Edição 77 setembro de 2011 PDF - Fecomércio
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entrevista paulo rabello <strong>de</strong> Castro Fala sobre os reFlexos da Crise internaCional no brasil<br />
F e c o m é r c i o - r S<br />
bens&SerVIÇoS<br />
revista da Fe<strong>de</strong>ração do Comércio <strong>de</strong> Bens e <strong>de</strong> Serviços do estado do rio gran<strong>de</strong> do Sul – Número <strong>77</strong> / SetemBro <strong>2011</strong><br />
emprego<br />
SuSteNtaBIlIda<strong>de</strong><br />
Construir<br />
para o meio<br />
ambiente<br />
guIa <strong>de</strong> geStão<br />
entenda a<br />
importância<br />
das metas<br />
os brasileiros estão preparados<br />
para as oportunida<strong>de</strong>s?
Publicação mensal do sistema <strong>Fecomércio</strong>-rs Fe<strong>de</strong>ração do<br />
comércio <strong>de</strong> bens e <strong>de</strong> serviços do estado do rio Gran<strong>de</strong> do sul<br />
Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – Centro<br />
CEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – Brasil<br />
Fone: (51) 3284.2184 – Fax: (51) 3286.56<strong>77</strong><br />
www.fecomercio-rs.org.br – ascom@fecomercio-rs.org.br<br />
www.revista.fecomercio-rs.org.br<br />
Presi<strong>de</strong>nte: Zildo De Marchi<br />
vice-Presi<strong>de</strong>ntes: Luiz Carlos Bohn, Ronaldo Netto Sielichow, Levino Luiz Crestani,<br />
Luiz Antônio Baptistella, Jorge Ludwig Wagner, Antônio Trevisan, André Luiz Roncatto,<br />
Arno Gleisner, Cezar Augusto Gehm, Flávio José Gomes, Francisco José Franceschi,<br />
Itamar Ta<strong>de</strong>u Barboza da Silva, Ivanir Antônio Gasparin, Joel Vieira Dadda, Leonardo<br />
Ely Schreiner, Leoni<strong>de</strong>s Freddi, Luiz Caldas Milano, Moacyr Schukster, Nelson Lídio<br />
Nunes, Olmar João Pletsch, Olmiro Lautert Walendorff, Julio Ricardo Andriguetto<br />
Mottin, Alécio Lângaro Ughini, Ibrahim Muhd Ahmad Mahmud, Renzo Antonioli, João<br />
Oscar Aurélio, Maria Cecília Pozza, Manuel Suarez Cacheiro, Joarez Miguel Venço, Ivo<br />
José Zaffari, João Francisco Micelli Vieira<br />
diretores: Adair Umberto Mussoi, Ary Costa <strong>de</strong> Souza, Carlos Cezar Schnei<strong>de</strong>r,<br />
Celso Canísio Müller, Cladir Olimpio Bono, Darci Alves Pereira, Edson Luis da Cunha,<br />
Edison Elyr dos Santos, Élvio Renato Ranzi, Francisco Squeff Nora, Gabriel <strong>de</strong> Oliveira<br />
Souto Jr., Gerson Nunes Lopes, Gerson Jacques Müller, Hélio Berneira, Henrique José<br />
Gerhardt, Isabel Cristina Vidal Ineu, Jaime Gründler Sobrinho, Jamel Younes, Joel Carlos<br />
Köbe, Jorge Salvador, José Nivaldo da Rosa, Jovino Antônio Demari, Liones Oliveira<br />
Bitencourt, Luís Alberto Ribeiro <strong>de</strong> Castro, Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Henrique<br />
Hartmann, Marco Aurélio Ferreira, Marcos André Mallmann, Marice Fronchetti Guidugli,<br />
Milton Gomes Ribeiro, Paulo Roberto Kopschina, Paulo Renato Beck, Rogério Fonseca,<br />
Rui Antônio dos Santos, Sérgio José Abreu Neves, Sueli Lur<strong>de</strong>s Morandini Marini, Tien<br />
Fu Liu, Túlio Luis Barbosa <strong>de</strong> Souza, Walter Seewald, Zalmir Francisco Fava. Diretores<br />
Suplentes: Airton Floriani, Alexandre Carvalho Acosta, André Luis Kaercher Piccoli,<br />
Antonio Clóvis Kappaun, Arlindo Marcos Barizon, Carmen Zoleike Flores Inácio,<br />
Clobes Zucolotto, Daniel Miguelito <strong>de</strong> Lima, Dinah Knack, Eduardo Vilela Neves,<br />
Ei<strong>de</strong>r Vieira Silveira, Ernesto Alberto Kochhann, Everton Barth dos Santos, Francisco<br />
Amaral, Gilberto José Cremonese, Gilmar Ta<strong>de</strong>u Bazanella, Hildo Luiz Cossio, Janaína<br />
Kalata das Neves, Jair Luiz Guadagnin, Jarbas Luff Knorr, João Antonio Harb Gobbo,<br />
Jorge Alfredo Dockhorn, José Joaquim Godinho Cor<strong>de</strong>nonsi, José Vilásio Figueiredo,<br />
José Vagner Martins Nunes, Juares dos Santos Martins, Jurema Pesente e Silva, Ladir<br />
Nicheli, Luiz Alberto Rigo, Luiz Carlos Brum, Marcus Luis Rocha Farias, Miguel Francisco<br />
Cieslik, Paulo Ganzer, Ramão Duarte <strong>de</strong> Souza Pereira, Régis Luiz Feldmann, Ricardo<br />
Pedro Klein, Romeu Maurício Benetti, Silvio Henrique Frohlich, Susana Gladys Coward<br />
Fogliatto, Valdir Appelt.<br />
conselho Fiscal<br />
titulares: Rudolfo José Müssnich, Erselino Achylles Zottis, Fábio Norberto Emmel.<br />
suplentes: Luiz Roque Schwertner, Nelson Keiber Faleiro, Gilda Lúcia Zandoná.<br />
<strong>de</strong>leGados rePresentantes cnc: Titulares: Zildo De Marchi, Moacyr Schukster.<br />
Suplentes: Luiz Carlos Bohn e Ivo José Zaffari.<br />
conselho editorial: Júlio Ricardo Andriguetto Mottin, Luiz Carlos Bohn<br />
e Zildo De Marchi.<br />
assessoria <strong>de</strong> comunicação: Aline Guterres, Camila Barth, Caroline Santos,<br />
Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda Romagnoli, Graciele Garcia, Liziane <strong>de</strong> Castro,<br />
Simone Barañano e Sinara Oliveira.<br />
coor<strong>de</strong>nação editorial: Simone Barañano<br />
Produção e eXecução: Temática Publicações<br />
edição: Fernanda Reche (MTb 9474)<br />
rePortaGem: Francine Desoux,<br />
Luísa Kalil e Patrícia Campello<br />
colaboração: Caroline Corso,<br />
Christian Barbosa, Douglas Wegner,<br />
Edgar Vasques e Priscilla Buais<br />
edição <strong>de</strong> arte: Silvio Ribeiro<br />
revisão: Flávio Dotti Cesa<br />
tiraGem: 25,5 mil exemplares<br />
É permitida a reprodução <strong>de</strong> matérias,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que citada a fonte.<br />
Os artigos assinados não refletem,<br />
necessariamente, a opinião do veículo.<br />
imPressão: Pallotti<br />
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Stewardship Council), que garante<br />
o manejo social, ambiental e<br />
economicamente a<strong>de</strong>quado da<br />
matéria-prima florestal.<br />
EXPEDIENTE<br />
opinião<br />
sumárIo<br />
agenda 06<br />
palavra do presi<strong>de</strong>nte 07<br />
notícias & negócios 08<br />
sustentabilida<strong>de</strong> 12<br />
guia <strong>de</strong> gestão 14<br />
entrevista 18<br />
inauguração 24<br />
emprego 26<br />
saiba mais 32<br />
economia 34<br />
mercado<br />
36<br />
entida<strong>de</strong> 38<br />
personalida<strong>de</strong><br />
39<br />
sesc<br />
40<br />
senac 42<br />
educação 44<br />
visão tributária 46<br />
glossário<br />
47<br />
visão trabalhista<br />
48<br />
mais & menos<br />
50<br />
negócios<br />
49<br />
17
& Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
sErVIÇos<br />
bens<br />
Emprego<br />
26<br />
estamos contratando<br />
Momento otimista do mercado brasileiro<br />
caminha rumo ao pleno emprego.<br />
A oferta <strong>de</strong> vagas supera o número <strong>de</strong><br />
profissionais qualificados<br />
ecoloGia inva<strong>de</strong> esPaço urbano<br />
Construções empresariais trabalham cada vez mais o<br />
foco na mínima agreção ao meio ambiente. Saiba mais<br />
sobre este novo conceito sustentabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> olho nas metas<br />
Aprenda a estabelecer metas <strong>de</strong>ixando claro<br />
aon<strong>de</strong> a empresa quer chegar. A prática ajuda a ter<br />
controle sobre o negócio e a perseguir resultados<br />
uma nova Força motriz<br />
O economista Paulo Rabello <strong>de</strong> Castro avalia o atual<br />
cenário econômico e comenta sobre o que precisa ser feito<br />
guia <strong>de</strong> gestão<br />
para que o Brasil continue crescendo entrevista<br />
12<br />
14<br />
18<br />
05
06<br />
A G E N D A SETEMBRO / OUTUBRO<br />
06/09<br />
FORMaTURa dO cURSO aUxiliaR dE cOzinha<br />
Na data, o programa Senac <strong>de</strong> Gratuida<strong>de</strong><br />
formará 40 alunos do curso<br />
Auxiliar <strong>de</strong> Cozinha, no Sindpoa, em<br />
Porto Alegre. Telefone para contato:<br />
(51) 3211-3579<br />
aTé 07/09<br />
7º Festival das tortas<br />
Realizado no Centro Histórico<br />
Municipal <strong>de</strong> Santo Ângelo, o Senac<br />
participa do evento com o Stand <strong>de</strong><br />
Gastronomia, oferecendo oficinas <strong>de</strong><br />
culinária, alé <strong>de</strong> quik massagem aos<br />
participantes do Festival. Mais <strong>de</strong>talhes<br />
sobre a programação das oficinas <strong>de</strong><br />
culinária no site www.senacrs.com.br<br />
dE 19/9 a 11/11<br />
OdOnTOSESc nO inTERiOR<br />
O município <strong>de</strong> Encruzilhada do Sul<br />
recebe a OdontoSesc, disponibilizando<br />
atendimentos gratuitos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
bucal por meio <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> móvel<br />
totalmente equipada.<br />
dE 23/9 a 30/11<br />
cOncURSO SESc dE FOTOgRaFiaS<br />
Acontece o 8º Concurso Sesc <strong>de</strong> Fotografias,<br />
com o tema A primavera no<br />
Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Inscrições gratuitas<br />
nas categorias Comerciário, Profissional<br />
ou Amador. Informações pelo site<br />
www.sesc-rs.com.br.<br />
25/09<br />
SESc dE MiniMaRaTOna<br />
Ocorre a etapa Missões do<br />
Circuito Sesc <strong>de</strong> Minimaratona, na cida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Ijuí. Inscrições e informações:<br />
www.sesc-rs.com.br/minimaratona<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
dE 26/09 a 30/09<br />
SEMana dO cURSO TécnicO dE EnFERMagEM<br />
Senac Rio Gran<strong>de</strong> realiza<br />
a Semana do Curso Técnico <strong>de</strong><br />
Enfermagem, com palestras voltadas<br />
para temas como o atendimento<br />
pré-hospitalar móvel e o<br />
intra-hospitalar nos diversos tipos<br />
<strong>de</strong> agravo. Telefone para contato:<br />
(53) 3231-3496<br />
dE 27/09 a 29/09<br />
SEMana da iniciaçãO ciEnTíFica<br />
Acontece no Senac Passo d’Areia,<br />
em Porto Alegre. As inscrições<br />
<strong>de</strong>vem ser realizadas no<br />
site www.senacrs.com.br/sicsau<strong>de</strong>.<br />
Telefone para contato:<br />
(51) 3341-0444<br />
aTé 30/9<br />
ESpETácUlOS inFanTiS<br />
O projeto Teatro a Mil leva<br />
apresentações gratuitas <strong>de</strong><br />
espetáculos infantis para<br />
as cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Santa Cruz do Sul,<br />
Arroio do Meio, Santo Ângelo, Ijuí,<br />
Tupanciretã, Santa Maria,<br />
Cachoeira do Sul, Venâncio Aires,<br />
Sertão Santana, São Borja,<br />
Uruguaiana, Alegrete, Santana<br />
do Livramento e Bagé. Informações:<br />
www.sesc-rs.com.br/artesesc<br />
dE 30/9 a 6/10<br />
SOnORa BRaSil SESc<br />
Conhecido como o “Rei do<br />
Chamamé”, Dino Rocha é a<br />
atração da quarta etapa do projeto<br />
Sonora Brasil Sesc <strong>2011</strong> no<br />
Estado. Informações:<br />
www.sesc.com.br/sonorabrasil<br />
aTé 4/10<br />
ii Festival internacional sesc <strong>de</strong> Música<br />
Inscrições para a segunda edição do<br />
Festival Internacional Sesc <strong>de</strong> Música<br />
para estudantes <strong>de</strong> música do nível<br />
avançado e intermediário.<br />
O evento acontece em Pelotas, <strong>de</strong> 9<br />
a 21 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2012.<br />
Cursos <strong>de</strong> instrumentos, recitais,<br />
palestras e concertos integram<br />
a programação. Inscrições e<br />
informações pelo<br />
www.sesc-rs.com.br/festival<br />
aTé 24/11<br />
inscrição para o vestibular 2012<br />
Os candidatos po<strong>de</strong>m se inscrever<br />
pelo site a partir do dia 26 <strong>de</strong><br />
<strong>setembro</strong>. Mais informações<br />
disponíveis em<br />
www.senacrs.com.br/vestibular.<br />
José eduardo raMos da silva/divulgação sesc-rs<br />
Até 29/09<br />
SAú<strong>de</strong> PreventivA<br />
A comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Palmeira das<br />
Missões tem à sua disposição a<br />
Unida<strong>de</strong> Sesc <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Preventiva,<br />
com exames gratuitos com o<br />
propósito <strong>de</strong> prevenção. Mais<br />
informações no site<br />
www.sesc-rs.com.br
Palavra do Presi<strong>de</strong>nte<br />
Zildo De Marchi<br />
Presi<strong>de</strong>nte do Sistema <strong>Fecomércio</strong>-RS<br />
E m busca da qualificação<br />
Ter uma economia solidificada é ponto-chave<br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
um país. Uma economia forte é resultado<br />
<strong>de</strong> uma combinação entre diferentes<br />
fatores: educação, empregabilida<strong>de</strong>, geração<br />
<strong>de</strong> renda, consumo, investimento<br />
em todos os setores do mercado. Quando<br />
um <strong>de</strong>sses braços enfraquece, um ciclo<br />
instável se estabelece e é importante<br />
i<strong>de</strong>ntificar essa falha para que se corra<br />
atrás do prejuízo. À parte as notícias<br />
sobre as crises na Europa e nos Estados<br />
Unidos, o Brasil vê sua economia crescer<br />
como nunca. Por outro lado, está<br />
em busca do fortalecimento <strong>de</strong> um setor<br />
crucial para nos solidificarmos ainda<br />
mais entre as gran<strong>de</strong>s economias mundiais:<br />
a educação.<br />
O mercado brasileiro está caminhando<br />
em direção ao tão sonhado pleno emprego,<br />
mas ainda não chegamos lá. Isso<br />
acontece porque estamos engatinhando<br />
no que diz respeito ao acesso da população<br />
a um ensino básico e fundamental<br />
<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Mesmo para aqueles com<br />
a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concluir o ensino<br />
superior, há dificulda<strong>de</strong>s em preencher<br />
os requisitos essenciais em uma vaga <strong>de</strong><br />
emprego. Por quê? De que forma nossos<br />
profissionais não estão qualificados para<br />
enfrentar o mercado?<br />
Divulgação/ <strong>Fecomércio</strong>-rS<br />
São perguntas a que não apenas professores,<br />
mas também empresários estão<br />
tentando respon<strong>de</strong>r. Sempre atento<br />
às <strong>de</strong>mandas da classe que representa,<br />
o Sistema <strong>Fecomércio</strong>-RS conta com<br />
um importante braço no que diz respeito<br />
ao investimento na qualificação<br />
dos gaúchos. Ao comemorar 65 anos, o<br />
Senac-RS celebra o sucesso dos mais<br />
<strong>de</strong> 6 milhões <strong>de</strong> gaúchos capacitados<br />
entre os diferentes cursos que oferece.<br />
O Sesc-RS também faz aniversário e<br />
mostra a importância do foco nos colaboradores<br />
que compõem o nosso comércio<br />
<strong>de</strong> bens e serviços. É um ciclo que, para<br />
manter-se vivo, não po<strong>de</strong> parar <strong>de</strong> girar.<br />
O final do ano se aproxima e com ele as<br />
incertezas que as crises internacionais<br />
trarão. No entanto, é nossa obrigação<br />
continuar a fazer o nosso trabalho, sempre<br />
acreditando em um Rio Gran<strong>de</strong> do<br />
Sul mais <strong>de</strong>senvolvido, em um país melhor<br />
para vivermos.<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
07
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
08<br />
N O T Í C I A S &<br />
Edgar Vasques<br />
Cuidados com a prorrogação<br />
da EFD-PIS/Cofins<br />
A entrega da Escrituração Fiscal Digital PIS e Cofins<br />
(EFD-PIS/Cofins) foi postergada pela Receita Fe<strong>de</strong>ral<br />
para o dia 7 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2012. A mudança exige<br />
cautela dos gestores no momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<br />
o documento. A prorrogação requer das empresas<br />
a computação <strong>de</strong> todas as informações do período<br />
para a emissão do documento na nova data. Segundo<br />
o diretor tributário da Confirp, Welinton Mota, “é im-<br />
portante frisar que as informações referentes a EFD-<br />
PIS/Cofins do primeiro semestre <strong>de</strong>ste ano precisarão<br />
ser enviadas”. O aumento <strong>de</strong> prazo consiste apenas<br />
em um tempo a mais, segundo o executivo, para ajus-<br />
tar as informações <strong>de</strong>ntro do sistema digitalizado. A<br />
não apresentação da EFD-PIS/Cofins no prazo fixado<br />
acarretará a aplicação <strong>de</strong> multa no valor <strong>de</strong> R$ 5 mil<br />
por mês-calendário ou fração.<br />
Público aprovou o Senactech <strong>2011</strong><br />
Entre os dias 16 e 17 <strong>de</strong> agosto, mais <strong>de</strong> 400 pessoas estive-<br />
ram presentes nas ativida<strong>de</strong>s do Senactech. A edição <strong>2011</strong><br />
ocorreu na Fatec Porto Alegre e contou com uma progra-<br />
mação que abrangeu minicursos e duas palestras especiais,<br />
com convidados nacionais. No primeiro dia, os participantes<br />
pu<strong>de</strong>rem conferir 15 oficinas, além da apresentação <strong>de</strong> Felipe<br />
Kellermann e do painel Smartphones: mercado, tecnologia e<br />
como participar. O evento se encerrou com ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ca-<br />
pacitação e palestra <strong>de</strong> Martha Gabriel, sobre A era da busca.<br />
João AlVEs/sEnAc-Rs
chRistA RichERt/stock.xchng<br />
N<br />
Senac-RS premia alunos na<br />
2ª Feira <strong>de</strong> Projetos<br />
Conhecimento e atitu<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m salvar o planeta.<br />
O tema norteou os trabalhos da segunda edição da<br />
Feira <strong>de</strong> Projetos, realizada pelo Senac-RS, no mês <strong>de</strong><br />
agosto. Ao todo, participaram 66 projetos científicos<br />
oriundos <strong>de</strong> estudantes das escolas Senac <strong>de</strong> todo o<br />
Estado. A premiação aconteceu no Centro <strong>de</strong> Eventos<br />
E G Ó C I O S<br />
da Fenac, em Novo Hamburgo. Na modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ensino Técnico, conquistaram prêmios <strong>de</strong>z alunos das escolas Senac Bagé, Uruguaiana, Ijuí,<br />
Rio Gran<strong>de</strong>, Canoas, Bento Gonçalves, Pelotas e a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tecnologia Senac-RS. Na categoria Formação Inicial e Continuada, os ven-<br />
cedores foram das escolas Senac Carazinho, São Luiz Gonzaga, Bento Gonçalves e São Borja. Os <strong>de</strong>z trabalhos premiados na modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Ensino Técnico participarão da Feira Estadual <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia da Educação Profissional (Fecitep), no mês <strong>de</strong> outubro, em Canoas.<br />
Orgânicos na mira do consumidor<br />
Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e saudabilida<strong>de</strong> são conceitos que<br />
invadiram a cesta <strong>de</strong> compras dos brasileiros.<br />
O varejo precisou a<strong>de</strong>quar as suas gôndolas à <strong>de</strong>man-<br />
da <strong>de</strong> consumo. Por essa razão, não é raro encontrar<br />
alimentos orgânicos nos supermercados. O segmento<br />
registrou um aumento <strong>de</strong> 40% no faturamento no<br />
último ano. A aprovação do cliente resultou na diminui-<br />
ção da diferença <strong>de</strong> preço entre os produtos orgâni-<br />
cos e os convencionais, que em 2006 era <strong>de</strong> 70% e<br />
recuou para 30% neste ano, <strong>de</strong> acordo com dados da<br />
Associação Brasileira <strong>de</strong> Orgânicos (BrasilBio). Atual-<br />
mente, o país contabiliza 332 mil hectares <strong>de</strong> produção<br />
agropastoril orgânica, utilizados por cerca <strong>de</strong> 8 mil<br />
produtores. Segundo a Agência Brasileira <strong>de</strong> Promoção<br />
<strong>de</strong> Exportações (Apex), o cultivo chega a um volume<br />
<strong>de</strong> 5,2 milhões <strong>de</strong> toneladas – a maior parte vinda das<br />
regiões Norte e Nor<strong>de</strong>ste.<br />
Microempreen<strong>de</strong>dores Individuais<br />
no Cadastur<br />
Novida<strong>de</strong> para os Microempreen<strong>de</strong>dores Individuais<br />
(MEI) do setor <strong>de</strong> turismo. Eles já po<strong>de</strong>m solicitar o<br />
cadastramento no Cadastur – sistema <strong>de</strong> registro <strong>de</strong><br />
prestadores <strong>de</strong> serviços turísticos do Ministério do<br />
Turismo (MTur). A medida, viabilizada por uma portaria<br />
ministerial, permitirá que o segmento ingresse no<br />
respectivo banco <strong>de</strong> dados, fonte <strong>de</strong> consulta para o<br />
consumidor, mercado e empresas da ca<strong>de</strong>ia produtiva.<br />
O sistema cadastra 16 tipos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s turísticas,<br />
sendo obrigatório para sete categorias. As <strong>de</strong>mais,<br />
incluindo os MEI, são facultativas.<br />
Estagiário <strong>de</strong><br />
economia tem maior bolsa-auxílio<br />
A maior bolsa-auxílio do país entra na conta dos<br />
estagiários <strong>de</strong> economia. A constatação é <strong>de</strong> um estudo<br />
elaborado pelo Núcleo Brasileiro <strong>de</strong> Estágio (Nube).<br />
Acadêmicos <strong>de</strong>sse curso ganham R$ 1.089,57 por mês.<br />
Depois vem a turma da engenharia (R$ 1.053,40) e<br />
secretariado executivo trilíngue (R$ 1.009,53). O estudo<br />
foi elaborado com 22.680 estagiários em todo o país<br />
entre os dias 10 <strong>de</strong> julho e 2 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong>ste ano.<br />
Entre tecnólogos, a média chega a R$ <strong>77</strong>4,75. Alunos <strong>de</strong><br />
ensino médio recebem R$ 447,61, e <strong>de</strong> ensino médio<br />
técnico, R$ 561,79.<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
João AlVEs/sEnAc-Rs<br />
09
AnA MEinhARdt/sEsc-Rs<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
10<br />
O T Í C I A S &<br />
N &<br />
Governo gaúcho lança programa<br />
para pequenas empresas<br />
Lançado o Programa Compras Públicas para Micro e<br />
Pequenas Empresas pelo governo do Rio Gran<strong>de</strong> do<br />
Sul. Espera-se a elevação <strong>de</strong> até 25% da participação<br />
do setor em licitações governamentais. A iniciativa<br />
busca explorar a <strong>de</strong>manda por bens e serviços do<br />
Estado para fomentar os negócios e incrementar<br />
ca<strong>de</strong>ias produtivas, ampliando o acesso ao merca-<br />
do licitatório. Uma das propostas é interiorizar os<br />
procedimentos <strong>de</strong> pregões, na compra <strong>de</strong> itens <strong>de</strong><br />
alimentação para diferentes órgãos estaduais, per-<br />
mitindo a indução <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
econômico regional.<br />
A base legal para implantação do programa é a Lei<br />
13.706, <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> <strong>2011</strong>, que prevê a exclusivida<strong>de</strong><br />
nas contratações no valor <strong>de</strong> até R$ 80 mil para<br />
MPE. Em vez <strong>de</strong> 20 gran<strong>de</strong>s contratações, a Central<br />
<strong>de</strong> Compras do governo realizará 319 com exclusivi-<br />
da<strong>de</strong> e mais 66 com preferência para MPE em todo<br />
o estado. A primeira etapa contemplará 22 municí-<br />
pios, situados nas regiões Central, Fronteira Oeste,<br />
Campanha, Jacuí-Centro e Alto Jacuí, licitando apenas<br />
produtos <strong>de</strong> panificação e leite. No próximo ano, a<br />
ação será estendida para mais 55 cida<strong>de</strong>s, abrangen-<br />
do mais itens <strong>de</strong> alimentação.<br />
Vem aí a segunda edição do Festival<br />
Internacional Sesc <strong>de</strong> Música<br />
Em 2012, Pelotas sediará o II Festival Internacional Sesc <strong>de</strong> Música. O evento<br />
comemora sua segunda edição com data agendada para o período <strong>de</strong> 9 a<br />
21 <strong>de</strong> janeiro, estimando a participação <strong>de</strong> 400 alunos <strong>de</strong> diferentes regiões<br />
do Brasil e do Mercosul. Trata-se <strong>de</strong> mais uma iniciativa do Arte Sesc – Cul-<br />
tura por toda parte, que objetiva oportunizar aprendizado por meio <strong>de</strong> uma<br />
vasta gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s com 43 espetáculos divididos em recitais, música<br />
<strong>de</strong> câmara, concertos e apresentações gratuitas <strong>de</strong> música instrumental, além<br />
<strong>de</strong> 30 oficinas <strong>de</strong> instrumentos e canto ministradas por professores brasilei-<br />
ros e <strong>de</strong> países como Alemanha, Itália, Estados Unidos, Argentina, Uruguai e<br />
França. Recitais e concertos têm entrada franca, já cursos e palestras são <strong>de</strong>stinados a estudantes <strong>de</strong> música dos níveis intermediário e<br />
avançado (profissional) e as inscrições já po<strong>de</strong>m ser feitas pelo site www.sesc-rs.com.br/festival.<br />
<strong>Edição</strong> inaugural do projeto Sesc Estar<br />
Bem: Bem-estar que vai até você<br />
O projeto Sesc Estar Bem: Bem-estar que vai até você <strong>de</strong>sem-<br />
barcou no bairro Rubem Berta, em Porto Alegre, no dia 21 <strong>de</strong><br />
agosto. A primeira edição aten<strong>de</strong>u a respectiva comunida<strong>de</strong> e o<br />
entorno, proporcionando serviços totalmente gratuitos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />
esporte, educação, cultura e recreação. A ação se propõe a esti-<br />
mular a promoção da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e integração das famílias.<br />
Na programação, <strong>de</strong>stacam-se avaliação nutricional e funcional,<br />
verificação <strong>de</strong> pressão arterial, exames <strong>de</strong> glicose e triglicerí<strong>de</strong>os,<br />
além <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s físicas como jogos <strong>de</strong> vôlei, futebol e basquete.<br />
No âmbito cultural, os participantes pu<strong>de</strong>ram acessar a Hora<br />
do Conto, biblioteca infantil e sessões <strong>de</strong> cinema do projeto<br />
CineSesc. Os moradores locais ainda tiveram a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
conhecer os Programas Mesa Brasil Sesc e Envolva-se.<br />
João AlVEs/sEsc-Rs
N<br />
Novas regras para o<br />
Supersimples em 2012<br />
Mudanças à vista. Em janeiro <strong>de</strong> 2012 <strong>de</strong>vem come-<br />
çar a vigorar as novas regras do Supersimples, se o<br />
projeto for aprovado pelo Congresso. Recentemente,<br />
o governo fe<strong>de</strong>ral anunciou um pacote <strong>de</strong> medidas para<br />
beneficiar empresários dos setores <strong>de</strong> comércio, servi-<br />
ços e indústria. Entre as mudanças, está o aumento <strong>de</strong><br />
50% do teto <strong>de</strong> faturamento para as micro e pequenas<br />
empresas se enquadrarem no regime tributário. Com a<br />
iniciativa, os negócios que tributam no Supersimples e ti-<br />
veram aumento <strong>de</strong> receita ao longo do tempo po<strong>de</strong>rão<br />
continuar no programa. Já aquelas que não a<strong>de</strong>riram ao<br />
regime, em função <strong>de</strong> apresentarem receita acima do<br />
limite, agora terão condições <strong>de</strong> participar do programa.<br />
tRês pERguntAs<br />
E G Ó C I O S<br />
Veículos leves batem recor<strong>de</strong> <strong>de</strong> consórcios<br />
No primeiro semestre <strong>de</strong> <strong>2011</strong>, o sistema <strong>de</strong> consórcios<br />
ven<strong>de</strong>u 1,29 milhão <strong>de</strong> novas cotas, representando um<br />
crescimento <strong>de</strong> 27,7%, quando comparado ao mesmo<br />
período do ano passado. O dado confirma a tendência<br />
das aquisições <strong>de</strong>ntro da modalida<strong>de</strong>. Entre os itens<br />
comprados <strong>de</strong>stacam-se automóveis, caminhões, máqui-<br />
nas agrícolas, motos e imóveis, entre outros.<br />
No topo dos produtos mais comercializados, <strong>de</strong>sponta-<br />
ram os veículos leves. Paulo Roberto Rossi, presi<strong>de</strong>nte<br />
executivo da Associação Brasileira <strong>de</strong> Administradoras <strong>de</strong> Consórcios (Abac),<br />
acredita que “as novas a<strong>de</strong>sões estão sendo impulsionadas também pelo maior<br />
conhecimento do brasileiro sobre o mecanismo, inclusive pelo gran<strong>de</strong> número<br />
<strong>de</strong> consorciados contemplados que divulgam e confirmam as vantagens <strong>de</strong><br />
adquirir bens ou serviços <strong>de</strong> qualquer natureza a custos mais baixos, com o<br />
objetivo <strong>de</strong> formar patrimônio pessoal, familiar ou empresarial”.<br />
Tempo <strong>de</strong> interações digitais e sociais<br />
Martha Gabriel recentemente participou da edição <strong>2011</strong> do Senactech, palestrando sobre a Era da busca. Professora<br />
<strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> MBA <strong>de</strong> universida<strong>de</strong>s paulistas, a exemplo da USP e FGV, e do Paraná, a especialista em marketing<br />
digital já ganhou 11 Prêmios iBest e lançou livros sobre o assunto. Para ela, os conteúdos gerados por plataformas<br />
stock.xchng<br />
digitais têm muito a dizer para se traçarem estratégias exitosas <strong>de</strong> negócios.<br />
no varejo e no segmento <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços, existe alguma peculiarida<strong>de</strong> para se trabalhar o marketing digital?<br />
MARthA Conforme as tecnologias digitais vão se inserindo no cotidiano das pessoas, mais importante é consi<strong>de</strong>rar as transformações<br />
comportamentais e sociais que elas causam para traçar estratégias <strong>de</strong> marketing. Hoje temos mais celulares no<br />
Brasil (210 milhões) do que habitantes. O brasileiro está entre os que gastam mais tempo online e em plataformas <strong>de</strong> mídias<br />
sociais no mundo. Assim, em qualquer negócio, é essencial consi<strong>de</strong>rar a dimensão digital no marketing e na comunicação.<br />
como <strong>de</strong>finirias o bom e mau uso das mídias sociais pelas empresas?<br />
MARthA As mídias sociais são conteúdos gerados por pessoas nas plataformas digitais. As boas estratégias conseguem usar essas<br />
plataformas para beneficiar a empresa, englobando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> mercado para conhecer melhor o consumidor ou aceitação<br />
<strong>de</strong> um produto até ações <strong>de</strong> e-commerce. O mau uso normalmente é resultado da falta <strong>de</strong> conhecimento das plataformas,<br />
do público e da ausência <strong>de</strong> planejamento estratégico. É essencial saber com quem se quer falar e qual o objetivo do negócio.<br />
A expressão “Você é o que você compartilha” virou uma espécie <strong>de</strong> mantra quando o assunto é comunicação via web. para fazer uma<br />
aplicação eficiente das re<strong>de</strong>s, como twitter e Facebook, entre outros recursos, precisa-se <strong>de</strong>senvolver ferramentas que mensurem<br />
resultados e estruturem o tráfego <strong>de</strong> informações?<br />
MARthA Peter Druker dizia que só conseguimos gerenciar aquilo que conseguimos mensurar. Realmente, compartilhar<br />
é um mantra nas estratégias <strong>de</strong> comunicação e marketing em mídias sociais. Entretanto, para ser estratégico à<br />
empresa é preciso ter metas e focar o seu nicho <strong>de</strong> mercado. A única forma <strong>de</strong> saber se as mesmas são atendidas (ou<br />
não), a avaliação <strong>de</strong> resultados consiste em fator fundamental. Acredito que os pilares das estratégias digitais são<br />
encontrabilida<strong>de</strong>, relevância, conteúdo e mensuração.<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
diVulgAção<br />
11
Agredir minimamente o meio ambiente vem se tornando também uma<br />
12 DIvulgação/EcotElhaDo<br />
S<br />
ustentabilida<strong>de</strong><br />
Ecologia<br />
inva<strong>de</strong> espaços urbanos<br />
necessida<strong>de</strong> para a construção civil. Aos poucos, os prédios ver<strong>de</strong>s ganham espaço<br />
e se tornam alternativa viável. Mas é preciso estar atento ao conceito<br />
Quem nunca olhou ao seu redor e<br />
se sentiu em uma selva <strong>de</strong> pedra? O crescimento<br />
populacional vai forçando cada<br />
vez mais o <strong>de</strong>smatamento <strong>de</strong> áreas ver<strong>de</strong>s<br />
para a construção <strong>de</strong> espaços urbanos;<br />
edifícios e vias asfaltadas transformam-se<br />
quase em quatro pare<strong>de</strong>s. No entanto, a<br />
população já sente os resultados <strong>de</strong> viver<br />
nesse ambiente e, por isso, está em busca<br />
<strong>de</strong> alternativas. E se morar no campo não<br />
é possível para todos, a segunda opção é<br />
trazer mais ver<strong>de</strong> para o cinza da cida<strong>de</strong>.<br />
Inaugurado em 2010, o Paseo Zona Sul conta com telhado ver<strong>de</strong><br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
As construções sustentáveis ou<br />
prédios ver<strong>de</strong>s estão pouco a pouco<br />
ganhando espaço. Para ser consi<strong>de</strong>rada<br />
sustentável, uma edificação <strong>de</strong>ve<br />
levar em consi<strong>de</strong>ração todo o processo<br />
<strong>de</strong> concepção à execução da obra. Perguntas<br />
como quem usará os ambientes,<br />
qual a vida útil e o que acontecerá após<br />
esse período <strong>de</strong>vem ser respondidas. Os<br />
materiais utilizados, energia <strong>de</strong>spendida<br />
e reaproveitamento estão na lista <strong>de</strong><br />
consi<strong>de</strong>rações. Outro ponto é a autos-<br />
suficiência do edifício e o espaço on<strong>de</strong><br />
será implantado; os aspectos naturais e<br />
sociais são <strong>de</strong> extrema importância.<br />
Uma forma <strong>de</strong> garantir a vocação<br />
ambiental da construção são as certificações<br />
que levam em conta uma série<br />
<strong>de</strong> parâmetros <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o planejamento à<br />
operação; em relação a 2009, a busca<br />
pelos certificados cresceu 75%. O primeiro<br />
referencial técnico brasileiro para<br />
construções sustentáveis é o Aqua (Alta<br />
Qualida<strong>de</strong> Ambiental), elaborado em<br />
2008 pela Fundação Vanzolini. O certificado<br />
Leed (Lea<strong>de</strong>rship in Energy and<br />
Environmental Design) é fornecido pelo<br />
instituto americano U.S. Green Building<br />
Council Brasil, criado em 2004.<br />
João Feijó, diretor da Ecotelhado, <strong>de</strong><br />
Porto Alegre, afirma que sustentabilida<strong>de</strong><br />
engloba basicamente três questões:<br />
econômica, ambiental e social. “Uma<br />
construção sustentável do ponto <strong>de</strong> vista<br />
ambiental <strong>de</strong>ve minimizar os impactos<br />
no meio ambiente. Toda construção<br />
por excelência impacta, e o prédio ver<strong>de</strong>
se preocupa em interferir o mínimo possível<br />
antes, durante e <strong>de</strong>pois da construção,<br />
para preservar ao máximo.”<br />
A partir daí, explica Feijó, existem<br />
outros aspectos: a diminuição do impacto<br />
com relação à água – toda a água da<br />
chuva que antes era armazenada pelo<br />
solo ou evaporada hoje vai para o esgoto<br />
pluvial. “É um gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> água<br />
que vai contribuir para o tamanho do<br />
esgoto pluvial da cida<strong>de</strong>. Essa água da<br />
chuva leva toda a sujeira que tem sobre<br />
o pavimento para o esgoto. O resultado<br />
é muito tóxico para o ambiente e po<strong>de</strong><br />
ser visto na beira dos rios, atingindo inclusive<br />
a fauna.” Outro ponto é a questão<br />
energética. A construção da casa e a<br />
manutenção <strong>de</strong>la (lâmpadas, eletrônicos,<br />
elevador) representam cerca <strong>de</strong> 50% da<br />
energia consumida, e energia representa<br />
CO 2 , que polui <strong>de</strong> diferentes formas a<br />
atmosfera. “Quanto menos energia gastarmos<br />
para ser construído ou mantido,<br />
melhor.” A questão social é um terceiro<br />
ponto, que avalia se a construção é um<br />
ambiente saudável para as pessoas em<br />
termos <strong>de</strong> área ver<strong>de</strong>, recreação.<br />
altErnativas<br />
Na capital gaúcha um dos edifícios<br />
sustentáveis é o Riserva Schiavon. Concebido<br />
<strong>de</strong> acordo com as especificações<br />
ambientais, o condomínio resi<strong>de</strong>ncial<br />
investiu no tratamento <strong>de</strong> águas, energia<br />
solar e telhado ver<strong>de</strong>. De acordo com Lucimar<br />
Rodrigues Costa, engenheira civil<br />
do Grupo Goldsztein Cyrela e responsável<br />
pelo Riserva Schiavon, o complexo é<br />
uma construção autossuficiente. “O proprietário<br />
terá o retorno do investimento<br />
por meio da redução do consumo <strong>de</strong><br />
água, energia e produção <strong>de</strong> esgoto. Ao<br />
BraD BENNIE/Stock.XchNg<br />
dar retorno para o proprietário, ganha<br />
também o meio ambiente.” As construções<br />
que seguem os padrões <strong>de</strong>fendidos<br />
pelas certificações custam 5 a 10% mais,<br />
conforme a sofisticação <strong>de</strong>sejada. Contudo,<br />
as reduções são consi<strong>de</strong>ráveis: consumo<br />
<strong>de</strong> energia (-40%), consumo <strong>de</strong> água<br />
(-50%), emissão <strong>de</strong> CO 2 (-35%) e <strong>de</strong>scarte<br />
<strong>de</strong> resíduos (até -90%).<br />
A estação <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgoto do<br />
Riserva garante a <strong>de</strong>volução <strong>de</strong> uma água<br />
limpa ao esgoto municipal, enquanto o<br />
aquecimento da água <strong>de</strong> todo o prédio<br />
é feita através da energia solar (ou com<br />
geradores a gás quando há baixa incidência).<br />
Os apartamentos contam ainda com<br />
medidores <strong>de</strong> água individual que reduzem<br />
o consumo. O telhado ver<strong>de</strong> é uma<br />
outra ferramenta. Segundo João Feijó, o<br />
ecotelhado envolve retenção <strong>de</strong> água da<br />
chuva, economia <strong>de</strong> energia e biodiversida<strong>de</strong>.<br />
Além do telhado, existem as pare<strong>de</strong>s<br />
ver<strong>de</strong>s e o pavimento permeável.<br />
A sustentabilida<strong>de</strong> é sempre uma forma<br />
mais eficiente. E as pessoas estão atentas<br />
Na prancheta<br />
A arquitetura sustentável possui algumas<br />
diretrizes básicas:<br />
Planejar a obra a longo prazo<br />
Prever eficiência energética<br />
Evitar o <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> água<br />
Garantir o reaproveitamento da água<br />
Utilizar os recursos naturais <strong>de</strong><br />
forma passiva<br />
Usar materiais e técnicas<br />
ecologicamente corretas<br />
Assegurar, através da gestão <strong>de</strong><br />
resíduos sólidos, a reciclagem,<br />
reutilização e redução<br />
Consi<strong>de</strong>rar a permeabilida<strong>de</strong> do solo<br />
Planejar a utilização <strong>de</strong> transporte<br />
alternativo<br />
Proporcionar conforto e qualida<strong>de</strong><br />
dos ambientes<br />
a isso e buscando marcas que seguem<br />
esse conceito. Por isso, qualquer empresa<br />
ganha <strong>de</strong>staque, e o pequeno empresário<br />
tem mais facilida<strong>de</strong>, nesse sentido, <strong>de</strong>vido<br />
a sua maior maleabilida<strong>de</strong>. “Ele já está se<br />
diferindo do concorrente que faz as coisas<br />
da maneira antiga.”<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> 13
G<br />
uia <strong>de</strong> Gestão<br />
metas da empresa<br />
Estabelecer metas em um empreendimento po<strong>de</strong> contribuir para que o gestor tenha mais<br />
controle sobre seu negócio e entenda que pontos estão dando certo e o que precisa ser<br />
corrigido. Saiba como fazer isso sem sobrecarregar na pressão da equipe<br />
Aempresa<br />
requer organização, investi-<br />
administração <strong>de</strong> uma<br />
mento, controle, entre outros fatores.<br />
Para auxiliar nessas etapas, existe um<br />
elemento que po<strong>de</strong> ser crucial para a<br />
manutenção do empreendimento. São<br />
as metas. Sejam mensais ou anuais,<br />
por <strong>de</strong>partamento ou colaborador, as<br />
metas contribuem para que o empresário<br />
tenha uma visão mais ampla do<br />
seu negócio, além <strong>de</strong> dar mais controle<br />
sobre o que acontece no ambiente e<br />
também com relação a sua equipe.<br />
De acordo com o diretor comercial<br />
da ABRH-RS, Auri Rodrigues Filho,<br />
as metas são o norte <strong>de</strong> qual caminho<br />
o negócio <strong>de</strong>seja perseguir. “A meta é<br />
a tradução dos objetivos em forma <strong>de</strong><br />
números, e assim é que se faz a gestão,<br />
com base naquilo que se atinge ou não,<br />
<strong>de</strong>scobrindo as causas tanto <strong>de</strong> por que<br />
as atingimos quanto não”, avalia.<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
Para o diretor comercial, há vantagens<br />
e <strong>de</strong>svantagens no estabelecimento<br />
<strong>de</strong> metas. Entre as vantagens<br />
está a relação da meta com a função<br />
<strong>de</strong> porto, norte da empresa. “Dá orientação,<br />
sentido, velocida<strong>de</strong>. Sem metas,<br />
fica-se a favor do vento, sem rumo<br />
certo”, explica Rodrigues Filho. Outro<br />
ponto é que, a partir <strong>de</strong>ssa orientação,<br />
as pessoas envolvidas têm mais foco no<br />
trabalho diário. “Isso ajuda a perseguir<br />
o número e também na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões,<br />
não importa o nível estratégico<br />
da mesma”, <strong>de</strong>staca. Em terceiro lugar,<br />
a vantagem <strong>de</strong> estabelecer metas está<br />
na motivação. “O ser humano tem por<br />
natureza o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> superar <strong>de</strong>safios, e<br />
a meta é um dos recursos que a empresa<br />
usa para nos motivar.” Um importante<br />
fator, também vantajoso, é o fato<br />
<strong>de</strong> a meta elevar o nível <strong>de</strong> exigência e<br />
<strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>, o que é bom tanto<br />
para as empresas, <strong>de</strong> um modo geral,<br />
quanto para cada indivíduo.<br />
Entre tantos pontos positivos, o<br />
que acontece quando não se atinge a<br />
meta? “Deve-se buscar o porquê, a raiz<br />
do problema e através disso apren<strong>de</strong>r”,<br />
indica Auri Rodrigues Filho.<br />
cuidado com oS riScoS<br />
Além do próprio risco <strong>de</strong> não<br />
atingir a meta, existe um ponto menos<br />
animador, que é o fato <strong>de</strong> a meta<br />
estar ligada à pressão. “Isso po<strong>de</strong> resultar<br />
em conflito <strong>de</strong> relacionamento<br />
e distúrbio”, alerta o diretor da<br />
ABRH-RS. Por isso, é importante que<br />
o gestor saiba estar “com a corda esticada,<br />
sem puxar nem folgar <strong>de</strong>mais”,<br />
acrescenta. Ou seja, a pressão existirá<br />
na maioria dos casos, mas o segredo<br />
está em saber lidar com a mesma na<br />
medida certa, buscando assim o equi-<br />
14 <strong>de</strong> olho nas
líbrio. Segundo Rodrigues Filho, estar<br />
constantemente em alto nível <strong>de</strong><br />
atenção é um dos principais <strong>de</strong>safios<br />
dos gestores. “Às vezes, po<strong>de</strong> ser difícil<br />
conseguir isso”, aponta.<br />
Para estabelecer uma meta, é necessário<br />
ter uma estratégia bastante<br />
clara. Dessa forma, é importante que<br />
a comunicação seja eficiente para<br />
todos. “Se quero uma rentabilida<strong>de</strong><br />
maior, não basta apenas ven<strong>de</strong>r mais,<br />
mas sim reduzir custos, porque enxergo<br />
que essa é a melhor forma <strong>de</strong><br />
chegar ao objetivo. E isso <strong>de</strong>ve ficar<br />
claro a todos”, exemplifica Rodrigues<br />
Filho. Ele constata que “não há receita<br />
<strong>de</strong> bolo”, mas a meta <strong>de</strong>ve ser “<strong>de</strong>sconfortável”,<br />
sempre vinculada a um<br />
ganho expressivo, seja financeiro ou<br />
outro tipo <strong>de</strong> benefício. Isso quer dizer:<br />
nem muito fácil, nem impossível.<br />
“Tem que valer a pena se sentir <strong>de</strong>sconfortável”,<br />
brinca Rodrigues Filho.<br />
conhEcEr o mErcado<br />
Uma dica para estabelecer as<br />
metas sem entrar no patamar do<br />
impossível é estar a par dos acontecimentos<br />
referentes ao cenário em<br />
que a empresa atua. É o que pratica<br />
o diretor comercial das lojas ASM,<br />
<strong>de</strong> Bagé, José Airton da Nova Menezes.<br />
A re<strong>de</strong> atua em quatro segmentos<br />
e realiza um planejamento global<br />
e outro por empresa. “Com base no<br />
histórico <strong>de</strong> anos anteriores, pros-<br />
pectamos e planejamos em função<br />
dos resultados, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong><br />
econômica e mercadológica<br />
do próprio país”, <strong>de</strong>staca Menezes.<br />
Finalizada essa etapa, faz-se o planejamento<br />
por setores <strong>de</strong> cada segmento,<br />
<strong>de</strong> cada uma das quatro empresas<br />
da ASM. Segundo Menezes, não raro<br />
alguns ven<strong>de</strong>dores se <strong>de</strong>stacam mais<br />
que outros em <strong>de</strong>terminados setores,<br />
por isso, estabelecer metas é uma forma<br />
<strong>de</strong> homogeneizar a equipe. “Sem<br />
metas, sem objetivos, não se vai em<br />
busca <strong>de</strong> resultado algum. Tudo tem<br />
que estar atrelado: equipe, meta, objetivo<br />
e ferramentas”, diz.<br />
As metas são acompanhadas ao<br />
longo do ano, e já em meados <strong>de</strong> ou-<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> 15
G<br />
uia <strong>de</strong> Gestão<br />
começa a prospectar o ano seguinte.<br />
“Fazem-se reuniões com gerentes e<br />
supervisores para mostrar as projeções<br />
que se preten<strong>de</strong> para o ano que<br />
vem, acompanhando também o que<br />
está acontecendo em termos <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>,<br />
para arrumar as situações. Uma<br />
previsão é isso: uma visão antecipada<br />
para aquilo que se preten<strong>de</strong>. Esses aspectos<br />
têm que ser analisados mês a<br />
mês, acompanhando o acumulado, e<br />
arrumando para que a nova projeção<br />
em 2012 seja o mais próximo da realida<strong>de</strong>”,<br />
explica.<br />
Assim como Auri Rodrigues Filho,<br />
Menezes também vê como um<br />
<strong>de</strong>safio o exercício do controle sem a<br />
pressão excessiva, mas também sem<br />
afrouxar <strong>de</strong>mais. “Tem que ter habi-<br />
Organize-se<br />
Saiba quais são as vantagens e os<br />
<strong>de</strong>safios <strong>de</strong> se ter metas<br />
Traz orientação, sentido,<br />
velocida<strong>de</strong><br />
auxilia na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões<br />
contribui para o foco<br />
motiva a equipe<br />
Eleva nível <strong>de</strong> exigência,<br />
competência e aprendizado<br />
ajuda na organização do<br />
empreendimento<br />
dá mais controle ao gestor<br />
cui<strong>de</strong> para não sobrecarregar a<br />
pressão: encontre equilíbrio para<br />
dialogar, reconhecer e então ter a<br />
liberda<strong>de</strong> para cobrar<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
16 tubro, início <strong>de</strong> novembro, a empresa<br />
José Airton Menezes acredita na<br />
valorização da equipe<br />
lida<strong>de</strong> para saber o momento <strong>de</strong> recuar<br />
e o momento <strong>de</strong> apertar, esse é o<br />
gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio”, aponta. No entanto,<br />
o progresso tecnológico também contribuiu<br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
ferramentas que facilitam este controle.<br />
“Não fosse a informática, seria<br />
tão mais difícil hoje”, reconhece o administrador.<br />
A postura da ASM também<br />
envolve muito reconhecimento,<br />
motivação e valorização da equipe.<br />
“Se tu começas somente a pressionar,<br />
daqui a pouco tranca tudo, e é pior<br />
ainda”, prevê o diretor comercial da<br />
ASM. “O <strong>de</strong>safio do administrador<br />
hoje é obter resultados através das<br />
pessoas, e isso não é fácil”, acrescenta.<br />
Ele afirma que o reconhecimento<br />
po<strong>de</strong> ser feito em pequenos atos: falar,<br />
ouvir, valorizar, reconhecer, parabenizar.<br />
“O ser humano é movido pelas<br />
pequenas ações”, afirma. E são atos<br />
como esses que facilitam o momento<br />
da real cobrança. “É uma questão <strong>de</strong><br />
equilíbrio: reconhecer o certo para<br />
que, na hora em que houver algo para<br />
corrigir, se tenha a disposição <strong>de</strong> falar<br />
e a pessoa perceber que está errada”,<br />
salienta Menezes.<br />
Plano dE ação<br />
Para a empresária da Estética<br />
Mayttê, Marisa Silva, estabelecer<br />
metas contribui para que o empreen<strong>de</strong>dor<br />
veja os pontos positivos e negativos,<br />
e em quais aspectos precisa<br />
melhorar. No caso da estética, a empresa<br />
realiza pesquisas com clientes, e<br />
então monta um plano <strong>de</strong> ação.<br />
“É importante ter claro o objetivo<br />
da meta”, ressalta Marisa. No inverno,<br />
por exemplo, são feitos planos com<br />
<strong>de</strong>scontos para manter o movimento.<br />
Além da meta do próprio salão, cada<br />
profissional tem a sua também. Em<br />
<strong>2011</strong>, a empresa já atingiu uma das<br />
metas: criar o perfil em re<strong>de</strong>s sociais<br />
como Orkut e Facebook. Outro ponto<br />
era criar planos <strong>de</strong> ação em marketing,<br />
e para isso foram contratadas<br />
empresas especializadas para resolver<br />
essa falha. Marisa reconhece que há<br />
meses em que se atingem as metas e<br />
outros em que isso não acontece, infelizmente.<br />
“Quando ocorre isso, tem<br />
que ver o que <strong>de</strong>u errado e em que<br />
pontos precisa melhorar”, <strong>de</strong>termina.<br />
Na opinião da empresária, as metas<br />
trazem mais controle e mais organização.<br />
“O gestor tem que se perguntar:<br />
‘O que espero alcançar?’. E não po<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sistir, tem que tentar mesmo que<br />
não dê certo”, recomenda. Passar por<br />
sacrifícios? Faz parte. “É necessário<br />
para a gestão do empreendimento”,<br />
conclui Marisa.
ArquivO PessOAl<br />
Douglas Wegner<br />
Doutor em Administração, professor do Mestrado Profissional em Administração da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santa Cruz do Sul (Unisc)<br />
“Apesar do avanço, ainda estamos em um processo bastante incipiente<br />
quando comparamos a experiência brasileira com a <strong>de</strong> outros países.”<br />
R e<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperação:<br />
tendências <strong>de</strong> gestão e organização<br />
No Brasil foram criadas entre 800 e 1.000<br />
re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperação na última década, com<br />
<strong>de</strong>staque para o setor <strong>de</strong> varejo. Apesar do<br />
avanço, ainda estamos em um processo bastante<br />
incipiente quando comparamos a experiência<br />
brasileira com a <strong>de</strong> outros países.<br />
Na Alemanha, por exemplo, as re<strong>de</strong>s associativas<br />
existem há mais <strong>de</strong> cem anos e ocupam<br />
uma posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na economia,<br />
representando cerca <strong>de</strong> 40% do total <strong>de</strong> vendas<br />
do varejo. Guardadas as diferenças entre<br />
a realida<strong>de</strong> brasileira e a alemã, uma análise<br />
do cenário da cooperação na Alemanha permite<br />
i<strong>de</strong>ntificar cinco gran<strong>de</strong>s temas, que se<br />
caracterizam como importantes tendências<br />
para as re<strong>de</strong>s brasileiras nos próximos anos:<br />
1) Uma das lições mais claras das re<strong>de</strong>s<br />
alemãs é a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento. As<br />
re<strong>de</strong>s alemãs <strong>de</strong>senvolveram estratégias que<br />
vão além da captação <strong>de</strong> novos associados,<br />
realizando fusões e parcerias entre re<strong>de</strong>s<br />
para ganhar escala.<br />
2) As re<strong>de</strong>s alemãs perceberam que a<br />
profissionalização da gestão é essencial para<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento e o sucesso da re<strong>de</strong>. A<br />
autogestão torna-se inviável à medida que a<br />
re<strong>de</strong> expan<strong>de</strong> o número <strong>de</strong> associados.<br />
3) Diversas re<strong>de</strong>s alemãs atuam em<br />
múltiplos segmentos, reunindo sob o mesmo<br />
guarda-chuva varejistas <strong>de</strong> vários segmentos<br />
<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>. Isso permite reduzir<br />
custos e alcançar um novo patamar em<br />
termos <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> serviços.<br />
4) A linha que separa as re<strong>de</strong>s associativas<br />
do sistema <strong>de</strong> franquias e sistema <strong>de</strong><br />
filiais é cada vez mais tênue. Muitas re<strong>de</strong>s<br />
alemãs estabeleceram lojas próprias e mo<strong>de</strong>los<br />
<strong>de</strong> franquia para aumentar o volume<br />
<strong>de</strong> negócios.<br />
5) As re<strong>de</strong>s precisam configurar-se<br />
como centrais <strong>de</strong> serviços, servindo <strong>de</strong> suporte<br />
aos associados e, em alguns casos,<br />
até para associados <strong>de</strong> outras re<strong>de</strong>s. A<br />
eficiência do pacote <strong>de</strong> serviços que elas<br />
oferecem aos associados é um fator competitivo<br />
<strong>de</strong>terminante.<br />
Os cinco temas apontam tendências<br />
para as re<strong>de</strong>s cooperativas no Brasil. Profissionalizar<br />
a gestão e <strong>de</strong>senvolver estratégias<br />
<strong>de</strong> crescimento sem per<strong>de</strong>r o caráter cooperativo<br />
são <strong>de</strong>safios significativos, mas que<br />
precisam ser enfrentados para que as re<strong>de</strong>s<br />
mantenham sua competitivida<strong>de</strong> e assumam<br />
papel <strong>de</strong> protagonistas em seus mercados.<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> Opinião<br />
17
PAulo RAbEllo dE CASTRo<br />
FOTOS: carlOTa paulS
E N T R E V I S T A<br />
uma nova força<br />
mOTriz<br />
Em um momento <strong>de</strong> crise econômica, o país volta-se a um estado <strong>de</strong> alerta. <strong>de</strong> acordo com<br />
o ecomonista Paulo Rabello <strong>de</strong> Castro, vice-presi<strong>de</strong>nte do Instituto Atlântico e chairman da SR<br />
Rating, empresa classificadora <strong>de</strong> riscos, este é um momento <strong>de</strong> atenção e cautela<br />
como o senhor avalia o atual cenário da<br />
economia internacional?<br />
caSTrO O cenário internacional não<br />
po<strong>de</strong>ria ser mais grave e <strong>de</strong>licado. Ele<br />
tem a seguinte característica: tratase<br />
da mesma crise <strong>de</strong> 2008, portanto<br />
seria um erro adotar a hipótese <strong>de</strong> que<br />
estamos diante <strong>de</strong> uma outra doença.<br />
Essa é a mesma doença que acometeu<br />
o mundo há quase três anos, e que<br />
está numa recidiva, ou seja, vem<br />
agravada por todos os mecanismos<br />
<strong>de</strong> adiamento dos ajustes necessários,<br />
tanto nos Estados Unidos quanto<br />
na Europa. Isso nos pega também<br />
no contrapé em relação à economia<br />
chinesa, superaquecida, e a algumas<br />
economias periféricas da economia da<br />
China, trazendo o cenário mundial<br />
para o Brasil. É muito fácil prever<br />
o <strong>de</strong>saquecimento do preço das<br />
commodities, que tem sido insuflado<br />
exatamente pelos remédios que a<br />
economia mundial tem tomado pra<br />
adiar os ajustes: liqui<strong>de</strong>z, liqui<strong>de</strong>z e<br />
mais liqui<strong>de</strong>z. Essa enorme liqui<strong>de</strong>z<br />
mundial se transferiu parcialmente<br />
para o mercado brasileiro, também<br />
insuflando, além do preço das<br />
commodities, o preço dos ativos<br />
<strong>de</strong> um modo geral, e aí eu estou<br />
falando <strong>de</strong> bolsa, <strong>de</strong> um lado, e ativos<br />
imobiliários, <strong>de</strong> outro, e <strong>de</strong>u força<br />
para um aumento muito expressivo<br />
do crédito interno no Brasil, tanto<br />
o pessoal quanto o habitacional <strong>de</strong><br />
longo prazo. E isso tem se traduzido<br />
em negócios extremamente cativantes<br />
para quem tem estado nesse mercado<br />
<strong>de</strong> ativos até agora. O momento agora,<br />
no entanto, é <strong>de</strong> atenção e cautela,<br />
bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> 19
Entrevista<br />
mundial, vai se traduzir em impactos<br />
<strong>de</strong> ajustamento aqui <strong>de</strong>ntro.<br />
Em que aspecto a redução da nota/aumento<br />
da dívida dos Estados unidos po<strong>de</strong> afetar a<br />
economia brasileira? O Brasil está a caminho<br />
<strong>de</strong> uma crise como a norte-americana?<br />
caSTrO O Brasil não tem a mesma<br />
doença dos EUA, que é uma doença<br />
<strong>de</strong> superendividamento, tanto das<br />
bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
20 porque a recidiva, a recaída da crise<br />
famílias quanto do próprio governo,<br />
com um enorme déficit público, que<br />
dificilmente vai ser diminuído, a não<br />
ser que haja um sacrifício fiscal por<br />
parte <strong>de</strong> todo o povo norte-americano,<br />
algo que ainda <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> votação e<br />
acordo político entre agora e o fim das<br />
próximas eleições americanas. Esse<br />
panorama norte-americano é bem<br />
diverso do panorama brasileiro. Isso<br />
não significa que tenhamos alguns dos<br />
sintomas <strong>de</strong>ssa mesma doença, e por<br />
“NóS NoS ToRNAmoS dEPENdENTES dA PRESSão<br />
CoNTINuAdA quE A ChINA fAz Como PRINCIPAl<br />
ComPRAdoRA doS PRoduToS quE SuSTENTAm A<br />
PAuTA ComERCIAl bRASIlEIRA dE ExPoRTAçõES.”<br />
quê? Porque o endividamento pessoal<br />
das famílias aumentou, inclusive<br />
<strong>de</strong> algumas empresas. O nível <strong>de</strong><br />
exposição ao crédito é maior por parte<br />
das empresas, inclusive as que vivem<br />
do mercado a crédito, e isso também se<br />
traduz para o varejo, que tem crescido<br />
formidavelmente em todos os estados<br />
brasileiros, numa próxima etapa <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>saceleração, e para alguns uma<br />
<strong>de</strong>saceleração meio <strong>de</strong>sconfortável,<br />
na medida em que os níveis <strong>de</strong> calote<br />
po<strong>de</strong>m aumentar significativamente.<br />
por que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>mos tanto do<br />
crescimento da china?<br />
caSTrO Nós nos tornamos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />
da pressão continuada que a China<br />
faz como principal compradora dos<br />
produtos que sustentam a pauta<br />
comercial brasileira <strong>de</strong> exportações,<br />
e falo particularmente do minério <strong>de</strong><br />
ferro, da soja e <strong>de</strong> mais alguns produtos<br />
principais <strong>de</strong> exportação. Esses<br />
produtos garantiram saldos expressivos<br />
nos últimos anos, com as quais o Brasil<br />
financiou a festa <strong>de</strong> importações, <strong>de</strong><br />
forma que o varejo brasileiro reflete<br />
hoje não só o crescimento da indústria,<br />
mas principalmente o crescimento<br />
das importações. Nem tudo o que se<br />
compra é produzido no Brasil. Diga-se<br />
<strong>de</strong> passagem, a indústria brasileira já<br />
está vivendo um momento <strong>de</strong> relativa<br />
estagnação. Ela já parou <strong>de</strong> crescer e<br />
está buscando se sustentar nos atuais<br />
patamares. Enquanto isso, o varejo<br />
continua bombando, mas não pelo<br />
efeito do crescimento da produção<br />
interna, e sim, pelo efeito <strong>de</strong> uma<br />
gigantesca e crescente importação,
ainda sustentada por excelente preço<br />
<strong>de</strong> commodities. A pergunta é: até<br />
quando? Na medida em que a China,<br />
estando sobreaquecida, tenha que<br />
diminuir o seu ritmo, e para isso<br />
não vai fazer muita força, porque os<br />
principais compradores da China<br />
(EUA e zona do euro) estão entrando<br />
em um novo episódio <strong>de</strong> crise <strong>de</strong><br />
confiança, crise <strong>de</strong> consumo, e isso<br />
afeta o ritmo da produção chinesa.<br />
Essa produção necessariamente<br />
estando <strong>de</strong>saquecida nos trará, como<br />
uma onda <strong>de</strong> arrebentação, o fim <strong>de</strong>ssa<br />
fase <strong>de</strong> enorme euforia.<br />
a escassez da mão <strong>de</strong> obra qualificada é<br />
uma realida<strong>de</strong> no mercado brasileiro. O que<br />
é preciso mudar para termos profissionais<br />
mais bem qualificados?<br />
caSTrO Nada. Agora não po<strong>de</strong>mos<br />
fazer mais nada a respeito <strong>de</strong> algo que<br />
<strong>de</strong>víamos ter feito há cerca <strong>de</strong> cinco,<br />
<strong>de</strong>z anos. Quando eu digo “nada”, é no<br />
sentido <strong>de</strong> que não existe uma varinha<br />
<strong>de</strong> condão, uma fórmula mágica, a não<br />
ser a própria diminuição do ritmo <strong>de</strong><br />
crescimento da economia, que já trará<br />
uma certa acomodação do mercado<br />
<strong>de</strong> trabalho. Nesse sentido, há, por<br />
assim dizer, uma supervalorização<br />
<strong>de</strong>ssa fase mais próspera que a força<br />
<strong>de</strong> trabalho vem experimentando.<br />
É uma fase boa, que não chega a ser<br />
um apagão <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra, salvo<br />
aquele apagão estrutural que já<br />
existia: <strong>de</strong>terminadas especialida<strong>de</strong>s<br />
simplesmente não existem porque<br />
nós não investimos nelas. O mercado<br />
dará um jeito nisso, seja por meio <strong>de</strong><br />
cursos <strong>de</strong> treinamento especializados<br />
“A EduCAção bRASIlEIRA SEmPRE foI ESSE ENTRAVE<br />
mAIoR PoRquE ElA é umA REduToRA do RITmo dE<br />
AbSoRção dE NoVAS TéCNICAS.”<br />
que os próprios interessados (as<br />
médias, gran<strong>de</strong>s e, principalmente, as<br />
maiores empresas brasileiras) já estão<br />
promovendo, se encarregando <strong>de</strong><br />
fazer adaptações rápidas <strong>de</strong>ssa mão <strong>de</strong><br />
obra. Além disso, está acontecendo<br />
um fenômeno extraordinário, que é<br />
a importação <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra, não<br />
só <strong>de</strong> países periféricos da América<br />
do Sul como, inclusive, <strong>de</strong> norteamericanos<br />
e europeus, quando não<br />
<strong>de</strong> asiáticos. E embora a legislação<br />
brasileira seja um pouco refratária<br />
a essa importação, ela começa a<br />
bater na porta do Brasil. É uma boa<br />
solução, que causa um choque cultural<br />
favorável, por trazer gente treinada e<br />
educada em outros lugares, que vem,<br />
como qualquer imigrante, trazer uma<br />
cota <strong>de</strong> contribuição e até mesmo <strong>de</strong><br />
entusiasmo, que muitas vezes você<br />
não vê no mercado local, e serve para,<br />
bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> 21
Entrevista<br />
custos da mão <strong>de</strong> obra, que realmente<br />
são crescentes.<br />
De que forma a educação brasileira<br />
se tornou um entrave tão forte para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da economia?<br />
caSTrO A educação brasileira sempre<br />
foi esse entrave maior porque ela<br />
bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
22 <strong>de</strong> certa forma, mo<strong>de</strong>rar o ímpeto dos<br />
é uma redutora do ritmo <strong>de</strong> absorção<br />
<strong>de</strong> novas técnicas, cujo nome é<br />
maior produtivida<strong>de</strong>, ou seja, a maior<br />
produtivida<strong>de</strong> da mão <strong>de</strong> obra <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />
essencialmente <strong>de</strong>ssa formação<br />
educacional ampla, genérica e mais do<br />
treinamento específico, que vem com<br />
a faculda<strong>de</strong> ou com as escolas técnicas.<br />
O governo Lula já <strong>de</strong>u alguns passos<br />
que complementaram bem medidas<br />
“Não ExISTE umA VARINhA dE CoNdão, umA fóRmulA<br />
mágICA, A Não SER A PRóPRIA dImINuIção do RITmo<br />
dE CRESCImENTo dA ECoNomIA quE já TRARá umA<br />
CERTA AComodAção do mERCAdo dE TRAbAlho.”<br />
tomadas na gestão FHC, o governo<br />
está atento, os índices <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong><br />
no Brasil estão gradualmente melhorando,<br />
só que esse nível <strong>de</strong> resposta é<br />
insuficiente para o tipo <strong>de</strong> ambição, <strong>de</strong><br />
sonho que nós temos sobre um Brasil<br />
que cresça 5 %, 6%. Portanto, esse é<br />
um entrave muito significativo. Nada,<br />
entretanto, que se compare com o<br />
entrave tributário, com o manicômio<br />
tributário em que vivemos, e esse sim,<br />
é uma forma avassaladora <strong>de</strong> o governo<br />
roubar o exce<strong>de</strong>nte financeiro que<br />
existe nas famílias, nas empresas, para<br />
jogar no financiamento das <strong>de</strong>spesas<br />
que ele realiza. Ou seja, o governo está<br />
sempre elevando salários, como ainda<br />
hoje se anuncia, o Senado acaba <strong>de</strong><br />
autopromover uma elevação do teto<br />
do pagamento dos superassalariados da<br />
assessoria do próprio Senado, para que<br />
ganhem acima do teto estabelecido<br />
pelo STF. Um verda<strong>de</strong>iro escândalo.<br />
No entanto, é a própria casa administrativa,<br />
no caso, o Senado, que<br />
promove essa sinecura. Esse é o Brasil<br />
arrumando o Brasil. Isso precisa ser<br />
<strong>de</strong>nunciado, nós estamos aqui para<br />
conclamar que todos os organismos<br />
representativos <strong>de</strong> empresários e <strong>de</strong><br />
associações profissionais <strong>de</strong> trabalhadores<br />
se reúnam em torno <strong>de</strong>ssa ban<strong>de</strong>ira,<br />
por um Brasil mais eficiente que exige<br />
a simplificação fiscal para os contribuintes<br />
e consumidores, mais transparência<br />
na hora <strong>de</strong> enxergar o imposto<br />
que está embutido no preço do<br />
produto, e controle da <strong>de</strong>spesa pública,<br />
principalmente da <strong>de</strong>spesa corrente,<br />
para que haja mais dinheiro para os<br />
investimentos em infraestrutura, que<br />
estão paralisando o Brasil. Dentro
<strong>de</strong>sses investimentos, o investimento<br />
em educação é um <strong>de</strong>sses que acabam<br />
sendo prejudicados no final do dia.<br />
De que forma o comércio <strong>de</strong> bens e serviços<br />
po<strong>de</strong> ser afetado pela crise brasileira?<br />
E há medidas que já po<strong>de</strong>m ser tomadas<br />
pelos empreen<strong>de</strong>dores brasileiros?<br />
caSTrO Sim. A principal medida para<br />
combater o eventual <strong>de</strong>sânimo do<br />
consumidor na superveniência <strong>de</strong> uma<br />
crise internacional, que seja importada<br />
para o mercado brasileiro, em<br />
<strong>de</strong>terminado momento, e com a força<br />
que teve a crise <strong>de</strong> 2008, é a redução<br />
<strong>de</strong> impostos. Só que em vez <strong>de</strong> ser<br />
uma redução apenas para aten<strong>de</strong>r um<br />
momento <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s, a socieda<strong>de</strong><br />
brasileira, unida diante <strong>de</strong> uma chance<br />
extraordinária que é uma nova crise,<br />
em que o governo se torna mais sensível<br />
para pactuar algo novo, chega para<br />
o governo apresentando uma proposta<br />
<strong>de</strong> simplificação fiscal que seja <strong>de</strong> fato<br />
permanente. Que a gente use a topada<br />
da crise mundial para acelerar o passo,<br />
mudando, trocando a maneira <strong>de</strong> fazer<br />
as coisas, fazendo-as <strong>de</strong> modo mais<br />
eficiente <strong>de</strong>ntro e fora do governo.<br />
Portanto, eu diria que o gran<strong>de</strong> remédio<br />
para a situação da crise atual, e um<br />
dos próximos <strong>de</strong>safios do Brasil, é a<br />
simplificação fiscal como ban<strong>de</strong>ira.<br />
O consumo previsto para o final <strong>de</strong> ano <strong>de</strong>ve<br />
ser menos otimista em <strong>2011</strong>?<br />
caSTrO Não. Acredito que o ano <strong>de</strong><br />
<strong>2011</strong> já está escrito, por mais que haja<br />
– e é possível que haja – um agravamento<br />
da crise internacional entre<br />
“o gRANdE REmédIo PARA A SITuAção dA CRISE<br />
ATuAl, E um doS PRóxImoS dESAfIoS do bRASIl, é A<br />
SImPlIfICAção fISCAl Como bANdEIRA.”<br />
agora e o final do ano. A repercussão<br />
disso po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> alguns poucos pontos<br />
a menos no crescimento esperado para<br />
as vendas do final <strong>de</strong> ano. Minha preocupação<br />
maior está centrada no ano<br />
<strong>de</strong> 2012 e, por incrível que pareça, no<br />
ano <strong>de</strong> 2013, porque o Brasil ainda não<br />
dispõe <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong> investimento para<br />
continuar acelerando o país na mesma<br />
proporção que o crédito <strong>de</strong> consumo<br />
conseguiu fazê-lo no período passado.<br />
A força do crédito do consumo foi<br />
extraordinária, mas ela já se esgotou,<br />
batendo no endividamento da economia<br />
brasileira, que não chega a ser exatamente<br />
uma bolha, mas que já atinge<br />
um limite que não <strong>de</strong>ve ser ultrapassado.<br />
Portanto, a nova força motriz do<br />
<strong>de</strong>senvolvimento tem que ser alguma<br />
outra coisa, que é o investimento que<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa simplificação fiscal para<br />
po<strong>de</strong>r ser duradoura.<br />
bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> 23
24<br />
I<br />
nauguração<br />
Lançamento<br />
planejado em alto estilo<br />
Inaugurar um negócio traz fortes emoções, pois significa um novo começo para quem<br />
administra e mais um ponto <strong>de</strong> venda para o consumidor. Para seduzi-lo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro<br />
dia <strong>de</strong> funcionamento, planejar esse contato inicial é fundamental para o sucesso futuro<br />
Não basta cortar a fita e abrir as<br />
portas para obter êxito em uma iniciativa<br />
empresarial. Quando a loja chega ao<br />
mercado, o gestor <strong>de</strong>ve mostrar a que ela<br />
veio e a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r com<br />
excelência às <strong>de</strong>mandas do público-alvo.<br />
Essa primeira impressão po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>ixada<br />
no dia da inauguração – uma oportunida<strong>de</strong><br />
ímpar para reunir potenciais<br />
clientes e explorar o mix <strong>de</strong> produtos<br />
que se preten<strong>de</strong> trabalhar. O momento<br />
vai além <strong>de</strong> um cerimonial com comes<br />
e bebes, abrange investigação, empatia<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
e disposição <strong>de</strong> apresentar o estabelecimento<br />
comercial com eficiência.<br />
Para conquistar aliados, planejar a<br />
abertura consiste em um passo fundamental.<br />
Em outras palavras, é imprescindível<br />
pensar estrategicamente na<br />
promoção <strong>de</strong> um evento que transmita<br />
a filosofia, a preocupação com a qualida<strong>de</strong><br />
e o empenho <strong>de</strong> realmente se<br />
<strong>de</strong>stacar em um respectivo nicho mercadológico.<br />
“Em fevereiro assumimos a<br />
empresa e aproveitamos para inaugurar<br />
com o ‘pé direito’, ou seja, convidamos<br />
Fabrício e Aline (à esquerda): inauguração é o momento <strong>de</strong> reunir a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> contatos<br />
DivulgAção/lojA vicki<br />
pessoas da nossa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> network. São<br />
amigos que conhecemos os locais que<br />
frequentam, hábitos <strong>de</strong> consumo e que<br />
possuem afinida<strong>de</strong> com a nossa proposta”,<br />
conta Fabrício Trinda<strong>de</strong> Rodrigues,<br />
sócio-proprietário da Loja Vicki, situada<br />
em Porto Alegre, com foco <strong>de</strong> atuação<br />
no consumidor <strong>de</strong> Classe A. Após seis<br />
meses, o empresário e a sócia Aline<br />
Maeski já contabilizam saldo positivo<br />
<strong>de</strong> todo o investimento. “Pegamos uma<br />
empresa praticamente falida, e hoje comemoramos<br />
um incremento mensal <strong>de</strong><br />
30% no faturamento. Isso é fruto <strong>de</strong> comunicação<br />
eficiente e <strong>de</strong> passos iniciais<br />
acertados”, complementa.<br />
PLanejar semPre<br />
O case <strong>de</strong> sucesso da Vicki reflete<br />
um dos processos-chave do ato <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>r:<br />
o planejamento. Etapa que<br />
já <strong>de</strong>ve permear a agenda inaugural.<br />
Como observou Rodrigues, um coquetel<br />
por si só não diz nada, mas associado<br />
a uma abordagem direta e curiosa<br />
da equipe gera informações, empatia e
prospecção <strong>de</strong> negócios. “Por isso, preparamos<br />
nossos consultores para conversar,<br />
ouvir e anotar contatos, sempre<br />
em um clima agradável, objetivando<br />
realmente estreitar relações.”<br />
Esse po<strong>de</strong> ser o ‘pulo do gato’ para<br />
empreendimentos <strong>de</strong> diferentes portes.<br />
A consultora Aline Nunes acredita que<br />
um lançamento bem-sucedido, com força<br />
para sedimentar uma marca (ou empresa),<br />
requer uma postura diligente e<br />
firmada nos 3 Ps: Paciência, Planejamento<br />
e Persistência. “Os retornos, na maioria<br />
das vezes, ocorrem no longo prazo.<br />
Existem, é claro, ações que possibilitam<br />
obter respostas em menos tempo. Ainda<br />
assim necessitam <strong>de</strong> foco, planejamento<br />
e orientação para execução. Estamos<br />
falando <strong>de</strong> uma ação para apresentar a<br />
loja e suas potencialida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> maneira<br />
nítida e eficaz”, explica a executiva que<br />
também dirige a DNA Marketing Estratégico<br />
– consultoria especializada em<br />
pequenas e médias empresas.<br />
o gran<strong>de</strong> dia<br />
Inauguração lembra festa. Entretanto, analisar minuciosamente cada <strong>de</strong>talhe do<br />
primeiro contato da empresa com a clientela é o que po<strong>de</strong> fazer a diferença lá na<br />
frente. Dicas para um lançamento promissor:<br />
Lançar um empreendimento, <strong>de</strong> qualquer porte e segmento econômico, exige<br />
do gestor uma parada com o fim <strong>de</strong> planejar, consi<strong>de</strong>rando as metas e o público<br />
a ser atingido. Deve haver uma convergência <strong>de</strong> propósitos<br />
Quem chamar para conhecer <strong>de</strong> primeira mão a loja? Pessoas com perfil econômico,<br />
social e com interesse no que o estabelecimento disponibiliza no mercado<br />
Coquetel, música ambiente e ações promocionais são importantes para marcar<br />
o momento. Contudo, elas <strong>de</strong>vem integrar o conjunto <strong>de</strong> iniciativas capazes <strong>de</strong><br />
seduzir o consumidor e ven<strong>de</strong>r uma imagem positiva do negócio, a exemplo <strong>de</strong><br />
um mix <strong>de</strong> produtos sortido e organizado<br />
Treinar os colaboradores para prestar um atendimento qualificado e aproveitar<br />
para fazer uma abordagem direta, obter informações referentes ao perfil e<br />
contatos para <strong>de</strong>senvolver um cadastro interessante<br />
Vale investir nas mídias sociais, divulgando no Twitter, Facebook e site<br />
aLiados são bem-vindos<br />
Amigos, pessoas da comunida<strong>de</strong> e<br />
personalida<strong>de</strong>s integram o escopo dos<br />
projetos <strong>de</strong> inauguração. Somado a eles,<br />
outro agente figura como força vital para<br />
o lojista: o fornecedor. Na hora <strong>de</strong> estruturar<br />
o script do evento, não po<strong>de</strong>m faltar<br />
os convites en<strong>de</strong>reçados a prestadores <strong>de</strong><br />
serviços e representantes <strong>de</strong> indústrias, já<br />
da casa ou <strong>de</strong> interesse futuro. “Uma empresa<br />
não é formada exclusivamente pelo<br />
seu público interno. Ela <strong>de</strong>ve procurar se<br />
cercar <strong>de</strong> parceiros confiáveis, pois eles<br />
farão parte do seu negócio”, diz Aline.<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> 25<br />
lúciA Simon
E M P R E<br />
G O
TexTo: Francine Desoux<br />
Estamos<br />
conTraTanDo<br />
O Brasil passa por um dos melhores períodos econômicos da História, e os<br />
crescentes índices <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego formal comprovam a estabilida<strong>de</strong>.<br />
Hoje há trabalho para gran<strong>de</strong> parte da população, mas é preciso estar qualificado<br />
A Bens<br />
s páginas <strong>de</strong> classificados anunciam: há vagas. Com o<br />
aquecimento do mercado interno, praticamente todos os<br />
setores da economia estão contratando. O resultado disso<br />
é o caminho para o pleno emprego. É válido ressaltar<br />
que pleno emprego não representa o fim do <strong>de</strong>semprego, e<br />
sim que o estoque <strong>de</strong> trabalhadores disponíveis na economia<br />
está sendo plenamente utilizado. “Por utilização plena<br />
enten<strong>de</strong>-se que não há <strong>de</strong>semprego conjuntural, ou seja,<br />
existem poucas pessoas <strong>de</strong>sempregadas e a gran<strong>de</strong> maioria<br />
<strong>de</strong>las permanece nessa situação por não possuir um nível <strong>de</strong><br />
qualificação mínima. Ou, se tem qualificação, por poucos<br />
& Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
27
E<br />
mprego<br />
para encontrar um emprego condizente<br />
com as expectativas <strong>de</strong> remuneração”,<br />
explica Patrícia Palermo, economista do<br />
Sistema <strong>Fecomércio</strong>-RS. A forma mais<br />
direta <strong>de</strong> auferir a situação <strong>de</strong> pleno<br />
emprego é a observação do valor da<br />
taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>socupação, calculada no<br />
Brasil pelo IBGE.<br />
É difícil, contudo, estabelecer um<br />
número específico; alguns estudos<br />
apontam para taxas em torno <strong>de</strong> 6%<br />
para essa <strong>de</strong>finição no caso brasileiro.<br />
Marcelo Portugal, economista e consultor<br />
da <strong>Fecomércio</strong>-RS, explica que<br />
o número-padrão para a economia<br />
norte-americana, por exemplo, é em<br />
torno <strong>de</strong> 4,5% ou 5%: “Para a economia<br />
brasileira, está entre 5% e 5,5%”.<br />
Apesar da dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição,<br />
existem evidências suficientes para se<br />
caracterizar a situação atual do merca-<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
28 meses, um período natural necessário<br />
do <strong>de</strong> trabalho no Brasil como <strong>de</strong> pleno<br />
emprego ou, pelo menos, próxima<br />
<strong>de</strong>sse cenário. A taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>socupação<br />
vem caindo consistentemente. Em <strong>de</strong>zembro<br />
<strong>de</strong> 2010, por exemplo, a taxa<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>socupação no país foi <strong>de</strong> 5,3% –<br />
na Região Metropolitana <strong>de</strong> Porto Alegre,<br />
a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>socupação foi <strong>de</strong> 3%<br />
no mesmo mês. E a média dos últimos<br />
12 meses (até junho) está em 6,2%, enquanto<br />
a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>socupação média<br />
do país <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2002 tem sido <strong>de</strong> 9,5%.<br />
Para Marcelo Portugal, o Brasil<br />
caminha em direção à era do pleno<br />
emprego. “Para manter a boa trajetória<br />
que alcançamos nos últimos anos,<br />
temos que segurar a inflação e investir<br />
em infraestrutura.” O terceiro ponto,<br />
conforme o economista, é a qualificação<br />
da mão <strong>de</strong> obra. “Não adianta<br />
apenas ter o emprego, o i<strong>de</strong>al é ter um<br />
bom emprego.”<br />
após curso <strong>de</strong> formação, caila comemora a nova fase cheia <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s profissionais<br />
arquivo Pessoal<br />
O BRASil dO EMPREGO<br />
Ao longo das últimas duas décadas<br />
o Brasil passou por algumas transformações<br />
que lhe permitiram crescer<br />
em ritmo acelerado. A realização <strong>de</strong><br />
reformas, a disciplina fiscal e o controle<br />
da inflação fazem parte do percurso<br />
até aqui. De acordo com Patrícia, tais<br />
transformações criaram um ambiente<br />
<strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> institucional e econômica,<br />
fundamental para que haja<br />
investimento produtivo e, consequentemente,<br />
crescimento econômico. Assim,<br />
com bons pressupostos, o Brasil<br />
aproveitou o momento <strong>de</strong> abundância<br />
<strong>de</strong> crédito e forte crescimento na economia<br />
global e registrou uma sequência<br />
<strong>de</strong> bons anos <strong>de</strong> expansão econômica.<br />
“Para sustentar essa sequência<br />
<strong>de</strong> elevação <strong>de</strong> produção, as empresas<br />
precisaram contratar trabalhadores a<br />
uma velocida<strong>de</strong> maior que aquela com<br />
que cresceu a população economicamente<br />
ativa. Foi esse processo que fez<br />
a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego passar por redução<br />
ano após ano e que conduziu o<br />
mercado <strong>de</strong> trabalho à atual situação<br />
<strong>de</strong> pleno emprego.”<br />
O economista Marcelo Portugal<br />
<strong>de</strong>staca que os últimos 15 anos foram<br />
<strong>de</strong>finitivos na construção do cenário<br />
atual. “O que temos hoje no mercado<br />
<strong>de</strong> trabalho é o resultado <strong>de</strong> várias<br />
transformações que ocorreram lentamente<br />
ao longo dos últimos 15 anos.<br />
Nesse período ocorreram mudanças<br />
<strong>de</strong> caráter econômico e outras <strong>de</strong> caráter<br />
<strong>de</strong>mográfico.” A disponibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra aumenta em uma taxa<br />
menor do que antes, já que a população<br />
tem crescido em ritmo mais lento.<br />
Além disso, foram feitas reformas
necessárias, foi vencida a inflação e<br />
alguns dilemas políticos, houve processo<br />
<strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> renda, aumentando<br />
a massa <strong>de</strong> consumidores.<br />
“Foi uma sequência <strong>de</strong> situações que<br />
variam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a <strong>de</strong>mografia até economia<br />
interna e externa. Esses três fatores<br />
vêm operando há muito tempo <strong>de</strong><br />
forma cumulativa.”<br />
Até então o país possuía um estoque<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempregados e subempregados<br />
muito gran<strong>de</strong>, por isso, estão ocorrendo<br />
atualmente dois movimentos:<br />
aumento do nível <strong>de</strong> emprego <strong>de</strong> forma<br />
geral e crescimento da formalização.<br />
“Há algum tempo, 55% a 58% da<br />
população brasileira tinha vinculação<br />
informal, ou seja, não tinha carteira<br />
assinada. Hoje o número inverteu.”<br />
Além disso, pesquisas sinalizam um<br />
nível <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> bastante gran<strong>de</strong><br />
para se contratarem trabalhadores,<br />
principalmente quando é exigida qualificação.<br />
“Os empresários têm apontado<br />
a falta <strong>de</strong> trabalhadores como o<br />
principal problema enfrentado para a<br />
ampliação da produção ultimamente,<br />
algo que também auxilia na caracterização<br />
da situação atual do mercado<br />
<strong>de</strong> trabalho como <strong>de</strong> pleno emprego”,<br />
analisa Patrícia Palermo.<br />
COntRAtA-SE<br />
PROfiSSiOnAl quAlifiCAdO<br />
Quando há pleno emprego em uma<br />
economia, não significa o fim do <strong>de</strong>semprego<br />
nessa socieda<strong>de</strong>, e sim que<br />
há apenas <strong>de</strong>semprego friccional e o<br />
chamado estrutural. Enquanto o primeiro<br />
<strong>de</strong>corre do funcionamento normal<br />
da economia, ou seja, do tempo<br />
necessário para as pessoas que saíram<br />
<strong>de</strong> um trabalho encontrarem outro<br />
com remuneração <strong>de</strong> acordo com o<br />
esperado, o segundo ocorre em virtu<strong>de</strong><br />
do <strong>de</strong>sencontro entre os empregos<br />
disponíveis e a competência dos trabalhadores<br />
que procuram por emprego.<br />
No caso do <strong>de</strong>semprego estrutural,<br />
a única solução está na qualificação<br />
profissional. E tanto governo quanto<br />
socieda<strong>de</strong> já perceberam que a qualificação<br />
é condição fundamental para<br />
garantir o aumento da produtivida<strong>de</strong><br />
do trabalho. “Nos próximos anos, com<br />
a diminuição das taxas <strong>de</strong> natalida<strong>de</strong>,<br />
a única fonte <strong>de</strong> crescimento virá da<br />
produtivida<strong>de</strong> do trabalho, e a qualificação<br />
profissional é o que garante essa<br />
produtivida<strong>de</strong>”, analisa Patrícia, da<br />
<strong>Fecomércio</strong>-RS.<br />
“Quando comparamos a situação<br />
atual com a <strong>de</strong> algum tempo atrás<br />
po<strong>de</strong>mos observar que há <strong>de</strong>manda e<br />
há mão <strong>de</strong> obra disponível, mas sem<br />
as competências exigidas pelo próprio<br />
mercado, as pessoas estão <strong>de</strong>spreparadas.”<br />
O <strong>de</strong>poimento da superinten<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong> Recursos Humanos da BV<br />
Financeira, Rosemary Deliberato, é<br />
uma constante. A falta <strong>de</strong> qualificação<br />
e a <strong>de</strong>manda por pessoas cada vez mais<br />
capacitadas têm <strong>de</strong>ixado muitas vagas<br />
em aberto, além <strong>de</strong> gerar altos índices<br />
<strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> entre as empresas.<br />
Para Silvana <strong>de</strong> Farias Ribeiro, gerente<br />
<strong>de</strong> RH do Grupo Sabemi, <strong>de</strong> Porto<br />
Alegre, o aquecimento do mercado é<br />
proporcional à sua carência. “Nossa<br />
vivência mostra que a exigência está<br />
crescendo, e não encontramos profissionais<br />
qualificados para suprir as nossas<br />
<strong>de</strong>mandas.” Qualificação profissional é<br />
importante porque aumenta a produti-<br />
“O primeiro já vencemos:<br />
as crianças estão<br />
na escola. Agora, o gran<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>safio é termos um ensino <strong>de</strong><br />
qualida<strong>de</strong>”<br />
Marcelo Portugal<br />
Divulgação/<strong>Fecomércio</strong>-rs<br />
Economista e consultor da fecomércio-RS<br />
vida<strong>de</strong> do trabalho, ou seja, cada hora<br />
trabalhada gera mais valor e, em consequência,<br />
maior renda. “Precisamos<br />
<strong>de</strong> profissionais que pensem as ativida<strong>de</strong>s,<br />
não só executem, especialmente<br />
<strong>de</strong> áreas técnicas”, ressalta Portugal. E<br />
se por um lado o Brasil já conseguiu<br />
universalizar o ensino fundamental,<br />
por outro existe ainda muito que evoluir<br />
em relação à qualida<strong>de</strong> do ensino.<br />
Para Patrícia, se avançarmos um pouco<br />
mais na análise, veremos que os brasileiros<br />
ainda dominam muito pouco o<br />
português, e apenas uma pequena parcela<br />
da população apresenta fluência<br />
em uma língua estrangeira.<br />
A <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> formação em áreas<br />
técnicas é sentida nas empresas. Na<br />
Unimed Vale do Taquari e Rio Par-<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> 29
E<br />
mprego<br />
das áreas <strong>de</strong> engenharia, tecnologia<br />
da informação e cargos <strong>de</strong> gestão são<br />
disputados intensamente. “Encontrar<br />
engenheiro e com experiência é um<br />
achado”, comenta a gerente <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />
da Unimed VTRP, Marta<br />
Inês Guerra Saling. A BV Financeira<br />
sente a carência <strong>de</strong> especialistas em<br />
risco <strong>de</strong> crédito e controladoria. E na<br />
Sabemi, as dificulda<strong>de</strong>s aparecem nas<br />
áreas <strong>de</strong> TI, comercial, estratégicas.<br />
“Tenho dificulda<strong>de</strong> até na área operacional,<br />
como meu segmento é específico<br />
preciso <strong>de</strong> profissionais mais preparados”,<br />
afirma Silvana.<br />
“Se por um lado o Brasil já<br />
conseguiu universalizar o<br />
ensino fundamental, por outro<br />
lado existe ainda muito que<br />
evoluir quando o que está<br />
sendo analisado é a questão da<br />
qualida<strong>de</strong> do ensino”<br />
Patrícia Palermo<br />
da fecomércio-RS<br />
Divulgação<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
30 do (VTRP), por exemplo, candidatos<br />
E se encontrar profissionais que<br />
atendam a todas as exigências da empresa<br />
é difícil, muitos empreendimentos<br />
têm optado por assumir algumas responsabilida<strong>de</strong>s,<br />
especialmente em relação à<br />
qualificação. No entanto, segundo Patrícia,<br />
da <strong>Fecomércio</strong>-RS, custa muito caro<br />
para uma empresa treinar um funcionário,<br />
principalmente quando não há garantias<br />
<strong>de</strong> que ele permanecerá na companhia.<br />
“A busca pela qualificação <strong>de</strong>ve<br />
ser uma constante para os indivíduos e<br />
uma política <strong>de</strong> Estado.”<br />
Muitas vezes, o compromisso com<br />
a qualificação dos funcionários é assumido<br />
<strong>de</strong>vido à área <strong>de</strong> atuação da<br />
empresa. Se vagas que exigem qualificação<br />
mais básica permanecem abertas<br />
durante meses, postos <strong>de</strong> trabalho que<br />
exigem conhecimentos específicos são<br />
ainda mais difíceis <strong>de</strong> se preencher. A<br />
G Seis Fomento Comercial é uma das<br />
companhias que apostam na qualificação.<br />
“Contratamos jovens que estejam<br />
cursando a faculda<strong>de</strong> e, inclusive,<br />
patrocinamos a formação. Além disso,<br />
sugerimos a participação em todos os<br />
cursos promovidos pelo sindicato e outros<br />
em que os próprios colaboradores<br />
<strong>de</strong>monstrarem interesse”, explica Olmar<br />
João Pletsch, proprietário da G Seis<br />
Fomento Comercial, <strong>de</strong> Porto Alegre, e<br />
presi<strong>de</strong>nte do Sindicato das Socieda<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> Fomento Mercantil (Sinfac-RS).<br />
“Temos muitas dificulda<strong>de</strong>s em<br />
encontrar profissionais, pois nossa ativida<strong>de</strong><br />
é bastante específica. Por isso,<br />
normalmente nos encarregamos da<br />
sua formação.” Para Silvana, da Sabemi,<br />
os funcionários precisam também<br />
se auto<strong>de</strong>senvolver, ir em busca <strong>de</strong><br />
vivências que possam contribuir para<br />
as organizações. “Nossas necessida<strong>de</strong>s<br />
enquanto empresa não se resumem à<br />
graduação, nem mesmo à pós-graduação,<br />
é a vivência que importa. Buscar<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento é se especializar,<br />
ir em busca <strong>de</strong> treinamentos focados<br />
naquela realida<strong>de</strong>.” Para a gerente <strong>de</strong><br />
RH da Sabemi, o profissional consi<strong>de</strong>ra<br />
que a obrigação <strong>de</strong> capacitar é da<br />
instituição, “mas é importante enten<strong>de</strong>r<br />
que é um paralelo entre eles e as<br />
instituições; somos donos <strong>de</strong> nossas<br />
carreiras e precisamos ir além”. Na<br />
Unimed VTRP a situação é bastante<br />
semelhante. “Quando pensamos<br />
em <strong>de</strong>senvolvimento, é preciso montar<br />
um plano conjunto, pois a pessoa<br />
também precisa querer se <strong>de</strong>senvolver.<br />
Temos assumido esse papel em muitas<br />
situações”, comenta a gerente <strong>de</strong> Desenvolvimento,<br />
Marta Inês.<br />
Foi esse pensamento que levou<br />
Caila Bianca Rodrigues, <strong>de</strong> 28 anos,<br />
à formação <strong>de</strong> garçom. Caila sempre<br />
trabalhou com atendimento ao público<br />
e nesse caminho fez alguns cursos<br />
básicos. Durante uma entrevista <strong>de</strong><br />
emprego, há alguns meses, ela se <strong>de</strong>parou<br />
com a exigência <strong>de</strong> uma formação<br />
específica na área <strong>de</strong> atendimento<br />
em restaurantes. “Expliquei que<br />
tinha experiência e gran<strong>de</strong> interesse<br />
na área, prometi que iria em busca<br />
<strong>de</strong> uma formação, mas mesmo assim<br />
a recrutadora foi bastante ríspida e<br />
<strong>de</strong>smotivadora.”<br />
Diante <strong>de</strong>sse cenário, Caila <strong>de</strong>cidiu<br />
ir atrás <strong>de</strong>ssa qualificação e <strong>de</strong>scobriu<br />
que o curso era gratuito. “Me inscrevi<br />
no primeiro dia”, comemora. Antes<br />
mesmo da formatura, a porto-alegrense<br />
já contava com interessantes propostas
<strong>de</strong> trabalho. “Qualificação é tudo; não<br />
basta eu saber, é importante ter um<br />
certificado que comprove meus conhecimentos.<br />
E existem muitas alternativas<br />
<strong>de</strong> capacitação, inclusive gratuitas,<br />
basta ir atrás.” Vencer essa barreira e<br />
conseguir um bom emprego motivou<br />
Caila a levar adiante outros planos: até<br />
o final do ano, ela promete completar o<br />
Ensino Médio através do EJA (Educação<br />
<strong>de</strong> Jovens e Adultos). “Quero também<br />
fazer cursos <strong>de</strong> inglês e espanhol<br />
para me preparar para a Copa.”<br />
quEM dá MAiS<br />
Em um cenário <strong>de</strong> poucos trabalhadores<br />
e muitas vagas, manter os<br />
talentos na empresa tornou-se questão<br />
<strong>de</strong> sobrevivência. E para ser competitiva<br />
na retenção <strong>de</strong> talentos, a gran<strong>de</strong><br />
cartada é a gestão <strong>de</strong> pessoas. Antes<br />
<strong>de</strong> tudo é preciso enten<strong>de</strong>r o contexto<br />
em que se está inserido e quais são as<br />
políticas adotadas por outras empresas<br />
do mesmo segmento. A Sabemi, por<br />
exemplo, aposta em um agressivo PLR<br />
(Programa <strong>de</strong> Lucros e Resultados) e<br />
conta com Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />
bastante estruturado para os níveis estratégicos,<br />
com planejamento diferenciado<br />
para cada diretor e gerente. “Temos<br />
treinamento e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
acordo com avaliação <strong>de</strong> performance<br />
<strong>de</strong> cada pessoa, plano <strong>de</strong> cargos e salários<br />
bem-estruturado, benefícios, plano<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>res que<br />
conta com consultor externo, ações <strong>de</strong><br />
endomarketing para todas as datas comemorativas,<br />
shiatsu e ginástica laboral”,<br />
enumera Silvana. A Sabemi conta<br />
ainda com recrutamento interno, que<br />
facilita a migração <strong>de</strong>ntro da empresa.<br />
marta inês, da unimed vTrP, acredita que políticas <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> pessoas são<br />
essenciais para manter os talentos na empresa<br />
Na Unimed VTRP, com se<strong>de</strong> em<br />
Lajeado, a remuneração é fixa e variável.<br />
“Fazemos pesquisas anuais para<br />
saber quanto o mercado está pagando.<br />
No entanto, remuneração não é o mais<br />
importante; sem um bom salário não<br />
atraímos um talento, mas só um bom<br />
salário não o manterá na empresa”, explica<br />
Marta Inês Saling. A companhia<br />
possui um extensa lista <strong>de</strong> benefícios,<br />
alguns semelhantes aos promovidos<br />
pela Sabemi, como programa <strong>de</strong> participação<br />
nos resultados – que estão<br />
condicionados, entre outros pontos,<br />
a metas <strong>de</strong> 5 S –, assistência médica,<br />
vale-alimentação, seguro <strong>de</strong> vida em<br />
grupo, inclusive para aci<strong>de</strong>ntes, previdência<br />
privada, incentivo à educação<br />
e horário <strong>de</strong> amamentação. “Temos<br />
também o banco <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e troca entre<br />
as áreas, que motiva os colaboradores<br />
a verem <strong>de</strong> outro jeito o processo,<br />
além das oportunida<strong>de</strong>s internas.”<br />
É essencial dar sustentação ao processo,<br />
e os empreendimentos consi<strong>de</strong>ram<br />
diferentes tipos <strong>de</strong> benefícios, que<br />
vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> remuneração a maior liberda<strong>de</strong>.<br />
Contudo, tanto na Sabemi quanto<br />
na Unimed VTRP ou na G Seis, as<br />
oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
profissional por meio da qualificação<br />
são o que têm tido mais <strong>de</strong>staque para<br />
a manutenção dos talentos na lista<br />
<strong>de</strong> colaboradores. Para o economista<br />
Marcelo Portugal, é um sinal <strong>de</strong> que<br />
os brasileiros estão mais preocupados<br />
com a qualificação. E se cada geração<br />
ten<strong>de</strong> a <strong>de</strong>sejar a melhora <strong>de</strong> vida em<br />
relação à anterior, a tendência é a evolução<br />
natural da socieda<strong>de</strong>. “Quando<br />
se tira a pessoa da educação zero e ela<br />
passa a ter um mínimo <strong>de</strong> formação,<br />
começa a perceber que é importante<br />
melhorar sua própria educação, ou<br />
seja, fazer cursos, se especializar. É um<br />
processo natural.”<br />
Divulgação/unimeD vTrP<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> 31
stock.xchng<br />
32<br />
S<br />
s a ú d e<br />
aiba mais<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
e n s i n o<br />
Mercado <strong>de</strong> livros acadêmicos aquecido<br />
O segmento <strong>de</strong> obras acadêmicas no Brasil apresenta uma expectativa <strong>de</strong> crescimento, em<br />
<strong>2011</strong>, na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10% e um volume <strong>de</strong> comercialização <strong>de</strong> US$ 80 milhões. Segundo<br />
a Cambridge University Press, o setor <strong>de</strong> livros universitários apresenta um universo <strong>de</strong><br />
aproximadamente 7 milhões <strong>de</strong> educandos brasileiros, distribuídos em mais <strong>de</strong> 2 mil instituições<br />
<strong>de</strong> ensino superior. “No ano passado, só nas licitações <strong>de</strong> um programa paulista, cerca <strong>de</strong><br />
US$ 16 milhões foram investidos em livros estrangeiros, em que obras em inglês constituíam<br />
a maioria das licitações”, explica Vera Me<strong>de</strong>iros, executiva da organização sem fins lucrativos<br />
focada na aquisição, aprimoramento e disseminação do conhecimento.<br />
Mais gordura no prato do brasileiro<br />
Alto consumo <strong>de</strong> alimentos ricos em<br />
gorduras, açúcar e sódio na dieta dos<br />
brasileiros. Essa é a conclusão da Pes-<br />
quisa <strong>de</strong> Orçamentos Familiares, divul-<br />
gada pelo IBGE, que avaliou os hábitos<br />
alimentares da população. O compor-<br />
tamento nada saudável se apresentou<br />
mais no público jovem. Ainda conforme<br />
dados do levantamento, a ingestão diária <strong>de</strong> colesterol é maior em homens<br />
do que em mulheres e supera os 200 mg para todas as regiões e faixa etária<br />
(exceto os idosos). Entretanto, no Norte do Brasil há um consumo maior<br />
do que 300 mg/dia, máximo recomendado pela Organização Mundial da<br />
Saú<strong>de</strong> (OMS), e no Nor<strong>de</strong>ste chega a 299,1 mg/dia.<br />
Empresas cuidam da própria logística<br />
l o g í s t i c a<br />
A Imam Feiras e Comércios encomendou ao Ibope Inteligência um mapea-<br />
mento do setor <strong>de</strong> logística e intralogística no Brasil, avaliando 70 empresas,<br />
<strong>de</strong> 14 segmentos, em cinco distintas regiões. Os resultados contaram um<br />
pouco <strong>de</strong> quem integra tal segmento econômico. Os profissionais da área se<br />
concentram na faixa <strong>de</strong> 31 a 40 anos, sendo que mais <strong>de</strong> 44% possuem até<br />
um ano no cargo. Além disso, 56% das organizações trabalham as ativida<strong>de</strong>s<br />
logísticas internamente e 44% terceirizam.<br />
A pesquisa também avaliou o grau <strong>de</strong> conhecimento dos participantes em<br />
relação ao uso do termo “intralogística”. Cerca <strong>de</strong> 60% afirmaram conhecer a<br />
expressão e 20% a usam no seu cotidiano empresarial.<br />
Rob owen-wahl/stock.xchng<br />
i m a g i n a s ó !<br />
Muitos dólares<br />
por conselhos via Skype<br />
laiju mod/stock.xchng<br />
Há conselhos<br />
que valem<br />
ouro. Alguns<br />
chegam a custar<br />
U$$ 6,5 mil.<br />
Sim, quando<br />
o objetivo é<br />
colocar na<br />
linha gurus do<br />
padrão Tow<br />
Dwan, Steven<br />
Levitt e Jack Welch, por exemplo, a conta fica<br />
alta. Mas há quem <strong>de</strong>seje trocar umas palavras<br />
com um ‘bambambam’. Para aten<strong>de</strong>r à <strong>de</strong>man-<br />
da, o americano Brandom Adams criou o site<br />
Expert Insight, que permite conversas por Skype<br />
com especialistas mundialmente renomados.<br />
As possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> escolhas abrangem mais <strong>de</strong><br />
150 profissionais, como economistas e adminis-<br />
tradores <strong>de</strong> investimentos, e até campeões <strong>de</strong><br />
pôquer para falar <strong>de</strong> suas estratégias.
m e n t e & t R a b a l h o<br />
s o c i e d a d e<br />
n e g ó c i o s<br />
Mais <strong>de</strong> 65% das brasileiras sofrem <strong>de</strong> estresse<br />
Estudo da Nielsen Company em 21 países apontou o estresse<br />
como um dos principais males vivenciados pelas brasileiras. Os<br />
números computados indicam que 67% vivem uma realida<strong>de</strong><br />
estressante. Para o especialista em <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> competên-<br />
cias e alinhamento estratégico, An<strong>de</strong>rson Cavalcante, o acúmulo <strong>de</strong><br />
tarefas não seria o motivador central <strong>de</strong>sse cenário. “Sabemos que<br />
nos últimos anos a mulher tem se <strong>de</strong>dicado a uma quantida<strong>de</strong> muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, mas<br />
o problema maior é que elas estão investindo em projetos que não fazem sentido. Ou seja,<br />
há um <strong>de</strong>salinhamento entre atitu<strong>de</strong>s e missão <strong>de</strong> vida, nas perspectivas profissional e pessoal.<br />
É isso que tem gerado o sentimento <strong>de</strong> angústia e, também, frustração, dois catalisadores do<br />
estresse”, explica. Ao todo, mais <strong>de</strong> 6.500 pessoas do sexo feminino foram ouvidas.<br />
A qual classe pertenço?<br />
O brasileiro não sabe a qual classe social pertence, apontou pesquisa do Data Polupar, aplica-<br />
da no segundo trimestre <strong>de</strong> <strong>2011</strong> com 3 mil entrevistados, domiciliados em 251 cida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong><br />
26 estados. O equívoco começa por quem ocupa o topo da pirâmi<strong>de</strong>. O segmento mais abas-<br />
tado acredita fazer parte da classe média, sendo que um terço pensa ser baixa renda. Caso<br />
semelhante da classe C, que também se enxerga em um patamar inferior ao real. “A percep-<br />
ção da população em relação ao seu padrão <strong>de</strong> vida, em gran<strong>de</strong> parte, não reflete a realida<strong>de</strong>”,<br />
afirma Renato Meirelles, sócio-diretor do instituto. No caso das classes AB (renda média do-<br />
miciliar <strong>de</strong> R$ 8.393), 55,2% se consi<strong>de</strong>raram da classe média (R$ 2.295), enquanto somente<br />
9,6% se classificaram corretamente. Outros 35,2% avaliaram ser <strong>de</strong> baixa renda (média <strong>de</strong> R$<br />
867). Ao serem questionados, não foram informados sobre o critério <strong>de</strong> classificação.<br />
Os receios dos<br />
Empreen<strong>de</strong>dores Individuais<br />
A falta <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> giro foi apontada como maior obstáculo para<br />
conduzir negócios <strong>de</strong> pequeno porte. O dado refere-se a um<br />
levantamento realizado pelo Sebrae-RS com 425 Empreen<strong>de</strong>dores<br />
Individuais (Eis) do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Em segundo lugar aparece a<br />
dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> administrar o negócio, seguida pela falta <strong>de</strong> clientes.<br />
O Sebrae <strong>de</strong>sponta como a entida<strong>de</strong> mais lembrada pelo segmento<br />
para buscar soluções. Nada menos que 52% dos participantes a<br />
citaram como meio importante para alavancar a empresa.<br />
caRl dwyeR/stock.xchng<br />
[<br />
Dados da pesquisa<br />
geralmente alguém da família<br />
seu estabelecimento até 2012<br />
e m t e m p o<br />
preten<strong>de</strong>m viajar<br />
Sondagem do Ministério do<br />
Turismo sinaliza um incremento<br />
<strong>de</strong> 25% para 34,4% no índice <strong>de</strong><br />
brasileiros que preten<strong>de</strong>m viajar<br />
até janeiro <strong>de</strong> 2012. A mensuração<br />
do órgão aconteceu em julho,<br />
em comparação com o mesmo<br />
período <strong>de</strong> 2010. O <strong>de</strong>sejo da<br />
maioria dos entrevistados, 66,2%,<br />
é passear por <strong>de</strong>stinos nacionais,<br />
colocando o Nor<strong>de</strong>ste no primeiro<br />
lugar do ranking, <strong>de</strong>pois o Su<strong>de</strong>ste.<br />
Subiu também, <strong>de</strong> 50,8% para<br />
62,1%, o número <strong>de</strong> pessoas que<br />
preten<strong>de</strong>m se hospedar em hotéis<br />
e pousadas. O restante ficará em<br />
casa <strong>de</strong> parentes e amigos.<br />
mais infoRmações na edição 67 da b&s Mais brasileiros<br />
41% dos entrevistados têm menos <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong> atuação no<br />
mercado; 17% já têm seu negócio há mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos<br />
46% trabalham sozinhos, sem o respaldo <strong>de</strong> colaboradores<br />
35% dos participantes da entrevista possuem um colaborador,<br />
Para 47%, a internet é o meio mais usado para obter<br />
informações, ficando os jornais com 20% e revistas com 15%<br />
78% dos empreen<strong>de</strong>dores possuem a intenção <strong>de</strong> investir no<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> 33
34<br />
E<br />
conomia<br />
MoMento<br />
<strong>de</strong> ser cauteloso<br />
A crise financeira nos Estados Unidos preocupa a economia mundial. Mas <strong>de</strong> que forma<br />
essa situação realmente afeta a realida<strong>de</strong> brasileira? Saiba o que dizem os especialistas e<br />
entenda por que é importante estar alerta<br />
OBrasil<br />
ser a “bola da vez” na<br />
área <strong>de</strong> investimentos econômicos é<br />
uma expressão recorrente não apenas<br />
entre economistas, mas também entre<br />
os brasileiros em geral. A expectativa<br />
em torno <strong>de</strong> eventos como a Copa do<br />
Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos<br />
em 2016 anima os diversos segmentos<br />
do mercado. A oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inovar<br />
e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudança vêm<br />
mobilizando forças no que diz respeito<br />
à qualificação <strong>de</strong> profissionais não<br />
apenas para o turismo, mas também<br />
na hotelaria, comércio, serviços e outros<br />
setores.<br />
No entanto, uma sombra ameaça<br />
tamanho otimismo. Isso porque as notícias<br />
no cenário econômico internacional<br />
têm sido motivo <strong>de</strong> preocupação para as<br />
bolsas <strong>de</strong> valores no mundo todo. A crise<br />
financeira na Europa, que intercalou países<br />
como Espanha, Portugal e Grécia, ganha<br />
agora nova proporção e toma conta<br />
<strong>de</strong> um outro país: os Estados Unidos.<br />
Símbolo <strong>de</strong> segurança econômica e<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
referência mundial para investidores, a<br />
nação do presi<strong>de</strong>nte Barack Obama se<br />
viu diante da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma recessão<br />
similar à que ocorreu em 1929,<br />
eternizada na história da economia<br />
como o crash – a quebra – da bolsa <strong>de</strong><br />
Nova York.<br />
Mas a atual crise norte-americana,<br />
que resultou no aumento do teto da<br />
dívida pública e na baixa da nota dos<br />
Estados Unidos (<strong>de</strong> AAA para AA+),<br />
também está vinculada ao conhecido<br />
impasse entre os dois principais partidos<br />
políticos daquele país: os Democratas e<br />
os Republicanos. Em meio a opiniões divergentes<br />
e acordos fechados <strong>de</strong> última<br />
hora, <strong>de</strong> que forma a presente situação<br />
nos Estados Unidos preocupa o bolso<br />
dos brasileiros? Que reflexos po<strong>de</strong>mos<br />
sentir a partir <strong>de</strong>ssa crise, consi<strong>de</strong>rando<br />
que a economia norte-americana é um<br />
ponto crucial para a estabilida<strong>de</strong> financeira<br />
<strong>de</strong> outros países?<br />
De acordo com o pesquisador da<br />
Fundação <strong>de</strong> Economia e Estatística<br />
(FEE) Carlos Águedo Paiva, os problemas<br />
da economia brasileira não<br />
estão diretamente vinculados à crise<br />
norte-americana ou europeia. “Estamos<br />
valorizando o real e mantendo<br />
um crescimento <strong>de</strong> renda com consumo<br />
acelerado, mas estamos no mesmo<br />
caminho dos EUA. Contudo, somos<br />
nós que estamos criando o problema,<br />
ele não é externo, como se tem atribuído<br />
por aí.”<br />
De acordo com o especialista, os<br />
setores que mais sentem o impacto <strong>de</strong><br />
instabilida<strong>de</strong>s estrangeiras são a indústria<br />
e o comércio. “O gran<strong>de</strong> problema<br />
é que a política <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> inflação<br />
que o Brasil tem é a mesma <strong>de</strong> 1994.<br />
Cada vez que a inflação estoura, subimos<br />
as taxas <strong>de</strong> juros, e por isso entra<br />
bastante dólar na economia. Porém,<br />
entra dólar <strong>de</strong>mais, e a <strong>de</strong>manda não<br />
entra na mesma proporção. Dessa forma,<br />
o dólar cai, o real aumenta, e por<br />
isso fica difícil exportar, sendo mais barato<br />
comprar <strong>de</strong> fora”, explica Paiva.
A questão do consuMo<br />
Com a proximida<strong>de</strong> do final do<br />
ano, o mercado anima-se em torno<br />
do aumento do consumo, provocado<br />
por datas especiais como Natal e Ano<br />
Novo. No ano passado, o Brasil vivenciou<br />
um fechamento <strong>de</strong> ano ímpar, com<br />
o impulso econômico da classe C. Em<br />
<strong>2011</strong>, segundo Carlos Paiva, talvez não<br />
seja possível crescer como o esperado,<br />
“mas não será <strong>de</strong>sanimador”, confia. O<br />
alerta fica por conta <strong>de</strong> sintomas similares<br />
aos da Grécia e dos Estados Unidos,<br />
e que já po<strong>de</strong>m ser sentidos no Brasil.<br />
“Importamos produtos industrializados<br />
e, mesmo assim, os preços não ficam<br />
totalmente sob controle. Isso gera uma<br />
bola <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda nos setores <strong>de</strong> serviços<br />
e imobiliário, a qual acaba explodindo,<br />
e você entra em crise. Este é momento<br />
para estarmos nos ajustando, e não estamos<br />
fazendo isso”, avalia o especialista.<br />
“Temos a taxa <strong>de</strong> juro mais alta do mundo,<br />
valorizamos a moeda como nenhum<br />
outro, e enquanto os outros países tiveram<br />
<strong>de</strong>flação, nós temos inflação todos<br />
os anos”, aponta. Ainda que indústria e<br />
agricultura sejam os setores mais pressio-<br />
nados pelas taxas <strong>de</strong> juros, há dicas que<br />
po<strong>de</strong>m ser aproveitadas por empresas<br />
<strong>de</strong> menor porte: “Não faça investimentos<br />
com todos os seus recursos. Fuja da<br />
iliqui<strong>de</strong>z e controle seu fluxo <strong>de</strong> caixa”,<br />
recomenda Paiva.<br />
cenário incerto<br />
Para a pesquisadora do Instituto Brasileiro<br />
<strong>de</strong> Economia da Fundação Getulio<br />
Vargas, Lia Valls, o rebaixamento da<br />
nota dos Estados Unidos não é a questão<br />
mais importante. “O que temos que ficar<br />
atentos é que, apesar <strong>de</strong> ter sido feito um<br />
acordo no congresso norte-americano em<br />
relação ao teto da dívida, existe um compromisso<br />
<strong>de</strong> cortes <strong>de</strong> gastos muito elevados.<br />
O que não está <strong>de</strong>cidido totalmente<br />
é como essa redução vai ser feita, o quanto<br />
haverá <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> impostos, <strong>de</strong><br />
redução <strong>de</strong> gastos, e o impasse que existe<br />
entre <strong>de</strong>mocratas e republicanos é o que<br />
torna essa situação incerta, difícil. A i<strong>de</strong>ia<br />
<strong>de</strong> que uma instabilida<strong>de</strong> política po<strong>de</strong><br />
impedir que se feche uma dívida traz<br />
mais incertezas”, comenta Lia.<br />
Com relação às tendências para<br />
o consumo no final <strong>de</strong> ano, Lia reve-<br />
la: um cenário <strong>de</strong> menor crescimento<br />
econômico acaba afetando o consumo,<br />
pois se têm menos investimentos, e a<br />
economia vem crescendo rapidamente.<br />
“Se está num momento <strong>de</strong> muita<br />
incerteza, e é complicado prever a forma<br />
como essa crise vai rebater efetivamente.<br />
Acredito que estamos muito<br />
no início, mas há uma gran<strong>de</strong> confiança”,<br />
ressalta.<br />
Ainda na opinião <strong>de</strong> Lia, se a crise<br />
dos Estados Unidos progredir, todos<br />
os setores serão afetados, pois haverá<br />
uma queda no crescimento econômico<br />
mundial. No caso do comércio, um<br />
crescimento menor já é esperado: cerca<br />
<strong>de</strong> 3,8%. “Neste setor, o que interessa<br />
é a renda. Se você tem uma renda menor,<br />
ven<strong>de</strong> menos. Mas o consumidor<br />
ainda está confiante, então, a não ser<br />
que a situação internacional se agrave,<br />
aí logicamente o comércio será afetado”,<br />
prevê. Indo ao encontro do pensamento<br />
<strong>de</strong> Carlos Águedo Paiva, Lia<br />
afirma que é importante estar alerta. “É<br />
momento <strong>de</strong> ser nem tão otimista, nem<br />
tão pessimista, mas cauteloso. Calcular<br />
com cautela”, recomenda.<br />
Caroline Corso<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> 35
M<br />
ercado<br />
Cenário<br />
promissor e luxuoso<br />
Sinônimo <strong>de</strong> status, o luxo representa um mercado em constante crescimento no Brasil.<br />
O especialista Carlos Ferreirinha, referência nacional no assunto, conta quais são as<br />
principais características que compõem esse negócio<br />
<strong>de</strong> luxo brasileiro?<br />
Ferreirinha O Brasil é visto como um<br />
mercado especial e promissor. Na<br />
América Latina, somos a capital<br />
do consumo <strong>de</strong> luxo. São Paulo é o<br />
coração <strong>de</strong>sse mercado, concentrando<br />
66% dos consumidores. Vivemos um<br />
momento especial, <strong>de</strong> crescimento e<br />
gran<strong>de</strong>s oportunida<strong>de</strong>s. Elas vão se<br />
traduzir a médio e longo prazos.<br />
O mercado do luxo no Brasil segue<br />
em expansão e vislumbra um cenário<br />
bastante positivo para <strong>2011</strong>, com uma<br />
projeção <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> 33%. No<br />
ano passado, as empresas investiram o<br />
equivalente a 21% do seu faturamento,<br />
com os valores saltando <strong>de</strong> US$<br />
1,24 bilhão em 2009 para US$ 1,89<br />
bilhão em 2010. Para este ano, com a<br />
otimista projeção <strong>de</strong> crescimento do<br />
setor, a expectativa <strong>de</strong> investimentos é<br />
da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> US$ 2,57 bilhões.<br />
Qual a participação do rio Gran<strong>de</strong> do Sul<br />
nesse cenário?<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
36 Como se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>finir o mercado<br />
Ferreirinha Curitiba e Porto Alegre vêm<br />
<strong>de</strong>spertando a atenção das marcas, porém<br />
o consumidor do Sul do Brasil ainda<br />
mantém uma cultura <strong>de</strong> reter suas<br />
economias, ou seja, ele não gasta tanto<br />
quanto o paulista, por exemplo, que é<br />
mais consumista. O Norte e Nor<strong>de</strong>ste<br />
do Brasil também estão em ascensão,<br />
consumindo muito mais produtos e<br />
serviços <strong>de</strong> luxo, mais do que nunca.<br />
em que aspectos o mercado <strong>de</strong> luxo<br />
brasileiro se difere do mercado <strong>de</strong><br />
países-se<strong>de</strong> <strong>de</strong> marcas tradicionalmente<br />
luxuosas?<br />
Ferreirinha Primeiramente, a fragilida<strong>de</strong><br />
dos tradicionais e po<strong>de</strong>rosos<br />
mercados <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> luxo, como<br />
EUA, Japão e Europa, faz com que as<br />
empresas busquem alternativas imediatas<br />
para garantir o médio e o longo<br />
prazo <strong>de</strong> resultados. Como nunca, nós,<br />
latinos – consumidores e mercados<br />
–, passamos a ser vitais. Temos sido<br />
capazes <strong>de</strong> criar extraordinárias marcas<br />
nacionais genuinamente <strong>de</strong> luxo. Em<br />
segundo lugar, o Brasil se <strong>de</strong>staca pelo<br />
atendimento e serviço humanizado.<br />
O mundo ainda po<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r muito<br />
com nossos serviços. Nós humanizamos<br />
o atendimento e tornamos a mão<br />
<strong>de</strong> obra no Brasil única.<br />
De que forma brasileiros em geral enxergam<br />
esse mercado?<br />
Ferreirinha O consumo na gestão <strong>de</strong> luxo<br />
é emocional. Numa era on<strong>de</strong> o <strong>de</strong>sejo<br />
está ligado ao emocional e à realização<br />
pessoal, experiências são fundamentais.<br />
Experimentar, sentir, <strong>de</strong>spertar<br />
sensações que só po<strong>de</strong>m ser proporcionadas<br />
através <strong>de</strong> experiências. No<br />
mercado atual, a diferenciação leva ao<br />
<strong>de</strong>staque, e esse a oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
expansão <strong>de</strong> uma empresa. Vivemos<br />
a “era das experiências”, em que cada<br />
vez mais o cliente procura oportunida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> experimentar novas emoções,<br />
para assim sentir-se especial e único.<br />
Qual o perfil do consumidor <strong>de</strong><br />
luxo brasileiro?
Ferreirinha O brasileiro tem um perfil<br />
muito peculiar no que se refere a consumo,<br />
somos muito impulsivos.<br />
O brasileiro é muito emocional na<br />
hora <strong>de</strong> consumir. Quando você<br />
compara o consumidor tradicional<br />
<strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> luxo com esse novo<br />
consumidor, o comportamento é o<br />
mesmo: “Eu quero e quero agora”. Nós<br />
precisamos <strong>de</strong>ssa nova classe média<br />
que está li<strong>de</strong>rando o consumo no<br />
país, e ela precisa ser educada para o<br />
consumo aspiracional. O Brasil inteiro<br />
precisa <strong>de</strong>spertar como um país <strong>de</strong><br />
consumo verda<strong>de</strong>iro, não apenas São<br />
Paulo. Acredito que nos próximos anos<br />
veremos mudanças importantes no<br />
Brasil nesse sentido. O surgimento <strong>de</strong><br />
uma nova classe consumidora trouxe<br />
ao mercado <strong>de</strong> luxo um novo cliente,<br />
aquele que tem acesso às mesmas<br />
categorias <strong>de</strong> produtos diferenciados,<br />
mas que traz em sua bagagem outras<br />
referências estéticas, comuns aos<br />
emergentes que representam mais da<br />
meta<strong>de</strong> do consumo nacional dos dias<br />
atuais. O impacto <strong>de</strong> uma nova classe<br />
<strong>de</strong>mocratizando o consumo diferenciado.<br />
A chamada nova classe média<br />
consome 13 vezes mais que a elite e já<br />
representa 50% dos consumidores <strong>de</strong><br />
produtos e serviços <strong>de</strong> luxo.<br />
A <strong>de</strong>mocratização do consumo leva as<br />
pessoas a consumirem mais produtos<br />
<strong>de</strong> luxo. O uso do crédito no Brasil é<br />
um dos maiores no mundo, tanto que<br />
muitas marcas tiveram que se adaptar<br />
a esse novo hábito <strong>de</strong> consumo no<br />
Brasil e disponibilizam a oportunida<strong>de</strong><br />
DivulGação MCF<br />
da compra parcelada. A Armani é<br />
um exemplo disso. O Brasil é o único<br />
país, em seus 46 países <strong>de</strong> atuação, no<br />
qual a grife italiana permite que seus<br />
clientes parcelem suas compras. É o<br />
impacto <strong>de</strong> uma nova classe <strong>de</strong>mocratizando<br />
o consumo diferenciado.<br />
Quais as tendências para o setor no país?<br />
Ferreirinha O Brasil será favorecido por<br />
uma série <strong>de</strong> fatores que impactarão<br />
<strong>de</strong> forma muito positiva o contínuo<br />
crescimento da ativida<strong>de</strong> do luxo no<br />
país. Entre elas, expansão geográfica,<br />
velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inclusão social, surgimento<br />
<strong>de</strong> novas classes sociais, processo<br />
acelerado <strong>de</strong> enriquecimento,<br />
migração entre classes sociais, bônus<br />
<strong>de</strong>mográfico, fortalecimento da classe<br />
média, aceleração da sofisticação dos<br />
hábitos e padrões <strong>de</strong> consumo dos brasileiros.<br />
Novos centros comerciais <strong>de</strong><br />
varejo <strong>de</strong> luxo serão criados e às vezes<br />
até mesmo reinventados. Cartões <strong>de</strong><br />
crédito com seus produtos focados no<br />
aspiracional e alta renda encontram<br />
o melhor momento da história na região.<br />
Hotelaria e principalmente hotelaria<br />
butique e <strong>de</strong> experiências passam<br />
a ser um novo <strong>de</strong>stino no mundo.<br />
A alta gastronomia supera as expectativas<br />
e cresce a ritmo vigoroso não<br />
só no Brasil como na América Latina.<br />
Bancos <strong>de</strong> forma geral querem tratar<br />
<strong>de</strong> forma diferenciada seus clientes<br />
<strong>de</strong> alta renda e muitos já <strong>de</strong>senham<br />
inclusive áreas <strong>de</strong>stinadas somente<br />
com esse objetivo. Isso sem falar do<br />
consumo <strong>de</strong> carros Premium, que tem<br />
na América Latina um dos melhores<br />
crescimentos do mundo.<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> 37
38<br />
E<br />
ntida<strong>de</strong><br />
Lixo<br />
no lugar certo<br />
Campanha da <strong>Fecomércio</strong>-RS garante a <strong>de</strong>stinação a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> equipamentos<br />
<strong>de</strong> informática e telefonia pós-consumo. Municípios gaúchos apoiam a iniciativa,<br />
disponibilizando postos <strong>de</strong> coleta<br />
Até<br />
30 <strong>de</strong> <strong>setembro</strong>, o Sistema<br />
<strong>Fecomércio</strong>-RS promove a Campanha<br />
<strong>de</strong> Recolhimento <strong>de</strong> Equipamentos <strong>de</strong><br />
Informática e Telefonia Pós-Consumo.<br />
Elaborada com o propósito <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r<br />
às necessida<strong>de</strong>s legais, a campanha<br />
também está atenta ao meio ambiente.<br />
O projeto busca a mobilização do setor<br />
terciário e conscientização <strong>de</strong> cidadãos<br />
e empresas sobre a importância da <strong>de</strong>stinação<br />
correta <strong>de</strong> equipamentos eletrônicos.<br />
A iniciativa é uma parceria entre<br />
o Sistema <strong>Fecomércio</strong> com prefeituras<br />
municipais e empresas <strong>de</strong> transporte e<br />
reciclagem <strong>de</strong> resíduos.<br />
Os pontos <strong>de</strong> coleta são i<strong>de</strong>ntificados<br />
com o logotipo da campanha e recebem<br />
materiais como CPUs completas, monitores,<br />
teclados, mouse, impressoras,<br />
notebooks, estabilizadores, no-breaks,<br />
telefones celulares e suas baterias, carregadores,<br />
telefones sem fio, cabos, terminais,<br />
centrais telefônicas, placas <strong>de</strong><br />
re<strong>de</strong>, placa mãe, <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o, som ou sax,<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
mo<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>codificador. Também estão<br />
previstas coletas especiais em empresas<br />
e entida<strong>de</strong>s, por meio do preenchimento<br />
do formulário <strong>de</strong> solicitação <strong>de</strong> coleta,<br />
que <strong>de</strong>ve ser encaminhado com 48 horas<br />
<strong>de</strong> antecedência para o e-mail coleta@<br />
tra<strong>de</strong>recycle.com.br.<br />
Muitas cida<strong>de</strong>s já encerram suas<br />
coletas: Alegrete, Alvorada, Cachoeira<br />
do Sul, Camaquã, Canela, Canguçu,<br />
Caxias do Sul, Cerro Largo, Erechim,<br />
Erval Gran<strong>de</strong>, Fre<strong>de</strong>rico Westphalen,<br />
Getúlio Vargas, Gramado, Horizontina,<br />
Ijuí, Jaguarão, Osório, Passo Fundo, Pelotas,<br />
Santa Maria, Santana do Livramento,<br />
Santo Ângelo, São Gabriel, São<br />
Luiz Gonzaga, São Sebastião do Caí, São<br />
Sepé, Severiano <strong>de</strong> Almeida, Tramandaí,<br />
Três <strong>de</strong> Maio, Três Passos e Viamão.<br />
Outros 22 municípios ainda estão recebendo<br />
equipamentos eletrônicos fora <strong>de</strong><br />
uso (quadro). Mais informações po<strong>de</strong>m<br />
ser obtidas em www.fecomercio-rs.org.br/<br />
campanhasustentabilida<strong>de</strong>.<br />
Campanha<br />
Bagé até 30/09<br />
Bento Gonçalves até 24/09<br />
Cachoeirinha até 30/09<br />
Carazinho até 30/09<br />
Cruz Alta até 30/09<br />
Farroupilha até 10/09<br />
Glorinha até 30/09<br />
Gravataí até 30/09<br />
Itaqui até 30/09<br />
Lajeado até 10/09<br />
Montenegro até 27/09<br />
Novo Hamburgo até 30/09<br />
Palmeira das Missões até 10/09<br />
Porto Alegre até 30/09<br />
Rio Gran<strong>de</strong> até 15/09<br />
Santa Cruz do Sul até 04/09<br />
Santa Rosa até 17/09<br />
São Borja até 30/09<br />
São Leopoldo até 03/09<br />
Sobradinho até 28/09<br />
Uruguaiana até 16/09<br />
Venâncio Aires até 30/09
P<br />
ersonalida<strong>de</strong><br />
guru dOs<br />
negócios brasileiros<br />
Vicente Falconi firmou seus conceitos e métodos <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança perante gran<strong>de</strong>s empresas <strong>de</strong><br />
primeira linha no Brasil, ajudando a impulsioná-las frente ao mercado mundial.<br />
Saiba mais sobre um dos brasileiros mais reverenciados quando o assunto é gestão<br />
Ocarioca Vicente Falconi é uma<br />
figura conhecida no meio empresarial<br />
brasileiro. Em sua trajetória <strong>de</strong> 30 anos<br />
<strong>de</strong> carreira, angariou o título <strong>de</strong> guru<br />
dos negócios. Seu trabalho, realizado<br />
em diversas gran<strong>de</strong>s companhias no<br />
Brasil, conquistou espaço, modificou<br />
sistemáticas e fez com que o consultor<br />
se tornasse, assim, um dos mais influentes<br />
especialistas no país em gestão.<br />
As diretrizes <strong>de</strong> Falconi otimizaram o<br />
rendimento <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> porte como<br />
a Ambev e Gerdau, que requereram seu<br />
conhecimento. Agraciado pela American<br />
Society for Quality como Uma das<br />
21 vozes do Século 21, foi também con<strong>de</strong>corado<br />
com a prestigiosa Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Rio<br />
Branco pelo governo brasileiro.<br />
Falconi é formado em engenharia<br />
pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas<br />
Gerais (UFMG) e sócio-fundador e consultor<br />
do Instituto <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />
Gerencial (INDG). Autor <strong>de</strong> sete livros<br />
que alcançaram mais <strong>de</strong> 1 milhão <strong>de</strong><br />
exemplares vendidos no Brasil, registrando<br />
um recor<strong>de</strong> para as referências<br />
<strong>de</strong>sse mercado, expõe em suas publica-<br />
ções conceitos estratégicos <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança.<br />
Em seu mais recente trabalho, lançado<br />
em 2009, <strong>de</strong>signado O Verda<strong>de</strong>iro Po<strong>de</strong>r,<br />
o consultor traz múltiplos princípios que<br />
o norteiam, entre eles, a questão <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança.<br />
Para o autor, “li<strong>de</strong>rar é bater metas<br />
consistentemente”. A principal missão<br />
<strong>de</strong> um executivo é saber estabelecer<br />
<strong>de</strong>sígnios e cobrá-los sistematicamente<br />
até atingi-los. Outro ponto é a criação<br />
<strong>de</strong> uma cultura <strong>de</strong> enfrentamento, em<br />
que salienta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> combater<br />
a falta <strong>de</strong> execução, e que dê origem a<br />
uma cultura <strong>de</strong> enfrentamento, mote<br />
em que se po<strong>de</strong> inserir a sigla PDCA,<br />
que na tradução em português significa:<br />
planeje, execute, confira e corrija.<br />
Outro item fundamental tratado<br />
pelo consultor é o fato <strong>de</strong> gostar do que<br />
faz. Para se conquistar o sucesso tão almejado<br />
é preciso amar o que se faz. Segundo<br />
Falconi, quando as pessoas não<br />
apreciam as tarefas a elas <strong>de</strong>signadas,<br />
ten<strong>de</strong>m a livrar-se <strong>de</strong>las o mais rápido<br />
possível. Por isso, a empresa <strong>de</strong>ve ou<br />
proporcionar a esses colaboradores uma<br />
chance <strong>de</strong> encontrar uma ocupação que<br />
eles gostem <strong>de</strong> fazer em outro setor da<br />
companhia, ou mandá-los embora.<br />
O prestígio alcançado passa pela<br />
confiança <strong>de</strong> nomes como Jorge Paulo<br />
Lemann, Jorge Gerdau e Pedro Moreira<br />
Salles, gran<strong>de</strong>s empresários que <strong>de</strong>positaram<br />
confiança na astúcia <strong>de</strong> Falconi.<br />
Em seu currículo, agrega a participação<br />
no conselho da Ambev, que em 2003 já<br />
se configurava como a cervejaria com<br />
custos mais baixos do mundo.<br />
Ruy Hizatugu/divulgação<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> 39
Xyco SeAbrA/DivulgAção SeSc/rS<br />
40<br />
S<br />
esc<br />
Compromisso<br />
com a qualida<strong>de</strong> e o comerciário<br />
Exemplo <strong>de</strong> gestão e foco no atendimento ao comerciário gaúcho, o Sesc-RS celebra<br />
65 anos com uma história recheada <strong>de</strong> conquistas, marcando presença em todo o<br />
Estado e garantindo o acesso a cultura, esporte, lazer e saú<strong>de</strong><br />
Ao<br />
celebrar 65 anos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>,<br />
o Sesc-RS cresce junto aos<br />
comerciários gaúchos por meio <strong>de</strong> três<br />
gran<strong>de</strong>s vertentes: o foco, a responsabilida<strong>de</strong><br />
social e a abrangência. Presente<br />
em 472 municípios no Estado, a entida-<br />
Projetos culturais envolvendo teatro, música e dança são o foco do Arte Sesc<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
<strong>de</strong> tem como meta até 2012 estar nas<br />
496 cida<strong>de</strong>s gaúchas.<br />
Des<strong>de</strong> sua criação, em 13 <strong>de</strong> <strong>setembro</strong><br />
<strong>de</strong> 1946, o Sesc já realizou mais <strong>de</strong><br />
700 milhões <strong>de</strong> atendimentos em todo<br />
o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, sendo 78 milhões<br />
apenas em 2010. Importante agente <strong>de</strong><br />
inclusão social e um dos principais braços<br />
do Sistema <strong>Fecomércio</strong>-RS, o Sesc<br />
tem como missão promover a qualida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> vida dos trabalhadores do comércio<br />
<strong>de</strong> bens e serviços e da comunida<strong>de</strong>,<br />
com ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, educação, cultura,<br />
esporte e lazer.<br />
De acordo com o diretor regional<br />
da entida<strong>de</strong>, Everton Dalla Vecchia,<br />
o Sesc tem, cada vez mais, fortalecido<br />
sua missão <strong>de</strong> levar ao trabalhador<br />
do comércio mais qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida,<br />
“oportunizando momentos que fazem<br />
a diferença”. Tal feito po<strong>de</strong> ser conferido<br />
através dos projetos realizados pelo<br />
Sesc, como o Estação Verão, o Sorrindo<br />
para o Futuro e o Mesa Brasil (confira<br />
mais projetos no quadro da página ao<br />
lado). “Fazemos isso qualificando nosso<br />
serviço e ampliando o número <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s<br />
Operacionais e balcões em todo<br />
o Estado”, revela.
ecografia é um dos exames oferecidos pela<br />
unida<strong>de</strong> Sesc <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Preventiva<br />
Segundo Dalla Vecchia, um dos<br />
pontos fortes do Sesc é a gestão focada<br />
na qualida<strong>de</strong>. Não é à toa que a entida<strong>de</strong><br />
já recebeu troféus <strong>de</strong> bronze, prata<br />
e ouro do Programa Gaúcho da Qualida<strong>de</strong><br />
e Produtivida<strong>de</strong> (PGQP). “Essa<br />
cultura é disseminada em todas as unida<strong>de</strong>s.<br />
O Sistema <strong>Fecomércio</strong>-RS preza<br />
sempre pela qualida<strong>de</strong>”, <strong>de</strong>staca.<br />
Além disso, mais do que reunir ativida<strong>de</strong>s<br />
voltadas para o trabalhador do<br />
comércio, o Sesc garante o acesso a milhares<br />
<strong>de</strong> gaúchos mesmo em municípios<br />
em que ainda não conta com uma Unida<strong>de</strong><br />
Operacional. “Há muita <strong>de</strong>manda<br />
em diversos municípios, mas é importante<br />
salientar que a Unida<strong>de</strong> Operacional<br />
serve <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> apoio, pois gran<strong>de</strong><br />
parte das ativida<strong>de</strong>s é feita em ambiente<br />
externo junto a parceiros. Não contar<br />
com uma estrutura física não é um impeditivo”,<br />
garante Dalla Vecchia.<br />
Até o final <strong>de</strong> <strong>2011</strong>, o Sesc <strong>de</strong>ve ganhar<br />
novas unida<strong>de</strong>s em Cachoeirinha,<br />
na região metropolitana <strong>de</strong> Porto Alegre,<br />
e outra no Centro Histórico da Capital.<br />
Para o ano que vem, Chuí e Viamão<br />
ganharão suas Unida<strong>de</strong>s Operacionais,<br />
além <strong>de</strong> Canoas, prevista para 2013.<br />
DivulgAção SeSc-rS<br />
Foco na qualida<strong>de</strong><br />
Confira alguns números e projetos do Sesc-RS:<br />
39 Unida<strong>de</strong>s Operacionais<br />
21 Balcões <strong>de</strong> atendimento<br />
700 milhões <strong>de</strong> atendimentos – sendo 241,66 mil no 1º semestre <strong>de</strong> <strong>2011</strong><br />
Estação Verão: <strong>de</strong>senvolvido em nove praias gaúchas<br />
Circuito Verão Sesc <strong>de</strong> Esportes: envolve mais <strong>de</strong> 80 cida<strong>de</strong>s e acontece no verão<br />
Bibliotecas: a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> bibliotecas, fixas e móveis, oferece mais <strong>de</strong> 105 mil obras<br />
Brincando nas Férias: projeto <strong>de</strong> recreação com cunho educativo, <strong>de</strong>senvolvido nos<br />
meses <strong>de</strong> férias escolares em <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s gaúchas<br />
Dia do Desafio: acontece no final <strong>de</strong> maio e procura combater o se<strong>de</strong>ntarismo.<br />
Em <strong>2011</strong>, mais <strong>de</strong> 3,7 milhões <strong>de</strong> pessoas participaram do Dia do Desafio no RS<br />
Olimpíadas Comerciárias: ao longo do 2º semestre, acontecem competições municipais<br />
e regionais, culminando com a final estadual, no mês <strong>de</strong> novembro, em Porto Alegre<br />
Dia do Comerciário: em outubro, o Sesc <strong>de</strong>senvolve ativida<strong>de</strong>s artístico-culturais, que<br />
visam a fortalecer a relação com os trabalhadores do comércio <strong>de</strong> bens e <strong>de</strong> serviços<br />
Circuito Nacional Sesc Triathlon: etapa gaúcha reúne, em <strong>de</strong>zembro, atletas renomados<br />
do triathlon nacional<br />
Circuito Sesc <strong>de</strong> Minimaratona: ao longo do ano acontecem as etapas regionais, sendo a<br />
final estadual no começo <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, em Porto Alegre<br />
Maturida<strong>de</strong> Ativa: atualmente, são 45 Clubes Sesc da Maturida<strong>de</strong> Ativa no RS<br />
Mesa Brasil: programa <strong>de</strong> combate ao <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> alimentos que atua na forma <strong>de</strong><br />
colheita urbana e <strong>de</strong>senvolve ações educativas junto a instituições sociais<br />
Sorrindo para o Futuro: vencedor da categoria Destaque em Responsabilida<strong>de</strong> Social<br />
do Top <strong>de</strong> Marketing ADVB 2005, o projeto é o maior programa privado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
bucal preventiva no RS<br />
Arte Sesc: realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s culturais (artes visuais, cênicas e música) em<br />
centenas <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s gaúchas<br />
Turismo Social: é a mais antiga ativida<strong>de</strong> do Sesc. Des<strong>de</strong> 1946 oportuniza aos<br />
trabalhadores do comércio <strong>de</strong> bens e <strong>de</strong> serviços o acesso a momentos <strong>de</strong> lazer<br />
Saú<strong>de</strong> Sesc: reúne um conjunto <strong>de</strong> ações já <strong>de</strong>senvolvidas pela entida<strong>de</strong> em centenas<br />
<strong>de</strong> municípios gaúchos, e tem como <strong>de</strong>staques Mostra Casa da Saú<strong>de</strong> Sesc, Unida<strong>de</strong><br />
Sesc <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Preventiva e quatro Unida<strong>de</strong>s Móveis OdontoSesc<br />
Sesquinho: o Sesc conta com 15 Escolas <strong>de</strong> Educação Infantil em todo Estado<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> 41
42<br />
S<br />
enac<br />
OpOrtunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> qualificação para o mercado<br />
Senac-RS comemora 65 anos aproveitando o bom momento do cenário<br />
profissional brasileiro, que tem alta <strong>de</strong>manda por profissionais capacitados.<br />
Cursos técnicos na modalida<strong>de</strong> EAD estão em <strong>de</strong>staque<br />
Aqualificação profissional é um<br />
importante fator para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> um país. O Brasil vive um momento<br />
positivo no cenário econômico, em que<br />
o mercado <strong>de</strong> trabalho oferece boas va-<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
gas para quem tem vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescer e<br />
se <strong>de</strong>stacar. Contudo, para aproveitar as<br />
oportunida<strong>de</strong>s, é preciso estar preparado.<br />
É na constante busca <strong>de</strong>sse objetivo<br />
que o Senac-RS celebra 65 anos<br />
Jéssica Amaral, Daniela Melo e Renata Araújo são alunas do Senac e representarão o Brasil na etapa<br />
final do WorldSkills, na capital inglesa<br />
SinARA OliveiRA/DivulgAçãO SenAc/RS<br />
e orgulha-se dos mais <strong>de</strong> 6 milhões <strong>de</strong><br />
gaúchos capacitados nesse período. “E<br />
agora, mais do que nunca, o país cresce<br />
e se <strong>de</strong>senvolve, e a educação profissional<br />
ocupa um papel relevante, pois<br />
oportuniza capacitar mais pessoas em<br />
menos tempo”, avalia o diretor regional<br />
do Senac-RS, José Paulo da Rosa.<br />
Ele afirma que há muitas conquistas a<br />
<strong>de</strong>stacar, mas a valorização da educação<br />
profissional é o fator que continua<br />
a evi<strong>de</strong>nciar o trabalho <strong>de</strong>senvolvido<br />
pela entida<strong>de</strong>.<br />
Em <strong>2011</strong>, o Senac lançou, em<br />
âmbito nacional, o programa Senac<br />
na Copa, que visa à capacitação <strong>de</strong><br />
mais <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong> brasileiros até<br />
o mundial <strong>de</strong> 2014, com um investimento<br />
<strong>de</strong> R$ 230 milhões somente no<br />
Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. “Eventos especiais,<br />
como a Copa do Mundo, <strong>de</strong>stacam a<br />
importância <strong>de</strong> profissionais qualificados<br />
no comércio <strong>de</strong> bens, serviços e turismo,
que é o segmento <strong>de</strong> atuação do Senac”,<br />
aponta o diretor, reforçando a expectativa<br />
<strong>de</strong> preparar 230 mil pessoas para o<br />
evento, meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma gratuita. Entre<br />
os cursos <strong>de</strong> formação e aperfeiçoamento,<br />
capacitação, técnicos, graduação e<br />
pós-graduação, o Senac oferece oportunida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> educação profissional nas<br />
áreas <strong>de</strong> administração, moda, turismo,<br />
hotelaria, idiomas, tecnologia da informação,<br />
<strong>de</strong>sign e muitos outros.<br />
Em <strong>2011</strong>, há diversos cursos em<br />
andamento, mas o <strong>de</strong>staque fica por<br />
conta da oferta ampliada <strong>de</strong> cursos<br />
técnicos, em especial os recentemente<br />
autorizados pelo Conselho Estadual <strong>de</strong><br />
Educação (CEED-RS) na modalida<strong>de</strong><br />
Ensino a Distância (EAD), que se iniciam<br />
neste mês <strong>de</strong> <strong>setembro</strong>. “O nível<br />
técnico tem se revestido <strong>de</strong> importância<br />
porque é um nível fundamental para o<br />
crescimento econômico e para a inserção<br />
das pessoas no mundo do trabalho.<br />
E o Senac tem ampliado sobremaneira<br />
a oferta <strong>de</strong>sses cursos, inclusive na modalida<strong>de</strong><br />
EAD, valendo-se dos recursos<br />
<strong>de</strong> Tecnologia da Informação, que hoje<br />
estão muito mais avançados”, salienta<br />
José Paulo da Rosa.<br />
Formatura do Programa Senac gratuida<strong>de</strong>, no ginásio Tesourinha, em Porto Alegre<br />
capacitação em dia<br />
Confira algumas conquistas recentes do Senac-RS<br />
WorldSkills<br />
Competição mundial <strong>de</strong> educação profissional, cuja final ocorre em outubro, em Londres.<br />
Jéssica Amaral, Daniela Melo e Renata Araújo são alunas do Senac-RS e garantiram a vaga<br />
brasileira na competição. A oportunida<strong>de</strong> é resultado da Olimpíada do Conhecimento,<br />
consi<strong>de</strong>rada a maior competição <strong>de</strong> educação profissional das Américas. É realizada pelo<br />
Senai a cada dois anos, incentivando o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> competências e promovendo<br />
a educação profissional em todo o Brasil.<br />
Programa Senac <strong>de</strong> Gratuida<strong>de</strong> (PSG)<br />
Divi<strong>de</strong>-se em cursos <strong>de</strong> Aprendizagem, Capacitação e Técnicos, oferecidos <strong>de</strong> forma gratuita<br />
à população <strong>de</strong> baixa renda. Em <strong>2011</strong>, a previsão é <strong>de</strong> capacitar mais <strong>de</strong> 21 mil pessoas.<br />
Em seu primeiro ano <strong>de</strong> existência (2009), foram capacitadas mais <strong>de</strong> 45 mil pessoas,<br />
gratuitamente, com 94% <strong>de</strong> satisfação dos alunos. No ano passado, o PSG ofereceu<br />
cerca <strong>de</strong> 40 cursos diferentes no Estado, nas áreas <strong>de</strong> beleza, moda, gestão e comércio,<br />
informática, saú<strong>de</strong>, turismo e hotelaria e infraestrutura.<br />
Programa Nacional <strong>de</strong> Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec)<br />
Acordo firmado entre o Governo Fe<strong>de</strong>ral e o Sistema S (Senac e Senai), que tem por<br />
objetivo a inclusão social, qualifica o ensino médio e profissionais atuantes no mercado<br />
ou <strong>de</strong>sempregados. Voltado a estudantes do ensino médio da re<strong>de</strong> pública (jovens e<br />
adultos) e beneficiários <strong>de</strong> Seguro Desemprego, oferece as modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> curso técnico<br />
(mínimo <strong>de</strong> 800 horas-aula) e Formação Inicial e Continuada (FIC) (mínimo <strong>de</strong> 160<br />
horas-aula). Os recursos do programa virão do Ministério da Educação, do Fundo <strong>de</strong><br />
Amparo ao Trabalhador (FAT) e do Banco Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Econômico<br />
e Social (BNDES). Este ano, serão ofertados somente cursos FIC, com a expectativa <strong>de</strong><br />
aten<strong>de</strong>r 100 mil alunos. Em 2012, começam as ser ofertados cursos técnicos.<br />
JOãO AlveS/DivulgAçãO SenAc-RS<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> 43
44<br />
E<br />
ducação<br />
Formando<br />
empreen<strong>de</strong>dores<br />
Atentas à movimentação do mercado profissional, as universida<strong>de</strong>s vêm reformulando<br />
seus currículos e investindo em projetos <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dorismo. A i<strong>de</strong>ia é formar jovens<br />
dispostos a ir além do tradicional emprego<br />
Formar excelentes profissionais é<br />
uma das principais missões <strong>de</strong> instituições<br />
acadêmicas. E durante muitos anos, o<br />
<strong>de</strong>stino pós-formatura resumia-se, essencialmente,<br />
a duas opções: atuar como<br />
funcionário em uma empresa privada<br />
ou como servidor público. Atualmente,<br />
o empreen<strong>de</strong>dorismo também é uma<br />
possibilida<strong>de</strong> e, em muitos casos, até<br />
preferência. Para crescer, o país precisa<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong><br />
<strong>de</strong> pessoas dispostas a inovar, a investir<br />
suas forças em projetos novos. As faculda<strong>de</strong>s<br />
já estão <strong>de</strong>senvolvendo alunos<br />
com esse pensamento.<br />
Nas universida<strong>de</strong>s, o estímulo acontece<br />
tanto por meio do currículo dos<br />
cursos <strong>de</strong> graduação e pós-graduação<br />
como através <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s extracurriculares.<br />
A ESPM Sul, por exemplo, conta<br />
com a Empresa Júnior, formada e geri-<br />
Empresa Jr. da ESPM Sul <strong>de</strong>senvolve profissionais com capacida<strong>de</strong>s gerenciais<br />
RodRigo CaStilhoS/divulgação ESPM Sul<br />
da pelos alunos da faculda<strong>de</strong>. Lucianne<br />
Canto, presi<strong>de</strong>nte da Empresa Jr. e aluna<br />
da instituição, explica que a iniciativa é<br />
aberta a todos os alunos da ESPM Sul.<br />
“A empresa funciona como qualquer<br />
empreendimento, inclusive visando ao<br />
lucro.” O trabalho <strong>de</strong>senvolvido por lá<br />
está diretamente relacionado aos cursos<br />
da faculda<strong>de</strong>. “Nosso foco é em marketing,<br />
planejamento e pesquisa.”<br />
O trabalho é voluntário e toda a renda<br />
gerada pela empresa é reinvestida na<br />
própria iniciativa, que conta ainda com<br />
o forte apoio da faculda<strong>de</strong>. Lucianne<br />
explica que os estudantes buscam não o<br />
retorno financeiro, e sim o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> competências para que possam<br />
se <strong>de</strong>stacar ainda mais no mercado. Todo<br />
o funcionamento do negócio ocorre tradicionalmente<br />
e os ‘funcionários’ passam<br />
por processos <strong>de</strong> seleção semestralmente.<br />
“Des<strong>de</strong> o 1º semestre da faculda<strong>de</strong>.” Os<br />
cargos são divididos entre consultores e<br />
diretores e ambos entram na empresa por<br />
meio <strong>de</strong> processo <strong>de</strong> seleção.
Ir além<br />
A Feevale, <strong>de</strong> Novo Hamburgo,<br />
forma, acima <strong>de</strong> tudo, empreen<strong>de</strong>dores.<br />
“Temos a consciência <strong>de</strong> que, em<br />
geral, as pessoas não nascem empreen<strong>de</strong>doras,<br />
por isso <strong>de</strong>vemos trabalhar o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> competências para<br />
garantir, inclusive, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
da região”, comenta Cíntia Carvalho,<br />
professora <strong>de</strong> Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Comunicação.<br />
Para incentivar os alunos e mostrar<br />
que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a iniciativa individual, a<br />
Feevale é parceira em diferentes projetos,<br />
inclusive na área <strong>de</strong> pesquisa.<br />
Os cursos <strong>de</strong> comunicação da universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Novo Hamburgo têm a disciplina<br />
Estágio I, que propõe aos alunos<br />
<strong>de</strong>senvolver uma empresa ou produto.<br />
Cíntia é uma das professoras da disciplina<br />
e conta que a finalida<strong>de</strong> é a aplicação da<br />
teoria <strong>de</strong> forma integrada. “Estimulamos<br />
o empreen<strong>de</strong>dorismo por meio da criação<br />
<strong>de</strong> um produto ou serviço inovador.” Os<br />
próprios alunos <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m em qual i<strong>de</strong>ia<br />
trabalhar; no entanto, a proposta <strong>de</strong>ve<br />
ter um diferencial. “Queremos que nos-<br />
sos estudantes saiam da esfera da empregabilida<strong>de</strong>,<br />
que comecem a pensar e agir<br />
<strong>de</strong> forma empreen<strong>de</strong>dora.”<br />
Karina Fensterseifer é aluna <strong>de</strong> Relações<br />
Públicas e participou da disciplina.<br />
Ao lado dos colegas, <strong>de</strong>senvolveu o projeto<br />
Gaucheria. “Propusemos a repaginação<br />
dos produtos típicos gaúchos, apostando<br />
em <strong>de</strong>sign e moda.” A iniciativa<br />
foi <strong>de</strong>staque em outros espaços da universida<strong>de</strong>,<br />
chegando até a incubadora<br />
da Feevale. “Estudamos a viabilida<strong>de</strong>, e<br />
o Gaucheria era realmente bom, mas em<br />
função <strong>de</strong> todos termos outros projetos<br />
a professora Cíntia, da Feevale, incentiva o<br />
pensamento inovador em seus alunos<br />
lúCia SiMon<br />
lEonaRdo SoaRES da RoSa/divulgação FEEvalE<br />
pessoais não conseguimos levar adiante.”<br />
Apesar <strong>de</strong> não ter saído do papel, a<br />
proposta <strong>de</strong>spertou novas possibilida<strong>de</strong>s<br />
no horizonte <strong>de</strong> Karina. “A rotina acadêmica<br />
não tem como não inspirar novos<br />
projetos para <strong>de</strong>pois da faculda<strong>de</strong>, pois<br />
durante a graduação entramos em contato<br />
com diferentes i<strong>de</strong>ias, professores e<br />
colegas, que nos apresentam novas perspectivas,<br />
atiçando nossa criativida<strong>de</strong> e<br />
espírito empreen<strong>de</strong>dor.”<br />
Na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Caxias do Sul<br />
(UCS) nasceu, em 2000, o primeiro<br />
projeto <strong>de</strong> formação empreen<strong>de</strong>dora.<br />
A iniciativa surgiu no curso <strong>de</strong> Ciência<br />
da Computação, a partir da primeira disciplina<br />
voltada para o assunto, conforme<br />
Maurício Galimberti, coor<strong>de</strong>nador do<br />
Núcleo <strong>de</strong> Empreen<strong>de</strong>dorismo, Tecnologia<br />
e Inovação (Net Inovação), da Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Caxias do Sul. “Acreditamos<br />
que não se formam empresários em uma<br />
única disciplina, por isso criamos o projeto.”<br />
Para <strong>de</strong>senvolver o núcleo, o professor<br />
Galimberti conheceu iniciativas <strong>de</strong><br />
outras faculda<strong>de</strong>s pelo país e elaborou um<br />
programa voltado especificamente para o<br />
público da UCS. “Fomos criando fôlego<br />
e outros cursos da área <strong>de</strong> TI se interessaram.<br />
Em 2005, 11 cursos já faziam parte.”<br />
O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> funcionamento do Net<br />
Inovação é dividido em sete categorias,<br />
voltadas para estudantes e para aproximação<br />
com o mercado. “Queremos que<br />
os alunos apostem em suas i<strong>de</strong>ias, criem<br />
suas empresas e gerem lucro para reinvestir<br />
no projeto. Esse é, na verda<strong>de</strong>, nosso<br />
maior <strong>de</strong>safio.” Galimberti <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que<br />
empreen<strong>de</strong>dorismo e inovação são essenciais<br />
para o sucesso profissional. “E mais<br />
do que isso: para o <strong>de</strong>senvolvimento e<br />
sustentabilida<strong>de</strong> da região.”<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> 45
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> Visão Tributária<br />
46<br />
A<br />
Lúcia Simon<br />
Rafael Pandolfo<br />
Consultor tributário da <strong>Fecomércio</strong>-RS<br />
“Como bem pon<strong>de</strong>rava São Gregório Magno, não é aos saltos que se<br />
sobe uma montanha, mas a passos lentos.”<br />
s mudanças da MP 540/11<br />
Muitas das reformas necessárias ao or<strong>de</strong>namento<br />
tributário brasileiro dispensam alteração<br />
da Constituição e, até mesmo, a aprovação <strong>de</strong><br />
leis. Depen<strong>de</strong>m, apenas, <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> política e<br />
coragem para mudar estruturas incompatíveis<br />
com as necessida<strong>de</strong>s do momento por que passa<br />
nossa socieda<strong>de</strong>. A MP 540/11 é a maior<br />
prova disso. Editada pelo Po<strong>de</strong>r Executivo, inseriu<br />
profundas modificações em regimes tributários<br />
cristalizados pelo tempo, que po<strong>de</strong>m ser<br />
resumidas da seguinte forma:<br />
I – Institui uma espécie <strong>de</strong> crédito fe<strong>de</strong>ral<br />
<strong>de</strong> exportação que, equivalente a até 3% das<br />
receitas <strong>de</strong> exportação, po<strong>de</strong>rá ser compensado<br />
com outros tributos fe<strong>de</strong>rais ou ressarcido;<br />
II – prevê a redução da alíquota do IPI para<br />
a indústria automotiva, benefício atrelado a<br />
projetos <strong>de</strong> inovação tecnológica, a níveis <strong>de</strong><br />
investimento e a nacionalização da produção;<br />
III – Possibilita a <strong>de</strong>dução, da base <strong>de</strong> cálculo<br />
do IRPJ e da CSLL, <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas com projetos<br />
<strong>de</strong> pesquisa científica e inovação tecnológica<br />
realizados por <strong>de</strong>terminadas pessoas jurídicas,<br />
observados alguns requisitos;<br />
IV – Aumenta a alíquota <strong>de</strong> IPI do cigarro<br />
para 300%;<br />
V – Reduz, <strong>de</strong> forma gradativa, o prazo<br />
para apropriação das contribuições para o<br />
Pis/Cofins, em relação à aquisição <strong>de</strong> máquinas<br />
e equipamentos <strong>de</strong>stinados à produção<br />
<strong>de</strong> bens e/ou prestação <strong>de</strong> serviços, autorizando<br />
a apropriação integral a partir <strong>de</strong> julho<br />
<strong>de</strong> 2012;<br />
VI – Substitui a contribuição patronal<br />
para o INSS (20%) das empresas <strong>de</strong> tecnologia<br />
e das indústrias <strong>de</strong> móveis, calçados e<br />
vestuário, pela tributação <strong>de</strong> 2,5% e 1,5%,<br />
respectivamente, das suas receitas brutas;<br />
VII – Aumenta em 1,5% a alíquota do Pis/<br />
Cofins para a importação dos produtos que<br />
também são produzidos pelas empresas <strong>de</strong><br />
tecnologia e indústrias há pouco referidas;<br />
VIII – Prevê estímulos para empresas<br />
que investem em pesquisa científica e<br />
inovação tecnológica. As alterações beneficiam,<br />
prepon<strong>de</strong>rantemente, os exportadores,<br />
protegendo a indústria nacional.<br />
É verda<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>riam ser mais benevolentes<br />
com outros segmentos da economia<br />
(comércio e a prestação <strong>de</strong> serviço),<br />
omissão que não apaga o avanço representado<br />
pelas modificações. Aliás, como bem<br />
pon<strong>de</strong>rava São Gregório Magno, não é aos<br />
saltos que se sobe uma montanha, mas a<br />
passos lentos. Estamos adiante. Aguar<strong>de</strong>mos<br />
os próximos passos.
G<br />
lossário<br />
MargeM<br />
<strong>de</strong> contribuição<br />
Calcular corretamente a margem <strong>de</strong> contribuição é essencial para pagar os custos<br />
fixos da empresa e chegar ao lucro. O índice po<strong>de</strong> ser elaborado consi<strong>de</strong>rando todo<br />
o negócio ou os produtos individualmente<br />
Um dos cálculos frequentes na<br />
rotina das empresas é a margem <strong>de</strong> contribuição.<br />
Segundo Paulo Sallin, consultor<br />
<strong>de</strong> empresas, o índice po<strong>de</strong> ser obtido<br />
consi<strong>de</strong>rando todo o negócio, produto<br />
a produto, ou ainda linhas <strong>de</strong> produtos.<br />
“O empresário confun<strong>de</strong> margem bruta,<br />
margem <strong>de</strong> contribuição e margem líquida.<br />
Para ele, margem líquida é o lucro da<br />
gôndola ou <strong>de</strong> toda a empresa.”<br />
Margem <strong>de</strong> contribuição é chamada<br />
assim porque contribui para pagar a<br />
<strong>de</strong>spesa fixa da empresa e o lucro; no<br />
entanto, são os custos variáveis que entram<br />
no valor da margem. Se a empresa<br />
comprar um produto por R$ 1 é preciso<br />
adicionar ao custo do produto o valor<br />
dos impostos e da comissão do ven<strong>de</strong>dor.<br />
“Assim, por exemplo, o produto foi<br />
adquirido por R$ 1, será vendido por<br />
R$ 2 e tem mais R$ 0,50 em impostos<br />
e comissão <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>dor. Destes R$ 2<br />
sobrarão R$ 0,50, que são a margem<br />
que o comerciante tem.” Se o comer-<br />
ciante ven<strong>de</strong>r somente esse produto,<br />
ele precisa fazer um cálculo que inclua<br />
o custo fixo. Por exemplo, se meu custo<br />
fixo (aluguel, telefone) é <strong>de</strong> R$ 1.000, é<br />
preciso calcular quantos produtos preciso<br />
ven<strong>de</strong>r. Ganhando R$ 0,50, teria<br />
que ven<strong>de</strong>r 2 mil produtos.<br />
Para muitos comerciantes, este resultado<br />
chama-se lucro bruto; contudo,<br />
segundo Sallin, o nome técnico é margem<br />
<strong>de</strong> contribuição. “A margem <strong>de</strong><br />
contribuição é o valor do produto menos<br />
os custos variáveis <strong>de</strong>sse item. E no<br />
varejo, custo variável é o valor que pago<br />
pelo produto + impostos diretos (ICMS,<br />
Pis, Cofins) + comissão do ven<strong>de</strong>dor.<br />
Margem <strong>de</strong> contribuição<br />
De acordo com o consultor <strong>de</strong> empresas Paulo Sallin, o cálculo para chegar à<br />
margem <strong>de</strong> contribuição é o seguinte:<br />
Preço <strong>de</strong> venda do produto – Custos variáveis (Custo do produto + Impostos<br />
+ Comissão do ven<strong>de</strong>dor) = Margem <strong>de</strong> contribuição<br />
O que sobrar é margem <strong>de</strong> contribuição”.<br />
E essa margem irá contribuir para<br />
pagar o custo fixo, por isso, preciso calcular<br />
quantos produtos terei que ven<strong>de</strong>r<br />
para pagar a estrutura. “Na realida<strong>de</strong> é<br />
para pagar o custo fixo + o lucro, que<br />
não está na margem <strong>de</strong> contribuição.”<br />
Por exemplo, uma butique que ven<strong>de</strong><br />
R$ 100 mil em produtos por mês.<br />
Ela tem custo <strong>de</strong> R$ 50 mil no produto.<br />
Desse valor, ela tem que tirar os impostos<br />
e a comissão. Sobram R$ 30 mil<br />
(sem o custo do produto, o imposto e<br />
a comissão). Esse valor <strong>de</strong>ve pagar os<br />
custos fixos e o lucro, que é uma média<br />
<strong>de</strong> 10 a 20%.<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> 47
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> Visão Trabalhista<br />
48<br />
Lúcia Simon<br />
Flávio Obino Filho<br />
Advogado trabalhista-sindical da <strong>Fecomércio</strong>-RS<br />
“O ativismo judicial sinalizado pelo STF transformou a casa<br />
O STF e o aviso prévio<br />
A Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988 estabeleceu<br />
como direito do empregado, em caso <strong>de</strong><br />
rompimento do contrato <strong>de</strong> trabalho, aviso<br />
prévio proporcional ao tempo <strong>de</strong> serviço, <strong>de</strong> no<br />
mínimo <strong>de</strong> 30 dias, na forma da lei. Passados<br />
mais <strong>de</strong> 20 anos, a matéria ainda não foi regulada<br />
pelo Congresso Nacional, subsistindo a<br />
regra geral <strong>de</strong> 30 dias sem vinculação com o<br />
tempo <strong>de</strong> serviço. O STF, recentemente, iniciou<br />
o exame <strong>de</strong> mandados <strong>de</strong> injunção em que<br />
os interessados pleiteiam que seja garantido o<br />
exercício do direito previsto na Constituição.<br />
Na oportunida<strong>de</strong>, ministros sugeriram que a<br />
Corte, ante a omissão do legislativo, fixasse regra<br />
para os casos examinados. Várias alternativas<br />
foram cogitadas. O ministro Marco Aurélio<br />
chegou a propor que além dos 30 dias previstos<br />
em lei fossem concedidos adicionalmente 10<br />
dias por ano <strong>de</strong> trabalho. O ministro Cezar Peluso<br />
cogitou em uma in<strong>de</strong>nização <strong>de</strong> um salário<br />
mínimo para cada cinco anos <strong>de</strong> trabalho.<br />
A <strong>de</strong>cisão somente vale para os casos concretos,<br />
mas autoriza todos os trabalhadores<br />
brasileiros que tiveram aviso prévio <strong>de</strong> 30 dias<br />
na forma da lei vigente – e que seriam beneficiados<br />
pelo critério eleito na <strong>de</strong>cisão – a buscarem<br />
o pronunciamento do STF em seu favor.<br />
Passados 60 dias do episódio, os processos não<br />
retornaram à pauta. O STF tem sofrido pressão<br />
<strong>de</strong> todos os lados. As Confe<strong>de</strong>rações patronais<br />
em ambiente legislativo.”<br />
sugeriram uma regra sem efeitos retroativos e<br />
tímida em termos do aumento do período. A<br />
posição das centrais foi em sentido diametralmente<br />
oposto. Sabem as li<strong>de</strong>ranças <strong>de</strong> trabalhadores<br />
e empresários que o estabelecido pelo<br />
STF será o mínimo que prevalecerá em futura<br />
regulamentação pelo Congresso Nacional.<br />
O ativismo judicial sinalizado pelo STF<br />
transformou a casa em ambiente legislativo.<br />
Não se duvi<strong>de</strong> que lobistas estejam conversando<br />
sobre os processos com Ministros. O STF<br />
está “esnucado”. Se <strong>de</strong>cidir no caso concreto,<br />
estará autorizando milhões <strong>de</strong> trabalhadores<br />
<strong>de</strong>mitidos nos últimos anos a seguirem o mesmo<br />
caminho, congestionando e inviabilizando<br />
o funcionamento da mais alta Corte judiciária<br />
do país. Mesmo que crie, usurpando po<strong>de</strong>res<br />
do legislativo, uma regra <strong>de</strong> transição aplicável<br />
a todos os trabalhadores, o exercício do direito<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> execução forçada, estabelecendo<br />
o caos na Justiça do Trabalho.<br />
Nesse cenário, a solução honrosa para o<br />
STF – que ameaçou se travestir <strong>de</strong> ente legiferante<br />
– é manter o entendimento até hoje<br />
prevalecente – são apenas duas as exceções<br />
–, <strong>de</strong>clarando a omissão e limitando-se a comunicar<br />
ao Po<strong>de</strong>r Legislativo para que tome as<br />
providências necessárias, ou seja, edite norma<br />
fixando a regra <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong> entre o<br />
tempo <strong>de</strong> contrato e o período <strong>de</strong> aviso prévio.
Pascal Thauvin/sTock.xchng<br />
&<br />
Mais Menos<br />
meRcado da beleza<br />
R$ 27,3 bilhões<br />
foi o valor investido pela classe mé-<br />
dia brasileira em produtos <strong>de</strong> higie-<br />
ne pessoal. O dado é da Associação<br />
Brasileira da Indústria <strong>de</strong> Higiene<br />
Pessoal, Perfumaria e Cosméticos<br />
(Abihpec), que ainda prevê cresci-<br />
mento <strong>de</strong> 13% para este ano.<br />
sem tURistas<br />
R$ 352 milhões<br />
foi o valor gasto pelo Ministério do<br />
Turismo em cida<strong>de</strong>s beneficiadas com<br />
obras e que não recebem turistas.<br />
tRansações móveis<br />
A Motorola Mobility foi adquirida<br />
pela Google por<br />
US$ 12,5 bilhões.<br />
O objetivo da transação é fortalecer o<br />
mercado dos dispositivos com Android.<br />
Ritmo lento<br />
Segundo nota da Firjan, a geração <strong>de</strong><br />
empregos no Brasil foi mais lenta no<br />
primeiro semestre <strong>de</strong> <strong>2011</strong>, com<br />
1,2 milhão<br />
<strong>de</strong> postos <strong>de</strong> trabalhos com carteira<br />
assinada criados.<br />
<strong>de</strong>missão complicada<br />
De acordo com pesquisa da consultoria<br />
Lens & Minarelli,<br />
40%<br />
dos setores <strong>de</strong> RH das empresas não<br />
possuem políticas <strong>de</strong>finidas<br />
para <strong>de</strong>missões.<br />
bRasil digital<br />
O Brasil ocupa a<br />
3ª posição<br />
mundial em relação a vendas <strong>de</strong><br />
computadores. Segundo a consultoria<br />
IDC, foram comercializados 3,86<br />
milhões <strong>de</strong> máquinas, 12,5% a mais, se<br />
comparado ao ano passado.<br />
menos falsificação<br />
Levantamento realizado pela Associação<br />
Brasileira das Empresas <strong>de</strong> Software e<br />
pela Entertainment Software Association<br />
contabilizou um crescimento <strong>de</strong><br />
486%<br />
<strong>de</strong> apreensões <strong>de</strong> softwares falsificados em<br />
julho, no comparativo ao mês anterior.<br />
UniveRsida<strong>de</strong>s no Rs<br />
O estado <strong>de</strong>ve agregar mais<br />
40 escolas<br />
fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong> educação profissional<br />
até 2013. Até lá, a previsão é <strong>de</strong><br />
que sejam construídas mais sete<br />
instituições <strong>de</strong> ensino em diferentes<br />
regiões do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />
igp-m volta a sUbiR<br />
O Índice Geral <strong>de</strong> Preços do Mercado<br />
(IGP-M), da Fundação Getulio Vargas<br />
(FGV), fechou em 0,44% no mês<br />
<strong>de</strong> agosto, dando fim à <strong>de</strong>flação dos<br />
meses anteriores.<br />
3,48%<br />
é o acumulado do ano até o momento.<br />
alan aycock/sTock.xchng<br />
vendas pela tela<br />
A consultoria E-bit divulgou<br />
um aumento <strong>de</strong><br />
24%<br />
no comércio online brasileiro<br />
no primeiro semestre <strong>de</strong><br />
<strong>2011</strong>. O rendimento recor<strong>de</strong><br />
angariou R$ 8,4 bilhões.<br />
sanja gjenero/sTock.xchng<br />
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> 49
Bens & Serviços / Setembro <strong>2011</strong> / <strong>Edição</strong> <strong>77</strong> Negócios<br />
50<br />
Arquivo pessoAl<br />
Christian Barbosa<br />
Especialista em administração do tempo e produtivida<strong>de</strong><br />
“Nosso trabalho é ilimitado, vamos sempre achar coisas<br />
A vida acontece lá fora!<br />
Qual foi a última vez em que você saiu<br />
do trabalho com energia total, disposição e<br />
vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudar, fazer um exercício, ler<br />
um livro, brincar com seus filhos ou algo diferente<br />
para você? Muitas pessoas não lembram<br />
da última vez que conseguiram sair do<br />
trabalho com disposição para literalmente<br />
fazerem algo por suas vidas.<br />
As empresas viciadas nas urgências, a<br />
má gestão do seu tempo e da equipe, a falta<br />
<strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s claras, o excesso <strong>de</strong> reuniões<br />
e o volume <strong>de</strong>snecessário <strong>de</strong> e-mails criaram<br />
uma “matrix corporativa”, exatamente<br />
como no filme Matrix.<br />
Vivemos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse mundo viciante,<br />
que nos envolve por completo, suga nossa<br />
energia, nos dá a impressão <strong>de</strong> que o tempo<br />
está correndo mais rápido, e no final, fica<br />
aquela sensação <strong>de</strong> que algo não foi feito. Já<br />
se sentiu assim alguma vez?<br />
Esse “algo que não foi feito” é literalmente<br />
você! Que está sempre sobrevivendo<br />
nesse ambiente, mas nunca sai da “matrix”<br />
para viver <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>. É para isso que serve<br />
a administração <strong>de</strong> tempo, a produtivida<strong>de</strong><br />
e tudo isso sobre o que vivo falando. Para tirar<br />
você da Matrix! Nosso trabalho é ilimitado,<br />
vamos sempre achar coisas para fazer,<br />
nunca acaba. Agora, o seu tempo é limitado.<br />
Isso significa que se você não colocar<br />
para fazer, nunca acaba.”<br />
um limite para sua vida profissional, a vida<br />
pessoal não vai existir. Tudo po<strong>de</strong> ser negociado<br />
ou priorizado para outro momento, e<br />
quando não tiver jeito, <strong>de</strong>ve ser a exceção e<br />
nunca a regra.<br />
A chave para tornar isso uma realida<strong>de</strong><br />
é trabalhar melhor, <strong>de</strong> forma mais inteligente,<br />
utilizando melhor seu tempo no dia<br />
a dia. Você <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>scobrir aquilo que mais<br />
consome seu tempo e trabalhar na redução<br />
<strong>de</strong>sse item, apren<strong>de</strong>r a priorizar com base<br />
em critérios <strong>de</strong> resultado para conseguir<br />
planejar e ter maior flexibilida<strong>de</strong>.<br />
Existem várias formas <strong>de</strong> fazer isso. Uma<br />
<strong>de</strong>las é criar uma meta pessoal <strong>de</strong> redução do<br />
seu horário <strong>de</strong> trabalho. Por exemplo, vamos<br />
supor que você trabalhe 12h/dia, você po<strong>de</strong>ria<br />
colocar uma meta <strong>de</strong> reduzir para 11h/dia<br />
nos primeiros 60 dias. Isso é realista, vá aos<br />
poucos. Quem tem um motivo forte, uma<br />
boa razão para “viver fora da matrix” vai<br />
conseguir. Isso é limitar seu tempo, apren<strong>de</strong>r<br />
a usar bem as horas <strong>de</strong>ntro do expediente e<br />
evitar uma sobrecarga <strong>de</strong> horas.<br />
Eu já trabalhei isso diversas vezes com executivos<br />
que querem viver seu tempo com mais<br />
sabedoria, dá resultado, claro que não da noite<br />
para o dia, <strong>de</strong>mora, mas acontece. Quem<br />
quer faz, quem não quer sempre vai encontrar<br />
uma <strong>de</strong>sculpa. A vida acontece lá fora!