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A música dos pianistas de Salvador

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[...] o caro público não quer me ouvir tocar isso [Beethoven e Men<strong>de</strong>lssohn]. As pessoas<br />

certamente prefeririam ouvir o meu Banjo, Ojos criollos, ou Last Hope. Há diversos<br />

<strong>pianistas</strong> que po<strong>de</strong>m tocar essa <strong>música</strong> tão bem ou melhor que eu, mas nenhum <strong>de</strong>les<br />

po<strong>de</strong> tocar a minha <strong>música</strong> com a meta<strong>de</strong> do meu <strong>de</strong>sempenho 15 .<br />

A <strong>música</strong> <strong>de</strong> Gottschalk possui virtuosismo, brilho, bravura e lirismo, traços<br />

comuns aos gran<strong>de</strong>s ídolos <strong>de</strong> então, mas carrega peculiarida<strong>de</strong>s da cultura musical da<br />

sua terra natal e <strong>dos</strong> lugares on<strong>de</strong> viveu. O título <strong>de</strong> suas peças <strong>de</strong>ixa claro o seu vínculo<br />

com cada cultura e local: Bamboula, Danse <strong>de</strong> Nègres; La Savane, Balla<strong>de</strong> Créole; La<br />

Jota aragonesa, Caprice Espagnol; Ojos Criollos, Danse Cubaine, Caprice Brillant;<br />

Souvenir <strong>de</strong> Porto Rico, Marche <strong>de</strong> Gibaros; e <strong>de</strong>ntre muitas outras, a célebre Gran<strong>de</strong><br />

Fantaisie Triunphale sur l’Hymne National Brésilien (1869).<br />

A influência <strong>de</strong> Gottschalk esten<strong>de</strong>u-se por todo um continente on<strong>de</strong> os<br />

hábitos culturais musicais caminhavam ao seu tempo e à sua maneira, com muitos<br />

traços à parte <strong>dos</strong> hábitos europeus. A sua maneira <strong>de</strong> compor, com a utilização <strong>de</strong><br />

elementos musicais <strong>de</strong> cada região on<strong>de</strong> viveu, sem dúvida alguma, encorajou a<br />

expressão <strong>de</strong> uma <strong>música</strong> “americana” emergente, feita por outros <strong>pianistas</strong> e<br />

compositores do continente. Muitos <strong>de</strong>les foram, inclusive, alunos <strong>de</strong> Gottschalk, como<br />

Ignácio Cervantes (1847-1905), pianista e compositor cubano, autor das 21 Danças<br />

Cubanas, verda<strong>de</strong>iras pérolas da <strong>música</strong> para piano; Nicolás Ruiz Espa<strong>de</strong>ro (1832-<br />

1890), também cubano e autor <strong>de</strong> muitas peças <strong>de</strong> sabor nacional; Tereza Carreño<br />

(1853-1917), consagrada pianista venezuelana mundialmente famosa. No Brasil, o<br />

próprio Gottschalk enxergou ressonâncias da <strong>música</strong> norte-americana nas obras do<br />

paulistano Antônio Carlos Gomes (1836-1896), célebre compositor <strong>de</strong> “O Guarani”,<br />

15 “[...] the <strong>de</strong>ar public does not want to hear me play it [Beethoven e Men<strong>de</strong>lssohn]. People would rather<br />

hear my Banjo, Ojos criollos, or Last Hope. Besi<strong>de</strong>s there are plenty of pianists who can play that music<br />

as well or better than I can, but none of them can play my music half so well as I can” (apud DUBAL,<br />

1989, p.111).<br />

15

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