You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
CLARINHA - Há oito dias não vejo minha tia. Demais tu já deves estar aborrecida de mim.<br />
ISABEL - Henrique te disse alguma cousa?<br />
CLARINHA - Pois não viste?<br />
ISABEL - O que? que te disse ele?<br />
CLARINHA - Não disse nada! É o seu costume.<br />
ISABEL - Mas escuta...<br />
CLARINHA - Faça-me um especial favor, minha prima. Não falemos mais disto.<br />
ISABEL - Estás agastada e não tens razão.<br />
CLARINHA - Nenhuma. Eu já sabia.<br />
ISABEL - Não tens razão, não, Clarinha. Se Henrique te trata com indiferença, a culpa <strong>é</strong> tua.<br />
CLARINHA - Cada vez a melhor.<br />
ISABEL - <strong>Que</strong> necessidade tinhas de chamar o Sales para junto de ti, e conversar com ele<br />
daquele modo?<br />
CLARINHA - Havia de estar muda?<br />
ISABEL - Anda lá! <strong>Que</strong>rias te vingar de Henrique. Não sabes quanto isso <strong>é</strong> perigoso.<br />
CLARINHA (rindo-se) - Com o Sales? (Toma o lenço no piano e acha uma rosa.)<br />
ISABEL - Com qualquer. Dessas conversas inocentes nasce muitas vezes uma inclinação.