02.01.2013 Views

universidade federal de mato grosso instituto de ciências humanas ...

universidade federal de mato grosso instituto de ciências humanas ...

universidade federal de mato grosso instituto de ciências humanas ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO<br />

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS<br />

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA<br />

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA<br />

MESTRADO<br />

GENISLAINE CONCEIÇÃO DOS REIS BARBOSA<br />

ENCHENTES URBANAS NA PERCEPÇÃO DE RISCO A DESASTRES<br />

NATURAIS EM CUIABÁ/MT<br />

ORIENTADORA: Profª. Drª. CLEUSA APARECIDA GONÇALVES<br />

PEREIRA ZAMPARONI<br />

CUIABÁ, MT<br />

DEZEMBRO/2010


GENISLAINE CONCEIÇÃO DOS REIS BARBOSA<br />

ENCHENTES URBANAS NA PERCEPÇÃO DE RISCO A DESASTRES<br />

NATURAIS EM CUIABÁ/MT<br />

Dissertação apresentada ao Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação<br />

em Geografia do Instituto <strong>de</strong> Ciências Humanas e Sociais<br />

da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato Grosso, como requisito<br />

parcial para obtenção do título <strong>de</strong> Mestre em Geografia.<br />

Orientadora: Profª. Drª. Cleusa Aparecida Gonçalves<br />

Pereira Zamparoni<br />

CUIABÁ, MT<br />

DEZEMBRO/2010<br />

1


GENISLAINE CONCEIÇÃO DOS REIS BARBOSA<br />

ENCHENTES URBANAS NA PERCEPÇÃO DE DESASTRES<br />

NATURAIS EM CUIABÁ/MT<br />

Dissertação apresentada ao Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação<br />

em Geografia do Instituto <strong>de</strong> Ciências Humanas e Sociais<br />

da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato Grosso, como requisito<br />

parcial para obtenção do título <strong>de</strong> Mestre em Geografia.<br />

Cuiabá, ___<strong>de</strong> ___________________ <strong>de</strong> 2010<br />

Banca Examinadora<br />

_______________________________________________<br />

Profª. Drª. Cleusa Aparecida Gonçalves Pereira Zamparoni<br />

Profª. Orientadora e Presi<strong>de</strong>nte da Banca<br />

_______________________________________________<br />

Profª. Drª. Gilda Tomasini Maitelli<br />

Membro Interno da Banca<br />

Departamento <strong>de</strong> Geografia/ICHS/UFMT<br />

_______________________________________________<br />

Profª. Drª. Magaly Mendonça<br />

Membro Externo da Banca<br />

PPGGO/CFCH/UFSC<br />

2


DEDICATÓRIA<br />

A Deus, pela vida.<br />

Ao meu esposo, Gilson, por todo amor e apoio.<br />

A minha filha Ester, que em breve chegará<br />

trazendo alegrias.<br />

Aos meus pais, pelo incentivo e amor.<br />

Aos familiares, que sempre se fazem presentes<br />

nos momentos <strong>de</strong> alegria ou tristeza.<br />

3


AGRADECIMENTOS<br />

A Deus, pela vitalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> continuar lutando diante <strong>de</strong> mundo cheio <strong>de</strong> obstáculos.<br />

À Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Cuiabá, na pessoa da arquiteta Jandira Maria Pedrollo e<br />

do sociólogo Shauke Stephan, por ter concedido materiais relevantes ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta pesquisa.<br />

À Defesa Civil do município, na pessoa do Sr. José Pedro Zanetti, por todas as<br />

informações cedidas.<br />

À Prof.ª Dr.ª Cleusa Aparecida G. P. Zamparoni, pela orientação e conselhos<br />

durante o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste estudo.<br />

A todos os mestres que compõem a banca examinadora, por disporem do seu<br />

tempo e contribuírem com esta pesquisa.<br />

A todos que <strong>de</strong> certa maneira foram fundamentais e <strong>de</strong>ram sua contribuição ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste estudo.<br />

4


RESUMO<br />

BARBOSA, Genislaine Conceição dos Reis. Enchentes urbanas na<br />

percepção <strong>de</strong> risco a <strong>de</strong>sastres naturais em Cuiabá/MT. Dissertação <strong>de</strong><br />

Mestrado. Cuiabá/MT: UFMT, 2010.<br />

Os <strong>de</strong>sastres naturais po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>finidos como o resultado <strong>de</strong> eventos<br />

adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre um ecossistema vulnerável,<br />

causando danos humanos, materiais ou ambientais e prejuízos socioeconômicos.<br />

Embora haja crescimento das pesquisas que avaliam <strong>de</strong>sastres <strong>de</strong>flagrados por<br />

eventos atmosféricos, poucos estudos focam a percepção <strong>de</strong> risco e as variáveis<br />

que contribuem para a construção <strong>de</strong>ssa percepção. Neste estudo é feita a interação<br />

conceitual entre risco e <strong>de</strong>sastre, são apresentados os tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastres e sua<br />

intensida<strong>de</strong>, sua relação com a pobreza nos países em <strong>de</strong>senvolvimento e a<br />

atuação da Defesa Civil no Brasil e no mundo. É lembrada a contribuição humana<br />

para esses eventos, assim como a predisposição para <strong>de</strong>sastres, nas diversas<br />

regiões brasileiras, em conseqüência <strong>de</strong> mudanças climáticas, para as quais não<br />

têm sido usadas medidas preventivas. As enchentes urbanas têm assolado várias<br />

cida<strong>de</strong>s, entre elas está Cuiabá/MT, localizada na região CentroOeste. Este estudo<br />

vem mostrar as características geológicas, ambientais, climáticas, <strong>de</strong> relevo e do uso<br />

urbano em Cuiabá/MT. Faz-se uma avaliação da percepção <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastres naturais<br />

<strong>de</strong> origem hidrometeorológica em bairros da cida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> risco. Os<br />

resultados foram <strong>de</strong>rivados das informações obtidas através <strong>de</strong> 80 entrevistas<br />

aplicadas nos bairros vulneráveis a enchentes, inundações e alagamentos, <strong>de</strong><br />

maneira a observar como as pessoas <strong>de</strong> fato percebem os riscos a que estão<br />

submetidas. Dos 16 bairros consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> risco pela Defesa Civil, foram<br />

escolhidos para aplicar a entrevista, moradores dos 5 bairros mais atingidos pelos<br />

fenômenos. Esses bairros representam 27,33% da população vulnerável. Após um<br />

histórico das enchentes em Cuiabá, <strong>de</strong> 1870 a 2010, alerta-se para a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> educação e treinamento da população, na prevenção contra <strong>de</strong>sastres, e a<br />

implantação <strong>de</strong> políticas públicas para a ocupação humana. Neste contexto, este<br />

estudo recomenda o uso <strong>de</strong> geotecnologias que têm se revelado <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong><br />

tanto na preparação como nas ações <strong>de</strong> resposta aos fenômenos naturais.<br />

Palavras-chave: Percepção Ambiental, Desastres Naturais, Áreas <strong>de</strong> Risco,<br />

Enchentes, Cuiabá.<br />

5


ABSTRACT<br />

BARBOSA, Genislaine Conceição Reis. Urban flooding in the perception of<br />

risk natural disasters in Cuiabá/MT. Master dissertation. Cuiabá/MT: UFMT, 2010.<br />

Natural disasters can be <strong>de</strong>fined as the result of adverse natural or manma<strong>de</strong>, on a<br />

vulnerable ecosystem, causing damage to human, material or environmental and<br />

socioeconomic damage. Although there are studies that assess growth of disasters<br />

triggered by atmospheric events, few studies focus on risk perception and the<br />

variables that contribute to the construction of this perception. In this study it was the<br />

conceptual interaction between risk and disaster presents the types of disasters and<br />

their intensity, their relationship to poverty in <strong>de</strong>veloping countries and the role of<br />

Civil Defense in Brazil and worldwi<strong>de</strong>. It remin<strong>de</strong>d the human contribution to these<br />

events, as well as a predisposition to disasters in various regions of Brazil as a result<br />

of climate change, for which no preventive measures have been used. The floods<br />

have <strong>de</strong>stroyed urban cities, among them is Cuiabá/MT, located in the Midwest. This<br />

study goes to show the geological, environmental, climate, relief and urban use in<br />

Cuiabá/MT. It is an assessment of the perception of natural disasters of<br />

hydrometeorological origin in neighborhoods of the city consi<strong>de</strong>red at risk. The<br />

results were <strong>de</strong>rived from information obtained through 80 interviews applied in<br />

neighborhoods vulnerable to flooding, inundation and flooding, in or<strong>de</strong>r to observe<br />

how people actually perceive the risks to which they are subjected. After a history of<br />

flooding in Cuiabá, from 1870 to 2010, should be alert to the need for education and<br />

training of the population in disaster prevention, and implementation of public policies<br />

for human occupation. In this context, this study recommends the use of geo-<br />

technologies that have proved useful both in preparation and response actions to<br />

natural phenomena.<br />

Keywords: Environmental perception, Natural Disasters, Risk Areas, Flood, Cuiabá.<br />

6


LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 1 - Deslizamento em Angra dos Reis, RJ<br />

Figura 2 - Vista parcial da enchente em Pernambuco em junho/2010<br />

Figura 3 - Vista parcial da enchente em Pernambuco em junho/2010<br />

Figura 4 - Localização geográfica <strong>de</strong> Cuiabá/MT<br />

Figura 5 - Localização das Regiões Administrativas <strong>de</strong> Cuiabá/MT<br />

Figura 6 - Mapa das áreas <strong>de</strong> Risco da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuiabá/MT<br />

Figura 7 - Régua limnimétrica posicionada no rio Cuiabá<br />

Figura 8 - Vista <strong>de</strong> Cuiabá durante a enchente <strong>de</strong> 1974<br />

Figura 9 - Enchente do rio Cuiabá – Feira do Porto em 1995.<br />

Figura 10 - Rio Cuiabá e córregos da área urbana <strong>de</strong> Cuiabá/MT 67<br />

Figura 11 - Transbordamento do Córrego do Barbado ocorrido em<br />

fevereiro <strong>de</strong> 2010 69<br />

Figura 12 - Bairro Praeirinho alagado em fevereiro <strong>de</strong> 2010<br />

Figura 13 - Avenida Antártica alagada em fevereiro <strong>de</strong> 2010.<br />

Figura 14 - Tempo <strong>de</strong> Moradia dos entrevistados em Cuiabá<br />

Figura 15 - Local <strong>de</strong> nascimento dos entrevistados em Cuiabá<br />

Figura 16 - Sexo dos entrevistados em Cuiabá<br />

Figura 17 - Grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> dos entrevistados em Cuiabá/MT<br />

Figura 18 - Faixa etária dos entrevistados em Cuiabá<br />

Figura 19 - Apreciação do local <strong>de</strong> moradia dos entrevistados em Cuiabá/MT<br />

Figura 20 - Meios <strong>de</strong> conhecimento da previsão do tempo dos entrevistados<br />

em Cuiabá<br />

Figura 21 - Pessoas atingidas por transtornos ambientais em Cuiabá 77<br />

Figura 22 - Ações coletivas para diminuir os efeitos do tempo e do clima dos<br />

778<br />

entrevistados em Cuiabá<br />

Figura 23 - Ações do governo diante dos <strong>de</strong>sastres naturais em Cuiabá/MT 79<br />

Figura 24 - Sugestões dos entrevistados sobre <strong>de</strong>sastres ambientais<br />

em Cuiabá<br />

7<br />

22<br />

28<br />

28<br />

32<br />

33<br />

52<br />

58<br />

61<br />

62<br />

70<br />

71<br />

72<br />

72<br />

73<br />

73<br />

74<br />

75<br />

75<br />

79


LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1: Bairros vulneráveis a enchentes selecionados para aplicação das<br />

entrevistas 50<br />

Tabela 2: Desastres naturais registrados entre 1956 e meados <strong>de</strong> 2009<br />

no Brasil<br />

Tabela 3: Resumo das ocorrências <strong>de</strong> enchentes em Cuiabá/MT<br />

Tabela 4: Cota das gran<strong>de</strong>s cheias registradas em Cuiabá/MT<br />

em or<strong>de</strong>mcronológica<br />

50<br />

56<br />

57<br />

8


LISTA DE QUADROS<br />

Quadro 1 - Classificação dos <strong>de</strong>sastres em relação à intensida<strong>de</strong><br />

Quadro 3 - Regiões Administrativas da área urbana da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuiabá/MT<br />

Quadro 4 - Localização das Áreas <strong>de</strong> Risco <strong>de</strong> Cuiabá/MT e Renda dos Bairros<br />

on<strong>de</strong> se encontram.<br />

Quadro 5 - Relevo <strong>de</strong> Cuiabá<br />

Quadro 6 - Enchentes, inundações e alagamentos ocorridos em Cuiabá<br />

<strong>de</strong> 1870 a 2010<br />

Quadro 7 - Principais córregos e rios <strong>de</strong> Cuiabá e áreas drenadas<br />

9<br />

19<br />

33<br />

34<br />

37<br />

59<br />

65


LISTA DE ANEXOS<br />

Anexo 1 - Formulário <strong>de</strong> Entrevista: “Padrões socioespaciais na percepção <strong>de</strong> risco<br />

a eventos atmosféricos”<br />

Anexo 2 - Enchentes do rio Cuiabá, Jornal “A Cruz” <strong>de</strong> 26/IV/1942<br />

Anexo 3 - Inundação, Defesa Civil foi montada ontem, Jornal “O Estado <strong>de</strong> Mato<br />

Grosso” <strong>de</strong> 15/03/1974<br />

10


APP - Área <strong>de</strong> Preservação Permanente<br />

AVADAM - Avaliação <strong>de</strong> Danos e Riscos<br />

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS<br />

COMDEC - Coor<strong>de</strong>nadoria Municipal <strong>de</strong> Defesa Civil<br />

CONDEC - Conselho Nacional <strong>de</strong> Defesa Civil<br />

CORDEC - Coor<strong>de</strong>nadoria Regional <strong>de</strong> Defesa Civil<br />

CPRM - Serviço Geológico do Brasil<br />

CRED - Centre for Research on the Epi<strong>de</strong>miology of Disasters<br />

ECP - Estado <strong>de</strong> Calamida<strong>de</strong> Pública<br />

EM-DAT - Emergency Event Database<br />

IBGE - Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística<br />

INPE - Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais<br />

IPDU - Instituto <strong>de</strong> Planejamento e Desenvolvimento Urbano<br />

ISDR - Estratégia Internacional para Redução <strong>de</strong> Desastres<br />

MNT - Mo<strong>de</strong>lo Numérico do Terreno<br />

NUDEC - Núcleos Municipais <strong>de</strong> Defesa Civil<br />

ONG - Organização não Governamental<br />

ONU - Organização das Nações Unidas<br />

SE - Situação <strong>de</strong> Emergência<br />

SEDEC - Secretaria Nacional <strong>de</strong> Defesa Civil<br />

SEPLAN - Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Planejamento e Desenvolvimento Econômico<br />

SINDEC - Sistema Nacional <strong>de</strong> Defesa Civil<br />

SUDEC - Superintendência Estadual da Defesa Civil<br />

UN-ISDR - United Nations International Strategy for Disaster Reduction<br />

ZIA - Zona <strong>de</strong> Interesse Ambiental<br />

11


SUMÁRIO<br />

INTRODUÇÃO 13<br />

1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

1.1 DESASTRES NATURAIS<br />

1.2 RISCO<br />

1.3 ALAGAMENTOS<br />

1.4 O FENÔMENO DAS ENCHENTES<br />

1.5 INUNDAÇÕES<br />

1.6 A PERCEPÇÃO DE RISCO ANTE AS SITUAÇÕES ATMOSFÉRICAS<br />

1.7 ENCHENTES NO BRASIL<br />

1.8 DESASTRES E DEFESA CIVIL<br />

2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO<br />

2.1 ASPECTOS FÍSICOS DE CUIABÁ/MT<br />

2.2 HISTÓRICO DO PROCESSO DE OCUPAÇÃO E PRODUÇÃO DO<br />

ESPAÇO DO MUNICÍPIO DE CUIABÁ/MT<br />

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS<br />

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS<br />

4.1 ENCHENTES NO ESTADO DE MATO GROSSO<br />

4.2 MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE RISCO DE ENCHENTES EM<br />

CUIABÁ/MT<br />

4.3 ENCHENTES EM CUIABÁ/MT<br />

4.4 PERCEPÇÃO DOS RISCOS PELA POPULAÇÃO ENTREVISTADA<br />

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ANEXOS<br />

12<br />

20<br />

18<br />

20<br />

23<br />

23<br />

25<br />

25<br />

27<br />

29<br />

32<br />

32<br />

42<br />

45<br />

50<br />

50<br />

51<br />

54<br />

71<br />

83<br />

85<br />

95


INTRODUÇÃO<br />

Os <strong>de</strong>sastres naturais acompanham a humanida<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primórdios, o<br />

homem sempre precisou apren<strong>de</strong>r a lidar com os transtornos advindos após uma<br />

tempesta<strong>de</strong>, um terremoto, uma enchente, uma inundação.<br />

Alguns estudos apontam que, <strong>de</strong>vido às interferências <strong>humanas</strong>, ou seja,<br />

<strong>de</strong>vido às ações antrópicas, o clima tem se modificado em todo o planeta. Algumas<br />

regiões, que nunca haviam sofrido com gran<strong>de</strong>s enchentes e ciclones, hoje<br />

vivenciam <strong>de</strong> maneira quase que contínua tais problemas, como por exemplo, o Sul<br />

do Brasil, que em 2008 sofreu com tempesta<strong>de</strong>s, vendavais e enchentes que<br />

<strong>de</strong>struíram vários municípios e <strong>de</strong>sabrigaram milhares <strong>de</strong> pessoas.<br />

Vista como um processo mental, a percepção ambiental ocorre na interação<br />

do indivíduo com o meio ambiente. Nos ambientes urbanos é que se vivencia<br />

transformações, <strong>de</strong>vido ao uso e ocupação do solo. A conseqüência do aumento<br />

populacional é a vulnerabilida<strong>de</strong> a <strong>de</strong>sastres naturais e (ou) exposição ao risco.<br />

Segundo Veyret (2007), a percepção do risco é sentida quando há<br />

indivíduos correndo certo tipo <strong>de</strong> perigo ou ameaça. Na Geografia os riscos são<br />

vistos como questão social num <strong>de</strong>terminado espaço, ou seja, há relação direta<br />

entre a natureza/socieda<strong>de</strong>, com foco numa abordagem ambiental.<br />

Os efeitos sentidos na socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna são mais intensos do que no<br />

passado, <strong>de</strong>vido ao crescimento da população e a concentração <strong>de</strong> pessoas nas<br />

áreas urbanas. A ocupação <strong>de</strong> áreas ina<strong>de</strong>quadas afeta, entre outros, o turismo, os<br />

produtos agrícolas e o transporte. As responsabilida<strong>de</strong>s recaem sobre a natureza,<br />

como fatalida<strong>de</strong>, quando na verda<strong>de</strong> estas po<strong>de</strong>m ser atribuídas aos homens. A<br />

exploração da energia nuclear disso dá exemplo. Veja-se o caso do aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

Tree Milles Island – Pensilvânia, em 1979, em que houve vazamento <strong>de</strong><br />

radioativida<strong>de</strong> para a atmosfera. Outro terrível <strong>de</strong>sastre foi o aci<strong>de</strong>nte nuclear <strong>de</strong><br />

Chernobyl, na União Soviética, <strong>de</strong>1986.<br />

Hoje o risco é percebido em toda a socieda<strong>de</strong>, reconhecendo-se que não<br />

existe o “risco zero” e que se <strong>de</strong>ve gerenciá-lo.<br />

Para uma melhor administração do risco, há diversos atores que são<br />

essenciais. O setor da comunicação, os especialistas, os políticos e a própria<br />

13


socieda<strong>de</strong> como um todo, que impulsionam os gestores dos riscos através <strong>de</strong> alertas<br />

e <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> perigos.<br />

Nesse contexto, os atores constroem o risco em função das ferramentas,<br />

das informações (séries estatísticas, probabilida<strong>de</strong>s, mapas, pesquisas <strong>de</strong> opinião,<br />

relatórios <strong>de</strong> seguradoras, programas <strong>de</strong> rádio e televisão).<br />

A interferência do homem no ambiente natural, provavelmente, tem<br />

contribuído com as mudanças climáticas naturais, que por sua vez são responsáveis<br />

por catástrofes.<br />

No Brasil, chuvas torrenciais alagaram, inundaram, provocaram<br />

<strong>de</strong>sabamentos, ceifando vidas e <strong>de</strong>struindo casas, prédios, em diversas regiões.<br />

Entre as mais afetadas estiveram a Su<strong>de</strong>ste (Rio Janeiro, São Paulo, Espírito Santo<br />

e Minas Gerais); Nor<strong>de</strong>ste (Bahia); Sul (Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e Florianópolis) e a<br />

Região Centro Oeste (Cuiabá/MT).<br />

Kobiyama et al. (2006, p. 1) lembram que:<br />

[...] os <strong>de</strong>sastres naturais são <strong>de</strong>terminados a partir da relação<br />

entre o homem e a natureza. Em outras palavras, <strong>de</strong>sastres naturais<br />

resultam das tentativas <strong>humanas</strong> em dominar a natureza, que, em sua<br />

maioria, acabam <strong>de</strong>rrotadas. Além do que, quando não são aplicadas<br />

medidas para a redução dos efeitos dos <strong>de</strong>sastres, a tendência é aumentar<br />

a intensida<strong>de</strong>, a magnitu<strong>de</strong> e a freqüência dos impactos. Assim, gran<strong>de</strong><br />

parte da história da humanida<strong>de</strong> foi influenciada pela ocorrência <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sastres naturais, principalmente os <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong>.<br />

Por isso, hoje, é <strong>de</strong> extrema relevância que o homem conheça os impactos<br />

resultantes das ações <strong>de</strong> natureza humana sobre o meio ambiente e as suas<br />

contribuições nas mudanças climáticas. Hodiernamente, gran<strong>de</strong> parte das<br />

catástrofes naturais se dá <strong>de</strong>vido aos impactos ambientais das ações <strong>humanas</strong>,<br />

poluindo continuamente o planeta. Daí a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se conhecer e acompanhar<br />

a evolução das mudanças climáticas, para que se possam apontar os índices <strong>de</strong><br />

risco <strong>de</strong> sofrermos uma nova agressão natural.<br />

Como diz Berbet (2008, p. 170):<br />

14<br />

A história da humanida<strong>de</strong>, suas ações, culturas e diferenças<br />

sociais estão intimamente ligadas às condições climáticas prevalecentes<br />

nos diversos períodos da evolução terrestre e nas diferentes regiões do<br />

planeta. Dessa forma, o entendimento dos fenômenos climáticos passados<br />

é <strong>de</strong> suma importância para se prospectar o futuro [...]. A importante<br />

interação entre os oceanos, a atmosfera e os ambientes terrestres tem se<br />

evi<strong>de</strong>nciado através dos tempos, tornando mais complexa a análise das<br />

condições paleoclimáticas.<br />

Investigar se o clima está mudando nas escalas global, regional e local tem


se constituído em um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para o mundo técnico-científico informacional<br />

da atualida<strong>de</strong>, fio condutor do processo <strong>de</strong> globalização e mundialização do capital,<br />

frutos da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. A polêmica em torno da <strong>de</strong>rivação antrópica e/ou natural tem<br />

pautado as discussões sobre a temática, nas quais alguns lembram que interglaciais<br />

eram constantes ao longo das eras geológicas. A <strong>de</strong>gradação ambiental dos<br />

ecossistemas aumenta sua vulnerabilida<strong>de</strong> a <strong>de</strong>sastres naturais. Assim, eventos<br />

que outrora se consi<strong>de</strong>ravam naturais, atualmente po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados<br />

<strong>de</strong>sastres originados em boa parte pelas ações antrópicas.<br />

Os <strong>de</strong>sastres naturais po<strong>de</strong>m ocorrer em gran<strong>de</strong>s escalas, como<br />

<strong>de</strong>sertificações ou secas <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> mudanças climáticas, afetando extensas<br />

regiões, ou em pequenas escalas, como <strong>de</strong>slizamentos e inundações em áreas<br />

urbanas e rurais. Quantificar essas modificações é gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio, pois ao<br />

dimensionar o impacto provocado pela ação antrópica, se está limitando o<br />

crescimento econômico que tem como base o uso e a ocupação do espaço.<br />

Este tipo <strong>de</strong> ocupação caracteriza o que Beck (2000) <strong>de</strong>nomina <strong>de</strong><br />

“socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> risco”, on<strong>de</strong> os crescimentos econômico, tecnológico e social,<br />

<strong>de</strong>finidos por políticas públicas, não são capazes <strong>de</strong> prever o impacto provocado<br />

sobre o meio ambiente, gerando assim riscos para a socieda<strong>de</strong>.<br />

O rápido crescimento da população aumenta a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> recursos<br />

naturais, ocasionando uma pressão no meio ambiente. Isto leva à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

que um evento natural se transforme em um <strong>de</strong>sastre, ou seja, aumenta o risco,<br />

aumentando também a frequência com que estes <strong>de</strong>sastres acontecem (WILCHES<br />

CHAUX, 1995). A prevenção e mitigação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastres naturais somente são<br />

possíveis quando se tem um conhecimento sólido sobre a frequência e magnitu<strong>de</strong><br />

dos eventos que geram riscos numa <strong>de</strong>terminada área.<br />

Des<strong>de</strong> os primórdios da humanida<strong>de</strong>, as condições físicas foram essenciais<br />

para a escolha <strong>de</strong> locais para a fixação dos grupos humanos em <strong>de</strong>terminados<br />

espaços. Áreas próximas a rios e com precipitações constantes, solos férteis <strong>de</strong><br />

origem vulcânica e facilida<strong>de</strong> para a comunicação, fluvial ou marítima, sempre foram<br />

atrativas para a fixação dos grupos humanos. Manifestações físicas, como os ciclos<br />

sazonais do clima, também marcaram hábitos e tradições, estabelecendo forte<br />

relação entre os grupos sociais e seus meios físicos. Não obstante, essas mesmas<br />

condições favoráveis po<strong>de</strong>m se constituir em riscos, ao engendrar situações que se<br />

configurem como <strong>de</strong>sastres, como inundações fluviais e costeiras, erupções<br />

15


vulcânicas e outros adventos que, mesmo naturais, causam profunda<br />

<strong>de</strong>sestruturação no meio físico e nos grupos humanos (REFERENCIAR).<br />

Atualmente, os principais indutores dos <strong>de</strong>sastres naturais no mundo são <strong>de</strong><br />

natureza hidrometeorológica (inundações fluviais, inundações bruscas,<br />

<strong>de</strong>slizamentos, tempesta<strong>de</strong>s tropicais severas, tornados) e cli<strong>mato</strong>lógica (ondas <strong>de</strong><br />

frio, calor, incêndios florestais e secas).<br />

A expansão da população no espaço - inclusive em áreas <strong>de</strong> risco a<br />

<strong>de</strong>sastres <strong>de</strong> diferentes naturezas - e a crescente habilida<strong>de</strong> do ser humano em<br />

modificar o ambiente físico em escalas além da local, são cada vez mais<br />

reconhecidos como passíveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>sestabilizar o equilíbrio dos locais, ampliando<br />

incertezas e riscos <strong>de</strong> catástrofes naturais. Além disso, as parcelas <strong>de</strong> baixa renda<br />

da população se instalam em locais <strong>de</strong> maior risco, fato que espelha claramente o<br />

padrão socioespacial dos eventos calamitosos. Todavia, nesta proposição advogase,<br />

igualmente, que a perda da percepção ambiental possa ser fator contribuinte<br />

para consequências trágicas por situações atmosféricas e que sua recuperação seja<br />

elemento primordial para a gestão dos <strong>de</strong>sastres.<br />

Pinho (2008), afirma que provavelmente a intensificação da urbanização<br />

contribua para o aumento da precipitação nas áreas urbanas em comparação com<br />

áreas rurais, pois o espaço construído combinado com a poluição do ar po<strong>de</strong> gerar<br />

modificações nos parâmetros <strong>de</strong> precipitação.<br />

Os <strong>de</strong>sastres naturais hidrometeorológicos impactam todas as nações do<br />

mundo, mas as repercussões socioterritoriais são bem distintas, notadamente no<br />

tocante à dimensão social das calamida<strong>de</strong>s, que faz com que o sofrimento da<br />

população e o comprometimento da economia <strong>de</strong> alguns países em relação a<br />

eventos <strong>de</strong> igual característica física sejam muito superiores a outros (TOBIN e<br />

MONTZ, 1997; NUNES, inédito). A<strong>de</strong>mais, condições políticas e econômicas<br />

influenciam fortemente as repercussões dos <strong>de</strong>sastres.<br />

Nesse contexto, verificou-se que em Cuiabá/MT, localizada na região Centro<br />

Oeste brasileira, ocorrem <strong>de</strong>sastres naturais <strong>de</strong> origem hidrometeorológica,<br />

especificamente as enchentes, inundações e alagamentos. Por isso esta pesquisa<br />

visa conhecer os índices <strong>de</strong> risco aos quais a população <strong>de</strong> Cuiabá está submetida,<br />

em função dos <strong>de</strong>sastres naturais que ocorreram e po<strong>de</strong>m ocorrer. Apontam-se as<br />

áreas mais prováveis a sofrerem impactos <strong>de</strong>vido aos <strong>de</strong>sastres naturais ou chuvas<br />

em volumes torrenciais e inesperados.<br />

16


Esses pressupostos justificam o interesse em se <strong>de</strong>senvolver uma pesquisa<br />

abrangente a respeito das enchentes, inundações e alagamentos, que afligem<br />

diversos bairros do município <strong>de</strong> Cuiabá, sem que, evi<strong>de</strong>ntemente, se pretenda<br />

esgotar as discussões e pesquisas nesta temática.<br />

Em vista disso, o objetivo geral do presente estudo foi fazer um<br />

levantamento histórico sobre as últimas enchentes ocorridas em Cuiabá/MT, bem<br />

como apontar as áreas <strong>de</strong> risco da cida<strong>de</strong>, mostrar os danos causados à população,<br />

avaliar a percepção climática da população através <strong>de</strong> entrevistas aplicadas nos<br />

bairros vulneráveis.<br />

17


1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

Para um melhor entendimento da pesquisa, é necessário conceituar os<br />

<strong>de</strong>sastres naturais, os riscos, os alagamentos, as enchentes, as inundações e a<br />

percepção <strong>de</strong> risco.<br />

1.1 DESASTRES NATURAIS<br />

Desastre é a materialização do risco, po<strong>de</strong>ndo acontecer a partir <strong>de</strong><br />

episódios que integram a dinâmica evolutiva do planeta, mas que alteram o território<br />

e até, eventualmente, provocando a ruptura <strong>de</strong> suas funcionalida<strong>de</strong>s.<br />

Desastres naturais po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>finidos como o resultado do impacto <strong>de</strong><br />

fenômenos naturais extremos ou intensos sobre um sistema social, causando sérios<br />

danos e prejuízos que exce<strong>de</strong>m a capacida<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong> ou da socieda<strong>de</strong><br />

atingida em conviver com o impacto. “Quando um fenômeno geofísico causa sérios<br />

danos e prejuízos a pessoas e bens <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>, configura-se, assim, num<br />

cenário típico <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastre natural” (MARCELINO, 2008).<br />

“Os Desastres Naturais contemplam, também, processos e fenômenos mais<br />

localizados tais como <strong>de</strong>slizamentos, inundações, subsidências e erosão, que<br />

po<strong>de</strong>m ocorrer naturalmente ou induzidos pelo homem”. (TOMINAGA et al., 2009).<br />

Os <strong>de</strong>sastres naturais, consequentemente, resultam em danos expressivos<br />

<strong>de</strong> âmbito econômico, social e ambiental, o que leva cientistas a estudarem mais<br />

profundamente os impactos resultantes das mudanças climáticas globais.<br />

Tominaga et al. (2009, p. 9) ainda <strong>de</strong>finem:<br />

18<br />

Os <strong>de</strong>sastres naturais po<strong>de</strong>m ser provocados por diversos<br />

fenômenos, tais como, inundações, escorregamentos, erosão, terremotos,<br />

tornados, furacões, tempesta<strong>de</strong>s, estiagem, entre outros. Além da<br />

intensida<strong>de</strong> dos fenômenos naturais, o acelerado processo <strong>de</strong> urbanização<br />

verificado nas últimas décadas, em várias partes do mundo, inclusive no<br />

Brasil, levou ao crescimento das cida<strong>de</strong>s, muitas vezes em áreas impróprias<br />

à ocupação, aumentando as situações <strong>de</strong> perigo e <strong>de</strong> risco a <strong>de</strong>sastres<br />

naturais.<br />

Já a United Nations International Strategy for Disaster Reduction - UN-ISDR<br />

(2009) <strong>de</strong>fine <strong>de</strong>sastre natural como perturbação do funcionamento <strong>de</strong> uma<br />

socieda<strong>de</strong>, que envolve perdas <strong>humanas</strong>, materiais, econômicas e ambientais <strong>de</strong>


enorme extensão, com impactos que exce<strong>de</strong>m a capacida<strong>de</strong> da socieda<strong>de</strong> afetada<br />

<strong>de</strong> arcar com seus próprios recursos.<br />

Quanto à origem, os <strong>de</strong>sastres po<strong>de</strong>m ser naturais (causados por<br />

fenômenos e <strong>de</strong>sequilíbrios da natureza que atuam in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da ação<br />

humana) e humanos ou antropogênicos (resultantes <strong>de</strong> ações ou omissões<br />

<strong>humanas</strong>, estando relacionados com as ativida<strong>de</strong>s do homem) (KOBIYAMA et al.<br />

2006; MARCELINO, 2008).<br />

Os <strong>de</strong>sastres naturais estão crescendo no mundo, pois a população vem<br />

aumentando e ocupando áreas consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> risco. Afirma-se que em todo o<br />

globo existem áreas vulneráveis aos <strong>de</strong>sastres, e que todas as pessoas estão<br />

expostas a eles. A forma com que reagem aos fenômenos é que difere, pois <strong>de</strong><br />

acordo com o sistema social, há maior ou menor dano à vida humana, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />

muito da prevenção e preparo da população para tais acontecimentos. “O<br />

conhecimento da realida<strong>de</strong> é sempre o primeiro passo para a superação dos<br />

problemas” (ZAMPARONI, 2010).<br />

O quadro 1 evi<strong>de</strong>ncia a classificação dos <strong>de</strong>sastres quanto à intensida<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />

acordo com Kobiyama et al. (2006).<br />

Quadro 1: Classificação dos <strong>de</strong>sastres em relação à intensida<strong>de</strong><br />

Nível Intensida<strong>de</strong> Situação<br />

I<br />

II<br />

III<br />

IV<br />

Desastres <strong>de</strong> pequeno porte, também<br />

chamados <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes, on<strong>de</strong> os<br />

impactos causados são poucos<br />

importantes e os prejuízos pouco<br />

vultosos (prejuízo menor que 5% PIB<br />

municipal)<br />

De média intensida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> os<br />

impactos são <strong>de</strong> alguma importância e<br />

os prejuízos são significativos, embora<br />

não sejam vultosos (prejuízos entre 5%<br />

e 10% PIB municipal)<br />

De gran<strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>, com danos<br />

importantes e prejuízos vultosos<br />

(prejuízos entre 10% e 30% PIB<br />

municipal)<br />

De muito gran<strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>, com<br />

impactos muito significativos e<br />

prejuízos muito vultosos (prejuízos<br />

maiores que 30% PIB municipal).<br />

Fonte: Kobiyama et al., 2006.<br />

19<br />

Facilmente superável com os recursos<br />

do município.<br />

Superável pelo município, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

envolva uma mobilização e<br />

administração especial.<br />

A situação <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser<br />

restabelecida com recursos locais,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que complementados com<br />

recursos estaduais e fe<strong>de</strong>rais (Situação<br />

<strong>de</strong> Emergência – SE).<br />

Não é superável pelo município, sem<br />

que receba ajuda externa.<br />

Eventualmente necessita <strong>de</strong> ajuda<br />

internacional (Estado <strong>de</strong> Calamida<strong>de</strong><br />

Pública – ECP).


Estudos mostram que a população mais pobre é a mais atingida pelos<br />

<strong>de</strong>sastres naturais. Foi comprovado que os “pobres” pouco contribuem para as<br />

mudanças climáticas, mas são os que mais sofrem.<br />

CO 2<br />

Zimmermann e Schons (2009) referem que nos países pobres a emissão do<br />

é bem menor do que nos países ricos, on<strong>de</strong> apenas 15% da população mundial<br />

vem contribuindo para meta<strong>de</strong> da emissão.<br />

As moradias precárias da gente “pobre” estão concentradas em áreas sob<br />

risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastres naturais, ou seja, regiões costeiras, morros e vales.<br />

Esses moradores vivem abaixo da linha <strong>de</strong> pobreza e sofrem tanto no<br />

momento do <strong>de</strong>sastre como no pós-<strong>de</strong>sastre, pois estão expostos a epi<strong>de</strong>mias e<br />

doenças causadas pela falta <strong>de</strong> saneamento e serviços essenciais.<br />

Um estudo da organização internacional presidida por Kofi Annan, sediada<br />

em Genebra, revela os impactos das mudanças climáticas no planeta. O relatório<br />

<strong>de</strong>nuncia a grave injustiça feita às populações <strong>de</strong> baixa renda, resi<strong>de</strong>ntes em países<br />

pobres, que sofrem com as mudanças climáticas, já que pouco contribuem para a<br />

emissão <strong>de</strong> gases poluentes e <strong>de</strong>smatamento. Os países em <strong>de</strong>senvolvimento<br />

carregam nove décimos <strong>de</strong> carga da mudança climática: 98% dos seriamente<br />

afetados, 99% <strong>de</strong> todas as mortes relacionadas a <strong>de</strong>sastres meteorológicos e 90%<br />

do total <strong>de</strong> perdas econômicas.<br />

O fator pobreza tem potencializado os perigos, que muitas vezes se<br />

convertem em tragédia na vida dos “pobres”.<br />

Pesquisas têm apontado que o combate à pobreza é a base para a<br />

adaptação às alterações climáticas.<br />

Observa-se na atualida<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> e crescente distância entre ricos e pobres.<br />

Enquanto isso, países ricos investem na indústria da morte (complexos industrial-<br />

militares) para se assegurarem da preservação <strong>de</strong> seus privilégios no plano das<br />

<strong>de</strong>siguais relações internacionais. Erradicar a pobreza tornou-se o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio do<br />

século XXI que, no entanto, chegou ao fim <strong>de</strong> sua primeira década assistindo o<br />

mundo globalizado <strong>de</strong>bater-se numa das maiores crises econômicas da história do<br />

capitalismo.<br />

1.2 RISCO<br />

De acordo com Veyret (2007, p. 11) “o risco, objeto social, <strong>de</strong>fine-se como a<br />

20


percepção do perigo, catástrofe possível”, sua existência <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da relação com<br />

um indivíduo ou grupo, isto é, não há risco sem população ou indivíduo que o<br />

perceba ou sofra seus efeitos.<br />

Risco diz respeito à probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> impactos danosos <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ados por<br />

um agente, natural ou não, e condições <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> da população.<br />

Os riscos ou perigos naturais são subdivididos em categorias conforme sua<br />

origem. Assim, segundo Miranda e Baptista (2006), po<strong>de</strong>m ser:<br />

� Perigos geológicos (sismos, explosões vulcânicas, tsunamis,<br />

<strong>de</strong>slizamentos <strong>de</strong> terrenos, cheias, subsidência; impacto <strong>de</strong> objetos extraterrestres);<br />

� Perigos Atmosféricos (ciclones tropicais, tornados, secas, trovoadas,<br />

relâmpagos);<br />

� Outros Perigos Naturais (infestações e incêndios).<br />

As catástrofes compõem um subconjunto dos perigos naturais que po<strong>de</strong>m<br />

ocasionar consequências em escala global. Impactos <strong>de</strong> objetos extraterrestres <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> dimensão, gran<strong>de</strong>s erupções vulcânicas, pan<strong>de</strong>mias e secas globais são<br />

exemplos claros <strong>de</strong> catástrofe.<br />

Quanto à origem dos riscos naturais, Pinto et al. (2007) salientam que<br />

po<strong>de</strong>m se originar da fragilida<strong>de</strong> natural, isto é, zonas <strong>de</strong> fraquezas naturais que<br />

po<strong>de</strong>m ocasionar um evento in<strong>de</strong>sejável, gerando prejuízos ambientais e sociais.<br />

Estes ainda po<strong>de</strong>m ser intensificados pela ação humana, resultante da constante<br />

troca <strong>de</strong> energia e matéria entre os <strong>de</strong>mais subsistemas (construído, social, e<br />

produtivo).<br />

No Brasil não há terremotos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> escala, fortes furacões, vulcões em<br />

ativida<strong>de</strong> e outras catástrofes que fazem parte da vida <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> pessoas no<br />

mundo. Mas, em contrapartida, há seca, geada, enchentes, <strong>de</strong>sertificações, erosão,<br />

queimadas e escorregamentos, que fazem muitas vítimas.<br />

Os escorregamentos são os <strong>de</strong>sastres que mais matam no país, sendo<br />

causados por diversos fatores, não só climáticos, mas <strong>de</strong>rivados da própria ação<br />

antrópica. Assim é porque o homem <strong>de</strong>sconhece o solo on<strong>de</strong> vive e acaba<br />

acelerando o processo <strong>de</strong>stes fenômenos.<br />

Construir casas nas margens <strong>de</strong> rios e afluentes, em encostas íngremes, ou<br />

hidrelétricas sem preocupação com a manutenção a<strong>de</strong>quada, são formas <strong>de</strong><br />

exposição a riscos ambientais.<br />

A catástrofe ocorrida no início do ano <strong>de</strong> 2009, em Angra dos Reis (RJ),<br />

21


exemplifica claramente as palavras, referidas acima, <strong>de</strong> Pinto et al. (2007). Com<br />

efeito, segundo Erlich (apud CURI, 2010), “a água gera instabilida<strong>de</strong> na região que<br />

penetra inteiramente nos terrenos, atingindo tanto o solo quanto a rocha, da base ao<br />

cume”.<br />

Amaral (apud CURI, 2010) salienta que: “as fraturas na rocha são típicas na<br />

serra do mar. A Serra do Mar tem um relevo associado às falhas tectônicas, o que<br />

explica as fraturas nas rochas e nas encostas íngremes, outro fator que potencializa<br />

os <strong>de</strong>slizamentos” (Figura 1).<br />

Figura 1: Deslizamento em Angra dos Reis, RJ<br />

Fonte: O ESTADÃO, 2010.<br />

Para Annan (2006), os riscos naturais são parte da vida, porém se<br />

transformam em catástrofes quando há perdas <strong>de</strong> vidas <strong>humanas</strong> e os meios <strong>de</strong><br />

subsistência são atingidos. O autor salienta ainda que “as comunida<strong>de</strong>s são cada<br />

vez mais vulneráveis, <strong>de</strong>vido às ativida<strong>de</strong>s <strong>humanas</strong> que conduzem a um aumento<br />

da pobreza, a uma maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional nas cida<strong>de</strong>s, à <strong>de</strong>gradação do<br />

ambiente e à aceleração das alterações climáticas”.<br />

Miranda e Baptista (2006, p. 2) ainda <strong>de</strong>finem os riscos naturais da seguinte<br />

maneira:<br />

22<br />

Um dos subconjuntos dos perigos naturais é formado pelas<br />

catástrofes, que geram conseqüências à escala global da Terra. São<br />

exemplos <strong>de</strong> catástrofes os impactos com objetos extraterrestres <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

dimensão, as gran<strong>de</strong>s erupções vulcânicas, as pan<strong>de</strong>mias e as secas<br />

globais. Estes perigos se bem que muito raros têm a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alterar<br />

profundamente o equilíbrio da biosfera. Um outro subconjunto <strong>de</strong> interesse<br />

diz respeito aos perigos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento rápido (erupções, sismos,<br />

inundações, <strong>de</strong>slizamentos, etc.) por oposição aos perigos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento lento (secas, pan<strong>de</strong>mias, infestações). Esta divisão tem<br />

um impacto importante no que diz respeito ao sistema <strong>de</strong> alerta.<br />

Des<strong>de</strong> a Renascença os riscos são percebidos pelas populações, porém,<br />

com a evolução da socieda<strong>de</strong>, se <strong>de</strong>mandou ainda mais a busca incessante pela<br />

segurança e afastamento do risco, particularmente aqueles classificados como<br />

normais (a velhice e os relacionados a doenças) (VEYRET, 2007).


Em 2006, durante a reunião internacional em prol da redução das<br />

catástrofes, Kofi Annan, então secretário geral da ONU, salientou que, nos últimos<br />

<strong>de</strong>z anos as catástrofes naturais fizeram mais <strong>de</strong> 600 mil mortos e afetaram mais <strong>de</strong><br />

2,4 bilhões <strong>de</strong> pessoas, sobretudo nos países em <strong>de</strong>senvolvimento. Per<strong>de</strong>ram-se,<br />

assim, anos <strong>de</strong> esforços em prol do <strong>de</strong>senvolvimento, o que agravou a pobreza <strong>de</strong><br />

milhões <strong>de</strong> pessoas, <strong>de</strong>ixando-as ainda mais vulneráveis ante os riscos naturais. Foi<br />

dito que a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve se esforçar para reduzir essa vulnerabilida<strong>de</strong>.<br />

É necessário promover políticas que vislumbrem melhoria na gestão <strong>de</strong><br />

riscos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> sua origem (ambientais, industriais, econômicos, ou<br />

seja, riscos sociais) (VEYRET, 2007).<br />

Como se percebe, as consequências advindas das catástrofes naturais<br />

po<strong>de</strong>m ser reduzidas por meio da gestão <strong>de</strong> risco.<br />

1.3 ALAGAMENTOS<br />

Os alagamentos estão restritos a áreas urbanas, resultado <strong>de</strong> fortes chuvas<br />

sobre um ambiente extremamente urbanizado e solo intensamente<br />

impermeabilizado (WOLLMANN e SARTORI, 2004).<br />

Um dos agravantes dos alagamentos urbanos é a impermeabilização do solo<br />

pelo asfalto e concreto, diminuindo a infiltração <strong>de</strong> água. A isso junta-se o<br />

entupimento dos bueiros, <strong>de</strong>vido ao acúmulo <strong>de</strong> lixo urbano. Assim se <strong>de</strong>senha o<br />

triste quadro urbano do período das chuvas: bairros alagados, pessoas<br />

<strong>de</strong>sabrigadas e perda <strong>de</strong> vidas <strong>humanas</strong>.<br />

A literatura especializada mostra que os alagamentos estão relacionadas à<br />

falta <strong>de</strong> planejamento, que envolve as questões socioambientais.<br />

Nos itens anteriores foi lembrado que as mudanças climáticas po<strong>de</strong>m<br />

promover chuvas em volume inesperado, inundando e alagando diversas<br />

regiões. Estudos sobre precipitação são <strong>de</strong> suma importância para o<br />

planejamento e o or<strong>de</strong>namento do espaço urbano, para conce<strong>de</strong>r à população<br />

melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

1.4. O FENÔMENO DAS ENCHENTES<br />

23


As enchentes são consi<strong>de</strong>radas uma das consequências da atuação e da<br />

dinâmica <strong>de</strong> sistemas naturais sobre a superfície terrestre, que maiores alterações<br />

provocam no espaço geográfico. Essa dinâmica não se restringe apenas ao<br />

aumento da vazão que leva à enchente, mas também aos movimentos atmosféricos,<br />

aos processos geomorfológicos e, principalmente, às repercussões ocorridas nas<br />

áreas afetadas pelas enchentes, especialmente nas áreas urbanas situadas às<br />

margens dos rios, on<strong>de</strong> são processos frequentes (WOLLMANN e SARTORI, 2004).<br />

Para Bigarella (2003), a enchente po<strong>de</strong> ser vista a partir <strong>de</strong> leitura<br />

geomorfológica das bacias <strong>de</strong> inundação, como períodos <strong>de</strong> transbordamento dos<br />

rios, nos quais são transportados em suspensão grânulos finos (silte e argilas), os<br />

principais materiais construtores das planícies <strong>de</strong> inundação ou várzeas.<br />

A enchente acontece quando as águas da chuva, ao alcançarem um curso<br />

d’água, causam o aumento na vazão por certo período <strong>de</strong> tempo. A inundação é<br />

quando essa água extravasa e toma as ruas, marginais e casas, causando<br />

transtornos à socieda<strong>de</strong> (GORZONI, 2010).<br />

Em períodos chuvosos, quando há um maior volume <strong>de</strong> precipitação, os<br />

corpos d’água aumentam <strong>de</strong> volume, ocasionando as enchentes. Os entornos<br />

<strong>de</strong>ssas áreas também se inundam, geralmente, <strong>de</strong>vido aos transbordamentos. Esse<br />

evento atmosférico intensificado caracteriza-se como <strong>de</strong>sastre natural.<br />

Segundo Rodrigues e Castro (2008 p. 44), quando a chuva ocorre em curto<br />

intervalo <strong>de</strong> tempo, através <strong>de</strong> chuvas intensas, ocorrem enchentes, <strong>de</strong>slizamentos<br />

<strong>de</strong> terras e assoreamento dos rios.<br />

No entanto, as enchentes são fenômenos naturais que ocorrem em todos os<br />

corpos d’água. O problema é que, com a construção das cida<strong>de</strong>s no entorno dos<br />

rios, há um <strong>de</strong>srespeito ao limite natural <strong>de</strong> transbordamento, po<strong>de</strong>ndo causar<br />

transtornos, transformando-se em risco.<br />

De acordo com Ganem entrevistado por Machado et al. (2009):<br />

24<br />

[...] todo rio tem sua vegetação que fixa e protege suas margens.<br />

Mas ao longo dos anos, essas árvores foram <strong>de</strong>rrubadas, assim como as<br />

existentes nas encostas e nos topos dos morros, conhecidas como Áreas<br />

<strong>de</strong> Preservação Permanente (APP). Nesses locais foram construídas<br />

residências, sítios <strong>de</strong> veraneio, haras, indústrias e <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> material <strong>de</strong><br />

construção. E foram justamente eles os mais afetados com a tromba<br />

d’água.<br />

Villela Filho (apud Santos, 2006), mostrou a relação da urbanização com os<br />

episódios <strong>de</strong> enchentes em comparação ao histórico das enchentes locais, não


astavam obras <strong>de</strong> engenharia, havendo necessida<strong>de</strong> da implantação <strong>de</strong> políticas<br />

públicas que contemplassem ações integradas no aspecto da intervenção da gestão<br />

urbana e ambiental. Enfatizou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejamento.<br />

1.5 INUNDAÇÕES<br />

As inundações são <strong>de</strong>sastres naturais. Sobrinho (apud AZEVEDO, 1996)<br />

<strong>de</strong>fine a inundação como ocorrência <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> massas <strong>de</strong> água mais ou<br />

menos profundas em terrenos que normalmente estão secos.<br />

Nem todas as cheias provocam a inundação das áreas marginais aos cursos<br />

<strong>de</strong> água, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> fatores como as características do episódio chuvoso, da<br />

sua intensida<strong>de</strong> e duração (VELHAS, apud AZEVEDO, 1996).<br />

Já Rocha (apud AZEVEDO, 1996) diz que uma inundação ocorre quando<br />

uma cheia provoca transbordamento do leito normal ou leito menor, com capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> escoamento <strong>de</strong> caudais <strong>de</strong> cheia, ou quando numa secção <strong>de</strong> um curso <strong>de</strong> água<br />

a precipitação dá origem à ocorrência <strong>de</strong> escoamento superficial direto, que se<br />

traduz na formação <strong>de</strong> um hidrograma <strong>de</strong> cheia.<br />

1.6 A PERCEPÇÃO DE RISCO ANTE AS SITUAÇÕES ATMOSFÉRICAS<br />

As pessoas não mais reconhecem a constância das condições <strong>de</strong> tempo e<br />

clima nos lugares em que moram e transitam (OLIVEIRA e NUNES, 2007; MOURA,<br />

2008). Entretanto, essa argúcia se faz apenas no plano formal, pois a percepção<br />

individual e coletiva dos seres humanos em relação ao substrato físico e atmosférico<br />

vem <strong>de</strong>crescendo diante <strong>de</strong> outros aspectos entendidos como mais imediatos no<br />

cotidiano dos indivíduos, tornando-os cada vez mais passíveis <strong>de</strong> serem vitimados<br />

por intempéries do tempo e do clima. As rápidas transformações do território<br />

contribuem para a perda individual e coletiva do sentimento <strong>de</strong> lugar, do saber<br />

empírico e da transmissão cultural do risco, até por que essas alterações se<br />

processam <strong>de</strong> forma acelerada e, não raro, sob o comando <strong>de</strong> fatores exógenos e<br />

alheios ao lugar, que passa a ser simplesmente um local como outro qualquer para<br />

seus habitantes.<br />

A<strong>de</strong>mais, a situação econômica precária <strong>de</strong> parcela da população aumenta a<br />

mobilida<strong>de</strong> das pessoas no território, na busca <strong>de</strong> empregos, moradia e saú<strong>de</strong>, e<br />

25


como o conhecimento empírico do ambiente anterior, muitas vezes acumulado por<br />

gerações, não serve para os novos locais (cujas dinâmicas po<strong>de</strong>m ser bem<br />

diversas), aumenta o risco dos indivíduos ante episódios promovidos por condições<br />

atmosféricas. Tendo em vista que algumas situações <strong>de</strong> tempo têm gran<strong>de</strong> potencial<br />

para <strong>de</strong>sestruturar o ambiente físico e as ativida<strong>de</strong>s em um <strong>de</strong>terminado espaço,<br />

importa avaliar a percepção das populações quanto às condições <strong>de</strong> risco para o<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> calamida<strong>de</strong>s.<br />

O reconhecimento dos padrões socioespaciais que regem a construção e<br />

ocupação do território e da percepção das populações é um tema geográfico por<br />

excelência, por envolver informações <strong>de</strong> diferentes naturezas: <strong>de</strong>flagradores físicos,<br />

impactos socioeconômicos, <strong>de</strong>sarticulação do espaço a partir <strong>de</strong> novos usos, todos<br />

interagindo <strong>de</strong> formas dinâmicas, complexas e, em parte, <strong>de</strong>sconhecidas.<br />

White (1974) discorre quanto à investigação da percepção humana em<br />

relação a eventos que <strong>de</strong>flagram <strong>de</strong>sastres, sublinhando que a importância maior<br />

está em averiguar como as pessoas observam a ameaça e como elas reagem a<br />

partir <strong>de</strong> eventuais experiências.<br />

Park (1991) coloca que a percepção humana <strong>de</strong> risco normalmente difere da<br />

realida<strong>de</strong>, pois as pessoas recebem, filtram e distorcem a informação. Park (1991) e<br />

Tobin e Montz (1997) afirmam que experiências pretéritas <strong>de</strong> risco têm maior força<br />

na percepção <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastres do que diferenciações no nível socioeconômico.<br />

Por sua vez, Oliveira e Machado (2004) sublinham que a vivência e<br />

experiência dos indivíduos têm relação com ida<strong>de</strong>, gênero e grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>,<br />

mas não <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> lado o aspecto econômico. Avaliando especificamente o tema<br />

mudanças climáticas nos Estados Unidos, Bord et al. (1998) notaram diferenças<br />

quanto ao nível <strong>de</strong> percepção em relação à escolarida<strong>de</strong> (maior nas pessoas <strong>de</strong><br />

mais baixa renda) e por gênero (maior nas mulheres).<br />

Analisando a percepção <strong>de</strong> riscos climáticos no Guarujá (SP), Moura (2008)<br />

notou que virtualmente todos os entrevistados observam alterações no padrão do<br />

tempo, que eles atribuem às mudanças climáticas. Nesse estudo e no empreendido<br />

por Oliveira e Nunes (2007), ficou clara a influência dos meios <strong>de</strong> comunicação na<br />

construção pessoal da avaliação <strong>de</strong> risco.<br />

Porém, as percepções são individuais e culturais, <strong>de</strong> sorte que nem sempre<br />

é possível transpor conhecimentos, o que ressalta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> efetuar estudos<br />

para diferentes locais e compará-los, para observar que componentes são mais<br />

26


importantes na percepção <strong>de</strong> risco nos diferentes locais.<br />

1.7 ENCHENTES NO BRASIL<br />

Em algumas cida<strong>de</strong>s brasileiras basta chover um pouco para que<br />

sobrevenha o estado <strong>de</strong> calamida<strong>de</strong>. As enchentes e inundações são gran<strong>de</strong>s<br />

problemas para o nosso século.<br />

O fenômeno se agrava nas cida<strong>de</strong>s quando o sistema <strong>de</strong> drenagem é<br />

obsoleto, pois não há manutenção e ampliação da re<strong>de</strong> proporcional ao crescimento<br />

populacional. Outro problema está relacionado à ocupação irregular às margens <strong>de</strong><br />

rios e córregos, em áreas vulneráveis às enchentes.<br />

Não havendo escoamento a<strong>de</strong>quado da água, por causa do entupimento <strong>de</strong><br />

bueiros e pontilhões e do assoreamento dos cursos d’água pelo <strong>de</strong>smatamento, a<br />

inundação é certa.<br />

Durante muito tempo, os rios foram usados como <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> esgotos e os<br />

afluentes que alimentam os rios principais, <strong>de</strong>scartados através <strong>de</strong> aterramento. O<br />

problema chega a provocar alterações no microclima, alterando o ciclo das chuvas.<br />

A terraplanagem, a impermeabilização e a compactação do solo têm<br />

contribuído substancialmente para alagamentos e enchentes, por <strong>de</strong>ixarem as águas<br />

sem <strong>de</strong>stino e, em casos mais graves, causam o assoreamento dos rios (BAHIA,<br />

2009).<br />

No Brasil, existem regiões mais sujeitas a eventos atmosféricos. A região<br />

Sul, por exemplo, que segundo Barbieri et al. (2009, p. 3527), sofre com o fenômeno<br />

do El niño e La niña, favorecendo eventos extremos, como inundações e estiagens.<br />

O estudo apontou anomalias <strong>de</strong> precipitação para a região Sul.<br />

Segundo a Defesa Civil (2010), a região Sul constantemente pa<strong>de</strong>ce <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sastres naturais <strong>de</strong> natureza atmosférica. No <strong>de</strong>sastre <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2008, a<br />

Defesa Civil do Estado <strong>de</strong> Santa Catarina <strong>de</strong>cretou Estado <strong>de</strong> Alerta. Houve, então,<br />

a maior tragédia registrada no Estado. As chuvas frequentes duraram cerca <strong>de</strong> três<br />

meses e atingiram mais <strong>de</strong> 2 milhões <strong>de</strong> catarinenses. Morreram 135 pessoas e<br />

muitas ficaram <strong>de</strong>saparecidas em soterramentos. A precipitação pluviométrica<br />

alcançou números recor<strong>de</strong>s, parte do solo sofreu solifluxão, ou seja, se<br />

<strong>de</strong>smanchou.<br />

Por isso as mudanças climáticas também são outra causa do agravamento<br />

27


das enchentes. Com o <strong>de</strong>sequilíbrio do clima, algumas regiões são acometidas com<br />

maior índice <strong>de</strong> precipitação, num curto período <strong>de</strong> tempo, através <strong>de</strong> chuvas<br />

torrenciais.<br />

Em junho <strong>de</strong> 2010, o Nor<strong>de</strong>ste foi atingido por enchentes (Figuras 2 e 3).<br />

Muitas pessoas per<strong>de</strong>ram suas vidas e milhares ficaram <strong>de</strong>sabrigadas em cida<strong>de</strong>s<br />

do Estado <strong>de</strong> Pernambuco e Alagoas. Em janeiro <strong>de</strong> 2009, o risco <strong>de</strong> enchentes foi<br />

comunicado pelo Clube <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Pernambuco que comunicou a chegada<br />

<strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> chuvas, conforme previsto na meteorologia, bem como<br />

sobre os problemas estruturais urbanos e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta da população e<br />

autorida<strong>de</strong>s do planejamento (PERNAMBUCO, 2009).<br />

Figura 2: Vista parcial da enchente em Pernambuco em junho/2010<br />

Fonte: http://naznos.org/2010/06/as-encehtes-do-nor<strong>de</strong>ste. Extraída em 30/06/2010.<br />

Figura 3: Vista parcial da enchente em Pernambuco em junho/2010.<br />

Fonte: http://naznos.org/2010/06/as-enchentes-do-nor<strong>de</strong>ste. Extraída em 30/06/2010.<br />

28


Entretanto, o jornal Diário <strong>de</strong> Pernambuco <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2010 mostrou<br />

um levantamento realizado pela ONG Contas Abertas, on<strong>de</strong> foi constatado que em<br />

2009 gastou-se <strong>de</strong>z vezes mais em recuperação das perdas causadas por <strong>de</strong>sastres<br />

naturais do que em prevenção. Foram 1,3 bilhões <strong>de</strong> reais em reconstrução e 138<br />

milhões <strong>de</strong> reais apenas em prevenção e preparação para <strong>de</strong>sastres (DIÁRIO DE<br />

PERNAMBUCO, 2010).<br />

Esta situação mostra que as ações preventivas (pré evento) têm ficado em<br />

segundo plano nas políticas do planejamento sobre os <strong>de</strong>sastres naturais. A opção<br />

fica relegada às ações curativas (pós evento) na pauta das preocupações com estes<br />

episódios anunciados e recorrentes.<br />

1.8 DESASTRES E DEFESA CIVIL<br />

A Defesa Civil <strong>de</strong>fine-se como o conjunto <strong>de</strong> ações preventivas, <strong>de</strong> socorro,<br />

assistenciais e cooperativas, <strong>de</strong>stinadas a evitar ou minimizar os <strong>de</strong>sastres,<br />

preservar o moral da população e restabelecer a normalida<strong>de</strong> social (BRASIL, 2007).<br />

Em 1942, ainda durante a 2.ª Guerra Mundial, foi institucionalizada no Brasil<br />

a Defesa Civil, por meio do Decreto-Lei nº 4.624, que criou o Serviço <strong>de</strong> Defesa<br />

Passiva Antiaérea, sob supervisão do Ministério da Aeronáutica, a fim <strong>de</strong> assegurar<br />

a segurança e proteção da população e do patrimônio brasileiro.<br />

O Sistema Nacional <strong>de</strong> Defesa Civil é composto por um conjunto<br />

<strong>de</strong> órgãos específicos, setoriais e <strong>de</strong> apoio, cujo objetivo é planejar e<br />

promover a <strong>de</strong>fesa permanente contra <strong>de</strong>sastres, naturais ou provocados<br />

pelo homem, e atuar em situações <strong>de</strong> emergência e em estado <strong>de</strong><br />

calamida<strong>de</strong> pública. Integram, no território nacional, ações <strong>de</strong> órgãos e<br />

entida<strong>de</strong>s públicas e privadas, em interação com a comunida<strong>de</strong>, visando<br />

prevenir ou minimizar danos, socorrer e assistir populações atingidas e<br />

recuperar áreas <strong>de</strong>terioradas por eventos adversos (BRASIL, 2007, p. 10).<br />

O SINDEC – Sistema Nacional <strong>de</strong> Defesa Civil agrega órgãos<br />

governamentais e a socieda<strong>de</strong>, e está organizado <strong>de</strong>sta maneira:<br />

� Órgão superior: Conselho Nacional <strong>de</strong> Defesa Civil (CONDEC);<br />

� Órgão central: Secretaria Nacional <strong>de</strong> Defesa Civil (SEDEC);<br />

� Órgãos regionais: Coor<strong>de</strong>nadorias Regionais <strong>de</strong> Defesa Civil (CORDEC);<br />

� Órgão estadual: Superintendência Estadual da Defesa Civil (SUDEC);<br />

� Órgão municipal: Coor<strong>de</strong>nadoria Municipal <strong>de</strong> Defesa Civil (COMDEC)<br />

eNúcleos Municipais <strong>de</strong> Defesa Civil (NUDEC);<br />

� Órgãos Setoriais – órgãos e entida<strong>de</strong>s da Administração Pública Fe<strong>de</strong>ral,<br />

29


Estadual e Municipal;<br />

� Órgãos <strong>de</strong> Apoio – órgãos públicos e entida<strong>de</strong>s públicas, estaduais e<br />

municipais, privadas, ONGs, que venham prestar ajuda aos órgãos integrantes do<br />

SINDEC.<br />

A SEDEC constitui-se, <strong>de</strong>ntro do Ministério da Integração Nacional, como o<br />

órgão central ou Secretaria Executiva do SINDEC.<br />

O SINDEC é responsável pela coor<strong>de</strong>nação e articulação dos órgãos e<br />

entida<strong>de</strong>s que o compõem, assegurando uma atuação eficiente do sistema.<br />

As características especiais inerentes às ações <strong>de</strong> Defesa Civil,<br />

principalmente a incerteza dos acontecimentos e o grau <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />

urgência, impõem maior agilida<strong>de</strong> na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões para o equacionamento<br />

dos problemas suscitados, requerendo, <strong>de</strong>sta forma, maior agilida<strong>de</strong> dos órgãos<br />

afins.<br />

“Nenhum município brasileiro possui estudos completos sobre riscos.<br />

Apenas uns poucos, que não chegam a 300, apresentam alguns trabalhos. Mais <strong>de</strong><br />

4 mil municípios têm estudos incompletos sobre os riscos a que estão sujeitos”<br />

(BRASIL, 2007, p. 13).<br />

Para aten<strong>de</strong>r a situações emergenciais como os <strong>de</strong>sastres, a <strong>de</strong>fesa civil<br />

precisa recrutar recursos humanos e materiais para a saú<strong>de</strong>, para a sobrevivência,<br />

para busca e salvamento, para treinamento.<br />

O problema mais importante consiste na falta <strong>de</strong> recursos humanos bem<br />

preparados, bem treinados para administrar e aplicar bem os recursos existentes.<br />

Em nada adiantará <strong>de</strong>stinar abundantes recursos financeiros, quando as pessoas<br />

não sabem tecnicamente o que fazer com os mesmos.<br />

Por isso, para que se possa organizar bem uma Coor<strong>de</strong>nadoria Municipal <strong>de</strong><br />

Defesa Civil, há <strong>de</strong> se contar com o total e amplo apoio da CEDEC e do SINDEC do<br />

Estado.<br />

Países como o Japão, Estados Unidos, Canadá, Suécia, etc., têm maciça,<br />

bem organizada e eficiente participação da população em todas as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Defesa Civil. Os cidadãos, nesses países, apren<strong>de</strong>ram que, além <strong>de</strong> um <strong>de</strong>ver, é<br />

também uma honra e um direito <strong>de</strong> cada um e <strong>de</strong> cada comunida<strong>de</strong> participar dos<br />

trabalhos da Defesa Civil. Em muitas situações, nas organizações <strong>de</strong> Defesa Civil<br />

dirigidas pela população, os bombeiros voluntários estão mais bem equipados e<br />

tecnicamente melhor preparados que outros similares <strong>de</strong> administrações<br />

30


governamentais.<br />

O objetivo geral da Defesa Civil está na redução <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastres, que po<strong>de</strong> ser<br />

conseguida pela diminuição <strong>de</strong> sua ocorrência e <strong>de</strong> sua intensida<strong>de</strong>, procurando-se<br />

diminuir a vulnerabilida<strong>de</strong> a eles. A Defesa Civil abarca prevenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastres,<br />

preparação para emergências e <strong>de</strong>sastres, resposta aos <strong>de</strong>sastres e reconstrução<br />

(ZACARIAS, 2005).<br />

De acordo com Shirashi (2003), são quatro as fases <strong>de</strong> atuação da Defesa<br />

Civil: preventiva, socorro, assistencial e recuperativa. O quadro 2 mostra<br />

resumidamente as principais ações <strong>de</strong>ssas fases.<br />

Quadro 2: Ações da Defesa Civil<br />

FASES AÇÕES<br />

Planejar<br />

PREVENTIVA<br />

Proibir construções em áreas <strong>de</strong> risco<br />

Executar projetos preventivos<br />

Ações <strong>de</strong> busca<br />

SOCORRO<br />

Salvamentos<br />

Atendimento aos atingidos e flagelados<br />

Socorro às vítimas<br />

ASSISTENCIAL<br />

Cadastro <strong>de</strong> famílias e indivíduos<br />

Instalar centros preventivos<br />

Analisar as causas das ocorrências<br />

RECUPERATIVA<br />

Planejar e executar as medidas<br />

recuperativas<br />

Fonte: Shirashi, 2003, adaptado por Genislaine C. R Barbosa.<br />

A Defesa Civil Municipal tem o prazo <strong>de</strong> 24 horas para comunicar o Desastre<br />

à instância Estadual, e cinco dias para registrar o fato ao AVADAM, órgão <strong>de</strong><br />

avaliação <strong>de</strong> danos e riscos.<br />

A Defesa Civil <strong>de</strong> Cuiabá (MT) foi instalada a partir do Decreto Municipal n o<br />

3644, <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1999. Tem atuado nas ocorrências <strong>de</strong> enchentes e<br />

inundações, mesmo quando não atingem a cota <strong>de</strong> alerta. O alerta é acionado a<br />

partir do momento que a régua posicionada no rio Cuiabá localizada no bairro Porto<br />

atinge 8,5 metros.<br />

31


2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO<br />

2.1.ASPECTOS FÍSICOS DE CUIABÁ (MT)<br />

A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuiabá está localizada no centro geodésico da América do Sul,<br />

no estado <strong>de</strong> Mato Grosso, na mesorregião Centro-Sul Matogrossense e<br />

Microrregião Cuiabá. Possui aproximadamente 556.449 habitantes segundo<br />

estimativa do IBGE, 2010 (figura 4).<br />

Figura 4 – Localização geográfica <strong>de</strong> Cuiabá/MT<br />

Fonte: SEPLAN/MT, 2010, adaptado por Márcio Castanha.<br />

O município ocupa uma área <strong>de</strong> 3.538 km 2 , já a macrozona urbana ocupa<br />

254,57 m 2 , regulamentada pela Lei Municipal nº 4.719/2004. A cida<strong>de</strong> foi dividida em<br />

quatro regiões administrativas: Norte, Sul, Leste e Oeste, estando nelas distribuídos<br />

118 bairros (Figura 5).<br />

32


Figura 5 - Localização das Regiões Administrativas <strong>de</strong> Cuiabá/MT<br />

Fonte: Perfil Sócioeconômico, 2007 (PINHO, 2008).<br />

A divisão em regiões administrativas foi regulamentada pela Lei Municipal nº<br />

3.262, <strong>de</strong> 11/01/1994. Essas regiões encontram-se distribuídas no quadro 3.<br />

Quadro 3 - Regiões Administrativas da área urbana da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuiabá/MT<br />

REGIÃO ÁREA (Km 2 )<br />

NORTE 30,7<br />

SUL 128,63<br />

LESTE 46,01<br />

OESTE 46,60<br />

TOTAL 251,94<br />

Fonte: IPDU, 2007.<br />

33


As principais áreas <strong>de</strong> risco, <strong>de</strong> acordo com o Perfil Socioeconômico dos<br />

Bairros, elaborado pela Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Cuiabá, po<strong>de</strong>m ser visualizadas no<br />

quadro 4:<br />

Bairros<br />

Quadro 4 – Localização das Áreas <strong>de</strong> Risco <strong>de</strong> Cuiabá/MT e Renda dos<br />

Bairro e número <strong>de</strong><br />

habitantes<br />

Praeirinho - 2.102 pessoas<br />

Parque Atalaia- 3.445<br />

pessoas<br />

Parque Geórgia - 668<br />

pessoas<br />

Terceiro (São Mateus) –<br />

2.110 pessoas<br />

on<strong>de</strong> se encontram<br />

Localização<br />

Região Leste em uma área<br />

<strong>de</strong> 41,14 ha<br />

Região Sul e possui uma<br />

área <strong>de</strong> 558,88 ha<br />

Região Sul em uma área<br />

<strong>de</strong> 325 ha<br />

Região Leste - 86,20 ha<br />

Porto - 9.335 pessoas Região Oeste - 248,22 ha<br />

Coophamil - 6.005<br />

pessoas<br />

Novo Terceiro - 3.774<br />

pessoas<br />

Cida<strong>de</strong> Ver<strong>de</strong> - 2.757<br />

pessoas<br />

Jardim Santa Izabel -<br />

9.375 pessoas<br />

Região Oeste - 189,07 ha<br />

Região Oeste - 34.69 ha<br />

Região Oeste - 48,84 ha<br />

Região Oeste - 139,52 ha<br />

Pari - 6.265 pessoas Região Oeste – 235,59 ha<br />

Ribeirão da Ponte – 2.287<br />

pessoas<br />

Ribeirão do Lipa - 2.244<br />

pessoas<br />

Três Barras – 6.495<br />

pessoas<br />

Jardim dos Ipês – 2.042<br />

pessoas<br />

Bela Marina – 473<br />

pessoas<br />

Região Oeste – 37,56 ha<br />

Região Oeste - 396,87 ha.<br />

Região Norte – 127,29 ha<br />

Região Sul – 45,33 ha<br />

Região Leste – 110,66 ha<br />

34<br />

Características<br />

Socioeconômicas<br />

Renda baixa - média salarial <strong>de</strong><br />

2,72 salários mínimos<br />

Renda médio-baixa - média<br />

salarial <strong>de</strong> 4,16 salários<br />

mínimos<br />

Renda médio-baixa - 3,35<br />

salários mínimos<br />

Baixa renda - média salarial <strong>de</strong><br />

2,71 salários mínimos<br />

Renda média - média salarial é<br />

<strong>de</strong> 7,38 salários mínimos<br />

Renda média - média <strong>de</strong> 8,58<br />

salários mínimos<br />

Renda médio-baixa - média<br />

salarial <strong>de</strong> 2,71 salários<br />

mínimos<br />

Renda médio-baixa – renda<br />

média salarial <strong>de</strong> 5,38 salários<br />

mínimos<br />

Renda médio-baixa - média<br />

salarial é <strong>de</strong> 3,17 salários<br />

mínimos<br />

Renda média - 10,47 salários<br />

mínimos<br />

Renda médio-baixa - média <strong>de</strong><br />

5,2 salários mínimos<br />

Renda baixa - média <strong>de</strong> renda<br />

<strong>de</strong> 2,86 salários mínimos<br />

Renda baixa com média <strong>de</strong> 2,41<br />

salários mínimos<br />

Renda médio-baixo, com média<br />

salarial <strong>de</strong> 4,83 salários<br />

mínimos<br />

Renda médio-alta - média da<br />

renda é <strong>de</strong> 14,39 salários<br />

mínimos<br />

Fonte: Perfil Socioeconômico <strong>de</strong> Cuiabá, 2007, adaptado por Genislaine C. B. dos Reis.


Segundo o Anuário Estatístico <strong>de</strong> Mato Grosso - SEPLAN/MT (2005), a<br />

cida<strong>de</strong> fica posicionada entre as coor<strong>de</strong>nadas geográficas 15º 35’ 56” latitu<strong>de</strong> Sul e<br />

56º 06’ 01” longitu<strong>de</strong> Oeste <strong>de</strong> Greenwich.<br />

Para Feuerharmmel et al. (1995), foi elaborada a Carta Geotécnica <strong>de</strong><br />

Cuiabá na escala 1:25.000, apresentando sete unida<strong>de</strong>s geotécnicas ou unida<strong>de</strong>s<br />

homogêneas, com formação geológica pertencente ao conjunto <strong>de</strong> rochas chamado<br />

<strong>de</strong> “Grupo Cuiabá”, na unida<strong>de</strong> geomorfológica <strong>de</strong>nominada “Baixada Cuiabana”<br />

com altitu<strong>de</strong> variando entre 146 e 259 metros. O ponto mais alto da cida<strong>de</strong> está no<br />

morro da Conceição, on<strong>de</strong> está localizado o INPE – Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas<br />

Espaciais.<br />

Apresenta um relevo plano a ondulado, sem dissecação ao longo do rio<br />

Cuiabá, sujeito a inundações nas cheias excepcionais, com terraços fluviais em<br />

posição topográfica visivelmente alçada em relação às margens do curso d’água,<br />

constituídas por <strong>de</strong>pósitos sedimentares, <strong>de</strong>ntre eles argilas expansivas.<br />

De acordo com Junior et al. (2007) a cida<strong>de</strong> é consi<strong>de</strong>rada a melhor zona<br />

aquífera da <strong>de</strong>pressão Cuiabana, do tipo livre, formada por metaconglomerados,<br />

arenitos e metassiltitos, estando suas condições <strong>de</strong> armazenamento e circulação<br />

condicionadas tanto à porosida<strong>de</strong> quanto à porosida<strong>de</strong> secundárias (fraturas).<br />

A carta geotécnica <strong>de</strong> Cuiabá é apresentada por meio <strong>de</strong> uma carta<br />

interpretativa que procura representar as unida<strong>de</strong>s homogêneas quanto aos seus<br />

aspectos integrados <strong>de</strong> geomorfologia, geologia e pedologia:<br />

A carta geotécnica <strong>de</strong> Cuiabá tem por objetivo principal subsidiar a<br />

elaboração do plano diretor <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento urbano <strong>de</strong> Cuiabá,<br />

constituindo-se no suporte técnico-científico fundamental às <strong>de</strong>finições do<br />

or<strong>de</strong>namento do uso e ocupação do solo na área urbana e seu entorno,<br />

ultrapassando a concepção semafórica que tenta estabelecer proibições ou<br />

permissões, alcançando uma categoria superior na medida em que propõe<br />

recomendações e orientações às várias solicitações <strong>de</strong> uso e ocupação<br />

urbana frente às condicionantes do meio físico (SANTOS, 1990, p. 9).<br />

A cartografia geotécnica é a expressão do conhecimento do campo das<br />

geo<strong>ciências</strong>, aplicada no enfrentamento dos problemas <strong>de</strong> uso e ocupação do solo.<br />

(SANTOS et al., 1990, p. 14)<br />

A cartografia geotécnica propõe-se <strong>de</strong>finir zonas homogêneas em relação<br />

aos componentes do meio físico-geológico que são <strong>de</strong>terminantes <strong>de</strong> seu<br />

comportamento e, portanto, <strong>de</strong> sua aptidão para diferentes utilizações. Como uma<br />

carta geotécnica é a representação gráfica das limitações e potencialida<strong>de</strong>s do meio<br />

físico, traduzidas por certo número <strong>de</strong> informações geológico-geotécnicas do solo e<br />

35


do subsolo <strong>de</strong> uma região, apresentadas através <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> zonas com<br />

características homogêneas face às intervenções previstas, po<strong>de</strong>-se apontar para<br />

cada uma <strong>de</strong>stas unida<strong>de</strong>s homogêneas: as características do relevo; as<br />

características geotécnicas gerais do solo e rochas; os fenômenos da dinâmica<br />

natural e os problemas mais comuns em função da expansão urbana e, aptidão das<br />

unida<strong>de</strong>s quanto à expansão urbana (SANTOS et al., 1990, p. 20).<br />

Desta forma, a elaboração <strong>de</strong> uma carta geotécnica se constitui, por ela<br />

mesma, no produto final dos estudos do meio físico para o planejamento urbano e<br />

territorial.<br />

Levando-se em consi<strong>de</strong>ração as características do terreno da região da<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuiabá e o universo <strong>de</strong> modificações a serem examinadas, enten<strong>de</strong>-se<br />

que a metodologia que melhor direciona os trabalhos, no sentido <strong>de</strong> obter um<br />

produto <strong>de</strong> aplicação dos conhecimentos das geo<strong>ciências</strong> na formulação <strong>de</strong> um<br />

processo <strong>de</strong> planejamento socialmente responsável das condicionantes do meio<br />

físico para o planejamento urbano, <strong>de</strong> forma rápida, econômica, e mesmo assim<br />

eficaz, consubstanciada na elaboração <strong>de</strong> uma carta geotécnica, <strong>de</strong>ve obe<strong>de</strong>cer aos<br />

seguintes procedimentos:<br />

1) I<strong>de</strong>ntificação objetiva dos recursos potenciais e dos problemas existentes<br />

ou esperados; valendo-se <strong>de</strong> uma procura orientada dos dados já existentes; do<br />

conhecimento da ocupação local em expansão ou em transformação e do<br />

conhecimento do uso do solo em outras áreas correlatas;<br />

2) Estabelecimento das características <strong>de</strong> interesse do meio físico para<br />

ocupação dos terrenos <strong>de</strong> cada unida<strong>de</strong> homogênea reconhecida na área, através<br />

da análise e <strong>de</strong>terminação das causas e condicionantes dos problemas existentes<br />

ou esperados, bem como dos recursos em potencial;<br />

3) Estabelecimento das principais evidências acessíveis <strong>de</strong> tais<br />

características <strong>de</strong> interesse, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se obterem os critérios <strong>de</strong><br />

correlação, extrapolação e interpolação que possam conduzir a configuração da<br />

distribuição espacial das características <strong>de</strong> interesse;<br />

4) Reconhecimento e mapeamento das características <strong>de</strong> interesse do meio<br />

físico, através da busca orientada das informações e das expressões geográficas<br />

das características <strong>de</strong> interesse, através das operações <strong>de</strong> coleta e análise dos<br />

dados disponíveis (cartográficos, bibliográficos e informações <strong>de</strong> profissionais e do<br />

público em geral).<br />

36


Nas fotografias áreas, são visíveis as geoformas e não as características <strong>de</strong><br />

engenharia dos materiais das diferentes unida<strong>de</strong>s. Para se realizar a<br />

fotointerpretação foram usadas fotos pancromáticas na escala <strong>de</strong> 1:8000, obtidas no<br />

INPE, em julho <strong>de</strong> 1988, pela Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Cuiabá.<br />

A carta geotécnica <strong>de</strong> Cuiabá é apresentada através <strong>de</strong> uma carta<br />

interpretativa que procura representar as unida<strong>de</strong>s homogêneas quanto aos seus<br />

aspectos integrados <strong>de</strong> geomorfologia, geologia e pedologia, ressaltando-se as<br />

características <strong>de</strong> interesse do meio físico para a ocupação urbana, sendo<br />

representadas as áreas urbanas consolidadas; as áreas em expansão através <strong>de</strong><br />

loteamentos e conjuntos habitacionais; áreas <strong>de</strong>gradadas pelo garimpo; pontos <strong>de</strong><br />

extração <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> construção e a ilha <strong>de</strong> calor através <strong>de</strong> isotermas.<br />

Segundo o mo<strong>de</strong>lo do relevo, o município <strong>de</strong> Cuiabá/MT apresenta sete<br />

unida<strong>de</strong>s distintas, as quais são: canal fluvial; dique marginal; planície <strong>de</strong> inundação;<br />

área alagadiça; área aplainada; colinas e morrotes (Quadro 5).<br />

Quadro 5 - Relevo <strong>de</strong> Cuiabá<br />

Tipo <strong>de</strong><br />

Descrição<br />

relevo<br />

Local on<strong>de</strong> escoam as águas fluviais, os canais apresentam-se em<br />

Canal fluvial<br />

diferentes formas na superfície terrestre.<br />

São áreas estreitas e alongadas, que se formam ao longo das margens<br />

dos rios pelos transbordamentos, constituídas por sedimentos<br />

Dique marginal<br />

semiconsolidados silto-arenosos. São áreas dificilmente inundáveis<br />

localizadas entre as calhas do rio e a planície <strong>de</strong> inundação.<br />

Caracteriza-se, em termos <strong>de</strong> meio físico, pelos sedimentos<br />

inconsolidados predominantemente silto-argilosos. Os solos são do tipo<br />

Planície <strong>de</strong><br />

Glei, com nível <strong>de</strong> d’água elevado, em constante estado <strong>de</strong> saturação,<br />

inundação<br />

ocorrendo também solos laterizados e aluvionares. O relevo é plano,<br />

apresentando <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> inferior a 1%.<br />

Área alagadiça É uma área periodicamente inundada, alimentada por afluentes.<br />

Área aplainada É o resultado do processo <strong>de</strong> erosão.<br />

O relevo é suave com colinas arredondas e amplas, as amplitu<strong>de</strong>s<br />

Colinas<br />

altimétricas são <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 20 a 50 metros.<br />

Essa estrutura é sustentada por veios <strong>de</strong> quartzo, encontrada no interior<br />

Morrotes<br />

da Depressão, com altitu<strong>de</strong> entre 200 e 240 metros.<br />

Tem como principal característica as <strong>de</strong>pressões topográficas suaves<br />

com drenagem centrípeta, geralmente com uma saída formando<br />

Embaciados cabeceira <strong>de</strong> drenagem, o nível d’água elevado ou na superfície, os<br />

solos gleizados e áreas hidromórficas, com presença frequente <strong>de</strong><br />

couraça ferruginosa (canga).<br />

Fonte: SANTOS et al, 1990.<br />

37


A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuiabá se organiza ao longo do rio homônimo que nasce a uma<br />

distância <strong>de</strong> aproximadamente 370 km, próximo ao distrito do Limoeiro, município <strong>de</strong><br />

Nobres. Antes <strong>de</strong> chegar a Cuiabá, recebe as águas do rio Manso, seu principal<br />

afluente pela margem esquerda.<br />

Na área urbana <strong>de</strong> Cuiabá, a calha do rio tem a extensão <strong>de</strong> 18 km, largura<br />

média <strong>de</strong> 200 metros, ocorrendo a formação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> areia, transportados<br />

principalmente nos períodos <strong>de</strong> cheia, que se acumulam nos trechos <strong>de</strong> baixa<br />

<strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>, com níveis conglomeráticos na base.<br />

Os tributários conduzem todas as <strong>de</strong>scargas domésticas e industriais “in<br />

natura”, os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> areia são dragados e a areia utilizada na construção civil.<br />

Ao longo das barrancas se constrói-, para fins <strong>de</strong> moradia e comercialização,<br />

principalmente na região da Feira do Porto, e ativida<strong>de</strong>s diversas entre a Ponte Nova<br />

e o bairro Praieirinho, além do que, é comum o lançamento <strong>de</strong> lixo em alguns.<br />

O assoreamento proveniente da erosão urbana e da erosão da bacia a<br />

montante da cida<strong>de</strong> provoca a redução <strong>de</strong> lâmina d’água, diminuindo a secção do<br />

rio, tornando-o susceptível a maior frequência <strong>de</strong> inundações, além <strong>de</strong> diminuir as<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> navegação.<br />

O aumento da velocida<strong>de</strong> das águas no período das cheias,<br />

associado à perda do canal por assoreamento, provoca o solapamento das<br />

barrancas, contribuindo com o aumento da largura <strong>de</strong> sua secção, expondo<br />

raízes <strong>de</strong> arvores centenárias, como também a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> vias públicas<br />

marginais, como é o caso da Colônia <strong>de</strong> Pescadores São Gonçalo<br />

(SANTOS, 1990, p. 37).<br />

Durante as cheias do rio Cuiabá, ocorre o represamento da foz <strong>de</strong> seus<br />

tributários, <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> o nível d’água do rio principal ser muito superior,<br />

causando problemas <strong>de</strong> escoamento <strong>de</strong> águas pluviais e esgotos e inundando vias<br />

públicas por ação do refluxo ou onda <strong>de</strong> cheia.<br />

Nos diques, ao longo do rio Cuiabá, encontram-se instaladas algumas<br />

residências, pequenas chácaras e pequenos estabelecimentos comerciais que<br />

servem, muitas vezes, como residências improvisadas no trecho compreendido entre<br />

a Ponte Nova e o Córrego do Barbado. A Avenida Beira-Rio, em quase toda a sua<br />

extensão, foi construída sobre estes diques.<br />

O principal problema <strong>de</strong>stas áreas consiste na erosão nos pontos <strong>de</strong><br />

38


<strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> águas pluviais e servidas, da mesma forma como a unida<strong>de</strong><br />

homogênea anterior. Para evitar este problema <strong>de</strong>vem ser adotadas as seguintes<br />

medidas já referidas, acerca dos pontos <strong>de</strong> lançamento final das águas pluviais e<br />

servidas: talu<strong>de</strong>s dos diques <strong>de</strong>vem estar sempre cobertos por vegetação para evitar<br />

erosão e o <strong>de</strong>sbarrancamento.<br />

Na planície <strong>de</strong> inundação, as cheias do rio Cuiabá, com períodos <strong>de</strong><br />

recorrência <strong>de</strong> cinco anos, atingem a cota <strong>de</strong> 148 m em relação ao nível do mar,<br />

cobrindo toda essa planície, que possui uma área <strong>de</strong> aproximadamente 70 km 2 nos<br />

limites do perímetro urbano atual. Cheias maiores ocorrem com período <strong>de</strong><br />

recorrência <strong>de</strong> 50 anos, atingindo a cota <strong>de</strong> 150,23 m em relação ao nível do mar,<br />

duplicando a área inundável em relação às cheias quinquenais, perfazendo um total<br />

<strong>de</strong> 127 km 2 .<br />

Cheias maiores ocorrem com período <strong>de</strong> recorrência <strong>de</strong> 50 anos, atingindo<br />

a cota <strong>de</strong> 150,23 m em relação ao nível do mar, duplicando a área inundável em<br />

relação às cheias quinquenais, perfazendo um total <strong>de</strong> 127 km 2<br />

.<br />

Esta planície caracteriza-se, em termos <strong>de</strong> meio físico, pelos sedimentos<br />

inconsolidados, predominantemente silto-argilosos. Os solos são do tipo Glei, com o<br />

nível d’água elevado, em constante estado <strong>de</strong> saturação, ocorrendo também solos<br />

concrecionários e material aluviar. O relevo é plano, apresentando <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong><br />

inferior a 1%.<br />

As características que mais se <strong>de</strong>stacam, diante da ocupação urbana, dizem<br />

respeito, além da inundação, à presença <strong>de</strong> solo mole, com baixa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

suporte e <strong>de</strong> carga e aos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> argila para cerâmica.<br />

A área apresenta variadas formas <strong>de</strong> uso e ocupação, algumas compatíveis<br />

com suas características. A presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> argila para cerâmica induziu<br />

uma ocupação por olarias, predominantemente artesanais, ao longo da Avenida<br />

Beira-Rio, e indústrias no trecho compreendido entre a estrada que <strong>de</strong>manda a<br />

Santo Antônio do Leverger e ao rio Cuiabá, e em ambos os casos a extração se dá<br />

por cavas com profundida<strong>de</strong> em torno <strong>de</strong> seis metros (SANTOS et al., 1990).<br />

Por ser a região urbana <strong>de</strong> menores cotas, localiza-se nela a Estação <strong>de</strong><br />

Tratamento <strong>de</strong> Esgoto da cida<strong>de</strong>, favorecendo a captação por gravida<strong>de</strong>. Ali também<br />

se localiza o Parque <strong>de</strong> Exposições Agropecuárias, próximo a uma extensa área <strong>de</strong><br />

lazer, com quadras <strong>de</strong> esporte, pista <strong>de</strong> atletismo e parque infantil.<br />

A Avenida Beira-Rio caracteriza-se como um corredor <strong>de</strong> comércio<br />

39


atacadista e varejista, com obras <strong>de</strong> porte construídas sobre aterros. Vários bairros<br />

resi<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong> população <strong>de</strong> baixa e média renda encontram-se ali instalados, além<br />

<strong>de</strong> um número sempre crescente <strong>de</strong> habitações subnormais (favelas). Em áreas<br />

dispersas, verifica-se a presença <strong>de</strong> culturas temporárias <strong>de</strong> subsistência, como<br />

horticultura, cana-<strong>de</strong>-açúcar, arroz, feijão e mandioca e pequenas chácaras com<br />

pastagens.<br />

Nos locais preservados pela ocupação, a vegetação nativa é composta por<br />

herbáceas; nos campo e nas matas predomina o cambará.<br />

Por ser uma planície <strong>de</strong> inundação, a área está sujeita às consequências <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>s enchentes (inundações e alagamentos), que colocam em risco a vida e o<br />

patrimônio da população, hoje estimada em torno <strong>de</strong> 80 a 100 mil habitantes.<br />

Devido à baixa <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>, a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escoamento das águas pluviais<br />

e servidas é lenta, propiciando alagamentos. Áreas alagadiças subdivididas, em<br />

várzeas e embaciadas, se distribuem por toda a área, em meio a outras unida<strong>de</strong>s.<br />

As principais características <strong>de</strong> interesse do meio físico, nas áreas <strong>de</strong> várzea, são<br />

representadas pelos terrenos baixos e planos ao longo dos cursos d’água, o nível<br />

d’água elevado ou, na superfície, solos aluviais e gleizados, <strong>de</strong> textura silto-arenosa<br />

e, ainda, os solos moles com baixa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suporte e <strong>de</strong> carga.<br />

Tais áreas até recentemente não estavam sendo ocupadas para fins <strong>de</strong><br />

moradia. Contudo, atualmente, com o número crescente <strong>de</strong> invasões, principalmente<br />

na periferia, as várzeas passam a ser ocupadas por habitações subnormais<br />

(favelas), conforme se verifica na invasão das várzeas do córrego Três Barras, entre<br />

o bairro homônimo e o CPA III, servindo-se da infraestrutura urbana, como<br />

transporte coletivo e estabelecimentos comerciais, já implantados nos bairros<br />

adjacentes.<br />

Os principais problemas existentes, ou esperados, dizem respeito aos<br />

aspectos <strong>de</strong>correntes do nível d’água, próximo ou não da superfície. Entre tais<br />

problemas está a gran<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contaminação das águas do lençol<br />

freático, a principal forma <strong>de</strong> abastecimento dos habitantes das várzeas, através <strong>de</strong><br />

poços rasos ou cisternas, pelas fossas negras, comuns e numerosas na área.<br />

As inundações e os alagamentos são frequentes no período chuvoso,<br />

quando há ocorrência <strong>de</strong> pancadas <strong>de</strong> chuva intermitentes, invadindo as habitações.<br />

Quando da ocupação urbana <strong>de</strong>stas áreas, <strong>de</strong>ve-se observar a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> danificação por recalques diferenciais, danificação <strong>de</strong> pavimentos vários e a<br />

40


estabilida<strong>de</strong> precária <strong>de</strong> escavações, <strong>de</strong>vido à presença do nível d’água. A<br />

ocupação <strong>de</strong>stas áreas <strong>de</strong>ve estar condicionada à execução <strong>de</strong> drenagem e/ou<br />

aterro, havendo necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investigação geotécnica dos solos para fundações.<br />

O clima em Cuiabá é do tipo AW <strong>de</strong> Koppen, tropical semiúmido, com duas<br />

estações bem <strong>de</strong>finidas. Segundo Musis (apud SHIRASHI, 2003), a seca dura <strong>de</strong><br />

quatro a cinco meses, nos meses <strong>de</strong> abril a setembro (outono-inverno); a estação<br />

chuvosa vai <strong>de</strong> outubro a março (primavera-verão).<br />

As médias mensais das variáveis cli<strong>mato</strong>lógicas observadas em Cuiabá, nos<br />

anos <strong>de</strong> 1970 a 2007, <strong>de</strong> acordo com os dados do 9.º Distrito <strong>de</strong> Meteorologia,<br />

registraram uma temperatura média <strong>de</strong> 26ºC, Umida<strong>de</strong> Relativa do ar <strong>de</strong> 72,7% e<br />

uma precipitação média <strong>de</strong> 1.356,9 mm.<br />

Estudos recentes realizados por Maitelli et al. (1991), Maitelli (1994), Duarte<br />

(2000) e Pinho (2003) apontam a presença <strong>de</strong> ilha <strong>de</strong> calor em Cuiabá.<br />

I<strong>de</strong>ntificaram que, no período noturno, havia uma diferença térmica consi<strong>de</strong>rável na<br />

área central da cida<strong>de</strong> em relação às áreas periféricas. No estudo realizado em<br />

1994, a variação era <strong>de</strong> até 5ºC. Em 2000, variou em até 7ºC. Já em 2002, foi<br />

observada variação <strong>de</strong> até 5,7ºC.<br />

Segundo Maitelli et al. (2009), na estação seca a temperatura po<strong>de</strong> chegar<br />

até 40ºC, com umida<strong>de</strong> relativa <strong>de</strong> 18% nas horas mais quentes do dia. Nos últimos<br />

anos, a umida<strong>de</strong> tem sido ainda menor, à semelhança do que ocorre em todo o<br />

Centro Oeste, em virtu<strong>de</strong> do gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> queimadas, que enfumaçam a<br />

atmosfera, causando <strong>de</strong>sconforto respiratório, doenças e revolta. Em 2010, somente<br />

no final do mês <strong>de</strong> setembro é que começou a chover em Cuiabá, mas só o<br />

suficiente para limpar o ar, já que, ainda em outubro, parte do Parque Nacional da<br />

Chapada ardia em chamas.<br />

A cida<strong>de</strong> é drenada pelos rios Cuiabá e Coxipó, além <strong>de</strong> vários ribeirões e<br />

córregos como o Caité, Pinheiro, Engole Cobra, Fortaleza, Prainha, Lavrinha, São<br />

Gonçalo, Caju, Fundo, Castelhano, Figueirinha, Ouro Fino, Quarta Feira, Ribeirão do<br />

Lipa, Moinho, Raizama, Três Barras, Sucuri, Barbado, Mané Pinto, Gambá e Gumitá.<br />

Esses aquíferos são afluentes da bacia do rio Paraguai.<br />

A vegetação encontrada na cida<strong>de</strong> é a do tipo cerrado. Caracteriza-se por<br />

possuir raízes profundas, tronco rugoso e tortuoso. Está presente nas áreas não<br />

construídas, nas margens dos córregos e rios, parques, praças e até mesmo nas<br />

vias urbanas.<br />

41


2.2 HISTÓRICO DO PROCESSO DE OCUPAÇÃO E PRODUÇÃO DO<br />

ESPAÇO<br />

DO MUNICÍPIO DE CUIABÁ/MT<br />

Os mamelucos paulistas, caçadores <strong>de</strong> índios e <strong>de</strong> ouro, fundariam Cuiabá<br />

no século XVIII. Passada a ilusão do ouro, que pouco durou, novos ban<strong>de</strong>irantes<br />

voltariam ao Centro Oeste vindos <strong>de</strong> São Paulo, no século 20, assentando-se <strong>de</strong>sta<br />

feita na base da exploração da agricultura e da pecuária, formas mais estáveis e<br />

seguras <strong>de</strong> empresa econômica. Durante o regime militar <strong>de</strong> 1964, que trataria <strong>de</strong><br />

“integrar para não entregar” e continuaria a “Marcha para Oeste” <strong>de</strong> Getúlio Vargas,<br />

intensificou-se fortemente a ocupação da Amazônia <strong>mato</strong>grossense, <strong>de</strong> que Cuiabá<br />

passara a ser o “Portal” (CUIABÁ, 2009).<br />

Segundo Cunha (2006), a partir da década <strong>de</strong> 60, projetos do governo, <strong>de</strong><br />

distribuição <strong>de</strong> terras, foram executados, <strong>de</strong> tal forma que imigrantes <strong>de</strong> todas as<br />

regiões brasileiras vieram tentar a sorte nas terras <strong>mato</strong>grossenses.<br />

A consequência <strong>de</strong>sse fenômeno migratório foi o surgimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong><br />

cida<strong>de</strong>s em Mato Grosso. Entretanto, a partir da década <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1990, <strong>de</strong>vido à<br />

mecanização no campo, os trabalhadores rurais foram sendo substituídos pelas<br />

máquinas e tiveram que migrar para as cida<strong>de</strong>s. Estas então ganharam peso<br />

<strong>de</strong>mográfico, mais ainda por sua posição geográfica e seu comércio <strong>de</strong> bens e<br />

serviços.<br />

Segundo Cunha (2003), a história <strong>de</strong> Cuiabá se inicia a partir da Ata <strong>de</strong><br />

Fundação do Arraial do Senhor Bom Jesus <strong>de</strong> Cuiabá, em oito <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1719,<br />

assinada por Pascoal Moreira Cabral. Em 1727, o Arraial elevou-se à condição <strong>de</strong><br />

Vila Real do Bom Jesus <strong>de</strong> Cuiabá, altura em que prédios públicos foram<br />

construídos para abrigar a administração portuguesa em Mato Grosso. Alçada à<br />

categoria <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> em 17 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1818, mediante carta régia assinada por<br />

D. João VI, só em agosto <strong>de</strong> 1835 tornar-se-ia capital da província, por força da Lei<br />

n.º 19, firmada por Antônio Pedro <strong>de</strong> Alencastro.<br />

42


As Lavras do Sutil, resultado da <strong>de</strong>scoberta do metal precioso em 1722,<br />

atrairiam os faiscadores para as margens do córrego da Prainha. Seria aí o sítio em<br />

que teria lugar o novo assentamento garimpeiro, embrião urbano da futura capital <strong>de</strong><br />

Mato Grosso. A população se <strong>de</strong>senvolveu e se aglomerou no entorno <strong>de</strong>sse<br />

pequeno afluente do rio Cuiabá, vindo a consolidar o espaço urbano da cida<strong>de</strong>,<br />

ainda antes do século XIX.<br />

As igrejas foram construídas estrategicamente nas partes mais altas do sítio.<br />

As primeiras ruas ligariam pontos na margem direita do Prainha, na altura das cavas<br />

(que estavam do outro lado, no morro do Rosário), ao Largo da Matriz (Ruas <strong>de</strong><br />

Baixo, <strong>de</strong> Cima e do Meio). Transversalmente a estas e, pois, perpendiculares ao<br />

córrego, outras ruas seriam criadas, convergentes aos pólos viários da Matriz e da<br />

Igreja da Boa Morte, esta a poucas quadras do córrego, em posição mais elevada,<br />

na direção norte por referência à Matriz.<br />

Outra direção <strong>de</strong> expansão urbana seria dada pela ligação do centro da<br />

cida<strong>de</strong> com o Porto, pelas ruas dos Pescadores (Dom Aquino) e Bela do Juiz (Treze<br />

<strong>de</strong> Junho). Para o espalhamento urbano nesse sentido contou a circunstância<br />

histórica da Guerra do Paraguai, quando do outro lado do rio Cuiabá surgiria Várzea<br />

Gran<strong>de</strong>, <strong>de</strong> um acampamento militar.<br />

No centro da cida<strong>de</strong>, digna <strong>de</strong> nota seria a urbanização promovida pela<br />

intervenção estado-novista. A gran<strong>de</strong> avenida que daí resultou (Getúlio Vargas)<br />

inauguraria a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> urbana na cida<strong>de</strong>, estabelecendo forte contraste com o<br />

padrão urbanístico tradicional <strong>de</strong> ruas estreitas com o casario colonial. Outras<br />

notáveis transformações or<strong>de</strong>nadas da urbe <strong>de</strong>viam esperar os anos setenta,<br />

quando a nova Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato Grosso chamou para su<strong>de</strong>ste, no<br />

Coxipó, a mancha urbana; entrementes, a construção pelo Estado <strong>de</strong> sua nova<br />

se<strong>de</strong>, o Centro Político-Administrativo, ligado ao velho centro por monumental<br />

avenida (Rubens <strong>de</strong> Mendonça) e tendo em sua proximida<strong>de</strong> populosos conjuntos<br />

habitacionais para servidores públicos e extratos médios da população (CPA,<br />

Morada do Ouro), esten<strong>de</strong>ria a ocupação para nor<strong>de</strong>ste.<br />

Nessa altura <strong>de</strong> sua história, avolumava-se o efetivo <strong>de</strong>mográfico da cida<strong>de</strong>,<br />

quando era governador o senhor José Fragelli, que <strong>de</strong>veu respon<strong>de</strong>r ao <strong>de</strong>safio do<br />

crescimento populacional com mudanças no sistema viário, abrindo avenidas e<br />

construindo prédios públicos longe da área congestionada do velho Centro Histórico.<br />

Neto et al. (2005) justificam a antonomásia referida a Cuiabá como o “Portal da<br />

43


Amazônia”, pois o capitalismo em Mato Grosso se expandia em direção da<br />

Amazônia através da agropecuária, tendo em Cuiabá a sua base urbana, <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

bens e serviços eram fornecidos para toda a fronteira agrícola do Sul amazônico.<br />

Cerca <strong>de</strong> cem anos antes, na segunda meta<strong>de</strong> do século XIX, com o fim da<br />

Guerra do Paraguai e a volta da livre navegação pelos principais cursos fluviais da<br />

bacia do Plata, Cuiabá passara por fase <strong>de</strong> ascenso em sua trajetória histórica <strong>de</strong><br />

altos e baixos. Dotando-se <strong>de</strong> alguma infraestrutura e equipamentos urbanos,<br />

beneficiou-se da condição <strong>de</strong> pólo regional do vasto interior do Centro Oeste,<br />

centralizando esse espaço econômico amplo do interior do País, chegou a ter<br />

expressiva produção agroindustrial (açúcar), como também auferira boa parte da<br />

renda do extrativismo, cujos principais produtos foram a borracha e a poaia.<br />

No século XX, a ligação rodoviária com São Paulo e Goiás e a aviação<br />

comercial, a partir <strong>de</strong> 1940, contribuiriam igualmente <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>cisiva para levar a<br />

capital <strong>de</strong> Mato Grosso ao patamar mais elevado <strong>de</strong> sua história urbana. O gran<strong>de</strong><br />

marco <strong>de</strong> seu crescimento, no entanto, seria aquele do início da década <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1970,<br />

quando o Governo Fe<strong>de</strong>ral investiu pesadamente para ocupar os “vazios” do “inferno<br />

ver<strong>de</strong>”, buscando incentivar a colonização da Amazônia. Em cinco anos, <strong>de</strong> 1970 a<br />

1975, a população passou <strong>de</strong> 83 mil para 127 mil pessoas. E hoje, a estimativa<br />

populacional, <strong>de</strong> acordo com o IBGE (2009), é <strong>de</strong> 550.562 mil pessoas.<br />

Percebe-se, entretanto, na perspectiva da distância histórica, que ao<br />

crescimento urbano quantitativo não correspon<strong>de</strong>ram suficientes reformas no<br />

sentido <strong>de</strong> assegurar melhor teor <strong>de</strong> vida, um modo <strong>de</strong> vida mais humano, justo,<br />

igualitário e ambientalmente correto, capaz <strong>de</strong> anular as perversida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma<br />

socieda<strong>de</strong> organizada como simples meio do supremo objetivo do lucro. A cida<strong>de</strong><br />

cresceu <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> estabelecida pouco se po<strong>de</strong> fazer pela<br />

conservação <strong>de</strong> córregos e rios localizados no meio do caos urbano.<br />

Os córregos <strong>de</strong> águas cristalinas, <strong>de</strong> fauna e flora paradisíacas, tornaram-se<br />

imundas valas negras, esgoto <strong>de</strong> <strong>de</strong>spejos domésticos e efluentes industriais. O rio<br />

Cuiabá sofre todo tipo <strong>de</strong> agressão ambiental imaginável. Suas águas, antes tão<br />

dadivosamente piscosas, vão-se fazendo <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> lixo, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se recolhem<br />

sofás e gela<strong>de</strong>iras.<br />

O saneamento básico não acompanhou as taxas <strong>de</strong> crescimento da cida<strong>de</strong>,<br />

comprometendo a qualida<strong>de</strong> das águas. Tais problemas aceleram o processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>gradação do ecossistema, mostrando suas danosas consequências durante as<br />

44


chuvas, quando o escoamento das águas encontra obstáculos e causa enchentes e<br />

inundações.<br />

Cuiabá hoje é um dos principais pólos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da região Centro<br />

Oeste do Brasil, mas trata-se <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento nem sempre a<strong>de</strong>quado ao seu<br />

ambiente natural. As políticas públicas não acompanham e não estão adaptadas ao<br />

crescimento da cida<strong>de</strong>.<br />

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS<br />

Entre os procedimentos que foram adotados para o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

pesquisa, <strong>de</strong>stacamos o levantamento bibliográfico e documental, tendo em vista a<br />

obtenção <strong>de</strong> informações sobre o estado da arte no que se refere ao tema dos<br />

<strong>de</strong>sastres naturais, no âmbito das mudanças climáticas nas várias escalas <strong>de</strong><br />

abordagem.<br />

Foi organizado um banco <strong>de</strong> dados com informações sobre Desastres<br />

Naturais registrados no Brasil. Estes dados foram obtidos através do banco <strong>de</strong><br />

dados internacional Emergency Events Database (EM-DAT), <strong>de</strong>senvolvido e<br />

administrado pelo Centre for Research on the Epi<strong>de</strong>miology of Disasters (CRED) da<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Louvain, na Bélgica, com suporte da Office of Foreign Disaster<br />

Assistance (OFDA). O EM-DAT contém dados <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastres ocorridos em todo o<br />

mundo, contabilizados a partir <strong>de</strong> 1900. Além disso, a ONU utiliza esse banco como<br />

fonte <strong>de</strong> dados para nortear suas ações e políticas em prol da mitigação e<br />

prevenção dos <strong>de</strong>sastres naturais (UN, 2002; UNDP, 2004).<br />

O estudo contou com o suporte do banco <strong>de</strong> dados fornecidos pela Defesa<br />

Civil <strong>de</strong> Cuiabá e do EM-DAT, que possibilitou mostrar os eventos e seus impactos<br />

comparados com a percepção da população entrevistada.<br />

Na revisão bibliográfica foram <strong>de</strong>finidos os conceitos <strong>de</strong>: <strong>de</strong>sastre natural, <strong>de</strong><br />

acordo com Marcelino (2008), Tominaga et al. (2009) e UN-ISDR (2009); risco, <strong>de</strong><br />

acordo com Veyret (2007); alagamento, <strong>de</strong> acordo com Wollmann e Sartori (2004);<br />

enchentes, segundo Wollmann e Sartori (2004), Bigarella (2003) e Gorzoni (2010);<br />

inundações, <strong>de</strong> acordo com Sobrinho (1980) e Rocha (1995), ambos citados por<br />

Azevedo (1996); e percepção <strong>de</strong> risco; <strong>de</strong> acordo com White (1974), Park (1991),<br />

Machado et al. (2009) e Oliveira e Machado (2004).<br />

Aspectos como as distinções <strong>de</strong> percepção <strong>de</strong> acordo com gênero, classe<br />

social, ida<strong>de</strong>, profissão, escolarida<strong>de</strong>, local <strong>de</strong> moradia e ambiente cultural; a<br />

45


influência <strong>de</strong> eventos acontecidos em localida<strong>de</strong>s remotas por meio da mídia; assim<br />

como o papel do po<strong>de</strong>r público para combater os <strong>de</strong>sastres; e, ainda, as<br />

especificida<strong>de</strong>s dos perigos (hazards) percebidos e que <strong>de</strong> fato atingem a<br />

população, foram interpretados no ano <strong>de</strong> 2010 por meio <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> entrevistas<br />

aplicadas em bairros da cida<strong>de</strong> Cuiabá/MT consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> risco.<br />

Outros fatores, como a observação do nível <strong>de</strong> entendimento dos indivíduos<br />

quanto ao papel das eventuais mudanças climáticas como perigo real para o seu<br />

bem-estar, e se os indivíduos cultivam sentimento <strong>de</strong> topofilia ou topofobia em<br />

relação ao lugar on<strong>de</strong> vivem (TUAN, 1980) foram igualmente investigados. Tendo<br />

em vista as especificida<strong>de</strong>s socioambientais <strong>de</strong> Cuiabá e os problemas relacionados<br />

à atmosfera, aos quais a população está submetida, o estudo mostra os fatos<br />

efetivamente acontecidos, a exemplo das enchentes, inundações e alagamentos<br />

urbanos.<br />

80 (oitenta) entrevistas foram aplicadas, a princípio com 12 (doze) perguntas<br />

diretas sobre o assunto. Foram aplicadas em bairros consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> risco a<br />

enchentes, inundações e alagamentos. Isto aumentou a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interação e<br />

diálogo com diferentes parcelas da população. Foram apenas arguidas as pessoas<br />

que residiam por cinco anos ou mais no local. Este tempo enten<strong>de</strong>-se como<br />

suficiente para que elas possam ter construído um entendimento das condições<br />

atmosféricas que ocorrem nessas áreas. As análises foram <strong>de</strong>senvolvidas em<br />

termos <strong>de</strong> avaliações simples e cruzadas, <strong>de</strong> maneira a apreen<strong>de</strong>r padrões<br />

relacionados a gênero, escolarida<strong>de</strong> e outras características pessoais. Segue nos<br />

anexos a entrevista que foi aplicada.<br />

A entrevista apresentada proporcionou à pesquisa a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver análise qualitativa e quantitativa das respostas obtidas após a aplicação<br />

das entrevistas, junto aos moradores do município <strong>de</strong> Cuiabá, em particular<br />

daqueles que moram nos bairros consi<strong>de</strong>rados áreas <strong>de</strong> risco.<br />

Segundo Chizzoti (2001), a pesquisa quantitativa prevê a mensuração <strong>de</strong><br />

variáveis preestabelecidas, procurando verificar e explicar sua influência sobre<br />

outras variáveis, mediante a análise <strong>de</strong> frequência <strong>de</strong> incidência e correlações<br />

estatísticas. Dessa forma, consi<strong>de</strong>ra que tudo po<strong>de</strong> ser mensurável, o que significa<br />

que traduzir em números, opiniões e informações para classificá-las e analisá-las,<br />

portanto, requer o uso <strong>de</strong> recursos e <strong>de</strong> técnicas estatísticas, como porcentagem,<br />

média, mediana, <strong>de</strong>svio ou padrão, coeficiente <strong>de</strong> correlação e análise <strong>de</strong> regressão.<br />

46


Já a pesquisa qualitativa respon<strong>de</strong> a questões muito particulares. Ela se<br />

preocupa, nas <strong>ciências</strong> sociais, com um nível <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>s que não po<strong>de</strong> ser<br />

quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo <strong>de</strong> significados, motivos,<br />

aspirações, crenças, valores e atitu<strong>de</strong>s, o que correspon<strong>de</strong> a um espaço mais<br />

profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não po<strong>de</strong>m ser<br />

reduzidos à operacionalização <strong>de</strong> variáveis (MINAYO, 2007).<br />

Trata-se ainda <strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong>scritivo que, conforme Minayo (2007),<br />

<strong>de</strong>screve características, proprieda<strong>de</strong>s ou relações existentes no grupo ou na<br />

realida<strong>de</strong> em que foi realizada a pesquisa. Observa, registra, analisa, <strong>de</strong>screve e<br />

correlaciona fatos ou fenômenos sem manipulá-los, procurando <strong>de</strong>scobrir com<br />

precisão a frequência em que um fenômeno ocorre e sua relação com os outros<br />

fatores, o que permite i<strong>de</strong>ntificar as diferentes formas dos fenômenos, sua<br />

or<strong>de</strong>nação e classificação.<br />

Os bairros consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> risco a enchentes, inundação e alagamentos<br />

são: Parque Atalaia, Parque Geórgia, Praeirinho, Terceiro, Porto, Coophamil, Novo<br />

Terceiro, Cida<strong>de</strong> Ver<strong>de</strong>, Jardim Santa Izabel, Barra do Pari, Ribeirão da Ponte,<br />

Ribeirão do Lipa, Três Barras, Jardim dos Ipês, Bela Marina e São Gonçalo Beira-<br />

Rio. Destes, foram escolhidos para aplicar as entrevistas os cinco bairros mais<br />

vulneráveis, que são os bairros: Praeirinho, Terceiro (São Mateus), Porto, Ribeirão<br />

da Ponte e Bela Marina. (Tabela 1)<br />

Tabela 1 - Bairros vulneráveis a enchentes selecionados para aplicação das<br />

entrevistas<br />

Bairros<br />

ção<br />

Popula<br />

%<br />

População<br />

Vulnerável<br />

da<br />

dos<br />

Entrevista<br />

Praeirinho<br />

Terceiro(São<br />

2.102 3,5 25<br />

Mateus) 2.110 3,5 25<br />

Porto 9.335 15,6 10<br />

Ribeirão da<br />

Ponte 2.287 3,8 10<br />

Bela Marina 473 0,7 10<br />

Total 16.307 27,33 80<br />

Fonte: Cuiabá, 2007, adaptado por Genislaine Conceição dos Reis Barbosa.<br />

47


No bairro Praeirinho e Terceiro (São Mateus) foram entrevistadas 25 (vinte e<br />

cinco) pessoas, e nos bairros Porto, Ribeirão da Ponte e Bela Marina, foram 10 (<strong>de</strong>z)<br />

entrevistas. Foram inclusos neste estudo os moradores que possuem mais <strong>de</strong> 5<br />

(cinco) anos <strong>de</strong> residência nos bairros pré-selecionados e que concordaram em<br />

participar da pesquisa respon<strong>de</strong>ndo à entrevista. Foram excluídas aquelas pessoas<br />

que resi<strong>de</strong>m a menos <strong>de</strong> 2 (dois) anos nos bairros e os que não concordaram em<br />

respon<strong>de</strong>r às entrevistas.<br />

Juntos, a população dos 16 (<strong>de</strong>zesseis) bairros consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> risco soma<br />

59.667 habitantes. A população dos bairros selecionados soma 16.307 habitantes,<br />

abrangendo 27,33% da população vulnerável. As 80 (oitenta) entrevistas somam<br />

0,45% da população total dos bairros entrevistados.<br />

A coleta <strong>de</strong> dados ocorreu entre os meses <strong>de</strong> fevereiro e julho <strong>de</strong> 2010, em<br />

turnos alternados, inclusive aos finais <strong>de</strong> semana. A aplicação da entrevista foi feita<br />

no final <strong>de</strong> semana, por se acreditar que, no sábado e domingo, as pessoas, por não<br />

estarem em suas residências, seriam mais colaborativas e tomariam parte da<br />

pesquisa, respon<strong>de</strong>ndo aos questionamentos. Porém, durante a execução,<br />

<strong>de</strong>frontou-se com obstáculos, tais como: recusa dos moradores em participar,<br />

alegando que precisavam trabalhar; a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> os moradores enten<strong>de</strong>rem os<br />

questionamentos, por mais explicações e esclarecimentos que se fornecesse; baixo<br />

nível <strong>de</strong> instrução dos moradores.<br />

A entrevista foi composta por questões fechadas e abertas, incluindo apenas<br />

as informações coletadas juntos aos moradores dos bairros. Por ser um instrumento<br />

objetivo e subjetivo, a entrevista possibilitou interpretar as respostas dos<br />

entrevistados.<br />

Os dados foram organizados <strong>de</strong> forma sistemática para realizar a análise e<br />

interpretação dos mesmos.<br />

A apresentação dos resultados foi feita em tabelas, obe<strong>de</strong>cendo à<br />

classificação dos objetos e materiais da pesquisa, pois é um método estatístico <strong>de</strong><br />

apresentação dos dados (LAKATOS e MARCONI, 2001).<br />

A forma <strong>de</strong> apresentação em tabelas é uma maneira <strong>de</strong> dispor das<br />

informações levantadas e apresentá-las <strong>de</strong> modo funcional, claro e imediato, para<br />

tanto se fez uso do programa Excel, que permite a construção <strong>de</strong> tabelas, gráficos e<br />

mensuração <strong>de</strong> percentuais.<br />

48


Conforme Callegari-Jacques (2003), em geral os dados numéricos são<br />

distribuídos em tabelas e a relevância dos dados e o bom senso indicam o que<br />

merece ou não figurar nas mesmas. Portanto, há tabelas que merecem<br />

acompanhamento <strong>de</strong> texto, mesclando-se com o mesmo, e também existem outras<br />

que po<strong>de</strong>m figurar após o texto sob forma <strong>de</strong> anexo.<br />

Além disso, os dados quantitativos <strong>de</strong>vem ser submetidos à mensuração e<br />

análise. Nesta análise, será usada a estatística, a qual propicia a organização e o<br />

resumo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> dados para se mostrar a relação entre as<br />

variáveis. Nesta fase foi feita a transcrição dos resultados, sob forma <strong>de</strong> evidências<br />

para a confirmação ou a refutação das hipóteses. Estas se <strong>de</strong>ram segundo a<br />

relevância dos dados.<br />

Salienta-se que a <strong>de</strong>scrição das variáveis é imprescindível como passo<br />

prévio para a a<strong>de</strong>quada interpretação dos resultados, <strong>de</strong> sorte que os dados possam<br />

ser organizados em tabelas ou gráficos. Também se categorizaram os dados<br />

levantados nas entrevistas aplicadas juntos aos moradores.<br />

De acordo com Minayo (2007), a categorização facilita a compreensão e a<br />

interpretação dos dados coletados, indo além da apreensão global, permitindo<br />

também o estabelecimento <strong>de</strong> correlações.<br />

Fez-se ainda a fundamentação teórica dos pontos relevantes, fazendo a<br />

correlação com os fundamentos <strong>de</strong> autores e estudiosos sobre o tema em questão<br />

(RIOS, 2006).<br />

49


4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS<br />

Veyret (2007) sublinhou que as condições <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> da população<br />

são histórica e geograficamente mutáveis. Alguns episódios catastróficos ocorridos<br />

no Brasil po<strong>de</strong>m ser visualizados na Tabela 2, com base nas informações do Em-<br />

Dat.<br />

Dados entre 1956 e junho <strong>de</strong> 2009 revelam que, no Brasil, parte substancial<br />

dos eventos tem origem atmosférica direta, com exceção das epi<strong>de</strong>mias (que muitas<br />

vezes po<strong>de</strong>m advir após inundações, por exemplo), ativida<strong>de</strong>s sísmicas e<br />

infestações <strong>de</strong> insetos. A tabela mostra que no Brasil as inundações constituiram o<br />

<strong>de</strong>sastre mais frequente (Tabela 2).<br />

Brasil<br />

Tabela 2: Desastres naturais registrados entre 1956 e meados <strong>de</strong> 2009 no<br />

Brasil<br />

Eventos %<br />

Secas 15 8<br />

Ativida<strong>de</strong>s sísmicas 2 1<br />

Epi<strong>de</strong>mias 15 8<br />

Extremos <strong>de</strong> temperatura 7 4<br />

Inundações 98 54<br />

Infestações <strong>de</strong> Insetos 1 1<br />

Movimentos <strong>de</strong> massa úmidos 22 12<br />

Tempesta<strong>de</strong>s 15 8<br />

Incêndios 3 2<br />

Total 178 100,0<br />

Fonte: Elaborado a partir <strong>de</strong> dados do Em-Dat, 2009.<br />

4.1 ENCHENTES NO ESTADO DE MATO GROSSO<br />

Em Mato Grosso não são muitos os trabalhos sobre <strong>de</strong>sastres naturais.<br />

Recentemente (Santos, 2002) <strong>de</strong>senvolveu um estudo sobre enchentes na cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Cuiabá.<br />

A Defesa Civil do Estado <strong>de</strong> Mato Grosso registrou, em 1977, uma das<br />

50


maiores enchentes do rio Paraguai, causando a morte <strong>de</strong> 200.000 cabeças <strong>de</strong> gado.<br />

Em 1979 e 1982 as enchentes se repetiram e <strong>de</strong>sta vez mais <strong>de</strong> 3.200 pessoas<br />

ficaram <strong>de</strong>sabrigadas pelas cheias dos rios Paraguai, Guaporé e Araguaia. Em 1995<br />

as enchentes ocorreram no entorno do rio Cuiabá, atingindo os municípios vizinhos,<br />

inclusive a capital Cuiabá.<br />

Conforme noticiado pelo ciberjornal MidiaNews, em 2010 sete municípios do<br />

Estado foram afetados por gran<strong>de</strong>s volumes <strong>de</strong> chuva, tendo ocorrido enchentes e<br />

inundações. As cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Peixoto <strong>de</strong> Azevedo, Tangará da Serra, Barra do Bugres,<br />

Cuiabá, Várzea Gran<strong>de</strong>, Santo Antônio do Leverger e Cáceres, somaram prejuízos<br />

materiais, humanos e econômicos. A Defesa Civil do estado foi parceira dos<br />

municípios afetados:<br />

51<br />

Em Peixoto <strong>de</strong> Azevedo (690 km ao Norte <strong>de</strong> Cuiabá), foram<br />

registrados vários danos, inclusive, com a <strong>de</strong>cretação <strong>de</strong> Situação <strong>de</strong><br />

Emergência, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> fortes chuvas. A Defesa Civil estima que 11 mil<br />

pessoas foram afetadas com a chuva, já que pontes foram <strong>de</strong>struídas na<br />

região. Na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cáceres (220 km a oeste da Capital), as chuvas<br />

provocaram inundações bruscas em várias regiões da cida<strong>de</strong>,<br />

especialmente, as mais baixas. A Defesa Civil prestou apoio operacional e<br />

administrativo ao município. Além do apoio administrativo, a Defesa Civil,<br />

juntamente com a Setecs, prestou ajuda humanitária e levou até a<br />

localida<strong>de</strong> 250 cestas <strong>de</strong> alimentos, 100 cobertores, 80 colchões e 100<br />

filtros <strong>de</strong> água. Em Santo Antônio do Leverger (27 km ao Sul), a Defesa<br />

Civil foi acionada para prestar apoio operacional e administrativo, realizando<br />

reconhecimento na região ribeirinha, disponibilizando barco e motor, que<br />

serão utilizados em operações no município por equipes do Corpo <strong>de</strong><br />

Bombeiros Militar (MIDIANEWS, 2010).<br />

Além <strong>de</strong> Cuiabá, os municípios que já sofreram com enchentes são Cáceres,<br />

Peixoto Azevedo e Santo Antônio do Leverger.<br />

4.2 MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE RISCO DE ENCHENTES EM<br />

CUIABÁ-MT<br />

A Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Cuiabá <strong>de</strong>senvolveu em 2007 um mapa <strong>de</strong><br />

localização das áreas <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> enchentes e através <strong>de</strong>le, estudos são realizados<br />

e estratégias <strong>de</strong> ação são elaboradas e executadas pela COMDEC (Figura 6).


Figura 6 - Mapa das áreas <strong>de</strong> Risco da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuiabá/MT<br />

Fonte: IPDU/Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Cuiabá/MT, 2007.<br />

52


O mapa mostra as áreas sujeitas à enchente. Percebe-se que a maior<br />

parte está localizada às margens do rio Cuiabá, encontrando-se o restante ao<br />

longo dos córregos que cortam a área urbana.<br />

Devido à crescente urbanização, vários bairros nessas áreas <strong>de</strong> risco são<br />

atingidos pelas enchentes. Os mais atingidos na atualida<strong>de</strong> são os moradores que<br />

se encontram próximo aos córregos que estão submetidos a entulho e lixo,<br />

causando entupimento e servindo <strong>de</strong> barreira contra o escoamento das águas<br />

pluviais.<br />

Um dos projetos executados da Defesa Civil chama-se “Chuva sim,<br />

pesa<strong>de</strong>lo não”, elaborado logo após as enchentes <strong>de</strong> 2005 para aten<strong>de</strong>r às<br />

necessida<strong>de</strong>s dos <strong>de</strong>sabrigados e prevenir futuros <strong>de</strong>sastres.<br />

Entre as ações principais estava a limpeza das bocas-<strong>de</strong>-lobo e córregos,<br />

gran<strong>de</strong>s responsáveis pelas inundações urbanas.<br />

Segundo entrevista com o coor<strong>de</strong>nador do COMDEC/Cuiabá, José Pedro<br />

Zanetti, lotado nessa função <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano <strong>de</strong> 2002, com o aumento populacional e<br />

o assoreamento dos córregos da cida<strong>de</strong>, os problemas ambientais urbanos<br />

aumentaram, principalmente as inundações e alagamentos no entorno dos<br />

córregos, triste resultado da limitação do escoamento <strong>de</strong> água <strong>de</strong>vido ao acúmulo<br />

<strong>de</strong> lixo e outras ações antrópicas.<br />

Cuiabá possui 36 córregos e rios, um estudo recente <strong>de</strong>tectou que em 80%<br />

dos córregos já não há vida. As construções tomaram conta das áreas <strong>de</strong><br />

preservação às margens dos córregos, a mata ciliar foi retirada e muitos foram<br />

aterrados. Constatou-se que dos 208.439 km <strong>de</strong> extensão dos córregos da cida<strong>de</strong>,<br />

172.357 km estão contaminados por esgoto e lixo.<br />

Segundo Prudêncio Rodrigues (apud Jornal A Gazeta, 2009), a pior<br />

alteração ambiental é a perturbação urbana e, no caso <strong>de</strong> Cuiabá, as<br />

consequências po<strong>de</strong>m ter sido irreversíveis. Segundo o pesquisador, algumas<br />

nascentes foram extintas, como por exemplo, a do córrego Canjica: os prédios da<br />

Avenida do CPA estão em cima <strong>de</strong> olhos d’água.<br />

Embora as enchentes causadas pelo rio Cuiabá possam ser consi<strong>de</strong>radas<br />

naturais <strong>de</strong>vido às condições físicas do local – características geológicas,<br />

hidrogeológicas dos terrenos e <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> das vertentes, por causa da ocupação


urbana irregular a população estará sempre em situação <strong>de</strong> risco e vulnerável às<br />

inundações.<br />

No episódio <strong>de</strong> inundação ocorrido no ano <strong>de</strong> 2005, a Defesa Civil retirou<br />

63 famílias que residiam na área <strong>de</strong> risco localizada no Bairro Parque Geórgia.<br />

Através <strong>de</strong> um programa habitacional do governo, essas famílias foram assentadas<br />

no Bairro Novo Colorado.<br />

Recentemente, em 2009, mais famílias foram retiradas das proximida<strong>de</strong>s<br />

do córrego do Caixão, localizado no Bairro Jardim Vitória e também receberam<br />

casas em outro ponto da cida<strong>de</strong>.<br />

A Defesa Civil <strong>de</strong> Cuiabá contabilizou 1.377 hectares <strong>de</strong> área <strong>de</strong> risco na<br />

cida<strong>de</strong>, muitas <strong>de</strong>las ocupadas <strong>de</strong> forma irregular.<br />

Importa consignar que a população que é obrigada a se mudar do local <strong>de</strong><br />

moradia por conta dos riscos <strong>de</strong> enchentes, na maioria das vezes, não fica<br />

satisfeita com a situação vivenciada e, não raras vezes, volta à origem, mesmo<br />

correndo perigo <strong>de</strong> enfrentamento <strong>de</strong> novos <strong>de</strong>sastres naturais.<br />

Assim, a situação pós-<strong>de</strong>sastres naturais, normalmente, é traumática e traz<br />

muitos episódios <strong>de</strong> intranquilida<strong>de</strong> para a população envolvida, a Defesa Civil e os<br />

órgãos <strong>de</strong> planejamento da cida<strong>de</strong>.<br />

4.3 ENCHENTES EM CUIABÁ/MT<br />

Feuerharmmel et al. (1995), afirmam que os problemas da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Cuiabá são provenientes da interação do meio físico e do uso e ocupação do solo,<br />

notadamente das margens do rio Cuiabá, <strong>de</strong> sua planície <strong>de</strong> inundação e <strong>de</strong> seus<br />

afluentes. Por isso, foi elaborada a Carta Geotécnica <strong>de</strong> Cuiabá, servindo como<br />

instrumento técnico, base para estudos relacionados ao planejamento da cida<strong>de</strong>.<br />

Historicamente, o município <strong>de</strong> Cuiabá já presenciou diversas inundações,<br />

que afligiram a população, colocando todos em estado <strong>de</strong> alerta. Isso porque sua<br />

área urbana é drenada pelo rio Cuiabá e seus afluentes, entre os quais se<br />

<strong>de</strong>stacam o rio Coxipó e inúmeros córregos, tais como córrego da Prainha,<br />

Ribeirão da Ponte, Manoel Pinto, Moinho, Barbados, Gambá e São Gonçalo<br />

(MAITELLI et al. (2009).<br />

54


De acordo com Januário (2006, p. 34), no período das cheias - estação<br />

chuvosa - as águas do rio Cuiabá fertilizavam as terras às suas margens,<br />

amplamente utilizadas pela agricultura <strong>de</strong> subsistência. Com o passar dos anos,<br />

nas imediações do rio foi surgindo uma série <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s que hoje são partes<br />

integrante do bioma do rio. O rio Cuiabá é responsável pelas inundações que<br />

ocorrem periodicamente, variando <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um ano para o outro. As<br />

principais enchentes ocorridas na região, <strong>de</strong> acordo com esse autor, foram as <strong>de</strong><br />

1942, 1959, 1974 e 1995.<br />

De acordo com estudos realizados por servidores do Serviço Geológico do<br />

Brasil, conhecido pela sigla CPRM e da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato Grosso<br />

(UFMT) – Departamento <strong>de</strong> Geologia (2006), o rio Cuiabá tem uma boa<br />

disponibilida<strong>de</strong> hídrica anual, em torno <strong>de</strong> 1.400 mm/ano e vazão <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 359<br />

m 3<br />

/s. No entanto, o período chuvoso ocorre <strong>de</strong> outubro a março, momento crítico<br />

<strong>de</strong> enchentes quando ocorrem os processos erosivos mais significativos <strong>de</strong>vido à<br />

quantida<strong>de</strong> e intensida<strong>de</strong> das chuvas, às características geológicas e<br />

hidrogeológicas dos terrenos e à <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> das vertentes.<br />

Os dados sobre as enchentes que ocorrem em Cuiabá mostram que este<br />

problema é antigo, recorrente e está relacionado às chuvas que ocorrem na<br />

estação chuvosa (verão). Vários estudos sobre o assunto po<strong>de</strong>m ser encontrados<br />

no acervo do Arquivo Público do Estado <strong>de</strong> Mato Grosso e nas notícias dos jornais<br />

locais. Como exemplo, Santos (2002) utilizou dados <strong>de</strong> temperatura média mensal<br />

e <strong>de</strong> volume mensal e médio anual <strong>de</strong> chuvas para realizar o balanço hídrico da<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuiabá, no período <strong>de</strong> 1971 a 2000, assim como investigou as possíveis<br />

causas das inundações através do uso do solo.<br />

O citado estudo foi realizado em três etapas, divididas em um intervalo <strong>de</strong><br />

30 anos e mostrou os totais médios <strong>de</strong> precipitação, com variações <strong>de</strong> 1419 mm <strong>de</strong><br />

1971 a 1980, para 1612 mm no intervalo <strong>de</strong> 1991 a 2000. Concluiu que a retirada<br />

da vegetação altera o processo <strong>de</strong> evapotranspiração e que a forte<br />

impermeabilização do solo provoca a redução da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infiltração <strong>de</strong> água<br />

na superfície urbana.<br />

Esse fato altera o ciclo hidrológico, a precipitação, o escoamento<br />

superficial, o nível do lençol freático e favorece a ocorrência <strong>de</strong> enchentes. Assim,<br />

55


as enchentes verificadas em Cuiabá, nas últimas décadas, não são provocadas por<br />

alterações <strong>de</strong> natureza atmosférica, mais pelo uso e ocupação ina<strong>de</strong>quada do solo<br />

do que pelo aumento dos índices <strong>de</strong> precipitação, que não apresentou gran<strong>de</strong>s<br />

variações.<br />

A tabela 3 mostra um resumo das ocorrências <strong>de</strong> enchentes em Cuiabá,<br />

como consta no Perfil Socioeconômico <strong>de</strong> Cuiabá (2009). Os dados evi<strong>de</strong>nciam<br />

que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1780 as enchentes fazem parte da história <strong>de</strong> Cuiabá. Episódios <strong>de</strong><br />

mesma magnitu<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ter causado danos diferentes, <strong>de</strong>vido ao processo<br />

histórico <strong>de</strong> ocupação, produção e (re)produção espacial em que ocorreram.<br />

Entretanto, algumas informações nos parecem relevantes, dado o caráter <strong>de</strong><br />

recorrência. Tratam-se dos episódios <strong>de</strong> 1942 e daquele em 1974, que<br />

apresentaram valores das cotas <strong>de</strong> água do rio Cuiabá semelhantes, em um<br />

intervalo <strong>de</strong> 32 anos. Na história das enchentes <strong>de</strong> Cuiabá, a mais marcante foi a<br />

<strong>de</strong> 1974. Nesta altura a cida<strong>de</strong> já passava por transformações profundas, como<br />

vimos, com o aumento do número <strong>de</strong> seus habitantes e sua transformação numa<br />

cabeça-<strong>de</strong>-ponte em posição estratégica para a ocupação do espaço norte-<br />

<strong>mato</strong>grossense, engendrada pelo intenso fluxo migratório <strong>de</strong> colonização,<br />

começado por volta <strong>de</strong> 1970.<br />

Tabela 3: Resumo das ocorrências <strong>de</strong> enchentes em Cuiabá (MT)<br />

Data Descrição<br />

Intervalo entre as<br />

Ocorrências<br />

1780 Primeiro registro <strong>de</strong> enchente em Cuiabá -<br />

1812 Destruiu a 1.ª chácara 32 anos<br />

1865 Danos em edificações no 2.º Distrito (atual Bairro do 53 anos<br />

Porto)<br />

1895 Cheia <strong>de</strong> menor proporção que a anterior 30 anos<br />

1905 Assustou moradores e as casas foram abandonadas 10 anos<br />

1906 Enchente <strong>de</strong> janeiro, só não exce<strong>de</strong>u a <strong>de</strong> 1865 1 ano<br />

1942 O rio atingiu 10,57 m, atingindo vários bairros 36 anos<br />

1960 Atingiu a Av. 15 <strong>de</strong> novembro 18 anos<br />

1974 Atingiu violentamente o bairro do Terceiro, a cota do rio<br />

atingiu 10,87 m<br />

14 anos<br />

1995 Vários bairros foram atingidos, a cota foi <strong>de</strong> 10,38 m 21 anos<br />

Fonte: Perfil socioeconômico do município <strong>de</strong> Cuiabá (2009) / IPDU – Instituto <strong>de</strong> Planejamento e<br />

Desenvolvimento Urbano (adaptado).<br />

56


Shirashi (2003) fez um estudo <strong>de</strong>talhado sobre os últimos acontecimentos<br />

<strong>de</strong> enchentes no rio Cuiabá que atingiram a área urbana da cida<strong>de</strong>, causando<br />

prejuízos materiais. Des<strong>de</strong> que foi instalada a régua no rio Cuiabá, ocorreram 17<br />

(<strong>de</strong>zessete) eventos, 3 (três) <strong>de</strong>les <strong>de</strong> maior magnitu<strong>de</strong> (Tabela 4):<br />

Tabela 4: Cota das gran<strong>de</strong>s cheias registradas em Cuiabá (MT)<br />

em or<strong>de</strong>m cronológica<br />

ANOS COTA (m) CHUVA (mm)<br />

1935 9,18<br />

1942 10,57<br />

1943 8,58<br />

1945 9,0<br />

1946 8,82<br />

1949 8,96<br />

1954 9,02<br />

1959 10,10<br />

1960 10,39<br />

1961 8,56<br />

1968 8,56<br />

1974 10,87<br />

1979 9,18<br />

1980 9,0<br />

1982 8,88<br />

1988 8,61<br />

1995 10,50<br />

Fonte: Shirashi, 2003.<br />

A régua limnimétrica está localizada no Bairro do Porto, próximo à Ponte<br />

Júlio Müller, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1933, e é a única localizada no perímetro urbano <strong>de</strong> Cuiabá.<br />

Segundo Shirashi (2003), foi feita pela antiga Divisão <strong>de</strong> Águas do Ministério da<br />

Agricultura. Um marco localizado na Praça do Porto é o ponto <strong>de</strong> referência com<br />

148 m na cota do IBGE (Figura 7).<br />

57


Figura 7: Régua limnimétrica posicionada no rio Cuiabá<br />

Fonte: Defesa Civil do Município <strong>de</strong> Cuiabá.<br />

O autor coloca em dúvida a precisão da régua, <strong>de</strong>vido à mobilida<strong>de</strong> do rio<br />

Cuiabá, que no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>sses anos sofreu alterações em seu leito. Entretanto<br />

informações <strong>de</strong>talhadas sobre os impactos socioambientais não foram encontradas<br />

na literatura sobre o assunto. Por isso a divisão dos períodos anuais foi elaborada<br />

conforme o número <strong>de</strong> informações encontradas.<br />

Apesar <strong>de</strong> registradas 17 (<strong>de</strong>zessete) ocorrências <strong>de</strong> enchentes em<br />

Cuiabá, não se precisaram os seus danos <strong>de</strong> forma mais rigorosa.<br />

O quadro 6 mostra os <strong>de</strong>talhes das últimas enchentes, inundações e<br />

alagamentos ocorridos em Cuiabá.<br />

58


1870<br />

Quadro 6 - Enchentes, inundações e alagamentos ocorridos em Cuiabá <strong>de</strong><br />

a 2010<br />

Enchentes <strong>de</strong> 1870 a 1906<br />

Essas enchentes foram registradas em escritos antigos. Os registros<br />

apontam apenas a <strong>de</strong>struição causada pelo avanço das águas do rio Cuiabá.<br />

Somente a partir <strong>de</strong> 1990 foram registrados dados <strong>de</strong> altura em metros na<br />

régua posicionada <strong>de</strong>ntro do rio Cuiabá. De acordo com a altura do rio, é<br />

possível prever as cotas para alerta, emergência e calamida<strong>de</strong>.<br />

O jornal A Cruz, <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1942, relata no artigo “Enchentes do<br />

rio Cuiabá”, escrito por Firmo Rodrigues, que a enchente <strong>de</strong> 1780 foi registrada<br />

por Joaquim da Costa Siqueira, no seu Compêndio histórico e chronológico das<br />

notícias <strong>de</strong> Cuiabá. Ocorreu no mês <strong>de</strong> fevereiro e arrasou as margens do rio.<br />

Proprieda<strong>de</strong>s localizadas às margens do rio Cuiabá e seus afluentes foram<br />

<strong>de</strong>struídas.<br />

Ocorrida em 1812, Estêvão <strong>de</strong> Mendonça registrou, em suas Datas<br />

<strong>mato</strong>-grossenses, que a enchente <strong>de</strong>struiu a primeira chácara que existia acima<br />

do Porto Geral, próximo da Hidráulica, pertencente ao seu parente e professor<br />

José Zeferino Monteiro <strong>de</strong> Mendonça.<br />

O atual Bairro do Porto pertenceu ao antigo 2.º Distrito. Este também,<br />

em 1865, foi atingido pelas águas do rio Cuiabá, numa gran<strong>de</strong> enchente. Várias<br />

casas foram danificadas. Em 1895, outra enchente, mas <strong>de</strong> menor proporção,<br />

atingiu a mesma área, sem danificar danificou as casas.<br />

Outra enchente que assustou os moradores e que motivou até o<br />

abandono <strong>de</strong> seus lares, foi a <strong>de</strong> 1905. Não foi tão violenta como as anteriores.<br />

A <strong>de</strong> 1906 causou prejuízo muito maior, <strong>de</strong>rrubando <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> casas, pois a<br />

população <strong>de</strong> Ana Poupina, Acampamento e Chacrinha tinha aumentado<br />

extraordinariamente.<br />

Enchentes <strong>de</strong> 1942<br />

Em 15 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1942, o jornal A Cruz noticiou a construção <strong>de</strong><br />

uma ponte, como feito extraordinário e embelezador. O reportador sugere<br />

discretamente sua insatisfação com o fato <strong>de</strong> que a enchente <strong>de</strong> 1865 não<br />

houvesse arrastado “águas abaixo” os “casebres tristes da margem esquerda:<br />

“Entre manifestações <strong>de</strong> regozijo, espoucar <strong>de</strong> centenas <strong>de</strong><br />

foguetes e música, foi inaugurada, no dia 20 do mês findo, a ponte <strong>de</strong><br />

cimento armado do porto <strong>de</strong> Cuiabá, construção esta que além <strong>de</strong><br />

outras vantagens, trás também a <strong>de</strong> aformosear o porto <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sembarque, ocultando em parte aqueles casebres tristes da<br />

margem esquerda e que gran<strong>de</strong> parte da enchente <strong>de</strong> 1865 não<br />

arrastou águas abaixo.”<br />

No mesmo ano, em 14 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1942, o Jornal A pena Evangélica,<br />

noticiou outra enchente que, apesar do espetáculo da natureza, <strong>de</strong>vido à<br />

vastidão das águas, causou muitos prejuízos <strong>de</strong>sabamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong><br />

casas, empobrecimento repentino <strong>de</strong> muitas famílias, miséria <strong>de</strong> outras tantas.<br />

Atingiu os Bairros do Limoeiro, Chacrinha, Al<strong>de</strong>ia, Barcelos, Várzea Ana<br />

Poupina e Terceiro. Cita ainda que umas cem casas foram atingidas e que <strong>de</strong><br />

59


quatro a cinco mil pessoas ficaram <strong>de</strong>sabrigadas. A ponte recém-inaugurada foi<br />

posta à prova, resistindo à força da água.<br />

Cunha Filho (2003, p. 135) relata que as margens do rio Cuiabá ficaram<br />

inundadas, havendo as águas a<strong>de</strong>ntrado a Avenida 15 <strong>de</strong> novembro, até as<br />

proximida<strong>de</strong>s da Igreja São Gonçalo. Os danos não foram maiores porque a<br />

população cuiabana era reduzida, pouco mais <strong>de</strong> 40 mil habitantes.<br />

Segundo Rodrigues (1959 p. 96 e 97), mesmo com tanto sofrimento, já<br />

se previa que a população sempre fosse voltar a construir nas áreas <strong>de</strong> risco,<br />

sem se preocupar em aumentar o alicerce das casas, preparando-as para<br />

resistir à cheia do rio.<br />

(continua)<br />

Elaboração: Genislaine Conceição dos Reis.<br />

60


Quadro 6: Enchentes, inundações e alagamentos ocorridos em Cuiabá <strong>de</strong><br />

1870 a 2010 (cont.)<br />

Enchente <strong>de</strong> 1974<br />

Em 1974, cerca <strong>de</strong> duas mil famílias ficaram <strong>de</strong>sabrigadas, as águas do rio<br />

Cuiabá atingiram 10,80 metros, superando a enchente <strong>de</strong> 1942 (10,57 metros). As<br />

águas cobriram boa parte da Avenida 15 <strong>de</strong> novembro (Figura 8).<br />

O jornal O Estado <strong>de</strong> Mato Grosso, <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1974, noticiou:<br />

Mesmo sem apresentar as graves conseqüências das<br />

inundações <strong>de</strong> 1942 e 1959, o bairro do Terceiro vive hoje uma autêntica<br />

calamida<strong>de</strong> pública. Nem mesmo os ônibus <strong>de</strong> transporte coletivo se<br />

aventuram a atravessar as pequenas pontes <strong>de</strong> acesso sobre o canal da<br />

Prainha, que <strong>de</strong>ságua no rio Cuiabá, pois as mesmas estão cobertas, é<br />

praticamente impossível a utilização <strong>de</strong> carros, até mesmo nos locais<br />

menos alagados, <strong>de</strong>vido à forte lama existente. O único meio <strong>de</strong><br />

transporte é o barco, que está sendo largamente utilizado.<br />

Figura 8: Vista <strong>de</strong> Cuiabá durante a enchente <strong>de</strong> 1974<br />

Fonte: Arquivo Público do Estado <strong>de</strong> Mato Grosso<br />

Elaboração: Genislaine Conceição dos Reis.<br />

61<br />

(continua)


Quadro 6: Enchentes, inundações e alagamentos ocorridos em Cuiabá <strong>de</strong><br />

1870 a 2010 (cont.)<br />

Enchente <strong>de</strong> 1995<br />

O volume pluviométrico no ano <strong>de</strong> 1995 esteve acima da média, o que<br />

ocasionou uma gran<strong>de</strong> enchente, que atingiu diversas localida<strong>de</strong>s do município,<br />

particularmente as próximas ao rio Cuiabá: a Feira do Porto, o Mercado do<br />

Peixe, o Parque <strong>de</strong> Exposições e regiões adjacentes (RODRIGUES, 2010)<br />

A cota da régua no rio Cuiabá alcançou 10,38 m. A enchente atingiu<br />

vários bairros ribeirinhos, principalmente o Praeirinho, localizado às margens do<br />

córrego do Barbado. No Porto, a cheia inundou parte da Avenida 15 <strong>de</strong><br />

novembro, nas imediações do Atacadão, bem como atingiu várias residências e<br />

o comércio local e ainda a Feira do Porto (Figura 9).<br />

Figura 9: Enchente do rio Cuiabá – Feira do Porto em 1995.<br />

Fonte: Jornal Diário <strong>de</strong> Cuiabá (03/01/1995).<br />

A Ponte <strong>de</strong> Ferro, um patrimônio histórico do Estado <strong>de</strong> Mato Grosso,<br />

construída em 1886 por empresa européia, na região do Coxipó do Ouro, em<br />

1995 tombou nas águas <strong>de</strong>sse rio. Essa ponte fora <strong>de</strong> extrema importância para<br />

a comunida<strong>de</strong> do Distrito do Coxipó do Ouro, favorecendo a comunicação e o<br />

comércio, tendo assim contribuído para a expansão da região. Por isso, havia a<br />

preocupação das autorida<strong>de</strong>s em recuperar esse patrimônio. (DIÁRIO DE<br />

CUIABÁ, 2006). Presentemente, esta ponte foi substituída por uma ponte <strong>de</strong><br />

concreto.<br />

(continua)<br />

62


Elaboração: Genislaine Conceição dos Reis.<br />

63


Quadro 6: Enchentes, inundações e alagamentos ocorridos em Cuiabá <strong>de</strong><br />

1870 a 2010 (cont.)<br />

Inundações e Alagamentos entre 1996 e 2010<br />

Com a construção da Usina <strong>de</strong> Manso, passou a existir certo controle<br />

sobre o volume das águas do rio Cuiabá. Segundo Rubem Mauro apud<br />

(Rodrigues, 2010), com a Usina <strong>de</strong> Manso foi possível evitar, no ano <strong>de</strong> 2010,<br />

outra enchente, pois o volume <strong>de</strong> chuva foi o maior dos últimos 79 anos,<br />

chegando a atingir 423,6 mm, ante média histórica <strong>de</strong> 220,0 mm.<br />

O rio Cuiabá atingiu a cota <strong>de</strong> 8,0 metros na régua limnimétrica, sendo a<br />

cota <strong>de</strong> alerta <strong>de</strong> 8,5 metros. Não fosse o fechamento das comportas da Usina,<br />

a cota chegaria a 9,5 metros. Isso se <strong>de</strong>veu ao fato <strong>de</strong> a Usina estar com<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 80% do seu volume, havendo, portanto, sido capaz <strong>de</strong> captar um<br />

maior volume <strong>de</strong> águas pluviais e manter o escoamento controlado através das<br />

comportas.<br />

Assim, po<strong>de</strong>-se dizer que entre os anos <strong>de</strong> 1996 e 2010, o município<br />

não presenciou enchentes, que vinham assolando historicamente gran<strong>de</strong> parte<br />

da população ribeirinha.<br />

Des<strong>de</strong> então, o risco <strong>de</strong> enchentes foi diminuído pelo controle <strong>de</strong> vazão<br />

<strong>de</strong> água realizado pela barragem da Usina <strong>de</strong> Manso. A preocupação agora é<br />

com os córregos na área urbana <strong>de</strong> Cuiabá, que pelo gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> água<br />

das chuvas, combinado com a impermeabilida<strong>de</strong> do solo urbano (asfalto e<br />

concreto), e ainda com a presença <strong>de</strong> obstruções (lixo), tem a sua capacida<strong>de</strong><br />

superada, causando alagamentos e afetando bairros localizados em suas<br />

margens.<br />

Entre 1996 e 2010, a população tem sofrido com alagamentos e<br />

inundações. Santos (2002) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> em estudo <strong>de</strong> tendências num intervalo <strong>de</strong><br />

30 anos (1971 a 2000), que nos totais médios <strong>de</strong> precipitação houve um<br />

aumento gradativo em razão da ciclicida<strong>de</strong> das ocorrências <strong>de</strong> chuva numa série<br />

histórica.<br />

Elaboração: Genislaine Conceição dos Reis.<br />

Segundo Chiletto (2005) foi inaugurada em 08 (oito) <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2000<br />

a Usina <strong>de</strong> Manso, um dos principais afluentes do rio Cuiabá, que passou a utilizar<br />

o primeiro gerador, operando plenamente a partir <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2001. Um dos<br />

objetivos principais da construção <strong>de</strong>sta usina foi a <strong>de</strong> regularizar o nível do rio<br />

Cuiabá. Assim sendo o principal problema na atualida<strong>de</strong> está no transbordamento<br />

dos córregos localizados na área urbana.<br />

De acordo com Araújo (2010), o sítio urbano é drenado por 36 córregos e<br />

rios (Quadro 7 e figura 10) que <strong>de</strong>ságuam nos rio Cuiabá e Coxipó. Verificou-se<br />

64


que 38,54% das áreas <strong>de</strong> dos córregos e rios não estão preservadas, totalizando<br />

617,40 ha <strong>de</strong> área <strong>de</strong> preservação permanente <strong>de</strong>gradada. Constatou-se que mais<br />

<strong>de</strong> 50% das áreas <strong>de</strong> 23 dos cursos d’água estavam <strong>de</strong>gradados.<br />

Segundo A Gazeta (2010), 80% <strong>de</strong>sses córregos já foram<br />

<strong>de</strong>scaracterizados pelo lixo e pelo esgoto lançados neles constantemente. A<br />

ocupação urbana subnormal <strong>de</strong> suas faixas justafluviais vem agravando o<br />

problema.<br />

Quadro 7: Principais córregos e rios <strong>de</strong> Cuiabá e áreas drenadas<br />

Córregos Bairros drenados<br />

Altos da Gloria Três Barras, Jardim Umuarama e Altos da Glória<br />

Barbado<br />

Morada do Ouro, Terra Nova, Bela Vista, Renascer, UFMT, Jardim<br />

Petrópolis, Gran<strong>de</strong> Terceiro e Praeirinho<br />

Baú<br />

Jardim Florianópolis, Jardim União, Jardim Vitória, Centro Político-<br />

Administrativo.<br />

Caité Distrito Industrial, Rodovia dos Imigrantes<br />

Caixão Senhor dos Passos, Consil<br />

Caju<br />

Serra Dourada, Aroeira, Morada da Serra, Vila da Serra, Nova<br />

Conquista, Resi<strong>de</strong>ncial Ana Maria, João Bosco Pinheiro.<br />

Canjica Canjica, Jardim Aclimação e Castelo Branco<br />

Castelhano Jardim dos Ipês, Tijucal e Parque Nova Esperança<br />

Distrito Industrial Distrito Industrial<br />

Engole Cobra Pólvora, Porto, Cida<strong>de</strong> Alta e Goiabeiras<br />

Escuro Parque Atalaia<br />

Figueirinha Nossa Senhora Aparecida, Jardim Mossoró, Parque Cuiabá<br />

Florianópolis Jardim Florianópolis<br />

Fortaleza<br />

Jardim Novo Milênio, Cohab Novo Milênio, Santa Laura e Jardim<br />

Fortaliza<br />

Fundo<br />

Jardim Itália, Morada dos Nobres, Santa Cruz, Boa Esperança e<br />

Resi<strong>de</strong>ncial JK<br />

São José dos Lázaros, Lixeira, Barro Duro, Areão, Jardim<br />

Gambá<br />

Guanabara, Poção, Dom Aquino, Jardim Paulista, São Mateus e<br />

Gran<strong>de</strong> Terceiro.<br />

Gumitá ou<br />

Tancredo Neves<br />

Centro Político-Administrativo, Centro América, Tancredo Neves,<br />

Morada do Ouro, Novo Mato Grosso, Três lagoas, Novo Horizonte,<br />

Planalto, Primeiro <strong>de</strong> Julho<br />

Lagoa encantada Morada da Serra, Três Lagoas e Novo Horizonte<br />

Lavrinha Parque Cuiabá, Parque Atalaia, São Gonçalo Beira Rio.<br />

Machado Cohab São Gonçalo, Resi<strong>de</strong>ncial Coxipó e Itapajé<br />

Mané Pinto<br />

Bairro Popular, Jardim Cuiabá, Jardim Primavera, Goiabeiras,<br />

Verdão, José Pinto, Cida<strong>de</strong> Alta e Porto<br />

Moinho<br />

Novo Horizonte, Primeiro <strong>de</strong> Julho, Jardim Itamarati, Recanto dos<br />

Pássaros, Santa Cruz, Resi<strong>de</strong>ncial JK e Chácara dos Pinheiros.<br />

Ouro Fino Ouro Fino, Vila Nova, João Bosco Pinheiro.<br />

Pinheira Resi<strong>de</strong>ncial Sucuri<br />

65


Prainha<br />

Senhor dos Passos, Araés, Lixeira, Baú, Centro Norte,<br />

Ban<strong>de</strong>irantes, Centro-Sul, Dom Aquino, Porto e Novo Terceiro.<br />

Quarta-feira<br />

Centro Político Administrativo, Monte Líbano, Antônio Dias,<br />

Loteamento Eldorado, Santa Marta, Altos da Boa Vista.<br />

Quilombo Jardim Mariana, Duque <strong>de</strong> Caxias e Quilombo<br />

(continua)<br />

(continuação)<br />

Córregos Bairros drenados<br />

Jardim Vitória, Jardim Florianópolis, Jardim Ubirajara, Ribeirão do<br />

Ribeirão do Lipa Lipa, Vila Real, Altos da Boa Vista, Santa Marta, Jardim Mariana e<br />

Ribeirão da Ponte<br />

Ribeirão dos Pedra 90<br />

Peixes<br />

Rio Coxipó Coxipó, Chácara dos Pinheiros<br />

Santa Rosa, Barra do Pari, Santa Isabel, Cida<strong>de</strong> Ver<strong>de</strong>, Novo<br />

Rio Cuiabá Terceiro, Coophamil, Porto, Terceiro, Jardim Europa, Praeirinho,<br />

Bela Marina e São Gonçalo Beira Rio<br />

Santa Isabel Santa Isabel e Verdão.<br />

Tijucal (lagoa azul), São Francisco, Vila Ver<strong>de</strong>, Jardim Presi<strong>de</strong>nte I,<br />

São Gonçalo Cohab São Gonçalo, Nossa Senhora Aparecida, Parque Geórgia,<br />

São Gonçalo.<br />

Aroeira, Morada da Serra, Vila da Serra, Nova Conquista, 1º <strong>de</strong><br />

Três Barras Março, Jardim Brasil, Três Barras, Três Lagoas, Novo Horizonte,<br />

Altos da Serra, Primeiro <strong>de</strong> Julho<br />

Três po<strong>de</strong>res Três Po<strong>de</strong>res e Itapuã<br />

Tropical Ville Novo Tempo e Resi<strong>de</strong>ncial Antártica<br />

Fonte: A Gazeta (2009) e Araújo (2010), adaptado.<br />

Santos (2002) citou a Lei Municipal n o 2022/1982, “Lei <strong>de</strong> Parcelamento do<br />

Solo”, que regula os procedimentos urbanos no município acerca do uso do solo.<br />

Mesmo estando em vigor, algumas regras não estão sendo observadas, como por<br />

exemplo: Cada lote <strong>de</strong>ve manter 25% <strong>de</strong> sua área permeável; a vegetação nativa<br />

<strong>de</strong>ve predominar na área urbana, no mínimo 70%, mas na realida<strong>de</strong> as plantas<br />

exóticas é que ocupam esse percentual; nas praças o predomínio também <strong>de</strong>veria<br />

ser <strong>de</strong> vegetação nativa; o <strong>de</strong>smatamento nas margens dos rios, córregos,<br />

nascentes e várzeas é proibido; o lixo domiciliar tem sido lançado nos córregos “in<br />

natura”, enquanto a legislação o proíbe.<br />

O <strong>de</strong>srespeito por essa lei costuma agravar o fenômeno das enchentes<br />

urbanas, pois o solo ficando impermeável, sobrecarrega os córregos que<br />

transbordam, causando transtornos às comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seu entorno.<br />

66


Figura 10: Rio Cuiabá e córregos da área urbana <strong>de</strong> Cuiabá/MT<br />

Fonte: Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Cuiabá/SMADES.<br />

67


Vários geólogos da UFMT, em estudo recente, chegaram à conclusão <strong>de</strong><br />

que já não há vida nesses córregos. Caso persista a <strong>de</strong>struição, po<strong>de</strong>rá<br />

futuramente redundar na escassez <strong>de</strong> água no rio Cuiabá (GAZETA, 2009).<br />

Essas áreas estão protegidas por lei, em que figuram como Áreas <strong>de</strong><br />

Proteção Permanente (APPs), mas um projeto <strong>de</strong> lei municipal cogita reduzir mais<br />

ainda as APPs e as Zonas <strong>de</strong> Interesse Ambiental (ZIA). A alteração da lei<br />

aten<strong>de</strong>ria a interesses privados da indústria imobiliária.<br />

Dos 208.439 quilômetros <strong>de</strong> extensão dos córregos que cortam Cuiabá,<br />

172.357 quilômetros já estão contaminados por esgoto e lixo (GAZETA, 2009).<br />

Esse problema, no período das chuvas, acaba gerando alagamentos e inundações<br />

em diversos bairros do município, particularmente naqueles, mencionados antes,<br />

localizados na área <strong>de</strong> risco.<br />

Em fevereiro <strong>de</strong> 2010, novos alagamentos passaram a ocorrer no<br />

município <strong>de</strong> Cuiabá. Entre os bairros atingidos está o Parque Atalaia, on<strong>de</strong>, por<br />

causa do lixo e do esgoto, o córrego Escuro ficou sem escoamento a<strong>de</strong>quado.<br />

Mesmo estando a um quilômetro do rio Cuiabá, transbordou e suas águas tomaram<br />

ruas e casas. Alguns moradores tentaram conter as águas com barreiras <strong>de</strong> areia,<br />

mas não conseguiram e as águas acabaram inundando as casas, <strong>de</strong>struindo<br />

móveis e eletrodomésticos.<br />

Segundo informações da Defesa Civil do município, o rio Cuiabá esteve a<br />

meio metro do estado <strong>de</strong> alerta. A enchente no Parque Atalaia teria ocorrido em<br />

virtu<strong>de</strong> das fortes chuvas no município <strong>de</strong> Rosário Oeste, on<strong>de</strong> está a cabeceira do<br />

rio Cuiabá. Para <strong>de</strong>cretar estado <strong>de</strong> alerta, o rio <strong>de</strong>veria estar a oito metros e meio<br />

na régua <strong>de</strong> medição (Figura 9). Após as fortes chuvas em Rosário Oeste, o<br />

medidor marcou 7,5 metros. A recomendação da Defesa Civil foi para que a<br />

população saísse das casas e, se visse o nível da água subir, avisasse os<br />

bombeiros.<br />

Conforme relatou o jornal Página Única (2010),<br />

68<br />

[...] o saldo <strong>de</strong>sastroso das fortes chuvas que têm atingido Mato<br />

Grosso <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final <strong>de</strong> 2009. Para piorar a situação, as previsões dos<br />

<strong>instituto</strong>s meteorológicos são péssimas. [...] De acordo com o coor<strong>de</strong>nador<br />

<strong>de</strong> Resposta a Desastres e Reconstrução <strong>de</strong> Defesa Civil, major Elton<br />

Guilherme Crisóstomo, Barra do Bugres, Comodoro e Peixoto <strong>de</strong> Azevedo<br />

já <strong>de</strong>cretaram estado <strong>de</strong> emergência. Cuiabá, Santo Antônio do Leverger,<br />

Tangará da Serra e Cáceres também foram fortemente atingidas, com<br />

vários bairros alagados. [...] Na capital, segundo a <strong>de</strong>fesa civil, estão


completamente alagados os bairros Parque Atalaia, Parque Geórgia,<br />

Praieirinho e Jardim dos Pinheiros.<br />

Ainda no ano <strong>de</strong> 2010, o Bairro São Mateus sofreu duas inundações.<br />

Acredita-se que as obras <strong>de</strong> drenagem da Avenida Carmindo <strong>de</strong> Campos, a<br />

canalização do córrego Ana Poupina e a ampliação da Avenida Beira-Rio tenham<br />

contribuído com o aumento do fluxo <strong>de</strong> águas das chuvas no córrego do Gambá e<br />

com as conseqüentes inundações das residências localizadas neste Bairro.<br />

A Figura 11 mostra parte da Avenida Tancredo Neves, que margeia o<br />

córrego do Barbado.<br />

Figura 11: Transbordamento do Córrego do Barbado ocorrido em fevereiro<br />

<strong>de</strong> 2010 Fonte: Defesa Civil do Município <strong>de</strong> Cuiabá.<br />

A figura 12 mostra o bairro Praeirinho sendo atingido pelos alagamentos<br />

causados pelo transbordamento do córrego. Essa área é vulnerável, pois fica<br />

localizada praticamente nas margens do rio.<br />

69


Figura 12: Bairro Praeirinho alagado em fevereiro <strong>de</strong> 2010<br />

Fonte: Defesa Civil do Município <strong>de</strong> Cuiabá.<br />

Tucci (1997) salienta que o aumento das áreas impermeáveis e a falta <strong>de</strong><br />

infraestrutura a<strong>de</strong>quada para o escoamento da água acumulada são as principais<br />

causas das enchentes pluviais. Além disso, a falta <strong>de</strong> controle pelo po<strong>de</strong>r público<br />

da urbanização, das ações da população e a não ampliação das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

drenagens são os principais causadores das gran<strong>de</strong>s inundações urbanas (Figura<br />

12).<br />

As ruas e avenidas da cida<strong>de</strong> ficam alagadas quando ocorrem fortes<br />

chuvas. Assim acontece <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> infiltração da água e à dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu<br />

escoamento.<br />

Tucci e Marques (2000) <strong>de</strong>stacam que a impermeabilização e a<br />

canalização aumentam até sete vezes as vazões máximas das cida<strong>de</strong>s<br />

urbanizadas.<br />

Por isso, a Prefeitura <strong>de</strong> Cuiabá e o Ministério da Integração Regional<br />

(através da Secretaria <strong>de</strong> Desenvolvimento do Centro-Oeste), para resolver o<br />

problema <strong>de</strong> inundação no Bairro São Mateus, preten<strong>de</strong>m realizar obra <strong>de</strong><br />

ampliação da travessia do córrego do Gambá, na região da Avenida Beira-Rio,<br />

facilitando o escoamento das águas da chuva.<br />

70


Figura 13: Avenida Antártica alagada em fevereiro <strong>de</strong> 2010.<br />

Fonte: Defesa Civil do Município <strong>de</strong> Cuiabá.<br />

4.4 PERCEPÇÃO DOS RISCOS PELA POPULAÇÃO ENTREVISTADA<br />

Das oitenta entrevistas que foram aplicadas nos bairros <strong>de</strong> Cuiabá<br />

vulneráveis a enchentes, inundações e alagamentos, obtivemos os seguintes<br />

resultados:<br />

Conforme a Figura 14, do total <strong>de</strong> entrevistados, 72,5% moram em Cuiabá<br />

a mais <strong>de</strong> 10 anos, 15% moram a menos <strong>de</strong> 10 anos e 12,5% não respon<strong>de</strong>ram.<br />

O tempo <strong>de</strong> moradia na localida<strong>de</strong> permite verificar se o morador<br />

presenciou, vivenciou algum dos inúmeros alagamentos e inundações ocorridos.<br />

71


80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

Tempo <strong>de</strong> moradia em Cuiabá/MT<br />

Menos <strong>de</strong> 10 anos Mais <strong>de</strong> 10 anos Não respon<strong>de</strong>u<br />

Figura 14: Tempo <strong>de</strong> Moradia dos entrevistados em Cuiabá<br />

Organizado por Genislaine C. R. Barbosa (2010).<br />

A maioria dos entrevistados (56,25%) é nascida em Cuiabá, 33,75%<br />

nasceram em outros municípios brasileiros, e 10% não respon<strong>de</strong>ram (Figura 15).<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

Local <strong>de</strong> Nascimento<br />

Cuiabá Outros Municípios Não respon<strong>de</strong>u<br />

Figura 15: Local <strong>de</strong> nascimento dos entrevistados em Cuiabá<br />

Organizado por Genislaine C. R. Barbosa (2010).<br />

Dos entrevistados, 52,5% foi do sexo feminino e 47,5% foi do sexo<br />

masculino (Figura 16).<br />

72


53<br />

52<br />

51<br />

50<br />

49<br />

48<br />

47<br />

46<br />

45<br />

Sexo dos entrevistados<br />

Masculino Feminino<br />

Figura 16: Sexo dos entrevistados em Cuiabá<br />

Organizado por Genislaine C. R. Barbosa (2010).<br />

Conforme a Figura 17, o grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> da população entrevistada<br />

foi: 1,25% <strong>de</strong> não alfabetizados; 10% com ensino fundamental; 46,25% com Ensino<br />

Médio; 26,25% com nível superior e 16,25% não respon<strong>de</strong>ram.<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

Não Alfabetizado Ensino<br />

Fundamental<br />

Escolarida<strong>de</strong><br />

Ensino Médio Superior Não respon<strong>de</strong>u<br />

Figura 17: Grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> dos entrevistados em Cuiabá/MT<br />

Organizado por Genislaine C. R. Barbosa (2010).<br />

A faixa etária predominante foi <strong>de</strong> 21 a 40 anos, com 61,25% dos<br />

entrevistados, e 38,75% com ida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 41 anos (Figura 18).<br />

Assim, percebe-se que a maior parte da população entrevistada é jovem.<br />

73


70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

Faixa Etária dos entrevistados<br />

21 a 40 anos Mais <strong>de</strong> 40 anos<br />

Figura 18: Faixa etária dos entrevistados em Cuiabá<br />

Organizado por Genislaine C. R. Barbosa (2010).<br />

Cerca <strong>de</strong> 93,75% respon<strong>de</strong>ram que gostam <strong>de</strong> morar no local on<strong>de</strong><br />

resi<strong>de</strong>m, 5% respon<strong>de</strong>ram que não gostavam do local <strong>de</strong> moradia e apenas 1,25%<br />

não soube respon<strong>de</strong>r a essa questão (Figura 19).<br />

Quando questionados sobre a influência do clima em suas vidas, a maioria<br />

respon<strong>de</strong>u que o calor os incomoda, pois traz cansaço e incômodo físico, além <strong>de</strong><br />

causar prejuízos à saú<strong>de</strong>. Alguns respon<strong>de</strong>ram que as enchentes trazem gran<strong>de</strong><br />

transtorno aos moradores, e apenas uma pequena parte dos entrevistados<br />

afirmava não sentir a influência do clima na sua vida.<br />

Que tipo <strong>de</strong> situação atmosférica lhe traz algum incômodo? Em que<br />

período acontece com mais frequência? A situação atmosférica que mais traz<br />

incômodo é calor na estação seca e as chuvas intensas na estação chuvosa.<br />

No seu dia a dia, para saber a previsão do tempo, o (a) senhor (a) se<br />

orienta consultando meios <strong>de</strong> comunicação ou observa as situações atmosféricas?<br />

74


Figura 19: Apreciação do local <strong>de</strong> moradia dos entrevistados em<br />

Cuiabá/MT<br />

Organizado por Genislaine C. R. Barbosa (2010).<br />

Para acompanhar a previsão do tempo, a maioria dos entrevistados (55%)<br />

utiliza os meios <strong>de</strong> comunicação para se manter informado (Figura 20).<br />

Acompanha a previsão do tempo através <strong>de</strong>:<br />

Meios <strong>de</strong> comunicação<br />

Situações Atmosféricas<br />

Ambos<br />

Não se preocupa<br />

Figura 20: Meios <strong>de</strong> conhecimento da previsão do tempo dos entrevistados<br />

em Cuiabá<br />

Organizado por Genislaine C. R. Barbosa (2010).<br />

Em relação ao questionamento sobre saber observar a natureza e prever o<br />

tempo, alcançou-se os resultados seguintes: a maioria dos entrevistados (50%) não<br />

apren<strong>de</strong>u a observar a natureza e prever o tempo <strong>de</strong> modo empírico, no entanto,<br />

48,75% apren<strong>de</strong>ram algo com a experiência popular. Dentre as principais<br />

respostas estão:<br />

74).<br />

“Quando as nuvens estão pesadas e escuras é sinal <strong>de</strong> chuva”. (ent. 21).<br />

“Quando nuvens vêm do sul é sinal <strong>de</strong> chuva”. (ent. 32).<br />

“É possível prever o tempo através das fases da lua”. (ent. 45).<br />

“Quando o sabiá canta no pé <strong>de</strong> laranjeira, é sinal que vem chuva”. (ent.<br />

“Quando o céu está claro e limpo é sinal que o sol vai esquentar”. (ent. 53).<br />

A maioria das respostas indicaram que, pelo conhecimento do senso<br />

comum, não está ocorrendo conforme o previsto <strong>de</strong>vido às mudanças climáticas.<br />

75


Na atualida<strong>de</strong>, nem sempre o que se vê no céu é <strong>de</strong> fato o que irá acontecer.<br />

A esse respeito, salientam que as mudanças climáticas em médio prazo,<br />

têm transformado o clima <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas regiões, bem como parece que<br />

contribuíram com o aumento dos <strong>de</strong>sastres naturais (inundações, <strong>de</strong>slizamentos,<br />

secas), nos últimos anos. El Niño e la Nina tornaram-se familiares das populações<br />

latino-americanas <strong>de</strong>vido aos <strong>de</strong>sastres naturais (ROMERO E MENDONÇA, 2009).<br />

Quando questionados a respeito do tempo e do clima, se variam mais hoje<br />

do que no passado, a maioria dos entrevistados respon<strong>de</strong>u que o clima em Cuiabá<br />

variou muito. Percebem o aumento da temperatura e a intensida<strong>de</strong> da chuva na<br />

estação chuvosa.<br />

Um dos moradores do bairro Praeirinho que mora a 28 anos no local<br />

respon<strong>de</strong>u: “Aqui em Cuiabá o tempo tá meio doido”. Essa resposta <strong>de</strong>monstra a<br />

preocupação diante das alterações climáticas.<br />

Segundo Santos (2002), em estudo realizado em Cuiabá em 2002, esse<br />

fenômeno está diretamente relacionado com o ciclo energético: qualquer que seja a<br />

superfície, quando submetida a altas temperaturas, transforma a água presente do<br />

estado líquido para vapor. Na prática, com o aumento da temperatura local, os<br />

processos <strong>de</strong> evaporação e transpiração são acelerados, po<strong>de</strong>ndo aumentar a<br />

pluviosida<strong>de</strong> nos períodos chuvosos, sendo naturalmente reconhecidos como uma<br />

das etapas do ciclo hidrológico.<br />

Algumas respostas foram direcionadas às mudanças climáticas causadas<br />

pela ação antrópica. Estudos climáticos em áreas urbanas apontam que a<br />

impermeabilização do solo, o aumento das construções <strong>de</strong> alvenaria, o gran<strong>de</strong><br />

fluxo <strong>de</strong> veículos poluentes, entre outros fatores, têm contribuído para alterações<br />

no microclima das cida<strong>de</strong>s (MORENO et al., 2005).<br />

Segundo Maitelli et al. (2009), é comum nas maiores cida<strong>de</strong>s o fenômeno<br />

da “ilha <strong>de</strong> calor”, ou seja, uma área mais aquecida da cida<strong>de</strong>, geralmente<br />

encontrada na área central, por ter maior concentração predial e maior fluxo <strong>de</strong><br />

veículos e pessoas. Em Cuiabá, por exemplo, foi verificada a presença da ilha <strong>de</strong><br />

calor, com acréscimo <strong>de</strong> até 5º C sobre a temperatura média no perímetro urbano.<br />

Portanto, as respostas da pergunta estiveram coerentes com estudos<br />

recentes sobre o assunto.<br />

76


Quando perguntados se haviam vivenciado alguma situação relativa a<br />

condições <strong>de</strong> tempo que lhes causara transtorno ou perigo relativos às condições<br />

<strong>de</strong> tempo, 58% disseram que já passaram, contra 40% dos que não vivenciaram<br />

coisa alguma e 1% não soube respon<strong>de</strong>r (Figura 21).<br />

Pessoas que foram atingidas por transtornos ambientais<br />

Figura 21: Pessoas atingidas por transtornos ambientais em Cuiabá<br />

Organizado por Genislaine C. R. Barbosa (2010)<br />

Das pessoas que vivenciaram situações <strong>de</strong> perigo <strong>de</strong>vido às condições do<br />

tempo, algumas respon<strong>de</strong>ram que diante <strong>de</strong> vendavais, suas casas foram<br />

<strong>de</strong>stelhadas e houve perdas materiais.<br />

Além <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar várias pessoas <strong>de</strong>sabrigadas, as chuvas intensas causaram<br />

transtorno no trânsito e danos materiais aos veículos afetados pelos alagamentos<br />

no entorno das ruas e avenidas da cida<strong>de</strong>.<br />

Outras pessoas foram afetadas por <strong>de</strong>scargas elétricas durante os<br />

vendavais, causando medo e queda <strong>de</strong> árvores e perdas materiais.<br />

Siena (2007), apud Valencio et al. (2009, p. 68) lembra que “<strong>de</strong>sabrigados<br />

são aqueles cujos imóveis <strong>de</strong> uso domiciliar sofreram danificações e/ou <strong>de</strong>struição,<br />

acarretando não só a <strong>de</strong>sintegração do espaço privado <strong>de</strong> convivência como<br />

alterando habitus”.<br />

“Habitus é ao mesmo tempo um sistema <strong>de</strong> esquemas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />

práticas e um sistema <strong>de</strong> esquemas <strong>de</strong> percepção e apreciação das práticas. e,<br />

nos dois casos suas operações exprimem suas posições sociais” (BOURDIEU,<br />

1990, p. 158, apud SIENA, 2007, p. 69).<br />

Sim<br />

Não<br />

NR<br />

77


Percebe-se que todos os afetados direta ou indiretamente só tiveram<br />

perdas materiais, as perdas <strong>humanas</strong> não foram relatadas nessa entrevista.<br />

Os entrevistados <strong>de</strong>monstraram <strong>de</strong>scontentamento diante da atuação do<br />

po<strong>de</strong>r público, disseram não perceber interesse maior em prevenir o caos urbano<br />

nos caso das enchentes. Deixam para agir somente quando o fato está ocorrendo,<br />

mesmo assim, não <strong>de</strong> forma correta.<br />

A afirmação a seguir representa <strong>de</strong> forma resumida a maioria das<br />

respostas:<br />

“O po<strong>de</strong>r público pouco faz para resolver algum problema relacionado a<br />

esses eventos, como, por exemplo, falta <strong>de</strong> canaletas e falta <strong>de</strong> limpeza <strong>de</strong> bocas<br />

<strong>de</strong> lobo para melhor flui<strong>de</strong>z das águas, retirada <strong>de</strong>finitiva dos ribeirinhos próximo a<br />

córregos e rios e etc.” (Ent. 44).<br />

Diante dos problemas causados pelo tempo e clima, 70% dos entrevistados<br />

afirmam não haver ações <strong>de</strong> sua coletivida<strong>de</strong> para amenizar os seus efeitos.<br />

Apenas 15% acreditam que haja ações coletivas e 15% não souberam respon<strong>de</strong>r<br />

(Figura 22).<br />

Ações coletivas para diminuir os efeitos do tempo e clima<br />

Figura 22: Ações coletivas para diminuir os efeitos do tempo e do clima,<br />

dos entrevistados em Cuiabá.<br />

Organizado por Genislaine C. R. Barbosa (2010).<br />

De acordo com os entrevistados, quando questionados sobre as ações do<br />

governo diante das situações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastres ambientais, 53,75% não souberam<br />

respon<strong>de</strong>r ou não tinham conhecimento <strong>de</strong> nenhuma ação efetiva. Já 40%<br />

disseram que o governo não colabora com nenhuma ação para amenizar os efeitos<br />

Sim<br />

Não<br />

NR<br />

78


dos <strong>de</strong>sastres nos locais <strong>de</strong> risco, e apenas 6,25% disseram conhecer alguma<br />

ação (Figura 23).<br />

Ações do governo diante dos <strong>de</strong>sastres ambientais<br />

Figura 23: Ações do governo diante dos <strong>de</strong>sastres naturais em Cuiabá/MT<br />

Organizado por Genislaine C. R. Barbosa (2010).<br />

A entrevista mostrou que a maioria não tem interesse em contribuir com<br />

alguma sugestão sobre o assunto dos <strong>de</strong>sastres ambientais em Cuiabá; do total <strong>de</strong><br />

entrevistados, apenas 32,5% emitiram alguma opinião ou sugestão sobre o<br />

assunto, 42,5% não souberam respon<strong>de</strong>r e 25% não quiseram opinar (Figura 24).<br />

Sugestões sobre os <strong>de</strong>sastres ambientais em Cuiabá/MT<br />

Sim<br />

Não<br />

NR<br />

Sim<br />

Não<br />

Não soube respon<strong>de</strong>r<br />

Figura 24: Sugestões dos entrevistados sobre <strong>de</strong>sastres ambientais em<br />

Cuiabá<br />

Organizado por Genislaine C. R. Barbosa (2010).<br />

Uma das sugestões foi que se implante nas escolas uma disciplina<br />

chamada Educação Ambiental, pois além <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar os alunos sobre a<br />

preservação ambiental, também os prepararia para as alterações climáticas.<br />

Outras respostas giraram em torno <strong>de</strong> ações coletivas, ou seja, governo e<br />

79


socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>veriam abraçar a causa dos projetos <strong>de</strong> prevenção contra os efeitos<br />

dos <strong>de</strong>sastres naturais na socieda<strong>de</strong>.<br />

Não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> mencionar que, ao per<strong>de</strong>r sua casa, sua moradia,<br />

em função <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sastre natural, como a enchente, o indivíduo per<strong>de</strong> também<br />

sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, pois escapa-lhe o habitus no qual tinha a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver suas rotinas diárias, <strong>de</strong> afirmação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que o espaço do seu<br />

domicílio propiciava, per<strong>de</strong>ndo também o espaço circunvizinho, no qual tinha laços<br />

<strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>, temporariamente rompidos (SIENA, 2007 apud VALENCIO et al.,<br />

2009).<br />

80<br />

Donas <strong>de</strong> casa sem casa para gerir, sem condições <strong>de</strong> prover as<br />

rotinas do lar, o manejo da alimentação e roupa [...] a ausência, por<br />

<strong>de</strong>struição ou alteração <strong>de</strong> funções, do espaço <strong>de</strong> manifestação do<br />

‘habitus’ – isto é, das práticas corriqueiras e sistemáticas que constituem<br />

dão sentido ao indivíduo e seu grupo <strong>de</strong> interação (BOURDIEU, 1989<br />

apud VALENCIO, 2009, p.181).<br />

Sugere-se que se informe com antecedência que a população se acha<br />

numa localida<strong>de</strong> sujeita a riscos, mas não basta informar, <strong>de</strong>ve-se <strong>de</strong>senvolver<br />

políticas sociais e habitacionais, recolocando a população <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> riscos em<br />

outras localida<strong>de</strong>s, sob condições <strong>de</strong> moradia a<strong>de</strong>quada.<br />

Costa (apud VALENCIO et al., 2009, p. 237) <strong>de</strong>fine os indivíduos vitimas<br />

dos <strong>de</strong>sastres naturais como refugiados ambientais, como se po<strong>de</strong> observar em<br />

suas palavras:<br />

Em <strong>de</strong>corrência dos efeitos das Mudanças Climáticas,<br />

consi<strong>de</strong>radas como fenômenos socioambientais, espera-se haver efeitos<br />

adversos sobre os ecossistemas, <strong>de</strong>vastando as condições naturais, nas<br />

quais se assentam a reprodução dos mínimos vitais para a sobrevivência<br />

humana. Um novo <strong>de</strong>safio se coloca para tais grupos humanos, como o<br />

<strong>de</strong>, na ausência <strong>de</strong> recursos financeiros para acessar tecnologias<br />

mitigadoras das condições climáticas adversas, necessitarem abandonar<br />

suas terras <strong>de</strong> origem ou vivência. Daí, o surgimento <strong>de</strong> uma nova<br />

categoria <strong>de</strong> refugiados, os chamados “refugiados ambientais”, indivíduos<br />

e grupos ainda não amparados juridicamente no âmbito da legislação<br />

internacional, mas que aumentam o contingente <strong>de</strong> refugiados no mundo.<br />

Esses refugiados ainda são consi<strong>de</strong>rados sujeitos em construção, que<br />

buscam abrigo, e as características <strong>de</strong>sse grupo são afastamento, exclusão e<br />

eliminação dos meios e modos <strong>de</strong> vida. Os refugiados ambientais se constroem<br />

com características únicas e exclusivas <strong>de</strong> um novo sujeito.<br />

Costa (apud VALENCIO et al., 2009, p. 238) salienta ainda que:<br />

A situação <strong>de</strong> refúgio apresenta-se ao indivíduo como uma forma


81<br />

<strong>de</strong> violência velada, gerada pela fragmentação e <strong>de</strong>svalorização do<br />

indivíduo enquanto pessoa humana, através da ruptura com o seu conforto<br />

da relação em que era reconhecido enquanto cidadão, ou seja, enquanto<br />

sujeito portador <strong>de</strong> direitos e <strong>de</strong>veres, cujo papel social era reconhecido<br />

por ele e pela comunida<strong>de</strong> a qual pertencia.<br />

Em resumo, po<strong>de</strong>-se dizer que as consequências <strong>de</strong> uma enchente, além<br />

<strong>de</strong> prejuízo material, provocam transtornos psicossociais, pois o indivíduo afligido<br />

per<strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, seu espaço e, por vezes, fica à mercê da boa vonta<strong>de</strong>, da<br />

carida<strong>de</strong>, da solidarieda<strong>de</strong>, pois em algumas situações escapa apenas com a<br />

roupa do corpo. Enfim, o indivíduo tem sua cidadania e sua dignida<strong>de</strong> ferida,<br />

maculada, pois per<strong>de</strong>u tudo.<br />

Romero e Mendonça (2009) salientam que não são somente as variações<br />

climáticas os fatores responsáveis pelos <strong>de</strong>sastres. Enfatizam que as pessoas<br />

estão vulneráveis, pois a maior parte <strong>de</strong>las que sofreu as consequências dos<br />

<strong>de</strong>sastres naturais como, por exemplo, um <strong>de</strong>smoronamento, residia em locais<br />

impróprios e com maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastre, como aqueles que fixaram<br />

moradia nas encostas dos morros do Rio <strong>de</strong> Janeiro que vieram abaixo entre<br />

<strong>de</strong>zembro e março <strong>de</strong> 2010:<br />

“Essas vulnerabilida<strong>de</strong>s são constituídas por vários fatores, sociais,<br />

culturais, econômicos, políticos e institucionais, são refletidas nas formas e tipos <strong>de</strong><br />

planejamento realizados, na concepção e construção <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s. A falta <strong>de</strong><br />

planejamento urbano, a segregação socioespacial e socioambiental <strong>de</strong> moradores<br />

urbanos, a fraqueza <strong>de</strong> suas instituições <strong>de</strong> controle do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> áreas<br />

urbanas contribui com a criação <strong>de</strong> condições para que todos entrem na lista longa<br />

e crescente <strong>de</strong> afetados (ROMERO E MENDONÇA, 2009).<br />

O planejamento urbano, e principalmente aqueles que elaboram tais<br />

planejamentos, <strong>de</strong>vem conhecer o espaço físico on<strong>de</strong> preten<strong>de</strong>m instalar<br />

moradores, a fim <strong>de</strong> evitar a ocorrência <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sastre em função <strong>de</strong> chuvas<br />

torrenciais ou acima do volume esperado. Enfim, a prevenção consiste na melhor<br />

forma <strong>de</strong> se evitar a ocorrência <strong>de</strong> mortes, <strong>de</strong>struição e <strong>de</strong>sabrigo, pelo fato <strong>de</strong> ter<br />

chovido muito e forte nessa ou naquela região do País.


5 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Esta pesquisa procurou analisar as enchentes urbanas e como a<br />

população administra o risco a <strong>de</strong>sastres naturais em Cuiabá/MT. Foi percebido<br />

que os bairros que normalmente sofrem com enchentes e alagamentos carecem <strong>de</strong><br />

infraestrutura, como a <strong>de</strong> drenagem. Não fosse pela proibição legal, os córregos<br />

po<strong>de</strong>riam ser canalizados, o que reduziria a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recorrência <strong>de</strong> novas<br />

enchentes, bem como <strong>de</strong> problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em razão das inundações.<br />

Procurou-se <strong>de</strong>monstrar que na capital <strong>mato</strong>grossense as enchentes nos<br />

rios e córregos são fator <strong>de</strong> risco para a população resi<strong>de</strong>nte em áreas ribeirinhas e<br />

também nas áreas próximas aos córregos que cortam a malha urbana. Não<br />

obstante, pouco tem sido feito em termos <strong>de</strong> ações preventivas <strong>de</strong>stinadas a<br />

diminuir os efeitos das enchentes, inundações e alagamentos nas áreas mais<br />

vulneráveis.<br />

A Defesa Civil e o IPDU, entre outras entida<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong>riam estabelecer<br />

parcerias com as escolas (públicas e privadas) <strong>de</strong> ensino fundamental e médio, a<br />

fim <strong>de</strong> levarem maior consciência aos futuros cidadãos, quanto à importância <strong>de</strong><br />

manter a cida<strong>de</strong> limpa, pois a sujeira jogada nas calçadas, nas vias públicas, nas<br />

primeiras chuvas a caírem, é levada para <strong>de</strong>ntro dos bueiros, que acabam<br />

entupidos e, consequentemente, as ruas, os bairros são alagados, inundados pelas<br />

águas pluviais, que se misturam com a sujeira e assim <strong>de</strong> risco à vida e à saú<strong>de</strong><br />

humana.<br />

Então, a educação, o treinamento e a prevenção são as melhores maneiras<br />

<strong>de</strong> evitar as consequências graves <strong>de</strong> chuvas torrenciais ou <strong>de</strong> volume<br />

pluviométrico acima da média esperada ou prevista.<br />

Em nível nacional, o programa Drenagem Urbana Sustentável do Ministério<br />

das Cida<strong>de</strong>s (2006) recomenda as várias técnicas para aplicação ecológica do ciclo<br />

da água, das quais <strong>de</strong>stacamos algumas que correspon<strong>de</strong>m à realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuiabá<br />

e que ainda não foram aplicadas, sendo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valia para a socieda<strong>de</strong>.<br />

No entanto, sua implementação exige políticas públicas para a habitação,<br />

83


pois a ocupação irregular impe<strong>de</strong> a execução <strong>de</strong>ssas medidas preventivas. Urge<br />

remover a população das áreas vulneráveis e assentá-las em outro lugar.<br />

As ações preventivas são as seguintes: restauração <strong>de</strong> áreas úmidas;<br />

restauração <strong>de</strong> margens; recuperação da vegetação ciliar; renaturalização <strong>de</strong> rios e<br />

córregos; contenção <strong>de</strong> encostas instáveis; canaletas gramadas ou ajardinadas;<br />

valas <strong>de</strong>ntre outras.<br />

Em vista <strong>de</strong>ssas indicações <strong>de</strong> sábio embasamento técnico, o po<strong>de</strong>r<br />

público <strong>de</strong>veria manter constantemente uma equipe técnica que fizesse um estudo<br />

<strong>de</strong>talhado das realida<strong>de</strong>s das áreas <strong>de</strong> risco, para traçar metas para realizar<br />

projetos preventivos, juntamente com a Defesa Civil <strong>de</strong> todas as instâncias.<br />

Ferramenta <strong>de</strong> extrema importância para estudos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastres naturais, as<br />

geotecnologias auxiliam na prevenção dos <strong>de</strong>sastres naturais. Através das<br />

imagens <strong>de</strong> satélite e GPS é possível prever tais fenômenos com o fim <strong>de</strong> alertar e<br />

evitar que tais <strong>de</strong>sastres atinjam drasticamente o ser humano.<br />

Algumas ferramentas são <strong>de</strong> baixo custo, e os resultados são rápidos. São<br />

elaborados mo<strong>de</strong>los preventivos para dar suporte às tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. Os<br />

dados encontrados mediante mo<strong>de</strong>los matemáticos resultam em mapas <strong>de</strong> perigo,<br />

vulnerabilida<strong>de</strong> e risco (MARCELINO, 2008).<br />

As geotecnologias são úteis tanto na preparação como nas ações <strong>de</strong><br />

resposta ao fenômeno natural, pois os estudos apontam para rotas <strong>de</strong> evacuação,<br />

i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> abrigos e centros <strong>de</strong> operações <strong>de</strong> emergência, criação e<br />

gerenciamento <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> alerta e elaboração <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los meteorológicos e<br />

hidrológicos utilizados na previsão.<br />

Alguns estudiosos afirmam que quanto mais se investe em geotecnologia,<br />

menos impacto sofre a socieda<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>mos perceber esse fato quando<br />

comparamos os <strong>de</strong>sastres que ocorrem em países ricos com aqueles nos países<br />

“pobres”.<br />

Geralmente, nos países ricos, investe-se muito em geotecnologias <strong>de</strong><br />

prevenção, a socieda<strong>de</strong> é alertada previamente, além <strong>de</strong> receber informações<br />

sobre como se proteger dos efeitos nocivos do <strong>de</strong>sastre natural. Em razão <strong>de</strong> tais<br />

medidas, poupam-se muitas vidas. Nos países pobres, ocorre o oposto, estando a<br />

população exposta a toda sorte <strong>de</strong> más consequências das intempéries naturais<br />

84


agravadas por mazelas sociais, como a da <strong>de</strong>sinformação.<br />

Esses pressupostos justificam o interesse em se <strong>de</strong>senvolver esta<br />

pesquisa a respeito das enchentes, inundações e alagamentos que afligem<br />

diversos bairros do município <strong>de</strong> Cuiabá, para que seja possível construir o<br />

mapeamento mental <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> acordo com a percepção da população<br />

vulnerável, sem esgotar as discussões e pesquisas nesta temática.<br />

A análise da percepção <strong>de</strong> risco mostrou que as pessoas ten<strong>de</strong>m a<br />

respon<strong>de</strong>r <strong>de</strong> maneira diferente frente ao perigo a que estão expostas, esse fato se<br />

dá <strong>de</strong>vido ás experiências pessoais como crenças e informações recebidas ao<br />

longo da vida.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

A GAZETA. 80% dos córregos viraram esgoto e crescimento representa mais<br />

riscos. Artigo publicado em 5 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2009. Disponível em:<br />

Acesso em 27 set.<br />

2010.<br />

ALCÂNTARA, L. H.; ZEILHOFER, P. Aplicação <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> geoprocessamento<br />

para avaliação <strong>de</strong> enchentes urbanas: estudo <strong>de</strong> caso – Cáceres, MT. Anais 1º<br />

Simpósio <strong>de</strong> Geotecnologias no Pantanal, Campo Gran<strong>de</strong>, Brasil, 11-15<br />

novembro 2006, Embrapa Informática Agropecuária/INPE, p.18-27. Disponível em:<br />

.<br />

Acesso em 19 abr. 2010.<br />

ANNAN, K. Dia Internacional para a Redução das Catástrofes Naturais. ONU -<br />

Centro Regional <strong>de</strong> Informação da ONU em Bruxelas – RUNIC. 11 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />

2006 - 2ª. Quarta-Feira. Disponível em:<br />

Acesso em 06 mai. 2010.<br />

APMT – Arquivo Público <strong>de</strong> Mato Grosso. Jornal A Cruz. A Ponte e a Barca-<br />

Pêndulo. Cuiabá, 15 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1942. Arquivo Público. Consulta realizada em<br />

16 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2010.<br />

______. Arquivo Público <strong>de</strong> Mato Grosso. Jornal A Pena Evangélica. As<br />

Enchentes. Cuiabá, 14 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1942, n. 752. Arquivo Público. Consulta<br />

realizada em 16 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2010.<br />

______. Arquivo Público <strong>de</strong> Mato Grosso. Jornal O Estado <strong>de</strong> Mato Grosso.<br />

Ministro do interior chegara amanhã a Cuiabá. Cuiabá, (terça-feira), 19 <strong>de</strong><br />

85


março <strong>de</strong> 1974, ano XXXV – n. 6.757. Arquivo Público. Consulta realizada em 28<br />

<strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2010.<br />

______. Arquivo Público <strong>de</strong> Mato Grosso. O Estado <strong>de</strong> Mato Grosso. Inundação:<br />

<strong>de</strong>fesa civil foi montada ontem. Cuiabá, (sexta-feira), 15 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1974, ano<br />

XXXV – n. 6.754. Arquivo Público. Consulta realizada em 28 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2010.<br />

ARAÚJO, Erlon C. R. Análise das áreas <strong>de</strong> preservação permanente <strong>de</strong> beira<br />

<strong>de</strong> córregos e rios do perímetro urbano da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuiabá/MT. Dissertação<br />

<strong>de</strong> Mestrado em Geografia, Departamento <strong>de</strong> Geografia. Cuiabá: UFMT, 2010.<br />

AZEVEDO, E.B. Mo<strong>de</strong>lação do clima insular à escala local. CIELO aplicado a<br />

Ilha Terceira. Tese <strong>de</strong> doutoramento. Universida<strong>de</strong> dos Açores. 1996.<br />

BAHIA, P. A cida<strong>de</strong> e as águas. Revista: Conhecimento Prático Geografia, p. 22<br />

Edição nº 24, ISSN 977-1806-859-6 Editora Oceano, 2009.<br />

BANCOS DE DADOS INTERNACIONAIS: Emergency Events Database (EM-DAT)<br />

- Centre for Research on the Epi<strong>de</strong>miology of Disasters (CRED); NatCat mantido<br />

pelo Munich Reinsurance Company, (Swiss Reinsurance Company; NASA e<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Dartmouth, EUA.<br />

BARBIERI, D. W; FERREIRA C.C; SAITO, S. M.; SAUSEN, T. M; HANSEN, M. A.<br />

F. Relação entre os <strong>de</strong>sastres naturais e as anomalias <strong>de</strong> precipitação para a<br />

região sul do Brasil. Anais XIV Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Sensoriamento Remoto.<br />

25 a 30 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2009. Natal/RN: INPE, 2009. p. 3527 – 3534.<br />

BERBET, C. O. O ano internacional do planeta terra e o clima. Revista Plenarium,<br />

v. n.5, p.168-177, out. 2008, p.171. Disponível em:<br />

Acesso em 19 abr. 2010.<br />

BIGARELLA, J. J. Estrutura e origem das paisagens tropicais e subtropicais.<br />

Florianópolis: Ed. da UFSC, 2003. v. 3.<br />

BORD, R. J, FISHER, A, O’CONNOR, R. E. Public perceptions of global warning:<br />

United States and international perspectives. Climate Research, v. 11, p. 75-84,<br />

1998.<br />

BRASIL. Ministério das Cida<strong>de</strong>s. Programa Drenagem Urbana Sustentável –<br />

Manual para apresentação <strong>de</strong> propostas. 2006. Disponível em:<br />

Acesso em 13set. 2010.<br />

BRASIL. Ministério da Integração Nacional (MI). Secretaria Nacional <strong>de</strong> Defesa<br />

Civil (SEDEC). Conferência geral sobre <strong>de</strong>sastres: para prefeitos, dirigentes <strong>de</strong><br />

instituições públicas e privadas e lí<strong>de</strong>res comunitários. Brasília: MI, 2007.<br />

Disponível em: Acesso<br />

em 07 ago. 2010.<br />

86


CALLEGARI-JACQUES, S. M. Bioestatíscas: princípios e aplicações. Porto<br />

Alegre: Artmed, 2003.<br />

CARTA GEOTÉCNICA DE CUIABÁ (Módulo I). Estudos Básicos para o<br />

planejamento <strong>de</strong> Cuiabá: diagnóstico do meio físico, do meio vivo (flora e fauna),<br />

economia, população, interpretação social da cida<strong>de</strong>. Cuiabá: FUFMT –Prefeitura<br />

Municipal <strong>de</strong> Cuiabá, 1990.<br />

CERVO, L. A. Metodologia cientifica. 4 ed. São Paulo Bervian,1996.<br />

CHILETTO, Eduardo Cairo. Caracterização climática da região do Lago do<br />

Manso: um estudo comparativo com a área urbana da gran<strong>de</strong> Cuiabá.<br />

Dissertação <strong>de</strong> mestrado. Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato Grosso, ICET, 2005.<br />

CHIZZOTTI, A. Pesquisas em <strong>ciências</strong> <strong>humanas</strong> e sociais. 5 ed. São Paulo:<br />

Cortez, 2001.<br />

CLUBE DE ENGENHARIA DE PERNAMBUCO. Roberto Numeriano abre Ciclo<br />

<strong>de</strong> Debates no Clube <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Pernambuco. Disponível em:<br />

<br />

Acesso 30 jun. 2010.<br />

CUIABÁ, Prefeitura. Instituto <strong>de</strong> Planejamento e Desenvolvimento Urbano-IPDU.<br />

Diretoria <strong>de</strong> Pesquisa e Informação-DPI. Perfil socioeconômico dos bairros <strong>de</strong><br />

Cuiabá. Cuiabá-MT, 2007.<br />

______. Prefeitura. Instituto <strong>de</strong> Planejamento e Desenvolvimento Urbano-IPDU.<br />

Diretoria <strong>de</strong> Pesquisa e Informação-DPI. Perfil socioeconômico <strong>de</strong> Cuiabá,<br />

volume IV. Cuiabá-MT: Editora Contexto, 2009.<br />

CUNHA FILHO, M. S. A. História <strong>de</strong> Cuiabá. Cuiabá/MT: Atalaia, 2003.<br />

CUNHA, J. M. P. da. Dinâmica Migratória e o processo <strong>de</strong> ocupação do Centro-<br />

Oeste brasileiro. R. Bras. Est. Pop. Vol. 23, n 1. p. 87-107, jan-jun. São Paulo/SP,<br />

2006.<br />

CUNHA, S. B; GUERRA, A. J. T. Geomorfologia do Brasil. 3. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />

Bertrand Brasil, 2003.<br />

CURI, L. Em Angra dos Reis, água da chuva penetrou tanto o solo quanto a<br />

rocha, segundo especialista. O GLOBO - G1, 04/01/2010 às 17h00m. Disponível<br />

em: <br />

Acesso em 07 mai. 2010.<br />

DANTAS, M. E.; SHINZATO, E.; SCISLEWSKI, G.; THOMÉ FILHO, J. J.; ROCHA,<br />

G. A.; CASTRO JUNIOR, P. R. <strong>de</strong>; SALOMÃO, F. X. T.<br />

Diagnóstico Geoambiental<br />

87


da Região <strong>de</strong> Cuiabá / Várzea Gran<strong>de</strong> e Entorno (MT). In: CONGRESSO<br />

BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 43., 3-8 set. 2006, Aracaju. Disponível em:<br />

. Acesso em<br />

16 jun. 2010.<br />

DEFESA CIVIL. Defesa Civil em Mato Grosso. Disponível em<br />

http://www.<strong>de</strong>fesacivil.mt.gov.br. Acesso em 10/08//2010.<br />

______. Defesa Civil em Santa Catarina: Enchentes 2008. Disponível em<br />

http://www.<strong>de</strong>sastre.sc.gov.br/in<strong>de</strong>x.php. Acesso em 18/08//2010.<br />

DIÁRIO DE CUIABÁ. Governo vai recuperar a ponte <strong>de</strong> ferro do Coxipó e Igreja<br />

da Guia. Cultura 03/04/2006 17:52. Disponível em:<br />

Acesso em 28 set.<br />

2010.<br />

DIÁRIO DE PERNAMBUCO. Barragens para evitar enchentes. 27/junho/2010<br />

Disponível em:<br />

Acesso 30<br />

jun. 2010.<br />

EM-DAT The International Disaster Database. Desastres Naturais registrados<br />

entre 1956 e meados <strong>de</strong> 2009 no Brasil. Disponível em: .<br />

Consultado em abril <strong>de</strong> 2009.<br />

FERNANDES S. C. G. N.; RODRIGUES SILVA, R.; MOURA, S. T. E OLIVEIRA, R.<br />

M. F. Aspectos epi<strong>de</strong>miológicos da dirofilariose canina no perímetro urbano<br />

<strong>de</strong> Cuiabá, Mato Grosso: emprego do “Immunoblot” e do teste Knott<br />

modificado. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci. Vol. 37 nº 6 São Paulo/SP, 2000.<br />

FEUERHARMMEL, A. R., SANTOS, J. A. L. dos., RODRIGUES, P. Aplicação da<br />

Carta Geotécnica <strong>de</strong> Cuiabá. Ver. IG. Sáo Paulo-SP, Volume Especial, 1995.<br />

FNMA/MMA – Fundo Nacional do Meio Ambiente. Relatório Final: Implicações<br />

Sócio-ambientais do <strong>de</strong>senvolvimento urbano sobre as populações <strong>de</strong> Cuiabá e<br />

Várzea Gran<strong>de</strong>/MT. UFMT/ICHS, Coor<strong>de</strong>nadora Geral; Profª. Drª. Regina Beatriz<br />

Guimarães Neto (Historiadora) Cuiabá/MT, 1998.<br />

GAZETA DE CUIABÁ. Cuiabá terá a 3º maior enchente da história. Artigo<br />

publicado em 21/03/2006, consulta realizada em 25/09/2010 Disponível<br />

em:. Acesso em 27 set. 2010.<br />

GIL, A. C. Métodos e técnicas <strong>de</strong> pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2001.<br />

GONÇALVES, E. P. Conversa sobre iniciação uma pesquisa científica. 3. ed.<br />

Campinas-SP: Alínea, 2003.<br />

GORZONI, P. Os nossos <strong>de</strong>sastres naturais. Revista: Conhecimento Prático<br />

88


Geografia, p. 45 Edição nº 31, ISSN 1984-0101, Editora Araguaia, 2010.<br />

IBGE – Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística. Estimativa populacional.<br />

. Acesso em 20 jul. 2010.<br />

IPDU; Cuiabá, Prefeitura Municipal <strong>de</strong>. Perfil Sócioeconômico <strong>de</strong> Cuiabá. Vol. III,<br />

Central do Texto, Cuiabá, 2007.<br />

ISDR, United Nations International Strategy for Disaster Reduction. Press<br />

Release, 2002.<br />

JANUÁRIO, E. R. da S. Memórias do Beira-Rio. Cáceres/MT: Unemat, 2006.<br />

JUNIOR, P. R. <strong>de</strong> C; MIGLIORINI, R. B; SALOMÃO, X. T; VECCHIATO, A. B.<br />

Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> relevo da bacia do rio Cuiabá e suas relações com os recursos<br />

hídricos. I Simpósio <strong>de</strong> Recursos Hídricos do Norte e Centro-Oeste. Cuiabá, 2007<br />

Disponível em:<br />

http://www.abrh.org.br/novo/i_simp_rec_hidric_norte_centro_oeste.php Acesso em<br />

Acesso em 20 jul. 2010.<br />

JUSBRASIL POLÍTICA. Ampliação do córrego do Gambá põe fim a antigo<br />

problema <strong>de</strong> enchentes. Extraído <strong>de</strong>: Prefeitura <strong>de</strong> Cuiabá - 09 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong><br />

2010. Disponível em: <br />

Acesso em 19 abr.<br />

2010.<br />

KOBIYAMA, M.; MENDONÇA, M.; MORENO, D. A.; et al. Prevenção <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sastres naturais: conceitos básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006.<br />

LAKATOS. E. M.; MARCONI, M. <strong>de</strong> A. Técnicas <strong>de</strong> pesquisa: planejamento e<br />

execução <strong>de</strong> pesquisa, amostragens e técnicas <strong>de</strong> pesquisas, elaboração, análise<br />

e interpretação <strong>de</strong> dados. 6. ed. São Paulo: ATLAS, 2001.<br />

MACHADO, M. S; MACHADO, S. W. S.; COHEN, S. C. A rota das chuvas em<br />

Petrópolis: cenário <strong>de</strong> inundação. V Seminário Internacional <strong>de</strong> Defesa Civil –<br />

DEFENCIL. Anais Eletrônicos. São Paulo/SP, 18 a 20/Nov/2009.<br />

MAITELLI, G.T. Uma Abordagem Tridimensional <strong>de</strong> Clima Urbano em Área<br />

Tropical Continental: o exemplo <strong>de</strong> Cuiabá-MT. Tese <strong>de</strong> Doutorado,<br />

Departamento <strong>de</strong> Geografia, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 1994, 200 p.<br />

MAITELLI, G. T.; CHILETTO, E..; ALMEIDA JUNIOR, N. L. <strong>de</strong>; CHILETTO, R.<br />

Intensida<strong>de</strong> da ilha <strong>de</strong> calor em Cuiabá/MT, na estação chuvosa. Instituto <strong>de</strong><br />

Bio<strong>ciências</strong>, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato, 2009. Disponível em:<br />

Acesso<br />

em 19 abri. 2010.<br />

MAITELLI, G.T.; ZAMPARONI, A.G.P.; LOMBARDO, M. A. As ilhas <strong>de</strong> calor <strong>de</strong><br />

89


Cuiabá/MT.. Revista da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Maringá, Maringá/PR, 1991.<br />

MARCELINO, E. V.; NUNES, L. H.; KOMBYANA, M. Mapeamento <strong>de</strong> risco <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sastres naturais do estado <strong>de</strong> Santa Catarina. Caminhos <strong>de</strong> Geografia 8 (17)<br />

72 – 84, fev/2008.<br />

MARCELINO, E. V. Desastres naturais e geotecnologias: <strong>de</strong>sastres conceitos<br />

básicos. INPE: Santa Maria, 2007. Disponível em:<br />

<br />

Acesso em 07 ago. 2010.<br />

MATO GROSSO. Secretaria <strong>de</strong> Planejamento do Estado <strong>de</strong> Mato Grosso.<br />

Anuário Estatístico.Cuiabá/MT, 2007.<br />

MIDIANEWS. De olho no tempo. Enchente castiga sete municípios <strong>de</strong> Mato<br />

Grosso. Disponível em:<br />

http://www<strong>de</strong>olhonotempo.blogspot.com/2010/02/enchente-castiga-7-municipios<strong>de</strong>-<strong>mato</strong>.html<br />

Acesso em 10 ago. 2010.<br />

MINAYO, M. C. S. (org.) Pesquisa social: teoria, método e criativida<strong>de</strong>. Petrópolis:<br />

Vozes, 2007.<br />

MIRANDA, J. M.; BAPTISTA, M. A. Riscos naturais. Instituto Dom Luiz, Draft<br />

Sunday, 05 Novembro 2006. Disponível em:<br />

Acesso em 04 mai. 2010.<br />

MONTEIRO NETO, M. Especialistas alertam que o rio Cuiabá po<strong>de</strong> provocar<br />

enchente maior que a <strong>de</strong> 1974. Da redação do site TVCA - TV Centro América,<br />

Notícias, Cida<strong>de</strong>, 18/3/2009 - 09:50:00. Disponível em:<br />

Acesso 27 set.<br />

2010.<br />

MORENO, G.; HIGA, T. C. S. Geografia <strong>de</strong> Mato Grosso: território, socieda<strong>de</strong>,<br />

ambiente. Colaboradora Maitelli, G. T. Cuiabá/MT, Entrelinhas, 2005.<br />

MOURA, E. F. Percepção climática nas áreas <strong>de</strong> risco do município do<br />

Guarujá-SP. Instituto <strong>de</strong> Geo<strong>ciências</strong>, Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Campinas,<br />

Monografia, Campinas/SP, 2008.<br />

NAMIKAWA, L. M. et al. Mo<strong>de</strong>lagem numérica <strong>de</strong> terrena e aplicações. INPE,<br />

São José dos Campos, 2003.<br />

NETO, C. S. V.; MORENO, G.; HIGA, T. C. S. Geografia <strong>de</strong> Mato Grosso:<br />

território, socieda<strong>de</strong>, ambiente. Cuiabá/MT: Entrelinhas, 2005.<br />

O ESTADO DE MATO GROSSO. Diário Matutino. Inundação: Defesa Civil foi<br />

montada ontem – Já é calamida<strong>de</strong> no Bairro do Terceiro. Ano XXXV – Nº<br />

6.754, Cuiabá, 15/03/1974 Editora Cuiabá LTDA.<br />

90


OLIVEIRA, F. L. <strong>de</strong>; NUNES, L, H. A percepção climática no município <strong>de</strong><br />

Campinas – SP:confronto entre o morador urbano e o rural. Geosul v. 22, n.<br />

43, p. 77-102, 2007.<br />

OLIVEIRA, L.; MACHADO, L. M. C. P. Percepção, Cognição, Dimensão Ambiental<br />

e Desenvolvimento com Sustentabilida<strong>de</strong>. In: VITTE, A.C., GUERRA, A.J.T. (org).<br />

Reflexões sobre a Geografia Física do Brasil. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Bertrand Brasil,<br />

2004.<br />

PÁGINA ÚNICA. Famílias per<strong>de</strong>m tudo com enchentes em Mato Grosso. Geral,<br />

19 a 25 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2010, p.12. Disponível em:<br />

<br />

Acesso em 19 abr. 2010.<br />

PARK, C. Environmental Hazards. s/l, Lancaster University, 1991.<br />

PERNAMBUCO. Pernambuco vai enfrentar enchentes, domingo, 1 <strong>de</strong> fevereiro<br />

<strong>de</strong> 2009. Disponível em:<br />

<br />

Acesso 30 jun. 2010.<br />

PAULA, Elaine Baptista <strong>de</strong> Matos et al. (Orgs.). Manual para elaboração e<br />

normalização <strong>de</strong> Dissertações e Teses. 3. ed. rev., atual. e ampl. (Série Manuais<br />

<strong>de</strong> Procedimentos, 5). Rio <strong>de</strong> Janeiro: SiBI/UFRJ, 2008. 102 p.<br />

PINHO, J.G. DE, A evolução da intensida<strong>de</strong> da ilha <strong>de</strong> calor em Cuiabá-MT:<br />

1990 a 2002. Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso, Bacharelado em Geografia,<br />

Departamento <strong>de</strong> Geografia, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato Grosso, 2003.<br />

PINHO, J.G. <strong>de</strong>, Uso do solo, ilha <strong>de</strong> calor e distribuição espacial da chuva na<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuiabá/MT. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado em Geografia, Departamento <strong>de</strong><br />

Geografia, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato Grosso, 2008.<br />

PINTO, A. L.; CARVALHO, E.M. <strong>de</strong>; SILVA, P. V. <strong>de</strong>. Riscos naturais e carta <strong>de</strong><br />

riscos ambientais: um estudo <strong>de</strong> caso da bacia do córrego fundo,<br />

Aquidauana/MS. Cli<strong>mato</strong>logia e estudos da paisagem. Rio Claro, v.2, n.1,<br />

janeiro/junho/2007. Disponível em:<br />

Acesso em<br />

05 mai. 2010.<br />

PINTO, J. SES alerta população para cuidados com a saú<strong>de</strong> em época <strong>de</strong><br />

enchentes. JESIEL PINTO/Assessoria/SES-MT, Manchetes, 26/02/2008 -<br />

11h04min. Disponível em:<br />

<br />

27 set. 2010.<br />

Acesso<br />

RB AMBIENTAL. Relatório <strong>de</strong> Impacto Humano: Mudanças climáticas 2009.<br />

Disponível em http://rbambiental.blogspot.com/2009/06/relatorio-<strong>de</strong>-impacto-<br />

91


humano-mudancas.html><br />

Acesso em 10 set. 2010.<br />

RIOS, D. R. Mini dicionário escolar da língua portuguesa. São Paulo: DCL,<br />

2006.<br />

RODRIGUES, A.; JUNQUEIRA, A.; SARAIVA, A.; AULER, M.; BARSETTI, S.;<br />

WERNECK, F. Total <strong>de</strong> mortos em Angra dos Reis-RJ chega a 26. Estadão,<br />

Agência Estado 01 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2010 | 19h 21. Disponível em:<br />

< http://www.estadao.com.br/noticias/geral,total-<strong>de</strong>-mortos-em-angra-dos-reis-rjchega-a-26,489491,0.htm><br />

Acesso 06 mai. 2010.<br />

RODRIGUES C. Usina <strong>de</strong> Manso <strong>de</strong>scarta abertura <strong>de</strong> comportas. Enchentes,<br />

03/03/2010 - 17h24. Disponível em:<br />

Acesso em 27 set. 2010.<br />

RODRIGUES, F. Figuras e coisas <strong>de</strong> nossa Terra - Cuiabá. São Paulo: Gráfica<br />

Mercúrio, 1959.<br />

RODRIGUES, R.A; CASTRO S.S. A estrutura espacial das chuvas <strong>de</strong> Araguari<br />

(MG), durante a estação chuvosa 2001-2005. Ver. Geogr. Acadêmica vol. 2, n 1<br />

(vi 2008) p. 43 – 45. Disponível pelo site: http://geograficaaca<strong>de</strong>mica.webng.com><br />

Acesso 06 mai. 2010.<br />

ROMERO, H.; MENDONÇA, M. Análisis comparativo <strong>de</strong> los factores naturales<br />

y urbanos <strong>de</strong> las inundaciones ocurridas en las ciuda<strong>de</strong>s costeras <strong>de</strong><br />

valparaiso y Florianópolis. Simposio Internacional Dessarollo Ciudad y<br />

Sostenibilida<strong>de</strong>, 28, 29 y 30 <strong>de</strong> Octubre <strong>de</strong> 2009, Universidad Politécnica <strong>de</strong><br />

Madrid, Departamentod e Urbanística y Or<strong>de</strong>nación Del Territorio, Universidad <strong>de</strong><br />

La Serena, Departamento <strong>de</strong> Arquitectura, La Serena, Chile, 2009.<br />

SANTOS, A. C. dos; CASTRO Jr., P. R.<strong>de</strong> (coord.). Carta geotécnica <strong>de</strong> Cuiabá.<br />

Cuiabá, MT: Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato Grosso, centro <strong>de</strong> <strong>ciências</strong> sociais –<br />

prefeitura da capital, <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1990.<br />

SANTOS, E. E. Uso e ocupação do solo e enchentes urbanos em área tropical:<br />

o exemplo <strong>de</strong> Cuiabá/MT. UFMT/Instituto <strong>de</strong> Bio<strong>ciências</strong>. Mestrado em Ecologia em<br />

Conservação da Biodiversida<strong>de</strong>. 2002, Cuiabá/MT Orientadora: Prof.ª Drª Gilda<br />

Tomasini Maitelli.<br />

SANTOS, R. C. Geógrafo mostra relação da história da urbanização com<br />

enchentes em Campinas. Jornal da UNICAMP – Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong><br />

Campinas. 25 <strong>de</strong> setembro a 1º <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2006, Campinas/SP.<br />

SHIRASHI, F. K. Avaliação do efeito da construção do APM Manso no controle<br />

das cheias nas áreas urbanas da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuiabá e Várzea Gran<strong>de</strong> – MT.<br />

Tese, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro/COOPE, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2003.<br />

92


SOBRINHO, A. <strong>de</strong> S. As inundações e os or<strong>de</strong>namento do território em Portugal.<br />

Serviços <strong>de</strong> recursos hídricos da COBA, S.A.R.L., 1980 apud AZEVEDO, J.<br />

Situações <strong>de</strong> risco: cheias e inundações, 1995 Disponível em:<br />

Acesso<br />

em 07 ago. 2010.<br />

SOUZA, C. R.<strong>de</strong> G. Risco a inundações, enchentes e alagamentos em regiões<br />

costeiras. In Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Desastres Naturais. Florianópolis:<br />

GEDN/USFC, 2004 (CD ROM).<br />

STEVENS, P. O & MENESES, L.F. Elaboração <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los numéricos do<br />

terreno no spring representando o relevo da bacia hidrográfica do Rio Aratú.<br />

Anais – III Simpósio Regional <strong>de</strong> Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto<br />

Aracaju/SE, 25 a 27 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2006. Disponível em:<br />

Acessado em<br />

10 mai. 2010.<br />

TOBIN, G. A., MONTZ, B. E. Natural hazards – explanation an integration. New<br />

York: Guilford Press, 1997.<br />

TOMINAGA, L. K.; SANTORO, J.; AMARAL, R. do (orgs.). Desastres naturais:<br />

conhecer para prevenir. São Paulo: Instituto Geológico, 2009.<br />

TUAN, Y. Espaço e lugar. São Paulo: Editora Difel, 1980.<br />

TUCCI, C. E. M. Plano diretor <strong>de</strong> drenagem urbana: princípios e concepção.<br />

Revista brasileira <strong>de</strong> recursos hídricos. Porto Alegre: ABRH, v. 2, n. 2, p. 5 – 12,<br />

1997.<br />

TUCCI, C. E. M.; MARQUES, D. M. L. M. (org) Avaliação e controle da drenagem<br />

urbana. Porto Alegre: Editora da Universida<strong>de</strong>/UFRGS, 2000.<br />

TV CENTRO AMÉRICA. Moradores sofrem com enchente no Parque Atalaia,<br />

em Cuiabá. Thiago Foresti, redação site TVCA, Cida<strong>de</strong>s, 14/2/2010 - 18:47:00.<br />

Disponível em: <br />

Acesso em 19 abr. 2010.<br />

UNDP – United Nations <strong>de</strong>velopment programme. Reducing disaster risk: a<br />

challenge for <strong>de</strong>velopment. New York, USA, 2004. 129 p.<br />

UNISDR – United Nations International Strategy for Disaster Reduction. Press<br />

Release 2009/01.<br />

VALENCIO, N.; SIENA, M.; MARCHEZINI, V.; GONÇALVES, J. C. (orgs).<br />

Sociologia dos <strong>de</strong>sastres. Construção, interfaces e perspectivas no Brasil. São<br />

Calos, SP: Rima Editora, 2009.<br />

93


VEYRET, Y. O homem como agressor e vítima do meio ambiente. São Paulo:<br />

Contexto, 2007.<br />

WHITE, G. F. Natural Hazards: local, national, global. New York: Oxford University<br />

Press, 1974.<br />

WILCHES CHAUX. Disasters and the environment. Disaster Management<br />

Training Programe, United Nations Development Programme. New York, 1995.<br />

WOLLMANN, C. A.; SARTORI, M. da G. B. O estudo das enchentes nas<br />

diferentes linhas <strong>de</strong> pesquisa da geografia física – uma revisão teórica. UFSM<br />

– RS, 2004. Disponível em:<br />

Acesso em 07 ago. 2010.<br />

WORLDWATCH INSTITUTE (WWI). A ativida<strong>de</strong> humana agrava <strong>de</strong>sastres<br />

naturais. UMA-Universida<strong>de</strong> Livre da Mata Atlântica 2001. Disponíveis em:<br />

Acesso em 05 ago.<br />

2010.<br />

ZACARIAS, G. M. As responsabilida<strong>de</strong>s na <strong>de</strong>cretação <strong>de</strong> situação <strong>de</strong><br />

emergência ou estado <strong>de</strong> calamida<strong>de</strong> pública. Florianópolis: Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina, Outubro <strong>de</strong> 2005.<br />

ZAMPARONI, C. A. G. P. Eventos climáticos extremos. Gazeta Digital.<br />

24/08/2010 Acesso em 24 ago.<br />

2010.<br />

ZIMMERMANN, R. & SCHONS, S. M. Mudanças climáticas e a pobreza – para<br />

além da Agenda 21. Seminário Internacional “Experiências <strong>de</strong> Agenda 21: Os<br />

<strong>de</strong>safios do nosso tempo”. 27 a 29/11/2009, Ponta Grossa/PR, 2009.<br />

94


ANEXOS<br />

95


Anexo 1 - Formulário <strong>de</strong> Entrevista: “Padrões socioespaciais na percepção<br />

<strong>de</strong> risco a eventos atmosféricos”<br />

Nome:<br />

Tempo <strong>de</strong> Residência:<br />

Município <strong>de</strong> Nasc:<br />

Sexo:<br />

Escolarida<strong>de</strong>:<br />

Faixa Etária: ( ) 21-25 ( ) 26-30 ( ) 31-35 ( ) 36-40 ( ) 41-45<br />

( ) 46-50 ( ) 51-55 ( ) 56-60 ( ) 61-65 ( ) 66 anos ou mais<br />

Recusou-se a respon<strong>de</strong>r ( )<br />

1- O(A) senhor(a) gosta do local on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>?<br />

2- Qual a influência do clima em sua vida?<br />

3- Que tipo <strong>de</strong> situação atmosférica lhe traz algum incômodo? Em que<br />

período acontece com mais frequência?<br />

atmosférico?<br />

4- Em quais meses o (a) senhor (a) percebe maiores alterações do tempo<br />

5- No seu dia a dia para saber a previsão do tempo, o(a) senhor(a) se<br />

orienta consultando meios <strong>de</strong> comunicação ou observa as situações atmosféricas?<br />

6- O (A) senhor (a) acha que o tempo e o clima variam mais hoje do que no<br />

passado? Por quê?<br />

7- O (a) senhor (a) já vivenciou alguma situação relativa a condições <strong>de</strong><br />

tempo que lhe causou transtorno ou perigo?<br />

esses eventos?<br />

8- Caso positivo, como foi e quando? Houve perdas materiais / <strong>humanas</strong>?<br />

9- Como o (a) senhor(a) avalia a atuação do po<strong>de</strong>r público em relação a<br />

10- Existe alguma ação <strong>de</strong> sua coletivida<strong>de</strong> com vistas a solucionar os<br />

problemas que acontecem por causa <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> tempo e clima?<br />

local?<br />

11- Caso positivo, ela conta com algum tipo <strong>de</strong> participação do governo<br />

12- Há algo mais que o (a) senhor(a) queira acrescentar sobre o assunto?<br />

13- Local e Data da Aplicação:<br />

96


Anexo 2 – Enchentes do rio Cuiabá, Jornal “A Cruz” <strong>de</strong> 26/IV/1942<br />

97


Anexo 3 – Inundação, Defesa Civil foi montada ontem, Jornal “O Estado <strong>de</strong> Mato<br />

Grosso” <strong>de</strong> 15/03/1974.<br />

98

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!