E por falar em Comissão da Verdade... - AsofBM
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Número 15 | Maio/Junho de 2012<br />
EXCLUSIVO<br />
“Percebi que no meio do inferno, n<strong>em</strong><br />
tudo estava perdido, quando o comando<br />
passou a ser feito pela Briga<strong>da</strong>”<br />
PaULO dE TarSO CarnEIrO<br />
Preso político durante a ditadura militar<br />
Página 5<br />
Revista <strong>da</strong> associação dos oficiais <strong>da</strong> BRiga<strong>da</strong> MilitaR<br />
E <strong>por</strong> <strong>falar</strong><br />
<strong>em</strong> <strong>Comissão</strong><br />
<strong>da</strong> Ver<strong>da</strong>de...<br />
a EXaUSTIVa<br />
nEgOCIaçãO SaLarIaL<br />
<strong>da</strong> aSOfBm COm O<br />
gOVErnO<br />
Página 11<br />
ChaPa aPParíCIO<br />
BOrgES é rEELEITa<br />
COm 97% dOS VOTOS<br />
a faVOr<br />
Página 12
VIVaVOZ | número 15 | maio/junho de 2012<br />
2<br />
EXPEdIEnTE<br />
diRetoRia eXecUtiva<br />
Presidente: tenente coronel RR José carlos Riccardi guimarães<br />
Vice-presidente: tenente coronel QoeM Marcelo gomes frota<br />
diretor administrativo: Major QoeM leandro estabel Jung<br />
diretor de assuntos Políticos e Institucionais:<br />
Major QoeM carlos Roberto <strong>da</strong> Rocha Xavier Junior<br />
diretor Jurídico: capitão QoeM Roberto dos santos donato<br />
diretor de marketing: Major QoeM everton santos oltramari<br />
diretor de Cultura: coronel RR Ubirajara anchieta Rodrigues<br />
diretor de divulgação:<br />
capitão QoeM Roger Nardys de vasconcellos<br />
1º Secretário:capitão QoeM Rafael Monteiro costa<br />
2º Secretário:<br />
capitão QoeM d<strong>em</strong>ian <strong>da</strong> Rocha Riccardi guimarães<br />
Tesoureiro: capitão QoeM luiz Marcelo Reolon<br />
ttitUlaRes do coNselHo deliBeRativo<br />
coronel QoeM atamar Manoel cabreira filho<br />
coronel RR elvio José Pires<br />
tenente coronel RR cesar Bayard Moura de castilhos<br />
tenente coronel QoeM sidenir cardoso de oliveira<br />
tenente coronel QoeM evaldo Rodrigues de oliveira Junior<br />
sUPleNtes<br />
coronel RR Moisés silveira de Menezes<br />
coronel QoeM erlo dos santos Pitroski<br />
tenente coronel QoeM Paulo Roberto <strong>da</strong> Rosa duarte<br />
Major Qoes Regis Reche<br />
Major QoeM <strong>da</strong>niel Paulo lopes<br />
ttitUlaRes do coNselHo fiscal<br />
coronel RR <strong>da</strong>lmo itaboraí dos santos do Nascimento<br />
Major QoeM leandro oliveira <strong>da</strong> luz<br />
Major QoeM Rodrigo <strong>da</strong> silva dutra<br />
sUPleNtes<br />
tenente coronel QoeM luis olavo vinícios de lara<br />
tenente coronel RR José luiz Pereira aozani<br />
capitão QoeM cristiano luis de oliveira Moraes<br />
assessoRia de iMPReNsa:<br />
cMc Multimidia<br />
diagRaMação e PRoJeto gRáfico:<br />
t<strong>em</strong>ática<br />
gRáfica:<br />
contgraf<br />
Tirag<strong>em</strong>: 4.500 ex<strong>em</strong>plares<br />
editorial<br />
e PoR falaR<br />
Em VEr<strong>da</strong>dE...<br />
Assistir o depoimento do advogado Paulo de Tarso Carneiro<br />
que está publicado nesta revista foi extr<strong>em</strong>amente<br />
<strong>em</strong>ocionante, de chegar às lágrimas, quando do relato <strong>da</strong>s<br />
cruel<strong>da</strong>des sofri<strong>da</strong>s <strong>por</strong> aquelas pessoas, naquele t<strong>em</strong>po. Paradoxalmente<br />
nos encheu de orgulho, <strong>por</strong>que <strong>em</strong> meio a esse<br />
sofrimento houve atos de humani<strong>da</strong>de praticados pela guar<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> Briga<strong>da</strong> Militar que era então coman<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo Major Jesus<br />
Linares Guimarães, atos esses que se refletiram <strong>em</strong> respeito e<br />
confiança nos oficiais <strong>da</strong> cor<strong>por</strong>ação adquiridos <strong>por</strong> Paulo de<br />
Tarso e outros companheiros seus naquele momento.<br />
Anos depois, já o país red<strong>em</strong>ocratizado, Paulo de Tarso<br />
era Superintendente do Porto <strong>da</strong> capital do Estado e detectou<br />
uma série de desvios acontecendo naquela repartição,<br />
chegou ao seu conhecimento que fora chamado um Delegado<br />
de Polícia para aju<strong>da</strong>r a resolver a situação e na<strong>da</strong> foi conseguido.<br />
O superintendente resolveu então chamar a Briga<strong>da</strong><br />
Militar que lhe enviou o Major Heitor, um sargento e dois<br />
sol<strong>da</strong>dos que <strong>em</strong> 10 dias resolveram o probl<strong>em</strong>a e o resultado<br />
dessa ação dos brigadianos só fez aumentar o respeito e a<br />
confiança de Paulo de Tarso na cor<strong>por</strong>ação.<br />
“...<br />
Desde cedo foi assim<br />
Que a “briosa” se <strong>por</strong>tou<br />
Em ca<strong>da</strong> lugar que lutou<br />
Ganhou um pouco de glória<br />
Deixando rastros de história<br />
Em ca<strong>da</strong> chão que lutou”.<br />
São versos do po<strong>em</strong>a Tributo ao Hom<strong>em</strong> Far<strong>da</strong>do de Ari<br />
Pinheiro <strong>em</strong> parceria comigo.<br />
É b<strong>em</strong> assim. Os Oficiais <strong>da</strong> Briga<strong>da</strong> Militar deram,<br />
como atestam esses relatos de nossa história recente, ex<strong>em</strong>plos<br />
magníficos de retidão, caráter e valores outros que nos<br />
orgulham e nos dão responsabili<strong>da</strong>de de <strong>da</strong>r o melhor de<br />
nós, enquanto dirigentes <strong>da</strong> Associação que representa esses<br />
nobres homens que tantos ex<strong>em</strong>plos deram e ain<strong>da</strong> <strong>da</strong>rão ao<br />
nosso Estado na nobre missão de cumprir a lei.<br />
Cel Ubirajara anchieta diretor do departamento de cultura <strong>da</strong> asofBM
05<br />
09<br />
10<br />
11<br />
13<br />
14<br />
16<br />
17<br />
18<br />
Nesta edição<br />
esPecial<br />
E POr FALAr EM COMiSSãO DA vErDADE – Confira<br />
entrevista exclusiva de Paulo de Tarso Carneiro, preso político<br />
durante a ditadura<br />
aRtigo<br />
O PODEr: UMA FACA DE DOiS GUMES<br />
PaNoRaMa<br />
“Fui infeliz ao citar como ex<strong>em</strong>plo o reajuste salarial dos<br />
oficiais ao criticar a política salarial do governo Tarso Genro”,<br />
comentou o presidente do Partido Progressista (PP-rS) Celso<br />
Bernardi durante a visita na ASOFBM<br />
eM MoviMeNto<br />
A ExAUSTivA nEGOCiAçãO SALAriAL DA ASOFBM COM<br />
O GOvErnO<br />
iNteRioRização <strong>da</strong> asofBM<br />
nÚCLEO DE PASSO FUnDO - O nÚMErO 1 – Formado <strong>por</strong><br />
83 municípios, o núcleo de Passo Fundo foi um dos primeiros a<br />
ser criado no interior do Estado Gaúcho<br />
PeRfil<br />
O GAÚCHO SEM FrOnTEirA – O timbre afinado e o<br />
conhecimento <strong>da</strong> cultura do rio Grande do Sul levaram Elton<br />
Sal<strong>da</strong>nha do interior de itaqui, a ser um ci<strong>da</strong>dão do mundo<br />
cieNtífico<br />
OFiCiAL DA BM rELATA A MiSSãO DE PAz DA OnU, nO<br />
SUDãO DO SUL – UnMiSS<br />
cUltURa<br />
POr UM CAMinHO – Sobre o canto: “Por un camino” de<br />
Ataualpa Yupanki<br />
acoNtece<br />
THE BEST JUMP 2012 – Capitão Claudio Azevedo Goggia,<br />
montando FG Aguia, conquista pelas cores do rio Grande do Sul, o<br />
segundo lugar no des<strong>em</strong>pate do Prêmio Bettanin<br />
Revista <strong>da</strong> associação dos oficiais <strong>da</strong> BRiga<strong>da</strong> MilitaR<br />
Participe, envie comentários e sugestões.<br />
asofbm@asofbm.com.br / tel./fax: (51) 3221-9768/3212 -0170<br />
www.asofbm.com.br / twitter.com/asofBM_Poa / asofbm Briga<strong>da</strong> Militar<br />
travessa francisco de leonardo tru<strong>da</strong>, 40 - cj. 28 - 2º an<strong>da</strong>r - Porto alegre - Rs - ceP: 90010-050<br />
VIVaVOZ | número 15 | maio/junho de 2012<br />
3
VIVaVOZ | número 15 | maio/junho de 2012<br />
4<br />
espaço do leitor<br />
ReaJUste salaRial<br />
arnaldo Corrales<br />
Gostaria de parabenizar o TC José Carlos riccardi<br />
Guimarães e to<strong>da</strong> a sua equipe, <strong>em</strong> especial o<br />
Cap roger nardys vasconcellos, que com extr<strong>em</strong>a<br />
habili<strong>da</strong>de e competência souberam conduzir a<br />
questão salarial dos oficiais <strong>da</strong> Briga<strong>da</strong> Militar, junto<br />
ao Governo do Estado. Concordo que não é o que<br />
realmente gostaríamos e merecíamos, mas foi uma<br />
grande vitória. isso é apenas o início. Tenho certeza<br />
que conseguir<strong>em</strong>os alcançar todos os objetivos <strong>da</strong> CnS.<br />
moisés menezes marlei Stein<br />
Meus sinceros cumprimentos ao meu veterano José<br />
Carlos riccardi Guimarães, ao Cap roger nardys<br />
vasconcellos e aos associados que também faz<strong>em</strong> parte<br />
desta primeira conquista <strong>da</strong> ASOFBM!<br />
Julio rocha<br />
Parabéns presidente e d<strong>em</strong>ais m<strong>em</strong>bros <strong>da</strong> CnS.<br />
Somente com muita persistência e esforço conseguir<strong>em</strong>os<br />
atingir nossos objetivos. A peleia está só começando,<br />
muita água ain<strong>da</strong> irá rolar, mas tenho certeza que no final<br />
sair<strong>em</strong>os vitoriosos e ca<strong>da</strong> vez mais unidos.<br />
Reeleição<br />
Cel. Claudio garcia<br />
www.asofbm.com.br<br />
vou ser b<strong>em</strong> objetivo, eis que a reeleição do TC riccardi<br />
na<strong>da</strong> mais é do que o reconhecimento do excelente<br />
trabalho de sua equipe, <strong>em</strong> prol dos interesses dos<br />
Oficias e <strong>da</strong> própria instituição. Abraços e que DEUS<br />
continue iluminando-os.<br />
aNiveRsáRio asofBM<br />
acácio Batista ramos<br />
Parabéns ASOFBM! Muitas felici<strong>da</strong>des ao Presidente e<br />
a equipe desta associação. Saúde e Paz a todos.<br />
fÓrUm<br />
a aSOfBm QUEr SaBEr O QUE VOCÊ PEnSa<br />
Durante a s<strong>em</strong>ana que os deputados votaram o<br />
PLC 82/2012 e o PLC 83/2012, a ASOFBM<br />
publicou no site a enquete:<br />
Você é contra ou a favor do aumento <strong>da</strong><br />
contribuição previdenciária dos servidores<br />
públicos de 11% para 13,25% ?<br />
a favor - 9,09% dos votos<br />
Contra - 90,91% dos votos<br />
esPaço do associado<br />
COnSULTa JUrídICa graTUITa<br />
A partir de set<strong>em</strong>bro, os associados <strong>da</strong> ASOFBM<br />
vão poder contar com a consultoria jurídica online.<br />
Basta acessar ao site www.asofbm.com.br que o<br />
sócio terá <strong>em</strong> 48 horas as repostas de suas dúvi<strong>da</strong>s.<br />
no formulário o associado terá a opção de querer<br />
ou não divulgar no site suas perguntas.<br />
núCLEO dE aPOIO TéCnICO JUrídICO<br />
Além <strong>da</strong> consultoria jurídica online, o corpo<br />
técnico <strong>da</strong> ASOFBM estará também atendendo o<br />
associado, a partir de set<strong>em</strong>bro to<strong>da</strong>s as quartas e<br />
quintas-feiras pela manhã, na sede <strong>da</strong> associação,<br />
Travessa Leonardo Tru<strong>da</strong>, número 40, conj 28,<br />
centro de Porto Alegre.
Oassunto até hoje<br />
não é discutido<br />
dentro <strong>da</strong>s instituições.<br />
Como também<br />
pouco se sabe<br />
se os presos políticos recebiam o<br />
mesmo tratamento dos policiais<br />
<strong>da</strong>s forças arma<strong>da</strong>s, <strong>da</strong>s polícias<br />
civil, federal e Briga<strong>da</strong> Militar.<br />
Entretanto, a ASOFBM, através<br />
do ex-preso político, Paulo de Tarso<br />
Carneiro, revela que a Briga<strong>da</strong><br />
Militar atuava diferente, <strong>em</strong> plena<br />
época <strong>da</strong>s trevas <strong>da</strong> ditadura.<br />
O jornalista José Mitchell trabalhou<br />
nesse período, como repórter<br />
<strong>da</strong> sucursal gaúcha do Jornal do<br />
Brasil. Cobriu fatos im<strong>por</strong>tantes e<br />
fazia a cobertura quase diária <strong>da</strong><br />
especial<br />
e PoR falaR eM coMissão<br />
<strong>da</strong> VEr<strong>da</strong>dE<br />
nO mÊS dE maIO, QUandO fOI InSTaLa<strong>da</strong> a COmISSãO naCIOnaL <strong>da</strong> VEr<strong>da</strong>dE QUE TraZ a<br />
PúBLICO faTOS aTé hOJE OCULTadOS SOBrE O PEríOdO <strong>da</strong> dITadUra mILITar nO BraSIL, a<br />
aSSOCIaçãO dOS OfICIaIS <strong>da</strong> BrIga<strong>da</strong> mILITar OUVIU dEPOImEnTOS dE QUEm rEgISTrOU ESSE<br />
PEríOdO nO PaíS E dE QUEm SOfrEU aS VIOLaçõES aOS dIrEITOS hUmanOS.<br />
Auditoria Militar. O material rendeu<br />
o livro “Segredos à Direita<br />
e à Esquer<strong>da</strong> <strong>da</strong> Ditadura Militar”,<br />
editado pela rBS Publicações,<br />
capa dessa edição <strong>da</strong> revista<br />
viva voz. na obra, Mitchell<br />
não encobre nomes, dá informações<br />
im<strong>por</strong>tantes sobre os passos<br />
<strong>da</strong> repressão militar e as ações <strong>da</strong><br />
esquer<strong>da</strong> brasileira. Segundo ele,<br />
tanto a direita, como a esquer<strong>da</strong><br />
são responsáveis pelas agressões<br />
à d<strong>em</strong>ocracia. Mitchell ganhou<br />
diversos prêmios de jornalismo,<br />
mas comenta na ASOFBM, que<br />
“o mais im<strong>por</strong>tantes deles, foi<br />
na noite de autógrafo do livro,<br />
quando vi reunidos agentes <strong>da</strong><br />
direita e <strong>da</strong> esquer<strong>da</strong>”.<br />
Através <strong>da</strong> obra do jornalista,<br />
a associação encontrou um<br />
dos integrantes <strong>da</strong> vAr-Palmares<br />
(vanguar<strong>da</strong> Arma<strong>da</strong> revolucionária<br />
Palmares). Paulo de Tarso<br />
Carneiro foi preso duas vezes,<br />
<strong>por</strong> pertencer a um dos principais<br />
grupos <strong>da</strong> luta arma<strong>da</strong>, que<br />
fazia oposição ao governo militar.<br />
A primeira prisão foi <strong>em</strong><br />
1968, foram dez dias, no Presídio<br />
Tiradentes. A segun<strong>da</strong>, <strong>em</strong><br />
1970, durou um ano. na última,<br />
foi vítima de crimes horrendos.<br />
Paulo de Tarso foi preso, durante<br />
o expediente no banco. O<br />
contingente de policias, coman<strong>da</strong>dos<br />
<strong>por</strong> dois delegados <strong>da</strong> polícia<br />
federal, era composto <strong>por</strong><br />
RBs PUBlicações<br />
VIVaVOZ | número 15 | maio/junho de 2012<br />
5
VIVaVOZ | número 15 | maio/junho de 2012<br />
6<br />
especial<br />
Jornalista José Mitchell na<br />
ASOFBM. Mitchell é autor do livro<br />
“Segredos à Direita e à Esquer<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> Ditadura Militar”<br />
um grupo <strong>da</strong> Briga<strong>da</strong> Militar e<br />
policiais do DOPS. Depois de<br />
alg<strong>em</strong>ado foi levado, primeiro<br />
para a delegacia de polícia, <strong>em</strong><br />
Caxias do Sul. Em uma viatura<br />
<strong>da</strong> Polícia Federal foi transferido<br />
para Porto Alegre. no Departamento<br />
de Ord<strong>em</strong> Política e Social<br />
(DOPS) nas duas primeiras<br />
noites dormiu <strong>em</strong> baixo de uma<br />
mesa. no terceiro dia, junto<br />
com Jorge Fischer nunes, outro<br />
preso, foi conduzido para um<br />
conjunto de salas, <strong>em</strong> reforma.<br />
nas salas havia cerca de 100<br />
pessoas deti<strong>da</strong>s. To<strong>da</strong>s ficavam<br />
alg<strong>em</strong>a<strong>da</strong>s e encapuza<strong>da</strong>s para<br />
não identificar<strong>em</strong> os policiais.<br />
Segundo Carneiro, os presos estavam<br />
à disposição do DOPS e,<br />
quando conduzidos para os interrogatórios,<br />
eram deslocados<br />
com capuz e alg<strong>em</strong>ados. nessas<br />
ocasiões, o policial condutor<br />
não advertia sobre a direção e<br />
para onde dobrar. “Era para que<br />
a pessoa batesse nas paredes e<br />
caísse no chão”. Carneiro afirma,<br />
“os policiais se comunicavam<br />
com a gente com pontapés<br />
e chute nos testículos”.<br />
Pau de arara<br />
no DOPS, Carneiro foi torturado<br />
no pau de arara. Uma<br />
técnica onde o preso ficava total-<br />
asofBM<br />
mente nu, na posição de galinha<br />
(braços <strong>por</strong> cima dos joelhos)<br />
uma barra de ferro era coloca<strong>da</strong><br />
<strong>em</strong>baixo dos joelhos. As mãos<br />
eram alg<strong>em</strong>a<strong>da</strong>s <strong>em</strong> cima <strong>da</strong> barra.<br />
Entre o interrogatório, uma<br />
mangueira vertendo água era<br />
coloca<strong>da</strong> na boca do preso. “Ali,<br />
eles faziam de tudo com a gente”,<br />
l<strong>em</strong>bra. Pau de arara, choques<br />
elétricos, golpes nas costas com<br />
o papa-léguas e torturas <strong>da</strong> “pesa<strong>da</strong>”,<br />
os policiais anunciavam a<br />
técnica que seria aplica<strong>da</strong> antes<br />
de torturar o preso. na primeira<br />
noite de pau de arara, o jov<strong>em</strong><br />
policial informava que a técnica<br />
tinha orig<strong>em</strong> egípcia. Carneiro<br />
afirma que o aparato policial do<br />
DOPS era coman<strong>da</strong>do pelo delegado<br />
Pedro Seelig, que estava subordinado<br />
ao Diretor do Departamento<br />
de investigações, Major<br />
Átila roetzer, que tinha contato<br />
direto com o comando do iii<br />
Exército. Ou seja, os operadores<br />
eram policiais civis, mas, o comando<br />
era militar. Segundo Carneiro,<br />
no quarto dia, o Major se<br />
comunicou <strong>por</strong> rádio com o iii<br />
Exército e pediu um oficial mais<br />
competente <strong>por</strong>que, para ele, o<br />
pessoal do DOPS era fraco e não<br />
sabia interrogar. Chegou, então,<br />
o Pablo, codinome do Major<br />
Malhães. Paulo de Tarso afirma<br />
que o Major ficou 42 dias s<strong>em</strong><br />
dormir, só torturando. Carneiro<br />
completa, “a tortura t<strong>em</strong> objetivo<br />
de destruir a personali<strong>da</strong>de. O<br />
torturador precisava nos aniquilar<br />
fisicamente e psicologicamente<br />
para obter as informações que<br />
julgava que possuíamos.”<br />
Segredos entre presos<br />
e policiais<br />
De acordo com o relato<br />
de Carneiro, certo dia entra no<br />
DOPS, um pelotão de sol<strong>da</strong>dos <strong>da</strong><br />
Briga<strong>da</strong> Militar. Eram jovens, treinados<br />
para combater operações de<br />
guerrilha. no livro de Mitchell, o<br />
jornalista destaca a entrevista com<br />
Carneiro, na página 189:<br />
Paulo de Tarso Carneiro recor<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de do major,<br />
depois coronel- mais tarde, coman<strong>da</strong>nte-geral<br />
<strong>da</strong> Briga<strong>da</strong> Militar-<br />
Jesus Linares Guimarães,<br />
quando a Briga<strong>da</strong> Militar ficou<br />
com a atribuição de cui<strong>da</strong>r dos<br />
presos políticos do Dops. “Até então,<br />
dormíamos na pedra fria do<br />
chão, de capuz e alg<strong>em</strong>ados. No<br />
primeiro dia <strong>em</strong> que a Briga<strong>da</strong><br />
Militar assumiu a nossa guar<strong>da</strong>,<br />
o Jesus nos atendeu com respeito<br />
e providenciou colchões e cobertores.<br />
Conversávamos também com<br />
os sol<strong>da</strong>dos, eram muito jovens,<br />
de boa índole. Descobri que um<br />
deles tinha sido aluno <strong>da</strong> minha<br />
irmã, professora <strong>em</strong> Cacequi”,<br />
contou Carneiro. Nos intervalos<br />
dos interrogatórios, os presos podiam<br />
ficar s<strong>em</strong> o capuz e conversar<br />
baixinho, já que a proibição<br />
de <strong>falar</strong> era uma regra exigi<strong>da</strong><br />
pelo Dops. Havia até uma senha<br />
secreta entre os PMs e os presos,<br />
segundo Carneiro: “Quando um<br />
policial do Dops avisava que ia<br />
pegar algum dos presos, os policiais<br />
militares <strong>da</strong>vam três batidinhas<br />
com o pé no chão ou na <strong>por</strong>ta<br />
<strong>da</strong>s celas, sinal secreto e quase<br />
silencioso de aviso <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> do<br />
pessoal do Dops e que todos deveriam<br />
calar-se”.<br />
na ASOFBM, Carneiro<br />
comenta, “quando o comando<br />
passou a ser feito pela Briga<strong>da</strong>,<br />
percebi no inferno, que n<strong>em</strong><br />
tudo estava perdido”. Segundo<br />
ele, foi estabeleci<strong>da</strong> uma relação<br />
de respeito entre os presos e<br />
os policiais <strong>da</strong> Briga<strong>da</strong>. “Eu fiz
questão de guar<strong>da</strong>r o nome do<br />
Coronel Jesus Linares Guimarães.<br />
nós vivíamos <strong>em</strong> condições<br />
animalescas. S<strong>em</strong> banho há<br />
30 dias, sob tortura, aí aparece<br />
alguém que nos trata de forma<br />
humanitária, não tenho como<br />
esquecer esse nome”.<br />
O presidente <strong>da</strong> ASOFBM,<br />
TC José Carlos riccardi Guimarães,<br />
filho do coman<strong>da</strong>nte Guimarães,<br />
tinha 10 anos naquele<br />
período <strong>da</strong> ditadura. Ele reforça<br />
que s<strong>em</strong>pre soube que a Briga<strong>da</strong><br />
agia dessa forma com os presos<br />
políticos, pois acompanhava o<br />
pai, vivia os bastidores. “É muito<br />
im<strong>por</strong>tante resgatar a história<br />
e registrar a diferença e os bons<br />
serviços prestados pela Cor<strong>por</strong>ação<br />
à socie<strong>da</strong>de”, destaca o presidente.<br />
Para o TC riccardi, a<br />
Briga<strong>da</strong>, ao longo dos 174 anos<br />
é fiel à orig<strong>em</strong>, serve à população,<br />
independente do sist<strong>em</strong>a<br />
ou partido político. “não somos<br />
treinados para praticar violência,<br />
tortura, mas sim para proteger”,<br />
declara. Carneiro completa durante<br />
a entrevista que “foram<br />
os el<strong>em</strong>entos <strong>da</strong>s forças arma<strong>da</strong>s<br />
que mancharam a história”.<br />
“Acho que, hoje, os comandos<br />
<strong>da</strong>s três forças deveriam apurar o<br />
que houve e punir seus próprios<br />
sol<strong>da</strong>dos para que, no futuro, isto<br />
não mais aconteça”, reforça.<br />
Paulo de Tarso l<strong>em</strong>bra que<br />
no dia 30 de abril de 1970, os<br />
presos políticos foram conduzidos<br />
para o Presídio Central, sob<br />
alegação de que poderia haver<br />
uma invasão no Palácio <strong>da</strong> Polícia<br />
para libertá-los.“Quando<br />
chegamos, fomos fotografados<br />
totalmente nus. A possibili<strong>da</strong>de<br />
de não estarmos mais à disposição<br />
dos torturadores, me deu<br />
uma sensação de alívio. Chegamos<br />
<strong>por</strong> volta <strong>da</strong>s 22 horas e, já<br />
nas celas individuais, receb<strong>em</strong>os<br />
um prato de comi<strong>da</strong> velha, com<br />
peixe. isto não me perturbou.<br />
Deitei num colchão velho e<br />
sujo, dormi profun<strong>da</strong>mente. na<br />
manhã, ao acor<strong>da</strong>r, verifiquei<br />
que estava todo picado <strong>por</strong> percevejos,<br />
pulgas e outros bichos”.<br />
no dia 13 de maio, quando Carneiro<br />
completou 28 anos, foi<br />
levado para a ilha do Presídio,<br />
onde os presos eram mantidos<br />
<strong>em</strong> condições insalubres. “Lá as<br />
paredes eram sujas de mer<strong>da</strong> e<br />
sangue. Todos estavam doentes,<br />
com feri<strong>da</strong>s, sífilis. Muitos saíram<br />
no colo de outros, tal era a<br />
situação de fraqueza.”, relata.<br />
Paulo de Tarso Carneiro na ASOFBM com o presidente,<br />
TC José Carlos Riccardi Guimarães e o diretor do<br />
departamento de cultura, Cel Ubirajara Anchieta<br />
asofBM<br />
Coman<strong>da</strong>nte-geral <strong>da</strong> BM,<br />
Jesus Linares Guimarães,<br />
déca<strong>da</strong> de 70<br />
Hoje, Carneiro é anistiado<br />
político. O advogado está com<br />
70 anos, é casado, t<strong>em</strong> três filhos<br />
e um neto. “A tortura deixou<br />
muitas sequelas. Muitos se<br />
suici<strong>da</strong>ram. não conseguiram<br />
tocar a vi<strong>da</strong>. Perderam a estabili<strong>da</strong>de<br />
<strong>em</strong>ocional, outros, até<br />
hoje, não quer<strong>em</strong> mais se envolver<br />
com política. Têm medo.<br />
Enquanto isso, nossos torturadores<br />
foram agraciados com<br />
me<strong>da</strong>lhas, promovidos e não<br />
perderam o <strong>em</strong>prego. Eu fui<br />
preso, torturado, julgado e condenado.<br />
Fui d<strong>em</strong>itido do Banco<br />
do Brasil, <strong>por</strong> justa causa. Até<br />
hoje, na<strong>da</strong> recebi pelos anos <strong>em</strong><br />
que fiquei fora do banco. Quero<br />
Justiça”, desabafa.<br />
Paulo, veio na ASOFBM e<br />
concedeu entrevista à revista<br />
viva voz não só para resgatar<br />
a m<strong>em</strong>ória dos t<strong>em</strong>pos <strong>em</strong> que<br />
tentou combater a ditadura ao<br />
lutar pela d<strong>em</strong>ocracia. Mas, para<br />
confirmar o relato que poucos<br />
sab<strong>em</strong>, ain<strong>da</strong> considerado segredo<br />
entre presos políticos e policiais<br />
<strong>da</strong> Briga<strong>da</strong> Militar. Carneiro<br />
acredita que é im<strong>por</strong>tante a<br />
história vir à tona, mas confessa,<br />
“só passei a admirar a Briga<strong>da</strong><br />
Militar depois do tratamento<br />
respeitoso que tive quando estava<br />
preso”.<br />
aRQUivo Pessoal<br />
VIVaVOZ | número 15 | maio/junho de 2012<br />
7
VIVaVOZ | número 15 | maio/junho de 2012<br />
8<br />
1964:<br />
especial<br />
Uma aTITUdE marCanTE...<br />
Do meu ingresso na Briga<strong>da</strong><br />
Militar, <strong>em</strong> 14 de fevereiro de<br />
1977, até minha transferência<br />
para a reserva, a pedido, <strong>em</strong> 23<br />
de março de 2010, muito pouco<br />
me foi contado pelos companheiros<br />
de far<strong>da</strong> mais antigos,<br />
sobre as ações <strong>da</strong> Cor<strong>por</strong>ação,<br />
relaciona<strong>da</strong>s à (contra) revolução<br />
de 1964. Eu não perguntava,<br />
eles não me contavam. Eventualmente,<br />
o assunto foi superficialmente<br />
abor<strong>da</strong>do. O foco dos<br />
estudos acadêmicos e <strong>da</strong>s ações<br />
operacionais era o novo “policiamento<br />
ostensivo”.<br />
Como regra, os relatos existentes<br />
são de orig<strong>em</strong> externa à<br />
Cor<strong>por</strong>ação, ou seja, relatos de<br />
qu<strong>em</strong> viu o mesmo objeto, sob<br />
outro ângulo. Conheço apenas<br />
uma publicação, de autoria de<br />
um brigadiano, oficial superior,<br />
nosso companheiro de far<strong>da</strong>, que<br />
refere à situação dos integrantes<br />
<strong>da</strong> Cor<strong>por</strong>ação que foram atingidos<br />
pelos Atos institucionais.<br />
Percorrendo a Feira do Livro,<br />
<strong>em</strong> Porto Alegre, no dia 15<br />
de nov<strong>em</strong>bro de 2011, vi o livro<br />
“Segredos à direita e à esquer<strong>da</strong><br />
na Ditadura Militar”. Editora<br />
rBS. O autor, um jornalista de<br />
renome. Li o Sumário. Comprei.<br />
Fui lendo s<strong>em</strong> pressa, <strong>em</strong>bora eu<br />
estivesse quatro anos atrasado<br />
(o livro foi editado <strong>em</strong> 2007).<br />
Paulo rogério machado Porto coronel RR<br />
Ao chegar à página 189,<br />
com surpresa, li o relato de uma<br />
entrevista concedi<strong>da</strong> ao autor<br />
do livro, onde um ci<strong>da</strong>dão, que<br />
estava privado de sua liber<strong>da</strong>de,<br />
elogiava os seus carcereiros – integrantes<br />
de uma equipe de profissionais<br />
<strong>da</strong> Briga<strong>da</strong> Militar –,<br />
pelo trato humanitário que estes<br />
lhe dispensaram. Fiquei <strong>em</strong> dúvi<strong>da</strong>.<br />
Será que compreendi corretamente?<br />
num contexto onde<br />
só se registram críticas, um preso<br />
está elogiando seus carcereiros?<br />
Abstraindo-me <strong>da</strong> pessoa do<br />
então Major Jesus Linares Guimarães<br />
– o Oficial coman<strong>da</strong>nte<br />
<strong>da</strong> equipe de brigadianos –, citado<br />
nominalmente pelo entrevistado,<br />
fixo-me na instituição que<br />
ele integra(va) e representa(va).<br />
Uma instituição cria<strong>da</strong> há 174<br />
anos, com o propósito de “auxiliar<br />
as Justiças, manter a boa<br />
ord<strong>em</strong>, a segurança pública...” e<br />
que, <strong>em</strong> conceituações modernas,<br />
está autoriza<strong>da</strong>, pelo consentimento<br />
social e pela lei, a<br />
defender a socie<strong>da</strong>de, até mesmo<br />
com o <strong>em</strong>prego <strong>da</strong> força, se necessário.<br />
Uma instituição que<br />
realiza suas ações sob a inspiração<br />
dos valores “servir” e<br />
“proteger” a socie<strong>da</strong>de gaúcha e<br />
t<strong>em</strong> nos Oficiais <strong>da</strong> Carreira de<br />
nível Superior <strong>da</strong> Briga<strong>da</strong> Militar,<br />
os principais cultuadores,<br />
multiplicadores e defensores do<br />
correto entendimento e aplicação<br />
de tais valores <strong>por</strong> todos os<br />
integrantes <strong>da</strong> Cor<strong>por</strong>ação.<br />
A atitude do Major, segui<strong>da</strong><br />
<strong>por</strong> seus coman<strong>da</strong>dos, que mais<br />
de trinta anos após v<strong>em</strong> ao conhecimento<br />
público, é mais um<br />
entre tantos ex<strong>em</strong>plos <strong>por</strong> ele<br />
legado às presentes e futuras<br />
gerações de integrantes <strong>da</strong> Briga<strong>da</strong><br />
Militar. Por certo, uma atitude<br />
marcante, para o ci<strong>da</strong>dão<br />
que estava sob custódia e para a<br />
cultura institucional, onde perpetuar-se-á<br />
como ex<strong>em</strong>plo de<br />
padrão adequado (e esperado)<br />
de des<strong>em</strong>penho dos Oficiais <strong>da</strong><br />
Carreira de nível Superior <strong>da</strong><br />
Briga<strong>da</strong> Militar, os principais<br />
responsáveis pela gestão superior<br />
<strong>da</strong> Cor<strong>por</strong>ação.<br />
Também será mais um ato<br />
concreto que contribuirá para<br />
que a socie<strong>da</strong>de tenha a real compreensão<br />
do papel institucional<br />
dos Oficiais <strong>da</strong> Carreira de nível<br />
Superior, planejando, coman<strong>da</strong>ndo<br />
a execução e realizando o controle<br />
interno <strong>da</strong>s ações de polícia<br />
ostensiva, de competência <strong>da</strong><br />
Briga<strong>da</strong> Militar.Por fim, agradeço<br />
ao autor do livro, Jornalista José<br />
Mitchell, <strong>por</strong> ter me propiciado<br />
conhecer um pouco mais a respeito<br />
<strong>da</strong>s marcas que identificam<br />
a nossa ama<strong>da</strong> Briga<strong>da</strong>.
o PodeR:<br />
Uma faCa dE dOIS gUmES<br />
Talvez n<strong>em</strong> todos vão entender<br />
a afirmação <strong>em</strong> epígrafe, eis<br />
que os mais modernos, para não<br />
dizer os mais jovens, talvez nunca<br />
tenham ouvido um palavreado<br />
como este. no entanto, aqueles<br />
que tiveram a o<strong>por</strong>tuni<strong>da</strong>de de<br />
chegar até lá – no Poder ou nas<br />
suas proximi<strong>da</strong>des mais íntimas,<br />
mesmo s<strong>em</strong> denotar o seu conhecimento,<br />
sofr<strong>em</strong> ou sofreram desta,<br />
que pod<strong>em</strong>os chamar, síndrome<br />
do poder. Talvez muitos vão<br />
perguntar: “o que ele quer dizer<br />
com isso?” e, claro, gostariam de<br />
receber uma resposta, pelo menos<br />
plausível ou melhor que decifre o<br />
significado de tal assertiva.<br />
Pois b<strong>em</strong>, aqueles que já passaram<br />
<strong>por</strong> este caminho, que <strong>por</strong><br />
força <strong>da</strong> própria conjuntura foram<br />
alijados, sent<strong>em</strong>-se frustrados<br />
no seu anseio de ali permanecer,<br />
<strong>da</strong>do justamente, a todos<br />
esses efeitos circunstanciais que<br />
nós, mesmo afastados ou nunca<br />
dele tendo participado, tomamos<br />
conhecimento dos fatos e feitos<br />
dos probl<strong>em</strong>as conjunturais.<br />
Pod<strong>em</strong>os citar nomes com<br />
ex<strong>em</strong>plos flagrantes, mas não é<br />
este o objetivo desta pequena opereta,<br />
eis que o objetivo é assim,<br />
uma espécie de alerta para aqueles<br />
que <strong>por</strong> ventura venham a sentir<br />
o frescor <strong>da</strong> brisa que envolve essa<br />
distinção – pertencer, fazer parte,<br />
Elomar Johanson cel Reformado<br />
integrar o Poder – o que nos parece<br />
e penso que para muitos, isto<br />
seja simplesmente um momento.<br />
O sentido de “uma faca de<br />
dois gumes” é amplo <strong>em</strong> seu sentido,<br />
mas vejamos a coisa, primeiro<br />
superficialmente para depois<br />
nos aprofun<strong>da</strong>r, n<strong>em</strong> que seja um<br />
pouco. E, neste sentido, vamos<br />
verificar o seguinte: há pessoas<br />
que ao ser<strong>em</strong> distraí<strong>da</strong>s do circulo<br />
do poder, sujeitam-se, desculp<strong>em</strong>me<br />
a terminologia, sujeitam-se e<br />
utilizam-se dos mais variados<br />
subterfúgios e servilismo para ali<br />
permanecer<strong>em</strong> ou voltar<strong>em</strong>, para<br />
tanto, tomo a liber<strong>da</strong>de de buscar<br />
<strong>em</strong> Tacitho a seguinte afirmação:<br />
“omnia servilitur pro dominatione”,<br />
cuja tradução b<strong>em</strong> pode<br />
ser utiliza<strong>da</strong> como compl<strong>em</strong>ento<br />
ao descrito acima: “ser servil <strong>em</strong><br />
tudo para chegar ao poder”.<br />
É natural, assim como lógico,<br />
e isto é imanente ao ser humano,<br />
buscar o poder. Alguns utilizam os<br />
mais sórdidos e obscuros el<strong>em</strong>entos<br />
para ali se acostar<strong>em</strong>. Outros,<br />
no entanto, ali chegam sob a mais<br />
resplendente luz de sabedoria, capaci<strong>da</strong>de<br />
e outros fatores inerentes<br />
que adornam a personali<strong>da</strong>de<br />
e dão a resposta necessária e irrefragável<br />
<strong>da</strong> sua pessoa. Outros, os<br />
menos avisados sobre o jogo do<br />
poder, sofr<strong>em</strong> “a posteriori”, com<br />
o preconceito de ter estado nos es-<br />
caninhos do poder, s<strong>em</strong> que para<br />
isso tenham se utilizado de qualquer<br />
ensaio novelesco.<br />
Eis o <strong>por</strong>quê o titulo – faca<br />
de dois gumes – tendo <strong>em</strong> vista a<br />
complexi<strong>da</strong>de de uma vi<strong>da</strong> sob a<br />
égide do poder e, repentinamente<br />
sofrer o alijamento, às vezes s<strong>em</strong><br />
qualquer explicação significativa.<br />
Este poderá tratar-se de um<br />
texto filosófico, haja vista que<br />
ensaiamos aqui uma pequena e<br />
singela crônica sobre um aspecto<br />
de vi<strong>da</strong> que nos é, praticamente,<br />
diuturnamente conhecido. Claro<br />
está que não há, nesta digressão,<br />
critica referência a qualquer que<br />
seja, mas apenas um comentário<br />
que diz muito do nosso dia a dia<br />
político e administrativo.<br />
arTIgO<br />
VIVaVOZ | número 15 | maio/junho de 2012<br />
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PanOrama<br />
VIVaVOZ | número 15 | maio/junho de 2012<br />
10<br />
“Estamos entregando um relatório, apontando uma série de preocupações<br />
sobre a estrutura física e mental dos agentes <strong>da</strong> Cor<strong>por</strong>ação”,<br />
Presidente <strong>da</strong> aSOfBm, TC José Carlos riccardi guimarães representando<br />
os “OaBs-far<strong>da</strong>dos” durante a visita na OaB/rS, com o Coordenador <strong>da</strong><br />
<strong>Comissão</strong> de direitos humanos, ricardo Breier.<br />
divUlgação al/Rs<br />
“fui infeliz ao citar como ex<strong>em</strong>plo o reajuste salarial dos<br />
oficiais ao criticar a política salarial do governo Tarso Genro”,<br />
comentou o presidente do Partido Progressista<br />
(PP-rS) Celso Bernardi durante a visita na aSOfBm.<br />
asofBM<br />
divUlgação aoB/Rs<br />
“não estamos aqui defendendo uma questão cor<strong>por</strong>ativa.<br />
O t<strong>em</strong>a <strong>da</strong> Previdência é discutido <strong>em</strong> reuniões s<strong>em</strong>anais<br />
e t<strong>em</strong>os total convicção de que a proposta do governo é<br />
inconstitucional <strong>em</strong> razão <strong>da</strong> ausência de cálculo atuarial”,<br />
justificou o presidente <strong>da</strong> União Gaúcha, Pio giovani dresch<br />
<strong>da</strong> aJUrIS, contra o aumento <strong>da</strong> alíquota <strong>da</strong> previdência de<br />
11% para 13,25%, na ass<strong>em</strong>bleia Legislativa.<br />
divUlgação al/Rs<br />
divUlgação asofBM<br />
“Estamos registrando um começo<br />
promissor. nossos ideais são maiores.<br />
a contraparti<strong>da</strong> justa virá. é uma<br />
questão de união, trabalho e t<strong>em</strong>po”<br />
reforçou o Presidente <strong>da</strong> aSOfBm, TC<br />
José Carlos riccardi guimarães, junto<br />
com o Capitão roger Vasconcellos,<br />
durante a entrega do projeto na<br />
ass<strong>em</strong>bléia Legislativa/rS.<br />
“Estamos no processo de finalização do projeto salarial dos oficiais. Já apresentamos aos representantes dos núcleos<br />
e não poderíamos deixar de exibí-lo aos senhores”. comentou o TC riccardi aos Ex-coman<strong>da</strong>ntes que estiveram<br />
na aSOfBm, Cel José dilamar Vieira <strong>da</strong> Luz, Cel antônio Carlos maciel rodrigues, Cel roberto Ludwig, Cel Evaldo<br />
rodrigues de Oliveira, Cel Paulo roberto mendes rodrigues, Cel milton Weyrick e o Cel João Carlos Trin<strong>da</strong>de Lopes.<br />
asofBM
POr SEIS mESES, a aSSOCIaçãO dOS OfICIaIS <strong>da</strong> BrIga<strong>da</strong> mILITar SE rEUnIU COm O gOVErnO<br />
Para nEgOCIar O rEaJUSTE SaLarIaL dOS OfICIaIS <strong>da</strong> CarrEIra dE níVEL SUPErIOr <strong>da</strong> Bm.<br />
Uma nEgOCIaçãO QUE gErOU mUITa anSIE<strong>da</strong>dE EnTrE OS OfICIaIS E dOr dE CaBEça Para O<br />
gOVErnO, POIS O rEaJUSTE EnVOLVIa OS mILITarES ESTadUaIS E POLICIaIS CIVIS.<br />
depois de muitas reuniões entre a ASOFBM e a<br />
Casa Civil para construir o projeto salarial, entregue<br />
no dia 12 de junho, na Ass<strong>em</strong>bleia Legislativa,<br />
um erro na re<strong>da</strong>ção provocou intenso trabalho<br />
na associação. Além de corrigir o texto, a ASOFBM teve<br />
que acalmar os ânimos exaltados de alguns oficiais.<br />
O presidente <strong>da</strong> associação, TC José Carlos<br />
riccardi Guimarães e o diretor de divulgação, Capitão<br />
roger nardys vasconcellos não deram trégua<br />
ao Governo Tarso Genro, enquanto não tiveram<br />
a certeza que o projeto de lei iria a votação de<br />
acordo com o que havia sido negociado. E não deu<br />
outra. A Ass<strong>em</strong>bleia Legislativa retificou a proposta<br />
do Piratini e no dia 12 de julho, o PL 140/2012<br />
foi aprovado <strong>por</strong> unanimi<strong>da</strong>de pelos parlamentares.<br />
As correções foram anexa<strong>da</strong>s <strong>por</strong> <strong>em</strong>en<strong>da</strong>.<br />
De acordo com o projeto aprovado, a partir<br />
de 1 de agosto desse ano até nov<strong>em</strong>bro de 2018,<br />
a nova matriz com o novo soldo absorve a GiAP, a<br />
FGBM e o abono dos Capitães. Sobre o novo soldo<br />
incidirão as vantagens t<strong>em</strong><strong>por</strong>ais <strong>da</strong> carreira<br />
(triênios e adicional de 15 e 25%). A verticali<strong>da</strong>de<br />
será <strong>em</strong> percentuais explícitos (Cel 100%, TC<br />
90%,Maj 81% e Cap 72,9%) sendo que a verticali<strong>da</strong>de<br />
do nível médio <strong>da</strong> BM terá <strong>por</strong> base o Ten<br />
100%, respeitando os 43% do Cel.<br />
Também ficou acertado entre a ASOFBM e o<br />
Governo que depois do recesso na Ass<strong>em</strong>bleia Legislativa,<br />
será encaminhado o PLC, para inserir na LC<br />
10.990/97 a substituição horizontal a to<strong>da</strong> Carreira<br />
de nível Superior <strong>da</strong> BM. A verticali<strong>da</strong>de para o<br />
Capitão (90% do soldo do Maj) se estabelece já no<br />
primeiro reajuste de 2013. A <strong>da</strong>ta-base, que havia<br />
sido projeta<strong>da</strong> para maio de 2013 e acabou sendo<br />
fraciona<strong>da</strong> para maio e nov<strong>em</strong>bro deverá ser melho-<br />
<strong>em</strong> Movimento<br />
a eXaUstiva Negociação salaRial <strong>da</strong><br />
aSOfBm COm O gOVErnO<br />
ra<strong>da</strong>. De acordo com o Capitão roger, será objeto<br />
de um novo PL, “só não foi agora <strong>por</strong>que a <strong>em</strong>en<strong>da</strong><br />
de líder não pode implicar <strong>em</strong> majoração orçamentária,<br />
sob pena de inconstitucionali<strong>da</strong>de”.<br />
“Perceb<strong>em</strong>os a serie<strong>da</strong>de do governo. Embora não<br />
seja tudo aquilo que os oficiais quer<strong>em</strong>, é um começo”,<br />
ressaltou o presidente <strong>da</strong> ASOFBM, Tenente<br />
Coronel, José Carlos riccardi Guimarães.<br />
Deputados aprovam <strong>por</strong> unanimi<strong>da</strong>de o<br />
reajuste salarial dos oficiais<br />
TC Vinícius de Lara do Tribunal de Contas,<br />
presidente <strong>da</strong> ASOFBM, TC José Carlos<br />
Riccardi Guimarães, Cap Roger Vasconcellos<br />
e o Maj Silvio Marcant Engelsing, chefe <strong>da</strong><br />
assessoria de relações institucionais do<br />
gabinete do Coman<strong>da</strong>nte-geral<br />
agêNcia de Notícia <strong>da</strong> al/Rs<br />
divUlgação asofBM<br />
VIVaVOZ | número 15 | maio/junho de 2012<br />
11
VIVaVOZ | número 15 | maio/junho de 2012<br />
12<br />
<strong>em</strong> Movimento<br />
cHaPa aPPaRício BoRges é Reeleita coM<br />
97% dOS VOTOS a faVOr<br />
nesse ano, a eleição <strong>da</strong> Associação dos Oficiais<br />
<strong>da</strong> Briga<strong>da</strong> Militar aconteceu de forma<br />
presencial, no dia 25 de maio, quando a<br />
ASOFBM completou 22 anos. O estatuto <strong>da</strong> instituição<br />
prevê a eleição <strong>por</strong> correspondência, mas<br />
como não houve chapa de oposição, os oficiais votaram<br />
os cinco titulares e suplentes do Conselho<br />
Deliberativo e os três titulares e suplentes do Conselho<br />
Fiscal, no clube Farrapos, <strong>em</strong> Porto Alegre.<br />
A Ass<strong>em</strong>bleia Geral Ordinária, realiza<strong>da</strong> antes<br />
do pleito, iniciou com o presidente reeleito, TC<br />
José Carlos riccardi Guimarães que ressaltou as<br />
presenças dos oficiais <strong>da</strong> reserva, “foram homens<br />
que se destacaram na Briga<strong>da</strong> Militar pelo traba-<br />
Oficiais <strong>da</strong> ativa votando<br />
Oficiais votando no Clube Farrapos,<br />
<strong>em</strong> Porto Alegre<br />
fotos: PatRícia Paes<br />
lho prestado à socie<strong>da</strong>de e que hoje estão ao lado<br />
<strong>da</strong> associação na luta pelas causas dos oficiais”. O<br />
presidente também agradeceu a confiança dos oficiais<br />
para coman<strong>da</strong>r <strong>por</strong> mais dois anos a enti<strong>da</strong>de<br />
e garantiu concretizar as reivindicações <strong>da</strong> categoria.<br />
Participaram do pleito, os oficiais <strong>da</strong> ativa e <strong>da</strong><br />
reserva. Além <strong>da</strong> comissão eleitoral, três escrutinadores<br />
realizaram a apuração dos votos.<br />
Autori<strong>da</strong>des do poder legislativo compareceram<br />
no local <strong>da</strong> votação para reforçar o apoio a atual gestão.<br />
O primeiro presidente <strong>da</strong> ASOFBM, Cel Paixão<br />
Carneiro Martins, destacou “presidir essa associação<br />
é um trabalho árduo, exige muita dedicação”. L<strong>em</strong>brou<br />
que “no passado não tínhamos essa abertura<br />
com o governo, consoli<strong>da</strong>do <strong>por</strong> essa gestão”. Os<br />
oficiais também sugeriram mu<strong>da</strong>nças no estatuto <strong>da</strong><br />
ASOFBM para que as próximas eleições sejam feitas<br />
pela internet. O novo diretor administrativo, Major<br />
Leandro Estabel Jung está articulando as ferramentas<br />
para o pleito eletrônico, como ampliar a rede de<br />
comunicação com a categoria e a socie<strong>da</strong>de.<br />
Posse<br />
A posse <strong>da</strong> diretoria executiva e dos conselheiros<br />
aconteceu na primeira reunião, no dia 21 de junho,<br />
no auditório <strong>da</strong> associação. O presidente <strong>da</strong> ASOFBM,<br />
TC José Carlos riccardi Guimarães destacou o valor<br />
do grupo que vai trabalhar até 2014, pelas causas dos<br />
Oficiais <strong>da</strong> Carreira de nível Superior. “É muito raro,<br />
até mesmo dentro <strong>da</strong> Briga<strong>da</strong> Militar, ter uma equipe<br />
tão talentosa como essa”, salientou.<br />
Durante a reunião, todos fizeram um balanço<br />
do trabalho <strong>da</strong> associação dos últimos dois anos<br />
e a expectativa para os anos seguintes. Além <strong>da</strong>s<br />
conquistas e negociações inicia<strong>da</strong>s pelo presidente<br />
reeleito, alguns representantes destacaram a im<strong>por</strong>tância<br />
<strong>em</strong> aumentar o número de associados e<br />
fortalecer a representação dos oficiais no Congresso<br />
nacional, <strong>em</strong> Brasília. reforçar a interiorização dos<br />
núcleos <strong>da</strong> ASOFBM, também foi um dos assuntos<br />
apontados pelos oficiais.“Todos caminhando juntos,<br />
lado a lado, é isso que espero de vocês e dos oficiais”,<br />
reforçou o TC riccardi. Confira no expediente <strong>da</strong><br />
revista os nomes que compõ<strong>em</strong> a nova diretoria.
iNteRioRização<br />
<strong>da</strong> aSOfBm<br />
Núcleo de Passo fUNdo – o NúMeRo 1<br />
Conhecer a história do núcleo de Passo Fundo<br />
é voltar a 1979. Época que um grupo de<br />
oficiais <strong>da</strong> reserva <strong>da</strong> Briga<strong>da</strong> Militar resolveu<br />
formar uma associação. O objetivo era reunir<br />
os oficiais para confraternização. Em 1991, um<br />
decreto municipal <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de também conheci<strong>da</strong><br />
como “Capital do Planalto Médio”, declarou a Associação<br />
dos Oficiais de Passo Fundo como uma<br />
enti<strong>da</strong>de de utili<strong>da</strong>de pública municipal.<br />
Mas, foi uma Ass<strong>em</strong>bleia Geral Deliberativa,<br />
<strong>em</strong> 2011, na Câmara de vereadores do município,<br />
que o centro <strong>da</strong>s discussões <strong>da</strong> categoria foi ampliado.<br />
O presidente <strong>da</strong> ASOFBM, TC José Carlos riccardi<br />
Guimarães e o vice-presidente, TC Marcelo<br />
Frota, resolveram unir o grupo, agregando os oficiais<br />
de nível superior (de Capitão a Coronel) <strong>da</strong> região.<br />
Assim, foi criado o núcleo <strong>da</strong> ASOFBM do Planalto,<br />
com o objetivo de debater e defender as reivindicações<br />
dos Oficiais <strong>da</strong> Carreira de nível Superior <strong>da</strong><br />
Briga<strong>da</strong> Militar. Durante a mesma Ass<strong>em</strong>bleia, <strong>por</strong><br />
aclamação, foram deliberados que os representantes<br />
do núcleo deveriam ser o Capitão valter ramos<br />
Kroeff e o vice, TC Fernando Carlos Bicca.<br />
Ass<strong>em</strong>bleia Geral Deliberativa, <strong>em</strong> Passo<br />
Fundo, o Cel Zimerman, mais antigo<br />
Coronel <strong>da</strong> região e o Cel Gonçalves, TC<br />
Bicca e Cap Kroeff<br />
divUlgação asofBM<br />
<strong>em</strong> Movimento<br />
fOrmadO POr 83 mUnICíPIOS, O núCLEO<br />
dE PaSSO fUndO fOI Um dOS PrImEIrOS a SEr<br />
CrIadO nO InTErIOr dO ESTadO gaúChO<br />
Oficiais do Núcleo <strong>da</strong> ASOFBM<br />
de Passo Fundo<br />
Localizado há 300 quilômetros de Porto Alegre,<br />
o município de Passo Fundo é o maior do norte<br />
do Estado. O TC Fernando Carlos Bicca, que<br />
atualmente ocupa a função de Chefe do Estado<br />
Maior do CrPO Planalto, comenta a reeleição <strong>da</strong><br />
chapa Cel Apparício Borges, que venceu as eleições<br />
duas vezes, <strong>em</strong> 2010 e 2012. “vamos continuar<br />
apoiando a diretoria <strong>da</strong> ASOFBM, eleita d<strong>em</strong>ocraticamente<br />
e contribuir para o bom an<strong>da</strong>mento<br />
<strong>da</strong> gestão 2012/2014”. Para ele, a associação está<br />
entrando na fase adulta. “T<strong>em</strong>os certeza de que a<br />
ASOFBM está nos levando a conquistar direitos e<br />
respeito perante a socie<strong>da</strong>de e instituições”.<br />
O representante do núcleo de Passo Fundo não<br />
se preocupa com o número de associados, reforça<br />
que, “não nos adianta ter um grande número de<br />
sócios, mas sim, que estes particip<strong>em</strong> ativamente<br />
<strong>da</strong>s discussões, para <strong>da</strong>r maior profundi<strong>da</strong>de e legitimi<strong>da</strong>de<br />
à nossa luta”. Completa que, “<strong>em</strong> razão<br />
<strong>da</strong> recente cultura d<strong>em</strong>ocrática do Brasil, nossa<br />
categoria ain<strong>da</strong> não aprendeu a exercitar seus<br />
direitos”. O TC Bicca observa que gra<strong>da</strong>tivamente<br />
o interesse dos oficiais <strong>da</strong> região, v<strong>em</strong> aumentando.<br />
Eles buscam informações e encaminham sugestões<br />
para a associação. “Mas muitos ain<strong>da</strong> não<br />
se deram conta de que a Briga<strong>da</strong> Militar somos<br />
nós e de que as posições adota<strong>da</strong>s <strong>em</strong> defesa de<br />
nossos interesses dev<strong>em</strong> ser discuti<strong>da</strong>s, no âmbito<br />
associativo, s<strong>em</strong> t<strong>em</strong>or de represálias”, reforça.<br />
VIVaVOZ | número 15 | maio/junho de 2012<br />
13
PErfIL / elton sal<strong>da</strong>nha<br />
VIVaVOZ | número 15 | maio/junho de 2012<br />
14<br />
o gaúcHo<br />
SEm frOnTEIra<br />
O TImBrE afInadO E O COnhECImEnTO <strong>da</strong> CULTUra dO rIO grandE dO SUL LEVaram ELTOn<br />
SaL<strong>da</strong>nha dO InTErIOr dE ITaQUI, a SEr Um CI<strong>da</strong>dãO dO mUndO. E aPESar <strong>da</strong> agEn<strong>da</strong> aPErTa<strong>da</strong>,<br />
SaL<strong>da</strong>nha aCEITOU COm OrgULhO a COmPOr JUnTO COm O amIgO anTônIO aUgUSTO<br />
fagUndES, O nICO fagUndES, a CançãO <strong>da</strong> aSSOCIaçãO dOS OfICIaIS <strong>da</strong> BrIga<strong>da</strong> mILITar.<br />
édifícil reconhecer Elton Sal<strong>da</strong>nha<br />
s<strong>em</strong> a pilcha. Mas, foi s<strong>em</strong><br />
a indumentária gaúcha tradicional<br />
que ele recebeu a equipe<br />
<strong>da</strong> Associação dos Oficiais <strong>da</strong><br />
Briga<strong>da</strong> Militar, no condomínio<br />
onde mora. O estilo campeiro<br />
de Elton está <strong>em</strong> todos os cantos<br />
<strong>da</strong> casa. na sala, muitos troféus<br />
de festivais, violão, gaita,<br />
lareira, na<strong>da</strong> l<strong>em</strong>bra a infância<br />
pobre. “Morei na rua quando<br />
vim para Porto Alegre”, declara<br />
entre um chimarrão e outro.<br />
Filho do dono de um modesto<br />
“bolicho”, bar de beira de<br />
estra<strong>da</strong>, <strong>em</strong> itaqui, Elton can-<br />
Cavalga<strong>da</strong> do Fim do Mundo, Patagônia, Argentina<br />
tava as histórias que ouvia dos<br />
tropeiros. “S<strong>em</strong> saber, já estava<br />
compondo”, l<strong>em</strong>bra. O rebelde,<br />
como ele se define, fugiu do<br />
quartel e veio para a capital de<br />
carona <strong>em</strong> um caminhão, com<br />
18 anos. S<strong>em</strong> dinheiro, foi procurar<br />
<strong>em</strong>prego e não conseguiu.<br />
“A música me acolheu, <strong>por</strong> sorte”,<br />
l<strong>em</strong>bra aliviado.<br />
Foi no Centro de Tradição<br />
Gaúcha – CTG 35, que iniciou<br />
a amizade com Juarez Bittencourt,<br />
renato Borghetti, nico<br />
Fagundes, rui Biriva e outros<br />
cantores ligados ao tradicionalismo.<br />
Para ganhar dinheiro, to-<br />
cava e cantava à noite. E Junto<br />
com a explosão do movimento<br />
cultural nativista, na déca<strong>da</strong><br />
de 80, a carreira de Elton Sal<strong>da</strong>nha<br />
começava a se desenhar.<br />
Os shows lotavam as casas. As<br />
gravadoras perceberam. Surge<br />
então, nesse período, a rádio<br />
Liber<strong>da</strong>de, que só tocava música<br />
gaúcha. A televisão passou a<br />
divulgar o trabalho dos jovens.<br />
Logo, foi criado um programa<br />
de Tv, o Galpão Crioulo, na<br />
rBS Tv. “Foi uma época de<br />
reconhecimento social <strong>da</strong> cultura<br />
gaúcha”. Aproveitando o<br />
<strong>em</strong>balo, Sal<strong>da</strong>nha lançou nesse
período, o primeiro disco pela<br />
Globo/Som Livre.<br />
Do primeiro LP, Elton não<br />
parou mais. Já são 18 discos gravados,<br />
sendo que <strong>em</strong> todos t<strong>em</strong> uma<br />
música de grande sucesso. Clássicos<br />
como: “Os Bonitão, Canta<br />
Catarina, Castelhana, Lá v<strong>em</strong> o<br />
rio Grande a Cavalo, Baile <strong>da</strong>s<br />
negra Toro, Eu sou do Sul”, não<br />
pod<strong>em</strong> faltar nos shows. E vale<br />
destacar que centenas de músicas<br />
de sucesso canta<strong>da</strong>s <strong>por</strong> outros artistas,<br />
são de sua autoria. A inspiração<br />
do cantor e compositor v<strong>em</strong><br />
de muita pesquisa. “Se vou fazer<br />
uma milonga revisito a cultura <strong>da</strong><br />
América Latina, dos árabes, espanhóis.<br />
Se faço uma vanera, passo<br />
<strong>por</strong> Cuba, Portugal. Se quero um<br />
xote, exploro Al<strong>em</strong>anha”.<br />
O currículo de Elton Sal<strong>da</strong>nha<br />
é diversificado. Chegou<br />
a interpretar o personag<strong>em</strong> rodrigo<br />
Cambará na primeira versão<br />
<strong>da</strong> minissérie <strong>da</strong> Tv Globo<br />
“O T<strong>em</strong>po e o vento”, mas foi<br />
substituído pelo ator Tarcísio<br />
Meira. “Fui aprovado para atuar<br />
nesse papel <strong>em</strong> uma seleção com<br />
30 mil pessoas”, afirma. “Como<br />
os diretores precisavam de um<br />
nome forte, <strong>por</strong> causa dos patro-<br />
“<br />
cinadores, fui preterido”.Quanto<br />
às minisséries produzi<strong>da</strong>s pela<br />
televisão para exibir a cultura<br />
gaúcha, Sal<strong>da</strong>nha é categórico,<br />
“elas pecam na trilha sonora, faz<strong>em</strong><br />
caricaturas musicais”.<br />
A leitura levou o cantor a<br />
se formar <strong>em</strong> jornalismo. Ele<br />
escreve para a revista Cavalo<br />
Crioulo. Apresentou programa<br />
na Televisão Educativa e na rádio<br />
rural. Do curso de jornalismo<br />
também iniciou a paixão<br />
<strong>por</strong> fotografia. neste ano, resolveu<br />
cursar Webdesign.<br />
Cavalo Crioulo e<br />
Cavalga<strong>da</strong>s<br />
Elton Sal<strong>da</strong>nha pertence à<br />
Confraria Cavaleiros <strong>da</strong> Paz. Já<br />
percorreu, o Uruguai, Argentina,<br />
Chile, Bolívia, Paraguai, Portugal<br />
e quase todos os estados do Brasil.<br />
Tudo isso no lombo de um cavalo.<br />
Em 2010, fez a cavalga<strong>da</strong> do Fim<br />
do Mundo, <strong>em</strong> Ushuaia e Calafate<br />
na Patagônia. nesse ano, vai participar<br />
<strong>da</strong> Cavalga<strong>da</strong> do Cooperativismo,<br />
que vai atravessar o rio<br />
Grande do Sul. vão ser percorridos<br />
700 quilômetros, <strong>em</strong> 22 dias.<br />
Em janeiro de 2013, pretende percorrer<br />
a África, a cavalo.<br />
aRQUivo Pessoal eltoN sal<strong>da</strong>NHa<br />
Músicos que acompanham Elton Sal<strong>da</strong>nha nos shows,<br />
durante o Programa Galpão Crioulo, RBS TV<br />
Elton Sal<strong>da</strong>nha com<br />
Renato Borghetti <strong>em</strong> início<br />
de carreira, <strong>em</strong> 1983<br />
Em set<strong>em</strong>bro, durante a S<strong>em</strong>ana<br />
Farroupilha, ele e o amigo<br />
nico Fagundes vão lançar a canção<br />
<strong>da</strong> ASOFBM.“Fiquei muito<br />
honrado com o convite do Coronel<br />
riccardi para com<strong>por</strong> e<br />
cantar essa música”. Sal<strong>da</strong>nha<br />
está pesquisando a história <strong>da</strong><br />
Briga<strong>da</strong> Militar. “S<strong>em</strong>pre admirei<br />
muito essa cor<strong>por</strong>ação <strong>por</strong>que<br />
é gaúcha e que considero<br />
a mais nobre. A orig<strong>em</strong> r<strong>em</strong>ete<br />
ao hom<strong>em</strong> a cavalo, que esteve<br />
presente nos momentos mais<br />
im<strong>por</strong>tantes <strong>da</strong> nossa história”.<br />
Elton Sal<strong>da</strong>nha está com<br />
56 anos. T<strong>em</strong> três filhos “avulsos”,<br />
como define. não casou,<br />
“mas ain<strong>da</strong> não estou fora do<br />
páreo”, brinca. “S<strong>em</strong>pre me envolvi<br />
muito com o trabalho, me<br />
distanciei dessa proposta instituí<strong>da</strong><br />
pela igreja”. Mas, garante<br />
“nunca estou sozinho”. Para o<br />
cantor, hoje as pessoas estão<br />
namorando mais e são mais felizes.<br />
Assim é Elton Sal<strong>da</strong>nha,<br />
ele canta, encanta. É dono de<br />
uma alegria contagiante. não<br />
é <strong>por</strong> acaso que deixa sau<strong>da</strong>de<br />
<strong>por</strong> onde passa.<br />
aRQUivo Pessoal eltoN sal<strong>da</strong>NHa<br />
VIVaVOZ | número 15 | maio/junho de 2012<br />
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VIVaVOZ | número 15 | maio/junho de 2012<br />
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científico<br />
oficial <strong>da</strong> BM Relata a Missão de Paz <strong>da</strong> oNU No<br />
SUdãO dO SUL - UnmISS<br />
OSudão do Sul é o mais novo país aceito na<br />
comuni<strong>da</strong>de de nações. Conseguiu sua independência<br />
do Sudão <strong>em</strong> 09 de julho do ano<br />
passado, após mais de 20 anos de guerra civil. A separação<br />
foi decidi<strong>da</strong> <strong>em</strong> um plebiscito onde a população<br />
escolheu <strong>em</strong> janeiro de 2011, com mais de 90% dos<br />
votos, a independência. Durante a guerra civil o sul<br />
possuía uma milícia rebelde que lutou intensamente<br />
contra o domínio do norte. Após a independência essa<br />
milícia rebelde tornou-se o exército regular do Sudão<br />
do Sul, o Su<strong>da</strong>n People Liberation Army - SPLA.<br />
Cap. Marcos Moraes transmitindo conhecimento<br />
para grupos de policiais, no Sudão do Sul<br />
nosso trabalho como UnPOL -Police Advisor,<br />
Conselheiro policial, é executar as ativi<strong>da</strong>des de treinamento<br />
<strong>da</strong> polícia sul-su<strong>da</strong>nesa. Este treinamento,<br />
<strong>em</strong>bora padronizado pela OnU, difere de local para<br />
local, de acordo com a estrutura que encontramos<br />
que normalmente é precária. Essa ativi<strong>da</strong>de é denomina<strong>da</strong><br />
de “co-location”. Após o treinamento inicial<br />
(induction Training), eu e o Capitão Jonas, gaúcho<br />
de Alegrete, mas que trabalha na Polícia Militar de<br />
Santa Catarina, fomos designados para o CSB Akobo,<br />
ci<strong>da</strong>de com aproxima<strong>da</strong>mente 15 mil habitantes<br />
situa<strong>da</strong> no Estado de Jonglei, na parte leste do país,<br />
na divisa com a Etiópia.<br />
Os desafios são grandes, a começar pelo idioma,<br />
que é o inglês. nosso trabalho diário é acompanhar as<br />
ativi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> polícia local. Durante os contatos com<br />
os policiais, transmitimos o conhecimento através de<br />
conversas com pequenos grupos sobre assuntos que<br />
englobam direitos humanos, direitos de pessoas presas,<br />
direitos de crianças e mulheres, uso <strong>da</strong> força, uso<br />
de alg<strong>em</strong>as, busca pessoal, revista, prisão de suspeitos<br />
e preservação de local de crime. S<strong>em</strong>pre seguindo<br />
o padrão de treinamento estabelecido pelas nações<br />
Uni<strong>da</strong>s. não pod<strong>em</strong>os realizar, <strong>por</strong> enquanto, um treinamento<br />
mais sofisticado, pois a maioria dos policiais<br />
é analfabeta. Por isso, o método <strong>da</strong> conversa se mostra<br />
o mais eficaz. Também somos responsáveis pela fiscalização<br />
dos presos existentes no quartel central <strong>da</strong> policia<br />
local. verificamos diariamente as condições físicas<br />
dos presos, a situação dos inquéritos policiais, b<strong>em</strong><br />
como a situação de mulheres e crianças no cárcere.<br />
Com relação a estrutura <strong>da</strong> nossa base, ela é totalmente<br />
cerca<strong>da</strong>, com guaritas nas extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong>des. O<br />
efetivo UnPOL está alojado <strong>em</strong> duas barracas, com<br />
estrutura de ar condicionado e ventiladores de teto,<br />
s<strong>em</strong> os quais ficaria impossível permanecer no interior<br />
durante o dia, pois a t<strong>em</strong>peratura ultrapassa os<br />
45 graus. receb<strong>em</strong>os s<strong>em</strong>analmente dois vôos de<br />
abastecimento, nos quais nos enviam água potável <strong>da</strong><br />
capital do Estado. A água utiliza<strong>da</strong> para banho, lavar<br />
roupas e lavar a louça é a mesma utiliza<strong>da</strong> pela população<br />
local. Todo UnPOL designado para um County<br />
Sup<strong>por</strong>t Base é orientado a trazer seus próprios gêneros<br />
alimentícios que o possibilit<strong>em</strong> passar no mínimo<br />
um mês. Outra dificul<strong>da</strong>de é a energia elétrica que é<br />
forneci<strong>da</strong> <strong>por</strong> geradores, os quais são desligados duas<br />
vezes ao dia para economia de combustível. T<strong>em</strong>os<br />
banheiros, mas não t<strong>em</strong>os sist<strong>em</strong>a de água encana<strong>da</strong>.<br />
Somos nove policiais aqui <strong>em</strong> Akobo, dois<br />
brasileiros, dois Bósnios, dois de Ugan<strong>da</strong>, dois <strong>da</strong>s<br />
Filipinas e um <strong>da</strong> Turquia. O contato com esses policiais<br />
nos pro<strong>por</strong>ciona um conhecimento de ca<strong>da</strong><br />
sist<strong>em</strong>a policial nos diferentes países, nos possibilita<br />
realizar uma comparação como ca<strong>da</strong> instituição<br />
policial trata determinado assunto, de acordo com<br />
a sua cultura e lei nacional.<br />
Capitão marco antonio dos Santos morais é do 3° Batalhão de operações especiais, <strong>em</strong> Passo fundo. desde<br />
março de 2012, está des<strong>em</strong>penhando a função de United Nations Police – UNPol – (conselheiro policial) na Missão<br />
de Paz <strong>da</strong> oNU no sudão do sul<br />
aRQUivo Pessoal
Qual é o caminho?<br />
A esta pergunta?<br />
Contraponteio com outras:<br />
De onde venho?<br />
Para onde vou?<br />
Para a resposta, a análise:<br />
PoR UM caMiNHo<br />
“POr Un CamInO”, dE<br />
aTaUaLPa YUPankI<br />
venho do distante século.<br />
De escuras brumas do passado,<br />
Percorrendo, tortuoso caminho,<br />
Transito eivado de espinhos.<br />
Ao percorrer intrica<strong>da</strong>s vere<strong>da</strong>s<br />
Que ain<strong>da</strong> <strong>em</strong>aranhados<br />
encontro no t<strong>em</strong>po.<br />
naquele t<strong>em</strong>po abstruso<br />
enfim faz-se luz.<br />
E, do nascimento, <strong>em</strong> segundo ato,<br />
Que <strong>da</strong> alta e leve pena v<strong>em</strong><br />
Por arte escrita logo criar<br />
E uma instituição v<strong>em</strong> a criar,<br />
Eis que na força<br />
de decreto histórico:<br />
nasci BriGADA MiLiTAr!<br />
Meu nascimento já traz,<br />
num traço de t<strong>em</strong>po imediato,<br />
Do meu corpo o crescimento.<br />
Assim como corre o t<strong>em</strong>po,<br />
vou também num corre-corre.<br />
Entre revoltas e <strong>em</strong>bates<br />
Olho firme, e s<strong>em</strong>pre para frente!<br />
vejo <strong>em</strong> curto espaço t<strong>em</strong><strong>por</strong>al<br />
Dos governos o fiel aval,<br />
Par num arroubo guerreiro varar<br />
vere<strong>da</strong>s e carreiros, trilhas e pica<strong>da</strong>s,<br />
Das gaúchas coxilhas<br />
– verdes e ondea<strong>da</strong>s.<br />
E, ain<strong>da</strong> além, muito além,<br />
na ânsia de a paz buscar<br />
Elomar Johansson – cel Reformado<br />
Que num vagar quase s<strong>em</strong> fim,<br />
Se vê, <strong>por</strong> fim, chegar.<br />
De guerreiras campanhas,<br />
Tornei-me grande na grandeza.<br />
Trago no ventre de Minh’alma<br />
M<strong>em</strong>oráveis figuras de valor.<br />
Do épico e varonil<br />
cadinho histórico,<br />
Do passado a este presente,<br />
Só honras e glórias eu mereci.<br />
Trago junto ao meu peito,<br />
A imag<strong>em</strong>, que b<strong>em</strong> feita,<br />
rel<strong>em</strong>bra até o jeito<br />
Da forma de um coração.<br />
Hoje, moderna, não tranquila,<br />
Mas ain<strong>da</strong> força viva,<br />
Corpo maduro e tão forte,<br />
Que n<strong>em</strong> dos reveses que passei,<br />
A que<strong>da</strong> do negro braço<br />
do infortúnio,<br />
Levando-me de frente na desdita,<br />
Causa somente dor, e me levanto,<br />
E com recato e decência vou à luta.<br />
Levo então, cabeça ergui<strong>da</strong>?<br />
O peito arfante,<br />
Para mostrar que <strong>da</strong> história<br />
não se apaga<br />
O fulgor <strong>da</strong> honra,<br />
as glórias <strong>da</strong>s vitórias.<br />
Para onde vou?<br />
Do t<strong>em</strong>po, a inexorável marcha,<br />
Conduz-me à extinção.<br />
Mas, dos valores ancestrais,<br />
A luz e a força, eu busco.<br />
Para num continuo andejar<br />
Chegar muito além <strong>da</strong> ultravi<strong>da</strong>.<br />
E s<strong>em</strong>pre com minhas asas abertas<br />
A acolher do mundo a gratidão<br />
E espantar, do mesmo modo,<br />
A ingratidão!<br />
Como sol<strong>da</strong>do que fui, que sou<br />
Tenho o olhar s<strong>em</strong>pre no horizonte,<br />
E o peito pulsante de orgulho nato.<br />
Dos antigos feitos e gloriosos fatos,<br />
Que me sustentam,<br />
quais pilares postos<br />
Daí me elevo com honor altivo.<br />
Apaziguo dos homens os t<strong>em</strong>ores,<br />
Pois tenho na vi<strong>da</strong> to<strong>da</strong> uma fortuna<br />
De ser a luz, que nos caminhos brilha,<br />
Para o encontro <strong>da</strong> certeza extr<strong>em</strong>a;<br />
Da coesão que nunca se afadiga,<br />
Para alcançar com louros de vitória,<br />
A tão busca<strong>da</strong>, urgente e necessária,<br />
Para todos nós, a tão incerta e tênue:<br />
A Segurança!<br />
CULTUra<br />
VIVaVOZ | número 15 | maio/junho de 2012<br />
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VIVaVOZ | número 15 | maio/junho de 2012 aCOnTECE<br />
18<br />
cRédito: al/Rs<br />
ThE BEST JUmP 2012 - I<br />
capitão claudio azevedo goggia, montando<br />
fg aguia, conquista pelas cores do Rio<br />
grande do sul o segundo lugar no des<strong>em</strong>pate<br />
do Prêmio Bettanin.<br />
ThE BEST JUmP 2012 - II<br />
o tenente coronel <strong>da</strong> Briga<strong>da</strong> Militar,<br />
edison estivalete também participou do evento.<br />
grandE EXPEdIEnTE <strong>da</strong> aL<br />
o presidente <strong>da</strong> asofBM, tc José carlos Riccardi<br />
guimarães, foi convi<strong>da</strong>do a participar do grande<br />
expediente destinado aos 50 anos <strong>da</strong> aBaMf.<br />
deputados e autori<strong>da</strong>des destacaram a im<strong>por</strong>tância<br />
<strong>da</strong>s associações na conquista de melhores salários e<br />
condições de trabalho dos brigadianos.<br />
fotos: aRQUivo Pessoal<br />
ThE BEST JUmP 2012 - III<br />
Presidente <strong>da</strong> asofBM, tc José carlos<br />
Riccardi guimarães e o <strong>em</strong>presário Jorge<br />
ger<strong>da</strong>u Johannpeter, presidente do conselho de<br />
administração do grupo ger<strong>da</strong>u.<br />
grUPO UnIãO<br />
o tc José carlos Riccardi guimarães recebe o<br />
título de associado Honorário do grupo União,<br />
associado <strong>da</strong> iBcM (instituição Beneficente<br />
coronel Massot) pela sua atuação frente à<br />
associação dos oficiais e colaboração a enti<strong>da</strong>de.<br />
tv NetwoRk<br />
cRédito: gRUPo UNião
aRQUivo Pessoal<br />
ELEIçãO 2012 – aSOfBm<br />
97% dos associados foram favoráveis à votação direta<br />
e presencial, a nova contribuição de 1% sobre o novo<br />
salário básico para a mensali<strong>da</strong>de e a abertura de<br />
novos convênios e planos de saúde nos atendimentos<br />
dos hospitais <strong>da</strong> Briga<strong>da</strong> Militar.<br />
ELEIçãO 2012 – aSOfBm III<br />
apuração dos votos, comissão eleitoral:<br />
cel Paixão carneiro Martins, cel Paulo Rogério Machado<br />
Porto, tc alfeu freitas Moreira. escrutinadores: tc edison<br />
estivalete Bichalva, cel alcery frota Pinto e cel Bento<br />
Mathuzal<strong>em</strong> de vasconcelos.<br />
asofBM<br />
asofBM<br />
asofBM<br />
dEfESa aO TErmO CIrCUnSTanCIadO<br />
o capitão Rafael Monteiro costa, representou a<br />
asofBM, <strong>em</strong> Brasília, para discutir o Projeto de lei<br />
que propõe o fim do termo circunstanciado.<br />
UnIãO gaúCha E aSOfBm<br />
Major leandro estabel Jung, diretor administrativo <strong>da</strong><br />
asofBM, é eleito para o cargo de conselheiro titular<br />
do conselho fiscal <strong>da</strong> União gaúcha. assumiu o cargo<br />
de Presidente, o Juiz, Pio giovani dresch, <strong>da</strong> aJURis e o<br />
vice-presidente e agente fiscal do tesouro do estado, celso<br />
Malhani de souza, do siNdifisco.<br />
ELEIçãO 2012 – aSOfBm II<br />
capitão Jorge antunes fagundes, 88 anos,<br />
o eleitor mais velho.<br />
EXPOSIçãO dE fOTOgrafIa ChEga aO InTErIOr dO ESTadO<br />
trinta fotografias sobre “segurança” foram expostas no Museu<br />
de arte de santa Maria, no espaço <strong>da</strong> casa de cultura.<br />
as fotos também foram exibi<strong>da</strong>s no 1º<br />
Regimento de Polícia Monta<strong>da</strong>, exposta no<br />
centro Histórico cel Pillar.<br />
aRQUivo Pessoal<br />
asofBM<br />
VIVaVOZ | número 15 | maio/junho de 2012<br />
19
Para se associar à aSOfBm<br />
o oficial de Nível superior que quiser ser associado <strong>da</strong> asofBM<br />
deve se ca<strong>da</strong>strar através do site www.asofbm.com.br, ou entrar <strong>em</strong><br />
contato via telefone: (51) 32219768 / (51) 32210170