11.04.2013 Views

revisão da literatura hemangioma hepático 1.introdução ... - Unifenas

revisão da literatura hemangioma hepático 1.introdução ... - Unifenas

revisão da literatura hemangioma hepático 1.introdução ... - Unifenas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

1.INTRODUÇÃO<br />

O <strong>hemangioma</strong> <strong>hepático</strong> é um tumor<br />

hamartomatoso composto por vasos sanguíneos (Osol<br />

et al., 1989). Consiste na rápi<strong>da</strong> proliferação de vasos<br />

sanguíneos, contendo 2 a 3 vezes o número normal de<br />

células endoteliais (Kane et al., 1997).<br />

Sua incidência é variável, porém a maior parte<br />

dos autores concor<strong>da</strong>m com a ocorrência de 0,5 a 7%<br />

(Gonçalves e Pereira, 1993; Lima et al., 1995;Pereira<br />

et al., 1996; Browers et al.,1997; McNally, 1999).<br />

São mais comuns na Ásia e África (Mies et al., 1994).<br />

Ocorre com maior freqüência em mulheres multíparas,<br />

grávi<strong>da</strong>s, em uso de anticoncepcionais orais e<br />

estrogênios (Ishak e Goodman, 1991; Gonçalves e<br />

Pereira, 1993; Mies et al., 1994; Lima et al., 1995;<br />

Weimann et al., 1997; McNally, 1999), sendo que a<br />

proporção é de 5 (cinco) mulheres para ca<strong>da</strong> homem<br />

acometido (Lima et al., 1995).<br />

REVISÃO DA LITERATURA<br />

HEMANGIOMA HEPÁTICO<br />

RESUMO<br />

57<br />

LUIZ CARLOS DE ANDRADE (**)<br />

MARCUS VINÍCIUS JARDINI BARBOSA (***)<br />

ANGÉLICA MARCHINI DE SOUZA (****)<br />

Os <strong>hemangioma</strong>s <strong>hepático</strong>s são as neoplasias benignas primárias do fígado mais comuns, seu diagnóstico tem sido<br />

feito com uma freqüência ca<strong>da</strong> dia maior devido ao uso, ca<strong>da</strong> vez mais freqüente, <strong>da</strong> ultrassonografia nos diagnósticos <strong>da</strong>s<br />

patologias abdominais. Geralmente, são menores que 4 cm e seus portadores são assintomáticos exceto quando apresentam<br />

complicações como: ruptura, hemorragias, coagulopatia de consumo e outras. O seu diagnóstico é feito usualmente pelos<br />

exames complementares de imagem e seu tratamento pode variar desde o acompanhamento clínico até o transplante <strong>hepático</strong>.<br />

DESCRITORES: Hemangioma, <strong>hemangioma</strong> <strong>hepático</strong>, <strong>hemangioma</strong> gigante.<br />

SUMMARY<br />

HEPATIC HEMANGIOMA<br />

Hepatic <strong>hemangioma</strong>s are the most commom primary benign neoplasias of the liver. Their diagnosis has been<br />

accomplished increasingly more often by the frequent use of ultrasonography. Most <strong>hemangioma</strong>s remain small (less than<br />

4 cm) and asymptomatic unless complications are present (spontaneous rupture, hemorrhages, consumption coagulopathy).<br />

These tumors are detected by imaging mo<strong>da</strong>lities of diagnosis and the treatment can vary from clinical treatment to hepatic<br />

transplantation.<br />

KEY WORDS: Hemangioma, hepatic <strong>hemangioma</strong>, giant <strong>hemangioma</strong>.<br />

2. MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO<br />

São tumores pequenos, medindo em média de<br />

1-2cm de diâmetro e únicos em 90% dos casos, porém<br />

alguns podem atingir um diâmetro de até 30cm ou mais<br />

e ain<strong>da</strong> serem múltiplos (10% dos casos). Um quinto<br />

(1/5) desses tumores podem ser pedunculados. O lobo<br />

<strong>hepático</strong> direito é o local de maior freqüência,<br />

principalmente em seu segmento posterior. Geralmente<br />

são subcapsulares, de cor purpúrea ou vermelho<br />

azula<strong>da</strong>, bem delimitado e não encapsulado.<br />

Macroscopicamente, o aspecto esponjoso ou de favo<br />

de mel é característico. À microscopia, revelam-se<br />

espaços vasculares de calibres variados, revestidos por<br />

células endoteliais; trombos recentes ou antigos e,<br />

raramente, calcificações, separados por septos de<br />

tecido conjuntivo (Pereira e Gonçalves, 1989; Ishak e<br />

Goodman, 1991; Gonçalves e Pereira, 1993; Lima et<br />

al.,. 1995; McNally, 1999).<br />

* Trabalho de <strong>revisão</strong> bibliográfica apresentado ao serviço de cirurgia do H.U.A.V. - UNIFENAS, no cumprimento <strong>da</strong>s normas estabeleci<strong>da</strong>s pela COREME.<br />

**Professor do serviço de cirurgia e supervisor <strong>da</strong> residência médica em cirurgia geral do H.U.A.V. – UNIFENAS. Rua: Geraldo de Freitas Costa, 120<br />

Cruz Preta – CEP 37130-000 – Alfenas-MG.<br />

***Médico Residente (RCBC) do Serviço de Cirurgia Geral do H.U.A.V. – UNIFENAS.<br />

****Acadêmica de Biomedicina <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Franca.<br />

R. Un. Alfenas, Alfenas, 5:57-61, 1999


58<br />

Os <strong>hemangioma</strong>s <strong>hepático</strong>s são classificados<br />

como tumores vasculares benignos primários do<br />

fígado. Apresentam-se de duas maneiras: <strong>hemangioma</strong><br />

capilar e <strong>hemangioma</strong> cavernoso, sendo este último<br />

mais freqüente e de maior importância clínica (Pereira<br />

e Gonçalves, 1989; Gonçalves e Pereira, 1993).<br />

Considera-se ain<strong>da</strong> o <strong>hemangioma</strong> como gigante<br />

quando seu diâmetro for superior a 4 cm (Lima et al.,<br />

1995; Browers et al., 1997; Nghiem et al., 1997;<br />

McNally, 1999).<br />

3. ETIOPATOGENIA<br />

Sua etiologia é desconheci<strong>da</strong>, porém acreditase<br />

que haja participação hormonal em sua origem,<br />

crescimento e desenvolvimento (Pereira e Gonçalves,<br />

1989; Ishak e Goodman, 1991; Gonçalves e Pereira,<br />

1993; Mies et al., 1994; McNally, 1999).<br />

Existem estudos comprovando a correlação<br />

entre <strong>hemangioma</strong> <strong>hepático</strong> e elevados níveis<br />

plasmáticos de fator transformador de crescimento β1<br />

(TGF-β1), uma substância imunomoduladora in vitro<br />

e imunossupressora in vivo. Estes estudos mostraram<br />

altos níveis deste fator em pacientes com <strong>hemangioma</strong><br />

<strong>hepático</strong> e uma espantosa regressão nos pacientes<br />

submetidos à ressecção cirúrgica dos <strong>hemangioma</strong>s,<br />

regularizando inclusive seu sistema de defesa<br />

(ativi<strong>da</strong>de de linfócitos T, células natural “killer” e<br />

outros) (Ito et al., 1997).<br />

4. COMPLICAÇÕES<br />

As complicações e intercorrências são raras e<br />

guar<strong>da</strong>m correlação com o tamanho do tumor. Dentre<br />

estas podemos citar: rotura espontânea ou traumática,<br />

trombose no tumor, anemia hemolítica<br />

microangiopática, trombocitopenia e<br />

hipofibrinogenemia por coagulopatia de consumo,<br />

necrose, abscesso e icterícia obstrutiva (Ishak e<br />

Goodman, 1991; Gonçalves e Pereira 1993; Lima et<br />

al., 1995; Pereira e Gonçalves, 1996; Browers et al.,<br />

1997; Weimann et al., 1997 ; McNally, 1999). Quando<br />

há ocorrência concomitante de coagulação<br />

intravascular dissemina<strong>da</strong>, trombocitopenia e<br />

hipofibrinogenemia a complicação é denomina<strong>da</strong> de<br />

síndrome de Kasabach-Merritt (Gonçalves e Pereira,<br />

1993; Lima et al., 1995; McNally, 1999).<br />

5. DIAGNÓSTICO<br />

Na maior parte dos casos, os <strong>hemangioma</strong>s<br />

<strong>hepático</strong>s apresentam-se assintomáticos, sendo apenas<br />

suspeitados como achados de laparoscopias, de<br />

R. Un. Alfenas, Alfenas, 5:57-61, 1999<br />

L.de ANDRADE et al.<br />

laparotomias, de exames ultrassonográficos<br />

abdominais, de tomografias computadoriza<strong>da</strong>s (TC)<br />

de abdome ou, ain<strong>da</strong>, de necrópsias. Quando aparecem<br />

sintomas, estes ocorrem com maior freqüência em<br />

pacientes adultos tratando-se, na maioria dos casos,<br />

de um <strong>hemangioma</strong> gigante (Ishak e Goodman, 1991;<br />

Gonçalves e Pereira, 1993; Mies et al., 1994; Lima et<br />

al., 1995; Pereira e Gonçalves 1996; Browers et al.<br />

1997; Ngheim et al., 1997; Ito et al., 1997; Weimann<br />

et al., 1997; McNally, 1999).<br />

Os sintomas mais freqüentes são: dor<br />

abdominal inespecífica em an<strong>da</strong>r superior do abdome,<br />

sensação de plenitude, disfagia por compressão do<br />

esôfago abdominal, náuseas e vômitos. Outros<br />

sintomas e sinais poderão acontecer na dependência<br />

<strong>da</strong>s complicações aconteci<strong>da</strong>s como: o estado de<br />

choque hipovolêmico, as púrpuras, os hematomas, as<br />

petéquias, e a dor abdominal súbita, por trombose do<br />

tumor (Ishak e Goodman 1991; Gonçalves e Pereira,<br />

1993; Mies et al., 1994; Lima et al., 1995; Pereira e<br />

Gonçalves 1996; Browers et al., 1997; Ngheim et al.,<br />

1997; Ito et al. 1997; Weimann et al., 1997; McNally,<br />

1999).<br />

O sinal físico mais freqüente é a massa<br />

abdominal palpável presente na região de hipocôndrio<br />

direito. Outros sinais, na maioria <strong>da</strong>s vezes, advém <strong>da</strong><br />

compressão de estruturas vizinhas (Ishak e Goodman,<br />

1991; Gonçalves e Pereira, 1993; Mies et al., 1994;<br />

Lima et al., 1995; McNally, 1999).<br />

Pode-se palpar uma massa abdominal em<br />

região de hipocôndrio direito, com ou sem<br />

hepatomegalia e/ou no epigástrio, de tamanho e<br />

extensão variável (Ishak e Goodman 1991; Gonçalves<br />

e Pereira, 1993; Mies et al., 1994; Lima et al., 1995;<br />

Browers et al., 1997; McNally, 1999), ligeiramente<br />

firme ou amolecido onde, às vezes, pode-se auscultar<br />

um ruído ou sopro. Geralmente é através dos exames<br />

complementares que sugere-se o diagnóstico<br />

(Gonçalves e Pereira, 1993; Pereira e Gonçalves,<br />

1996). Dentre estes estão os métodos de imagem,<br />

responsáveis diretos pela suspeita do diagnóstico<br />

(Ishak e Goodman, 1991; Gonçalves e Pereira, 1993;<br />

Mies et al., 1994; Lima et al., 1995; Pereira e<br />

Gonçalves, 1996; Browers et al., 1997; Ngheim et al.,<br />

1997 ; Weimann et al., 1997; Young et al., 1998; Chen<br />

et al. 1998; McNally, 1999).<br />

A radiografia de abdome pode mostrar<br />

calcificações em região de hipocôndrio direito<br />

(Gonçalves e Pereira, 1993). Ao exame<br />

ultrassonográfico observa-se uma imagem sóli<strong>da</strong>,<br />

única, menor que 3 cm, homogênea, com bor<strong>da</strong>s bem<br />

defini<strong>da</strong>s, hiperecogênica e com reforço acústico<br />

posterior (Gonçalves e Pereira,1993; Young et al.,<br />

1998; McNally, 1999). Sua sensibili<strong>da</strong>de é de 61% e<br />

pode atingir 80% se o tumor for maior que 6cm (Pereira


REVISÃO DA LITERATURA. HEMANGIOMA HEPÁTICO<br />

e Gonçalves, 1996). Imagens com doppler e fluxo de<br />

cor não mostram fluxo detectável, o qual é muito lento<br />

neste tipo de tumor (Young et al. 1998; McNally 1999).<br />

A tomografia computadoriza<strong>da</strong> (TC), sem<br />

contraste, mostra lesão hipodensa, não específica.<br />

Usando contraste, o aspecto é muito sugestivo de<br />

<strong>hemangioma</strong>, mostrando um enchimento centrípeto,<br />

com difusão do contraste <strong>da</strong> periferia para o centro do<br />

tumor (Ishak e Goodman 1991; Gonçalves e Pereira<br />

1993; Mies et al.1994; McNally 1999). Se a massa<br />

for igual ou maior que 2,5 cm o método mais sensível<br />

é a tomografia computadoriza<strong>da</strong> com emissão de fóton<br />

único (TCEFU), com eritrócitos marcados com<br />

tecnécio 99 ( 99 Tc). Sua especifici<strong>da</strong>de varia de 84 a<br />

100% (Pereira e Gonçalves 1996; Weimann et al. 1997;<br />

McNally 1999). A tomografia computadoriza<strong>da</strong> (TC)<br />

seqüencial, em bolo dinâmico, pode facilitar a suspeita<br />

diagnóstica se a lesão for hipodensa na TC nãorealça<strong>da</strong>,<br />

havendo um aumento do contraste periférico<br />

na fase de bolo dinâmico, tornando a massa isodensa<br />

ou hiperdensa nos exames retar<strong>da</strong>dos (Mc Nally 1999).<br />

Em nódulos menores que 2 cm o método de<br />

escolha é a ressonância nuclear magnética (RNM).<br />

Neste exame o tumor aparece hipodenso ou isodenso,<br />

nas imagens pondera<strong>da</strong>s em T1. Porém, fica mais<br />

hiperdenso à medi<strong>da</strong> que se aproxima de T2<br />

(Gonçalves e Pereira 1993; McNally 1999), com uma<br />

sensibili<strong>da</strong>de de aproxima<strong>da</strong>mente 92,5% (Pereira e<br />

Gonçalves 1996).<br />

A cintilografia, com hemácias marca<strong>da</strong>s com<br />

99 Tc, mostrou a mesma sensibili<strong>da</strong>de e especifici<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> TC com o mesmo método (Krausz et al. 1997),<br />

sendo esta maior se o tumor for maior do que 2 cm<br />

(McNally 1999).<br />

A arteriografia seletiva possui sensibili<strong>da</strong>de<br />

de 85,5% (Pereira e Gonçalves 1996). Este exame<br />

mostra os ramos arteriais de calibre normal e os<br />

espaços vasculares que se dispõem em anéis ou em<br />

forma de C, pela fibrose central (Gonçalves e Pereira<br />

1993). Raramente é necessária sua realização, visto<br />

que a acurácia dos exames não invasivos é bastante<br />

eleva<strong>da</strong> (Gonçalves e Pereira 1993; McNally 1999).<br />

Os exames hematológicos são pouco<br />

esclarecedores, porém, sua solicitação faz parte <strong>da</strong><br />

propedêutica, principalmente se houver complicações<br />

(Gonçalves e Pereira 1993). O hemograma encontrase<br />

dentro dos limites normais, podendo evidenciar<br />

ocasionalmente uma anemia hemolítica, com linfopenia<br />

e/ou trombocitopenia. O coagulograma pode estar<br />

alterado pela hipofibrinogenemia e coagulação<br />

intravascular dissemina<strong>da</strong> (Ishak e Goodman 1991;<br />

Gonçalves e Pereira 1993; Mies et al. 1994; Lima et<br />

al. 1995).<br />

Na vigência de icterícia, poderá ocorrer<br />

elevação nos níveis de: bilirrubinas, habitualmente às<br />

59<br />

custas de bilirrubina direta, gama glutamil transferase<br />

(γGT) e, também, dos níveis de aspartato amino<br />

transferase (AST) e alanina amino transferase (ALT)<br />

(Ishak e Goodman 1991; Gonçalves e Pereira 1993;<br />

Lima et al. 1995).<br />

A concentração plasmática de fator<br />

transformador de crescimento β pode estar eleva<strong>da</strong><br />

(Ito et al. 1997), porém, é um exame de custo elevado<br />

e pouco esclarecedor, sendo utilizado apenas em<br />

poucos centros médicos no mundo.<br />

Meios invasivos como a laparoscopia, a<br />

laparotomia, a biópsia hepática, incisional ou<br />

excisional e a biópsia dirigi<strong>da</strong> com agulha fina, podem<br />

ser realiza<strong>da</strong>s, desde que os métodos de diagnóstico<br />

por imagem sejam inconclusivos (Gonçalves e Pereira<br />

1993; Pereira e Gonçalves 1996).<br />

6. TRATAMENTO<br />

Nos pacientes assintomáticos com<br />

<strong>hemangioma</strong>s menores que 3-4 cm, sem alterações <strong>da</strong>s<br />

provas de função hepática, adota-se o tratamento<br />

conservador, com seguimento semestral pela<br />

ultrassonografia (Ishak e Goodman 1991; Gonçalves<br />

e Pereira 1993; Lima et al. 1995; Pereira e Gonçalves<br />

1996). Se o tumor for maior que 3-4 cm, não<br />

homogêneo ou, se os exames laboratoriais estiverem<br />

alterados, preconiza-se uma investigação mais<br />

detalha<strong>da</strong> para melhor definição do caso e <strong>da</strong> conduta<br />

(Gonçalves e Pereira 1993; Pereira e Gonçalves 1996).<br />

Nos pacientes com sintomatologia, a ligação<br />

<strong>da</strong> artéria hepática ou a embolização arterial hepática<br />

super-seletiva, podem ser medi<strong>da</strong>s terapêuticas efetivas<br />

(Gonçalves e Pereira 1993 ); a primeira deve ser<br />

utiliza<strong>da</strong> em recém-nascidos, portadores de<br />

<strong>hemangioma</strong> com “shunt” arterio-venoso e repercussão<br />

sistêmica e, a segun<strong>da</strong>, é indica<strong>da</strong> nos casos de ruptura<br />

do <strong>hemangioma</strong>, como medi<strong>da</strong> de urgência (Pereira e<br />

Gonçalves 1996).<br />

Atualmente, o tratamento cirúrgico fica<br />

reservado para as complicações e eletivamente para<br />

os <strong>hemangioma</strong>s cavernosos sintomáticos iguais ou<br />

maiores de 10 cm (Gonçalves e Pereira 1993; Lima et<br />

al. 1995; McNally 1999).<br />

As diferentes táticas cirúrgicas irão depender<br />

do tamanho, <strong>da</strong> localização e <strong>da</strong> existência ou não de<br />

complicações (Gonçalves e Pereira 1993 ; Mies et al.<br />

1994; Pereira e Gonçalves 1996; Browers et al. 1997;<br />

McNally 1999). A ressecção simples está reserva<strong>da</strong><br />

àqueles <strong>hemangioma</strong>s pedunculados, sendo um<br />

procedimento simples e de baixa morbi-mortali<strong>da</strong>de.<br />

A ressecção em cunha é utiliza<strong>da</strong> em <strong>hemangioma</strong>s<br />

R. Un. Alfenas, Alfenas, 5:57-61, 1999


60<br />

localizados nas bor<strong>da</strong>s do fígado (Mies et al., 1994).<br />

As hepatectomias são procedimentos cirúrgicos de<br />

grande porte, com alta morbi-mortali<strong>da</strong>de e incluem:<br />

as hemi-hepatectomias simples e extensas (direita e<br />

esquer<strong>da</strong>), as segmentectomias laterais (direita e<br />

esquer<strong>da</strong>), as trissegmentectomias e as ressecções não<br />

anatômicas (Mies et al., 1994; Lima et al., 1995 e<br />

Browers et al., 1997). Na <strong>revisão</strong> <strong>da</strong> <strong>literatura</strong>,<br />

encontrou-ses 1 caso de <strong>hemangioma</strong>tose na infância,<br />

complica<strong>da</strong> com falência cardíaca onde realizou-se<br />

uma sutura compressiva do <strong>hemangioma</strong> <strong>hepático</strong>,<br />

utilizando-se material não-absorvível, após localização<br />

precisa pela ultrassonografia intra-operatória, obtendose<br />

resultado favorável. Estes autores mostram esta<br />

nova técnica como uma alternativa para os casos de<br />

<strong>hemangioma</strong>s complicados, pois apresenta morbimortali<strong>da</strong>de<br />

inferior às hepatectomias (Rokitansky et<br />

al., 1998).<br />

O transplante <strong>hepático</strong> ortotópico fica<br />

reservado aos casos em que o <strong>hemangioma</strong> seja<br />

irressecável, com sintomatologia importante e nos<br />

casos complicados, com a síndrome de Kasabach-<br />

Merrit (Gonçalves e Pereira, 1993; Mies et al., 1994;<br />

Pereira e Gonçalves, 1996; Browers et al., 1997;<br />

McNally, 1999).<br />

Nos casos em que o <strong>hemangioma</strong> é pequeno e<br />

sua localização favorável à ressecção, a laparoscopia<br />

surgiu como outra opção terapêutica (Pereira e<br />

Gonçalves; 1996), porém, ain<strong>da</strong> não existem estudos<br />

suficientes para consoli<strong>da</strong>r este procedimento como o<br />

de escolha.<br />

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BROWERS, M.A.M., PEETERS, P.M.J.G., JONG,<br />

K.P., HAASGSMA, E.B., KLOMPMAKER, I.J.,<br />

BIJLEVELD, C.M.A., ZWAVELING, J.H.,<br />

SLOOFF, M.J.H. Surgical Treatment of Giant<br />

Haemangioma of the Liver. British Journal of<br />

Surgery v. 84, n. 3, p. 314-16, mar. 1997.<br />

CHEN, E.L., CHUNG, P.C., CHEN, C.L., TSAI,<br />

H.M., CHANG, C.I. An Automatic System for<br />

CT Liver Image Classification. IEEE<br />

Transactions on Biomedical Engineering. v. 45,<br />

n. 6, p. 783-94, jun. 1998.<br />

GONÇALVES, C.S., PEREIRA, L.F.E. Tumores do<br />

Fígado. In: DANI, R., CASTRO, L.P. (eds).<br />

Gastroenterologia Clínica. Rio de Janeiro:<br />

Guanabara Koogan, 1993. 3 ed. p. 1455-6.<br />

ISHAK, K.G., GOODMAN, Z.D. Tumores Benignos<br />

do Fígado. In: BERK, J.E., HAUBICH, W.S.,<br />

KALSER, M.H., ROTH, J.L.A., SCHAFFNER,<br />

F.(eds). Gastroenterologia – Fígado. São Paulo:<br />

Ed.Santos, 1991. 4 ed. p. 727-39.<br />

R. Un. Alfenas, Alfenas, 5:57-61, 1999<br />

L.de ANDRADE et al.<br />

ITO, N., KAWATA, H., TAMURA, S., KISO, S.,<br />

TAKAMI, S., IGURA, T., MONNDEN, M.,<br />

MATSUZAWA, Y. Increased Circulating<br />

Transforming Growth Factor β 1 in a Patient With<br />

Giant Haemangioma: Possible Contribution to na<br />

Impaired Immune Function. Hepatology. v. 25,<br />

n. 1, p. 93-6, jan. 1997.<br />

KANE, J.W., SALYARDS, W.P., PERRY, C.R.K.<br />

Congenital Hepatic Hemangioma in the Neonate.<br />

MCN. v. 22, p. 187-93, jul./aug. 1997.<br />

KRAUSZ, Y., LEVY, M., ANTEBI, E., ZIV, J.B.,<br />

BOCHER, M., CHISIN, R. Liver Hemangioma<br />

– A Perioperative Tc-99 RBC SPECT<br />

Correlation. Clinical Nuclear Medicine. v. 22,<br />

n. 1, p. 35-7, jan. 1997.<br />

LIMA, L.P., KALIL, N.A., WAECHTER, F.L.<br />

Conduta nos Tumores Benignos do Fígado. In:<br />

Lima, PL(eds). Condutas em Cirurgia<br />

Hepatobiliopancreática. Rio de Janeiro: Medsi,<br />

1995. p. 19-22.<br />

McNALLY, P.R. Distúrbios Hepáticos e do Trato<br />

Biliar. In: LOBO, E.J., SETTINERI, W.M.F.<br />

(eds). Segredos em Hepato/Gastroenterologia.<br />

Porto Alegre: Artmed, 1999. p. 188-649.<br />

MIES, S., LÖSCHER, W.H., RAIA, S.M.A. Tumores<br />

Hepáticos. In: RAIA, A.A., ZERBINI, E.J.<br />

Clínica Cirúrgica. São Paulo: Sarvier, 1994.<br />

4 ed. p. 762-71.<br />

NGHIEM, H.V., BOGOST, G.A., RYAN, J.A.,<br />

LUND, P., FREENY, P.C., RICE, K.M.<br />

Cavernous Hemangiomas of the Liver:<br />

Enlargement over Time. American Journal of<br />

Roentgenology. v. 169, n. 1, p. 137-40, jul. 1997.<br />

OSOL, A., CHASE, S.W., FRANCIS, C.C.,<br />

NELLHAUS, G., PRICAHERD, R.W.,<br />

RICHARDSON, R.E., WENGER, N.K.<br />

Dicionário Médico-Blakiston. São Paulo: Andrei,<br />

1993. 2 ed. p. 501-2.<br />

PEREIRA, L.F.E., GONÇALVES, C.S. Tumores<br />

Primitivos Benignos do Fígado. In: LOPES, E.R.,<br />

CHAPADEIRO, E., RASO, P., TAFURI, W.L.<br />

(eds). Bogliolo Patologia. Rio de Janeiro:<br />

Guanabara Koogan, 1989. 4 ed. p. 601.<br />

PEREIRA, N.A., CORRÊA, C.M., BERTGES, L.C.<br />

Conduta no Hemangioma Hepático Revisão <strong>da</strong><br />

Literatura. Revista <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal de<br />

Juiz de Fora, Juiz de Fora, v. 22, p. 96-103, 1996.


REVISÃO DA LITERATURA. HEMANGIOMA HEPÁTICO<br />

ROKITANSKY, A.M., JAKL, R.J., GÖPFRICH, H.,<br />

VOITL, P., ANZBÖCK, W., WASSIPAL, M.,<br />

SACHER, M., HRUBY, W. Special Compression<br />

Sutures: a New Surgical Technique to Achieve a<br />

Quick Decrease in Shunt Volume Caused by<br />

Diffuse Hemangiomatosis of the Liver. Pediatric<br />

Surgery International. v. 14, n. 1-2, p. 119-21,<br />

nov. 1998.<br />

WEIMANN, A., RINGE, B., KLEMPNAUER, J.,<br />

LAMESCH, P., GRATZ, K.F., PROKOP, M.,<br />

MASCHEK, H., TUSCH, G., PICHLMAYR, R.<br />

Benign Liver Tumors: Differential Diagnosis and<br />

Indications for Surgery. World Journal of Surgery.<br />

v. 21, n. 9, p. 983-91, nov./dec. 1997.<br />

YOUNG, L.K., YANG, W.T., CHAN, K.W.,<br />

METREWELI, C. Hepatic Hemangioma:<br />

Quantitative Color Power US Angigraphy-Facts<br />

and Fallacies. Radiology. v. 207, p. 51-7, 1998.<br />

61<br />

R. Un. Alfenas, Alfenas, 5:57-61, 1999

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!