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1º Trimestre de 2013 – Elias e Eliseu – um ministério de poder para a Igreja<br />
PORTAL ESCOLA DOMINICAL<br />
1º Trimestre de 2013 - CPAD<br />
Elias e Eliseu – um ministério de poder para a Igreja<br />
Comentários da revista da CPAD: José Gonçalves<br />
Consultor Doutrinário e Teológico da CPAD: Pr. Antonio Gilberto<br />
LIÇÃO Nº 3 – A LONGA SECA SOBRE ISRAEL<br />
Os três anos e seis meses de seca sobre Israel revelaram a divindade do Senhor<br />
não só para Israel mas para o próprio profeta Elias<br />
INTRODUÇÃO<br />
- Na sequência de estudos sobre Elias e Eliseu, hoje estudaremos a seca de três anos e seis meses que foi<br />
profetizada por Elias quando de sua aparição.<br />
- Neste período, Deus revelou-Se não só a Israel mas também ao profeta Elias como sendo o único e<br />
verdadeiro Deus, Aquele que tem absoluto controle sobre a natureza.<br />
I – ELIAS ANUNCIA A SECA SOBRE ISRAEL<br />
- Continuamos o estudo dos ministérios dos profetas Elias e Eliseu e, na presente lição, estudaremos o período<br />
de três anos e seis meses em que não choveu sobre Israel conforme o dito do profeta Elias no instante em que<br />
surgiu perante o povo de Israel e proferiu a sua palavra (I Rs.17:1).<br />
- Conforme vimos na lição anterior, o profeta Elias apresentou-se ao rei Acabe e anunciou que não iria<br />
chover nem cairia orvalho enquanto ele não proferisse uma nova palavra neste sentido. Em outras<br />
palavras: o profeta anunciava que “estava fechando o céu até segunda ordem”.<br />
- Esta afirmação de Elias não era fruto de sua simples imaginação ou vontade. Quando lemos a epístola<br />
de Tiago, somos informados de que este gesto do profeta foi efeito de um pedido seu ao Senhor. Com efeito,<br />
antes de anunciar publicamente a falta de chuva e de orvalho, o profeta havia pedido a Deus que isto<br />
fosse feito (Tg.5:17).<br />
- Elias, ao se apresentar ao rei, disse que era alguém que estava “perante a face do Senhor”, ou seja,<br />
identificou-se como um servo de Deus, como um homem que gozava plena comunhão com o Senhor, um<br />
homem, como vimos na lição anterior, que prezava pela oração e pela meditação nas Escrituras, vivendo, com<br />
consequência disto, em “isolamento profético”, ou seja, distante de toda a apostasia espiritual que<br />
experimentava a sua nação.<br />
- Inconformado com os rumos seguidos por Israel, o profeta, zeloso que era não só de sua vida espiritual mas<br />
do próprio povo, iniciou seu pedido a Deus para que fosse impedida a chuva e o orvalho sobre a nação, a fim<br />
de que o povo compreendesse que só o Senhor era o único e verdadeiro Deus, não passando de mentira a ideia<br />
de que a natureza era controlada por Baal, a divindade cuja adoração se tornara oficial com a vinda de Jezabel<br />
a Israel.<br />
- O pedido do profeta, portanto, visava única e exclusivamente a glória do Senhor, tinha como objetivo<br />
fazer o povo despertar para a realidade de que 0 Senhor era o único e verdadeiro Deus, e isto, segundo pensou<br />
o profeta, seria demonstrado quando o Senhor, num gesto público, determinasse que não mais se chovesse ou<br />
caísse orvalho durante “anos”. Assim, o povo, em sua adoração a Baal, veria que não era Baal, mas, sim, o<br />
Senhor quem controlava a natureza.<br />
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- O profeta, ao fazer tal pedido, demonstrava a sua plena confiança em Deus. Sabia, tinha convicção de<br />
que o único Deus era o Senhor e que, portanto, era o Senhor e não Baal quem tinha controle sobre a natureza,<br />
sobre o ciclo das águas, criação sua que era. Tinha ele plena certeza de que todas as coisas tinham sido criadas<br />
pelo Senhor (Gn.1:1) e que os ídolos nada significavam, nada eram (I Co.8:4), pois o único Autoexistente era<br />
o Senhor, que, aliás, desta forma Se identificara para Moisés (Ex.3:14).<br />
- Nos dias em que vivemos, não pode ser diferente. Todos os que estão em comunhão com o Senhor têm de ter<br />
esta mesma convicção, esta mesma certeza de que só o Senhor é Deus, que só Ele é a Verdade (Jr.10:10), nada<br />
significando, nada sendo tudo quanto tem sido inventado pelo homem, inclusive na falsamente chamada<br />
ciência (I Tm.6:20).<br />
- Vivemos dias em que, a exemplo do que ocorria nos dias de Elias, em que as invencionices da mitologia<br />
fenícia adquiria ares de “verdade” para o povo de Israel, também muitas outras criações da imaginação<br />
humana têm sido adotadas pelos que cristãos se dizem ser como sendo “verdades”, apesar de serem<br />
frontalmente contrárias ao que ensina a Bíblia Sagrada, esta, sim, a única verdade absoluta existente<br />
(Jo.17:17).<br />
- A exemplo de Elias, temos de confiar naquilo que diz o Senhor, naquilo que Ele revelou em Sua Palavra, não<br />
nos deixando abalar pelas ideologias e pensamentos trazidos por incrédulos e que têm sido, lamentavelmente,<br />
acolhidos e assumidos por muitos que cristãos se dizem ser. Deus é a verdade, Sua Palavra é a verdade e<br />
somente na verdade é que devemos confiar e crer. Lembremos do que diz o apóstolo Paulo: “Porque nada<br />
podemos contra a verdade, senão pela verdade” (II Co.13:8).<br />
- Assim é que, nos dias em que vivemos, há aqueles que não mais creem que Deus criou todas as coisas,<br />
influenciados que estão pela teoria evolucionista. Há, também, aqueles que já não mais creem que Deus criou<br />
homem e mulher, admitindo a existências de “outros gêneros” (não usam sequer a palavra “sexo”, que também<br />
foi abolida por estes inventores de males), assumindo assim as “histórias da carochinha” trazidas pelo<br />
movimento homossexual. Já há, mesmo, aqueles que não creem sequer na verdade, renegando a própria<br />
inspiração divina da Bíblia Sagrada, fazendo coro aos adeptos do relativismo moral e ético. Irmãos amados,<br />
sejamos como Elias, crendo e confiando única e exclusivamente no Senhor!<br />
- Elias pediu ao Senhor que lhe fosse permitido “fechar os céus” e o Senhor o permitiu e, então, o profeta, sem<br />
qualquer titubeio, apresenta-se ao rei Acabe e anuncia que “segundo a sua palavra”, não choveria nem cairia<br />
orvalho em Israel “durante anos”.<br />
- Nestas palavras do profeta Elias, temos algumas informações importantíssimas. A primeira é que todo o<br />
anúncio se iniciou com uma glorificação ao Senhor; “Vive o Senhor, Deus de Israel”. Ao contrário do que<br />
dizem os triunfalistas, que gostam de mostrar esta passagem como uma “prova” de que o servo de Deus tem<br />
“direitos” e “superpoderes”, o fato é que o profeta Elias surge glorificando a Deus.<br />
- Elias faz questão de que suas primeiras palavras sejam de adoração ao Senhor, chamado por ele de “o<br />
Senhor, Deus de Israel”. Elias, assim, de pronto, rejeita a ideia de que havia mais de um deus, como estava a<br />
crer o povo israelita que adorava tanto ao Senhor quanto a Baal, além de Asera. Elias rejeitava, assim, o<br />
politeísmo e identificava ao Senhor como o único e verdadeiro Deus.<br />
- Fosse nos dias de hoje, certamente Elias seria chamado de “intolerante” ou “fundamentalista religioso”. Com<br />
efeito, nos dias difíceis em que vivemos, dizer que Jesus é Deus, dizer que só há um Deus e que a salvação se<br />
faz somente por intermédio de Jesus Cristo soa como sendo “intolerância religiosa”, “fundamentalismo<br />
religioso”.<br />
- No entanto, os verdadeiros servos do Senhor não podem, em absoluto, abrir mão desta verdade. Somente há<br />
salvação na pessoa bendita de Cristo Jesus. Só Jesus salva e não é senão mentira satânica dizer que “todos os<br />
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caminhos levam a Deus”. Este pensamento, que é um nítido princípio da Nova Era, este movimento filosóficoreligioso<br />
que prepara o caminho para o Anticristo e seu Falso Profeta, tem, infelizmente, deturpado a<br />
mentalidade de muitos que cristãos se dizem ser.<br />
- Se aceitarmos a ideia de que pode haver salvação fora de Jesus, deixamos de ser cristãos. Se dissermos que<br />
não é importante reconhecer Jesus como Deus, também estavam a negar a fé cristã. Isto é fundamental para<br />
que nos identifiquemos como parte da Igreja, deste povo que irá morar no céu com o Senhor.<br />
- Elias não negou o seu Senhor. Declarou, em alto e bom som, que o único e verdadeiro Deus era o Deus de<br />
Israel, era o Senhor, a quem ele dava a devida e indispensável adoração. Temos agido assim em nossa vida<br />
pública, em nossa vida social, em convívio com as demais pessoas? Pensemos nisto!<br />
- Mas, além de dizer que o Senhor era o único Deus, Elias, ainda, confessou que estava “perante a face do<br />
Senhor”, ou seja, fez uma profissão de fé, declarou publicamente a sua comunhão com o Senhor. Não só<br />
o Senhor era o único e verdadeiro Deus, como Elias se apresentou como um servo de Deus, como um homem<br />
de Deus, o que, naquele tempo, significava também declarar ser um profeta.<br />
- Elias apresentou-se a Acabe como um servo do Senhor, como um profeta de Deus. Isto significava, por<br />
primeiro, que Elias fez questão de dizer que estava contra a maré, “nadando contra a corrente”, “fora da<br />
moda”, pois, nos dias de Acabe, o que trazia “status”, o que contribuía para a aceitação era ser “profeta de<br />
Baal” ou “profeta de Asera”.<br />
- Elias confessou que servia a Deus e que tinha comunhão com Ele, que não se deixara seduzir pelo poder real,<br />
que não estava entre aqueles que “estavam por cima”, que desfrutavam das benesses do rei e de sua mulher.<br />
Elias “não queria levar vantagem” com a situação.<br />
- Elias não quis o “galardão da injustiça” como Balaão (II Pe.2:15), mas, antes, mostrou sua fidelidade para<br />
com o Senhor, mesmo que isto lhe trouxesse problemas e até risco de vida, como, aliás, acabou ocorrendo.<br />
- Nos dias em que vivemos, poucos são os que agem como Elias. No momento em que devem declinar a sua fé<br />
em Deus, devem identificar-se como servos do Senhor, renunciando a todas as “vantagens” de se comportar<br />
como qualquer incrédulo, negam vergonhosamente o seu Senhor, preferindo sufocar a sua salvação a se<br />
manter fiel e leal ao Senhor. Será que temos agido desta maneira, amados irmãos? Será que temos nos<br />
comprometido com o mundo para não nos comprometermos com o Senhor?<br />
- Elias poderia, muito bem, apenas declarar “Assim diz o Senhor”, como tantos profetas, mas preferiu dizer<br />
“Vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou”. Comprometeu-se com Deus, fez questão de mostrar<br />
que tinha comunhão com o Senhor, que o que fazia, fazia por orientação e direção do Senhor.<br />
- É esta a atitude que o Senhor exige de cada um de nós. Certa feita, o Senhor Jesus disse que quem lança sua<br />
mão ao arado e olha para trás é inapto para o reino de Deus (Lc.9:62), bem como que só aquele que perseverar<br />
até o fim será salvo (Mt.24:13), pensamento que é complementado pelo escritor aos hebreus que disse que o<br />
Senhor não tem prazer naquele que recua, pois recuar é retirar-se para a perdição (Hb.10:38,39). Temos de<br />
correr com paciência a carreira que nos está proposta (Hb.12:1) até que a terminemos, como fez o apóstolo<br />
Paulo (II Tm.4:7). Temos feito isto?<br />
- Outro ponto importantíssimo que a declaração do profeta nos mostra é que Elias, mostrando que agia<br />
debaixo da orientação divina e não como um “supercrente”, apenas afirmou que não choveria nem cairia<br />
orvalho “durante anos”, ou seja, não estipulou o tempo da seca, sabendo apenas que seria mais de um ano,<br />
tempo mínimo necessário para se mostrar que o ciclo das estações não estava sob o controle de Baal, mas, sim,<br />
do Senhor.<br />
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- Elias sabia que Deus era o Senhor e, portanto, o tempo de duração da seca era algo que estava sob a<br />
exclusiva vontade soberana de Deus. Elias sabia, de acordo com o seu pedido, que este período tinha de ser<br />
superior a um ano, mas quanto tempo duraria não era de sua alçada, mas, sim, de Deus.<br />
- Elias não ultrapassou os limites da soberania divina, nem poderia fazê-lo como um fiel servo do Senhor,<br />
alguém que sabe exatamente qual é o seu lugar, qual seja, o de servo. Tem-se aqui, pois, o total descabimento<br />
de se apontar a presente passagem como “prova” do pensamento triunfalista hoje tão em voga entre muitos<br />
que cristãos se dizem ser. Jamais podemos deixar Deus à nossa vontade, mas, sim, devemos sempre fazer a<br />
vontade de Deus. Lembremos disto!<br />
- É importante observar que a declaração de Elias, muito provavelmente, não causou nenhum temor ou<br />
preocupação para o rei Acabe. Elias era um desconhecido, de aspecto estranho (seus trajes eram bem<br />
diferentes, como dissemos na lição anterior). Ao declarar que não haveria chuva nem orvalho “durante anos”,<br />
contrariou todo o pensamento do culto a Baal, então prevalecente, de sorte que foi tido como um “louco<br />
varrido”, um inconsequente. Somente o futuro diria que o profeta havia dito a verdade…<br />
- Pouco importa se o que diz a Igreja ao mundo parece ser “tolice”, “loucura” ou coisas desta natureza. O fato<br />
é que o que a Igreja afirma é a verdade e isto se demonstrará ao passar dos anos, ao longo da história. Não<br />
esperemos o reconhecimento ou o assentimento do mundo para que pronunciemos o que o Senhor revela em<br />
Sua Palavra. Façamos a nossa parte, que é pregar o Evangelho, que é proclamar a verdade, quer o mundo ouça<br />
ou deixe de ouvir (Ez.2:5,7; 3:11).<br />
II – ELIAS É SUSTENTADO PELOS CORVOS<br />
- Depois de sua intensa e abrupta declaração, o profeta Elias sai de cena. Temos aqui mais uma<br />
importante lição, qual seja, a de que, em nossas vidas, não devemos aparecer, mas, sim, fazer com que Cristo<br />
apareça em nós.<br />
- Uma das características do servo de Deus é que ele é um instrumento para a glorificação do nome do Senhor,<br />
ou seja, vive neste mundo em função de glorificar o nome do Senhor e de fazer com que os outros homens<br />
também o façam. Foi isso que o Senhor Jesus deixou claro ao dizer que somos a luz do mundo, para que, em<br />
resplandecendo nossa luz, os homens glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus (Mt.5:16).<br />
- Quando temos a consciência de que nossa razão de viver sobre a face da Terra é a glorificação do nome do<br />
Senhor, não queremos, em absoluto, receber qualquer glória, pois sabemos que a glória pertence única e<br />
exclusivamente ao Senhor, que não a reparte com pessoa alguma (Is.42:8).<br />
- O Senhor Jesus, sendo Deus, ao Se fazer homem, despiu-Se de Sua glória e fez questão de afirmar que veio<br />
ao mundo única e exclusivamente para glorificar o Pai (Jo.17:4), negando-Se a receber a glória dos homens<br />
(Jo.5:41), exemplo que foi seguido pelo apóstolo Paulo (I Ts.2:6).<br />
- Na única vez em que o Senhor Jesus, em Seu ministério terreno, deixou revelar a Sua glória, fê-lo no monte,<br />
apenas para três de Seus discípulos, tendo como uma das testemunhas o próprio profeta Elias (Mt.17:1-3;<br />
Lc.9:28-30), a comprovar, portanto, que somente verá a glória de Deus aqueles que, neste mundo, souberem<br />
glorificar ao Senhor.<br />
- Por isso, vemos, com tristeza, uma tendência atual nas igrejas locais à glorificação de homens, a uma busca<br />
de “reconhecimentos”, de “louvores”, o que contraria frontalmente o que estatui a Bíblia Sagrada a respeito e<br />
que temos, em Elias, um grande exemplo.<br />
- O profeta não quis ser ter os holofotes do povo, nem tampouco demonstrar a veracidade de suas palavras<br />
que, como dissemos, não deve ter gerado credibilidade no momento em que foram proferidas. Não quis<br />
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“mostrar” que estava com a verdade, que era um homem de Deus. Nada disso! O profeta simplesmente sai de<br />
cena, porque seguia a direção e orientação do Senhor.<br />
- O Senhor mandou o profeta para o ribeiro de Querite, que estava diante do Jordão. Este ribeiro era,<br />
muito provavelmente, bem conhecido do profeta, porque ficava na região de Gileade, a região de sua origem.<br />
“…Um local proposto é o wadi Kelt, um riacho de águas revoltas que deságua no vale do Jordão. Porém, a<br />
expressão bíblica ‘fronteira ao Jordão’ parece dar a entender que esse ribeiro ficava a leste daquele lugar, bem<br />
como na própria terra nativa de Elias, Gileade. Nesse caso, o wadi Yabis, defronte de Bete-Seã, parece ser a<br />
identificação mais provável.…” (CHAMPLIN, Russell Norman. Querite: In:Enciclopédia de Bíblia, Teologia<br />
e Filosofia, v.5, p.529).<br />
- O Senhor, portanto, manda o profeta para a mesma região de sua procedência, algo que seria impensável para<br />
quem havia sido comissionado por Deus para combater a apostasia espiritual e havia tido a permissão divina<br />
para “fechar os céus” e dizer isto diretamente ao rei.<br />
- Entretanto, humilde e obedientemente, Elias retornou à sua região de origem, para ficar à margem de um<br />
ribeiro, em completo anonimato, longe dos “holofotes”, porque Deus assim o determinou. Temos feito isso?<br />
Temos obedecido à voz de Deus mesmo quando parece que “estamos andando para trás”?<br />
- O propósito de Elias era tão somente o engrandecimento do nome do Senhor. Embora lhe tenha sido dada a<br />
permissão de “fechar os céus”, o profeta não se deslumbrou com isso, mas se manteve como humilde e<br />
obediente servo de Deus, fazendo a Sua vontade acima de tudo.<br />
- O Senhor disse que Elias deveria ir para o ribeiro porque ali teria água para sua sobrevivência, o que, aliás,<br />
era algo importante, já que, diante da palavra do profeta, a água se tornaria escassa. No entanto, não nos<br />
esqueçamos, o ribeiro de Querite era um “wadi”, ou seja, um rio temporário, um rio que somente existe em<br />
algumas épocas, a época das chuvas. Ora, se haveria de parar de chover, não seria apropriado que fosse para<br />
um lugar de águas perenes? Elias, porém, não questionou ao Senhor, sabendo que Ele é o Criador de todas as<br />
coisas e poderia abastecê-lo como estava a dizer.<br />
- É importante observar que, durante um período que a Bíblia não precisa, Elias realmente bebeu do ribeiro,<br />
mas o ribeiro foi secando pouco a pouco. Elias notava, certamente, a cada dia a diminuição do volume de água<br />
do ribeiro, mas jamais questionou o Senhor a respeito. Confiava plenamente em Deus, sabia que tinha de<br />
beber daquele ribeiro e que, apesar de ele estar diminuindo dia após dia, era ali que o Senhor tinha mandado<br />
que ele ficasse e era dali que ele deveria beber.<br />
- A confiança de Elias era renovada diariamente, era posta à prova a cada instante, a cada momento. O<br />
ribeiro ia minguando, mas Elias não saía dali, da beira do ribeiro de Querite, porque seguia a direção e<br />
orientação divinas, andava por fé e não por vista. Será que temos agido desta maneira, amados irmãos? Ou<br />
será que, diante da diminuição do volume das águas daquele rio temporário, já teríamos zarpado e ido para<br />
outros lugares, como à beira do Jordão, o único rio perene da Palestina?<br />
- Assim como Elias, devemos confiar inteiramente no Senhor, apesar de as aparências indicarem que, dia após<br />
dia, não faz sentido esta nossa obediência ao Senhor. Não podemos julgar segundo as aparências, mas, sim,<br />
temos de julgar segundo a reta justiça (Jo.7:24). Temos de andar por fé e não por vista (II Co.5:17). Temos<br />
agido desta maneira, amados irmãos?<br />
- Mas, embora já fosse um exercício de fé, retirar-se para a beira de um rio temporário, a segunda parte da<br />
ordem divina mostra muito bem como Elias era um homem obediente ao Senhor. Deus, na Sua ordem ao<br />
profeta, ainda o avisou que Ele tinha ordenado que “corvos” o sustentassem (I Rs.17:4).<br />
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- Quando a Bíblia fala em “corvo”, temos aqui a palavra hebraica “ ‘oreb” (ברע), cujo significado é mesmo de<br />
“corvo”, ou seja, um ave que, desde o início, estava associada à impureza, tanto que foi um corvo a ave que<br />
deu más notícias para Noé (Gn.8:7). O corvo é uma ave que se alimenta de carniça e, como tal, era tida na lei<br />
de Moisés como uma ave imunda (Lv.11:15).<br />
- Ao receber a ordem para ir ao Querite, onde seria sustentado por corvos, o profeta Elias bem poderia dizer<br />
como, séculos mais tarde, disse o apóstolo Pedro: “de modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa<br />
alguma comum e imunda” (At.10:14). Entretanto, o profeta não estava ali para questionar o Senhor, nem<br />
tampouco para entender a ordem dada por Deus.<br />
- Já era um contrassenso o profeta receber uma ordem para ir a um lugar onde seria sustentado por animais e,<br />
além disso, seria sustentado por aves imundas? Como entender uma ordem dessas? Não seria melhor<br />
questionar o Senhor? Não, não e não! Elias havia dito que confiava em Deus, havia anunciado publicamente<br />
aos homens que não choveria nem cairia orvalho porque confiava em Deus e, portanto, nada tinha que fazer<br />
senão obedecer a este mesmo Deus.<br />
- Será que temos esta mesma atitude quando o Senhor nos manda fazer coisas que, pela nossa razão, pelos<br />
nossos costumes religiosos, entendemos ser irrazoável e impertinente? Será que mostramos que confiamos em<br />
Deus ou preferimos questioná-l’O? Pensemos nisto!<br />
- O saudoso pastor Walter Marques de Melo (1933-2012) costumava relatar uma experiência que tinha tido<br />
com o Senhor a respeito desta passagem bíblica. Intrigado e inconformado porque o Senhor mandara aves<br />
imundas sustentar Elias, o querido irmão passou tempos questionando o Senhor a respeito disto. Um certo dia,<br />
o Senhor lhe trouxe a resposta, dizendo que a ave, por certo, era impura mas o alimento dado ao profeta era<br />
limpo e cerimonialmente puro (pão e carne). Assim como o Senhor fez com aqueles corvos, também, nos dias<br />
hodiernos, manda muitos pregarem a mensagem genuína e autêntica da Palavra, embora tais mensageiros, a<br />
exemplo dos corvos, sejam imundos aos olhos do Senhor. No final desta experiência, o Senhor repreendeu o<br />
nosso saudoso irmão, advertindo-o para que continuasse a pregar o Evangelho puro mas que se cuidasse para<br />
que não fosse mais um corvo. Temos mantido a nossa pureza ou somos corvos, aves imundas, que levam<br />
alimento puro às almas?<br />
- Elias, mesmo sabendo que os corvos eram aves imundas, que era irrazoável pensar que seria sustentado por<br />
tais animais, não questionou o Senhor e partiu para o Querite, obedecendo a Deus. Faríamos o mesmo?<br />
Pensemos nisto!<br />
- O profeta foi e “fez conforme a palavra do Senhor”. Que exemplo para todos nós! Não devemos<br />
questionar o Senhor, não devemos duvidar do que diz e manda, mas tão somente obedecer-Lhe. Na<br />
obediência, não só teremos o poder de Deus como desfrutaremos deste poder.<br />
- Elias foi habitar junto ao Querite e, para sua surpresa, foi alimentado por corvos que lhe traziam pão e carne<br />
pela manhã, como também pão e carne à noite (I Rs.17:7). Como diz Russell Norman Champlin: “…Essas<br />
aves vorazes, apesar do seu grande apetite, acharam tempo para cuidar do profeta do Senhor. Nisso<br />
encontramos uma lição sobre o infalível e ilimitado suprimento de Deus. O corvo foi destacado para mostrar<br />
como Deus cuida de toda a Sua criação (Lc.12:24)…” (Corvo. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e<br />
Filosofia, v.1, p.936).<br />
- Deus estava a mostrar ao profeta Elias que tinha o controle sobre toda a criação, a ponto de mandar<br />
aves consideradas imundas virem trazer pão e carne duas vezes ao dia ao seu profeta. Deus mostrou ter<br />
absoluto controle sobre a criação, mostrando isto duas vezes ao dia ao profeta para que, pela sua própria<br />
experiência, ele fortificasse a fé que já demonstraram no único e verdadeiro Deus de Israel.<br />
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- Ao mesmo tempo que o povo de Israel experimentava que Deus era o único e verdadeiro Senhor de toda a<br />
criação, uma vez que passou a não mais chover nem cair orvalho em todo Israel, e isto apesar dos sacrifícios<br />
que eram feitos a Baal e que, certamente, se intensificaram a partir da seca, o profeta Elias, também, era<br />
fortificado na sua fé, pois passara a experimentar, dia após dia, a Providência Divina.<br />
- A seca era tanto para Israel, quanto para o profeta, uma ocasião não de Deus castigar o Seu povo ou maltratálo,<br />
mas uma oportunidade que o Senhor dava para mostrar o Seu poder e a Sua existência, como também uma<br />
demonstração inequívoca de que Baal nada era, apenas uma invenção da imaginação humana.<br />
- Ainda hoje o Senhor usa das nossas provações, das nossas aflições para provar o Seu poder, para fortificar a<br />
nossa fé. Nada há que ocorra na vida de um servo do Senhor que não tenha um propósito de contribuir para o<br />
nosso bem (Rm.8:28) e não há bem maior para o homem do que conhecer cada vez mais o seu Deus (Os.6:3;<br />
Jo.17:21-23). Conhecimento significa, antes de mais nada, intimidade, comunhão. O desejo de Deus é que<br />
entremos em perfeita comunhão com Ele, que formemos com Ele uma unidade, a fim de que sejamos com Ele<br />
assim como as Pessoas divinas são entre Si.<br />
- A provação de Elias era diária, pois, ao mesmo tempo em que os corvos vinham alimentá-lo duas vezes ao<br />
dia, o ribeiro ia secando. Não poderia o Deus que fazia vir pão e carne na boca dos corvos duas vezes ao dia,<br />
mandar água para o ribeiro que minguava dia após dia? Poderia, evidente que poderia, mas não era assim que<br />
Deus queria que se fizesse. Elias não questionava nem se desesperava com a diminuição de volume daquele<br />
wadi, mas, tão somente, vivia a cada dia o seu mal.<br />
- É esta disposição que o Senhor exige de cada um de nós. Não devemos ser pessoas que sejam extremamente<br />
preocupadas com o futuro. Não devemos viver ansiosamente, com verdadeiro pavor e paúra com relação ao<br />
dia de amanhã.<br />
- É certo que temos de ser previdentes, pois sabemos que há tanto o dia da prosperidade, quanto o dia da<br />
adversidade (Ec.7:14), mas esta previdência não pode se traduzir numa obsessão, numa tentativa de resolver<br />
todas as questões do futuro a partir de agora, como se vivêssemos independentemente de Deus.<br />
- A grande lição que Deus estava a dar para o profeta Elias era a de que devemos depender única e<br />
exclusivamente do Senhor. Se só o Senhor é Deus, se Ele era o Criador e sustentador de todas as coisas,<br />
sendo uma loucura atribuir-se algo a Baal, o profeta deveria provar que assim pensava sabendo que Deus há de<br />
cuidar de cada um dos Seus.<br />
- Jesus deixou-nos esta lição no sermão do monte. Mandou que olhássemos como Deus cuida e sustenta a cada<br />
criatura Sua, a começar das aves, que não plantam, não semeiam, nem segam, mas que são alimentadas dia<br />
após dia pelo Senhor. Ora, se Deus assim faz com criaturas inferiores ao homem, coroa da criação terrena, não<br />
irá também cuidar de nós?<br />
- Infelizmente, nossa confiança em Deus é tão pequena que, apesar desta prova diária do cuidado de Deus com<br />
a Sua criação, não temos a necessária e indispensável confiança no Senhor e ficamos a correr atrás das coisas<br />
terrenas, com vistas a um futuro digno tanto nosso quanto de nossa família. No entanto, o que o Senhor nos<br />
manda é correr atrás do reino de Deus e de sua justiça, pois TODAS estas coisas nos serão acrescentadas<br />
(Mt.6:33).<br />
- Realçamos o pronome “todas”, porque há pessoas que, inadvertidamente, dizem que “as demais coisas nos<br />
serão acrescentadas”, mas o Senhor não promete acrescentar apenas as “demais coisas”, mas, sim, “todas as<br />
coisas desta vida”. Tudo o que é há neste mundo, o comer, o beber e o vestir são apenas “acréscimos” daquilo<br />
que muito mais sublime no ser humano, que é a busca de uma vida de comunhão com o Senhor.<br />
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1º Trimestre de 2013 – Elias e Eliseu – um ministério de poder para a Igreja<br />
- Elias experimentou esta Providência Divina, foi sustentado diariamente pelo Senhor, impossibilitado que<br />
estava de trabalhar. Nem sabia que estava sendo escondido por Deus, pois o rei Acabe, quando percebeu que,<br />
realmente, a palavra do profeta estava se cumprindo, mandou que o fossem buscar em todo o mundo (cf. I<br />
Rs.18:10). Precisava o profeta desta experiência para que, fortificado na fé, pudesse ser usado por Deus para<br />
dar um grande golpe no culto a Baal em Israel.<br />
- Tudo quanto sucede em nossas vidas é para que adquiramos a capacitação necessária para que cumpramos a<br />
vocação divina em nossas vidas. Deus não apenas chama, não apenas vocaciona, mas cria as condições para<br />
que possamos ter o necessário desenvolvimento para que cumpramos a missão a nós confiada. Por isso, não<br />
reclamemos do diminuir do volume das águas do Querite, nem com o fato de que somos sustentados dia após<br />
dia, mas simplesmente fiquemos no lugar e na forma determinados pelo Senhor, pois, assim agindo,<br />
alcançaremos a vitória e a necessária capacitação.<br />
- Elias permaneceu à beira do Querite até que Deus o mandou sair dali. “Passados dias, o ribeiro se secou,<br />
porque não tinha havido chuva sobre a terra” (I Rs.17:7). A palavra do profeta também o havia apanhado. Ele<br />
não estava imune da sua própria profecia.<br />
- Elias aprendeu, então, que a palavra que havia proferido era palavra de Deus e não do homem e, como Deus<br />
não faz acepção de pessoas, nem o profeta havia escapado desta sentença. Havia parado de chover e de cair<br />
orvalho sobre a terra, conforme a palavra do profeta, e, por isso, o ribeiro se secou. Não poderia Deus deixar o<br />
ribeiro com água? Lógico que sim! Mas o Senhor queria mostrar a Elias que Ele era soberano e que todas as<br />
criaturas estavam debaixo da Sua soberania, inclusive o próprio profeta.<br />
- Elias aprendeu que toda a criação estava sob as ordens de Deus, a ponto de corvos virem alimentá-lo, mas<br />
também aprendeu que também ele, profeta, estava debaixo das ordens divinas, tanto que a palavra que<br />
proferira se cumprira inclusive no ribeiro de Querite.<br />
III – ELIAS E OS SERVOS DO SENHOR SÃO GUARDADOS POR DEUS<br />
- Depois da experiência do Querite, o Senhor ainda daria outras lições a Elias pois o mandou a Sarepta de<br />
Sidom, para ali ser sustentado por uma viúva, mas tal assunto é própria de uma lição específica, motivo pelo<br />
qual dele não falaremos aqui.<br />
- Enquanto Elias era ensinado na “escola do Querite”, a seca avançava sobre todo Israel e até fora de<br />
Israel, pois, como vimos na lição anterior, esta seca foi inclusive mencionada por historiadores que contaram a<br />
história de Sidom e de seu rei Etbaal, como nos dá conta Flávio Josefo em suas Antiguidades Judaicas.<br />
- Quando o rei Acabe percebeu que a palavra de Elias estava se cumprindo, mandou que o profeta fosse<br />
“caçado” em todo o mundo (I Rs.18:10), pois, certamente, queria obrigar o profeta a pedir que chovesse e<br />
caísse orvalho sobre Israel, consoante a palavra que proferira quando se apresentara ao rei.<br />
- No entanto, Elias estava escondido por Deus e, quando Deus esconde, ninguém acha, nem mesmo o diabo,<br />
como podemos ver, por exemplo, no caso da sepultura de Moisés (Dt.34:6; Jd.9). Elias estava na sua região de<br />
origem, mas o rei não conseguiu encontrá-lo. Deus mostrou, assim, que tem o absoluto controle de todas as<br />
coisas.<br />
- O Senhor continua a esconder o Seu povo nos dias de hoje. A Bíblia diz que nossa vida está escondida com<br />
Cristo em Deus (Cl.3:3), porque morremos para o mundo e vivemos agora para Deus.<br />
- Elias foi escondido por Deus porque havia morrido para o mundo, havia se mantido em “isolamento<br />
profético”, ou seja, não havia se comprometido com o pecado do povo, tendo preferido ficar em comunhão<br />
com o Senhor.<br />
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- Quando também nos mantemos em comunhão com o Senhor Jesus, apartando-nos do pecado e do mundo,<br />
alcançamos também este estado e somos escondidos com Cristo em Deus. Isto não quer dizer que não<br />
podemos ser atingidos pelo mal, que não venhamos a sofrer, mas, sim, que tudo que acontecer será para o<br />
nosso bem e, de modo algum, seremos impedidos de nos manter em comunhão com o Senhor. O Senhor Jesus<br />
foi bem claro ao afirmar que ninguém pode nos arrebatar da Sua mão (Jo.10:28).<br />
- Nada pode abalar a nossa fé em Deus, nada pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus<br />
nosso Senhor (Rm.8:35-39), se estivermos com o Senhor Jesus, se estivermos em comunhão com Ele.<br />
- Elias, depois de toda a sua experiência, e ainda antes de se apresentar ao rei, teve de ter conhecimento,<br />
através de Obadias, que havia sido mantido escondido por Deus, que havia recebido um livramento de que<br />
não tinha tido a menor consciência durante os dias em que esteve tanto à beira do Querite, quanto em Sarepta<br />
de Sidom.<br />
- Devemos, amados irmãos, observar que isto ainda ocorre em nossos dias. Não temos conhecimento dos<br />
muitos livramentos que o Senhor nos dá, impedindo que o nosso inimigo nos atinja, quando estamos a fazer a<br />
vontade de Deus em nossas vidas. Alguma coisa o Senhor nos faz saber, mas muito do que Ele faz somente na<br />
eternidade teremos conhecimento, se é que conheceremos algum dia. Por isso, sejamos sempre gratos ao<br />
Senhor pelos muitos benefícios que nos tem feito.<br />
- Mas, ao mesmo tempo em que Acabe mandou procurar Elias, ao notar que a profecia dele estava se<br />
cumprindo, o rei não titubeou em fazer a vontade de Jezabel, que quis destruir os profetas do Senhor (I<br />
Rs.18:4).<br />
- Diante da constatação de que a palavra de Elias estava se cumprindo, em vez de se humilhar e reconhecer<br />
que o Senhor, e só Ele, era Deus, Acabe e Jezabel preferiram destruir os profetas do Senhor. Sabedores de que<br />
Elias era ligado às escolas dos profetas, iniciou-se a perseguição contra os fiéis e denodados servos do Senhor<br />
que ainda existiam em Israel.<br />
- A apostasia espiritual sempre traz consigo a perseguição aos genuínos e autênticos servos do Senhor. A<br />
simples presença de um servo de Deus incomoda aqueles que se desviaram espiritualmente, incomoda aqueles<br />
que creem na mentira em vez de crer na verdade e, por isso, até porque tais pessoas são instrumentos do diabo,<br />
cujo papel é matar, roubar e destruir (Jo.10:10), não demora muito para que os servos de Deus sejam<br />
perseguidos e mortos.<br />
- No entanto, Elias, que de tudo estava alheio durante o período da seca, fica também sabendo, por intermédio<br />
de Obadias, que Deus não só o protegeu, mas também a cem profetas, sustentando-os em duas covas com pão<br />
e água durante todo o período da estiagem.<br />
- Elias deve ter se impressionado, pois Obadias era nem mais nem menos que o próprio mordomo do rei (I<br />
Rs.18:3), pessoa que exercia cargo de confiança e que estava no próprio palácio real, mas que, mesmo assim,<br />
sem que fosse descoberto conseguiu alimentar cem homens durante o período da estiagem com pão e água.<br />
- Para Elias, Deus usou de corvos e de um ribeiro; para os demais profetas, usou do próprio mordomo<br />
do rei. Que Deus maravilhoso, que Deus soberano, que Deus que age e ninguém pode impedir (Is.43:13 “in<br />
fine”)! O Deus de Elias é o nosso Deus!<br />
- Vemos aqui, aliás, como não era o distanciamento físico de Elias que o tornava um homem de Deus, um<br />
servo obediente do Senhor. Obadias estava em pleno palácio de Acabe e de Jezabel, ocupava uma importante<br />
posição na corte, mas, nem por isso, deixou-se contaminar com o culto a Baal e com a apostasia espiritual,<br />
sendo, a um só tempo, “mordomo do rei” e um homem que “temia muito ao Senhor”.<br />
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- Não podemos, pois, justificar nossos fracassos espirituais querendo pôr a culpa no meio em que vivemos.<br />
Não adianta querer nos enganar com argumentos para explicar e querer que seja compreendida nossa<br />
mediocridade espiritual. Certamente não havia lugar mais difícil de se servir a Deus do que o palácio de Acabe<br />
e de Jezabel naqueles dias e, mesmo assim, Obadias é apontado como um servo que muito temia ao Senhor.<br />
Por isso, amados irmãos, sejamos fiéis ao Senhor, sejamos leais à Sua Palavra, deixando de tentar justificar<br />
nossas fraquezas pelo ambiente em que o Senhor nos colocou.<br />
IV - O POVO DE ISRAEL PASSA FOME DURANTE A LONGA SECA<br />
- Enquanto Elias e os cem profetas haviam sido devidamente sustentados pelo Senhor durante o período da<br />
estiagem, a Bíblia diz que “a fome era extrema em Samaria” (I Rs.18:2 “in fine”).<br />
- O povo de Israel não teve a mesma sorte dos profetas. Sobre eles, a seca significou fome e sede. Perto do<br />
final dos três anos e meio, nem mesmo os animais do rei tinham erva para se alimentar, de modo que Acabe e<br />
Obadias estavam à procura do que pudesse sustentar os cavalos e mulas do rei (I Rs.18:4).<br />
- Os ribeiros temporários, a exemplo do Querite, tinham secado e as fontes de água já estavam a rarear. A<br />
penúria era extrema, pois três anos e seis meses não chovia sobre Israel (cf. Lc.4:25; Tg.5:17). A situação, diznos<br />
o Senhor Jesus, era de “grande fome”.<br />
- Por que Deus deixou o povo de Israel passar esta situação? Seria Ele um Deus cruel e sanguinário, despido<br />
de misericórdia? Não, não e não! A seca tinha um propósito pedagógico e, pelas mesmas razões pelas quais<br />
Deus sustentou Seus profetas, também fez com que o povo de Israel passasse necessidades.<br />
- Elias e os cem profetas do Senhor precisam ser fortificados na fé, tinham de experimentar que o Senhor era o<br />
único Deus, que Ele, e não Baal, era quem fornecia a Israel o necessário sustento, quem detinha o controle<br />
sobre a natureza.<br />
- O povo de Israel tinha de aprender a mesma coisa, mas, enquanto os profetas já sabiam disso e foram<br />
providos por Deus, de forma milagrosa, para confirmarem esta sua convicção e crença, os israelitas, por sua<br />
vez, tinham de aprender que Deus é quem controla a natureza e não, Baal, e, para tanto, como eles adoravam e<br />
faziam sacrifícios a Baal, tinham de entender que Baal nada era, que Baal nada podia fazer contra a palavra<br />
proferida por um profeta do Senhor.<br />
- Assim, diante da atitude dos israelitas de adorarem a Baal, em vez de adorarem a Deus, não haveria outra<br />
maneira de eles saberem que Baal nada é mas que Deus era o verdadeiro “EU SOU”, senão passando fome e<br />
sede, a fim de que entendessem que os sacrifícios a Baal não tinham condão algum de trazer chuva ou orvalho<br />
sobre a face da Terra.<br />
- Enquanto que para os profetas do Senhor, o sustento diário confirmava o que eles já criam, ou seja, que Deus<br />
é o Criador e sustentador de Sua criação, para os israelitas, era fundamental eles terem a experiência de que<br />
Baal não era o fornecedor de prosperidade como estavam a acreditar.<br />
- Na mitologia fenícia, Baal tinha como inimigo a morte, ou seja, era o deus vinculado à vida. Segundo as<br />
crenças em voga, Baal seria morto na época em que as chuvas cessavam, mas os amigos de Baal ( o Sol,<br />
adorado como deus Shapsh e Asera, mãe de Baal, a deusa da fertilidade) conseguiam devolver-lhe a vida e a<br />
terra florescia novamente em virtude da cópula entre Baal e Asera. Para desmistificar esta crença, portanto, era<br />
indispensável que, durante mais de um ano, as chuvas não viessem, para mostrar que era mentira que Baal as<br />
trazia, mas, sim, que elas eram fruto da bênção do Senhor, o único e verdadeiro Deus.<br />
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- O Senhor, portanto, não agira com acepção de pessoas, não privilegiara Seus profetas em detrimento dos<br />
demais israelitas, mas estava a tratar com todos, de forma a que todos pudessem entender quem era Deus e que<br />
Ele tinha o controle sobre toda a natureza, que Ele era o Criador e sustentador de todas as coisas.<br />
- Apesar de toda a demonstração que o povo tivera de que Baal não era deus coisa nenhuma, que não tinha<br />
qualquer controle sobre as chuvas e de que a palavra de Elias estava a prevalecer, sem chuva nem orvalho<br />
desde sua declaração, o fato é que ainda o povo ficou a vacilar, ficando em dúvida se Deus e Baal coexistiriam<br />
ou se somente o Senhor era Deus (I Rs.18:21).<br />
- Vemos, pois, que toda esta “grande fome” não tinha sido ainda suficiente para que o povo compreendesse<br />
que só o Senhor era Deus e que Baal nada era, apenas fruto da imaginação humana. Notamos, portanto, que<br />
Deus não agiu de modo despropositado ou “além da conta” ao mandar a fome extrema sobre Israel com a<br />
longa seca.<br />
- Outra observação que devemos fazer é que, durante a longa seca, Elias foi tratado como “o perturbador<br />
de Israel” (I Rs.18:17). Apesar de toda a eloquente demonstração de que o profeta era um profeta do Senhor,<br />
tanto que sua palavra estava se cumprindo (cf. Dt.18:21,22) e de que Baal nada significava, pois, por três anos<br />
e seis meses não chovia nem caía orvalho sobre a terra, foi muito mais fácil para Acabe e Jezabel espalharem a<br />
notícia de que Elias era “o perturbador de Israel”, o responsável por todas as mazelas que estavam<br />
acontecendo.<br />
- Nos dias hodiernos não é diferente. Os servos de Deus, em virtude sua maneira piedosa de viver, são também<br />
acusados de serem “perturbadores” do mundo atual, de serem os responsáveis pelas inúmeras calamidades que<br />
assolam o mundo. Assim, se há guerras, é por causa da “intolerância religiosa”; se há pobreza, é por causa da<br />
“intolerância religiosa”; se há infelicidade, é por causa da “intolerância religiosa”.<br />
- Não nos cansamos de ver na mídia centenas e centenas de “estudiosos” que, de uma forma ou de outra,<br />
procuram incriminar os “valores judaico-cristãos” como sendo os responsáveis por todas as mazelas que<br />
existem na humanidade, defendendo, por isso mesmo, “uma nova era”, uma “era pós-cristã” onde seja<br />
“aniquilada a intolerância e o obscurantismo”.<br />
- Contudo, nada disso é verdade. Pelo contrário, as grandes mazelas que acometem a humanidade estão<br />
relacionadas com a prática do pecado e a recusa de os homens crerem em Cristo Jesus, o Cordeiro de Deus que<br />
tira o pecado do mundo. Retirado o pecado, o que somente se dá quando cremos em Jesus Cristo como único e<br />
suficiente Senhor e Salvador de nossas vidas, teremos o fim de toda a sorte de infelicidades, injustiças e<br />
maldades que assolam este nosso mundo.<br />
- Por isso, bem agiu Elias ao afirmar a Acabe que não era ele, mas, sim, o rei o “perturbador de Israel”: “Eu<br />
não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai, porque deixastes os mandamentos do Senhor, e<br />
seguistes a Baalim” (I Rs.18:18).<br />
- Nós temos de ter este mesmo comportamento que teve Elias, qual seja, o de denunciar o pecado e<br />
mostrar aos pecadores a razão de suas infelicidades, angústias e tristezas. Devemos ter a coragem de<br />
confrontar os pecadores com a Palavra de Deus e lhes mostrar que é a prática do pecado que denigre e<br />
corrompe não só a pessoa humana, mas a sociedade como um todo. Temos feito isto?<br />
V – APLICAÇÕES BÍBLICAS DA LONGA SECA SOBRE ISRAEL<br />
- Por fim, cumpre-nos apenas indicar aqui duas aplicações bíblicas a respeito deste período de estiagem<br />
que ocorreu sobre Israel, período este que, não por acaso, atingiu três anos e seis meses (Lc.4:25; Tg.5:17).<br />
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1º Trimestre de 2013 – Elias e Eliseu – um ministério de poder para a Igreja<br />
- Conforme dissemos anteriormente, para que o Senhor mostrasse que Baal não era Deus, era mister que a seca<br />
durasse mais de um ano e, por isso, o profeta Elias proferiu sua mensagem dizendo que a estiagem duraria<br />
“anos” (I Rs.17:1).<br />
- Todavia, o Senhor, que nada fez sem propósito (Ec.3:1), estabeleceu que seca duraria três anos e seis meses<br />
para que este período fosse uma figura de dois outros períodos em que Deus revelaria todo o Seu controle<br />
sobre a natureza não só para Israel mas para todas as nações, períodos estes, entretanto, que também teriam<br />
como resposta por parte dos homens a vacilação e, mesmo, a rejeição do Senhor.<br />
- O primeiro destes períodos é o ministério terreno de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que também<br />
durou mais de três anos. Neste período, em que Jesus foi ungido com o Espírito Santo e com virtude, fazendo<br />
bem e curando a todos os oprimidos do diabo (At.10:36), os Seus não O receberam (Jo.1:11), preferindo um<br />
assassino a Jesus chamado o Cristo (Mt.27:17).<br />
- Apesar de todos os sinais e maravilhas apresentados, apesar de todo o poder demonstrado, o povo de Israel<br />
rejeitou o Messias, achou-O um “perturbador de Israel” e o matou na cruz do Calvário. Mantiveram-se na<br />
fome e na sede espirituais, apesar de toda a Providência Divina.<br />
- O segundo destes períodos é a primeira metade da Grande Tribulação, que também terá três anos e seis<br />
meses. Neste período, Deus irá contender com o Seu povo, mostrando, através dos seis selos mencionados no<br />
livro do Apocalipse, que o Anticristo é um falso Messias, não é deus. No entanto, apesar de todas as<br />
evidências, os judeus aceitarão o seu falso testemunho (cf. Jo.5:43) e com ele firmarão um pacto, que será<br />
rompido somente ao final do período, quando o Anticristo profanar o templo reconstruído com sua<br />
aquiescência e apoio (cf. Dn.9:27).<br />
- Também aqui, apesar de toda a demonstração do poder de Deus, inclusive através de dois profetas (as “duas<br />
testemunhas” do capítulo 11 de Apocalipse, um dos quais alguns estudiosos da Bíblia entendem ser o próprio<br />
Elias), a maior parte dos judeus se manterão em fome e sede espirituais, confiando no falso deus, no falso<br />
messias e não no único e verdadeiro Deus.<br />
- Esta dureza de cerviz do povo de Israel não é motivo para que nós o recriminemos ou nos arroguemos uma<br />
justiça superior à dos israelitas. Na verdade, muitos de nós estão a agir de igual modo e com uma agravante.<br />
Os israelitas, com exceção dos profetas, não tinham o Espírito Santo neles, agiam mediante a intermediação<br />
dos profetas e dos sacerdotes e, durante o período da longa seca, era praticamente impossível consultar um<br />
profeta, perseguidos como estavam, escondidos como estavam por Deus.<br />
- Nos dias hodiernos, porém, temos o Espírito Santo em nós (Jo.14:17) e, mesmo assim, tendo sido iluminados<br />
pelo Senhor ao aceitar o Evangelho (cf. Hb.6:4), muitos estão a seguir o caminho da apostasia espiritual, a se<br />
deixar envolver pelos “cultos a Baal” de nossos dias, a se misturar com o mundo e sua mentalidade<br />
pecaminosa.<br />
- Tomemos, pois, cuidado, pois, se assim agirmos, estaremos em situação muito pior da dos israelitas dos dias<br />
de Elias, mantendo-nos numa situação de fome e sede espirituais, sem que tenhamos sequer a desculpa de que<br />
não pudemos encontrar homens de Deus que nos orientassem ou a quem podíamos consultar. Por isso, amados<br />
irmãos, tomemos muito cuidado, pois tudo o que foi escrito para nosso ensino foi escrito (Rm.15:4), a fim de<br />
que não venhamos a ter um juízo muito mais rigoroso que aqueles que apostataram da fé naquele tempo. Que<br />
Deus nos guarde!<br />
Colaboração para o portal Escola Dominical - Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco<br />
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