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APOSTILA-13-07-23-alteracoes

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APOSTILA DE

LIBRAS

Nível Básico

Umuarama

2023


UNIÃO OESTE PARANAENSE DE ESTUDOS E COMBATE AO CÂNCER –

UOPECCAN

Leopoldo Nestor Furlan

Presidente

Wanderley Roque Rosa

Diretor da Unidade de Umuarama

Raphael Chalbaud Biscaia Hartmann

Diretor Técnico da Uopeccan de Umuarama

Alécio Rampazzo Neto

Diretor do Corpo Médico Uopeccan de Umuarama

Thiago Florencio da Silva

Vice-Diretor do Corpo Médico Uopeccan de Umuarama

Luciano Maldonado Felipe

Administrador

Kelyn Cristina da Cruz Aires

Gerente de Assuntos Institucionais

Elaine Tótoli de Oliveira

Coordenadora do projeto Uopeccan para Todos

Ana Carolina Pereira Campanha

Assessora Administrativa

Renata Otero Giroldo

Coordenação Administrativa do Projeto

Beatriz de Araújo Timóteo

Assessoria Administrativa do Projeto

Dilsan Gabriel Bonatto Luis

Diagramação e capa

Umurama

2023

2


Caro participante,

PALAVRA DA INSTITUIÇÃO

Seja bem-vindo (a) ao Curso de Libras Básico da Uopeccan!

É uma grande alegria recebe-lo (a) para compartilhar conhecimento, ainda

mais esse, que contribuirá para inclusão da pessoa surda nos serviços médicos

assistenciais.

Esperamos que ao longo das aulas, você conheça mais sobre a comunidade

surda, suas especificidades e saiam aptos a proporcionar um atendimento

ainda mais acessível, com dignidade e respeito ao indivíduo surdo.

O Curso de Libras Básico é uma iniciativa da Uopeccan, com apoio e patrocínio

do Programa Nacional de Apoio à atenção da saúde da pessoa com Deficiência

– Pronas do Ministério da Saúde.

Bons estudos.

Uopeccan.

3


Sumário

APRESENTAÇÃO.....................................................................9

1 - ASPECTOS EDUCACIONAIS E SOCIOANTROPOLÓGICOS

DA SURDEZ..........................................................................10

1.1 - CONCEITOS E TERMINOLOGIAS ...........................................................................10

1.2 - HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS NO MUNDO........................................11

1.3 - ORALISMO...................................................................................................................12

1.4 - COMUNICAÇÃO TOTAL............................................................................................13

1.5 - BILINGUISMO...............................................................................................................13

1.6 - HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS NO BRASIL..........................................14

1.7 - AS DIFERENTES CONCEPÇÕES DE SURDEZ..........................................................21

1.8 - CONCEPÇÃO CLÍNICO-TERAPÊUTICA.................................................................22

1.9 - CONCEPÇÃO SOCIOATROLÓGICA......................................................................22

1.10 - CULTURA SURDA E SEUS ARTEFATOS...................................................................23

1.11 - FORMAS DE SE COMUNICAR COM UMA PESSOA SURDA.............................25

1.12 - MITOS E CRENÇAS RELACIONADAS A LIBRAS E AOS SURDOS.....................26

2 - ASPECTOS LINGUÍSTICOS DA LIBRAS..............................30

2.1 - PARÂMETROS CONSTITUTIVOS..............................................................................30

2.2 - NIVEIS LINGUÍSTICOS................................................................................................36

2.3 - FONÉTICA....................................................................................................................37

2.4 - MORFOLOGIA............................................................................................................37

2.5 - SINTAXE........................................................................................................................38

2.6 - TIPOS DE FRASES........................................................................................................43

2.7 - VARIAÇÃO LINGUÍSTICA..........................................................................................45

2.8 - SIGNWRITING...............................................................................................................47

2.9 - SISTEMA DE TRANSCRIÇÃO PARA A LIBRAS.........................................................54

2.10 - GÊNERO NA LIBRAS.................................................................................................56

2.11 - SINAIS COMPOSTOS...............................................................................................57

2.12 - PRONOMES PESSOAIS............................................................................................59

2.13 - PRONOMES INTERROGATIVOS.............................................................................63

2.14 - PRONOMES DEMONSTRATIVOS E ADVÉRBIOS DE LUGAR..............................64

2.15 - ADVÉRBIOS DE TEMPO............................................................................................64

2.16 - ADJETIVOS NA LIBRAS.............................................................................................66

3 - AQUISIÇÃO DE VOCABULÁRIO DA LIBRAS......................69

3.1 - ALFABETO MANUAL....................................................................................................69

4


3.2 - APRESENTAÇÃO E SAUDAÇÃO................................................................................70

3.3 - FAMÍLIA.........................................................................................................................73

3.4 - NUMERAIS.....................................................................................................................74

3.5 - VALORES MONETÁRIOS............................................................................................76

3.6 - CALENDÁRIO E EXPRESSÕES DE TEMPO..............................................................77

3.7 - HORA (CRONOLÓGICA E DE DURAÇÃO).............................................................79

3.8 - MEIOS DE COMUNICAÇÃO.....................................................................................82

3.9 - MEIOS DE TRANSPORTE............................................................................................83

3.10 - ALIMENTOS................................................................................................................83

3.11 - ANIMAIS......................................................................................................................84

3.12 - LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA..............................................................................85

3.13 - SURDOCEGUEIRA.....................................................................................................88

3.14 - CORES E TONALIDADES...........................................................................................93

4 - SAÚDE EM LIBRAS............................................................94

4.1 - PROFISSIONAIS DE SAÚDE........................................................................................95

4.2 - ESPECIALIDADES MÉDICAS.......................................................................................95

4.3 - CORPO HUMANO E RESPECTIVAS DOENÇAS.....................................................95

4.4 - SEXUALIDADE.............................................................................................................100

4.5 - HIGIENE PESSOAL.....................................................................................................101

4.6 - OBJETOS, EQUIPAMENTOS E EXAMES ..............................................................102

4.7 - LOCAIS E DEPENDÊNCIAS DE UM HOSPITAL OU CLÍNICA.............................102

4.8 - TRADUTOR INTÉRPRETE DE LIBRAS NO CONTEXTO CLÍNICO.......................104

REFERÊNCIAS......................................................................107

5


Lista de Figuras

Figura 1 - Classificação do grau de perda auditiva................................................21

Figura 2 - Parâmetros da Libras......................................................................................29

Figura 3 - Tabela de configurações de mãos.............................................................30

Figura 4 - Sinais configurados com letras do alfabeto.............................................31

Figura 5 - Sinais com pontos de articulação diferentes...........................................31

Figura 6 - Sinais com movimentos diferentes................................................................32

Figura 7 - Movimento retilíneo.........................................................................................32

Figura 8 - Movimento sinuoso...........................................................................................33

Figura 10 - Movimento circular........................................................................................33

Figura 9 - Movimento angular..........................................................................................33

Figura 11 - Movimento semicircular.................................................................................34

Figura 12 - Movimento helicoidal....................................................................................34

Figura 13 - Sinais com orientação/direcionalidade inversa....................................35

Figura 14 - Sinais com expressões faciais diversas....................................................35

Figura 15 - Espaço de sinalização das frases na Libras..........................................38

Figura 16 - Verbo com movimento direcionado ao referente..................................40

Figura 17 - Variações regionais do sinal da cor VERDE...........................................44

Figura 19 - Variação histórica do sinal da cor AZUL...............................................45

Figura 18 - Variação social do sinal de AVIÃO..........................................................45

Figura 20 - Sinais escritos em SW....................................................................................46

Figura 21 - Sistema de notação de dança..................................................................46

Figura 22 e 23 - Configurações de mão - Configurações do tronco...................47

Figura 24 - Posição da palma da mão.........................................................................47

Figura 25 - Símbolos de contato....................................................................................48

Figura 26 - Movimento de cabeça................................................................................48

Figura 27 - Configuração dos dedos............................................................................48

Figura 28 - Símbolos dos dedos......................................................................................49

Figura 29 - Expressão das sobrancelhas......................................................................49

Figura 30 - Expressões da boca.....................................................................................49

Figura 31 - Expressões dos dentes..................................................................................50

Figura 32 - Expressões da língua....................................................................................50

Figura 33 - Expressões do nariz.......................................................................................50

Figura 34 - Expressões dos olhos.....................................................................................51

Figura 35 - Expressões da bochecha.............................................................................51

Figura 36 - Posição da cabeça......................................................................................51

6


Figura 37 - Símbolos diversos relacionados à cabeça.............................................52

Figura 38 - Posição dos ombros......................................................................................52

Figura 39 - Alfabeto SignWriting......................................................................................52

Figura 40 - Sinal GUARDA-CHUVA...................................................................................57

Figura 41 - CAVALO^LISTRAS (Libras).............................................................................57

Figura 42 - Zebra (português).........................................................................................57

Figura 43 - CASA^ESTUDAR (Libras)................................................................................58

Figura 44 - Escola (português)........................................................................................58

Figura 45 - Alfabeto Manual............................................................................................68

Figura 46 - Apresentação em Libras..............................................................................69

Figura 47 - Saudação em Libras.....................................................................................70

Figura 48 - Números cardinais..........................................................................................74

Figura 49 - Números ordinais.............................................................................................74

Figura 50 - Números quantitativos...................................................................................75

Figura 51 - Calendário em Libras....................................................................................76

Figura 52 - Alfabeto manual tátil....................................................................................90

7


Lista de Quadros

Quadro 1 - Elementos que identificam uma palavra e um sinal..............................37

Quadro 2 - Independência sintática da Libras..........................................................39

Quadro 3 - Ordem básica da frase em Libras............................................................40

Quadro 4 - Sentenças com verbos simples...................................................................40

Quadro 5 - Sentenças com verbos com concordância.............................................41

Quadro 6 - Sentenças com marca de tópico..............................................................42

Quadro 7 - Construções em foco contrastivo..............................................................42

Quadro 8 - Sentenças em foco duplicado...................................................................42

Quadro 9 - Negação com incorporação de movimento e orientação, na Libras

.................................................................................................................................................44

Quadro 10 - Verbo de negação acompanhado por aceno de cabeça, na Libras.........................................................................................................................................44

Quadro 11 - Transcrição da língua portuguesa para Libras em glosas..............55

Quadro 12 - Ausência de preposição na transcrição para a Libras...................55

Quadro 13 - Letra minúscula para indicar pontuação e intensificação..............55

Quadro 14 - Uso do símbolo arroba.............................................................................56

Quadro 15 - Uso do símbolo arroba após o “r”.........................................................56

Quadro 16 - Pronomes possessivos em Libras..............................................................56

Quadro 17 - Exceção do uso do símbolo arroba......................................................57

Quadro 18 - Flexão nominal de número........................................................................57

Quadro 19 - Marcação dos advérbios de tempo na Libras...................................66

Quadro 20 - Cumprimentos básicos................................................................................72

Quadro 21 - Diálogo formal..............................................................................................72

Quadro 22 - Diálogo informal...........................................................................................73

Quadro 23 - Pessoas do contexto familiar....................................................................74

Quadro 23 - Dias, meses, anos e advérbios.................................................................77

8


APRESENTAÇÃO

Com o intuito de diminuir as barreiras comunicativas existentes entre as pessoas

surdas, usuárias da Língua Brasileira de Sinais (Libras), e os profissionais de saúde, e

também de amparar e respaldar o direito linguístico desse público, a Uopeccan com o

apoio do Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Atenção à Pessoa com

deficiência (PRONAS), propõe um curso de Libras básico aos profissionais de saúde. Para

tanto, desenvolvemos este material a fim de direcionar os estudos e propiciar conhecimento

acerca da Libras, dos surdos e da surdez.

Todavia, antes de aprenderem a Libras, os participantes conhecerão um pouco da

história das pessoas surdas tanto no mundo quanto no Brasil, as principais leis que buscam

garantir a inclusão social desses sujeitos e o direito de acesso à saúde por meio de

sua primeira língua, a Libras.

Além disso, os aprendizes compreenderão as diferentes concepções de surdez

construídas socialmente, as principais abordagens educacionais que permeiam os princípios

educativos dos sujeitos surdos, os aspectos linguísticos da Libras e sua relação

com o processo de leitura e escrita da língua portuguesa como segunda língua para esse

público.

Aprenderão, também, o conceito de Cultura Surda, sob a perspectiva dos Estudos

Surdos, a fim de compreenderem a influência de seus artefatos culturais na compreensão

de mundo das pessoas surdas e as diferenças culturais entre surdos e ouvintes.

Na sequência, adentrarão ao mundo dos surdos e da cultura visual, por meio de

uma diversidade de vocábulos em Libras, divididos em campos semânticos de modo a

facilitar o aprendizado.

Depois de adquirirem a base de conhecimento supracitada, será dado ênfase aos

sinais da área da saúde e à realização de diálogos formais e informais, além de outras

práticas de conversação ligadas às situações do cotidiano área da saúde em consonância

com a realidade das pessoas surdas ao procurar atendimento.

A autora.

9


1 - ASPECTOS EDUCACIONAIS E SOCIOAN-

TROPOLÓGICOS DA SURDEZ

1.1 - CONCEITOS E TERMINOLOGIAS

No campo dos estudos das línguas de sinais, existem algumas terminologias utilizadas,

com o intuito de auxiliar os leitores na compreensão dos conteúdos abordados,

de acordo com Quadros (2019). Confira no glossário quais são as principais:

Surdo: é como se identifica a pessoa que é surda, identificação considerada a mais

apropriada entre os surdos que usam a língua de sinais.

Surdo-mudo: É uma forma antiga de se referir aos surdos. Atualmente, os surdos

consideram essa forma politicamente incorreta, pois a expressão ‘mudo’ indica impossibilidade

de fala, o que não expressa, de fato, a identidade surda. Os surdos podem falar e

usam uma língua de sinais para se expressarem.

Deficiente auditivo: É um termo usado para se referir aos surdos a partir da perspectiva

médica. Os surdos que fazem parte das comunidades surdas e usam uma língua

de sinais, normalmente, não utilizam o termo ‘deficiente auditivo’, pois preferem se referir

a si mesmos como ‘surdos’. O termo deficiente auditivo é adotado também por surdos

que não aprendem a língua de sinais. São aqueles que, em sua maioria, são parcialmente

surdos e que adotam a língua portuguesa oral como forma de comunicação, além disso,

fazem uso de recursos, como aparelhos de amplificação sonora individual, implantes cocleares,

entre outros.

Comunidade Surda: Trata-se de um grupo de pessoas que participam e compartilham

dos mesmos interesses em prol das pessoas surdas, em uma determinada localização

(STROBEL, 2008). A comunidade surda não é composta apenas por surdos, mas

também por pessoas ouvintes (familiares de surdos, intérpretes, professores, amigos e

outros).

Povo surdo: Grupo de pessoas surdas que possui, história, língua, costumes em

comum e mantém as mesmas particularidades, construindo sua visão de mundo por

meio de experiências visuais.

Identidade surda: Essa expressão se relaciona a identificação da pessoa dentro

da comunidade surda, com o sentimento de pertencimento ao grupo sociocultural de

surdos de determinado local, região ou país, e até mesmo internacionalmente. Segundo

Ladd (2003), “identidade surda” tem a ver com as pessoas surdas que usam as línguas de

sinais e se reconhecem enquanto surdos a partir de determinada perspectiva sociocultural.

Pedagogia bilíngue: É uma categoria de formação que visa formar educadores

bilíngues, habilitados em Libras e em Língua Portuguesa, para atuarem na educação de

surdos e ouvintes. Esses profissionais são capazes de atender aos alunos em sua primeira

língua utilizando metodologias de ensino apropriadas.

Pedagogia visual (ou pedagogia surda): É uma metodologia de educação de surdos

que visa atender de forma satisfatória as especificidades desses sujeitos considerando

seus aspectos culturais. Por meio dela é destacada a importância das experiências visuais

alinhadas às tecnologias para potencializar a aprendizagem dos estudantes surdos.

10


1.2 - HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS NO MUNDO

Para que o processo de educação de surdos seja compreendido é preciso que o

leitor tenha uma ampla visão de sua história a fim de conhecer as fundamentações teóricas,

filosóficas e ideológicas que a sustentam.

Neste material, a versão contada foi privilegiada, principalmente, pelo discurso de

pesquisadores surdos, tais como, Karin Strobel (2008, 2009), Gladis Perlin (1998), Perlin e

Strobel (2008), Éden Veloso e Valdeci Maia (2011), entre outros autores não surdos considerados

clássicos nos Estudos Surdos.

A educação de surdos foi concebida com base em documentos e movimentos internacionais.

Os primeiros registros sobre a história dos surdos na antiguidade, especificamente,

na Grécia e Roma, os apresentam como pessoas que deveriam ser sacrificadas,

pois eram consideradas improdutivas para a sociedade (PERLIN, 1998).

No Egito e na Pérsia, os surdos eram considerados criaturas divinas que se comunicavam

em segredo com os deuses. Assim, eram respeitados, protegidos e adorados,

porém, não tinham vida ativa e não eram educados.

Nessa época, o filósofo Aristóteles acreditava que se os surdos não falassem, não

possuiriam linguagem e tampouco pensamento, considerava a audição o sentido responsável

pelo desenvolvimento da inteligência e do conhecimento, portanto, considerava

os surdos desprovidos de razão e incapazes de aprender.

Esse pensamento influenciou as práticas sociais da época e grande parte da Idade

Média. Os surdos foram privados do acesso à instrução, que significava ler, escrever e

calcular. Nesse período, os surdos se comunicavam utilizando alguns gestos caseiros,

visto que nas famílias não havia comunicação formal e os surdos viviam distantes do

convívio social (FERNANDES, 2012).

Na Idade Média houve forte influência da igreja católica na vida dos sujeitos surdos

que, também, eram por ela desvalorizados, considerados estranhos à sociedade, proibidos

de se casarem, de receberem heranças, de votar e de comungar, tudo isso por não

conseguirem confessar seus pecados oralmente (STROBEL, 2009).

Nesse período, pedagogos e filósofos dedicados à educação discutiam sobre a

possibilidade de “integração social” dos sujeitos surdos e iniciaram alguns atendimentos

de cunho filantrópico e assistencialista. De acordo com as autoras, as famílias dos surdos

os entregavam para instituições e asilos (em regime de internato) até serem considerados

preparados para o convívio familiar, fato que só vinha a acontecer no início da vida

adulta.

Na Idade Moderna, o médico e filósofo italiano Girolamo Cardano (1501-1576) foi

um dos primeiros a reconhecer que a surdez não comprometia a cognição e afirmava que

a melhor forma de os ensinar era por meio da escrita. Embora Girolamo também utilizasse

gestos para se comunicar com os surdos (STROBEL, 2009).

Esse pensamento deu início a diversas tentativas de experiências pedagógicas

nos países europeus, com vistas a encontrar o método mais adequado para ensinar surdos

(FERNANDES, 2012).

Na Espanha, o monge beneditino Pedro Ponce de León estabeleceu a primeira escola

para surdos em um monastério, há dois irmãos surdos da nobre família Valesco, que

depois de aprenderem a ler, a escrever e a falar, conquistaram o direito de receber he-

11


rança, e um deles se tornou padre. Ponce de León usava como metodologia o alfabeto

manual, a escrita e a oralização (STROBEL, 2009).

Ainda na Espanha, em 1620, Juan Pablo Bonet, publicou o primeiro livro sobre a

educação de surdos em que expunha o seu método oral, além de aprimorar o sistema de

sinais utilizado por Pedro Ponce de León. Pablo Bonet ficou conhecido como o inventor

do alfabeto manual.

Outro fato importante foi a publicação do livro Philocopus, pelo médico inglês,

John Bulwer, em 1648, no qual preconizava a utilização do alfabeto manual, da língua de

sinais e da leitura labial, além de afirmar que a língua de sinais era capaz de expressar os

mesmos conceitos que a língua oral. Ele foi o primeiro inglês a desenvolver um método

de comunicação formal entre surdos e ouvintes. Ele acreditava que a língua de sinais era

universal e constituída por elementos icônicos (STROBEL, 2009).

1.3 - ORALISMO

Na Alemanha, em 1755, Samuel Heinicke foi reconhecido como o “Pai do Oralismo

puro”, iniciou as bases da filosofia oralista, que valorizava somente a fala. Em 1778, Heinicke

fundou a primeira escola de oralismo puro em seu país (STROBEL, 2006). O oralismo

era conhecido, também, como modelo clínico-terapêutico, pois percebia a surdez e a

ausência da fala como uma doença a ser curada ou uma deficiência a ser minimizada pela

estimulação auditiva. Seus adeptos acreditavam que somente pela reabilitação é que as

pessoas surdas ou com deficiência auditiva poderiam aprender a língua oral e integrar-se

na sociedade ouvinte, se aproximando da “normalidade” (GOLDFELD, 2002).

Em 1750, na França, Abade Charles Michel de L’Epée inicia o processo de educar

duas irmãs gêmeas surdas que se comunicavam por meio de gestos. Desde então,

L’Epée passou a manter contato com surdos carentes que viviam em Paris, em busca de

aprender sua forma de comunicação e iniciar os primeiros estudos sobre a língua de sinais

(GOLDFELD,1997).

L’Epee procurou instruir alguns surdos com um método que combinava a língua de

sinais e a gramática francesa sinalizada, denominado “Sinais metódicos”. L’Epée foi criticado

por seu trabalho pelos educadores oralistas, entre eles, Samuel Heinicke (VELOSO;

MAIA, 2011). Foi Abade L’Epée que fundou a primeira escola pública para surdos na França,

o “Instituto para Jovens Surdos e Mudos de Paris”, onde treinou muitos professores

de surdos. Ele publicou sobre o ensino de surdos por meio de sinais metódicos, além de

utilizar algumas regras sintáticas e o alfabeto manual criado por Pablo Bonne (STROBEL,

2006).

A abordagem gestualista de L’Epée reconheceu a Língua de Sinais Francesa (LSF)

como o único meio apropriado de se comunicar com os surdos e de eles desenvolverem

o pensamento. Esse modelo trouxe significativas contribuições para a integração dos

sujeitos surdos na sociedade, pois conseguiam se expressar tanto pela língua de sinais

quanto pela escrita. A LSF ficou conhecida como a primeira língua de sinais do mundo

e passou a ser a base de todas as outras em todos os países do mundo (FERNANDES,

2012).

Em 1814, Thomas Hopkins Gallaudet e o professor surdo Laurent Clerc, melhor aluno

da escola de surdos de Paris, fundaram a primeira escola para surdos nos Estados

Unidos. O sucesso da escola levou à abertura de outras escolas de surdos no país. Na

12


época, quase todos os professores já utilizavam a língua de sinais e vários deles eram

surdos (VELOSO; MAIA, 2011).

Em 1855, o professor surdo Edouard Huet, com experiência de mestrado e outros

cursos em Paris, mudou-se para o Brasil sob beneplácito do imperador D. Pedro II, com a

intenção de juntos, abrirem uma escola para surdos (STROBEL, 2009). Dessa forma, em

1857, foi fundada a primeira escola de surdos do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, o

Imperial Instituto dos Surdos-Mudos (IISM), conforme será visto adiante.

Em 1864, foi fundada a primeira Universidade Nacional para Surdos nos Estados

Unidos, a Universidade Gallaudet (Gallaudet University), em Washington, um sonho de

Thomas Hopkins Gallaudet realizado por seu filho, Edward Miner Gallaudet. Trata-se de

uma universidade referência para todo o mundo, pois é a única instituição educacional

cujos programas são todos desenvolvidos especificamente para pessoas surdas (VELO-

SO; MAIA ,2011).

Em 1880, foi realizado o Congresso Internacional de Surdo-Mudez, em Milão, na

Itália, no qual foi determinado que o método oral deveria ser adotado pelas escolas de

surdos em todo o mundo, sendo considerado, por alguns, como o mais adequado para

ensiná-los. Desde então, a língua de sinais passou a ser oficialmente proibida (VELOSO;

MAIA, 2011).

O evento impactou de forma negativa a educação dos surdos causando transformações

em direção oposta ao que vinha sendo descoberto sobre a língua de sinais e

as potencialidades dessas pessoas. A partir desse congresso, mais precisamente, no

século XX, todas as escolas de surdos do mundo foram forçadas a proibir o uso da língua

de sinais e seu objetivo principal passou a ser a oralização e o domínio da fala, ficando os

conteúdos das disciplinas escolares procrastinados, prejudicando o nível de escolarização

desses alunos (GOLDFELD, 1997).

1.4 - COMUNICAÇÃO TOTAL

O descontentamento com o oralismo oportunizou, na década de 1970, o surgimento

de uma nova filosofia educacional para surdos, a Comunicação Total, que segundo

Stewart (1993, p. 118) “é a prática de usar sinais, leitura orofacial, amplificação e alfabeto

digital para fornecer inputs lingüísticos para estudantes surdos, ao passo que eles podem

expressar-se nas modalidades preferidas”, ou seja, um modelo misto em que associava

a oralidade e o uso de sinais, acreditando que possibilitasse sua comunicação e

sua aprendizagem (PERLIN; STROBEL, 2008). Segundo as autoras, essa nova proposta

educacional, de certa forma, buscava valorizar e aprimorar língua de sinais.

Não obstante, a Comunicação Total também não produziu resultados satisfatórios

como filosofia educacional para surdos, pois defendia o uso simultâneo de duas línguas

(a oral e a de sinais), e por se tratar de duas línguas de modalidades distintas, também

dificultava a aprendizagem dos alunos surdos (STREIECHEN, 2017).

1.5 - BILINGUISMO

Depois da Comunicação Total, a língua de sinais novamente passa a ser evidenciada

pela comunidade surda e vista como a língua de instrução ideal para eles. Doravante,

se fortalecem as discussões sobre a educação de surdos em uma perspectiva bilíngue,

13


fato que resultou em política linguística (DIAS; ANACHE; MACIEL, 2020) que perdurou até

os dias atuais.

Para elucidar o que é a educação numa perspectiva bilíngue, Quadros (1997), explica

que, no caso dos surdos, o bilinguismo é uma proposta educacional que considera a

língua de sinais a sua primeira língua (L1) e, a partir dela, é ensinada a Língua Portuguesa

como segunda língua (L2), na modalidade escrita.

O bilinguismo começou a ganhar força a partir da década de 1980 e tem sido a proposta

utilizada na contemporaneidade, por ser considerada a mais eficaz e que melhor se

aproxima dos ideais surdos (OLIVEIRA et al, 2022).

Essa proposta é adotada por instituições que visam tornar acessível duas línguas

no contexto escolar (a de sinais e a língua oral escrita) aos alunos surdos, visto que nem

todas essas pessoas conseguem desenvolver a habilidade da fala (OLIVEIRA et al, 2022).

A esse respeito, Stumpf (2009, p. 247), doutora e pesquisadora surda, elucida que a

educação bilíngue “[...] é vista não apenas como uma necessidade para os alunos surdos,

mas sim como um direito, tendo sempre como base o pressuposto de que as LS são patrimônios

da humanidade e que expressam as culturas das comunidades surdas”. Além

de preservar a identidade e a cultura da comunidade surda (GUARINELLO et al, 2013).

A história da educação de surdos permanece em contínua evolução, apesar de ter

havido impactos marcantes, vivemos momentos históricos caracterizados por mudanças

e conflitos, mas também pelo surgimento de novas oportunidades.

1.6 - HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS NO BRASIL

No Brasil, a origem da educação de surdos se deu no período imperial quando D.

Pedro II interessado pela educação de surdos, convidou o professor surdo francês Edouard

Huet, ex-aluno do Instituto de Educação de Surdos de Paris, para juntos, em 1857,

fundarem a primeira instituição de educação de surdos no país que passou a se chamar

Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES (SANTOS; BATISTA, 2019). Essa instituição,

inicialmente, atuava em regime de internato e, aos alunos surdos, eram ensinados

conteúdos disciplinares para sua profissionalização e outros (CONRAD, 2011). Com isso,

iniciou o ensino formalizado para surdos no país (SILVA, 1998).

O professor surdo Edouard Huet, enfrentou grandes dificuldades para conquistar

a confiança das famílias brasileiras, visto que elas, não o reconheciam como cidadão e

tampouco confiavam em seu trabalho pedagógico, pelo simples fato de ser surdo (STRO-

BEL, 2008).

No entanto, em dezembro de 1857, Huet apresentou a todos, inclusive ao imperador

D. Pedro II, os resultados de seu trabalho com os alunos surdos, causando boa impressão.

Logo, as famílias passaram a respeitar e acreditar em seu trabalho (STROBEL,

2009). Atualmente, o INES é reconhecido nacionalmente como instituição referência em

educação de surdos, ofertando a educação básica, cursos de Libras, produção de material

didático bilíngue, ensino superior e pós-graduações Lato Sensu e Stricto Sensu,

bilíngue.

Famílias de diversas partes do Brasil traziam seus filhos surdos para estudarem no

INES, e eram ensinados por meio do alfabeto manual francês, da leitura labial e da escrita

da língua portuguesa. Consequentemente, esse sistema de comunicação foi sendo

adaptado e, logo, criado, pelos próprios alunos surdos, o alfabeto manual brasileiro e al-

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guns sinais específicos (VELOSO, MAIA, 2011).

Huet usava a LSF que, aos poucos, ia se misturando com os sinais caseiros trazidos

pelos alunos das regiões em que viviam e, consequentemente, foi dando origem à

língua de sinais brasileira, a Libras (VELOSO, MAIA, 2011). Portanto, a Libras é uma língua

espontânea que surgiu da necessidade comunicativa entre a comunidade linguística de

pessoas surdas (NEIGRAMES; TIMBANE, 2018).

A Libras é uma língua de modalidade visual-espacial produzida por meio das mãos,

no espaço, utilizando expressões faciais e movimentos corporais. Enquanto a língua portuguesa

é de modalidade oral-auditiva, na qual as informações são recebidas por meio

dos ouvidos e produzidas pela fala.

As línguas de sinais existem desde quando existe humanidade. Desde a antiguidade

há relatos da utilização de formas de comunicação gestuais por pessoas desprovidas

da audição. Todavia, só a partir de 1960 é que a linguística da língua de sinais passou a ser

uma área de estudos ativa (FERNANDES, 2012).

As pesquisas sobre as línguas de sinais, em geral, iniciaram pelo linguista americano

Willian Stokoe, em 1960. Por este motivo, Stokoe é considerado o pai da linguística da

American Sign Language (ASL), língua de sinais americana.

Ao passo que o povo surdo foi se fortalecendo, necessitou de um espaço para se

reunir e organizar movimentos de resistência contra as práticas ouvintistas que subestimavam

sua língua e sua cultura.

Diante dessa necessidade, surgiram as primeiras associações e federações de

surdos, das quais destacamos a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos

(FENEIS), fundada em 1977, na cidade do Rio de Janeiro, como uma importante organização

que apoiou (e apoia até os dias atuais) as políticas públicas para a educação e

inclusão social dos surdos (VELOSO; MAIA, 2011). Essas organizações têm uma função

importante que é a promoção cultural, esportiva, política, religiosa e fraternal aos surdos

(STROBEL, 2008).

Por meio do fortalecimento das comunidades de pessoas surdas no Brasil e de

seus membros ativistas surdos, em 2002 acontece uma das mais importantes conquistas,

a Libras foi reconhecida legalmente como a língua da comunidade surda pela Lei nº

10.436, no dia 24 de abril, conforme especificado em seu parágrafo único:

Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que

o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um

sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas

do Brasil (BRASIL, 2002).

Esta Lei impõe que seja garantido pelo poder público, formas institucionalizadas

de apoiar o uso e difusão da Libras, além de prover que os sistemas educacionais incluam

o ensino de Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCNs), nos cursos de formação de Educação Especial, Fonoaudiologia e de magistério,

nos níveis médio e superior, além de advertir que a Libras não poderá substituir a modalidade

escrita da língua portuguesa (BRASIL, 2002).

Doravante, a Libras passa a ser propagada como a língua a ser utilizada livremente

pela comunidade surda no país, sendo capaz de representar por meio dos sinais quaisquer

termos, por mais complexos e abstratos que sejam, assim como acontece nas línguas

orais (GESSER, 2009).

15


Vale destacar que os surdos do Brasil mantiveram maior interação com seus pares

dos Estados Unidos e da França e isso ocasionou a semelhança entre os sinais utilizados

nesses três países. Esse contato que os países mantinham entre si promoveu uma

herança linguística entre as línguas de sinais, todavia com maior influência da LSF sobre

todas as demais (DINIZ, 2010).

No decorrer da história, o povo surdo militou incansavelmente em busca da conquista

de seus direitos enquanto cidadãos participantes de uma sociedade. Diante disso,

destacamos que dois importantes eventos mundiais influenciaram no surgimento de documentos

oficiais que instituiram a inclusão escolar no Brasil, beneficiando também os

estudantes surdos.

Os principais documentos foram a Conferência Mundial de Educação para Todos,

realizada em Jomtein, na Tailândia, em 1990, que estabeleceu um plano de ação para satisfazer

as necessidades básicas de aprendizagem e a Conferência Mundial sobre Educação

Especial, em Salamanca, na Espanha, em 1994, que teve como objetivo fornecer

diretrizes básicas para a formulação de políticas e sistemas educacionais de acordo com

o movimento de inclusão social, dando origem à Declaração de Salamanca. Este importante

documento não se omitia em relação ao povo surdo, antes previa a educação de

surdos e surdocegos de modo que fossem respeitadas as suas particularidades, destacando

a importância de sua educação acontecer por meio de sua língua natural, a língua

de sinais, defendendo que o ideal seria que esses indivíduos estudassem em escolas ou

classes especiais (que atendessem suas particularidades linguísticas).

Sob a influência dessa importante declaração, no Brasil, é a partir da Constituição

Federal de 1988 que a inclusão escolar começa a tomar forma (SOUZA, 2018). Em seu artigo

206, apresenta os princípios que embasam o ensino, sendo que o primeiro se refere

ao direito à igualdade de condições para o acesso e permanência de todas as pessoas na

escola. E, no artigo 208, afirma que é dever do Estado garantir atendimento educacional

especializado (AEE) às pessoas com deficiência, preferencialmente, na rede regular de

ensino (BRASIL, 1988).

As legislações se referem as pessoas surdas como pessoas com deficiência. Vale

ressaltar que esse termo não é considerado apropriado pela comunidade surda, conforme

esclarece Felipe (2007, p. 45):

As pessoas Surdas, que estão politicamente atuando para terem seus direitos de cidadania e lingüísticos

respeitados, fazem uma distinção entre “ser Surdo” e ser “deficiente auditivo”. A palavra

“deficiente”, que não foi escolhida por elas para se denominarem, estigmatiza a pessoa porque

a mostra sempre pelo que ela não tem, em relação às outras e, não mostra o que ela pode ter de

diferente e, por isso, acrescentar às outras pessoas.

A citação mostra que ser surdo é ser diferente e não deficiente, visto que os surdos

são pessoas que falam com as mãos enquanto os ouvintes falam com a boca. Percebem

o mundo, principalmente, pela visão enquanto outras percebem o mundo, principalmente,

pelos sons.

Em junho de 1996, em Barcelona, na Espanha, foi formulada a Declaração Universal

dos Direitos Linguísticos, da qual o Brasil se tornou signatário. Esse documento, em seu

artigo 10 especifica que:

Todas as comunidades linguísticas são iguais em direito. 2. Esta Declaração considera inadmissíveis

as discriminações contra as comunidades linguísticas baseadas em critérios como o seu grau

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de soberania política, a sua situação social, econômica ou qualquer outra, ou o nível de codificação,

atualização ou modernização alcançado pelas suas línguas (UNESCO, 1996, p. 7).

Doravante, esta declaração impulsionou a preocupação dos órgãos governamentais

em atender as especificidades linguísticas dos indivíduos, entre elas, as pessoas

surdas.

No mesmo ano, em 20 de dezembro de 1996, a educação inclusiva é constituída

de forma ainda mais operante, devido a homologação da terceira Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional (LDBN), Lei nº 9.394, que apresenta, no artigo 58, a educação

especial como modalidade de educação escolar, oferecida a educandos com deficiência,

transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação e que,

estes alunos, deveriam ser matriculadas, preferencialmente, na rede regular de ensino

(BRASIL, 1996), entre eles, os surdos.

A LDBN provê a oferta de serviços de apoio especializado, na escola regular, para

atender as peculiaridades dos estudantes, público da educação especial, sempre que

fosse necessário. Essa Lei definiu que a educação desses estudantes deveria acontecer

na educação infantil e se estender ao logo de toda vida, além disso, que o AEE seja realizado

em classes, escolas ou em forma de serviços especializados, quando as condições

específicas dos alunos não permitir sua inclusão em classes comuns do ensino regular

(BRASIL, 1996).

Além do exposto, a LDBN, em seu artigo 59, especifica que os sistemas de ensino

devem assegurar:

I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às

suas necessidades;

II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão

do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo

o programa escolar para os superdotados;

III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado,

bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos

nas classes comuns;

IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade,

inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho

competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam

uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;

V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo

nível do ensino regular (BRASIL, 1996).

Esta lei contempla pontos essenciais para o bom desenvolvimento e aprendizado

dos estudantes públicos da educação especial, visto que indica a necessidade de adequação

curricular, prazo flexível para a conclusão dos estudos, formação de professores

especializados, educação especial voltada à inserção desses alunos no mundo do trabalho

e acesso igualitário.

No entanto, o cumprimento dessas prerrogativas encontra-se longe de acontecer

de forma satisfatória. Mesmo havendo passado vinte e seis anos, ainda existem profissionais

despreparados para lidar com as peculiaridades de seus educandos.

A LDBN foi considerada um avanço, também, para a comunidade surda, no entanto

sua educação ficou atrelada a modalidade de educação especial cujo público-alvo era as

pessoas com deficiência.

No entanto, à época, para as pessoas surdas a proposta de uma educação que visava

sua inclusão no ensino regular se mostrava algo interessante, pois, aparentemente,

indicava a possibilidade de respeito às suas especificidades linguísticas, culturais e iden-

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titárias.

Quatro anos depois, foi sancionada a Lei nº 10.098/2000 que estebeleceu normas

gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência

ou mobilidade reduzida, que mencionava explicitamente as pessoas surdas.

Em seu capítulo sete, demonstrou preocupação com os aspectos linguísticos de

comunicação, especificando o uso da língua de sinais para os surdos e organização de

espaços apropriados para a necessidade de cada indivíduo (BRASIL, 2000).

No artigo 12, tratou da disposição de lugar específico para as pessoas surdas em

espetáculos, conferências, aulas e outros, a fim de respeitar sua forma de comunicação

e circulação. Isto posto, significou mais um avanço para a comunidade surda, por tratar

da acessibilidade nos sistemas de comunicação e sinalização, atribuindo a responsabilidade

de cumprimento ao poder público, conforme especificado no artigo 17 (promove

a eliminação de barreiras na comunicação e informação, devendo ser acessível em Libras),

artigo 18 (necessidade de formação de intérpretes de Libras e guia-intérpretes) e

no artigo 19 (Os serviços de radiodifusão deverão adotar medidas técnicas para garantir

acesso à informação às pessoas surdas ou com deficiência auditiva (BRASIL, 2000).

Estas iniciativas demonstraram que as coisas começavam a aclarar na vida do

povo surdo em relação ao acesso à comunicação e informação, principalmente ao que

tange, aos programas televisivos algo que até então para eles não existia, e esses indivíduos

ficavam as margens de tudo o que acontecia na sociedade, pois nenhum programa

de notícias era acessível a eles, em Libras. Embora tenha avançado, ainda hoje, as condições

de acesso à informação continuam precárias, na maioria casos.

Conforme mencionado, em 2002 aconteceu o reconhecimento da Libras pela Lei

nº 10.436. Após mais essa conquista, o povo surdo se aplicou para conseguir a regulamentação

dessa lei. Em 22 de dezembro de 2005 são comtemplados com mais esta

vitória, a promulgação do Decreto nº 5.626 que além de regulamentar a Lei da Libras e o

artigo 18 da Lei 10.098 (de acessibilidade) incluiu a Libras como disciplina curricular obrigatória

nos cursos de formação de professores, de nível médio e superior, e nos cursos

de Fonoaudiologia, de instituições públicas e privadas, além de torná-la disciplina optativa

nos demais cursos de educação superior e educação profissional (BRASIL, 2005).

Esse Decreto também trata da formação de três importantes profissionais da área

da educação de surdos, que são: o professor de Libras, o instrutor de Libras e o Tradutor

Intérprete de Libras/Língua Portuguesa (TILSP). Esse último, “[...] tem a função de interpretar

e traduzir situações de produções do português para a língua de sinais e vice-versa”

(LACERDA; SANTOS, 2014, p. 220).

Além disso, aborda aspectos fundamentais para o uso e difusão da Libras e da

língua portuguesa no que tange ao acesso das pessoas surdas à Educação e a competência

do poder público, além da garantia do direito à educação e à saúde das pessoas

surdas ou com deficiência auditiva (BRASIL, 2005).

Considerando a abrangência das deliberações desse decreto, a comunidade surda

esperou que ocorressem mudanças políticas e educacionais mais significativas e que

fossem afirmados os direitos humanos e linguísticos dos surdos, emergindo também as

conquistas anteriores.

No entanto o que se pôde perceber é que devido a política de inclusão escolar

que se expandiu no país, aconteceu o fechamento de várias escolas e classes especiais,

18


visto que os surdos começaram a serem matriculados em escolas regulares sem as mínimas

condições de equidade para uma aprendizagem profícua, visto que a Libras ainda

não ocupava a sua posição de língua de instrução.

A política de inclusão escolar tem se fortalecido no Brasil, a partir de 2008, com a

criação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva

(PNEEPEI). Este documento tem como objetivo:

(...) assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento

e altas habilidades/superdotação, orientando os sistemas de ensino para garantir: acesso

ao ensino regular, com participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do

ensino; transversalidade da modalidade de educação especial desde a educação infantil até a educação

superior; oferta do atendimento educacional especializado; formação de professores para

o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão; participação

da família e da comunidade; acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários,

nas comunicações e informação; e articulação intersetorial na implementação das políticas

públicas (PNEEPEI, 2008, p. 14).

Por muito tempo a educação especial fora organizada de forma concomitante a

educação regular acreditando que essa seria a melhor forma para a educação de pessoas

com deficiência, ou as que possuíam outras necessidades específicas de aprendizagem

e que necessitasse de adequação da estrutura do sistema de ensino.

Não obstante, podemos perceber que a concepção de educação especial, muitas

vezes, resultou em práticas que enfatizaram mais os aspectos relacionados à deficiência

do estudante do que a questões pedagógicas.

Em 1 de setembro de 2010 é promulgada a Lei nº 12.319 que regulamenta o exercício

da profissão do TILSP e trata de aspectos relacionados à sua formação e atuação

(BRASIL, 2010). Fator importante que, consequentemente, contribuiu para a acessibilidade

das pessoas surdas.

Outro importante documento homologado foi a Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015,

que instituiu a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI), também conhecida

como Estatuto da Pessoa com Deficiência. Essa lei é “destinada a assegurar e a

promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais

por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania” (BRASIL,

2015).

Em seu artigo 28 defende a “oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira

língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas

e classes bilíngues e em escolas inclusivas”, para surdos (BRASIL, 2015). Trata-se de um

documento oficial federal bastante completo que aborda os seguintes direitos das pessoas

com deficiência: à igualdade e não discriminação; do atendimento prioritário; do

direito à vida; à habilitação e a reabilitação; à saúde; à educação; à moradia; ao trabalho;

a habilitação e a reabilitação profissional; à inclusão no trabalho; à assistência e a previdência

social; à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer; ao transporte e à mobilidade;

da acessibilidade em geral; acesso à informação e à comunicação; à tecnologia assistiva;

à participação na vida pública e política; à ciência e tecnologia; ao acesso à justiça; do

reconhecimento igual perante a Lei; dos crimes e infrações administrativas;

Vale esclarecer que a educação bilíngue de surdos é entendida pelos profissionais

da educação de duas maneiras distintas. De um lado, pesquisadores ouvintes e deficientes

auditivos defendem a educação bilíngue na escola regular, por outro lado pesquisadores

surdos e membros da comunicade surda defendem a modalidade de educação

19


bilíngue, principalmente em escolas específicas (próprias para surdos com professores

bilíngues e uma pedagogia surda).

Essas discussões resultaram na homologação de uma nova Lei, com o intuito de

reivindicar alterações na LDBN, com vistas a desvincular a educação de surdos da educação

especial. Algo que há anos a comunidade surda vinha discutindo entre seus pares

e demais interessados, traçando o objetivo de conquistar o direito de uma educação de

fato bilíngue, em escola bilíngue em todos os níveis de ensino. Na qual a Libras possa assumir

seu tão esperado espaço, o de língua de instrução dos surdos.

Essa conquista se concretiza no dia 03 de agosto de 2021, com a publicação da Lei

nº14.191, que altera a LBDN de 1996 para dispor sobre a modalidade de educação bilíngue

de surdos (BRASIL, 2021).

Esta Lei tende a causar uma transformação na educação como um todo, visto que

coloca os dois modelos de educação bilíngue atuais em destaque, sendo: 1) aquele “realizado”

na escola regular, vinculado a educação especial na perspectiva da educação

inclusiva; e, 2) a educação bilíngue realizada em primeira língua (Libras) em escolas especiais

e/ou na escola regular. Por esse motivo, destacaremos aqui as mudanças ocorridas

na LDBN sob o efeito dessa Lei e como, possivelmente, irão interferir na educação dos

surdos brasileiros.

A Lei 14.191/2021, em seu primeiro artigo propõe a mudança do Art. 3º da LDBN,

acrescentando o inciso XIV que trata do “respeito à diversidade humana, linguística, cultural

e identitária das pessoas surdas, surdo-cegas e com deficiência auditiva’’ (BRASIL,

2021).

Na sequência, o Art. 2º da nova lei adiciona um capítulo específico para tratar da

Educação Bilíngue de Surdos, visto que antes abordava apenas a educação especial de

forma geral. Sendo assim, o Capítulo V-A explica que:

Art. 60-A. Entende-se por educação bilíngue de surdos, para os efeitos desta Lei, a modalidade

de educação escolar oferecida em Língua Brasileira de Sinais (Libras), como primeira língua, e em

português escrito, como segunda língua, em escolas bilíngues de surdos, classes bilíngues de surdos,

escolas comuns ou em polos de educação bilíngue de surdos, para educandos surdos, surdo-cegos,

com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou superdotação ou

com outras deficiências associadas, optantes pela modalidade de educação bilíngue de surdos. §

1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio educacional especializado, como o atendimento

educacional especializado bilíngue, para atender às especificidades linguísticas dos estudantes

surdos.

§ 2º A oferta de educação bilíngue de surdos terá início ao zero ano, na educação infantil, e se estenderá

ao longo da vida.

§ 3º O disposto no caput deste artigo será efetivado sem prejuízo das prerrogativas de matrícula

em escolas e classes regulares, de acordo com o que decidir o estudante ou, no que couber, seus

pais ou responsáveis, e das garantias previstas na Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da

Pessoa com Deficiência), que incluem, para os surdos oralizados, o acesso a tecnologias assistivas.

Art. 60-B. Além do disposto no art. 59 desta Lei, os sistemas de ensino assegurarão aos educandos

surdos, surdo-cegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou

superdotação ou com outras deficiências associadas materiais didáticos e professores bilíngues

com formação e especialização adequadas, em nível superior.

Parágrafo único. Nos processos de contratação e de avaliação periódica dos professores a que se

refere o caput deste artigo serão ouvidas as entidades representativas das pessoas surdas (BRA-

SIL, 2021).

Além desses, a Lei nº 14. 901/2021 acrescentou à LDB os Arts. 78-A e 79-C. O Art.

78-A especifica que:

Os sistemas de ensino, em regime de colaboração, desenvolverão programas integrados de ensino

e pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue e intercultural aos estudantes surdos,

surdo-cegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou superdotação

ou com outras deficiências associadas, com os seguintes objetivos:

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I - proporcionar aos surdos a recuperação de suas memórias históricas, a reafirmação de suas

identidades e especificidades e a valorização de sua língua e cultura;

II - garantir aos surdos o acesso às informações e conhecimentos técnicos e científicos da

sociedade nacional e demais sociedades surdas e não surdas.

Nesse artigo identificamos a valorização intercultural e as recuperações de memórias

históricas, aspectos novos, ou seja, não assegurados na forma da Lei até agosto de

2021, e, por sinal, são de grande relevância para a comunidade surda. O Art. 79-C destaca

a obrigatoriedade do apoio técnico e financeiro por parte da União a fim de implementar

a educação bilíngue de surdos, o incentivo à pesquisa, bem como a participação de representantes

da comunidade surda nas decisões. Fato de grande relevância para essa

comunidade, pois visa o protagonismo surdo no que se refere a sua educação. Além disso,

visa o fortalecimento de práticas socioculturais, criação de currículos com conteúdos

culturais surdos e elaboração de materiais pedagógicos específicos (BRASIL, 2021).

Por este estudo é possível identificar que existem vários aparatos legais que garantem

os direitos linguísticos e culturais dos surdos, no entanto, o grande desafio passa

a ser a efetivação desses direitos numa sociedade em que há escassez de profissionais

bilíngues e intérpretes para possibilitar o acesso das pessoas surdas a determinados

locais e serviços.

Avanços ainda são necessários, principalmente, em relação a acessibilidade de

comunicação em todas as esferas sociais.

1.7 - AS DIFERENTES CONCEPÇÕES DE SURDEZ

A perda auditiva pode ser originada de diferentes formas, podendo ser: pré-natal,

neonatal ou pós-natal. Quando se trata de surdez pré-natal, a causa principal está relacionada

à hereditariedade ou à surdez genética, causada por infecções maternas como

rubéola, toxoplasmose, citomegalovirose e herpes. Entre as causas neonatais, o sarampo

e parotidite são as mais comuns. Já, as causas pós-natais, em sua maioria, ocorrem

devido a meningite, a utilização de substâncias tóxicas e otite (MAZZU-NASCIMENTO et

al, 2020).

Por muitos anos, a ciência tentou “curar” a surdez, na tentativa de tornar o surdo uma

pessoa que se comunicasse por meio da fala e se constituísse sob o molde da cultura ouvinte

(GOUVEIA, 2019). O conceito de surdez variou conforme a época e o ponto de vista de

quem a conceituava e, ultimamente, tem sido definida por duas visões distintas: a clínico-

-terapêutica (ou orgânico-biológica) e a socioantropológica (ou sociocultural) (REIS, 2013).

21


1.8 CONCEPÇÃO CLÍNICO-TERAPÊUTICA

Nessa concepção, a surdez é vista como uma deficiência, e isso coloca as pessoas

surdas em condição de desvantagem se comparadas às pessoas ouvintes (SKLIAR,

1998). Nessa perspectiva, a área da saúde classifica a surdez pelo grau de perda auditiva,

em decibéis, conforme a figura.

Figura 1 - Classificação do grau de perda auditiva de acordo com Lloyd e Kaplan (1978).

Fonte: http://portalotorrinolaringologia.com.br/SURDEZ-graus.php

As características da perda auditiva são classificadas em três tipos: condutiva,

neurossensorial e mista; em relação a idade que pode ocorrer a perda auditiva, como:

pré-lingual (congênita ou adquirida antes da aquisição de linguagem) e pós-lingual (depois

da aquisição da linguagem); e pela etiologia (hereditária ou adquirida) (ALPENDRE,

2008).

Essa concepção associa os graus de perda auditiva a problemas sociais, emocionais,

linguísticos e intelectuais como se fossem inerentes à surdez, supondo que os surdos

formam um grupo homogêneo passível de subdivisões de acordo com a classificação

médica de deficiência auditiva (OLIVEIRA, 2022).

Isso indica que “[...] confundem a natureza biológica do déficit auditivo com a natureza

social consequência do déficit” (ALPENDRE, 2008, p. 3).

1.9 - CONCEPÇÃO SOCIOANTROPOLÓGICA

Foi a partir do advento dos Estudos Culturais, fundamentados em Hall (2000) e,

posteriormente, dos Estudos Surdos, que foi atribuído um novo olhar à surdez. Vários

estudos, inclusive de pesquisadores surdos, buscaram explicar a surdez pelo viés socioantropológico

(relativo a cultura e a língua de sinais), no qual a cultura e a identidade são

mais relevantes do que a perda auditiva e níveis de decibéis (REIS, 2013). Nessa perspectiva:

[...] os surdos constituem um grupo minoritário de pessoas que se agrupam para discutir e opinar

sobre suas vivências pelo fato de serem seres visuais; a língua de sinais permite a comunicação e

a interpretação de suas histórias e culturas. Prova disso é a forma como, mesmo com a proibição

do uso de sinais durante o domínio da proposta oralista, a comunidade surda conseguiu uma forma

de organização que permitiu o desenvolvimento e a ampliação da língua de sinais no mundo inteiro

(ABREU, 2020, p.5).

Assim, a representação da surdez passa a ser compreendida como uma diferença

linguística e cultural, construída histórica e socialmente, fundamentada nas experiências

22


visuais das pessoas surdas e na língua de sinais. E, nesse caso, sua condição de “não ouvir”

não é considerada uma deficiência, mas uma diferença, e os sujeitos surdos passam

a serem vistos como pessoas que possuem singularidades, advindas de sua percepção

visual (OLIVEIRA, 2022).

Para alguns a surdez é entendida como uma limitação, porém para a maioria dos

surdos é vista como uma diferença sociocultural e linguística, não a caracterizam como

uma deficiência, mas como uma diferença, com história, marca identitária e cultura própria.

Por isso, termos como “deficiente auditivo” e “surdo-mudo” são considerados por

eles como estigmatizantes, pejorativos e carregados de preconceito (MAZZU-NASCI-

MENTO et al, 2020).

1.10 - CULTURA SURDA E SEUS ARTEFATOS

As pessoas surdas, usuárias da língua de sinais, possuem uma forma particular de

compreender o mundo a sua volta e interagir na sociedade. Isso resulta em uma cultura

própria e que os Estudos Surdos chamam de Cultura Surda, compartilhada por aqueles

que utilizam essa língua e interagem com o mundo a partir de experiências visuais, pelas

quais suas construções mentais são mediadas (RODRIGUES; MUNHOZ; HATTGE, 2015).

Nesse contexto, Karin Strobel, pesquisadora surda e doutora em educação, pela Universidade

Federal de Santa Catarina (UFSC), define Cultura Surda como:

Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de torná-lo acessível

e habitável, ajustando-o com as suas percepções visuais, que contribuem para a definição

das identidades surdas e das “almas” das comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua,

as ideias, as crenças, os costumes e os hábitos do povo surdo (STROBEL, 2008, p. 22).

As comunidades de pessoas surdas são organizadas culturalmente a partir de alguns

elementos que lhe são peculiares, entre eles, a língua de sinais. Isto os remete a identificação

de pertencer a um povo distinto, caracterizado por utilizar uma mesma língua,

valores culturais, hábitos e modos de socialização específicos (PERLIN; STROBEL, 2014).

Dessa forma, assim como outras culturas, a Cultura Surda possui especificidades

que Strobel (2008) denomina de artefatos culturais, sendo: a experiência visual, a língua

de sinais, as artes visuais, a família, a literatura surda, a vida social e esportiva, a política e

alguns materiais que possibilitam sua acessibilidade. Vejamos cada uma delas de acordo

com Strobel (2016):

Experiência visual: a percepção dos surdos é essencialmente visual, ou seja, percebem

o mundo de maneira distinta em relação aos ouvintes. Para eles, são as experiências

visuais que ampliam e favorecem a interação com o mundo a sua volta e provoca as reflexões

de suas subjetividades.

Língua de sinais: ela é uma das principais marcas culturais que constitui a identidade

da maioria das pessoas surdas. É uma forma de comunicação que obtém as experiências

visuais desses sujeitos, pois é por meio desta língua que eles poderão transmitir e adquirir

conhecimento de mundo.

Um traço cultural que se destaca por meio da língua de sinais é o nome visual atribuído

aos membros da comunidade surda, ou seja, além de uma pessoa possuir seu nome

escrito deve também possuir um nome visual pelo qual passa a ser identificado pelos

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membros dessa comunidade. Geralmente, é criado por uma pessoa surda que observará

alguma característica peculiar do indivíduo observando um dos seguintes aspectos: I) característica

física (do rosto, dos cabelos, da altura, do corpo); II) comportamento marcante,

manias; III) apelido (OLIVEIRA, 2019).

Assim, a pessoa que recebe seu nome visual sempre que se apresentar em Libras

deverá primeiro mostrar seu sinal e em seguida soletrar seu nome usando o alfabeto manual.

Artes visuais: as pessoas surdas fazem produções artísticas com o objetivo de sintetizar

suas emoções, suas histórias, suas subjetividades, suas crenças, e para mostrar

ao mundo as novas formas de explorar, de ver e de interpretar sua cultura visual. Nesse

sentido, consideram a língua de sinais uma importante ferramenta para expandir sua criatividade

e satisfação artística. Entre as manifestações artísticas do povo surdo destaca-se:

desenho, pintura, escultura, teatro.

Família: os surdos podem nascer em famílias de pessoas surdas ou em famílias de

pessoas ouvintes. No entanto, para a maioria das famílias surdas o nascimento de uma

criança, também, surda é uma ocorrência benquista, e recebida com alegria, não é vista

como um “problema”.

Quando os pais surdos se deparam com profissionais de saúde que sugerem não

usar apenas a língua de sinais e recomendam o uso de próteses auditivas ou implante coclear,

sob o argumento de que ouvir sons e aprender a falar é melhor, alegando que a surdez

pode provocar atraso na aquisição da linguagem, isso é entendido pelos pais surdos

como conselhos estranhos que os levam a enxergar a surdez como um problema passível

de reabilitação.

Normalmente, os pais surdos, seguros de sua identidade cultural, e detentores de

conhecimento e experiência em criação de crianças surdas devido ao convívio com a comunidade

surda, ignoram as informações desses profissionais e seguem suas vidas cercados

de recursos visuais que lhes dão suporte, encorajam e fornecem meios de subsistir

e contribuir com a sociedade como qualquer outra pessoa.

Quando os pais são ouvintes e recebem o diagnóstico da surdez de seu filho, na

maioria das vezes, ficam perplexos, deprimidos e sentem-se culpados e frustrados por gerar

uma criança “não normal” e passam a ver o filho como um sonho desfeito. Diante dessa

realidade, com o receio de que seu filho não seja aceito pela sociedade, esses pais passam

a alimentar a esperança de “curar” a tal “deficiência auditiva” e, em sua maioria, não procuram

a comunidade surda, mas partem para a busca incessante pela “normalidade”.

Dependendo do encaminhamento dado pelas famílias, a criança surda poderá enfrentar

problemas de identidade, atraso na aquisição de linguagem, de saúde emocional e, até

mesmo, mental (depressão, etc).

Literatura surda: se encarrega de resgatar lembranças das vivências surdas através

do tempo. A literatura surda se estende pelos mais diversos gêneros textuais, como: poesia,

história, piadas, literatura infantil, clássicos, fábulas, contos, romances, lendas entre

outras manifestações culturais. As histórias contêm a língua de sinais, questões de identidades

surdas e da Cultura Surda. Algumas delas são produzidas em língua de sinais, como

declamação de poesias e outros.

Escritores, poetas e pesquisadores surdos têm publicado suas produções literárias

e científicas em língua portuguesa, como modelos compartilhados de suas identidades

24


culturais e, assim, a cultura surda vem conquistando seu espaço literário com lançamentos

de livros e artigos de diversos temas.

Vida social e esportiva: há algumas reações emocionais das pessoas surdas que produzem

padrões de comportamentos próprios e que resultam em contatos muito próximos

entre os membros da comunidade surda, tais como amizades leais, casamento entre eles

e a opção por residirem próximos uns aos outros. A maioria das pessoas surdas gostam

de manter proximidade com seus pares por compartilhar da mesma língua, cultura, lutas e

reivindicações. Essa característica social faz com que convivam em comunidades surdas,

participando de associações de surdos, realizando atividades conjuntas, procurando estudar

em uma mesma escola, formando times e participando de eventos esportivos.

Política: consiste nos movimentos e lutas das pessoas surdas pelos seus direitos

judiciais e de cidadania. Comumente essas manifestações são organizadas pelos próprios

surdos em reuniões e assembleias dentro das associações de surdos, as quais compartilham

de interesses comuns.

Materiais: condicionados ao comportamento cultural do povo surdo que possibilita

a acessibilidade na vida cotidiana dessas pessoas. Alguns materiais auxiliam a todos e

outros são mais voltados aos surdos que possuem famílias surdas. Os ambientes em que

convive uma pessoa surda devem ser planejados de maneira que responda aos sinais ambientais

visualmente tal como, campainhas luminosas ao invés de sonoras, despertadores

vibratórios, vídeos com legendas e/ou com janela de intérprete, babás eletrônicas, sinalizadores,

etc.

Além desses, existem outras tecnologias que são de domínio da sociedade em geral

e que pertencem ao meio digital de comunicação em tempo real a distância, mas que são

necessárias para as pessoas surdas como: torpedos de celular, chats, vídeo chamadas, sites

produzidos pelas comunidades surdas e aplicativos de tradução tanto da fala da língua

portuguesa para texto escrito quanto da língua portuguesa (escrita ou falada) para a Libras.

1.11 - FORMAS DE SE COMUNICAR COM UMA PESSOA SURDA

Fonte: Adaptado de Secretaria Nacional de Justiça (2009, p. 28).

Em relação a falta de acessibilidade que as pessoas surdas usuárias de Libras encontram

na sociedade em geral, e nos atendimentos à saúde, destacamos que durante a comunicação,

quando o interlocutor não compreende Libras, deve recorrer a outras estratégias para

que esses pacientes sejam atendidos com o máximo de respeito e dignidade possível.

Sabemos que é por meio da comunicação que os profissionais de saúde podem criar

vínculo, identificar as necessidades de saúde e construir um plano terapêutico individualizado

25


ao paciente (MEZZU-NASCIMENTO et al, 2020). Para tanto, algumas estratégias devem ser

adotadas por esses profissionais para que possam se comunicar com pacientes surdos incluindo

mímica, leitura labial, gestos, escrita e apontamentos. Vejamos algumas sugestões

úteis, de acordo com a Secretaria Nacional de Justiça (2009):

• Evite falar de costas, de lado ou com a cabeça baixa.

• Olhe para o surdo enquanto você fala.

• Fale com movimentos labiais bem definidos, para que ele possa compreender.

• Fale naturalmente, sem alterar o tom de voz ou exceder nas articulações.

• Use gestos que simbolizem as palavras e que possam ajudar na comunicação. Exemplos:

não, pequeno, dinheiro, muito.

• Seja expressivo, pois a expressão facial auxilia a comunicação.

• Caso queira chamar a atenção, sinalize as mãos, movimentando-as no campo visual dele ou

toque gentilmente em seu braço.

• Se você apresentar dificuldades em compreender o que a pessoa surda está falando, seja

sincero e diga que você não compreendeu.

• Peça para a pessoa repetir o que falou. Se você ainda não entender, peça-lhe para escrever.

Use palavras simples para esta comunicação.

• Se tiver interesse, peça ao surdo para lhe ensinar alguns sinais em Libras.

1.12 - MITOS E CRENÇAS RELACIONADAS A LIBRAS E AOS SURDOS

Alguns preconceitos, estigmas e estereótipos ligados aos surdos, a Libras e a surdez

foram sendo construídos historicamente de maneira equivocada pela sociedade, e necessitam

ser descaracterizados para que aqueles que pretendem aprender Libras e conviver

com a comunidade surda possam compreendê-los. A seguir destacamos os principais, de

acordo com Gesser (2009):

• A língua de sinais é universal.

Falso. Embora haja semelhanças no nível estrutural das línguas humanas (orais ou

de sinais), vários fatores propiciam a diversificação da língua dentro de uma comunidade

linguística. A língua dos surdos não deve ser entendida como um “rótulo” que possa ser

colado e utilizado por todos os surdos do mundo de maneira uniforme sem considerar as

influências de uso de uma língua. Portanto, as línguas de sinais não são universais, cada

país possui a sua. Na França existe a língua francesa de sinais, no Japão a língua japonesa

de sinais, etc.

• A língua de sinais é artificial.

Falso. A língua de sinais não é artificial, ela é uma língua natural, como as demais. Pois

ela evolui de acordo com o uso do grupo cultural de surdos que a utiliza. Línguas artificiais

são aquelas construídas por um determinado grupo de pessoas para um determinado fim,

como o esperanto (língua oral) e o gestuno (ou sinais internacionais) (língua de sinais), criadas

com o intuito de estabelecer uma comunicação internacional entre surdos de todo o

mundo.

• A língua de sinais não possui gramática.

Falso. A língua de sinais possui gramática própria e seu reconhecimento linguístico

26


foi marcado pelos estudos do linguista americano Willian Stokoe, em 1960, ao descrever

os níveis fonológicos e morfológicos da língua de sinais americana.

• A língua de sinais é mímica.

Falso. A língua de sinais é constituída por um conjunto de elementos linguísticos visuais

que se relacionam entre os sinais convencionados para a construção de imagens

mentais. Possui gramática própria e apresenta todos os níveis linguísticos das demais línguas.

Além dessas, possui outras características, tais como a produtividade/criatividade,

flexibilidade, descontinuidade e arbitrariedade. A mímica é pantomínia e utiliza-se de gestos

não convencionados para tornar algo visível.

• A língua de sinais é o alfabeto manual.

Falso. Essa ideia insinua que a língua de sinais se limita à soletração manual das palavras

da língua oral. O alfabeto manual é apenas um recurso utilizado para soletrar as letras alfabéticas.

Utilizado para soletrar nomes próprios (de pessoas, lugares ou siglas) e algum termo que

não possua um sinal.

• A língua de sinais é a língua oral sinalizada.

Falso. A língua de sinais possui estrutura gramatical própria e independe de outra língua

para ser concebida linguisticamente. O uso do português sinalizado tem sido bastante criticado

por se remeter à filosofia do bimodalismo e sua ineficácia.

• A Libras é igual em todas as partes do país.

Falso. Assim como as demais línguas humanas, existe variedade. É possível constatar

variação lexical em diferentes estados e regiões do país, de acordo com a comunidade de fala

de cada localidade.

• A língua de sinais é ágrafa.

Falso. A língua de sinais pode ser escrita através de um sistema de símbolos criado para

representar os sinais graficamente, conhecido como SignWriting (ou escrita de sinais). Trata-

-se de um sistema capaz de representar a escrita de qualquer língua de sinais. Além desse,

possui também um sistema de transcrição do português para a Libras em glosas.

• O intérprete é a voz do surdo.

Falso. Essa é uma afirmação compartilhada pelo senso comum e que pode denotar a

crença de que o surdo não possui uma língua e isso não procede. O intérprete é um profissional

responsável apenas por intermediar a comunicação entre surdos e ouvintes.

• O surdo vive no silêncio absoluto.

Falso. Essa é uma crença equivocada, pois não é a modalidade da língua que define se

uma pessoa vive ou não em silêncio. Os surdos dançam, apreciam e ouvem músicas de acordo

com sua cultura, sentem os sons, concebem e redefinem seu mundo através da visão. Na

cultura surda, o som possui outros significados. É percebido através da luz da campainha que

acende, pela vibração do despertador colocado embaixo do travesseiro, entre outras formas.

A vida dos surdos não é silenciosa, pelo contrário, para se obter uma vibração perceptível é

comum que haja sons muito altos em ambientes frequentados por eles.

27


• O surdo precisa ser oralizado para ser integrado à sociedade ouvinte.

Falso. Oralizar denota negação da língua de sinais, a língua dos surdos. O surdo pode

optar por utilizar ou não a língua oral para promover um intercâmbio cultural. É necessário que

seja respeitado o direito de o surdo optar por ser educado em língua de sinais e/ou pela oralidade.

O que não deve haver é imposição e opressão.

• O surdo não fala porque não ouve.

Falso. O surdo que possui perda auditiva profunda pode falar (se assim preferir), desde

que possua aparelho fonador preservado e realize treinamento fonoaudiológico.

• O surdo tem dificuldade de escrever porque não sabe falar a língua oral.

De certa forma, é verdade que a relação dos surdos com a escrita da Língua Portuguesa

não é das melhores, pois historicamente trata-se de uma língua que lhes foi imposta a

todo custo, sendo negada a eles a língua de sinais na alfabetização. O fato de a escrita ter uma

relação fônica com a língua oral estabelece alguns desafios para os surdos, pois demanda

reconhecer uma realidade fônica que não lhes é familiar acusticamente. A escrita é para eles

composta por símbolos abstratos. Por isso, a experiência com a escrita da Língua Portuguesa

tem ligação direta com o sentimento de impotência, baixa autoestima e, até mesmo, alguns

sentem aversão ao idioma. Há depoimentos de surdos que afirmam que quando é preciso

escrever ficam nervosos, sentem medo de errar, não têm prazer em fazê-lo, e sempre ficam

preocupados com a reação de quem vai ler o que eles escrevem. Portanto, para que os surdos

possam aprender a escrita da Língua Portuguesa de maneira menos traumática, é preciso

que a alfabetização aconteça por meio de sua primeira língua, a Libras, e a partir dela possam

aprender a escrita da segunda língua, o português. Não se trata de dificuldade intelectual e

sim de falta de oportunidade.

• O uso da língua de sinais atrapalha a aprendizagem da língua oral.

Falso. Essa ideia foi disseminada pelos seguidores da filosofia oralista e permanece impregnada

até os dias atuais. Pesquisadores da área têm abolido essa visão e afirmado que é

o não uso da língua de sinais que atrapalha o desenvolvimento e a aprendizagem de outras

línguas pelos surdos que possuem surdez profunda.

• O surdo precisa da língua portuguesa para sobreviver na sociedade majoritária ouvinte.

O português é a língua majoritária da população brasileira e é ela que utilizam diante

das situações cotidianas. Todavia é um erro acreditar que este é o único recurso linguístico

da população, afirmando o discurso do monolinguismo e negando a existência da diferença e

da heterogeneidade linguística em nosso país. O que o surdo necessita é de usar sua primeira

língua para interagir com a sociedade, se lhe for tirado esse direito ele não sobrevive. Tirar-lhe

esse direito significa tirar-lhe o direito de cidadania.

• Todos os surdos fazem leitura labial.

Falso. Estudos comprovam que a leitura labial está relacionada aos treinamentos fonoarticulatórios,

portanto não se trata de uma habilidade natural da linguagem, como a habilidade

para o desenvolvimento da língua de sinais, entre outras. Alguns surdos podem ser mais

habilidosos para a leitura labial que outros. A leitura labial é só um recurso a ser utilizado em

28


situações comunicativas emergenciais com os surdos. Para quem interage frequentemente

com surdos é indispensável aprender a língua de sinais.

• A surdez é um problema para o surdo.

Falso. Há duas formas de conceber a surdez, patologicamente e culturalmente. Ver a

surdez como um problema está relacionado à visão patológica. Os surdos e os ouvintes que

utilizam a língua de sinais veem a surdez como algo positivo, visto que o povo surdo possui

diferenças linguísticas e culturais, apenas. A ideia de surdez como um problema é uma construção

do mundo ouvinte relacionada a dificuldade humana em aceitar e conviver com as diferenças.

• A surdez é uma deficiência.

Partindo da perspectiva cultural, não. Em muitos casos a surdez e a deficiência auditiva

são tidas como sinônimos, principalmente no discurso médico. A surdez é construída na

perspectiva do déficit, da falta de audição, da anormalidade. Enquanto para muitos o “normal”

é ouvir, o que sai desse padrão deve ser corrigido e normalizado, para os que possuem surdez

congênita a surdez é algo natural e que lhe atribui características linguísticas e culturais peculiares.

• A surdez é hereditária.

Sim, a propensão genética é uma das causas da surdez. Porém também pode ocorrer

em função de traumas, doenças contagiosas, doenças contraídas durante a gestação, efeitos

colaterais de drogas ou medicamentos ototóxicos (que podem causar danos a audição), más

formações congênitas, exposição a ruídos de alta intensidade, acidentes, idade, entre outros

fatores.

29


2 - ASPECTOS LINGUÍSTICOS DA LIBRAS

Historicamente a Libras foi vista, por muitos, como simples “gestos” ou como a “linguagem

dos sinais”, “a linguagem dos surdos”, entre outras nomenclaturas equivocadas.

Descontruir essas concepções e comprovar que a Libras é uma língua e que perpassa

por todos os níveis linguísticos como qualquer outra língua, tem sido uma tarefa árdua a

estudiosos, pesquisadores, professores e comunidade surda (STREIECHEN; KENDRICK,

2022).

Conforme descrito anteriormente, as pesquisas sobre as línguas de sinais, iniciaram

pelo linguista americano Willian Stokoe, em 1960.

Na época, ele comprovou que as línguas de sinais atendiam a todos os critérios linguísticos

de uma língua, tanto no que se refere ao léxico e a sintaxe quanto a capacidade

de criar uma infinidade de sentenças (QUADROS; KARNOPP, 2004).

Stokoe propôs um modelo fonológico de análise das línguas de sinais a partir da

ASL. Ele conseguiu identificar três parâmetros das línguas de sinais: Configuração de

Mão (CM), Locação (L) ou Ponto de Articulação (PA) e Movimento (M).

Figura 2 - Parâmetros da Libras

Fonte: Pereira Filho (2011, p. 16).

Pesquisas de linguistas posteriores, como Lucinda Ferreira Brito, na Universidade

Federal do Rio de Janeiro, em 1995, e outros, constataram mais características que resultaram

em outros parâmetros, tais como, as expressões faciais e/ou corporais (movimentos

da boca e direção do olhar) e a orientação (ou direção) da palma das mãos.

2.1 - PARÂMETROS CONSTITUTIVOS

A Libras apresenta status linguístico crescentemente comprovado por pesquisas

científicas (QUADROS, 2019) e possui sua estrutura gramatical organizada em níveis linguísticos

assim como as línguas orais-auditivas (HONORA, 2010). Ela é composta por cinco

parâmetros (quiremas) que constituem os sinais e representam a fonologia da Libras,

e se articula entre parâmetros primários (constatados por Willian Stokoe, em 1.960), são

eles: Configuração de mãos (CM); Ponto de Articulação (PA) e Movimento (M); e parâme-

30


tros secundários (constatados por outros linguistas), são: Orientação/direção e Expressão

Facial e/ou Corporal (EFC), vejamos cada um deles.

1) Parâmetros primários:

a) Configuração de mãos (CM)

As configurações de mãos são a representação de como deverá estar a mão dominante

no momento em que inicia um sinal (HONORA, 2010). Elas podem ser realizadas

pela mão de dominância (direita, para os destros e esquerda para os canhotos) ou por

ambas as mãos. As CM podem ser representadas por uma letra do alfabeto, por números

ou por outras formas das mãos. Vejamos a tabela de configurações de mãos:

Figura 3: Tabela de configurações de mãos.

Fonte:https://cursos.escolaeducacao.com.br/artigo/configura-es-de-m-o

31


Figura 4: Sinais configurados com letras do alfabeto.

Fonte: Pereira Filho (2011, p. 12).

Na figura, o primeiro sinal é o de TELEFONE e está configurado com a letra Y, o segundo

é o sinal de BRANC@, configurado com a letra B e o terceiro é o sinal de ONTEM,

com a letra L.

b) Ponto de articulação (PA) ou Locação (L)

É o lugar onde incide a mão predominante configurada para a execução de um sinal

(HONORA, 2010). O ponto de articulação pode ser de dois tipos: no espaço neutro em

frente ao corpo do sinalizante (PEREIRA FILHO, 2011), como, por exemplo, os sinais TRA-

BALHAR e BRINCAR

E os que se aproximam de uma determinada parte do corpo, como, do tronco (ombro,

peito, barriga, abaixo da cintura), da face (cabeça, testa, bochecha, nariz, queixo, orelha,

boca e olho), do pescoço, braço, antebraço e mãos, como é o caso dos sinais FOME

(barriga), DESCULPA (queixo), ESQUECER (testa), AZAR (nariz), ARREPENDER (cabeça).

Vejamos outros exemplos:

Figura 5: Sinais com pontos de articulação diferentes.

OBEDECER SAUDADE SUPERVISOR@

Fonte: Pereira Filho (2011, p. 12).

Vale destacar que alguns sinais têm a mesma configuração de mão, porém são diferenciados

em seu significado pelo ponto de articulação, como, por exemplo, os sinais

de APRENDER (na testa), LARANJA (na boca) e AMAR (no peito) (PEREIRA FILHO, 2011),

todos são realizados com a configuração da mão em S.

c) Movimento

É o deslocamento da mão no espaço durante a execução de um sinal. Alguns sinais

32


possuem movimento e outros são sinais estáticos (HONORA, 2010). O sinal de CASA, por

exemplo, não tem movimento, enquanto o sinal de MORAR tem movimento. Trata-se de

um parâmetro importante, pois o significado de alguns sinais se modifica de acordo com

o movimento, como, por exemplo: VERDE, GELAD@ e MÉDIC@, SEXO.

Figura 6: Sinais com movimentos diferentes.

Fonte: Pereira Filho (2011, p. 12).

O primeiro é o sinal de PROFESSOR@ (movimento semicircular), o segundo é o sinal

de CURSO (movimento retilíneo).

Os movimentos na Libras podem ser classificados de três formas (QUADROS,

2019), vejamos cada uma delas:

Movimento de trajetória: retilíneo, sinuoso e angular.

Figura 7: Movimento retilíneo.

ENCONTRAR ESTUDAR PORQUÊ

Fonte: Pereira Filho (2011, p. 13).

33


Figura 8: Movimento sinuoso.

BRASIL NAVIO RIO

Fonte: Pereira Filho (2011, p. 14).

Figura 9: Movimento angular.

RAIO ELÉTRICA/ELETRICIDADE DIFÍCIL

Fonte: Pereira Filho (2011, p. 15).

Figura circulares: circular, semicircular e helicoidal:

Figura 10: Movimento circular.

BRINCAR BOB@ IMPORTANTE

Fonte: Pereira Filho (2011, p. 14).

34


Figura 11: Movimento semicircular.

SAP@

CORAGEM

Fonte: Pereira Filho (2011, p. 14).

Figura 12: Movimento helicoidal.

AZEITE MACARRÃO ALT@

Fonte: Pereira Filho (2011, p. 13).

Movimentos internos dos sinais: dos dedos e das mãos.

Além disso, há sinais realizados somente com a bochecha, como LADRÃO e ATO-

-SEXUAL (BRITO, 1997).

2) Parâmetros secundários:

d) Orientação (O) ou direção (D)

É a direção da palma da mão durante a execução de um sinal. Podendo ser voltada

para cima, para baixo, para o corpo, para a frente, para a esquerda ou para a direita. Os

sinais possuem uma direção específica e a inversão desse parâmetro (direção) pode denotar

ideia de oposição, alterando o significado do sinal (PEREIRA FILHO, 2011).

35


Figura 13: Sinais com orientação/direcionalidade inversa.

Fonte: Pereira Filho (2011, p. 12).

e) Expressão facial e/ou corporal

Consiste nos movimentos da face e/ou do tronco durante a execução dos sinais

na Libras. As expressões faciais e/ou corporais também são conhecidos como expressões

não manuais. Elas são relevantes especialmente para a semântica (formação do

significado) e para a pragmática (formação do contexto referencial). Muito usados para

complementar os sinais que indicam sentimentos ou emoções e para representar a entonação

de voz dentro de um discurso em Libras (QUADROS, 2019). Além disso, é por meio

das expressões faciais e corporais que a pontuação é expressa na Libras (FELIPE, 2007).

Figura 14: Sinais com expressões faciais diversas.

Fonte: Pereira Filho (2011, p. 15).

2.2 - NIVEIS LINGUÍSTICOS

A Libras também é constituída em diferentes níveis linguísticos, pois do mesmo

modo que nas línguas orais-auditivas existem pontos de articulações dos fonemas, nas

línguas de sinais existem pontos de articulações representados por toques no corpo ou

no espaço neutro em frente ao corpo (HONORA, 2010).

36


2.3 - FONÉTICA

Nas línguas orais, a fonologia é o estudo das unidades menores (mínimas) que formam

uma palavra. Os fonemas nas línguas orais não possuem significados. Na língua

portuguesa para formar a palavra “meninas” precisamos dos fonemas m\\n\\s\\a\\e\\i, que

combinados formam a palavra (BRITO, 1997). Na Libras acontece da mesma forma.

A fonética e a fonologia das línguas de sinais são as áreas da linguística que estudam

as unidades mínimas que formam os sinais e que, assim como nas línguas orais, não

apresentam significado isoladamente (QUADROS; KARNOPP 2004).

Para apresentarmos a diferença entre os fonemas da Língua Portuguesa e os “fonemas”

da Libras, é preciso primeiro compreender quais são as unidades mínimas (fonemas)

da Libras, que são os cinco parâmetros, pois é por meio de suas combinações que

os sinais (palavras) em Libras se constituem. Essas conciliações das mãos, chamadas

de parâmetros, equivalem aos fonemas (quiremas) e, muitas vezes, aos morfemas das

línguas orais (FIGUEIRA, 2011), que formam as palavras.

2.4 - MORFOLOGIA

A morfologia é um elemento da gramática que discorre sobre a formação, a estrutura

interna, e a classificação das palavras de uma língua (ADRIANO, 2018). Na Libras, a

morfologia é o estudo da estrutura interna dos sinais, assim como das regras que determinam

a formação dos sinais (QUADROS, 2004).

No entanto, existem diversos tipos de informações necessárias para a identificação

e compreensão de uma palavra (ou um sinal), como a informação fonética/fonológica

(unidades menores, letras), morfológica (estrutura das palavras), sintática (estrutura das

frases), semântica (significado das palavras) e pragmática (uso das palavras de acordo

com o contexto).

No quadro comparativo a seguir apresentamos os elementos que identificam a palavra

e os elementos que identificam um sinal em Libras.

Quadro 1: Elementos que identificam uma palavra e um sinal.

Nível Língua Portuguesa Libras

Fonética-Fonológica

Morfológica

Sintática

Semântica

Pragmática

Fonte: A autora (2023).

Pronúncia, sons, sequência de

sons.

Formação das palavras, plural,

gênero, relações entre as palavras.

Lugar onde a palavra se encontra

na estrutura de uma oração.

Compreensão dos significados

das palavras.

Uso da linguagem em diferentes

contextos de comunicação.

Parâmetros, unidades mínimas

de significados, sequência de

parâmetros.

Formação dos sinais, plural, gênero,

relações entre os sinais.

Ordem das sentenças e disposição

dos referentes no espaço de

sinalização.

Compreensão dos significados

dos sinais.

Uso da Libras em diferentes contextos

de comunicação.

37


Logo, entendemos que a morfologia estuda as relações que ocorrem entre a forma

e o sentido dos morfemas e das palavras tanto na língua portuguesa quanto na Libras.

Os cinco parâmetros da Libras são como “partículas” de um sinal, visto que no nível

morfológico, podem ser significados, tornando-se morfemas. Vejamos como cada parâmetro

pode equivaler a um morfema (FIGUEIRA, 2011):

1) A CM pode ser um marcador de gênero para coisas, pessoas e animais.

2) O PA pode ser uma marca de concordância verbal com o advérbio de Lugar.

3) O M pode ser uma raiz verbal. A alteração do movimento pode ser:

Uma marca de aspecto temporal: TRABALHAR-CONTINUAMENTE

Um advérbio de modo: FALAR-DEMASIADAMENTE

Um intensificador: TRABALHAR-MUITO

4) A O/D pode ser uma concordância número-pessoal ou um advérbio de tempo.

Assim, podemos afirmar que os morfemas lexicais ou gramaticais podem ser caracterizados

da seguinte forma: raiz (M), afixo (alterações em M e CM) e desinência, como

marca de concordância, número pessoal (O/D) ou de gênero (CM) (ADRIANO, 2018).

Os sinais em Libras também recebem classificação, assim como as palavras das

línguas orais incluindo substantivos, adjetivos, verbos, pronomes, advérbios e outros

(BAGGIO; CASA NOVA, 2017). Em relação aos substantivos, eles apresentam algumas diferenças

na Libras e na Língua Portuguesa. Na Libras os substantivos não apresentam

flexão de gênero (masculino e feminino), não havendo desinência para marcar o gênero

dos sinais (isso também ocorre com os adjetivos, pronomes e numerais).

2.5 - SINTAXE

A sintaxe é a área da linguística que estuda a organização estrutural das sentenças

(frases). Ela estuda e apresenta as regras que conduzem à combinação de palavras para

formar frases, atentando-se à concordância, à regência e à colocação OLIVEIRA et al

(2021). A estrutura das línguas orais difere umas das outras, ou seja, a estrutura da língua

inglesa é diferente da estrutura da língua francesa, que é diferente da língua japonesa.

Da mesma forma, a estrutura da Libras é diferente da estrutura da Língua Portuguesa

(BAGGIO; CASA NOVA, 2013). Isso justifica o motivo pelo qual a tradução ou interpretação

de uma língua para outra não pode ser realizada literalmente, antes, é preciso

considerar as diferenças estruturais das línguas em questão.

Na língua portuguesa a estrutura sintática que predomina é a SVO (Sujeito + Verbo

+ Objeto). No entanto, outras organizações podem ser encontradas (QUADROS; KARNO-

OP, 2004).

Vale lembrar que a representação sintática da língua portuguesa é representada

por meio da oralidade e da escrita, não fazendo representação espacial como na língua

de sinais. Já a Libras possui algumas características específicas de sua modalidade visual-espacial

que diferem dos mecanismos das línguas orais.

Na Libras as sentenças são formadas em um local definido, na frente do corpo, em

uma área que inicia no topo da cabeça e se estende até os quadris (Figura 4), sendo que

o final de uma sentença é representado por uma pausa (QUADROS, 1997).

38


Figura 15: Espaço de sinalização das frases na Libras.

Fonte:Adaptada de Quadros (1997).

Por isso, a estrutura sintática da Libras não pode ser pensada com base na estrutura

da língua portuguesa, pois a ordem dos sinais na construção de uma frase utiliza

regras específicas que retratam o modo que as pessoas surdas organizam seus pensamentos,

que é pela percepção visual (STROBEL; FERNANDES, 1998) e (QUADROS; KAR-

NOPP, 2004).

Na Libras, tudo a que o emissor/sinalizador for se referir numa frase (pessoas, objetos,

animais e ações) deve ter seu lugar estabelecido no espaço, para que possa ser

visualizado e imaginado pelo receptor da mensagem (QUADROS; KARNOPP, 2004). O

exemplo a seguir (Quadro 2) apresenta a independência sintática da Libras em relação à

Língua Portuguesa.

Quadro 2: Independência sintática da Libras.

Libras

EU DAR FLOR ME@

MULHER^BENÇÃO

PESSOAS FELIZ-PULAR

exclamação

Português

Eu dei a flor para a

minha mamãe.

As pessoas estão

muito felizes!

Fonte: autora (2023).

Além disso, a Libras possui mecanismos que envolvem dois aspectos importantes,

a incorporação (usada para indicar localização, número e pessoa) e as expressões faciais

e corporais, permitindo o uso de movimentos do corpo e da face (QUADROS, 1997).

Se um discurso em Libras for sinalizado seguindo a ordem das palavras e a estrutura

da Língua Portuguesa, acaba-se por produzir aquilo que chamamos de “português sinalizado”

(como se fosse o “portunhol”) (FERNANDES, 2012), dificultando o entendimento

da informação pelo surdo.

39


Por isso, ao traduzir ou interpretar línguas de sinais é preciso respeitar a estrutura

das frases das línguas envolvidas e ter consciência que não se deve sinalizar e oralizar simultaneamente,

pois o fato de usar duas modalidades de línguas distintas, irá prejudicar

a qualidade de uma delas (BAGGIO; CASA NOVA, 2013) e, consequentemente, a qualidade

da informação.

Tanto na Libras quanto na língua portuguesa a ordem básica da estrutura frasal é

SVO (sujeito + verbo + objeto) e, a partir dela, são derivadas outras construções (QUA-

DROS, 2019) e (BAGGIO; CASA NOVA, 2017).

Quadro 3: Ordem básica da frase em Libras.

Sentença

HOMEM VENDER

CARRO

Estrutura Sintática

SVO

Fonte: autora/Baggio e Casa Nova (2017).

As ordens OSV (objeto + sujeito + verbo), SOV (sujeito + objeto + verbo) e VOS (verbo

+ objeto + sujeito) são ordenações derivadas de SVO. Assim, as mudanças de ordens

resultam de operações sintáticas específicas associadas a algum tipo de marca, por

exemplo, a concordância e as marcas não manuais (QUADROS; KARNOPP, 2004).

Em Libras, podemos encontrar construções sintáticas com dois tipos de verbos:

simples ou com concordância. Verbos simples são aqueles que não apresentam marcas

de concordância para número e pessoa, porém, podem ocorrer marcações aspectuais e

locativas (QUADROS, 2019). Vejamos os exemplos:

Quadro 4: Sentenças com verbos simples.

Verbos simples

HOMEM AMAR

MULHER

EU COMER MAÇA

Estrutura Sintática

SVO

SVO

Fonte: Adaptado de Quadros (2019).

Os verbos com concordância (ou direcionais) são aqueles que apresentam marcas

de concordância com movimentos direcionados ao verbo, podendo se referir a local, número

e pessoa (QUADROS, 2019).

As letras (a) e (b) antes e depois do verbo, indicam que ele é acompanhado de

movimento direcional no espaço para marcar o referente do qual faz parte a ação “a”

para onde se destina “b” (QUADROS, 2019), conforme o exemplo:

40


Figura 16: Verbo com movimento direcionado ao referente.

Fonte: Honora (2010).

Em consequência disso, as ordens OSV e SOV somente irão ocorrer quando houver

alguma coisa a mais na sentença que a torne mais carregada, forçando mudanças

na ordem básica ocasionando assim estruturas diferentes (QUADROS; KARNOPP, 2004).

Vejamos os exemplos a seguir:

Quadro 5: Sentenças com verbos com concordância.

Verbos com

concordância

MULHERa

IR FESTAb

MULHERa FESTAb aIR

Estrutura Sintática

SVO

SVO

TV ELE ASSISTIR

OSV

Fonte: Adaptado de Quadros (2019).

Pudemos observar que os verbos simples demandam a ordem básica e os verbos

com concordância possibilitam variedade de ordenações em relação a ordem das palavras,

“[...] pois o verbo incorpora a localização do referente marcando a concordância

verbal” (QUADROS, 2019, p. 96).

Outra possibilidade da sintaxe da Libras são as construções de sentenças com

argumentos nulos, ou seja, aquelas “[...] em que o sujeito e/ou objeto podem não aparecer

explicitamente na sentença, mas podem ser recuperados durante o discurso” (QUA-

DROS, 2019, p. 96). A autora argumenta que no caso dos verbos com concordância, a

própria concordância possibilita a recuperação marcada por meio do movimento. Tratando-se

de verbos simples, a recuperação será discursiva, visto que no verbo não há

nenhuma indicação referente às pessoas do discurso.

41


Exemplo: CRIANÇA GOSTAR MAMÃE (A criança gosta da mamãe).

Outro elemento que altera a ordem SVO nas frases em Libras é a topicalização, as

construções podem ser alteradas por meio do tópico, como a ordem OSV (QUADROS et

al, 2008). O tópico nada mais é do que o tema principal do discurso, enfatizado no início

da frase, seguido de comentários sobre o tema principal (QUADROS; KARNOPP, 2004).

Vejamos os exemplos:

Quadro 6: Sentenças com marca de tópico.

Libras

BEBIDAS interrogação EU GOSTAR CAFÉ

CHÁ interrogação EU GOSTAR-NÃO

Fonte: autora (2023).

Língua Portuguesa

Bebidas? Eu gosto de café.

De chá? Eu não gosto.

Na primeira frase, BEBIDAS é o tópico sobre o qual será desenvolvido o discurso.

Nesse caso, indicará a bebida preferida pela pessoa. O mesmo ocorre na segunda frase,

em que o tópico é CHÁ.

Tanto o sujeito quanto o objeto podem ser topicalizados. No entanto, dá origem à

derivação da ordem OSV, assim como SOV, com marca de tópico.

Outra possibilidade de ordenação são as construções com foco que, por meio

dela, é possível derivar a ordem VOS. Essa ordenação ocorrerá somente nos casos de

foco contrastivo (QUADROS et al, 2018). Observemos o quadro:

Quadro 7: Construções em foco contrastivo.

Libras

QUEM COMPRAR CARRO JOÃO OU MARIA qu

COMPRAR CARRO JOÃO afirm

Libras

EU PERDER LIVRO PERDERafirm (verbo)

QUEM GOSTAR GATO QUEMqu (QU)

EU TER DOIS CARRO TERafirm (quant)

EU NÃO DAR PRESENTE NÃOneg (negação)

AMANHÃ ELE COMPRAR CARRO AMANHÃafirm

(advérbio)

Fonte: Quadros et al (2008, p. 29).

42

Língua Portuguesa

Quem comprou um carro, João ou Maria?

Quem comprou um carro foi João.

Há também construções em foco duplicado que estão associadas a marcações

não manuais enfáticas de acordo com o tipo de estrutura, pela qual ocorre a duplicação

do elemento focalizado (QUADROS, 2019). De acordo com a autora é possível realizar

construções duplicadas com diversas classes de palavras, como verbos, advérbios, modais,

quantificadores, negação e o elemento QU, conforme especificado nos exemplos:

Quadro 8: Sentenças em foco duplicado.

Fonte: Quadros et al (2008, p. 29).

Língua Portuguesa

Eu perdi o Livro, perdi.

Quem gosta de gato? Quem?

Eu tenho dois carros,tenho.

Eu não dou presente, não.

Amanhã ele comprará um carro, amanhã.


2.6 - TIPOS DE FRASES

Em relação aos tipos de frases, para produzirmos uma frase em Libras nas formas

afirmativa, exclamativa, interrogativa, negativa ou imperativa é necessário utilizarmos as

expressões faciais e corporais, que deverão acontecer ao mesmo tempo que a sinalização

(FELIPE, 2007). Vejamos:

Forma afirmativa: A expressão facial é neutra.

Português: Meu nome é Maria.

Libras: ME@ NOME M-A-R-I-A.

Forma interrogativa: Sobrancelhas franzidas e um ligeiro movimento da cabeça

inclinando-a para cima.

Português: Ela é professora?

Libras: EL@ PROFESSOR@ interrogação

Forma exclamativa: Sobrancelhas levantadas e um ligeiro movimento da cabeça

inclinando-a para cima e para baixo.

Português: Que carro bonito!

Libras: CARRO BONIT@ exclamação

Fonte: Felipe (2007, p. 64)

Fonte: Felipe (2007, p. 65).

43


Forma negativa: A negação pode ser realizada de três formas:

1) Com o acréscimo do sinal NÃO à frase afirmativa.

Português: Eu não estou ouvindo.

Libras: EU OUVIR NÃO.

Fonte: Felipe (2007, p. 65).

2) Com a incorporação de um movimento e/ou a orientação contrária ou diferente

ao do sinal negado:

Português: Eu não gosto de carne, prefiro frango.

Libras: EU GOSTAR-NÃO CARNE, PREFERIR FRANGO.

Fonte: Felipe (2007, p. 66).

Quadro 9: Negação com incorporação de movimento e orientação, na Libras.

TER/TER-NÃO; QUERER/QUERER-NÃO; SABER/SABER-NÃO; LEMBRAR/LEMBRAR-NÃO

PODER/PODER-NÃO; COMBINAR/COMBINAR-NÃO.

Fonte: autora (2023).

3) O verbo de negação acompanhado por um aceno de cabeça feito simultaneamente

(a negação está dentro do sinal).

Português: Minha mãe não pode dirigir.

Libras: ME@ MÃE PODER-NÃO DIRIGIR.

Quadro 10: Verbo de negação acompanhado por aceno de cabeça, na Libras.

CONHECER/CONHECER-NÃO; CONSEGUIR/CONSEGUIR-NÃO; VER/VER-NÃO

SENTIR/SENTIR-NÃO; ESTUDAR/ESTUDAR-NÃO; AINDA/AINDA-NÃO.

Fonte: autora (2023).

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Colocando em prática!

Sinalize as seguintes frases para um (a) colega:

a) ME@ TI@ MELHOR SAÚDE. (afirmativa)

b) O-QUE VOCÊ SENTIR AGORA? (interrogativa)

c) PARABÉNS! VOCÊ DOENÇA SARAR! (exclamativa)

d) EU CASAD@ NÃO. (negativa/sinal não)

e) NÓS QUERER-NÃO SORVETE PORQUE (GRIPAD@. negativa/movimento contrário)

f) EL@ CONSEGUIR-NÃO TRABALHAR HOJE PORQUE DOR CABEÇA FORTE (negativa/

aceno cabeça simultâneo)

2.7 - VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Sabemos que na língua portuguesa existe a variação linguística e que se refere às

mudanças que acontece com a língua decorrentes de alguns fatores, como o espaço, o

tempo, o nível cultural e a situação de comunicação que cada pessoa se manifesta.

Em Libras as variações linguísticas também acontecem, e é comum encontrarmos

dialetos, reforçando assim o seu status de língua natural (STROBEL; FERNANDES, 1998).

De acordo com essas autoras, as variações linguísticas podem ser classificadas em três

tipos: regionais, sociais e históricas. Vejamos cada uma delas:

Variação linguística regional: são as variações de sinais que ocorrem dentro de um

mesmo país, de uma região para outra. Um exemplo é a diferença do sinal da cor VERDE

nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.

Figura 17: Variações regionais do sinal da cor VERDE.

Fonte: Strobel e Fernandes (1998, p. 1).

Variação linguística social: são as variações que ocorrem na CM e/ou no M, mas

que não modificam o sentido do sinal. As autoras citam o exemplo do sinal de AVIÃO, supostamente

realizado por grupos sociais distintos.

45


Figura 18: Variação social do sinal de AVIÃO.

Fonte: Strobel e Fernandes (1998, p. 3).

Vejamos que entre os sinais de AVIÃO apresentados é possível perceber que o primeiro

é realizado com a CM nº 4, enquanto o segundo é feito com a CM nº 40 (de acordo

com a tabela de configuração de mãos apresentada). Logo, identificamos a presença

do dedo indicador no segundo exemplo indicando a diferença em relação ao primeiro,

sendo que o sinal de AVIÃO com a CM nº 4 é mais utilizado entre os surdos jovens dos

centros urbanos.

É comum ocorrerem mudanças na forma como determinados grupos sociais de

surdos realizam os sinais em Libras. Outro exemplo seria um grupo de idosos surdos,

pois os sinais deles podem refletir sua forma de pensar, sinalizando de modo diferente de

um grupo de surdos adolescentes (OLIVEIRA; MARQUES, 2014).

Além desses, podem ocorrer, também, diferenças na sinalização de pessoas surdas

que vivem nos centros urbanos e as que vivem na zona rural, visto que cada um desses

grupos possui conhecimentos, experiências e costumes distintos, fator que também

pode influenciar na forma de executar os sinais.

Mudanças Históricas: são aquelas que ocorrem com alguns sinais no decorrer do

tempo, pelos quais um sinal pode sofrer mudanças sob influência dos costumes da geração

que o utiliza. Strobel e Fernandes (1998) apresentam como exemplo o sinal da cor

AZUL e as alterações ocorridas com o passar dos anos.

Figura 19: Variação histórica do sinal da cor AZUL.

Fonte: Strobel e Fernandes (1998, p. 3).

46


Verificamos que o primeiro sinal da cor AZUL era um empréstimo linguístico da língua

portuguesa, ou seja, simplesmente a soletração rítmica da própria palavra da língua

portuguesa, A-Z-U-L. Em seguida evoluiu para uma soletração rítmica das letras A-L com

movimento angular. O terceiro sinal é utilizado até os dias atuais, representado pela soletração

rítmica das letras A-L, porém com movimento retilíneo, para frente.

2.8 - SIGNWRITING

O SignWriting (ou escrita de sinais), doravante SW, é um sistema de escrita que

possui características gráfico-esquemáticas permitindo representar textos em línguas

de sinais de uma forma intuitiva e de fácil compreensão. Esse sistema é composto por

um conjunto de símbolos e regras de escrita, capazes de representar os diversos aspectos

fonético-fonológicos das línguas de sinais (COSTA et al, 2004).

Figura 20: Sinais escritos em SW.

Fonte: https://wp.ufpel.edu.br/nai/2017/08/24/curso-de-singwriting-escrita-de-sinais/

O SW foi criado por Valerie Sutton, dançarina estadunidense, hábil notadora de

movimentos. Em 1.972, ela criou um sistema para notação de dança chamado DanceWriting.

Valerie Sutton foi até a Dinamarca ensinar esse sistema em uma escola de balé. Um

jornal dinamarquês publicou um artigo sobre essa escrita de passos de dança e isso chegou

ao conhecimento de alguns importantes pesquisadores da língua de sinais dinamarquesa,

os quais estavam há algum tempo buscando uma forma de escrever essa língua

(BARRETO; BARRETO, 2015).

Figura 21: Sistema de notação de dança.

Fonte: https://escritadesinais.com/2010/08/17/historia-do-signwriting/

47


Esses estudiosos enviaram a Sutton alguns sinais em vídeo e solicitaram que ela

os escrevesse utilizando seu sistema de dança. Logo, foi através da adaptação feita por

Sutton que, em 1.974, é criado um sistema capaz de escrever as línguas de sinais (BAR-

RETO; BARRETO, 2015).

No Brasil, o sistema foi traduzido e adaptado no par linguístico Inglês-Língua de

Sinais Americana/Português-Libras, pela professora surda Dra. Marianne Rossi Stumpf

da Universidade Federal de Santa Catarina (SILVA et al, 2018).

O SW possibilita ler, escrever e transcrever as línguas de sinais de forma visual direta,

sem a necessidade de passar por uma outra língua (BARRETO; BARRETO, 2015).

Sua estrutura é composta por informações acerca das configurações e movimentos

de ombro, tronco e cabeça, representando as partes do corpo. Possui três configurações

básicas de mão: mão circular (punho aberto), aberta (mão plana) e fechada (punho

fechado (SILVA et al, 2018).

Figura 22 e 23: Configurações de mão - Configurações do tronco.

Fonte das figuras: Silva et al (2018, p. 21, 24).

O SW possui sete símbolos que possibilita representar a mão sem especificar se

ela é a mão direita ou a esquerda. Já o contato dos símbolos que compõe um sinal, pode

ser representado através de sete símbolos específicos, podendo ser: mão com mão,

mão com corpo ou mão com cabeça (SILVA et al, 2018). Existem diversos símbolos para

representar todas as possibilidades de posições, expressões (faciais e corporais) e movimentos

na escrita de sinais (SW). Vejamos alguns:

Figura 24: Posição da palma da mão.

48


Figura 25: Símbolos de contato.

Fonte das figuras: Silva et al (2018, p. 21, 22).

Figura 26: Movimento de cabeça.

Fonte: Silva et al (2018, p. 21).

Figura 27: Configuração dos dedos.

Fonte: Silva et al (2018, p. 21).

49


Figura 28: Símbolos dos dedos.

Fonte: Silva et al (2018, p. 22).

Figura 29: Expressão das sobrancelhas.

Fonte: Silva et al (2018, p. 22).

Figura 30: Expressões da boca.

Fonte: Silva et al (2018, p. 22).

50


Figura 31: Expressões dos dentes.

Fonte: Silva et al (2018, p. 22).

Figura 32: Expressões da língua.

Fonte: Silva et al (2018, p. 22).

Figura 33: Expressões do nariz.

Fonte: Silva et al (2018, p. 22).

51


Figura 34: Expressões dos olhos.

Fonte: Silva et al (2018, p. 22).

Figura 35: Expressões da bochecha.

Fonte: Silva et al (2018, p. 22).

Figura 36: Posição da cabeça.

Fonte: Silva et al (2018, p. 22).

52


Figura 37: Símbolos diversos relacionados à cabeça.

Fonte: Silva et al (2018, p. 23).

Figura 38: Posição dos ombros.

Fonte: Silva et al (2018, p. 23).

Figura 39: Alfabeto SignWriting.

Fonte: https://www.ufsm.br/midias/arco/post395

Colocando em prática!

1) Transcreva seu nome na escrita de sinais:

53


2) Traduza para a escrita da Língua Portuguesa:

2.9 - SISTEMA DE TRANSCRIÇÃO PARA A LIBRAS

Para demonstrar a estrutura gramatical da Libras usaremos um sistema de transcrição

específico, em glosas, o mesmo utilizado por (BRITO, 1997) e (QUADROS; KAR-

NOPP, 2004). Leite (2008) assevera que esse sistema engloba particularidades que facilitam

no momento em que necessitamos registrar a Libras por meio da escrita. Para efeito

de simplificação, a grafia é representada por itens lexicais da língua portuguesa em letras

maiúsculas (BARRETO; BARRETO, 2015). Nesse sistema são usadas palavras da língua

portuguesa para representar os sinais de forma aproximada (BRITO, 1997).

Apesar da existência do SW como a modalidade escrita da língua de sinais, o fato

de essa técnica exigir um amplo período de tempo para ser aprendida, neste material

adotamos o Sistema de notação em palavras (FELIPE, 2007), em glosas, o mesmo utilizado

por (BRITO, 1997) e (QUADROS; KARNOPP, 2004). Essa é uma técnica aceita por

muitos estudiosos de línguas de sinais no Brasil e no mundo. Esse sistema engloba particularidades

que facilitam no momento em que necessitamos registrar a Libras por meio

da escrita da língua portuguesa (LEITE, 2008).

Trata-se de um modelo de códigos que tornou possível a descrição dos movimentos

articulados visualmente na forma escrita. Esse sistema de transcrição aproximou o

estudo e o ensino da Libras dos mecanismos gráficos e textuais da língua portuguesa

mediante o uso de filmes feitos por surdos, já que a língua de sinais possui características

próprias e, por esse motivo, a tecnologia mais adequada para sua divulgação e para

sua reprodução na atividade de ensino é a projeção de vídeos. Vejamos então como se

dá a representação dos sinais manuais e não manuais em Libras, no formato escrito por

esse sistema.

Para efeito de simplificação, no Sistema de notação de palavras, toda palavra da

língua portuguesa que possui um sinal equivalente em Libras será escrita em letras maiúsculas,

a fim de representar o sinal de forma aproximada (BRITO, 1997), conforme quadro

abaixo:

54


Quadro 11: Transcrição da língua português para Libras em glosas.

Libras

XÍCARA

LIVRO

Fonte: A autora (2023).

Língua Portuguesa

Xícara

Livro

Nesse sistema, a letra minúscula é utilizada somente para indicar o tipo de pontuação

a ser utilizada na sentença e os advérbios de intensidade, modo e frequência (OLI-

VEIRA et al, 2021).

A datilologia (alfabeto manual) que é usada para expressar nome de pessoas, de

localidades e outras palavras que não possuem um sinal, será representada pela palavra

separada, letra por letra, por hífen.

Exemplo: FARMÁCIA P-R-E-M-I-E-R.

Vale destacar que na estruturação da Libras existem regras específicas de sua modalidade,

portanto, não são usados artigos, preposições e conjunções, visto que esses

conectivos estão incorporados ao sinal (STROBEL; FERNADES, 1998). Veja o exemplo no

quadro a seguir:

Quadro 12: Ausência de preposição na transcrição para a Libras.

Fonte: A autora (2023).

Libras

EU IR CASA futuro.

Língua Portuguesa

Eu irei para casa.

No exemplo é possível perceber que a preposição “para” não aparece na transcrição

para a Libras. Nesta modalidade de língua a preposição está incorporada ao verbo.

Em Libras a pontuação é expressa por meio das expressões faciais e corporais, por

elas é que saberemos quando uma sentença está na forma afirmativa, negativa, imperativa,

interrogativa ou exclamativa. As expressões são feitas ao mesmo tempo que os sinais

(FELIPE, 2007), conforme o quadro:

Quadro 13: Letra minúscula para indicar pontuação e intensificação.

Libras

A-N-A ANDAR rapidamente

EU SAUDADE VOCÊ muito

VOCÊ MORAR AQUI interrogação

Fonte: A autora (2023).

Língua Portuguesa

Ana anda muito rápido.

Estou com muita saudade de você.

Você mora aqui?

55


2.10 - GÊNERO NA LIBRAS

Oliveira et al (2021) esclarecem que a flexão nominal no sistema de transcrição para

a Libras, utilizado por Brito (1997) e Quadros e Karnopp (2004), não usa desinência para

masculino, feminino e número (singular e plural). Palavras que na língua portuguesa são

submetidas a essas variações, na gramática da Libras, usa-se o símbolo arroba “@”.

Logo compreendemos que as desinências supracitadas aparecerão apenas no

momento da sinalização por meio do sinal HOMEM ou MULHER. Isso significa que ao

sinalizar o substantivo “menino” é preciso realizar o sinal do gênero masculino HOMEM

seguido do sinal de BAIXO, sem essa indicação, não fica claro se o termo se refere a ME-

NINO ou MENINA.

Diante disso, podemos concluir que essas desinências se constituem como morfemas,

elementos estruturais que determinam o gênero e o número das palavras na Libras

e que a marcação do gênero da pessoa, no momento da sinalização, é demonstrada

pelo contexto estabelecido no início da comunicação por meio de um sinal específico

para o gênero pretendido, conforme o quadro abaixo.

Quadro 14: Uso do símbolo arroba.

Libras

GAT@

PEQUEN@

Fonte: A autora (2023).

Língua Portuguesa

Gato (s), Gata (as).

Pequeno (s), pequena (s).

É importante observar que, nos casos acima, o símbolo “@” aparece logo após o

radical das palavras “gat” e “pequen”. Já as palavras que terminam em “r” devem ser escritas

sempre no masculino seguido do símbolo arroba “@” (OLIVEIRA et al, 2021).

Quadro 15: Uso do símbolo arroba após o “r”.

Libras

PROFESSOR@

CANTOR@

Fonte: A autora (2023).

Língua Portuguesa

Professor (es), professora (s).

Cantor (es), cantora (s).

Strobel e Fernandes (1998) destacam que no caso dos pronomes possessivos a

ocorrência da escrita é parecida com a da língua portuguesa, todavia, eles aparecerão no

masculino, subtraídos das letras “u” e “o”, conforme o quadro.

Quadro 16: Pronomes possessivos em Libras.

Libras

ME@

SE@

TE@

NOSS@

VOSS@

Fonte: A autora (2023).

Língua Portuguesa

Meu (s), minha (s)

Seu (s), sua (s)

Teu (s), tua (s)

Nosso (s), nossa (s)

Vosso (s), vossa (s)

56


Durante a sinalização, na 1ª, 2ª e 3ª pessoa do singular, os pronomes são feitos

com o dedo indicador.

A única situação que não se usa o símbolo arroba “@” para designar diferença de

gênero são em palavras que variam o radical (STROBEL; FERNANDES, 1998).

Quadro 17: Exceção do uso do símbolo arroba.

Libras

REI / RAINHA

LEÃO / LEOA

PRÍNCIPE / PRINCESA

CAVALO / ÉGUA

Fonte: Oliveira et al (2021).

Língua Portuguesa

Rei / rainha

Leão / leoa

Príncipe / princesa

Cavalo / égua

Observamos que essas palavras permanecem com a mesma grafia da língua portuguesa,

no entanto devem ser representadas em letras maiúsculas.

Quanto a flexão nominal de número (plural) em Libras, pode ocorrer de várias formas,

no entanto, no Quadro 18, veremos as três mais usadas.

Quadro 18: Flexão nominal de número.

1) Pela indicação da quantidade antes de

sinalizar o substantivo;

2) Pela repetição do sinal que se pretende

pluralizar;

sinalizar a quantidade (1, 2, 3 etc.) antes de sinalizar o substantivo.

repetir o sinal (com movimento indicando sequência).

3) Pelo uso da expressão “vários”, em Libras primeiro sinalizamos a palavra a ser pluralizada seguida do

sinal de “vários”.

Fonte: Adaptado de Schlindwein (2021).

Vale lembrar que há quem use o sinal de “muito” com o objetivo de marcar o plural,

no entanto, essa prática deve ser evitada, visto que o sinal de “muito” pode ser facilmente

substituído pelo sinal de “vários”. O uso do sinal de “muito” é mais apropriado para indicar

intensidade.

2.11 - SINAIS COMPOSTOS

Em Libras, as palavras que são escritas com hífen são denominadas palavras compostas,

assim como na língua portuguesa.

No entanto, na Libras há uma incidência maior do uso dessas palavras e elas sempre

serão grafadas em letra maiúscula. Não obstante, na língua portuguesa as palavras

separadas por hífen, todas, devem ser pronunciadas, enquanto na Libras as palavras

compostas serão representadas por meio de um único sinal, representando o seu significado

(FELIPE, 2007), conforme os exemplos:

Língua portuguesa: guarda-chuva

Libras: GUARDA-CHUVA

57


Figura 40: Sinal GUARDA-CHUVA.

Fonte: A autora (2023).

Felipe (2007) especifica que uma palavra formada por dois ou mais sinais deve ser

transcrita separada pelo acento circunflexo (^) indicando que a junção dos dois termos

forma um único sinal, caracterizando-as como compostas na escrita e simples na sinalização.

Vejamos o termo ZEBRA em Libras e em língua portuguesa:

Figura 41: CAVALO^LISTRAS (Libras)

Figura 42: Zebra (português)

Fonte: A autora (2023).

58


Figura 43: CASA^ESTUDAR (Libras)

Figura 44: Escola (português)

Fonte: A autora (2023).

2.12 - PRONOMES PESSOAIS

A Libras possui um sistema pronominal para representar as pessoas do discurso:

primeira pessoa (singular, dual, trial, quatrial e plural): EU; NÓS-2, NÓS-3, NÓS-4, NÓS-

-GRUPO, NÓS/NÓS-TOD@S.

EU

NÓS-2

NÓS-3

NÓS-4

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NÓS-TOD@S

VOCÊ

Fonte: Adaptado de Felipe (2006, p. 38).

VOCÊS-2

VOCÊS-3

VOCÊS-4

VOCÊS-TOD@S

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VOCÊS-GRUPO

Fonte: Adaptado de Felipe (2007, p. 39).

EL@

EL@-2

EL@-3

61


EL@-4

EL@-TOD@S

EL@-GRUPO

Fonte: Adaptado de Felipe (2007, p. 40).

62


Assim como na língua portuguesa, na Libras, quando uma pessoa surda está conversando

(em Libras), ela pode omitir a primeira “pessoa” porque, pelo contexto, as pessoas

que estão interagindo sabem a qual das duas o contexto está relacionado, por isso,

esta pessoa pode ser apontada quando for necessário enfatizá-la na frase (FELIPE, 2007).

Quando se quer falar sobre uma terceira pessoa que está presente, mas deseja-se

uma certa reserva, por educação, não se aponta para esta pessoa diretamente. Nessa

situação, o enunciador faz um sinal com os olhos e um leve movimento de cabeça para a

direção da pessoa que está sendo mencionada, ou aponta para a palma da mão encostando

o dedo indicador da mão esquerda na mão direita um pouco à frente do peito do

emissor, estando o dorso desta mão direita voltada para a direção aonde se encontra a

pessoa referida (FELIPE, 2007).

Diferentemente do português, os pronomes pessoais na terceira pessoa não possuem

marca para gênero (masculino e feminino).

2.13 - PRONOMES INTERROGATIVOS

Na Libras, há uma tendência para a utilização, no final da frase, dos pronomes interrogativos

QUAL, como e PARA-QUÊ, todavia também podem ser usados no início. Do

mesmo modo há uma tendência para a utilização no início da frase, do pronome interrogativo

POR-QUE, mas os primeiros podem ser usados também no início e POR-QUE pode

ser utilizado também no final.

O pronome interrogativo “como” pode ser utilizado em forma do sinal de COMO ou,

quando precisar ser enfatizado, pode ser feita a datilologia: C-O-M-O.

Em Libras, não há diferença entre o uso do “por quê” interrogativo e do “porque”

explicativo, pois o contexto é representado pelas expressões faciais quando ele está

sendo usado em frase interrogativa ou em frase explicativa. Vejamos os exemplos:

QUAL?

QUAL? (comparativo)

Fonte: Adaptado de Felipe (2007, p. 108).

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O pronome interrogativo QUEM pode variar de acordo com o contexto. O sinal

QUEM, usado para perguntar “QUEM-É?” (pessoas) ou sinal soletrado Q-U-M, usado para

perguntar “DE-QUEM-É” (coisas).

2.14 - PRONOMES DEMONSTRATIVOS E ADVÉRBIOS DE LUGAR

Na Libras, assim como na língua portuguesa, os pronomes demonstrativos e os

advérbios de lugar estão relacionados às pessoas do discurso e representam, na perspectiva

do emissor, o que está muito próximo, perto ou distante. Eles possuem a mesma

configuração de mãos dos pronomes pessoais, mas os pontos de articulação e as direções

de olhar são diferentes (FELIPE, 2007).

Os pronomes demonstrativos e os advérbios de lugar relacionados à 1ª pessoa,

EST@/AQUI, são representados por um apontar para o lugar perto e em frente do emissor,

acompanhado de um olhar para este ponto. EST@ também pode ser sinalizado ao

lado do emissor apontando para a pessoa/coisa mencionada.

ESS@/AÍ é um apontar para o lugar perto e em frente do receptor, acrescido de um

olhar direcionado não para o receptor, mas para o ponto sinalizado com relação à coisa/

pessoa que está perto da segunda pessoa do discurso.

AQUEL@/LÁ é um apontar para um lugar mais distante, o lugar da terceira pessoa,

mas diferentemente do pronome pessoal, ao apontar para este ponto há um olhar direcionado

para a coisa/pessoa ou lugar.

Assim como os pronomes pessoais, os pronomes demonstrativos também não

possuem marca para gênero (masculino e feminino).

2.15 - ADVÉRBIOS DE TEMPO

Na Libras, não há marcação de tempo nas formas verbais. O tempo é marcado por

meio de advérbios de tempo que demonstram se a ação está ocorrendo no presente

(HOJE, AGORA); ocorreu no passado (ONTEM, ANTEONTEM); ou ocorrerá no futuro (AMA-

NHÃ, FUTURO). Por isso os advérbios geralmente vêm no começo da frase, mas podem

ser usados também no final. Quando não há, na frase, um advérbio de tempo específico,

geralmente a frase, no presente, não é marcada, ou seja, não há nenhuma especificação

temporal (FELIPE, 2007).

HOJE

AGORA

Fonte: Adaptado de Felipe (2007, p. 69).

64


ONTEM

ANTEONTEM

Fonte: Adaptado de Felipe (2007, p. 70).

AMANHÃ

FUTURO

Fonte: Adaptado de Felipe (2007, p. 70).

Os advérbios aparecem escritos ou sinalizados no início ou no final da frase. Quando,

na frase, não há nenhuma indicação temporal, entendemos que tal sentença está no

tempo presente. Comumente, para indicar que uma frase está no passado, é utilizado o

sinal de PASSADO ou o sinal de JÁ (FELIPE, 2007).

PASSADO

Fonte: Adaptado de Felipe (2007, p. 70).

65


Como vimos, quando não há nenhuma marcação temporal específica, devemos

considerar a ideia de presente. Na Libras esses aspectos são marcados durante o discurso

por recursos espaciais e não morfossintaticamente como ocorre na Língua Portuguesa

(FERNANDES, 2012), conforme especificado a seguir:

Quadro 19: Marcação dos advérbios de tempo na Libras.

Tempo Libras Língua Portuguesa

Sem marcação temporal EU COMER PÃO. Eu como pão.

Com sinal de PASSADO PAULA FICAR DOENTE passado. Paula ficou doente/Paula adoeceu.

Com sinal de FUTURO HUGO IR futuro COMPRAR CARRO. Hugo comprará um carro

Fonte: A autora (2023).

Na Libras também existem e são utilizados sinais específicos para cada termo que

indica advérbios de tempo, assim como na língua portuguesa (ontem, hoje, amanhã, nesta

semana, em breve, semana que vem, agora, frequentemente, antes, cedo, constantemente,

depois, imediatamente, jamais, nunca, sempre, tarde, já, entre outros).

2.16 - ADJETIVOS NA LIBRAS

Os adjetivos são sinais que formam uma classe específica na Libras e sempre estarão

na forma neutra, não havendo nem marca para gênero (masculino e feminino), nem

para número (singular e plural) (FELIPE, 2007).

Alguns adjetivos possuem características descritivas e apresentam de forma icônica

uma qualidade do objeto, sendo possível desenhá-la no ar, mostrá-la a partir do objeto

ou a partir do corpo do próprio emissor.

Na Libras, quando uma pessoa se refere a um objeto como sendo arredondado,

quadrado, listrado, entre outros, esse formato ou textura são representados no espaço

ou no corpo do emissor, em uma tridimensionalidade permitida pela modalidade da língua.

Diferente da língua portuguesa que, provavelmente, estaria sendo descrito oralmente.

Na frase, os adjetivos geralmente aparecem, escritos ou sinalizados, após o substantivo

que o qualifica (FELIPE, 2007), como, por exemplo:

Língua portuguesa: Ana é magérrima.

Libras: A-N-A MAGR@ muito.

Vejamos alguns sinais de adjetivos na Libras:

GORD@

MAGR@

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GRANDE

PEQUEN@

Fonte: Adaptado de Felipe (2007, p. 121).

NOV@ (coisa)

NOV@ (jovem)

Fonte: Adaptado de Felipe (2007, p. 122).

USAD@

VELH@

Fonte: Adaptado de Felipe (2007, p. 122).

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ALT@

ALT@

BAIX@

Fonte: Adaptado de Felipe (2007, p. 122).

BONIT@

FEI@

GROSS@

Fonte: Adaptado de Felipe (2007, p. 123).

FIN@

ESTAMPAD@

QUADRICULAD@

Fonte: Adaptado de Felipe (2007, p. 122).

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COM-BOLINH@

QUADRAD@

LISTRAD@ (vertical)

Fonte: Adaptado de Felipe (2007, p. 122).

LIS@

ONDULAD@/CURVAD@

XADREZ

Fonte: Adaptado de Felipe (2007, p. 123).

3 - AQUISIÇÃO DE VOCABULÁRIO DA LIBRAS

3.1 - ALFABETO MANUAL

O alfabeto manual é um recurso que possibilita soletrar as letras alfabéticas. Utilizado

para soletrar nomes próprios (de pessoas, lugares ou siglas) e algum termo que

não possua um sinal. O ato de soletrar manualmente as letras do alfabeto é chamado de

datilologia.

Figura 45: Alfabeto Manual.

Fonte: Secretaria Nacional de Justiça (2009).

69


Colocando em prática!

1. Apresente-se realizando a soletração do seu nome completo, sinal pessoal, idade,

o nome e o sinal da cidade onde reside.

OI. ME@ SINAL (realizar seu nome visual), ME@ NOME (soletrar seu nome), IDADE (sua

idade), MORAR CIDADE UMUARAMA (realizar o sinal da cidade), NOME U-M-U-A-R-A-

-M-A (soletrar o nome da cidade).

2. Anote e faça a datilologia (soletração) do nome das pessoas famosas que aparecem

nas imagens apresentadas pelo (a) professor (a).

3.2 - APRESENTAÇÃO E SAUDAÇÃO

As pessoas ouvintes, de acordo com a cultura brasileira, comumente, quando são

apresentadas umas às outras, primeiro se cumprimentam com apertos de mãos (contexto

formal) e/ou beijos na face (contexto informal), em seguida pronunciam seus nomes.

Já, as pessoas surdas, com base na cultura visual, primeiro se apresentam pelo

sinal pessoal (nome visual) que lhe foi atribuído pela comunidade surda da qual participa.

Em seguida, fazem a datilologia de seus nomes (FELIPE, 2007).

Figura 46: Apresentação em Libras.

Fonte: Silva et al (sem data).

Disponível em: www.palhoca.ifsc.edu.br/materiais/apostila-libras-basico/Apostila_Libras_Basico_IFSC-Palhoca-Bilingue.pdf

Em todas as línguas há a tradição da saudação. De acordo com o contexto, o cumprimento

poderá ser formal ou informal. O mesmo ocorre na Libras, visto que existem sinais

específicos para cada uma das saudações. Os mais comuns são: O-I; OLÁ. Vejamos

algumas saudações:

70


Figura 47: Saudação em Libras.

Fonte: Silva et al (sem data).

Disponível em: www.palhoca.ifsc.edu.br/materiais/apostila-libras-basico/Apostila_Libras_Basico_IFSC-Palhoca-Bilingue.pdf

BO@ D-IA

BO@ TARDE

Fonte: Felipe (2007, p. 36).

BO@ NOITE

TCHAU

Fonte: Felipe (2007, p. 36).

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Além desses, existem também algumas palavras de cortesia bastante utilizadas,

como: OBRIGAD@; DE-NADA; COM-LIÇENÇA; POR-FAVOR; DESCULPA; BEM-VIND@;

DEUS ABENÇOAR; AMÉM.

Vejamos algumas das saudações mais utilizadas pela comunidade surda em um

primeiro contato:

Quadro 20: Cumprimentos básicos.

Libras

O-I, TUDO-BEM interrogação

OLÁ. TUDO-BO@ interrogação

SINAL interrogação

NOME interrogação

IDADE interrogação

PRAZER CONHECER VOCÊ afirmação

BEM-VIND@ exclamação

Fonte: A autora (2023).

Língua Portuguesa

Oi, tudo bem?

Olá, tudo bom?

Qual é o seu sinal?

Qual é o seu nome?

Qual é a sua idade?

Prazer em conhecer você.

Seja bem-vindo (a)!

Colocando em prática!

1. Em duplas, pratiquem os seguintes diálogos, em Libras:

a) Diálogo formal

Quadro 21: Diálogo formal.

A - Boa noite, tudo bem?

B - Boa noite, tudo bom!

A – Qual é o seu sinal?

B – O meu sinal é este...

A - Qual é o seu nome?

B - Meu nome é ... E o seu sinal?

A - O meu sinal é este ...

B - Qual é o seu nome?

A - Meu nome é...

B – Que nome bonito!

A – Obrigado (a)!

B - Foi um prazer conhecer você!

A - Para mim também.

B - Seja bem-vindo (a) ao hospital.

A – Obrigado (a)!

B – De nada.

Fonte: A autora (2023).

BO@ NOITE, TUDO-BEM interrogação

BO@ NOITE, TUDO-BO@ interrogação

SINAL interrogação

MEU SINAL .... afirmação

NOME interrogação

MEU NOME ... afirmativa. SINAL interrogação

MEU SINAL ... afirmação

NOME interrogação

MEU NOME ... afirmação

NOME BONIT@ exclamação

OBRIGAD@ exclamação

PRAZER CONHECER VOCÊ exclamação

EU TAMBÉM afirmação

BEM-VIND@ HOSPITAL afirmação

OBRIGAD@ exclamação

DE-NADA afirmação

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b) Diálogo informal

Quadro 22: Diálogo informal.

A - Oi, beleza?

B - Tudo joia! E você? Tudo joia?

A – Estou bem, também.

A – Qual é o seu sinal?

B – O meu sinal é este...

A - Qual é o seu nome?

B - Meu nome é... E o seu sinal?

A - O meu sinal é este...

B - Qual é o seu nome?

A - Meu nome é...

B – Legal conhecer você!

A – Legal mesmo.

B - Seja bem-vindo (a) ao hospital.

A - Ok. Tchau.

B - Tchau.

Fonte: A autora (2023).

OI, BEM interrogação

EU BEM interrogação VOCÊ BEM interrogação

EU BEM, TAMBÉM afirmação

SINAL interrogação

MEU SINAL .... afirmação

NOME interrogação

MEU NOME ... afirmação. SINAL interrogação

MEU SINAL ... afirmação

NOME interrogação

MEU NOME ... afirmação

LEGAL CONHCECER VOCÊ exclamação

LEGAL VERDADE afirmação

BEM-VIND@ HOSPITAL afirmação

OK. TCHAU.

TCHAU.

3.3 - FAMÍLIA

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Quadro 23: Pessoas do contexto familiar.

HOMEM TI@ CRIANÇA GENRO

MULHER PRIM@ BEBÊ NORA

PAI AV@ VIÚV@ NOIV@

MÃE ESPOS@ PADRASTO SOLTEIR@

FILH@ BISAV@ MADRASTA AMIG@

FILH@ ADOTIV@ MENIN@ CASAD@ UNIÃO ESTÁVEL/AMA-

SIAD@

IRM@ SOGR@ DIVORCIAD@ AMANTE

CUNHAD@ SOBRINH@ NAMORAD@ ENTEAD@

Fonte: A autora (2023).

Colocando em prática!

1. DIÁLOGO:

A – BO@ NOITE! TUDO BEM?

B – BO@ NOITE, TUDO BEM.

A – VOCÊ MORAR AQUI U-M-U-A-R-A-M-A?

B – NÃO (SIM). EU MORAR CIDADE X-A-M-B-R-Ê.

A – VOCÊ CASAD@ OU SOLTEIR@?

B – EU CASAD@ (OU SOLTEIR@).

A – QUANT@ PESSOAS MORAR SE@ CASA?

B – ME@ CASA MORAR, EU, MÃE, ESPOS@, UM@ FILH@ (adequar de acordo à sua

realidade).

A – AH, ENTENDI.

B – SE@ CASA QUANT@ PESSOAS MORAR?

A – EU MORAR SOZINH@. (adequar de acordo a sua realidade)

B – LEGAL!!! DESCULPA, PRECISAR IR EMBORA. TCHAU!

A – EU TAMBÉM. TCHAU.

3.4 - NUMERAIS

Os numerais podem ser apresentados de formas diferentes quando utilizados

como cardinais, ordinais, quantidade, medida, idade, dias da semana, horas e valores monetários

(FIGUEIRA, 2011). Vejamos a seguir como ocorre essa apresentação na Libras.

a) Números Cardinais

Os números cardinais são expressos em uma sequência absoluta sem indicar

quantidade, tais como; capítulos de livros, número de páginas, números de residências,

placas de veículos, etc. Vejamos o exemplo:

Português: O número da minha casa é 5324.

Libras: NÚMERO ME@ CASA 5324.

74


Figura 48: Números cardinais.

Fonte: A autora (2023).

Colocando em prática!

1. Em dupla, sinalize para o colega o número do seu telefone com DDD (fictício) e o número

da sua residência (fictício), conforme o exemplo a seguir. Em seguida, pergunte

os de seu colega.

NÚMERO ME@ TELEFONE (44) 997176327. NÚMERO ME@ CASA 2531. SE@?

b)Números Ordinais

Do PRIMEIR@ até o NONO têm a mesma forma dos cardinais, porém os ordinais

possuem movimentos, enquanto os cardinais não.

Figura 49: Números ordinais.

Fonte: A autora (2023).

Os numerais ordinais do PRIMEIR@ até o QUART@ têm movimentos para cima e

para baixo, e os ordinais do QUINT@ até o NONO têm movimentos para os lados. A partir

do numeral DEZ, não há mais diferença entre cardinais e ordinais.

Colocando em prática!

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Sinalize as seguintes frases em Libras:

a) ME@ FILH@ PASSAR VESTIBULAR MEDICINA TERCEIR@ LUGAR.

b) COMPREI MINHA PRIMEIRA CASA.

c) A-N-A CONQUISTAR QUINTA MEDALHA PRATA.

d) R-O-B-E-R-T-A CONQUISTAR SEGUNDA MEDALHA OURO.

e) J-Ú-N-I-O-R MORAR SEXTO ANDAR.

f) A-R-N-A-L-D-O REPROVAR OITAVA VEZ.

c)Números Quantitativos

Até o número quatro são apresentados em pé.

Figura 50: Números quantitativos.

Fonte: A autora (2023).

Colocando em prática!

Sinalize as seguintes frases em Libras:

a) HOJE EU IR FARMÁCIA COMPRAR 4 RÉMEDIOS DOR-DE-CABEÇA, P-A-R-A-C-E-T-A-

-M-O-L.

b) ME@ TI@ J-O-S-É FAZER passado 2 CIRURGIAS ABDOMINAIS, ESTÔMAGO, HERNIA

UMBILICAL.

3.5 - VALORES MONETÁRIOS

Usa-se os sinais dos numerais correspondentes seguido do sinal soletrado ‘’R” e “C” para

centavos.

Exemplos: R$ 1,00 - R$ 450,00 - R$ 214,35 - R$ 896,73

• Para valores de um mil até nove mil, usa-se os sinais dos numerais correspondentes

seguidos de PONTO.

• Para valores acima de um milhão usa-se a letra “M” com o mesmo movimento, porém

com ênfase na expressão facial e no movimento do ponto, que fica maior e mais acentuado.

• Para bilhão, usa-se o mesmo sinal, mas com a letra “B”.

Exemplos: R$ 2.500,25 - R$ 5.350.200,40 - R$ 9.600.700.400,10

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Colocando em prática!

Sinalize as seguintes frases:

a) EU TER DOENÇA CARDÍACA. CONSULTA MÉDIC@ CARDIOLOGISTA CARO muito, CUS-

TAR APROXIMADAMENTE R$ 400,00.

b) CONSULTA MÉDIC@ CLÍNIC@-GERAL MAIS BARAT@, CUSTAR R$ 250,00.

c) AMANHÃ EU IR FAZER EXAME ENDOSCOPIA, CUSTAR R$ 780,00, CAR@ exclamação.

d) ME@ AMIG@ COMPRAR CASA, CUSTAR R$ 482.900,15.

e) QUATRO APARELHOS ULTRASSON CUSTAR MAIS-OU-MENOS R$ 5.834.721,39.

f) PASSADO REFORMAR HOSPITAL, GASTAR R$ 8.236.452.963,02.

3.6 - CALENDÁRIO E EXPRESSÕES DE TEMPO

Quadro 23: Dias, meses, anos e advérbios.

DIAS – MESES – ANOS

1-DIA; 2-DIAS; 3-DIAS; 4-DIAS; 5 DIAS

TODO-DIA; ÀS-VEZES;

FREQUENTEMENTE;

SEMPRE; ALGUNS DIA

Fonte: Adaptado de Felipe (2007, p. 48)

1. Meses do ano

Figura 51: Calendário em Libras.

Fonte: https://br.pinterest.com/pin/717339046908662452/

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Colocando em prática!

Após ter aprendido os sinais dos meses do ano responda em Libras:

1. Em que mês estamos?

2. Qual é o mês do seu aniversário?

3. Em que mês é comemorado o dia do trabalhador?

4. Quantos meses tem um ano?

2. Dias da semana

3. Expressões de tempo

Fonte: Adaptado de Silva et al (sem data).

SEMANA-QUE-VEM; SEMANA-PASSADA; SEMANA AGORA;

1-SEMANA; 2 SEMANAS; 3-SEMANAS; 4-SEMANAS; 5 SEMANAS;

MÊS QUE-VEM; MÊS PASSADO; MÊS AGORA;

1-MÊS; 2-MESES; 3-MESES; 4-MESES; 5-MESES.

ANO QUE-VEM; ANO PASSADO; ANO AGORA;

1-ANO; 2-ANOS; 3-ANOS; 4-ANOS; 5 ANOS.

Colocando em prática!

1. Após ter aprendido os sinais dos dias da semana responda, em Libras:

a) Que dia da semana é hoje?

b) Quais os dias que você trabalha?

c) Qual seu dia da semana preferido?

d) Em que dia da semana você descansa?

e) Qual é o dia e mês do seu aniversário?

f) Uma semana tem quantos dias?

g) Em que mês serão suas férias?

h) Qual o primeiro dia da semana? E o último? E o quarto?

i) Em que ano foi publicada a Lei da Libras?

j) Em que dia é comemorado o Dia Nacional dos surdos?

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2. Em dupla, elaborem um diálogo utilizando o vocabulário aprendido até o momento e,

em seguida, apresentem para a turma. Não esqueçam de relacioná-lo às situações do

cotidiano de trabalho, na área da saúde.

3. Preencha a ficha cadastral e apresente em Libras para um (a) colega. Em seguida, ele

(a) deve fazer o mesmo.

Colocando em prática!

FICHA CADASTRAL

NOME COMPLETO:___________________________________________________

ENDEREÇO:_____________________________ Nº______ BAIRRO:____________

CIDADE:____________ESTADO:___CEP:_________TEL. RESIDENCIAL:_________

TEL.CEL:_________________RG:_________________CPF:___________________

DATA DE NASC.:__________________EMAIL:______________________________

ESCOLARIDADE:_____________________________ESTADO CIVIL: ____________

3.7 - HORA (CRONOLÓGICA E DE DURAÇÃO)

Fonte: http://oficinadelibras.blogspot.com/2014/05/horas-em-libras.html

HORA – MINUTO – SEGUNDO

Fonte: http://oficinadelibras.blogspot.com/2014/05/horas-em-libras.html

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a) Hora cronológica

Até 4 horas, o sinal é realizado com um toque no pulso.

Exemplo: 1-hora, 2-hora, 3-hora, 4-hora.

ATENÇÃO: Em Libras NÃO se utiliza o formato 24 horas. Para indicar o período deve-se

acrescentar as palavras MANHÃ, TARDE, NOITE, MADRUGADA.

MANHÃ

TARDE

NOITE

MADRUGADA

Fonte: Adaptado de Felipe (2007, p. 48)

Vejamos os exemplos no formato de 12h:

Português: Hoje começo trabalhar às 14h00.

Libras: HOJE EU COMEÇAR TRABALHAR 2-HORA TARDE.

A partir das 5 horas, deve-se apontar primeiro para o pulso e em seguida fazer o

sinal do número, ao lado.

Exemplo: HORA 5, HORA 6, HORA 7, HORA 8, HORA 9, HORA 10, HORA 11, HORA 12;

MEIO-DIA; MEIA-NOITE.

Vejamos os exemplos no formato de 12h:

Português: Amanhã teremos reunião às 17 horas.

Libras: AMANHÃ NÓS TER REUNIÃO HORA 5 TARDE.

b)Hora de duração

Até às 4 horas é sinalizado fazendo um círculo no rosto juntamente com o número.

A partir das 5 horas, circular o rosto com o dedo indicador e em seguida fazer o sinal do

80


respectivo número.

PORTUGUÊS: Ontem a reunião durou 3 horas.

Libras: ONTEM REUNIÃO DEMORAR 3-HORA.

Observe a sinalização da (o) professor (a):

Colocando em prática!

1-HORA; 2-HORA; 3-HORA; 4-HORA; HORA 5; MEIA-HORA.

Peça para um (a) colega ler as frases abaixo e tente interpretá-las em Libras simultaneamente.

Veja o modelo:

a) Meu filho tem uma consulta hoje às 15h.

b) ME@ FILH@ TER CONSULTA HOJE 3-HORA TARDE.

c) O paciente foi internado às 13 horas.

d) Seu exame está agendado para às 9h30.

e) A consulta durou 2 horas.

f) O exame durou 35 minutos.

g) Seu retorno será no dia 25 do próximo mês às 16h45.

Observe as figuras e elabore frases indicando a hora do dia que você realiza essas atividades,

em seguida apresente a um colega e assista a apresentação dele (a).

Fonte: Adaptado de Felipe (2007, p. 53).

81


3.8 - MEIOS DE COMUNICAÇÃO

RÁDIO REVISTA WHATSAPP

TELEFONE FIXO / CELULAR TABLETE MSN

TELEVISÃO E-MAIL INSTAGRAM

COMPUTADOR CINEMA TWITTER

Fonte: A autora (2023).

INTERNET CD / DVD FACEBOOK

CARTA MENSAGEM YOUTUBE

LIVRO WI-FI* TIKTOK

JORNAL REDES SOCIAIS TELEGRAM

*Ainda que não seja visto como um ‘meio de comunicação’ o Wi-Fi é um sinal importante para a comunicação, tanto no momento

de questionar se existe no ambiente, como também se possui senha e, caso sim, qual é a senha.

Após ter aprendido os sinais dos meios de comunicação responda as seguintes questões,

em Libras:

a) Quais os meios de transporte que você e sua família possuem e os que mais utilizam?

b) Qual o meio de transporte que você utilizou para ir ao trabalho hoje?

Elabore um diálogo utilizando os sinais de meios de transportes e de comunicação contextualizado

com situações do cotidiano. Em seguida, Apresente para a turma.

82


3.9 - MEIOS DE TRANSPORTE

Colocando em prática!

Escolha uma das figuras apresentadas pelo (a) professor (a) e produza uma pequena história

com base no conteúdo da imagem. Em seguida, conte sua história para a turma, em

Libras.

3.10 - ALIMENTOS

CARNES CEREAIS VEDURAS/LEGUMES MASSAS

BOI ARROZ ALFACE MACARRÃO

PORCO FEIJÃO COUVE COXINHA

FRANGO AMENDOIM TOMATE PASTEL

PEIXE MILHO REPOLHO LANCHE

PERU PIPOCA BETERRABA CACHORRO-QUENTE

CENOURA

BOLACHA

BATATA

PÃO

CHUCHU

BOLO

MANDIOCA

PUDIM

TEMPEROS FRUTAS BEBIDAS FRIOS

SAL BANANA ÁGUA QUEIJO

AÇÚCAR/DOCE LARANJA CAFÉ PRESUNTO

PIMENTA MORANGO LEITE IOGURTE

ÓLEO MANGA CHÁ MANTEIGA

VINAGRE LIMÃO SUCO FARINHAS

CEBOLA ABACAXI REFRIGERANTE TRIGO

ALHO UVA CERVEJA MANDIOCA

MAMÃO WHISKY FUBÁ

MELÃO VINHO CHOCOLATE

MELANCIA CACHAÇA FERMENTO

Fonte: A autora (2023).

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Colocando em prática!

A professora distribuirá algumas receitas culinárias impressas em português e vocês deverão

traduzir para a Libras, em duplas. Em seguida, apresentar para a turma.

Diálogo:

A – OI, TUDO BEM?

B – OLÁ, TUDO BEM!

A – HOJE EU IR SUPERMERCADO COMPRAR ... (inserir os alimentos).

B – LEGAL! ONTEM EU IR FEIRA COMPRAR ... (inserir os alimentos).

A – EU GOSTAR muito IR FEIRA DOMINGO. GOSTAR BEBER-CAFÉ, COMER PASTEL.

TAMBÉM COMPRAR... (inserir os alimentos).

B – ALIMENTOS FEIRA SEMPRE SAUDÁVEIS.

A – VERDADE. V-O-U EMBORA. TCHAU!

B – EU TAMBÉM. TCHAU.

3.11 - ANIMAIS

CACHORR@ HIPOPÓTAMO PAPAGAIO BURRO

GAT@ COBRA COELH@ ZEBRA

TARTARUGA BARATA ELEFANTE SAP@

LEÃO PÁSSARO BORBOLETA MACAC@

ONÇA PINTADA GALINHA BODE ABELHA

URS@ PAT@ CAVALO JACARÉ

PORC@ BEIJA-FLÔR BOI MINHOCA

GIRAFA OVELHA VACA ARANHA

Fonte: A autora (2023).

Colocando em prática!

Em duplas, realizem entre si os seguintes questionamentos? Tanto as perguntas quanto

as respostas devem ser feitas em Libras.

• Você possui algum animal de estimação? Se sim, qual?

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a) Quais animais produzem leite?

b) Quais são os animais mais selvagens que você já viu?

c) Você sente medo de algum animal? Qual?

d) Você já foi atacado por algum animal?

e) Já foi a um zoológico? Quais animais você viu lá?

3.12 - LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA

Países

Fonte:https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/continentes.htm

AMÉRICA

BRASIL CHILE COLÔMBIA CUBA

PARAGUAI BOLÍVIA VENEZUELA HAITI

URUGUAI PERU CANADÁ MÉXICO

ARGENTINA EQUADOR ESTADOS-UNIDOS

ÁFRICA

ÁSIA

ANGOLA EGITO (Cairo) MARROCOS REPÚBLICA-DO-

-CONGO

ARGÉLIA ETIÓPIA MOÇAMBIQUE SENEGAL

CAMARÕES GUINÉ NIGÉRIA SOMÁLIA

CATAR CORÉIA-DO-SUL ISRAEL RÚSSIA

CHINA EGITO JAPÃO SÍRIA

CORÉIA-DO-NORTE ÍNDIA MALDIVAS TAIL NDIA

EUROPA

ALEMANHA ESPANHA NORUEGA RÚSSIA

ÁUSTRIA FINLÂNDIA POLÔNIA SUÉCIA

BÉLGICA FRANÇA PORTUGUAL TURQUIA

CROÁCIA GRÉCIA ESCÓCIA UCR NIA

DINAMARCA ITÁLIA INGLATERRA VATICANO

Fonte: A autora (2023).

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OCEANIA

AUSTRÁLIA

ILHAS SALOMÃO

NOVA ZEL NDIA

ANTÁRTIDA

Colocando em prática!

1) Pergunte a um (a) colega:

a) Qual seu país de origem?

b) A que pais pertence a sua ascendência?

c) Quais países você já visitou?

d) Quais países você visitaria?

e) Em quais países você moraria?

Estados e capitais

Fonte: http://www.ordensedesordens.com/2015/04/por-que-o-brasil-nao-e-malasia.html

86


ESTADO CAPITAL ESTADO CAPITAL

ACRE RIO BRANCO PARAÍBA JOÃO PESSOA

ALAGOAS MACEIÓ PARANÁ CURITIBA

AMAPÁ MACAPÁ PERNAMBUCO RECIFE

AMAZONAS MANAUS PIAUÍ TERESINA

BAHIA SALVADOR RIO-DE-JANEIRO RIO-DE-JANEIRO

CEARÁ FORTALEZA RIO GRANDE DO

NORTE

NATAL

DISTRITO FEDERAL BRASÍLIA RIO GRANDE DO SUL PORTO-ALEGRE

ESPÍRITO-SANTO VITÓRIA RONDÔNIA PORTO VELHO

GOIÁS GOI NIA RORAIMA BOA VISTA

MARANHÃO SÃO LUÍS SANTA CATARINA FLORIANÓPOLIS

MATO-GROSSO CUIABÁ SÃO PAULO SÃO PAULO

MATO-GROSSO DO SUL CAMPO GRANDE SERGIPE ARACAJÚ

MINAS-GERAIS BELO HORIZONTE TOCANTINS PALMAS

PARÁ

Fonte: A autora (2023).

BELÉM

Colocando em prática!

A turma deve se dividir em dois grupos para participar de um quiz disponibilizado e conduzido

pelo (a) professor (a).

Cidades e regiões

Fonte: https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/12a-Regional-de-Saude-Umuarama

87


Municípios de abrangência

Colocando em prática!

1) Escolha um colega e faça as seguintes perguntas, em Libras:

a) Em que município e estado você nasceu?

b) Em que município você reside?

c) Em que município você trabalha?

2) Em duplas, elaborem 4 frases utilizando os sinais dos municípios aprendidos. Em seguida,

apresentem para a turma. Cada aluno(a) deverá apresentar 2 frases.

Frase 1

Frase 2

Frase 3

Frase 4

ALTO PARAÍSO

ALTO PIQUIRI

ALTÔNIA

BRASIL NDIA DO SUL

CAFEZAL DO SUL

CRUZEIRO DO OESTE

DOURADINA

ESPERANÇA NOVA

FRANCISCO ALVES

ICARAÍMA

IPORÃ

Fonte: https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/12a-Regional-de-Saude-Umuarama

3) Em duplas, vocês deverão interpretar uma das frases sorteadas pela (a) professor (a) e,

em seguida, apresentarem para a turma.

3.13 - SURDOCEGUEIRA

88

IVATÉ

MARIA HELENA

MARILUZ

NOVA OLÍMPIA

PEROBAL

PÉROLA

SÃO JORGE DO PATROCÍNIO

TAPIRA

UMUARAMA

XAMBRÊ

A nomenclatura assim como as definições e as características da surdocegueira

mediante o grau de maior ou menor perda dos sentidos visual e auditivo sofreram transformações

ao longo do tempo (MAIA, ARAÓZ; IKONOMIDIS, 2010).

Para denominar essa condição foram utilizadas diversas nomenclaturas do decorrer

do tempo, tais como: Dificuldade de Aprendizagem Profunda e Múltipla; Múltipla Deficiência

Severa, pessoa surda com Múltipla Deficiência; Cego com Deficiência Adicional,

Múltipla Privação Sensorial; Dupla Deficiência Sensorial; Deficiência Auditiva Visual; Deficiência

Audiovisual; surdo-cegueira e, por fim, surdocegueira (BRENNER, 2009).

O penúltimo termo, surdo-cego, caiu em desuso, pois foi considerado por especialistas

que a condição imposta pela surdocegueira não é simplesmente a somatória

de duas deficiências e sim uma dificuldade com características únicas. Ou seja, a surdo-


cegueira é uma deficiência que possui aspectos específicos e não deve ser encarada,

simplesmente, como uma perda de audição somada a uma perda de visão (BOCK; SILVA,

2013).

O termo surdocego (a) e surdocegueira, sem o hífen, foi uma convenção proposta

por Salvatore Lagati na IX Conferência Mundial de Orebro, na Suécia, no ano de 1991

(BRENNER, 2009). Portanto, surdocego (a) é o indivíduo que possui cegueira ou baixa visão

e perdas auditivas concomitantes.

Vale esclarecer que ao indivíduo que possui deficiência visual (cegueira e/ou baixa

visão com problemas motores e intelectuais associados) ou que possui deficiência auditiva

associada a problemas neuromotores e intelectuais a nomenclatura a ser utilizada,

nesse caso, é Deficiente Múltiplo Sensorial.

A Surdocegueira é uma deficiência singular que apresenta perdas auditivas e visuais

concomitantemente em diferentes graus e que demanda o desenvolvimento de

diferentes formas de comunicação para que a pessoa surdocega possa interagir no meio

social (BOAS et al., 2012), que veremos mais adiante.

A causas da surdocegueira podem ocorrer por diversos fatores, como: fatores naturais

da idade, fatores externos, de origem genética ou disfunções do organismo, e é

classificada de acordo com a fase da vida e fatores que ocasionaram a perda do sentido

ao indivíduo, podendo ser congênita ou adquirida (CARRIER; MOREIRA, 2017):

Congênita – quando o indivíduo nasce com a deficiência;

Adquirida – quando o indivíduo nasce com perda visual ou auditiva e adquire a

outra no decorrer da vida, por motivo de acidente ou doença. A Surdocegueira adquirida

pode ocorrer em dois períodos da vida de uma pessoa:

Pré-linguístico - adquire a surdocegueira antes da aquisição de uma língua (português

ou língua de sinais).

Pós-linguístico - adquire a surdocegueira após aquisição da linguagem

Em relação as causas da surdocegueira, elas podem ser:

Pré-natais - antes do nascimento.

Pré-natais - durante a gestação (rubéola, abuso de drogas por parte da mãe, toxoplasmose,

aids etc.)

Perinatais - durante o nascimento (prematuridade, falta de oxigênio, medicação

ototóxica, icterícia).

Pós-natais - enfermidades ou acidentes ocorridos após o nascimento (meningite,

sarampo, caxumba, diabetes, asfixia etc).

Existem alguns profissionais indispensáveis para que a inclusão social e escolar de

surdocegos aconteça, são eles:

O Guia-intérprete – Responsável por transmitir a mensagem (interpretar), contextualizar

(descrever ambientes) e guiar a pessoa com surdocegueira. Para tanto, esse profissional

realiza as seguintes atividades (LEME, 2015):

A transliteração: é quando o guia-intérprete recebe a mensagem em uma determinada

língua e transmite à pessoa surdocega na mesma língua, porém usa uma forma

de comunicação diferente, acessível ao surdocego. Exemplo: Recebe a informação em

língua portuguesa e transmite em Braille.

89


A interpretação: é quando o guia-intérprete recebe a mensagem em uma língua e

deve transmiti-la em outra língua, por exemplo, o guia-intérprete ouve a mensagem em

língua portuguesa e transmite em Libras Tátil.

A descrição visual: é um recurso que consiste na tradução de imagens em palavras.

O Instrutor mediador - Sua função é estar sempre ao lado do aluno em todos os

lugares que ele frequenta e se necessário preparar e adaptar materiais para que ele possa

entender e participar das atividades, principalmente as escolares. Ele deverá proporcionar

o acesso à informação, ambientes e materiais, orientado pela equipe que dirige a

escola e pelo professor, para que possa adequar e/ou adaptar os conteúdos educacionais

de acordo com o programa individual do aluno e as necessidades do mesmo.

O Professor de Atendimento Educacional Especializado (AEE) – Responsável por

oferecer acesso a Libras e, aos sistemas de calendários, desenvolver a compreensão

dos objetos de referência e dos movimentos corporais que auxiliam em sua comunicação,

trabalhando as noções de tempo e espaço, ou seja, dar ao surdocego a possibilidade

de conhecer todos os meios possíveis para se relacionar com o que há na vida social.

Em relação as formas de comunicação, para o surdocego, são válidas todas as formas

de estabelecê-la. Portanto, o conhecimento de recursos tais como: o sistema Braille,

a língua de sinais associada a gestos naturais e a mediação por meio de guia-intérprete,

podem garantir a compreensão e o direito à expressão e à comunicação (CARRIER; MO-

REIRA, 2017). Entre as principais destacamos as seguintes:

Libras tátil

Corresponde a Libras adaptada ao tato. A pessoa com surdocegueira mantém uma

de suas mãos ou ambas sob as mãos do guia-intérprete, de maneira que a informação

possa ser compreendida pelo tato.

Libras em campo reduzido

O guia-intérprete utiliza a língua de sinais em um campo espacial menor e a uma

distância maior, conforme a necessidade da pessoa, para que os sinais sejam feitos em

seu campo visual reduzido.

Braille tátil

O guia-intérprete por meio de toques em determinadas falanges dos dedos da

pessoa com surdocegueira, transmite a mensagem como se estivesse escrevendo em

Braille.

Fala ampliada

O guia-intérprete se posiciona perto do melhor ouvido da pessoa com surdocegueira

ou usa o Loop (aparelho de amplificação sonora com fones e microfone) para repetir

a fala do interlocutor.

90


Escrita na palma da mão

O guia-intérprete escreve a mensagem, com seu dedo indicador, no centro da palma

da mão da pessoa com surdocegueira, geralmente usando letra maiúscula de imprensa.

Uso do dedo como lápis

O guia-intérprete escreve a mensagem, com o dedo indicador da pessoa com surdocegueira,

no centro da palma da sua mão ou sobre uma superfície lisa, geralmente

usando letra maiúscula de imprensa.

Placas alfabéticas com letras

O guia-intérprete utiliza uma placa com letras e números em relevo, sobre os quais

toca o dedo indicador da pessoa com surdocegueira, de modo que, ela perceba pelo

tato, cada uma das letras que formam as palavras da mensagem.

Placas alfabéticas em Braille

O guia-intérprete utiliza uma placa com letras e números em relevo, sobre os quais

toca o dedo indicador da pessoa com surdocegueira, de modo que, ela perceba pelo

tato, cada uma das letras que formam as palavras da mensagem.

Alfabeto manual tátil

Corresponde ao alfabeto manual usado pelas pessoas com surdez, porém, feito

sobre a palma da mão da pessoa com surdocegueira.

Figura 52: Alfabeto manual tátil

Fonte: http://guarulibras.blogspot.com/p/comunicando-se-com-um-surdocego.html

Tadoma

O guia-intérprete repete a fala do interlocutor, enquanto que a pessoa com surdocegueira

posiciona uma ou ambas as mãos levemente sobre os lábios, bochecha, mandíbula

ou boca do guia-intérprete para fazer leitura labial pelo tato.

91


Escrita ampliada

O guia-intérprete escreve a mensagem usando letras, geralmente em tipos ampliados

e de cores contrastantes com o fundo, conforme a necessidade da pessoa com

surdocegueira.

Comunicação háptica

É tarefa também de o guia-intérprete descrever o que ocorre em torno da situação

de comunicação, a qual inclui tanto o espaço físico em que se apresenta como as características

e atividades das pessoas nela envolvidas.

Objetos de referência

Objetos de Referência são objetos que têm significados especiais designados a

eles. Eles fazem o papel de alguma coisa, quase que da mesma forma que as palavras,

quer faladas, sinalizadas ou escritas.

O que os Objetos de Referência podem representar?

Os Objetos de Referência podem ser feitos para representar qualquer coisa que as

palavras representam. Usando Objetos de Referência pode ser útil pensar em termos de

“conceito de grupo”.

O objeto frequentemente equivalerá a mesma coisa como o item usado numa dada

atividade. Vejamos algumas atividades e objetos que as representam:

Atividades

Beber

Almoçar

Nadar ou tomar banho

Piscina de bolinhas

Representado por

Uma xícara ou caneca

Uma colher

Uma toalha

Uma bolinha de plástico

Lugares e objetos que os representam

Atividades

Casa

Sala de aula

Representado por

Uma chave

Um sino preso na porta

Pessoas e objetos que podem representá-las

Atividades

Professora

A guia-intérprete

Representado por

Uma pulseira

Um amarrador de cabelo

As técnicas básicas de guia-interpretação são:

• Apresentação/identificação do guia-intérprete;

• Respeitar a autonomia;

• Orientação e mobilidade;

• Contextualização/descrição visual;

• Informar as emoções expressas pelas pessoas;

92


• Na alimentação, acomodá-la primeiro;

• Permitir o acesso aos objetos, ambientes, pessoas, trabalho, lazer e tomada de decisões

de forma autônoma exercendo sua cidadania.

Sugestão de vídeo: “Desafios da surdocegueira”.

https://www.youtube.com/watch?v=jYSXJMyp-Tc

Aponte a câmera e leia o Qr-Code

Colocando em prática!

Com os olhos vendados, em duplas, todos (as) deverão participar da prática de

orientação e mobilidade à pessoa com surdocegueira proposta e supervisionada pelo

(a) professor (a).

3.14 - CORES E TONALIDADES

AZUL AZUL CLAR@ AMAREL@ VERDE MARROM BRANC@ ALARANJAD@

ROXO CINZA PRET@ VERMELH@ ROSA LILÁS BEGE

Fonte: A autora (2023).

Colocando em prática!

CLARO – ESCURO – VINHO – DOURADO – PRATA – BRILHANTE – FOSCO

BOLINHA – LISO – LOIRA – LISTRADO – XADREZ – RUIVA

1. Sinalize as cores existentes no ambiente em que estamos (parede, cadeira, piso,

mesa, entre outros).

2. Em Libras, diga a cor da roupa, do calçado e dos adereços que você está usando.

93


Exemplo: HOJE EU USAR CAMISETA VERMELHA, CALÇA AZUL, SAPATO PRETO, PUL-

SEIRA PRATA, ANEL DOURADO.

3. Qual sua cor favorita?

Exemplo:

ME@ COR FAVORIT@ VERDE.

4 - SAÚDE EM LIBRAS

As pessoas surdas e/ou com deficiência auditiva, muitas vezes, têm deixado de

procurar os serviços de saúde por consequência da barreira de comunicação que há

entre elas e os profissionais de saúde, além de perceberem a carga de preconceito por

parte de algumas equipes de saúde (MAZZU-NASCIMENTO et al, 2020). Esse distanciamento

tem afetado diretamente o estado de saúde dessas pessoas, repercutindo negativamente

na prevenção de agravamentos de determinadas doenças e da promoção da

saúde (SOUZA; POROZZI, 2009).

É sabido que o diálogo com o paciente é a base do atendimento integral em saúde,

no contexto do atendimento aos surdos usuários de Libras, o princípio da integralidade

do Sistema Único de Saúde fica comprometido. Visto que a realização de uma escuta ativa,

articulada, a prática de comunicação/informação plena, possibilita a autonomia desses

sujeitos. É por meio da escuta que o profissional da área da saúde consegue compreender

as reais necessidades de saúde das pessoas (MAZZU-NASCIMENTO et al, 2020).

No caso dos pacientes surdos, se o profissional de saúde desconhece sua língua e

não consegue se comunicar, esses pacientes, quando procuram o serviço de saúde, se

obrigam a levar um acompanhante para atuar como “intérprete” durante o atendimento, o

que na maioria dos casos o corre por meio de gestos caseiros e não pela língua de sinais

formal.

Isso pode ser bastante perigoso, pois pessoas despreparadas acabam respondendo

e decidindo pelo paciente sobre certas condutas de sua saúde, podendo atrapalhar,

ao invés de ajudar. Além do que, há assuntos extremamente sigilosos que os pacientes

surdos podem se sentir constrangidos em precisar compartilhá-los com terceiros, enquanto

poderiam ser tratados por meio de sua primeira língua, a Libras, se médicos e

enfermeiros se interessassem em aprender essa língua e a comunicação fosse efetiva

(MAZZU-NASCIMENTO et al, 2020).

De acordo com o Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei nº 15.146/2015, os serviços

de saúde pública destinados à pessoa com deficiência devem assegurar a autonomia

e informação adequada e acessível à pessoa com deficiência, sobre sua condição de

saúde, entre outros direitos (BRASIL, 2015).

No entanto, a realidade com a qual nos deparamos ainda se distancia do que determina

a legislação, enquanto a promoção da acessibilidade, no contexto das práticas

da área da saúde, deveriam ser práticas habituais e multiplicadoras dessa consciência,

visto que contribuiria para a construção de sociedades mais inclusivas e de atendimentos

mais dignos aos pacientes surdos.

94


4.1 - PROFISSIONAIS DE SAÚDE E ESPECIALIDADES MÉDICAS

MÉDIC@ – ENFERMEIR@ – AUXILIAR DE ENFERMAGEM - TÉCNIC@ EM ENFERMAGEM

TÉCNIC@ EM RADIOLOGIA - TÉCNIC@ EM LABORATÓRIO – ENFERMEIR@ DOMICILIAR

TÉCNIC@ TERAPEUTA OCUPACIONAL – ASSISTENTE SOCIAL - FARMACÊUTIC@

FISIOTERAPEUT@ – FONOAUDIÓLOG@ - DENTISTA – PSICÓLOG@ – NUTRICIONISTA

ACOMPANHANTE - CUIDADOR@ – MASSAGISTA.

Fonte: Elaborado pela autora baseado em Capovilla e Raphael (2018).

4.2 - ESPECIALIDADES MÉDICAS

MÉDIC@ CIRURGI@ – DERMATOLOGISTA – GASTROENTEROLOGISTA – GERIATRA

– GINECOLOGISTA – OBSTETRA – NEUROLOGISTA – NEUROPEDIATRA - ANESTESISTA

– OFTALMOLOGISTA – ONCOLOGISTA – ORTOPEDISTA – OTORRINOLARINGOLOGISTA

– PEDIATRA – PNEUMOLOGISTA – PSIQUIATRA – UROLOGISTA - MASTOLOGISTA

- ENDOCRINOLOGISTA - INFECTOLOGISTA - ALERGOLOGISTA - CARDIOLOGISTA

- ANGIOLOGISTA.

Fonte: Elaborado pela autora baseado em Capovilla e Raphael (2018).

4.3 - CORPO HUMANO E RESPECTIVAS DOENÇAS

Dividido em três partes:

CABEÇA – TRONCO – MEMBROS

(superiores e inferiores)

95


Colocando em prática!

1) Juntos, cantaremos a música “Partes do corpo”, em Libras.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_NSkoWouWME.

Aponte a câmera e leia o Qr-Code

Níveis de organização do corpo humano:

CÉLULAS – TECIDOS – ÓRGÃOS – SISTEMAS – ORGANISMO

Demais órgãos internos

Órgão externo

PELE

Fonte: Elaborado pela autora baseado em Capovilla e Raphael (2018).

Glândulas e hormônios

GLÂNDULAS ENDÓCRINAS – HORMÔNIO – CONTROLE HORMONAL

Fonte: Elaborado pela autora baseado em Capovilla e Raphael (2018).

96


Sistemas do corpo

DIGESTÓRIO – CARDIOVASCULAR – RESPIRATÓRIO – EXCRETOR – ENDÓCRINO –

REPRODUTOR – NERVOSO – TEGUMENTAR – ESQUELÉTICO – MUSCULAR

Fonte: Elaborado pela autora baseado em Capovilla e Raphael (2018).

Colocando em prática!

1) Em dupla, faça a interpretação para a Libras das seguintes frases:

a) Os principais órgãos do corpo humano são: a pele, os pulmões, o pâncreas, os rins, o

estômago, o intestino delgado e o coração.

b) Meu sistema cardiovascular não está bem, o médico disse que meu coração está inchado

e fraco.

c) Como anda a saúde dos seus pulmões? Você precisa cuidar melhor do seu sistema

respiratório.

d) Minha amiga está com doenças no sistema endócrino, diabetes e hipotireoidismo.

e) Roberto está fazendo tratamento

f) Minha mãe está na fase da menopausa e necessita fazer controle hormonal para prevenir

os sintomas.

Músculos e nervos

Ossos

Sangue e circulação

MÚSCULOS – NERVOS – BÍCEPS.

OSSO – CRÂNIO – CAVEIRA – COLUNA VERTEBRAL

ESPINHA DORSAL COSTELA (S) – ESQUELETO – OSSADA – FÊMUR.

SANGUE – FATOR RH NEGATIVO – FATOR RH POSITIVO – VEIA – VEIAS VARICOSAS.

97


Algumas funções do organismo

BATER O CORAÇÃO (PALPITAR) – RESPIRAR – ASPIRAR – INSPIRAR – INALAR

TOSSIR – ESPIRRAR – MASTIGAR – ENGOLIR – DEGLUTIR – CUSPIR – ARROTAR.

Os sentidos

VISÃO (OLHAR – VER – AVISTAR – ENXERGAR) - AUDIÇÃO (ESCUTAR – OUVIR)

OLFATO (CHEIRO – CHEIRAR) - PALADAR (GOSTO) - TATO (TOCAR – TOQUE).

Sensações

Excreções orgânicas

SONO (bocejar, piscar, pestanejar) – FOME – FRIO – CALOR – DOR.

URINA – XIXI – FEZES – MENSTRUAÇÃO – ESPERMA – CORIZA – CATARRO – CUSPO

VÔMITO – TRANSPIRAÇÃO – LÁGRIMAS – PUS - CATOTA DE NARIZ (MELECA).

Colocando em prática!

Fonte: Elaborado pela autora baseado em Capovilla e Raphael (2018).

Com base nas figuras apresentadas pelo (a) professor (a) em sala, explique em Libras o

que acontece nas imagens.

Doenças e problemas de saúde

Etiologia

DOENÇA – ADOECER.

INATO (Congênito) – HEREDITÁRIO.

Doenças infectocontagiosas causadas por vírus

SARAMPO – CATAPORA – RUBÉOLA – CAXUMBA – MENINGITE

FEBRE AMARELA – DENGUE – HERPES – HEPATITE – GRIPE (influenza, resfriado)

GRIPE SUÍNA (influenza - H1N1) – GRIPE AVIÁRIA (influenza – H5N1).

Doenças infectocontagiosas causadas por bactérias

TUBERCULOSE – LEPTOSPIROSE – MENINGITE – LEPRA (hanseníase) – CÓLERA – FRIEIRA.

Doenças do trato urinário

INFECÇÃO URINÁRIA – CÁLCULO RENAL.

Doenças do trato respiratório

CATARRO – TOSSE – ASMA – BRONQUITE – PNEUMONIA

GRIPES – SINUSITE – RINITE – AFONIA – AMIGDALITE.

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Doenças neurodegenerativas

MAL DE ALZHEIMER – DOENÇA DE PARKINSON – ANENCEFALIA.

Doenças e distúrbios neurológicos

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL – EPILEPSIA – CONVULSÃO.

Distúrbios da visão

MIOPIA – GLAUCOMA – ESTRABISMO.

Doenças ou problemas de pele

ACNE – ALERGIA – BOLHA – CALO – DESCAMAÇÃO – CASPA

SINAL (marca) – PINTA – SARDAS – VERRUGA – CALVÍCE.

Doenças do sangue

ANEMIA – DIABETES – ICTERÍCIA – LEUCEMIA.

Doenças do ouvido

OTITE – LABIRINTITE – DOR DE OUVIDO – ZUMBIDO.

Doenças gastrointestinais

INDIGESTÃO – ÚLCERA – DIARREIA – CÓLICA.

Doenças cardiovasculares

PRESSÃO ALTA – PRESSÃO BAIXA – ANGINA – INFARTO – VEIAS VARICOSAS.

Doenças ou distúrbios musculares, ósseos e fraturas

PARALISIA FACIAL – DISTENSÃO – TORÇÃO – BURSITE NO OMBRO

BURSITE NO JOELHO – BURSITE NO QUADRIL – TORCICOLO – CÃIBRA

DESLOCAMENTO (luxação) – CIFOSE (corcundez) – FRATURA – CLAUDICAÇÃO (mancar).

Distúrbios da boca

CÁRIE – TÁRTARO – BRUXISMO – HERPES.

Doenças malignas

CÂNCER – LEUCEMIA.

Disfunções e problemas femininos

CÓLICA MENSTRUAL – MIOMAS UTERINOS – MENOPAUSA.

Disfunções sexuais masculinas

IMPOTÊNCIA SEXUAL – DISFUNÇÃO ERÉTIL.

Fonte: Elaborado pela autora baseado em Capovilla e Raphael (2018).

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Dependência química

ADICÇÃO – ALCOOLISMO – TABAGISMO.

Distúrbios emocionais, psicológicos e psiquiátricos

Transtornos

ANOREXIA – AUTISMO – BULIMIA – DELÍRIO – DEPRESSÃO

ENLOUQUECER – LOUCURA – MANIA – PARANOIA – PSICOSE – TENSÃO – TIMIDEZ.

Colocando em prática!

ALIMENTAR - BIPOLAR – DE ANSIEDADE – DO PÂNICO

OBSESSIVO COMPULSIVO (TOC) – TRAUMA PSICOLÓGICO.

Fonte: Elaborado pela autora baseado em Capovilla e Raphael (2018).

Em grupos de cinco pessoas, simular uma consulta médica, na qual cada um deverá representar

um personagem (paciente surdo, recepcionista, enfermeiro, médico, farmacêutico).

Pratiquem e apresentem para a turma. Lembre-se que o paciente surdo está

com vários problemas de saúde e precisa ser compreendido pelo médico. O médico não

sabe Libras.

4.4 - SEXUALIDADE

Sistema reprodutor feminino, órgãos genitais:

Sistema reprodutor masculino, órgãos genitais:

Desejo sexual

Iniciação sexual

Métodos contraceptivos

Gravidez e amamentação

ÚTERO – OVÁRIO – VAGINA – CLITÓRIS

PELOS PUBIANOS FEMININOS – MESTRUAÇÃO.

TESTÍCULOS – PÊNIS – PRÓSTATA

PELOS PUBIANOS MASCULINOS – ESPERMATOZÓIDE.

ATRAÇÃO – DESEJO SEXUAL – EREÇÃO.

VIRGEM – PERDER A VIRGINDADE.

USAR CAMISINHA – PÍLULA ANTICONCEPCIONAL – DISPOSITIVO INTRAUTERINO (DIU)

LAQUEADURA DE TROMPAS – VASECTOMIA.

GESTAÇÃO – MAMA - LACTAÇÃO – ABORTO

ABORTO ESPONTÂNEO – ABORTO PROVOCADO.

100


Orientação sexual

BISSEXUAL – HOMOSSEXUAL – HOMOSSEXUAL FEMININA

LÉSBICA - HOMOSSEXUAL MASCULINO – GAY – TRAVESTI - TRANSEXUAL.

Profissão e profissionais do sexo

PROSTITUIÇÃO – PROSTITUT@.

Crimes sexuais

Colocando em prática!

ABUSO SEXUAL – ASSÉDIO SEXUAL – ESTUPRO – PORNOGRAFIA.

Fonte: Elaborado pela autora baseado em Capovilla e Raphael (2018).

Em grupos de 5 pessoas, cada uma deverá elaborar uma frase utilizando o vocabulário

aprendido. Em seguida, cada uma apresentará sua frase para a turma.

Agora vamos praticar a voz? Ao assistirem ao diálogo apresentado pelo professor, em vídeo,

vocês deverão realizar a interpretação de Libras para o português falado. Boa sorte!

4.5 - HIGIENE PESSOAL

TOMAR BANHO – CORTAR AS UNHAS – LAVAR AS MÃOS – ESCOVAR OS DENTES

PENTEAR O CABELO – CORTAR O CABELO – RASPEAR PELOS DAS PERNAS

RASPAR PELOS DAS AXILIAS – DEPILAR – PERFURMAR-SE.

101


Instrumentos e produtos de higiene pessoal

ALGODÃO – COTONETE – ESPELHO – PAPEL HIGIÊNICO – LENÇO DE PANO - LENÇO DE

PAPEL – FRALDA – SABONETE – BUCHA – CHUVEIRO – BANHEIRA - BANHEIRA DE HIDRO-

MASSAGEM – TOALHA DE BANHO – TOALHA DE ROSTO - XAMPU - CREME – LAQUÊ

GEL – PENTE/ESCOVA – SECADOR DE CABELO – DESODORANTE - TALCO – PERFUME

TESOURA – CORTADOR DE UNHA – ABSORVENTE FEMININO – PINÇA - MAQUIAGEM

NAVALHA – GILETE – BARBEADOR ELÉTRICO – CREME DENTAL - FIO DENTAL – ESCOVA

DE DENTE- ANTISSÉPTICO BUCAL.

Colocando em prática!

Fale, em Libras, para um (a) colega quais foram as práticas de higiene pessoal que realizou

hoje desde o momento em que acordou até agora.

Quais produtos e instrumentos de higiene pessoal você tem em casa e quais utilizou hoje?

4.6 - OBJETOS, EQUIPAMENTOS E EXAMES

EXAMINAR – EXAME MÉDICO – EXAME DE ROTINA – ULTRASSONOGRAFIA - RADIOGRA-

FIA – TOMOGRAFIA DE CR NIO – MAMOGRAFIA – PAPANICOLAU – EXAME DE GRAVIDEZ

PRÉ-NATAL – AUTOEXAME DA MAMA – ESPERMOGRAMA – EXAME DE PRÓSTATA

EXAME DE SANGUE – HEMOGRAMA – EXAME DE GLICEMIA – EXAME DE COLESTEROL

EXAME DE FEZES – EXAME DE URINA – AUDIOMETRIA – EXAME DE DNA – ENDOSCOPIA-

COLONOSCOPIA – EXAME DE SOROLOGIA PARA HIV – EXAME DO PEZINHO – ELETRO-

CARDIOGRAMA ECOCARDIOGRAMA – ELETROENCEFALOGRAMA – ESPIROMETRIA

BIÓPSIA – EXAME CITOPATOLÓGICO.

Fonte: Elaborado pela autora baseado em Capovilla e Raphael (2018).

4.7 - LOCAIS E DEPENDÊNCIAS DE UM HOSPITAL OU CLÍNICA

HOSPITAL (público e particular) – POSTO DE SAÚDE – PRONTO-SOCORRO – UPA

ENFERMARIA – QUARTO – RECEPÇÃO – REFEITÓRIO – SALA DE CIRURGIA – SALA DE ES-

PERA - SALA DE MEDICAÇÃO – SALA DE TRIAGEM – UTI – FARMÁCIA – LAVANDERIA

BANHEIRO - COZINHA – CONSULTÓRIO – LABORATÓRIO – CLÍNICA – LABORATÓRIO DE

ANÁLISES CLÍNICAS.

Convênios e planos de saúde

Colocando em prática!

CONVÊNIO MÉDICO – AMIL – UNIMED – SUS

Estamos em um hospital e dentro dele existem vários setores e repartições. Em grupos,

simulem um dos casos abaixo realizando as implementações e intervenções necessárias

para que os pacientes surdos não sejam prejudicados e usufruam de seus direitos como

os demais cidadãos. Com o auxílio do (a) professor (a), façam uma breve encenação, em

Libras, que represente uma situação real de atendimento a pacientes surdos sinalizantes.

Vejamos alguns exemplos de casos:

102


Grupo 1: “Uma pessoa surda chega até a recepção do hospital e diz que está desempregada

(a) e quer trabalhar no hospital. Essa pessoa questiona a recepcionista sobre

as possíveis vagas disponíveis e insiste em deixar um currículo. A recepcionista pede

licença e faz uma ligação para o setor de recrutamento. Uma funcionária do RH vem e

explica para a pessoa surda quais as vagas disponíveis e o questiona sobre sua formação

e qualificação profissional. Em seguida ... (criem o fim da história)”.

Fonte: Caso fictício elaborado pela autora (2023).

Grupo 2: “Uma gestante surda chega ao pronto socorro prestes a dar à luz. É recebida por

uma enfermeira que faz a triagem e o mais rápido possível a encaminha para o setor apropriado.

Lá a paciente surda é atendida e examinada por um obstetra, que identifica algumas

complicações e solicita exames urgentes. Uma outra funcionária a acompanha na realização

dos exames que foram: [...] (inserir os exames). Ao ficarem prontos os resultados, a

paciente surda é encaminhada com urgência para o centro cirúrgico, onde é recebida por

um anestesista, duas enfermeiras, um médico obstetra e uma médica pediatra. Em menos

de uma hora nasce um belo menino, que passou a se chamar... (escolher um nome)”.

Fonte: Caso fictício elaborado pela autora (2023).

Grupo 3: “Um paciente surdo chega na recepção do hospital sentindo uma forte cólica de

rim. Ele tenta se comunicar com o recepcionista, mas esse não sabe Libras. O paciente

surdo pede uma caneta e um papel para tentar se comunicar através da escrita, mas o funcionário

recusa fornecer-lhe. O paciente surdo, sente dores cada vez mais fortes e tenta

pedir ajuda para algumas pessoas que estão sentadas aguardando ali nas proximidades,

mas infelizmente ninguém sabe se comunicar em Libras e tratam a pessoa surda com ironia

e acabam o ignorando. Com o intuito de chamar a atenção de alguém que tenha empatia,

começa a chorar, gritar e por fim, deita no chão do hospital se torcendo de dor. Logo, o

recepcionista chama a segurança do hospital e pede para retirarem o rapaz surdo dali pois

está atrapalhando a ordem. Ao ser forçado a se levantar, o moço desmaia. Nesse momento

entra um familiar do rapaz que estava estacionando o carro e fica furioso com a negligência

daquelas pessoas e começa a falar sobre os direitos de atendimento acessível à saúde

das pessoas surdas. (acrescentar aqui as legislações que vocês citariam num momento

como esse). Os funcionários pedem desculpa e encaminham o paciente para atendimento

de emergência. O familiar requisita uma conversa com a gerência do hospital”.

Fonte: Caso fictício elaborado pela autora (2023).

Simulem o caso em forma de uma encenação utilizando medidas a fim de que esse tipo

de situação seja evitado.

Grupo 4: “Uma paciente surda reside em uma pequena cidade na região de Umuarama e

está em tratamento quimioterápico de um câncer de intestino. A paciente necessita vir ao

Hospital Uopeccan realizar as seções de quimioterapia. No entanto ela enfrenta alguns desafios

em relação a acessibilidade comunicativa e de informação. Todas as vezes que ela

embarca no ônibus que traz pacientes para Umuarama, o motorista transmite alguns recados

e ela fica sempre às margens dessas interações e sem informação, pois ninguém sabe

Libras para transmitir-lhe. O mesmo acontece durante todo o percurso, ela percebe bocas

se mexendo, pessoas dando gargalhadas, expressões de susto, de tristeza, enfim, ela

103


segue imaginando o que poderia estar acontecendo na vida daquelas pessoas que causasse

tais emoções, mas, as pessoas sequer imaginam o quanto ela gostaria de saber o

que se passa. Ao chegar ao destino, o motorista mexe a boca novamente, aponta para o

relógio e as pessoas saem acenando a cabeça positivamente demonstrando concordar

com a informação, mas qual informação?

A paciente surda adentra ao hospital, segue até a recepção, apresenta seus documentos e

requisição médica, logo a recepcionista fala algumas coisas e aponta para uma sala de espera

onde há outra recepção. A paciente se aproxima da nova recepção, mas logo alguém

a puxa pelo braço com expressão de negação e a recepcionista faz as mesmas expressões.

A paciente fica sem entender, mas desconfia que possivelmente haveria uma ordem

de fila. Sem informações, a paciente se senta numa sala próxima a sala de quimioterapia e

fica aguardando. A sala de espera está lotada. De tempos em tempos uma funcionária vai

até a sala de espera, fala alguma coisa, e alguém levanta e a segue. Esse ritual se repete

por horas, até que a paciente se vê sozinha na sala. Até que enfim, a funcionária vem até

a paciente surda e aponta para os papéis que a paciente segura nas mãos. Em seguida, a

funcionária faz expressão de negação e acena para que a paciente a acompanhe. Até que

enfim a paciente consegue ser atendida. Ao terminar a quimioterapia se dirige lentamente

ao local em que havia desembarcado de manhã, mas infelizmente não há mais ninguém lá,

nem o ônibus nem os passageiros aguardando. A paciente, além de fraqueza, é tomada por

uma sensação de pânico, mas permanece ali parada”.

Fonte: Caso fictício elaborado pela autora (2023).

O que o grupo pode fazer para mudar a realidade dessa paciente? Simulem essa situação

por meio de uma encenação apresentando uma possível solução.

Grupo 5: “Um jovem surdo começa a trabalhar em um determinado setor de uma determinada

secretaria de saúde. Porém, não teve acessibilidade comunicativa no momento da

entrevista, no recrutamento, no treinamento e ninguém do setor onde trabalha sabe língua

de sinais e desconhecem qualquer estratégia de comunicação. Dessa forma, o jovem

é simplesmente negligenciado. Sua contratação ocorreu apenas para o cumprimento da

Lei de cotas, sem preocupação de como seria sua atuação. O jovem comete graves erros

durante o período de trabalho na instituição, assina todas as advertências e, por fim, é demitido

por justa causa”.

Fonte: Caso fictício elaborado pela autora (2023).

O que você acha que ocasionou a demissão do jovem surdo? O que poderia ter sido

feito para evitar o ocorrido? Simule essa situação, por meio de uma encenação, apresentando

uma possível solução a esses problemas, de modo que o desempenho do jovem

surdo seja satisfatório e execute sua função de forma tão produtiva quanto os demais

colaboradores.

4.8 - TRADUTOR INTÉRPRETE DE LIBRAS NO CONTEXTO CLÍNICO

Por meio de minha própria experiência, enquanto mãe de um rapaz surdo de 27

anos, e profissional da área da educação de surdos, atuante há mais de 13 anos, tenho

vivenciado a ausência do uso de Libras nos atendimentos aos surdos, pelos profissionais

de saúde em todos os estabelecimentos que tenho frequentado com meu filho e demais

104


pessoas surdas que têm me procurado, pedindo ajuda.

Chamo aqui a atenção para a escassez de pessoas com conhecimento mínimo de

Libras ou das especificidades dos pacientes surdos, principalmente, nas Unidades Básicas

de Saúde que, segundo Lucena e Farias (2021), são estabelecimentos de Atenção

Primária, responsáveis pela assistência à saúde da população, visto que cada cidadão

deve ser atendido na UBS mais próxima de seu endereço. Cada unidade básica de saúde

conta com uma equipe composta por médico, técnicos em enfermagem, agentes comunitários

de saúde, dentista e técnico em higiene bucal.

No entanto, as políticas voltadas à saúde pública não viabilizam o serviço do profissional

Tradutor Intérprete de Libras/Língua Portuguesa (TILSP). Esse é o profissional que

ocupa um espaço de suma importância na comunidade surda brasileira, pois sua função

é intermediar a comunicação entre pessoas surdas fluentes na Libras e pessoas ouvintes

que não conhecem essa língua (QUADROS, 2004).

Assim, a presença do TILSP na unidade de atenção primária à saúde dos indivíduos

é primordial, pois a qualquer momento pode aparecer uma pessoa que se comunica por

meio da Libras necessitando de atendimento urgente à sua saúde. Neste caso, O TILSP

irá intermediar a comunicação entre o médico e/ou outro profissional e o paciente surdo

nesses serviços essenciais à saúde.

Para atuar como intérprete de Libras, não basta apenas conhecer os sinais de forma

isolada, mas é necessário que possua proficiência nas duas línguas faladas no país de

origem, no caso do Brasil, a Libras e a Língua Portuguesa (QUADROS, 2004).

Os TILSP têm sua profissão regulamenta pela Lei 12.319/2010, e atuam em conformidade

com um rigoroso código de conduta. Em seu Art. 1º destaca que o TILSP “deve

ser uma pessoa de alto caráter moral, honesto, consciente, confiante e de equilíbrio emocional.

Ele deverá guardar informações confidenciais e não poderá trair a confiança que

lhe foi confiada, em hipótese alguma (QUADROS, 2004).

Isso reforça a importância de os profissionais de saúde se dedicarem a aprender

a língua de sinais utilizada pelos surdos que atendem frequentemente nas unidades de

saúde. Nesse sentido, desde o ano de 2002, com a promulgação da Lei da Libras, nº

10.436/2002, é garantido o atendimento acessível às pessoas surdas e/ou com deficiência

auditiva (lembrando que algumas legislações se referem a surdez e deficiência auditiva

como termos sinônimos).

No Art. 3º, da Lei da Libras foi determinado que:

As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde

devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de

acordo com as normas legais em vigor (BRASIL, 2002).

Diante desse artigo que trata da garantia do atendimento digno às pessoas surdas,

é evidenciado que a presença do tradutor intérprete de Libras é fundamental nos

ambientes de saúde. No entanto, vale destacar que a inclusão que os surdos querem

é aquela em que todos os profissionais de saúde (e de outras áreas) sejam fluentes em

Libras, isto é, que as pessoas ouvintes priorizassem o aprendizado da Libras como sua

segunda língua, assim como os surdos se esforçam para aprenderem a Língua Portuguesa

para se comunicar com os ouvintes.

Se todos tivessem essa consciência, menos pessoas surdas seriam negligencia-

105


das e deixariam de passar dor ou se automedicar com receio de procurar atendimento

de saúde e, muitas vezes, não ser visto e nem aceito por suas diferenças, antes rotulado

pelo seu pseudoproblema.

Leia o Código de Conduta e Ética do TILSP no site da Federação Brasileira das Associações

dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guias-Intérpretes de Língua de

Sinais – Febrapils, disponível em: https://febrapils.org.br/wp-content/uploads/2022/01/

Codigo-de-Conduta-e-Etica.pdf

Aponte a câmera e leia o Qr-Code

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