31.12.2012 Views

HALL, Stuart - Redes de Tessitura: as novas tecnologias de ...

HALL, Stuart - Redes de Tessitura: as novas tecnologias de ...

HALL, Stuart - Redes de Tessitura: as novas tecnologias de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

RESUMO<br />

O <strong>as</strong>sociativismo civil em Florianópolis:<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e tendênci<strong>as</strong><br />

Fábio Carminati *<br />

Ginga V<strong>as</strong>concelos<br />

Viviane Ribeiro Corrêa<br />

A atual constelação dos movimentos sociais e em particular do <strong>as</strong>sociativismo civil, ao<br />

contrário dos vaticínios mais pessimist<strong>as</strong> do início dos anos 90, tem se revelado cada vez mais<br />

rico e vigoroso, perturbando até os mais céticos. Em Florianópolis foi realizado levantamento<br />

do <strong>as</strong>sociativismo civil no período <strong>de</strong> 1930 a 2000, tendo sido cad<strong>as</strong>trad<strong>as</strong> mais <strong>de</strong> 2.500<br />

<strong>as</strong>sociações civis sem fins lucrativos, cl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong> em 20 categori<strong>as</strong> temátic<strong>as</strong> e distribuíd<strong>as</strong><br />

em séries históric<strong>as</strong> cujos resultados parciais já foram publicados. Partindo <strong>de</strong>sse<br />

levantamento e do tratamento dos dados estatísticos, gráficos e tabel<strong>as</strong> nos propomos: a)<br />

selecionar oito categori<strong>as</strong> para análise dos dados; b) estudar o comportamento <strong>de</strong>ss<strong>as</strong> oito<br />

categori<strong>as</strong> do <strong>as</strong>sociativismo civil no período <strong>de</strong> relativa consolidação <strong>de</strong>mocrática, o período<br />

entre 1984 a 2000; c) i<strong>de</strong>ntificar <strong>as</strong> múltipl<strong>as</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s incorporad<strong>as</strong> por ess<strong>as</strong><br />

organizações.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Objetivando investigar o fenômeno do <strong>as</strong>sociativismo civil no Br<strong>as</strong>il, a pesquisa<br />

“O novo <strong>as</strong>sociativismo br<strong>as</strong>ileiro” englobou vários subprojetos para um estudo do tema em<br />

quatro municípios: São Paulo, Belo Horizonte, Florianópolis e Juiz <strong>de</strong> Fora (MG). Em<br />

Florianópolis, a pesquisa realizou um levantamento d<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociações civis sem fins lucrativos,<br />

–– através <strong>de</strong> busca e cad<strong>as</strong>tro dos respectivos estatutos publicados no Diário Oficial – cujos<br />

resultados preliminares já foram publicados 1 . Do mesmo modo, a fim <strong>de</strong> aprofundar a<br />

temática, está sendo realizada pesquisa semelhante em Blumenau, sob a responsabilida<strong>de</strong> do<br />

Núcleo NEPEMOS –Núcleo <strong>de</strong> Pesquisa em Movimentos Sociais, para estabelecer<br />

comparações entre esses dois municípios catarinenses.<br />

A análise que segue está inserida diretamente na pesquisa sobre o <strong>as</strong>sociativismo<br />

civil em Florianópolis, na medida em que se b<strong>as</strong>eia no banco <strong>de</strong> dados originado no<br />

levantamento <strong>de</strong> dados no Diário Oficial. Todavia não se trata <strong>de</strong> uma análise exaustiva, m<strong>as</strong><br />

sim <strong>de</strong> um estudo preliminar em que através <strong>de</strong> oito categori<strong>as</strong> temátic<strong>as</strong> busca-se pôr em<br />

evidência <strong>as</strong> transformações históric<strong>as</strong> e <strong>as</strong> múltipl<strong>as</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s temátic<strong>as</strong> que atravessam o<br />

*<br />

Bolsist<strong>as</strong> do Núcleo <strong>de</strong> Pesquisa em Movimentos Sociais da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina,<br />

coor<strong>de</strong>nado por Ilse Scherer-Warren.<br />

1<br />

Ver Scherer-Warren, 1999.


<strong>as</strong>sociativismo civil florianopolitano nos anos 80 e 90. Ressalta-se que <strong>as</strong> categori<strong>as</strong> temátic<strong>as</strong><br />

são concebid<strong>as</strong> como conceitos analíticos que preten<strong>de</strong>m cl<strong>as</strong>sificar <strong>as</strong> ações coletiv<strong>as</strong> em<br />

termos <strong>de</strong> objetivos e <strong>de</strong>mand<strong>as</strong> auto-<strong>de</strong>clarad<strong>as</strong> nos estatutos publicados no Diário Oficial.<br />

Nesse sentido, têm-se <strong>as</strong> oito categori<strong>as</strong>, através d<strong>as</strong> quais procura-se analisar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento histórico do <strong>as</strong>sociativismo civil local: <strong>as</strong>sociações comunitári<strong>as</strong>, grupos<br />

ligados a religião e a religiosida<strong>de</strong>, <strong>as</strong>sociações ligad<strong>as</strong> a ativida<strong>de</strong>s escolares e educativ<strong>as</strong>,<br />

<strong>as</strong>sociações ambientalist<strong>as</strong>, ecológic<strong>as</strong>, proteção aos animais e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vida,<br />

<strong>as</strong>sociações ligad<strong>as</strong> a caus<strong>as</strong> feminin<strong>as</strong> e <strong>de</strong> gênero, grupos <strong>de</strong> direitos humanos e cidadania,<br />

grupos étnicos e <strong>de</strong> minori<strong>as</strong> culturais e <strong>as</strong>sociações culturais.<br />

2 TRANSFORMAÇÕES HISTÓRICAS<br />

Enquanto a ditadura amordaçava a socieda<strong>de</strong> civil, ela sofria calada <strong>as</strong><br />

contradições que a dilaceravam: os movimentos sociais eram como que rios subterrâneos, <strong>de</strong><br />

força imensa m<strong>as</strong> <strong>de</strong> qu<strong>as</strong>e nenhuma visibilida<strong>de</strong>. Porém, <strong>as</strong> fissur<strong>as</strong> que sobrevem na crosta<br />

dura da repressão a princípio <strong>de</strong>ixam p<strong>as</strong>sar pequen<strong>as</strong> got<strong>as</strong>, logo um brotar contínuo que se<br />

transforma em um imenso jorro <strong>de</strong> insatisfação: eis que, em fins dos anos 70, <strong>as</strong> mobilizações<br />

sociais, que atravessam o país <strong>de</strong> norte a sul, terminam <strong>de</strong> lançar por terra a mordaça que <strong>as</strong><br />

constrangia e um brado uníssono se faz ouvir pela <strong>de</strong>mocracia. Em Florianópolis não é<br />

diferente, se se concebe que a socieda<strong>de</strong> civil e os movimentos sociais não são entida<strong>de</strong>s<br />

abstrat<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> enraizam-se em prátic<strong>as</strong>, lugares e cultur<strong>as</strong> <strong>de</strong>finid<strong>as</strong>, o que faz necessário<br />

resguardar <strong>as</strong> particularida<strong>de</strong>s regionais mesmo em um fenômeno <strong>de</strong> tão amplo escopo como<br />

foi o período <strong>de</strong> re<strong>de</strong>mocratização no Br<strong>as</strong>il. Se o <strong>as</strong>sociativismo civil po<strong>de</strong> ser<br />

compreendido, então, como a emergência <strong>de</strong> prátic<strong>as</strong> <strong>de</strong>mocrátic<strong>as</strong> – ou simplesmente como o<br />

próprio movimento da socieda<strong>de</strong> civil pelo controle <strong>de</strong> sua historicida<strong>de</strong> 2 – o gráfico a seguir<br />

po<strong>de</strong> ilustrar o fenômeno em Florianópolis:<br />

Gráfico 1 3 - Desenvolvimento histórico do Associativismo civil em Florianópolis<br />

300<br />

250<br />

Frequencia simples por décad<strong>as</strong><br />

200<br />

2<br />

Touraine(1999) <strong>de</strong>fine a historicida<strong>de</strong> como a produção da socieda<strong>de</strong> por si mesma, através da orientação<br />

<strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo 150<br />

cultural, <strong>de</strong> conhecimento e <strong>de</strong> acumulação.<br />

3<br />

Deve-se levar em consi<strong>de</strong>ração que a <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> da curva <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte para os anos 90 po<strong>de</strong> sofrer<br />

variação, e10 m 0virtu<strong>de</strong><br />

da mudança <strong>de</strong> metodologia operada para a coleta <strong>de</strong> dados a partir <strong>de</strong> 1995, o que<br />

não invalida a hipótese.<br />

50<br />

0<br />

50 60 70 80 90<br />

2


Todavia, esta é ainda uma aproximação superficial, pois o que o gráfico <strong>de</strong>svela é<br />

o que <strong>de</strong> certa forma já se esperava: uma curva que cresce a medida que se aproxima os anos<br />

80, quando então ocorre o pico <strong>de</strong> mobilizações sociais, e que torna a <strong>de</strong>crescer à medida que<br />

se entra nos anos 90 – cuja análise será objeto da última parte <strong>de</strong>sse texto. Por ora, é mister<br />

<strong>de</strong>compor esta curva, servindo-se <strong>de</strong> categori<strong>as</strong> <strong>de</strong> análise que agrupem <strong>as</strong> organizações<br />

concret<strong>as</strong>. Tem-se, então, três categori<strong>as</strong> gerais que cl<strong>as</strong>sificam o <strong>as</strong>sociativismo civil –que<br />

nada mais são que a generalização d<strong>as</strong> oito categori<strong>as</strong> arrolad<strong>as</strong> na introdução – consoante seu<br />

escopo <strong>de</strong> atuação e cujo gráfico a seguir mensura o <strong>de</strong>senvolvimento histórico:<br />

3


160<br />

140<br />

120<br />

100<br />

Gráfico 2 - Desenvolvimento histórico por blocos temáticos<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

Blocos temáticos por década<br />

50 60 70 80 90<br />

Associações culturais,<br />

esportiv<strong>as</strong> e <strong>de</strong> lazer (11<br />

e 17)<br />

Defesa comunitária e/ou<br />

<strong>as</strong>sistencialista (Recortes<br />

n°s 1, 2, 3,<br />

Novos Movimentos<br />

Sociais (Recortes n°s 5,<br />

6, 7, 8, 13 e 20)<br />

Observa-se nesse gráfico um crescimento prepon<strong>de</strong>rante d<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociações<br />

comunitári<strong>as</strong>: uma d<strong>as</strong> possíveis explicações é a relevância d<strong>as</strong> questões urban<strong>as</strong> que se<br />

impõem com o crescimento <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado <strong>de</strong> Florianópolis, sobretudo nos anos 70. Esses<br />

problem<strong>as</strong> referem-se à favelização provocada pelo êxodo rural, ao saneamento básico, saú<strong>de</strong>,<br />

transporte, habitação, entre outr<strong>as</strong> 4 , tod<strong>as</strong> <strong>de</strong>correntes do inchaço urbano. Além disso, ess<strong>as</strong><br />

questões não se distribuem uniformemente para todos os habitantes da Ilha, é preciso levar em<br />

consi<strong>de</strong>ração a divisão entre centro e periferia e su<strong>as</strong> conseqüênci<strong>as</strong> político, econômicos e<br />

sociais. 5<br />

Uma outra questão particularmente relevante refere-se à emergência dos novos<br />

movimentos sociais, que parecem indicar um entrelaçamento entre a dinâmica local e global<br />

d<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociativist<strong>as</strong>. Trata-se, porém, não <strong>de</strong> simples osmose, <strong>de</strong> implantação acrítica<br />

<strong>de</strong> problem<strong>as</strong> estrangeiros: é porque <strong>as</strong> questões colocad<strong>as</strong> pelos novos movimentos sociais<br />

encontram terreno fecundo sobretudo nos problem<strong>as</strong> <strong>de</strong> preservação ambiental e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida <strong>de</strong>correntes da urbanização do município. Por exemplo, o problema do lixo 6 , tão<br />

grave para um lugar limitado em sua extensão territorial que é a Ilha e que, outrossim, através<br />

da experiência <strong>de</strong> Santo Antônio <strong>de</strong> Lisboa, que criou sua <strong>as</strong>sociação <strong>de</strong> moradores em<br />

virtu<strong>de</strong> dos problem<strong>as</strong> <strong>de</strong>correntes do lixo, ilustra como a consciência ecológica não se<br />

restringe aos novos movimentos sociais, integrando-se <strong>as</strong>sim a experiênci<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> no<br />

<strong>as</strong>sociativismo <strong>de</strong> bairro, e se impõe como uma d<strong>as</strong> mudanç<strong>as</strong> na cultura política do início dos<br />

4 Ver Pereira e Tomiello, in Scherer-Warren, 1996.<br />

5 Ver Luchmann, 1991.<br />

6 Ver Kuhnen, 1995.<br />

4


anos 80 7 . É no próximo gráfico, porém, que se po<strong>de</strong> observar algum<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> questões que<br />

ficaram subliminares no gráfico anterior.<br />

Gráfico 3 - Desenvolvimento Histórico por período <strong>de</strong> cinco anos<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

56 a 60<br />

Recortes temáticos por lustros<br />

61 a 65<br />

66 a 70<br />

71 a 75<br />

76 a 80<br />

81 a 85<br />

86 a 90<br />

91 a 95<br />

96 a 2000<br />

Associações ambientalist<strong>as</strong> e<br />

ecológic<strong>as</strong><br />

Associações comunitári<strong>as</strong><br />

Associações culturais<br />

Associações ligad<strong>as</strong> a<br />

ativida<strong>de</strong>s escolares e<br />

educativ<strong>as</strong><br />

Associações ligad<strong>as</strong> a<br />

caus<strong>as</strong> feminin<strong>as</strong><br />

Grupos <strong>de</strong> direitos humanos e<br />

cidadania<br />

Grupos étnicos e minori<strong>as</strong><br />

culturais<br />

Grupos ligados à religião e à<br />

religiosida<strong>de</strong><br />

Em primeiro lugar, convém constatar a emergência <strong>de</strong> <strong>as</strong>sociações ligad<strong>as</strong> a<br />

caus<strong>as</strong> feminin<strong>as</strong> a partir <strong>de</strong> meados dos anos 70. Com efeito, o que se observa é a criação <strong>de</strong><br />

<strong>as</strong>sociações que têm por escopo fundamental os problem<strong>as</strong> relativos à condição feminina, tais<br />

como a violência contra a mulher ou <strong>as</strong> reivindicações em torno <strong>de</strong> direitos sexuais e<br />

reprodutivos. Como exemplo, po<strong>de</strong>mos citar a fundação da C<strong>as</strong>a da Mulher Catarina em 1989<br />

e, mais recentemente, <strong>as</strong> mobilizações organizad<strong>as</strong> pelos representantes da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Humanização do Parto (ReHuNa) em Santa Catarina. 8 Deve-se observar, contudo, que ess<strong>as</strong><br />

questões surgem em relação a outr<strong>as</strong> temátic<strong>as</strong> como, por exemplo, a condição d<strong>as</strong> mulheres<br />

negr<strong>as</strong>, que <strong>as</strong>sim como a consciência ecológica, transcen<strong>de</strong>m <strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> feminist<strong>as</strong><br />

fecundando outr<strong>as</strong> lut<strong>as</strong> sociais. Também a própria C<strong>as</strong>a da Mulher Catarina têm modificado<br />

algum<strong>as</strong> <strong>de</strong> su<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong>: originalmente criad<strong>as</strong>, visando principalmente discutir questões<br />

relativ<strong>as</strong> á saú<strong>de</strong> da mulher; hoje ela promove anualmente cursos <strong>de</strong> formação e capacitação<br />

para li<strong>de</strong>ranç<strong>as</strong> polític<strong>as</strong>. Por outros termos, <strong>as</strong> questões ligad<strong>as</strong> <strong>as</strong> caus<strong>as</strong> feminin<strong>as</strong> estão<br />

presentes em gran<strong>de</strong> parte d<strong>as</strong> discussões encetad<strong>as</strong> pelos movimentos sociais<br />

7 Luchmann, op. cit., p.68.<br />

8 Ver Tornquist, 2002.<br />

5


contemporâneos, até porque po<strong>de</strong>-se afirmar que a participação feminina é mais relevante em<br />

termos quantitativos, mesmo que não se encontre <strong>de</strong>vidamente representada n<strong>as</strong> diretori<strong>as</strong> d<strong>as</strong><br />

<strong>as</strong>sociações 9 .<br />

Outro <strong>as</strong>pecto que o gráfico nos revela refere-se à emergência e ao crescimento <strong>de</strong><br />

grupos <strong>de</strong> direitos humanos e cidadania e étnicos e minori<strong>as</strong> culturais. Enquanto o segundo<br />

tem sua aparição no mesmo processo em que surgem <strong>as</strong> <strong>as</strong>sociações ligad<strong>as</strong> a caus<strong>as</strong><br />

feminin<strong>as</strong> e <strong>as</strong> caus<strong>as</strong> ecológic<strong>as</strong>, o primeiro, embora <strong>de</strong> aparição mais antiga, encontra sua<br />

força nos eventos recentes do início da década <strong>de</strong> 90. Alguns exemplos são, para os grupos<br />

ligados <strong>as</strong> caus<strong>as</strong> étnic<strong>as</strong> e <strong>de</strong> minori<strong>as</strong>, o NEN, criado em 1986, e o grupo Afro Chico Rosa,<br />

criado em 1998; por outro lado, em relação aos grupos <strong>de</strong> direitos humanos e cidadania,<br />

po<strong>de</strong>mos citar a Campanha <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia d<strong>as</strong> condições dos moradores <strong>de</strong> rua e dos moradores<br />

da Via Expressa, em virtu<strong>de</strong> da política local <strong>de</strong> segurança pública batizada <strong>de</strong> “Tolerância<br />

Zero”; e a ONG Arco Íris, que trabalha com o apoio e a prevenção <strong>de</strong> DST/AIDS e surge<br />

como resposta á ineficácia <strong>de</strong> polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que visavam conter a disseminação<br />

do vírus HIV .<br />

No que se refere tanto ao <strong>as</strong>sociativismo <strong>de</strong> cunho religioso quanto ao <strong>de</strong> cunho<br />

cultural, po<strong>de</strong>-se afirmar que eles encontram uma relativa continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existência em<br />

virtu<strong>de</strong> da própria tradição histórica br<strong>as</strong>ileira. O que muda, porém, é os fatores históricos que<br />

fazem com que ess<strong>as</strong> form<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociativist<strong>as</strong> <strong>as</strong>cendam ou <strong>de</strong>scendam ou então que tornem-se<br />

mais ou menos mobilizad<strong>as</strong> politicamente. Por exemplo, <strong>as</strong> CEBs na ditadura foram, por<br />

<strong>as</strong>sim dizer, o guarda-chuva <strong>de</strong> muit<strong>as</strong> organizações clan<strong>de</strong>stin<strong>as</strong>, enquanto hoje, o<br />

<strong>de</strong>smesurado crescimento <strong>de</strong> organizações pentecostais e do <strong>as</strong>sim chamado “movimento<br />

nova era” 10 parece, por um lado, apontar a expansão do <strong>as</strong>sociativismo <strong>de</strong> tipo religioso, m<strong>as</strong><br />

por outro, essa expansão indica não um crescimento, m<strong>as</strong> uma tendência à paralisia n<strong>as</strong><br />

mobilizações polític<strong>as</strong> encetad<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociações <strong>de</strong> cunho religioso. O mesmo caráter <strong>de</strong><br />

"apoliticida<strong>de</strong>" parece <strong>as</strong>sombrar o <strong>as</strong>sociativismo <strong>de</strong> tipo cultural; aliás, muit<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociações<br />

fazem questão <strong>de</strong> inserir esse termo em seus estatutos. Assim como a mobilização política d<strong>as</strong><br />

<strong>as</strong>sociações religios<strong>as</strong> surge em conjuntur<strong>as</strong> históric<strong>as</strong> específic<strong>as</strong>, também <strong>as</strong> <strong>as</strong>sociações <strong>de</strong><br />

cunho cultural são politizad<strong>as</strong> quando <strong>as</strong>sim exigem os fatores históricos, como no período <strong>de</strong><br />

re<strong>de</strong>mocratização.<br />

9<br />

A respeito verificar a pesquisa <strong>de</strong> Thereza C. B. S. Viana em sua dissertação <strong>de</strong> mestrado a ser <strong>de</strong>fendida<br />

em março <strong>de</strong> 2003, PPGSP, UFSC.<br />

10<br />

Ver Maluf, 1999<br />

6


3 CRISE OU MUDANÇA?<br />

O processo <strong>de</strong>mocrático vem sendo consi<strong>de</strong>rado por muitos teóricos como um<br />

processo não linear, construído nos meandros d<strong>as</strong> socieda<strong>de</strong>s. Uma d<strong>as</strong> tendênci<strong>as</strong> apontad<strong>as</strong><br />

é a <strong>de</strong>modiversida<strong>de</strong> <strong>as</strong>sociada à idéia do multiculturalismo, em que a expressão crítica mais<br />

forte às form<strong>as</strong> <strong>de</strong>mocrátic<strong>as</strong> hegemônic<strong>as</strong> <strong>de</strong> política é a reinvenção <strong>de</strong> prátic<strong>as</strong> contra-<br />

hegemônic<strong>as</strong> estabelecid<strong>as</strong> em países periféricos e semi-periféricos.<br />

Santos (2002) aponta vários exemplos <strong>de</strong>ss<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> em países <strong>de</strong> vários<br />

continentes, <strong>de</strong>spontando como uma contra-tendência à <strong>de</strong>mocracia liberal, expressa em<br />

prátic<strong>as</strong> alternativ<strong>as</strong> construíd<strong>as</strong> pelos movimentos feminista e <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização do<br />

planejamento na Índia, do movimento popular, do orçamento participativo e da filantropia<br />

empresarial no Br<strong>as</strong>il, da cl<strong>as</strong>se operária na África, do movimento cocaleros e da<br />

Comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paz na Colômbia, dos movimentos urbanos <strong>de</strong> Portugal, que são exemplos <strong>de</strong><br />

uma tendência a abertura <strong>de</strong> nov<strong>as</strong> gramátic<strong>as</strong> <strong>de</strong>mocrátic<strong>as</strong>, em que sejam consi<strong>de</strong>rada a<br />

<strong>de</strong>modiversida<strong>de</strong>, ou seja, “[...] a coexistência pacífica ou conflituosa <strong>de</strong> diferentes mo<strong>de</strong>los e<br />

prátic<strong>as</strong> <strong>de</strong>mocrátic<strong>as</strong>.” (op. cit. p. 71).<br />

Para o autor, ess<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> “[...] procuram levar a sério a <strong>as</strong>piração <strong>de</strong>mocrática,<br />

recusando-se a aceitar, como <strong>de</strong>mocrátic<strong>as</strong>, prátic<strong>as</strong> que são a caricatura da <strong>de</strong>mocracia e,<br />

sobretudo, recusando aceitar como fatalida<strong>de</strong> a baixa intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática a que o mo<strong>de</strong>lo<br />

hegemônico sujeitou a participação dos cidadãos na vida política.” (i<strong>de</strong>m, p.73). A perda da<br />

<strong>de</strong>modiversida<strong>de</strong>, ou <strong>de</strong>modiversida<strong>de</strong> negativa está <strong>as</strong>sociada a universalida<strong>de</strong> do mo<strong>de</strong>lo<br />

liberal, o que vêm ocorrendo n<strong>as</strong> últim<strong>as</strong> décad<strong>as</strong>.<br />

Na verda<strong>de</strong>, parece ser este hoje o veredicto sobre <strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociativist<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>pois que p<strong>as</strong>sou a euforia otimista que inundou <strong>as</strong> teori<strong>as</strong> sobre os movimentos sociais no<br />

auge do processo <strong>de</strong> re<strong>de</strong>mocratização dos anos oitenta. Com efeito, muitos autores sustentam<br />

a hipótese da existência <strong>de</strong> uma crise ou <strong>de</strong> "refluxo" d<strong>as</strong> mobilizações sociais que sacudiram<br />

a socieda<strong>de</strong> civil br<strong>as</strong>ileira até o início dos anos 90. Em particular, Gohn (1997, p. 285)<br />

<strong>as</strong>sinala como fatores <strong>de</strong>ssa crise, entre outros, o <strong>de</strong>sg<strong>as</strong>te d<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> participativ<strong>as</strong>, a<br />

expansão do <strong>as</strong>sociativismo institucional, o surgimento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s centrais sindicais e <strong>de</strong><br />

entida<strong>de</strong>s aglutinador<strong>as</strong> dos movimentos sociais, a profissionalização d<strong>as</strong> li<strong>de</strong>ranç<strong>as</strong>, e,<br />

principalmente, o surgimento e a expansão d<strong>as</strong> organizações não governamentais (ONGs).<br />

Sem dúvida, esses fatores são importantes, e po<strong>de</strong>riam justificar <strong>as</strong> curv<strong>as</strong> dos<br />

gráficos 1 a 2 que mostram, a partir da década <strong>de</strong> 90, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>crescente do<br />

7


<strong>as</strong>sociativismo em Florianópolis 11 . A questão que se coloca, <strong>de</strong> modo geral, e não só para o<br />

c<strong>as</strong>o <strong>de</strong> Florianópolis, é se se po<strong>de</strong> falar <strong>de</strong> uma crise que atravessa <strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociativist<strong>as</strong><br />

contemporâne<strong>as</strong> ou, na verda<strong>de</strong>, o que se chama <strong>de</strong> crise não é simplesmente a mudança e a<br />

emergência <strong>de</strong> nov<strong>as</strong> relações – organizativ<strong>as</strong>, i<strong>de</strong>ntitári<strong>as</strong> e <strong>de</strong> engajamento – estabelecid<strong>as</strong><br />

entre os atores do <strong>as</strong>sociativismo civil e a carência <strong>de</strong> instrumentos teóricos por parte dos<br />

pesquisadores que po<strong>de</strong>riam dar visibilida<strong>de</strong> e compreensão a ess<strong>as</strong> nov<strong>as</strong> form<strong>as</strong> <strong>de</strong> relação.<br />

Nesse sentido, po<strong>de</strong>r-se-ia pensar na noção <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s como paradigma para se compreen<strong>de</strong>r <strong>as</strong><br />

ações coletiv<strong>as</strong> contemporâne<strong>as</strong>, em particular o <strong>as</strong>sociativismo local e global e su<strong>as</strong><br />

interrelações: Scherer-Warren (2000, p.37) conceitua, então, os movimentos sociais<br />

contemporâneos<br />

[...] como re<strong>de</strong>s sociais complex<strong>as</strong> que conectam simbólica e<br />

solidarísticamente sujeitos e atores coletivos, cuj<strong>as</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s vão se<br />

construído num processo dialógico <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificações étic<strong>as</strong> e culturais,<br />

intercâmbios, negociações, <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> campos <strong>de</strong> conflito e <strong>de</strong><br />

resistência aos adversários e aos mecanismos <strong>de</strong> exclusão sistêmica na<br />

globalização.<br />

O conceito <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s é, <strong>de</strong>sse modo, útil para se pensar a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atores,<br />

grupos e tem<strong>as</strong> que faz com que se tornem cada vez mais “dialógicos” os discursos inerentes a<br />

cada organização sobre si mesma. Assim, no quesito objetivos encontrar-se-iam divers<strong>as</strong><br />

<strong>as</strong>sociações que correspondiam a du<strong>as</strong> ou mais categori<strong>as</strong>. Por exemplo, a organização Arco<br />

Iris, cl<strong>as</strong>sificada no quesito saú<strong>de</strong> pública e preventiva – o combate a disseminação do vírus<br />

HIV, DST e <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>s químicos – não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ter projetos voltados para a<br />

área cultural e <strong>de</strong> lazer (teatro, fotografia), além <strong>de</strong> estabelecer relações com alguns<br />

componentes do movimento hip-hop, incorporando, a partir disso, a luta contra a<br />

discriminação social e racial, o trabalho com <strong>as</strong> questões <strong>de</strong> gênero (reciprocida<strong>de</strong> n<strong>as</strong><br />

relações homem/mulher e luta contra a discriminação contra os homossexuais), o<br />

envolvimento com o <strong>as</strong>sociativismo <strong>de</strong> bairros e, enfim, a luta por melhori<strong>as</strong> na estrutura<br />

urbana visando melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

Além disso, é preciso levar em conta que a esfera política em termos <strong>de</strong>mocráticos<br />

em Florianópolis segue o mo<strong>de</strong>lo hegemônico, alternando em alguns momentos governos<br />

populares e conservadores, o que tem clar<strong>as</strong> conseqüênci<strong>as</strong> para a mobilização popular e para<br />

<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociativist<strong>as</strong>. Assim é que a participação nos <strong>de</strong>stinos da cida<strong>de</strong> e seus<br />

problem<strong>as</strong> vem sendo estabelecida nos fóruns e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> movimentos, como foi, por exemplo,<br />

a tentativa <strong>de</strong> implementação do Orçamento Participativo na Gestão da Frente Popular (1992-<br />

11 Resguardando <strong>as</strong> <strong>de</strong>vid<strong>as</strong> discrepânci<strong>as</strong> resultantes da mudança <strong>de</strong> metodologia (ver nota 3).<br />

8


1996), a criação da Agenda 21 e, mais atualmente, dos Fóruns da Cida<strong>de</strong>, através dos quais os<br />

movimentos vêm tentando se articular para influir mais significativamente n<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong><br />

formais <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão política. Pois, com efeito, ess<strong>as</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> movimentos que formam a<br />

tessitura do <strong>as</strong>sociativismo civil visam construir prátic<strong>as</strong> sociais e culturais que consi<strong>de</strong>ram o<br />

cotidiano d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> em seus valores e atitu<strong>de</strong>s, e não é porque que não os conseguimos ver<br />

através <strong>de</strong> estrutur<strong>as</strong> institucionais bem <strong>de</strong>finid<strong>as</strong> que po<strong>de</strong>mos afirmar que estão em crise.<br />

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Se, por um lado, <strong>as</strong> limitações quanto à cl<strong>as</strong>sificação d<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociações civis sem<br />

fins lucrativos em categori<strong>as</strong> pré-estabelecid<strong>as</strong> pelo projeto maior “O novos <strong>as</strong>sociativismo<br />

br<strong>as</strong>ileiro” vêm sendo alvo <strong>de</strong> algum<strong>as</strong> crític<strong>as</strong>, por outro lado, é preciso consi<strong>de</strong>rar que ele<br />

põe em evidência a diversida<strong>de</strong> d<strong>as</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s que vêm sendo construíd<strong>as</strong> no processo<br />

<strong>de</strong>mocrático e <strong>as</strong> transformações históric<strong>as</strong> que atravessam o <strong>as</strong>sociativismo civil em<br />

Florianópolis.<br />

Dois tipos <strong>de</strong> crític<strong>as</strong> po<strong>de</strong>m ser, então, <strong>as</strong>sinalad<strong>as</strong>. De um lado, têm-se os<br />

autores que, como Lavalle (2001), questionam <strong>as</strong> inferênci<strong>as</strong> extraíd<strong>as</strong> do mo<strong>de</strong>lo que atribui<br />

gran<strong>de</strong> relevância a mudança social pel<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociativ<strong>as</strong> relacionad<strong>as</strong> ao<br />

aprofundamento <strong>de</strong>mocrático. De outro, há uma espécie <strong>de</strong> auto-crítica – o que se po<strong>de</strong>ria<br />

chamar, parafr<strong>as</strong>eando Bourdieu, "vigilância epistemológica" – que se refere a<br />

instrumentalização ou a operacionalização dos conceitos mais abstratos, como o <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s,<br />

visando apren<strong>de</strong>r a realida<strong>de</strong> mais empírica e concreta. No c<strong>as</strong>o específico da pesquisa sobre<br />

o Associativismo em Florianópolis, tratar-se-ia <strong>de</strong> encontrar fontes alternativ<strong>as</strong> que<br />

indic<strong>as</strong>sem o atual estado do mosaico <strong>de</strong> <strong>as</strong>sociações civis locais.<br />

Porém, <strong>de</strong>ve-se reafirmar, mais como uma hipótese que uma <strong>as</strong>sertiva categórica,<br />

que uma d<strong>as</strong> tendênci<strong>as</strong> apontad<strong>as</strong> pela pesquisa sugere que o <strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong><br />

institucionalização não reflete o vaticínio pessimista <strong>de</strong> que <strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociativ<strong>as</strong> estão em<br />

crise, m<strong>as</strong> sim, <strong>de</strong>nota uma falta <strong>de</strong> visibilida<strong>de</strong> que escon<strong>de</strong> uma flexibilização do tecido<br />

<strong>as</strong>sociativo, expresso no aumento da participação <strong>de</strong> <strong>as</strong>sociações, movimentos e indivíduos<br />

em fóruns e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> movimentos, como também em nov<strong>as</strong> form<strong>as</strong> organizativ<strong>as</strong>, que, mesmo<br />

que <strong>de</strong> forma periódica em que alternam-se maiores ou menores mobilizações, recriam uma<br />

institucionalida<strong>de</strong> menos burocrática, mais articulada e menos hierarquizada.<br />

9


A questão que se coloca e que transcen<strong>de</strong> muito o escopo <strong>de</strong>sse artigo é a da<br />

eficácia política e simbólica da totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses movimentos sobre o tecido social e a<br />

<strong>de</strong>mocracia no âmbito político.<br />

Por fim, cabe ressaltar que a tendência <strong>de</strong> participação coletiva d<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociações<br />

civis e a articulação dos movimentos sociais nos vários fóruns e re<strong>de</strong>s tecem continuamente<br />

relações <strong>as</strong>sociativ<strong>as</strong> e contribuem para a evolução do processo <strong>de</strong>mocrático local. Ess<strong>as</strong><br />

re<strong>de</strong>s <strong>as</strong>sociativ<strong>as</strong> apontam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abrir o <strong>de</strong>bate e o diálogo sobre os problem<strong>as</strong><br />

locais, bem como <strong>as</strong> alternativ<strong>as</strong> para encontrar soluções para esses problem<strong>as</strong>. A<br />

flexibilização da institucionalida<strong>de</strong>, <strong>as</strong> múltipl<strong>as</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e a abertura ao diálogo público<br />

são <strong>as</strong> possibilida<strong>de</strong>s que o tecido <strong>as</strong>sociativo vem <strong>de</strong>senvolvendo para o processo<br />

<strong>de</strong>mocrático do município.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:<br />

BORDIEU, Pierre.(2000) A profissão <strong>de</strong> sociólogo. Petrópolis: Vozes.<br />

Centro <strong>de</strong> Estudos Cultura e Cidadania. (1996). Uma cida<strong>de</strong> numa Ilha: relatório sobre os<br />

problem<strong>as</strong> sócio-ambientais da Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina. Florianópolis: Insular.<br />

DALLMAYR, Fred. (2001). “Para além da <strong>de</strong>mocracia fugidia: algum<strong>as</strong> reflexões mo<strong>de</strong>rn<strong>as</strong><br />

e pós-mo<strong>de</strong>rn<strong>as</strong>”. In Jessé Souza (org.), Democracia hoje: novos <strong>de</strong>safios para a teoria<br />

<strong>de</strong>mocrática contemporânea. Br<strong>as</strong>ília: Editoria Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Br<strong>as</strong>ília.<br />

DIAS, José <strong>de</strong> Souza (org.). (1989). Santa Catarina em perspectiva: os anos do golpe.<br />

Petrópolis: Vozes.<br />

FRANZONI, Tereza Mara. (1993). As "perigos<strong>as</strong>" relações entre movimento<br />

popular/comunitário e a administração pública municipal na Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina.<br />

Dissertação <strong>de</strong> Mestrado. Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Antropologia Social, UFSC.<br />

GOHN, Maria da Glória. (1997). Teori<strong>as</strong> dos movimentos sociais: paradigm<strong>as</strong> clássicos e<br />

contemporâneos. São Paulo: Loyola.<br />

GOMÉZ, José María. (2000). Política e <strong>de</strong>mocracia em tempos <strong>de</strong> globalização. Petrópolis:<br />

Vozes; Buenos Aires: CLACSO; Rio <strong>de</strong> Janeiro: LPP - Laboratório <strong>de</strong> Polític<strong>as</strong> Públic<strong>as</strong>.<br />

Grupo <strong>de</strong> Estudos sobre a construção <strong>de</strong>mocrática. (1999). Dossiê: os movimentos sociais e a<br />

construção <strong>de</strong>mocrática. In: Revista Idéi<strong>as</strong>. Instituto <strong>de</strong> Filosofia e Ciênci<strong>as</strong> Human<strong>as</strong>,<br />

Unicamp, n. 5(2)/6(1).<br />

KRISCHKE, Paulo J (org.). (2000). Ecologia, juventu<strong>de</strong> e cultura política: a cultura da<br />

juventu<strong>de</strong>, a <strong>de</strong>mocratização e a ecologia nos países do cone Sul. Florianópolis: Ed. UFSC.<br />

KUHNEN, Ariane. (1995). Reciclando o cotidiano: representações sociais do lixo.<br />

Florianópolis: Letr<strong>as</strong> Contemporâne<strong>as</strong>.<br />

10


LAVALLE, Adria Gurza.(2001). O vigoroso mo<strong>de</strong>lo da socieda<strong>de</strong> civil miúda. São Paulo:<br />

CEBRAP, 2001, paper 52 p.<br />

LUCHMANN, Lígia Helena H. (1991). Cotidiano e <strong>de</strong>mocracia na organização da UFECO<br />

(União Florianopolitana <strong>de</strong> Entida<strong>de</strong>s Comunitári<strong>as</strong>). Dissertação <strong>de</strong> Mestrado. Programa <strong>de</strong><br />

Pós-Graduação em Sociologia Política, UFSC.<br />

MALUF, Sônia W. (1999) Os Filhos <strong>de</strong> Aquário no país dos terreiros: pessoa e cosmologia<br />

n<strong>as</strong> nov<strong>as</strong> religiosida<strong>de</strong>s no Br<strong>as</strong>il.(mimeo)<br />

SANTOS, Boaventura <strong>de</strong> Sousa (org.). (2002). Democratizar a <strong>de</strong>mocracia: os caminhos da<br />

<strong>de</strong>mocracia participativa. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Civilização Br<strong>as</strong>ileira. Introdução e Capítulos 11 e<br />

13.<br />

SCHERER-WARREN, Ilse & ROSSIAUD, Jean. (1999). Democratizxação em<br />

Florianópolis: resgatando a memória dos movimentos sociais. Itajaí: Univali/Florianópolis:<br />

Diálogo.<br />

SCHERER-WARREN, Ilse ROSSIAUD, Jean. (2000). A <strong>de</strong>mocratização inacabável: <strong>as</strong><br />

memóri<strong>as</strong> do futuro. Petrópolis: Vozes.<br />

SCHERER-WARREN, Ilse. (1996). Organizações voluntári<strong>as</strong> <strong>de</strong> Florianópolis: cad<strong>as</strong>tro e<br />

perfil do <strong>as</strong>sociativismo civil. Florianópolis: Insular.<br />

SCHERER-WARREN, Ilse. (1999). “Associativismo civil em Florianópolis: evolução e<br />

tendênci<strong>as</strong>. In Revista <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong> Human<strong>as</strong>, n.26, p.115-134, out.<br />

SCHERER-WARREN, Ilse. (2000). "Movimentos em cena ... e <strong>as</strong> teori<strong>as</strong> por on<strong>de</strong> andam?".<br />

In Ilse Scherer-Warren et. all. (orgs.). Cidadania e multiculturalismo: a teoria social no<br />

Br<strong>as</strong>il contemporâneo. Lisboa: Socius/Florianópolis: Ed. UFSC.<br />

SCHERER-WARREN, Ilse. (2002). "<strong>Re<strong>de</strong>s</strong> e socieda<strong>de</strong> civil global". In Sérgio Haddad<br />

(org.), ONGs e universida<strong>de</strong>s: <strong>de</strong>safios para cooperação na América Latina. São Paulo:<br />

Abong; Peirópolis.<br />

SOUZA, Jessé (org.). (2001). Democracia hoje: novos <strong>de</strong>safios para a teoria <strong>de</strong>mocrática<br />

contemporânea. Br<strong>as</strong>ília: Editoria Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Br<strong>as</strong>ília.<br />

TEIXEIRA, José Paulo; SILVA, Jorge E. (orgs.). (1999). O futuro da cida<strong>de</strong>: a discussão<br />

pública do Plano Diretor. Florianópolis: Instituto Cida<strong>de</strong> Futura.<br />

TORNQUIST,Carmen S .(2002) Armadilh<strong>as</strong> da Nova Era: Natureza e Maternida<strong>de</strong> no<br />

I<strong>de</strong>ário da Humanização do Parto.In: Revista <strong>de</strong> Estudos Feminista<strong>as</strong>.<br />

Florianópolis.CFH/CCE. Ed. da UFSC<br />

TOURAINE, Alain. (1999) Crítica da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. 6 ª ed. Petrópolis: Vozes.<br />

11

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!