incentivo às organizações na contratação e valorização de ... - Faag
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FACULDADE DE AGUDOS - FAAG<br />
GABRIEL PIMENTEL MOLINA<br />
LAIS TAMBORELLI DE CASTRO<br />
INCENTIVO ÀS ORGANIZAÇÕES NA CONTRATAÇÃO E<br />
VALORIZAÇÃO DE EX-PRESIDIÁRIOS: ESTUDO DE CASO<br />
MÚLTIPLO EM EMPRESAS DO CENTRO OESTE PAULISTA<br />
AGUDOS/SP<br />
2010
GABRIEL PIMENTEL MOLINA<br />
LAIS TAMBORELLI DE CASTRO<br />
INCENTIVO ÀS ORGANIZAÇÕES NA CONTRATAÇÃO E<br />
VALORIZAÇÃO DE EX-PRESIDIÁRIOS: ESTUDO DE CASO<br />
MÚLTIPLO EM EMPRESAS DO CENTRO OESTE PAULISTA<br />
Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso<br />
apresentado como exigência para<br />
obtenção do título <strong>de</strong> Bacharel em<br />
Administração pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Agudos.<br />
Orientadora: Profª M.Sc. Sandra Hele<strong>na</strong><br />
Gramuglia Parré<br />
AGUDOS/SP<br />
2010
GABRIEL PIMENTEL MOLINA<br />
LAIS TAMBORELLI DE CASTRO<br />
INCENTIVO ÀS ORGANIZAÇÕES NA CONTRATAÇÃO E<br />
VALORIZAÇÃO DE EX-PRESIDIÁRIOS: ESTUDO DE CASO<br />
MÚLTIPLO EM EMPRESAS DO CENTRO OESTE PAULISTA<br />
Monografia apresentada como requisito parcial para a<br />
obtenção do título em Bacharel em Administração pela<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Agudos – FAAG.<br />
BANCA EXAMINADORA<br />
________________________<br />
Orientador: Profª M.Sc. Sandra Hele<strong>na</strong> Gramuglia Parré<br />
_______________________<br />
Prof. M.Sc. Val<strong>de</strong>nei Garcia Ferreira<br />
_______________________<br />
Prof. Esp. Zenildo Luiz <strong>de</strong> Abreu<br />
Agudos, 15 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2010.
À minha mãe Deusa, meu pai Siberval, ao meu<br />
irmão Guilherme, ao meu amigo e irmão Taher e à<br />
todos meus amigos por todo apoio, paciência e<br />
<strong>incentivo</strong>. Á minha amiga e companheira <strong>de</strong> trabalho<br />
Lais, por estar presente em mais uma das fases <strong>de</strong><br />
minha vida.<br />
Gabriel Pimentel Moli<strong>na</strong><br />
Aos meus pais Marcos e Dalva, meu irmão Luan, e<br />
<strong>às</strong> minhas amigas Jéssica, Fer<strong>na</strong>nda, Daniela e<br />
A<strong>na</strong>, pelo apoio e por estarem sempre ao meu lado.<br />
Ao meu amigo Gabriel pela compreensão nos<br />
momentos difíceis e pela satisfação <strong>de</strong> ter realizado<br />
esse trabalho juntos.<br />
Lais Tamborelli <strong>de</strong> Castro
AGRADECIMENTOS<br />
Primeiramente agra<strong>de</strong>cemos a Deus por ter nos dado paciência e sabedoria<br />
nos momentos em que mais precisamos.<br />
Aos nossos pais, que contribuíram com <strong>incentivo</strong>, <strong>de</strong>dicação e principalmente<br />
compreensão nos momentos difíceis e <strong>de</strong> ausência.<br />
Não po<strong>de</strong>mos esquecer <strong>de</strong> mencio<strong>na</strong>r os amigos que fizemos nesses quatro<br />
anos, que marcaram nossas vidas e que ficarão para sempre em nossa memória.<br />
Gostaríamos <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer em especial, à nossa orientadora e amiga, Profª<br />
MS. Sandra Hele<strong>na</strong> Gramuglia Parré, pelas excelentes orientações, <strong>de</strong>dicação,<br />
responsabilida<strong>de</strong> e pelos ensi<strong>na</strong>mentos que levaremos por toda nossa vida.
A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho origi<strong>na</strong>l.<br />
Albert Einsten, 1926.
RESUMO<br />
Atualmente, as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reinserção ao mercado <strong>de</strong> trabalho oferecidas aos<br />
ex-presidiários são bastante escassas. A maior barreira <strong>na</strong> <strong>contratação</strong> <strong>de</strong>sse perfil<br />
<strong>de</strong> colaborador ainda é o preconceito. Deste modo, o estudo em questão, teve por<br />
objetivo incentivar e orientar empresários <strong>na</strong> <strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-<strong>de</strong>tentos. Para tanto,<br />
foi aplicada uma pesquisa com empresários das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Bauru e Agudos on<strong>de</strong><br />
foram coletados os dados. Os resultados obtidos mostraram que além do<br />
preconceito, o <strong>de</strong>sinteresse e a falta <strong>de</strong> informação sobre o tema também<br />
influenciam <strong>na</strong> <strong>contratação</strong>. Assim, a partir da análise dos resultados, foram<br />
encaminhadas <strong>às</strong> empresas participantes e a outras empresas da região,<br />
informações para esclarecimentos e conhecimento a fim <strong>de</strong> envolvê-las com os<br />
projetos, ações e órgãos facilitadores.<br />
Palavras-chave: Ex-presidiários; Contratação; Incentivo; Preconceito; Reinserção.
ABSTRACT<br />
Currently, opportunities for reintegration into the labor market offered to ex-cons are<br />
pretty slim. The biggest hurdle in the hiring of that employee's profile is still prejudice.<br />
Thus, the study in question, aimed to encourage and gui<strong>de</strong> employers in hiring exoffen<strong>de</strong>rs.<br />
To that end, we applied a survey of entrepreneurs in Bauru and Agudos<br />
where the data were collected. The results showed that addition of prejudice,<br />
indifference and lack of information on the subject also influence recruitment. Thus,<br />
from the a<strong>na</strong>lysis of the results were sent to participating companies and other<br />
enterprises, information for clarification and knowledge in or<strong>de</strong>r to involve them with<br />
the projects, actions and bodies facilitators.<br />
Key-words: Ex-convicts; Hiring, Promotion, Prejudice, Rehabilitation.
LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS<br />
Tabela 1 – Os tipos <strong>de</strong> prisão conforme a lei pe<strong>na</strong>l brasileira .............................. 18<br />
Gráfico 1 – Contratação <strong>de</strong> ex-presidiários .......................................................... 28<br />
Gráfico 2 – Conhecimento <strong>de</strong> empresas que contratam ex-presidiários .............. 29<br />
Gráfico 3 – Conhecimento <strong>de</strong> projetos e <strong>incentivo</strong>s do governo .......................... 30<br />
Gráfico 4 – Motivos que levam uma empresa a contratar ex-presidiários ........... 31<br />
Gráfico 5 – Razões que impe<strong>de</strong>m as empresas a contratarem ex-presidiários ... 32<br />
Gráfico 6 – Benefícios <strong>na</strong> <strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-presidiários .................................... 33<br />
Gráfico 7 – Informações <strong>na</strong> <strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-presidiários ................................. 34<br />
Gráfico 8 – Incentivos que a empresa gostaria <strong>de</strong> receber <strong>na</strong> <strong>contratação</strong> ........ 35<br />
Gráfico 9 – Projetos <strong>de</strong> capacitação realizados <strong>na</strong>s prisões ................................ 36<br />
Gráfico 10 – ONGs ou órgãos gover<strong>na</strong>mentais que trabalham <strong>na</strong> ressocialização<br />
<strong>de</strong> ex-presidiários ................................................................................................. 37<br />
Gráfico 11 – A recuperação no sistema prisio<strong>na</strong>l ................................................. 38
SUMÁRIO<br />
1 SITUAÇÃO PROBLEMA ........................................................................................ 10<br />
1.1 Introdução ............................................................................................................ 10<br />
1.2 Caracterização da situação problema ................................................................. 11<br />
1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................ 11<br />
1.3.1 Objetivo geral ............................................................................................ 11<br />
1.3.2 Objetivos específicos................................................................................. 11<br />
1.4 Justificativa ........................................................................................................... 12<br />
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................. 13<br />
2.1 História do sistema prisio<strong>na</strong>l ................................................................................ 13<br />
2.1.1 O sistema prisio<strong>na</strong>l <strong>na</strong> ida<strong>de</strong> média .......................................................... 14<br />
2.2 O sistema prisio<strong>na</strong>l no Brasil ................................................................................ 15<br />
2.2.1 Características do sistema prisio<strong>na</strong>l no Brasil ........................................... 18<br />
2.3 Reinserção do ex-presidiário no mercado <strong>de</strong> trabalho ......................................... 21<br />
2.3.1 Projetos existentes no Brasil ..................................................................... 21<br />
2.3.1.1 Grupo Cultural Afroreggae – Projeto Empregabilida<strong>de</strong> ....................... 21<br />
2.3.1.2 Projeto Começar <strong>de</strong> novo .................................................................... 22<br />
2.4 Incentivos do governo .......................................................................................... 23<br />
2.4.1 Vaga <strong>na</strong>s olimpíadas ................................................................................ 24<br />
2.5 Empresas da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bauru que participam do projeto .................................... 25<br />
2.6 Central <strong>de</strong> Atenção ao egresso e Família ............................................................ 26<br />
3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 27<br />
3.1 Tipo <strong>de</strong> pesquisa .................................................................................................. 27<br />
3.2 Forma <strong>de</strong> obtenção e análise dos dados .............................................................. 27<br />
3.3 Limitação da pesquisa .......................................................................................... 27<br />
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................ 28<br />
4.1 Resultado da pesquisa aplicada.............................................................................28<br />
5 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 39<br />
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 40<br />
APÊNDICE 1 - QUESTIONÁRIO APLICADO NA PESQUISA .................................... 43<br />
APÊNDICE 2 - MATERIAL INFORMATIVO ENCAMINHADO ÀS ORGANIZAÇÕES.47
1 SITUAÇÃO PROBLEMA<br />
1.1 Introdução<br />
Des<strong>de</strong> os tempos primitivos, a vida em socieda<strong>de</strong> tem passado por constante<br />
evolução, possibilitando com isso evi<strong>de</strong>ntes avanços em relação ao modo <strong>de</strong> vida<br />
das pessoas. As transformações foram expressivas em praticamente todas as áreas:<br />
da ciência à educação; da física à tecnologia; o salto tem sido consi<strong>de</strong>rável.<br />
Há, no entanto, alguns hábitos sociais que mesmo através dos séculos pouco<br />
se modificaram. E um <strong>de</strong>les é o estigma, a margi<strong>na</strong>lização e o preconceito com que<br />
a socieda<strong>de</strong> recebe <strong>de</strong> volta as pessoas que por um motivo ou outro, cometeram<br />
algum <strong>de</strong>lito e foram pe<strong>na</strong>lizadas com a prisão. Os ex-presidiários carregam consigo<br />
um “rótulo”; uma marca in<strong>de</strong>lével que as persegue e prejudica, dificultando sua<br />
reinserção social e sua vida em comunida<strong>de</strong>, e muitas vezes sufocam uma eventual<br />
recuperação obtida no sistema prisio<strong>na</strong>l.<br />
Por possuírem uma bagagem <strong>de</strong> envolvimento com o crime e muitas vezes<br />
também, pouca formação educacio<strong>na</strong>l e experiência profissio<strong>na</strong>l, ao se <strong>de</strong>pararem<br />
com a liberda<strong>de</strong>, procuram novos caminhos, porém sentem-se abatidos diante da<br />
rejeição e do preconceito com que são recebidos no mundo do trabalho.<br />
O mercado não tem se mostrado preparado para receber esse “novo” perfil <strong>de</strong><br />
trabalhador. Gran<strong>de</strong> parte das <strong>organizações</strong>, por já possuírem seu espaço<br />
<strong>de</strong>marcado e credibilida<strong>de</strong> diante da socieda<strong>de</strong>, preocupam-se em arriscá-la através<br />
<strong>de</strong> uma <strong>contratação</strong> mal sucedida, que possa gerar conseqüências negativas para<br />
seus clientes internos e externos. Isso tem <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do condutas bastante<br />
diferenciadas em relação à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>contratação</strong> dos ex-presidiários pelas<br />
empresas e consequentemente à sua reinserção no mercado <strong>de</strong> trabalho.<br />
10
1.2 Caracterização da situação problema<br />
Tem-se verificado que <strong>na</strong> região <strong>de</strong> Bauru, são poucos os empresários que<br />
possuem o hábito <strong>de</strong> contratar ex-presidiários.<br />
Sendo assim, participaram do presente estudo <strong>de</strong>z empresas localizadas <strong>na</strong>s<br />
cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Bauru e Agudos e dois diretores da Penitenciária “Dr. Eduardo <strong>de</strong><br />
Oliveira Vian<strong>na</strong>”.<br />
Os 10 empresários participantes atuam em diversas áreas envolvendo<br />
comércio, indústria e serviço. O número <strong>de</strong> colaboradores varia <strong>de</strong> dois à cinqüenta<br />
em cada uma das empresas, com tempo <strong>de</strong> mercado variado.<br />
Neste momento <strong>de</strong> tantas transformações sócio-econômicas e do<br />
questio<strong>na</strong>mento da importância da <strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-presidiários é fundamental<br />
avaliar a situação em que se encontram as empresas <strong>na</strong> região <strong>de</strong> Bauru e Agudos.<br />
1.3 OBJETIVOS<br />
1.3.1 Objetivo geral<br />
• Incentivar as empresas à <strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-presidiários através da<br />
apresentação <strong>de</strong> dados e <strong>de</strong> orientações aos empresários.<br />
1.3.2 Objetivos específicos<br />
• I<strong>de</strong>ntificar razões que possam levar a não <strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-presidiários<br />
pelas empresas;<br />
• Informar os empresários acerca <strong>de</strong> projetos, <strong>incentivo</strong>s do governo,<br />
programas <strong>de</strong> capacitação realizados <strong>na</strong>s prisões e <strong>de</strong>talhes práticos para a<br />
<strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-presidiários.<br />
11
1.4 Justificativa<br />
Sabe-se da importância da reinserção do ex-presidiário <strong>na</strong> vida social, bem<br />
como no mercado <strong>de</strong> trabalho. Sem tal condição seria muito difícil manter qualquer<br />
recuperação obtida no sistema prisio<strong>na</strong>l.<br />
Assim, é fundamental mostrar <strong>às</strong> pessoas e as <strong>organizações</strong> que o expresidiário<br />
necessita <strong>de</strong> uma fatia nesse mercado, e conscientizá-las da importância<br />
<strong>de</strong> se criar mais oportunida<strong>de</strong>s para essa clientela, a fim <strong>de</strong> que se possa evitar que<br />
tais indivíduos voltem a praticar crimes por falta <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho.<br />
Acredita-se que o presente estudo possa contribuir no sentido <strong>de</strong> possibilitar<br />
uma visão mais avançada em relação à <strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-presidiarios pelas<br />
empresas e consequentemente criar mais possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> efetiva <strong>contratação</strong> dos<br />
mesmos.<br />
12
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA<br />
2.1 História do sistema prisio<strong>na</strong>l<br />
Como essência do sistema prisio<strong>na</strong>l, as pe<strong>na</strong>s, foram enfrentadas <strong>na</strong> historia<br />
<strong>de</strong> diversas formas.<br />
Nos tempos primitivos a retribuição era feita do mal pelo mal, ou seja, ao mal<br />
causado o mesmo mal era retribuído. As guerras entre as tribos muitas vezes eram<br />
causadas, pela reação <strong>de</strong> um grupo àquele que cometia uma ofensa ao membro <strong>de</strong><br />
sua tribo.<br />
Sob a proteção do manto sagrado e imagi<strong>na</strong>ndo que ape<strong>na</strong>s com o<br />
sofrimento é que po<strong>de</strong>ria se purificar dos pecados cometidos aqui <strong>na</strong> terra,<br />
“sobreveio o ciclo do terror, o período do absolutismo, do tiranismo, do autocratismo<br />
e <strong>de</strong> muito arbitrarismo, em que o rei era lei, o rei era o Estado” (FARIAS JUNIOR,<br />
1996).<br />
Na antiguida<strong>de</strong>, a perda da liberda<strong>de</strong> somente aparece no sentido <strong>de</strong> garantir<br />
a futura execução numa eventual con<strong>de</strong><strong>na</strong>ção.<br />
Grécia e Roma, potências do mundo antigo conheceram a prisão com<br />
fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> impedir que o culpado pu<strong>de</strong>sse fugir ao castigo. Po<strong>de</strong>-se dizer que <strong>de</strong><br />
modo algum po<strong>de</strong>mos admitir neste período da história sequer um germe <strong>de</strong> prisão<br />
como lugar <strong>de</strong> cumprimento <strong>de</strong> pe<strong>na</strong>, já que praticamente o catálogo <strong>de</strong> sanções<br />
esgotava-se com a morte pe<strong>na</strong>s corporais e inflamantes. A fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> da prisão,<br />
portanto, restringia-se à custódia dos réus até a execução das con<strong>de</strong><strong>na</strong>ções<br />
referidas. (BITENCOURT (1993) apud Graziano Sobrinho, 1997).<br />
13
2.1.1 O sistema prisio<strong>na</strong>l <strong>na</strong> ida<strong>de</strong> média<br />
Na ida<strong>de</strong> média, a prisão tinha também a fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> custodial. É <strong>na</strong> ida<strong>de</strong><br />
média e sob a influência do direito canônico, que surge a idéia do que hoje<br />
conhecemos como as prisões mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>s, em especial as primeiras idéias <strong>de</strong> reforma<br />
do <strong>de</strong>linqüente.<br />
A reclusão tinha como objetivo induzir o pecador a arrepen<strong>de</strong>r-se <strong>de</strong> suas<br />
faltas e emendar-se graças à compreensão da gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas culpas.<br />
(BITENCOURT (1993) apud Graziano Sobrinho, 1997).<br />
O mesmo autor cita que nessa época que surge a prisão <strong>de</strong> Estado, on<strong>de</strong><br />
somente podiam ser recolhidos os inimigos do po<strong>de</strong>r, real ou senhorial, que<br />
tivessem cometido crimes <strong>de</strong> traição ou os inimigos políticos do governo e a prisão<br />
que se <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>va aos cléricos rebel<strong>de</strong>s e respondia <strong>às</strong> idéias <strong>de</strong> carida<strong>de</strong>, re<strong>de</strong>nção<br />
e fraternida<strong>de</strong> da Igreja, dando ao preso o sentido <strong>de</strong> penitencia e meditação,<br />
<strong>de</strong>ixando como seqüela isolamento, o arrependimento e a correção do individuo, <strong>na</strong><br />
busca da sua reabilitação.<br />
Em <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do momento a “punição vai-se tor<strong>na</strong>ndo, pois, a parte mais<br />
velada do processo pe<strong>na</strong>l, provocando várias conseqüências: <strong>de</strong>ixa o campo da<br />
percepção quase diária e entra no da consciência abstrata; sua eficácia é atribuída à<br />
sua fatalida<strong>de</strong> não à sua intensida<strong>de</strong> visível; a certeza <strong>de</strong> ser punido é que <strong>de</strong>ve<br />
<strong>de</strong>sviar o homem do crime e não mais o abominável teatro” (FOUCAULT, 1996).<br />
Assim, conforme Bitencourt 1993, (apud Graziano sobrinho, 1997) a pe<strong>na</strong><br />
privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> começa a surgir; primeiramente, os castigos corporais são<br />
substituídos pela privação <strong>de</strong> tempo do con<strong>de</strong><strong>na</strong>do. Surge, também, a má<br />
consciência que procura substituir alguns castigos pela vergonha.<br />
Na socieda<strong>de</strong> feudal existia a prisão preventiva ou a prisão por dívidas, mas<br />
não é certo afirmar que a simples privação da liberda<strong>de</strong>, fosse conhecida e utilizada<br />
como pe<strong>na</strong> autônoma e ordinária (MELOSSI e PAVARINI,1987)<br />
No fi<strong>na</strong>l do século XVI, as punições começam a sofrer alterações, com a<br />
possibilida<strong>de</strong> da utilização da mão-<strong>de</strong>-obra daqueles submetidos à prisão.<br />
Segundo, Rusche e Kirchheimer (1984), essas alterações foram causadas<br />
pelo <strong>de</strong>senvolvimento econômico e um material humano à disposição do aparato<br />
administrativo.<br />
14
Diante <strong>de</strong>ste contexto é que, surgem em Amsterdã, as primeiras casas <strong>de</strong><br />
correção, com o objetivo <strong>de</strong> transformar em socialmente útil a mão-<strong>de</strong>-obra, fazendo<br />
com que trabalhassem <strong>de</strong>ntro da instituição, a fim <strong>de</strong> adquirir hábitos <strong>de</strong><br />
trabalhadores e que pu<strong>de</strong>ssem quando em liberda<strong>de</strong>, ingressar no mercado <strong>de</strong><br />
trabalho.<br />
De acordo com o novo pensamento capitalista havia a necessida<strong>de</strong> da<br />
diminuição dos custos <strong>de</strong> produção, e o foco se voltou para o aproveitamento da<br />
mão-<strong>de</strong>-obra disponível para não só absorve-la <strong>de</strong>ntro da ativida<strong>de</strong> econômica<br />
senão, ressocializa-lá <strong>de</strong> tal modo que no futuro esteja disposta a integrar-se<br />
voluntariamente ao mercado <strong>de</strong> trabalho (RUSCHE E KIRCHHEIMER, 1984) Dessa<br />
forma, as casas <strong>de</strong> correção holan<strong>de</strong>sas e inglesas, inspiraram os mo<strong>de</strong>los atuais <strong>de</strong><br />
penitenciárias. Assim, <strong>na</strong>sce a pe<strong>na</strong> privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, superando a utilização da<br />
prisão como simples meio <strong>de</strong> custódia (BITENCOURT (1993) apud Graziano<br />
Sobrinho, 1997).<br />
2.2 O Sistema prisio<strong>na</strong>l no Brasil<br />
15<br />
A prisão passou a existir no momento em que foram elaborados os<br />
processos para repartir os indivíduos, fixá-los e distribuí-los espacialmente,<br />
classificá-los, tirar-lhes o máximo <strong>de</strong> tempo e forças, trei<strong>na</strong>r seus corpos,<br />
codificar seu comportamento contínuo, mantê-los numa visibilida<strong>de</strong> sem<br />
lacu<strong>na</strong>s, formar em torno <strong>de</strong>les um aparelho completo <strong>de</strong> observação,<br />
registro e notações, constituir sobre eles um saber que se acumula e se<br />
centraliza. A forma geral <strong>de</strong> uma aparelhagem para tor<strong>na</strong>r os indivíduos<br />
dóceis e úteis, através <strong>de</strong> um trabalho preciso sobre seu corpo criou a<br />
instituição-prisão, antes que a lei a <strong>de</strong>finisse como a pe<strong>na</strong> por excelência.<br />
(FOCAULT, 1996).<br />
Em gran<strong>de</strong> parte do período colonial, o Brasil era o lugar on<strong>de</strong> eram enviados<br />
os <strong>de</strong>linqüentes da capital, consi<strong>de</strong>rado um dos piores castigos.<br />
Era intenso o critério que, nos séculos XV e XVI, orientava entre os<br />
portugueses a jurisprudência crimi<strong>na</strong>l. No seu Direito Pe<strong>na</strong>l, o misticismo, dava uma<br />
proporção aos crimes (MORAES, 2005).<br />
[...] enquanto que dirigisse duetos aos santos tinha a língua tirada pelo<br />
pescoço e que fizesse feitiçaria amorosa era <strong>de</strong>gredado para os ermos da<br />
África ou da América; pelo crime <strong>de</strong> matar o próximo, <strong>de</strong> <strong>de</strong>sonrar-lhe a<br />
filha, o <strong>de</strong>linqüente não ficava, muitas vezes, sujeito a pe<strong>na</strong>s mais severas<br />
que a <strong>de</strong> ‘pagar uma galinha’ ou a <strong>de</strong> ‘pagar mil e quinhentos módios`.
Nas Or<strong>de</strong><strong>na</strong>ções Manueli<strong>na</strong>s que vigoraram até 1601, não existia relação<br />
entre a pe<strong>na</strong> e a proporcio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>. O exílio era <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>do, aos crimes religiosos e<br />
não aos crimes, que hoje seriam consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> maior gravida<strong>de</strong>.<br />
As Or<strong>de</strong><strong>na</strong>ções Filipi<strong>na</strong>s tiveram vigência entre 1601 e 1830, sob o rei<strong>na</strong>do <strong>de</strong><br />
Felipe I. Segundo Moraes (2005), as pe<strong>na</strong>s eram divididas em “pe<strong>na</strong>s <strong>de</strong> morte,<br />
castigos físicos (açoites, mutilação e queimaduras), <strong>de</strong>gredo (para as galés, e<br />
perpétuo ou temporário) e as pe<strong>na</strong>s <strong>de</strong> caráter econômico (confisco <strong>de</strong> bens e<br />
multa).”<br />
Não se observa nessa fase a racio<strong>na</strong>lização e humanização do i<strong>de</strong>alismo<br />
iluminista, as pe<strong>na</strong>s continuam sendo extrema cruelda<strong>de</strong>.<br />
Destaca-se como pe<strong>na</strong> <strong>de</strong> extrema cruelda<strong>de</strong> as pe<strong>na</strong>s <strong>de</strong> morte classificadas<br />
em morte <strong>na</strong>tural, cruelmente e pelo fogo.<br />
Esse sistema punitivo permanece vigente até 1830, quando é substituído pelo<br />
Código Crimi<strong>na</strong>l do Império. As pe<strong>na</strong>s corporais <strong>de</strong>saparecem, mas ainda existem os<br />
açoites e a pe<strong>na</strong> <strong>de</strong> morte aos escravos.<br />
Com o Novo Código Crimi<strong>na</strong>l do Império, surge a “prisão simples e a prisão<br />
com trabalho”. Formalmente representa avanço no sentido <strong>de</strong> humanização e<br />
racio<strong>na</strong>lização do sistema, mas é evi<strong>de</strong>nte a “distância entre a intenção e o ato”<br />
(MORAES, 2005).<br />
Comissões que visitavam as ca<strong>de</strong>ias constataram as precárias condições em<br />
que se cumpria a pe<strong>na</strong>. “Segundo relatório datado <strong>de</strong> 1831, era ‘imunda’, ‘pestilenta’,<br />
‘estreita’, com o ar infectado’; os presos eram tratados com a última <strong>de</strong>sumanida<strong>de</strong>’<br />
(SALLA, p. 50 apud Carvalho Filho, 2002)<br />
Na intenção <strong>de</strong> solucio<strong>na</strong>r o problema, foi <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da a construção das<br />
Casas <strong>de</strong> Correção, sendo uma no Rio <strong>de</strong> Janeiro e outra em São Paulo.<br />
As duas Casas <strong>de</strong> Correção representaram instrumento <strong>de</strong> separação <strong>de</strong> um<br />
Estado escravista e repressivo.<br />
16
Conforme relata Carvalho Filho (2002).<br />
17<br />
[...] além <strong>de</strong> abrigarem presos con<strong>de</strong><strong>na</strong>dos à prisão com trabalho, à prisão<br />
simples e também as galés (a partir da segunda meta<strong>de</strong> do século 19, com<br />
o <strong>de</strong>clínio do uso da pe<strong>na</strong> <strong>de</strong> morte, muitos escravos tiveram sentenças<br />
capitais comutadas pelo imperador em galés perpétuas), elas hospedavam<br />
presos correcio<strong>na</strong>is (não sentenciados), grupo composto <strong>de</strong> vadios,<br />
mendigos, <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>iros, índios e menores arbitrariamente trancafiados pelas<br />
autorida<strong>de</strong>s.<br />
Em 1890 adota-se o sistema progressivo, incorporado ao or<strong>de</strong><strong>na</strong>mento pelo<br />
Código republicano, sendo abolida a pe<strong>na</strong> <strong>de</strong> morte e as galés.<br />
A pe<strong>na</strong> privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> passa a ter caráter temporário (no máximo <strong>de</strong><br />
até 30 anos).<br />
Demonstrou-se, portanto a preocupação com o i<strong>de</strong>ário iluminista, e a busca<br />
pela humanização das pe<strong>na</strong>s, entretanto mais uma vez não se atingiu a efetivação<br />
da lei (BAZAN, 2008)<br />
No entendimento <strong>de</strong> Carvalho Filho (2002).<br />
[...] o novo regime penitenciário quase não saía do papel. Em 1906, havia<br />
em São Paulo 976 con<strong>de</strong><strong>na</strong>dos à prisão celular e ape<strong>na</strong>s 160 vagas.<br />
Solução improvisada, os presos foram direcio<strong>na</strong>dos para a ‘abertura,<br />
construção e conservação <strong>de</strong> estradas públicas <strong>de</strong> rodagem’<br />
Projetada por Álvares <strong>de</strong> Azevedo, em 1920 foi i<strong>na</strong>ugurada a Penitenciária no<br />
Estado <strong>de</strong> São Paulo no Bairro do Carandiru.<br />
Conforme Carvalho Filho (2002): a Penitenciária foi “Construída para 1.200<br />
presos. Oferecia o que havia <strong>de</strong> mais mo<strong>de</strong>rno em matéria <strong>de</strong> prisão: ofici<strong>na</strong>s,<br />
enfermarias, escolas, corpo técnico, acomodações a<strong>de</strong>quadas, segurança. Tudo<br />
parecia perfeito”.<br />
O sistema <strong>de</strong>senvolvido no Carandiru serviu <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo inspirador para outros<br />
Estados. (PORTO 2002 apud Bazan 2008)<br />
Ainda, segundo Porto, 2002 (apud Bazan 2008)<br />
A Casa <strong>de</strong> Detenção <strong>de</strong> São Paulo é um exemplo <strong>de</strong> inobservância <strong>de</strong>sse<br />
princípio. I<strong>na</strong>ugurada em 1956 com a fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> essencial <strong>de</strong> abrigar presos<br />
à espera <strong>de</strong> julgamento, passou logo após a sua criação a acolher também,<br />
presos con<strong>de</strong><strong>na</strong>dos. Com capacida<strong>de</strong> para abrigar 3250 presos, a Casa <strong>de</strong><br />
Detenção <strong>de</strong> São Paulo chegou a hospedar mais <strong>de</strong> 8000 homens, recor<strong>de</strong><br />
mundial em <strong>de</strong>tentos em um único estabelecimento. (PORTO 2002 citado<br />
por Bazan 2008)
Segundo Carvalho Filho (2002) no Carandiru, apresentava, os vícios e<br />
violências <strong>de</strong> qualquer outra prisão: o po<strong>de</strong>r psiquiátrico interfere <strong>na</strong> concessão <strong>de</strong><br />
benefícios previstos <strong>na</strong> lei para os presos, e o rigor discipli<strong>na</strong>r é exercido segundo<br />
critérios subjetivos.<br />
Em 2003, o Brasil adota a progressivida<strong>de</strong> da pe<strong>na</strong>. Com previsão no artigo<br />
112, da Lei <strong>de</strong> Execução Pe<strong>na</strong>l “o sistema progressivo brasileiro adotado pela Lei <strong>de</strong><br />
Execução Pe<strong>na</strong>l <strong>de</strong>termi<strong>na</strong> a mudança <strong>de</strong> regime, passando o con<strong>de</strong><strong>na</strong>do do mais<br />
severo para o menos severo” (MARCÃO, 2007).<br />
Atualmente um dos gran<strong>de</strong>s problemas é a superpopulação carcerária.<br />
2.2.1 Características do sistema prisio<strong>na</strong>l no Brasil<br />
A lei pe<strong>na</strong>l brasileira prevê seis tipos <strong>de</strong> prisão:<br />
Tabela 1 – Os tipos <strong>de</strong> prisão conforme a lei pe<strong>na</strong>l brasileira.<br />
Prisão temporária<br />
Utilizada durante uma investigação e geralmente <strong>de</strong>cretada<br />
para assegurar o sucesso <strong>de</strong> diligência “imprescindível para<br />
as investigações”. Conforme a Lei 7.960/89, que<br />
regulamenta a prisão temporária, Ela será cabível: I —<br />
quando imprescindível para as investigações do inquérito<br />
policial; II — quando o indicado não tiver residência fixa ou<br />
não fornecer elementos necessários ao esclarecimento <strong>de</strong><br />
sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>; III — quando houver fundadas razões, <strong>de</strong><br />
acordo com qualquer prova admitida <strong>na</strong> legislação pe<strong>na</strong>l, <strong>de</strong><br />
autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes <strong>de</strong><br />
homicídio, sequestro, roubo, estupro, tráfico <strong>de</strong> drogas,<br />
crimes contra o sistema fi<strong>na</strong>nceiro, entre outros. A duração<br />
da prisão temporária, em regra, é <strong>de</strong> cinco dias. No entanto,<br />
existem procedimentos que estipulam prazos maiores.<br />
18
Prisão preventiva<br />
Prisão em<br />
flagrante<br />
Prisão para<br />
execução da pe<strong>na</strong><br />
Prisão preventiva<br />
para fins <strong>de</strong><br />
extradição<br />
Modalida<strong>de</strong> mais conhecida e <strong>de</strong>batida do or<strong>de</strong><strong>na</strong>mento<br />
jurídico. Ela po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>cretada tanto durante as<br />
investigações, quanto no <strong>de</strong>correr da Ação Pe<strong>na</strong>l. Nos dois<br />
casos, <strong>de</strong>vem estar preenchidos os requisitos legais para<br />
sua <strong>de</strong>cretação. O artigo 312 do Código <strong>de</strong> Processo Pe<strong>na</strong>l<br />
aponta os requisitos que po<strong>de</strong>m fundamentar a prisão<br />
preventiva, sendo eles: a) garantia da or<strong>de</strong>m pública e da<br />
or<strong>de</strong>m econômica (impedir que o réu continue praticando<br />
crimes); b) conveniência da instrução crimi<strong>na</strong>l (evitar que o<br />
réu atrapalhe o andamento do processo, ameaçando<br />
testemunhas ou <strong>de</strong>struindo provas); c) assegurar a<br />
aplicação da lei pe<strong>na</strong>l (impossibilitar a fuga do réu). A<br />
Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>termi<strong>na</strong> que uma pessoa somente<br />
po<strong>de</strong>rá ser consi<strong>de</strong>rada culpada <strong>de</strong> um crime após o fim do<br />
processo, ou seja, o julgamento <strong>de</strong> todos os recursos<br />
cabíveis.<br />
Tem uma peculiarida<strong>de</strong> pouco conhecida: a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong>r ser <strong>de</strong>cretada por “qualquer do povo” que presenciar<br />
um ato criminoso. As autorida<strong>de</strong>s policiais têm o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong><br />
pren<strong>de</strong>r se o suspeito estiver “flagrante <strong>de</strong>lito”.<br />
Aplicada para os con<strong>de</strong><strong>na</strong>dos por algum crime.<br />
Recentemente, o Supremo Tribu<strong>na</strong>l Fe<strong>de</strong>ral enten<strong>de</strong>u que<br />
os con<strong>de</strong><strong>na</strong>dos só po<strong>de</strong>m ser presos nesta modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
prisão se o processo não for mais passível <strong>de</strong> recurso. No<br />
entanto, esse regra só se aplica aos con<strong>de</strong><strong>na</strong>dos que<br />
respon<strong>de</strong>m o processo em liberda<strong>de</strong>. Se houver<br />
fundamento, o juiz po<strong>de</strong> <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>r a prisão preventiva do<br />
con<strong>de</strong><strong>na</strong>do sem processo transitado em julgado. Esta<br />
modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prisão é regulamentada pela Lei <strong>de</strong><br />
Execuções Pe<strong>na</strong>is (7.210/1984), que possibilita o sistema<br />
<strong>de</strong> progressão do regime e trata dos direitos e <strong>de</strong>veres dos<br />
presos e das faltas discipli<strong>na</strong>res.<br />
Decretada para garantir o processo extradicio<strong>na</strong>l. A<br />
Extradição será só po<strong>de</strong> ser pedida <strong>de</strong>pois da prisão do<br />
acusado. O país, on<strong>de</strong> o réu é suspeito <strong>de</strong> cometer o crime,<br />
<strong>de</strong>ve fazer o pedido <strong>de</strong> prisão pela via diplomática. O<br />
Ministério das Relações Exteriores repassa a solicitação ao<br />
Ministério da Justiça, que o encaminhará ao STF. O relator<br />
do processo é quem <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> se o acusado <strong>de</strong>ve ser preso.<br />
Ela serve para garantir que o Brasil extradite o réu se o<br />
Supremo assim <strong>de</strong>cidir.<br />
19
Prisão civil do não<br />
pagador <strong>de</strong> pensão<br />
alimentícia<br />
Única modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prisão civil admitida <strong>na</strong> Justiça<br />
brasileira. Recentemente o Supremo reconheceu a<br />
ilegalida<strong>de</strong> da prisão civil <strong>de</strong> <strong>de</strong>positário infiel. O objetivo<br />
<strong>de</strong>ssa prisão é garantir que não pagador <strong>de</strong> pensão<br />
alimentícia cumpra sua obrigação <strong>de</strong> prestar alimentos ao<br />
seu filho. Em alguns casos, ela po<strong>de</strong> ser aplicada ao filho<br />
que não garante a subsistência <strong>de</strong> pais necessitados.<br />
Fonte: www.conjur.com.br/2009-jan-15 /entenda-diferencas-entre-tipos-prisaoexistente-no-brasil.<br />
Segundo cita o site da Secretaria <strong>de</strong> Administração Penitenciária do Estado<br />
<strong>de</strong> São Paulo (2010), existem os seguintes tipos <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>:<br />
• Segurança máxima<br />
• Penitenciária<br />
• Centro <strong>de</strong> ressocialização – Procura um conceito <strong>de</strong> privação <strong>de</strong><br />
liberda<strong>de</strong> voltado para a reintegração do <strong>de</strong>tento por meio<br />
inclusive do mercado <strong>de</strong> trabalho. Administrados em parceria<br />
com ONGs<br />
• Centro <strong>de</strong> Progressão Penitenciária – Abriga presos que<br />
conquistaram o benefício do regime semi aberto<br />
• Institutos pe<strong>na</strong>is agrícolas – Ape<strong>na</strong>s no estado <strong>de</strong> SP<br />
• Hospitais – Locais <strong>de</strong> atendimentos psiquiátricos da saú<strong>de</strong> dos<br />
presos<br />
20
2.3 Reinserção do ex-presidiário no mercado <strong>de</strong> trabalho<br />
2.3.1 Projetos existentes no Brasil<br />
2.3.1.1 Grupo Cultural Afroreggae – Projeto Empregabilida<strong>de</strong><br />
Conforme especificado no site do grupo Afroreggae*, o projeto<br />
“Empregabilida<strong>de</strong>” teve início em fevereiro <strong>de</strong> 2008. Até o início <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2010,<br />
havia 1125 pessoas empregadas com carteira assi<strong>na</strong>da e os direitos trabalhistas<br />
assegurados. Todos <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s cariocas, sendo 685 egressos do sistema<br />
penitenciário ou que tiveram alguma ligação com a crimi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>. Antes, bandidos,<br />
agora cidadãos, inseridos no mercado <strong>de</strong> trabalho formal através do<br />
“Empregabilida<strong>de</strong>”, projeto do AfroReggae que direcio<strong>na</strong>, através <strong>de</strong> parcerias com<br />
gran<strong>de</strong>s empresas que contribuem diretamente para diminuir a violência e a<br />
reincidência <strong>de</strong> 8 para cada 10 presos no sistema penitenciário. O escritório do<br />
projeto está instalado no Rio <strong>de</strong> Janeiro e é coor<strong>de</strong><strong>na</strong>do por Norton Guimarães, 52<br />
anos <strong>de</strong> vida, 30 anos <strong>na</strong> vida do crime, 11 preso e está no Afroreggae há 4 anos.<br />
Sabemos que as oportunida<strong>de</strong>s oferecidas aos ex-presidiários são poucas e a<br />
chance <strong>de</strong> reincidência é gran<strong>de</strong>. Hoje, o projeto trabalha para mudar esta realida<strong>de</strong>.<br />
Na busca por empresas parceiras, as portas se fecharam muitas vezes. A<br />
Estapar/RioPark¹ foi a primeira a a<strong>de</strong>rir a causa.<br />
O AfroReggae inscreve as pessoas, selecio<strong>na</strong> e as encaminha <strong>às</strong> empresas<br />
parceiras, que contribuem diretamente para diminuir a violência e a<br />
reincidência. Também cabe à instituição supervisio<strong>na</strong>r a performance <strong>de</strong> cada<br />
empregado. Este acompanhamento é feito por pessoas que também largaram a<br />
crimi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> para a<strong>de</strong>rir ao grupo.<br />
*Fonte: www.afroreggae.org.br/atuacao-gcar/projetos-especiais/empregabilida<strong>de</strong><br />
¹Rio Park/Estapar – Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Estacio<strong>na</strong>mentos.<br />
21
Algumas empresas colaboram com o projeto:<br />
Rio Park/Estapar – Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Estacio<strong>na</strong>mentos.<br />
Cofix Const. E Empreendimentos LTDA – Execução <strong>de</strong> fôrmas <strong>de</strong> concreto.<br />
Zoaa Moto Frete – Segmentos logísticos <strong>de</strong> distribuição (documentos, convites, kits,<br />
farturas, entre outros).<br />
Spoleto – Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Restaurantes.<br />
Domino’s – Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> entregas <strong>de</strong> pizza.<br />
Koni – Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> temakerias (fast- food <strong>de</strong> culinária japonesa contemporânea).<br />
Lins e Silva Consultoria e RH e Trei<strong>na</strong>mentos LTDA<br />
Bertha Arte Culinária<br />
Pedra Vigilância e Segurança<br />
Grupo Editorial Record<br />
DSL Distribuidora e Suporte Logistico<br />
Hospedagem Florianópolis<br />
Igrejas Lopes e Cia<br />
Marmoaria Scalang<br />
Projeto Coco Ver<strong>de</strong> – Reciclagem e coleta seletiva.<br />
IWC Cursos – Cursos profissio<strong>na</strong>lizantes.<br />
A Campanha Empregabilida<strong>de</strong>, uma parceria do AfroReggae com a TV<br />
Globo, ganhou um reforço <strong>de</strong> peso: a Clear Channel, responsável pelo mobiliário<br />
urbano (tótens, relógios e abrigos <strong>de</strong> ônibus) instalados em pontos estratégicos do<br />
Rio e com gran<strong>de</strong> circulação <strong>de</strong> pessoas, também a<strong>de</strong>riu à iniciativa.<br />
2.3.1.2 Projeto Começar <strong>de</strong> novo<br />
Conforme o site Portal ODM (http://www.portalodm.com.br/projeto-comecar<strong>de</strong>-novo-estimula-a-recolocacao-profissio<strong>na</strong>l-<strong>de</strong>-ex-<strong>de</strong>tentos--n--272.html),<br />
o projeto<br />
funcio<strong>na</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2009 e oferece oportunida<strong>de</strong>s para recolocação<br />
profissio<strong>na</strong>l dos presos e egressos. A iniciativa faz parte do Projeto Começar <strong>de</strong><br />
Novo, do Conselho Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Justiça (CNJ), cujo objetivo é ressocializar o ex<strong>de</strong>tento<br />
para combater a reincidência e garantir a segurança da população. Possui o<br />
22
slogan "Errar é humano. Ajudar quem errou é mais humano ainda". Existem vagas<br />
disponíveis para cursos e empregos.<br />
As oportunida<strong>de</strong>s abrangem diversas áreas, como ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> jor<strong>na</strong>l,<br />
serralheiro, soldador e office-boy. A maioria das vagas são para auxiliar <strong>de</strong><br />
administração, auxiliar <strong>de</strong> serviços gerais e mecânico.<br />
Além das ofertas <strong>de</strong> emprego, há vagas abertas para cursos <strong>de</strong> formação<br />
profissio<strong>na</strong>l. A gran<strong>de</strong> parte se refere a capacitações em construção civil, pedreiro,<br />
carpinteiro, enca<strong>na</strong>dor, pintor imobiliário, eletricista predial, auxiliar administrativo e<br />
artesa<strong>na</strong>to.<br />
A seleção dos candidatos é feita por grupos <strong>de</strong> gestores do programa. Nos<br />
Tribu<strong>na</strong>is <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong> todas as unida<strong>de</strong>s da fe<strong>de</strong>ração juntamente com os<br />
Conselhos da Comunida<strong>de</strong>.<br />
As vagas são informadas aos ex-<strong>de</strong>tentos por meio dos conselhos<br />
comunitários. Para o cadastramento <strong>de</strong> novas vagas <strong>de</strong> emprego ou cursos,<br />
empresas e instituições interessadas também po<strong>de</strong>m entrar no banner do projeto<br />
Começar <strong>de</strong> Novo, disponível <strong>na</strong> pági<strong>na</strong> principal do CNJ (Conselho Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong><br />
Justiça) e acessar o sistema do programa. As ações do Começar <strong>de</strong> Novo já<br />
abrangem convênios com entida<strong>de</strong>s como Sesi, Se<strong>na</strong>i e Fiesp, entre outras<br />
entida<strong>de</strong>s, que visam o trei<strong>na</strong>mento, a capacitação e a profissio<strong>na</strong>lização <strong>de</strong>ssas<br />
pessoas, <strong>de</strong> forma que tenham alter<strong>na</strong>tivas para não voltarem à crimi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>.<br />
2.4 Incentivos do governo<br />
Foi assi<strong>na</strong>do um acordo para a <strong>contratação</strong> <strong>de</strong> presos, ex-<strong>de</strong>tentos e <strong>de</strong><br />
adolescentes <strong>na</strong>s obras e serviços necessários para a Copa do Mundo <strong>de</strong> 2014 A<br />
iniciativa faz parte do projeto Começar <strong>de</strong> Novo.<br />
A abertura <strong>de</strong> vagas <strong>de</strong> trabalho para ex-<strong>de</strong>tentos prevê a inclusão nos editais<br />
<strong>de</strong> licitação das obras e serviços públicos relacio<strong>na</strong>dos à Copa das Confe<strong>de</strong>rações<br />
<strong>de</strong> 2013 e à Copa do Mundo <strong>de</strong> 2014 exigindo que as empresas ganhadoras<br />
<strong>de</strong>stinem 5% das vagas <strong>de</strong> trabalho a presos, egressos do sistema prisio<strong>na</strong>l,<br />
pessoas que cumprem pe<strong>na</strong>s alter<strong>na</strong>tivas e adolescentes em conflito com a lei, em<br />
contratos que terão mais <strong>de</strong> 20 funcionários.<br />
23
Em serviços que utilize poucos trabalhadores, a empresa vencedora <strong>de</strong>verá<br />
<strong>de</strong>sti<strong>na</strong>r, no mínimo, uma vaga para esse tipo <strong>de</strong> <strong>contratação</strong>. Abaixo <strong>de</strong> cinco<br />
funcionários, a inclusão <strong>de</strong> presos e egressos será facultativa.<br />
O presi<strong>de</strong>nte do Conselho Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Justiça (CNJ) e do Supremo Tribu<strong>na</strong>l<br />
Fe<strong>de</strong>ral (STF), ministro Gilmar Men<strong>de</strong>s, assinou o acordo com o governo fe<strong>de</strong>ral, por<br />
meio do Ministério do Esporte, representado pelo ministro Orlando Silva, e com o<br />
presi<strong>de</strong>nte do Comitê Organizador Brasileiro da Copa do Mundo 2014, Ricardo<br />
Teixeira. Os prefeitos das 11 capitais (on<strong>de</strong> vão acontecer os jogos da Copa) e<br />
gover<strong>na</strong>dores dos estados e do Distrito Fe<strong>de</strong>ral, assi<strong>na</strong>ram termo <strong>de</strong> cooperação se<br />
comprometendo a <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>r 5% das vagas das obras contratadas para os jogos a ex<strong>de</strong>tentos(http://www.portalodm.com.br/projeto-comecar-<strong>de</strong>-novo-estimula-a-<br />
recolocacao-profissio<strong>na</strong>l-<strong>de</strong>-ex-<strong>de</strong>tentos--n272.html).<br />
2.4.1 Vaga <strong>na</strong>s Olimpíadas<br />
O ministro Gilmar Men<strong>de</strong>s adiantou a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um acordo para as<br />
obras necessárias para as Olimpíadas <strong>de</strong> 2016 e afirmou ainda que há interesse <strong>de</strong><br />
administrações estaduais e municipais <strong>de</strong> incluir em seus programas <strong>de</strong> governo<br />
uma política <strong>de</strong> reinserção social <strong>de</strong> ex-<strong>de</strong>tentos por meio da abertura <strong>de</strong> vagas no<br />
mercado <strong>de</strong> trabalho.<br />
O governo do estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro já firmou com o CNJ uma parceria<br />
para participação no programa. Deverá ser assi<strong>na</strong>do um termo <strong>de</strong> cooperação<br />
técnica reservando 5% das vagas para ex-<strong>de</strong>tentos do sistema prisio<strong>na</strong>l nos editais<br />
<strong>de</strong> licitação para a reforma do Estádio do Maracanã. Estima-se que a obra <strong>de</strong>verá<br />
abrir um total <strong>de</strong> mil vagas <strong>de</strong> empregos diretos, 50 <strong>de</strong>las para o sistema carcerário.<br />
O governo do estado <strong>de</strong> São Paulo também já assinou acordo <strong>de</strong> cooperação<br />
com o CNJ e foi criado o Pró-Egresso e o Pró-Egresso Jovem. Os órgãos estaduais<br />
passaram a exigir das empresas vencedoras das licitações <strong>de</strong> obras e serviços 5%<br />
do número total <strong>de</strong> vagas para os ex-<strong>de</strong>tentos. O governo paulista espera abrir 5 mil<br />
vagas <strong>de</strong> trabalho para esse segmento. Também já assi<strong>na</strong>ram parcerias no âmbito<br />
do programa entida<strong>de</strong>s como Clube dos 13, Sesi, Se<strong>na</strong>i e Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias<br />
24
<strong>de</strong> São Paulo (Fiesp) (http://www.conjur.com.br/2010-jan-14/cnj-assi<strong>na</strong>-acordo-<br />
contratacao-presos-obras-copa-2014).<br />
2.5 Empresas da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bauru que participam do projeto<br />
Conforme informou o diretor <strong>de</strong> produção da Penitenciária “Dr. Eduardo <strong>de</strong><br />
Oliveira Vian<strong>na</strong>”, as empresas que contratam ex-presidiários:<br />
STALO – Mobiliário Escolar<br />
AMR – Indústria e Comércio <strong>de</strong> Peças para Bicicleta<br />
INDEL – Indústria Eletrometalúrgica – Fusíveis para alta tensão<br />
DIVERSIPLAST – Mário Rubens<br />
EPP – Injeção Plástica<br />
SABOR E TALENTO – Indústria Alimentícia – Doces Caseiros<br />
JOTASA – Indústria e Comércio <strong>de</strong> Calçados (Turco Loko)<br />
Muitos são os resultados positivos <strong>na</strong>s contratações. Po<strong>de</strong>-se citar como<br />
exemplo a empresa Rentalcenter – companhia da Organização Gelre que realiza um<br />
trabalho <strong>de</strong> capacitação profissio<strong>na</strong>l <strong>de</strong>ntro dos presídios. Essa iniciativa abriu as<br />
portas para os ex-presidiários no mercado <strong>de</strong> trabalho, sendo que dois já foram<br />
contratados pela empresa e um já assume cargo <strong>de</strong> encarregado num <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do<br />
setor. Ricardo Teixeira da Silva, um dos contratados relata que seria difícil sem essa<br />
oportunida<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>vido ao apoio fi<strong>na</strong>nceiro e psicológico conseguiu se restabelecer.<br />
(ROSENFELD, 2004).<br />
25
2.6 Central <strong>de</strong> Atenção ao Egresso e Família<br />
A Central <strong>de</strong> Atenção ao Egresso e Família (CAEF), <strong>na</strong>sceu com o objetivo <strong>de</strong><br />
garantir apoio ao ex-preso que está retor<strong>na</strong>ndo ao convívio social. A missão da<br />
CAEF é prestar assistência <strong>às</strong> necessida<strong>de</strong>s do mesmo. A Central faz parte da<br />
Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>doria <strong>de</strong> Reintegração Social Penitenciário da Secretaria <strong>de</strong> Administração<br />
Penitenciária. O Departamento <strong>de</strong> Reintegração Social- DRSP é um <strong>de</strong>partamento<br />
específico para o cuidado com o ex-<strong>de</strong>tento e a CAEF está vinculada ao DRSP, mas<br />
atua <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>scentralizada, on<strong>de</strong> as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> parcerias são o caminho para a<br />
estruturação <strong>de</strong> cada Central em cada município. Outro objetivo da CAEF é garantir<br />
que as ações tenham centralida<strong>de</strong> <strong>na</strong> família e que garantam a convivência familiar<br />
e comunitária, e também diminuir a reincidência crimi<strong>na</strong>l. O egresso ou familiares <strong>de</strong><br />
presos só procuram a CAEF <strong>de</strong> maneira espontânea, <strong>na</strong> qual esta procura não está<br />
vinculada a nenhum tipo <strong>de</strong> exigência institucio<strong>na</strong>l. O programa <strong>de</strong> atenção ao<br />
egresso e familiares é uma política pública da SAP, através da Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>doria <strong>de</strong><br />
Reintegração Social e Cidadania. Em 2006 foram criadas algumas centrais <strong>de</strong><br />
atendimento que estão em funcio<strong>na</strong>mento por todo Estado <strong>de</strong> São Paulo. A CAEF<br />
<strong>de</strong> Bauru está situada <strong>na</strong> Rua Galvão <strong>de</strong> Castro, 5-85 – Vila Monlevad.<br />
(RAMPAZZO, GOMES E MOLINAR, 2010).<br />
26
3 METODOLOGIA<br />
3.1 Tipo <strong>de</strong> pesquisa<br />
A pesquisa utilizada foi do tipo qualitativa e <strong>de</strong>scritiva, ou seja, pesquisa cujo<br />
foco central não é o tratamento matemático.<br />
De acordo com ROESCH (2006, p.137) pesquisa <strong>de</strong>scritiva tem a fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> informar sobre uma população. Pesquisas <strong>de</strong> caráter <strong>de</strong>scritivo não procuram<br />
explicar alguma coisa ou mostrar relações casuais, buscam informação necessária<br />
para a ação ou predição.<br />
3.2 Forma <strong>de</strong> obtenção e análise dos dados<br />
Foram realizadas entrevistas com dois diretores da Penitenciária “Dr. Eduardo<br />
<strong>de</strong> Oliveira Vian<strong>na</strong>”, que sugeriram perguntas e alter<strong>na</strong>tivas. A partir daí foi<br />
elaborado um questionário o qual foi revisado pelos pesquisadores e encaminhado á<br />
17 empresários <strong>de</strong> Bauru e região, para que pu<strong>de</strong>ssem respondê-los. O critério <strong>de</strong><br />
escolha dos participantes foi à acessibilida<strong>de</strong> e disponibilida<strong>de</strong> dos mesmos.<br />
A análise dos dados foi feita <strong>de</strong> acordo com a fundamentação teórica e<br />
documentos relativos à questão. Sete empresários não <strong>de</strong>volveram o questionário<br />
<strong>de</strong> pesquisa.<br />
3.3 Limitação da pesquisa<br />
Em virtu<strong>de</strong> das características particulares da população pesquisada, bem<br />
como do tamanho reduzido da amostra. Os dados obtidos neste estudo não po<strong>de</strong>rão<br />
ser generalizados.<br />
27
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS<br />
4.1 Resultados da pesquisa aplicada<br />
A seguir serão apresentados os resultados obtidos em cada questão, bem<br />
como suas respectivas respostas.<br />
Questão 1: O Sr. (a) já contratou ou costuma contratar ex-presidiários para<br />
trabalhar <strong>na</strong> empresa ?<br />
60%<br />
Sim Não<br />
Gráfico 1 – Contratação <strong>de</strong> ex-presidiário<br />
Fonte: Gabriel Pimentel Moli<strong>na</strong> e Lais Tamborelli <strong>de</strong> Castro.<br />
O gráfico 1 mostra que 40% dos participantes já contrataram ou costumam<br />
contratar, enquanto 60 % não contratam ex-presidiários.<br />
A situação verificada acima po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>corrente da falta <strong>de</strong> conhecimento,<br />
informação a até mesmo por preconceito.<br />
40%<br />
28
Questão 2: O Sr. (a) possui conhecimento <strong>de</strong> empresas que contratam expresidiários<br />
<strong>na</strong> região <strong>de</strong> Bauru ?<br />
60%<br />
Sim Não<br />
Gráfico 2 – Conhecimento <strong>de</strong> empresas que contratam ex-presidiários <strong>na</strong> região.<br />
Fonte: Gabriel Pimentel Moli<strong>na</strong> e Lais Tamborelli <strong>de</strong> Castro.<br />
O gráfico 2 mostra que 30% dos participantes possuem conhecimento <strong>de</strong><br />
empresas que contratam ex-presidiários, e 70% não possuem tal conhecimento.<br />
Po<strong>de</strong>mos verificar que a maior parte das empresas não possuem<br />
conhecimento <strong>de</strong> outras que contratam ex-<strong>de</strong>tentos. Esse fato po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>corrente<br />
do dia-a-dia conturbado da maior parte dos empresários que fica com pouca<br />
disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso à informações sobre questões não pertinentes à sua<br />
empresa, ou mesmo pela falta <strong>de</strong> interesse ou entrosamento dos mesmos.<br />
40%<br />
29
Questão 3: O Sr. (a) possui conhecimento dos projetos e <strong>incentivo</strong>s do<br />
governo para <strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-presidiários ?<br />
80%<br />
Sim Não<br />
Gráfico 3 – Conhecimento <strong>de</strong> projetos e <strong>incentivo</strong>s do governo<br />
Fonte: Gabriel Pimentel Moli<strong>na</strong> e Lais Tamborelli <strong>de</strong> Castro.<br />
20%<br />
Verifica-se no gráfico 3 que 20% dos participantes possuem conhecimento<br />
<strong>de</strong> projetos e <strong>incentivo</strong>s do governo <strong>na</strong> <strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-presidiários, 80% não<br />
possuem tal conhecimento.<br />
Esse fato po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>corrente da divulgação ainda restrita <strong>de</strong> <strong>incentivo</strong>s,<br />
órgãos ou projetos facilitadores <strong>de</strong>vido ao medo e à insegurança que causa à<br />
socieda<strong>de</strong>.<br />
Sabemos que o preconceito por parte dos empresários ainda é gran<strong>de</strong>.<br />
Assim, os <strong>incentivo</strong>s e os projetos, bem como uma ampla divulgação dos mesmos.<br />
30
Questão 4: Cite pelo menos 3 motivos que <strong>na</strong> sua opinião, levam uma empresa<br />
a contratar um ex-presidiário.<br />
16%<br />
16%<br />
12%<br />
28%<br />
28%<br />
Oferecer uma oportunida<strong>de</strong> real <strong>de</strong> reinserção social ao ex-<strong>de</strong>tento<br />
Abatimento nos impostos da Empresa<br />
Contribuição para a diminuição <strong>de</strong> crime <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong><br />
Quebra <strong>de</strong> preconceitos<br />
Satisfação pessoal, quando o ex-<strong>de</strong>tento não reinci<strong>de</strong> <strong>na</strong> crimi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong><br />
Gráfico 4 – Motivos que levam uma empresa a contratar ex-presidiários<br />
Fonte: Gabriel Pimentel Moli<strong>na</strong> e Lais Tamborelli <strong>de</strong> Castro.<br />
O gráfico 4 mostra que 28% contratariam para oferecer uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
reinserção social ao ex-presidiário, 28% para abatimento nos impostos, 16% para<br />
contribuir com a diminuição do crime <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong>, 16 % acreditam <strong>na</strong> quebra do<br />
preconceito e 12% para satisfação pessoal.<br />
Esses dados mostram que gran<strong>de</strong> parte dos empresários <strong>de</strong>monstram<br />
interesse em oferecer oportunida<strong>de</strong> ao ex-presidiário. Da mesma forma, o<br />
abatimento nos impostos po<strong>de</strong> ser um atrativo principal para <strong>contratação</strong>.<br />
31
Questão 5: Assi<strong>na</strong>le as 3 principais razões que impe<strong>de</strong>m as empresas <strong>de</strong><br />
contratarem ex-presidiários.<br />
13%<br />
19%<br />
10%<br />
32%<br />
26%<br />
Receio que os ex-<strong>de</strong>tentos possam voltar a cometer crimes<br />
Medo <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r ou constranger clientes;<br />
Medo <strong>de</strong> indiscipli<strong>na</strong>/não cumprimento das regras;<br />
Constrangimento junto a funcionários da empresa;<br />
Falta <strong>de</strong> capacitação profissio<strong>na</strong>l;<br />
Gráfico 5 – Razões que impe<strong>de</strong>m as empresas a contratarem ex-presidiários<br />
Fonte: Gabriel Pimentel Moli<strong>na</strong> e Lais Tamborelli <strong>de</strong> Castro.<br />
O gráfico 5 mostra que 32% não contratariam por medo <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r ou<br />
constranger seus clientes, 26% possuem receio <strong>de</strong> que o ex-<strong>de</strong>tento volte a cometer<br />
crimes, 19% por medo da indiscipli<strong>na</strong>/não cumprimento das regras, 13% por<br />
constrangimentos a seus funcionários e 10% por falta <strong>de</strong> capacitação profissio<strong>na</strong>l.<br />
As <strong>organizações</strong> hoje buscam crescimento constante junto ao mercado e<br />
prezam pela sua imagem e <strong>de</strong> seus colaboradores perante a socieda<strong>de</strong>. Os dados<br />
acima sugerem que gran<strong>de</strong> parte da não <strong>contratação</strong> se faz <strong>de</strong>vido ao medo que as<br />
empresas possuem <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r seus clientes, gerando uma possível queda no<br />
faturamento. Por outro lado, o receio que o ex-presidiário volte a cometer crimes<br />
ainda é gran<strong>de</strong>. Sabemos que a recuperação não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> somente do sistema,<br />
mas a falta <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> é importante fator <strong>na</strong> reincidência.<br />
32
Questão 6: Em sua opinião, quais os benefícios que uma empresa po<strong>de</strong> ter<br />
caso opte pela <strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-presidiários ?<br />
38%<br />
0%<br />
8%<br />
Melhoria da imagem da empresa<br />
Efetivação da função social da empresa<br />
Melhoria <strong>na</strong> produção<br />
Abatimento nos impostos da Empresa<br />
Gráfico 6 – Benefícios <strong>na</strong> <strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-presidiários.<br />
Fonte: Gabriel Pimentel Moli<strong>na</strong> e Lais Tamborelli <strong>de</strong> Castro.<br />
O gráfico 6 mostra que 54% dos participantes acreditam que um dos<br />
benefícios é a efetivação da função social da empresa, 38% acrditam que possa, ter<br />
abatimento dos impostos, e 8% <strong>na</strong> melhoria da imagem da organização. E nenhum<br />
dos participantes acredita numa melhoria da produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> uma<br />
<strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-presidiário.<br />
Observamos que a função social é vista como beneficio <strong>na</strong> <strong>contratação</strong>. A<br />
empresa quando contrata um ex-presidiário colabora com a diminuição da<br />
crimi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>. Vale ressaltar que muitas são as empresas que utilizam <strong>de</strong>sse ato<br />
social ape<strong>na</strong>s como “marketing”, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado o real intuito para se autopromover.<br />
54%<br />
33
Questão 7: O Sr. (a) possui informações <strong>de</strong> como ou on<strong>de</strong> contratar expresidiários<br />
?<br />
90%<br />
Sim Não<br />
10%<br />
Gráfico 7 – Informações <strong>na</strong> <strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-presidiários<br />
Fonte: Gabriel Pimentel Moli<strong>na</strong> e Lais Tamborelli <strong>de</strong> Castro.<br />
Verifica-se no gráfico 7 que 90% dos participantes não possuem informações<br />
<strong>de</strong> como ou on<strong>de</strong> contratar ex-presidiários, 10% <strong>de</strong>les possuem esse conhecimento.<br />
De acordo com os dados acima, po<strong>de</strong>mos verificar que são poucos os<br />
empresários que possuem informações acerca <strong>de</strong> como ou on<strong>de</strong> contratar expresidiários.<br />
Po<strong>de</strong>-se supor que isso seja <strong>de</strong>corrência da insegurança que acomete<br />
as empresas em relação a tal procedimento ou ao total <strong>de</strong>sinteresse <strong>na</strong> <strong>contratação</strong><br />
<strong>de</strong>sse perfil <strong>de</strong> colaborador.<br />
34
Questão 8: Que <strong>incentivo</strong>s gostaria <strong>de</strong> receber <strong>na</strong> <strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-<strong>de</strong>tentos ?<br />
36%<br />
16%<br />
Preferências em concorrência pública<br />
16%<br />
32%<br />
Na formação profissio<strong>na</strong>l dos mesmos (SENAI\SENAC\Outros)<br />
Uma i<strong>de</strong>ntificação (Ex: Um selo <strong>de</strong> “Empresa solidária”)<br />
Maiores <strong>incentivo</strong>s fiscais (Estaduais e Fe<strong>de</strong>rais)<br />
Gráfico 8 – Incentivos que a empresa gostaria <strong>de</strong> receber <strong>na</strong> <strong>contratação</strong>.<br />
Fonte: Gabriel Pimentel Moli<strong>na</strong> e Lais Tamborelli <strong>de</strong> Castro.<br />
Verifica-se no gráfico 8 que 36% dos empresários gostariam <strong>de</strong> receber<br />
maiores <strong>incentivo</strong>s fiscais; 32% <strong>de</strong>les acreditam ser importante receber ajuda para<br />
formação profissio<strong>na</strong>l (cursos profissio<strong>na</strong>lizantes); 16% gostariam <strong>de</strong> ter uma<br />
i<strong>de</strong>ntificação (Selo <strong>de</strong> Empresa Solidária) e 16% almejam preferência em<br />
concorrência pública.<br />
Observamos que hoje o maior <strong>incentivo</strong> para a <strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-presidiários<br />
é receber abatimento nos impostos. Por outro lado, a preocupação com a formação<br />
profissio<strong>na</strong>l é gran<strong>de</strong>, pois o mercado busca profissio<strong>na</strong>is capacitados e bem<br />
preparados.<br />
35
Questão 9: O Sr. (a) possui algum conhecimento <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> capacitação<br />
profissio<strong>na</strong>l realizado <strong>na</strong>s prisões ?<br />
70%<br />
Sim Não<br />
Gráfico 9 – Projetos <strong>de</strong> capacitação realizados <strong>na</strong>s prisões.<br />
Fonte: Gabriel Pimentel Moli<strong>na</strong> e Lais Tamborelli <strong>de</strong> Castro.<br />
O gráfico 9 mostra que 30% dos participantes possuem conhecimento dos<br />
projetos <strong>de</strong> capacitação realizados <strong>na</strong>s prisões, enquanto 70% não conhecem esses<br />
projetos.<br />
A capacitação profissio<strong>na</strong>l é um dos fatores mais preocupantes <strong>na</strong><br />
<strong>contratação</strong>. Devido ao fato <strong>de</strong> não serem todas as prisões que possuem programas<br />
<strong>de</strong> profissio<strong>na</strong>lização, bem como ao longo tempo <strong>de</strong> cárcere, alguns dos presidiários<br />
não têm a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se profissio<strong>na</strong>lizar e gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>les não possui<br />
experiência no mercado <strong>de</strong> trabalho.<br />
30%<br />
36
Questão 10: O Sr. (a) possui conhecimento <strong>de</strong> ONGs ou órgãos<br />
gover<strong>na</strong>mentais que trabalham <strong>na</strong> ressocialização <strong>de</strong> ex-presidiários ?<br />
70%<br />
Sim Não<br />
Gráfico 10 – ONGs ou órgãos gover<strong>na</strong>mentais que trabalham <strong>na</strong> ressocialização <strong>de</strong><br />
ex-presidiários.<br />
Fonte: Gabriel Pimentel Moli<strong>na</strong> e Lais Tamborelli <strong>de</strong> Castro.<br />
O gráfico 10 mostra que 70% dos empresários não conhecem ONGs ou<br />
órgãos gover<strong>na</strong>mentais que trabalham <strong>na</strong> ressocialização <strong>de</strong> ex-presidiários, 30%<br />
<strong>de</strong>les possuem esse conhecimento.<br />
A insegurança e o preconceito por parte das empresas existe. Diante disso,<br />
seria necessário que o governo oferecesse maiores <strong>incentivo</strong>s ou estipulasse<br />
possíveis cotas para <strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-presidiários. Consequentemente, as<br />
empresas buscariam informações sobre ONGs, órgãos gover<strong>na</strong>mentais e projetos,<br />
para a <strong>contratação</strong> dos melhores profissio<strong>na</strong>is.<br />
30%<br />
37
Questão 11: O Sr. (a) acredita que o sistema prisio<strong>na</strong>l recupera o preso ?<br />
90%<br />
Sim Não<br />
10%<br />
Gráfico 11 – A recuperação no sistema prisio<strong>na</strong>l.<br />
Fonte: Gabriel Pimentel Moli<strong>na</strong> e Lais Tamborelli <strong>de</strong> Castro.<br />
Verifica-se no gráfico 11 que 90% dos participantes não acreditam que o<br />
sistema prisio<strong>na</strong>l recupera o preso, 10% acreditam nessa recuperação.<br />
De acordo com os resultados obtidos, po<strong>de</strong>-se supor que não só os<br />
empresários, mas também a socieda<strong>de</strong> em geral <strong>de</strong>sacredita do sistema prisio<strong>na</strong>l no<br />
Brasil. Além da super lotação observada nos presídios, o sistema não cumpre com<br />
sua tarefa: recuperar e preparar o preso para reinserção.<br />
38
5 CONCLUSÃO<br />
O presente estudo teve como objetivo incentivar e orientar os empresários <strong>na</strong><br />
<strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-presidiários. Para tanto, foi aplicada uma pesquisa on<strong>de</strong> foi<br />
possível observar que vários fatores influenciam negativamente nessa <strong>contratação</strong>.<br />
Entre eles, <strong>de</strong>staca-se o preconceito, a falta <strong>de</strong> informação, o não <strong>incentivo</strong> por parte<br />
do governo e o <strong>de</strong>sinteresse dos empresários em relação ao tema.<br />
I<strong>de</strong>ntificamos que sem informações a<strong>de</strong>quadas, as empresas fecham suas<br />
portas para esse perfil <strong>de</strong> colaborador, ou seja, 60% dos empresários participantes<br />
não costumam contratar ex-presidiários; 70% não conhecem outras empresas que<br />
contratam; 80% não possuem conhecimento sobre <strong>incentivo</strong>s do governo para<br />
<strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-presidiários; 90% não têm informações <strong>de</strong> como e on<strong>de</strong> contratar<br />
e 70% não conhecem projetos <strong>de</strong> capacitação profissio<strong>na</strong>l realizado <strong>na</strong>s prisões.<br />
Com isso, foi elaborado um material informativo contendo esclarecimentos<br />
sobre o assunto o qual foi encaminhado via e-mail <strong>às</strong> <strong>organizações</strong> participantes<br />
<strong>de</strong>sta pesquisa, bem como à diversas outras, com objetivo <strong>de</strong> ampliar a visão dos<br />
empresários e <strong>de</strong>spertar interesse em relação a <strong>contratação</strong>.<br />
No referido material, foram esclarecidas dúvidas <strong>de</strong> como e on<strong>de</strong> contratar expresidiários<br />
através do projeto Pró-egresso do Governo <strong>de</strong> São Paulo mostrando os<br />
<strong>incentivo</strong>s oferecidos, como e on<strong>de</strong> se inscrever.<br />
O preso quando em liberda<strong>de</strong> se sente rejeitado pela socieda<strong>de</strong>. Quando isso<br />
ocorre, a chance do mesmo voltar à crimi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> é gran<strong>de</strong>. A recuperação não<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> somente do sistema, mas sim da vonta<strong>de</strong> e capacida<strong>de</strong> do mesmo em<br />
mudar. A oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> voltar ao mercado <strong>de</strong> trabalho é o primeiro passo para<br />
essa recuperação.<br />
Vale lembrar que trata-se <strong>de</strong> uma pesquisa inicial e não conclusiva, po<strong>de</strong>ndo<br />
ser utilizada como fonte <strong>de</strong> pesquisa à outros trabalhados relacio<strong>na</strong>dos ao tema.<br />
39
REFERÊNCIAS<br />
BAZAN, Thiago Marcos. Monografia – Do sistema penitenciário brasileiro e da<br />
eficácia da pe<strong>na</strong> privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. Faculda<strong>de</strong>s Integradas “Antônio Eufrásio<br />
<strong>de</strong> Toledo”, Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte – SP, 2008.<br />
CARVALHO FILHO, Luis Francisco. A prisão. São Paulo: Publifolha (Folha explica),<br />
2002.<br />
CNJ ASSINA ACORDO PARA CONTRATAÇÃO DE PRESOS, 2010. Disponível em:<br />
.<br />
Acessado em 10 <strong>de</strong> outubro/10.<br />
EMPREGABILIDADE, 2010. Disponível em: < http://www.afroreggae.org.br/atuacaogcar/projetos-especiais/empregabilida<strong>de</strong>/>.<br />
Acessado em 09 <strong>de</strong> outubro/10.<br />
FARIAS JÚNIOR, João. Manual <strong>de</strong> criminologia. 2ª edição, Curitiba: Juruá, 1996.<br />
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: História da violência <strong>na</strong>s prisões. 14ª Ed.<br />
Petrópolis: Vozes, 1996.<br />
GRAZIANO SOBRINHO, Sérgio Francisco Carlos. A progressão <strong>de</strong> regime no<br />
sistema prisio<strong>na</strong>l do Brasil: A interpretação restritiva e a vedação legal nos<br />
crimes hediondos como elementos <strong>de</strong> estigmatização do con<strong>de</strong><strong>na</strong>do. 1ª Ed.<br />
Lúmen Júris LTDA, 2007.<br />
MARCÃO, Re<strong>na</strong>to Flávio. Curso <strong>de</strong> execução pe<strong>na</strong>l. 4ª Ed. rev. e atual, São Paulo:<br />
Saraiva, 2007.<br />
MELOSSI, Dario; PAVARINI, Massimo. Cárcel y fábrica: los orígenes <strong>de</strong>l sistema<br />
penitenciário (siglos XIV-XIX). Tradução por Xavier Massii. México: siglo Veintiuno,<br />
1987.<br />
MORAES, Pedro Rodolfo Bo<strong>de</strong> <strong>de</strong>. Punição, encarceramento e construção <strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> profissio<strong>na</strong>l entre agentes penitenciários. São Paulo: IBCCRIM, 2005.<br />
40
PROJETO COMEÇAR DE NOVO ESTIMULA RECOLOCAÇÃO PROFISSIONAL,<br />
2010. Disponível em: <br />
Acessado em 09<br />
<strong>de</strong> outubro/10.<br />
RAMPAZZO, Carla Cristi<strong>na</strong>; GOMES, Heloisa Mereti e MOLINAR, Vanessa Peres.<br />
Central ao Egresso e Família <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte. Disponível em: <<br />
http://intertemas.unitoledo.br/revista/in<strong>de</strong>x.php/etic/article/viewfile/2280/1861>.<br />
Acessado em 20 <strong>de</strong> outubro/2010<br />
ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos <strong>de</strong> estágio e <strong>de</strong> pesquisa em<br />
administração. 3ª Ed. São Paulo: Atlas, 2006.<br />
ROSENFELD, Mari<strong>na</strong>. Empresa capacita e contrata ex-presidiários. Disponível<br />
em: . Acessado em 27 <strong>de</strong><br />
outubro/2010.<br />
RUSCHE, Georg; KIRCHHEIMER. Otto. Pe<strong>na</strong> y Estructura social. Colección<br />
Pensamiento Jurídico Contemporâneo. Tradución <strong>de</strong> Emilio Garcia Mén<strong>de</strong>z.<br />
Bogotá (Col): Temis Librería, 1984.<br />
UNIDADES PRISIONAIS, 2010. Disponível em:<br />
. Acessado em 09 <strong>de</strong> outubro/10.<br />
41
APÊNDICE<br />
42
APÊNDICE 1 – QUESTIONÁRIO APLICADO NA PESQUISA<br />
Prezado Empresário,<br />
O Sr.(a) está participando <strong>de</strong> uma Pesquisa para Coleta <strong>de</strong> Dados referente<br />
ao tema “Incentivo <strong>às</strong> <strong>organizações</strong> <strong>na</strong> <strong>contratação</strong> e <strong>valorização</strong> <strong>de</strong> expresidiários”.<br />
Tal pesquisa tem como objetivo, mensurar o nível <strong>de</strong> conhecimento<br />
das empresas em relação ao tema. A mesma será utilizada para fins acadêmicos,<br />
garantindo-se a restrição <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> para as pessoas que respon<strong>de</strong>rem. A<br />
participação nesta pesquisa não trará nenhum tipo <strong>de</strong> prejuízo ou risco <strong>às</strong><br />
<strong>organizações</strong>.<br />
É essencial que o Sr.(a) seja o mais sincero possível ao respon<strong>de</strong>r este<br />
questionário. Sua participação e contribuição são muito valiosas.<br />
Atenciosamente,<br />
Gabriel Pimentel Moli<strong>na</strong> e Lais Tamborelli <strong>de</strong> Castro<br />
QUESTIONÁRIO<br />
1. O Sr. (a) já contratou ou costuma contratar ex-presidiários para trabalhar <strong>na</strong><br />
empresa?<br />
( ) Sim ( ) Não<br />
Por que razões?<br />
2. O Sr. (a) possui conhecimento <strong>de</strong> empresas que contratam ex-presidiários<br />
<strong>na</strong> região <strong>de</strong> Bauru?<br />
( ) Sim ( ) Não<br />
Em caso positivo, quais?<br />
43
3. O Sr. (a) possui conhecimento dos projetos e <strong>incentivo</strong>s do governo para a<br />
<strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-presidiários?<br />
( ) Sim ( ) Não<br />
Em caso negativo, gostaria <strong>de</strong> receber essas informações? ( ) Sim ( ) Não<br />
Em caso positivo, quais?<br />
4. Cite pelo menos 3 motivos que <strong>na</strong> sua opinião, levam uma empresa a<br />
contratar um ex-presidiário.<br />
( ) Oferecer uma oportunida<strong>de</strong> real <strong>de</strong> reinserção social ao ex-<strong>de</strong>tento<br />
( ) Abatimento nos impostos da Empresa<br />
( ) Contribuição para a diminuição <strong>de</strong> crime <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong><br />
( ) Quebra <strong>de</strong> preconceitos<br />
( ) Satisfação pessoal, quando o ex-<strong>de</strong>tento não reinci<strong>de</strong> <strong>na</strong> crimi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong><br />
5. Assi<strong>na</strong>le as 3 principais razões que impe<strong>de</strong>m as empresas <strong>de</strong> contratar expresidiários.<br />
( ) Receio que os ex-<strong>de</strong>tentos possam voltar a cometer crimes<br />
( ) Medo <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r ou constranger clientes;<br />
( ) Medo <strong>de</strong> indiscipli<strong>na</strong>/não cumprimento das regras;<br />
( ) Constrangimento junto a funcionários da empresa;<br />
( ) Falta <strong>de</strong> capacitação profissio<strong>na</strong>l;<br />
( ) Outros:<br />
Quais?<br />
44
6. Em sua opinião, quais os benefícios que uma empresa po<strong>de</strong> ter caso opte<br />
pela <strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-presidiários?<br />
( ) Melhoria da imagem da empresa<br />
( ) Efetivação da função social da empresa<br />
( ) Melhoria <strong>na</strong> produção<br />
( ) Abatimento nos impostos da Empresa<br />
( ) Outros:<br />
7. O Sr. (a) possui informações <strong>de</strong> como ou on<strong>de</strong> contratar ex-presidiários?<br />
( ) Sim ( ) Não<br />
Em caso negativo, gostaria <strong>de</strong> receber essas informações? ( ) Sim ( ) Não<br />
8. Que <strong>incentivo</strong>s gostaria <strong>de</strong> receber <strong>na</strong> <strong>contratação</strong> <strong>de</strong> ex-<strong>de</strong>tentos?<br />
( ) Preferências em concorrência pública<br />
( ) Na formação profissio<strong>na</strong>l dos mesmos (SENAI\SENAC\Outros)<br />
( ) Uma i<strong>de</strong>ntificação (Ex: Um selo <strong>de</strong> “Empresa solidária”)<br />
( ) Maiores <strong>incentivo</strong>s fiscais (Estaduais e Fe<strong>de</strong>rais)<br />
( ) Outros<br />
Quais?<br />
9. O Sr. (a) possui algum conhecimento <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> capacitação<br />
profissio<strong>na</strong>l realizado <strong>na</strong>s prisões?<br />
( ) Sim ( ) Não<br />
Em caso negativo, gostaria <strong>de</strong> receber essas informações? ( ) Sim ( ) Não<br />
45
10. O Sr. (a) possui conhecimento <strong>de</strong> ONGs ou órgãos gover<strong>na</strong>mentais que<br />
trabalham <strong>na</strong> ressocialização <strong>de</strong> ex-presidiários?<br />
( ) Sim ( ) Não<br />
Em caso negativo, gostaria <strong>de</strong> receber essas informações? ( ) Sim ( ) Não<br />
11. O Sr. (a) acredita que o Sistema Prisio<strong>na</strong>l recupera o preso?<br />
( ) Sim ( ) Não<br />
Por quê?<br />
46
APÊNDICE 2: MATERIAL INFORMATIVO ENCAMINHADO ÀS ORGANIZAÇÕES<br />
Prezado empresário,<br />
Em resposta à colaboração dispensada por V.S.ª ao respon<strong>de</strong>r a pesquisa <strong>de</strong><br />
levantamento <strong>de</strong> dados referente ao tema “Incentivo <strong>às</strong> <strong>organizações</strong> <strong>na</strong> <strong>contratação</strong><br />
e <strong>valorização</strong> <strong>de</strong> ex-presidiários”, estamos enviando algumas informações e<br />
esclarecimentos em relação ao assunto abordado. Esperamos po<strong>de</strong>r colaborar para<br />
incentivá-los à futuras contratações <strong>de</strong> ex-<strong>de</strong>tentos.<br />
47<br />
Gabriel Pimentel Moli<strong>na</strong> e Lais Tamborelli <strong>de</strong> Castro<br />
Ao conseguir um bom emprego dificilmente um ex-<strong>de</strong>tento volta ao crime.<br />
Conheça o Pró-egresso<br />
O Programa <strong>de</strong> Inserção <strong>de</strong> Egressos do Sistema Penitenciário (Pró-<br />
egresso) tem como objetivo estimular a inclusão - <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong> e no mercado <strong>de</strong>
trabalho - <strong>de</strong> egressos das penitenciárias paulistas por meio <strong>de</strong> programas da<br />
Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho (SERT).<br />
O programa Pró-egresso é voltado, também, para adolescentes da<br />
Fundação Casa que cumprem medida sócio-educativa. Criado para apoiar a<br />
campanha Começar <strong>de</strong> Novo, do Conselho Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Justiça (CNJ).<br />
Como funcio<strong>na</strong><br />
O papel do projeto Pró-Egresso é captar vagas no mercado <strong>de</strong> trabalho<br />
paulista para inseri-las no sistema online <strong>de</strong> intermediação <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra<br />
Emprega São Paulo (www.empregasaopaulo.sp.gov.br) e fazer, nos Postos <strong>de</strong><br />
Atendimento ao Trabalhador (PATs), a inscrição dos egressos.<br />
Os cadastros contêm um histórico das aptidões e qualificações<br />
profissio<strong>na</strong>is e pessoais dos egressos, além <strong>de</strong> informações sobre cursos e<br />
ativida<strong>de</strong>s que tenham <strong>de</strong>senvolvido.<br />
Estava previsto para 2010, cerca <strong>de</strong> 5 mil vagas em cursos gratuitos do<br />
Programa Estadual <strong>de</strong> Qualificação Profissio<strong>na</strong>l (PEQ) – procurando a<strong>de</strong>quar a<br />
vocação profissio<strong>na</strong>l do indivíduo à disponibilida<strong>de</strong> da gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> opções <strong>de</strong> cursos<br />
e à <strong>de</strong>manda do mercado <strong>de</strong> trabalho.<br />
Em relação a capacitação, po<strong>de</strong>mos citar a Penitenciaria “Dr. Eduardo <strong>de</strong><br />
Oliveira Vian<strong>na</strong>” em Bauru, que oferece cursos <strong>de</strong> eletricista, auxiliar <strong>de</strong><br />
contabilida<strong>de</strong>, assistente administrativo e supletivo.<br />
48
Incentivo à <strong>contratação</strong><br />
O Pró-egresso <strong>de</strong>termi<strong>na</strong> que os órgãos públicos estaduais po<strong>de</strong>m exigir,<br />
em seus contratos e editais <strong>de</strong> licitação <strong>de</strong> obras ou serviços, que a empresa<br />
vencedora contrate um número mínimo <strong>de</strong> egressos para realizarem os trabalhos.<br />
Inscreva sua empresa <strong>na</strong> CAEF<br />
(Centro <strong>de</strong> Atenção ao Egresso e Família)<br />
Rua Galvão <strong>de</strong> Castro, 5‐85 – Vila Monlevad<br />
Fone: (14) 3203‐1416<br />
Bauru‐SP<br />
49