Análise de Processos e Produtividade das Operações
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<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Processos</strong> e Produtivida<strong>de</strong> <strong>das</strong> <strong>Operações</strong><br />
Aplicação a um caso <strong>de</strong> estudo real<br />
CARLA CRISTINA DE JESUS MARQUÊS<br />
Dissertação para obtenção do Grau <strong>de</strong> Mestre em<br />
ENGENHARIA E GESTÃO INDUSTRIAL<br />
Júri<br />
Presi<strong>de</strong>nte: Acácio Manuel <strong>de</strong> Oliveira Porta Nova<br />
Orientadora: Ana Paula Ferreira Dias Barbosa Povoa<br />
Vogais: José Aníbal da Silva Ferreira<br />
Fernando Henrique <strong>de</strong> Carvalho Cruz<br />
Dezembro 2007
Abstract<br />
The increasing competitiveness and globalization of supply market addresses the<br />
quality and price of products as their major differentiator factors in the logistic chain of a retail<br />
distribution company. The way of maintain the profit will be improving the efficiency and<br />
productivity of all the logistic chain.<br />
This thesis is a study in the field of productivity and performance of an operational<br />
company. It starts with an overview of the company and its singularities, to focus on the<br />
warehouse operations and in its optimization level. This work can follow a reformulation in the<br />
company logistics strategy and <strong>de</strong>velop possibilities to improve quality and performance in a<br />
retail distribution center making use of tools as quality management, layout planning or<br />
statistics.<br />
After follow the logic of giving conditions to a better work in the warehouse, it finally<br />
addresses the productivity of its employees, and if it is difficult to improve what we can’t properly<br />
measure, this work intends to show new ways to explore and measure warehouse operators<br />
work, to <strong>de</strong>velop more fair and accurate methods of motivation and compensation.<br />
Metrics.<br />
Key words: SCOR Method, Layout Planning, Quality, Productivity, Performance<br />
i
Resumo<br />
O aumento da concorrência e a globalização da oferta tornam a qualida<strong>de</strong> e o preço os<br />
factores diferenciadores <strong>de</strong> maior importância na ca<strong>de</strong>ia logística <strong>de</strong> uma empresa <strong>de</strong><br />
distribuição alimentar. A forma <strong>de</strong> manter as margens pratica<strong>das</strong> é apostar numa maior<br />
eficiência <strong>de</strong> toda a ca<strong>de</strong>ia logística.<br />
Esta dissertação <strong>de</strong>senvolve o seu estudo no campo da produtivida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sempenho<br />
<strong>de</strong> uma empresa operacional. Começa com um estudo e recolha <strong>de</strong> informações particulares<br />
ao caso, para se focar nas operações <strong>de</strong> armazém e nos níveis <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> em prática e<br />
<strong>de</strong>sejados. Este trabalho acompanha uma reestruturação na estratégia logística da empresa e<br />
<strong>de</strong>senvolve possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aumentar a qualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sempenho no centro <strong>de</strong> distribuição<br />
alimentar ao fazer uso <strong>de</strong> ferramentas como a gestão da qualida<strong>de</strong>, planeamento <strong>de</strong> layout e<br />
estatística.<br />
Após aplicar toda a lógica <strong>de</strong> melhoramento nos processos do armazém estuda no final<br />
a produtivida<strong>de</strong> dos empregados <strong>de</strong>senvolvendo novas formas <strong>de</strong> medir a produtivida<strong>de</strong> dos<br />
operadores <strong>de</strong> armazém, para criar sistemas <strong>de</strong> motivação e compensação mais exactos e<br />
justos.<br />
Palavras-chave: Método SCOR, Planeamento <strong>de</strong> Armazém, Qualida<strong>de</strong>, Produtivida<strong>de</strong>,<br />
Medi<strong>das</strong> <strong>de</strong> Desempenho.<br />
ii
Agra<strong>de</strong>cimentos<br />
A escrita <strong>de</strong> uma dissertação <strong>de</strong> mestrado <strong>de</strong>ve trazer sentimentos <strong>de</strong> satisfação,<br />
realização e alegria. Este é um <strong>de</strong>sses casos, que não teria tido sucesso sem o apoio e<br />
<strong>de</strong>dicação <strong>de</strong> várias pessoas.<br />
Ao nível académico, gostaria <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer à professora Ana Póvoa, a sua<br />
disponibilida<strong>de</strong> e compreensão, apoio e orientação a nível <strong>de</strong> estudo e pessoal.<br />
Ao nível profissional, quero agra<strong>de</strong>cer a to<strong>das</strong> as pessoas intervenientes no meu<br />
estudo na empresa Gestiretalho do grupo Jerónimo Martins, principalmente ao director nacional<br />
da logística Dr. Silva Ferreira pelo sentido <strong>de</strong> direcção e incentivo.<br />
Aos gestores operacionais Luís Pica e Fernando Câmara, pela pronta disponibilida<strong>de</strong><br />
em fornecer informação e consi<strong>de</strong>rações no trabalho <strong>de</strong>senvolvido. Assim como aos colegas<br />
estagiários Dr. João Ferreira, Dr. Pedro Azevedo e Francisco Figueiredo pelo bom ambiente e<br />
apoio <strong>de</strong>scontraído ao longo da realização <strong>de</strong>ste trabalho.<br />
Por último numa nota pessoal, agra<strong>de</strong>ço à minha família o apoio ao longo dos últimos<br />
cinco anos <strong>de</strong> estudo que se encerram nesta tese final <strong>de</strong> mestrado. E não po<strong>de</strong>ria nunca<br />
esquecer <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer o apoio <strong>de</strong> todos os meus amigos, pelo equilíbrio e estima, em especial<br />
à Sílvia Dinis e ao João Pedro, que me apoiaram durante o processo <strong>de</strong> escrita.<br />
iii
Índice<br />
Abstract ..........................................................................................................................................i<br />
Resumo ......................................................................................................................................... ii<br />
Agra<strong>de</strong>cimentos ........................................................................................................................... iii<br />
Índice............................................................................................................................................ iv<br />
Tabelas..........................................................................................................................................v<br />
Figuras ......................................................................................................................................... vi<br />
Capítulo 1 – Introdução ..............................................................................................................1<br />
1.1 A Gestão da Ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Abastecimento....................................................................... 1<br />
1.2 O Problema.................................................................................................................. 3<br />
1.3 Estrutura da Dissertação ............................................................................................ 4<br />
Capítulo 2 – Caso <strong>de</strong> Estudo......................................................................................................5<br />
2.1 Breve Apresentação da Empresa................................................................................ 5<br />
2.2 A Ca<strong>de</strong>ia Logística....................................................................................................... 7<br />
2.2.1 Compra e abastecimento ............................................................................................ 7<br />
2.2.2 Sistemas <strong>de</strong> informação.............................................................................................. 9<br />
2.2.3 Transporte ................................................................................................................. 10<br />
2.2.4 Armazenamento ........................................................................................................ 11<br />
2.3 O Armazém <strong>de</strong> Não Perecíveis da Azambuja ........................................................... 13<br />
2.3.1 A instalação ............................................................................................................... 14<br />
2.3.2 Volume e variabilida<strong>de</strong> .............................................................................................. 17<br />
2.3.3 Diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fluxos ................................................................................................ 18<br />
2.3.4 O redimensionamento logístico................................................................................. 20<br />
2.3.5 A sequência <strong>de</strong> operações........................................................................................ 21<br />
2.3.6 A produtivida<strong>de</strong>.......................................................................................................... 23<br />
2.4 Conclusões ................................................................................................................ 26<br />
Capítulo 3 – Metodologias e Conceitos Fundamentais.........................................................27<br />
3.1 A Qualida<strong>de</strong> e ferramentas <strong>de</strong> análise ...................................................................... 27<br />
3.1.1 Six – sigma ................................................................................................................ 28<br />
3.1.2 Ferramentas estatísticas ........................................................................................... 29<br />
3.2 Mo<strong>de</strong>lo SCOR............................................................................................................ 30<br />
3.3 Técnicas <strong>de</strong> Layout.................................................................................................... 33<br />
3.3.1 Definição do Layout................................................................................................... 33<br />
3.3.2 Recolha <strong>de</strong> dados fundamentais............................................................................... 34<br />
3.3.3 Estrutura da operação............................................................................................... 35<br />
3.3.4 Tipos clássicos <strong>de</strong> Layout ......................................................................................... 35<br />
3.3.5 Fluxos <strong>de</strong> material e execução.................................................................................. 37<br />
3.4 Medir a Produtivida<strong>de</strong> dos Operadores..................................................................... 39<br />
3.5 Conclusões ................................................................................................................ 40<br />
Capítulo 4 – <strong>Análise</strong> do Caso em Estudo ...............................................................................41<br />
4.1 Definir <strong>Processos</strong>....................................................................................................... 41<br />
4.1.1 Diagramas <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> trabalho ................................................................................ 41<br />
4.1.2 Aproximação ao mo<strong>de</strong>lo SCOR ................................................................................ 47<br />
4.2 Organizar a Operação ............................................................................................... 49<br />
4.2.1 Re<strong>de</strong>finir o Layout ..................................................................................................... 50<br />
4.2.2 Classes <strong>de</strong> SKU ........................................................................................................ 55<br />
4.3 Medir a Produtivida<strong>de</strong>................................................................................................ 60<br />
4.3.1 Apresentação do problema ....................................................................................... 60<br />
4.3.2 Recolha <strong>de</strong> dados...................................................................................................... 60<br />
4.3.3 <strong>Análise</strong> estatística...................................................................................................... 62<br />
4.3.4 Tratamento estatístico............................................................................................... 63<br />
4.3.5 Interpretação <strong>de</strong> resultados....................................................................................... 69<br />
4.3.6 Possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aplicação do mo<strong>de</strong>lo .................................................................... 70<br />
4.4 Conclusões ................................................................................................................ 75<br />
Capítulo 5 – Conclusões ao Caso ...........................................................................................76<br />
Bibliografia...................................................................................................................................79<br />
Anexos .......................................................................................................................................i81<br />
iv
Tabelas<br />
Tabela 1.1 – Esquema <strong>de</strong> objectivos e técnicas utiliza<strong>das</strong>...........................................................3<br />
Tabela 2.1 – Indicadores Económico-Financeiros <strong>das</strong> lojas do grupo .........................................6<br />
Tabela 2.2 – Distribuição <strong>das</strong> lojas por insígnia e por zona .......................................................10<br />
Tabela 2.3 – Classificação geral da diversida<strong>de</strong> do sector alimentar.........................................12<br />
Tabela 2.4 – Rotação dos trabalhadores no armazém...............................................................24<br />
Tabela 3.1 – Medi<strong>das</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho ao longo da ca<strong>de</strong>ia logística.........................................31<br />
Tabela 3.2 – Características dos principais fluxos em armazém ...............................................36<br />
Tabela 3.3 – Remuneração, Motivação e Avaliação <strong>de</strong> operadores <strong>de</strong> armazém.....................39<br />
Tabela 4.1 – Associação <strong>das</strong> operações ao mo<strong>de</strong>lo SCOR.......................................................47<br />
Tabela 4.2 – Número <strong>de</strong> lojas distribuído por horário e volume. ................................................53<br />
Tabela 4.3 – Média Mensal <strong>de</strong> paletes/loja por horário e volume. .............................................53<br />
Tabela 4.4 – Tempo <strong>de</strong> Paletização e Put-away para média 5 minutos ....................................54<br />
Tabela 4.5 – Tempo <strong>de</strong> Paletização e Put-away para média 3 minutos ....................................54<br />
Tabela 4.6 – Grupos consi<strong>de</strong>rados nas observações <strong>de</strong> mercadoria ........................................55<br />
Tabela 4.7 – Classes <strong>de</strong> Consumo <strong>de</strong> supermercado em Portugal ...........................................56<br />
Tabela 4.8 – Pontuações para agravamento nos factores <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga .......................57<br />
Tabela 4.9 – Artigos <strong>de</strong> armazém JIT.........................................................................................58<br />
Tabela 4.10 – Variação <strong>das</strong> médias mensais .............................................................................61<br />
Tabela 4.11 – Correlações entre variáveis .................................................................................65<br />
Tabela 4.12 – Sumário do Mo<strong>de</strong>lo e Estimativa dos Parâmetros...............................................66<br />
Tabela 4.13 – Distribuição <strong>de</strong> casos e estimação <strong>de</strong> parâmetros ..............................................67<br />
Tabela 4.14 – Sumário do Mo<strong>de</strong>lo e Estimativa dos Parâmetros...............................................68<br />
Tabela 4.15 – Comparação entre sistemas <strong>de</strong> prémio...............................................................71<br />
v
Figuras<br />
Figura 1.1 – Principais preocupações estruturais da ca<strong>de</strong>ia logística..........................................2<br />
Figura 2.1 - Lead-time da ca<strong>de</strong>ia logística....................................................................................7<br />
Figura 2.2 – Sistemas informáticos na logística do grupo Jerónimo Martins ...............................9<br />
Figura 2.3 – Representação do mixing <strong>de</strong> produtos em armazém.............................................11<br />
Figura 2.4 – Maqueta do armazém <strong>de</strong> não perecíveis da Azambuja .........................................13<br />
Figura 2.5 – Esboço a 2 dimensões do armazém 5401 em Fevereiro 2007..............................14<br />
Figura 2.6 – Bastidores e buffers no armazém 5401..................................................................15<br />
Figura 2.7 – Novo armazém 5407 <strong>de</strong> sistema Just-in-Time .......................................................16<br />
Figura 2.8 – Esboço da disposição do novo armazém JIT 5407................................................16<br />
Figura 2.9 – A evolução <strong>de</strong> caixas expedi<strong>das</strong> (não perecíveis) .................................................17<br />
Figura 2.10 – Volume <strong>de</strong> JIT em função do volume total (não perecíveis) ................................19<br />
Figura 2.11 – Tempos médios percentuais gastos por operação...............................................21<br />
Figura 2.12 – Evolução da produtivida<strong>de</strong> no armazém <strong>de</strong> não perecíveis.................................24<br />
Figura 3.1 – Método SCOR.........................................................................................................30<br />
Figura 3.2 – Método <strong>de</strong> Layout SLP ...........................................................................................34<br />
Figura 3.3 – Centralização da recepção/expedição e armazenagem por classes .....................36<br />
Figura 3.4 – Layout <strong>de</strong> um armazém típico ................................................................................38<br />
Figura 4.1 – Diagrama <strong>de</strong> Ishikawa para o problema em análise ..............................................48<br />
Figura 4.2 – Atribuição <strong>de</strong> espaços ao armazém JIT e respectivos fluxos <strong>de</strong> produtos. ...........51<br />
Figura 4.3 – Pormenor do layout.................................................................................................53<br />
Figura 4.4 – Pormenor <strong>das</strong> lojas e volume médio <strong>das</strong> lojas movimentado ................................54<br />
Figura 4.5 – Produtivida<strong>de</strong>s médias diárias e mensais <strong>de</strong> UMC/hora........................................61<br />
Figura 4.6 – Output <strong>de</strong> Produtivida<strong>de</strong>s em Excel .......................................................................62<br />
Figura 4.7 – Gráfico da distribuição dos clusters pelas operações <strong>de</strong> armazém .......................64<br />
Figura 4.8 – Gráfico <strong>de</strong> divisão <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> Execução em clusters............................................64<br />
Figura 4.9 – Distribuição <strong>de</strong> caixas/hora.....................................................................................66<br />
Figura 4.10 – Número <strong>de</strong> observações nos intervalos <strong>de</strong> UMC/acção ......................................67<br />
Figura 4.11 – Distribuição dos casos <strong>de</strong> 1 a 3 UMC/acção........................................................68<br />
Figura 4.12 – Sistemas <strong>de</strong> prémio na distribuição......................................................................70<br />
Figura 4.13 – Sistemas <strong>de</strong> prémio no universo 1 a 3 umc/acção...............................................71<br />
Figura 4.14 – Primeira possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prémio..........................................................................72<br />
Figura 4.15 – Segunda possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prémio.........................................................................73<br />
Figura 4.16 – Terceira possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prémio..........................................................................73<br />
vi
Capítulo 1 – Introdução<br />
Esta dissertação preten<strong>de</strong> apresentar e analisar diferentes possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aumentar<br />
a produtivida<strong>de</strong> na operação logística <strong>de</strong> um armazém numa ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> distribuição alimentar. A<br />
<strong>de</strong>finição e optimização dos processos que me proponho examinar terão como objectivo<br />
melhorar a estratégia e métrica do <strong>de</strong>sempenho operacional. Para tal, será necessário analisar<br />
os processos e i<strong>de</strong>ntificar as alterações que ocorrerem na empresa, <strong>de</strong> modo a possibilitar um<br />
ajuste <strong>de</strong> to<strong>das</strong> as activida<strong>de</strong>s operacionais.<br />
A análise referida é <strong>de</strong>senvolvida sobre um caso real da empresa Jerónimo Martins. As<br />
operações logísticas são inicialmente <strong>de</strong>fini<strong>das</strong> <strong>de</strong> acordo com o mo<strong>de</strong>lo operacional <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia<br />
<strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> referência internacional SCOR (Supply Chain Operations Reference).<br />
Posteriormente, analisar-se-ão tópicos <strong>de</strong> relevância na organização da operação e <strong>de</strong>finição<br />
<strong>de</strong> layout, estudando-se as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> implementação <strong>de</strong> alterações, que se traduzam<br />
em aumentos <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> e melhorias contínuas. O objectivo final é analisar e propor um<br />
novo mo<strong>de</strong>lo para avaliar o <strong>de</strong>sempenho dos operacionais no armazém, tornando o sistema <strong>de</strong><br />
prémio mais justo e orientado para os objectivos.<br />
1.1 A Gestão da Ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Abastecimento<br />
O negócio <strong>de</strong> retalho consiste em fazer chegar ao consumidor final produtos<br />
alimentares (carne, peixe, vegetais, massas), combinados com artigos <strong>de</strong> drogaria, perfumaria<br />
e higiene, em superfícies comerciais <strong>de</strong> tamanho variável (<strong>de</strong> 200 a 2000m 2 para<br />
supermercados) (Goulart, 2004). A nível nacional, este segmento tem enorme cobertura a partir<br />
dos anos 90, com um mercado crescentemente internacional e cada vez mais competitivo. O<br />
aumento da concorrência e a globalização da oferta tornam a qualida<strong>de</strong> e o preço os factores<br />
diferenciadores <strong>de</strong> maior importância. Assim, a forma <strong>de</strong> manter as margens pratica<strong>das</strong> será<br />
apostar numa maior eficiência <strong>de</strong> toda a ca<strong>de</strong>ia logística, através da redução dos custos da<br />
ca<strong>de</strong>ia mantendo ou mesmo melhorando a qualida<strong>de</strong> do serviço (Aldridge, 2000).<br />
A logística é o conjunto do planeamento, operação e controlo do fluxo <strong>de</strong> materiais,<br />
mercadorias, serviços e informações da empresa, que ao integrar e racionalizar as funções<br />
sistémicas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a produção até à entrega, asseguram vantagens competitivas na ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />
abastecimento e a consequente satisfação dos clientes. Os conhecimentos e planeamento<br />
logístico remontam à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, durante as Gran<strong>de</strong>s Guerras, planear rotas tendo em<br />
conta factores como uma fonte <strong>de</strong> água potável próxima, transporte, armazenagem e<br />
distribuição <strong>de</strong> equipamentos e mantimentos. Nos anos 50, as empresas começam a utilizar<br />
estes conhecimentos para satisfazer os seus clientes, sendo nos anos 70 consolidados<br />
conceitos <strong>de</strong> planeamento <strong>de</strong> produção como MRP (Material Requirements Planning), ou a<br />
produção <strong>de</strong> acordo com a procura (Just-In-Time). Com as procuras irregulares dos novos<br />
mercados globais na década <strong>de</strong> 80 e até à actualida<strong>de</strong>, as empresas passam a competir a<br />
1
nível mundial, precisam <strong>de</strong> ser ágeis na sua ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> distribuição pelo que acabam por<br />
adoptar mo<strong>de</strong>los globais <strong>de</strong> optimização operacional (Carvalho, 2004).<br />
Neste contexto, a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> uma empresa <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> um largo<br />
espectro <strong>de</strong> acções <strong>de</strong>fini<strong>das</strong> para a mesma, que se distribuem hierarquicamente segundo<br />
vários horizontes temporais. Começa por um nível estratégico, passando pelo táctico, até ao<br />
operacional:<br />
Nível estratégico – Tem um horizonte temporal <strong>de</strong> médio, longo prazo (1 a 5 anos), consiste<br />
nas <strong>de</strong>cisões gerais e <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> base para a activida<strong>de</strong> da empresa. A<br />
concepção da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> distribuição e suas estratégias acontece nesta etapa e tem em conta<br />
uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> questões gerais, que são sintetiza<strong>das</strong> na Figura 1.1.<br />
Nível táctico – Tem um horizonte temporal <strong>de</strong> médio prazo (6 meses a 1 ano) e consiste na<br />
tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões com mais informação técnica e operacional. Orienta o plano estratégico<br />
para a acção diária da empresa, com pequenas implementações <strong>de</strong> projectos evolutivos. Faz<br />
análises <strong>de</strong> custo – benefício com base na operação presente e é orientada para a estratégia<br />
futura.<br />
Nível operacional – Tem um horizonte temporal imediato, consiste nas <strong>de</strong>cisões do dia a dia.<br />
Deve ser acompanhado por relatórios semanais e/ou mensais, que numa empresa saudável<br />
mostram as evoluções controla<strong>das</strong> <strong>das</strong> implementações tácticas.<br />
Decisões na ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> distribuição:<br />
- Configuração da re<strong>de</strong>: número <strong>de</strong> armazéns, capacida<strong>de</strong> e custo dos armazéns, rotas <strong>de</strong><br />
transportes e localização <strong>das</strong> lojas.<br />
- Gerir o Inventário: centralizar inventário, previsão <strong>de</strong> ven<strong>das</strong>, evitar o risco <strong>de</strong> obsolescência,<br />
minimizar os custos <strong>de</strong> armazenagem, partilhar o risco com os fornecedores.<br />
- Estratégias <strong>de</strong> distribuição: <strong>de</strong>finir sistema push, pull ou combinado <strong>de</strong> acordo com o tipo <strong>de</strong><br />
negócio, <strong>de</strong>finir tipo <strong>de</strong> distribuição e interface com o cliente.<br />
- Alianças e Outsourcing: compreen<strong>de</strong>r as competências-chave e avaliar parcerias<br />
estratégicas, <strong>de</strong>cidir quanto a <strong>de</strong>legar parte da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> valor.<br />
- Internacionalização: compreen<strong>de</strong>r as diferenças culturais e as especificida<strong>de</strong>s locais.<br />
- Negociar na Internet: <strong>de</strong>cidir quanto a comprar, ven<strong>de</strong>r, criar portal próprio ou negociar num<br />
mercado on-line.<br />
- O produto: Coor<strong>de</strong>nar o <strong>de</strong>sign para facilitar o tratamento e agradar ao cliente, customizar ou<br />
diferenciar o produto, tratar o aspecto, a marca, os locais <strong>de</strong> consumo e <strong>de</strong> venda.<br />
- A informação: essencial para controlar a incerteza <strong>das</strong> previsões, controlar tempos <strong>de</strong><br />
produção, distribuição, criação <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> base <strong>de</strong> dados para ajudar no tratamento <strong>de</strong><br />
dados e apoiar nas <strong>de</strong>cisões, e na consciência <strong>das</strong> alterações (Levi, 2003).<br />
Figura 1.1 – Principais preocupações estruturais da ca<strong>de</strong>ia logística<br />
2
As <strong>de</strong>cisões da estratégia global são aplica<strong>das</strong> a uma sequência operacional, que se<br />
repete nas diversas indústrias. Com toda a evolução que a logística tem sofrido recentemente,<br />
a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> abastecimento actualmente preten<strong>de</strong> tratar os múltiplos elementos como um único<br />
sistema integrado, que apresenta as seguintes fases:<br />
- Planeamento e compra<br />
- Transporte <strong>de</strong> matérias-primas e produtos acabados<br />
- Recepção e verificação <strong>de</strong> mercadoria<br />
- Armazenamento e operação<br />
- Expedição<br />
- Logística inversa (reciclagem e <strong>de</strong>voluções)<br />
Estas operações logísticas estão a tentar ser <strong>de</strong>fini<strong>das</strong> pelo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> referência<br />
internacional SCOR, que as divi<strong>de</strong> em Plan, Source, Make, Deliver e Return. Para cada uma<br />
<strong>de</strong>las tenta <strong>de</strong>finir processos e estabelecer métricas para medir o seu <strong>de</strong>sempenho.<br />
1.2 O Problema<br />
Sendo a Jerónimo Martins SGPS, SA uma empresa gran<strong>de</strong> e em constante processo<br />
<strong>de</strong> optimização e melhoramento, envolveu-se num projecto <strong>de</strong> ‘Redimensionamento Logístico’,<br />
que consistiu em tomar responsabilida<strong>de</strong> por novas linhas <strong>de</strong> produto (que até então estavam<br />
entregues a um parceiro logístico 3PL (third-part logistics)) e redimensionar as suas<br />
necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> espaço com o aumento do volume <strong>de</strong> ven<strong>das</strong>, numa tentativa <strong>de</strong> baixar<br />
custos às movimentações <strong>de</strong> caixas, assim como aumentar eficiência e sinergias. Para que a<br />
eficiência realmente aumente teremos <strong>de</strong> criar condições <strong>de</strong> fluxos rápidos e armazém<br />
organizado aos factores produtivos, que neste tipo <strong>de</strong> armazém são principalmente as<br />
pessoas. Estas terão um acompanhamento da sua produtivida<strong>de</strong> ao longo do tempo, para<br />
compreen<strong>de</strong>r o sucesso <strong>das</strong> optimizações, enquanto ao mesmo tempo e como resultado <strong>de</strong><br />
reorganização <strong>de</strong> processos, são questiona<strong>das</strong> as métricas utiliza<strong>das</strong> para medir o<br />
<strong>de</strong>sempenho <strong>das</strong> pessoas na operação e tentar a<strong>de</strong>quar os prémios <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> dos<br />
funcionários às necessida<strong>de</strong>s da empresa.<br />
De uma forma esquemática, para atingir os objectivos estipulados, iremos utilizar áreas<br />
do conhecimento diferentes e aplicaremos as suas ferramentas.<br />
Necessida<strong>de</strong>/<br />
Objectivo<br />
Técnicas<br />
necessárias<br />
Descrever<br />
processos<br />
Flowchart<br />
Ferramentas Mo<strong>de</strong>lo SCOR<br />
Definir as operações<br />
Técnicas <strong>de</strong><br />
layout e picking<br />
Stock keeping units<br />
Gestão da qualida<strong>de</strong><br />
total<br />
Medir as<br />
operações<br />
Técnicas <strong>de</strong><br />
produtivida<strong>de</strong><br />
e motivação<br />
Estatística<br />
Tabela 1.1 – Esquema <strong>de</strong> objectivos e técnicas utiliza<strong>das</strong><br />
3
1.3 Estrutura da Dissertação<br />
Esta dissertação organiza-se da seguinte forma:<br />
• Capítulo 1: trata-se do presente capítulo on<strong>de</strong> se faz uma breve apresentação da área<br />
e negócio do retalho em Portugal ao longo do tempo, seguido por uma introdução ao<br />
tipo <strong>de</strong> problema e aos conceitos gerais <strong>de</strong> gestão da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> distribuição logística.<br />
Com o objectivo <strong>de</strong> envolver o leitor no tipo <strong>de</strong> problema e seu enquadramento geral<br />
• Capítulo 2: caracteriza-se a empresa em estudo, <strong>de</strong>finindo a sua história e evolução.<br />
Faz-se a análise da envolvente e estratégia macro da empresa e abordam-se as<br />
características da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> distribuição até aos processos operacionais <strong>de</strong> armazém.<br />
• Capítulo 3: preten<strong>de</strong> por um lado fazer a revisão dos conceitos abordados com<br />
aplicação útil ao problema em estudo, apresentando as tendências evolutivas da área<br />
logística, factores que contribuem para o aumento da performance logística e humana.<br />
Por outro lado, explica as metodologias e técnicas aplica<strong>das</strong> ao estudo e ao tratamento<br />
<strong>de</strong> toda a informação.<br />
• Capítulo 4: <strong>de</strong>senvolve a análise dos dados históricos, expõe o tratamento <strong>de</strong>stes,<br />
apresentando evoluções e possíveis conclusões por partes.<br />
• Capítulo 5: apresenta conclusões e possíveis implementações por parte da empresa<br />
bem como i<strong>de</strong>ntifica linhas <strong>de</strong> trabalho futuro.<br />
4
Capítulo 2 – Caso <strong>de</strong> Estudo<br />
“Quando se analisa a indústria portuguesa, verifica-se que o tempo gasto em<br />
operações que não acrescentam valor aos produtos é assustador. E só pelo simples facto <strong>de</strong><br />
se reorganizar um layout e eliminar os processos sem valor acrescentado começa-se a<br />
produzir muito mais rapidamente. Isto significa maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta a alterações da<br />
procura. Como se faz mais com as mesmas pessoas e a um menor custo, a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
gerar melhores margens e po<strong>de</strong>r praticar preços mais competitivos é também muito maior. O<br />
que é uma boa oportunida<strong>de</strong> para ganhar quota <strong>de</strong> mercado”<br />
2.1 Breve Apresentação da Empresa<br />
João Caratão, sénior manager da Price Waterhouse Coopers Consulting<br />
à revista Exame – 20 <strong>de</strong> Março 2002<br />
Apesar da longa história <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da loja <strong>de</strong> Jerónimo Martins no Chiado, só em<br />
1921 a empresa começa a ganhar visibilida<strong>de</strong> com a associação aos Gran<strong>de</strong>s Armazéns<br />
Reunidos e alargamento <strong>das</strong> lojas retalhistas. Os anos 80 são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> crescimento, com a<br />
criação da empresa <strong>de</strong> supermercados Pingo Doce e respectiva expansão por joint-ventures e<br />
aquisições. Entre as aquisições, entra no mercado <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s superfícies com o cash & carry<br />
Recheio em 1985. Nos anos 90, a expansão e aquisições continuam com o primeiro Feira<br />
Nova (supermercado <strong>de</strong> maior dimensão) e a compra do Lidosol na Ma<strong>de</strong>ira. Após esta<br />
enorme expansão nacional, a empresa repensa a sua estratégia e dá priorida<strong>de</strong> à<br />
internacionalização, pelo que cria com sucesso ao longo dos anos 90, a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> distribuição<br />
Biedronka na Polónia.<br />
Em 2006, a Jerónimo Martins <strong>de</strong>tém as insígnias Pingo Doce (189 supermercados em<br />
Portugal continental e 13 supermercados na Ma<strong>de</strong>ira), Feira Nova (9 hipermercados e 29 mini-<br />
hipers) e Recheio (31 cash & carries e 2 plataformas <strong>de</strong> Food Service em Portugal continental).<br />
Detém ainda cerca <strong>de</strong> 900 lojas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto da insígnia Biedronka na Polónia.<br />
A Tabela 2.1 reporta ao ano <strong>de</strong> 2006 e mostra esquematicamente os números<br />
absolutos <strong>de</strong> lojas, a área total <strong>das</strong> lojas do grupo por insígnia e as ven<strong>das</strong> totais em milhões<br />
<strong>de</strong> euros. Analisa também a média geral <strong>de</strong> ven<strong>das</strong> por m 2 , que é <strong>de</strong> 8 milhões <strong>de</strong> euros por m 2<br />
para a Ma<strong>de</strong>ira, o dobro para a Polónia, mas fica-se pelos 6 milhões <strong>de</strong> euros na insígnia Pingo<br />
Doce <strong>de</strong>crescendo para supermercados <strong>de</strong> formato maior. O aumento do volume <strong>de</strong> ven<strong>das</strong><br />
ronda os 6% para as insígnias Feira Nova e Recheio, e duplica para os supermercados Pingo<br />
Doce, comprovando o sucesso da estratégia recente <strong>de</strong> preços competitivos e conveniência. O<br />
crescimento nas ven<strong>das</strong> mais significativo, é sem dúvida nas lojas da Polónia, que se não tiver<br />
em conta as ven<strong>das</strong> <strong>das</strong> novas lojas que abriram, aumentou ven<strong>das</strong> em 23%.<br />
5
Ano 2006 Pingo Doce Lidosol Feira Nova Recheio Biedronka<br />
Número <strong>de</strong> lojas 189 13 38 33 905<br />
Área <strong>de</strong> Ven<strong>das</strong><br />
(m2)<br />
Ven<strong>das</strong> líqui<strong>das</strong><br />
(milhões <strong>de</strong> €)<br />
Ven<strong>das</strong> por m2<br />
(milhões <strong>de</strong> €)<br />
Crescimento<br />
em volume<br />
Crescimento<br />
Like-for-like 1<br />
161.279 10.319 150.189 110.005 452.952<br />
967.619 81.998 739.665 601.258 6.638.213<br />
6,42 8,01 5,36 5,59 16,12<br />
14% 7,2% 8% 4,1% 11,8%<br />
11,2% 2,1% 3,6% 23,4%<br />
Tabela 2.1 – Indicadores Económico-Financeiros <strong>das</strong> lojas do grupo<br />
Em 2007 vão ser abertas 24 novas Lojas em Portugal continental perfazendo um<br />
conjunto total <strong>de</strong> 298 lojas, e preten<strong>de</strong>-se comemorar a abertura da loja número 1000 na<br />
Polónia.<br />
Todos os estabelecimentos <strong>de</strong> ven<strong>das</strong> da empresa têm vindo a efectuar um<br />
reposicionamento <strong>de</strong> preços e um layout <strong>de</strong> loja mais atractivo e agradável. Nos segmentos em<br />
que é possível, também preten<strong>de</strong> diferenciar-se pelo crescimento <strong>de</strong> ven<strong>das</strong> <strong>das</strong> marcas<br />
próprias ou exclusivas.<br />
A ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> supermercados Pingo Doce manteve em 2006 a estratégia: preços<br />
competitivos, conveniência e proximida<strong>de</strong>, forte sortido <strong>de</strong> perecíveis, remo<strong>de</strong>lação e qualida<strong>de</strong><br />
<strong>das</strong> lojas. O Feira Nova aposta na consolidação da sua presença no mercado <strong>das</strong> médias<br />
superfícies, mas os hipermercados da ca<strong>de</strong>ia continuaram a ser afectados pelo difícil<br />
enquadramento competitivo do formato em Portugal e na Europa. O Recheio centrou as<br />
ven<strong>das</strong> no segmento HoReCa 2 , que conduziu a uma forte aposta em perecíveis e no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da marca própria (MasterChef). Na Ma<strong>de</strong>ira, o Pingo Doce aumentou as<br />
ven<strong>das</strong>. Apesar do <strong>de</strong>créscimo da activida<strong>de</strong> do retalho tradicional, o Recheio da Ma<strong>de</strong>ira<br />
consolidou a sua li<strong>de</strong>rança no mercado, e <strong>de</strong>stacou-se com a importante parceria iniciada com<br />
o Grupo Pestana.<br />
A ca<strong>de</strong>ia Biedronka conseguiu crescimento <strong>das</strong> ven<strong>das</strong> e expansão do parque <strong>de</strong> lojas<br />
(116 aberturas). O peso da Biedronka nas ven<strong>das</strong> consolida<strong>das</strong> do Grupo cresceu <strong>de</strong> 35,2%,<br />
em 2005, para 38,9%, em 2006 (Relatório e Contas JM, 2006)<br />
Apesar <strong>de</strong>ste trabalho explorar apenas a Jerónimo Martins Distribuição representada<br />
pela empresa Gestiretalho, o grupo <strong>de</strong>tém também uma parte <strong>de</strong> Indústria com a FimaVG, a<br />
LeverElida, e a IgloOlá.<br />
1 Like-for-like pressupõe uma base sem variação da superfície comercial <strong>de</strong> ven<strong>das</strong>, não tem em conta o<br />
crescimento por abertura <strong>de</strong> novas lojas.<br />
2 Insígnia <strong>de</strong> Hotéis, Restaurantes e Cafés<br />
6
2.2 A Ca<strong>de</strong>ia Logística<br />
Para abastecer todos estes pontos <strong>de</strong> venda, o grupo Jerónimo Martins conta com a<br />
empresa Gestiretalho, que pertence ao grupo e é exclusivamente responsável pelas tarefas<br />
logísticas <strong>de</strong> contactar fornecedores e fazer compras <strong>de</strong> acordo com previsões <strong>de</strong> ven<strong>das</strong>,<br />
fazer a conferência <strong>de</strong> mercadoria e combinar os produtos <strong>de</strong> cada fornecedor para cada loja<br />
em sistemas <strong>de</strong> armazém, fazendo chegar essa mercadoria aos estabelecimentos comerciais<br />
<strong>de</strong> venda ao público.<br />
2.2.1 Compra e abastecimento<br />
Po<strong>de</strong>mos caracterizar a encomenda como o início da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> abastecimento, sendo<br />
uma activida<strong>de</strong> próxima ao processo negocial e logístico. O fornecedor estabelece uma relação<br />
com a empresa distribuidora, que preten<strong>de</strong> disponibilizar um conjunto <strong>de</strong> produtos (sortido) aos<br />
seus clientes. Será sempre o consumidor final que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia o processo <strong>de</strong> compra, ao<br />
adquirir ou mostrar intenção <strong>de</strong> adquirir <strong>de</strong>terminado produto o consumidor <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia a<br />
necessida<strong>de</strong> do ponto <strong>de</strong> venda repor o stock, <strong>de</strong> acordo com as técnicas vigentes. Assim,<br />
quando o produto atinge um nível pré-<strong>de</strong>terminado <strong>de</strong> stock <strong>de</strong> segurança ou ponto periódico é<br />
feito um novo pedido <strong>de</strong> encomenda, <strong>de</strong> acordo com o período <strong>de</strong> carência esperado (lead-<br />
time) que tem em conta o tempo <strong>de</strong> reposição da Gestiretalho e o tempo <strong>de</strong> reposição do<br />
fornecedor. Neste âmbito, foi <strong>de</strong>senvolvido um sistema <strong>de</strong> multi-lead time aos fornecedores<br />
para que tenham mais facilida<strong>de</strong> em correspon<strong>de</strong>r aos tempos <strong>de</strong> entrega <strong>de</strong>sejados, incutindo<br />
flexibilida<strong>de</strong> ao processo e permitindo calcular previsões mais reais (Figura 2.1).<br />
(lead-time do fornecedor) (lead-time da Gestiretalho)<br />
Figura 2.1 - Lead-time da ca<strong>de</strong>ia logística<br />
A análise <strong>de</strong> encomenda é normalmente mista, envolvendo sazonalida<strong>de</strong> <strong>das</strong> ven<strong>das</strong>,<br />
histórico <strong>de</strong> períodos homólogos recentes e <strong>de</strong>svios ao lead-time. O processo <strong>de</strong> compra é<br />
antecedido por uma fase <strong>de</strong> procurement, na qual o cliente (neste caso o distribuidor<br />
Gestiretalho) avalia os potenciais fornecedores e as alternativas disponíveis no mercado, <strong>de</strong><br />
acordo com preço e quantida<strong>de</strong>, disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entregas e qualida<strong>de</strong> dos produtos.<br />
Passada esta fase <strong>de</strong> negociação e escolha <strong>de</strong> fornecedores, o processo torna-se mais fluido e<br />
rotineiro. O fornecedor <strong>de</strong>ve especificar as características do seu produto e os responsáveis<br />
lançam a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> compra. Posteriormente, o fornecedor passa a entregar os produtos no<br />
ponto <strong>de</strong> venda acordado (maioritariamente no Centro <strong>de</strong> Distribuição) e envia a factura que<br />
<strong>de</strong>scrimina as especificações do produto, quantida<strong>de</strong>s e data <strong>de</strong> pagamento (Christopher,<br />
1998).<br />
Fornecedor Centro <strong>de</strong><br />
Distribuição<br />
Lojas<br />
7
No centro <strong>de</strong> distribuição proce<strong>de</strong>-se à correspondência entre o pedido efectuado por<br />
computador e o efectivamente entregue, don<strong>de</strong> nasce o cálculo do nível <strong>de</strong> serviço do<br />
fornecedor, na óptica do cliente Gestiretalho. Assim que é recebido o produto, este é<br />
adicionado ao sistema logístico <strong>de</strong> informação <strong>de</strong> stocks do Armazém, que proce<strong>de</strong> à posterior<br />
execução, enquanto a área <strong>de</strong> compras recebe o registo da entrega real, comparando-a com a<br />
encomenda, <strong>de</strong> modo a estabelecer o nível <strong>de</strong> serviço do fornecedor, passando então à fase<br />
final <strong>de</strong> pagamento.<br />
Deste modo, é fácil verificar como o processo logístico é <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado pela compra,<br />
sendo um sistema tipo pull, conduzido pela procura a jusante e que necessita <strong>de</strong> ser<br />
processado com urgência numa ca<strong>de</strong>ia integrada e ágil, com comunicação rápida entre<br />
computadores, isenta <strong>de</strong> burocracia e erros.<br />
Na empresa, é a chamada equipa <strong>de</strong> Supply Chain quem trata do reaprovisionamento,<br />
existem equipas dividi<strong>das</strong> por tipo <strong>de</strong> produto que negoceiam e são responsáveis pelo<br />
<strong>de</strong>sempenho dos fornecedores, <strong>de</strong> acordo com características particulares <strong>de</strong> produtos<br />
agrupados em:<br />
- Bazar Ligeiro Feira Nova e Bazar Pesado<br />
- Detergentes e Produtos <strong>de</strong> Higiene + Bazar Ligeiro PD & Têxtil<br />
- Bebi<strong>das</strong> (Vinhos e Destilados)<br />
- Bebi<strong>das</strong> (Refrigerantes e Cervejas)<br />
- Alimentar<br />
- Congelados e Perecíveis<br />
Para o fluxo <strong>de</strong> produtos Stock, cada equipa verifica os níveis <strong>de</strong> inventário, faz<br />
previsões <strong>de</strong> ven<strong>das</strong> para garantir o nível <strong>de</strong> serviço às lojas e contacta directamente com<br />
fornecedores para fazer a colocação <strong>das</strong> encomen<strong>das</strong> necessárias. São apoiados pelos<br />
sistemas <strong>de</strong> planeamento <strong>de</strong> produção MRP e CRP.<br />
No fluxo <strong>de</strong> produtos Just-in-Time (JIT) é a procura nas lojas que vai puxar o<br />
inventário, as lojas efectuam o seu pedido <strong>de</strong> compra por computador e o sistema<br />
automaticamente coloca as encomen<strong>das</strong> aos fornecedores <strong>de</strong> acordo com o lead-time<br />
acordado.<br />
O fluxo Cross-Docking pressupõe uma parceria mais profunda com o fornecedor, na<br />
medida que ele entrega o seu leque <strong>de</strong> produtos já agrupado por lojas. Esta é uma mais-valia<br />
para a empresa, mas também para o fornecedor, que po<strong>de</strong> ter maior volume <strong>de</strong> encomen<strong>das</strong><br />
do seu produto por acrescentar valor num serviço adicional.<br />
Por fim, para categorias <strong>de</strong> Perecíveis muito especificas como os enchidos, os iogurtes,<br />
carnes, frutas, existem os Gestores <strong>de</strong> Categoria que têm economia <strong>de</strong> experiência e<br />
conhecimento <strong>de</strong>sses produtos e tratam directamente dos seus fornecedores numa relação<br />
muito próxima e <strong>de</strong> exigência na qualida<strong>de</strong>.<br />
Assim, as equipas que tratam do reaprovisionamento, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do fluxo ou<br />
categoria <strong>de</strong> produto, têm <strong>de</strong> escolher fornecedores, <strong>de</strong>finir o tipo <strong>de</strong> parceria e avaliar o<br />
8
<strong>de</strong>sempenho ao certificar a qualida<strong>de</strong>, manter a comunicação e garantir a entrega dos produtos<br />
na quantida<strong>de</strong> encomendada, nos prazos ajustados e <strong>de</strong> acordo com o lead-time estipulado.<br />
A equipa <strong>de</strong> Dados Mestres trabalha com a função <strong>de</strong> suporte informático à Supply<br />
Chain e trata <strong>de</strong> inserir produtos novos, alterar ou eliminar produtos <strong>de</strong>scontinuados nos<br />
sistemas <strong>de</strong> informação, para po<strong>de</strong>rem manter o programa <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> armazém e <strong>de</strong><br />
listagem nas lojas actualizado.<br />
2.2.2 Sistemas <strong>de</strong> informação<br />
Os sistemas informáticos da empresa preten<strong>de</strong>m-se interligados e a trocar dados, para<br />
promover a agilida<strong>de</strong> e integração da ca<strong>de</strong>ia logística. As tecnologias suportam os fluxos <strong>de</strong><br />
informação intra e inter empresas, com ramificações em quase toda a organização (Moura,<br />
2006). O sistema SAP (Sistemas, Aplicativos e Produtos para Processamento <strong>de</strong> Dados) é<br />
responsável pelas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> compra e remessa e controlo <strong>de</strong> inventário, o WPMS (Warehouse<br />
Physical Management System) é o sistema <strong>de</strong> gestão <strong>das</strong> operações do armazém e o<br />
INOPLAN faz a previsão e gestão <strong>das</strong> rotas dos camiões na distribuição. A partilha <strong>de</strong> dados<br />
ao longo <strong>de</strong> toda a ca<strong>de</strong>ia (incluindo fornecedor e cliente) é suportada por um sistema EDI<br />
(Electronic Data Interchange) que elimina as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> introdução manual <strong>de</strong> dados e<br />
formato papel, assim como possibilita sistemas <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação automática por código <strong>de</strong><br />
barras, <strong>de</strong> acordo com as normas europeias EAN (European Article Numbering).<br />
Figura 2.2 – Sistemas informáticos na logística do grupo Jerónimo Martins<br />
O sistema SAP (Sistemas, Aplicativos e Produtos para Processamento <strong>de</strong> Dados) é o<br />
Or<strong>de</strong>r Management System responsável pela gestão dos pedidos POS (Point of Sales) <strong>de</strong><br />
reaprovisionamento futuros às lojas e pela agregação aos pedidos feitos em MRP. Deste<br />
modo, à hora estipulada por cada armazém, <strong>de</strong> acordo com a operação, o sistema fecha as<br />
or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> compra e envia os pedidos agregados por produtos aos fornecedores (Or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong><br />
Compra), e os pedidos agregados por loja (Or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> Remessa) e fornecedor ao sistema<br />
WPMS.<br />
9
O sistema WPMS é um típico software <strong>de</strong> Warehouse Physical Management System<br />
que assume o controlo <strong>de</strong> to<strong>das</strong> as activida<strong>de</strong>s que ocorrem <strong>de</strong>ntro do armazém, tais como: o<br />
controlo da entrada e saída <strong>de</strong> veículos, a recepção <strong>de</strong> mercadorias, a execução <strong>de</strong> pedidos <strong>de</strong><br />
clientes, a expedição <strong>das</strong> viaturas e todos os movimentos <strong>de</strong> paletes ou outro tipo <strong>de</strong><br />
contentores com o apoio <strong>de</strong> uma aplicação que corre em qualquer terminal móvel <strong>de</strong> rádio<br />
frequência e controla as activida<strong>de</strong>s efectua<strong>das</strong> pelos operadores do armazém, com recurso à<br />
leitura óptica <strong>de</strong> códigos <strong>de</strong> barras.<br />
O INOPLAN é o software que trata a informação <strong>das</strong> janelas temporais <strong>de</strong> entrega nas<br />
lojas, a capacida<strong>de</strong> máxima dos veículos e as estimativas <strong>de</strong> produção do sistema WPMS (o<br />
número <strong>de</strong> paletes previstas por loja). É a principal ferramenta no que respeita à atribuição <strong>de</strong><br />
cais <strong>de</strong> expedição e é mantida pelos responsáveis <strong>de</strong> transporte.<br />
2.2.3 Transporte<br />
O grupo logístico é responsável pelos produtos comercializados em todos os pontos <strong>de</strong><br />
venda a nível nacional. Os estabelecimentos comerciais caracterizam-se por ven<strong>de</strong>r produtos<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> consumo e estão distribuídos por todo o continente, concentrando-se em zonas<br />
resi<strong>de</strong>nciais e principalmente na gran<strong>de</strong> Lisboa e gran<strong>de</strong> Porto. As lojas em Portugal<br />
continental em 2007, contabilizando as 24 novas lojas perfazem um conjunto total <strong>de</strong> 298 lojas,<br />
dividi<strong>das</strong> por zonas <strong>de</strong> distribuição Norte (acima do eixo Coimbra/ Viseu) e zona Sul (as<br />
restantes).<br />
Insígnias<br />
Zona<br />
SUL<br />
Zona<br />
Norte<br />
Total<br />
Pingo Doce 130 88 218<br />
Feira Nova 21 25 46<br />
Recheio 21 13 34<br />
Total 172 126 298<br />
Tabela 2.2 – Distribuição <strong>das</strong> lojas por insígnia e por zona<br />
O <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> transportes é então responsável por manter os níveis <strong>de</strong> serviço<br />
dos armazéns Gestiretalho <strong>de</strong> Guar<strong>de</strong>iras/ Vila do Con<strong>de</strong> (para o Norte) e Azambuja (para o<br />
Sul) a to<strong>das</strong> as lojas do grupo. O transporte tem uma importância fundamental na ca<strong>de</strong>ia<br />
logística, dado que confere ao material transportado uma mudança posicional que o aproxima<br />
do mercado final on<strong>de</strong> o consumidor lhe atribui valor efectivo. Assim, se a mercadoria for<br />
transportada por um sistema eficiente, o valor do produto no cliente chega para cobrir os custos<br />
e ainda vai gerar uma margem (Carvalho, 2001).<br />
O modo <strong>de</strong> transporte utilizado pela empresa em Portugal Continental é<br />
exclusivamente o rodoviário, que em parceria próxima com quatro empresas transportadoras<br />
ZÁS, TFS, TJA, TRACAR formam um sistema <strong>de</strong> transporte versátil, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> cobertura<br />
geográfica e serviço rápido <strong>de</strong> entrega ponto a ponto. A empresa Zás faz parte do grupo e foi<br />
criada em 2005, para diminuir a <strong>de</strong>pendência nas empresas subcontrata<strong>das</strong>, aumentar o po<strong>de</strong>r<br />
10
sobre as rotas, controlo <strong>de</strong> custos, qualida<strong>de</strong> e produtivida<strong>de</strong>, assim como rastreio dos seus<br />
produtos.<br />
Estes transportadores têm um controlo apertado dos seus movimentos, sendo os<br />
condutores acompanhados por sistema <strong>de</strong> localização GPS (Global Positioning System) e um<br />
método <strong>de</strong> selo (um código aleatório que sela o contentor <strong>de</strong> mercadoria e é conferido à<br />
chegada e saída <strong>de</strong> cada carga/<strong>de</strong>scarga). Assim, os transportadores chegam ao armazém<br />
para carregar a mercadoria executada por lojas e carregam <strong>de</strong> acordo com o planeamento feito<br />
pelo seu responsável (que agregou lojas por volumes e localizações com o apoio do sistema<br />
informático). Posteriormente, é feita a conferência <strong>das</strong> vias retira<strong>das</strong> <strong>de</strong> cada palete, com a<br />
informação do sistema <strong>de</strong> armazém, é dada autorização para o motorista carregar, selar o<br />
veículo e preencher o protocolo com as lojas que vai visitar, suas i<strong>de</strong>ntificações <strong>de</strong> condutor e<br />
matrícula e o número aleatório <strong>de</strong> selo para conferência na portaria. O condutor leva também a<br />
lista <strong>de</strong> produtos que entrega à loja para conferência e <strong>de</strong>scarrega nos locais estipulados <strong>de</strong><br />
acordo com uma janela temporal preestabelecida (time-table). Na volta, os camiões trazem<br />
geralmente as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> carga (paletes) vazias, mas alguns já fazem o backhaulding,<br />
trazendo na volta a mercadoria <strong>de</strong> alguns fornecedores.<br />
2.2.4 Armazenamento<br />
O armazenamento é a activida<strong>de</strong> intermédia, a interface do fornecedor e com o cliente.<br />
É a verda<strong>de</strong>ira parte operacional da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> distribuição, que se aproxima <strong>das</strong> matérias da<br />
gestão da produção/operações. Sendo o principal tema <strong>de</strong> estudo nesta dissertação será<br />
<strong>de</strong>senvolvido adiante para o caso específico do armazém <strong>de</strong> não perecíveis (produtos que não<br />
se <strong>de</strong>terioram no curto prazo) da Azambuja.<br />
No contexto, adiantamos apenas que esta operação intermédia recebe a mercadoria<br />
que chega dividida por fornecedor, e é organizada para que saía misturada <strong>de</strong> acordo com os<br />
pedidos <strong>das</strong> lojas, na Figura 2.3 as setas a entrar e sair do armazém po<strong>de</strong>m representar um<br />
camião com paletes ou uma palete com produtos, representando um mixing <strong>de</strong> produtos.<br />
Figura 2.3 – Representação do mixing <strong>de</strong> produtos em armazém<br />
11
Estes espaços físicos, que outrora tinham gran<strong>de</strong>s níveis <strong>de</strong> inventário para evitar<br />
quebras, estão ten<strong>de</strong>ncialmente a tornar-se sítios <strong>de</strong> reabastecimentos rápidos e contínuos<br />
(quick response/ continuous replenishment), mais pequenos e com fluxos rápidos ao longo do<br />
pipeline logístico, incluindo as operações <strong>de</strong> armazém. O armazenamento inclui um enorme<br />
leque <strong>de</strong> temas tratados, como a rotação <strong>de</strong> produtos, a eficiência da disposição física do<br />
espaço <strong>de</strong> trabalho (layout), a sequência e eficiência <strong>das</strong> operações, entre outros. Todos os<br />
factores contribuindo para diminuir os custos <strong>de</strong> manuseamento <strong>de</strong> mercadorias, aumentar a<br />
comunicação e partilha <strong>de</strong> dados e diminuir os tempos entre o fornecedor e cliente.<br />
Os armazéns estão localizados <strong>de</strong> acordo com estratégias <strong>de</strong>fini<strong>das</strong> pela empresa a<br />
um nível hierárquico superior, no caso da Gestiretalho com uma estratégia <strong>de</strong> centralização no<br />
continente, os armazéns na Azambuja servem a zona Sul e em Guar<strong>de</strong>iras/Vila do Con<strong>de</strong><br />
servem o Norte. As lojas da Ma<strong>de</strong>ira são aprovisiona<strong>das</strong> com o apoio <strong>de</strong> ambos os armazéns<br />
do continente. As lojas do Norte são suporta<strong>das</strong> pelo armazém <strong>de</strong> Guar<strong>de</strong>iras 5501- Não<br />
perecíveis Stock e JIT com 12 500 m 2 e o centro <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> Vila do Con<strong>de</strong> com 20 900<br />
m 2 , que abrange os armazéns 5504-Frescos, 5505-Frutas e vegetais, 5508-Congelados, e<br />
5508-Peixe.<br />
O centro <strong>de</strong> distribuição da Azambuja, com uma área total <strong>de</strong> 48 000 m 2 é composto<br />
pelos armazéns 5401-Não perecíveis, 5407-Não perecíveis JIT, 5403-Frutas e vegetais, 5404-<br />
Frescos e 5409- Peixe. A existência <strong>de</strong> vários armazéns pren<strong>de</strong>-se com as características dos<br />
produtos <strong>de</strong>ste ramos <strong>de</strong> retalho e gran<strong>de</strong> consumo, que sendo perecíveis têm características<br />
singulares e requisitos <strong>de</strong> conservação diferentes. Na Tabela 2.3 apresenta-se a classificação<br />
dos produtos referidos<br />
Pingo Doce – Feira Nova – Recheio<br />
Perecíveis Não perecíveis<br />
Frescos<br />
Frutas e<br />
Vegetais<br />
Peixe Congelados Alimentar e DPH<br />
JIT JIT JIT JIT Stock JIT<br />
- Carne<br />
- Iogurtes<br />
- Leite do dia<br />
- Frutas<br />
- Vegetais<br />
- Batata/ cebola<br />
- Peixaria<br />
- Bacalhau<br />
- Carne<br />
- Peixe<br />
- Alimentar<br />
- DPH<br />
- Bazar Ligeiro<br />
- Bazar Pesado<br />
Tabela 2.3 – Classificação geral da diversida<strong>de</strong> do sector alimentar<br />
Todos os produtos perecíveis operam em sistema Just-in-Time, já que os níveis <strong>de</strong><br />
qualida<strong>de</strong> e prazos <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> exigidos são mais rigorosos. O acondicionamento <strong>de</strong> produtos<br />
frescos e congelados em temperaturas controla<strong>das</strong> apropria<strong>das</strong> obrigam à separação <strong>de</strong><br />
armazéns, que acabam por funcionar como centros <strong>de</strong> distribuição. O único armazém que po<strong>de</strong><br />
operar armazenagem <strong>de</strong> produtos por tempos mais longos e a temperatura ambiente, é o<br />
armazém <strong>de</strong> não perecíveis 5401, que operava até Março <strong>de</strong> 2007 os dois sistemas <strong>de</strong><br />
resposta em tempos <strong>de</strong> ciclo para Stock e Just-in-Time (ver Figura 2.4). Com o<br />
Redimensionamento logístico da empresa, foi adicionado à lista <strong>de</strong> armazéns o 5407, apenas<br />
para não perecíveis em sistema Just-in-Time, ficando o armazém <strong>de</strong> não perecíveis 5401<br />
12
exclusivamente <strong>de</strong>dicado a manter fluxos <strong>de</strong> armazenamento, e abarcando a nova<br />
responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerir o bazar pesado e ligeiro, como <strong>de</strong>senvolveremos ao longo do<br />
trabalho.<br />
Figura 2.4 – Maqueta do armazém <strong>de</strong> não perecíveis da Azambuja<br />
2.3 O Armazém <strong>de</strong> Não Perecíveis da Azambuja<br />
A categoria <strong>de</strong> produtos Não Perecíveis como o nome indica, são mercadorias com<br />
prazos <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> mais longos e sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> temperaturas controla<strong>das</strong>. Sendo a<br />
empresa Gestiretalho <strong>de</strong> distribuição, não faz qualquer transformação dos produtos, o único<br />
tratamento que têm entre a entrada e saída, é a combinação dos produtos <strong>de</strong> diferentes<br />
fornecedores para servir diferentes lojas.<br />
Devemos reafirmar que ao longo do estudo a empresa se reestruturou na sua<br />
estratégia e dimensionamento. Em Fevereiro <strong>de</strong> 2007 foram recolhidos processos e métodos<br />
<strong>de</strong> operação no único armazém <strong>de</strong> não perecíveis da Azambuja, que <strong>de</strong>pois se dividiram com a<br />
aquisição <strong>de</strong> uma nova instalação. O estudo <strong>de</strong>senvolvido acompanha esta evolução e<br />
participa <strong>de</strong>la.<br />
As linhas <strong>de</strong> produto da categoria <strong>de</strong> não perecíveis contam com uma parte Alimentar<br />
(<strong>de</strong> bebi<strong>das</strong>, biscoitos e todos os alimentos que possam estar à temperatura ambiente); uma<br />
parte <strong>de</strong> Detergentes e Produtos <strong>de</strong> Higiene (DPH) com produtos <strong>de</strong> higiene <strong>de</strong> pequena<br />
dimensão e limpeza. Recentemente a empresa tomou responsabilida<strong>de</strong> pelas linhas <strong>de</strong> produto<br />
Bazar Ligeiro (BL) que gran<strong>de</strong> parte são promoções e artigos <strong>de</strong> época como artigos escolar,<br />
flores, chapéus; e Bazar Pesado (BP) como frigoríficos, máquinas <strong>de</strong> lavar, entre outros.<br />
Dentro <strong>de</strong>stas linhas <strong>de</strong> produto, é importante separar fluxos <strong>de</strong> produtos alimentar /<br />
não alimentar no armazém para evitar contaminação da comida. Apenas o papel e plástico<br />
po<strong>de</strong>m acompanhar ambos os fluxos.<br />
13
2.3.1 A instalação<br />
O armazém <strong>de</strong> não perecíveis é uma instalação <strong>de</strong> temperatura ambiente, que ocupa<br />
24 000 m 2 na Azambuja. No seu interior processam-se as operações <strong>de</strong> mixing <strong>de</strong> artigos para<br />
servir todos os produtos não perecíveis às lojas sul do grupo. O armazém tem 42 portas para<br />
carga e <strong>de</strong>scarga dos produtos, apenas num dos lados do armazém pelo que este é do tipo<br />
fluxo quebrado (consultar o tópico 3.3.4). No seu interior o espaço junto às portas são<br />
corredores para fazer o put-away temporário enquanto se confirma a mercadoria na Recepção,<br />
e para colocar os produtos prontos para Expedição. O resto do armazém é preenchido por 931<br />
bastidores.<br />
Todo o armazém está equipado para fazer inventário <strong>de</strong> produtos, pelo que existem 30<br />
corredores (31 filas <strong>de</strong> bastidores) com o sentido <strong>das</strong> portas e dois corredores horizontais que<br />
separam as docas dos bastidores (racks ou estantes), e divi<strong>de</strong>m os próprios bastidores em 16<br />
+ 14. Cada bastidor tem 5 pisos em altura, armazena mercadoria <strong>de</strong> ambos os lados e tem<br />
capacida<strong>de</strong> para três paletes lado a lado (Figura 2.5 e 2.6).<br />
A Figura 2.5 mostra a atribuição <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> picking do piso térreo em Fevereiro <strong>de</strong><br />
2007, quando a parte amarela junto às docas estava reservada a meias paletes e cross-<br />
docking, os bastidores a cor <strong>de</strong> rosa estavam reservados ao fluxo JIT (<strong>de</strong>ixar produtos) para<br />
execução e armazenamento temporário <strong>de</strong> mercadoria até ser puxada para as docas para<br />
expedição. Todo o resto estava reservado ao sistema Stock (colher produtos) <strong>de</strong> construção <strong>de</strong><br />
paletes. Todos os buffers nos níveis superiores do bastidor estão reservados ao<br />
armazenamento <strong>de</strong> paletes completas para execução à palete e para reabastecer os slots <strong>de</strong><br />
picking <strong>de</strong> execução à caixa (<strong>de</strong>senvolvido ao longo <strong>de</strong>ste capítulo).<br />
1<br />
16 bastidores 14 bastidores<br />
30 corredores<br />
1 slot <strong>de</strong> picking com espaço para 3 paletes<br />
41 portas<br />
Figura 2.5 – Esboço a 2 dimensões do armazém 5401 em Fevereiro 2007<br />
14
Tendo estas características físicas em conta, sabemos que o armazém tem capacida<strong>de</strong><br />
para 931 espaços a multiplicar por ambos os lados que perfaz 1862 espaços <strong>de</strong> picking no rés-<br />
do-chão com capacida<strong>de</strong> para três paletes cada um. A combinação <strong>de</strong> mercadoria na<br />
execução seja em sistema colher ou <strong>de</strong>ixar só po<strong>de</strong>rá ser feita no piso térreo do armazém.<br />
Adicionalmente o armazém possibilita esses 1862 espaços a multiplicar pelas outras quatro<br />
alturas <strong>de</strong> bastidores (ver Figura 2.6) para ter armazenamento temporário (nos buffers) em<br />
sistema aleatório (existe armazenamento <strong>de</strong>dicado e aleatório: o primeiro <strong>de</strong>dica os buffers<br />
temporários por cima do espaço <strong>de</strong> picking ao mesmo produto que está a ser executado no<br />
rés-do-chão para diminuir tempos <strong>de</strong> abaixamento; quando o armazém está muito lotado o<br />
sistema aleatório é mais útil pois permite armazenar mais paletes <strong>de</strong> forma aleatória no<br />
armazém).<br />
Figura 2.6 – Bastidores e buffers no armazém 5401<br />
Em Abril <strong>de</strong> 2007, a empresa aluga um novo armazém <strong>de</strong> 10 000 m 2 a dois quilómetros<br />
do complexo da Azambuja, que utiliza para manter o sistema Just-in-Time. Como a operação<br />
JIT é toda <strong>de</strong> execução no piso térreo, o novo armazém tem uma estrutura muito simples, é um<br />
armazém que apenas tem espaço físico para carregar as baterias dos empilhadores, tem as 25<br />
portas também em fluxo quebrado e to<strong>das</strong> as activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> suporte como cantina, escritórios<br />
e vestiários no primeiro andar (aliás como o anterior). No layout <strong>de</strong> execução tem linhas<br />
dispostas no chão indicativas do sítio que se <strong>de</strong>ve colocar a palete e barras pen<strong>de</strong>ntes do tecto<br />
para se afixar o nome <strong>das</strong> lojas, como se vê na próxima Figura 2.7.<br />
15
Figura 2.7 – Novo armazém 5407 <strong>de</strong> sistema Just-in-Time<br />
Os sítios <strong>das</strong> lojas duplicam-se e estão separados pelo corredor, <strong>de</strong> um lado para<br />
executar os produtos alimentares num espaço que se vê na Figura 2.8 (a cinzento) e do outro<br />
para colocar as paletes quando estão completas e esperam para ser expedi<strong>das</strong> (a ver<strong>de</strong>).<br />
DPH<br />
Alimentar<br />
A executar A executar<br />
Recepção Alimentar Expedição [extra]<br />
DPH<br />
DPH<br />
Bazar<br />
Bazar<br />
Figura 2.8 – Esboço da disposição do novo armazém JIT 5407.<br />
Produtos<br />
<strong>de</strong> Valor<br />
Baterias<br />
Expedição<br />
Norte<br />
Recepção Não - Alimentar<br />
16
2.3.2 Volume e variabilida<strong>de</strong><br />
Focando-nos só no estudo da logística dos produtos não perecíveis, i<strong>de</strong>ntificamos ao<br />
longo do tempo, apesar da sazonalida<strong>de</strong>, um aumento consi<strong>de</strong>rável no volume <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
Medida <strong>de</strong> Compra (UMC) expedi<strong>das</strong> pelo armazém da Azambuja (a UMC representa uma<br />
caixa). Inicia-se em Janeiro <strong>de</strong> 2005 <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1,5 milhões <strong>de</strong> caixas até atingir os 3,5 milhões no<br />
mês <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2007 (ver Figura 2.9).<br />
Milhões <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s<br />
4<br />
3,5<br />
3<br />
2,5<br />
2<br />
1,5<br />
1<br />
0,5<br />
0<br />
Janeiro<br />
Abril<br />
Julho<br />
Outubro<br />
UMC's totais<br />
Janeiro<br />
Abril<br />
Julho<br />
Outubro<br />
Janeiro<br />
Abril<br />
Julho<br />
2005 2006 2007<br />
Figura 2.9 – A evolução <strong>de</strong> caixas expedi<strong>das</strong> (não perecíveis)<br />
É certo que o aumento da metodologia JIT aumenta a rotação do produto e permite<br />
movimentar mais unida<strong>de</strong>s, mas esta prática não é suficiente para contrabalançar o<br />
crescimento do volume <strong>de</strong> ven<strong>das</strong> e <strong>de</strong> produtos em stock no armazém, pelo que a falta <strong>de</strong><br />
espaço é uma característica fácil <strong>de</strong> observar, com as ven<strong>das</strong>/m 2 a aumentar.<br />
Os armazéns ou centros <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> produção caracterizam-se por<br />
ter em armazém um leque pequeno <strong>de</strong> produtos limitado à sua gama <strong>de</strong> produção. Um outro<br />
nível <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> será o tipo <strong>de</strong> centros <strong>de</strong> distribuição que armazenam produtos <strong>de</strong><br />
várias marcas, mas do mesmo tipo. Temos por exemplo os gran<strong>de</strong>s reven<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> roupa,<br />
bebi<strong>das</strong>, electrodomésticos, que apesar <strong>de</strong> muito específicos nas suas características,<br />
partilham características <strong>de</strong>ntro do grupo, como o volume, o peso, a fragilida<strong>de</strong> ou a forma.<br />
A distribuição no retalho é singular e difícil <strong>de</strong>vido à variabilida<strong>de</strong> e prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong><br />
dos produtos. A variabilida<strong>de</strong> aumenta à medida que os pontos <strong>de</strong> venda são mais pequenos,<br />
<strong>de</strong> acordo com o critério <strong>de</strong> centralização. Assim, as gran<strong>de</strong>s superfícies com capacida<strong>de</strong> para<br />
inventário e algum volume <strong>de</strong> ven<strong>das</strong>, po<strong>de</strong>m fazer pedidos para maior stock <strong>de</strong> segurança na<br />
loja, possibilitar a compra <strong>de</strong> paletes completas mais fáceis <strong>de</strong> executar.<br />
No entanto, lojas mais pequenas como o Pingo Doce, não têm capacida<strong>de</strong> nem<br />
rotativida<strong>de</strong> suficiente para constituir stock, pelo que necessitam <strong>de</strong> fazer pedidos diários <strong>das</strong><br />
pequenas quantida<strong>de</strong>s que foram vendi<strong>das</strong> na loja. Este procedimento incentiva a gran<strong>de</strong><br />
Outubro<br />
17
variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produtos, que se terão <strong>de</strong> combinar em paletes <strong>de</strong> pequenas quantida<strong>de</strong>s<br />
diárias.<br />
Assim o sector <strong>de</strong> retalho, e particularmente a Jerónimo Martins precisa <strong>de</strong> ser eficiente<br />
na distribuição <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> produtos alimentares, e recentemente <strong>de</strong> bazar ligeiro<br />
e pesado. Estes caracterizam-se pelo peso, volume, fragilida<strong>de</strong> e pelas diferentes formas.<br />
2.3.3 Diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fluxos<br />
Já introduzimos as diferentes metodologias <strong>de</strong> reaprovisionamento numa ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />
abastecimento em capítulos anteriores. Neste ponto preten<strong>de</strong>mos ligar as singularida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>sses métodos às características da operação nos armazéns. A empresa trabalhou com os<br />
produtos não perecíveis sempre em sistema <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> encomenda com manutenção <strong>de</strong><br />
Stocks <strong>de</strong> segurança em bastidores dum armazém cheio <strong>de</strong> racks para maximizar o espaço<br />
3D. Com o surgir dos sistemas <strong>de</strong> quick response, a empresa a<strong>de</strong>riu ao sistema JIT em 2004.<br />
Na sua tentativa <strong>de</strong> inovar e estabelecer parcerias com fornecedores para diminuir lead-time, a<br />
empresa mantém com alguns fornecedores experiências <strong>de</strong> Cross-Docking nas quais os<br />
produtos <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado fornecedor chegam ao armazém já agregados por loja.<br />
Os não perecíveis por não terem características tão restritas, começaram por ser<br />
armazenados em Stock, num tipo comum <strong>de</strong> Armazém, com estantes em altura para po<strong>de</strong>r<br />
atribuir uma terceira dimensão (em altura) ao espaço do armazém.<br />
A i<strong>de</strong>ia era ter produtos <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> nas racks em altura, e ter nos espaços rés-do-<br />
chão paletes <strong>de</strong> produtos em stock que po<strong>de</strong>riam ser combina<strong>das</strong>, slots <strong>de</strong> picking. Assim,<br />
quando uma loja faz o pedido em stock, ela está representada por uma palete que se vai<br />
movimentando num porta paletes conduzido por um operador, que vê no sistema WPMS as<br />
necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa loja, segue a rota indicada pelo sistema e vai reunindo para a loja os<br />
produtos em stock na quantida<strong>de</strong> indicada (como um cesto <strong>de</strong> compras quando vamos ao<br />
supermercado), no final o sistema sabe em que caís essa palete <strong>de</strong> produtos combinados <strong>de</strong>ve<br />
ser colocada e o caixeiro <strong>de</strong>ixa-a lá para expedição. Em altura estão paletes completas <strong>de</strong><br />
stock com muita rotação, para as lojas <strong>de</strong> maior volume que pe<strong>de</strong>m paletes completas.<br />
Umas <strong>das</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> operação numa empresa <strong>de</strong> distribuição alimentar, é a<br />
distinção entre a urgência dos materiais e a sua rotativida<strong>de</strong>. Assim, a distinção entre produtos<br />
e lojas que funcionam em fluxo <strong>de</strong> JIT e Stock é importante, pois a filosofia supõe-se diferente.<br />
A filosofia Just-In-Time surge na produção e distribuição e preten<strong>de</strong> ser um sistema<br />
Pull <strong>de</strong> produção em função da procura. Na Gestiretalho por exemplo, os produtos são<br />
encomendados ao fornecedor em função da procura na loja. Este mo<strong>de</strong>lo traz vantagens<br />
enormes, já que diminui os tempos <strong>de</strong> espera, os níveis <strong>de</strong> inventário e a variabilida<strong>de</strong> no<br />
sistema, tornando a empresa mais ágil na resposta às alterações <strong>de</strong> mercado, e evitando a<br />
obsolescência dos produtos.<br />
18
A introdução da produção em JIT na empresa Jerónimo Martins ocorreu em Outubro <strong>de</strong> 2004<br />
representando um volume <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 5 % <strong>das</strong> ven<strong>das</strong>. O crescimento <strong>de</strong>ste procedimento<br />
aconteceu no piso térreo <strong>de</strong> um armazém, no meio <strong>de</strong> racks que ocupavam todo o armazém<br />
com <strong>de</strong>stino a stock, o que limitava a produtivida<strong>de</strong> <strong>das</strong> pessoas envolvi<strong>das</strong>, tanto no fluxo JIT<br />
como Stock. Actualmente, mais <strong>de</strong> 45% do volume <strong>de</strong> encomen<strong>das</strong> são processa<strong>das</strong> usando o<br />
sistema JIT (ver Figura 2.10) e preten<strong>de</strong>-se que mais fornecedores venham a a<strong>de</strong>rir através da<br />
implementação da Solução JIT Multi-Lead Time (nem todos os fornecedores têm capacida<strong>de</strong><br />
para respon<strong>de</strong>r no dia “n+1” a pedidos colocados no dia “n”, pelo que alguns produtos po<strong>de</strong>m<br />
ser entregues nos dias “n+2” ou “n+3”).<br />
. Com este sistema prevê-se a redução <strong>de</strong> custos <strong>de</strong> operação e reaprovisionamento,<br />
diminuição <strong>das</strong> quebras, redução dos custos <strong>de</strong> transporte, libertação <strong>de</strong> espaço <strong>de</strong> armazém<br />
com a diminuição <strong>de</strong> stock e melhoria da qualida<strong>de</strong> dos produtos <strong>de</strong>vido ao aumento do prazo<br />
<strong>de</strong> valida<strong>de</strong> dos artigos.<br />
50<br />
45<br />
40<br />
35<br />
30<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
%<br />
Janeiro<br />
Abril<br />
Julho<br />
Outubro<br />
Janeiro<br />
Abril<br />
% JIT<br />
Julho<br />
Outubro<br />
Janeiro<br />
Abril<br />
Julho<br />
2005 2006 2007<br />
Figura 2.10 – Volume <strong>de</strong> JIT em função do volume total (não perecíveis)<br />
Para que o sistema JIT seja possível, tem que existir tecnologia avançada <strong>de</strong> partilha<br />
<strong>de</strong> informação que a Jerónimo Martins tem vindo a <strong>de</strong>senvolver com o seu portal. O sucesso<br />
<strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> também do enorme controlo e confiança nos fornecedores,<br />
pois a entrega atempada e nas quantida<strong>de</strong>s correctas é fundamental para manter os níveis <strong>de</strong><br />
serviço.<br />
Um outro sistema que exige confiança e parceria com os fornecedores é o cross-<br />
docking, com o mesmo objectivo <strong>de</strong> diminuir tempos <strong>de</strong> encomenda e melhorar níveis <strong>de</strong><br />
serviço. O cross-docking apresenta-se à empresa como um fluxo <strong>de</strong> mercadoria que não<br />
precisa <strong>de</strong> ser combinada, já que são produtos que vêm combinados do fornecedor, por acordo<br />
prévio, <strong>de</strong> forma a facilitar a execução por loja <strong>de</strong> produtos combinados a montante. Esta<br />
prática pressupõe muita confiança no fornecedor e a existência <strong>de</strong> um leque <strong>de</strong> produtos do<br />
fornecedor em quantida<strong>de</strong> interessante à empresa, que justifique a combinação a montante. A<br />
execução <strong>de</strong>sta técnica é mais rápida, mas a recepção por loja do sistema po<strong>de</strong> em algumas<br />
situações revelar-se complicada.<br />
Outubro<br />
19
2.3.4 O redimensionamento logístico<br />
Sintetizando os pormenores apresentados anteriormente quanto às dificulda<strong>de</strong>s da<br />
sobrelotação no antigo armazém, <strong>de</strong>ixam-se agora pormenores <strong>das</strong> principais limitações no<br />
armazém <strong>de</strong> não perecíveis em Fevereiro <strong>de</strong> 2007. Este operava em sistema conjunto <strong>de</strong><br />
fluxos. A recepção <strong>de</strong> produtos era conjunta, tendo os chefes <strong>de</strong> turno <strong>de</strong> distinguir os fluxos<br />
JIT e Stock aquando da chegada <strong>de</strong> cada fornecedor.<br />
Também no layout operava o Fluxo JIT (com Cross-Docking) e Stock. O Armazém era<br />
composto por racks em todo o seu layout, resultado da falta <strong>de</strong> espaço. Sendo necessário<br />
executar as mercadorias no piso térreo do layout, criavam-se varia<strong>das</strong> limitações à operação:<br />
- Os espaços <strong>de</strong> picking disponíveis para execução estavam limitados ao piso 0 do<br />
armazém <strong>de</strong> 24 000 m 2 , tendo que albergar a execução JIT com mais <strong>de</strong> 150 lojas Pingo Doce<br />
e Feira Nova e ainda um enorme número <strong>de</strong> produtos Alimentar, Bazar e DPH para a execução<br />
stock <strong>de</strong> lojas PD, FN e Recheio, o número <strong>de</strong> slots <strong>de</strong> picking não era suficiente.<br />
- Esta limitação provocava um défice no número <strong>de</strong> produtos disponíveis para<br />
execução stock, ocorrendo muitas vezes situações <strong>de</strong> ‘abaixamento por pedido’ <strong>de</strong> um caixeiro,<br />
tendo este <strong>de</strong> esperar que o letdown (o empilhador que consegue baixar as paletes <strong>das</strong><br />
estantes nas quatro alturas acima da execução) fosse buscar a palete pedida ao seu local <strong>de</strong><br />
arrumação aleatório e a trouxesse ao local <strong>de</strong> execução no piso 0.<br />
- Os abaixamentos frequentes, fosse para o reabastecimento <strong>de</strong> execução à caixa para<br />
lojas ou para execução <strong>de</strong> paletes completas, provocavam transito no piso térreo, todo ele <strong>de</strong><br />
corredores <strong>de</strong> execução. Levando operadores letdown e caixeiros a ter <strong>de</strong> esperar para utilizar<br />
o mesmo espaço.<br />
- A lotação do armazém não permitia a separação dos produtos por categorias, ou seja,<br />
em vez <strong>de</strong> agrupar os produtos por tipo, peso, forma, etc. Era necessário aten<strong>de</strong>r a categorias<br />
prioritárias como rotativida<strong>de</strong> para que maior número <strong>de</strong> produtos percorressem a menor<br />
distância possível, como num armazém normal. Isto dificultava a montagem da palete no stock,<br />
já que ao percorrer o layout, a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesos e formas era muito gran<strong>de</strong>.<br />
Para minimizar a sobrelotação do piso térreo <strong>de</strong> armazém, foram criados turnos (que<br />
também aumentavam o rácio <strong>de</strong> utilização <strong>das</strong> máquinas). Eram colocados os produtos <strong>de</strong><br />
menor rotativida<strong>de</strong> nos buffers <strong>de</strong> arrumação com maior utilização dos slots <strong>de</strong> picking no piso<br />
Zero. Por exemplo, os slots da execução JIT continham nessas estantes acima os produtos <strong>de</strong><br />
menor rotativida<strong>de</strong>. Os buffers <strong>de</strong> arrumação em altura com maior rotativida<strong>de</strong>, logicamente os<br />
mais próximos <strong>das</strong> docas <strong>de</strong> recepção/ expedição, continham nos slots <strong>de</strong> picking do piso<br />
térreo os produtos <strong>de</strong> execução Stock <strong>de</strong> menor rotativida<strong>de</strong>/ saída para as lojas. Sempre com<br />
o objectivo <strong>de</strong> diminuir congestionamentos e rentabilizar o espaço <strong>de</strong> operação.<br />
Mesmo com to<strong>das</strong> as medi<strong>das</strong> para optimizar a operação no piso térreo, o crescimento<br />
do volume <strong>de</strong> ven<strong>das</strong> da empresa, principalmente para fluxos como o JIT e Cross-Docking (que<br />
necessitavam <strong>de</strong> piso térreo) tornavam a situação cada vez mais insustentável. A produtivida<strong>de</strong><br />
<strong>das</strong> operações estava cada vez mais comprometida com a falta <strong>de</strong> condições.<br />
20
2.3.5 A sequência <strong>de</strong> operações<br />
Focando os processos <strong>de</strong> armazém, temos 5 processos principais, que <strong>de</strong>finem as<br />
operações realiza<strong>das</strong> no armazém <strong>de</strong> Não Perecíveis da Azambuja. Estas operações têm<br />
normalmente tempos associados, que se mostram comparados entre si na Figura 2.11 e on<strong>de</strong><br />
se observa nitidamente a operação <strong>de</strong> execução como a maior consumidora <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong><br />
armazém, representando 50% do tempo total <strong>de</strong> operação. Os processos listam-se<br />
seguidamente, por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> operações e continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informação. Tentam fazer-se<br />
pequenas <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong> pormenores, mas encontram-se esquematizados <strong>de</strong>talhadamente em<br />
diagramas <strong>de</strong> workflow em capítulos posteriores (consultar 4.1.1).<br />
i) Recepção<br />
- Recepção<br />
- Arrumação e Abaixamento<br />
- Execução Lojas<br />
- Execução JIT<br />
- Expedição<br />
Execução<br />
Lojas/JIT<br />
50%<br />
A recepção é feita pelo recepcionista, dando or<strong>de</strong>m à portaria para entrar o fornecedor<br />
anunciado previamente em <strong>de</strong>terminada porta. Este, por sua vez, <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>scarregar no seu<br />
timetable estipulado e vir com uma Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Compra prévia, com o risco <strong>de</strong> não po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ixar<br />
a mercadoria. Se não tiver or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> compra, o recepcionista terá <strong>de</strong> contactar a Supply Chain<br />
que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> se a mercadoria será recebida e se tem as características pretendi<strong>das</strong> a nível <strong>de</strong><br />
produtos, quantida<strong>de</strong>s e prazos <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acordo com a encomenda.<br />
O recepcionista faz a recepção administrativa previamente, recebendo os documentos<br />
por um sistema <strong>de</strong> vácuo enquanto o fornecedor entra e encosta no cais. Só <strong>de</strong>pois se dá a<br />
entrada da mercadoria no espaço físico do armazém. Um bom fornecedor terá o seu condutor<br />
a ajudar à <strong>de</strong>scarga <strong>das</strong> paletes, facilitando o trabalho do recepcionista que vai conferindo a<br />
mercadoria. Parte <strong>das</strong> vezes o recepcionista tem <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r à <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> toda a mercadoria<br />
e apenas <strong>de</strong>pois começa a conferir quantida<strong>de</strong>s e qualida<strong>de</strong>.<br />
Recepção<br />
18%<br />
Expedição<br />
Arrumação/<br />
18%<br />
Abaixamnto<br />
14%<br />
Figura 2.11 – Tempos médios percentuais gastos por operação<br />
A singularida<strong>de</strong> da recepção consiste em ser tanto mais fácil e rápida quanto mais<br />
paletes com o mesmo produto trouxer o fornecedor. Assim, num camião completo (Full Truck<br />
Load) <strong>de</strong> Stock com o mesmo produto, po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntifica<strong>das</strong> 46 euro-paletes em 20 minutos<br />
enquanto que a recepção <strong>de</strong> um fornecedor JIT que trás 46 produtos diferentes em uma palete<br />
(exemplo do fornecedor <strong>de</strong> produtos naturais chás e ervas) po<strong>de</strong> levar ao recepcionista os<br />
mesmos 20 minutos ou mais. O rigor dos dados na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> compra, indicados pelo<br />
fornecedor, também é um factor <strong>de</strong>cisivo para o sucesso da recepção, já que, em caso <strong>de</strong><br />
erros, os processos <strong>de</strong> ligar à Supply Chain e esperar resposta po<strong>de</strong>m ser longos.<br />
21
ii) Arrumação/Abaixamento<br />
No final da recepção, a mercadoria JIT e Stock é tratada <strong>de</strong> forma diferente. A JIT tem<br />
priorida<strong>de</strong> para ser executada imediatamente nas lojas, enquanto o Stock po<strong>de</strong> ir abastecer os<br />
espaços <strong>de</strong> picking, po<strong>de</strong> ser executado imediatamente em paletes completas para as lojas em<br />
cais <strong>de</strong> expedição fictícios, ou serem arrumados nas racks em altura por indicação do sistema<br />
WPMS do armazém, executado pelos chamados ‘letdowns’ em empilhadores. Estes mesmos<br />
tiram a mercadoria <strong>das</strong> estantes em altura para os respectivos slots <strong>de</strong> picking quando o<br />
produto com as mesmas características acaba no respectivo espaço do piso Zero.<br />
iii) Execução Stock<br />
A execução dos produtos stock é uma forma <strong>de</strong> combinar mercadoria para as lojas,<br />
quando estas não têm rotação ou espaço para ter o produto no ponto <strong>de</strong> venda. Assim, o<br />
armazém po<strong>de</strong> beneficiar <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontos <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> para produtos com prazos <strong>de</strong> valida<strong>de</strong><br />
elevados, e manter os produtos em armazém até que cada loja faça o seu pedido ao armazém.<br />
Se cada pedido for <strong>de</strong> pequenas quantida<strong>de</strong>s, existe a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> combinar produtos com<br />
o mesmo <strong>de</strong>stino (para a mesma loja) numa única palete. O operador começa então por aceitar<br />
a loja indicada pelo terminal <strong>de</strong> WPMS como próximo trabalho, carrega as paletes e procura os<br />
produtos pelo piso Zero do armazém seguindo a rota estipulada pelo sistema. Se existir a falta<br />
<strong>de</strong> algum produto no slot <strong>de</strong> picking, ele avisa a operação <strong>de</strong> Abaixamento do produto em falta<br />
e, se pu<strong>de</strong>r faz um backpicking e <strong>de</strong>ixa aquele item para o fim, se não for possível terá <strong>de</strong><br />
esperar pelo letdown.<br />
O caixeiro stock vai percorrendo o layout pela rota estabelecida, carregando o produto<br />
especificado nas quantida<strong>de</strong>s pedi<strong>das</strong> e construindo uma palete, no final do processo (ou<br />
quando estiver completa) ele vitafilma a palete com película a<strong>de</strong>rente e escreve em três vias<br />
úteis à expedição (uma para o responsável dos transportes, uma para o motorista <strong>de</strong> camião e<br />
uma para a loja), <strong>de</strong>ixando a palete no cais <strong>de</strong> expedição indicado pelo sistema WPMS.<br />
Durante o processo o caixeiro tem <strong>de</strong> ler com os infra-vermelhos do seu terminal <strong>de</strong><br />
radiofrequência os códigos <strong>de</strong> barras em cada slot <strong>de</strong> picking e cais <strong>de</strong> expedição físico, para o<br />
sistema garantir que a pessoa está a seguir o processo correctamente.<br />
iv) Execução JIT<br />
O processo <strong>de</strong> execução JIT é um pouco diferente. Neste caso o fornecedor <strong>de</strong>ixa no<br />
armazém as necessida<strong>de</strong>s calcula<strong>das</strong> em SAP com base nos pedidos <strong>das</strong> lojas para o dia. O<br />
fornecedor entrega frequentemente (i<strong>de</strong>almente diariamente) e os pedidos têm priorida<strong>de</strong> a ser<br />
executados, indo no próprio dia para a loja. Neste caso, não há qualquer criação <strong>de</strong> Stock pelo<br />
que a mercadoria assim que é recebida, é logo distribuída pelas lojas dispostas num layout <strong>de</strong><br />
piso Zero em que cada euro-palete representa uma loja e a mercadoria recebida vai<br />
percorrendo o layout e completando a palete, que no final é também embalada com película e<br />
levada ao cais <strong>de</strong> expedição pelo caixeiro responsável pelo corredor. Também neste caso a<br />
22
distribuição da mercadoria do fornecedor segue uma <strong>de</strong>terminada rota estipulada pelo sistema<br />
WPMS, com base nos pedidos <strong>das</strong> lojas e na or<strong>de</strong>m do layout.<br />
v) Expedição<br />
A expedição vai sendo pré-preparada pelo sistema operacional do armazém WPMS,<br />
que indica quando as lojas estão completas (quando já se fez o picking <strong>de</strong> todos os produtos<br />
encomendados para essa loja nesse dia) e vai propondo distribuições. O responsável dos<br />
transportes <strong>de</strong>fine as rotas dos camiões <strong>de</strong> acordo com as indicações do WPMS, as rotas,<br />
caminhos e as on<strong>das</strong>. O processo inicia-se com a recolha da primeira <strong>das</strong> três vias pelo<br />
responsável <strong>de</strong> expedição, que planeia a rota que preten<strong>de</strong> confirmando esse volume <strong>de</strong><br />
paletes com as indicações do WPMS. Quando o motorista chega, retira o segundo dos<br />
triplicados, representando cada uma <strong>de</strong>stas vias uma palete, e entrega-os ao responsável para<br />
confirmar a correspondência dos triplicados iniciais com o número <strong>de</strong> paletes que o motorista<br />
tem a carregar. Se não estiver correcto procura-se o erro, sendo uma palete esquecida ou<br />
mudada <strong>de</strong> lugar, se correspon<strong>de</strong>r o responsável <strong>de</strong> expedição faz o protocolo, e imprime a<br />
guia <strong>de</strong> remessa, com a lista dos itens disponibilizado pelo WPMS para confirmação dos<br />
produtos na loja.<br />
O motorista tem então permissão para carregar o camião, sela a viatura e preenche o<br />
protocolo com o número <strong>de</strong> selo aleatório que permite a não violação da mercadoria. O<br />
motorista sai com o protocolo indicando a rota <strong>de</strong> lojas em que vai passar, que paletes <strong>de</strong>ixa<br />
em cada uma e a guia <strong>de</strong> remessa <strong>de</strong>scritiva dos produtos para cada loja. À saída é a portaria<br />
que confirma a veracida<strong>de</strong> do selo e na primeira loja, on<strong>de</strong> lhes atribuem novo selo e assim<br />
sucessivamente até regressar <strong>de</strong> novo ao armazém da empresa, que a portaria <strong>de</strong> entrada<br />
volta a conferir o selo. É também o responsável <strong>de</strong> expedição, que se encarrega <strong>de</strong> emitir os<br />
triplicados para paletes completas e meias paletes e <strong>de</strong> afectar as mercadorias a cais fictícios<br />
que alguém irá distribuir.<br />
2.3.6 A produtivida<strong>de</strong><br />
São vários os factores que contribuem para o aumento da produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />
empresa. Normalmente começa por estabelecer melhores condições para o operador<br />
<strong>de</strong>senvolver o seu trabalho, com investimento <strong>de</strong> capital em máquinas, optimização <strong>de</strong><br />
armazém e inovação. Mas existe uma parte <strong>de</strong> sucesso da empresa que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />
motivação e empenho dos seus operadores. Aborda-se então algumas características <strong>das</strong><br />
métricas <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> da empresa e <strong>de</strong>finição dos sistemas <strong>de</strong> avaliação vigentes.<br />
Rotativida<strong>de</strong><br />
No período anterior a 2006 a rotação da força <strong>de</strong> trabalho apresentava níveis elevados,<br />
cerca <strong>de</strong> 70% do total <strong>de</strong> trabalhadores (como consequência do salário mínimo dos operadores<br />
23
<strong>de</strong> armazém ser cerca <strong>de</strong> 450 euros). Em 2006 fixou-se os 500 euros mensais <strong>de</strong> salário<br />
mínimo, como medida para fixar o capital humano da empresa, já que a elevada rotação trás<br />
sempre enormes custos <strong>de</strong> experiência, conhecimento e formação. São perdi<strong>das</strong> horas em<br />
formação, horas dos caixeiros experientes a ensinar os novos alunos, tal como a falta <strong>de</strong><br />
prática e <strong>de</strong> conhecimento <strong>de</strong> pormenores da execução dos novos caixeiros constantemente<br />
em rotação. Esta medida <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> salário teve consequências diminuindo a rotação (ver<br />
Tabela 2.4).<br />
Rotação Dez 2005 Dez 2006 Set 2007<br />
Num. total empregados 896 845 1008<br />
% do total em rotação 67,61% 59,22%<br />
Produtivida<strong>de</strong><br />
Tabela 2.4 – Rotação dos trabalhadores no armazém<br />
A produtivida<strong>de</strong> tem vindo a aumentar ao longo do tempo como se po<strong>de</strong> verificar na<br />
Figura 2.12, no entanto com um mercado cada vez mais exigente é obrigatório manter o<br />
<strong>de</strong>sempenho dos empregados elevado e a margem <strong>de</strong> lucro da empresa suficiente.<br />
180<br />
160<br />
140<br />
120<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
80<br />
UMC/hora caixeiro<br />
97 104,3<br />
116,7<br />
170<br />
2002 2003 2004 2005 2006<br />
Figura 2.12 – Evolução da produtivida<strong>de</strong> no armazém <strong>de</strong> não perecíveis<br />
Sistema <strong>de</strong> prémios<br />
Para além do salário fixo, os trabalhadores recebem um prémio adicional por serem<br />
produtivos. Diariamente os operadores têm um objectivo fixo <strong>de</strong> caixas a distribuir. Se<br />
conseguirem distribuir mais que esse valor ganham o prémio diário caso contrário não ganham<br />
essa quantia <strong>de</strong> dinheiro extra. Este sistema serve para a Execução JIT e Stock da mesma<br />
24
forma, para a Recepção é calculado <strong>de</strong> forma diferente, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do volume recebido<br />
diariamente. O valor estipulado é calculado com base na média histórica <strong>de</strong> caixas recebi<strong>das</strong> e<br />
executa<strong>das</strong> no respectivo armazém.<br />
Limitações do sistema actual<br />
O sistema <strong>de</strong> prémio actual pressupõe que to<strong>das</strong> as caixas <strong>de</strong> mercadoria executa<strong>das</strong><br />
no armazém têm as mesmas características. Ora, isso não é verda<strong>de</strong> uma vez que os produtos<br />
não perecíveis têm volume, forma e pesos variados. Seguidamente olhamos os principais<br />
factores <strong>de</strong> medida e os <strong>de</strong>terminantes da produtivida<strong>de</strong> nos armazéns <strong>de</strong> retalho.<br />
UMC diários - O presente sistema <strong>de</strong> prémio no armazém Stock atribui uma quantia adicional<br />
<strong>de</strong> dinheiro se a pessoa chegou ao objectivo pretendido, não incita portanto a produzir mais<br />
que o estipulado. Sendo uma medição diária absoluta e sabendo que alguns operadores<br />
ten<strong>de</strong>m a medir o trabalho que fazem, teremos casos <strong>de</strong> caixeiros que po<strong>de</strong>m ser muito<br />
produtivos numa <strong>de</strong>terminada hora ou trabalho e que rapidamente tornar-se-ão não produtivos<br />
assim que alcancem o patamar exigido.<br />
UMC / hora - Para fazer um trabalho, leia-se executar <strong>de</strong>terminada palete, o operador tem o<br />
terminal <strong>de</strong> RF ligado e o sistema <strong>de</strong> WPMS regista o tempo e o número <strong>de</strong> UMC <strong>de</strong>sse<br />
trabalho. Com base neste pressuposto, po<strong>de</strong>mos medir o nível médio <strong>de</strong> UMC por hora <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>terminado caixeiro no seguimento dos vários trabalhos do caixeiro ao longo do dia. Este tipo<br />
<strong>de</strong> medida está a ser aplicada recentemente pela empresa (prioritariamente no sistema JIT) e<br />
po<strong>de</strong>rá ser um importante passo na equida<strong>de</strong> da atribuição <strong>de</strong> prémios.<br />
UMC / Acção - Cada acção representa uma leitura do código <strong>de</strong> barras pelo terminal RF, seja<br />
para fazer o picking <strong>de</strong> um produto no Stock ou <strong>de</strong>ixar um produto numa loja. Para fazer o<br />
picking em slots <strong>de</strong> produtos diferentes e <strong>de</strong>ixar produtos em lojas diferentes, o caixeiro terá <strong>de</strong><br />
se movimentar ao longo do layout. Os caixeiros po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar uma ou mais unida<strong>de</strong>s por<br />
acção, conseguindo executar toda a mercadoria com mais ou menos <strong>de</strong>slocações no layout. O<br />
actual sistema <strong>de</strong> prémio não tem em conta que, por exemplo, um caixeiro que <strong>de</strong>ixou to<strong>das</strong> as<br />
suas duzentas unida<strong>de</strong>s em duas lojas ganhe prémio, e um outro que teve <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar uma<br />
unida<strong>de</strong> em cada paragem <strong>de</strong> layout não ganha. Os operadores ganham sensibilida<strong>de</strong> para<br />
esta característica e ten<strong>de</strong>m a tentar escolher as paletes, fazendo tempo entre as racks até que<br />
surja uma palete melhor. Quando não conseguem escolher, estas características são factores<br />
não contabilizados, pelo que <strong>de</strong>terminam a motivação do caixeiro em <strong>de</strong>terminado dia ou<br />
trabalho.<br />
25
Diversida<strong>de</strong> da mercadoria<br />
Um armazém <strong>de</strong> produtos alimentares <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> consumo, é característico pela sua<br />
diversida<strong>de</strong>. Assim, os sistemas <strong>de</strong> prémio estão a pressupor que toda a mercadoria que é<br />
executada no armazém <strong>de</strong> não perecíveis tem as mesmas características, o que sabemos não<br />
ser verda<strong>de</strong>, uma vez que os produtos divergem muito em peso, volume, fragilida<strong>de</strong> e forma.<br />
Estas características <strong>de</strong> ergonomia no trabalho, a dificulda<strong>de</strong> em levantar ou a força que se<br />
tem <strong>de</strong> aplicar a um <strong>de</strong>terminado produto, <strong>de</strong> facto influenciam a produtivida<strong>de</strong> dos operadores<br />
no armazém.<br />
2.4 Conclusões<br />
Olhando a empresa e toda a sua estrutura, apercebemo-nos que esta se mantém no<br />
mercado da distribuição alimentar com uma fórmula sustentada <strong>de</strong> crescimento. Esse<br />
crescimento aliado às alterações no mercado, obrigam a empresa a rever estratégias logísticas<br />
e a redimensionar a sua ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> distribuição.<br />
O trabalho foca-se nos produtos não perecíveis da empresa, e preten<strong>de</strong> acompanhar<br />
possibilida<strong>de</strong>s no armazém 5401 <strong>de</strong> Stock e 5407 <strong>de</strong> JIT. Os processos da operação da<br />
empresa em armazém encontram-se bem <strong>de</strong>finidos em Recepção, Arrumação/Abaixamento,<br />
Execução Stock, Execução JIT e Expedição.<br />
O sistema <strong>de</strong> prémio começou por ser <strong>de</strong> UMC diários absolutos, com os novos<br />
sistemas <strong>de</strong> quick response JIT optou-se por utilizar o rácio UMC por hora, mas existem ainda<br />
limitações ao mo<strong>de</strong>lo, que não se encontra totalmente explicado.<br />
Tendo acompanhado este crescimento e <strong>de</strong>finição <strong>das</strong> características do novo<br />
armazém JIT, existem enormes possibilida<strong>de</strong>s na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> layout que <strong>de</strong>vem ser<br />
explora<strong>das</strong>. É isso que se preten<strong>de</strong> fazer no próximo capítulo <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> metodologias e<br />
conceitos.<br />
Por outro lado, numa tentativa <strong>de</strong> melhorar a motivação dos operadores, será<br />
interessante investigar formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir melhor os mecanismos <strong>de</strong> compensação e a<br />
motivação dos funcionários <strong>de</strong> armazém.<br />
26
Capítulo 3 – Metodologias e Conceitos Fundamentais<br />
A Produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um sistema é normalmente <strong>de</strong>finida como o rácio entre o que sai<br />
(Output) e o que entra (Input). Nesta perspectiva, se mantivermos a entrada <strong>de</strong> recursos<br />
constante (que normalmente é dinheiro traduzido em mão-<strong>de</strong>-obra, máquinas, instalações) esta<br />
será tanto maior quanto maior for o retorno. Por outro lado, numa empresa com uma carteira<br />
<strong>de</strong> encomen<strong>das</strong> constante, a produtivida<strong>de</strong> representa a relação entre o output e um, ou vários,<br />
ou mesmo todos os inputs utilizados para atingir a meta estabelecida, ao longo <strong>de</strong> um<br />
<strong>de</strong>terminado período <strong>de</strong> tempo.<br />
Se quisermos manter a produção, diremos que para aumentar a Produtivida<strong>de</strong> temos<br />
<strong>de</strong> diminuir os recursos, produzir o mesmo mais rapidamente, a menores custos, ou todos eles.<br />
Num caminho para a optimização do processo, aumento a eficiência, sendo esta a relação<br />
entre os resultados obtidos e os recursos empregues.<br />
Um outro conceito que geralmente se confun<strong>de</strong> com produtivida<strong>de</strong> é o <strong>de</strong> performance<br />
ou <strong>de</strong>sempenho, este não preten<strong>de</strong> ser uma relação saída/entrada, mas sim uma relação entre<br />
o previsto e o que realmente se verificou no output. Para aplicar medi<strong>das</strong> <strong>de</strong> performance<br />
teremos <strong>de</strong> estabelecer um conjunto <strong>de</strong> métricas <strong>de</strong> valores esperados que possam ser<br />
comparados com a operação real, numa tentativa <strong>de</strong> avaliar o output <strong>de</strong> acordo com normas<br />
preestabeleci<strong>das</strong> que <strong>de</strong>terminam a eficácia do processo, avaliando então a qualida<strong>de</strong> e o<br />
standard <strong>de</strong>sejado (normalmente os requisitos exigentes do cliente). A eficácia refere-se à<br />
medida que expressa até que ponto os objectivos ou metas são atingidos mediante<br />
planeamento prévio.<br />
Um produto tem então qualida<strong>de</strong> quando vai <strong>de</strong> encontro às necessida<strong>de</strong>s do cliente,<br />
em termos económicos, funcionais, <strong>de</strong> serviço prestado, expectativas e outros. Estes objectivos<br />
quando pré-estabelecidos po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>finir valores esperados e permitir a medição da<br />
performance, como uma percentagem da correspondência entre o produto e o <strong>de</strong>sejado para o<br />
mesmo. A história <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> é antiga, e ao longo da sua evolução foram sendo inventa<strong>das</strong>,<br />
melhora<strong>das</strong> e constantemente avalia<strong>das</strong> ferramentas <strong>de</strong> análise que nos ajudam a <strong>de</strong>senvolver<br />
melhorias.<br />
3.1 A Qualida<strong>de</strong> e Ferramentas <strong>de</strong> <strong>Análise</strong><br />
As gran<strong>de</strong>s linhas <strong>de</strong> pensamento do controlo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> surgem com pessoas<br />
exigentes em empresas estimulantes. Estão normalmente liga<strong>das</strong> a siglas como TQM (Total<br />
Quality Management), QFD (Quality Function Deployment), ISO, Six-Sigma ou Lean<br />
Manufacturing. São linhas <strong>de</strong> pensamento globais, filosofias e sistemas que tentam sempre<br />
promover a gestão e melhoria contínua da organização para se aproximar às exigências do<br />
cliente. Concentram-se em diferentes aspectos da empresa, acabam por trazer consigo<br />
inúmeras ferramentas para planeamento, i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> problemas, criação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias, análise<br />
<strong>de</strong> processos ou recolha e análise <strong>de</strong> dados (Tague, 2005).<br />
27
A gestão da qualida<strong>de</strong> total TQM (Total Quality Management) é um sistema que<br />
normalmente se foca na melhoria da gestão <strong>de</strong> topo. Contribuindo para to<strong>das</strong> as áreas da<br />
organização, dá i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> contexto geral <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> ao gestor sénior na li<strong>de</strong>rança e<br />
orientação para a qualida<strong>de</strong>, sendo mais uma filosofia que um sistema. Os meios que promove<br />
para a acção são ferramentas simples <strong>de</strong> controlo e aumento <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que incluem os<br />
diagramas <strong>de</strong> causa-efeito <strong>de</strong> Ishikawa, diagramas <strong>de</strong> Pareto, histogramas e gráficos <strong>de</strong><br />
controlo, diagramas <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> operações (flowcharts), entre outros (James, 1996). Destas<br />
ferramentas simples e iniciais, foram <strong>de</strong>senvolvidos ao longo do tempo inúmeras metodologias<br />
com problemas mais específicos:<br />
Casa <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> - principal ferramenta em QFD (Quality Function Deployment), é<br />
um processo estruturado para planear o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> novos produtos, processos, ou<br />
reengenharia <strong>de</strong> obsoletos. Centra-se nas necessida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>sejos do cliente, para atribuição<br />
<strong>de</strong> características e <strong>de</strong>talhes que tragam mais valia à empresa, através do produto ou serviço<br />
comercializado (Tague, 2005).<br />
ISO 9000 - a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer um padrão <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> mínimo na produção<br />
fez surgir um sistema <strong>de</strong> normas standard a nível internacional para a qualida<strong>de</strong>. Com as ISO<br />
9000, as empresas são observa<strong>das</strong> e certifica<strong>das</strong> pelo modo como preenchem requisitos<br />
mínimos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, que asseguram aos seus clientes os níveis <strong>de</strong> performance <strong>de</strong>sejados<br />
(Tague, 2005).<br />
Benchmarking - surge na Xerox nos anos 80 para seguir o ‘best in class’, comparando<br />
as práticas <strong>de</strong> trabalho da sua organização com outras semelhantes, e adoptando as melhores<br />
práticas i<strong>de</strong>ntifica<strong>das</strong>, incorpora as melhores i<strong>de</strong>ias no seu próprio processo (Nancy, 2005).<br />
Lean Manufacturing - sistema <strong>de</strong>senvolvido pela Toyota, permite i<strong>de</strong>ntificar e eliminar<br />
activida<strong>de</strong>s, que ao longo da produção não trazem mais valias ao produto. Aplicado<br />
correctamente, os processos tornam-se mais rápidos e económicos, normalmente resolve<br />
problemas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdício na empresa e está ligado a sistemas pull, <strong>de</strong> just-in-time, sem<br />
inventário e com fluxos contínuos que tornam a empresa flexível, eficiente e com rápida<br />
resposta às necessida<strong>de</strong>s do cliente (Tague, 2005).<br />
3.1.1 Six – sigma<br />
Six-Sigma - abordagem da qualida<strong>de</strong> com origem na organização Motorola, que ao<br />
contrário do sistema TQM especifica exactamente como <strong>de</strong>vem os gestores en<strong>de</strong>reçar o seu<br />
esforço <strong>de</strong> melhoria na empresa, tem técnicas importantes <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong> dados e aplicação <strong>de</strong><br />
análises estatísticas, que permitem estimar resultados esperados e metas <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> erros<br />
<strong>de</strong> operação. O seu principal processo <strong>de</strong> melhoria é conhecido como DMAIC (Define,<br />
Measure, Analyse, Improve, Control) e segue acções bem estrutura<strong>das</strong>, tais como:<br />
- Definir as metas e objectivos pretendidos, <strong>de</strong> acordo com as necessida<strong>de</strong>s dos<br />
clientes (tornando-as necessida<strong>de</strong>s da empresa);<br />
28
- Medir o processo presente e estabelecer métricas para monitorizar o progresso <strong>de</strong><br />
encontro às metas estabeleci<strong>das</strong>;<br />
- Analisar o processo actual para compreen<strong>de</strong>r os problemas e as suas causas;<br />
- Melhorar o processo i<strong>de</strong>ntificando possíveis soluções e monitorizando as métricas;<br />
- Controlar os melhoramentos através <strong>das</strong> ferramentas <strong>de</strong> controlo cria<strong>das</strong>.<br />
3.1.2 Ferramentas <strong>de</strong> análise<br />
O centro da metodologia Six-Sigma é o tratamento <strong>de</strong> dados, <strong>de</strong>senvolve uma<br />
abordagem sistemática para a resolução <strong>de</strong> problemas, com ênfase em instrumentos<br />
estatísticos e <strong>de</strong> análise que são frequentemente úteis à análise <strong>de</strong> processos. As técnicas são<br />
muito diversifica<strong>das</strong> mas as mais utiliza<strong>das</strong> são (Pan<strong>de</strong> and Holpp, 2002)<br />
• 5 Porquês?<br />
• ANOVA<br />
• Diagramas <strong>de</strong> causa - efeito<br />
• Testes qui - quadrado <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência<br />
• Gráficos <strong>de</strong> controlo<br />
• Correlações<br />
• <strong>Análise</strong> <strong>de</strong> clusters<br />
• <strong>Análise</strong> custo - benefício<br />
• Mo<strong>de</strong>los lineares gerais<br />
• Histogramas<br />
• Regressões<br />
Tendo em conta esta lógica e esta importante ferramenta <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, a metodologia<br />
proposta será aplicada ao longo do presente trabalho on<strong>de</strong> as seguintes etapas serão<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>das</strong>:<br />
1º - Definir a ca<strong>de</strong>ia logística com o apoio <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo geral (SCOR, ver secção<br />
seguinte) e tentar recolher métricas <strong>de</strong> operações e processos, pertinentes para as<br />
necessida<strong>de</strong>s da empresa através <strong>de</strong> variada pesquisa na literatura.<br />
2º - Focar apenas um <strong>de</strong>sses processos <strong>de</strong> importância relevante [A execução], e<br />
estabelecer medi<strong>das</strong> que nos põem a par da evolução e melhorias na performance<br />
[produtivida<strong>de</strong> dos operadores].<br />
3º - Analisar esse processo mais restrito para compreen<strong>de</strong>r quais os problemas<br />
relevantes e as suas principais causas [Ferramentas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> Ishikawa, Flowchart].<br />
4º - Pesquisar possíveis melhorias, analisando e promovendo os seus benefícios,<br />
implementar se possível essas melhorias [Técnicas <strong>de</strong> Layout, Definição <strong>de</strong> SKU’s].<br />
5º - Controlar o sucesso dos melhoramentos introduzidos através <strong>das</strong> medi<strong>das</strong> <strong>de</strong><br />
produtivida<strong>de</strong>, continuando o ciclo <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir melhores indicadores [Estatística].<br />
29
3.2 Mo<strong>de</strong>lo SCOR<br />
Para melhor compreen<strong>de</strong>r as implicações dos processos na ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong><br />
uma empresa, vamos utilizar o Mo<strong>de</strong>lo Supply Chain Operations Reference [SCOR] como<br />
referência. Este mo<strong>de</strong>lo tem vindo a impor a sua importância para <strong>de</strong>finir as ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong><br />
abastecimento e criar um standard comum <strong>de</strong> conceitos e operações logísticas.<br />
Consiste na <strong>de</strong>scrição dos processos <strong>de</strong> gestão, tanto no alinhamento vertical da<br />
gestão, como na <strong>de</strong>scrição e relação entre processos. Para cada processo <strong>de</strong>finido, propõe-se<br />
encontrar indicadores para medir a sua performance, e inovar <strong>de</strong> forma a criar melhores<br />
práticas e resultados.<br />
Este mo<strong>de</strong>lo reproduz os conceitos introduzidos nos capítulos anteriores, <strong>de</strong> uma forma<br />
clara e <strong>de</strong>finida. Encontrando equivalência dos níveis 1.Top Level, 2.Configuration Level e 3.<br />
Process Element Level respectivamente ao nível Estratégico, Táctico e Operacional já<br />
referidos. Reproduz também a horizontalida<strong>de</strong> <strong>das</strong> principais operações, com as etapas Plan,<br />
Source, Make e Deliver.<br />
Figura 3.1 – Método SCOR<br />
30
A pesquisa leva-nos <strong>de</strong> encontro a algumas medi<strong>das</strong> <strong>de</strong> auditoria logística. O mo<strong>de</strong>lo SCOR é<br />
um sistema <strong>de</strong> referência, a<strong>de</strong>quado posteriormente por cada empresa à sua realida<strong>de</strong>, na<br />
Figura 3.1 tenta concentrar-se os indicadores do sector <strong>de</strong> distribuição alimentar encontrados<br />
nas várias pesquisas (Donovan, 2007)<br />
“If you can't measure it, you can't manage it.”<br />
Tarefa Nome do indicador Forma <strong>de</strong> cálculo<br />
Colocar<br />
Encomenda<br />
Entrega em<br />
Armazém<br />
Recepção<br />
Execução<br />
Tempo <strong>de</strong> ciclo Fornecedor<br />
% Entregas no prazo<br />
% Entregas completas<br />
Custo / pedido<br />
Rácio <strong>de</strong> utilização do<br />
equipamento<br />
Custo <strong>de</strong> Movimentação<br />
Produtivida<strong>de</strong> do pessoal<br />
Roger Morton, Activity-Based Costing<br />
Data entrega – Data real<br />
do pedido<br />
Entregas no prazo / total<br />
<strong>de</strong> entregas realiza<strong>das</strong><br />
Entregas perfeitas / total<br />
<strong>de</strong> entregas realiza<strong>das</strong><br />
Custo total <strong>de</strong> armazém /<br />
total <strong>de</strong> pedidos expedidos<br />
Horas <strong>de</strong> operação/ horas<br />
disponíveis<br />
Custo total <strong>de</strong> armazém /<br />
Venda total (UMC ou €)<br />
euros implica a variação<br />
<strong>de</strong> preços<br />
Output / input = ven<strong>das</strong>/<br />
custos com pessoal<br />
Produtivida<strong>de</strong> operacional Nº UMC / horas <strong>de</strong> RF<br />
Expedição Pedidos / hora<br />
Carregamento<br />
Pedidos expedidos/ total<br />
<strong>de</strong> horas trabalha<strong>das</strong><br />
Tabela 3.1 – Medi<strong>das</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho ao longo da ca<strong>de</strong>ia logística (Parte 1)<br />
Valores <strong>de</strong><br />
performance<br />
24h – 350 km<br />
95 a 98 %<br />
90 a 95 ,<br />
geral 75%<br />
31
Transportes<br />
Entrega na Loja<br />
Tempo <strong>de</strong> Viagem<br />
Tempo médio <strong>de</strong> carga<br />
Tempo médio <strong>de</strong><br />
permanência<br />
Rácio <strong>de</strong> utilização dos<br />
camiões<br />
Custos <strong>de</strong> Transporte <strong>das</strong><br />
UMC<br />
Custos <strong>de</strong> Transportação<br />
Tempo <strong>de</strong> ciclo Gestiretalho<br />
(Lead-time)<br />
% Entregas no prazo<br />
% Entregas completas<br />
% Quebras no tempo ciclo da<br />
Gestiretalho<br />
% Quebras na loja<br />
Hora saída da doca – hora<br />
<strong>de</strong> entrada<br />
Hora saída da portaria –<br />
hora <strong>de</strong> entrada<br />
Carga total / capacida<strong>de</strong><br />
teórica do camião<br />
Custo transportes/ Venda<br />
total UMC ou total <strong>de</strong> UMC<br />
expedi<strong>das</strong><br />
Custo transportes/ Venda<br />
total (em Euros)<br />
Data entrega – Data real do<br />
pedido<br />
Entregas no prazo / total <strong>de</strong><br />
entregas pedi<strong>das</strong><br />
(realiza<strong>das</strong>?)<br />
Entregas perfeitas / total <strong>de</strong><br />
entregas realiza<strong>das</strong><br />
UMC <strong>de</strong>teriora<strong>das</strong> na<br />
entrega/ total UMC<br />
recebi<strong>das</strong><br />
UMC <strong>de</strong>teriora<strong>das</strong>/ total <strong>de</strong><br />
UMC vendi<strong>das</strong><br />
Tabela 3.1 – Medi<strong>das</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho ao longo da ca<strong>de</strong>ia logística (Parte 2)<br />
85<br />
Custo/<br />
unida<strong>de</strong><br />
32
3.3 Técnicas <strong>de</strong> Layout<br />
Para efectivamente olhar a operação e resolver problemas, a pesquisa realizada<br />
concentrou-se no Planeamento do Armazém, uma vez que 20 a 50% <strong>de</strong> todos os custos <strong>de</strong><br />
produção estão relacionados com o movimento <strong>de</strong> materiais em armazém, e o planeamento<br />
a<strong>de</strong>quado da instalação po<strong>de</strong> reduzir esses custos até 30% (Tompkins and White, 2003). A<br />
optimização do armazém continua a ser um campo promissor, po<strong>de</strong>ndo reduzir até 15% dos<br />
custos <strong>de</strong> produção e aumentado a produtivida<strong>de</strong>. Algumas <strong>das</strong> técnicas estuda<strong>das</strong> são já<br />
aplica<strong>das</strong> na empresa, contudo far-se-á uma revisão da a literatura, acentuada nos principais<br />
temas <strong>de</strong>senvolvidos ao longo <strong>de</strong>ste trabalho. O objectivo será optimizar a instalação ao<br />
minimizar custos <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocação <strong>de</strong> materiais, utilizar o espaço <strong>de</strong> forma eficiente e aumentar a<br />
produtivida<strong>de</strong> dos trabalhadores, eliminar congestionamentos, reduzir o ciclo <strong>de</strong> operação e<br />
tempo <strong>de</strong> serviço ao cliente, actuando nos seguintes aspectos:<br />
- Definição do layout<br />
- Fluxos <strong>de</strong> material e execução<br />
- Produtivida<strong>de</strong><br />
3.3.1 Definição do layout<br />
No planeamento do layout, utiliza-se uma metodologia <strong>de</strong> acções <strong>de</strong> planeamento<br />
sequenciais SLP (Sistematic Layout Planning). Esta metodologia encontra-se representada na<br />
Figura 3.2 e consiste em criar esquemas <strong>de</strong> relações com os dados e análise dos principais<br />
processos ao i<strong>de</strong>ntificar os principais fluxos <strong>de</strong> material e a relação entre as operações. Após<br />
avaliar os volumes reais <strong>de</strong> movimentação do material, compara-se o espaço disponível com o<br />
que seria necessário e cria-se a disposição dos materiais e principais fluxos, relações e<br />
sequências. São posteriormente analisa<strong>das</strong> as limitações e efectua<strong>das</strong> modificações para criar<br />
a alternativa final, que <strong>de</strong>ve ser avaliada, <strong>de</strong> modo a permitir pequenos ajustamentos contínuos<br />
para atingir um nível <strong>de</strong> optimização crescente (Muther, 1978).<br />
33
Figura 3.2 – Método <strong>de</strong> Layout SLP<br />
3.3.2 Recolha <strong>de</strong> dados fundamentais<br />
A recolha <strong>de</strong> informação <strong>de</strong>ve conter dados relevantes referentes a PQRST (Product,<br />
Quantity, Routing, Support e Timing) (Kim, 2005). Assim, torna-se necessário saber quais os<br />
Produtos e or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> compra e ainda conhecer as suas características físicas como volume,<br />
peso, forma, fragilida<strong>de</strong>, acondicionamento e valor. Esta informação <strong>de</strong>ve ser utilizada para<br />
agrupar items que <strong>de</strong>vem ser armazenados juntos no layout. Esta metodologia será<br />
<strong>de</strong>senvolvida no caso <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong> Mantida em Armazém SKU. Aprofundando a<br />
importância da unida<strong>de</strong> SKU (Stock Keeping Unit) para <strong>de</strong>finir produtos em armazém,<br />
<strong>de</strong>finimo-la como um código ou referência <strong>de</strong> cada variante dos artigos mantidos em armazém<br />
que actua como um i<strong>de</strong>ntificador usado pelos armazenistas para permitir o seguimento<br />
sistemático dos produtos oferecidos aos clientes. Cada SKU i<strong>de</strong>ntifica uma variante <strong>de</strong> um<br />
artigo, conforme a sua apresentação, tamanho, cor e outras características. Cada armazém<br />
po<strong>de</strong> ter o seu método <strong>de</strong> atribuir os códigos com base em políticas regionais ou nacionais <strong>de</strong><br />
armazenagem <strong>de</strong> dados da empresa. O seguimento <strong>de</strong> um SKU é diferente dos outros<br />
métodos <strong>de</strong> seguimento <strong>de</strong> produtos, que são controlados por um vasto conjunto <strong>de</strong> regras<br />
estabeleci<strong>das</strong> pelos fabricantes.<br />
Também <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância é a Quantida<strong>de</strong> necessária <strong>de</strong> cada produto, a<br />
previsão, volume e rotativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ven<strong>das</strong>, para <strong>de</strong>terminar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenagem e<br />
espaço <strong>de</strong> chão necessário. A sequência <strong>de</strong> processo (Routing) permite compreen<strong>de</strong>r os<br />
fluxos dos produtos e or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> encomenda, como passam por cada operação e que<br />
34
equipamentos necessitam, para estabelecer as Rotas e os diagramas <strong>de</strong> processo<br />
(flowcharts).<br />
Outros traçados a ter em conta no layout, e por vezes esquecidos são as operações <strong>de</strong><br />
Suporte, como o carregamento <strong>das</strong> baterias dos empilhadores, dos terminais <strong>de</strong> WPMS,<br />
relógios, instalações balneares, salas <strong>de</strong> formação, escritórios e refeições. Não são activida<strong>de</strong>s<br />
no fluxo <strong>de</strong> operações, mas têm relações com o resto da operação e necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> espaço<br />
que <strong>de</strong>vem ser avalia<strong>das</strong>.<br />
Uma outra questão a ter em conta será o Tempo, <strong>de</strong> forma a planear horas <strong>de</strong><br />
operação, férias e gestão <strong>de</strong> picos globais, turnos e horas <strong>de</strong> pico por operações <strong>de</strong> recepção,<br />
execução ou expedição, que po<strong>de</strong>m variar diariamente se a operação não estiver bem <strong>de</strong>finida<br />
e <strong>de</strong>vem ser tomados em conta (Hales, 2006).<br />
3.3.3 Estrutura da operação<br />
Deve numa fase inicial ser avaliado o tipo <strong>de</strong> estrutura praticada nas operações da<br />
instalação, existem quatro tipos principais <strong>de</strong> estrutura e layout, que surgem na gestão <strong>das</strong><br />
operações e preten<strong>de</strong>m reduzir custos, aumentar a qualida<strong>de</strong>, a flexibilida<strong>de</strong> <strong>das</strong> operações e<br />
manuseamento dos materiais, <strong>de</strong> acordo com as principais características, que se divi<strong>de</strong>m em:<br />
- Estrutura Processual (agrupados em processos, os recursos encontram-se à volta do<br />
processo e os produtos partilham funções, funciona para produtos com baixo volume e gran<strong>de</strong><br />
varieda<strong>de</strong>);<br />
- Estrutura <strong>de</strong> Produto (recursos à volta do processo linearmente, duplicação <strong>de</strong><br />
operações por linhas <strong>de</strong> produto in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, a<strong>de</strong>quada a empresas com elevado volumes<br />
<strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> pouca variabilida<strong>de</strong>);<br />
- Estrutura <strong>de</strong> Projecto (para produtos muito complexos e <strong>de</strong> elevado valor, como<br />
aviões, barcos e gran<strong>de</strong>s estruturas mobilizadoras <strong>de</strong> recursos);<br />
- Estrutura <strong>de</strong> Família <strong>de</strong> Produtos (tem processos específicos para linhas <strong>de</strong> produtos,<br />
numa estrutura intermédia entre processo e produto).<br />
Assim, um <strong>de</strong>terminado produto numa <strong>de</strong>terminada quantida<strong>de</strong> seguindo uma certa<br />
rota, <strong>de</strong>termina o fluxo <strong>de</strong> material. A curva produto – quantida<strong>de</strong>, or<strong>de</strong>nada numa classificação<br />
ABC, i<strong>de</strong>ntifica os produtos <strong>de</strong> maior rotação e ajuda a <strong>de</strong>cidir a agregação <strong>de</strong> produtos nas<br />
áreas <strong>de</strong> armazém. A interacção <strong>das</strong> rotas <strong>de</strong> armazém com <strong>de</strong>terminados produtos, ajuda a<br />
i<strong>de</strong>ntificar categorias e possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicar áreas a produtos com características<br />
particulares semelhantes. A relação <strong>das</strong> rotas com quantida<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ntifica os movimentos mais<br />
frequentes e permite tentar torná-los mais curtos para minimizar o trabalho e custos na<br />
movimentação <strong>de</strong> material em armazém.<br />
3.3.4 Tipos clássicos <strong>de</strong> layout<br />
As disposições <strong>de</strong> armazém <strong>de</strong>vem ser planea<strong>das</strong> <strong>de</strong> acordo com o tipo <strong>de</strong> negócio e<br />
<strong>de</strong>vem ter em conta os fluxos principais. Existem duas formas mais frequentes, sendo elas o<br />
35
fluxo direccionado (straight-through) e o fluxo quebrado (U shape). Ambos apresentam<br />
vantagens: o fluxo direccionado tem possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diminuir consi<strong>de</strong>ravelmente<br />
congestionamentos nos fluxos <strong>de</strong> operação <strong>de</strong> armazém e nas operações <strong>de</strong> carga/<strong>de</strong>scarga<br />
<strong>de</strong> cais, é mais a<strong>de</strong>quado ao cross-docking e ao tipo linha <strong>de</strong> produção; por sua vez o fluxo<br />
quebrado permite reduzir a distância média da viagem e as viagens sem carga, permite<br />
rentabilizar o espaço <strong>de</strong> recepção/expedição partilhado pelas duas operações em horários<br />
diferentes, e melhorar a organização do espaço <strong>de</strong> armazenamento por volume movimentado.<br />
Aliás, a centralização <strong>das</strong> operações <strong>de</strong> recepção e expedição conjugada com a armazenagem<br />
<strong>de</strong>dicada por classes traz possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> movimentar 85% dos artigos em 50% da área <strong>de</strong><br />
armazém (Tompkins and White, 2003), como se po<strong>de</strong> observar na Figura 3.3 na imagem da<br />
direita on<strong>de</strong> os produtos do tipo I* representam os produtos <strong>de</strong> maior rotativida<strong>de</strong> e estão<br />
colocados mais próximo do caís <strong>de</strong> recepção/expedição.<br />
Figura 3.3 – Centralização da recepção/expedição e armazenagem por classes<br />
Outras características que se comparam entre fluxos e estão sintetiza<strong>das</strong> na Tabela 3.2<br />
são as distâncias percorri<strong>das</strong>, em fluxo direccionado todos os produtos percorrem todo o<br />
armazém, enquanto no fluxo quebrado a maior parte dos produtos percorre uma pequena parte<br />
da coor<strong>de</strong>nada x (se o armazém estiver bem diferenciado por rotação <strong>de</strong> produtos). O<br />
empilhador po<strong>de</strong> levar e trazer mercadoria para a doca, o ciclo duplo rentabiliza a utilização<br />
<strong>das</strong> máquinas. A limitação <strong>de</strong> movimentos a apenas um lado do armazém também facilita o<br />
controlo <strong>de</strong> movimentação <strong>de</strong> mercadorias e pessoas, aumentando o controle <strong>de</strong> segurança.<br />
Características Fluxo direccionado Fluxo quebrado<br />
Distância média percorrida pelo empilhador (x+y) / 2 (0,33x + y) / 2<br />
Ciclo Sempre simples Possível <strong>de</strong> duplo<br />
Utilização máxima 50% 100%<br />
Utilização histórica 25% 35%<br />
Problemas <strong>de</strong> segurança Maiores Menores<br />
Tabela 3.2 – Características dos principais fluxos em armazém<br />
36
3.3.5 Fluxos <strong>de</strong> material e execução<br />
Torna-se fundamental que o Fluxo <strong>de</strong> mercadorias seja tão rápido quanto possível e<br />
com as menores distâncias <strong>de</strong> viagem, uma vez que é normalmente o responsável pelos<br />
maiores custos num armazém. As novas tendências, são <strong>de</strong> consumidores exigentes, que<br />
impõem entregas a tempo e sem <strong>de</strong>terioração da qualida<strong>de</strong>, a ferramenta que promove este<br />
tipo <strong>de</strong> acção foi <strong>de</strong>senvolvida pelo método <strong>de</strong> operação lean, que incentiva os produtores e<br />
armazenistas a produzir <strong>de</strong> acordo com a procura, po<strong>de</strong>ndo melhorar tempos <strong>de</strong> ciclo em 80%,<br />
necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> espaço <strong>de</strong> armazém em 50%, produtivida<strong>de</strong>, inventários e entregas. As<br />
principais ferramentas operacionais que po<strong>de</strong>m apoiar estes fluxos baseados na procura, serão<br />
um bom sistema <strong>de</strong> informação <strong>de</strong> armazém, e as correctas medi<strong>das</strong> <strong>de</strong> performance,<br />
orienta<strong>das</strong> para o tipo <strong>de</strong> evolução que a empresa preten<strong>de</strong> (Donovan, 2007).<br />
O processo <strong>de</strong> misturar produtos <strong>de</strong> acordo com as encomen<strong>das</strong>, a que chamamos<br />
execução, tem o nome <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>r picking na literatura e po<strong>de</strong> ser feito ao produto, à caixa ou à<br />
palete. Existem diversos factores que po<strong>de</strong>m afectar a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transporte ou manuseio <strong>de</strong><br />
materiais como, por exemplo (Muther, 1978):<br />
- Tamanho<br />
- Densida<strong>de</strong> ou estado <strong>de</strong> agregação<br />
- Forma do material<br />
- Risco <strong>de</strong> danos no material, instalações e pessoas<br />
- Condição do item<br />
- Valor ou custo (raramente utilizado)<br />
A escolha correcta para a empresa, por entre os vários métodos <strong>de</strong> organização tem<br />
influência na produtivida<strong>de</strong>, tempo <strong>de</strong> ciclo e na exactidão <strong>das</strong> encomen<strong>das</strong> (qualida<strong>de</strong>).<br />
As possibilida<strong>de</strong>s são a execução simples, a execução por lote, a execução por zona e<br />
a execução por on<strong>das</strong>. Na execução simples, o produto é armazenado em locais fixos e o<br />
operador do empilhador constrói uma encomenda <strong>de</strong> cada vez, seguindo uma rota<br />
<strong>de</strong>terminada. Numa execução por lote, o operador pega em mais que uma encomenda (o que<br />
faz mais sentido para a execução <strong>de</strong> produtos simples em caixas) e percorre os produtos<br />
armazenados satisfazendo essas encomen<strong>das</strong> ao mesmo tempo <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>dicada. A<br />
execução por zona consiste em ter operadores a executar exclusivamente <strong>de</strong>termina<strong>das</strong> linhas<br />
<strong>de</strong> produto enquanto as paletes vão passando para a próxima zona quando completas, pelo<br />
que <strong>de</strong>ve ser balançado muito bem o número <strong>de</strong> produtos executados por zona para existir um<br />
fluxo contínuo sem estrangulamentos. Finalmente, a execução por on<strong>das</strong> é menos exacta uma<br />
vez que todos os produtos são retirados por zona ao mesmo tempo, para mais tar<strong>de</strong> serem<br />
separados por lojas (Piasecki, 2007).<br />
37
Com to<strong>das</strong> as características recolhi<strong>das</strong> no planeamento <strong>de</strong> armazém, concluímos que<br />
a forma típica <strong>de</strong> um layout <strong>de</strong> distribuição no retalho, é um armazém <strong>de</strong> fluxo quebrado (Figura<br />
3.4), que tem junto à recepção uma parte <strong>de</strong> armazém com bastidores para armazenar em<br />
altura artigos em inventário, necessários para fazer o picking à palete completa ou<br />
simplesmente para reabastecer um outro layout, sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bastidores, on<strong>de</strong> se<br />
<strong>de</strong>smonta as paletes em caixas para combinar produtos <strong>de</strong> menor rotação. Po<strong>de</strong> chegar a um<br />
extremo que faça sentido <strong>de</strong>smontar essas caixas para <strong>de</strong>terminada categoria <strong>de</strong> produtos<br />
(produtos <strong>de</strong> valor por exemplo) e se faça a execução ao produto (peça). Após combinação da<br />
carga por algum dos métodos que se fala anteriormente (por lote, por zona, etc.) a palete<br />
segue para ser embalada em película vitafilme e segue para expedição. Enquanto alguns<br />
produtos que já chegam combinados por fornecedor po<strong>de</strong>m ser encaminhados directamente da<br />
recepção à expedição, sem tratamento intermédio (cross-docking).<br />
Figura 3.4 – Layout típico <strong>de</strong> um armazém<br />
38
3.4 Medir a Produtivida<strong>de</strong> dos operadores<br />
Segundo a literatura pesquisada relativa aos Recursos Humanos nas empresas <strong>de</strong><br />
armazenagem, concluímos que o negócio <strong>de</strong> armazém, principalmente nos armazéns pouco<br />
automatizados, é <strong>de</strong> trabalho laboral intensivo e que este representa uma boa fatia dos custos<br />
logísticos <strong>de</strong> operação (Murphy and Poist, 1993), por necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> manuseamento e fluxos<br />
<strong>de</strong> material em armazém.<br />
O estudo foi efectuado em 1990 pelo Council of Logistics Management e publicado no<br />
American Public Warehouse Register, participaram 400 empresas <strong>de</strong> armazenagem<br />
distribuí<strong>das</strong> por todos os estados da América do Norte, sendo 40% dos inquiridos armazéns<br />
(com ciclos <strong>de</strong> armazenagem longos) e 60% centros <strong>de</strong> distribuição (com ciclos <strong>de</strong><br />
armazenagem curtos). As principais formas <strong>de</strong> compensação, motivação e avaliação<br />
encontra<strong>das</strong>, foram as que se mostram na Tabela 3.3:<br />
Remuneração por:<br />
- Hora<br />
- Dia<br />
- Caixas movimenta<strong>das</strong><br />
- Combinação <strong>de</strong> salário e caixas movimenta<strong>das</strong><br />
- Combinação <strong>de</strong> salário e bónus<br />
Motivação por:<br />
- Reconhecimento formal<br />
- Reconhecimento por informação<br />
- Oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bónus monetários<br />
- Oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> bónus não monetários (ex. bilhetes <strong>de</strong> cinema, formação escolar)<br />
- Competição com os colegas <strong>de</strong> trabalho<br />
- Disciplina (ex. ameaça <strong>de</strong> repreensão, suspensão)<br />
- Ameaça <strong>de</strong> <strong>de</strong>spedimento<br />
Avaliação por:<br />
- Absentismo<br />
- Atrasos<br />
- Caixas executa<strong>das</strong> por hora<br />
- Quilos executados por hora<br />
- % Mercadoria danificada<br />
- % Perda <strong>de</strong> produtos executados<br />
- Custo por caixa<br />
- Custo por quilograma<br />
- Numero <strong>de</strong> lesões<br />
Tabela 3.3 – Remuneração, Motivação e Avaliação <strong>de</strong> operadores <strong>de</strong> armazém<br />
39
O estudo indicava que existiam, sem dúvida, relações positivas entre o treino,<br />
motivação e avaliação dos empregados, quando feita da forma correcta. Os armazéns com<br />
bónus monetários apresentavam menos problemas na operação, menores níveis <strong>de</strong> rotação <strong>de</strong><br />
empregados e maior satisfação para a gestão e os trabalhadores. Não se <strong>de</strong>ve utilizar ameaça<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>spedimento pois o efeito po<strong>de</strong> ser o aumento <strong>de</strong> comportamentos agressivos (que<br />
aumentam os aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trabalho) assim como sentimentos <strong>de</strong> injustiça e medo entre os<br />
colegas (T. An<strong>de</strong>l, 1991).<br />
3.5 Conclusões<br />
A pesquisa em metodologias e consi<strong>de</strong>rações confirma que a principal forma <strong>de</strong><br />
aumentar a produtivida<strong>de</strong> <strong>das</strong> operações <strong>de</strong> uma empresa, estará em melhorar a forma como<br />
os produtos são movimentados em armazém, optimizando quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sloca<strong>das</strong>, dando<br />
atenção à rotação dos produtos e à qualida<strong>de</strong> do trabalho <strong>de</strong>sempenhado. Com a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> planear o novo armazém JIT <strong>de</strong> raiz, o estudo <strong>de</strong>senvolvido concentrou-se no centro <strong>de</strong><br />
distribuição JIT, acompanhando o planeamento do layout e sugerindo sucessivas optimizações<br />
por observação <strong>das</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> melhoramentos. A aquisição permitiu a re<strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />
processos e a separação dos principais fluxos <strong>de</strong> operação, como trata o capítulo anterior.<br />
Finalmente, apesar <strong>de</strong> ser limitada a investigação <strong>de</strong>senvolvida quanto ao <strong>de</strong>sempenho<br />
<strong>de</strong> operadores industriais, principalmente em armazém, conseguimos encontrar alguns estudos<br />
que nos <strong>de</strong>spertam a atenção para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir bem os sistemas <strong>de</strong> prémios no<br />
sentido <strong>de</strong> melhorar a produtivida<strong>de</strong>, recorrendo à motivação e escolha <strong>das</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
avaliação a<strong>de</strong>qua<strong>das</strong>, <strong>de</strong>senvolvendo trabalho <strong>de</strong> observação, tratamento <strong>de</strong> dados e proposta<br />
<strong>de</strong> soluções.<br />
40
Capítulo 4 – <strong>Análise</strong> do Caso em Estudo<br />
São analisa<strong>das</strong> neste capitulo diferentes possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aumentar a produtivida<strong>de</strong> na<br />
logística <strong>de</strong> um centro <strong>de</strong> operações <strong>de</strong> uma ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> distribuição alimentar. Esta análise será<br />
<strong>de</strong>senvolvida sobre um caso real <strong>de</strong> um armazém central da empresa Jerónimo Martins. Para<br />
tal, será necessário começar por <strong>de</strong>finir os processos envolvidos, organizar as suas operações<br />
propondo alterações e medir os impactos <strong>das</strong> alterações propostas.<br />
4.1 Definir <strong>Processos</strong><br />
Para po<strong>de</strong>r trazer alguma inovação a um sistema logístico, <strong>de</strong>vemos primeiro estudar,<br />
observar, fazer perguntas aos seus intervenientes e absorver o maior número <strong>de</strong> informação<br />
relevante possível. Através dos nossos conhecimentos, esta será processada <strong>de</strong> forma a<br />
mostrar-se lógica e sequencial, para que com a <strong>de</strong>vida análise se consiga i<strong>de</strong>ntificar os efeitos<br />
negativos da ca<strong>de</strong>ia e as suas possíveis causas, visando uma melhoria futura e contínua da<br />
operação da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> abastecimento.<br />
4.1.1 Diagramas <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> trabalho<br />
Para perceber o fluxo <strong>de</strong> operações e etapas logísticas que o grupo <strong>de</strong>sempenha,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fornecedor até à prateleira <strong>das</strong> suas lojas para satisfazer o consumidor final, houve<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recolher em diagramas <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> trabalho (Work Or<strong>de</strong>r Diagram) as<br />
activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fluxo, fossem elas <strong>de</strong> informação ou material. Esses diagramas encontram-se<br />
seguidamente, divididos pelas principais operações do armazém: Recepção, Arrumação e<br />
Abaixamento, Execução Stock, Execução JIT e Expedição. Em cada uma <strong>de</strong>stas<br />
activida<strong>de</strong>s existem vários intervenientes, pelo que em colunas na horizontal estão<br />
representados os vários papéis fundamentais à activida<strong>de</strong> e na vertical o fluxo <strong>de</strong> tarefas.<br />
Para <strong>de</strong>senhar os diagramas <strong>de</strong> fluxo, foram recolhidos os vários processos em<br />
sequências or<strong>de</strong>na<strong>das</strong> <strong>de</strong> acções e tarefas. Foram dados aos 5 processos nomes bem<br />
explicativos e diferenciados, cada um <strong>de</strong>les começa com uma acção que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia o<br />
processo (por uma seta ou rectângulo ver<strong>de</strong>) e vão sendo segui<strong>das</strong> acções sucessivas<br />
marca<strong>das</strong> em rectângulos. Sempre que existirem alternativas numa parte do processo, serão<br />
indica<strong>das</strong> com uma caixa tipo diamante, na qual se faz uma pergunta que po<strong>de</strong> ter várias<br />
respostas, em cada resposta <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia um conjunto <strong>de</strong> acções diferentes seguindo a or<strong>de</strong>m<br />
<strong>das</strong> setas, até o processo terminar convenientemente com uma acção bem <strong>de</strong>finida. Por vezes<br />
aparecem post-it amarelos que não fazem parte do processo mas preten<strong>de</strong>m acrescentar<br />
algum tipo <strong>de</strong> nota relevante.<br />
41
A Recepção física e administrativa consiste em conferir a mercadoria efectivamente<br />
recebida (em quantida<strong>de</strong>s, produtos e qualida<strong>de</strong>) e comparar com o documento do fornecedor<br />
indicativo da entrega. Se tudo estiver em conformida<strong>de</strong> o documento é aceite para pagamento<br />
pela Supply Chain e a mercadoria é disponibilizada para Execução.<br />
42
O letdown (operador <strong>de</strong> empilhador que retira paletes dos bastidores em altura) po<strong>de</strong><br />
ter três tipos <strong>de</strong> trabalho indicados pelo chefe <strong>de</strong> turno: Arrumação <strong>das</strong> paletes recebi<strong>das</strong> em<br />
stock, Abaixamento <strong>de</strong> um buffer para um slot <strong>de</strong> picking e Execução <strong>de</strong> paletes completas<br />
quando o stock precisa <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>slocado para o caís <strong>de</strong> expedição.<br />
43
A execução do Stock é feita pelo caixeiro, com a <strong>de</strong>slocação <strong>de</strong> paletes inicialmente<br />
vazias ao longo do layout, que vai enchendo <strong>de</strong> forma a construir uma encomenda <strong>de</strong> loja.<br />
Acaba o trabalho quando esta estiver completa e <strong>de</strong>ixar a palete no cais indicado pelo sistema.<br />
44
A execução JIT é também executada pelo caixeiro, mas em vez <strong>de</strong> colher produtos no<br />
layout para encher uma palete, ele vai <strong>de</strong>ixando produtos da palete que foi recebida ao longo<br />
<strong>de</strong> uma disposição <strong>de</strong> lojas, até não ter mais produtos na sua palete. No final vitafilma a palete.<br />
45
A expedição é uma tarefa dividida entre os responsáveis <strong>de</strong> expedição, transportes e o<br />
motorista. Consiste em confirmar os números da operação indicados no sistema WPMS com<br />
as paletes reais. O motorista carrega a mercadoria e confirma todos os dados <strong>de</strong> rotas e selos.<br />
46
4.1.2 Aproximação ao mo<strong>de</strong>lo SCOR<br />
De forma a sistematizar as activida<strong>de</strong>s da empresa optamos por fazer uso do mo<strong>de</strong>lo<br />
SCOR como foi anteriormente referido. Para tal houve necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer as<br />
seguintes equivalências (Tabela 4.1).<br />
SCOR<br />
Activida<strong>de</strong> na Empresa<br />
(Operação)<br />
Plan Planeamento<br />
Source<br />
Make<br />
Deliver<br />
Return<br />
Reaprovisionamento<br />
Recepção<br />
Arrumação/Abaixamento<br />
Execução JIT ou Stock<br />
Paletização<br />
Expedição<br />
Transporte<br />
Backhaulding<br />
Descrição da Activida<strong>de</strong><br />
Planear as operações logísticas <strong>de</strong> toda a ca<strong>de</strong>ia<br />
Alinhar planeamento logístico e financeiro<br />
Agendar entregas, receber, verificar e autorizar<br />
pagamentos. Gerir inventário e performance dos<br />
fornecedores.<br />
Executar (<strong>de</strong>ixar ou colher) produtos por encomen<strong>das</strong>.<br />
Embalar e libertar o produto final para entregas.<br />
Carregar encomen<strong>das</strong> no camião e distribuir, por rotas<br />
<strong>de</strong>termina<strong>das</strong>, servir os clientes.<br />
Retorno <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong>teriorados do cliente. Possibilita<br />
transporte <strong>de</strong> mercadoria dos fornecedores.<br />
Tabela 4.1 – Associação <strong>das</strong> operações ao mo<strong>de</strong>lo SCOR<br />
As operações em análise no armazém <strong>de</strong> distribuição do caso <strong>de</strong> estudo real focam-se<br />
no ‘Make’ do Supply Chain Council (SCC), apesar <strong>de</strong> neste caso <strong>de</strong> distribuição ser apenas a<br />
combinação <strong>de</strong> produtos. O que a empresa faz é reorganizar produtos <strong>de</strong> acordo com as<br />
encomen<strong>das</strong> <strong>de</strong> cada loja. As operações Recepção e Expedição, tal como são explica<strong>das</strong> pela<br />
recolha <strong>de</strong> processos, aproximam-se muito <strong>de</strong>ste conceito <strong>de</strong> ‘Make’ do Supply Chain Council.<br />
Após <strong>de</strong>finição e análise <strong>de</strong> processos em que foi verificado que estes não estavam<br />
duplicados nem comprometiam a Produtivida<strong>de</strong>, era importante encontrar as principais causas<br />
da baixa produtivida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> inúmeros problemas na operação. O levantamento <strong>das</strong> principais<br />
razões, estão esquematiza<strong>das</strong> no diagrama <strong>de</strong> causa-efeito. Verificou-se que parte <strong>de</strong>ssas<br />
causas seriam o congestionamento, elevado número <strong>de</strong> quebras e baixo <strong>de</strong>sempenho dos<br />
operadores, pareciam surgir da falta <strong>de</strong> espaço no armazém para operar todo o volume<br />
movimentado. Na Figura 4.1 mostra-se esse diagrama simplificado.<br />
47
Qualida<strong>de</strong>/Quebras Layout<br />
Má distribuição Congestionamento<br />
(Falta espaço) (Aumento volume)<br />
Falta cuidado. Elevados tempos <strong>de</strong> execução<br />
(Turnover) (sobreposição <strong>de</strong> métodos)<br />
Baixo <strong>de</strong>sempenho<br />
(Falta <strong>de</strong> incentivos)<br />
Pessoas<br />
Fraca Produtivida<strong>de</strong><br />
Escolha paletes<br />
(Fraca <strong>de</strong>finição do sist. prémio)<br />
Figura 4.1 – Diagrama <strong>de</strong> Ishikawa para o problema em análise<br />
Com a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> passar a operação JIT para o novo armazém, estando este sistema<br />
em crescimento e representando mais <strong>de</strong> 50% da movimentação <strong>de</strong> produtos não perecíveis,<br />
concentrou-se o estudo neste armazém, acompanhando o planeamento do layout <strong>de</strong> raiz, e<br />
sugerindo sucessivos melhoramentos por observação <strong>das</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> melhoramentos na<br />
disposição do armazém e planeamento <strong>das</strong> operações. A aquisição do novo armazém permitiu<br />
a re<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> processos e a separação dos principais fluxos <strong>de</strong> operação, possibilitando ter<br />
uma visão mais nítida <strong>das</strong> diferenças entre métodos e <strong>das</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aumentar a<br />
produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les.<br />
48
4.2 Organizar a Operação<br />
Em Abril <strong>de</strong> 2007, a empresa alugou um Armazém sem bastidores, a dois quilómetros<br />
do complexo da Azambuja, com uma área <strong>de</strong> 10 000 m 2 . Este tem como objectivo acomodar o<br />
aumento do volume <strong>de</strong> ven<strong>das</strong> da empresa e a recente aquisição da responsabilida<strong>de</strong> pelas<br />
linhas <strong>de</strong> bazar ligeiro e pesado. As condições (sem estantes <strong>de</strong> stock) e tamanho do novo<br />
armazém são a<strong>de</strong>quados ao fluxo JIT <strong>de</strong> operações, pelo que o fluxo Just-in-Time se separa<br />
por completo do fluxo Stock, tomando lugar no novo armazém. A realida<strong>de</strong> do novo Armazém<br />
permite optimizar e melhorar um enorme número <strong>de</strong> situações, no fluxo JIT e Stock:<br />
• A separação dos fluxos em operação, dando mais espaço ao fluxo JIT, uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />
lojas mais flexível e maior facilida<strong>de</strong> em percorrer o layout <strong>de</strong> execução (já que as<br />
paletes se distribuem em corredores livres <strong>de</strong> estantes).<br />
• O JIT tem agora cais exclusivos, que po<strong>de</strong> agrupar <strong>de</strong> acordo com necessida<strong>de</strong>s e<br />
características. Assim, estabelece portas <strong>de</strong>dica<strong>das</strong> para categorias que não se po<strong>de</strong>m<br />
misturar em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> carga (como alimentar e não alimentar) e tem um número <strong>de</strong><br />
portas <strong>de</strong>limitado para expedição, recepção e mistas.<br />
• A hora <strong>de</strong> recepção <strong>de</strong> mercadoria po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida no melhor interesse do fluxo, já<br />
que diminui a limitação <strong>das</strong> horas <strong>de</strong> entrega <strong>de</strong> acordo com os interesses do sistema<br />
Stock e da expedição.<br />
• A <strong>de</strong>finição do layout é mais flexível, o que permite ter em conta caminhos percorridos,<br />
volume <strong>das</strong> lojas, hora <strong>de</strong> expedição <strong>das</strong> lojas, simplificação <strong>das</strong> tarefas, categorias <strong>de</strong><br />
produtos, etc.<br />
• O fluxo Stock tem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumentar o volume <strong>de</strong> meias paletes trata<strong>das</strong> em<br />
armazém, o que po<strong>de</strong> diminuir o número <strong>de</strong> produtos combinados e executados à mão.<br />
• Re<strong>de</strong>finir priorida<strong>de</strong>s para a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> rotação dos buffers <strong>de</strong> stock nas estantes e <strong>das</strong><br />
slots <strong>de</strong> picking no rés-do-chão. Estabelecer armazenamento <strong>de</strong> stock <strong>de</strong>dicado para<br />
produtos <strong>de</strong> maior rotação, entre outras possibilida<strong>de</strong>s.<br />
Apesar <strong>de</strong>sta simples ampliação do espaço para as operações <strong>de</strong> armazém trazer<br />
muitas vantagens e simplificação dos processos, tornando-os mais <strong>de</strong>finidos e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes,<br />
existem ainda questões relevantes, que se vão estudar (concentram-se no armazém JIT) e<br />
<strong>de</strong>senvolver nos próximos pontos em análise neste estudo:<br />
• O layout <strong>das</strong> lojas na execução <strong>de</strong>ve ter em conta os volumes históricos <strong>de</strong>ssas lojas,<br />
ou seja, as lojas com maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> paletes <strong>de</strong> mixing <strong>de</strong>vem estar mais próxima<br />
<strong>das</strong> portas para que mais produtos percorram menores distâncias.<br />
• A or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> execução (<strong>de</strong>ixar ou colher) dos produtos no mixing <strong>de</strong>ve ter em conta<br />
características como o peso e fragilida<strong>de</strong> do material (facilita a montagem da palete).<br />
• As operações principais <strong>de</strong>vem ser medi<strong>das</strong> por factores <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> para<br />
acompanhar o <strong>de</strong>sempenho, e se possível utilizá-lo como ferramenta para motivação<br />
dos operadores.<br />
49
4.2.1 Re<strong>de</strong>finir o layout<br />
O sistema JIT, num armazém planeado <strong>de</strong> raiz, necessitava <strong>de</strong> estudos quanto aos<br />
produtos e volumes movimentados todos os dias. Com esse objectivo efectuou-se um trabalho<br />
<strong>de</strong> pesquisa junto da expedição, para proce<strong>de</strong>r à contagem do número <strong>de</strong> paletes <strong>de</strong> mixing<br />
que saem por loja. Os dados disponibilizados reportam aos meses representativos <strong>de</strong><br />
Novembro e Dezembro <strong>de</strong> 2006, o seu tratamento tem em conta apenas a mercadoria<br />
combinada em sistema JIT, não fazendo parte da contagem as meias paletes (que são sempre<br />
executa<strong>das</strong> completas), nem as paletes <strong>de</strong> Stock. As características verifica<strong>das</strong> são <strong>de</strong>scritas<br />
seguidamente.<br />
• As principais linhas <strong>de</strong> produto são:<br />
Produtos Alimentares – Por questões <strong>de</strong> higiene e perigo <strong>de</strong> contaminação, a empresa não<br />
po<strong>de</strong> transportar produtos alimentares e não alimentares nas mesmas paletes, pelo que se faz<br />
uma nítida separação entre estes dois fluxos <strong>de</strong> produtos.<br />
Detergentes e produtos <strong>de</strong> higiene (DPH) – Dentro do não alimentar, são caracteristicamente<br />
<strong>de</strong> pequenas dimensões (ex.: pasta <strong>de</strong>ntífrica, champô).<br />
Bazar ligeiro – Dentro do não alimentar, produtos maiores e mais irregulares <strong>de</strong> tipo drogaria<br />
(ex.: ferramentas, utensílios <strong>de</strong> cozinha) e também artigos <strong>de</strong> promoção.<br />
• Os principais processos, para cada linha <strong>de</strong> produto são:<br />
Recepção – É feita a Recepção dos produtos nas docas, após a conferência <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>s e<br />
valida<strong>de</strong>s, o produto é libertado no sistema WPMS para execução.<br />
Execução – Os supervisores <strong>de</strong> turno são informados da disponibilida<strong>de</strong> do produto no<br />
sistema, e colocam-nos nas filas a executar consoante os seus critérios <strong>de</strong> escolha (será<br />
<strong>de</strong>senvolvido adiante). Os caixeiros executam os produtos <strong>de</strong> acordo com as informações do<br />
sistema, que os manda seguir as trajectórias indica<strong>das</strong> no mapa da Figura 4.2, a seta<br />
representa um corredor no meio <strong>de</strong> duas paletes.<br />
Expedição – Os expedidores têm o trabalho específico <strong>de</strong> verificar paletes completas, envolvê-<br />
las em película a<strong>de</strong>rente (para evitar que as caixas caiam) e armazena-las num espaço<br />
temporário, para que no fim da execução sejam encaminha<strong>das</strong> para as respectivas portas<br />
(cais).<br />
• As características do sistema:<br />
A logística da Zona Sul abastece cerca <strong>de</strong> 130 lojas Pingo Doce, 21 Feira Nova e 21 Recheio.<br />
A expedição diária do armazém em sistema Just-in-Time é <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 1000 euro paletes, on<strong>de</strong><br />
predomina as lojas Pingo Doce e os produtos alimentares (com média <strong>de</strong> 2 paletes <strong>de</strong> produto<br />
DPH por cada 8 paletes <strong>de</strong> produto Alimentar). Faz sentido que o sistema <strong>de</strong> quick<br />
response/continuous replenishment abasteça as lojas Pingo Doce, pois estas são<br />
estabelecimentos comerciais pequenos (em áreas habitacionais <strong>de</strong> elevado valor imobiliário<br />
50
por área <strong>de</strong> ven<strong>das</strong>), logo não têm capacida<strong>de</strong> para acumular stock <strong>de</strong> segurança, necessitam<br />
<strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> reaprovisionamento rápido e eficiente, que lhes faça chegar um sortido<br />
variado <strong>de</strong> pequenas quantida<strong>de</strong>s em falta. Essas faltas por loja vão sendo coloca<strong>das</strong> numa<br />
palete (encomenda) uma vez que cada unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga do tipo palete representa uma loja,<br />
quando a palete estiver completa é mudada <strong>de</strong> local e substituída por uma nova,<br />
continuamente.<br />
• A melhor forma <strong>de</strong> planear esta instalação será então uma separação por<br />
Produto/Processo:<br />
1º São atribuídos espaços para linhas <strong>de</strong> produtos separa<strong>das</strong> (Figura 4.2): Alimentar (a<br />
cinzento), DPH (a branco na horizontal) e Bazar (a branco na vertical).<br />
2º As pessoas são dividi<strong>das</strong> por <strong>Processos</strong>: Recepção, Execução e Paletização/Expedição,<br />
porque as tarefas acumulam experiência (aumentando a produtivida<strong>de</strong>) e não se confun<strong>de</strong>m.<br />
3º Os movimentos <strong>de</strong>ntro do armazém serão da forma representada na Figura 4.2 pelas setas,<br />
que como mostra a legenda, segue as direcções <strong>das</strong> setas amarelas para Recepção, pretas<br />
para Execução Alimentar, ver<strong>de</strong>s para Execução <strong>de</strong> Detergentes e Produtos <strong>de</strong> Higiene (DPH),<br />
azuis para Execução <strong>de</strong> Bazar e vermelhas para a operação <strong>de</strong> paletização e arrumação (put-<br />
away temporário até ser puxada ao cais).<br />
DPH<br />
A executar A executar<br />
Recepção Alimentar Expedição [extra]<br />
Fluxos: Espaços:<br />
Recepção / A executar<br />
Execução Alimentar<br />
Execução DPH DPH<br />
Execução Bazar Bazar<br />
Paletização / Expedição<br />
DPH<br />
DPH<br />
DPH<br />
B<br />
a<br />
z<br />
a<br />
r<br />
B<br />
a<br />
z<br />
a<br />
r<br />
Recepção Não - Alimentar<br />
Produtos <strong>de</strong> Valor<br />
Baterias<br />
Expedição Norte<br />
Figura 4.2 – Atribuição <strong>de</strong> espaços ao armazém JIT e respectivos fluxos <strong>de</strong> produtos.<br />
51
Concentrando-nos na or<strong>de</strong>m do layout <strong>de</strong> produtos alimentares, o volume <strong>de</strong> produtos<br />
alimentares em relação às outras linhas <strong>de</strong> produto, justificou a separação da disposição <strong>de</strong><br />
lojas e a existência <strong>de</strong> um layout curto <strong>de</strong> apenas uma palete por loja, que diminui os tempos<br />
<strong>de</strong> viagem e número <strong>de</strong> paragens. O layout alimentar compreen<strong>de</strong> principalmente as lojas<br />
Pingo Doce e consiste numa disposição <strong>de</strong> paletes no chão ao longo <strong>de</strong> corredores,<br />
representando cada palete uma loja. Os produtos alimentares que chegam na doca <strong>de</strong><br />
recepção alimentar são distribuídos pelas respectivas lojas, <strong>de</strong> acordo com as or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong><br />
compra que o terminal do sistema WPMS mostra. Devem existir corredores próprios para<br />
<strong>de</strong>ixar os produtos nas paletes e corredores próprios para o responsável pela embalagem e<br />
put-away executar a sua operação, como se mostra na Figura 4.2 anterior. Esta é uma<br />
inovação interessante que <strong>de</strong>ve ser aplicada, já que se po<strong>de</strong> observar no diagrama <strong>de</strong> fluxo da<br />
Execução JIT (capítulo anterior) que os caixeiros <strong>de</strong>sempenham duas tarefas completamente<br />
separa<strong>das</strong> entre si, é pois uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar economia <strong>de</strong> experiência e separação <strong>de</strong><br />
processos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.<br />
Sendo um layout em comprimento que se inicia junto à doca, será da maior importância<br />
que se analise as lojas por volume e limitações <strong>de</strong> forma a que, como explicado na literatura, a<br />
maior parte da mercadoria percorra menores distâncias, concentrando-se principalmente junto<br />
ao cais <strong>de</strong> fluxo quebrado. Assim, optamos por:<br />
1º Recolher as limitações <strong>de</strong> horário <strong>das</strong> Lojas, que a empresa chama <strong>de</strong> On<strong>das</strong>. Cada loja tem<br />
limitações no horário para receber mercadoria, o que vai limitar a expedição dos produtos.<br />
Assim, no armazém JIT a mercadoria <strong>das</strong> lojas po<strong>de</strong> sair <strong>das</strong> 16h-20h, 20h-24h, <strong>das</strong> 00h-06h<br />
ou <strong>das</strong> 06h as 16h, respectivamente Onda I, II, III e IV. As lojas são agrupa<strong>das</strong> por estas quatro<br />
on<strong>das</strong>, sendo as primeiras a sair coloca<strong>das</strong> mais próximo do cais na distribuição <strong>de</strong> lojas ao<br />
longo do layout.<br />
2º Recolher dados respeitantes ao volume <strong>de</strong> paletes executa<strong>das</strong> por loja. Classificamos o<br />
volume <strong>de</strong>stas lojas em 3 categorias, <strong>de</strong> acordo com o volume expedido mensalmente<br />
(utilizamos a unida<strong>de</strong> mensal, porque um intervalo maior acentua as diferenças <strong>de</strong> volume e<br />
atenua as variações diárias). As categorias comportam volume médio mensal <strong>de</strong> paletes até<br />
100 paletes para a categoria 1, entre 100 e 150 para a categoria 2 e maior que 150 paletes<br />
mensais na categoria 3. Na Tabela 4.2 mostra-se o número <strong>de</strong> lojas por categoria e por onda,<br />
na Tabela 4.3 as médias mensais <strong>de</strong> paletes por loja, <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada categoria ou onda. A<br />
coluna ‘número <strong>de</strong> linhas’ indica quantas linhas <strong>de</strong> armazém ocupa a onda, sabendo que cada<br />
linha tem capacida<strong>de</strong> para 20 lojas.<br />
52
Nº Lojas Nº linhas Total Cat 3 Cat 2 Cat 1<br />
Onda 1 1,0 19 6 4 9<br />
Onda 2 1,0 19 3 10 6<br />
Onda 3 2,6 52 11 30 11<br />
Onda 4 2,4 48 23 15 10<br />
Total 6,9 138 43 59 36<br />
Tabela 4.2 – Número <strong>de</strong> lojas distribuído por horário e volume.<br />
MM Paletes Média Total Cat 3 Cat 2 Cat 1<br />
Onda 1 126 155 126 78<br />
Onda 2 111 150 111 93<br />
Onda 3 124 173 124 86<br />
Onda 4 134 172 134 99<br />
Média 125 163 125 89<br />
Tabela 4.3 – Média Mensal <strong>de</strong> paletes/loja por horário e volume.<br />
3º Supondo que a paletização leva um tempo fixo <strong>de</strong> 2 minutos, adiciona-se 1 minuto para<br />
movimentar a loja A, 3.5 minutos para movimentar a loja B (no meio da linha) e 6 minutos para<br />
movimentar a loja C. Valores obtidos por observação da operação no armazém.<br />
Loja C Loja B Loja A<br />
Figura 4.3 – Pormenor do layout<br />
DPH<br />
Loja A Loja B Loja C<br />
De novo, para que a maior parte dos produtos percorram a menor distância possível<br />
<strong>de</strong>ntro do armazém, propomos a disposição <strong>das</strong> lojas, por on<strong>das</strong> e volumes, num layout<br />
‘Organizado’:<br />
• Disposição <strong>das</strong> lojas agrupa<strong>das</strong> por On<strong>das</strong>, por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>das</strong> paletes<br />
para os camiões, <strong>de</strong> acordo com o time-table <strong>das</strong> lojas.<br />
• Lojas com maior volume mais perto <strong>das</strong> docas, sentido <strong>de</strong>crescente para o fundo do<br />
armazém, já que este é <strong>de</strong> fluxo quebrado.<br />
• Sistema <strong>de</strong> espelho no layout, como as paletes são executa<strong>das</strong> num espaço e<br />
armazena<strong>das</strong> em outro separados por um corredor, o sistema <strong>de</strong> espelho garante que<br />
as lojas <strong>de</strong> maiores volumes (representado pela loja A) se encontram mais perto do<br />
corredor <strong>de</strong> transição, e portanto mais paletes percorrem menores distâncias, a loja C<br />
será <strong>de</strong> menores volumes, portanto a maior distância é percorrida menos vezes.<br />
DPH<br />
53
Mostra-se na próxima figura, o pormenor da or<strong>de</strong>m <strong>das</strong> lojas (na zona ver<strong>de</strong> da Figura<br />
4.2 anterior) sem tomar em conta os corredores que as separam:<br />
C<br />
o<br />
r<br />
r<br />
e<br />
d<br />
o<br />
r<br />
Onda Linha<br />
Medias Mensais <strong>de</strong> Paletes por Loja no Layout<br />
4<br />
7<br />
6<br />
148 147 147 142 142 140 139 139 137 136 134 132 129 121 120 119 119 118 114 113<br />
201 196 196 193 187 185 185 177 174 173 173 172 170 168 167 167 158 154 150 148<br />
3/4 5 105 101 97 95 95 90 86 83 79 79 69 66 111 109 106 98 97 95 92 75<br />
3<br />
4<br />
3<br />
135 134 133 133 129 124 123 121 120 118 118 115 114 114 113 112 112 112 110 109<br />
209 189 184 183 178 173 164 162 160 159 158 154 152 152 151 151 146 144 140 137<br />
2 2 157 148 148 142 134 127 116 112 109 108 106 106 101 100 98 94 91 91 89<br />
1 1 200 176 160 149 146 146 137 136 116 113 112 88 85 80 78 77 77 76 75<br />
Tempo(min) 3,0 3,3 3,5 3,8 4,0 4,3 4,5 4,8 5,0 5,3 5,5 5,8 6,0 6,3 6,5 6,8 7,0 7,3 7,5 7,8<br />
Doca<br />
Figura 4.4 – Pormenor <strong>das</strong> lojas e volume médio <strong>das</strong> lojas movimentado<br />
Se consi<strong>de</strong>rarmos que o tempo médio a embalar e arrumar uma palete completa é <strong>de</strong> 5<br />
minutos, po<strong>de</strong>mos supor tempos ao longo da linha <strong>de</strong> arrumação <strong>de</strong> 3 a 8 minutos. Nestas<br />
circunstâncias, or<strong>de</strong>nação em espelho po<strong>de</strong> poupar 59 horas mensais <strong>de</strong> operação, em cerca<br />
<strong>de</strong> 2horas e 40 minutos diários, comparando a alternativa anterior <strong>de</strong> layout apenas distribuído<br />
por On<strong>das</strong> e volume ‘Aleatório’ com a alternativa <strong>de</strong> layout ‘Organizado’ por volumes no efeito<br />
<strong>de</strong> espelho do corredor (Tabela 4.4). Se no entanto reduzirmos o tempo médio para apenas 3<br />
minutos, e diminuirmos a diferença ao longo da linha, variando <strong>de</strong> 2 a 4 minutos, o ganho já<br />
será apenas <strong>de</strong> 1 hora diária (Figura 4.5), como observamos seguidamente.<br />
Layout<br />
Tempo/Mês<br />
Min/Loja Total Min Total Horas Total Dias Horas/Dia<br />
Organizado 3 - 7,8 93269,31 1554,49 194,31 70,66<br />
Aleatório 5,38 96802,94 1613,38 201,67 73,34<br />
Diferença 3533,63 58,89 7,36 2,68<br />
Tabela 4.4 – Tempo <strong>de</strong> Paletização e Put-away para média 5 minutos<br />
Layout<br />
Tempo/Mês<br />
Min/Loja Total Min Total Horas Total Dias Horas/Dia<br />
Organizado 2 – 4 51715,61 861,93 107,74 39,18<br />
Aleatório 2,95 53129,06 885,48 110,69 40,25<br />
Diferença 1413,45 23,56 2,94 1,07<br />
Tabela 4.5 – Tempo <strong>de</strong> Paletização e Put-away para média 3 minutos<br />
54
4.2.2 Classes <strong>de</strong> SKU<br />
A operação <strong>de</strong> mixing da empresa que combina produtos numa palete, a enorme<br />
variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produtos característica do negócio <strong>de</strong> retalho, aliado aos pedidos <strong>de</strong> pequenas<br />
quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada produto feito pelas lojas <strong>de</strong> pequena dimensão do tipo Pingo Doce,<br />
exigem à empresa uma operação que combina na mesma palete um enorme número <strong>de</strong><br />
produtos alimentares, variados volumes, pesos, formas e aglomerados.<br />
Para compreen<strong>de</strong>r a combinação e execução <strong>das</strong> paletes feita <strong>de</strong>ntro do armazém,<br />
optou-se por observar durante duas semanas a mercadoria que chegou ao cais <strong>de</strong> recepção da<br />
empresa, vinda dos fornecedores. A metodologia utilizada foi avaliar a chegada <strong>de</strong> paletes por<br />
fornecedor e classificá-las, atribuindo características em grupos. Os grupos que foram tidos em<br />
consi<strong>de</strong>ração encontram-se na primeira coluna da próxima Tabela 4.6. Para cada um <strong>de</strong>sses<br />
grupos utilizou-se pesquisa e características dos produtos para <strong>de</strong>terminar os subgrupos <strong>de</strong><br />
cada categoria, conforme se explica posteriormente.<br />
Grupo Categoria<br />
Principais marcas<br />
representantes<br />
Tipo <strong>de</strong> Fluxo<br />
SKU –<br />
Classe <strong>de</strong> Consumo<br />
Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga – Tipo<br />
<strong>de</strong> Embalagem<br />
Exemplos:<br />
Parmalat, Compal, Calvê, Kellogs, Etc.<br />
- Alimentar<br />
- DPH<br />
- Bazar (não foi explorado)<br />
- Vinhos, <strong>de</strong>stilados e óleo<br />
- Refrigerantes e cerveja<br />
- Leite pasteurizado<br />
- Enlatados<br />
- Batatas fritas<br />
- Bolos e Pão<br />
- Massas, arroz e farinhas<br />
- Pastilhas e chocolates<br />
- Papel<br />
- Plástico<br />
Nº médio <strong>de</strong> UMC/palete (valor)<br />
- Artigos higiene pessoal<br />
- Artigos <strong>de</strong> limpeza<br />
Tamanho (número)<br />
Densida<strong>de</strong> (número)<br />
Forma (número)<br />
Risco <strong>de</strong> danos (número)<br />
Tabela 4.6 – Grupos consi<strong>de</strong>rados nas observações <strong>de</strong> mercadoria<br />
55
As categorias recolhi<strong>das</strong> na caracterização do consumo por Alimentar, Detergentes e<br />
Produtos <strong>de</strong> Higiene, Bazar Ligeiro e Bazar Pesado estão expressas na tabela 4.7. É<br />
importante recordar que o estudo <strong>de</strong>ste armazém cai apenas sobre os produtos não perecíveis<br />
(encontra-se na frente <strong>de</strong> cada linha <strong>de</strong> produto Alimentar a sigla NP para i<strong>de</strong>ntificar as<br />
subclasses relevantes).<br />
Alimentar (AL) Detergentes e Produtos <strong>de</strong> Higiene (DPH)<br />
- Bebi<strong>das</strong> (NP)<br />
- Leite (NP)<br />
- Carnes e <strong>de</strong>rivados<br />
- Peixe e bacalhau<br />
- Produtos congelados<br />
- Gran<strong>de</strong> consumo (NP)<br />
- Produtos <strong>de</strong> pastelaria e confeitaria (NP)<br />
- Detergentes <strong>de</strong> limpeza<br />
- Detergentes <strong>de</strong> roupa<br />
- Higiene pessoal diária (pastas <strong>de</strong>ntífricas,<br />
fral<strong>das</strong>)<br />
Bazar Ligeiro (BL) Bazar Pesado (BP)<br />
- Bricolage<br />
- Brinquedos<br />
- Decoração<br />
- Material eléctrico e electrónico<br />
- Livros e papelaria<br />
- Utilida<strong>de</strong>s (papel, plástico)<br />
- Promoções<br />
- Beleza (tintas <strong>de</strong> cabelo, maquilhagem)<br />
- Frigoríficos<br />
- Arcas <strong>de</strong> congelação<br />
- Máquinas <strong>de</strong> lavar<br />
Tabela 4.7 – Classes <strong>de</strong> Consumo <strong>de</strong> supermercado em Portugal<br />
Tendo os produtos alimentares <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> consumo características diferentes, houve a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> subdividir um pouco mais estas classes <strong>de</strong> consumo alimentar, pelo que com<br />
recurso a um estudo da Alimentaria (salão internacional da alimentação), se conseguiu<br />
segmentar um pouco mais os produtos alimentares não perecíveis (Alimentaria Lisboa, 2003)<br />
para chegarmos à listagem final que apresentamos em contexto na Tabela anterior 4.6.<br />
Outro factor diferenciador que resultou da pesquisa foram as características do tipo <strong>de</strong><br />
unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga, que se divi<strong>de</strong> em (Muther, 1978):<br />
• Tamanho (Volume)<br />
• Densida<strong>de</strong> ou estado <strong>de</strong> agregação (Peso)<br />
• Forma do material (Regularida<strong>de</strong>)<br />
• Risco <strong>de</strong> danos no material (Fragilida<strong>de</strong>)<br />
56
• Condição do item (Qualida<strong>de</strong>, não conta <strong>das</strong> observações)<br />
• Valor ou custo (Raramente usado, não consta do estudo)<br />
A característica valor ou custo não foi aplicada porque a empresa <strong>de</strong>senvolveu a<br />
política <strong>de</strong> criar um pequeno layout <strong>de</strong>dicado aos materiais <strong>de</strong> valor <strong>de</strong> pequena dimensão, que<br />
se encontra trancado por re<strong>de</strong> e com acesso restrito. Quanto à Qualida<strong>de</strong> do item, não se<br />
proce<strong>de</strong>u a essa recolha porque regra geral o produto é entregue em perfeitas condições, e<br />
teria <strong>de</strong> se passar muito tempo a observar recepções <strong>de</strong> encomen<strong>das</strong> para encontrar items<br />
danificados. As outras características po<strong>de</strong>m encontrar correspondência no tipo <strong>de</strong> embalagem<br />
utilizada para acondicionamento, e estão representa<strong>das</strong> na Tabela 4.8 <strong>de</strong> pontuações (scores)<br />
com a forma apresentada e que preten<strong>de</strong>u servir <strong>de</strong> apoio à recolha <strong>de</strong> dados:<br />
Scores<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
Tamanho<br />
Muito pequeno<br />
(preservativos)<br />
Pequeno<br />
(pastilhas, tinta<br />
<strong>de</strong> cabelo)<br />
Médio volume<br />
( pack 6 leite,<br />
sumo)<br />
Gran<strong>de</strong><br />
(fral<strong>das</strong>, caixas<br />
bolos e bebi<strong>das</strong><br />
<strong>de</strong>stila<strong>das</strong>)<br />
Muito Gran<strong>de</strong><br />
(mercadoria <strong>de</strong><br />
promoções)<br />
Densida<strong>de</strong> ou<br />
estado <strong>de</strong><br />
agregação<br />
Muito Leve<br />
(preservativos)<br />
Leve<br />
(caixas <strong>de</strong> chá,<br />
fral<strong>das</strong>)<br />
Médio peso<br />
( 6kg<br />
- Bebi<strong>das</strong> <strong>de</strong><br />
vidro ou<br />
<strong>de</strong>tergentes)<br />
Muito pesado<br />
(>10kg -<br />
Mercadoria<br />
inesperada)<br />
Forma do<br />
material<br />
Muito irregular<br />
(mesas, tábuas<br />
engomar)<br />
Algo irregular<br />
(saco cereais)<br />
Regular<br />
(Cilíndrico)<br />
Regular<br />
(4Arestas)<br />
(não se aplica)<br />
Fragilida<strong>de</strong><br />
Risco <strong>de</strong> danos<br />
no material<br />
Embalagem<br />
película<br />
plástica ou<br />
papel (arroz,<br />
pão, cereais)<br />
Vidro em<br />
frascos<br />
pequenos<br />
(compotas,<br />
molhos), cartão<br />
Vidro embalado<br />
em cartão<br />
(bebi<strong>das</strong><br />
<strong>de</strong>stila<strong>das</strong>,<br />
óleos)<br />
Plástico duro,<br />
Cartão tetra-<br />
pack<br />
Metal<br />
(enlatados<br />
salsicha, atum)<br />
Condição do<br />
item<br />
(Qualida<strong>de</strong>)<br />
Perfeitas<br />
condições<br />
Amolga<strong>de</strong>las<br />
<strong>de</strong>sprezíveis<br />
(<strong>de</strong> acordo<br />
com a<br />
formação)<br />
Digno <strong>de</strong><br />
reparo ao<br />
fornecedor<br />
Devolver ao<br />
fornecedor<br />
(não se<br />
aplica)<br />
Tabela 4.8 – Pontuações para agravamento nos factores <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga<br />
57
Esta pesquisa foi limitada aos produtos alimentares e simplificada para fornecedores do<br />
mesmo tipo, pelo que os dados recolhidos não respeitam a todos os fornecedores mas aos<br />
principais fornecedores representantes dos produtos distribuídos pela ca<strong>de</strong>ia do grupo.<br />
O objectivo final é encontrar uma correspondência <strong>das</strong> classes <strong>de</strong> consumo com as<br />
suas características <strong>de</strong> carga, para que ao <strong>de</strong>finir a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> uma palete por<br />
características como volume, peso e irregularida<strong>de</strong> <strong>de</strong>crescentes, possa ser associada uma<br />
or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> classes <strong>de</strong> consumo, que representam tipos <strong>de</strong> fornecedores a agrupar e or<strong>de</strong>nar por<br />
interesses <strong>de</strong> montagem <strong>de</strong> carga numa palete.<br />
Linha Categoria consumo<br />
Alimentar<br />
Não -<br />
Volu<br />
me<br />
Peso Regular<br />
ida<strong>de</strong><br />
Fragili<br />
da<strong>de</strong><br />
Soma Embalagem<br />
Vinhos e <strong>de</strong>stilados (óleo) 4 4 4 3 15 cartão(vidro)<br />
Refrigerantes e cerveja 3 4 3 4 14<br />
Leite pasteurizado<br />
Enlatados<br />
Batatas fritas<br />
Bolos e Pão<br />
metal,<br />
plástico,<br />
tetrapack<br />
3 3 4 4 14 tetrapack<br />
3 3 3 5 14 metal<br />
3 2 2 1 8 película<br />
4 3 4 2 13<br />
cartão,<br />
plástico<br />
Massas e arroz e farinhas 3 3 2 1 9 película<br />
Pastilhas e chocolates<br />
1 2 4 1 8 cartão<br />
Papel 3 3 4 3 13 papel<br />
Plástico<br />
Artigos higiene pessoal<br />
2 2 4 2 10 cartão<br />
alimentar Artigos <strong>de</strong> limpeza 4 4 4 4 16<br />
Bazar<br />
ligeiro<br />
(gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong>)<br />
Tabela 4.9 – Artigos <strong>de</strong> armazém JIT<br />
0<br />
cartão,<br />
plástico duro<br />
Após análise <strong>das</strong> tabelas anteriores, verifica-se que, normalmente, as características<br />
dos produtos encontram relações específicas com a forma como é embalado. Claro que o peso<br />
e volume são importantes, mas <strong>de</strong>ntro do tipo <strong>de</strong> produtos que passa pelo armazém, verificou-<br />
58
se ser muito importante a fragilida<strong>de</strong> do material (ex. garrafa <strong>de</strong> vidro, pão, etc.) e a<br />
irregularida<strong>de</strong> do artigo (ex. qualquer artigo que não seja embalado com 4 arestas).<br />
No fluxo alimentar, o volume <strong>das</strong> UMC não varia muito, assim como regra geral todos<br />
os produtos têm quatro arestas ou são cilíndricos. O factor mais importante acaba por ser a<br />
fragilida<strong>de</strong> dos produtos, peso e volume na combinação da carga, e a correcta embalagem em<br />
película a<strong>de</strong>rente, para que não haja <strong>de</strong>formação dos produtos que se encontram por baixo e<br />
não se <strong>de</strong>smonte a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga com a movimentação da mercadoria.<br />
Método proposto<br />
Após análise dos scores por categoria, propomos que a palete <strong>de</strong> mixing alimentar seja<br />
construída por pontuações <strong>de</strong>crescentes, seguindo a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Vinhos e <strong>de</strong>stilados (óleo),<br />
Refrigerantes e cerveja, Leite pasteurizado, Enlatados, Massas, arroz e farinhas, Bolos e Pão,<br />
Batatas fritas, Pastilhas e chocolates. Esta acaba por ser também uma or<strong>de</strong>m no tipo <strong>de</strong><br />
embalagens, que segue Vidro 0.75L <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cartão, enlatados (refrigerantes e salsichas),<br />
plástico 5L, plástico 1.5L, Tetra-pack, cartão ou papel e película (batatas fritas por exemplo).<br />
Esta or<strong>de</strong>m verificada po<strong>de</strong> ser útil ao planeamento da produção e redução <strong>das</strong> quebras, e não<br />
é tida em conta até então.<br />
Por outro lado, o fluxo bazar tem características mais irregulares no peso e volume,<br />
assim como na forma (como grelhadores, chapéus <strong>de</strong> sol, ou ca<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> praia) e sazonalida<strong>de</strong><br />
(sendo normalmente aplica<strong>das</strong> muitas promoções). Devem ser planeados cuidadosamente.<br />
Vantagens da aplicação do método<br />
Neste sistema todos os produtos alimentares são combinados, a distribuição por<br />
classes <strong>de</strong> consumo, vai facilitar a operação <strong>de</strong> mixing <strong>das</strong> paletes porque ao combinar<br />
produtos variados em poucas quantida<strong>de</strong>s, permite agrupar produtos do mesmo tipo e<br />
estabelecer uma or<strong>de</strong>m para a construção <strong>das</strong> paletes, com base no peso, volume,<br />
regularida<strong>de</strong>, etc. Esta or<strong>de</strong>m vai diminuir as quebras e <strong>de</strong>terioração dos produtos, aumentar a<br />
qualida<strong>de</strong> do produto distribuído e tornar a produção mais eficiente.<br />
Classes <strong>de</strong> produtos no sistema JIT<br />
Esta or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> construção <strong>das</strong> paletes será possível estabelecendo um horário <strong>de</strong><br />
chegada <strong>de</strong> fornecedores, <strong>de</strong> acordo com a sua classe, e posterior or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> execução pelos<br />
supervisores <strong>de</strong> acordo com os critérios analisados.<br />
Classes <strong>de</strong> produtos no sistema Stock<br />
Para este layout a forma <strong>de</strong> aplicar os critérios varia, já que o sistema faz a execução<br />
fazendo o picking por loja, terá <strong>de</strong> ser revista a programação do sistema WPMS e estabelecer<br />
uma nova organização, para que produtos da mesma classe se concentrem no mesmo<br />
corredor <strong>de</strong> picking, e a rota do programa siga igualmente a lógica <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> paletes<br />
(lojas) por pesos, volumes e regularida<strong>de</strong> <strong>de</strong>crescentes.<br />
59
4.3 Medir a Produtivida<strong>de</strong><br />
A preocupação com os sistemas <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho só faz sentido para uma<br />
operação optimizada e a funcionar sem problemas. O facto <strong>de</strong> ser a última forma <strong>de</strong><br />
optimização <strong>de</strong> uma empresa, não lhe retira no entanto valor. A motivação da força <strong>de</strong> trabalho<br />
é cada vez mais um trunfo importante para uma organização empresarial e a <strong>de</strong>finição <strong>das</strong><br />
variáveis a consi<strong>de</strong>rar nem sempre é empírica e directa. As preocupações e planeamento da<br />
produção diária normalmente não <strong>de</strong>ixam tempo disponível para interpretar dados e encontrar<br />
novas soluções, pelo que este estudo se revela uma mais valia para a avaliação dos sistemas<br />
<strong>de</strong> prémio vigentes.<br />
4.3.1 Apresentação do problema<br />
A empresa, orientada há anos maioritariamente para o fluxo Stock, <strong>de</strong> tempos <strong>de</strong> ciclo<br />
longos, utilizava como medida <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>, o output/input diário absoluto, ou seja,<br />
estabelecia um valor mínimo <strong>de</strong> caixas a executar (output) por dia <strong>de</strong> trabalho (8 horas <strong>de</strong> input<br />
por funcionário).<br />
Este sistema <strong>de</strong> prémio no tempo <strong>de</strong> ciclo <strong>de</strong> mercadoria <strong>de</strong> um dia da execução JIT<br />
tornava o sistema <strong>de</strong> prémio limitado e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do volume diário movimentado, uma vez<br />
que em algumas circunstâncias as pessoas podiam atingir facilmente o objectivo e tornavam-se<br />
não produtivas o resto do dia. Por essas razões, no sistema JIT foram diminuídos os tempos <strong>de</strong><br />
medição e passou-se a contabilizar o rácio caixas por hora (que a empresa dá o nome <strong>de</strong><br />
UMC/hora, sendo UMC sigla para Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medida <strong>de</strong> Compra) para cada trabalho<br />
executado, mudando <strong>de</strong> trabalho sempre que o operador muda <strong>de</strong> fluxo (Execução Artigo,<br />
Bazar Ligeiro ou Cross-Docking).<br />
4.3.2 Recolha <strong>de</strong> dados<br />
Neste contexto <strong>de</strong>senvolveu-se o trabalho referente à análise <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> e<br />
proce<strong>de</strong>u-se à recolha da evolução na produtivida<strong>de</strong>. Consi<strong>de</strong>raram-se as médias diárias <strong>de</strong><br />
UMC/hora do mês <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2007 a Julho <strong>de</strong> 2007 para avaliar a eficácia do novo layout no<br />
aumento do <strong>de</strong>sempenho dos operadores. Seguidamente, é visível no gráfico da Figura 4.5 a<br />
variação na média diária <strong>de</strong> caixas por hora, dos dias úteis <strong>de</strong> segunda-feira a sábado (a azul),<br />
e a média mensal <strong>de</strong> caixas por hora (a vermelho). É fácil <strong>de</strong> observar o aumento da<br />
produtivida<strong>de</strong> abrupto no mês <strong>de</strong> Abril aquando da aplicação do layout do novo armazém, bem<br />
como os sucessivos pequenos aumentos posteriores da responsabilida<strong>de</strong> <strong>das</strong> pequenas<br />
optimizações implementa<strong>das</strong>.<br />
60
360<br />
350<br />
340<br />
330<br />
320<br />
310<br />
300<br />
290<br />
280<br />
270<br />
260<br />
250<br />
240<br />
230<br />
220<br />
210<br />
200<br />
190<br />
180<br />
170<br />
160<br />
Umc/hora<br />
Março Abril Maio Junho Julho Agost<br />
Figura 4.5 – Produtivida<strong>de</strong>s médias diárias e mensais <strong>de</strong> UMC/hora.<br />
Na tabela 4.10 apresentamos valores médios <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> mensais e respectivos<br />
aumentos absolutos por intervalo. É então visível que, começando com 188 caixas/hora no<br />
novo armazém <strong>de</strong> Just-in-Time em Março, rapidamente teve um aumento médio <strong>de</strong> 64<br />
caixas/hora para perfazer 253 caixas/hora em Abril. Os aumentos são sucessivamente<br />
menores mas sempre positivos, como se observa na Tabela 4.10.<br />
Mês<br />
Média<br />
(UMC/hora)<br />
Dezembro 208 0<br />
Janeiro 185 -23<br />
Fevereiro 184 -1<br />
Março 188 4<br />
Abril 253 64<br />
Maio 275 22<br />
Junho 286 11<br />
Julho 304 18<br />
Agosto 306 3<br />
Dif. absoluta<br />
entre intervalos<br />
Tabela 4.10 – Variação <strong>das</strong> médias mensais<br />
Com o acesso aos meses <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> no novo armazém <strong>de</strong> JIT,<br />
escolheu-se o mês <strong>de</strong> Junho para tratar informação porque já foram implementa<strong>das</strong> as<br />
melhorias (o armazém já funciona há três meses) e a operação prevê-se que esteja<br />
estabilizada nas variações por adaptação ao novo armazém. Na Figura 4.6 está expresso um<br />
61
exemplo do output do sistema WPMS relativo à produtivida<strong>de</strong>. A primeira coluna respeita à<br />
data, a segunda ao tipo <strong>de</strong> armazém (que permanece constante), a terceira ‘Equipa’ respeita<br />
aos turnos, a quarta respeita à i<strong>de</strong>ntificação do operador por trabalho (cada linha é um<br />
trabalho). A coluna ‘T. UdT’ respeita ao tipo <strong>de</strong> trabalho efectuado, como foi visto na <strong>de</strong>finição<br />
do armazém em caso <strong>de</strong> estudo anterior, os trabalhos do armazém JIT po<strong>de</strong>m ser: Recepção,<br />
Recepção Cross-Docking, Execução Artigo (que inclui Alimentar e DPH), Execução Bazar<br />
Ligeiro, Execução Bazar Pesado e Execução Cross-Docking. A coluna ‘Dur.Ef.Ex.’ representa a<br />
duração efectiva <strong>de</strong> execução e reporta o tempo (em segundos) que o terminal <strong>de</strong> rádio<br />
frequência está ligado em cada trabalho, a coluna seguinte ‘Qt.’ respeita ao número <strong>de</strong> caixas<br />
executa<strong>das</strong> nesse tempo. A seguinte ‘Qt2.’ respeita ao número <strong>de</strong> artigos <strong>de</strong>ntro <strong>das</strong> caixas,<br />
não é utilizada no nosso estudo tal como a última que indica o número <strong>de</strong> pausas que o<br />
caixeiro fez no terminal durante a execução. O ‘Nº Cont’ significa número <strong>de</strong> contentores ou<br />
paletes que apenas se aplica à Recepção e o penúltimo ‘Nº <strong>de</strong> Acções’ é a contagem do<br />
número <strong>de</strong> vezes que o operador pára numa loja, i<strong>de</strong>ntificado pela leitura <strong>das</strong> etiquetas no<br />
layout. O sistema <strong>de</strong> gestão físico <strong>das</strong> operações em armazém WPMS <strong>de</strong>volve uma aplicação<br />
em Excel do tipo tabela, como mostra a Figura 4.6 numa exemplificação <strong>de</strong> apenas três linhas.<br />
Data Turno Equipa Operador T.UdT Dur.Ef.Ex. Qt. Qt2 NºCont.Nº.AcçõesN.Susp.<br />
20070601Armazém 24 H Equipa 01 407001 - Marta Duarte Recepção 6431Segundos 4493 406845 221 906 1<br />
20070601Armazém 24 H Equipa 01 407002 - Nelson Vieira Recepção 5449Segundos 1131 5983 55 884 0<br />
20070601Armazém 24 H Equipa 02 407004 - Sónia Sousa Recepção 6949Segundos 5352 29774 169 1238 0<br />
Figura 4.6 – Output <strong>de</strong> Produtivida<strong>de</strong>s em Excel<br />
A informação foi filtrada <strong>de</strong> forma a retirar testes executados pelos responsáveis <strong>de</strong><br />
armazém, tendo-se retirado quaisquer linhas <strong>de</strong> execução que contivessem um rácio <strong>de</strong><br />
UMC/hora maior que 1000 por ser <strong>de</strong>spropositado e normalmente consequência <strong>de</strong> acções<br />
pontuais <strong>de</strong> inserção <strong>de</strong> mercadoria no sistema por um supervisor (que insere no sistema, por<br />
exemplo 100 caixas em 2 segundos!), e também quaisquer linhas que executassem menos <strong>de</strong><br />
1 caixa por loja, porque representam execução por produto, dado que se preten<strong>de</strong> medir a<br />
execução por caixa.<br />
4.3.3 <strong>Análise</strong> estatística<br />
Com tantos dados entre mãos, colocou-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratar a informação <strong>de</strong><br />
forma sistemática, pelo que se recorreu ao tratamento estatístico <strong>de</strong> dados. Os conceitos<br />
estatísticos são introduzidos excepcionalmente no <strong>de</strong>senvolvimento do caso, para facilitar a<br />
compreensão do estudo.<br />
Após recolher e preparar a informação, proce<strong>de</strong>u-se à sua análise. Como não existia<br />
informação ou indicações relevantes, utilizamos a análise <strong>de</strong> clusters como técnica para<br />
agrupar e classificar os dados em grupos relativamente homogéneos, que em cada grupo são<br />
similares entre si e diferentes dos casos <strong>de</strong> outros clusters. Estes grupos são inteiramente<br />
sugeridos pelo tratamento <strong>de</strong> dados (Malhotra, 2007).<br />
62
Ao i<strong>de</strong>ntificar um grupo <strong>de</strong> tamanho sugestivo e com características semelhantes,<br />
tentamos verificar se essas características estavam relaciona<strong>das</strong> entre si. Para tal, utilizou-se o<br />
"coeficiente <strong>de</strong> correlação produto - momento" ou mais conhecido como “coeficiente <strong>de</strong><br />
correlação <strong>de</strong> Pearson”. Para um número <strong>de</strong> observações n, X e Y são as variáveis que se<br />
preten<strong>de</strong>m relacionar, e o resultado do coeficiente é dado por:<br />
• r = 1 significa uma correlação perfeita positiva entre as duas variáveis.<br />
• r = -1 significa uma correlação negativa perfeita entre as duas variáveis (se uma<br />
aumenta, a outra diminui).<br />
• r = 0 significa que as duas variáveis não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m linearmente uma da outra. No<br />
entanto, po<strong>de</strong> existir uma outra <strong>de</strong>pendência "não linear".<br />
Nestas condições, quanto mais próximo <strong>de</strong> 1 for o resultado do coeficiente <strong>de</strong> Pearson ( r),<br />
mais seguro é afirmar a <strong>de</strong>pendência entre duas variáveis. Se r me<strong>de</strong> o grau em que a<br />
variação <strong>de</strong> um parâmetro está relacionada com a variação do outro, o cálculo <strong>de</strong> r 2 me<strong>de</strong> a<br />
proporção <strong>de</strong> variância dos dados explicada pelo mo<strong>de</strong>lo, é o grau explicativo do mo<strong>de</strong>lo.<br />
Quando a correlação é testada para toda a população, r assume o valor <strong>de</strong> ρ (rho). Para<br />
testar a significância estatística do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> relação entre duas variáveis, utiliza-se o teste<br />
estatístico t , que estuda as hipóteses Ho: ρ = 0 e H1: ρ ≠ 0. Se a significância do coeficiente<br />
tiver valor inferior ao estipulado, po<strong>de</strong> ser rejeitada a hipótese <strong>de</strong> não existir correlação (Ho ).<br />
4.3.4 Tratamento estatístico<br />
No programa <strong>de</strong> estatística SPSS, foi feita uma análise para classificar a informação<br />
mensal e avaliar o aglomerado <strong>de</strong> dados <strong>de</strong>stas várias medi<strong>das</strong> <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>. Foram<br />
analisados Clusters nas tarefas <strong>de</strong> Execução e verificou-se que o Cluster 1 <strong>de</strong> Execução <strong>de</strong><br />
artigo (Alimentar e DPH) representa cerca <strong>de</strong> 75% <strong>das</strong> activida<strong>de</strong>s do armazém (ver Figura<br />
4.7). Um cluster é um subconjunto ou segmento da população caracterizado por um ou mais<br />
atributos em comum. As unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> amostragem <strong>de</strong> um cluster situam-se num nível<br />
hierárquico superior ao <strong>das</strong> unida<strong>de</strong>s junto <strong>das</strong> quais se obtém a informação, são uma entida<strong>de</strong><br />
supra-or<strong>de</strong>nada (<strong>Operações</strong>) na qual se verificam agrupamentos <strong>de</strong> dados tendo em conta as<br />
seis dimensões (UMC, Horas, Acções, UMC/Hora, Acções/Hora e UMC/Acção).<br />
63
Tamanho:<br />
Cluster 1 (Azul) – Execução Artigo<br />
Cluster 2 (Ver<strong>de</strong>) – Execução BL, BP<br />
e Cross-Docking<br />
Figura 4.7 – Gráfico da distribuição dos clusters pelas operações <strong>de</strong> armazém<br />
Conclui-se também que o primeiro cluster tem to<strong>das</strong> as ocorrências <strong>de</strong> Execução <strong>de</strong><br />
Artigo, enquanto o segundo cluster <strong>de</strong>tém os outros três tipos <strong>de</strong> operação, sendo o mais<br />
representativo o Bazar Ligeiro com 55% <strong>de</strong>ntro do seu cluster, Bazar Pesado com 40% <strong>das</strong><br />
ocorrências e o Cross-Docking com 15% <strong>de</strong>ntro do seu cluster, como mostra a Figura 4.8.<br />
1<br />
2<br />
Overall<br />
0<br />
20<br />
40<br />
60<br />
TwoStep Cluster<br />
Within Cluster Percentage of tipo_exec<br />
Percent within Cluster<br />
Figura 4.8 – Gráfico <strong>de</strong> divisão <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> Execução em clusters<br />
80<br />
100<br />
tipo_exec<br />
Exec.Artigo<br />
Exec.Artigo BL<br />
Exec.Artigo BP<br />
Exec.X-Docking<br />
64
Perante este tipo <strong>de</strong> informação, fará sentido simplificar este estudo apenas ao fluxo <strong>de</strong><br />
execução <strong>de</strong> artigo que é <strong>de</strong> longe o mais representativo. Mais uma vez foi filtrada a<br />
informação para constarem apenas os dados <strong>de</strong> Execução <strong>de</strong> Artigo (Cluster 1), com 1220<br />
observações váli<strong>das</strong>, efectuou-se uma análise <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong> Pearson. Na tabela 4.11 é<br />
visível a correspondência entre as mesmas variáveis na diagonal, e <strong>de</strong>ve ser vista apenas um<br />
lado da matriz, já que a outra meta<strong>de</strong> é a duplicação dos resultados. Em cada linha da mesma<br />
variável é dado o coeficiente <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong> Pearson (sendo tanto mais significativa a relação<br />
quanto mais próximo do valor absoluto 1 for o valor) na primeira linha, e o teste t (neste caso é<br />
indicado Sig.(2-tailed)) para cada uma <strong>das</strong> relações.<br />
As relações simples entre caixas absolutas, horas absolutas e acções em valor<br />
absoluto seriam <strong>de</strong> prever. A análise torna-se mais interessante quando olhamos para a<br />
relação <strong>de</strong> caixas/hora (a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>) com to<strong>das</strong> as outras unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> medida.<br />
É fácil <strong>de</strong> observar uma correlação entre caixas/hora e caixas/acção. O coeficiente <strong>de</strong> Pearson<br />
<strong>de</strong> 0,728 é o mais interessante e o teste <strong>de</strong> significância <strong>de</strong>volve um valor inferior a 0,01 (o que<br />
indica que o p-value é bom para rejeitar a hipótese Ho: ρ = 0).<br />
UMC Acções horas Umc / hr Acções / hr Umc / acção<br />
UMC Coef <strong>de</strong> Pearson 1 ,755(**) ,807(**) ,443(**) ,027 ,298(**)<br />
Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,349 ,000<br />
Acções Coef <strong>de</strong> Pearson ,755(**) 1 ,861(**) ,022 ,367(**) -,238(**)<br />
Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,444 ,000 ,000<br />
Horas Coef <strong>de</strong> Pearson ,807(**) ,861(**) 1 -,053 -,077(**) -,041<br />
Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,064 ,007 ,148<br />
Umc / hr Coef <strong>de</strong> Pearson ,443(**) ,022 -,053 1 ,153(**) ,728(**)<br />
Acções /<br />
hr<br />
Umc /<br />
acção<br />
Sig. (2-tailed) ,000 ,444 ,064 ,000 ,000<br />
Coef <strong>de</strong> Pearson<br />
,027 ,367(**) -,077(**) ,153(**) 1 -,473(**)<br />
Sig. (2-tailed) ,349 ,000 ,007 ,000 ,000<br />
Coef <strong>de</strong> Pearson<br />
,298(**) -,238(**) -,041 ,728(**) -,473(**) 1<br />
Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,148 ,000 ,000<br />
** Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).<br />
Tabela 4.11 – Correlações entre variáveis<br />
65
Se esta consi<strong>de</strong>ração po<strong>de</strong> fazer sentido, vamos então tentar avaliar o tipo <strong>de</strong> relação<br />
entre os dados, com recurso a uma regressão. Como não sabemos o tipo <strong>de</strong> relação, foi feita<br />
uma representação gráfica da distribuição dos pontos, com se apresenta na Figura 4.9.<br />
800,00<br />
700,00<br />
600,00<br />
500,00<br />
400,00<br />
300,00<br />
200,00<br />
100,00<br />
0,00<br />
1,00<br />
2,00<br />
3,00<br />
umc_hr<br />
4,00 5,00<br />
umc_accao<br />
6,00<br />
7,00<br />
Figura 4.9 – Distribuição <strong>de</strong> caixas/hora<br />
8,00<br />
Observed<br />
Linear<br />
Logarithmic<br />
Quadratic<br />
Cubic<br />
E ao analisar-se a distribuição no gráfico, criamos uma hipótese empírica, que<br />
tentamos testar aplicando um ajustamento à Curva (Curve Fit) para comparar os resultados<br />
quanto às hipóteses <strong>de</strong> Regressão Linear, Quadrática ou Cúbica (que nos sugeria a<br />
distribuição).<br />
Equação Mo<strong>de</strong>l Summary Parameter Estimates<br />
R^2 F df1 df2 Sig. Constant b1 b2 b3<br />
Linear ,530 1374,456 1 1218 ,000 128,910 67,378<br />
Quadratic ,548 737,562 2 1217 ,000 83,467 99,120 -4,051<br />
Cubic ,548 492,000 3 1216 ,000 71,933 110,126 -6,772 ,174<br />
*Variável Depen<strong>de</strong>nte: Umc / hora. Variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte: umc / acção<br />
Tabela 4.12 – Sumário do Mo<strong>de</strong>lo e Estimativa dos Parâmetros<br />
Se analisarmos a tabela e o coeficiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação do mo<strong>de</strong>lo R 2 , parece ser a<br />
equação cúbica a que mais se adapta à distribuição. No entanto, é <strong>de</strong> esperar que o r 2<br />
aumente com o aumento do grau do polinómio, pelo que <strong>de</strong>vemos então analisar o valor da<br />
estatística F para medir a performance dos ajustamentos (quanto maior melhor).<br />
Assim, a adaptação dos dados é explicada mais facilmente (observando o gráfico) e<br />
com maior valor <strong>de</strong> F, pelo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> regressão linear. Este mo<strong>de</strong>lo simplifica a compreensão<br />
por parte dos caixeiros e com r 2 = 0, 530, é perfeitamente ajustável, tanto mais que toda a<br />
população se concentra numa única nuvem.<br />
A recta conseguida para a população completa é então:<br />
y = 67,4 x + 128,9 (UMC/hora)<br />
66
e tem a distribuição que se mostra no gráfico anterior da figura 4.9, se o número <strong>de</strong> caixas<br />
<strong>de</strong>ixa<strong>das</strong> em cada loja aumentar, o número <strong>de</strong> caixas distribuí<strong>das</strong> por hora também ten<strong>de</strong> a<br />
aumentar. No entanto à medida que se caminha no sentido positivo do eixo dos xx vai existindo<br />
sucessivamente menor número <strong>de</strong> ocorrências e a sua dispersão aumenta.<br />
Como observamos na Figura 4.9 e po<strong>de</strong>mos comprovar no histograma <strong>de</strong> distribuição<br />
<strong>de</strong> ocorrências (Figura 4.10), fazendo variar as caixas/loja, verificamos que 82% dos casos se<br />
verificam até 3 UMC/acção (linha rosa vertical da Figura 4.10) e 90% dos casos se verificaram<br />
antes <strong>das</strong> 5 UMC/acção (linha roxa vertical).<br />
350<br />
300<br />
250<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
0<br />
nº ocorrências<br />
1 2 3 4 5 6 7 8<br />
Umc/Acção<br />
Figura 4.10 – Número <strong>de</strong> observações nos intervalos <strong>de</strong> UMC/acção<br />
Esta distribuição <strong>de</strong> ocorrências foi verificada em todos os meses <strong>de</strong> Abril a Julho <strong>de</strong><br />
2006. Como se po<strong>de</strong> comprovar pela tabela 4.13, que apresenta as distribuições <strong>de</strong><br />
ocorrências, número <strong>de</strong> ocorrências e estimação dos parâmetros da recta para o intervalo <strong>de</strong> 1<br />
a 3 UMC/ acção.<br />
Mês<br />
Número total<br />
<strong>de</strong> casos<br />
% Ocorrências<br />
Estimação parâmetros<br />
(entre 1 e 3) R 2<br />
1 a 3 1 a 5 maior que 5 bo b1<br />
Abril 2225 0,84 0,90 0,10 64,26 90,50 0,32<br />
Maio 1258 0,80 0,93 0,07 92,00 80,38 0,24<br />
Junho 2397 0,90 0,98 0,02 83,12 93,07 0,33<br />
Julho 2326 0,88 0,97 0,03 105,80 83,99 0,26<br />
Tabela 4.13 – Distribuição <strong>de</strong> casos e estimação <strong>de</strong> parâmetros<br />
67
Sendo assim, vamos <strong>de</strong> novo filtrar a informação e estimar a recta <strong>de</strong> Regressão para<br />
um intervalo <strong>de</strong> dados com 80% <strong>das</strong> ocorrências <strong>de</strong> ‘Execução <strong>de</strong> artigo’ do mês (que são<br />
1000), a mesma regressão mas <strong>de</strong> 1 a 3 caixas por loja encontra-se na próxima figura. É nítida<br />
a adaptação ao mo<strong>de</strong>lo, e neste caso a Regressão Linear parece a<strong>de</strong>quada.<br />
800,00<br />
700,00<br />
600,00<br />
500,00<br />
400,00<br />
300,00<br />
200,00<br />
100,00<br />
0,00<br />
1,00<br />
1,50<br />
umc_hora<br />
2,00<br />
umc_acção<br />
2,50<br />
Figura 4.11 – Distribuição dos casos <strong>de</strong> 1 a 3 UMC/acção<br />
Observed<br />
Linear<br />
Logarithmic<br />
Quadratic<br />
A análise do novo mo<strong>de</strong>lo entre 3 e 5 UMC/acção não tem um grau explicativo do<br />
mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> regressão r 2 tão elevado, mas para explicar a totalida<strong>de</strong> dos casos concentrados<br />
num intervalo tão pequeno, consi<strong>de</strong>ramos a<strong>de</strong>quada. Devolve a recta <strong>de</strong> regressão linear y =<br />
93 x + 83, estimada para o domínio (Tabela 4.14).<br />
Equation Mo<strong>de</strong>l Summary Parameter Estimates<br />
R ^2 F df1 df2 Sig. Constant b1 b2<br />
Linear ,330 491,047 1 997 ,000 83,072 93,095<br />
Quadratic ,334 249,660 2 996 ,000 13,311 171,092 -20,241<br />
*Variável Depen<strong>de</strong>nte: Umc / hora. Variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte: umc / acção<br />
Tabela 4.14 – Sumário do Mo<strong>de</strong>lo e Estimativa dos Parâmetros<br />
3,00<br />
68
4.3.5 Interpretação <strong>de</strong> resultados<br />
Para compreen<strong>de</strong>r a viabilida<strong>de</strong> do mo<strong>de</strong>lo, colocou-se a questão sobre o que faria<br />
variar os parâmetros da recta y = m x + b estimada, e a<strong>de</strong>quando o mo<strong>de</strong>lo da recta ao<br />
armazém, compreen<strong>de</strong>mos que:<br />
- A or<strong>de</strong>nada quando x=1, que correspon<strong>de</strong> ao movimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar uma caixa em<br />
cada loja, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do tipo <strong>de</strong> layout que se percorre, sendo o valor <strong>de</strong> UMC/hora tanto maior<br />
quanto mais curto o layout se tornar, esta po<strong>de</strong> ser uma medida da eficiência do layout e <strong>das</strong><br />
distâncias percorri<strong>das</strong> neste. Apesar da direcção da recta variar ao longo dos quatro meses<br />
observados (ver tabela 4.13) verificamos que os valores estimados para x=1 são crescentes<br />
(155, 172, 176 e 190 UMC/hora para 1UMC/loja) o que indica um layout cada vez mais<br />
eficiente e têm uma média <strong>de</strong> 174 UMC/ hora. É este o valor mínimo que <strong>de</strong>ve ser exigido a um<br />
caixeiro, já que pressupõe que distribuiu a pior palete, aquela que <strong>de</strong>ixa uma caixa em cada<br />
paragem (loja) no layout.<br />
- O <strong>de</strong>clive m, por sua vez, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do layout mas também do volume movimentado. A<br />
aproximação ao mo<strong>de</strong>lo linear po<strong>de</strong> ser feita porque a maioria <strong>das</strong> ocorrências se restringe a<br />
um intervalo muito pequeno do domínio. No entanto, se o volume <strong>de</strong> ven<strong>das</strong> da empresa<br />
aumentar e o número <strong>de</strong> lojas se mantiver, os operadores vão passar a <strong>de</strong>ixar mais caixas por<br />
loja. Neste contexto, os pontos que agora se encontram em gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> no intervalo <strong>de</strong><br />
1 a 3 caixas por loja, vão <strong>de</strong>slocar-se para a direita, passando a indicar mais caixas distribuí<strong>das</strong><br />
por loja. No entanto, não sabemos se os casos vão acompanhar a recta <strong>de</strong> regressão linear<br />
para o aumento dos valores <strong>de</strong> yy (UMC/hora).<br />
Será arriscado propor qualquer mo<strong>de</strong>lo diferente do linear, uma vez que o número <strong>de</strong><br />
observações que temos <strong>de</strong> domínio superior a 3 caixas/loja é tão pequeno e variável que<br />
estaríamos a propor um mo<strong>de</strong>lo estatístico sem dados expressivos, com número <strong>de</strong><br />
ocorrências muito baixo e variâncias enormes.<br />
Po<strong>de</strong>mos adiantar que neste momento esses dados pouco expressivos sugerem um<br />
aumento <strong>de</strong> UMC/hora por cada UMC/acção cada vez menor, para valores superiores a 3<br />
UMC/acção. Esta característica po<strong>de</strong> ser resultado da falta <strong>de</strong> adaptação do sistema <strong>de</strong> prémio<br />
vigente à realida<strong>de</strong> da situação, que induz ao operador um esforço menor para obter prémio.<br />
Ou po<strong>de</strong> efectivamente ser uma característica do sistema, visto que:<br />
Declive m = y/x = (umc/hora) / (umc/acção) = acção/ hora.<br />
Empiricamente é fácil <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r que se o número <strong>de</strong> caixas por loja aumenta, o<br />
operador consegue passar por menos lojas na mesma hora, o <strong>de</strong>clive diminui ao longo do<br />
domínio, no entanto não po<strong>de</strong>mos certificar-nos <strong>de</strong>sta característica. O mais correcto seria a<br />
empresa aplicar este mo<strong>de</strong>lo linear para po<strong>de</strong>r melhorar o sistema <strong>de</strong> prémio e verificar se o<br />
comportamento dos operadores para médias <strong>de</strong> umc/acção superiores varia, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>sta<br />
implementação reproduzir nova recta para verificar se o <strong>de</strong>clive realmente diminui com o<br />
aumento do volume <strong>de</strong> ven<strong>das</strong> (aumento <strong>de</strong> umc/acção).<br />
69
4.3.6 Possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aplicação do mo<strong>de</strong>lo<br />
A verda<strong>de</strong> é que um mo<strong>de</strong>lo linear, além <strong>de</strong> ser o que melhor explica a correlação com<br />
os dados disponíveis, é o mais fácil <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r e apresentar, à empresa e aos<br />
trabalhadores.<br />
Relembrando que até há bem pouco tempo o sistema <strong>de</strong> prémio era um valor absoluto<br />
diário, e que foi recentemente implementado o sistema ‘caixas / hora’ <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong>veremos<br />
lembrar-nos que para trabalhadores com instrução ao nível do 9º ano, não será fácil<br />
compreen<strong>de</strong>r to<strong>das</strong> estas alterações sucessivas e muito menos estas rectas <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência.<br />
O sistema <strong>de</strong> prémio actual, é um valor somado ao or<strong>de</strong>nado base que é <strong>de</strong>finido em<br />
UMC/hora, como se verifica na Figura 4.12 representa-se na distribuição como uma recta<br />
horizontal que tem vindo a evoluir <strong>de</strong> acordo com as médias históricas e se encontra no<br />
presente ao nível <strong>das</strong> 250 UMC/hora. Todos os caixeiros que conseguirem ter um caso<br />
observado acima da linha azul, recebem prémio enquanto um caso abaixo <strong>de</strong>ssa linha não<br />
recebe prémio adicional.<br />
Não é difícil verificar que se este mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> regressão estiver correcto, a produtivida<strong>de</strong><br />
UMC/hora está <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>das</strong> características do trabalho a <strong>de</strong>sempenhar (UMC/acção).<br />
Assim, um operador que aleatoriamente teve a infelicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pegar numa palete que o obriga<br />
a <strong>de</strong>ixar uma caixa em cada loja, tem o seu resultado junto do extremo esquerdo da recta cor<br />
<strong>de</strong> rosa da Figura 4.12 e não vai receber prémio, enquanto ao mesmo tempo um operador que<br />
teve a felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> receber uma palete em que <strong>de</strong>ixa mais que 3 caixas/loja, vai receber<br />
prémio in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do seu esforço. Esta situação po<strong>de</strong> ser contornada com a<br />
aplicação do mo<strong>de</strong>lo linear <strong>de</strong> acordo com o sistema que se propõe <strong>de</strong> seguida.<br />
Figura 4.12 – Sistemas <strong>de</strong> prémio na distribuição<br />
70
Tendo em conta o mês <strong>de</strong> Junho em análise, que <strong>de</strong>volve uma recta <strong>de</strong> regressão <strong>de</strong><br />
y = 93 x + 83 e que o prémio actualmente é dado a performances <strong>de</strong> trabalhos com valores<br />
superiores a 250 UMC/hora, testamos para os 1000 casos (logo po<strong>de</strong>mos olhar para os valores<br />
da tabela como valores por milhar) em análise entre 1 e 3 UMC/acção, fez-se correspon<strong>de</strong>r a<br />
figura 4.13 à tabela 4.15, para se ver que:<br />
- Os casos acima <strong>das</strong> duas rectas são 367 e recebem justamente o prémio.<br />
- Os casos abaixo <strong>das</strong> duas rectas são 389 e não recebem o prémio, <strong>de</strong> uma forma<br />
justa <strong>de</strong> acordo com o novo sistema.<br />
- Os casos na parte vermelha à direita do gráfico da figura 4.13 são 131 e recebem<br />
injustamente o prémio <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>, enquanto os casos à direita na parte azul são 113 e<br />
não recebem injustamente o prémio.<br />
Verificamos portanto, que aplicando a recta estimada, se mantém a proporção 50/50<br />
praticada pela empresa, e eliminam-se 240 casos <strong>de</strong> injustiça que po<strong>de</strong>riam frustrar os<br />
funcionários.<br />
Figura 4.13 – Sistemas <strong>de</strong> prémio no universo 1 a 3 umc/acção<br />
Sistema Antigo Sistema Novo<br />
Recebe Não recebe Recebe Não recebe<br />
498 502 480 520<br />
Justos Injustos<br />
Recebe Não recebe Recebe Não recebe<br />
367 389 131 113<br />
Tabela 4.15 – Comparação entre sistemas <strong>de</strong> prémio<br />
71
Para <strong>de</strong>finir a produtivida<strong>de</strong> dos caixeiros que executam no layout JIT:<br />
1ª Possibilida<strong>de</strong> – Aplicação da Recta<br />
Se umc/acção > 6 e umc/ hora > 93 * 6 + 83 tem prémio<br />
Se umc/acção > 3 e umc/ hora > 93 * 3 + 83 tem prémio<br />
Se umc/acção < 3 e umc/ hora > 93 * umc/ acção + 83 tem prémio<br />
Os intervalos superiores ficam caracterizados por patamares <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> em 3 e<br />
em 6 umc/hora, porque o número <strong>de</strong> ocorrências é reduzido e a variância é elevada. Para<br />
domínio inferior a 3 umc/acção, o número <strong>de</strong> ocorrências é tão elevado e a nuvem tão <strong>de</strong>nsa,<br />
que <strong>de</strong>ve ser aplicada a recta a cada caso, já que qualquer tipo <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> prémios por<br />
intervalo provocava situações <strong>de</strong> injustiça. A posição da recta (b = 83 – or<strong>de</strong>nada na origem)<br />
po<strong>de</strong> subir ou <strong>de</strong>scer para englobar respectivamente menos ou mais casos <strong>de</strong> sucesso<br />
(prémio), o aumento do valor b da recta vai tornar mais difícil o acesso ao prémio e indica<br />
aumento <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> (mais umc/hora por classe).<br />
Figura 4.14 – Primeira possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prémio<br />
2ª Possibilida<strong>de</strong> – Aplicação da recta por intervalos<br />
Se o gestor preferir, po<strong>de</strong>rão ser criados intervalos genéricos, que tornem mais<br />
perceptível ao funcionário avaliado o seu <strong>de</strong>sempenho. As vantagens estarão na percepção<br />
dos limites, mas as <strong>de</strong>svantagens tornam-se a falta <strong>de</strong> distinção <strong>de</strong>ntro do mesmo intervalo, o<br />
que po<strong>de</strong> resultar no estagnar da produtivida<strong>de</strong> junto aos patamares inferiores <strong>de</strong> prémio.<br />
72
Figura 4.15 – Segunda possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prémio<br />
3ª Possibilida<strong>de</strong> – Aplicação <strong>de</strong> várias rectas<br />
Outra possibilida<strong>de</strong> que a empresa po<strong>de</strong> pon<strong>de</strong>rar é <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> aplicar o binário ‘recebe /<br />
não recebe’ e aplicar mais que uma recta para avaliar o <strong>de</strong>sempenho dos seus funcionários.<br />
Uma medida <strong>de</strong> motivação para os operadores que têm menor <strong>de</strong>sempenho é aplicar várias<br />
rectas paralelas e dividir as recompensas proporcionalmente por vários escalões. Assim, se<br />
tiverem um dia mais difícil ou paletes mais pesada, por exemplo, não <strong>de</strong>sistem logo do prémio<br />
diário porque ainda po<strong>de</strong>m atingir um dos patamares.<br />
Figura 4.16 – Terceira possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prémio<br />
73
Limitações e Questões Práticas<br />
Se em algum momento tornou-se menos claro o que este estudo <strong>de</strong>volve e a<br />
interpretação dos gráficos (que parecem fazer tanto sentido), é fácil <strong>de</strong> perceber as questões<br />
que outras pessoas não inteira<strong>das</strong> da questão po<strong>de</strong>m levantar. Se o mo<strong>de</strong>lo parece simples e<br />
vantajoso a quem o propôs, terá <strong>de</strong> ser apresentado <strong>de</strong> forma mais simples, prática e sem<br />
complicações aos <strong>de</strong>cisores <strong>de</strong> implementação.<br />
Assim, os operários <strong>de</strong>vem perceber que vão ser medidos em caixas por período <strong>de</strong><br />
tempo, em função do número <strong>de</strong> caixas que <strong>de</strong>ixam no layout <strong>de</strong> cada vez que param. O gestor<br />
e responsável operacional terá <strong>de</strong> lhes fazer enten<strong>de</strong>r as questões <strong>de</strong> injustiça entre as várias<br />
paletes que são executa<strong>das</strong> no layout (como falado anteriormente neste capitulo) e que o<br />
sistema vai trazer vantagens e mais justiça na avaliação <strong>das</strong> pessoas, porque os que <strong>de</strong>ixam<br />
mais caixas em cada loja têm <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar mais UMC numa hora mas os que têm <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar uma<br />
caixa em cada loja passam a ter mais possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ganhar o prémio (o limite <strong>de</strong>sce <strong>de</strong> 250<br />
para 176 UMC/hora).<br />
A questão prática <strong>de</strong> cálculo do prémio: após <strong>de</strong>cisão <strong>das</strong> melhores alternativas ou<br />
combinação <strong>das</strong> discuti<strong>das</strong> anteriormente <strong>de</strong> acordo com o interesse da companhia, a gestão<br />
<strong>de</strong>ve <strong>de</strong>cidir a melhor forma <strong>de</strong> calcular estas produtivida<strong>de</strong>s. Po<strong>de</strong> aplicar um filtro simples<br />
numa nova coluna da aplicação Excel que foi exemplificada no início, ou negociar com o<br />
fornecedor do sistema WPMS a programação automática <strong>de</strong> uma nova coluna <strong>de</strong> output que<br />
<strong>de</strong>volve a aplicação da recta vigente e os casos que recebem prémio (seja binário 0 – 1 ou por<br />
escalões <strong>de</strong> prémio 1-2-3, etc.).<br />
Outra questão é manter o sistema actualizado, cronometrando as evoluções na<br />
operação. Para isso o gestor operacional <strong>de</strong>ve fazer o gráfico <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> pontos no Excel,<br />
analisar tendências e utilizar a opção ‘recta <strong>de</strong> tendência’ para avaliar alterações mensais<br />
relevantes aos parâmetros estimados. Com conhecimento empírico dos melhores operários<br />
(mais produtivos e justos), po<strong>de</strong> traçar a mesma dispersão limitada a apenas essas amostras<br />
por ter maior confiança nesses resultados e utilizá-los para <strong>de</strong>cisões.<br />
Mas antes mesmo <strong>de</strong> surgirem os problemas <strong>de</strong> implementação do mo<strong>de</strong>lo, existe a<br />
questão da <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> utilizar o sistema novo em <strong>de</strong>trimento do antigo. A medida quando<br />
aplicada <strong>de</strong>ve mostrar-se inequivocamente vantajosa para o <strong>de</strong>cisor, simples <strong>de</strong> aplicar e com<br />
um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> implementação <strong>de</strong>finido.<br />
É nitidamente visível que o estudo <strong>de</strong>senvolvido e a relação encontrada explicam<br />
melhor o trabalho <strong>de</strong>sempenhado na operação do armazém, no entanto existem ainda muitas<br />
etapas a superar até este ser efectivamente aplicado.<br />
74
4.4 Conclusões<br />
O caso trata o tema da produtivida<strong>de</strong> no armazém <strong>de</strong> várias formas. Inicialmente<br />
<strong>de</strong>senvolve-se a recolha dos processos <strong>de</strong> armazém, <strong>de</strong> forma sistemática em flowcharts por<br />
observação da operação e inquérito aos seus intervenientes.<br />
Verificando a flui<strong>de</strong>z e boa <strong>de</strong>finição dos processos, opta-se então por olhar para a<br />
operação e aproveitando o planeamento <strong>de</strong> um centro <strong>de</strong> distribuição Just-In-Time, são<br />
analisados dados históricos, observam-se características do sistema e são propostas<br />
implementações <strong>de</strong> optimização no processo. Seja por minimização <strong>de</strong> distâncias e tempos <strong>de</strong><br />
movimentação <strong>de</strong> mercadoria no armazém <strong>de</strong> acordo com metodologias revistas<br />
anteriormente, ou com a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Classes <strong>de</strong> Consumo com características semelhantes<br />
<strong>de</strong> acondicionamento, são propostos mo<strong>de</strong>los simples e fundamenta<strong>das</strong> as vantagens <strong>de</strong><br />
implementação dos mesmos.<br />
Numa fase final são confirmados os sucessivos aumentos <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> por<br />
aplicação dos melhoramentos contínuos e, estando a operação estabilizada e produtiva,<br />
proce<strong>de</strong>-se à análise dos sistemas <strong>de</strong> prémio vigentes para medida <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho.<br />
Neste contexto são encontra<strong>das</strong> correlações significativas que ajudam a <strong>de</strong>finir as<br />
<strong>de</strong>pendências para a produtivida<strong>de</strong>. Verificou-se que o número <strong>de</strong> UMC/hora exigido a um<br />
operário <strong>de</strong>ve aumentar conforme a sua média <strong>de</strong> UMC distribuí<strong>das</strong> por loja aumenta.<br />
Estimam-se parâmetros, interpreta-se o mo<strong>de</strong>lo e propõem-se alternativas <strong>de</strong> implementação.<br />
Através <strong>das</strong> varia<strong>das</strong> ferramentas <strong>de</strong>senvolvi<strong>das</strong> neste capítulo, a empresa consegue<br />
reinventar sempre novas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> optimizar o seu processo produtivo.<br />
75
Capítulo 5 – Conclusões ao Caso<br />
O problema da produtivida<strong>de</strong> é geralmente a última forma <strong>de</strong> optimização <strong>de</strong> uma<br />
empresa. Ao longo <strong>de</strong>sta dissertação foi estudada a avaliação da produtivida<strong>de</strong> num armazém<br />
<strong>de</strong> distribuição, tentando-se i<strong>de</strong>ntificar alguns pontos que <strong>de</strong>veriam ser analisados em <strong>de</strong>talhe.<br />
O caso real do armazém <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> não perecíveis na Azambuja da empresa Jerónimo<br />
Martins foi o objecto <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong>ste trabalho.<br />
A verda<strong>de</strong> é que não se po<strong>de</strong> construir uma casa começando pelo telhado, e enquanto<br />
a operação não tiver to<strong>das</strong> as condições para funcionar melhor e aumentar a produtivida<strong>de</strong>,<br />
não faz sentido <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>r meios para estabelecer melhores medi<strong>das</strong>.<br />
Talvez por essa razão, o estudo <strong>de</strong>ste trabalho comece com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir<br />
os processo e compreen<strong>de</strong>r toda a rotina do armazém em estudo <strong>de</strong> forma a i<strong>de</strong>ntificar<br />
possíveis funções sobrepostas e redundantes, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s tempos <strong>de</strong> espera ou <strong>de</strong>sajusta<strong>das</strong>.<br />
Apesar dos processos estarem bem <strong>de</strong>finidos, quando observamos o <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>sses<br />
processos no armazém o espaço estava sobreposto e o volume movimentado no espaço <strong>de</strong><br />
operação obrigava processos da operação a esperarem pela libertação <strong>de</strong> espaço. A crescente<br />
metodologia <strong>de</strong> quick response tem como característica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais espaço <strong>de</strong><br />
execução térreo para a por em prática.<br />
A empresa mostrando pró activida<strong>de</strong> e procurando sempre resolver as suas questões,<br />
<strong>de</strong>u um passo na optimização <strong>das</strong> operações e do espaço <strong>de</strong> armazém, que é uma questão<br />
fundamental na eficiência <strong>de</strong> todo o sistema produtivo. O presente estudo <strong>de</strong>senvolveu-se<br />
durante esta fase <strong>de</strong> mudanças, pelo que estando a analisar produtivida<strong>de</strong>s e processos,<br />
houve a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propor ainda alguns ajustes com recurso ao planeamento <strong>de</strong> layout. A<br />
questão <strong>de</strong> percorrer menores distâncias no menor tempo possível coloca-se principalmente<br />
nos armazéns <strong>de</strong> stock, mas a organização <strong>de</strong> um layout JIT num armazém <strong>de</strong> fluxo quebrado<br />
ajudou a utilizar esta i<strong>de</strong>ia como uma forma <strong>de</strong> diminuir distâncias percorri<strong>das</strong> e tempos <strong>de</strong><br />
operação no armazém.<br />
Como <strong>de</strong>senvolvido na secção 4.2.1, utilizando uma análise dos dados históricos <strong>de</strong><br />
volumes movimentados por loja por dia, conseguimos encontrar uma or<strong>de</strong>m média <strong>de</strong> volumes<br />
movimentados mensalmente por loja. Essa or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> volumes <strong>de</strong> execução <strong>de</strong> paletes <strong>das</strong><br />
lojas é relevante para <strong>de</strong>finir a or<strong>de</strong>m estabelecida para a disposição <strong>das</strong> lojas no layout.<br />
Naturalmente queremos que o maior número <strong>de</strong> produtos e paletes combina<strong>das</strong> se mantenham<br />
junto à doca, percorrendo distâncias curtas.<br />
Outra possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> optimização verificada, diz respeito não ao planeamento inicial<br />
do layout mas ao próprio planeamento <strong>de</strong> produção. Foram feitas observações à mercadoria<br />
76
ecebida, i<strong>de</strong>ntifica<strong>das</strong> possibilida<strong>de</strong>s que com a pesquisa correcta permitiu estabelecer uma<br />
tabela <strong>de</strong> pontuações para características da mercadoria. Durante duas semanas foram da<strong>das</strong><br />
pontuações aos principais produtos recebidos <strong>de</strong> acordo com a tabela criada, para se concluir<br />
que as características comuns <strong>de</strong> peso, volume, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e fragilida<strong>de</strong> tinham normalmente<br />
tipos <strong>de</strong> embalagens semelhantes, e <strong>de</strong>ssa forma era possível or<strong>de</strong>nar a recepção (e<br />
consequentemente a execução) por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> classe <strong>de</strong> produtos, que estabelecemos como<br />
indicado na secção 4.2.2. Esta or<strong>de</strong>m facilita a colocação <strong>das</strong> caixas nas paletes aumentando<br />
a produtivida<strong>de</strong> e diminui as quebras aumentando a qualida<strong>de</strong> dos produtos.<br />
To<strong>das</strong> as alterações sucessivas na empresa provocaram valores crescentes na<br />
produtivida<strong>de</strong> dos operadores. Em seis meses, as médias mensais históricas quase<br />
duplicaram, passando <strong>de</strong> 190 caixas por hora para 300 caixas por hora.<br />
Com todos os recursos à disposição dos operadores, faria sentido continuar a medir a<br />
sua produtivida<strong>de</strong> da mesma forma? Assim que o processo estabiliza <strong>de</strong> alguma forma, a<br />
empresa trabalha num sistema diário mais satisfatório e produtivo. A próxima questão será<br />
<strong>de</strong>finir as variáveis mais relevantes para que o incentivo aos funcionários seja justo e eficiente.<br />
Ao mesmo tempo a sua aplicação <strong>de</strong>ve ser simples e objectivamente melhor, para que haja<br />
possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> implementá-la. Já que um estudo matemático não faz sentido sem a sua<br />
aplicação ao problema real e concreto.<br />
Nem sempre foi directa a forma <strong>de</strong> tratar o problema, sem existirem estudos nem<br />
muitas referências às formas <strong>de</strong> avaliar pessoas, o estudo dispersou durante algum tempo pela<br />
pesquisa, leitura e filtragem <strong>de</strong> artigos, que tendo como tema a produtivida<strong>de</strong>, referiam-se<br />
quase sempre a melhoramentos <strong>de</strong> layout, análises ABC <strong>de</strong> volumes, a medi<strong>das</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sempenho da estratégia global da empresa e orientações muito gerais para reduzir os custos<br />
na ca<strong>de</strong>ia global por implementação <strong>de</strong> métodos cross-docking, centralização, níveis <strong>de</strong> serviço<br />
entre outros. As referências a <strong>de</strong>sempenhos pessoais eram escassas e como se verifica no<br />
capítulo 3 apenas se encontrou material relevante num estudo muito antigo feito a armazéns<br />
nos Estados Unidos.<br />
Talvez por isso se tenha passado algum tempo a tratar dados históricos em Excel, na<br />
procura <strong>de</strong> relações entre empregados, entre dias da semana, entre linhas <strong>de</strong> produto, para só<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> algum tempo, e com recurso a estudos estatísticos <strong>de</strong> comportamento dos<br />
consumidores entre outros, ser encontrada uma ferramenta imprescindível para tratar os<br />
dados. O programa <strong>de</strong> tratamento estatístico SPSS revelou-se uma ferramenta indispensável,<br />
que viabilizou o trabalho e o tornou fluido e consistente. A resistência enorme que se colocava<br />
ao <strong>de</strong>senvolvimento do trabalho <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> comportamentos até então <strong>de</strong>u lugar à<br />
i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> características relevantes e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma relação super<br />
interessante, fundamentada sempre pelos dados.<br />
77
Foi sempre nítido que existiam características importantes que contribuíam para a<br />
produtivida<strong>de</strong> como o peso ou o volume <strong>das</strong> caixas, também era preocupação do gestor<br />
operacional o facto <strong>de</strong> existirem pessoas da sua confiança que quando distribuíam menos<br />
caixas por loja não recebiam o prémio adicional. Mas não era clara a forma <strong>de</strong> corrigir estas<br />
injustiças.<br />
Quando finalmente foram agrega<strong>das</strong> as caixas por loja em intervalos e se estabeleceu<br />
uma regressão linear, pareceu nítido que quanto mais caixas o operador <strong>de</strong>ixasse numa palete<br />
(loja) mais caixas <strong>de</strong>veria distribuir numa mesma hora.<br />
Veio então todo o trabalho histórico <strong>de</strong> novo, <strong>de</strong>veria ser i<strong>de</strong>ntificada a evolução <strong>de</strong>sta<br />
relação ao longo do tempo, para provar que era relevante e sustentada. A aplicação do mo<strong>de</strong>lo<br />
revelou que o número mínimo <strong>de</strong> caixas distribuí<strong>das</strong> exigido a um operador que tinha <strong>de</strong>ixado<br />
uma caixa em cada palete do layout é <strong>de</strong> 176 caixas por hora e que por cada caixa a mais<br />
<strong>de</strong>ve ser exigida a distribuição <strong>de</strong> 93 caixas adicionais numa hora.<br />
As preocupações <strong>de</strong> generalização e adaptabilida<strong>de</strong> a outros armazéns, levaram a<br />
recolher alguns dados <strong>de</strong> outros armazéns, para concluir que o mo<strong>de</strong>lo iria variar consoante o<br />
armazém. A or<strong>de</strong>nada para 1 caixa por loja dita a eficiência do layout, o <strong>de</strong>clive da recta foi um<br />
ponto que não se conseguiu solucionar por não existirem dados suficientes e os poucos casos<br />
verificados po<strong>de</strong>rem estar influenciados pela incorrecta medição <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> actual. Por<br />
isso, neste ponto o trabalho não teceu consi<strong>de</strong>rações mas apenas <strong>de</strong>ixou sugestões <strong>de</strong><br />
acompanhamento.<br />
As possíveis implementações do trabalho por parte da empresa, estão i<strong>de</strong>ntifica<strong>das</strong> e<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>das</strong> na secção 4.3.5. Depen<strong>de</strong>m do interesse da empresa e <strong>de</strong>vem ser combina<strong>das</strong><br />
da melhor forma.<br />
Como já foi falado, estes estudos <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> não são comuns nas operações, por<br />
existirem um enorme número <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s na optimização <strong>de</strong> processos, no entanto a<br />
crescente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização por parte dos funcionários e a <strong>de</strong>pendência da satisfação<br />
para o sucesso <strong>das</strong> empresas, <strong>de</strong>ve estimular estudos futuros nesta área relevante.<br />
No caso real da Jerónimo Martins, a empresa <strong>de</strong>ve passar a medir as suas operações<br />
<strong>de</strong> acordo com as novas consi<strong>de</strong>rações, e monitorizar possíveis alterações. Uma pequena<br />
observação do mesmo tipo <strong>de</strong> activida<strong>de</strong> no armazém stock, revelou a mesma regressão, mas<br />
menos significativa. Se for do interesse da empresa, esta aplicação a outros armazéns po<strong>de</strong><br />
ser feita, mas <strong>de</strong>ve ser seguida com cuidado, <strong>de</strong> forma a i<strong>de</strong>ntificar características diferentes<br />
que possam intervir no mo<strong>de</strong>lo.<br />
78
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Website do Grupo Jerónimo Martins : http://www.jeronimomartins.pt/<br />
80
Anexos<br />
1. Glossário<br />
Para ajudar o leitor <strong>de</strong>ste trabalho, a compreen<strong>de</strong>r <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as <strong>de</strong>finições em uso<br />
apresenta-se <strong>de</strong> seguida um glossário dividido em três áreas <strong>de</strong> actuação: armazém,<br />
operações e produção, para além <strong>de</strong> conceitos mais transversais.<br />
- Armazém<br />
- buffer – espaço <strong>de</strong> armazenamento temporário<br />
- layout – disposição física do espaço <strong>de</strong> trabalho.<br />
- picking – carregar produtos<br />
- rack (bastidor) – estante<br />
- shelf – prateleira<br />
- slot – espaço<br />
- slot of picking – espaço <strong>de</strong> rés-<strong>de</strong>-chão que permite carregar produtos<br />
- <strong>Operações</strong> (por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> fluxo)<br />
- Produção<br />
- Receiving (Recepção) – receber o produto, verificar qualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>spachar para a<br />
arrumação.<br />
- Storage (Arrumação) – arrumar o produto, normalmente num espaço da prateleira.<br />
- Letdown (Abaixamento) – o inverso <strong>de</strong> arrumação, consiste em retirar <strong>de</strong> um<br />
<strong>de</strong>terminado espaço <strong>de</strong> prateleira e colocá-lo num espaço <strong>de</strong> execução ou numa<br />
doca para expedição.<br />
- Mixing (Execução) – consiste nas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> combinação <strong>de</strong> produtos em<br />
paletes<br />
- Shipping (Expedição) – colocar as or<strong>de</strong>ns nas respectivas docas para serem<br />
carrega<strong>das</strong> nos meios <strong>de</strong> transporte. Po<strong>de</strong> incluir o carregamento.<br />
- Just-in-Time (JIT) – Metodologia Pull, pressupõe a produção em função da procura,<br />
por encomen<strong>das</strong>.<br />
- Lead-time – tempo <strong>de</strong> entrega.<br />
- MRP (Material Requirements Planning ) - Processo que <strong>de</strong>termina as necessida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> materiais e planeamento da operação.<br />
- Stock – Metodologia Push, pressupõe produzir para inventário, <strong>de</strong> acordo com<br />
previsões a longo prazo.<br />
- CRM (Customer Relationship Management) - Uma combinação integrada <strong>de</strong> ferramentas que<br />
permitem gerir todo o contacto com clientes.<br />
81
- DPH - Detergentes e Produtos <strong>de</strong> Higiene.<br />
- GPS (Global Positioning System) - Sistema <strong>de</strong> navegação por satélites baseado em sinais <strong>de</strong><br />
rádio sincronizados emitidos por satélite.<br />
- SCOR (Supply Chain Operations Reference) – Mo<strong>de</strong>lo internacional <strong>de</strong> referência que <strong>de</strong>fine<br />
a ca<strong>de</strong>ia logística in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do tipo <strong>de</strong> negócio.<br />
82
2. Lojas PD e FN agrupa<strong>das</strong> por on<strong>das</strong> e or<strong>de</strong>na<strong>das</strong> por volumes (Parte 1)<br />
Onda Código Insignia Nome da Loja Volume Ven<strong>das</strong> MM Paletes<br />
1 412 PD PD-LINDA-A-VELHA II cat3 200<br />
1 843 PD PD-OLIVAIS III cat3 176<br />
1 1211 FN FN-VENDA NOVA cat3 160<br />
1 428 PD PD-MASSAMA cat3 149<br />
1 832 PD PD-DAMAIA cat3 146<br />
1 834 PD PD-ODIVELAS cat2 146<br />
1 1214 FN FN-LOURES cat2 137<br />
1 475 PD PD-QUEIJAS cat3 136<br />
1 1229 FN FN-ALVERCA cat1 116<br />
1 1215 FN FN-POV S ADRIAO cat2 113<br />
1 1110 FN FN-ODIVELAS cat1 112<br />
1 417 PD PD-CARNAXIDE cat1 88<br />
1 461 PD PD-BOBADELA cat1 85<br />
1 408 PD PD-COLINA DO SOL cat1 80<br />
1 1103 FN FN-BARREIRO cat1 78<br />
1 806 PD PD-SASSOEIROS cat2 77<br />
1 1106 FN FN-SINTRA cat1 77<br />
1 1109 FN FN-BELA VISTA cat1 76<br />
1 1105 FN FN-TELHEIRAS cat1 75<br />
2 1201 FN FN-EVORA cat3 157<br />
2 850 PD PD-ALBUFEIRA cat2 148<br />
2 443 PD PD-BEJA II cat2 148<br />
2 853 PD PD-LAGOS cat3 142<br />
2 851 PD PD-TAVIRA cat3 134<br />
2 837 PD PD-OLHAO cat2 127<br />
2 844 PD PD-FARO 2 cat2 116<br />
2 856 PD PD-PORTIMAO cat1 112<br />
2 857 PD PD-PORTIMAO II cat2 109<br />
2 858 PD PD-ARMAÇ PERA cat1 108<br />
2 406 PD PD-EVORA II cat2 106<br />
2 1213 FN FN-FARO cat1 106<br />
2 827 PD PD-FARO 1 cat1 101<br />
2 306 PD PD-CAST. BRANCO cat2 100<br />
2 855 PD PD-LOULE cat2 98<br />
2 433 PD PD-ESTREMOZ cat2 94<br />
2 1226 FN FN-PENHA cat1 91<br />
2 404 PD PD-PORTALEGRE cat2 91<br />
2 405 PD PD-BEJA cat1 89<br />
3 810 PD PD-SETUBAL cat3 209<br />
3 411 PD PD-AGUALVA cat2 189<br />
3 453 PD PD-GRACA cat3 184<br />
3 427 PD PD-PAIVAS cat3 183<br />
3 440 PD PD-TOMAS RIBEIRO cat3 178<br />
3 446 PD PD-SETUBAL II cat2 173<br />
83
2. Lojas PD e FN agrupa<strong>das</strong> por on<strong>das</strong> e or<strong>de</strong>na<strong>das</strong> por volumes (Parte 2)<br />
3 425 PD PD-QUELUZ cat2 164<br />
3 415 PD PD-MARINHA GRDE cat2 162<br />
3 469 PD PD-SANTARÉM cat2 160<br />
3 430 PD PD-RINCHOA cat3 159<br />
3 441 PD PD-DUQUE AVILA cat3 158<br />
3 439 PD PD-ALFRAGIDE cat2 154<br />
3 444 PD PD-MIRAFLORES cat3 152<br />
3 458 PD PD-FONTE NOVA cat2 152<br />
3 1208 FN FN-ABRANTES cat2 151<br />
3 414 PD PD-ALMADA II cat3 151<br />
3 835 PD PD-OEIRAS cat3 146<br />
3 1202 FN FN-SANTAREM cat3 144<br />
3 432 PD PD-RIO MAIOR cat3 140<br />
3 822 PD PD-ALMIRAN REIS cat2 137<br />
3 825 PD PD-BENFICA cat2 135<br />
3 852 PD PD-FEIJO cat2 134<br />
3 450 PD PD-PRAGAL cat2 133<br />
3 420 PD PD-PINHAL NOVO cat2 133<br />
3 845 PD PD- CORUCHE cat2 129<br />
3 468 PD PD-ENTRONCAMEN cat2 124<br />
3 438 PD PD-RESTELO cat2 123<br />
3 836 PD PD-OLAIAS cat2 121<br />
3 352 PD PD-COIMBRA I cat2 120<br />
3 301 PD PD-POMBAL cat2 118<br />
3 463 PD PD-SAMOR CORREIA cat1 118<br />
3 326 PD PD-F DA FOZ I cat1 115<br />
3 449 PD PD-BARREIRO cat2 114<br />
3 854 PD PD-SACAVEM cat2 114<br />
3 1212 FN FN-C. RAINHA cat2 113<br />
3 464 PD PD-PENICHE cat2 112<br />
3 626 PD PD-F DA FOZ II cat2 112<br />
3 448 PD PD-FATIMA cat2 112<br />
3 354 PD PD-LEIRIA cat2 110<br />
3 409 PD PD-OBIDOS cat1 109<br />
3 828 PD PD-FERREIRA BORGES cat2 105<br />
3 419 PD PD-QUELUZ II cat1 101<br />
3 323 PD PD-COIMBRA II cat1 97<br />
3 312 PD PD-COIMBRA III cat1 95<br />
3 401 PD PD-LAPA cat2 95<br />
3 476 PD PD-REBOLEIRA cat1 90<br />
3 407 PD PD-MASSAMA II cat1 86<br />
3 1222 FN FN-PONTE DE SÔR cat1 83<br />
3 319 PD PD-LEIRIA II cat1 79<br />
3 318 PD PD-SERTÃ cat1 79<br />
3 1232 FN FN-TORRES NOVAS cat2 69<br />
3 859 PD PD-SESIMBRA cat2 66<br />
84
2. Lojas PD e FN agrupa<strong>das</strong> por On<strong>das</strong> e or<strong>de</strong>na<strong>das</strong> por Volumes (Parte 3)<br />
4 813 PD PD-CARCAVELOS II cat3 201<br />
4 812 PD PD-SERRA DA MIRA cat3 196<br />
4 820 PD PD-ALAPRAIA cat3 196<br />
4 842 PD PD-TORR VEDRAS cat2 193<br />
4 454 PD PD-CAMPOLIDE cat3 187<br />
4 811 PD PD-CAMP SANTANA cat3 185<br />
4 802 PD PD-5 OUTUBRO cat3 185<br />
4 435 PD PD-SAO MARCOS cat3 177<br />
4 455 PD PD-LUMIAR cat3 174<br />
4 451 PD PD-1. DEZEMBRO cat2 173<br />
4 447 PD PD-ALVIDE cat3 173<br />
4 815 PD PD-OURIQUE cat3 172<br />
4 821 PD PD-ALGES cat3 170<br />
4 413 PD PD-CACEM cat3 168<br />
4 814 PD PD-CARLOS MARDEL cat3 167<br />
4 431 PD PD-V FRANCA XIRA cat3 167<br />
4 801 PD PD-EST UN. AMERICA cat2 158<br />
4 823 PD PD-MOURA cat2 154<br />
4 436 PD PD-EST DA LUZ cat3 150<br />
4 459 PD PD-ALCANTARA cat3 148<br />
4 803 PD PD-CON SABUGOSA cat3 148<br />
4 824 PD PD-AMADORA cat3 147<br />
4 838 PD PD-OLIVAIS II cat2 147<br />
4 480 PD PD-PARQ. EUROPA cat3 142<br />
4 479 PD PD-PORTELA AZOIA cat2 142<br />
4 416 PD PD-REBEL-CARCAV cat3 140<br />
4 429 PD PD-ALVERCA cat2 139<br />
4 478 PD PD-JOAO SARAIVA cat2 139<br />
4 804 PD PD-PAREDE cat2 137<br />
4 442 PD PD-FRANCIS METRASS cat3 136<br />
4 422 PD PD-CASCAIS-VILA cat3 134<br />
4 457 PD PD-SAO BENTO cat2 132<br />
4 829 PD PD-GEMINI cat1 129<br />
4 437 PD PD-AV PARIS cat1 121<br />
4 841 PD PD-SINTRA cat1 120<br />
4 481 PD PD-BOA HORA cat2 119<br />
4 477 PD PD-MEM MARTINS cat1 119<br />
4 424 PD PD-ALTO BARRA cat2 118<br />
4 445 PD PD-SACAVEM 2 cat2 114<br />
4 434 PD PD-CARCAVELOS cat1 113<br />
4 826 PD PD-CASCAIS cat2 111<br />
4 809 PD PD-COZ CENT OLIVAIS cat1 109<br />
4 839 PD PD-PACO ARCOS cat3 106<br />
4 402 PD PD-CALDAS RAINHA II cat1 98<br />
4 465 PD PD-MAFRA cat1 97<br />
4 462 PD PD-MEM MARTINS 2 cat1 95<br />
4 460 PD PD-POVO STA IRIA cat2 92<br />
4 840 PD PD-TÁGIDES PARK cat1 75<br />
85
3 – Aplicação da Regressão Linear ao Armazém Stock<br />
3.1 – Definição <strong>de</strong> clusters<br />
Cluster<br />
Abaixamento Exec.<br />
Artigo<br />
Exec.Artigo<br />
BP<br />
Exec.CC_St<br />
ock_1/2pal<br />
Exec.Cont.Co<br />
mpleto<br />
Exec.Loja<br />
Freq % Frq % Frq % Frq % Freq % Freq %<br />
Pal<br />
Exec.Pilha<br />
BPesado<br />
Fre<br />
q %<br />
1 1241 99,4 0 , 0 ,0 0 ,0 0 ,0% 0 , 0 ,0<br />
2 7 ,6 13 100, 1 100,0 136 100,0 0 ,0% 265 7,8 71 100,<br />
3 0 ,0 0 , 0 ,0 0 ,0 1282 100,0 0 , 0 ,0<br />
4 0 ,0 0 , 0 ,0 0 ,0 0 ,0 3144 92, 0 ,0<br />
T 1248 100, 13 100, 1 100,0 136 100,0 1282 100,0 3409 100, 71 100,<br />
3.2 – Distribuição <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> 1 a 5 umc/acção<br />
300,00<br />
200,00<br />
100,00<br />
0,00<br />
0,00<br />
Cluster Size<br />
Observed<br />
Linear<br />
Logarithmic<br />
Quadratic<br />
Cubic<br />
1,00<br />
TwoStep Cluster<br />
Number<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
Cluster:<br />
1 – Azul (Abaixamento)<br />
2 – Ver<strong>de</strong> ( Todos)<br />
3 – Cinza (Contentor Completo)<br />
4 – Roxo ( Execução Loja)<br />
umc_hr<br />
2,00<br />
3,00<br />
umc_accao<br />
4,00<br />
65*(x-1) + 50<br />
5,00<br />
86
3.3 – Distribuição <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> 1 a 3 umc/acção<br />
300,00<br />
200,00<br />
100,00<br />
0,00<br />
1,00<br />
Observed<br />
Linear<br />
Logarithmic<br />
Quadratic<br />
Cubic<br />
1,50<br />
umc_hr<br />
2,00<br />
umc_accao<br />
3.4 – Sumário do Mo<strong>de</strong>lo e Estimação <strong>de</strong> Parâmetros para domínio <strong>de</strong> 1 a 3 umc/acção<br />
Depen<strong>de</strong>nt Variable: umc_hr<br />
Mo<strong>de</strong>l Summary and Parameter Estimates<br />
Equation Mo<strong>de</strong>l Summary Parameter Estimates<br />
R^2 F df1 df2 Sig. Constant b1 b2 b3<br />
Linear ,096 650,863 1 6152 ,000 72,828 19,840<br />
Quadratic ,109 377,903 2 6151 ,000 30,379 58,571 -8,338<br />
Cubic ,112 257,602 3 6150 ,000 -12,117 114,722 -31,646 3,012<br />
The in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt variable is umc_accao.<br />
2,50<br />
3,00<br />
87