlado por servidores

civis.

3


Figura 2: Correspondência referente a Guerra Hispano-Americana, despachada do campo de batalha

para o território norte-americano. Porte de 2 cents, datada de 12 de novembro de 1898. (National Postal

History Museum)

Figura 3: “Remember the Maine for Humanity, Country and Right”. Envelope Patriótico com atirador e

bandeiras. Apresenta marca retangular roxa “Soldiers Letter W.W. Watts, Chapl. 1 Tex V. I. “ (National

Postal History Museum)

4


A entrada norte-americana na Primeira Guerra Mundial, em abril de 1917, provocou

várias mudanças no serviço postal do país. Uma dessas mudanças foi que, para acomodar os

pesados custos da guerra, o preço da tarifa básica para correio doméstico foi aumentado de 2

para 3 centavos de dólar, a partir de 2 de novembro de 1917, perdurando este valor até 1º de

julho de 1919, quando então, o valor retorna à sua taxa pré-guerra.

Outro fator interessante foi o aumento de mulheres trabalhando na entrega de correspondências.

Antes da Primeira Guerra Mundial, as mulheres tinham servido como “carteiras”

apenas em algumas comunidades rurais, mas nenhuma delas atuava na entrega de correspondência

nas cidades estruturadas.

No entanto, com tantos homens norte-americanos entrando para as forças armadas durante

a guerra, o Departamento dos Correios acabou por nomear, experimentalmente, mulheres

como “carteiras” em substituição aos homens. O “experimento” começou em dezembro de 1917

em oito cidades que contavam com as maiores agências dos correios, e ao final da guerra, várias

outras cidades já tinham mulheres atuando na entrega de cartas. Ao término da guerra muitas

dessas mulheres desistiram de suas posições a partir do retorno dos veteranos.

O serviço postal também experimentou o transporte por correio aéreo durante o período.

Em 15 de maio de 1918, teve início o primeiro serviço de correio aéreo entre Nova York e

Washington, DC.

A Primeira Guerra Mundial trouxe ainda outras mudanças, como na distribuição de correspondência

nos Estados Unidos. Segundo as disposições da Lei de Espionagem de 1917, o

“Postmaster General” poderia bloquear a distribuição de materiais pelo correio que ele entendesse

que poderiam interferir com a rotina dos militares e/ou de alguma forma servir de apoio

aos inimigos. Em outubro de 1917, estabeleceu-se o Conselho de Censura, formado pelo Depar-

Figura 4: Correspondência datada de 5 de março de 1918 enviada da França para Denver, Colorado. Duas

marcas circulares: do Correio Militar “U.S. Army Postal Service” e de Censura “A.E.F Passed as Censured”.

(National Postal History Museum)

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Figura 5: Cartão padrão da Cruz Vermelha Americana. Isento de porte e datado de 10 de outubro de 1918

enviada da França para N. Jersey. Esse tipo de cartão foi fornecido aos soldados para que avisassem de

sua chegada ao front de batalha. (National Postal History Museum)

tamento de Correios, Departamentos da Marinha e da Guerra, Conselho de Comércio da Guerra

e Comitê de Informação Pública, criado para regular as comunicações por correio, cabo, rádio,

telégrafo e telefone entre os Estados Unidos, Estados e Nações estrangeiras. Sob esse quadro,

o Postmaster General era responsável pela regulamentação e censura do correio. Os itens que

passassem pelo serviço de censura, deveriam ser assinalados com carimbos indicativos do fato.

Mas a principal novidade do período foi a instalação de um serviço de correios específico

para as forças do exército dos EUA, designado de Army Post Office (APO). Esse serviço operacionalizava

um correio militar que operaria de forma independente do correio civil operado pelo

Departamento dos Correios.

O estabelecimento do APO surgiu da relutância do Departamento de Guerra em compartilhar

os locais das unidades militares com o Departamento dos Correios, o que, compreensivelmente,

dificultava muito o trabalho do Departamento no que se refere à entrega de correspondências.

Além disso, o Congresso concedeu a alguns dos norte-americanos em serviço nas

forças armadas, o direito de enviar correspondência pessoal gratuitamente. Nessa categoria de

franquias postais específicas, era obrigatório a presença de marcas que realçassem o fato, como

“correspondência da enfermeira”, “correspondência do oficial” e “correspondência do soldado”. A

seguir, alguns exemplos de correspondências que passaram pelo serviço, são apresentados. As

imagens das Figuras 4, 5, 6 e 7 são do acervo do National Postal Museum.

O envelope apresentado na Figura 5 foi usado pelos sodados durante a Primeira Guerra

Mundial para envio de carta para casa sem que a mesma fosse censurada por seu regimento. As

restrições para seu uso vinham impressas no próprio envelope e o remetente deveria declarar

que seus escritos não continham informações confidenciais sobre os militares e suas atividades.

6


A ideia de uso desses envelopes era a proteção de informações pessoais que o soldado não

queria que fossem lidas por censores, que ele talvez conhecesse pessoalmente.

No entanto, o exemplo apresentado mostra que mesmo assim eles não escaparam completamente

da censura. A Figura 6 mostra que a correspondência foi censurada na principal base

militar norte-americana, antes de ser encaminhado para os EUA. Isso é indicado pela marca do

censor, em tinta vermelha na parte inferior esquerda do envelope.

Figura 6: American Expeditionary Forces. Envelope padrão para envio de cartas que, a princípio, não

seriam censuradas. (National Postal History Museum)

O cartão postal apresentado na Figura 7 foi enviado para os EUA por um soldado lotado em

território francês durante a Primeira Guerra Mundial. O cartão tinha uma mensagem pré-impressa

e era fornecido pela Liga Judaica de Bem-Estar. No cartão, a mensagem pré-impressa se

referia a um feriado judaico e indica que o remetente está na França lutando pela paz e mostra

uma bandeira americana e francesa amarradas atrás de uma estrela de Davi. Durante a Primeira

Guerra Mundial, Inteiros Postais foram emitidos e distribuídos gratuitamente pelo Conselho

Judaico de Bem-Estar ao norte-americanos estacionados no exterior. Outras organizações sem

fins lucrativos fizeram o mesmo, incluindo a Cruz Vermelha Americana, a YMCA, os Cavaleiros

Figura 7: Jewish Welfare Board Card datado de 1919. (National Postal History Museum)

7


de Colombo e o Exército da Salvação. A ideia era usar os cartões para tranquilizar as famílias

nos Estados Unidos sobre o bem-estar dos militares e incentivar os militares a se comunicarem

regularmente com suas casas. Os chefes-militares apoiaram essa iniciativa, pois entendiam

que esse mútuo envolvimento, aumentava o moral das tropas. Como outras correspondências

militares, as mensagens escritas neste material de caridade podiam ser enviadas gratuitamente

e estavam sujeitas a censura prévia.

Registre-se que a Primeira Guerra Mundial viu o primeiro grande esforço utilizado em

larga escala para censurar correspondências pessoais de membros do serviço militar. A ideia da

implantação do serviço de censura, era proteger informações estratégicas, como força e localização

das tropas. Os oficiais ligados ao serviço também tinham como tarefa avaliar a perspectiva

e o moral dos indivíduos. Regulamentos e métodos similares foram empregados novamente

durante a Segunda Guerra Mundial como veremos mais adiante.

A instalação da primeira estação postal, funcionando com as características estabelecidas

para os A.P.Os, foi aberta na França, no dia 10 de julho de 1917.

A partir da Segunda Guerra Mundial este serviço passou a funcionar em moldes padronizados

que perduram, com algumas poucas mudanças, até hoje. Com o estabelecimento dos

A.P.Os, o serviço de correio passou ao controle das forças militares, transformando-se em um

correio militar específico em 1940, quando o Congresso dos EUA criou oficialmente o Army Post

Office (Serviço Postal do Exército). Essa nova organização, entretanto, continuou a trabalhar em

conjunto com o correio civil dos EUA a quem sempre coube a distribuição da correspondência

para o pessoal civil a partir de sua entrega pelo serviço militar de correio, em coletores centrais

(centros de triagem em grandes cidades) fixados em território norte-americano.

Assim, para atender aos militares norte-americanos

funcionou (e funciona até hoje) um sistema

de correio específico e associado às forças armadas

norte-americanas estabelecidas em qualquer local

do planeta. Este serviço especial e oficial de correio,

apesar de ter no nome a referência ao Exército,

atende indiscriminadamente, a todos os tipos de

tropas norte-americanas, de qualquer arma (marinha,

exército, fuzileiros e força aérea).

Figura 8: Funcionários das forças armadas

norte-americanas cuidam das cargas e malas

postais na base de Yokohama, Japão.

O A.P.O. é um serviço de correio que pretende

atender às necessidades dos militares norte-americanos

lotados em qualquer parte do mundo, seja

em bases fixas (terrestres) ou mesmo móveis (porta-aviões,

por exemplo). Na Figura 8 podemos observar

uma imagem recente que ilustra o trabalho

de funcionários (militares) desse correio, lotados

8


na base militar de Yokohama, Japão. Esta base, uma das mais importantes dos EUA fora de

seu território, inspeciona, processa e distribui a correspondência das tropas lá estacionadas,

controlando a chegada e a saída de toda a correspondência militar para as tropas distribuídas

em território japonês.

Esse sistema criado em 1940, foi modificado apenas em 1980. Até aquela data, cada arma

ou agência governamental geria a sua própria correspondência, tendo, portanto, quase que um

serviço de correio para cada uma delas. Em 1980, entretanto, o Departamento de Defesa dos

EUA designou o Secretário do Exército (Comandante do Exército Norte-americano) como o único

gerente de correio militar nos EUA. Isso se deu a partir da criação do “Militar Postal Service

Agency - MPSA” ou Agência do Serviço Postal Militar. Este serviço, com sede em Washington, foi

criado para gerenciar toda a correspondência militar. O MPSA foi obrigado a aderir às regras vigentes

para o serviço de correio dos EUA, controlado pelo “United States Postal Service” (USPS)

e passou, portanto, a obedecer às leis federais, além de respeitar as leis e acordos internacionais

de circulação de correspondências militares existentes em mais de 85 países.

Cabe ao MPSA toda a gerência e contato com o USPS. Ao MPSA cabe ainda planejar e

fornecer suporte para o serviço postal em qualquer área conflagrada na qual haja participação

de norte-americanos. Além disso, deve apoiar as instalações militares no exterior, sendo ainda

responsável por toda a correspondência diplomática e consular norte-americana.

Interessante notar que a maioria dos serviços especiais oferecidos pelo USPS, tais como

correspondência certificada, correio registado, confirmação de entrega, correio eletrônico, certificado

de expedição, recepção e retorno, etc. estão disponíveis também nesse correio.

Nos dias atuais, correio operado ou apoiado pelo Exército ou Força Aérea dos EUA, ainda

usa marcas com o nome da cidade seguida da abreviatura APO (Army Post Office / Air Post

Office). No caso de correio operado ou apoiado pela Marinha, pelo corpo de Fuzileiros ou pela

Guarda Costeira dos EUA, a marca usa o nome da cidade seguida da abreviatura FPO (Fleet

Post Office).

O sistema em sua concepção geral é simples. Cada localidade onde haja a presença de tropas

recebe um número. Assim, na saída da correspondência, a mesma é marcada com o carimbo

correspondente à base ou localidade e segue para estações centrais de triagem localizadas nos

EUA, onde então são reprocessadas e distribuídas para o USPS (correio civil) para que a sua

distribuição no território norte-americano seja feita. Isso só não se aplica quando a correspondência

é enviada para outra instalação militar. Neste caso o próprio correio militar faz a entrega

na base correspondente.

Havia uma razão lógica para a distribuição dos números correspondentes a cada base ou

localidade. Por exemplo, os números atribuídos a Divisões de infantaria foram, na maioria dos

casos, correspondentes ao seu próprio número (ex: A 1 ª Divisão de Infantaria > A.P.O. 1). Em

outros casos, os números coincidiam com o número do regimento atendido, por exemplo. Outra

9


forma de atribuição dos números era em relação às áreas geográficas. Por exemplo, os números

825 até 837 foram atribuídos às bases localizadas na Zona do Canal, os números 931 até 949

foram atribuídos às bases localizadas no Oeste do Canadá e Alasca, os números 950 até 966

foram atribuídos a bases localizadas no Havaí.

Porém, a maior parte dos números atribuídos aos A.P.Os parecem ter sido atribuídos de

forma aleatória em função da necessidade de instalação do mesmo. Mais de 1000 diferentes números

de A.P.Os estavam em uso no período compreendido entre 1941 e o final de 1945, período

de interesse deste estudo.

Pretendemos aqui apresentar o funcionamento, as marcas e as franquias associadas a este

serviço durante a existência e funcionamento das bases fixas e de patrulha norte-americanas,

estabelecidas em território brasileiro. Abordaremos também os aspectos históricos que levaram

ao estabelecimento de tais bases em solo brasileiro. História e Serviço de correio mais uma vez

juntos.

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2. Bases Norte-Americanas no Brasil

Durante o desenrolar da Segunda Guerra Mundial, a partir da entrada do Brasil no

conflito ao lado das forças aliadas, foram construídas em território brasileiro 15 bases pelos

militares norte-americanos. As bases se localizavam ao longo do litoral brasileiro desde aquela

mais ao norte, localizada na Cidade de Macapá, no então Território do Amapá (existindo ainda

um pequeno campo de patrulhamento nas proximidades de Oiapoque), até aquela mais ao sul

estabelecida na Cidade do Rio de Janeiro.

A maioria das instalações atendia a forças aeronavais e foram construídas pelos engenheiros

do Exército dos Estados Unidos, através de um contrato com a cooperativa “Pan-American

Airport Corporation”. Entretanto, o projeto inicial recebeu recursos adicionais para atender

às necessidades das forças norte-americanas e do governo brasileiro.

As principais e maiores bases eram, como dito, aeronavais. Entretanto, bases para patrulhamento

e para depósito e estocagem (combustível, peças e mantimentos), além de estações

meteorológicas, também foram construídas e variavam em tamanho e importância. Após a saída

dos militares norte-americanos, parte dessas bases se transformaram em aeroportos civis ou

bases militares brasileiras. Algumas permanecem em funcionamento até os dias de hoje.

As bases e/ou campos de patrulhamento criadas estão listadas na Tabela 1. Deve ser realçado

que nem todos os campo e bases corresponderam a um número específico de APO. Alguns

campos eram muito pequenos e não justificavam a existência de um número específico. Neste

caso, esse campo/base era atendido pelo campo/base com APO mais próximo.

No Brasil, foram estabelecidas as seguintes numerações para os campos/bases brasileiros:

0603 (sede em Belém, PA e atendendo ainda a “Unit 1” em Macapá, AP), 0604 (Natal,

RN Quartel General para o Atlântico Sul do “Air Service Command” e atendendo a Unidades

instaladas em Camocim e Maceió), 0619 (sede em Fortaleza, CE), 0620 (sede em São Luiz, MA e

atendendo a Unidade em Igarapé-Açu), 0643 (sede em Parnamirim, RN), 0675 (sede em Recife,

PE) e atendendo a unidades na Bahia (Aratu, Caravelas e Ipitanga e em Fernando de Noronha)

e 0676 com sede no Rio de Janeiro, RJ mas que atendeu a correspondências de todo o sul do país.

Todos os APOs estabelecidos no Brasil remetiam, por via aérea, suas correspondências

para um centro de triagem localizado em Miami, Florida (EUA). Entretanto, quando transportados

por via marítima, a triagem era feita em Nova York.

11


Local/ Número

Tipo

Início da

construção

Data da

Desativação

Amapá (Macapá) – 603 Apoio Aeronaval 7/1/1943 10/31/1946

Belém (Val de Cans) - 603 Aeronaval 5/22/1942 10/31/1946

Natal - 604 Aeronaval 5/13/1942 2/20/1946

Camocim – 604 Apoio Aeronaval 10/1/1942

Maceió – 604

Aérea (patrulhamento)

Não ativada

totalmente

6/1/1942 11/20/1945

Fortaleza – Pici Field - 619 Aeronaval 6/26/1942 3/15/1946

São Luiz – Tiririca Field - 620 Naval 6/26/1942 3/15/1946

Igarapé-Assu - 620

Aérea

(patrulhamento)

7/26/1943 4/20/1945

Parnamirim Field (Natal) - 643 Aeronaval 6/20/1942 10/31/1946

Recife – Ibura Field – 675 e 676 Naval 7/25/1942 3/14/1946

Bahia (Aratu) – 675 Aeronaval 12/13/1941 11/20/1945

Bahia (Ipitanga) – 675

Bahia (Caravelas) – 675

Aérea

(patrulhamento)

Aérea

(patrulhamento)

1/13/1942 6/10/1945

10/24/1943 8/1/1945

Fernando de Noronha - 675 Aeronaval 4/1/1943 6/10/1945

Rio de Janeiro (Santa Cruz Field) – 676 (*) Aérea 12/8/1941 ?

Vitoria - 676

Aérea

(patrulhamento)

4/12/1944 10/21/1945

(*) Para cartas recolhidas em Vitória e Rio de Janeiro por via terrestre e remetidas para os EUA por via

aérea. Após o fechamento do Campo-base IBURA, a base no Rio de Janeiro passa a operar como único

usuário do APO 676.

12


3. Um pouco da história brasileira no período

Antes de entrarmos nos aspectos filatélicos do serviço de correio militar norte-americano,

é importante que sejam caracterizados alguns aspectos da história brasileira que levaram ao

surgimento das bases aéreas e navais em território nacional.

No início da década de 1940, os Estados Unidos estavam assustados com a situação europeia.

Com a queda da França, passou a ser levado em consideração um possível ataque alemão

contra o Hemisfério Ocidental. Até onde se sabe, não havia planos deste tipo sendo feitos em

Berlim, mas, no início dos anos 1940, o poder alemão era tão grande que nada parecia inconcebível.

No final de maio de 1940, surgiram os relatos de um golpe de estado de tendência pró-

-nazista na Argentina. Logo a seguir, surge um relatório reservado britânico, avaliando a possibilidade

de alemães exercerem alguma influência na política brasileira. Isso fez com que, em

Washington, o Presidente Roosevelt ordenasse ao exército norte-americano que planificasse a

operação denominada “Pot of Gold”, que constaria do deslocamento de até 100.000 homens

para garantir o controle de pontos estratégicos do litoral brasileiro desde Belém até o Rio de

Janeiro.

Os militares brasileiros decididamente trabalharam contra a ideia de deixar tropas norte-

-americanas estacionadas no país. Assim, a operação “Pot of Gold” não ultrapassou a fase de

planejamento. De qualquer forma, estava dado o passo inicial nas conversas que evoluiriam nos

dois anos seguintes e que acabaram por conduzir à permissão de construção de bases aéreas e

navais norte-americanas em território brasileiro.

É interessante salientar que, apesar da formalização do acordo envolvendo a construção

da Usina Siderúrgica de Volta Redonda ter sido crucial para o estabelecimento dos laços entre o

Brasil e os Estados Unidos, quatro dias antes deste acordo ser assinado em Washington, em 26

de setembro de 1940, o governo Vargas já havia decidido e formalizado que, em caso de agressão

alemã ao território brasileiro, o Brasil utilizaria todos os seus recursos lutando ao lado dos

norte-americanos. Com base nesse acordo tácito, os norte-americanos convenceram os britânicos

a permitir o envio de armas para o Brasil.

O acordo para a criação da siderúrgica em Volta Redonda fez com que Brasil e os EUA

estivessem irrevogavelmente ligados, incluindo aí as relações de ambos em relação às ações

contra a Alemanha.

Nessa época, o governo brasileiro terminou as conversações que mantinha com a Alemanha

sobre acordos comerciais referentes ao pós-guerra (Primeira Guerra Mundial) e passou a controlar

de modo mais rigoroso as companhias alemãs situadas em território brasileiro. Além disso,

permitiu que a Pan American Airways passasse a voar a partir de Belém para o Rio de Janeiro,

13


encurtando assim a viagem a partir de Miami de cinco para dois dias. Com a proximidade que

se estabelecia, os Estados Unidos tomaram a iniciativa ocupando um espaço antes destinado aos

franceses e alemães (principais instrutores militares das forças brasileiras) e ingleses (principal

parceiro econômico) e, no final de 1939, fez ao governo brasileiro a oferta de meios para a instalação

de bases militares no Nordeste, incluindo uma no arquipélago de Fernando de Noronha.

Hoje, estamos mais familiarizados com as limitações dos transportes aéreos e com as dificuldades

da manutenção de bases militares, ou mesmo civis, em locais de difícil acesso e quando

estrangeiras, distantes de seu território pátrio. Porém, na década de 1930, o súbito impulso

da evolução da aviação fez com que a ideia de que as forças do Eixo pudessem vir estabelecer

bases em territórios distantes, como no Brasil, parecesse possível. Afinal, não foram os alemães,

italianos e franceses que criaram uma série de companhias aéreas privadas na América Latina,

incluindo aquelas operantes no Brasil? Não eram alemães, italianos e franceses os pilotos, e

quem detinha o capital de companhias aéreas (Lufthansa, Lati e Air France) que operavam as

rotas aéreas no Brasil?

A exceção a este cenário era a existência da Pan-American Airways, que ligava o Brasil

aos Estados Unidos através de uma rota costeira, utilizando-se de um hidroavião. A eclosão

das hostilidades forçou a Lufthansa a terminar com suas operações e a queda da França em

1940, fez o mesmo com as operações da Air France. A Lati preencheu durante algum tempo a

lacuna dos vôos transoceânicos, enquanto no interior Brasil, a Condor ainda voava atendendo

ao mercado brasileiro.

Washington, entretanto, queria que a influência alemã, representada pela Condor, fosse

eliminada de vez, incluindo aí a participação alemã nas companhias nacionais como a Varig e

Vasp e mesmo na Condor. Para tanto, ofereceu incentivos (créditos financeiros e assistência

técnica) para a compra e manutenção de novas aeronaves. No segundo semestre de 1941, Varig

e Vasp dispensavam toda a contribuição alemã, fosse ela de pessoal ou financeira.

Com relação a Condor a questão não foi tão simples. O governo Vargas reconhecia os excelentes

serviços prestados pela companhia, pioneira em muitas rotas e que com isso tinha aberto

valiosas perspectivas de ocupação e de comércio no interior do Brasil. Só depois que o Brasil

entrou na guerra, em agosto de 1942, o governo agiu para liquidar financeiramente a Condor,

que foi reorganizada como Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul.

Do ponto de vista militar, para um ataque aéreo em grande escala ou mesmo para uma

invasão do território brasileiro, estabeleceu-se que o ponto mais acessível parecia ser a ponta

do nordeste do Brasil, que era mais perto do território francês na África Ocidental, sendo mais

próximo e, portanto, mais factível, do que sofrer um ataque. A região norte do país também

parecia indefesa, ao olhar norte-americano, considerando que as bases aeronavais norte-americanas

mais próximas estavam estabelecidas no Mar das Caraíbas, bem mais ao norte. Além

disso, esta região era de difícil acesso por terra para as forças militares brasileiras, fortemente

concentradas no Sul do país.

14


Em janeiro de 1941, Vargas deu seu aceite verbal para a Panair do Brasil desenvolver

o Programa de Desenvolvimento de Aeroportos (PDA). Isso permitiu a construção de pistas

para pouso e decolagem nas cidades de Belém, Fortaleza, Natal, Recife, Maceió e Salvador. No

entanto, o governo enfrentou problemas com os militares brasileiros que não gostaram da ideia

de ficarem, de certa forma, subordinados aos interesses norte-americanos. Isso fez com que a

formalização do acordo atrasasse até julho de 1941. Durante esse período de seis meses, os tanques

do general alemão Erwin Rommel conquistaram toda a África do Norte, impondo severas

perdas às tropas britânicas. Com isso, a cidade de Natal passou a ser fundamental para o abastecimento

das forças britânicas sitiadas no norte da África. Devemos lembrar, entretanto, que

os norte-americanos e os brasileiros ainda se mantinham, oficialmente, neutros neste período.

Em meados de 1941, Pan-Am criou a “Atlantic Airways Ltd.”, formada por hidroaviões

pilotados por aviadores britânicos, com o intuito de ajudar as forças britânicas sitiadas. Isso era

necessário porque os pilotos do American Air Corps não podiam (ainda) voar fora de seu país em

função da “neutralidade”.

O Brasil, porém, não permitia que tripulações de países beligerantes atravessassem o seu

espaço aéreo, também por conta de sua “neutralidade”. Assim, os primeiros vôos dos 10 aviões

envolvidos neste processo causaram algum embaraço para os brasileiros porque a sua neutralidade

ficava em risco por permitir a passagem de aeronaves pilotadas por pilotos britânicos pelo

seu espaço aéreo.

A solução foi entregar a pilotos civis americanos o controle dos aviões quando atravessassem

o território brasileiro, enquanto os britânicos eram considerados “apenas” como navegadores

destes aviões.

Foram estas as condições prévias que levaram, mais adiante, ao surgimento do megacampo

aeronaval em Parnamirim, Natal, Rio Grande do Norte. Esse campo veio a se tornar

fundamental para o sistema de transporte aéreo das forças aliadas envolvidas nos conflitos na

África e no sul da Europa.

Com tráfego intenso, o campo de Parnamirim ficou conhecido como o “trampolim para

a vitória” por sua privilegiada localização (Figura 9). Certamente sem ele, os problemas de

abastecimento das forças aliadas em 1942 e 1943 poderiam ter sido insuperáveis.

Portanto, a cooperação Brasil – EUA foi um elemento importante para o êxito do esforço

aliado na guerra. Relembremos que seis meses antes de Pearl Harbor e catorze meses antes do

Brasil oficialmente entrar na guerra, o PDA já organizava e criava os campos que viriam a ser

parte do sistema de abastecimento dos Aliados e da campanha anti-submarinos no Atlântico.

Em paralelo, os EUA criaram a Força Aeronaval do Atlântico Sul (denominada de Quarta Frota),

liderada pelo Vice-Almirante Jonas H. Ingram, que começou a operar em águas brasileiras

ao final de 1941, após Pearl Harbor, e com os norte-americanos, portanto, envolvidos na guerra.

15


Figura 9: Localização estratégica da base de Natal e as principais rotas utilizadas.

Os alemães reagiram às atividades acima referidas, bem como em relação à dúbia postura

política brasileira, com ataques de submarinos a navios mercantes brasileiros. No início de 1942,

alemães afundaram navios ao largo da costa brasileira e, considerando que quase toda a frota

comercial brasileira estava circulando entre Brasil e a América do Norte, o presidente Vargas

exigiu que os Estados Unidos fornecessem apoio de comboios navais e armas para a marinha

mercante brasileira ou então seria decretado um embargo às atividades norte-americanas.

Essa drástica medida foi tomada em abril de 1942, mas, após um mês, Vargas se reuniu

com Almirante Ingram para discutir a proteção dos navios brasileiros. Havia entre o Presidente

e o Almirante Ingram uma confiança mútua que muito ajudou a resolver estas e muitas outras

pendências. A confiança era tal, que Vargas abriu todas as portas para a instalação de bases de

reparo e de campos aeronavais para a Marinha norte-americana, e ordenou que as forças navais

e aéreas brasileiras passassem a operar de acordo com as recomendações do Almirante Ingram.

O militar norte-americano foi posteriormente responsável, inclusive, pelo plano que estabeleceu

as defesas marinhas do Brasil. Este pacto, de certa forma não oficial entre estes dois

homens, fez mais para a proteção do Brasil e para solidificar a cooperação militar entre os dois

países, do que qualquer outra ação direta entre os dois governos.

Em maio 1942 a marinha alemã reforçou a sua campanha submarina e mais quatro navios

brasileiros foram afundados. Em 16 de junho de Hitler ordenou um ataque maciço contra navios

brasileiros assumindo que o Brasil não se mostrava mais neutro. Dez submarinos foram mandados

para o Sul do Atlântico. Mais navios foram afundados e com isso as manifestações públicas

em favor dos aliados se tornaram frequentes.

16

Em meados de agosto de 1943, submarinos alemães entraram em ação contra a navegação

costeira, atacando em rápida sucessão seis navios ao largo os Estados de Sergipe e Bahia. Em


cinco dias, os alemães cortaram as comunicações marítimas do sul, com o nordeste do Brasil.

Com isso eles conseguiram fazer aquilo que diplomacia e a política tinham sido incapazes de

realizar de maneira firme até aquele momento: unir o povo brasileiro contra eles!

E então, houve o afundamento do navio “Baependi”, que ocasionou a morte de 57 militares

(soldados e oficiais). As forças armadas brasileiras clamavam por vingança. Pouco mais

adiante, outro navio brasileiro repleto de peregrinos em rota para um Congresso Eucarístico

em São Paulo também foi afundado. A paciência brasileira terminou e eclodiu uma onda de

revolta, cidade após cidade manifestando-se contra as forças do Eixo. Nas ruas, os brasileiros

queimaram bandeiras dos países do Eixo. Finalmente em 22 de agosto, o Brasil aprovou uma

declaração formalizando a existência de um estado de guerra contra o Eixo.

Antes de agosto 1942, porém, o Brasil tinha ido muito além de sua neutralidade tendo sido

fortemente benevolente com ações em favor dos Estados Unidos. Tal como referido anteriormente,

antes do ataque japonês a Pearl Habor acontecer, o Brasil já colaborava com a Marinha dos

Estados Unidos, na campanha anti-submarino e com a permissão dada para a construção de

bases aéreas militares e permissão de voos de aviões de guerra através do seu espaço aéreo. É

possivelmente incorreto afirmar que as agressões alemãs, compeliram o Brasil para se tornar

parte beligerante no conflito. A entrada do Brasil na Guerra, foi apenas um desdobramento lógico

das políticas que já vinham sendo colocadas em prática. O Brasil já tinha iniciado o caminho

para a guerra, quando Vargas permitiu o início a instalação do PDA - Programa de Desenvolvimento

de Aeroportos.

Recordemos que ele deu permissão verbal em 19 de janeiro de 1941, nove dias antes de

aprovar a quebra nas relações com as nações do Eixo.

Como assinala o historiador naval Samuel E. Morison, a entrada do Brasil na guerra foi

“...um acontecimento de grande importância na história naval.” Sem a participação brasileira,

teria sido impossível quebrar o bloqueio naval alemão no Atlântico, bem como abastecer

as tropas no norte da África. Fato relevante é que a confiança brasileira na marinha norte-americana

não se estendia para o exército americano. Oficiais navais brasileiros e norte-americanos

tinham servido juntos na Primeira Guerra Mundial e, desde o início dos anos 1920, os Estados

Unidos tinham uma missão naval trabalhando em conjunto com a Marinha do Brasil. Em relação

ao Exército Brasileiro seu treinamento de elite havia sido realizado... na Alemanha(!)

entre 1906 e 1912, além de conviverem com uma missão militar francesa entre 1919 a 1939.

Foi apenas em meados da década de 1930, que teve início o desenvolvimento de relações mais

próximas entre os exércitos brasileiros e norte-americanos ainda assim em áreas limitadas, com

a artilharia do litoral e serviços de saúde.

Ao final de 1942, os Estados Unidos já tinham estabelecido seu Exército no Atlântico Sul

e o Comando de Transporte Aéreo ambos em Natal e as Forças armadas norte-americanas também

já haviam se estabelecido em Recife, onde também ficou sediada a Quarta Frota.

17


4. Serviço de Correio nos campos-bases norte-americanos

em território brasileiro.

É apropriado que aqui mostremos como funciona o serviço de correio militar norte-americano

do ponto de vista de suas marcas. É importante salientar que até hoje a padronização do

serviço é a mesma aqui aplicada. Relembremos também que o serviço de correio militar interage

com o correio civil já que esse é o encarregado de realizar a distribuição das correspondências

fora da área militar. As principais características destas correspondências, estão indicadas na

Figura 10.

Deve ser entendido que o sistema foi pensado de forma que toda a informação necessária

ao manuseio e envio do documento estivesse presente na parte frontal do mesmo, facilitando e

agilizando a sua manipulação.

Identificação do remetente e

do Campo Base

Carimbo do Serviço do Correio

Militar Norte-Americano

Franquia paga

Marca do Serviço de Censura e

Assinatura do Censor

Endereçamento

Figura 10: Características a serem observadas em um envelope circulado pelo Army Post Office (APO)

Nota 1: Todas as reconstruções gráficas digitais apresentadas deste ponto em diante foram produzidas

pelo filatelista Cláudio Coelho.

18


4.1 Tipologia das marcas usadas pelo Correio Militar Norte-americano no Brasil:

datadores e marcas de censura.

Ao longo do tempo de uso dos campos-base foi utilizada uma certa variedade de marcas

postais pelo correio militar dos EUA, tanto no que diz respeito aos carimbos datadores, quanto

às marcas de censura. Elas variaram em tipos e cores. As marcas até aqui registradas com uso

corrente em território brasileiro serão aqui apresentadas e classificadas.

4.1.1 Marcas Datadoras

Até a finalização deste estudo (dezembro de 2020), foram identificadas 18 (dezoito) tipos

diferentes de marcas datadoras utilizadas em correspondências circuladas pelos campos-base

norte-americanos localizados no Brasil durante a segunda guerra mundial. Essas marcas serão

apresentadas extraídas de cartas circuladas pelos APOs correspondentes. São ainda reconstituídas

digitalmente para melhor detalhamento e observação de suas características. As variações

apresentadas por essas marcas (todas circulares) ligam-se ao conteúdo e a disposição desse

conteúdo no interior do carimbo (dizeres, números e espaçamentos na parte interna do carimbo).

As marcas datadoras em geral apresentam um componente que as caracterizam como do tipo

“Duplex” com quatro linhas ou três linhas (mais escasso, vide exemplo) que foi desconsiderado

no processo de classificação e na reprodução, por serem constantes. A cor na maior parte das

marcas datadoras tem pouca variação, sendo encontradas quase sempre na cor preta e muito

mais raramente na cor azul. Essas marcas têm diâmetro variando entre 3,1 e 3,5 cm.

Exemplo: Marca padrão.

19


Datador Tipo 1 Datador Tipo 2

Datador Tipo 3 Datador Tipo 4

Datador Tipo 5 Datador Tipo 6

20


Datador Tipo 7 Datador Tipo 8

Datador Tipo 9 Datador Tipo 10

Datador Tipo 10a Datador Tipo 11

21


Datador Tipo 12 Datador Tipo 13

Datador Tipo 14 Datador Tipo 15

Datador Tipo 16 Datador Tipo 17

22


Datador Tipo 18

4.1.2 – Marcas de Censura

A apresentação das marcas de censura identificadas para os campos-base norte-americanos,

em território brasileiro, serão apresentadas através de sua reconstituição digital. Até a

finalização deste estudo (dezembro de 2020), foi possível identificar 9 (nove) tipos distintos de

marcas de censura a partir dos documentos disponíveis e examinados. Diferentemente das marcas

datadoras, estas apresentam maior variação na forma (lineares, circulares, retangulares),

dizeres, tamanho e cores. Constante em todas elas, é a assinatura ou rubrica do censor.

• Marca de censura tipo 1

Marca trilinear, conhceida nas cores azul e vermelho

• Marca de censura tipo 1a

Marca trilinear, conhecida apenas na cor vermelha

23


• Marca de censura tipo 2

Marca em caixa retangular, com elipse interna, conhecida nas cores preta, azul e roxa.

Pode conter o número do censor impresso ou ter a elipse vazia com espaço para a assinatura ou

rubrica do censor.

• Marca de censura tipo 3

Marca circular conhecida nas cores preta, vermelha, azul, magenta e roxa. Talvez o tipo

mais comum

• Marca de censura tipo 4

Marca circular com dupla cercadura com interior vazio, conhecida nas cores preta e azul

marinho

24


• Marca de censura tipo 5

Marca circular com cercadura simples e interior vazio, conhecida na cor preta

• Marca de censura tipo 6

Marca circular com círculo interno circunscrito vazio, conhecida apenas na cor preta

• Marca de censura tipo 7

Marca circular com três círculos concêntricos na borda e círculo simples vazio na parte

interna. Conhecida na cor violeta

25


• Marca de censura tipo 8

Marca circular com centro vazio, conhecida na cor preta com espaçamento entre o início e

o final da escrita, curto

• Marca de censura tipo 9

Marca circular com centro vazio, conhecida na cor preta com espaçamento entre o início e

o final da escrita, longo

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5) A atividade de Correio nos Campos-Base no Nordeste

do Brasil

5.1) Campo-Base Parnamirim, Natal, Rio Grande do Norte

O governo brasileiro criou em 2 de março de 1942, por decreto, a Base Aérea de Natal.

Sua ativação operacional ocorreu em 20 de junho de 1942 na parte norte-americana e em 7 de

agosto de 1942 na parte brasileira. Isso deu o impulso decisivo para o surgimento, inclusive,

da cidade de Parnamirim ao seu redor. Na ocasião de criação do espaço, a pista de pouso das

companhias comerciais dividia ao meio o campo de Parnamirim. Os brasileiros ficaram com o

lado oeste, onde já existiam as instalações da Air France e da companhia italiana LATI, já desativadas

desde o início da guerra na Europa. Entretanto, como essas eram instalações modestas

demais para atender o esforço de guerra dos aliados, os norte-americanos preferiram ocupar

o lado leste do espaço disponível. Lá, eles construíram um novo campo, denominado de “Base

Leste: Parnamirim Field”, o maior campo de aviação e base de operações militares que os

Estados Unidos viriam a ter durante a Segunda Guerra, fora do seu território (Figuras 11a e

11b).

Figuras 11a e 11b: Vistas aéreas da Base leste: Parnamirim Field

Em termos estratégicos, o campo de Parnamirim foi a base de um triângulo que apontava

para o “teatro de operações” (o norte da África e o sul da Europa, Figura 9b), onde a sorte dos

aliados contra os nazistas estava sendo lançada. Esse triângulo era identificado nos mapas

estratégicos norte-americanos como o “Trampoline of Victory”.

Figura 12: Tropas norte-americanas (aviadores e

mariners) no Campo Parnamirim.

Antes da base Parnamirim estar

operacional, chega a Natal, em 11 de

dezembro de 1941, o Esquadrão de Patrulhamento

da Marinha dos Estados

Unidos, com nove aeronaves PB4 Catalina

e o avião auxiliar “Clemson”. Duas

semanas mais tarde, os primeiros 50

fuzileiros (“mariners”) também chegam,

e tem início a tarefa de patrulhamento

da área onde a base estava sendo cons-

27


truída. No início de 1942 já eram duzentos

norte-americanos estabelecidos no local.

Estima-se que, durante o período em que

durou a presença dos norte-americanos

no Brasil, entre 3.500 e 5.000 soldados estiveram

lotados na base de Parnamirim.

(Figura 12).

Figura 13: Os Presidentes Norte-Americano (Franklin

Rooselvet) e brasileiro (Getúlio Vargas) em visita à base

Parnamirim.

Para que tenhamos noção da importância

dessa base, basta saber que a maior

parte da artilharia usada na batalha final

de Al-Alamein (decisiva para a vitória dos

aliados no norte da África) passou por

Natal, em um comboio ininterrupto de três dias! Lá também esteve em visita o Presidente

Getulio Vargas, acompanhado do Presidente Rooselvet. (Figura 13), o que relça a importância

estratégica do local.

Da parte brasileira, a presença de forças terrestres estava estabelecida desde 12 de junho

de 1941, com o 160. RI, criado a partir dos efetivos do 290. BC e do II BC de Minas Gerais.

Segundo Tarcísio Medeiros, “...no dia 11 de outubro, o general Gustavo Cordeiro de Farias assumia

o comando da 2ª Brigada de Infantaria (...) A aviação unificada desde 18 de janeiro com a

criação do Ministério da Aeronáutica, possuindo o campo de Parnamirim, estabeleceu a sede da

2ª Zona Aérea, cujo comando, confiado ao brigadeiro Eduardo Gomes, impulsionou o primeiro

grupo de aviões que partia, policiando os ares (...) e os comboios marítimos, num serviço assíduo

de cobertura e vigilância”.

Somente em outubro de 1946, dezessete meses após a rendição da Alemanha, a Base Leste

foi entregue a Força Aérea Brasileira. No mesmo ano foi inaugurada a Estação de Passageiros da

Base Aérea de Natal, elevada à condição de Aeroporto Internacional Augusto Severo, em 1951.

A antiga base militar de Parnamirim, em Natal, é usada hoje como sede do Comando Aéreo

de Treinamento (Catre), responsável pela formação do piloto militar de combate brasileiro. No

Catre, os jovens pilotos brasileiros têm os primeiros contatos com o material bélico, aprendendo

a atirar e a lançar bombas e foguetes. Na frente da pista de pouso e decolagem, um avião B-25

Mitchell, modelo utilizado em grande escala pelas tropas americanas durante a guerra, é a

maior lembrança da passagem dos combatentes norte-americanos em sua passagem pelo Brasil.

Pelas plantas militares norte-americanas, sabe-se que foram construídos 440 prédios na

base de Parnamirim. Hoje, existem cerca de 200 edificações remanescentes da época. Sob o

comando do general Robert Legrow Walsh, Parnamirim era o Quartel General da Divisão do

Atlântico Sul do Air Transport Command - ATC. As instalações da antiga base, atualmente,

estão sendo usadas pelos esquadrões da aeronáutica, para sala de “briefings” dos pilotos e para

atividades administrativas do Catre.

28


5.1.1 -A Atividade de Correio em Parnamirim.

Imediatamente após a chegada dos primeiros soldados norte-americanos e da operacionalização

do Campo-base Parnamirim, foi instalado um serviço de correio (APO). Inicialmente

havia sido estabelecido um APO em Natal, de número 604. Logo a seguir, por conta da entrada

em funcionamento da base Parnamirim, outro APO surge, com número 643. Esse, trataria a

correspondência dos soldados lotados exclusivamente na base.

Junto ao serviço de correio, também um sistema de censura prévia às correspondências foi

imediatamente estabelecido, como é padrão para as forças armadas norte-americanas em época

de conflitos. A base foi oficialmente instalada em março de 1941, com o início dos procedimentos

de sua construção, tendo funcionado de modo ininterrupto até junho de 1945.

Figura 14: Inteiro Postal Pré-franqueado. APO 643 – Parnamirim Field (22/12/1942)

5.1.2 - Documentos Postais

O primeiro documento postal apresentado relativo a essa base (Figura 14) é um Inteiro

Postal para correspondência aérea pré-franqueado em 6c (valor padrão para franquia dos APO

simples circulados por via aérea), editado em 1942 pelo correio norte-americano, enviado do

Campo-base de Parnamirim (RN), “Parnamirim Field”, A.P.O. 643, para Filadélfia (EUA).

A marca datadora é do tipo 1, azul, com datador central (22 Dez 1942) “U.S. ARMY POSTAL

SERVICE - A.P.O.”. A marca de censura é do tipo 1, trilinear, sem moldura, na cor lilás “CEN-

SORED by the Commanding Officer - Per __ A.C. , U S”, além de marca, em vermelho,

aplicada no espaço vazio e referente à identificação/codificação do censor.

O documento apresentado na Figura 15, corresponde ao que poderíamos chamar de correspondência

padrão: inteiro postal aéreo, pré-franqueado em 6c, editado em 1942, enviado do

A.P.O. 643, Campo-base de Parnamirim, para Cologne (EUA). Apresenta marca datadora tipo

2, azul, com datador central (2 Aug 1944) “U.S. ARMY POSTAL SERVICE - A.P.O.”. A marca

de censura é do tipo 2 com moldura retangular e seção interna oval, com dupla cercadura, na cor

29


Figura 15: Inteiro Postal Pré-franqueado. APO 643 – Parnamirim Field (02/08/1944)

lilás “PASSED BY - ARMY EXAMINER - U S”. A anotação manuscrita no centro do segmento

oval é referente à identificação/codificação do censor. Observar que se trata de um segundo

tipo de marca de censura aplicada no mesmo campo/base. Isso é algo comum: variados tipos de

marcas datadoras e de censura aplicadas em um mesmo Campo-base.

O documento da Figura 16 é um envelope que pagou a franquia de 6c com selo aéreo e

circulou desde o Campo-base de Parnamirim (RN), “Parnamirim Field” A.P.O. 643, para Hudson

(EUA), em envelope padrão da “American Red Cross”. Apresenta marca datadora tipo 3,

azul, com datador central (7 Nov 1944) “U.S. ARMY POSTAL SERVICE - A.P.O.”. A marca de

censura é do tipo 3, circular com moldura única na cor azul “PASSED BY EXAMINER - BASE

0453 ARMY” com anotação manuscrita referente à identificação/codificação do censor (canto

Figura 16: Envelope padrão “Red Croos”. APO 643 – Parnamirim Field (07/11/1944)

30


Figura 17: Inteiro Postal tipo Thomas Jefferson (1 Cent). APO 643 – Parnamirim Field (25/01/1945)

inferior esquerdo) onde consta o nome e o número de identificação do censor militar. Trata-se de

um terceiro tipo de marca de censura aplicada à correspondências de um mesmo campo/base.

Documento interessante e incomum é o apresentado na Figura 17. É um Inteiro postal

autorizado, pré-franqueado em 1c (Tipo Green-Thomas Jefferson). Circulou do Campo-base de

Parnamirim (RN), A.P.O. 643, para Duquesne (EUA). O Carimbo datador corresponde ao tipo 3,

e a marca de censura é do tipo 2 com moldura retangular e seção interna com dupla cercadura

oval, na cor magenta “PASSED BY - ARMY EXAMINER - U S 46109”. Esse tipo de correspondência

é escassa e apresenta apenas a identificação do remetente na parte inferior, fugindo

ao padrão de identificação tradicional exigido pelo sistema então vigente para APOs. Chama

atenção ainda o fato de ter pago apenas o valor de 1 centavo de dólar e não apresentar marcas

de taxação.

5.2) Campo-Base Natal, Rio Grande do Norte

A base aeronaval localizada na cidade de Natal, além das funções de patrulhamento e

vigilância, atendia ainda a burocracia das forças norte-americanas estacionadas na cidade. Essa

base era responsável pelo controle das correspondências dos pequenos campos localizados nas

cidades de Camocim e Maceió. Todo o tráfego postal gerado nestas localidades correspondia ao

APO 604.

A Base Aérea de Natal entrou em operação em 13 de maio de 1942, funcionando até 20 de

fevereiro de 1946, quando foi descomissionada.

Os campos de Camocim e Maceió serviam como locais de apoio ao patrulhamento da costa

nordeste brasileira. Camocim não chegou a ser plenamente ativo. Iniciou suas atividades em

31


1 de outubro de 1942 e teve as atividades interrompidas em dezembro de 1942. Já o pequeno

campo da cidade de Maceió, foi ativo entre 1 de junho de 1942 e 20 de novembro de 1945.

5.2.2 - Documentos Postais

Figura 18: Envelope circulado entre A Base de Natal e o Estado da Pensilvania (12/01/1943).

A separação entre as localidades atendidas pelo APO 604 só pode ser feita através da

localização do remetente na data de envio da correspondência. A Figura 18 mostra um envelope

que pagou a franquia de 6c com selo aéreo e circulou desde a Base de Natal, A.P.O. 604

para a Pensilvania (EUA). O porte de 6c foi pago com selo aéreo cancelado por datador duplex

(marca do tipo 1), preta com datador central (JAN 12 1943) “U.S. ARMY POSTAL SERVICE

- A.P.O.”. A marca de censura é do tipo 1, trilinear, sem moldura, na cor lilás “CENSORED by

the Commanding Officer - Per __ A.C. , U S” e marca, em vermelho, aplicada no espaço vazio

referente à identificação/codificação do censor. Observar que o envelope utilizado assinala ser

para uso “Via Air Mail” “Correo Aereo”. Portanto, o militar que o envia deve ter trazido consigo

esse envelope de outra base, onde o espanhol fosse a língua dominante.

A Figura 19 é um inteiro postal pré-franqueado em 6c circulado entre a Base de Natal,

A.P.O. 604 e Bagorn, New Jersey (EUA), por via aérea. A marca datadora é do tipo 3, preta com

datador central (JUL 12 1943 604) “U.S. ARMY POSTAL SERVICE - A.P.O.” e a marca de

censura é do tipo 2 na cor magenta “PASSED BY - ARMY EXAMINER - U S” com assinatura

do censor na parte central do carimbo.

A Figura 20a, 20b e 20c apresenta um documento postal de uso muito pouco comum no

caso das bases norte-americanas em território brasileiro. Trata-se de um envelope de V-MAIL

utilizado aqui como envelope de carta comum. São conhecidos apenas 3 exemplares com estas

caracteristicas até o momento. Deve ser dito que não há nenhum registro de utilização de

32


Figura 19: Inteiro Postal circulado entre a Base de Natal e N. Jersey (16/07/1943).

Figura 20a: Parte frontal do envelope de V-MAIL circulado entre a Base de Natal e Bargone (12/03/1943).

V-MAILS na forma tradicional (com microfilmagem) em qualquer das bases norte-americanas

estabelecidas no Brasil. O documento circula entre a Base de Natal, A.P.O. 604 e West Wartford,

Connecticut (EUA), remetido por via aérea, e pagando porte de 6c com selo aéreo cancelado por

datador duplex do tipo 3, preta com datador central (MAR 12 1943 604) “U.S. ARMY POSTAL

33


Figura 20b: Verso do envelope de V-MAIL circulado entre a Base de Natal e Bargone (12/03/1943).

SERVICE - A.P.O.”. A marca de censura é do tipo 2 com moldura retangular e seção interna

com dupla cercadura oval, na cor magenta “PASSED BY - ARMY EXAMINER - U S 4697”

sendo este número a identificação do censor.

Figura 20c: Parte interna do envelope de V-MAIL circulado entre a Base de Natal e Bargone (12/03/1943).

34


5.3) Campo-Base Ibura (Ibura Field), Recife, Pernambuco

A cidade de Recife ganhou enorme importância no contexto da Segunda Guerra Mundial.

Com a chegada da Quarta Frota Norte-Americana, a cidade ganhou um “status” militar especial.

Nesta época, a pacata e provinciana cidade, se transformou em uma fortaleza militar, assoberbada

com um intenso tráfego de pessoal do Exército Brasileiro e Norte-americano, com aviões

do esquadrão “Fleet Air Wing 16” sobrevoando a região sem descanso utilizando-se do campo de

Ibura como sua principal base. O porto de Recife também foi alvo de intensa atividade militar

na época pois atendia prioritariamente aos navios norte-americanos utilizados na vigilância da

costa brasileira.

Esse complexo militar funcionou ainda de modo intensivo durante o transporte de soldados

e de material para o cenário de guerra no norte da África. A região do “Ibura Field”, correspondia

a uma grande área que incluía o porto de Recife (Figura 21), além de quartéis, depósitos

de munições, áreas de instrução e centros de treinamento, para as numerosas guarnições que

serviram à Quarta Frota Americana durante o período de conflito.

Figura 21: Vista da área do porto de Recife

Figura 22: O QG da 4ª. Frota Norte-americana

Além disso, foram ainda providenciados na cidade, locais que pudessem receber adequadamente

o Estado-Maior da Quarta-Frota Americana, já que em Recife, fixou-se o seu Quartel-

-General. O local, onde finalmente o QG foi instalado era um grande edifício de onze andares

no centro da cidade, a menos 2 Km de distância do porto, de onde era possível avistar os navios

atracados no cais.

As galerias desse edifício (indicado pela seta amarela na Figura 22), inicialmente destinado

a fins comerciais, foram alteradas, sendo removidas paredes para ampliar o espaço útil e com

isso acomodar mesas de trabalho, mesas telefônicas, interfones, arquivos de registros, além de

um enorme espaço onde se tinha o Mapa do Atlântico Sul, e por onde a progressão posições dos

navios e comboios era continuamente traçada e acompanhada.

Ainda que de maneira subordinada, a marinha britânica, também fez uso dessas instalações.

Unidades da Força Aérea Brasileira e destacamentos do Exército brasileiro, foram também

outros utilitários desse espaço. Todos esses fatores, transformaram a Cidade de Recife em

um reduto de primeira classe militar durante o período de duração do conflito. Deve-se ainda

reportar que a entrada do porto era protegida de maneira ininterrupta pelo velho couraçado

brasileiro São Paulo (Figura 23).

35


Logo que recebeu a incumbência

de comandar a Quarta-Frota Americana,

o Almirante Ingram estabeleceu a sede

(QG) da mesma nos arredores do porto de

Recife. Isso se deu em setembro de 1941.

O porto de Recife foi escolhido por estar

estrategicamente localizado, por ser um

porto natural e por estar localizado em

uma área que já contava com certo nível

de serviços necessários a grande empreitada

que se avizinhava. Além disso, o

Figura 23: O couraçado São Paulo da Marinha brasileira

porto apresentava potencial de crescimento o que permitiria que ele se expandisse para receber

os navios de grande porte que logo se fariam necessários e presentes.

Ao desembarcar em Recife, o Almirante Ingram e sua equipe analisaram cuidadosamente

o teatro de operações do Atlântico Sul, em face das ações projetadas para serem executadas

além do litoral brasileiro. Entretanto, o primeiro objetivo era patrulhar Atlântico Sul e perseguir

e caçar os perigosos U-Boats alemães, que invadiam as áreas bloqueadas entre o Cabo de

São Roque/Ilhas de Cabo Verde, provocando muitos estragos nos comboios civis e militares que

trafegavam pelo Atlântico Sul. Recife acabou por ser o centro das operações da Quarta Frota

até o fim das hostilidades. Em 12 de setembro de 1942 foi criada a FNN (Força Naval do Nordeste)

brasileira, que ficou subordinada ao controle do Almirante Ingram. “Ibura Field” (Campo

Ibura), em Recife, foi uma das mais importantes bases aeronavais instaladas fora do território

norte-americano. O campo de Ibura teve seu potencial utilizado ao máximo e sua construção foi

iniciada em maio de 1942. O plano original de basear seis aeronaves de patrulha foi alterado

para assegurar o funcionamento de dois esquadrões de bombardeiros-patrulha, juntamente com

as instalações para reabastecimento e da atracação temporária de um dirigível. Além disso,

foram construídas instalações para habitação e armazenamento, área de amarração de dirigível,

áreas de abastecimento, de reparos e área comercial para atender aos militares.

Associado ao estabelecimento do Campo de Ibura, durante o verão de 1942, foi construído

um hospital militar, “Knox Hospital”, com 150 leitos, inaugurado com a presença do Presidente

Norte-Americano F. Rooselvet. A reforma na área portuária também avançou rapidamente com

a construção de um depósito de combustível e de armazenagem de petróleo na área do cais,

iniciado em 4 de novembro de 1942. Tanques com capacidade de armazenagem de até 10.000

barris de petróleo foram construídos bem como suas ligações entre o porto e o campo de Ibura

foram estabelecidas. Um conjunto de construções voltado para o armazenamento de munição,

também foi construído, tendo sido concluído em dezembro de 1943.

5.3.1 A Atividade de Correio em Recife (Ibura Field).

Com o início das atividades militares em Recife, foi efetivada a instalação de um APO em

Recife, de número 675. Com a expansão do sistema de vigilância e criação de outras pequenas

36


bases ao longo do litoral brasileiro na mesma região, este número de APO também foi utilizado

para as seguintes pequenas bases: Aratu (BA), Ipitanga (BA), Caravelas (BA) e Fernando de

Noronha (PE).

5.3.2 Documentos Postais (Ibura Field).

A seguir serão apresentados três documentos referentes ao Campo-base de Ibrura. Na

Figura 24 tem-se um Inteiro postal Postal pré-franqueado em 6c circulado entre a Base de Recife

(Ibura), A.P.O. 675 e Fredrick, Maryland (EUA). Circulado por via aérea, foi cancelado por

datador duplex do tipo 2, preto com datador central (JUN 17 1944 675) “U.S. ARMY POSTAL

SERVICE - A.P.O.”. A marca de censura é do tipo 3 na cor azul “PASSED U S EXAMINER –

BASE 0426 ARMY” com assinatura do censor na parte de fora do carimbo.

Figura 24: Inteiro Postal circulado entre a Base de Recife e Maryland (17/06/1944).

O segundo documento (Figura 25) apresenta interessantes características: é livre de porte

e foi duplamente censurado. A correspondência seguiu livre de porte por conta de não ter sido

transportada por via aérea (e sim marítima) e por ser dirigida a outra instalação militar. Correspondências

que seguiam por via marítima até o local de triagem ou para outras bases, eram

isentas de pagamento de porte. A isenção do pagamento está assinalada pela anotação “FREE”

colocada à lápis na parte superior direita do documento. Circulou através do A.P.O. 676. Esse

número de APO foi usado para tratar as correspondências cujos emitentes não estavam lotados

de forma fixa na Base de Recife (Ibura Field). Foi endereçado para caixa postal naval do Navy

128 Fleet em São Francisco, California (EUA). Sua passagem pelo serviço postal militar norte-

-americano está assinalada por marca datadora duplex tipo 2, preta com datador central (676

?? 11 1944) “U.S. ARMY POSTAL SERVICE - A.P.O.”. A marca de censura é do tipo 3 na cor

magenta “PASSED U S EXAMINER – BASE 0815 ARMY” com identificação e assinatura do

censor na parte de fora do carimbo. Posteriormente a correspondência foi censurada mais uma

37


Figura 25: Correspondência circulada entre a Base de Recife e São Francisco (11/??/1944).

vez, possivelmente na chegada ao território norte-americano, como atesta a etiqueta de censura

“OPENNED BY U. S. ARMY EXAMINER”.

Outra correspondência com características distintas do padrão está mostrada na Figura

26. Isenta de porte, ela não apresenta marca de censura, além de ter sido reendereçada. A isenção

do pagamento está assinalada pela anotação “FREE” colocada à caneta na parte superior

direita do documento, que circula através do A.P.O. 676, e está endereçado a outra base militar,

o que garantia a isenção de porte. Neste caso a base destino estava localizada também no Brasil:

APO 603 campo base de Belém (PA). Entretanto, na chegada a este destino, foi reendereçada

de volta à Recife (APO 675) possivelmente pela mudança de localização do destinatário (um

Figura 26: Correspondência circulada entre a Base de Recife para Base de Belém e retornada.

38


tenente inglês da RAF). Sua passagem pelo serviço postal militar está assinalada por marca

datadora duplex do tipo 2, preto com datador central (676 MAR 13 1945) “U.S. ARMY POSTAL

SERVICE - A.P.O.”. Não apresenta qualquer marca de censura evidente, apesar de constar uma

assinatura no canto inferior esquerdo.

5.4 Campo Base Aratu.

Como dito, outras pequenas bases se relacionavam diretamente com a Base de Recife do

ponto de vista postal e a base localizada

em Aratu, Bahia, era uma delas. A marinha

dos Estados Unidos construiu, na

Figura 27a e b: Aspecto do campo base de

Aratu.

cidade de Salvador e arredores, duas bases: uma aeronaval em Aratu e outra, destinada a prestar

apoio logístico a “destroyers” (denominada Base “Baker”), localizada em frente ao porto de

Salvador, na área onde hoje funciona o Grupamento de Fuzileiros Navais da marinha brasileira.

Além destas, outra pequena base foi instalada na região de Ipitanga.

A base de Aratu era constituída apenas de um pequeno campo de pouso e um cais (Figuras

27a e 27b) que recebia hidroaviões de patrulha bem como pequenos aviões bombardeiros. Era

muito bem protegida por se localizar em uma pequena baía, dentro da baía de Todos os Santos

(Figura 28). Suas instalações incluíam alojamento, armazéns, 20 tanques de gasolina com capacidade

de 5.000 litros cada, hangar e lojas.

Figura 28: Campo base de Aratu: vista aérea.

39


A base teve suas atividades iniciadas em 13 de dezembro de 1941, sendo descomissionada

em junho de 1945. Por se tratar de uma instalação pequena, e de fluxo variável de militares

norte-americanos, a ela não foi associado um número de A.P.O. específico. A correspondência

ali gerada era transportada por um subsistema associado aos navios da marinha norte-americana

que patrulhavam a costa brasileira e que estavam autorizados a receber e transportar

correspondência até a base com A.P.O mais próxima, ou mesmo diretamente até um local de

distribuição em território de controle norte-americano. Neste último caso, este tipo de serviço

era denominado de F.P.O (Forces Postal Service).

5.4.1 Documentos Postais Aratu.

A Figura 29 mostra um exemplo deste tipo de serviço (F.P.O.). A correspondência circula

em envelope pré-franqueado em 6c, partindo da Base Naval de Aratu (BA) para Springfield

(EUA). Como o número do APO não é explicitado, a caracterização foi possível de ser feita através

do navio transportador (Navy 412) e ainda pela localização do remetente à época. O envelope

é cancelado por marca datadora tipo 11, na cor preta com datador central (FEB 10 1945) “U.S.

NAVY”.

Figura 29: Inteiro Postal circulado de Aratu para Springfield, Mass. EUA

A censura foi realizada por censor naval (marca tipo 8 na cor lilás “PASSED BY NAVAL

CENSOR” com assinatura do censor na parte central do carimbo. Neste caso a correspondência

não passou pelo Campo-base de Ibura na Cidade de Recife. Essa afirmação pode ser feita por

conta de a correspondência ter sido destinada ao processo de triagem em N. York e não em Miami,

além da ausência de marca datadora do APO de Recife. Triagens em N. York são relativas a

correspondências que seguiram por via marítima a partir do Brasil.

A correspondência mostrada na Figura 30 também partiu do campo base de Aratu e seguiu

com isenção de porte como mostra a palavra FREE escrita na parte superior direita do documen-

40


Figura 30: Correspondência circulada de Aratu para Miami, Florida, EUA

to. Entretanto, foi escrita por militar lotado em Recife conforme explicado na sua identificação:

APO 675. Pode ser considerado que se tratava de um capitão deslocado para algum tipo de

serviço em Aratu. O envelope é cancelado por um datador duplex tipo 8, circular, preto com

datador central (APR 15 1943) “U.S. NAVY”. A censura foi realizada por censor naval (marca

tipo 8 na cor lilás “PASSED BY NAVAL CENSOR” com assinatura do censor na parte central

do carimbo. Neste caso a correspondência passou pelo campo de Ibura, na Cidade de Recife, fato

caracterizado por ter sido destinada ao processo de triagem em Miami, apesar da falta de marca

datadora do APO de Recife.

Como curiosidade, esse é um dos poucos documentos circulados em envelopes nacionais

conhecidos. Isso fica explícito pelas cores verde e amarela, o texto em português e a marca

d`água do mesmo.

5.5 Campo Base Ipitanga.

Outra base localizada no litoral da Bahia e que tinha seu correio gerenciado pelo APO de

Recife, era a de Ipitanga. A base foi projetada, inicialmente, para alojar uma pequena tropa

do Exército que controlaria um conjunto de metralhadoras de defesa naval costeira. Teve sua

construção iniciada em janeiro de 1942. Posteriormente, a área ganhou uma pista pavimentada

de pouso de cerca de 2km de comprimento por 130m de largura. Nela ficaram lotados metade

de um esquadrão de patrulha além de dois “Blimps” (dirigíveis) usados em vigilância e para

obtenção de dados meteorológicos. Essa base foi descomissionada em julho de 1945.

5.5.1 Documentos Postais Ipitanga.

Distante de Recife, muitas vezes as correspondências desta base acabavam por seguir por

41


via marítima, sem transitar pelo APO 675/676. A Figura 31 mostra um Inteiro Postal pré-franqueado

em 6c, circulado desde a base de Ipitanga para King of Prussia, Pen. (EUA), cancelado

por carimbo datador duplex tipo 10, preto com datador central (JAN 31 1944) “U.S. NAVY”

com círculo interno. A identificação da base é possível pelo número de identificação que consta

no endereçamento do remetente (Navy 335). A censura foi realizada por censor naval (marca

tipo 8, preta) “PASSED BY NAVAL CENSOR” com assinatura do censor na parte central do

carimbo. Neste caso a correspondência não passou pelo campo de Ibura, na Cidade de Recife,

tendo seguido por via marítima até N. York onde foi realizada a triagem.

A Figura 32 apresenta uma correspondência circulada através de um F.P.O. Remetida

do campo de Ipitanga, na Bahia e que segue para Baldwin (EUA) em envelope pré-franqueado

Figura 31: circulada de Ipitanga para King of Prussia, Pa, EUA

Figura 32: Correspondência circulada de Ipitanga para Baldwin, EUA.

42


em 2c. Uma marca postal do correio civil norte-americano, assinala que a tarifa correta era de

6c (“AIR 6 MAIL”). O carimbo datador é do tipo 10a com datador central (14 Jun 1945) “U.S.

NAVY”. A marca de censura é do tipo 8 “PASSED BY NAVAL CENSOR”. Apesar de constar

que a tarifa correta era de 6c, não há indícios de que tenha sido taxada. Tal fato pode ser

explicado pela carta ter circulado por via marítima. Cartas militares norte-americanas assim

enviadas podiam circular com isenção de porte. A identificação da base é possível pelo número

de identificação constante no endereçamento do remetente, no caso, Navy 335.

Outro documento interessante e bem pouco comum e que partiu da base de Ipitanga é

mostrado na Figura 33. É um cartão resposta comercial circulado para Detroit, Michigan (EUA)

para a General Motors Corporation. Circulou livre de porte. O datador é do tipo 10 (OCT 6 1943)

“U.S. NAVY” e a marca de censura é do tipo 8, “PASSED BY NAVAL CENSOR”. Apresenta

um carimbo de recepção de 12 de outubro, mostrando a rapidez do serviço.

Figura 33 Cartão comercial circulado de Ipitanga para Detroit, Mass. (EUA).

5.6 Campos Bases Caravelas e Fernando de Noronha

Outras duas bases que serviam basicamente a guarda, pouso e manutenção dos “Blimps”,

estavam localizadas em Caravelas (Navy 150) e Fernando de Noronha (Navy 120).

A base de Caravelas tinha sido projetada para apoiar a presença de dirigíveis na região

sudeste/sul do Brasil. A construção das instalações teve início em outubro de 1943, em uma

área que servia de apoio às atividades da Air France na região. Em cinco meses, todas as obras

necessárias tinham sido concluídas e o local passou a apoiar o funcionamento de dois dirigíveis.

Contava com alojamento para 10 oficiais e até 40 soldados. A base foi descomissionada em agosto

de 1945, quando foi transferida, nos termos de acordo prévio, para o controle da Força Aérea

Brasileira. Até aqui temos um único registro de correspondência partindo de Caravelas que está

apresentado na Figura 34. É um envelope circulado livre de porte para Houston, Texas. A marca

datadora é do tipo 12na cor preta “U.S. APR 26 A.M. 1944 Navy”. A marca de censura é do tipo

9 “PASSED BY NAVAL CENSOR”, com espaço para assinatura do censor na parte central do

carimbo. Fato relevante é que a identificação do remetente não se apresenta completa. No verso,

apresenta marca de recebimento de 3/05/1944.

43


Figura 34 Correspondência circulada de Caravelas para Houston, Texas (EUA).

O arquipélago de Fernando de Noronha tem posição estratégica no controle da navegação

no Atlântico Sul. Sua importância era tal, que mesmo apresentando difíceis condições de montagem

da infraestrutura por conta da dificuldade de acesso, teve uso fixo pelas tropas norte-americanas

durante o período do conflito. No local, tropas norte-americanas dividiram o espaço

com forças militares brasileiras (Figura 35). Basicamente, essa base atendia a navios e “Blimps”

que se mantinham em constante patrulhamento no Atlântico Sul, predominando as atividades

contra os submarinos alemães.

A Figura 36 mostra uma correspondência circulada de Fernando de Noronha, recolhida

por navio da frota norte-americana (Navy 120), e endereçada para Philadelphia (EUA). O

Inteiro Postal de 6c foi cancelado por marca datadora tipo 10a em preto: “U.S. DEC 10 1943

Navy”. A marca de censura é do tipo 6 “PASSED BY NAVAL CENSOR”, com espaço para

assinatura do censor na parte central. A correspondência seguiu por via marítima já que sua

Figura 35: Aspecto do Campo-base e cerimônia de hasteamento de bandeiras em Fernando de Noronha.

44


triagem foi realizada na cidade de Nova York, sem passar por Recife. Portanto, não apresenta a

marca datadora do APO dessa cidade que, a princípio, controlava as correspondências vindas do

arquipélago. Por conta de ter seguido por via marítima, estaria isenta de porte.

Figura 36: Correspondência circulada Fernando de Noronha para Puiladelphia (EUA).

45


6) A atividade de Correio nos Campos-base no Norte

do Brasil

No norte do Brasil, as bases norte-americanas localizavam-se no Território (atual Estado)

do Amapá (APO 603) e na cidade de Belém (Val de Cans, Field - APO 603). Esses campos tinham

funções e tamanhos distintos. Encontram-se informações de atividade militar no ponto extremo

norte do Brasil: Oiapoque. Entretanto, não foi possível localizar qualquer documento postal que

corroborasse tal informação.

6.1 Campo Base do Amapá

A base norte-americana no Amapá, mais especificamente no distrito pertencente ao município

de Amapá, estava localizada entre um pequeno porto fluvial chamado Cajuriro, no rio

Amapá Grande (leste) e o rio da Rasa (norte). Situava-se a 15 quilômetros da cidade de Amapá.

Em termos de estrutura, era pequena, mas abrangia uma grande área física e era do tipo aeronaval.

A desapropriação de terrenos e imóveis para a implantação da área da Base Aérea,

incluindo benfeitorias, foi respaldada pelos decretos nº 14.431, de 31 de dezembro de 1943. Entre

vários colonos, quem mais perdeu terras foi Assad Antonio Sfair, que teve desapropriada uma

área de 6,09 milhões de m2 “para fins de utilidade pública”. Basicamente, esta base visava dar

suporte às ações de alguns dirigíveis (Blimps) e três bombardeiros patrulha, que compunham a

totalidade das forças lá posicionadas (Figura 37).

Os trabalhos de construção da Base Aérea de Amapá tiveram início em 1941, em obediência

ao decreto federal 3462, de 25 de julho de 1941, autorizando a realização de operações de

guerra em solo brasileiro. Nesse Campo-base, quando a construção da parte naval teve início,

em 22 de junho de 1943, o Exército norte-americano já havia completado cerca de 1.000 metros

da pista para pouso dos 1800 metros previstos.

Figura 37: Aspecto geral da base na cidade de

Amapá.

O primeiro avião a aterrissar nessa

Base foi uma “Fortaleza Voadora”, os famosos

B-29. Pousou com a pista ainda não pavimentada

e estava carregado com toneladas

de bombas para serem armazenadas no paiol

desta Base. Naquela época, boa parte das

instalações militares (alojamento, garagem,

oficinas e depósitos) já estavam prontas e

operacionais.

A chegada das forças da marinha norte-americana, obrigou a ampliação das instalações

com a construção de novos alojamento e instalações para as tripulações e do pessoal de manutenção.

Por fim, deve ser realçada a importância da base para a utilização dos “Blimps”. Já

com relação aos bombardeiros patrulha, esses só foram para lá dirigidos quando uma situação

tática específica exigia, não sendo área fixa de qualquer batalhão aéreo. A base guarda histórias

46


vitoriosas. Entre outros feitos, foram guarnições da marinha norte-americana nela estabelecida,

que destruíram, na costa do Amapá, vários submarinos alemães, entre eles o U-590 (em 9 de

julho de 1943) e o U-662 (21 de julho). O U-590 era comandado pelo 1º tenente Werner Kruel,

que antes já havia torpedeado um submarino americano no dia 4 de julho, perto de Belém. Hoje

no local, opera o principal aeroporto do Amapá, bem como a Base Aérea de Amapá da Força

Aérea Brasileira. Esta base foi descomissionada e passada ao controle militar brasileiro em 30

de junho de 1945.

6.1.1 Atividade de Correios e Documentos Postais da base de Amapá

Do ponto de vista da atividade do Correio norte-americano, a base recebeu o número 603

(APO 603), sendo este o mesmo número utilizado pela maior base da região norte, localizada na

Cidade de Belém. Logo, as correspondências geradas no Campo-base Amapá poderiam seguir

para Belém e serem despachadas via aérea para Miami. Entretanto, todas as correspondências

até aqui identificadas como originárias do Campo-base Amapá seguiram para triagem em Nova

York e circularam como FPOs, sendo, portanto, transportadas pelos navios da marinha norte-

-americana.

O documento da Figura 38 mostra uma correspondência livre de porte enviada desde a

base em Amapá para Washington (EUA). O datador é do tipo 12, na cor preta, “U.S. AUG 25

P.M. 1944 Navy”. Censura Naval tipo 8, de cor preta “PASSED BY NAVAL CENSOR”.

O Inteiro Postal (Figura 39) circula da base em Amapá para Williams Burg (EUA). O

datador é do tipo 10a, azul, “U.S. OUT 13 1943 Navy”. A marca de censura naval do tipo 6,

de cor preta com cercadura interna “PASSED BY NAVAL CENSOR” com espaçamento para

assinatura do censor.

Figura 38: Do Campo-base Amapá para Washington (EUA).

47


Figura 39: Do Campo-base Amapá para Williams Burg (EUA).

6.2 Campo Base de Val de Cans (Belém)

O campo base da cidade de Belém era maior e mais estruturado. Foi uma base aeronaval

de importância maior e antes de sua “transformação” em base para as tropas norte-americanas,

nela já operavam aviões de companhias aéreas brasileiras e norte-americana (Pan American).

A operação aérea nesse campo funcionava em duas pistas de 1800 metros de comprimento,

ambas pavimentadas. A esse complexo se associava ainda uma base para hidroaviões localizada

no porto de Belém. A construção de áreas para alojamento de soldados e instalações de abastecimento

para o Exército já estavam bem encaminhadas, quando se deu o início da construção

do aparato para o estabelecimento da marinha norte-americana. Duas áreas de estacionamento

pavimentadas, um hangar, bem como oficinas e demais estruturas foram construídas para permitir

a operação de pelo menos seis aeronaves de patrulha. A Marinha construiu ainda dois

grandes depósitos gerais e quatro tanques para a guarda de até 5.000 litros de combustível.

Uma rampa para operação dos hidroaviões também foi construída. Ao final das construções, a

base estava apta a operar e estacionar até 18 aviões. A base foi descomissionada e transferida

para a Força Aérea Brasileira em junho de 1945.Na área dessa base opera hoje o aeroporto

internacional Val de Cans, além de uma base militar brasileira.

(Belém).

6.2.1 Atividade de Correios e Documentos Postais do Campo-base Val de Cans

Correspondências circuladas a partir desse campo são bem mais comuns que aquelas associadas

ao campo da cidade de Amapá.

A Figura 40 mostra um envelope “tipo patriótico” circulado de Belém para Milwauke

(EUA). Pagou porte aéreo de 6c com selo aéreo cancelado com marca datadora do tipo 5, na cor

48


azul marinho: “U.S. ARMY POSTAL SERVICE – OUT 13 1943 A.P.O. 603”. A marca de censura

é do tipo 3, na cor magenta “PASSED BY - ARMY EXAMINER - BASE 0444 ARMY”. Além disso,

a correspondência foi censurada nos EUA como aponta a a etiqueta de censura “OPENED BY U.S.

ARMY EXAMINER”.

A Figura 41 apresenta um Inteiro Postal para correspondência aérea pré-franqueado em 6c

editado em 1942. Circulado de Belém para Freelenick (EUA). Foi cancelado por carimbo duplex tipo

5, preto: “U.S. ARMY POSTAL SERVICE – JUN 30 1943 5 PM - A.P.O. 603”. A correspondência

Figura 40: Do Campo-base Belém para Milwauke (EUA).

Figura 41: Do Campo-base Belém para Freelenick (EUA).

49


foi censurada na partida e apresenta carimbo do tipo 2 de moldura retangular e seção interna

oval com linha dupla na cor lilás “PASSED BY - ARMY EXAMINER - U S”, com assinatura

do censor na parte interna.

A Figura 42 mostra um envelope “tipo patriótico” circulado de Belém para Milwaukee.

Pagou a correta franquia aérea de 6c com selos cancelados por carimbo duplex do tipo 5, preto,

“U.S. ARMY POSTAL SERVICE – SEP 2 1943 5 PM - A.P.O. 603”. Censurado na partida,

apresenta carimbo do tipo 3 na cor magenta: “PASSED BY EXAMINER – BASE 0442 ARMY

- U S.”

Figura 42: Do Campo-base Belém para Milwaukee (EUA).

Figura 43 Do Campo-base Belém para Brooklyn (EUA).

50


Uma correspondência livre de franquia é mostrada na Figura 43. Circulado de Belém

para Nova York (mas com triagem na Flórida) mostrando carimbo datador tipo 6, em preto: “U.S.

ARMY POSTAL SERVICE – JUL 10 1942 PM – A.P.O”. O remetente pertence a marinha

norte-americana, mas a carta circulou pelo APO 603. Apesar disso, foi censurada pela marinha

norte-americana como mostra a marca do tipo 4 aqui na cor azul: “PASSED BY CENSOR U.

S. NAVY”, com espaço para assinatura do censor na parte central do carimbo.

Outro documento associado a essa base aqui apresentado (Figura 44) é um envelope com

franquia paga de 3c, circulado de Belém para Downington, Pensilvania. A marca datadora é

do tipo 3 na cor preta: “U.S. ARMY POSTAL SERVICE – NOV 11 19432 – 603 - A.P.O”. O

remetente pagou apenas metade do porte devido (remetida via aérea com triagem em Miami),

porém, não há indícios de que tenha sido taxada. Foi censurada no campo base de Belém apresentando

uma marca de censura do tipo 3 na cor magenta: “PASSED BY EXAMINER – BASE

0444 ARMY - US”.

Figura 44: Do Campo-base Belém para Downington, Pensilvania (EUA).

Por fim, apresento interessante envelope (Figura 44a) que, apesar de não ter circulado

pelo APO, faz a ele referência. Trata-se de carta registrada circulada de Porto Velho, cidade do

antigo Território de Rondônia, hoje estado, para Palm Beach, Flórida por soldado norte-americano

que faz sua identificação postal como sendo o APO 603 com triagem em Miami. A carta

circula por correio civil, mas com endereçamento referente ao APO 603 (Belém ou Amapá). A

correspondência circulou livre de censura.

51


Figura 44a: De Porto Velho, com identificação postal do remetente como sendo o APO 603. (acervo de

Henrique Cruz).

52


7) A atividade de Correio nos Campos-base no Sul e

Sudeste do Brasil.

No sudeste e sul do Brasil, as bases norte-americanas eram escassas. A distância do

cenário de guerra fazia com que uma menor importância estratégica fosse dada a essas regiões.

Apesar disso, uma grande e importante base (Santa Cruz Field) foi construída na cidade do Rio

de Janeiro, Distrito Federal, capital do Brasil à época. Nela, uma série de instalações burocráticas

se associavam às instalações militares. Além dessa, apenas uma outra pequena base foi

construída na cidade de Vitória, no estado do Espírito Santo.

7.1 Campo Base da cidade do Rio de Janeiro (Santa Cruz Field)

O campo base norte-americano localizado mais ao sul da costa brasileira estava localizado

na Cidade do Rio de Janeiro. Este campo atendia pelo número 676 (APO 676). Por este número

também circulavam as correspondências vindas de um pequeno campo de patrulhamento localizado

nas cercanias da Cidade de Vitória no Estado do Espírito Santo.

O campo base instalado na Cidade do Rio de Janeiro era estratégico no sentido político, já

que a Cidade do Rio de Janeiro era, à época, a capital federal do Brasil. A base na Cidade do Rio

de Janeiro foi construída na localidade de Santa Cruz, distante cerca de 40 km da parte central

da cidade e ao fundo da baía de Sepetiba. Inicialmente foi concebida como uma base aeronaval,

tendo a Marinha ordenado a construção de instalações padrão LTA (sistemas avançados de

patrulhamento costeiro).

Assistida pelo governo brasileiro, a base rapidamente foi colocada em funcionamento. Além

Figura 45: A base de Santa Cruz nos dias atuais, mantêm a configuração do período em que foi construída.

53


de hangares, alojamentos para tropas e depósitos de combustível e bombas, foram construídas

duas pistas de concreto com extensão de 1750 metros e largura de 56 metros e que contava ainda

com grandes áreas para taxiamento de aeronaves e áreas de parqueamento para aeronaves

(Figura 45).

A pista foi largamente utilizada pela NATS e pelos bombardeiros patrulha, já que dali partiam

os aviões que faziam todo o controle do litoral sul brasileiro. Tratava-se de uma instalação

estratégica por conta da enormidade territorial e marinha sob sua supervisão.

A base foi descomissionada pelos norte-americanos em setembro de 1945. Neste momento

todas as dependências foram transferidas para a custódia da Força Aérea Brasileira - FAB.

Nessa base também havia hangares exclusivos para aeronaves do tipo Zeppelin pré-existentes.

7.2 Breve Histórico

A história da Base Aérea de Santa Cruz está ligada de certa forma ao período colonial e

Imperial. Nesse local, na Fazenda de Santa Cruz, o Rei de Portugal, D. João VI, e o primeiro

imperador brasileiro, D. Pedro I passaram grande parte de suas vidas. Essa fazenda era local de

descanso da Família Real e teve importante significado para o desenvolvimento da região que a

cercava.

No período pré-guerra, em

março de 1934, o governo brasileiro

autorizou a empresa alemã “Luftschiffbau

Zeppelin” a estabelecer

uma linha aérea regular entre o

Brasil e a Europa. Foi escolhida a

Fazenda de Santa Cruz para a construção

de um aeroporto e hangares

para dirigíveis (Figura 46).

Dois anos mais tarde, o aeroporto,

ao ser inaugurado, recebeu

o nome de Bartolomeu de Gusmão.

A expansão das atividades aéreas,

Figura 46: hangar para Zeppelin. Único no mundo preservado

com suas características originais.

com a consequente evolução de conceitos e doutrinas afeitos à aviação, trouxe uma dimensão

maior ao embrião que tornar-se-ia hoje, uma das mais importantes instalações militares brasileiras.

Com o advento da 2ª Guerra Mundial, a Base Aérea de Santa Cruz (seu nome atual),

engajou-se no esforço bélico, recebendo, transferido do Campo dos Afonsos, o 1º Regimento de

Aviação brasileiro e com ele a missão de patrulhar nossas águas litorâneas. Mantinha também

uma Unidade de Treinamento Básico de Aviação, cuja finalidade era a de formar reserva de

pilotos do 1º Grupo de Aviação de Caça que lutava na Itália. Ao término da Guerra, o 1º Grupo

de Caça retorna à Santa Cruz e com a nova organização da Força Aérea, foi extinto o 1º Regi-

54


mento, passando esse “Campo-base” a chamar-se Base Aérea de Santa Cruz. A Base Aérea de

Santa Cruz, é hoje, dentro do contexto do Ministério da Aeronáutica, o maior complexo aéreo de

combate da Força Aérea Brasileira e onde estão localizados 4 das mais importantes unidades da

Força Aérea Brasileira.

7.2.1 Atividade de Correios e Documentos Postais do Campo-base Santa Cruz.

Como dito anteriormente esse campo base atendia pelo número 676. Para ilustrar o funcionamento

a partir deste campo apresentaremos alguns documentos postais. A Figura 47 apresenta

um envelope que circulou livre de franquia, do Rio de Janeiro para Chatanooga, Tennesse.

A marca datadora é do tipo 12 batida em preto: “U.S. - AUG – 17 – P.M. – 1943 - NAVY”. O

envelope circula como um FPO e mostra marca de censura naval do tipo 7 com tripla cercadura

externa e círculo concêntrico e espaço vazio para a assinatura do censor.

Figura 47: Do Campo-base Santa Cruz para Chatanooga, Tennesse. (EUA).

A Figura 48 apresenta um Inteiro Postal pré-franqueado em 2c. circulado do Rio de Janeiro

para Nova York. A marca datadora é do tipo 2 na cor preta: 676 - 5 Set 1945 “U.S. ARMY

POSTAL SERVICE - A.P.O.”. O remetente pagou apenas parte do porte devido (remetida via

aérea com triagem em Miami), e o envelope recebeu a marca retangular preta AIR 6c MAIL

foi censurada no campo base de Santa Cruz mas não apresenta marca de censura, apenas a

assinatura do censor no canto inferior esquerdo do documento. Deve ser realçado que a data

dessa correspondência já está no período pós-guerra.

Outro interessante documento é apresentado na Figura 49. Envelope do tipo Patriótico,

com correspondência circulada através do A.P.O. 676, “Santa Cruz Field”, para Cambridge,

55


Figura 48: Do Campo-base Santa Cruz para Broklin, New York. (EUA).

Figura 49: Do Campo-base Santa Cruz para Cambridge, Ohio (EUA).

Ohio (EUA). Circulou livre de porte (anotação manuscrita FREE). A marca datadora é do tipo

2 676 – FEB – 5 – 1947 “U.S. ARMY POSTAL SERVICE - A.P.O.” É uma correspondência

remetida pelo General Brigadeiro R. Nugent. Observe-se que a data da correspondência mostra

que a estrutura de atendimento às tropas norte-americanas continuou ativa mesmo após o

descomissionamento da base. No período pós-guerra, o A.P.O. 676 passou a atender as missões

aeronavais norte-americanas por conta de tratados militares. A correspondência em questão,

não foi censurada.

O envelope apresentado na Figura 50 não circulou pelo APO, mas faz referência ao serviço.

É uma carta registrada remetida do Departamento Administrativo do Serviço Público, órgão

56


Figura 50: Correspondência registrada e censurada endereçada ao APO 676. (acervo de Henrique Cruz).

subordinado à Presidência da República e endereçada a oficial responsável pelas finanças do

serviço de suprimentos das Forças Armadas Norte-Americanas do Atlântico Sul e direcionada

ao APO 676. Foi censurada na partida e re-endereçada para o destinatário pelo correio norte-americano.

7.2.2 Atividade de Correios e Documentos Postais do Campo-base de Vitória.

O campo base localizado nas proximidades da cidade de Vitória, Espírito Santo, foi dos

menores em tamanho e o de menor tempo de funcionamento (19 meses) e funcionava como

campo de apoio às atividades aéreas e navais praticadas no litoral sudeste do Brasil.

A correspondência gerada nessa base ficava a cargo do APO 676 (Santa Cruz Field).

Entretanto, até o momento, apenas um único documento postal pode ser associado a esta base.

Documentos dessa base, certamente estão entre os mais escassos no que se refere a atividade

postal das bases norte-americanas localizadas em território brasileiro.

A Figura 51 apresenta um envelope circulado da base de Vitória para Manchester, Iowa

(EUA). O remetente pagou o correto porte aéreo de 6c com selo cancelado por marca datadora

duplex tipo 8 na cor preta: “U.S. JUN – 12 - 676 – 1943 – A. M. – NAVY”. Censurada na partida

(censura naval) conforme a marca do tipo 9. Apesar de ter pago o porte aéreo a carta foi transportada

por via marítima (Navy 401) passando por triagem em N. York como seria esperado.

57


Figura 51: Do Campo de Vitória para Manchester, Iowa (EUA).

58


8) Considerações Finais.

O estudo deste aspecto da história postal brasileira nos leva a compreender uma série de

fatos relativos a participação brasileira na segunda guerra mundial. É certo que, por ser pouco

explorado, novidades surgirão com o prosseguimento dos estudos, principalmente no que se refere

aos procedimentos de transporte e entendimento de certos padrões relativos ao pagamento

(ou não) das franquias devidas. Esta contribuição, antes de tudo, pretende abrir caminhos para

que novos estudos se estabeleçam.

O estudo realizado ao longo de mais de 12 anos permitiu a compreensão das questões mais

básicas de instalação e funcionamento dos serviços postais funcionais dentro dos campos-base e

ativos na costa, via transporte por navios norte-americanos.

É certo que novas pesquisas ainda se mostram necessárias e devem ser realizadas em

arquivos militares norte-americanos. Acesso a esses arquivos é fundamental. Só a partir desse

material haverá acesso direto às listas das embarcações, dos militares envolvidos e movimentações

de tropas norte-americanas no período.

Em muitos casos a experiência mostra que só se consegue a definição correta de onde partiram

as correspondências se houver o domínio da informação dos navios envolvidos no transporte

das mesmas ou ainda pela localização do remetente. Portanto, para as cartas transportadas por

via marítima isso é essencial, já que as mesmas não recebem o carimbo datador que explicita a

data de expedição e o número do APO assinalado.

Importante realçar que mesmo nos grupos de estudos postais militares norte-americanos o

volume de informação referente à passagem das tropas norte-americanas pelo Brasil se mostra

muito pobre ou mesmo totalmente desconhecida a informação de que houve atividade de APO

no Brasil.

Tendo adquirido e manipulado um volume razoável desse tipo de material ao longo do tempo,

apresento abaixo uma escala de dificuldade para a correlação entre bases (campos) militares

e o nível de dificuldade em encontrar correspondências que a elas possam ser associadas.

Com base nestas premissas, pôde ser construído o quadro apresentado a seguir numa

escala de 1 a 5 onde o número 1 seria o mais facilmente encontrado e o número 5 o de maior

dificuldade.

59


Quadro 1: Grau de dificuldade para APO (Origem)

Local/ Número

Maior o número, maior o grau de dificuldade (1 a 5)

Grau de

dificuldade

Vitoria - 676 5

Bahia (Ipitanga) – 675 5

Bahia (Caravelas) – 675 5

Fernando de Noronha - 675 5

Amapá (Macapá) – 603 4

Igarapé-Assu - 620 4

Bahia (Aratu) – 675 4

Maceió – 604 4

Camocim – 604 3

São Luiz – Tiririca Field - 620 3

Fortaleza – Pici Field - 619 2

Belém (Val de Cans) - 603 2

Natal - 604 2

Rio de Janeiro (Santa Cruz Field) – 676 2

Parnamirim Field (Natal) - 643 1

Recife – Ibura Field – 675 1

O estudo das marcas datadoras e de censura postal também abre uma perspectiva interessante

de estudo por conta da grande variedade encontrada em ambos os casos. Algumas

dessas marcas mostram-se raras e eventualmente aparecem em combinação com envelopes com

origem em bases que produziram pouca correspondência, o que aumenta o nível de raridade do

documento postal como um todo.

De uma forma geral, as marcas, tanto datadoras quanto as de censura, associadas aos

documentos transportados pela marinha norte-americana se mostram mais escassas e mais

variadas. São também, como dito, mais difíceis de serem caracterizadas as origens (campos –

base) de tais correspondências.

No quadro 2, é apresentado um estudo de balizamento do grau de dificuldade para os tipos

e marca datadoras. No quadro 3, o mesmo é feito para as marcas de censura. A variação segue

uma escala de 1 a 5 onde o número 1 seria o mais facilmente encontrado e o número 5 o de maior

dificuldade.

60


Quadro 2: Grau de dificuldade relativo aos tipos de marcas datadoras

Marcas datadoras

Grau de

dificuldade

Tipo 1 3

Tipo 2 1

Tipo 3 1

Tipo 4 4

Tipo 5 3

Tipo 6 4

Tipo 7 5

Tipo 8 4

Tipo 9 2

Tipo 10 4

Tipo 10a 3

Tipo 11 4

Tipo 12 5

Tipo 13 5

Tipo 14 3

Tipo 15 5

Tipo 16 5

Tipo 17 2

Tipo 18 2

Maior o número, maior o grau de dificuldade (1 a 5)

Quadro 3: Grau de dificuldade relativo aos tipos de marcas de censura

Marcas datadoras

Grau de

dificuldade

Tipo 1 3

Tipo 1a 4

Tipo 2 2

Tipo 3 1

Tipo 4 5

Tipo 5 3

Tipo 6 5

Tipo 7 5

Tipo 8 3

Tipo 9 4

Maior o número, maior o grau de dificuldade (1 a 5)

61


Agradecimentos

Agradecimento muito especial ao filatelista e pesquisador norte-americano Stephen Rose

por sua atenção, interesse e colaboração na procura de artigos e informações que pudessem

ajudar na fase inicial dessa pesquisa. Vale o registro da valiosa ajuda prestada por L. D. Mayo,

da American Philatelic Research Library, na busca de material que ajudasse no entendimento

das questões aqui tratadas. Ao amigo filatelista Reinaldo Macedo pela amizade e estímulo à

produção deste material. Ao amigo e filatelista Claudio Coelho pela colaboração ao colocar seu

talento na reprodução de carimbos em meio digital, técnica usada para reproduzir as marcas

datadoras e de censura aqui apresentadas. Ao amigo filatelista Henrique Cruz, pesquisador da

história postal militar brasileira e que cedeu gentilmente imagens de peças de sua coleção aqui

apresentadas.

62


Bibliografia

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APOs, 1941-1947 – 7th Edition. MPHS editions.

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