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Reserva Genética Florestal Tamanduá - Embrapa Recursos ...

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Embrrapa Recurrsos Genétti icos e Bi iottecnol logi ia<br />

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Edi ittorres Técni icos<br />

Anttoni ietta Nassi iff Sal lomão<br />

José Al lves da Si il lva<br />

Brrasí íl li ia,, DF.. 2006


Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />

<strong>Embrapa</strong> <strong>Recursos</strong> Genéticos e Biotecnologia<br />

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />

<strong>Reserva</strong> Genétiica Fllorestall <strong>Tamanduá</strong><br />

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Anttoni ietta Nassi iff Sal lomão<br />

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<strong>Embrapa</strong> <strong>Recursos</strong> Genéticos e Biotecnologia<br />

Brasília, DF<br />

2006<br />

2


Exemplares desta edição podem ser adquiridos na<br />

<strong>Embrapa</strong> <strong>Recursos</strong> Genéticos e Biotecnologia<br />

Serviço de Atendimento ao Cidadão<br />

Parque Estação Biológica, Av. W/5 Norte (Final)<br />

Brasília, DF CEP 70770-900 – Caixa Postal 02372 PABX: (61) 448-4600 Fax: (61) 340-3624<br />

http://www.cenargen.embrapa.br<br />

e.mail:sac@cenargen.embrapa.br<br />

Comitê de Publicações<br />

Presidente: Sergio Mauro Folle<br />

Secretário-Executivo: Maria da Graça Simões Pires Negrão<br />

Membros: Arthur da Silva Mariante<br />

Maria de Fátima Batista<br />

Maurício Machain Franco<br />

Regina Maria Dechechi Carneiro<br />

Sueli Correa Marques de Mello<br />

Vera Tavares de Campos Carneiro<br />

Supervisor editorial: Maria da Graça Simões Pires Negrão<br />

Normalização Bibliográfica: Lígia Saldanha<br />

Editoração eletrônica: Maria da Graça Simões Pires Negrão<br />

1ª edição<br />

1ª impressão (2006): 500<br />

Todos os direitos reservados.<br />

A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais<br />

(Lei nº 9.610).<br />

R 432 <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong>. / Antonieta Nassif Salomão e José Alves da<br />

Silva (Eds.). Brasília: <strong>Embrapa</strong> <strong>Recursos</strong> Genéticos e Biotecnologia, 2006.<br />

137 p.<br />

ISBN: 978-85-87697-41-7.<br />

1. <strong>Recursos</strong> genéticos vegetais. 2. <strong>Reserva</strong>. 3. <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong><br />

<strong>Tamanduá</strong>. I. Salomão, Antonieta Nassif. II. Silva, José Alves da. III. Título.<br />

333.9534 – CDD 21.


EDI ITORES TÉCNI ICOS<br />

Antonieta Nassif Salomão – <strong>Embrapa</strong> <strong>Recursos</strong> Genéticos e Biotecnologi. Laboratório<br />

de Conservação. Caixa Postal 02372; Parque Estação Biológica, Final W5Norte,<br />

70770-900, Brasília, DF. Fone: (61) 3448-4766. Email: antoniet@cenargen.embrapa.br<br />

José Alves da Silva – <strong>Embrapa</strong> <strong>Recursos</strong> Genéticos e Biotecnologi. Laboratório de<br />

Conservação. Caixa Postal 02372; Parque Estação Biológica, Final W5Norte, 70770-<br />

900, Brasília, DF. Fone: (61) 3448-4619 Email: jalves@cenargen.embrapa.br


Sumário<br />

I. Capítulo: Caracterização da <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> ------------------------- 7<br />

Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 8<br />

Características da <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> ----------------------------------------- 9<br />

Referência Bibliográfica -------------------------------------------------------------------------------------- 12<br />

II. Capítulo: Composição Florística e Estrutura Fitossociológica do Estrato Superior ---- 14<br />

Introdução -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 15<br />

Composição florística ----------------------------------------------------------------------------------------- 15<br />

Estrutura horizontal e vertical ------------------------------------------------------------------------------ 23<br />

Distribuição de freqüência por classe diamétrica ---------------------------------------------------- 24<br />

Estrutura volumétrica ----------------------------------------------------------------------------------------- 27<br />

Considerações finais ------------------------------------------------------------------------------------------ 29<br />

Referências bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------------ 30<br />

III. Capítulo: Composição Florística e Estrutura Fitossociológica do Estrato Inferior ----- 32<br />

Introdução -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 33<br />

Composição florística e estrutura fitossociológica de regenerantes e indivíduos<br />

jovens ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 34<br />

Distribuição espacial de regenerantes de espécies prioritárias para a conservação ------ 44<br />

Considerações finais ------------------------------------------------------------------------------------------ 49<br />

Referências bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------------ 50<br />

IV. Capítulo: Fenologia de Espécies Arbóreas ------------------------------------------------------- 53<br />

Fenologia ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 55<br />

Mudança foliar -------------------------------------------------------------------------------------------------- 59<br />

Floração ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 61<br />

Frutificação ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 64<br />

Considerações Finais ------------------------------------------------------------------------------------------ 69<br />

Referências bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------------ 70<br />

V. Capítulo: Espécies Arbóreas de Importância Econômica -------------------------------------- 73<br />

Introdução -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 74<br />

1. Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan ------------------------------------------------------ 74<br />

2. Apuleia leiocarpa (Vog.) Macbr. ----------------------------------------------------------------------- 78<br />

3. Aspidosperma cylindrocarpon M. Arg. -------------------------------------------------------------- 82<br />

4. Aspidosperma discolor A. DC. ------------------------------------------------------------------------- 85<br />

5. Aspidosperma spruceanum Benth. ex M. Arg. --------------------------------------------------- 88<br />

6. Aspidosperma subincanum Mart. --------------------------------------------------------------------- 91<br />

7. Astronium fraxinifolium Schott ------------------------------------------------------------------------ 94<br />

8. Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze ---------------------------------------------------------------- 98<br />

9. Copaifera langsdorffii Desf. --------------------------------------------------------------------------- 102<br />

10. Cupania vernalis Camb. ------------------------------------------------------------------------------ 106<br />

11. Guarea guidonia (L.) Sleumer ----------------------------------------------------------------------- 109<br />

12. Hymenaea courbaril var. stilbocarpa (Hayne) Lee & Lang. ------------------------------- 112<br />

13. Luehea divaricata Mart. & Zucc. ------------------------------------------------------------------ 116<br />

14. Matayba elaeagnoides Radlk. ----------------------------------------------------------------------- 120<br />

15. Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire, Steyerm et Frodin. ------------------------------ 123


16. Tapirira guianensis Aubl. ----------------------------------------------------------------------------- 128<br />

17. Terminalia argentea Mart. et Zucc. -------------------------------------------------------------- 132<br />

18. Virola sebifera Aubl. ----------------------------------------------------------------------------------- 135


I. Capítulo<br />

Caracterização da <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong><br />

José Alves da Silva<br />

Antonieta Nassif Salomão


Introdução<br />

A conservação in situ fundamenta-se no manejo e na manutenção da diversidade<br />

biológica promovendo a sobrevivência de indivíduos e populações de espécies<br />

prioritárias (raras, endêmicas e ameaçadas) em seus habitats (FALK 1992;<br />

SHRESTHAA et al 2002).<br />

Esforços são envidados visando delinear modelos em que as áreas protegidas<br />

abranjam ecossistemas fragilizados e sejam representativas das diversidades genética e<br />

ecológica de espécies prioritárias para a conservação (Cairns, 1987; Diniz Filho &<br />

Telles, 2006). Para a conservação da diversidade genética intra e inter populações de<br />

espécies arbóreas propõe-se como um modelo eficaz, a criação de uma rede de<br />

reservas genéticas. As reservas que compõem a rede devem ser distribuídas de<br />

maneira a proteger populações adaptadas às mais distintas condições ambientais<br />

(HAMANNA et al 2002; NEEL e CUMMINGS, 2003).<br />

A maioria das espécies autóctones não está uniformemente distribuída e<br />

geralmente, apresenta variação interpopulacional para algumas características.<br />

Ademais, a degradação e a fragmentação de seus habitats têm resultado em um<br />

número expressivo de espécies com populações pequenas e isoladas. Assim, uma rede<br />

composta por pequenas reservas alocadas em uma grande área geográfica pode<br />

conservar com maior eficácia as diversidades genética e ecológica destas espécies<br />

(UICN 1984).<br />

Dentre as formações florestais nativas indicadas para a adoção desse modelo de<br />

conservação estão as matas de galeria, por possuírem dimensões restritas e formas<br />

variadas caracterizando-se como pequenos fragmentos florestais ao longo de cursos de<br />

água com estágios sucessionais diferenciados. As matas de galeria distribuem-se como<br />

uma extensa malha por toda a região do Cerrado, cobrindo cerca de 5% da extensão<br />

total da região (FONSECA, 1992). Atuam como catalisadoras e mantenedoras da<br />

diversidade de espécies e como corredor ecológico permitindo a colonização e o<br />

contato de espécies peculiares das floras Amazônica, Atlântica e da Bacia do Paraná.<br />

Desempenham ainda, importante papel como refúgio natural da abundante fauna do<br />

Cerrado durante a estação seca. Nesse sentido, a conservação do maior número<br />

possível dessas matas aumentará o tamanho efetivo de populações vegetais,<br />

favorecerá o fluxo gênico entre indivíduos e sua dispersão, bem como fornecerá<br />

8


subsídio para a adoção deste modelo de conservação em outros tipos de formações<br />

arbóreas (PAULA et al. 1990; SCHIAVINI 1992; FONSECA 1992; MARTINS NETTO<br />

1992; ARRUDA e SÁ 2004).<br />

Características da <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong><br />

A <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> situa-se nas proximidades da cidade<br />

satélite do Gama - DF, nas dependências da <strong>Embrapa</strong> Hortaliças, Rodovia Brasília -<br />

Anápolis BR 060, km 09, Fazenda <strong>Tamanduá</strong>. As coordenadas geográficas da posição<br />

central da <strong>Reserva</strong> são 15º 56’ 00’’ de latitude Sul e 48º 08’ 00’’ de longitude Oeste<br />

(Figura 1), a uma altitude média de 997m sobre o nível do mar (SILVA et al. 2004).<br />

A implantação da <strong>Reserva</strong> deu-se em 1984, quando iniciaram-se a demarcação<br />

da área, o estabelecimento das parcelas e o levantamento florístico preliminar da mata<br />

de galeria semidecídua que acompanha e protege as margens do riacho <strong>Tamanduá</strong>. A<br />

área total da mata é de 21,08 ha e apresenta forma variável e irregular e solo<br />

distrófico sem que haja encharcamento ou inundação (EITEN, 1990).<br />

Na região onde se localiza a <strong>Reserva</strong> o clima predominante (Köppen) é de savana<br />

(Aw) (Ayoade 1983). No período compreendido entre os anos de 1961 a 1990 foram<br />

registradas na região as normais climatológicas anuais: umidade relativa média mínima<br />

de 49 % e média máxima de 79,5%, precipitação média mínima de 6 mm e média<br />

máxima de 250 mm (Figura 2); temperatura média máxima de 28,8ºC e média mínima<br />

de 12,8ºC (Figura 3). O mês de junho foi o mais seco para o período considerado,<br />

registrando uma precipitação de 6 mm e temperatura mínima em torno de 13ºC.<br />

Entretanto, julho foi o mês mais frio de todo o período, registrando temperatura de<br />

12,8ºC (INMET, 2005).<br />

A mata caracteriza-se por exibir uma estrutura semelhante à de floresta pluvial<br />

bem desenvolvida e pela presença de famílias botânicas (Anacardiaceae, Annonaceae,<br />

Leguminosae e Rubiaceae) e de espécies (Aspidosperma subincanum, Hymenaea<br />

courbaril var. stilbocarpa, Copaifera langsdorffii, Cupania vernalis, Schefflera<br />

morototoni, Tapirira guianensis e Virola sebifera) comuns a 21 matas de galeria do<br />

Distrito Federal (SILVA JÚNIOR et al. 2001).<br />

Das espécies arbóreas existentes na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong>,<br />

Anadenathera macrocarpa, Apuleia leiocarpa, Astronium fraxinifolium, Cariniana<br />

9


estrellensis, Copaifera langsdorffii, Hymenaea courbaril var. stilbocarpa, Schefflera<br />

morototoni e Virola sebifera são consideradas prioritárias para a conservação in e ex<br />

situ (ROCHE 1987; FAO 1997). Nos demais capítulos deste livro, estas oito espécies<br />

serão referidas como espécies prioritárias ou espécies-alvo.<br />

Distrito Federal<br />

48 00’ 47 30’<br />

Rese rva Ge n éti c a<br />

Flo re sta l Ta m a nd uá<br />

15 30’<br />

16 00’<br />

Figura 1. Localização geográfica da <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> no Distrito<br />

Federal (Fonte: Laboratório de Geoprocessamento da <strong>Embrapa</strong> <strong>Recursos</strong> Genéticos e Biotecnologia e adaptado<br />

por José Roberto de Alencar Moreira).<br />

N<br />

10


Umidade relativa(%)<br />

95<br />

85<br />

75<br />

65<br />

55<br />

45<br />

35<br />

25<br />

15<br />

5<br />

umidade<br />

precipitação<br />

J F M A M J J A S O N D<br />

mês<br />

Figura 2. Umidades relativas e precipitações anuais no Distrito Federal no período de<br />

1961 a 1990. (Fonte: INMET 2005).<br />

Temperatura (ºC)<br />

30 mínima média máxima<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

J F M A M J J<br />

mês<br />

A S O N D<br />

Figura 3. Temperaturas anuais no Distrito Federal no período de 1961 a 1990. (Fonte:<br />

INMET 2005).<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

Preciptação (mm)<br />

11


Referência Bibliográfica<br />

ARRUDA, M. B.; SÁ, L. F. S. N. de. Corredores ecológicos: uma abordagem integradora de<br />

ecossistemas no Brasil. Brasília. Ministério do Meio Ambiente – IBAMA, 2004. 203 p.<br />

AYOADE, J. O. Introduction to climatology for the tropics. Clichester J. Wiley & Son, 1983.<br />

258 p.<br />

CAIRNS, J. Jr. Disturbed ecosystems as opportunities for research in restoration ecology. In:<br />

William, J. (Ed.). Restoration ecology: a synthetic approach to ecological research. New York.<br />

Cambridge University Press. 1987. p. 307 – 319.<br />

DINIZ FILHO, J. A. F.; TELLES, M. P. de C. Optimization procedures for establishing reserve<br />

networks for biodiversity conservation taking into account population genetic structure.<br />

Genetics and Molecular Biology, v. 29, n. 2, p. 207 – 214. 2006.<br />

EITEN, G. Vegetação do Cerrado. In: PINTO, M. N. (org.) Cerrado, caracterização, ocupação e<br />

perspectivas. Universidade de Brasília. 1990. p. 9 - 65.<br />

FALK, D. A. From conservation biology to conservation practice: strategies for<br />

protecting plant diversity. In: FIEDLER, P. L.; JAIN, S. K. (Ed.). Conservation biology:<br />

theory and practice of nature conservation and management. New York. Chapman – Hall.<br />

1992. p. 397 – 431.<br />

FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations). Report on the tenth session of<br />

the FAO panel of experts on forest gene resources. Roma. 1997. 69p.<br />

FONSECA, G. A. B. Fundação Pró-Natureza. Alternativas de desenvolvimento dos cerrados:<br />

manejo e conservação dos recursos naturais renováveis. Brasília, IBAMA, 1992. 97 p.<br />

HAMANNA, A.; AITKENA, S. N.; YANCHUKB, A. D. Cataloguing in situ protection of genetic<br />

resources for major commercial forest trees in British Columbia. Forest Ecology and<br />

Management (special issue), v. 197, p. 295 – 305. 2002.<br />

INMET. (INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA). Normais climatológicas do DF.<br />

Disponível em Acessado em abril de 2005.<br />

MARTINS NETTO, D. A. Aspectos demográficos de quatro espécies florestais na mata galeria<br />

da <strong>Reserva</strong> de <strong>Genética</strong> <strong>Tamanduá</strong> - DF. 1992, 96 p. Dissertação de mestrado. Universidade<br />

de Brasília. Brasília.<br />

NEEL, M. C.; CUMMINGS, M. P. Effectiveness of conservation targets in capturing genetic<br />

diversity. Conservation Biology, v. 17, n.1, p. 219 – 229. 2003<br />

PAULA, J. E. de; ENCINAS, J. I; MENDONÇA, R. C. de; LEÇO, D. T. Estudo dendrométrico e<br />

ecológico de mata ripária da região Centro-Oeste. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 25, n 1,<br />

p. 43 - 55. 1990.<br />

ROCHE, L. Forest genetic conservation. Brasil/Bangor. IICA (IICA; EMBRAPA. Report on the<br />

three-week consultancy), 1987. 37 p.<br />

12


SCHIAVINI, I. Estrutura das comunidades arbóreas de mata de galeria da Estação Ecológica do<br />

Panga (Uberlândia-MG). 1992, 133 p. Dissertação de doutorado. Universidade de Campinas.<br />

Campinas.<br />

SHRESTHAA, M. K.; GOLAN-GOLDHIRSHB, A.; WARDA, D. Population genetic structure and<br />

the conservation of isolated populations of Acacia raddiana in the Negev Desert. Biological<br />

Conservation, v. 108, p. 119 – 127. 2002<br />

SILVA, J. A.; LEITE, E. J.; ARMANDO, M. S.; SALOMÃO, A. N.; REZENDE, J. M. de.<br />

Caracterização florística, fitossociológica e regeneração natural do sub-bosque da <strong>Reserva</strong><br />

<strong>Genética</strong> Floresta <strong>Tamanduá</strong>, DF. Ciência <strong>Florestal</strong>, v. 14, n. 1, p. 121 - 132. 2004.<br />

SILVA JUNIOR, M. C. da; FELFILI, J. M.; WALTER, B. M. T.; NOGUEIRA, P. E.; REZENDE, A.<br />

V.; MORAIS, R. de O.; NÓBREGA, M. G. G. Análise da flora de matas de galeria do Distrito<br />

Federal: 21 levantamentos. In: RIBEIRO, J. F.; FONSECA, C. E. L. da; SOUSA-SILVA, J. C.<br />

(Ed.). Cerrado: caracterização e recuperação de Matas de Galeria. Planaltina: <strong>Embrapa</strong><br />

Cerrados. 2001. p. 143 - 191.<br />

UICN (União Internacional para Conservação da Natureza). Estratégia mundial para<br />

conservação. São Paulo. CESP. 1984. 55 p.<br />

13


IIII.. Capí íttul lo<br />

Composi ição Fl lorrí ístti ica e Esttrrutturra Fi ittossoci iol lógi ica do Esttrratto<br />

Superri iorr<br />

14<br />

José Al lves da Si il lva<br />

Edson Junquei irra Lei itte<br />

Marrci io Si il lvei irra Arrmando<br />

João Marrcel lo Rezzende


Introdução<br />

As florestas tropicais contêm a maior diversidade biológica de todas as<br />

comunidades vegetacionais terrestres. Há décadas, as populações naturais de espécies<br />

arbóreas destas comunidades vêm sendo dizimadas ou reduzidas por diversas ações. A<br />

seleção disgênica é considerada como a ação de maior impacto sobre essas<br />

populações. O desmatamento e a fragmentação de florestas, devido à exploração<br />

madeireira seletiva ou descontrolada e à extração de produtos não madeireiros (óleo,<br />

resina, cascas, frutos etc.), têm causado efeitos danosos à manutenção da diversidade<br />

genética, ao tamanho e à densidade das populações levando-as a um processo<br />

endogâmico e, conseqüentemente, ao comprometimento da regeneração natural (FAO<br />

1993, 1997).<br />

Apesar das matas de galeria no Brasil Central raramente, exibirem árvores que<br />

excedem 100 cm de diâmetro (Silva Júnior 1999), possuem espécies economicamente<br />

muito importantes, comparativamente às formações de Cerrados, o que as levam a<br />

estar permanentemente sob pressão antrópica.<br />

A classificação da vegetação, em geral, tem por base critérios fisionômicos,<br />

ecológicos e florísticos como premissas para se organizar a hierarquia das unidades de<br />

vegetação (RIZZINI e HERINGER, 1962). Para melhor entender os aspectos<br />

fisionômicos da vegetação deve-se analisar certas características fundamentais como<br />

estrutura e distribuição espacial dos indivíduos na comunidade. O estudo da estrutura<br />

consiste na organização dos vegetais em agrupamentos por meio da análise botânica e<br />

distribuição espacial das espécies (GOLDSTEIN e GRIGAL, 1976).<br />

A análise estrutural de uma floresta se baseia, portanto, no levantamento e na<br />

interpretação de critérios mensuráveis, de tal modo que seja possível efetuar<br />

comparações entre diversos tipos de vegetação (LONGHI, 1980).<br />

Composição florística<br />

Considerando-se as características das matas de galeria em termos de área e<br />

isolamento geográfico, optou-se pelo procedimento de amostragem sistemático para o<br />

conhecimento da estrutura da floresta, procurando-se distribuir as unidades amostrais<br />

15


de modo mais uniforme possível. Sobre o mapa-base da <strong>Reserva</strong> (c.f. Figura 1,<br />

Capítulo I) foram alocadas vinte parcelas amostrais em forma de cruz de 1600 m 2<br />

cada, no sentido norte-sul, eqüidistantes de 90 m, para analisar a composição florística<br />

e a estrutura fitossociologia (SILVA et al. 1990). No primeiro inventário, realizado em<br />

1985, foram identificadas e medidas todas as árvores com circunferência à altura do<br />

peito (CAP) maior ou igual a 40 cm, conforme descrito em Silva et al. (1990). A<br />

diversidade de espécies foi analisada usando-se o índice de Diversidade de Simpson<br />

(Brower & Zar 1977), por meio do qual se pode inferir que uma alta diversidade de<br />

espécies indica a existência de uma comunidade altamente complexa.<br />

IDS i i<br />

onde:<br />

= 1− ∑ n ( n −1)<br />

/ N(<br />

N −1)<br />

IDS = Índice de Diversidade de Simpson;<br />

ni = Nº de indivíduos da espécie (i);<br />

N = Nº total de indivíduos de todas as espécies.<br />

A identificação botânica dos indivíduos foi feita a campo e por especialistas<br />

nacionais, utilizando-se as exsicatas depositadas nos herbários da <strong>Embrapa</strong> <strong>Recursos</strong><br />

Genéticos e Biotecnologia (CEN), Universidade de Brasília (UB), Instituto Brasileiro de<br />

Geografia e Estatística (IBGE) e Jardim Botânico de Brasília (JBB).<br />

No inventário inicial foram amostrados 6.600 indivíduos adultos pertencentes a<br />

68 espécies arbóreas e 27 famílias botânicas (SILVA et al. 1990).<br />

A família Leguminosae foi a que apresentou maior número de indivíduos,<br />

contribuindo com 13 gêneros e 15 espécies, destacando-se A. macrocarpa, C.<br />

langsdorffii, A. leiocarpa, além de H. courbaril var. stilbocarpa e Bauhinia sp. (Tabela<br />

1). Este resultado vem confirmar as observações feitas de que a família Leguminosae é<br />

dominante em diferentes tipos de vegetação da América do Sul (Silva Júnior 1995). A<br />

família Apocynaceae nesse inventário foi contemplada com Aspidosperma subincanum,<br />

A. cylindrocarpon, A. spruceanum e A. discolor. As famílias Crysobalanaceae e<br />

Lauraceae situaram-se em terceiro lugar, enquanto Meliaceae, Myrtaceae,<br />

Lecythidaceae, Sapindaceae, Moraceae, Tiliaceae e Vochysiaceae foram menos<br />

freqüentes. A família Leguminosae contribuiu com 35,81% do total de espécies,<br />

16


seguida de Apocynaceae com 19,05%. Essas duas famílias totalizaram 54,86% das<br />

espécies arbóreas da <strong>Reserva</strong> (SILVA et al. 1990).<br />

O Índice de Diversidade de Simpson calculado para a reserva foi igual a 0,97,<br />

indicando tratar-se de um tipo florestal com baixa dominância de espécies. A<br />

heterogeneidade florística da <strong>Reserva</strong> foi constituída pelas seguintes relações médias:<br />

1,4 espécies por gênero; 2,5 espécies por família e 1,9 gêneros por família (SILVA et<br />

al. 1990).<br />

Tabela 1. Composição florística de indivíduos arbóreos da <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong><br />

<strong>Tamanduá</strong> - DF.<br />

Famílias Gêneros Espécies N/ha % Espécie /Gênero<br />

Apocynaceae 1 9 60,19 19,05 9<br />

Leguminosae 13 15 113,16 35,81 1,15<br />

Crysobalanaceae 2 2 1,31 0,41 1<br />

Lauraceae 2 4 11,28 3,53 2<br />

Meliaceae 3 3 13,49 4,26 1<br />

Myrtaceae<br />

Anacardiaceae,<br />

Araliaceae,<br />

Moraceae,<br />

Rubiaceae,<br />

Sapindaceae,<br />

2 3 5,59 1,77 1,50<br />

Sapotaceae<br />

Annonaceae,<br />

Bignoniaceae,<br />

Combretaceae,<br />

Tiliaceae,<br />

12<br />

12 49,34 15,62<br />

1<br />

Vochysiaceae<br />

Bombacaceae,<br />

Burseraceae,<br />

Compositaceae,<br />

Euphorbiaceae,<br />

Hippocrateaceae,<br />

Icacinaceae,<br />

Lecythidaceae,<br />

Myristicaceae,<br />

Rutaceae,<br />

5<br />

10 30,26 9,58<br />

2<br />

Opilonaceae<br />

10<br />

10 31,58 9,98<br />

1<br />

Total<br />

27<br />

50 68 315,94 100 19,65<br />

N/ha = número total de indivíduos das espécies de cada família; % = porcentagem de espécies por<br />

família pelo total de espécies amostradas<br />

17


Para o monitoramento realizado em 1994 adotou-se um procedimento<br />

sistemático sob a forma de transectos. Cinco transectos com 10 m de largura cada,<br />

foram demarcados perpendicularmente ao curso da drenagem principal da <strong>Reserva</strong>,<br />

visando obter um gradiente da vegetação desde a borda da mata até a margem do<br />

curso d´água. Os transectos foram alocados com eqüidistância de 50 m e<br />

comprimento variável, dependendo da largura da mata. Cada transecto foi dividido em<br />

parcelas de 20 m x 10 m (200 m 2 ) para inventariar e georeferenciar os indivíduos<br />

adultos com DAP ≥ 15 cm das espécies prioritárias da <strong>Reserva</strong> como: Anadenanthera<br />

macrocarpa, Copaifera langsdorffii, Apuleia leiocarpa, Astronium fraxinifolium,<br />

Cariniana estrellensis, Hymenaea courbaril var. stilbocarpa, Virola sebifera e Schefflera<br />

morototoni, e subdivido em parcelas de 5 m x 5 m (25 m 2 ) para analisar aspectos dos<br />

regenerantes e indivíduos jovens, conforme apresentado no Capítulo III.<br />

Os dados do monitoramento foram analisados com auxílio do programa Fitopac<br />

1 (Shepherd 1994), obtendo-se assim, os seguintes parâmetros fitossociológicos:<br />

densidade (DR), freqüência (FR), dominância (DoR) e valor de importância (VI). A<br />

diversidade florística foi analisada utilizando-se o Índice de Shannon & Winner (H`),<br />

conforme a seguinte expressão:<br />

H ' = −<br />

onde:<br />

n<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

pi.<br />

Ln.(<br />

pi)<br />

H’ = índice de diversidade de Shanon & Winner;<br />

Ln = logarítimo neperiano;<br />

Pi = ni/N;<br />

ni = número de indivíduos amostrados de espécie i;<br />

N = número total de indivíduos amostrados.<br />

A partir das coordenadas de localização dos indivíduos adultos e jovens<br />

confeccionou-se o mapa de distribuição das espécies ocorrentes na <strong>Reserva</strong> (Figura 1).<br />

18


NM <br />

Figura 1. Distribuição dos indivíduos arbóreos jovens e adultos amostrados na <strong>Reserva</strong><br />

<strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> - DF<br />

Fonte: Laboratório de Geoprocessamento da <strong>Embrapa</strong> <strong>Recursos</strong> Genéticos e Biotecnologia.<br />

No monitoramento foram amostradas 92 espécies vegetais, sendo identificadas<br />

80 espécies arbóreas e 12 arbustivas, pertencentes a 43 famílias botânicas (Tabela 2).<br />

As oito espécies-alvo ocorreram em regeneração natural, demonstrando o caráter auto-<br />

regenerante destas espécies.<br />

Os parâmetros fitossociológicos somente dos indivíduos adultos das espécies-<br />

alvo indicaram que Leguminosae foi a família mais importante, apresentando<br />

dominância relativa de 86,92%, sendo A. macrocarpa a espécie com maior VI, seguida<br />

de C. langsdorffii, A. leiocarpa e H. courbaril var. stilbocarpa. A seguir surgiram<br />

Lecythidaceae com 9,94%, Myristicaceae com 1,76%, Araliaceae com 0,87% e<br />

Anacardiaceae com 0,52% de dominância relativa (Tabela 3).<br />

Quanto à proporção de participação dos parâmetros fitossociológicos na<br />

composição do VI, verificou-se que para A. macrocarpa e H. courbaril var. stilbocarpa<br />

predominou o parâmetro DoR (52,23% e 15,64%, respectivamente). Para C.<br />

langsdorffii e A. leiocarpa predominou o parâmetro FR (18,18%). Para C. estrellensis e<br />

A. fraxinifolium o parâmetro predominante foi FR (11,36 e 2,27, respectivamente),<br />

19


enquanto que para V. sebifera e S. morototoni predominou o parâmetro DR (8,06 e<br />

3,23) (Tabela 3).<br />

O índice de Shannon calculado para os indivíduos adultos destas oito espécies<br />

foi de H` = 1,823 nats.ind -1 . O índice de equalidade de Pielou (J`) foi de 87,6% da<br />

dominância máxima possível e o índice de Simpson encontrado igual a 0,82 indicou<br />

tratar-se de baixa diversidade de espécies.<br />

Tabela 2. Principais espécies arbóreas e arbustivas ocorrentes na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong><br />

<strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> - DF.<br />

Espécie Família Hábito<br />

Aegiphylla sp. Verbenaceae Árvore<br />

Alibertia sessilis (Vell.) K. Schum. Rubiaceae Árvore<br />

Alibertia sp. Rubiaceae Árvore<br />

Allophylus semidentatus (Miq.) Radlk. Sapindaceae Árvore<br />

Allophylus sericeus (Camb.) Radlk. Sapindaceae Árvore<br />

Anadenanthera macrocarpa (Benth). Brenan Leg-Mimosoideae Árvore<br />

Aniba sp. Lauraceae Árvore<br />

Apuleia leiocarpa (Vog.) Macbr. Leg-Caesalpinioideae Árvore<br />

Aspidosperma cylindrocarpon M. Arg. Apocynaceae Árvore<br />

Aspidosperma discolor A. DC. Apocynaceae Árvore<br />

Aspidosperma spruceanum Benth. ex M. Arg. Apocynaceae Árvore<br />

Aspidosperma subincanum Mart. Apocynaceae Árvore<br />

Astronium fraxinifolium Schott Anacardiaceae Árvore<br />

Bauhinia sp. Leg-Caesalpinioideae Árvore<br />

Cabralea sp. Meliaceae Arbusto<br />

Cardiopetalum callophyllum Schlecht Annonaceae Árvore<br />

Cariniana estrellensis (Raddi) O. Kuntze Lecythidaceae Árvore<br />

Casearia sylvestris Sw. Flacourtiaceae Arbusto<br />

Casearia arborea (L.C. Rich) Urban Flacourtiaceae Árvore<br />

Casearia decandra Jacq. Flacourtiaceae Árvore<br />

Cestrum megalophyllum Dunai Solanaceae Arbusto<br />

Cheiloclinum cognatum (Miers.) A.C.Smith Hippocrateaceae Árvore<br />

Copaifera langsdorffii Desf. Leg-Caesalpinioideae Árvore<br />

Cordia sp. Boraginaceae Árvore<br />

Croton sp. Euphorbiaceae Arbusto<br />

Cupania vernalis Camb. Sapindaceae Árvore<br />

Dendropanax cuneatum (DC.)<br />

Planch.<br />

Decne. et<br />

Araliaceae Árvore<br />

Dilodendron bipinnatum Radlk. Sapindaceae Árvore<br />

Diospyrus sp. Ebenaceae Árvore<br />

Erioteca sp. Bombacaceae Árvore<br />

Erythroxylum daphnites Mart. Erythroxylaceae Arbusto<br />

20


Espécie Família Hábito<br />

Eugenia florida DC. Myrtaceae Arbusto<br />

Euplassa sp. Proteaceae Árvore<br />

Faramea cyanea M. Arg. Rubiaceae Árvore<br />

Faramea flavicans (Humb. & Bompl.) Standl.<br />

ex. Chav.<br />

Rubiaceae Árvore<br />

Guapira gracilifora (Mart. ex. J.A. Schmidt)<br />

Lund.<br />

Nyctaginaceae Árvore<br />

Guapira sp. Nyctaginaceae Árvore<br />

Guarea guidonia L. Sleumer Meliaceae Árvore<br />

Guarea kunthiana Adr. Juss. Meliaceae Árvore<br />

Guarea macrophylla Vahl. ssp. tuberculata<br />

(Vell.) T. D. Penn.<br />

Meliaceae Árvore<br />

Guatteria sellowiana Schlecht Annonaceae Árvore<br />

Guatteria sp. Annonaceae Árvore<br />

Guazuma ulmifolia Lam. Ulmaceae Árvore<br />

Guettarda sp. Rubiaceae Árvore<br />

Hymenaea courbaril var. stilbocarpa (Hayne)<br />

Lee & Lang.<br />

Leg-Caesalpinioideae Árvore<br />

Hyrtela glandulosa Spreng. Chrysobalanaceae Árvore<br />

Inga nobilis Willd. Leg-Mimosoideae Árvore<br />

Inga sp. Leg-Mimosoideae Árvore<br />

Ixora sp. Rubiaceae Arbusto<br />

Lacistema hasslerianum Chodat. Lacistemaceae Árvore<br />

Luehea divaricata Mart. & Zucc. Tiliaceae Árvore<br />

Luehea paniculata Mart. & Zucc. Tiliaceae Árvore<br />

Machaerium villosum Vog. Leg-Papilionoideae Árvore<br />

Matayba elaeagnoides Radlk Sapindaceae Árvore<br />

Matayba guianensis Aubl. Sapindaceae Árvore<br />

Maytenus floribunda Reiss. Celastraceae Árvore<br />

Metrodorea stipularis Mart. Rutaceae Árvore<br />

Myrcia rostrata DC. Myrtaceae Arbusto<br />

Myrcia tomentosa (Aubl.) DC. Myrtaceae Arbusto<br />

Nectandra sp. Lauraceae Árvore<br />

Ocotea spixiana (Ness) Mez. Lauraceae Árvore<br />

Ourotaea castanaeafolia (DC.) Engl. Ochraceae Árvore<br />

Piptadenia gonoacantha (Mart.) Macbr. Leg-Mimosoideae Árvore<br />

Posocheria sp. Rubiaceae Árvore<br />

Pouteria sp. Sapotaceae Árvore<br />

Pouteria torta (Mart.) Radlk Sapotaceae Árvore<br />

Protium heptaphyllum (Aubl.) March. Burseraceae Árvore<br />

Protium spruceanum Benth. Burseraceae Árvore<br />

Prunus brasiliensis Schott ex Spreng Rosaceae Árvore<br />

Psidium sartorianum (Berg.) Nied. Myrtaceae Árvore<br />

Rhamnidium elaeocarpum Reiss. Rhamnaceae Árvore<br />

Salacia elliptica (Mart.) G. Dom. Hippocrateaceae Árvore<br />

21


Espécie Família Hábito<br />

Sapindus sp. Sapindaceae Arbusto<br />

Sapium sp. Euphorbiaceae Arbusto<br />

Schefflera morototoni (Aubl.) B. Maguire,<br />

Stey & Frodin<br />

Araliaceae Árvore<br />

Simarouba amara Aubl. Simaroubaceae Árvore<br />

Siparuna sp. Monimiaceae Arbusto<br />

Siphoneugenia densiflora O. Berg. Myrtaceae Árvore<br />

Sorocea bonplandii (Bail) W. C. Burger, Lanj<br />

& Wess Boer<br />

Moraceae Árvore<br />

Styrax sp. Styracaceae Árvore<br />

Swartzia sp. Leg-Papilionoideae Árvore<br />

Tabebuia serratifolia (Vahl) Nich. Bignoniaceae Árvore<br />

Tabebuia sp. Bignoniaceae Árvore<br />

Tapirira guianensis Aubl. Anacardiaceae Árvore<br />

Tapura amazonica Poepp. & Endl. Dichapetalaceae Árvore<br />

Terminalia argentea Mart. & Zucc. Combretaceae Árvore<br />

Tetragastris sp. Burseraceae Árvore<br />

Trema micrantha (L.) Blum. Ulmaceae Árvore<br />

Trichilia catigua (A. Juss.) DC. Meliaceae Árvore<br />

Trichilia clausenii C. DC. Meliaceae Árvore<br />

Trichilia elegans Adr. Juss. Meliaceae Árvore<br />

Virola sebifera Aubl. Myristicaceae Árvore<br />

Virola urbaniana Warb. Myristicaceae Árvore<br />

Xylopia sericea A. St. Hil. Annonaceae Árvore<br />

Zizyphus sp. Rhaminaceae Árvore<br />

Tabela 3. Parâmetros fitossociológicos dos indivíduos adultos das espécies prioritárias,<br />

monitorados em 1994, na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> - DF.<br />

Espécie DR DoR FR VI<br />

Anadenanthera macrocarpa 32,26 52,23 29,55 114,04<br />

Copaifera langsdorffii 17,74 11,50 18,18 47,42<br />

Apuleia leiocarpa 14,52 7,54 18,18 40,24<br />

Hymenaea<br />

stilbocarpa<br />

courbaril var. 12,90 15,64 11,36 39,90<br />

Cariniana estrellensis 9,68 9,94 11,36 30,98<br />

Virola sebifera 8,06 1,76 6,83 16,65<br />

Scheflera morototoni 3,23 0,87 2,27 6,37<br />

Astronium fraxinifolium 1,61 0,52 2,27 4,40<br />

T o t a l 100 100 100 300<br />

DR = Densidade Relativa; DoR = Dominância Relativa; FR = Freqüência Relativa; VI = Índice de Valor<br />

de Importância<br />

22


Estrutura horizontal e vertical<br />

O inventário inicial da <strong>Reserva</strong>, em 1985, indicou que A. macrocarpa foi a<br />

espécie mais abundante contribuindo com, aproximadamente, 26 ind. ha -1 . C.<br />

langsdorffii, embora tenha surgido em segundo lugar em termos de freqüência,<br />

contribuiu com cerca de 20 ind. ha -1 e A. leiocarpa contribuiu com 16,4 ind. ha -1 (Silva<br />

et al. 1990). Tendência semelhante foi confirmada no monitoramento efetuado em<br />

1994.<br />

Detalhes do dossel médio de um trecho da <strong>Reserva</strong> podem ser vistos da Figura<br />

2. A. macrocarpa e A. leiocarpa ocuparam o compartimento superior da floresta e C.<br />

langsdorffii ocupou a segunda posição no referido estrato. No estrato das espécies<br />

dominantes, sobressaiu a A. leiocarpa, ligeiramente superior aos Aspidosperma spp. A<br />

menor porcentagem de árvores suprimidas foi observada para A. macrocarpa e A.<br />

leiocarpa, uma vez que 88,6% dos indivíduos de A. macrocarpa e 74% de A. leiocarpa<br />

situavam-se nos estratos emergente e dominante.<br />

23


Figura 2. Perfil vertical de um transecto da <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong><br />

destacando-se as espécies ocorrentes nos estratos emergentes, dominante e<br />

codominante (67 = Tapirira guianensis; 28 = Copaifera langsdorffii; 7 = Anadenanthera<br />

macrocarpa; 33 = Apuleia leiocarpa; 35 = Aspidosperma spp.).<br />

Distribuição de freqüência por classe diamétrica<br />

A distribuição balanceada de árvores em classe e tamanho, proposta por Meyer,<br />

(Prodan 1965; Löetsch & Haller 1973) resulta em uma curva em forma de “J”<br />

invertido, sugerindo tendência ao equilíbrio, onde se espera que a mortalidade diminua<br />

proporcionalmente com o aumento das classes de diâmetro, segundo uma progressão<br />

geométrica.<br />

A distribuição do número de árvores por hectare para a <strong>Reserva</strong> foi estimada<br />

através da função de Meyer, conforme a seguinte expressão:<br />

24


N<br />

i<br />

onde:<br />

b . e<br />

−<br />

=<br />

0<br />

b . d<br />

1<br />

i<br />

b0 e b1 = constantes a determinar por regressão;<br />

Ni = Densidade para a classe de diâmetro;<br />

di = Valor central da classe de diâmetro.<br />

A distribuição de freqüência ajustada para todos os indivíduos das espécies com<br />

CAP ≥ 40 cm, amostradas na <strong>Reserva</strong> no inventário inicial, mostrou uma estrutura<br />

positiva da floresta em forma de “J” invertido, característica de populações inequianas,<br />

conforme mostra a Figura 3. Esse padrão de curva, onde a maioria dos indivíduos se<br />

concentra na menor classe de diâmetro e a menor densidade nas maiores classes<br />

diamétricas, caracteriza a <strong>Reserva</strong> como auto-regenerante (LAMPRECHT, 1962). A<br />

amplitude diamétrica observada na <strong>Reserva</strong> foi de 11,0 cm a 74,0 cm, independente<br />

da posição sociológica. Graficamente, observou-se que o modelo de Meyer apresentou<br />

uma ligeira subestimativa das freqüências nas duas menores classes de diâmetro,<br />

voltando a subestimar na classe de 50 cm. Nas demais classes o ajuste foi<br />

praticamente igual à freqüência observada. As diferenças constatadas podem ser<br />

atribuídas ao acaso, ao nível de 1% de probabilidade. O valor de Qui-quadrado<br />

calculado foi menor que o valor crítico ao nível de 1% de probabilidade. O teste de<br />

Kolmogorov-Smirnov indicou, também, que as freqüências de diâmetro observadas não<br />

diferem significativamente do modelo teórico (SIEGEL, 1977; SCHNEIDER, 1978).<br />

A porcentagem média da sobrevivência “q” observada no inventário inicial foi de<br />

0,79, e a estimada pela equação de Meyer foi de 0,75. A sobrevivência observada,<br />

(0,72) na primeira classe diamétrica foi praticamente igual à estimada (0,75), indicando<br />

uma taxa de mortalidade de 28% e 25%, respectivamente.<br />

Verificou-se que a taxa média de mortalidade para as espécies-alvo no inventário<br />

inicial foi de 27% e em 1994 foi de 16%. Isto leva a concluir que a taxa de<br />

mortalidade na <strong>Reserva</strong> refletiu a presença de espécies de ciclo curto pertencentes ao<br />

estrato inferior da floresta como, por exemplo, Trema micrantha, C. vernalis, Bauhinia<br />

sp. entre outras. A mortalidade, normalmente mais esperada nas menores classes de<br />

25


diâmetro, pode ter sido causada também por ações antrópicas, danos físicos naturais<br />

como queda de árvores, raios e morte natural.<br />

Por outro lado, a distribuição somente dos indivíduos adultos das espécies-alvo<br />

monitoradas em 1985 e 1994 indicou, também, uma forma decrescente, porém menos<br />

balanceada (Figura 4).<br />

Figura 3. Distribuição de freqüência observada e estimada pela equação de Meyer dos<br />

indivíduos adultos na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> - DF.<br />

26


Figura 4. Distribuição de indivíduos adultos observados e estimados pela equação de<br />

Meyer, monitorados na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> - DF.<br />

As estatísticas da função de Meyer para ambos os inventários foram<br />

sumarizadas na Tabela 4.<br />

Tabela 4. Estimativa dos parâmetros da função de Meyer para o ajuste da distribuição<br />

de freqüência dos diâmetros na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> - DF.<br />

Inventário Coeficientes Syx R 2<br />

b0 b1<br />

Inicial 5,881 - 0,08992 0,3131 0,9564<br />

1985 4,482 - 06562 0,2889 0,9403<br />

1994 4,219 - 0,05848 0,1536 0,9811<br />

Estrutura volumétrica<br />

A altura comercial de cada árvore, para efeito de cálculo volumétrico, foi<br />

estimada através de uma equação isométrica calculada para todas as árvores<br />

amostradas no segundo inventário realizado em 1994.<br />

O volume comercial das árvores foi calculado utilizando-se seguinte equação<br />

volumétrica (PEREIRA et al.1988):<br />

27


Ln ( v)<br />

= b + b . Ln(<br />

CAP<br />

0<br />

1<br />

2<br />

. hc)<br />

onde:<br />

hc = altura comercial estimada em metros em função da referida equação<br />

hipsométrica;<br />

CAP = circunferência à altura do peito, medida em centímetros.<br />

As estatísticas para equação volumétrica foram b0 = -11,2299 e b1 = 0,92535<br />

para uma precisão de EPR = 26,06% e R 2 = 0,9913. A cubagem das árvores, neste<br />

caso foi efetuada em 406 árvores em pé, utilizando-se o relascópio de Bitterlich de<br />

escala larga, uma vez que não se podia abatê-las na mata. A Figura 5 mostra a<br />

distribuição dos volumes médios comerciais por classe de CAP e posição sociológica<br />

para todas as árvores com CAP ≥ 40 cm. Pode-se constatar que os volumes estimados<br />

foram praticamente iguais em todos os estratos até a classe de 145 cm. A partir daí,<br />

maiores volumes comerciais foram estimados no estrato emergente, devido,<br />

principalmente, à ocorrência de indivíduos com grandes valores de diâmetros e alturas,<br />

representados por A. macrocarpa e A. leiocarpa. Deve-se ressaltar que 54% dos<br />

indivíduos A. macrocarpa e 32% A. leiocarpa amostrados no primeiro inventário<br />

ocupavam o estrato emergente. Essas duas espécies foram responsáveis pelos grandes<br />

valores de volumes comerciais nas classes de 175 cm e 205 cm de circunferência<br />

referentes a esse estrato. Para um volume comercial médio individual de 0,4206 m 3 ,<br />

estimou-se 176,65 m 3 .ha -1 para todos os indivíduos das espécies amostradas na<br />

<strong>Reserva</strong>.<br />

28


Volume comercial médio (m³)<br />

3<br />

2,5<br />

2<br />

1,5<br />

1<br />

0,5<br />

0<br />

40-55<br />

Figura 5. Volumes médios comerciais por classes de CAP e posição sociológica na<br />

<strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> - DF.<br />

Considerações finais<br />

A julgar pelos resultados encontrados pode-se afirmar que a família Leguminosae<br />

foi de fato a que mais contribuiu para a formação do estrato superior da <strong>Reserva</strong>,<br />

confirmando as observações preconizadas por Heinsdijk (1965) e Richards (1976),<br />

citados por Silva Júnior (1995). Entre as espécies mais importantes destacaram-se A.<br />

macrocarpa, C. langsdorffii, A. leiocarpa, H. courbaril var. stilbocarpa, consideradas<br />

espécies-alvo para conservação in situ.<br />

As 25 espécies mais abundantes da <strong>Reserva</strong> representaram 79% da sua<br />

composição florística, contribuindo com 80% da área basal total da floresta. A mata<br />

da <strong>Reserva</strong> apresentou distribuição diamétrica em forma de J-invertido mostrando que,<br />

em geral, as espécies estão evoluindo normalmente, segundo uma progressão<br />

geométrica. A taxa média de mortalidade foi de 25%, estimada para a primeira classe<br />

de diâmetro.<br />

56-70<br />

Emergente Dominante Codominantes<br />

71-85<br />

86-100<br />

101-115<br />

116-130<br />

As oito espécies prioritárias tiveram importância significativa na estimativa dos<br />

volumes comerciais da <strong>Reserva</strong>, uma vez que contribuíram com indivíduos de maiores<br />

131-145<br />

Classes de CAP (cm)<br />

146-160<br />

161-175<br />

176-190<br />

191-205<br />

29


dimensões. Todas elas apresentaram regeneração natural, demonstrando seu caráter<br />

auto-regenerante (Silva et al. 2002).<br />

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Federal District, Brazil. 1995, 257 p. Dissertação de doutorado. University of Edinburgh,<br />

Edinburgh,.<br />

SILVA JÚNIOR, M. C. Composição florística, fitossocologia e estrutura diamétrica na mata de<br />

galeria de Monjolo, <strong>Reserva</strong> Ecológica do IBGE (RECOR), DF. Boletim do Herbário Ezechias<br />

Paulo Heringer, v. 4, p. 30 - 45. 1999.<br />

31


IIIIII.. Capí íttul lo<br />

Composi ição Fl lorrí ístti ica e Esttrrutturra Fi ittossoci iol lógi ica do Esttrratto<br />

IInfferri iorr<br />

José Al lves da Si il lva<br />

Edson Junquei irra Lei itte<br />

Anttoni ietta Nassi iff Sal lomão<br />

Marrci io Si il lvei irra Arrmando<br />

João Marrcel lo de Rezzende


Introdução<br />

À semelhança das florestas tropicais úmidas de interflúvio, as matas de galeria<br />

contêm grande número de espécies vegetais por unidade de área, porém sem<br />

predominância de nenhuma delas (KAGEYAMA e PATIÑO-VALERA, 1995; ROCHE,<br />

1987). Para as matas de galeria do Brasil Central foram identificadas 446 espécies<br />

lenhosas (SILVA JÚNIOR et al. 1998). O distúrbio no dossel de florestas tropicais<br />

torna-se muito importante em sua dinâmica de crescimento, pois o aumento da<br />

disponibilidade de luz favorece o surgimento das espécies pioneiras (intolerantes),<br />

colonizadoras de clareiras no estágio inicial de sucessão, onde geralmente predominam<br />

(WHITMORE, 1996). Essas espécies tendem a perder sua posição dominante para<br />

aquelas mais tolerantes, em razão de mudanças das condições ambientais locais,<br />

devido ao fechamento do dossel que impede o recrutamento de novos indivíduos<br />

intolerantes (MORY e JARDIM, 2001).<br />

Entretanto, espécies que se caracterizam pelo contínuo recrutamento,<br />

geralmente aquelas que possuem sementes não longevas, apresentam alta maturidade<br />

de seus indivíduos, com menos chances competitivas, justificando, assim, sua forma<br />

de distribuição exponencial (J invertido) (MORY e JARDIM, 2001).<br />

Com relação à estrutura fitossociológica, a permanência de distintas espécies em<br />

uma comunidade natural depende, não só da ocorrência de uma distribuição<br />

exponencial do número de indivíduos por classes de diâmetro, de tal modo que possa<br />

garantir sua estabilidade futura, como também da existência de árvores reprodutivas.<br />

Desse modo, baixas densidades populacionais de adultos e de regenerantes são<br />

indicativos de que as espécies poderão ser substituídas durante a evolução da floresta.<br />

A efetiva conservação in situ de uma ou mais espécies só poderá, portanto, ocorrer se<br />

todas as fases de crescimento forem mantidas no ambiente, onde a espécie se<br />

desenvolve.<br />

Neste sentido, no Capítulo II foram apresentadas a composição florística e a<br />

estrutura fitossociológica do estrato superior. Tais aspectos são abordados neste<br />

capítulo para o estrato inferior da <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong>.<br />

33


Composição florística e estrutura fitossociológica de regenerantes e indivíduos jovens<br />

Os regenerantes e os indivíduos jovens foram inventariados em cinco transectos<br />

de 10 m de largura cada, alocados com eqüidistância de 50 m e comprimento variável,<br />

dependendo da largura da mata. Cada transecto foi dividido em parcelas de 20 m x 10<br />

m (200 m 2 ) subdivididas em subparcelas de 5 x 5 m (25 m 2 ). Os transectos foram<br />

demarcados perpendicularmente ao curso da drenagem principal da <strong>Reserva</strong>, obtendo-<br />

se assim, um gradiente da vegetação desde a borda da mata até a margem dos cursos<br />

de água.<br />

Os indivíduos arbóreo-arbustivos com circunferência à altura do peito (CAP) ≤<br />

15 cm foram marcados, identificados quanto à espécie botânica e mensurados em<br />

altura total, CAP e circunferência de base (CAB), quando esta se apresentasse ≥ 5<br />

cm. Estes indivíduos, denominados de jovens, foram considerados formadores do<br />

compartimento sub-bosque da <strong>Reserva</strong>, sendo, mensurados e plotados em mapas, de<br />

acordo com suas coordenadas cartesianas, com a origem dos eixos ordenados no<br />

canto inferior esquerdo das parcelas de 20 x 10 m dos transectos (Silva et al. 2002).<br />

Os indivíduos com CAB < 5 cm, denominados regenerantes, foram enumerados,<br />

identificados quanto à espécie botânica, parâmetros fitossociológicos e distribuição<br />

espacial.<br />

A diversidade florística de regenerantes foi expressa pelo quociente de mistura<br />

de Jentsch (Lamprecht 1962; Longhi 1980) e aquela dos indivíduos jovens foi<br />

expressa pelo índice de diversidade de Shannon (H’) (Brower & Zar 1977; Nappo<br />

1999; Mariano et al. 2000).<br />

O índice de Shannon foi calculado por:<br />

H ' = −<br />

onde:<br />

n<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

pi.<br />

Ln.(<br />

pi)<br />

H’ = índice de diversidade de Shannon & Winner ;<br />

Ln = logarítimo neperino;<br />

pi = ni/N;<br />

ni = número de indivíduos amostrados da espécie i;<br />

N = número total de indivíduos amostrados.<br />

A diversidade de espécies foi analisada pelo índice de Simpson (Brower & Zar 1977).<br />

34


IDS i i<br />

onde:<br />

= 1− ∑n ( n −1)<br />

/ N(<br />

N −1)<br />

IDS = Índice de Diversidade de Simpson;<br />

ni = Nº de indivíduos da espécie (i);<br />

N = Nº total de indivíduos de todas as espécies.<br />

A análise estrutural de regenerantes e indivíduos jovens foi avaliada por meio de<br />

parâmetros fitossociológicos estimados pelo Fitopac 1, desenvolvido por Shepherd<br />

(1994).<br />

Em toda área inventariada foram encontrados 21.482 regenerantes ha -1 ,<br />

identificadas 100 espécies vegetais, 74 gêneros e 39 famílias botânicas (Silva et al.<br />

2002). As oito espécies prioritárias para a conservação estiveram representadas por<br />

regenerantes, destacando-se Cariniana estrellensis com densidade absoluta de 1.307<br />

regenerantes ha -1 , freqüência absoluta de 53,65, o que correspondeu ao valor de<br />

cobertura de 9,52%. Apuleia leiocarpa figurou com 400 regenerantes, freqüência<br />

absoluta de 14,63 e valor de cobertura de 2,80%. Copaifera langsdorffii ocorreu com<br />

densidade absoluta de 321 regenerantes ha -1 , freqüência absoluta de 39,02 e valor de<br />

cobertura de 3,99%. Anadenanthera macrocarpa apresentou densidade absoluta de<br />

273 regenerantes ha -1 , freqüência absoluta de 31,70 e valor de cobertura de 3,30%.<br />

Virola sebifera com 97 regenerantes ha -1 , Hymenaea courbaril var. stilbocarpa com 68<br />

regenerantes ha -1 , Astronium fraxinifolium com 48 regenerantes ha -1 e Schefflera<br />

morototoni com 29 regenerantes ha -1 . Os parâmetros fitossociológicos referentes a<br />

essas espécies encontram-se na Tabela 1.<br />

Estes resultados assemelham-se ao levantamento de indivíduos adultos dessas<br />

espécies efetuado nos transectos e apresentados no Capítulo II, cuja ordem<br />

decrescente de dominância por família foi Leguminosae (86,92%), Lecythidaceae<br />

(9,94%), Myristicaceae (1,76%), Araliaceae (0,87%), Anacardiaceae (0,52%). As<br />

famílias Leguminosae e Lecythidaceae totalizaram 90,14% do valor de importância e<br />

91,98% do valor de cobertura (SILVA et al. 2002). Entre as famílias botânicas<br />

inventariadas destacaram-se Leguminosae, contribuindo com dez espécies, Rubiaceae<br />

com oito espécies, Sapindaceae com sete e Meliaceae com seis espécies cada.<br />

Myrtaceae e Lauraceae, Annonaceae e Apocynaceae apareceram com cinco e quatro<br />

35


espécies, respectivamente. Essas famílias totalizaram 63,83% das espécies<br />

amostradas na <strong>Reserva</strong>.<br />

A família Leguminosae contribuiu com uma densidade relativa de 9,72%, tendo<br />

as espécies C. langsdorffii, A. leiocarpa e A. macrocarpa como as mais importantes,<br />

além de Inga sp. e Bauhinia sp.<br />

A família Meliaceae apresentou a maior contribuição, participando com uma<br />

densidade relativa de 20,34%, destacando-se Cabralea sp., Trichilia claussenii e T.<br />

elegans, além de Guarea macrophylla. Essas quatro espécies foram responsáveis por<br />

59,71% dos regenerantes amostrados na <strong>Reserva</strong>.<br />

A família Sapindaceae contribuiu com uma densidade relativa de 19,52%, sendo<br />

Cupania vernalis seu principal componente, seguido de Matayba elaeagnoides,<br />

Allophylus semidentatus e Matayba guianensis.<br />

A família Rubiaceae contribuiu com uma densidade relativa de 7,0%,<br />

destacando-se Faramea flavicans com maior densidade, seguida de Alibertia sessilis e<br />

F. cyanea, espécies componentes do extrato inferior (sub-bosque) da <strong>Reserva</strong>.<br />

Entre as espécies componentes do sub-bosque destacaram-se, ainda, Maytenus<br />

floribunda, Erythroxylum daphnites, Allophylus semidentatus, Trichilia catigua. No<br />

grupo das pioneiras foram encontradas Bauhinia sp., Inga nobilis, Inga sp. Trema<br />

micrantha e Croton sp.<br />

Entre o grupo de famílias que concorreram com uma espécie por gênero<br />

destacou-se Lecythidaceae, cuja maior participação foi de C. estrellensis, com uma<br />

densidade relativa de 6,0% e valor de cobertura de 9,5%. Dezessete famílias<br />

contribuíram com apenas uma espécie cada na amostragem, sendo elas:<br />

Lacistemataceae, Bombacaceae, Boraginaceae, Celastraceae, Chrysobalanaceae,<br />

Dichapetalaceae, Lecythidaceae, Ebenaceae, Verbenaceae, Solanaceae,<br />

Erythroxylaceae, Monimiaceae, Ochnaceae, Proteaceae, Rosaceae, Simaroubaceae e<br />

Styracaceae.<br />

36


Tabela 1. Parâmetros fitossociológicos de regenerantes das espécies arbóreo-<br />

arbustivas na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> - DF.<br />

Espécie DA DR% FA FR% VC%<br />

Aegiphila sp. 9,76 0,04 2,44 0,16 0,20<br />

Alibertia sessilis 400,00 1,86 53,66 3,44 5,30<br />

Alibertia sp. 97,56 0,45 9,76 0,62 1,08<br />

Alophyllus semidentatus 643,90 2,99 36,58 2,34 5,34<br />

Alophyllus sericeus 19,51 0,09 4,88 0,31 0,40<br />

Anadenanthera macrocarpa 273,17 1027 31,71 2,03 3,30<br />

Aniba sp. 19,51 0,09 4,88 0,31 0,40<br />

Apuleia leiocarpa 400,00 1,86 14,63 0,94 2,80<br />

Aspidosperma discolor 58,54 0,27 12,19 0,78 1,05<br />

Aspidosperma spruceanum 58,54 0,27 4,88 0,31 0,58<br />

Aspidosperma sp. 68,29 0,32 9,76 0,62 0,94<br />

Astronium fraxinifolium 48,78 0,22 9,76 0,62 0,85<br />

Bauhinia sp. 576,61 2,68 31,7 2,03 4,71<br />

Cabralea sp. 1.560,98 7,27 56,09 3,59 10,86<br />

Cartiopetalum callophyllum 39,02 0,18 4,88 0,31 0,49<br />

Cariniana estrellensis 1.307,32 6,08 53,66 3,44 9,52<br />

Casearia arborea 126,83 0,59 19,51 1,25 1,84<br />

Casearia decandra 19,51 0,09 4,88 0,31 0,40<br />

Casearia grandiflora 48,78 0,23 2,44 0,16 0,38<br />

Casearia rupicolia 9,76 0,04 2,44 0,16 0,20<br />

Casearia sylvestris 39,02 0,18 9,76 0,62 0,81<br />

Cecropia pachystachia 39,02 0,18 4,88 0,31 0,49<br />

Cestrum megalophyllum 19,51 0,09 4,88 0,31 0,40<br />

Cheiloclinium cognatum 829,27 3,86 60,96 3,91 7,77<br />

Copaifera langsforffii 321,95 1,5 39,02 2,50 3,40<br />

Cordia sp. 39,02 0,18 2,44 0,16 0,34<br />

Crotum sp. 39,02 0,18 7,31 0,47 0,65<br />

Cupania vernalis 2.263,41 10,54 97,56 6,25 16,79<br />

Dilodendrum dipinatum 9,76 0,04 2,44 0,16 0,20<br />

Dyospirus sp. 9,76 0,04 2,44 0,16 0,20<br />

Eryoteca sp. 9,76 0,04 2,44 0,16 0,20<br />

Erytrhroxylum daphnites 682,93 3,18 51,22 3,29 6,46<br />

Eugenia florida 39,02 0,18 7,32 0,47 0,65<br />

Euplassea sp. 19,51 0,09 4,88 0,31 0,40<br />

Faramea cyanea 321,19 1,45 39,02 2,5 3,95<br />

Faramea flavicans 565,85 2,63 31,71 2,03 4,66<br />

Guapira graciliflora 302,44 1,41 26,83 1,72 3,13<br />

37


Espécie DA DR% FA FR% VC%<br />

Guapira sp. 19,51 0,09 4,88 0,31 0,40<br />

Guarea sp. 9,76 0,04 2,44 0,16 0,20<br />

Guarea guidonea 58,54 0,27 7,32 0,47 0,74<br />

Guarea kunthiana 9,76 0,04 2,44 0,16 0,20<br />

Guarea macrophylla 273,17 1,27 24,39 1,56 2,83<br />

Guatteria sellowiana 58,54 0,27 2,44 0,16 0,43<br />

Guatteria sp. 9,76 0,04 2,44 0,16 0,20<br />

Guazuma ulmifolia 39,02 0,18 4,88 0,31 0,49<br />

Guettarda sp. 19,51 0,09 4,88 0,31 0,40<br />

Hirtella glandulosa 39,02 0,18 4,88 0,31 0,49<br />

Hirtella sp. 9,76 0,04 2,44 0,16 0,20<br />

Hymenaea<br />

stilbocarpa<br />

courbaril var. 68,29 0,32 14,63 0,94 1,26<br />

Inga nobilis 175,61 0,82 19,51 1,25 2,07<br />

Inga sp. 331,71 1,54 21,95 1,41 2,95<br />

Lacistema hasslerianum 9,76 0,04 2,44 0,16 0,20<br />

Luehea divaricata 9,17 0,14 7,32 0,47 0,60<br />

Luehea paniculada 19,51 0,09 4,88 0,31 0,40<br />

Machaerium sp. 39,02 0,18 4,88 0,31 0,49<br />

Machaerium villosum 29,27 0,14 7,32 0,47 0,60<br />

Matayba eleagnoides 780,49 3,63 31,71 2,03 5,77<br />

Matayba guianensis 321,95 1,50 19,51 1,25 2,75<br />

Maythenus floribunda 975,61 4,54 34,15 2,19 6,73<br />

Metrodorea pubenscens 448,78 2,09 24,39 1,56 3,65<br />

Myrcia rostrata 29,27 0,14 4,88 0,31 0,45<br />

Myrcia sp. 48,78 0,23 9,76 0,63 0,85<br />

Myrcia tomentosa 29,27 0,14 7,32 0,47 0,60<br />

Myciaria sp. 78,04 0,36 7,32 0,47 0,83<br />

Nectandra sp. 19,51 0,09 4,88 0,31 0,40<br />

Ocotea sp. 29,26 0,13 7,32 0,47 0,60<br />

Ocotea spixiana 48,78 0,23 9,76 0,62 0,85<br />

Ouratea castaneaefolia 458,54 2,13 48,78 33,13 5,26<br />

Piptadenia gonoacantha 87,80 0,41 17,07 1,09 1,50<br />

Posocheria sp. 117,07 0,54 19,51 1,25 1,79<br />

Pouteria torta 48,78 0,23 7,32 0,47 0,70<br />

Protium spruceanum 439,02 2,04 31,71 2,03 4,07<br />

Prunus brasiliensis 9,76 0,04 2,44 0,16 0,20<br />

Psidium sartorianum 29,27 0,14 4,88 0,31 0,45<br />

Rhanidium eliocarpum 9,76 0,40 2,44 0,16 0,20<br />

Rudgea sp. 9,76 0,40 2,44 0,16 0,20<br />

38


Espécie DA DR% FA FR% VC%<br />

Sapindus sp. 156,09 0,73 7,32 0,47 1,20<br />

Schefflera morototoni 29,27 0,14 7,32 0,47 0,60<br />

Simarouba amara 19,51 0,09 4,88 0,31 0,40<br />

Siparuna sp. 234,15 1,09 14,63 0,94 2,03<br />

Siphoneugena densiflora 9,76 0,40 2,44 0,16 0,20<br />

Sorocea bomplandii 243,90 1,14 31,71 2,03 3,17<br />

Styrax sp. 19,51 0,09 4,88 0,31 0,40<br />

Swartzia sp. 58,54 0,27 7,32 0,47 0,74<br />

Tabebuia serratifolia 9,76 0,40 2,44 0,16 0,20<br />

Tabebuia sp. 19,51 0,09 4,88 0,31 0,40<br />

Tapirira guianensis 9,76 0,40 2,44 0,16 0,20<br />

Tapura amazonica 146,34 0,68 24,39 1,56 2,24<br />

Terminalia argentea 78,05 0,36 14,63 0,94 1,30<br />

Tertragastris sp. 878,05 4,09 56,09 3,59 7,68<br />

Trema micanthra 29,27 0,14 2,44 0,16 0,29<br />

Trichilia catigua 156,09 0,43 14,63 0,94 1,66<br />

Trichilia claussenii 1.219,51 5,68 29,27 1,88 7,55<br />

Trichilia elegans 1.082,93 5,04 51,22 3,28 8,32<br />

Virola sebifera 97,56 0,45 21,95 1,41 1,86<br />

Virola urbaniana 19,51 0,09 4,88 0,31 0,40<br />

Xylopia sericea 263,41 1,23 29,27 1,86 3,10<br />

Zanthoxylum rhoifolium 29,27 0,14 7,32 0,47 0,60<br />

Zizyphus sp. 48,78 0,23 7,32 0,47 0,69<br />

Total 21.482,9<br />

3<br />

99,99 1.560,98 99,99 200,00<br />

DA = Densidade Absoluta; DR = Densidade Relativa; FA = Freqüência Absoluta; FR = Freqüência<br />

Relativa; VC = Valor da Cobertura.<br />

Dentre os indivíduos jovens amostrados, apenas Salacia elliptica, espécie típica<br />

do sub-bosque, não foi encontrada entre os regenerantes, ainda que apresentasse<br />

entre os indivíduos jovens valor de importância de 11,51% (Tabela 2). Possivelmente,<br />

isto ocorreu devido à forma de dispersão dos seus frutos (barocórica) e à intensa<br />

predação dos frutos pela fauna. Comportamento semelhante foi observado para H.<br />

courbaril var. stilbocarpa que embora produzisse, anualmente, grande quantidade de<br />

frutos de dispersão mastocórica, apresentou uma densidade de sete plântulas ha -1 , em<br />

geral, situadas próximas à planta-mãe. Espécies que possuem dispersão barocórica e<br />

mastocórica, com baixa amplitude de dispersão de sementes têm menos chance de se<br />

regenerarem longe dos genitores. Os frutos ao caírem próximos à planta-mãe têm<br />

39


maior probabilidade de serem danificados por predadores habituais e fungos<br />

patógenos. Além disso, herbívoros de plântulas têm maior oportunidade de predá-las,<br />

quando os indivíduos estão mais fortemente adensados. Estes fatos, aliado à<br />

competição por recursos naturais, luz, nutriente e água contribuem para a baixa<br />

densidade de regenerantes destas espécies (REICH e BORCHERT, 1984; PINHEIRO e<br />

RIBEIRO, 2001).<br />

Os valores obtidos para o quociente de mistura de Jentsch indicaram uma<br />

relação média de 1:3, sugerindo haver uma grande heterogeneidade florística na<br />

regeneração natural na <strong>Reserva</strong>.<br />

Foram inventariados 2.055 indivíduos jovens ha -1 referente a 33 espécies e 21<br />

famílias botânicas (Tabelas 2 e 3). Constatou-se que dentre as espécies inventariadas,<br />

apenas C. langsdorffii e V. sebifera ocorreram no levantamento de jovens,<br />

apresentando, porém, valor de importância de 6,22% e 2,90%, respectivamente.<br />

Espécies emergentes como H. courbaril var. stilbocarpa e A. macrocarpa não<br />

apresentaram indivíduos nas menores classes de diâmetro. Com exceção de A.<br />

fraxinifolium e S. morototoni, com distribuição diamétrica de adultos bastante<br />

irregulares, as demais espécies prioritárias V. sebifera e A. leiocarpa apresentaram<br />

estrutura populacional mais uniforme, apesar da ausência de indivíduos na primeira<br />

classe diamétrica (SILVA et al. 2002).<br />

Cariniana estrellensis, considerada como espécie ombrófila, apesar de apresentar<br />

alta densidade de regenerantes e ocupar o dossel da floresta, não foi encontrada entre<br />

os jovens. Não obstante a ocorrência de indivíduos adultos das espécies H. courbaril<br />

var. stilbocarpa e A. macrocarpa na <strong>Reserva</strong>, com regular produção anual de sementes<br />

e considerável densidade de plântulas, não se constatou o seu estabelecimento como<br />

indivíduos jovens. O sombreamento causado por suas copas, que formam o dossel da<br />

mata, provocou alterações no ambiente, diminuindo a luminosidade e dificultando o<br />

estabelecimento das plantas. A. leiocarpa que tem o seu estabelecimento facilitado<br />

pela abertura de clareiras naturais e/ou antropizadas não foi encontrada entre os<br />

jovens, comprometendo de certa forma, seu futuro na <strong>Reserva</strong>. Fato semelhante<br />

ocorreu com A. macrocarpa e H. courbaril var. stilbocarpa, apesar da grande<br />

regeneração natural observada no levantamento. O tamanho e forma das clareiras,<br />

aliadas às alterações de intensidade de luz têm sido relatados como condicionantes<br />

para o estabelecimento de diferentes espécies florestais. Acrescente-se, ainda, que<br />

40


árvores produtoras de sementes deixadas às margens de clareiras apresentam maiores<br />

riscos de mortalidade que aquelas localizadas mais longe das mesmas, devido à sua<br />

instável sustentação causada pela remoção das suas vizinhas protetoras ou ao<br />

excessivo peso de suas copas, assimetricamente desenvolvidas pelas novas condições<br />

ambientais (HOLBROOK e PUTZ 1989).<br />

O caráter de isolamento ou de fragmentação de formações florestais tropicais<br />

tem contribuído para colocar em risco a sobrevivência de determinadas espécies, onde<br />

a quebra de interações ecológicas pode levar à instabilidade, resultando no<br />

desaparecimento de importantes genótipos, comprometendo as futuras descendências<br />

(KAGEYAMA e PATIÑO-VALERA, 1985; ROCHE, 1987).<br />

Em ordem decrescente de densidade relativa destacaram-se entre as espécies de<br />

jovens inventariadas na população: Trichilia elegans (15,44%), T. claussenii (12,75%)<br />

e Tetragastris sp (10,74%) da família Meliciae, somando 103,84 % do valor de<br />

importância e 75,9% do valor de cobertura (Figura 1).<br />

As famílias mais importantes na composição do sub-bosque, constituído por<br />

indivíduos jovens, foram na ordem decrescente de dominância relativa Meliaceae<br />

(33,06%), Rubiaceae (14,83%), Burseraceae (15,02%) Rutaceae (6,78%) e<br />

Hippocrateaceae (5,61). Estas cinco famílias totalizaram 75,36% do valor de<br />

importância e 78,59% do valor de cobertura, conforme mostra a Tabela 3.<br />

A estrutura populacional de indivíduos jovens indicou forma decrescente do tipo<br />

J invertido (Figura 2), verificando-se a predominância de indivíduos juvenis na primeira<br />

classe de CAP (5 - 6 cm). Os dados obtidos sugeriram que o desenvolvimento dos<br />

indivíduos das espécies arbóreo-arbustivas formadoras do sub-bosque da <strong>Reserva</strong><br />

estava ocorrendo com tendência à forma regular, criando naturalmente micro-<br />

ambientes necessários para o estabelecimento de espécies ombrófilas no processo de<br />

sucessão (Figura 2).<br />

O índice de Shannon foi de H’ = 2,89 nats. ind -1 (J’ = 82,6%) para os jovens,<br />

semelhante aos encontrados por Nascimento et al. (2000) na região central do Rio<br />

Grande do Sul (2,90 nats. ind -1 ), por Silva Júnior et al. (1998) e Guarino et al. (2001),<br />

2,51 nat. ind -1 e 2,84 nats. ind -1 , respectivamente, encontrados em trechos de matas<br />

de galeria no Brasil Central. Portanto, a <strong>Reserva</strong> contém considerável diversidade<br />

florística de espécies com pouco valor econômico, em sua fase juvenil. Os valores do<br />

índice de diversidade de Shannon usualmente ficam entre 1,5 e 3,5 e apenas<br />

41


aramente ultrapassam 4,5, conforme Dias et al. (2000). O índice de Simpson foi de<br />

0,927, indicando tratar-se de baixa dominância de espécies entre os jovens.<br />

Tabela 2. Parâmetros fitossociológicos de indivíduos jovens, com 15 cm < CAP > 5<br />

cm, na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> - DF.<br />

Espécie DA DR DOR FR VI<br />

Trichilia elegans 317,2 15,44 12,98 12,79 41,21<br />

Tetragastris sp. 220,7 10,74 12,11 9,30 32,16<br />

Trichilia claussenii 262,1 12,75 11,95 5,81 30,52<br />

Metrodorea pubescens 193,1 9,4 6,78 8,14 24,31<br />

Cabralea sp. 151,7 7,38 5,45 9,30 22,14<br />

Faramea cyanea 124,1 6,04 5,23 6,98 18,24<br />

Alibertia sessilis 82,8 4,03 6,24 4,65 14,92<br />

Salacia crassifolia 124,1 6,04 4,3 1,16 11,51<br />

Terminalia argentea 69 3,36 4,62 3,49 11,46<br />

Siparuna sp. 55,2 2,68 5,58 2,33 10,59<br />

Faramea flavicans 41,4 2,01 3,35 3,49 8,86<br />

Protium spruceanum 41,4 2,01 2,91 2,33 7,25<br />

Cheiloclinium cognatum 41,4 2,01 1,31 3,49 6,81<br />

Copaifera langsdorffii 27,6 1,34 2,55 2,33 6,22<br />

Guarea macrophylla 27,6 1,34 0,57 2,33 4,24<br />

Bauhinia sp. 27,6 1,34 0,53 2,33 4,28<br />

Guarea kunthiana 27,6 1,34 1,29 1,16 3,79<br />

Tapirira guianensis 13,8 0,67 1,86 1,16 3,70<br />

Maytenus floribunda 13,8 0,67 1,54 1,16 3,37<br />

Aspidosperma sp. 13,8 0,67 1,32 1,16 3,15<br />

Sorocea bonplandii 13,8 0,67 1,29 1,16 3,13<br />

Virola sebifera 13,8 0,67 1,07 1,16 2,90<br />

Erythroxylum daphnites 13,8 0,67 0,69 1,16 2,52<br />

Cardiopetalum callophyllum 13,8 0,67 0,6 1,16 2,44<br />

Allophillus cemidentatus 13,8 0,67 0,55 1,16 2,39<br />

Trema micrantha 13,8 0,67 0,52 1,16 2,36<br />

Tapura amazonica 13,8 0,67 0,52 1,16 2,36<br />

Guarea guidonea 13,8 0,67 0,43 1,16 2,26<br />

Cupania vernalis 13,8 0,67 0,41 1,16 2,24<br />

Luehea divaricata 13,8 0,67 0,39 1,16 2,22<br />

Aiouea sp. 13,8 0,67 0,39 1,16 2,22<br />

Trichilia catigua 13,8 0,67 0,39 1,16 2,22<br />

Croton sp. 13,8 0,67 0,27 1,16 2,10<br />

Total 2055,17 100 100 100<br />

DA = Densidade Absoluta; DR = Densidade Relativa; DoR = Dominância Relativa; FR = Freqüência<br />

Relativa; VI = Valor de Importância<br />

42


Densidade Absoluta (ind/ha)<br />

350<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

Trichilia elegans<br />

Tetragastris sp.<br />

Cabralea sp.<br />

Salacia crassifolia<br />

Terminalia argentea<br />

Faramea flavicans<br />

Cheiloclinium cognatum<br />

Guarea macrophylla<br />

Guarea kunthiana<br />

Maytenus floribunda<br />

Espécies<br />

Sorocea bonplandii<br />

Erythroxylum daphnites<br />

Allophillus semidentatus<br />

Tapura amazonica<br />

Cupania vernalis<br />

43<br />

Aiouea sp.<br />

Figura 1. Distribuição populacional de indivíduos jovens na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong><br />

<strong>Tamanduá</strong> - DF.<br />

Figura 2. Distribuição de indivíduos jovens na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong>, no<br />

ano 2000.<br />

Croton sp.


Tabela 3. Parâmetros fitossociológicos de indivíduos jovens por família na <strong>Reserva</strong><br />

<strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> - DF.<br />

Família DoR FR VI VC<br />

Meliaceae 33,06 25,68 32,78 36,33<br />

Rubiaceae 14,83 14,86 13,92 13,45<br />

Burseraceae 15,02 13,51 13,76 13,89<br />

Rutaceae 6,78 9,46 8,54 8,09<br />

Hippocrateaceae 5,61 5,41 6,36 6,83<br />

Combretaceae 4,62 4,05 4,01 3,99<br />

Leguminosae 3,09 5,41 3,73 2,89<br />

Monimiaceae 5,58 2,7 3,66 4,13<br />

Sapindaceae 0,96 2,7 1,67 1,15<br />

Anacardiaceae 1,86 1,35 1,29 1,27<br />

Celastraceae 1,54 1,35 1,19 1,11<br />

Apocynaceae 1,32 1,35 1,11 0,99<br />

Moraceae 1,29 1,35 1,11 0,98<br />

Myristicaceae 1,07 1,35 1,03 0,87<br />

Erythroxylaceae 0,69 1,35 0,90 0,68<br />

Annonaceae 0,60 1,35 0,88 0,64<br />

Dichapetalaceae 0,52 1,35 0,85 0,6<br />

Ulmaceae 0,52 1,35 0,85 0,6<br />

Lauraceae 0,39 1,35 0,80 0,53<br />

Tiliaceae 0,38 1,35 0,80 0,53<br />

Euphorbiaceae 0,27 1,35 0,76 0,47<br />

DoR = Dominância Relativa; FR = Freqüência Relativa; VI = Valor de Importância; VC = Valor de<br />

Cobertura.<br />

Distribuição espacial de regenerantes de espécies prioritárias para a conservação<br />

Para avaliar a distribuição espacial dos regenerantes de Anadenanthera<br />

macrocarpa, Copaifera langsdoffii, Apuleia leiocarpa, Astronium fraxinifolium, Cariniana<br />

estrellensis, Hymenaea courbaril var. stilbocarpa, Aspidosperma discolor., Virola<br />

sebifera., Metrodorea stipularis, S. morototoni e Cupania vernalis foram utilizadas as<br />

medidas de dispersão de Morisita (I), e a razão variância/média (R) (Brower & Zar<br />

1977; Carvalho 1982; Araújo et al. 2001).<br />

O Índice de Morisita (I) foi calculado por:<br />

2<br />

I = n.<br />

∑ x − N / N(<br />

N −1)<br />

onde:<br />

n = Número total de parcelas;<br />

N = Número de indivíduos encontrados em todas as parcelas.<br />

44


A Razão (R) foi calculada por:<br />

2<br />

R = S / X<br />

sendo :<br />

S<br />

e<br />

X<br />

2<br />

n<br />

2<br />

2<br />

∑ f ( x).<br />

x − ( ∑ f ( x).<br />

x)<br />

/ ∑<br />

= n<br />

=<br />

onde:<br />

i−1<br />

i−1<br />

i−1<br />

n<br />

n<br />

∑ f ( x).<br />

x / ∑<br />

i=<br />

1 i=<br />

1<br />

∑<br />

i−1<br />

n<br />

f ( x)<br />

−1<br />

f ( x)<br />

n<br />

f ( x)<br />

x = número máximo de indivíduos na parcela;<br />

f(x) = número de parcelas em que ocorre n indivíduo da espécie.<br />

R ou I = 1: distribuição da espécie é aleatória;<br />

R ou I > 1: distribuição apresenta padrão agregado;<br />

R ou I < 1: distribuição é uniforme.<br />

2<br />

A significância dos valores de R e I foi obtida pelo teste do Qui-quadrado ( χ )<br />

calculado por:<br />

2<br />

χ<br />

x<br />

= n − N<br />

N<br />

∑ 2<br />

( )<br />

.<br />

A espécie de maior abundancia entre os regenerantes foi C. vernalis, ocorrendo<br />

com uma freqüência absoluta de 97,6%, apresentando 2.263 regenerantes ha -1 e valor<br />

de cobertura de 16,78%. Por ser uma espécie intolerante à sombra apresentou alto<br />

índice de mortalidade natural. O surgimento de clareiras causadas por distúrbios<br />

naturais, como a queda e morte de árvores, propiciou condições para o<br />

estabelecimento de suas plântulas, que tenderam a desaparecer por pressões de<br />

competição e predação, causando mortalidade, conforme relatado por Mory & Jardim<br />

(2001).<br />

45


Cabralea sp., C. estrellensis e Trichilia elegans foram as demais espécies que se<br />

destacaram pelo índice de cobertura. Dezoito espécies (19% do total) foram<br />

representadas por apenas um regenerante ha -1 , em sua maioria espécies arbustivas,<br />

importantes na composição do sub-bosque da <strong>Reserva</strong> como Aegiphila sp., Casearia<br />

rupicola Dilodendron bipinatum, Dyospirus sp., Eryoteca sp., Guatteria spp., Lacistema<br />

hasslerianum, Hirtella sp., Rhamnidium eliocarpum, Rudgea sp., Siphoneugena<br />

densiflora.<br />

Entre as espécies arbóreas, destacaram-se Guarea kunthiana, Guarea sp., Prunus<br />

brasiliensis, Tabebuia serratifolia e Tapirira guianensis. Apenas T. guianensis surgiu<br />

entre os indivíduos jovens e com valor de importância de 3,70%.<br />

No inventário foram amostrados apenas dois indivíduos adultos de S. morototoni<br />

e um de A. fraxinifolium, espécies consideradas raras na <strong>Reserva</strong> (Capítulo II). Deve-se<br />

salientar, entretanto, que uma espécie considerada rara em uma região pode ser<br />

comum em outra. Martins Netto (1992) observou nessa mesma área, a ausência de<br />

árvores adultas de A. fraxinifolium nas parcelas onde não ocorria regeneração natural<br />

da espécie. S. morototoni, por ser uma espécie pioneira de dispersão ornitocórica,<br />

apresentou também reduzida ocorrência no interior da mata, razão pela qual se<br />

constatou uma baixa freqüência da espécie na amostragem de adultos (Martins Netto<br />

1992). Provavelmente, sementes destas espécies foram dispersas em locais<br />

inadequados à germinação ou ao estabelecimento de suas plântulas.<br />

Para Augspurger (1983 a; b) e Guariguata & Pinard (1998) a distância máxima<br />

de dispersão das sementes depende do agente dispersor, quer seja ele vento, água ou<br />

animal. Assim, espécies cuja dispersão é anemocórica (A. fraxinifolium, A. discolor, C.<br />

estrellensis) têm maior probabilidade de se regenerarem a consideráveis distâncias dos<br />

genitores, seja em agrupamento ou regularmente espaçada. Geralmente, sementes /<br />

diásporos de espécies arbóreas tropicais disseminam-se numa área irregular e restrita<br />

em torno da planta-mãe, com exceção das espécies com sementes aladas,<br />

diferentemente daquelas que habitam regiões alagadas e daquelas que são dispersas<br />

por mamíferos.<br />

Sementes de dispersão anemocórica chegam a atingir distâncias maiores que<br />

100 m da planta matriz em florestas não perturbadas, mas a maioria (75%) não<br />

alcança distância maior que 30 m da fonte (GUARIGUATA e PINARD 1998). O<br />

conhecimento sobre a direção dos ventos dominantes e a distribuição das clareiras é<br />

46


importante para o planejamento de coleta de sementes, os estudos sobre a<br />

regeneração natural e o recrutamento das espécies.<br />

Semelhantemente, mais de 90% das sementes dispersas por animais distribuem-<br />

se também dentro de um raio de 30 m da planta matriz (Guariguata & Pinard 1998),<br />

com exceção daquelas dispersas por mamíferos como morcegos, macacos e preguiças,<br />

que conseguem levar o propágulo a distâncias maiores.<br />

Aliado ao tipo de dispersão tem-se que a intensidade de predação de sementes /<br />

diásporos e frutos determinam a freqüência e o padrão de distribuição das espécies em<br />

uma área. Não se encontrou no inventário nenhum indivíduo jovem de H. courbaril var.<br />

stilbocarpa, embora ocorresse com densidade de 13 árvores ha -1 entre os adultos. Isto<br />

porque, a espécie apresenta dispersão mastocórica e distintos predadores consomem<br />

seus frutos.<br />

Os diferentes padrões espaciais de distribuição dos regenerantes das espécies<br />

prioritárias estão contidos na Tabela 2. Os indivíduos de A. leiocarpa e C. estrellensis<br />

apresentaram distribuição do tipo agregado, tanto pela medida (R) quanto pelo (I),<br />

confirmado pelo teste de qui-quadrado que rejeitou a hipótese de que a distribuição<br />

fosse aleatória. Este padrão de distribuição deve-se à dispersão barocórica - autocórica<br />

das sementes de A leiocarpa e anemocórica de C. estrellensis. Virola sebifera, de<br />

dispersão ornitocórica, apresentou distribuição do tipo regular uniforme pelos dois<br />

índices analisados, resultado este também encontrado na mesma <strong>Reserva</strong> por Martins<br />

Netto (1992). Para S. morototoni não foi possível calcular os índices de dispersão, em<br />

razão do pequeno número de indivíduos amostrados, porém, Martins Netto (1992)<br />

encontrou tendência à agregação para a espécie na <strong>Reserva</strong>.<br />

Anadenanthera macrocarpa, de dispersão barocórica - autocórica, apresentou<br />

distribuição agrupada, segundo o índice de Morisita e a razão variância / média, sendo<br />

confirmada pelo teste de qui-quadrado. Este mesmo resultado foi encontrado por<br />

Aquino et al. (1999) em mata seca semidecídua de Minas Gerais, onde se constatou<br />

que a chuva de sementes junto às plantas-mães e a alta taxa de germinação foram os<br />

principais responsáveis por esse agrupamento. A. fraxinifolium e A. discolor<br />

apresentaram distribuição uniforme pela medida (R) e distribuição agregada pelo Índice<br />

de Morisita, confirmadas também pelo teste de qui-quadrado. Considerando-se que a<br />

dispersão de suas sementes é do tipo anemocórica, estas espécies têm maior chance<br />

de formar agrupamentos longe das matrizes, conforme evidenciado por Martins Netto<br />

47


(1992). Entretanto, os regenerantes emergindo em regiões mais distantes da planta-<br />

mãe poderão encontrar ambientes menos protegidos e, assim, apresentarem taxa de<br />

mortalidade inicial relativamente alta e, conseqüentemente, terem distribuição menos<br />

agregada. A medida de dispersão (R) parece refletir melhor essa tendência, nesse caso.<br />

Aqueles indivíduos que conseguem se estabelecer efetivamente tem maior<br />

probabilidade de sobrevivência, seja pela baixa densidade coespecífica, o que reduziria<br />

a competição, seja pela baixa freqüência de predadores específicos (Martins Netto<br />

1992). Copaifera langsdorffii e H. courbaril var. stilbocarpa apresentaram<br />

comportamentos semelhantes pelos dois índices analisados, ou seja, dispersão<br />

uniforme pela medida (R) e agregada pelo (I). Considerando-se o tipo de dispersão suas<br />

sementes (barocórica / mastocórica), a agregação parece ser mais adequada a essas<br />

espécies, que têm menos chances de se regenerarem longe dos genitores. Walter et al<br />

(1997), constataram que na mata ciliar do Campo Experimental Sucupira - DF, a<br />

maioria dos regenerantes de C. langsdorffii, encontrava-se sob a planta - referência,<br />

ocorrendo em média 13,4 inds.<br />

Os indivíduos de M. stipularis apresentaram uma distribuição fortemente<br />

agregada, tanto pela medida (R), quanto pelo Índice de Morisita, confirmada pelo teste<br />

de qui-quadrado. Esse tipo de distribuição da espécie foi, igualmente, constatado por<br />

Nascimento (1989) na Mata do ribeirão do Gama - DF. Cupania vernalis apresentou<br />

distribuição agregada de indivíduos para as duas medidas (R) e (I). Esta espécie tem<br />

dispersão de sementes do tipo barocórica / zoocórica, possuindo considerável poder de<br />

atração por dispersores e predadores, em razão da coloração de seus arilos.<br />

Nascimento et al. (2001) encontraram também distribuição agregada para C. vernalis<br />

em Floresta Ombrófila Mista no Rio Grande do Sul.<br />

48


Tabela 4. Distribuição espacial dos regenerantes das espécies prioritárias na <strong>Reserva</strong><br />

<strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> - DF, em função dos tipos de dispersão: razão / variância<br />

(R) e índice de Morisita (I).<br />

Espécie Tipo de dispersão R I 2<br />

χ<br />

Anadenanthera macrocarpa barocórica/ 2,90 A 5,86 A 171,1*<br />

autocórica<br />

Apuleia leiocarpa barocórica/<br />

autocórica<br />

10,43<br />

Aspidosperma discolor anemocórica 0,17 U 2,73<br />

A<br />

14,85 A 594,0*<br />

A<br />

48,6*<br />

Astronium fraxinifolium anemocórica 0,20 U 4,10 A 52,4*<br />

Cariniana estrellensis anemocórica 12,30<br />

Copaifera langsdorffii barocórica/<br />

rnitocórica<br />

A<br />

1,94<br />

A<br />

758,9*<br />

0,32 U 1,63 A 60,2*<br />

Cupania vernalis ornitocórica 4,19 A 1,68<br />

Hymenaea courbaril mastocórica 0,14 U 1,95<br />

Metrodorea stipularis zoocórica 7,50 A 8,87<br />

Virola sebifera ornitocórica 0,10 U 0,91<br />

2<br />

* Significativo ao nível de 1% ; A = Agregado; U = Uniforme; χ = qui quadrado.<br />

Considerações finais<br />

A<br />

A<br />

A<br />

U<br />

198,8*<br />

45,7*<br />

433,8*<br />

39,2*<br />

Com relação às famílias botânicas de regenerantes pode-se concluir que<br />

Leguminosae, Rubiaceae, Sapindaceae e Meliaceae contribuíram com sete ou mais<br />

espécies cada uma, na formação da <strong>Reserva</strong>.<br />

Entretanto, as famílias botânicas de indivíduos jovens com maiores VIs foram<br />

Meliaceae, Rubiaceae, Burseraceae e Rutaceae. Verificou-se, também, que todas as<br />

principais espécies ocorreram entre os regenerantes, destacando-se C. estrellensis.<br />

Entretanto, C. vernalis foi a mais abundante de todas as espécies inventariadas.<br />

49


Por outro lado, dentre as espécies prioritárias, apenas C. langsdorffii e V.<br />

sebifera ocorreram entre os jovens. A estrutura populacional de jovens mostrou<br />

tendência à forma decrescente do tipo J invertido, indicando certo equilíbrio e<br />

adaptação ao meio. Simultaneamente, o desenvolvimento e adaptação das espécies de<br />

jovens arbóreo-arbustivas estariam criando condições propícias para o estabelecimento<br />

futuro de espécies mais tolerantes e, possivelmente, mais importantes sob o ponto de<br />

vista silvicultural. O índice de sobrevivência encontrado para os jovens garantiria a<br />

formação desse micro-ambiente. Comparativamente, a outros tipos florestais pode-se<br />

dizer que a <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> é consideravelmente rica em<br />

espécies, considerando-se que o quociente de mistura encontrado foi igual a 1:3.<br />

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52


IIV.. Capí íttul lo<br />

Fenol logi ia de Espéci ies Arrbórreas<br />

53<br />

José Al lves da Si il lva<br />

Dea Al léci ia Marrtti ins Netto<br />

Abi imael l Grri ipp


Introdução<br />

Fenologia é o estudo das modificações associadas ao crescimento e à<br />

reprodução das plantas, durante os ciclos anuais (OLIVEIRA e PAULA 2001; RATHCKE<br />

e LACEY 1985).<br />

Estudos fenológicos são de suma importância para a compreensão da dinâmica<br />

das comunidades vegetais, além de contribuir para explicar inúmeras relações entre as<br />

plantas e o meio ambiente (RIBEIRO e CASTRO, 1986; BULLOCK & SOLIS –<br />

MAGALLANES, 1990). A falta desses estudos na região tropical ou a necessidade de<br />

estudos que definam os mecanismos reguladores dos ritmos de crescimento e<br />

reprodução são, em parte, responsáveis por muitos erros que se têm cometido no uso<br />

e manejo de ecossistemas florestais (FRANKIE et al. 1974; FOURNIER 1976).<br />

A existência de sazonalidade e de diferentes ritmos de fenofases em florestas<br />

tropicais tem sido ressaltada, evidenciando que os mecanismos reguladores desses<br />

ritmos podem ser atribuídos parcialmente aos fatores genéticos e, parcialmente, às<br />

mudanças nas condições ambientais (MORELLATO et al. 1989; BORCHERT, 1983;<br />

BARROS e CALDAS, 1980).<br />

Para a comunidade, a sazonalidade na produção de flores e frutos, segundo<br />

Guariguata & Pinard (1998), constitui uma regra para a maioria das florestas<br />

neotropicais. Para as espécies, entretanto, a fenologia de reprodução varia desde a<br />

produção anual até a produção supra-anual, enquanto que para as populações, ela é<br />

altamente variável, principalmente, devido à ocorrência de flutuações na densidade de<br />

floração individual (FRANKIE et al. 1974; MURAWSKI e HAMRICK, 1991;<br />

NEWSTROM, et al. 1994). Como conseqüência, não raro, poucas espécies acabam<br />

contribuindo, não só, para a produção total de sementes em determinado ano, como<br />

também, para o recrutamento de plântulas no ambiente.<br />

As condições ambientais, segundo Janzen (1967), são fatores necessários para<br />

estimular os processos de floração e frutificação em determinada época do ano<br />

favorável à reprodução. A água é um dos fatores abióticos considerados como de<br />

maior influência no desenvolvimento e distribuição das árvores, capaz de determinar os<br />

eventos fenológicos (REICH e BORCHERT, 1984).<br />

Para Borchert (1983) a variação no pico de floração das árvores em florestas<br />

tropicais é uma função da severidade da seca. Sun et al. (1996), entretanto, sugerem<br />

54


um padrão para a maioria das espécies arbóreas tropicais, onde o pico de floração<br />

ocorre na estação seca e o pico da frutificação na estação chuvosa.<br />

O clima sazonal influi inclusive na ocorrência de agentes polinizadores,<br />

dispersores, predadores e competidores, conforme Lieberman (1982), uma vez que<br />

diferentes épocas de florescimento e frutificação influem diretamente na quantidade de<br />

recursos necessários à sobrevivência desses agentes.<br />

Segundo Jansen (1967), as espécies que florescem mais de uma vez ao ano, ou<br />

de forma intermitente, seriam aquelas que não têm sementes com alto risco de<br />

predação. Para Borchert (1983), a maioria das árvores das florestas tropicais necessita<br />

passar por um longo período juvenil antes de adquirir o potencial para florescer e, uma<br />

vez maduras, freqüentemente não florescem todos os anos. A estratégia do não<br />

florescimento anual seria um fator seletivo importante, evitando o risco de predação<br />

pela imprevisibilidade do evento reprodutivo (KAGEYAMA, s.d.). Entretanto, o<br />

florescimento individual em profusão, como ocorre com dezenas de espécies arbóreas<br />

tropicais, como, por exemplo, Tabebuia spp, resulta em vantagens, tanto para a árvore<br />

quanto para os polinizadores, que encontram grande concentração de alimentos,<br />

simultaneamente. Nas regiões tropicais, onde a diversidade do ecossistema está<br />

associada à complexidade nas interações entre as espécies, a quebra das interações<br />

ecológicas pode levar à instabilidade e resultar na extinção de uma ou mais espécies,<br />

principalmente se forem endêmicas (FRANKEL e SOULÉ, 1981). Assim, uma vez<br />

perturbado o ecossistema, os padrões fenológicos dos indivíduos remanescentes<br />

possibilitam apenas um entendimento parcial da organização biológica original, razão<br />

pela qual, estudos fenológicos devem ser efetuados em reservas ou áreas protegidas<br />

sem intervenção, durante um longo período, a fim de detectar as mudanças ocorrentes<br />

nas espécies e nas comunidades.<br />

Fenologia<br />

Foram acompanhadas as fenofases de 132 indivíduos de 27 espécies arbóreas<br />

dos estratos dominantes e codominantes, incluindo-se as espécies prioritárias para<br />

conservação in situ, Anadenanthera macrocarpa, Apuleia leiocarpa, Astronium<br />

fraxinifolium, Cariniana estrellensis, Copaifera langsdorffii, Hymenaea courbaril var.<br />

55


stilbocarpa, Schefflera morototoni, Virola sebifera (FAO 1986, 1997; ROCHE, 1987)<br />

(Tabela 1). Os parâmetros fenológicos de floração, frutificação e mudança foliar foram<br />

monitorados, com o auxílio de binóculos, quinzenalmente durante cinco anos<br />

(março/1986 a dezembro/1990). A freqüência das fenofases dos indivíduos<br />

observados durante cinco anos foi utilizada para a análise dos dados em função das<br />

variações pluviométricas, sem levar em consideração os fatores edáficos e bióticos<br />

(NETTO e GRIPP, 1997). Os dados meteorológicos utilizados foram obtidos na<br />

<strong>Embrapa</strong> Hortaliças, situada a 1 km da <strong>Reserva</strong>.<br />

A distribuição espacial dos indivíduos, o mapeamento, a marcação de matrizes,<br />

a composição florística e a estrutura da mata foram analisados por Silva et al. (1990).<br />

Foram adotadas as seguintes definições:<br />

Período de floração: aquele em que as árvores estavam com a maioria das flores<br />

abertas e com poucos botões florais;<br />

Período de frutificação: aquele em que os frutos estavam verdes, passando a maduros.<br />

Período de mudança foliar: aquele em que se verificavam desfolhação e brotamento ou<br />

surgimento de folhas novas.<br />

Para a mudança foliar utilizaram-se as denominações folhagem completa e<br />

incompleta, a fim de designar a fenofase e os padrões principais de produção e queda<br />

de folhas, segundo Morellato et al. (1989):<br />

Decíduo: espécies com queda e produção de folhas concentradas em determinada<br />

época, mantendo-se um período quase totalmente sem folhas;<br />

Semidecíduo: espécies com maior intensidade de queda de folhas num período, porém<br />

sem se desfolhar totalmente, apresentando, ainda, padrões variados de sua produção;<br />

Perenifólio: espécies que produzem, continuamente ou de forma intermitente, pequena<br />

quantidade de folhas novas e não mostram queda concentrada de folhas, que se torna<br />

imperceptível ou pouco visível.<br />

Para a floração e frutificação utilizou-se o critério da presença ou ausência da<br />

respectiva característica, a fim de expressar a fenofase.<br />

Para melhor compreensão dos dados foram efetuadas correlações de Spearman<br />

entre as fenofases e a pluviosidade (Sokal & Rohlf 1981), utilizando-se a porcentagem<br />

56


de indivíduos e espécies observadas quinzenalmente durante cinco anos. Todas as<br />

porcentagens foram corrigidas através da transformação angular arcsen (x) -0,5 , visando<br />

sua normalização. O comportamento fenológico das espécies foi analisado ano a ano, a<br />

fim de tentar explicar os eventos.<br />

57


Tabela 1. Total de indivíduos monitorados por tipo de dispersão de sementes e<br />

diásporos na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> - DF (1986 - 1990).<br />

Família Espécie Dispersão Nº de<br />

árvores<br />

Leguminosae Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan At 9<br />

Copaifera langsdorffii Desf. Ba/Zo 11<br />

Apuleia leiocarpa (Vog.) Macbr. At 9<br />

Bauhinia sp. At 6<br />

Machaerium acutifolium Vog. var. muticum<br />

Benth<br />

Hymenaea courbaril var. stilbocarpa (Hayne) Lee<br />

et Lang<br />

At 5<br />

Ba/Zo 3<br />

Apocynaceae Aspidosperma spruceanum Benth. ex M.Arg. An 30<br />

Aspidosperma discolor A. DC. An<br />

Aspidosperma subincanum Mart. An<br />

Aspidosperma cylindrocarpon M. Arg. An<br />

Anacardiaceae Astronium fraxinifolium Schott An 3<br />

Tapirira guianensis Aubl. Ba/Zo 4<br />

Combretaceae Terminalia fagifolia Mart. & Zucc. An 5<br />

Terminalia glabrescens Mart. An 3<br />

Meliaceae Guarea macrophylla Vahl Zo 6<br />

Lecythidaceae Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze Zo 5<br />

Myrtaceae Eugenia sp. Zo 2<br />

Araliaceae Schefflera morototoni B. Maguire Steyerm &<br />

Frodin<br />

Ba 4<br />

Tiliaceae Luehea divaricata Mart. An 3<br />

Sapotaceae Pouteria sp. ND 3<br />

Opiliaceae Agonandra brasiliensis Benthan & Hook Ba 3<br />

Mirysticaceae Virola sebifera Aubl. Ba/Zo 1<br />

Burseraceae Protium heptaphyllum (Aubl.) March. ND 4<br />

Hippocrateaceae Salacia elliptica (Mart.) G. Dom. Ba/Zo 3<br />

Lauraceae Ocotea spp. Ba 4<br />

Rutaceae Metrodorea stipularis Mart. ND 6<br />

Total 132<br />

At = Autocórica; Ba = Barocórica; Zo = Zoocórica; An = Anemocórica; ND = não determinada<br />

58


Mudança foliar<br />

Em todos os indivíduos observados houve perda das folhas e produção de folhas<br />

novas na estação seca (junho a setembro) e início da estação chuvosa (outubro) no<br />

período de 1986 a 1990 (Figura 1). Nessa ocasião, constatou-se que cerca de 80%<br />

dos indivíduos e mais de 70% das espécies encontravam-se desfolhados no mês de<br />

agosto (Figura 1). Acentuada queda de folhas foi verificada nos meses de menor<br />

precipitação, conforme citado por Salisbury & Ross (1992) e Gouveia & Felfilli (1998),<br />

com grande acumulo de folhas depositadas no solo da mata. De fato, em florestas<br />

tropicais as árvores tendem a perder as folhas durante a época mais seca do ano,<br />

como observado por Alvim (1964), Araújo (1970), Barros & Caldas (1980), Dutra<br />

(1987) e Morellato et al. (1989).<br />

O período em que ocorreu maior freqüência de queda de folhas correspondeu<br />

aos meses de menor precipitação, exceto para o mês de setembro de 1990, quando a<br />

precipitação média foi de 215,8 mm, condição consideravelmente atípica para a região.<br />

O pico de mudança foliar das espécies e indivíduos foi de 90% no mês de agosto de<br />

1987, correspondendo ao mês mais quente do período, quando se registrou<br />

temperatura máxima de 31ºC e precipitação média de apenas 6,0mm. A. spruceanum,<br />

A. subincanum, A. cylindrocarpum, A. discolor, C. langsdorffii, C. estrellensis, H.<br />

courbaril var. stilbocarpa, A. brasiliensis, T. fagifolia e A. fraxinifolium foram as<br />

espécies que apresentaram mudança foliar no referido mês.<br />

A mudança foliar na <strong>Reserva</strong> foi inversa e significativamente correlacionada com<br />

a precipitação, tanto para as espécies quanto para os indivíduos, em todos os anos<br />

(Tabela 3), exceto em 1990, cujas correlações foram r = -0,28; P (0,38) e r = - 0,32;<br />

P (0,31), respectivamente, em razão do maior índice pluviométrico verificado.<br />

Quanto aos padrões de produção e queda de folhas verificou-se na reserva que<br />

45% das espécies eram decíduas, 45% semidecíduas e apenas 10% eram perenifólias,<br />

de acordo com o conceito de Morellato et al. (1989).<br />

A perda total de folhas e floração simultânea ocorreu em A. macrocarpa, A.<br />

fraxinifolium e T. fagifolia. Seis espécies perderam quase que totalmente as folhas,<br />

ocorrendo brotamento e floração simultâneos: Bauhinia sp, C. estrellensis, Pouteria sp.,<br />

A. brasiliensis, P. heptaphyllum e Ocotea sp. Perdas parciais das folhas e florescimento<br />

59


simultâneo foram observadas em T. guianensis, H. courbaril var. stilbocarpa e Ocotea<br />

spp.<br />

Mudança<br />

foliar (%)<br />

Mudança<br />

foliar %<br />

Mudança<br />

foliar (%)<br />

Mudança<br />

foliar (%)<br />

Mudança<br />

foliar (%)<br />

100<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

1986<br />

J F M A M J J A S O N D<br />

Meses<br />

1987<br />

J F M A M J J A S O N D<br />

Mese<br />

1988<br />

J F M A M J J A S O N D<br />

Meses<br />

1989<br />

J F M A M J J A S O N D<br />

Meses<br />

199<br />

J F M A M J J A S O N D<br />

Meses<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

600<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

350<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

% espécies % indivíduos Precip. média<br />

Figura 1. Padrão de mudança foliar dos indivíduos e espécies observados na <strong>Reserva</strong><br />

<strong>Genética</strong> <strong>Tamanduá</strong> - DF, durante cinco anos (1986 - 1990).<br />

Precip. média<br />

(mm)<br />

Precip. média<br />

(mm)<br />

Precip. média<br />

(mm)<br />

Precip. média<br />

(mm)<br />

Precip. média<br />

(mm)<br />

60


Floração<br />

A floração para maioria dos indivíduos das espécies observadas na <strong>Reserva</strong><br />

comportou-se similarmente àquela observada por Lieberman (1982), onde se constatou<br />

a fenofase ao longo de todo ano. Algumas espécies apresentaram floração no início da<br />

estação seca e início da estação chuvosa, como A. cylindrocarpon, estendendo-se até<br />

o fim do ano. C. langsdorffii foi a única espécie com padrão diferente, apresentando<br />

floração entre dezembro e março e um período de frutificação, que se prolongou além<br />

de uma estação.<br />

Observou-se, ainda, que algumas espécies não floresceram ou frutificaram todos<br />

os anos, porém constatou-se que a maioria das espécies floresceu na estação chuvosa<br />

(setembro e outubro). O pico da floração, entretanto, ocorreu no mês de setembro de<br />

1987, onde cerca de 50% dos indivíduos e espécies em questão apresentavam-se<br />

floridos (Figura 2). Apuleia leiocarpa, A. subincanum, C. estrellensis, T. fagifolia, A.<br />

brasiliensis, A. cylindrocarpon, A macrocarpa, T. guianensis entre outras<br />

apresentavam-se floridas, nesse período.<br />

Na Tabela 2 foram resumidos os dados fenológicos de floração dos indivíduos<br />

das principais espécies identificadas na <strong>Reserva</strong>, comparados aos dados apresentados<br />

por Oliveira & Paula (2001) referentes a 52 espécies de mata de galeria do bioma<br />

Cerrado.<br />

Embora sejam dados cronologicamente diferentes, obtidos em locais distintos,<br />

utilizando-se metodologias diversas, puderam-se constatar certas coincidências nos<br />

padrões fenológicos de floração para espécies como A. subincanum, A. fraxinifolium<br />

H. courbaril. Padrões fenológicos bastante próximos foram verificados para A.<br />

macrocarpa, Machaerium acutifolium, A fraxinifolium, T. guianensis, V. sebifera e<br />

Protium heptaphyllum. Esses padrões, entretanto, são variáveis e influenciados<br />

principalmente por mudanças ambientais, de tal sorte que levam a resultados bastante<br />

distintos como os verificados para Guarea macrophylla na <strong>Reserva</strong>. A utilização de tais<br />

informações, entretanto, pode ser feita, porém com cautela e senso crítico.<br />

61


Tabela 2. Fenologia de floração de espécies arbóreas da <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong><br />

<strong>Tamanduá</strong> - DF.<br />

ESPÉCIES J F M A M J J A S O N D<br />

Agonandra brasiliensis<br />

Anadenanthera macrocarpa<br />

Apuleia leiocarpa<br />

Aspidosperma<br />

cylindrocarpon<br />

Aspidosperma discolor<br />

Aspidosperma spruceanum<br />

Aspidosperma subincanum<br />

Astronium fraxinifolium<br />

Cariniana estrellensis<br />

Copaifera langsdorffii<br />

Guarea macrophylla<br />

Hymenaea courbaril var.<br />

stilbocarpa<br />

Luehea divaricata<br />

Machaerium acutifolium<br />

Metrodorea stipularis<br />

Protium heptaphyllum<br />

Salacia elliptica<br />

Schefflera morototoni<br />

Tapirira guianensis<br />

Terminalia fagifolia<br />

Terminalia glabrescens<br />

Virola sebifera<br />

62


Oliveira & Paula (2001) <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong><br />

Floração (%)<br />

Floração %<br />

Floração (%)<br />

Floração (%)<br />

Floração (%)<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

1986<br />

J F M A M J J A S O N D<br />

Meses<br />

1987<br />

J F M A M J J A S O N D<br />

Meses<br />

1988<br />

J F M A M J<br />

Mese<br />

J A S O N D<br />

1989<br />

J F M A M J J A S O N D<br />

Meses<br />

1990<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

600<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

350<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

J F M A M J J A S O N D<br />

% espécies<br />

Meses<br />

% indivíduos Precip. média<br />

Precip. média<br />

(mm)<br />

Precip. média<br />

(mm)<br />

Precip. média<br />

(mm)<br />

Precip. média<br />

(mm)<br />

Precip. média<br />

(mm)<br />

Figura 2. Padrão de floração dos indivíduos e espécies observados na <strong>Reserva</strong><br />

<strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> - DF, durante cinco anos (1986 - 1990).<br />

63


A correlação das espécies e dos indivíduos em floração com a precipitação<br />

para o ano de 1987 foi direta, porém não significativa, onde r = 0,008; P (0,80) e r<br />

= 0,11; P (0,72), respectivamente. Comportamento oposto foi encontrado para o<br />

ano de 1990, sendo r = 0,44; P (0,15) e r = 0,09; P (0,77), relativamente às<br />

espécies e indivíduos da <strong>Reserva</strong>. O pico de floração na estação seca ocorreu no mês<br />

de agosto de 1990, onde 25% das espécies e indivíduos apresentavam-se floridos.<br />

Para os anos de 1986, 1988 e 1989 a correlação das espécies e indivíduos com a<br />

precipitação foi inversa e não significativa. Observou-se, ainda, que algumas espécies<br />

não floresceram ou frutificaram todos os anos.<br />

A floração na estação seca, de certo modo, resulta em vantagens para as<br />

espécies, segundo Janzen (1967), uma vez que essa condição favorece a atividade<br />

de insetos polinizadores. Além disto, a queda de folhas mais intensa, nessa estação,<br />

melhora a visualização das flores por polinizadores, facilitando o seu vôo e a<br />

freqüente visitação. Observou-se, em média, que 30% das espécies da mata de<br />

galeria floresceram na primavera, ou seja, no início e durante o período chuvoso,<br />

conforme constatado por Gouveia & Felfili (1998) para a maioria das espécies da<br />

mata de galeria na Fazenda Água Limpa (FAL) - DF.<br />

Frutificação<br />

A porcentagem de espécies frutificando na <strong>Reserva</strong> foi maior na estação seca<br />

(junho a agosto), exceto para o ano de 1986. O pico de frutificação nesse período<br />

ocorreu no mês de julho de 1989, onde 48% das espécies em 54% dos indivíduos<br />

encontravam-se frutificados (Figura 3).<br />

A correlação entre indivíduos frutificando com a precipitação foi inversa e não<br />

significativa para todos os anos, caracterizada principalmente por espécies das<br />

famílias Leguminosae e Apocynaceae, especialmente aquelas do gênero<br />

Aspidosperma, mais abundantes na <strong>Reserva</strong> (Silva et al. 1990). Constatou-se,<br />

entretanto, uma tendência de frutificação na estação chuvosa, conforme indica a<br />

Figura 3. Oliveira & Paula (2001), entretanto, encontraram resultados diferentes para<br />

a região do Cerrado (Tabela 4), evidenciando, assim, as diferenças de comportamento<br />

das espécies.<br />

64


Conforme Bawa (1980) e Renner & Feil (1993), a dispersão de sementes por<br />

animais é característica comum de espécies de plantas arbóreas e animais tropicais,<br />

sendo que a anemocoria ocorre mais proporcionalmente em ambientes secos e a<br />

zoocoria em ambientes úmidos. (Oliveira & Moreira 1992; Howe & Smallwood 1982).<br />

Na<br />

<strong>Reserva</strong>, em razão dos contrastes ambientais locais (umidade do solo, topografia,<br />

etc.), as espécies de dispersão anemocórica apresentaram maior produção de frutos<br />

na estação seca, conforme relatado por Batalha et al. (1997), quando a dispersão dos<br />

diásporos foi facilitada. Seis espécies frutificaram na estação seca e início da estação<br />

chuvosa e têm frutos adaptados à dispersão anemocórica: A. fraxinifolium, C.<br />

estrellensis, T. glabrescens, A. subincanum, A. discolor e A. spruceanum. As<br />

espécies de dispersão zoocórica apresentaram maior produção de frutos na estação<br />

chuvosa, como A. brasiliensis, Salacia elliptica, Pouteria sp e Ocotea sp., com<br />

produção de frutos carnosos. Entretanto, conforme salientam Wallace & Painter<br />

(2002), frutos carnosos maduros em florestas tropicais são efêmeros, e regularmente<br />

distribuídos, com densidade flutuante sazonalmente, e relativamente escassos,<br />

quando comparados aos outros componentes da dieta alimentar como folhas e<br />

insetos.<br />

Em algumas espécies foi observado que o intervalo entre fruto verde e<br />

dispersão de fruto e semente era bem longo: A. macrocarpa, T. fagifolia, A. leiocarpa,<br />

C. estrellensis, S. morototoni e Aspidosperma sp. No processo de manutenção e<br />

renovação das florestas tropicais, a zoocoria é a mais importante (Rêgo 1995),<br />

considerando-se que a relação planta-animal atinge seu ponto máximo nos trópicos<br />

úmidos.<br />

Espécies que floresceram de janeiro a abril e que frutificaram a partir de maio -<br />

junho como C. langsdorffii e A. leiocarpa, necessitam de um tempo maior para<br />

maturação dos frutos durante a seca, iniciando sua dispersão quando começa o<br />

período chuvoso, onde encontrarão condições favoráveis à sua germinação. Espécies<br />

que responderam à estacionalidade mantendo a tendência de frutificação na estação<br />

chuvosa, conforme apontado por Gouveia & Felfili (1998) na mata de galeria da FAL -<br />

DF apresentaram pico de frutificação em agosto (Figura 3), como A. discolor e A.<br />

spruceanum.<br />

65


A frutificação e maturação de frutos na estação chuvosa estariam relacionadas<br />

às melhores condições de germinação e crescimento das plântulas. A queda de<br />

frutos, neste período, é favorecida pela abundância de nutrientes no solo que podem<br />

aumentar a probabilidade de sobrevivência das plântulas. Esta correlação foi<br />

observada para A. subincanum, cujos frutos amadureceram de agosto a setembro<br />

(início da estação chuvosa) e suas sementes germinaram em outubro, sob a planta-<br />

mãe. As plântulas emergidas no início da estação chuvosa terão mais chances de<br />

estabelecimento já que poderão desenvolver sistema radicular antes das próximas<br />

chuvas.<br />

Tabela 3. Fenologia de frutificação de espécies arbóreas da <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong><br />

<strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> - DF.<br />

ESPÉCIES J F M A M J J A S O N D<br />

Agonandra brasiliensis<br />

Anadenanthera macrocarpa<br />

Apuleia leiocarpa<br />

Aspidosperma cylindrocarpon<br />

Aspidosperma discolor<br />

Aspidosperma spruceanum<br />

Aspidosperma subincanum<br />

Astronium fraxinifolium<br />

Cariniana estrellensis<br />

Copaifera langsdorffii<br />

Guarea macrophylla<br />

Hymenaea courbaril var.<br />

stilbocarpa<br />

Luehea divaricata<br />

Machaerium acutifolium<br />

Metrodorea stipularis<br />

66


ESPÉCIES J F M A M J J A S O N D<br />

Protium heptaphyllum<br />

Salacia elliptica<br />

Schefflera morototoni<br />

Tapirira guianensis<br />

Terminalia fagifolia<br />

Terminalia glabrescens<br />

Virola sebifera<br />

Oliveira & Paula (2001) <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong><br />

Frutificação (%)<br />

Frutificação<br />

(%)<br />

Frutificação<br />

(%)<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

1986<br />

J F M A M J J<br />

Mese<br />

A S O N D<br />

1987<br />

J F M A M J J<br />

Meses<br />

A S O N D<br />

1988<br />

J F M A M J<br />

Mese<br />

J A S O N D<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

Precip. média<br />

(mm)<br />

Precip. média<br />

(mm)<br />

Precip. média<br />

(mm)<br />

67


Frutificação<br />

(%)<br />

Frutificação (%)<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

0<br />

1989<br />

J F M A M J J A S O N D<br />

Meses<br />

199<br />

600<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

350<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

J F M A M J J A S O N D<br />

% espécies<br />

Meses<br />

% indivíduos Precip. média<br />

Precip. média<br />

(mm)<br />

Precip. média<br />

(mm)<br />

Figura 3. Padrão de frutificação dos indivíduos e espécies observados na <strong>Reserva</strong><br />

<strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> - DF, durante cinco anos (1986 - 1990).<br />

Tabela 4. Coeficientes de correlação de Spearman para as fenofases observadas no<br />

período de 1986 a 1990, na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong>.<br />

Ano<br />

1986 r = -0,58<br />

Fenofases<br />

Foliação Floração Frutificação<br />

Espécie Indivíduos Espécie Indivíduos Espécie Indivíduos<br />

P = 0,04<br />

1987 r = -0,81<br />

P =<br />

0,001<br />

1988 r = -0,69<br />

P = 0,01<br />

r = -0,54<br />

P = 0,04<br />

r = 0,80<br />

P = 0,001<br />

r = -0,69<br />

P = 0,01<br />

r = -<br />

0,38<br />

P =<br />

0,21<br />

r = 0,08<br />

P =<br />

0,80<br />

r = -<br />

0,28<br />

P =<br />

0,38<br />

r = -0,10<br />

P = 0,73<br />

r = 0,11<br />

P = 0,72<br />

r = -0,21<br />

P = 0,50<br />

r = 0,35<br />

P =<br />

0,25<br />

r = -<br />

0,40<br />

P =<br />

0,19<br />

r = -<br />

0,19<br />

P =<br />

0,54<br />

68<br />

r = -0,50<br />

P = 0,09<br />

r = -0,62<br />

P = 0,09<br />

r = -0,31<br />

P = 0,31


Ano<br />

1989 r = -0,71<br />

Fenofases<br />

Foliação Floração Frutificação<br />

Espécie Indivíduos Espécie Indivíduos Espécie Indivíduos<br />

P = 0,01<br />

1990 r = -0,28<br />

P = 0,38<br />

Significativo P < 0,05<br />

Considerações finais<br />

r = -0,67<br />

P = 0,01<br />

r = - 0,32<br />

P = 0,31<br />

r = -<br />

0,71<br />

P =<br />

0,009<br />

r = 0,44<br />

P =<br />

0,15<br />

r = -0,72<br />

P = 0,007<br />

r = 0,09<br />

P = 0,77<br />

r = -<br />

0,83<br />

P =<br />

0,07<br />

r = -<br />

0,44<br />

P =<br />

0,09<br />

69<br />

r = -0,82<br />

P = 0,07<br />

r = -0,54<br />

P = 0,06<br />

A frutificação foi o evento menos sazonal e com menor sincronia entre as<br />

espécies da <strong>Reserva</strong>. Observou-se que espécies com frutos carnosos tiveram<br />

produção e amadurecimento no período chuvoso.<br />

Várias espécies de dispersão anemocórica estavam com os frutos maduros,<br />

principalmente no fim da estação seca e começo da chuvosa. Vários padrões de<br />

floração e frutificação sugerem que interações animal-planta podem ter uma<br />

importante influência na reprodução das plantas na <strong>Reserva</strong>. Atividades dos<br />

polinizadores e dispersores, razões de desenvolvimento de fruto e semente são<br />

fatores que podem influenciar a polinização e, conseqüentemente, a frutificação.<br />

Todas as espécies apresentaram mudança foliar na estação seca (junho a<br />

setembro) e brotamento no início da estação chuvosa (outubro). As espécies de<br />

dispersão anemocórica frutificaram na estação seca e início da estação chuvosa e as<br />

espécies de dispersão zoocórica na estação chuvosa. Observou-se que 50% das<br />

espécies apresentaram pico de floração na primavera (setembro), no final da estação<br />

seca e início da estação chuvosa. Observou-se, ainda, que nem todas as espécies<br />

floresceram ou<br />

frutificaram todos os anos, uma vez que elas responderam aos estímulos externos<br />

diferentemente, assim como, existiam espécies que apresentaram floração ou<br />

frutificação durante todo o ano.


Na Tabela 4 foram resumidos os dados fenológicos de frutificação para os<br />

indivíduos das espécies identificadas na <strong>Reserva</strong>, comparados aos dados<br />

apresentados por Oliveira & Paula (2001), considerando-se frutificação o período total<br />

em que as árvores apresentaram frutos, independentemente se estavam verdes ou<br />

maduros. Neste sentido, constatou-se bastante coincidência nos padrões fenológicos<br />

de A. fraxinifolium, H. courbaril var. stilbocarpa e C. estrellensis. As demais espécies<br />

divergiram-se consideravelmente em seus padrões, evidenciando mais uma vez as<br />

dificuldades que se tem em padronizar informações biológicas com precisão. Há<br />

necessidade, portanto, de se efetuar observações criteriosas, periodicamente, em<br />

ambientes protegidos e durante um longo período para se obter informações<br />

conscientes e confiáveis sobre dados fenológicos de espécies arbóreas.<br />

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72


V.. Capí íttul lo<br />

Espéci ies Arrbórreas de IImporrttânci ia Econômi ica<br />

73<br />

José Al lves da Si il lva<br />

Anttoni ietta Nassi iff Sal lomão<br />

João Marrcel lo de Rezzende


Introdução<br />

Na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong>, as espécies prioritárias para<br />

conservação – Anadenathera macrocarpa, Apuleia leiocarpa, Astronium fraxinifolium,<br />

Cariniana estrellensis, Copaifera langsdorffii, Hymenaea courbaril var. stilbocarpa,<br />

Schefflera morototoni e Virola sebifera – caracterizam-se por ocorre em outras<br />

fitofisionomias e ser utilizadas para diversos fins. Apresentam iguais características<br />

outras dez espécies: Aspidosperma cylindrocarpon, Aspidosperma discolor,<br />

Aspidosperma spruceanum, Aspidosperma subincanum, Cupania vernalis, Guarea<br />

guidonia, Luehea divaricata, Matayba elaeagnoides, Tapirira guianensis e Terminalia<br />

argentea.<br />

espécies.<br />

Neste capítulo estão descritas as informações gerais para essas dezoito<br />

1. Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan<br />

Sinonímia botânica: Acacia grata Wild., Anadenathera colubrina (Vell.) Brenan var.<br />

cebil (Gris.) Alts., Piptadenia macrocarpa Benth., Piptadenia microphylla Benth.<br />

Família: Leguminosae Mimosoideae<br />

Nomes populares: Angico, angico-bravo, angico-castanho, angico-de-casca, angico-<br />

do-campo, angico-preto, angico-rajado, angico-vermelho, arapiraca, cambuí-ferro,<br />

curupaí, guarapiraca.<br />

Distribuição geográfica e características ecológicas: América do Sul: Argentina,<br />

Bolívia, Paraguai, Peru. Brasil: Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato<br />

Grosso do Sul, Pernambuco, Piauí, Minas Gerais, São Paulo, em solos de origem<br />

basáltica, terrenos altos, bem drenados e não alagáveis de matas mesofíticas<br />

semideciduais e deciduais, florestas secundárias, no interior de mata primária,<br />

cerradão e mata de galeria. Espécie decídua, pioneira ou secundária inicial, heliófila.<br />

Fenologia: Floresce nos meses de agosto - novembro, quando a árvore está quase<br />

totalmente desprovida de folhas. Frutifica nos meses de agosto - setembro e a<br />

maturação dos frutos ocorrem entre junho - outubro. A dispersão de sementes é<br />

autocórica e barocórica.<br />

74


Descrição botânica<br />

Porte: Arbóreo podendo atingir de 15 - 30 m de altura e 90 cm de DAP.<br />

Tronco: Retilíneo, cilíndrico, pouco tortuoso com fuste de até 10 m.<br />

Casca: Acinzentada, grossa variando de lisa a rugosa com algumas fissuras<br />

longitudinais.<br />

Folhas: Compostas, alternas, bipinadas com 10 - 25 jugas membranáceas, falcado-<br />

lineares, cada uma com 20 - 80 folíolos membranáceos.<br />

Flores: Hermafroditas, polinizadas por pequenos insetos, brancas amareladas,<br />

reunidas em panículas terminais, axilares em forma de glomérulos, 15 - 20 mm de<br />

diâmetro, ordenados em fascículos de 2 - 5.<br />

Fruto: Legume ou folículo de coloração pardo-avermelhada a chocolate, coriáceo,<br />

levemente recurvado ou superficialmente contraído que se abre em fenda única no<br />

sentido longitudinal, 15 - 30 cm de comprimento e 2 - 3 cm de largura.<br />

Semente: Suborbicular a orbicular, achatada, faces planas, fina, de coloração<br />

castanha escura a negra, brilhante com uma pequena reentrância hilar, 15 - 20 mm<br />

de diâmetro. Um quilograma contém cerca de 7.600 a 11.000 sementes, as quais<br />

iniciam a germinação aos quatro dias após o semeio. Não requerem tratamentos pré-<br />

germinativos. Semente ortodoxa e não longeva.<br />

Madeira: Coloração castanho-amarelada a vermelho-queimada com veios violáceos<br />

esmaecidos, alburno distinto do cerne, apresentando coloração amarelada ou rosada,<br />

anéis de crescimento perceptíveis, muito pesada (densidade > 1,0 g/cm³), dura,<br />

superfície pouco lustrosa, levemente áspera, de sabor adstringente, grande<br />

durabilidade sob condições naturais, resistente ao ataque de fungos e à deterioração.<br />

Utilização da espécie: Construção civil, naval e rural como vigas, batentes, caibros,<br />

obras externas, tacos, móveis, peças torneadas, postes, mourões, dormentes, rodas<br />

de engenho, carroças, lenha, carvão. A caca com 30% de tanino é usada para<br />

curtume, e quando ferida exsuda uma goma amarelada de qualidade inferior à goma<br />

arábica, muito apreciada para a alimentação pelos nordestinos, e, na medicina<br />

popular, presta-se ao tratamento de tuberculose e infecções respiratórias. Espécie<br />

melífera, ornamental, paisagística e indicada para a recuperação de áreas degradadas.<br />

75


Bibliográfica consultada<br />

AQUINO, F. de G.; OLIVEIRA, M. C. de; SCHIAVINI, J.; RIBEIRO, J. F. Dinâmica de<br />

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77


2. Apuleia leiocarpa (Vog.) Macbr.<br />

Sinonímia botânica: Apuleia praecox Mart.<br />

Família: Leguminosae Caesalpinioideae<br />

Nomes populares: Amarelão, amarelinho, barapibo, camarurana, cumarurana, garapa,<br />

garapa-amarela, garapa-branca, gema-de-ovo, grápia, grapiá, grapiapunha, guaretá,<br />

jataí, jataí-amarelo, jitaí, jutaí, ibira-perê, mulateira, muirajuba, muirataná, muratuá,<br />

pau-mulato, sapucajuba.<br />

Distribuição geográfica e características ecológicas: América do Sul: Argentina,<br />

Bolívia, Paraguai, Peru, Venezuela, Uruguai. Brasil: Bahia, Ceará, Distrito Federal,<br />

Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São<br />

Paulo indiferente às condições físicas do solo ou ocorrendo preferencialmente em<br />

solos profundos, latossolos e cambissolos secos ou bem drenados e não alagáveis de<br />

remanescentes da mata Atlântica, floresta estacional decidual e semidecidual, floresta<br />

latifoliada do Alto Uruguai, mata de galeria e floresta ombrófila mista. Espécie<br />

decídua, clímax, heliófita.<br />

Fenologia: Na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> floresce nos meses de setembro -<br />

novembro quando a árvore está total ou parcialmente desprovida de folhas. A<br />

frutificação acontece nos meses de março - agosto. A dispersão de sementes é<br />

autocórica e autocórica.<br />

Descrição botânica<br />

Porte: Arbóreo podendo atingir de 25 - 35 m de altura e 60 - 100 cm de DAP.<br />

Tronco: Cilíndrico geralmente pouco tortuoso com fuste de até 15 m.<br />

Casca: Grisácea, pardo-amarelada, dura com escamas descamantes em forma de<br />

placas em árvores velhas, deixando características muito peculiares à espécie, com<br />

lenticelas evidentes e irregulares que tornam a árvore inconfundível.<br />

Folhas: Compostas, alternas, imparipinadas, 5 - 15 cm de comprimento, 5 - 11<br />

folíolos oblongos a elípticos, 2 - 5 cm de comprimento e 1 - 2,5 cm de largura.<br />

Flores: Hermafroditas, alvas e margens com pelos vermelho-dourados, pequenas,<br />

dispostas em panículas de 3 - 5 cm, solitárias ou geminadas.<br />

Fruto: Legume samaróide oblíquo, plano comprimido, apiculado, levemente coriáceo,<br />

78


mesocarpo parco e esponjoso, que permanece longo tempo preso aos ramos<br />

ascendentes.<br />

Semente: Discóide irregular, dura, lisa, com hilo puntiforme, coloração pardo-<br />

avermelhada, 5 - 6 mm de comprimento. Um quilograma de contém de 8.000 a<br />

20.000 sementes, as quais requerem tratamento pré-germinativo (escarificação<br />

mecânica ou química) para iniciarem a germinação entre cinco e oito dias após o<br />

semeio. Semente ortodoxa e longeva.<br />

Madeira: Coloração bege-clara a bege-amarelada, moderadamente pesada (densidade<br />

0,83 g/cm³), muito dura, brilhante, lisa, durável, fácil de trabalhar e aplainar,<br />

susceptível ao ataque de termitas.<br />

Utilização da espécie: Construção civil, naval e rural, como vigas, estacas, caibros,<br />

marcenaria, acabamento de interiores, esquadrias, tacos de assoalho, dormentes,<br />

janelas, esquadrias, artesanatos, carroças, eixos de carroças, carrocerias de<br />

caminhão, tonéis de vinho e cachaça, obras hidráulicas, canoas, lenha, carvão. A<br />

casca com 24% de tanino é usada para curtume, e na medicina popular presta-se ao<br />

combate da malária por comunidades indígenas da Amazônia Boliviana. Estudos<br />

farmacológicos detectaram que partes secas e frescas da planta possuem<br />

propriedades antiinflamatórias, antissifilítica e analgésicas. As raízes novas são<br />

consideradas abortivas e provocam fortes cólicas intestinais. As folhas servem de<br />

alimento para bugios. Espécie melífera, paisagística e indicada para a recuperação de<br />

matas ciliares.<br />

Bibliografia consultada<br />

ALMEIDA, S. P. de; PROENÇA, C. E. B.; SANO, S. M.; RIBEIRO, J. F. Cerrado: espécies<br />

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81


3. Aspidosperma cylindrocarpon M. Arg.<br />

Sinonímia botânica: Aspidosperma brevifolia Rus.; A. lagoense M. Arg.<br />

Família: Apocynaceae.<br />

Nomes populares: Guatambu, pereiro, peroba, peroba-de-lagoa-santa, peroba-de-<br />

minas, peroba-iquira, peroba-rosa, peroba-osso, peroba-poca.<br />

Distribuição geográfica e características ecológicas: América do Sul: Bolívia,<br />

Colômbia, Paraguai, Peru, Venezuela. Brasil: Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo,<br />

Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul,<br />

São<br />

Paulo, em áreas bem drenadas ou de inundação temporária de fertilidade baixa a<br />

mediana de formações florestais do complexo atlântico, floresta latifoliada<br />

semidecídua da bacia do Paraná, mata de brejo, mata mesófila semidecídua de<br />

encosta, mata de galeria e cerradão. Espécie decídua, secundária tardia ou clímax,<br />

heliófita.<br />

Fenologia: Floresce nos meses de agosto - outubro e frutifica em julho - outubro na<br />

<strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong>. A dispersão de sementes é anemocórica.<br />

Descrição botânica<br />

Porte: Arbóreo podendo atingir de 8 - 18 m de altura e de 40 - 70 cm de DAP.<br />

Tronco: Cilíndrico, reto e fuste de até 10 m de altura.<br />

Casca: Pardacenta, muito grossa, rígida, rugosa, profundamente sulcada, com cristas<br />

mais ou menos planas, com ritidoma amarelo-rosa por dentro.<br />

Folhas: Simples elípticas ou ovadas, glabras, superfície brilhante, face interior mais<br />

clara e opaca, com nervação laxa e pecíolo longo, laticífera.<br />

Flores: Hermafroditas, polinizadas por mariposas, branca-amareladas, pequenas (± 1<br />

cm), dispostas em inflorescência terminal.<br />

Fruto: Subcilíndrico, castanho-escuro, lenhoso, densamente lenticelosos e<br />

ferrugíneos, 8 cm de comprimento e 3 cm de diâmetro.<br />

Semente: Elíptica a oblonga, núcleo seminífero basal de coloração amarela, ala<br />

unilateral bege clara, 4 cm x 8 mm. Um quilograma contém cerca de 7.200<br />

sementes, as quais iniciam a germinação aos cinco dias após o semeio. Não requerem<br />

tratamento pré-germinativo. Semente ortodoxa e não longeva.<br />

82


Madeira: Coloração castanha-avermelhada, moderadamente pesada (densidade<br />

0,89g/cm 3 ), dura, superfície lisa, com pouco brilho, resistente ao ataque de fungos,<br />

medianamente durável.<br />

Utilização da espécie: Construção civil, naval e rural, como postes, mourões, vagões,<br />

móveis, bancos, carrocerias, assoalho, tacos, vigas, ripas, cochos, cabos de<br />

ferramentas e carpintaria. Na medicina popular presta-se ao tratamento de dores e<br />

úlcera. Um dos metabólicos secundários encontrados nas folhas e no caule são os<br />

alcalóides indólicos que atuam como antifúngico e no reparo de DNA de levedura,<br />

sugerindo atividade antitumoral. Espécie melífera, ornamental, paisagística e indicada<br />

para a recuperação de áreas degradadas.<br />

Bibliografia consultada<br />

BARROSO, G. M.; MORIM, M. P.; PEIXOTO, A. L.; ICHASO, C. L. F. Frutos e sementes:<br />

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Disponível em: < http://www.bdt.fat.org.br/iRead?39+mata.ciliar.recomp+21 > Acesso<br />

em: março de 2005.<br />

Disponível em: < http://www.cadefor.org/en/especies/ficha.php?cesp=26 > Acesso em:<br />

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Disponível em: < http://www.cpap.embrapa.br/agencia/congresso/Bioticos/SCHWENK-<br />

046.pdf. > Acesso em: março de 2005.<br />

Disponível em: < http://www.esalq.usp.br?trilhas/lei/leio1.htm > Acesso em: março de<br />

2005.<br />

Disponível em: < http://www.ibot.sp.gov.br/legislacao/resolucao21.htm > Acesso em:<br />

março de 2005.<br />

83


Disponível em: < http://www.polmil.sp.gov.br/unidades/cpfm/plantas/peroba.htm > Acesso<br />

em: março de 2005.<br />

Disponível em: < http://www.reviol.co.nz/HTML/Materials.html > Acesso em: março de<br />

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Disponível em: < http://www.usp.br/siicusp/8osiicusp/resumos/ficha234.htm > Acesso em:<br />

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Comunicado Técnico 119).<br />

84


4. Aspidosperma discolor A. DC.<br />

Sinonímia botânica: Aspidosperma francisci A. DC.; A.oblongum A. DC.<br />

Família: Apocynaceae.<br />

Nomes populares: Cabo-de-machado, canela-de-velho, carapaúna, carapanauba,<br />

carapanauba amarela, coronei, guatambu-vermelho, pau-pereiro, pau-quina, peroba,<br />

peroba-de-goma, peroba-de-rego, quina-de-rego.<br />

Distribuição geográfica e características ecológicas: América do Sul: Guiana Francesa.<br />

Brasil: Amazonas, Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Minas<br />

Gerais, Pernambuco, Piauí, indiferente às condições dos solos de floresta estacional<br />

semidecidual, mata de galeria, mata alta inundável, mata de terra firme. Espécie<br />

semidecídua, heliófila ou esciófila.<br />

Fenologia: Floresce nos meses de setembro -dezembro e os frutos amadurecem nos<br />

meses de maio - junho na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong>. A dispersão de<br />

sementes é anemocórica.<br />

Descrição botânica<br />

Porte: Arbóreo podendo atingir de 15 - 25 m de altura e de 40 - 60 cm de DAP.<br />

Tronco: Tronco retilíneo, sulcado que chega a atingir 20 m de altura.<br />

Casca: Fina, rugosa e escura.<br />

Folhas: Simples, alternas, glabras de 5 - 8 cm de comprimento e 3 - 4 cm de largura.<br />

Flores: Hermafroditas, brancas esverdeadas, pequenas, dispostas em inflorescências<br />

terminais.<br />

Fruto: Achatado, obovado, biconvexo, lenticeloso, ferrugíneo e sem pêlos.<br />

Semente: Circular núcleo seminífero central de coloração castanho-escura, ala circular<br />

castanha, 3,5 x 1,2 x 0,8 cm. Um quilograma contém cerca de 6.000 sementes, as<br />

quais iniciam a germinação aos oito dias após o semeio. Não requerem tratamento<br />

pré-germinativo. Semente ortodoxa e não longeva.<br />

Madeira: Coloração castanha, moderadamente pesada, dura, fácil de trabalhar, de<br />

baixa durabilidade.<br />

Utilização da espécie: Construção civil e rural, como cabos de ferramentas, vigas,<br />

esteios, caibros e travas. Na medicina popular a casa presta-se ao tratamento de<br />

85


malária e febre. Espécie ornamental, paisagística e indicada para a recuperação de<br />

áreas degradadas.<br />

Bibliografia consultada<br />

ARAÚJO, F. S. da; MARTINS, F. R.; SHEPERD, G. J. Variações estruturais e florísticas do<br />

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86


SILVA, J. A. da; LEITE, E. J.;NASCIMENTO, A. R. T.; REZENDE, J. M. de. Padrão de<br />

distribuição espacial e diamétrica de indivíduos de Aspidosperma spp. na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong><br />

<strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong>. Brasília, 21 p. 2004. (<strong>Embrapa</strong> <strong>Recursos</strong> Genéticos e Biotecnologia.<br />

Comunicado Técnico 119).<br />

87


5. Aspidosperma spruceanum Benth. ex M. Arg.<br />

Sinonímia botânica: Aspidosperma verruculosum M. Arg.; A. melanocalyx M. Arg.; A.<br />

linae Woodson<br />

Família: Apocynaceae.<br />

Nomes populares: Amargo, amargoso, araracanga, guatambu-rugoso, pau-amarelo,<br />

peroba, pequiá-marfim, pitiá, quina-da-mata.<br />

Distribuição geográfica e características ecológicas: América Central: Belize, Caribe,<br />

Costa Rica, Panamá. América do Sul: Bolívia, Colômbia, Guiana Francesa, Peru.<br />

Brasil: Alagoas, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás,<br />

Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,<br />

preferencialmente em solos secos<br />

e bem drenados, argilosos de boa fertilidade, de floresta semidecídua de altitude,<br />

mata de galeria e mata Atlântica. Espécie perenifólia, secundária tardia a clímax,<br />

heliófila.<br />

Fenologia: Floresce durante os meses de fevereiro - junho. Os frutos amadurecem em<br />

maio - agosto. A dispersão de sementes é anemocórica.<br />

Descrição botânica<br />

Porte: Arbóreo podendo atingir de 5 - 30 m de altura e 30 - 50 cm de DAP. Copa<br />

arredondada.<br />

Tronco: Retilíneo e longo, revestido por grossa camada de cortiça.<br />

Casca: Acinzentada, espessa, com ritidoma esponjoso e consistente, sulcada<br />

irregularmente.<br />

Folhas: Simples, alternas, elípticas, coriáceas, discolores, com nervuras secundárias<br />

escuras, com a face superior glabra e a inferior com pilosidade levemente ferrugínea,<br />

7 - 20 cm de comprimento e 2 - 7 cm de largura.<br />

Flores: Hermafroditas, polinizadas por insetos, amarelo-esverdeadas, dispostas em<br />

inflorescências terminais, fragrância adocicada.<br />

Fruto: Folículo plano, de coloração creme, discóide, lenhoso, superfície aveludada,<br />

deiscente, 15 cm de comprimento e 9 cm de largura.<br />

Semente: Circular, achatada, núcleo seminífero central amarelo pálido, asa circular<br />

translúcida, 8 cm de diâmetro. Um quilograma contém 6.000 sementes, as quais<br />

88


iniciam a germinação aos oitos dias após semeio. Não requerem tratamento pré-<br />

germinativo. Semente ortodoxa e não longeva.<br />

Madeira: Coloração bege-amarelada, moderadamente pesada (peso específico 0,84<br />

g/cm 3 ), dura, de textura média, de boa resistência mecânica e durável.<br />

Utilização da espécie: Construção civil e naval, como caibros, vigas, esteios, móveis,<br />

dormentes, carpintaria, tacos, assoalhos, forros, rodapés, esquadrias, batentes,<br />

portas, frizos, postes, cruzetas e moirões. Espécie ornamental e paisagística.<br />

Bibliografia consultada<br />

BARROSO, G. M.; MORIM, M. P.; PEIXOTO, A. L.; ICHASO, C. L. F. Frutos e sementes:<br />

morfologia aplicada à sistemática de dicotiledôneas. Viçosa, UFV. Imprensa Universitária, 443<br />

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Disponível em: < http://www.cds.ed.cr/teachers/harmon/page5.html > Acesso em: março<br />

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Disponível em: < http://www.ctfs.si.edu/webatlas/spanish/aspicr.html > Acesso em: março<br />

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Disponível em: < http://www.esapubs.org/archive/meno/M073/004/appendix-A.htm ><br />

Acesso em: março de 2005.<br />

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179 p. 1997. (Tese de Mestrado).<br />

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Árvores do Brasil Central: espécies da<br />

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Distrito Federal. In: RIBEIRO, J. F.; FONSECA, C. E. L. da; SOUZA-SILVA, J. C.; org.<br />

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89


SILVA, J. A. da; LEITE, E. J.;NASCIMENTO, A. R. T.; REZENDE, J. M. de. Padrão de<br />

distribuição espacial e diamétrica de indivíduos de Aspidosperma spp. na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong><br />

<strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong>. Brasília, 21 p. 2004. (<strong>Embrapa</strong> <strong>Recursos</strong> Genéticos e Biotecnologia.<br />

Comunicado Técnico 119).<br />

90


6. Aspidosperma subincanum Mart.<br />

Sinonímia botânica:<br />

Família: Apocynaceae<br />

Nomes populares: Carrasco, guatambu, guatambu-vermelho, pau-pereiro-do-campo,<br />

pereira-branca, pereiro, pereiro-do-campo, perobinha, taroba.<br />

Distribuição geográfica e características ecológicas: América do Sul: Paraguai. Brasil:<br />

Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí,<br />

Rio de Janeiro, São Paulo, em solos pedregosos, bem drenados, úmidos ou não<br />

inundáveis de floresta latifoliada semidecídua, floresta estacional decidual e<br />

semidecidual, cerrado, cerradão e mata de galeria. Espécie decídua, secundária tardia<br />

ou clímax, heliófila e seletiva xerófila.<br />

Fenologia: Floresce nos meses de setembro - novembro e frutifica de maio - setembro<br />

na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong>, quando a árvore está quase totalmente<br />

despida de folhas. A dispersão de sementes é anemocórica.<br />

Descrição botânica<br />

Porte: Arbóreo podendo atingir de 15 - 20 m de altura com DAP de 40 - 50 cm.<br />

Tronco: Retilíneo, cilíndrico e uniforme.<br />

Casca: Acinzentada, lisa, com fissuras rasas.<br />

Folhas: Simples, ligeiramente membranáceas, cinéro-pubescentes a glabras na face<br />

inferior, geralmente concentradas nas extremidades dos ramos.<br />

Flores: Hermafroditas, polinizadas por mariposas, de cor creme, corola verde,<br />

pequenas, 8 mm de comprimento, dispostas em inflorescência terminal.<br />

Fruto: Achatado, obovado, biconvexo, densamente lenticeolado, de coloração<br />

marrom, sem pêlos.<br />

Semente: Oval a elipsóide, núcleo seminífero central amarelo, ala circular amarelo-<br />

claro. Um quilograma contém cerca de 3.000 sementes, as quais iniciam a<br />

germinação aos oitos após semeio. Semente ortodoxa e não longeva.<br />

Madeira: Coloração castanha, moderadamente pesada (densidade 0,82 g/cm 3 ), dura,<br />

textura muito fina, muito resistente às condições ambientais e moderadamente<br />

resistente ao ataque de organismos xilófagos.<br />

91


Utilização da espécie: Construção civil, naval, rural, como acabamentos internos,<br />

batentes de portas e janelas, tacos, tábuas de assoalho, divisórias, móveis,<br />

carrocerias, canoa, brinquedos, lenha, decoração, caixas, instrumentos musicais,<br />

utensílios domésticos, cortiça, formas de calçados e cabos de ferramentas. A casca<br />

contém alcalóides indólicos. Espécie paisagística.<br />

Bibliografia consultada<br />

ARAÚJO, F. S. da; MARTINS, F. R.; SHEPERD, G. J. Variações estruturais e florísticas do<br />

Carrasco no Planalto da Ibiapaba, Estado do Ceará. Revista Brasileira de Biologia, 59 (4): 663<br />

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Producto=255 > Acesso em: março de 2005.<br />

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93


7. Astronium fraxinifolium Schott<br />

Sinonímia botânica: Astronium glaveolens Jacq.<br />

Família: Anacardiaceae.<br />

Nomes populares: Aderno, aderno-preto, aratanha, aroeira-do-campo, aroeira-preta,<br />

aroeira-vermelha, batão, chibatã, cubatã-vermelho, encirado, gateado, gebra, gibatão,<br />

gibatão-rajado, gomavel, gonçalo-alves, guarabu, guarabu-branco, jejuera, jequira,<br />

maracoatiara, miúra, miuracatiara, pau-gonçalo, pau-gonçalves, sete-cascas, ubatã.<br />

Distribuição geográfica e características ecológicas: América Central: Costa Rica, El<br />

Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Trinidad Tobago. América do<br />

Sul: Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Paraguai, Venezuela.<br />

Brasil: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás,<br />

Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná,<br />

Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, São Paulo, Sergipe, Tocantins, em solos<br />

férteis, rochosos, secos, não inundáveis de matas mesofíticas, florestas estacionais<br />

deciduais e semideciduais, mata de galeria. Espécie decídua, secundária tardia,<br />

heliófila.<br />

Fenologia: Floresce nos meses de junho - setembro quando a árvore está despida de<br />

folhagem. Na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> os frutos amadurecem em<br />

setembro - novembro. A dispersão de diásporos é anemocórica.<br />

Descrição botânica<br />

Porte: Arbóreo podendo atingir de 15 - 30 m de altura e até 80 cm DAP.<br />

Tronco: Reto, às vezes irregular cilíndrico com pouca ramificação e fuste de até 10<br />

m. Tipicamente florestal, possuindo na base uma expansão semelhante a um<br />

parabolóide a lhe conferir melhor robustez.<br />

Casca: Esbranquiçada a castanha em indivíduos adultos, lisa e acinzentada enquanto<br />

jovens, grossa, dura, doce e resinosa.<br />

Folhas: Compostas alternas, imparipenadas, glabras, 20 - 35 cm de comprimento, de<br />

7 -13 folíolos, oblongos a obovados, 4 - 14 cm de comprimento, 2 - 7 cm de largura.<br />

Flores: Dióicas polinizadas por pequenos insetos, muito pequenas, vermelhas ou<br />

brancas, botões verde-vináceos, cálice grande de cor marrom ou creme, pétalas<br />

rudimentares, agrupadas em inflorescências, paniculadas terminais ou axilares.<br />

94


Fruto: Drupa oblonga alongada, de coloração marrom, revestida por estrutura<br />

membranácea rugosa e envolta pelo cálice, 1,5 cm de comprimento, uma semente<br />

por fruto.<br />

Semente: Oblongo-aguda, apiculada, estriada, sem casca, mesocarpo resinoso,<br />

coroada pelo cálice frutífero. Um quilograma contém 18.000 - 35.000 sementes, as<br />

quais iniciam a germinação aos três dias após plantio. Não requerem tratamento pré-<br />

germinativo. Semente ortodoxa e medianamente longeva.<br />

Madeira: Coloração parda-avermelhada claro, com manchas e veios pardos-escuros e<br />

reflexos dourados, cerne de coloração variando de vermelho-escuro ao vermelho-<br />

brasa, bem distinto do alburno de cor branca, muito pesada (densidade 0,69 - 1,09<br />

g/cm 3 ), dura, lisa, brilhante, difícil de trabalhar.<br />

Utilização da espécie: Construção civil, rural e naval, como marcenaria, móveis de<br />

luxo, portas, corrimãos, dormentes, mancais, esteios, trabalhos artesanais, objetos de<br />

adorno e torneados. Na medicina popular a casca presta-se ao tratamento de diarréias<br />

e hemorróidas, as folhas prestam-se ao tratamento de úlceras da pele e como<br />

anticépticas, as raízes maceradas e sob forma de infusão são usadas contra<br />

reumatismo e os frutos são utilizados contra dor de dente. A resina produzida pela<br />

casca é utilizada no tratamento de cordas de embarcações. A tinta negro-amarelada<br />

ou avermelhada obtida pelo processo de cocção da casca é usada para tingimento de<br />

fios de algodão. Espécie melífera, ornamental, paisagística.<br />

Bibliografia consultada<br />

ALMEIDA, S. P. de; PROENÇA, C. E. B.; SANO, S. M.; RIBEIRO, J. F. Cerrado: espécies<br />

vegetais úteis. Planaltina. <strong>Embrapa</strong> – CEPA, 464 p. 1998.<br />

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97


8. Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze<br />

Sinonímia botânica: Courataria estrellensis Raddi; Courataria glaziovii Taub. ex Gatz.,<br />

Cariniana excelsa Cassar.<br />

Família: Lecythidaceae<br />

Nomes populares: Bingueiro, caatinga, cachimbeiro, caixão, coatinga, coatingua,<br />

estopa, estopeira, estopeiro, jequitibá, jequitibá-branco, jequitibá-rei, jequitibá-rosa,<br />

jequitibá-vermelho, mussambê, pau-de-cachimbo, pau-de-caixão, pau-estopa, pilão-<br />

de-brejo, pito-de-macaco.<br />

Distribuição geográfica e características ecológicas: América do Sul: Bolívia,<br />

Colômbia, Paraguai, Venezuela. Brasil: Acre, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Minas<br />

Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São<br />

Paulo, em solos profundos e úmidos de floresta pluvial Atlântica, floresta subtropical,<br />

mata de galeria, florestas estacionais e mata mesofítica secundária. Espécie<br />

secundária tardia, semidecídua, heliófita, hidrófita.<br />

Fenologia: Floresce de agosto-dezembro e frutifica de maio-outubro na <strong>Reserva</strong><br />

<strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong>, quando a planta está totalmente despida da folhagem.<br />

A dispersão de sementes é anemocórica e zoocórica.<br />

Descrição botânica<br />

Porte: Arbóreo podendo atingir até 40 m de altura e cerca de 200 cm de DAP.<br />

Tronco: Colunar com até 20 m. Em matas ciliares suas dimensões são menores.<br />

Casca: Pardacenta, muito grossa, bastante sulcada, rígida, rugosa com cristas mais<br />

ou menos planas.<br />

Folhas: Simples, alternas, curtamente pecioladas, elípticas lanceoladas, crenado-<br />

denteadas, levemente pilosas em ambas as faces, ápice acuminado, 5 - 10 cm de<br />

comprimento.<br />

Flores: Hermafroditas, polinizadas por abelhas grandes, alvacentas, urceoladas, cerca<br />

de 5 - 6 mm de comprimento, ordenadas em curtos racemos de 2 - 6 cm, solitários,<br />

geminados ou formando pequenas e laxas panículas axilares de 5 -10 cm, as quais<br />

ficam entre a folhagem.<br />

98


Fruto: Cápsula (pixídio) alongada, cilíndrica, coloração marrom, fibrosa, 11 cm de<br />

comprimento, 4 cm de largura, levemente curva, estreitada na porção superior, com<br />

abertura provida de margem dentada.<br />

Semente: Elipsóide núcleo seminífero basal, marrom-claro a castanho, ala<br />

membranácea lateral, testa expandida. Um quilograma contém de 12.000 a 14.000<br />

sementes, as quais iniciam a germinação no décimo dia após plantio. Não requerem<br />

tratamento pré-germinativo. Semente ortodoxa e não longeva.<br />

Madeira: Coloração rósea-avermelhada ou parda-rosada, cerne branco levemente<br />

rosado e alburno branco encardido, moderadamente pesada (densidade 0,68 - 0,78<br />

g/cm 3 ), superfície lisa, pouco brilho, pouco áspera, macia, durável.<br />

Utilização da espécie: Construção civil e rural como vigas, ripas, forros, persianas,<br />

caibros, tabuados, caixotaria, estruturas de móveis, obras internas, marcenaria,<br />

molduras, janelas, portas, guarnições internas, lambris, peças torneadas,<br />

compensados, contraplacados, carpintaria, cabos de ferramentas, carvão, salto de<br />

calçados e papel de boa qualidade. Na medicina popular, a casca presta-se ao<br />

tratamento de diarréias, anginas, hemorragias e afecções da boca e garganta. A<br />

casca e as folhas produzem tanino empregado no curtume. Na medicina popular, a<br />

casca presta-se como adstringente, hemostático e no tratamento de diarréias e<br />

afecções bucais, de garganta, laringe e amídalas. As folhas possuem princípios ativos<br />

específicos contra Cladosporium cladosporioides. O fruto seco é usado na confecção<br />

artesanal de bingas e cachimbo. Espécie melífera, ornamental, paisagística e indicada<br />

para reflorestamentos heterogêneos.<br />

Bibliografia consultada<br />

AGRIPINO, D. G.; LIMA, M. E. L.; SILVA, M. R. da; MEDA, C. I.; BOLZANI, V. da S.;<br />

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9. Copaifera langsdorffii Desf.<br />

Sinonímia botânica: Copaifera langsdosffii (Desf.) Kuntze, C. nitida Martinus ex<br />

Hayne, C. sellowii Hayne<br />

Família: Leguminosae Caesalpinioideae<br />

Nomes populares: Árvore-milagrosa, bálsamo, bálsamo-de-copaíba, copaíba, copaíba-<br />

da-várzea, copaíba-verdadeira, copaíba-vermelha, copaíbera-de-minas, copaúba,<br />

cupiúba, cupiúva, mal-dos-sete-dias, oleiro, óleo-branco, óleo-de-copaíba, óleo-<br />

vermelho, pau-de-óleo, pau-óleo-do-sertão, podói, vinheiro, vinhero.<br />

Distribuição geográfica e características ecológicas: América do Sul: Argentina,<br />

Bolívia, Colômbia, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Venezuela. Brasil: Amazonas,<br />

Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do<br />

Sul, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo em solos de baixa fertilidade, bem drenados ou<br />

secos, com inundações temporárias ou não inundáveis de floresta latifoliada da Bacia<br />

do Paraná, mata estacional decidual e semidecidual de afloramento calcário, mata<br />

Atlântica, mata de galeria, cerrado sensu stricto, cerradão distrófico e mesotrófico.<br />

Espécie semidecídua a perenifólia, secundária tardia ou clímax, heliófila.<br />

Fenologia: Floresce durante os meses de dezembro - fevereiro. Os frutos amadurecem<br />

em abril - junho na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong>. A dispersão de sementes é<br />

zoocórica e ornitocórica.<br />

Descrição botânica<br />

Porte: Arbóreo podendo atingir de 10 - 25 m de altura e de 50 - 80 cm de DAP.<br />

Possui copa globosa e densa.<br />

Tronco: Cilíndrico, espesso e geralmente não muito longo.<br />

Casca: Escura por fora e vermelha quando retirada mesmo com a mão, rugosa,<br />

sulcada e subdividida em placas pequenas, duras e grossas.<br />

Folhas: Compostas alternas, paripenadas, 3 - 5 folíolos alternos ou opostos, ovado-<br />

lanceolados ou elípticos, glabros.<br />

Flores: Hermafroditas, polinizadas por pequenos insetos, branco-esverdeadas<br />

desprovidas de pétalas, 0,5 cm de diâmetro, reunidas em Inflorescência axilar,<br />

dispostas em racemos axilares.<br />

Fruto: Legume, coloração castanha-vinácea, deiscente, pequeno, ovóide a elíptico,<br />

coriáceo, monospermo.<br />

102


Semente: Oval, negra com um arilo lateral alaranjado, aproximadamente 1 cm de<br />

comprimento por pouco menos de largura. Um quilograma contém 1.700 sementes<br />

as quais podem apresentar dureza tegumentar, requerendo tratamento pré-<br />

germinativo (escarificação mecânica) para que iniciem a germinação aos oito dias<br />

após semeio. Semente ortodoxa e longeva.<br />

Madeira: Coloração avermelhada, rajada, alburno diferenciado do cerne, muito pesada<br />

(densidade 0,70 - 1,0g/cm 3 ), superfície lustrosa, lisa ao tato e moderadamente<br />

resistente.<br />

Utilização da espécie: Construção civil e rural como vigas, caibros, ripas, batentes de<br />

portas e janelas, móveis, carroças, canoas, peças torneadas, cabos de ferramentas,<br />

vassouras, assoalho, lâmina para compensado. A madeira e o óleo-resina extraído do<br />

tronco são utilizados como combustível. O óleo-resina de coloração amarelada,<br />

translúcido, sabor azedo e odor peculiares, possui propriedades antibiótica,<br />

anticéptica, antiinflamatória, antimicrobiana, carminativa, cicatrizante, desinfetante,<br />

adstringente, diurética, laxante, tônica e analgésica prestando-se, na medicina<br />

popular, ao tratamento de afecções do aparelho respiratório, urinário, moléstias<br />

cutâneas, sinusites, picadas de insetos, infecções de garganta e dos rins, cistites,<br />

doenças venéreas, úlceras, diarréias, eczemas, psoríase, leucorréia, caspas e acnes,<br />

sendo ainda utilizado no preparo de vernizes, pinturas, lacas, sabonetes, detergentes,<br />

pomadas, cremes, loções emolientes e no curtume. A tinta de cor amarela extraída da<br />

casca pelo processo de cocção é usada para o tingimento de fios de algodão. Os<br />

frutos e as sementes servem de alimento para a avifauna e pequenos mamíferos.<br />

Espécie melífera, ornamental, paisagística e indicada para a recuperação de áreas<br />

degradadas.<br />

Bibliografia consultada<br />

ALMEIDA, S. P. de; PROENÇA, C. E. B.; SANO, S. M.; RIBEIRO, J. F. Cerrado: espécies<br />

vegetais úteis. Planaltina. <strong>Embrapa</strong> – CEPA, 464 p. 1998.<br />

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1997.


10. Cupania vernalis Camb.<br />

Sinonímia botânica: Cupania uruguensis W. Hook.; C. clethrodes Mart.<br />

Família: Sapindaceae<br />

Nomes populares: Arco-de-pereira, arco-de-pipa, camboatã, camboatá, camboatá-<br />

vermelho, cubantã, cuvantã, gragoatâ, guavatã, jaguá-rataí, miguel-pintado, pau-de-<br />

cantil.<br />

Distribuição geográfica e características ecológicas: América do Sul: Argentina,<br />

Bolívia, Paraguai, Uruguai. Brasil: Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato<br />

Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa<br />

Catarina, São Paulo, em solos argilosos e latossolos de floresta estacional<br />

semidecidual, floresta ombrófila densa e mista, mata de galeria, mata ciliar e floresta<br />

Atlântica. Espécie perenifólia, secundária, heliófila, esciófila, seletiva hidrófita.<br />

Fenologia: Floresce nos meses de março - maio e os frutos amadurecem de setembro<br />

-novembro na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong>. A dispersão de sementes é<br />

zoocórica e ornitocórica.<br />

Descrição botânica<br />

Porte: Arbóreo podendo atingir de 10 - 20 m de altura e 40 - 60 cm de DAP.<br />

Tronco: Tortuoso com fuste de 5 - 7 m de comprimento.<br />

Casca: Escura na parte externa e rosada na parte interna, levemente fissurada nas<br />

árvores adultas ou velhas.<br />

Folhas: Compostas alternas, pinadas, 15 - 30 cm de comprimento, contendo 10 - 18<br />

folíolos oblongos, borda serreada dentadas, peciolados ou subsésseis, nervuras bem<br />

salientes na face inferior em geral, coriáceos, ásperos ao tato, glabras em ambos os<br />

lados, distintamente bicolores.<br />

Flores: Monóicas polinizadas por pequenos insetos, brancas, reunidas em panículas<br />

axilares, tomentosas, 10-20 cm de comprimento.<br />

Fruto: Cápsula obovóide ou periforme trígona, subséssil, levemente tomentosa ou<br />

glabra, sarcocarpo tuberculado-rugoso quando seco endocarpo tomentoso piloso, 1,5<br />

cm de comprimento, deiscente.<br />

Semente: Obovóide, negra brilhante, coberta parcialmente por arilo alaranjado, 1 cm<br />

106<br />

de comprimento. Um quilograma contém 2.500 sementes, as quais iniciam a


germinação entre 20 e 30 dias após semeio. Não requerem tratamento pré-<br />

germinativo. Semente intermediária e não longeva.<br />

Madeira: Coloração bege-acinzentada, cerne e alburno indistintos, moderadamente<br />

pesada (densidade 0,85 g/cm 3 ), dura, resistente, compacta, elástica, superfície lisa,<br />

lustrosa, com brilho acentuado.<br />

Utilização da espécie: Construção civil e rural como vigas, caibros, ripas, obras<br />

internas, marcenaria, carpintaria, moirões, esteios, cabos de ferramentas, lenha e<br />

carvão. Casca tanifera e contém o princípio ativo diterpeno glicosídio, denominado<br />

107<br />

vernanolídeo, o qual possui atividade moderada contra Saccharomyces cerevisiae<br />

Rad + , Rad 52Y e RS321. Os frutos servem de alimento para a avifauna. Espécie<br />

melífera, paisagística, ornamental e indicada para a recuperação de áreas degradadas.<br />

Bibliografia consultada<br />

BRANDÃO, M.; LACA-BUENDIA, J. P.; MACEDO, J. F. Árvores nativas e exóticas do estado<br />

de Minas Gerais. EPAMIG, Belo Horizonte, 528 p. 2002.<br />

CAVALCANTI, S. B. T.; TELES, H. L.; SILVA, D. H. S.; FURLAN, M.; YOUNG, M. C. M.;<br />

BOLZANI, V. S. New tetra-acetulated oligosaccharide diterpene from Cupania vernalis.<br />

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Influência de fatores edáficos na distribuição de espécies arbóreas em matas de galeria na<br />

região do Cerrado: uma revisão. In: RIBEIRO, J. F.; FONSECA, C. E. L. da; SOUZA-SILVA, J.<br />

C.; org. Cerrado: caracterização e recuperação de Matas de Galeria. Empresa Brasileira de<br />

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em: março de 2005.


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de 2005.<br />

108<br />

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11. Guarea guidonia (L.) Sleumer<br />

Sinoníma botânica: Guarea trichilioides L.; G. aubletii Juss.; G. multijuga Juss.<br />

Família: Meliaceae<br />

Nomes populares: Açafroa, bilreiro, camboatá, canjerana-miúda, carrapeta, carrapeta-<br />

de-mata-virgem, carrapeta-verdadeira, cedrão, cedro-branco, cedrorana, cura-madre,<br />

guaré, jataúba, jataúba-branca, jitó, jitó-cedrohy, macuqueiro, marinheiro, nogueira-<br />

do-mato, pau-bala, pau-de-sabão, peloteira, piorreira, rosa-branca, taúva.<br />

Distribuição geográfica e características ecológicas: América Central: Antilhas, Caribe,<br />

Porto Rico. América do Sul: Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai. Brasil: Amazonas,<br />

Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,<br />

Pará, Rio de Janeiro, São Paulo, em solos sujeitos a encharcamento e inundações de<br />

planícies aluviais e fundos de vales de mata de galeria, floresta Atlântica, mata ciliar e<br />

matas secundárias. Espécie perenifólia, secundária tardia ou clímax, heliófila, seletiva<br />

e hidrófita.<br />

Fenologia: Floresce durante os meses de fevereiro - março e os frutos amadurecem<br />

em junho - setembro na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong>. A dispersão de<br />

sementes é ornitocórica.<br />

Descrição botânica<br />

Porte: Arbóreo podendo atingir de 15 - 20 m de altura e tronco com 40 - 60 cm de<br />

DAP.<br />

Tronco: Reto, tendendo a cilíndrico e curto.<br />

Casca: Castanho-escura, moderadamente espessa, fissurada, geralmente escamosa.<br />

Folhas: Compostas, alternas, paripenadas de 30 - 40 cm de comprimento, 6 - 10<br />

pares de folíolos, opacos, ovado-elípticos a elíptico-lanceolados, de 20 - 30 cm de<br />

comprimento.<br />

Flores: Hermafroditas, pequenas, brancas, reunidas em panícula axilar, perfuradas.<br />

Fruto: Cápsula de coloração marrom a vermelha, deiscente, globosa a ovóide,<br />

tetralocular, 2 cm de diâmetro contendo em geral quatro sementes.<br />

Semente: Oblongo-elíptica, avermelhada, opaca, contendo arilo vermelho-alaranjado,<br />

10 - 12 mm de comprimento e 8-10 mm de largura. Um quilograma contém de 2.000<br />

109<br />

a 2.600 sementes, as quais requerem tratamentos pré-germinativos (escarificação


mecânica ou imersão em hipoclorito de sódio á concentração de 10%) para que<br />

iniciem a germinação aos 10 dias após semeio. Semente recalcitrante e não longeva.<br />

Madeira: Coloração castanha-avermelhada, alburno castanho-claro e cerne vermelho,<br />

moderadamente pesada (densidade 0,57 - 0,76 g/cm 3 ), dura, resistente, elástica e<br />

aromática, muito durável.<br />

Utilização da espécie: Construção civil, rural e naval como carpintaria, obras internas,<br />

vagões, carrocerias, caixotaria, carpintaria, forros, caixilhos de portas e janelas,<br />

ebanisteria, cabos para ferramentas, polpa e papel. A madeira produz óleo<br />

avermelhado. Os frutos alimentam várias espécies da fauna. A resina das folhas e o<br />

pó da casca e as folhas, na medicina popular, prestam-se ao tratamento de<br />

leishimaniose, vermes, tensão do globo ocular, conjuntivite, analgesias, hemorragias,<br />

febres e inflamações. Espécie ornamental, paisagística e indicada para a recuperação<br />

de áreas degradadas.<br />

Bibliografia consultada<br />

BRANDÃO, M.; LACA-BUENDIA, J. P.; MACEDO, J. F. Árvores nativas e exóticas do estado<br />

de Minas Gerais. EPAMIG, Belo Horizonte, 528 p. 2002.<br />

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manejo de semillas forestales: Guarea guara (Jacq.) P. Willson. Nº42, 2 p. 1998.<br />

110<br />

CONNOR, K. F.; BONNER, F. T. Physiology and biochemistry of recalcitrant Guarea guidonia<br />

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Disponível em < http://www.arbolesornamentales.com/Guareaguidonia.htm > Acesso<br />

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Acesso em:março de 2005.<br />

Disponível em < http://www.esalq.usp.br/trilhas/medicina/am24.htm > Acesso em:março de<br />

2005.<br />

Disponível em < http://www.fflorestal.sp.gov.br/sementes/caract_especies.html (acessado<br />

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111<br />

PINHEIRO, F.; RIBEIRO, J. F. Síndrome de dispersão de sementes em Matas de Galeria do<br />

Distrito Federal. In: RIBEIRO, J. F.; FONSECA, C. E. L. da; SOUZA-SILVA, J. C.; org.<br />

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12. Hymenaea courbaril var. stilbocarpa (Hayne) Lee & Lang.<br />

Sinonímia botânica: Hymenaea stilbocarpa Hayne.<br />

Família: Leguminosae – Caesalpinioideae.<br />

Nomes populares: Árvore-copal, burandã, castanheiro-de-bugre, farinheira, imbiúva,<br />

jataí, jataí-açu, jataí-amarelo, jataí-peba, jataí-roxo, jataí-vermelho, jataíba, jatobá,<br />

jatobá-da-catinga, jatobá-miúdo, jitaí, jutaí, oleo-de-jataí.<br />

Distribuição geográfica e características ecológicas: América Central: Antilhas, Caribe,<br />

Guatemala, México, Nicarágua. América do Sul: Bolívia, Peru, Suriname, Venezuela.<br />

Brasil: Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas<br />

Gerais, Pará, Paraná, Piauí, São Paulo, em solos bem drenados e não inundáveis com<br />

baixa fertilidade de floresta semidecídua, mata de galeria, cerradão, mata ciliar e<br />

remanescente da floresta Atlântica. Espécie semidecídua, clímax, heliófila.<br />

Fenologia: Floresce entre setembro - novembro e frutifica entre maio - agosto na<br />

<strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong>. A dispersão de sementes é mastocórica e<br />

zoocórica.<br />

Descrição botânica<br />

Porte: Arbórea podendo atingir mais de 20 m de altura e DAP de 100 cm.<br />

Tronco: Geralmente cilíndrico reto, colunar, com fustes de até 15 m de altura.<br />

Casca: Cinzenta-clara com exudado, espessa de 15 - 25 mm, lisa exceto na base,<br />

onde é mais grossa e gretada.<br />

Folhas: Compostas, alternas, dois folíolos alternos, brilhantes, oblongos a elípticos,<br />

coriáceos, glabros, 6 - 14 cm de comprimento.<br />

Flores: Hermafroditas polinizadas por morcegos, branco-amareladas, glabras,<br />

oblongas, dispostas em corimbos terminais pauciflores, cálice fulvo-tomentoso com<br />

lacínias, 12 - 15 mm de comprimento.<br />

Fruto: Legume de coloração pardo-escura, indeiscente, de oblongo a cilíndrico,<br />

coriáceo, levemente brilhante, 8 - 15 cm de comprimento e 3 - 5 cm de largura,<br />

endocarpo carnoso, farináceo, adocicado, contendo 3 - 6 sementes por fruto.<br />

Semente: Oblonga, de coloração albo-pardacenta a marrom, lisa, 2 - 2,5 cm de<br />

comprimento por 1,5 - 2 cm de largura, tegumento com 1,5 - 2,0 mm de espessura,<br />

112<br />

ósseo, envolto por endocarpo amarelo-claro, pulverulento. Um quilograma contém de


200 a 400 sementes, as quais requerem tratamento pré-germinativo (escarificação<br />

mecânica) para iniciarem a germinação entre nove e quinze dias após o semeio.<br />

Semente ortodoxa e longeva.<br />

Madeira: Coloração amarelada a pardo-avermelhado-escura, com ranhuras escuras,<br />

alburno branco-amarelado é bem diferenciado do cerne, pesada (densidade 0,70 -<br />

0,95 g/cm³), dura, superfície pouco lustrosa, lisa, textura mediana, difícil de<br />

trabalhar, imputrescível, resistente a termitas.<br />

Utilização da espécie: Construção civil, rural e naval como vigas, caibros, ripas,<br />

marcos de portas, tacos, tabuados, assoalhos, canoas, obras hidráulicas, carroçaria,<br />

engenhos, tonéis, postes, cabos de ferramentas, móveis, lenha, carvão. A farinha de<br />

seus frutos, após secagem, é empregada para confecção de bolos e mingaus. O fruto<br />

serve de alimento para a fauna. Casca tanífera e por cocção produz tinta de cor<br />

canga avermelhada própria para tingimento de fios de algodão. O líber fornece fibra<br />

forte para a confecção de cordas. Raiz e tronco produzem resina (copal) utilizada para<br />

a fabricação de verniz e incenso. Polpa do fruto, casca, folhas e resina possuem<br />

propriedades anticandíase, antifúngica e bactericida, prestando-se, na medicina<br />

popular, ao tratamento de infecção urinária, prostatiste, inflamações, afecções<br />

pulmonares e da laringe, tosses, espasmos, disenteria, vermes, sendo ainda utilizadas<br />

como tônico estimulante da digestão, sedativo arterial, balsâmico, adstringente,<br />

purgativo, energético e proteção hepática. Espécie melífera, paisagística, ornamental<br />

e indicada para reflorestamentos heterogêneos.<br />

Bibliografia consultada<br />

113<br />

BARROSO, G. M.; MORIM, M. P.; PEIXOTO, A. L.; ICHASO, C. L. F. Frutos e sementes:<br />

morfologia aplicada à sistemática de dicotiledôneas. Viçosa, UFV. Imprensa Universitária, 443<br />

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BRANDÃO, M.; LACA-BUENDIA, J. P.; MACEDO, J. F. Árvores nativas e exóticas do estado<br />

de Minas Gerais. EPAMIG, Belo Horizonte, 528 p. 2002.<br />

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CÉSAR, G. Curiosidades de nossa flora. Recife. s/e., 375 p. 1956.


114<br />

CORREIA, J. R.; HARIDASAN, M.; REATTO, A.; MARTINS, E. de S.; WALTER, B. M. T.<br />

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RIZZINI, C. T. Árvores e madeiras úteis do Brasil – manual de dendrologia brasileira. São<br />

Paulo. Ed. Edgar Blucher, 294 p. 1971.<br />

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Universidade de São Paulo, p. 41, 127, 184. 1976.<br />

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312. 1974.<br />

115


13. Luehea divaricata Mart. & Zucc.<br />

Sinonímia botânica: Luehea speciosa Auct. NonWilld.<br />

Família: Tiliaceae<br />

Nomes populares: Açoita-cavalo, açoita-cavalo-miúdo, açoita-cavalo-vermelho,<br />

caiboti, embireira, ibatingui, ivatingui, pau-de-canga, salta-cavalho, soita, soita-<br />

cavalo.<br />

Distribuição geográfica e características ecológicas: América do Sul: Argentina,<br />

Paraguai, Uruguai. Brasil: Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas<br />

Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, em<br />

solos argilosos úmidos, latossolos e cambissolos com drenagem regular, terrenos<br />

rochosos e íngremes em floresta aluvial de floresta estacional decidual e<br />

semidecidual, floresta ombrófila densa, floresta ombrófila mista, capoeiras e matas de<br />

galeria. Espécie decídua, secundária inicial, heliófila e seletiva hidrófita.<br />

Fenologia: Floresce nos meses de março - junho e os frutos maduros ocorrem de<br />

junho -setembro. A dispersão de sementes é anemocórica.<br />

Descrição botânica<br />

Porte: Arbóreo podendo atingir até 25 m de altura e mais de 100 cm de DAP.<br />

Tronco: Geralmente tortuoso e nodoso em árvores mais velhas, com base alargada,<br />

fuste curto, variando de 4 - 6 m de comprimento.<br />

Casca: Pardo-acinzentada, áspera, fissuras longitudinais, fibrosa, adstringente.<br />

Folhas: Simples, alternas, membranáceas, serradas, dísticas, suavemente glabras e<br />

ásperas na face superior, pubescentes quando novas tomentosas e esbranquiçadas<br />

na face inferior, pecioladas pecíolos ferrugíneos, lâminas oval-elíptica até obovada-<br />

oblonga, serrilhadas, nervuras palminérveas trinervadas com nervuras principais<br />

curvinérveas, nervuras secundárias partindo da nervura central, 4 - 15 cm de<br />

comprimento e 2 - 6 cm de largura.<br />

Flores: Hermafroditas polinizadas por abelhas grandes, pentâmeras, muito vistosas<br />

com pétalas brancas, amarelas, róseas ou mesmo arroxeadas, dispostas em<br />

inflorescências cimosas, axilares ou em panículas terminais.<br />

116


Fruto: Cápsula de coloração parda, recoberta por pilosidade castanha, ovóide,<br />

lenhosa, deiscente pelo ápice, pentacarpelar, 2 - 4 cm de comprimento, 1 - 1,5 cm de<br />

diâmetro.<br />

Semente: Elipsóide acuminada, achatada, núcleo seminífero basal marrom-<br />

acinzentado, testa prolongada em ala apical membranosa acinzentada, pequena, 5 - 7<br />

mm de comprimento. Um quilograma contém de 200.000 - 303.900 sementes, as<br />

quais iniciam a germinação oito dias após o semeio. Não requerem tratamentos pré-<br />

germinativos. Semente ortodoxa e não longeva.<br />

Madeira: Coloração branco-palha ou amarelada a bege-clara, cerne e alburno<br />

praticamente indistintos, moderadamente pesada (densidade 0.62 a 0.64 g/cm 3 ),<br />

dura, textura fina, superfície lustrosa, lisa, inodora, fácil de trabalhar, racha com<br />

facilidade, suscetível ao ataque de organismos xilófagos.<br />

Utilização da espécie: Construção civil como vigas, forros, tacos, ripas, caibros,<br />

esquadrias, instrumentos musicais, hélice de avião, cadeira de balanço, cabo de<br />

vassoura, caixas, móveis curvados, sola de sapatos, acabamentos internos, coronha<br />

de armas, carretéis de linha, molduras, rodapés, esculturas, cadeiras, escovas,<br />

carpintaria, guarnições, celulose e papel. A tinta de cor ganga-palha extraída casca<br />

pelo processo de cocção é utilizada no tingimento de fios de algodão e o tanino é<br />

usado para curtume. Na medicina popular, a casca presta-se ao tratamento de<br />

hemorragias, disenterias, reumatismo e ulcerações da pele e estômago, o chá das<br />

folhas, que é expectorante, é indicado no tratamento de afecções respiratórias,<br />

tosses, laringite e bronquite. A entrecasca é usada como amarrilho. Espécie melífera,<br />

paisagística, ornamental e indicada para a recuperação de áreas degradadas.<br />

Bibliografia consultada<br />

117<br />

BARROSO, G. M.; MORIM, M. P.; PEIXOTO, A. L.; ICHASO, C. L. F. Frutos e sementes:<br />

morfologia aplicada à sistemática de dicotiledôneas. Viçosa, UFV. Imprensa Universitária, 443<br />

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em:abril de 2005.<br />

Disponível em < http://www.funverde.org.br/projetos4.php > Acesso em:março de 2005.<br />

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de 2005.<br />

118<br />

Disponível em <<br />

http://www.sementesul.ufsc.br/novo/secas_especies/detalhe_especie.asp?esp_id=144 ><br />

Acesso em: março de 2005.<br />

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região geoeconômica de Brasília. IBGE. Rio de Janeiro, 417 p. 2002.<br />

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Cerrado: caracterização e recuperação de Matas de Galeria. Empresa Brasileira de Pesquisa<br />

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364. 1974.<br />

119


14. Matayba elaeagnoides Radlk.<br />

Sinonímia botânica:<br />

Família: Sapindaceae<br />

Nomes populares: Arco-de-peneira, camboatá, camboatã, camboatá-branco, cragoatã-<br />

branco, craguatá, craguatã, craguatá-branco, cuvantã, miguel-pintado, pau-crioulo,<br />

pau-de-pombo.<br />

Distribuição geográfica e características ecológicas: América do Sul: Argentina,<br />

Paraguai, Uruguai. Brasil: Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,<br />

Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, em latossolos e cambissolos<br />

bem drenados, úmidos às margens de rios e reservatórios, de floresta estacional<br />

semidecidual e decidual, floresta ombrófila mista, floresta ombrófila densa, cerradão,<br />

mata de galeria. Espécie perenifólia, pioneira a secundária inicial, mesófila e seletiva<br />

hidrófita.<br />

Fenologia: Floresce nos meses de setembro - novembro e frutifica em dezembro -<br />

janeiro. A dispersão de sementes é zoocórica.<br />

Descrição botânica<br />

Porte: Arbóreo podendo atingir 15 - 20 m de altura e 30 - 50 cm de DAP.<br />

Tronco: Geralmente, curvo e tortuoso com fuste de até 6 m de comprimento.<br />

Casca: Cinza-claro ou escuro, áspera, com leve descamação e poucas fissuras<br />

irregulares.<br />

Folhas: Compostas, alternas ou subopostas, abruptamente pinadas, 10 - 20 cm de<br />

comprimento, 4 - 13 folíolos glabros, alternos, lanceolados ou obovado-cuneados,<br />

com ápice agudo ou obtuso, coriáceos com poucas nervuras, 7 - 11 cm de<br />

comprimento e 2 - 3 cm de largura.<br />

Flores: Polinizadas por abelhas, pequenas, brancas, cálice de 1 - 1,5 mm de<br />

comprimento, pentalobado, pétalas obovadas, dispostas em panículas axilares<br />

menores do que as folhas.<br />

Fruto: Cápsula loculicida, deiscente, obovóideo-globosa, curtamente estipitada,<br />

rugoso-enverrugada, tomentosa no exterior e peluda por dentro, de coloração<br />

marrom-avermelhada, medindo 15 cm de comprimento.<br />

120


Semente: Obovada de coloração negra, brilhante, arilóide basal carnoso, branco-<br />

amarelado. Um quilograma contém 3.000 sementes, as quais não requerem<br />

tratamentos pré-germinativos. Semente intermediária e não longeva.<br />

Madeira: Coloração pardo-acinzentada, moderadamente pesada (densidade 0,74<br />

g/cm 3 ), dura, resistente e durabilidade mediana.<br />

Utilização da espécie: Construção civil, como obras internas, ripas, caibros, vigas,<br />

tabuados em geral, marcenaria, lenha e carvão. As sementes servem de alimento para<br />

a avifauna. O floral da espécie, denominado coronarium, presta-se para trabalhar os<br />

estados de mania, paranóia, insanidade, loucura, agitação interna, ativar a memória e<br />

expandir e acelerar as atividades intelectuais. Espécie melífera, paisagística,<br />

ornamental e indicada para a recuperação de áreas degradadas.<br />

Bibliografia consultada<br />

121<br />

ARAÚJO, M. M.; LONGHI, S. J.; BARROS, P. L. C. de; BRENA, D. A. Caracterização da<br />

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15. Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire, Steyerm et Frodin.<br />

123<br />

Sinonímia botânica: Didymopanax morototoni (Aubl.) Dcne et Planch., Didymopanax<br />

calophyllum Decne et Planch., Didymopanax chrysophyllum Decne et Planch,<br />

Didymopanax chrysophyllum Willd., Didymopanax speciosum (Willd.) Decne, Panax<br />

morototoni Aubl., Panax spinosum Poir.<br />

Família: Araliaceae<br />

Nomes populares: Caixeta, corda-de-viola, imbaubão, mandiocaí, mandiocaim,<br />

mandiocão, mandioci, mandioqueiro, mandioqueiro-bravo, marupá, marupaúba,<br />

marupaúba falso, matatauba, mixixica, morototó, morototó-da-mata, mucutuba,<br />

mucututu, parapará, pau-caixeta, pau-mandioca, pé-de-galinha, pixixica, sambacuim.<br />

Distribuição geográfica e características ecológicas: América Central: Belize, Costa<br />

Rica, Cuba, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Porto Rico, República<br />

Dominicana, Trinidad Tobago. América do Sul: Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador,<br />

Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname, Venezuela. Brasil: Alagoas, Acre,<br />

Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais,<br />

Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, em<br />

solos argilo-arenosos profundos e semi-úmidos ao longo da costa Atlântica, das<br />

Bacias do rio Paraná e Uruguai, em florestas subtropicais, florestas secundárias de<br />

terra firme, floresta Atlântica, cerrado, cerradão, mata de galeria. Espécie perenifólia,<br />

pioneira, heliófita.<br />

Fenologia: Floresce entre fevereiro - abril na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> e<br />

frutifica entre junho - setembro. A dispersão de sementes é ornitocórica.<br />

Descrição botânica<br />

Porte: Arbóreo podendo atingir de 20 - 35 m de altura e até 80 cm de DAP.<br />

Tronco: Retilíneo, comprido e cilíndrico que pode alcançar 15 m de altura ou mais.<br />

Casca: Grisácea a esbranquiçada, lisa irregular, escamosa, lenticelada, com cicatrizes<br />

provocadas pelo desprendimento dos ramos.<br />

Folhas: Compostas, alternadas digitadas, grandes, 40 - 75 cm de comprimento<br />

incluindo o pecíolo e 15 - 35 cm de largura, discolores, ramificação dicotômica ou<br />

tricotômica ascendente, formando copa larga, densa, arredondada ou umbeliforme de<br />

coloração verde-escura na parte superior e grisácea na inferior, 9 - 12 folíolos


grandes, 15 - 35 cm de comprimento e 5 -15 cm de largura, acuminados e semi-<br />

coreáceos.<br />

Flores: Hermafroditas e monóicas polinizadas por pequenos insetos, pequenas<br />

esverdeadas a amareladas, actinomórficas reunidas em inflorescências umbeliformes,<br />

panículas axilares.<br />

Fruto: Drupáceo carnoso, de coloração cinza-esverdeada, pequeno, transversalmente<br />

elíptico, comprimidos lateralmente, 10 - 11 mm de largura e 6 - 7 mm de<br />

comprimento, contendo de duas a três sementes cada um.<br />

Semente: Semicircular, achatada, de coloração creme, pequena com cerca de 4 mm<br />

de diâmetro, resistentes ao fogo, a atritos e impermeáveis à água. Um quilograma<br />

contém de 24.000 - 90.000 sementes, as quais requerem tratamentos pré-<br />

germinativos (embebição em água à temperatura ambiente por períodos de 12 a 48 h<br />

ou escarificação química com ácido sulfúrico PA por 5 minutos e com hipoclorito de<br />

sódio à concentração de 3%) para que iniciem a germinação aos 20 dias após o<br />

semeio. Semente ortodoxa e não longeva.<br />

Madeira: Coloração branco-encardida ou creme-acinzentada, cerne e alburno<br />

indistintos,<br />

moderadamente pesada (densidade 0,53 - 0,60 g/cm 3 ), uniforme, lisa ao tato,<br />

lustrosa, macia, inodora, textura média, não resistente, fácil de trabalhar.<br />

Utilização da espécie: Construção civil e naval como esquadrias, caixotaria,<br />

contraplacados, compensados, miolo de portas, molduras, assoalhos, guarnições<br />

internas, palitos de fósforos, pás de sorvetes, forros, cabos de vassoura, lápis,<br />

brinquedos, marcenaria, acabamentos de interiores, barcos, canoas, instrumentos<br />

musicais, pasta celulósica e papel. As folhas e os ramos possuem alcalóides e<br />

saponinas. O extrato das folhas é biocida e têm propriedades medicinais prestando-se<br />

ao tratamento de reumatismo. As sementes servem de alimento para a avifauna.<br />

Espécie melífera, ornamental, paisagística e indicada para a recuperação de áreas<br />

degradadas.<br />

Bibliografia consultada<br />

124<br />

BARROSO, G. M.; MORIM, M. P.; PEIXOTO, A. L.; ICHASO, C. L. F. Frutos e sementes:<br />

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207. 1974.<br />

127


16. Tapirira guianensis Aubl.<br />

Sinonímia botânica: Tapirira myriantha Triana et Planch.<br />

Família: Anacardiaceae.<br />

Nomes populares: Aroeirinha, bom-nome, camboatá, canela-pororoca, cedro-novo,<br />

cedrói, copiúva, cupiúva, fruta-de-pombo, fruto-de-pombo, guapiruba, jobo, maria-<br />

preta, pau-pereira, pau-pombo, peito-de-pombo, pombeiro, tapirirá, tapiriri,<br />

tatapiririca.<br />

Distribuição geográfica e características ecológicas: América Central: Costa Rica,<br />

Honduras, México, Panamá. América do Sul: Bolívia, Colômbia, Guiana Francesa,<br />

Paraguai, Peru, Suriname, Venezuela. Brasil: Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito<br />

Santo, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco,<br />

Piauí, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, em solos úmidos e secos de floresta<br />

ombrófila de planície, floreta Atlântica, cerrado, cerradão, mata de galeria. Espécie<br />

perenifólia, pioneira a secundária inicial, heliófila.<br />

Fenologia: Floresce durante os meses de agosto-outubro na <strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong><br />

<strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong> onde frutifica nos meses de setembro - outubro. Os frutos<br />

amadurecem a partir de janeiro, prolongando até março. A dispersão de sementes é<br />

ornitocórica.<br />

Descrição botânica<br />

Porte: Arbóreo podendo atingir de 8 - 14 m de altura e de 40 - 50 cm de DAP.<br />

Tronco: Curto, cilíndrico e retilíneo.<br />

Casca: Pardo-acinzentada, pouco espessa, levemente fissurada e superficialmente<br />

escamosa.<br />

Folhas: Compostas, alternas, imparipenadas, com 5 - 15 folíolos membranáceos,<br />

elípticos a oblongo elípticos, glabros, 4 - 12 cm de comprimento.<br />

Flores: Dióicas polinizadas por pequenos insetos, pequeninas, coloração creme-<br />

amarelada, perfumadas, curta pediculadas, reunidas em panículas terminais e axilares.<br />

Fruto: Drupa elipsóide a orbicular oblonga, indeiscente, epicarpo castanho escuro,<br />

opaco a levemente brilhoso, mesocarpo pouco espesso, gelatinoso, endocarpo opaco,<br />

castanho-escuro, crustáceo, 1 cm de comprimento, contendo uma semente por fruto.<br />

128


Semente: Elipsóide a oblonga, pêndula de funículo curto, coloração palha, testa fina,<br />

estriada de coloração castanha, endosperma ausente, embrião papilionáceo grande, 8<br />

mm de comprimento, 5 mm de largura. Um quilograma contém de 19.000 - 20.000<br />

sementes as quais germinam entre oito e dez dias após o semeio, sem tratamentos<br />

pré-germinativos. Semente recalcitrante e não longeva.<br />

Madeira: Coloração rosada a avermelhada, cerne e alburno indistintos,<br />

moderadamente leve (densidade 0,45 - 0,65 g/cm 3 ), macia, rija, superfície uniforme,<br />

textura fina a média, fácil de trabalhar, com baixa resistência ao ataque de xilófagos.<br />

Utilização da espécie: Construção civil e rural como obras internas, dormentes,<br />

chapas, compensados, embalagens, caixotaria leve, móveis, entalhes, cabos de<br />

vassouras, cabos de ferramentas, brinquedos, papel, carvão, lenha. A casca tanífera<br />

é utilizada para curtume e seu extrato é estimulante uterino, tem atividade contra<br />

câncer de próstata. O extrato da semente tem atividade citotóxica. Os frutos servem<br />

de alimento para a avifauna. Espécie paisagística, ornamental e indicada para a<br />

recuperação de áreas degradadas.<br />

Bibliografia consultada<br />

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131


17. Terminalia argentea Mart. et Zucc.<br />

Sinonímia botânica: Terminalia modesta Eichl.<br />

Família: Combretaceae<br />

Nomes populares: Capitão, capitão-do-campo, capitão-do-mato, maria-preta, pau-<br />

garrote, tanimbuca.<br />

Distribuição geográfica e características ecológicas: América do Sul: Bolívia, Equador,<br />

Paraguai. Brasil: Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato<br />

Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, São Paulo, em topos de morros, alto de encostas<br />

onde o solo é bem drenado, de matas primárias, formações secundárias de cerrado,<br />

cerradão, floresta Atlântica e floresta semidecídua. Espécie decídua, pioneira,<br />

heliófila, seletiva xerófita.<br />

Fenologia: Floresce durante os meses de julho - setembro junto com o aparecimento<br />

das folhas novas. A maturação dos frutos ocorre em novembro - janeiro na <strong>Reserva</strong><br />

<strong>Tamanduá</strong>. A dispersão de sementes é anemocórica.<br />

Descrição botânica<br />

Porte: Arbóreo podendo atingir de 8 - 16 m de altura com tronco de 40 - 50 cm de<br />

DAP.<br />

Tronco: Reto ou levemente tortuoso, tendendo a cilíndrico, raiz tuberosa.<br />

Casca: Cinza-escuro, lisa, moderadamente espessa, fissurada e escamosa.<br />

Folhas: Simples, opostas de coloração prateada quando novas.<br />

Flores: Hermafroditas polinizadas por pequenos insetos, pequenas, coloração creme,<br />

sem pétalas e apresentando muitos estames, reunidas em inflorescência terminal em<br />

racemos formando uma umbela.<br />

Fruto: Drupa seca indeiscente, transverso-oblonga, coloração ocre a tabaco, epicarpo<br />

expandido lateralmente formando as alas conspícuas, endocarpo espesso, lenhoso, 4<br />

- 5 cm de largura e 2 - 2,5 cm de comprimento, piloso ou glabrescente.<br />

Semente: Fusiforme com base e ápice estreitados, testa rugosa, tegumento amarelo -<br />

dourado, dura, 0,7 - 1,13 cm de comprimento e 0,15 - 0,29 cm de largura. Um<br />

quilograma contém de 2.200 - 2.800 sementes, as quais requerem tratamentos pré-<br />

germinativos (escarificação mecânica, desponte) para iniciarem a germinação aos<br />

quinze dias após semeio. Semente ortodoxa e não longeva.<br />

132


Madeira: Coloração castanho-avermelhada, moderadamente pesada, dura, resistente,<br />

durabilidade mediana.<br />

Utilização da espécie: Construção civil como, vigas, caibros, ripas, tabuados,<br />

assoalho, esquadrias, marcenaria, carpintaria. A tina de cor ganga-amarelada e negra<br />

obtida da casca pelo processo de cocção é usada para o tingimento de fios de<br />

algodão, e na medicina popular presta-se ao tratamento de aftas sendo também<br />

cicatrizante. A espécie possui metabólicos secundários, triterpenos cíclicos e seus<br />

derivados, flavonoides e tanino, os quais têm propriedade antifúngica, antibacteriana<br />

e anticancerigena. A cinza é utilizada na indústria de curtumes. Espécie paisagística,<br />

ornamental e indicada para a recuperação de áreas degradadas.<br />

Bibliografia consultada<br />

BARROSO, G. M. Sistemática de Angiospermas do Brasil. Ed. UFV. v. 2. Viçosa, MG, 377 p.<br />

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18. Virola sebifera Aubl.<br />

Sinonímia botânica: Myristica sebifera Sw.; M. cordifolia Mart.<br />

Família: Myristicaceae<br />

Nomes populares: Árvore-de-cera, árvore-de-graxa, árvore-de-sebo, bequiba, bicuíba,<br />

bicuíba-cheirosa, bicuíba-vermelha, gordura-de-virola, lacre, pau-de-mato, pindaíba,<br />

pindaíba-roxa, sebo-de-ucuúba, ucuúba-de-capoeira, ucuúba-do-cerrado, ucuúba-de-<br />

folha-larga, ucuúba-de-terra firme, ucuúba-do-cerrado, ucuúba-do-mato, ucuúba-meta,<br />

ucuúba-vermelha, ucuubarana.<br />

Distribuição geográfica e características ecológicas: América Central: Costa Rica,<br />

Nicarágua, Panamá. América do Sul: Bolívia, Colômbia, Guiana Francesa, Peru,<br />

Venezuela. Brasil: Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul,<br />

Minas Gerais, Pará, São Paulo, em solos úmidos, não alagáveis de cerrado, mata<br />

galeria, floresta semidecídua de altitude. Espécie semidecídua, pioneira, heliófita,<br />

rústica.<br />

Fenologia: Floresce nos meses de novembro - março e frutifica de junho - outubro na<br />

<strong>Reserva</strong> <strong>Genética</strong> <strong>Florestal</strong> <strong>Tamanduá</strong>. A dispersão de sementes é ornitocórica e<br />

zoocórica.<br />

Descrição botânica<br />

Porte: Arbóreo podendo atingir de 16 - 30 m de altura e de 40 cm - 130 cm de DAP.<br />

Tronco: Retilíneo, curto e cilíndrico, geralmente apoiado em sapopemas.<br />

Casca: Avermelhado-escura, pouco rugosa, fina, áspera, reticulada, com pequenas<br />

fissuras.<br />

Folhas: Simples, dísticas, alternas, coriáceas, lustrosas, glabras na face superior e<br />

ferrugínea na face inferior, lembrando folhas compostas, formando copa piramidal<br />

ferrugínea.<br />

Flores: Dióicas polinizadas por insetos muito pequenos, coloração ferrugínea a<br />

alaranjada disposta em panículas.<br />

Fruto: Baga drupácea, ovóide-elipsóide, lisa ou levemente carinada, velutina, com<br />

pericarpo rugoso.<br />

Semente: Ovóide-elipsóide envolvida por arilo vermelho de 1 mm de espessura, 25<br />

135<br />

mm de comprimento e 20 mm de largura. Um quilograma contém de 1.700 - 2.100


sementes, as quais requerem tratamentos pré-germinativos (predação por aves e<br />

regurgito, retirada da testa) para iniciarem a germinação entre oito a dez após semeio.<br />

Semente recalcitrante e não longeva.<br />

Madeira: Coloração amarelada passando a avermelhado-pardacenta, cerne indistinto<br />

do alburno, leve (densidade 0,48 g/cm 3 ), sem brilho, textura fina, fácil de trabalhar.<br />

Utilização da espécie: Construção civil e rural como acabamentos internos, forros,<br />

molduras, guarnições, sarrafos, rodapés, brinquedos, caixotaria, tabuados, cabos de<br />

ferramentas, carroças, tacos, cercas rústicas, papel. Na medicina popular, o exudado<br />

graxo da casca presta-se ao tratamento de reumatismo, aftas, dor de dente, gripe,<br />

angina e como alucinogênico. O chá das folhas é diurético. A casca é tanífera e<br />

produz ácidos graxos, alcalóides e ligninas. As sementes são utilizadas como<br />

amêndoas em sopas, servem de alimento para a avifauna e produzem óleo de<br />

coloração branco-amarelada, odor agradável, empregado na fabricação de sabonetes,<br />

velas e para a iluminação. Espécie ornamental, paisagística e indicada para a<br />

recuperação de áreas degradadas.<br />

Bibliografia consultada<br />

ALMEIDA, S. P. de; PROENÇA, C. E. B.; SANO, S. M.; RIBEIRO, J. F. Cerrado: espécies<br />

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